Fenícios e Púnicos, Por Terra e Mar

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ESTUDOS &

MEMÓRIAS 6
FENÍCIOS E PÚNICOS,
POR TERRA E MAR • 2
Ana Margarida Arruda, ed.

CENTRO DE ARQUEOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA


ESTUDOS &
MEMÓRIAS 6

Fenícios e Púnicos, por terra e mar

Actas do VI Congresso Internacional


de Estudos Fenícios e Púnicos
Volume 2

Ana Margarida Arruda (Ed. )

CENTRO DE ARQUEOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA


estudos & memórias
Série de publicações da UNIARQ (Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa)
Direcção e orientação gráfica: Victor S. Gonçalves

6.
Fenícios e Púnicos, por terra e mar. 2. Actas do VI Congresso Internacional de Estudos Fenício Púnicos.
Edição (preparação, revisão e correcção de conteúdos): Ana Margarida Arruda.

Design gráfico e composição: Rui Roberto de Almeida


Capa: Prótomo de leão, de bronze. Santuário da Rua do Rato, Alcácer do Sal. Séc. 6º a.n.e.
Foto: Victor S. Gonçalves.
Dimensões reais: comprimento 75,70 mm; diâmetro da extremidade proximal (encaixe) 35,16 mm.
Impressão: Europress, Lisboa, 2014, 500 exemplares.

ISBN: 978-989-95653-9-5
Depósito Legal: 365184/13

Copyright © Autores
Toda e qualquer reprodução de texto e imagem é interdita, sem a expressa autorização dos autores,
nos termos da lei vigente, nomeadamente o DL 63/85, de 14 de Março, com as alterações subsequentes.

Volumes anteriores de esta série:


1.
LEISNER, G. e LEISNER, V. (1985) – Antas do Concelho de Reguengos de Monsaraz. Reimpressão do
volume de 1951. Lisboa: UNIARQ.

2.
GONÇALVES, V. S. (1989) – Megalitismo e metalurgia no Alto Algarve Oriental. Uma aproximação
integrada. 2 vols. Lisboa: UNIARQ.

3.
VIEGAS, C. (2011) – A ocupação romana do Algarve. Estudo do povoamento e economia do Algarve central
e oriental no período romano. Lisboa: UNIARQ.
4.
QUARESMA, J. C. (2012) – Economia antiga a partir de um centro de consumo lusitano. Terra sigillata e
cerâmica africana de cozinha em Chãos Salgados (Miróbriga). Lisboa: UNIARQ.
5.
ARRUDA, A. M., ed. (2013) - Fenícios e Púnicos, por terra e mar. 1. Actas do VI Congresso Internacional de
Estudos fenício-púnicos. Lisboa: UNIARQ.

PARA INTERCÂMBIO (ON PRIE L’ÉCHANGE, EXCHANGE ACCEPTED):


CENTRO DE ARQUEOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
A/C PROF. VICTOR S. GONÇALVES
FACULDADE DE LETRAS P-1600-214 LISBOA PORTUGAL
Fenícios e Púnicos, por terra e mar
Actas do VI Congresso Internacional
de Estudos Fenícios e Púnicos
Vol.2

Ana Margarida Arruda (Ed.)

6.º Congresso Internacional EFP,


Fenícios e Púnicos, por terra e mar, Lisboa

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa


25 de Setembro a 1 de Outubro de 2005
Índice

índice

A oeste tudo de novo.


Novos dados e outros modelos interpretativos para a orientalização do território português
Ana Margarida Arruda ................................................................................................................ 513

Arqueologia, sítios e materiais .................................................................................................... 537

The Phoenician Kingdom of Sidon in the Light of Recent Evidence from Tell el-Burak-Lebanon
Hélène Sader .................................................................................................................................. 538
Tell Abu Hawam y los primeros fenicios en el Atlántico
Jacqueline Balensi, Francisco Gómez .......................................................................................... 550
Vers une définition archéologique du cothon: port artificiel creusé. Des origines a 146 av. j.-C.
Nicolas Carayon ............................................................................................................................ 558
Documenti «precoloniali» dei Phoinikes nel golfo di Oristano (Sardegna centro occidentale)
Raimondo Zucca ............................................................................................................................ 564
Some remarks on the function of punic pottery from the settlement of Sant’Antioco in Sardinia
Lorenza Campanella ...................................................................................................................... 572
I fenici di …Neapolis (Cagliari - Sardegna)
Elisabetta Garau ........................................................................................................................... 582 507
Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto
V. Tusa, A. Cutroni Tusa ............................................................................................................... 592
Nuevas investigaciones en Abdera (Almería, España). Primeros resultados
José Luis López Castro, Francisco Alcaraz Hernández, Ana Santos Payán Torres .............. 618
Fenicios y Púnicos en la Bahía de Mazarrón,
desde la perspectiva ocupacional del promontorio costero de Punta de Los Gavilanes
María Milagrosa Ros Sala ........................................................................................................... 626
Carmona tartesia entre la tradición y el cambio (siglos VIII-VI a.C.)
Maria Belén, Ana Rut Bobillo, Mª Carmen García Morillo, J. M. Román, J. Vázquez ........... 640
Ceuta, un nuevo asentamiento del siglo VII a.C. en el norte de África
Fernando Villada Paredes, Joan Ramon Torres, José Suárez Padilla ................................... 650
Los fenicios en el suroeste atlántico. una revisión desde el registro arqueológico de Huelva
Francisco Gómez Toscano ............................................................................................................ 662
The earliest Phoenician, Greek and Sardinian ceramics found in Huelva:
a support for Tashish in 1 Kings 10.22.
Fernando González de Canales, Leonardo Serrano, Jorge Llompart ................................... 668
As cerâmicas pré-romanas de Faro
Elisa de Sousa ................................................................................................................................. 680
Mértola – plataforma comercial durante a Idade do Ferro: a colecção de Estácio da Veiga
Pedro Barros ................................................................................................................................. 688
Práticas metalúrgicas na Quinta do Almaraz (Cacilhas, Portugal): vestígios orientalizantes
Ana Ávila de Melo, Pedro Valério, Luís de Barros, Maria de Fátima Araújo ......................... 698
Novos dados sobre a ocupação pré-romana da cidade de Lisboa.
a intervenção da Rua de São João da Praça
João Pimenta, Marco Calado, Manuela Leitão .......................................................................... 712
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIOS E PÚNICOS

Sobre a ocupação pré-romana de Olisipo:


a Intervenção Arqueológica Urbana da Rua de São Mamede ao Caldas N.º 15
João Pimenta, Rodrigo Banha da Silva, Marco Calado ............................................................ 724
Evidências orientalizantes na área urbana de Lisboa:
o caso dos edifícios na envolvente da Mãe de Água do Chafariz d’El Rei
Victor Filipe, Marco Calado, Manuela Leitão ........................................................................... 736
As ânforas pré-romanas da Alcáçova de Santarém
Patrícia Bargão ............................................................................................................................. 748
Las ánforas de época republicana de Lixus (Larache, Marruecos)
Carmen Aranegui, Hicham Hassini, Jaime Vives-Ferrándiz ......................................................... 756
Bronze male deities: elements for the identification of a phoenician group in Mediterranean
Javier Jiménez Ávila ....................................................................................................................... 762
Los Marfiles hispano fenicios de Medellín (Badajoz, España)
Martín Almagro-Gorbea ............................................................................................................... 772
El Morro de Mezquitilla en el siglo VIII a.C.: un asentamiento oriental en tierra virgen
Gerta Maaß-Lindemann ................................................................................................................. 780
Un amuleto fenopúnico del Golfo de Cádiz
Juan José López Amador, José Antonio Ruiz Gil ........................................................................ 788
Colgantes de pasta vítrea en forma de cabeza negroide
Jordi H. Fernández, Benjamí Costa, Ana Mezquida .................................................................... 800
Estudio palinológico de Castro Marim
Ana Mª. Hernández Carretero ...................................................................................................... 810

508
Arqueologia e território ................................................................................................................ 817

Sobre la llamada geografía sagrada fenicia en el Extremo Occidente: otras perspectivas de estudio
Mireia López-Bertran ..................................................................................................................... 818
Nuevas dimensiones (geográficas e historiográficas) del fenómeno púnico-gaditano
Juan Carlos Domínguez Pérez ....................................................................................................... 826
El concepto de hinterland y su aplicación al mundo fenicio arcaico
Eduardo García Alfonso ............................................................................................................... 832
El comercio púnico en Spal
Eduardo Ferrer Albelda, F. J. García Fernández, D. González Acuña ..................................... 838
Nuevas perspectivas sobre la producción cerámica del alfar gadirita
de Torre Alta (San Fernando, Cádiz): algunas formas «excepcionales» de su repertorio
Antonio M. Sáez Romero ............................................................................................................... 850
La producción anfórica tardopúnica de Gadir (ss. II – I a.C.):
nuevos datos aportados por el alfar de C/ Asteroides (San Fernando, Cádiz)
Antonio M. Sáez Romero, Darío Bernal Casasola, Ana I. Montero Fernández .................... 866

Arquitectura e urbanismo ......................................................................................................... 879

Viver no Campo: o sítio da Herdade da Sapatoa 3 e o povoamento rural


centro alentejano em meados do Iº milénio a.C.
Rui Mataloto, Carla Matías ........................................................................................................ 880
Arquitectura doméstica en el Cerro del Villar: uso y función del espacio en el edificio 2
A. Delgado, M. Ferrer, A. Garcia, M. López, M. Martorell, G. Sciortino ................................ 900
Índice

Les fouilles Tuniso-Belges du Terrain Bir Massouda (2002-2005) :


contribution à la connaissance de la topographie de Carthage à l’époque archaïque
B. Maraoui Telmini, F. Chelbi, Roald F. Docter .......................................................................... 906
Rome “La Sapienza” University Renewed Excavations at Motya (2002-2005)
Lorenzo Nigro ................................................................................................................................ 918
Motya, Area F: the west gate and western fortress
Gabriele Rossoni, Fabio Catracchia, Tatiana Pagnani .............................................................. 932
Motya, Area C West: the Eastern Quay of the Kothon
Lorenzo Nigro, Valentina Pignatelli, Pier Franceso Vecchio .................................................. 936
Motya, Area D:the “House of the Domestic Shrine”
Lorenzo Nigro, Alice Caltabiano, Federica Spagnoli ................................................................. 940
Lilibeo: un esempio dell’urbanistica punica in Sicilia
Enrico Caruso ................................................................................................................................. 946
I pavimenti a tessere fittili in contesti punici: questioni di terminologia, tipologia e diffusione
Antonella Mezzolani .................................................................................................................... 960
Un quartier d’habitat et d’ateliers hellenistico-puniques sur l’acropole de Selinonte, Sicile
Martine Fourmont ......................................................................................................................... 970
Gli scavi di Gennaro Pesce a Tharros: Riletture e riflessioni a partire dal giornale di scavo
Mauro Medde .................................................................................................................................. 982

Arqueologia sacra .................................................................................................................... 991

El santuario púnico de sa Capelleta (Eivissa)


J. Mª López Garí, Ricard Marlasca Martín, Mª J. Escandell Torres ........................................ 992 509
El Carambolo, un santuario oriental en la paleodesembocadura del Guadalquivir
Álvaro Fernández Flores, Araceli Rodríguez Azogue ............................................................ 1000
Depósitos fundacionales púnicos de Cartago
Karin Mansel .................................................................................................................................. 1010
Un altare bruciaprofumi punico dalla “Casa del sacello domestico” (Mozia)
Federica Spagnoli .......................................................................................................................... 1022
Motya, Area C East: offering deposits in Sanctuary C3
Lorenzo Nigro, Daniela Franchi, Valentina Musella, Fiammetta Susanna .......................... 1044
Algunos indicios sobre la (posible) práctica de sacrificios humanos en Cádiz
A. M. Niveau de Villedary y Mariñas .......................................................................................... 1050
La divinidad femenina de origen orientaly su reflejo en los santuarios ibéricos
Lourdes Prados Torreira ............................................................................................................. 1062
El lenguaje de las plantas en las necrópolis fenicias de la Península Ibérica
Ana Rut Bobillo Lobato ............................................................................................................... 1072

Arqueologia funerária ............................................................................................................. 1081

Algunas cuestiones sobre la población fenicia de Tiro (S. IX-VI a. C.)


Laura Trellisó Carreño ................................................................................................................ 1082
Symbolism and ritual in mortuary contexts in Punic Malta
Claudia Sagona ............................................................................................................................. 1090
Cagliari,Tuvixeddu – Quartucciu, Pill’e Matta. Notizie da due necropoli puniche
Donatella Salvi ............................................................................................................................ 1100
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIOS E PÚNICOS

La necropoli punica di Palermo (scavi 2000-2005). Spazio funerario, tipologie tombali e rituali
Francesca Spatafora .................................................................................................................... 1118
Fenici e indigeni nella necropoli arcaica di Monte Sirai: nuove evidenze
Massimo Botto .............................................................................................................................. 1132
Fenici e punici nella Sardegna meridionale
Piero Bartoloni ............................................................................................................................. 1146
La necropoli di Othoca (S. Giusta - Or): la campagna di scavo del 2003
Carla Del Vais, Emerenziana Usai ................................................................................................ 1154
Contesti tombali inediti dalla necropoli punica di Sulcis
Valentina Melchiorri .................................................................................................................... 1162
Una tomba a cassone litico di età punica
dal territorio di S. Sperate-Bia de Deximu Beccia (Cagliari-Sardegna)
Maurizia Canepa, Consuelo Cossu ............................................................................................... 1174
Contesti tombali inediti dalla necropoli punica di Sulcis
Una fosa de cremación de la necrópolis del Puig des Molins (Eivissa)
Ana Mezquida, Jordi. H. Fernández, Benjamí Costa .................................................................. 1182
Expresiones ideológicas y prácticas funerarias en el sureste de la Península Ibérica
Jaime Vives-Ferrándiz Sánchez ..................................................................................................... 1190
Phoenician cinerary urns from the Tophet of Sulcis:
typological, chronological and functional aspects
Ilaria Montis ................................................................................................................................. 1198

510
511
A oeste tudo de novo.
Novos dados e outros modelos interpretativos
para a orientalização do território português
Ana Margarida Arruda
UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa

Resumo

Nas últimas duas décadas, muitas têm sido as descobertas efectuadas no território actualmen-
te português no que diz respeito à Idade do Ferro de matriz oriental. De facto, quer no Algarve, quer
no Alentejo, e ainda no vale do Tejo, os dados novos abundam, e a presença de comunidades exóge-
nas no extremo ocidente surge materializada em espólios e arquitecturas em muitos sítios, alguns já
conhecidos outros inéditos.
A realidade pode e deve ser abordada de acordo com modelos teóricos que a expliquem devi-
damente, parecendo que o chamado da difusão démica será o que melhor se aplica aos dados dispo-
níveis. Ainda assim, o papel mais ou menos activo das comunidades indígenas, que pode ser inferido
através do destino da maior parte dos seus lugares de habitat nos anos imediatamente após a chegada
ao litoral dos grupos exógenos, tem que ser ponderado, mesmo que as abordagens propostas pelo
pós-colonialismo possam ser questionadas.

Abstract

In the last two decades, new data in the Portuguese territory regarding the Iron Age are avai-
lable. Both in the Algarve and Alentejo, and also in the Tagus valley, new information flourished, and
the presence of exogenous communities in far west comes to light in archaeological materials and
architectures in many places, some known others unpublished.
The reality can and should be read in accordance with theoretical models, like the call of demic
diffusion, which seems to be the one that best explain to the data available. Still, the more or less
active role of indigenous communities, which can be inferred from the fate of their habitat after the
arrival to the coast of exogenous groups, have to be considered, even if the approaches proposed by
post colonialism can be questioned.
A oeste tudo de novo

1. Introdução

Os estudos sobre a orientalização do actual território português conheceram, nos últimos


15 anos, um forte desenvolvimento, com novas descobertas e com a publicação dos dados que
delas decorreram, bem como de outros que permaneciam inéditos. A informação fluiu de forma
mais ou menos constante, ainda que, em determinadas áreas, ela tenha sido mais substancial do
que em outras.
Estes novos dados merecem ser integrados num contexto mais vasto, e ser relacionados
com os já conhecidos para o território ocidental e ainda com os que foram reconhecidos no que
corresponde à actual Espanha. Por outro lado, os modelos que os explicam precisam de ser re-
pensados, tendo em consideração não apenas os actuais conhecimentos materiais, mas também,
naturalmente, os desenvolvimentos que a arqueologia teórica tem vindo a conhecer, no quadro
epistemológico das ciências sociais.
Torna-se assim importante não só apresentar uma síntese actualizada dos diversos estudos
parcelares, assente na realidade artefactual e nos contextos topográficos e paisagísticos, mas
também discutir os processos que se desenvolveram à escala regional e trans-regional e que de-
ram origem a importantes transformações à nível social e político.
Não julguei pertinente neste texto insistir no enquadramento das realidades peninsulares
nas chamadas correntes da Arqueologia Teórica, e voltar a discutir as mesmas à luz do quadro
processual e pós-processual, em geral, e nas teses do pós-colonialismo em particular. Decidi, as-
sim, nesta síntese apresentar sobretudo os dados concretos, ainda que, naturalmente, tenha ten-
tado reflectir sobre eles através de outras fórmulas que os enquadrassem.
Não quero terminar esta breve introdução sem contudo deixar claro que não defendo uma
perspectiva redutora e simplificadora que dissolva e dilua a complexidade dos fenómenos. É,
evidentemente, certo e indiscutível que os colonos fenícios encontraram na Península Ibérica 513
comunidades humanas diversificadas entre si do ponto de vista cultural e com os seus próprios
interesses. É também claro que entre todas estas e aqueles há diferenças assinaláveis, no que
diz respeito a aspectos tecnológicos, mas também nas práticas culturais, sociais e políticas e nas
suas actividades quotidianas. Que a colonização foi consentida e obrigatoriamente negociada
também não restam dúvidas, como já o referi nos finais do século passado (Arruda 1999-2000).
Contudo, parece óbvio que a transição do Bronze Final para a Idade do Ferro na Península Ibé-
rica teve como motor a presença de grupos exógenos que transportavam consigo uma agenda
específica e concreta, e que se afigura inegável que as comunidades indígenas tiveram, certamen-
te, papel importante nessa mesma transição e nas alterações que ela proporcionou. De facto, e
como Gruzinski (1999) já recordou, apesar de as abordagens dualistas e maniqueístas seduzirem
pela simplicidade, a verdade é que empobrecem as realidades, que foram certamente ricas e
complexas, já que se trata de cenários coloniais, sim, mas onde se observaram experiências úni-
cas, que forjaram espaços de conflito e de desigualdade, mas onde a mediação, a cumplicidade e
as alianças também tiveram lugar.

2. Os dados

Ainda que novos trabalhos de campo e de gabinete tenham sido desenvolvidos no que
se refere ao período e à matriz cultural que aqui nos importa, a verdade é que a síntese que, no
final do século passado, elaborei para a presença oriental no Extremo Ocidente peninsular (Arru-
da, 1999-2000), não sofreu grandes alterações no que diz respeito aos aspectos cronológicos e
geográficos. Por isso mesmo segue-se aqui hoje o mesmo ordenamento territorial já antes per-
corrido, sendo que as áreas analisadas correspondem ao chamado Portugal mediterrâneo. Mas

Ana Margarida Arruda


VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIOS E PÚNICOS

esses mesmos trabalhos forneceram muitos novos dados que importa elencar, de forma a tornar
possível a discussão e a análise.

2.1. O Algarve
Para o território mais meridional, continua a não haver dados que permitam recuar a Idade
do Ferro para datas anteriores à primeira metade do século VII a.n.e. e, mesmo assim, eles conti-
nuam confinados, na fase antiga, à metade oriental.
Com efeito, quer os materiais quer as datações radiométricas conseguidas para toda a se-
quência sidérica de Castro Marim (Arruda et al.,2013) indiciam uma orientalização relativamente
tardia, mesmo que as datas da Fase II (a 1ª da Idade do Ferro) autorizassem pensar em alguma
antiguidade. De facto, a cronologia absoluta obtida (Sac-2623 - pinus piena – 2500+ 40, calibração
a dois sigma: 780-540; Sac-2664 – ossos – 2600+ 40, calibração a dois sigma: 820-540; Sac-2665
– ossos – 2450+40, calibração a dois sigma: 770-540) indica um intervalo de tempo cujo limite
inferior atinge o início do século VIII (Ibidem). Mas, nesta análise não pode esquecer-se que os
mesmos dados possibilitam avançar a cronologia da mesma Fase para meados do VI, sendo os
espólios recuperados os indicadores mais fiáveis para basearmos a proposta cronológica – 1ª me-
tade do século VII. Nos contextos que foram associados a este momento, as produções manuais
dominam (Oliveira, 2008), e nas a torno deve referir-se a presença de contentores anfóricos de
tipo R1, mais exactamente 10.1.1.1. e 10.1.2.1.,de pithoi e de pratos cobertos com engobe vermelho
(Arruda, 1999-2000; Arruda, 2005; Freitas, 2005). Na cerâmica de uso comum, destaca-se a grande
abundância de taças hemisféricas e a presença de alguns exemplares de vasos trípodes (Arruda,
1999-2000). Em cerâmica cinzenta são produzidas maioritariamente taças hemisféricas, sendo o
grupo dos pratos, taças carenadas ou de perfil em S claramente residual.
514
O outro sítio algarvio onde a presença de uma 1ª Idade do Ferro de matriz oriental está bem
documentada é Tavira, onde, tal como em Castro Marim, esta se sobrepôs a uma outra da Idade
do Bronze (Maia e Gómez, 2012). Na primeira década do século XXI, muitos dados novos foram
sendo conhecidos para um sítio do qual, até há poucos anos, apenas o topónimo, Balsa, citado
nas fontes clássicas e grafado em epígrafes e numismas de época romana, indicava uma ocupação
pré-romana. Actualmente, distingue-se uma muralha com casamatas e passadiços (Maia 2000;
Maia, 2003; Maia e Silva, 2004), com bons paralelos em La Fonteta (Gonzalez Prats, Ruiz Segura
e Garcia Menarguez, 1999; Rouillard et al. 2007) e no Castillo de Doña Blanca, cujos materiais as-
sociados permitiram datar dos finais do século VII. Nas proximidades, foi detectada uma área de
processamento de minério e actividades metalúrgicas de alguma dimensão, com fornos, copelas,
escórias e toberas (Maia, 2000; Maia, 2003; Maia e Silva, 2004). Registe-se ainda o aparecimento
de um fragmento de bordo de uma taça de cerâmica cinzenta, onde quer na face externa quer na
interna se identificaram caracteres fenícios (Ibidem). Trata-se de um ostracon (Amadasi Guzzo e
Zamora López, 2008), datado do século VI a.n.e., muito possivelmente de meados do mesmo. É
um documento genericamente económico que evidencia o uso corrente da escrita e língua fení-
cias no sítio (Ibidem). Ainda na colina de Santa Maria, outros materiais foram identificados, neste
caso associados a construções negativas de difícil interpretação funcional, mas quer os espólios
(ovos de avestruz pintados, artefactos de marfim, pebeteros, ampolas) quer as próprias constru-
ções apontam para um carácter votivo (Maia, 2003; Maia e Silva, 2004). Os materiais indicam uma
cronologia da segunda metade do século VII (Arruda, Covaneiro e Cavaco, 2008).
No sopé da colina de Santa Maria, onde estas realidades se detectaram, foi identificada
uma necrópole de incineração em urnas de tipo “Cruz del Negro” (Ibidem). A tipologia das urnas
permite avançar com uma proposta de datação para estas sepulturas centrada nos finais do sé-
culo VII / início do VI a.n.e.
A oeste tudo de novo

515

Fig. 1. Figura 1. A cronologia radiométrica de Castro Marim, segundo Arruda et al., 2013.

Ana Margarida Arruda


VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIOS E PÚNICOS

Fig. 2. Inscrição fenícia de Tavira, segundo Amadasi Guzzo e Zamora López, 2008.

As realidades de Tavira e de Castro Marim evidenciam uma chegada tardia das influências
orientais a um território onde, note-se, a própria ocupação indígena, do Bronze Final, também
não é expressiva. De facto, os dados não abundam para os séculos XIII-IX a.n.e., havendo apenas
registo de materiais dessa época justamente em Castro Marim (Oliveira, 2012) e em Tavira (Maia
516 e Gómez, 2012). Para Pontes de Marchil (Monteiro, 1980; Soares e Silva 1998), Aljezur e Gruta de
Ibn Amar (Lagoa) há ainda escassez de informação, sendo de referir, contudo, que uma datação
de rádio carbono foi obtida para o sítio do litoral de Faro (Soares e Silva 1998), datação que, junta-
mente com um fragmento cerâmico com decoração de tipo Cogotas, permite apontar para uma
cronologia em torno ao século XII/XI a.n.e..
A míngua de ocupação indígena pode justificar, em parte, a fraca presença de elementos
orientais no território em fase antiga (séculos VIII/V), situação que se transforma, de forma acen-
tuada, nos meados do milénio (Arruda, 2005). Mas não deixa de causar estranheza o facto de na
margem esquerda do Guadiana, em Ayamonte, frente a Castro Marim, se ter identificado uma
necrópole por um lado arcaica e por outro fenícia (García Teyssandier e Cabaco Encinas, 2010). De
facto, os dados aí recuperados evidenciam incinerações em túmulos de poço, com nicho lateral,
com materiais que apontam para uma cronologia da segunda metade do século VIII e século VII
(Ibidem), sendo as características dos espólios e a tipologia dos enterramentos orientais. No final
deste trabalho, espero ter a oportunidade de tentar explicar devidamente a situação do Algarve
no quadro da colonização fenícia dos espaços meridionais da Península Ibérica.

2.2. O Alentejo litoral


Nesta região e nos últimos anos, apenas para o estuário do Sado a situação conhecida nos
finais do século passado (Arruda, 1999-2000) foi alterada e, mesmo assim, apenas em parte. E foi
sobretudo o estudo de materiais que proporcionou novos dados e permitiu outras bordagens.
Para Abul, a grande novidade foi a alteração da leitura do grafito sobre cerâmica cinzen-
ta, inicialmente considerado fenício (Sznycer, 2001). O estudo recente de Correa (2011) permitiu
integrá-lo na escrita chamada do Sudoeste. Sei bem que a nova leitura deste grafito pode servir
para pôr em causa o carácter fenício do sítio, que, tal como os arqueólogos responsáveis pelas
A oeste tudo de novo

escavações (Mayet e Silva, 2000), sempre defendi. Não é de somenos importância o aparecimen-
to deste grafito, até porque ele nos permite datar este sistema de escrita com mais segurança do
que qualquer outro contexto até ao momento conhecido. De facto fica inegavelmente provado
que no século VII a.n.e. o semi-silabário do Sudoeste era já usado, mas, na minha perspectiva, não
põe em causa a fundação oriental do sítio, mas apenas evidencia que as relações entre colonos e
indígenas existiam, como, aliás, era expectável e foi hipótese que nunca se descartou. Recorde-se
que a mesma situação se verificou no Castillo de Doña Blanca, em Cádis, onde a escrita do Sudo-
este está presente em fragmentos cerâmicos de engobe vermelho (Correa e Zamora, 2008), aliás
em paralelo com outras inscrições em caracteres e língua fenícios (Cunchillos e Zamora, 2004).
Não será portanto a existência do referido grafito que transforma Abul num sítio indígena, uma
vez que, tal como foi defendido para Doña Blanca, poderá apenas traduzir o íntimo contacto “...
de un ambiente (letrado) de base cultural fenicia en evidente contacto íntimo con la cultura indí-
gena y su(s) lengua(s)…” (Correa e Zamora, 2008: 189).

517

Fig. 3. Inscrição em escrita do Sudoeste de Abul, segundo Correa, 2011.

Foi, todavia, de Alcácer do Sal que mais dados surgiram nos últimos anos, ainda que estes
resultem de trabalhos que revisitaram materiais obtidos em escavações mais ou menos antigas e
que permaneciam inéditos ou que estavam apenas referenciados.
No que diz respeito à necrópole, é necessário destacar, desde logo, o jarro piriforme de
bronze, com corpo ovóide e colo tronco-cónico, com palmeta de 12 pétalas e caulículos laterais,
que foi encontrado recentemente na área da necrópole, ainda que sem qualquer contexto arque-
ológico mais concreto (Arruda, Lourenço e Lima, no prelo). Trata-se de uma peça facilmente inte-
grável no tipo 2 do Grupo A da tipologia de Jiménez Ávila (2002), com bons paralelos nos jarros
de Las Fráguas e Niebla (Ibidem).
No contexto deste trabalho, vale ainda a pena referir alguns outros materiais que são pro-
venientes das escavações que tiveram lugar nesta necrópole, durante o século XX, e que perma-
neciam inéditos ou estão publicados em obras de muito difícil acesso. Deixam-se pois de parte
todos os que foram já dados a conhecer quer por Vergílio Correia (1925; 1928) quer por Cavaleiro
Paixão (1970; 1983), os arqueólogos que escavaram no sítio, e ainda por Schüle (1969), Frankens-
tein (1997), Rouillard et al. (1988-89), Quesada Sanz (1997) e Almagro Gorbea e colaboradores
(2008). Todavia, parece importante lembrar que a necrópole do Senhor dos Mártires foi um es-
paço funerário usado ao longo de uma ampla diacronia, desde o século VII ao IV a.n.e., onde se
observam distintos rituais funerários (incineração em urna; incineração in situ) e diversos tipos de
sepultura (urna depositada em fossas; sepulturas quadrangulares escavadas na rocha; sepulturas
rectangulares escavadas na rocha, com canal central) (Arruda, 1999-2000).

Ana Margarida Arruda


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5 cm 5 cm

Fig. 4. Jarro de bronze da necrópole de Alcácer do Sal, segundo Arruda, Lourenço e Lima, no prelo.

518
Entre os espólios que importa destacar, conta-se os cubos de ferro de uma roda encontra-
dos por António Cavaleiro Paixão numa das sepulturas rectangulares escavadas na rocha, onde se
praticou a incineração in situ. Outras rodas de carro desta necrópole eram já conhecidos, concre-
tamente as que Cabré descreveu pormenorizadamente (1924: 84) e que corresponderão, muito
provavelmente, às que foram encontradas durante os trabalhos agrícolas que afectaram o sítio
em 1874, e que Augusto Philipe Simões já tinha referido “o circulo de ferro da roda de um carro e
o bucil de bronze que cobria uma das extremidades do eixo” (1896: p. 192-194). Não é improvável
que a que Schüle publicou em 1969, e que está depositada no Museu Nacional de Arqueologia,
seja uma delas (Schüle, 1969: Tafel 106). Nas escavações de Virgílio Correia, concretamente nas
sepulturas de canal central terão sido recolhidas também rodas de um carro (Correia, 1925).
A importância da necrópole do Senhor dos Mártires de Alcácer do Sal, nomeadamente da
sua fase mais antiga está também sugerida por outros espólios, concretamente os escaravelhos,
as fíbulas, os fechos de cinturão, já relativamente bem conhecidos, e, sobretudo, pela existência
de leitos funerários, documentados através dos elementos de diphroi, como tal identificados por
Javier Jiménez Ávila (2008: p. 548-549; Figs. 658 e 659).
Da caixa de marfim que foi recuperada nos trabalhos agrícolas de 1874, nada se sabe actu-
almente, restando a descrição de Philipe Simões (1876: 194), “...combate de Cupido com leão...”,
que certamente corresponde a uma divindade alada com leão, cena que tem bons paralelos em
peças de idêntico material e de contextos também sepulcrais, como é o caso de Medellín (Alma-
gro Gorbea, 2008) ou de sítios do Guadalquivir (Aubet, 1978, 1980).
Do ovo de avestruz pouco se conhece acerca da proveniência concreta, e torna-se assim
impossível associá-lo a qualquer das grandes fases da necrópole (arcaica – século VII-inícios do
V a.n.e.; tardia IV a.n.e.). Contudo, o tipo decorativo, apenas com métopas, parece indicar uma
cronologia relativamente avançada, talvez do momento mais tardio da 1ª fase.
A oeste tudo de novo

Fig. 5. Rodas de carro da necrópole de Alcácer do Sal, segundo Paixão 1970.


519

Fig. 6. Ovo de avestruz pintado da necrópole de Alcácer do Sal.

Ana Margarida Arruda


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As escavações que na década de 90 do século passado tiveram lugar no Castelo de Alcá-


cer, concretamente na área do convento de Aracelli, estão quase integralmente por publicar,
ainda que haja dados que indicam a existência, neste espaço, de um santuário pré romano. Com
efeito, a quantidade de espólios relacionados com o culto recolhidos numa área relativamente
restrita e o facto de, no mesmo espaço, ter sido reconhecido um contexto cultual romano, que a
tabela defixionis com um voto em que se pede a Átis e a Mégara a restituição de bens roubados
e o respectivo castigo do ladrão (Encarnação e Faria, 2002; Guerra, 2003) testemunha, apontam
neste sentido. Entre as peças da Idade do Ferro, destaca-se um conjunto de 23 bronzes, maiorita-
riamente antropomórficos, femininos e masculinos, dos quais oito representam orantes (Paixão
2001; Gomes, 2008). Os zoomórficos incluem bovinos, equídeos e canídeos. Do mesmo contexto,
são também provenientes dois ponderais de balança de forma cúbica (Ibidem) e ainda o pé de
um thymiaterium (Gomes, 2008). Especial referência merece a placa de osso gravada, que rece-
beu numa das faces o udja e na outra um quadrúpede, possivelmente uma vaca (que representa
Hathor) (Ibidem). Sendo o amuleto mais difundido no mundo oriental, e mesmo no Mediterrâneo
central (Cartago, Sardenha), é raro na Península Ibérica, onde se reconheceu na necrópole de Me-
dellín, onde foi datado da primeira metade do século VI a.n.e (Almagro Gorbea, 2008: 471, 506), e
também em Gorham’s Cave, Villaricos e Ampúrias (Padró, 1985). A associação do udja numa das
faces e da vaca Hathor na outra é bem conhecida em amuletos de pasta vítrea de Ibiza, onde é,
aliás, praticamente exclusiva (Fernández e Padró, 1986).
Outros bronzes antropomorfos e zoomórficos, dados como de Alcácer do Sal, integram as
colecções do Museu Pedro Nunes (Gomes, 2008) e do de Évora, bem como as da Biblioteca Na-
cional (Alarcão e Delgado, 1969). Representam também maioritariamente orantes, havendo um
touro que corresponde certamente à tampa de um thymiaterim (Ibidem: 18-20).
520 Fora do perímetro muralhado, junto ao rio, foi encontrado, numa intervenção de emergên-
cia, um notável conjunto de materiais (Arruda et al., no prelo), cujo estado de conservação e as
características intrínsecas das próprias peças permitem admitir a hipótese de um outro espaço
dedicado ao culto. O referido conjunto engloba cerâmicas, metais (bronzes e ferros) e artefactos
de osso, cujo estudo permitiu avançar com uma cronologia dos últimos anos da segunda metade
do século VI a.n.e. para o contexto escavado (Ibidem). Pela sua excepcionalidade, há que desta-
car a concha cipriota (Ibidem), de que conhecem apenas quatro exemplares em Chipre, havendo
outros recolhidos em Rodes e na Síria, todos provenientes de contextos funerários ou cultuais.
O exemplar espanhol, de Cástulo, não é de classificação segura, uma vez que está bastante in-
completo (Jiménez Ávila, 2002). Os thymiateria são mais frequentes, estando o de Alcácer do
Sal bastante fracturado, conservando-se parte da zona cilíndrica, bem como dois “capitéis” de
pétalas (Ibidem).
Ainda de bronze é o prótomo de leão que serviria como o remate de uma peça de mobiliá-
rio, com paralelos nos exemplares da Hispanic Society of America e da colecção Calzadilla, poden-
do também estar associado a uma cama móvel, como a de Chipre, com a qual, aliás, Javier Jimé-
nez paralelizou os elementos de Torrejon de Abajo (Jiménez Ávila, 1998, p. 84, Fig, 1, 91). Algumas
pequenas placas com rebites podem ter pertencido a diphroi, ainda que não seja improvável que
tenham integrado também o leito a que terá pertencido o prótomo de leão acima comentado.
Parece assim possível defender que várias das peças que foram recuperadas tenham feito parte
do mesmo móvel, provavelmente uma cama ou mesmo um banco ou trono.
Entre os metais, devem ainda salientar-se as peças que parece ter integrado um conjunto
de artefactos relacionados com a ourivesaria. Entre eles destaca-se, desde logo, os que terão
pertencido a uma balança, concretamente os dois pratos, bem como três ponderais, cúbicos,
cujo peso (12,6 g.; 21,3 g.; 25 g.) indica a sua inserção em pelo menos duas unidades de referência,
ainda que ambas fenícias de Tiro.
A oeste tudo de novo

Fig. 7. Udja do santuário do


Castelo de Alcácer do Sal, segundo Gomes 2008.

Fig. 8. Ponderal de bronze do santuário do Fig. 9. Pé de thymiaterium do santuário


Castelo de Alcácer do Sal, segundo Gomes 2008. do Castelo de Alcácer do Sal, segundo Gomes 2008.

521

Fig. 10. Alcácer do Sal, santuário portuário da Rua do Rato: cazo, segundo Arruda et al., no prelo.

Ana Margarida Arruda


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522
Fig. 11. Alcácer do Sal, santuário portuário da Rua do Rato: Fig. 12. Alcácer do Sal, santuário portuário da Rua do Rato:
prótomo de leão, segundo Arruda et al., no prelo. os dois pratos de balança, segundo Arruda et al., no prelo.

Fig. 13. Alcácer do Sal, santuário portuário da Rua do Rato: Fig. 14. Alcácer do Sal, santuário portuário da Rua do
taz /bigorna, segundo Arruda et al., no prelo. Rato: fieira / damasquilho, ou ralador, segundo Arruda
et al., no prelo.
A oeste tudo de novo

Duas pequenas bigornas ou tases e uma fieira ou damasquilho foram também recupera-
das, bem como um conjunto de pequenos cabos muito possivelmente de punções e de outros
instrumentos de ourives. Mais difícil de classificar quanto à função é a placa sub-rectangular, para-
lelepipédica, com três caneluras de secção em V, cuja largura se alarga progressivamente. A equi-
paração destes artefactos, de que se conhecem exemplos mais ou menos próximos em França,
às bigornas de caneluras modernas foi já afastada (Eluère e Mohen, 1993: 18, 19 e 20), tendo-se
proposto a sua utilização para a obtenção de fios de perfil triangular de diversas espessuras, o
que em alguns casos dispensaria a utilização de uma qualquer fieira (Ibidem).
Não é frequente a identificação de conjuntos de instrumentos artesanais em geral e menos
ainda de ourives. Habitualmente, esta situação ocorre em contextos sepulcrais, como é o já famo-
so caso da sepultura 100 da necrópole de Cabezo de Lucero, em Alicante (Éluère 1998; Uroz 1992;
Uroz 2006; Perea e Armbruster, 2011), onde, aliás, muito dos artefactos de Alcácer encontram os
melhores paralelos.
Entre as peças de osso encontradas contam-se três placas, com decoração incisa, uma
das quais intacta, que, juntamente com outro fragmento, foram talhadas sobre diáfises de ossos
longos de animal de grande porte, apresentando-se decorados com a Árvore da Vida, uma das
temáticas mais representadas na iconografia mediterrânea, concretamente oriental. A palmeta
superior é de tipo fenício, e a inferior parece ser uma variação peninsular deste mesmo tipo, ainda
que das linhas convexas do centro interior da taça emane o que parece ser um flor de Lotus.
As placas de Alcácer apresentam secção encurvada, o que poderá indicar que revestiriam
um recipiente cilíndrico, e cabem no Grupo IV definido por M. Eugénia Aubet (1978), grupo que
apresenta um «…acusado carácter egiptizante en la decoración de estas piezas, unido a la con-
cepción occidental en la combinación de motivos orientales, que han sido aislados de su contexto
original fenicio…» (Ibidem: 73). 523
Duas placas circulares de pequeno diâmetro de osso polido decoradas com rosetas de de-
zasseis pétalas em baixo relevo deverão ser consideradas elementos de incrustação. As rosetas
são quase inéditas na decoração dos marfins peninsulares, ainda que motivos iconográficos idên-
ticos surjam na torêutica, como é o caso dos braseiros metálicos (Jiménez Ávila, 2002: 352). O
mesmo motivo aparece, como já foi referido, nos remates metálicos e de marfim das dobradiças
de diphroi de Medellín (Jiménez Ávila, 2008: 545, Fig. 653, 654) e da necrópole do Senhor dos
Mártires, em Alcácer do Sal (Ibidem: 546, 548, Fig. 658, nº 5 e 6).
Um conjunto de nove astrágalos, pertencentes a Bos taurus (quatro), Cervus elaphus (um),
Ovis capra (três) e Ovis aries (um) foi também recolhido. Esta situação não é rara em ambientes
sepulcrais, quer no Oriente, onde são abundantíssimos (Almagro Gorbea, 2008: 483), quer no
Mediterrâneo Central como é o caso de Cartago (Lancel, 1982 apud in Almagro Gorbea, 2008:
483). Na Península Ibérica, foram identificados nas necrópoles do Sudeste e Levante e nas do
vale do Guadalquivir, como Cruz del Negro, e ainda na Extremadura, concretamente em Medellín
(Almagro Gorbea, 2008: 483). Nesta mesma região, conjuntos significativos de astrágalos foram
também identificados em contextos sacros, nomeadamente em Cancho Roano (Maluquer 1981:
365) e em La Mata (Rodríguez Dias, 2004).
A cerâmica deste contexto cabe, maioritariamente, na categoria da “cinzenta”, integrando
sobretudo vasos fechados, alguns dos quais correspondem a miniaturas, fenómeno que é re-
corrente em ambientes cultuais da Península Ibérica, nomeadamente nos santuários de Cancho
Roano (Celestino Pérez e Jiménez Ávila, 1993: 192; 196: 32, 43, 63, 77) e de Azougada (Antunes,
2005), havendo também exemplos em necrópoles, como é o caso de Medellín (Llorio, 2008: 705
e 706) e de Pajares (Celestino Pérez, 1999).

Ana Margarida Arruda


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Fig. 15. Alcácer do Sal, santuário portuário da Rua do Rato: placa sub-rectangular destinada
à obtenção de fios de perfil triangular de diversas espessuras, segundo Arruda et al., no prelo.

Fig. 17. Alcácer do Sal, santuário portuário da


Rua do Rato: placa circular de osso decorada
524 com roseta, segundo Arruda et al., no prelo.

Fig. 16. Alcácer do Sal, santuário portuário da


Rua do Rato: placa de osso decorada com a
árvore da vida, segundo Arruda et al., no prelo.

O conjunto de materiais recuperado na Rua do Rato em Alcácer do Sal estava disperso


por uma área relativamente restrita e, como já antes se referiu, encontra-se em excelente esta-
do de conservação. Essas circunstâncias, aliadas a outros dados, concretamente aqueles que se
relacionam com o tipo de artefactos e sobretudo a sua associação, permitem avançar, ainda que
com algumas reservas, que o espaço estava destinado ao culto. Por um lado, nenhum osso hu-
mano, diminuto ou carbonizado, foi encontrado, afastando assim a hipótese de se tratar de uma
necrópole, possibilidade que poderia ser levantada se as evidências fossem outras. Por outro, a
localização neste local de uma área artesanal, concretamente de uma oficina de ourives (que po-
dia ser defendida tendo em consideração o notável e inédito conjunto de artefactos relacionados
com esta actividade), esbarra na existência de outras peças, que não podem ser assacadas a esta
actividade. Assim, a hipótese de se tratar de um santuário permanece a mais defensável.

2.3. O estuário do Tejo


Os trabalhos arqueológicos que, nos últimos anos, se desenvolveram na área urbana de
Lisboa trouxeram novos dados para o estudo e conhecimento da Idade do Ferro da foz do rio que
importa aqui apresentar, ainda que sucintamente. Tal como tinha já sido pressentido (Arruda,
A oeste tudo de novo

1999-2000), uma ocupação relativamente arcaica foi comprovada, havendo dados (cerâmicas e
datações de 14C) que permitem admitir, sem reservas, que, pelo menos a partir da 1ª metade do
século VII a.n.e., ou mesmo um pouco antes, a colina do Castelo já se encontrava ocupada (Filipe
et al., 2014, Pimenta et al., 2014a e 2014b). Essa ocupação de carácter orientalizante parece ter
sido implantada numa área até então inabitada, já que não existem, até ao momento, quaisquer
elementos que comprovem a existência de níveis do Bronze final, estando os que existem loca-
lizados na encosta de Santana, portanto na outra margem da Ribeira de Arroios. Por outro lado,
constatou-se que a presença de contingentes humanos com origem exógena se traduziu não
apenas na importação de artefactos e de produtos alimentares da região do estreito de Gibraltar,
mas também na plena adopção dos elementos do “pacote” mediterrâneo, o que implicou a pró-
pria produção local desses mesmos artefactos (forno de cerâmicas de engobe vermelho) e, pelo
menos em parte, a adopção da língua fenícia, como ficou comprovado pela inscrição em caracte-
res fenícios incisos numa ânfora encontrada no Castelo de São Jorge. Importa ainda acrescentar
que até aos meados do século V a.n.e. as relações inter-regionais se mantêm estreitas com as áre-
as de idêntica matriz cultural, concretamente o sul do actual território espanhol e restante facha-
da atlântica portuguesa, embora esse contacto se tenha perdido, ou diluído consideravelmente, a
partir de então, seguindo a região, bem como aliás as restantes do litoral ocidental, um percurso
independente e próprio, que mantém, no essencial, um relativo conservadorismo, pelo menos no
que diz respeito à cultura material (Arruda, 1993; 1999-2000; 2005c; Sousa, 2011). Tal situação não
é inédita na Península Ibérica, onde outras áreas regionais, antes integradas numa vasta koiné,
desenvolvem trajectórias culturais distintivas e autónomas, como é o caso do mundo ibérico, no
SE e NE, e do turdetano na Andaluzia ocidental e no Algarve. Assim, ainda que numa primeira fase
todas estas regiões peninsulares estivessem marcadas por uma considerável unicidade, o proces-
so que se desenvolve a partir dos finais do século VI a.n.e. levou a vias diferenciadas. 525
Para Almaraz, ainda na foz do estuário, não existem novos dados que possamos acrescen-
tar aos que foram já divulgados (Barros, Cardoso e Sabrosa, 1993), no que se refere à arquitectura
e materiais arqueológicos, mas as análises físicas e químicas dos metais mostraram uma tecnolo-
gia exógena, concretamente oriental (Valério et al., 2012).
Para Santarém, na área mais a norte, as novidades são poucas, ainda que a ocupação do
Bronze final tenha ficado recentemente muito bem documentada. Com efeito, o estudo dos re-
sultados que permaneciam inéditos de uma escavação levada a efeito em 2001, permitiu identifi-
car um conjunto de unidades estratigráficas do Bronze Final, onde a cerâmica de “tipo” Cogotas é
muito significativa em termos numéricos, mas pouco diversificada em termos decorativos (Arruda
e Sousa, no prelo). Quanto à Idade do Ferro, mantém-se o padrão já estabelecido nos trabalhos
já publicados (Arruda, 2003; 1999-2000), com presenças antigas de cerâmicas de tipo fenício-oci-
dental, com os estratos do Ferro inicial a mostrarem uma muito significativa presença de cerâmi-
ca manual de tradição do Bronze final, mas sem qualquer vestígio de ligação à Meseta (Arruda
e Sousa, no prelo). Tal como em Lisboa, o conservadorismo orientalizante é apanágio das fases
mais tardias da Idade do Ferro. Na margem esquerda do Tejo, e praticamente diante de Santarém
um outro povoado idêntico quanto à implantação, dimensão e diacronia da ocupação foi também
já registado (Pimenta, Henriques e Mendes, 2012). No entanto, o sítio do Alto dos Cacos foi com-
pletamente destruído, sendo os materiais publicados referentes a recolhas de superfície.
Entre as duas áreas, com sítios de ampla dimensão implantados no topo de elevações com
boas condições naturais de defesa, no que pode designar-se de médio estuário, desenha-se um
povoamento denso, mas disperso. Na área de Vila Franca de Xira, têm vindo a ser descobertos
espaços, ainda mal caracterizados do ponto de vista funcional (apenas um deles foi objecto de
escavação), que se desenvolvem muito próximo das margens do antigo estuário e ao longo de
ribeiras subsidiárias deste, como é o caso do Rio Grande da Pipa (Pimenta e Mendes, 2010/2011).

Ana Margarida Arruda


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Trata-se de pequenos sítios, que poderão ter funcionado como casais agrícolas, mas também
onde certas actividades “industriais”, como a produção de cerâmica, podem ter ocorrido. Santa
Sofia, Quinta da Marquesa (Vila Franca de Xira) e Setil (Cartaxo) encontram-se neste grupo. Tudo
aponta para o século VII a.n.e. no que às primeiras ocupações sidéricas diz respeito, ainda que
alguns deles tenham tido continuidade até momentos avançados do século IV a.n.e.
Na margem esquerda, núcleos de povoamento de idêntica implantação e de características
aparentemente similares têm também vindo a ser identificados, alguns deles conhecidos pelas
ocupações anteriores, como é o caso do Cabeço da Bruxa e Alto do Castelo(Alpiarça), Quinta da
Alorna (Almeirim) ou de Porto de Sabugueiro (Salvaterra de Magos) (Arruda et al, no prelo).
No litoral a norte do Tejo, o quadro de referência traçado nos finais do século passado
mantém-se actual, sem que haja novidades que valha a pena assinalar.

Santarém
526 Alto do Castelo
Cabeço da Bruxa
Alto dos Cacos
Porto do Sabugueiro

Santa Sofia

Castro do Amaral

Quinta da Marquesa

Lisboa

Almaraz
Lagoa
Evolução
Sapal
da ria
Várzea

Altitude superior a 200 m

Fig. 18. Sítios orientalizantes do estuário do Tejo (Século VIII-VI a.n.e.), segundo Arruda et al., no prelo.
A oeste tudo de novo

2.4. O interior
No território compreendido entre o Tejo e o Mondego, têm vindo a ser identificados sítios
e materiais que configuram a utilização, em épocas recuadas, de um corredor natural que ligava
o Baixo Tejo e ao Baixo Mondego e que, desde época romana e até aos finais do século XVIII,
constituiu a principal via de comunicação terrestre entre Lisboa e Coimbra, através da célebre
“estrada coimbrã”.
Entre os escassos elementos mediterrâneos rastreados no Castelo Velho de Pedrógão,
conta-se cerâmica cinzenta fina, e artefactos de vidro, concretamente um fragmento de um un-
guentário de vidro, assim como contas de colar do mesmo material (Santos e Batata, 2005). A
datação mais concreta desta ocupação não é fácil de definir, uma vez que os materiais são de
cronologia ampla, ainda que sempre da Idade do Ferro.
E em Figueiró dos Vinhos, prospecções realizadas em distintos momentos proporcionaram
a recolha de cerâmicas com decoração brunida, dois escopros de bronze e um fragmento de es-
pada tipo “língua de carpa” (inéditos), testemunhando uma ocupação do Bronze Final, a que
se seguiu, ou não, uma outra da Idade do Ferro, documentada por diversas cerâmicas a torno,
nomeadamente cinzentas, uma lâmina afalcatada de ferro, e contas de vidro oculadas (Coutinho,
1994). Não se torna fácil tentar compreender se entre uma e outra ocupação houve continuidade,
ou se pelo contrário ambas estão separadas por um hiato. Talvez o estudo dos materiais, que,
conjuntamente com Raquel Vilaça, tenho em curso, possa vir a esclarecer esta e outras questões.
Também em Ourém, no Morro do Castelo uma realidade idêntica em termos cronológicos
e culturais foi recentemente identificada, destacando-se uma vez mais as cerâmicas cinzentas
(Vilaça, 2008).
Em Leiria, na encosta do Castelo exumaram-se importantíssimos testemunhos datáveis de
um período compreendido entre os sécs. IX e VI a. C. (Coelho, 2005). Dele dão conta as cerâmicas 527
de “tipo Boquique” e com decoração brunida, pithoi, cerâmica industrial destinada à copelação e
grafitos. Neste caso, a 1ª Idade do Ferro é uma possibilidade mais consistente que nos anteriores,
ainda que se espere que a publicação dos resultados possa esclarecer melhor a cronologia sidéri-
ca, que poderá oscilar entre o século VII e o VI a.n.e.
Este povoamento parece localizar-se ao longo do caminho mais interior da região atlântica,
entre o oceano e as terras altas, caminho que terá tido um importante papel no estabelecimento
das relações norte/sul durante a Proto-história, relações efectuadas por intermédio das bacias do
Baixo Tejo e do Mondego.
No entanto, estas realidades mantêm-se, quase completamente, inéditas, o que dificulta,
substancialmente, a análise e a interpretação. Mas ignorá-las neste contexto por esse facto não
parecia opção.
No interior alentejano, os dados são mais abundantes.
Convém contudo começar por referir que a grande maioria dos componente da Idade do
Ferro do Alentejo tem características exógenas, mais concretamente mediterrâneas. Por outro
lado, também parece ser importante não perder de vista que na região se observa um intenso
povoamento do Bronze Final, materializado em numerosos povoados de altura e também de pla-
nície, que configuram uma densa malha de ocupação. Tais realidades evidenciam uma vitalidade
considerável e uma demografia apreciável, nos finais do II milénio a.n.e. e nos inícios do seguinte.
Quase todos estes sítios são abandonados em torno ao século VIII e VII , exactamente no momen-
to em que os grupos fenícios chegaram e se instalaram no litoral, situação que, aliás, é também
rastreável em outros territórios, como é o caso da Beiras, do Ribatejo e da própria Estremadura.
O Castro dos Ratinhos, em Moura, constitui-se como uma das pouquíssimas excepções a
esta situação. Os resultados das intervenções concretizadas no sítio foram já objecto de várias
publicações, estando disponível um volume monográfico (Berrocal-Rangel e Silva, 2010). Trata-

Ana Margarida Arruda


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-se de um povoado fortificado, não particularmente extenso, cujo início da ocupação se data do
século XI a.n.e. (Ibidem) Neste contexto, importa destacar a existência de níveis, construções e
espólios da Idade do Ferro, de que é obrigatório evidenciar o edifício religioso construído na cha-
mada “Acrópole”, cuja planta corresponde a um plano arquitectónico relativamente complexo
(Ibidem). O referido edifício, que foi considerado um santuário, possui características eminente-
mente orientais, seguindo um traçado clássico de tipo siríaco, que contudo é contemporâneo de
cabanas circulares (Ibidem). O sítio foi abandonado no final do século VIII a.n.e.

528

Fig. 19. Templo do Castro dos Ratinhos, segundo Berrocal e Silva, 2010.
A oeste tudo de novo

Não é fácil interpretar estes dados, não apenas pelo seu ineditismo, mas sobretudo pelo
facto de após a o referido santuário ter sido desactivado se terem ainda construído cabanas cir-
culares de matriz indígena. E, contra a corrente (Ibidem), penso que a realidade do Castro dos
Ratinhos evidencia não uma construção colonial, feita por colonos orientais, mas talvez um edi-
fício construído pela comunidade indígena, ainda que a sua planta e as técnicas construtivas cor-
respondam a modelos canónicos próximo-orientais. Esta hipótese baseia-se nos dados estrati-
gráficos (cabanas de planta circular na mesma fase e na fase posterior) e mesmo nos materiais
arqueológicos que os níveis correspondentes à fase de construção deste edifício ofereceram.
Lembre-se que a percentagem de cerâmicas a torno é muito diminuta face às produções manuais,
que mostram formas e esquemas decorativos do Bronze Final.
Será que perante a situação de abandono e decadência generalizados nas proximidades
imediatas e longínquas, a comunidade que habitava o Castro dos Ratinhos terá tido uma última e
desesperada tentativa de sobrevivência, que se consubstanciou na adopção de um segmento da
componente exógena? É o que me parece mais provável, ainda que tudo indique que o esforço
não tenha tido aparentemente os resultados esperados e o destino do Castro dos Ratinhos tenha
sido o mesmo dos outros sítios: o total abandono.
Estas comunidades do Bronze Final do interior alentejano não sobreviveram pois ao im-
pacto colonizador que atingiu o litoral, que teve sobre elas efeitos concretos, e de alguma forma
devastadores, e que provocaram o colapso do Bronze Final e a desagregação de todo o sistema
social e político vigente.
Os grupos dispersam-se pelo território, ocupando áreas de planície, sob a forma de peque-
nas quintas, de que são exemplo muitos do sítios que Rui Mataloto e Manuel Calado identificaram
e escavaram no Alentejo Central, concretamente na Serra d’Ossa, mas também na região de Mon-
saraz e no entorno de Beja (Calado e Rocha, 1996-97; Calado et al., 2007; Mataloto, 2004, 2009), 529
e ainda a sul, em Ourique (Arruda, 2001; Correia, 1999) e Castro Verde (Maia, 1988; Maia e Maia,
1986, 1996). Curiosamente, ou talvez não, e ao contrário das outras regiões como as Beiras ou o
Alto Ribatejo, que apenas no final da Idade do Ferro voltam a ser ocupadas e ainda assim de forma
muito esporádica e difusa, estas comunidades vão sobreviver ainda que com modelos económi-
cos, sociais e políticos bem diversos dos que possuíam anteriormente e também distintos dos que
vigoravam no litoral. Mas adoptaram, progressiva e paulatinamente, elementos mediterrâneos,
incorporando espólios de matriz oriental e construindo de acordo com esses mesmo modelos.
O que se compreende porque, ao contrário das áreas mais setentrionais, o espaço alentejano
encontra-se “cercado” a sul, a este e a oeste por comunidades fenícias e /ou já profundamente
orientalizadas.
Contudo, é no cenário da morte que a orientalização mais se manifesta, mas sobretudo ao
nível dos espólios e não exactamente nas arquitecturas, que pouco têm de oriental. Quer nas ne-
crópoles de Ourique, quer ainda nas que têm vindo a ser reconhecidas na região de Beja/Beringel,
a orientalização destas comunidades está patente no conjunto dos espólios, mas os rituais e a
arquitectura funerária parecem entrosar-se ainda no mundo indígena. É assim possível defender
que a necessidade de perpetuar a imagem dos antepassados ou das gerações anteriores obrigas-
se a que o centro cosmogónico se relocalizasse na morte, que por um processo mental legitimava
a ocupação das terras num dado território, providenciando protecção dos vivos, e a apropriação
do espaço e do território, agindo os monumentos como um mapa existencial da comunidade
(Lewis-Williams e Pearce, 2005:193). Por outro lado parece certo que estes espaços da morte sen-
do lugares de memória foram certamente de algum modo sítios de resistência.

Ana Margarida Arruda


VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIOS E PÚNICOS

Fig. 20. Anel da necrópole da Vinha das Caliças


(Beringel, Beja), segundo Arruda et al., no prelo.

Fig. 21. Oil botle da necrópole de Palhais


(Beringel, Beja), segundo Santos et al., 2008.

3. Os modelos possíveis

Apresentados os novos dados e tendo presentes os já conhecidos, torna-se possível apre-


sentar os modelos que podem explicá-los, admitindo desde já que bebemos inspiração nos que
530 vão sendo construídos para o Neolítico Antigo.
Assim, e do meu ponto de vista, não parecem restar dúvidas que a orientalização do Ex-
tremo Ocidente se processou, num primeiro momento, através de grupos humanos com origem
no Mediterrâneo, parecendo o Modelo da difusão démica o que melhor se adapta às realidades
do litoral. De facto, os dados dos estuários do Tejo, do Mondego, do Sado e do Guadiana eviden-
ciam a presença de fenícios ocidentais a partir de meados do século VIII a.n.e., pelo menos para
os dois primeiros, o que modificou substancialmente a paisagem urbana e rural, bem como os
quotidianos conhecidos até então, através da adopção de novas tecnologias e de outros hábitos
alimentares. Ainda assim, tudo indica que o início do processo pode ser integrado no que tem
vindo a ser designado “leapfrog colonization”, com grupos exógenos, num primeiro momento, a
visarem especificamente áreas concretas, como fica evidenciado pela precocidade do fenómeno
na área do Estuário do Tejo, frente à realidade algarvia ou sadina.
Contudo, sabemos bem da importância do povoamento do Bronze Final nestas mesmas
áreas e inclusivamente em sítios que se orientalizaram, como é o caso, por exemplo, de Santarém
e Lisboa, no Tejo, de Castro Marim e Tavira, no Algarve litoral e de Conímbriga, no Mondego. A
existência de duas comunidades distintas étnica, cultural e socialmente em espaços comuns não
é pois incompatível em certos casos, ainda que possamos assumir a separação em outras situa-
ções. A verdade é que se certos grupos assimilaram as novas tecnologias e incorporam elementos
da comunidade exógena, outros mantiveram-se separados, o que configura, para os primeiros
anos, uma distinção territorial concreta, o que está próximo do chamado Modelo em mosaico que
prevê a existência de grupos humanos co-habitando em territórios vizinhos em estádios diferen-
tes de desenvolvimento.
Porém, tudo indica que esta situação não é prolongada no tempo, uma vez que os sítios
indígenas acabariam por sofrer um processo de retracção muito significativo, comprovado pelo
abandono de muitos deles, como os dados da Estremadura portuguesa bem evidenciam. Os que
A oeste tudo de novo

permaneceram ocupados são justamente os que receberam a população exógena, como se tes-
temunha também em Alcácer do Sal e Setúbal, e, como já foi mencionado, em Lisboa, Santarém,
Conímbriga, Castro Marim e Tavira.
No interior, a situação é distinta, ainda que, também aqui, se tenha verificado o abandono
da grande maioria dos sítios ocupados durante o Bronze Final, o que, em meu entender, evidencia
a fragmentação da “ordem” social e política existente. Os grupos indígenas não parecem tam-
bém resistir ao impacto colonizador ocorrido no litoral, apesar de alguns deles terem tentado
reagir, através da adopção de planos arquitectónicos e espólios mediterrâneos e inclusivamente
de elementos de categorias que se enquadram ao nível da super-estrutura. Parece ser este justa-
mente o caso do Castro dos Ratinhos, como se discutiu acima.
Assim, e ainda que, como é evidente, a eliminação total dos grupos indígenas não seja
passível de defender em qualquer circunstância, a verdade é que quer no litoral quer no interior
parece ter-se verificado o colapso total das formas de organização social e política do Bronze
Final. “Orientaliza-te ou morre” pode efectivamente aproximar-se da realidade que os dados ar-
queológicos possibilitam ler, o que não obriga, necessariamente, a assumir que o papel das comu-
nidades autóctones fosse absolutamente passivo, até porque o “pacote” oriental pode ter sido
assimilado de forma pró-activa, sem que a identidade primogénita, pelo menos ao nível ideológi-
co, se tenha perdido, como aliás foi já proposto para a realidade do Neolítico Antigo (Bernabeu
Aubán, 2002: 209). Adiante-se que os espaços da morte, que funcionaram também como lugares
de memória, serão justamente os que permitem esta leitura e poderão mesmo ter-se assumido,
pelo menos numa primeira fase, como lugares de resistência. De facto, as necrópoles alentejanas
que nos últimos anos têm vindo a ser identificadas e escavadas na área de Beringel (Beja) e as que
foram estudadas na década de 80 do século passado na região de Ourique possuem caracterís-
ticas arquitectónicas e rituais funerários compatíveis com tradições indígenas, apesar da grande 531
maioria dos espólios ser exterior ao território peninsular, quer na matriz ideológica, quer na pró-
pria tecnologia utilizada na sua confecção.
Assim, parece importante reafirmar que este modelo de difusão démica não pressupõe a
negação absoluta do papel, mais ou menos dinâmico, que certamente as comunidades autóc-
tones assumiram em todo o processo que as afectou directamente. Contudo, a verdade é que
assumir que a colonização fenícia foi integradora, através de uma qualquer hibridização, entrosa-
mento, ou emaranhamento, como têm vindo a propor os partidários das teses pós-coloniais, não
pode ser lida nos dados arqueológicos que pude analisar. Pelo contrário, o que se torna claro é
o facto de o referido processo provocar um colapso total dos sistemas sociais vigentes, que são
substituídos por outros, consideravelmente mais complexos.
Estas reflexões finais merecem, naturalmente, ser continuadas num outro trabalho, ape-
nas e só a elas dedicado, o que tenho a intenção de concretizar num futuro próximo. Com efeito,
urge voltar a discutir a colonização fenícia no território actualmente português, tendo em consi-
deração também os novos enquadramentos teóricos bebidos nas teses do pós colonialismo, que
alguns arqueólogos ligados ao mundo anglo-saxónico e os do eixo peninsular Barcelona/Valência
têm vindo a abraçar em anos recentes. Mas gostaria de adiantar, desde já, que me parece que
o pós-colonialismo acaba, em última análise, por desculpabilizar, de forma excessiva, o colonia-
lismo propriamente dito, atenuando a violência de que efectivamente se revestiu, e o carácter
opressivo que sempre e em qualquer lugar objectivamente assumiu. Por outro lado, o excessivo
protagonismo que é oferecido às comunidades nativas peninsulares, quando se pretende ver no
início do processo estratégias ditadas por estas, apenas inverte os dados, o que acaba por revelar
um esquema igualmente maniqueísta e dualista, agora de sentido inverso.
Assim, e parecendo-me óbvio que colonizadores e colonizados não vivem em mundos
completamente separados, as relações entre os dois grupos que actuam no mesmo cenário são

Ana Margarida Arruda


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objectivamente assimétricas e de dominação, penalizando as sociedades indígenas, ainda que


naturalmente seja admissível pensar que estas não são constituídas por uma massa amorfa que
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Ana Margarida Arruda


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The Phoenician Kingdom of Sidon in the Light of
Recent Evidence from Tell el-Burak-Lebanon
Hélène Sader
American University of Beirut

Abstract

This paper traces the history of the Phoenician kingdom of Sidon from its origins until its con-
quest by Alexander the Great. It emphasizes the contribution of the Tell el-Burak excavations to the
history of this kingdom by placing them in their historical context.

Résumé

Cette communication retrace l’histoire du royaume phénicien de Sidon depuis ses origines
jusqu’à sa conquête par Alexandre le Grand. Elle place les fouilles récentes de Tell el-Burak dans leur
contexte historique et met en relief leur contribution à l’histoire de ce royaume en comblant les lacu-
nes laissées par les sources écrites.
The phoenician kingdom of Sidon in the light of recent evidence from Tell el-Burak-Lebanon

In this paper, I shall try to trace the history of the Phoenician kingdom of Sidon from
its origins until its conquest by Alexander the Great and along the way I shall emphasize the
contribution of the Tell el-Burak excavations1 to the history of this kingdom. In other words, I shall
try to place the results of the Tell el-Burak excavations in their historical context.
Tell el-Burak or Tell el-Brāk is loca-
ted on the shore of Addusiyye, 9 km south
of Sidon and some 4 km north of Sara-
fand (Fig.1). Thomson, a 19th c. traveler,
describes it as “a huge hay-stack on the
very margin of the sea” (1864: 142). It is ca
19m high and measures 150m x 120m at its
base (Fig.2).
The modern name of Tell el-Burak
is clearly an Arabic toponym that the
site owes to the near-by springs and
cisterns (in Arabic brāk or burak), and
which, unfortunately, does not betray the
ancient toponym. The ancient name of the
Tell should be looked for among the place
names listed in ancient texts as belonging
to the territory of Sidon, for Tell el-Burak is
located at the heart of the Late Bronze and
Iron Age Sidonian kingdom. I have argued
elsewhere (Sader 1997: 367, 371-372) for
a tentative identification of the Tell with 539
either Little Sidon or Kar Esarhaddon, the
capital of the Assyrian province. Fig. 1. Map showing the location of Tell el-Burak

Fig. 2. Tell el-Burak: view from the South

1 The Tell el-Burak Archaeological Project is a joint project of the American University of Beirut, the
University of Tübingen and the German Archaeological Institute-Berlin.

Hélène Sader
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Sidon, modern Șayda and ancient Șidunu, is not attested in ancient Near Eastern sources
before the middle of the second millennium BC. However, archaeological excavations have partly
compensated the total silence of the written records and have provided some information about
the origins of the city. The settlement, which was excavated in the area of Dakerman (Saidah
1979), in the southern suburbs of the modern city, showed that Sidon was settled for the first
time in the Late Chalcolithic period, sometime towards the end of the 4th millennium BC. This
early village was abandoned at the beginning of the 3rd millennium BC, and it appears that the
inhabitants moved to the neighboring hill southeast of the harbor, where remains of the Cru-
sader land castle are still standing. On this hill, a British Museum excavation team recently found
an Early Bronze Age settlement, consisting of domestic installations and tombs (Doumet-Serhal
1999: 195ff, 2000: 78ff, 2001: 155ff, 2002: 180ff; 2003: 177ff). The site of this modest Early Bronze
Age village was abandoned at the end of the 3rd millennium BC and transformed into a vast burial
ground in the Middle Bronze Age (Doumet-Serhal 2001: 162; 2002: 188ff; 2003: 179ff).
The abandonment of the Early Bronze Age settlement and the absence of any written
information about Sidon until the middle of the second millennium BC, leaves us with a major gap
in the city’s history. Nothing is indeed known about the location, the nature, the extension, and the
significance of Middle Bronze Age Sidon. Moreover, until the recent excavations of Tell el-Burak,
no other city belonging to Sidon’s later territory had yielded a Middle Bronze Age settlement. We
were left with absolutely no hint as to how Sidon developed from a small Early Bronze Age village
to a threatening political and economic power in the Late Bronze and Iron Age. The Tell el-Burak
excavations have helped us bridge this gap in Sidon’s history.

540 The Tell el-Burak Excavations: The Middle Bronze Age


(Kamlah-Sader 2003: 159ff and 2004: 131ff)

In Area 1 on the Tell summit (see Fig.3), directly below a Late Mamluk-Early Ottoman period
house (Shehadeh 2005), which partly covered its remains, a massive mudbrick building (Fig.4)
dating to the Middle Bronze Age was found (Kamlah-Sader 2003: Fig.22).
This building on the hilltop has been exposed for centuries to sun, rain and wind. As a
result, all its walls and nearly all its floors have eroded. Together with the floors, the finds in all
the rooms have also disappeared. What is preserved is basically the massive substructure, i.e. the
foundation walls and the earthen fill they contained. The various fill layers, mainly those removed
from soundings below the courtyard, contained substantial amounts of potsherds, which allowed
us to date the building to the Middle Bronze Age. Indeed, the large majority of these sherds from
the fill date to Middle Bronze Age II (Badreshany 2005 and Kamlah-Sader 2003: Pl. 3) and no
sherd of more recent periods has been found. The conspicuous absence of Late Bronze or Iron
Age pottery proves that the building was erected not later than Middle Bronze Age II. Additional
evidence for this dating came from the burials (Kamel 2005) that were uncovered at the western
outer corner of room 6 and which were laid when the mud-brick building was still in use. Amidst
the badly preserved skeletons, some broken juglets were found: They clearly date to Middle
Bronze Age IIB. One vessel, which was found outside the tomb, belongs to the typical Tell el-
Yehudiyye pottery tradition and points also to this date.
The excavations allowed us to understand the building process of this structure. In the
course of the Middle Bronze Age, immense amounts of earth were piled up on the site of Tell el-
Burak in order to create an artificial mound. This mound was held in place by a cyclopean retaining
wall built around the foot of the Tell, traces of which were found under the later Iron Age wall
(Kamlah-Sader 2003: Fig.12). In the centre, a mud-brick building with an extension of ca. 32 by

Arqueologia, sítios e materiais


The phoenician kingdom of Sidon in the light of recent evidence from Tell el-Burak-Lebanon

Fig. 3. Excavation areas on Tell el-Burak 541

40 m was erected. The layout of this structure as well as its foundations had already been put in
place when the process of piling up the hill began. This explains why the foundations of its walls
reach – at least in the area of the central courtyard – a depth of more than 11 m. (Kamlah-Sader
2003: Fig. 17). The walls have an average thickness of 1.20 m, the exterior walls sometimes up to 2
m. The module of the mud-bricks is 40 by 40 by 12 cm.
The building consists of rooms built around an inner rectangular courtyard, which was
located at the back of the building (see Fig.4). The protruding walls of the corner rooms suggest
that they were towers. Twelve rooms have so far been partly or entirely exposed. This building
has also yielded the best-preserved wall paintings of Middle Bronze Age Levant: Over 2m high
wall paintings with figurative, animal, and geometrical patterns were uncovered on the walls
of room 10, which measures 14 x 7 m. (Pl. 1). Only the southeast corner of the room has been
excavated and a complete picture of this outstanding feature will have to await the clearance of
the whole unit.
To conclude: In the first half of the second millennium BC, Tell el-Burak clearly had a strategic
importance. Its mud-brick building stands out by its size, by its design, and by the efforts that
were made for its construction. It could have served as a fortified stronghold, as an administrative
building, or simply as a prestige palace in the southern part of Sidon’s fertile plain. Thanks to its
raised position on top of a hill, one could see Sidon from the Tell el-Burak palace and could visually
communicate with the mother city.
The underwater investigation (Pedersen forthcoming) has shown the lack of a good natural
or man-made harbor on the shore of Tell el-Burak, which is unexpected for such an important
site. According to Pedersen’s field report “The choice of the location of the fortress in back of

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542

Fig. 4. The Middle Bronze Age Palace after the 2005 excavations

the reef reinforces the defensive nature of the site. The shallowness of the reef at less than one
meter provides the fortress with protection against marauders from the sea. Anyone attacking the
fortress would be unable to pull their warships up directly under the Tell as the reef would rip open
their bottoms. This new evidence adds support to the nature of the Middle Bronze Age settlement
as a stronghold and defensive installation”.
All the above-mentioned features indicate that this massive building must have been built
by a nearby, strong, central power. The first and only one that comes to mind is the kingdom
of Sidon. Tell el-Burak thus reveals new and crucial insights into the history of the Sidonian city-
state and of its territory during the Middle Bronze Age. The evidence from Tell el-Burak clearly
demonstrates that Sidon was a well-established economic and political power at the turn of the
second millennium BC, with an extended territory protected and controlled by strongholds. It is
quite strange that the existence of such a powerful government in Sidon went unnoticed in the
contemporary Middle Bronze Age cuneiform and Egyptian texts.
These sources start mentioning the kingdom of Sidon towards the middle of the second
millennium BC (Moran 1987, Nashef 1982: , Belmonte Marín 2001: 248-249). At that time and for
reasons that remain to be cleared, the magnificent building and the whole site of Tell el-Burak

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The phoenician kingdom of Sidon in the light of recent evidence from Tell el-Burak-Lebanon

were abandoned (Kamlah-Sader 2003: 147). The abandonment of the stronghold of el-Burak
and the almost simultaneous foundation of the industrial and harbor city of Sarepta (Anderson
1988: 422) may suggest a change in the political orientations or needs of the Sidonian kingdom.
Unlike Burak, Sarepta had a natural harbor, which remains active until the present day (Pritchard
1978). Unlike Tell el-Burak, it had clearly an industrial and domestic purpose (Anderson 1988: 57ff;
Pritchard 1978). Its foundation though clearly showing the continuing expansion and growth of
the kingdom of Sidon during the Late Bronze Age, may indicate changing social conditions. “As the
metropolitan world of the Late Bronze Age progressed, international trade grew in importance. Thus,
the deeper harborage at Sarepta would have been more favorable to the changing circumstances as
ships grew larger and more numerous” (Pedersen forthcoming).
In 14th c. BC Amarna letters (Moran 1987) as well as in other more or less contemporary
texts such as those of Emar (Arnaud 1992) and Ugarit (Belmonte Marín 2001: 248-249), both
the city and the land of Sidon are mentioned. Although these mentions are often restricted to a
simple listing of the toponym, they nevertheless suggest that Sidon was in the Late Bronze Age a
well-established and independent kingdom with the most active harbor of the Phoenician coast
(Arnaud 1992). The recently published Late Bronze Age cemetery of Sidon Dakerman (Saidah 2004:
Figs 51-54) has yielded large numbers of imported pottery, which clearly show the cosmopolitan
character and the economic growth of the city during that period.
As for its territorial expansion, indirect evidence may be inferred from the above-
mentioned Late Bronze Age texts. Information provided by Amarna letters 148 and 149 (Moran
1987), suggests that the southern boundary of Sidon’s territory was the Litani River. In these
letters Abimilku, king of Tyre, complains to Pharaoh about the military conquest of Ushu, the
Tyrian territory facing the island of Șurru, modern Tyre, south of the Litani River, by Zimridda,
king of Sidon. To the north, the existence of an independent kingdom of Beirut sets the northern 543
limits of Sidon, most probably around river Damour, ancient Tamyras (Elayi 1982, Sader 2000:
238ff, Belmonte Marín 2003: 86-87). This coastal strip between Beirut and Litani formed the core
territory of the Sidonian kingdom during the Late Bronze Age. The city under the ruins of Tell el-
Burak was still included within the territory of Late Bronze Age Sidon.
In the first millennium BC, Sidon is repeatedly mentioned in the neo-Assyrian royal annals.
From these records, it appears that the kingdoms of Tyre and Sidon formed at the end of the
9th c. BC one geo-political entity (Katzenstein 1973: 252), the territory of which extended from
Anfe in the north to Mount Carmel in the south, excluding the kingdom of Byblos (Sader 2000:
241). When Sennacherib divided this united kingdom in 701 BC (Luckenbill 1927: 118 ff), Sidon
kept the northern part of the territory as far south as Sarepta, which was cut off together with
Ma’rubbu to be added to the Tyrian territory. In 677 BC, Asarhaddon destroyed the capital city
Sidon, transformed its territory into an Assyrian province, and built a new capital of the province
that he named Kar-Asarhaddon (Borger 1967: 48: D82).
Under the Achaemenid Persians, Sidon regained its autonomy and became the capital of
the fifth satrapy. Its territory, the core of which probably still included the coastal strip between
Beirut and Litani, was enlarged by the addition of the Palestinian cities of Dor and Jaffa, as we
learn from the Eshmunazar inscription (Gibson 1982: 109). Sidon, like all other Phoenician cities,
lost its autonomy and its territory to Alexander the Great. So Tell el-Burak remained all through
the Iron Age part of the Sidonian kingdom.
While the scope of the Sidonian core territory and the kingdom’s political significance
during the Iron Age can be partly gained from the texts, little or nothing is known about its
individual cities. The annals of the Assyrian kings Sennacherib and Esarhaddon list 16 toponyms,
which belonged to the kingdom of Sidon, calling them “his strong walled cities where there were
supplies” (Luckenbill 1927: 119). Before the Tell el-Burak excavations, little or nothing was known

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about these cities from the available archaeological evidence. Although ancient tells had been
spotted along the coast in Khalde, ancient Vildua, Naame, ancient Inimme, Jiyye, ancient Gi’,
Rmayle, maybe ancient Šikku, Sidon, ancient Sidunu, Tell el-Burak, maybe ancient Lidunu LiJru or
Little Sidon or the new Assyrian capital, Kar Asarhaddon, Sarafand, ancient Sarepta, and Adlun,
ancient Ma’rubbu, none with the exception of Sarepta, had yielded a settlement of the Late
Bronze and Iron Ages (for the identification of these toponyms see Sader 1997: 366 and Belmonte
Marín 2003: 92 ff).
As for Sarepta, excavations have uncovered industrial quarters of the Late Bronze and Iron
Age, mainly potter’s workshops (Pritchard 1978: 111). Only fragmentary evidence for domestic
buildings was reported from the stratigraphic sounding (Pritchard 1978: 71ff; Anderson 1988)
while no defensive architecture was excavated.
Here again, the Tell el-Burak excavations, contributed substantial and new information
about the Phoenician kingdom of Sidon by yielding an insight into the physical layout, function
and economic situation of the Sidonian cities in the Late Iron Age.
In Tell el-Burak, Iron Age domestic buildings and a fortification wall were uncovered in area
III and II respectively (Finkbeiner-Sader 2001: 186; Kamlah-Sader 2003: 148 ff). In Area III, Iron Age
builders had to cope with a sloping ground the surface of which consisted of a thick layer of hard
reddish soil: this is the glacis which was piled up during the Middle Bronze Age to receive the
mudbrick building. This glacis was first leveled and terraced then the walls of the houses were
built on top of it. The most ancient Iron Age structure in area III is a house of ca. 5 x 8 m (Fig.5)
subdivided into a front and two back rooms (Kamlah-Sader 2003: Fig. 4). The structure of this
house provides valuable insights into Iron Age domestic architecture and building techniques.
Its layout shows thorough planning and adaptation to given geo-morphological conditions. The
544 builders used large and well-hewn blocks in order to strengthen statically weak points, like the
entrances and the intersections of the walls while the remaining parts of the walls were built of
fieldstones. This is an early form of the ‘pier-and-rubble’ technique, which is a well-known and
typical feature of Phoenician architecture during the Late Iron Age (Markoe 2000: 71). The floors
were repaired several times as attested by the succession of white lime plaster and flag stone
floors. The successful alteration of a difficult terrain, the symmetrical arrangement of the house,
and the regularity of its walls attest the high quality of workmanship that prevailed during the
earliest Iron Age occupation of Tell el-Burak.
At a later stage, the area west of this house was levelled and a structure consisting of
two separate rooms of unequal size was built in front of the southwest corner of the first house
(Fig.6). Both are paved with limestone blocs and are oriented in a slightly different manner than
the earlier house, which underwent some modifications. The southwest wall of its front room
was rebuilt three times, to be aligned with the new ‘two-room-building’ (Kamlah-Sader 2003:
Figs 4 & 7). The walls of the latter consisted of segments of hewn blocks placed as headers and
stretchers, alternating with segments of fieldstones. On the whole, one can observe a lower
quality of workmanship with regard to the earlier phase. The excavations of Tell el-Burak have
produced for the first time complete ground plans of Phoenician private dwellings from southern
Lebanon.
The last building phase saw the crumbling and destruction of the earliest house. Its ruins
were leveled and several fire pits were set on them. Contemporary with this later occupation
phase is the burial of a dog (Kamlah-Sader 2003: Fig. 8), which was found outside the house under
the sherds of a broken vessel. Such dog burials were common in the Phoenician cities of the
Late Iron Age and are known from Beirut (Finkbeiner-Sader 1997: 130) and Khalde (Saidah 1967:
166). The largest dog cemetery was found in Ashkelon (Wapnish and Hesse 1993), on the south
Palestinian coast.

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The phoenician kingdom of Sidon in the light of recent evidence from Tell el-Burak-Lebanon

Fig. 5. The Iron Age house of Tell el-Burak seen from the southwest
545

Fig.6. The Persian period two-room building in Tell el-Burak seen from the North

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A considerable number of finds, in particular metal objects-knife, arrowheads, fishing


hooks, fibulae, loom weights, and jewellery- as well as potsherds which include above all cooking
pots, storage jars, mortaria, and lamps, and a few imported Greek vessels, were found in these
houses (Kamlah-Sader 2003: Fig. 9 and Pl. 1 & 2). They all indicate the domestic character of the
buildings.
A preliminary analysis of the pottery indicates that the Iron Age occupation of Area 3
stretched from the late 8th to the mid-4th c. BC.
In area 2, a fortification wall was found at the foot of the hill. It was built on the Middle
Bronze Age retaining wall (Kamlah-Sader 2003: Fig. 13). These are the first Phoenician fortifications
to be found in the region of Sidon and Tyre. The wall has a width of 3-4 m and both its inner and
its outer face are made of fieldstones. To stabilize this construction, transversal segments of well-
dressed blocks joined the two faces at regular intervals. We are hence dealing with the same ‘pier-
and-rubble’ technique, which was already recognized in the domestic quarter.
The city wall collapsed at some point during the Iron Age. A massive layer of fallen building
blocks was found in front of the outer façade. This layer contained various finds from the Iron
Age, in particular an inscribed funerary stele. The thick layer of collapsed building stones was
found on both the inner and the outer faces. Floors on top of this collapse date to the last Iron
Age occupation of the Tell. It appears that during the last phase, the inhabitants continued to
settle Tell el-Burak without rebuilding the collapsed city wall.
The layers above and below the collapse have yielded pottery sherds, which attest and
confirm the same period of occupation of the domestic structures in Area 3: from the late 8th to
the mid-4th c BC (Fig.7). The fortification itself must have collapsed earlier, i.e. in the 6th or 5th c BC.
The fact that it was not rebuilt indicates the overall decline of the settlement in its last phase.
546 The progressive degradation of the site attested by the abandonment of the residential
area as well as the lack of maintenance of the city wall, seems to confirm the political and
economic degradation of the situation in the kingdom of Sidon at the end of Persian rule. In 345
BC, the tension between the Sidonians and the Persian occupant led to a rebellion, which was
severely crushed by the Persians: part of the population was sent into exile and the Sidonian
harbor was kept closed (Belmonte Marín 2003: 91). This dramatic situation had a serious impact
on Tell el-Burak. This city did not survive the crisis that shook the kingdom and was definitively
abandoned after this incident, towards the middle of the 4th c. BC. This archaeologically attested
abandonment of Tell el-Burak puts an end to the speculations regarding the identification of the
site with Ornithonpolis (see discussion in Sader 1997: 371 and Belmonte Marín 2003: 92), a city
mentioned in the Classical Greek and Latin sources.
The Tell el-Burak excavations have greatly contributed to the history of the Phoenician
kingdom of Sidon on the one hand, and they have substantially improved our understanding
of Iron Age settlements of the motherland, on the other. Future excavations on the site will
hopefully clarify the urban layout and features of this settlement and will explain its function
and role. More such projects are needed to fill the gaps still hindering our reconstruction of the
origins and formation processes of Lebanese coastal sites and of the causes behind their growth
and decay.

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The phoenician kingdom of Sidon in the light of recent evidence from Tell el-Burak-Lebanon

547

Fig. 7. Iron Age pottery from Tell el-Burak

Hélène Sader
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549

Hélène Sader
TELL ABU HAWAM Y
LOS PRIMEROS FENICIOS EN EL ATLÁNTICO
*

Jacqueline Balensi 1
Francisco Gómez 2
CNRS
1

2
Universidad de Huelva

Resumen

Dos campañas de excavación realizadas por R.W. Hamilton en los años 1932 y 1933 en un peque-
ño tell situado al pie del Monte Carmelo, mostraron la existencia de un puerto fenicio en la Bahía de
Haifa. Los informes publicados llevaron a la creencia de que el asentamiento, desde un punto de vista
comercial, había sido tan importante en los inicios del I Milenio a.C. como en los siglos precedentes.
La revisión del material de esas excavaciones por miembros de la Mission Archéologique de Tell Abu
Hawam, así como otros trabajos de campo en el Tell en los años 1985 y 1986, permiten hoy asentar
con una base empírica comparable a las conocidas de Tiro, Sarepta o Tell Keisan, la cronología de los
materiales fenicios hallados en el occidente atlántico, en especial los excavados en Huelva o en el asen-
tamiento fenicio occidental de Torre de Doña Blanca. En síntesis, el hecho de que Tell Abu Hawam no
muestre en su registro arqueológico materiales sincrónicos con la última fase de Tiro, es un punto de
partida para estimar un paralelismo coincidente con la fase fundacional de los fenicios en Occidente.

Abstract

Two campaigns of archaeological excavations, led by R.W. Hamilton in 1932 and 1933 on a small
tell at the southern end of the Bay of Haifa, served to uncover a maritime trading-post located in the lee
of Mount Carmel. The published reports let believe that this site had been commercially as important
at the beginning of the first millennium B.C. as it had been during the previous centuries. Members
of the Mission archéologique de Tell Abu Hawam re-assessed the older, British and Israeli archives and
material collections; and jointly, they conducted a dig in 1985 and 1986, a successful salvage that has
produced preliminary results. Together, these data form one empirical base, comparable to those
of Tyre, Sarepta or Tell Keisan. As such, this set can be used to anchor the relative chronology of
Phoenician pottery found on the Atlantic coast: in Huelva or on the Phoenician settlement of Torre de
Doña Blanca. In brief, that the range of finds of Tell Abu Hawam shows no material synchronous with
that of the last phase of Tyre, is a fact used as a starting point to bridge the eastern evolution with
some Phoenician foundations in the West.

*Este trabajo se enmarca en los proyectos de investigación Mission Archéologique de Tell Abu Hawam (MA-
TAH), Maison de l’Orient et de la Méditerranée – Jean Pouilloux, (UMR 5649, C.N.R.S.) y Análisis de la implantación
y evolución del fenómeno urbano en el S.O. peninsular: Arqueología Urbana en la Ciudad de Huelva (Ministerio de
Educación y Cultura. Código HUM 2004-0179).
Tell Abu Hawam y los primeros fenicios en el Atlántico

Introducción

Desde la más tradicional investigación histórica de los fenicios se han propuesto motivos
comerciales para su expansión a Occidente siempre relacionadas con el proceso histórico de la
zona siropalestina. A pesar de que la razón de esos contactos no fuese expresada la mayoría de
las veces, la fecha del II Milenio a.C. deducida del texto de Veleio Paterculo, que establecía la
fundación de Gadir en Occidente ochenta años después de la Guerra de Troya, la inferida desde el
texto de Reyes I por la relación de la Tharsis bíblica con el Occidente, la cual indicaría contactos
con el Atlántico desde el reinado de Hiram I en Tiro y de Salomón en Jerusalén, así como otras
posteriores debidas a la ocupación asiria de las costas del Levante mediterráneo y el pago de tri-
butos, siempre se fundamentaron en la necesidad de obtener la plata occidental, una posibilidad
que nunca se ha discutido.
Desde la segunda mitad del siglo XX, la investigación arqueológica puso de manifiesto que
los restos fenicios documentados en Occidente impedían estimar cualquier contacto previo al
siglo VIII a.C., lo cual llevó a imponer una fase teórica para las relaciones arcaicas de las que no
se habrían conservado restos materiales. A esa fase previa -precolonial- seguirían las fundaciones
más antiguas que se dedujeron del estudio de importantes colonias fenicias excavadas en el Sures-
te de la Península Ibérica, con una primera secuencia clara que aportaban Morro de Mezquitilla,
Chorreras y Toscanos (Schubart y Arteaga, 1986), así como la divulgación del registro arqueológi-
co del Castillo de Doña Blanca, tal vez la antigua Gadir (Ruiz Mata, 1999). A esa fase arqueológica
antigua que hemos denominado Fase Fundacional (Gómez, 2004), seguiría otra posterior que ya
podría definirse como Fase Colonial, la cual sólo significa la generalización de los contactos y la
transformación de la sociedad occidental durante el Período Orientalizante.
En relación con la cronología de cada una de las fases, aunque se hayan barajado fechas
que incluso podían abarcar un siglo, con los datos existentes pocos sitios pudieron remontarse 551
más allá de los inicios del siglo VIII a.C., especialmente cuando desde la década de los años ochen-
ta se conocen las excavaciones de Tiro (Bikai, 1978), Tell Keisan (Briend y Humbert, 1980), o Sa-
repta (Anderson, 1988), así como otros trabajos específicos de especialistas en el mundo griego
como J. N. Coldstream (1983), o B. B. Shefton (1982). Desde esta perspectiva, resultaba claro que
la precolonización no podía incluir viajes en el II Milenio a.C., ni tampoco en tiempos de la asocia-
ción de fenicios e israelitas en el siglo X a.C. siguiendo los textos bíblicos.
Desde la década de los años noventa, para resolver el problema, se comenzó a prestar
atención a las primeras series de análisis radiocarbónicos, las cuales, se pensaba, podían aportar
una indicación positiva acerca de la presencia de los fenicios en Occidente (Torres, 1998). Aunque
nunca hemos dudado que la arqueometría ha de ser en el futuro la contribución que palie las difi-
cultades cronológicas, en la actualidad el mayor problema reside en que las fechas de C14 hay que
considerarlas un método propio y, por ello, un calendario matemático dependiente de sí mismo.
Por esa razón, parece obvio la necesidad de atender al contexto de cada una de las muestras, y a
la cronología relativa -estratigráfica- que aporte el hábitat en que se obtuvieron. Como ejemplo, a
pesar de la antigua fecha que se otorga a la presencia fenicia partiendo del análisis cronométrico
de Ronda-Acinipo (Carrilero et al., 2002: 75), los materiales allí localizados podrían encuadrarse en
alguna de las series tardías del período fenicio según el registro arqueológico del Castillo de Doña
Blanca (Ruiz Mata y Pérez, 1995), un escollo difícil de eludir desde un punto de vista comparativo.
Por otra parte, la búsqueda de apoyo en estudios dendrocronológicos en Italia para la cronología
radiométrica que en su día hizo M. Torres (1998), ya ha sido cuestionada por M. Botto siguiendo
trabajos recientes en el entorno del Bronce Final italiano (Botto, 2005: 589). De la misma forma,
los problemas que se encuentran en el Próximo Oriente para adaptar la cronología radiométrica a
la histórica habitual a través de la arqueología de los sitios históricos, tampoco auguran una rápi-
da solución (Mazar y Carmi, 2001; Coldstream y Mazar, 2003), sobretodo porque la nueva crono-

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VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIOS
FENÍCIO PÚNICOS
E PÚNICOS

logía baja establecida por I. Finkelstein (1999) parece más cercana a la propuesta para el mundo
egeo (Coldstream, 2003). Como solución simple, tal como fue publicado en su día por Aharoni y
Amiran (1958), el contenido del Hierro IIA podría basarse en la homogeneidad de la cultura mate-
rial durante los siglos X-IX a.C., en vez de singularizar desde la Arqueología un período histórico:
la Monarquía Unificada en Israel.

Tell Abu Hawam y su situación en la bahía de Haifa

El interés en Tell Abu Hawam ha residido en el hecho de haber sido excavado y publicado en
un momento en el cual existían pocos ejemplos donde hacer comparaciones. En los años 1932 y
1933, R. W. Hamilton (1935) realizó dos campañas de excavación que parecían abarcar la totalidad
del tell. Su situación en la bahía de Haifa, al pie del Monte Carmelo, entre los cursos del río Qishon
y del Wadi Salman, habría determinado la atracción de flujos políticos, económicos y culturales de
la zona, al tratarse de un cruce de caminos abierto al movimiento de gentes y mercancías por su
condición de puerto natural bien protegido.
En el momento presente, su estudio está permitiendo incorporar a la investigación datos de
la evolución morfológica y medioambiental (Balensi y Aznar, 2000), la formación de la isla en que
se asentó el pequeño puerto al servir de plataforma para las actividades portuarias (Balensi et al.,
2002), y aspectos relativos a su identidad física y cultural (Balensi, 1998). En relación con el perío-
do fenicio, el Stratum III fue fechado por Hamilton ca. 1100-925 a.C. gracias a la aparición de cerámi-
cas egeas y al hecho de que el registro arqueológico de esa fase terminara con un incendio que el
arqueólogo británico puso en relación con la campaña punitiva del año 925 por el faraón Shishak I,
desde la cual el pequeño asentamiento destruido permaneció abandonado hasta una nueva ocu-
552 pación durante el período persa. Para estimar esa cronología fue fundamental la aparición de un
escifo con semicírculos colgantes que entonces se juzgó pertenecer al período Protogeométrico
(Heurtley, 1935). A lo largo del siglo XX, de acuerdo con las aportaciones de la arqueología oriental
en general, tanto la cronología relativa del tell como la revisión del registro de esas dos campañas
dieron lugar a diferentes puntualizaciones históricas y a revisiones del material publicado por R.W.
Hamilton, que mantuvieron a Tell Abu Hawam en la cresta del debate científico.
En la década de los ochenta, en el seno de la Mission Archéologique de Tell Abu Hawam
(Herrera y Gómez, 2004), se revisaron los materiales de época fenicia pertenecientes al tell y
su necrópolis, y en 1985 y 1986 se llevaron a cabo dos campañas de excavación, atípicas pero
muy fructíferas. En conjunto, estos trabajos permiten ahora admitir soluciones a la problemática
cronológica y a la relación del tell con las importaciones egeas y fenicias (Gómez y Balensi, 1999;
Aznar et al., 2005).
En especial, resulta interesante la adaptación del escifo con semicírculos colgantes al cono-
cimiento actual (Kearsley, 1986), la definición de un fragmento cerámico no publicado de la colec-
ción Hamilton como importación de la transición del Geométrico Medio al Reciente (Herrera y Ba-
lensi, 1986), así como la aparición de un nuevo fragmento geométrico en 1985 (Gómez y Balensi,
1999), que han permitido revisiones más ajustadas del papel desempeñado por Tell Abu Hawam
en el contexto histórico de la costa siropalestina y, de ahí, a considerar al pequeño asentamiento
una base firme donde estimar el comienzo de los contactos fenicios con el lejano Occidente.

La cronología de los primeros viajes fenicios a Occidente

La fecha de los primeros viajes fenicios en Occidente continúa animando el debate. Parece
lógico que los datos arqueológicos obtenidos en ambos extremos del Mediterráneo, la Costa

Arqueologia, sítios e materiais


Tell Abu Hawam y los primeros fenicios en el Atlántico

Siropalestina y la Península Ibérica, deberán resaltar una evidencia positiva: algunas seriaciones
de cultura material tienen que ser paralelas y sincrónicas en ambos extremos, mientras que otras
sólo serán advertidas en ambientes locales. Ello indicaría que las últimas no fueron difundidas en
el conjunto mediterráneo. Aunque una evidencia negativa nunca es una evidencia, en el hecho
de la presencia en Occidente de unos materiales y la ausencia de otros debe estar la pauta que
permita establecer en qué momento de la evolución relativa de ambas zonas se produjo el primer
contacto de la sociedad oriental con la occidental.
En este sentido, hemos elaborado algunos trabajos cuyo fin era comparar los hallazgos de
Tell Abu Hawam con el registro arqueológico occidental, especialmente los de Huelva por su anti-
güedad y cantidad y, obviamente, por su localización más allá de las Columnas de Hércules. Esos
trabajos han permitido acercarnos al establecimiento de una fecha cada vez más coherente con
los planteamientos históricos que se establecen para el mundo mediterráneo en general (Gómez
y Balensi, 1999; Gómez, 2004). Para ello, y mientras que no se cuente con un mayor número de
dataciones radiocarbónicas, utilizamos como base especulativa la cronología establecida por J.N.
Coldstream (1968) para el Período Geométrico griego, al relacionarse estrechamente ésta con
los horizontes propuestos para Chipre por P.M. Bikai (1987) desde el conocimiento de millones
de ejemplos cerámicos de Tiro (Coldstream y Bikai, 1989), una secuencia también manejada para
fechar una necrópolis del asentamiento tirio (Aubet, 2004).
De hecho, una reciente revisión de la cronología fenicia en el Mediterráneo, en la que se
tienen en cuenta los datos radiocarbónicos y las cronologías históricas utilizadas de forma tradi-
cional, indican que ...la griglia cronologica stabilita dallo studioso israeliano conferma quella dello
specialista inglese e non viceversa (Botto, 2005: 593). En este discurso cronológico, como ejemplo,
una fecha ...entre el 950-825 AC (Mederos, 2005: 335), otra entre 930-750 para Ronda-Acinipo (Ca-
rrilero et al., 2002: 75), o incluso la del último cuarto del siglo IX (Torres, 1998: 53), deberán tener
su correspondencia histórica en el Próximo Oriente. 553
Por ello, desde este punto de vista ¿Puede la fecha propuesta por Mederos relacionarse
con el texto de Reyes I como desde otros planteamientos se ha hecho para encuadrar histórica-
mente recientes hallazgos de Huelva (González et al., 2004: 209)? ¿Dan en realidad estos nuevos
materiales la razón al texto bíblico?

Conclusiones

La secuencia establecida por M. D. Herrera (1990) en su Tesis Doctoral para el período feni-
cio (Figura 1), que nos ha llevado a datar el final del Stratum III entre el 732 a.C. (Gómez y Balensi,
1999) y el 759 a.C. (Aznar et al., 2005), indicaría que en su Fase IIIB3 ya estaban presentes el escifo
eubeo con semicírculos colgantes y el escifo y la crátera de la transición Geométrico Medio II-
Geométrico Reciente en un momento cercano a la mitad del siglo VIII a.C., o en el tercer cuarto
inmediatamente posterior si podemos continuar defendiendo la responsabilidad del incendio a
la expedición punitiva de Tiglath Pileser III, que al menos sería válido para fechar el final de esa
fase IIIB3.
Si observamos el material de las Fases IIIB2 y IIIB3 establecidas en su día (Herrera y Gómez,
2004), que no han sido modificadas drásticamente por el registro obtenido en las campañas de
1985 y 1986 (Aznar et al., 2004), además de las cerámicas egeas mencionadas, hay que resaltar las
últimas cerámicas bícromas de la serie fenicia y las de engobe rojo bruñido, entre las que no se
incluye cualquier jarro con boca de seta conocido en la estratigrafía más reciente de Tiro (Bikai,
1978: Fig. I, 3; VI, 5), que implica que Tell Abu Hawam fue destruido y abandonado antes de la for-
mación del Stratum I tirio, donde esas series cerámicas no están representadas. Así se abre una
perspectiva en la evaluación cronológica de la presencia de los fenicios en el Atlántico:

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VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

554

Fig. 1. Interpretación cronoestratigráfica del Stratum III de Tell Abu Hawam (s/ M.D. Herrera, 1990)

1) Básicamente, el final del Stratum III de Tell Abu Hawam, sus fases IIIB2 y IIIB3, contie-
nen escasos ejemplos que aparecen en el Período Fundacional de los primeros asentamientos
de carácter fenicio documentados en Occidente, tales como Castillo de Doña Blanca o Morro de
Mezquitilla.
2) Por lo tanto, esos sitios debieron fundarse entre mediados del siglo VIII a.C. y, como muy
tarde, a finales del tercer cuarto del mismo siglo.

Arqueologia, sítios e materiais


Tell Abu Hawam y los primeros fenicios en el Atlántico

3) Las series cerámicas que van a indicar la continuidad de esos asentamientos y las que
aparecerán en múltiples sitios occidentales, tales como platos de engobe rojo bruñido, cerámica
gris, jarras Cruz del Negro y pithoi con decoración bícroma, además de otras formas nuevas en
el repertorio fenicio, sólo representan la cultura material de los fenicios occidentales, la cual se
inicia a partir del último cuarto del siglo VIII a.C.
4) ¿Cuándo comenzó pues la Fase Fundacional? En cualquier caso, admitiendo que las im-
portaciones del Egeo y las de Tiro no serán mucho más antiguas que los conjuntos del Geométri-
co Medio II/Horizonte Salamis chipriota (Bikai, 1987; Aubet, 2004, p. 465, fig. 312), considerar de
nuevo un período más largo en la duración del Hierro IIA en Israel (Aharoni y Amiran, 1958) sólo
es una solución diplomática que desfigura el desarrollo histórico.
5) De acuerdo con la secuencia de Tell Abu Hawam, el inicio de la Fase IIIB2-B3 de Herrera
debería ser anterior al siglo IX a.C., ya que las fases previas IIIB1, comparable con el inicio del Pe-
riod III de Hamilton, y IIIA, contemporánea ésta con cerámicas de tipo Black-on-Red y anterior a la
introducción del engobe rojo bruñido, deberían corresponder al siglo X a.C.

Todo ello, unido a la renovación del urbanismo después de un incendio, debe reflejar un
momento Proto-Fundacional, es decir, las décadas en que los navegantes orientales volvieron a
casa después de esos primeros viajes al Atlántico. Demostrar la realidad de esos breves contactos
no tiene que hallarse sólo de Occidente; se necesitaría autentificar la presencia de materiales del
Bronce Final occidental en sitios como Tiro, Jerusalén, Hazor, Megiddo o Gezer.

555
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557

Jacqueline Balensi e Francisco Gómez Toscano


Vers une définition archéologique du cothon:
port artificiel creusé. DES ORIGINES A 146 AV. J.-C.
*
Nicolas Carayon
Université Marc Bloch

Résumé

Ce travail aborde l’utilisation du mot Cothon et son application aux ports artificiels, de forme plus
ou moins géométriques. Les techniques de construction sont discutées, et on fait aussi une relation de ces
installations le long de la Méditerranée. Carthage, Mozia et Rachoun sont quelques exemples que peut
valoriser pour discuter la chronologie de ces bâtiments, et aussi sa fonction.

Resumo

Neste trabalho discute-se a utilização do termo Cothon e a sua aplicação a portos artificiais, com
formas mais ou menos geométricas. As técnicas construtivas são abordadas, fazendo-se também uma
relação destes equipamentos ao longo do Mediterrâneo. Cartago, Mozia e Rachoun são alguns dos exem-
plos de que nos podemos servir para discutir também a cronologia destas construções, bem como, aliás
a sua própria função.

* Nota do Editor:
Texto não revisto pelo autor. Todas as tentativas para contactar o autor de forma a que corrigisse as
provas tipográficas do seu artigo não tiveram sucesso.
Vers une definition du cothon : port artificiel creuse. Des origines a 146 av. j.-C.

Le terme de cothon, durant l’antiquité, revêt diverses significations. Chez plusieurs auteurs
grecs (par exemple Plutarque, Lycurg., 9 ; Pollux, Onomasticon, VI, 16 ; Xénophon, Cyropédie, I,
2, 8), le kwvqwn désigne un vase à boire d’origine lacédémonienne, rond avec une seule anse
horizontale, un rebord épais à l’embouchure et un col rentré à l’intérieur. Plusieurs exemplaires
de ce type de céramique ont été mis au jour lors de fouilles archéologiques, notamment celles de
l’agora d’Athènes (Sparkes et Talcott, 1970, pp. I, 8, 70, 180 ; II, pl. 44, fig. 11, n° 1337-1342).
Le nom de Kwvqwn est également donné par Appien (Libyca, 127, 605-606) au dernier
port punique de Carthage, dans son récit de la prise de la ville par les romains en 146 av. J.-C. :
« Au début du printemps, Scipion attaqua Byrsa et celui des ports qu’on nomme le Cothon
(tw~n limevnwn tw’/ kaloumevnw/ Kwvqwni) ; Asdrubal, de son côté, incendia à la faveur de
la nuit la partie rectangulaire du Cothon (to; mevro» tou’ Kwvqwno» to; tetravgwnon). Mais
comme il s’attendait encore à une attaque de la part de Scipion et que les Carthaginois avaient
leur attention fixée sur ce secteur, il leur échappa que Laelius avait remonté de l’autre côté du
Cothon, vers sa partie circulaire (tou’ Kwvqwno» ej» to; perifere;» aujtou’ mevro» ajelqwvn) ».
Le texte d’Appien, basé sur le témoignage de Polybe, qui participa à la prise de la ville, a pu à
maintes reprises être corroboré par les fouilles archéologiques des lagunes de Salammbô (Hurst,
1993 ; id. 1992 ; Hurst et Stager, 1978 ; Stager, 1992), et deux autres sources antiques mentionnent
également le « Cothon » de Carthage : Diodore de Sicile, au Ier s. av. J.-C. (III, 44, 7-8) et Strabon
(XVII, 3, 14) au tout début de l’ère chrétienne.
Le Bellum Africum, attribué à César, fait état à trois reprises de l’existence d’un cothon à
Hadrumetum, actuellement Sousse en Tunisie (62, 5 ; 63, 4 ; 63, 5), port dans lequel se réfugient
les navires de Varus. Le texte utilise ici le terme de cothon pour désigner, non pas le nom du port,
mais un type particulier de bassin portuaire que plusieurs auteurs latins tardifs s’efforceront de
définir. Ces derniers s’appuient sans aucun doute sur un passage de l’Enéïde de Virgile relatif à
Carthage (I, 427) : « Hic portus alii effodiunt ». Deux commentateurs de l’œuvre définissent ainsi le 559
terme : Servius (In Verg. Aen. I, 427) : « Cothona sunt portus in mari, non naturales, sed arte et manu
facti » et Deutéro-Servius (In Verg. Aen. I, 427) : « Portus effodiunt, ut portus scilicet faciunt. Et vere
ait, nam Carthaginienses Cothone fossa utuntur, non naturali portus ». Tous deux mentionnent le
caractère artificiel du port et le Deutéro-Servius insiste sur le creusement du bassin en précisant que
cela était une technique courante (« ut portus scilicet faciunt »). Deux grammairiens proposeront
également une définition du cothon : Sextus Pompeius Festus : « Cothones appelantur portus in
mari interiores arte e manu facti » (De Verborum Significatu, III) et Lactantius Placidus (Glossae, V,
19, 13) : « Coton cubiculum graece koivtwn est. (cotonem) ergo quod Carthago habet, in quo naves
clauduntur, recte cubiculum dicimus ».

Si le complexe portuaire de la dernière Carthage punique, le Cothon donc, est relativement
bien connu grâce aux fouilles archéologiques, le cothon d’Hadrumetum n’a jamais été dégagé
(Foucher, 1964). L’analyse de l’unique exemple carthaginois corrobore cependant assez bien
les définitions antiques que nous avons évoquées. En effet, comme l’ont montré les études
géomorphologiques (Oueslati, 1993), la zone des lagunes de Salammbô était, aux alentours
du IVème s. av. J.-C., une zone sablonneuse hors d’atteinte de l’élément maritime, parcourue par
un chenal artificiel à vocation probablement portuaire, et occupée par diverses installations
à caractère artisanal. L’aménagement du port rectangulaire (fin IVème - début IIIème s. av.), puis
du port circulaire (c. 200 av. J.-C.), totalement artificiel, a ainsi nécessité le déplacement de,
respectivement, 120 000 et 100 000 m3 de substrat.
Mais, si on les compare au récit détaillé d’Appien et aux résultats des fouilles, les définitions
antiques apparaissent clairement réductrices. Effectivement le complexe carthaginois se compose
d’un premier bassin rectangulaire relié par deux chenaux, d’un côté à la mer et de l’autre au
bassin circulaire au milieu duquel s’élève un îlot. Les définitions antiques n’abordent pas non plus,

Nicolas Carayon
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

l’aménagement architectural des berges en quai, comme cela a été démontré par les fouilles
américaines du port rectangulaire, ou l’établissement en périphérie du bassin circulaire et sur
l’îlot, de rampes pour haler les navires (néosoikoi) de la flotte punique.

Plusieurs autres sites maritimes antiques présentent également les vestiges d’un bassin
portuaire, plus ou moins artificiel, aménagé en arrière de la ligne de côte : Mahdia en Tunisie,
Phalasarna en Crète, Motyé en Sicile, Rachgoun en Algérie, Jezirat Fara’un en Israël, au fond du
golfe d’Aqaba. Les archéologues en charge de l’étude de ces vestiges s’accordent, même si cela
n’est pas mentionné dans les sources antiques, pour qualifier ce type d’aménagement de cothon,
et le définissent comme un bassin portuaire creusé débouchant sur la mer libre par l’intermédiaire
d’un chenal. Cette définition, qui n’englobe que le noyau structurel du cothon : le bassin et le
chenal, ne rend pas compte de la diversité des structures reconnues et peut même être erronée
en ce qui concerne la technique architecturale mise en oeuvre.
L’exemple le plus « basique » de ces cothons archéologiques se trouve à Rachgoun
(Vuillemot, 1965), une petite île à quelques kilomètres en face de l’embouchure de la Tafna, en
Algérie. Il est constitué d’un petit bassin rectangulaire (20 x 15 m) taillé dans le pouzzolane et
dont le fond présente une légère pente vers le large. Le chenal qui lui donne un accès vers la mer
libre est simplement constitué par une échancrure dans la roche large de 1,8 m. Cette structure,
de dimensions très modestes et donc inaccessible pour les navires hauturiers, aurait été utilisé
comme unique point d’échouage pour les barques des quelques habitants phéniciens de l’île,
reconnus grâce aux fouilles de la nécropole (VIIe – VIe s. av. J.-C.).
L’existence d’un chenal secondaire, destiné non pas à la navigation mais à la création d’un
courant d’eau à l’intérieur du bassin, est attestée à Mahdia (Tunisie) et à Phalasarna (Crète).
560 Dans le cas de Mahdia (Lézine, 1965 ; Zaouali, 1999), à un bassin rectangulaire (130 x 65 m) et
un chenal d’accès (40 x 20 m) s’ajoute un chenal de désensablement (40 x 5 m) perpendiculaire
à l’axe longitudinal du basin et parallèle au chenal principal. A Phalasarna (Hadjidaki, 1988), le
chenal d’accès est long d’une centaine de mètres, large de 10-12 m et le bassin, très grossièrement
rectangulaire atteint 100 x 75 m. A la différence de Mahdia, le chenal de désensablement s’appuie
sur le chenal d’accès, près de sa jonction avec le bassin, et n’est pas directement relié à la mer.
L’aménagement des berges du bassin présente également, selon les exemples, une diversité
que les définitions traditionnelles et archéologiques du terme ne prennent pas en compte. Les
bassins de Jezirat Fara’un, Motyé, Phalasarna et Carthage voient leurs berges construites en quais.
Sur l’île de Jezirat Fara’un (Flinder, 1977), les vestiges de quais sont attestés au Nord du bassin
par quelques blocs de taille encore in situ. A Motyé (Isserlin, 1974), un premier quai construit
de boutisses occupe les berges du chenal d’accès et un second a été en partie conservé dans
l’angle Sud-Ouest du bassin. A Phalasarna, un quai mettant également en œuvre des rangées de
boutisses a été découvert le long de la paroi Sud du bassin. A Carthage, la totalité de la périphérie
du complexe portuaire (bassins rectangulaire et circulaire, îlot central) a été munie de quais sur
lesquels, seulement au niveau du bassin circulaire et une partie du port rectangulaire, ont été
élevés des néosoikoi.
L’exemple carthaginois est le seul présentant de tels vestiges de cales à navires. A Mahdia,
près de l’angle Ouest du bassin, un plan incliné taillé dans la roche a été aménagé, sans doute
afin de faciliter le halage des navires mais qui n’est absolument pas comparable aux néosoikoi
carthaginois. Il en de même à Rachgoun, où le fond pentu du bassin était sans doute destiné
à faciliter l’atterrage des barques. Les vestiges du port de Mahdia présentent, de plus, dans la
partie Est du bassin, des bornes d’amarrages taillés dans le substrat gréseux. Elles sont encore
utilisées de nos jours.

Arqueologia, sítios e materiais


Vers une definition du cothon : port artificiel creuse. Des origines a 146 av. j.-C.

Concernant la technique mise en œuvre pour aménager de tels complexes portuaires,


selon le passage de Virgile « hic portus alii effodiunt », repris par le Deutéro-Servius « Portus
effodiunt » et par certains archéologues, il apparaît que le cothon était un port creusé. A Carthage,
les études paléoenvironnementales ont effectivement mis en évidence le creusement total du
bassin. A Mahdia, la nature rocheuse du substrat (grès calcaire pliocène), la présence de parois
taillées sur toute la périphérie du bassin et la longueur des deux chenaux nous invitent plutôt à
la considérer comme totalement taillé. Il en est de même à Rachgoun, mais dans une moindre
mesure étant donné les dimensions des structures et la possibilité que le chenal reprenne une
échancrure naturelle. En revanche, la taille ou le creusement total des bassins n’est attesté ni à
Jezirat Fara’un, ni à Motyé, ni à Phalasarna. A Jezirat Fara’un, une petite crique naturelle existait
préalablement à l’aménagement du cothon. A Motyé, les Phéniciens auraient taillé le tuf argileux
de l’île afin de régulariser une dépression lagunaire. A Phalasarna, le port fut établi dans une petite
crique rocheuse par approfondissement de fissures naturelles reliant le bassin à la mer.
Deux techniques apparaissent ainsi distinctement. La première, illustrée à Carthage,
Mahdia et Rachgoun, consiste à creuser (ou tailler selon la nature du substrat) un bassin portuaire
en arrière de la ligne de côte, à l’emplacement d’un terrain sec, et de le mettre en eau grâce à un
chenal. Cette technique, qui nécessite des moyens considérables, permet l’obtention de bassins
à formes géométriques régulières (rectangulaire, circulaire) et trouve un parallèle à l’époque
romaine à Ostie où le port de Trajan, de forme hexagonale, fut également totalement creusé.
La deuxième technique met à profit les conditions naturelles du site. Des plans d’eau naturels,
lagunes ou criques, furent aménagés de façon à constituer un bassin suffisamment étendue
et profond pour permettre la navigation et l’amarrage des bateaux. Dans ce cas, le caractère
artificiel du port est attesté car il apparaît que les conditions naturelles ne permettaient pas une
utilisation portuaire du site sans action anthropique. Il ne s’agit cependant plus d’un port creusé en 561
totalité. Il est souvent difficile de mettre en évidence le caractère artificiel d’un tel bassin et ainsi,
plusieurs autres sites méditerranéens sont susceptibles d’être considéré comme cothon. En effet,
à Séleucie de Piérie (Berchem, 1985), le bassin hellénistique ou romain fut établi artificiellement à
quelques distances en arrière du rivage ; à Lattaquié (Sauvaget, 1934), une petite crique pourrait
avoir servi d’appui au port hellénistique. Il en de même à Amathonte (Aupert et al. 1979), ou un
bassin intérieur pourrait avoir été en partie creusé, ainsi qu’au Lechaion de Corinthe (Shaw, 1969).
Si tous ces aménagements ont parfois été qualifiés de cothon, leur caractère artificiel n’a pas été
clairement démontré et seule une étude paléoenvironnementale approfondie pourrait le définir.
De tels travaux ont été déjà été réalisés à Kition (actuelle Larnaca à Chypre) et ont pu mettre en
évidence le caractère naturel du bassin militaire de la cité d’époque perse, qui ne peut donc pas
être considéré comme un cothon (Morhange et al. 2000).

Chronologiquement, les exemples clairement attestés de cothon, se répartissent durant


tout le premier millénaire av. J.-C. C’est cependant à la période hellénistique que ce type
d’aménagement apparaît de façon plus régulière (Carthage, Mahdia et Phalasarna, ainsi que
probablement Lattaquié et Séleucie de Piérie). A Motyé et à Rachgoun, les aménagements ont été
datés respectivement de la fin du VIème et du VIIème s. et appartiennent tous deux au phénomène
d’expansion phénicienne en Méditerranée occidentale. Le cothon de Jezirat Fara’un, si l’on doit
accepter l’identification du site avec la station navale établie par Hiram Ier de Tyr et Salomon : Ezion
Geber (I R. 9, 26-27 ; 10, 11-12 ; 10, 22 ; 2 Ch. 9, 10-11 ; 9, 21), remonterait aux première années du Xème
s. av. J.-C. Même si certains exemples se rapportent directement au monde phénico-punique, ce
type de port ne peut être, dans l’état actuel de la recherche, considéré comme caractéristique de
cette civilisation.

Nicolas Carayon
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Concernant la fonction principale d’un tel type d’aménagement, il a été considéré comme
une technique visant à créer un port sur une côte qui en était dépourvue (Blackman, 1982 ;
Frost, 1995). Cependant, hormis à Rachgoun, l’approche maritime du cothon est constituée
par un lieu propice au mouillage des navires, que ce soit une baie naturellement protégée des
vents et des courants (Carthage et Phalasarna), une zone lagunaire (Motyé), le côté abrité d’un
promontoire (Mahdia) ou d’une île (Jezirat Fara’un). De plus, le cothon n’est jamais l’unique port
de l’agglomération. A Jezirat Fara’un, il vient compléter un bon mouillage et un port continental.
A Motyé, la totalité de la périphérie de l’île est propice à l’échouage des barques et deux autres
ports seront construits au Vème s. av. J.-C. (Famà, 1995) A Carthage, Appien mentionne : « celui
des ports que l’on nommait le Cothon », sous entendant l’existence d’autres hevres tels que la
quadrilatère de Falbe, le lac de Tunis, la baie du Kram ou de la Marsa. De même à Rachgoun,
l’embouchure de la Tafna, sur le continent en face de l’île constitue un port naturel qui sera mis
en valeur à partir du IIIème s. av. J.-C.
En revanche, si la technique du cothon n’apparaît pas comme permettant de créer un port
là où il n’en existe pas, elle semble destinée principalement à aménager un port intra-muros.
En effet, cela ne fait aucun doute à Carthage, Mahdia, Phalasarna, Motyé, Jezirat Fara’un, ainsi
qu’à Séleucie et Lattaquié. Le Périple du Pseudo-Scylax qualifie d’ailleurs le cothon de Phalasarna
comme un port fermé (kleistov»), ce qui selon K. Lehmann Hartleben (1923) équivaut à un
port situé à l’intérieur de l’enceinte urbaine. A n’en pas douter, cette situation urbaine est en
relation avec une utilisation spécifique d’un tel type de bassin. A Carthage, la fonction militaire
du port circulaire justifie une telle situation, mais qu’en est-il pour le port marchand ? A Motyé, à
Jezirat Fara’un et à Rachgoun, les faibles dimensions du bassin en interdisent l’accès aux navires
de guerre et il semble préférable de leur attribuer une vocation commerciale. Nous avons déjà
émis l’hypothèse selon laquelle le cothon, accessible à de petites embarcations, permettrait une
562 protection des marchandises en transit par ce port (Carayon, 2005). Une question de première
importance se pose alors, pourquoi ces marchandises n’étaient-elles pas déchargés dans les autres
ports de l’agglomération ? Doit-on alors se tourner vers une spécificité des biens en transit dans le
cothon ou bien des navires qui y avaient accès ? La question reste ouverte et malheureusement,
peu d’éléments nous permettent d’étayer une telle hypothèse.

Finalement, concernant l’origine de la technique, outre la question de l’étymologie du


terme qui reste énigmatique (Debergh et Lipinski, 1992), nous avons supposé (Carayon, 2005) que
les bassins de type cothon, pourraient être mis en relation avec des bassins portuaires fluviaux,
intra-muros, tel que ceux d’Ur à la fin du IIIème millénaire (Woolley, 1930) ou à Til Barsib aux IXème-
VIIIème s. av. J.-C (Thureau-Dangin et Dunand, 1936). Une autre hypothèse demande à être étudiée,
il s’agit de l’aménagement artificiel de l’île de Tell Abu Hawam (Israël), réalisé par creusement de
l’estuaire du Qishon et élévation d’une plate-forme. On pourrait alors retrouver ici, une technique
similaire à l’aménagement du bassin circulaire de Carthage avec l’îlot de l’Amirauté en son centre,
et ainsi quelques antécédents levantins à l’élaboration d’un type de port particulier (J. Balensi,
comm. pers.).

Bibliographie

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Nicolas Carayon
Documenti «precoloniali» dei Phoinikes
nel golfo di Oristano
(Sardegna centro occidentale)

Raimondo Zucca
Università degli studi di Sassari

riassunto

Nel golfo di Oristano (Sardegna centro-occidentale) sono attestati numerosi documenti


«precoloniali», consistenti in beni e modelli levantini (ciprioti e filistei) in contesti indigeni anteriori
la costituzione dei centri fenici di Tharros, Othoca, Neapolis, che traducono in ambito occidentale i
modi urbanistici di tradizione vicino orientale o più precisamente tirii. La documentazione più rilevante
è costituita da tripodi in bronzo di manifattura cipriota del Tardo Cipriota III che dà luogo anche a
rielaborazioni locali, anche piuttosto recenziori rispetto ai modelli. Nell’ entroterra del golfo di Oristano
abbiamo un frammento di tripode bronzeo residuo nell’ anello superiore decorato dal motivo a zig-zag
da Samugheo ed un secondo frammento da Oristano- Palmas Arborea. A modelli del Tardo Cipriota
III ugualmente devono riportarsi due tripodini miniaturistici, provenienti da un ripostiglio di bronzi
nuragici di Solarussa.

Résumé

Dans le golfe d’Oristano (Sardaigne du Centre-Ouest) sont documentées nombreux documents


pré-coloniales, composées d’objets et modèles du Levant (chypriote et des Philistins) dans des
contextes autochtones avant la création de centres phéniciens de Tharros, Othoca et Neapolis, qui
traduisent par un contexte occidental les modes de tradition urbaine du Levant, ou plus précisément
des Tyriens. La documentation pertinente est faite de trépieds en bronze de la fabrication LCIII qui
donne également lieu à remaniement local, même plus récentes que les modèles. Dans l’arrière-pays
du golfe d’Oristano, nous avons un fragment de trépied de bronze, de Samugheo, dont l’anneau
est décoré par le zig-zag et un deuxième fragment provenant de Oristano - Palmas Arborea. A un
prototype du trépied LC III sont modélisés deux miniatures du trépied, découvertes entre nombreux
bronzes nuragique à Solarussa.
Documenti «precoloniali» dei Phoinikes nel golfo di Oristano (Sardegna centro occidentale)

1. L’ analisi dei documenti «precoloniali» dei Phoinikes nel golfo di Oristano impone una
preliminare e rigorosa scelta terminologica. Infatti il termine greco dell’ epos omerico Phoinikes
compendia, in realtà, strutture del commercio e delle interrelazioni con il milieu indigeno pro-
fondamente diverse tra loro e attribuibili di volta in volta, e non necessariamente in scansione
cronologica, a Ciprioti, Aramei, Filistei, Levantini delle città della Fenicia, in una fase antecedente l’
assunzione del potere del re di Tiro sulla regione congiunta dei Tirii e dei Sidonii, ossia nella prima
metà del IX sec. a.C., al tempo del re Ithobaal I (887-856 a.C.), fondatore secondo Giuseppe Flavio
delle colonie di Botrys in territorio giblita (a nord di Byblos, in Libano) e di Auza nella Libye, ossia
nell’ Africa maghrebina.
I documenti «precoloniali» concernono, di conseguenza, le attestazioni di beni e di modelli
levantini in contesti indigeni anteriori la costituzione di centri fenici di Tharros, Othoca, Neapolis,
lungo la costa del golfo Oristanese, dalla seconda metà dell’ VIII sec. a.C. che traducono in ambito
occidentale i modi urbanistici di tradizione vicino orientale o più precisamente tirii.
L’ uso del termine ambiguo di «precolonizzazione», che poniamo comunque tra virgolette,
può essere accettabile solo nella consapevolezza del suo riferimento, come ha scritto Sandro
Filippo Bondì, «a fenomeni e documenti non solo assai dispersi geograficamente, ma soprattutto
difformi sotto il profilo qualitativo e tipologico (esportazioni, suggestioni tecnologiche, influssi sui
modi di aggregazione sociale degli ethne a contatto»(Bondì, 1988, p. 243. Cfr. inoltre Bernardini,
1991, passim; Bondì, in Moscati et al., pp. 10-13; Bernardini, 2001, pp. 27-30). D’ altro canto per il
versante strettamente fenicio è preferibile, con Piero Bartoloni, adottare la nomenclatura di
«protocolonizzazione», con una precisa selezione cronologica e culturale dei documenti e dei fe-
nomeni culturali ( Bartoloni, 1998, pp. 341-345.

2. Il lunato golfo di Oristano si apre sulla costa centro occidentale della Sardegna, delimita- 565
to a nord e a sud rispettivamente dalle due piattaforme basaltiche del promontorio di San Marco
e de La Frasca, che insisono su strati miocenici e pliocenici.
La complessità della geomorfologia del litorale del golfo di Oristano è determinata dalle
due antiche valli würmiane del Rio Mare Foghe a nord e del Riu Sitzerri a sud, sommerse dalla
ingressione marina versiliana. Successivamente la paleo-valle del Mare Foghe fu sbarrata da se-
dimenti versiliani e alluvionali determinando la laguna di Mar’e Pontis («stagno» di Cabras). Gli
stagni di Mistras e di Mardini sono invece dovuti allo sbarramento di specchi marini da parte di
cordoli sabbiosi. La paleo-valle del Riu Sitzerri ha dato luogo alla laguna di Marceddì, anche a
causa degli apporti alluvionali dello stesso Riu Sitzerri e del Flumini Mannu. Al centro del golfo
si presenta la rotonda insenatura di Santa Giusta, sbarrata da un cordone dunale certamente già
allo scorcio del II millennio a.C., come si desume dall’ esistenza del villaggio nuragico del Bronzo
Finale di Sant’ Elia, sulla riva sinistra del canale di Pesarìa che metteva in comunicazione, anche
prima della rettifica del principio del secolo XX, lo «stagno» di S. Giusta con il mare. Resta aperto
il problema del sistema deltizio del fiume Tirso che potrebbe avere avuto un ruolo nel consentire
l’ accesso allo «stagno» di Santa Giusta.
Questo golfo di Oristano costituisce una delle aree a maggiore concentrazione urbana fe-
nicia dell’ isola, con i già citati tre centri costieri di Tharros a nord, Othoca al centro e Neapolis a
sud est.
Lo studio geomorfologico della costa del golfo, attualmente in atto, documenta notevoli
variazioni per quanto attiene il livello del mare e il conseguente mutamento del litorale, anche in
relazione alla variabile portata d’ acqua dei fiumi che si gettano nel golfo ed alle trasformazioni di
antiche insenature, trasformatesi in lagune a causa della formazione di barre litoranee e, talvolta,
insuccessione di tempi interritisi.

Raimondo Zucca
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

3. Il territorio del golfo di Oristano è caratterizzato dalla piana alluvionale del Campidano
settentrionale, in cui le maggiori limitazioni d’ uso (alluvioni ciottolose) si riscontrano nel settore
a sud del Fiume Tirso, caratterizzato da alluvioni ciottolose determinate dai corsi d’acqua che
discendendo dal massiccio traco-andesitico del Monte Arci hanno alimentato un sistema idrogra-
fico di tipo lagunare, con la laguna di Santa Giusta arricchita dall’ apporto del Rio Palmas, lo stagno
di Sassu (oggi prosciugato) alimentato in origine dal Rio Mogoro, e con l’antica valle sommersa di
Marceddì, in cui sfociano il Rio Sitzerri e il Flumini Mannu, che discendono dal plesso montano dell’
Arcuentu e dei monti di Montevecchio, caratterizzati da estesissimi filoni di piombo argentifero.
A nord del Tirso-il massimo fiume della Sardegna- si hanno suoli ad alta feritilità caratte-
rizzati tuttavia da antichi bacini lacustri, anche coltivati in antico come saline, e da un vastissimo
compendio lagunare (Sa Mardini-Mistras-Mar’e Pontis-Mar’e foghe) alimentato dal Riu Mannu-
Cispiri che cola dalle falde sudoccidentali del Monti Ferru, il maggiore degli edifici vulcanici sardi,
interessato da amplissimi filoni ferrosi.
In questo territorio, gravitante sul golfo di Oristano, oggetto di accurate indagini di archeo-
logia del paesaggio di Peter Van Dommelen per il settore centro meridionale, e di Alfonso Stiglitz
per quello settentrionale, si coglie l’ evidenza di un popolamento neolitico, eneolitico e dell’ età
del Bronzo tra i più cospicui dell’ intera Sardegna.
Lo stanziamento nuragico tra Bronzo Medio (XVI sec. a.C.) e avvio della prima età del Ferro
(IX sec. a.C.) si estende dalla fascia costiera, riguardando, seppure non continuativamente, tutti i
siti del successivo popolamento fenicio e cartaginese (Othoca, Tharros, Neapolis), le aree laguna-
ri, le piane agricole, i rilievi sfruttati con la zootecnia, la silvicoltura e l’attività mineraria.
Le comunità indigene si aprono al confronto con l’esterno almeno dal Bronzo Recente,
come documenta un frammento ceramico del Miceneo III A, della fine del XV-inizi XIV secolo a.C.,
dall’ area di Tharros, evidentemente ascrivibile allo stanziamento nuragico.
566 Ampio rilievo per focalizzare la problematica dei rapporti tra le varie comunità indigene e
le componenti molteplici del mondo dei Phoinikes hanno i luoghi di culto nuragici, in particolare i
templi a pozzo sia a struttura megalitica, sia a struttura isodoma, che conosciamo nel territorio di
Guspini (Mitza Nieddinu), di Sardara (Santa Anastasìa), di Santu Antine-Genoni, di Arborea (Orri),
di Cabras (Cuccuru is Arrius e Sa Gora ‘e sa Scaffa), di Paulilatino (Santa Cristina), di Abbasanta
(Losa), per fermarci ai principali. Si aggiungano gli edifici cultuali “a rotonda” che si connettono
per la planimetria affine a quella dei templi a pozzo (Su Monte-Sorradile, Bruncu Suergiu-Genoni)
al mondo del sacro canonico della civiltà nuragica.
La gran parte di queste strutture cultuali risale al Bronzo Finale e si mostrano luoghi eletti
allo scambio, in forme cerimoniali, con i partners levantini.

4. Nell’ ambito cronologico del XII-prima metà dell’ XI secolo si verifica presso le comunità
indigene della Sardegna una presenza materiale cipriota, costituita sia da ceramica (Lo Schiavo et
al., 1985, p. 5), sia e soprattutto da bronzi, tra cui specchi e, in particolare, tripodi (Catling, 1964,
pp. 190-223; Matthäus,1985, pp. 299-340; Vagnetti, 1986, pp. 208-210; Demetriou, 1989, pp. 27-30,
Oikonomides, 2003, pp. 432-434). La Sardegna è, infatti, interessata dalla circolazione di tripodi
enei di manifattura cipriota del Tardo Cipriota III (1200-1050) (lo schiavo et al., 1985, pp. 35-51; lo
schiavo, 2003, p. 59) che dà luogo anche a rielaborazioni locali, anche piuttosto recenziori rispet-
to ai modelli.
Per quanto attiene il Golfo di Oristano (fig. 1), attraverso uno scalo indigeno costiero, do-
vette pervenire ad un insediamento nuragico di Samugheo, lungo la valle del fiume Tirso, a circa
32 km ad est della foce, un tripode bronzeo Tardo Cipriota III, residuo nell’ anello superiore de-
corato dal motivo a zig-zag, ed un secondo frammento di tripode rinvenuto a Oristano-Palmas
Arborea (fig. 3) e forse un tripode integro (coll. F. Abis) (fig. 2 A).

Arqueologia, sítios e materiais


Documenti «precoloniali» dei Phoinikes nel golfo di Oristano (Sardegna centro occidentale)

A modelli del Tardo Cipriota III ugualmente devono riportarsi due tripodini miniaturistici
(fig. 2 B-C), provenienti da un ripostiglio di bronzi nuragici di Solarussa( Sanna, 2004, pp. 201-203),
a 10 km a nord est della foce del Fiume Tirso, benché allo stato della ricerca non sia possibile esclu-
dere una importazionze da Cipro.
Il primo tripode di Solarussa (altezza cm 6; diam. anello cm 10) deriva dal tipo dei Rod tri-
pods di Hector Catling e, più specificatamente, dal Group II (Composite rings) (Catling, 1964, pp.
192-5) Infatti l’ anello superiore è costituito da diverse componenti saldate insieme, come nel caso
del tripode del Museo di Nicosia L. 309 (Catling, 1964, p. 193, nr. 3). Il tipo di piede è simile a quello
di Santa Maria in Paulis, che, a sua volta, parrebbe la semplificazione di un tipo di piede dei Rod
tripods con le spirali ai lati della verga centrale atrofizzate(Catling, 1964, p. 198, pl. 30, f, ).
Il secondo tripode di Solarussa è ridotto all’ anello, appartenente al Group II (Composite
rings), sia dei Rod tripods, sia dei Cast tripods. L’ anello è costituito da due verghe orizzontali cui si
saldano quattro ox-hide ingots miniaturistici, disposti verticalmente, e ornati a bulino come negli
esempi di ox-hide ingots trasportati da uomini di due supporti ciprioti (Matthäus, 1985, pp. 314-5,
nr. 704; 319-320, nr. 709). L’ eccezionalità del decoro con gli ox-hide ingots per i tripodi (pur es-
sendo note forme miniaturistiche degli ox-hide isolati (Catling, 1964, pp. 268-9, pl. 49, h), o come
base di statuine cipriote o cretesi (Platon, 1979, p. 103, pls. VIII, 1; IX, 2) potrebbe accreditarne
comunque una produzione cipriota, piuttosto che sarda.

La presenza, in contesti nuragici del Bronzo finale, di martelli, palette e molle da fonditore,
oltre all’ attestazione di oxhide ingots(Gale et al., 1987, pp. 135-172; Lo Schiavo, 1999, pp. 499-518)
interi (anche con marchi di scritture sillabiche egee e di segni «alfabetici» semitici (Bernardini, 1991,
p. 26, n. 47)) e soprattutto frammentari offre un’ ampia documentazione dell’ arrivo in Sardegna
di modelli, tecnologie e, probabilmente, artigiani ciprioti e levantini, anche in tempi posteriori 567
al Tardo Cipriota III, poiché come ipotizzato da Paolo Bernardini appare verosimile che «questo
materiale di pregio [come i tripodi] continui ad affluire nell’ isola sulla scia della precolonizzazione
fenicia» (Bernardini, 1991, p. 23).
La recentissima edizione di due frammenti di un tripode bronzeo di tipo cipriota dall’ area
di La Clota (Calaceite, Teruel) nella bassa Aragona, in un contesto che potrebbe risalire all’ VIII
secolo a.C., è un significativo indizio del possibile attardamento della circolazione di tali bronzi,
che abbraccerebbe un’ età già coloniale, benché non si esclude una data sensibilmente più alta
(Fontanals, 2002, pp. 77-83).
Acquisiamo così la certezza dell’ inserimento dell’ isola in una rotta tra Oriente e Occidente
di navi levantine del tipo di quelle naufragate a Ulu Burun (Parker, 1992, pp. 339-440, nr. 1193) e a
Capo Gelidonia(Parker, 1992, pp. 108-9, nr. 208), sulle coste meridionali della Turchia, con carichi
assortiti in cui prevalevano gli oxhide ingots.
La segnalazione di un relitto di nave con carico di oxhide ingots nelle acque dell’ isola di
Formentera (Parker, 1992, p. 181, nr. 418), la più sud occidentale dell’ arcipelago delle Baleari sug-
gerisce l’ utilizzo di una rotta d’ altura presumibilmente dalla Sardegna occidentale verso l’ estre-
mo occidente.
A confermare una sequenza dei traffici fra Cipro, già sede di stanziamenti fenici, e il Golfo
di Oristano al principio del I millennio a.C. stanno anche le ceramiche rinvenute fuori contesto
originario durante gli scavi di Tharros.
Si tratta in particolare di un frammento di brocchetta a corpo rigonfio globulare, deco-
rata «con alberi sacri, volatili e strutture interpretabili come edifici o altari», attribuito al Cipro
Geometrico I o II (1000-850 a.C.)(Bernardini, 1989, pp. 286-287). Più problematica ma probabile
è la proposta di attribuzione dei frammenti di due anfore a decoro figurato acritte alle anfore
cipriote della classe Bichrome III del Cipro Geometrico II-III (Bernardini, 1989, pp. 286-288).

Raimondo Zucca
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Nella piena fioritura coloniale dei centri del golfo di Oristano, alla fine dell’ VIII-inizi VII se-
colo a.C., si ascrivono il thymiaterion e il torciere cipriota di Othoca, il torciere dell’ insediamento
indigeno di S’ Uraki- San Vero Milis, un frammento di torciere del ripostiglio indigeno di Tadasuni
o forse meglio del santuario sardo di Su Monte Sorradile, nella media valle del Tirso, e a sud, i ba-
cili eneicon anse a bocciolo di loto dal santuario indigeno di Sant’ Anastasia di Sardara.

5. A Phoinikes vicino orientali dobbiamo ascrivere l’ arrivo in uno scalo centrosettentrionale


del golfo di Oristano sia dei celebri bronzi siro-palestinesi del tempio a pozzo indigeno di Santa
Cristina di Paulilatino, ed in particolare la figurina femminile assisa con torques, per i quali appare
congrua una cronologia tra l’ XI e il X sec., sia della statuina maschile ugualmente con torques,
stante,dal pozzo sacro nuragico di Santu Antine di Genoni, a 38 km ad est del golfo di Oristano.
A rafforzare la liaison tra i Phoinikes e i Sardi di Genoni sta anche il rinvenimento nel pozzo
di Santu Antine di un pugnale con immanicatura in avorio, di sicura provenienza levantina.
In questo contesto cronologico è plausibile che tra i Phoinikes attivi in qualità di pros-
pectors in Sardegna si debbano riconoscere in primis i Filistei.
Giovanni Garbini ha voluto evidenziare in vari suoi contributi il ruolo che i Peleset-Filistei
ebbero nel traffico del ferro della Sardegna verso i potentati vicino orientali sulla base di conside-
razioni filologiche, teonomastiche e toponomastiche.
Una base archeologica alla presenza filistea nell’ isola, ed in particolare nel golfo di Oristano
è stata assegnata convincentemente da Piero Bartoloni.
A parte il noto scarabeo tharrense che in piena età punica testimonia un teoforo formato
dal massimo dio filisteo Dagon è rilevante per ammettere una presenza stanziale filistea in seno
alla comunità indigena stanziata nel lembo sud orientale del golfo di Oristano, in località Santa
568 Maria de Nabui, sede della futura Neapolis, il rinvenimento nel 1974 di un frammento fittile confi-
gurato, riconosciuto da Piero Bartoloni, pertinente ad un sarcofago antropoide filisteo.
Il frammento consente di ricostruire un contenitore subcilindrico di circa sessanta centi-
mentri di diametro configurato superiormente a volto umano con le braccia anorganiche che
recano le mani congiunte sotto la faccia, secondo un canonico schema dei sarcofagi filistei, del
tipo ad esempio di Beth Shean (Bartoloni, 1997, pp. 97-103; Bartoloni, 2002, pp. 250-1).
La testimonianza archeologica acclara dunque l’ interazione della componente filistea del-
la «precolonizzazione» con gli indigeni di cultura nuragica, che poterono acquisire dagli stessi
filistei, a giudizio dello stesso Piero Bartoloni, non solo gli oxhide ingots recati anche dai ciprioti,
ma pure una forma vascolare quale la «fiasca da pellegrino» di origine levantina, largamente atte-
stata nella produzione della Sardegna nuragica, anche nella stessa area neapolitana, e nota pure
in riproduzioni miniaturistiche in bronzo (Bartoloni, 2005, pp. 60-2).

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Raimondo Zucca
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

570

Fig. 1. Il golfo di Oristano (A. Lamarmora, Voyage en Sardaigne, Paris- Turin 1840)

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Fig. 2. Tre tripodi dell’ Oristanese: A (tripode della Coll. F. Abis- Oristano), B-C (tripodi di Solarussa)

571

Fig. 3. Frammento di tripode LC III da Oristano-Palmas Arborea

Raimondo Zucca
SOME REMARKS ON THE FUNCTION OF PUNIC POTTERY
FROM THE SETTLEMENT OF SANT’ANTIOCO IN SARDINIA
*

Lorenza Campanella
Università degli Studi della Tuscia - Viterbo

Abstract

The aim of this work is the analysis of a sample of domestic Punic pottery typologies recovered
in the filling of an urban deposit (= Unit 500). The unpublished shapes were found inside a Phoenician
water cistern discovered in the ancient colony of Sulcis, in Sardinia.
The vases are clustered in four main groups distinguished by their function: kitchen ware (a), ta-
ble ware (b), storage and transport ware (c), large shapes used for mixing and grinding (d). Focus will
be on wear-patterns and morphological issues in order to understand the function of these different
shapes within alimentary habits.

Resumo

O objectivo deste trabalho é a análise de uma amostra de cerâmicas púnicas de carácter domés-
tico recuperadas no enchimento de um depósito urbano (= Unidade 500), em Sant’Antioco, Sardenha.
As formas, inéditas, foram encontradas dentro de uma cisterna fenícia descoberta na antiga colónia de
Sulcis.

* Nota do Editor:
Texto não revisto pelo autor. Todas as tentativas para contactar o autor de forma a que corrigisse as
provas tipográficas do seu artigo não tiveram sucesso.
Some remarks on the function of punic pottery from the settlement of Sant’Antioco in Sardinia

The unearthing of well preserved pottery from Sardinian Punic urban excavations is quite
unusual due to the obvious habit to keep clean living areas, with the discharge of damaged and no
more usable vessels, and as a result of the continuity of life within the same housing units; finally
the frequent circumstance of modern urbanization in the same areas of the ancient settlements
doesn’t make easy the safeguard of the weak archaeological evidences. Two are therefore the
stratigraphical occurrences that help the detection of ceramics in good conditions: sudden
abandons and city dumps. The discovery of an urban dump represents a remarkable chance of
investigation, especially in researches concerning alimentary habits of the past. Actually although
these archaeological contexts usually offer few chronological data, their main interest is in the
fact that they yield well preserved ceramic forms often still containing food residuals.
In this work I will examine some Punic pottery shapes recovered in the filling of an unpublished
urban deposit discovered inside a Phoenician water cistern in the ancient colony of Sulcis, in
Sardinia. The archaeological area, on which lays the modern town of Sant’Antioco, is quoted as
“Area del Cronicario”: it was included in the garden of the rest house known as “Cronicario” (the
great building in the upper part of the aerial photo in Fig. 1). The first archaeological excavations,
carried out by the Soprintendenza Archeologica di Cagliari e Oristano in 1983, unearthened a
small part of the well preserved Imperial Roman settlement (1st AD) (Tronchetti 1988). Further
excavations, directed by Paolo Bernardini - which I thank for having kindly suggested me to
study the archaeological findings of the cistern -, reached archaic layers (750 - 650 BC) in Sector
III (Bernardini, 1988). Today researches continue within a joint Archaeological Mission run by
Sassari’s University, CNR and Soprintendenza Archeologica di Cagliari e Oristano, headed by Piero
Bartoloni, shouldered by Paolo Bernardini.

573

Fig. 1. Aerial photo of the archaeological area (“area del Cronicario”)


and the surrounding modern town of Sant’Antioco

Lorenza Campanella
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Fig. 2. Aerial photo and plan of Sector III

The filling of the Phoenician water cistern (=Unit 500) discovered in Sector III (Fig. 2) encloses
few sherds of Prehistoric ceramic, a small amount of Phoenician shapes, and a fair number of
Greek vessel (Tronchetti, 1990), although the majority of ceramics is Punic. As a matter of fact
Unit 500 dump filled up the Phoenician cistern in Punic times according to important changes of
the urban setting.
The aim of this work is the analysis of a sample of domestic Punic pottery typologies - locally
manufactured - focusing on wear-patterns and morphological issues to understand the function
of these shapes within the alimentary habits (Campanella, 2003). The vases presented here have
574 been clustered in four main groups distinguished by their functions: kitchen ware (a), table ware
(b), storage and transport ware (c), large shapes used for mixing and grinding (d).
Kitchen ware (a) includes globular cooking-pots, saucepans and pottery lids; these shapes
allowed the transformation of raw food in a cooked stuff.
The main feature of Punic cooking-pots is a globular body with a rounded bottom (Fig. 3-4);
compared to pots with flat bottom (for example Roman cooking-pots) the Punic shapes always
require a pot-stand but allow exposition of a larger surface to the heat and uniform diffusion of
warmth with no risk to burn food. Moreover a proper remixing of content was eased by some
specific features as the lack of edges, the wide mouth and the two solid handles so to grab the
vessel during cooking and carrying.

Figs. 3-4. Cooking-pot CRON 500/732 (second/third quarter of 4th cent. BC).

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Some remarks on the function of punic pottery from the settlement of Sant’Antioco in Sardinia

Therefore cooking-pots - fitted on pot-stands or simply placed in a bed of hot coals - were
suitable for long-lasting heating as required by cereal and vegetable soups. These one-dish meals
represented the daily food in Carthaginian time, hence Plautus’s pultiphagus is clearly referred
to the Punic eating habits (Spanò Giammellaro, 2004, p. 417-429). Globular cooking-pots were
also used for boiling dried salted meat or fish, foodstuff largely widespread in Punic areas and
otherwise uneatable.
The round bottom of cooking-pots was largely stressed (thermal and compression stress)
and is hardly ever preserved. Burnt traces are often placed along one of the sides as if pots mainly
bordered the glowing embers of fire (Fig. 4).
In food preparation the lid was necessary in order to avoid lack of water and to prevent
food from sticking. Until the end of 5th century BC lids are quite unusual in Punic pottery typology
and cooking-pots don’t have grooved rims: they become common during 4th and 3rd centuries
BC (Fig. 5). Evidence yielded by tophet shows that at beginning pots were mainly covered with
plates (Bartoloni, 1982). Actually the earliest Punic plates found in Unit 500 very often have the
external surface seriously damaged by cracks and leaks (Fig. 6) while the internal surface is always
well preserved. A so marked spoil of the under surface can be explained with a prolonged contact
with hot vapour released by cooking stuff.
Some globular pots bear on the shoulder a cylindrical filtered spout (Fig. 7). The spout is a
loan from Greek chytrai (Sparkes - Talcott, 1970, p. 224-226) and has a double function: it allows
the outlet of steam while the pierced wall favours the share-out of solid food from broth - rich of
nourishing substances - so that it could be employed in new food preparations.

575

Fig. 6. Cracks and leaks on the under


Fig. 5. Cooking-pot CRON 500/313 (3rd cent. BC) surface of plate CRON 500/94

Fig. 7. Spouted cooking-pot CRON 500/322 (5th - 4th cent. BC)

Lorenza Campanella
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Another cooking device - largely present in Unit 500 - is the shallow two handled round
bottom saucepan. Smaller shapes, with diameters ranging from 14 to 18 cms, are proper for
stewing, browning and frying solid food in presence of oil (Fig. 8). The red slip, always present in
the internal surface, is basically a non-sticking layer; the use of a lid, attested by the flanged rim,
helped to avoid the sticking (and burning) of food to the inside surface of the pot (Fig. 9). The
lifting and moving of the saucepan was eased by rolled or ear handles set horizontally on the rim.
Burnt traces are always concentrated in the centre of the external surface of the bottom. Larger
and deep shapes, with rims over 30 cms diam., were also useful in parching cereals and pulses.
In Pliny’s Natural History (N.H., 18, 98) we find a Carthaginian recipe handed down by Mago:
lentils are parched and afterwards grinded with plain bran; moreover many cereal varieties were
actually roasted before grinding in order to help the drop of glumes.

576
Fig. 8. Rounded bottom saucepan CRON 500/216 Fig. 9. Red-slipped floor of saucepan
(end of 5th - 4th cent BC) CRON 500/216

From 4th until 2nd century shallow-domed lids are very common; in Unit 500 there are
mainly two shapes. The first (Fig. 10) has a large concave round knob, the second (Fig. 11) a
conical knob which can bear a hollow. The central void is meant to help the steadiness of the lid
when turned upside-down. As concerns functionality it is also quite interesting to observe that
numerous lids are pieced at the centre of the knob (Fig. 12): the hole gradually leaked part of the
steam during the cooking process and avoided the development of a heavy condensation inside
the pan.
The second main group is represented by tableware (b), which includes vessel both for
individual use and course dishes. Traces of use are quite common in tableware, most of all in red
slip ware which often shows the resting surface clearly worn out (Fig. 13).
The main shape for individual consumption of solid food, in Punic times, is the hollowed
plate with a broad sloping rim and a diameter of 15-16 cms (Fig. 14). The function of the small
central depression is most likely the same of the hollow which characterizes the attic “fish-plates”,
that is to contain sauces (Sparkes - Talcott, 1970, p. 147-148).
Therefore the red slip layer that usually covers the small central depression in Punic plates
(Fig. 15), as long as the larger hollow in Phoenician plates, was perhaps non only ornamental but
useful to waterproof the centre of the floor in which juices were stagnant.
Amongst tableware pottery a very common shape is the incurving rim bowl, useful in the
containment of liquid and semi-liquid foods but also suitable as drinking cup. Hemispherical cups
are widespread throughout all Punic age: at first diameters range between 12 and 15 cms (Fig. 16),

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Some remarks on the function of punic pottery from the settlement of Sant’Antioco in Sardinia

Fig. 10. Lid CRON 500/348 (4th - 3rd cent. BC) Fig. 11 - Lid CRON 500/344 (3rd - 2nd cent. BC)

577
Fig. 12. Lid CRON 500/343 (4th - 3rd cent. BC) Fig. 13. Bowl CRON 500/332 (5th cent. BC)

Fig. 14. Plate CRON 500/94


(second half of 4th - early 3rd cent. BC)

Fig. 16. Bowl CRON 500/516


(mid 5th - early 4th cent. BC) Fig. 15. Plate CRON 500/94

Lorenza Campanella
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while in Hellenistic times the same shape is also manufactured in smaller shapes of about 8 cms
diameter (Fig. 17). These small bowls, related to attic “salcellars”, may reveal the embracing of
new alimentary customs of Greek origin, based on the consumption, at the same time, of minute
quantities of different foods served in small bowls (Athen., Deipn., IV, 132a).
The Punic shapes that look proper for drinking are deep carinated cups with long sharp
edges, thickened inside (Fig. 18), or with concave-convex outline rims (Fig. 19). The first seems to
mark the maximum height that the content might reach while the second retained a shape of rim
that suited the drinking purpose: the outside concavity supported lips and the inner convexity
helped the correct outflow of the liquid.

Fig. 17. Bowl CRON 500/494 (3rd - 2nd cent. BC)

578

Fig. 18. Bowl CRON 500/330 (5th - 4th cent. BC) Fig. 19. Bowl CRON 500/311 (5th - 4th cent. BC)

Unit 500 also enclosed a great amount of small dippers, with rolled (Fig. 20) or trefoil
rim, very common during the Punic period. These shapes were possibly used during meals as
containers for seasonings.
Beverages, as water, milk or wine, were poured from trefoil mouthed jugs with rolled
handles departing from the rim, very common shapes between the 6th and 5th centuries. Red-
slipped trefoil jugs are often decorated with black and white painted lines, dots and big eyes
drawn under the rim (Fig. 21): they probably contained wine.
Another common domestic jug is the deep ovoid jug, with thin neck, round-mouth rolled
rim and high vertical handle (Fig. 22). These shapes do not fit pouring: the thin neck stops the
outflow and the rounded rim without trefoil produces a chaotic overflow of the beverage. This
shape looks more proper for other purposes as for instance oil storage. Moreover some jugs have
a convex rim that looks proper to fit cork or clay caps (Fig. 23).
Transport amphorae (c) were used in houses as large and useful storage containers for
water, oil, dried and salt fish or meat. Actually it is quite difficult to sort out a plain relationship
between typology and content of Punic transport amphorae and several shapes were not
manufactured in view of a specific food trade. The commonest transport amphorae in Unit 500
are Bartoloni D7 / Ramon T-4.1.1.4. (Bartoloni 1988, p. 50; Ramon Torres 1995, p. 186, 338, fig. 39
- end of 5th – 4th cent. BC) (Fig. 24), and Bartoloni D9 / Ramon T-5.2.2.1. (Bartoloni 1988, p. 52;
Ramon Torres 1995, p. 197, 410, fig. 61 - 3rd cent. BC) (Fig. 25).

Arqueologia, sítios e materiais


Some remarks on the function of punic pottery from the settlement of Sant’Antioco in Sardinia

Fig. 20. Dipper CRON 500/329 (5th - 4th cent. BC)

Fig. 21. Trefoil jug CRON 500/314 (mid 6th - 5th cent. BC)

579

Fig. 22. Round-mouth jug CRON 500/837


(5th - 4th cent. BC) Fig. 23. Round-mouth jug CRON 500/838
(mid 6th - 4th cent. BC)

Fig. 24. Transport amphora CRON 500/30 Fig. 25. Transport amphora CRON 500/85
(end of 5th - second half of 4th BC) (3rd cent. BC)

Lorenza Campanella
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Two large high stemmed shapes, retrieved from Unit 500 and very common in Sardinia
during Hellenistic age (Campanella 1999), may be considered halfway between tableware and
mixing/grinding devices as they could fit the two purposes. Both are skilfully manufactured: the
first, with a broad outcurving rim (Fig. 26), has an unglazed smoothed surface; the second, with a
shallow spout and a thick rim, is decorated with lotus flower stamps (Fig. 27).
Amongst wide coarse wares used in food preparation (d) one of the commonest shapes
during the 4th and the 3rd centuries is the large basin with a broad brim set horizontally under the
thick and straight rim (Fig. 28) (Campisi 2000). The first rounded shapes are gradually replaced
by more squared profiles (Fig. 29). These large and shallow basins, wide-mouthed (diameters
range between 25 and 42 cms) and heavy-walled, surely fitted in mixing and stirring during food
processing. Moreover, the frequent presence of burnt haloed traces on the inside surface and
all along the brim may suggest the use of these pots as cooking devices, as cooking-plates or
cooking-bells.
At last I want to focus on two interesting examples of faulty domestic pots reuse. The first
one is a massive solid ring foot formerly belonging to a basin (Fig. 30). The floor is rough and
bears circular marks of consumption; the crack looks smoothed. This suggests the use of the
cracked basin as a mortar.
The second example is a cracked bottom of a Bartoloni D7 amphora with marked faults
due to the cooking process that weakened the container and made it unfit for transport (Fig.
31). However the worn-out underside of the pointed bottom makes clear that the amphora was
not discarded but cropped so to obtain an open vessel which could still be useful in a domestic
context.

580

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Arqueologia, sítios e materiais


Some remarks on the function of punic pottery from the settlement of Sant’Antioco in Sardinia

Fig. 27. High stemmed basin CRON 500/335


Fig. 26. High stemmed basin CRON 500/290
(first half 4th cent. BC)
(2nd cent. BC)

Fig. 28. Basin CRON 500/456 (4th cent. BC) Fig. 29. Basin CRON 500/465 (4th - 3rd cent. BC) 581

Fig. 30. Basin CRON 500/328 (5th - 3rd cent. BC) Fig. 31. Transport amphora CRON 500/92
(4th cent. BC)

Lorenza Campanella
I FENICI DI …NEAPOLIS (CAGLIARI - SARDEGNA)

Elisabetta Garau

Riassunto

Le ricognizioni intensive svolte nell’area circostante l’antico centro di Neapolis, a sud del golfo
di Oristano, hanno evidenziato una straordinaria densità di reperti inquadrabili tra l’età nuragica e il
VI-VII secolo d.C. All’interno di questo palinsesto risalta la presenza di materiali fenici, in quanto spia di
una fase ancora poco nota rispetto a quelle punica e romana.
La tipologia (per lo più ceramica d’uso comune) e la distribuzione di tali materiali indicano, dalla
fine VIII-prima metà VII sec. a.C., una frequentazione “organizzata”, favorita dalla posizione lagunare
e dalla disponibilità di risorse minerarie, che induce a riconsiderare il ruolo di Neapolis rispetto alle
contigue città fenicie di Othoca e Tharros, e la natura dell’impatto di Cartagine sul distretto del golfo
di Oristano già interessato dalla presenza fenicia.

Abstract

Intensive surveys carried out around the ancient site of Neapolis (southern Gulf of Oristano)
have highlighted an extraordinary density of finds dated from Nuragic age up to 6th-7th centuries
A.D. In this context the presence of Phoenician materials stands out and suggests an almost unknown
phase before the Punic and Roman ones.
The typology and the location of the Phoenician finds seem to indicate an organized presence
from the end of 8th-1st half 7 th century B.C. for the lagoon position and the richness of mine sources.
This presence allows to reconsider the role of Neapolis in respect to the Phoenician colonies of
Tharros and Othoca and the approach of Carthage to the Gulf of Oristano already “colonized” by
Phoenicians.
I fenici di …Neapolis (Cagliari - Sardegna)

1. Premessa

L’area immediatamente circostante l’antico centro di Neapolis (Guspini-CA), localizzata a


sud del golfo di Oristano (Zucca 1987; Zucca 1997), sulle rive di un complesso lagunare (Fig. 1, A),
è stata recentemente interessata da un progetto di ricognizioni intensive volte a ricostruire il pae-
saggi e le relative trasformazioni occorse nel tempo (Garau 2003-2004), secondo i modelli della
moderna Landscape Archaeology (Alcock, Cherry, Davis 1994; Bintliff 1997; Bintliff, Snodgrass
1985; Cherry, Davis, Mantzourani 1991).
Le ricerche hanno consentito di rilevare, nella straordinaria densità di reperti inquadrabili
tra l’età nuragica (Bronzo medio) e l’età bizantina (VI-VII secolo d.C.), la presenza di materiali di
orizzonte fenicio, costituiti prevalentemente da vasellame d’uso comune e, seppur con minore
incidenza, da anfore commerciali. Si tratta di dati particolarmente interessanti - a cui si associano
quelli provenienti dagli scavi attuali (Bernardini 2005, pp. 73-74) - in quanto indicatori preziosi
riguardo una fase precedente la fondazione della città, avvenuta ad opera di Cartagine presumi-
bilmente sul finire del VI secolo a.C. (Zucca 2005, con bibl. prec.).

2. I materiali

2.1. La ceramica
Dei reperti ceramici (circa cinquanta), ancora in corso di studio, si presenta in questa sede
una notizia preliminare attraverso il repertorio delle classi, distinguibili (secondo le caratteristiche
tecniche) in Red Slip, ceramica con vernice, ingobbiata, sovradipinta e priva di rivestimento,
e dei principali tipi morfologico/funzionali, rappresentati esclusivamente da forme aperte (il cui 583
apparato grafico non esaurisce la varietà tipologica).
- La tipica ceramica in Red-Slip è attestata da un frammento di orlo di piatto, esternamente
ingrossato, a mandorla, con ingobbio rosso su entrambe le superfici; accostabile al tipo 8 di Tiro
(Bikai 1978, pp. 23-24, tav. XVI, 21) e presente anche a Huelva (Huelva, tav. I, 27-28), il frammento
parrebbe inquadrarsi nell’ambito dell’VIII secolo a.C., rappresentando così una delle attestazioni
fenicie più antiche di Neapolis (Fig. 1, B).
- A una produzione con vernice rossa su ingobbio bianco è pertinente un frammento di
coppa emisferica (Fig. 1, C) caratterizzato da un rivestimento di colore rosso, coprente, con trac-
ce di vernice sulla breve tesa, decorata da una stretta banda nera dipinta: come il precedente è
confrontabile morfologicamente con un esemplare di Tiro, anch’esso con pittura sull’orlo (Bikai
1978, pp. 23-24, tav. XVI, 12).
- La ceramica con ingobbio (Cuomo di Caprio 1985, pp. 98-100), quella più rappresentata, è
caratterizzata da un rivestimento più o meno coprente, tendenzialmente opaco, di colore rosso/
rosso tendente al cuoio o del colore simile a quello dell’argilla o infine (solo in un caso) di colore
bianco, steso su entrambe le superfici (nei piatti e nelle coppe) ovvero più spesso sulla superficie
interna e sull’orlo (nelle coppe e nei bacini). Sulle superfici ingobbiate si riconoscono talvolta trac-
ce di politura.
Per quanto riguarda le forme attestate, alcune sono destinate alla mensa, altre, le più nu-
merose, sono funzionali verosimilmente alla preparazione. Tra le prime figurano piatti, rivestiti,
su entrambe le superfici, di un ingobbio cuoio o rosso tendente al marrone - riferibili a due tipi
principali: 1 - con tesa appena bombata rivolta verso il basso e probabile vasca troncoconica (Fig.
1, D: 2/6-158), simile a un esemplare di Cartagine (interpretato però come tazza carenata) datato
alla prima metà del VII secolo a.C. (Vegas 2000, p. 356, fig. 3, 10-11); 2) con orlo breve e convesso
(Fig. 1, D: 2/6-142, 1/3a-182), che richiama (segnatamente il secondo) il tipo 2 di Tiro, cronologica-

Elisabetta Garau
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

584

Fig. 1. A) Il golfo di Oristano: i centri di Tharros, Othoca e Neapolis;


Neapolis. Ceramica fenicia: B) Red-Slip, piatto; C) ceramica con vernice, coppa;
D, F) ceramica ingobbiata, piatti e coppe; E) ceramica dipinta, coppa

Arqueologia, sítios e materiais


I fenici di …Neapolis (Cagliari - Sardegna)

mente collocabile tra la seconda metà dell’VIII e il VII secolo a.C. (Bikai 1978, p. 22, tav. VIII, 24),
rilevandosi altresì possibili affinità morfologiche con alcuni prodotti in ceramica grigia di area ibe-
rica (Gomez Bellard 2000, fig. 8, 5, p. 178; Huelva, tav. III, 29).
Al corredo da mensa appartengono inoltre alcune coppe carenate, recanti tracce di ingob-
bio chiaro e di politura, riconducibili a due tipi distinti sia per caratteristiche morfologiche sia per
dimensioni: 1) quello di dimensioni ridotte è caratterizzato da orlo estroflesso e arrotondato e da
pareti flesse (Fig. 1, F); i confronti morfologici rilevati sia in Sardegna, a Sulci (Bernardini 1990,
fig. 2, e-f; Bernardini 2000b, fig. 14, 7) sia a Cartagine (Vegas 2000, p. 356, fig. 3, 12) suggeriscono
di inquadrare l’esemplare di Neapolis verso i primi decenni-metà del VII secolo a.C.; 2) l’altro tipo,
contraddistinto da proporzioni maggiori, mostra una tesa larga, pressoché rettilinea e confluente
verso l’interno e una vasca troncoconica segnata da una carena a spigolo vivo (Fig. 1, D: 8/7-377).
La seconda categoria funzionale è rappresentata da bacini, segnatamente troncoconici
(benché la ridotta porzione delle pareti non consenta di escludere per alcuni la forma emisfe-
rica), distinguibili in tre tipi: 1) con orlo ingrossato esternamente e arrotondato, ingobbiato di
rosso come la superficie interna della parete, comprendente due varianti: a) appena rilevato su-
periormente (Fig. 2, A: 2/35-335), che trova un confronto, seppur non puntuale, con un tripode di
Huelva (Huelva, p. 77, tav. XV, 2) inquadrabile cronologicamente - sulla base di confronti - tra la
fine dell’VIII e il VII secolo a.C.; b) segnato al di sotto da una lieve gola, relativo a esemplari di varie
dimensioni (Fig. 2, A: 1/3a-61; 1/3a-27); 2) con orlo esternamente ispessito, dalla forma vagamente
sub-triangolare, marcato all’esterno da una gola a cui corrisponde all’interno una lieve rientran-
za; è possibile riconoscerne due varianti non solo per caratteristiche morfologiche ma anche per
dimensioni: a) con profilo esterno pressoché rettilineo, lievemente pendulo e rivestito interamen-
te da un ingobbio bianco (Fig. 2, A: 1/3a-99), che, accostabile a esemplari attestati a Cartagine
(Vegas 2000, p. 362, fig. 9, 63; Bellelli, Botto 2002, p. 281, fig. 4, a), è inquadrabile nell’ambito 585
della prima metà del VII secolo a.C.; b) col profilo esterno convesso, pertinente a un esemplare
di dimensioni importanti ricoperto da un ingobbio chiaro (Fig. 2, A: 2/13-44), si confronta con un
bacino provenienti dall’Etruria settentrionale datato attorno alla metà del VII secolo a.C. (Botto
2002, pp. 226-227, fig. 1, a con bibl. prec.); 3) con orlo a sezione triangolare dal profilo rettilineo,
pendulo e sottolineato all’esterno da una profonda gola (il colore dell’ingobbio non è rilevabile a
causa delle evidenti tracce di esposizione al fuoco del manufatto) (Fig. 2, A: 2/35-257).
- Tra le produzioni sovradipinte si segnala la coppa emisferica, di cui residuano l’orlo sbieca-
to, arrotondato verso l’interno e superiormente appuntito e l’inizio della parete dal profilo pres-
soché rettilineo; tracce di pittura rossa assimilabili a una sorta di colatura sono rilevabili sulla
superficie esterna (Fig. 1, E). Il tipo trova un riscontro morfologico, seppur non preciso, con una
coppa di Sulci dipinta in rosso e nero (Bernardini 1990, p. 86, fig. 5, b).
- Alla ceramica d’uso comune priva di rivestimento, oltre a una coppa carenata con pareti
flesse (simile a quella illustrata nella fig. 1, F), le cui superfici dilavate non consentono tuttavia
di escluderne la pertinenza alla ceramica con ingobbio, sono riferibili quasi unicamente bacini.
Nell’ambito di tale forma sono riconoscibili almeno tre tipi: 1) con orlo dal profilo convesso, su-
periormente arrotondato e vasca emisferica (Fig. 2, B: 2/12-43), che trova indicativi riferimenti a
Nora con un bacino inquadrabile tra il VII e la metà del VI secolo a.C. (Finocchi 2000, p. 289, tav.
III, 5); 2) con orlo triangolare, superiormente appuntito e vasca troncoconica (Fig. 2, B: 8/7-46),
riferibile al medesimo orizzonte cronologico del tipo 1 in base al confronto con un altro esem-
plare norense (Finocchi 2000, p. 289, tav. III, 4); 3) simile al secondo dei tipi ingobbiati, con orlo
esternamente ispessito e profilo convesso, segnato all’esterno da una gola poco rilevata a cui
corrisponde all’interno una lieve depressione; sono individuabili due varianti accomunate da una
vasca poco profonda (il cui profilo non è ben distinguibile per l’esigua porzione di parete residua):
a) con il margine superiore rivolto verso l’interno (Fig. 2, B: 2/10-40) e b) col margine superiore

Elisabetta Garau
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

pressoché diritto (Fig. 2, B: 1/8-22), inquadrabili nella prima metà del VII secolo a.C. per il parellelo
con l’esemplare proveniente da Cartagine sopra citato (Vegas 1990, pp. 48-50, fig. 5, 62; Botto
2002, p. 281, fig. 4, a).

586

Fig. 2. Neapolis. Ceramica fenicia: A) ceramica ingobbiata, bacini; B) ceramica d’uso comune, bacini

Arqueologia, sítios e materiais


I fenici di …Neapolis (Cagliari - Sardegna)

Il quadro tipologico appena delineato, di cui si tratterà in extenso in altra sede, parrebbe
ricondurre alle produzioni di ambito coloniale fenicio dei secoli VIII-VI a.C., tra le quali è ravvisabile
una rete di rapporti sia con la Penisola Iberica (Botto 2000), sia con Cartagine.
Risalta perciò con particolare evidenza, nell’ambito dei contatti mediterranei, la presenza
di un frammento di orlo in bucchero relativo presumibilmente a un kantharos (del quale per le
ridotte dimensioni non è possibile isolare né la tipologia precisa né l’area di provenienza), databile
tra la fine del VII e la metà del VI secolo a.C. (Garau 2003-2004; Garau c.s.; Garau, Zucca c.s.).
Tale attestazione materiale, che si aggiunge al precedente rinvenimento di un piede ad anello
relativo a una forma aperta (Zucca 1981, pp. 524-25), costituisce una testimonianza preziosa circa
il coinvolgimento dell’area lagunare alla facies dell’orientalizzante, a cui sono fortemente interes-
sati gli altri centri fenici sardi (Bernardini 2000).

2.2. Le anfore da trasporto


Nel panorama delle attestazioni materiali relative alla facies fenicia figurano altresì alcune
anfore commerciali, databili tra la fine del VII e il VI secolo a.C. e pertinenti all’ambito culturale
fenicio, greco ed etrusco. Tali prodotti d’importazione, pur non quantitativamente consistenti, as-
sumono un particolare rilievo, come già osservato (Garau, c.s.; Garau, Zucca, c.s.. Per le schede
dei materiali cfr. Garau 2003-2004; Garau, Zucca, c.s.) sia in quanto indicatori di canali commer-
ciali differenziati (Circolo dello Stretto, Grecia d’Asia, Grecia continentale, Etruria meridionale), fe-
nomeno, questo, pienamente corrispondente al trend dei traffici del Mediterraneo arcaico (Gras
1995; Gras 2000a, pp. 97-110; Gras 2000b, pp. 15-26), sia perché scarsamente note non solo a
Neapolis, ma anche negli altri centri fenici della Sardegna.
Gli esemplari fenici sono i più antichi rinvenuti nell’area di Neapolis: riferibili al tipo a spalla
carenata Ramón T-10.1.2.1., sono inquadrabili tra il VII e la prima metà del VI secolo a.C. (Garau c.s. 587
con bibliografia relativa; Garau, Zucca c.s.). Si tratta di produzioni accostabili a quelle del cosid-
detto “Circuito dello Stretto”, pertinenti forse, per le caratteristiche dell’argilla (nucleo grigio e
superfici rosse che tendono a sfumare verso l’arancio) al “Grupo Málaga” (Ramón Torres 1995,
pp. 256-57).
A produzioni anforiche di Chio (Garau c.s. con bibliografia relativa e Garau, Zucca c.s.),
appartiene un frammento di parete che rivestito da un ingobbio spesso di colore crema, e deco-
rato da una banda dipinta in bruno, é ascrivibile alla prima metà del VI secolo a.C. (cronologia non
meglio definibile a causa dell’assenza di parti diagnostiche).
Il ritrovamento di un frammento di anfora attica “à la brosse” (l’assenza dell’orlo non
consente di attribuirlo a uno dei tipi specifici noti 1501-1503 dell’Athenian Agorà: Sparkes, Tal-
cott, p. 192, tav. 64) suggerisce di inquadrare nell’ambito o verso la fine del VI secolo a.C. (Garau
c.s. con bibliografia relativa e Garau, Zucca c.s.), l’inizio delle relazioni commerciali tra l’area la-
gunare e l’Attica, forse in coincidenza con l’arrivo dei primi manufatti a figure nere, destinati a
intensificarsi nei secoli successivi (Zucca 1987, pp. 191-199, Tronchetti 2005, p. 133).
La presenza di anfore etrusche (la cui maggiore incidenza, sebbene non consistente, in
Sardegna si registra al momento proprio a Neapolis), esemplificata dai tipi Py 3C e Py 4, docu-
menta l’esistenza di rapporti commerciali tra le coste tirreniche e l’area lagunare, contribuendo a
delineare un quadro più articolato circa le relazioni tra l’Etruria e i centri fenici della Sardegna, fi-
nora attestate quasi esclusivamente da vasellame di pregio, sia bucchero sia ceramica etrusco-co-
rinzia (Bernardini 2000a, p. 179, nota 19). Per i tipi anforici suddetti, benché attestati dall’ultimo
quarto del VI fino al primo venticinquennio del IV secolo a.C., è ragionevolmente da escluderne
un commercio in Sardegna dopo la fine del VI secolo a causa della politica monopolistica con cui
Cartagine applicherà un rigido meccanismo di controllo sui traffici (Garau c.s. con bibl. prec. e
Garau, Zucca c.s.).

Elisabetta Garau
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Le produzioni evidenziate, provenienti dalle aree del bacino mediterraneo note per questi
secoli, rimandano a un quadro commerciale piuttosto vario. L’eterogeneità delle importazioni- il
cui numero va incrementandosi grazie ai dati provenienti dagli attuali scavi in ambito urbano- docu-
menta coerentemente il pieno inserimento del territorio lagunare nella rete dei traffici marini.

3. Osservazioni conclusive

Alcune considerazioni appaiono a questo punto opportune per le prospettive di ricerca


che il complesso e la rilevanza dei dati acquisiti suggeriscono. Nell’ottica di una ricerca finalizzata
all’interpretazione del paesaggio, occorre verificare da un’angolazione differente, all’interno di
quel palinsesto in continua evoluzione che è appunto il paesaggio, la consistenza delle attesta-
zioni materiali quali indicatori di frequentazione antropica su un dato territorio, per comprendere
poi la fisionomia delle realtà insediative ipotizzabili sulla base delle attestazioni stesse.
- La presenza di materiali compresi tra l’VIII e il VI secolo a.C. unitamente alla distribuzione
degli stessi sul territorio indagato (in tre aree differenti, ma contigue, pressoché in corrispon-
denza dei limiti urbani attualmente ipotizzati, dove peraltro, con la fondazione di Neapolis sullo
scorcio del VI secolo a.C., si registra una sostanziale continuità di frequentazione nei secoli V-IV
a.C.) ha indotto a riflettere con attenzione sulla natura di tali evidenze, convergendo verso una
direzione pressoché univoca, ossia l’esistenza di una precoce installazione. Le tipologie di mate-
riali riconoscibili nonché il contesto di rinvenimento parrebbero indicare, dalla fine dell’VIII-prima
metà VII secolo, una frequentazione “organizzata”, verosimilmente dietro la forte spinta di due
fattori d’attrazione determinanti: la posizione lagunare e la presenza di un ricco bacino minerario
588 immediatamente retrostante.
- Quale fisionomia ipotizzare per questa realtà demica? La conclusione delle ricerche ha
indotto a rivedere le ipotesi precedentemente formulate, segnatamente sulla base di materiali
d’importazione, riguardo all’esistenza di un fondaco di matrice fenicia (Garau c.s.; Garau, Zucca
c.s.). Le recenti acquisizioni parrebbero infatti sottolineare con particolare evidenza il ruolo im-
portante svolto anche dalla sponda meridionale del golfo di Oristano, che doveva aver attratto
precocemente i mercanti fenici e ancora prima i navigatori orientali, come il sarcofago di probabi-
le origine filistea parrebbe documentare (Bartoloni 1997; Bernardini 2005, pp. 67 ss.).
E’ perciò ipotizzabile, almeno dalla seconda metà dell’VIII secolo a.C., una realtà (forse pre-
ceduta da una prima fase di frequentazione configurabile come un temporaneo relais marittime)
organizzata come insediamento stabile, come suggeriscono chiaramente la significativa attesta-
zione di vasellame di uso comune e la dislocazione topografica dello stesso. Si alluderebbe perciò
a una Palaiapolis, un centro di matrice fenicia, assimilabile a una struttura coloniale, promotrice,
ancor prima dell’intervento di Cartagine, dell’organizzazione e dello sfruttamento delle risorse
naturali.
L’immagine che deriva dal quadro delle importazioni per i secoli VII-VI a.C. è, come già os-
servato (Garau, Zucca c.s.; Garau c.s.), quella di un centro dinamico, di un luogo di scambio e di
contatto, presumibilmente però all’interno di un insediamento stabile, nella cui organizzazione
economica un ruolo privilegiato è sicuramente riservato al commercio e quindi alla redistribuzio-
ne interna delle merci provenienti dalle varie parti del Mediterraneo. In accordo a questa ipotesi
anche gli stessi prodotti d’importazione, rispetto a una lettura iniziale (Garau, Zucca c.s.), assu-
mono un significato e un peso differente se inseriti all’interno di una realtà economico-commer-
ciale più articolata piuttosto che intesi come indicatori di contatti affidati a un fondaco.
La scelta di un impianto a forte vocazione commerciale mette in evidenza il ruolo determi-
nante dell’acqua, cioè del mare, nell’economia e nell’organizzazione del territorio. E la posizione

Arqueologia, sítios e materiais


I fenici di …Neapolis (Cagliari - Sardegna)

su una laguna, intesa come spazio di popolamento e di contatto, poteva altresì favorire questo
centro fenicio nel ruolo di collettore per i metalli provenienti dal bacino del Guspinese. E tale
potenzialità non doveva essere sfuggita ai mercanti fenici, ove si consideri che i tratti di costa
più intensamente frequentati dovevano essere quelli che afferivano ai principali bacini minerari
(Bartoloni 2000, p. 104).
- I rapporti con i centri vicini. Le recenti acquisizioni indurrebbero altresì a riconsiderare la
posizione del sito lagunare nel quadro insediativo e di organizzazione delle risorse economiche
delle città fenicie di Othoca e Tharros, estendendo dunque l’analisi in una prospettiva più ampia,
relativa a una possibile gerarchia o comunque a un’organizzazione dell’espansione fenicia este-
sa a tutto il golfo di Oristano (Bernardini 2005). Quindi un areale, quello di Neapolis, che poté
attrarre precocemente i commercianti fenici in ragione delle rilevanti potenzialità che offriva, fa-
vorendone un coinvolgimento nel circuito commerciale a cui partecipavano attivamente Tharros
e Othoca. Il promettente ventaglio di requisiti e di potenzialità (risorse minerarie, saline, sfrutta-
mento delle risorse ittiche, etc.) di cui l’area lagunare disponeva potrebbe suggerire d’altra parte
per Neapolis il ruolo di centro autonomo, e non di polo supplementare per l’espansione fenicia
nella Sardegna centro-occidentale.
Sulla scia di tali considerazioni la frequentazione “organizzata” nello spazio lagunare po-
trebbe allora inquadrarsi contestualmente alla fase dell’installazione coloniale delle vicine Thar-
ros e Othoca, ipotizzando, nell’ambito di un programma di controllo e sfruttamento economico
del golfo di Oristano, un sistema “triangolare” i cui vertici sarebbero costituiti dai due centri fenici
sopra citati e da Neapolis. E in un ambito territoriale più ampio, “regionale”, viene a delinearsi,
con l’inserimento di Neapolis, un’organizzazione più complessa in quella rete di insediamenti fe-
nici dislocati lungo il litorale sud-occidentale e occidentale della Sardegna, presso importanti e
ricchi distretti minerari.
Il quadro che emerge relativamente ai secoli della facies fenicia, oltre a illuminare delle fasi, 589
per l’area lagunare, finora scarsamente documentate archeologicamente (Bernardini 2005, p.
73), induce necessariamente da un lato a riconsiderare, in una luce profondamente diversa, la
natura dell’impatto di Cartagine, verso lo scorcio del VI secolo a.C., su un distretto già fortemente
interessato dalla presenza fenicia e presumibilmente già almeno in parte economicamente orga-
nizzato, dall’altro a riprendere in esame il problema del Portus Neapolitanus o degli approdi verso
cui confluivano le merci dai vari mercati del Mediterraneo ( Zucca 2005, pp. 125-130 ).

Nelle more di stampa sono stati pubblicati i seguenti lavori:


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Elisabetta Garau
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591

Elisabetta Garau
SELINUNTE DAL 409 AL 250 A.C.
FONTI ARCHEOLOGICHE E NUMISMATICHE A CONFRONTO

V. Tusa †
A. Cutroni Tusa

Riassunto

Nel periodo compreso tra il 409 a.C. e il 250 a.C. la documentazione archeologica di Selinunte
conferma il nuovo status della polis sotto il controllo e il dominio politico di Cartagine. La trasformazio-
ne dell’economia monetaria della città, protagonista della produzione di un numerario tipologicamen-
te punico, ne attesta il ruolo assunto al centro di un vasto territorio unificato politicamente.

Résumé

Dans la période comprise entre le 409 a.C. et le 250 a.C. la documentation archéologique de Seli-
nunte confirme le nouveau status de la polis sous le contrôle et la domination politique de Carthage. La
transformation de l’économie monétaire de la ville, protagoniste de la production d’un numéraire typi-
quement punique, en atteste le rôle assumé au centre d’un territoire vaste et politiquement unifié.
Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto

1- Fonti archeologiche
(V.Tusa)

Il periodo di cui qui mi occupo si riferisce a quello nel quale, quasi ininterrottamente, Selinun-
te visse sotto il dominio punico-cartaginese dal 409 al 250 a.C. quando la città fu conquistata dai
Romani: momentanee interruzioni si sono verificate all’epoca del tentativo di riconquista da parte
di Agatocle(307 a.C.) e dell’assedio di Pirro (277 a.C.). A chi considera i templi che i Selinuntini
eressero adornandoli delle famose metope e ne apprezza il preminente valore archeologico
ed artistico, quale massima espressione della grecità occidentale, le trasformazioni di una polis
greca in uno stanziamento punico potrebbero risultare difficili da accettare ed interpretare ma si
tratta di una realtà storica da cui non si può prescindere se si vogliono conoscere le straordinarie
vicende storico-archeologiche di questa polis.
Dati i rapporti pacifici tra le due comunità cartaginese e selinuntina quasi sorprende che si
sia potuta verificare una guerra tra di loro, guerra che purtroppo finì male per Selinunte. Per com-
prenderne i motivi bisogna risalire alla guerra tra Atene e Siracusa (415-413 a.C.) conclusasi con la
vittoria di Siracusa all’Assinaro; com’è noto (Tuc. VI, 65, 1; 67, 2; VII, 1, 3-5; 50, 1-2), Selinunte aiutò
molto i Siracusani in questa occasione. Forse inorgoglita dal successo siracusano cui aveva tanto
contribuito, la città aveva esteso prepotentemente il suo dominio, più di quanto la vittoria stessa
non le consentisse, ai danni di Segesta. Questa si vide costretta a chiedere aiuto a Cartagine la
quale, dimentica dell’aiuto che Selinunte le aveva prestato in occasione della battaglia del 480, ac-
cettò di intervenire, anche allo scopo di rinsaldare il proprio predominio nella Sicilia occidentale.
Selinunte, a sua volta, si rivolse per aiuto a Siracusa ma questa, indebolita per la lotta sostenuta
contro Atene o forse per qualche altro motivo, rimase neutrale o quasi.
A capo della spedizione contro Selinunte fu nominato Annibale, nipote dell’Amilcare scon-
fitto ad Imera e figlio di quel Giscone che era stato ospitato a Selinunte dove era morto. Dopo un 593
tentativo di pacifica composizione delle controversie tra Selinuntini e Segestani, Annibale sbarcò
con un grande esercito presso il promontorio Lilibeo, dove poteva contare su un’accoglienza ami-
chevole e di là si diresse verso Selinunte che venne distrutta dopo un assedio e una furiosa bat-
taglia. Così finiva la potenza selinuntina cominciata appena 240 anni prima. Vani risultarono i vari
tentativi da parte dei Selinuntini di riconquistare la loro città anche sotto la guida e con l’aiuto di
Ermocrate che ne aveva restaurate le mura. Selinunte finì per restare sotto il dominio politico car-
taginese per un secolo e mezzo fino a quando, a seguito della sua conquista da parte dei Romani,
furono smantellate le fortificazioni e gli abitanti rimasti, circa 5.000, trasferiti a Lilibeo. Secondo
Diodoro (XIII, 54-55; 57-58) in questa occasione avevano perso la vita 16.000 cittadini mentre 5000
erano stati fatti prigionieri e 2.600 erano fuggiti verso Agrigento. Come vedremo, la documenta-
zione archeologica conferma il nuovo status della polis sotto il controllo ed il dominio politico di
Cartagine ma prima desidero accennare ad alcune testimonianze archeologiche più antiche che
rivelano la tendenza a contatti con aree mediterranee orientali e presenze di elementi orientali in
alcune manifestazioni artistiche selinuntine.
Alcuni anni fa, un tratto di mare di fronte a Selinunte ha restituito una statuetta di bronzo
alta circa 36 cm., databile al XIII-XII secolo a.C., riproducente molto verosimilmente una divini-
tà, forse Hadad, appartenente all’ambiente culturale ugaritico (Fig. 1). Ovviamente questa non
si può considerare una testimonianza archeologica assolutamente valida ma non si può esclude-
re neanche che il reperto sia stato disperso in quel tratto di mare da una imbarcazione fenicia:
la qual cosa documenterebbe una frequentazione del sito da parte di navi provenienti da paesi
dell’Oriente mediterraneo e quindi contatti tra genti del luogo ed orientali. Gli ambienti cui mi
riferisco sono l’area siro-palestinese, la cipriota, la cretese-micenea. Le “assonanze orientali” dal
piano storico-politico si ribaltano su quello artistico. Se consideriamo infatti il santuario selinuntino
della Malophoros, notiamo come al suo interno si trovi un altro edificio sacro dedicato al culto di

V. Tusa e A. Cutroni Tusa


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Zeus Meilichios, una divinità attestata da tre iscrizioni greche trovate in situ ed identificata con
divinità di ambiente siriano. Dal santuario della Malophoros, poi, provengono molti manufatti in
faience rinvenuti da E. Gabrici il quale ha fatto notare come “la categoria degli oggetti di pastiglia
invetriata di un leggiadro colore azzurrognolo, di importazione orientale, è assai limitata perché la
maggior parte di essi o per l’umidità della sabbia o per i sali che questa contiene, furono ridotti ad
un tale stato di disgregazione, che asciugandosi diventano polvere. In tal modo andarono distrutti
molti scarabei, correnti di collana, aryballoi a striature incrociate ed oggetti di simile fatta”. Tra
gli oggetti che si conservano, oltre ai vari amuleti e pendagli, notevoli una figura umana diritta, di
forme ben marcate e consistenti e le braccia piegate sul petto, un’altra accovacciata che suona il
doppio flauto, un’altra ancora femminile, forse una divinità seduta, col figlioletto poppante sulle
ginocchia, di tipo perfettamente egizio. Infine un’altra figura con le gambe piegate, il torso diritto,
ha davanti a sé un grosso pithos su cui appoggia le mani ed il cui coperchio è costituito da una rana:
è decorata sul dorso con tre serie di grossi punti ed è verniciata con colore azzurrognolo mentre gli
ornati sono di colore bruno-scuro; è databile all’ultimo venticinquennio del VII sec. a.C. (Fig. 2).
Gli oggetti orientali cui abbiamo accennato finora, insieme ad alcune decine di vasetti di
pasta vitrea ancora conservati, sono prodotti importati o direttamente dall’area siro-palestinese
o dall’Egitto o mediati attraverso altri luoghi.
Motivi orientali troviamo anche in manifestazioni di tipo prevalentemente greco: un esem-
pio può essere quello delle due metope rinvenute incastrate in una torre sul lato est della cinta
muraria che corre intorno all’Acropoli perché usate come materiale da costruzione all’epoca in cui
Ermocrate, nel tentativo di riportare Selinunte sotto l’egemonia siracusana, ricostruì in fretta il si-
stema difensivo dell’Acropoli (408-407 a.C.). Queste due metope rappresentano rispettivamente
Demetra ed Hekate, che, con le fiaccole in mano, vanno incontro a Kore che esce dall’Averno pur
essa con la fiaccola (Fig. 3) e Demetra e Kore che, su una quadriga, vanno all’Olimpo a rendere
594

Fig. 1. Statuetta del dio Hadad Fig. 2. Figura infinocchiata con pithos

Arqueologia, sítios e materiais


Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto

grazie a Zeus (Fig. 4). Entrambe presentano qualche motivo che sfugge al repertorio comune
dell’arte greca quale noi conosciamo: mi riferisco in particolare al polos di Demetra nella prima
metopa, decorato con raggi resi a bassorilievo e le punte rivolte verso l’alto ed allo schema araldi-
co dei cavalli laterali della quadriga: sia per l’uno che per l’altro di questi motivi troviamo confronti
solo nelle manifestazioni artistiche di provenienza orientale.
A questo punto mi si permetta una digressione che apparentemente si allontana dal tema
che mi sono proposto ma che in realtà mi sembra utile per comprendere pienamente non solo le
due metope ma, in una visione più ampia, il tema stesso che qui si tratta: a me pare che per tutta
la scultura selinuntina sia vano parlare di “scuole” come avviene per la scultura greca, attribuen-
dola, sia pure in parte, ora alla jonica ora alla dorica ora all’attica; a Selinunte si tratta piuttosto
di cercare di comprendere quell’espressione artistica nel suo complesso ricercandone, sì, le varie
componenti che indubbiamente esistono, ma non perdendo mai di vista l’unità espressiva nel suo
complesso alla cui formazione hanno contribuito non solo le componenti “artistiche” greche ma
anche le componenti ambientali in cui si formò e si estrinsecò: e dicendo “componenti ambien-
tali” mi riferisco agli aspetti umani, sociali, politici, economici che bisogna conoscere e tenere
in considerazione se si vuole effettivamente comprendere questa straordinaria manifestazione
umana che è rappresentata dalla scultura selinuntina. A tal proposito mi piace riportare i giudizi
di due illustri studiosi:”Artisti celebri venivano chiamati da un luogo all’altro per adornare le città
coloniali favorendo lo scambio delle reciproche influenze tra le tradizioni delle varie stirpi greche”
(R. Bianchi Bandinelli). E ancora: “Il quadro artistico della Sicilia è invece assai diverso, profonda-
mente permeato dalla visione classica, ma sostanzialmente differente, con una discontinuità di
ricerche e di valori che ne rende assai difficile la valutazione piena e pressoché impossibile l’inqua-
dramento in un orientamento o indirizzo definito” (L. Breglia).
595

Fig. 3. Metopa con Demetra, Hekate, e Kore Fig. 4. Metopa con Demetra e Kore

V. Tusa e A. Cutroni Tusa


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Per quanto riguarda le fonti archeologiche del periodo compreso tra il 409 ed il 250 a.C.,
nella nuova situazione in cui Selinunte venne a trovarsi, prima di ogni altra cosa si prospettò il
problema della sistemazione viaria dell’Acropoli rimasta praticamente distrutta la quale però non
subì variazioni notevoli nell’impianto urbanistico originario. Ma andiamo con ordine.
Sulla collina di Manuzza, sede della polis arcaico-classica, dopo il 409 a.C. sulle macerie spia-
nate dello strato di distruzione e con i materiali recuperati, all’estremità nord del pianoro si prov-
vide ad un rapido restauro ed alla costruzione, dopo la ritirata di Ermocrate, di povere case sulle
quali a partire dal secondo venticinquennio del IV secolo, in coincidenza con la terza generazione
successiva alla distruzione del 409 a.C., si impiantò una necropoli costituita da tombe puniche che
occuparono anche alcuni tratti dei resti delle fortificazioni ermocratee erette precedentemente a
difesa e protezione della collina stessa (Fig. 5): la loro cronologia è attestata dai corredi rinvenuti
in due di queste tombe. Sulle pendici meridionali della collina, invece, è stato messo in luce un
quartiere punico insistente su una necropoli arcaica ormai obliterata: a differenza del quartiere
settentrionale cui ho accennato prima, dove gli edifici sorti sulle rovine dell’abitato precedente
sono stati costruiti in modo sommario e senza tracce di fondazione; in questo settore più a sud
si nota maggiore accuratezza nella tecnica di costruzione. Alla base del pianoro è stata scoperta
anche un’area sacra punica di culto all’aperto con attestazioni di sacrifici animali: riconoscibili lo
scannatoio, il bacile per la raccolta del sangue e la fossa votiva adibita ai resti del sacrificio. Questa
documentazione riguarda l’area scavata finora ma non conosciamo ancora l’estensione e l’inten-
sità dell’insediamento sorto sulla collina dopo il 409 a.C.
Al contrario si presenta maggiormente documentata la nuova situazione registrata negli
impianti e negli insediamenti sull’Acropoli e gli interventi che hanno interessato i grandi santuari
extraurbani.
596 Sull’Acropoli, a partire dal IV secolo, si distinguono diverse aree di rioccupazione e rifaci-
menti di abitazioni con costruzioni che, come ho già fatto notare prima, rispettano normalmente
il precedente impianto ed orientamento urbanistico della vecchia sistemazione: infatti le rico-
struzioni effettuate ex novo tendono ad utilizzare le fondazioni di quelle precedenti con riuso
ed integrazione dei muri danneggiati. La ricostruzione vera e propria dovette avvenire dopo il
trasferimento degli abitanti dalla collina di Manuzza sull’Acropoli e con l’organizzazione epicrati-
ca cartaginese della Sicilia occidentale, ed il conseguente stanziamento stabile di elementi punici
africani nella nuova fondazione. Tutto questo risulta dalle ricerche archeologiche effettuate pe-
riodicamente e senza sosta sull’Acropoli che hanno messo in luce delle case lungo le vie principali
nord-sud ed est-ovest (Fig. 6): si tratta di piccole abitazioni molto strette ed anguste, abbarbicate
le une alle altre e spesso, come nel caso di quelle a sud-ovest del Tempio C, addossate quasi al-
l’edificio preesistente. Lungo la strada principale nord-sud sorge qualche casa un pò più grande,
con atrio al centro, ma senza peristilio come si trova invece a Solunto. Un certo schema organico,
per il quale si potrebbe anche ipotizzare un sistema urbanistico punico, si trova a nord-est del
Tempio C: su una stretta via in senso est-ovest si affacciano abitazioni abbastanza modeste co-
stituite da complessi abitativi aventi muri in comune, formati da due o tre vani posti l’uno dietro
l’altro e comunicanti attraverso strette aperture; in genere dal piccolo vano che si trova nel punto
opposto della strada si diparte una scaletta che porta al piano superiore, oggi non più esistente:
è probabile che il vano a livello di strada sia stato adibito a bottega. In quest’area, cioè, prende
vita ex novo un impianto edilizio di tutto rispetto che dà luogo ad un complesso consistente in
un edificio-mercato con botteghe aperte su un’area porticata, collegato in qualche modo con il
tempio C e con la sua funzione di archivio mercantile della città (Fig. 7).

Arqueologia, sítios e materiais


Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto

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Fig. 5. Manuzza – Scavi nella cittá

V. Tusa e A. Cutroni Tusa


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Fig. 6. Acropoli –Pianta con i rifacimenti di età punica

Arqueologia, sítios e materiais


Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto

Recentemente D. Mertens si è ricreduto sul termine “Garnisonstadt” da lui precedente-


mente usato, a favore di quello più esatto di “insediamento urbano”, vero e proprio centro citta-
dino sorto sulle rovine della polis precedente. L’abitato fu ristrutturato e sistemato secondo un
impianto urbano dalle caratteristiche già evidenziate nella rioccupazione del vecchio abitato della
collina settentrionale di Manuzza ma qui perfezionato con strutture che richiamano la pianta ur-
banistica di Kerkouane, nel Nord Africa, e di Mozia.

599

Fig. 7. Edificio – mercato della città punica

Fig. 8. Un’area sacra

V. Tusa e A. Cutroni Tusa


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600
Fig. 9. Muro a telaio

Fig. 10. Muro a telaio

Arqueologia, sítios e materiais


Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto

L’elemento forse più interessante della facies punica selinuntina, che interessa sia l’aspetto
urbanistico che quello religioso, è costituito dalle aree sacre che sono state messe in luce, finora in
numero di tre, in altrettanti quartieri della città. Le tre aree, a destinazione privata o di quartiere,
hanno all’incirca la stessa conformazione: al centro uno o più ambienti all’aperto dove si compiva
il sacrificio dell’animale (ovini, volatili, roditori, ecc.) i cui resti combusti, messi dentro un’anfora di
tipo punico, venivano interrati (Fig. 8); intorno, altri ambienti destinati ai fedeli ed agli officianti, il
tutto delimitato da un muro continuo. Le aree sono più o meno grandi: una di esse consta di do-
dici ambienti in due dei quali, al centro di tutta l’area, erano deposti i resti dei sacrifici e le offerte.
Queste aree sacre sono di tipo orientale e costituiscono una caratteristica dell’Occidente medi-
terraneo (Fig. 9-10). Per tutte queste costruzioni, sia per le case che per le aree sacre, la tecnica
adoperata è quella c.d. “a telaio”, cioè a pilastri ricorrenti, a distanze varie, riempite con pietre di
varia dimensione poste disordinatamente, la c.d. “opera a sacco”: questa tecnica si trova in molte
località puniche del Mediterraneo. In una delle case di epoca punica lungo la via principale est-
ovest, su un pavimento di cocciopesto che si affaccia proprio sulla strada, alcune tessere musive di
calcare bianco formano il segno di Tanit e i due caducei che normalmente affiancano il simbolo del-
la nota divinità (Fig. 11). Un altro segno di Tanit, qui con un solo caduceo (Fig. 12), è stato rinvenuto
in un altro ambiente posto all’interno del tempio A, nel pronao trasformato evidentemente in un
edificio sacro di tipo punico (Fig. 13); il pavimento è pure di cocciopesto rosso e, oltre al segno di
Tanit e al caduceo, reca, formato sempre da tessere musive di calcare bianco, una corona di foglie
volte sia all’interno che all’esterno come simbolo del sole (Fig. 14); all’interno è riprodotta, fron-
talmente, una testa di toro, animale presente nella simbologia religiosa orientale (Fig. 15). Questi
di Selinunte sono gli unici segni di Tanit su pavimento rinvenuti finora in Sicilia presenti invece in
Sardegna e nell’Africa settentrionale.
Ritornando alla tecnica muraria c.d. “a telaio”, da ricordare che essa ricorre pure sulla colli-
na orientale in abitazioni messe in luce intorno al tempio E costruite nel IV secolo, dopo la distru- 601
zione della città (Fig. 16).
Per quanto riguarda gli oggetti mobili, a centinaia si sono contati le anse di anfore con bolli
costituiti da lettere e segni punici rinvenute e raccolte in vari punti dell’Acropoli soprattutto negli
scavi del secolo scorso e cretule di terracotta provenienti dal tempio C, con la riproduzione del
segno di Tanit e del caduceo ed anche di leggende puniche come quella incisa su una di esse al di
sopra di una protome equina. La lettura MSKT (nome proprio femminile), data inizialmente dal
Lagumina, è da correggere in MSPT, probabilmente sostantivo significante “deposito, magazzi-
no” (Fig. 17). Se questo è il vero significato della parola riportata sulla cretula, e l’autorità del prof.
Garbini ci autorizza a crederlo, viene giustificata l’esistenza di alcune centinaia di queste cretule
tutte in un posto (sul gradino inferiore del lato meridionale del tempio ed in prossimità dell’ango-
lo corrispondente del pronao) ed inoltre potrebbe essere indizio, come ho già detto, di un qual-
che uso del tempio stesso in epoca punica. Oltre all’impiego di strutture e tipologie edilizie che
impiegano la tecnica muraria in “opera a telaio”, alla stuccatura delle pareti interne, ai pavimenti
in cocciopesto, ai bolli anforari (Fig. 18), alle cretule, da ricordare le cisterne di forma ellittica ed
absidata ubicate nei cortili delle case (Fig. 19) e la installazione di vasche fittili a destinazione pri-
vata nelle varie abitazioni.
Oltre ai tre santuari domestici o di quartiere impiantati nella zona più a sud dell’Acropoli ed
alle attestazioni di culti punici sulle pendici meridionali del piano di Manuzza, bisogna prendere in
considerazione la situazione che si è venuta a creare nella zona della Gaggera, là dove sorgevano
il grande temenos della Malophoros, il tempio arcaico di Hera con il relativo altare, il recinto dello
Zeus Meilichios, senza tralasciare il legame tra i culti punici ed il c.d. tempio di Empedocle o tem-
pio B costruito sull’Acropoli a sud-est del tempio C. L’intervento più significativo è documentato
dal recinto dedicato a Zeus Meilichios che, come abbiamo già visto, per la fase arcaica, è compre-
so nel temenos della Malophoros. Tutto il santuario, che meriterebbe nel suo complesso un pro-

V. Tusa e A. Cutroni Tusa


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fondo e dettagliato studio volto a chiarirci problemi di natura storico-religiosa e architettonica, fu


interessato alla fase punica di Selinunte: vari edifici furono rifatti o ricostruiti e adattati ai nuovi riti
o, piuttosto, alle nuove divinità (Fig. 20). Fu aggiunto un elemento di tipo punico, un altare biparti-
to installato nell’adyton del tempio dittero arcaico, presumibilmente dedicato a Tanit e Baal Ham-
mon (Fig. 21-22), le due divinità raffigurate nelle stele gemine che in numero di circa un centinaio
sono state rinvenute, agli inizi di questo secolo, dal Gabrici proprio nei pressi del recinto di Zeus
Meilichios. Sulla punicità di queste stele ormai non c’è alcun dubbio, dopo gli studi e le ricerche
recenti (Fig. 23-25): esse si inquadrano perfettamente in quella produzione artigianale che riscon-
triamo in vari centri punici del Mediterraneo, come Tharros in Sardegna ed ora anche Lilibeo dove,
in una tomba intatta, è stata rinvenuta, insieme al normale corredo, una stele di arenaria molto
simile alla maggior parte di quelle selinuntine. Questa stele non solo ci dà la prova della punicità
delle stele selinuntine per lo stesso loro linguaggio espressivo, ma ci offre anche una valida indica-
zione cronologica: la tomba di Lilibeo infatti non può essere anteriore al IV sec. a.C.

602

Fig. 11. Segno di Tanit tra due caducei

Fig. 12. Segno di Tanit e caduceo

Arqueologia, sítios e materiais


Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto

603

Fig. 13. Intervento di epoca punica nell’area dei Templi A e O (da D’Andria-Campagna)

Fig. 14. I simboli pavimentali nel pronao del tempio A (da D’Andria-Campagna)

V. Tusa e A. Cutroni Tusa


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604 Fig. 15. Particolore della figura precedente (da D’Andria-Campagna)

Fig. 16. Muri a telaio nei pressi del tempio E

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Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto

Fig. 17. Cretule con testa equina e inscrizione punica Fig. 18. Ansa di anfora con caduceo e segno di Tanit
605

Fig. 19. Cisterna di etá punica

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606
Fig. 20. Area del Meilichios con altare betilico in fondo

Fig. 21. Altare betilico bipartito nell’ adyton del tempio arcaico di Hera (foto Mertens)

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Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto

Fig. 22. Tempio arcaico di Hera: rimaneggiamenti (foto Mertens)

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Fig. 23. Stele del Meilichios Fig. 24. Stele del Meilichios

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Fig. 25. Stele del Meilichios Fig. 26. Stele grecizzante

Per le stele di Selinunte non abbiamo dati di scavo precisi, riteniamo però che insieme a
queste stele di tipo punico siano state rinvenute quelle altre, una decina in tutto, che recano sem-
pre una figura femminile ed una maschile, grecizzanti nell’espressione figurativa ed anche nel ren-
dimento generale (Fig. 26): queste differenze nel rendimento generale e nell’espressione stilistica
testimoniano la coesistenza e commistione di culti greci e punici praticati contemporaneamente
nel santuario dove peraltro trovano posto anche altre divinità. A tal proposito mi piace ricordare
quanto ha rilevato e puntualizzato D. White:
“The reconditioning was centered mainly on the old megaron where the rear chamber was
completely rebuilt. Carefully duplicating the precisely cut masonry of the archaic structure, the bui-
lders reconstructed the adyton and replaced its pitched roof with a sturdily made barrel vault. They
thickened and strengthened the peribolos wall behind the megaron to the west. The entire western
end of the precinct was then systematically buried in earth to above the top of the barrel vault so that
an illusion was created that the megaron disappeared into the hillside. The builders took care to pre-
vent the lateral movement of wind-driven earth from inadvertently revealing the actual nature of their
construction by binding the rear of the megaron to the earth dumped between it and the precinct’s
rear wall. The purpose of these activities seems to have been twofold. In the first place, the creation of
an artificial entrace to Hades found its rationale in the mythic setting of Persephone’s Sicilian cult. The
motif accordingly had a special appropiateness for the traditional cult. But in addition, the vaulted win-
dowless megaron, half-buried in the earth, had a strong appeal to the Carthaginian portion of Selinus’
now mixed population, for the architectural arrangement echoed the traditional form of Punic burial,
and Tanit, the other goddess venerated in the sanctuary, presided over Punic burial rites.

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Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto

Perhaps simultaneously with the rebuilding of the megaron, more religious activity took place
near by. This is attested by the field of stelai and by the later stratum of burned material, animal bones
and post-fifth cuntury votives, comprising the Phoenician tophet. At some time after the accumulation
of this material, a small secondary precinct was built close at hand, to the north of the main sanctuary.
When its construction took place, relative to the rebuilding of the main megaron, unfortunately can-
not at present be definitely determined. In any case, the Selinuntines built a small naos within this
new precinct, of a design closely paralleled in Punic architecture. Because of the dual character of the
subject matter of the carved stelai, and because of the double altars, it seems likely that both Ba’al
Hammon and Tanit were worshipped in this shrine. There are the renderings of male and female su-
bjects on the stelai, now properly identified as Phoenician, but these too, owing to the unimaginative
and imitative canons of Punic religious art, do not conform to a tightly worked-out of either deity. ...
While it remained to some degree a Greek polity, its people were without a doubt ethnically mixed. ....
The absence of identifying inscriptions and of elaborate traditional votives honoring the divinities re-
flects a humbler way of life; it hints, however, together with other new and enigmatic signs of religious
activity, at evolution and change. Perhaps it is not going too far to say that this kind of confusion and
fumbling might have grown, if it had not been so shotlived, into a form of genuine synthesis between
the two cults”.
Riepilogando, la seconda fase di vita di Selinunte risulta caratterizzata dalla rioccupazio-
ne di grandi aree sul pianoro di Manuzza, da una parziale ristrutturazione dell’Acropoli con con-
seguente formazione, dalla metà del IV secolo ed oltre, di un impianto urbano strutturalmente
nuovo nel quale l’articolazione funzionale originaria risulta alterata con caratteristiche diverse
rispetto al periodo precedente. La ristrutturazione che ha investito soprattutto l’Acropoli in ma-
niera più o meno intensiva nei vari punti della sua estensione non è ancora perfettamente quanti-
ficabile ma non possiamo sottovalutare l’importanza degli scavi condotti nella seconda metà del
secolo scorso: essi hanno messo in evidenza una quantità rilevante e significativa di attestazioni 609
archeologiche e ci hanno restituito la storia, non documentata dalle fonti storiche antiche, di una
città profondamente trasformata culturalmente ma ancora viva e politicamente influente.

2- Fonti numismatiche
(A. Cutroni Tusa)

Punto di partenza di una mia lunga ricerca sull’economia monetaria di Selinunte sono stati
l’osservazione e lo studio analitico del materiale che andava venendo alla luce dalle ricerche ar-
cheologiche iniziate dalla Soprintendenza alle Antichità di Palermo e Trapani a partire dagli anni
cinquanta del secolo scorso.
A seguito degli scavi iniziati sull’Acropoli la prima cosa a colpirmi fu l’attestazione sempre
più evidente di una continuità nella vita della polis dopo l’offensiva e la distruzione operate dai
Cartaginesi nel 409 a.C..
L’interpretazione di questo avvenimento storico nei termini in cui ci era stato tramandato
dalle fonti antiche ormai non funzionava più se interpretato nel senso letterale di distruzione to-
tale della città ma doveva essere rimessa in discussione sulla base delle nuove evidenze archeo-
logiche conseguenti agli scavi condotti secondo metodi e criteri più aggiornati ed organizzati più
modernamente. I risultati di queste ricerche mettevano via via in risalto, infatti,una prevalenza, a
tratti esclusiva, di emissioni puniche di bronzo successive alla distruzione della città: vi si ricono-
scevano le tre serie più attestate con testa femminile-cavallo al galoppo inizialmente priva di una
precisa attribuzione, testa femminile-cavallo e palma, testa femminile-protome di cavallo (Fig. 27),

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oltre le serie con protome di cavallo-palma e pegaso-palma. Intanto in base agli studi che andavo
conducendo sulla monetazione punica (Tusa Cutroni, 1967), mi sono subito convinta che tutto
questo materiale, anepigrafe ma databile a partire dagli anni posteriori alla distruzione della città,
era perfettamente agganciabile alle varie serie monetali di argento organizzate in successione
cronologica, cioè i tetradrammi, emessi da Cartagine in Sicilia in concorrenza con Siracusa ed im-
piegati nell’isola per il mantenimento delle sue truppe di occupazione e di presidio militare.

Fig. 27. Bronzi punici delle tre serie piú note

610 Secondo la norma, per il VI e V secolo nella circolazione interna della città il flusso moneta-
rio mi dava invece un quadro caratterizzato soprattutto ed in maniera prevalente, da monete di
età classica trovate spesso a notevole profondità; invece negli strati superiori si sovrapponeva,
come ho già detto, una massiccia quantità di emissioni puniche di bronzo la cui presenza doveva
contribuire a farmi capire il profondo mutamento subito dalla città, nel caso specifico dall’Acro-
poli, subito dopo l’occupazione punica; nel complesso mi si presentava cioè un quadro in cui la
produzione e la circolazione monetaria era costituita da un numerario ormai di IV e III secolo, nel
periodo in cui Selinunte, divenuta sede d’uno stanziamento punico e feudo dell’epicrateia cartagi-
nese, andava subendo un notevole rimaneggiamento urbanistico (D’Andria-Campagna, 2002).
Ne costituiva una visibile documentazione l’impianto di tutta una serie di quartieri costituiti
da piccole costruzioni private in cui le caratteristiche fondamentali consistevano nel reimpiego
di materiali più antichi e nella tecnica costruttiva dei muri c.d. “a telaio”. Il mutamento dell’Acro-
poli veniva documentato anche dall’inserimento, nel nuovo assetto urbanistico-monumentale, di
aree di culto di tipo punico, vedi il recinto delimitante i resti dei templi A ed O, e di un repertorio
figurativo pavimentale, come quello ricavato nel pronao del tempio A: queste modifiche trova-
vano riscontro nel pantheon della religione cartaginese. Era chiaro inoltre il richiamo all’impianto
urbano di Kerkouane, il centro punico di Cap Bon coevo a questa trasformazione e sistemazione
nuova dell’Acropoli selinuntina successiva al 409 a.C. nella quale, ora, andava evidenziandosi una
destinazione diversa di alcune aree che acquistavano funzioni nuove rispetto all’età precedente.
A questo punto la presenza del numerario punico veniva ad assumere una dimensione tale
da far pensare ad una sua produzione in loco e quindi o all’istituzione di una nuova zecca, oppure
alla riattivazione di una zecca della polis precedentemente in funzione, adibita ora a questa produ-
zione monetale quantitativamente eccezionale. Debbo puntualizzare che la presenza di una zecca
attiva a Selinunte anche dopo la distruzione della città, mi veniva suggerita, per altra via, dalle no-
tizie del Cavallari (Cavallari, 1874; Cavallari, 1875). Si trattava del rinvenimento, sulla spiaggia sotto-

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Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto

stante la collina orientale di Selinunte, di sette monete puniche di elettro trovate insieme con una
verga di oro puro (IGCH 2172); a questa seguiva la notizia che nello stesso luogo sarebbero venuti
alla luce altri dieci o dodici esemplari insieme con “un pezzo di oro purissimo zecchino a forma
di parallelepipedo allungatissimo” (IGCH 2193). La presenza di metallo ancora non monetato ma
chiaramente destinato alla coniazione, l’ulteriore notizia del rinvenimento di una ventina circa
di monete puniche d’oro alla Gaggera nel 1903 (IGCH 2142=Noe 952) e quanto riportato in N.Sc.
1920, p. 59 (“ dalla zona esterna al temenos vero e proprio di Demeter Malophoros, mescolate a
materiali di tipo ellenistico, provengono monetine di bronzo puniche”), mi hanno convinto defini-
tivamente che a Selinunte durante l’occupazione cartaginese doveva avere operato attivamente
un atelier monetario destinato soprattutto alla eccezionale quantità del materiale proveniente
dagli scavi. Per questo motivo, successivamente, ho prospettato la possibilità che la leggenda
RŠMLQRT caratterizzante una serie di tetradrammi con testa femminile-quadriga (Fig. 28-29), po-
tesse riferirsi al nome di quello stanziamento punico cui alludeva il testo di una epigrafe rinvenuta
a Tharros, in Sardegna, dove un architetto proveniente da una località denominata RŠMLQRT si
sarebbe recato per eseguire delle opere di carattere edilizio-architettonico. Mi è sembrato allora
possibile che il termine RŠMLQRT considerato toponimo a tutti gli effetti dalla Amadasi (Amadasi
Guzzo, 1992) che ha studiato l’epigrafe, potesse riferirsi al nome della seconda Selinunte, di età
punica; qui, dopo la distruzione, avrebbero potuto operare architetti impegnati nella ristruttura-
zione della città. Il toponimo in questione poi, presente sulla serie dei tetradrammi punici cui ho
accennato, con una corrispondenza perfetta avrebbe sostituito il toponimo greco delle emissioni
selinuntine precedenti. Questo termine racchiudeva in sé il senso di una piena autonomia giuridica
nei confronti di Cartagine ed al tempo stesso quello di una autonomia politica rispetto alle città
greco-siceliote (Cutroni Tusa, 1995). È poiché questo termine è collegabile anche al nome di una
delle più importanti divinità del pantheon fenicio-punico, si potrebbe pensare che a Selinunte si
sarebbe perpetuato, trasformandolo, un culto precedente, in questo caso quello di Herakles, che 611
ora veniva ad assumere nuove funzioni integrandosi nel nuovo sistema religioso della polis. Il mo-
dello greco sarebbe stato cioè rielaborato in rapporto alla nuova realtà religiosa locale nella qua-
le l’elemento punico affermava la sua piena presenza politica: il greco Herakles sarebbe potuto
rientrare nella rifondazione della città ormai gravitante in orbita punica: di conseguenza Herakles-
Mlqrt diventava l’oikistes della nuova fondazione punica restando l’eroe per eccellenza in quanto
“figura dialettica” di grande importanza nella fondazione dei valori della polis.
La pubblicazione delle mie periodiche relazioni sui rinvenimenti nei volumi degli Annali del-
l’Istituto Italiano di Numismatica tra gli anni 1956-1967 sorprendeva ed interessava L. Breglia che
metteva in evidenza “la documentazione del bronzo punico che caratterizza il mutato aspetto
della circolazione monetaria di Selinunte in quanto, rispetto al resto del numerario, si presenta
nella proporzione di 4 a 1 se non ancor di più” (Breglia, 1958-1959).
Tengo a precisare che in passato, a parte i ripostigli, il materiale numismatico da scavo non
era mai stato preso in considerazione, dando luogo così ad una grave lacuna di conoscenza dei
dati cronologici relativi alla storia monetaria della città. Ai ripostigli farò riferimento ma prima
desidero ricordare il ritrovamento di un ripostiglio di monete puniche in un’area prossima al tem-
pio A, cioè là dove, come ho già detto, sono più visibili la riorganizzazione, il rimaneggiamento e
la trasformazione dello spazio urbano di Selinunte dalla città arcaica e classica a quella punica, e
dove è stato riconosciuto un complesso cultuale punico nell’area già occupata dai templi A ed O,
con una concentrazione di impianti legati a nuovi culti. Il tesoretto, contenuto in un’olpe acroma,
(Fig. 30) era costituito da 95 ess. di bronzo tutti della serie con testa femminile-protome di cavallo
(Fig. 31) riconducibili ad una produzione siciliana da non confondere con un’analoga produzione
sarda1 (Cutroni Tusa, 1968).

1 Il ripostiglio è segnato col numero IGCH 2212.

V. Tusa e A. Cutroni Tusa


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612

Fig. 28. Tetradrammi a leggende RSMLQRT

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Fig. 29. Tetradrammi a leggende RSMLQRT

V. Tusa e A. Cutroni Tusa


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Fig. 30. Olpe acroma contenente le monete del ripostigli IGCH 2212

614

Fig. 31. Parte delle monete del ripostigli IGCH 2212

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Selinunte dal 409 al 250 a.C.. Fonti archeologiche e numismatiche a confronto

Da ricordare anche i quattro esemplari della serie con testa femminile-cavallo e palma rac-
colti tra le falangi della mano sinistra di uno scheletro rinvenuto sull’Acropoli, sepolto in prossi-
mità delle costruzioni laterali di una strada (Cutroni Tusa, 1958-1959). Oltre i ripostigli già citati
ricordiamo i ripostigli IGCH 2178=Noe 946, IGCH 2213=Noe 948, IGCH 2214, IGCH 2247=Noe 947.
Nel primo, inizialmente costituito dal 300 esemplari d’argento, prevalevano i tetradrammi con
testa femminile-protome di cavallo e testa di Herakles-protome di cavallo, oltre ad esemplari a
leggenda RŠMLQRT; esso fu trovato durante la grande campagna di scavo effettuata tra il di-
cembre 1876 ed il marzo 1877 tra i resti di una casa nella quale fu recuperato anche il ripostiglio
IGCH 2247. Il tesoretto IGCH 2213, proveniente anch’esso da scavo, era formato da nove argenti
a leggenda AIBΥΩN; fu trovato durante gli scavi del 1873-74 eseguiti nell’area tra i templi C e D; il
ripostiglio IGCH 2214, anch’esso da scavo, era costituito da 30 bronzi sardi con testa femminile-tre
spighe di grano; infine ricordiamo il complesso IGCH 2247 rinvenuto verso la fine del 1876 nello
stesso luogo dove fu trovato il ripostiglio IGCH 2178; esso era caratterizzato da 507 litre d’argento
con testa di cavallo-palma e da una hemidractma punica con testa femminile-cavallo stante ed
era custodito in un cassettino di piombo collocato nel muro di una casa ad ovest dal tempio C, tra
questo e il tempio A. Il rinvenimento di questo gruppo di ripostigli, come attestato anche dalle
fonti archeologiche, indica una forte presenza punica nella parte più a sud dell’Acropoli, cioè quel-
la parte che in base alle ricerche finora eseguite, ad oggi risulta la più intensamente interessata ai
rimaneggiamenti posteriori al 409 a.C., laddove si concentrano la presenza di nuove aree sacre ed
i traffici commerciali collegati con le ristrutturazioni effettuate nell’area del tempio C. Purtroppo
all’epoca delle grandi campagne di scavo ottocentesche tutti questi particolari sono sfuggiti e
non è inverosimile, data la incertezza e la superficialità che si riscontra nelle relazioni riguardanti
i rinvenimenti, che parte dei materiali soprattutto numismatici sia stata confusa ed irrimediabil-
mente dispersa e perduta. Resta però un dato inconfutabile e cioè che il maggior numero dei 615
ripostigli punici di argento e bronzo, rinvenuti in Sicilia, è stato trovato proprio a Selinunte dove
peraltro si sono avute anche le maggiori attestazioni di emissioni provenienti dalla fascia costiera
mediterranea dell’Africa.
Ricollegandomi alle precedenti osservazioni riguardanti lo scardinamento e la trasformazio-
ne dell’economia monetaria di questa città greco-coloniale rifondata in chiave punica e protago-
nista della produzione di un numerario tipologicamente punico, si ha la sensazione che in questa
seconda fase essa abbia costituito il centro di un vasto territorio unificato politicamente ed eco-
nomicamente, caratterizzato da una diffusione capillare di emissioni di bronzo puniche che hanno
dato luogo ad una circolazione uniforme ed unitaria. Questa massa di bronzo di emissione locale
nei suoi vari raggruppamenti in serie, come ho fatto già notare, con una perfetta corrispondenza
cronologica, risulta ancorata alla produzione dei tetradrammi emessi nell’isola da Cartagine, te-
tradrammi completamente tesaurizzati dopo l’esaurimento, con Dionisio I di Siracusa, del nume-
rario greco-siceliota d’argento. Si ha l’impressione che proprio a Selinunte il mondo punico si sia
aperto alla grecità siceliota ed alle influenze di età ellenistca. Il numerario punico, filiazione diretta
di quello greco-siceliota per oltre un secolo e mezzo caratterizzerà la vera e propria circolazione
territoriale di questa parte occidentale della Sicilia, centro dell’epicratea punica fino alla conquista
romana. Ne nasce così un vasto territorio unitariamente monetizzato con emissioni che a Selinun-
te ed in altre aree della Sicilia Occidentale restano ancorate ad una “circolazione al vivo” mentre a
Lilibeo, dove non si conoscono sufficienti materiali provenienti dall’abitato, le monete sembrano
confluire in massa nei corredi tombali: qui, infatti, interi lembi di necropoli hanno restituito soltan-
to ed esclusivamente emissioni punico-siceliote di bronzo delle serie circolanti a Selinunte, con
oltre il 30% delle tombe che presentano uno o più esemplari risalenti al numerario punico.

V. Tusa e A. Cutroni Tusa


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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Arqueologia, sítios e materiais


617
NUEVAS INVESTIGACIONES EN ABDERA (ALMERÍA, ESPAÑA).
PRIMEROS RESULTADOS
*

José Luis López Castro1


Francisco Alcaraz Hernández
Ana Santos Payán1
1
Universidad de Almería, Grupo de Investigación HUM-741

Resumen

En la comunicación se presentan los resultados preliminares de un muestreo en estratos


fechados entre los siglos VIII a V a.C. obtenidos en una excavación efectuada en 2004, en los perfiles
estratigráficos de los cortes 3 y 4 de la excavación de 1986 en el yacimiento. Se presentan también los
resultados de dos dataciones de C14 procedentes de la fase más antigua del sitio.

Abstract

In the paper are presented the preliminary results of a sampling in strata dated from 8th to 5th
centuries BC, obtained in an excavation carried out in 2004 on archaeological sections of squares 3
and 4 of 1986 excavation in the site. The results of two C14 dates from the oldest phase of the site are
presented too.

* El presente trabajo es resultado del proyecto del MCYT BHA2000-1348, “Abdera. Investigación y
puesta en valor de una ciudad antigua del Sureste de la Península Ibérica”
Nuevas investigaciones en Abdera (Almería, España). Primeros resultados

Situado junto a la ciudad almeriense de Adra en la costa de Andalucía Oriental (fig. 1 a), en
la margen derecha del antiguo curso del río de Adra, el Cerro de Montecristo es una elevación
de 49,38 metros sobre el nivel de mar, con una extensión de unas 5 hectáreas que corresponde
al solar de la antigua Abdera mencionada por las fuentes clásicas (Tovar 1974: 83-84). Aunque se
tenía noticia de diversos hallazgos arqueológicos en los siglos XVIII y XIX (López Castro 2006),
la superficie del yacimiento fue objeto de un sistemático aterrazamiento para labores agrícolas
en los siglos XIX y sobre todo XX con la consiguiente destrucción de los restos arqueológicos
existentes.
No fue objeto de una excavación arqueológica hasta 1970 (Fernández-Miranda y Caballero
1975), conociéndose también materiales superficiales griegos y fenicios (Trías 1967-68: 448,
Schubart 1982: 87). En 1986 se efectuó una excavación de urgencia (Suárez y otros 1989, López
Castro y otros 1991), cuyos resultados pusieron de manifiesto la antigüedad y el carácter fenicio de
la fundación colonial. La intervención puntual de 2004 (López Castro, Alcaraz y Santos 2009) tenía
como objetivo completar la información arqueológica del yacimiento mediante una prospección
con radar de superficie, así como la obtención de un completo muestreo paleobotánico y
dataciones radiocarbónicas mediante el recorte de perfiles estratigráficos en dos cortes de la
excavación de urgencia de 1986, los número 4 y 3 (figura 1 b), que cubrían respectivamente la
secuencia fenicia en los siglos VIII y VI-IV a.C.. En esta contribución presentamos los resultados
preliminares más relevantes.

Nuevos datos sobre la fase colonial antigua en Abdera

Esta fase se documenta principalmente en el corte 4, que documentó parcialmente una 619
zona de habitación de época colonial y en buena parte a la zona exterior de un horno de adobes
ya registrado en 1986, situado en el interior de una terraza de habitación del siglo VIII a.C. Varias
unidades estratigráficas (figura 2 b) (UE 7, 6, 12 y 16 y 17) son deposiciones posteriores a la utilización
del horno, mientras que las número 18 a 22 son estratos de deposición primaria correspondientes
al uso y limpieza del mismo, posiblemente de carácter doméstico. Todos los estratos contenían
abundantes cenizas y carbones, pequeños fragmentos de adobes quemados, así como restos de
esteras de esparto. Las UE 18 a 24, más la 31 que sirve de base, son las más antiguas y presentan un
alto porcentaje de cerámicas a mano autóctonas como bordes y fondos planos de ollas y fuentes
de paredes verticales (fig. 3: a-c, ch) que refuerzan ese carácter doméstico o cotidiano del horno y
las actividades con él relacionadas. Entre la cerámica de mesa, tenemos tres cuencos de cerámica
gris de borde saliente (fig. 3: d-f), un amorfo de barniz negro griego (fig. 3: g) y varios fragmentos
amorfos de barniz rojo fenicio (fig. 3: h,i) que son los materiales más antiguos documentados.
Una datación radiocarbónica efectuada sobre semilla fecha el terminus post quem para el inicio
del uso del horno en 770+30 cal BC, como extremo del intervalo al 90,1% de probabilidad 1
En la segunda fase, posterior al uso del horno, se han registrado cerámicas a mano de
cocina (fig. 3: m, k) y cuidadas como vasos carenados con las superficies bruñidas (fig. 3: j,l), y
producciones a torno como ánforas T10 (fig. 3: n, ñ, o), urnas y pithoi con decoración a bandas en
rojo y negro (fig. 3: p, q, r, s). La vajilla de mesa está representada por un cuenco de cerámica gris
(fig. 5: t) y vasos y platos de barniz rojo (fig. 3: u, v). Una datación radiocarbónica sobre semilla
aporta una fecha de 700+25 cal BC, como extremo del intervalo al 71,20% de probabilidad, para
señalar el final del uso del horno.

1 Las dataciones absolutas (KIA-2141 y KIA 2142) han sido efectuadas por M. van Strydonck (Laboratorio
de C14 del IRPA, Bruselas).

José Luis López Castro, Francisco Alcaraz Hernández, Ana Santos Payán
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

620

Fig. 1. a) Plano de situación con indicación de la antigua línea de costa;


b) planta del Cerro de Montecristo con localización de los trabajos

Arqueologia, sítios e materiais


Nuevas investigaciones en Abdera (Almería, España). Primeros resultados

621

Fig. 2. a) Perfil de la limpieza estratigráfica del corte 3; b) Perfil de la limpieza estratigráfica del corte 4

José Luis López Castro, Francisco Alcaraz Hernández, Ana Santos Payán
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Figura 3

a b

c
ch

d
e f

i g h

l
k
j

622 m n

ñ o

p q r s

t u v

0 1 2 3 4 5

Fig. 3. Materiales arqueológicos del corte 4: materiales de las unidades estratigráficas correspondientes al uso
del horno (a-i). Materiales de las unidades estratigráficas posteriores al uso del horno (j-v )

Arqueologia, sítios e materiais


Nuevas investigaciones en Abdera (Almería, España). Primeros resultados

Aportaciones sobre la fase urbana en Abdera

Con esta denominación nos referimos a la fase comprendida entre los siglos VI y IV a.C. en
que Abdera se estructura como ciudad estado, dentro de un fenómeno de formación de ciudades
y reestructuración política que experimentaron los fenicios occidentales (López Castro 2003). En
la intervención puntual de 2004 se documentó en el corte 3 de la excavación de 1986, donde se
efectuó un recorte de un metro del perfil Norte (fig. 2 a).
La fase más antigua documentada está formada por las unidades estratigráficas 37 y 36
que contenían materiales cerámicos de finales del VII a.C. o muy comienzos del VI a.C. (fig. 4:
a-ch), además de restos de escorias de producción metalúrgica. La unidad 36 fue cortada para
la construcción de una terraza de habitación mediante el procedimiento de recortar la roca en
sentido N-S, para levantar sobre el recorte un muro, la unidad estratigráfica 33, al que se le añadió
un muro adosado en sentido E-W, la unidad 34.
Esta segunda fase está formada por la unidad estratigráfica 28, la más antigua, a la que se
superponen sucesivas utilizaciones a lo largo del siglo VI a.C. hasta tal vez el V a.C., marcadas por
pavimentos y hoyos de poste (unidades 22 a 27) hasta el derrumbe final constituido por la unidad
estratigráfica 17. Los materiales de esta fase son cerámicas de cocina a mano (fig. 4: e, f), asas
de ánfora de tipología fenicia (fig. 4: g, m) y fragmentos de cerámicas de almacenaje decoradas
a bandas rojas y negras (fig. 4: d). Entre la cerámica de mesa existe una alta representación de
piezas decoradas con bandas rojas y negras y círculos concéntricos (fig. 4: l, n) y cerámicas grises
(fig. 4: h, i) y un un fragmento amorfo de una pieza griega de barniz negro posiblemente ática
(fig. 4: ñ).
Una tercera fase más tardía se iniciaría sobre el derrumbe de la unidad 17, formada por las
unidades estratigráficas 16 a 6, cuya utilización podría datarse en el siglo IV a.C. con cerámicas 623
de cocina (fig. 4: o), decoradas con bandas rojas y negras (fig. 4: p, r) y cerámica ática de barniz
negro estampillado (fig. 4: q).
Finalmente, la unidad estratigráfica 5 contiene materiales de los siglos II y I a.C. y de época
altoimperial, formándose en consecuencia ya en época romana, conteniendo cerámicas de este
periodo (fig. 4: s, t, u) y un punzón de hueso (fig. 4: v). Las capas superiores corresponden a la
capa superficial antigua, formada en época tardorromana (unidad 3), anterior al aterrazamiento
moderno que queda registrado en las unidades 1 y 2, formadas por rellenos modernos que
contenían mezclados materiales arqueológicos de diferentes épocas.

Avance de los datos sobre la explotación de recursos

Los avances ofrecidos por los especialistas que se ocupan de los distintos análisis
arqueobotánicos y arqueozoológicos2 confirman la adopción de una estrategia subsistencial de los
colonos fenicios basada en el cultivo de cereal con presencia mayoritaria de hordeum y en escasa
proporción de triticum y la presencia de leguminosas. Se documenta también tempranamente
la presencia de la vitis vinifera en la fase más antigua. La ictiofauna apunta a una gran variedad

2 El análisis antracológico se debe a M.O. Rodríguez Ariza (Universidad de Jaén), el análisis carpológico
ha sido efectuado por G. Pérez Jordá (Universidad de Valencia). Un análisis palinológico efectuado por J. Carrión
(Universidad de Murcia) arrojó, sin embargo, resultados negativos por la ausencia de pólenes en las muestras
enviadas. De los estudios arqueozoológicos, el análisis de macrofauna está siendo efectuado por J.L. Cardoso
(Universidade Aberta de Lisboa), el análisis malacológico corre a cargo de S. Porras (Universidad de Valencia), y la
ictiofauna ha sido estudiada por R. Marlasca. Los análisis de pastas cerámicas y restos metalúrgicos mediante Di-
fracción de Rayos X están siendo efectuados por A. Romerosa (Universidad de Almería). Los estudios completos
serán incluidos en una monografía en curso de preparación.

José Luis López Castro, Francisco Alcaraz Hernández, Ana Santos Payán
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Figura 4

a b

d ch d

f
e

h i
g

624
j k

n ñ
l

p
o r
q

s t u v

0 1 2 3 4 5

Fig. 4. Materiales arqueológicos del corte 3: fase I: a-ch; fase II: d-ñ; fase III: o-r: fase IV: s-v

Arqueologia, sítios e materiais


Nuevas investigaciones en Abdera (Almería, España). Primeros resultados

de especies capturadas para el consumo, con predominio de las sparidae (pargos, brecas, etc.)
y cupleidae sobre todo sardinas, mientras que la malacofauna plantea por primera vez posibles
indicios de la producción de púrpura por la presencia de hexaples trunculus y murex brandaris.
La vegetación consumida en el asentamiento, según documentan los análisis antracológicos,
indica la presencia de pinos y fresnos, entre otras especies arbóreas, así como especies cultivadas
como el almendro y la vid.
Así mismo, los análisis de pastas por Difracción de Rayos X han permitido reconocer dos
producciones locales de pastas cerámicas que, con algunas variantes, pervivieron a lo largo de la
vida de la ciudad fenicia, lo que permitirá reconocer las exportaciones abderitanas en otras áreas
del Mediterráneo.

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José Luis López Castro, Francisco Alcaraz Hernández, Ana Santos Payán
Fenicios y Púnicos en la Bahía de Mazarrón, desde la
perspectiva ocupacional del promontorio costero
de Punta de Los Gavilanes
*

María Milagrosa Ros Sala


Universidad de Murcia

Resumen

El objetivo de esta comunicación es presentar las novedades que sobre la presencia de Fenicios
y Púnicos viene aportando el registro arqueológico del yacimiento de la Punta de Los Gavilanes (Bahía
de Mazarrón, Murcia), además de proponer un modelo explicativo de las actividades económico-
productivas asociadas a sus ocupaciones protohistóricas y su inserción en el paisaje histórico del
territorio de dicha Bahía. El punto de partida son los datos del registro estratigráfico en conjunción
con los aportados por la visión macroespacial de la zona.

Abstract

Developments are available about the presence of Phoenician and Punic is providing the
archaeological record of Punta de Los Gavilanes site (Bahía de Mazarrón, Murcia, Spain), and
propose a model explaining the economic and productive activities associated with their occupations
protohistoric and its insertion into the historical landscape of the territory. The starting point is the
data of these stratigraphic record in conjunction with those provided by the macro-view of the area.

* Este trabajo se enmarca en el Proyecto 01749/ARQ/05 auspiciado por la Fundación Séneca, dentro
del Plan de Ciencia y Tecnología 2003-2006 de la CARM
Fenicios y púnicos en la Bahía de Mazarrón, desde la perspectiva ocupacional del promontorio costero de Punta de Los Gavilanes

La Bahía de Mazarrón como espacio histórico-arqueológico del Sureste Protohistórico

Las tres áreas convergentes en el ámbito físico, económico y cultural de la Bahía de


Mazarrón -la comarca serrana del litoral meridional, el Valle interior y la llanura litoral aluvional
de Las Moreras- muestran, ya avanzado el Bronce Final, indicios puntuales de la existencia de
una población indígena asentada preferentemente en las terrazas de las principales ramblas que
conectan el interior de las Sierras y el Valle con el mar -Parazuelos, Los Ceperos, Cabezo del Asno-,
en elevaciones sobre el llano de inundación de las desembocaduras de algunas de ellas – Caraleño,
Percheles- o en promontorios e islotes situados en la misma línea de costa - Punta de Gavilanes
e Isla de Adentro-, y ya en el Valle interior de Mazarrón en alturas como el Cerro de Las Víboras,
La Fuente Amarga o El Canal. Se trata, pues, de un amplio territorio vertebrado en torno a una
compleja red hídrica que conectó fundamentalmente las tierras interiores con el mar, a la par que
funcionó como viario intraterritorial que coadyuvó a matizar disimilitudes de raíz productiva que
llevadas sensu estricto a ámbitos económicos, sociales e ideológicos parecerían como propias
de esferas culturales diferenciadas y, en cierta forma, alejadas; pero la bibliografía arqueológica
actual sobre el poblamiento prehistórico de la zona, apunta a que no fue así merced, en parte, al
entramado de relaciones que desde dicho viario se entretejió, así como a la particularidad de que
los acontecimientos que vive el Mediterráneo Occidental a partir del final del II y los inicios del I
milenio a.C. propician la intensificación en la explotación de algunos de los recursos que ofrecía la
amplia diversificación de su biogeografía. Tal es el caso del beneficio de minerales existentes en
la zona y la idoneidad de la misma para otras explotaciones que en esos momentos configuraban
la base de una política económica en la que el comercio sobre bienes de consumo y de prestigio
adquirieron una valoración sin precedentes, dentro de los patrones en los que se había venido
basando la esfera de intercambios de corte premercantilista que caracteriza a las comunidades 627
prehistóricas avanzadas del Sureste Peninsular ( Ros Sala, 2003, 219; íd. Ros Sala, 2005a, 43). Sobre
esta nueva esfera socioeconómica y aunque ya formaba parte del paisaje económico y social de las
comunidades prehistóricas (Ros Sala, 2005b), el papel que el medio marino jugó en los territorios
vertebrados en torno a la Bahía de Mazarrón tomó relevancia en tiempos protohistóricos, tanto
en lo que al incremento e incentivación de su explotación como fuente de recursos comportaba,
como en lo que supuso para la ampliación de la red de relaciones intra e interterritoriales, siendo
esta última circunstancia decisiva en la particular configuración del poblamiento entre los ss.
VII y III a.C., asociado a dos etapas, si no consecutivas si cercanas en el tiempo, con desarrollos
socioeconómicos próximos aunque relacionadas con esferas político-ideológicas diferentes. Y
es en este entorno marítimo donde se inserta el asentamiento de La Punta de Los Gavilanes,
próximo al Puerto de Mazarrón y a algo mas de 5 km. del polígono minero de Mazarrón, desde
cuya información histórico-arqueológica recuperada hasta el momento partimos para intentar
aproximar una perspectiva ocupacional del territorio asociado a esta Bahía en dichas etapas,
teniendo en cuenta que la realidad transmitida por su dinámica estratigráfica puede constituirse,
a día de hoy y a falta de mas datos contextualizados tanto en la costa como en el litoral y el
interior, en espejo de lo que pudo ser la dinámica cultural de todo el territorio.

La definición del entorno inmediato al promontorio de Gavilanes:


una aproximación a la diversidad biogeográfica y el potencial productivo del mismo

La Punta de Los Gavilanes se sitúa (Fig.1) en la línea de costa formada sobre una débil
restinga de separación con respecto al Mediterráneo, que une diversos eslabones calizos -entre
ellos el de Los Gavilanes- y cierra un área interior configurada como bajo sector inundable que se

María Milagros Ros Sala


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

extiende entre el Cabezo del Puerto y las inmediaciones de la desembocadura de la Rambla de Las
Moreras en su margen izquierda; en ella se abrían hasta hace poco diversos canales o golas que
ponían en comunicación un área lagunar interior explotada como salinas, al menos desde el s. XV y
hasta 1961, y que arqueológicamente se retrotrae al cambio de era cuando las factorías de salazón
cobran un importante auge en la zona que continúa hasta el s. IV d.C. Dicho cauce es el eje de
comunicación entre la costa y el interior, donde se localizan los importantes recursos mineros del
coto de Mazarrón y las tierras potencialmente cultivables del Valle y, mas al interior, la comarca
prelitoral del Guadalentín; como caracteriza a las ramblas de tipo mediterráneo, sobresale su
feroz dinámica erosiva con arrastre de materiales de variado calibre que a lo largo del tiempo
han ido condicionando sus distintas líneas de desagüe, dentro de una morfogénesis en continua
evolución. Los estudios geomorfológicos realizados sobre ella (Dabrio y Polo, 1981, p.225), indican
que los cambios que llevaron a la configuración actual de su desembocadura afectaron también
a la paleolínea de costa, de manera que la restitución paleotopográfica que proponen para el
entorno del Puerto de Mazarrón gravita en torno a los efectos que la transgresión Flandriense
tiene en las costas mediterráneas a partir de su máximo transgresivo, en torno al 6.200BP;
para entonces el paleopaisaje de la zona recrea una línea de costa mas interior que la actual,
bordeando las estribaciones de las Lomas de Sánchez, Las Herrerías y el Cabezo Blanco, a la vez
que emergerían, frente a dicha costa, una serie de islotes que, tras la bajada del nivel marino
asociada a la regresión postflandriense, han ido constituyéndose en los promontorios costeros
actuales. Los aportes sedimentarios de la rambla provocaron la formación de una zona lagunar
interior poco profunda, de carácter marino y aportaciones continentales, cuya línea de costa
integró progresivamente esos islotes rocosos; posteriormente, la dinámica marina transversal
dominante redistribuyó los materiales arrastrados por la rambla a la desembocadura, formando
628 las actuales playas delimitadas por las puntas mencionadas y aledañas a las golas que permitirían
la renovación del medio y la navegación por la laguna de barcos de poco calado.
En este ambiente, la Punta de Los Gavilanes se significa como un anclaje temporal sobre la
configuración definitiva de la costa y, con ello, el decidido y primer aprovechamiento de los recursos
marinos –el C. del Plomo quedaba, en las fechas propuestas para su desarrollo, algo alejada de
la línea de costa -, a la vez que un posible apoyo a la navegación local necesaria en un ambiente
todavía estuarino. Con el tiempo, la evolución de las márgenes de la laguna y de los caños que
lo conectaban con mar abierto marcarían la dinámica del uso antrópico de la laguna, de manera
que en una aproximación al paisaje ya del I milenio a.C., la ocupación de la Loma de Sánchez y de
otras mas orientales ubicadas en la orilla norte de la misma, se debió producir cuando se delimita
con mayor precisión el lagoon interior configurado en el área deprimida y al que desaguaba
intermitentemente la rambla de Las Moreras mediante un paleocauce diferenciado a la altura de
la actual Charca. De acuerdo con estos datos, la restitución de la paleotopografía del entorno de
la Punta de Gavilanes una vez habitada, permite aproximar un marco físico marcado por un medio
de albufera residual que configuraría en el área mas subsumida una laguna estrechamente ligada
a una mas extensa desembocadura que la actual, lo que, en principio, facilitaría la comunicación
entre los asentamientos de la costa, el litoral y el coto minero interior de Mazarrón (Fig.1).
Esta recreación del paisaje inmediato a Gavilanes, se corrobora en el patrón vegetativo
que dibujan sus restos bióticos en las distintas ocupaciones, indicando, para los dos primeros
horizontes de ocupación, una mayor presencia de bosque con especies arbóreas mediterráneas
y fauna asociada, en connivencia con espacios inundados y áreas secas aluvionales que pudieron
ser utilizadas como espacio agrario en el que se cultivaron cereales como los trigos y cebadas
aparecidos junto a malas hierbas asociadas a campos de cultivo, si bien la mayor parte debieron
ser obtenidos mediante intercambio con otros poblados del Valle interior de Mazarrón, en los que
este tipo de producción parece que fue mas significativa que en Los Gavilanes de la Edad del Bronce.

Arqueologia, sítios e materiais


Fenicios y púnicos en la Bahía de Mazarrón, desde la perspectiva ocupacional del promontorio costero de Punta de Los Gavilanes

Fig. 1. Situación de la Punta de Los Gavilanes en relación a la laguna residual convertida en salinas, las Lomas de
Sánchez y Herrerías, el área de Los Ceniceros y las minas de Mazarrón. Ortofoto vuelo 1956

Y es que, por el momento todo indica que el asentamiento estaba abocado al aprovechamiento
de los recursos de mar abierto, pero también tuvo a su alcance la posibilidad de explotar una
mayor variabilidad de recursos asociados tanto a los de la propia laguna como a los de un entorno
de saladares en el que la explotación pecuaria parece tener un papel importante, sobre todo en el 629
caso de la ganaderia de ovicaprinos y, en menor medida, suidos y bóvidos, que encontrarían una
excelente base alimentaria en la vegetación de las áreas salobres; precisamente la explotación de
la sal debió ser un importante incentivo de las factorías de salazón altoimperiales que se ubican
en distintos enclaves de la barra litoral que ceñía el gran humedal, de la misma forma que ocurriría
a partir del s. XV según la constancia documental existente al respecto; además, la presencia
en Gavilanes II de tipos anfóricos de los ss. V-III a.C., considerados como envases de salazón,
podría ser indicio de la explotación de este producto en la zona aunque también pueden ser solo
residuos foráneos de una vía comercial con otras zonas salineras coetáneas próximas.

Síntesis de la dinámica estratigráfica constatada hasta el momento en el asentamiento

El promontorio de Gavilanes se ocupa por primera vez, con los condicionantes


medioambientales vistos, en los inicios del II milenio a.C. en fechas calibradas, por gentes
culturalmente adscribibles al Bronce Argárico del Sureste. Pese a la dificultad que ofrece la
dinámica deposicional de un yacimiento de estas características –de muy reducida superficie con
reocupaciones prácticamente continuas a lo largo de dos milenios reflejadas en remodelaciones
espaciales y refacción de estructuras- sabemos que este Horizonte Prehistórico/Gavilanes
IV conllevó diferentes reactivaciones del asentamiento asociadas a distintos momentos del
II milenio a.C.,con una ocupación final ligada culturalmente a un Bronce Tardío o Final y muy
arrasada por deposiciones posteriores, cuyos materiales aparecen desplazados entre el talud
pétreo que configura la terraza superior conforme se van sucediendo las reocupaciones de la
zona alta del islote. Los niveles posteriores, periodizados como Gavilanes III y II, pertenecen al
Horizonte Protohistórico relacionándose el primero con la presencia de fenicios en las costas del

María Milagros Ros Sala


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Sureste en los ss. VII-VI a.C., mientras que la segunda, ubicada cronológicamente en el ámbito
prebárquida de los ss. IV-III a.C., parece ligada a la presencia comercial y poblacional púnica en el
ámbito económico y político prebárquida y bárquida del mediodía peninsular.

Datos actuales acerca de la presencia fenicia en el promontorio de Gavilanes:


el Horizonte Protohistórico de Gavilanes III en la Bahía de Mazarrón

Los datos del final de la Edad del Bronce y los inicios del Hierro son, a día de hoy, muy
escasos y referidos a algunos restos constructivos y materiales conservados en la terraza superior
del asentamiento, donde la remodelación que imponen las edificaciones industriales del s. IV-
III a.C. tienen una importante incidencia sobre las construcciones inmediatas previas que, a su
vez, destruyen otras mas antiguas pertenecientes a la ocupación del promontorio en esa etapa
avanzada del Bronce, sin que por el momento podamos precisar mucho mas sobre la misma
ante la parquedad de los datos y la desubicación estratigráfica de los materiales respecto de
su deposición originaria. No obstante y en relación a los indicios de esta última, contamos en
dicha terraza con elementos de la trama constructiva que mimetizan otros anteriores, junto con
materiales adscribibles a un modelo normativo avanzado dentro de la Edad del Bronce del Sureste
aparecidos entre las piedras del talud que sirve de plataforma a la terraza superior tal y como está
configurada en tiempos protohistóricos, indicando así que dichas estructuras fueron en parte
desmanteladas y arrasadas para el levantamiento de edificaciones en momentos posteriores
que supusieron la ampliación de la terraza hacia el norte del asentamiento. Esta coincidencia
estructural respecto de las edificaciones anteriores inmediatas, de los restos constructivos
630 de una fase posterior protohistórica y de filiación cultural fenicia – tramos de zócalos pétreos
conservados, agujeros de poste y zapatas en piedra y arcilla, basureros - apuntan a la continuidad
del patrón edilicio en lo que a similitud de plantas y tamaños respecta; solo ciertas variaciones en
la organización espacial del hábitat y la mayor presencia del adobe como material constructivo
básico, diferencia el nuevo momento constructivo. Dicho patrón aproxima viviendas de planta
rectangular, levantadas mediante la refacción de zócalos anteriores ahora continuados con
adobe a los que se asocia la reubicación de los elementos de sustentación de las techumbres,
especialmente en el caso de los postes del eje central, en una readaptación a la consecuente
ampliación de la superficie de la terraza.
Antes de la realización de la última campaña de trabajos sabíamos que el arrasamiento
de la zona mas alta de la terraza superior solo había preservado la huella de alguna de las
estructuras negativas de estas edificaciones, conservadas sobre la amortización de las estructuras
últimas del Horizonte Prehistórico y materializadas en una zapata de un muro posteriormente
desaparecido, restos de una fosa-vertedero y los de una construcción cuadrangular preservada
en el área suroeste y que también reutiliza en parte estructuras previas. El contexto material
de estas unidades está en consonancia crono-cultural con otros aparecidos sobre los niveles de
amortización de la ruina de un edificio industrial levantado en la terraza media y que, junto a
otras dependencias posteriores en la terraza superior, configura la Fase de Gavilanes II a la que
mas adelante aludiremos, reflejando un momento de habitabilidad del promontorio dentro del
s. VII a.C. cuyos restos arrasados se vierten a la terraza media que eleva e iguala así su altura
respecto de la superior. Estos contextos apuntaban a una funcionalidad sobre todo comercial
del asentamiento en ese momento, apoyada en la continuidad que para el s. VI a.C. se entreveía
en algunos materiales griegos aparecidos, junto con otros de barniz rojo y pintados o ánforas
originarias fundamentalmente del Círculo del Estrecho, en la amortización del edificio industrial/
Gavilanes II de los ss. IV-III a.C. Destacan entre ellos una botella del tipo “oil bottle” que aunque

Arqueologia, sítios e materiais


Fenicios y púnicos en la Bahía de Mazarrón, desde la perspectiva ocupacional del promontorio costero de Punta de Los Gavilanes

de origen fenicio oriental y chipriota, donde están presentes en contextos del VIII-VII a.C., parecen
generalizarse en el Mediterráneo Central y Occidental a lo largo del s. VII a.C. citando a modo solo
de ejemplos significativos los dos ejemplares hallados en Cartago, en la excavación Hamburgo
bajo el Decumanus Maximus, en contexto cerrado fechado ca. 675 a.C. perteneciente al estrato
IIIB-Casa C/D Fase III (Niemeyer y Dochter, 1998, p. 56,75,fig. 18) o en Ibn Chaabat (Vegas, 1998,
p.145, fig.5), o los ejemplares mas cercanos de Fonteta III fechada en el intervalo central del s.
VII a.C.(González Prats, 1998, p.203, fig.7) o de Sa Caleta (Ibiza) con cronología similar (Ramón
Torres, 1999,p.165, fig. 6), además de varios ejemplares de ánforas T.10.1.1.1 y T.10.1.2.1, cuencos
de barniz rojo, fragmentos de lucernas y de jarros de tipo Cruz del Negro.
En este contexto de los ss. VII-VI a.C., resulta ilustrativo a nivel territorial la localización de
hallazgos de filiación fenicia en el entorno litoral de la Bahía de Mazarrón (Fig. 2), cuya ubicación
eminentemente costera coincide curiosamente con puntos que en fases posteriores se relacionan
con la explotación de minerales argentíferos procedentes del área mas occidental del polígono
minero de Mazarrón. Las últimas prospecciones (Correa, 1997, p.715) avanzan la presencia de
materiales del VII- VI a. C., la mayor parte de ellos de filiación fenicia occidental de posibles talleres
malacitanos y gaditanos, localizados entre Playa de La Isla/isla de Adentro y Puntas de Calnegre,
apuntando a una amplia red de establecimientos o puntos de atraque que en algunos casos -
Caraleño, Alto de Cañadas de Gallego, La Grúa o Cueva Lobos- podrían estar relacionados con
la consecución de plata/plomo procedente de las explotaciones mineras existentes en el sector
mas occidental del Valle de Mazarrón, concretamente de Coto Fortuna y Pedreras Viejas, aunque
también es cierto que estos establecimientos, dedicados a la explotación de otros recursos,
simplemente pudieron anteceder a los metalúrgicos posteriores. Pero lo que si parece una realidad
indiscutible es el papel creciente que el dominio marino va tomando en el paisaje económico y
social de las comunidades de esta Bahía, configurándose como una importante herramienta en 631
la transferencia económica y social de la explotación de los minerales argentíferos en el Sureste
-en un momento en el que sabemos que precisamente se está incentivando la explotación de
estos en el Suroeste y, como veremos, también en el Sureste-, destinada a la obtención de plata
y probablemente también al beneficio del plomo excedentario, de manera que a fines del s.VII
o inicios del VI a.C. podemos estar ante la introducción de la metalurgia del plomo en el paisaje
productivo del Sureste asociado a la metalurgia de la plata; y es que detrás de la utilización del
plomo metálico como elemento necesario de la explotación de la plata a mayor escala, sin lugar
a dudas está el inicio de una explotación y beneficio específico del plomo en ambientes indígenas
del litoral Mediterráneo peninsular, por lo que cabe plantear que quizás estemos ante el momento
en el que la metalurgia de la plata y el plomo residual beneficiado inician una comercialización
diferencial que implica, a su vez, la introducción de un nuevo factor en la trama productiva
minerometalúrgica que pudo modificar el patrón o los patrones de la cadena operativa asociada
al tratamiento de las galenas argentíferas entonces en explotación.
En este sentido es significativo el cargamento del barco fenicio Mazarrón-2, hallado en la
cercana playa de La Isla (Figs 1 y 2) y fechado a fines del s.VII o inicios del s. VI a.C.; de cronología
también próxima a la primera presencia de plata en La Fonteta, estaba formado por mas de 400
panes de plomo metálico o litargirio (Negueruela et alii, 2000, 1677) cuyo origen, a falta de datos
isotópicos conocidos, podría ser el área minera próxima de Mazarrón cuyas menas argentíferas,
ricas en plomo, producían plata y plomo metálico en la factoría metalúrgica próxima de Punta
de Los Gavilanes; en efecto, antes del inicio de la última campaña de excavaciones en este
enclave, creíamos que dicha actividad sólo se hacía dos siglos después, pero los resultados de
la misma permiten adelantar que, no solo durante la fecha atribuida al pecio sino ya antes, se
está copelando plata en este asentamiento. No obstante es esta una información, presentada
como primicia, que necesita un análisis mas detenido de los distintos contextos detectados

María Milagros Ros Sala


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632

Fig. 2. Localización de establecimientos con material fenicio y púnico en la costa de la Bahía de Mazarrón,
según Correa

recientemente, en los que aparecen restos de hornos y copelas; pero de corroborarse, ampliará
la visión funcional productiva del Sureste Ibérico en el s. VII a.C. y el alcance de la interacción
económica, social y política en la zona. Y es que la posibilidad acabada de apuntar y que para los
ss. IV-III a.C. se vislumbra de forma mas clara en la definición propuesta para el paisaje productivo
del área de la paleodesembocadura de la rambla de Las Moreras, según la interpretación que
hacemos de la “fundición” de plata instalada sobre la Punta de Los Gavilanes en la fase II (Ros
Sala et alii, 2003, 315; Ros Sala, 2005b, p. 53-55), se complementa con datos como la presencia
de litargirio con un importante porcentaje de plata en el poblado ibérico de El Oral (Guardamar,
Alicante) en contexto del s. VI a.C. y, ya algo después, en La Escuera (Abad Casal y Sala Sellés,
1993, p.200). Además, el plomo resultante como subproducto de la copelación comenzará a
tener también aplicaciones funcionales al menos desde fines del s. VI e inicios del V a.C., estando
presente en la cultura material doméstica y artesanal de poblados de ese período; es el caso de
los pequeños objetos de plomo encontrados en viviendas de El Oral (Abad Casal y Sala Sellés,
1993, 201), o los plomos del s. IV a.C. hallados en Coimbra del Barranco Ancho, El Cigarralejo,
Campello y Alcoi (Muñoz Amilibia, 1990, p. 89), de gran valor socioeconómico al estar inscritos en

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Fenicios y púnicos en la Bahía de Mazarrón, desde la perspectiva ocupacional del promontorio costero de Punta de Los Gavilanes

caracteres griegos orientales y que son una muestra de la plena inserción de estos poblados en
los circuitos de comercialización griegos de la Iberia mediterránea a la vez que un indicio mas del
uso de este metal en la vida cotidiana de las comunidades ibéricas del SE. Ibérico, en razón tanto
de sus propiedades como metal blando y dúctil, como de las posibilidades de aprovechamiento
del plomo metálico excedente de la obtención de plata mediante copelación, posibilidad ya
sugerida por Rovira (2000, p.217) refiriéndose expresamente a la posibilidad de su circulación
hacia el núcleo productor de plata del Suroeste para su aprovechamiento.
Ciertamente, los datos que el registro arqueológico de la zona ofrece a este respecto son
todavía escasos y en algunos casos necesitados de confirmación contextualizada, que aproxime
posibles funcionalidades diversificadas que podría venir de la obtención de registros arqueológicos
en los puntos documentados -Caraleño, La Grua, Covaticas o Alto de Percheles-, pero ya es
significativo que los indicios sobre las formas de gestión del territorio reproduzcan en tiempo
pasado formas sociales abiertas e integradoras entre los distintos territorios, basadas, como en
fases prehistóricas, en una intervención equilibrada y ampliamente diversificada del medio en la
que la actividad minera, si bien no parece representar un determinismo económico que generara
formas de dependencia política entre unos y otros asentamientos, si es cierto que comienza a
vertebrar el territorio bajo parámetros diferenciales en los que las labores mineras extractivas
y transformativas cobran un papel cada vez mas notorio; papel que pudo suponer ya una
interacción mas incidente de estas comunidades con su entorno, sustentada no solo en las labores
propiamente mineras, sino también en la necesaria intensificación de la gestión agroganadera en
unos territorios que iban soportando una presión demográfica cada vez mayor. Si se continúa
corroborando la presencia de fenicios occidentales en la Bahía entre inicios del s. VII y el s. VI a.C
y su conexión con la explotación de la plata entre otros factores económicos, sin duda estaríamos
ante una intervención fenicios occidentales-indígenas que debió generar modificaciones en las 633
estructuras sociales y económicas de estos últimos, pues para que esa continuidad se diera serían
necesarias garantías sobre el abastecimiento de los recursos demandados lo que redundaría en
el reforzamiento de los mecanismos de producción y, en sentido jerárquico, de las estructuras
de poder garantes del mismo. En cualquier caso, el papel de las comunidades indígenas en esta
faceta económica y en el campo de la interacción con Fenicios Occidentales y posteriormente
púnicos, es hoy por hoy desconocido ante la ausencia de un registro fiable sobre establecimientos
estables en la línea litoral interior de Mazarrón, como en cambio poco a poco vamos conociendo
respecto del área afecta a Villaricos.
Sabemos que la metalurgia de la plata obtenida por copelación desde minerales procedentes
de menas plomíferas comienza a evidenciarse en el mediodía occidental peninsular hacia mediados
del VIII a.C. según los datos de Doña Blanca, aunque su generalización corresponde al s. VII a.C.(Ruiz
Mata, 1993, p.182). En el SE. tenemos constancia del trabajo de la plata desde inicios del s.VI a.C.
en la colonia fenicia de La Fonteta (González Prats, 1998, p. 203; íd. 1999, p.28); en el entorno de
Herrerías las excavaciones en Cerro Virtud y Cabecico de Parra indican la presencia de labores
transformativas muy tempranas que, extrapolando las observaciones de Siret en torno al hallazgo
de materiales griegos en los escoriales antiguos de Herrerías y las escorias que encuentra durante
sus excavaciones en distintas casas de la cercana Baria, perduran en los ss. V-IV a.C. (López Castro,
1994, p.81). Todo ello incide en la consideración del SE de Iberia como foco productor de plata
en época Protohistórica y Prebárquida, donde surge la pregunta de si ya entonces determinados
cotos ricos en minerales de plomo, uno de los cuales bien pudo ser el de Mazarrón, suministraban
litargirio a otros centros productores de plata cuyas mineralizaciones fueran menos ricas en
plomo, como ocurre con las almerienses, o con las onubenses y por tanto su comercialización
hacia otros centros solo transformativos o bien productores/fundidores relativamente próximos,
resultara rentable y factible al efectuar su traslado y distribución por vía marítima dada la dificultad

María Milagros Ros Sala


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que conllevaría el trasiego de cargamentos de tal envergadura (Ros Sala, 2005b, p. 50). En este
sentido, si los panes que configuran el cargamento del barco de Mazarrón son litargirios, como
parecen confirmar los análisis realizados con un 90% de plomo (Negueruela et alii, 2000, p. 1672),
no parece congruente hacerlos llegar de otro coto para ser utilizados en Mazarrón ya que en éste
la riqueza en plomo de sus mineralizaciones no precisarían de la adición de plomo foráneo para sus
copelaciones, dado que ya se tenía en abundancia por la composición de sus menas, circunstancia
que en cambio sí parece que se requería con las mineralizaciones argentíferas de otros cotos
mediterráneos y atlánticos; además, en aras de esta mayor rentabilidad en la explotación de
recursos propios y ajenos, cabe asimismo preguntarse si estos plomos no surtirían otros puntos
próximos del propio SE donde se sabe del uso de la copelación como técnica de tratamiento de
la plata como es el caso de La Fonteta (Ros Sala, 2005b, p.50). Es mas, en este mismo contexto
de comercialización de metal no acabado de transformar y subproductos metalúrgicos por vía
marítima en el Sureste cobran sentido los lingotes de plomo hallados en el pecio del Bajo de la
Campana, en Cabo de Palos (Guerrero Ayuso y Roldan Bernal, 1992, p.134), que parecen pertenecer
al cargamento mas antiguo del pecio coincidente cronológica y culturalmente con las fechas y
agentes que estamos manejando, o los mas tardíos aunque también problemáticos del cercano
pecio de Cala Reona (Domergue, 1990, p.167). En este sentido encuentra explicación el hallazgo
de 1.000 kg de plomo metálico almacenado en una habitación del barrio fenicio del Castillo de
Doña Blanca, próximo al círculo minero onubense de jarositas argentíferas menos ricas en plomo,
que en opinión de Ruíz Mata se emplearía en la copelación de plata o para ser comercializado
en los poblados metalúrgicos del entorno (Ruíz Mata, 1993, 182); los análisis de componentes
isotópicos realizados sobre estos litargirios gaditanos parecen ser consistentes con los de las
mineralizaciones de Río Tinto y Aznalcóllar, pero no parece ocurrir igual con las composiciones
634 de escorias de otros lugares del mismo círculo del suroeste que parecen indicar la presencia de
plomo foráneo (Hunt Ortiz, 1998, p. 272-275).
No obstante, para poder hacer propuestas mas firmes al respecto, habrá que esperar a
conocer los componentes isotópicos de los plomos del barco Mazarrón-2 y de otros plomos y
escorias aparecidos en el Sureste, de manera que podamos inducir uso en destino y origen como
materia prima en proceso de transformación (Ros Sala, 2005b, p. 51) . Este dato permitirá sin
lugar a dudas valorar el alcance real que el medio marino y la minería extractiva y transformativa
tuvieron en la caracterización del paisaje protohistórico de la Bahía de Mazarrón, porque la
percepción que nos traslada el registro arqueológico y el entorno de Gavilanes-III es el de los
prolegómenos y quizás la reproducción del patrón operativo que posteriormente aparece
asociado al asentamiento de metalúrgicos fundidores de Gavilanes II en los ss. IV-III a.C.; para
entonces el determinismo minero metalúrgico es ya claramente perceptible al menos en el
territorio vertebrado en torno a la paleodesembocadura de Las Moreras-Valle de Mazarrón, si bien
se confirma el aprovechamiento de los recursos marinos y lagunares, la sierra y la habilitación de
nuevos espacios agrarios. En este sentido, el hallazgo último en niveles de Gavilanes III de restos
de copelas y escorias, acumulaciones malacológicas, objetos de comercio secundario y suntuario,
entre otros restos transmisores del entramado productivo de la zona, ampliara sin duda la
percepción que ahora tenemos de esta fase en la zona. Sabemos no obstante, por los contextos
originados en el arrasamiento de los restos de la Fase III, que esta debió tener un último horizonte
entre la 2ª mitad del s. VI y buena parte del s. V a.C. donde son característicos individuos anfóricos
originarios del Círculo del Estrecho, como las T.10.2.2.1 junto con distintos tipos del grupo T.11.2
sobre todo las T.11.2.1.3 y algunas T.11.1.1.

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Fenicios y púnicos en la Bahía de Mazarrón, desde la perspectiva ocupacional del promontorio costero de Punta de Los Gavilanes

La presencia de púnicos en la Bahía de Mazarrón:


el Horizonte Prebárquida-Bárquida de Gavilanes II

La restitución estratigráfica estructural de la edificación industrial de Gavilanes II ha depa-


rado tres fases constructivas que responden a remodelaciones continuadas de la misma (Ros Sala
et alii, 2003, p. 315). Los restos del primer horizonte de ocupación son los que arrasa, a mediados
o ya en la segunda mitad del s. IV a.C., la construcción de un edificio que, aprovechando parte
de las estructuras inmediatamente anteriores también relacionadas con la obtención de plata,
albergaría nuevas instalaciones metalúrgicas destinadas a beneficiar este metal desde panes de
óxido metálico que llegan al lugar ya procesados tras una primera fundición que, según los restos
hasta ahora conocidos, no se efectuaba en el promontorio; el edificio perdura en sus elementos
maestros aunque con distintas reestructuraciones hasta el último cuarto del s. III a.C. en que
los acontecimientos relacionados con la toma de Kart-Hadast debieron precipitar el abandono
temporal de este tipo de enclaves metalúrgicos en la costa mazarronera y la adopción de nue-
vas medidas administrativas respecto de la explotación del ager de Cartago-Nova, circunstancia
esta que se refleja en una nueva y última ocupación del promontorio, en el s. I a.C., de la que se
han conservado algunos restos muy deteriorados al quedar prácticamente en superficie. El pa-
norama constructivo conocido está regido por el funcionamiento simultáneo de cuatro hornos,
desde al menos la primera mitad del s. IV a.C. en función de los fragmentos de ánforas siciliotas
tipo T.4.2.2.6. de Ramón y su relación con los fragmentos áticos hallados sobre el pavimento de
la dependencia que alberga el horno 4; hacia fines de este siglo o inicios del s.III a.C. sufre una
importante remodelación, configurándose un nuevo y último horizonte de uso de la factoría que
implica la amortización del horno 4 es decir, el de construcción mas antigua respecto del conjunto
de hornos hallados, junto con dos dependencias anexas concebidas dentro de una urbanística
diferente y que configuran la única parte conservada del horizonte inicial tras la remodelación en 635
la segunda mitad del s. IV del grueso de la fundición. Las tres dependencias son amortizadas por
la construcción sobre ellas de una nueva gran estancia, sobreelevada sobre el resto de las tres uni-
dades preexistentes de la factoría, a la vez que se repavimentan las dependencias mas orientales
del edificio y se construye en la parte mas alta y meridional del promontorio otro horno que pro-
bablemente sustituye al amortizado en su función de horno refundidor de las placas de litargirio
flotantes retiradas de cada uno de los hornos de copelación durante el proceso separador.
Las readaptaciones arquitectónicas que esta ampliación supone establecen una clara
relación estratigráfica de continuidad entre los tres períodos de funcionamiento de la factoría,
circunstancia importante en la valoración cronológica y socioeconómica de esta actividad
productiva dentro, no solo del ámbito local y mas general del SE y del mediodía de la Península
en época prebárquida, sino también en la situación de dicha actividad y su derivación comercial
en la esfera global del Mediterráneo Occidental y de ésta con el Egeo, en un momento, el de fines
del s. V e inicios del IV a.C., en que tras un período de estrechamiento de las relaciones del sur de
Iberia con Atenas sobre la base de la comercialización de la plata y la salazón de aquélla, se vive
una retracción de la producción de la primera en los centros mineros de Huelva que pudo suponer
el definitivo relanzamiento de los del Sureste entre los que las fundiciones de Mazarrón debieron
jugar un papel decisivo (Ros Sala, 1995b, 55). El final de la fundición, por abandono, se produce a
fines del s.III a.C, atestiguándose un contexto material caracterizado por campanas A antiguas del
III a.C. junto con ánforas originarias de centros feniciopúnicos del mediodía peninsular, presentes
también en el horno III de Kouass como las T.4.2.2.5 (momento álgido 225-175 a.C), junto con
las T.12.1.1.1 con origen en la misma área y cronología próxima, en un contexto muy similar al de
destrucción de los niveles bárquidas en diversos puntos urbanos de la cercana Carthago Nova,
previos a los momentos de su toma por Escipión (Martín Camino y Roldan Bernal, 1995, 86, lám.
VII,1-8).

María Milagros Ros Sala


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

El patrón constructivo visto, la conformación y ubicación específica de los hornos, las


analíticas practicadas a los restos de copelas amontonadas junto a los hornos y la ausencia de
minerales de partida, indican que el proceso metalúrgico efectuado en estas instalaciones fue
la copelación continua de plomo argentífero, ya oxidado en una fundición previa realizada en
otro lugar, con la finalidad de conseguir una plata refinada que debió ser rentable en función de
su escaso contenido en las copelas halladas, cuyas analíticas muestran solo trazas de este metal
(Ros Sala et alii, 2003, p.322). La propuesta de restitución del funcionamiento de los hornos, cuyo
fundamento metalúrgico reside en la obtención de mas cantidad de plata por tonelada de plomo
mediante el enriquecimiento del plomo metálico por su aporte continuo, viene asimismo apoyada
por la información que sobre el conocimiento de la copelación nos trasmite Plinio (Naturalis
Historiae XXXIII, 95-108, XXXIV, 156-174) y, sobre todo, por los datos que sobre este proceso
de obtención de la plata han proporcionado las minas atenienses de Laurion y Thoricos, cuya
producción alcanza su punto álgido en los ss. IV-III a.C. (Conophagos, 1980, p.305). Precisamente
la inserción de este específico proceso que muestra Gavilanes-II en su particular entorno, permite
avanzar en el modelo de vertebración del territorio socioeconómico de la zona. Sabemos que la
serie de colinas bajas conocidas como Lomas de Sánchez y de Las Herrerías jalonaban el borde
septentrional de la laguna y que estuvieron habitadas desde época protohistórica hasta el cambio
de Era, ligadas a la industria minera transformativa; el paraje, toponímicamente conocido como
Los Ceniceros o Susaña, esta formado por tierras bajas de aspecto ceniciento debido a la remoción
de los escoriales subyacentes que desde el s. XVI han sido beneficiados metalúrgicamente
(Monasterio y Correa, 1845, p. 313); en él son innumerables los hallazgos de escorias y restos de
pequeños establecimientos republicanos, que junto con los restos de hornos de fundición de
plata mas tardíos y otros hallazgos, de los que destaca un lote monetal de 60 teserae de plomo,
636 hacen pensar en la existencia de un importante núcleo metalúrgico asociado a un no menos
interesante asentamiento humano – probablemente la Loma de Sánchez - relacionado con las
sucesivas fases de poblamiento que hasta hoy se vienen conociendo en el entorno mas o menos
inmediato a Mazarrón (Fig.1).
En este mismo sentido es interesante la identificación de la ceca de Gádor que García-Bellido
(2001, p. 339) hace de la leyenda en alfabeto ibérico levantino que aparece en el reverso de uno
de los plomos monetiformes hallados en este paraje (Guillén Riquelme, 1991, p.13), ya que sugiere
que ese importante centro minero, extractor de galena en época republicana y bajo imperial, del
entorno de la sierra minera almeriense de Herrerías, podría haber estado fundiendo su mineral
en Mazarrón ya hacia fines del s. II a.C., quizás por que aquí la riqueza en plomo del mineral de
partida era mayor que en aquéllas; esta circunstancia implicaría que ya entonces el coto extractivo
y transformativo de Mazarrón pudiera especializarse, junto con Carthago Nova, en la fundición y
metalurgia de estos minerales dentro del ámbito del SE (Ros Sala 2005b, p.56). En esta hipótesis
también incide el dato que Monasterio y Correa (1845, p.313) transmite cuando afirma que los
antiguos fundían en la Sierra de Cartagena con galenas ricas de otros lugares, explicándose así que
no se encontraran restos de fundición en las explotaciones de la Sierra de Gador y pensando por
ello que el mineral de plomo y plata ya concentrado llegaría en barcazas de cabotaje a Cartagena
y Mazarrón. Estos datos y los arqueometalúrgicos obtenidos en el proceso de excavación, indican
que Gavilanes se eligió y ocupó deliberadamente como eslabón final de una cadena operativa
metalúrgica, dependiente de un núcleo poblacional importante situado mas al interior, a mitad
de camino entre los puntos de extracción y los de salida por vía marítima de la plata. Esa cadena
uniría, tras las operaciones de estrío, triturado, lavado y clasificación, el coto minero de Mazarrón
con el punto intermedio principal -el área de la Loma de Sánchez-Susaña- donde se concentrarían
las labores de tostación y fusión del mineral que, tras su traslado en barcazas de poco calado
por la zona lagunar, se terminaría de transformar mediante copelación en los promontorios

Arqueologia, sítios e materiais


Fenicios y púnicos en la Bahía de Mazarrón, desde la perspectiva ocupacional del promontorio costero de Punta de Los Gavilanes

costeros aledaños, uno de los cuales parece que fue la Punta de Los Gavilanes. Estamos pues
ante un complejo patrón de asentamiento que en los ss. IV y III a.C. debió exigir una necesaria
organización productiva inserta en una entidad administrativa cuya capacidad de gestión y control
de la propia producción y de los medios sobrepasa la acción individual y/o societaria a la que las
distintas fuentes aluden a partir de época republicana bajo administración romana, sin que ello
implique que dichas formas de intervención no existieran, sino que muy al contrario pudieron
perfectamente convivir como ocurre luego en fases republicana e imperial.
Es mas, los materiales contextualizados, en conjunción con el paisaje económico y social
que acabamos de recrear, permiten hacer propuestas acerca del marco político en el que
estas explotaciones pudieron verse incentivadas en función de la geopolítica mas amplia del
Mediterráneo Occidental de los ss. V al III a.C; y en este sentido hay que decir, en primer lugar,
que la procedencia de buena parte de los materiales indican que estamos ante una presencia
cartaginesa prebárquida cada vez mas clara en la zona central del Sureste y entorno a la ciudad que
a partir de un momento determinado se institucionaliza como capitalidad cartaginesa en Iberia.
En segundo lugar, que los cambios detectados en el sistema productivo a partir de inicios del IV
a.C., cuando se inicia la actividad fundidora de Gavilanes II, podrían relacionarse con la presencia
de libiofenices a los que las fuentes hacen referencia y que López Castro asocia a una colonización
cartaginesa de carácter agrícola que, con un carácter mas general, vendría refrendada por la
política colonizadora estatal de Cartago (López Castro, 1995, p.78). Esta situación, ya indicada en
su momento por Wittaker (1978, p.59-90), posteriormente reforzada por Barceló (1985,p.271) y
que está siendo retomada por distintos investigadores para explicar la duplicidad de colonización
fenicia y cartaginesa en el mediodía de Iberia, el Norte de Africa mediterránea y atlántica e
Ibiza, tiene connotaciones no solo de ámbito cronológico diferenciador sino también social
como ha argumentado Costa Fernández (1994, p.92-93). Si seguimos el modelo propuesto por 637
Wittaker para explicar el imperialismo cartaginés de los ss. V a III, estaríamos ante una progresiva
dependencia política y económica de estos territorios respecto de la metrópoli o de sus capas
oligárquicas, en la que, como apunta López Castro (1994, p.78) las relaciones han de entenderse
en términos de un sistema de alianzas y tratados recíprocos mas que en un dominio y explotación
organizada.
Si en el futuro esto se llegara a confirmar expresamente para el Sureste y en otros ámbitos
sociales y económicos del registro arqueológico, además del minero-metalúrgico al que aquí
estamos haciendo referencia, estaríamos, en la fase mas antigua de la factoría, ante formas de
gestión todavía alejadas, aunque no totalmente, de lo que conocemos para la etapa republicana
una vez conquistada Kart-Hadast y la conversión de los territorios de Nova Cartago en ager
publicus, dada la ausencia de indicios sobre sistemas de explotación tributarios y/o territoriales
ligados a una administración provincial, aunque sin olvidar la posible relación de tales ciudadanos
con las estructuras al menos económicas y comerciales de las comunidades locales y su incidencia
en la jerarquización del paisaje social. Como propone Costa Fernández (1994, p.93) lo mas cercano
en sentido comparativo lo tendríamos en la política seguida por la propia Cartago en Sicilia antes y
después del tratado romano cartaginés del 348 a.C., donde alianzas políticas desiguales facilitaron
la continuación de las actividades económicas coloniales, mientras que las remodelaciones que se
producen ya en la segunda mitad del s. IV a.C. parece que podrían estar manifestando un mayor
control económico y social ligado a una mayor intervención sobre el territorio que en cierta forma
podría venir avalado por las directrices del 3º Tratado Romano Cartaginés en el que Cartago
se asegura el comercio en el Mediterráneo Occidental. Así pues, en este marco de relaciones
políticas, económicas y sociales que marcan las distintas ententes vividas por el Mediterráneo
Occidental entre los ss. V- III a.C. parece que Mazarrón fue un punto no solo frecuentado y
tenido en cuenta, sino vertebrador necesario de la compleja red de relaciones intraterritoriales

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VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

peninsulares e insulares que marcaron la época prebárquida a la par que lo serían Los Nietos o
Villaricos y probablemente Cartagena, por citar establecimientos cercanos. Y en este sentido son
significativos los varios centenares de monedas hispano cartaginesas que configuran el tesoro
del Saladillo así como las monedas de igual filiación de Coto Fortuna, o el establecimiento de La
Pinilla con niveles del III y II a.C., y los que se detectan en los niveles bajos de los establecimientos
costeros de Rihuete y Alamillo, lo que incide en que ya al menos desde la segunda mitad del s. III
a.C. probablemente Mazarrón formara parte del territorio administrado y vertebrado por Kart-
hadast tras cuya conquista se convierte en ager publicus pasando a ser su territorio y recursos
propiedad del Pueblo y Senado de Roma.

Bibliografía
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639

María Milagros Ros Sala


Carmona tartesia entre la tradición y el cambio
(siglos VIII-VI a.C.)
*

Maria Belén
Ana Rut Bobillo
Mª Carmen García Morillo
J. M. Román
J. Vázquez

Universidad de Sevilla

Resumen

Excavaciones recientes han puesto en evidencia la introducción en Carmona (Sevilla) durante la


primera mitad del siglo VIII a.C. de la tecnología del hierro, junto con la arquitectura de muros rectos
y la cerámica a torno, aspectos estos últimos ya bien documentados con anterioridad en la ciudad.
Estas novedades, que constituyen la mejor expresión material del inicio del comercio fenicio en el
Bajo Guadalquivir, se insertan en un ambiente en el que predomina la cerámica a mano de cocción
reductora representativa de la cultura local de fines de la Edad del Bronce. En este trabajo presentamos
unos hallazgos que insisten en señalar la importancia de la interacción cultural en la protohistoria de
Carmona y analizamos la relación espacial, estratigráfica y funcional entre el complejo urbano que
ahora se da a conocer, su arquitectura y sus materiales, y los restos exhumados hace algo más de una
década en el solar de la casa-palacio del marqués del Saltillo.

Abstract

Recent excavations have revealed that iron technology, together with straight wall buildings
and wheel thrown pottery were introduced during the first half of the eighth century BC in Carmona
(Sevilla), although the latter aspects had been previously documented in the city. These innovations
have become the best material expression of Phoenician trade in the Lower Guadalquivir, inserting
in an environment dominated by reduction fired handmade pottery representative of the local late
Bronze Age culture. In this paper we present various findings which insist on the importance of
cultural interaction during the protohistory of Carmona and we analyse the spatial, stratigraphic and
functional relations between the urban complex in reference, its architecture and materials, with the
remains uncovered over a decade ago in the site of the palace of the Marquis of Saltillo.

* Grupo de Investigación HUM-650. Este trabajo se adscribe al Proyecto de Investigación BHA2003-


05866 del Ministerio de Educación y Ciencia. Agradecemos a A. Jiménez el original de la figura 1 y a E. Conlin
el dibujo de los materiales
Carmona tartesia entre la tradición y el cambio (siglos VIII-VI a.C.)

La recuperación por Wagner y Alvar (1989) de la hipótesis de la colonización agrícola orien-


tal en las tierras del valle bajo del Guadalquivir1, provocó un debate en contra que con el tiempo
ha ido perdiendo acritud e interés2, pero las investigaciones que se vienen realizando desde
principios de la década de los noventa pasados dejan pocas dudas sobre la presencia en la región
de colonias fenicias, si así convenimos en llamar al componente oriental en su conjunto. Esta
implantación tuvo en origen carácter principalmente costero3 y respondía a un modelo comercial
que apoyado en bases estables4 sirvió sin duda para atraer a grupos humanos muy diversos en
su origen y en sus intereses. En ese marco, y sin que fuera un proyecto prioritario ni de iniciativa
estatal, no se descarta que inmigrantes semitas de procedencia rural se instalaran en los núcleos
tartesios del interior y rentabilizaran el potencial agrícola de las vegas y campiñas del valle (Belén
y Escacena, 1995, p. 91-92; Botto, 2002, p. 60; cf. Wagner, 2005).
Durante la última década se han producido importantes novedades respecto a las fechas
y a las características del comercio fenicio en el suroeste peninsular. Los hallazgos de Huelva
publicados recientemente (González de Canales et alii, 2004) prueban el inicio de intercambios
sistemáticos y la presencia de artesanos orientales en el emporio tartesio a partir de principios del
siglo IX a.C.5 Algo más tarde, entre fines del IX y principios del VIII a.C., el entorno del paleoestua-
rio del Guadalquivir se convertía asimismo en objetivo de la expansión colonial. Las excavaciones
de urgencia practicadas durante los últimos años en Coria (Escacena e Izquierdo, 2001), El Caram-
bolo (Fernández Flores y Rodríguez Azogue, 2005) y Alcalá del Río6, han permitido documentar la
existencia de barrios, santuarios y tumbas fenicias en los asentamientos portuarios tartesios o en
su proximidad. Pero la presencia estable de comunidades semitas se advierte también desde el
siglo VIII a.C. en los poblados indígenas del interior mejor situados en relación con las fuentes de
recursos y las rutas de comunicación. Niebla y Tejada en los circuitos mineros, Carmona y Monte-
molín en las tierras del valle7, fueron algunos de los enclaves tartesios del Bajo Guadalquivir que 641
tuvieron una población mixta (Wagner, 2005, p. 159-160). En el caso de Carmona, la necrópolis de
la Cruz del Negro, la estructura del hábitat y la composición de los repertorios cerámicos, ofrecen
evidencias claras de la interacción cultural derivada de la cohabitación y la mezcla étnica. La in-

1 La vieja tesis de Bonsor (1899) fue retomada 75 años después por Whittaker (1974) en la línea argumental
que desarrollarían más tarde los autores españoles.
2 Los propios genitores han introducido últimamente matices importantes que templan su formulación
inicial (Wagner y Alvar, 2003).
3 Nos referimos a la línea de costa de principios del I milenio a.C., que llegaba hasta Sevilla y se prolongaba
a través de un amplio estuario hasta Ilipa, unos 15 km al norte de la capital (Arteaga et alii, 1995). Pese a que
hoy queda tierra adentro, Sevilla sigue ligada al mar por un Guadalquivir navegable que le permite mantener su
condición de puerto internacional.
4 El modelo de implantación colonial en el Bajo Guadalquivir es diferente y más variado que el que
conocemos en la costa mediterránea de Andalucía. Las comunidades fenicias tuvieron barrios propios en los
emporios tartesios, tanto costeros como del interior (cf. Niemeyer, 2000, mapa p. 924).
5 Las fechas han sido aceptadas, e incluso elevadas, por otros autores (Torres, 2005; cf. Botto, 2005, p.
599-600). Por otra parte, hoy se acepta de forma casi unánime la existencia de una colonia fenicia en el puerto de
la antigua Onoba (Pellicer, 1996; cf. Niemeyer et alii, 2000, mapa p. 924).
6 Los resultados de los trabajos han sido presentados por A. Fernández Flores y A. Rodríguez Azogue en la
ponencia : Vida y muerte en la Ilipa tartésica, I Congreso de Historia de Alcalá del Río: Ilipa Antiqua de la Prehistoria
a la época romana, celebrado en Alcalá del Río (Sevilla), 22-24 de Noviembre de 2006.
7 En sentido estricto, Niebla y Carmona no pueden considerarse interiores. La primera tiene salida al mar
a través del río Tinto y en cuanto a la segunda, los resultados de investigaciones geoarqueológicas recientes le
dan una dimensión marítima desconocida hasta ahora, por más que ya se había señalado (Izquierdo Egea, 1994,
p. 87), y ahora se vuelve a insistir en ello, la dependencia del emporio fluvial del Cerro Macareno de la estructura
geopolítica de Carmo. La llanura que rodea a Sevilla, situada pocos kilómetros al norte de la antigua desembocadura
del Guadalquivir, era un medio lacustre-fluvial navegable cuya orilla oriental se extendía, probablemente, hasta
el pie de la cadena de pequeños cerros que forman la región de Los Alcores, en cuyo extremo NE se levanta la
fortaleza natural que ocupa Carmona (Arteaga y Roos, e. p).

Maria Belén, Ana Rut Bobillo, Mª Carmen García Morillo, J. M. Román e J. Vázquez
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

corporación al comercio exterior y el contacto con los fenicios marcan con claridad un antes y un
después en la evolución socioeconómica de este asentamiento.
La atalaya natural en la que se ubica Carmona se ocupó por primera vez hacia el 3000 a. C.
(Conlin, 2003). Se ha documentado también implantación poblacional en las distintas fases de la
particular secuencia de la Edad del Bronce de la región de Los Alcores, cuyo inicio se sitúa hacia el
1600 a.C., y durante el Bronce Final que precede al inicio de la expansión colonial (Jiménez, 2004).
La opinión de los investigadores sobre cómo se gestó la cultura representativa de esta última y
sobre su cronología está muy dividida y en pocos yacimientos se ha podido identificar con segu-
ridad hasta ahora (cf. Escacena, 1995; Gómez Toscano, 1997). En Carmona su desarrollo parece
tardío, poco anterior al s. IX a.C., aunque no hay elementos de datación seguros, y en su registro
artefactual están ausentes las decoraciones geométricas, bruñidas y pintadas, que se encuentran
en el horizonte posterior, ya asociadas a cerámica a torno (Jiménez, 2004, 512).
A partir del s. VIII a.C. el asentamiento se vinculó de forma estrecha al comercio fenicio, que
pronto debió tener aquí infraestructura estable de personal y de medios. Como documentamos
en otros muchos sitios tartesios, la proyección mediterránea y la presencia en el lugar de gentes
de cultura urbana próximo-oriental, dinamizó la economía local y aceleró el proceso de su con-
solidación como ciudad. Sin embargo, la cultura tradicional, a juzgar por sus aspectos visibles en
términos arqueográficos, mantuvo su vigencia durante todo el período Orientalizante. Parte de la
población siguió viviendo, como suponemos que ocurría en la etapa anterior de fines de la Edad
del Bronce8, en modestas chozas circulares hechas con materiales endebles, agrupadas en peque-
ños núcleos dispersos por las laderas y cimas de los promontorios que conformaban por el sur la
topografía original de la actual meseta (Fig. 1). La inestabilidad y fragilidad de estos hábitats de ca-
bañas produce estratificaciones poco potentes y reduce con frecuencia las evidencias materiales a
conjuntos de fragmentos de cerámica, que tienen formas y decoraciones muy parecidas a las de la
642 fase pre-fenicia. No es raro, incluso, que esos materiales se encuentren en depósitos secundarios
formados por acarreo desde zonas más altas. Sólo en la intervención arqueológica realizada en el
solar de la C/. Arellano nº 7 se documentó parte de una estructura elíptica, excavada unos 40 cm
en el terreno, que se interpretó como fondo de cabaña. Su entramado vegetal se superponía a un
zócalo de 50 cm de ancho, hecho de barro y piedras de alcor9 de mediano tamaño, que conservaba
una altura de 35 cm. Junto a este zócalo, en el exterior, se registraron dos huecos en los cuales
debían encajar sendos postes relacionados con la cubierta de la cabaña. En su interior se hallaron
los restos de un hogar de barro con signos de combustión reiterada. Los materiales cerámicos re-
cuperados en las capas de nivelación previas a su construcción y en las que certifican su abandono,
no permiten precisar las fechas de uso de esta estructura, pero la presencia de algunos fragmentos
de cerámica a torno en unas y otras, ha llevado a datarla, sin más precisión, en el Hierro I, es decir,
a lo largo del Período Orientalizante.
En ese arco temporal comprendido entre los siglos VIII-VI a.C. el hábitat tradicional coexis-
tió en el suroeste peninsular con la arquitectura de muros rectos (Izquierdo,1998). En Carmona,
y desde la primera mitad del VIII a.C., constatamos el desarrollo coetáneo de un núcleo de pobla-
ción concentrada en el extremo noroeste del casco histórico intramuros, en un sector de unas
5 Ha. de extensión que por sus características topográficas constituía un reducto natural sólo
vulnerable por su flanco occidental (Fig. 1). La zona tiene salida hacia el Guadalquivir, a través de
varias cañadas de ganado; al borde de una de ellas, a la vista del hábitat, se extiende la necrópo-
lis de la Cruz del Negro, que estuvo en uso entre el VIII y el V a.C. (Amores y Fernández Cantos,
2000). En torno a este núcleo inicial, el asentamiento adquirió pronto forma urbana de fisonomía

8 En realidad, no se conocen hasta el momento estructuras de habitación de la etapa pre fenicia (Jiménez,
2004, p. 512).
9 Calcarenita local.

Arqueologia, sítios e materiais


Carmona tartesia entre la tradición y el cambio (siglos VIII-VI a.C.)

oriental, siguiendo muy de cerca el modelo de la cercana colonia del Castillo de Doña Blanca. Ca-
sas construidas al modo fenicio se superponen en esta zona de Carmona a un horizonte de ocu-
pación anterior del que no quedan más evidencias que la alfarería hecha a mano y algún indicio de
prácticas económicas.10 En los puntos más vulnerables de la topografía se construyeron obras de
defensa, bastiones y cercas de piedra con zócalo en talud, cuyos restos son difíciles de identificar
en los derrumbes de piedra que sirven de cimentación a construcciones posteriores. Tampoco
ofrecen elementos de datación seguros, pero su fábrica – mampostería en seco o trabada con
barro y paramentos sobre base en talud –recuerda la de las murallas de los siglos VIII-VII a.C. de
Doña Blanca, Niebla y Tejada (Escacena y Fernández Troncoso, 2002).

643

Fig. 1. Carmona tartesia. Núcleo urbano (A) y poblamiento disperso en cabañas (B).
(A partir de Jiménez, 2004, fig. 32)

10 Análisis polínicos realizados por Y. Llergo y J.L. Ubera del Departamento de Botánica, Ecología y
Fisiología vegetal de la Universidad de Córdoba, revelan la presencia en niveles pre fenicios de plantas asociadas
a un medio muy antropizado con presencia de ganadería mayor. Las muestras se tomaron durante la excavación
del solar de Diego Navarro 20 del que trataremos más abajo.

Maria Belén, Ana Rut Bobillo, Mª Carmen García Morillo, J. M. Román e J. Vázquez
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

La matriz oriental del urbanismo protohistórico en esta zona norte de la ciudad y el aisla-
miento espacial de este núcleo respecto a los grupos de cabañas localizados en distintos puntos
del sur del casco urbano actual, han llevado a identificar este sector norte con un enclave colonial
situado en la cercanía de la población indígena, de la cual quedaba bien separado por una topo-
grafía difícil de franquear y una muralla que protegía el flanco accesible del reducto que ocupaba
(Jiménez, 2004, fig. 32). No nos cabe duda de que había fenicios en Carmona y de que vivían en
este sector, pero la hipótesis de que todo él sea un barrio fenicio nos parece poco razonada.
Supone unas relaciones de poder muy desequilibradas que no cuadran con el papel hegemónico
que se le reconoce a Carmona en el I milenio a.C. y pasa por alto datos arqueológicos que pueden
contradecirla. Los distintos sectores poblacionales quedaban englobados por un cinturón defen-
sivo que se prolongaba desde el flanco oeste del núcleo urbano hasta la vaguada de la Puerta de
Sevilla, donde un potente bastión protegía el acceso hacia el interior y controlaba el paso natural
del Alcor a la Vega del Corbones. Por otra parte, en las actuaciones arqueológicas que se han
llevado a cabo en el sector norte se encuentran siempre asociados elementos de la tradición local
- abundante cerámica a mano de superficies y decoraciones bruñidas - con novedades represen-
tadas, principalmente, por alfarería a torno y arquitectura oriental, una mezcla indicativa de situa-
ciones de contacto y cambio cultural que no obligan a presuponer relaciones de dependencia a
favor de unos u otros. La dualidad de patrones habitacionales coetáneos y la distinta composición
de los repertorios cerámicos – a mano o a torno - que se asocian a cada uno de ellos, pueden tener
su origen en disimetrías socio-económicas más que de otro tipo.
Las casas de muros rectos y la cerámica a mano no pueden usarse sin más como indica-
dores étnicos (Escacena, 1992). Nuestras conclusiones sobre el carácter semita del santuario de
Saltillo se fundamentaron en aspectos rituales y en el simbolismo religioso de los grifos y de las
cenefas florales que se representaron en los tres píthoi que hallamos en él (Belén et alii, 1997).
644 Sin embargo, esa alfarería de lujo, y el juego de delicadas cucharas de marfil que la acompañaban,
formaban conjunto con dos toscas vasijas a mano para usos de almacén y con dos copas de cerá-
mica gris a torno, en las que se reconoce el gusto por las pastas oscuras de la alfarería tartesia y
la innovadora tecnología introducida por el mundo colonial (Vallejo, 2005).
Recientemente hemos podido constatar una vez más esa dialéctica de tradición y cambios
que marca la historia tartesia de Carmona en la excavación de un solar muy próximo a Saltillo, a
través de una secuencia estratigráfica que arranca de tiempos pre fenicios estimados en la segun-
da mitad del s. IX a.C. y acaba en los comienzos de la etapa turdetana. Los primeros materiales a
torno, muy escasos, se asocian a la construcción de una estructura formada por cuatro muretes
rectos paralelos, muy próximos entre sí, relacionada con metalurgia de hierro, cuya introducción
se documenta por primera vez en Carmona. La cerámica de las capas que la cubren pueden
fecharse sin más precisión en el siglo VIII a.C. (Fig. 2). Sobre ella se documentaron restos de un
edificio de adobes al que, a su vez, se superpuso un complejo constructivo de cierta entidad cons-
truido entre fines del VIII y principios del VII a.C. Este último edificio sufrió reformas de distinta
envergadura durante una larga etapa de uso que acabó de forma poco natural hacia mediados
del siglo VI a.C. (Fig. 3). No se ha podido delimitar en toda su extensión, al no encontrar los mu-
ros perimetrales, pero consta de varias habitaciones que parecen organizadas en tres módulos
contiguos. Todas las paredes son de adobe y están enlucidas, igual que los suelos de tierra batida,
con una lechada arcillosa de color rojo aplicada normalmente sobre otra previa de cal. El cuerpo
central, que es el mejor conservado, nos ha permitido registrar las muchas reformas de que fue
objeto el inmueble durante los cien años largos que estuvo en pie. Tiene planta cuadrada de 4.80
x 4.80 dividida en dos habitaciones comunicadas, a las que se accedía desde fuera del área exca-
vada por un vano situado en la esquina noroeste, alineado con el que permitía el paso de una a
otra. En la que se abría al fondo (A-2), que era algo más amplia, el zócalo de piedra de la zapata de
cimentación sobresalía en principio del nivel del suelo y tenía, en una esquina, un banco de arcilla

Arqueologia, sítios e materiais


Carmona tartesia entre la tradición y el cambio (siglos VIII-VI a.C.)

compactada de planta ligeramente trapezoidal; posteriormente se recreció el piso hasta cubrir el


zócalo. En cuanto a la anterior (A-1), el pavimento se había reformado y recrecido en varias oca-
siones, alternando los de tierra coloreada de rojo con los de cantos rodados de pequeño tamaño.
En una última etapa se hicieron obras en este sector del edificio que alteraron la planta original y
las dimensiones de las dos habitaciones.

645

Fig. 2. Excavación de C/. Diego Navarro nº 20. Cerámica fenicia (s. VIII a.C.)

Maria Belén, Ana Rut Bobillo, Mª Carmen García Morillo, J. M. Román e J. Vázquez
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

646

Fig. 3. Excavación de C/. Diego Navarro nº 20. Edificio de los siglos VII-VI a.C.

Sobre la pared sur de la pequeña estancia posterior se levantaron tres tabiques o pilares
de barro equidistantes como soportes de un poyo de obra o quizá de una encimera de madera11.
Junto a él, sobre un pequeño banco de tierra, se conservaba in situ un molino barquiforme hecho
con piedra arenisca de cantera local. Sobre el piso de la habitación, entre otros vasos de cocina
fragmentados, hallamos una olla de factura tosca con dos asas y una fuente de superficies bruñi-

11 Estructuras similares se han hallado en distintas excavaciones de la zona portuaria de Huelva (García
Sanz, 1988-1989, 153)

Arqueologia, sítios e materiais


Carmona tartesia entre la tradición y el cambio (siglos VIII-VI a.C.)

das, ambas hechas a mano y casi completas (Fig. 4), y huesos de aves y parte de un cartílago de
raya. Por su posición es evidente que las piezas estuvieron sobre el poyo antes de caer al suelo.
Ahora bien, el hecho de que algunos restos de fauna se conservaran en conexión anatómica,
significa que se dispersaron por el suelo antes de que se descarnaran, lo que podría indicar que
el menaje y los alimentos que se preparaban, se arrojaron sobre pavimento de forma intenciona-
da. En cualquier caso, estos materiales sugieren un abandono precipitado del edificio, que, por
otra parte, no presenta ningún otro signo de violencia, sino que parece que se fue derrumbando
lentamente tras un desalojo forzado. El lugar quedó abandonado y no se volvió a reedificar hasta
principios del siglo V a.C.

647

Fig. 4. Excavación de C/. Diego Navarro nº 20. Cerámica de cocina hallada sobre el suelo de la habitación A-2
(mediados del siglo VI a.C.)

Maria Belén, Ana Rut Bobillo, Mª Carmen García Morillo, J. M. Román e J. Vázquez
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

El inmueble estaba construido prácticamente a la misma cota que el Ámbito 6 del vecino
solar de Saltillo y también coinciden las fechas de mediados de VI a.C. que estimamos para el
final de uno y otro, de modo que resulta inevitable asociar ambos episodios y, en consecuencia,
establecer una relación entre ellos. Pero son estos hechos, y no la arquitectura, los que nos llevan
a suponer que el edificio en cuestión debió estar integrado espacialmente en el complejo sacro
de Saltillo, y desempeñar alguna función complementaria o derivada de la actividad del santuario,
lo que explicaría que hubieran corrido la misma suerte. El aparente carácter local del menaje de
cocina destruido al caer sobre el suelo de la estancia A-2 no nos parece un argumento en contra
de esta hipótesis.
En resumen, la arqueología nos ha brindado una vez más evidencias de la presencia de una
comunidad fenicia en Carmona y de su influencia en el pronto desarrollo de formas de vida urba-
na, sin que por ello desaparecieran el hábitat y los sistemas de producción tradicionales.

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Maria Belén, Ana Rut Bobillo, Mª Carmen García Morillo, J. M. Román e J. Vázquez
Ceuta, un nuevo asentamiento
del siglo VII a.C. en el norte de África

Fernando Villada Paredes1


Joan Ramon Torres2
José Suárez Padilla3
1
Ciudad Autónoma de Ceuta
2
Consell Insular de Eivissa i Formentera
3
Arqueotectura S.L.L.

Resumen

Aunque la posibilidad de la existencia de un yacimiento protohistórico en Ceuta había sido


puesta de manifiesto en numerosas ocasiones, no existían evidencias que avalaran tal hipótesis. En
una reciente excavación arqueológica en la Plaza de la Catedral pudieron ser identificados por fin
niveles arqueológicos de este periodo.
Este artículo es un estudio preliminar de los principales niveles arqueológicos con los hallazgos
más relevantes recuperados y los primeros datos sobre el paleoambiente y el paleoclima de esta
region.
Este estudio contribuye al conocimiento de las relaciones entre fenicios e indígenas en el
extremo más occidental norteafricano.

Abstract

Although the possibility of the existence of a Protohistoric site in Ceuta had been spotlighted
many times, there were no evidences for such hypothesis. In a recent archaeological excavation in
Cathedral’s Square could be identified archaeological levels from this period.
This paper is a preliminary study of the these archaeological levels with the most relevant finds
recovered and first data about paleo-environment and paleoclimate of this region.
This study contributes to the knowledge of the relationship between Phoenicians and Indigenous
in the extreme Westnorthen Africa.
Ceuta, un nuevo asentamiento del siglo VII a.C. en el norte de África

Ceuta, la Septem Fratres de época clásica, está edificada sobre una península situada en
la embocadura sur del Estrecho de Gibraltar (Fig. 1). El terreno, accidentado, ofrece limitadas
posibilidades desde el punto de vista del aprovechamiento agrícola. Las comunicaciones con el
interior del continente se ven dificultadas por la abrupta orografía.
Frente a esta precariedad el mar, que la abraza casi por completo, ofrece un importante
caudal de alimentos.
Su estratégica posición a la entrada del Mar Mediterráneo es otra de las claves fundamen-
tales para entender su desarrollo histórico.
Presentamos en este artículo un primer avance de los resultados obtenidos en la excava-
ción arqueológica realizada en los aledaños de la Catedral de Ceuta y que han permitido docu-
mentar, por vez primera, niveles datados en el siglo VII a.C.

La secuencia estratigráfica: el periodo protohistórico

En la excavación arqueológica preventiva practicada en el solar sito al Oeste de la Catedral


de Ceuta se ha documentado, en unos 200 m investigados, una compleja y amplia secuencia es-
tratigráfica, caracterizada por presentar evidencias sobre el sustrato geológico, de varios perio-
dos de ocupación: protohistórico, medieval, moderno y contemporáneo. De todos ellos, sólo del
primero se conservan restos constructivos con su secuencia deposicional asociada. El resto, que
vienen a ocupar en planta más de la mitad del área investigada, se caracteriza por estar asociados
exclusivamente a subtrucciones y a fosas con sus correspondientes rellenos.
Como consecuencia de ello, nos encontramos ante un yacimiento con una potencia máxima
de 1 m, donde los niveles más arcaicos se encuentran prácticamente a la cota de la superficie
actual, como consecuencia de los importantes rebajes practicados en el solar, y que además se 651
han visto sometidos a las importantes remociones del subsuelo.

Fig. 1. Ceuta. Situación geográfica y ubicación de la excavación

Fernando Villada Paredes, Juan Ramon Torres e J. Suárez Padilla


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

En época medieval, directamente sobre los estratos de época protohistórica, se excavaron


fosas (amortizadas posteriormente como basureros); se cimentaron edificios; se construyeron
aljibes y en un determinado momento se usó este espacio como necrópolis. En época moderna
se ubicó algún inmueble del que se conserva parcialmente el cimiento y se volvieron a realizar ex-
cavaciones colmatadas con desperdicios, y finalmente en época contemporánea se ubicaron osa-
rios vinculados a la cercana Catedral. Por último, se dedicó este pequeño espacio a plaza pública,
para cuya construcción se realizaron grandes fosas encaminadas a ubicar árboles ornamentales y
mobiliario urbano e infraestructuras, incluyendo importantes canalizaciones de diversa naturale-
za. La remodelación de esta plaza ha motivado precisamente la actividad arqueológica, que en un
futuro está previsto integre los restos recuperados exhumados.
Como consecuencia de ello, se conserva una secuencia estratigráfica localizada en tramos
muy fragmentados y en muchos casos inconexos, resultado de dichas afecciones, lo que obliga
a realizar un gran esfuerzo de interpretación a la hora de valorarla adecuadamente. Esta circuns-
tancia, unida a la cercanía en el tiempo a la finalización de los trabajos de campo, redunda en
que las propuestas que a continuación presentamos deban ser tenidas en cuenta con las debidas
reservas que serán definitivamente expuestas en la memoria de excavación que está siendo ela-
borada en estos momentos, aunque las consideramos válidas en general.
Pasamos a realizar una primera descripción de la secuencia fenicia, agrupada en fases
constructivas con sus respectivos momentos de uso, abandono y amortización.

El Periodo protohistórico

652 Fase I: Primeros indicios del asentamiento (Finales del siglo VIII-primera mitad del VII a.C.)
A este momento inicial de la secuencia apenas pueden asociarse una serie de retazos de
estratos de naturaleza deposicional, restos de vertidos domésticos que reposan directamente
sobre el geológico y que en la mayoría de los casos no han podido asociarse a estructuras.
Sólo contamos en el sector más septentrional del área investigada (espacio especialmen-
te afectado por substrucciones contemporáneas) con los restos de un suelo de cantos rodados
(U.E. 163) directamente apoyado sobre el sustrato geológico, al que se le superpone un estrato
con una potencia de unos 20-30 cm, de textura arcillosa, con restos de fauna y material cerámico
(U.E. 151). En este nivel se han excavado unos hoyos, previsiblemente para ubicar postes, que es-
tán contorneados por un retazo, mal conservado, de lo que podría interpretarse como restos de
un pequeño murete de barro endurecido (U.E.M. 015), posible refuerzo de un entramado vegetal
que pudo definir la planta de una cabaña con tendencia ligeramente ovalada.
Con las debidas reservas, podríamos plantear la existencia de un primer momento de ocu-
pación del sector del yacimiento por un hábitat disperso de estructuras perecederas, fechable en
un momento indeterminado de la primera mitad del siglo VII, no muy separado en el tiempo de la
fase siguiente, que supondrá la urbanización de este espacio a mediados de dicha centuria.

Fase II. La urbanización del sector. Mediados del siglo VII a.C.
En momentos de mediados del siglo VII, este espacio del asentamiento se presenta
urbanizado, amortizándose los niveles y los restos de construcciones precedentes.
Los retazos de edificios conservados se articulan a partir de un espacio alargado, con unos
cuatro m y medio de ancho, orientación N.-S., y pavimentado en grava en su mitad occidental (U.E.
114). Este ámbito será objeto de continuados vertidos de desechos domésticos (circunstancia que
contrasta con los espacios intramuros, que aparecen prácticamente limpios), y será expuesto a
sucesivas reparaciones del piso, realizadas a base de aportar nuevas tongadas de grava gruesa o

Arqueologia, sítios e materiais


Ceuta, un nuevo asentamiento del siglo VII a.C. en el norte de África

Fig. 2. Planta general de la excavación

arena. En algunos casos se ha podido documentar incluso la práctica de hogueras realizadas en la 653
propia calle (U.E. 073), que serán amortizadas por nuevos aportes de basura (U.E. 051, 040).
En el sector que linda con el espacio constructivo situado al E., se localizan una serie
de hoyos para poste, a cota de calle, sensiblemente paralelos a uno de los edificios ubicados
limitando con la zona de paso. De dos de ellos se conservan las piedras que calzaban y reforzaban
estos puntales. Pueden relacionarse con la existencia de un espacio porticado abierto hacia la
calle y que apoyarían, previsiblemente, en la pared de uno de los inmuebles.
Hemos diferenciado los complejos constructivos por su ubicación con respecto a la calle, a
la hora de proceder a la descripción de sus características básicas. El primer conjunto urbanístico,
dispuesto al Este, presenta una serie de estructuras de mampostería cuya relación estratigráfica
nos permite plantear la existencia de dos momentos constructivos, con orientación semejante,
que indica la existencia de transformaciones urbanísticas relativamente frecuentes. A una pri-
mera fase corresponden los restos de dos paramentos, perpendiculares entre si, realizados con
cantos rodados de pequeño y medio tamaño, dispuestos cuidadosamente formando dos hiladas
paralelas, calzadas con pequeños ripios, y ligados con barro (U.U. E.E. M.M. 011-012). El espacio
interior que delimitan dichas estructuras no se conserva, al haber sido afectado por la excavación
de una fosa en época medieval. La materia prima usada para construir estos muretes es ligera-
mente distinta a la que se observará en fases posteriores, donde los mampuestos elegidos no
son tan regulares ni están dispuestos de forma tan cuidada. A este edificio puede corresponder
algunos fragmentos de muros inconexos, rotos o amortizados por el edificio que se le superpone
en un momento inmediatamente posterior (U.U. E.E. M.M. 008 y 020).
Efectivamente, sobre los restos de este primer edificio, pero manteniendo aproximada-
mente su orientación, se localiza parte de una vivienda, en aceptable estado de conservación,
que contaba con al menos cuatro estancias. Sus zócalos son de mampostería, dispuesta de for-
ma irregular, con caras vivas, algo diferentes de la usada en el edificio precedente. Se conserva

Fernando Villada Paredes, Juan Ramon Torres e J. Suárez Padilla


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

un muro de mayores dimensiones, que debió ser de carga (U.E.M. 007=018), al que se adosan,
ortogonalmente, otros paramentos ligeramente más estrechos y con ejecución menos cuidada
(U.U. E.E. M.M. 014 y 019). Los suelos del edificio dispuestos al sur aparecen sobre el geológico,
y los situados más al norte amortizan las estructuras de la fase precedente (U.E. 120-121). Están
realizados con grava de pequeño tamaño, bien compactada (U.E. 088), que alterna con suelos de
arcilla rojiza, con indicios de rubefacción (U.U. E.E. 080, 082, 193, 194). En algunos casos se obser-
va como se repararon los suelos, sustituyendo los de barro por empedrados de pequeños chinos
(U.E.M. 142). Una de las estancias presenta cercana a una de sus esquinas, una curiosa concen-
tración de pequeños mampuestos insertos en el suelo, de difícil interpretación hasta el momento
(U.E. 192). La presencia de niveles limpios de micaesquistos depositados sobre los suelos (U.E.
181) quizás pueda ponerse en relación con su uso en posibles cubiertas planas de los edificios,
interpretación que ha sido usada en otros yacimientos en los que se ha documentado la presen-
cia de niveles de naturaleza semejante sobre el suelo de viviendas, aunque correspondientes a
periodos históricos distintos.
Al lado Oeste del tramo de calle investigado, se instaló otra vivienda, distinta a la comen-
tada con anterioridad. Se trata de un edificio de planta rectangular, con 3 m. de ancho, y como
mínimo 4 de largo, y que pudo estar constituido al menos por una estancia, quizás dos, aunque
las grandes afecciones que sufre en sus límites norte y oeste no permiten confirmar con absolu-
tas garantías este aspecto. Los muros, de unos 60 cm. de ancho, están realizados a su vez con
grandes mampuestos rodados, traídos de la playa, y ligados con barro (U.U. E.E. M.M. 002=003,
005, 017). Los cantos se disponen formando dos líneas paralelas, en las que se intercalan ripios. La
esquina sureste ha sido reforzada con varios mampuestos, posiblemente para evitar su deterioro
al encontrarse lindando con una zona de paso. Para instalar el suelo se ha realizado un acopio de
654 tierra limpia, que da lugar a que la cota de suelo esté unos 20 cm más alta que la de la calle. Sobre
este nivel se realizó una pavimentación a base de guijarros de playa (U.U. E.E. 072=077, 158). En la
estancia se dispuso un gran hogar circular, (U.E. 076), preparado rebajando el suelo e instalando
una serie de mampuestos encaminados a mantener la temperatura. En un segundo momento,
este hogar se amortizó, rellenándose de piedras hasta cota del suelo, perdiendo su función primi-
genia e integrándose en el piso de la estancia.
La presencia de edificios de diversa complejidad, insertos en un espacio separado por am-
plias calles, a las que se abre algún soportal, responde claramente a un patrón constructivo de
origen oriental, habitual en los yacimientos fenicios coetáneos. Por ejemplo, en el yacimiento del
Cerro del Villar, en la desembocadura del Guadalhorce (Málaga) (Aubet, 1997), se documentó el
mejor y más cercano paralelo de indicios de urbanismo semejante. Allí se localiza una calle de 5
m, que separa edificios complejos de planta ortogonal, que en un caso presenta una estructura
simple adosada a uno de los edificios y abierta a la calle. Soportales a base de hiladas de postes
han podido ser documentados recientemente en el complejo industrial fenicio de la Pancha, yaci-
miento recientemente descubierto y ubicado en las inmediaciones de los centros de la desembo-
cadura del río Vélez (Martín, 2005).

Fase III. El uso industrial de la zona


Sobre los niveles que amortizaban los edificios y la calle se instalaron una serie de estruc-
turas, aparentemente relacionadas con actividades industriales. Los espacios residenciales han
quedado definitivamente amortizados, y en ellos se excavan una serie de estructuras, algunas de
ellas de difícil interpretación, con forma de cubetas revestidas de barro, y otras que se pueden
interpretar como piroestructuras relacionadas con alguna actividad productiva. A pesar de no
haberse conservado material cerámico datante asociado a esta fase, la continuidad estratigráfica
existente entre los depósitos, así como la presencia de materiales de época púnica localizados

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Ceuta, un nuevo asentamiento del siglo VII a.C. en el norte de África

con carácter residual en fosas más tardías, nos permite plantear la continuidad del yacimiento en
época posterior a la fenicia arcaica, aunque este aspecto debe ser contrastado en futuras inter-
venciones.

Los materiales cerámicos

El complejo vascular identificado en las distintas unidades estratigráficas de la excavación


de la Catedral de Ceuta, igual que sucede con otros muchos aspectos de esta intervención, se
halla en curso de procesamiento. Por este motivo, a pesar de resultar objetivamente razonable
el avance de algunos datos y perspectivas, en general, se tratará de enfoques preliminares y ge-
nerales, sujetos, en cierta medida, a las matizaciones o rectificaciones que imponga el estudio
definitivo de la excavación en el ámbito de una memoria científica que se halla en proceso.
En todo caso, dos grandes criterios separan el complejo vascular: las piezas fabricadas a
torno, por una parte y, por otra, los recipientes elaborados sin ayuda de dicho artilugio, es decir,
lo que genéricamente se denomina cerámica a mano.

El material a torno
Salvo casos realmente excepcionales, que se comentarán después, toda la cerámica a torno
es de fabricación fenicia. Entre ella se han distinguido individuos procedentes del Mediterráneo
central y otros cuyo lugar de producción, seguramente, debe buscarse en Oriente.
Sin embargo, las producciones fenicias, que genéricamente se vienen denominando del
extremo Occidente, constituyen dentro del bloque estudiado, la masa global de material cerámico
a torno, fuera de la cual todo lo demás se acerca a porcentajes más bien anecdóticos. 655
Este complejo abarca prácticamente toda la gama vascular del momento, se trata de las
categorías siguientes:
Ánforas de transporte.— Al margen de algunos especimenes atribuidos con claridad al
T-10.111 (Lám. I, 1) (que, de otro lado, parecen atestiguar un inicio del asentamiento hacia el -
700 o poco después) corresponden invariablemente al T-10121 (Lám. I, 2), como es habitual en
horizontes del pleno siglo VII a.C. De otro lado, estos recipientes ofrecen las variables típicas
de bordes, todas o la mayor parte de las cuales se encuentran el yacimiento de Ceuta, donde se
detectan, a parte de los mayoritarios casos de formatos grandes y medianos, otros de tamaño
más reducido.
Jarros y jarras.— En este grupo el panorama de Ceuta aparece dominado por los principales
vasos medianos: las jarras de cuerpo globular y cuello cilíndrico —denominadas, de un modo
demasiado genérico, jarras “Cruz del Negro”— y jarras de cuello muy corto y boca muy ancha,
a veces cuatriansadas que se han divulgado en la literatura científica con el nombre de pithoi
(Lám. I, 3). Los materiales de Ceuta, en general presentan asas de sección geminada y decoración
pintada lineal de bandas y franjas, con la característica alternancia de tonos oscuros y rojizos.
Por otro lado, se han detectado individuos de jarros y jarras con el cuerpo total o casi total-
mente cubierto de engobe rojo. Si bien se trata de un material extremadamente fragmentario, se
han podido identificar jarras de borde vertical y espalda carenada, junto con jarros monoansados
de cuello nervado, evidentemente entre otras.
Otros vasos de esta categoría, aunque claramente contenedores de perfumes y/o de acei-
tes perfumados, son las ampollas de fondo convexo (oil bottle) (Lám. I, 4) y los denominados
dipper jug (vaso vertedores), estos últimos, a diferencia de los anteriores, con el asa sobre el
borde. Aunque diversas piezas de estos dos tipos parecen de producción oriental, otras ofrecen
características típicamente occidentales.

Fernando Villada Paredes, Juan Ramon Torres e J. Suárez Padilla


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656

Lámina 1. Cerámicas a torno

Arqueologia, sítios e materiais


Ceuta, un nuevo asentamiento del siglo VII a.C. en el norte de África

Vajilla de mesa.— Se halla representada en el yacimiento objeto de la presente comunica-


ción por la mayoría de las formas fenicias características del mundo fenicio occidental. En primer
lugar, los platos de engobe rojo. Básicamente se documentan dos modelos, uno con el extremo
del borde liso, o simple (Lám. I, 5), y el otro con una ranura o acanalación horizontal más o menos
bien marcada en esta posición. No existen a torno platos de bordes estrechos comparables, por
ejemplo a los de la denominada y suficientemente conocida facies Chorreras. En todos los casos
computables, estos tienen concientes de proporción interna y medidas absolutas que entran de
lleno en Toscanos III-IV (1964), en los ajuares y materiales de los rellenos de las tumbas de Traya-
mar de y la tumba 1E de la necrópolis de Puente de Noy, entre muchos otros.
Son también muy significativos los cuencos (Lám. I, 6). En cuanto a las piezas de cerámica
oxidante y engobe rojo parcial o total, de un lado destacan los conocidos perfiles carenados de
borde triangular exvasado, muy característicos en todos los establecimientos fenicios del siglo
VII a.C.
Otros cuencos se caracterizan por su perfil en “S”, es decir, borde de extremo generalmente
simple debajo del cual el vaso ofrece una trayectoria oblicuo-cóncava que da paso a una carena
más o menos marcada. Son también, aunque no muy abundantes, sí al menos significativos los
cuencos hemisféricos con la zona inmediatamente por debajo del borde escalonada.
De modo particular, cabe señalar también de una serie de copas de perfil convexo con
borde más o menos exvasado, previo un escalón de separación con el resto del cuerpo (Lám. I,
7). En algunos individuos, más que en otros, parece posible, cuando no evidente, una influencia
de las copas griegas del grupo A1/A2 de Vallet y Villard sobre estas versiones fenicio occidentales,
con todas las implicaciones económico-cultural que a partir de ahí se puedan derivar y que ahora
quedan lejos de la presente síntesis.
Otro grupo es el de la cerámica de cocción reductora, es decir la vajilla de pasta gris. Sin
poder aún dar cifras absolutas, cabe decir que su porcentaje es sensiblemente inferior al de la vajilla 657
con engobe rojo, muy de acuerdo con lo observado generalmente en los yacimientos fenicios del
extremo occidente. En cuanto a formas, la más característica y frecuente es la del cuenco de perfil
convexo y borde de sección oval, más o menos engrosada, que la excavación de la Catedral de
Ceuta ha llegado a proporcionar algunos ejemplares prácticamente completos (Lám. I, 8). Existen
otros tipos de cuencos o platos-cuenco en pasta gris, de formas menos comunes.
Vasos de procesamiento.— En este grupo destacan los cuencos-mortero apoyados sobre
tres pies piramidales, evidencia entre otras del uso del mazo en sentido giratorio. Existe en Ceuta
al menos un ejemplar del tipo de borde engrosado y redondeado, con una acanalación externa.
Muy común en asentamientos fenicios como Las Chorreras, se trata seguramente de uno de los
morteros-trípode más antiguos del lote. Cabe señalar otro ejemplar, de pasta esquistosa, cuyo
borde resulta por ahora del todo inusual. Sin embargo, el modelo más corriente —del cual la
excavación de la Catedral ha proporcionado individuos bastante íntegros— es también aquí el
de borde triangular perfectamente exvasado, igualmente corriente en los horizontes fenicios del
siglo VII a.C. extremo occidentales (Lám. I, 9). Cabe añadir que las ollas a torno aquí son casi testi-
moniales, hecho en cuanto al tipo de asentamiento que se está estudiando.
En cuanto a materiales fenicios de producción centro-mediterránea, cabe citar algunos
fragmentos de ánforas cuya pasta pertenece al grupo Cartago-Túnez. La grave fragmentación de
este material —existe, al menos, un discoide tallado en uno de estos cuerpos— y la ausencia de
bordes, o incluso asas, hace aventurada su clasificación tipológica estricta.
Por lo que atañe a vasos de origen oriental fenicio, en Ceuta, aunque de modo también
muy minoritario, se ha detectado la posible presencia de algún ánfora de trasporte y ya se ha
aludido a esta misma procedencia en el caso de algunas oil bottle y dipper jug.
Finalmente, cabe indicar la extrema rareza de vasos de fabricación griega. Al margen de al-
gunos individuos de atribución más problemática, un corto número de fragmentos corresponden

Fernando Villada Paredes, Juan Ramon Torres e J. Suárez Padilla


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como mínimo a una black painted amphora, cuya procedencia concreta para el caso que aquí se
trata sigue siendo problemática (Lám. II, 1).

Los vasos a mano


Sin poder aún dar porcentajes definitivos de esta clase de producción vascular, si pueden
anticiparse dos datos muy importantes. El primero es su abundancia cuantitativa en relación a la
cerámica a torno. El segundo, su atribución a producciones artesanales que por su mineralogía
(que entre otros elementos contiene mica dorada), cabe ubicar en el propio asentamiento de la
Catedral de Ceuta o en su estricta proximidad.
Al margen de clasificaciones funcionales, cabe señalar que la cerámica a mano de Ceuta
puede también dividirse, según se trate de imitaciones de formas a torno fenicias, o bien, de mor-
fologías tradicionalmente inscritas en el bronce final y/o hierro antiguo del extremo occidente.
Salvo excepciones, se trata también de un material muy troceado, dificultando a menudo
la percepción global de las formas.
En cuanto al primer grupo existen imitaciones de lucernas, tanto de un mechero (Lám. II,
2) como de dos. Otro lote, aunque mucho más escaso, son las imitaciones de platos fenicios de
engobe rojo, aquí también decorados pero con pintura o almagra del mismo color. Se trata sin
embargo de versiones de platos, no de borde ancho, como los que existen a torno el mismo ya-
cimiento, sino de borde estrecho, cosa que plantea una serie de interesantes cuestiones sobre
las cuales ahora no cabe extenderse. Cabría, finalmente citar posibles versiones a mano de los
conocidos vasos a tulipa, o vasos “chardon”, por el resto bien conocidos en otros ambientes
protohistóricos atlánticos.
En cualquier caso, cabe indicar que los cuencos o platos están no sólo muy bien represen-
658 tados, sino francamente por encima de lo que sucede en los asentamientos andaluces estricta-
mente fenicios, observándose una serie de modelos distintos: hemisféricos de borde simple o en-
grosado (Lám. II,3), tanto al interior como al exterior, de bordes biselados, quebrados y aristados
o cóncavo-convexos, las conocidas cazuelas de carena baja (Lám. II, 4), etc.
Por otra parte, los vasos a mano cerrados, o altos, son tanto o más abundantes. Destaca,
por un lado, una gama morfológica con el denominador común de presentar un perfil cóncavo,
generalmente invasado, aunque a veces también de tendencia más o menos vertical (Lám. II, 6),
en su parte superior ofreciendo carenas a veces muy marcadas y otras casi inexistentes. Otras
de estas ollas tienen perfiles prácticamente ovoides, es decir con el diámetro máximo un tanto
desplazado hacia abajo y bordes con distinto grado de engrosamiento y morfología (Lám. II, 7).
Otras variantes presentan bordes más o menos altos y a veces sensiblemente oblicuo-exvasados
(Lám. II, 5).
En cuanto a decoraciones y elementos accesorios de estas piezas, son comunes, especial-
mente en los vasos cerrados, las bandas incisas y digitadas, algunos motivos geométricos, los mu-
ñones y mamelones de diferente morfología, a veces con perforación y los apliques semilunares
o de herradura, entre otros. Frecuentemente presentan bruñidos o escobillado de sus paredes.
Existen casos con tratamiento rojizo (almagra).
Cabe señalar, finalmente la presencia de algunos especimenes, que a juzgar par la parte
conservada, debían constituir ollas de formato considerablemente grande. Se dispone también
de multitud de bases que seguramente pertenecen no solo a vasos altos sino también, según en
que casos, a cuencos diversos. Se observan perfiles no destacados del cuerpo inferior del reci-
piente, junto con otros que ofrecen concavidades, convexidades o incluso perfiles atalonados,
aunque estos últimos no parecen ser los más abundantes. Generalmente su fondo externo es
plano no faltando, sin embargo, piezas con éste rehundido o, incluso, con un pequeño umbo
entrante.

Arqueologia, sítios e materiais


Ceuta, un nuevo asentamiento del siglo VII a.C. en el norte de África

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Lámina 2. Cerámicas griegas y cerámicas a mano

Fernando Villada Paredes, Juan Ramon Torres e J. Suárez Padilla


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Se trata en cualquier caso de formas entroncadas con el bronce final y hierro antiguo del
extremo occidente mediterráneo y del atlántico, tanto peninsular, como africano (este último
mucho menos estudiado) de factura y producción evidentemente indígena, aunque en diversos
aspectos influida y matizada por el factor colonial

Valoración preliminar del complejo cerámico


El conjunto de las cerámicas de la excavación de la Catedral de Ceuta, bajo diversos puntos
de vista, aporta datos de no poco interés. Por un lado, el espectro cronológico. En este sentido
cabe recordar la existencia de unos pocos individuos adscribibles al horizonte Chorreras (p. ej.,
ánforas T-10111 y morteros), que pueden situar un inicio del asentamiento entorno a finales del
siglo VIII o inicios del VII a.C., hecho que la cerámica a mano, con las formas y características antes
enunciadas y con ausencias significativas, como las retículas bruñidas, entre otras, corroboran
plenamente.
Este mismo complejo indica que la fase, ya proto-urbana, con calles y estructuras sobre
zócalos de piedra rectangulares, pudo implantarse poco antes, o hacia mediados del siglo VII a.C.
y que, al menos toda su segunda mitad, significó un momento de plena ocupación.
Pero parecen faltar materiales que, en estricto, puedan adscribirse al siglo VI a.C. al menos
a la plena primera mitad de esta centuria. En este sentido, no solo la cronología establecida de casi
todos los tipos documentados, sino incluso la extrema rareza de importaciones griegas, apuntan
claramente en este sentido.
Otro matiz, de suma importancia, derivado del análisis (preliminar) del complejo vascular
de Ceuta, es el de la procedencia de la cerámica fenicia occidental, como se ha dicho, constituye
con diferencia la masa de materiales de este conjunto. Sus características físicas y mineralógicas
660 apuntan claramente a centros de lo que, genéricamente, se ha denominado grupo “Málaga-Gra-
nada”, pero que en estricto ofrece similitudes directas con centros fenicios como Los Toscanos.
Lo dicho abarca, tanto ánforas de trasporte, como jarros y jarras o vajilla de mesa y cocina-proce-
samiento.
Por lo que atañe a vasos fenicios centro-mediterráneos (en especial cartagineses) y orien-
tales, no pueden ser considerados fuera de su normal presencia en los establecimientos occiden-
tales.
En cuanto a la cerámica a mano, algunos de los datos antes enumerados son sin duda muy
significativos, por lo que atañe a la filiación cultural del asentamiento protohistórico, que en cual-
quier caso nace ya desde sus orígenes bajo una clara presencia, al menos comercial, del factor
fenicio malagueño.

Conclusiones

La excavación realizada en la Plaza de la Catedral de Ceuta ha permitido documentar por


primera vez en la Ciudad la presencia de niveles de ocupación del siglo VII a.C. Hasta este momen-
to los datos de que se disponían correspondían a ánforas procedentes de contextos submarinos
que, en cualquier caso, no podían remontarse más allá del siglo V a.C. (Bernal, 2000 ; Ramon,
2004)
Los nuevos elementos de juicio, que aquí son presentados de un modo, como se ha dicho,
muy preliminar, permiten conocer la existencia de un nuevo asentamiento en la orilla africana del
Estrecho. Según los primeros análisis mantiene directas relaciones con las colonias fenicias del
litoral malagueño de donde se presume que procede la inmensa mayoría de material cerámico
torneado.

Arqueologia, sítios e materiais


Ceuta, un nuevo asentamiento del siglo VII a.C. en el norte de África

Se trata pues de un asentamiento de suma importancia en el marco geográfico donde se


implanta y donde, junto con un innegable substrato autóctono, la presencia comercial y segu-
ramente también física del factor fenicio, desde sus mismos comienzos y a lo largo de toda la
secuencia observada, introducirá aspectos claves de algo, en realidad, mal estudiado: la actividad
cultual y económica mixta y las fundaciones de asentamientos conjuntos, que obedecieron sobre
todo a la conexión citada.
El estudio sistemático en curso, que abarca todas las técnicas modernas de análisis y siste-
matización del registro arqueológico, será sin duda clave para una comprensión del fenómeno en
el sentido indicado.

Bibliografía

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661

Fernando Villada Paredes, Juan Ramon Torres e J. Suárez Padilla


LOS FENICIOS EN EL SUROESTE ATLÁNTICO. UNA REVISIÓN
DESDE EL REGISTRO ARQUEOLÓGICO DE HUELVA
*

Francisco Gómez Toscano


Universidad de Huelva

Resumen

A lo largo del pasado siglo XX, la investigación histórico-arqueológica de Huelva ha estado


determinada por hallazgos fortuitos de gran importancia, los cuales condicionaron incluso la
interpretación de la evolución física del asentamiento, en especial porque en los trabajos de campo
subsiguientes se puso el énfasis en la descripción subjetiva de importantes restos materiales y no
se prestó la debida atención a la información que suministraba el registro arqueológico. A pesar de
que la mayor parte de la excavaciones arqueológicas realizadas desde la década de los noventa no
han sido publicadas todavía de forma efectiva, la revisión de las más conocidas y nuevos hallazgos
descontextualizados, así como la comparación con otros sitios sincrónicos del territorio más cercano,
permiten estimar en qué momento de la evolución local se produjeron los primeros contactos con los
fenicios históricos y el significado de ese encuentro para el período orientalizante posterior.

Abstract

The most part of last 20th century casual finds have determined modern historical research
in the archaeological site of Huelva. These finds have even conditioned the physical explication of
the site due that fild works results emphacized the subjetive description of archaeological items
without offering an explanation of the archaeological record as a whole. Due that the most part of
archaeological excavations conducted in the site as from 1990 have not been througly published, the
revision of the known data, new casual finds, and also available information obtained in syncronic sites
around the Mediterranean, allows to stimate the actual date of first contacts of local population with
historical phoenicians and as both societies evolved in the next orientalizing period.

* Este trabajo se enmarca en el Proyecto Análisis de la implantación y evolución del fenómeno urbano
en el S.O. peninsular: Las campiñas onubenses (Ministerio de Educación y Cultura. DGICYT PB96-1496)
Los fenicios en el suroeste atlántico. una revisión desde el registro arqueológico de Huelva

La ocupación protohistórica de la ría de Huelva ha atraído siempre la atención de histo-


riadores y estudiosos mucho antes de que comenzara su investigación arqueológica, toda vez
que una gran parte de los restos que la han ido definiendo a lo largo del siglo XX ha sido fruto de
hallazgos casuales y no precisamente de estudios sistemáticos ordenados y planificados, que han
dado lugar a deficientes explicaciones históricas sólo recientemente criticadas (Gómez y Campos,
2001). En la década de los años veinte, en plena adaptación de su puerto a las necesidades de
calado contemporáneo, una prueba de dragado por debajo de los límites normales puso al descu-
bierto centenares de piezas de la Edad del Bronce acumuladas en el fondo del río Odiel, de las que
unas trescientas reunidas, catalogadas y estudiadas, afortunadamente, fueron depositadas en
el Museo Arqueológico Nacional donde se encuentran disponibles para su estudio (Ruiz Gálvez,
1995) No obstante, se sabe que otras muchas, como el casco griego, se apartaron del procedi-
miento oficial siguiendo diferentes derroteros. Años después, en la década de los años cuarenta,
jóvenes estudiantes de bachillerato detectaron la presencia de una tumba antigua en los cabezos,
tampoco la única al parecer, y guardaron las piezas localizadas hasta que fueron entregadas a los
primeros arqueólogos que les dieron importancia, los cuales comenzarían sus campañas de exca-
vación en la Necrópolis de la Joya (Garrido, 1989).
Entre 1968 y 1969, durante unos trabajos que se realizaban para preservar las laderas del
Cabezo de San Pedro, el azar mostró por primera vez la completa y compleja estratigrafía ar-
queológica formada en una de las principales zonas del yacimiento de Huelva, que fue dada a
conocer para mostrar elementos arqueológicos desconocidos hasta entonces (Blázquez et al.,
1970). Pocos años después, en los inicios de los ochenta, J. P. Garrido interrumpió los trabajos en
la Joya para atender a la aparición de un importante número de cerámicas griegas arcaicas que
se habían descubierto al realizar los cimientos de un edificio de nueva planta en la calle Puerto
(Olmos y Garrido, 1982), que inauguraba un catálogo compuesto ahora por varios miles de piezas
comparables a las mejores localizadas en el conjunto del Mediterráneo (Stampolidis, 2003). 663
Como es lógico, la investigación arqueológica moderna ha procesado esa información ob-
tenida por casualidad junto con la aportada por una investigación arqueológica que, en diferentes
momentos y por distintos equipos que no tuvieron demasiada continuidad, sólo se inició en la
década de los años sesenta, dando lugar a estudios casi siempre orientados a la investigación de
la Protohistoria, en los que se olvidaban o relegaban otros período históricos (Gómez y Campos,
2001), hasta que la elaboración de una Carta del Riesgo de la Ciudad ha regulado y ordenado la in-
vestigación del sitio arqueológico de Huelva (Gómez y Campos, 2000), donde en los últimos años
se han hecho más excavaciones preceptivas que las realizadas con anterioridad. En el momento
presente, precisamente el desarrollo de una excavación de urgencia ha dado lugar a otro hallazgo
que por sus características debemos incluir entre los casuales, ya que sus resultados, incluidos
en el contexto ya conocido, a pesar de no corresponder a una excavación arqueológica norma-
lizada, parecen de singular importancia en relación con la temprana presencia de los fenicios en
Occidente.

Los fenicios en Occidente y su sincronismo con la evolución del Próximo Oriente

Tal como se ha expresado en las páginas precedentes, el conocimiento del asentamiento


protohistórico de Huelva no se debe a unos pocos trabajos arqueológicos, sino que en la actua-
lidad se cuenta ya con un importante registro donde incluir nuevas aportaciones por importante
que ellas parezcan. No se trata pues de incorporar apresuradamente a ese registro unos materia-
les que puedan por sí mismos aclarar cuestiones trascendentales.
En recientes trabajos hemos defendido que la temprana presencia de los fenicios en Occi-
dente sólo podía ser estimada tras un estudio comparativo que precisara la situación cronoespa-

Francisco Gómez Toscano


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

cial del más antiguo registro arqueológico occidental en la evolución de la cultura material defini-
da en los asentamientos de la costa siropalestina (Gómez, 2004). Partiendo en esos momentos de
los, a nuestro juicio, más antiguos ejemplos conocidos en el hábitat prefenicio de Huelva, su análi-
sis nos llevó a estimar que no existían importaciones que pudieran ser anteriores al Stratum III de
Tell Abu Hawam (Herrera y Gómez, 2004), aunque unas pocas piezas claramente correspondían a
momentos previos a la formación de los Strata III-II de Tiro (Bikai, 1978), las cuales, como uno de
los jarros bícromos (Gómez, 2004: Fig. 2, 1) y un cuenco de Fine Ware (Gómez, 2004: Fig. 3, 1) po-
dían incluirse en el Salamis Horizon (¿850-750? a.C.) definido por P.M. Bikai para las importaciones
fenicias en Chipre (Bikai, 1987: 69). En cualquier caso, la presencia de los fenicios en Occidente
no parecía ser demasiado anterior a la cronología otorgada por J.N. Coldstream al Geométrico
Medio ático (Coldstream, 1968). Ahora, gracias a la aparición de una importante colección de
materiales arqueológicos procedentes de Huelva (González et al., 2004), puede darse un paso
más siguiendo nuestros planteamientos (Gómez, 2004), que en general quedan reforzados ante
la nueva evidencia.

Las nuevas evidencias y su contextualización histórico-arqueológica

Las circunstancias del hallazgo hay que relacionarlas con una excavación que se realizaba
en la calle Méndez Núñez (Osuna et al., 2000), en la cual se alcanzaron las aguas del freático y,
como tantas veces en Huelva, al no poder trabajar con garantías, se interrumpió la actividad y se
permitió operar a la empresa constructora. Los autores de la publicación (González et. al, 2004),
comprobaron que los estratos profundos no excavados iban siendo destruidos con maquinaría
pesada y los sedimentos extraídos, repletos de materiales arqueológicos, eran arrojados a los
664 depósitos acondicionados para ello en las marismas actuales. Como los materiales más profundos
estaban integrados en un sedimento negro característico, durante unos cuatro años se dedicaron
a su recogida y estudio sistemático, salvando así un importante registro que de otra forma no
hubiese incidido en la investigación arqueológica del hábitat onubense.
El estudio en su totalidad, como ya se ha manifestado (Torres, 2005), y se ha tenido la oca-
sión de comprobar en este Congreso, aporta un conjunto de materiales que puede elevar consi-
derablemente la cronología que antes se estimaba para la temprana presencia de los fenicios en
Occidente, posibilita ampliar las relaciones del hábitat local con otras zonas del Mediterráneo y,
en general, muestra una amplia base donde sustentar nuevas hipótesis de trabajo que coadyuven
una explicación coherente con el desarrollo de la Protohistoria peninsular y sus relaciones con el
Mediterráneo Oriental y Central.
No obstante, precisamente la necesidad de explicar el marco temprano de las relaciones
de la Península Ibérica con el Próximo Oriente tal vez ha llevado a los autores a desestimar el
significado del aporte de la sociedad occidental, tanto en la conformación del hábitat como en el
desarrollo de la ocupación previa a la presencia de fenicios en el Atlántico, que implica exponer
claramente cuál fue el desarrollo de la convivencia entre indígenas y recién llegados.
A la hora de contextualizar la selección de materiales recogidos en la marisma en la evo-
lución histórica del yacimiento arqueológico de Huelva, resulta transparente la propuesta crono-
lógica y el carácter difusionista que enmarca la interpretación histórico-arqueológica propuesta
por los autores, la cual está claramente dirigida a resaltar la importancia de los materiales de im-
portación, los únicos considerados relevantes, para incluso desestimar la existencia de ocupación
en la zona en momentos previos a esa cronología que implícitamente se adopta. Como muestra,
en la introducción al estudio de las cerámicas que se estiman autóctonas, a los autores no les
...parece procedente plantear una tediosa discusión basada en paralelos más allá de un hecho de
gran trascendencia en el caso de la antigua marisma de Huelva: su asociación a cerámicas áticas del

Arqueologia, sítios e materiais


Los fenicios en el suroeste atlántico. una revisión desde el registro arqueológico de Huelva

Geométrico Medio II, eubeo-cicládicas subprotogeométricas, sardas, villanovianas y, masivamente,


a vasos de tradición fenicia que pueden fecharse con anterioridad a la finalización del estrato IV de
Tiro (González et al., 2004: 188)1, sino que, simplemente, se establece una horquilla de los siglos
IX-VIII a.C., si no es desde el X, para la formación de todo el estrato negro y, con ello, curiosamente
la del hábitat de Huelva2.
No obstante, en este sentido, resulta sorprendente que a los materiales publicados quiera
dárseles el valor de un conjunto de restos obtenido en una excavación arqueológica sistemática.
Como ejemplo, ya que en el estudio de las dos campañas de excavación sistemática de 1977 y 1978
tan sólo se estimaban 464 piezas (Ruiz Mata et al, 1981), ahora se exige una mayor credibilidad a
sus conclusiones sólo por haber manejado diez veces más, es decir exactamente 4,703 fragmen-
tos (González et al., 2004: 188). De cualquier forma, antes de esas dos campañas de excavación
del Cabezo de San Pedro, el cuenco hemisférico con decoración bruñida, similar al Tipo 4 del ha-
llazgo de 1999-2003, era muy frecuente en la ladera occidental (Blázquez et al., 1970: Lám. XXVI,
D7 y E5) y, aunque esos materiales tampoco fueron excavados sistemáticamente, por su número
y posición en la evolución general, habría que continuar considerándolo una forma tardía, como
se hizo entonces a partir de una muestra mucho más amplia, muy cercana al momento en que
pasará a ser la forma A.II.b (Ruiz Mata, 1995: Fig. 3; 54-59). Ello no significa pues, que todas las
formas AIa, AIb o BI localizadas en la acrópolis del Cabezo de San Pedro, utilicémoslas como
ejemplo, fuesen sincrónicas con las rescatadas ahora en la zona del Puerto; debió existir un lapso
de tiempo en que esas formas se crearon desde unos precedentes originados en el Período For-
mativo (Gómez, 1997: Fig. 28).
Además, como ejemplo que incita a estimar la amplitud del período en que debe encua-
drarse a todo el conjunto publicado, incluso en el II Milenio a.C., dos cuencos bruñidos (González
et al, 2004: 194) se asocian al fenómeno de Cogotas I3, que implicaría la necesidad de subir, muy
por encima del siglo X, la horquilla cronológica en que debe enmarcarse el conjunto de cerámicas 665
ahora publicado4.
Por otra parte, hemos de recordar que la cronología de la Fase I del Cabezo de San Pedro,
así como su enmarque histórico en la Protohistoria del Suroeste peninsular, ha sido revisada a lo
largo del último cuarto de siglo. Si para el final del período lógicamente no existen demasiados
problemas para adscribir ese momento a una fase avanzada de la convivencia entre autóctonos
y fenicios que diese lugar a cambios substanciales en las formas cerámicas locales, nosotros hace
casi diez años estimamos que la Fase I, el exponente de la sociedad Occidental durante el final
de la Edad del Bronce, debía iniciarse en Huelva en los siglos finales del II Milenio a.C. y continuar
luego desde el Período Formativo al Clásico hasta la presencia fenicia (Gómez, 1997: 237-241), con
lo cual, aunque se acepte una fecha tan antigua como el siglo X para la presencia de los fenicios

1 El hallazgo de cerámicas de la Fase I del Cabezo de San Pedro fuera de su contexto histórico-temporal
ha sido ampliamente comprobado en el conjunto de la excavaciones realizadas en Huelva, un hecho debido a los
típicos procesos postdeposicionales existentes en cualquier sitio arqueológico, facilitados aquí por la específica
constitución de la morfología topográfica del hábitat. En muchos casos su hallazgo se consideró perduraciones
cuando en el mismo contexto aparecían otras formas protohistóricas más recientes.
2 Esta cronología coincide con la establecida por H. Shubart en 1971.
3 Estas cerámicas que pueden relacionarse con el Fenómeno Cogotas I, al menos en su fase final, no son ya
extrañas en Huelva, como en otros sitios del Bronce Final prefenicio (GÓMEZ, 1997: Fig. 6, 19 y Fig. 12, 7), pues L.
Serrano Pichardo entregó en el Museo Provincial de Huelva un fragmento recogido de las marismas, proveniente
de los vertidos de material de desecho de las construcciones de nueva planta en la ciudad, aunque sin especificar
cuál sería su procedencia específica.
4 De hecho, a partir de los materiales de Cogotas I y otros de las formas AIa y AIb del Bronce Final, hasta
los fenicios más antiguos, debieron pasar varios siglos. Hemos de recordar que en el Horizonte de Cogotas I de
Montoro aparecieron cerámicas micénicas fechadas en los siglos XIV-XV, que indicaría bien la amplitud del espacio
en que se fabricaron esas cerámicas bien el tiempo que separa el final de la Edad del Bronce en el Egeo y el Período
geométrico griego.

Francisco Gómez Toscano


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

en Huelva, ello no puede implicar que el puerto atlántico no existiera desde al menos tres o cuatro
siglos antes. Precisamente, debemos ser conscientes de que lo que persiste es el error de haber
desestimado la importancia en el Suroeste peninsular de la fase previa a los contactos con los
fenicios, cuando quiera y como quiera que ellos tuvieran lugar, ya que la fase en que se desarrolló
la minería del cobre local, la importación del estaño y la metalurgia del bronce tuvo que ser un
importante período en la conformación de la sociedad occidental (Gómez, e.p.) que dinamizó las
estructuras sociales, políticas y económicas de la zona, donde se asistiría posteriormente a la lle-
gada de los fenicios históricos, los cuales aprovecharon esta estructura en su propio beneficio.

Perspectivas de futuro en la investigación de Huelva

En futuras investigaciones relacionadas con el asentamiento protohistórico de Hueva, el


conjunto de evidencias que conforman el registro arqueológico conocido debe ser la base en que
se sustente cualquier interpretación histórica. El nuevo sumando que ahora ha aportado la ar-
queología (González et al., 2004), que permite establecer una cronología relativa de los principa-
les materiales fenicios (Figura 1), procede de un importante registro salvado gracias únicamente
al celo de los autores, debiendo destacarse, además, su competencia en el estudio de los mate-
riales. No obstante, una pronta crítica a algunas de sus interpretaciones no sólo nos parece nece-
saria sino oportuna, especialmente en el seno del VI Congreso de Estudios Fenicios y Púnicos, por
la repercusión que el hallazgo tiene en los planteamientos de los más tempranos contactos de la
sociedad fenicia más allá de las Columnas de Hércules.

666

Fig. 1. Evolución de platos y jarros fenicios en Huelva

Arqueologia, sítios e materiais


Los fenicios en el suroeste atlántico. una revisión desde el registro arqueológico de Huelva

Lo más importante de todo, dada la cantidad, diversidad y calidad de materiales recupera-


dos, es que ahora es posible situar en su justa medida ejemplos que antes parecía aventurado,
entre otros el fragmento de marmita palestina conocido desde los años ochenta (Gómez, 2004:
81; Fig. 4, 5), sin dudas una pieza que ya confirmaba el asentamiento de gentes de la costa siropa-
lestina en momentos muy antiguos, pero en el seno de un asentamiento local.

Bibliografía

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Francisco Gómez Toscano


The earliest Phoenician, Greek and Sardinian
ceramics found in Huelva:
a support for Tashish in 1 Kings 10.22.
*

Fernando González de Canales


Leonardo Serrano
Jorge Llompart
Huelva

Abstract

The finding in the city of Huelva, southwestern Spain, in a precolonial context, of an abundant
array of Phoenician and autochthonous ceramics together with other ones of Cypriot, Greek, Sardinian
and Italic origin, and the demonstration of activities leading to the manufacture of certain precious or
semiprecious products, in opinion of the authors identifies without much shadow of a doubt, the site
mentioned in Biblical texts as Tarshish (the Greek Tartessus).

Resumen

El hallazgo en un contexto precolonial de la ciudad portuaria de Huelva, en el suroeste de


la Península Ibérica, de un abundante conjunto de cerámicas fenicias e indígenas, junto a otras de
procedencia chipriota, griega, sarda e itálica, y la demostración de actividades dirigidas a la obtención
de determinados productos preciosos o semipreciosos evidencia, en opinión de los autores sin
demasiada sombra de duda, el lugar conocido en los textos bíblicos como Tarsis (Tarteso griego).

* We thank Dr. Roberto Novella (Madrid-Oxford) for correcting the English version.
The earliest Phoenician, Greek and Sardinian ceramics found in Huelva: a support for Tashish in 1 Kings 10.22.

In 1998, we took part in the excavation of an area located between Méndez Nuñez St 3-7,
and Las Monjas Sq 12, in Huelva, a harbour town in Southern Spain (figs. 1-2). In the process of
the excavation, only 7th century BC levels could be reached due to ground water, preventing us
to cover the archaeological records in full. As an extension to the excavation, we proceeded to
a selective recovery of materials within a secondary context, of a dark-grey stratum at some 2.5
m below the water table level, in which a first human settlement had been located according
to observations along the digging of the area. A binocular analysis of this stratum proved to
correspond to a salt marsh.1
Among the approximately 90.000 fragments examined, 8.009 were classified as follow:
4.703 of local tradition; 3.233 Phoenician; 33 Greek; 8 Cypriot; 30 Sardinian and 2 Villanovan. The
number of Sardinian vessels could increase slightly while contemplating some Zentral-italische
Amphoren (ZitA) as Nuragic productions (Docter, 1999, p. 93 and Table 4; Oggiano, 2000, p.
242).
In this paper, we will try to identify Phoenician, Greek and Sardinian vessels which could be
dated back some time before c. 800 BC according to the chronological tradition of geometrical
Greek vessels (Coldstream, 1968, p. 330) and to other dates, such as those established for Tyre
strata during P.M. Bikai excavation (1978), the foundation of the first western Phoenician colonies
by mid 8th century BC or the arrival of the Euboeans to Pitecusae c. 760 BC. We should however
be aware of the frequent circular arguments on which these dates are based.

669

Fig. 1. Iberian Peninsula and Huelva Stuary c. VIII-VI BC

1 The circumstances surrounding the recovery, exposure and discussion of the mentioned findings are
contained in El emporio precolonial fenicio de Huelva: ca 900-770 a.C. and, partly, in Del Occidente mítico griego
a Tarsis-Tarteso: Fuentes escritas y documentación arqueológica. Both books were edited in December 2004 by
Editorial Biblioteca Nueva, Madrid. A briefing in the English language has appeared in Bulletin Antieke Beschaving
81, 13-29, 2006, and a contribution to the Phoenician chronology of these findings, considering some possible
historical dates related to the Greek Tartessos and Biblical Tarshish in Beyond the homeland: markers in Phoenician
Chronology, edited by Claudia Sagona in Ancient Near Eastern Studies, Supplement 28, 631-655, 2008, published
by Peeters Press, Louvain.

Fernando González de Canales , Leonardo Serrano e Jorge Llompart


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 2. H: Huelva habitat c. 750-540 BC; N: “La Joya” Necropolis, Sector A, c. 750-630 BC

It is important to mention the three radiocarbon dates available for the context investigated
670
at Huelva. The mean-age of these dates is calibrated as 930 to 830 BC with a 94% probability
(Nijboer & van der Plicht, 2006). It is therefore most likely that the Phoenicians crossed the whole
Mediterranean, from Tyre to Huelva, from onwards the first half of the 9th century BC if not
before. One of the radiocarbon dates presented fully covers the 10th century BC. In their paper,
Nijboer and van der Plicht compare the results from Huelva with available high-quality radiocarbon
dates of Carthage and other sites in the Mediterranean. An interpretation of these dates indicates
that ceramics previously dated to the first half of the 8th century BC might actually have to be
dated into the 9th century BC. According to this interpretation by Nijboer and van der Plicht,
many vessels in the Huelva context probably should be dated prior to 800 BC, but those discussed
in this paper as prior to 800 BC by Greek ceramics chronology would continue being the earliest.

Phoenician vessels: For historical reasons and typological similarities of ceramics, we shall
adopt P.M. Bikai excavation of Tyre as our main reference. In this excavation, the year 800 BC
approximately matches the transition between Strata VIII and VII (Bikai, 1978, p. 67-68).
1. Plates: Types 8, 9, 10, 11 and 13 of Tyre begin in strata preceding 800 BC, but they continue
until more recent strata (Bikai, 1978, Table 3A). For this reason we cannot differentiate which
items found in Huelva are actually older than 800 BC. Even so, as plates are the most widely
represented kind of vessels, they should be the most abundant among the oldest ones.
In the 2004 catalogue, caution drove us to ignore some fragments of possible plates type 14
for chronological effects because of similarity between their rims with the lamps rims (González
de Canales et al., 2004, p. 38 and 180). However, the lack of burnings and the different treatment
of surfaces, compared to several hundred lamp remains documented, predisposes us to classify,
at least, a couple of fragments as belonging to type 14 Tyre plates. As plate 14 is not recorded
from Tyre stratum VIII onwards (Bikai, 1978, Table 3A), these two items must be dated before 800
BC (fig. 3).

Arqueologia, sítios e materiais


The earliest Phoenician, Greek and Sardinian ceramics found in Huelva: a support for Tashish in 1 Kings 10.22.

2. Fine Ware: All fine ware plates/bowls reach recent strata at Tyre, so that none of the
more than 800 fragments found can be attributed a chronology prior to 800 BC.
3. Bowls: One Tyre base type 10 (Bikai, 1978, p. 32 and pl. XCV,10) and 13 bases type 11:3
(Bikai, 1978, p. 32 and pl. XCV,11:3), whose presence ends up in Strata X-2 and VIII respectively
(Bikai, 1978, Table 11A), were found (figs. 4-5), so that they must be considered prior to 800 BC.
4. Jugs: Most of the jugs documented belong to Tyre types 7 and 8, including Sarepta
variations DJ-4 to DJ-10. Some body fragments decorated with concentric circles, ascribed to Tyre
type 10, were also found. Like in other vessels, the persistence of these types up to recent Tyre
strata (Bikai, 1978, Table 6A) tends to prevent its consideration. A specific comment is deserved
to a fragment of rim and neck, with a groove beneath the rim, ascribed to Tyre type 9. It has
a close parallelism to an item from the Limassol Museum, seemingly coming from Amathus,
showing a similar groove (Bikai, 1987, nº 36 in p. 7 and pls. IV and XXIV). Although type 9 shows
up in Strata VI and V, being its presence in more recent strata merely testimonial (fig. 6), most
of the items documented in Cyprus are ascribed to the Kouklia horizon (Bikai, 1987, p. 62), dated
c.1050-850 BC (Bikai, 1987, p. 69).2 The same can be said about three fragments assigned, with
some reservation, to spouted jugs (González de Canales et al., 2004, p. 64).

671

Fig. 3. Plate 14 of Tyre. Cases: 2 Fig. 4. Base type 10 of Tyre. Cases: 1

Fig. 5. Base type 11:3 of Tyre. Cases: 13 Fig. 6. Jug type 9 of Tyre. Cases: 1

2 We will not get into considering possible post-depositional problems which, like in any large city in plain
activity, could affect Tyre’s stratigraphy.

Fernando González de Canales , Leonardo Serrano e Jorge Llompart


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

5. Amphorae: Eleven Tyre type 12 items characterized by an extremely high rim (Bikai, 1978,
p. 45) can be attributed a chronology prior to 800 BC, given that their presence after Stratum
IX is rare (fig. 7). At Sarepta, types SJ-7, SJ-8 and some examples of SJ-6, equivalents to Tyre 12
amphora, disappeared c. 950 BC, when D2 Substratum end (Anderson, 1988, p. 192-194, 398 and
407), but this chronology is considered too high. A great deal of interest acquires the presence
of four items of Tyre type 9 amphorae with a thicker rim on the inside and similar grooves on the
shoulder, like some Phoenician amphorae related to the final use of Temple A and the first part
of Temple B at Kommos, in Southern Crete (fig. 8), dated c. 900-760 BC (Shaw, 2000, p. 1100 and
fig. 8.2, 6, 8; Bikai, 2000, p. 308-310 and pls. 4.63, 2, 6, 8 and 4.64, 2, 6, 8). Similar grooves appear
in other fragments of rimless shoulder preserved. Perhaps the final destination of the Phoenician
ships stopping at Kommos, shall now be unveiled.

672

Fig. 7. Amphora 12 of Tyre. Cases: 11 Fig. 8. Amphorae type 9 of Tyre, “Kommos variety”

Greek Vessels: The 33 fragments found proceed from GM-II Attic and SPG Cycladic-Euboean
vessels. Amongst the 15 fragments of Cycladic-Euboean plates, eight include part of the rim and
could be classified according to A. Nitsche’s proposal (1986/87, p. 32). One B1 and two C1 items
stood out as being ascribed to SPG I-II, dated c. 900-850 BC (fig. 9). The Indigenous-Phoenician
context in which they appear not only does bind up these vessels to Phoenician commerce but
shed some doubt about the fact that in other contexts similar Greek vessels could be attributed
to the trade of pre-colonial Euboean navigators.

Sardinian Vessels: They are represented basically by askoi, vasi a collo and amphorae
(previously ZitA). A fragment of herring-bone decorated askos handle suggested high dating
through some references. However, detailed information thankfully received from Drs. Salvatore
Sebis and Alfonso Stiglitz confirms the persistence of this kind of decoration well into Sardinian
Iron I, hence the whole Sardinian set from Huelva may, in principle, be dated as far back as the
first decades of the 8th century BC.

Conclusion: In brief, there is a group of Phoenician vessels which can be ascribed to the
9th century BC or, in some cases, even to the second half of the 10th century BC. This chronology
is at least consistent with the one of three Cycladic-Euboean vessels and also with that of some
Phoenician epigraphies read and dated by Prof. M. Heltzer (in González de Canales et al., 2004,
p. 133-135).

Arqueologia, sítios e materiais


The earliest Phoenician, Greek and Sardinian ceramics found in Huelva: a support for Tashish in 1 Kings 10.22.

673

Fig. 9. Euboean-Cicladic plates and Nitsche classification

Historical significance: That this Indigenous-Phoenician settlement constituted an emporium


from very early stages seems evident through numerous industrial and artisan activities depicted
in the poster displayed at the Congress, The Industrial Activities in the Pre-colonial Phoenician
Emporium of Huelva. Later on, some Greek sources that can be dated back to the 6th century
BC define Tartessos, by then in full activity, as a city (Avienus, Ora Maritima 290), city-emporium
(Scymnus 164) and commercial-emporium (Herodotus 4.152). By this time, Huelva’s habitat had
reached around 20 hectares and could be identified without major problems with this famous
city thanks to the emergence of thousands of archaic Greek fragments, some of extraordinary
quality, to other pieces possibly manufactured in Huelva itself by the Greeks and to graphites
of the same origin, along with a critical reading of Tartessos geographical environment and its
homonymous river from written sources (González de Canales, 2004, p. 279-332).
Now, is there any literary reference to this emporium during its first stages? This implies
some three centuries before the arrival of the Greek to Tartessos towards the end of the 7th
century BC (according to Herodotus 4.150-153 and to Greek archaeological findings).
In the Hebrew-Phoenician Biblical sources, we can find the word “Tarshish” mentioned
31 times: most often referring to a place, occasionally clearly from western origin; less often to
a kind of commercial cargo ship and also pointing at an enigmatic stone (see poster displayed
at the Congress, The Riotinto Mines and the Tarshish Stone: a hypothesis); only once referring
to a dubious type of silver (Jeremiah 10.9) and, lastly, the term is used as an anthroponym (1

Fernando González de Canales , Leonardo Serrano e Jorge Llompart


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Chronicle 7.10). It seems logical that the ships would take their name from their most remarkable
destination, the stone and the silver from its place of origin and the anthroponym, appearing in a
later text, from the adoption of a term deserving certain popularity amongst Biblical readers. The
first mention of Tarshish, in 1 Kings 10.22, can be dated back to the second half of the 10th century
BC, after Ophir’s voyage twenty years away from Hiram’s gold delivery to Solomon (1 Kings 9.10-
14). If the fleet had come back from Ophir with gold (1 Kings 9.28), Solomon would had paid his
debt without giving in exchange twenty cities in Galilee to the Phoenician monarch (1 Kings 9.11).
Consequently, the date is very close to the first Phoenician findings at Huelva.
“For the king (Solomon) had at sea the ships (fleet) of Tarshish with the ships (fleet) of
Hiram; once every three years, the ships (fleet) of Tarshish came bringing gold and silver, ivory
and apes and peacocks” (1 Kings 10.22).
Leaving aside the disputed figure of Solomon, probably overextended by Deuteronomists,
and the possibility that the original verse would show not two fleets but just only one ship of
Hiram (Bunnens, 1979, p. 63-64), the text is consistent with Tyre’s enrichment and with mentions
of Tarshish referred to at later dates. It is now our interest to compare the products transported
by Phoenician ships with Huelva’s findings:

Peacocks: The supposed mention of these birds would favour a Tarshish in India, where no
Phoenician remains have been found. The Biblical term equivalent to peacock is not interpreted
as such in the Septuagint, and Prof. Heltzer informed us that it is a hapax, which could mean
practically anything. It is not interpreted either in such a way by some researchers who have
dedicated attention to such question (Koch, 1984, p. 14).

Silver: Within the context of Huelva, a series of silver metallurgical activities are
674 demonstrated. Silver was obtained through the cupellation technique using lead as a collector,
as it is certified by the presence of free silica slag (fig. 10.1) and some other metallurgic remains
such as a lead-silver button (fig.10.2). Starting from furnace wall bricks, a chimney furnace model
could be rebuilt (fig. 10.3), similar to the one suggested at Laurion by Conophagos (1980, fig. 12.1)
for silver cupellation. Undoubtedly, the argentiferous minerals came from the Iberian Pyrite Belt,
among which stands up the gigantesque Roman and Pre-roman slag deposits of the Riotinto
Mines, with a surface of over 2,500 m oriented E-W and 200 m oriented N-S and a volume of
over 6,600,000 tons (García Palomero in Rothenberg et al., 1989, p. 66 and 69). Most of these
are silver slag and reduced minerals are jarosites as well as a very rich silver gossan, as the silver
content in the slag actually shows (González de Canales, 2004, p. 239). For the same period, the
copper slag volume from Cyprus amounts to something over 4,000,000 tons (Bruce et al., 1937,
p. 642), a volume considered matchless in the East (Knapp, 1999, p. 99).

Ivory: Numerous elaborated pieces and carving remains were found (fig. 11), so that carving
specialists of that coveted product must have settled in the same habitat3.

3 Out of the 816 pieces and ivory cut remains recovered, forty were sent to Madrid for analysis (Consejo
Superior de Investigaciones Científicas and Universidad Complutense). Some time later, another sample looking
like part of a horn core was also sent (poster for the Congress: “The Industrial Activities in the Pre-colonial Phoenician
Emporium of Huelva”). All sample analyzed were identified as ivory. For this reason, in the original publication the
former piece was described as belonging to an elephant tusk instead of a horn (see “El emporio precolonial fenicio
de Huelva: ca 900-770 a.C., p. 166). However, the (photographic) resemblance of this piece to another one found
at Al Mina, which had also been confused as an elephant tusk until its further correct identification as a horn,
and a kind letter from F. Poplin (Muséum National d’Histoire Naturelle, Paris) has driven us to request a revision
to our colleague in charge of the study. Just recently, we were told that the original sample was insufficient
for a concluding analysis. As already said, we had understood that it belonged to ivory, as all the other ones
analyzed. For its definitive identification, it seems prudent to wait for the verdict of the archeofauna specialists.
Notwithstanding, should the Huelva piece correspond, as it seems, to the inner bony nucleus of a horn, we would
be facing the Bos genus (Bos primigenious?).

Arqueologia, sítios e materiais


The earliest Phoenician, Greek and Sardinian ceramics found in Huelva: a support for Tashish in 1 Kings 10.22.

Fig. 10. Silver metallurgy


675

Fig. 11. Marfil workshop

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VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

676
Fig. 12. Monkey stone sculpture (Garrido Roiz, 1970, pl. XLIX)

Fig. 13. Gold resources possibilities: 1. Iberian Pyrite Belt; Iberian auriferous rivers; 3. Africa

Arqueologia, sítios e materiais


The earliest Phoenician, Greek and Sardinian ceramics found in Huelva: a support for Tashish in 1 Kings 10.22.

Apes: If ivory and ostrich eggs found in the excavation came from Africa, it does not seem
difficult that apes might have come as well. A curious remark is the fact that, to the north of
the extraordinary necropolis of La Joya, a little stone figure which could well represent a simian
appeared (fig. 12). Notwithstanding, the meaning of the Hebrew term interpreted as “monkeys”
meets some serious problems.
Gold: We are not aware of the origin of the gold which might have arrived in the site, where
a golden earring was found. In principle, there are three alternatives (fig. 13):
1. The first one was the Iberian Pyrite Belt. Although there are auriferous quartzite mines,
almost all gold is found in the same state of mineralization exploited to obtain silver: gossan and
jarosites. The problem is that most of the specialists believe no technology was available in those
days to obtain gold from such mineralization. It may well be so, but we should bear in mind that
minerals exploited might have been much richer in precious metals than they are today and it is
interesting that Hecateus (fr. 45 of Nenci: Testimonia Hispaniae Antiqva A, 23i) mentions Ibila as a
Tartessian city with gold and silver mines (Rio Tinto’s habitat?), and Diodorus (5.36, 2 and 4) refers
to gold mining, together with silver and copper ones. Besides, we might be unaware of the nature
of antique refining processes in depth.
2. Secondly, we have got the auriferous rivers of the Iberian Peninsula whose written
references are abundant. Some rivers of the NW were exploited intensively during the Roman
Period. It is important to point out the existence of gold metallurgy in the Tagus area and to the
wide tradition of gold torcs and bracelets in Portugal.
3. Finally, we have the alternative of Africa. Herodotus (4.196) testimony about the
Carthaginian’s silent gold trade in Africa, which, for some reasons (González de Canales, 2004, p.
230), would mean the implication of the Phoenicians as well. In the Island of Mogador (Essaouira), 677
on Morocco’s Atlantic façade, Phoenician remains dating back to the 7th century BC have been
found. Prof. López Pardo (2000) has proposed to identify Mogador with the Island of Kerne,
mentioned in Greek sources from Pseudo-Skylax (Periplous 112 in GGM I, 93-94). Furthermore he
believes that it most probably represents a terminus port in the alluvial gold trade transported in
caravans from the Senegal-Niger auriferous regions.
After Hiram times, Ezekiel (27.12) accounts for the following products coming from Tarshish:
silver, iron, tin and lead. Silver reduction by lead cupellation has already been mentioned. In the
stratum analyzed, which also shows iron metallurgy, a tin sheet with perforations appeared and
the tin richness of the European Atlantic façade and the Extremadura region is well known.

Addendum: Recent studies indicate that a certain number of ivory objects, in both Chalcolithic
and Early Bronze contexts, of the Iberian Peninsula were elaborated from Asian instead of African
ivory: Th.X. Schuhmaker, El marfil en España desde el Calcolítico al Bronce Antiguo, in Banerjee,
A.; López Padilla, J.A.; Schuhmaker, Th.X. (eds.) Elfenbeinstudien. Faszikel 1: Marfil y elefantes en la
Península Ibérica y el Mediterráneo occidental, Iberia Archaeologica 16 (1), 2012, pp. 45-68. Should
this be the case for ivories made in the Huelva workshop, as commented herein, then, they could
not be related to those obtained by the Phoenicians in Tarshish. However, it would be unthinkable
that the Phoenician ivory specialists living in Huelva would not pay attention to the existence of
raw ivory from elephants still roaming over the neighbouring North Africa.

Fernando González de Canales , Leonardo Serrano e Jorge Llompart


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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Arqueologia, sítios e materiais


679
As cerâmicas pré-romanas de Faro

Elisa de Sousa
Centro de Arqueologia
Faculdade de Letras. Universidade de Lisboa

Resumo

A ocupação pré-romana da actual cidade de Faro era, até recentemente, mal conhecida.
Escavações recentes, realizadas em área anexa ao Museu Arqueológico de Faro, permitiram a recolha
de um considerável conjunto de materiais integráveis, cronologicamente, na segunda metade do I
milénio a.C. Este artigo pretende apresentar, sintetizadamente, esse conjunto de materiais.

Abstract

The pre-roman occupation of the city of Faro was, until recently, poorly known. Recent exca-
vations, performed in the annex area of the archeological Museum of Faro, allowed the recovery of a
considerable set of materials, chronologically integrated in the second half of the 1st millennium b.C.
This article intends to present, in briefly way, that set of materials.
As cerâmicas pré-romanas de Faro

1. Introdução

Os dados até ao momento disponíveis para o estudo da ocupação pré-romana da actual


cidade de Faro, indicam que o povoado se localizaria na sua zona histórica, conhecida por “Vila-
a-dentro”. Esta área corresponde a uma pequena elevação, com uma cota máxima de 9m de
altitude, que constitui, ainda assim, uma área destacada da paisagem. Integrada num ambiente
lagunar, esta pequena colina parece ter-se configurado como uma ilha durante a Antiguidade,
possuindo boas condições portuárias e um amplo domínio visual sobre o território envolvente.
As intervenções arqueológicas efectuadas nessa área são consideráveis, ainda que sejam
escassos os dados publicados. Com, efeito, sobre a ocupação pré-romana da cidade só se conhe-
cia, até à relativamente pouco tempo, a existência de dois pratos de peixe de cerâmica de “tipo
Kuass”, recolhidos em escavações realizadas por Abel Viana em inícios do século passado, e a
referência a “cerâmica ibérica pintada, cerâmica Ática, (…), cerâmica de origem e influência púni-
ca…” exumada em algumas intervenções dirigidas por T. J. Gamito (Gamito, 1994, p. 116).
Durante 2001 e 2002, foram efectuadas,
em área anexa ao Museu Arqueológico de Faro,
algumas sondagens dirigidas pelos Dr.s Dália
Paulo e Nuno Beja. Essas escavações permitiram
obter uma ampla estratigrafia de ocupação, que
remonta desde a segunda metade do primei-
ro milénio a.C. até à época contemporânea. As
sondagens eram de pequenas dimensões, tota-
lizando a área de escavação 64 m2. A opção de
não desmontar algumas estruturas modernas, 681
relacionadas com edifícios históricos da cidade,
assim como o objectivo de deixar permanecer
vestígios de ocupação de todos os períodos iden-
tificados, com vista à musealização, condicionou
a continuação da escavação em profundidade. A
escavação dos níveis da Idade do Ferro, deposi-
tados directamente sobre o substrato geológico,
foram afectados por esses factores, resumindo-
-se a pequenas extensões.
Alguns dos materiais pré-romanos exu-
mados no decurso destas intervenções foram já Faro
alvo de estudo, como é o caso da cerâmica grega
(Barros, 2005) e das ânforas pré romanas (Arru-
altitude superior a 400 m
da, Bargão e Sousa, 2005). A análise destes con-
0 200 Km
juntos permitiram constatar que o início da ocu-
pação humana na zona histórica da actual cidade
Fig. 1. Localização da cidade de Faro
de Faro parece não remontar além de meados do no actual território português
primeiro milénio a.C. (base cartográfica de Victor S. Gonçalves)

2. Os materiais

O conjunto analisado é constituído por um total de 556 fragmentos exumados nos níveis
pré-romanos identificados nas escavações realizadas em área anexa ao Museu Arqueológico de

Elisa de Sousa
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Faro. Destes, 334 indivíduos (58,9% do conjunto), pertencem a cerâmicas comuns feitas a torno;
120 indivíduos (21,2%) correspondem a contentores anfóricos; 92 indivíduos (16,2%) integram-se
na categoria de cerâmica de “tipo Kuass”; 10 indivíduos (1,8%) pertencem a cerâmicas de fabrico
manual.
Material Intrusivo
1,9% Kuass
Ânforas 16,2%
21,2%

C. manual
1,8%

Comum
58,9%

Fig. 2. Distribuição das categorias cerâmicas identificadas nos níveis pré-romanos


das intervenções realizadas em área anexa ao Museu Arqueológico, em Faro

2.1. As ânforas
A maioria do conjunto das ânforas pré-romanas exumado nestas intervenções foi já
estudada (Arruda, Bargão e Sousa, 2005). Aqui retratamos apenas os fragmentos exumados nos
níveis conservados da Idade do Ferro, acrescentando apenas algumas indicações ao trabalho
realizado.
682 Dentro dos contentores anfóricos, que consistem em 21,2% do espólio analisado, destaca--
-se a presença abundante do tipo B/C de Pellicer, pertencente, na sua maioria, às suas variantes
evolucionadas, que compõem quase 50% do conjunto. Segue-se o tipo D de Pellicer, que represen-
ta 17,5% do conjunto dos contentores anfóricos. As ânforas de tipo Tiñosa, que traduzem outros
17,5 17% das formas identificadas, são uma presença também abundante. As ânforas de tipo Maña
Pascual A4, ainda que também expressivas, são menos abundantes no conjunto, sendo represen-
tadas por 11,7%, apresentando todos os exemplares pastas características da baía gaditana. As
ânforas de tipo Carmona têm, no contexto analisado, uma presença pouco significativa, traduzin-
do apenas 4,2% do conjunto. Ainda que com uma representatividade escassa, a presença deste
tipo anfórico é relevante, sendo raros os casos, no território actualmente português, em que é
identificado em níveis pré-romanos.

Indet.
Carmona 2,5%
4,2%

D de
Pellicer
17,5%
B/Cde
Pellicer
46,7%

Tiñosa
17,5%

MPA4
11,7%

Fig. 3. Distribuição dos tipos formais anfóricos identificados nos níveis pré-romanos
das intervenções realizadas em área anexa ao Museu Arqueológico, em Faro

Arqueologia, sítios e materiais


As cerâmicas pré-romanas de Faro

1 2

3 4

5 6

7 8

683

9 10

11 12

13 10 cm

Fig. 4. Ânforas pré-romanas recolhidas em Faro: B/C de Pellicer (n.º1 a n.º 4),
D de Pellicer (n.º 5 a n.º 8), Tiñosa (n.º 9 a n.º 10), Maña Pascual A4 (n.º 11 a n.º 12) e Carmona (n.º 13)

Elisa de Sousa
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

2.2. A cerâmica de “tipo Kuass”


Outro dos tipos cerâmicos bem representados em Faro é a cerâmica de “tipo Kuass”. Esta
produção, cujo início se encontra documentado a partir de finais do séc. IV a.C., encontra-se bem
representada no conjunto, correspondendo a 16,2% de todo o material exumado. Os tipos mais
representados são as formas II e IX-A de Niveau de Villedary (2003), que correspondem, respecti-
vamente, a pratos de peixe e a pequenas taças globulares de bordo reentrante. Em menor núme-
ro, estão também presentes as formas VIII, que engloba taças de bordo esvasado, IX-B e IX-C, que
correspondem a taças pouco profundas. Cabe apenas destacar que a utilização desta cerâmica
perdura, em Faro, ainda durante o período romano republicano, observando-se, nos materiais
desta cronologia, uma clara influência de protótipos da cerâmica campaniense.

2 3

684 4 5

6 7

8 10 cm

Fig. 5. Cerâmicas de “tipo Kuass” recolhidas em Faro: forma II (n.º1 a n.º 3), IX-A (n.º 4 a n.º 5),
VIII (n.º 6), IX-B (n.º 7) e IX-C (n.º 8) de A. M. Niveau de Villedary y Mariñas

2.3. A cerâmica comum


A cerâmica comum consiste, naturalmente, na categoria mais expressiva do conjunto, tra-
duzindo 58,9% do espólio analisado. As formas mais abundantes são as tigelas de corpo hemisfé-
rico, seguida por uma presença menos significativa de potes ou panelas de bordo esvasado, gran-
des recipientes abertos, genericamente designados por bacias/alguidares e almofarizes, além de
uma presença escassa de pratos de peixe e pequenos potes.
A cerâmica comum de fabrico manual está escassamente representada, constituindo ape-
nas 1,8% do conjunto. As únicas formas representadas resumem-se a fragmentos de tigelas de
corpo hemisférico e a potes ou panelas. Destaca-se apenas que estes últimos fragmentos apre-
sentam, com frequência, vestígios que indiciam a sua exposição ao fogo, parecendo assim consis-
tir em recipientes destinados, particularmente, para cozinhar alimentos.

Arqueologia, sítios e materiais


As cerâmicas pré-romanas de Faro

1 2

4 5

6 7

685

9 10
10 cm

Fig. 6. Cerâmica comum recolhida em Faro: tigelas (n.º1 a n.º 2), pratos (n.º 3),
potes/panelas (n.º 4 a n.º 5), grandes recipientes (n.º 6 a n.º 7), almofariz (n.º 8) e pequenos potes (n.º 8)

1 2

3 4

5 10 cm

Fig. 7. Cerâmica comum de fabrico manual recolhida em Faro: tigelas (n.º1) e potes/panelas (n.º 2 a n.º 5)

Elisa de Sousa
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

3. Considerações finais

A análise destes materiais permite, uma vez mais, corroborar a possibilidade de que a cro-
nologia do início da ocupação da actual cidade de Faro se centra em torno de meados do Iº mi-
lénio a.C., provavelmente em momentos já tardios do séc. IV, como já se tinha verificado com os
conjuntos da cerâmica grega de verniz negro (Barros, 2005) e das ânforas pré-romanas (Arruda,
Bargão e Sousa, 2005).
Não deixa, contudo, de causar alguma perplexidade uma ocupação tão tardia na zona cen-
tral algarvia, especialmente considerando que a área mais oriental teve um início de ocupação
bem mais precoce, como indicam os dados das escavações realizadas em Tavira e em Castro Ma-
rim (Arruda, 1999/2000; Maia, 2003).
A explicação para esta ocorrência poderá, possivelmente, relacionar-se com a reestrutura-
ção económica que ocorreu no mundo fenício ocidental, encabeçada por Cádiz, a partir de mea-
dos do I milénio a.C., e cuja base seria a exploração intensiva da indústria de preparados piscícolas
(López Castro, 1993, p. 353). A posição de Gadir a partir destes momentos parece ser definida
como um centro hegemónico dentro da área do Estreito de Gibraltar, que, de certa forma, geria
os seus recursos económicos, ainda que os restantes núcleos integrados pareçam manter uma
plena autonomia (Arteaga, 1994). Toda esta reestruturação económica conduziu, naturalmente,
a novos modelos de gestão e exploração do território, que provavelmente implicou a ocupação
de novos espaços.
Faro e o seu território envolvente apresentam características propícias ao desenvolvimen-
to desse tipo de actividades. O modelo de implantação do povoado privilegia o acesso às vias
marítimas, estando localizado num ponto estratégico de rotas de migração de várias espécies
piscícolas e com óptimas condições para a captação de sal. Contudo, até ao momento, ainda não
686 se identificaram, em todo o território algarvio, evidências que as possam documentar em período
pré-romano. Mesmo em Tavira, onde os resultados de escavações arqueológicas atestam a práti-
ca intensa de actividades piscícolas na segunda metade do I milénio a.C., a julgar pela abundante
presença de restos de fauna ictiológica e malacológica, além da descoberta única de uma rede de
pesca em excelente estado de conservação, ainda conectada a vários pesos de rede e associada à
presença de vários anzóis de cobre (Maia, 2004), não são dados suficientes, a nosso ver, para afir-
mar a existência de indústrias de preparados piscícolas no local. Esse tipo de unidades reveste-se
de uma série de características a nível arquitectónico que, até ao momento, não foi identificado
em todo o território actualmente português em momentos anteriores à ocupação romana. Este
facto também causa, contudo, uma certa perplexidade, especialmente tendo em consideração o
desenvolvimento dessas actividades, depois do período augustano, em todo o território algarvio.
Os sítios arqueológicos implantados na sua costa, com ocupação na segunda metade do I milénio
a.C., situam-se em zonas com excelentes recursos marinhos, quer ao nível da captação de vários
tipos de peixe como de sal, componente essencial para a sua conservação e transformação. A
própria implantação de uma série de novos núcleos de povoamento, como se supõe que tenha
ocorrido em não só em Faro, mas talvez também em Vila Velha de Alvor e em Monte Molião (Arru-
da, Bargão e Sousa, 2005, p. 205), em momentos coevos do intensificar da exploração desses pro-
dutos em todo o restante mundo peninsular meridional, fazia também supor o desenvolvimento
de ditas actividades nas imediações dessas áreas. Talvez este desconhecimento se deva, não à
inexistência de tais unidades, mas sim a lacunas de investigação ou mesmo ao carácter urbano
que, na actualidade, reveste as zonas envolventes de muitos desses núcleos.
Outros sítios algarvios, ocupados em momentos coevos do período aqui estudado e cujos
espólios artefactuais foram publicados, como Castro Marim (Arruda, 2000), Tavira (Maia, 2004)
e Cerro da Rocha Branca (Gomes, 1993), apresentam uma cultura material muito homogénea,
indicando uma mesma filiação, com profundas influências mediterrâneas, e extremamente

Arqueologia, sítios e materiais


As cerâmicas pré-romanas de Faro

Castro Marim
V. V. de Alvor
C. da Rocha Branca Tavira
Monte Molião
Faro

Fig. 8. Sítios localizados no território algarvio com ocupação durante a segunda metade do I milénio a.C.

semelhante à definida para a outra margem do Guadiana, no que é por alguns designado de
horizonte “turdetano”.
Assim, pelo menos ao nível do registo arqueológico, parece óbvia a existência de uma
“identidade cultural” comum entre as duas zonas, que foi certamente condicionada pelas
características geográficas da própria região algarvia, sendo a via marítima a mais favorecida, por
oposição à penetração para o interior, dificultada pelos sistemas montanhosos.

687
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Elisa de Sousa
Mértola – plataforma comercial durante a Idade
do Ferro: a colecção de Estácio da Veiga

Pedro Barros
Arqueólogo. IGESPAR

Resumo

O objectivo deste trabalho consiste em sistematizar o conhecimento do património móvel en-


contrado em Mértola nas intervenções realizadas por Estácio da Veiga nos finais do século XIX – um
prato de engobe vermelho e dois contentores cerâmicos tipo “Cruz del Negro” – que se enquadram
na complexa teia de rotas comerciais/ mercados que durante a Idade do Ferro a um nível social, polí-
tico-administrativo e económico se estabeleceram no Sudoeste da Península Ibérica, nomeadamente
entre a segunda metade do século VII e a primeira do século VI a.C..

Abstract

This work aims to contribute for the knowledge of Mértola during the Iron Age. For this purpose
three distinct ceramic elements are presented, namely a red slip plate and two ceramic containers type
“Cruz del Negro”, found in the surveys carried out by Estácio da Veiga in the late nineteenth century.
These objects testify the complex trade routes/ markets that were establish in the southwestern Iberian
Peninsula during this period, particularly between the mid-seventh century and first century BC.
Mértola – plataforma comercial durante a Idade do Ferro: a colecção de Estácio da Veiga

Introdução

Localizada no Sudoeste Peninsular, a região de Mértola tem associadas três unidades geo-
morfológicas principais, “a peneplanície alentejana, relativamente homogénea, com superfícies
aplanadas; os relevos residuais que constituem as Serras de Serpa e Mértola, (…) e os vales en-
caixados com declives acentuados por onde as principais linhas de água têm o seu percurso.”
(Lecoq, 2002, p. 31). Aqui se desenvolve a faixa piritosa ibérica onde convivem metais básicos e
metais nobres (Oliveira e Oliveira, 1996, p. 11).
Implantada na margem direita, no topo de um esporão, na confluência do Rio Guadiana
com ribeira de Oeiras, a poente, Mértola possui excelentes condições naturais de defesa fluvial e
terrestre. Insere-se num troço de Rio com um vale encaixado, vertentes abruptas e percurso sinu-
oso (Feio, 1946 e 1983), apenas interrompido por um elemento hidro-geológico singular com um
desnível de 15m de altura, que impede a progressão de embarcações para Norte – o Pulo do Lobo
– e onde os ciclos das marés terminam, no final deste comprido, espraiado e profundo estuário.
(Simplício, Barros e Garcia, 1999).
É neste amplo contexto natural que Mértola se insere e vai explorar o seu potencial de
plataforma comercial entre um conjunto polifacetado de realidades, resumidas entre o mundo
litoral e o interior (Fabião, 1998, p. 45).

689

Fig. 1. Localização de Mértola e da zona dos achados: A) e B)

Pedro Barros
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

A colecção

Na 2ª metade do século XIX em Portugal assiste-se ao início da arqueologia científica que


privilegia a escavação com base numa sequência estratigráfica segundo as leis geológicas. Con-
tudo, a forma de escavar praticada limitou-se quase exclusivamente à abertura do terreno com o
objectivo de atingir o máximo de metros ao dia e pela existência de crivos onde se recolhiam os
artefactos mais apelativos.
Devido às intensas chuvas e consequentes cheias do Rio Guadiana ocorridas na vila de Mér-
tola, o investigador Estácio da Veiga foi oficialmente encarregue de proceder ao reconhecimento
de vestígios que haviam sido postos a descoberto ao longo das margens do rio junto a essa Vila,
a que época correspondiam (Veiga, 1983, p. 1 e 3) e recolher os mais significativos. No dia 2 de
Março de 1877 inicia os trabalhos que duraram apenas dez dias e que dá notícia nas “Memórias
das Antiguidades de Mértola” em 1880.
A sua atenção recai sobre vários locais nas redondezas e na vila de Mértola. Incide sobre
o Convento de S. Francisco, a Ermida de S. António, o Rossio do Carmo, o Castelo, a Cerca de S.
Sebastião e as Ruínas romanas da necrópole de S. Sebastião. Se nos primeiros dois locais o arque-
ólogo apenas recolheu somente os dados necessários para os assinalar numa carta arqueológica,
nos restantes realizou escavações onde classificou uma Basílica Paleocristã com uma necrópole
associada, um mosaico romano com a representação de uma tartaruga e uma outra necrópole
romana, respectivamente.
No âmbito da criação do Museu Nacional de Etnografia e Arqueologia José Leite de Vas-
concelos, consolida a massa de factos publicada, sistematizando e organizando o inventário dos
objectos recolhidos por Estácio da Veiga na vila de Mértola (Vasconcelos, 1917, p. 232 - 233).
690 Além da descrição das estruturas e dos materiais arqueológicos, por vezes de forma bas-
tante generalista, Estácio da Veiga efectua alguns relatos mais pormenorizados (objectivos e ad-
jectivados) dos diversos elementos postos a descoberto, devidamente catalogados e registados
num inventário, no entanto, a atribuição de paralelos estilísticos e formais aos objectos recolhi-
dos tinham um “muito atrazamento em que ainda se acha a classificação dos padrões ceramo-
graphicos propriamente peninsulares” (Veiga, 1983, p. 82), verificando-se escassa a informação
contextual dos achados que se passa a enumerar.
O inventário realizado por José Leite Vasconcelos sobre o espólio de Estácio da Veiga depo-
sitado no Museu Etnológico, agora Nacional de Arqueologia, nos inícios do século XX atribuiu ao
exemplar da Figura n.º 2 a designação de “[…] vaso de barro cozido em forma de prato de pouco
fundo e largo bordo com grafito na base”, encontrado na Ladeira da Nossa Senhora das Neves
(Figura n.º 1, local identificado como A) e proveniente de uma sepultura de “incineração”. Desta
recolha e intervenção não há qualquer menção na obra de Estácio da Veiga.
O exemplar de prato de engobe vermelho agora estudado possui um diâmetro máximo de
12,9 cm, o bordo saliente, aplanado e de tendência obliqua inclinada para o interior. O lábio com-
pleto mede 4,8 cm, o pé é marcado por um ligeiro destaque e o fundo convexo com um grafito.
O engobe de cor laranja – avermelhado encontra-se mal conservado, denota pouca qua-
lidade e cobre a quase totalidade das partes interna e externa da peça. A pasta apresenta tons
semelhantes ao do engobe e abundantes elementos não plásticos de tamanho médio e fino.
Se tivermos em consideração a evolução morfológica nos sítios de Cerro del Villar (Aubet
et al., 1999), Huelva (Rufete Tomico, 1989) e Castro Marim (Freitas, 2005), bem como outros sítios
do Sul peninsular e Norte de África, nomeadamente no que diz respeito à forma e largura dos
bordos, os pratos de bordo simples predominam claramente nos contextos dos meados do século
VII a.C., representando mais de metade das formas desse tipo cerâmico, apesar de permanecerem
no registo arqueológico durante todo o século VI a.C., mas em muito menor número.

Arqueologia, sítios e materiais


Mértola – plataforma comercial durante a Idade do Ferro: a colecção de Estácio da Veiga

Fig. 2. Prato

Apesar do lábio completo, que auxilia na tentativa de classificação e de atribuição cronoló-


gica a partir deste elemento morfológico, a aferição destas datações não se deve basear apenas
na presença de bordos estreitos, mas também na ausência de bordos largos e essa comparação
fica limitada por apenas se registar um exemplar nesta colecção e proveniência.

Integrada nas cerâmicas pintadas em bandas, os contentores cerâmicos tipo “Cruz del
Negro” são um dos indicadores que definem a cultura material dita “orientalizante”, designada
de diversas formas e inseridas em outras tantas tipologias. A designação aqui assumida não está 691
isenta de problemas, mas a salvo de apreciações subjectivas (Jodin, 1966, p. 149; Aubet, 1976-78;
Garrido Roiz e Orta García, 1978, p. 188; Schubart e Maass-Lindemann, 1984, p. 71; Belén e Pereira,
1985; Arruda, 1999-2000 e Martín Ruiz, 1995 e 2004).
O primeiro exemplar (Figura n.º 3) tem a indicação de proveniência do Cemitério de S. Se-
bastião, não sendo perceptível se foi encontrado no contexto de uma sepultura ou como um
achado isolado (Figura n.º 1 local identificado como B). Aquando da sua publicação em 1880, foi
descrito como um “vaso de barro cozido, claro; forma esférica quase rigorosa com duas peque-
nas asas” e atribuída ao período lusitano-romano (Veiga, 1983, p. 83). Numa intervenção mais re-
cente, que abrangeu toda a extensão da necrópole, não se encontraram vestígios coevos (Boiça
e Lopes, 1999).
Este encontra-se bastante bem conservado, praticamente inteiro, faltando-lhe apenas me-
tade do bordo e a sua ligação ao colo. Num dos lados evidência brechas que poderão ter sido
um defeito de cozedura devido ao tamanho dos elementos desengordurantes, dando-lhe um
aspecto assimétrico.
Com um bordo saliente exvertido de secção triangular tendendo para formas arredonda-
das ligado a um colo baixo, ligeiramente troncocónico, estreitando até junto do bordo onde apre-
senta um ténue alargamento (tipo c de Schubart e Maass-Lindemann, 1984, p. 71), junto à ligação
com o bojo da peça exibe um ressalto bem marcado de onde arrancam as duas assas bífidas (cada
uma de secção circular). Estas assentam nos ombros de um bojo globular com uma ligeira tendên-
cia ovóide. O pé é marcado mas sem descontinuidade com o bojo e o fundo apresenta-se convexo
com um ônfalo bastante pronunciado.
A pasta, de cozedura oxidante, é compacta, dura, de cor homogénea clara ocre amarelado,
relativamente bem depurada, com elementos não plásticos de quartzo rolado e com uma aparên-
cia bem arenosa.

Pedro Barros
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 3. “Cruz del Negro”

692
A decoração desta peça encontra-se bastante deteriorada, no entanto, revela uma super-
fície alisada e aparentemente ainda tem junto ao bordo, no bojo e sob as asas, do lado externo,
vestígios do que parecem ter sido bandas com um engobe espesso, baço, mais ou menos aderen-
te, de cor vermelho laranja/ acastanhado que pode ter sido aplicado directamente sobre a peça.
O fundo encontra-se em reserva.
As suas características formais e decorativas indicam uma cronologia antiga, se tivermos
em consideração o colo curto, as asas bífidas perpendiculares ao bordo, a carena junto do bojo,
o pé pronunciado e fundo cônvexo com ônfalo com paralelos em alguns exemplares de Carmona
(Aranegui Gascó, 1980 e Garcia Alfonso, 1998), Medellín (Almagro-Gorbea, 1977), Cerro dos Infan-
tes (Mendonza et al., 1981), Toscanos e Alarcón (Maass-Lindemann, 2002), Santa Olaia (Pereira,
1997), Senhor dos Mártires (Paixão, 1970 e Arruda, 1999-2000), Cruz del Negro (Aubet, 1976-78),
Joya (Garrido Roiz e Orta García, 1978), Abul (Mayet e Silva, 2000). No entanto, exibe igualmente
particularidades que apontam para que seja um exemplar mais tardio: bordo não triangular e
exvertido, colo ligeiramente troncocónico e bojo tendencialmente ovóide alongado, com parale-
los em Carmona, Santa Olaia, Cruz del Negro, Alarcón, Medellín, Abul e ainda no Morro de Mes-
quitilla (Aranegui Gascó, 1980).
Tendo em conta que a decoração se encontra bastante afectada e considerando apenas
o engobe preservado externamente entre a asa e o bordo, os paralelos resumem-se a Medellín,
Cruz del Negro, Toscanos, Joya, Senhor dos Mártires e Abul.
Por seu lado, a pasta induz para uma produção do baixo Guadalquivir com paralelos no
exemplar de Cullera (Aranegui Gascó, 1980), apesar do defeito de cozedura ser idêntico a um
exemplar de Medellín.
Desta forma, consideramos estar perante um exemplar datado entre os inícios e os meados
do VI a.C..

Arqueologia, sítios e materiais


Mértola – plataforma comercial durante a Idade do Ferro: a colecção de Estácio da Veiga

Fig. 4. “Cruz del Negro”


693
O segundo exemplar encontrado genericamente em Mértola, sem uma localização concre-
ta (Figura n.º 1 e 4), foi descrito por Estácio da Veiga no seu inventário como um “vaso de barro co-
zido de cor vermelha atijolada, bojo esférico, colo cilíndrico quase destruído e duas asas robustas
na base daquele” e também classificado como uma louça lusitano-romana, proveniente de uma
sepultura de “incineração” que continha restos humanos e pedaços de um vaso metálico.
Este encontra-se incompleto, faltando-lhe o bordo e com o colo bastante deteriorado. No
entanto, pode verificar-se que o colo é de tamanho médio, paredes direitas, cilíndrico e alarga
desde o estreitamento do colo até à aresta, aperta um pouco e volta novamente a aumentar até
ao bordo (tipo b de Schubart e Maass-Lindemann, 1984, p. 71). Do lado externo tem um ressalto
relativamente marcado, de onde arrancam as duas assas bífidas (cada uma de secção circular) e
que vão assentar nos ombros de um bojo globular. O pé é bem marcado e o fundo convexo com
um pequeno ônfalo.
A pasta é compacta, dura, de cor homogénea laranja, bem depurada com elementos não
plásticos de quartzo, cal, mica, xisto.
A peça apresenta uma aguada alaranjada em toda a sua superfície. De cima para baixo, so-
bre a aguada, no bojo junto da ligação asa/ bojo apresenta uma decoração composta por uma fina
linha de cor preta, uma banda larga de engobe vermelho, uma banda curta preta, outra banda
larga vermelha e finalmente 3 linhas pretas alternadas com dois espaços em reserva. A pintura a
preto é homogénea, espessa, aderente, baça e o engobe vermelho homogéneo, aderente, baço
e fino. O final do bojo, pé e fundo encontram-se em reserva.
As características formais e decorativas apontam para momentos ligeiramente mais an-
tigos relativamente ao primeiro exemplar e para locais de produção diferentes. Assim, o colo
cilíndrico direito com a carena a meio, as asas robustas, a sua forma bastante globular, o pé bem
marcado e o fundo apenas com um pequeno ônfalo são aspectos identificados em locais como

Pedro Barros
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Santa Olaia (Pereira, 1997), Joya (Garrido Roiz e Orta García, 1978), Carmona, Mengabril e Culle-
ra (Aranegui Gascó, 1980), Medellín (Almagro-Gorbea, 1977), Frigiliana (Arribas e Wilkins, 1969),
Cruz del Negro (Aubet, 1976-78), Cerro de los Infantes (Mendonza et al., 1981), Alcácer do Sal
(Paixão, 1970 e), Toscanos e Alarcón (Maass-Lindemann, 2002), Abul (Mayet e Silva, 2000), Lisboa
(Arruda, 1999-2000) e Rachgoun (Vuillemot, 1955).
Apesar de até ao momento ainda não ter sido identificada nenhuma distinção cronológica
para as decorações (Maass-Lindemann, 2002, p. 191), neste caso o tratamento de superfície e a
decoração apresentam-se bastante bem cuidados idênticos aos exemplares de Santa Olaia, Car-
mona, Medellín, Joya, Cruz del Negro, Alarcón e ainda em Mogador (Jodin, 1966).
A pasta tem paralelos com as da costa de Málaga e Norte Africanas, nomeadamente em
Mogador, Toscanos e nalguns exemplares da necrópole de Cruz del Negro.
Desta forma, julga-se que a cronologia para este segundo exemplar é da segunda metade
do VII a.C..

Considerações finais

Apesar das parcas informações sobre a localização e contexto dos achados, o seu grau
de conservação atesta que estes seriam utilizados e aceites por uma comunidade residente em
Mértola no que parece ser uma utilização associada ao mundo funerário orientalizante tartéssico
(tendo em consideração as sucintas descrições possivelmente num tipo de fossas simples de cre-
mação), enquadrado cronologicamente entre a segunda metade do VII e a primeira do VI a.C..
Se o prato pode ter uma utilização como elemento do espólio sepulcral, nomeadamente
694 como oferenda funerária, no que concerne às formas tipo “Cruz del Negro”, estas teriam uma
utilização/ funcionalidade como urnas onde se colocariam os ossos conservados após a cremação
(Aubet, 1976-78, p. 268).
Apesar da sua origem formal ser oriental e de âmbito fenício, parece haver uma concen-
tração destas formas no ocidente mediterrâneo, onde se reinterpretaram com a aceitação do
modelo sobretudo em contextos funerários (Arruda, 1999-2000, p. 90; Ramón, 1999, p. 156), pelo
que se encontram difundidas na Península Ibérica em sítios fenícios, indígenas, indígenas orienta-
lizados (Aubet et al., 1999, p. 177) o que parece ocorrer durante o século VII (mais para Oeste) e
no VI a.C. (no Levante, Costa Valenciana e Catalunha).
Até ao momento verificou-se a existência de duas áreas de concentração, no baixo Guadal-
quivir e na costa de Málaga, sendo igualmente importante ter em conta Mogador, Ibiza, Guarda-
mar del Segura, os estuários do Tejo/ Sado, Extremadura e a Alta Andaluzia, estas duas últimas
são as áreas mais interiores onde até ao momento ocorrem estas formas.
Constata-se que os exemplares mais antigos aparecem no repertório formal de sítios de
habitat, no litoral, como Toscanos (Maass-Lindemann, 2002), Castillo Doña Blanca (Ruíz Mata e
Pérez, 1995) e numa área de transição litoral-interior: Setefilla (Aubet Semmler et al., 1983), Cerro
de la Mora (Carrasco, Pastor, Pachon, 1981) e nas necrópoles Jardín (Maass-Lindemann, 1995),
Las Cumbres (Ruíz Mata e Pérez, 1995) e Les Moreres (González Prats, 2002).
Apesar destas ilações poderem ser condicionadas pelo diferente grau de estudo que até
ao momento algumas áreas apresentam, os locais onde as formas tipo “Cruz del Negro” se en-
contram associadas a esta difusão sugerem que a Sudoeste estas foram bastante solicitadas para
utilização nos contextos funerários apesar da dissonância do actual território português onde a
sua presença se verifica maioritariamente em sítios de habitat, talvez por ausência de interven-
ções em necrópoles asso-ciadas aos povoados. Assim, em Portugal foram identificadas em Santa
Olaia, Lisboa, Abul, Senhora dos Mártires, Castro Marim e Mértola.

Arqueologia, sítios e materiais


Mértola – plataforma comercial durante a Idade do Ferro: a colecção de Estácio da Veiga

Em Santa Olaia são dois os vasos atribuídos a formas tipo “Cruz del Negro” e terão per-
tencido a momentos diferentes, não só pela sua variabilidade formal, bem como por terem sido
registados em dois momentos de ocupação distintos: um associado ao povoado mais antigo e
inserido na primeira metade do século VII a.C. e o outro ao povoado médio, sendo-lhe atribuído
uma datação na transição do VII para o VI a.C. (Pereira, 1997, p. 228; Frankenstein, 1997; Arruda,
1999-2000, p. 233).
Em Lisboa apenas quatro fragmentos foram classificados como sendo desta forma, três
exemplares foram encontrados na Sé, um dos quais datado do século VII a.C. (Arruda, 1999-
2000, p. 121). O quarto fragmento registou-se na Rua de São Mamede ao Caldas n.º 15 com uma
cronologia de meados do século VIII a.C. (Silva, Pimenta e Calado, 2005).
Em Abul são atribuídos dez exemplares a esta forma, registados nos níveis fenícios da Iª e
da IIª fase (Mayet e Silva, 1997, p. 261 e 2000, p. 41) com uma cronologia entre meados do século
VII e inícios do VI a. C. (Mayet e Silva, 2000, p. 68).
Na necrópole do Senhor dos Mártires, em Alcácer do Sal, são três as urnas desta forma
(uma delas manual) apresentando características tardias, apesar de terem sido identificadas em
associação com lucernas de um só bico, sendo-lhes atribuída uma cronologia da segunda metade
do VI – primeira metade do V a.C. (Paixão, 1970, p. 238; Frankenstein, 1997, p. 321; Arruda, 1999-
2000, p. 75 e 81).
Em Castro Marim foi identificado um exemplar na fase IV datada da primeira metade do 1º
milénio a.C. (Arruda, Freitas e Oliveira, no prelo).
A assimilação por parte das comunidades locais de modelos exportados do oriente (Alma-
gro-Gorbea, 1977; Ramón, 1999) devido à sua utilização em contextos de necrópole, nomeada-
mente no ritual funerário, remete para um mercado com alguma independência da área de ocu-
pação fenícia. No entanto, a influência orientalizante não se pode dissociar da produção nestes
contentores, relacionando estes sítios a uma homogénea “facies cultural indígena orientalizante” 695
do Baixo Guadalquivir e Huelva, independentes das comunidades fenícias, com um certo poder
de aquisição por parte de alguma população local e uma relação próxima com as rotas comerciais
mediterrânicas (Aubet, 1976-78, p. 270, 279 e 281).
Apesar das dificuldades de aproximação ao porto de Mértola devido à topografia do leito
do rio, aos afloramentos rochosos imersos até muito próximo da superfície, aos ventos encana-
dos em meandros apertados, aos assoreamentos súbitos junto à foz dos afluentes e à força cícli-
cas das suas águas, esta navegação poderia ser realizada por quem as conhece numa base de uti-
lização regular justificando-se esses riscos por um porto de escoamento de minério num primeira
fase, mas que a partir do século V/ IV poderia ser também de distribuição de produtos agrícolas.
A comprovar-se a adopção de características estruturais do mundo funerário indígena com
a utilização deste espólio orientalizante, bem como de outros elementos já publicados como a ce-
râmica ática e a cerâmica Kuass (Arruda, Barros e Lopes, 1998 e Rego, Guerrero e Gómez, 1996),
aliada à localização estratégica do burgo de Mértola (possuindo excelentes condições naturais de
defesa fluvial e terrestre, junto a explorações de recursos geológicos, com solos com boa capa-
cidade produtiva e por ser o ponto extremo da navegabilidade do rio Guadiana), faz com que se
torne num importante entreposto mercantil, numa relação estreita com Castro Marim, moldando
a sua ocupação e a sua importância ao longo do tempo, em permanente contacto com um vasto
território interno, mas sobretudo com o litoral da Andaluzia ocidental e do Algarve, o círculo do
estreito de Gibraltar e o não menos vasto Mar Mediterrâneo.

Agradecimentos
Gostaria de agradecer ao Museu Nacional de Arqueologia pela cedência das peças apresentadas
que permitiram a realização deste presente trabalho – nomeadamente ao seu director Dr. Luís
Raposo e funcionários – e à Câmara Municipal de Mértola pela cedência de cartografia de pormenor.

Pedro Barros
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Agradecimentos extensíveis à revisão de texto a Iola Filipe e à colaboração nos desenhos a Ana Cristina
Ramos e às diversas contribuições que ajudaram na apresentação realizada no Congresso: nas notas
de Rui Mataloto e Ana Sofia Antunes, na elaboração de mapas a Vera Freitas, bem como à Associação
de Arqueologia do Algarve e ao Campo Arqueológico de Mértola. Saliente-se porém que todos estão
isentos de responsabilidades nos erros ou omissões deste trabalho escrito em Setembro de 2005.

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Pedro Barros
Práticas metalúrgicas na Quinta do Almaraz
(Cacilhas, Portugal): vestígios orientalizantes
*

Ana Ávila de Melo1 , Pedro Valério2, Luís de Barros3, Maria de Fátima Araújo2
1
Museu Nacional de Arqueologia
Instituto Tecnológico e Nuclear
2

3
Museu Municipal de Almada
Resumo
O sítio arqueológico da Quinta do Almaraz (Cacilhas, Portugal) tem tido intervenções arqueológicas
desde 1988 que incidiram sobretudo em estruturas negativas - uma fossa de detritos aberta no substrato
rochoso cortando uma estrutura mais antiga e um fosso de 6,5 m de largura por 3,5 m de profundidade
de geometria variável e cujo enchimento terá ocorrido num período de tempo curto, correspondendo ao
crescimento do povoado para lá das linhas de muralhas. Grandes partes dessas estruturas encontram-se já
datadas por radiocarbono . Do fosso foram recolhidos inúmeros artefactos metálicos, bem como restos de
fundição, cadinhos e algaravizes, testemunhos directos da prática da metalurgia neste povoado. A tipolo-
gia dos artefactos metálicos aponta para um largo espectro cronológico que vai da Idade do Bronze até à
colonização fenícia.
Desde 2001 que se têm desenvolvido trabalhos de investigação interdisciplinares sobre a “Arque-
ometalurgia na Quinta do Almaraz”, com base na análise química não invasiva por espectrometria de flu-
orescência de raios X, dispersiva de energias (EDXRF), da colecção metálica (31 artefactos), bem como na
pesquisa de vestígios de metais em cadinhos, algaravizes e escórias, testemunhos directos da prática da
metalurgia neste sítio arqueológico. Os primeiros resultados obtidos encontram-se já publicados .
A complexidade da Quinta do Almaraz, bem patente na quantidade e heterogeneidade dos materiais
exumados, reflecte-se de forma exemplar na metalurgia – foram identificados cobres, cobres arsenicais,
ligas de cobre e estanho, com e sem adição de chumbo, para além de artefactos de ferro e chumbo (incluin-
do alguns ponderais) que indiciam já uma forte presença orientalizante no sítio, mesmo antes do estabe-
lecimento dos fenícios na região. O estudo dos vestígios metalúrgicos deste sítio permitiu ainda identificar
indícios da copelação da prata, bem como da metalurgia do ouro.

Abstract
The “Quinta do Almaraz” archaeological site lays on Miocenic limestone clay and sandstone for-
mations and is located in Cacilhas (Almada) at the western Portuguese Coast. This site occupies an area of
about 4ha and extends down the slope from a small hill on the left bank of the Tagus estuary.
The site has been excavated since 1988, by archaeologists of the “Museu Municipal de Almada”. The
enormous amount of recovered metal artefacts, slags, crucibles and other metallurgical remains constitu-
tes the basis of Quinta do Almaraz Archaeometallurgical Project (Indígenas e Fenícios no Almaraz).
Previous investigations were focused on the non-destructive analytical study of metallic artefacts
recovered from excavations and have identified bronzes with low and high Pb content, as well as iron ar-
tefacts. In the present work further metallic artefacts, some crucibles fragments and several slags were
analysed and discussed.
The analysed collection was composed by metallic artefacts (fibulae, fish-hooks, needles, buckle,
tweezers, knives and arrowheads), crucibles, slags and metallurgical remains.
The elemental composition of the metallic artefacts have made possible to identify different groups
of artefacts belonging to distinct Prehistoric periods, from the Bronze Age (copper based alloys) till the Iron
Age (copper and iron based alloys). The high variation in the Sn and Pb percentages in the copper based
alloys point out to the existence of different metallurgical processes, despite the similar typological charac-
teristics of the artefacts.
Semi-quantitative analysis on crucibles surfaces have permitted to identify particular metallurgical
operations related with gold metallurgy and with the silver cupellation process, which indicates a strong
oriental influence in this region, even before Phoenician occupation.

* Este trabalho foi parcialmente subsidiado pelo projecto “Indígenas e Fenícios no Almaraz” aprovado no
âmbito do “Programa B – Caracterização de metais e ligas metálicas pré-históricas” do protocolo celebrado entre
o Instituto Português de Arqueologia e o Instituto Tecnológico e Nuclear.
Práticas metalúrgicas na Quinta do Almaraz (Cacilhas, Portugal): vestígios orientalizantes

1. Introdução

Em 2000 foi iniciado o projecto Indígenas e Fenícios na Quinta do Almaraz, proposto por
Luís de Barros, no âmbito do protocolo realizado entre o Instituto Português de Arqueologia e o
Instituto Tecnológico e Nuclear para Investigação em Arqueometria, que se propunha efectuar o
estudo arqueometalúrgico dos artefactos metálicos e vestígios metalúrgicos recolhidos ao longo
de quase duas décadas de intervenções arqueológicas na Quinta do Almaraz1. As várias campa-
nhas de trabalhos arqueológicos neste sítio permitiram caracterizá-lo como uma das primeiras
fundações fenícias do ocidente peninsular (Barros et. al. 1993; Arruda 1999; Barros e Monge So-
ares, 2004).
A enorme quantidade recolhida de vestígios metalúrgicos – fragmentos cerâmicos, pingos
de fundição, algaravizes, escórias e um molde de varetas, bem como um significativo número de
artefactos metálicos, deixaram logo antever a Quinta do Almaraz como um importante centro
de produção metalúrgica; a sua importância, porém, não se restringiu à fundação fenícia, tendo
sido igualmente recolhidos artefactos que se inserem tipológica e cronologicamente na Idade do
Bronze Final.
Até à presente data foram já analisados 79 artefactos e vestígios metalúrgicos (Quadro I),
sendo que cerca de 70 % dos vestígios metalúrgicos apresenta elementos químicos que permitem
identificar a operação metalúrgica a eles associada.
Uma parte significativa dos resultados encontra-se ainda inédita, nomeadamente os que
se referem aos vestígios metalúrgicos e são agora apresentados pela primeira vez. Os resultados
dos primeiros conjuntos de análises efectuados foram apresentados à comunidade científica em
congressos internacionais2 e publicados (Araújo et al., 2004; Valério et al., 2003). A continuação
dos trabalhos arqueológicos na Quinta do Almaraz vai com certeza fornecer dados ímpares para
a caracterização da produção metalúrgica da Idade do Ferro e do próprio processo de transição 699
Bronze Final / Idade do Ferro, na Estremadura.

2. Metalurgia na Quinta do Almaraz

2.1 Artefactos e vestígios metalúrgicos


As primeiras campanhas de intervenções arqueológicas na Quinta do Almaraz incidiram,
numa primeira fase, em estruturas negativas – fosso e fossa de detritos – e tiveram como objecti-
vo principal a delimitação da área do sítio. Posteriormente os trabalhos estenderam-se ao sector
situado no interior da primeira linha de muralhas, onde foram identificadas algumas construções
de carácter habitacional (L. Barros et al., 1993; L. Barros e A. M. Monge Soares, 2004).
Em todas as zonas intervencionadas foram recolhidos artefactos metálicos, com particular
destaque para o fosso e fossa de detritos. A área habitacional, ao contrário do fosso e da fossa
de detritos, não apresentou vestígios de produção metalúrgica, encontrando-se a maior concen-
tração destes no fosso.
O conjunto de artefactos exumados e dos vestígios de práticas metalúrgicas abrange todos
os tipos de produção – ligas de cobre, ferro, ouro e prata - e uma longa diacronia (Quadro I). Há
um conjunto de artefactos que se inserem claramente no mundo do Bronze Final – pinça, fíbula
de dupla mola helicoidal, bracelete – ou mesmo em períodos anteriores - caso da ponta de seta ou

1 Identificado em 1985 por técnicos do Núcleo de Arqueologia e História do Museu Municipal de Almada,
os primeiros trabalhos no local iniciaram-se em 1987.
2 Respectivamente no IRRMA-V, 5th International Topical Meeting on Industrial Radiation and Radioisotope
Measurement Applications, realizado em Bolonha de 9 a 14 de Junho de 2002 e na International Conference
Archaeometallurgy in Europe realizada em Milão de 24 a 26 de Setembro de 2003.

Ana Ávila de Melo, Pedro Valério, Luís de Barros e Maria de Fátima Araújo
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

do anzol simples. Já a asa de sítula, a agulha de coser redes, a fíbula de dupla mola bilateral (tipo
Acebuchal), as facas de ferro e os ponderais remetem sem qualquer dúvida para a Idade do Ferro,
ou mesmo para períodos posteriores, imediatamente anteriores à colonização romana.
A presença de uma faca de ferro com rebites de bronze é um dado de excepcional impor-
tância no âmbito dos contactos pré-coloniais. Em recentes intervenções arqueológicas em sítios
de habitat do Bronze Final da Beira Alta e Beira Interior (Senna-Martinez, 2000; Vilaça, 1999) têm
sido recolhidos vários exemplares de facas de ferro com rebites de bronze, artefactos esses inter-
pretados como bens de prestígio, sem dúvida importações trazidas através dos circuitos comer-
ciais mediterrânicos. Com efeito, embora sejam inequívocos os testemunhos da produção meta-
lúrgica nesses povoados, esta restringia-se ao fabrico de artefactos em ligas de cobre, pelo que
a presença de artefactos de ferro é um claro indício de contactos entre as comunidade indígenas
do Bronze Final e o mundo cultural do Mediterrâneo central e oriental. No caso da Quinta do
Almaraz, a leitura poderá também ser outra, dado que o sítio apresenta vestígios de metalurgia
do ferro, mas a sua presença é inequívoca quanto à inserção desta estação – pelo menos numa
primeira etapa da sua ocupação - na metalurgia da Estremadura e Centro de Portugal na transição
do Bronze Final para a Idade do Ferro.

Artefactos
Liga Grupo Artefacto
Bronze 19 Utensílios Anzol 6
Punção 1
Pinça 1
Asa de sítula 1
Agulha 1
700 Adorno Fíbula 4
Bracelete 3
Fivela 1
Armamento Ponta de seta 1
Ferro 8 Armamento Faca 6
Utensílios Foice 1
Indeterminados Esfera 1
Chumbo 5 Utensílios Peso 5
Ouro 1 Adorno Conta 1
Vestígios metalúrgicos
Fragmento cerâmico 26
Pingo de fundição 11
Algaraviz 5
Escória 2
Molde de varetas 1
Outros
Coador ou queijeira 1

Quadro I – Distribuição de artefactos e vestígios metalúrgicos da Quinta do Almaraz

Alguns exemplares recolhidos podem ser considerados raros, como é o caso da pinça,
achado invulgar e ainda mais em contexto habitacional, com o seu paralelo mais próximo na fa-
mosa pinça da Roça do Casal do Meio em Sesimbra (Spindler et al., 1973/74). O conjunto de anzóis,
bastante significativo, apresenta dois tipos distintos - com e sem barbela – a que provavelmente
corresponderiam diferentes cronologias, se à especificidade tecnológica de cada tipo correspon-
der, de facto, uma evolução. A sua presença no Almaraz é facilmente explicável pela localização
costeira do sítio.

Arqueologia, sítios e materiais


Práticas metalúrgicas na Quinta do Almaraz (Cacilhas, Portugal): vestígios orientalizantes

Há também a realçar um conjunto de ponderais de chumbo, em parte inéditos, constituído


por um peso discoidal, dois pesos cúbicos e um peso losânguico; o peso discoidal e o losângui-
co apresentam orifícios centrais. O ponderal cúbico (MAH9619-ALZ1796) pesa 6,4 g e apresenta
uma marca zoomórfica, provavelmente de um quadrúpede, embora esta não seja totalmente
identificável devido aos processos de alteração ocorridos na superfície do ponderal. O ponderal
cúbico (MAH9620-ALZ1797) pesa 2,6 g e apresenta igualmente uma marca zoomórfica (porco ou
ovelha?).
Este conjunto de ponderais remete, sem qualquer margem para dúvidas, para a ocupação
fenícia do sítio. O peso discoidal é uma forma comum, aparecendo em outros sítios peninsulares
coevos, como Cancho Roano ou La Bastida (Garcia Bellido, 2003), enquanto os pesos cúbicos têm
paralelos próximos em Huelva (Canales Cerisola, Serrano Pichardo e Llompart Gomez, 2004, p.
154-155). Mais rara é a forma losânguica, para a qual ainda não encontrámos paralelo no nosso
território, sendo no entanto uma forma conhecida nos materiais recolhidos nas escavações do
naufrágio em Uluburun entre 1984 e 1994. Estes apontam para uma integração cronológica no
Bronze Final mediterrânico, embora a sua proveniência seja bastante diversificada – desde vasos
e joalharia cananita a cerâmica fina cipriota. Entre os muitos materiais recolhidos conta-se um
conjunto de 149 ponderais e de pratos de balança. Os ponderais recolhidos em Uluburun, Turquia,
datados do Bronze Final, especialmente os exemplares W5, W25 e W104 (Pulak, 2000, p. 252 e
255), são os que mais se assemelham a este exemplar da Quinta do Almaraz. Apresentam igual-
mente uma forma losânguica e orifício central, embora as pontas sejam menos aguçadas que o
exemplar da Quinta do Almaraz. No entanto, este exemplar é constituído por chumbo, enquanto
que os recolhidos do naufrágio em Uluburun são compostos por bronze ou hematite.
De qualquer modo, parece não haver muitas dúvidas quanto á influência orientalizante
deste tipo de ponderal. Não foi, até à presente data, encontrado qualquer exemplar em liga de 701
cobre na Quinta do Almaraz. De qualquer modo, o reduzido número de ponderais recolhidos e a
sua diversidade tipológica não nos permitem uma clara reconstituição dos sistemas métricos em
uso no sítio.
Os estudos arqueometalúrgicos que temos vindo a desenvolver na Quinta do Almaraz não
nos permitem ainda tirar conclusões definitivas quanto à transição da metalurgia do Bronze Final
para a Idade do Ferro. Porém não restam quaisquer dúvidas que temos um conjunto importante
de artefactos em liga de cobre, perfeitamente enquadráveis na metalurgia do mundo indígena
da Estremadura e Centro de Portugal. Por outro lado, os vestígios de operações metalúrgicas e
alguns artefactos, como por exemplo o conjunto de ponderais, remetem para práticas metalúr-
gicas de época posterior, claramente da Idade do Ferro e directamente relacionada com a colo-
nização Fenícia do sítio. Só futuras escavações permitirão detectar a existência ou não de uma
ocupação indígena do Bronze Final anterior à colonização Fenícia. Por outro lado, a quantidade
de escórias, pingos de fundição, cadinhos e algaravizes fazem-nos suspeitar da existência de uma
oficina ou centro de produção metalúrgica, o qual só poderá ser identificado com a continuação
dos trabalhos arqueológicos. Certo é que neste sítio existem vestígios de produção de diversos
tipos de ligas metálicas – cobre, bronze, ferro, ouro e prata, relacionáveis com a instalação fenícia
no estuário do Tejo.
Foi recentemente analisado um novo conjunto de artefactos – uma conta de ouro, um
ponderal losânguico, um peso de rede, um molde de varetas, escórias, algaravizes e diversos frag-
mentos cerâmicos, incluindo cadinhos e um coador. São os resultados inéditos dessas análises
que agora se apresentam e que, na sequência dos anteriormente obtidos, atestam a indiscutível
importância da Quinta do Almaraz como centro de produção metalúrgica da Estremadura.

Ana Ávila de Melo, Pedro Valério, Luís de Barros e Maria de Fátima Araújo
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

2.2 Estudo arqueometalúrgico

2.2.1 Metodologia
A caracterização química elementar e não invasiva dos artefactos metálicos e vestígios me-
talúrgicos da Quinta do Almaraz foi conduzida num espectrómetro de fluorescência de raios X,
dispersivo de energias (Kevex 771). Os raios X característicos emitidos pelos elementos químicos
presentes no artefacto são colimados a 90º e recolhidos num detector de Si(Li) com uma área
activa de 30 mm2 e uma resolução de 165 eV (Fe-Kα). O espectrómetro possui como fonte primá-
ria uma ampola de ródio, estando também equipado com diversos alvos secundários e filtros de
radiação apropriados.
As condições de análise foram seleccionadas consoante o material em estudo. No caso dos
artefactos em chumbo e ferro, utilizou-se o alvo secundário de prata e uma diferença de poten-
cial de 35 kV, enquanto que os exemplares em cobre e ouro e os vestígios metalúrgicos foram
ainda analisados com o alvo secundário de gadolínio a 57 kV. As intensidades de corrente e os
tempos de contagens foram variáveis, dependendo da composição dos materiais. Os artefactos
metálicos foram, sempre que possível, analisados em duas superfícies distintas, enquanto que os
vestígios metalúrgicos foram examinados nas faces interna e externa.
A análise quantitativa foi efectuada com o programa EXACT (KEVEX, 1990), baseado no
método dos parâmetros fundamentais (R. Tertian e F. Claisse, 1982), utilizando materiais de refe-
rência certificados, de acordo com o procedimento descrito por Araújo et al., 1993.

2.2.2 Resultados e discussão

702 Artefactos
Apesar de, como se referiu anteriormente, os resultados referentes aos artefactos se en-
contrarem já publicados, achou-se pertinente fazer aqui um resumo dos mesmos, pelo menos no
que diz respeito aos bronzes – a liga metálica melhor representada na colecção de artefactos da
Quinta do Almaraz. Assim sendo, verificou-se que estes podiam ser divididos em diversos grupos
consoante os seus teores em estanho e chumbo (Fig. 1). Dois dos artefactos podem ser conside-
rados de cobre puro, sendo ambos provenientes da fossa de detritos e tendo sido um deles, a asa
de sítula, exumado da sua camada mais recente, datada do séc. V/IV a. C. (Barros e Monge Soares,
2004, p.351). Seguem-se 5 exemplares (2 anzóis, 2 braceletes e 1 fíbula) em cobre e estanho e nos
quais não foram encontrados vestígios de chumbo. De referir que o reduzido teor de estanho em
alguns destes exemplares nos faz colocar a questão de se tratarem ou não de verdadeiros bron-
zes. Nos 8 artefactos seguintes (3 fíbulas, 2 anzóis, 1 punção, 1 fivela e 1 ponta de seta) o chumbo
apresenta-se como impureza (<2 %), continuando alguns deles a apresentar teores reduzidos de
estanho. Por último existem 4 artefactos, pertencentes ao grupo dos utensílios – 3 anzóis e 1 pin-
ça, com teores elevados de chumbo, constituindo provavelmente ligas ternárias de bronze.
A existência de operações metalúrgicas relacionadas com a produção de ligas de ouro na
Quinta do Almaraz encontra-se comprovada pela presença de um fragmento de cadinho estuda-
do anteriormente (Araújo et al., 2004). Uma conta de ouro agora investigada, demonstrou pos-
suir um elevado teor em prata (25 %), bem como uma significativa percentagem de cobre (2,5
%). Ligas com teores entre 11-15 % de prata e, sempre, com percentagens de cobre inferiores a 1 %
são características do Bronze Final da península e distinguem-se claramente dos espólios orien-
talizantes, onde encontramos ligas de ouro purificado, ou seja, com teores mais elevados deste
elemento (Caveda, 2005). Os artefactos proto-históricos em ouro do noroeste peninsular são
dominados por ligas com teores elevados de prata (>20 %), contrariamente ao centro e sul, de in-
fluência mediterrânea, onde a maioria dos exemplares apresenta teores de prata inferiores a 10 %

Arqueologia, sítios e materiais


Práticas metalúrgicas na Quinta do Almaraz (Cacilhas, Portugal): vestígios orientalizantes

Fig. 1. Teores em estanho e chumbo nos artefactos em bronze da Quinta do Almaraz (A – cobres “puros”;
B – bronzes sem vestígios de chumbo; C – bronzes com chumbo como impureza; D – ligas ternárias de bronze;)
para fins de representação gráfica considerou-se: não detectado = ½ limite de detecção
703

(Monteiro e Rovira, 1991). Um bom exemplo disto é um torques proveniente da região de Chaves
(Alves, Araújo e Monge Soares, 2002), cujos teores em elementos maiores (72-73 % Au, 26-27 % Ag
e 1-2 % Cu) são bastante próximos do artefacto da Quinta do Almaraz. Para além disto, os artefac-
tos em ouro do período orientalizante do sudoeste da Península Ibérica são caracterizados pela
presença de percentagens relativamente mais elevadas de cobre (Hunt Ortiz, 2003), enquanto
que o ouro nativo apresenta geralmente teores inferiores a 1,5 % (Alves, Araújo e Monge Soares,
2002), o que coloca algumas reservas sobre uma eventual utilização de ouro nativo.
O ponderal losânguico e o peso de rede em chumbo agora analisados possuem teores
reduzidos de cobre [0,2-0,3%], tal como dois dos exemplares analisados anteriormente (Fig. 2).
Na Península Ibérica os ponderais são normalmente constituídos por chumbo ou bronze (Gar-
cía-Bellido, 2003, p. 137), pelo que, dada a existência de chumbo na Quinta do Almaraz, como
subproduto da metalurgia da prata, não será de estranhar a sua utilização para o fabrico destes
exemplares.

Vestígios metalúrgicos
Os vestígios de operações metalúrgicas investigados incluem escórias, algaravizes, pingos
de fundição, um molde de varetas, cadinhos e diversos fragmentos cerâmicos, alguns deles com
vestígios evidentes da acção do calor, nomeadamente aderências e/ou áreas vitrificadas.
O molde de varetas não apresentou quaisquer vestígios de elementos químicos que pos-
sam indiciar o tipo de liga metálica dos artefactos que possam eventualmente ter sido nele fundi-
dos. Do mesmo modo, nos algaravizes apenas foram identificadas algumas áreas vitrificadas que
provam a sua utilização a altas temperaturas em operações metalúrgicas. Os pingos de fundição
são constituídos por ferro pelo que se encontram relacionados com esta metalurgia.

Ana Ávila de Melo, Pedro Valério, Luís de Barros e Maria de Fátima Araújo
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 2. Composição de artefactos em chumbo da Quinta do Almaraz


704

Foi igualmente analisado um coador ou queijeira, artefacto cerâmico com diversos orifí-
cios, cujo aparecimento em variados sítios relacionados com a metalurgia da prata terá levado
alguns autores a suspeitar da sua eventual utilização num processo de refinação deste metal
(Hunt Ortiz, 2003, p. 366). No entanto, o exemplar da Quinta do Almaraz não apresentou quais-
quer indícios de estar relacionado com operações metalúrgicas, devendo estar ligado à produção
de lacticínios, tal como os exemplares encontrados em abundância nos povoados calcolíticos da
Estremadura Portuguesa (Correia, 1980, p. 26).
Os fragmentos de escória apresentam elevados teores em ferro resultantes dos silicatos
de ferro formados durante a redução do minério. Uma das escórias apresenta igualmente teores
significativos de cobre (Fig. 3), comprovando a existência de operações de redução de minério
deste metal na estação arqueológica.
No entanto, os estudos até agora efectuados na Quinta do Almaraz apontam a metalurgia
da prata como a mais significativa. Os minérios argentíferos de chumbo (galena, cerusite e angle-
site) e as jarosites argentíferas constituem as principais fontes de prata na pré-história (Craddo-
ck, 1995). Estas últimas são sulfatos mistos hidratados enriquecidos em prata devido à remoção
selectiva de outros elementos do depósito primário, apresentando por isso uma composição va-
riável.
A área mineira de Rio Tinto, localizada na Faixa Piritosa Ibérica, é o exemplo mais bem
estudado de mineração de jarosites argentíferas em tempos remotos – primeiro pelos Fenícios
e depois pelos Romanos, estando comprovada a obtenção da prata através de um processo me-
talúrgico relativamente complexo para a época (Craddock et al., 1996). Este iniciava-se com a
ustulação do minério de forma a remover o enxofre presente, continuando com a operação de
redução, durante a qual o chumbo actua como um concentrador de prata e também de outras

Arqueologia, sítios e materiais


Práticas metalúrgicas na Quinta do Almaraz (Cacilhas, Portugal): vestígios orientalizantes

Fig. 3. Espectro de fluorescência de raios X de escória da Quinta do Almaraz


evidenciando um teor significativo de cobre
705

impurezas, como o ouro, estanho, antimónio, bismuto e cobre. A prata é em seguida recuperada
no processo de copelação, durante o qual a liga de chumbo-prata é aquecida a cerca de 1100 ºC
e submetida a um fluxo de ar. Como resultado dá-se a oxidação preferencial do chumbo a litargí-
rio (PbO) e a remoção do estanho, antimónio e, em parte, do cobre. O régulo de prata formado
contém ouro, cobre e bismuto, sendo este último particularmente difícil de separar da prata (Cra-
ddock et al., 1996). O litargírio obtido durante a copelação seria posteriormente reduzido, poden-
do o chumbo metálico assim obtido ser eventualmente adicionado à carga inicial de redução do
minério argentífero, caso o seu teor em chumbo fosse reduzido.
Um processo metalúrgico semelhante seria utilizado em Monte Romero (Huelva), um sí-
tio especializado na extracção mineira e produção metalúrgica do período orientalizante (Perez
Macias, 1996; Kassianidou, 2003), no qual a análise de minérios, escórias, chumbo, litargírio, ce-
râmicos e algaravizes provou a extracção da prata de filões polimetálicos (Kassianidou, 2003). Os
fragmentos cerâmicos apresentavam na sua face interna teores elevados de chumbo e vestígios
de cobre, arsénio, antimónio, ferro, silício e alumínio, sendo provenientes de um processo de
refinação da liga de chumbo-prata formada na operação de redução.
A copelação da prata em território nacional encontra-se também comprovada durante a
ocupação da II Idade do Ferro ou, mais tardiamente, em época Romana, no Castelo Velho de Safa-
ra (Moura). Vestígios desta metalurgia puderam ser associados a um pequeno bloco de litargírio e
a um cadinho com teores elevados de chumbo e prata, contendo ainda vestígios de cobre (Mon-
ge Soares et al., 1985). Mais recentemente, a análise de material aderente a um fragmento do
fundo de um vaso cerâmico de tipologia comum em contextos da II Idade do Ferro demonstrou
também a existência de operações relacionadas com a metalurgia do chumbo (Monge Soares et
al., 2005).

Ana Ávila de Melo, Pedro Valério, Luís de Barros e Maria de Fátima Araújo
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Na Quinta do Almaraz, trabalhos anteriores (Valério et al., 2003; Araújo et al., 2004) tinham
já identificado vestígios de copelação de prata em três cadinhos cerâmicos recolhidos em cama-
das datadas por radiocarbono do século VII a.C. (Barros e Monge Soares, 2004). Entretanto foram
estudados mais de duas dezenas de fragmentos cerâmicos, alguns deles já identificados como
cadinhos, originários do fosso, tendo a grande maioria apresentado teores significativos de prata
e/ou chumbo na sua face interna. A ausência de elevados teores em ferro nestes vestígios meta-
lúrgicos afasta a hipótese de pertencerem à fase inicial de redução dos minérios argentíferos e
coloca-os na fase posterior de refinação da liga de chumbo-prata. Os exemplares podem ser agru-
pados em três grupos consoante os teores relativos destes elementos: I) teores significativos de
prata e vestígios de bismuto, cobre, chumbo e bromo; II) teores significativos de chumbo e prata
e vestígios de cobre; III) teores significativos de chumbo e vestígios de cobre e, em alguns casos,
de estanho e antimónio (Fig. 4).

706

Fig. 4. Exemplos de fragmentos cerâmicos da Quinta do Almaraz com I) teores significativos de Ag


e vestígios de Bi, Pb, Cu e Br (MMA10099.ALZ1832); II) teores significativos de Pb e Ag e vestígios
de Cu (ALZ.QJ27/4.C15c); III) teores significativos de Pb e vestígios de Cu e Sn (ALZ.QJ27/4.C15g)

Os vestígios metalúrgicos estudados parecem enquadrar-se bem num esquema de refina-


ção de prata semelhante aos anteriormente sugeridos para a época orientalizante e colonização
fenícia do sudoeste da Península Ibérica. Os exemplares do grupo I, caracterizado por fragmen-
tos de cadinho de dimensões mais reduzidas e teores elevados de prata, devem corresponder a
um passo mais tardio de refinação da prata. A presença de bismuto e cobre resulta da difícil remo-
ção destes elementos da prata, enquanto que o bromo terá origem no solo em que o artefacto
esteve enterrado e resultará da elevada estabilidade dos halogenetos de prata então formados.
Os fragmentos do grupo II pertencem a recipientes cerâmicos de maiores dimensões, resultando
provavelmente de um passo preliminar de refinação da liga de chumbo-prata. Tal como em diver-
sos outros sítios coevos do sudoeste da Península Ibérica, as operações de refinação seriam con-
duzidas em recipientes abertos de cerâmica comum (Hunt Ortiz, 2003). Os exemplares do grupo
III podem resultar da redução de litargírio, de forma a adicionar o chumbo refinado à carga inicial
de redução do minério argentífero. A existência de teores variáveis de estanho e antimónio nes-
tes restos metalúrgicos reflectem a composição irregular dos próprios minérios processados.

Arqueologia, sítios e materiais


Práticas metalúrgicas na Quinta do Almaraz (Cacilhas, Portugal): vestígios orientalizantes

O chumbo resultante da refinação de litargírio pode igualmente ter dado origem aos arte-
factos em chumbo aqui analisados, todos eles com teores mais ou menos reduzidos de cobre.
A ausência de minérios, escórias de redução, litargírio e outros produtos intermédios asso-
ciados a este processo metalúrgico impede um estudo mais profundo do mesmo, tal como foi re-
alizado nos dois sítios anteriormente referidos. No entanto, a composição dos fragmentos cerâ-
micos analisados não deixa qualquer dúvida quanto ao tipo de metalurgia por eles evidenciada.

Peso discoidal MMA4409

707

Pesos cúbicos Pinça MMA4411

Bracelete QU453PL2C54 Bracelete MMA9605

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VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Cadinho MAH8236 Cadinho MMA4208

708

Cadinhos MMA9602 e MMA9435

Cadinho MMA9434

Escoria

Arqueologia, sítios e materiais


Práticas metalúrgicas na Quinta do Almaraz (Cacilhas, Portugal): vestígios orientalizantes

Asa sítula MMA4403 Fíbula MMA9621

709

Faca de ferro

Faca de ferro MMA9601 Facas de ferro MMA9437

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3. Considerações finais

Os estudos arqueometalúrgicos que têm sido desenvolvidos na Quinta do Almaraz per-


mitiram evidenciar a sua importância como cento produtor metalúrgico. Se numa primeira fase
a investigação incidiu fundamentalmente nos artefactos em ligas de cobre, os trabalhos mais
recentes direccionaram-se para o estudo de vestígios de operações metalúrgicas. Os resultados
que temos vindo a obter permitem já – ainda que de forma algo incipiente - caracterizar este
sítio como um centro produtor de prata e, provavelmente também de ouro, testemunhada pela
recolha de cadinhos com vestígios de refinação destes elementos, bem como pela própria conta
de ouro. A produção metalúrgica na Quinta do Almaraz, contudo, inclui também as ligas de cobre
e o ferro. O conjunto de artefactos em liga de cobre, como já tivemos ocasião de referir, abran-
ge uma diacronia vasta – da Idade do Bronze Final à do Ferro – e remete para mundos culturais
distintos – as comunidades indígenas do Bronze Final e o mundo mediterrânico. Alguns dos arte-
factos integram-se tipologicamente nas produções metalúrgicas do ocidente europeu do Bronze
Final, mais precisamente no que se convencionou designar por Bronze Atlântico, enquanto ou-
tros, como as facas em ferro com rebites de bronze, indiciam, se não a colonização fenícia, pelo
menos contactos regulares com o Mediterrâneo.
Verdadeiramente notável é a imensa quantidade de pingos de fundição, escórias, algara-
vizes e fragmentos cerâmicos relacionados com operações metalúrgicas, recolhidos sobretudo
numa área específica do fosso. Tamanha concentração leva-nos a suspeitar de que provavelmen-
te estaremos na presença de uma ou várias oficinas – de ourives, pelas evidências demonstradas
da refinação de prata e ouro no local, mas também de produção de cobre, ligas de cobre e ferro.
Porém, só a continuação dos trabalhos arqueológicos no sítio e o alargamento da área escavada
710 poderá esclarecer esta questão.

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Ana Ávila de Melo, Pedro Valério, Luís de Barros e Maria de Fátima Araújo
Novos dados sobre a ocupação pré-romana da cidade
de Lisboa. A intervenção da Rua de São João da Praça

João Pimenta 1
Marco Calado 2
Manuela Leitão 3
Arqueólogo. Museu Municipal Vila Franca de Xira
1

Arqueólogo. Colaborador do Museu da Cidade, Lisboa


2

3
Técnica Superior do Museu da Cidade, Câmara Municipal de Lisboa

Resumo

A intervenção arqueológica efectuada na Rua de São João da Praça incidiu em pleno centro
histórico da cidade romana de Lisboa, a urbe portuária de Felicitas Iulia Olisipo. Apesar da área inter-
vencionada ser limitada, detectou-se um relevante troço da antiga muralha romana e o arranque de
um torreão semicircular. Estando este possivelmente correlacionado com uma das portas da cidade.
A sondagem efectuada no interior do sistema defensivo, permitiu abrir uma janela sobre as
ocupações mais antigas do povoado pré-romano que se desenvolveu desde inícios do primeiro milénio
a.C. na colina do Castelo medieval de S. Jorge.

Abstract

The archaeological intervention at São João da Praça Street occurred in the historical centre of
the roman city of Lisbon, the roman port of Felicitas Iulia Olisipo.
Although the intervention area was limited, it detected an excellent part of the roman defensi-
ve wall and the start of a tower possibly correlated with one of the doors of the city.
The excavation in the interior of the defensive system, allowed to opening a window on the
oldest occupations of the pre-roman town that developed since beginnings of the first millennium B.C.
in the hill of the medieval S. Jorge Castle.
Novos dados sobre a ocupação pré-romana da cidade de Lisboa. A intervenção da Rua de São João da Praça

1. Introdução

As intervenções arqueológicas de emergência realizadas na rua de São João da Praça, na


área da antiga porta de São Pedro da muralha medieval, decorreram entre Agosto e Novembro
de 2001, na sequência do projecto de substituição de infra estruturas de saneamento em curso1.
Apesar de todos os condicionalismos inerentes a um estudo desta natureza, foi possível es-
cavar níveis preservados de época pré-romana e romana republicana, tendo-se identificado uma
ocupação contínua desde meados do século III a. C. até ao século XX.
A escavação da Sondagem n.º 2 teve como quadro de indagações prévio, obter uma leitura
da estratigrafia interna do amplo troço de muralha romano detectado durante o decorrer do
projecto. Esta sondagem, apesar de não ter sido possível atingir os níveis de base por questões
de segurança, permitiu identificar uma ampla potência estratigráfica de cerca quatro metros, re-
velando estruturas relativamente bem preservadas.

713

Fig. 1. Planta com a localização da escavação da Rua de São João da Praça

1 A coordenação da Intervenção ficou sob a alçada da Divisão de Museus e Palácios da Câmara Municipal
de Lisboa, sendo a direcção científica da competência da Dr.ª Manuela Leitão e Dr.ª Cláudia Costa.

João Pimenta, Marco Calado e Manuela Leitão


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

2. A estratigrafia da Sondagem n.º 2

Sob o alicerce da muralha romana foi possível identificar quatro unidades estratigráficas
correspondendo a três momentos distintos de ocupação2.
A camada 14 equivale ao primeiro momento de ocupação que podemos definir para este
espaço. Embora os condicionantes acima referidos não permitam esclarecer de uma forma defini-
tiva a sua cronologia, alguns factores tais como, a ausência de importações Itálicas, a presença de
ânforas do Tipo T. 4.2.2.5. de Ramon Torres (1995), assim como as características das cerâmicas
cinzentas e comuns levam-nos a propor uma datação de meados do século III a.C.
Entre o espólio destaca-se quantitativamente os fragmentos de grandes contentores boju-
dos de armazenamento, com paralelos em contextos do século III/II a.C. na alcáçova de Santarém
(Arruda, 2002a), no povoado do Castelo – Arruda dos Vinhos, (Gonçalves, 1997), na Quinta da
Torre – Almada (Cardoso e Carreira, 1997/1998), Chibanes (Silva e Soares, 1997) e no povoado da
Pedra da Atalaia (Santiago do Cacém) – (Silva, 1978)
Os exemplares exumados apresentam pastas compactas e granulosas com inúmeros ele-
mentos não plásticos de pequena média dimensão. O tom varia entre o amarelo avermelhado
e o castanho claro. As suas superfícies já não evidenciam os acabamentos cuidados e pintura
em bandas dos phitoi de influência meridional, sendo simplesmente alisadas do tom da pasta
ou apresentando leves aguadas de tom bege. A concentração destes recipientes numa área tão
restrita leva a que suponhamos estar perante uma área de armazenamento.

714

Fig. 2. Grandes contentores bojudos de armazenamento

2 Para uma descrição mais pormenorizada da estratigrafia ver Pimenta, Calado e Leitão, 2005.

Arqueologia, sítios e materiais


Novos dados sobre a ocupação pré-romana da cidade de Lisboa. A intervenção da Rua de São João da Praça

A Camada 13A corresponde a uma camada de regularização. Nesta camada identificámos


um conjunto quantitativamente relevante de cerâmicas comuns a torno cujas superfícies exter-
nas se apresentam muito queimadas, devido a uma utilização prolongada ao lume.
Estas peças apresentam paralelos em níveis dos finais da Idade do Ferro na alcáçova de
Santarém (Arruda, 2002a), no povoado do Castelo – Arruda dos Vinhos, (Gonçalves, 1997), na
Quinta da Torre – Almada (Cardoso e Carreira, 1997/1998), Chibanes (Silva e Soares, 1997) e no
povoado da Pedra da Atalaia (Santiago do Cacém) – (Silva, 1978).
Os exemplares exumados apresentam pastas duras e granulosas com inúmeros elementos
não plásticos de pequena e média dimensão. O tom varia entre o amarelo avermelhado e o cas-
tanho-escuro.

715

Fig. 3. Cerâmicas comuns a torno evidenciando demorada exposição ao lume

Sobre esta unidade estratigráfica foi possível identificar, apesar da dimensão da área inter-
vencionada, uma série de estruturas pétreas que definimos como ambiente 1 e que corresponde
ao segundo momento de ocupação deste espaço. Este ambiente é caracterizado por dois muros
paralelos em pedra calcária de médio calibre, com ligante em argila, adoçando em ângulo recto a
um bloco de grandes dimensões, delimitando uma área cuja funcionalidade não é clara.
O abandono deste ambiente encontra-se bem datado por importações Itálicas, nomeada-
mente ânforas vinárias Itálicas do Tipo Dressel 1 e cerâmica Campaniense do círculo da A, que nos
permitem aferir uma cronologia de meados da segunda metade do século II a.C. (Pimenta, Calado
e Leitão, 2005).
A camada 12 corresponde ao terceiro momento de ocupação. Trata-se de uma unidade
estratigráfica de grande espessura que interpretamos como um nível de regularização deste es-
paço, colmatando os vestígios do “edifício” que designámos como ambiente 1.
A análise do espólio recolhido permite verificar, na formação desta unidade estratigráfica,
a deposição secundária de sedimentos pré-existentes, materializados na coexistência de mate-

João Pimenta, Marco Calado e Manuela Leitão


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

riais de cronologia pré-romana, bastante homogéneos e de cronologia antiga, com abundantes


fragmentos de ânforas Itálicas do tipo Dressel 1 bem como cerâmica Campaniense do círculo da
B (Fundo Tipo 133 de Morel, 1981).

3. Materiais orientalizantes

Os materiais pré-romanos exumados nesta camada apresentam evidentes contactos com o


mundo fenício ocidental, remetendo-nos para a primeira fase do povoado pré-romano de Lisboa
(séculos VIII-VI a.C.), já identificada em outras zonas da cidade (Arruda, 2002a e Pimenta, 2005).
Embora não tenha sido possível escavar contextos preservados desta época, a recente interven-
ção do Palácio do Marques de Angenja (Nestas Actas), veio confirmar a existência de contextos e
estruturas preservados da fase inicial do povoado de Olisipo nesta área da cidade.
Esses contactos com o mundo meridional materializam-se no espólio cerâmico onde se
destacam alguns fragmentos de pratos de verniz vermelho (Fig. 4, n.º 21-23), um fragmento de
“queima perfumes” (Fig. 4, n.º 20), uma taça carenada (Fig. 4, n.º 24), uma possível urna (Fig. 4,
n.º 30), os contentores de tipo pythoi decorados com bandas bícromas vermelhas e negras (Fig. 4,
n.º 25, 26-29 e 31-33), ânforas do Tipo 10.1.2.1. e 1.3.2.4. de Ramon Torres (1995) (Fig. 5), cerâmicas
cinzentas finas e alguma cerâmica manual.

716

Fig. 4. Materiais orientalizantes

Arqueologia, sítios e materiais


Novos dados sobre a ocupação pré-romana da cidade de Lisboa. A intervenção da Rua de São João da Praça

Fig. 5. Ânforas do Tipo 10.1.2.1. e 1.3.2.4

O fragmento de queima perfumes ou incensário, revestido internamente com verniz ver-


melho espesso e aderente (Fig. 4, n.º 20), é algo invulgar e merece breves considerações. De
facto, no extremo ocidente peninsular, esta forma é relativamente rara encontrando-se docu-
mentada apenas no povoado de Santa Olaia (Pereira, 1997) e nos níveis mais antigos da alcáçova
de Santarém (Arruda, 2002a, p. 215). Esta forma, encontra-se igualmente presente nos estratos
antigos de Cartago e em estabelecimentos de fundação fenícia tais como na necrópole de Traya-
mar (Niemeyer y Shubart, 1975) e Jardín (Mass-Lindemann, 1995). Estes característicos recipien-
tes perduraram até meados do século V a. C., ainda que os exemplares cobertos com engobe
vermelho pareçam corresponder à fase mais antiga (Arruda, 2002a, p. 215).
717

4. Cerâmicas Cinzentas

Sobre esta denominação genérica englobamos um conjunto heterogéneo de produções


cerâmicas com acabamento cuidado, - superfícies polidas, brunidas ou espatuladas - e um tom
genericamente acinzentado resultado de cozeduras redutoras.
A cerâmica cinzenta fina polida, fabricada a torno é muito abundante em todos os níveis
pré-romanos da cidade de Lisboa, facto que evidencia uma variabilidade formal que a caracteri-
za e distingue. A análise dos dados disponíveis, permite-nos afirmar que tal como em Santarém
(Arruda, 2002a) e Alcácer do Sal (Silva et al. 1980-81) este grupo cerâmico está presente desde os
primeiros níveis de ocupação sidérica alcançando os inícios da ocupação romana.
Na estratigrafia de São João da Praça, estas cerâmicas encontram-se bem representadas,
sendo um dos tipos mais numerosos. A diversidade formal e decorativa identificada leva-nos a
individualizar várias formas com distintas funcionalidades, na linha da proposta de distinção de
Grupos formais avançado por Ana Arruda (2002a) e colaboradores (Arruda; Freitas e Vallejo Sàn-
chez, 2000).
A forma mais abundante corresponde ás taças de bordo convexo engrossado internamen-
te, presentes em todas as unidades estratigráficas exumadas (Fig. 6, n.º 40-45). No estudo das
cerâmicas cinzentas da Sé de Lisboa (Arruda; Freitas e Vallejo Sànchez, 2000), estas taças foram
inseridas na forma 1, sendo uma das formas mais características dos contextos orientalizantes pe-
ninsulares. As taças identificadas apresentam diâmetros variáveis entre os 26 e os 20 centímetros
e fundos planos (Fig. 6, n.º 47 e 48).
Dentro do grupo das taças, um exemplar da camada 13A, apresenta características singu-
lares que nos levam a isolá-la formalmente (Fig. 6, n.º 46). Trata-se de um fragmento de bordo

João Pimenta, Marco Calado e Manuela Leitão


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

esvasado com paredes pouco espessas, acabamento cuidado e um diâmetro de 16 cm. Esta peça
tem paralelos na alcáçova de Santarém (Arruda, 2002a, figura 136, n.º 4) onde foi englobada na
forma 5 sub-tipo A.
Tal como no conjunto das cerâmicas cinzentas da Sé de Lisboa, identificámos igualmente
um prato de bordo largo, horizontal aplanado que parece reproduzir o modelo dos pratos de en-
gobe vermelho (Arruda, 2002a, p. 199) (Fig. 6, n.º 49). Corresponde ao Tipo 2 aí definido (Arruda;
Freitas e Vallejo Sànchez, 2000), encontrando paralelos muito próximos na alcáçova de Santarém
(Ver Arruda, 2002a, figura 136, n.º 1).
Dentro do conjunto das cerâmicas cinzentas, algumas peças apresentam problemas de
classificação, tendo em conta o carácter inédito destas produções no extremo ocidente penin-
sular (Fig. 6, n.º 52 e 53). Na camada 13A e 14 identificámos dois fragmentos possivelmente da
mesma taça, em cerâmica cinzenta com superfícies negras bem polidas imitando ou inspirando-se
em protótipos exógenos. O seu perfil e a forma das suas asas, sugerem-nos uma imitação de uma
“Kylix” ática.
Apesar de, no actual território Português, estas formas se encontrarem ausentes, em San-
tarém recolheu-se uma imitação de um “Skyphos”, em cerâmica a torno com um intenso polimen-
to, em níveis do século III a.C. (Arruda, 2002b, p. 157, n.º 155).
A produção de imitações de cerâmicas gregas apresenta-se bem documentada no mundo
Ibérico (Page, 1985) e na Andaluzia (Carmen Sánchez, 1985), facto que demonstra o cariz apela-
tivo destas cerâmicas de importação. Foi recentemente identificado na baía de Cádis, um centro

718

Fig. 6. Cerâmicas cinzentas finas

Arqueologia, sítios e materiais


Novos dados sobre a ocupação pré-romana da cidade de Lisboa. A intervenção da Rua de São João da Praça

produtor, que entre outras formas produziu imitações de formas gregas, nomeadamente kylix
com cozeduras redutoras. Embora ainda existam poucos dados acerca das produções dos fornos
de Camposoto – Cádis, os paralelos são muito estreitos com esta peça, aqui apresentada (Gago
Vidal et allí, 2000).
Na camada 14 identificaram-se dois fragmentos de uma taça de pé em anel com caracterís-
ticas que nos levam a sublinhar o seu carácter invulgar (Fig. 6, n.º 50 e 51). Ao contrário dos con-
juntos de cerâmica cinzenta analisados, e que conhecemos da cidade de Lisboa, este exemplar
apresenta paredes inusitadamente espessas e um acabamento imperfeito, denotando, a nosso
ver, uma tentativa de ensaio de uma forma exógena. A peça parece ter sido fabricada a torno
lento com um acabamento manual, apresentando na área do fundo imperfeições. As suas super-
fícies apresentam-se polidas em especial na área do bordo.
O tipo 4 da Sé de Lisboa (Arruda; Freitas e Vallejo Sànchez, 2000) encontra-se representado
por dois fragmentos de bordo simples ligeiramente esvasado e paredes rectilíneas (Fig. 7, n.º 56
e 57). Apesar de ser possível integrar neste tipo 4, os exemplares que apresentamos na figura 7
(N.º 55 a 62), o seu perfil assim como a aplicação de molduras sob o lábio leva-nos a individualizá-
los num novo grupo, que caracteriza os contextos mais recentes da Idade do Ferro até à época
romana republicana.
Na esteira da proposta de distinção de Grupos formais avançado para as cerâmicas cinzen-
tas da Sé de Lisboa (Arruda; Freitas e Vallejo Sànchez, 2000), isolamo-los no tipo 8. Ainda que não
tenha sido possível reconstituir nenhum exemplar, este tipo parece corresponder a um recipien-
te fechado de perfil em “S”, que podemos designar por pote. Estes apresentam lábios simples
esvasados, e em alguns exemplares molduras bem marcadas sob o lábio. Esta forma encontra-se

719

Fig. 7. Cerâmicas cinzentas finas

João Pimenta, Marco Calado e Manuela Leitão


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

bem atestada na área do estuário do Tejo, nos ditos “povoados agrícolas” das zonas limítrofes
do território de Olisipo - nomeadamente em Outorela (Cardoso, 1990, fig. 12) e nos Moinhos da
Atalaia (Pinto e Parreira, 1977, fig. 2). Os dados destas duas estações permitem atribuir uma cro-
nologia avançada para este tipo a partir de meados do século V a.C., sendo interessante a análise
dos dados estratigráficos de São João da Praça onde estas formas estão bem representadas nas
camadas 14 e 13A de meados do século III a.C. alcançando os níveis romanos republicanos.
Entre o conjunto da cerâmica cinzenta destacou-se desde o primeiro momento uma série
de fragmentos de recipientes fechados, apresentando uma característica decoração em retícula
brunida efectuada por polimento (Fig. 8). Embora não tenha sido possível a reconstituição de
nenhum exemplar, a análise dos diversos fragmentos recolhidos permite identificar estas peças
como jarros e integrá-los no Tipo 9. Caracterizam-se por um bocal trilobado, de lábio simples es-
vasado, de onde arranca uma asa maciça de secção circular. O colo é curto marcado por caneluras
que fazem a transição para o corpo de perfil troncocónico, profusamente decorado, terminando
num fundo em ônfalo.
Peças com decorações similares foram identificadas em Lisboa em contextos republicanos
(Pimenta, 2005), bem como no vale do Tejo - Alcáçova de Santarém (Arruda, 2002a), povoado
do Castelo - Arruda dos Vinhos (Gonçalves, 1997), Freiria (Cardoso e Encarnação, 2000, p. 744),
Quinta da Torre - Almada (Cardoso e Carreira, 1997/98)) e no baixo Sado - Chibanes, Setúbal (Silva
e Soares, 1997) e Pedrão (Soares e Silva, 1973).

720

Fig. 8. Cerâmicas cinzentas finas

Arqueologia, sítios e materiais


Novos dados sobre a ocupação pré-romana da cidade de Lisboa. A intervenção da Rua de São João da Praça

Embora estas peças convivam com primeiras importações Itálicas, os dados de São João da
Praça permitem recuar esta cronologia para os finais do século III a.C. ou na primeira metade do
século II a.C. (Pimenta, Calado e Leitão, 2005).
A par destes modelos, identificámos no primeiro momento de ocupação deste espaço, um
exemplar bem preservado de jarro sem decoração (Fig. 8, n.º 64), com a superfície externa bem
polida, exibindo um brilho metálico. A análise da estratigrafia e dos dados disponíveis levam-nos
a supor que este tipo antecede os exemplares decorados com retícula brunida. De facto, o exem-
plar de São João da Praça encontra-se muito próximo do jarro exumado em Outorela (Fig. 9, n.º
2) e datado de meados do século V a.C. (Cardoso, 1990, fig. 12).
O jarro aqui apresentado, embora bem datado do século III a.C. é claramente uma evolu-
ção dos exemplares antigos, como o de Outorela, deixando antever uma continuidade dentro
destas formas destinadas a conter e servir líquidos desde meados do século V a.C. até pelo menos
o virar da era.
Serviriam estas peças para servir o vinho que circulava deste tempos remotos no vale do
Tejo? A associação contextual em Lisboa destes recipientes a ânforas vinárias deixa em aberto
esta hipótese.

721

Fig. 9. N.º 1 Jarro com decoração em retícula brunida do Castelo - Arruda dos Vinhos (Gonçalves, 1997, p. 41); N.º 2
Jarro de Outorela (Cardoso, 1990, fig. 12 n.º 1); N.º 3, 4 e 6 Quinta da Torre - Almada (Cardoso e Carreira, 1997/98,
fig. 11 n.º 5 a 7); N.º 5 Chibanes (Silva e Soares, 1997, fig. 13 n.º 7) e N.º 7 Pedrão (Soares e Silva, 1973, Est. 6 n.º 46)

João Pimenta, Marco Calado e Manuela Leitão


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Ainda que pouco frequentes, os contentores de armazenamento em cerâmica cinzenta,


encontram-se representados por um fragmento de bocal (Fig. 7, n.º 63), com paralelos muito
próximos na Alcáçova de Santarém, onde foi isolado sob a forma 9 (Ver Arruda, 2002a, figura 134,
n.º 8). Por último, individualizamos alguns cossoiros em cerâmica cinzenta, documentando activi-
dades ligadas à fiação (Fig. 6, n.º 54).

Considerações Finais

Os novos dados recentemente apresentados acerca da ocupação pré-romana da cidade de


Lisboa, têm permitido vislumbrar a real dimensão do povoado da colina do Castelo desde meados
do primeiro milénio a.C. (Arruda, 2002).
A pequena sondagem aqui em estudo, fruto de uma intervenção de emergência, propor-
cionou pela primeira vez uma leitura das ocupações antigas da encosta oriental do morro do
Castelo, deixando antever boas perspectivas de trabalho no âmbito de futuras investigações di-
reccionadas ao estudo do povoado pré-romano.
Ainda que os dados disponíveis não permitam esclarecer qual o tipo de ocupação dado a
este sector do povoado, a sua implantação junto ao rio perto de um ancoradouro natural com
abundantes nascentes, poderão corroborar a hipótese de estarmos perante uma área de cariz
portuário, onde os armazéns e as actividades industriais deveriam pautar o enquadramento ur-
bano.
A concentração de contentores de armazenamento na primeira fase definida, assim como
a abundância de ânforas em todas as unidades estratigráficas poderá estar de acordo com esta
hipótese. De facto, o material anfórico já apresentado (Pimenta, Calado e Leitão, 2005), permite
722 atestar o precoce dinamismo económico do porto de Olisipo, desde meados do século VII a. C. até
à chegada dos primeiros exércitos romanos ao vale do Tejo.

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João Pimenta, Marco Calado e Manuela Leitão


Sobre a ocupação pré-romana de Olisipo:
A Intervenção Arqueológica Urbana
da Rua de São Mamede ao Caldas N.º 15
*

João Pimenta1
Rodrigo Banha da Silva2
Marco Calado3
Arqueólogo. Museu Municipal Vila Franca de Xira
1

2
Arqueólogo. Museu da Cidade de Lisboa / Universidade Nova de Lisboa
3
Arqueólogo. Colaborador do Museu da Cidade, Lisboa

Resumo

Na sequência do projecto de reabilitação de um edifício oitocentista, em pleno centro histórico


da cidade antiga de Lisboa, efectuaram-se trabalhos arqueológicos preventivos.
Apesar dos níveis de ocupação proto-históricos estarem muito perturbados pelas sucessivas
ocupações do espaço, ao longo de quase três mil anos, foi possível identificar e escavar três contextos
bem preservados da Idade do Ferro.
O estudo e análise do espólio aí identificado, em particular no contexto 1, permite pela primeira
vez na história da arqueologia urbana da cidade, atestar sem margem de dúvidas uma fase recuada de
ocupação ainda de inícios do primeiro milénio a.C.

Abstract

The rehabilitation of an old building in the historical centre of Lisbon motivated a rescue
archaeological work on the site.
Although the proto-historic stratigraphy were very disturbed by later occupations, it was
possible to identify and to excavate three well preserved contexts dated of the Iron Age.
For the first time in Lisbon´s urban archaeology, an occupation of the beginnings of the first
millennium B.C. is confirmed, chronology based upon the study and analysis of the ceramics identified
on this site, particularly those of context 1.

* Trabalho ampliado e revisto, originalmente apresentado como poster


Sobre a ocupação pré-romana de Olisipo: A Intervenção Arqueológica Urbana da Rua de São Mamede ao Caldas N.º 15

Introdução

O projecto de reabilitação de um edifício oitocentista, na rua de São Mamede ao Caldas n.º


15 em pleno centro histórico da cidade romana e medieval de Lisboa, proporcionou novos dados
sobre os primeiros momentos da ocupação sidérica do antigo povoado da colina do Castelo1.
Apesar da extensão da área intervencionada, as acções derivadas da continuidade e inten-
sidade da ocupação humana, onde se destacam os trabalhos de reconstrução da cidade após o
grande sismo de 1755, provocaram a obliteração profunda do registo arqueológico, em especial
o relativo aos momentos mais antigos do aglomerado. No entanto, foi possível identificar e esca-
var, em três áreas distintas, unidades estratigráficas preservadas, associadas a estruturas positi-
vas que assentavam directamente sobre o substrato geológico.

725

Fig. 1. Mapa da Localização de Olisipo (Lisboa), na península Ibérica e no Vale do Tejo

1 A coordenação da Intervenção ficou sob a alçada da Divisão de Museus e Palácios da Câmara Municipal
de Lisboa, sendo a direcção científica da competência do Dr. Rodrigo Banha da Silva, tendo participado nestes
trabalhos o Dr. Vasco Leitão Santos, Dr.ª Sandra Pisco e Marco Calado.

João Pimenta, Rodrigo Banha da Silva e Marco Calado


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 2. Fotografia aérea da colina do Castelo

726

Fig. 3. Planta da cidade de Lisboa com a localização do edifício n.º 15 da Rua de São Mamede ao Caldas

Arqueologia, sítios e materiais


Sobre a ocupação pré-romana de Olisipo: A Intervenção Arqueológica Urbana da Rua de São Mamede ao Caldas N.º 15

Fig. 4. Planta do edifício n.º 15 da Rua de São Mamede ao Caldas com a implantação dos contextos pré-romanos

Contexto 1:

Estrutura antrópica de contenção de plataforma da encosta, que nesta área da colina é


constituída por areolas não consolidadas. Esta foi realizada através da aplicação de margas do
substracto misturadas com matéria vegetal.
As unidades estratigráficas associadas a esta estrutura e que podemos correlacionar com
o período da sua utilização/abandono, ofereceram abundante material arqueológico, do qual se
destaca a cerâmica. O conjunto exumado é constituído maioritariamente por cerâmica manual
(61%), tendo sido possível distinguir dois grandes grupos. 727
O grupo 1 caracteriza-se por pastas grosseiras com numerosos elementos não plásticos,
evidenciando cozeduras redutoras e superfícies apenas alisadas ou com acabamento a “cepillo”.
Os fragmentos que podemos observar deste grupo, são essencialmente bojos, à excepção de
três bocais (Fig. 7, n.º 20 a 22), correspondendo a vasos de armazenamento de perfil em esse,
de dimensão variável. Este tipo de recipientes encontra-se bem representado na Alcáçova de
Santarém (Arruda, 2002, p. 174, fig. 110), em Lisboa no Claustro da Sé (Arruda, 2002, p. 116) e nos
Moinhos da Atalaia (Pinto e Parreira, 1977, fig. 2).

Fig. 5. Fotografia do corte da estrutura de contenção de plataforma da encosta

João Pimenta, Rodrigo Banha da Silva e Marco Calado


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

O grupo 2 distinge-se pelas suas pastas bem depuradas, apresentando escassos elementos
não plásticos de dimensões reduzidas e bem distribuídos. As suas superfícies são cuidadosamen-
te polidas e nalguns casos mesmo brunidas. As formas identificadas correspondem a taças care-
nadas com paredes muito finas e acabamento cuidado (Fig. 7 n.º 12 a 16 e 23). Este grupo encontra
paralelos muito próximos em Santarém, onde foi individualizado como o Grupo 3 (Compare-se
com Arruda, 2002, p. 174) e nos Moinhos da Atalaia, (Pinto e Parreira, 1977, fig. 2).
Um fragmento de bordo que incluímos neste grupo, apresenta características que nos le-
vam a destacá-lo destas produções. Trata-se de um fragmento de taça carenada de paredes mui-
to direitas, com arranque de carena bem marcada (Fig. 7 n.º 24). Do ponto de vista morfológico
aproxima-se da cerâmica de tipo Medellín (Almagro-Gorbea, 1977), mas o seu estado de conser-
vação não permite verificar se terá tido pintura nas suas superfícies. Produções similares ainda
evidenciando pintura, foram recentemente detectadas no vale do Tejo (Arruda, 2005) e no Sado
em Abul (Mayet e Silva, 2000, p. 38-39).
Por último, identificou-se um pequeno fragmento de taça carenada com decoração exter-
na em ornatos brunidos tipo “Lapa do Fumo”(Fig. 7, n.º 17). Esta característica decoração é típica
do Bronze final, mas parece ter-se prolongado até aos primeiros contactos com o mundo fenício
(Cardoso, 1995).
Entre a cerâmica a torno sobressai a cerâmica de engobe vermelho (9%). A análise macros-
cópica das suas pastas e engobe permitiu definir um único grupo de fabrico. Este caracteriza-se
por uma pasta compacta e bem depurada, de tom castanho (Mun. 2,5 YR 5/6), apresentando es-
cassos elementos não plásticos bem distribuídos, de dimensões reduzidas. Estes são constituídos
por quartzos, micas douradas e alguns vacúolos alongados. O engobe que cobre as superfícies
destes recipientes é de boa qualidade, espesso e muito aderente, variando a sua tonalidade entre
728 o vermelho (Mun. 10 R 5/6) e o castanho avermelhado (Mun. 10 R 5/4), sendo o resto da peça alvo
de uma aguada do tom da pasta ou simplesmente alisada.
Os pratos constituem o grupo mais significativo (Fig. 6, n.º 6 a 10). Infelizmente da totalida-
de dos fragmentos recolhidos apenas dois conservam bordo, dificultando qualquer tentativa de
classificação a partir deste elemento morfológico. O exemplar melhor preservado evidencia um
lábio aplanado inclinado para o interior, com 3,1 cm de largura e um diâmetro de 21 cm (Fig. 6, n.º
7). Os exemplares desta forma podem-se incluir na forma P1 de Rufete Tomico (1988-89, p. 15-16),
datados em cronologia tradicional entre a segunda metade do século VIII e a primeira metade
do século VII a.C. No território actualmente Português, é precisamente no vale do Tejo, onde en-
contramos os melhores paralelos para os pratos de engobe vermelho, nos níveis mais antigos da
Alcáçova de Santarém (Arruda, 2002, p. 184-186) e em alguns exemplares do povoado do Almaraz
(Barros, Cardoso e Sabrosa, 1993).
Ainda que apenas representado por um fragmento, podemos detectar um invulgar bocal
de contentor de tendência esférica com caneluras junto ao bordo, coberto externamente com
engobe vermelho (Fig. 6, n.º 2). Esta forma encontra-se bem representada em contextos da pri-
meira metade do século VII a.C. em Huelva (Forma C1a de Rufete Tomico, 1988-89), no Castillo
de Doña Blanca (Ruiz Mata e Pérez, 1995, fig. 21) e em Mogador (López Pardo e Habibi, 2002, fig.
56). No extremo ocidente peninsular apesar de pouco frequente, encontra paralelos em Castro
Marim (Freitas, 2005, Fig. 3 n.º 11), em Abul no horizonte 1C (Mayet e Silva, 2000, fig. 20 n.º 75) e
em Santarém (Arruda, 2002, p. 187, fig. 119, n.º 5).
As cerâmicas decoradas em bandas bícromas vermelhas e negras estão atestadas por um
fragmento de bojo e de colo com arranque de asa bífida que poderão pertencer a uma urna Tipo
Cruz del Negro (Fig. 6, n.º 3 e 4) e por alguns fragmentos possivelmente de phitoi (Fig. 6, n.º 5).
As ânforas encontram-se representadas por um bordo bem preservado de ânfora do Tipo
10.1.1.1. (Ramon Torres, 1995), conservando um revestimento externo de engobe vermelho espes-

Arqueologia, sítios e materiais


Sobre a ocupação pré-romana de Olisipo: A Intervenção Arqueológica Urbana da Rua de São Mamede ao Caldas N.º 15

so e acetinado (Fig. 6, n.º 1). A análise macroscópica da pasta permite definir um tipo de fabrico de
proveniência meridional, possivelmente do grupo “baía de Cádis” (Ramon Torres, 1995, p. 256).
Este caracteriza-se por uma pasta dura e homogénea. Os elementos não plásticos são escassos
e bem distribuídos, compostos por alguns quartzos e elementos calcários. O tom da pasta é ver-
melho claro (Mun. 2.5 YR 6/8).
As cerâmicas cinzentas são raras, tendo-se apenas identificado um fundo (Fig. 6, n.º 11).
O espólio metálico encontra-se representado por um fragmento de mola de fíbula em bron-
ze. Não sendo possível identificar com segurança o tipo, ainda que o arranque do arco permite
sugerir estarmos perante uma fíbula de dupla mola.
Neste contexto recolheram-se ainda alguns materiais líticos, dos quais destacamos um nú-
cleo em sílex cinzento e um artefacto em xisto com a extremidade distal cuidadosamente polida
(Fig. 7, n.º 18 e 19).
Os dados cronológicos que o estudo do contexto 1 proporcionou, permitem com alguma
segurança datá-lo em cronologia tradicional na segunda metade do século VIII a.C. primeira me-
tade do século VII a.C. Infelizmente não foi possível recolher material orgânico que nos possibili-
tasse efectuar datações absolutas para corroborar esta nossa proposta.

729

Fig. 6. Cerâmicas do Contexto 1

João Pimenta, Rodrigo Banha da Silva e Marco Calado


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

730

Fig. 7. Cerâmicas manuais e artefactos líticos do Contexto 1

Contexto 2

Estrutura de combustão que assentava directamente sobre o substrato geológico. Era


composto por uma placa de argila cozida assente sobre fragmentos de recipientes cerâmicos,
intencionalmente fracturados.
O espólio associado a esta estrutura era essencialmente cerâmico. Entre este domina a
cerâmica a torno, sendo as produções manuais escassas, resumindo-se a alguns fragmentos de
bojos incaracterísticos.
As cerâmicas de engobe vermelho estão bem atestadas, dominando tal como no contexto
1 os pratos. Estes apresentam bordos aplanados de tendência obliqua e lábios largos (Fig. 8, n.º
27-29), encontrando bons paralelos nos materiais do Claustro da Sé (Arruda, 2002, p. 118-119). As
taças carenadas de parede vertical estão representadas por dois exemplares de inflexão bem
marcada (Fig. 8, n.º 25 e 26)
Dois fragmentos permitem reconstituir uma taça em cerâmica cinzenta fina polida, de bor-
do convexo engrossado internamente que se integra na forma 1 definida para as cerâmicas cin-
zentas da Sé de Lisboa (Arruda; Freitas e Vallejo Sànchez, 2000) (Fig. 8, n.º 30-31).
As ânforas estão representadas por um fragmento de asa de secção circular, possivelmen-
te do Tipo 10.1.2.1. de Ramon Torres, (1995). A análise macroscópica da pasta, permite-nos definir
um grupo de fabrico de clara origem sul peninsular. Este caracteriza-se por uma pasta compacta

Arqueologia, sítios e materiais


Sobre a ocupação pré-romana de Olisipo: A Intervenção Arqueológica Urbana da Rua de São Mamede ao Caldas N.º 15

e homogénea. Os elementos não plásticos são abundantes e de pequena dimensão. Compostos


por quartzos, micas, inclusões calcárias e elementos negros (Xistos?). O tom é castanho aver-
melhado (Mun. 2.5 YR 6/4), apresentando um núcleo cinzento azulado (Mun. GLEY 2 7/5B). As
suas características levam-nos a sugerir uma proveniência sul peninsular possivelmente do grupo
“Málaga” (Ramon Torres, 1995, p. 256).
Ainda que o espólio identificado, não seja conclusivo as características dos recipientes de
engobe vermelho permitem-nos sugerir uma datação mais recente para este contexto, que situ-
amos como hipótese de trabalho, em meados da segunda metade do século VII, primeira metade
do século VI a.C., tendo em conta os dados do vale do Tejo (Arruda, 2002).

731

Fig. 8. Cerâmicas do Contexto 2

Contexto 3

Não foi possível aferir funcionalidades, dada a exiguidade da área intervencionada, no en-
tanto identificaram-se elementos pétreos e fragmentos de argila cozida de revestimento que de-
nunciam a existência de estruturas positivas.
Estas unidades estratigráficas revelaram-se bastante escassas em espólio arqueológico,
tendo-se recolhido apenas fragmentos incaracterísticos de cerâmica a torno e manual a par de
um fragmento decorado em bandas policromas vermelhas, negras e brancas e um bordo de ân-
fora do T. 10.1.1.1. (Ramon Torres, 1995). A análise macroscópica da pasta da ânfora, revelou tal
como no fragmento de asa que tratámos do Contexto 2, um fabrico muito característico que nos
permite propor uma proveniência sul peninsular possivelmente do grupo “Málaga” (Ramon Tor-
res, 1995, p. 256).

João Pimenta, Rodrigo Banha da Silva e Marco Calado


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 9. Cerâmicas do Contexto 3

732

Fig. 7. Planta topográfica da cidade de Lisboa, com a localização das intervenções em que foram detectados
níveis pré-romanos e com a reconstituição hipotética da linha de costa e do esteiro do vale da baixa.
O n.º 9, corresponde ao edifício n.º 15 da Rua de São Mamede ao Caldas

Arqueologia, sítios e materiais


Sobre a ocupação pré-romana de Olisipo: A Intervenção Arqueológica Urbana da Rua de São Mamede ao Caldas N.º 15

Enquadramento da intervenção

A localização privilegiada da colina em que se veio a erguer o povoado pré-romano de Lis-


boa (Figura, 2), desde cedo chamou a tenção das primeiras comunidades humanas. Como provam
os materiais paleolíticos recolhidos nos anos quarenta no Castelo de São Jorge e as recentes des-
cobertas provenientes das intervenções no vale da baixa, que vêm atestar a sua ocupação desde
o Neolítico Antigo (Muralha, Costa e Calado, 2002, p. 245).
No entanto, apesar de recentemente ter vindo a ser proposta, a existência de um grande
povoado da Idade do Bronze final, no morro do Castelo (Cardoso, 2002, p. 359 e Silva, 2005, p.
760), a informação disponível não permite confirmar ou desmentir essa hipótese. A presença
humana desta época começa no entanto a estar documentado nas áreas adjacentes (Praça da
Figueira e Encosta de Santana), permitindo supor o aproveitamento agrícola dos férteis vales em
torno do planalto onde se vem a erguer a alcáçova Muçulmana.
Os primeiros dados fiáveis acerca do povoamento da colina do Castelo remontam à Idade
do Ferro. Essa ocupação foi claramente demonstrada pelas escavações que nos anos noventa do
século passado se efectuaram no Claustro da Catedral (Amaro, 1993) e no núcleo arqueológico
da Rua dos Correeiros (Bugalhão, 2001). Sendo claro desde os primeiros estudos, a existência de
uma forte ligação do povoado de Olisipo com o mundo meridional materializada nos vestígios
arqueológicos, com claras influências orientalizantes (Arruda, 2002).
O multiplicar das intervenções no centro histórico da cidade romana e medieval, têm vin-
do nos últimos anos a aumentar os nossos conhecimentos sobre esta fase, possibilitando que
se comece a percepcionar a área ocupada (Fig. 9), deixando antever uma superfície de grandes
dimensões (cerca de 15 ha.) que, certamente, assumiu desde cedo um papel de lugar central no
povoamento da foz do Tejo (Arruda, 2002). 733
Os dados da intervenção em epígrafe, em particular os elementos cronológicos que o es-
tudo do contexto 1 proporciona, permitem afirmar que as influências orientalizantes chegaram
cedo ao povoado da colina do Castelo. Podendo situar-se em cronologia tradicional na segunda
metade do século VIII a.C. primeira metade do século VII a.C.
Esta primeira fase de ocupação, apresenta evidentes contactos com o mundo fenício oci-
dental, bem patentes no pouco que se sabe sobre a sua arquitectura assim como no seu espólio
artefactual. A cerâmica a torno de filiação fenícia integra pratos de engobe vermelho de bordo
estreito e altos coeficiente, urnas de tipo Cruz del Negro, phitoi pintados em bandas, ânforas do
T. 10.1.1.1. e abundante cerâmica manual de clara tradição indígena.
O estudo da cerâmica manual e a presença de um fragmento de taça carenada com decora-
ção externa em ornatos brunidos tipo “Lapa do Fumo”, deixa em aberto a hipótese da existência
de uma ocupação do bronze final no morro do Castelo. Essa proposta parece consolidar-se face
à elevada percentagem de cerâmica manual que detectamos no contexto 1 (61%) e que se afasta
claramente dos dados disponíveis para o Claustro da Sé, onde apesar da importância da amostra-
gem já estudada estas são apenas residuais (Arruda, 2002, p. 116). De facto os materiais da Sé são
maioritariamente datáveis do século VI a.C., apesar da presença de uma urna tipo Cruz del Negro
e uma ânfora T. 10.1.1.1. já deixassem antever a possibilidade de existirem níveis mais antigos (Ar-
ruda, 2005), que se parecem consubstanciar nos dados estratigráficos que agora apresentamos.

João Pimenta, Rodrigo Banha da Silva e Marco Calado


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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735

João Pimenta, Rodrigo Banha da Silva e Marco Calado


Evidências orientalizantes na área urbana de Lisboa:
o caso dos edifícios na envolvente da Mãe de Água
do Chafariz d’El Rei
*

Victor Filipe1
Marco Calado2
Manuela Leitão3
Arqueólogo. Colaborador do Museu da Cidade, Lisboa
1

Arqueólogo. Colaborador do Museu da Cidade, Lisboa


2

3
Técnica Superior do Museu da Cidade, Câmara Municipal de Lisboa

Resumo

No âmbito do projecto de reabilitação de um conjunto de edifícios localizados na envolvente


da Mãe de Água do Chafariz d’El Rei foram realizadas algumas sondagens arqueológicas de avaliação.
Numa das sondagens foram identificadas várias fases de construção e ocupação correspondentes à
Idade do Ferro e Período Romano Republicano.

Abstract

In the context of the rehabilitation project of a set of buildings located in the surrounding area
of the Mãe de Água do Chafariz d’El Rei, Lisbon, some archaeological test pits were carried out. In one
of them were identified several phases of construction and occupation corresponding to the Iron Age
and Roman Republican Period.

* Trabalho ampliado e revisto, originalmente apresentado como poster


Evidências orientalizantes na área urbana de Lisboa: o caso dos edifícios na envolvente da Mãe de Água do Chafariz d’El Rei

1. Introdução

As recentes intervenções arqueológicas realizadas no casco urbano correspondente ao ac-


tual bairro de Alfama, área que integra a vertente Sul e Este do morro do Castelo, têm facultado
informação de extrema relevância para o conhecimento da evolução urbana deste território.
Embora inseridas num programa de avaliação estrutural de vários edifícios, as últimas son-
dagens realizadas na Travessa do Chafariz d’El Rei (situada na vertente Sul) permitiram confirmar
a intensa ocupação que este espaço sofreu pelo menos desde o século VII a.C..
O prosseguimento destes trabalhos, enquadrados numa metodologia que permita uma
leitura mais abrangente das realidades arqueológicas preservadas, dependerá da resolução de
vários problemas de ordem técnica.

2. Enquadramento da Intervenção Arqueológica

Um conjunto de três edifícios e a Mãe de Água do Chafariz d’El Rei, localizados entre a Rua
de S. João da Praça /Largo Júlio Pereira e a Travessa do Chafariz d’El Rei (freguesia da Sé), encon-
tra-se afectado por um fenómeno contínuo e grave de descompressão de solos.
A empreitada de emergência ainda em curso coordenada pela Unidade de Projecto de Al-
fama (Direcção Municipal de Conservação e Reabilitação Urbana da Câmara Municipal de Lisboa)
pretende eliminar os movimentos de assentamento, através da consolidação estrutural e do re-
forço das fundações daquelas construções.
Foi neste âmbito que, entre os meses de Outubro de 2004 e Janeiro de 20051, se iniciou a
primeira fase de intervenções arqueológicas, caracterizada sobretudo pela abertura de uma série
de sondagens diagnóstico estabelecidas pela Equipa de Projectistas. 737
As sondagens em estudo encontram-se inseridas no espaço ocupado pelo antigo palácio
Marquês de Angeja, de fundação seiscentista (Oliveira, 1899), ainda bem conservado ao nível do
piso térreo voltado à Travessa do Chafariz d’El Rei. Situam-se igualmente na área intra-muros con-
tígua ao início do lanço ribeirinho oriental da designada “Cerca Velha” (Silva, 1987).

3. Os dados arqueológicos

3.1. Sondagem 1
Nesta sondagem foram identificados três níveis de ocupação correspondentes a três mu-
ros sobrepostos, construídos em alvenaria de pedra de pequeno e médio calibre com ligante em
argila, de funcionalidade ainda desconhecida (Fig. 5). O mais recente [133], orientado a SO-NE,
localiza-se sob o soco de um muro de período romano republicano [58], facto que não permitiu
perceber a sua espessura total. Associado a este muro foi registado junto ao perfil Oeste, um
pavimento em argila de coloração alaranjada. Na U.E. [135] que cobria o referido pavimento, fo-
ram exumados materiais enquadráveis no século VII a.C. Note-se, porém, que este pavimento foi
rompido por uma fossa [77] em período romano republicano, observada junto ao perfil Este e por
uma grande vala [125] efectuada em época romana Alto-Imperial, registada junto ao perfil Sul,
episódios que contribuíram para uma significativa redução da área preservada (Fig. 8). A abertura
da fossa [77] rompeu também os níveis que envolviam um pequeno murete [83], localizado sob o
muro [133] e perpendicular a este, composto por uma fiada de pedras unidas com argila.

1 A coordenação da intervenção foi assegurada pelos signatários Manuela Leitão (Museu da Cidade,
Câmara Municipal de Lisboa) e Victor Filipe. Contou ainda com a participação dos Técnicos de Arqueologia Marco
Calado e Jorge Almeida.

Victor Filipe, Marco Calado e Manuela Leitão


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

738

Fig. 1. Localização da intervenção arqueológica na cidade de Lisboa

Fig. 2. Localização da área em intervenção

Arqueologia, sítios e materiais


Evidências orientalizantes na área urbana de Lisboa: o caso dos edifícios na envolvente da Mãe de Água do Chafariz d’El Rei

Fig. 3. Localização das sondagens efectuadas no edifício nº 3 da Travessa do Chafariz d’El Rei 739

Fig. 4. Vista da Sondagem 1 inserida no antigo palácio do Marquês de Angeja

Victor Filipe, Marco Calado e Manuela Leitão


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 5. Plano final da Sondagem 1

740

Fig. 6. Perfil Este da Sondagem 1

Arqueologia, sítios e materiais


Evidências orientalizantes na área urbana de Lisboa: o caso dos edifícios na envolvente da Mãe de Água do Chafariz d’El Rei

Sob o pavimento em argila foram escavadas duas unidades estratigráficas contendo ma-
teriais incaracterísticos que assentavam sobre um depósito que cobria uma estrutura [163] de
orientação SO-NE de grandes dimensões, cuja largura total também não foi possível estabelecer.
Uma vez mais, o espólio exumado revelou-se escasso e pouco significativo para uma correcta afe-
rição cronológica relativa às fases de abandono daquela estrutura. Deste modo, apenas podemos
afirmar que esta construção deverá, muito provavelmente, corresponder a uma fase recuada da
Idade do Ferro.
Do material cerâmico contextualizado - unidade [135] - destacam-se os pratos de engobe
vermelho, uma taça de tipologia análoga às recolhidas na Alcáçova de Santarém (Arruda, 1993),
um fragmento de pithos com asa bífida e decoração bícroma a preto e vermelho no colo e ainda
dois fragmentos de ânforas com carena sob o ombro e pintura de bandas, pertencentes ao grupo
T-10.1.1.1 ou T- 10.1.2.1. (Fig. 7).
Quanto ao espólio inserido em deposição secundária salientam-se dois elementos corres-
pondentes a bases/suportes em cerâmica comum provenientes das unidades [28] e [132], bem
como outros dois fragmentos de secção circular em cerâmica cinzenta procedentes das unidades
[28] e [80] (Figs. 8, 9 e 10). Apesar de conhecermos suportes anelares em cerâmica cinzenta não
identificámos, até ao momento, paralelos para os de cerâmica comum, embora estes apresentem
algumas semelhanças com os suportes de Cerro del Vilar (Aubet et al., 1999). Da unidade [29] sa-
lientam-se dois fragmentos de taças de cerâmica cinzenta idênticos aos recolhidos na estação de
Moinhos da Atalaia (Parreira, 1977), dos séculos V e IV a.C. e ainda um bordo de ânfora do grupo
T-4.2.2.5. inserido na unidade [160], datado da segunda metade do século III à primeira metade
do século II a.C. (Figs. 8 e 10).

741

Fig. 7. Ânforas com carena sob o ombro (nº 1 e 2); taça com pintura a vermelho (nº 3); pithos (nº 4);
pratos de engobe vermelho (nº 5 e 6). Materiais cerâmicos provenientes da U.E. [135]

Victor Filipe, Marco Calado e Manuela Leitão


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Fig. 8. Fundo em cerâmica cinzenta (nº 1) e base/suporte em cerâmica comum (nº 2),
materiais provenientes da U.E. [132]. Ânfora T-4.2.2.5. (nºs 3) e T-1.3.2.4. ? (nº 4), da U.E. [160]

742

Fig. 9. Cerâmica cinzenta (nºs 1 a 3, nºs 12 a 18 e nº 20); cerâmica de engobe vermelho (nºs 4 a 6);
cerâmica comum brunida (nº 8, 9 e 21); cerâmica comum (nº 7 e nºs 9 a 11). Materiais provenientes da U.E. [80]

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Fig. 10. Ânfora do grupo T – 10.1.2.1. (nº 1); base/suporte em cerâmica cinzenta (nº 2); base/suporte
em cerâmica comum (nº3); cerâmica de engobe vermelho (nº 4). Materiais provenientes da U.E. [28].
Cerâmica cinzenta (nºs 5 a 8), da U.E. [29]

3.2. Sondagem 3
Neste espaço foi registada uma vala [70], possivelmente associada à construção de uma
infra-estrutura de captação e condução de águas subterrâneas coetânea à construção do palácio
do Marquês de Angeja, que alterou profundamente a estratigrafia do local. Nos últimos níveis
escavados, foram identificados depósitos preservados cronologicamente atribuíveis ao século V
a.C., não tendo sido detectadas estruturas associadas. 743
Os materiais que permitiram propor uma cronologia mais segura foram exumados nas uni-
dades [145] e [155]. Na primeira unidade identificaram-se pratos e taças de engobe vermelho, com
paralelos na fase III das escavações do Castelo de Alcácer do Sal, datados entre os séculos VIII e
VI a.C. (Silva et al., 1980-1981; Mayet, Silva, 1993) e na Quinta do Almaraz datados pelos autores
do século VI a.C.(Barros et al., 1993) (Fig. 12). A convivência destes materiais com ânforas do tipo
C de Pellicer Catalán, presentes nos níveis 14 e 15 de Cerro Macareno (Pellicer Catalán et al., 1983),
bem como as ânforas do Tipo 1.3.2.4. de Ramón Torres (1995), não permite recuar a cronologia
para além do século V a.C..
Relativamente à unidade [155], a presença de ânforas T-1.3.2.3., T-1.3.2.4. e T-11.2.1.5. reme-
te-nos para a cronologia da unidade [145], não obstante a existência de materiais tradicionalmen-
te atribuíveis aos séculos VII e VI a.C. (Fig. 11); referimo-nos concretamente aos pratos de bordo
largo, às taças carenadas de engobe vermelho, a um fragmento de Pithos e a um fragmento de
bordo em cerâmica comum que parece imitar as taças de pé exumadas na Quinta do Almaraz
(Barros et al., 1993).

4. Considerações Finais

A identificação de várias estruturas sobrepostas num espaço tão exíguo, localizadas junto
à antiga linha de costa, cuja análise do espólio possibilita aferir uma diacronia de ocupação com-
preendida entre o século VII a.C. e a romanização, sugere um intenso desenvolvimento desta área
certamente impulsionado pelos contactos com o mundo Mediterrânico.

Victor Filipe, Marco Calado e Manuela Leitão


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

744

Fig. 11. Cerâmica de engobe vermelho (nºs 1 a 3 e nºs 12 a 13); cerâmica comum (nºs 4 e 9);
ânfora T- 11.2.1.5. (nº 5), T-1.3.2.3 (nº 7), T- 1.3.2.4. ? (nº 8) e ânfora do grupo 10 de Ramon Torres (nº 6);
Pithos com engobe enegrecido (nº 10); Pithos ? (nºs 11 e 14). Materiais provenientes da U.E. [155]

Fig. 12. Cerâmica de engobe vermelho (nºs 1 a 3); ânfora de Tipo C de Pellicer Catalán (nº4),
ânfora T-1.3.2.4. (nº 5) e ânfora de tipologia indeterminada (nº 6). Materiais provenientes de U.E. [145]

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Importa salientar que esta intervenção proporcionou sobretudo uma cultura material tra-
duzida por artefactos domésticos - potes, taças, pratos e pithoy -, ao contrário dos dados re-
velados na intervenção realizada na Rua de S. João da Praça, cuja sondagem 2 ofereceu uma
ampla variedade de elementos anfóricos (Pimenta et al., 2005). A diferença de funcionalidades
dos materiais exumados não invalida a hipótese anteriormente avançada, de nos encontrarmos
nas proximidades de uma área portuária (ibidem), proposta que só poderá ser confirmada com o
prosseguimento dos trabalhos arqueológicos neste local.
A informação agora disponibilizada permite-nos reforçar a ideia da importância do povoa-
do pré-romano de Olisipo como entreposto comercial no contexto da fachada atlântica.

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746

Arqueologia, sítios e materiais


747
As ânforas pré-romanas da Alcáçova de Santarém

Patrícia Bargão
Centro de Arqueologia
Faculdade de Letras. Universidade de Lisboa

Resumo

As escavações arqueológicas realizadas desde o início da década de 80 do século XX, na Alcáçova


de Santarém, revelaram uma intensa ocupação da Idade do Ferro.
Embora a presença de ânforas pré-romanas esteja documentada desde o século VII a.C. até à
ocupação romana, a presença destes contentores de transporte sofre profundas alterações a partir
do início do século V a.C.
Com este estudo pretendemos caracterizar a evolução destes contentores de transporte,
através das alterações de forma/fabrico e quantidade de exemplares exumados nas diferentes fases
de ocupação.

Abstract

In the Alcáçova of Santarém the archaeological diggings made since the early 80’s revelled a
intense presence of the an Iron Age occupation.
Although the presence of pre roman amphorae is documented since the VII c. b.C. until the
roman occupation, this transport container suffers deep changes, beginning in the V c. b.C..
With the presentation of this paper we aim to describe the evolution of the amphorae in this
archeological site through its shape and fabric changes and its quantity through the different stages
of the Iron Age occupation.
As ânforas pré-romanas da Alcáçova de Santarém

1. Introdução

Segundo os dados obtidos nas escavações da Alcáçova de Santarém, decorridas entre 1983
e 2001, sob a direcção da professora Ana Margarida Arruda, a ocupação pré-romana remonta pelo
menos ao séc. VIII a.C.
A obtenção de datações de radiocarbono confirmaram uma presença orientalizante em
época recuada segundo as cronologias tradicionais.
A circulação de bens e produtos para estas paragens efectuou-se com apreciáveis descon-
tinuidades e com diferentes ritmos ao longo de mais de cinco séculos.
As análises efectuadas que passamos a apresentar denunciam algumas destas alterações
ou tendências nos hábitos de consumo.

1.2. Localização e enquadramento geográfico


A cidade de Santarém situa-se na margem direita do
Tejo, a aproximadamente 80 km da foz do rio. A Alcáçova
possui um amplo planalto implantado no maciço calcário
estremenho, sobranceiro ao rio Tejo escarpado nas verten-
tes sul, este e oeste.
O sítio possui uma acessibilidade favorável do ponto
de vista fluvio-marítimo podendo ter funcionado na anti-
guidade como porto com acesso ao interior.
A sua proximidade do rio aliada à implantação em
altura confere ao planalto uma posição estratégica funda-
mental, de grande domínio visual sobre o Tejo e as lezírias
envolventes. 749
Actualmente o planalto abrange uma área de 4,5 Ha
e atinge uma cota máxima de 106 metros acima do nível
médio das águas do mar, é constituído fundamentalmente
pelo Jardim das Portas do Sol e por alguns edificados de
altitude superior a 400 m

cariz religioso e habitacional (Arruda, 1999-2000). 0 200 Km

Fig. 1. Localização de Santarém


no território português
2. As ânforas – Análise do conjunto (base cartográfica de V. S. Gonçalves)

O conjunto em estudo corresponde aos contentores de transporte pré-romanos exuma-


dos nas campanhas de escavação decorridas entre 1983 e 1997. Na análise morfológica não foram
equacionados os fragmentos de fundo e asa, tendo incidido a caracterização tipológica apenas
nos 130 fragmentos de bordo existentes.
Embora não seja um conjunto muito numeroso de fragmentos ou de exemplares, trata-se
de uma amostra diversificada no que respeita à forma e origem dos contentores, abrangendo um
largo espectro cronológico.
A apresentação dos tipos existentes será efectuada segundo uma perspectiva cronológica,
das formas mais antigas para as mais recentes. A análise macroscópica das pastas foi efectuada
previamente tendo sido posteriormente integrada no estudo das formas presentes.

2.1.R1
As mais antigas importações anfóricas identificadas na Alcáçova de Santarém enquadram-
-se formalmente no tipo R1 ou “Ânforas de Saco”.

Patrícia Bargão
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

A sua produção está atestada desde o séc. VIII a.C. até pelo menos ao séc. VII/VI a.C.
embora algumas cronologias apontem para a existência de exemplares mais tardios de produção
ocidental (Pellicer Catalán, 1978: 372).
A sua produção e comercialização em larga escala reflectiu-se nas múltiplas variações for-
mais ao nível do bordo, o que originou uma sub-divisão formal partindo de um pressuposto cro-
nológico.
Deste modo o T.10.1.1.1. de Ramon Torres representa o modelo anfórico mais antigo, o pri-
meiro a ser fabricado nos centros fenícios do Estreito de Gibraltar (Ramon Torres, 1995: 229). A
sua presença está atestada em toda a área de influência fenícia do Extremo Ocidente Peninsular,
em contextos por vezes anteriores ao séc. VII a.C. (Ramon Torres, 1995: 277).
No que respeita aos conteúdos, esta forma é associada ao comércio de vinho, dada a sua
importância no âmbito colonial (Ramon Torres, 1995: 279).
Na Alcáçova de Santarém foram exumados 14 fragmentos de bordo desta forma.
O tipo 10.1.2.1. é uma forma claramente inspirada no tipo anterior, que corresponde a uma
evolução e diversificação do T.10.1.1.1., são contentores manufacturados em pequenas indústrias
locais que se encontram dispersas por todo o Extremo Ocidente Mediterrâneo e Atlântico que
tentaram reproduzir um “perfil ideal”.
A diferenciação formal entre este tipo e o anterior nem sempre é clara, ambos possuem
corpos, asas e fundos muito semelhantes, a distinção é feita sobretudo ao nível do bordo que se
apresenta habitualmente com um lábio ligeiramente exvertido e espessado interiormente.
Ao nível dos conteúdos há uma certa indefinição podendo estes recipientes terem sido
utilizados para transporte de vinho, conservas de peixe ou de carne (Ramon Torres,1995: 280).
Na Alcáçova de Santarem o T.10.1.2.1. é claramente maioritário representando 73% do conjunto,
enquanto que as T.10.1.1.1. representam apenas 27%.
750 Numa análise de conjunto pudemos verificar que ambos os tipos estão presentes nos mes-
mos grupos de fabrico, embora distribuídos de diferentes formas, sendo o fabrico 2 claramente
dominante.

0 5 10 15 20

T.10.1.2.1. T.10.1.1.1.

Gráfico 1. Fabricos identificados em ânforas R1

Cerca de 50 % dos exemplares apresenta um revestimento de engobe de cor castanha ou


vermelha, aplicado sobre a superfície externa da peça. Estes revestimentos estão documentados
quase exclusivamente em exemplares mais tardios.
Os contextos da Alcáçova de Santarém onde estas ânforas estão documentadas revelam
que as ânforas R1 são claramente residuais nos estratos preservados, nunca ultrapassando os 15%
do total dos materiais recolhidos.

Arqueologia, sítios e materiais


As ânforas pré-romanas da Alcáçova de Santarém

Deste modo, embora o número de exemplares do tipo R1 seja expressivo no âmbito das
importações anfóricas da Idade do Ferro é claramente residual quando comparado com outros
tipos cerâmicos contextualizados, nomeadamente em relação à cerâmica manual e à cerâmica
comum.
De um modo geral, no território português, estes recipientes estão presentes em todos os
sítios com uma presença material de cariz orientalizante como no Castelo de Castro Marim, em
Santa Olaia ou ainda em Abul (Silva et al., 1980-81).

2.2. A forma B/C de Pellicer


Optámos por integrar um conjunto de fragmentos de bordo no âmbito de um grupo mais
vasto, denominado B/C. Trata-se de bordos engrossados no exterior, de tendência semicircular
ou circular e reentrantes (Pellicer Catalán,1978). Na Alcáçova de Santarém esta forma está docu-
mentada em todas as suas variante: a variante B/C 1 de bordo trapezoidal é maioritária, represen-
ta 48% dos exemplares desta forma, a variante B/C 2 de bordo circular, bem documentada com
12 exemplares (33%) e a variante B/C 3 de bordo destacado, de secção ovalada 16%. Estas últimas
surgem no Cerro Macareno entre a segunda metade do século V e o terceiro quarto do século
IV a.C (Ibidem). A partir de este momento e até meados do século II a.C., encontram-se modelos
mais evolucionados destas mesmas Formas B/C3 que representam apenas 3% da amostra.

25

20

15

751
10

0
B/C 1 B/C 2 B/C 3 B/C evolucionada

Gráfico 2. Variantes da forma B/C de Pellicer

Os fabricos parecem estar claramente associados às variantes formais e ao seu significado


cronológico, deste modo, num momento mais recuado encontramos fabricos similares entre as
variantes B/C1 e as T.10.1.21. de Ramon Torres, sendo os fabricos entre variantes B/C1, 2 3 e evolu-
cionada claramente distintos.
No território actualmente português, podemos encontrar alguns sítios que forneceram ân-
foras do tipo B/C, sendo uma forma particularmente bem documentada nos sítios algarvios como
em Tavira (Maia, 2004), no Cerro da Rocha Branca (Gomes, 1993), em Vila Velha de Alvor (Gamito,
1998), em Castro Marim (Arruda et al., no prelo) e Faro (Arruda et al., 2005) ou no Moinho do
Pinto (Odeleite) (Freitas e Oliveira, no prelo). Destaca-se ainda a recolha de exemplares em Miró-
briga (Soares e Silva, 1979) e nos Chões de Alpompé (Diogo, 1993).

2.3. Forma D
Forma D corresponde a ânforas de tendência cilíndrica, sem colo, de boca estreita e com
bordo muito reentrante, sem espessamento ou com um ligeiro engrossamento no exterior. O cor-
po é cilindróide com ombros que apresentam acentuada convexidade. Em alguns casos verifica-se
um destacamento do bordo em relação ao corpo, através de uma canelura (Arruda, 2001: 76).

Patrícia Bargão
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Na Alcáçova de Santarém esta forma está bem documentada tendo sido exumados 31
exemplares que correspondem a 23% do conjunto anfórico.
No que respeita às variantes da forma D, há um domínio da variante que apresenta uma
canelura destacando o bordo em relação ao corpo, cerca de 70%, sendo claramente minoritária a
variante D4.
No que respeita aos fabricos estamos perante três grupos de fabrico distintos, todos apre-
sentam pastas grosseiras com elementos não plásticos variados e de grandes dimensões, tratan-
do-se de possíveis produções locais. Deste modo, verifica-se uma ausância das importações da
Baía Gaditana nesta forma.
O desconhecimento da produção de ânforas em época tão recuada nesta região, levou-nos
a ponderar sobre a questão do conteúdo transportado. Não tendo sido identificados no território
português ,até ao momento, industrias de preparados de peixe num momento anterior à presen-
ça romana, descartamos a associação directa destes fabricos a um conteúdo de piscícolas.
Na Alcáçova de Santarém documentam-se vários contextos com este tipo anfórico. A sua
representação oscila entre os 5% e os 20%, em estratos onde a cerâmica comum é dominante e a
cerâmica cinzenta e pintada em bandas está bem documentada.
Esta forma encontra-se maioritariamente em contextos finais da Idade do Ferro, contudo
existem vários exemplares recolhidos em níveis republicanos, que atestam claramente a perdu-
ração desta forma na Alcáçova de Santarem até ao século I a.C.
Esta forma púnica, provavelmente produzida em contexto indígena, está documentada
noutros locais do actual território português, nomeadamente no Cerro da Rocha Branca (Gomes,
1993), Chões de Alpompé (Diogo, 1993), Castro Marim (Arruda et al., 2006) e em Lisboa (Pimenta,
2005).

752 2.4. O tipo 12.1.1.1 de Ramon Torres


As ânforas Mañá Pascual A4 recolhidas nas escavações da Alcáçova de Santarém são bastan-
tes escassas. Foram exumados apenas três fragmentos de bordo que representam 2% do conjunto.
Os fragmentos que apresentamos inserem-se na variante 12.1.1.1. de Ramon Torres. Esta é segura-
mente a forma pior documentada, não tendo sido recolhido nenhum exemplar em contexto.
Embora as ânforas Mañá Pascual A4 tenham sido produzidas durante um longo período de
tempo, entre finais do século VI a.C. e o século I a.C., e que possam apresentar uma considerável
variação formal registada ao nível do perfil do bordo; os exemplares scalabitanos não documen-
tam essa diversidade registando-se apenas uma variante mais tardia.
A produção desta forma está muito bem documentada em todo o Ocidente, existindo mui-
tas evidências do seu fabrico na área da Baía gaditana. Com efeito, mais do que em qualquer
outro local, é aqui que se localiza um apreciável conjunto de fornos que produziram maioritaria-
mente ânforas Mañá Pascual A4. Os centros oleiros de Torre Alta (Perdigones Moreno e Muñoz
Vicente, 1990), Pery Junquera (Gonzalez Toray et al., 2000) e Villa Maruja (Bernal et al., 2003) são
bons exemplos desta produção.
Em Santarém esta forma T.12.1.1.1. apresenta apenas um fabrico enquadrável nas produ-
ções da Baía de Cádis.

3. Considerações finais

O estudo deste conjunto anfórico, revela-nos dados importantes, que permitem por um
lado caracterizar as importações ocorridas durante a Idade do Ferro, e por outro, confirmar os
dados aferidos através da análise dos restantes materiais.

Arqueologia, sítios e materiais


As ânforas pré-romanas da Alcáçova de Santarém

Ânforas pré-romanas da Alcáçova de Santarém : Os tipos representados

1
2
3
4
1-T-12.1.1.1.; 2-Forma D de Pellicer; 3-Forma B/C de Pellicer; 4-T10.1.1.1. e T10.1.2.1

1
2

4
3

753

6
5

8
7

10
9

12
11

13 14
0 5 cm

Estampa I. 1 e 2: ânforas do tipo T.10.1.1.1 ; n.ºs 3 e 4: ânforas do tipo T.10.1.2.1 ;


5 a 8 ânforas do tipo B/C de Pellicer; 9 a 12: ânforas do tipo D de Pellicer; 13 e 14 ânforas do tipo T.12.1.1.1.

Patrícia Bargão
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Deste modo, e como já referimos, a Alcáçova de Santarém foi ocupada desde épocas mui-
to remotas, os primeiros indícios da ocupação sidérica poderão remontar ao século IX, de acor-
do com as datações de radiocarbono efectuadas. O desfasamento existente entre a cronologia
material e as datações de radiocarbono, já discutido neste trabalho, coloca alguns problemas, e
exige por parte dos investigadores algum bom sendo de modo a uma articulação entre os dados
existentes.
Apesar deste facto, não restam dúvidas de que o momento mais antigo da presença fenícia
neste local é caracterizado pela presença das primeiras importações anfóricas R1, bem documen-
tadas, trata-se da forma mais abundante de todo o conjunto (foram identificadas 51 ânforas R1
que representam 40% da amostra estudada).
Esta dinâmica comercial revela a importância da presença fenícia neste local, que deverá
ter funcionado como um ponto de escoamento dos recursos ali existentes. A sua localização privi-
legiada ( nas imediações de um rio navegável), e a existência de importantes recursos na região,
tiveram seguramente peso na escolha deste local.
O primeiro momento de ocupação entre o sec.VII e VI a.C. está documentado não só pela
presença de ânforas do tipo 10.1.1.1. e 10.1.2.1., mas também pela cerâmica cinzenta fina polida, e
por pithoi.
O momento correspondente aos séculos V e IV a.C. é o período pior documentado. A au-
sência de contextos conservados que não permitiram realizar uma caracterização do urbanismo
existente, aliada à quase total ausência de materiais característicos deste período, revela uma
quebra acentuada nas importações quer de cerâmica fina, quer de produtos alimentares.
O total de cinco fragmentos de cerâmica ática exumada exclusivamente em deposições
secundárias, aliada ao pequeno numero de ânforas características deste período, documentam
esta realidade.
754 A escassez de importações torna-se uma realidade a partir da chamada II Idade do Ferro
onde se verifica uma clara permanência de reportórios formais mais antigos de cariz orientalizan-
te, nomeadamente a cerâmica de engobe vermelho e castanho, e cerâmica pintada em bandas.
A escassez de importações é em nosso entender uma evidência, não de qualquer tipo de
abandono, mas de um fechar do sítio sobre si próprio de uma eventual redução das dimensões
do povoado.
A partir do século III a.C. as produções anfóricas são constituídas quase exclusivamente
por exemplares da forma D de Pellicer, que apresentam pastas escuras e grosseiras, frequentes
nas produções locais ou regionais. No mesmo âmbito cronológico podemos enquadrar os exem-
plares do T.12.1.1.1. exumados, embora não haja registo de exemplares contextualizados, a impor-
tância destas importações prende-se com o facto de serem os únicos exemplares de importação
Gaditana neste período.
A existência de ânforas de possível produção local ou regional da forma D de Pellicer, já
sugerida por Ana Margarida Arruda para o Castelo de Castro Marim, coloca de novo a questão
da produção de preparados piscícolas e dos respectivos contentores de envase para um período
anterior à ocupação romana.
Os momentos posteriores ao século III a.C., já enquadrados no âmbito da ocupação roma-
na estão igualmente mal documentados, registando-se apenas cinco fragmentos da forma CCNN
e três fragmentos da forma recentemente individualizada Castro Marim 1.
Esta escassez na importação de produtos correspondente a um momento enquadrável
entre o séc. III e II a.C. contrasta brutalmente com a realidade documentada em Olisipo, onde
existem contextos bem característicos do sec. II a.C., com uma abundante presença de materiais
béticos nomeadamente, o T.9.1.1.1 e as ânforas Maña Pascual A4.
Os vestígios da existência de intensas relações comerciais com a região da Andaluzia, bem
documentados em época romana, pela presença de ânforas e cerâmica comum de origem Bética

Arqueologia, sítios e materiais


na Alcáçova de Santarém encontra-se praticamente ausentes, em momentos imediatamente
anteriores.
No futuro, juntamente com a análise de outros locais com níveis de ocupação da II Idade
do Ferro desta região, será possível determinar os factores que condicionaram a presença destes
produtos no estuário do Tejo.

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LAS ÁNFORAS DE ÉPOCA REPUBLICANA DE LIXUS
(LARACHE, MARRUECOS)

Carmen Aranegui1
Hicham Hassini2
Jaime Vives-Ferrándiz3
Universitat de València
1

INSAP, Conservación de Lixus, Larache


2

3
Servicio de Investigación Prehistórica de la Diputación de Valencia

Resumen

Estudio de las ánforas de Lixus entre los siglos IV-I a.C. a partir de la documentación de las
excavaciones marroco-españolas (1999-2003). Las actividades pesqueras e industriales destacan a lo
largo de toda esta etapa, primero con una facies púnica e incorporando después elementos romanos.
Existen semisótanos en las casas que plantean la participación de pequeños comerciantes en la
economía pesquera.

Abstract

This paper deals with Lixus’ amphorae of the 4th to 1st centuries BC coming from Morocco-Spa-
nish excavations (1999-2003). Fishery and salting fish seem to be the main resource of this period; the
oldest amphorae show Punic types but Roman types become prevailing in the 1st century. There are
private houses with an underground cellar. Maybe they belong to salted fish merchants.
Las ánforas de época republicana de Lixus (Larache, Marruecos)

Introducción: las excavaciones en la Ladera Sur (1999-2003)


Este trabajo se enmarca en una colaboración científica del INSAP (Rabat) y la Universidad
de Valencia, bajo la codirección de M. Habibi y C. Aranegui (Aranegui, 2001 y 2005), que, desde
1995, tuvo por objeto el estudio del periodo prerromano en un sector de Lixus (Larache, Marrue-
cos). A partir de 2005 una segunda etapa, codirigida por C. Aranegui y H. Hassini, está explorando
la cima de la colina lo que permitirá completar y ampliar algunas de las conclusiones que aquí
presentamos.
Las excavaciones en la Ladera Sur del yacimiento, junto al Sondeo del Algarrobo (Tarradell,
1959, pp. 27-32), afectaron a un sector industrial periférico, situado por encima de las cetariae y
del puerto, de modo que las ánforas son especialmente significativas en aquel registro, sobre
todo entre los ss. II a.C. y I d.C. Sus contextos han sido objeto de análisis paleocarpológicos, an-
tracológicos y faunísticos, complementarios a los tradicionales estudios tipológicos, por lo que
contamos con una buena información para evaluar una etapa de los flujos comerciales lixitanos.
La base documental asciende a 1017 ánforas (31,48% de la cerámica inventariada), lo que
permite abordar con ciertas garantías el tema enunciado, sin ser concluyentes en algunos aspectos.
Planteamos este trabajo desde tres parámetros. En el primero se examinan los grupos de ánforas
más numerosos por áreas de procedencia; el segundo relaciona las ánforas del círculo del Estrecho
con un depósito o almacén excavado por nosotros y propone un modelo de gestión económica
particular; el tercero contextualiza la documentación de Lixus el arco atlántico.

Las ánforas y los circuitos comerciales


Aunque la periodización de la excavación cuenta con una fase fenicia (ss. VIII-VI a.C.), otra
púnica (325-175 a.C.) y otra mauritana (175 a.C.-50 d.C.), dividida a su vez en cinco horizontes, 757
antiguo 1 (175-80 a.C.), antiguo 2 (130-80 a.C.), antiguo 3 (80-50 a.C.), medio (50 a.C.-10 d.C.) y
reciente (10-50 d.C.), en este artículo vamos a tratar de las ánforas comprendidas entre el s. IV y
el I a.C., cuando las ánforas suponen el 20-30% en relación al resto del material cerámico, si bien
en la segunda mitad del s. I a.C. ascienden en torno al 40%, tal vez por la naturaleza de algunos
de los depósitos tomados en consideración: habitaciones de pocos m2 con decenas de ánforas
(Aranegui et al., 2004, pp. 363-378) que fuerzan el porcentaje. En todo caso, y obviando las causas
de la sobrerrepresentación en los momentos finales de la monarquía mauritana, la relevancia del
ánfora en la Ladera Sur queda clara, confirmando la función mercantil del puerto de la ciudad.
Las procedencias representadas mayoritariamente son, en este orden, el Estrecho-Extre-
mo Occidente, el área púnica centromediterránea y la Península Itálica (Fig. 1). Entre el s. IV y el
principio del I a.C. las tres procedencias están relativamente equilibradas aunque hacia el 130
a.C. las ánforas cartaginesas desaparecen y a partir del 80-50 a.C. suben las ánforas del Estrecho-
Extremo Occidente. Las ánforas itálicas nunca son especialmente significativas (Aranegui et al.
2005: 107-140).
En nuestro registro la capacidad productiva del Estrecho-Extremo Occidente nunca se ve
alterada y tiene su propia dinámica, que es constante. Ahora bien, la posible producción local de
algunos tipos no puede ser demostrada con análisis seriados de pastas cerámicas pues siguen sin
conocerse los alfares de Lixus -probablemente próximos al complejo salazonero, como ocurre en
la Bahía de Cádiz (Lagóstena 2001)-, de modo que hemos partido de la hipótesis de la duplicidad
de talleres a ambos lados del Estrecho, basándonos en la industria salazonera de las costas com-
prendidas entre Ceuta, el Lucus y hasta la desembocadura del Sebú, acompañada de múltiples
hallazgos de ánforas para derivados de la pesca (Aranegui et al. 2004 y 2005).
Se dan en Lixus porcentajes muy elevados de ánforas de las series 11 o 12 de Ramon y,
también, de las fenicias de la serie 10, desde la época colonial fenicia. De ello se infiere que la

Carmen Aranegui, Hicham Hassini e Jaime Vives-Ferrándiz


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

explotación de la pesca y, en general, de los recursos naturales, se remonta al momento de su


fundación en el s. VIII a.C. De hecho, en las campañas de 2001 y 2002 se han definido niveles pú-
nicos datados entre el 325 a.C. (UE 3041) y el 175 a.C. con predominio del ánfora Mañá-Pascual
A4 (S-12.0.0.0) que permite sospechar que su precedentes (las ánforas de la S-11.0.0.0.) también
fueron mayoritarios en los ss. V y IV a.C., tal y como denuncian los ejemplares residuales hallados.
La constatación arqueológica de estos envases y su producción en Marruecos, los más antiguos
en Kuass (Kbiri-Alaoui 2004) y los evolucionados tanto en ese lugar como también, al menos, en
Banasa (Aranegui et al., 2004), probaría la contribución de Lixus al comercio de larga distancia de
las célebres conservas púnicas extremo-occidentales.
En los alfares regionales, la sustitución tipológica de envases salazoneros púnicos del Estre-
cho por formas romanas se traduce en el paso desde las 12.1.0.0. a la T-7.4.3.3. y, de aquí, a las Dr.
12 y Dr. 7/11, tres grupos de ánforas mayoritarios a lo largo de los periodos mauritanos. En el paso
del s. II al I a.C. el aumento considerable del ánfora 7.4.3.3. va parejo a una reactivación del comer-
cio del área del Estrecho: aunque esta procedencia siempre predomina en nuestro material, en-
tre el s. I a.C. y el I d.C., destaca con mayor amplitud en los conjuntos hasta que, en el periodo del
10 al 40 d.C., que no tratamos en este artículo, las Dr. 7/12 adquieren valores superiores mediante
una sustitución más gradual que la de las ánforas 12.1.0.0. por las 7.4.3.3.
Se trata de la adopción del ánfora de tradición itálica, que se identifican en Lixus desde el
segundo cuarto del s. I a.C. con la aparición de las Sala 1/Lomba do Canho 67. Las ánforas ovoi-
des de cuellos largos quizá tienen más que ver con las naves de transporte y sus posibilidades
de estiba que con las estructuras económicas pues su contenido sigue relacionado con la pesca.
En Lixus se observa un franco predominio del tráfico salazonero y conservero sin solución de
continuidad ante la entrada progresiva del comercio itálico. Sin embargo hay que señalar una
758 fluctuación en las artes de la pesca puesto que, uniendo la información epigráfica y los análisis de
ictiofauna (Aranegui et al., e.p.), la conserva de atún es propia de una parte de las ánforas fenicias
(S-10.1.0.0.; S-11.1.0.0.) así como de algunas de tipología itálica, principalmente B II, mientras que
el grueso del conjunto de época romano-republicana contiene preparados a base de pescado de
menor calibre, susceptible de ser capturado más cerca de la costa. Además podemos ampliar el
conocimiento sobre los contenidos ya que tenemos ánforas T-7.4.3.3. asociadas mejillones con-
servados en salmuera y vinagre y a pepitas de uva recuperadas en espacios de almacenamiento
donde no hay ánforas ovoides (Sala1/Lomba do Canho 67; Haltern 70…) lo que sitúa la mezcla de
pescado y uva en una fecha ligeramente anterior a la hasta ahora señalada (García Vargas 1998),
y en un ambiente de tradición púnica.

Fig. 1. Ladera Sur: tendencia de algunas ánforas del Estrecho en los horizontes púnico y mauritanos

Arqueologia, sítios e materiais


Las ánforas de época republicana de Lixus (Larache, Marruecos)

Almacenes de ánforas
Sin entrar a valorar la posible existencia de almacenes portuarios de mayor capacidad, iden-
tificamos semisótanos en espacios domésticos mauritanos fechados a partir del 200 a.C. donde
se acumularon, entre el 130 a.C. y el cambio de Era, envases para los derivados de la pesca de los
tipos del círculo del Estrecho. Entre éstos destaca el ánfora T-7.4.3.3. de la que en una misma ha-
bitación encontramos una pieza con un signo precocción en forma de pez (¿) y otra con un sello
en cartela rectangular en la que se inscribe, en positivo, AMIS·E. Éste es uno de los pocos sellos
latinos de las 7.4.3.3. halladas en la Mauritania occidental frente a los inscritos en púnico; la necró-
polis de S. Lorenzo de Melilla, con la marca BA, y Sala, con las marcas FIGUL y BISV, completan la
nómina, siempre en contextos del segundo tercio del s. I a.C. (Aranegui et al., 2004).
En Cádiz, en una cronología similar, para una marca idéntica se propuso la lectura de un
nombre de persona semita (Muñoz, 1993, 328, fig. 17, 9; García Vargas, 1998, p. 221), alusivo a un
probable propietario de alfar dependiente de un centro salazonero en cuya explotación partici-
parían, en estas fechas, particulares -para Torre Alta (San Fernando), sin embargo, se supone la
intervención del estado en la fabricación de ánforas (De Frutos y Muñoz, 1996)-. La interpretación
de las estructuras exhumadas sería o bien una factoría de salazón o bien un vertedero próximo
a un alfar de ánforas (García Vargas, 1998, p. 159), como parece probable, pero es evidente que
existe una relación con Lixus.
Son escasos los ejemplos arqueológicos de semisótanos con ánforas en centros pesqueros
aunque se conocen ejemplos en el Mar Negro (Fig. 2) relacionados eventualmente con el enve-
jecimiento del producto previo a su salida al mercado (Kryžickij, 1982, p. 34). Desde los tiempos
de las excavaciones de Tissot y La Martinière (1919, pp. 320-329) se conocen casas en Lixus en
una de cuyas dependencias se amontonan ánforas (Tarradell, 1959, lám. 6) -con un volumen de
ejemplares por debajo del centenar- que ponen de manifiesto un modelo unido a la casa propio 759
de comerciantes que se beneficiaban del movimiento que generaba el puerto, implicados en la
circulación de mercancías.

Fig. 2. Hipótesis de reconstrucción de espacios domésticos de Olbia del Mar Negro en los que se aprecian
las estructuras en semisótano para envejecer productos envasados (según Kryžickij, 1982)

Carmen Aranegui, Hicham Hassini e Jaime Vives-Ferrándiz


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Espacios equivalentes con recipientes de tamaño mayor (del tipo dolia) han sido interpre-
tados en Ostia como muestra de un comercio de vino al por mayor (Hesnard, 2001, 285-302). Pero
en Lixus llama la atención que sean bodegas semienterradas, sin duda apropiadas, en principio,
para dejar envejecer las salsas y conservas. Porque los tituli de algunas ánforas más tardías -Bel-
trán IIB- como la del pecio Gandolfo (Almería), dicen co(r)d(ula) port(uensis) Lix(itana) vet(us)
excel(lens) summ(aur?) annorum trium (Liou 1993, 140), y en algún lugar tendría que suceder ese
proceso que, en lo relativo al atún rojo de un año del Estrecho (cordula portuensis) (Liou y Rodrí-
guez Almeida, 2000, 7-23), establece un consorcio del que forman parte, además de Lixus y Tán-
ger, Cádiz, Málaga y Sexi, ciudades que, a excepción de Málaga, emitieron monedas con reversos
de atunes con anterioridad al cambio de Era.
No podemos asegurar que tal procedimiento estuviera vigente con anterioridad al cambio
de Era, aunque el almacén-bodega como infraestructura comercial queda en pie.

El Estrecho, el arco atlántico y Lixus

La gestión industrial de la pesca es , sin lugar a dudas, tan antigua en Lixus como en Cádiz
donde ya Estrabón reconocía que había pescadores ricos y pobres (Str. II, 3, 4), con embarcacio-
nes grandes y pequeñas, que iban a pescar al Lucus.
Al evaluar las ánforas y los flujos comerciales de Lixus a largo plazo se evidencia que el con-
cepto círculo del Estrecho, acuñado por Tarradell huyendo de una lectura colonialista de los pro-
cesos históricos –a diferencia de lo habitual en las misiones europeas que actuaban en África en la
primera mitad del s. XX como herederas de los colonizadores de la Antigüedad-, es hoy insuficien-
te. La geografía implicada en los fenómenos aludidos abarca no sólo ambas orillas del Estrecho
760
sino también la mitad sur de Portugal puesto que las actividades en todas las riberas atlánticas
muestran vínculos supraregionales, entre los que destacamos la industria pesquera porque es,
quizá, la más representativa desde el punto de vista económico.
En este espacio no hay áreas subsidiarias o jerarquías porque es una entidad económica
integrada y complementaria. Las jerarquías no se deben evaluar a partir del número de alfares
y las áreas productoras claramente identificadas ya que son actividades complementarias cuyo
registro arqueológico, además, depende del ritmo de la investigación en una u otra zona. Así, el
estudio de las ánforas –especialmente las salazoneras- y las estructuras productivas asociadas
–piletas de salazón, cisternas,- muestra que todo este ámbito participa integrado. De hecho se
puede plantear la reciprocidad de las estructuras y los flujos comerciales en el que el patrón de
cooperación es más adecuado que una jerarquía norte-sur poco inadecuada por lo visto con la
investigación de los últimos años en el Magreb.
En definitiva, observamos un paralelismo entre las dos áreas del Estrecho que se extiende
con amplitud a las fachadas atlánticas, configurando un escenario histórico que, no obstante,
muestra también especifidades en cada área, tarea que la futura investigación debe encargarse
de evaluar.

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Arqueologia, sítios e materiais


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Carmen Aranegui, Hicham Hassini e Jaime Vives-Ferrándiz


BRONZE MALE DEITIES: ELEMENTS FOR THE IDENTIFICATION
OF A PHOENICIAN GROUP IN MEDITERRANEAN

Javier Jiménez ávila


Instituto de Arqueología de Mérida
(Junta de Extremadura-Consorcio de Mérida-CSIC)

Resumen

La aparición de un creciente número de figuras masculinas de bronce en pose y atuendo egipcios


en el Sur de la Península Ibérica, favorece abordar el estudio de conjunto de este grupo e intentar
establecer algunas de sus características fundamentales, así como verificar su extensión como serie
de producción homogénea a lo largo del Mediterráneo fenicio, adscribiéndole otros elementos que
inicialmente se habían relacionado con tradiciones artesanales distintas. En estas zonas se producirán,
además, imitaciones locales bien diferenciables de los productos propiamente fenicios. La definición de
este grupo, aparte de establecer criterios más firmes a la hora de valorar algunas figuras ya conocidas
y de incorporar otras nuevas, permite aproximarnos a algunos aspectos relacionados con la artesanía,
la iconografía y la religión fenicias.

Abstract

The emergence of an increasing number of bronze male figurines of Egyptian posture and
outfit in the South of the Iberian Peninsula has favoured the study of this group and the definition
of some of its fundamental characteristics. Moreover, it has enabled us to confirm its extension as a
homogenous production series throughout the Phoenician Mediterranean and to ascribe to this group
a number of elements which had been related to separate crafts traditions. In the areas concerned,
local imitations were produced which were quite differentiable from the truly Phoenician products.
The definition of this group, as well as establishing stronger criteria for the assessment of some of
the known figurines and the incorporation of new ones, enables us to approach particular aspects of
Phoenician craftsmanship, iconography and religion.
Bronze male deities: elements for the identification of a phoenician group in Mediterranean

The emergence of an increasing number of bronze male figurines of Egyptian posture and
outfit in the South of the Iberian Peninsula has favoured the study of this group and the definition
of some of its fundamental characteristics. Moreover, it has enabled us to confirm its extension
as a homogenous production series throughout the Phoenician Mediterranean and to ascribe
to this group a number of elements which had been related to separate crafts traditions. In the
areas concerned, local imitations were produced which were quite differentiable from the truly
Phoenician products. The definition of this group, as well as establishing stronger criteria for the
assessment of some of the known figurines and the incorporation of new ones, enables us to
approach particular aspects of Phoenician craftsmanship, iconography and religion.

The Bronze Figurines of the Iberian Peninsula

The first figurine of this group is one which, quite dubiously, was recovered from Mérida
(Badajoz) and is held in the Hispanic Society of New York since 1957 (Hibbs, e.p.; Bisi, 1986; Jimén-
ez Ávila, 2002). This well made figurine could be used to define some of the main characteristics
of the group: relatively homogenous dimensions (around 12 inches) and the presence of well-
marked Egyptian traits, visible in both their dress, materialised in high crowns, schenti robes and
pectorals, and in their hieratic position, often reinforced by the conventional forward stepping of
the left foot (Fig. 3).
Another figurine that can be related to this group was published by M. Almagro Basch in
1980. It is of smaller size and displays a White Crown and smiting posture (Fig. 3).
As part of the Vives Collection, it is held in the Spanish “Museo Arqueológico Nacional”
and appears to come from the area of Itálica, close to Seville. This geographical attribution of
both early (the Astarté of the Carambolo) and recent (the excavation of the Carambolo site itself) 763
finds, is much more understandable than that of Mérida, and places us in a more obvious relation
to the areas of Phoenician colonisation of the Iberian Peninsula.
Two figurines of the same type were recovered from the nets of a fisherman in the 1970´s,
in an area named Barra de Huelva (Huelva), on the sea-bed (Fig. 3). Both are made of bronze,
contrary to what has been published about them (it was suggested that one was made of iron,
something that would not have been technically possible at the time of production), and after
many years in a private collection, they now belong to the Museum of Huelva, thanks to the
intervention of the Civil Guard. These two figurines have been subjected to different cultural as-
signments: when first published by I. Gamer-Wallert (1982), it was suggested that they were an
Egyptian product of the Saite Period, while further studies opened the possibility of their produc-
tion in Syria, albeit without discarding the Egyptian option (Fernández-Miranda 1986). They were
later assimilated to a Phoenician production, which is now commonly accepted (Falsone 1988;
Jiménez Ávila 2002).
In order to relate these figurines with the Phoenician colonisation of the Iberian Peninsula,
the recovery of the largest group in Cádiz, in the proximity of the island of Sancti Petri, a location
traditionally associated with the famous temple of Melqart, has been decisive.
The bronzes of Sancti Petri already add up to 8 examples1 (Fig. 3), a number that has in-
creased since the publication by A. Blanco of the first three figurines 20 years ago up until the
most recent finds (Blanco Freijeiro 1985; Acquaro 1988; Perdigones 1990; Jiménez Ávila 2002;
Sáez et al. 2005). Moreover, rumours exist regarding the existence of further bronzes which have
circulated on the antiquities black market.

1 As well as the seven statuettes shown in Figure 3, a further unpublished example is held in the Museum
of San Fernando (Cádiz). We are grateful to Dr. J. Corzo for this information.

Javier Jiménez ávila


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

With all of these elements, we already have a sufficiently large collection on the basis of
which to put forward a basic characterisation and to try to locate the existence of more figurines
of this type throughout the Mediterranean.
If there is something that characterises these figurines, it is their poor iconographic fixa-
tion. This can be confirmed by the examination of the combinations that take place between their
most significant distinguishing elements: the head dresses that cover their heads and their corpo-
ral poses, both of which are imbued with strong Egyptian traits as we mentioned above.
The head dresses correspond to three basic formats: 1) the White Crown of Higher Egypt,
well known and characterised by its globular finish; 2) a bulbous crown, related to but different
from the former, which I have named ‘Mitre’; 3) the Atef Crown, the head dress of Osiris par
excellence, which is the result of adding two ostrich feathers to either side of the White Crown.
On the other hand, the corporal poses of these figures correspond to four basic stereotypes
which are fundamentally achieved through the position of the arms: 1) the arms fall alongside the
body, a formula traditionally called the Egyptian posture; 2) the arms are held out, slightly bent,
in front of the subject, sometimes holding weapons or other belongings, in a position named
‘smiting’ (Collon, 1972); 3) with one arm folded across the chest and holding an object in a ritual
attitude; 4) showing the palm of the right hand open in a posture that we now identify with
actions of greeting or blessing.
Apart from these stereotypical traits, the decoration, the schenti, the presence or not of
pectorals, beards, etc, provide this group with great iconographic variety.
However, the most remarkable and interesting point, as I mentioned earlier, is the enor-
mous variability that can be observed in the breakdown of the possible combinations of basic
traits (head dresses and postures) as shown in Figure 1 which includes figurines from both the Ibe-
764 rian Peninsula and other areas of the Mediterranean and that can be associated with this group
as we shall see below.
Practically all of the possible combinations are represented and when not, as is the case of
the combinations between [mitre + Egyptian posture] or [mitre + ritual posture], their absence
can be traced to the scarceness of a particular trait in the global assemblage. For instance, we
have only 2 mitres associated with known postures and both correspond to distinct patterns.
This disinterest in iconographic fixation appears to be a fundamental character of this
group of Phoenician figurines, and lies in contrast with the rigour observed, for example, in Egyp-
tian imagery in which the identification of the different deities according to their formal attributes
constitutes an almost automatic inference. This characteristic is much more alike to the Syrian-
Palestinian representations of the Second Millennium and to the Phoenician production itself of
the First Millennium, in which many deities whose specific traits enabled their identification in
their original pantheons underwent a process of iconographic transformation which prevents
their clear identification when they are found in Phoenician contexts.
Notwithstanding, and despite these affiliations, the truly Phoenician figurines, that are
those of the First Millennium, are generally differentiated from the earlier forms through the
increase of Egyptian traits and a greater frequency of figures in pacific attitudes.
It is also impossible to conclude as to whether the Phoenician deomorphs represent any
particular deity. There are some very specific iconographic formulae, as for example the tripartite
beard of one of the figurines from Cádiz, of which a surprisingly similar correlate can be found
on a Eastern ivory head from Samos (Freyer Schauenburg, 1966), that suggest that we are faced
with representations of the same mythological figures. But the lack of iconographic fixation must
without doubt be added to the difficulties of identifying specific deities and which have marked
the study of these figurines since their earliest recovery.

Arqueologia, sítios e materiais


Bronze male deities: elements for the identification of a phoenician group in Mediterranean

765

Fig. 1. Phoenician Bronze Male Deities. Correlation Between the different types of postures and crowns

The Mediterranean Group

The presence of this ample group of representations along the coastline of southern Spain
suggests the existence of a wider craftsmanship which could have spread throughout the whole
of the Phoenician Mediterranean. In order to locate it, it is necessary to review some of the known
sculptures that have been the subject of diverse assessments in the territories of Phoenician
presence: the Palestinian coast, Cyprus, the Aegean and Central Mediterranean.
It has become usual for studies of Phoenician crafts to underline the paucity of evidence
from the Phoenician territory itself, that is, the current Lebanese coast. In the case of the bronze
figurines, it is all the more surprising given the abundant records of bronze ex-votos belonging to
the Second Millennium BC. The collections from sites such as Ugarit, and especially Biblos, form
catalogues of several thousands of pieces (Negbi, 1976; Seeden, 1980).
In contrast to this abundance, examples of bronze male figurines from the First Millennium
and documented in this area are extremely rare. Published examples are practically reduced to
the one described by G. Falsone (1988) which is held in a private collection in Paris (France) and
which presents a white crown in a ritual posture (Fig. 3).

Javier Jiménez ávila


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

The evidence is becoming a little more solid in Cyprus where the existence of similar
representations is suggested by the presence of some sculptures which, whilst undoubtedly of
local production, can be related to our series. However, for the purpose of the present study,
the mention of a bronze torso held in the Museum of Nicosia and identified as number 1449 is of
more interest. This figure, of unknown provenance, was published in the 1950´s by P. Dikaios who
related it to the period of Egyptian influence in the island during the Saite period (Dikaios, 1953).
Although incomplete, its main distinguishing traits are quite visible, such as its ritual posture and
the advancing of the left foot. In the light of the finds of the Iberian Peninsula, this torso can
be considered as a Phoenician sculpture belonging to the same series as the Iberian examples
and thus with a date prior to the 6th century, as had been suggested. The identification of this
sculpture as a Phoenician production of the 8th or 7th centuries BC could explain the imitations
mentioned above that appear across the island and it could even be that the production of these
bronze figures may have played some role in the development of the grand stone sculptures that
are so characteristic of the Cypriot art of the following centuries.
In this same line of figures belonging to the Phoenician group, we also find a bronze figure
recovered from the ruins of the Heraion of Samos and catalogued by U. Jantzen among the
Egyptian products of this Greek sanctuary (Jantzen, 1972). The figure represents a male deity in the
‘smiting’ posture and with an atef crown (Fig. 3). From an iconographic point of view, it is difficult
to identify this figure with any of the divinities of the Egyptian pantheon: whilst the atef crown is
the head dress of Osiris par excellence, this figure certainly does not represent Osiris. The smiting
position is in Egypt characteristic of the Assyrian god Reshef, but neither does this figure display the
typical characters of Reshef in Egypt, such as the rear infulae or the gazelle protomes of its White
Crown. It thus proves difficult to identify this figure through the application of the semiological
766 criteria of Egyptian production. On the contrary, from the perspective of a Phoenician product,
this deiform sculpture is much more understandable, given that we have already established the
lack of iconographic fixation as one of the basic characteristics of this group.
The figure from Samos is of particular importance in establishing the chronology of these
products since it appears in a well which became sealed at the end of the 7th century, thus provided
an ante quem date for the existence of the group. In this ‘Well G’, a series of bronze figurines related
to the Phoenician group were recovered, although generally of smaller size, alongside the famous
ivory combs with incised decoration similar to those produced in the Phoenician workshops of
the Iberian Peninsula and also dated to the 7th century BC (Walter and Vierneisel, 1959).
Finally, and in the light of these news finds, the controversial figure known as Melqart of
Sciacca or Reshef of Selinumte (Fig. 3), recovered from the Sicilian Sea and held in the Museum
of Palermo, must also be included in the Phoenician group. The cultural and chronological
assessments derived from this famous figurine are broad and span from the Second Millennium
up until the Phoenician period (Chiappisi, 1961; Bisi, 1967; Tusa 1973; Seeden, 1980; Falsone, 1988;
Jiménez Ávila, 2002). In fact, there are few elements to suggest that this figurine corresponds
to the Bronze Age series. The Egyptian-style outfit is a poorly represented characteristic of the
products of Biblos and Ugarit (for example, the atef crown only appears on 0.3% of the Bronze
Age figures recorded by H. Seeden), as are the large size and proportions of the figure, which are
closer to those of the Spanish finds. A distinguishing trait of this figurine is the hollow working
of the eyes in order to inlay a substance that would generate an impression of wealth or realism,
and which is common for Second Millennium representations. While it is true that none of the
other figurines of this series possess these facial applications, it is also so that a good part of the
female deities dated to the Phoenician period (Qualat-Faqra, Ginebra, Samos...) display hollow
eyes, thus showing that this technical resource was still used commonly in the First Millennium
(Jiménez Ávila, 2002).

Arqueologia, sítios e materiais


Bronze male deities: elements for the identification of a phoenician group in Mediterranean

Local imitations

In all of the areas in which the existence of these Phoenician male figurines has been
documented, the presence of imitations of these figures presenting similar traits and postures,
although with specific characteristics which lead us to consider them as local products, has been
detected. In Cyprus, for instance, some of the figurines from the sanctuary of Idalion stand out
(Fig. 2.1), given that they show a transformation of the anatomical canon, as well as being more
roughly shaped as is typical of some of the islands own products (Karageorghis, 1967). The
presence of Egyptian elements on these figures breaks with the local traditions of the bronze
figures of the Bronze Age, illustrated by figurines such as those of Enkomi (Seeden, 1980, 124 ss.),
and can thus be considered as a Phoenician influence.
In the Central Mediterranean, there are some figures that, on the basis of their aspect,
could equally be related to these local products, such as the Sardinian bronzes of Flumenlonghu
or Galtelli, contrary to the way in which they have generally been defined as oriental products
(Bisi 1977, 1980, 1986; Tore, 1981; 1983; Lo Schiavo, 1983). However, in the case of Sardinia, the
issue is not so easy, since the figures stray from the habitual traits of the nuragic figurines, and
their condition of local imitations can therefore only be suggested as a hypothesis.
Finally, a number of recent finds, such as the Bronze of Entrerríos (Badajoz) (Fig. 2.2) or a
recently published figurine of the Gómez Moreno Collection, can be added to the list of figurines
from the Iberian Peninsula recorded by M. Almagro in 1980 and which included the votive bronzes
of the Iberian period (Jiménez Ávila, 2002; García Alfonso, 1998). Both of these new finds present
sufficient similarities with the Phoenician group and sufficient elements of differentiation for
them to be considered as imitations of those produced in the local sphere, although that of the
Gómez Moreno Collection was initially considered as a Phoenician product. Indeed the general
treatment of the figurine, its size (only 6 inches), the independent working of the head dress, the 767
volute decoration of the robe, etc are unusual elements in figurative Phoenician bronzes. These
peninsular imitations also appear to be later in date.

Fig. 2. Regional imitations. 1. Cyprus (s. Karageorghis 1967); 2. Entrerríos (Spain) (s. Jiménez Ávila 2002)

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VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Conclusions

In the Mediterranean, there is a group of bronze figurines representing male deities that
can be considered as the work of Phoenician craftsmen and can be related to the Semitic colonial
expansion of the 8th and 7th centuries BC. This group has thus led us to the study of its geographi-
cal distribution throughout all of the areas of Phoenician presence and of its iconographic charac-
teristics. Among the latter, the lack of fixation of the formal traits is remarkable. Moreover, these
traits often appear combined in such a way that it is difficult to recognise particular figures, unlike
the case of the distinguishing attributes of other iconographic traditions such as that of Egypt.
These figurines can be distinguished from there Second Millennium ancestors by their
more careful manufacture, their regular size and the increase of Egyptian traits which appear
in the clothing that they bear: crowns, pectorals and robes. In this aspect they are also diffe-
rent from the other artistic groups that developed in the East during the First Millennium, such
as those documented in Israel which follow the giblite tradition, or the Neohitite and Aramaic
sculptures which reproduce the roughness of the local stone sculptures (Moorey & Fleming 1984;
Spycket, 1981).
The most numerous group is that recovered from Cádiz, associated with the temple of
Melqart. Other parts of the Iberian Peninsula such as Huelva or the lower Guadalquivir have also
yielded figurines of this same group.
On the basis of the characteristics of the Spanish figurines, examples belonging to the
same series can be identified in Lebanon, Cyprus, East Greece and the Central Mediterranean.
Despite the small number of figurines currently individualised, it can be hoped that future finds
and bibliographic or museographic inspections will soon add to this list.
In the areas of Phoenician presence these representations were the object of local
768 imitations which display specific characteristics in each region.
Although in this paper I have limited my discussion to the definition of this craft group and
its extension throughout the Mediterranean, it has proved necessary to present some indica-
tions regarding their origin and their historical and cultural significance. The differences that
are established between the original group and the local imitations thus suggest the oriental
production of these figurines. In the Iberian Peninsula, we can observe how these figurines are
found in the areas of Phoenician presence. This in turn contrasts with the patterns displayed by
the set of Western-Phoenician bronze production, composed of jugs, bowls, incense burners etc.,
that tend to be consumed by part of the local inland aristocracies. These imported figurines are
thus differentiated from the purely colonial products and their phenomenology.

Arqueologia, sítios e materiais


Bronze male deities: elements for the identification of a phoenician group in Mediterranean

769

Fig. 3. Phoenician Bronze Male Deities Group in Mediterranean (s. Falsone 1988, Dikaios 1953,
Jantzen 1972, Seeden 1980, Jiménez Ávila 2002 and Saez et al. 2005). Unequal Scales

Javier Jiménez ávila


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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771

Javier Jiménez ávila


Los Marfiles hispano fenicios de Medellín
(Badajoz, España)

Martín Almagro-Gorbea
Universidad Complutense
Real Academia de la Historia

Resumen

La necrópolis tartesia de Medellín ha proporcionado uno de los más importantes conjuntos de


marfiles fenicios del Mediterráneo Occidental: 1 placa de ungüentos, 7 peines, 23 placas decoradas para
cajitas o muebles, 6 placas con el udja, 8 piezas de incrustación para muebles, 5 clavitos, 1 escaraboide y
un flabellum de bronce y marfil. Estos objetos han aparecido en 37 tumbas fechadas en sus respectivas
generaciones entre el 650 y el 475 a.C., lo que ha precisado la cronología y la función de los marfiles
hispano-fenicios en Tartessos.
La iconografía y el estilo de los marfiles de Medellín son del mayor interés, pues han permitido
identificar diversos “talleres” de eboraria, de origen sirio más que fenicio. Además, la iconografía
refleja una selección de temas que confirma su perfecta comprensión por las elites tartesias, lo que
supone una importante aportación para comprender cómo la iconografía y la religión fenicias tuvieron
un papel esencial en la formación de la iconografía y la religión de Tartessos, comparable a la del
mundo griego en Etruria y Roma.

Abstract

The Tartesian necropolis of Medellín has provided one of the most important sets of Phoenician
ivories in the West Mediterranean. It is composed by 55 decorated items: 1 cosmetic plaque, 7 combs,
23 plates for small boxes or for furniture, 6 plates decorated with udja-eye, 8 pieces of inlay furniture,
5 pins, 1 scaraboid, and other pieces for incrustation and an ivory object compound with bronze,
probably a flabellum. These ivories appeared in 37 graves, dated between c. 650 and c. 475 BC. They
precise the chronology of the Hispano-Phoenician ivories and their use among Tartessians.
The iconography and style of the pieces is very interesting. They allow identify diverse Hispano-
Phoenician centers of ivory production, originated in Syria and sometimes in Phoenicia. Their icono-
graphy reflects a selection of topics that confirms its comprehension by Tartessian elites. Therefore,
we understand how Phoenician iconography and religion played such an important role in the building
of Tartessian iconography and ideology, just in the same way as the Greek ones did with respect to
Etruria and Rome.
Los marfiles hispano fenicios de Medellín (Badajoz, España)

Metellinum (Medellín, Badajoz, España) es el oppidum de Conisturgis que controlaba un


vado de la Vía de la Plata y las fértiles vegas del Guadiana (Almagro-Gorbea; Martín, 1994). Su
necrópolis, excavada de 1969 a 1986, se sitúa en un brazo abandonado del río Guadiana, lo que
indica el uso del río como lugar de tránsito al Más Allá (Almagro-Gorbea 1997; Almagro-Gorbea et
al., 2008).
Su estudio documenta dos fases. La fase I, c. 675-575 a.C., ofrece tumbas de incineración en
urna y la fase II, c. 575-450 a.C., enterramientos en busta, con una transición lenta c. 625-550 a.C.
Se trata de una necrópolis tartésica por su cultura material y ritos (Torres 2002), como confirman
los hallazgos epigráficos (Almagro-Gorbea, 1991; 2004b).
Los numerosos objetos de marfil que formaban parte de los ajuares cremados han permitido
precisar la fabricación y uso, por generaciones, de los productos ebúrneos hispano-fenicios entre
el 675 y el 450 a.C., pues la tipología de los ajuares y la estratigrafía permiten fechar las tumbas en
el lapso de una generación (<25 años).
Las 63 piezas de marfil halladas proceden de 30 ajuares, c. 20% de las sepulturas (cuadro 1,
fig. 1) y constituyen uno de los conjuntos más importantes de eboraria fenicia del Mediterráneo
Occidental: 1 paleta de ungir, 7 peines, 1 espantamoscas, 23 placas para cajitas, 6 placas con el
udja, 8 piezas de taracea para incrustar, 5 pasadores perforados, 1 escaraboide, varios clavitos y 1
cacha de cuchillo, además de fragmentos indeterminados.

Esca- Pasa- Peine Peine Placas Piezas Placas Paleta Placas Placas Cachas Flabe- Piezas
Ajuar Fecha rabeo dor tipo 1 tipo 2 figuras taracea rectan. ungir indet. Clavo udja cuchillo llum indeter. Total

85B/14 650-625 1 2 1 4
85B/36 650-625 3 3
86G/45+47 650-625 2 3 5
85B/24-25 625-600 1 1 773
86H/20 625-600 1 1
86G/41 625-600 1 1
86I/En5 625-600 1 1
86C/16 625-575 1 1
85B/26 610-600 2 2
82/10 600-575 2 2
82/12 600-575 1 1
82/13a 600-575 1 1
86C/En13 600-550 1 1
86C/13 600-550 1 [1] 1 2
86G/20 575-550 1 1
86G/22 575-550 2 2
86C/14 575-550 4 4
86H/4bis 575-550 2 3 1 1 6 13
70/12b 575-550 1 1
85B/1bis 550-525 4 4
85B/30 550-525 1 1 2
85B/8 550-525 1 1
86H/1 550-500 1 1
85B/En7 525-500 1? 1
70/19 525-500 1 1
86G/7bis 525-500 1 1
70/8 500-475 1 1
70/9b 500-475 1 1
85B/2bis 500-475 1 1
85C/A-20 ¿? 2 2
Total 1 3 5 2 9 9 10 1 4 3 6 1 1 7 63

Cuadro 1. Seriación cronológica de los ajuares con objetos de marfil de la Necrópolis de Medellín

Martín Almagro-Gorbea
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 1. Tipos de objetos de marfil hallados en la necrópolis de Medellín


774

La paleta de Medellín es la pieza más importante (Almagro-Gorbea, 2010). Sus asideros


están decorados con sendos grifos que protegen el receptáculo circular central (fig. 1,1). Son de
cuerpo alargado, cabeza con fuerte pico y cola alzada en forma de S; llevan nemes y collar; el ala
sale del cuerpo, no de detrás de la pata y la pata posterior se adecua al ángulo recto del marco de
la figura, etc. como en ortostatos de Tell Halaf, etc. (Orthmann, 1971, lám. 11,A3-151,153, 12,Ba3).
Es interesante que los cuartos traseros ofrecen la “llama” característicos del grupo “Flame
& Frond” y una cuña oval sobre la paletilla como los marfiles de Nimrud (Herrmann, 1989), cuyos
talleres estaban en el Norte de Siria, pues aparece en ortostatos de Tell Halaf y Zinzirli (Orthmann
ann, 1971, lám. 12,Ba1 y Ba3 y 64,H3, etc.; Winter 1989) y en pateras de bronce de ese origen
(Almagro-Gorbea, 2003). Las estrías en bajo relieve y el nemes del grifo aparece en esfinges del
grupo “Collar & Crown” (Herrmann, 1992: nº 109, 123, 195), pero los 3 puntos del tobillo de la pata
trasera que representan los tendones del animal de nuevo aparecen en ortostatos de Sakçagözü
y Zinzirli (Orthmann, 1971, lám. 50,A11 y 64,G1 y H3). Estos detalles permiten considerar las paletas
hispano-fenicias como creación de artesanos nordsirios de la zona entre Tell Halaf y Zinzirli del
grupo Flame & Frond, trasladados a Occidente a fines del siglo VIII a.C., probablemente tras la
conquista asiria al huir a Occidente parte de sus elites con sus artesanos. Estas paletas hispano
fenicias ofrecen cuatro tipos a lo largo del siglo VII a.C.: Alcantarilla, Medellín, Acebuchal y La Joya,
que representa el modelo final (Almagro-Gorbea, 2010).
Otro objeto de bronce y marfil formaría parte de un abanico o flabellum (fig. 1,2). En Oriente
este objeto era símbolo de realeza y se documenta en estelas neohititas (Bittel, 1976, fig. 305) y
en marfiles de Nimrud (Barnett, 1957: lám. 78-79), pero también se usaron en Occidente, como
indican hallazgos de Cartago (Moscati, 1975, fig. 156) y de Cruz del Negro, en Carmona (Aubet,
1978, p. 57, lám. 8B).

Arqueologia, sítios e materiais


Los marfiles hispano fenicios de Medellín (Badajoz, España)

De particular interés son los “peines” decorados, interpretables como “peinetas” usadas en
pareja. Destaca el de la diosa Astart alada con el disco solar (fig. 1,3) y su rebaño de toros sagrados
pastando lotos en el reverso, que aluden al carácter mítico de la escena (Almagro-Gorbea, 2004a).
La diosa ofrece disposición protectora, como en tridracnas (Stucky, 1974), calderos (Herrmann,
1966, 27 s., 51 s.; Barnett, 1982, 89, n. 107) y en la escena del carro real de cuencos fenicio-chipriota
como el de Preneste (Markoe, 1985, Cy7 y E2). Este peine procede del taller del Zig-Zag, caracterizado
por dicha decoración accesoria. Procede del Norte de Siria, como evidencia la cola de Astart con
sendas volutas con plumas entre ellas, como en marfiles de Nimrud (Mallowan; Herrmann 1974,
p. 16 s., fig. 4, nº 1,2,8,9,11,12, 97-102), en relieves neohititas al Norte de Alepo entre el Eúfrates y
Körkün, Sakçagözü y Zinzjirli (ann, 1971, lám. 38f, 49a, 50c y 51c y 66d) y en la placa de Samos de
Hazael de Damasco (Kyrieleis 1988).
También los toros derivan de artistas nordsirios del grupo “Flame & Frond”, con paralelos
en marfiles de Nimrud y en cuencos de bronce (Almagro-Gorbea, 2003), lo que precisa su origen
antes del 700 a.C., permitiendo seriar estas peinetas entre el 675 y el 575 a.C., aunque su uso per-
duró hasta el 550-525 a.C.
Otra peineta ofrece leones y cabras. Su estilo es similar a alguna del mismo taller de Cruz del
Negro, en Carmona (Aubet 1978, fig. 5), pero de mano distinta y, probablemente, posterior, como
otros peines de Medellín, ya que la seriación de ajuares de Medellín evidencia diversos talleres
paralelos, entre los que destaca el del Zig-Zag, cuyos productos llegan desde Samos (Freyer-
Schauenburg, 1966) a Cartago (Bisi, 1968) y a diversos yacimientos de Hispania (Aubet 1982a),
hasta que estas peinetas decoradas desaparecen casi bruscamente a inicios del siglo VI a.C.
Otro conjunto interesante son las placas decoradas para adornar muebles. Destaca una con
el mito de “Melqart y el Toro Celeste” (fig. 1,4), asociable a mitos de Melqart (Almagro-Gorbea,
2002) como los representados en la placa de Bencarrón (Aubet, 1982), en escarabeos y anillos 775
fenicios (Culican, 1986, p. 261-264, lám. 5B y figs. 14C, 14B y 14A) y en las puertas del santuario en
Gades (Silio Itálico, Pun., 3,32-44; Tsirkin 1981). De este mito derivaría el de “Heracles y el Toro de
Creta”, relacionado con Pasifa-Astart como diosa lunar, y el de “Teseo y el Toro de Maratón”. El
tema es de origen oriental, pero sus características revelan un taller hispano-fenicio al servicio del
mercado tartésico, que comprendía y demandaba este tipo de escenas mitológicas.
Otra placa ofrece una escena de corte con un personaje en pie ante otro entronizado,
como en la estela del rey Barrekab de Zinzirli (Bittel 1976, fig. 305). Los lotos en las manos son
cetros (ann, 1971, lám. 46 a, 63f, 66b, 76c, etc.; Lagarce, 1983, p. 551), atributo de realeza o di-
vinidad, que indican el carácter mítico de la escena, relacionado con el Más Allá y con el culto a
los antepasados, mientras que el “Árbol de la Vida”, compuesto de flores de loto superpuestas,
procede de las placas ebúrneas de Nimrud, Arslan Tash, Salamina, etc. (Barnett, 1957, nº G6a, S19;
Mallowan, 1966, fig. 467, 477, 481, 482, 493, 495, 508; Herrmann, 1986, lám. 211,805 y 318,1223),
confirmando su carácter mítico. Otra placa muestra un friso de personajes femeninos alados con
lotos en las manos, como las representaciones de Isis y Neftis (Ciafaloni, 1992: 21 s., lám. IIIa). Es-
tas divinidades suelen proteger el Árbol de la Vida en placas ebúrneas sirio-fenicias de Arslan Tash
(vid. supra), aunque esta representación de Medellín pudiera ser una triple Astart como divinidad
protectora, como en la citada placa de Hazael (Kyrieleis, 1988).
En el siglo VI a.C. son características las piezas decoradas con el udja (fig. 1,5), motivo de ori-
gen egipcio (Ciafaloni, 1992, lám. 4,b-c) de gran difusión por el mundo feno-púnico, especialmen-
te en amuletos (Cintas, 1946, cuadro final; Hölbl, 1986, p. 100 s., 142 s., lám. 80-89). En Medellín
se fechan en la primera mitad del siglo VI a.C. y se amortizaron antes del 550 a.C. Igualmente son
del siglo VI a.C. las placas rectangulares con líneas paralelas (fig. 1,6), de origen oriental (Luschan
1943: 135 s., lám. 60), que en Cartago (Lancel 1983) y en Morro de Mezquitilla aparecen en el siglo
VII a.C., pero en Cerdeña (Uberti 1975: 104, lám. 37, D17 y D18) e Hispania (Aubet 1978: 53 s., lám.

Martín Almagro-Gorbea
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

7C,1-9) parecen sustituir a las placas y peines decorados con escenas míticas, cambio que refleja-
ría la evolución ideológica y social del mundo hispano-fenicio y de Tartessos.
La producción ebúrnea hispano-fenicia la completan piezas de “taracea” para incrustar en
muebles, cajitas y objetos de madera (fig. 1,7), pasadores de telar o collar (fig. 1,9), clavitos (fig.
1,10) y cabezas de ejes de diphros y cachas de cuchillos de hierro (fig. 1,11), que indican la variada
producción eboraria hispano-fenicia al servicio de las elites tartésicas. También ha aparecido un
escarabeo con doble flor de loto (fig. 1,8), similar a otro de El Palomar, Badajoz (Jiménez Ávila;
Ortega, 2001). Estos escarbeos de marfil, raros en Egipto, Oriente, Egeo o Italia, son más frecuen-
tes en Hispania. Este de Medellín es anterior al 650 a.C., pues se depositó en una urna enterrada
en el 650-625 a.C.
La necrópolis de Medellín ha precisado la fabricación, uso y amortización de los marfiles
hispano-fenicios, sus características iconográficas y su significado ideológico y social.
La cronología de las tumbas permite precisar el lapso entre la fabricación y amortización de
estas piezas de marfil (Cuadro 2). La producción se iniciaría hacia el 700 a.C. o algo antes, pero la
deposición en ajuares funerarios sólo se documenta hacia el 650 a.C., fluctuando entre un mínimo
de 25 años (1 generación) y c. 150 años en el caso del flabellum, perduración que se documentan
también en el palacio de Cancho Roano (Maluquer 1987, fig. 34 s.) e indica el uso de estas piezas
durante varias generaciones, lo que supone la existencia de tesoros y sacra gentilicia entre las
elites tartésicas.

650-625 625-600 600-575 575-550 550-525 525-500 500-475 Total

Escarabeo 1 1
776 Pasador 2 1 3
Paleta 1 1
Clavo 2 1 3
Placa dec. 3 1 5 9
Placa udja 6 6
Peine 1 3 1 1 5
Peine 2 1 1 2
Taracea 1 3 5 9
Cachas 1 1
Placa rectangular 1 2 6 1 10
Placa indeterminada 1 2 1 4
Espantamosca 1 1
TOTAL PIEZAS 11 5 4 24 7 1 3 55
Nº AJUARES 4 7 4 7 5 4 5 36

Cuadro 2. Cronología de los objetos de marfil de la Necrópolis de Medellín

No se conoce bien el uso de objetos ebúrneos según edad y sexo, dada la dificultad del
análisis osteológico de las cremaciones. Sin embargo, estos bienes de lujo aparecen en tumbas
de hombres, mujeres y niños, lo que indica una sociedad de clases hereditarias, como confirman
otras tumbas orientalizantes femeninas, como la de Aliseda (Almagro-Gorbea, 1977, p. 204 s.) y
otras (Martín, 1999: 122).
Los marfiles hispano-fenicios están trabajados en bajorrelieve y con grabado más o me-
nos delicado. Su análisis estilístico permite diferenciar talleres y grupos, pero no individualizar
“manos” de artistas, dada la exigua muestra conservada, calculada en menos del 1/1000 de la

Arqueologia, sítios e materiais


Los marfiles hispano fenicios de Medellín (Badajoz, España)

producción originaria. El escaso grosor de las piezas denota cierta “pobreza” de materia prima,
en contraste con el grosor de las de Oriente (Barnett, 1975; Mallowan, 1978; AAVV, 1985, Herr-
mann, 1992; Invernizzi, 2000, etc.), a pesar de la abundancia de marfil en Occidente procedente
del Norte de África (Mederos; Ruiz Cabrero, 2004), como confirma la alta proporción de tumbas
con marfil de Medellín, que casi llega al 20%. Si el escaso peso de las piezas labradas se compara
con el de un colmillo de elefante, se deduce que la producción debió alcanzar cientos de miles de
de pequeñas piezas ebúrneas. En Huelva, un fragmento de colmillo pesa 3265 g, frente a 2230 g
de 816 fragmentos de talla con un peso medio de 2,75 g/fragmento (González de Canales; Serra-
no, 2004, p. 165 s., lám. 65-68), análisis que abren nuevos caminos para profundizar en la eboraria
hispano-fenicia y en el artesanado y comercio orientalizantes.
Sin embargo, el aspecto de más interés es la iconografía. Los talleres hispano-fenicios usa-
ban motivos y recursos estilísticos de origen sirio-fenicio y, en menor medida, fenicio-egiptizante.
Los temas iconográficos son los habituales del mundo orientalizante (Aubet 1979; 1980; 1982;
1982a; D’Angelo 1991; Torres 2002, p. 249 s.; Almagro-Gorbea 2002; 2004a). Aunque el repertorio
es más limitado que en Oriente, los marfiles de Medellín indican que este hecho es debido más a
falta de hallazgos que a razones culturales. Entre los motivos aparece la esfinge y el grifo, con ca-
rácter apotropaico y regio. Más interés ofrecen las escenas que sintetizan poemas míticos (Alma-
gro-Gorbea 2005, p. 63 s.), como “Melqart y el Toro Celeste” y el héroe en “lucha con el león o el
grifo”, “Astart y su rebaño sagrado”, escenas de corte con “carro triufal” (Hibbs, 1979) y de ado-
ración, “diosas con lotos (Astart?)”, etc., además de animales, udja, lotos (D’Angelo 1983) y otros
elementos apotropaicos (vid. supra). La repetición de los temas refleja su selección intencionada
y confirma su comprensión por la clientela de las elites tartésicas a las que iban destinados estos
productos suntuarios (Almagro-Gorbea 2002; 2004a; 2005).
Por ello, es interesante analizar el significado socio-ideológico de estos marfiles, cuyos 777
motivos parecen originariamente vinculados a la monarquía sacra, como símbolos de “realeza”
mítica en el Más Allá. Por ello, estos marfiles revelan elites principescas o regias, con rituales pro-
cedentes de los reinos sirio-hititas del Norte de Siria. Pero su adopción por los clanes gentilicios
de Medellín y la rápida desaparición de estas representaciones iconográficas a inicios del siglo VI
a.C. indican cambios ideológicos de gran interés para comprender la evolución socio-política e
ideológica del mundo hispano-fenicio y del mundo tartésico, tan vinculado a éste último.
El análisis iconográfico y socio-cultural de los marfiles hispano-fenicios de Medellín permite
concluir que la selección y preferencia por determinados temas fenicios en Tartessos prueba que
los tartesios asimilaron mitos fenicios y que el significado de los motivos iconográficos fenicios
era plenamente comprensible no sólo para los fenicios que los fabricaban, sino para los tartesios
a los que iban destinados. Este hecho supone una profunda aculturación iconográfica e ideológi-
ca, por lo que la iconografía y religión fenicias jugaron el mismo papel respecto a Tartessos que la
iconografía y religión griegas respecto a Etruria y Roma (Almagro-Gorbea 2004a; 2005).
En consecuencia, no se pueden aceptar ya el viejo tópico sobre el carácter meramente
decorativo del arte fenicio, ya que estos marfiles y otros documentos, como los relieves de Pozo
Moro (Almagro-Gorbea, 1983; López Pardo, 2006), prueban la existencia de una iconografía ori-
entalizante tartésica, que documenta creencias y mitos transmitidos por medio de una literatura
oral y escrita, como refiere Estrabón (3,1,6), semejante a la que ofrecen otras culturas urbanas del
Mediterráneo durante el Periodo Orientalizante (Almagro-Gorbea, 2005), ya que la iconografía
de estos marfiles indica la existencia paralela de una literatura mítica, cuyos temas, protagonistas
y significado ideológico se puede llegar a conocer. Esta Literatura Tartesia, creada en el Bronce
Final por aedos al servicio de las elites dirigentes, debió alcanzar su pleno desarrollo en el Perío-
do Orientalizante, cuando, a juzgar por los marfiles y demás documentos iconográficos, asimiló
temas tan variados como narraciones cosmológicas, cantos, himnos y poemas épico-históricos

Martín Almagro-Gorbea
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

sobre las divinidades, el origen de la monarquía y los antepasados del dinasta y de las ciudades.
La rica iconografía de los marfiles ofrece el interés de revelar episodios de esta desaparecida lite-
ratura, predominantemente oral en una sociedad básicamente analfabeta como la tartésica, en la
que la iconografía jugaría un papel más importante que la escritura para la difusión de las ideas y
la transmisión de los mitos.
La última conclusión de este proceso, que tan bien documentan los marfiles de Medellín, es
que la mitología, la iconografía y la literatura fenicias influyeron tan profundamente en Tartessos
como la mitología, la iconografía y la literatura griega lo hicieron en Etruria y Roma, hasta el punto
de que la mitología tartésica puede considerarse “fenicia” como la mitología etrusca o romana se
consideran “clásicas” (Almagro-Gorbea 2005).

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Martín Almagro-Gorbea
El Morro de Mezquitilla en el siglo VIII a.C.:
un asentamiento oriental en tierra virgen

Gerta Maaß-Lindemann
Instituto Arqueológico Alemán, Madrid

Resumen

El Morro de Mezquitilla, localizado en Málaga (España), en el Extremo Occidente, fue una de las
primeras colonias fenicias fundadas a lo largo de la ruta hacia los puertos más importantes del territorio
deTartesos. Ubicada en la desembocadura del río, durante el siglo VIII a.C., en un área anteriormente
desocupada, no muestra señales de haber recibido influencias de su hinterland. Las cerámicas
importadas, bien como las producidas localmente, evidencian intensos contactos con la metrópolis.
Además de la cerámica fina de mesa, las importaciones consisten en vasos de almacenamiento y
transporte, en particular, jarras, botellas y ánforas. Las importaciones de cerámica fina de mesa son
preferentemente oriundas de las colonias occidentales, como es el caso de Cádiz. Hay también que
señalar la ausencia de importaciones griegas del siglo VIII, como Skyphoi de Eubea Kotylai o proto-
corintias en Cartago y Sulcis (Cerdeña), sobre todo porque las cerámicas áticas y eubeas de Huelva,
que datan de la primera mitad del siglo VIII, muestran la conexión del Extremo Occidente con el
mundo griego.

Abstract

This contribution deals with the situation of a phoenician colony, the Morro de Mezquitilla, east
of Málaga (Spain), in the far west, which presumably belonged to the first permanent settlements
of the Phoenicians on their way to Tartessos. Set up in no man’s land on the mouth of a river during
the 8th cent., there are no signs of any influence of the Hinterland. The imported pottery and the
repertoire of the local made vessels point to intensive contacts with the mother country, but besides
a few vessels of fine tableware the imports consist mainly in “packagings”, i. e. amphorae, bottles and
decanters. Imports of fine table ware seem to have come preferably from western sister colonies, for
instance from the Cádiz area. The absence of 8th cent Greek imports like the Eubean skyphoi or early
protocorinthian kotylai in Carthage and Sulcis (Sardinia) is remarkable, particularly as Eubean and Attic
imports from Huelva dating not later than the first half of the 8th cent. testify their connections with
the Greek world.
El Morro de Mezquitilla en el siglo VIII a.C.: un asentamiento oriental en tierra virgen

Nuevos hallazgos apuntan a que Huelva (González de Canales Cerisola et al. 2004) fue un
importante emporio en el que se aprecia la existencia de contactos con el conjunto del Mediterrá-
neo en los siglos IX y VIII a. C. Debió de ser un puerto de gran importancia cosmopolita en el que
comerciaban también los fenicios, aunque desconocemos qué tipo de relación social mantenían
en el lugar. Según se desprende de los hallazgos encontrados, podemos contar con la existencia
de un numeroso grupo de fenicios que se estableció en la zona y que ejerció gran influencia, tanto
en la ciudad como en el interior. En Torre de Doña Blanca (Ruíz Mata et al. 1995) los fenicios se es-
tablecieron en un sitio vinculado a nucleos indigenos. Puede que se tratara de una extensión de la
factoría de Gades, centro de poder de los fenicios en la zona más occidental del Mediterráneo.
Junto a estos puertos cosmopolitas había, a lo largo de la costa, asentamientos mucho más
pequeños que surgían en lugares no colonizados con anterioridad (Schubart, 2001, 283 – 304). A
continuación intentaré describir cómo era uno de estos pequeños asentamientos que, probable-
mente, fue colonizado también por pioneros de la primera oleada colonizadora.
El asentamiento en el Morro de Mezquitilla - cerca de Málaga - es un ejemplo de dónde y
de qué manera se establecía una colonia como sólido bastión a lo largo de la ruta hacia el oeste
(Aubet, 1994, p.144 – 172) y de cuál era su aspecto en el siglo VIII a.C. La elección del lugar no de-
pendía solamente de la posibilidad de acceder a una región con interesantes recursos, por ejem-
plo, minerales, o a un establecimiento comercial más importante, sino que se prefería igualmente
un lugar no colonizado cuyo emplazamiento geográfico lo hiciera adecuado como puerto y que,
a ser posible, estuviera también protegido. Además, el interior debía estar en condiciones de
asegurar el suministro de los productos de primera necesidad.
Al principio, los colonos del Morro de Mezquitilla no participaban en otros flujos comercia-
les que no fueran los fenicios. Faltan las importaciones tempranas del mundo griego, los skyphoi
eubeos hallados en Cartago (Vegas, 1998, p. 133 ss.) y Cerdeña (Bernardini, 1988, p. 76 ss.) y las 781
antiguas Kotyloi protocorintias que caracterizan los asentamientos del siglo VIII a.C. Sin embargo,
los pobladores de estos asentamientos de tan reducidas dimensiones se aferraban a una deter-
minada “red metropolitana” –como podemos deducir de las numerosas importaciones proce-
dentes de la metrópoli y de las ciudades hermanas–, situación - que se mantuvo durante mucho
tiempo (Maaß-Lindemann, 1990)
Aquí se plantea la pregunta de qué camino seguían las conexiones: ¿llegaba la mercancía
hasta el asentamiento directamente desde la metrópoli, gracias a la escala de algún barco que
hiciera la ruta Levante – Tartesos, o debemos más bien pensar que la mercancía se distribuía a
las colonias más pequeñas desde un puerto mayor, por ejemplo, Cádiz? ¿O acaso había entre los
puertos más pequeños algunos de mayor importancia, desde los que se llevaba a cabo el poste-
rior transporte de las mercancías a lugares menos relevantes?
El asentamiento que ahora nos ocupa no revela información acerca de cómo estaba co-
nectado comercialmente. Los hornos de fundición de la primera fase colonizadora, por ejemplo,
¿satisfacían sólo la propia demanda o ya entonces se elaboraban objetos para comerciar con la
metrópoli, con las ciudades hermanas o con el interior? ¿O se tenía que pagar tributo a la metró-
poli o a alguna colonia hermana más importante?
Conocemos las importaciones, pero no sabemos qué se daba a cambio. ¿En qué consistían
entonces estas importaciones?
Ciertamente, en esta época se carecía aún de artículos de lujo, de vino y de aceite, produc-
tos que en un principio no se podían conseguir in situ. Puede que también faltara carne y pesca­
do en salazón. Así, en la fase más temprana del asentamiento, algo más del 40% de las ánforas
procede de otros lugares. Alrededor de un 20% procede de Levante. De este 20%, la mitad corres-
ponde al tipo 2, según Sagona (fig. 1; fig. 2, 4) (Sagona, 1982, p. 75 ss.) y pertenece a la cerámica
denominada “crisp ware”, que tuvo una amplia difusión en las zonas oriental y occidental del

Gerta Maaß-Lindemann
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 1. Distribución del anfora V tipo “Sagona 2 “

Mediterráneo en el siglo VIII a.C. y que parece ser una especie de marca de la ruta de los fenicios
hacia el oeste, dejando casi de lado la parte central del Mediterráneo, es decir, Cartago, Cerdeña
y Mozia.
Las restantes ánforas de proveniencia levantina son de nuestro tipo A I (fig. 2, 1), que no
782 aparece en la cerámica “crisp ware“, sino en los tipos que nosotros hemos denominado TK, TQ
y, sobre todo, TT.
De las postrimerías del siglo VIII datan unos fragmentos que pertenecen a un ánfora y a
la tapa de un ánfora de mesa A II (fig. 2, 2) hecha de arcilla TK – con mucha probabilidad de
procedencia levantina. Alrededor del 8% de las ánforas procede de Cartago y, atendiendo a la
forma, son de tipo centro-mediterráneo (fig. 2, 3). Apenas el 16% procede de otros lugares – pro-
bablemante occidentales - que hasta ahora no hemos podido determinar. Se trata de ánforas de
nuestro tipo A I, cuyo centro de elaboración no estaba aún restringido en el siglo VIII al extremo
más occidental. Principalmente son vasijas hechas de arcilla TS, material que hemos encontrado
también en una fuente.
Los tipos de arcilla mencionados sólo los hemos analizado de forma macroscópica, por lo
que aún debe hacerse un estudio científico de mayor envergadura.
Aparentemente, el suministro de aceite para ungir o perfumar llegaba siempre desde la
metrópoli, tal como indican las botellitas (fig. 3, 1) elaboradas con tipos de arcilla que posiblemen-
te provengan de Levante. La mayoría pertenece a nuestro grupo TL – con variantes –, muchas al
TM y una al TQ.
De Levante se introdujo asimismo las jarras (TL) de boca pequeña y semicircular (fig. 3, 2)
y con cuello de forma troncoconica (fig. 3, 3). Posiblemente se utilizara también como recipiente
de líquidos –puede que aceite para lucernas (fig. 3, 4) –, pues la arcilla TL, propia de la cerámica
“crisp ware”, está presente sobre todo en botellas, jarras, lámparas y, como ya se ha dicho, es
característica de las ánforas tipo Sagona 2 (fig. 2, 4).
Otras piezas de vajilla en forma de cuencos de cerámica fina (“fine ware”), calificables
como objetos de lujo, eran algo excepcional, a juzgar por el número de hallazgos en el oeste.
Puede que la forma de los cuencos con una carena muy marcada (fig. 4, 1), que no se consiguió
elaborar in situ hasta transcurrido algún tiempo y ello de manera algo tosca, fuera demasiado di-

Arqueologia, sítios e materiais


El Morro de Mezquitilla en el siglo VIII a.C.: un asentamiento oriental en tierra virgen

783

Fig. 2. Tipos de anfora

Fig. 3. Vasos hechos del tipo arcilla “TL”

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VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 4. Cuencos de importación

fícil de conseguir, al igual que la forma de los cuencos con borde recto saliente y carena marcada
(fig. 4, 2).
Más fácil de imitar resultaban los cuencos de casquete esférico (fig. 6, 10) que aunque no
tenían paredes tan finas, se fabricaban con gran maestría. Del Morro de Mezquitilla existe un
cuenco de casquete esférico, probablemente levantino, de excelente calidad en lo que a finura
de la pared y factura del engobe rojo se refiere. La composición de la arcilla empleada para su
elaboración es la “TM“, composición que también hemos encontrado en algunos otros recipien-
tes, sobre todo, botellas, aunque también hay una lucerna, una jarra y un plato muy pequeño sin
engobe rojo. El gran número de cuencos de cerámica fina hallados en Huelva podría hacernos
pensar que se trataba de un artículo de exportación caro que los colonos fenicios no podían per-
mitirse fácilmente, que quizá estuviera destinado más bien al comercio con los extranjeros y que,
debido a esto, sólo aparece en los asentamientos fenicios de forma esporádica.

12

784 10

anforas
4
pithoi
ollas
platos
cuencos
2
lucernas
jarras 1
jarras 2
botellas
0
TL TK TM TQ TW TT TX TF TH TN TG TR TS TU TP

Fig. 5. Grafico: las importaciones TL –TX probablemente de origen levantino; TF Cartago; TH – TP occidental

Las vasijas de engobe rojo revelan ante todo un intercambio muy intenso con la región en
torno a Cádiz –la arcilla TH y TN . Muchos cuencos, jarras y platos proceden de allí. Cabe sospe-
char que también llegaban ánforas desde ese lugar, aunque aún no hemos podido determinar la
calidad de su arcilla.
El examen de las importaciones indica que los colonos recibían desde la metrópoli, sobre
todo, vasijas cerradas, es decir, recipientes para mercancías inexistentes en el lugar, a lo que hay
que añadir un número de lucernas relativamente elevado. Los platos o cuencos procedentes del

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El Morro de Mezquitilla en el siglo VIII a.C.: un asentamiento oriental en tierra virgen

este constituyen una excepción y lo mismo ocurre con las importaciones de Cartago. Asimismo,
todo parece indicar que era posible comprar vajilla de buena calidad en los alrededores, como de-
muestran los hallazgos de la región de Cádiz. Estos objetos presentan, por lo general, un engobe
rojo más compacto y brillante que los de elaboración local.

785

Fig. 6. Cuadro de conjunto de las vasijas mas importantes del siglo VIII a.C del Morro de Mezquitilla

Gerta Maaß-Lindemann
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 7. Cuadro de conjunto de las vasijas más importantes del siglo VIII a.C del Morro de Mezquitilla

La diversidad de las vasijas de elaboración local (fig. 6 y 7) halladas en el Morro de Mezqui-


tilla posee un aspecto levantino homogéneo Esto significa que los colonos siguieron elaboran-
786 do las formas de su tierra de procedencia, al tiempo que se iban desarrollando variantes locales
como, por ejemplo, el habitual uso del engobe rojo en platos y jarras o, como algo especial en
la fase temprana, la forma de la olla de paredes rectas con borde simple exvasado, que apenas
aparece en otros contextos. Si nuestros análisis de la arcilla son correctos, un ejemplar procede-
ría del este y su arcilla sería del tipo TT, algo que ocurre también en dos cuencos con carena, dos
lucernas, tres ánforas tipo I, dos platos y un fragmento con borde Pithos.
De momento no podemos establecer influencias del interior en nuestro repertorio de for-
mas. Dicha influencia no se pone de manifiesto hasta una fecha posterior, por ejemplo, en la ce-
rámica gris, que aparece más adelante, es decir, aproximadamente en tiempos de la colonización
de Toscanos
Llama la atención el hecho de que en la cerámica gris abunden formas características de
la cerámica de “retícula bruñida” de Tartesos, que, no obstante, se dan también en el acervo de
formas fenicio (fig. 6, 7) (por los tipos vease Ruiz Mata 1995, fig. 14-16). Las formas de las piezas
de vajilla de cocina (Fig. 7, 3-5) hechas a mano pertenecen al repertorio fenicio (Schubart 1983, p.
126 s.), mientras que otras vasijas, asimismo hechas a mano, forman parte del horizonte del litoral
de finales de la Edad de Bronce. En el caso concreto del Morro de Mezquitilla pueden interpretar-
se como testimonio del contacto de la población con los habitantes del interior. Estos hallazgos
han sido estudiados por la difunta Susana Puch y serán publicados por el Instituto Arqueológico
Alemán.
Así pues, nos encontramos ante un asentamiento que mantenía contacto con los pueblos
circundantes, pero que aún estaba firmemente anclado en el mundo fenicio o, dicho de otro
modo, ante un asentamiento cuya cerámica local refleja claramente la imagen de la metrópoli,
sobre todo en lo que atañe a las formas (fig. 6 y 7). También las importaciones ponen de mani-
fiesto la existencia de vínculos muy estrechos con la metrópoli y el intercambio con las ciudades
hermanas del oeste.

Arqueologia, sítios e materiais


El Morro de Mezquitilla en el siglo VIII a.C.: un asentamiento oriental en tierra virgen

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Mediterránea. 4. Barcelona. pp.133 - 145.

787

Gerta Maaß-Lindemann
Un amuleto fenopúnico del Golfo de Cádiz
*
**

Juan José López Amador1


José Antonio Ruiz Gil 2
1
Servicio de Arqueología y Restauración, Ayuntamiento de El Puerto de Santa María
2
Universidad de Cádiz

Resumo

Otolitos de corvina têm sido sistematicamente encontrados em ambientes que permitem relacio-
nar este resto de peixe com um uso ritual, pelo menos a partir da época fenício púnica. O seu apareci-
mento em santuários e necrópoles da área gaditana permite esta leitura, não podendo perder-se de vista
que ainda na actualidade os otolitos se usam, na região do Estreito de Gibraltar, como amuletos, quer em
brincos quer como pendentes de colar.

Abstract

Otoliths of meagre have been consistently found in contexts that allow us to relate the rest of
this fish with a ritual use, at least from the Phoenician-punic period. Its appearance in sanctuaries and
necropolis of the gaditana area allows this hypothesis, but we must also remember that they are used, till
today, in the region of the Strait of Gibraltar, as an amulet, either in earrings or as necklace pendants.

* Trabalho ampliado e revisto, originalmente apresentado como poster


** Nota do Editor:
Texto não revisto pelo autor. Todas as tentativas para contactar o autor de forma a que corrigisse as
provas tipográficas do seu artigo não tiveram sucesso.
Un amuleto fenopúnico del Golfo de Cádiz

Introducción

Como producto de una larga vinculación que desde la Prehistoria tienen con el océano, los
habitantes del área geográfica del Golfo de Cádiz dan un singular uso una pequeña parte de la
corvina, un pez muy vinculado con las gentes del mar. Pues bien, aquí en la Bahía de Cádiz, aún
se utilizan como amuleto los otolitos que lleva en la cabeza, que son bien conocidos para muchos
de nosotros. Posiblemente, sea una de nuestras más antiguas manifestaciones mágico-religiosas
con origen en el mundo marino. Desde antiguo, este hueso de aspecto alabastrino atrajo la aten-
ción de los marineros, que solían guardarlo como algo muy preciado.
El otolito mantiene su esencia como tradición marinera en toda la Bahía de Cádiz, particu-
larmente en la ciudad El Puerto de Santa María, aunque hemos podido ver un uso extendido por
la costa de Huelva y el Algarve portugués, fundamentalmente en el área geográfica del Golfo de
Cádiz. Actualmente está distribuido por toda la geografía nacional, adquirido en la mayoría de los
casos como adornos exóticos, sin saber que la tradición popular le dota de poderes sobrenatura-
les. La forma más común de llevarlo es trabada en hilos y cadena de oro, y colgada del cuello.
Aún se captura la corvina en nuestras aguas, y forma parte de nuestra gastronomía, espe-
cialmente en Cádiz y Huelva. Actualmente no es un pescado muy abundante y se encuentra en
regresión por todo el litoral. Hace unos años se solían capturar en algunas almadrabas, al quedar
atrapadas en el “copo” donde se pescaba el atún, pero siempre en una proporción muchísimo
menor que el número de atunes (A.G.A.).
La corvina (Argyrosomos regius), en inglés Meagre, en italiano Ombrina Boccadoro, y en
francés Maigre, es un pez, plateado, cuyo nombre, según la nomenclatura científica quiere decir
“cuerpo de plata regio”. Pertenece a la familia de los “esciénidos”, orden de los perciformes,
pudiendo alcanzar hasta 2 m de longitud y los 50 kilos de peso, a veces cerca de los 100 Kg, por 789
desgracia estos súper-ejemplares son muy escasos. Vive entre 15 y 300 metros de profundidad,
formando pequeños bancos distribuidos por las costas del Mediterráneo y parte oeste del mar
Negro, llegando por el Canal de Suez hasta el mar Rojo, en el Atlántico occidental desde Noruega,
normalmente desde el Canal de la Mancha, hasta Senegal y Congo.
Es un pez errático y muy voraz. Persigue a los bancos de mugílidos o clupeidos, peces más
pequeños, sobre todo cerca de las costas arenosas. Motivo por el que puede llegar a entrar en los
estuarios en busca de sus presas e incluso, los más jóvenes, en agua dulce, pues los alevines viven
en la superficie marina cerca de los estuarios. En primavera y verano se reúnen en pequeños ban-
cos cerca del litoral sur del Mediterráneo para la freza (tiempo del desove). Tiene la particularidad
de emitir unos fuertes sonidos que se oyen a gran distancia.
Anatómicamente, muestra un cuerpo alargado, con el eje de la cola alto y el hocico redon-
deado. La mandíbula inferior destaca poco con dientes pequeños y puntiagudos, en una cavidad
bucal de color dorado. El abdomen está ocupado por una gran vejiga. Las escamas son grandes.
Se marca una línea lateral. En cuanto a las aletas, la dorsal es doble y apenas separada, la primera
con 10 a 11 radios, duros y espinosos, la segunda con 27 a 29, blandos; la caudal es prácticamente
recta; mientras que la anal tiene 2 radios espinosos y 9 blandos; la pectoral es corta; la ventral
tiene un radio espinoso y el resto blandos. Las aletas son de color entre gris y marrón, mientras
que el dorso es algo más claro, los flancos quedan entre el dorado y el plateado, mientras que el
vientre es plateado.
La carne se destina a la venta directa y no a la conserva. Se prepara en forma de filete o
rodajas aprovechando para su corte la separación de las vértebras: la cabeza, que contiene el
otolito, una vez seccionada se vende aparte y a buen precio, según los pescaderos. La mayoría de
las corvinas que hoy se venden provienen del “Moro”, zona geográfica que comprende la banda
atlántica de Marruecos y el norte de las islas Canarias (Ferrer 1993). Es de esta zona de donde pro-

Juan José López Amador e José Antonio Ruiz Gil


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

vienen los ejemplares de mayor tamaño, llegando incluso a pesar desde los 12 a los 20 kilogramos.
Los capturados actualmente en el Golfo de Cádiz tienen un porte menor, aunque hay constancia
de la pesca de ejemplares de gran peso en Sancti Petri (A.G.A.).

Los otolitos de corvina como amuletos

Los otolitos, denominación originaria del griego: oûs-otos, oreja, y lithos, piedra, los tie-
ne la corvina en su cabeza. Los otolitos de los peces son unos cuerpos calcáreos situados en el
aparato vestibular (oído interno de los peces teleósteo) análogos a la otoconias de otros verte-
brados (A. Luque T. Ramírez. 2.000). El biólogo pesquero considera el otolito como una unidad
de almacenamiento de información, en él quedan registrado todos los acontecimientos de las
distintas edades del pez. Permiten él calculo de las edades, también la longitud del pez, así como
la maduración, cambios de habitad, y las migraciones. Además, analizando la proporción de oxi-
geno 16 y de su isótopo 18, se puede calcular la temperatura del agua en cada año de vida del pez,
otros átomos, como el estroncio y el calcio, indica en que masas de agua evoluciono el individuo
(Pérez-Gandaras Pedrosa 1997). Los otolitos se han convertido para muchos investigadores, en
una pieza clave en el estudio de la dinámica de poblaciones, grado de crecimiento, la mortalidad,
comportamiento migratorio de una población, etc, (A. Luque T. Ramírez 2.000).
Para saber que virtudes contiene, y que cuenta la tradición, hemos utilizado la sabiduría de
personas mayores relacionadas con el mar. Así mismo hemos llevado un otolito con nosotros, y se
ha preguntado lo que sabían a las respecto a personas que lo llevaban, a joyeros, en muelles, en
mercados, en un recorrido por ciudades y pueblos como Algeciras, Tarifa, Barbate, Conil, Cádiz, El
Puerto de Santa María, Sanlúcar, Huelva, Isla Cristina, Ayamonte, Vila Real de San Antonio, Tavira,
790 Faro, Sagres etc.
A nuestro amuleto se le atribuyen cualidades y propiedades curativas sobre cefaleas o do-
lores de cabeza, y buena fortuna, según la gran mayoría de las consultas que se han efectuado. Es
verdad que hay muchas versiones de sus poderes mágicos, pero en general, la base de todas gira
en torno a las mencionadas anteriormente en especial fortuna. Antiguamente, y de ello tenemos
constancia, los otolitos de corvina eran transportados en bolsitas de tela o, incluso, sueltos en
los bolsillos.
De los amuletos hay que decir que han sido empleados en todas las culturas y épocas de la
historia por sus supuestos poderes sobrenaturales. Las costumbres y tradiciones populares dan
singular relevancia a la magia, y en especial a los amuletos. Estos suelen ser objetos generalmente
portátiles y unipersonales a los que supersticiosamente se les atribuyen alguna virtud sobrena-
tural: preservar de algunos males, evitar y sanar enfermedades, o traer suerte. Para R. H. Laarss
(1997), la palabra amuleto es tal vez originaria de Oriente, los árabes llaman Hamalet (colgantillo o
pendiente) a la piedra y a la ficha que, sujetadas por un cordón, llevan al cuello. Este mismo autor
ve la diferencia entre talismán y amuleto en la producción de influencias benéficas en el primer
caso, mientras que en el segundo se rechazan los malos influjos (Laarss 1997).
Entre estos amuletos hemos incluido los otolitos. El portador considera que el amuleto
posee propiedades para ahuyentar el mal y los maleficios. Esta creencia forma parte de esa idea
consustancial en el hombre de atribuir poderes sobrenaturales a elementos de la naturaleza, as-
tros, animales, plantas, rocas, etc. Al pez se le atribuyen poderes sobrenaturales, se le considera
como un ser psíquico, dotado de poder ascensional de lo inconsciente, tiene sentido fálico, es
símbolo de fecundidad, etc. (Cirlot 1969). Otras culturas le atribuyen un simbolismo espiritual,
como ocurría entre los chinos, babilonios, asirios y fenicios. En la actualidad se esta comenzando
a conocer la importancia de la participación de animales marinos en ofrendas rituales en templos
y necrópolis como la de Cádiz (Niveau de Villedary e.p.).

Arqueologia, sítios e materiais


Un amuleto fenopúnico del Golfo de Cádiz

791
Fig. 1. Corvina, cabeza de corvina con la ubicación de los otolitos, colgante de oro con otolito

Hasta ahora se había dado una versión actual del uso de este amuleto, pero desconoce-
mos qué valor podría tener cuando aparece en contextos arqueológicos, ofrendado en ritos del
abandono de una cabaña, formando parte del ajuar personal y de los ritos funerarios de ciertos
enterramientos, o depositados como ofrenda en los santuarios. Estamos convencidos de que si
la corvina fue apreciada por su carne, también lo fue, y posiblemente más, por estos objetos de
aspecto extraño.

Arqueología de los otolitos de corvina

Es difícil su seguimiento como hallazgo arqueológico. Debemos tener en cuenta que por
su aspecto -parece una pequeña piedra blancuzca, a veces de tono marfil- es fácil que pase inad-
vertida enterrada en la tierra. Los otolitos forman parte de la estructura ósea de la cabeza, sin
embargo aparece individualizado en la mayoría de los casos. Su hallazgo en varias excavaciones
arqueológicas, especialmente en espacios sagrados, se relaciona con los poderes sobrenaturales
que le suponen los marineros.
En la Bahía de Cádiz, concretamente en Puerto Real, han sido hallados otolitos, en el ya-
cimiento del Retamar, fechado por 14C en 6.370 +- 80 años BP (5.025 Cal). Parece tratarse del
primer asentamiento estacional frecuentado por una sociedad tribal comunitaria que desarrolla
un modo de economía recolectora –la pesca-, y una explotación del medio natural marino. En
principio, no están relacionados con ningún ritual, se trata de cuatro otolitos localizados en los
hogares 11, dos pertenecientes al mismo individuo, 12 y 13, estos dos últimos de individuos distin-

Juan José López Amador e José Antonio Ruiz Gil


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

tos (Ramos y Lazarich 2002). Por tanto, son tres los individuos localizados en el yacimiento, todos
en el interior de hogares y, significativamente, no se han hallado otros restos que pertenezcan a
la corvina (Argyrosomos regius).
Restos de corvina han sido hallados en el cabezo de San Pedro, en Huelva, pero ninguno de
ellos corresponde a otolitos. También hay despojos de corvinas en Toscanos (Málaga), también sin
otolitos (Morales, Roselló, Moreno, Cereijo, y Hernández 1995). En Castro Marim (Portugal), la cor-
vina es la segunda especie en abundancia, con mas de cuatrocientos restos. En este lugar, la abun-
dancia de corvina, notoria a principios del 1er milenio antes de nuestra era, aumenta hacia la mitad
de este milenio, y baja de nuevo a finales de la Edad del Hierro, comunicación personal de D. Arturo
Morales Muñiz. En este yacimiento la corvina es el segundo pescado por número de capturas; sin
embargo, no hay ningún otolito, en este caso la ausencia no parece casual, pues quien manipulara
estos pescados antes de tirar sus restos extrajo los otolitos. Su valor parece ser conocido.
Uno de los lugares más antiguos donde los hemos encontrado, es el fondo de cabaña del
Bronce Final en Pocito Chico. Está fechado por 14C en torno al año 1.000 a.C. cal. (Ruiz y López
2001). Se trata de una gran cabaña de cubierta vegetal, semiexcavada en la marga, usada durante
largo tiempo. Pues bien, una vez perdió su utilidad y sus moradores decidieron abandonarla,
realizaron una serie de rituales, hasta rellenar en varias etapas el hueco excavado que ocupaba la
choza y, justo en ese relleno, junto a otros elementos como un pequeño cuchillo de hierro, copas
a torno, cuentas de collar de cornalina, etc., encontramos otolitos, nuestro amuleto, formando
parte de las ofrendas que allí se depositaron, y que posiblemente pertenecían a una de las perso-
nas vinculadas a esta cabaña.

792

Fig. 2. Excavación en Pocito Chico, cerámica indígena junto a copas a torno,


elementos de cornalina, y fragmento de estela de guerrero con casco de cuernos

Arqueologia, sítios e materiais


Un amuleto fenopúnico del Golfo de Cádiz

En otro lugar, también muy cercano y conocido por todos, el Castillo de Doña Blanca (Ruiz
Mata 1988, 1986-1989, 1994) se encontró en una de las tumbas excavadas en el Túmulo 1 de la
Necrópolis de Las Cumbres, un otolito que formaba parte de los rituales funerarios en la tumba
principal del túmulo, la fenicia (información que agradecemos a la subdirectora de la excavación
Carmen J. Pérez Pérez). El otolito se situaba bajo los vasos cerámicos que contenían las cenizas
de una persona incinerada junto a sus objetos personales: cuentas de oro y alabastro, pendientes
de plata, anillos, vasos de alabastro, etc., fechados en el siglo VIII a. C. En este caso, y en el de
Huelva como veremos, al tratarse de tumbas, el hallazgo de estos otolitos cobra una singular
importancia, ya que nos hacen presuponer un uso similar al actual. De no ser así, sí quedaría claro
que se trata de un elemento de uso personal.
De nuevo en el poblado de Doña Blanca, pero en las excavaciones de la ciudad, hallamos
nuestro amuleto. En esta ocasión su contexto es urbano por lo que no podemos atribuirle ningún
uso sacro predeterminado, únicamente reseñar su aparición en una ciudad tan marinera como
esta. Hay recogidos un total de 8 otolitos, según se desprende del estudio que sobre la fo.30
hicieron E. Roselló y A. Morales en 1994, localizados en los niveles del XVII al VI, fechados entre
los siglos VIII al V a.C.

793

Fig. 3. 1, Excavación en el Túmulo 1 de la Necrópolis de las Cumbres, tumba fenicia y algunos elementos del ajuar.
2, joyas y jarro de la tumba 5 dela Necrópolis de La Joya. En ambas tumbas se encontraron otolitos de corvina

Juan José López Amador e José Antonio Ruiz Gil


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

La aparición en el mismo casco urbano de Huelva nos habla de que es en el marco del Golfo
de Cádiz donde se usa este amuleto, coincidiendo tanto en la Antigüedad como en la actualidad.
Como decimos, se halla en Huelva en la magnífica necrópolis de época tartésica de La Joya, siglo
VII a. C. Sus tumbas son bien conocidas por los ricos ajuares metálicos: jarros, soportes, braseros,
adornos de carro, etc. En concreto, en la Tumba n1 5, su ajuar contenía además de un jarro de
bronce decorado típico de Rodas, un brasero también de bronce, fragmentos de un recipiente
de plata, un anillo de oro macizo con una representación de grifos en el sello, un fragmento de
hierro, un fragmento de marfil con decoración grabada, cuentas de collar de ámbar y vasos cerá-
micos, etc. “dos cartílagos de pescado marino de color blanco y aspecto alabastrino”, según su
excavador, J. P. Garrido Roiz (1970), que, como hemos comprobado, son dos otolitos de corvina,
nuestro amuleto.
También en las excavaciones urbanas de Huelva encontramos dos otolitos en Puerto 29,
uno completo y otro fragmentado, procedentes del estrato 8, fechado entre el 650 y 625 a C.
(Roselló 1990). Recordemos que en el cabezo de San Pedro no había otolitos. Así mismo, han
sido hallados en el reciente estudio de los materiales arqueológicos procedentes de en Huelva
(González, Serrano y Llompart 2004, lám. LXXII).
En las recientes excavaciones arqueológicas en Gorham’s Cave, en Gibraltar (comunica-
ción personal que agradecemos al codirector del proyecto de investigación, D. Francisco
Giles Pacheco), sabemos que han sido hallados varios otolitos, en los niveles del santuario feni-
cio. Aparecen depositados como ofrenda junto a otros elementos como cerámicas, escarabeos
egipcios, anillos, etc. Están repartidos en diferentes depósitos estratigráficos, con cronología que
abarca desde el siglo VIII al III a.C.
Hay en Sanlúcar de Barrameda un
794 yacimiento situado en el pinar de la Algai-
da, que parece ser un santuario, dedicado
al Lucero del Atardecer (Venus), ubicado
junto al antiguo Lacus Ligustinus. Por la
gran cantidad y calidad de los materiales
recuperados, debió de ser un lugar muy
frecuentado por los pescadores de la épo-
ca, entre los siglos V al II a.C. Como hemos
podido comprobar al estudiar los restos
en el Museo de Cádiz, la mayoría de los ob-
jetos que se han extraído en el transcurso
de las intervenciones arqueológicas son
personales, como pendientes, collares de
cuentas de cornalina y numerosísimos ani-
llos con sellos.
Detengámonos un instante en estos
anillos. Generalmente están decorados con
figuras en bajorrelieve por su parte exte-
rior, algunas veces suelen ser figuras o ani-
males mitológicos. Un ejemplo de esto lo
encontramos también en un anillo de plata
hallado en el río Guadalete, con la figura
de Hércules. En muchas ocasiones son pe-
ces o mariscos claramente identificables: Fig. 4. Anillos con sellos de la Algaida, 1 delfín con tridente,
así podemos distinguir, mojarras, atunes, 2 mojarra, 3 pejesapo, 4 buey de mar, 5 langosta, 6 centollo

Arqueologia, sítios e materiais


Un amuleto fenopúnico del Golfo de Cádiz

sargos, calamares, pulpos, etc; queda claro, como vemos, que se trata de especies características
del Golfo de Cádiz. Pues bien, desde nuestro punto de vista, estos bajorrelieves son los sellos que
representan los anagramas comerciales de los propietarios o concesionarios de pequeñas factorías
pesqueras, que desde al menos el siglo VI a.C. están elaborando conservas de pescado por toda la
Bahía de Cádiz, preferentemente desde la desembocadura del río Guadalete al Guadalquivir.
Continuamos con los hallazgos del santuario. También se encuentran vértebras de pes-
cado, y otros tantos moluscos perforados, junto a otros tipos de exvotos, vasos de cerámica,
terracotas, figurillas de bronce -algunas de procedencia etrusca-, y pendientes de metal. Junto a
todo ello, un total de 49 otolitos de distintos tamaños, que fueron depositados, al igual que los
otros objetos, como ofrendas.
La cercanía de este santuario a las factorías púnicas pesqueras portuenses relaciona, desde
nuestro punto de vista, la cantidad de otolitos encontrados en el santuario de La Algaida, y la au-
sencia de restos de cabezas en las corvinas encontradas en la Factoría nº 6 de El Puerto de Santa
María. Su considerable tamaño, junto a la sección de la cabeza –donde se alojaban los otolitos-,
demostraría que la necesidad de abastecer de estas ofrendas compensaría económicamente el
derroche que se produce al tirar una importante pesca de una misma especie, como más adelante
veremos. Nuestra opinión es que las ofrendas del santuario de La Algaida están estrechamente
vinculadas a los marineros que habitaban, trabajaban o arribaban a nuestras costas en relación
a las factorías conserveras. Iban allí a depositar sus ofrendas en agradecimiento a los favores
otorgados.

795

Fig. 5. Ofrendas recuperadas junto a otolitos en La Algaida

Juan José López Amador e José Antonio Ruiz Gil


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

796

Fig. 6. Factorías pesqueras Púnicas de El Puerto de Santa María

Arqueologia, sítios e materiais


Un amuleto fenopúnico del Golfo de Cádiz

En el estudio de los restos óseos de pescado recuperados de una fosa en una de las facto-
rías pesqueras en El Puerto de Santa María, la n1 6, de época púnica -siglo IV a. C.-, realizado por
A. Morales y E. Roselló en 1990, se llegó a la conclusión de que todos los restos pertenecían a una
sola especie, la corvina. Del estudio osteométrico se conoce aproximadamente el buen tamaño
de estos ejemplares, entre 1 y 2 metros, conservándose muy completos. Llama la atención de
estos dos autores el tipo de manipulación que los pescadores de la época hacían sobre los indivi-
duos capturados. La cabeza aparece seccionada por el puente óseo de la cintura pectoral, en su
zona más frágil.
Hoy en día, se descabeza este pez siguiendo tal descripción, pero el resto del pescado se
corta en rodajas utilizando la separación entre vértebras. De haberse seguido esta forma de cor-
te en los restos de la Factoría nº 6, es lógico pensar que no hubieran aparecido los restos enteros.
Es muy significativo, entonces, que en el conjunto de huesos encontrados no aparezca ni una sola
parte de la cabeza del pescado. Quizá porque se destinaba a otro tipo de práctica.

Discusión

Aún son pocos los datos que tenemos de este singular objeto arqueológico, aunque los
que poseemos concuerdan en la coincidencia de su rastro. Este rastro nos conduce a una serie de
evidencias a tener en cuenta. Su aparición siempre forma parte de las ofrendas en distintos ritos,
delimitados claramente en el tiempo. En el momento más antiguo participa en el relleno ritual de
una choza junto a materiales orientales; en los ritos funerarios de dos tumbas, una del siglo VIII,
y otra del VII a. C., ambas de posible origen fenicio; también en el siglo VIII a. C., y en adelante,
en este caso en las ofrendas del santuario fenicio de Gorham’s Cave en Gibraltar. En un segundo 797
momento, a partir del siglo VI a. C., y hasta el III-II a. C., sólo aparece como ofrenda en los santua-
rios. Resulta decisivo que la gran cantidad de tumbas de estos siglos excavadas en Cádiz, no haya
proporcionado ningún otolito hasta el momento.
Así pues, al menos podemos definir claramente su uso en época fenopúnica, adaptándose
y superviviendo desde la fundación de Gadir hasta la llegada de los Romanos. A partir de aquí los
marinos delas Gadeiras en sus creencias y tradiciones lo han mantenido. Es posible que el primiti-
vo uso no fuese el mismo, aún así su uso continua siendo mágico-religioso.
Seguro que en presentes y futuros trabajos irán apareciendo más otolitos, sobre todo en
el área geográfica que tratamos. Evidentemente no se trata de una arqueología espectacular,
pero pudiera ser que al menos sirviera para contarnos algo de lo que ha permanecido en el espa-
cio y el tiempo.
Para finalizar queremos decir, que nos gustaría poder ofrecer alguna teoría más al res-
pecto, su procedencia, su uso, etc. Pero como es lógico son aún pocos los datos que poseemos.
Gracias a la tecnología y los análisis actuales como el ADN y otros, tal vez muy pronto sepamos la
procedencia geográfica de alguna de las personas que en la antigüedad utilizaban nuestro amule-
to, y esto junto a otros datos nos aclaren un poco más sobre este singular patrimonio.
En la actualidad este amuleto tan arraigado en el Golfo gaditano, se ha visto trasladado a
otras zonas de Andalucía, y también de España, como adorno personal, pero aquí ha quedado
como parte de nuestro ajuar personal y nuestra tradición oral.
Sea como fuere, este amuleto se distribuye en una región geográfica concreta como es el
Golfo de Cádiz. Con una función creadora, en un sistema de relación hombre-objeto de manera
muy compleja, especificándose creencias religiosas en relación con el medio natural, escondien-
do viejos ritos bajo creencias tradicionales, que por fortuna perduran hasta la actualidad.

Juan José López Amador e José Antonio Ruiz Gil


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fuentes

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799

Juan José López Amador e José Antonio Ruiz Gil


Colgantes de pasta vítrea
en forma de cabeza negroide

Jordi H. Fernández
Benjamí Costa
Ana Mezquida
Museu Arqueològic d’Eivissa i Formentera

Resumen

En este trabajo pretendemos llamar la atención sobre un tipo de colgante en pasta vítrea,
del que en la necrópolis del Puig des Molins (Eivissa) han aparecido diez ejemplares. Se trata de una
pequeña cabecita masculina en bulto redondo, fabricado con molde bivalvo y claros rasgos negroides.
Si bien se trata de un tipo de colgante bastante raro, algunos ejemplares están presentes en diversos
lugares del Mediterráneo antiguo. Sin embargo, los rastreos bibliográficos realizados y las múltiples
consultas efectuadas parecen indicar que es en la isla de Ibiza y en Chipre donde se han encontrado un
mayor número de piezas de este tipo.

Abstract

In this paper we aim to call the attention on a type of glass pendant, of which ten specimens
have been found at the necropolis of Puig des Molins (Eivissa, Balearic Islands). It is a small male
head in all-round volume, with clear Negroid traits, made in a two valves mould. Although it is a quite
scarce item, some have been found in several places of the Ancient Mediterranean. However, the
bibliographical researches as much as the many consultations we have done, seem to indicate that it is
in the islands of Ibiza and Cyprus where the larger number of these glass heads have appeared.
Colgantes de pasta vítrea en forma de cabeza negroide

1. Introducción

En este trabajo pretendemos llamar la atención sobre un tipo de colgante fabricado en


pasta vítrea, no muy abundante, pero presente en diversos lugares del Mediterráneo antiguo. Se
trata de una pequeña cabecita masculina en bulto redondo, con claros rasgos negroides.
En Ibiza se ha encontrado un notable número de ejemplares, todos ellos procedentes del
Puig des Molins, que en la actualidad se conservan en distintos museos españoles1. Así, el Museu
Arqueològic d’Eivissa i Formentera (MAEF) conserva cinco ejemplares; otros dos se encuentran
en el Museo Arqueológico Nacional de Madrid (MAN), el Museu Nacional d’Arqueologia Catalun-
ya (MNAC) conserva dos ejemplares más, y otra cabecita se encuentra en el Museu del Cau Ferrat
(MCF), en Sitges (Barcelona).

2. Descripción de las piezas

1. Colgante que representa la cabeza y parte del cuello de un varón de raza negra. Con ani-
lla de suspensión en la cabeza. De cabello ensortijado y rasgos típicamente negroides. Fabricado
con molde bivalvo, en vidrio de color negro. De técnica buena, muy bien conservado y con los
rasgos muy nítidos. Altura 2,05 cm; anchura 1,01 cm; grosor 0,97 cm. MAEF nº 4.165; nº 114 de la
campaña de 1923, hipogeo nº 22. (Fernández, 1992, p. 192 nº 515; fig. 108, lám. XCIV nº 515).
2. Colgante similar al anterior. Conservación regular y de rasgos poco nítidos a causa de
la degradación del vidrio, que ha adquirido una tonalidad grisácea. Altura 1,79 cm; anchura 0,94
cm; grosor 0,86 cm. MAEF nº 4.166; nº 115 de la campaña de 1923, hipogeo nº 22. (Fernández, 1992,
p.192 nº 516, fig. 108, lám. XCIV nº 516)
3. Colgante similar al anterior. La anilla de suspensión está engarzada por otra de plata muy 801
oxidada. Muy bien conservado y de técnica excelente. Altura 2,07 cm; anchura 1,4 cm; grosor 1,1
cm. MAEF nº 4.387; nº 14 de la campaña de 1924, hipogeo nº 2 (Fernández, 1992, p. 248 nº 736, fig.
138, lám. CXXV nº 736).
4. Colgante similar a los anteriores. De factura irregular por ligero desplazamiento de las
valvas del molde. Anilla de suspensión rota en parte. Bien conservado, con los rasgos muy nítidos.
Altura 2 cm; anchura 0,94 cm; grosor 0,91 cm. MAEF nº 6360.
5. Colgante similar a los anteriores. Conservación regular, le falta parte de cuello. Vidrio
degradado que ha adquirido una tonalidad grisácea. Altura 1,74 cm; anchura 0,91 cm.; grosor 0,75
cm.; MAEF nº 6361.
6. Colgante similar a los anteriores. Bien conservado. Anilla de suspensión rota.
Altura 2 cm; anchura 1,1 cm; grosor 0,90 cm. MAN nº 1973 / 36 / 686.
7. Colgante similar a los anteriores. De técnica buena, bien conservado y con los rasgos
nítidos. Altura 2 cm; anchura 1 cm; grosor 1 cm. MAN nº 1973 / 36 / 687.
8. Colgante similar a los anteriores. Desgastado y mal conservado, con abundantes irisacio-
nes blanquecinas. Falta la anilla de suspensión. Altura 1,5 cm; anchura 0,9 cm. MNAC nº 9.286.
9. Colgante similar a los anteriores. Muy desgastado. Falta la anilla de suspensión. Altura 1,6
cm; anchura 0,9 cm. MNAC nº 31.256.
10. Colgante similar a los anteriores. Mal conservado por la descomposición del vidrio, con
irisaciones azuladas. Falta la anilla de suspensión. Altura 2,1 cm; anchura 1,1 cm; grosor 0,9 cm.
MCF nº 30345 (Carreras y Doménec, 2003, p. 52 nº 50).

1 Queremos agradecer la amabilidad de las Dras. Magdalena Barril y Esperanza Manso, Conservadora Jefe
y Ayudante del Departamento de Protohistoria y Colonizaciones del MAN respectivamente; a la Dra. Mª Teresa
Llecha, Conservadora Jefe del MNAC y a la Dra. Elisenda Casanova del Departamento de Documentación del MCF,
así como a sus respectivos Directores, su gentileza por remitirnos las fotografías e información de los ejemplares
conservados sus Museos y las facilidades para su publicación.

Jordi H. Fernández, Benjamí Costa e Ana Mezquida


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

802

Lámina 1

Arqueologia, sítios e materiais


Colgantes de pasta vítrea en forma de cabeza negroide

3. Paralelos

Llama la atención el escaso número de ejemplares que hemos podido localizar en la biblio-
grafía. Seguramente, su reducido número sea debido a la falta de publicación de las piezas que
puedan existir en los fondos de museos; pero, por otra parte, hemos de aceptar también nues-
tras limitaciones en la búsqueda bibliográfica. Todo ello nos impide evaluar en su justa medida su
origen y dispersión geográfica, así como su frecuencia, sus contextos y su datación cronológica.
Para intentar paliar este vacío en la investigación, nos pusimos en contacto con diversos
colegas y responsables de museos que, por sus excavaciones y su línea de investigación, o por
el contenido de sus fondos museísticos, era posible que tuvieran conocimiento de este tipo de
colgante2. En el caso de la mayoría de investigadores y conservadores que han tenido la gentileza
de contestar a nuestras cartas, la respuesta ha sido por lo general negativa3; pero, felizmente, en
otros - aunque los menos - positiva.
En la mayoría de casos, se trata de objetos procedentes de colecciones, sin lugar de proce-
dencia y, por consiguiente, sin información contextual alguna. Es el caso de la cabecita del Museo
del Vidrio de Lieja4, la que se encuentra en el Museo Cívico de Arqueología de Génova5 publicada
por A. M. Pastorino (1989, p. 41, nº 161, fig. 40) o la que recoge D. F. Grosse (1989, p. 365, nº 645
a y b), depositada en el Toledo Museum of Art. Por último hemos de citar otros tres ejemplares
publicados en el catálogo nº 5 de Numismatic Art & Ancient Coins (1987, p. 61, nº 294), datados en
el siglo II d.C., sin otras referencias.
De otros amuletos conocemos tan solo su lugar de origen. Es el caso de las siete cabecitas
procedentes de Egipto, sin otros datos, que se conservan en el Fitzwilliam Museum de Cambrid-
ge6, de las que tan solo dos han sido publicadas (Catalogue, 1978, p. 43, fig. 85, a). También cono-
cemos otras cuatro cabecitas halladas en Chipre7, sin datos de tres de ellas en cuanto a su exacta
procedencia. Dos se conservan en el Metropolitan Museum of Art de New York, otra en la Pierides 803
Foundation Museum de Lanarca y la cuarta fue hallada en Katô Paphos, ingresando en 1968 en el
Museo de Paphos (Karageorghis, 1969, p. 478 nº 4, fig. 89 a-b, nº Inv. 1921; idem, 1988, p. 46, nos
40-43 42), y a todas se les atribuye una datación ya en el período romano. Por su parte, F. Neu-
burg (1949, lám. XXXI, nº 104, 2º por la derecha) publica un ejemplar de su colección, procedente
de Palestina, sin otros datos. Otros dos ejemplares de la Colección Dobkin, tal vez procedentes
de Egipto, se encuentran en el Museo de Israel, recogidos por Maud Spaer, (2001, p. 162 y 168 nº
325-326, lám. 26), quien publica también otra cabecita hallada en las excavaciones de Tel Anafa

2 A lo largo del mes de abril de 2003 nos dirigimos a The Corning Museum of Glass, New York; Royal
Ontarium Museum, Toronto; Musée National du Bardo y Musée National de Carthage, Tunis; Musée du Lovre ,
Departament des Antiquités Orientales; Museo Archeologico de Oristano y Museo Archeologico de Villa Sulcis de
Carbonia, Cerdeña, sin obtener respuesta a nuestra consulta.
3 Queremos agradecer a la Dott.ssa Rosalia Camerata del Museo Archeologico Regionale “A Salinas” de
Palermo; al Dr. Mhamed Fantar, Titulaire de la Chaire du Président Ben Alí pour le Dialogue des Civilisations et des
Religions; al Dr. Fréderic Husseini, Director General des Antiquités du Musée de Beyruth; al Prof. Dr. Francesco
Nicosia del Museo G.A. Sanna di Sassari; a la Prof. Dott.ssa Antonella Spanò, Università di Palermo; al Dr. Jefrey
Spencer, Deputy Keeper, Department of Ancient Egypt and Sudan, British Museum; a la Prof. Dott.ssa Mª Luisa
Uberti, Università degli Studi di Bologna; al Prof. Dott. Raimondo Zucca, Università degli Studi di Sassari, por la
pronta respuesta aunque ésta haya sido negativa.
4 Agradecemos al Dr. Jean-Paul Philippart, Director Asistant de le Musée Curtius, Musé du Verre de Liege,
su información y la remisión de las imágenes que le habíamos solicitado.
5 Damos las gracias a la Dott.ssa Daniela Ferrari de de la Universidad de Bolonia que gentilmente nos ha
proporcionado algunas referencias bibliográficas de cabecitas de negro publicadas.
6 Queremos agradecer a la Dr. Sally-Ann Ashton, Assistant Keeper del Departament of Antiquities, la
información que ha tenido la gentileza de proporcionarnos y la remisión de las fichas informatizadas de los siete
amuletos negroides conservados en el museo.
7 Agradecemos al Prof. Dr. Vasos Karageorghis por la información proporcionada, que nos ha permitido
conocer la existencia de estos ejemplares chipriotas.

Jordi H. Fernández, Benjamí Costa e Ana Mezquida


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

(Eadem, 2001, p. 162, fig. 74) depositada en el Kesley Museum of Archeology de Michigan, datada
a finales del siglo II a.C.. Además cita como paralelos otros ejemplares, cuya bibliografía, lamenta-
blemente, no hemos podido consultar8. Por último, en la colección del Dott. Enzo Cammarata se
conserva otra pieza procedente de Montagna di Marzo, en Sicilia (Amata, 1992, p. 40; idem, 1996,
p. 147-148 nº 5, lám. IV, 2), fechada por el contexto del yacimiento entre los siglos IV-III a.C.
En lo que se refiere al hallazgo de estos colgantes de cabecita de negro en un contexto
arqueológico, a excepción de algunos de los ejemplares de Ibiza sobre los que más tarde vol-
veremos, conocemos tan sólo el ejemplar publicado por P. Cintas, hallado en la fosa nº 2 de sus
excavaciones en Tipasa (Cintas, 1948, p. 43, fig. 13), que apareció junto a varias cuentas de collar
igualmente negras y un recipiente en forma de cantimplora. Cintas llama la atención al hecho de
que nunca se haya encontrado –hasta la fecha de publicación de su trabajo- un amuleto igual en
Cartago, señalando su presencia en Chipre a partir de los citados en la obra de A. Ridder (1909, p.
272, 276-277 nos 627-635, sin representación gráfica), procedentes de la Colección de Clercq.
La cantimplora es un modelo antiguo, frecuente en Chipre y en el Próximo Oriente en épo-
ca fenicia, pero presente en el N de África sólo en época más tardía. Cintas recoge en su forma
364 un ejemplar de la necrópolis de Areg El-Rhazouani, fechándolo entre los siglos V-IV a.C (Cin-
tas, 1950, p. 159, lám. XXXI). Una cantimplora de las mismas características, sin especificación
de contexto, procede de la necrópolis de Gouraya (Glauckler, 1915, p. 323, lám. CCLXI, 2ª por la
derecha), cuyos materiales tienen un marco cronológico entre el siglo IV a.C. y el cambio de era.
Otra cantimplora fechada en la primera mitad del siglo IV a.C. fue hallada en una sepultura de la
necrópolis de Ard el Morali, excavada por Merlín en 1917 (Cintas, 1949, p. 46-47).
Otras dos cabecitas proceden de la sepultura infantil en ánfora T19 de la necrópolis de
Tuvixeddu (Salvi, 2000, p. 70, láms. XIX, XX y XXIII), en cuyo interior se hallaron algunos restos
humanos y algunos dientes que sitúan en menos de diez años la edad del difunto. El ánfora es
804 clasificada por la autora en el tipo D7 de Bartoloni (1988, p. 50, fig. 10), que se fecha en el siglo IV
a.C. Además de las cabecitas negroides, se hallaron un amuleto de hueso representando el símbo-
lo de Tanit, dos pendientes cónicos de metal, siete cuentas esferoidales de pasta vítrea, algunos
aritos de hueso y metal y una concha marina. Estos materiales, tal vez unidos por un hilo, habían
sido depositados después de la cubrición de la tumba, apoyados en pequeñas piedras.

4. Área de procedencia

La homogeneidad en la morfología y dimensiones de estos colgantes, lleva a plantear que


se trata de un tipo altamente estandarizado. Sobre todo si tenemos en cuenta que, entre las
conocidas, no existen dos piezas que puedan atribuirse a un mismo molde. Sin embargo, si suma-
mos también la identidad en la materia prima, que casi siempre es una pasta vítrea muy definida,
de color azul muy oscuro o negro, ello invita a pensar en una única área de producción y, por tan-
to, en un grupo seguramente reducido de talleres ubicados en un área concreta.
Con los datos actuales, resulta ciertamente aventurado intentar identificar dicha área de
producción, aunque con toda verosimilitud ésta deba situarse en el Mediterráneo Oriental. Por
tanto, la costa sirio-palestina o Egipto, dada su larga tradición en la producción de objetos de
pasta vítrea, sin descartar completamente la isla de Chipre, podrían ser los lugares de origen de
estos colgantes.

8 Petrie y Gardner, 1886: 43 (no ilustrado); Crowfoot et alii, 1957: 420, lám. 26,7; Smith, 1957: nº 191a;
Ettinghausen, 1962: fig. 60; Filarska, 1962: nº 9, lám. 3a; Weinberg, 1972: 15, fig. 10 centro; Alekseeva, 1978: Tipo
monócromo 196, lám. 34: 44-45; Constable-Mexwell Collection, 1979 nº 188; Vollenweider, 1979: nos 79-80; Tatton-
Brown, 1990: 113, lám. 22a-c; Nenna (en prensa): E177

Arqueologia, sítios e materiais


Colgantes de pasta vítrea en forma de cabeza negroide

5. Cronología

Como hemos podido ver la mayor parte de estos colgantes proceden de colecciones, sin
un contexto que permita establecer su cronología y en su mayor parte sin ni siquiera referencias
a su lugar de hallazgo.
De los ejemplares de Ibiza únicamente las cabecitas nos 1, 2 y 3 tienen contexto. Las nos 1 y 2
se hallaron en el hipogeo nº 22 de la campaña de 1923, (Fernández, 1992, p. 191-192, fig. 108, lám.
XCIV nos 515 y 516), que se encontraba muy saqueado, ya que, al margen de las cabecitas, única-
mente se encontró un plato de pocillo decorado con franjas rojas, muy frecuentes desde finales
del siglo V hasta mediados del IV a.C., y un ungüentario de vidrio de la forma Issing 26a/28a, que
se fecha en la 2ª mitad del siglo I d.C., evidenciando la utilización de este hipogeo, cuando menos
en estos momentos. Sin embargo, la propia escasez de objetos, por la causa mencionada, no
invalida la posibilidad de que esta sepultura haya sido utilizada en otros momentos cronológicos
intermedios aunque no tengamos materiales que lo señalen.
La cabecita nº 3 procede del hipogeo nº 2 de 1924 (Fernández, 1992, p. 246-252, fig. 138,
lám. CXXV nº 736), que por los materiales hallados en su interior revela una larga utilización como
sepultura, desde mediados del siglo V a.C. hasta el siglo II a.C.. La fase más antigua correspondería
a finales del siglo V a.C., por la presencia de una lucerna ática del tipo 21 B del Ágora fechada circa
430-420 a.C. (Howland, 1958, p. 46-47, fig. 6, lám. 34 nº 168). Este hipogeo acogió otras deposiciones
en el siglo IV a.C., como lo evidencia el ajuar que los acompañaba, entre los que encontramos dos
colgantes de figuras femeninas de pasta vítrea, un busto femenino de terracota y un lecitos aribalís-
tico. Nuevos enterramientos tuvieron lugar a lo largo del siglo III a.C., como nos lo indican lucernas
próximas al tipo 32 (Howland, 1958, p. 99-101, lám. 15 y 41) y al 25 B del Ágora (Howland, 1958, p.
72-74, lám. 10 y 38). Las últimas deposiciones se realizaron en la fosa del centro, datada por sus ma- 805
teriales en el siglo II a.C.
Vemos por tanto, que no resulta fácil, con los datos que manejamos y la escasez de ejem-
plares con una clara datación, establecer una cronología clara para estos colgantes con repre-
sentación de cabeza negroide. Con frecuencia la fecha que se les asigna es tardía, aunque no se
tengan referencias a contextos seguros, e incluso a algunos se les da dataciones tan opuestas
como la de Grose, entre el siglo III-I a.C., o la que figura en el catálogo de subastas de Numismatic
Art, con una cronología del siglo II d.C.
Entre las que tienen contexto, llama la atención la cronología de la cabecita procedente del
yacimiento de Tel Anafa en Israel, fechada a finales del siglo II a.C. y cuya datación no podemos
evaluar al habernos sido imposible consultar la publicación. En el caso de la hallada en Montagna
di Marzo, en Sicilia, se fecha por el contexto general del yacimiento, lo que no ofrece una garantía
absoluta sobre la datación propuesta. La cabeza de Tipasa fue hallada en el interior de una fosa
aparentemente intacta, y su datación en el siglo IV a.C. nos viene proporcionada por la cronología
de la cantimplora que le acompañaba, cuya datación se confirma con la fecha de las procedentes
de las necrópolis de Areg El-Rhazouani, Gouraya o Ard el Morali.
Por último, las dos cabecitas de Tuvixeddu aparecidas en un contexto que no puede ofre-
cer muchas dudas en cuanto a su datación en el siglo IV a.C.
Las cabecitas ibicencas nos 1 y 2, halladas en el hipogeo 22 de 1923, creemos que pueden
datarse a principios del siglo IV a.C. como parece indicar el plato de pocillo decorado con franjas
rojas fechado en estos momentos. Igualmente, la hallada en el hipogeo nº 2 de 1924 debe tener
la misma datación, porque creemos que sería contemporánea de las figuras femeninas de pasta
vítrea en posición de dar a luz del mismo hipogeo (MAEF 4390 y MAEF 4406), que ya fueron
objeto de un trabajo anterior (Fernández, 1996). Una figurita femenina de este tipo, se halló for-
mando parte del ajuar intacto del hipogeo 14 de la campaña de 1922 en el Puig des Molins, que se

Jordi H. Fernández, Benjamí Costa e Ana Mezquida


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

fecha entre el 425-400 a.C. (Fernández, 1992, p. 114-118, fig. 17, 58-59, láms. LIV-LVI). Esta datación
la hemos de hacer extensiva a los colgantes femeninos del hipogeo 2 de 1924 y también a la cabeza
negroide nº 3, si efectivamente, como pensamos, formaba parte de la misma deposición funeraria.
Por todo lo anterior, nos inclinamos a fechar los colgantes de cabeza negroide, al menos los
ejemplares ibicencos, tipasitano, sardo y probablemente siciliano, en el siglo IV a.C.. Ello no exclu-
ye que este modelo de colgante se haya fabricado a lo largo del tiempo sin apenas cambios, por
lo que es posible que su uso hubiese tenido una cierta perduración, que sólo la publicación de los
contextos en los que han sido hallados podrá dilucidar y determinar con exactitud.

6. Propuesta de interpretación

Las representaciones de negros sobre distintos soportes son una constante entre los pue-
blos del Mediterráneo, primero en Egipto y más tarde entre otras culturas ribereñas, siendo fre-
cuentes las representaciones en vasos plásticos, en figuras de terracota o en imágenes pintadas
en la cerámica griega (Vecoutter et alii 1976).
Sus representaciones en terracota son también abundantes en el mundo fenicio-púnico.
Ciñéndonos a Cádiz, podemos mencionar como ejemplos significativos la máscara negroide des-
cubierta en las excavaciones de P. Quintero (1932, p. 22 y lám. IX; Ferrer, Simón y Mancheño, 2000,
p. 596 y lám. II, 1), o la de un joven negro hallada en la Punta de la Nao, (Ramírez y Mateos, 1992),
fechada en el siglo VI a.C.
Tampoco podemos dejar de mencionar las representaciones de negros en la glíptica, espe-
cialmente en escarabeos (Boardman, 1995). Si nos centramos solamente en los hallazgos de Ibiza,
806 hemos de citar seis escarabeos con representaciones de negro, de los que sólo el MAEF 3659,
conservado en el Museo de Ibiza tiene datación, al proceder del hipogeo nº 15 de las excavacio-
nes de 1921 del Puig des Molins, (Fernández y Padró, 1982, p. 149-152 nº 53 y 202 nº 83; Fernández,
1992, p. 76-78, fig. 38, lám. XXXII, nº 53), en un contexto de finales del siglo V o inicios del IV a.C.
Los otros cuatro se encuentran en el Museo Arqueológico Nacional de Madrid, aunque uno se
encuentra perdido (Boardman, 1984, p. 55-56, nos 112-117).
Sin embargo, cabe puntualizar que estos colgantes encuentran su exacto parangón en al-
gunas representaciones de negros en pendientes rematados con cabezas humanas, como los ha-
llados en la propia Cartago (Cintas, 1976, vol. II, lám. LXXIX), o los conservados en el Louvre, con
cabecitas de negro talladas en ámbar y cabellera con espirales de hilo de oro (Snowden, 1976, p.
194, ill. 245). Nada tiene de extraño, por tanto, que las sociedades fenicio-púnicas incorporarán
sin ninguna dificultad un icono representando una cabeza de negro a su repertorio de colgantes
de pasta vítrea, dada la larga tradición que tenían las representaciones de tipos negroides en la
plástica y la glíptica.
Su hallazgo en contextos funerarios, junto con otros elementos a los que podemos otor-
gar la categoría de amuletos (dios Bes, mujer parturienta...), sugiere esta misma consideración
para estas cabecitas. Por otra parte, la identidad morfológica de estos colgantes en pasta vítrea
con las cabecitas que aparecen en los pendientes sugiere que ambos pudieron tener similar, sino
idéntico simbolismo.
En este sentido, hemos de llamar la atención sobre los pendientes rematados con cabeci-
tas que podemos ver en dos terracotas ibicencas, una en el Museo de Ibiza y la otra en el Museu
d’Arqueologia de Catalunya (Almagro, 1980, p. 136, lám. LXXVI, 1 y 3), de las que nos ocupamos
en otro lugar (Costa y Fernández 2002-2003), y que deben interpretarse como Tánit en su papel
de divinidad funeraria. Por ello, en la medida en que sea correcta la equiparación de las represen-
taciones de los pendientes de dichas figuras con las cabecitas de pasta vítrea en general, como

Arqueologia, sítios e materiais


Colgantes de pasta vítrea en forma de cabeza negroide

ya propuso Seefried (1982: 56), y con las cabezas negroides en particular, parecería acertada su
interpretación en contextos funerarios como un símbolo relacionado con la muerte, protegiendo
el alma del difunto en su tránsito al más allá (Costa y Fernández, 2002-2003: 70).

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808

Arqueologia, sítios e materiais


809
Estudio palinológico de Castro Marim
*

Ana Mª. Hernández Carretero


Escuela Forestal de Plasencia
Universidad de Extremadura

Resumen

El análisis palinológico realizado en el asentamiento arqueológico de Castro Marim ofrece


una valiosa información paleoambiental y paleoetnológica. A nivel paleoambiental, los cambios
detectados en la vegetación, obedecen posiblemente, a condiciones climáticas diferentes. A nivel
paleoetnológico destaca la intensa deforestación del medio natural como consecuencia de la ocupación
y aprovechamiento agrícola de este territorio desde la Edad del Bronce. Actividades agroganaderas
que debieron incrementarse a lo largo de las siguientes etapas culturales, acelerando con ello el
proceso de deforestación.

Abstract

The pollen analysis carried out in the arqueological settlement of Castro Marim, offers valuable
paleoenvironmental and paleoethnological information. To a paleoenvironmental level, the detected
changes in the vegetation are possibly due to different climatic conditions. To a paleoethnologica
level, the intense deforestation of the natural milieu is enhanced as a consequence of the agricultural
progress and occupation of this territory since the Bronze Age. The agricultural and farming activities,
which most likely increased during the next cultural stages, thus accelerated the deforestation
process.

* Trabalho ampliado e revisto, originalmente apresentado como poster


Estudio palinológico de Castro Marim

Localización geográfica

El asentamiento de Castro Marim se ubica sobre un cerro de 42 m. de altitud, en la margen


derecha del río Guadiana, muy cerca del delta de su desembocadura. El arrastre de materiales y
su paulatina sedimentación ha dado lugar a la formación de terrenos aluviales, de gran capacidad
agrícola. Otros materiales como las calizas, arenas, conglomerados han dado lugar a suelos más
pobres, dedicados en la actualidad a la explotación de pastos para el aprovechamiento ganadero.
El paisaje está rodeado por sierras, barrocales y el litoral. Los puntos más elevados corres-
ponden a la Sierra de Caldeirâo, con altitudes máximas en torno a los 900 m. Otras elevaciones de
menor altitud se corresponden con la Sierra de Alcaria do Cume, con cotas en torno a los 550m. de
altitud, donde se encajan pequeños arroyos creando un paisaje agreste, caracterizado por fuertes
pendientes. En estas sierras se desarrollan formaciones vegetales que pertenecen al orden Querc-
etalia ilicis, formados por árboles esclerófilos perennifolios (Quercus ilex, Q. rotundifolia, Q. suber);
en las zonas más elevadas y de barlovento, donde la influencia atlántica es mayor, estas especies
se acompañan o son sustituidas por árboles caducifolios (Q. faginea o Q. canariensesis) (Rivas Mar-
tínez, 1974). Sobre el barrocal se extienden los encinares y alcornocales acompañados de elemen-
tos más termófilos tales como acebuches, lentiscos, etc. En la actualidad estas formaciones están
muy alteradas, dominando las jaras, los brezos, etc. Por último, en el litoral las condiciones más
salinas crean un ecosistema más específico, caracterizado por pequeños desiertos salgados.
Las orillas del río Guadiana y de otros pequeños riachuelos que no sufren estiaje se pueblan
de alisos, fresnos, sauces, etc., especies que desaparecen en los arroyos que se secan durante el
verano, con condiciones más adecuadas para el desarrollo de adelfas, tamarices, etc. En la actua-
lidad estas series hidromorfas están muy alteradas ya que sobre ellos se asientan, en gran parte,
los regadíos de las vegas del Guadiana.
811

Valoración cultural

Las intervenciones arqueológicas que, bajo la dirección de la Dra. D. A.M. Arruda, se han
realizado a lo largo de seis campañas de trabajo, documentan una ocupación del cerro desde el
Bronce Final hasta época romana, con pervivencia durante la Edad Media y Moderna. Su privi-
legiada situación estratégica, localizado en la desembocadura del río Guadiana, sirvió de vía de
penetración y contacto entre las poblaciones del área ribereña y el interior peninsular. Ello explica
los intensos contactos que, a partir de la segunda mitad del siglo VII a.n.e., inicia y mantiene con
los comerciantes fenicios instalados en las tierras del Estrecho de Gibraltar (Arruda, 2002). Fruto
de esos contactos se han recuperado cerámicas de barniz rojo, trípodes fenicios, ánforas fenicias,
etc., es decir, un considerable número de productos manufacturados fenicios en función de los
que se argumenta la posibilidad de una estructura social jerarquizada, económica y políticamen-
te, que mantendría y controlaría estrechas relaciones comerciales entre las poblaciones del inte-
rior del valle del Guadiana y el Mediterráneo Oriental a través del comercio gaditano. Estos flujos
comerciales parecen estar encaminados a los recursos metalíferos de las regiones interiores con
importantes potencialidades mineras (Arruda, 2002: 53).

Material y metodología

El análisis palinológico se ha realizado sobre un total de quince muestras, cinco tomadas


en diferentes unidades estratigráficas de la excavación (Tabla 1), mientras que la columna políni-
ca pertenece al Sector 1, Perfil Noroeste-Sudeste (Fig. 1) donde se tomó una muestra cada diez

Ana Mª. Hernández Carretero


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

centímetros. Cuatro de los análisis polínicos han resultado estériles, concretamente los corres-
pondientes a los 20 y 30 cm. de la columna polínica y los del Corte 21-22, uno de ellos adscrito al
Bronce Final y otro al Periodo Orientalizante, por lo tanto, la mayoría de los resultados polínicos
se adscriben a la etapa de la II Edad del Hierro. Ello nos impide valorar la evolución de la vegeta-
ción y los cambios paisajísticos a lo largo de la ocupación del cerro.

CORTE ESTRATO Nº. MUESTRA FASE CULTURAL

Fase II
Muestra 19 C-21-22 ue. 1253
(P. Orientalizante)
Bajo muro Fase I
Muestra 20 C-21-22
(1 estrato) (Bronce Final)
Fase II
Muestra 21 ue. 897 Nº. 140
(P. Orientalizante)
Fase IV
Muestra 35 ue. 1011 Nº. 157
(Hierro II)
Fase IV
Muestra 36 ue. 983 Nº. 154
(Hierro II)

Tabla 1. Muestras polínicas de Castro Marim

La determinación de los tipos polínicos se basó en las claves de Valdés et al. (1987), Moore et
al. (1991) y Reille (1992). Los microfósiles no polínicos los identificamos según la tipología numérica
establecida por la Escuela del Dr. B. van Geel de la Universidad de Ámsterdam (Holanda) y por los
812 trabajos del Dr. López Sáez (López Sáez et al., 2000) del Instituto de Arqueobotánica del CSIC.
Los resultados palinológicos se representan en un diagrama polínico, donde se recogen
los valores de cada palinomorfo obtenidos en relación con la Suma Base Polínica (SBP), formada
por el número total de árboles, arbustos (AP) y herbáceas (NAP), quedando excluidas las esporas
de criptógramas, los palinomorfos de especies hidro-higrófitas y los microfósiles no polínicos. La
suma base de cada muestra supera, al menos, un total de 200 pólenes y un mínimo de 20 taxones
diferentes, valores indicativos de un estudio estadísticamente fiable (Sánchez Goñí, 1993).
Los procesos físico-químicos los realizamos en el Laboratorio Agrario de la Junta de Extre-
madura en Cáceres. Se utilizó la metodología clásica (Girard & Renault-Miskovsky, 1969) con las
mejoras introducidas en el Laboratorio del Instituto de Arqueobotánica del CSIC, que supone la
eliminación de los carbonatos con ácido clorhídrico, de la materia orgánica con NaOH al 20% al
baño maría y la concentración de los palinomorfos en licor de Thoulet, filtrados después a través
de filtros de fibra de vidrio. Con posterioridad, se utiliza FH al 48% para destruir la fibra de vidrio
y los silicatos.

Resultados y discusión

La única muestra no estéril adscrita a la etapa Orientalizante revela un reducido porcentaje


del grupo de árboles y arbustos (AP), que apenas alcanza un 10%, lo que indica amplios espacios
abiertos en los que se desarrollan especies herbáceas características de espacios muy antropiza-
dos. El conjunto arbóreo está constituido básicamente por Quercus ilex type, acompañado por al-
gunos taxones arbustivos que constituyen las etapas seriales de la degradación de esta asociación
vegetal, Viburnum, Daphne, etc. La documentación de especies pirófitas como Helianthemum type
revela la práctica de fuegos en las inmediaciones del hábitat.

Arqueologia, sítios e materiais


Muestras polínicas
Castro Marim
Árboles y arbustos Herbáceas Acuáti. Esporas Microfós.
Diagrama 1
ae
ce a
th pe
an pe pe t y f. ar
pe ar t y y ia di ul
ty m in .
pe . ca / A us t a t ed
a y pe e s ndif circ
ai e e e e o p ol r /m t a e et i a
ty s t .
y t pe a a ae s a e l
o e a s e
en pe ty e ea ce e ce e a e e on ce yo
t o ia c e
e m
u m str ex
e l yr ea la c l la ea ia ac ae e sa e a or an ma m ace e e on le t iz
p e e lv i p ty lu s e
is ac u e y e a id ac c l u l e ce lar m era a e ea yp m tr i ch
t y ne um d e yp od vul ce r ae m e a um e no
s us h ac
e a nu s n th si cus cus s
i a s r r u rn em o rt gin pa n u ea op h au r a lia or io
t no p vul ula ife niu in
s c a m e ric a ta mi
i u c e ae ver a go a go a go on n cu cea x a hu t ru llif ce ra c s t le s le s d os 18 55
a t t t g u a e p l ic e a e c u a a u O O
th p h t e n n n ly n s m r o a b c
n u ist ap r ic r ax eli in u u e u e lm ib u ra am ar d ar y en ere ich he on ra ru e r r a yp b g li a p a a a a o u m rt i yp n lic lic e P P
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1 Fase IV. Hierro II
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Ana Mª. Hernández Carretero

DIAGRAMA POLÍNICO CASTRO MARIM


PERFIL 1, SECTOR NOROESTE-SURESTE
Diagrama 2 -II Edad del Hierro-.

Árboles y Arbustos Herbáceas Acuát. Esporas Microfósiles

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Fig. 1. Diagramas polínicos de Castro Marim


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ANA Mª. HERNÁNDEZ CARRETERO


Estudio palinológico de Castro Marim

813
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Olmos y fresnos poblarían las orillas del río Guadiana, pero su presencia, casi puntual, refle-
ja la alteración de estas ripisilvas, seguramente como consecuencia de la explotación agrícola de
estos suelos aluviales de mayor capacidad agrícola.
El grupo herbáceo (NAP) domina el conjunto polínico, son mayoritarias las especies nitró-
filas como Cichoiroideae, Aster type, Anthemis type, etc., que, por lo general, aparecen sobrerre-
presentadas en los yacimientos arqueológicos asociados a los fenómenos antrópicos. Entre la
flora herbácea destacamos la importancia de Cerealia para valorar los aspectos paleoeconómicos
del hábitat de Castro Marim. Sus valores, aunque bajos, son suficientes para asegurar la práctica
de actividades de cerealicultura en zonas más o menos próximas al poblado (Behre, 1981; López
García et al. 1997). Junto al cereal se identifican otras especies arvenses que crecen como malas
hierbas en los campos de cultivos – Centaurea, Plantago coronopus type, Rumex acetosella type,
Polygonum, etc. Teniendo en cuenta los bajos valores que presente Cerealia hay que plantear que
los campos de cultivos se ubicarían a cierta distancia del poblado, ocupando, con toda seguridad,
los fértiles suelos próximos al río Guadiana, ello, afectaría a la serie edafófila lo que explica la es-
casa importancia de la ripisilva.
A la actividad agrícola se debía sumar las prácticas de pastoreo, cuyos pastizales estarían
formados por Gramineae, Plantaginaceae, Fabaceae, Chenopodiaceae/ Amaranthaceae, etc. En
este mismo sentido, mencionamos la identificación de algunas esporas de especies de hongos
coprófilos como el Tipo 55A (López Sáez et al., 2000) que indican la existencia de ganado en el
entorno.
En las muestras correspondientes al Hierro II se documenta un incremento del grupo AP,
que llega a alcanzar valores próximos al 20 %, índices representativos de un bosque más o me-
nos denso, de tipo dehesa. El aumento de este conjunto está motivado, fundamentalmente, por
814 la presencia de Quercus pyrenaica type, quercínea adaptada a condiciones ambientales más hú-
medas, que, probablemente, ocuparía las áreas de mayor altitud y más influenciados por las si-
tuaciones atlánticas, donde las precipitaciones son más intensas. También se constata un ligero
crecimiento de Quercus ilex t., así como la presencia de otros taxones como Pinus sylvestris t. y de
elementos arbustivos – Ericaceae, Cistus type -. Igualmente es posible constatar un incremento
porcentual de las especies riparias en las muestras de la II Edad del Hierro, a la vez que se iden-
tifican mayor variedad de especies - Alnus, Ulmus, Fraxinus, Populus, algunas enredaderas como
Lonicera que treparían por los troncos de los árboles-. Somos conscientes de lo arriesgado que es
cotejar estos datos con los correspondientes al Periodo Orientalizante, son necesarias un mayor
número de muestras para determinar posibles cambios en el paisaje. Tan sólo señalamos que este
incremento del grupo arbóreo no parece obedecer a un retroceso de las actividades humanas
sobre el medio, lo que, evidentemente, conllevaría una recuperación de la vegetación natural.
La identificación de especies herbáceas nitrófilas que alcanzan valores muy altos, de otras consi-
deradas como malas hierbas, así como de microfósiles no esporo-polínicos, son testimonios de
la pervivencia de las actividades humanas iniciadas en etapas anteriores, e incluso de una inten-
sificación de las mismas. Si es cierto que este aumento de AP podría estar motivado por unas
condiciones climatológicas más húmedas, lo que explica la identificación de Quercus pyrenaica
type, Alnus, etc., en el mismo sentido se puede valorar, igualmente, la importancia de herbáceas
asociadas a suelos edafófilos, como Cyperaceae, Juncaceae, Potamogeton, Thalictrum, etc. que
poblarían las orillas del río Guadiana, así como de los diferentes tipos de filicales.
A nivel paleoeconómico, las actividades agropastoriles siguen teniendo un papel funda-
mental en la base económica del poblado. La identificación de palinomorfos de cereal y de otras
herbáceas que acompañan a los cultivos cerealísticos como Plantago coronopus type, Rumex ace-
tosella type, Valerianella, así como de algunos microfósiles no esporo-polínicos, tales como el Tipo
207 (Glomus cf. fasciculatum), microfósil que parece habitar en los terrenos erosionados, provoca-

Arqueologia, sítios e materiais


Estudio palinológico de Castro Marim

dos por la roturación de las tierras en los procesos de cultivos, revelan el desarrollo alcanzado por
la agricultura. La identificación de algunos hongos carbonícolas, como el Tipo 6, así como de pali-
nomorfos de Asphodelus albus type y Helianthemum type, revelan el uso del fuego en las cercanías
del hábitat, quizá relacionado con la práctica de incendios locales para abrir claros en el bosque
donde ubicar los campos de cultivos (López Sáez et al., 2000). En cuanto a la ganadería comple-
mentaría la base económica de estas poblaciones. La cabaña ganadera aprovecharía los pastizales
formados por diversas especies de gramíneas, leguminosas, de Plantago major/menor, Plantago
lanceolada, Campanula type, etc. Cuando la presión ganadera sobre estas praderas es más elevada
aparecen otros elementos herbáceos más nitrófilos, tales como Urticaceae, Cardueae, etc. No
obstante, atendiendo a los datos polínicos, con valores más bajos de las especies zoógenas, con-
sideramos que tendría un puesto más secundario en la vida económica del hábitat.

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Ana Mª. Hernández Carretero


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Sobre la llamada geografía sagrada fenicia en el
Extremo Occidente: otras perspectivas de estudio

Mireia López-Bertran
Universitat Pompeu Fabra (Barcelona)

Resumen

Este artículo analiza de forma crítica las implicaciones que tiene el uso de la terminología
“geografía sagrada” en el estudio de los espacios sacros fenicio-púnicos. El concepto de “geografía
sagrada” conlleva una definición unitaria y homogénea no sólo de los templos y santuarios sino también
del paisaje. Propongo reflexionar sobre estos términos sobre la base de que crean una división entre
paisajes percibidos como cotidianos y otros percibidos como sacros, división que, desde mi punto de
vista, es cuestionable. De esta manera, abordaré la complejidad del análisis del paisaje en torno a unas
cuevas-santuario en el Mediterráneo central y occidental (Ras-il Wardija, Grotta Regina, Es Culleram y
Gorham’s cave) en tanto que espacios políticos y sociales que se construyen y reproducen mediante
las prácticas diarias.

Abstract

This paper focuses on a crytical analysis of the concept of “sacred geography” as aplied to
Phoenician and Punic studies. The so-called “sacred geography” is a label which tends to define
temples, shrines and even landscapes from a single and unique perspective and does not account for
a variety of perceptions within them. It is my intention to discuss the use of this concept and to criticise
the artificial division between daily and sacred landscapes that are built up from it. I will precisely
concentrate on the complexity of the landscapes as both a political and a social construction which
were created and maintained through daily activities. I will do so by analysing several caves-shrines
in the Central and Western Mediterranean (Ras il-Wardija, Grotta Regina, Es Culleram and Gorham’s
cave) as practical examples to develop these ideas.
Sobre la llamada geografía sagrada fenicia en el Extremo Occidente: otras perspectivas de estudio

1. Introducción1
Con la expresión “geografía sagrada” la investigación ha definido un espacio cerrado que
engloba el conjunto de lugares religiosos que comparten las mismas características físicas. Den-
tro de ésta se han incluido cuevas, accidentes geográficos, que por sus rasgos naturales y mo-
numentales se sacralizan, y templos urbanos y extra-urbanos que se ubican en los puntos más
elevados de los asentamientos, o en zonas portuarias y artesanales. Tales templos y santuarios
se han analizado bajo criterios funcionales en relación con las actividades religiosas -adscripción
de divinidades, delimitación sanctasanctórum etc.-, con las económicas -como garantes de los in-
tercambios comerciales y de las producciones locales- o con las políticas -como legitimadores de
la presencia fenicio-púnica en los centros locales del Mediterráneo. Asimismo, en muchos de los
casos, se ha destacado su funcionalidad religiosa y ritual en base no sólo al material hallado, sino
también en relación con la información que transmiten las fuentes greco-latinas (Ferrer, 2002).
Con todo, la “geografía sagrada” incluye una variedad de fenómenos que comporta una
visión homogénea no sólo de tales lugares sino también del paisaje. En efecto, éste se estudia
como ente abstracto, compartimentado y contemplado como un objeto pasivo que se explica en
términos objetivos (Johnston, 1998, p. 57; Bender, 1993, p. 15; Hirsch, 1995, p. 1; Lemaire, 1997;
Thomas, 1998 y 2002). En este sentido, este artículo se centra en el caso de las cuevas-santuario y
las analiza con otro marco que permita cuestionar el concepto de “geografía sagrada”.
La sacralidad de las cuevas es un hecho constatado a lo largo del tiempo y el espacio. Como
otros elementos del paisaje (fuentes, árboles o ríos), las cuevas son lugares en los que el mundo
exterior se comunica con el de las profundidades y, así, adquieren unas connotaciones mágicas y
especiales al estar alejadas y, a veces aisladas, de los centros urbanos o espacios domésticos y ser
lugares oscuros, subterráneos y con poco oxígeno (Bradley, 2002, p. 27-28). Por lo tanto, éstas se
convierten en ambientes propicios para comunicarse con las divinidades, sobre todo las ctónicas, 819
vinculadas con la fecundidad.
Las grutas fenicio-púnicas se han definido como santuarios rupestres utilizados principal-
mente por navegantes de modo que “las cuevas pasarán a acoger los cultos marinos y ofrecerán
su protección a los navegantes” (Gómez Bellard y Vidal González, 2000, p. 122). Tal lectura se basa
en el hecho que las cuevas se sitúan en lugares estratégicos y que no pasan desapercibidas desde
el mar, enfatizando que se realizarían prácticas rituales ligadas a las divinidades protectoras de
la navegación para desear o agradecer las llegadas y partidas de los marineros. En consecuencia
estas prácticas se adscriben a una religiosidad popular realizada por una población de supuesto
“estrato social bajo” que vive de los recursos marítimos (Coacci et al., 1979, p. 16).
En este artículo pretendo reflexionar sobre dos cuestiones suscitadas a raíz de lo dicho en
la investigación. En primer lugar, propongo el estudio de las cuevas dejando de lado la separa-
ción implícita que existe entre lo marítimo y lo terrestre. En este sentido, cabe preguntarse otras
cuestiones que tengan en cuenta por qué la religiosidad de determinados grupos se vincula al uso
de las cuevas. En segundo lugar, reflexionaré sobre la denominación de “geografía sagrada” ya
que con este término se crea una división entre unos paisajes percibidos como cotidianos y otros
percibidos como sacros, división que, desde mi punto de vista, es al menos cuestionable. De esta
manera, abordaré la complejidad del análisis del paisaje en tanto que espacio político y social que
se construye y reproduce mediante las prácticas diarias (Bender, 1993, p. 8; Thomas, 1998, p. 28;
van Dommelen, 1999).

1 Entre el tiempo transcurrido desde la entrega de este trabajo hasta su publicación he ampliado sustan-
cialmente estas cuestiones en mi Tesis Doctoral (López-Bertran 2007).

Mireia López Bertran


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

2. Presentación y análisis del material


Para la realización de tal análisis me centro en cuatro cuevas del Mediterráneo Occidental:
Gorham’s Cave (Gibraltar), Es Culleram (Ibiza), la Grotta Regina (Sicilia) y Ras il-Wardija (Gozo) a
través de tres criterios de análisis: en primer lugar, la situación, el acceso y la visibilidad; en segundo
lugar, los materiales y su usos y, finalmente, la presencia o no de agua dulce en sus proximidades.

Gorham’s Cave (ss. VII-II a.C.)


Situación, acceso y visibilidad: Esta cueva se sitúa en un promontorio natural, tiene un ac-
ceso directo por mar y se encuentra cerca de otras cavidades naturales que albergan materiales
prehistóricos. Asimismo, ofrece una buena visibilidad de la bahía de Algeciras (Belén y Pérez,
2000; Gómez Bellard y Vidal González, 2000).
Materiales y uso: Abarcan un amplio arco cronológico, pues hay materiales desde el Pa-
leolítico hasta época romana. Del período fenicio-púnico destacan ánforas, lucernas, botellitas,
platos, cuencos-lucerna, escudillas, morteros, ungüentarios, una cuchara de arcilla, cerámica a
mano, escarabeos y restos de hogueras y malacofauna (Culican, 1972; Belén y Pérez, 2000; Posa-
das, 1988; Waetcher, 1951, 1953).
Agua: No se conocen ni fuentes de agua dulce ni estructuras para su deposición en la cueva.

Es Culleram (ss. IV-II a.C.)


Situación, acceso y visibilidad: Situada en el interior del valle de San Vicente, a 1,5 km del
mar, presenta un acceso difícil y es poco visible desde el exterior. No obstante, se encuentra en
un lugar estratégico en el camino que comunica el interior de la isla con la cala de San Vicente,
un fondeadero natural excelente; además, desde ella se tiene una amplia visión del mar y de la
820 pequeña isla de Tagomago (Aubet, 1982; Gómez Bellard y Vidal González, 2000).
Materiales y uso: No hay testimonios de uso anterior al periodo púnico. Los materiales pú-
nicos más destacados son las terracotas y los pebeteros; además, hay cerámica de cocina púnico-
ebusitana, ánforas, lucernas, anillos, cuchillos y monedas; todo ello junto a una capa de cenizas y
huesos de fauna calcinados (Aubet, 1982; Gómez Bellard y Vidal González, 2000; Morales Pérez,
2003).
Agua: Hay construcciones artificiales de cisternas en el exterior de la cueva (Aubet, 1982).

Grotta Regina (ss. V-I a.C.)


Situación, acceso y visibilidad: Situada a 130 m.s.n.m. a los pies del Monte Gallo, domina
visualmente el tráfico marítimo de la zona de Palermo y su identificación y acceso no es fácil (Bisi
et al., 1969).
Materiales y uso: De amplia cronología (desde el Neolítico hasta época Medieval). Los mate-
riales fenicio-púnicos son ánforas púnicas, un jarro de boca de seta, una copita, un plato pequeño
e imitaciones locales de formas griegas; además, se ha hallado mucho material orgánico tanto
huesos quemados como malacofauna. Destacan las inscripciones y dibujos de carácter religioso
interpretados como la petición de bendición a una divinidad de carácter salutífero (Bisi et al.,
1969; Bartoloni, 1978; Coacci et al., 1979; De Simone, 1996, p. 67).
Agua: Se desconoce la presencia de agua dulce.

Ras il-Wardija (ss. III a.C.-II d.C.)


Situación, acceso y visibilidad: De difícil acceso, se localiza en Gozo, en la cima de promon-
torio aislado con una gran visión tanto del mar como del interior de la isla. Destaca por ser un
santuario excavado en la roca (Buhagiar, 1988; Gómez Bellard y Vidal González, 2000, p. 109).

Arqueologia e território
Sobre la llamada geografía sagrada fenicia en el Extremo Occidente: otras perspectivas de estudio

Materiales y uso: Poco numerosos; se documentan lucernas púnicas, una jarra de borde
trilobulado, cerámica púnico-romana decorada con bandas rojas y grafitos interpretados como
Tanit o cruces cristianas (Buhagiar, 1988).
Agua: Existen cisternas en el exterior y canalizaciones en el interior de la cueva, a pesar de
que la cueva se ubica en la zona más seca de la isla.

Estos criterios de análisis son susceptibles de una lectura crítica. En primer lugar y hasta la
fecha, la descripción de las cuevas-santuarios se ha hecho dando por sentado la separación entre
lo marítimo y lo terrestre. Ahora bien, a través del análisis de las primeras variables (situación,
acceso y visibilidad) se evidencia que el mar y las cuevas cercanas a él también forman parte de
un territorio determinado. Así, no hay que plantearse el espacio marítimo como una entidad se-
parada y definida en contraposición a lo terrestre; de la misma manera que no hay que definir la
gente que las usa en términos excluyentes, es decir como marineros o no-marineros.
En este sentido, los rasgos que siempre se han definido como relevantes para los navegan-
tes -todas las cuevas están en accidentes geográficos perceptibles y tienen una buena visibilidad
del mar- son significativos para la gente que vive en las proximidades, puesto que estos atributos
se perciben también por la gente que vive cerca, de modo que forman parte de su concepción
cotidiana del paisaje (Thomas, 2002). De la misma manera, la buena visibilidad marítima y territo-
rial es un punto relevante para tales poblaciones al permitirles controlar, por ejemplo, el tráfico
marítimo.
En segundo lugar, la mayor parte de los materiales no son especialmente significativos
para determinar un uso sacro de las cuevas. Con ello no pretendo rechazar tal función sino poner
el acento en las prácticas. A través de este enfoque, la ritualidad y religiosidad de las cuevas se
convierte en una cuestión de grado (Bell, 1992) y así, por ejemplo, la cerámica de mesa se usa
821
de forma distinta en una casa y en una cueva, aunque en ambos casos se utilice para consumir
alimentos.
Igualmente, también se ha afirmado que en las cuevas se realizarían cultos relacionados
con la fertilidad marítima al vincularse de forma casi exclusiva con el mar en tanto que entidad se-
parada de la tierra. Sin embargo, el caso de la gruta de Wasta, en el Líbano (Beaulie y Monteurde,
1947, p. 48), muestra que también se usan estos lugares en zonas no costeras para mantener una
relación especial con las divinidades ctónicas.
Asimismo, se ha dicho que las cuevas se utilizarían por parte de una población de tipo rural
y popular (Coacci et al., 1979; Gómez Bellard y Vidal González, 2000). En este sentido, el énfasis
en las prácticas también permite cuestionar esta afirmación: el hecho que las cuevas no se con-
sideren estructuras monumentales y que se encuentran en contextos rurales, no significa que
se utilicen exclusivamente por parte de estos grupos sociales. Lo que hay que plantearse es qué
características tienen estos espacios que los hacen válidos para unas determinadas actividades
rituales y para unos grupos específicos, sean o no populares y rurales. Así, la identificación de los
rituales de las cuevas se presenta como algo más dinámico y complejo, que no incumbe única-
mente ni a los marineros ni a la búsqueda de la fecundidad del mar.
En tercer lugar, se ha afirmado que en la mayoría de las grutas existen fuentes de agua
dulce, característica muy importante por dos motivos: por un lado y desde una visión práctica, se
supone que serían puntos de avituallamiento para las embarcaciones y, por otro lado, desde un
enfoque religioso, el agua dulce es necesaria para una buena realización de las prácticas religio-
sas como elemento purificador y como símbolo de la fertilidad (Gómez Bellard y Vidal González,
2000, p. 116). En este sentido, sólo dos de las cuevas que presento -Es Culleram y Ras il-Wardija-
tienen cisternas en el exterior y canalizaciones de agua; pero en cuanto a las otras dos cuevas
-Gorham’s Cave y Grotta Regina- no se conocen fuentes de agua dulce en las cercanías. Con ello es

Mireia López Bertran


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

cuestionable la interpretación que todas sean lugares de avituallamiento para las embarcaciones.
Además, cabe plantearse la posible realización de rituales sin el consumo de agua dulce. En defi-
nitiva, se trata de estudiar casos concretos para evitar una generalización interpretativa a partir
de conceptos no adecuados.

3. De la geografía sagrada al paisaje como construcción social

La terminología de la “geografía sagrada” tiene unas implicaciones analíticas significativas


para el enfoque del estudio de las actividades cultuales. Por un lado, con el término “geografía”
se concibe el espacio como una pantalla estática que recibe de forma pasiva las actividades que
en ella se realizan; además este concepto conlleva directamente el estudio de los aspectos forma-
les y físicos de los espacios sagrados sin tener en cuenta la participación en otros aspectos de las
dinámicas sociales. Por otro lado, el término “sagrado” reafirma estos rasgos al compartimentar
las actividades rituales en un medio específico, creando una clasificación funcional de los lugares
que no permite plantearse otras cuestiones que los vean como un espacio en el que se vive y en
el que se tienen todo tipo de experiencias, tanto cotidianas como sagradas. Es por ello por lo que
creo que hay que abandonar la noción de geografía por la de paisaje ya que éste es un instru-
mento de análisis que recoge la relación entre la cultura y la naturaleza (Gosden y Head, 1994, p.
113-114; Hirsch, 1995, p. 8).
Entender el paisaje como construcción social en el marco de los estudios religiosos y ri-
tuales es, desde mi punto de vista, enriquecedor. Así, el paisaje ya no forma parte de la dualidad
entre sujeto y objeto -entendido como espacio/contenedor- sino que se considera que existe y se
define en tanto que ha sido habitado por el sujeto, es decir que éste ha tenido experiencias en él;
822 de este modo, el paisaje no es una realidad objetiva que hay que percibir y analizar sino que está
condicionado por las variables sociales, ecológicas y culturales que las personas tienen, de tal
modo que cada grupo percibe el paisaje de forma diferente (Thomas, 1996 y 2002).
El uso de las cuevas es un modo de marcar el paisaje ya que se otorga relevancia a luga-
res con características específicas, en este caso son zonas con buena visibilidad y en accidentes
geográficos preciados. Esta estrategia no representa sólo una manera de marcar rutas para los
marineros, sino que tiene unas implicaciones más profundas al socializar el paisaje ya que se es-
tablece una relación específica con aquellos que lo marcan, al mismo tiempo que es un método
para establecer su acceso y su control (Taçon, 1994). De esta manera, la señalización del medio
es importante al permitir a determinados grupos definir lo que les rodea y, así, poder definirse a
sí mismos. Con ello, la utilización de las cuevas crea identidades y memorias (Knapp y Ashmore,
1999, p. 13-19).
Las cuevas son un elemento activo de la construcción de la identidad en tanto que vinculan
unas determinadas actividades rituales a un espacio específico y para un grupo determinado de
personas que asocian este lugar con los cultos de la fertilidad y las divinidades ctónicas. Además,
los materiales de las cuevas muestran que existe una continuidad: un uso anterior, como mues-
tran los casos de Gorham’s Cave y de Grotta Regina, y posterior, como es el caso de las cuatro
cuevas presentadas. Con ello no quiero decir que exista un conocimiento sobre el tipo de activida-
des que se hacían en otros momentos, pero sí que estos lugares se perciben como espacios con
significado en diferentes periodos no sólo por su posición priviliegada en el paisaje, sino también
porque debe existir algún vínculo con el pasado. En esta línea se puede explicar la presencia de
grafitos medievales en la Grotta Regina o la misma presencia fenicio-púnica en grutas con acti-
vidad durante la Edad del Bronce. Por lo tanto, la percepción y uso de las cuevas crea memoria
al reforzar su continuidad mediante la reutilización, reinterpretación o reconstrucción (Bradley,
2002, p. 35; Carmichael et al., 1994).

Arqueologia e território
Sobre la llamada geografía sagrada fenicia en el Extremo Occidente: otras perspectivas de estudio

Con todo lo dicho hasta ahora, se puede decir que las cuevas no son propiamente espacios
naturales ya que una vez se perciben y se usan pasan a formar parte de los paisajes definidos a tra-
vés de las prácticas sociales (Richard, 1999, p. 90; Knapp, 1999, p. 231). De igual forma, a lo largo
de su vida, las cuevas se modifican artificialmente por las características que contienen -creadores
de memoria, identidad o control de zonas singulares-, reflejándose en la monumentalización de
sus rasgos. Por ejemplo, en Es Culleram se construyen cisternas en el exterior y se modifica el
interior para facilitar las actividades cultuales; o el caso extremo de Ras il-Wardija, donde la cueva
es en sí misma una construcción. En la misma línea cabría interpretar la compartimentación del
espacio que se propone en Gorham’s Cave con la parte anterior de la cueva como sanctasanc-
tórum y el exterior como zona de las actividades rituales (Belén, 2000, p. 61). En este sentido, el
registro material no permite ver si dentro de las cuevas habría altares -sólo se ha documentado
uno en Es Culleram con dos piedras cónicas interpretadas como betilos (Aubet, 1982)- u otro tipo
de construcción, aunque también hay que tener en cuenta que para tal fin se podrían haber usado
las particularidades naturales de las grutas.

4. A modo de recapitulación

Plantear el análisis de las cuevas en tanto que “geografía sagrada” y vinculadas a los usos
marítimos pasa por alto otras perspectivas interpretativas. Así, me parece más enriquecedor in-
cluir su estudio dentro de una visión que no sólo tenga en cuenta las divisiones funcionales, sino
también las prácticas que se realizan y las experiencias que se tienen en las cuevas. Con ello, la
noción de “geografía sagrada fenicia” es insuficiente para dar cuenta de la diversidad de elemen-
tos que definen y construyen los paisajes en tanto que construcciones polisémicas. En este sen-
tido, se han propuesto los conceptos de “ideational landcape” o “associative landscape” (Alcock, 823
2001; Ashmore y Knapp, 1999) para expresar el vínculo que existe entre la experiencia del paisaje,
la memoria y las emociones. Por lo tanto, hay que observar qué relación se establece entre los
usos de las cuevas y cada comunidad que percibe y vive el paisaje específico de una determinada
manera. Con ello, ni los términos de “geografía sagrada” ni de “paisaje sagrado” responden a la
diversidad de las relaciones que se establecen entre las cuevas y las personas ya que no respon-
den a las dinámicas culturales que participan en la creación de un paisaje determinado.
Esta propuesta muestra que las cuevas no sólo forman parte de las actividades rituales,
sino que también participan en las construcciones sociales como el poder -control, conocimiento
y visibilidad del territorio-, la identidad -vinculan las actividades de un grupo a un determinado
espacio- y la memoria -se perciben como espacios con significado con testimonios de usos ante-
riores- y, así, se establece un punto de partida para mirar de forma distinta actividades y lugares
tan significativos.

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825

Mireia López Bertran


Nuevas dimensiones (geográficas e historiográficas)
del fenómeno púnico-gaditano

Juan Carlos Domínguez Pérez


Grupo de Investigación P.A.I. HUM-440
Junta de Andalucía

Resumen

La entidad, las características y las dimensiones globales “genéricas” del círculo púnico-
gaditano han sido muy estudiadas en los últimos años. Con esta comunicación se pretende romper
ciertos prejuicios historiográficos estableciendo aquellos elementos materiales propios esenciales
a la hora de caracterizarlo económica y culturalmente (contenedores anfóricos, cerámica de mesa,
orfebrería,...) durante los siglos IV y III AC con el objetivo explícito de establecer la presencia de los
intereses de Gadir en los amplios territorios analizados (Bahía de Cádiz y Costa atlántica gaditana,
Costa mediterránea andaluza y africana, Costa atlántica africana, Costa onubense, Algarve y Costa
atlántica portuguesa, Costa gallega y Costa cantábrica).
Por otro lado, aunque la difusión específica de estos materiales tiene su ámbito primario
reconocido en la zona de Gadir-Carteia-Tingis-Lixus, con cierta prolongación hasta los principales
centros comerciales feno-púnicos de la costa onubense y del litoral ibero-mediterráneo, un análisis
pormenorizado de los recientes hallazgos en yacimientos del Atlántico sur, el Algarve y la costa atlántica
portuguesa, así como sobre los denominados castros marítimos del litoral gallego y el Cantábrico
muestra tambien una presencia de intereses comerciales de Gadir en enclaves atlánticos extremos.
Con ello se presenta un cuadro muy significativo que trasciende ampliamente las dimensiones
y los límites del fenómeno púnico-gaditano comúnmente aceptados y que puede aportar un factor
esencial incluso en el debate sobre “lo púnico” y lo cartaginés en este Extremo Occidente básicamente
atlántico.

Abstract

In the last years the entity, the characteristics and the global size of the Punic circle of Gadir
have been very studied. With this paper we are trying to break certain historiographical prejudices
studying the distribution of all those material remains (amphorae, table ware, jewellery) along the 4th
and 3rd centuries with the purpose of establishing an economical and cultural explanation which can
be used to defend the existence of interests of Gadir along the studied regions.
In the other hand, an exhaustive analysis of recent findings in Southern Atlantic Sea, Portuguese
Algarve and Atlantic coast, beside the new studies about the so-called maritime hillforts of the Galician
coast can too demonstrate the real existence of these commercial interests in such extreme sites.
Finally a new and very expressive picture is presented here to overcome the traditional
explanations which are very settled in our comprehension of this historical process and, above all,
to progress in the meaning of which we can consider Punic and Carthaginian in the Extreme Atlantic
West.
Nuevas dimensiones (geográficas e historiográficas) del fenómeno púnico-gaditano

Elementos materiales para la definición de estos límites

A la hora de definir la potencialidad de este círculo productivo proponemos su estudio


a través de la difusión material, básicamente, de los contenedores anfóricos utilizados para la
distribución y consumo de los bienes alimenticios, especialmente las Ramón 12.1.1.1/2 y las 9.1.1.1
púnico-gaditanas, las 8.1.1.2, 8.2.1.1 y 4.2.2.5, del entorno global del Sinus Tartesius, además de
otras producciones coetáneas como las vajillas ática de figuras rojas y barniz negro y la púnico-
gaditana de barniz rojo “tipo Kouass”. Con todo, no menos reseñable en este territorio es la
comercialización simultánea por parte de los fenicios de Gadir de otras producciones foráneas
como las transportadas en las ánforas púnicas del Mediterráneo Central, las monedas griegas,
siciliotas o cartaginesas, elementos de adorno personal y exvotos, objetos de vidrio, algunos de
cuyos modelos han podido ser identificados en el área propia de Cartago, Aiboshim y la mayoría
de los centros comerciales mediterráneos.

Dimensiones geográficas del fenómeno púnico-gaditano

El Atlántico Sur: la costa africana y las Islas Canarias


Tingis y especialmente, Ksar Seguir son las primeras poblaciones que muestran, la primera,
evidencias de una fundación a finales del siglo V AC, mientras que la segunda apunta claramente
condiciones de ser una factoría pesquera de época ya abiertamente púnica (López Pardo, 1996,
p. 264-265). Ya en pleno Atlántico, se encuentra Djebila en el Cabo de Ras Achakar. En ella se han
encontrado fragmentos de cerámica griega del siglo VI y comienzos del V AC junto a ánforas
Mañá-Pascual A4 (López Pardo, 1990, p. 36). En Kouass se documentaron un conjunto de alfares 827
destinados a la fabricación de ánforas Mañá-Pascual A4, aunque también posiblemente las del
4.2.2.5 y ollas y jarras de tradición ibérica, además de la existencia de platos y cuencos de barniz
rojo, cerámica ática del siglo IV AC e imitaciones de terracotas púnicas. En la antigua Zilil, en Dchar
Jdid, se han encontrado, junto a las Mañá-Pascual A4c y A4f y a los famosos platos de pescado de
barniz rojo, urnas decoradas con bandas negras y rojas, de tradición ibero-púnica (López Pardo,
1990, p. 17-23).
En Lixus, Larache, los niveles correspondientes a nuestro período de estudio parecen ates-
tiguarlos fragmentos de cerámica ática, tipo Kouass y restos de ánforas 8.1.1.2 (Niveau, 2003, p.
239-240). Más al sur, Banasa demostró, por otra parte, que las Mañá-Pascual A4 representan una
constante en el repertorio de esta ciudad junto a pendientes y aretes de oro, cerámicas áticas e
ibérica y algunos modelos de ánforas Mañá C2 (Girard, 1984, p. 38-70). En Azenmour, ya en plena
desembocadura del Oumm er Rebia, se recogieron numerosos fragmentos de cerámica púnica
(López Pardo, 1996, p. 260). Pero en Mogdoul, la antigua Mogador, se han documentado desde
graffitti y cerámica fenicios y vasos griegos (López Pardo, 1996, p. 262), a ánforas Mañá-Pascual
A4a arcaicas (Mederos; Escribano, 1999, p. 100). Más al sur todavía se han encontrado nuevos res-
tos púnicos en Cabo Ghir, a treinta kilómetros al norte de Agadir mezclados con cerámica ibérica
e indígena hecha a mano (López Pardo, 1996, p. 262).
En los últimos años se viene defendiendo con insistencia la evidencia de frecuentaciones de
las Islas Canarias por los mismos navegantes fenicios y púnicos basándose, entre otros argumen-
tos, en la existencia en las islas más occidentales del archipiélago de imitaciones locales realizadas
a mano de tipologías anfóricas del Círculo de Gadir como son las 8.1.1.2 (González, 2004, p. 27-29),
aunque no faltan propuestas de identificación también de las 8.2.1.1 (Atoche et al., 1997, p. 15) ó
las 9.1.1.1. A estos testimonios se han sumado las representaciones rupestres de embarcaciones
vinculables con la tradición fenicio-púnica como los dos hippoi de El Cercado (Garafía, La Palma) y

Juan Carlos Domínguez Pérez


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

dos embarcaciones más del Barranco de Tijonay (Fuerteventura): una con vela cuadrada plegada
y otra cubierta “de tradición tartésica” (González et al., 1998, p. 49).

La costa africana mediterránea


Desde un principio la aparición en la Bahía de Benzú de ánforas Mañá-Pascual A4c y A4e
(López Pardo, 1996, p. 265) supuso un hallazgo crucial geográfica e históricamente. También se
pueden constatar estas producciones en los yacimientos marroquíes de la costa mediterránea
como el de Sidi Abselam del Behar, que nos ha proporcionado en los niveles más recientes platos
de barniz rojo (Niveau, 2003, p. 240-241), ánforas Mañá C y kalathoi ibéricos, y tal vez algunos
fragmentos de Mañá-Pascual A4 (López Pardo, 1996, p. 267). En otro de los asentamientos de
esta zona, el de Kudia Tebmain, en Emsá, se ha identificado la cerámica Kouass (Niveau, 2003,
p. 241) junto a lucernas helenísticas y gran cantidad de ánforas Mañá-Pascual A4 (López Pardo,
1990, p. 39-41). En la antigua Russadir, Melilla, recogida con este nombre en el Periplo de Pseudo-
Escílax (párr. 111), se constata la presencia de ánforas Mañá-Pascual A4f y la de platos de barniz
rojo (Niveau, 2003, p. 241-242), junto a un conjunto de monedas de Cartago (López Pardo, 1996, p.
269). Rachgoun albergó desde el siglo VII hasta el V AC un pequeño hábitat con necrópolis, en el
que se han podido documentar un interesante conjunto de armas, escarabeos, anillos giratorios,
colgantes y un medallón (López Pardo, 1996, p. 270). Ya más al este, encontramos las fundaciones
de Mersa Madakh, Mersa Bou Zedjar y Les Andalouses, ésta última con restos reconocidos de
Mañá-Pascual A4, a los que habría que añadir recientes identificaciones de cerámica tipo Kouass
que han aparecido junto a fragmentos ibéricos (Niveau, 2003, p. 242).

El Algarve y la costa portuguesa


Las ánforas púnico-gaditanas aparecen regadas por todo el Algarve. Las encontramos en
828 el Castello de Castro Marim un importante testimonio del comercio con Gadir sobre ánforas del
tipo 8.1.1.2, que aparecen acompañadas, de las D4 de Pellicer y las 11.2.1.3 y 12.1.1.1 (Arruda, 2001,
p. 74-77). Materiales similares encontramos en otros yacimientos del Algarve portugués como
Faro, Cerro da Rocha Branca-Cilpes (Arruda, 2001: p. 80), en el Cabo Sardâo (Alves et al., 2001, p.
243). Más al norte, también podemos encontrar producciones similares en el Santuario de Abul B
(Mayet; Tavares, 2001, p. 181-184), Alcácer do Sal (Alves et al., 2001, p. 244), la Travessa dos Após-
tolos-Setúbal (Arruda, 2002, p. 95) y Alcáçova de Santarém. Proceso similar podemos observar
con otro tipo de ánforas distribuidas también desde el Estrecho. Así, encontramos de las Pellicer
D y E en la desembocadura del Río Arade (Tavares; Coelho; Soares, 1987: p. 208); en la Alcaçova
de Santarém, con una singular concentración de ánforas 8.1.1.2 y 9.1.1.1 (Arruda, 2002, p. 210-211);
en Chôes de Alpompé, donde aparecen también fragmentos de ánforas 9.1.1.1 y 7.3.2.1 (Arruda,
2000, p. 60); en Santa Olaia-Figueira da Foz y, por último, en San Estevâo da Facha (Carballo, 1987,
p. 142).
Junto a estos contenedores también aparece, desde mediados del IV y durante toda la
centuria posterior, la vajilla de barniz rojo púnico-gaditana especialmente en sus dos formas más
características: los cuencos y copas (Lamb. 27) y los platos de pescado (Lamb. 23). También en
este caso ha podido ser identificada en los yacimientos de Castro Marim (Arruda, 2001, p. 78-80),
Faro (Arruda, 2001, p. 78-80), Cerro da Rocha Branca-Silves (Arruda, 2001, p. 80), Mértola (Niveau,
2003, p. 236) y Santiago do Cacem-Miróbriga (Arruda, 2001, p. 78-80). Los pocos restos que han
aparecido de esta cerámica gaditana más al norte prácticamente se limitan a los dos fragmentos
(un borde y un fondo) de platos de pescado identificados en la Alcaçova de Santarém (Arruda,
2002, p. 212).Y, bajo el concepto genérico de “cerámicas púnicas”, también han sido identificadas
producciones similares en el Castro de Romariz, en el Castelo de Gaia, Cale, Citania de Sanfins,
Castro de S. Domingos, Suvidade de Recesinhos, Cividade de Terroso, Castro de Santo Estêvão y
Coto da Pena (Coelho; Mendes, 2001, p. 233-234).

Arqueologia e território
Nuevas dimensiones (geográficas e historiográficas) del fenómeno púnico-gaditano

Por otro lado, también encontramos una difusión muy parecida en las últimas importacio-
nes de figuras rojas y barniz negro, que, sin duda, son comercializadas en la zona por los mismos
navegantes de Gadir como últimos intermediarios del comercio de Cartago. Han podido ser iden-
tificados en Castro Marim, Tavira, Faro (Arruda, 2002: p. 34-48), Mértola (Niveau, 2003, p. 236) y
el Cerro da Rocha Branca-Silves (Arruda, 2001, p. 81); en el Santuario de Azougada (Moura), en un
grupo de kylices de figuras rojas del Pintor del Grupo de Viena 116; en Alcácer do Sal (Arruda, 2002,
71), así como en la necrópolis de Senhor dos Mártires (Arruda, 2002, p. 81-86); en la Calle Augusta-
BCP de Lisboa (Arruda, 2002, p. 128); y en la Alcaçova de Santarém (Arruda, 2002, p. 212). En el
estuario del Mondego han aparecido en Santa Olaia (Arruda, 2002, p. 237). Ya mucho más al norte
y cerca de la desembocadura del Duero, en el Castro de Romariz, en Cale, en el Castro de Pernices,
y ya cerca del territorio costero gallego, en el Castelo de Faria, en el Monte de S. Lorenço, San Es-
têvão, Coto da Pena e, incluso, en áreas del interior como el Castro de Palheiros (Coelho; Mendes,
2001, p. 232-233; Carballo, 1987, p. 141).

La costa gallega atlántica y cantábrica


La continuidad del fenómeno distributivo que venimos analizando puede seguirse a través
del mapa resultante en territorios aún más alejados de los influjos mediterráneos. Así, por ejem-
plo, Castro da Forca (A Guarda, Pontevedra), en un emplazamiento probablemente dedicado a
la explotación intensiva de las riquezas pesqueras, marineras y concheros de la zona (Carballo,
1987, p. 10), deparó la identificación de un significativo (aunque escaso) repertorio fragmentos
de ánforas y cerámica “ibero-púnica” (sic) del sur peninsular. Paralelamente, a los fragmentos
descontextualizados de cerámica ática de figuras rojas y de barniz negro (Carballo, 1987, p. 9), se
sumaron dos nuevos fragmentos de cerámica ática en el cercano Castro de Fozara, en el de Santo
Estêvão (Ponte de Lima, Viana do Castelo), en el norte de Portugal y, ya más al sur, en Alcácer do
Sal (Carballo, 1987, p. 111). 829
Otro importante yacimiento es el de A Lanzada (Sanxenxo, Pontevedra). Una vez más nos
encontramos aspectos extraños a la cultura castreña como la aparición simultánea de edificios
circulares con otros que combinan lo curvo y lo recto y un último de forma rectangular con las
esquinas redondeadas. Todo ello además de haberse contrastado la realización de actividades
productivas relacionadas como la pesca y el marisqueo a través de variados restos de moluscos
documentados (Suárez; Fariña, 1990, p. 312-317). Aquí también el estudio de los materiales ha
dado pruebas de la existencia de cerámica ática del siglo IV AC junto a ánforas ibero-púnicas, a
fragmentos de Mañá-Pascual A4 e imitaciones locales de barniz rojo (Suárez; Fariña, 1990, p. 327).
No menos significativos son los hallazgos anfóricos en la Bahía de A Coruña de un fragmento de
Mañá D1a centro-mediterránea (Naviero, 1982, p. 68-69) y varios restos de la Mañá-Pascual A4c
(Naviero, 1982, p. 72). También es considerada “púnica” la cerámica encontrada en los Castros de
Troña (Pontevedra) y Campa Torres (Asturias) (Coelho; Mendes, 2001, p. 234). Estos conjuntos ma-
teriales vienen complementados con otra serie de hallazgos dispersos como las monedas púnicas
halladas en la Estaca de Bares (Carballo, 1987, p. 142). Junto a estos restos púnicos son llamativos
también hallazgos como el del aríbalos de O Castro Pequeño do Neixón, en La Coruña (Carballo,
1987, p. 142). Materiales áticos se han encontrado igualmente en Peñalba y Castromao; en Cidade
de Caneiro, A Lanzada y Alobre, en Recarea (Carballo, 1987, p. 141-142), así como en los castros de
Borneiro y Elviña (La Coruña) y en Campa Torres (Gijón) (Coelho; Mendes, 2001, p. 233).
No obstante, el hallazgo más importante en esta línea es el recientemente realizado en
el castro de Alcabre, en la misma ciudad de Vigo, con motivo de las obras de construcción del
futuro Museo del Mar. En éste se ha podido identificar un riquísimo conjunto de más de 2.000
fragmentos de ánforas y cerámica fenicias y púnicas datables entre el siglo VII y el III AC, lo que
confiere al yacimiento una importancia excepcional puesto que es la primera vez que se pueden
registrar tan al norte una presencia masiva de materiales de clara procedencia fenicio-púnica.

Juan Carlos Domínguez Pérez


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Entre los materiales ya se han podido identificar contenedores anfóricos adscritos directamente
a Gadir (12.1.1.1), junto a otras mercaderías de origen mediterráneo. Pero más trascendencia aún
ha tenido para nuestro estudio el sorpresivo hallazgo de un grupo de tres piedras hincadas (de
las cuatro originales) rodeadas de una estructura rectangular que los arqueólogos José Suárez e
Iván Negueruela, han identificado como las bases de un altar púnico similar a los encontrados en
otros puntos del Mediterráneo (Mosquera, 2005).

Nuevas dimensiones historiográficas

La difusión esencial de las producciones púnico-gaditanas demuestra que entre los siglos
V al III AC Gadir contaba con una dinámica de mercado verdaderamente sólida caracterizada es-
encialmente por una destacada presencia en enclaves comerciales atlántico-mediterráneos. Lógi-
camente esta dinámica es ambidireccional. Gadir no está exenta, ni comercial ni culturalmente,
de recibir las mismas influencias que desde la tradición del Bronce Atlántico incorpora estos ter-
ritorios del Extremo Occidente, sus producciones y sus propios valores culturales a la koiné del
Mediterráneo. Cuestión aparte es la de los límites geográficos de este modelo. A expensas de una
redefinición del concepto de “penetración de intereses fenicios y púnicos en el Atlántico”, parece
ya poco sostenible mantener la frontera del río Mondego (Arruda, 2002, p. 257-265).
Por otro lado, el cuadro que hemos presentado pone de manifiesto que el importante nú-
mero de yacimientos expuestos no son simples escalas náuticas hacia las Casitérides. En alguno
de ellos se han podido identificar incluso millares de fragmentos de cerámica y de recipientes
anfóricos; en otros, estructuras habitacionales estables completamente extrañas a las tradicio-
830 nes locales. Esto no debe tampoco llevarnos a la conclusión de que todos estos centros eran
factorías permanentes. Es evidente que estas relaciones –inicialmente comerciales- modificaron
sustancialmente al menos el modelo tradicional de poblamiento y sus modos de vida y explota-
ción del territorio cercano, generando nuevos modelos con importantes desarrollos urbanísticos.
Tampoco es de extrañar que estos cambios incidieran de manera singular en la conformación de
diferencias sociales a favor de los grupos privilegiados, cuya distancia aumentaba en virtud del
uso político y económico de los bienes de uso y prestigio llegados por el Atlántico.


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831

Juan Carlos Domínguez Pérez


EL CONCEPTO DE HINTERLAND Y
SU APLICACIÓN AL MUNDO FENICIO ARCAICO

Eduardo García Alfonso


Museo de Cádiz

Resumen

La utilización del término alemán Hinterland aplicado al mundo fenicio tiene el riesgo de hacer
un uso ahistórico, al ser concepto tomado de la moderna geopolítica. Hablamos aquí de Hinterland
como área de captación de recursos hacia un punto focal, donde también se ponen en marcha una
serie de prácticas sociales entre élites diversas, que garantizan un beneficio mutuo, pero netamente
desequilibrado a favor del grupo que dispone de una economía de mayor escala. Desde Tiro a Gadir, en
las diversas áreas con presencia fenicia observamos una estrategia de este tipo, que va a caracterizar
al periodo arcaico. La decadencia de este modelo se acentuará progresivamente desde finales del siglo
VI a.C., con la generalización de nuevas formas de explotación y de implantación territorial en todo el
Mediterráneo.

Abstract

The use of the German word Hinterland in the Phoenician world has got the risk of non-historic
considerations, since it is a concept from modern geopolitics. We speak about Hinterland like a territory
where the resources are exploited and they are taken to a focal point. Also, in this area, social practices
between elites are done with mutual profits, but there is an unequal situation, always in favour of the
human group with a bigger economy of scale. From Tyre to Gadir, in the different areas where the
Phoenician were settled, we can see this type of model, characteristic for the Archaic Period. The
decadence of this strategy was produced from the end of 6th century B.C.E. and late. The cause is the
introduction of new models for exploitation and territorial control all over the Mediterranean.
El concepto de hinterland y su aplicación al mundo fenicio arcaico

En los últimos veinte años se ha generalizado el uso del término hinterland referido a la
colonización fenicia en el Mediterráneo. Como todo neologismo incorporado al vocabulario ar-
queológico de una forma un tanto indiscriminada ha provocado cierta confusión. La voz alemana
Hinterland –tierra interior– tiene varias acepciones, todas ellas creación de la moderna geografía.
En el sentido que nos interesa, una definición sencilla sería el territorio vecino a una franja coste-
ra; hinterland se opone a litoral. Como concepto económico equivale al área de influencia de un
puerto, ya sea marítimo o fluvial.
La idea de traspaís susceptible de explotación está presente en la estrategia colonial eu-
ropea desde finales del siglo XVI y principios del XVII. La presencia de los primeros tratantes de
esclavos en las costas de Guinea y la instalación de los comerciantes de especias y té en el Sureste
asiático señalarían el nacimiento de la idea de hinterland como territorio suministrador de recur-
sos, aunque no controlado directamente. Dotado de contenido jurídico, el hinterland nace en la
Conferencia de Berlín (1884-1885), que sancionó el reparto europeo de África. En dicha reunión,
las potencias coloniales acordaron que cualquier nación que estableciera posiciones en la franja
costera de dicho continente tenía derecho a reivindicar las tierras interiores colindantes con aqué-
lla. Pero dos son las condiciones para hacer efectiva la soberanía sobre el hinterland: la ocupación
efectiva del espacio costero y la comunicación inmediata de la misma a los países firmantes del
acuerdo. Así, no será la exploración ni la instalación de unas precarias bases en el litoral lo que
da derecho a anexionarse el traspaís interior, aunque éste fuera el primer paso, sino la capacidad
real de control de la costa y de su población indígena. De este modo, en Berlín se produjo un
cambio con respecto a las estrategias de explotación colonial anteriores: el hinterland dejó de ser
un “territorio económico”, donde varios agentes externos rivales competían en la extracción de
riqueza, para convertirse en un “territorio político”, con derechos en exclusiva.
833

1. El hinterland como mecanismo económico fenicio

La introducción del concepto de hinterland en la investigación sobre la expansión fenicia


se debe a M.E. Aubet (1986, 28; 1994, 114 y 300-302). El hinterland es el soporte principal de la
economía fenicia, tanto en la metrópoli, como en Occidente. La capacidad de conexión entre dife-
rentes redes comerciales es la clave para explicar el elevado grado de prosperidad económica de
las ciudades de la costa libanesa. Los reinos fenicios de Biblos, Sidón y Tiro dispusieron de un te-
rritorio político muy exiguo y cambiante a lo largo del tiempo. Este dominio efectivo se extendía
por la franja costera vecina a la sede de cada monarquía y terminaba en la ladera occidental de la
cordillera del Líbano. Sin embargo, el “territorio económico” era mucho más amplio, con una di-
versificación en la captación de recursos que permita, por un lado, el suministro de subsistencias
y, por otro, el acceso a determinadas mercancías susceptibles de ser transformadas y/o comercia-
lizadas, de acuerdo con la demanda de los potenciales clientes (García Alfonso, 2000, 23-31).
Por tanto, el hinterland englobaría aspectos complementarios. En lo geográfico tiene un
sentido de territorio elástico, sin límites fijos, que además pueden variar a lo largo del tiempo
según las circunstancias. En lo económico es un área de captación que suministra recursos; por
tanto, el núcleo que capitaliza un determinado hinterland depende en gran medida de él, no pu-
diendo ser autónomo al carecer de un territorio político amplio. Las repercusiones sociales y cul-
turales del fenómeno adquieren un gran protagonismo. Las actividades fenicias en el hinterland
provocarán una serie de interacciones con los grupos que lo habitan, en el sentido de reforzar
la jerarquización, ya que los beneficios de explotación se canalizan siempre a nivel de las élites.
Reflejo de esta situación sería la utilización de la lengua fenicia en ámbitos ajenos a su territorio
natural -Karatepe- o la implantación del culto a ciertas divinidades -presencia de Melqart en Da-

Eduardo García Alfonso


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

masco-. Las ventajas de las que gozan los agentes fenicios en el hinterland no se entienden sin
que exista un acuerdo con los poderes locales, independientemente de su grado de organización.
Estos pactos se formalizaron tanto con organizaciones de carácter estatal –reinos del Próximo
Oriente y ciudades griegas–, así como con grupos organizados con un menor grado de jerarquiza-
ción –Península Ibérica y norte de África–.
Estos mecanismos explicarían el éxito de los fenicios en su expansión, a pesar de la relativa
modestia de los contingentes demográficos que movilizaron, en contraste con la colonización
griega. Una diferencia fundamental entre ambos modelos estriba en el papel que jugaron los
indígenas en la estrategia colonial: mientras que la mayoría de las fundaciones griegas se desarro-
llaron en una situación de enfrentamiento crónico con los “bárbaros”, la clase dirigente fenicia lo-
gró establecer una “entente cordial” con las élites locales, con una convergencia de intereses, lo
cual no quiere decir que no hubiera momentos de cierta tensión. Por ello, como dice M.E. Aubet
(1994, 300), la colonización fenicia “se nutría de las distintas relaciones de cada asentamiento con
su entorno respectivo”. Por tanto, para la supervivencia de una colonia fenicia sería mucho más
importante una buena interacción con el hinterland que el auxilio de la metrópoli.

2. El hinterland como estructura flexible

En el marco de la expansión fenicia no existe un modelo único de hinterland. Si algo carac-


teriza a las actividades fenicias es su versatilidad, su capacidad de adaptación a diferentes situa-
ciones. Por tanto, la relación con el hinterland no es unívoca, sino que prácticamente cada asen-
tamiento establece sus mecanismos específicos de relación con el entorno inmediato y lejano.
834 Más que a situaciones impuestas por la geografía, la diferencia se establece en el modus operandi,
en cómo se canalizan los recursos hacia el “punto focal”. Las circunstancias aquí pueden variar
sensiblemente, de manera que haya que utilizar formas de relación diferentes aún en entornos
cercanos. En ello influyen factores diversos, tales como la naturaleza de los recursos a captar, su
disponibilidad y canales de distribución, la mayor o menor distancia, los poderes indígenas con los
que hay que tratar y sus demandas...
Tiro es el ejemplo más paradigmático de economía sostenida por territorios muy diversos,
que M. Liverani (1995, 547-549) denominó “franjas comerciales”, bien reflejadas en los célebres
oráculos del libro de Ezequiel (27, 4-25) y que abarcan tanto el Próximo Oriente como el Medi-
terráneo. M.E. Aubet (1994, 114-117) no duda en atribuir a cada uno de estas áreas geográficas,
progresivamente más alejadas, un carácter de Hinterländen tirios, auténticas esferas de intere-
ses directos. La fecha de eclosión de esta red de captación de recursos debe situarse a finales
del siglo VII y principios del siglo VI a.C., data de la “profecía” de Ezequiel. Una red comercial
tan compleja no se improvisa. En los últimos momentos del Bronce Final el reino de Sidón había
consolidado diferentes relaciones a larga distancia, bien estudiada por J.A. Belmonte (2002), al
tiempo que aumentaba su dominio territorial directo en la costa libanesa en detrimento de Tiro,
en estos momentos un núcleo secundario aunque gobernado por una dinastía local. Parece que
será la consolidación del sistema monárquico entre los hebreos lo que convierte a Tiro, entre las
demás ciudades fenicias, en el interlocutor privilegiado con sus vecinos del sur. La recién creada
monarquía hebrea estaba interesada en entablar relaciones de igualdad y legitimidad con las ca-
sas reales “históricas” de la región, en un momento en el que la acción de las grandes potencias
se había minimizado bastante. De acuerdo con el relato bíblico, será Hiram I el soberano tirio que
inicie la expansión comercial de la ciudad, en un momento coetáneo a David y Salomón –siglo X–,
proceso que continuó con sus sucesores, especialmente bajo Ithobaal I (887-856 a.C.), cuando
Tiro impone su hegemonía a Sidón (Aubet, 1994, 48-51). Finalmente, la consolidación del poder

Arqueologia e território
El concepto de hinterland y su aplicación al mundo fenicio arcaico

asirio garantizó a Tiro un trato privilegiado y una seguridad en la circulación de determinados


recursos, aunque los nuevos dueños del Próximo Oriente cobraban cara su contribución a la pros-
peridad de la metrópoli fenicia, en forma de cuantiosos tributos. Sabiendo muy bien que otra op-
ción hubiera sido un suicidio, la clase dirigente de Tiro adoptó una inteligente “real politik”: otros
poseían el dominio territorial del hinterland de tierra firme, mientras que ella obtenía beneficios
en la explotación de parte de los recursos de éste. Evidentemente, tuvo que haber una coinciden-
cia de intereses entre la aristocracia tiria y la monarquía asiria.
A semejanza de Tiro, la fundación eubea de Pitecusa, en Ischia, resulta un ejemplo signi-
ficativo de creación de un hinterland en tierra firme desde una pequeña isla cercana a la costa.
Pitecusa es la primera colonia griega en el Mediterráneo occidental, por lo que tiene una serie
de características que la convierten en un enclave muy especial, más próximo en su dinámica a
las instalaciones fenicias arcaicas que a los asentamientos griegos posteriores del sur de Italia y
Sicilia. No se trata de una fundación encaminada a la búsqueda de tierras fértiles, ya que Ischia es
una isla rocosa y volcánica de sólo 46 km2. Igualmente, Pitecusa albergó una importante comu-
nidad de orientales, donde no faltaron los fenicios, que debieron convivir sin ningún problema
con los eubeos, ya que la cooperación beneficiaba a ambas partes (Aubet, 1994, 214; Ridgway,
1997, 134-145; Domínguez Monedero, 2000, 246-247). La vida de Pitecusa fue breve: la colonia
fue fundada hacia los años 770-760 a.C., abandonándose poco después del 700. La decadencia
del asentamiento isleño cabe atribuirla a diferentes causas naturales, como un terremoto y una
erupción volcánica (Estrabón, V, 4, 9), pero, especialmente, a la fundación de Cumas hacia el 725
a.C. en tierra firme. El lugar elegido para la nueva ciudad se encontraba frente al litoral de Ischia
y contaba con un promontorio delimitado por una playa fácilmente abordable y por la zona pan-
tanosa del río Volturno.
La instalación de los eubeos en Cumas se hizo mediante la destrucción de un asentamiento 835
indígena anterior, situado sobre el promontorio, pero todo indica que la fundación de la colonia
en el continente se efectuó con el consentimiento de los grupos dirigentes de los dos principales
núcleos indígenas inmediatos, Capua y Pontecagnano (Coldstream, 1994, 56; d’Agostino, 1996,
536). Con estos sectores sociales emergentes la élite de Cumas mantendrá una relación privile-
giada. A pesar de que Cumas marca un cambio en la estrategia de la colonización griega en el sur
de Italia, no parece que la nueva ciudad tuviese durante los primeros tiempos de su existencia
una intención clara de dominio territorial, más bien debió seguir desempeñando el mismo papel
que antes había correspondido a Pitecusa. Un aspecto interesante es señalar que la convivencia
entre eubeos y fenicios no tuvo porque interrumpirse a causa del traslado a tierra firme, como
ha señalado G.E. Markoe (1996, 24-25). Por tanto, a lo largo de los siglos VIII-VII a.C. el binomio Pi-
tecusa–Cumas logró captar los recursos un amplio hinterland. Sus intereses abarcaban desde los
cotos mineros de la isla de Elba y las Colline Metallifere de Etruria hasta las subsistencias obtenidas
en las llanuras campanas del Volturno y el Sele. El testimonio material de las interacciones que se
produjeron entre los colonos y las élites indígenas queda evidenciada por los materiales de lujo
claramente importados que aparecen diversos lugares: Populonia, Vetulonia, Falerii, Praeneste,
Pontecagnano y Capua. Ridway (1997, 170-172) ha señalado que los grupos emergentes que se
observan en la zona meridional de Etruria a fines del período villanoviano deben bastante a sus
contactos con Pitecusa–Cumas. Además de los objetos exóticos de su comercio, los extranjeros
les proporcionaban determinados servicios, especialmente la presencia de especialistas, entre
ellos los diferentes artesanos fenicios que convivían con los eubeos. La compensación que pedían
los colonos era el acceso a los recursos que necesitaban.
El caso de Cerdeña resulta muy ilustrativo respecto a la versatilidad fenicia respecto al terri-
torio inmediato a una colonia. Aquí, más que un hinterland económico, encontramos un dominio
territorial efectivo, que sería un rasgo propio de la presencia fenicia en la isla. El proceso se inicia

Eduardo García Alfonso


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

en época arcaica pero culminará cuando Cerdeña se incorpore a la órbita de Cartago (Aubet,
1994, 208-213; Stiglitz, 1997, 11-12). La intención de dominar territorialmente el hinterland se ex-
plica por su riqueza minera y sus posibilidades agrícolas, pero el resorte habría que buscarlo en
la atomización de un mundo indígena nurágico con recursos demográficos limitados. Durante el
período fenicio arcaico sólo en Sulcis se documenta un claro dominio de las tierras circundantes.
La colonia se funda a mediados del siglo VIII en la isla de Sant’Antioco, a 2 km. de la costa sudoeste
de Cerdeña. Durante el siglo VII, los fenicios comienzan a levantar una serie de fortificaciones en
tierra firme, para controlar el valle del río Palmas, rico en plata y en tierras cultivables. Entre los
bastiones que se construyen en estos momentos cabe señalar Pani Loriga, Monte Crobu, Porto
Pino y, sobre todo, Monte Sirai. M.E. Aubet señala que a pesar de este despliegue, las relaciones
entre fenicios e indígenas eran pacíficas, en lo que coincide con C. Tronchetti (1995, 720). Este
último autor señala que la primera instalación de los fenicios en Cerdeña se hará en aquellos lu-
gares donde la presencia nurágica está menos organizada, de modo que fue más fácil ocupar una
determinada porción de territorio.
En el Extremo Occidente la estrategia del hinterland es bastante evidente en la articulación
de la presencia fenicia. Los fenicios llegan inicialmente al sur de la Península Ibérica atraídos por
el metal que circulaba por las rutas del Bronce Final Atlántico y la riqueza minera de Andalucía
Occidental. Cádiz viene a reproducir el modelo de Tiro: zonas complementarias, amplias y alejadas
geográficamente, de las que se obtienen recursos diversificados, canalizados por vía marítima,
fluvial y terrestre. Serían los casos de la depresión del Guadalquivir, Sierra Morena, Extremadura,
centro y sur de Portugal, costa atlántica de Marruecos... Evidentemente, Cádiz no controló políti-
camente estos territorios debido a varios factores: debilidad demográfica de la propia colonia,
existencia de diferentes estructuras organizativas indígenas y, en muchos casos, considerable
836 distancia entre la ciudad y sus áreas de captación de recursos. No obstante, como veíamos en el
caso de Tiro, para garantizar las subsistencias y la prosperidad económica gaditana no era ne-
cesaria la existencia de un territorio político, sino la colaboración de los poderes locales, lo que
evitaba el enfrentamiento y proporcionaba importantes beneficios a las élites. La clase dirigente
gaditana buscaba socios, no enemigos. La posición estratégica de Cádiz le permitió actuar como
bisagra entre diferentes áreas ricas en metales, así como en recursos agropecuarios y pesqueros.
Esta conexión con los diferentes Hinterländen fue la clave para asegurar el éxito de la empresa
colonial fenicia en el Atlántico. Es lo que M.E. Aubet ha denominado “modelo mercantil de Gadir”
(1994, 300-302).

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837

Eduardo García Alfonso


El comercio púnico en Spal

Eduardo Ferrer Albelda


F. J. García Fernández
D. González Acuña
Universidad de Sevilla

Resumen

Sobre la hipótesis de una fundación fenicia de Spal, exponemos los argumentos sobre la función
del asentamiento como emporio en los siglos V-II a.C. Nos basamos en una revisión de los contextos
arqueológicos de las excavaciones realizadas en la ciudad de Sevilla con materiales datados en esta
cronología. El resultado de este estudio evidencia que la mayoría de las ánforas halladas en Spal son
importadas, en un alto porcentaje de Gadir, y contenían salazones de pescado, aceite y, probablemente
vino. Otras ánforas procedían de Campania y del Mediterráneo central púnico (siglo III a.C.), aunque
tuvieron a Gadir como escala intermedia. Spal se convirtió por tanto en un centro redistribuidor de
mercancías de origen púnico en el Bajo Guadalquivir.

Abstract

On the hypothesis of a Phoenician foundation of Spal, we present the arguments for the function
of the settlement as an emporium in the 5th-2nd centuries BC. We base our arguments on a review of
the archaeological contexts of the excavations carried out in the city of Seville that contain materials
belonging to this chronology. The result of the study is that most of the amphorae recovered from
Spal were imported, a high percentage from Gadir, and contained salted fish products, oil and probably
wine. Other amphorae came from Campania and the Punic central Mediterranean (3rd century BC),
although they appear to have passed through Gadir as an intermediary port of call. Spal thus became
a redistribution centre of merchandise of Punic origin in the Lower Guadalquivir.
El comercio púnico en Spal

I. Introducción: Sobre los orígenes de Spal

Hasta bien entrado el siglo XX, los historiadores no han dispuesto de otros datos que los
relatos legendarios para elucubrar sobre los orígenes prerromanos de Sevilla1. Esta situación em-
pezó a cambiar a raíz de la primera excavación sistemática realizada por F. Collantes de Terán
en 1944 en la Cuesta del Rosario, cuyos resultados se publicaron tres décadas después. La exca-
vación confirmaba tímidamente la existencia de un asentamiento prerromano, pero no aportaba
ningún dato definitorio sobre los orígenes de la ciudad, carencia que fue suplida por la intuición
del autor y por el estudio paleotopográfico del subsuelo, los cuales contribuyeron a proponer una
sugerente hipótesis, hoy plenamente vigente en sus planteamientos generales, aunque apenas
haya tenido seguidores en las décadas posteriores.
Las circunstancias que motivarían la fundación de Sevilla serían, según Collantes de Terán
(1977, 44-49), la existencia de un pequeño altozano en la margen izquierda del Guadalquivir, un
lugar “inmejorable para el establecimiento de un emporio: aparte de la facilidad de su acceso
desde el mar,..., se hallaba en el centro de una rica región agrícola y ganadera; pero sobre todo su
proximidad a las zonas mineras de Sierra Morena acercaba extraordinariamente a los barcos los
codiciados metales...”. Sevilla surgiría como “puerto de transbordo, es decir, aquellos en que se
verifica el traslado de mercancías que viene del interior en embarcaciones de pequeño calado...”,
y al estar ubicada en la llamada zona marítima del río, debía ser incluida en la categoría de “em-
porio litoral”. Además de estas circunstancias, intervendrían en esta consideración el topónimo
Hispal, que autores como Arias Montano o S. Bochart habían considerado fenicio (llanura o lla-
nura verde), o la misma tradición medieval que atribuía la fundación de la ciudad a Hércules,
identificado con el Melkart fenicio.
Esta hipótesis, sin embargo, apenas ha sido considerada porque paralelamente, y a raíz del 839
descubrimiento del tesoro de El Carambolo y de las excavaciones de los “poblados” alto y bajo,
situados frente a Sevilla, estaba naciendo el “paradigma tartesio”2. Los estudios posteriores se
han adaptado a un esquema secuencial casi canonizado en la mayoría de los asentamientos del
Bajo Guadalquivir que contempla un período tartésico precolonial, una fase orientalizante y un
período ibero-turdetano (Carriazo, 1980; Escacena, 1983 y 1987; Escacena y Belén 1991; Campos
et al., 1988, 20 ss.; Pellicer, 1996). Sin embargo, la única secuencia estratigráfica que podía argu-
mentar el origen precolonial del asentamiento, además de la Cuesta del Rosario, ha sido la pro-
blemática excavación de San Isidoro (Campos et al., 1988). Aún así, Pellicer (1996, 92) estima que
la primera población de Sevilla tendría lugar en la segunda mitad del siglo VIII a.C., como suburbio
portuario y comercial del rico núcleo tartésico del Carambolo.
Esta interpretación está siendo cuestionada desde hace algunos años a raíz de la revisión
de las antiguas excavaciones (Blanco, 1989; Amores, 1995; Blázquez, 1995; Belén y Escacena,

1 “Todos los historiadores están de acuerdo en que Sevilla fue fundada por un navegante fenicio que
procedente de Tyro, y después de haber pasado algún tiempo en Egipto, cruzó el Mediterráneo, remontó el
Guadalquivir que todavía conservaba su aspecto de lago y construyó una factoría comercial, a la que daría el
nombre de Híspalis. Este navegante... Hércules, no solamente realizó el admirable viaje cruzando el mar, aún
ignoto, sino que trajo a la Península Ibérica la religión fenicia, y creó importantes lazos comerciales, principalmente
adquiriendo el monopolio de las pieles de toro de la región Bética” (Mena, 1970). “Todos los historiadores” a los
que el autor se refiere son los transmisores de las invenciones ideadas por los falsarios medievales y modernos
(Carriazo, 1980, 25) para dotar a la ciudad de una historia prerromana ilustre que la ausencia de textos antiguos
legítimos le negaba. Lógicamente contribuyó al mantenimiento de tales mentiras la posición preeminente de la
ciudad en los Siglos de Oro, de forma que su fundación no podía concebirse si no era a través de un personaje tan
insigne como Hércules, mediante el recurso habitual de evemerización de un mito clásico.
2 Como ha descrito M. Álvarez (2005, 151 ss.), El Carambolo fue el primer yacimiento “tartésico” que
respondía a la búsqueda del componente indígena en los objetos orientalizantes y a la necesidad de definir
un registro arqueológico acorde a una noción “nacionalizada” de Tarteso, proporcionando una “imagen
profundamente esencialista de Tarteso, que deviene en la defensa de su carácter netamente indígena”.

Eduardo Ferrer Albelda, F. J. García Fernández e D. González Acuña


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1997; Belén, 2000) y de las nuevas campañas en El Carambolo (Fernández y Rodríguez, 2005a
y b; Rodríguez y Fernández, 2005; Fernández Flores, 2005), que confirman una cronología co-
lonial muy arcaica del yacimiento y su función como santuario. Asimismo, la excavación de otro
santuario fenicio en la antigua Caura (Escacena e Izquierdo, 2001; Escacena, 2002) hace patente
que el esquema secuencial aún vigente debe ser obligatoriamente revisado, así como la función
y adscripción étnica de algunos de los asentamientos integrados territorialmente en el entorno
inmediato de Spal: Ilipa, Cerro Macareno, El Carambolo, Caura y Orippo. En este sentido, todos los
datos, incluidos los toponímicos (Díaz Tejera, 1982, 20; Lipinski, 1984, 100-101; Correa, 2000, 190),
parecen indicar que la habitación de Sevilla se pudo inaugurar con el establecimiento de un empo-
rio fenicio a orillas del río, como ya propusiera Collantes de Terán (1977, 44 ss.).
No obstante, nuestro objetivo en este trabajo no es exponer las circunstancias históricas
de la hipotética fundación, pues no podemos aportar novedad alguna a lo ya expuesto, sino anali-
zar el comercio púnico y su evolución hasta el siglo II a.C. a partir de la revisión de las secuencias
estratigráficas publicadas e inéditas registradas en la ciudad, otorgando el protagonismo a los en-
vases anfóricos y, en menor medida, a otros productos característicos de los intercambios como
las importaciones griegas o la cerámica “tipo Kuass”. Esta introducción nos ha servido, pues,
para destacar por un lado el carácter empórico del asentamiento desde su génesis y, por otro,
su temprana dependencia del comercio fenicio, factores que hacen comprensible su posterior
evolución.

II. Contextos arqueológicos y ánforas púnicas

Esta contribución se inserta en un proyecto de mayor envergadura orientado al estudio del


840 fenómeno urbano en la ciudad de Sevilla, desde sus orígenes hasta finales de la Antigüedad3. Para
ello hemos revisado las intervenciones arqueológicas realizadas en el solar de la antigua Hispalis,
seleccionando aquellos contextos que por sus características o por los materiales asociados per-
miten definir las diferentes fases cronológicas y culturales, así como las actividades desarrolladas
en la ciudad. Hay que advertir, no obstante, que para la elaboración de este estudio se han tenido
en cuenta todos los contextos en los que han identificado recipientes anfóricos de origen púnico
o “púnico-turdetano”, incluyendo también los niveles arbitrarios procedentes de excavaciones
antiguas y las unidades deposicionales secundarias, resultado de aterrazamientos y colmatacio-
nes, donde los materiales se encuentran en la mayor parte de las ocasiones revueltos (García y
González, 2007).

C/ Argote de Molina 7 (Campos, 1986)
-Nivel 26: La datación propuesta inicialmente, de fines del siglo IV a.C. (Campos, 1986, 22),
debe ser rebajada a fines del siglo III o principios del II a.C. por la documentación de ánforas tipo
Pellicer D, un ejemplar de T-9.1.1.1 y una grecoitálica (Lám. II).
-Niveles 25-23: Amortización de una estructura de habitación. Ánforas: varios envases cla-
sificables en las formas Pellicer D (variantes 8 y 2: Niveau 2002, 237-239), T-8.1.1.2, T-8.2.1.1 y, sobre
todo, T-9.1.1.1. También se registraron dos ejemplares de producción púnica centromediterránea,
T-5.2.3.1 y T-7.2.1.1., y, en el nivel 25, un plato de pescado “tipo Kuass” (forma II de Niveau, 2003,
246) (Lám. I y II).
-Niveles 19-17: Variantes más tardías del tipo Pellicer D y tres ejemplares de Mañá C2 (T-
7.4.3.1 y T-7.4.3.3), lo que permiten atribuir una cronología relativa de fines del siglo II o inicios del
I a.C. (Lám. I).

3 Trabajo en el que participan también E. García Vargas y J. Vázquez Paz.

Arqueologia e território
El comercio púnico en Spal

841

Lám. I. C/ Argote de Molina 7: niveles 17 al 23

Eduardo Ferrer Albelda, F. J. García Fernández e D. González Acuña


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

842

Lám. II. C/ Argote de Molina 7: niveles 24 al 26

Arqueologia e território
El comercio púnico en Spal

C/ San Isidoro 21-23 (Campos et al., 1988)


-Nivel 17: Dos ejemplares del T-8.2.1.1 y dos de la forma Pellicer D. Desde fines del siglo IV a
finales del III a.C. (Lám. III).
-Nivel 14: Ánforas T-8.2.1.1 y T-11.2.1.4 (Lám. III)
-Nivel 11: Ánfora Pellicer D, ejemplar de Pellicer B-C y grecoitálica. Fines del siglo III o prin-
cipios del II a.C. (Lám. III).
-Nivel 10: Ánforas T-8.2.1.1 y T-4.2.2.5 (Lám. III).

C/ Mármoles 9 (Escudero y Vera, 1988)


La secuencia estratigráfica está muy alterada por las fosas de expolio que, al ser excavadas
con niveles arbitrarios, ocasionaron la contaminación de los estratos. No obstante, se han podido
aislar dos estratos que nos interesan (García y González, 2007):
-Estrato 7: T-8.1.1.2 , ánfora grecoitálica. Primera mitad del siglo III a.C. (Lám IV: 1902).
-Estrato 6: ánfora Pellicer D (variante 4 de Niveau, 2002, 238), fragmento atípico de cerámi-
ca “tipo Kuass”. Atribuimos una cronología del siglo III a.C.
-Estrato 5: ánfora T-8.1.1.2, de finales del siglo III o principios del siglo II a.C. (Lám. IV:
1768).

C/ Abades 41-45 (Jiménez, 2002)


-Fase constructiva 2, UE 431: ánfora T-12.1.1.1, segunda mitad del siglo IV y siglo III a.C. (Lám.
IV).
-Depósitos de colmatación de la fase constructiva 3 (UUEE 422 y 423): ánforas T-8.1.1.2 y T-
8.2.2.1. Primera mitad del siglo III a.C. (Lám. IV).
-Fase constructiva 4 (UE 418): ánfora Pellicer D (Lám. IV). 843
-Depósitos de colmatación (UUEE 412 y 404): ánforas T-8.1.1.2 (Lám. IV).
-Amortización del pavimento de la fase constructiva 5 (UE 380): ánfora Pellicer D (variante
2 de Niveau) y fragmento atípico de campaniense A. Primera mitad del siglo II a.C.
-UUEE 372 y 371: ánforas Pellicer D y T-9.1.1.1, mediados a fines del siglo II a.C. (Lám. IV).

Palacio Arzobispal, sector Archivos (sondeo 2)


-UE 91: ánforas T-10.1.2.1, T-11.2.1.4 y T-12.1.1.1. Cronología de fines del siglo V e inicios del IV
a.C. para el primer ejemplar, y segunda mitad del IV y todo el siglo III a.C. para el tipo más tardío.
-UE 80: ánfora T.9.1.1.1, de fines del siglo III y siglo II a.C.


III. Discusión y conclusiones

La revisión de las estratigrafías parece indicar que después de la pujanza de los siglos VII y
VI a.C. (Pellicer, 1996, 93), el emporio disminuyó su actividad hasta casi desaparecer, como ocurre
en otros asentamientos cercanos, como El Carambolo o el “barrio fenicio” de Caura (Escacena,
2002, 43 y 70), y no se recuperó hasta fines del siglo V o principios del siglo IV a.C. Los siglos IV y,
sobre todo, III a.C. son indicativos del auge del puerto y de su dinamismo comercial, si utilizamos
como indicadores la febril actividad edilicia y la importación de alimentos contenidos en los en-
vases anfóricos (García y González, 2007).
Un aspecto a destacar es que la mayoría de los recipientes de transporte son importacio-
nes. Las ánforas4 T-11.2.1.4 y T-12.1.1.1 eran producciones del área de la bahía de Cádiz destinadas a

4 Utilizaremos la tipología y cronologías propuestas por J. Ramón (1995).

Eduardo Ferrer Albelda, F. J. García Fernández e D. González Acuña


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

transportar salazones y salsas saladas de pescado, que circularon en los siglos IV y III a.C. respec-
tivamente. Compartían el mismo origen y el mismo contenido los envases T-9.1.1.1, pero con una
datación posterior, desde fines del siglo III hasta el siglo I a.C. En los siglos IV y III a.C. el emporio
fue abastecido del aceite almacenado en las ánforas T-8.1.1.2, procedentes de la campiña gaditana
según los estudios recientes de P. Carretero (2005); y compartieron los mismos mercados que los
recipientes T-8.2.1.1, también provenientes de la campiña gaditana e hipotéticamente contene-
dores de vino (Carretero, 2005), aunque su fabricación se documenta igualmente en los talleres
gadiritas y fueron destinados al transporte de salazón de pescado. Otro grupo lo componen las
ánforas greco-itálicas, que transportaban vino de cierta calidad de Campania y del sur de Italia.
Por último, en un momento muy concreto, después de la conquista cartaginesa y durante la se-
gunda Guerra Púnica, en el último cuarto del siglo III a.C., llegaron a Spal importaciones púnicas
centro-mediterráneas clasificables como Mañá D (T-5.2.3.1) y Mañá C2 (T-7.2.1.1).
Las ánforas “turdetanas” están representadas por los tipos Pellicer B-C, con pocos ejem-
plares, y Pellicer D (T-4.2.2.5), muy abundante en Spal y característico de los contextos del Bajo
Guadalquivir y del litoral atlántico del siglo III, con perduraciones en el siglo II a.C. J. Ramón (2004,
78) considera que procede de talleres extra fenicios-púnicos, pero, como ha señalado Nivaeu
(2002, 242), su presencia –no necesariamente su fabricación- en el horno III de Kuass y en los
alfares de Pery Junquera, así como su distribución, permiten albergar dudas sobre su origen y
filiación, que no quedarán zanjadas hasta que no se conozcan los talleres de fabricación.
Otro aspecto que invita a reflexionar es el paralelismo sintomático entre el repertorio an-
fórico de la Spal de los siglos IV-III a.C. y el de los de otras áreas cercanas o lejanas pero integradas
en el “Círculo del Estrecho”. No es extraño que en los asentamientos ribereños del lacus Ligusti-
nus (Cerro Macareno, Pajar de Artillo) o de la campiña gaditana (Doña Blanca, Las Cumbres, Cerro
844 Naranja, Mesas de Asta, Asido, etc.) se recibieran las mismas producciones, dada la cercanía de
los primeros al emporio, y porque en la segunda área, al menos dos de éstas (T-8.1.1.2 y T-8.2.1.1),
se fabricaron en sus alfares. Pero el hecho de que repertorios muy similares se identifiquen en el
litoral onubense (Niebla, Huelva, La Tiñosa), en el Algarve (Castro Marím, Cerro da Rocha Branca)
y en la costa atlántica marroquí (Kuass, Lixus), permiten conjeturar que todas estas áreas com-
partían una misma estructura comercial, una misma red de distribución en la que Gadir debió
jugar el papel de puerto receptor de las importaciones mediterráneas (cerámica griega) y difusor
de sus propios productos (cerámica “tipo Kuass”), mientras que otros emporios de menor rango,
como Spal o Castro Marím actuaron como redistribuidores en sus respectivas áreas de influencia
y como consumidores del aceite, vino y salazones de procedencia gadirita.
La recuperación económica de Spal durante los siglos IV y III a.C. no debe interpretarse,
por tanto, como un fenómeno aislado, sino como una manifestación más de una reactivación
económica y comercial del área atlántica que algunos autores, como P. Carretero (2005, 443 ss.),
han interpretado como producto de una planificación de Cartago en la que intervendrían colonos
“libio-púnicos”, enfocada hacia la producción intensiva de aceite y vino. Por nuestra parte, duda-
mos de la implantación de colonos norteafricanos en el área (Ferrer, 2000) y de la responsabilidad
de Cartago en el proceso, independientemente de su papel activo en Iberia, y creemos que es
un desarrollo económico generado desde las comunidades turdetanas y púnicas de Occidente,
como se infiere, entre otros aspectos, de la distribución geográfica de los productos contenidos
en las ánforas.

Arqueologia e território
El comercio púnico en Spal

845

Lám. III. C/ San Isidoro 21-23

Eduardo Ferrer Albelda, F. J. García Fernández e D. González Acuña


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

846

Lám. IV. C/ Mármoles 9: estratos 5 y 7; C/ Abades 41-45

Arqueologia e território
El comercio púnico en Spal

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848

Arqueologia e território
849
Nuevas perspectivas sobre la producción cerámica
del alfar gadirita de Torre Alta (San Fernando, Cádiz):
algunas formas «excepcionales» de su repertorio
*

Antonio M. Sáez Romero


Universidad de Cádiz

Resumen

El alfar tardopúnico de Torre Alta se ha configurado desde los inicios de su investigación,


hace ya casi dos décadas, como punta de lanza del análisis de la industria alfarera de Gadir en los
ss. –III/-II. Recientes excavaciones acometidas en los años 2001-2003 han dado como resultado la
excavación completa del taller y han brindado la posibilidad de definir la secuencia de producción. En
el presente trabajo realizaremos un balance y estado de la cuestión de la investigación sobre el taller
cerámico condensando la información de todas las intervenciones acometidas, lo cual nos servirá de
introducción al estudio de algunas categorías cerámicas singulares de su repertorio que merecen un
análisis detallado. En concreto, focalizaremos nuestra atención en la manufactura de lucernas y en
algunas formas del repertorio de barniz rojo del alfar, definiendo algunas cuestiones de orden tipo-
cronológico sobre las mismas y realizando algunas consideraciones sobre la producción de estos tipos
en los ss. –III y –II en Gadir.

Abstract

The late-punic pottery workshop of Torre Alta has been set since the beginning of its research,
almost two decades ago, the ‘spearhead’ for the analysis of the ceramic industry of Gadir in 3rd/2nd
c. BC. Recent excavations undertaken during 2001-2003 have resulted in the complete excavation of
the workshop and as well have provided the opportunity to define the local industrial sequence. In
this paper we will show a balance and state of the research on the ceramic workshop condensing
the information of all archaeological interventions undertaken (1987-2003), which will serve as an
introduction to the study of some unusual categories of its ceramic repertoire that deserve detailed
analysis. In particular, we focus our attention on the manufacture of lamps and some forms of the
repertoire of red-glazed pottery, defining type-chronological issues about them and making some
historical-archaeological observations on the production of these types in late-punic Gadir.

* Trabalho ampliado e revisto, originalmente apresentado como poster


Nuevas perspectivas sobre la producción cerámica del alfar gadirita de Torre Alta (San Fernando, Cádiz): algunas formas «excepcionales» de su repertorio

1. Introducción1

Las excavaciones realizadas entre 1987 y 2003 en el yacimiento alfarero gadirita de Torre Alta
han dado a conocer en sucesivas etapas por vez primera un taller de producción cerámica comple-
to perteneciente a la fase tardopúnica de la ciudad extremo-occidental. Las recientes actuaciones
arqueológicas relacionadas con la musealización in situ del complejo alfarero (Sáez, 2004 y 2007;
Sáez et alii, 2004 y 2005) han permitido completar definitivamente la secuencia de actividad del
centro industrial y añadir nuevos hornos y testares a los ya exhumados en intervenciones ante-
riores (1987-1997; vid. De Frutos y Muñoz, 1994; Arteaga et alii, 2001), así como complementar el
análisis de las categorías cerámicas torneadas, tanto anfóricas como comunes o barnizadas-pinta-
das. En relación a este último aspecto del yacimiento, cabe señalar que los estudios realizados han
permitido confirmar la manufactura de un espectro cerámico mixto, centrado en la fabricación
de envases anfóricos de transporte (T-12.1.1.0, T-8.2.1.1, T-9.1.1.1 e imitaciones de diversos perfiles
grecoitálicos), pero con un fuerte componente barnizado de tipo helenístico (Niveau, 2004a) y
común (Sáez, 2008), así como terracotas y otros elementos de uso doméstico-artesanal (pesas de
red, fusayolas, grandes recipientes abiertos de uso artesanal, etc...).
Las líneas maestras del análisis de las estructuras del taller y de sus producciones han sido
ya abordadas preliminarmente en varios trabajos anteriores que han intentado dar una visión
global de su problemática, y están siendo objeto de una atención monográfica más amplia en la
actualidad (Sáez, 2008), por lo que hemos creído oportuno en esta ocasión fijar nuestra mirada
sobre algunos tipos que este proceso de estudio ha revelado como «excepcionales» dentro de
sus repertorios. Esta característica se basa no tanto en su en ocasiones exigua representatividad
cuantitativa en el conjunto del alfar, sino más bien en el escaso conocimiento que hasta el momento
se tenía de ellas como formas locales (bien por ser atribuidas a talleres exógenos, por problemas
de definición formal, de encuadre cronológico, etc...) y por su proyección más allá de las fronteras 851
de Torre Alta al responder a una problemática extensible en general al resto de alfa-rerías insulares
tardopúnicos gadiritas.

1.1.- Síntesis de la secuencia productiva del alfar


Los resultados de las más recientes investigaciones han dejado vislumbrar un panorama
crono-secuencial insospechado hasta el momento, aportando datos decisivos no sólo para las
etapas más antiguas del taller sino también para la ordenación de la actividad industrial de las
restantes. Un breve acercamiento al horizonte productivo desarrollado en Torre Alta en los ss.
–III/-II a través de estas novedades aportará las bases necesarias para encuadrar en su contexto
de fabricación las diversas categorías vasculares sobre las cuales gira este artículo. Dicha secuen-
cia puede perfilarse a grandes rasgos en cinco fases sucesivas (una síntesis más desarrollada en
Sáez, 2004):
-Un inicio de la actividad del alfar relativamente tímido, con la instalación al parecer de
un único horno de grandes proporciones (en H-4) probablemente asociado a un testar medio
(denominado MC-I) ubicado algunos metros al norte, que podemos situar en un momento de
incipiente recuperación económica de la ciudad encuadrable en las décadas de los ¿sesenta? o
más posiblemente cincuenta del s. –III. En esta fase inicial, mal conocida, parece que la actividad
se centró casi exclusivamente en el torneado de ánforas, especialmente de los tipos T-12.1.1.0 y
T-8.2.1.1, y quizá algunas formas comunes básicas.
-Entre –240 y –230 se realizaría una primera reestructuración del centro industrial, con el
fin de la actividad del Horno 4 y la amortización del testar MC-I. Con escasa anterioridad quizá al
abandono de dichas estructuras, se procedió a la renovación del alfar con la construcción de un

1 Grupo de Investigación HUM-440 del IV Plan Andaluz de Investigación. Pesca en la Antigüedad.

Antonio M. Sáez Romero


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

nuevo horno de líneas tecnológicas más evolucionadas (el H-3) y la utilización del área de trabajo
del H-4 como un gran testar (denominado MC-II), continuando al parecer sin cesuras la actividad
productiva. Este nuevo conjunto funcional del taller (horno-testar) perduró hasta probablemente
un momento cercano al inicio del segundo conflicto romano-cartaginés, según indica la eviden-
cia cerámica y crono-estratigráfica. En esta etapa la producción del taller sería más diversificada,
creciendo la importancia y variedad del elenco común y apareciendo los primeros testimonios de
manufactura de tipos barnizados en rojo.
-Esta fase media del alfar supuso su floruit productivo si tomamos en consideración tanto
el volumen de desechos documentado en los testares como el mayor número de estructuras
fornáceas en actividad simultánea. De nuevo debió repetirse el proceso de sustitución de estruc-
turas, pues abandonados el H-3 y la escombrera MC-II, se procedió a la construcción de un nuevo
conjunto de hornos (H-1, H-2 y H-5), de menores dimensiones pero agrupados en un trío que com-
partía la carga de trabajo, situados al este de los ya amortizados. De inmediato se generaron tes-
tares, localizados en las excavaciones de 1995 al sur de los hornos (Sectores I y II), en algún caso
con enormes cantidades de desechos cerámicos y faunísticos. La producción de esta fase puede
calificarse ya como completamente diversificada (barniz rojo helenístico, común, de cocina, pro-
ductos de uso artesanal, terracotas, etc...), si bien las ánforas seguirían adquiriendo una primacía
indiscutible en el elenco manufacturado (T-12.1.1.1/2, T-8.2.1.1, T-9.1.1.1 y perfiles grecoitálicos).
Hacia el –200 el Horno 5, perteneciente a la característica clase definida como de «praefurnium
escalonado», cesaría su actividad dando fin a esta etapa.
-Sin embargo, la siguiente fase puede calificarse como de completa continuidad en el alfar,
con los Hornos 1 y 2 (Perdigones y Muñoz, 1990; De Frutos y Muñoz, 1994) y los testares asocia-
dos, quizá con una ligera reducción del volumen total y con la peculiaridad en el registro anfórico
del rápido ascenso cuantitativo de las T-9.1.1.1. Con una vida útil muy dilatada, hacia el inicio del
852 segundo cuarto del s. –II los hornos 1 y 2 vieron finalizada su actividad, en un proceso de aban-
dono aún mal conocido.
-De igual forma, puede considerarse deficientemente conocido el enlace o hiatus (de hab-
erlo) con la postrera fase del alfar, determinada por el abandono total de todo el sector ocupado
y explotado desde el s. –III y el traslado de las instalaciones más al suroeste, con la construcción
de dos nuevos hornos con rasgos tecnológicos evolucionados (Arteaga et alii, 2001) y probable-
mente con la gestación de nuevas escombreras que las actividades arqueológicas en el entorno
no han podido documentar. La producción cerámica de esta fase, escasamente divulgada hasta
el momento, parece revelar una dualidad lógica a tenor de su situación cronológica, con cierto
apego a “lo tradicional” pero sintiendo con cada vez más fuerza la influencia latina. Asimismo,
algunos hallazgos numismáticos (Arévalo, 2004) y los restos de algún enterramiento hallados
en su entorno inmediato avalan estas apreciaciones cronológicas, que parecen situar el final de
la producción cerámica en el lugar en un momento no demasiado alejado de –150 o poco más.
Tras el abandono del taller y su colmatación el área debió ser frecuentada para la reutilización de
las canteras de arcilla o la reutilización de materiales constructivos u otros fines menores, si bien
dichas actuaciones no alteraron significativamente las secuencias estratigráficas del alfar de los
ss. –III/-II.

2. Análisis de algunas producciones del taller

Las categorías cerámicas cuyo estudio monográfico trataremos en este trabajo se insertan
en las fases de máximo esplendor productivo de la alfarería situada en Torre Alta, especialmente
en las fases 2-3 durante las cuales el volumen y diversificación alcanzados fueron realmente no-
tables. Como avanzamos en la introducción decidimos incidir en estos tipos manufacturados en

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Nuevas perspectivas sobre la producción cerámica del alfar gadirita de Torre Alta (San Fernando, Cádiz): algunas formas «excepcionales» de su repertorio

el taller ante su desconocimiento casi total y su importancia para completar el elenco material
local de la época. Debemos no obstante distinguir dos grandes grupos en las formas selecciona-
das: por un lado, la fabricación de lucernas de tipo tradicional en cerámica común, y por otro la
confirmación de la manufactura gadirita de diversos tipos barnizados en rojo de su repertorio de
corte helenístico. Se trata de formas claramente pertenecientes a ámbitos productivos del taller
distanciados pero que responden de igual forma a la premisa planteada acerca de su escasa defi-
nición formal y cronológica.

2.1. La perduración de la manufactura de lucernas de tipo tradicional


La producción y uso de las populares lucernas de uno o dos picos en la metrópolis gadirita
es bien conocida especialmente a partir de los trabajos realizados en las áreas funerarias de los ss.
–VI/-V del actual solar gaditano (una síntesis en Perdigones et alii, 1990 y Muñoz, 1998), formando
estos elementos de iluminación parte habitual de los ajuares de numerosos enterramientos (tam-
bién Muñoz, 1982). Los trabajos de las últimas décadas en las alfarerías insulares han confirmado
la fabricación de este tipo, ayudando a perfilar un primer acercamiento a su evolución formal en
el seno de los talleres gadiritas, desde las formas estilizadas con espeso engobe rojo de la fase
arcaica y tardo-arcaica hasta las nuevas tendencias productivas detectadas a partir del s. –IV, con
la proliferación de individuos más toscos y usualmente sin cubierta policroma ni barniz (proceso
bien ejemplificado por alfarerías isleñas como Villa Maruja, vid. Bernal et alii, 2003). Probable-
mente desde la etapa arcaica, estas lucernas de tipo semita convivieron con importaciones e in-
terpretaciones locales de ejemplares griegos, generalmente abiertos, cuya huella ha sido delata-
da con claridad por centros industriales como Sector III Camposoto, en un proceso de interacción
por lo demás extensible a otras muchas categorías cerámicas locales.
Sin embargo, la información sobre las lucernas tradicionales disponible para la etapa tar-
dopúnica de la ciudad era hasta el momento exigua, careciendo de contextos en que su uso o 853
producción estuviesen suficientemente constatados. Al contrario de lo percibido en otros im-
portantes centros semitas del ámbito mediterráneo como Ibiza, Cartago o las áreas magrebíes
costeras, la presencia en Gadir de estas lucernas no era conocida o había sido pasada por alto por
la investigación hasta el momento para los ss. –III/-II, existiendo en aquellos centros contextos
funerarios e industriales suficientemente amplios para advertir su perduración. En este punto, los
hallazgos de la alfarería de Torre Alta aportan indicios clave para el análisis de los últimos pasos de
estas lucernas a la vez que demuestran indiscutiblemente su utilización y manufactura en época
tardopúnica.
La evidencia material procede en el caso del alfar de Torre Alta esencialmente de varios
depósitos diferenciados correspondientes a las fases 2-3 del taller: ejemplares cuantitativamente
escasos de los niveles de abandono del Horno 4 propios de un momento temprano de la etapa
bárcida junto a un conjunto mucho más amplio procedente de los testares asociados a la activi-
dad de los hornos 1, 2 y 5, abarcando el resto del s. –III y los inicios del –II. Otras piezas fragmen-
tarias recuperadas en contextos dudosos o en superficie en diversos puntos del yacimiento po-
drían corresponder a la cuarta fase de actividad del alfar. En todos los casos las piezas responden
a un mismo esquema formal, careciendo de decoración policroma o barniz alguno. Se trata de
pequeños platitos de escasa profundidad de unos 8-12 cms de diámetro, con pies escasamente
diferenciados y labios de anchura variable moldurados, a los que se han realizado unos pliegues
a fin de dotarlos de las piqueras para su función iluminadora. Algunos ejemplares presentaban
superficies alisadas cuidadas y en ocasiones cubiertas de engobes o barbotinas muy líquidas del
color de la pasta, si bien el acabado en general suele ser tosco, teniendo también algunos de los
individuos huellas de haber sido utilizadas por los propios alfareros como parte de su impedi-
menta cotidiana.

Antonio M. Sáez Romero


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

854

Fig. 1. Lucernas en cerámica común de doble piquera


producidas en los alfares de Centro Atlántida (1) y Torre Alta (2-6)

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Nuevas perspectivas sobre la producción cerámica del alfar gadirita de Torre Alta (San Fernando, Cádiz): algunas formas «excepcionales» de su repertorio

855

Fig. 2. Lucernas de dos picos, en alguna ocasión con evidentes huellas de uso,
documentadas en el taller de Torre Alta (fotografía A. Sáez Espligares)

Por tanto, los hallazgos de Torre Alta (figs. 1-2) confirman con piezas en contextos
estratigráficos bien datados y fiables tanto la continuidad de la fabricación de este tipo de lucernas
hasta al menos las primeras décadas del s. –II como su uso habitual entre los gadiritas, en este
caso entre los artesanos del alfar. Otros talleres insulares gadiritas como Centro Atlántida han
proporcionado indicios de que esta perduración de la fabricación de lucernas de dos picos sin
barniz es extensiva a buena parte de estas instalaciones tardopúnicas, señalando una demanda de
cierto nivel. Este tipo debió convivir y competir, como sus predecesoras, con imitaciones locales
de perfiles helenísticos en barniz rojo (amén de con las propias importaciones, vid. Niveau, 2003),
pero por el momento carecemos de depósitos estratigráficos que proporcionen una información
suficiente para ahondar en cuestiones de supremacía cuantitativa o selección funcional de
las piezas. En conclusión, creemos que los ejemplares de lucernas analizadas en este trabajo
fabricadas en el alfar de Torre Alta vienen a completar la visión que hasta el momento se había
ofrecido del repertorio de iluminación gadirita, más diversificado de lo vislumbrado, intentando
sentar una primera base que permita en los próximos años estudiar esta problemática a través de
los registros de otros puntos de la bahía gaditana.

Antonio M. Sáez Romero


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2.2. La producción de cerámicas barnizadas: generalidades


Las investigaciones que desde el año 2001 venimos realizando acerca del alfar de Torre
Alta (Sáez, 2004; Sáez et alii, 2004), con la excavación de nuevas estructuras y contextos y la re-
visión de los hallazgos previos, nos ha permitido constatar la manufactura en el alfar de cerámicas
barnizadas en rojo de tipo helenístico, cuestión insinuada por otros autores (De Frutos y Muñoz,
1994; Niveau, 2003 y 2004a). Asimismo, el estudio detallado de estas producciones en determi-
nados contextos del alfar (Sáez, 2008) ha permitido determinar que formas correspondientes
a esta vajilla gadirita barnizada fueron fabricadas en Torre Alta, definiendo su repertorio propio
e introduciendo matices sobre los esquemas formales genéricos introducidos en la reciente sis-
tematización de esta categoría cerámica (Niveau, 2003). Pero además, ha permitido completar
en cierta medida el espectro de formas barnizadas realizadas por los talleres gadiritas gracias a
la documentación de nuevos individuos en buenas condiciones de conservación y e incluidos en
contextos arqueológicos datados y fiables de tipos de los que poco o nada se conocía con anteri-
oridad. En las páginas siguientes incidiremos en el análisis de algunas de estas categorías escasa-
mente conocidas y faltas de ejemplares completos hasta el momento, con objeto de completar
las propuestas sistematizadoras vigentes.

2.2.1. Novedades sobre la forma Niveau XV: oenocoes y «lécitos aribalísticos»


De entre las formas peor caracterizadas del repertorio barnizado la XV de la reciente sistema-
tización acometida por A. M. Niveau (2003) es sin duda una de las menos conocidas debido a la
escasez de ejemplares disponibles y a la fragmentación de los mismos. Se trata de una agrupación
tipológica y quizá funcional heterogénea de formas cerradas de tamaño en general bastante redu-
cido, funcionalmente centradas en la contención y vertido de sustancias líquidas probablemente
selectas. Nuestras aportaciones respecto a este tipo barnizado gadirita girarán fundamental-
856 mente en torno a dos subgrupos principales: los “ungüentarios de boca de seta” del tipo XV-C y los
singulares oenocoes de la forma XV-D, cuya manufactura en Torre Alta ha podido ser constatada,
contribuyendo con la difusión de nuevos ejemplares al
catálogo morfológico general de las cerámicas barni-
zadas locales. Por otro lado, debemos citar también la
confirmación del torneado de otro subgrupo de este
tipo, el XV-A-1 (lécitos de pequeñas dimensiones de pie
anular con boca abombada y cuerpo con decoración
gallonada), en base a la identificación de algunos frag-
mentos de dicha forma. Se trata en todos los casos de
tipos escasamente representativos a nivel porcentual
no sólo respecto a la producción total del taller, sino
incluso dentro de la producción de cerámicas barniza-
das del taller isleño.

2.2.1.1. La fabricación de oenocoes con decora-


ción aplicada en las asas (Niveau XV-D)
La manufactura de estos recipientes ha podido
ser confirmada gracias a la documentación de varias
carátulas (fig. 3), en algún caso adosadas al asa, de las
usadas para decorar los arranques inferiores de sus
asas. Se trata, según ha definido Niveau (2001 y 2003)
Fig. 3. Aplique antropomorfo (carátula
a partir de un ejemplar completo documentado en un
barbada) perteneciente al arranque de
pozo de la necrópolis gaditana localizado en la Avda. un asa de un oenocoe de la forma XV del
López Pinto, de jarras de boca trilobulada relativa- repertorio gadirita de barniz rojo

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Nuevas perspectivas sobre la producción cerámica del alfar gadirita de Torre Alta (San Fernando, Cádiz): algunas formas «excepcionales» de su repertorio

mente estilizadas (con unos 20 cms de altura y alrededor de 10 de anchura) con asas simples de
sección aplanada y usualmente acanaladas, con pies anulares poco desarrollados y cuerpo con
decoración gallonada. Esta forma sería una producción local con una evidente influencia de pro-
ducciones etruscas (Niveau, 2001 y 2003; formas M-5611 y M-5612), que quizá habrían adoptado
este tipo de decoraciones inspirados en producciones áticas precedentes y en la imitación de jar-
ros de bronce usualmente decorados de esta forma. En cualquier caso, los contextos alfareros en
que fueron hallados los nuevos ejemplares de apliques antropomorfos (barbados, si bien resulta
difícil de precisar en algún caso debido al deterioro de las piezas) además de confirmar su fabri-
cación, sitúan con cierta precisión su desarrollo en un momento no alejado de –200 y quizá los
primeros años del s. –II, señalando una etapa similar a la evidenciada por el único ejemplar íntegro
conocido exhumado en el pozo gaditano.

2.2.1.2. Una nueva producción gadirita: los guttus type of askos


La otra gran novedad que los estudios del alfar de Torre Alta han aportado al análisis
de la forma XV radica en la identificación de la manufactura de los recipientes denominados
“ungüentarios de boca de seta” (Niveau, 2003) con cronologías similares a los oenocoes del
tipo XVD. Efectivamente, conjugando los datos del ejemplar divulgado por Niveau (2003) y los
aportados por los nuevos hallazgos de Torre Alta, ahora podemos caracterizar estas piezas como
pequeños lécitos (según Morel), askoi con apariencia de guttus (según Sparkes y Talcott, 1970) o
lagynoi (Arribas et alii, 1987: 352-353) de unos 10-11 cms de altura y 9-10 cms de diámetro máximo,
con boca estrecha en forma de seta con labios ciertamente exvasados, baquetón simple en el inicio
inferior del cuello, pie anular poco desarrollado, cuerpo bajo con marcada carena normalmente
aristada en el punto del diámetro máximo y asa de factura cuidada acanalada (doble o triple) de
sección pseudo-rectangular y forma aproximada al círculo, adosada en la zona media del cuerpo
sobre la carena (fig. 4, 1). El barnizado, realizado como suele ser habitual en las producciones 857
gadiritas a pincel, es desigual según la pieza, careciendo de él la zona interna de los vasos y la
parte inferior del mismo en el área delimitada por el pie; asimismo, suele presentar tonalidades y
espesores desiguales, con áreas rojizas y otras con tonos acastañados de intensidad variable. Es
una forma realmente atípica en el repertorio gadirita, sin otros hallazgos que nos informen acerca
de la verdadera funcionalidad y dispersión del tipo.
Al margen de la diversidad de nomenclaturas con que han sido designados estos recipi-
entes, cabe señalar que se trata en origen al parecer de un prototipo ático fabricado por los
talleres atenienses al menos durante buena parte del s. –IV, especialmente en su segunda mitad
(Sparkes y Talcott, 1970: pl. 39, nºs 1192-1196). Estos ejemplares áticos se caracterizan por cuer-
pos abombados y de líneas redondeadas, con baquetones en el inicio del cuello, bocas en forma
de seta, pies anulares anchos y ausencia de carenas aristadas, existiendo ocasionalmente deco-
raciones gallonadas en el cuerpo, con asas de sección aplanada normalmente estriadas. Estos
contenedores de ungüentos y perfumes debieron tener éxito en su distribución hacia Occidente,
como señala la manufactura de tipos similares en talleres magnogrecos-sicilotas2 (¿y acaso etrus-
cos?) o su presencia en diversos yacimientos terrestres como Adria (Bonomi, 2000: 97) o Arles
(Arcelin y Rouillard, 2000: 163), pero sobre todo destaca su presencia en el navío documentado
en El Sec (Arribas et alii, 1987: 352-353). Todos estos ejemplares, así como los referidos por Morel
(1981), reflejan una llegada de estos lécitos hacia occidente razonablemente amplia y regular,
aunque como una categoría vascular muy minoritaria dentro del espectro de importaciones gri-
egas hacia el Mediterráneo centro-occidental. La cronología de dicho tráfico comercial se sitúa
principalmente durante el s. –IV y los inicios del –III, momentos para los que no está documentada

2 Según sugieren los datos proporcionados por J. P. Morel acerca de la series 5451 y 5456 (1981: 364-366), y
algunos hallazgos como ejemplares documentados en las necrópolis de la ciudad tunecina de Kerkouane (Fantar,
1998: 84), atribuidos a talleres greco-itálicos.

Antonio M. Sáez Romero


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

858

Fig. 4. Ejemplar de guttus type of askos producido en el taller de Torre Alta (1) (reconstrucción
a partir de diversos fragmentos), y pequeñas páteras cercanas a L-36 de similar procedencia (2-3)

su imitación en las alfarerías de Gadir, al menos por el momento. Las interpretaciones de estos
lécitos documentadas en el taller de Torre Alta corresponden a un momento mucho más tardío,
situado en la transición de los ss. –III a –II, o todo lo más los últimos años del –III, momento álgido
de su actividad fabril, que coincide con el ejemplar documentado en el CDB-Las Cumbres dado a
conocer por Niveau (2003). Formalmente, los individuos gadiritas se encuentran muy próximos
a un ejemplar documentado en Capua (M-5451f , en Morel, 1981: 365) quizá perteneciente a las
producciones de Gnathia, pero sobre todo a un individuo que el autor señala como cercano a
las áreas productoras púnicas sicilianas o hispanas documentado en La Albufereta en Alicante
clasificado como M-5456a (Morel, 1981: 366), citando ejemplares similares de Palermo y Lilibeo.
Los individuos fabricados en Gadir se incluyen por tanto dentro de esta corriente de manufactura
centro-occidental de esta forma, en un momento tardío respecto a los talleres griegos y greco-
itálicos/sicilianos, bebiendo probablemente tanto de la inspiración formal de unos como de otros
hasta configurar un esquema genérico adoptado por los talleres locales.

Arqueologia e território
Nuevas perspectivas sobre la producción cerámica del alfar gadirita de Torre Alta (San Fernando, Cádiz): algunas formas «excepcionales» de su repertorio

La funcionalidad de los lécitos gadiritas, cuyos prototipos en origen estaban destinados a


contener aceites perfumados y ungüentos, nos es por el momento desconocida dada la escasez de
hallazgos y la inexistencia de éstos en contextos como el funerario, práctica para la cual contamos
con paralelos en el Mediterráneo Central (Morel, 1981: 365) incluso en el ámbito púnico (Fantar,
1998: 84). El análisis futuro de nuevos hallazgos del entorno de la bahía no correspondientes a
contextos alfareros deberá determinar este aspecto de esta nueva categoría barnizada local.

2.2.2. Interpretaciones gadiritas de páteras L-36


También los resultados de las excavaciones en el alfar de Torre Alta han aportado inter-
esantes novedades en relación con la manufactura de pequeñas páteras o platitos relacionados
con la forma campaniense L-36 (fig. 4, 2-3), englobada por A. M. Niveau (2003) en su forma V
de la clasificación de las producciones de barniz rojo gadirita. Tal como sugiere esta autora, for-
malmente estas producciones recuerdan vivamente los perfiles de los broad rim plates áticos de
los ss. –VI/-V, si bien la distancia cronológica sin duda obliga a buscar cauces indirectos para en-
tender la gestación de dicha relación morfológica. Los paralelos más directos en este sentido
pertenecen, por un lado a producciones nord-itálicas y especialmente a individuos del taller de las
Pequeñas Estampillas (especie 1320; vid. Morel, 1981: 105-106), y por otro, algún ejemplar docu-
mentado en el alfar marroquí de Kouass (Ponsich, 1969: 67, fig. 7) incluido en el tipo M-1272a1
barnizado en rojo.
Ambas vertientes responden a cuestiones y momentos cronológicos-productivos neta-
mente diferenciados, pues los primeros representan una probable vía de captación de la forma
por los alfareros gadiritas, mientras los hallazgos de Kouass se relacionan con una problemática
más amplia sobre el carácter comercial del enclave y su vinculación a algún núcleo urbano del
Estrecho (Sáez, Díaz y Sáez, 2005). Las piezas de Torre Alta, correspondientes al menos a las fases 859
3 y 4 de su actividad industrial (es decir, manufacturadas entre la II Guerra Púnica y los inicios del
s. –II, careciendo de datos para la fase final del alfar), son pequeños platitos de borde diferen-
ciado por una carena estriada al interior, redondeados, con líneas generales finas y cuidadas. Los
diámetros suelen ser reducidos (alrededor de 10-14 cms), con escasa profundidad y altura total
del vaso (3-4 cms) y pies desarrollados lisos al exterior altos y con un diámetro normalmente am-
plio (cercano a la mitad del total). El cuerpo suele ser de paredes finas bien acabadas, carenado en
la zona media bajo el labio. La decoración es repetitiva, con conjuntos de cuatro palmetas enmar-
cados por dos círculos concéntricos incisos en la zona central del fondo interno. El barniz rojizo
como es usual fue aplicado a pincel, quedando en reserva la zona del fondo, donde en ocasiones
se documentan gotas aisladas casuales. Se trata de formas pequeñas y delicadas bien acabadas
cuya presencia porcentual en los testares de Torre Alta no fue testimonial en las postrimerías del
s. –III y los inicios del –II.
Su adopción en un momento avanzado del s. –III dentro del repertorio barnizado local
quizá debemos relacionarla con la creciente importancia de las importaciones itálicas hacia Oc-
cidente en esas décadas (Domínguez, 2003) y a la interacción con otros repertorios helenísticos
semitas centro-occidentales (Cartago, Ibiza, etc...). Los ejemplares de Kouass, cronológicamente
al parecer coetáneos a los gadiritas, bien pudieran ser parte de esta tendencia, manifestada en
esta ocasión arqueológicamente con amplitud en ambas orillas del Estrecho. No cabe duda de la
íntima relación de este taller con las producciones gadiritas, si bien aún resta definir en que sen-
tido se definió esta relación en la Protohistoria de la zona, siendo probablemente los talleres de
la bahía gaditana los que marcasen las tendencias seguidas por este tipo de centros “periféricos”
del área del Estrecho.
La producción de estos platitos fue, según ha propuesto acertadamente Niveau (2004b:
682), el primer paso para la fijación en el repertorio local de interpretaciones de la forma itálica

Antonio M. Sáez Romero


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

L-36, tradicionalmente asociada a la categoría de barniz negro Campaniense A. Este proceso ha


podido aislarse con cierta claridad en el alfar de Pery Junquera, en el que se encuentran represen-
tados tanto los momentos más antiguos sincrónicos a las piezas de Torre Alta como los modelos
evolucionados de labios más macizados y diámetros más amplios (Niveau, 2004b: 681-686). Sin
duda, los perfiles dados a conocer en este trabajo van a contribuir de forma destacada a definir
los parámetros de dicho proceso evolutivo representando la etapa inicial del mismo, hasta el
momento apenas conocida.

2.2.3. Platos de borde acanalado con decoración estampillada


Cerrando el capítulo de novedades relacionadas con la manufactura de elementos barniza-
dos en el alfar hemos situado una nueva clase de platos de tamaño medio (20-30 cms de diámet-
ro), escasamente conocidos en el ámbito local con anterioridad a las intervenciones acometidas
en el alfar de Torre Alta (fig. 5), que por su propia técnica se encuentran “a medio camino” entre
los elementos barnizados y pintados fabricados en el taller. Se trata de platos de escasa profun-
didad, con labios levemente engrosados de tendencia horizontal, en todos los casos provistos de
una marcada hendidura en la zona media superior. El galbo es relativamente grueso y uniforme,
con un buen alisado, rematando (según señalan algunos ejemplares fragmentarios) en bases de
pie anular desarrollado, en ocasiones alto, de diámetro variable. El acabado general de las pie-
zas suele ser bueno, con un alisado de las superficies cuidado y un primer baño con un engobe
usualmente del color de la pasta muy líquido y adherente. La decoración de estos platos, además
de la hendidura ancha ya comentada situada sobre el labio, se desarrolla tanto al interior como
al exterior: en éste último caso se trata de agrupaciones simples de líneas concéntricas, normal-
mente situadas por parejas en tramos regulares de la pieza hasta llegar a las cercanías de la base.
860 En el interior este esquema se repite, si bien se muestra mucho más complejo, al servir estas
circunferencias concéntricas dobles de marco para la impresión en toda su longitud de sucesivas
tramas de ovas dotadas de un apéndice externo en la zona izquierda o tramas compuestas por
ovas y palmetas alternativamente. Finalmente, el esquema decorativo se remata tanto al exterior
(con menor profusión) como al interior, con un desordenado conjunto de puntos de barniz rojo
aplicados mayoritariamente mediante digitaciones (algunas parecen corresponder a gotas, quizá
accidentales), que cubren buena parte de la superficie de la pieza de forma desigual, sin guardar
patrón alguno en cuanto a su disposición, tamaño o morfología. Esta peculiar manera de decorar
estos platos, que utiliza el mismo barniz que en el resto de piezas es aplicado masivamente a pin-
cel, es una rareza no sólo en el alfar de Torre Alta, sino en general entre las producciones gadiritas
de la época, no encontrando al menos por el momento paralelos locales de este elemento. Las
ovas por el contrario sí son elementos ya relativamente bien conocidos entre las producciones
cerámicas gadiritas, destacando su presencia en determinados tipos de cazuelas fabricadas tanto
en el propio Torre Alta como en otros centros (Sáez, 2005a), formando tramas continuas en la
superficie externa de los labios. El contexto de hallazgo de estas piezas parece situar el periodo
de apogeo de la producción hacia el último tercio del s. –III y los inicios del –II, quizá con un mayor
protagonismo anterior a la conquista romana, nunca porcentualmente demasiado elevado ni siq-
uiera dentro de los elementos pintados-barnizados manufacturados en el alfar.
En cuanto al origen morfológico de estas producciones, recientemente se la ha relacio-
nado (esencialmente en base a su programa decorativo estampillado) con producciones itálicas
del área de Teano (Niveau, 2004a), resaltando de nuevo la ya amplia conexión de la vajilla ga-
dirita con los aires formales de los centros productores centromediterráneos en estos momentos
avanzados del s. –III y destacando la peculiar forma de aplicación de la decoración polícroma. En
cualquier caso, y como ya resaltamos anteriormente (Sáez, 2005a), la presencia de acanaladuras y
ovas formando amplias tramas regulares son elementos también presentes en producciones del

Arqueologia e território
Nuevas perspectivas sobre la producción cerámica del alfar gadirita de Torre Alta (San Fernando, Cádiz): algunas formas «excepcionales» de su repertorio

Fig. 5. Plato de borde moldurado con decoración polícroma y estampillada localizado en el alfar de Torre Alta

861

área cartaginesa o de sus propios talleres metropolitanos durante los ss. –III/-II (Lancel, 1987), por
lo que no podemos descartar un origen púnico centromediterráneo para la configuración de esta
serie de platos gadiritas. De cualquier forma, y como en la mayor parte de casos del repertorio
barnizado local, parece tratarse de una adaptación de carácter localista de un esquema exógeno,
perfectamente amoldada a los gustos locales pero aplicando nuevas tendencias de importación.

3. Valoraciones

3.1. La perduración frente a la innovación: el caso de las lucernas


Los contundentes indicios mostrados por diversos depósitos del alfar de Torre Alta señalan
inequívocamente la continuidad hasta al menos mediados del s. –II de la fabricación y uso de las
lucernas de tipo tradicional en el enclave gadirita, con un volumen de producción probablemente
similar o superior a las imitaciones de modelos de tipo helenístico pertenecientes al repertorio
barnizado de los talleres locales (Niveau, 2003). Se trata de una destacada novedad en el pano-
rama ceramológico tardopúnico de Gadir, donde hasta el momento este fenómeno permanecía
inédito, en claro contraste como ya resaltamos con otras áreas púnicas especialmente del Medi-
terráneo central como Cartago o Ibiza. Estos nuevos hallazgos han de servir para poner el acento
en la necesidad de profundizar en la investigación de esta forma cerámica tanto en el ámbito local
como regional (pues es muy presumible que otras áreas del Estrecho como la franja mediterránea
andaluza o la fachada atlántica marroquí también produjesen estas lucernas de forma tardía),
constituyendo por el momento una primera referencia formal y cronológica acerca de este tipo.

Antonio M. Sáez Romero


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

3.2. La influencia exógena sobre los repertorios de barniz rojo gadiritas


Las novedades expuestas en este trabajo en relación con la vajilla de barniz rojo tar-
dopúnica de Gadir nos brindan la oportunidad de esbozar brevemente la problemática genética
y cronológica que en momentos recientes se está planteando a raíz de su primer intento de sis-
tematización (Niveau, 2003) y del desarrollo de la investigación en las alfarerías locales (Bernal y
Sáez,2007). Se ha definido esta producción barnizada como la vajilla protocampaniense propia de
la ciudad de Gadir durante el lapso temporal definido entre finales del s. –IV (cuando comenzaría
tímidamente la producción) y un momento incierto probablemente tardío del s. –II (en que final-
mente sucumbiría frente a la competencia de las importaciones itálicas y el cambio en los gustos
locales), cuya inspiración morfológica vendría de la mano directamente de la vajilla ática con esca-
sas aportaciones tardías de otras áreas púnicas y de las “campanienses universales”, apareciendo
principalmente a consecuencia de la demanda generada por la desaparición de los productos
griegos de los mercados occidentales por causas diversas a partir de mediados del s. –IV (Niveau,
2003: 151-160). Se ha establecido asimismo, sobre bases arqueológicas pretendidamente fiables y
sólidas, establecer una periodización de la producción que ha establecido cuatro fases principales
dentro del lapso temporal ya mencionado: una inicial “de tanteo” con formas básicas, una larga
etapa de apogeo durante el s. –III en la que se fijaría el repertorio, una decadencia hacia finales
del –III y primera mitad del s. –II y una perduración minoritaria y adaptada a la irrupción itálica
durante buena parte del s. –II (Niveau, 2003: 175-195; Niveau, 2004b).
A la luz de las novedosas y cada vez más numerosas evidencias crono-estratigráficas apor-
tadas por los alfares insulares gadiritas cabe plantear la existencia de otros modelos viables
para explicar la gestación, nacimiento y evolución de la vajilla de barniz rojo local, dentro de una
dinámica industrial más integradora de esta clase cerámica dentro de la propia tradición de los
862 alfares gadiritas. En síntesis (un desarrollo amplio de esta propuesta en 2008), nuestros plantea-
mientos señalan la inexistencia de una innovación en momentos avanzados del s.–IV centrada
en la imitación de prototipos griegos para abastecer la nueva demanda generada, pues dicha
imitación es palpable en las producciones locales desde al menos los inicios del s.–V, y solo cabe
hablar de un incremento de esta tendencia en esta fase y de la fijación de algunas de las for-
mas comerciales entre el repertorio local, pero siempre en porcentajes muy bajos y con técnicas
aún toscas poco estandarizadas y funcionales para una producción a una escala considerable.
Cabe asimismo plantear la nula coincidencia entre la propuesta de periodización enunciada y la
información arqueológica suministrada por los alfares, que cada vez con más fuerza señalan un
apogeo de la actividad desarrollado entre momentos centrales del s. –III y la primera mitad o dos
primeros tercios del –II, momento de supuesta decadencia de la producción barnizada local. Por
nuestra parte, creemos que dicha suposición refleja un espejismo arqueológico fruto del escaso
conocimiento que hasta fechas muy recientes se tenía de la realidad industrial tardopúnica gadiri-
ta, que sugiere precisamente un momento de máxima expansión de la producción barnizada local
con la etapa bárcida y las décadas subsiguientes, quizá con mayor intensidad antes del cambio
de centuria. Finalmente, en relación directa con las novedades mostradas en este artículo, cabe
plantear una injerencia mayor de la sospechada sobre el repertorio local de las importaciones
itálicas y de otras de raigambre púnica (como las ibicencas o cartaginesas) a partir de momentos
avanzados del s. –III. La configuración más tardía de lo supuesto del repertorio local, no anterior
a mediados o tercer cuarto del s. –III aparentemente, reafirma este mayor protagonismo de for-
mas exógenas no griegas (lo que no invalida el indudable apego a los prototipos áticos, especial-
mente en algunas formas, como ha subrayado A. M. Niveau), que es fácilmente perceptible por
ejemplo en las pequeñas páteras inspiradas en las L-36, en los oenocoes con asas con apliques
antropomorfos o en los platos con profusa decoración estampillada que presentamos en este
trabajo, así como en otras formas como boles (tipo X), platos moldurados (tipo I) o simples (ti-

Arqueologia e território
Nuevas perspectivas sobre la producción cerámica del alfar gadirita de Torre Alta (San Fernando, Cádiz): algunas formas «excepcionales» de su repertorio

pos IV-VI) o algunas formas “excepcionales” como un guttus emparentado con producciones de
la Campaniense A (Niveau, 2003: 158-159; Niveau, 2004a). Este peso de las morfologías itálicas
no haría sino acentuarse con el transcurso del s. –II según señalan las más recientes novedades
(Niveau, 2004b; Sáez, 2008), por lo que parece necesario replantear la evolución de la producción
local al menos en este tramo de su devenir histórico, abriendo más el abanico de influencias que
contribuyeron a su gestación y restando importancia al “factor morfológico griego”, que aunque
presente no parece constituir más que un residuo de la amplia tradición de interacción entre am-
bas vajillas desde época púnica.

3.3. Perspectivas de la investigación


La definición de los horizontes cerámicos de Gadir, tanto de época tardopúnica como de
momentos precedentes, está cobrando cierto auge en la última década, con un mayor número
de estudios que se han centrado en la divulgación no sólo de diversos contextos (esencialmente
alfareros) sino también en el estudio monográfico de ciertos tipos o categorías concretas. Como
destacamos en la introducción, la etapa tardopúnica aparece por el momento como la más
intensamente investigada, con un nivel de conocimientos relativamente amplio que en buena
medida debemos al buen número de alfares conocidos para dicha fase histórica en el ámbito
de la bahía gaditana (sendas síntesis en Bernal et alii, 2005; Bernal y Sáez, 2007). Sin embargo,
como ponen de relieve los nuevos datos mostrados en este trabajo, son muchos aún los matices
de índole formal y crono-estratigráfica que es posible sumar a las grandes líneas tipológicas ya
delineadas, lo que contribuirá a definir con mayor exactitud los elementos muebles habituales en
la época y a precisar con más detalle la cronología de los diversos yacimientos.

863

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Arqueologia e território
865
La producción anfórica tardopúnica de Gadir (s. II–I a.C.):
Nuevos datos aportados por el alfar de C/ Asteroides
(San Fernando, Cádiz)
*

Antonio M. Sáez Romero


Darío Bernal Casasola
Ana I. Montero fernández
Universidad de Cádiz

Resumen

El objetivo de este trabajo es realizar una revisión de la presencia de ánforas gaditanas de


tradición púnica en contextos de época romano-republicana (II-I a.C.), valorando sus últimos momentos
productivos. Para ello se realiza un muestreo de los contextos publicados en los últimos años,
incidiendo en las propuestas cronológicas que permiten plantear el final de los envases de los tipos T-
8.2.1.1, 9.1.1.0 y 12.1.1.0 de Ramon y las populares Maña C2b (T-7.4.3.2/3). Al mismo tiempo, trataremos
de realizar algunas precisiones tipo-cronológicas de dichos tipos, en especial de estas últimas, para lo
cual se presenta un avance de una serie de contextos inéditos procedentes de recientes excavaciones
arqueológicas en San Fernando, en la Bahía de Cádiz. Especialmente, nuestro guión se centrará
en los resultados correspondientes al taller alfarero excavado en el año 2004 en la C/ Asteroides,
en cuya fase más tardía se han documentado varios perfiles anfóricos completos asociados a dos
horizontes republicanos diferenciados. Asimismo, otros talleres cerámicos del área insular gadirita
nos proporcionarán información adicional al respecto. Todos estos nuevos datos permiten plantear
una propuesta actualizada sobre la perduración de estas últimas producciones anfóricas de tradición
púnica hasta época inmediatamente anterior a momentos augusteos.

Abstract

The aim of this paper is to review the presence of punic-traditional gadiritan amphorae in roman-
republican contexts (2nd-1st c. BC), measuring up their last moments of production. Our analysis is
based in sampled the contexts published in recent years, focusing on proposals that deal specifically
about the chronological end of vessels of these types (T-8.2.1.1, T-9.1.1.0 and T-12.1.1.0 and Maña C2b/
T-7.4.3.2/3). At the same time, we will try to introduce some chronological and typological nuances
of these types, especially on T-7.4.3.2/3, for which we present a preview of unpublished contexts
offered by recent archaeological excavations in San Fernando, in the Bay of Cadiz. Especially, our paper
will focus on results for the 2004 campaign in the pottery workshop of C/Asteroides, in which later
stage have been documented multiple complete profiles of these amphorae included in two different
republican deposits. Also other ceramic workshops of the insular area of Gadir/Gades will provide us
with additional information. All these new data allow developing an updated proposal on the survival
of some these last traditional punic amphora types until immediately decades to Augustan times.

* Trabalho ampliado e revisto, originalmente apresentado como poster


La producción anfórica tardopúnica de Gadir (ss. II – I a.C.): nuevos datos aportados por el alfar de C/ Asteroides (San Fernando, Cádiz)

1. Introducción1

La caracterización a nivel formal y de distribución comercial de la producción anfórica de


una metrópolis portuaria destacada como Gadir posibilita un mejor acercamiento al análisis de
la evolución económica de la urbe y de sus relaciones externas, por lo que se convierte en un
instrumento histórico-arqueológico de capital importancia. Hasta fechas recientes, el estudio de
estos envases comerciales gadiritas debía basarse en buena parte en el análisis de los hallazgos
correspondientes a los lugares de amortización foráneos o de la propia bahía, siendo desconocidos
los centros de producción y escasos los contextos arqueológicos bien fechados que permitiesen
establecer seriaciones detalladas. A pesar de notables avances en este campo en las últimas
dos décadas en el caso gadirita, derivados esencialmente de los trabajos de A. Muñoz (1987) y
J. Ramon (1995 y 2004), el cada vez más grueso caudal de datos aportado por la excavación de
diversos centros alfareros insulares está permitiendo matizar algunas de las hipótesis vigentes e
introducir nuevas propuestas en el debate crono-tipológico.
En este contexto debemos situar este trabajo, en cuyas páginas nos centraremos en la
realización de un avance de los destacados resultados derivados de la intervención arqueológica
practicada en 2004 en el alfar localizado en la calle Asteroides de San Fernando, en pleno núcleo
industrial periurbano de Gadir, el cual ha aportado decisivos contextos relacionados con la manu-
factura alfarera tardopúnica y especialmente con la producción de envases de transporte. Las es-
tructuras y vertederos cerámicos exhumados han permitido definir con amplitud la facies local y
de importación de la fase tardopúnica de la ciudad, especialmente desde fines del s. II a mediados
del s. I a.C. El análisis de estas estructuras y de los conjuntos materiales asociados documentados
en este taller nos servirá de hilo conductor para la introducción en la problemática de los últimos
compases de la producción anfórica de inspiración semita en la ciudad, cuya evolución es clara- 867
mente perceptible en los diversos contextos del alfar de C/ Asteroides, sentando de paso base
crono-estratigráficas sólidas para la definición de los diversos horizontes.
Estas importantes novedades, en conjunción con los datos ofrecidos por otros alfares in-
sulares coetáneos, posibilita en la actualidad plantear nuevas líneas de análisis de estas importan-
tes piezas del comercio ultramarino gadirita, no sólo sobre su evolución formal interna dentro
del ámbito de cada serie morfológica, sino también el más complejo proceso de la sustitución
de todas estas categorías “tradicionales” por nuevas morfologías más acordes con la imparable
romanización de la urbe extremo-occidental agudizada desde las postrimerías del s. II a.C. y cada
vez más palpable durante la primera mitad del s. I a.C., y especialmente desde la etapa cesariana
y augustea inicial. Se trata de un cambio sustancial en las estructuras económicas de la urbe, de-
nunciado a nivel arqueológico por la evolución de los contenedores anfóricos, que parece estar
señalando modificaciones más profundas en su seno.

2. El alfar de c/ asteroides: un centro de producción republicano

2.1. Situación geográfica y aproximación paleotopográfica


Los restos del alfar de C/ Asteroides fueron localizados en la parte baja de la ladera oriental
de una suave elevación situada en la ribera del caño de Sancti Petri, en un punto muy cercano a
uno de los lugares de atraque más importantes de dicha vía acuática como es el actual puerto de
Gallineras, ubicado a unos 200 mts al sur. Tanto en relación a la ocupación prehistórica como a la

1 Este trabajo se inserta en el marco de desarrollo del Grupo de Investigación HUM-440 del IV Plan Andaluz
de Investigación de la Junta de Andalucía.

Antonio M. Sáez Romero, Darío Bernal Casasola e Ana I. Montero Fernández


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

púnica y tardopúnica documentadas en el solar, debemos señalar que la elección del lugar pare-
ce responder a un patrón de asentamiento relacionado con la accesibilidad al medio marino y la
existencia de abundantes recursos naturales en el entorno. En la primera fase de ocupación–da-
tada en la Edad del Bronce- el lugar correspondía a un reborde costero arenoso-marismeño en el
que resultaba fácil un aprovechamiento de los recursos marinos2, esencialmente la recolección
de moluscos (bivalvos de especies diversas, múrices, etc…). Posteriormente, ya en la fase tar-
dopúnica y romano-republicana, esta zona costera se habría retraído un tanto, rellenándose este
reborde tanto con aportaciones de fangos grises de marisma como con aportes de áridos quizá
procedentes de la ladera próxima, pero continuando en una ubicación muy cercana a la costa ad-
ecuada para el trasiego de mercancías que implicaba el establecimiento de alfarerías que se llevó
a cabo en el entorno del solar al menos entre los siglos IV y I a.C.
En relación con la temática específica de este trabajo, debemos resaltar que esta alfarería
se integraría en el cada vez más nutrido grupo de talleres ubicados en el entorno insular gadirita,
especialmente abundantes en el solar de la actual San Fernando, que según las más recientes in-
vestigaciones paleogeográficas constituyó la zona meridional del “archipiélago” gaditano trans-
mitido por las fuentes. Las alfarerías de época púnica plena y de la etapa tardopúnica documen-
tadas en la C/ Asteroides pueden ser incluidas sin reservas en la larga nómina de asentamientos
industriales de este tipo instalados en el término isleño en dichos momentos, en lo que parece
fue la razón principal y casi única de la ocupación protohistórica del solar isleño, dentro de un pro-
grama de organización territorial de la ciudad de Gadir más amplio que parece incluía la distribu-
ción de las áreas habitacionales, funerarias e industriales de manera selectiva y complementaria
por toda la bahía gaditana. La elección del lugar para la instalación de los hornos refleja por una
parte la necesidad de establecerse en una ubicación óptima para el trasiego de los productos (en
868 las cercanías del caño y de un punto de atraque natural) y por otra la necesidad de recursos como
arcillas o combustible vegetal, los cuales debían ser abundantes en la zona.

2.2. Resultados de la intervención arqueológica


El alfar de C/ Asteroides representa uno de los escasos ejemplos de alfarerías tardopúnicas
excavadas con cierta extensión y estudiadas en el ámbito de Gadir, pues por el momento la
arqueología se ha mostrado esquiva con este tipo de instalaciones. Debemos señalar en este
sentido la excepcionalidad de los contextos aportados por este nuevo alfar, que arrojan nueva luz
sobre una etapa transicional crítica como parece configurarse la transición al s. I a.C., sobre la cual
los datos arqueológicos eran especialmente parcos. Por ello, el centro productor de C/ Asteroides
parece poder configurarse como un nexo y complemento a la información mostrada por alfares
como Pery Junquera (González et alii, 2001; Carretero, 2004; Niveau, 2004; Bustamante y Martín,
2004) o Avda. de Portugal (Bernal et alii, 2004) para la segunda mitad del s. II a.C. y la aportada
por el taller gaditano de C/ Gregorio Marañón (García, 1998) para buena parte del s. I a.C. En este
contexto, resalta el reciente hallazgo de esta nueva alfarería, cuya fase de actividad más reciente
se enmarca, con gran riqueza arqueológica, en esta facies helenística gadirita tardía, constituyendo
uno de los principales referentes al respecto en el estado actual de la investigación.
La actuación arqueológica que puso al descubierto el yacimiento fue realizada entre Abril y
Mayo del año 2004 con motivo del descubrimiento de restos cerámicos en el perfil de un solar que
había sido previamente vaciado sin control arqueológico en la confluencia de la Avda. Buen Pas-
tor con la calle Asteroides (fig. 1). Los trabajos desarrollados en el yacimiento una vez establecida

2 La fase datable en la Prehistoria Reciente se encuentra en fase de estudio a cargo del Dr. J. Ramos
Muñoz y su equipo (Universidad de Cádiz). Asimismo, se ha realizado una toma de muestras y un análisis de
la geología y la geomorfología del lugar in situ por parte del Dr. J. Gracia, de la Universidad de Cádiz, que será
publicada detalladamente en el futuro.

Arqueologia e território
La producción anfórica tardopúnica de Gadir (ss. II – I a.C.): nuevos datos aportados por el alfar de C/ Asteroides (San Fernando, Cádiz)

869

Fig. 1. Perfil estratigráfico obtenido en la excavación del taller alfarero de C/ Asteroides (A), con detalle
de la escombrera tardopúnica (B), la canalización anfórica (C) y las estructuras murarias del cuadro 1 (D)

la necesidad de la realización de una actuación arqueológica por parte de la Consejería de Cultura


de la Junta de Andalucía consistieron en el perfilado, limpieza y excavación del corte situado en
el lateral oeste de la parcela, donde se apreciaban seccionados los restos de diversas estructuras
y varias escombreras cerámicas de época púnica y romano-republicana, así como niveles prehis-
tóricos (II milenio a.C.) evidenciados por cerámicas a mano, malacofauna y restos líticos (Bernal
et alii, 2007).

Antonio M. Sáez Romero, Darío Bernal Casasola e Ana I. Montero Fernández


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

La intervención en extensión de todo el perfil (18x2 mts aprox.) permitió diferenciar varias
estructuras todas ellas pertenecientes al alfar: por un lado, dejó entrever que hasta cuatro ánfo-
ras documentadas en el extremo norte (Cuadro 3) formaban parte de una alineación anfórica
del tipo T-7.4.3.3 (Mañá C2b), que se encontraban dispuestas horizontalmente machihembradas
formando una canalización (los extremos de los pivotes habían sido fragmentados ex profeso y
las uniones se encontraban reforzadas por argamasa arcillosa). Por otro, esta actuación permitió
la documentación en la zona central del perfil de dos sectores de vertederos de alfar diferen-
ciados. El más reciente, de forma lenticular y menor extensión, contaba con materiales que lo
databan entre las postrimerías del s. II y los inicios del I a.C., mientras el infrayacente se extendía
por una amplia franja de reducida anchura con marcada horizontalidad situada entre el anterior
y una estructura muraria localizada en la zona sur (Cuadro 1), con numerosos materiales datables
entre los siglos V y III a.C. Los primeros sondeos se plantearon en los extremos norte (C-3) y sur
(C-1) del perfil sobre las estructuras mencionadas (canalización y muros, respectivamente), jun-
to a otro sondeo planteado con la intención de excavar en detalle la escombrera de cronología
más reciente (C-2). Una vez finalizada la excavación de dichos sondeos se intervino el resto del
perfil, documentándose en extensión tanto la escombrera púnica como la ocupación prehistó-
rica infrayacente detectada a todo lo largo del corte. La excavación de los restos dejados tras
el vaciado incontrolado del solar ha permitido recuperar una importante información sobre las
actividades industriales prerromanas y republicanas en la zona, sospechadas con anterioridad
(Fernández et alii, 2001), aportando las primeras evidencias de un área de producción alfarera que
parece extenderse por una amplia extensión al norte y al oeste del solar excavado en 2004. Una
nueva actuación arqueológica de urgencia realizada por el museo municipal en 2005 sobre el solar
anexo -situado al este del intervenido en 2004- ha permitido descartar la extensión de la actividad
alfarera hacia esta zona, pero ha aportado de nuevo precisos datos paleotopográficos y acerca
870 de la dinámica de ocupación del área durante los últimos compases de la Prehistoria Reciente,
confirmando el intenso aprovechamiento de los recursos marinos que debió realizarse por parte
de estas comunidades en una amplia franja costera ribereña del actual caño de Sancti Petri.

2.3. El taller alfarero de época romano-republicana (ss. II-I a.C.)


La escombrera documentada en la zona central del perfil del solar (C-2), fechable de forma
preliminar en la transición de los siglos II y I a.C. y la variedad y riqueza del material exhumado
confirman la continuidad de las actividades artesanales alfareras hasta estos momentos avanza-
dos en el mismo solar tras una larga actividad prerromana, de nuevo en directa vinculación con
las necesidades de la industria salazonera local, pero ya con una clara influencia itálica a nivel
material perceptible en la presencia de importaciones itálicas o en la introducción de novedades
constructivas como el opus signinum o el ladrillo. Se trata de un depósito de morfología lenticu-
lar excavado en el suelo que alteró los depósitos alfareros infrayacentes, diferenciándose dos
niveles: una capa situada en el fondo de la estructura (U.E. 13), muy ennegrecida producto de la
deposición de gran cantidad de cenizas y carbones fruto de la limpieza de los hornos cercanos, y
otra capa superior de textura arcillosa rojiza (quizá debido a la descomposición de los adobes de
horno, U.E. 12) en la que se encontraba el grueso del material fragmentado o vitrificado que había
sido desechado. Ambos niveles, aunque de matriz sedimentaria distinta, no parecen diferenciar
dos fases de colmatación, sino más bien un distinto origen dentro de las cotidianas actividades de
limpieza de las estructuras de cocción que deben encontrarse situadas en las proximidades.
Los materiales cerámicos recuperados fueron realmente abundantes y significativos, des-
tacando cuantitativamente la presencia de tipos anfóricos locales3 (T-7.4.3.3, T-12.1.1.2 y T-9.1.1.1)

3 En el nivel U.E. 12 fueron localizados in situ dos ejemplares de T-7.4.3.3 casi completos que habían sido
desechados, aparentemente tras el consumo de los productos contenidos (ante la falta de signos de deformación
o vitrificación que avalen su producción en el propio taller).

Arqueologia e território
La producción anfórica tardopúnica de Gadir (ss. II – I a.C.): nuevos datos aportados por el alfar de C/ Asteroides (San Fernando, Cádiz)

junto a envases de importación diversos: itálicas Dr. 1A y 1C, ebusitanas T-8.1.3.2/3, turdetanas
T-4.2.2.5, rodias, tripolitanas antiguas, etc… En cuanto a las categorías no anfóricas, es necesario
reseñar el hallazgo de algunas lucernas itálicas casi completas de tipo republicano, barniz negro
itálico Camp. B/B-oide (L-6, L-5, etc…), cerámicas comunes y de cocina locales e itálicas, abundan-
tes desechos de cocción, varios fragmentos de opus signinum y gran cantidad de adobes de horno,
tanto correspondientes a las paredes (cuadrangulares de gran tamaño) como al revestimiento de
las mismas o a la parrilla (plano-convexos de tipo radial). Asimismo, se documentaron fragmentos
de roca ostionera trabajada de tamaño mediano-pequeño (algunos con huellas de exposición al
fuego) y cantos de arenisca y de cuarcita de pequeño tamaño que quizá fueron utilizados para
la obtención de desgrasantes o como útiles de alfarero (¿alisadores?). Además, en el transcurso
de la excavación se documentaron aglomeraciones de carbones de tamaño variable (algunos de
gran tamaño), de los cuales se tomaron muestras para su posterior análisis. Asimismo, como sue-
le ser habitual en los vertederos de este tipo, destaca el hallazgo de varios defectos de cocción
de grandes proporciones (más de un metro de longitud), uno de ellos resultado de la sucesiva
acumulación de las gotas cerámicas semivitrificadas en la base de un horno (lo que refuerza la
hipótesis acerca de que la procedencia de buena parte de los materiales debamos buscarla en los
procesos de limpieza y/o reparación de hornos cerámicos cercanos), y otro formado como conse-
cuencia del fundido y vitrificación de al menos dos ejemplares de T-7.4.3.3. Especialmente el nivel
superior (U.E. 12), de matriz arcillosa, pero también el estrato negruzco ceniciento que era la base
del testar (U.E. 13) liberaron gran cantidad de materiales de estas categorías que muestran con
cierta amplitud los horizontes materiales de la época en Gadir.
Este nivel de ceniza inferior (U.E. 13) fue depositado en el fondo de la fosa, que había sido
excavada en su parte inferior perforando el nivel de arenas-gravilla perteneciente a la ocupación
prehistórica (U.E. 08), dominando cuantitativamente las ánforas locales T-7.4.3.3 junto a algunas
importaciones itálicas. Debemos destacar que, insertos en el testar en contacto con este nivel 871
U.E. 13, se documentaron un adobe cuadrangular de gran tamaño y una destacable concentración
de mampuestos irregulares de roca ostionera, elementos aparentemente pertenecientes a la es-
tructura desmontada de un horno. El material cerámico recuperado, en espera de un estudio más
detallado, parece indicar con claridad la vinculación de este vertedero con la industria alfarera lo-
cal, situando la actividad del taller evidenciado por este vertedero del C-2 en un momento cercano
a fines del siglo II o los primeros años del I a.C., en cualquier caso en una etapa pre-sertoriana de
la ciudad.
Sin embargo, la actividad (dentro del ámbito del mismo alfar o de nuevas instalaciones
que lo sustituyeran o renovasen) debió continuar durante algunas décadas más en el entorno de
C/ Asteroides. En este contexto de continuidad de las actividades parece que debemos incluir la
canalización del C-3 realizada a base de ánforas T-7.4.3.3 documentada en la zona norte del perfil.
Ésta, contando con las ánforas que pudimos recuperar procedentes de los destrozos producidos
por el vaciado incontrolado del solar, más las documentadas in situ durante la intervención, es-
taba compuesta en la zona afectada por al menos un total de cuatro ánforas del tipo T-7.4.3.3,
continuando las estructura con seguridad en dirección norte bajo la finca contigua. Las ánforas se
localizaron machihembradas, unidas entre sí con una compacta argamasa de arcilla para imper-
meabilizar las uniones, y con los pivotes recortados o perforados de manera intencional para per-
mitir el paso del líquido. Además se situaban sobre una capa formada por una especie de fango
endurecido de coloración grisácea dispuesta sobre las arenas del nivel prehistórico (U.E. 08), que
debió constituir una capa de nivelación de la canalización que asimismo facilitaba la estabilidad
de las uniones. Del mismo modo, se observaron aplicaciones de este mismo fango en todas las
uniones entre las ánforas para impedir las filtraciones de agua en el conducto subterráneo. La
tipología de los envases utilizados parece diferir de la observada en los localizados en el testar
(UU.EE. 12-13), con cuerpos y pivotes más alargados y labios colgantes y más desarrollados. La

Antonio M. Sáez Romero, Darío Bernal Casasola e Ana I. Montero Fernández


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

datación de esta instalación hidráulica, probablemente relacionada con la evacuación de aguas


o con el abastecimiento del centro industrial, parece a tenor de los elementos cerámicos aso-
ciados y de la posición estratigráfica algo posterior al testar, quizá ya en la segunda mitad del s.
I a.C. De una cronología similar parece que datan las estructuras documentadas en el C-1, en el
que se localizaron los restos de un muro junto al cual se disponían en paralelo al menos cuatro
ánforas de tipo ovoide hincadas en vertical en el terreno, quizá con una función de almacenaje
relacionada con las labores alfareras. Estas ánforas, cercanas a la tipología de la familia de las Dr.
7/11 dominadora de los contextos productivos locales desde la etapa cesariana-augustea inicial,
fueron documentadas asociadas aún a otros ejemplares fragmentarios de T-7.4.3.3, lo que parece
confirmar la perduración de estos envases de tradición púnica en el ámbito gadirita hasta los últi-
mos compases de la etapa republicana.
La escombrera, debió formar parte de un complejo alfarero de cierta envergadura que
caracteriza con depósitos cerrados y un amplio catálogo de materiales locales e importados la
última fase del sistema de explotación tradicional desarrollado en la bahía gaditana, antes de
la proliferación de la actividad privada siguiendo el modelo de villae de clara influencia latina
(Lagóstena 2001; Montero et alii, 2004; Sáez, 2008). Al igual que en el caso de los testares de
época púnica, el análisis final de los niveles del vertedero y de los diversos contextos cerámicos va
a convertirse en un punto de apoyo crono-tipológico de gran importancia para definir cuestiones
materiales referentes a esta época y ahondar a partir de ello en temas de gran calado como el
proceso de romanización de la economía de Gades.

3. El ocaso de las ánforas gadiritas de tipología semita

872 La producción anfórica tardopúnica de Gadir sufrió un proceso de diversificación tipoló-


gica desde fines del s. V a.C., especialmente acusado desde las postrimerías del s. III a.C., el cual
fue progresivamente ampliando el número de familias morfológicas fabricadas por los talleres
locales y comercializadas conteniendo sus productos. La recuperación de la maquinaria industrial
gadirita tras la etapa de crisis de buena parte del s. IV y la reintegración en los circuitos comercia-
les internacionales parece que fueron un estímulo decisivo en este sentido, al tener que competir
las producciones gadiritas de nuevo con productos que hasta entonces raramente llegaban al
extremo-occidente y adecuarse otra vez a nuevos mercados, un fenómeno que en el ámbito de la
producción alfarera puede hacerse extensible también a otras producciones como la cerámica de
barniz rojo. Tomando como pilar básico de partida las familias anfóricas de tipología tradicional
que ya se encontraban en producción, los alfares de la ciudad hubieron de desarrollar nuevos
tipos adaptados a las necesidades mercantiles generadas por esta nueva encrucijada histórica, en
ocasiones innovando respecto de sus propios diseños y en otras realizando la imitación de diver-
sas formas foráneas de éxito. Por ello, al menos desde la segunda mitad del s. III a.C. podemos
hablar de una coexistencia de tres grandes grupos anfóricos en los talleres locales: por un lado,
las series tradicionales o derivadas de dicha tradición (T-12.1.1.0, T-8.2.1.1 y T-9.1.1.1); por otro, las
imitaciones de tipos grecoitálicos (en constante adaptación a la evolución de los prototipos forá-
neos); finalmente el trío se completaría, a partir del último tercio del s. II a.C., con la fabricación
de interpretaciones de envases del área cartaginesa (T-7.4.3.2/3), que cobrarán de inmediato un
enorme protagonismo en el panorama comercial gadirita. Las relaciones cuantitativas y evolución
morfológica desarrolladas durante los siglos II-I a.C. por estos tipos entre sí y dentro de cada una
de las series marcó el ritmo comercial de la ciudad, pero también permite a nivel arqueológico
rastrear cambios más profundos en el sistema socio-económico gadirita en relación a complejos
procesos como sus relaciones con Cartago en el periodo de entreguerras o el progreso de la ro-
manización en este destacado puerto atlántico.

Arqueologia e território
La producción anfórica tardopúnica de Gadir (ss. II – I a.C.): nuevos datos aportados por el alfar de C/ Asteroides (San Fernando, Cádiz)

3.1. Consideraciones acerca de la tipología y cronología de los envases gadiritas

3.1.1. Las familias de tipo tradicional


Las series morfológicas de este grupo (fig. 2) constituyeron, hasta las reformas acometidas
en el panorama alfarero local en momentos avanzados del s. II a.C., el grueso de la producción an-
fórica local, alcanzando desde la aparición de las T-9.1.1.1 en el s. III a.C. porcentajes equilibrados
entre las tres formas dominantes durante gran parte de la centuria siguiente. Sin embargo, esta
aparente unidad cultural y cronológica de las producciones más apegadas a las raíces semitas de
la ciudad encierra matices más profundos y concretos, pues cada una de dichas series anfóricas
sufrió hasta su desaparición un continuo proceso de evolución interna, en ocasiones fruto de su
propia longevidad “vital” como tipo independiente, de la adaptación a nuevas necesidades o
capacidades, de la influencia de otros envases exógenos o de la propia dinámica de relevo gene-
racional de los artesanos. Entre estas familias tradicionales podemos asimismo distinguir dos blo-
ques principales: por un lado, las T-12.1.1.0, derivadas de los envases fenicio-occidentales arcaicos
y más directamente de las T-11.2.1.0, vehículo de transporte habitual de las salazones gadiritas en
centurias anteriores y que en desde el último tercio del s. III a.C. derivó cada vez a perfiles más
acilindrados y menos cuidados (T-12.1.1.2). Por otro, las bicónicas T-8.2.1.1 (innovación introduci-
da probablemente hacia los inicios del s. IV a.C. con claros matices centromediterráneos) y las
T-9.1.1.1, rama tardíamente desgajada de la anterior y que hasta mediados del s. II parece que no
estabilizó una morfología propia estandarizada a la mayor parte de alfarerías. De cualquier forma,
su producción pareja en los mismos talleres y en ocasiones por las mismas manos hizo que todos
estos tipos compartiesen pequeños rasgos técnicos y morfológicos que evidencian una matriz
común indiscutible. En general estas tres series compartieron desde el fin del segundo conflicto
romano-cartaginés un destino común, ligado indisolublemente al sistema productivo tradicional,
variando durante el s. II a.C. la importancia de unas sobre otras (con el claro declive de las T-8.2.1.1) 873
pero sucumbiendo todas ellas durante los primeros compases del s. I a.C. a las nuevas tendencias
socio-económicas lideradas por los envases T-7.4.3.2/3.

3.1.2. Las innovaciones en el repertorio local: la influencia cartaginesa


Como es ya bien conocido, la irrupción de estas tipologías entre la producción anfórica
occidental supuso un punto de inflexión no sólo en el panorama de los envases destinados a la ex-
portación salazonera, según parece no sólo en Gadir sino también en numerosos centros del área
atlántica y mediterránea del Estrecho. Además de los envases de corte tradicional y como resulta-
do de la combinación de una serie de factores en la Gadir republicana relacionados probablemen-
te con la migración de contingentes poblacionales cartagineses tras el 146 a.C. (y la consiguiente
desaparición de un destacado competidor) y con cambios en el sistema comercial así como con el
progreso del proceso romanizador (Sáez, 2008), en los alfares gadiritas se comienzan a modelar
en la segunda mitad del s. II a.C. los tipos T-7.4.3.2 y T-7.4.3.3. La cronología precisa del inicio de
esta producción es aún controvertida. Algunos autores han planteado un inicio temprano de la
manufactura de esta forma en algunos talleres gadiritas, especialmente en el de Torre Alta, ya
durante la primera mitad de la centuria (García, 1998; Muñoz y De Frutos, 2004). Sin embargo,
las evidencias aportadas por las más recientes investigaciones en dicho alfar y en la generalidad
de los talleres parecen contradecir estos supuestos, o al menos plantea la enorme puntualidad y
escaso protagonismo de dicho temprano fenómeno imitador (Sáez, 2004 y 2008). En cualquier
caso, sí parece posible retrasar un poco la propuesta inicial de J. Ramon de situar el inicio de la
producción hacia 110/100 a.C. (Ramon, 1995), situando el inicio de la manufactura a gran escala
de estos envases en la década 140/130 a.C. según sugieren el estudio actualizado del registro de
los alfares tardopúnicos gadiritas conocidos (Montero et alii, 2004; Ramon, 2004; Sáez, 2008) y la
propia dinámica histórica de la urbe extremo-occidental.

Antonio M. Sáez Romero, Darío Bernal Casasola e Ana I. Montero Fernández


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

874

Fig. 2. Familias anfóricas gadiritas (según Sáez, 2008)

En estos primeros compases la tipología de las interpretaciones extremo-occidentales,


basadas fundamentalmente en el esquema de los alfares metropolitanos de Cartago de las T-7-
.4.2.1/7.4.3.1, estarían muy apegadas a los prototipos foráneos, respetando en gran medida las
proporciones volumétricas (cuerpos acilindrados, diámetros de boca estrechos, cuellos cortos
y gruesos, pivotes indiferenciados no muy prolongados, etc…). Se gestaría entonces el modelo
T-7.4.3.2, que presenta evidentes afinidades con los últimos envases cartagineses, si bien en esca-
so tiempo la gran diversidad de artesanos y talleres fabricantes (no sólo en Gadir, sino en buena
parte del Estrecho) sin duda ayudó a “occidentalizar” la forma, generando las primeras variantes
del T-7.4.3.3. Ambos modelos parecen coexistir hasta un momento entorno a 100/90 a.C., al me-
nos, en aparente paralelismo con el proceso de desaparición de los modelos anfóricos locales de
tradición semita, lo que quizá esté evidenciando una sustitución generalizada de antiguos usos en
estos momentos. A partir de estos inicios de la I centuria a.C. y hasta el abandono de su torneado
casi un siglo más tarde, el modelo dominante será el T-7.4.3.3 (fig. 3), si bien podemos advertir no
sólo en Gadir sino en toda el área del Estrecho una cierta diversidad de variantes sobre el esque-

Arqueologia e território
La producción anfórica tardopúnica de Gadir (ss. II – I a.C.): nuevos datos aportados por el alfar de C/ Asteroides (San Fernando, Cádiz)

875

Fig. 3. Ejemplares del tipo T-7.4.3.3 recuperados en la canalización del alfar gaditano de C/ Asteroides

ma básico, sin duda debida a la proliferación de zonas productoras en este lapso. De cualquier
forma, parece que la exportación de este contenedor multiusos (al menos en la parte final de su
trayectoria productiva) se incrementó a partir de las postrimerías del s. II a.C., manteniendo altas
cotas de producción y difusión durante al menos los dos primeros tercios de la siguiente centuria
(Lagóstena, 1996).

3.1.3. La continuidad de la interpretatio gadirita de envases itálicos


La producción de envases de imitación itálica (fig. 4) no fue, tal como se planteó en los
albores de la investigación de la cuestión, un hecho puntual en el tiempo ni en talleres concre-
tos, sino que se puede enmarcar a la luz de los nuevos datos disponibles en una larga tradición
manufacturera local iniciada al menos hacia fines del s. VI a.C. con la imitación de perfiles griegos
jonio-massaliotas y corintios como complemento a las tipologías locales (Bernal et alii, 2003 b;
Sáez y Díaz, 2007), dinámica por lo demás extensible a otras categorías como el barniz rojo. Hasta
fechas recientes, el deficiente conocimiento de la facies alfarera local de los siglos IV-III a.C. había

Antonio M. Sáez Romero, Darío Bernal Casasola e Ana I. Montero Fernández


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

876

Fig. 4. Cuadro sinóptico de las imitaciones de envases grecoitálicos en Gadir entre los ss. III-I a.C.
(imágenes extraídas de Sáez, 2004 y 2008 y Bernal et alii, 2003a)

Arqueologia e território
La producción anfórica tardopúnica de Gadir (ss. II – I a.C.): nuevos datos aportados por el alfar de C/ Asteroides (San Fernando, Cádiz)

determinado, por extensión, una prácticamente nula información acerca de la producción de imi-
taciones previas al dominio romano en el sur peninsular. Las investigaciones desarrolladas en las
últimas décadas, en especial en el alfar de Torre Alta, están permitiendo definir para la etapa tar-
dopúnica el proceso de transición entre la imitación de modelos griegos y romano-republicanos,
aportando los primeros perfiles y contextos válidos para su análisis.
La información disponible, especialmente abundante en los alfares de Torre Alta y Pery
Junquera, señala cómo durante el s. III se imitaron en varios formatos perfiles asimilables a la
forma Will A, fenómeno que continuó con una suave evolución formal durante el primer cuarto o
tercio del s. II a.C. A partir de entonces, adaptándose a la cada vez más estilizada tipología de las
producciones grecoitálicas, las imitaciones gadiritas experimentan una evolución hacia perfiles
más cercanos a Will C-E, adquiriendo ya hacia los años 150-140 la morfología de las denominadas
«grecoitálicas tardías» bien caracterizadas en contextos como los Campamentos Numantinos
(Principal, 2000). La fase productiva de la segunda mitad del s. II y los inicios del I a.C. es actual-
mente una de las mejor conocidas, en base a contextos como la fase republicana de los saladeros
de Baelo Claudia (Arévalo, Bernal y Álvarez, 2002)4 o las escombreras y estructuras de algunos
alfares gadiritas (Montero et alii, 2004), especialmente las del localizado en C/ Asteroides (Bernal
et alii, 2007). La producción de perfiles tendentes a la morfología de las Dr. 1A continuaría duran-
te al menos el primer tercio del s. I a.C., al menos en los alfares tradicionales que languidecieron
en estos momentos finales del sistema económico tradicional de la ciudad. Pronto, los cambios
observados en otros tipos anfóricos habrían de sobrevenir a las imitaciones de ánforas itálicas,
tanto para los alfares asentados en las áreas continentales de la bahía de Cádiz (cada vez más
numerosos) como para los situados en las propias islas, alcanzado ciertas cotas de producción
destacadas las imitaciones de perfiles de Dr. 1C antiguas, que con perfiles evolucionados serían
fabricadas al menos hasta momentos cercanos al cambio de Era. 877

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4 En los sondeos realizados se ha podido documentar en un estrato fechado a finales del s. II a.C. un
conjunto de ánforas entre las cuales se localizaron dos envases completos correspondientes a grecoitálicas
tardías, en las que el análisis macroscópico de las pastas parece situar algún taller de la bahía gaditana como
centro productor (Bernal et alii, 2003a). Estos envases, documentados en asociación a grecoitálicas tardías y
Dr. 1A itálicas, parecen remarcar el carácter arcaizante a nivel morfológico de este tipo anfórico en los talleres
alfareros gadiritas de la época.

Antonio M. Sáez Romero, Darío Bernal Casasola e Ana I. Montero Fernández


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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Arqueologia e território
a
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u o
r
a
Viver no Campo: o sítio da Herdade da Sapatoa 3
e o povoamento rural centro alentejano
em meados do Iº milénio a.C.

Rui Mataloto 1
Carla Matias †
1
Câmara Municipal do Redondo

Resumo

Com este trabalho pretende-se efectuar um ponto da situação da investigação na Herdade da


Sapatoa, enquadrando-a nas grandes tendências da dinâmica histórica da realidade centro alentejana
ao longo do Iº milénio a.C.

Abstract

This work intends to present the state of research at the archaeological site of Herdade da
Sapatoa which fits into one of the great trends that transpired in a historically dynamic region of the
Central Alentejo during the first millennium B.C.E.
Viver no Campo: o sítio da Herdade da Sapatoa 3 e o povoamento rural centro alentejano em meados do Iº milénio a.C.

A Carla Matias

In Memoriam
…mais que uma promessa, uma certeza

0. No fio do horizonte …

Quando na primeira campanha, num chuvoso fim de semana de Novembro, me surgiu,


num grupo inseparável de alunas da Faculdade de Letras de Lisboa, a Carla Matias, franzina, só-
bria e tímida, não perspectivei desde logo que teria ali um braço de trabalho de um vigor a toda a
prova. No Verão seguinte, a perseverança e impetuosidade com que aquela jovem de porte frágil
trabalhava com a picareta, apenas era suplantada pela argúcia das leituras estratigráficas, o rigor
e rapidez do desenho, a acutilância do humor e o simbolismo das refeições. Mas aqui ficou bem
claro em mim a capacidade e a qualidade do trabalho desta jovem aluna, para quem seria fácil
perspectivar um porvir de grande reconhecimento. Quando se começou a perspectivar a eventu-
alidade de uma nova campanha em 2004, Carla Matias foi desde logo uma possibilidade de gran-
de certeza para acompanhar e coordenar os trabalhos; circunstâncias diversas assim acabaram
por ditar que fosse, dando-se início, em Julho desse ano, à terceira campanha de escavação, que
magnificamente levou a efeito. Ficará para sempre a sua firmeza e determinação, tal como a sua
diplomacia e bonomia; da Sapatoa 3 será sempre Carla Matias inseparável, como se estivesse, tal
como no último dia de trabalho do Verão de 2004, no fio do horizonte, desenhando alçados a uma
881
velocidade estonteante, sob o sol abrasador do Alentejo profundo …

Fig. 1. Equipa de escavação na Campanha 3/2004

Rui Mataloto e Carla Matias


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1. Viver no campo: a ocupação rural na Idade do Ferro do Sul peninsular

A vivência do espaço rural, entendido aqui como o resultado da presença e acção do Ho-
mem sobre o meio, constitui, ao menos desde os tempos neolíticos e até à consagração da época
industrial, o elemento estruturante da sociedade humana de características iminentemente agrí-
colas e pecuárias. Todavia, a instalação humana em meio rural permanece, ainda hoje, como um
dos modelos de ocupação menos conhecido na Península Ibérica durante o Iº milénio a.C.. A tra-
dição de investigação da Idade do Ferro peninsular centrou-se, desde cedo, nos grandes aglome-
rados populacionais, em detrimento de sítios de menor entidade visível, acabando por estruturar
uma visão do campo exclusivamente na dependência e periferia daqueles.
O sudoeste peninsular, e em particular o Baixo Alentejo, constituiu uma área pioneira no
estudo destas realidades, na sequência da análise dos testemunhos epigráficos, continuando a
representar ainda hoje, e apesar da escassez de estudos sistemáticos, uma das áreas onde o po-
voamento rural foi mais extensamente escavado. As intervenções levadas a efeito no âmbito do
Plano de Minimização de Impactes do empreendimento de Alqueva, vieram alargar ainda mais
o fosso já existente, ampliando o número de sítios intervencionados para mais de duas dezenas
neste quadrante peninsular (Mataloto, 2004; Calado, Mataloto e Rocha, n.p.).
Neste quadrante da península seria, contudo, o estudo da área extremenha a conferir um
largo destaque às realidades em espaço rural, principalmente de meados do Iº milénio a.C.. Se a
intervenção de Cancho Roano trouxe para a ribalta a existência de edifícios de índole aristocrática
em meio rural, não deixou de introduzir alguma resistência à análise do campo, ao assegurar-se
desde cedo o seu carácter único. Apenas na segunda metade da década de 90, com identifica-
ção de diversas realidades arqueológicas similares a Cancho Roano, os chamados Túmulos “post-
882 orientelizantes”, se começou a entender o Campo extremenho como um entramado complexo
de instalações diferenciadas, organizadas em torno de estruturas de índole aristocrática ou de
prestígio (Jiménez Ávila, 1997; Rodríguez Díaz e Ortiz Romero, 1998). Assim, desde então, tem
sido cada vez mais assumida a relevância e complexidade do Mundo rural face à ocupação con-
centrada, tanto no espaço extremenho (Rodriguez Díaz e Enríquez Navascués, 2001, p. 233; Ro-
dríguez Díaz, 2004; Jiménez Ávila, 1997, p. 154), como também no interior sul de Portugal (Mata-
loto, 2004; Arruda, 2001, p. 288; Fabião, 1998, vol.I, p. 392; Correia, 1997, p. 75). A reavaliação dos
pequenos núcleos rurais de Castro Verde e Ourique, em particular de Neves I, Corvo I e Fernão
Vaz (Arruda, 2001, p. 281; Jiménez Ávila, 2001, p. 221; Fabião, 1998, vol I, p. 274; Correia, 1996, p.
83), deixou patente o destaque que alguns destes poderão ter desempenhado em termos sociais,
simbólicos ou mesmo económicos.
A investigação proto-histórica do Sul e Levante peninsular parece ainda dominada pela ver-
tente concentrada do povoamento, onde o processo urbano ganhou um relevo e uma evolução
sem paralelo a nível peninsular, o que não obsta à presença de uma ocupação rural, por vezes de
particular intensidade (Molinos Molinos, Ruiz Rodríguez, Serrano Peña, 1995, p. 239). Todavia, a
dita área “ibérica” apresenta uma enorme diversidade de modelos de interacção do povoamen-
to, onde os pequenos sítios rurais parecem vir a assumir um relevo cada vez maior. Aqui, os estu-
dos territoriais têm vindo a delinear um espaço rural particularmente complexo e hierarquizado
para a segunda metade do milénio, com uma diversidade de modelos de agregação humana em
contexto rural, que vão desde as pequenas quintas, por vezes fortificadas, a aldeamentos com
algum grau de complexidade arquitectónica e social (Bonet Rosado e Mata Parreño, 2001).
Na Andaluzia, e principalmente no que diz respeito ao espaço e tempo “tartéssico”, o cer-
ne da abordagem à ocupação rural permanece focado na “questão colonial” e na relevância do
impacto fenício na exploração do campo; por outro lado, o forte desenvolvimento urbano conhe-
cido pelas sociedades sidéricas desta região condicionou e focalizou desde sempre o percurso da

Arquitectura e Urbanismo
Viver no Campo: o sítio da Herdade da Sapatoa 3 e o povoamento rural centro alentejano em meados do Iº milénio a.C.

investigação. Todavia, começam a esboçar-se os primeiros estudos territoriais onde esta verten-
te de investigação ganha um verdadeiro destaque, deslocando o eixo do discurso do povoado
central “proto-urbano” para o território e seu modo de exploração (Ferrer Albelda e Bandera
Romero, 2005).
Há mais de duas décadas que se começou a esboçar a relevância do meio rural na envolven-
te imediata do Mundo colonial fenício do Sul peninsular, retomando teorias bastante anteriores
(Alvar e Wagner, 1988). O percurso conturbado da investigação colonial, com fortes oscilações
sobre a origem do processo colonial, a par da escassa investigação directamente relacionada para
averiguação desta realidade, acabou por determinar uma aceitação bastante lenta desta realida-
de, que começa a ganhar efectivamente outros contornos, continuando a ser defendida como
um vector estratégico da própria instalação fenícia (Wagner, 2005). Assim, em todo o espaço
andaluz a ocupação rural parece ser a regra, apresentando, no entanto, ritmos e características
bastante diversas (Mataloto, 2004, p. 149), oscilando entre a complexidade de grandes conjuntos
arquitectónicos multifuncionais instalados no interior, caso de Calañas de Marmolejo (Molinos,
et al. 1994) e a simplicidade dos designados “fundos de cabana” da área colonial de Cádiz (Ruiz
Mata e González Rodriguez, 1994).
Assim, o Mundo rural assume-se, de modo indiscutível, como uma vertente essencial da
ocupação do território em toda a área mediterrânea da península.

2. A intervenção na Herdade da Sapatoa 3

Os trabalhos na Herdade da Sapatoa tiveram o seu início em 1999, com a intervenção de


emergência no sítio 1 da Herdade da Sapatoa, que se encontrava em acentuado processo de des- 883
mantelamento pela oscilação do nível da barragem da Vigia.
No decurso dos trabalhos de escavação foi-nos possível identificar dois outros, e posterior-
mente um terceiro, nas suas imediações. Quando a intervenção se encontrava quase finalizada
uma lavoura profunda afectou o sítio 3 desta Herdade, revolvendo grandes pedras, muito pro-
vavelmente resultantes da desagregação de estruturas. No âmbito do plano de trabalhos para
o sítio 1 foi pedida, e concedida, uma intervenção de emergência para o sítio 3, dando início ao
projecto de escavação de mais esta instalação na Herdade da Sapatoa.
Os trabalhos iniciaram-se em Setembro de 2002, em paralelo com a intervenção do sítio 1,
ajustando-se a área a escavar à zona onde surgiam mais blocos levantados pela lavoura; apresen-
tava, então, uma área de 7mx4m, com um total de 28m2, aos que se acrescia uma pequena vala de
sondagem com cerca de 8m2. As incógnitas deixadas pelo facto de termos intervencionado uma
área aparentemente exterior, plurifaseada, com estruturas bastante desmanteladas, conduziram
ao continuar dos trabalhos.
Na campanha de 2003 os meios disponíveis assentiam o alargamento em área, expandin-
do-se a mais de uma centena de metros quadrados, permitindo identificar um pequeno conjunto
edificado, composto por vários espaços aparentemente cobertos. A intervenção em profundida-
de efectuou-se dentro dos Ambientes I, II e III.
No ano seguinte, a escassez de meios e os resultados dos trabalhos anteriores, impuseram
uma ligeira alteração dos objectivos, visando-se agora um maior conhecimento de cada um dos
espaços identificados e a pontual delimitação total das estruturas construídas.
Neste momento, os trabalhos encontram-se interrompidos, ficando por caracterizar su-
ficientemente as mais antigas fases construtivas, particularmente para sudeste do conjunto da
última fase.

Rui Mataloto e Carla Matias


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2.1. A Herdade da Sapatoa: localização e trabalhos anteriores


A Herdade da Sapatoa localiza-se na área Sul do concelho do Redondo, distrito de Évora,
em ambas as margens da Ribeira de Vale de Vasco, pertencente à bacia da margem direita do Rio
Degebe e, desde logo, à bacia do Guadiana.
A paisagem, de grande individualidade fisiográfica, é caracterizada por um relevo muito on-
dulado, por vezes declivoso, que se abre, a espaços, em amplas rechãs junto das principais linhas
de água, como a Ribeira de Vale de Vasco e da Alcorovisca.

884

Fig. 2. Localização do sítio 3 da Herdade da Sapatoa na CMP 462-1:25000

O solo, pobre, surge-nos particularmente pedregoso e pesado, derivado da cascalheira ter-


ciária assente no substrato xistoso, que caracteriza geologicamente a área envolvente, abrindo-
se junto das principais linhas de água pequenas várzeas de solos mais leves, facilmente agricul-
táveis.
Um montado denso, com abundantes espécies arbustivas (estevas, giesta, etc.), apenas
pontualmente agricultado em regime de sequeiro, caracteriza o actual coberto vegetal da Her-
dade da Sapatoa, tendo o curso das citadas ribeiras sido acompanhado por uma galeria ripícola
(choupos, freixos, faias, etc), entretanto eliminada pela construção de uma barragem. Os resul-
tados das análises antracológicas, dos poucos vestígios recolhidos nos sítios 1 e 3 da Herdade da
Sapatoa, permitiram verificar a presença de azinheira e esteva (Queiroz e Leeuwaarden, 2004),
que poderá indiciar a presença de uma paisagem de bosque aberto, de clara origem antrópica. No
mesmo sentido parecem apontar os estudos palinológicos, ao revelarem uma baixa densidade
arbórea, acompanhada pela presença de espaços abertos de pastagens e campos de cereal, a par
de escassos indícios de videira (Hernández, 2005).
A Herdade da Sapatoa localiza-se, assim, nas imediações, para Sul, de um caminho natural
que, marginando a aba meridional da serra d’Ossa, interligaria em pouco mais que uma jornada,
através do Alentejo Central, o curso descendente do Guadiana à desembocadura do Tejo e do
Sado.

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Viver no Campo: o sítio da Herdade da Sapatoa 3 e o povoamento rural centro alentejano em meados do Iº milénio a.C.

Na realidade, o longo corredor centro alentejano, onde as realidades sidéricas da Herdade


da Sapatoa se inserem, interliga duas entidades histórico-geográficas de marcada individualidade
ao longo do Iº milénio a.C., a Baixa Extremadura e o Baixo Tejo e Sado.
Assim, será da correlação destas existências que se irá formar e estruturar a realidade que
nos foi possível detectar na Herdade da Sapatoa.
A escavação do sítio 1 permitiu identificar um conjunto arquitectónico, apenas parcialmen-
te conservado, com cerca de uma centena de m2 de área edificada, com vários compartimentos
de planta quadrangular, aparentemente estruturados em torno de um pátio interior. Em termos
construtivos, a arquitectura caracterizava-se pela utilização de uma técnica mista, com pedra de
xisto e quartzo, para o embasamento, e recurso à terra para o desenvolvimento em altura da pa-
rede; os pisos são de terra e de argila vermelha, ruborescida, de clara tradição mediterrânea.
Os diversos espaços individualizados apresentavam características distintas, que permiti-
ram uma aproximação à sua funcionalidade.
Foram detectados dois espaços de cariz iminentemente residencial (Ambiente I e II), de
planta rectangular, com uma área coberta na ordem dos 15 a 20m2, com lareira central, aos quais
se encontravam associados, em anexo, dois outros espaços de reduzidas dimensões, 4 a 6m2 (v.
fig. 3). Os conjuntos artefactuais recolhidos nestes compartimentos sugeriam uma utilização mul-
tifuncional, relacionada com uma armazenagem quotidiana e com o consumo de alimentos. Ad-
jacente ao Ambiente I situava-se um outro espaço coberto (Ambiente III), que funcionava como
uma área de distribuição da circulação e de preparação/confecção dos alimentos, atendendo às
presenças cerâmicas de grandes formas abertas e outras de armazenagem quotidiana. Seria atra-
vés deste espaço que se faria a circulação a partir do exterior, através de um pequeno vestíbulo,
dando acesso quer ao espaço interior não coberto (Ambiente IX), quer a um outro espaço de co-
zinha/armazenagem (Amb. V), para além do já comentado Ambiente I. No pátio detectou-se uma
estrutura circular de embasamento pétreo, interpretada como silo ou forno. 885

Fig. 3. Planta geral do sítio 1 da Herdade da Sapatoa

Rui Mataloto e Carla Matias


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Como se terá oportunidade de constatar, o conhecimento deste conjunto arquitectónico


revelar-se-á essencial para compreender e interpretar o edifício detectado no sítio 3 da Herdade
da Sapatoa.
Por outro lado, não será alheia à leitura destes sítios a presença de duas outras instalações
rurais na sua envolvente imediata: o sítio 2, implanta-se entre os sítios 1 e 3, enquanto o 4 se lo-
caliza cerca de 1km a montante do sítio 1. Cerca de 2km mais a Norte, num pequeno cerro sobre
a ribeira da Alcorovisca detectou-se igualmente outra pequena instalação. Assim, mais que uma
ocupação rural isolada, do tipo “monte” (Mataloto, 2004), começamos a encontrar uma pequena
comunidade, eventualmente de base familiar, estruturada ao longo das margens da ribeira.

886

Fig. 4. Localização dos sítios da Idade do Ferro na Herdade da Sapatoa e envolvente

2.2. Arquitectura do sítio 3 da Herdade da Sapatoa: caracterização e evolução


O conjunto edificado da Herdade da Sapatoa 3 apresenta, claramente, dois momentos
construtivos distintos, resultantes de ligeiras alterações do espaço edificado. No entanto, a nível
técnico, a construção segue soluções absolutamente semelhantes nas duas fases, concordantes,
aliás, com o conhecido noutras ocupações rurais sidéricas centro alentejanas. A construção fazia
uso de uma técnica mista, com recurso a pedra e terra, sendo o embasamento das paredes em
pedra recolhida nas imediações, de maiores dimensões na base, sobre o qual se desenvolvia um
muro em terra, tal como nos indica a presença de estratos argilosos, com frequente cascalho,
sobre os pisos. Os vestígios das coberturas são nulos, ainda que a detecção de algum barro cozi-
do associado a entramados de materiais perecíveis carbonizados poderá estar a remeter para as
soluções utilizadas na cobertura. Os pisos apresentam constituições variadas, como por exemplo
a simples terra batida sem qualquer especificidade, passando pelos pisos de argila vermelha ru-
borescida ou pelos lajeados, utilizado neste caso num espaço exterior.
O conjunto arquitectónico identificado na Herdade da Sapatoa 3 resultou de ao menos dois
momentos de construção/reconstrução, de que derivou um único edifício.

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Fig. 5. Vista geral das estruturas da Fase B, no final da Campanha 3/2004

104

N
887

102
103

228,04

228,16
228,20
228,10

[91]

101

XI
100

VI
99 [120]
[121]

98

IV [119]
[57] VII
[56]
97

96

I
[49]

[29]

96
97

[58]
[131]
[30]

III
[16]
95

[26]

[122]
[27]

94

[23]

2 2 7 .9 4

[109] [16]

93 [28]

117 118

92
98 99 114 116
112 113

91

90
100 101 109 110 111

89

0 5m
88

102 103 104 105 106 107 108

Fig. 6. Planta geral da Fase A do sítio 3 da Herdade da Sapatoa

Rui Mataloto e Carla Matias


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A fase construtiva mais antiga, designada como A, teria sido a mais extensa, ainda que
permaneça a menos conhecida. O edifício compunha-se, na área já intervencionada, por quatro
compartimentos bem delimitados, aos que se associavam outros menos bem caracterizados,
além de áreas aparentemente exteriores. O Ambiente I, de planta quadrandular, correspondia
a um pequeno alpendre, com cerca de 2,5m2, em cujo interior se construiu, em lajes de xisto
dispostas na horizontal, uma estrutura de planta circular, de funcionalidade desconhecida, que
ocupava todo espaço disponível. O Ambiente VI, de planta igualmente rectangular, apresentava
uma área de cerca de 5,5m2, encontrando-se relacionado com o Ambiente III através de um vão
posicionado no canto sudoeste, não tendo sido registado qualquer indício de correspondência
funcional. O Ambiente III era o maior de todos, tendo sido igualmente o primeiro a ser edificado,
adossando-se os restantes a ele. Apresentava uma planta rectangular alongada, com cerca de
16m2, com um vão virado a sudeste, com cerca de 1,5m de largura; no interior, axializada com
o vão de entrada, mas descentrada para o fundo do compartimento, detectou-se uma lareira
estruturada com pedras de xisto, de planta quadrangular, com cerca de 1m2, que, de certo modo,
organizaria a vivência do espaço. O Ambiente III deveria, então, desempenhar uma função
eminentemente residencial, ainda que tivesse conhecido múltiplas utilizações associadas à vida
quotidiana. Este compartimento, associado a um outro de menores dimensões, neste caso o
Ambiente VI, e mais tarde Ambiente II, conhece paralelos exactos nos Ambientes I e II do sítio 1 da
Herdade da Sapatoa, devendo corresponder à célula habitacional base, nestes conjuntos rurais,
sem que tenha sido possível registá-la, com clareza, em outras ocupações rurais escavadas no
Alentejo Central (Calado, Mataloto e Rocha, n.p.). Não sendo uma unidade arquitectónica ampla
(c. 20/25m2), deveria acolher apenas um núcleo familiar restrito, que dificilmente se poderia
alargar para além dos laços mais directos (pais/filhos).

888

[10]

Amb. I

Amb. III e VI
Amb. I

[70]

228.0
228.

0
08

228.
228.06

05

05
228.

06 227
228. .96

228.00

98.73

Amb. II Amb. III e II

Herdade da Sapatoa 1 Herdade da Sapatoa 3

Fig. 7. Modelo arquitectónico da célula habitacional base

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O Ambiente IV situa-se nas traseiras, a poente, do Ambiente III, constituindo um espaço


rectangular, com cerca de 8m2, aparentemente aberto a sudoeste, ainda que as condições de
preservação não permitam ser taxativos a este respeito. Nada no seu interior indicia a funciona-
lidade do espaço, ainda que seja sugestiva a reconstituição como alpendre avançada por Varela
Gomes (Gomes, 1992), para um espaço de características semelhantes detectado em Neves II,
Castro Verde (Maia, 1988).
Para além destes compartimentos foi possível detectar, para esta Fase A, outros espaços
estruturados, que apenas o avançar dos trabalhos permitiria melhor caracterizar.
No canto nordeste dos compartimentos já apresentados edificou-se, logo nesta fase, uma
grande estrutura circular, com cerca de 2m de diâmetro, aparentemente maciça, com um piso em
argila ruborescida, que se devia desenvolver em altura através de uma estrutura em barro cozido,
de que se encontrou o derrube. A funcionalidade deste tipo de estruturas não se encontra ainda
devidamente esclarecida, surgindo duas hipóteses, mutuamente excluentes, a de forno e a de
silo (Mataloto, 2004, p. 55). Em território alentejano são conhecidas diversas estruturas similares
em sítios rurais, tão próximos como o sítio 1 da Herdade da Sapatoa ou um pouco mais distantes
como o Espinhaço de Cão, junto ao Guadiana (Calado, Mataloto e Rocha, n.p.). Igualmente nos
últimos anos têm vindo a ser detectadas diversas estruturas similares no vizinho território da
Extremadura espanhola, em sítios de índole urbana como El Palomar (Jiménez Ávila e Ortega
Blanco, 2001) ou aldeão como El Chaparral (Jiménez Ávila, Ortega Blanco e López-Guerra, n.p.).
Estas encontram-se, usualmente, inseridas em espaços abertos, ainda que no caso aqui em estu-
do deva ter-se edificado inicialmente no interior de um pequeno compartimento, Ambiente VII.
Nas traseiras deste espaço, virado a Norte, parece ter existido um alpendre, ainda que o estado
de afectação não permita esclarecer se se trataria, de facto, de um outro compartimento.
Fronteiro ao Ambiente III desenvolvia-se um terreiro parcialmente lajeado, com uma lareira
de argila ruborescida. 889
Numa fase ainda indeterminada, mas posterior ao momento inicial, edificou-se, adossado
ao canto sudoeste do Ambiente III, o Ambiente V que se trata de um pequeno espaço, de constru-
ção tosca, de planta rectangular, aparentemente interligado com aquele, com uma área coberta
não superior a 2m2. No seu interior registou-se a presença de um pequeno poial, possivelmente
relacionado com o desenvolvimento de alguma actividade doméstica, eventualmente a moagem,
como houve oportunidade de constatar em “La Mata” (Rodríguez Díaz, 2004, p. 208). Este com-
partimento também não haveria de chegar ao fim da ocupação deste conjunto arquitectónico,
sendo eliminado ainda com o sítio em uso.
O Ambiente VI viria a conhecer uma pequena alteração, eventualmente coincidente com a
construção do Ambiente V, abrindo-se um vão virado a Norte, favorecendo a circulação com esta
área. Também a parede sudoeste do Ambiente III conheceu uma pequena alteração, aparente no
distinto aparelho empregue.
A este momento intermédio sucede-se uma remodelação mais alargada, aqui designada
de Fase B, que afecta principalmente o espaço do Ambiente VI, dando origem ao Ambiente II.
Este apresenta características semelhantes ao Ambiente anterior, seguindo-lhe inclusivamente
a planta; no seu interior erguem-se três poiais adossados às paredes, excepto a sudeste. O con-
junto artefactual aqui recuperado, tratado em seguida, confirma a sua utilização como espaço de
armazenagem. Nos restantes espaços as alterações são menos sensíveis. No Ambiente I fecha-se
o lado sudeste, transformando o alpendre em compartimento fechado, amortizando-se, simulta-
neamente a estrutura circular . No Ambiente III edifica-se um banco corrido na parede do fundo,
sobrelevando-se o piso, que perde a sua cor muito vermelha e a textura de argila ruborescida. O
Ambiente VII, que enquadrava a estrutura circular, é eliminado na totalidade ou em parte, con-
tinuando a dita estrutura em utilização. No terreiro exterior o lajeado é amortizado e as lareiras
abandonadas, surgindo outras ali próximo. Igualmente no terreiro, e muito próximo do edifício

Rui Mataloto e Carla Matias


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

104

102
103


101

100

[60]

[70]
[59]
99 [120]
[121]

IV
[69]

98
[73]
II
[76] [57]
[119] [56]
97

96

[118] I
96
[15]
97

[58]
�����

95

[122]
III
94
�����

[109]
93
������

V
117 118
���9�� [110]

92
98 99 114 116
112 113

���7��

[111]
������

91

90
100 101 109 110 111

89

88
0 5m
102 103 104 105 106 107 108

Fig. 8. Planta geral da Fase B do sítio 3 da Herdade da Sapatoa


890

erguem-se duas estruturas de pedra, maciças, de planta quandrangular, a [15] com 1,4mx0,85m
e a [18] com 1,7mx1,25m, de funcionalidade desconhecida. Deveriam apresentar um desenvolvi-
mento em altura fazendo uso de terra e materiais perecíveis, atendendo aos derrubes de blo-
cos de barro cozido, com marcas e vestígios de pequenos troncos de esteva, como evidenciou
a análise antracológica (Queiroz, 2004), detectados na sua imediação. Estas poderiam ter sido
sequenciais, sendo a estrutura [18], a de maiores dimensões, a mais antiga, sendo substituída em
determinado momento desta ultima Fase pela estrutura [15]. Os paralelos para estas estruturas
exteriores não são abundantes, mesmo entre os sítios rurais centro alentejanos; no sítio rural an-
daluz de Calañas de Marmolejo, em Jaén, registaram-se diversas destas estruturas, de dimensões
algo menores, tendo sido genericamente relacionadas com a produção oleira, bem atestada por
outros vestígios no local (Molinos et al., 1994, p. 22).
Esta última fase caracteriza-se, principalmente, por uma evidente redução da área edifi-
cada, mantendo, ou mesmo recuperando, a organização arquitectónica inicial. Na realidade, e
atendendo ao conhecido na área escavada, a superfície coberta resumir-se-ia a cerca de 30m2.
Esta última fase, a melhor caracterizada, apresenta uma menor complexidade construtiva
que a fase anterior, sendo ambas, aparaentemente, menores e menos complexas que o conjunto
edificado detectado no sítio 1 da Herdade da Sapatoa.

2.3 - Espaço e presenças cerâmicas na Herdade da Sapatoa 3


O conjunto cerâmico do sítio 3 da Herdade da Sapatoa pode, genericamente, subdividir-se
em dois grandes grupos: o das cerâmicas abandonadas com o sítio, geralmente fracturadas em
conexão, e as resultantes da utilização diacrónica e quotidiana do edifício, usualmente bastante
fragmentadas.

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O abandono do sítio 3 da Herdade da Sapatoa processou-se, tal como no sítio 1 (Mataloto,


2004), de um modo rápido, deixando grande parte das cerâmicas da última fase no contexto de
uso; foram, então, registados recipientes fragmentados em conexão em três áreas distintas: ter-
reiro exterior, Ambiente II e Ambiente III.
No espaço exterior recolheu-se um grande pote, elaborado a torno, fracturado sobre a
estrutura [18], ou o que restava dela. No interior do Ambiente II registou-se um interessante con-
texto de abandono, na medida em que permite não só uma aproximação à funcionalidade do
espaço, como eventualmente à distribuição do recipientes. Assim, foram aqui identificadas com
clareza duas ânforas, um grande pote manual, de bordo denteado, e um pequeno copo manual,
morfologicamente semelhante ao anterior; sem que se possa ser peremptório, registou-se tam-
bém mais um pote e uma tigela. O grande pote deveria encontra-se sobre o poial Nascente, [70],
enquanto as ânforas deveriam encontrar-se sobre os poiais Norte, [69], e Sul, [76]. Estas enqua-
dram-se dentro do tipo CR-I (Guerrero Ayuso, 1991), por sua vez derivado das ânforas de saco do
tipo R-1 de Vuillemot ou da Série 10 de J. Rámon (Ramon Torres, 1995).
No Ambiente III, próximo do canto Sul, detectou-se, igualmente, um grande pote manual,
que continha uma tigela no seu interior, servindo eventualmente para extrair o seu conteúdo,
muito provavelmente sólido, atendendo à utilização deste recipiente para o efeito. Neste mesmo
Ambiente, mas em fase anterior ao abandono, foi amortizado sob um dos pisos um pote manual,
facto igualmente constatado no interior do Ambiente III do sítio 1 da Herdade da Sapatoa (Mata-
loto, 2004, p. 43).
Um pequeno balanço sobre este conjunto permite traçar um espectro geral muito próximo
ao registado no sítio 1 da Herdade da Sapatoa, principalmente na relação espaço/função onde,
uma vez mais, se verifica a presença de recipientes manuais de armazenagem e confecção de ali-
mentos nos espaços habitacionais, como é o caso do Ambiente III do sítio 3, ou do I no sítio 1; por
outro lado, ficou pela primeira vez clara a atribuição funcional dos pequenos espaços anexos aos 891

Fig. 9. Vista geral do conjunto cerâmico [45], fracturado em conexão no interior do Ambiente II

Rui Mataloto e Carla Matias


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

compartimentos residenciais, ao detectar-se uma concentração de recipientes de armazenagem


no Ambiente II. Por outro lado, não deixa de se estranhar a quase total ausência de recipientes de
consumo individual, atestado, ainda que em número reduzido, no espólio de abandono do sítio 1.
Em termos cronológicos, é impossível de momento, com base nas evidências cerâmicas,
tentar estabelecer qualquer diacronia de abandono entre o sítio 3 e o sítio 1 da Herdade da Sa-
patoa, não sendo descabido, atendendo ao contexto e tafonomia das realidades recuperadas,
sugerir-se uma acção coordenada de abandono.
O segundo grupo cerâmico é ainda bastante difícil de caracterizar de modo satisfatório, na
medida em que se encontra apenas parcialmente tratado; todavia, creio já possível assinalar que,
tal como seria de esperar, se aproxima bastante do recolhido no sítio 1 da Herdade da Sapatoa.
Por outro lado, é de igual forma razoavelmente semelhante ao recuperado na fase de abandono,
evidenciando uma possível curta diacronia de ocupação. Na realidade, a ausência, até ao momen-
to, de formas de cariz arcaizante, como mamilos alongados, carenas e fundos em ônfalo, pode
remeter para um momento de ligeira posteridade da sua fundação relativamente ao sítio 1.
Perante o cenário traçado, cremos que a ocupação do sítio da Herdade da Sapatoa 3 se
deve ter desenrolado entre os finais do séc. VI a.C. e principalmente dentro da primeira metade
do século seguinte.
A sustentação económica deste pequeno aglomerado estaria, com bastante probabilidade,
estreitamente relacionada com as disponibilidades da paisagem envolvente; assim, e atendendo
aos indícios palinológicos e antracológicos, é de supor uma economia local agro-silvo-pastoril,
com cultivo de cereais e pastoreio, podendo o facto de termos identificado a presença de um
pote meleiro indiciar a exploração ou recolha de mel, também suposta, a partir do mesmo indício,
para o sítio 1.

892
3. Aproximação integrada ao processo humano na primeira metade do Iº milénio a.C.
do Alentejo Central

A ocupação rural do espaço centro alentejano começou a ser reconhecida como um ver-
dadeiro fenómeno de instalação humana apenas nos finais da década de 90 do século passado,
sendo até então unicamente conhecidos alguns sítios abertos (Calado e Rocha, 1997). No entan-
to, a implementação de diversos estudos sistemáticos, relacionados principalmente com grandes
obras públicas, como a barragem de Alqueva, permitiu alterar substancialmente o panorama co-
nhecido (Calado, Barradas e Mataloto, 1999), constatando uma intensa ocupação do espaço rural
centro alentejano ao longo do primeiro milénio a.C., que conta actualmente com cerca de uma
centena de sítios identificados (Mataloto, 2004).
É desde já possível afirmar que a primeira metade do Iº milénio a.C. conheceu o arranque e
auge de uma intensa ocupação do espaço rural, entendido na sua vertente ecológica (Mataloto,
2004, p. 35). Não me parece adequado referir este processo de instalação humana em meio rural
como colonização agrícola ou agrária, como foi proposto para outras áreas peninsulares, caso da
Andaluzia (Ferrer Albelda e Bandera Romero, 2005, p. 566). Não creio que este processo tenha
sido desencadeado, na região alentejana, de modo dirigido e coordenado, como se esperaria dos
processos de colonização; por outro lado, dá-se, neste momento, a intensa ocupação de áreas de
solos esqueléticos e pouco produtivos, como os das margens do Guadiana, devendo o sustento,
e sucesso, das instalações relacionar-se maioritariamente com o desenvolvimento de actividades
pecuárias e não agrícolas. Assim, creio ser mais adequado, e menos comprometido, definir este
processo como ocupação do espaço rural, ao menos neste momento e para o Alentejo Central.
Ainda que sejam conhecidas pequenas instalações do final da Idade do Bronze dispersas
no campo (Calado e Rocha, 1996-1997), o verdadeiro processo de instalação rural parece ter-se

Arquitectura e Urbanismo
Viver no Campo: o sítio da Herdade da Sapatoa 3 e o povoamento rural centro alentejano em meados do Iº milénio a.C.

893

Fig. 10. Cerâmicas das unidades [10], [45] e [93] da Herdade da Sapatoa 3

iniciado nos meados/finais do séc. VII a.C. (Calado, Mataloto e Rocha, n.p.), coincidindo com o
abandono dos grandes povoados fortificados do final da Idade do Bronze, processo desencade-
ado, provavelmente ainda na centúria anterior. Na realidade, o reforço da componente humana
dispersa no campo surge claramente por oposição a um abandono generalizado dos grandes po-
voados, sendo raras ou quase desconhecidas, grandes instalações humanas no Alentejo Central
para o período entre os finais do séc. VIIa.C. e os meados do milénio.
A intervenção recente num extenso povoado aparentemente do final da Idade do Bronze,
São Gens (Redondo), permitiu constatar, na área intervencionada, uma única ocupação aparen-
temente do séc. VII a.C., que se teria extinguido quanto muito nos inícios do século seguinte,

Rui Mataloto e Carla Matias


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

revelando claros indícios de interacção com as realidades introduzidas no litoral pelas presenças
coloniais (Mataloto, 2004a).
Os dados resultantes de escavações recentes e antigas de amplos povoados do final da
Idade do Bronze do Alentejo Central, ou imediações, parecem apontar em igual sentido, sendo
o abandono inclusivamente anterior, tendo em conta que apenas a presença de fíbulas de dupla
mola parece remeter para contextos do início da Idade do Ferro; esta situação foi reconhecida
nas intervenções da Coroa do Frade (Arnaud, 1979), Castelo de Arraiolos (Fabião, 1998, e mate-
riais das intervenções de Gustavo Marques em depósito no MNA), para além dos recentes dados
do Castro dos Ratinhos (Silva e Berrocal, 2005).
A instabilidade das grandes ocupações ao longo do Iº milénio a.C. acabará por se traduzir
numa extrema dificuldade de estruturação territorial das realidades humanas, ao invés do que
sucede na Andaluzia, onde a permanência dos grandes centros permitiu, desde cedo, a organiza-
ção de espaços territoriais nos quais a ocupação rural se implementaria de modo aparentemente
concertado (Ferrer Albelda e Bandera Romero, 2005).
Assim, pensamos que a ocupação rural centro alentejana acabará por se coordenar, em
grande medida, entre si, gerando hierarquias e organizando-se em torno de territórios que se
vão estruturando ao longo do tempo. Creio ser neste contexto que acabarão por surgir unidades
sociais como as registadas na Herdade da Sapatoa, que poderíamos designar de tipo aldeão, in-
terligada por laços familiares.
A possibilidade de estudar uma área relativamente extensa nas margens do Guadiana per-
mitiu melhor caracterizar uma verdadeira comunidade ribeirinha que se estruturou ao longo do
rio durante o Iº milénio a.C. (Calado, Mataloto e Rocha, n.p.). A identificação de mais de três
dezenas de pequenas instalações, e a escavação parcial de uma dezena, permitiu perspectivar
a enorme diversidade de que se podem revestir estas instalações. Assim, parecem distender-se
894 na diacronia com um dinamismo e uma constância de que resulta um panorama particularmente
rico, onde algumas ocupações se esgotam, enquanto outras consolidam e expandem, chegando
a conhecer importantes conjuntos edificados com várias centenas de metros quadrados de área
coberta, como acontece no Espinhaço de Cão. A par destes, ou na sua sequência, emergem gran-
des conjuntos edificados em contexto rural, com evidentes características de destaque, como a
organização tripartida do espaço residencial, caso do sítio da Malhada das Taliscas 4, à imagem
do conhecido nos complexos de prestígio do Médio Guadiana, como Cancho Roano (Celestino,
1996) e La Mata (Rodríguez Díaz, 2004). Não deixa de ser interessante verificar que os quatro sí-
tios de maiores dimensões, Espinhaço de Cão, Casa das Moinhola 3, Malhada das Taliscas 4 e Gato
se encontram espaçados sensivelmente de igual modo entre si (cerca de 3 a 5km), gerando aros
de influência eventualmente semelhantes, isto se, efectivamente, tivessem sido todos ao menos
parcialmente contemporâneos, como pode ter acontecido. Uma vez mais encontramos aqui uma
concentração elevada de pequenas instalações, com algumas claramente destacadas faces às
restantes, sendo relativamente simples vislumbrar alguma hierarquia interna do conjunto, quer
em termos sociais quer produtivos; assim, instalações como o Espinhaço de Cão, com várias cen-
tenas de metros quadrados de área edificada, com espaços residenciais e possivelmente cultuais,
poderia coordenar e originar outros, como o Moinho novo de Baixo, com reduzidas áreas edifi-
cadas. Uma vez mais, a organização deste tipo de comunidades ribeirinhas, espaçadas ao longo
do rio, poderia responder a soluções do tipo aldeamento disperso, não tendo que ser lidas como
elementos isolados, mas sim interdependentes.
No entanto, quer a rede de povoamento detectada na margem do Guadiana, quer a re-
conhecida na Herdade da Sapatoa, se instalam em áreas marginais face aos territórios de maior
fertilidade agrícola, certamente mais atractivos para este tipo de instalações rurais; todavia, o
ingente povoamento romano conhecido nestas áreas acaba por dificultar bastante a obtenção de
uma imagem fidedigna do povoamento proto-histórico, que nos surge aqui bastante mais espar-

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Viver no Campo: o sítio da Herdade da Sapatoa 3 e o povoamento rural centro alentejano em meados do Iº milénio a.C.

so. Estas seriam as zonas onde deveriam emergir centros de maiores dimensões, instalados em
meio rural, capazes de gerar e coordenar uma satelitização do povoamento no seu entorno. São
escassos os sítios a que poderíamos atribuir funções deste calibre, contudo, existem, apresentan-
do mesmo uma enorme diversidade entre si.
Não conhecemos entidades arquitectónicas que se possam integrar no tipo mais caracte-
rístico do médio Guadiana, os ditos “túmulos post-orientalizantes” (Jiménez Ávila, 1997). O sítio
da Silveira, ou Horta da Ribeira (Calado e Bairinhas, 1995) apresenta algumas características que
não deixam de remeter para este tipo de realidades; assim, instala-se numa área aplanada, junto
de uma linha de água, sendo actualmente visível uma estrutura de planta quadrangular, com 16m
de lado, realizada em grandes blocos de granito, que não deixa de ter fortes semelhanças com
a designada “terraza” de Cancho Roano A3 (Celestino e Jiménez Ávila, 1996; Celestino, 2001). O
escasso conjunto material recolhido à superfície não difere grandemente do entregue pelas ins-
talações rurais de meados do Iº milénio a.C.. A presença de um conjunto de 3 painéis com várias
centenas de covinhas, no sítio e suas imediações, introduz na leitura um elemento diferenciador,
eventualmente justificativo da sua localização.
Um modelo algo distinto é apresentado pelo povoado fortificado do Castelão das Noguei-
ras, cujo abandono deve coincidir igualmente com os meados do milénio. Este implanta-se numa
área aplanada, de solos particularmente férteis e abundantes aquíferos, estando muito certa-
mente dotado de uma estrutura de fortificação perimetral, que delimita uma área de cerca de
1ha. A sua localização privilegia não só a adjacência de bons solos, mas também a proximidade a
um importante caminho natural que margina a serra d’Ossa pelo lado Norte.
Já o sítio de Nossa Senhora de Machede parece representar um modelo algo distinto do
anterior, ainda que se encontre, tal como este, aparentemente rodeado por um circuito de mura-
lhas. Com uma planta rectangular, e uma área de cerca de 0,5ha, implanta-se num esporão rocho-
so dotado de alguma defensabilidade natural e adjacente ao rio Degebe. O conjunto artefactual 895
afasta-o dos característicos “castros de ribeiro”, com os quais partilha o modelo de instalação,
aproximando-o das instalações rurais de meados do Iº milénio a.C.
Estes modelos de instalação diferenciados poderiam, eventualmente, coordenar territó-
rios de exploração, nos quais se coordenavam e distribuíam pequenas instalações rurais subor-
dinadas, num modelo de exploração agro-pecuária próximo ao proposto para a bacia média do
Guadiana (Jiménez Ávila, 2001; Rodríguez Díaz, 2004). No campo alentejano têm vindo a surgir, a
espaços, alguns claros indícios de diferenciação dos grupos, tais como o braseiro de mãos do Vale
da Moura (Évora) (Teichner, 2000), os indícios de literacia recolhidos no sítio do Outeiro dos Cas-
telinhos 2, adjacente ao vale do Guadiana (Gomes; Brazuna e Macedo, 2002) ou os recipientes de
vidro polícromo da necrópole da Tera (Rocha, 2003) e Malhada das Taliscas 4 (Calado, Mataloto e
Rocha, n.p.), revelando provavelmente uma hierarquização inter e intra-grupal.
Todavia, parece-me particularmente redutor ler toda esta enorme densidade de peque-
nas instalações rurais apenas na superintendência das unidades diferenciadas, sendo a realidade
bem mais complexa, no entrecruzar dos vários modelos de instalação. Assim, grandes complexos
rurais como o Espinhaço de Cão poderiam gerar e controlar diversas outras entidades menores,
enquanto outras ainda se organizariam, na margem dos territórios mais férteis, em pequenas
comunidades relativamente isonómicas e interligadas por laços familiares, como poderia ser o
caso da Herdade da Sapatoa, que no total poderia envolver várias dezenas de pessoas. Não creio
ser particularmente problemática a aceitação de um certo grau de autarcia nestas comunidades
rurais, que ocupam, como nunca antes, todo o agro alentejano.
As aglomerações de maiores dimensões são ainda pouco ou nada conhecidas. Destas, ape-
nas podemos situar com clareza no séc. V a.C. a ocupação do Alto Castelinho da Serra (Monte-
mor-o-Novo), onde se detectou a presença de cerâmica ática, nomeadamente taças “Cástulo”
(Gibson, Correia e Burgess, 1998). Os níveis de base do Castelão de Rio de Moinhos (Borba) en-

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Fig. 11. Asas de mãos provenientes do Vale de Moura (Évora) (seg. Teicnher, 2000)

896
tregaram um número elevado de cerâmica pintada, entre as quais várias polícromas (Calado e
Rocha, 1997), que poderão apontar para um momento antigo do séc. IV a.C. ou mesmo do séc. V
a.C.. Na realidade, não creio que os possíveis aglomerados populacionais de maiores dimensões,
a existirem, tenham jogado um papel relevante na estruturação do povoamento, ao menos antes
de finais do séc. V a.C.. No entanto, a recente identificação, na Extremadura espanhola, de impor-
tantes unidades de cariz urbano ou aldeão, instaladas em zonas planas, como Palomar (Jiménez
Ávila e Ortega Blanco, 2001) ou El Chaparral (Jiménez Ávila, Ortega Blanco e López-Guerra, n.p.),
impõe algumas reservas, atendendo ao facto de algumas das instalações rurais de maiores di-
mensões poderem, eventualmente, corresponder a este tipo de aglomerações.
Em meados do séc. V a.C. parece consolidar-se um processo de concentração populacional
em povoados fortificados, instalados em alcantilados rochosos, num verdadeiro encastelamento,
que estará em grande medida concluído nos meados do século seguinte. Este processo, prova-
velmente resultante de uma acção de cinecismo, acabará por representar o abandono de grande
parte das instalações em meio rural do espaço alentejano; todavia, o campo continuará a ser
ocupado, inclusivamente por grupos socialmente destacados, como se pode deduzir dos impor-
tantes espólios guerreiros detectados na necrópole da Herdade das Casas ou da Cardeira (Fabião,
1998, p. 389; Calado e Mataloto, 2001, p. 144; Mataloto, 2004, p. 178).
Não será impossível, atendendo a alguns dados que têm vindo a emergir nos últimos
anos, que nos finais do milénio, o povoamento rural conheça alguma intensificação, já após a
conquista romana, sendo, no entanto, completamente substituído mais tarde pela colonização
romana, que ditará novas regras, reorganizando por completo a estruturação das redes regionais
de povoamento.
Redondo, Inverno de 2005/2006

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Viver no Campo: o sítio da Herdade da Sapatoa 3 e o povoamento rural centro alentejano em meados do Iº milénio a.C.

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Rui Mataloto e Carla Matias


Arquitectura doméstica en el Cerro del Villar:
uso y función del espacio en el edificio 2
*
**

A. Delgado
M. Ferrer
A. Garcia
M. López
M. Martorell
G. Sciortino
Universitat Pompeu Fabra

Resumen

En esta comunicación se presenta el análisis de uno de los espacios residenciales excavados en el


yacimiento del Cerro del Villar, el edificio 2, con el objetivo de realizar una lectura social de este ámbito.
Nuestro estudio presenta una descripción de cada uno de los espacios junto con una interpretación
de los mismos y de la relación que se establece entre ellos. Esta interpretación se basa en un análisis
de la distribución espacial de los materiales registrados en cada una de las estancias de este edificio
teniendo en cuenta los datos arquitectónicos y estratigráficos.

Resumo

Nesta comunicação apresenta-se a análise de um dos espaços residenciais escavados no Cerro del
Villar, o edifício 2, com o objectivo de realizar una leitura social de este contexto.
O nosso estudo apresenta uma descrição de cada uno dos espaços, juntamente com uma interpre-
tação dos mesmos e da relação que se estabelece entre eles. Esta interpretação baseia-se na análise da
distribuição espacial dos materiais registados em cada um dos compartimentos de este edifício, tendo em
conta os dados arquitectónicos e estratigráficos.

* Trabalho ampliado e revisto, originalmente apresentado como poster.


** Nota do Editor:
Texto não revisto pelos autores. Todas as tentativas para contactar os autores de forma a que cor-
rigissem as provas tipográficas do seu artigo não tiveram sucesso.
Arquitectura doméstica en el Cerro del Villar: uso y función del espacio en el edificio 2

Introducción

La colonia fenicia del Cerro del Villar se sitúa en el sudeste de la Península Ibérica, en la
bahía de Málaga. Con una altura de poco más de 5 m sobre el nivel del mar en su momento de
abandono y una superficie de unas 10 ha, en los siglos VIII y VII a.C. era una pequeña isla fluvial en
el río Guadalhorce dentro de un paraje de humedales salpicado de estanques y lagunas deltaicas
(Carmona, 1999, p. 33-41).
La intervención arqueológica llevada a cabo en el asentamiento fenicio del Cerro del Villar
durante el año 2003, dirigida por los doctores M.E. Aubet, A. Delgado y E. García, se centró en
un área residencial situada en el sudeste del asentamiento, muy próxima a la antigua orilla del río
Guadalhorce. Esta zona corresponde a los denominados sectores 2 y 6 excavados parcialmente
durante las actuaciones arqueológicas de los años 1989 y 1991, en que se identificaron tres edifi-
cios que datan del siglo VII a.C.: el edificio 2, el edificio 5 y el edificio 61.

El edificio 2: arquitectura y construcción

El edificio 2 es una compleja construcción ortogonal que consta de siete estancias y ocu-
pa una superficie aproximada de 75 m2 construidos (Fig. 1). Su forma reproduce una estructura
típicamente oriental, propia de las casas del área levantina durante la Edad del Hierro antiguo
(Braemer, 1982; Díes Cusí, 1995).
La construcción de este edificio sigue patrones propios de la arquitectura fenicia arcaica:
muros de mampostería, mayoritariamente de caliza local que aparece mezclada en algunos tramos
con otros materiales de menor calidad. La piedra está simplemente trabada con barro y los muros
aparecen recubiertos en su cara interna y externa con una espesa capa de arcilla. De los alzados de 901
adobe que se erigían sobre ellos apenas se han conservado vestigios mientras que los zócalos de
piedra se han preservado prácticamente intactos, con alturas que alcanzan hasta 1,09m.
El interior de las estancias se rellenó con sucesivas capas de arcilla sobre las que se cons-
truyeron los suelos de las habitaciones, que se elevan casi un metro de altura respecto a la base
de la construcción. Este sistema de construcción, que se documenta en la arquitectura doméstica
del Próximo Oriente ya desde tiempos neolíticos, responde a la necesidad de aislar los espacios
de habitación de la humedad y de otros fenómenos medioambientales como crecidas fluviales o
inundaciones (Molist, 1991, p. 142).

El edificio 2: uso y función del espacio

La estancia principal del edificio 2 es el denominado espacio 1, como evidencia su tamaño,


sus características constructivas y los materiales localizados en ella. Esta habitación, situada en la
zona oeste del edificio, es la mayor de toda la casa con 13,30 m2 de superficie construida. Dispone
en tres de sus lados de bancos corridos de adobe que se apoyan directamente sobre un suelo de
tierra apisonada. Éste es el único nivel de ocupación: un sedimento arenoso de color gris oscuro
resultado de una importante concentración de material orgánico. Directamente sobre este suelo
se encontró una gran acumulación de materiales: vasijas cerámicas prácticamente completas,
objetos metálicos, así como restos de malacología y fauna.

1 Este trabajo se inscribe en el Proyecto General de Investigación Arqueológica “Cerro del Villar II: sociedad
y economía coloniales”, aprobado por la Dirección General de Bienes Culturales de la Junta de Andalucía. Este
segunda fase de investigación tiene como objetivo el análisis social de un ámbito colonial fenicio a partir de
la identificación, excavación y estudio de distintos sectores residenciales, productivos y administrativos del
asentamiento.

A. Delgado, M. Ferrer, A. Garcia, M. López, M. Martorell e G. Sciortino


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

902

Fig. 1. Planta y distribución de materiales del Edificio 2 del Cerro del Vilar (Málaga)

Arquitectura e Urbanismo
Arquitectura doméstica en el Cerro del Villar: uso y función del espacio en el edificio 2

Todo el material hallado en este espacio alude a un contexto totalmente doméstico. Se


trata básicamente de formas cerámicas relacionadas con el almacenamiento, el consumo y la
manipulación de alimentos: platos de engobe rojo y cuencos a mano, que aparecieron junto a
ollas a mano y a torno y fragmentos de ánforas. Los objetos de metal identificables – dos cuchillos
afalcatados de hierro- responden a idéntica función.
Estos materiales, la abundancia de desechos de materia orgánica y las banquetas de adobe
indican que este es un espacio destinado principalmente al consumo de comida, al descanso y a la
reunión. No hay elementos de trabajo, ni tampoco estructuras de combustión u otras evidencias
asociadas con la cocción de alimentos.
Esta estancia principal se orienta al este lo que le proporciona abundante luz que entra
desde la calle. La entrada a este espacio, sin embargo, se realiza desde un patio interior, el deno-
minado espacio 5 situado al norte de la casa. El suelo de este patio aparece empedrado con gui-
jarros de pequeño tamaño y sus paredes conservan la capa de arcilla que recubre la piedra de los
muros y un grueso revoque de cal de unos 4 cm de espesor. Arcilla y cal son materiales aislantes
que protegen a las estancias que rodean al patio de la humedad ambiental, al mismo tiempo que
la cal favorece la iluminación de esos espacios.
La parte noroeste está cubierta por un porche. Éste se sostenía en una de las paredes de
la estancia contigua (espacio 3) y en una estructura de adobe adosada al muro exterior. En línea
con la pared que separa dos de los espacios que dan al patio (1 y 2) se hallaron cuatro piedras en
forma de L. Dos de ellas presentaban orificios en los que debieron encajarse postes de madera
que sostenían esta cubierta. En la otra parte del patio se concentran los materiales que aparecen
prácticamente completos y rotos contra el suelo. Las vasijas cerámicas son mayoritariamente
formas relacionadas con el almacenamiento: grandes contenedores como ánforas –se han regis-
trado un mínimo de 8 ejemplares en este área-, un pithos y un vaso à chardon a mano. También
se han hallado residuos orgánicos -malacología y fauna- junto a una olla a mano con señales de 903
combustión en su base.
Como otros patios interiores orientales, el espacio 5 es una estancia multifuncional: actúa
como distribuidor dando acceso a los distintos espacios, facilita la iluminación de los mismos y se
utiliza como lugar de almacenamiento de la casa.
Una de las singularidades de este espacio es la presencia de un pavimento de conchas que
se encuentra bajo el porche y que marca el acceso al espacio 2. Este pequeño suelo muestra una li-
gera inclinación formando una especie de rampa, reproduciendo el mismo sistema de circulación
entre espacios visto en las casas de la Cartago arcaica, donde los umbrales de las puertas apare-
cen señalados por una elevación de las margas del suelo (Rakob, 1998, p. 28). Este pavimento
está formado por moluscos de la especie Glycymeris glycymeris que, al margen de su significado
simbólico, se utilizan en la arquitectura doméstica levantina de la Edad del Bronce y del Hierro
para ayudar al drenaje de las aguas (Bar-Yosef, en prensa).
El espacio 2 es un cubículo rectangular de 3,20 m de largo y 1,78 m de ancho. Tres de sus
laterales están cubiertos por espesas capas de barro de más de 20 cm de espesor, que a su vez
están revocadas por una gruesa capa de cal. El suelo de este espacio presenta un preparado de
cal blanca que cubre toda la estancia y se asienta sobre un enorme relleno de arcilla de más de
medio metro de espesor. El grosor del revestimiento de barro, la elevación del suelo y el encalado
permitieron la perfecta impermeabilización de este espacio, por lo que pudo ser utilizado como
cisterna o aljibe para almacenar líquidos. Estas construcciones se documentan en el mundo ibéri-
co donde sirvieron para guardar aceite o agua con fines artesanales o domésticos (Bonet, 1998,
p. 91; Blasco y Rafel, p. 1995).
El patio interior también da acceso a los espacios 3 y 4 situados en el extremo oriental de la
casa. El espacio 3 es una pequeña habitación con un suelo de barro apisonado sobre el que apare-
cen dispersos algunos guijarros de pequeño tamaño. La enorme concentración de restos de com-

A. Delgado, M. Ferrer, A. Garcia, M. López, M. Martorell e G. Sciortino


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

bustión y residuos orgánicos en la esquina noroeste relaciona este espacio con tareas de cocción
y procesamiento de alimentos. Otros materiales inciden en el mismo uso de este espacio: ollas a
torno y a mano, ánforas para el almacenamiento a pequeña escala, dos botellitas y un plato con en-
gobe, a los que cabe añadir restos de algunos objetos de metal. En el espacio 3 probablemente se
ubicó una de las entradas de la casa puesto que se encontró un suelo de conchas en el exterior de
este espacio. Como en el caso anterior podría estar señalizando un umbral de entrada a la casa.
El área oriental del edificio, formado por los espacios 1, 2, 3, 4 y 5, está articulado entorno
al patio interior, que facilita el acceso a todos estos espacios dedicados a actividades de manteni-
miento, consumo y descanso. En el Próximo Oriente este tipo de arquitectura doméstica aparece
ya en el IV milenio y responde a una ideología que plasma en la forma de las casas las relaciones
de género.
Por otro lado, las dos estancias más occidentales de la casa, los espacios 6 y 7, no pare-
cen tener acceso directo desde estas habitaciones. Tanto las estructuras como la distribución del
material localizado indican que se entraría en ellas directamente desde la calle. Esta segregación
podría estar relacionada con el uso no residencial de estos dos espacios.
El espacio 6 es un taller artesanal dedicado a trabajos metalúrgicos a pequeña escala. De-
sechos de producción, restos de minerales y una estructura de combustión son evidencias del
desarrollo de actividades relacionadas con el trabajo del plomo. En la esquina oeste de la habita-
ción se registró el área de combustión. Se trata de un rectángulo de tierra rubefactada, elevado
algunos centímetros respecto al suelo de esta estancia, junto al que aparecen pequeños carbones
y algunas manchas de cenizas. Esta estructura conserva parte de su pared exterior: un pequeño
arco formado por arcilla y piedras cerrado por la boca de un ánfora. Aproximadamente a un me-
tro de esta zona, se encuentra una concentración de desechos metalúrgicos –escorias de plomo y
galena argentífera-. En este espacio no existen evidencias de actividades domésticas. La cerámica
904 está muy fragmentada y totalmente rodada por lo que la mayoría de estos hallazgos correspon-
den a deposiciones secundarias.
La habitación 7, contigua al espacio 6, presenta un carácter completamente diferente al
resto de la casa. Es la estancia más pequeña del edificio 2 y consta de una superficie útil de tan
sólo 2 m2. Dispone de un material totalmente singular que nos remite a prácticas rituales. Dos
huevos de avestruz, con restos de ocre en su interior, se apoyaban en una de las paredes de la
estancia y tres lucernas casi completas se disponían en forma de U alrededor de la habitación.
Otros elementos que remiten a este tipo de prácticas relacionadas con la cremación de esencias
aromáticas son dos conchas de la especie Glycymeris glycymeris, una de las cuales conservaba
todavía restos de carbón. Esta asociación viene marcada asimismo por la similitud morfológica
entre este molusco y lámparas fenicias con una sola mecha. Además se depositaron un pendiente
de plata en forma de creciente lunar y restos de objetos de bronce entre los que destacan varios
fragmentos de una vasija quemada.

A modo de conclusión

Tradicionalmente los ámbitos domésticos han sido espacios marginados en la arqueología


fenicia, no sólo desde una vertiente interpretativa, sino incluso desde la simple aproximación
empírica. Sin embargo, su estudio constituye uno de los elementos esenciales para aproximarse
a la organización social y económica de las sociedades del pasado. En este sentido, el estudio del
edificio 2 incide en el importante peso que tuvieron comerciantes y, especialmente artesanos,
en la comunidad que habitó esta colonia, como evidencia el taller metalúrgico identificado en la
casa. El análisis de este edificio constituye el punto de partida para realizar una aproximación a la
composición social de un asentamiento colonial fenicio como el Cerro del Villar.

Arquitectura e Urbanismo
Arquitectura doméstica en el Cerro del Villar: uso y función del espacio en el edificio 2

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A. Delgado, M. Ferrer, A. Garcia, M. López, M. Martorell e G. Sciortino


Les fouilles Tuniso-Belges du Terrain Bir Massouda
(2002-2005) : contribution à la connaissance de la
topographie de Carthage à l’époque archaïque

B. Maraoui Telmini 1
F. Chelbi 2
Roald F. Docter 3
Université de Tunis
1

2
INP - Tunis
3
Université de Gand, Belgique

Résumé

Le terrain de Bir Massouda à Carthage-Dermech fait l’objet, depuis trois ans, d’un programme de
recherche Tuniso-Belge dont les résultats contribuent à une meilleure connaissance de l’urbanisme de
Carthage à l’époque archaïque. En effet, dans la première configuration urbaine de la Cité phénicienne,
ce secteur se trouvait extra muros, abritant une vieille nécropole à incinération, antérieure au cimetière
de Junon et datable du plein VIIIe s. av. J.-C. Les investigations menées au sud de ce terrain ont permit
de reconnaître neuf pozzi à incinérations, creusés dans la roche mère. Ceux-ci ont été perturbés
depuis l’Antiquité, lors de l’installation d’un groupement d’ateliers métallurgiques qui, du fait de leur
caractère polluant, avaient été relégués en dehors de la ville, à la place du vieux cimetière phénicien.
Les fouilles Tuniso-Belges ont permit aussi de retrouver, à quelques dizaines de mètres au nord de ces
pozzi, les restes de la muraille archaïque de Carthage, constituée d’un bastion en relation avec deux
murs parallèles reliés par des murets transversaux : type de mur à casemates. Il s’agit sans doute d’un
tronçon de la muraille de la Cité archaïque partiellement visible dans les fouilles allemandes de la rue
Ibn Châbaat.

Abstract

The bilateral excavations of the INP (Tunisia) and Ghent University (Belgium) on the Bir Massouda
site in the centre of Carthage have yielded the remains of an Early Punic (Archaic) necropolis, dating
to the full 8th century BCE and, hence, prior to the Junon necropolis. Nine pozzi dug into the bedrock
have been found, which are interpreted as the lower parts of cremation burials of the first generation
settlers in Carthage. By the beginning of the 7th century BCE the necropolis had to make place for
the installation of metallurgical workshops, in the course of which the burials had respectfully been
cleared out. The Tuniso-Belgian investigations have revealed several indications relating to this
metallurgical activity testifying to a long period of use. Only by the last quarter of the 5th century
BCE a transformation of the metallurgical area of the Bir Massouda site into a fully-fledged residential
quarter took place. Farther north of these pozzi, the excavations have given evidence of fortifications
forming the southern boundary of Carthage during the Early Punic (Archaic) period. They consist of
a bastion in connection with and partly formed by parallel walls joined by transverse walls: a type of
casemate wall. It is probable that these constructions are to be linked with the still visible city wall in
German excavations of the Rue Ibn Châbaat.
Les fouilles Tuniso-Belges du Terrain Bir Massouda (2002-2005) : contribution à la connaissance de la topographie de Carthage à l’époque archaïque

Introduction

Le terrain de Bir Massouda à Carthage-Dermech (1,4 hectares) est situé en contrebas du


versant est de la colline de Byrsa, entre la ligne du TGM et l’avenue H. Bourguiba1. Le secteur sud
de ce terrain (fig. 1) a fait l’objet, durant quatre ans, d’un programme de recherches Tuniso-Bel-
ges : Institut National de Patrimoine (Tunis), Université de Tunis et Université de Gand (Belgique),
qui s’articule autour d’une problématique relative à la topographie de la Cité punique de Car-
thage. Les nouvelles investigations ont permis de mettre au jour un système défensif d’époque
archaïque consistant en un tronçon de muraille casematée et les vestiges d’un bastion rénové au
cours du Ve s. av. J.-C.. Les restes de neuf pozzi ont été aussi retrouvés, attestant l’existence, à la
périphérie sud de la Cité phénicienne, du plus ancien secteur funéraire découvert actuellement à
Carthage.

907

Fig. 1. Le site de Bir Massouda : fouilles de l’Université de Hambourg au nord, fouilles Tuniso-Belges au sud
et fouilles allemandes à l’est (site Ibn Chabaat).
(AutoCAD, Vandamme, 2005 ; plan : Université d’Amsterdam ; UGent/INP-Société Athar)

1 Des photos aériennes montrant ce terrain en 1950, 1962 et 1970 sont publiées dans R. F. Docter, 2003,
p. 30, fig. 2, 3 et 4. Par rapport à la cadastration romaine, ce terrain est situé au sud du Decumanus Maximus,
délimité à l’ouest par le Cardo IX, à l’est par le Cardo XI, et au sud par le Decumanus I sud, cf. F. Chelbi, B. Maraoui
Telmini, R. F. Docter, 2006a et b, fig. 2.

B. Maraoui Telmini, F. Chelbi e Roald F. Docter


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

I - Problématique liée au terrain

En 1988, les travaux d’une équipe tunisienne de l’INP2, effectués dans un secteur limité de
Bir Massouda (F. Chelbi, B. Maraoui Telmini, R. F. Docter, 2006a, fig. 1), avaient abouti à la mise
au jour de restes de fours métallurgiques et d’un matériel archaïque comprenant des tessons de
céramique à faciès funéraire, notamment des fragments de bobèches d’oenochoés, à engobe
rouge. Au nord et au nord-est de ce terrain, les fouilles de l’Institut Archéologique Allemand de
Rome et de l’Université de Hambourg ont permis de documenter les restes d’un quartier résiden-
tiel qui remonte au milieu du VIIIe s. av. J.-C. (H. G. Niemeyer, R. F. Docter et al., 1993 ; H. G. Nie-
meyer, R. F. Docter et al., 1995 ; H. G. Niemeyer, R. F. Docter et al., 2002; H. G. Niemeyer et al.,
2007). Du côté est de l’avenue H. Bourguiba, en face du terrain de Bir Massouda, les fouilles alle-
mandes de la rue Ibn Châbaat ont dégagé les restes d’un habitat d’époque archaïque, adjacent à
une zone métallurgique. Ces fouilles ont révélé, entre les deux secteurs, la présence d’un grand
mur fait de deux murs parallèles reliés par des murets transversaux : type de mur «à casemates»
(R. F. Docter, 2002-2003, p. 123-124 et fig. 6 ; R. F. Docter, 2003, p. 23). Enfin, les fouilles Internatio-
nales de l’Université d’Amsterdam permirent de confirmer l’existence, dans le secteur sud de Bir
Massouda, d’une activité métallurgique datable des VII-VIe s. av. J.-C. (R. F. Docter, 2002-2003, p.
123-124 et fig. 6 ; R. F. Docter, 2003, p. 23).
L’ensemble de ces éléments, et le fait que l’emplacement du secteur funéraire le plus an-
cien de Carthage n’était pas encore connu, permirent à R. Docter de conjecturer l’existence d’une
nécropole archaïque, dans le secteur sud de Bir Massouda et de placer, par la même occasion, sur
ce site, la muraille de la cité archaïque dont un tronçon est visible dans les fouilles allemandes du
terrain Ibn Châbaat (voir supra).
908

II - Les fouilles Tuniso-Belges (2002/2005) : principaux résultats (fig. 2)



1)- Un système défensif d’époque archaïque :

* Le tronçon d’une muraille type « à casemates » (Sondage 8)


Dans le sondage 8, durant la campagne de 2002, puis celle de 2003, ont été découverts
deux murs parallèles orientés est-ouest, reliés par des renforcements transversaux. L’ensemble
a été identifié comme étant le tronçon sud d’une muraille carthaginoise d’époque archaïque, du
type « à casemates » (R. F. Docter et al., 2003, p. 46 ; R. F. Docter, F. Chelbi., B. Maraoui Telmini et
al., 2006, p. 48-50 et fig. 2.), dont la largeur atteint au moins 3,36m (fig. 2 et 3). Les restes de cette
muraille double se trouvent à la périphérie nord d’un secteur industriel consacré à des activités
métallurgiques, notamment au travail du fer. Cette construction défensive a été datée du milieu
du VIIe s. av. J.-C. (R. F. Docter, F. Chelbi, B. Maraoui Telmini et al., 2006, p. 51). Elle remonte par
ailleurs, à l’époque de l’installation du secteur métallurgique, à la périphérie sud de la Cité phéni-
cienne (R. F. Docter, F. Chelbi, B. Maraoui Telmini et al., 2006, p. 49).
Une coupe illustrant les différents points de niveaux du sol vierge rencontré à Bir Massouda,
dans une série de tranchées de direction nord-sud (fig. 4), permet d’observer que le point le plus
élevé dans cette zone se situe dans la tranché 8, ce qui aurait parfaitement convenu à l’érection,
par les Carthaginois, de la partie méridionale de leur muraille sur cet emplacement stratégique.

2 Sondage effectué durant les mois de juillet et août par F. Chelbi, avec la participation de A. Ferjaoui et de
T. Redissi. Les résultats de cette fouille demeurent non publiés.

Arquitectura e Urbanismo
Les fouilles Tuniso-Belges du Terrain Bir Massouda (2002-2005) : contribution à la connaissance de la topographie de Carthage à l’époque archaïque

909

Fig. 2. Sondage 8 : plan du secteur ouest, fouille 2003 ; les restes de la muraille à casemate
(dessin E. Deweirdt et L. Verdonck)

Fig. 3. vue de la muraille à casemates du sondage 8, (photo Ugent/INP)

B. Maraoui Telmini, F. Chelbi e Roald F. Docter


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

910

Fig. 4. le site de Bir Massouda : section nord-sud représentant les points de niveau par rapport au niveau de la mer
(AutoCAD, Vandamme, 2005)

Enfin, les dernières investigations dans le sondage 8 montrent que cette muraille a été édi-
fiée aux dépends d’un habitat antérieur dont nous avons retrouvé les traces d’un sol en « torba »
ainsi que trois pans de murs datables de la deuxième moitié du VIIIe s. av. J.-C. ou de la première
moitié du VIIe s. av. J.-C. (R. F. Docter, F. Chelbi, B. Maraoui Telmini et al., 2006, p. 50, fig. 2 et p.
51, fig. 5.) (fig. 5). Il s’agit vraisemblablement d’une construction domestique qui fut incorporée à
la muraille carthaginoise.

Arquitectura e Urbanismo
Les fouilles Tuniso-Belges du Terrain Bir Massouda (2002-2005) : contribution à la connaissance de la topographie de Carthage à l’époque archaïque

Fig. 5. vue des sols de torba attestant une occupation antérieure à l’édification de la muraille casematée
(photo UGent/INP)

911
* Le bastion : (sondage 4)
Dans le sondage 4, durant les campagnes de 2004 et de 2005, ont été retrouvés les murs
d’un bastion d’époque punique moyenne, dont le côté Est, est constitué de deux murs parallèles
liés par des murets transversaux (fig. 6). Une couche de débris de pierre utilisée pour la construc-
tion de ces murs, permet de les dater du Ve s. av. J.-C. A la base de cette couche, les fondations
de l’ensemble de ces murs accusent un retrait notable (fig. 7), ce qui serait inhabituel pour des
fondations destinées à supporter une construction aussi imposante qu’une tour ou un bastion. Il
est remarquable en outre, que la couche d’égalisation, constituée de remblai archaïque redéposé
au Ve s. av. J.-C.3, est précédée par deux niveaux de sols superposés, d’époque archaïque, arrivant
jusqu’aux fondations (fig. 8). Il apparaît ainsi, que les murs du bastion du Ve s. av. J.-C. reposent
sur les restes d’un bastion d’époque archaïque, réutilisés comme fondations.

2)- Une nécropole à incinération ? : (Sondages 1 et 7)


Dans les tranchées 1 et 7 ont été découverts 9 pozzi taillés dans la roche mère (fig. 9), à
une profondeur de 4,31m par rapport au sol moderne, soit 8,60m au-dessus du niveau de la mer.
Violées ou transférées depuis l’Antiquité, ces excavations renfermaient un remblai cendreux ou
charbonneux avec quelques fragments de céramiques et quelques ossements d’animaux. Par
ailleurs, il est remarquable que dans toutes les tranchées à Bir Massouda, ont été retrouvés, en
nombre considérable, des fragments de céramique à faciès funéraire tels que des fragments de
bobèches (voir supra), des bords et des fragments d’urnes ou d’oenochoés, ainsi que des frag-
ments d’œufs d’autruches (Docter R. F., F. Chelbi, B. Maraoui Telmini et al., 2006, p. 54, fig. 12-13),
signes probables d’une nécropole perturbée depuis l’antiquité dans les environs de ce secteur
extra muros sud de la Cité.

3 Couche attestée dans tout le secteur environnant.

B. Maraoui Telmini, F. Chelbi e Roald F. Docter


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 6. côtés Nord et Est du bastion ;


ce dernier est constitué de deux murs parallèles liés par des murets transversaux (photo B. Maraoui Telmini)
912

Fig. 7. les fondations des murs du bastion du Ve s. av. J.-C.


accusent un rétrécissement notable par rapport à leur élévation (photo B. Maraoui Telmini)

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Les fouilles Tuniso-Belges du Terrain Bir Massouda (2002-2005) : contribution à la connaissance de la topographie de Carthage à l’époque archaïque

Fig. 8. vue des deux sols superposés en rapport avec les fondations du bastion du Ve s. av. J.-C.
(photo B. Maraoui Telmini)
913

Fig. 9. la nécropole à pozzi du terrain de Bir Massouda (vue vers le sud) (photo B. Maraoui Telmini)

B. Maraoui Telmini, F. Chelbi e Roald F. Docter


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Il est à souligner également la présence, bien que dans une position secondaire, de quel-
ques fragment de crânes humains, aussi bien dans la couche du terrassement déposée directe-
ment au-dessus des pozzi, que dans le remblai archaïque déposé aux environs (fig. 14).
L’analyse de la céramique recueillie à l’intérieur de ces pozzi (F. Chelbi, B. Maraoui Telmini,
R. F. Docter, 2006a) permet de constater qu’ils ont été perturbés vers le milieu du VIIe s. av. J.-C.,
vraisemblablement en rapport avec l’installation des activités métallurgiques dans ce secteur (R.
F. Docter, F. Chelbi, B. Maraoui Telmini et al., 2006, p. 55; voir supra).
Cette céramique est marquée par une remarquable proportion d’importations de prove-
nance levantine, siciliote, nuragique et du Cercle du détroit de Gibraltar. Les formes recensées
sont des plus anciennes, confinées dans une chronologie de la première moitié du VIIe s. av. J.-C.
et au cours du VIIIe s. av. J.-C.. Citons à titre indicatif des bases type Peserico B1-II (A. Peserico,
2002, p. 53-56, fig. 12 et pl. 11 a) (fig. 10), des bords de plat type Peserico P1-III (A. Peserico, p. 59-
63 et pl. 3.) (fig. 12) en céramique à engobe rouge locale, et un fragment de bord de plat type
‘Samaria’ typiquement du VIIIe s. av. J.-C. (fig. 11).

Conclusion

La phase la plus ancienne dans ce secteur sud de Bir Massouda remonterait au VIIIe s. et à
la première moitié du VIIe s. av. J.-C., elle est attestée par les restes de l’habitat archaïque dont
nous avons retrouvé des pans de murs et des sols de « torba » (sondage 8), ces vestiges seraient
contemporains aux restes de la nécropole à pozzi, située à la périphérie sud du premier noyau de
la Cité phénicienne.
914 Au milieu du VIIe s. av. J.-C. la nécropole a été désaffectée au profit d’installations métallur-
giques, et une séparation, consistant en une muraille casematée, munie de tours ou de bastions,
a été mise en place.
Vers le milieu ou au dernier quart du Ve s. av. J.-C., la Cité a du s’étendre aux dépends
des installations métallurgiques d’époque archaïque, ces dernières qui seront supplantées par un
quartier résidentiel dont nous avons retrouvé quelques vestiges dans le sondage 7 (R. F. Docter,
F. Chelbi, B. Maraoui Telmini et al., 2006, p. 58, fig. 19 et 20).
Enfin, nous croyons que ce secteur sud de Bir Massouda est assez proche de l’Agora des
Magonides, si l’on considère que de l’autre côté de l’av. H. Bourguiba, les fouilles allemandes de
F. Rakob ont mis au jour les restes d’un grand édifice public, certainement situé à la périphérie de
cette Agora.

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Arquitectura e Urbanismo
Les fouilles Tuniso-Belges du Terrain Bir Massouda (2002-2005) : contribution à la connaissance de la topographie de Carthage à l’époque archaïque

Fig. 10. fragments de céramique Sarde-Nurragique Fig. 11. fragment de bord de plat à engobe rouge
du pozzo n° 2 ; en bas, à droite, un fond de plat d’importation levantine, type ‘Samaria’, (pozzo n° 5)
type Peserico B1-II

Fig. 12. sélection de quelques fragments de la Fig. 13. sélection de quelques fragments de la
céramique du pozzo n° 3 ; en bas : bord d’un plat céramique du pozzo n° 7 ; à gauche : fragments 915
à engobe rouge local, type Peserico P1. III ; à engobe rouge d’importation levantine,
en haut : fragments de céramique Sarde-Nurragique; à droite : fragments de céramiques commune
à droite : fragments d’amphores CdE1 (Docter) et modelée d’importation Sarde-Nurragique

Fig. 14. fragment de crâne humain in situ, du sondage 3

B. Maraoui Telmini, F. Chelbi e Roald F. Docter


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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Arquitectura e Urbanismo
917
Rome “La Sapienza” University
Renewed Excavations at Motya (2002-2005)
*

Lorenzo Nigro
Rome “La Sapienza” University

* Nota do Editor:
Texto não revisto pelo autor. Todas as tentativas para contactar o autor de forma a que corrigisse as
provas tipográficas do seu artigo não tiveram sucesso.
Rome “La Sapienza” University Renewed Excavations at Motya (2002-2005)

1. Introduction

Rome “La Sapienza” Expedition to Motya (Trapani, Sicily) resumed its archaeological activity
in year 2002 after nine years of interruption, during which the former Director of the Expedition,
our beloved Prof. Antonia Ciasca, had passed away1. During four seasons (XXII-XXV, 2002-2005)
excavations were focused on three main scientific goals: 1. investigation of the architecture,
stratigraphy, chronology and function of the so-called Kothon (Area C); 2. establishment of a
general stratigraphic periodization of the site, matching basic data already collected by A. Ciasca
in the Tophet and the City-Walls, with new information obtained in the step trench on the west
flank of the Acropolis (Area D); 3. study of the urban plan and the fortification system, by means
of the excavation of the West Gate and the adjacent Western Fortress (Area F) 2. Moreover, the
Expedition has displaced a fixed grid on the site, and redrawn the overall plan of the city 3 (fig. 1).
To investigate the history of the island during its Phoenician and Punic occupation between
the 9 and the 4th century BC, by deepening the diachronic insight with strategic stratigraphic
th

soundings, is, thus, the major goal of this renewed phase of archaeological research at Motya,
and several interesting results have been achieved, the most promising of which are summarized
below.

2. Area C. The Temple of the Kothon (6th-5th century BC)


and the overlying Sanctuary (4th century BC)

Area C is located on the eastern side of the Kothon (fig. 2), just in front of the South Gate
and the nearby quarter excavated by the British Expedition directed by the late Prof. Isserlin4. 919
Here, within an excavated area of almost 1000 sqm, a huge a building was brought to light, which
turned out to be a courtyard temple, with a major entrance opening towards the south, facing
the city gate5. The temple, which had two major constructive phases, respectively called Temple
C1 and Temple C2, was erected in the second half of the 6th century B.C.6, when the whole area of
the Kothon underwent a major reconstruction, due to the building of the city-walls. Its original
rectangular plan (24 x 16 m), was characterized by the monumental entrance L.1, flanked by two
antae, each shaped as a parasta surmounted by an Aeolic capital7, and with a couple of small
pillars on both sides of the passage, recalling a distinguished tradition of Phoenician religious

1 The history of La Sapienza at Motya is linked with a decisive phase of the history of archaeology in Sicily.
Its protagonists are Sabatino Moscati, the founder of Semitic Studies at Rome, Antonia Ciasca, the earliest teacher
of Phoenician and Punic Archaeology in an Italian University, and Vincenzo Tusa, a very active and Inspector of the
Superintendence of Western Sicily, afterwards renamed Trapani Superintendence, he also trained at the School
of Specialization in Archaeology of Rome “La Sapienza” University. The initiative of Moscati and the fruitful and
friendly cooperation of Antonia Ciasca and Vincenzo Tusa brought to the birth in 1964 of a joint expedition and
Motya was chosen as a very promising site for Phoenician and Punic Archaeology. In that year excavation started
at the Tophet, a puzzling evidence, of the greatest interest. It was the capacity and abnegation of Antonia Ciasca
to transform such a complicated archaeological material in a perspicuous and intelligible witness of the most
typical Punic funerary and religious institution: the Tophet.
2 Nigro, 2004a, p. 23-25.
3 Nigro, 2004a, p. 20, fig. 1.1.
4 See Isserlin, 1970, p. 560-579. Isserlin, 1971a, p. 770-784.
5 Nigro; Vecchio, 2004, p. 68-69, fig. 2.25. 2.26.
6 Nigro, 2004b, p. 72-73.
7 Nigro; Vecchio, 2004, p. 69, fig. 2.28. Actually, only one of the two parastae has been reconstructed, due
to the retrieval in the sacred well P.53 inside the temple of the basis of a column and the corresponding capital.
Nigro 2003, 87, fig. 4. Nigro; Vecchio, 2005 (Mozia XI)… About the Aeolic capitals found at Mozia: Nigro, 2001-
2003, p.567-577 with preceding bibliography.

Lorenzo Nigro
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architecture8 (fig. 3). The original plan was subdivided into wings by rows of rectangular pillars,
many of which were removed after the destruction of the sacred building at the beginning of the
4th century BC (the majority of the bases, however, embedded into the floor, remained in situ)9. At
its reconstruction, during the first quarter of the 5th century (Temple C2), the intervals in between
the pillars were closed by means of partition walls, delimiting at least three rooms, which were
devoted to the cult10. In the centre there was a rectangular courtyard, with its longest side on the
east-west orientation, which in its middle axis hosted an array of cult devices: the sacred well, with
a square mouth made of roughly rectangular slabs, oriented according to the cardinal points11;
just aside the well a stone built platform with a hole in the middle was possibly intended to host
a obelisk12, which was found broken into three pieces and buried into a huge Favissa (F.864) a few
meters far to the north (the same sacred pit also contained various architectural elements from
the dismantling of the temple, after its destruction)13; a stelae standing upon a basis embedded
into a square platform, with a hole for libations on its northern side (fig. 4); the basis for a second
stelae, which was however in use only in Temple C114 (as it was found concealed under the floor
of Temple C2); a niche and a podium possibly for a statue or another cult installation against the
eastern short side of the courtyard15. Each installation was surrounded by offering deposits16, mainly
consisting of sea-shells17 (most commonly Acanthocardia tubercolata and Cerithium rupestre). On
the northern side of the Temple, parallel to the courtyard and with an entrance aligned with the
main gate of the complex, there was the cella, a 8..long room, with a raised adyton on its eastern
short side. To the south a second cult room hosted a series of benches (possibly for offerings or
worshippers) and a hole in a pierced sandstone block, again recalls the performance of libations.
A third cult device was discovered in year 2005 in the western wing of the temple, where a couple
of bottoms of pottery vases were embedded into the floor, facing a raised platform18.
920 The eastern wing of the temple was apparently a long hall, stretching north-south, and
opened towards the east through two symmetric doors. In the second phase of use of the temple
a further line of rooms (a porch?) was added to the east.
The Temple of the Kothon was destroyed by a fierce fire during the Syracusan sack of the
city in 397/6 BC; the ruins were raised and levelled short after the destruction. Remains of cult
devices and installations were ritually buried partly in the sacred well, the mouth of which was
transformed in a monument with a sort of betyl on it19, partly in the 5 m-wide and 3 m-deep Favissa
F.864, where the obelisk originally placed behind the sacred well was found. Upon the temple a
open cult area was erected (Sanctuary C3, Phase 3, 4th century BC)20, delimited by a temenos wall,
with an encircled compound for offering deposits, a square altar, a bothros, an metal melting
oven, and a series of platforms. The most interesting feature of the Sanctuary is a number of

8 Stern, 1992, p. 302-309.


9 Nigro, 2004c, p. 72. Nigro, 2005, p. … fig.
10 Nigro, 2004c, p. 74, fig. 5.
11 Nigro; Vecchio, 2004, p. 79-80, fig. 2.41, 2.42.
12 Nigro, 2005, p.
13 Nigro, 2005, p.
14 Nigro, 2005, p
15 Nigro, 2006, p
16 Nigro, 2004b, p. 75-76, fig. 6.
17 Gullì; Pignatelli, 2006, p.
18 An overall presentation of finds and structures of the Temple of the Kothon is in Nigro, 2005.
19 Nigro, 2004b, p. 74-75. Nigro; Vecchio 2004, p. 57-58, note n. 66, fig. 2.20.
20 Nigro, 2003, p. 88.

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offerings deposits21, including animal bones22 (e.g. deer horns, wild boar teeth, sheep and goats or
bovine astragali, etc.), small pottery vessels (especially black ware miniature vases)23, sea-shells,
and especially metal objects24 (lead, iron, bronze, silver plaques, ingots, nails, pegs, coins, etc.),
which hint at the ctonian natura of the deity worshipped in the sanctuary, who, so far, remained
unidentified25.

3. The eastern quay of the Kothon and the structure of the artificial basin

Excavation on the eastern side of the Kothon allowed to bring to light a stone paved quay
in use during the latest phase of Temple C2 (L.810) and a successive ramp made of limestone
chops and cobbles, attributed to the same phase of Sanctuary C3 (M.820) (fig. 5). Embedded
in between the slabs of paving L.810, there were large boulders possibly belonged to buildings
earliest than the Kothon as reconstructed in the second half of the 6th century BC, together
with Temple C, while in the overlying strata, numerous successive utilizations of the basins were
recorded, dating back from the late Roman period (when the Kothon possibly served as pool for
fish), to the Byzantine, Islamic, Norman and Modern Periods, when it basically was a salina (salt
producing pool), as it was shown by the latest border wall, called “muro della salinella”, which
still preserved channels and outlets for emptying and filling it26 (see the attached poster).
During the 25th season of excavations (2005), the Kothon has been emptied from water and
its perimeter wall has been cleared, in order to better understand its structural and architectural
status (fig. 6). This task had been already partially accomplished by B.S.J. Isserlin, even though the
major efforts of the British Expedition were concentrated on the channel apparently connecting
the Kothon to the Marsala Lagoon27. The 155 ashlar boulders of the uppermost preserved course 921
of the wall delimiting the basin were, thus, brought to light, and it turned out that the Kothon was
closed on all sides, including the southern one, beyond which was the oblique channel passing
through the city-walls the function of which has still to be clarified. The dimensions of the pool
were 100 x 70 royal cubits (52,5 x 36,75 m) and an orientation with its corners located according
to the cardinal points was adopted. At the centre of the north-eastern side (i.e. the side opposite
to the Lagoon) a berm made of protruding blocks for a length of 15 cubits was unearthed, already
known from previous excavations. This built device was interpreted by Isserlin as a platform
for transport28. However, some days after the basin was emptied, a small flow of fresh water
started to drop from these blocks, thus revealing the original function of the berm (it became
also evident the reason of the polished upper surface of such blocks): a small cascade of drink
water caught from the underground water stream29 (fig. 7). This discovery strongly support the
interpretation of the basin as a sacred pool, related with the adjacent temple, which accordingly
had the sacred well in the middle oriented exactly like the Kothon, and erected where a spring
created a pool a few meter inland of the shore of the island. Even though this hypothesis needs

21 Nigro; Vecchio, 2004, p. 53-56, fig. 2.15, 2.17, 2.18.


22 Alhaique (o come si scrive), 2006, p.
23 Catalogo ceramica (come si cita?).
24 Gullì; Pignatelli, 2006, cit. Franchi; Musella, 2006, p. .
25 Nigro, 2005, p.
26 For a summary of the archaeological investigations at the Kothon from the end of the XIX th century,
see Nigro; Vecchio, 2004, p. 35-40. whit preceding bibliography.
27 Isserlin, 1971b, p. 179.
28 Isserlin, 1971b. Isserlin, 1974.
29 Nigro; Vecchio, 2005, p.

Lorenzo Nigro
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

further investigation to be confirmed, the discovery of Temple C and of the Spring of the Kothon
has shed a new light on this area of Motya, which presumably was that where the first Phoenician
settled in the island, attracted by the availability of fresh water30.

4. Area D: Stratigraphic Investigations on the Western Flank of the Acropolis

Excavations in Area D started with the aim of building up a stratigraphic sequence by means
of a step-trench, cutting layers down to the foot of the Acropolis and the Lower Town31.
In the first two season much of the effort was devoted to the exploration of an aristocratic
residence, called the “House of the Domestic Shrine”32 (see attached poster), while during the last
two seasons (2004-2005), a second building was discovered, denominated “Southern Basement”
in a very poor preservation state, which was made of large boulders on its southern façade. In a
corner room of the building a foundation deposit was discovered including a Black Figured kylix of
the last quarter of the 6th century (fig. 8). In the square facing the “House of the Domestic Shrine”
a deep sounding was excavated, which under several strata dating from the 5th and 6th century,
reached the earliest Phoenician strata dating back from the second half of the 8th century BC, with
Early-Corinthian kotylai, and underneath impressive remains of a prehistoric settlement (fig. 9).
Up to now, excavations in Area D, under the modern agriculture layers (Phases 1-2),
provided scanty remains (a pit and an oven) from the 4th century BC occupation of the island
(Phase 3), which had cut the major stratum of destruction of the “House of the Domestic Shrine”
(Phase 4), set on fire in 397/6 BC, built and used during the last quarter of the 5th century BC
(Phase 5) 33. This residency was erected over earlier buildings built with large sandstone boulders
922 and orthostats, one of which was preliminary reconstructed and called “Southern Basement”
(Phase 6; see above) Earlier layers were reached only in the stratigraphic sounding and, as stated,
allow to notice an earliest fully Phoenician layer with Phase 10, which on the basis of the analysis
of ceramic remains is dated to the second half of the 8th century BC (fig 10).

5. Area F: the West Gate and the Western Fortress

Excavations in Area F were carried out with the aim of studying the fortification and urban
topography of the north-western sector of the island, as a continuation of previous work by
Antonia Ciasca at the city-walls34. The West Gate, already identified by J. Whitaker35, was brought
to light in the XXIInd season (2002)36; in the following year (2003) the exploration of a huge
building abutting on the inner side of the city-wall just west of street L.450 begun (fig. 12), which
appeared to be a fortress with a courtyard and a row of room flanking the city-wall37, built of large
sandstone ashlar blocks38. The Western Fortress had been fiercely destroyed at least two times

30 Ciasca 1980a, p. 501-513. Prometto che al più presto porterò l’articolo fotocopiato dal germanico.
31 Nigro, 2004c, p. 141-143.
32 Nigro, 2003, p. 89-92. Nigro, 2004d, p. 84-88. Quello che ho scritto sull’ala orientale della casa non so
come citarlo.
33 Nigro, 2004c, p. 145-159.
34 Ciasca, 1976;1977; 1978; 1979; 1980b; 1986; 1992; 1993; 1995; 1998.
35 Whitaker, 1921.
36 Rossoni 2004a, p. 355-356
37 Rossoni 2004b, p. 93, fig. 5.
38 Rossoni 2004a, p. 368-369; 372-373; 379.

Arquitectura e Urbanismo
Rome “La Sapienza” University Renewed Excavations at Motya (2002-2005)

and the remains of such terrible destructions were concealed within the excavated rooms of the
building39 (fig. 11). These strata provide a very rich assemblage of materials, including pottery,
working tools and other finds40 (see attached poster), in a very clear stratigraphic sequence,
covering the last quarter of the 5th century BC, and the first half of the 4th century BC (fig. 13).

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39 Rossoni 2004a, p. 359-364


40 Nigro, 2006, p.

Lorenzo Nigro
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Nigro, L. (2004b) - Il tempio del Kothon (Zona C). In Nigro, L.; Rossoni, G. (a cura di) - “La Sapienza”
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Arquitectura e Urbanismo
Rome “La Sapienza” University Renewed Excavations at Motya (2002-2005)

925

Fig. 1. General plan of Motya with topographical grid and indications of the excavations areas

Fig. 2. Motya, Area C: aerial view of excavation area in the south-west corner of Motya island with
the monumental Temple C; the stone paved quay and the artificial basin emptied from water

Lorenzo Nigro
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 3. Motya, Area C: the monumental entrance L.1 of Fig. 4. Motya, Area C: the stelae M.961,founded in the
Temple C, flanked by two antae and the rectangular centre of Temple C courtyard near the square platform;
courtyard with the sacred well (on the right) it was a cult installation for offerings deposits (mainly
926 sea-shells)

Fig. 5. Motya, Area C: the stone paved quay of Temple C2 on the eastern side of the Kothon basin
during the XXV season of excavation (2005)

Arquitectura e Urbanismo
Rome “La Sapienza” University Renewed Excavations at Motya (2002-2005)

Fig. 6. Motya, Area C: an aerial view of the emptied Kothon basin;


on the left the Sanctuary C3 during the XXV season of excavation (2005)

927

Fig. 7. Motya, Area C: the north-eastern side of the Kothon basin


with the protruding blocks and the cascade of drink water

Lorenzo Nigro
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

928
Fig. 8. Motya, Area D: Black Figured kylix (last quarter of the 6th century BC)
of foundation deposit in a corner room of the “Southern Basement”

Fig. 9. Motya, Area D: collapsed layer over floor L.1410;


on the left ceramic remains dated to the second half of the 8th century BC; on the right the installation B.1414

Arquitectura e Urbanismo
Rome “La Sapienza” University Renewed Excavations at Motya (2002-2005)

Fig. 10. Motya, Area D: finds from the House of the Domestic Shrine: head of a terracotta figurine (top left), 929
bone inlay in form of a palmette (top right), and finds from L.1044 (low): loom weights, incense altar, arms of a
terracotta cult statue coated with gold foil, end of 5th century BC.

Fig. 11. Motya, Area F: western Fortress: the upper floor collapsed inside the L. 1230 from south

Lorenzo Nigro
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

930

Fig. 12. Motya, Area F: general plan of the Western Fortress and the Gate (second half of the 4th. century B.C.)

Arquitectura e Urbanismo
Rome “La Sapienza” University Renewed Excavations at Motya (2002-2005)

931

Fig. 13. Motya, Area F: western Fortress: a punic painted pithos from room L. 1224 (4th century BC),
founded with a rich assemblage of materials (pottery, metals)

Lorenzo Nigro
Motya, Area F: the West Gate and Western Fortress
*
**

Gabriele Rossoni
Fabio Catracchia
Tatiana Pagnani
Rome “La Sapienza” University

* Trabalho originalmente apresentado como poster

** Nota do Editor:
Texto não revisto pelo autores. Todas as tentativas para contactar os autores de forma a que cor-
rigissem as provas tipográficas do seu artigo não tiveram sucesso.
Motya, Area F: the west gate and western fortress

Three years of excavation in Area F have brought to light a city-gate, smaller in respect of
the two already known monumental entrances to the ancient city (the North and South Gates),
however, of a certain importance, being connected by a bridge to a quay, made of huge limestone
ashlar blocks, located 20 m. just in front of the gate itself in the Lagoon.
The street (fig.1) running at the foot of the city walls all around them from the East Gate to
the North Gate, and, from the latter further west to the Tophet, ended at the West Gate, where a
bent axis approach introduced into the city.
The street entering the city (L.450) was excavated for a length of 25 m., being flanked by
buildings on both sides: to the east a series of domestic units were present, while, to the west a
huge public building has been identified and partially excavated: the Western Fortress (fig. 1).
The entrance to the Fortress was indicated by a monumental threshold, made up of two
big orthostats; a vestibule introduced in a courtyard, while a 12 m. long staircase led to the upper
storey.
Excavations were focused in the part of the building abutting on the inner side of the city-
walls, where a row of rectangular rooms was brought to light: a main rectangular hall with two
central pillars (L.1230), a smaller room (fig. 2) next to it (L.1224), and a long corridor adjacent to
the city-wall (L.1228).
They were filled in by a thick layer of collapsed materials (US 1263, US 1267) (fig. 4), sealed
by the floors of the upper storeys.
In the collapse filling a number of complete pottery vessels (figg. 3 e 4) and other objects
were retrieved.
Among them a terracotta arula (fig. 4) decorated by the well known motive of the two
griffins attacking a horse, a louterion, and a set of Black Ware vessels (fig. 4) testify to the dating
of the destruction which destroyed the re-used Fortress: mid of the 4th century BC. 933

Fig. 1. Area F, aerial view of the Western Fortress and North-West Gate (4th century BC)

Gabriele Rossoni, Fabio Catracchia e Tatiana Pagnani


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 2. Area F, Western Fortress: detailed plan of rooms L. 1224 and L. 1230 (4th century BC)
Note in light grey the upper floor collapsed

934

Fig. 3. Area F, Western Fortress: finds from room L. 1224 (4th century BC): Jug.
Lid of a Red-Figured lekanis. Punic painted pithos. Detail of the painted decoration of the pithos

Arquitectura e Urbanismo
Motya, Area F: the west gate and western fortress

Limited traces have, in fact, been found of the previous destruction of Motya, that of
397/6 BC so far, even though it is clear that the Fortress had undergone a major reconstructive
intervention (many blocks of the foundation had been replaced over the original floors, etc.).
The discovery of the Western Fortress, from the one side has allowed to know a major
– 40 x 40 m. – defensive building of the ancient city, from the other side, has again confirmed
that after the fierce destruction of 397/6 BC, Motya was resettled and its main buildings were
reconstructed.

935

Fig. 4. Area F, Western Fortress, finds from room L. 1230 (4th century BC): the arula broken in two parts at its
retrieval. Particular of the decoration of a louterion. Figured arula with struggle between two griffins and a
horse. Selection of Black Ware pottery from the Western Fortress. Selection of finds from the Western Fortress.
Lamp with high pedestal

Gabriele Rossoni, Fabio Catracchia e Tatiana Pagnani


Motya, Area C West:
the Eastern Quay of the Kothon
*
**

Lorenzo Nigro
Valentina Pignatelli
Pier Franceso Vecchio
Rome “La Sapienza” University

* Trabalho originalmente apresentado como poster

** Nota do Editor:
Texto não revisto pelo autores. Todas as tentativas para contactar os autores de forma a que cor-
rigissem as provas tipográficas do seu artigo não tiveram sucesso.
Motya, Area C West: the Eastern Quay of the Kothon

Renewed excavations at Motya by Rome “La Sapienza” University include among their
most strategic goals the investigation of the architecture, function, stratigraphy & chronology
of the artificial basin called “Kothon”. Such a pool, around 2 m deep, measures 52,5 x 35,7 m
(100 x 70 cubits), and it is connected with the Lagoon by means of a channel, fully excavated by
the British Expedition directed by B.S.J. Isserlin (fig.1). The Kothon is one of most typical Punic
architectural structures, known from a few preserved examples in the Mediterranean (namely
Carthage and Motya). The basin is partly cut in the local limestone bedrock, partly built of finely
dressed limestone blocks, the upper courses of which were at some spots dismantled and robbed
in the past during the long utilization of this area of the island1.
The function of the Kothon has not yet been fully understood, notwithstanding the efforts
of many scholars. For this reason, and due to the importance of such structures in Phoenician and
Punic architecture, the Expedition started the exploration of Area C, on the eastern side of the
Kothon, in order to check if the hypothesis of an empty area all around the basin put forward by
previous excavators was correct. The investigation began from a spot where two trenches had
been excavated across the eastern wall of the Kothon (fig.2). An emerging wall (M.699), with a
thickness of 0.8 – 1.2 m, belonged to the so-called “Salinella”, a basin for salt production active
with many restorations from the 12th to the 19th century AD, was thus detected2 (fig. 3). Iron tools
for grasping and accumulating salt have been found in the corresponding stratum. Below this
wall, in the stratigraphic sequence, various superimposed strata of clay, each corresponding to a
re-utilization of the basin either as salina or fish cultivation pool, provided archaeological materi-
als spanning from the late Roman period (4th century AD) to the 12th century AD (fig. 4).

937

Fig. 1. Area C West: detail of M820+M610+M640+M840

1 Nigro; Vecchio, 2004, p. 68-69.


2 Nigro; Vecchio, 2004, p. 71.

Lorenzo Nigro, Valentina Pignatelli e Pier Franceso Vecchio


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 2. Area C West: aerial view of the Eastern Quay of the Kothon

938

Fig. 3. Area C West: the wall (M.699) belonged to the so-called “Salinella”,
a basin for salt production active (from the 12th to the 19th century AD)

Arquitectura e Urbanismo
Motya, Area C West: the Eastern Quay of the Kothon

Fig. 4. Area C West: South section of the square CiVIII20+ClVIII20

The latest reuse of the original full built up pool, however, was during the 4th century
BC, when Motya was reconstructed after the fierce destruction brought about by the army of
Syracuse in 397/6 BC, and in the area east of the Kothon there was a sacred area (Sanctuary C3).
Large blocks belonged to the temenos of Sanctuary C3 were identified at the eastern limit of Area
C West, and a cobble-stones flooring of the eastern quay of the Kothon of this phase was brought
to light (fig.5). Below this floor, a solid paving, made up of small slabs and flat stones, was the
original floor of the quay (L.810), connected with the eastern wall of the Kothon made of ashlar
blocks, in use in the 6th and 5th century BC. This floor was apparently also connected to the street
which run towards the South Gate, in front of which the monumental entrance of the huge tem-
ple discovered in Area C East (Temple C) opened.

939

Fig. 5. Cobble-stone with a carved punic letter

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Nigro, L. (2006) - Archeo

Lorenzo Nigro, Valentina Pignatelli e Pier Franceso Vecchio


Motya, Area D:
the “House of the Domestic Shrine”
*
**

Lorenzo Nigro
Alice Caltabiano
Federica Spagnoli
Rome “La Sapienza” University

* Trabalho originalmente apresentado como poster

** Nota do Editor:
Texto não revisto pelo autores. Todas as tentativas para contactar os autores de forma a que cor-
rigissem as provas tipográficas do seu artigo não tiveram sucesso.
Motya, Area D:the “House of the Domestic Shrine”

Area D was opened on the western slope of the Acropolis of Motya in order to investigate
the stratigraphy of the ancient city. Just below the surface, a large building was brought to light,
which appeared to be a patrician residency, called “House of the Domestic Shrine” (fig. 5), which
has provided a very rich inventory of materials, having been completely set on fire in the destruc-
tion of 397/6 BC. The residency opened towards a main street connecting the Acropolis and the
Kothon. Its plan was articulated on four main wings displaced around a central courtyard (fig. 1).
The main entrance (L.251) (fig. 2) in the south-western corner was indicated by a threshold
made up of two ashlar blocks (L.251); in a hole just underneath the threshold a foundation deposit
(fig. 2) was buried. The entrance hall (L.240) had a refined pavement plastered with whitish marl
and mudbrick benches on both sides. A Red-Figured crater, attributed to the school of the Melea-
ger Painter was found in this room, as a witness of the wealth of the owner of the House.
A vestibule (L.228) on the northern side of the hall lead either to the central court (to the
right), or to a storeroom (L.238) (to the left), where a series of amphorae were lined on a bench.
In the inner part of the vestibule, a domestic shrine (fig. 4) was identified (L.300), hosting cult
furniture an arula (fig. 4), some votive objects and a terracotta stand for an incense-burner, sur-
mounted by a painted Aeolic capital (fig. 4). In year 2003 the arms of a terracotta cult statue, pos-
sibly a deity, since they were coated with a gold foil, were found, in the collapse layers of another
room of the house, a bathroom (L.264).

941

Fig. 1. General plan of excavated area in Area D during the 2004 season

Lorenzo Nigro, Alice Caltabiano e Federica Spagnoli


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 2. Motya, Area D, House of the Domestic Shrine: the threshold L.251 and the juglet of the foundation
942 deposit under it, from south-east, end of 5th century BC. On the left: pottery from entrance hall L.240.
Red-Figured lid of lekanis (top), and the foundation deposit D.277 (low)

In the north-western corner of the building was discovered a paved with fine hydraulic
plaster painted in red and equipped with two Punic amphorae laying aside a rectangular basin.
The central court (L.220) was characterized by the presence of a cistern in the corner (P.200),
to which several drains were connected. The mouth of the well was beautifully carved from a
single block of limestone. On the eastern side of the court a porch introduced into a reception
hall (L.1000), a triclinium, entered through a flight of steps made of dressed limestone slabs. An
example of the rich decoration of the House is provided by a bone inlay (a palmette) possibly be-
longed to a piece of furniture. Aside the hall, there was a rectangular room (L.1028) with a round
oven (fig. 3) in the middle, interpreted as a kitchen (fig. 3). A further room (L.1044), located in the
corner of the court, was found in a very dramatic situation: a burnt hand loom had collapsed in
front of a door, completely set on fire; on the floor among charcoal and ash several loom weights
were grouped. The impression of the burnt loom was visible in the collapse layer on top of which
a miniature limestone altar was also retrieved. Architectural features, such as the thickness of
main walls, the location of ashlar pillars, and two staircases, confirm the presence of at least two
stories.
All around the court the presence of balconies is also indicated by wooden columns, and by
the finding of large amount of storage pottery, either collapsed or piled in the porch. The “House
of the Domestic Shrine” is one of the most complete private residencies excavated in Motya; it is
characterized by the presence of the shrine and by several finds pointing at cult activities which
took place in it or in its nearby.

Arquitectura e Urbanismo
Motya, Area D:the “House of the Domestic Shrine”

Fig. 3. Motya, Area D, House of the Domestic Shrine: oven FR.1015 in kitchen L.1028,
from the east, end of 5th century BC; note in the foreground wall M.1013
and remains of the original floor made of slabs around the oven

943

Fig. 4. Motya, Area D, House of the Domestic Shrine: reconstruction of the Domestic Shrine L.300 (top left),
and cult furniture: the stand surmounted by an Aeolic capital (left) and the arula at the moment
of excavation (low right); end of 5th century BC

Lorenzo Nigro, Alice Caltabiano e Federica Spagnoli


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 5. Motya, Aerial view of Area D

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Rapporto preliminare della XXII campagna di scavi - 2002 condotta congiuntamente con il Servizio Beni
Archeologici della Soprintendenza regionale per i Beni Culturali e Ambientali di Trapani. Quaderni di
Archeologia Fenicio-Punica. I. Roma. pp. 141-224.

Arquitectura e Urbanismo
945
Lilibeo:
un esempio dell’urbanistica punica in Sicilia
*

Enrico Caruso
Palermo

Resumo

Neste trabalho analisam-se as estruturas urbanas da antiga cidade de Marsala, apresentando-se


novas propostas para os conjuntos arquitectónicos identificados. O modelo urbanístico do Lillibeo é assim
lido em função não só dos estudos cartográficos antigos, mas também do que alguns trabalhos arqueo-
lógicos recentes têm vindo a identificar.

Abstract

In this work the urban structures of the ancient city of Marsala are analyzed, and new proposals for
architectural complexes identified are presented. The urban model of Lillibeo is read not only in the oldest
cartographic studies, but also with the results of some recent archaeological work.

* Nota do Editor:
Texto não revisto pelo autor. Todas as tentativas para contactar o autor de forma a que corrigisse as
provas tipográficas do seu artigo não tiveram sucesso.
Lilibeo: un esempio dell’urbanistica punica in Sicilia

Dopo il 397 a.C., anno della distruzione di Mozia, la riconquista del territorio occupato dai
Siracusani, avvenuta nella primavera del 396 a.C., pose ai Cartaginesi il problema del controllo
della Sicilia occidentale. Dimostrata l’indifendibilità del centro insulare, data la fallimentare difesa
di Mozia le cui fortificazioni erano state costantemente e inutilmente ammodernate, l’attenzione
si volse altrove, verso la terraferma: il promontorio roccioso che chiude a sud la laguna (Fig. 1).
Il sito prescelto, lievemente eminente sul mare e di solida roccia calcarenitica, ricco di pre-
ziose risorse idriche, permetteva una piena integrazione della nuova città con la laguna e le sue
originarie otto isole (CARUSO, c.s. b) nonché il riuso delle strutture portuali moziesi e, al contem-
po, il rapporto diretto con il mare aperto garantiva agli abitanti la facilità di approvvigionamento
e una via di fuga ai navigatori esperti del luogo, data l’esistenza dei noti bassifondi sabbiosi.
La città di Lilibeo, che intorno all’XI secolo compare nei documenti ufficiali con il nuovo
nome di Marsala (AMICO, 1855-56, p. 609; AMARI, 1880, n. 1), comincia ad essere indagata per il
suo antico disegno nei primi studi eruditi già dall’Ottocento (SCHUBRING, 1866, p. 62-75) ma gli
aspetti del suo impianto urbano originario e delle sue sopravvivenze nella città contemporanea,
saranno approfonditamente analizzati solo attraverso la fotointerpretazione nel 1963 da G. Sch-
miedt (SCHMIEDT, 1963, p. 49-72), quando il colonnello dell’Istituto Geografico Militare Italiano,
individuava i tratti residui dell’antico fossato e rivelava la tracce sepolte dell’antico impianto e le
sue sopravvivenze nella città medievale di Marsala (Fig. 2).

947

Fig. 1. Il promontorio di Lilibeo, lo Stagnone e le sue isole nel 1584

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Lo studio pionieristico era però viziato da una lettura basata a priori su alcuni presupposti
che qui vorremmo riconsiderare. In primo luogo il raffronto con la pianta di Cartagine, considera-
to il modello di riferimento, e poi l’utilizzo dell’actus romano, pari a metri 35,52, come misura base
dell’isolato, misura che Ferdinando Castagnoli riteneva ricorrente in molti impianti antichi (CA-
STAGNOLI, 1956, passim.). Basandosi su questi presupposti, Giulio Schmiedt, riteneva che questa
misura “universale” fosse riscontrabile in tanti centri antichi distanti geograficamente, cronologi-
camente e culturalmente; così nell’individuazione degli isolati punici conservati nella città medie-
vale di Marsala, il colonnello pur individuando le persistenze e confermando quindi la misurazione
in actus non ha però proceduto affatto alla loro misurazione diretta né a verificare che la media
degli isolati raramente supera i 32 metri.

948

Fig. 2. L’impianto di Lilibeo e la planimetria della città di Marsala.


(da SCHMIEDT, 1963 - Contributo della fotografia aerea alla ricostruzione della topografia antica di Lilibeo)

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Lilibeo: un esempio dell’urbanistica punica in Sicilia

In un mio recente studio ho potuto verificare che il lato inferiore dell’isolato non dovrebbe
superare di molto i 30,50 metri, misura peraltro rilevabile all’interno dell’unico isolato scavato a
Marsala e cioè la vasta domus romano-imperiale (CARUSO, 2003b, p. 153-164; IDEM, 2005, p. 777-
785) cui accenneremo in seguito.
Il disegno della città antica letto da G. Schmiedt nell’area libera ad occidente della città me-
dievale e moderna, è invece in linea di massima corretto, salvo che per la parte settentrionale che
la foto aerea non poteva mostrare con chiarezza e che la lettura con geomagnetometro, eseguita
nel 2000 dal Centro Internazionale di Studi Fenici, Punici e Romani di Marsala, ha messo bene in
evidenza (C.I.S.FE.PU.R., 2000, s. p.).
La lettura effettuata sotto la guida del Prof. Giuseppe Pucci (IBIDEM; PUCCI, 2006), ha
mostrato la piena corrispondenza tra lo studio del 1963 e quello moderno, ad eccezione di un
particolare disegno, in parte letto da G. Schmiedt, e cioè una vistosa rotazione delle insulae nord
dell’impianto. Rotazione assente nella città di Cartagine.
Lo studio dell’impianto urbano di Lilibeo redatto alla luce degli ultimi ritrovamenti archeo-
logici, ha consentito di rivedere l’organizzazione planimetrica della città e di acclarare finalmente
la sua adesione ai piani urbanistici di tipo ortogonale (CARUSO, c.s. a) detti per strigas (CASTA-
GNOLI, 1956, p. 55) a matrice greca (GRECO et al., 1983, p. 238 sgg.) e non romana, come fin qui
universalmente accettato (SCHMIEDT, 1963, p. 49-72; DI STEFANO, 1981, p. 872-873; EADEM, 1984;
EADEM, 1993, p. 27-29).
La città, ampia circa 68 ettari, possiede un ordinato sistema di strigae individuate da plateiai
con direzione NW-SE, parallele alla costa meridionale, di cui sei principali e non meno di tre secon-
darie, e da 23 stenopoi ortogonali alle prime (Fig. 3).
Gli isolati hanno un modulo di tipo sessagesimale: il lato minore, ampio 60 cubiti, è posto
sulle vie principali; l’isolato che ricorre con maggiore frequenza ha un rapporto pari a 1 x 3,3 (60 x
200 cubiti) mentre quello maggiore, posto in posizione quasi centrale è 1 x 4 (60 x 240 cubiti) (CA- 949
RUSO, c.s. a). Le strade presentano due diverse dimensioni ricorrenti : le plateiai 12 cubiti (circa
6,00-6,50 m)1 e gli stenopoi 10 cubiti (5,00-5,20 m)2.
Gli isolati settentrionali sono ruotati di 90° rispetto a quelli del settore sud della città
(C.I.S.FE.PU.R., 2000, s. p.; PUCCI, 2006) e separati da tre plateiai. Ciò si verifica in particolare tra le
plateiai A e B ed è dovuto alla particolare ripartizione effettuata da plateiai secondarie, AI-AI.I-AII;
una quarta plateia, la A0, fin qui sconosciuta, è invece apparsa nella lettura effettuata con il geo-
magnetometro. Lo sviluppo planimetrico della platea A0 appare al momento di limitata estensio-
ne ma essa interseca lo stenopos 5 quasi a ridosso delle mura, dove recenti ricerche archeologiche
hanno messo in luce la prima porta urbica (CARUSO, 2006, p. 289; CARUSO et al., c.s.).
Il diverso orientamento degli isolati della periferia settentrionale rispondono a motivi ele-
mentari legati allo sviluppo altimetrico del sedime su cui sorgeva la città, quale lo smaltimento
delle acque superficiali secondo le principali direttive di deflusso lungo la massima pendenza. I
dati di scavo provenienti dalla zona in esame, però, mostrano la presenza di materiali del III - II sec.
a. C. (DI STEFANO, 1976-1977, p. 765) ed un’attività edilizia nei settori indagati databile al II sec. a.
C. (DI STEFANO, 1976, p. 30-31) ragion per cui risulta abbastanza verosimile attribuire tale diversa
organizzazione planimetrica all’arrivo dei selinuntini a Lilibeo. Ragioni di carattere strategico e
difensivo nel corso della I Guerra Punica costrinsero, infatti, i Cartaginesi a distruggere nel 250 a.
C. il centro greco-punico di Selinunte difficilmente difendibile e deportarne gli abitanti a Lilibeo
(Diodoro, XXIV 1, 1), principale città dell’eparchia punica e illustre piazzaforte militare particolar-
mente munita. Il numero dei selinuntini dovette essere imponente: l’inserimento degli immigrati

1 Questa larghezza si rileva nelle plateiai messe in luce nei pressi della nota insula I di Lilibeo.
2 Tratti di stenopoi sono venuti alla luce in diversi punti della città; la loro larghezza è abbastanza ricorrente
così come il fondo stradale quasi sempre in terra ben compressa.

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non poteva essere assorbito se non tramite una risistemazione spaziale dell’abitato, con una rior-
ganizzazione urbana realizzata all’interno di un’area tradizionalmente libera posta all’interno del
circuito murario (CASTAGNOLI, 1956, p. 55 e 59; MARTIN, 1974, p. 120 e segg.) e che fin dall’origine
costituiva la cosiddetta “area di rispetto”, la cui esistenza nelle città antiche è ampiamente atte-
stata dagli studi di G. Nenci (NENCI, 1979; NENCI, 1982; MUGGIA, 1997).
Ma quale poteva essere il modello urbanistico della città di Lilibeo?

950

Fig. 3. Planimetria di Lilibeo (da CARUSO, 2003b).


Lilibeo (Marsala), l’insula I di Capo Boeo: eccezione urbanistica e monumentale domus urbana

Arquitectura e Urbanismo
Lilibeo: un esempio dell’urbanistica punica in Sicilia

Non certo la fenicia Mozia dove l’impianto di tipo regolare immaginato da Isserlin (ISSERLIN,
1973, p. 139; IDEM et al., 1974, p. 31-39, 85-87; tav. 7) è invece di tipo irregolare e con canoni arcaici,
come da pochi anni si comincia a delineare grazie agli studi di M. L. Famà (FAMÀ, 2002, p. 23-34, tav.
17 e 27), più vicino alla città ellenistica di Kerkouane (FANTAR, 1984, p. 119-124, plan d’ensemble), il
cui disegno tardo fatica a rientrare entro canoni di regolarità ippodamea, che a quello lilibetano.
Della Solunto menzionata da Tucidide e posta sulla penisola di Sòlanto, distrutta insieme a
Mozia da Dionisio il Grande, conosciamo troppo poco ma il suo impianto doveva essere arcaico,
quindi non molto diverso da quello moziese. La Solunto posta sul monte Catalfano è della secon-
da metà del IV secolo a.C., successiva quindi alla fondazione di Lilibeo e pertinente piuttosto a un
modello di città di tipo ellenistico, più vicino nei rapporti 1 x 2 degli isolati alla Byrsa cartaginese.
Panormo, la cui Neapolis risale alla seconda metà del VI e il cui impianto è stato riletto da
Oscar Belvedere (BELVEDERE, 1987, p. 296) mostra una città di piccola estensione incentrata su
un asse principale, l’odierno Cassaro, e su numerose strade trasversali che confluivano su un’ar-
teria perimetrale, o via pomeriale, bordante le mura: questo disegno individuava un tessuto di
isolati stretti e allungati, forse con ambitus, il cui modello è però troppo distante dal lilibetano.
Fin qui i centri punici. In ambito greco, invece, in un’area di frontiera prossima a Lilibeo ecco
il sito di Selinunte (Fig. 4), colonia megarese, che stranamente mostra parecchie analogie con
l’impianto lilibetano (CARUSO, 2003a, p. 176-177).
Com’è noto la città greca fu distrutta dai Cartaginesi nel 409 a.C. e dopo di ciò fu ridotta
notevolmente nella sua estensione, concentrata solo sulla cosiddetta Acropoli.
Non possiamo ancora attribuire con certezza la paternità di questa scelta urbanistica che
ha condotto alla sostanziale contrazione dell’abitato greco. Furono greci o punici gli autori?
Secondo Dieter Mertens le fortificazioni della città post 409 a. C. sono dovute ad Ermocra-
te che ha ripreso possesso del territorio: esse sono quindi greche (MERTENS, 2005, p. 150-151).
Ma come non osservare alcune analogie evidenti tra gli impianti di Lilibeo (Fig. 3) e Selinun- 951
te (Fig. 4), innanzi tutto la marcata rotazione degli isolati del settore sud rispetto a quelli nord e
un vistoso angolo retto ad est, nel muro della I fase di fortificazione post 409 a. C.
Il suo uso a Selinunte (Fig. 4) potrebbe avere ispirato il disegno dell’impianto lilibetano
realizzato ex novo, fortemente e decisamente connotato dall’angolo retto delle fortificazioni e
del fossato (Fig. 3).
A Lilibeo un’ulteriore ristrutturazione parziale del sistema urbanistico avverrà solo con la
realizzazione di un vasto isolato quadrato, l’insula I (CARUSO, 2003b, p. 154-157; CARUSO, 2005,
p. **** ) il cui modulo, afferente al tipo di urbanistica in cui gli isolati sono “quadrati o non molto
lontani dal quadrato” (CASTAGNOLI, 1956, p. 88), è romano (Fig. 5).
L’insula I di Capo Boeo, è l’isolato meglio conosciuto di Lilibeo perché l’unico scavato per
esteso e per la presenza di una vasta zona termale, nonché di notevoli mosaici tardo-imperiali
(BOVIO MARCONI, 1939). Vale la pena ricordare l’isolato per gli aspetti dimensionali che conser-
vano il modulo punico nelle misure di base: metri 45,30 x 44, cioè circa 90 x 88 cubiti.
I 90 cubiti di lunghezza dell’isolato sono il multiplo di un sistema modulare di 30 cubiti,
corrispondente ad una maglia di poco più di metri 15, che si possono ritenere alla base anche
dell’impianto dell’isolato. Al suo interno si può ben distinguere un piccolo isolato autonomo (1 x
2), come a Byrsa (LANCEL, 1983, p. ****), con due unità residenziali di tipo italico (Fig. 6, A e B); le
diverse unità sono state accorpate per formare un solo complesso architettonico e monumentale
al momento di una consistente “rifondazione” dell’insula. L’archeologia ne conferma la fondazio-
ne nel II sec. a.C. mentre la sua organizzazione monumentale appartiene al pieno II-III sec. d.C.
(DI STEFANO, 1976, p. 30-31; EADEM, 1976-1977, p. 766-767; WILSON, 1990, p. 121-124; CARUSO,
2003b, p. 154-161). Dunque i canoni estetici e dimensionali non sono più “punici” nel risultato fi-
nale ma romani, sebbene sia possibile ancora riscontrare nella struttura architettonica l’adozione
del cubito punico come unità di misura.

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952 Fig. 4. Pianta di Selinunte


(da MERTENS, 1988) - Le fortificazioni di Selinunte. Rapporto preliminare (fino al 1988))

Fig. 5. Le insulae I, II e III del settore settentrionale di Lilibeo


(da CARUSO, 2003b) – Lilibeo (Marsala), l’insula I di Capo Boeo: eccezione urbanistica e monumentale domus urbana)

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Lilibeo: un esempio dell’urbanistica punica in Sicilia

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Fig. 6. L’insula I, le unità abitative originarie e le strade fagocitate all’interno dell’isolato in età imperiale
(da CARUSO, 2003b) – Lilibeo (Marsala), l’insula I di Capo Boeo: eccezione urbanistica e monumentale domus urbana)

L’insula I è assolutamente originale nell’impianto di Lilibeo sia per la sua estensione che per
i suoi esiti monumentali, dovuti in larga misura alla sua riorganizzazione di età imperiale (III-IV sec.
d. C.). Non a caso essa si inquadra in quel grande fenomeno di rinnovamento urbanistico che nel II-
III sec. d. C. investirà la città, grazie forse all’adduzione della Colonia Helvia Augusta Lilibitanorum.
Dalle indagini effettuate negli isolati centrali dell’antica città, emerge la corrispondenza
planimetrica tra l’impianto punico originario e quello romano: ciò conferma anche in Sicilia un
fenomeno osservato nelle città magnogreche (MERTENS et alii, 1996, p. 262) e cioè l’evidente
continuità degli impianti più antichi in età romana.
Restano infine da osservare le straordinarie e originali fortificazioni lilibetane così forte-
mente connotate dal fossato e dalle mura (CARUSO, 2003a, p. 171-207, Tavv. XXI-XXXIII e CCXIV-
CCXLVII) (Fig. 7). Il fossato, asciutto, era profondo circa 6 metri (dodici cubiti) ed era composto
da due bracci lunghi rispettivamente metri 900 (circa 1800 cubiti) quello meridionale e metri 1000
(circa 2000 cubiti) quello settentrionale. Quest’ultimo possedeva un tratto terminale che diverge-
va leggermente verso nord lungo circa 200 metri (circa 400 cubiti) denominato Fossa delle Navi,
nome che ha contribuito a lungo alla diffusione dell’immagine della città di Lilibeo staccata dal
circostante territorio da un canale navigabile che rendeva la città simile ad un isola. Ma nel punto
più alto della città, a circa 20 metri sul livello del mare, dove è stata individuata la nota galleria
che passava sotto il fossato, il fondo è a quota 13 metri sul livello del mare, per cui il “canale” non
poteva funzionare a meno di non ricorrere ad un dispendioso quanto inutile sistema di chiuse.

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Fig. 7. Pianta delle fortificazioni di Lilibeo


(da CARUSO, 2006) – Le fortificazioni di Lilibeo: un monumentale esempio della poliorcetica punica in Sicilia)

Il fossato, scavato nella roccia calcarenitica che distingue il promontorio lilibetano, è stato
la cava da cui sono stati tratti i conci utilizzati per la costruzione delle mura e delle possenti torri.
La notizia diodorea della realizzazione del fossato al momento dell’assedio di Pirro (Diodoro XXII,
10, 5-7) è stata smentita dalla presenza di materiale ceramico del IV secolo dentro la nota galleria:
fossato, galleria e mura sono contestuali e quindi del IV secolo e non del III. Del resto sarebbe
impensabile immaginare una città così importante priva di mura e che rimanesse tale per più di un
secolo, riuscendo nonostante questa grave lacuna a respingere nel 368 a. C. l’assalto di Dionisio il
Grande che aveva distrutto Mozia, una città fornita di solide mura.

Arquitectura e Urbanismo
Lilibeo: un esempio dell’urbanistica punica in Sicilia

Diverse, com’è noto, sono del resto le imprecisioni di Diodoro riguardo le dimensioni del
fossato di Lilibeo di cui riporta la misura errata di 40 cubiti di profondità (20 metri) contro ai 12 (6
metri) realmente riscontrabili! Probabilmente, il fossato potrebbe essere stato ampliato in previ-
sione dell’attacco di Pirro nel 276 a. C. e del resto è abbastanza ricorrente l’opera di aggiornamen-
to delle difese dei centri antichi. A Megara Hyblaea, centro siceliota il fossato passerà dai tre metri
originari, come attesta Henry Tréziny, ai 12 metri (TRÉZINY, 2005, p. 97).
Il fossato di Lilibeo correva a circa 27-30 metri (60 cubiti) dalle mura che erano ampie 5,80
metri (circa 12 cubiti) nel settore sud-orientale, 7,00 (14 cubiti) sul settore nord-orientale e 2,00
(4 cubiti) sui lati del mare. In opposizione all’originaria ipotesi della presenza di torri dislocate
solo in prossimità delle porte urbiche, i risultati dell’archeologia ed il rilievo d’alcune parti delle
fortificazioni mi hanno consentito di dimostrare la presenza di torri poste a distanza regolare di
metri 38 l’una dall’altra, secondo un modello ampiamente attestato in oriente e, in Sicilia, a Mozia
(CIASCA, 1992, p. 83-84; EADEM, 1993, p. 29-30, tav. VI; EADEM, 1995, p. 274-276, tav. 2-3) e ad
Erice (SALINAS, 1882; IDEM, 1883), città elima fortemente connotata dal mondo fenicio-punico
(CARUSO, c.s. c).
Le mura nord-orientali di Lilibeo erano larghe 7 metri in un rapporto 1:2 rispetto alle massic-
ce torri collegate, ampie m 13,50 x 14,30; un rapporto 1:2 rispetto alle torri si riscontra poi anche
nella distanza media di circa 28 metri tra le mura e il fossato e nella sua larghezza. Mura e torri,
distanza delle mura dal fossato e la sua ampiezza sono quindi realizzati in un rapporto 1:2 dell’uno
rispetto all’altro: risultano così rispettati a Lilibeo i dettami della manualistica di Filone di Bisanzio
(GARLAN, 1974, p. 284) che nel III secolo raccomandava una corretta applicazione dei rapporti di-
mensionali per un’efficace difesa delle città. Le fortificazioni di Lilibeo sembrano confermare così
l’attribuzione della paternità fenicia dell’invenzione delle più avanzate tecniche di difesa e delle
macchine di assalto (TRÉZINY, 1996, p. 350).
Le mura erano fornite di merli a terminazione tonda di tipo moziese (WHITAKER, 1921, p. 955
139-140, fig. 20), uno dei quali ritrovato in proprietà Arini (DI STEFANO, 1976-1977, p. 762; CARUSO,
2006, p. 285, tav. 98-100), e di postierle, di cui si conoscono ormai ben 4 attestazioni e sulle quali
rimando alla bibliografia più recente (CARUSO, 2006, p. 290-291, tav. 97 e 102).
Una porta del tipo “a tenaglia” è stata evidenziata nel corso della lettura con geomagneto-
metro (C.I.S.FE.PU.R., 2000, s.p.) ed essa è simile per impianto a quella messa in luce dalla missio-
ne Rakob a Cartagine (RAKOB, 1991, p. 185-189; tav. 37), la cui ricostruzione può essere immagina-
ta come possibile anche per Lilibeo.
Delle vie d’accesso alla città emerge il ponte di roccia risparmiato dall’escavazione del fos-
sato a ridosso dell’angolo delle fortificazioni (CARUSO, 2003a, p. 190-191, tav. XXXIII, CCXLIV e
CCXLVI) e non si esclude che un’altro ponte non possa venire alla luce in futuro nei pressi della
“Fossa delle Navi”, dove il margine esterno del fossato, evidenziato nel corso degli scavi recen-
temente condotti da Sebastiano Tusa, con la collaborazione di chi scrive, mostra l’inizio di una
interruzione del bordo (CARUSO, 2006, p. 286).
La porta, il cui studio è appena agli inizi (CARUSO et alii, c.s.) (Fig. 8) 3, si trova all’estremità
dello stemopos 5 e potrebbe, sebbene sia prematuro parlarne al momento, essere una ristruttu-
razione monumentale di una postierla di uscita, trovandosi a destra della torre punica. Essa era
sormontata da un arco i cui conci radiali furono reimpiegati nell’angolo meridionale della torre
medesima (CARUSO, 2006, p. 289, tav. 105-106).
L’unica porta di cui si aveva memoria a Lilibeo era la porta scavata nel 1896 da Antonino
Salinas e divulgata da Ettore Gabrici (GABRICI, 1941, p. 273-275, tav. 16-17). Ma nel 2000 ho avuto
modo di osservare che essa era pertinente ad un secondo circuito murario (CARUSO, 2003a, p.

3 Desidero ringraziare il Prof. Sebastiano Tusa per avermi consentito di presentare al VI Congresso di Studi
Fenici e Punici, per la prima volta, le foto dello scavo.

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Fig. 8. La Porta settentrionale “S 5” e lo stenopos 5 con il basolato pedonale tardo antico

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Fig. 9. La Porta meridionale rinvenuta nei pressi della Chiesa di S. Giovanni al Boeo
e l’antistante basolato tardo-antico e medievale

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Lilibeo: un esempio dell’urbanistica punica in Sicilia

185), un proteichisma, che circondava la città murata la cui esistenza era attestata da Diodoro a
proposito dell’assedio romano di Lilibeo (Diodoro XXIV, 1).
Il nuovo circuito murario, il cui percorso nel settore nord-occidentale è stato evidenziato
dalla lettura con geomagnetometro, recingeva le fortificazioni del IV secolo bordando il fossato,
come dimostra Ignazio Valente nello scavo di Vicolo Infermeria (VALENTE et alii, 1988, s.p.; KEN-
NET et alii, 1989, p. 613), e proseguiva a circa m 10,00 dalle mura più antiche lungo i lati del mare,
secondo un disegno che asseconda la linea di costa (CARUSO, 2003a, p. 185-187 e 191-195, tav.
XXXV e CCXLVII; IDEM, 2006, p. 295 - tav. 90 e 92-93).
A questo secondo muro e non al più antico circuito va attribuita la torre messa in luce da
Carmela Angela Di Stefano nel 1980 nel settore meridionale e assegnata sulla base dei materiali
rinvenuti al III secolo a.C. (DI STEFANO, 1981, p. 121-122; fig. 1-3).
Sempre al medesimo circuito va attribuita infine l’ultima porta (Fig. 9) emersa negli scavi
recenti condotti sotto la direzione scientifica di Sebastiano Tusa a ridosso della Chiesa di S. Gio-
vanni al Boeo, chiesa nota per il cosiddetto “antro della Sibilla”. Questa piccola porta (CARUSO
et alii, 2004, p. 105-106), posta tra torri rettangolari e del tutto simile a quella Salinas, contribuisce
al completamento topografico del circuito del muro di terzo secolo (CARUSO, 2006, p. 290, tav.
107-108) ed attesta ancora una volta una similitudine con il centro di Selinunte dove il secondo
muro incompleto di III secolo è attribuito, da Dieter Mertens, all’opera di Agatocle (MERTENS,
1988, p. 581-585, fig. 1c).
Da una più attenta rilettura dunque dei canoni proporzionali e del disegno della città Lilibeo
appare saldamente legata all’area punica, specie per l’utilizzo del cubito punico usato come unità
di misura come a Byrsa (LANCEL, 1983, p. 27), per il rito delle sepolture riscontrabile nella vasta
necropoli che circondava ad oriente la città (CARUSO, 2000, p. 219-234) e per la presenza di culti
importanti e di santuari quali il tofet, ubicato nel settore sud nei pressi del porto meridionale (CA- 957
RUSO, 2000, p. 234-240, tav. CXCIII). Fortissimo è tuttavia l’evidente legame con il vicino mondo
greco rappresentato da Selinunte.
Nella concezione del sistema difensivo, invece, Lilibeo si rivela pienamente ancorata alla
tradizione orientale ed all’esperienza moziese e cartaginese divenendo un luogo privilegiato ove
mettere a frutto le più evolute tecniche poliorcetiche in un’area di frontiera ove diverse volte si è
scontrato ma, soprattutto, dove ben più a lungo si è incontrato il mondo punico con quello greco.

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Enrico Caruso
I PAVIMENTI A TESSERE FITTILI IN CONTESTI PUNICI:
QUESTIONI DI TERMINOLOGIA, TIPOLOGIA E DIFFUSIONE

Antonella Mezzolani
Università di Bologna

Riassunto

Il tipo pavimentale preso in considerazione risulta frequentemente diffuso in area cartaginese,


in particolare nella fase tardo-punica, e manifesta una continuità d’uso nella stessa regione per tutta
l’epoca romana, come dimostrano le attestazioni di Utica.
Il proposito del contributo è quello di affrontare la questione terminologica relativa a tale
sistema pavimentale, prendendo in esame le definizioni impiegate in antico e le diverse denominazioni
adottate da autori di età moderna. Una ulteriore questione è quella dell’inquadramento di questo
genere pavimentale all’interno di un più ampio quadro tipologico dei sistemi pavimentali in uso in aree
puniche. Infine, si intende valutare la portata della diffusione dei pavimenti a tessere fittili, che pare
essere circoscritta alla regione di Cartagine, ma che trova singolari corrispondenze in area italica.

Résumé

Le type de pavement en examen résulte très répandu dans la région de Carthage, surtout pour
la période punique tardive, et il semble trouver une continuation à l’époque romaine aussi.
En premier lieu, on prend en considération la question de la terminologie ancienne et moderne
du type, dans le cadre d’une plus ample typologie des pavements puniques. Ensuite, on regarde aussi
à la diffusion de ce genre de pavement à tesselles de terre cuite, qui, en plus que à Carthage, semble
être employé souvent dans l’Italie tyrrhénienne.
I pavimenti a tessere fittili in contesti punici: questioni di terminologia, tipologia e diffusione

Gli studi sui sistemi pavimentali nell’architettura punica prendono generalmente le mosse
dalla glossa di Festo sui pauimenta poenica1, tanto invisi a Catone perché simbolo del lusso car-
taginese e di una deprecabile tendenza all’acquisizione di modelli di vita allogeni da parte delle
alte classi romane. Il passo, sottilmente analizzato sul piano filologico da vari autori, seppure con
diverse risultanze (Bruneau, 1982; Gaggiotti, 1988), non fornisce comunque per i pavimenti sotto
accusa una precisa connotazione tipologica, se non per la discussa menzione di marmore Numidi-
co constrata, ma pare rinviare ad un’ampio e indistinto panorama di realizzazioni, che solo grazie
alle attestazioni archeologiche si è rivelato ormai in maniera più differenziata. Non si è elabora-
to ancora, però, uno schema di classificazione unanimemente accettato per valutare i differenti
tipi pavimentali individuati in contesti punici, benché non siano mancate proposte per una loro
valutazione complessiva (Dunbabin, 1978; Fantar, 1984, p. 499-512; Lancel, 1985; Rakob, 1991);
allo stesso modo si avverte l’assenza di un glossario che, sulla scorta di quanto già realizzato, ad
esempio, per le decorazioni geometriche nel mosaico romano (Balmelle et al., 1985), fornisca, per
le lingue più comunemente impiegate negli studi punici, definizioni e descrizioni dei diversi tipi di
rivestimento pavimentale archeologicamente documentati.
Per rispondere, quindi, ad un’esigenza sempre più avvertita, un lavoro complessivo sui
sistemi pavimentali punici è in corso di preparazione da parte di chi scrive, e, in questa sede, si
è voluto offrire una serie di annotazioni preliminari su un particolare sistema pavimentale, assai
usuale a Cartagine, ma, di certo, non inseribile tra i tipi più pregiati o costosi individuati nella
metropoli nordafricana: il pavimento a tessere fittili poste in piano, con o senza inserzione di
cubetti di marmo.
Nonostante la relativa modestia, il tipo offre spunti per alcune riflessioni di carattere meto-
dologico, a cominciare dalla correttezza terminologica: la definizione opus figlinum, comunemen-
te impiegata per individuare tale tessitura pavimentale, per quanto accettabile come dicitura con-
venzionale (Tang, 2005, p. 189), analogamente a quanto avviene per il cosiddetto opus signinum 961
(Dunbabin, 1994, p. 30 nota 14), non pare trovare corrispondenza nelle realizzazioni strutturali
descritte dagli autori classici. Proprio rileggendo le fonti, infatti, si può notare come opus figlinum
sia, in realtà, una definizione oltremodo generica per la tecnica della lavorazione dell’argilla o
degli oggetti fittili (Jamot, 1896, 1118; Ginouvès; Martin, 1985, p. 46), che in campo architettonico
si riferisce non ad un sistema pavimentale, bensì ad un rivestimento fittile di volte o false-volte,
come si può evincere dai passi di Vitruvio2 e di Plinio3. In senso lato, dunque, opus figlinum potreb-
be definire un rivestimento pavimentale, ma non evidenzia certo le specificità del tipo: infatti, nel
significato generico di realizzazione pavimentale in terracotta, tale locuzione potrebbe adattarsi,
oltre che ai nostri esemplari, sia ai commessi in laterizi, per i quali si utilizzano mattoni di varie
fogge, sia ai pavimenti con frammenti fittili posti di lato, prototipi di rozzi orditi a canestro, e forse
anche alle stesure pavimentali realizzate con mattocini posti di taglio a spina di pesce, più specifi-
camente chiamate opus spicatum. Se, poi, nel Répertoire graphique et descriptif des compositions
linéaires et isotropes, l’opus figlinum è un «sol en éléments de terre cuite, de forme rectangulaire,
groupés deux par deux ou trois par trois, alternativement couchés et dressés» (Balmelle et al., 1985,
p. 21), nel Dictionnaire méthodique de l’architecture grecque et romaine, individua di volta in volta
un «appareil de tuileaux» ossia una generica struttura in frammenti di tegole e malta (Ginouvès;

1 Sextus Pompeius Festus, De verborum significatione quae supersunt (Festi fragm. E Codice Fran. L. XVI,
242, QU. XII, 12, 17-22): «Pavimenta Poenica marmore numidico constrata significat Cato, cum ait in ea, quam habuit,
ne quis Cos. bis fieret:”dicere possum, quibus villae atque aedes aedificatae, atque expolitae maximo opere citro
atque ebore atque pavimentis Poenicis stent”».
2 M. Vitruvius Pollio, De Architectura, V, 10, 3: «Concamarationes vero si ex structura factae fuerint, erunt
utiliores sin autem contignationes fuerint, figlinum opus subiciatur, sed hoc ita erit faciendum.
3 C.Plinius Secundus, Naturalis Historia, XXXV, 189: «Pulsa deinde ex humo pauimenta in camaras transiere
uitro. Nouicium et hoc inuentum, Agrippa certe in thermis, quas Romae fecit, figlinum opus encausto pinxit in calidis,
reliqua albario adornauit, non dubie uitreas facturus camaras, si prius inuentum id fuisset…».

antonella mezzolani
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Martin, 1985, p. 100), un tipo pavimentale equivalente all’opus testaceum di Vitruvio VII, 1, 7 (con
sotto-tipi quali il pavimento con mattoncini di taglio a spina di pesce, il mosaico a frammenti fittili
di taglio, il mosaico a frammenti fittili in piano e il mosaico a rondelle di anse di anfore: Ginouvès;
Martin 1985, p. 151-152), ma anche un rivestimento in placche di terracotta per le concamerationes
di cui parla Vitruvio (Ginouvès, 1992, p. 138, 213).
In questo panorama di definizioni talvolta contraddittorie o dai molteplici adattamenti,
tutte contemplate nella semplice locuzione opus figlinum, forse la strada più utile da percorre-
re è quella prospettata con esemplare chiarezza da F. Guidobaldi già alcuni anni or sono, ossia
l’abbandono dei termini antichi non esattamente corrispondenti alle emergenze archeologiche
e l’impiego di espressioni che, pur nella loro maggiore lunghezza, meglio identificano il prodotto
pavimentale di cui s’intende trattare (Guidobaldi, 1995): in accordo con tale proposta, si è prefe-
rito definire il tipo in esame come «pavimento a tessere fittili», evidenziando in primo luogo gli
elementi compositivi (tessere) e il loro materiale (ceramica). Certo, l’individuazione dei pavimenti
potrebbe essere corredata da ulteriori precisazioni, che possono però trovare corretta collocazio-
ne in schede analitiche delle singole attestazioni: ci si riferisce, ad esempio, all’indicazione della
positura in piano o di taglio delle tessere e del loro ordito (ortogonale, obliquo o, per attestazioni
già di piena età romana come quelle di Utica, a canestro), alla forma (quadrata o rettangolare)
più o meno regolare degli elementi che compongono la tessitura pavimentale, all’indicazione di
tessere litiche inserite per delineare una trama decorativa.
La questione terminologica si lega strettamente alla definizione tipologica, per la quale,
ancora una volta, gli studiosi si sono orientati in maniera differenziata, privilegiando di volta in
volta o la tecnica esecutiva o il materiale impiegato nelle stesure pavimentali. Alla prima posizione
rimanda la classificazione proposta da S. Lancel, che inserisce i pavimenti a tessere fittili nella ca-
tegoria 2, che riunisce tutte le pavimentazioni la cui superficie, in tessere o schegge irregolari, ri-
962 sulta distinta rispetto allo strato di allettamento e, dunque, oltre al nostro tipo, anche il tessellato
e il cosiddetto «terrazzo» (Lancel, 1985, 162-164). Diversa la scelta di K. M. D. Dunbabin, che pone
i pavimenti a tessere fittili in un gruppo autonomo di «ceramic pavements», considerandoli una
classe separata e caratterizzata dall’impiego di elementi più o meno regolari in terracotta, posti
in piano o di taglio (Dunbabin, 1978, p. 176-178), anche se, in un contributo più recente sui sistemi
pavimentali in antico, l’autrice propone una suddivisione in due classi sulla base della tecnica di
realizzazione, simile a quella di S. Lancel, all’interno della quale il cosiddetto opus figlinum diviene
un sotto-tipo dei pavimenti a mosaico (Dunbabin, 1996, p. 287-288). Una proposta mediata fra
queste due classificazioni, pienamente condivisa da chi scrive, è poi quella presentata di recente
da B. Tang, che inserisce l’opus figlinum tra i pavimenti a mosaico, cioè a superficie distinta, evi-
denziando però la specificità del materiale usato (Tang, 2005, p. 189).
La documentazione archeologica a tutt’oggi disponibile per i pavimenti punici a tessere
fittili poste in piano pare testimoniare un utilizzo del tipo prevalentemente a Cartagine, senza
riscontri, ad esempio, a Kerkouane, dove sono i pavimenti cementizi a godere di grande fortuna
(Fantar, 1966); non potendo analizzare con ampiezza i diversi spunti che la tipologia offre, ci si
limiterà a considerare la cronologia, le caratteristiche funzionali e gli esiti decorativi delle attesta-
zioni a disposizione.
La maggior parte dei pavimenti a tessere fittili di Cartagine può essere attribuita alle fasi più
tarde della metropoli punica, ma vi sono anche attestazioni risalenti al IV sec. a.C.. Un lacerto pavi-
mentale a tessere fittili e fascia a mosaico, recuperato in un sondaggio all’angolo tra rue Didon e
rue Arnobe, è stato attribuito al IV sec.a.C. sulla base del materiale ceramico rinvenuto al di sotto
(Chelbi, 1985, p. 82-83; Chelbi, 1992, p. 71). Più dubbia l’appartenenza al IV sec.a.C. dell’edificio
posto in luce a Trik Dar Saniat, sulla base di quanto proposto dallo scopritore (Renault, 1913, p. 47
; per una pertinenza dell’edificio al III-II a.C.: Fantar 1985, p. 14), dove due cortili erano corredati da
pavimenti a tessere fittili ed uno, in particolare, risultava decorato da un punteggiato regolare a

Arquitectura e Urbanismo
I pavimenti a tessere fittili in contesti punici: questioni di terminologia, tipologia e diffusione

tessere bianche e da una fascia a mosaico con motivo a scacchiera nera e bianca (Renault, 1913, p.
21-22; p. 23 fig. 11). Più sicura sembra invece l’attribuzione cronologica di un pavimento rinvenuto
nell’area degli scavi sotto il Decumanus maximus condotti dall’Università di Amburgo4: il corridoio
Gsud della casa Inord, nella fase VIIa, fu corredato da un pavimento a tessere fittili che rimase in uso
per un lungo periodo, cioè dal 390 a.C. fino almeno al 250 a.C., quando fu sostituito da un’ulterio-
re stesura pavimentale sempre a tessere fittili (Schmidt, 2007, p. 207). Se una datazione così alta
può parere insolita per questo sistema pavimentale, ben si accorda con i più antichi esemplari di
realizzazioni a tessere litiche, come il frammento ormai famoso di Kerkouane attribuito da J.-P.
Morel al V sec. a.C. (Morel, 1969, p. 499-500, fig. 28), con una datazione secondo alcuni dubbia
(Rakob 1981, p. 129 nota 26; Fantar 1984, p. 512), e il mosaico a tessere in marmo bianco rinvenuto
a Cartagine nel corso di un sondaggio in rue Septime Sévère in associazione con materiale cerami-
co della seconda metà del IV sec. a.C. (Rakob, 1989, p. 183).
Dal III sec. in poi il tipo sembra diventare sempre più usuale, tant’è che per la metà del III
sec. a.C.- metà del II sec. a.C risulta documentato sul fondo di un bacino nella stanza P7 nella casa
Ib del Quartier Magon (Wiblé, 1991, p. 98) e da due pavimenti scoperti negli scavi sotto il Decuma-
nus maximus, rispettivamente nel corridoio Gsud della casa Inord e nella stanza E e parte dell’adia-
cente stanza C della casa Isud (fase VIII) (Schmidt, in corso di stampa). Al II sec. a.C., infine, sono da
riferire i pavimenti a tessere fittili rinvenuti nel Quartier Hannibal sulla collina di Byrsa, nei corridoi
d’accesso di C1b (Lancel, 1985, fig. 12), C2 (Ferron; Pinard 1960-1961, p. 97; Lancel, 1979, p. 90-91),
D2 (Lancel, 1985, fig. 12) e nelle piccole sale da bagno di C4 (Ferron; Pinard, 1960-1961, pl. XLI-XLIV;
Lancel; Thuiller 1979, p. 235 nota 42), C5b (Lancel; Thuiller, 1979, p. 234) ed E1 (Lancel, 1982, p. 117).
Sempre al II sec. a.C. possono riportarsi gli esemplari posti in luce nel Quartier Magon nella sala da
bagno P79 della casa IV (Teschauer, 1991, p. 158), nella sala da bagno P41 (Stanzl, 1991, p. 17, 20) e
nel corridoio d’accesso P30-30b-49-49a-49b della casa VI (Stanzl, 1991, p. 27-31, 47) e il pavimento
scoperto dalla Missione canadese sulla collina dell’Odeon (Wells et al., 1998, p. 13-15), così come 963
quello che riveste i vani 2-3, probabilmente una sala da bagno, dell’abitazione punica rinvenuta
all’angolo tra rue Astarté e rue 18 Janvier (Chelbi, 1980, p. 31-33; Chelbi, 1984, p. 23-25). Inoltre, è
verosimile che alla medesima epoca debba attribuirsi il pavimento a tessere fittili scoperto da M.
Vézat a Dermech (Picard, 1946-1969, p. 677), quello rinvenuto a Le Kram, più genericamente attri-
buito a età ellenistica (Ben Abdallah et al., 1980, p. 17) e l’esemplare, a tessere irregolari e ordito
rozzo, della villa di Gammarth (Fantar, 1985, p. 53 pl. IX, b).
Quanto alle caratteristiche funzionali dei pavimenti a tessere fittili, si nota agevolmente
che questa tipologia risulta impiegata per lo più in vani particolarmente esposti all’umidità, quali
le sale da bagno, e non provvisti di copertura, come corridoi d’accesso e, in misura minore, a cor-
tili: se il materiale stesso delle pavimentazioni giustifica una connessione con tali ambienti, può
essere interessante notare un’analogia di impiego e cronologia con realizzazioni di area etrusca
e laziale del III-II sec. a.C., in cui, però, pur nell’utilizzo di una positura in piano, le tessere risulta-
no visibilmente più grandi (circa 4-6 cm di lato) - fatta eccezione per un lacerto pavimentale da
Roma, con tessere di 2,5 cm di lato (Morricone, 1973, p. 604) – e di maggiore spessore, tanto che
si potrebbe ipotizzare una corrispondenza fra questi esemplari e i pavimenti in cotto «ex tessera
grandi» di Vitruvio VII, 1, 7 (Becatti, 1961, p. 258; Morricone, 1970, p. 604). Anche in area italica i
pavimenti in tessere fittili poste in piano sono impiegati per lo più in aree di servizio come le sale
da bagno, pubbliche (bagni di Musarna, fine II sec. a. C.: de Cazanove; Jolivet, 1984, p. 531; Broise;
Jolivet , 1991, p. 89) e private (Villa Prato, Sperlonga: Lafon, 1991, p. 105. Villa nei pressi di Cam-
pino: De Rossi 1979, p. 64, p; 65 fig. 64. Vano ad est della casa del Criptoportico a Vulci: Broise;
Jolivet 1991, p. 88). Inoltre, anche dal punto di vista decorativo si riscontrano analogie con gli

4 I dati relativi ai pavimenti dello scavo sotto il Decumanus maximus mi sono stati forniti, con estrema
cortesia e liberalità, ancor prima della pubblicazione, dall’amica e collega Karin Schmidt e dal prof. Hans Georg
Niemeyer, a cui va il mio ricordo commosso.

antonella mezzolani
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

esemplari punici nell’uso del punteggiato regolare o nell’inserzione di fasce o riquadri di soglia a
scacchiera bicroma (Villa Prato, soglia tra vano A7 e vano A8: Lafon, 1991, p. 105. Museo di Villa
Guinigi, Lucca: Ciampoltrini; Rendini, 1996, p. 576, p. 585 fig. 6). L’affinità tra esemplari cartaginesi
e attestazioni italiche è senza dubbio suggestiva e potrebbe essere valutata anche alla luce di
quanto ipotizzato da M. Gaggiotti a proposito di un apporto della manodopera cartaginese nella
realizzazione tecnica di pavimenti in opus signinum in area laziale, proprio nel II sec. a. C. (Gaggiot-
ti, 1989, p. 218-219).
Tornando agli esemplari cartaginesi, una breve annotazione sull’ornamentazione di questo
tipo pavimentale: oltre alle stesure più semplici, che trovano una resa non monotona solo con la
differenza cromatica delle singole tessere, i pavimenti in esame sono spesso ravvivati dall’inser-
zione ad intervalli regolari di cubi in marmo o calcare bianco, con un punteggiato che ha spesso
un andamento obliquo e le tessere poste talvolta di spigolo, conformemente a quanto si vede
anche nei pavimenti cementizi. Numerosi sono gli esemplari già noti, ma, per aggiornare la lista,
in questa sede si propone un’attestazione ancora inedita proveniente dallo scavo condotto a Bir
Messaouda da R. Docter5: il pavimento, con tessere in calcare o marmo bianco disposte di spigolo
a formare un punteggiato regolare, è ancora in fase di studio, per cui non si è ancora in grado
di chiarire né la pertinenza funzionale, difficilmente ipotizzabile anche per la sovrapposizione di
una cisterna di epoca bizantina che ne ha in parte obliterato la stesura, né l’esatta cronologia
(Fig. 1). Sicuramente un maggiore effetto decorativo sortiscono le fasce in mosaico giustapposte
o interposte nei pavimenti a tessere fittili, che propongono motivi in genere molto semplici e
geometrici, quali la scacchiera e i triangoli dentellati: esempi di questo tipo sono forniti dal pavi-
mento di Dar Saniat, limitato da una fascia a scacchiera in tessere litiche bianche e nere, da quello
rinvenuto all’angolo tra rue Didon et rue Arnobe e conservato al Musée National de Carthage, con
banda a scacchiera a tre colori alternati (nero, bianco e rosso) (Fig. 2), dalla soglia in tessellato
964 bianco con punteggiato a tessere nere che sottolinea l’ingresso alla sala da bagno dell’unità C4,
nel Quartier Hannibal, dal riquadro di soglia che separa le stanze 2 e 3 nell’abitazione di rue Astar-
té, dove triangoli dentellati a tre colori (neri, rossi e bianchi) si susseguono a formare anch’essi
una scacchiera. A tutti questi esemplari, ampiamente noti in letteratura, si può aggiungere un
pavimento rinvenuto nello scavo sotto il Decumanus Maximus (Schmidt, 2007, pp. 207-209): la ste-
sura a tessere fittili, ravvivata da un punteggiato regolare obliquo in tessere bianche, vede al suo
centro anche l’inserzione di un bel pannello geometrico in tessere litiche e fittili (Fig. 3), composto
da un quadrato centrale in nero, una fascia in tessere bianche a sua volta circondata da una fascia
a scacchiera bianca e rossa, rifinita da un’alta banda monocroma bianca (Fig. 4). L’esemplare, di
estrema sobrietà, sottolinea, ancora una volta, una predilezione punica per una decorazione pavi-
mentale con motivi lineari e geometrici ; interessante è anche il fatto che l‘emblema sia contenuto
da lamine sottili di piombo, secondo una tecnica ellenistica assai impiegata in area greca, ma che
già ha trovato un riscontro a Cartagine nella soglia a mosaico di rue Astarté (Chelbi, 1980, p. 32;
Chelbi, 1984, p. 24 ; Schmidt, 2007, pp. 207-208).
Per concludere, rammentiamo che molti altri sarebbero gli aspetti da analizzare anche per
queste realizzazioni pavimentali assai modeste: per quel che riguarda la tecnica, ad esempio, la
preparazione delle tessere (tagliate da grosso vasellame o appositamente plasmate: Lancel 1992,
p. 117 nota 10) e le loro dimensioni, le peculiarità dell’ordito più o meno regolare, la composizione
dei sottofondi pavimentali. Per quanto riguarda la diffusione e la continuità di questa tipologia,
invece, ci si dovrebbe chiedere perché essa sembra attestata per lo più in area cartaginese e non
pare trovare riscontro in altre aree puniche, e occorrerebbe valutare anche la continuità che que-
sto sistema pavimentale sembra avere in area nordafricana, ad esempio, nella stessa Cartagine

5 Ringrazio Roald F. Docter per avermi consentito di presentare in anteprima un’immagine di questo
pavimento.

Arquitectura e Urbanismo
I pavimenti a tessere fittili in contesti punici: questioni di terminologia, tipologia e diffusione

(ad esempio Neuru, 1992, p. 136), ad Utica (Alexander et al. 1976, p. 66-67) e Thuburbo Maius
(Alexander; Ben Abed Ben Khader, 1994, p. 146), con attestazioni che giungono fino al II sec. d.C.
e funzionalità sempre legata a contesti di servizio e bacini.

965

Fig. 1. Cartagine, Bir Massouda: pavimento in tessere fittile e punteggiato regolare in tessere bianche
(fotografia di R.F. Docter)

Fig. 2. Cartagine, Musée National de Carthage: pavimento in tessere fittili con inserzione regolare
di cubetti di marmo bianco e fascia bicroma a scacchiera (fotografia dell’ autore)

antonella mezzolani
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

966
Fig. 3. Cartagine, scavi sotto il Decumanus Maximus: pavimento a tessere fittili e punteggiato regolare
in tessere litiche bianche. Al centro, pannello geometrico in tessere litiche e fittili (fotografia di R. F. Docter)

Fig. 4. Cartagine, scavi sotto il Decumanus Maximus: emblema geometrico in tessere litiche e fittili,
visibilmente delimitato da lamine di piombo (fotografia di R. F. Docter)

Arquitectura e Urbanismo
I pavimenti a tessere fittili in contesti punici: questioni di terminologia, tipologia e diffusione

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969

antonella mezzolani
UN QUARTIER D’HABITAT ET D’ATELIERS HELLENISTICO-
PUNIQUES SUR L’ACROPOLE DE SELINONTE, SICILE

Martine Fourmont
CNRS
Institut de Recherche sur l’Architecture Antique (IRAA)

Résumé

L’investigation systématique de plus de la moitié d’un îlot, l’îlot FF1 Nord, sur l’acropole de
Sélinonte (Sicile) permet aujourd’hui d’avoir une idée d’ensemble sur l’évolution de l’habitat depuis la
fondation de la colonie grecque jusqu’à sa deuxième destruction, en 250 av. J.-C.
Après la destruction de 409 av. J.-C., Sélinonte, avec de nombreuses vicissitudes, passe à
l’éparchie carthaginoise et les maisons qui composent les îlots aujourd’hui visibles sont en grande
partie habités par les Puniques. Si certains « modèles » helléniques inspirent encore les formes de
l’habitat de la zone fouillée, certaines caractéristiques de l’architecture et du mobilier de cette période
sont directement liées au monde punico-carthaginois. Les fouilles ont entr’autre donné une idée
précise de l’assaut romain sur le flan Ouest de l’acropole.

Riassunto

L’investigazione sistematica di oltre la metà di un isolato, l’isolato FF1 Nord, sull’acropoli di


Selinunte (Sicilia) consente oggi di farsi un’idea d’insieme sull’evoluzione dell’abitato dalla fondazione
della colonia greca fino alla sua seconda distruzione, nel 250 a.C.
Dopo la distruzione del 409 a.C., Selinunte, con diverse vicende alterne, passa all’eparchia
cartaginese e le case che compongono gli isolati oggi visibili sono in buona parte abitate dai Punici.
Se alcuni “modelli” ellenici ispirano ancora le forme abitative della zona interessata dallo scavo, altre
caratteristiche dell’architettura e dei reperti di tale periodo sono direttamente legati al mondo punico-
cartaginese. Gli scavi hanno, tra le altre cose, dato un’idea precisa dell’assalto romano al fianco Ovest
dell’acropoli.
Un quartier d’habitat et d’ateliers hellenistico-puniques sur l’acropole de Selinonte, Sicile

Jusqu’à la fin des années ‘50, les publications d’histoire et d’archéologie considéraient
l’ « acropole »1 sélinontine (fig. 1), telle que nous la voyons aujourd’hui, comme le cœur de la colo-
nie grecque fondée par les Mégariens de Megara Hyblaea, près de Syracuse.

La vision pionnière de Jole Bovio Marconi2, qui remarque l’aspect très punique de certaines
structures et du matériel céramique de Sélinonte3, trouvera son accomplissement dans l’oeuvre
d’une vie, celle d’un jeune archéologue, Vincenzo Tusa4, qu’elle appelle à ses côtés. Une fois de-
venu surintendant, Vincenzo Tusa développera sans relâche cette thèse d’une Sélinonte punique.
Nous savons aujourd’hui, à la suite du grand programme de recherches qu’il a mis sur pied, que
l’acropole et sa fortification, telles que nous les voyons, ont abrité une vie largement « punici-
sante « et que la cité classique s’étendait bien au-delà vers le Nord, descendait jusqu’aux deux
fleuves, le Modione, à l’Ouest, et le Cotone, à l’Est, et jusqu’à la zone des deux ports.

971

Fig. 1. Sélinonte (Sicile), l’acropole depuis le Sud

1 Il convient de préciser immédiatement que le mot « acropole » est le mot d’usage et ne correspond pas
à l’habituelle définition de l’acropole à la grecque.
2 D’après Jole Bovio Marconi, Sic. arch., 60-61, XIX, 1986, p. 109-110.
3 Inconsistenza di una Selinunte romana, Kokalos, 3, 1957, p. 70-78. J. B. M. réfute dans cet article la
présence de traces d’époque romaine sur l’acropole ‑ nous aurons prochainement à revenir sur ce sujet. Mais
elle aborde également la question du maintien de la vie sur l’acropole et apporte pour preuve la construction des
propylées, de petits temples, de portiques avec magasins et le développement d’un habitat.
4 C’est Vincenzo Tusa qui, dans les années ’70, a conçu un vaste programme de recherche sur Sélinonte. Il
n’a pas, alors, hésité à faire appel aux grands spécialistes de l’époque, italiens, mais aussi étrangers, préfigurant
avec trois décennies d’avance ce que serait un jour la recherche européenne.

Martine Fourmont
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Si les conclusions des travaux de Dieter Mertens invitent à reconnaître dans la fortification
de l’acropole l’œuvre d’Hermocratès5, il est difficile de faire de l’habitat de cet éperon rocheux
une ville purement grecque.

La fouille que j’ai pu mener, au sein de l’équipe de Roland Martin, sur l’îlot FF1 Nord (fig. 2),
situé dans le proche voisinage de la limite Nord du temenos, avait pour premier but de définir les
transformations d’un îlot de la période de fondation jusqu’à sa destruction. Il s’est donc agi d’une
exploration relativement étendue, qui a touché toute la façade Sud de l’îlot (fig. 3), quelques
points dans sa moitié Nord, et intégré l’extrémité Est, jadis dégagée en surface par Jole Bovio
Marconi. Cette investigation visait à compléter et à donner le contrepoint à l’étude du dévelop-
pement urbain et du réseau des rues qui nous avait été confiée.
Il est aujourd’hui possible de démontrer, à la suite de Juliette de La Genière6 et de l’enquête
géomorphologique réalisée par l’Université de Kiel à la demande de Dieter Mertens7, que l’îlot
correspondant à la grande implantation urbaine, vers 600 av. J.-C., et au classicisme du Ve siècle,
« passe « sous la muraille et continue sur la pente jusqu’au port occidental8. La Sélinonte grecque
est beaucoup plus étendue que l’acropole.

Dans sa dernière phase antique, l’îlot FF1 Nord, tel qu’on le voit aujourd’hui, est donc consi-
dérablement raccourci vers l’Ouest.
‑ La division en 2 bandes, Nord et Sud, est maintenue, mais son tracé présente de nombreu-
ses irrégularités9.
‑ Sauf vers l’Ouest10, les « constructions « recouvrent à peu près le plan de l’habitat du Ve
siècle, mais avec une interprétation souvent assez laxiste.
972 ‑ Les techniques de mise en œuvre des murs sont parfois de bonne facture, lorsqu’il s’agit
d’un mur bien conservé ou bien remonté, mais, dans l’ensemble, les détails révèlent une indif-
férence assez marquée à l’art de construire qui caractérise l’architecture grecque de l’époque
classique. En fait, on observe un remploi constant des blocs qui présentent donc généralement
une bonne technique de taille, mais à côté, selon le besoin, apparaît un bouchon. L’isodomie est
parfois reniée, comme le montre un mur de la Maison au portique.

Dans l’esprit et dans les formes de plan, l’habitat se rattache pleinement à l’architecture
grecque. Dans le détail, il semble toutefois évident que les nouveaux constructeurs copient,
interprètent : ils bâtissent sur les ruines des maisons détruites en 409, mais ils n’observent pas à
la lettre les principes de construction helléniques et adoptent des formes architecturales que l’on
retrouve sur d’autres sites puniques de Sicile.

La façade Sud de l’îlot ‑ post 409 ‑ est occupée par 6 maisons, mais l’espace laissé pour la 6e
maison, vers l’Ouest, au bas de la rue FF1, n’est pas suffisant pour l’y reconstruire avec une égale
superficie : une rue la recouvre désormais en partie (fig. 4, Ouest) et côtoie la nouvelle muraille

5 Selinus, 1, Rome, 2004, p. 97-118 et 260.


6 Sélinonte, Recherches sur la topographie urbaine (1975-1981), Annali della Scuola normale superiore di
Pisa, Classe di Lettere e Filosofia, serie III, XII,1, 1982, p. 469-479, pl. X-XV.
7 Selinus, 1 (DAI, Sonderschriften, 13), Beilage 10.
8 On trouve la même situation pour le versant oriental de l’acropole où les rues d’époque archaïque et
classique descendent jusqu’au fleuve Cotone. Voir Selinus, 1, Beilage 3. L’embouchure des deux fleuves abritait
deux ports. Ces fleuves pouvaient alors être remontés en bateau sur quelques kilomètres.
9 Principalement à partir de la moitié de l’îlot, en descendant vers l’Ouest.
10 Voir ci-dessus n. 5-6.

Arquitectura e Urbanismo
Un quartier d’habitat et d’ateliers hellenistico-puniques sur l’acropole de Selinonte, Sicile

Fig. 2. Sélinonte (Sicile), l’îlot FF1 Nord depuis l’Est 973

Fig. 3. Sélinonte (Sicile), l’îlot FF1 Nord et la rue FF1 depuis l’angle Sud-Ouest

Martine Fourmont
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

sur sa face interne. Dans ce cas, cette sixième maison se rapproche des plans de l’habitat au
Sud de l’acropole, là où il s’est implanté dans une zone dont la fonction était précédemment en
majeure partie cultuelle. La « demi maison » Sud-Ouest sort en cela de la typologie plus hellénisée
pour trouver des parallèles dans l’habitat proprement punique11.

D’Ouest en Est, nous avons donc pu définir six espaces de forme approximativement car-
rée, d’environ 15 à 16 m de côté, sur lesquels sont construites des maisons «à la grecque» :
. Maison à portique (fig. 4,5), précédée vers l’Ouest par la demi-maison Sud-Ouest (fig.
4,6),
. Maison du sacellum (fig. 4,4),
. Maison à pastas (fig. 4,3),
. Maison-atelier (fig. 4,2) reliée à la
. Maison de l’angle Sud-Est (fig. 4,1).

Dans la moitié N, s’y ajoutent la Maison de l’angle Nord-Est, également à portique, (fig. 4,7)
et une partie de deux autres habitations.

La Maison à portique (fig. 4,5) se développe autour d’une cour à laquelle on accède par
une entrée monumentale vraisemblablement ornée de deux colonnes. Le côté Ouest a subi de
gros remaniements à l’époque médiévale et l’on y reconnaît difficilement les différentes pièces.
Le côté Est conserve ses ouvertures et la première volée d’un bel escalier qui menait à l’étage,
vers les appartements privés. Au fond, vers le Nord, un portique donne accès à deux pièces de
dimensions réduites. La cour elle-même est partiellement empierrée de dalles qui forment une
974 sorte de drômos menant à une zone avec vasque, foyer et fosse à cendre12. Le dispositif était
parfaitement lisible lors de la fouille. J’ai alors comparé la Maison à portique aux ensembles de
corporation connus en Méditerranée orientale, à Chypre13, en particulier, mais aussi à Solonte /
Solunto14, près de Palerme.

À côté, vers l’Est ‑ je décris l’îlot en remontant la rue ‑, une deuxième demeure, dont le plan
et les éléments de décor caractérisent une maison réellement luxueuse : la Maison du sacellum
(fig. 4,4), elle aussi fortement perturbée dans sa moitié basse, à l’Ouest, a conservé les traces de
deux colonnes et de deux pilastres sur le stylobate qui donne accès à l’espace ouvert de la cour
sous laquelle une grande citerne a été creusée. Cet espace à colonnes et pilastres est à la fois
portique et véranda : il était couvert et ouvrait vers le soleil couchant. Il servait de vestibule à deux
petites pièces, vers le Nord ; vers le Sud, on accédait à une grande salle. Trois de ces quatre pièces
ont encore un pavement en opus signinum fait de tesselles blanches noyées dans un mortier de
tuileau rose. Les parois de la véranda ont conservé des restes de stucs – et des couleurs ‑, avec
moulures pour l’encadrement des ouvertures.

11 Nous attendons avec grand intérêt le volume en cours de publication de la part de Sophie Helas sur cet
habitat Sud, à paraître dans S. Helas, Selinus, II, Die punischen Häuser (titre provisoire).
12 Fourmont, Sélinonte : Fouille dans la région Nord-Ouest de la rue F, Sic. arch., 46-47, 1981, p. 5-26, plus
particulièrement fig. 7, p. 12 ; ead., Santuari punici in Sicilia, dans I Cataginesi in Sicilia all’epoca dei due Dionisi (4/6-
VI-1981), Kokalos, XXVIII-XXIX, 1982-1983, p. 195-203.
13 Loc. cit., p. 15 et n. 50-51.
14 Ibid., p. 15. et n. 46 qui renvoie à l’article de Maria Luisa Famà. Voir aussi Santuari punici in Sicilia…, cit.
ci-dessus n. 12, fig. 2.

Arquitectura e Urbanismo
Un quartier d’habitat et d’ateliers hellenistico-puniques sur l’acropole de Selinonte, Sicile

1axe N/S
7

32
rue FF1 Nord
rue EE1 Nord

975
5
64
rue
rempart

Fig. 4. L’habitat post 409 av. J.-C. sur l’îlot FF1 Nord :
4,1 - Maison de l’angle Sud-Est ; 4,2 - Maison-atelier ; 4,3 - Maison à pastas ; 4,4 - Maison du sacellum ; 4,5 – Maison
à portique ; 4,6 – « Demi-maison » Sud-Ouest ; 4,7 – Maison de l’angle Nord-Est

Martine Fourmont
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Au fond de la cour, une grande pièce abritait trois bases (fig. 5) : la plus petite, dans l’angle
Nord, a été détruite lors de la réfection des murs à l’époque médiévale15 ; la base centrale, de plan
carré, est stuquée sur une âme de terre ; la base de l’angle Sud, enfin, est en pierre, et stuquée. Elle
porte sur la face supérieure un cercle en relief qui servait à caler une statue ou un autel circulaire
en terre cuite comme on en trouve tant en Sicile16. En 2004, lors d’une campagne de restauration,
le fragment postérieur d’une statue (fig. 6), de grandes dimensions, a été retrouvé dans la cour. Il
porte deux belles boucles et pourrait appartenir à la statue honorée dans ce sanctuaire privé.

En remontant la rue, nous poussons un troisième portail qui ouvre sur une maison dont
le plan est celui de la Maison à pastas (fig. 4,3), type architectural bien connu depuis les fouilles
d’Olynthe17 et utilisé dans les demeures puniques18. Avec l’aide de l’Architecte Enrico Caruso19,
nous avons pu procéder à une anastylose partielle (fig. 7) de cette cour : ainsi, les touristes qui vi-
sitent Sélinonte voient aujourd’hui autre chose que les temples, certes majestueux. Il reste à fixer
les chapiteaux sur les pilastres à l’arête carénée. Le pastas abritait du soleil et des intempéries les
pièces situées au Nord de la cour. Ici encore, les restes d’un escalier confirment la présence d’un
étage, sur la partie Sud-Ouest au moins.

L’unité suivante est différente (fig. 4,2). Les structures antérieures n’y ont pas été fidèle-
ment reconstruites. Deux fours de potier20 ont été relevés. Ils sont distribués de part et d’autre
d’un corridor. Dans l’espace situé immédiatement à l’Est du couloir, la base d’un tour et une vas-
que (fig. 8) permettent d’évoquer l’artisan au travail avant de cuire sa fournée. Des pastilles de
couleur – bleu et jaune d’ocre ‑ ont été recueillies et devaient servir à décorer les figurines de terre
cuite et / ou les vases, même si la production locale de vases dans le style de Gnathia n’est pas
encore assurée à Sélinonte21.
976 Le four situé à l’Ouest (fig. 9) a été retrouvé chargé de ses vases, surcuits et déformés sous
les parois elles-mêmes fondues, la grille détachée du pilastre central. Le potier n’a pas eu le temps
d’arrêter la cuisson avant de fuir devant l’assaut des Romains, sous la pluie des lithoboles (fig. 10)
qui gisaient à cette hauteur de la pente.
Cet atelier communique avec la Maison de l’angle Sud-Est (fig. 4,1) dont une partie devait
être occupée par une ou des boutique(s)22. Située au croisement avec le grand axe Nord / Sud,
cette maison occupe un emplacement idéal pour le commerce. Elle est pourvue d’un sinon de
deux escalier(s) et comporte donc, au moins en partie, un étage. Ici encore, les ouvertures, portes
et fenêtres, sont relativement bien préservées.

15 Fourmont, Selinunte medievale. L’acropoli alla luce degli scavi sull’isolato FF1 Nord, Schede medievali,
44, 2006, p. 211-238. La présence médiévale sur FF1 Nord avait déjà été mentionnée dans l’article cité ci-dessus,
n. 12.
16 Sur tous les sites de même époque, et dans l’ensemble des musées de l’île. On se reportera aussi à
l’article ci-dessus, n. 12, fig. 34-35.
17 David M. Robinson, J. Walter Graham, Excavations at Olynthus, 8, The Hellenic House (Johns Hopkins
University Studies in Archaeology), 1938, p. 147 sq.
18 Voir Solonte.
19 E. Caruso a participé aux campagnes de fouilles des années 1985-86 et continue aujourd’hui à collaborer
à la recherche sur l’îlot FF1 Nord. Qu’il trouve ici l’expression de mes remerciements.
20 Fourmont, Recherches sur les activités artisanales d’un quartier de Sélinonte, Sic. arch., 76/77, (Anno
XXIV), 1991, p. 7-41, et plus particulièrement fig. 19, p. 33 ; ead., Les ateliers de Sélinonte (Sicile), dans Les ateliers
de potiers dans le monde grec aux époques géométrique, archaïque et classique, Actes de la Table ronde organisée à
l’École française d’Athènes (2 et 3 octobre 1987), BCH, Suppl. 23, 1992, p. 57-68 et plus particulièrement p. 60 et fig.
3-4, p. 59.
21 Ead., Les ateliers de Sélinonte…, p. 65-66 et n. 31-32.
22 Nombreuses ouvertures dans la façade sur la rue FF1.

Arquitectura e Urbanismo
Un quartier d’habitat et d’ateliers hellenistico-puniques sur l’acropole de Selinonte, Sicile

Fig. 6. Maison du sacellum (4,4).


Fig. 5. Maison du sacellum (4,4), Partie postérieure d’une grande statue
pièce Nord, partie Est. Trois bases féminine en terre-cuite

977

Fig. 7. Maison au portique (4,5), angle Nord-Ouest. Anastylose partielle du mur de fond

Il serait en fait tout à fait possible de procéder à l’anastylose partielle de cet îlot, comme
nous avons commencé à le faire23 pour le mur de fond de la Maison à portique (fig. 7), dont
pratiquement toutes les assises gisent vers le Nord et ont été ultérieurement remployées comme
dallage à l’époque médiévale.

23 Campagne de mars 2004. Je remercie particulièrement la Surintendance BB CC AA de Trapani, Servizio


per i Beni archeologici, qui a rendu possible ces travaux de restauration et d’anastylose, indispensables à la
préservation des structures de l’îlot FF1 Nord. Il serait souhaitable qu’une deuxième tranche de travaux permette
d’appliquer à la partie basse le traitement de sauvegarde que nous avons fait porter sur sa moitié plus orientale.

Martine Fourmont
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 8. Maison atelier (4,2). Cour avec vasque et base de tour de potier

978

Fig. 9. Maison atelier (4,2). Four Ouest, avec fournée de vases fondus et vitrifiés

Fig. 10. Lithoboles lancés sur l’îlot FF1 Nord Fig. 11. Plat rouge de production punique
depuis l’Ouest de la muraille inv. 2004/684. Carré 2004/5+6, au Nord
de la maison du sacellum, SAC 2004/68+73+79

Arquitectura e Urbanismo
Un quartier d’habitat et d’ateliers hellenistico-puniques sur l’acropole de Selinonte, Sicile

Si la centaine de tombes fouillées par Antonia Rallo dans la partie Nord de la ville intérieure,
sur la colline de Manuzza, et datées entre 409 et 38024, présente majoritairement le rite funéraire
de l’inhumation, très développé dans la culture grecque, mais présent à Carthage à cette époque,
nous ne connaissons pas les nécropoles de la dernière période – jusqu’en 250 av. J.-C. Et s’il faut
bien sûr tenir compte de la faible épaisseur de terre vers le plateau Sud-Est de Manuzza – où les
travaux agricoles ont pu effacer les strates les plus récentes ‑, on remarquera aussi que les fouilles
allemandes pratiquées dans cette région du site, à proximité de la grande agora grecque25 d’épo-
que archaïque et classique, n’ont livré que peu de structures datables du IIIe siècle26, la plupart des
maisons et édifices datant des VIe et Ve siècles. Dans cette zone, un petit sanctuaire, indéniable-
ment punique, a jadis été découvert par A. Rallo27.
Si, enfin, un noyau de maisons s’est construit autour des temples E et F – sur E également
‑ à l’extérieur de l’enceinte, il s’agit peut-être désormais d’un autre groupement d’habitat28, indé-
pendant et distinct de la ville située sur l’ancienne « acropole ».

Il semble en effet que l’habitat de l’ « acropole » sélinontine concentre la vie après 409 av.
J.-C., changeant ainsi le faciès de la ville, plaçant des sanctuaires d’une autre culture dans les tem-
ples grecs eux-mêmes, comme le montre le lieu de culte construit sur le temple A29 et la mosaïque
au signe de Tanit30.
J’ajouterai qu’outre un très exceptionnel plat rouge (fig. 11), le matériel céramique recueilli
dans les strates correspondant à la vie des maisons de l’îlot FF1 – post 409 – se réfère nettement
aux habitats de la zone punique : la présence de bols de l’atelier latial ou romain des petites es-
tampilles, étudié par Jean-Paul Morel31, caractérise l’aire du commerce romain en zone carthagi-
noise, mais il n’existe pas d’exemplaire connu en zone sous contrôle grec. Il en existe à Mothiae
et à Lilybée32.
Jacques Heurgon33 rappelait qu’aux environs de 279 av. J.-C., un traité romano-punique 979
« remit en vigueur les clauses d’un traité précédent » : « Désormais défense est faite aux Romains
de commercer en Sardaigne et en Afrique, sauf à Carthage. Ils conservent le ius commercii dans la
Sicile cathaginoise ». Il en va de même pour la céramique dans le style de Gnathia, bien représentée
dans les strates correspondant à cette période, et qui caractérise essentiellement les sites sous
contrôle carthaginois et est donnée comme une production de Lilybée par Anna Maria Bisi34.

24 A. Rallo, Scavi e ricerche nella città antica di Selinunte (Relazione preliminare), Kokalos, XXII-XXIII, 1976-
1977, p. 724 et 728-729. La zone urbaine fouillée par A. R. dans la région Nord du plateau de Manuzza présente
une brève phase de réoccupation post 409, avec un arrêt vers 380. Dès le deuxième quart du IVe s., un groupe de
tombes est implanté sur les maisons abandonnées. Les tombes 27 et 80, les plus anciennes ‑ deuxième quart du
IVe s. – sont suivies par une centaine de sépultures sur tout le IVe et le début du IIIe av. J.-C.
25 Principalement Selinus, 1, op. cit. ci-dessus n. 7, p. 54-57 et fig. 42-43.
26 Au moment où remettons cette étude nous attendons la publication, très prochaine, du quartier Sud
de l’agora qui devrait témoigner de la présence d’un habitat plus tardif.
27 A. Rallo, fouilles des années 1973-1974, région Sud du chantier.
28 Fouilles de la Surintendance de Palerme, puis de l’Équipe de Giorgio Gullini , de l’Université de Turin.
29 J. Marconi Bovio, Inconsistenza…, loc. cit. ci-dessus n. 3 ; Francesco D’Andria, Lorenzo Campagna,
L’area dei templi A ed O nell’abitato punico di Selinunte, dans M. G. Amadasi Guzzo, M. Liverani, P. Matthiae éd.,
Da Pyrgi a Mozia, Studi sull’archeologia del Mediterraneo in memoria di Antonia Ciasca (Vicino Oriente, Quaderno
3/1), Rome, 2002, p. 171-188. V. Tusa, L’attività…1968-1971, dans Atti del III congresso intern. di Studi sulla Sicilia
antica, Kokalos, XVIII-XXIX, 1972-1973, p. 407-408 et fig. 1.
30 Ibid., fig. 2 et pl. 1,2.
31 J.-P. Morel, Céramique campanienne, Les formes (BÉFAR, 244), Rome, 1981, par ex. forme 2981, p. 243-244
et pl. 84.
32 Mothiae, Musée Withaker ; Marsala, Musée de Capo Boeo. Voir Babette Bechtold, La necropoli di
Lilybaeum, Palerme, 1999, par ex. pl. L.
33 Rome et la Méditerranée occidentale jusqu’aux guerres puniques, Paris, 1969, p. 388.
34 Nuovi scavi nella necropoli punica di Lilibeo (Marsala), II, I corredi, Conclusioni, Sic. arch., 14, juin 1971,

Martine Fourmont
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Les séries monétaires sont elles aussi majoritairement, et de façon presque monotone,
constituées de types puniques, principalement et par ordre chronologique35 des :
‑ Têtes féminines / cheval en course
‑ Têtes féminines / protome de cheval
‑ Têtes féminines / cheval + palme.

En conclusion, je ferai deux remarques :


‑ L’îlot FF1 Nord rend bien l’aspect de la ville d’après 409 av. J.-C., jusqu’à sa chute devant
les Romains en 250. Tous les éléments semblent réunis pour y reconstituer l’assaut depuis le flanc
Ouest de la muraille : destruction violente des bâtiments, pluie de flèches et de lithoboles (fig. 10)
lancés depuis les machines de guerre placées en contrebas.
‑ L’élévation même des édifices est relativement bien conservée et permettrait de remonter
les murs, de redéfinir les espaces et de proposer ainsi au visiteur d’entrer pour un instant dans la
vie et les activités des Sélinontins qui devaient pour le moins être d’une double origine, grecque
pour ceux qui auraient survécu et seraient restés après la conquête de 409 ‑ ou revenus sous
Agathocle ‑ , et punique pour ceux qui s’y sont fixés. C’est cette mixité que reflète l’ensemble de
la documentation recueillie pour les 159 années de vie de cette proue de navire ancré sur la côte
occidentale de la Sicile, parfait relais vers le littoral africain, à quelques encablures de Lilybée et
de Mothiae.

Enfin, le débat sur la nature et la culture de Sélinonte, que certains continuent de reconnaître
comme grecque et majoritairement grecque, est fortement lié au cursus d’études suivi par les
chercheurs. Passé le temps d’Hulot et Fougères36, du début du XXe siècle, nous pourrions imaginer
980 aller vers un temps de connaissance réciproque des cultures, et admettre que le mélange est
plus proche de l’homme, du Sélinontin et du Sicilien, que les grandes catégories abstraites ne
sauraient représenter.

p. 17-24.
35 Information fournie par Aldina Cutroni Tusa qui étudie les monnaies issues des fouilles françaises.
Qu’elle soit ici remerciée.
36 Jean Hulot, Gustave Fougères, Sélinonte, La ville, l’Acropole et les Temples, Paris, Librairie générale de
l’architecture et des arts décoratifs / Massin, 1910. L’allusion à ces auteurs concerne l’époque à la quelle ils ont
vécu car leurs observations démontrent qu’ils ont eu une vision très moderne de l’ensemble des questions qu’ils
ont abordées.

Arquitectura e Urbanismo
981
Gli scavi di Gennaro Pesce a Tharros: Riletture
e riflessioni a partire dal giornale di scavo
*
**

Mauro Medde
Cagliari

Riassunto

Gli scavi di Gennaro Pesce, condotti a Tharros tra il 1956 ed il 1964, costituiscono, per estensione,
il più rilevante intervento archeologico nell’antica colonia fenicia del Sinis. La “riscoperta” del giornale
di scavo relativo a queste ricerche consente di proporre un organico discorso sulla città e di restituire
alla ricerca archeologica una messe di dati, anche minuti, che permettono di avere un quadro più
preciso del primo scavo di Tharros. Le aree monumentali, dal tempio a pianta semitica a quello delle
semicolonne, possono essere valutate attraverso un puntuale riesame dello scavo ivi condotto e
dei materiali archeologici collegati. Tra i dati più rilevanti emerge la conferma dell’ipotesi originaria
dell’esistenza di un’area sacra a monte delle fortificazioni della torre di S. Giovanni cui possono ora
essere, con sicurezza, riferiti materiali di indubbia valenza votiva. L’indagine costituisce un’evidente
prova della validità della ricerca archivistica, quando essa sia condotta senza preconcetti.

Resumo

As escavações de Gennaro Pesce, realizadas em Tharros entre 1956 e 1964 , são , pela sua exten-
são, a intervenção arqueológica mais importante na antiga colónia fenícia de Sinis. A “redescoberta
“ do caderno de campo referente a essa pesquisa permite um discurso orgânico sobre a cidade, bem
como restituir à pesquisa arqueológica então concretizada uma riqueza de dados, que possibilita a
obtenção de um quadro mais preciso sobre a primeira escavação de Tharros. As áreas monumentais
podem ser avaliadas através de uma análise detalhada das escavações ali conduzidas e de materiais
arqueológicos nelas recuperados. Entre os dados mais relevantes emerge a confirmação da a existên-
cia de uma área sagrada a montante das fortificações da torre de St. John , que agora pode ser, com
segurança relacionada, com materiais de indubitável valor votivo. A pesquisa fornece uma clara prova
da validade da pesquisa de arquivo quando é efectuada sem preconceitos.

* Trabalho ampliado e revisto, originalmente apresentado como poster


* Nota do Editor:
Texto não revisto pelo autor. Todas as tentativas para contactar o autor de forma a que corrigisse as
provas tipográficas do seu artigo não tiveram sucesso.
Gli scavi di Gennaro Pesce a Tharros: Riletture e riflessioni a partire dal giornale di scavo

Gli scavi condotti dal Soprintendente Gennaro Pesce a Tharros, tra il 1956 ed il 1964, rappre-
sentano l’intervento di più ampia portata, per estensione, nell’antico centro del Sinis. Tra i monu-
menti messi in luce in quegli anni solo il tempio monumentale è stato compiutamente pubblicato
dallo scopritore1; gli edifici indagati nel corso del “primo scavo di Tharros” sono stati editi in una ve-
ste preliminare2, mentre il resto della città, così come emerso dai suoi scavi, è stato illustrato dallo
studioso in brevi cenni preliminari3 e sotto la veste di una guida per i tipi dell’editore Fossataro4.
Il giornale di scavo5, conservato presso l’Archivio Storico della Soprintendenza Archeologica
di Cagliari e dal cui esame scaturisce questa riflessione6, costituisce, pertanto, una fonte primaria
di notizie relative all’indagine archeologica condotta a Tharros in quegli anni. Molteplici sono
gli spunti di interesse offerti, sia in relazione alla ricostruzione di situazioni stratigrafiche oggi
non più documentabili che alla documentazione di particolari contesti mai editi o, ancora, alla
precisazione di dettagli sulle strutture e sugli oggetti rinvenuti. Naturale complemento di questa
indagine ed imprescindibile strumento di conferma di ogni ipotesi è l’esame dei materiali mobili
rinvenuti durante gli scavi di G. Pesce, pubblicati soltanto in minima parte.
Dalla ricerca condotta emerge la produttività di un riesame del giornale di scavo oltre che
come fonte di dati inediti come strumento imprescindibile di controllo e conferma di qualsivoglia
lettura dei monumenti della città messi in luce nel corso degli anni 1956-19647. Indagini di questo
tipo non possono che confermare la validità delle ricerche d’archivio non come sterile esercizio
antiquario ma come recupero di dati che, al di là del metodo di scavo applicato e delle note carenze,
sono stati spesso considerati inutilizzabili nella loro totalità. Piuttosto che ribadire le deficienze di
questo tipo di documentazione attraverso critiche talvolta aprioristiche appare euristicamente più
utile un lavoro minuzioso di ricerca operato sul giornale di scavo che, anche attraverso gli allegati
grafici e fotografici, rivela la sua condizione di fonte primaria, non inquinata da letture fuorvianti
o non più condivisibili. La ricerca attuale, se non può ricostruire completamente contesti di scavo
compromessi al momento del primo intervento, ha, pertanto, la possibilità di arricchirli di dettagli 983
e precisazioni tanto più rilevanti nel caso di quei monumenti che non hanno avuto nessun tipo di
edizione scientifica al momento della scoperta.

1 Pesce, 1961.
2 Pesce, 1958.
3 Pesce, 1961a; id., 1963; id., 1964.
4 Pesce, 1966.
5 Nella forma attuale consta di oltre settecento cartelle, per la maggiorparte manoscritte dagli assistenti
di scavo Salvatore Busano e Francesco Soldati. Alla parte descrittiva, con indicazione delle misure degli ambienti
indagati, segue un elenco dei materiali mobili rinvenuti, puntualmente ricondotti ad una specifica area di scavo.
Estremamente interessante è la documentazione grafica allegata che consiste in piante di grande formato
e in numerosi schizzi, anche di piccole dimensioni, riprodotti all’interno dei taccuini di scavo, con grande
accuratezza.
6 La “riscoperta” e l’esame completo del giornale di scavo di Gennaro Pesce relativo alle sue ricerche
a Tharros tra il 1956 ed il 1964 ha costituito l’oggetto della tesi di specializzazione in archeologia discussa dallo
scrivente nel 2004 presso l’Università degli studi di Cagliari. Non è ovviamente possibile condensare l’ampio lavoro
ivi condotto in questa sede; si darà cenno, pertanto, solo di alcuni degli elementi di maggior interesse emersi
nell’indagine. Un breve sunto è già in Medde, cs. Per l’accesso agli archivi della Soprintendenza archeologica per
le province di Cagliari ed Oristano, per la liberalità dimostrata nel favorire la consultazione del giornale di scavo
e degli altri materiali d’archivio relativi e nel concederne la pubblicazione ringrazio la Dott. Maurizia Canepa ed il
Soprintendente Dott. Vincenzo Santoni.
7 Il primo intervento di scavo iniziò nel giugno del 1956, concludendosi nel mese di ottobre dello stesso
anno, e riguardò tre aree: le terme n°1, le terme n°2 ed il castellum aquae. La seconda campagna, di durata ridotta,
fu condotta nel 1957 con un residuo dei finanziamenti accordati l’anno prima e permise, tra l’altro, la messa in
luce di un tratto della strada romana compresa tra le terme n°1 ed il castellum aquae. Nel più ampio intervento
del 1959 e del 1960 fu scavato il quartiere del tempio delle semicolonne doriche e quello prospiciente il golfo di
Oristano, l’area delle “due colonne”, il tempio a pianta semitica. Nel 1961 si indagò, tra l’altro, l’area del tempietto
“K”. Il 1962 portò alla scoperta del tofet la cui rilevanza fece dirottare su di esso i finanziamenti già in programma
per completare l’indagine nel settore abitativo. Sul finire della campagna del 1962 e nel corso della seguente le
ricerche si volsero verso l’area delle fortificazioni sull’altura della torre di S. Giovanni. Ricordiamo che, nel 1958, vi
fu anche lo scavo, sotto la guida di Ferruccio Barreca, del tempietto di capo S. Marco.

Mauro Medde
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Una metodologia che appare validamente utilizzabile nel contesto in esame nasce dal con-
fronto tra gli inventari di scavo, cronologicamente e topograficamente sufficientemente puntuali,
e le edizioni scientifiche, apparse in anni più recenti, di alcuni dei materiali mobili rinvenuti nel
corso degli scavi tharrensi di Gennaro Pesce8. In tal modo questi oggetti, in gran parte editi senza
poterli riferire ad un contesto di scavo topograficamente individuabile, trovano nel giornale di
scavo, per il tramite della data apposta su di essi al momento della scoperta e per l’indicazione
dell’area in cui si rivennero, una collocazione spaziale quantomeno attendibile mentre almeno
alcuni dati del giornale stesso escono dalla loro dimensione di sterile elenco di manufatti per ac-
quisire la veste di uno scientifico inquadramento tipologico e cronologico.
Gli elementi più interessanti scaturiti dall’indagine sembrano essere quelli relativi all’area
delle fortificazioni meridionali attraverso la conferma dell’ipotesi, già formulata dal Pesce9, sulla
presenza di un probabile contesto votivo nella regione a mezza costa dell’altura della torre di S.
Giovanni10. A quest’area è oggi possibile riferire, applicando la metodologia suddetta, numerosi
materiali di valenza votiva quali kernophoroi11, terrecotte figurate maschili12, femminili13 e zoomor-
fe14, frammenti anatomici15, frutti fittili16.
Inedita appare anche la rilettura dei dati relativi al tempio “a pianta di tipo semitico” con
l’esame dell’eccezionale “contesto chiuso” costituito dai materiali rinvenuti nel pozzo del san-
tuario. L’esame del giornale di scavo17, unitamente allo spoglio delle schede di catalogo relative a
quest’area e conservate nell’archivio della Soprintendenza archeologica per le province di Cagliari
e Oristano18, permette di meglio calibrare la notizia formulata dal suo editore di un pozzo conte-
nente duecento vasi punici, non meglio definiti19. Preliminarmente è oggi possibile individuare, tra
i materiali recuperati all’interno del pozzo, forme ceramiche (anfore, brocche, boccali) attribuibili,
in gran parte, ad età tardo-punica20.

984 8 Tra le altre: Acquaro et al., 1975, passim; Acquaro et al., 1990; Acquaro, 1989; Sotgiu, 1987; Serra, 1998,
p. 341, nota 81, p. 343-346; Pani Ermini, Marinone, 1981, passim.
9 Ipotesi già formulata in fase di scavo, si veda il giornale di scavo del 16. 10. 1962: “NNE vecchia casetta
(…) avevo azzardato l’ipotesi fin prima d’iniziare la campagna di scavo di poter rintracciare una bottega artigiana
per la preparazione di terrecotte figurate (…) e non lontano dalla bottega artigiana un santuario”.
10 Pesce, 1966, p. 166; id., 1966a, p. 802.
11 Tra le altre: Acquaro et al., 1975, A 60, A 67, A 81, A 86, A 87, A 88, A 89, A 96, A 97, A 98, A 99, A 112, A
116, A 124, A 131; Acquaro et al., 1990, A 90, A 95, A 112.
12 Ad esempio: Acquaro et al., 1990, A 57, A 62, A 64, A 66, A 68, A 70, A 73.
13 Tra le altre: Acquaro et al., 1990, A 5, A 13, A 14, A 30, A 33, A 40, A 48.
14 Ad esempio: Acquaro et al., 1975, A 155, A 156, A 160.
15 Tra le altre: Acquaro et al., 1975, A 145; Acquaro et al., 1990, A 152, A 158.
16 Giornale di scavo del 13. 7. 1963: “ NNO vecchia casetta (…) si sono rinvenuti (…) limone ex-voto”;
giornale di scavo del 6. 10. 1962: “N vecchia casetta (…) durante lo scavo si sono rinvenuti (…) mandorla votiva in
terracotta”; giornale di scavo del 11. 6. 1962: “NNO vecchia casetta (…) durante lo scavo rimescolati con la terra
si sono rinvenuti (…) mandorla in terracotta votiva”; giornale di scavo del 1. 7. 1963 : “NNO vecchia casetta (…) si
sono rinvenuti (…) mandorla votiva”.
17 Il giornale di scavo riporta un elenco (incompleto) dei vasi rinvenuti all’interno del pozzo. Ad esempio,
giornale di scavo del 24. 11. 1960: “Pozzo n°3, Pozzo votivo del santuario,… I vasi rimessi in luce oggi (…) vengono
descritti qui di seguito: elegante brocchettina in terracotta gialliccia fondo piano, corpo snello, a ansa a nastro
impostata nella spalla e sull’orlo, bocca circolare leggermente frammentaria, altezza m. 0,155; balsamario
piriforme, manca dell’ansa e del collo, altezza m. 0,11; vasetto in forma di trottola, in terracotta gialliccia, ben
conservato, elegante, altezza m. 0,19; come sopra, manca del peduncolo, altezza m. 0, 165; brocca decorata a
vernice rossa, biansata, manca delle anse parte del corpo ed il collo, altezza m. 0, 22; piccolo vaso in terracotta
rossiccia, fondo piano labbro espanso, altezza m. 0, 06.”
18 Si tratta di schede redatte dal compianto prof. Giovanni Tore negli anni’70. Ringrazio la dott. Emerenziana
Usai che ne ha permesso la consultazione.
19 Pesce, 1966, p. 143-144.
20 Dal giornale di scavo sembra emergere che i frammenti ceramici rinvenuti nel pozzo non fossero
attribuibili esclusivamente ad età punica, come affermato dal suo editore e sempre ribadito, successivamente, in
letteratura. Si veda il giornale di scavo del 25. 11. 1960: “pozzo n°3 (…) vasi restituiti oggi dal pozzo (…) una metà

Arquitectura e Urbanismo
Gli scavi di Gennaro Pesce a Tharros: Riletture e riflessioni a partire dal giornale di scavo

La rilettura del più illustre monumento tharrense, il tempio monumentale (fig. 1) la cui ecce-
zionale rilevanza già Gennaro Pesce aveva riconosciuto al punto da dedicargli, unico monumento
della città, uno studio monografico, se conferma la difficile lettura dell’area ribadisce, per ciò stes-
so, la problematicità di ogni sua ricostruzione21. In tal senso possono apportare elementi di una
certa chiarezza le pagine del giornale di scavo ad esso relative, corredate da schizzi degli elementi
architettonici rinvenuti nell’area (fig.2) e con la precisa indicazione del punto di rinvenimento22.
Non va trascurata la possibile rilettura di quel settore, in larga parte ancora oggi enigma-
tico, il cui nome “area delle due colonne”palesa la difficoltà a proporne una interpretazione fun-
zionale sicura23.
Ad emergere in maniera più ampia è il recupero di una punicità complessiva dell’impian-
to tharrense che emerge non solo nelle strutture monumentali più compiutamente riportabili
a tale dimensione cronologica ma anche in alcune di quelle aree, a partire dagli edifici termali24,
nelle quali il predominante aspetto romano, con la monumentalità ancora oggi evidente, rischia
di nascondere la preesistenza di strutture che, scenograficamente meno appariscenti, sono, non

d’una coppa aretina”; giornale di scavo del 26. 11. l960: “pozzo n°3 (…) si sono rinvenuti inoltre i sottoelencati
oggetti (…) metà di grande coppa in terracotta aretina”.
21 Si pensi alla collocazione dei leoni in arenaria rinvenuti dallo scavatore il primo nel cosiddetto “tardo
quadrilatero”, come emerge nel giornale di scavo del 28. 1. 1959: “ambiente n° 39 (…) nell’angolo N è stato
riscontrato la statua di un leone scolpito in pietra arenaria, coricato sul fianco destro (…) lunghezza della statua
m. 1,47”, il secondo circa 300 metri al di fuori del muro del lato SO del temenos, cf. Pesce, 1961, col. 386, nota 2.
L’originale corretto posizionamento dei due leoni non può che essere proposto in maniera del tutto ipotetica, come
già ricordato in Acquaro, Mezzolani, 1996, p. 42 e, pertanto, con grande cautela vanno considerate ricostruzioni
del tempio nelle quali il posizionamento delle due statue, come di altri elementi architettonici, appare definito
oltre ogni dubbio.
22 Valga, a titolo d’esempio, il caso dei blocchi con rappresentazione di serpenti urei. Dal giornale di scavo
del 27. 1. 1959, infatti, emerge che uno di essi fu rinvenuto all’interno del “tardo quadrilatero”, ovvero dove si 985
rinvenne anche uno dei leoni in arenaria: “ambiente n°39 prosegue il lavoro di abbassamento dello scavo entro
l’altare (…) nella parte interna dell’altare sono stati rinvenuti numerosi blocchi di arenaria (…) un frammento di
stela nella cui parte centrale si nota una decorazione di non chiaro significato.” Nella stessa pagina è riportato
uno schizzo di tale frammento architettonico che permette di identificarlo come un blocco con decorazione
rappresentante la parte inferiore di un serpente ureo. Il punto in cui si rinvenne il blocco, nel riempimento al
di sopra del quale si imposta la terza fase, di età romana, del santuario, sembra chiaramente indicativa della
pertinenza dei blocchi con rappresentazione di serpenti urei al tempio di età punica.
23 L’ipotesi della collocazione in questo settore del Capitolium, datato ad età cesariana, è ultimamente
ribadita in Zucca, 2002, p. 43. Il giornale di scavo, a proposito di quest’area, sottolinea il ritrovamento di numerosi
manufatti che sembrerebbero suggerire una valenza sacra dell’area. Tra di essi va rilevata un’ara in arenaria (cf.
Zucca, 1993, p.104) con due modanature e due acroteri; alcuni elementi piramidali, in pietra, definiti “altarini”
dagli scavatori, e per i quali si veda il giornale di scavo del 15. 6. 1960: “altarino in forma piramidale, altezza m. 0,58
decorato su tre facce da una incisione centrale, mentre nell’altro lato da due incisioni, le quali danno l’impressione
della stessa decorazione praticata nelle stele di Nora e di Sulcis….altro come il precedente, frammentario (…)
altezza m. 0,58 questo è decorato da disco solare? Il quale mantiene ancora tracce di colore rosso.” Vennero
anche rinvenuti altri elementi architettonici due dei quali, secondo gli scavatori, cf. giornale di scavo del 27. 6.
1960: “vogliono rappresentare una testa taurina”. Si ricordi, infine, il ritrovamento di materiali di valenza votiva,
tra i quali una decina di bruciaprofumi, nella grande cisterna localizzata nell’area delle due colonne. Si veda, in
particolare, il giornale di scavo del 20. 10. 1960, del 22. 10. 1960, del 25. 10. 1960.
24 Nel caso delle terme n°1 il nucleo della fase preromana sembra localizzabile nell’area intorno alla
cisterna le cui murature isodome già G. Pesce ipotizzava fossero attribuibili ad età punica, cf. Pesce, 1966, p.
146. La cisterna sarebbe stata collocata, in età preromana, in un’area che, già allora, aveva valenza pubblica e
monumentale. In tal senso Morigi, 1999, p. 165, nota 21 e Morigi, 2004, p. 1201-1202. Ad età punica risalirebbero
anche la sostruzione, in blocchi di arenaria, della strada tangente le terme, nonché l’organizzazione spaziale
riscontrabile negli ambienti del settore nord-orientale delle terme, cf. Morigi, 2004, p. 1205. Ringrazio la dott.
Alessia Morigi per avermi consentito la consultazione di questo lavoro ancora in bozze. In relazione all’area delle
terme n°2 strutture preesistenti si rinvennero in corrispondenza degli ambienti definiti “latomie” dal Pesce; in
particolare al di sotto dell’ambiente identificato col numero XXI dallo scopritore era visibile un muro intonacato,
un tempo a vista, la cui edificazione era avvenuta intagliando il piano di roccia naturale, cf. giornale di scavo del 1.
10. 1956: “questo muro a due filari di blocchi nella parte interna conserva ancora l’intonaco riscontrando su tutta
la lunghezza che è di m. 4,40, i due filari di blocchi sono collocati sulla roccia ove è stato ricavato il piano di posa
mentre il tratto (…) i blocchi sono mancanti ed è ben visibile che al piano di posa la roccia è stata intagliata di m.
0,12.”

Mauro Medde
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

986

Fig. 1. Pianta del tempio monumentale in fase di scavo.


(Archivio storico Soprintendenza archeologica per le province di Cagliari e Oristano)

Arquitectura e Urbanismo
Gli scavi di Gennaro Pesce a Tharros: Riletture e riflessioni a partire dal giornale di scavo

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Fig. 2. Pagina del giornale di scavo con schizzo relativo ad alcuni elementi architettonici rinvenuti nello scavo
del tempio monumentale. (Archivio storico Soprintendenza archeologica per le province di Cagliari e Oristano)

Mauro Medde
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

di meno, scientificamente rilevanti (fig. 3). L’esame, attraverso il giornale di scavo, delle infra-
strutture idriche e fognarie permette il recupero di una documentazione (non ultimi i parametri
dimensionali delle cisterne e dei pozzi25 e la tipologia dei materiali rinvenuti nel corso del loro
svuotamento) tanto più rilevante a fronte dell’odierno degrado idrogeologico dell’area che non
permette più di recuperare alcuni dati evidenziati negli scavi 1956-196426.

988

Fig. 3. Terme n. 1: murature seriori rispetto all’impianto termale e probabilmente da far


risalire ad età punica. Lo stesso Gennaro Pesce è visibile nella foto. (Da Pesce, 1958, tav. XIX, fig. 38)

25 Cf. Bultrini et al., 1996, passim. Dal confronto tra i dati dimensionali delle cisterne ivi proposti e quelli
desunti direttamente dal giornale di scavo si ottengono le misure complete di cisterne oggi non più documentabili
nei loro parametri dimensionali completi per via del degrado sopraggiunto ed emerge anche una notevole accu-
ratezza nel registrare le dimensioni di esse al momento dello scavo; quando confrontabili, infatti, le dimensioni
registrate allora differiscono solo minimamente da quelle rilevate circa quaranta anni più tardi.
26 Ad esempio nella cisterna della casa indicata dal Pesce come numero 64, cf. Pesce, 1966, p. 136 gli
scavatori individuarono, su uno dei lati maggiori di essa, una figura di felino graffita di profilo, si veda Pesce, 1966,
p. 136 e, soprattutto, giornale di scavo del 29. 11. 1960: “il professor Pesce illustra i vari monumenti, gli faccio
presente che questa mattina durante lo scavo della cisterna n°4 in una parete in graffito è rappresentata una tigre,
tanto è vero che tutti sono scesi entro la cisterna per rendersene conto da vicino”. Di tale “graffito” non è fatta
menzione nell’esame della stessa cisterna condotto in Bultrini et al., 1996, p. 117-118, ove, tuttavia, si sottolinea
il pessimo stato di conservazione dell’intonaco che può far pensare ad una perdita del suddetto “graffito”.
L’impatto del degrado sulla conservazione delle strutture appare evidente anche nel caso della cisterna indicata
come numero 3 nella campagna del 1958 e corrispondente alla numero 2 della catalogazione proposta in Bultrini et
al., 1996. Essa, al momento della scoperta, restituì al suo interno due lastre con incisioni semicircolari combacianti
da riferire al pozzetto di attingimento, cf. giornale di scavo del 27. 6. 1958 mentre in un recente censimento, cf.
Bultrini et al., 1996, p. 111, è stata rinvenuta solo una delle sue lastre.

Arquitectura e Urbanismo
Gli scavi di Gennaro Pesce a Tharros: Riletture e riflessioni a partire dal giornale di scavo

Le ampie attività di scavo portate avanti tra il 195627 ed il 1964 pongono fine all’immagine
di Tharros come città abbandonata da secoli28 facilmente depredabile da parte di chi solo voglia
avventurarvisi ed aprono la strada alla ricerca scientifica, che pure nella stessa città, ma in relazio-
ne precipuamente all’area sepolcrale29, aveva conosciuto precedenti illustri, uno per tutti quello
di Filippo Nissardi.

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27 L’inizio delle campagne di scavo a Tharros fu decisione presa ben prima del 1956. Nell’archivio della So-
printendenza archeologica per le province di Cagliari e Oristano è stato rintracciato un carteggio nel quale il Pesce,
in data 25. 11. 1950, comunica al Ministero della pubblica istruzione il previsto avvio dell’esplorazione scientifica
nella successiva primavera. A tale missiva replica un’altra del Ministro che, in data 17. 1. 1951, reputa”veramente
opportuno” l’inizio dell’attività di scavo a Tharros nella seguente primavera come indicato dal Pesce. Per motivi
non chiari, però, l’inizio delle ricerche slitterà, ancora, di cinque anni.
28 In conclusione appare i grande rilievo segnalare il ritrovamento, da parte dello scrivente, di un rarissimo
documento audiovideo relativo agli scavi condotti da Gennaro Pesce a Tharros. Si tratta di un breve filmato, inse-
rito in un cinegiornale della serie “La Settimana Incom”, datato al 23. 7. 1958 e nel quale si vede lo stesso Gennaro
Pesce far da guida tra i resti, che allora iniziavano ad emergere, della città che egli aveva iniziato a scavare due anni
prima. Il documento è conservato presso l’Archivio dell’Istituto Luce e rappresenta un’eccezionale testimonianza
filmata delle ricerche condotte in quegli anni a Tharros. Il suo inserimento in un cinegiornale nazionale è evidente
prova della risonanza, anche fuori dall’isola, che andavano ottenendo gli interventi a Tharros.
29 Tra i materiali della “Collezione Pesce” sono conservati dei fittili di palese valenza funeraria; tale circo-
stanza ha suggerito che gli interventi di scavo dovettero, in qualche modo, interessare anche l’area della necropo-
li, cf. Acquaro et al., 1990, p. 114. A tale proposito si segnala la notazione posta all’inizio del giornale di scavo del
primo anno di intervento, datata al giugno 1956: “D’ordine del Soprintendente alle Antichità della Sardegna, prof.
Pesce Gennaro, e con fondi assegnati dalla Cassa del Mezzogiorno è stata intrapresa una campagna di scavo nel-
l’antica città punico-romana di Tharros. Gli scavi verranno eseguiti nell’acropoli con saggi di scavo nella necropoli,
essendo quest’ultima profanata in più riprese.”

Mauro Medde
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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990

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El santuario púnico de sa Capelleta (Eivissa)

J. Mª López Garí
R. Marlasca Martín
Mª J. Escandell Torres
Posidònia S.L.

Resumen

Recientes excavaciones en la isla de Eivissa han puesto al descubierto un nuevo yacimiento


púnico situado entre la necrópolis del Puig des Molins y la ciudad antigua. Las características de las
estructuras, excavadas en el substrato natural, y el depósito material, indican que puede tratarse de
un edificio dedicado a actividades cultuales, quizás un santuario relacionado con el culto a la diosa
Tanit.

Abstract

Recent archaeological excavations on the island of Ibiza have revealed a new Punic site located
between the Punic necropolis of Puig des Molins and the Old city. The characteristics of the structures
so far excavated down to the natural substratum and the ceramic material found indicate that we may
be dealing with a building dedicated to cult activities, perhaps a sanctuary related to the worship of
the goddess Tanit.
El santuario púnico de sa Capelleta (Eivissa)

Entre los años 2002 y 2005 se han realizado en dos solares contiguos de la calle Capelleta,
los nº 10 y 12, en la ciudad d’Eivissa, diferentes campañas arqueológicas que han puesto al descu-
bierto un nuevo yacimiento de época púnica (López Garí et allí, 2005). La excavación se vio
interrumpida de forma irregular e injustificada por parte del Consell d’Eivissa i Formentera, poco
antes de la celebración del congreso, y no pudimos finalizar con la misma.

La localización

Estos solares se encuentran en una zona intermedia entre la ciudad antigua d’Eivissa, Dalt
Vila, donde se situaba la acrópolis fenicia, a unos 200 m. en dirección este, y de la necrópolis
púnica del Puig des Molins que esta a unos 100 m. en dirección oeste.
La situación topográfica y espacial del yacimiento tiene sin duda un valor fundamental a
la hora de definir su funcionalidad. Entre los dos principales accidentes geográficos de la zona,
ocupados por la ciudad y la necrópolis, este yacimiento se encuentra en la falda de una pequeña
elevación que no es sino la continuación de la ladera del Puig des Molins. De este modo, se puede
decir que se encuentra en el que debió ser un camino de la acrópolis a la necrópolis, y al mismo
tiempo a una cierta altura respecto a otras edificaciones que debían conformar el barrio industrial.
Hoy podemos ir perfilando este barrio a raíz de algunas excavaciones que se han ido realizando
en los últimos 30 años, que lo sitúan en un terreno llano, dominado entonces visualmente por la
acrópolis, la necrópolis y también por el edificio que aquí presentamos.
Tanto las características físicas del yacimiento, su peculiar entramado arquitectónico
y constructivo, como el depósito material cerámico hallado están fuera de lo común y definen
claramente el edificio como una construcción particular, que consideramos cabe englobar en el
ámbito de lo cultual y religioso. 993

Fig. 1. Esquema de la ciudad púnica de Eivissa (con la antigua linea de costa), y la situación del santuario

J. Mª López Garí, R. Marlasca Martín i Mª J. Escandell Torres


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Por ello destacaremos los principales rasgos constructivos del edificio y el depósito de ma-
terial (Hay que tener en cuenta que el estudio de los materiales se encuentra todavía en un es-
tado incipiente y que por otra parte es aún demasiado pronto para presentar resultados de otro
tipo).

El complejo constructivo

Si debemos describir brevemente la construcción excavada, los dos rasgos fundamentales


que cabe destacar por su rareza y originalidad son, por un lado la planta compleja que forman el
edificio y las estructuras relacionadas con él, y por otro el hecho de que tanto el edificio como
estas estructuras estén construidos básicamente mediante la excavación del substrato natural.
Como hemos dicho el edificio se encuentra en la falda de un pequeño desnivel natural. El
substrato geológico de esta ladera esta compuesto por unos limos margosos cubiertos por una
pequeña capa calcárea de poco grosor. Esta capa es resistente pero, una vez extraída se llega a
las margas que son blandas y de fácil excavación, lo que permitió plantear aquí una construcción
semisubterránea, con unas garantías mínimas de resistencia. El complejo que en adelante
describiremos se encuentra pues excavado en el substrato natural, formando más o menos un
dibujo cuadrangular, ocupando una superficie mínima de unos 275 m2.
A pesar de que no se han podido excavar completamente los dos solares, por las
dificultades puestas por el Consell, y de que contamos por ello con una imagen o planta parcial del
yacimiento, esta se presenta ya como un extraño puzzle compuesto por muy diferentes ámbitos
o estructuras.
Podemos decir que hay al menos, por las características físicas, tres tipos de ámbitos en el
994 edificio.
Por una parte, en la zona Oeste, se concentran las estructuras excavadas en el substrato
de dimensiones pequeñas o medianas y cuya funcionalidad es difícil de precisar todavía. Se trata
de estructuras de diferentes características. Algunas de ellas tienen un aspecto rectangular,
de “fosas”, con unas dimensiones variables de unos 2 m. de largo por 50 cm. de ancho y una
profundidad de entre 40 y 70 cm., y con una relación física entre ellas, ya que están una a
continuación de la otra, a excepción de una que se encuentra en una de las habitaciones pero
muy cerca también de las demás. Además ha aparecido una cubeta de 1’20 m. de largo por 60 cm.
de anchura y 1 m. de fondo, algo más profunda que las “fosas” anteriores, y ocupando una zona
central en un pasillo. Por último hay que destacar un gran recorte irregular, de 2 m. de diámetro y
una profundidad de 2 m. que podía haber sido una especie de covacha artificial. Probablemente la
excavaron desde un lateral, quedando en su parte superior cubierta por el terreno natural, y esta
ha desaparecido en parte por una remodelación posterior del edificio, y también por la excavación
en este lugar de una calle de época islámica. Se trata de una estructura subterránea con las
paredes muy mal desbastadas, e incluso con el suelo poco trabajado, ya que se dejaron algunos
bloques de roca natural sin extraer. Como las otras estructuras mencionadas, no tiene ningún
tipo de revestimiento en las paredes. Parece por lo tanto probable que no se trate de estructuras
relacionadas con la producción o con algún tipo de proceso industrial. La localización de estas
estructuras en una zona muy precisa y su relación espacial pone en evidencia una funcionalidad
determinada que daría un sentido al conjunto. Estas recuerdan por las características y dimensiones
a unas estructuras excavadas en el santuario de “illa Plana” de las que solo tenemos una somera
descripción ( Pérez Cabrero, 1911).
Otro tipo de ambientes son las habitaciones. Estas parecen encontrarse alineadas en la
zona sur del edificio, marcando quizás el límite meridional de la construcción ya que sus paredes
coinciden por este lado con el recorte. Se encuentran una junto a la otra y separadas por muros

Arqueologia Sacra
El santuario púnico de sa Capelleta (Eivissa)

construidos en piedra seca y ligados con tierra. Se han podido excavar dos de estas habitaciones.
La habitación más occidental esta en contacto con el pasillo donde se encuentra uno de los
depósitos y la covacha y tiene unas dimensiones de 2’50 m. por 2’40 m. (6m2). La otra tiene 2
m. por 3’30 como mínimo, ya que esta habitación no ha podido se excavada en su totalidad. La
primera de ellas, además de los muros laterales tiene también un muro construido en al lado Sur,
donde se recortó el substrato natural de forma algo rudimentaria. De hecho, ha sido el relleno
con el que se colmató el espacio que quedaba entre la roca natural y este muro el que nos ha
permitido datar la construcción del edificio en el siglo IV a.n.e.., al menos de esta zona, ya que no
se han encontrado por el momento otros depósitos de este tipo, relacionados con el momento
de edificación.
La otra habitación excavada no tiene un muro de este tipo, sino que aparece en su parte
meridional el substrato natural muy bien recortado. Hay que decir que estas habitaciones están
excavadas hasta un metro de profundidad en el suelo, y es difícil saber si esta altura podía haber
sido algo mayor, y haber sido alterada después, con algún rebaje de época islámica. Lo que si
queda claro es que la zona donde se encuentran las habitaciones es también donde la roca natural
tenía mayor altura, ya que como hemos dicho el terreno va adquiriendo pendiente a medida que
nos acercamos al lado sur, precisamente donde se encuentran las habitaciones.
Se puede confirmar así la existencia de al menos tres habitaciones, aunque solo se han
podido excavar dos, separadas entre ellas por muros de los que se conserva aproximadamente
1m. de altura. Si bien por el lado oeste no parece que haya más ámbitos de este tipo, en el lado
este podría existir alguna más.
Por último, en lo que sería la parte norte de todo el complejo, se sitúa una gran zona también
rebajada, con un recorte recto justo en la parte norte por donde probablemente se entraba al
recinto. De hecho aparece en relación a este recorte otro rebaje de 80 cm. de anchura, que podría
pertenecer a una puerta. En esta zona han aparecido diferentes depósitos y estratos que ponen 995
en evidencia la complejidad del proceso de colmatación en ella; lamentablemente la cantidad de
estructuras de época islámica que se encuentran encima han impedido una mejor comprensión
de todo este ambiente y del proceso de colmatación.

Fig. 2. Plano de los solares excavados con el edificio púnico en la zona sur

J. Mª López Garí, R. Marlasca Martín i Mª J. Escandell Torres


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Los materiales

A pesar de la breve descripción que nos permite este artículo, queríamos al menos hacer
una aproximación al rico y variado conjunto de materiales, especialmente cerámicos, que ha
aportado la excavación del edificio.
Todos los depósitos hallados pertenecen a la amortización del edificio en torno a mediados
del siglo II a.n.e. Estos sedimentos son los que rellenaban todo el complejo y se mantuvieron más
o menos intactos, solo alterados por las fosas de cimentación de los muros islámicos y algunos
otros rebajes de época romana y medieval. De entre los diferentes estratos identificados, destaca
uno en el que se concentraba una gran cantidad de materiales cerámicos, que parecen haber
sido recogidos expresamente de algún otro sitio, y tirados casi enteros en este lugar. Este nivel
apareció rellenando parte de la covacha, del depósito cercano a esta y del pasillo, como si lo
hubiesen tirado desde la habitación. La importancia de este nivel no radica solo en la cantidad y
calidad de los materiales que contenía, sino que además estos tienen una cronología muy precisa,
de finales del S. III a.n.e., y son ligeramente más antiguos que los que aparecen en el resto de los
estratos que amortizan la construcción. Los materiales de todos estos niveles se pueden distribuir
en diferentes categorías.

Los contenedores cerámicos


Destaca el grupo de importaciones de la vajilla de mesa. De hecho, sin contar el riquísimo
conjunto del Puig des Molins en el que por razones obvias se encuentra el conjunto más
abundante de las islas, en la excavación ha aparecido un repertorio completísimo de lo que era la
vajilla doméstica en circulación de origen itálico de barniz negro. En el nivel del que hablábamos
antes se encontraron una docena de recipientes semi completos, entre los que hay diversos tipos
996 de cuencos, platos y alguna copa con asas. Otros recipientes de producción itálica encontrados
pertenecen a ánforas grecoitálicas y a vajilla de cocina. En cuanto a las otras importaciones,
destacan algunas producciones de la costa catalana, como por ejemplo algunos fragmentos de
diferentes kalathoi y de alguna jarra de cerámica gris, que vienen a aumentar el repertorio ya
clásico de producciones de esta zona aparecidas en las islas. De origen norte africano también
aparecieron cerámicas de cocina y algunos fragmentos de ánforas.
En cuanto a las producciones ebusitanas, está representado un amplio repertorio, se
hallaron muchas de las formas ya conocidas en otros yacimientos, pero también aparecen formas
no documentadas. Encontramos recipientes de almacenamiento como ánforas, abundante
y variada representación de elementos de vajilla de mesa, cuencos, platos, jarros y jarras de
tipologías muy diversas. Por lo que se refiere a la cerámica de cocina, abundan ollas y cazuelas,
morteros y grandes lebrillos con asas. FIG 3
Hay que destacar también la aparición de fragmentos de thymiateria y numerosos
fragmentos de lucernas, ya que no resultan muy frecuentes en contextos domésticos, pero que
si son más comunes en contextos cultuales o funerarios.

Las terracotas
Sin duda entre las producciones locales sobresale por su significado el grupo formado
por las terracotas. Se han encontrado numerosos fragmentos, que pueden pertenecer
aproximadamente a unos 80 ejemplares. La tipología representada es muy diversa, y los distintos
ejemplares pertenecen al variado repertorio producido en la isla. Por los fragmentos aparecidos,
se puede decir por ejemplo que estamos ante el grupo de pebeteros de cabeza femenina más
numeroso de la isla, con casi 20 ejemplares. También se encontraron ejemplares de un grupo
de terracotas planas representando a una figura femenina sosteniendo o una antorcha o algún
pequeño animal.

Arqueologia Sacra
El santuario púnico de sa Capelleta (Eivissa)

997
Fig. 3. Algunos materiales ebusitanos del yacimiento

Fig. 4. Muestra de las terracotas encontradas

J. Mª López Garí, R. Marlasca Martín i Mª J. Escandell Torres


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Otros elementos bien representados son las placas, de las que se han encontrado algunos
ejemplares, tanto de moldes como de positivos. Los motivos representados son geométricos y
figurados, similares o idénticos a los aparecidos en la cercana necrópolis del Puig des Molins.
Pero entre ellas hay que resaltar a un molde de magnífica factura de 16 cm. de diámetro, en el
que aparece representado el busto de una divinidad femenina que, como suele pasar en ámbito
púnico, posee los rasgos iconográficos del mundo griego, de donde posiblemente provenga el
molde original. Por último mencionar un askos de posible producción magno griega representando
un carnero y de excelente manufactura que no tiene paralelos en la isla.

Otros materiales
Elementos que sin duda llaman la atención y ponen aún más en relieve el carácter especial
del edificio son por ejemplo los restos de numerosas molduras y estucados encontrados. Estos
son muy poco comunes en otro tipo de ámbitos, y resaltan la calidad que debieron tener los
acabados de la construcción. Se han hallado de diferentes tipos, algunos de desgrasante muy fino
y delicado, y otros más gruesos. Muchos conservan molduras e incluso la pintura que los recubría
en diferentes colores.
Para finalizar cabe mencionar un bloque de piedra que se encontraba reutilizado entre los
muros de época islámica, y que probablemente perteneció al edificio púnico. Se trata de roca de
la zona, pero recortada y con unas molduras recorriendo su extremo en la parte superior, por lo
que creemos que podría tratarse de un elemento arquitectónico decorativo.

Interpretación
998
Como ya se ha ido comentando, parece evidente que nos encontramos ante un edificio
peri-urbano dedicado a actividades cultuales, seguramente un santuario. Sus características
físicas (excavada en la roca natural, presencia de una cueva o covacha), el depósito material y
su proximidad a la necrópolis y a la ciudad recuerdan bastante a las que definen otro recinto de
este tipo, el de Baria, excavado en Villaricos y puesto en relieve recientemente (López Castro,
2004). También parece compartir con este edificio su cronología de uso e incluso el momento
aproximado de su amortización. Por otra parte aún es pronto para tratar de ver si nuestro edificio
y las actividades que se llevaban a cabo en él tenían una relación con la necrópolis cercana, aunque
parece muy probable.
Por nuestra parte, creemos que se puede aventurar la posibilidad de que se trate, con el
santuario de Villaricos - quizás hubiera otro en el Puig d’en Valls, Eivissa (Román Ferrer, 1913 p.
122)-, de un tipo específico de edificios de tipo semisubterráneo, creados casi simultáneamente
en este caso, y ejemplos de una importante reorganización religiosa promovida desde Cartago.
Ambos pudieron estar dedicados al culto de Tanit, una divinidad de carácter agrario y ctónico
de raigambre oriental, que adquirirá desde el siglo IV a.n.e. y en los siglos siguientes un gran
protagonismo, y que fue la escogida para tutelar la importante explotación agrícola que hubo
en ámbito púnico en el Mediterráneo Occidental, por su relación con la fertilidad y la primavera
(Marlasca, 2004). La excavación del subsuelo asimilaría el edificio a las características de la diosa,
allá donde no se encontrase un lugar natural, como una cueva, idóneo para su culto.

Arqueologia Sacra
El santuario púnico de sa Capelleta (Eivissa)

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999

J. Mª López Garí, R. Marlasca Martín i Mª J. Escandell Torres


EL CARAMBOLO, UN SANTUARIO ORIENTAL
en la PALEODESEMBOCADURA DEL GUADALQUIVIR

Álvaro Fernández Flores


Araceli Rodríguez Azogue
Arqueología y Gestión S.L.L.

Resumo

As recentes escavações realizadas em El Carambolo (Sevilha) permitiram uma nova análise sobre
o sítio, tendo ficado claro que o mesmo se pode interpretar como um santuário oriental relacionado
com o paleo estuário do Guadalquivir. As características construtivas, a planta dos edifícios e os mate-
riais arqueológicos recuperados durante os novos trabalhos de campo tornam, de facto, pouco credí-
veis as hipótese de o conjunto arquitectónico ter sido construído por elites indígenas aculturadas.

Abstract

The recent excavations carried out in El Carambolo (Seville) allowed a new analysis of the site,
and it became clear that it could be interpreted as an oriental sanctuary related with the ancient estu-
ary of Guadalquivir. The data recovered during the new field works show how inappropriate is hypo-
thesis that the architectural ensemble was built by indigenous and acculturated elites.
El Carambolo, un santuario oriental en la paleodesembocadura del Guadalquivir

I. Introducción. Antecedentes

Las recientes intervenciones arqueológicas llevadas a cabo en el cerro de El Carambolo


(Camas, Sevilla) (Fig. 1) han permitido la revisión de uno de los yacimientos clave de la Protohistoria
de la Península Ibérica, en tanto que la cultura material correspondiente al “fondo de cabaña”
exhumado en 1958 a raíz del hallazgo del tesoro del Carambolo, significó la “materialización” de
Tartessos. Dicho horizonte cultural, hasta aquel momento sólo conocido a través de las fuentes
clásicas, quedó prácticamente definido desde la arqueología a partir de aquella intervención y la
posterior excavación en el Carambolo Bajo (Carriazo 1973). Los materiales, arquitectura, patrón
de asentamiento, etc., asociados a los estratos inferiores del “fondo de cabaña” documentado
en la zona más alta del cerro fueron atribuidos al mundo indígena previo a las colonizaciones
orientales, mientras que los estratos superiores del mismo y sobre todo las estructuras y materiales
de El Carambolo Bajo, constituían la expresión del contacto de aquellas culturas con los colonos
orientales (Barceló 1994: 565; Escacena 2000: 131-136; Morgenroth 2004: 43).
A lo largo de la segunda mitad del siglo XX, las distintas secuencias estratigráficas realiza-
das en el Suroeste andaluz tomaron a El Carambolo como referente o paradigma del tránsito del
Bronce Final al Hierro. Por tanto, las cerámicas propias de este yacimiento (“tipo Carambolo”
y “de retícula bruñida” básicamente), fueron utilizadas como fósiles guía para la definición del
mundo indígena precolonial y colonial en las secuencias estratigráficas que, realizadas fundamen-
talmente a partir de la década de 1970, han servido y sirven como referentes para la adscripción
cronocultural de los yacimientos del área tartésica.
La escasa extensión de la presente publicación no nos permite profundizar más en la pro-
blemática del yacimiento, remitiéndonos a las publicaciones previas a la presente en las que, por
otro lado, se han ido exponiendo de forma preliminar los resultados de las dos primeras fases de 1001
excavación y la secuencia ocupacional del enclave (Fernández Flores y Rodríguez Azogue 2005a:
113-115; 2005b: 843-862; Rodríguez Azogue y Fernández Flores 2005: 863-871). De lo anteriormen-
te expuesto deriva la trascendencia de las nuevas excavaciones llevadas a cabo en el yacimiento.
Éstas han permitido la reexcavación del “fondo de cabaña”, y por tanto la revisión de la datación
del mismo tanto en cronología relativa como absoluta; así como una intervención global en la
cima del cerro, en la que se ha exhumado una gran edificación de carácter monumental; mien-
tras que por las laderas de la elevación se desarrollaron, al amparo de este edificio, una serie de
construcciones menores que engloban al denominado “Carambolo Bajo”. La evolución de es-
tas edificaciones se ha ido definiendo a lo largo de tres campañas de excavación; no obstante,
en el presente artículo nos centraremos en definir la funcionalidad de la construcción principal
atendiendo a una serie de criterios como son la ubicación, orientación, materiales constructivos,
planta, instalaciones y elementos muebles, destacando en éstos la dispersión y carácter de los
mismos, siendo estos factores de análisis los que, comúnmente, permiten establecer la funciona-
lidad de una edificación desde el análisis arqueológico.

II. Análisis funcional del edificio

A continuación analizamos los distintos aspectos que antes señalamos de cara a establecer
la funcionalidad del edificio, aunque debido a las dimensiones del presente trabajo no podamos
realizar un análisis exhaustivo en función de las distintas fases documentadas. En el caso de El
Carambolo, las propias dimensiones de la construcción y los caracteres antes señalados, pronto
nos llevaron a la búsqueda de paralelos en los edificios de culto y santuarios documentados en el
área Sirio-Palestina.

Álvaro Fernández Flores e Araceli Rodríguez Azogue


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

II.1. Ubicación
El yacimiento se sitúa en la cola del paleoestuario del Guadalquivir (Fig. 1), sobre una ele-
vación con una cota máxima de 85 m.s.n.m. en el punto más alto y de 60 m sobre la Vega de
Triana, y por tanto, sobre la antigua llanura de inundación del Guadalquivir, tratándose de uno de
los cerros más altos de la alineación que forma el borde ribereño del Aljarafe. Se halla separado
en parte de dicha meseta por la pequeña vaguada del arroyo del Pantano o del Repudio, que lo
circunda por el noroeste y norte, mientras que por el este quedaría delimitado por el estuario
del Guadalquivir. Presenta una fuerte pendiente en estas direcciones y un único acceso fácil des-
de el sur-suroeste. La cima del cerro, aunque amesetada, presenta un leve buzamiento hacia el
oeste, lugar en que se emplaza la edificación, mientras, el extremo este estaría ocupado por un
promontorio hoy prácticamente arrasado. Entre ambos extremos se documenta un desnivel de
aproximadamente 5 m.
El estudio de la ubicación del yacimiento de El Carambolo, en contraste con los datos con-
sultados sobre el carácter sacro de distintas elevaciones de oriente y enclaves coloniales (De Vaux
1992: 370-373, Ruiz de Arbulo 2000: 18-26), nos lleva a plantear un patrón de asentamiento afín a
la tradición próximo-oriental relacionado directamente con la navegación del paleoestuario del
Guadalquivir, apoyando de este modo la hipótesis propuesta por Escacena y Belén respecto al
carácter sagrado de este enclave (Belén y Escacena 1997: 111-114; Belén 2000 57-77, Escacena e
Izquierdo 2001: 148; Escacena 2002: 68-71).

II.2. Orientación
La construcción exhumada se orienta durante todas sus fases constructivas hacia el este,
en dirección al promontorio citado y a la salida del sol en el solsticio de verano, hallándose los
vanos de acceso abiertos en esta dirección. Se documenta por tanto una alineación edificio-pro-
1002 montorio-orto, con una dirección E-NE 55º. Durante las sucesivas reformas del edificio se mantie-
ne la orientación general del mismo, adaptándose el eje de los espacios de culto para mantener la
disposición antedicha. Similar alineación se registraba en el templo de Salomón, estando ocupa-
do el promontorio por el altar de los holocaustos erigido por David (De Vaux 1992: 417-418).
En el caso de la península Ibérica, se documenta asimismo entre los edificios de culto del
Suroeste una orientación similar E-NE de (50º-55º), que se desvía hasta los 80º en edificios como
Cancho Roano, situado en una latitud más septentrional, pero estando asimismo relacionada con
la salida del sol. La relación de esta orientación astral con el culto a Baal ha sido estudiada por J.L.
Escacena para el cercano santuario de Coria, planteando la existencia de un santuario fenicio en
este enclave (Escacena 2002: 68-71, 2001: 92; Escacena e Izquierdo 2001: 148).

II.3. Materiales
Los muros fueron realizados en adobe, careciendo la primera fase de cimentación, mien-
tras las restantes recurren a la realización de cimientos-zócalos de mampuestos sobre los que se
desarrolla el muro asimismo en adobe. En determinadas reformas los nuevos alzados asientan di-
rectamente sobre los pavimentos de las fases previas. Destaca la regularidad de los aparejos y el
cuidado tratamiento de los acabados en suelos y paramentos, con enfoscados de color blanqueci-
no revestidos con finas lechadas de color rojo intenso. En las estancias abiertas se recurre para la
pavimentación a suelos de arena y gravilla rojiza que puede presentar encanchados de drenaje a
base de cantos rodados. Los espacios de tránsito como vanos, escalones o zonas porticadas apa-
recen pavimentados con conchas marinas (Glycimerys s.p.) con formatos regulares y llagueadas
de pigmento rojo. Destaca el tratamiento de las gradas de dos de las estancias documentadas por
tratarse de motivos decorativos polícromos, en damero rojo, negro y reserva en un caso (A-40),
y en fajas roja, blanca y roja en otro (A-1). Los materiales, aparejos y acabados se diferencian no-
tablemente del conjunto de construcciones que se desarrollan por la ladera noroeste, donde son

Arqueologia Sacra
El Carambolo, un santuario oriental en la paleodesembocadura del Guadalquivir

1003

Fig. 1. Ubicación de El Carambolo y reconstrucción paleotopográfica. Planta del santuario inicial


Carambolo V y evolución del mismo: Carambolo IV y III. Vista general de la estancia 29

Álvaro Fernández Flores e Araceli Rodríguez Azogue


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mucho menos cuidados e irregulares. Resulta indudable que los materiales, técnicas constructi-
vas y acabados son de tradición próximo-oriental y que aunque estos elementos no constituyen
un criterio diferenciador de funcionalidad en la arquitectura de Próximo Oriente, lo cierto es que
en los edificios de culto sí que se puede destacar la calidad de los mismos en contraste con la ar-
quitectura profana (Margueron 1982: 23-24; Dies Cusí 2001: 69-72).

II.4. Planta
El edificio principal presenta una compleja evolución desde su construcción, datada entre
1020-810 a.C. en cronología absoluta y entre fines IX-mediados VIII a. C. en cronología relativa,
hasta su amortización, fechada en torno a mediados o fines del VII a. C.
Se han documentado cinco grandes fases constructivas con pequeñas reformas dentro de
cada una de ellas, aunque el proceso se caracteriza por una progresiva ampliación del espacio
ocupado por el edificio. La construcción es arrasada antes de cada reforma hasta unos 50-60 cm
sobre la rasante de los pavimentos, reutilizándose los antiguos alzados como cimentación de
los nuevos muros y respetándose, por tanto, las antiguas alineaciones, en un proceso análogo
al documentado en otros enclaves coetáneos de la península como Coria, Saltillo, Montemolín,
Cancho Roano, etc.
El edificio se caracteriza en líneas generales por la presencia de un núcleo de edificaciones
que se va ampliando, precedido de un espacio abierto o atrio y rodeado por un períbolos que se
abriría al este, y que al menos hacia el sur-suroeste y coincidiendo con el único lugar de acceso, en
las fases finales, estuvo dotado de un talud y foso defensivo. El edificio y las estancias principales
que lo conforman poseen un desarrollo longitudinal con acceso desde el lado corto este. El con-
junto presenta en la fase mejor conocida una planta en U con las estancias dispuestas alrededor
1004 de un gran patio central y unas dimensiones mínimas documentadas en excavación de 2.500 m2 y
probables de 4.500 m2, en función de las reconstrucciones posibles en base a la documentación
anterior (Fig. 1 y Fig. 2).
La planta presenta claros paralelos en Próximo Oriente en su primera fase (Carambolo V),
como el templo de Tell Taya, del Bronce Medio (Margueron 1991: 1232), el templo fenicio de Tell
el-Ghasshil (Dies Cusí 2001: 78); o determinados ámbitos del templo filisteo de Tell Quasile, siglo
XI-X a.C.(Wright 1985: fig. 159). Por otra parte, la entrada protegida presenta paralelos en el tem-
plo de Astarté de Kition (Wright 1992: 105, 106)). En las restantes fases, fruto de la ampliación del
edificio anterior y por tanto de un proceso particular, los paralelos con Oriente se reducen a la
planta de los lugares de culto y en la concepción general del santuario. Encontramos concomitan-
cias con los santuarios de Baal y Astarté de Emar, siglos XIV-XII a. C. (Margueron 1982: 28, 1986:
192) y el templo de Tell Tayinat, siglo IX a. C. (Perra 1996: 207), ambos para la fase IV, y plantas
en todo similares en Tell Halaf o en las restituciones del propio templo de Salomón para la fase
III (Margueron 1986: 193; Perra 1996: 206 y 208). Las fases más recientes, Carambolo II y I, mues-
tran una compartimentación de los edificios que, en principio, parece responder a una evolución
particular de la edificación que servirá de arquetipo para otros edificios peninsulares más tardíos
como Cancho Roano o La Mata.

II.5. Instalaciones
A lo largo de la evolución del edificio se documentan una serie de instalaciones más o me-
nos comunes, como bancos y gradas en las distintas estancias, pero también otro tipo de es-
tructuras más singulares como plataformas o altares. Entre éstos cabe destacar el altar circular
localizado en la estancia A-46 de Carambolo V, el altar en forma de piel de toro de A-40/A-20
de Carambolo IV y III (Fig 2), en los tres casos con focus, y los restos del altar de A-1. En estas
dos estancias, de notables dimensiones y planta arquetípica, las instalaciones se asociaban a las

Arqueologia Sacra
El Carambolo, un santuario oriental en la paleodesembocadura del Guadalquivir

gradas con decoración polícroma arriba comentadas. Por otro lado, podríamos destacar elemen-
tos como las plataformas, exentas o adosadas, detectadas en distintas estancias, algunas de las
cuales presentaban huellas de fuego. Asimismo se documentaron numerosos hogares y algunos
hornos, concentrados en algunas de las habitaciones del complejo.

1005

Fig. 2. Planta de Carambolo II y I. Detalle de la estancia de culto A-40/A-20 y altar en forma de piel de toro

Álvaro Fernández Flores e Araceli Rodríguez Azogue


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Por otro lado, se exhumaron un tipo de instalaciones cuya función viene determinada bási-
camente por el contenido que presentan. Se trata de fosas colmatadas con deshechos que apor-
tan materiales singulares análogos a los documentados en determinadas zonas del edificio. En
cuanto al “fondo de cabaña”, la excavación de la zona de seguridad que dejó Carriazo y aquellas
áreas que no pudo excavar por encontrarse con infraestructuras de desagüe, contrastada con
los datos de la intervención de éste y de Maluquer (Maluquer 1994), nos ha permitido comprobar
que los depósitos que Carriazo interpretó como correspondientes a los pavimentos de un fondo
de cabaña y su derrumbe no eran más que algunos de los múltiples depósitos que, vertidos des-
de el noreste, colmataban una gran fosa de casi dos metros de profundidad, planta irregular y
sección en U, donde no aparecen niveles de uso ni pavimentos, no registrándose tratamiento de
las paredes ya que éstas se muestran completamente irregulares. Por otro lado, la fosa corta una
serie de depósitos que, a su vez, se superponen a un muro de adobes. En cuanto a su cronología,
en el estrato de base, identificable con el nivel IV de Carriazo, se documentan casi treinta frag-
mentos atípicos hechos a torno, ofreciendo una cronología relativa que data la fosa en torno a la
primera mitad del VII a. C., mientras que los estratos correspondientes al edificio inicial (Caram-
bolo V), ofrecen una cronología de siglo IX a. C. En cuanto a cronología absoluta, el análisis de los
carbones del estrato inferior sitúan éste entre 791-506 A. C. cal., en contraste con la fecha apor-
tada por el C14 de los carbones correspondientes a la construcción del primer edificio (1020-810
A.C. cal). Hemos documentado una fosa similar a unos 20 metros de ésta también con materiales
singulares, que aporta una cronología relativa de mediados del VIII a. C. Tampoco en este caso
se documentaron huellas de pavimento, postes, niveles de uso con hogares, tratamiento de las
paredes, etc., por lo que no tenemos ningún argumento para considerarlos como fondos de caba-
ña y sí como fosas de vertidos. El carácter sacro de estas fosas ya es un asunto de interpretación
1006 (favissa), pero la excavación estratigráfica nos muestra unas infraestructuras comunes a distintas
épocas, con una función concreta: la de vertedero y lugar de amortización de los elementos que
han servido para el culto.
La presencia de las instalaciones citadas resulta característica de los edificios de culto en
Próximo Oriente para el periodo que nos ocupa, en tanto que definen “el espacio cultual” en el
que tiene lugar la ofrenda (“lugar de la ofrenda”), y el “espacio sacrificial”, o lugar de preparación
de la misma, que se subdivide en el “lugar de la inmolación” y el “lugar de la cocción de los alimen-
tos” (Margueron 1991b: 235-236). Dentro de las instalaciones descritas destaca el altar en forma
de piel de toro de Carambolo IV y III, elemento también documentado en edificios de culto como
Coria o Cancho Roano (Escacena 2001: 131-135; Celestino 2001 a: 39-41) que para el caso de Coria
estarían para Escacena e Izquierdo (2001: 148) en relación con el culto a Baal.

II.6. Objetos litúrgicos y materiales singulares


En el yacimiento se ha exhumado una serie notable de objetos singulares, algunos de ellos
procedentes de estas fosas, como un exvoto de terracota en forma de embarcación con próto-
mo de caballo, otros exhumados en las estancias del edificio, como una pila de piedra, y algunos
muy significativos como el ya citado “tesoro del Carambolo”, o el exvoto dedicado a Astarté con
inscripción fenicia, fruto de hallazgos casuales muy anteriores a las presentes campañas de exca-
vación. A estos elementos hay que sumar las cerámicas recuperadas por Carriazo en la excavación
del fondo de cabaña del Carambolo Alto y Carambolo Bajo, analizados por Escacena y Belén, y los
recuperados en la presente actuación tanto en las citadas fosas como en las estancias dedicadas
a la preparación de ofrendas. La aparición de estos objetos singulares resulta comprensible por su
inclusión en un contexto sacro, y el carácter litúrgico de alguno de ellos ya fue puesto de relieve
con anterioridad a los recientes hallazgos (Bandera 1989: 73-75; Blázquez 1995: 111 y 115; Amores
y Escacena: 2003: 54-61).

Arqueologia Sacra
El Carambolo, un santuario oriental en la paleodesembocadura del Guadalquivir

II.7. Análisis espacial


El análisis de la dispersión de los restos muebles citados junto con las instalaciones descri-
tas nos muestra la diferenciación de dos espacios funcionalmente distintos a lo largo de la evo-
lución del edificio. Mientras una serie de construcciones, que en general perpetúan su carácter
en las distintas fases, las que ocupan la zona central del conjunto, muestran unas repavimenta-
ciones constantes, que sellan pavimentos en muy mal estado de conservación, amortizados con
deshechos de tipo orgánico (huesos animales y moluscos) y cerámicas de cocina y servicio de ali-
mentos, junto a numerosos hogares y fogatas; otras estancias presentan los pavimentos perfec-
tamente conservados y completamente limpios de cualquier resto orgánico o inorgánico aunque
muestran también constantes repavimentaciones. El estudio conjunto de la dispersión de objetos
muebles e instalaciones nos lleva a diferenciar perfectamente los espacios cultuales y sacrificiales
dentro del conjunto de estancias, observación apoyada por la utilización de plantas arquetípicas
para los lugares de culto. Estas áreas se concentran en el denominado Ámbito 3 del conjunto
de construcciones que conforman el edificio, constituyéndose las habitaciones extremas de este
conjunto como los dos lugares de culto (A-40/ A-20 y A-1/A-4), y las centrales como áreas destina-
das a la preparación de ofrendas. La existencia de dos estancias singulares dotadas de altares nos
lleva a plantear la posibilidad de un doble culto que, teniendo en cuenta la aparición en el entorno
del exvoto dedicado a Astarté y los paralelos en Oriente y en otros enclaves coloniales, pudieron
estar bajo la advocación de una divinidad masculina, Baal o Melqart, y otra femenina, en este caso
indudablemente Astarté (Belén y Escacena 1997: 111-117).

III. Síntesis
1007
El Carambolo, después de las recientes excavaciones, ha de ser interpretado como un gran
santuario oriental relacionado con la navegación del paleoestuario del Guadalquivir y con la fun-
dación de Spal, y coetáneo a las primeras fundaciones coloniales de la Península Ibérica. A este
respecto, el patrón de asentamiento que muestra esta ocupación cuadra perfectamente con el
de las colonias fenicias asentadas en estuarios y desembocaduras de ríos tanto de la costa medi-
terránea peninsular como de enclaves de Cerdeña y África (Pellicer y otros 1977: 221; Aubet 1994:
265-268; Gras y otros 1991: 69).
La cronología fundacional del enclave (1020-810 A. C. cal, fines IX-mediados VIII a. C.) y las
características antes señaladas, hacen poco creíble que el conjunto se erigiese por parte de las éli-
tes “indígenas” aculturadas o que sea una obra de encargo a artífices fenicios por la “aristocracia
tartésica”, pues estamos en un momento antiguo donde aún no podemos plantear fenómenos
de aculturación entre colonos fenicios y poblaciones residentes que, por otra parte, tras la revi-
sión de los materiales procedentes del fondo de cabaña han de ser definidas de nuevo arqueo-
lógicamente, puesto que el repertorio cerámico adscrito a estas poblaciones resulta ser el de un
enclave oriental singular tras una evolución de al menos un siglo desde su fundación.

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1009

Álvaro Fernández Flores e Araceli Rodríguez Azogue


Depósitos fundacionales púnicos de Cartago

Karin Mansel
Archäologische Staatssammlung München

Resumen

Nuevos hallazgos de depositos fundacionales en el yacimiento púnico de Cartago arrojan


nueva luz sobre los actos rituales en el mundo fenicio-púnico que tenían lugar durante la construcción
de edificios. Los depósitos se diferencian tipológicamente – sacrificios vegetales de holocausto,
libaciones, ofrendas de comida, de ungüento o de pigmento rojo – y se diferencian según la posición,
la composición y la cronología.

Abstract

New finds of foundation deposits from the punic settlement-area of Carthage cast a new light
of ritual acts during building activities in the Phoenician-Punic world. The deposits vary according to
the type – vegetable holocaust- or smoke-sacrifice, libation, food-, unguento- or red ocker-sacrifice
– their position, combination and chronology.
Depósitos fundacionales púnicos de Cartago

Depósitos fundacionales son ofrendas votivas depositadas en estructuras arquitectónicas


durante la construcción de un edifício. En la fase de utilización del edificio los depósitos quedan
sellados y ocultos. En el mundo fénico-púnico los depósitos fundacionales1 están cada vez me-
jor documentados, como indican los hallazgos recientes de Lixus2, Carteia3, Mozia4 o Cartago. A
continuación examinamos el conjunto de los depósitos fundacionales de Cartago5, considerando
su posición en la estructura arquitectónica, su composición y el tipo de ofrenda.
En el asentamiento de la pendiente oriental de la colina de Byrsa (fig. 1) han sido hallados al
menos siete depósitos fundacionales.6 Cinco de ellos fueron identificados en la excavación de la
Universidad de Hamburgo bajo el decumano máximo y el cardo X (fig. 2, 1–5; 3–9).7 Uno proviene
de las excavaciones en la Rue Ibn Chabâat, del Instituto Arqueológico Alemán de Roma (fig. 2, 6;
10; 11)8 y otro de las excavaciones en la zona Bir Massouda de la Universidad de Gent y del Insti-
tuto Nacional de Bienes Culturales de Túnez (fig. 2, 7; 12; 13)9.
El depósito más antiguo procede de la casa 1 de la excavación de la Universidad de Ham-
burgo (fig. 3; 4). Bajo una nivelación (estrato IIb1), realizada en el último cuarto del siglo VIII, para
construir el recinto de un pozo, se halló una ligera depresión del terreno excavada en la tierra vir-
gen con dos objetos: una lámpara de tres picos y, sobre ella, un cuenco, lleno en sus tres cuartas
partes de ceniza vegetal (fig. 2, 1a.b; 5). Estas piezas, hechas a mano y de factura local, delatan,
por su forma y por el acabado, modelos fenicios realizados con torno. El cuenco, con superficie
bruñida y de color rojo, tiene paralelos en el tipo Vegas 3.1 de la cerámica a torno con engobe rojo,
y data del siglo VIII10. La lámpara, en cambio, es una pieza única, dado que sus modelos a torno
presentan normalmente sólo uno o dos y muy esporádicamente siete picos11. El carácter exce-
pcional de nuestra lámpara está sin duda relacionado con su uso como objeto ritual. En efecto,
la lámpara posiblemente fue utilizada en una práctica ritual que de algún modo tuvo lugar en la
oscuridad. Curiosamente, el pozo (fig. 4) presenta características que recuerdan a las entradas de
tumbas cartaginesas12 y las lámparas son parte regular de las ofrendas funerarias púnicas13. Entre 1011
los depósitos fundacionales de Cartago sólo éste, a causa de la ceniza vegetal en el cuenco, indica
que hubo una ofrenda con fuego. La ausencia de manchas de fuego en el cuenco, como las que
se puede ver en la lámpara, indica que el cuenco no fue utilizado como quema-perfumes, sino
solamente como recipiente para cenizas procedentes de la combustión en otro lugar.

1 Mansel 2003.
2 I. Pascual – J. L. de Manaria en: Aranegui Gasco 2001, 46s.; H. Bonet Rosado – M. Kbiri Alaoui en: Aranegui
Gasco 2001, 56–61; G. Pérez Jordà en: Aranegui Gascó 2001, 196. 197 fig. 1; M. P. Iborra Eres en: Aranegui Gascó
2001, 201s.; I. Caruana – I. Izquierdo Peraile en: Aranegui Gascó 2001, 237. 245 fig. 3; Mansel 2003, 136.
3 Bendala et al. 2005.
4 Véase en las actas de este congreso: L. Nigro, La Sapienza University Renewed Excavations at Motya
2002-2005: the Temple of the Kothon and the ‘House of the Domestic Shrine’.
5 Mi agradecimiento cordial a los directores de las excavaciones – Roald Docter, Fethi Chelbi, Hans Georg
Niemeyer, Friedrich Rakob y Bouteina Telmini – por su información y por haber puesto a mi disposición mapas y
hallazgos inéditos.
6 No nombramos aquí dos posibles depósitos fundacionales de que tenemos sólo informaciones
insuficientes; un depósito con un plato y una botellita (KA 91/121-18): Mansel 2003, 131.142 fig. 4, 8; Mansel 2007
(nr. 5); ánfora atica (K 90/X): Vegas 1998, 142 fig. 36. – Las dos ánforas de Mende (Docter en: Niemeyer, Docter,
Rindelaub 1995, 499–502) no se puede interpretar como depósito fundacional por el contexto.
7 Mansel 2003, 130–134 con bibliografía; Mansel 2007.
8 Rakob 1992, 170s.; Vegas 1998, 142 fig. 36; Mansel 2007.
9 Docter, Chelbi, Telmini 2006.
10 Vegas 1999a, 140–142; 141 fig. 29, 5; fig. 30; Peserico 2002, 59s.; lám. 13A.
11 Peserico 2002, 86; lám. 17 L3: Utika (Henchir Bou Chateur, Túnez), Monte Sirai (Carbonia, Cagliari,
Cerdeña), Mozia (Trapani, Sicilia); el último ejemplar se puede identificar también como depósito fundacional;
Mansel 2003, 131s.
12 Benichou-Safar 1982, 88 fig. 45A; 92. 95.
13 Véase p. e. Byrsa II 362s. fig. 601.

Karin Mansel
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1012

Fig. 1. Cartago: 1 Decumano máximo y cardo X (Universidad de Hamburgo);


2 Rue Ibn Chabâat (Instituto Arqueológico Alemán de Roma);
3 Bir Massouda (Universidad de Gent y Instituto Nacional de Bienes Culturales de Túnez).
Ségún F. Rakob, R. Docter, B. Taverniers

Durante una transformación de la casa 1, que tuvo lugar en los primeros años del siglo
VII (estrato IIIa1, 700–675), otro tipo de depósito fundacional fue colocado directamente bajo el
pavimento, junto a un muro de separación de ladrillo, entre las habitaciones B y F (fig. 6; 7). Se
trata de una botella (fig. 2, 2) que estaba en posición vertical, y falta el cuello. Fue encontrada
vacía y tapada con una piedra (fig. 7). A juzgar por la calidad de la arcilla, esta botella de cerámica
común fue importada de Levante.14 La ausencia del cuello parece indicar que en el momento de
su colocación ya no contenía la substancia importada originaria, sino que fue elegida por ser un
recipiente raro y particularmente preciado, posiblemente para contener un líquido.

14 Tyros (Líbano): Bikai 1978, 13. 33 lám. 5, 1–8. 13. 18; p. 67; Amathus (Limassol, Chipre): Bikai 1987, 27s. nro.
328–333; 68s. lám. 10, 329–332.

Arqueologia Sacra
Depósitos fundacionales púnicos de Cartago

1013

Fig. 2. Recipientes de los depósitos fundacionales: 1a cuenco hecho a mano local, 1b lámpara hecho a mano local,
2 botella de cerámica común levantina, 3 vaso para beber de pintura roja local, 4a jarra de cerámica común local,
4b ánfora de cerámica común local, 5 jarrita de cerámica común levantina (?), 6 recipiente cerrado hecho a mano
importado, 7a ánfora de cerámica pintada sardo-púnica, 7b plato de cerámica pintada local

Durante las obras de transformación, en el segundo cuarto del siglo V (480–450), con que
se dividió la habitación A en la parte norte de la casa 1, fue depositada una ofrenda votiva (fig. fig.
8; 9). En una nivelación (estrato VIa1), bajo los cimientos de un muro de separación junto a una
puerta, se halló un vaso para beber colocado en posición vertical (fig. 2, 3). Está bien conserva-
do, salvo una fractura de época antigua en el borde. El vaso para beber es de producción local y
presenta falsa base anular y pintura roja. Se trata de una rara variante más reciente de una forma
con engobe rojo bien conocida en Cartago.15 Probablemente se trataba de un modelo ya pasado
de moda, pues a partir del siglo V esta forma de vaso fue adoptada en el repertorio de la cerámica
pintada de líneas horizontales.16

15 Vegas 1999a, 151s. (forma 15); Peserico 2002, 30 fig. 5; p. 32s. 69s.
16 Vegas 1999a, 152 (form 16); Peserico 2002, 32s.

Karin Mansel
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

A comienzos del siglo IV, la habitación E de la casa 1 sufrió una transformación (VIIb1, 390–
250). En el relleno del pavimento (VIIb1), sobre un antiguo banco adosado a un muro, se encon-
traron dos recipientes para líquidos de cerámica común local (fig. 8): un ánfora de base plana
completamente conservada, aunque fragmentada, y una jarra, también fragmentada, cuyo cuello
falta (fig. 2, 4a.b). El ánfora de mesa es un tipo común en Cartago desde el siglo IV hasta la primera
mitad del siglo III.17 La jarra data posiblemente de la misma época.
Como depósito fundacional puede interpretarse también un hallazgo en otra casa de la
excavación de la Universidad de Hamburgo (fig. 8). En el ángulo noroccidental de la habitación U,
al pie del muro exterior de la casa 8, en el relleno del pavimento de comienzos del siglo VII (IIIa1,
700–675), se halló una jarrita entera de cerámica común (fig. 2, 5). No es una forma cartaginesa
corriente. 18 La boca, con apertura estrecha y labio engrosado, la relaciona con las botellitas im-
portadas del Levante para ungüento y perfume.19
En el área próxima a la excavación del decumano máximo y el cardo X, en la Rue Ibn
Chabâat (fig. 1), sólo se ha podido indentificar con seguridad un depósito fundacional. Se trata
de un recipiente hecho a mano de forma cerrada y completamente conservado (fig. 2, 6). Fue
colocada cerca de un muro de la habitación K1, en un espeso relleno para el pavimento del siglo
VII (fig. 10; 11). La calidad de la arcilla de esta olla indica que no es un producto local, aunque por
el momento no es posible establecer su procedencia. Este tipo de recipiente, normalmente de
arcilla local, está documentado en Cartago sólo en el siglo VII y era utilizado para el almacenaje de
pequeñas cantidas de alimentos.
El depósito fundacional de Cartago que procede de las excavaciones de la zona Bir Mas-
souda fue hallado recientemente en el 2003 (fig 1).20 El depósito fue parcialmente destruido por
obras de época tardo-púnica y romana, pero puede reconstruirse en parte. Consiste en una cista
de losas de piedra, de la que se ha conservado la esquina nororiental y una piedra de la cubierta
1014 en el flanco noroccidental (fig. 12). El pavimiento de época púnica media no se ha conservado
porque en época tardo-púnica fue sustituido por un pavimento de terrazo. Las medidas interiores
de la cista son 85 cm de longitud, 60 cm de anchura y 45 cm de altura. La cista fue colocada en el
ángulo suroccidental de una habitación, como indican dos fosas de expolio de época romana, que
verosímilmente eliminaron los muros púnicos. El suelo de la cista es rectangular y está cubierto
de guijarros. En la sección inferior del relleno rojizo, en posición más bien horizontal, había un
pequeño plato lleno de ocre rojo natural y un ánfora de base plana (fig. 2, 7a.b), conservada en
su parte superior, de 21 cm de altura y muy fragmentada. Según la datación de los dos recipientes
indicado por Babette Bechtold, el depósito fue realizado en la primera mitad del siglo IV. El plato
corresponde a una forma de la cerámica pintada local del tipo Vegas 1.3. El ocre rojo está docu-
mentado como ofrenda funeraria en varias tumbas cartaginesas y posee un alto valor simbólico.
Este pigmento rojo natural proviene con mucha probabilidad de los alrededores de Cartago. El
ánfora de base plana está pintada con flores de loto esquemáticas. Es un ánfora de Cerdeña, sin
duda obra de un taller de Tharros activo en el siglo IV.21 La destrución parcial del depósito nos
impide conocer el estado de conservación y la posición en que fue depositada el ánfora. En mi
opinión, la fractura exacta y horizontal puede indicar que fue intencionalmente fragmentada en
su mitad antes de ser depositada, a lo mejor, en posición yaciente22.

17 Bechthold en: Niemeyer et al. 2007, cat. nro. 2167-2171, subtipo B y C de las ánforas de base plana con
borde engrosado, muchos provienen de contextos de la fase VIIb.
18 En la publicación no está indicado un posible orígen levantino. Niemeyer, Rindelaub, Schmidt 1996, 57
Nr. 48. – Ni figura en Cintas 1950, ni en Vegas 1999a y Vegas 1999b.
19 Vegas 1999a, 170–172 (forma 38).
20 Docter, Chelbi, Telmini 2006.
21 Bechtold, en: Docter, Chelbi, Telmini 2006.
22 Como el kalathos ibérico en la cista fundacional de Lixus; H. Bonet Rosado – M. Kbiri Alaoui en: Aranegui
Gasco 2001, 61 fig. 7.

Arqueologia Sacra
Depósitos fundacionales púnicos de Cartago

Fig. 3. Decumano máximo y cardo X; casa 1, depósito fundacional en el recinto de pozo,


estrato IIb (725-700): cuenco y lámpara (nro. 1a.b)

1015

Fig. 4. Decumano máximo y cardo X; pozo

Karin Mansel
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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Fig. 5. Decumano máximo y cardo X;
depósito fundacional en el recinto de pozo, fase IIb (725-700): cuenco y lámpara (nro. 1a.b)

Fig. 6. Decumano máximo y cardo X; casa 1, depósito fundacional, estrato IIIa1 (700-675): botella (nro. 2)

Arqueologia Sacra
Depósitos fundacionales púnicos de Cartago

Fig. 7. Decumano máximo y cardo X; depósito fundacional (nro. 2)


1017

Fig. 8. Decumano máximo y cardo X con los depositos fundacionales:


botella (nro. 3, habitación A, estrato VIa1: 480–450), jarra y ánfora de base plana (nro. 4,
habitación E, estrato VIIb1: 390–250), jarrita (nro. 5, habitación U, estrato IIIa1: 700–675)

Karin Mansel
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 9. Decumano máximo y cardo X; casa 1, depósito fundacional: vaso para beber (nro. 3), estrato VIa1 (480–450)

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Fig. 10. Rue Ibn Chabâat; depósito fundacional de la habitación K1, s. VII: recipiente cerrado (nro. 6)

Arqueologia Sacra
Depósitos fundacionales púnicos de Cartago

Fig. 11. Rue Ibn Chabâat; depósito fundacional (nro. 6) de la habitación K1

1019

Fig. 13. Bir Massouda; ánfora (nro. 7a)

Fig. 12. Bir Massouda; depósito fundacional de cista


con ánfora y plato (nro. 7a.b), 400–350

Karin Mansel
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Todo lo dicho nos permite constatar una serie de características de los depósitos fundacio-
nales de Cartago presentados, datados entre finales del siglo VIII hasta el siglo IV.
Los depósitos fueron colocados con ocasión de transformaciones arquitectónicas
importantes, a saber: antes de realizar una nivelación (fig. 2, 1a.b), en el relleno de un pavimento
(fig.13, 2. 4a.b. 5. 6. 7a.b) o directamente bajo los cimientos de un muro (fig. 2, 3). Siempre aparecen
en las proximidades de un muro, a veces en esquinas (fig. 2, 5) o cerca de una puerta (fig. 2, 3).
Los depósitos fundacionales de Cartago proceden todos del interior de viviendas. En un caso se
constata una relación con el abastecimiento de agua (fig. 2, 1a.b). Sólo una vez un depósito está
protegido por una arquitectura propia, una cista de piedra (fig. 2, 7a.b).
Los depósitos consisten en uno o dos recipientes de cerámica, generalmente puestos en
pie. Los recipientes están intactos, aunque parte del borde o el cuello pueden haberse perdido
(fig. 2, 2. 3. 4a). En un caso parece haber sido depositado un recipiente que fue intencionadamen-
te fragmentado y puesto en posición horizontal (fig. 2, 7a).
La presencia de importaciones (fig. 2, 2. 5. 6. 7a), de cerámica hecha a mano (fig. 2, 1a.b, 6) y
de formas poco comunes (fig. 2, 1b. 2. 5) parece indicar que los recipientes fueron especialmente
seleccionados para la ofrenda. El contenido del recipiente parece haber sido parte esencial del
depósito. Se constata una ofrenda vegetal quemada (fig. 2, 1a), una ofrenda de pigmento rojo
(fig.13, 7b), de ungüento o aromas (fig. 2, 5) y de alimentos sólidos (fig. 2, 3). Varias ofrendas apun-
tan a libaciones (fig. 2, 2. 3. 4a.b. 7a). No se documentan huesos de animales, es decir: en Cartago
no hay indicios de sacrificios cruentos o de banquetes rituales en el contexto de la construcción
de un edifício.
Característica de las ofrendas de Cartago es su heterogeneidad. Ésta puede deberse al
carácter individual de la ofrenda y/o a la diferente finalidad y/o a las diversas circunstancias en que
1020 tuvo lugar el depósito. El destinatario y la intención de estas ofrendas votivas nos son desconoci-
dos. Un motivo verosímil de su colocación en estructuras arquitectónicas fue sin duda el deseo de
garantizar un buen término a la construcción y protección al futuro edificio.

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1021

Karin Mansel
Un altare bruciaprofumi punico
dalla “Casa del sacello domestico” (Mozia)

Federica Spagnoli
Università degli Studi di Roma “La Sapienza”

Riassunto

Le recenti indagini archeologiche effettuate dalla Missione Archeologica a Mozia dell’Università


di Roma “Sapienza” presso la Zona D, situata alle pendici occidentali dell’acropoli, hanno portato alla
luce un piccolo altare/bruciaprofumi appartenente ad una tipologia ben attestata sia nell’occidente
punico che in Fenicia. L’analisi del contesto di rinvenimento di tale reperto fornisce interessanti spunti
per l’approfondimento degli aspetti cultuali legati a questo tipo di installazioni.

Abstract

Recent Excavations at Motya by “Sapienza” - University of Rome to the western slope of the
Acropolis (Area D, “House of the domestic shrine”) have brought to light a small altar/incense burner
which illustrates a well attested typology of domestic cult devices of Phoenician-Punic tradition. The
context of the cult installation provides some interesting hints at its religious utilizations.
Un altare bruciaprofumi punico dalla “Casa del sacello domestico” (Mozia)

Le campagne di scavo effettuate continuativamente negli anni 2002-2005 a Mozia dall’Uni-


versità di Roma “La Sapienza” sotto la direzione del Prof. Lorenzo Nigro1, nell’area denominata
Zona D, alle pendici occidentali dell’Acropoli (fig. 1), hanno portato alla luce un vasto edificio in-
terpretato come una residenza aristocratica in uso nell’ultimo decennio del V secolo a.C. (fig. 2),
dato alle fiamme durante la distruzione dionigiana del 397/6 a.C. Proprio questa evenienza stori-
co-archeologica ha fatto sì che gli oggetti e gli arredi in uso al momento del saccheggio siracusano
siano rimasti conservati nello strato di crollo che si estendeva su tutte le rovine dell’edificio. La
residenza, denominata “Casa del sacello domestico” per via di un interessante ritrovamento effe-
ttuato al suo interno, si articola attorno ad una corte rettangolare ed ha l’ingresso in un angolo,
aperto su una strada che discende dall’acropoli nella città bassa, non lontano dal Kothon2.
Dall’ampio portale, segnato da una soglia in blocchi di calcarenite, sotto la quale era un de-
posito di fondazione costituito da un’olpetta in ceramica comune (fig. 3)3, si accedeva ad un’am-
pia sala d’ingresso con banchine e sedili in mattoni crudi intervallate da pilastri portanti e un fine
pavimento in marna calcarea pressata e argilla (fig. 4). Già nella prima campagna di scavi era stato
notato l’elevato status del proprietario della “Casa del sacello domestico”, segnalato dal rinve-
nimento, proprio in questa sala, di alcuni vasi a figure rosse in frammenti, come due crateri, uno
dei quali a campana di produzione siceliota attribuito al Pittore di Meleagro o ai ceramografi della
sua cerchia e quindi ascrivibile alla fine del V o agli inizi del IV secolo a.C. (fig. 5)4, e uno skyphos
a vernice nera (fig. 6)5. Dalla sala d’ingresso si passava ad un vestibolo con funzioni di ambiente
di distribuzione dal quale si accedeva rispettivamente ad ovest ad un magazzino nel quale sono
state rinvenute numerose anfore puniche, e a nord ad un piccolo ambiente (L.300) caratterizzato
dalla presenza di alcune installazioni di carattere cultuale (fig. 7): un arredo fittile conformato a
capitello eolico6, un’arula in terracotta7, un astragalo, una grappa in ferro e una moneta8 inter-
pretabili come offerta votiva, una coppetta miniaturistica a vernice nera9, una coppetta in cera- 1023
mica comune punica e un incensiere frammentario10; di fronte era collocato un apprestamento
semicircolare in argilla con evidenti tracce di bruciato all’interno11. Su un piano rialzato rispetto al
sacello era un bagno del quale si conservano, oltre alla pavimentazione, il rivestimento parietale
in intonaco idraulico rosso, la vasca in argilla a sabot e due anfore puniche originariamente ad
essa appoggiate (fig 8.)12. Sempre dallo stesso vestibolo si accedeva ad est alla corte centrale,
sulla quale presumibilmente si affacciavano una serie di ballatoi del piano superiore (è stato infatti
identificato il vano cieco che ospitava la scala per il piano superiore)13.

1 Desidero ringraziare il Professor Lorenzo Nigro, Direttore della Missione Archeologica a Mozia, per avermi
affidato lo studio e la pubblicazione del reperto e del suo contesto di rinvenimento, oggetto di questo studio.
2 Nigro, 2003, p. 89-93; Nigro, 2004a, p. 143, fig. 3.1.
3 Nigro, 2004a, p. 167, figg. 3.20-21, tavv. LXIII, LXXXVII.
4 MD.02.216/31: Nigro, 2004a, p. 344-346, tavv. XCI-XCII.
5 MD.02.206/9: Nigro, 2004a, tav. XCIV.
6 Nigro, 2001-2003, p. 567-570; Nigro, 2004a, p. 201-204, MD.02.69, tavv. LV-LVIII.
7 Nigro, 2004a, MD.02.73: arula in terracotta di forma rettangolare con doppia cornice in alto e in basso,
cava all’interno: altezza 0,154 m, base 0,288 x 0,158 m; spessore 0,28 m; Nigro, 2004a, tav. LI.
8 Nigro, 2004a, MD.02.72, tav. LII (astragalo); MD.02.42, tav. XLVII (grappa); MD.02.62, tav. XLVII
(moneta).
9 Nigro, 2004a, MD.02.227/7, tavv. LXXIX, XCVI.
10 Nigro, 2004a, MD.02.227/2; nota 111, MD.02.281/1.
11 Nigro, 2004a, p. 200-202, B.234, tavv. LI, LV-LVIII.
12 Nigro, 2004a, p. 205, fig. 3.59, tav. LIII.
13 Nigro, 2004a, p. 211.

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Fig. 1. Mozia, Acropoli: collocazione della zona D-“Casa del sacello domestico” e delle zone C-Kothon e
F-Porta Ovest, indagate dalla Missione Archeologica dell’Università di Roma “La Sapienza”

1024

Fig. 2. Pianta dettagliata della “Casa del sacello domestico”, zona D

Arqueologia Sacra
Un altare bruciaprofumi punico dalla “Casa del sacello domestico” (Mozia)

Fig. 3. Olpetta in ceramica comune Fig. 4. “Casa del sacello domestico”, da ovest: in primo piano, soglia e
MD.02.277/1 sala di ingresso con pavimento in marna calcarea pressata e argilla
(Nigro, 2004a, tav. LXXXVII)

1025

Fig. 5. cratere a figure rosse, Fig. 6. skyphos a figure rosse MD.02.206/9


Pittore di Meleagro (Nigro, 2004a, p. 344, tav. XCII) (Nigro, 2004a, tav. XCIV)

Fig. 7. oggetti cultuali e votivi dal sacello


domestico L.300 Fig. 8. sulla sinistra, il sacello domestico L.300;
(Nigro, 2004a), tav. LI in primo piano il bagno L.264; sul pavimento, frammenti di anfora
e l’orlo della vasca a sabot. Da nord

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I lati orientale e meridionale della corte davano accesso rispettivamente alle sale di rappre-
sentanza e al settore privato dell’abitazione: ad est si apriva una sala da ricevimento con ampio
ingresso porticato e pavimentazione in intonaco calcareo, fiancheggiata da una cucina a cielo
aperto con un forno all’interno, a sua volta adiacente ad un ambiente con funzioni probabilmente
di servizio analoghe, tuttora in corso di scavo (fig. 9).
Nella stanza, denominata L.1044, che si apre nell’angolo sud-orientale della corte (fig. 10),
sono stati effettuati, nel corso della campagna di scavi del 2003, degli interessanti ritrovamenti,
tra i quali l’altare bruciaprofumi oggetto di questo studio.
L’ambiente in questione era coperto da uno spesso strato di crollo (US.1034) composto da
mattoni crudi e carboni, risultanti dalla violenta conflagrazione che distrusse l’edificio. Tale strato
aveva sigillato, schiacciandoli sul pavimento, gli oggetti e gli utensili presenti nella stanza al mo-
mento dell’incendio, insieme a quelli conservati nel piano superiore, rinvenuti, infatti, più in alto
nello stesso strato di crollo (fig. 11). L’utensile principale rinvenuto in L.1044 era un telaio ligneo
verticale da tessitura (fig.12), di cui rimaneva chiara impronta sul pavimento nella parte occidenta-
le, e resti carbonizzati in quella orientale; vicino, un’anfora punica conteneva i pesi del telaio, 37 in
totale, ritrovati sia dentro l’anfora che davanti al contenitore schiacciato (fig.13). Nell’angolo sud
orientale dello stesso ambiente erano invece numerosi vasi a vernice nera di produzione attica e
siceliota, soprattutto skyphoi e coppette, nonché alcuni frammenti di ceramica acroma di produ-
zione siceliota, olpai e brocchette (fig. 14).
L’altare bruciaprofumi MD.03.330 era coricato su un lato al centro della stanza. Si tratta di
un arredo cultuale realizzato da un blocchetto di calcarenite alto circa 0,19 m, con base quadrata
(0,14 x 0,18 m) e fusto troncoconico, che presenta un listello centrale sormontato da una cornice
a gola egizia e un incavo circolare del diametro di 0,084 m ricavato nella superficie superiore (fig.
1026 15). È interessante segnalare il rinvenimento, nelle immediate vicinanze dell’altare, delle braccia
di una statua in terracotta (MD.03.338, figg. 16, 18) di grandezza circa 1:3 del vero, con tracce di
rivestimento in foglia d’oro (fig. 17)14, che potrebbe lasciar supporre la presenza di una statuetta
cultuale associata al bruciaprofumi, in maniera analoga a quanto raffigurato in alcune stele15. Sul
significato della collocazione di un altare-bruciaprofumi in un ambiente utilizzato evidentemente
la tessitura (data la presenza di un telaio e dei relativi pesetti), si dirà in seguito.
L’altare bruciaprofumi rinvenuto a Mozia si inscrive perfettamente in una tradizione reli-
giosa e cultuale di ambito quasi esclusivamente funerario che vede oggetti di questo tipo am-
piamente diffusi nel mondo fenicio orientale e in quello punico come installazioni indipendenti o
come elementi compostivi o decorativi nelle stele, e in elementi architettonici pertinenti alla sfera
funeraria16; le basi-sostegno di idoli/simboli religiosi e i sostegni delle stele a edicola o dei cippi
trono, rappresentati nelle stele fenicie17 e in quelle puniche, rinvenute nei tofet e nelle necropoli,
hanno una conformazione simile ma una funzione e diversa18, simbolica questi ultimi, cultuale
e rituale gli altri, e pertanto sono escluse dal presente studio. Ugualmente, gli altarini rinvenuti
nelle necropoli sarde inseriti nel tetto a doppio spiovente delle tombe19, per i quali si può soltanto
ipotizzare una effettiva utilizzazione nell’ambito dei rituali funerari di sepoltura e in onore dei

14 Nigro, 2004b, p. 87, fig. 11.


15 Bisi, 1967, tav. LVIII, 1; Moscati; Uberti, 1981, tav. CLXXXV, 1010.
16 Nell’affrontare questo argomento non si può prescindere dai preziosi studi effettuati da Giovanni Tore,
che ha realizzato una tipologia degli “altarini bruciaprofumi” (tipo D e sottotipi, 1 a/b, 2 a/b), considerati cippi a
livello morfologico, altarini a livello funzionale: Tore, 1989, p. 109-110; Tore, 1992, p. 181.
17 Stele a naìskos, Sidone: Aimé-Giron, 1934, tavv. I-II.
18 Tore, 1973, p. 92, nota 75.
19 Tore, 1973, tav. XXVI; Tore, 1992, p. 179-180, nota 9.

Arqueologia Sacra
Un altare bruciaprofumi punico dalla “Casa del sacello domestico” (Mozia)

Fig. 9. sala da pranzo e cucina con forno, da est

1027

Fig. 10. pianta dell’ambiente L.1044

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defunti20, non verranno trattati21.


I bruciaprofumi a gola egizia rinvenuti in contesti sacri o relativi ad un ambito funerario,
molto diffusi in tutto il mondo punico tra il VI e il II secolo a.C., identificati dal loro ruolo funzionale
per presenza di una apposita cavità nella parte sommitale, possono definirsi “altari di medie e
piccole dimensioni, generalmente a basamento troncopiramidale e con modanature nella parte
superiore, con apposito spazio alla sommità destinato a rituali funerari” 22, collocati generalmente
nelle necropoli, all’interno della tomba o all’esterno, vicino all’ingresso23, o nei tofet, e potevano
essere “a tutto tondo” o addossati alla parete (in questo caso erano lavorati soltanto su tre lati,
e il quarto, quello appoggiato al muro, rimaneva appena sbozzato) 24.

1028

Fig. 12. l’impronta del telaio sul pavimento di L.1044. Da sud


ovest
Fig. 11. lo scavo del crollo che ricopriva L.1044:
il rinvenimento dell’altare bruciaprofumi

20 Nell’area levantina è possibile trovare queste installazioni sui tetti delle abitazioni, dove erano
verosimilmente utilizzate per l’offerta di sostanze aromatiche o incenso. Un altare bruciaprofumi rinvenuto ad
Ascalona è realizzato in pietra calcarea, ha base quadrata, fusto liscio, cornice aggettante, vasca scavata nella
superficie superiore ed è privo di corna (VII sec. a.C.): Stager, 1996, p. 66, fig. 8.
21 Nelle stele puniche la stessa tipologia di altari bruciaprofumi è rappresentata a rilievo, nel campo figurativo
centrale o nella nicchia, dove queste installazioni sono rappresentate nel loro uso come altari indipendenti nel
culto, a fianco del personaggio raffigurato; nei cippi e nei cippi-trono i bruciaprofumi sono realizzati a tuttotondo
o con un solo lato, quello posteriore, legato ai braccioli che fiancheggiano il simbolo religioso, generalmente
l’idolo a bottiglia: in entrambi i casi hanno base quadrata, fusto parallelepipedo leggermente rastremato, toro e
corpo superiore conformato a gola egizia con aggiunta, in qualche caso, di una ulteriore vasca rialzata collocata
all’interno di tale incavo: Bisi, 1967, fig. 9, tav. XVIII, 1; fig. 10.
22 G. Tore individua due tipologie di altari bruciaprofumi, delle quali la prima (D.1) comprende altari costituiti
da un solo elemento, la seconda (D.1/a) arredi con modanatura semplice o multipla: Tore, 1999, p. 417-418.
23 Tore, 1999, p. 418.
24 Si vuole ricordare, in generale, che le varianti morfologiche degli altari bruciaprofumi “a tuttotondo”
o rappresentati a rilievo sulle stele, sono molteplici e non sempre attribuibili ad una cronologia differente, ad una
diversa funzione all’interno del culto o ad ambiti culturali regionali diversi, e che le tre classi sopra enunciate sono
categorie dai confini sfumati e assolutamente permeabili; tuttavia si tenterà, prendendo in esame alcuni degli
esempi più significativi, di operare una distinzione funzionale di massima che tenga conto di questi fattori e che,
proprio in virtù delle numerose varianti, consideri che molto spesso la diversa realizzazione dei manufatti non
dipende da una intenzionale volontà di differenziare l’oggetto ma dall’abilità e dal gusto dell’artigiano: Tore, 1989,
p. 109-110; Tore, 1992, p. 180.

Arqueologia Sacra
Un altare bruciaprofumi punico dalla “Casa del sacello domestico” (Mozia)

Fig. 13. anfora punica e pesi da telaio, originariamente in essa contenuti, schiacciati sul pavimento di L.1044

1029

Fig. 14. ceramica a vernice nera, a figure rosse e Fig. 15. Altare bruciaprofumi MD.03.330,
in ceramica comune dall’ambiente L.1044 (US.1034) “Casa del sacello domestico” Zona D, Mozia

Fig. 16. Braccia in terracotta originariamente rivestite in foglia d’oro MD.03.14 rinvenute in L.1044

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Fig. 17. Particolare del rivestimento in foglia d’oro

1030

Fig. 18. oggetti rinvenuti schiacciati sul pavimento di L.1044.


I chiodi in bronzo sono pertinenti al telaio originariamente collocato al centro della stanza

All’interno di questa classe di arredi cultuali così frequentemente attestata nei contesti
sopra descritti, quello rinvenuto nella “Casa” di Mozia costituisce l’unico esempio finora noto di
installazione adibita al culto privato e rinvenuta all’interno di una abitazione, ascrivibile al V sec.
a.C.: il tipo di arula domestica più frequentemente attestato nell’isola, infatti, anche all’interno
della “Casa del sacello domestico” stessa, tra gli oggetti di culto del sacello domestico L.30025, è
quello di tradizione siceliota a base rettangolare, fusto parallelepipedo con doppia cornice, in alto
e in basso, incavo sulla superficie superiore e raffigurazioni a rilievo sulla faccia anteriore, queste
due ultime caratteristiche non sempre presenti26.

25 Nigro, 2004a, p. 200-201.


26 Famà, 1989, p. 81-82; Belvedere, 1982, p. 67-68.

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Un altare bruciaprofumi punico dalla “Casa del sacello domestico” (Mozia)

A Mozia altari bruciaprofumi a gola egizia sono presenti nel tofet sia come installazioni
cultuali indipendenti27, sia come basi-sostegno di un oggetto di culto (fig. 19): in quest’ultimo caso
la superficie superiore è forata da un incasso rettangolare28, verosimilmente concepito per l’inca-
stro di un betilo o di un idolo a bottiglia, come suggeriscono reperti di tipologia affine rinvenuti nel
tophet di Cartagine29. Queste installazioni possono essere datate al VI secolo a.C.30.
Altarini a gola egizia sono attestati anche nella necropoli punica di Palermo: dagli scavi ese-
guiti negli anni 1953-54 da Jole Bovio Marconi e pubblicati da Ida Tamburello nel 196731 provengo-
no tre installazioni cultuali (figg. 20-22) a base troncoconica, cornice aggettante e gola egizia, due
delle quali hanno la variante della doppia modanatura superiore: il primo altare bruciaprofumi
(fig. 20) è datato al VI-V sec. a.C., in base ai materiali rinvenuti nella Tomba 63 cui apparteneva32,
mentre gli altri due costituirebbero esempi più tardi della stessa tipologia: uno di questi33 (fig. 21)
è stato rinvenuto all’esterno della Tomba 185 priva di corredo, ed è dunque di datazione incerta,
ma ascrivibile, in base al confronto con un altro rinvenuto nella stessa necropoli di cui parla la
Bovio Marconi34, al III sec. a.C, l’altro35 (fig. 22) è quasi certamente più tardo, perché pertinente,
secondo la Tamburello, al periodo di reimpiego della Tomba 269, quindi alla seconda metà del III
sec. a.C. Gli scavi condotti nelle necropoli palermitane negli anni ’70 e ’80 hanno portato al rin-
venimento di otto altri altari bruciaprofumi, realizzati, come quelli precedentemente descritti, in
calcarenite locale e appartenenti alla stessa tipologia36.
La celebrazione di culti praticati in ambito domestico, espressione di una religiosità vissuta
nel chiuso dell’intimità familiare, è attestata a Solunto dal rinvenimento di questa categoria di
reperti all’interno delle abitazioni di età ellenistica e romana: i piccoli altarini bruciaprofumi in
calcare stuccato, di dimensioni minuscole e di forme decorative assai semplificate, provengono
dalle abitazioni di età ellenistica, dove sono attestati sia il più comune tipo circolare37, sia quello
1031

27 Moscati; Uberti, 1981, p. 32-33, nn. 1013, 1014, tav. CLXXXVI.


28 Mozia, tofet, strato IV, muro T2, n. inv. S281, calcarenite; altezza: 0,22 m; larghezza: 0,32 m, spessore:
0,20 m; base rettangolare sagomata a plinto sormontato da gola egizia su listello a sezione rettangolare. Sulla
superficie superiore, foro rettangolare d’incastro (0,07 x 0,06 x 0,085 m). Integro. Datazione: metà VI-V sec. a.C.:
Ciasca, 1970, 79-80; Moscati; Uberti, 1981, p. 32-33, n. 1012, tav. CLXXXVI.
29 Bartoloni, 1986, n. 30, tav. VIII; anche a Nora (Sardegna) è attestata una base modanata con incasso
superiore: Moscati-Uberti, 1970, n. 83, tav. XLII. Nel caso specifico della base rinvenuta nel tofet di Mozia, l’incavo
sulla superficie superiore potrebbe essere funzionale (date la forma e le dimensioni) all’incasso di una vaschetta
metallica: in questo caso si tratterebbe di un altare bruciaprofumi simile a quelli rappresentati davanti ai braccioli
nei cippi-trono.
30 Ciasca, 1970, p. 79-80.
31 Tamburello, 1967, p. 362, nota 2, fig. 21.
32 Tomba 63, a camera, necropoli di Palermo (saggio VI, 2-XI-1953), S1, n. inv. 33797, calcarenite; altezza:
0,355 m; base inferiore: 0,22 x 0,17 m; base superiore: 0,145 x 0,14 m; base rettangolare, fusto rastremato, doppia
gola egizia, incavo nella superficie superiore. La parte inferiore era probabilmente interrata. La superficie superiore
presenta delle macchie scure, forse tracce di bruciato. All’altare bruciaprofumi era associato un corredo ceramico
arcaico. Datazione: VI-V sec. a.C.: Tamburello, 1967, p. 362, nota 2, p. 372, fig. 21,a.
33 Tomba 185 (vuota), a camera, necropoli di Palermo (saggio XVIII, 3-XII-1953), S10, n. inv. 2875, calcarenite;
altezza: 0,445 m; parte inferiore cubica, con base sottostante aggettante 0,003 m circa, originariamente interrata,
doppia gola egizia e incavo profondo sulla superficie superiore. Parte posteriore non lavorata. Abraso. Datazione:
III sec. a.C.: Tamburello, 1967, p. 362, nota 2, p. 372, fig. 21,c.
34 Forse si tratta dell’altare n. cat. 132, privo di contrassegni ma presumibilmente riferibile allo stesso
contesto dei precedenti: Tore, 1999, p. 417.
35 Tomba 269, a camera, necropoli di Palermo (saggio XIX, 19-V-1954), S2, n. inv. 33798, calcarenite; altezza:
0,245 m; base inferiore: 0,08 x 0,10 m; base superiore: 0,11 x 0,13 m; base rettangolare, fusto rastremato verso il
basso, doppia gola egizia, incavo nella superficie superiore. Abraso e rotto nella parte inferiore. Datazione: III sec.
a.C.: Tamburello, 1967, p. 362, nota 2, p. 372, fig. 21,b.
36 Tore, 1999, p. 422-423, figg. p. 427.
37 Hvidberg-Hansen, 1984, p. 25-48.

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Fig. 19. Base-sostegno (n. 1012) rinvenuta nel tofet Fig. 20. Altare bruciaprofumi dalla tomba 63,
di Mozia (Moscati; Uberti, 1981, tav. CLXXXVI) necropoli di Palermo (Tamburello, 1967, fig. 21,a)
1032

Fig. 21. Altare bruciaprofumi dalla tomba 185, Fig. 22. Altare bruciaprofumi dalla tomba 269,
necropoli di Palermo (Tamburello, 1967, fig. 21,c) necropoli di Palermo (Tamburello, 1967, fig. 21,b)

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Un altare bruciaprofumi punico dalla “Casa del sacello domestico” (Mozia)

quadrato, che riprende il modello di altare-bruciaprofumi a gola egizia (fig. 23)38. Gli scavi alla ne-
cropoli di Solunto testimoniano, tuttavia, un utilizzo e una diffusione di queste installazioni, pur
se in ambito funerario, anche più antichi (fig. 24)39.
Numerose sono le attestazioni di questa tipologia in Africa del Nord: dalla Corte II del San-
tuario di Kerkouane proviene l’“altare egittizzante”(fig. 25)40 realizzato in pietra calcarea, di di-
mensioni simili a quello della “Casa del sacello domestico”di Mozia, ed esposto al museo di Ke-
rkouane41, mentre un bruciaprofumi esposto al Museo di Cartagine (fig. 26) presenta una doppia
gola egizia e vasca rialzata, proviene dalla tomba L.13 della necropoli di Byrsa e può essere datato,
in base ai materiali del corredo funerario di cui era parte, all’inizio del VI sec. a.C.42.
La tipologia dell’altare bruciaprofumi con toro e gola egizia è ancor più largamente atte-
stata nel tofet di Cartagine: qui gli altari rinvenuti hanno un’altezza variabile compresa tra 0,5
m e 1 m, base generalmente quadrata, fusto alto e stretto, toro e parte superiore diversamente
articolata, con gola egizia doppia o tripla, con o senza pyramidion, o con sponde laterali rialzate
(figg. 27-29).43
Il panorama sardo offre molte attestazioni della stessa tipologia nei tofet e nelle necropo-
li , dove, come accennato in precedenza, tali installazioni erano presenti anche come parte (inse-
44

rita ad incastro) del tetto a doppio spiovente che ricopriva le tombe a camera45. A Nora, a Tharros
e nelle necropoli del cagliaritano si hanno alcuni esempi di altari bruciaprofumi a toro e gola egizia
di dimensioni ridotte rispetto a quelli sopra mostrati dal tofet di Cartagine, e analoghe a quelle del
bruciaprofumi della “Casa” di Mozia. L’esemplare in pietra tenera proveniente da Nora (fig. 30),
rinvenuto nel pozzo del “Tempio della Dea”, il c.d. tempio di Tanit nel corso degli scavi G. Pesce,

1033

38 Altare bruciaprofumi (II-I sec. a.C.) a fusto parallelepipedo in calcare ricoperto di stucco bianco, cornice
e parte superiore “con sponde” rialzate, al centro delle quali vi sono evidenti tracce di bruciato. La forma è del
tutto simile a quella dell’altare con sponde conservato al Museo Archeologico Nazionale Baglio Anselmi di Marsala
(TR) di provenienza incerta, ma che può essere attribuito al II sec. a.C.: Spagnoli, 2003, p. 169, nota 8, fig. 5.
39 All’interno dell’Antiquarium del sito è infatti esposto un altare bruciaprofumi con fusto parallelepipedo,
privo di cornice, doppia gola egizia e vasca scolpita nella superficie superiore, proveniente dalla necropoli e
ascrivibile al V-IV sec. a.C.
40 Per la presenza di installazioni simili in Egitto a partire dal IV-III sec. a.C.: Soukiassian, G.(1983) - Les
autels ‘à cornes’ ou ‘à acrotères’ en Egypte. BIFAO 83, p. 317-333, figg. 16-22.
41 Kerkouane, Santuario; calcare tenero; base quadrata: 0,14 m (inf); 0,128 m (sup); altezza complessiva:
0,221 m; altezza fusto: 0,107 m; installazione composta da un supporto troncopiramidale a base quadrata, listello
a sezione rettangolare e gola egizia soprastante. Frammentario. Datazione: IV-III sec. a.C.: Fantar, 1986, p. 184;
pl. XCVI.
42 Cartagine, necropoli di Byrsa, tomba L.13; altezza: circa 0,15 m; altarino bruciaprofumi a base
rettangolare, fusto rastremato verso l’alto, toro e doppia gola egizia. Sulla superficie superiore, vasca con incavo
rettangolare, all’interno della quale sono visibili tracce di bruciato. Angolo del toro e vasca superiore danneggiati.
Abraso. Datazione: inizio VI sec. a.C.: Lancel, 1986, p. 13 (“Petit pilier “djed”).
43 Cartagine, tofet; arenaria giallastra; altezza: 0,58 m; base: 0,22 x 0,18 m; altezza rilievo: 0,03 m; altare
bruciaprofumi a base rettangolare, fusto rastremato, cornice aggettante e gola egizia. Abraso. Angoli inferiori
mancanti. Datazione: VII-VI sec. a.C.: Bartoloni, 1976, p. 85, n. 43, tav. XII.
Cartagine, tofet ; arenaria; altezza: 0,79 m; base: 0,225 x 0,19 m; altezza rilievo: 0,025 m; altare bruciaprofumi
a base rettangolare, fusto leggermente rastremato, cornice aggettante e gola egizia con lieve incavo sulla
superficie superiore. Abraso. Datazione: VII-VI sec. a.C.: Bartoloni, 1976, p. 85, n. 44, tav. XII.
Cartagine, tofet; arenaria giallo-rosata; altezza: 0,59 m; base: 0,175 x 0,175 m; altezza rilievo: 0,055 m;
altare bruciaprofumi a base quadrata, fusto dritto, cornice e gola egizia molto aggettante, con pyramidion alla
sommità. Abraso, punta del pyramidion mancante. Datazione: VII-VI sec. a.C.: Bartoloni, 1976, p. 85, n. 46, fig. 2,
tav. XIII.
44 Per gli altari bruciaprofumi provenienti dalle necropoli e dai tofet sardi: Tore, 1973, tav. XXV; Tore, 1989,
tav. IV.
45 Tore, 1989, tav. I, 20.

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Fig. 23. Altarino bruciaprofumi dall’abitato ellenistico Fig. 24. Altare bruciaprofumi dalla necropoli
di Solunto (foto autrice) punica di Solunto (foto autrice)

1034

Fig. 25. “Altare egittizzante” dal Santuario di Kerkouane Fig. 26. Altare bruciaprofumi dalla tomba L.13
(Fantar, 1986, pl. XCVI) della necropoli di Byrsa, Cartagine (foto autrice)

Arqueologia Sacra
Un altare bruciaprofumi punico dalla “Casa del sacello domestico” (Mozia)

Fig. 27. Altare n. 43 dal tofet di Cartagine Fig. 28. Altare n. 44 dal tofet di Cartagine
(Bartoloni, 1976, tav. XII) (Bartoloni, 1976, tav. XII)
1035

Fig. 29. Altare n. 46 dal tofet di Cartagine Fig. 30. Altare bruciaprofumi dal tempio di
(Bartoloni, 1976, tav. XII) Tanit, Nora, Sardegna (Tore 1973, tav. XIX,2)

Federica Spagnoli
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

presenta tracce di fuoco all’interno della vasca superiore (“dadetto”)46. Anche nel tofet di Thar-
ros è stato rinvenuto un altare bruciaprofumi di dimensioni simili (fig. 31)47 e già interpretato da
Tore come altare votivo48, dato che sembra ora comprovato dalla somiglianza tra questo e l’altare
della “Casa del sacello domestico”, e dall’analogia con quelli rinvenuti nelle necropoli di Palermo
e di Cartagine. Dalla necropoli occidentale di Karalis e quella di San Avendrace provengono altri
due bruciaprofumi dello stesso tipo (figg. 32, 33)49.
Anche in Spagna il tipo è presente con tre esemplari, due rinvenuti fuori contesto in alcune
tombe a camera della necropoli di Villaricos (figg. 34, 35)50, l’altro in una tomba presso le miniere
di Tarsis a Huelva (fig. 36)51, tutti presumibilmente ascrivibili al VI sec. a.C. in base al confronto con
gli esemplari nord africani; il primo e il terzo sono infatti del tutto simili a quelli rinvenuti nel tofet
di Cartagine e nelle necropoli puniche della Sardegna, con base quadrata e fusto alto e stretto, il
secondo è più piccolo e di forma leggermente variata, senza toro e con gola egizia sormontata
elemento a parallelepipedo in pietra.
Il tipo dell’altare bruciaprofumi a gola egizia è dunque ampiamente diffuso nel mondo pu-
nico sin dal VII sec. a.C., come mostrano i ritrovamenti più antichi del tofet di Cartagine, e doveva
essere presente in Fenicia come tipo affine, se non di derivazione, alla tipologia degli altari a corna
diffusa nell’area siro-palestinese fin dal X sec. a.C., attestato nei centri fenici di Sidone e Tiro nella
forma di basi-sostegno di stele52, e negli altari bruciaprofumi rinvenuti nelle necropoli e nei san-
tuari ciprioti e levantini.

46 Nora, Tempio di Tanit; calcare; altezza 0,14 m; base: 0,06 x0,055 m; aggetto della base: 0,01 m; altezza
della base 0,02 m circa; aggetto della cornice inferiore: 0,01 m; larghezza della cornicetta superiore: 0,01 m;
1036 dimensioni del dadetto: 0,075 x 0,07 m; altezza del dadetto: 0,02 m; massima profondità del dadetto: 0,015 m;
altare bruciaprofumi con base a sezione quadrangolare, con doppia risega residua solo in parte su un lato. La
parte superiore della base è leggermente spiovente verso il basso e aggetta rispetto alla parte centrale […].
Parte centrale parallelepipeda con tracce di graffiti su ogni lato. Pare potersi individuare un motivo a festoni molto
stilizzato (triangolari, a più linee convergenti verso l’alto), chiaramente, almeno su due lati, mentre negli altri
residuano solo tracce indistinte[…]. Al di sopra del parallelepipedo aggetta una cornice che descrive una forma
piuttosto dolce (tipo “a gola egizia” piuttosto semplificata) che è sormontata da un’altra cornice “a gola egizia”.
Le due cornici sono sormontate da due modanature piatte. La sommità presenta un dadetto rilevato circondato
su ogni lato da una cornicetta lievemente inclinata verso il basso. All’interno il dadetto è cavo […]. Tracce di fuoco
sui bordi del dadetto (descrizione da Tore, 1973, p. 90). Soltanto un lato è conservato integralmente; abraso su
tutta la superficie. Datazione: III sec. a.C.: Tore, 1973, nota 81, tav. XIX, 2.
47 Tharros, tofet, altare 167; arenaria eolica. altezza: 0,17 m; base: 0,11 x 0,10 m; altare sagomato sulle facce
anteriore e laterali a plinto sormontato da gola egizia su listello. Integro. Datazione: VI-inizi IV sec. a.C.: Moscati;
Uberti, 1985, p. 127, n. 167, tav. LXXI.
48 Tore, 1992, p. 181, nota 11.
49 Necropoli di Predio Ibba (necropoli occidentale di Karalis, Cagliari), pozzo di accesso della tomba 63,
n. inv. 32922; calcare; altezza: 0,23 m; larghezza: base 0,15 m, sommità 0,115 m, listello 0,105 m; spessore: 0,09 m;
aggetto del listello: 0,02 m; altare a fusto troncopiramidale, toro a sezione rettangolare molto aggettante, gola
egizia e vasca superiore con incavo rettangolare. Fortemente danneggiato alla base e alla sommità. Datazione:
IV-III sec. a.C.: Tore, 1973, p. 104-105, tav. XXIV, 1.
Necropoli punica di S. Avendrace (Cagliari), n. inv. 43510; calcare; altezza: 0,155 m; larghezza: base 0,08 m,
sommità 0,063 m, listello 0,105 m; spessore: 0,07 m; aggetto del listello: 0,01 m; altare a fusto troncopiramidale,
toro a sezione rettangolare molto aggettante, gola egizia e vasca superiore con incavo rettangolare. Fortemente
danneggiato alla base e alla sommità; incompleto. Datazione: V-IV sec. a.C.: Tore, 1973, p. 105-106, tav. XXIV, 2.
50 Villaricos, necropoli; calcare; altare bruciaprofumi a base rettangolare, fusto rastremato, toro e gola
egizia. Datazione: incerta, VI sec. a.C.: Astruc, 1951, p. 69, nota 476, làm. L, 1.
Villaricos, necropoli; calcare; altarino bruciaprofumi a base rettangolare, fusto fortemente rastremato,
cornice aggettante e vasca rialzata sulla superficie superiore. Datazione: incerta, VI sec. a.C.: Astruc, 1951, p. 69,
nota 476, làm. L, 4.
51 Provenienza incerta: sepolcro presso le miniere di Tarsis, Huelva; calcare; altezza: 1,0 m; base: 0,63 m;
base quadrata, fusto troncopiramidale, cornice aggettante a sezione rettangolare, gola egizia. Abraso. Datazione:
incerta, VI sec. a.C.: Garcìa y Bellido, 1942, p. 294, fig. 57.
52 Bisi 1967, tav. I, tav. II, 1, con bibliografia.

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Un altare bruciaprofumi punico dalla “Casa del sacello domestico” (Mozia)

Fig. 31. Altare bruciaprofumi dal tofet di Tharros Fig. 32. Altare bruciaprofumi dalla necropoli
(Moscati; Uberti, 1985, tav. LXXI) di Karalis (Tore, 1973, tav. XXIV,1)
1037

Fig. 33. Altare bruciaprofumi dalla necropoli


di San Avendrace (Tore, 1973, tav. XXIV,2)

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Fig. 34. Altare bruciaprofumi dalla necropoli di Villaricos Fig. 35. Altare bruciaprofumi dalla necropoli
(Astruc, 1971, làm. L,1) di Villaricos (Astruc 1971, làm. L,4)
1038

Fig. 36. Altare bruciaprofumi da Huelva


(Garcìa y Bellido, 1942, fig. 57)

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Nella regione siro-palestinese altari bruciaprofumi a base rettangolare o quadrata, con alto
fusto liscio rastremato verso l’alto, con cornice aggettante e parte superiore con vaschetta scava-
ta nella superficie o munita di corna angolari, si trovano frequentemente all’interno dei santuari:
si ricordano gli altari con corna angolari rinvenuti a Megiddo53, a Tell Kedesh54, i due altari brucia-
profumi collocati all’ingresso dell’“Alto Luogo” di Arad55, i numerosi altari rinvenuti fuori conte-
sto, pertanto difficilmente databili con precisione, nel santuario di Eshmun a Sidone (fig. 37)56, i
due altari rinvenuti nella corte del santuario dell’”Ingot God”, a Cipro, del XII sec. a.C.57, gli altari
258 e 38 risultanti dagli scavi dellamissione francese a Kition-Bamboula58.
Rispetto ai più comuni altari bruciaprofumi rinvenuti in contesti sacri nel mondo punico e in
quello fenicio orientale, l’arredo di Mozia presenta dimensioni diverse ed è più piccolo di circa un
terzo: si può quindi tentare, in linea ipotetica e in assenza di puntuali confronti nel mondo punico
con altri provenienti da contesti domestici, una distinzione59 tra un tipo “ufficiale” e collettivo di
altare bruciaprofumi con fusto alto e stretto, cornice a circa tre quarti dell’altezza e gola egizia
poco elevata rispetto a questo, e un tipo destinato al culto domestico “privato” o di natura voti-
va60, di dimensioni minori e con un diverso rapporto proporzionale tra gli elementi compositivi61.
La distinzione è parzialmente verificabile nell’area siro-palestinese e cipriota, dove molti degli
altari con le corna rinvenuti ad Ekron-Tell el-Muqanna’, datati al VII-VI secolo a.C., e rinvenuti nel-
la zona industriale del sito, negli ambienti adibiti alla molitura delle olive62 sono, rispetto ai più
antichi esemplari di Megiddo e della zona settentrionale della costa siro-palestinese, e rispetto a
quelli originariamente collocati in luoghi di culto, più bassi e larghi, con cornice arrotondata e par-
te superiore spesso priva di corna; di dimensioni ridotte sono anche tre altari (presenti nel tempio
come ex-voto) portati alla luce durante gli scavi al santuario di Kharayeb, effettuati alla fine degli
anni ‘6063 e datati con probabilità al VI secolo a.C.; la stessa osservazione trova riscontro anche

53 May; Engberg, 1935, pl. XII,10,11; Loud, 1948, pl. 254,1-2. Datazione: X sec. a.C.
1039
54 Stern; Beit Arieh, 1979, pl. 1,2. Datazione: VIII sec. a.C.
55 Aharoni, 1967, pl. 46. Datazione: VII sec. a.C.
56 Sidone, Santuario di Eshmun; calcare; altezza: 0,88 m; base: 0,22 m; installazione a base quadrata, con
fusto troncoconico, listello a sezione rettangolare, gola egizie soprastante, con rialzo sulla superficie superiore.
Completo: Stucky, 1993, p. 75, n. 62, Abb. 5.
Sidone, Santuario di Eshmun; calcare; altezza 0,70 m; base: 0,29 m; installazione a base quadrata, con fusto
troncoconico, cornice listello a sezione rettangolare, gola egizia soprastante con incavo circolare sulla superficie
superiore. Completo: Stucky, 1993, p. 75, n. 63, Abb. 5, pl. 16.
Sidone, Santuario di Eshmun; calcare; altezza 0,70 m; base: 0,29 m; installazione a base quadrata, fusto
parallelepipedo, listello a sezione rettangolare poco aggettante, parte superiore conformata a capitello dorico,
superficie superiore con incavo circolare. Completo: Stucky, 1993, p. 75, n. 64, Abb. 5, pl. 16.
57 “Autel inferieur”: altezza: 0,80 m; base: 0,47 x 0,32 m; “Autel superieur”: altezza: 0,72 m; base: 0,47 x
0,29 m. Datazione: LC IIIB:1: Courtois, 1971, p. 186, 190, figg. 30-35.
58 Altare 258, Santuario di Kition-Bamboula: calcare; altezza: 0,85 m; base 0,30 x 0,20 m. Base rettangolare,
fusto liscio rastremato verso l’alto, vaschetta rettangolare scavata nella superficie superiore; integro. IX sec. a.C.
Altare 38, Santuario di Kition-Bamboula: calcare; altezza: 1,0 m; base: 0,60 x 0,62 m. Base rettangolare,
toro a sezione circolare, parte superiore mancante. IV sec. a.C.: Yon; Raptou, 1991, pl. III, b, c, f.
59 Pur con le dovute cautele, come già accennato in nota 24.
60 Come già affermato da G. Tore: Tore, 1992, p. 181, nota 11. A questo gruppo darebbero ascrivibili:
l’altare egittizzante di Kerkouane, quello dalla tomba L.13 di Byrsa, il bruciaprofumi stuccato di Solunto, quelli
dalla necropoli di Palermo, l’altare 167 del tofet di Tharros e l’altare dal pozzo del tempio di Tanit a Nora,i due
provenienti dalle necropoli del cagliaritano (Karalis e S. Avendrace), e l’altare più piccolo dei due rinvenuti nella
necropoli d Villaricos.
61 Non sempre questo si verifica: vedi il piccolo bruciaprofumi di Byrsa o quello rinvenuto nella Corte II del
santuario di da Kerkouane: il fattore che rimane costante è la diminuzione delle dimensioni.
62 Gitin, 1989, p. 57-67; Gitin, 1992, p. 43-49.
63 Santuario di Kharayeb; pietra tenera locale; 0,49 x 0,31 m; 0,30 x 0,19 m; 0,29 x 0,305 m; tre altari
frammentari, dei quali il meglio conservato presenta base quadrata, fusto leggermente rastremato, cornice a
sezione rettangolare e parte superiore a blocco con incavo rettangolare sulla superficie superiore. Frammentari,
molto danneggiati. Datazione: VI sec. a.C. Nel rapporto di scavo non si danno indicazioni più precise circa l’originaria

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negli altari bruciaprofumi rinvenuti fuori contesto nella rampa d’assedio del Santuario di Afrodite
a Palaepaphos (fig. 38)64, per i quali si può ipotizzare una funzione simile.
Il tipo rappresentato dall’altare bruciaprofumi della “Casa del sacello domestico”a Mozia
è dunque un prodotto derivato da un modello levantino ampiamente diffuso nelle culture del
Mediterraneo orientale, che si installa nell’isola fin dall’epoca arcaica e che si perpetua pressoché
invariato nelle tradizioni religiose e figurative locali e più in generale del mondo punico.
Circa la specifica funzione dell’altare bruciaprofumi della “Casa del sacello domestico” si
possono avanzare alcune ipotesi interpretative che non trovano, data la mancanza di dati più pre-
cisi circa l’esatto contesto di rinvenimento di molti degli altari punici provenienti sia da necropoli
che da aree sacre sopra citati, un puntuale riscontro, ma che sono suffragate dai dati provenienti
dall’analisi del contesto stratigrafico di rinvenimento dell’installazione all’interno della “Casa” e
della ricostruzione della vita della residenza moziese.
La prima considerazione riguarda appunto il luogo di rinvenimento dell’altare: probabil-
mente l’ambiente L.1044 non era la collocazione originaria dell’arredo, dal punto di vista funzio-
nale; nel contesto sigillato dal crollo non è infatti stato individuato alcun tipo di supporto, sia li-
gneo65 che di altro materiale, su cui questo sarebbe dovuto essere collocato66, insieme alla statua
di culto; si può quindi ipotizzare che l’altare-bruciaprofumi sia stato spostato in L.1044, una delle
stanze più interne e quindi protette dell’edificio, forse poco prima della violenta distruzione del-
l’edificio del 397/6 a.C., magari prelevandoli dal vicino sacello domestico.
La seconda osservazione riguarda la specifica funzione dell’oggetto nell’ambito dei cul-
ti domestici comunemente praticati. Come è emerso dagli esempi di altari-bruciaprofumi noti,
nel mondo punico l’uso di questo tipo di installazioni è connesso ad un ambito funerario; anche
nel caso si tratti di oggetti votivi, questi sono comunque legati alla sfera funeraria, sia nel caso
1040 facciano parte del corredo funebre, sia che si trovino in santuari. Si potrebbe ipotizzare dunque
un uso di questo oggetto nel culto libatorio praticato in casa e dedicato ai defunti67: l’altare bru-
ciaprofumi di Mozia non presenta segni di bruciato sulla superficie superiore e proprio nei pressi
dell’altare sono stati rinvenuti (pur se in collocazione probabilmente non originaria), raggruppati
nell’angolo sud occidentale della stanza, vasi potori a vernice nera connessi verosimilmente alla
pratica del culto.

collocazione e la funzione di queste installazioni; è probabile, comunque, che si tratti non di installazioni cultuali
ma, più verosimilmente, di oggetti votivi: Kaoukabani, 1973, p. 41-42, 54, pl. XVIII, 3.
64 Esposti al Museo di Kouklia, VI-V sec. a.C.
65 A differenza dei resti lignei carbonizzati del telaio (con relativi chiodi in bronzo) rinvenuti ben visibili in
impronta sul pavimento L.1044 coperto dal crollo.
66 Gli oggetti cultuali in L.300 erano collocati su di un blocco di pietra: Nigro, 2004a, p. 200, figg. 3.49, 3.50;
Nigro, 2004b, p. 86, figg. 6, 7, 15.
67 Tore, 1999, p. 417.

Arqueologia Sacra
Un altare bruciaprofumi punico dalla “Casa del sacello domestico” (Mozia)

Fig. 37. Altari bruciaprofumi dal Tempio di Eshmun, Sidone (Stucky, 1993, pl. 16)

1041

Fig. 38. Altarino bruciaprofumi dal Santuario di Afrodite,


Kouklia Palaepaphos (foto autrice)

Federica Spagnoli
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Federica Spagnoli
Motya, Area C East:
Offering Deposits in Sanctuary C3
*
**

Lorenzo Nigro
Daniela Franchi
Valentina Musella
Fiammetta Susanna
Rome “La Sapienza” University

* Trabalho originalmente apresentado como poster

** Nota do Editor:
Texto não revisto pelo autor. Todas as tentativas para contactar os autores de forma a que corri-
gissem as provas tipográficas do seu artigo não tiveram sucesso.
Motya, Area C East: offering deposits in Sanctuary C3

Recent excavations in Area C – the Kothon – have brought to light a sacred area (fig. 1), 35
x 50 m wide, built over the ruins of previous huge temples of the 6th and 5th century BC (Temple
C1 and C2).
The sacred area, delimitated by a temenos, was called “Sanctuary C3”, and included several
cult installations, which were in use during the 4th century BC1.
In a well delimited area inside the Sanctuary, at least 40 offering deposits (fig. 2) were
identified and excavated. They usually consists of small pits (0.4 – 1.1 m in diameter), filled in with
offerings (metals, pottery vessels, animal bones and shells), and closed by means of sherds, tiles,
stone slabs or blocks. Some others were related to cult installations erected in the Sanctuary, such
as altar M.22, with the nearby bothros P.635, or monument M.51, erected on the sealed mouth
of sacred well P.53, or platforms M.19, etc., and in some cases can be considered foundation
deposits (D.43).
In the “votive field”, located just above the collapsed cella (L.660) and the inner courtyard
(L.667) of the previous temples dedicated to cult actvities, offering deposits usually include the
following distinguishing items:
- metal objects: bronze nails, pegs, rivets or plaques, almost always bent or folded in order
to ritually state their votive dedication.
- metal residuals: iron and lead plaques or ingots;
- pottery vessels, especially Black Ware miniature vases, such as lekythoi (fig.4), pixides,
lekanides, salt-cellar cups, carinated bowls, but also Red-Figured craters or fish-dish bases
deliberately perforated for ritual purposes (libation) (figg. 3 e 5)
- animal bones: usually selected bones, such as vertebrae, astragali , theets, horns, tusks, of
sheep, goats, cows, deer and wild boars. In one case (D.649) offerings were grouped all around a
big deer antler, buried in an oval pit lined by small flat stones. Deposits were delimited by stones,
big pottery sherds (belonged to amphorae or pithoi), and tiles, also used sometimes like coverings, 1045
while they were indicated by river-pebbles or cobbles (fig. 3) or reemployed limestone boulders
or ashlar blocks fixed standing in the ground, conveying a mnemonic and symbolic significance.
Sea-shells were very common offerings (fig. 5), and in the majority of cases they were
isolated and directly associated to cult installations, such as platforms and votive pits (for example
bothros P.635).
An almost unique case is that of altar M.22, in front of which a deposit was buried with two
young deer horns and a pierced base of a fish-dish, used for libation (D.72). Other shells, such
as murexes, bivalves or foraminiferas, and mother-of-pearl were found included in all types of
deposits2.
The great number of metal items found in the offerings and cult installations in the Sanctuary
point at a ctonian deity as the main titular god worshipped in the Sacred Area of the Kothon.
However, since up to now no inscribed objects or documents were found, it is still impossible to
put forward a definitive identification of such deity.

Bibliography
Nigro, L. (a cura di ) (2004a) - (a cura di), Mozia - X. Rapporto preliminare della XXII campagna di scavi -
2002 condotta congiuntamente con il Servizio Beni Archeologici della Soprintendenza regionale per i Beni
Culturali e Ambientali di Trapani. Quaderni di Archeologia Fenicio-Punica. I. Roma.
Nigro, L. (2004b) - Il tempio del Kothon (Zona C). In Nigro, L.; Rossoni, G. (a cura di) “La Sapienza”
a Mozia. Quarant’anni di ricerca archeologica, 1964-2004. Catalogo della Mostra, Università di Roma
“La Sapienza” (Facoltà di Scienze Umanistiche, Museo dell’Arte Classica, Roma 27 febbraio-18 maggio
2004). Roma. pp. 72-77.

1 Nigro, 2004b, p. 74-76.


2 Nigro, 2004a, p. 53-57.

Lorenzo Nigro, Daniela Franchi, Valentina Musella e Fiammetta Susanna


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 1. Votive field discovery during the excavations: evident elements were the visual “ensign” of few deposits
like D.923 stone-cube that seems like a “pyramidion” and few ceramic fragments like the upside-down D.909
lekanis. Some of these deposits were founded near squared stone block already visible in this phase

1046

Fig. 2. Deposit’s autocad plan

Arqueologia Sacra
Motya, Area C East: offering deposits in Sanctuary C3

1047

Fig. 3. Upper photo: D999, a black figure skyphos was founded on a stone block inside the temenos foundations
Lower photo: D.945: the votive objects were photographed over some pieces of broken tile used as covering.
MC.04.999/1: red figure skyphos; MC.04.945/2: perforated black ware cup base; MC.04.945/12: perforated black
ware skyphos base; MC.04.161: a big cobble-stone used like “ensign” (segnacolo)

Lorenzo Nigro, Daniela Franchi, Valentina Musella e Fiammetta Susanna


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1048

Fig. 4. Upper photo: D.923: in foreground there are a black ware aryballic lekythos and few red figures and
black ware cups fragments; on the right all offering objects founded around the cube block.
Lower photo: D.923 in situ: stone blocks and ceramics amphorae in foreground

Arqueologia Sacra
Motya, Area C East: offering deposits in Sanctuary C3

1049

Fig. 5. Upper photo: D935 (left side) and D986 (right side): all offering objects founded in association with
a large amount of broken tiles (D935) and a very big tile (D986). In the middle a perforated shell probably
used as a pendant (MC.04.369), a black ware skyphos base (MC.04.986/5) used for libations and a red figure
aryballic lekythos (MC.04.986/6)

Lorenzo Nigro, Daniela Franchi, Valentina Musella e Fiammetta Susanna


Algunos indicios sobre la (posible)
práctica de sacrificios humanos en Cádiz
*

A. M. Niveau de Villedary y Mariñas


Universidad de Cádiz

Resumen

El reciente hallazgo en el relleno de un pozo ritual de época bárcida de un individuo


presumiblemente arrojado de forma violenta a su interior, nos lleva a reflexionar sobre la posibilidad
de la existencia de sacrificios humanos en Gadir.
Tradicionalmente se ha considerado que Cicerón alude a estas prácticas cuando habla de la
abolición por la ley romana de ciertas “costumbres bárbaras” de los gaditanos (Pro Balb. 43; Ad Fam.
10, 32, 3). Al igual que en Tiro, los sacrificios podrían estar relacionados con la inmolación de víctimas
humanas en las ceremonias que anualmente conmemoraban la muerte y resurrección de Melqart;
aunque, dado el contexto cronológico (segunda mitad del s. III a.C.), preferimos pensar que se trate
de una muerte ritual de carácter extraordinario, en relación con el desarrollo de la Segunda Guerra
Púnica.

Abstract

The recent discovery of a human being in the filling of a barcide ritual well, presumably thrown
out with violent, leads us to think about the possibility of the practice of human sacrifices in Gadir.
Cicero’s comments about the abolition of certain “barbarian manners” typical of the popu-
lation of Gadir (Pro Balb. 43; Ad Fam. 10, 32, 3), have traditionally considered as a reference to these
practices. Like in Tiro, the sacrifices could be related to the immolation of human beings in the annual
ceremonies dedicated to the death and the resurrection of Melqart; however, the archaeological con-
text (second half of IIIrd century BC) leads us to think about an exceptional death ritual, related to the
development of the II Punic World.

* Este trabajo se inscribe en el marco de actuación del Grupo de Investigación «Phoenix Mediterranea».
Protohistoria del Mediterráneo Occidental (HUM-509) dentro del Plan Andaluz de Investigación.
Algunos indicios sobre la (posible) práctica de sacrificios humanos en Cádiz

1. Introducción

Al contrario de lo que ocurre con el emplazamiento de la fundación tiria de Gadir, de la que


apenas existen vestigios en el solar de la actual ciudad de Cádiz1, los restos materiales de la ne-
crópolis fenicio-púnica son muy numerosos, fruto de una larga tradición de hallazgos casuales y
de más de un siglo de excavaciones arqueológicas. A pesar de ello, el conocimiento que tenemos
de ésta es aún insuficiente, pues salvo la monografía publicada en 1990 (Perdigones, Muñoz y
Pisano, 1990), que ya ha quedado desfasada, no ha existido otro intento de abordar su estudio de
forma global. Tampoco abundan los estudios parciales, teniéndonos que conformar, en el mejor
de los casos, con los informes de las intervenciones de urgencia que se publican en los Anuarios
Arqueológicos de Andalucía. Con todo, el incremento de las actuaciones arqueológicas en los últi-
mos años y la aplicación de metodologías basadas en la excavación en extensión han provocado
una avalancha de datos e información sobre los distintos aspectos del mundo funerario gaditano
que a falta de una valoración global y pormenorizada ya está ofreciendo interesantes resultados
en cuanto a la extensión cronológica y geográfica de la necrópolis y a la organización espacial y
simbólica del espacio funerario.
En suma, a día de hoy y con los datos disponibles, podemos hablar de una necrópolis fe-
nicia arcaica (finales del s. VII y s. VI a.C.) que se extiende, como están demostrando los trabajos
más recientes2, más allá de los límites propuestos en un primer momento (Perdigones, Muñoz y
Pisano, 1990, p. 11); y de una necrópolis púnica, de la que conocemos –aunque relativamente– las
fases correspondiente a los siglos V y IV a.C., al menos en cuanto a distribución espacial y tipo-
logía de los enterramientos se refiere; y, por el contrario, desconocemos prácticamente todo
sobre la del III-II a.C., aunque, paradójicamente, sea en esta etapa cuando se advierte una nota-
ble intensificación en el uso de la necrópolis que viene acompañada de la compartimentación y 1051
estructuración del espacio funerario y de la extensión de los límites del mismo. En otros trabajos
hemos explicado este incremento demográfico en relación con la llegada efectiva de los bárcidas
a suelo gaditano (Niveau de Villedary, 2003, p. 206), puesto que aunque aún están por definir con
exactitud en estos momentos tiene lugar una serie de cambios cuantitativos y cualitativos que
nos invitan a considerar esta posibilidad. Las tumbas que podemos adscribir a este periodo se
multiplican de forma extraordinaria y, a partir de este momento, la necrópolis se compartimenta
y parcela, alternándose las calles donde se agrupan las tumbas con otras zonas libres de enterra-
mientos aunque dedicadas a un uso funerario secundario. En estas últimas áreas se ha constatado
la existencia de una serie de estructuras que presumiblemente se utilizaron para la celebración de
rituales funerarios, entre las que destacamos, por la información que nos proporcionan, las fosas
y, sobre todo, los pozos rituales que en el mundo funerario gaditano parecen haber cumplido la
función de bothroi en los que, por una parte, se amortizan los restos –vasculares y orgánicos– de
los banquetes funerarios y, por otra, son espacios sacrales ctónicos en los que tienen lugar ciertos
rituales.

1 A la inversa, las evidencias procedentes de los niveles más antiguos del cercano yacimiento del Castillo
de Doña Blanca en El Puerto de Santa María, son cada día más elocuentes. Tanto el urbanismo como la epigrafía
y la procedencia oriental de la vajilla cerámica evidencian una fundación urbana fenicia arcaica que como viene
proponiendo su excavador podemos identificar con parte del enclave de Gadir (Ruiz Mata, 1999). Por su parte,
los nuevos datos sobre la presencia arcaica en la ciudad de Cádiz aportados por las excavaciones más recientes
(casi siempre limitados a niveles del s. VIII a.C.) se pueden explicar en función de la realización de actividades
económicas puntuales, fundamentalmente relacionadas con la pesca. Cf. Córdoba y Ruiz Mata, 2005.
2 Desde mediados de los años 90 se vienen documentando enterramientos de época arcaica en zonas en
principio bastante alejadas del núcleo principal, tanto en la isla menor en los alrededores del barrio de Santa María
(Córdoba, 1999, p. 342), como en la mayor en lo que constituía la antigua línea de playa cara a la bahía (Córdoba,
1999; Córdoba y Blanco, 2004, p. 17), aúnque en estos casos parece tratarse de enterramientos esporádicos y
dispersos, sin indicios aparentes de una organización espacial previa (Córdoba y Blanco, 2004, p. 24).

A. M. Niveau de Villedary y Mariñas


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Estamos hablando de estructuras excavadas en la roca que pueden o no contar con un


segundo tramo constructivo a base de sillares3. Generalmente llegan hasta el nivel freático y no
suelen superar el metro de diámetro por lo que en ocasiones no es fácil excavarlos por completo.
Estos pozos se han venido documentando desde las primeras excavaciones llevadas a cabo en la
ciudad (Niveau de Villedary, 2001, p. 192), pero no ha sido hasta las más recientes cuando se ha
procedido a excavarlos meticulosamente, lo que nos ha permitido conocer que se procedía a su
relleno siguiendo una serie de pautas, alternando niveles estériles con otros repletos de material,
capas de piedras, arenas o limos, así como la existencia de algunos rituales y ofrendas deposita-
dos en su interior (Sibón, 2001). La aplicación de esta metodología es la que ha permitido registrar
el hallazgo que ahora presentamos.

2. El hallazgo y su contexto

El pozo en cuestión fue hallado y excavado como resultado de una intervención de urgen-
cia motivada por la construcción de un conjunto de viviendas y garajes de nueva planta4. El solar
se encuentra situado extramuros de la ciudad, en un área considerada como de media densidad
arqueológica (grado 2) dentro de la carta de riesgo de la capital gaditana5 (Fig. 1, 1), en la zona
próxima a la antigua línea costera que supone una de las extensiones de la necrópolis fuera de
los emplazamientos considerados tradicionales. Una vez confirmado el uso funerario, uno de los
principales objetivos de la intervención fue la comprobación de la existencia de indicios de orde-
nación espacial entre las estructuras funerarias (presencia de alineaciones de ánforas, alternancia
de tumbas y otras estructuras, etc.), fenómeno que ya se había observado en solares próximos
1052 (Córdoba y Blanco, 2004, p. 2). La mayoría de los enterramientos6 se fechan por sus ajuares en-
tre finales del s. III y el s. II a.C. y se emplazan de acuerdo a unas pautas espaciales previamente
determinadas siguiendo una alineación NW – SE que cruza todo el solar. A ambos lados, por el
contrario, no apareció ni una sola tumba con esta cronología y características y sí otro tipo de
vestigios formados por dos conjuntos de pozo y pileta que hay que relacionar con la práctica de
ritos lustrales en la necrópolis (Córdoba y Blanco, 2004, p. 24). No sabemos la causa por la que los
pozos, que en un principio debieron ser funcionales, en determinado momento se amortizan y se
convierten en “depósitos” de los residuos de la necrópolis.
El pozo 1 (Fig. 2), situado al sur de los enterramientos, se excava en la roca natural y sólo
en algunos puntos el brocal se construye de mampostería, con piedras planas de erosión litoral
de pequeño y mediano tamaño. En el relleno del depósito se distinguen dos niveles. A diferencia
de otras estructuras similares no se advierte ningún ritual de sellado a base de cenizas, capas
compactadas de arenas, arcillas y ripios, ni grandes piedras (Niveau de Villedary, 2001, pp. 225-
226), sino que desde el principio aparecen arenas de color pardo y textura suelta. A los veinte

3 Sobre estas estructuras, su distribución en la necrópolis, tipología, posible significado y niveles de relleno
vid. Niveau de Villedary, 2001, 2003 y Niveau de Villedary y Ferrer, 2005.
4 Desde estas líneas quiero agradecer a la empresa Arqueogades S.L. Actividades Arqueológicas y, en
concreto, a Ignacio Córdoba Alonso, director de la intervención, todas las facilidades dadas para hacerme cargo
del estudio de este hallazgo, tanto a pie de excavación como posteriormente.
5 Ya en una intervención de urgencia llevada a cabo en 1997 en las cercanías se pudieron documentar
grupos de hipogeos púnicos con ajuares de joyería y algunas tumbas republicanas excavadas en la arcilla y
cubiertas con tégulas (Córdoba y Blanco, 2004, p. 1).
6 Se trata de trece inhumaciones individuales en fosa simple dispuestos en una calle de 25 metros de largo
por un máximo de 7 metros de ancho (Córdoba y Blanco, 2004, pp. 12-13).

Arqueologia Sacra
Algunos indicios sobre la (posible) práctica de sacrificios humanos en Cádiz

1053

Fig. 1. Planta de la ciudad de Cádiz con indicación de los puntos de la necrópolis púnica en los que han aparecido
restos humanos en el interior de pozos rituales. 1. Situación del hallazgo – Trille 2004. 2. Plaza de Asdrúbal
– Sector H 1987. 3. Plaza de Asdrúbal 1997/98. 4. Cuarteles de Varela 1999. Elaboración de la autora

centímetros comienzan a documentarse algunos fragmentos cerámicos7, principalmente galbos


de ánforas, aunque también algunos bordes reconocibles de tipos locales (T-12.1.1.1/2, T-8.2.1.1.
y T-4.2.2.5.) y centromediterráneos (T-5.2.3.1.), formas todas ellas características de contextos
cronológicos en torno a la Segunda Guerra Púnica; y algunos fragmentos, aunque escasos, de
elementos de vajilla común, helenística local de “tipo Kuass” y barniz negro campaniense A.
A un metro y medio de profundidad apareció una boca completa de T-12.1.1.1/2 (Lám. 1) y
bajo ella una mancha gris oscura con carbones de pequeño tamaño entre las que se localizaron
varias vértebras de gran tamaño pertenecientes a alguna especie de túnido, cuya descomposi-
ción explicaría la coloración de las tierras y que puesto que se trata de un depósito primario posi-
blemente se trate de una ofrenda (Niveau de Villedary, 2006a). Poco después, cercano a los dos
metros de profundidad, bajo algunas piedras calizas de origen local y tamaño medio, aparecieron
los restos óseos de un individuo adulto (Lám. 2). El esqueleto, bastante bien conservado, se sitúa

7 Hay que destacar la escasa presencia de materiales, sobre todo en comparación con el gran volumen de
restos que han aportado otras estructuras similares excavadas. Pero, aunque ésta parece ser la tónica habitual
tampoco es extraño encontrarnos con pozos en los que como en éste los restos cerámicos no son muy numerosos.
Baste como ejemplo los dos pozos, de similar cronología, excavados en 2001 en la sede de la Tesorería General de
la Seguridad Social de Cádiz (Sibón, 2001, pp. 32-34; Niveau de Villedary, 2003, n. 10; fig. 3), mientras que el pozo
1 ofreció poco más de un millar de fragmentos cerámicos y sólo 97 fragmentos diagnosticables, el pozo 3, sobre
una estimación de 10.000 fragmentos, aportó 1.243 formas reconocibles.

A. M. Niveau de Villedary y Mariñas


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1054

Fig. 2. Sección del pozo nº 1 de Trille con la situación del cadáver (Córdoba y Blanco 2004: plano 4)

en un lateral, en la pared sureste del pozo, orientado en un eje SE – NW8, en una posición que
sus excavadores califican de “cuanto menos forzada” (Córdoba y Blanco, 2004, p. 19), con las
extremidades inferiores flexionadas, casi en posición fetal, con el cráneo y el brazo izquierdo
introducidos bajo la pared de roca del pozo donde comienza el nivel freático, y con tres piedras
de tamaño apreciable “clara e intencionadamente” colocadas sobre el cadáver, lo que junto con
algunos paralelos (Torres, 1999, pp. 154-155) lleva a los autores del informe a considerar la posi-
bilidad –aunque “controvertida”– de que se trate de un sacrificio humano. Junto al individuo se
documentaron los huesos de algún tipo de ave de pequeño tamaño sin identificar, hallazgo que
también aboga a favor del carácter ritual del contexto (Niveau de Villedary, 2006b).
Bajo los restos humanos, a cerca de dos metros y medio de profundidad, tiene lugar un
cambio en las tierras que colmatan el nivel freático y comienzan a aparecer arenas de grano grue-
so mezcladas con grandes cantidades de carbonatos blanquecinos muy compactados de origen
hídrico –Nivel II (Córdoba y Blanco, 2004, p. 20)–. Los escasos materiales cerámicos procedentes
de este nivel, casi todos pertenecientes a recipientes anfóricos muy rodados (Córdoba y Blanco,
2004, p. 20, lám. 5), presentan numerosas concreciones calcáreas debido al contacto prolongado
con el agua, aunque cronológicamente no difieren de los hallados en el nivel I, quizás tan sólo son
algo anteriores.

8 Obsérvese que aunque la deposición sigue el mismo eje que los enterramientos de la misma época
situado en las proximidades, mientras que éstos se disponen con la cabeza orientada hacia el NW, en el caso del
individuo arrojado al pozo la orientación es la contraria y son los pies los que miran hacia el NW y la cabeza hacia
el SE.

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Lám. 1. Nivel 1 de excavación del pozo con detalle de la boca de T-12.1.1.1/2. Fotografía: Ignacio Córdoba Alonso

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Lám. 2. Nivel 1 de excavación del pozo con detalle del individuo depositado en su interior.
Fotografía: Ignacio Córdoba Alonso

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3. ¿Enterramiento, muerte accidental o sacrificio ritual?

En principio, podría pensarse que nos hallamos ante una inhumación en pozo, pero ni la
disposición forzada del cadáver, arrojado con descuido al interior de la estructura, ni la total
ausencia de esta tipología tumbal en la necrópolis gaditana9 permiten sostener tal hipótesis.
Cabría también la posibilidad de que se tratase de un individuo que muriese de forma acci-
dental al caer dentro del pozo durante su construcción, al intentar obtener agua del mismo o de
forma casual. En este supuesto podríamos preguntarnos la causa de que el cadáver fuera aban-
donado en el pozo, lo que no tendría razón de ser - por razones higiénicas obvias - en el caso de
que se tratase de un pozo artesiano en funcionamiento. Ni tampoco explica el por qué aparecen
varias piedras de gran tamaño cubriendo el torso y las extremidades del esqueleto o por que tie-
nen lugar una serie de actos rituales alrededor de éste (deposición de ofrendas).
Podemos entonces considerar la alternativa de una muerte violenta. Opción que vendría
avalada por la posición antinatural del individuo, que aparece con las extremidades flexionadas y
la cabeza ladeada y por el mismo abandono del cadáver. Aun en este caso son dos las interpreta-
ciones posibles, podría tratarse de un homicidio común, sin ningún significado religioso o ritual,
aprovechando la presencia de una estructura profunda en una zona aislada y desierta, pues recor-
demos que estamos hablando de la necrópolis. Ahora bien, existen una serie de indicios que nos
permiten sospechar que estamos ante una muerte ritual. En primer lugar, no se trata de un hecho
aislado. Aunque no es lo habitual, en la necrópolis púnico-gaditana tenemos documentada la apa-
rición de restos humanos en el interior de más de un pozo. En dos ocasiones lo que aparecen son
cráneos humanos10, en ambos casos acompañados de perros sacrificados (Niveau de Villedary y
Ferrer, 2004, p. 68) (Fig. 1, 2 y 3); un binomio que en otro lugar, hemos interpretado como parte
de los ritos de sacralización de los pozos de forma previa a su utilización como “depósitos o basu-
1056 reros sagrados” (Niveau de Villedary, 2001, p. 223).
En el último ejemplo es también un individuo completo el que aparece en el interior de
otra de estas estructuras. El pozo se localiza en uno de los solares resultantes de la parcelación
de los antiguos Cuarteles de Varela (Fig. 1, 4). Se trata de una zona de gran amplitud y reciente
urbanización que ofrece la posibilidad de excavar en extensión y de contrastar los datos con los
de parcelas contiguas. En ésta en cuestión, excavada en 1999 (Miranda y Pineda, 1999), se pudo
constatar la parcelación de la necrópolis, en este caso explicitada mediante hitos de piedra y án-
foras seccionadas que señalan a modo de calles las zonas ocupadas por los enterramientos y los
separan de aquellas otras áreas en las que se documentan los pozos y piletas y en las que tendrían
lugar otros rituales (Miranda, Pineda y Calero, 2004, fig. 4). De los seis pozos documentados en el
solar es el localizado en la cuadrícula A1 el que deparó el hallazgo que nos interesa. También fue
el único que no pudo excavarse hasta el freático debido a que en parte se imbuía en el perfil sur
de la parcela, que cedió sin haberse podido alcanzar el final.
El esqueleto apareció bajo un potente relleno de cerca de tres metros de arena suelta de
miga, completamente limpia, de un tipo, como remarcan los excavadores, “inexistente en esta-
do natural en Cádiz” (Miranda y Pineda, 1999, p. 179). Se trata de un individuo femenino joven,

9 Aunque en ocasiones se ha defendido la existencia de incineraciones en pozo en la necrópolis de Cádiz


(Tejera Gaspar, 1979, p. 46; Muñoz, 1998, p. 145-146, fig. 4, 3), en realidad se trata de pozos rituales del tipo
descrito en cuyo nivel más profundo han tenido lugar al inagurar el espacio sacro ciertos ritos libatorios cuyos
restos vasculares se han podido confundir con enterramientos. Cf. Niveau de Villedary, 2001, pp. 192-195.
10 Se han documentado cráneos humanos en otros depósitos votivos como los de Garvão en el Bajo
Alentejo y el Amarejo en Albacete (Niveau de Villedary, 2001, p. 224). En el primer caso se ha interpretado como
un ritual de fundación del depósito, y aunque en el segundo su excavador los considera intrusivos, la probada
alteración del depósito, bien pudiera haberlos desplazado de su posición original. En otros casos, como en el
mundo ibérico, la presencia de cráneos humanos, sobre todo en contextos habitacionales, se ha puesto en
relación con cultos domésticos gentilicios, a antepasados heroizados (Almagro-Gorbea y Moneo, 1999, p. 101).

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Algunos indicios sobre la (posible) práctica de sacrificios humanos en Cádiz

de menos de 30 años, que aparece en “posición primaria” y yacente y que por la posición de los
miembros superiores fue lanzado inmovilizado. Bajo éste se localizó un potente nivel de piedras
de gran tamaño mezcladas con tierra oscura y algunos fragmentos cerámicos (sobre todo ánfo-
ras) que se fechan grosso modo en los ss. II-I a.C., sin que tengamos datos más precisos. Tampoco
conocemos la potencia del estrato puesto que en este punto hubo que abandonar el vaciado de
la estructura. Del estudio antropológico y paleopatológico (Calero en Miranda y Pineda, 1999,
pp. 225-227) se desprende la pertenencia a una raza o etnia diferente (prognatismo alveolar no
mandibular, distinta morfología ósea, gracilidad, presencia de escotaduras intencionales en los
primeros premolares izquierdos, superiores e inferiores, etc.), lo que ha llevado a proponer la po-
sibilidad de que se tratase de una esclava (Calero en Miranda y Pineda, 1999, p. 236); en cualquier
caso, la presencia de individuos norteafricanos en Cádiz se podría poner en relación con la llegada
masiva de población de ese continente en alguna de las distintas oleadas púnicas que tienen lugar
durante los siglos III (previa a la Segunda Guerra Púnica) y II a.C. (tras la destrucción de Cartago)11.
Sobre lo que no parece haber ninguna duda, al menos para los autores del estudio, es sobre la
evidencia de una muerte violenta.
Pese a las diferencias existentes entre este hallazgo y el que estamos analizando aprecia-
mos también ciertas similitudes que merecen un comentario. Salta a la vista la coincidencia entre
ambos contextos, en los dos casos se trata de individuos que son arrojados inmovilizados12 al
interior de pozos, en los que además tienen lugar una serie de acciones rituales: deposición de
ofrendas (atún, ave), sellado ritual mediante arena limpia, deposición de grandes piedras sobre el
cadáver13; que no parecen casuales, sino, todo lo contrario, parte de ceremonias muy ritualizadas
en las que tienen lugar sacrificios humanos14.

1057
4. ¿Sacrificios humanos en Cádiz?

Mucho se ha especulado con la posibilidad de la práctica de sacrificios infantiles en Cádiz


a pesar de que hasta el momento no existe el más mínimo indicio de la existencia de tofets en
ninguna de las colonias extremo-occidentales de la Península Ibérica (cf. VV.AA. 1989 y 1995). Al-
gunos hallazgos de la necrópolis romana de Cádiz llevaron a su excavador, en su afán de defender
a toda costa la idiosincrasia de Gadir frente a Cartago (Corzo, 1995, p. 82), a plantear la existencia
de un ritual gaditano “particular” en el que la muerte por degollamiento, la incineración del cuer-
po y la posterior deposición de los restos en recintos propios en el interior de urnas (es decir el
sacrificio MLK tal y como se conoce en Cartago y en las colonias centromediterráneas) se vería
sustituido por la muerte violenta de los primogénitos (?) mediante golpes contundentes en el
cráneo y la posterior inhumación de los cuerpos, que se agruparían (como en el tofet) en espacios
reservados exclusivamente para este fin (Corzo, 1989, 1992 y 1995; Corzo y Ferreiro, 1987); no
obstante, esta teoría, que carece de una base científica sólida, no ha tenido apenas repercusión
en la literatura posterior (Olmo, 1995, p. 16, n. 1).

11 En principio, sobre todo teniendo en cuenta la cronología tardía del contexto, no podemos descartar
que se trate de una esclava introducida desde Roma, pero el contexto ritual en el que apareció remite sin duda
alguna a costumbres y ceremonias púnicas y tardopúnicas.
12 Maniatados y, al menos en un caso, también se ligan las extremidades inferiores.
13 Según la visión escatológica fenicio-púnica la deposición de grandes piedras sobre el cadáver tenía la
misión de impedir que el alma del difunto saliese de la tumba durante la noche y asustara a los vivos (Bartoloni,
2004, p. 120, n. 17), tanto más si se trata de una muerte violenta.
14 A este respecto véase, salvando las distancias cronológicas y culturales, los “sacrificados” de Acy-
Romance. Cf. Verger, 2000.

A. M. Niveau de Villedary y Mariñas


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

También se ha querido probar la existencia de sacrificios humanos en la Cádiz fenicia a


través de la interpretación de algunas noticias recogidas por Cicerón y Plinio, aunque en ambos
casos se trata de referencias vagas y tardías y, por consiguiente, de interpretaciones bastante
forzadas.
Plinio, en su descripción de las estatuas marmóreas existentes en la ciudad de Roma, men-
ciona de pasada que los púnicos sacrificaban anualmente una víctima humana a Hércules (N.H. 36:
39)15. Algunos autores han puesto en relación esta noticia –la única referencia escrita que nos ha
llegado sobre la existencia de sacrificios humanos dedicados a Melqart– con las fiestas anuales
que se celebraban en Tiro16 en los meses de febrero y marzo para conmemorar la resurrección
de Melqart (García y Bellido, 1963, pp. 72 y 131), posiblemente por la coincidencia en el carácter
anual de ambos acontecimientos (conmemoración festiva – sacrificio humano)17. Otros van más
allá y proponen directamente que durante las celebraciones se sacrificara en el fuego una víctima
humana, sin más base que la suposición de que la víctima debía morir de la misma forma que el
dios, receptor del sacrificio (Aubet, 1994, p. 239 siguiendo a García y Bellido, 1963, p. 72). A partir
de esta suposición se propone que dicho ritual se hubiese transferido, junto al culto del dios, a
la metrópoli extremo-occidental (Aubet, 1994, p. 239). A estas prácticas se referiría Cicerón (Pro
Balbo 43) –siempre según García y Bellido (García y Bellido, 1963, p. 73)– cuando alude a la aboli-
ción por parte de César de ciertas “costumbres bárbaras” de los gaditanos, algunas de las cuales
–como enterrar en lodo y a continuación quemar vivo a un soldado de Pompeyo– describe en
otro lugar (Cicerón, Ad fam. X, 32, 3); aunque en estos casos el estudioso se inclina (no sabemos
tampoco con qué argumentos) por poner en relación estas muertes con el culto a Baal-Ham-
món-Cronos-Saturno, por otra parte el receptor habitual de los sacrificios humanos en el mundo
fenicio-púnico.
1058 Como vemos no contamos con una base literaria sólida para probar la existencia de
sacrificios humanos en Cádiz. Desconocemos además si, como en Tiro, en Gadir se conmemoraba
la egersis de Melqart y en caso afirmativo si se adopta el mismo ritual que en Oriente (cf. Xella,
2004, p. 42) o surgen variantes. Con los datos que poseemos para Cádiz lo único que podemos
aventurar es la celebración de rituales de carácter ctónico18 –puesto que tienen lugar en la
necrópolis y en estructuras subterráneas–, en el curso de las cuales tiene lugar un sacrificio
humano que, sin embargo, en los casos documentados “no pasan por el fuego”19. Este detalle
nos permite tener constancia de la realización del sacrificio, puesto que el cadáver permanece.
Aunque no podemos asegurar si en las fiestas orientales se sacrificaba una víctima humana (con
o sin paso por el fuego), a favor de que el hallazgo del pozo de Trille responda a una suerte
de conmemoración “particular” gaditana de la resurrección del dios, se hallaría la presencia de
los restos de un ave junto al individuo inmolado que en el caso de que se tratara de un gallo o
gallina (Gallus domesticus) simbolizaría tanto el alma del difunto como la noción de resurrección
(Fantar, 1970, p. 34); aunque también podría ser una codorniz (Coturnix coturnix), especie que

15 Inhonorus est nec in templo ullo Hercules, ad quem Poeni omnibus annis humana sacrificaverant victima,
humi stans ante aditum porticus ad naciones.
16 A pesar de que el término utilizado por Plinio es el de “Poeni”.
17 Agradecemos a Luis Alberto Ruiz Cabrero sus comentarios acerca de este pasaje y de sus posibles
interpretaciones.
18 Conviene recordar, como hace Xella, la dimensión ctónica de Melqart (Xella, 2004, p. 41).
19 No obstante, en el testimonio de Filón de Biblos no se hace referencia al fuego, de lo que Simonetti
deduce que en origen en el Próximo Oriente no se contemplaba –o, al menos, no de forma exclusiva– el sacri-
ficio mediante el fuego (Simonetti, 1983, pp. 99-100). Aunque el historiador fenicio se refiere a la inmolación de
niños, el dato podría ser igualmente válido para el resto de los sacrificios practicados en la franja sirio-palestina,
modalidad que presumiblemente pudo ser la adoptada por Gadir en un momento temprano, sin la mediación de
Cartago.

Arqueologia Sacra
Algunos indicios sobre la (posible) práctica de sacrificios humanos en Cádiz

según Ateneo de Náucratis se inmolaba durante los sacrificios dedicados a Melqart en Tiro (Aten.,
Deipn., IX, 392D-E).
En cualquier caso es conveniente, como en su día señaló Adele Simonetti, diferenciar a ni-
vel metodológico entre “sacrificios humanos” y “muertes rituales” (Simonetti, 1983, p. 93), toda
vez que la mayor parte de los ejemplos documentados caben dentro de la segunda de las opcio-
nes (Marín Ceballos, 1995, p. 56), es decir, se trata de muertes que no se practican como ofrendas
periódicas a una divinidad concreta, sino de forma extraordinaria en circunstancias culturalmente
significativas de la vida social como funerales, fundaciones de ciudades, situaciones de crisis, gue-
rras, epidemias, carestía, etc., no implican necesariamente un destinatario divino.
Diodoro Sículo recuerda dos episodios de la historia de Cartago (Diod. XIII, 86 y XX, 14) en
los que los caudillos cartagineses ofrecen sacrificios a Kronos para recabar su ayuda en situacio-
nes de crisis (epidemias y asedios). Si del segundo fragmento es interesante destacar que entre
las víctimas del sacrificio colectivo, además de niños, hay adultos que se ofrecen voluntariamen-
te, no menos elocuente resulta la evidencia del primero en el que la pequeña víctima, que no es
quemada, muere degollada por un golpe de espada (Simonetti, 1983, pp. 100-101). De éste y otros
ejemplos se saca la conclusión de la existencia en el mundo fenicio-púnico de dos tipos de sacrifi-
cios humanos, según intervenga o no el fuego. El segundo caso, aunque menos frecuente, sería el
documentado en Oriente y, al parecer, el adoptado por los fenicios extremo-occidentales.
Volviendo al ejemplo que estamos analizando, y a falta de un análisis más profundo, pode-
mos sacar algunas conclusiones preliminares. Puesto que cronológicamente los materiales que
rellenan el pozo ofrecen una datación muy precisa centrada en el transcurso de la Segunda Gue-
rra Púnica, estaríamos hablando de una situación de guerra y por tanto de crisis, en la que bien
pudiera haberse dado las circunstancias propicias para llevar a cabo un sacrificio (que podría ser
un ciudadano libre, un esclavo o, como en la noticia de Cicerón20, un prisionero de guerra); aun- 1059
que tampoco podemos olvidar que se trata de un contexto funerario y que, por tanto, podríamos
encontrarnos ante un sacrificio funerario.
En suma, con los datos que tenemos podemos aventurar que posiblemente nos encontre-
mos ante muertes rituales debido a circunstancias extraordinarias, que en el caso a examen (por
el contexto cronológico) podría estar en relación con los acontecimientos bélicos desarrollados
en torno a la Segunda Guerra Púnica; costumbre que podemos suponer que perdurase en el tiem-
po, quizás desvirtuado, y de ahí tanto el hallazgo de Varela como el testimonio de Cicerón.

En Cádiz a 29 de diciembre de 2005

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1061

A. M. Niveau de Villedary y Mariñas


LA DIVINIDAD FEMENINA DE ORIGEN ORIENTAL
Y SU REFLEJO EN LOS SANTUARIOS IBÉRICOS

Lourdes Prados Torreira


Dto. Prehistoria y Arqueología
Universidad Autónoma de Madrid

Resumen

Analizamos la presencia de una divinidad femenina de origen oriental cuyo culto se manifiesta
en diferentes santuarios de época ibérica, a partir de las representaciones antropomorfas, betílicas y
simbólicas.

Abstract

We analize the presence of an oriental female divinity in different Iberian sanctuaries, and her
anthropomorphic, betilic and symbolic representations.
La divinidad femenina de origen orientaly su reflejo en los santuarios ibéricos

A medida que avanza la investigación en torno a los santuarios de época ibérica, comienza a
ser más evidente la importancia de cultos de origen oriental, en sentido amplio, en un gran núme-
ro de santuarios pertenecientes a esta cultura. En concreto, en los últimos años diversos estudios
han destacado su huella en santuarios tan distantes como La Algaida, San Lúcar de Barrameda,
Cádiz (Corzo 2000); Gorham´s Cave, Gibraltar (Belén y Pérez López 2000); Torreparedones, Baena,
Córdoba (Cunliffe y Fernández Castro 1999 y Castro y Cunliffe 2002); San Miquel de Lliria, Valencia
(Bonet y Mata 1997); La Encarnación, Murcia (Ramallo y Brotons 1997); Cerro de Las Cabezas,
Valdepeñas, Ciudad Real (Moneo et alii 2001), etc. En todos ellos, la presencia de un culto a una
divinidad femenina, cuya representación puede ser antropomorfa, betílica o evocada mediante
símbolos, queda patente, al tiempo que se manifiesta un culto tanto relacionado con toda la comu-
nidad, como específicamente femenino.

I. El culto a una divinidad femenina y su reflejo en los santuarios y necrópolis

Voy a centrarme en analizar algunos aspectos que nos hablan de un culto relacionado
con una divinidad femenina cuyo desarrollo en muchos santuarios hay que vincularlo también a
una advocación de raigambre eminentemente femenina. Sin extendernos mucho, simplemente
mencionar que existen santuarios donde la presencia de mujeres está constatada a través de la
existencia de exvotos que representan mujeres orantes y oferentes; niños recién nacidos, repre-
sentaciones de órganos femeninos, como úteros, pero donde, sin embargo, existe una mayor
presencia de exvotos relacionados con el ámbito masculino, así queda patente a través del gran
número de guerreros, etc, en Collado de los Jardines (Despeñaperros, Jaén) (Prados, 1992). Otros
santuarios, como es el caso de la Cueva de La Lobera, en el vecino Castellar, presentan exvotos 1063
mayoritariamente femeninos (Prados, 1992; 1996) con ofrendas, como alfileres, agujas, etc. que
podemos relacionar también con la afluencia de estas oferentes (Nicolini et alii, 2004). En el caso
del santuario de Torreparedones en Baena, Córdoba, la presencia y advocación a una divinidad fe-
menina, parece más clara, al contar, entre los exvotos figurados, con representaciones exclusiva-
mente femeninas, como la conocida mujer gestante (Fernández Castro y Cunliffe, 2002: fig. 76).
También queremos mencionar el interesante santuario de La Algaida, en Sanlúcar de Barra-
meda (Cádiz), situado en la desembocadura del Guadalquivir, hoy convertido en el Parque Natural
de Doñana, frente al santuario actual de El Rocío (que podría recoger la misma tradición religio-
sa), zona de marismas riquísima en fauna y en particular, aves acuáticas estacionales. Las excava-
ciones del santuario proporcionaron gran número de terracotas femeninas, anillos y fíbulas. Este
sitio sagrado podría haber estado dedicado a la divinidad de la primera y última luz del día, como
Venus, tal como sugiere su excavador, protectora de marinos, pero también de las parturientas
(Corzo, 2000), y fácilmente equiparable a sus equivalentes orientales, como Astarté y Tanit.
En resumen, todas las ofrendas de estos santuarios nos evocan la posibilidad de que se
llevaran a cabo diversos ritos de iniciación ligados al matrimonio y a la procreación, en los que se
representarían ambos géneros, pero también otros más específicos de mujeres como los vincula-
dos a las peticiones de embarazos y partos saludables, cuyo reflejo podría rastrearse a través de
los exvotos que representan recién nacidos, úteros, etc., junto a la deposición de objetos como
velos o mantos, como refleja el gran número de fíbulas, así como posibles ofrendas de carácter
perecedero: pastelillos o frutos (Fig. 1).
En un segundo nivel de religiosidad se destacaría la existencia de un sacerdocio femenino,
como ya han defendido distintos autores (Nicolini, 1998; Prados, 1996; Chapa y Madrigal, 1999;
Prados e Izquierdo, 2005). Se ha argumentado que en los santuarios rurales, que en muchos
casos están al servicio de diversos grupos y etnias, se podría mantener un clero estacional o cons-

Lourdes Prados Torreira


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

tante y especializado (Chapa y Madrigal 1997), como parece demostrar la existencia de exvotos
identificados con sacerdotes de ambos géneros en determinados santuarios jienenses (Collado
de los Jardines y Castellar) (Fig. 2.). Los sacerdotes y sacerdotisas procederían de las familias
aristocráticas y es probable que, al igual que en otros ámbitos mediterráneos, lo ejercieran con
carácter hereditario, aunque es evidente que carecemos de información precisa a este respecto.
Una representación muy sugestiva es el bajorrelieve procedente de Torreparedones, en el que se
observa a dos mujeres realizando una libación (Fig. 3).
Es muy posible que en gran número de asentamientos, el carácter religioso se manifieste
en los espacios domésticos, a través de sus jefes locales y cabezas de familia. Este sería el caso
de muchos de los llamados edificios singulares en los poblados -por sus materiales específicos o
determinados restos arquitectónicos- y que, según los casos, podrían identificarse bien con al-
macenes comunales, o bien con capillas domésticas (Prados, 2004).
Algunos autores han querido ver en distintas necrópolis, la posibilidad de que determina-
das sepulturas correspondieran a algún personaje que en vida había desempeñado destacadas
funciones religiosas. Este podría ser el caso de la Tumba 155 de Baza, donde la persona enterrada,
según los análisis osteológicos de Trancho y Robledo (2010) sería una mujer, de unos treinta años,
que recibe armas como ofrendas y que utiliza como urna funeraria la propia escultura con rasgos
divinos: trono alado, pichón en la mano, etc. (Chapa y Madrigal, 1997; Izquierdo y Prados, 2004;
Chapa y Izquierdo, 2010). Otro ejemplo similar, podría observarse en la necrópolis de Toya (Peal
de Becerro, Jaén) (Pereira, 1999); o en la necrópolis de Galera, tumba nº 20 de Cabré (Cabré y Mo-
tos, 1920; Pereira et alii, 2004) donde se depositó la famosa escultura de alabastro conocida como
La Dama de Galera (Chapa y Madrigal, 1997: 196; Olmos, 2004).

1064

Fig. 1. Exvoto de oferente femenina con panecillos.


Collado de Los Jardines (Jaén). MAN 28188 Foto: G. Nicolini

Arqueologia Sacra
La divinidad femenina de origen orientaly su reflejo en los santuarios ibéricos

1065
Fig. 2. Exvoto de bronce que representa a una Fig. 3. Bajorrelieve con escena de libación.
posible sacerdotisa. Collado de los Jardines (Jaén). Santuario de Torreparedones (Córdoba).
MAN 28643. Foto: Ministerio de Cultura Foto: Ministerio de Cultura

II. ¿Es posible indagar y definir a la divinidad femenina?

Si reconocemos la presencia de santuarios con rituales de marcado carácter femenino y


la existencia de un sacerdocio, en ocasiones también específicamente femenino, es lógico que
tratemos de indagar y definir qué tipo de divinidad recibía culto en estos lugares.
En primer lugar, se trataría de una divinidad femenina propiciatoria de la fertilidad y la
salud, con atribuciones específicas del ámbito femenino, como hemos visto, pero al mismo
tiempo, protectora de toda la comunidad. En esta búsqueda nos encontramos que no resulta fácil
tratar de definir o perfilar las imágenes de culto en el ámbito ibérico. Entre otras cosas porque
como ya destacaron Belén y Escacena para el mundo Tartésico (2002: 161), las representaciones
de divinidades pueden dividirse en dos grupos: las que constituyen un icono directo de la divinidad,
en versión antropomórfica, sea en calidad de imagen de culto o exvoto, y las que proporcionan
una alusión indirecta al numen o a alguna de sus manifestaciones: como flores de loto, rosetas,
aves, etc.

II.1. Las representaciones antropomorfas


Si nos remontamos al periodo orientalizante veremos que la imagen más representativa
corresponde al famoso Bronce de Astarté, posiblemente depositado como exvoto en el Santuario

Lourdes Prados Torreira


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

de El Carambolo, hecho que parecen confirmar de forma clara, las excavaciones efectuadas en los
últimos años en este yacimiento, y que han puesto al descubierto un impresionante conjunto sa-
cro de características orientales (Fernández y Rodríguez, 2005). Del mismo modo, y aunque apa-
recida en una tumba posterior ibérica, tendríamos que referirnos a la ya mencionada escultura en
alabastro de una divinidad nutricia de Galera fechada en torno al siglo VII a C. (Olmos, 2004).
Centrándonos ya en la Cultura Ibérica, y con las salvedades cronológicas que plantea Pozo
Moro (Albacete), con la posibilidad de que el monumento responda a una tradición más antigua
(Abad y Bendala, 1999; López Pardo, 2005), queremos destacar la escena de la hierogamia de este
monumento funerario. En esta imagen vemos, según la interpretación de Olmos (1996), la unión
carnal entre un mortal y una diosa que tendría lugar en un recinto sagrado, el templo, siguiendo
una tradición existente desde Oriente. Contamos asimismo, con la imagen más expresiva de una
divinidad en el pinax procedente del La Serreta de Alcoy, donde se muestra a una diosa nutricia,
a la que le falta la cabeza, amamantando a dos recién nacidos, acompañada de músicos y aves,
símbolo característico de la divinidad femenina vinculada a la fertilidad. Su hallazgo en el llamado
edificio F del poblado se ha relacionado con una estructura de carácter sacro (Grau, 1996 y 2000),
que otros autores vinculan a un culto suprafamiliar en el que participarían las élites de la comu-
nidad (Moneo, 2003: 109). En este mismo lugar se halló el kalathos “de la paloma y adormidera o
Granada” que ha sido relacionada con una divinidad asimilada a Tanit, junto a vasos de prestigio
o funcionalidad ritual decorados, como “el vaso de los guerreros”, una matriz de orfebre, etc.
(Grau, 2000: 200; Moneo, 2003: fig. IV; Prados, 2004).
La probabilidad de que la conocida Dama de Elche haya podido ser una imagen de culto,
incluso con la posibilidad de que se tratara de una figura de cuerpo entero, etc., ha sido apuntada
en distintas ocasiones, aunque dado lo prolijo del tema, no podemos extendernos en estas pági-
1066 nas (Olmos y Tortosa, 1997; Bendala, 1994).
Del mismo modo, la conocida escultura de la Dama de Baza, a la que nos referimos anterior-
mente, por ciertas características, como el trono alado, o el pichón en la mano, podría considerarse
una divinidad, aunque lo más probable es que se tratase de un alto personaje divinizado a su muerte.
También contamos con una dedicatoria ya tardía, en un exvoto procedente del santuario de Torre-
paredones (Córdoba) y que contribuye a entender la divinidad a la que estaría dedicado este san-
tuario, de raíces claramente púnicas. Se trata de una pequeña cabeza cubierta posiblemente con
un velo, en cuya frente se grabó una inscripción a la Dea Caelestis, la divinidad que recibiría culto en
el santuario en el I a.n.e. Marín Ceballos (1994) ya defendió que esta diosa, que los romanos asimila-
ron a Juno, se correspondería con la Tanit del panteón cartaginés. Por todo ello, parece posible que
en Torreparedones se desarrollase un culto o bien a la propia Tanit, o bien a una divinidad indígena
con rasgos y atribuciones semejantes, una diosa propiciadora de la salud y de la fecundidad, como
han destacado Marín y Belén (2002-03: 178). Todas estas características permiten plantearnos la
existencia de un culto predominantemente femenino, en el que la participación de mujeres no se
limitaría a la mera deposición de ofrendas, sino a un papel más activo en el desarrollo del mismo. En
este sentido resulta muy ilustrativa la conocida escena de libación, procedente de este mismo san-
tuario, aunque sin un contexto claro, esculpida en un sillar de esquina, en el que dos mujeres pare-
cen verter el líquido contenido en un vaso caliciforme, que sostienen entre ambas. A la derecha de
la misma se representa una columna con fuste acanalado acabado en un capitel en forma de león.
Esto ha hecho plantear a distintos investigadores que pudiera tratarse de una representación de
la fachada del propio templo, o incluso una tumba, o una escena de culto betílico (Seco, 1999:
147). También debemos recordar que el león es, además, el símbolo de Astarté y precisamente
en este mismo santuario, se encontró un exvoto con cabeza “leonina” (Marín y Belén, 2002-03).

Arqueologia Sacra
La divinidad femenina de origen orientaly su reflejo en los santuarios ibéricos

II.2. La Imagen betílica


El betilo, según nos recuerda Ribichini (1985, 120) “è il dio o lo rappresenta, in quanto specifica
epifania divina: oppure é la sua dimora, la sede della sua potenza”.
Entre los fenicios el culto a Astarté era esencialmente betílico y con frecuencia la imagen de
la diosa era una piedra oscura con aspecto de aerolito, aunque no lo fuera realmente (Ribichini,
1985: 121 y 123). Del mismo modo, en algunos santuarios podemos encontrarnos una dualidad de
exvotos antropomorfos y anicónicos. Se ha sugerido incluso, que los llamados candelabros de
Lebrija fueran la representación anicónica de una tríada divina (Perea et alii, 2003: 113). Su repre-
sentacióin debía ser frecuente, igual que lo era que las imágenes se representasen bajo esa doble
forma. A los betilos se los ungía, se los vestía, se los invocaba, se los bañaba y se presentaban
ofrendas ante ellos, en definitiva como vemos, su función es la propia de una estatua de culto
(Seco, 1999: 137). Los betilos, lógicamente, resultan más difíciles de identificar. En Torreparedo-
nes, durante el s. I a.C., la imagen de culto debió ser una columna instalada en lugar preferente
dentro del santuario, posiblemente la Dea Caelestis, a la que ya nos hemos referido. Se ha defen-
dido que algunos de estos cultos podrían tener su origen en tradiciones más antiguas vinculadas
a la presencia de poblaciones semitas en el Bajo Guadalquivir (Marín, 1993), entre las cuales, como
sucedía en otras culturas mediterráneas, el betilismo tenía una larga tradición (Falsone, 1993;
Seco, 1999: 137; Belén y Escacena, 2002: 169). También en el Cerro de las Cabezas (Valdepeñas, Ciu-
dad Real), se ha puesto de manifiesto su presencia, en lo que se considera un lugar sacro (Moneo
et alii, 2001). Asimismo, creo que es posible rastrear su presencia, en determinanadas representa-
ciones de la pintura vascular de La Alcudia de Elche. En el ya mencionado santuario sevillano de
El Carambolo, las piedras que en su día llamaron la atención de su excavador Carriazo, podrían ser
betilos, en particular, el llamado gran bloque de sílex negro, que quizá estuvo colocado sobre un
pedestal en forma de columna. De igual modo, en este mismo santuario, podemos encontrarnos 1067
con una dualidad de exvotos antropomorfos y anicónicos (Belén y Escacena, 2002).

II.3. Símbolos de la divinidad


Vamos ahora a referirnos a los símbolos de la divinidad femenina, que han sido repetida-
mente estudiados, por lo que nos limitaremos a poner algunos ejemplos.
En general, partimos de la hipótesis, como se ha señalado para la cerámica ibérica de Le-
vante, que los distintos motivos representados en la iconografía son signos de un lenguaje codi-
ficado (Olmos, 1992; Tortosa, 1996). Del mismo modo, podemos señalar distintos símbolos que
representan la presencia de la divinidad femenina y sus atributos.

Flor de Loto
Se considera un atributo de Astarté y también de Tanit, diosas astrales dispensadoras de la
vida y protectoras de la muerte. Sería el símbolo de un ciclo vital, del renacimiento y de la vida, en
estrecha vinculación con el curso solar, se cierra al caer la noche y se vuelve a abrir cuando ama-
nece. Por tanto, su representación en distintos soportes, como huevos de avestruz, cerámicas,
bronces, etc., no tendría un sentido decorativo, como por otra parte confirman los contextos,
religiosos y funerarios, en que aparecen la mayoría de estos objetos.

Roseta
La roseta es un signo ambivalente, astral y vegetal, cuya asociación simbólica a una divini-
dad femenina es común en el Mediterráneo (Kukahn, 1962; Belén y Escacena, 2002). Es el símbo-
lo de Istar, Astarté y Tanit. Existen numerosísimas representaciones de esta divinidad femenina
que podemos rastrear desde Oriente (es frecuente su representación, por ejemplo, en los bajo
relieves asirios protegiendo a los monarcas), en el ámbito púnico (como símbolo de Tanit, en las

Lourdes Prados Torreira


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

estelas funerarias de Cartago) o en el propio espacio de la cultura ibérica, como atributo e imagen
de una divinidad femenina que podemos rastrear desde la etapa orientalizante. Así explicaríamos
su presencia en diferentes soportes, en la orfebrería, en huevos de avestruz, marfiles, bronces,
etc. En las cerámicas de Elche, la roseta unas veces acompaña y otras sustituye a la imagen divina,
diosa alada que se manifiesta indistintamente con forma vegetal, animal o humana. En este caso
tendríamos, como ha visto Tortosa (2004), una fuerte influencia púnica en la sintaxis simbólica
elaborada por las sociedades ibéricas, pero sin que podamos determinar ni el nombre, ni las ca-
racterísticas exactas de esta divinidad. En ocasiones, la roseta adquiere más rasgos de represen-
tación astral, como en los cuencos del Carambolo (Belén y Escaena, 2002: fig. 9), y creemos que
también en los llamados vasos margarita de Cancho Roano (Celestino, 2003), que posiblemente
pudieran ser los moldes de panes y dulces en honor de la diosa, siguiendo el ejemplo de los mol-
des en forma de la divinidad, procedentes del santuario chipriota dedicado a Astarté.

Aves
Su representación es muy frecuente en la Península Ibérica y siempre vinculada a la divini-
dad y al ámbito femenino. La presencia de aves se documenta tanto en depósitos votivos y san-
tuarios, como en necrópolis y en los llamados edificios singulares en los poblados, donde posible-
mente tengamos que ver aunadas las funciones de almacenamiento de excedentes, actividades
artesanales, y en particular las de carácter textil, dado su permanente asociación a elementos
relacionados con los telares, junto a posibles rituales de diversa naturaleza (Prados, 2004).
Las aves, sobre todo las palomas, pero también las acuáticas, sabemos que son el símbolo
de una divinidad femenina, tanto de origen oriental, Astarté o Tanit, como griego, Afrodita, divini-
dad, por otra parte, con muchas connotaciones orientales. Como diosa de la tierra, destaca en su
1068 aspecto fértil, a través de la lluvia reúne el cielo con la tierra y hace que de las semillas de la tierra
humedecida brote la nueva vegetación. Pero quizá la imagen más común a todas estas divinida-
des femeninas, Astarté, Afrodita, Tanis, sea la paloma (Baring y Cashford, 2005: 410). En muchos
de los lugares donde aparecen representaciones de aves también encontramos los pebeteros de
arcilla con cabeza femenina que, en general, suelen asimilarse a Deméter y su hija Perséfone.
La imagen de Deméter, “la que trae la fruta” y “las estaciones”, suele aparecer coronada
de espigas de trigo o sosteniendo el trigo entre sus manos. Su presencia se invocaba en la siega
y la siembra y sus fiestas se celebraraban al cambiar las estaciones.

III. Consideraciones finales

Todas estas cuestiones relativas a diferentes divinidades femeninas con atributos y caracte-
rísticas muy semejantes, podemos rastrearlas en su proyección ibérica.
Es la divinidad que aparece transportada por las aves acuáticas que simbolizan el cambio
de las estaciones en el Bronce Carriazo, o la divinidad nutricia que aparece en La Serreta de Alcoy
flanqueada por aves y músicos donde su presencia, en lo que debió ser un edificio singular en el
poblado, viene justificada por la necesidad de proteger y bendecir las actividades que regirían
la vida del poblado. De igual modo, los vasos plásticos en forma de paloma, nos evocan un tipo
de libaciones relacionadas con esta divinidad femenina (Pérez Ballester y Gómez Bellard, 2004),
cuya presencia, por tanto, encaja tanto en los enterramientos formando parte de ajuares de seg-
mentos de la población con un peso económico y social destacable. Según parece confirmar el
resto del ajuar de estas tumbas, como en los santuarios o depósitos votivos. Los estudios sobre
el género y la edad de los individuos cuyo ajuar suele contener esta clase de objetos, no permite
todavía aventurar si existe un sesgo que pudiera hacernos pensar que era mayoritario el numero

Arqueologia Sacra
La divinidad femenina de origen orientaly su reflejo en los santuarios ibéricos

de mujeres, por ejemplo, que se hacían acompañar al más allá por estas representaciones. Lo
que sí parece claro es que tanto en los exvotos en bronce, como vemos en distintos ejemplos del
santuario de Collado de los Jardines, como en terracota, nos encontramos con que las palomas
acompañan o las ofrecen, únicamente mujeres, quienes posiblemente entregarían estos animales
como ofrendas a la divinidad, lo mismo que se confirma en el conocido quemaperfumes orien-
talizante de La Quéjola (Albacete) depositado en un área sacra del poblado (Blánquez y Olmos,
1993), o en la propia escultura de La Dama de Baza, que sujeta en su mano cerrada un pichón.
No podemos incluir, por falta de espacio, las representaciones de aves en la pintura vascu-
lar de Levante, que tan bien ha estudiado en los últimos años Tortosa y a cuyos trabajos podemos
remitirnos (Tortosa, 2004: 1998, etc.). También en estos casos, la presencia del ave habría que re-
lacionarla, junto a la roseta y a los otros símbolos vegetales, con esa divinidad femenina vinculada
con la fecundidad y con aspectos salutíferos, cuyos atributos y orígenes podemos rastrear, pero
cuyo nombre y características exactas, en su proyección ibérica, no podemos determinar.

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Lourdes Prados Torreira


El lenguaje de las plantas
en las necrópolis fenicias de la Península Ibérica

Ana Rut Bobillo Lobato


Dto. Prehistoria y Arqueología
Universidad de Sevilla

Resumen

En el registro funerario de las colonias fenicias peninsulares los testimonios iconográficos son
escasos pero significativos. Este trabajo se centra en la simbología que encierran algunas de esas
imágenes: las que se inspiran su temática en el mundo vegetal.

Abstract

The ancient phoenician communities of the Iberian Peninsula have provided not many
iconographic evidences but meaningful. This work focuses on the symbols of some of those images:
what inspires its subject on the vegetal universe.
El lenguaje de las plantas en las necrópolis fenicias de la Península Ibérica

El presente trabajo constituye un intento de aproximación a la religiosidad funeraria feni-


cia en el sur de la Península Ibérica a través de las fuentes iconográficas. Nuestra propuesta de
interpretación parte de un supuesto previo: las representaciones que encontramos en los ente-
rramientos fueron utilizadas para materializar conceptos y pensamientos de carácter religioso.
Varios indicios vienen en apoyo de esta hipótesis, uno de los cuales es el tipo de soporte. Las
imágenes que analizaremos aparecen sobre joyas y sobre huevos de avestruz. El valor sagrado de
ciertas joyas en el mundo semita ha sido señalado por distintos autores; Bénichou-Safar ha afir-
mado que eran utilizadas para certificar un vínculo o alianza que el fiel contraía con la divinidad a
cambio de su protección contra poderes malignos (Bénichou-Safar, 1996, p. 533). Por otro lado, el
huevo –aparte de tener un uso ritual tal como se constata en los contextos funerarios– se asocia
a creencias de orden escatológico; refleja la idea de regeneración en la medida en que represen-
ta una realidad aparentemente inerte, de la que surge un ser vivo. Además, las fuentes clásicas
aportan referencias acerca de las connotaciones cosmogónicas del huevo en el universo religioso
fenicio1. Otra de las pruebas que nos inducen a pensar que las representaciones que encontramos
en los enterramientos encierran un contenido simbólico es que las mismas figuraciones aparecen
también en otros contextos sacros, como son los santuarios. Dadas las limitaciones de nuestra
exposición, hemos restringido el área de estudio a las necrópolis fenicias del sur de la Península
Ibérica dando preferencia a aquellas que nos aportan piezas bien contextualizadas.

El material iconográfico

De entre la documentación disponible hemos seleccionado en primer lugar una necrópolis


que ha proporcionado una serie de representaciones figuradas en orfebrería: la necrópolis fenicia
de Cádiz (Perdigones Moreno et al., 1990)2. Las piezas aparecen normalmente formando parte 1073
de conjuntos, lo que nos permitirá detectar asociaciones de signos con carácter significativo. Es
relevante el hecho de que las joyas sean depositadas una vez realizada la cremación, lo que revela
que no se trata de un elemento más en el atuendo del difunto; no entran en del concepto de orna-
mento. Se constata, en cambio, una intención de perdurabilidad, de que estos objetos se manten-
gan intactos y acompañen al difunto en su destino en el más allá. La tumba 1 de esta necrópolis,
que pertenecía a un joven, ha aportado un conjunto de joyas (fig. 1) el cual presenta una doble
temática: por una parte la simbología astral –recogida en varios colgantes con creciente lunar y
disco en su interior– y por otra la vegetal –representada en la roseta granulada que aparece sobre
un pequeño colgante esférico3–. En la tumba 17 fueron halladas varias piezas en oro (fig. 2). La
de mayor tamaño es un pendiente constituido en su cuerpo central por una palmeta de cuenco
rematada por dos cabezas de ave; por debajo cuelga un cestillo cúbico que contiene una pirá-
mide de gránulos4. Encontramos también un colgante con roseta en filigrana y una serie de diez

1 Nos referimos a un pasaje de Filón de Biblos que nos ha llegado a través de Eusebio de Cesarea (Prep.
Evang., I, 10, 1-2). Encontramos otras evidencias en Damascio, De principiis, 125.
2 La información relativa a los enterramientos y materiales de esta necrópolis ha sido publicada en el
mencionado trabajo de Perdigones Moreno et al, 1990. Para agilizar el discurso evitaremos citarlo reiteradamente
a lo largo del texto.
3 Esta pieza posiblemente perteneció a un zarcillo; se conocen colgantes similares procedentes de Cartago
y datados entre mediados del siglo VII a. C. y la primera mitad del VI. El ajuar cerámico de la tumba, en cambio, nos
remite a la segunda mitad del siglo VI; esta disparidad cronológica se explicaría por el conservacionismo propio
de las joyas (Pisano, 1990: 61).
4 La cronología de la pieza puede ser precisada por el colgante en forma de cestillo, el cual tiene paralelos
en collares de Cartago, datados entre la segunda mitad del siglo VII y principios del VI a. C. En Marruecos, Chipre y
el Próximo Oriente se encuentra también en contextos del V, por lo que su cronología puede ampliarse hasta este
siglo (Quillard, 1979, p. 54). Ello vendría en apoyo de la fecha dada por el ajuar del enterramiento, el cual nos lleva
al siglo VI con posible prolongación hasta el V.

Ana Rut Bobillo Lobato


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

colgantes circulares con botón central y borde entrante el la parte inferior, formando un ángulo5.
Brigitte Quillard, en su estudio de las joyas fenicias de Cartago, ha defendido un origen egipcio
para este último signo, bastante frecuente en la gramática decorativa egipcia donde representa
la mandrágora6. Las cualidades mágicas atribuidas a esta planta en el mundo antiguo explicaría
la popularidad que alcanzaría este signo en el entorno mediterráneo, con el valor de amuleto. En
definitiva, encontramos en este enterramiento tres elementos de temática vegetal –la palmeta, la
roseta y el que puede ser interpretado como mandrágora–, asociados a otros como son las aves
y el cestillo con pirámide de gránulos.

1074

Fig. 1. colgantes de la tumba 1 de la necrópolis fenicia de Cádiz


(adaptado de Perdigones et alii, 1990, Lám. VII y VIII)

5 Colgantes de este tipo son frecuentes collares procedentes de Cartago, Cerdeña, Sicilia y Argelia, datados
entre la segunda mitad del siglo VII y el VI a. C. (Quillard, 1979, p. 84).
6 El signo egipcio es similar al que portan los colgantes gaditanos, pero en posición invertida y sin el disco
central. Bajo este aspecto es como figura en dos estatuas masculinas de Golgoi, formando parte de los largos
collares ousekh. Su origen se remontaría al Imperio Medio; aparece en un collar ousekh que lleva Nefertari en una
de las representaciones de su cámara funeraria (Quillard, 1979, p. 85).

Arqueologia Sacra
El lenguaje de las plantas en las necrópolis fenicias de la Península Ibérica

Fig. 2. pendiente y colgantes de la tumba 17 de la necrópolis fenicia de Cádiz


(Perdigones et alii, 1990, fig. 36.1 y 36.3)

1075

Fig. 3. pendiente de la tumba 2 de la necrópolis fenicia de Cádiz


(Perdigones et alii, 1990, Lám. IX)

Ana Rut Bobillo Lobato


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A la tumba 2 (fig. 3) pertenece un pendiente caracterizado por la agregación de diferentes


elementos. La composición aparece coronada por una palmeta con dos cabezas de aves; por de-
bajo de ésta cuelga una cabeza femenina con tocado hatórico7; la parte inferior está formada por
tres cestillos suspendidos de finas cadenas, con pirámides de gránulos en su interior. En la tumba
18 (fig. 4) encontramos un pendiente que presenta una asociación de signos semejante, con la
diferencia de que el rostro femenino ha sido sustituido por una palmeta de cuenco en posición
invertida. El mismo enterramiento ha aportado, entre otras joyas, un anillo decorado con dos filas
de palmetas.
Además de las joyas, en el registro funerario de las colonias fenicias de Andalucía se docu-
menta otro tipo de soporte que ha conservado representaciones figurativas: los huevos de aves-
truz. El conjunto más significativo en cuanto a su número y a la calidad de las imágenes es el de
Villaricos. Laurita, necrópolis fenicia de Almuñécar, también ha aportado varios ejemplares, que
señalaremos por tratarse de piezas bien contextualizadas. En esta última necrópolis encontra-
mos huevos decorados en dos enterramientos: la tumba 10, con dos ejemplares que constituyen
el único ajuar que acompañó al difunto (fig. 5) (Pellicer, 1963, p. 18), y la tumba 19, la cual contenía
dos enterramientos acompañados de un huevo y de otras piezas (Pellicer, 1963, p. 30, 38). En los
tres casos la decoración presenta un mismo esquema básico, consistente en cenefas verticales
de rosetas pintadas en rojo y enmarcadas en metopas. En los ejemplares de la tumba 10 aparecen
además figuras estilizadas de aves en el espacio que queda entre las metopas, lo que nos remite a
una asociación que ya encontramos sobre las joyas de Cádiz: la del motivo vegetal y el pájaro.

1076

Fig. 4. pendiente y anillo de la tumba 18 de la necrópolis fenicia de Cádiz


(Perdigones et alii, 1990, fig. 37.2 y 37.3)

7 La cabeza con tocado hatórico aparece difundida en el Mediterráneo oriental en el siglo VI e inicios del V
a. C., como parte de collares fenicios, si bien el motivo es de origen egipcio (Pisano, 1990, p. 59).

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El lenguaje de las plantas en las necrópolis fenicias de la Península Ibérica

Sobre los huevos de Villaricos (Astruc, 1951) encontramos una gran riqueza de signos vege-
tales en composiciones muy diversas. En primer lugar mencionaremos las series de roseta y flor de
loto, que reflejan la alternancia entre la flor entreabierta y la corola completamente desplegada
(fig. 6); en otras ocasiones se suceden el capullo cerrado y la flor que se abre; los motivos pueden
aparecer separados en metopas o formando cadenas. Bajo cualquiera de estas formas, la idea que
se transmite es la misma: la sucesión continua de nacimiento y plenitud en un ciclo que se repite
indefinidamente en torno al huevo que le sirve de soporte. En algunos ejemplares los signos men-
cionados se asocian a su vez a otras representaciones como el cérvido o la rama (fig. 7).

1077

Fig. 5. huevos de avestruz de la tumba 10 de la necrópolis Laurita (Pellicer, 1963, fig. 11)

Fig. 6. huevo de avestruz de la necrópolis de Villaricos (Astruc, 1951, lám. LXXXV)

Ana Rut Bobillo Lobato


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Fig. 7. esquema decorativo de un huevo de avestruz de la necrópolis de Villaricos (Astruc, 1951, lám. LXXXIX)

Una propuesta de interpretación

Uno de los signos más frecuentes en los contextos funerarios que venimos tratando es la
roseta. El origen del motivo nos remite al Próximo Oriente, donde se conocen representaciones
ya en el tercer milenio a. C.8. Como hemos visto, en la necrópolis fenicia de Cádiz aparece repre-
sentada sobre colgantes de oro. En Laurita, la encontramos pintada en rojo sobre huevos de
avestruz, formando cenefas verticales y enmarcada en metopas (fig. 5). En este segundo caso,
los pétalos se presentan en disposición radiada y aparecen rayados en el interior. La marcada
diferencia entre una y otra forma de representación podría estar condicionada por el tipo de so-
1078 porte; sin embargo los huevos de Villaricos nos muestran rosetas de pétalos redondeados junto
a otras que los tienen rectilíneos, disparidad que también se documenta en las joyas de Cartago
(Quillard, 1979, p. 93); este hecho estaría revelando que los dos modelos están asentados en la
imaginería fenicia y responden a una diferente intencionalidad. Las rosetas de pétalos rectos,
evocando rayos, se corresponderían con una simbología marcadamente astral (Quillard, 1979,
p. 95); en cambio, la roseta de corola redondeada, de carácter más naturalista, tiene un claro
referente vegetal. Ambas figuraciones estarían conceptualmente unidas ya que, tanto en la reli-
giosidad fenicia como en otras tradiciones próximo-orientales, se vinculan a divinidades que pre-
sentan esta doble atribución: el carácter uranio y la fertilidad de la tierra, reflejada esta última
en la flor abierta. En la orfebrería gaditana contamos con evidencias de esta asociación entre la
roseta y los signos astrales. En la tumba 1 encontramos un colgante con representación de roseta,
junto a otros tres en forma de creciente lunar con disco en su interior y junto a otro en el que el
creciente se eleva sobre un disco (fig. 1). Este último, presenta además el emblema circular de
borde entrante que Quillard identifica con la mandrágora. Tanto el creciente con disco como la
roseta son signos de indudable origen oriental. El primero de ellos aparece en otro tipo de joyas
acompañando a divinidades diversas, como Isis o Melqart (Quillard, 1979, p. 91). La roseta, está
presente en los santuarios próximo-orientales como atributo de Ishtar y de Astarté (Pisano, 1990,
p. 67). La estrecha vinculación entre esta diosa y la roseta cuenta con innumerables testimonios
en todo el ámbito fenicio9.

8 B. Quillard menciona concretamente un ejemplar procedente de Ur, datado en el tercer milenio, en el


que figura una roseta de seis pétalos separados incrustados de esmalte (Quillard, 1979, p. 95).
9 Una placa de terracota procedente de Biblos muestra a la Baalat Gubal en el interior de su templo en una
escena de culto; sobre los muros exteriores de la naos se han reconocido representaciones de rosetas y palmetas
(Bonnet, 1996, p. 29). La autora recoge otros ejemplos, como una copa de plomo con una cronología entre 750-
500 a. C., encontrada en el mar, en los alrededores de Biblos, en la que figura Astarté a caballo en una escena de

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El lenguaje de las plantas en las necrópolis fenicias de la Península Ibérica

En otras ocasiones, confluye un conjunto de signos en el que no aparece el elemento astral


pero sí otro tipo de imágenes: la palmeta, las aves, la roseta de ocho pétalos y el motivo que veni-
mos identificando con el fruto de la mandrágora. Según G. Pisano este último se asocia a Astarté
(Pisano, 1990, p. 68). Esta afirmación sería compatible con la interpretación de Quillard, ya que la
mandrágora simboliza la fecundidad y riqueza, atributos todos que forman parte del universo de
la diosa. En la iconografía funeraria egipcia, esta planta aparece representada en innumerables
ocasiones –en los banquetes fúnebres, en las ofrendas destinadas tanto a los difuntos como a los
dioses e incluso formando parte del atuendo, inserta en collares y diademas (Casal Aretxabaleta,
1995)-. Sin embargo, esta planta fue importada a Egipto desde Siria como producto exótico du-
rante el reinado de Thutmosis III. Posiblemente, en el lugar de origen conocían sus propiedades
alucinógenas; en Egipto, el efecto de la midriasis o dilatación de la pupila que se observa en al-
gunas de las figuras que portan frutos de mandrágora ha sido interpretado como indicio del con-
sumo ritual de esta planta como puente entre el mundo tangible y el más allá. En ámbito fenicio
tenemos testimonios del uso de este signo como emblema de la divinidad; tanto en el santuario
de Es Cuyram, Ibiza (Aubet, 1982, p. 19), como en Cartago (Quillard, 1979, p. 84), aparece sobre el
pecho de la diosa en figuras de terracota.
La palmeta es otro de los atributos vinculados a Astarté. Evoca además toda una serie de
connotaciones relacionadas con la vida y la regeneración, ya que desde mucho tiempo atrás la
palmeta es una de las formas que asume el árbol sagrado. El estrecho vínculo existente entre el
árbol de la vida y las grandes diosas de la fecundidad en todo el ámbito próximo-oriental aporta
solidez a la interpretación de la palmeta como imagen de la divinidad que aquí proponemos. En
Palestina, esta relación hunde sus raíces en el Bronce Medio, tiene continuidad en el Bronce Re-
ciente y perdura en el Hierro10. En algunas representaciones se ha podido identificar a divinidades
concretas, como la diosa Ashera (Keel y Uehlinger, 2001, p. 79-81). 1079
Una simbología análoga queda expresada en los huevos de avestruz sobre los cuales en-
contramos cadenas de lotos asociadas a otros signos, como la roseta, la rama y el cérvido. El
motivo ramiforme se documenta en el Próximo Oriente ya desde el Bronce Medio como atributo
vinculado a diosas de la fertilidad (Keel y Uehlinger, 2001, p. 36-38); en ocasiones la rama acom-
paña a la imagen antropomorfa de la diosa y otras veces la sustituye. Este símbolo, además, ha
sido interpretado como representación esquemática del árbol de la vida (Keel y Uehlinger, 2001,
p. 62), de manera que participaría del mismo significado que la palmeta. La validez de esta iden-
tificación en los huevos pintados de Villaricos viene reforzada por la figura del ciervo, ya que este
animal es una de las figuras que frecuentemente aparecen flanqueando al árbol sagrado.
En todos los contextos analizados las ideas de regeneración y vida aparecen de manera
redundante. Estos conceptos se materializan a través de múltiples formas, muchas de las cuales
se inspiran en el mundo vegetal. Las representaciones de plantas adquieren el estatus de signo
y forman parte de un lenguaje en el momento en que se establecen en torno a ellas unas rela-
ciones fijas de significado compartidas por una comunidad. El carácter pautado de las formas de
representación, que se repiten en todo el ámbito fenicio y encuentran eco en otras tradiciones
próximo-orientales, viene en apoyo de esta idea. Por otra parte, el contenido religioso de estas

caza, persiguiendo a leones y antílopes; el centro de la copa está presidido por una roseta (Bonnet, 1996, pl. III
2). En Chipre se constata otro tipo de evidencias: del santuario de Kition-Bamboula procede un capitel hatórico
relacionado con el culto a Astarté; sobre la frente de la diosa, en el centro del tocado ha sido tallada una roseta; a
cada lado del tocado, en la parte superior, aparecen una roseta y una palmeta (Bonnet, 1996, pl. VIII).
10 Keel y Uehlinger, en su estudio sobre las fuentes iconográficas de la religión de Israel, han mostrado
que la figura del árbol sagrado mantiene una relación tan estrecha con las diosas de la fertilidad y la vida que
en ocasiones llega a sustituir a la imagen de la divinidad. Los autores recogen testimonios iconográficos que se
remontan al Bronce Medio (Keel y Uehlinger, 2001, p. 38-39), junto a otros del Bronce Reciente (Keel y Uehlinger,
2001, p. 62-65).

Ana Rut Bobillo Lobato


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

imágenes queda reforzado por los contextos en que aparecen –funerarios o sacros–, y por el tipo
de soporte. Los signos analizados, además, se revelan como atributos de divinidades. La identifi-
cación de personalidades divinas es una tarea más ardua y compleja, dado el carácter polivalente
de la mayoría de estos símbolos que no personifican a figuras concretas, sino más bien a poderes
y atribuciones que forman parte de la esfera de dioses diferentes. En el caso de la documentación
gaditana, es posible vislumbrar la figura de la diosa Astarté, evocada en los signos de regenera-
ción que hemos visto en los contextos funerarios. Al tratarse de una colonia tiria, razones histó-
ricas nos inclinan hacia esta identificación, más aún teniendo en cuenta la faceta funeraria de la
diosa (Bonnet, 1999-2000) y su vinculación a Melqart, el cual pertenece a la categoría de dioses
que mueren y resucitan (Xella 2001:88-90). Por lo demás, el análisis iconográfico es un campo en
el que nos queda mucho por recorrer. Sin duda su desarrollo en el futuro nos permitirá conocer
un poco mejor la religiosidad funeraria fenicia.

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Verona: Essedue Edizioni.

Arqueologia Sacra
A
R f
Q u
U n
E e
O r
L á
O r
G i
I a
A
Algunas cuestiones
sobre la población fenicia de Tiro (S. IX-VI a. C.)

Laura Trellisó Carreño


Laboratori d’Arqueologia
Universitat Pompeu Fabra de Barcelona

Resumen

Desde 1997 un equipo internacional formado por miembros del Laboratorio de la Universidad
Pompeu Fabra, dirigido por M. E. Aubet, y de diversas universidades libanesas, lleva a cabo un proyec-
to de investigación arqueológica en la necrópolis fenicia de Tiro –Al Bass (Líbano). A juzgar por el
estado actual de la investigación en dicha necrópolis, se puede decir que la cremación es la práctica
funeraria predominante, en época fenicia. En el área excavada, la práctica de la inhumación está esca-
samente representada y corresponde a un espacio de enterramiento muy concreto y a un periodo de
utilización mucho más tardío, de época romana. Además, se observa una notable infrarrepresentación
de la población subadulta entre las sepulturas de incineración.
Esta breve intervención tiene como objetivo principal exponer parte de los datos obtenidos en
el estudio antropológico del material osteológico de las campañas 1997-2002). En efecto, pensamos
que este tipo de investigación contribuye de manera significativa a la reconstrucción de los paráme-
tros biológicos, pero también sociales e ideológicos (ritual funerario) que caracterizan a la población
enterrada en la necrópolis de Tiro al-Bass, y, en un sentido más amplio, de la sociedad fenicia de la
antigua Tiro.
Por otra parte, se plantearán ciertas cuestiones de tipo metodológico que han surgido a partir
del análisis antropológico de los datos procedentes de esta necrópolis y que repercuten en la línea de
investigación futura sobre la población fenicia de Tiro y probablemente de las necrópolis fenicias del
Mediterráneo oriental.

Abstract

From 1997 an international team formed by members of the Archaeology Laboratory at the Uni-
versity Pompeu Fabra, directed by M. E. Aubet, and students of diverse Lebanese universities, carries
out a project of archaeological investigation in the Phoenician necropolis of Tyre – Al Bass (Lebanon).
Judging by the current state of the research in the above mentioned necropolis, it has to be pointed
out that the cremation is the predominant burial practice in Phoenician times. In the excavated area,
inhumation is scantly represented, and corresponds to a very concrete burial space and chronology,
much later, in Roman times. In addition to this, it has been observed a noteworthy underrepresenta-
tion of the subadult population among the cremation burials.
The aims of this brief presentation are to put forth some data gained from the anthropological
study of the osteological material from Tyre al-Bass campaigns 1997-2002. Indeed, bioarchaeological
studies contribute significantly to the reconstruction of the biological, but also social and ideologi-
cal parameters (i.e. burial customs). This approach allows for a broader and better understanding of
people buried in the Tyre al-Bass the necropolis and ,in a broader sense, of the Phoenician society of
ancient Tyre.
On the other hand, we would like to consider certain methodological questions arise during the
anthropological analysis of cremations, which will have implications on future research on the ancient
Tyrian population, but also probably on the Phoenician cemeteries of the eastern Mediterranean.
Algunas cuestiones sobre la población fenicia de Tiro (S. IX-VI a. C.)

En este trabajo se pretende abordar algunas de las cuestiones más relevantes sobre la po-
blación fenicia de Tiro, desde la perspectiva de la antropología física, a partir de los datos obtenidos
en las excavaciones de la necrópolis de Tiro-al Bass, Tiro, Líbano. En concreto y por las limitaciones
obvias de espacio, me centraré básicamente en dos aspectos que pueden plantear cuestiones de
debate tanto en el ámbito metodológico como teórico en el contexto de la arqueología funeraria
fenicia. Por un lado, la particularidad de un cierto gesto funerario que consiste en enterrar restos
de un mismo individuo en dos urnas. Por otro, la ausencia de un segmento importante de la pobla-
ción enterrada: los grupos de edad infantil y juvenil y las consecuencias que ello implica tanto en
lo que respecta al ritual/gesto funerario como a la interpretación paleodemográfica.

Necrópolis de Tiro-al Bass: ubicación y contexto

El proyecto de la necrópolis de Tiro-al Bass, dirigido por la Dra. Maria Eugenia Aubet Se-
mmler se inicia en el verano del año 1997 con una excavación de urgencia y se prolonga hasta la
actualidad tras una serie de intervenciones arqueológicas sistemáticas, dos en concreto (2002 y
2004), la última de la cuáles se halla todavía en fase de análisis y estudio.
Tras diversos análisis y estudios geomorfológicos, sabemos que la necrópolis fenicia se
ubicaba en tierra firme, en la costa, próxima a una zona de marismas y a 2 km de la isla donde se
asentaba el centro urbano de la Tiro fenicia. Para más detalles sobre las dos primeras actuaciones
arqueológicas en esta necrópolis, remitimos al lector a la publicación monográfica de las campa-
ñas de 1997 y 1999 (Aubet, 2004).
Desconocemos por el momento la extensión total que ocupaba la necrópolis fenicia de
Tiro. Sin embargo, a juzgar por algunos hallazgos procedentes de excavaciones clandestinas en
el área del campamento palestino de al Bass, posteriormente recuperados por la DGA y publica- 1083
dos en el año 1991 (Seeden, 1991, p. 39-52), todo parece indicar que la necrópolis abarcaba una
extensa área del barrio de al-Bass, de la cuál se han podido excavar hasta el momento alrededor
de unos 600 m2.
Son tres las áreas descubiertas en la necrópolis de Tiro-al Bass: el área A de las campañas
del 1997 y 19991; el área B excavada en el año 2002 y el área C que se abrió en el año 20042 y que
se halla en la actualidad en proceso de análisis y estudio. Ello implica que parte de los datos uti-
lizados son provisionales en la medida en que pueden ser modificados por nuevos resultados
provenientes de la última campaña. No obstante, debemos subrayar que los resultados de la cam-
paña del 2002 han permitido corroborar algunas hipótesis surgidas tras el análisis de la primera
campaña, en 1997.

Prácticas funerarias en Tiro-al Bass

En la necrópolis de Tiro-al Bass se ha registrado el uso de dos prácticas funerarias: por


un lado la incineración (o cremación) y por otro la inhumación. Ambas se presentan claramente
adscritas a un contexto cultural y cronológico muy concreto, como se ha confirmado en las ex-
cavaciones sistemáticas de los años 2002 y 2004. La cremación en urna correspondería a un uso
funerario generalizado durante el período fenicio (IX-VI a. C.), mientras que la práctica de la inhu-
mación pertenecería a una época mucho más tardía, la romana, en torno al siglo I d. C. En alguno

1 Esta intervención arqueológica fue posible gracias a la subvención económica de la Agencia Española de
Cooperación Internacional (AECI).
2 Esta campañas se efectuaron dentro del proyecto de la necrópolis de Tiro-al Bass financiado por el
Ministerio de Cultura español y contó con el apoyo de la Direction Générale des Antiquités du Liban.

Laura Trellisó Carreño


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

casos, las fosas de inhumación se construyeron irrumpiendo y destruyendo las antiguas fosas de
incineración fenicias.
El porcentaje de incineraciones, objeto de esta comunicación, es mucho mayor que el de
las inhumaciones como se expresa de manera gráfica en la siguiente tabla.

Incineración/ época fenicio


CAMPAÑA Inhumación /época romana (s. I d.C.)
(s. IX-VI a. C.)
50 urnas con huesos quemados, 57 urnas
1997 Restos óseos dispersos, desarticulados
en total
2002 25 urnas con cremaciones 6 fosas de inhumación
80 urnas con cremaciones y dos conjuntos
2004 4 fosas de inhumación
con huesos

Tabla 1. Sepulturas de inhumación e incineración en la necrópolis de Tiro al-Bass. Campañas de 1997-2004.

Para estimar cuántos individuos han sido depositados en una urna o en cualquier tipo de
sepultura, es preciso determinar el número mínimo de individuos (MNI), proceso habitual en el
caso de las cremaciones. El número mínimo de individuos se estima a partir de la presencia repe-
tida de uno o varios huesos o de parte de ellos. Las discrepancias en cuanto a edad, sexo y mor-
fología suelen ser también un buen indicador para determinar si se han depositado los restos de
más de un individuo en una tumba.
Por lo general, se parte de la suposición de que el número mínimo de individuos por urna
suele ser al menos uno, más aún cuando no se realiza el pertinente estudio antropológico. En el
1084 caso que nos atañe, es decir, en la necrópolis de fenicia de Tiro al Bass tenemos un caso pecu-
liar que es, en realidad, unos de los aspectos a nuestro juicio relevantes que queremos destacar
en esta presentación. Consiste en la práctica funeraria de enterrar los restos de un individuo en
dos urnas cinerarias que se ubican de modo adyacente compartiendo un único ajuar y ofrenda
funeraria. Aunque no es el único tipo de gesto funerario, como veremos a continuación, si nos
parece pertinente hacer hincapié en esta práctica funeraria por las implicaciones analíticas que
ello conlleva.
Efectivamente, por lo que a la disposición de urnas se refiere, podemos establecer bási-
camente tres tipos de enterramiento: en primer lugar, la urna simple acompañada de su ajuar,
estandarizado, y conteniendo en la mayoría de los casos un único individuo. Hasta el momento,
sólo se han identificado dos urnas con enterramiento doble: en el que hay restos de dos personas
(U54/1997 y U79/2002).
En segundo lugar, tenemos un tipo de enterramiento mucho más complejo que consiste
en una sepultura con varias urnas, tres y más que se ha denominado como “conjuntos de urnas”
(“Assamblage of urns”) ” (Aubet, 2004, p.449 ss).
En tercer lugar, documentamos un tipo de sepultura que hemos denominado “par de ur-
nas” (Aubet, 2004, p.449 ss). Como ya se ha mencionado, consiste básicamente en disponer res-
tos de un mismo individuo, repartidos de manera desigual, en el interior de dos urnas ubicadas
espacialmente de manera contigua y compartiendo un mismo ajuar y ofrendas. Esta práctica fu-
neraria que hasta el momento no hemos podido documentar en ninguna otra necrópolis de la
esfera fenicia occidental ni oriental, allende de Tiro, sigue un proceso muy estandarizado. En la
mayoría de los casos, en una de las urnas se deposita la mayor parte del esqueleto quemado junto
a los objetos del ajuar, mientras que en la urna contigua se deposita restos de dientes y apenas
una exigua cuantía de restos óseos quemados, de tamaño reducido y mezclados con un conglo-
merado compacto de cenizas, concreciones y otro tipo de sedimento que está siendo analizado

Arqueologia Funerária
Algunas cuestiones sobre la población fenicia de Tiro (S. IX-VI a. C.)

en la actualidad. Esta práctica funeraria, al parecer inhabitual en el mundo funerario fenicio, se ha


constatado en todas las áreas excavadas de Tiro-al Bass (A, B y C).
Cabe señalar, que en algunos casos no se ha podido demostrar que los restos de una urna
corresponden al mismo individuo que se depositó en la urna que forma pareja. Sucede en ocasio-
nes que la cantidad y el tamaño de los restos depositados en una de las urnas es tan pequeño que
no es posible ver si corresponden con los huesos que se depositaron en la pareja. No obstante,
en el estado actual de la investigación podemos decir que esta práctica de enterrar restos de un
individuo en un par de urnas, como una única sepultura, ha sido confirmado en 8 de los 12 pares
de urnas hallados en la campaña de 1997, lo que representa un 66, 7 % de los casos (Trellisó, 2004,
p. 252). Si a ello añadimos la serie de posibles pares de urnas halladas en la campaña del 2002,
tenemos un total de 12 casos confirmados de un conjunto de 21 pares de urnas( 57%).
La primigenia hipótesis de trabajo surgida del trabajo interdisciplinar (la excavación y tra-
bajo de campo, el estudio cerámico y la antropología física) parece ratificarse con los resultados
del 2002. La prolífica aportación de datos de la campaña del 2004, permitirá cotejar con mayor
fiabilidad, si cabe, esta hipótesis de trabajo.
La peculiaridad y la repercusión de esta práctica tanto en el terreno metodológico como
teórico nos lleva a considerar dos puntos que pensamos son de interés. Por una parte, este ha-
llazgo pone de manifiesto el error en el que se puede incurrir cuando se parte de la suposición,
en realidad muy generalizada, de que una urna cineraria equivale al menos a un enterramiento.
Por otra parte, resaltar que este tipo de error conlleva la distorsión de la reconstrucción del gesto
funerario y de los parámetros demográficos en tanto en cuanto tergiversa el tamaño de la pobla-
ción enterrada. Por este motivo, creemos que se revela más necesario que nunca el trabajo de un
antropólogo físico o forense para efectuar la estimación de los diferentes parámetros biológicos
y paleodemográficos de las cremaciones.
1085

Estructura de la población: distribución según los grupos de edad y sexo

Si analizamos los datos sobre la estructura de la población fenicia enterrada en la necrópo-


lis de Tiro-al Bass (figura 1), observamos otro aspecto de interés, a saber, la exigua representación
del segmento de edad subadulta respecto al de edad adulta y la práctica ausencia de los indivi-
duos infantiles. Este dato es bastante frecuente en el ámbito de las necrópolis fenicias.
Como ya indicábamos en el estudio de 1997 y corroboran de manera evidente los datos de
las sucesivas campañas (2002 y 2004), se constata el gran predominio de la población adulta, la
ausencia de individuos incinerados de edad infantil y sorprendentemente también una escasísima
representación del grupo de edad juvenil. Recordaremos que los únicos individuos infantiles ha-
llados en Tiro-al Bass son inhumados y de época tardía, en torno al siglo I. d.C. De época fenicia y
quemados apenas se conservan tres restos de un feto hallados junto a un adulto (U 3/5 de 1997).
Tal y como publicamos anteriormente en relación a los resultados de la campaña de 1997
(Trellisó, 2004, p.252 y ss.) la curva de mortalidad de esta necrópolis contrasta significativamente
no sólo con el resto de necrópolis fenicia orientales (fig. 2), sino también con la tendencia que se
observa en la mayoría de poblaciones de época prehistórica y antigua. El modelo de curva que so-
lemos hallar para dichas poblaciones consiste en una distribución en la que predominan una alta
mortalidad del grupo de edad infantil y de los adultos. En Tiro-al Bass, sin embargo, tenemos una
curva de mortalidad monomodal, es decir con un sólo pico de incidencia que recae en la clase de
edad adulta, por la ausencia de población infantil enterrada. Ello sorprende especialmente dado
que la mortalidad infantil debió de ser muy alta en aquella época, tal y como observamos en otras
necrópolis -del área Levantina (fig. 2).

Laura Trellisó Carreño


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Feto/perinatal

Adulto-maduro

Mayor que
Maduro
Juvenil-adulto I
Juvenil

Adulto I

Adulto II

Adulto

Infantil I
Mujer Hombre Indeterminado
1086

Fig. 1. Distribución de la población fenicia de Tiro-al Bass (1997-2002)

Tiro-al Bass 1997& 2002 Bassit

32,61 %
6,12%

93,88% Tiro-al Bass 1997& 2002 Bassit

67,39% 32,61 %

Subadult Adult 6,12% Subadult Adult

93,88%
Akhziv Khalde
67,39%

Subadult Adult 33,15%


Subadult Adult
44,00%

Akhziv Khalde
56,00%
66,85%
33,15%
44,00%
Subadult Adult Subadult Adult

56,00%
66,85%
Fig. 2. Adultos vs. Subadultos en Tiro-al Bass y en el área Levantina
(Bassit (Courbin 1993); Akhziv (Smith, et alii, 1990); Khalde (Shanklin y Ghantus 1966).
Subadult Adult Subadult Adult

Arqueologia Funerária
Algunas cuestiones sobre la población fenicia de Tiro (S. IX-VI a. C.)

Varias son las hipótesis que podrían explicar la ausencia de este segmento de la población,
dado que es inverosímil que la causa sea la baja mortalidad infantil. Una de las hipótesis más facti-
ble podría ser que los individuos infantiles fueran enterrados en áreas específicas de la necrópolis,
al margen y distantes del área donde se entierran a los adultos, o en otras necrópolis. Existen
numeroso ejemplos en la prehistoria en los que se observa una distribución espacial de la pobla-
ción enterrada en función del grupo de edad al que pertenece. En el ámbito fenicio tenemos el
ejemplo de la necrópolis fenicia de Monte Sirai (Bartoloni, 2000, p. 75), salvo algunas excepciones
(como por ejemplo la t. 103) las cremaciones infantiles están apartadas del área de incineración
de los adultos (Campanella et al., 2000, p. 35-37.).
Cabría también la posibilidad de que los subadultos, principalmente los individuos infanti-
les no fueran sometidos a las mismas prácticas funerarias que los adultos, es decir, que la incinera-
ción estuviera circunscrita al grupo de los adultos y mayores. Sea como fuere, sorprende la escasa
representación de sepulturas infantiles de época fenicia. Son muy escasas y cabría preguntarse,
una vez más, donde está el conjunto de la población infantil, que debió de ser muy alto, si hay tan
pocas tumbas infantiles en las necrópolis antiguas, y si por otro lado, como sostienen la muchos
autores, el tofet no es un cementerio infantil.
Evidentemente, la ausencia de la población infantil y juvenil repercute negativamente en
los análisis demográficos sobre la Tiro fenicia, de manera que es imposible estimar con cierta
fiabilidad parámetros tales como la esperanza de vida o la longevidad de la población, por citar
alguno de ellos. La media de edad en esta necrópolis se sitúa en torno a los 32 años con escasa
diferencia entre sexos. Obviamente tenemos que asumir que fue menor dado que este promedio
esta distorsionado porque el cálculo está exento del grupo de los subadultos.
Por lo que a las diferencias entre los sexos se refiere, no se observa ninguna discriminación
espacial específica. Tenemos sin embargo, una mayor representación de hombres (44 %) que de
mujeres (28%) y además se percibe que la incidencia de enfermedades afecta ligeramente más a 1087
los individuos de sexo masculino que a los de sexo femenino. Por el momento, falta evaluar los
datos de la campaña del 2004 que bien podrían modificar los resultados aquí expuestos dada la
gran cantidad de información que dicha excavación ha proporcionado.
Para concluir, me gustaría subrayar la necesidad de nuevos estudios antropológicos sobre
las cremaciones de las necrópolis fenicias. Sólo de esta manera se podrá recuperar parte de la
información necesaria para dar respuesta a nuevas cuestiones sobre la población fenicia. Ello es
imprescindible para la reconstrucción de las líneas directrices de la estructura demográfica y del
ritual funerario, como instrumentos de aproximación a la estructura social y cultural de las socie-
dades fenicias.

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1088

Arqueologia Funerária
1089
Symbolism and ritual
in mortuary contexts in Punic Malta

Claudia Sagona
Centre for Classics and Archaeology
University of Melbourne

Abstract

Aspects of adult mortuary practice are suggestive of underlying Phoenician-Punic belief systems
within the archaeological record for Malta. The tomb may have been a three-dimensional vehicle for
symbolic expression of belief. Tomb plans and architecture, as well as symmetry in the placement
of pottery suggests that dualism and triads were significant. Frequently the pottery accompanying
cremation burials is repeated; a combination of cinerary urn, cover plate and lamp are a tripartite
combination that may reflect the Tanit sign — triangle [urn], horizontal cross bar [plate] and orb
[lamp]. Furthermore, the lamp in Maltese funerary contexts may have been symbolic of the deity;
perhaps Baal-Shamem, the sun god or Baal-Hammon, Lord of the Brazier, as he was designated in
Carthage.

Résumé

Des aspects de la pratique mortuaire adulte suggèrent les systèmes derrière lies croyances
phéniciennes-puniques. Il se peut que la tombe ait été un espace à trios dimensions pour la
transmission de l’expression symbolique de croyance. Les plans de tombes et d’architecture, aussi
bien que la symétrie dans la manière de placer la poterie suggèrent que le dualisme et les triade
étaient significatifs. Fréquemment la poterie qui accompagne les enterrements incinérés est répétée;
une combinaison d’une cinéraire, une assiette et une lampe sont une combinaison ternaire qui peut
refléter le signe Tanit — un triangle [l’urne], une barre horizontale [une assiette] et un orbe [une
lampe]. D’ailleurs il se peut que la lampe dans le contexte Maltais funéraire ait été symbolique d’une
déité; peut-être Baal-Shamem, le dieu du soleil ou Baal Hammon, le Seigneur du Brasero, comme il
était désigné à Carthage.
Symbolism and ritual in mortuary contexts in Punic Malta

Aspects of underlying Phoenician-Punic belief systems can be discerned within the


archaeological record for mortuary practice in Malta. Through repeated iconography, symbolism
can be detected when only a few elements are present, and symbolism is frequently layered
through the tomb setting. One presumes that to the pious person steeped in Phoenician-Punic
religious doctrines, the full weight of meaning of all or any one of these symbolic elements would
have been readily apparent. When only a single element was present in the context of the tomb,
it acted as an evocative trigger of the greater underlying belief.

1. Distinctions in child and adult burial practices

While this paper focuses on adult burials, the evidence clearly indicates that children
were rarely buried in the tombs of Malta in which adult remains were found. The absence of
infant burials indicates that tombs were primarily constructed for adults; the features therein
concerned adult rituals. And this, in turn, suggests that at a certain time within an individual’s
life, they passed through a rite of passage. There is little doubt that buried beneath the fields
or substantial and long-lived urban areas of Malta are the tophets, burial sites for infants and
children who had died of natural causes; there is some evidence that a tophet existed in Rabat
(Sagona 2002, p. 264, 275-277, etc.).

2. Symmetry, single, double and triple features in mortuary contexts

Repetition of motifs is a theme in Phoenician-Punic iconography particularly in regards to 1091


sacred stones or pillars, known as betyls — or beth el, that means dwelling place of god (Ramón
2002, p. 139; Cintas 1947, figs 106-107, 113-115, 121). Single, twin and triple pillars were re-occurring
motifs in Phoenician contexts in the west Mediterranean (Fig. 1:4d; e.g. Moscati and Uberti 1981,
vol. 2, pls C–CV; Bartoloni and Fantar 1976, pls CIV:378). The cutting of one, two or three trenches
in the floor of tombs may have served a related symbolic purpose (Fig. 1:4e).
Triples or triads in Maltese tombs are embodied in the position of cinerary urns. In
a number of tombs, three cinerary urns were placed in the chamber, often at the back in a
balanced, symmetrical arrangement. The location of pottery is so particular that it suggests that
where the urns stood was as important as the symbolic function of the items themselves within
Punic iconography. A divine trinity — mother, father, child — is perhaps represented by cinerary
urns in Malta and by the three pillars elsewhere in Punic contexts, reflecting the whole life-cycle
of regeneration (Green 1991, p. 107). The triad of urns from one Mghatab tomb is particularly
suggestive because of their placement and differing shapes suggesting accumulation over time
(Fig. 2; Sagona 2002, [226], p. 855-856).
The arrangement of the vessels and the variations in urn shapes implies that either the
accumulation of cinerary urns took place over time with eventual placement within a tomb on
a single occasion, or that the tomb chamber was re-visited and that the urns were carefully
positioned over a period of time following a clear, symbolic plan (Fig. 2; e.g. Sagona 2002, [63],
pp. 783–784, fig. 7:1–19; [436] pp. 992–995, figs 158:1–3, 161:7–41).
In a small recess cut opposite the main chamber in Tomb 19, New Street, Rabat (Fig. 3:
b), a miniature amphora with pointed base had been cemented upright into place. Placed here
were three cremation urns of differing shapes, the latest falling within the Romano-Punic period.
An alternate example of three-figure symmetry is evident in a tomb from Qrendi (Sagona 2002,
[399], p. 960). Here, a head is carved into the rear wall of the chamber, and either side of the

Claudia Sagona
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

entrance were two small figures cut into the entrance wall of the shaft. The notion of triads can
also be found in religious contexts in Malta. Ciasca argued that Altar 45 at Tas-Silg was a pillar
shrines consisted of three betyls (Ciasca 1993). It is also possible that the paired cippi found
through antiquarian activities were sacred pillars that formed part of an altar arrangement in a
sanctuary such as Tas-Silg.

3. Pottery representing the ‘Sign of Tanit’

Turning now to the so-called Sign of Tanit, we are faced with a lengthy debate over this
sign representation. Some suggest a connection to the Egyptian ankh, symbol of eternal life, but
unequivocal evidence for this has yet to be found. A possible connection between the symbol,
the goddess Tanit and Punic child sacrifice is generally accepted, but the sign may have wider
connotations, some with the male solar divinity. An argument can be made that the cinerary
urns represented the Sign of Tanit in Maltese tombs (Fig. 1:2a–b; Sagona 2002, [130], p. 822-823,
fig. 31:3-5, 9-11). Numerous Maltese cremation burials repeat the pottery combination of cinerary
urn, cover plate and lamp. It is plausible that the combination reflects the tripartite Tanit sign
— triangle [urn], horizontal cross bar [plate] and orb [lamp].
One can only speculate about the deeper symbolic meaning of the lamp in the cremation
pottery triad. Two wicks as a preferred lamp form in western Mediterranean contexts presents
another conundrum in the complexity of Punic symbolism. About a third of lamps found in the
tombs were used. Those that were not may offer further evidence that their presence was not
functional, but symbolic. The lamp in Maltese funerary contexts may symbolise Baal-Shamem,
the sun god or Baal-Hammon, Lord of the Brazier, in Carthage. Culican argued that embodied in
1092 the brazier was an “important association in which the brazier represents by its heat and light the
presence of the sun god”.
The significance of the lamp is highlighted by special features of the lamp itself, or the way
in which it was displayed in Maltese tombs:

•Lamps formed the third pottery element in cremation burials, as already discussed (Fig.
1:2b)
•Lamps were often placed in wall niches (Fig. 1:1:c­–d, 2d; Fig. 3b)
•At Hal Far, two tombs have lamp niches cut into the rear wall and below them pillars of
rock have been cut into the wall; the effect enhanced the niche and/or the lamp (Fig. 1:2d).
•Some niches had small pedestals carved into the cavity, upon which the lamp may have
been placed (Fig. 1:d). In another tomb a pedestal of comparable size was found in the debris of
the shaft (Sagona 2002, Rabat, New Street [421], p. 971-974).

The importance of the lamp is not restricted to Malta. At Ibiza and in Cyprus figures are
found with lamps on their heads (Fig. 1:2c).
In Maltese funerary contexts, the role of the lamp was sometimes played by a goblet-
shaped incense cup. Occasionally they have signs of burning as well as traces of carbonised
matter. Furthermore, they have been found in similar positions to lamps in Maltese tombs, that
is, in niches cut in the rear wall of tombs and once as the upper element in the urn–plate–lamp
group (Fig. 3a; Sagona 2002 [495], p. 1022). The enigmatic ‘bottle idol’ depicted in Phoenician-
Punic iconography is arguably a variation on the Tanit theme (Fig. 1:3a–d). Stylised forms of the
Tanit, as a bottle symbol are rare in Malta. But the example illustrated here may belong to the
wider ‘bottle’ iconography in the west.

Arqueologia Funerária
Symbolism and ritual in mortuary contexts in Punic Malta

4. Symbolism in Maltese tombs plans and structures

Based on the Maltese evidence, the tomb appears to be a vehicle for expression of ritual
practice. Phoenician-Punic beliefs were played out in the three-dimensional setting of the tomb.
The long depressions or ‘trenches,’ that were cut into the floor of the chamber that formed biers
either side may have been both functional and symbolic (Fig. 1:4e; Fig. 4).
The notion that tomb features form iconographic elements in a symbolic narrative capable
of interpretation is particularly strong in one Tac-Caghqi tomb (Fig. 4; Sagona 2002 [602], p.
1076-1078). In this tomb, a painted and carved figure looms out of a recess in the rear wall. The
person is clothed in a simple priestly robe, the right arm hangs at his side possibly clutching an
infant, or perhaps a vessel (the carving is indistinct), to his body and the other holds a curved
Khnum sceptre across the chest. The sceptre has been linked to representations of the sky god,
who is often depicted carrying a water jug. The face is painted in a mask of red ochre and head
topped by an Egyptian style wig painted black formed by the shape of the niche itself. The overall
appearance is sinister. Covering most of the tomb ceiling was a twelve-pointed solar motif. Its
rays alternate from red to white paint and the whole is encircled with double lines. The walls
were whitewashed and decorated with a thin, red band, 13 mm wide, just below the ceiling. This
single line was connected to the central rayed symbol on the ceiling. The figure would appear to
have been set against a more elaborate backdrop. The curved lines of paint either side of its head
might be rays or streams of water sometimes shown in connection with Baal-Melqart of Tyre.
The Rabat tomb has the iconographical trappings of the western manifestations of the sun-
sky god Baal-Shamem, especially the long priestly robe and the raised Khnum sceptre. Around
his neck a circular medallion, perhaps a reference to the firmament and solar orb. The ceiling
design may represent the firmament encircled by a line within which the segmented (or rayed) 1093
circle becomes a solar disc (Fig. 1:1b). The overall design, I believe, can be likened to the pendants
with a central orb set in a circle pulled in one side (to a kidney shape) toward the orb (Fig. 1:1e).
Solar discs were a familiar feature at the top of many funerary stelae in the west, on gems and
on seals (Fig. 1:1f). The lamp niche when alone may be the most contracted manifestation of this
symbolism (Fig. 1:1d).
The mask worn by the figure in the niche is significant. Baal appears in other Phoenician
contexts, notably on gems and seals, with an animal mask or with a bull’s head. This iconography
is reflected in one Rabat tomb, New Street, where a bull’s head was carved into the niche in the
rear wall (Sagona 2002 [418], p. 969). Underlying the iconography of masks in Punic funerary
contexts might be the notion of the ‘terrifying’ face of Baal, so terrible that he was masked. This
notion might also be the purpose of the fictile masks (Sagona 2002, p. 288), usually smaller than
life-size, which were symbolic of the perceived need for mortal men and women to be ‘protected’
from the face of the deity.
One Qalillija tomb (Sagona 2002 [345], p. 918-920) had a completely empty and clean, large
niche. Even though the pottery found in tomb could have fitted the shelf, they were found in the
trench cut in the floor. Some organic material did survive in the pottery so it did not seem possible
that organic matter had rotted away on the shelf. In all likelihood, the niche had never contained
anything and had never been intended for use as a shelf. Instead, the larger niche may have had
a symbolic function, perhaps forming a false doorway, evocative of the deity who would enter
the tomb (Fig. 1:1b–d).
The deceased was nearly always provided with some vessels usually a jug and a lamp were
present as well as a bowl or a cup. In a few tombs, these pottery items were cemented into place
indicating the importance placed on them (Sagona 2002 [231], p. 857-858). One tomb at Qalillija
(Sagona 2002 [365], p. 935-940) had an elegant trefoil-mouthed jug, flanked either side by two

Claudia Sagona
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

kylikes placed in a large niche cut into the rear wall. But this tomb did not fail to evoke the deity,
for a face had been cut into the bier. It faced another large niche that may have represented the
false doorway.
It was not important for every tomb to have such a dramatic portrayal of the deity, the sky–
sun god, with his mask, robe and sceptre, as appear in Rabat (Fig. 4). His presence was evoked
in other ways. Hence, an empty large niche was as evocative as the carved figure (Fig. 1:1b–d).
A parallel can be drawn between the vacant niche and the adoration of the empty throne as the
representation of the sky-sun god in the Levant. Comparisons could be made to the numerous
stelae from Carthage depicting empty niches (Fig. 1:4b–d).
A syncretism of imagery threads its way though other Punic icons such as the betyl, or
bottle idol (Fig. 1:3b–d), in Malta, the placement of the funerary vessels themselves (Fig.1:2b) and
these all may resonate in reference to the Tanit symbol. The betyl symbol is known in Malta, but
from unexpected quarters. Overall, the tripartite Tanit symbol may have had a broad meaning
or meanings, embodying the fundamental elements of divinity, what Joseph Azize in his recent
book described as, “a deliberate mutable and adaptable symbol” (Azize 2005, p. 177). In terms
of Maltese funerary contexts, it probably evoked the notion of resurrection or renewal and on a
broader scale encapsulating the solar orb, within the firmament in reference to the solar deity.
The iconography suggests that the orb was in transit through the firmament perhaps having risen
from the earthly, subterranean abode of the dead.

Key to the figure 1

1094 1a. Tripartite sign of ‘Tanit’ appearing from the fifth century in Punic contexts.
1b. Iconography in one Rabat (Malta) tomb [602] of a figure cut into a niche — conveying the sense
of the deity entering through a false doorway — above which is a painted, rayed ceiling orb encircled by a
line around the top of the tomb representing the firmament. Note the wall line was linked to the orb.
1c. Large empty niche — the false doorway — below smaller lamp niche cut in Maltese tombs. The
lamp may symbolise the solar orb.
1d. The lamp niche in the majority of Maltese tombs is the only symbolic element cut into the walls.
1e. Iconography possibly representing the solar orb in the firmament used in Punic jewellery. The
irregular shape pulled into the central dot on one side recalls the line connecting the rayed orb in the Rabat
tomb; in 1b above.
1f. Crescent and orb possibly represented the sun and sky on Punic stelae, pottery, etc. This symbol
is also found on pottery in Malta from an early date.

2a. Tripartite sign of ‘Tanit’


2b. Lamp-plate-urn used for cremation burials in Malta from Phase IV.
2c. Bell-shaped pottery figures with lamp on their heads (some also with additional lamps on the
shoulder or in hand) have been found, for example, in Ibiza and Cyprus.
2d. Rear wall of a tomb chamber at Hal Farr [163], 12.12.1946, with carved pillar ‘supporting’ the lamp
niche on top.

3a. Tripartite sign of ‘Tanit’


3b. ‘Bottle idol’ cross bar and orb often seen on archaic funerary stelae from Carthage.
3c. Rhomboid, a stylised ‘Bottle idol’ on archaic funerary stelae from Carthage.
3d. ‘Bottle motif’ carved in a niche, Gherien tal-Liebru catacomb, Malta, late Punic to Roman date.

4a. Tripartite sign of ‘Tanit’


4b. Empty niche with one or more recessed edges, cross bar and orb on Carthage funerary stelae
4c. Niche and pillar, cross bar and orb on Carthage funerary stelae
4d. Niche and two (sometimes more) pillars, cross bar and orb on Carthage stelae
4e. Iconography of rayed ceiling orb and figure in niche in back wall of a Rabat tomb; below, the
tomb’s floor plan cut with three parallel trenches and pit perhaps reflecting the iconography of Fig. 4b–d.

Arqueologia Funerária
Symbolism and ritual in mortuary contexts in Punic Malta

Tripartite Sign Iconography in Punic tombs and other contexts reflecting


of “Tanit” the Tanit sign or elements of the sign

1095

Fig. 1. Iconography in Punic tombs and other contexts that may reflect the Tanit sign or elements of the sign.
The illustrations are representative of frequently occurring iconography from western Punic contexts

Claudia Sagona
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1096

Fig. 2. Tomb from Mghatab, found 1924, sketch after T. Zammit’s Field Notebook

Arqueologia Funerária
Symbolism and ritual in mortuary contexts in Punic Malta

1097

Fig. 3. Tomb 19, New Street, Rabat. drawing from T. Zammit. Field Notebook II, p. 88, found 1907

Claudia Sagona
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 4. Tomb chamber from Ferris Street, Rabat, found 1910; drawing by the author after archive photographs

1098

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Arqueologia Funerária
1099
Cagliari,Tuvixeddu – Quartucciu, Pill’e Matta.
Notizie da due necropoli puniche

Donatella Salvi
Soprintendenza per i Beni Archeologici per le province di Cagliari e Oristano

Riassunto

Il comune di Quartucciu si trova a pochi chilometri da Cagliari, la città capoluogo della Sardegna,
che conserva sul colle di Tuvixeddu una delle più estese necropoli puniche del Mediterraneo. Dopo
numerose indagini condotte in passato, l’area è stata indagata di recente sia alle pendici, durante la
costruzione di nuovi palazzi, sia sul versante che ospita il maggior numero di tombe a pozzo, dove
sono in corso le opere per la realizzazione del nuovo parco archeologico e ambientale.
Nella necropoli di Pill’e Matta, invece, si svolgono, fin dal 2000, regolari campagne di scavo,
dopo la scoperta occasionale di una vasta necropoli in uso dall’età punica a quella tardo romana.
Nonostante la modesta distanza che separa i due contesti, le tipologie funerarie adottate sono
nettamente differenti. Mentre a Cagliari alle più antiche sepolture a pozzo profondo, con cella sul lato
breve, seguono nel corso del IV/III secolo a.C. le tombe a semplice fossa, a Quartucciu le sepolture dello
stesso periodo sono costituite da una nicchia aperta sul lato lungo di una fossa di media profondità,
chiusa da anfore orizzontali.

Résumé

La ville de Quartucciu n’est pas loin de Cagliari, chef-lieu de la Sardaigne, ou est située la plus
vaste nécropole punique de la Méditerranée. Après les nombreuses fouilles du passé, on a, pendant les
dernières années, exploré le coteau de Tuvixeddu soit a son pied, à l’occasion de nouveaux bâtiments,
soit dans le versant du col qui contient la plupart des tombeaux à puit puniques et qui est aujourd’hui
compris dans le Parc archéologique et ambiental de l’environnement.
A Pill’e Matta, Quartucciu, les fouilles ont commencé en 2000, après la découverte, occasionnelle,
des tombeaux puniques et romaines qui forment une nécropole avec des aspects inusités en
Sardaigne.
En effet, bien que le deux nécropoles soient éloignées l’une de l’autre seulement quelques
kilomètres, leurs caractéristiques sont vraiment différentes. A Cagliari, au IV/IIIème siècles av. J.-C.
les tombeaux à puit ont été remplacées des fosses, tandis que à Quartucciu, dans les mêmes siècles,
le mort est déposé dans une niche creusée dans la paroi de la fosse et fermée par des amphores
horizontales.
Cagliari,Tuvixeddu – Quartucciu, Pill’e Matta. Notizie da due necropoli puniche

Il comune di Quartucciu si trova a pochi chilometri da Cagliari, la città capoluogo della Sar-
degna che conserva, a tratti ancora inesplorata, una delle più importanti necropoli puniche del
Mediterraneo. Oggetto di campagne di scavo condotte in periodi e con tecniche di scavo diverse
fin dalla metà dell’Ottocento (Salvi 2000), il colle di Tuvixeddu è stato indagato negli ultimi anni
sia alle pendici poste lungo il viale S.Avendrace, sia sul versante superiore, dove sono in corso le
opere per la realizzazione del nuovo parco archeologico e ambientale (Fig.1).
Nella necropoli di Pill’e Matta, invece, si svolgono, fin dal 2000, regolari campagne di scavo,
dopo la scoperta occasionale di una vasta necropoli in uso dall’età punica a quella tardo romana
(Salvi 2005a).
Nonostante la modesta distanza che separa i due contesti, e benché il numero delle tombe
indagate sia notevolmente più alto nella necropoli cagliaritana, le tipologie funerarie adottate
sono nettamente differenti.
A Cagliari, infatti, le testimonianze funerarie più antiche sono costituite da tombe a pozzo
più o meno profondo, con cella sul lato breve (da ultimo Salvi 2000a). Ritrovate in parte intatte
nei settori indagati, negli ultimi anni, alle pendici del colle, dove la realizzazione di moderni fabbri-
cati ha occupato aree prima destinate a casupole, orti e giardini (Salvi 2000b), risultano invece per
lo più già scavate, con sommarie interventi di scavo o con interventi clandestini, a monte, dove la
roccia calcarea affiorante ospita sepolture fittamente affiancate. L’indagine attualmente in corso,
in concomitanza con i lavori relativi al parco, sta infatti evidenziando situazioni per lo più compro-

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Fig. 1. Cagliari, Tuvixeddu, veduta aerea del settore in corso di scavo (foto G.Dessì)

Donatella Salvi
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

messe, con i pozzi d’accesso in tutto o in parte riempiti da terra smossa e celle talvolta ancora
in parte chiuse da portelli spezzati. Nonostante questo, però, i risultati sono di grande interesse
scientifico, sia perché evidenziano particolari nuovi nella decorazione dei pozzi e delle celle, sia
perché l’analisi accurata dei depositi consente di recuperare materiali sfuggiti ad operazioni con-
dotte per lo più in velocità, senza raccogliere le ceramiche frammentarie e, probabilmente, senza
grigliare la terra. E’ stato possibile, così, individuare sulle pareti dei pozzi rifiniture architettoniche
con listelli a toro (tomba 173) e, in alcuni casi, decorazioni a rilievo costituite da cippi o altari (tom-
ba 137 e tomba 174, cf. Tore 1992, tipo D), e, in un caso, il segno di Tanit (tomba 174) che vanno
ad aggiungersi alla eccezionale decorazione della porta della tomba 79 (Tav.1, fig.2), scavata nel
2000, che, con il fregio ad urei affiancati sovrapposto al disco alato a formare un doppio architra-
ve e con gli stipiti sagomati, ripropone l’architettura egittizzante frequente nelle stele di Sulcis e
Monte Sirai (Bartoloni 1986, nn.256-269; Bondì 1972, nn.31-33, 35 e p.44) e presente nell’edicola di
Nora (Oggiano 2005, pp.1034-1036). In altri casi è il colore rosso che, oltre a disegnare il contorno
della porta, è utilizzato per campire rilievi circolari con motivi a elica o per disegnare, con combi-
nazioni diverse, motivi geometrici all’esterno o all’interno delle celle.
Talvolta già noti, talvolta nuovi ed insoliti, gli oggetti di piccole dimensioni: in bronzo sono
numerosi le grappe ed i rasoi, mentre gli scarabei, di ottima fattura e per lo più con raffigurazioni di
tipo greco, sono quasi sempre in diaspro verde: Eracle, l’oplita (Salvi 2005b), una figura alata, volti
fortemente caratterizzati, visi con lunga barba o giovani dai tratti negroidi sono solo alcune delle
decorazioni che compaiono sulla faccia inferiore dell’oggetto; un solo esemplare, con il volto, di
profilo, di un guerriero con elmo, è realizzato in cristallo di rocca (Fig.3). In pasta sono invece per lo
più gli amuleti. Scarse le oreficerie, costituite da alcuni orecchini a semplice cerchio con estremità
avvolta a spirale e da un anello a castone piatto, - analogo all’anello ritrovato nella necropoli di
Senorbì con il simbolo di Tanit (Tronchetti 1992, p.183, tav.I,1), - sul quale compare, con la sagoma
1102 adattata alla forma ovale del supporto, un cavallo al galoppo con le briglie svolazzanti.
Ancora da una sepoltura di stratigrafia poco affidabile, la T163, provengono due prodotti in
coroplastica di straordinario interesse (Figg.4 e 5): si tratta nel primo caso di una protome femmi-
nile realizzata con argilla farinosa e poco coesa, ma ben levigata in superficie, che raffigura un volto
femminile incorniciato da capelli fittamente ondulati che sporgono sulla fronte e sui lati dal velo
che copre la testa; gli occhi sono obliqui, la bocca atteggiata in una sorta di astratto sorriso che
richiama modelli greci e che si trova già nella produzione tharrense di fine VI–V sec. a.C. (Acquaro,
Moscati, Uberti 1975, A30). Il secondo reperto è invece rappresentato da un busto femminile, an-
che questo limitato alla visione frontale, coperto da un mantello che forma ai lati pieghe larghe e
morbide; le braccia sono piegate sul petto e mentre la mano destra sembra stringere un capezzolo,
la mano sinistra è piegata ad allargare la scollatura della veste. Dallo stesso contesto provengono
alcuni insoliti frutti fittili ed alcune stoviglie in frammenti.
Per quanto apparentemente già sconvolta – il portello era spostato e la camera era colma
di terra arrivata dal pozzo, - conservava ancora un piccolo deposito di materiali in posto la tomba
150, dalla cella irregolarmente quadrangolare, allargata sulla sinistra dell’asse longitudinale del
pozzo (Tav.2). Sono stati trovati integri, infatti, un rasoio, tre brocchette di piccole dimensioni e di
differente profilo (Bartoloni 2000 nn.26,42 e 43) e due piatti ombelicati di diverso diametro, oltre
ad una lucerna, un piatto ed una brocchetta in frammenti (Tav.3).
Anche nella tomba 200, dove, come nella tomba precedente, il materiale del pozzo aveva
occupato l’interno della cella, si conservavano, integre, due brocche ad orlo trilobato, una deco-
rata da bande brune sulla spalla, l’altra con una protome umana realizzata a stampo all’imposta
superiore dell’ansa (Bartoloni 2000, nn.45 e 50) (Tav.4). E’ invece una sepoltura a pozzo scavato
nella roccia, ma senza cella, la tomba 225, che, più tarda delle altre – e in media della gran par-
te delle sepolture di questo settore di Tuvixeddu, - conservava due coppette, un piatto ed una
lekythos lagynus a vernice nera (forma Morel 5451).

Arqueologia Funerária
Cagliari,Tuvixeddu – Quartucciu, Pill’e Matta. Notizie da due necropoli puniche

Fig. 3. Cagliari, Tuvixeddu, scarabeo in cristallo


di rocca dalla tomba 135 (foto D.Salvi) 1103

Fig. 2. Cagliari, Tuvixeddu, porta d’accesso alla cella


della tomba 79 (foto D.Salvi)

Fig. 5. Cagliari, Tuvixeddu, busto femminile


dalla tomba 163 (foto C.Buffa)

Fig. 4. Cagliari, Tuvixeddu, protome femminile


dalla tomba 163 (foto C.Buffa)

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Tav. 1. Cagliari, Tuvixeddu, pianta e sezione della tomba 79 (rilievo e disegno F.Fanari)

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Tav. 2. Cagliari, Tuvixeddu, pianta e sezione della tomba 79 (rilievo e disegno F.Fanari)

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Tav. 3. Cagliari, Tuvixeddu, corredo della tomba 150 (disegni A.Dessì e P. Matta)

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Tav. 4. Cagliari, Tuvixeddu, corredo della tomba 200 (disegni di A.Dessì)

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Mentre a monte le tombe a pozzo sono tutte ricavate nel calcare più o meno compatto
che costituisce la collina, a valle, nel settore denominato “Lotto 7”, sono state individuate un
certo numero di tombe di questa stessa tipologia ricavate direttamente nel terreno argilloso che
qui copre il banco di roccia. L’area, meno esposta a manomissioni, ma pareggiata in passato per
la realizzazione di modesti spazi verdi, conserva in qualche caso integra solo la parte inferiore di
pozzi e celle e in altri casi, con pozzi di modesta profondità, l’intera struttura funeraria. Lo scavo,
occasionale, perché derivato da interventi edilizi, ha messo in luce circa 225 deposizioni, compre-
se fra il V secolo a.C. ed il I d.C., fittamente sovrapposte e spesso intersecate le une con le altre.
Così se le più superficiali, a fossa, hanno creato in qualche caso difficoltà di associazione fra depo-
sizioni e corredi, quelle più profonde e, spesso, più antiche, hanno restituito contesti integri e in
buono stato di conservazione. La tomba 1 del lotto 7, ad esempio, ancora dotata di portello, ma
con pozzo e cella drasticamente tagliati, ha restituito, con pochi resti scheletrici, un’olla a spalla
carenata, due brocchette (Bartoloni 2000, nn.28 e 42), un piatto e una lucerna bilicne. Due olle e
due brocchette piriformi (Bartoloni 2000, nn.28, 59 e 61) costituivano invece il corredo della tom-
ba 3 (Fig.6), anch’essa priva della copertura, mentre solo due olle a spalla carenata componevano
il corredo della tomba 141, ritrovata completa e con il portello in posto.
Le novità, in questo settore, oltre alle caratteristiche già evidenziate, sono rappresentate,
nelle sepolture 1, 3 e 5 dello stesso lotto 7, dalla sistemazione intenzionale di un piano di argilla,
dello spessore di diversi centimetri, utile a livellare il piano ed offrire l’appoggio alla deposizione.
Fori allungati rettangolari, ai quattro angoli, suggeriscono l’utilizzo di lettighe dotate di piedi in
legno.

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Fig. 6. Cagliari, Lotto 7, la tomba 3 in corso di scavo (foto D.Salvi)

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Cagliari,Tuvixeddu – Quartucciu, Pill’e Matta. Notizie da due necropoli puniche

Mentre a Cagliari alle più antiche sepolture a pozzo profondo, con cella sul lato breve,
seguono nel corso del IV/III secolo a.C. le tombe a fossa, coperte di pietre e terra pressate, a
Quartucciu le sepolture dello stesso periodo sono costituite da una sorta di nicchia aperta sul
lato lungo di una fossa di media profondità e chiusa da anfore orizzontali, secondo i modelli già
noti a Ras Zebib (Fantar, Ciasca 1973; Acquaro 1990, Acquaro, Fariselli 2002). Talvolta intaccate
dalla realizzazione delle tombe più tarde, le tombe puniche, che in questa necropoli rappresen-
tano solo una piccola percentuale dell’insieme, sono poste nella parte settentrionale dell’area,
e presentano un orientamento nettamente diverso da quello che caratterizza le tombe, molto
più numerose, della piena e tarda età imperiale (Tav.5). La tomba 62, della quale, forse a causa di
livellamenti effettuati per favorire l’utilizzo dell’area come vigneto, non si è trovata la parte supe-
riore, conservava, nella porzione residua della nicchia, il defunto in posizione supina, mentre, in
corrispondenza della fossa, era deposta orizzontale un’anfora e, a margine, il corredo composto
di due brocchette decorate a bande, di un guttus a vernice nera di buona qualità, di una lucerna
a tazzina acroma, e, in vernice nera opaca e consunta su corpo grigio-verdastro, di un piatto ad
orlo pendulo, di un piattello, di una coppa e di una coppetta. Due lame, una curva ed una diritta,
saldate dall’ossidazione, erano sistemate sulla parete esterna della fossa e presentavano tracce
di legno e di tessuto (Salvi 2005, pp.41-48). Pur nell’adozione di una diversa architettura funeraria,
è straordinaria, indicando una standardizzazione del rituale, la somiglianza di questo corredo con
quello di altre sepolture contemporanee e soprattutto con quello di una tomba ritrovata negli
anni scorsi nella necropoli di Santa Lucia di Gesico (Tronchetti 1996).
Meglio conservata nella struttura completa di fossa e nicchia laterale, la tomba 65 di Pill’e
Matta aveva la chiusura formata da tre anfore orizzontali ed un corredo composto soltanto di
due brocchette, una decorata a bande rossa-
stre (Bartoloni 2000, n.36) ed una a corpo glo- 1109
bulare e collo ristretto(Tavv.6 e 7). Analoga a
questa la tomba 63, che oltre alle tre anfore di
chiusura, aveva un corredo composto di due
brocchette, una coppetta ed un piattello a pa-
sta chiara e vernice scrostata (Tav.8), e la tom-
ba 54 con due anfore di chiusura (Tav. 9)
Ha caratteri nettamente differenti la
tomba 181, posta a margine dell’area scavata,
realizzata come una semplice fossa coperta di
terra e pietrame. Il corredo, disposto intorno al
defunto, è composto da un bicchiere a labbro
svasato, da un unguentario, da una lekythos
lagynus a vernice nera (forma Morel 5422) e
da una larga coppa di produzione locale de-
corata sulla parete esterna da una larga fascia
nera (Tav.10). Al suo interno, a consentire la
datazione del contesto, una moneta romana
con Giano bifronte del II sec. a.C.. Ciò che in
confronto a questo desta qualche perplessi-
tà è la collocazione, nella parte superiore del
riempimento della fossa, di un bruciaprofumi
con testa di dea kernophoros di ottima fattura,
chiaramente ispirata, nei tratti regolari del vol- Fig. 7. Quartucciu, Pill’e Matta, kernophoros
to e nella presenza del colore nero nei capelli dalla tomba 181 (foto C.Buffa)

Donatella Salvi
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e negli occhi e del colore rosso alla base, a modelli magno greci (Fig.7). Assolutamente insolita
nella composizione dei corredi funerari, la forma è ampiamente diffusa in Sardegna nelle aree di
culto ed ha in genere datazioni comprese in un arco cronologico che dal V al III sec. a.C. (Acquaro,
Moscati, Uberti 1975, A59-A99; Moscati 1987, A 17 – A 29).
La sintesi dei risultati raggiunti nello scavo delle due necropoli porta a stabilire alcuni con-
fronti e a formulare alcune considerazioni: La necropoli di Tuvixeddu ha, per la fase punica, un
utilizzo che va dal VI sec. a.C. al III secolo a.C., quando l’arrivo delle popolazioni latine porta con
sé evidenti modifiche nella tipologia funeraria e nel rituale adottato (Salvi 2000b; Salvi 2001): alle
inumazioni in fossa che caratterizzano la più tarda fase punica succedono infatti i busta a crema-
zione diretta e, più tardi, la cremazione in urna. I materiali che compongono i corredi sono spesso
di possibile produzione locale per quanto riguarda la ceramica acroma, ma in genere di importa-
zione se si tratta di vernici nere. A Pill’e Matta, invece, che abbraccia un arco di tempo più limitato
– IV-III sec. a.C., - le sepolture di età punica sono sempre a fossa con nicchia laterale chiusa da
anfore e le vernici nere, di forma aperta, sono tutte di produzione locale. Inoltre la tipologia della
tomba a fossa con terra e pietrame, che Tuvixeddu presenta nella più tarda fase punica, ma non
in seguito, è in uso a Quartucciu anche dopo la conquista romana. Tutto ciò, anche sulla base dei
confronti che è possibile istituire con le altre necropoli puniche sia in Sardegna che nel resto del
mondo punico occidentale, porta ad ipotizzare che le popolazioni dei due centri, - il primo urbano,
il secondo rurale, - abbiano sostrato e culture d’origine differenti, mantenute vive anche dopo il
trasferimento nell’isola. Se l’architettura funeraria di Tuvixeddu ha ampie possibilità di confronto
con Cartagine, con Lilibeo e con Tharros (Bechtold 1999, tipo I, pp.23-26), quella di Pill’e Matta
– che in Sardegna ha un solo precedente certo a Senorbì (Costa 1983, fig.5,a) e due dubbi a Tu-
vixeddu, lotto 7 – non trova altro confronto che nella necropoli libica di Ras Zebib, che potrebbe
1110 costituire la zona di provenienza di un piccolo gruppo di persone forse dedite all’agricoltura nel-
l’interland cagliaritano.

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1111

Donatella Salvi
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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Tav. 5. Quartucciu, Pill’e Matta, settore della necropoli con le tombe puniche (rilievo e disegno M.Olla)

Arqueologia Funerária
Cagliari,Tuvixeddu – Quartucciu, Pill’e Matta. Notizie da due necropoli puniche

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Tav. 6. Quartucciu, Pill’e Matta, pianta e sezioni della tomba 65 (rilievo e disegno di M.Olla)

Donatella Salvi
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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Tav. 7. Quartucciu, Pill’e Matta, corredo della tomba 65 (disegni di A.Dessì e P.Matta)

Arqueologia Funerária
Cagliari,Tuvixeddu – Quartucciu, Pill’e Matta. Notizie da due necropoli puniche

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Tav. 8. Quartucciu, Pill’e Matta, corredo della tomba 63 (disegni di A.Dessì e P.Matta)

Donatella Salvi
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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Tav. 9. Quartucciu, Pill’e Matta, pianta e sezioni della tomba 54 (rilievo e disegno di M.Olla)

Arqueologia Funerária
Cagliari,Tuvixeddu – Quartucciu, Pill’e Matta. Notizie da due necropoli puniche

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Tav. 10. Quartucciu, Pill’e Matta, corredo della tomba 181 (disegni A.Dessì e P.Matta)

Donatella Salvi
La necropoli punica di Palermo (scavi 2000-2005).
Spazio funerario, tipologie tombali e rituali

Francesca Spatafora
Soprintendenza ai Beni Culturali e Ambientali di Palermo

Riassunto

La ripresa degli scavi nella necropoli punica di Palermo ha offerto lo spunto per nuove e più
approfondite riflessioni relativamente ad alcuni temi specifici di carattere topografico o connessi allo
spazio, all’architettura e al rituale funerario. Nel corso delle ultime indagini, infatti, realizzate tra il
2001 ed il 2005, sono state riportate alla luce 72 sepolture che, assieme a quelle scoperte tra il 1989 ed
il 1996, portano a 150 il numero complessivo di tombe scavate nell’area della Caserma Tukory, situata
nel cuore dell’ampio cimitero panormita. La prima importante evidenza archeologica, emersa dallo
scavo, è costituita dall’esistenza di un percorso stradale che attraversa la necropoli in senso NO-SE,
condizionandone la distribuzione dello spazio.
Per quanto riguarda, invece, l’architettura e il rituale funerario, a prescindere dalle numerose
tombe a camera ipogeica o dalle semplici inumazioni in fosse o sarcofagi, la novità più rilevante è la
scoperta del nucleo più antico della necropoli nella parte nord-occidentale dell’area indagata, dove si è
riportato alla luce un gruppo di tombe comprese tra l’ultimo venticinquennio del VII e gli ultimi decenni
del VI sec.a.C.: si tratta di sepolture monosome, per lo più cremazioni primarie in fosse semplici e, in
casi più rari, incinerazioni secondarie in vaso o inumazioni in camera ipogeica.

Abstract

The new excavations in the Punic necropolis of Palermo provided the inspiration for new and
deep reflections on some specific issues of topographical nature or related to space, architecture and
funerary ritual.
In fact, during the last researches, realized between 2001 and 2005, 72 burials have been
brought to light which, together with those discovered between 1989 and 1996, reach a number of
150 burials, found in the area of the Caserma Tuköry, located in the earth of the large cemetery. The
first important archaeological evidence came out from the excavation regards the presence of a road
which crosses the necropolis NW-SE.
Instead, regard to the architecture and the funeral ritual, apart from the numerous hypogeal
chamber or simple burials into graves or sarcophagus, the most important novelty is the discovery of
the oldest nucleus of the necropolis in the north-western part of the inquired area where a group of
burials, dated from the last two decades of the VII century B.C. to the last decades of the VI century
B.C., have been brought to light: they are monosomy burials, mostly primary cremations in simple
graves and, not very often, secondary incinerations into vases or burials in hypogeal chamber.
La necropoli punica di Palermo (scavi 2000-2005). Spazio funerario, tipologie tombali e rituali

La ripresa degli scavi nella necropoli punica di Palermo, condotti in maniera sistematica o in
modo occasionale in vari punti della vasta area cimiteriale, ha offerto lo spunto per nuove e più
approfondite riflessioni relativamente ad alcuni temi specifici: nel corso delle ultime indagini rea-
lizzate tra il 2001 ed il 2005, infatti, sono state riportate alla luce 72 sepolture che, assieme a quelle
scoperte tra il 1989 ed il 1996 (Di Stefano 1993, p.286-329; Di Stefano 1998 a, p.246-249; Di Stefano
1998c, p.9-37; Di Stefano 2000a, p.117-129; Di Stefano 2000b, p.437-449), portano a 150 il numero
complessivo di tombe scavate all’interno del lembo di necropoli della Caserma Tuköry, situata nel
cuore dell’ampio cimitero panormita. Si tratta indubbiamente di un campione significativo - circa
il 20% rispetto al complesso di tombe finora rinvenute - che permetterà, una volta ultimato anche
lo studio dei ricchi corredi recuperati nel corso delle ricerche e conclusa l’indagine antropologica
e paleopatologica del gruppo umano, di focalizzare e puntualizzare alcuni temi sostanziali per lo
studio dell’intero complesso e, più in generale, dell’antico emporion di fondazione fenicia.
Per il momento, attraverso la più recente documentazione, possono solo offrirsi spunti di
discussione su alcuni argomenti specifici connessi allo spazio, all’architettura ed al rituale funera-
rio, enucleando quei dati significativi che costituiscono elementi di novità rispetto a quanto già
noto attraverso le precedenti indagini. L’ampia letteratura sulla necropoli panormita ( Tamburello
1998, p.107-118; Palermo Punica 1998 per bibliografia precedente completa) permette, infatti, di
sorvolare sui caratteri generali del cimitero punico noto, seppure in maniera frammentaria, at-
traverso numerosi ritrovamenti, più o meno fortuiti, che datano a partire dal 1746, anno in cui
avvennero le prime scoperte nel corso della costruzione del Reale Albergo dei Poveri (Lo Faso
Pietrasanta Duca di Serradifalco, 1834).
Anche le coordinate di carattere topografico, sia per quanto riguarda l’insediamento che
la vasta zona di necropoli posta immediatamente ad Ovest, sono state più volte richiamate, negli
ultimi anni, in numerosi lavori di sintesi sull’urbanistica e sulla topografia dell’antica Panormos 1119
(Belvedere 1987, p.289-303; Belvedere 1998, p.71-77) e ulteriormente aggiornate, in relazione al-
l’organizzazione del piano urbano prima della conquista romana del 254 a.C., alla luce della nuova
evidenza archeologica emersa attraverso le ultime indagini (Spatafora 2003; Spatafora 2005 a;
Spatafora 2005 b; Spatafora – Montali 2006).
Tornando alla necropoli, dunque, il dato più significativo, sotto il profilo topografico, ri-
guarda la scoperta di un percorso stradale che attraversa l’area cimiteriale, almeno nella zona
indagata, in senso NO-SE (Tav.1), condizionandone, evidentemente, la distribuzione dello spazio:
la strada, larga all’incirca 3 mt misura peraltro già utilizzata per il dimensionamento degli stenopoi
del piano urbano (Belvedere 1987, p.294-296) e corrispondente a circa 6 cubiti punici (1 cubito =
cm 51,6) - è caratterizzata, nella sua parte meridionale, da due profondi solchi paralleli, probabili
tracce del passaggio dei carri ulteriormente approfonditi dallo scorrimento delle acque meteori-
che (Tav.2). Le sepolture si distribuiscono con regolarità e, in linea di massima, secondo lo stesso
orientamento, lungo il percorso, che evidentemente venne rispettato ed utilizzato almeno a par-
tire dalla fine del VI-inizi del V secolo a.C., periodo a cui risalgono le più antiche tombe a camera
che vi si allineano, e fino all’ultima fase d’uso della necropoli .
L’esistenza di uno o più percorsi stradali a servizio di un’area necropolica così ampia risulta
in un certo senso scontata, anche se in nessuna occasione era emersa alcuna evidenza in tal sen-
so; ciò dimostra che oltre ad un preciso piano urbano che caratterizzava l’abitato, testimoniato
tuttavia sotto il profilo archeologico solo a partire dal IV sec.a.C. (Spatafora 2003, p.1180), esisteva
una pianificazione ed una organizzazione anche degli spazi funerari in relazione alla città già dal-
l’età tardo-arcaica.
E’ difficile al momento, considerata la brevità del tratto riportato alla luce, lungo poco meno
di 30 mt, mettere in relazione tale percorso stradale con gli accessi all’abitato sul lato occidentale,
archeologicamente documentati o desumibili attraverso considerazioni di carattere urbanistico:

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se si ipotizzasse, infatti, un andamento rettilineo della strada, essa parrebbe collegarsi ad un’ipo-
tetica porta da ubicarsi un po’ più a Nord di quello che doveva costituire l’ingresso principale
alla città (Fig.1) in corrispondenza dell’asse viario che l’attraversava fino al mare in senso Est-
Ovest, specularmente dunque all’ampio accesso riportato alla luce al di sotto del Palazzo Reale
di Palermo (Camerata Scovazzo 1990; Di Stefano 1998 b, p.88-90); se non sottovalutiamo questa
ipotesi, è plausibile che due porte laterali fungessero da accesso alle due vie periferiche che, mol-
to verosimilmente, correvano all’interno della cinta muraria seguendone l’andamento curvilineo,
secondo un’organizzazione urbanistica che ritroviamo, oltre che a Mozia (Spanò Giammellaro
2000 a, p.302-303), anche in alcune città puniche dell’Africa settentrionale (Fantar 1984) e della
Sardegna (Bartoloni 2000).

1120

Tav. 1. Palermo. Necropoli punica Caserma Tuköry. Planimetria generale

Arqueologia Funerária
La necropoli punica di Palermo (scavi 2000-2005). Spazio funerario, tipologie tombali e rituali

1121

Tav. 2. Palermo. Necropoli punica Caserma Tuköry. Il percorso stradale

Fig. 1. Palermo. Cartografia generale della città di Palermo con l’indicazione della strada e degli accessi alla città

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E’ comunque più probabile, considerata la notevole distanza tra il tratto di strada riportato
alla luce ed il perimetro occidentale del centro urbano, che la via proseguisse il suo percorso in
maniera non del tutto regolare, conformandosi piuttosto alla situazione morfologica del terreno
e assecondandone in qualche modo l’andamento plano-altimetrico, così come del resto l’intero
piano urbano, anche se caratterizzato da una sistemazione regolare per strigas (Belvedere 1987),
archeologicamente documentata, però, solo a partire dal IV sec.a.C. (Spatafora 2006 a, p.134).
L’esigenza di dotare la necropoli di una o più strade interne sembra risalire, dunque, al
tardo arcaismo, epoca in cui il primo emporio fenicio iniziò probabilmente a strutturarsi in vera e
propria città mentre l’ampio spazio cimiteriale, che in un primo momento doveva interessare solo
la parte centro-occidentale della vasta area successivamente destinata a necropoli, cominciava
man mano ad estendersi in maniera concentrica in tutte le direzioni, soprattutto verso Est, rag-
giungendo la massima espansione tra la fine del VI ed il V sec.a.C.
Sulla base dei ritrovamenti è possibile, infatti, circoscrivere la prima zona destinata a cimite-
ro: nella metà occidentale del settore indagato (Fig.2) si è individuato il nucleo più antico di tombe,
diciannove sepolture a incinerazione; si tratta di semplici fosse caratterizzate da cremazioni prima-
rie, databili entro la prima metà del VI sec. a.C. che si aggiungono alle venti già scavate nel corso
delle precedenti campagne (Di Stefano 1998, p.246; Di Stefano 2000, p.437 ss.; Spanò Giammellaro
2004, p.218-219), costituendo quindi oltre il 25% delle tombe riportate alla luce in questo settore
della necropoli; ad esse si agganciano, sia sotto il profilo cronologico che topografico, alcune
sepolture riportate alla luce tra il 1953 ed il 1954 in un’area (Fig.2) immediatamente ad Est della
Caserma Tukory (Tamburello 1967; Di Stefano 2000) ed una tomba a camera scavata nel 2001 a
poca distanza, in direzione Nord (Fig.2). La tomba, scoperta nel corso di uno scavo d’emergenza
lungo la Via Maggiore Amari (Spatafora 2004, p.196-199; Spatafora 2006 b, p.529-530, Figg.262-
1122 264), è del tipo a camera ipogeica con piccola cella a pianta rettangolare scavata nella calcarenite;
un sarcofago litico, coperto da due lastre, era poggiato lungo la parete meridionale e conteneva i
resti di un solo inumato; il corredo, cronologicamente omogeneo e deposto all’esterno del sarco-
fago, verso la parete di fondo della camera, era composto da sette vasi (Fig.3), tra cui si segnala la
presenza di un’anfora da mensa a decorazione dipinta, della fine del VII-inizi VI sec., prodotto che
imita tipi greco-orientali rinvenuti in contesti che datano a partire dal VII sec.a.C. (Spatafora 2004,
p.197 n.23 ) e oli un aryballos del Corinzio Antico. Ad essi erano inoltre associati alcuni vasi di tradi-
zione fenicia, tra cui una brocca a bocca trilobata ( Spatafora 2004, p.198 n.26) che, sotto il profilo
tipologico, richiama tipi degli ultimi decenni del VII sec.a.C. (Bartoloni 1996; Spanò Giammellaro
2000, p.316-317), così come la bottiglia con orlo a fungo (Spatafora 2004, p.198-199 n.27; Spanò
Giammellaro 2000, p.313-316) e, soprattutto, l’unico vaso à chardon (Spatafora 2004, p.199 n.28)
finora documentato nella necropoli di Palermo, dal corpo ovoide e dall’alto e largo collo cilindrico
svasato verso l’alto. Ricordiamo che la presenza di questa forma era finora documentata in Sicilia
soltanto attraverso i corredi più antichi della necropoli moziese (Spanò Giammellaro 2000, p.324),
ai quali l’esemplare di Palermo si avvicina per il corpo ovoide ben sviluppato rispetto al collo.
La tomba della Via Maggiore Amari, assieme ad alcune altre sepolture rinvenute nel corso
di precedenti ricerche (Tamburello 1974, p.158; Di Stefano 2000), documenta dunque in maniera
inequivocabile la coesistenza delle due tipologie tombali – sepolture a fossa e a camera – nonché
dei due rituali - incinerazione e inumazione – fin dal periodo più antico di utilizzazione finora atte-
stato nella necropoli di Palermo, situazione che del resto riscontriamo sia a Cartagine (Benichou
Safar 1986, p.102) che in alcuni insediamenti della penisola Iberica (Ramos Sainz 1990, p.79-80).
Anche se finora nessuna tomba sembra potersi attribuire ad un’epoca antecedente la fine del
VII sec.a.C., non possiamo comunque escludere, sia sulla base delle attestazioni - certamente più
numerose per quanto concerne le sepolture ad incinerazione di fine VII-inizi VI sec.a.C.- che con-
fortati dall’evidenza siciliana (Falsone 1995, p.690-691) e da quella relativa a molte altre necropoli

Arqueologia Funerária
La necropoli punica di Palermo (scavi 2000-2005). Spazio funerario, tipologie tombali e rituali

fenicie occidentali (Bartoloni 2004, p.117), che il rito dell’incinerazione fosse quello originariamen-
te utilizzato dai primi coloni fenici che raggiunsero l’isola, rispecchiandone quindi l’originaria ideo-
logia funeraria.

1123

Fig. 2. Palermo. Necropoli punica. Il nucleo di tombe più antiche


(1.Caserma Tuköry. 2.Via Maggiore Amari. 3. Istituto Provinciale per l’Assistenza dell’Infanzia)

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Fig. 3. Palermo. Il corredo della tomba della Via Maggiore Amari

Arqueologia Funerária
La necropoli punica di Palermo (scavi 2000-2005). Spazio funerario, tipologie tombali e rituali

Sotto il profilo tipologico, per quanto concerne le tombe a incinerazione, che per forma
e caratteristiche richiamano soprattutto le coeve sepolture della necropoli sarda di Monte Sirai
(Bartoloni 1985, p.247-263; Bartoloni 2000, p.67-70), è stato possibile rilevare per la prima volta
che le semplici fosse ellittiche scavate nel banco naturale di calcarenite o nel terreno granuloso
immediatamente al di sopra, entro cui avveniva il rituale della cremazione, erano in molti casi rive-
stite di argilla, come dimostrano le spallette in concotto che delimitavano la fossa e quindi la zona
della pira (Tav.3). Dei legni si sono inoltre conservati resti consistenti, a dimostrazione del fatto
che, probabilmente, il rogo veniva spento prima che la pira si consumasse del tutto, lasciando tra
l’altro le ossa del defunto appena calcinate ed ancora in connessione anatomica (Bartoloni 2000,
p.69).
Per quanto riguarda altri importanti aspetti del rituale e della cerimonia funebre legati a
questa tipologia tombale e documentati dalla presenza, oltre che del corredo personale e di ac-
compagnamento, anche del cosiddetto “corredo rituale” (Bartoloni 1996, p.61-62), è chiaro che
solo l’analisi puntuale dei diversi contesti e l’esame analitico dei materiali, potrà offrire un contri-
buto significativo in relazione alla comprensione dell’ ideologia funeraria delle prime generazioni
di coloni, anche attraverso il confronto con i complessi rituali attestati nelle più tarde tombe a
camera, dove l’interazione tra cultura punica e cultura greca produce l’innesto di nuove tradizioni
e la diffusione di usanze diverse.
In generale, l’unico elemento che accomuna i diversi rituali e che si perpetua nel tempo
è certamente quello connesso con le pratiche della libagione e del banchetto (Bernardini 2004
con ampia bibliografia sul tema), come dimostra, vive esempio, la presenza costante di piatti,
pentole, brocche e coppe nelle più antiche sepolture ad incinerazione - sempre in associazione
con le tipiche bottiglie con orlo a fungo verosimilmente connesse alle cerimonie di aspersione
del defunto (Bartoloni 1996, p.52, p.95-96) - e la presenza di alcuni specifici gruppi di materiali 1125
rinvenuti nelle tombe a camera, in qualche caso addirittura poggiati su trapeze approntate
all’interno delle celle ipogeiche; nella Tomba 93, ad esempio, uno dei solenes che costituivano
la copertura della fossa più antica, venne in un secondo momento spostato e riutilizzato come
trapeza per il banchetto funebre relativo alla nuova deposizione, un’incinerazione secondaria
contenuta in un’olla (Tav.4).
Ma riprendendo il tema dell’organizzazione dello spazio funerario, sembra interessante
segnalare, seppure in chiave fortemente problematica, l’esistenza, riscontrata soprattutto nella
parte meridionale dell’area indagata, di una serie di bassi tumuli a calotta, circa una decina in una
superficie di oltre 500 mq, poggianti sul piano d’uso della necropoli (Tav.1). Essi sono costituiti da
terreno frammisto a noduli di calcarenite - quello stesso materiale probabilmente estratto dallo
scavo delle camere e dei dromoi - rivestito però da un sottile strato di tufo grigiastro polverizzato
e reso compatto che, probabilmente, aveva la funzione di rendere solida la struttura, di per sé
poco coerente (Tav.5).
Sfugge al momento, anche per mancanza di confronti, la funzione di tali semplici e precari
apprestamenti e l’interpretazione dell’evidenza archeologica è resa ancora più complessa dal-
l’apparente casualità della distribuzione e localizzazione dei tumuli stessi: essi, infatti, a volte si
trovano al di sopra delle camere ipogeiche o dei dromoi ma, nella maggior parte dei casi, sono
distribuiti, invece, negli spazi vuoti tra le celle ipogeiche, spesso nella zona corrispondente al lato
della camera opposto all’accesso.
Al di là, pertanto, della più plausibile ipotesi che possa trattarsi di veri e propri segnacoli da
riferirsi, possibilmente, a diversi clan familiari forse collegati da legami al momento non definibili,
non sembra potersi escludersi, per i tumuli, una funzione pratica di “indicatore di spazio”, utile a
suggerire ed orientare l’ utilizzo dell’area.

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Tav. 3. Palermo. Necropoli punica Caserma Tuköry. Tav. 4. Palermo. Necropoli punica Caserma Tuköry.
1126 Tomba a fossa ad incinerazione Tomba a camera con trapeza, vasi per il banchetto
funebre ed incinerazione

Tav. 5. Palermo. Necropoli punica Caserma Tuköry. Uno dei “tumuli”

Arqueologia Funerária
La necropoli punica di Palermo (scavi 2000-2005). Spazio funerario, tipologie tombali e rituali

In alcuni casi, infatti, si è notata la presenza del tumulo in aree in cui la concentrazione di ca-
mere e dromoi appariva particolarmente densa o dove, addirittura, lo scavo di nuovi dromoi aveva
intercettato le celle ipogeiche più antiche: attraverso tale apprestamento, dunque, poteva forse
indicarsi una zona in cui non era più possibile programmare scavi per la realizzazione di nuove ca-
mere sotterranee. Ma, naturalmente, siamo nel campo delle ipotesi e solo un’evidenza più chiara,
preferibilmente confortata da confronti puntuali, potrà supportare una adeguata interpretazione
di questa singolare scoperta.
Per quanto riguarda, infine, il tema dell’architettura funeraria, è ormai ben nota, attraverso
i numerosi rinvenimenti succedutisi nel corso di oltre due secoli, la tipologia delle tombe a camera,
anche se, evidentemente, esistono delle varianti che vanno singolarmente esaminate per potere
pervenire ad una classificazione fondata su specifici e precipui aspetti tecnico-costruttivi e forma-
li; in sintesi, tuttavia, può rilevarsi una sostanziale omogeneità per quanto riguarda la forma della
cella, per lo più a pianta quadrangolare e con tetto piano (Fig.4) anche se, ovviamente, variano le
dimensioni delle camere e la lunghezza e profondità dei dromoi (Fig.10), tutti fattori dipendenti
dal tipo di utilizzazione (sepolture monosome o polisome), dalla cronologia o dal grado di sfrut-
tamento del banco calcarenitico. Sempre diverse sono, invece, le modalità di chiusura delle celle:

1127

Fig. 4. Palermo. Necropoli punica Caserma Tuköry. Tomba a camera. Pianta e sezione

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grandi lastre monolitiche, più lastre sovrapposte, lastroni con rinzeppature di pietrame informe
(Tav.6) e, nel caso di una tomba scoperta lungo la Via Onorato, un portale in sistema trilitico con
elementi ad incastro, oltre quello che funge da soglia, che, nell’insieme, conferisce alla struttura
una certo senso di monumentalità (Spatafora 2006, figg.265-266). Unico il caso di una tomba
inedita scavata nell’inverno del 2005, nel corso di un intervento d’emergenza all’interno del Real
Albergo dei Poveri, dove il portello di chiusura era costituito da un lastrone con profondo incasso
centrale (Tav.7), forse un’edicola aniconica riutilizzata.
Per chiudere, un breve accenno ai semata attestati nello scavo della Caserma Tuköry e con-
sistenti, principalmente in cippi e altarini: per quanto riguarda i primi, si tratta per lo più di tipi già
noti nella necropoli panormita (Tore 1998), posti sui sarcofagi o collocati nei dromoi, accanto ai
portelloni di chiusura. Nel caso degli altarini, utilizzati per la celebrazione delle cerimonie funebri,
si registra la singolare compresenza di tre esemplari (Tav.8) del tipo a collarino e vaschetta con-
cava (Tore 1998, p.417-418 ) al di sopra di un sarcofago contenente un individuo adulto di sesso
maschile il cui corredo era semplicemente costituito da una brocca, una oinochoe ed una coppa,
tutti materiali di produzione coloniale e databili alla fine del VI sec.a.C.
Alle soglie della classicità, dunque, in un contesto che documenta un rapporto già conso-
lidato con la cultura greca ed evidenti connessioni con le popolazioni gravitanti in area tirrenica,
la presenza dei tre altarini sembra ancora attestare, quasi simbolicamente, il saldo legame con la
tradizione semitica che sopravvive, pregnante, nelle pratiche funerarie di ogni paese della diaspo-
ra fenicia in occidente.

1128

Tav. 6. Palermo. Necropoli punica Caserma Tuköry. Una tomba con portello di chiusura a lastre

Arqueologia Funerária
La necropoli punica di Palermo (scavi 2000-2005). Spazio funerario, tipologie tombali e rituali

Tav. 7. Palermo. Albergo dei Poveri. Lastra di chiusura di tomba a camera con incasso centrale 1129

Tav. 8. Palermo. Necropoli punica Caserma Tuköry

Francesca Spatafora
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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1131

Francesca Spatafora
Fenici e indigeni nella necropoli arcaica
di Monte Sirai: nuove evidenze

Massimo Botto
CNR - Roma

Riassunto

Partendo dall’indagine condotta su 77 tombe scavate fra il 2002 e il 2004 nella necropoli di
Monte Sirai, nella Sardegna sud-occidentale, l’Autore individua due contesti, la tomba 158 e la tomba
207, che si caratterizzano per la presenza di indicatori riferibili ad elementi indigeni inurbati. Il primo
contesto, riferibile alla doppia deposizione di una madre con il proprio figlio, si data agli inizi del II
quarto del VI sec. a.C. Il corredo vascolare appare particolarmente ricco. Infatti, oltre al “corredo
fenicio”, che risulta duplicato per la presenza di due individui, sono stati recuperati vasi di impasto
grigio e miniaturistici deposti con l’intento di mettere in risalto sia il rapporto di parentela fra i defunti
sia l’etnia della madre, appartenente con ogni verosimiglianza all’elemento autoctono dell’isola. La
seconda sepoltura rappresenta un unicum a Monte Sirai, dal momento che si tratta di un’inumazione
secondaria di un individuo di sesso maschile dell’età di circa 30-35 anni deposto in una grande pentola
(diam. 45 cm; h. 33 cm ca.), la cui forma ha origini antichissime che risalgono alla cultura eneolitica
di Monte Claro attestata sull’altura di Monte Sirai da ricognizioni di superficie. Sulla base di confronti
istituiti con le rare sepolture nuragiche dell’età del Ferro, l’Autore propende per una collocazione della
tomba 207 in epoca fenicia e per la sua appartenenza ad un individuo indigeno inurbato.

Abstract

Selon une recherche faite sur 77 tombes creusées entre 2002 et 2004 dans la nécropole du
Monte Sirai, dans la Sardaigne sud-occidentale, l’auteur met en évidence deux contextes, la tombe 158
et la tombe 207, caractérisés par la présence d’indicateurs qui peuvent se rapporter à des éléments
indigènes urbanisés. Le premier contexte, qui se réfère à la double présence d’une mère et de son fils,
remontent au début du IIème quart du VIème siècle . L’ensemble de vases apparaît particulièrement
riche. En effet, outre l’ensemble phénicien qui est redoublé par la présence de deux individus, on a
récupéré des vases miniature, faits de pâte grise, déposés afin de mettre en évidence et le rapport
de parenté entre les défunts et l’ethnie de la mère qui appartient vraisemblablement à l’élément
autochtone de l’île. La deuxième sépulture représente un unicum au Monte Sirai, étant donné qu’il
s’agit d’une inhumation secondaire d’un individu de sexe masculin âgé d’environ 30-35 ans déposé
dans une grande marmite ( diam. 45 cm ; h.33 cm environ ), dont la forme a des origines très anciennes
qui remontent à la culture de l’Âge du Cuivre du Monte Claro, identifiée sur les hauteurs du Monte Sirai,
grâce à des recherches qui ont été effectués en superficie. Sur la base de comparaisons établies parmi
les rares sépultures nuragiques de l’Âge du Fer, l’auteur penche pour une localisation de la tombe 207
en époque phénicienne qui appartient à un individu indigène urbanisé.
Fenici e indigeni nella necropoli arcaica di Monte Sirai: nuove evidenze

Dal 2002 al 2004 chi scrive ha condotto tre campagne di scavo alla necropoli arcaica di Mon-
te Sirai mettendo in luce 77 tombe, due delle quali (NN. 158, 207) si caratterizzano per la presenza
di indicatori riferibili ad elementi indigeni inurbati (Fig. 1). In passato questo fenomeno è stato
ripetutamente segnalato per alcuni dei principali insediamenti fenici dell’isola, da Sulcis a Bithia,
da Tharros ad Othoca, in riferimento a fasi cronologiche alte inquadrabili fra la metà dell’VIII e il
VII sec. a.C. (Bartoloni, 1983, pp. 59-60; Zucca, 1987; Bartoloni, 1988; Bernardini, 2000, pp. 47-49;
Bartoloni, Bernardini, 2005). Il dato nuovo che emerge dalle indagini da poco concluse è rappre-
sentato dall’estendersi nell’ambito del VI secolo di tali dinamiche di inurbamento, a conferma di
un continuo e vivificante apporto delle componenti locali all’esperienza coloniale.
Passando all’esame dei contesti, la tomba 158 (Fig. 2), orientata in direzione S-N, ha una
lunghezza di circa 170 cm, mentre la larghezza massima non supera il metro. Il corredo si trovava
raccolto prevalentemente nel settore sud-occidentale della fossa, dove il banco tufaceo degrada
dolcemente favorendo una migliore protezione dei vasi.
Procedendo nell’esposizione da est verso ovest (Tav. 1), sono state recuperate la brocchet-
ta con bocca circolare e orlo arrotondato MSN 604 e la brocca con orlo espanso MSN 603. A breve
distanza si trovava la coppa a calotta con pareti rettilinee verticali MSN 605, disposta di lato e con
la vasca rivolta verso est; vicino al fondo di quest’ultima e nella stessa posizione era quindi la cop-
pa carenata MSN 606, munita di anse orizzontali e lavorata a mano. Dietro la coppa, appoggiato
all’angolo sud-occidentale della fossa, si trovava il piatto ombelicato MSN 613, che essendo in
posizione leggermente più rialzata rispetto al resto del corredo è stato individuato per primo. A
fianco delle due coppe e di fronte al piatto era quindi disposto un gruppo di vasi composto da due
brocche (una bilobata, MSN 608 e una trilobata, MSN 610), dal supporto MSN 607 e dalla coppa
MSN 609. Quest’ultima, lavorata a mano, presenta forma troncoconica e anse orizzontali. Il sup-

1133

Fig. 1. Foto dell’area della necropoli arcaica di Monte Sirai alla fine della campagna 2004.
Le coperture delle tombe scavate sono state riposizionate come in origine

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porto e la coppa erano collocati fra le due brocche, che adagiate per terra avevano l’imboccatura
rivolta verso l’interno della tomba. Il supporto presentava lo stesso tipo di decorazione a strisce
scure su fondo rosso della brocca MSN 610, a cui doveva servire verosimilmente da base. Dietro il
supporto e in linea con il piatto ombelicato era la forma miniaturistica di impasto grigio MSN 611,
inquadrabile nella tipologia delle scodelle. Il vaso, di tradizione indigena, si presentava capovolto
con l’orlo adagiato sul fondo della fossa. Lungo il lato occidentale erano quindi collocati il boccale
di impasto grigio MSN 612 e la coppa carenata a pareti oblique e risega netta MSN 614. Il boccale,
che come la scodellina si colloca nel solco della tradizione indigena, era adagiato per terra con l’im-
boccatura rivolta verso la brocca MSN 610. La coppa carenata era invece leggermente inclinata,
con la vasca rivolta verso l’interno della tomba. Sotto la coppa carenata a pareti oblique MSN 614
è stato individuato un orecchino in argento (MSN 689) (Fig. 3), che rientra nell’ampia e variegata
tipologia degli orecchini detti a “sanguisuga” o ad “arco ingrossato” (Quillard, 1987, p. 143).

1134

Tav. 1. Materiali ceramici provenienti dalla tomba N. 158

Arqueologia Funerária
Fenici e indigeni nella necropoli arcaica di Monte Sirai: nuove evidenze

Fig. 2. Foto dello scavo della tomba N. 158, con messa in luce parziale del corredo vascolare

1135

Fig. 4. Anforetta MSN 688 Fig. 5. Orecchino in bronzo MSN 693

Fig. 3. Orecchino in argento del


tipo a “sanguisuga”. MSN 689

I resti del rogo, con carboni frammisti a ossa calcinate, si estendevano a lato del corredo,
ma soprattutto sotto i vasi. Sul fondo della fossa, in un piccolo alloggiamento nel settore nord-
occidentale della tomba, si trovava la riproduzione miniaturistica di un’anfora da trasporto (MSN
688) (Fig. 4). Infine, in prossimità di quest’ultima si è proceduto al recupero dell’orecchino fram-
mentario in bronzo MSN 693 (Fig. 5), probabilmente un nazem.

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Dallo scavo è emerso che il tipo di rituale praticato nella tomba 158 era quello dell’incinera-
zione in fossa o bustum, ben documentato a Monte Sirai (Bartoloni, 1992a, pp. 47-49; Bartoloni,
2000, pp. 68-70). Inoltre, lo studio analitico dei materiali recuperati (Botto, Salvadei, 2005) ha
permesso di stabilire la datazione del contesto, inquadrabile nel corso del secondo quarto del VI
sec. a.C., preferibilmente nella sua fase iniziale, cioè nel decennio compreso fra il 575 e il 565 a.C.
Rimandando alla pubblicazione sopra citata per gli aspetti cronologici e per l’esame in dettaglio di
ogni singolo manufatto, in questa sede si intende focalizzare l’attenzione sulla composizione del
corredo, al fine di determinare la stirpe di appartenenza, la posizione sociale, il sesso e la fascia
di età dei proprietari della tomba. Infatti, la presenza nel corredo vascolare di numerose forme
duplicate fa propendere per una doppia deposizione. Indizi particolarmente probanti, inoltre, in-
ducono a ritenere che si tratti della sepoltura di una madre con il proprio figlio.
Questa tesi trova conferma nelle analisi antropologiche condotte da Loretana Salvadei
(Botto, Salvadei, 2005), ma è stata sviluppata in autonomia esaminando criticamente i dati arche-
ologici. Il riconoscimento di un individuo adulto di sesso femminile si basa non tanto sul recupero
dell’orecchino a “sanguisuga” MSN 689, dal momento che questa tipologia è attestata anche in
tombe maschili e di bambini, ma sulla presenza di un elevato numero di vasi che a Monte Sirai si
accompagna generalmente a deposizioni di donne (Bartoloni, 1999, pp. 204-205; Bartoloni, 2000,
p. 133). Nel caso specifico, comunque, il corredo risulta più ricco e variegato rispetto alla norma,
dal momento che i vasi superano di gran lunga i cinque esemplari che caratterizzano le sepolture

1136

Tav. 2. Ricostruzione funzionale dei due corredi vascolari fenici

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Fenici e indigeni nella necropoli arcaica di Monte Sirai: nuove evidenze

femminili. Il numero coincide con quello canonico, però, se si considera che la tomba doveva ac-
cogliere una doppia deposizione e che il “corredo fenicio” è stato arricchito da ulteriori elementi
portatori di un preciso messaggio. Sono stati recuperati, infatti, vasi di impasto grigio e miniaturi-
stici deposti con l’intento di mettere in risalto il rapporto di parentela fra i defunti, nonché l’etnia
della madre appartenente, con ogni verosimiglianza, all’elemento autoctono dell’isola.
Come precedentemente osservato, la natura bisoma della tomba si evince dal fatto che
le forme vascolari risultano quasi tutte duplicate. Si hanno infatti due vasi per versare sostante
viscose (MSN 603, MSN 604), due vasi per versare liquidi (MSN 608, MSN 610) e ben quattro coppe
divise in due gruppi per tecnica di lavorazione e per formato, a conferma di modi di utilizzo diffe-
renziati nell’ambito del cerimoniale funebre (MSN 606, MSN 609; MSN 605, MSN 614). Partendo
da questi presupposti avremmo due corredi distinti composti ciascuno da quattro elementi (Tav.
2). Ad essi si devono aggiungere il supporto MSN 607 e il piatto MSN 613, escludendo dal computo
l’anforetta MSN 688 e i due vasi di tradizione nuragica, il cui significato all’interno della tomba
sarà esaminato di seguito. Come già chiarito, il supporto è da mettere in relazione con la brocca
trilobata MSN 610 e ad essa si lega non solo da un punto di vista funzionale ma anche concettuale
(Botto, Salvadei, 2005). Il piatto, invece, sommandosi al resto del materiale permetterebbe di
riportare a cinque il numero di vasi di uno dei due corredi, che possiamo ipoteticamente attribuire
alla madre secondo quanto osservato in precedenza (Tav. 3); l’altro corredo composto da quattro
elementi sarebbe quindi da riportare al figlio (Tav. 4).

1137

Tav. 3. Ipotetica ricostruzione del corredo vascolare della madre

Tav. 4. Ipotetica ricostruzione del corredo vascolare del figlio

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Passando ai reperti vascolari di tradizione nuragica, la loro presenza nella tomba appare
strettamente connessa con l’etnia della donna, da considerarsi molto verosimilmente un’indige-
na andata in sposa ad un colono fenicio. In proposito, di estremo interesse risultano le valenze
simboliche espresse dall’associazione dei due vasi: se da un lato il boccale caratterizza la defunta
come moglie, dall’altro la scodellina la identifica come madre. Per il boccale è chiaro il riferimento
all’ambiente domestico, nel quale le donne maritate svolgevano un ruolo di primo piano, mentre
per il vaso miniaturistico è possibile stabilire un collegamento con la sfera infantile. La tesi so-
stenuta in questa sede che una delle due deposizioni della tomba 158 si riferisca ad un bambino
si basa proprio sulla presenza all’interno della sepoltura di elementi miniaturistici, rappresentati
oltre che dalla scodellina MSN 611 anche dall’anforetta MSN 688. Nella letteratura archeologica la
pratica della miniaturizzazione viene spesso associata alla classe infantile: forme ceramiche e og-
getti miniaturistici possono essere intesi sia con funzione di gioco sia come evocazione simbolica
del futuro ruolo dell’individuo divenuto adulto (Segarra Crespo, 1997, pp. 291-298; Collin-Bouffier,
1999, p. 92).
Nelle necropoli siraiane le forme miniaturistiche sono estremamente rare: le uniche atte-
stazioni provengono dalla sepoltura 120 ad enchytrismos, inquadrabile nella fase punica arcaica,
che ha restituito una brocca bilobata e una brocca con orlo espanso di dimensioni ridotte (Ber-
nardini, 2001, p. 37; Bartoloni, 2004, p. 123). Più ricca appare invece la documentazione del locale
tofet, attivo all’incirca a partire dal 370/360 a.C. In questo santuario infatti sono state messe in
luce alcune forme vascolari miniaturizzate, che talora riprendono tipologie non più in uso nel pe-
riodo in cui il tofet era in funzione (Bartoloni, 1982, p. 289; Bondì, 1995, p. 235). Infine, limitando
la nostra analisi al Sulcis, nel vicino santuario di Sulky le attestazioni sono numerosissime, come
ben evidenziato dagli studi di Piero Bartoloni (Bartoloni, 1992b; Bartoloni, 1992c) e dalle recenti
1138 indagini di Paolo Bernardini (Bernardini, D’Oriano, 2001, cat. nn. 110-114; Bernardini, 2002, pp. 23-
24; Bernardini, 2005).
Sulla base di queste considerazioni è forse possibile cogliere nella composizione del cor-
redo della sepoltura 158 di Monte Sirai l’estremo saluto di un notabile della colonia alla propria
moglie e al proprio figlio scomparsi in modo particolarmente drammatico. Inoltre, vi sono buoni
motivi di ritenere che la sepoltura soprastante la 158 raccolga le spoglie del capofamiglia stesso.
Infatti, differentemente da quanto spesso accade nella necropoli, la tomba 150 non intacca la se-
poltura sottostante, ma vi si sovrappone senza provocare danni. A nostro avviso tale situazione
non è casuale, ma rispecchia la volontà di tutelare la sottostante sepoltura. La composizione del
corredo della tomba 150 sembrerebbe confermare tale ipotesi, dal momento che nelle indagini
sono stati messi in luce tre vasi: la brocca con orlo espanso MSN 550, il piatto ombelicato MSN
551 e la brocca trilobata di derivazione cipriota MSN 548. Il dato è in accordo con le valutazioni
espresse da Piero Bartoloni, a cui si deve lo scavo della tomba in questione, secondo le quali nelle
sepolture maschili di Monte Sirai sarebbero generalmente presenti tre recipienti fittili (Bartoloni,
2000, p. 133). Infine, un significativo elemento di contatto fra i due contesti è ravvisabile nel rin-
venimento della brocca trilobata di derivazione cipriota. Infatti, questo tipo di vaso è molto raro
nella necropoli, per cui la sua presenza nelle due tombe potrebbe indicare rapporti parentelari o
di status che andranno investigati in modo approfondito.
La tomba 207 (Fig. 6) rappresenta un unicum a Monte Sirai, sia per la tipologia sia per il
rituale. Riguardo alla tipologia, si tratta di una fossa scavata nel banco tufaceo di forma sub-ellis-
soidale della lunghezza di 1,36 m e della larghezza di 83 cm. La peculiarità si deve alla presenza di
una grossa pietra posta di taglio, che svolgeva la duplice funzione di sema e di elemento divisorio
dello spazio interno alla sepoltura, dal momento che poggiava direttamente sul fondo della fossa
ed era rinzeppata sui lati da pietrame minuto per aumentarne la stabilità. La pietra definiva quindi
due settori: quello settentrionale, più ampio, che conteneva un’urna di tradizione indigena con

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Fenici e indigeni nella necropoli arcaica di Monte Sirai: nuove evidenze

Fig. 6. La tomba 207 prima dello scavo


1139

i resti di un individuo inumato, e quello meridionale, che non ha restituito alcun tipo di reperti.
Tale sistemazione induce a prendere in considerazione la possibilità che la tomba indagata fosse
stata progettata per contenere due deposizioni spazialmente distinte, ma unite concettualmen-
te dalla presenza del sema. Tuttavia solo la fossa settentrionale venne effettivamente utilizzata,
mentre quella meridionale, disattendendo il progetto originale, rimase vuota. Riguardo all’urna,
si tratta di una grande pentola (diam. 45 cm; h. 33 cm ca.) con anse verticali, il cui contatto diretto
con il fuoco è testimoniato dalle evidenti tracce di bruciato presenti sulla superficie esterna (Fig.
7). La forma ha origini antichissime che risalgono alla Cultura di Monte Claro (2700-2200 a.C.). Al
riguardo si deve sottolineare come a Monte Sirai, sulla sommità del pianoro, siano state individua-
te strutture quadrangolari e frammenti di ceramica d’impasto riferibili verosimilmente a questa
cultura (Usai, 1995, p. 86).
All’interno della pentola erano custoditi esclusivamente resti ossei. Grazie allo scavo e alle
successive analisi realizzate da Loretana Salvadei, del Laboratorio di Antropologia del Museo Prei-
storico Etnografico “Luigi Pigorini”, è stato possibile stabilire che tali resti appartenevano ad un
individuo di sesso maschile di età compresa fra i 30 e i 35 anni. Secondo tale studiosa, inoltre, “la
distribuzione promiscua e disordinata dei resti ossei in uno spazio ristretto e l’assenza di connes-
sione anatomica degli elementi ossei sono chiaro indizio del fatto che le ossa furono raccolte e
rideposte in questo modo successivamente alla perdita dei tessuti molli”. Si tratterebbe quindi
di una deposizione secondaria. Tale pratica non trova confronti fra le sepolture indigene relative
all’età del Ferro, di cui peraltro si conoscono solo pochi casi. Come noto, sino agli inizi del I millen-
nio a.C. la civiltà nuragica è caratterizzata nella sfera funeraria dalle monumentali tombe colletti-
ve “di giganti”, mentre successivamente il rituale e la tipologia tombale cambiano drasticamente
con l’introduzione di sepolture monosome scavate nel terreno (Lilliu, 1982, pp. 96-97; Moravetti,

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Fig. 7. Particolare dello scavo della tomba 207, con indicazione della pentola di tradizione indigena

1985, pp. 132-152; Lilliu, 1997). Riguardo a quest’ultime, le attestazioni indigene geograficamente
più vicine a Monte Sirai sono quelle di Antas, dove gli specialisti (Ugas, Lucia, 1987) hanno messo
in luce tre tombe a pozzetto (T1-T3) datate fra la fine del IX e la prima metà VIII sec. a.C. Solo due
di queste sepolture contenevano un inumato, mentre la terza (T2) ne era priva ed è stata inter-
pretata come un cenotafio. Dallo scavo è emerso che le fosse avevano bocca circolare e sezione
cilindrica e che erano contrassegnate da una grossa pietra conficcata verticalmente nel terreno
1140 (Fig. 8). Nei pozzetti T1 e T2 sono stati recuperati scarni elementi del corredo personale composto
da vaghi in metallo (bronzo, oro) e in cristallo di rocca. Molto più ricca risulta la documentazione
della tomba T3, con vasi di impasto ridotti in frammenti, monili di varie fogge e una statuina in
bronzo di notevole interesse, che rappresenta un personaggio maschile completamente nudo in
atteggiamento di saluto con la mano destra, mentre nella sinistra impugna una corta lancia. Ri-
guardo al rituale, indicazioni precise sono state fornite solo per l’inumato del pozzetto T3, che fu
deposto in ginocchio, con il cranio adagiato sul lato destro e il volto direzionato ad est.
All’età del Ferro si datano anche le cinque tombe ad inumazione singola rinvenute a Is Arùt-
tas di Cabras: si tratta di fosse cilindriche scavate nella roccia di circa 70 cm di diametro e 40
cm di profondità, di cui una conteneva uno scheletro rannicchiato. I pozzetti erano caratterizzati
all’esterno dalla presenza di segnacoli di pietra sbozzati a forma di crescente lunare, mentre il cor-
redo era costituito da scarse e grossolane ceramiche d’impasto (Santoni, 1977, p. 459, nota 57).
Non lontano da questa località è ubicato il sito di Monti Prama, famoso per il sensazionale recupe-
ro negli anni Settanta del secolo scorso di più di 2000 frammenti in arenaria gessosa appartenenti
a modelli di nuraghe e ad almeno 25 statue monumentali di guerrieri e di pugilatori. Quest’ultime,
in base a criteri stilistici sono state datate fra l’VIII (Lilliu, 1975-1977; Lilliu, 1997, p. 346-348) e la fine
del VII (Tronchetti, 1986; 1988, p. 73-77; 2005) – inizi VI sec. a.C. (Bernardini, 1991, p. 59). Lo scavo
dell’area ha portato all’individuazione di 33 tombe: si tratta di pozzetti scavati nella terra, con un
diametro all’apertura di circa 60-70 cm e con una profondità variabile dai 70 agli 80 cm. Le tombe
erano chiuse da lastre squadrate di un metro di lato, dello spessore di circa 15-20 cm, e contene-
vano singole inumazioni (Tronchetti 1981). Il defunto era deposto seduto, con il viso rivolto per lo
più verso est, ma non mancano esempi di orientamenti diversi con il capo coperto da una lastrina
di forma irregolare. Solo pochissime tombe presentavano oggetti di corredo personale, limitati
essenzialmente ad alcuni vaghi in pasta vitrea (nn. 24, 27, 29). Fra queste sepolture si distacca
per importanza la numero 25, con alcuni vaghi in bronzo, uno in cristallo di rocca e un sigillo sca-

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Fenici e indigeni nella necropoli arcaica di Monte Sirai: nuove evidenze

Fig. 8. Pozzetti nuragici di Antas

1141
raboide in osso attribuito dal Tronchetti al tipo pseudo-Hyksos e considerato come “un prezioso
terminus post quem per l’impianto della necropoli, quanto meno della sua parte terminale” (Tron-
chetti 2005, p. 147, fig. 9.9). L’attribuzione proposta dallo studioso per questo manufatto e la sua
datazione alla fine del VII sec. a.C. non risultano tuttavia convincenti. Lo scarabeo, infatti, ha un
puntuale confronto in un esemplare rinvenuto a Tell el-Ajjul, databile alla fine della XIII Dinastia,
durante il II Periodo Intermedio (Tufnell, 1984, p. 310-311, tav. XXVI, 2151), che rientra in una classe
ben attestata nell’area siro-palestinese, con sporadiche riproduzioni nell’età del Ferro (Bikai, 1978,
p. 85, tav. XIV, 18; Gorton, 1996, p. 10; Tiradritti, 2002, p. 40, cat. 107). Tenendo conto di quest’ul-
time indicazioni si preferisce inquadrare il reperto di Monti Prama nell’ambito dell’VIII sec. a.C.
Per la datazione del complesso di Monti Prama risultano quindi fondamentali le considerazioni
di ordine stilistico riferibili alla statuaria. Purtroppo, come sopra ricordato, le posizioni dei vari
studiosi che si sono occupati dell’argomento appaiono molto distanti e difficilmente conciliabili
(Lilliu, 1997, p. 346-347). Considerando che il gruppo scultoreo venne commissionato da un clan
emergente la cui spinta propulsiva si dispone sull’arco di varie generazioni, chi scrive è dell’avviso
che la temperie culturale nella quale si formarono gli artigiani che realizzarono le statue di Monti
Prama deve saldamente inquadrarsi fra il periodo geometrico insulare e il primo orientalizzante.
Tornando allo scavo, nella terra di riempimento dei pozzetti e nelle spallette che delimita-
vano la necropoli rispetto alle altre situazioni archeologiche documentate, sono stati recuperati
ciotoloni carenati di impasto “buccheroide”, datati fra l’VIII e il VI sec. a.C., indicativi di rituali
collettivi che periodicamente dovevano svolgersi in onore dei defunti. Le indagini antropologiche
condotte da F. Mallegni e F. Bartoli su 28 scheletri hanno portato all’individuazione di 23 individui
adulti e di cinque adolescenti. Fra i primi la maggioranza è data dagli uomini, con 14 casi sicura-
mente determinati e tre identificati con probabilità, mentre le donne sono solamente cinque (tre
sicure, due probabili); riguardo ai giovani, quattro sono maschi e l’ultimo probabilmente è una ra-

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gazza. L’insieme dei campioni presentava un’età compresa fra i 14 e 50 anni, avvalorando l’ipotesi
che nella necropoli fossero sepolti “i membri delle famiglie che facevano parte a pieno diritto del
gruppo aristocratico e quindi del corpo sociale” (Mallegni, Bartoli, Tronchetti, 1991, p. 120).
Proseguendo nella rassegna di sepolture indigene successive all’età del Bronzo, si segnala-
no le sensazionali scoperte avvenute ai primi del Novecento presso i centri di Sardara e Senorbì.
Il primo recupero effettuato in località Sa Costa riguarda una tomba completamente differente
dalle precedenti, dal momento che era formata da un largo vano delimitato da pareti inclinate
verso l’interno e coperto da lastroni litici. L’importanza della sepoltura si evince dalla struttura
della tomba, che presentava il pavimento rivestito per l’intera estensione da una sottile lamina di
bronzo, e dalla messa in luce di due bronzetti di arcieri di pregevolissima fattura (Taramelli, 1913;
Lilliu, 1997, p. 316-318). Da Senorbì invece proviene una cista litica all’interno della quale vennero
deposte le spoglie di un guerriero munito di spada con impugnatura a testa semilunata aperta in
alto e, probabilmente, dell’armatura costituita da lamine di bronzo ribattute e fermate da chiodi
(Taramelli, 1931; Lilliu, 1997, p. 316).
La tomba 207 di Monte Sirai presenta strette affinità con le sepolture di Antas, Is Arùttas e
Monti Prama per quel che concerne la tipologia, le dimensioni, la presenza di sema e, salvo rare
eccezioni, per la scarsezza o totale assenza di oggetti di corredo. Le differenze maggiori riguarda-
no invece il rituale. Infatti, nonostante si tratti sempre di inumazioni, le modalità di deposizione
risultano differenti, dal momento che non sono attestati casi di deposizioni secondarie in urna.
La questione dell’identità etnica è argomento di estremo interesse ampiamente trattato
negli studi archeologici. Rimandando per l’impostazione generale del problema ad alcuni fonda-
mentali contributi di carattere metodologico (Hall, 1997, pp. 111-142; 1998; Fabietti, 1999) si inten-
de in questa sede sviluppare alcune considerazioni sulle tombe di Monte Sirai sopra esaminate.
Le sepolture infatti rappresentano a nostro avviso due differenti forme di integrazione da parte
1142 di individui di stirpe indigena inurbati nel centro coloniale. Nel caso della tomba 158 l’integrazione
risulta completa: l’indigena andata in sposa ad un colono fenicio viene sepolta secondo un rituale
tipicamente orientale ed è stato possibile stabilire la sua etnia solo grazie ad alcuni indicatori che
appaiono comunque del tutto marginali all’interno del contesto. Per la tomba 207 invece esistono
marcati elementi di differenziazione rispetto al resto delle sepolture che la circondano. Ciò apre
il campo a differenti interpretazioni: potrebbe infatti trattarsi di una sepoltura eneolitica, oppure
di una deposizione molto più recente riferibile all’epoca fenicia se non addirittura a quella punica.
Nel primo caso, l’elemento più indicativo è rappresentato dall’urna, che è a tutti gli effetti una
forma Monte Claro. Contrastano con questa tesi, però, la tipologia della tomba e la sua perfetta
integrazione all’interno della necropoli fenicia, in uno spazio che non ha restituito al momento
evidenze di così alta antichità. Una datazione della deposizione al VI sec. a.C. appare quindi più
probabile. In questo caso, si dovrebbe ipotizzare una forma di riuso del recipiente sentito, in virtù
della sua alta antichità, come elemento di prestigio dai membri della colonia. Fenomeni di questo
tipo sono già noti a Monte Sirai, dal momento che due domus de janas localizzate alla base del
tofet presentano forme di riutilizzo in età punica (Bartoloni, 1989, pp. 15-17). Sulla base della do-
cumentazione sopra analizzata, chi scrive propende per una collocazione della sepoltura in epoca
fenicia e una sua appartenenza ad un individuo indigeno inurbato. Dal rituale funebre emergono
infatti forti legami con le tradizioni indigene della prima età del Ferro solo in parte “contaminati”
dal quotidiano rapporto con i coloni di Monte Sirai, come si evince dalla deposizione dei resti
ossei all’interno di un contenitore ceramico. Tale pratica, infatti, è totalmente estranea al mondo
nuragico. Il personaggio della tomba 207 forse potrebbe essere identificato con un “capo” locale,
oppure con un emissario delle comunità indigene limitrofe stabilitosi in modo permanente nell’in-
sediamento fenicio, ma con un proprio status giuridico. In proposito, un importante indicatore
dei rapporti fra maggiorenti fenici ed élites indigene proviene dall’abitato e si riferisce al noto
bronzetto messo in luce nel sacello del tempio di Monte Sirai, che raffigura un personaggio se-

Arqueologia Funerária
Fenici e indigeni nella necropoli arcaica di Monte Sirai: nuove evidenze

duto nell’atto di versare del liquido da una


brocca in una ciotola che tiene nella mano
(Barreca, 1965, p. 48, 53, 57).
Come è stato più volte sottolineato,
il recipiente potorio utilizzato dal personag-
gio seduto è sicuramente da ricollegarsi alla
tipologia delle brocche askoidi di tradizione
nuragica (Fig. 9). Il dato è altamente signi-
ficativo per stabilire chi ha commissionato
l’opera, dal momento che in un’iconogra-
fia chiaramente fenicia viene inserito un
elemento tipicamente locale. È probabile
quindi che il bronzetto in questione sia sta-
to commissionato ad un artigiano fenicio da
un rappresentate delle comunità indigene
sparse nel territorio circostante la colonia.
Le indagini condotte a Monte Sirai
dimostrano in modo inequivocabile come
l’inurbamento di elementi autoctoni negli
insediamenti fenici continui ben oltre le fasi
iniziali della colonizzazione. Il quadro così
definito deve essere integrato con le ricer-
che avviate sul territorio e presso i centri
indigeni dell’interno, che permettono una
lettura più complessa e articolata dell’irra- Fig. 9. Bronzetto dal sacello del tempio di Monte Sirai 1143
diazione fenicia nel Sulcis sud-occidentale.
Grazie alle nuove indagini, infatti, acquista
sempre più credibilità l’ipotesi di una stabile presenza di coloni e agenti commerciali fenici all’in-
terno o in prossimità di complessi fortificati nuragici. Il dato emerge con chiarezza dagli scavi in
corso di realizzazione al Nuraghe Sirai, dove alla componente orientale deve essere addirittura
imputata la costruzione del sistema difensivo della fine del VII sec. a.C. (Perra, 2001; Perra, 2005).
Passando alle prospezioni condotte nel territorio circostante Monte Sirai, si deve segnalare
la recente lettura data da Stefano Finocchi (2005) dei materiali di superficie raccolti nel villaggio di
Sirimagus, distante dalla colonia fenicia solo poche ore di marcia. La grande quantità di ceramica
fenicia, riferibile non solo ad anfore da trasporto, ma anche a lucerne, ceramica da cucina e di uso
domestico, inquadrabile fra il VII e la metà del VI sec. a.C., ha fatto ipotizzare la presenza stabile
di elementi di origine orientale.
Alla luce della documentazione raccolta, quindi, è possibile intravedere una strategia di
controllo territoriale introdotta dall’elemento fenicio che porta a fenomeni di mobilità sociale
non solo nelle colonie, ma anche presso i villaggi indigeni dell’interno. Uno dei compiti delle futu-
re ricerche sarà quello di chiarire in che modo e fino a che punto la componente orientale sia stata
in grado di condizionare lo sviluppo o la crisi delle comunità locali con cui venne in contatto.

Massimo Botto
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

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Massimo Botto
FENICI E PUNICI NELLA SARDEGNA MERIDIONALE

Piero Bartoloni
Sassari

Riassunto

Nell’ultimo decennio è aumentata in modo esponenziale la messe di scoperte effettuate


nell’area della Sardegna sud-occidentale. Sono da segnalare le scoperte effettuate nell’area urbana
di Sulky, che permettono di elevare la cronologia della fondazione dell’insediamento almeno fin dal
7780/770 a.C. Da ricordare inoltre le attività che hanno avuto luogo a Monte Sirai, dove è stata messa in
luce buona parte di una necropoli con tombe a incinerazione di età fenicia e sepolture di inumati di età
punica. Ai piedi del monte, il nuraghe Sirai ha restituito le fortificazioni erette nella seconda metà del VI
secolo a.C. a difesa del villaggio nuragico. Infine, sono state poste in evidenza le strutture del tempio
punico di Matzanni, eretto nel IV secolo a.C. nel cuore dell’unico bacino minerario della Sardegna che
produceva il minerale di stagno.

Résumé

Dans les dernières années est augmentée la quantité des trouvailles repérées dans la Sardaigne
sud-occidentale. Sont à signaler les découvertes effectuées dans la ville de Sulky, qui nous permettent
de placer la chronologie de la fondation de l’emplacement au moins jusqu’au 7780/770 avan J.-C. Il
faut rappeler aussi les activités qui ont eu lieu à Monte Sirai, ou on a dégagé une bonne partie de
la nécropole avec des tombeaux à incinération et sépultures de corps inhumés d’époque punique.
A la base de la colline, dans la tour nuragique Sirai on a dégagé les fortifications bâties pendant la
deuxième moitié du VI siècle pour protéger le village nuragique. Pour conclure, on a étudié ce qui reste
des structures du temple punique de Matzanni, érigé dans le IV siècle avant J.-C. dans le cœur du seul
bassin minier de la Sardaigne qui produisait le minéral d’étang.
Fenici e punici nella Sardegna meridionale

Nel quinquennio trascorso tra i due Congressi Internazionali di Studi Fenici e Punici, tra
Palermo e Lisbona, l’attività archeologica nella Sardegna meridionale ha avuto grande impulso. Si
citano in particolare i lavori svolti sotto l’egida del Dipartimento di Storia dell’Università di Sassa-
ri, della Soprintendenza Archeologica per le Province di Cagliari e Oristano e dell’Istituto di Studi
sulle Civiltà italiche e del Mediterraneo Antico del C.N.R., con la collaborazione del Parco Geomi-
nerario. Le attività sono state dirette da chi vi parla, con la condirezione di Paolo Bernardini. Agli
scavi hanno partecipato giovani studiosi e studenti delle Università di Sassari, Bologna, Cagliari,
Genova, Milano, Pisa, Padova, Santa Maria Capuavetere, Verona, Viterbo, Barcelona, Parigi, Sevil-
la, Urbino e Tunisi.
Le indagini del primo cantiere, ubicato a Sant’Antioco1 nell’area del cosiddetto cronicario2,
sono state condotte da Lorenza Campanella, coadiuvata da Elisa Pompianu e hanno avuto per og-
getto lo scavo di un’area adiacente a quella esplorata nelle precedenti campagne degli anni ‘80.
Negli strati di età fenicia (VIII-VI secolo a.C.), tra l’altro, sono state rinvenute abbondanti tracce di
lavorazione del pescato: le scaglie messe in luce fanno riferimento a giovani esemplari di tonno
rosso. Notevole anche il rinvenimento dei resti di un forno in terra cruda con pareti invetriate dal-
la forte temperatura. Il reperimento dei boccolari dei mantici, con l’estremità vetrificata dall’alta
temperatura, permette di ipotizzare un uso del forno per metalli o per vetro. I frammenti fittili fe-
nici sono sia di produzione locale che fenicia di Oriente, cartaginese o fenicia di Occidente. Quan-
to alla produzione allogena, non mancano le testimonianze di matrice greca, sia euboiche, che
corinzie, laconiche o attiche, o etrusche, tutte dipanate cronologicamente. Più che considerevoli
per l’aspetto storico tre frammenti di uno stesso recipiente chiuso di produzione micenea o forse
filistea, appartenente al periodo III C (1190-1050 a.C.), che rendono consistente quanto ipotizzato
ormai da molti anni. Invece, la cronologia della prima area urbana dell’antica Sulky è stata stabilita
grazie al ritrovamento di due recipienti fenici simili, la cui origine è da collocare probabilmente in
area tiria. 1147
E’ ormai accertato che le strutture di età punica sono praticamente obsolete a causa dei la-
vori edilizi effettuati in età romana repubblicana e imperiale, ma la vita del periodo è ampiamente
documentata da un pozzo con adiacente cisterna che ha conservato centinaia di oggetti, fittili e
non, relativi all’arco di tempo compreso tra il V e il III secolo a.C.
Sempre nel settore del cosiddetto cronicario, ma relativa ad un periodo più tardo, è stata
messa in luce un’area sacra. Il santuario, dedicato a Demetra o a Cibele, in relazione alle testimo-
nianze rinvenute, è databile nel III secolo a.C. e può essere attribuito alla presenza di un nucleo di
mercatores italici insediati nell’area subito dopo la conquista romana della Sardegna.
Nella vasta necropoli punica sulcitana, a cura di Paolo Bernardini sono state esplorate quat-
tro tombe ipogee. La prima, adiacente all’area della necropoli di età fenicia, illustra il momento
di passaggio verso la dominazione cartaginese, con il mutamento del rito funebre, che, tuttavia,
soprattutto nelle forme ceramiche, conserva reminiscenze del precedente periodo. Un’altra tom-
ba, più tarda, poiché, in base alla sua struttura e ai reperti, non sembra anteriore alla fine del V
o piuttosto ai primi anni del IV secolo a.C., al suo interno conserva un altorilievo policromo raffi-
gurante un personaggio incedente di tipo egittizzante, che forse rappresenta il dio Baal Addir, il
signore dei defunti3.

1 P. Bartoloni, Nuove testimonianze sui commerci sulcitani: Mozia - XI (= QAFP, 2), Roma 2005, pp. 557-78;
sull’insediamento cf. da ultimo R. Zucca, Insulae Sardinia et Corsicae. Le isole minori della Sardegna e della Corsica
nell’antichità, Roma 2003, pp. 200-11.
2 P. Bernardini, S. Antioco: area del Cronicario (Campagne di scavo 1983-86): L’insediamento fenicio:
RStFen, 16 (1988), p. 79, tavv. XIX, 4-5; XX, 15; P. Bartoloni, Nuove testimonianze sui commerci sulcitani, cit., pp.
564-66, figg. 1-10; sull’area del Cronicario da ultimo cf. L. Campanella, S. Antioco: area del Cronicario (Campagne di
scavo 2001-2003): RStFen, 33 (2005), in stampa..
3 P. Bernardini, A Occidente del Grande Verde: memorie d’Egitto nell’artigianato della Sardegna fenicia e
punica: L’uomo egizio, Garbagnate Milanese 2004, pp. 164-92.

Piero Bartoloni
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Il secondo cantiere, diretto negli anni passati da Massimo Botto4 e attualmente da Miche-
le Guirguis5, si è svolto nell’area della necropoli fenicia a incinerazione di Monte Sirai. Nel corso
delle campagne effettuate dal 1990 sono state poste in luce circa 250 tombe, che confermano la
prevalenza del rito funebre dell’incinerazione. Di particolare interesse alcuni oggetti di corredo di
produzione nuragica, tra i quali spicca una situla con funzione di cinerario.
Alcune tra le sepolture afferiscono invece al periodo punico. Si tratta di una novità poiché
si riteneva che la necropoli successiva alla conquista della città da parte di Cartagine fosse limitata
alle dodici tombe ipogee, verosimilmente tombe di famiglia, rinvenute negli anni ’60. Dunque, le
fosse puniche rinvenute, anche in relazione all’esiguo corredo di accompagnamento, sono forse
riferibili a individui di condizione servile. Numerose le tombe di infanti, tutte collocate tra il V e i
primi anni del IV secolo a.C.
Il terzo cantiere, diretto da Carla Perra, ha avuto luogo nel versante orientale del nuraghe
Sirai6. Nel corso delle campagne sono state indagate le fortificazioni esterne del nuraghe e alcune
capanne del villaggio, Per quanto riguarda l’impianto fortificato, questo è risultato in uso anche
in età fenicia ed era composto da un muro di ampio spessore, costituito da uno zoccolo in pietra
ed un alzato in mattoni di terra cruda. La cinta risulta verosimilmente distrutta durante l’invasione
del generale cartaginese Malco, collocabile attorno al 540 a.C.
Il villaggio invece appare composto da capanne variamente articolate in ambienti plurimi,
molto simili a quelle del non lontano insediamento nuragico di Serucci e anticipatrici delle “lolle”
campidanesi, caratteristiche abitazioni ottocentesche con impianto ad atrio. Notevole la contem-
poranea presenza stratigrafica di materiali fittili nuragici e fenici, a testimonianza della esistenza di
una comunità indigena con costanti e fecondi rapporti commerciali con i Fenici presenti a Monte
Sirai. Particolarmente significativo il ritrovamento di alcune armi nello strato relativo al momento
della distruzione del complesso, che è da porre negli ultimi decenni del VI secolo a.C.
1148 Il quarto ed ultimo cantiere, guidato da Stefano Finocchi, ha avuto per oggetto la prospe-
zione archeologica dell’area a sud di Monte Sirai7. Tra i risultati più considerevoli è da registrare
la scoperta di materiali fittili di tipo commerciale databili nella prima metà del VI secolo a.C. all’in-
terno di insediamenti nuragici ben distanti da centri urbani fenici. Tra tutti sono da menzionare i
complessi nuragici di Tzirimagus, presso Carbonia, e di Gruttiacqua, a sud di Sant’Antioco. Al pari
di situazioni analoghe, tuttavia, sulla base del rinvenimento di poche decine di frustuli fittili non si
può certamente sostenere l’assunto di una o più presenze etniche fenicie in seno a queste comu-
nità di origine nuragica, bensì un rapporto, anche vivace, di tipo prevalentemente commerciale.
Nella piana sottostante la collina di Monte Sirai sono state rinvenute tracce più che vistose,
risalenti almeno al IV secolo a.C., di un centro abitato e di una sistemazione delle aree campestri,
sistemazione che, visti i materiali fittili ascrivibili alla fine del II secolo a.C., non può prescindere
dalla presenza romana. Infatti, è proprio in questo periodo che gli abitanti di Monte Sirai vengono
deportati dalla cima della collina e la città alta viene definitivamente abbandonata. Quindi, la siste-
mazione dell’area, se non può essere interpretata come una vera e propria centuriazione, allude
certamente all’insediamento di nuovi coloni. Nella stessa zona, ma ascrivibile al II secolo d.C.,
dunque alla piena età romana imperiale, è stata rinvenuta una grande villa rustica, una fattoria che
presenta una pianta a ferro di cavallo, non nuova per la Sardegna.

4 M. Botto – L. Salvadei, Indagini alla necropoli arcaica di Monte Sirai. Relazione preliminare sulla campagna
di scavi del 2002: RStFen, 33 (2005), in stampa.
5 M. Guirguis, Nuovi dati dalla necropoli fenicia e punica di Monte Sirai (Sardegna): Atti del XVII Convegno
di Studi “L’Africa Romana”, in stampa.
6 C. Perra, Una fortezza fenicia presso il nuraghe Sirai di Carbonia. Gli scavi 1999-2004: RStFen, 33 (2005),
in stampa.
7 S. Finocchi, Ricognizione nel territorio di Monte Sirai: RStFen, 33 (2005), in stampa.

Arqueologia Funerária
Fenici e punici nella Sardegna meridionale

In tutte le aree di scavo citate a cura di Barbara Wilkens e di Gabriele Carenti sono state effet-
tuate analisi dei reperti ossei di origine animale8. Queste hanno permesso di accertare la presenza
di animali esotici, quali l’icneumone, nell’ambiente punico del cronicario, o di appurare il regime ali-
mentare degli abitanti fenici di Monte Sirai. Questo appare costituito in maggioranza dal consumo
di cervi, seguiti dai maiali, dai bovini e, infine, e ciò risulta abbastanza inaspettato, dagli ovini.
Tra le attività di ricerca collaterali, una menzione particolare merita il tempio punico di Ma-
tzanni. Si tratta di un luogo di culto eretto in prossimità di un valico che dalla valle del Cixerri
conduceva verso il Campidano. Questo luogo sacro si affaccia sulla suddetta valle, che collega il
Campidano con la costa occidentale e sbocca all’altezza di Monte Sirai. Si tratta con ogni evidenza
di un edificio templare che, al pari di quello di Antas, è costruito in un’area di culto già officiata in
età nuragica, ma non in età fenicia.
Infatti il tempio di Matzanni è stato eretto visibilmente in età punica e le sue strutture pos-
sono essere datate non prima del IV secolo a.C. L’edificio, con pianta rettangolare di sette metri
per dodici, orientata a nord con uno dei lati lunghi, è molto rovinato, poiché oggetto di scavi
clandestini, e risultano superstiti unicamente parte dei lati settentrionale e occidentale. Numerosi
conci con gole egizie sono sparsi soprattutto nell’area antistante il lato meridionale. Ovviamente,
la ricostruzione ideale dell’edificio presentata in questa sede si ispira alle stele puniche coeve
presenti nei tofet.
Tra le attività svolte, da ultimo è da citare l’allestimento del Museo Archeologico Comunale
di Sant’Antioco, dedicato alla memoria del compianto Ferruccio Barreca. Come è intuibile, il fulcro
e il maggior numero dei reperti esposti nel museo è appartenente alla civiltà fenicia e punica e
proviene dalle ricerche archeologiche effettuate nel sito di Sulky durante l’ultimo cinquantennio.
L’edificio è inserito ai piedi dell’area del tofet e dal parco del museo si può accedere direttamente
all’area sacra.
L’esposizione è articolata in sale che si susseguono in linea e consta di 35 vetrine conte- 1149
nenti circa 10000 oggetti, tra ceramiche, oggetti in pietra, vetro, osso e metallo. Alcuni plastici
contribuiscono ad illustrare l’esposizione e a fornire notizie sul territorio da cui provengono i re-
perti. Il Museo archeologico di Sant’Antioco si integra perfettamente con quello della vicina Car-
bonia, poiché mentre quest’ultimo offre un’immagine del territorio sulcitano nei diversi periodo
dell’occupazione antropica, quello di Sant’Antioco conserva principalmente i reperti fenici, punici
e romani, rinvenuti soprattutto nell’area urbana.
Come è noto, la cosiddetta colonizzazione fenicia, provocata da una serie di concause che
non elencherò in questa sede, ha luogo nel Mediterraneo occidentale a partire dagli inizi del se-
condo quarto dell’VIII secolo a.C. Le testimonianze materiali pertinenti ad epoca precedente sono
da ritenere inserite in quel periodo che comunemente si suole definire “precoloniale”. Che la co-
siddetta colonizzazione costituisca uno spostamento di genti e non un movimento di prospectors
o di commercianti possono suggerirlo alcuni indizi, che, pur non essendo di per sé probanti, pos-
sono aiutare a comprendere i modi e le cause degli insediamenti.
E’ evidente che per quanto riguarda la Sardegna, buona parte degli insediamenti arcaici è
collocata tra il Golfo degli Angeli e la penisola del Sinis. Solo per citare i centri di maggiore impor-
tanza certamente conseguenti allo stanziamento dei Fenici, si potrà osservare come su quattordi-
ci insediamenti, ben 10 sono ubicati nel tratto di costa citato, pari a circa un quarto dell’intero svi-
luppo costiero dell’isola. I motivi invocati sono tra i più vari e diversi, tra i quali ad esempio la pros-
simità con i distretti minerari. Nel caso specifico, come ha recentemente ribadito Sandro Filippo
Bondì, la colonizzazione fenicia non ha mostrato soverchio interesse verso l’industria estrattiva,
che, piuttosto, ha trovato le sue stagioni più vivaci, prima, nel periodo precedente all’urbanesimo

8 B. Wilkens, I resti animali contenuti in alcune anfore dall’area del Cronicario di Sant’Antioco: RStFen, 33
(2005), in stampa.

Piero Bartoloni
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 1. Matzanni. Ricostruzione del basamento del tempio

1150

Fig. 2.

Fig. 3.

Arqueologia Funerária
Fenici e punici nella Sardegna meridionale

e, poi, come conseguenza della conquista cartaginese della Sardegna9.


Il clima del Libano è ampiamente condizionato dalla direzione delle catene montuose che,
correndo parallele alla costa, arrestano le masse di aria mediterranee. Pertanto, il clima della fascia
costiera libanese è classificabile come sub-tropicale, anche in relazione alle colture ivi praticate.
Se si osserva la carta climatica della Sardegna, si potrà notare come condizioni ambientali
simili sono riscontrabili nella Sardegna meridionale e soprattutto nel suo versante occidentale10.
Infatti, i dieci insediamenti oggetto di fondazione fenicia collocati nella estrema parte meridionale
dell’isola, sono tutti ampiamente inseriti nell’area climatica sub-tropicale. Due soli risultano esclu-
si da questo parametro, ma a ben vedere si tratta di luoghi di culto, Antas11 e Matzanni12, fondati in
età nuragica e attivi soprattutto durante la successiva occupazione cartaginese. Sembra evidente
dunque che, trattandosi di popolamento e non di attività sporadiche, i coloni abbiano privilegiato
i territori che rispondevano a condizioni climatiche simili il più possibile a quelle della madrepatria.
La parte restante delle coste della Sardegna viene classificata come temperata calda, ma, men-
tre il clima della costa centro-occidentale risulta più costante, quello della costa settentrionale e
orientale è mitigato dalla vicinanza dei rilievi, che lo rendono maggiormente umido e instabile.
Del resto, ci si può chiedere se queste siano le cause o almeno le concause della mancanza
di insediamenti fenici nella Gallia meridionale o in Corsica. Questi sono probabilmente i motivi che
hanno fatto prediligere ad esempio la costa andalusa rispetto agli altri tratti costieri più setten-
trionali della penisola iberica. Le fondazioni di Cartagena e di altri insediamenti simili rispondono
invece a specifiche istanze della politica Cartaginese.
Dunque, probabilmente è possibile inserire la maggior parte dei centri fenici in una deter-
minata e ben precisa isoterma. E’ chiaro che se sono validi, questi parametri hanno prevalso al-
l’atto della fondazione dei primi insediamenti, che, se ben si ricorda, in età precoloniale sono stati
preceduti da numerosi stanziamenti temporanei i quali invece hanno interessato la totalità delle
coste della Sardegna. La scelta di sedi permanenti è dunque caduta su quei luoghi che risponde- 1151
vano a parametri, probabilmente simili a quelli della madrepatria. In ogni caso, un fatto è certo,
cioè che tutti gli insediamenti di età precoloniale non compresi nei parametri climatici suesposti,
in età coloniale languono o scompaiono del tutto.
Ben altro è il discorso relativo alla successiva conquista cartaginese e all’impianto di inse-
diamenti che dovevano rispondere a ben precise necessità, quali quelle del controllo di determi-
nati territori e che, dunque, non potevano tenere conto di specifiche condizioni climatiche.
Che una delle cause della colonizzazione sia causata dallo sviluppo demografico delle città
della Fenicia e dal conseguente debito alimentare è un fatto praticamente certo. A queste occor-
re aggiungere, come è ovvio, la serie di motivazioni politiche dipendenti dai centri di potere che
confinavano o avevano contatti con il territorio in questione13.
Un ulteriore non trascurabile indizio è costituito dagli stabilimenti per la cattura del tonno:
le tonnare. Infatti, è stato già notato come questi impianti, ufficialmente in attività tra il XVII e il
XIX secolo della nostra era, ma ormai quasi tutti abbandonati, in realtà sono stati realizzati nella
prima età fenicia e nascondano antichi insediamenti14. Da quanto risulta, le tonnare in esercizio
in Sardegna sono state 24 (Fig. 4) e più precisamente ubicate nelle immediate vicinanze di Punta

9 S. F. Bondì, Qualche appunto sui temi della più antica colonizzazione fenicia: Egitto e Vicino Oriente, 4
(1981), pp. 343-48; Id., Gli studi storici, tra bilanci e prospettive: I Fenici: ieri oggi domani, Roma 1995, pp. 33-41.
10 R. Pracchi – A Terrosu Asole, Atlante della Sardegna, Cagliari 1971, pp. 26, 56-57.
11 AA.VV., Ricerche puniche ad Antas, Roma 1969.
12 F. Barreca, Ricerche puniche in Sardegna: Ricerche puniche nel Mediterraneo centrale. Relazione del
Colloquio in Roma, 5-7 maggio 1969, Roma 1970, p. 28, tavv. II-IIIR. Zucca, Iglesias. Loc. Genna Cantoni: AA.VV., I
Sardi, Milano 1984, pp. 118-19.
13 P. Bartoloni – S. F. Bondì – S. Moscati, La penetrazione fenicia e punica in Sardegna. Trent’anni dopo,
Roma 1997, pp. 21-24.
14 P. Bartoloni, Le più antiche rotte del Mediterraneo: Civilità del Mediterraneo, 2 (1991), pp. 9-15.

Piero Bartoloni
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1152

Fig. 4.

Arqueologia Funerária
Fenici e punici nella Sardegna meridionale

Molentis, Cala Regina, Nora, Capo Malfatano, Punta Menga, Cala Sapone, Punta Negra, Spalma-
tore, Cala Vinagra, Isola Piana, Portoscuso, Porto Paglia, Cala Domestica, Flumentorgiu, Capo San
Marco, Escala Salis, Su Pallosu, Santa Caterina, Capo Marrargiu, Argentiera, Le Saline, Trabucadu,
Isola Rossa, Vignola15.
Non voglio insistere in questa sede sull’importanza economica del tonno in ambiente feni-
cio e punico, ma ritengo che gli impianti per la pesca del tonno, al pari dei porti naturali, abbiano
concorso a condizionare la scelta dei luoghi per le fondazioni delle nuove città fenicie. E’ più che
probabile che le tonnare siano entrate in esercizio in età precoloniale e che abbiano costituito una
base alimentare di primaria importanza per l’espansione commerciale verso l’Occidente. In defi-
nitiva, il tonno, con la sua pesca stagionale - in Sardegna dalla metà di maggio alla metà di luglio
- può avere svolto il ruolo e avuto la stessa funzione che ebbero i cereali nel ben noto periplo del
continente africano organizzato dal faraone Necao16.
Tutti gli impianti di pesca del tonno citati sorgono in prossimità di insediamenti precoloniali,
quali ad esempio quelli dell’Argentiera o di Capo Marrargiu, o nell’area urbana delle stesse città
fenicie, alle quali hanno dato probabile origine, quali quelli di Portoscuso e di Tharros, oppure nel-
le immediate vicinanze di agglomerati urbani, al cui sviluppo economico hanno fortemente con-
tribuito, quali quelli di Sulky o Inosim. Non è un caso, infatti, che, come si vedrà in seguito, negli
strati di età fenicia dell’area archeologica del cosiddetto cronicario siano state rinvenute quantità
considerevoli di lische di esemplari immaturi di Thunnus thynnus (Tonno rosso o tonno di corsa).
Una menzione particolare merita il tempio punico di Matzanni. Si tratta di un luogo di culto
eretto in prossimità di un valico che dalla valle del Cixerri conduceva verso il Campidano. Questo
luogo sacro si affaccia sulla valle del Cixerri, che collega il Campidano con la costa occidentale e
sbocca all’altezza di Monte Sirai. Si tratta con ogni evidenza di un edificio templare che, al pari di
quello di Antas, è costruito in un’area di culto già officiata in età nuragica, ma non in età fenicia.
Infatti il tempio di Matzanni è stato eretto visibilmente in età punica e le sue strutture pos- 1153
sono essere datate nel IV secolo a.C. L’edificio, con pianta rettangolare di sette metri per dodici,
orientata a nord con uno dei lati lunghi, è molto rovinato e risultano superstiti unicamente parte
dei lati settentrionale e occidentale. Numerosi conci con gole egizie sono sparsi soprattutto nel-
l’area antistante il lato meridionale. Ovviamente, la ricostruzione ideale dell’edificio si ispira alle
stele puniche coeve presenti nei tofet.
Come accennato in altra sede, la rivitalizzazione da parte di Cartagine di luoghi di culto
officiati in età nuragica è palese parte della politica attuata in Sardegna, che, con ogni evidenza,
comprendeva anche la coltivazione dei giacimenti minerari. In età nuragica questo sfruttamento
era esclusivo appannaggio delle popolazioni locali, mentre non vi sono tracce di attività estrattive
da parte delle comunità fenicie ormai stanziate nel territorio. I luoghi di culto dovevano svolgere
una funzione intercantonale, come suggerito dalla presenza del Sardus Pater, divinità venerata
nel tempio di Antas. Dunque, mentre quest’ultimo tempio era collocato al centro del bacino mi-
nerario iglesiente, nel quale veniva estratto l’argento, il tempio di Matzanni, dedicato ad una divi-
nità sconosciuta, era nel cuore del distretto che forniva lo stagno allo stato nativo. Non a caso, a
testimonianza dell’interesse per l’area, in prossimità del luogo di culto punico, sono visibili ben tre
pozzi sacri di età nuragica, in una concentrazione unica per l’intera Sardegna. Tra l’altro, da uno di
questi pozzi proviene la ben nota statuetta bronzea del cosiddetto Barbetta, che probabilmente
raffigura un personaggio offerente di origine orientale, in relazione al copricapo a tiara e alla ca-
ratteristica fiasca tetransata collocata sotto il braccio sinistro.

Piero Bartoloni
La necropoli di Othoca (S. Giusta - OR):
la campagna di scavo del 2003

Carla Del Vais1


Emerenziana Usai2
Università degli Studi di Cagliari
1

2
Soprintendenza per i Beni Archeologici per le province di Cagliari e Oristano

Riassunto

Nel corso della campagna di scavo del 2003 nella necropoli della città di Othoca (S. Giusta, OR)
sono state indagate venticinque tombe databili tra il VII sec. a.C. e il I sec. d.C.
In età arcaica (VII-VI sec. a.C.) prevale il tipo della tomba a fossa terragna con incinerazione
secondaria, più spesso con i resti ossei deposti direttamente sul fondo della fossa, mentre più rara è
l’incinerazione con deposizione primaria. L’età punica risulta poco documentata nell’area di S. Severa;
si segnalano un grande sarcofago monolitico, riutilizzato in età romana ma con il corredo originario
deposto al di fuori dello stesso, e una tomba infantile a enchytrismos.
In età romana l’area risulta intensamente frequentata con sepolture ad incinerazione in fossa
terragna con deposizione secondaria sia all’interno di urne fittili, rappresentate da pentole, sia con i
resti ossei deposti sul fondo della fossa.

Abstract

In the course of the excavation campaign carried out in 2003 in the necropolis of the city of
Othoca (S. Giusta, OR) were investigated twenty-five tombs dating to the period between the 7th
century BC and the 1st century AD.
In the archaic period (7th-6th century BC) the type of tomb consisting of a pit dug into the
ground holding a secondary incineration is the most common. In such tombs the bone remains are
deposited directly at the bottom of the pit, whereas it is rare to have the incineration with primary
deposition. The area of Santa Severa is not well documented for the Punic period: a large monolithic
sarcophagus exists, which was reutilised in Roman times but the original grave goods were placed
outside the sarcophagus; a child burial or enchytrismos is also known.
In the Roman period, the area was densely inhabited as is shown by the incinerations placed
in pits containing secondary depositions in terracotta cooking pots as well as bone remanins placed
directly at the bottom of the pit.
La necropoli di Othoca (S. Giusta - OR): la campagna di scavo del 2003

La necropoli (e.u.)

La necropoli della città fenicia di Othoca1, ubicata alla periferia meridionale dell’abitato di
Santa Giusta, presso la laguna omonima, è stata interessata, tra i mesi di settembre e dicembre
del 2003, da una campagna di scavo condotta dalla Soprintendenza per i Beni Archeologici di
Cagliari e Oristano e dall’Università degli Studi di Cagliari2. L’indagine ha interessato il lembo resi-
duo dell’area funeraria relativo alla località di Santa Severa, situato all’interno del centro urbano,
nelle adiacenze dell’omonima chiesetta e vicino ad una tomba fenicia del tipo a “caveau bâti”3 ed
è stata motivata, oltre che dalla necessità di proseguire a mettere in luce la necropoli, anche dal-
l’esigenza di non lasciare esposte ad eventuali interventi clandestini alcune tombe già individuate
nella precedente campagna di scavo.
La necropoli di Santa Severa ha finora restituito, in un’area relativamente poco estesa, una
grande varietà tipologica di tombe di età fenicia,punica e romana, risalenti ad un arco di tempo
compreso tra il VII sec. a.C. e il I sec. d.C.
Nella campagna di scavi del 2003 sono state indagate venticinque tombe, in prevalenza
di età fenicia del tipo a fossa terragna, ma anche una sepoltura a enchyitrismos di età punica, un
grande sarcofago monolitico in arenaria riutilizzato in età romana, urne fittili con coperchio rife-
ribili ad età romana (Fig. 1).
La tipologia tombale, i rituali funerari, i materiali costituenti i corredi di accompagno, di alto
valore scientifico, accrescono le conoscenze sulla necropoli la quale, dopo diverse campagne di
scavo, sta restituendo al luogo anche la sua originaria spiritualità e sacralità ed una forte sugge-
stione, accresciuta dal colore giallo chiaro luminoso della pietra arenaria delle lastre che compon-
gono molte delle tombe della necropoli.
A questo punto della ricerca si intende realizzare un progetto di valorizzazione, condiviso
dalla Soprintendenza per i Beni Archeologici di Cagliari e Oristano, dal Comune di Santa Giusta e 1155
dall’Università di Cagliari, che preveda un percorso comprendente l’area funeraria di Santa Severa,
la vicina omonima chiesa, l’adiacente tomba a “caveau bâti” e la località di Is Forrixeddus dove
è ubicato l’altro lembo residuo dell’importante necropoli dell’antica Othoca. Non dovrà essere
trascurata anche la ricerca delle emergenze archeologiche riferibili ad età prenuragica e nuragica,
che consentono di delineare un sommario quadro dell’insediamento in età preistorica ma che,
essendo il risultato di ritrovamenti casuali e non programmati, necessitano di sistematiche appro-
fondite indagini scientifiche4. Nelle prospettive più immediate c’è anche la musealizzazione dei
materiali archeologici rinvenuti nelle ricerche passate e presenti, in terra e in mare, a testimoniare
le sequenze storiche e gli avvicendamenti culturali di Santa Giusta, da esporre nel Museo civico di
prossima apertura progettato secondo i più moderni criteri di museografia e museologia, in corso
di allestimento5.

1 Sulla necropoli di Othoca, sulle fonti letterarie ed epigrafiche del centro antico si veda da ultimo Tore,
1994, pp. 119-127; Tore, 2000, pp. 223-231. Si vedano inoltre il sempre fondamentale libro di Nieddu, Zucca, 1991,
dove R. Zucca richiama la storia degli studi, gli scavi ottocenteschi, quelli del 1910 e del 1984-1989, e i recenti studi
di Del Vais, Usai, 2000 e Del Vais 2010..
2 La direzione scientifica dei lavori è stata curata da Emerenziana Usai, della Soprintendenza per i Beni
Archeologici di Cagliari e Oristano, e da Carla Del Vais, dell’Università degli Studi di Cagliari. La direzione dei lavori
è stata effettuata dall’ing. Antonello Garau; hanno partecipato allo scavo la dott. Lucilla Campisi, il tecnico sig.na
M. Antonietta Atzori e gli studenti Valentina Chergia, Francesca Collu e Pietro Francesco Serreli.
3 Cf. Nieddu, Zucca, 1991, pp. 115-116, tavv. XXXIV-XXXVI; Del Vais 2010, pp. 37-38. Il corredo di tale tomba è
in corso di studio da parte di C. Del Vais.
4 Cf. Nieddu, Zucca, 1991, pp. 43-54, tavv. VIII, XIV-XV, XVII.
5 Il Museo di Santa Giusta è stato istituito il 26 settembre 1984 con delibera 79 del Consiglio comunale
che fa riferimento alla sua caratteristica di “parco Culturale-Ambientale”, spazio di educazione civile e morale
della comunità. È stato allestito lo spazio introduttivo legato agli aspetti naturalistici, nei quali si inserisce la storia
dell’uomo di ieri e di oggi.

Carla Del Vais e Emerenziana Usai


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Lo scavo (c.d.v.)

Il tipo tombale meglio documentato in età arcaica è la fossa terragna con deposizione se-
condaria dei resti incinerati direttamente sul fondo della stessa; in alcuni casi è attestata la pre-
senza di una copertura costituita da una o più lastre in arenaria, direttamente poggiata sui bordi
della fossa. Può ricordarsi al riguardo la T. 5/03 (Fig. 2), una delle più antiche finora documentate
nella necropoli, che consta di una fossa terragna di forma ellittica di modeste dimensioni, coperta
da una sottile lastra in arenaria e con all’interno unicamente i resti ossei incinerati in deposizio-
ne secondaria. Il corredo, deposto al di fuori della fossa, era costituito da una brocca con orlo a
fungo con corpo globulare, un’olla e un piatto ombelicato, questi ultimi in pessimo stato di con-
servazione6 .
Riferibile allo stesso tipo, la T. 11/03 (Fig. 3) non presentava al momento dello scavo alcuna
copertura; le ossa incinerate del defunto si trovavano sul fondo della fossa, frammiste alla terra
del riempimento, mentre del corredo si conservava solo una coppa biansata di fabbrica fenicia
ispirata a modelli etrusco-corinzi7, parte del corpo di una brocca biconica e vari frammenti di altri
vasi. A ridosso di questa si trovavano altre due tombe ad incinerazione (Fig. 3); la prima, la T. 9/03,
con copertura costituita da due lastre in basalto, ha restituito solo i resti incinerati senza alcun ele-
mento di corredo; l’altra (T. 10/03), di forma allungata e di dimensioni maggiori, era caratterizzata
da forti tracce di bruciato sia all’interno che esternamente a causa della combustione avvenuta in
situ, come anche indiziato dalla presenza di abbondanti resti ossei ancora in posizione anatomica.
Del corredo si conservavano solo pochi elementi, parte del collo di una brocca con orlo a fungo8 e
piccoli frammenti di olle ad impasto grossolano.
Un’altra tomba dello stesso tipo è la T. 13/03 (Fig. 4); posta in prossimità della T. 10/03 e con
lo stesso orientamento in direzione W-E, condivide con essa anche la mancanza di una copertura,
1156 forse a causa delle manomissioni moderne che hanno interessato il settore. Anche in questo caso
è molto probabile che l’incinerazione sia avvenuta in posto, così come suggeriscono le forti tracce
di combustione visibili sia all’interno che all’esterno e la presenza dei resti ossei disposti lungo tut-
ta la fossa. La mancanza del corredo non consente di precisare la cronologia se non nell’ambito
dell’età fenicia.
Potrebbe riferirsi al medesimo tipo la T. 6/03 (Fig. 5), un fossa terragna di forma allungata
e di dimensioni abbastanza rilevanti, tagliata sul lato occidentale dall’impianto di un pozzo, pre-
sumibilmente di età medievale o moderna; la tomba a sua volta aveva intaccato una precedente
fossa fenicia, la T. 23/03, con deposizione secondaria, che ha restituito, oltre ai resti ossei, pochi
frammenti ceramici fenici e parte di una coppa etrusco-corinzia. La T. 6/03 conteneva una quanti-
tà rilevante di resti ossei, numerosi legni combusti e il corredo ceramico, costituito da una brocca
con orlo a fungo, un cooking pot9 ed un piatto ombelicato con fondo leggermente concavo, uti-
lizzato come coperchio.
Altre sepolture di epoca arcaica attestano solo episodicamente differenti tipi tombali. La
T. 14/03, connotata dalla presenza di due lastrine di arenaria poste di taglio a foderare una fossa
di piccole dimensioni di forma allungata, conteneva, insieme ai resti incinerati in deposizione se-
condaria, solo un piccolo scarabeo in steatite, ormai illeggibile. Immediato è il rimando all’unica
tomba a cista litica individuata nell’area negli anni Ottanta, con deposizione all’interno di un’urna

6 Cf. Del Vais 2010, p. 39. Per la brocca cf. Peserico, 1996, p. 214, CA 85; rispetto ai parametri tipologici
proposti dalla Peserico, l’esemplare di S. Severa presenta bocca di tipo 1, collo di tipo 1a, corpo di tipo 1, fondo di
tipo 4. Per l’olla cf. Aa.Vv., 1997, p. 267, n. 187; p. 269, n. 195.
7 Cf. Aa.Vv., 1997, p. 267, n. 186.
8 Cf. Peserico, 1996, collo tipo 3.
9 Per il primo pezzo cf. Peserico, 1996, collo tipo 3a, corpo tipo 6; Aa.Vv., 1997, p. 268, n. 189. Per il cooking
pot cf. Aa.Vv., 1997, p. 268, n. 190.

Arqueologia Funerária
La necropoli di Othoca (S. Giusta - OR): la campagna di scavo del 2003

Fig. 1. Il settore orientale dell’area funeraria dopo lo scavo 1157

Fig. 2. La tomba 5/03 con la lastra di copertura ancora in posto e il corredo ceramico deposto all’esterno

Carla Del Vais e Emerenziana Usai


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 3. Al centro la T. 10/03, con deposizione primaria,


e ai lati le TT. 9/03 (in primo piano) e 11/03 (con corredo in posto)

1158

Fig. 4. La T. 13/03 dopo lo scavo Fig. 5. La T. 6/03 con il corredo in posto

Arqueologia Funerária
La necropoli di Othoca (S. Giusta - OR): la campagna di scavo del 2003

fittile pluriansata e con corredo comprendente un’anforetta in bucchero etrusco10. La T. 8/03,


invece, prevedeva la deposizione entro un’urna collocata all’interno di una fossa terragna di mo-
deste dimensioni. Il vaso, una forma chiusa con fondo leggermente concavo, lacunoso della parte
superiore a causa di un intervento di manomissione moderno, conteneva i resti incinerati e, come
unico elemento di accompagno, uno scarabeo in steatite.
Quanto alla successiva fase punica, deve riscontrarsi nell’area un notevole calo della do-
cumentazione funeraria. Ciò tuttavia non costituisce un indizio sufficiente per postulare una crisi
dell’insediamento; i ricchi corredi restituiti dalla tomba a camera costruita individuata sull’altro
lato della chiesa (T. XXX), ascrivibili in buona parte ai secc. V-IV a.C., in corso di studio da parte di
chi scrive, sembrano riferirsi ad un centro assai vitale, inserito in un circuito commerciale interna-
zionale. È ipotizzabile piuttosto che le tombe puniche siano da ricercare in un’area differente da
quella indagata che, come detto, risulta di dimensioni assai ridotte e dunque non può ritenersi
esemplificativa di tutta la necropoli.
Può comunque segnalarsi il caso assai singolare della T. 18/03, un grande sarcofago mono-
litico in arenaria, con copertura costituita da tre o quattro lastroni dello stesso materiale, inserito
in una profonda fossa di dimensioni di poco eccedenti il suo ingombro (Fig. 6)11. Lo scavo ha do-
cumentato un riutilizzo della sepoltura in età romana, ma il primo impianto della stessa deve cer-
tamente ascriversi ad età precedente. Al limite orientale della tomba erano deposti, nello spazio
compreso tra la parete esterna del sarcofago e i bordi della fossa relativa all’impianto dello stesso,
abbondanti materiali ceramici di età punica, forme chiuse, ceramica da cucina e piatti, ascrivibili
ad un periodo compreso tra V e IV secolo, in gran parte ridotti in frammenti (Fig. 8). Il sarcofago
risultava riempito fino al bordo da uno strato terroso fortemente combusto contenente anche
resti ossei incinerati; all’interno si trovavano deposti alcuni vasi integri, due brocche di grandi di-
mensioni, tre pentole con relativo coperchio, due bicchieri a pareti sottili12, due vasi a pasta grigia
di produzione locale o regionale (una coppa F 2567 e una patera F 2277), tutti protetti da lastrine 1159
in arenaria di forma irregolare (Fig. 7). Questi poggiavano su uno strato dello spessore di 10 cm
di terreno nero con abbondantissime tracce di combustione che conteneva una grande quanti-
tà di ossa incinerate e almeno diciotto unguentari fusiformi di varia morfologia. Alla base dello
strato carbonioso e a diretto contatto con il fondo del sarcofago si è rilevata la presenza di parte
di un osso lungo di inumato, apparentemente in deposizione primaria; due frammenti di lucerna
attica13, ascrivibili al V sec. a.C., provengono invece dallo strato combusto. Sulla base di quanto
osservato può proporsi che il sarcofago sia stato impiantato nel corso del V sec. a.C. per ospitare
un’inumazione e utilizzato ancora nel IV; a tali deposizioni sarebbero da riferire i frammenti di
lucerna attica rimasti all’interno della sepoltura e i materiali ributtati all’esterno in occasione del
riutilizzo avvenuto in età romana primo-imperiale per l’incinerazione in situ di uno o più defunti.
Ancora ad età punica è riferibile una tomba ad enchytrismos (T. 2/03) relativa ad un inumato
di età infantile. Il defunto era accuratamente deposto all’interno di un’anfora da trasporto taglia-
ta solo in senso trasversale e sistemata all’interno di una fossa terragna; la perdita del bordo non
consente un riferimento sicuro ai tipi noti, ma la forma del corpo suggerisce una datazione che
non sembra andare oltre il V secolo a.C.14. Così come spesso riscontrato altrove, la deposizione

10 Cf. Nieddu, Zucca, 1991, p. 115. Sulla T. 14/03 cf. Del Vais, 2010, p. 40.
11 Cf. Del Vais, 2010, pp. 41-45.
12 Il primo si avvicina al tipo 1/28 della Ricci (Atlante, 1985, p. 250), il secondo al tipo 1/177 (Atlante, 1985,
p. 277).
13 Nel caso i due frammenti si riferiscano alla medesima lucerna, questa deve essere ricondotta ad una
variante con tubo centrale del tipo Howland 20: cf. Barnett, Mendleson, 1987, p. 138, 4/10. Qualora si tratti di due
esemplari, il primo, di cui si conserva un piccolo frammento di bordo, va attribuito al tipo 20: cf. Howland, 1958, pp.
43-44; il secondo, di cui rimane solo parte del tubo centrale, potrebbe riferirsi al tipo 19 A o, più probabilmente, a
uno dei tipi 22: cf. Howland, 1958, pp. 39-40, 52-56.
14 Cf. Del Vais, 2010, p. 41. Sull’anfora cf. Ramon Torres, 1995, T-1.4.4.1.

Carla Del Vais e Emerenziana Usai


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 6. La T. 18/03 con le lastre di copertura in posto Fig. 7. T. 18/03: la deposizione di età romana
1160

Fig. 8. T. 18/03: particolare dei materiali punici ributtati all’esterno in occasione del riutilizzo romano

Arqueologia Funerária
La necropoli di Othoca (S. Giusta - OR): la campagna di scavo del 2003

non era accompagnata da un corredo ceramico; l’unico elemento materiale era rappresentato da
un bracciale in bronzo15 recuperato in prossimità della testa del bambino con all’interno ancora le
ossa del braccio.
Passando alla successiva fase romana, si è constatato il prevalere del rituale dell’incinera-
zione. Sono state documentate non di frequente ampie fosse più larghe e di forma meno regolare
rispetto a quelle fenicie, con forti tracce di combustione e con all’interno, insieme ai resti ossei
deposti direttamente al fondo, vari elementi ceramici tra cui, con maggiore evidenza, unguentari
fusiformi integri o spezzati in antico16. Possono ricordarsi al proposito la T. 17/03, ubicata imme-
diatamente al di sopra del sarcofago 18/03, e la T. 25/03, fortemente danneggiata da interventi
di manomissione e posta al limite dell’area di scavo. Il tipo tombale più diffuso è tuttavia quello
dell’incinerazione con deposizione secondaria entro urna fittile, rappresentata sempre da una
pentola fornita di coperchio e generalmente senza alcun elemento di corredo17. La necropoli per
tali fasi ha restituito nel 2003 un solo esempio di inumazione, una tomba a fossa terragna di for-
ma sub-rettangolare (T. 15/03), scavata a una profondità maggiore rispetto alle sepolture fenicie,
senza alcun elemento di copertura e di delimitazione. In corrispondenza del capo del defunto si
è recuperato un asse repubblicano mentre ai suoi piedi era deposta una patera a pasta grigia (F
2277) che suggerisce una datazione della sepoltura tra il I sec. a.C. e il I d.C.18.

Bibliografia

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15 Cf. ad es. Barnett, Mendleson, 1987, pp. 255-256, C 13, C 20-C 21.
16 Nieddu, Zucca, 1991, p. 128.
17 Cf. Nieddu, Zucca, 1991, pp. 127-128.
18 Tronchetti, 1996, pp. 138-139.

Carla Del Vais e Emerenziana Usai


CONTESTI TOMBALI INEDITI
DALLA NECROPOLI PUNICA DI SULCIS

Valentina Melchiorri
Università degli Studi della Tuscia -Viterbo

Riassunto

All’interno di una collaborazione pluriennale tra diverse Istituzioni, l’Università degli Studi della
Tuscia (Viterbo) e la Soprintendenza Archeologica per le Provincie di Cagliari e Oristano, s’inserisce
questo studio incentrato sull’analisi di dettaglio di due contesti tombali della necropoli punica
ad inumazione di Sulcis, attuale Sant’Antioco (Sardegna). I due contesti, di tipo familiare e poli-
deposizionali, databili tra la fine del VI e la prima metà del IV sec. a.C., saranno presentati mediante
un inquadramento generale, mirato a evidenziare le principali caratteristiche del tipo architettonico
attestato, l’organizzazione dello spazio interno e i possibili criteri di associazione tra materiali
archeologici, utili alla ricostruzione contestuale di ciascun complesso.

abstract

This research project is part of a multi-year collaboration between different institutions, the
“Università della Tuscia (Viterbo)” and the “Soprintendenza Archeologica per le Provincie di Cagliari e
Oristano”. The study was focused on a detailed analysis of two chamber tombs of the Punic inhumating
necropolis of Sulcis, corresponding to the modern town of St. Antioco (Sardinia). The two contexts,
family type and multiple depositional environments, were used between the late 6th century and
the first half of the 4th century B.C.E. The general presentation will be set on the examination of
architectural type, the study of the interior space and the reconstruction of the relationships between
different archaeological materials, i.e. possible criteria for associating specific items.
Contesti tombali inediti dalla necropoli punica di Sulcis

Presentazione

La necropoli punica dell’antica Sulcis (odierna S. Antioco, in provincia di Cagliari, Sardegna)


[Fig. 1] è stata recentemente oggetto di nuovi studi, all’interno di una collaborazione scientifica
pluriennale tra l’Università degli Studi della Tuscia (Viterbo) e la Soprintendenza Archeologica
per le Province di Cagliari e Oristano. Per le due Istituzioni, si rivolge un ringraziamento sentito
rispettivamente a Sandro Filippo Bondì, tutor di questo lavoro, e a Paolo Bernardini, coordinatore
scientifico delle ricerche effettuate in necropoli da circa vent’anni (si ringrazia, inoltre, il personale
della Sede operativa di S. Antioco, in particolare il geom. Franco Mereu, autore delle planimetrie,
i fotografi Claudio Buffa e Ugo Virdis, autori della documentazione fotografica, e i signori A. Maria
Basciu, Pietro Garau, Eliseo Lai, A. Rita Manca e Isidoro Zucca, per l’aiuto offerto nelle attività
svolte in sede).

1163

Fig. 1. Abitato odierno di S. Antioco (rielaborazione da Tronchetti, 1989, p. 17)

Valentina Melchiorri
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Il complesso necropolare, del tipo a camera ipogeica e con rituale a inumazione, si estende
in un rilievo tufaceo solo parzialmente occupato dal centro urbano moderno (Bartoloni, 1989).
Anticamente ubicato nella periferia settentrionale dell’abitato del “Cronicario”, esso include va-
rie decine di unità tombali, dotate di dromos d’accesso a piano inclinato e di camera rettangolare,
databili tra la fine del VI e il IV sec. a.C. I confronti possibili per tale tipo architettonico sono nu-
merosi e distribuiti in vario modo all’interno del Mediterraneo centrale e occidentale (in genera-
le cf. Tejera Gaspar, 1979; sulla documentazione nord-africana, Bartoloni, 1973; Bénichou Safar,
1982; Ben Younès - Krandel, 1988; Fantar, 2002; per i confronti con altre necropoli di Sardegna,
Bartoloni, 1981; Bartoloni - Tronchetti, 1981; Bartoloni, 2000a; Bartoloni, 2000b; per la documenta-
zione siciliana, Tamburello, 1974; Tamburello, 1998; per l’area iberica, Ramos Sáinz, 1986).
Per caratteristiche fisiche e strutturali, sono distinguibili nella necropoli tre diverse sotto-
aree, vale a dire il Settore settentrionale, scavato quasi interamente (Bartoloni, 1989) [Fig. 2], il
Settore occidentale, detto “Settore del Parco Geominerario” e per ora inedito, e quello meridio-
nale o “Settore dell’Arena”, anche noto con la sigla “AR” (dal nome della proprietaria del fondo
terriero, sig.ra Agus Raffaella).
Proprio in quest’ultimo sono ubicate le due tombe inedite 10AR e 11AR, che costituiscono
l’oggetto di analisi del suddetto studio e delle quali si darà, in questa sede, un primo inquadra-
mento. In totale sono stati individuati nel settore dodici contesti tombali, dei quali al momento
sono pubblicati solo alcuni, attraverso sia studi sulla tipologia architettonica e sui corredi funerari
(Bartoloni, 1987; Tronchetti, 1990; Tronchetti, 2002), che considerazioni più critiche e a raggio
allargato (per esempio sulle modalità di disposizione dei feretri e sull’analisi spaziale di alcuni
contesti poli-deposizionali specifici: cf. Bernardini, 1997).

1164

Fig. 2. Necropoli punica: veduta aerea del Settore Nord (per cortesia di P. Bernardini)

Arqueologia Funerária
Contesti tombali inediti dalla necropoli punica di Sulcis

Elementi architettonici e ipotesi di seriazione

Le tombe 10 e 11AR presentano una cronologia di utilizzazione parzialmente differenziabile,


la prima databile tra la fine del VI e il V sec. a.C. e la seconda tra la metà del V e gli inizi del IV se-
colo a.C. In entrambi i casi si tratta di sepolcri familiari, utilizzati nell’arco di più decenni mediante
riaperture successive della camera. Dai dettagli morfo-architettonici dei due complessi non è dato
sapere se siano stati inseriti più defunti in una sola volta, ovvero se si sia proceduto a singole aper-
ture per ognuna delle inumazioni documentate, di cui restano frammenti fortemente decomposti
che non è stato possibile analizzare. Entrambi i contesti si trovano nella metà settentrionale del
settore, che ha subito lievi danneggiamenti durante la successiva età romana [Fig. 3].
La T.10AR è costituita da un lungo dromos a gradini e da una camera bipartita al centro da
un tramezzo: il dromos presenta un’inclinazione mediamente accentuata e un doppio ordine di
gradini (sulle varianti tipologiche in relazione al modulo di accesso, cf. Bartoloni, 1973b, p. 17-19;
Bernardini, 1999, p. 141). Le pareti laterali sono spiombate con taglio netto e presentano un dop-
pio paramento ricavato nella roccia. La camera ha planimetria trapezoidale irregolare (Bartoloni,
1973b, p. 20), con soffitto e pavimento livellati in modo mediamente accurato; il varco d’ingresso
era sigillato da un portello monolitico, costituito da una lastra in tufo consolidata da una rinzep-
patura esterna in pietre irregolari. Nonostante ciò, al momento dell’apertura è stata ritrovata una
grande quantità di detriti, ammucchiati caoticamente in tutti gli ambienti.
La T.11AR presenta dimensioni maggiori: l’area e il volume complessivi sono quasi raddop-
piati rispetto alla T.10. La situazione generale, data dall’articolazione architettonica e dalla dispo-
sizione delle componenti interne (inumazioni+corredi), è molto più complessa di quella del con-
testo 10 e per alcuni aspetti poco chiara. Il corridoio esterno è semplificato, stretto e lungo, e con
un solo ordine di gradini (in tutto undici), che occupano più della metà della lunghezza totale e in 1165
larghezza tutta la superficie della scala. Esso è privo di svasatura e di cassettonatura alle pareti;
misura in larghezza un valore costante di 0,40 m ca. e in lunghezza quasi 8 m. Lo scavo del dromos
ha restituito pochi frammenti ceramici, mescolati al terriccio e alle schegge di tufo sbriciolato. La
parte inferiore della scala è a risparmio, di forma quadrangolare, e presenta un piano orizzontale

Fig. 3. Planimetria generale del Settore AR (rielaborazione da originale di F. Mereu)

Valentina Melchiorri
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

che corre parallelo al pavimento dell’ipogeo. Anche in questo caso la porta del sepolcro era sigilla-
ta da una lastra tufacea, con rinzeppature laterali in argilla e in piccole pietre irregolari. Il corridoio
a gradini immette in uno spazio di anticamera che è l’unico ad essere quasi sgombro, occupato da
esemplari ceramici molto ridotti. Al momento dell’apertura, lo spazio interno era colmo di detriti,
resti lignei e materiali ceramici eterogenei. La camera presenta soffitto orizzontale e pareti retti-
linee, con nicchie di forma rettangolare nella parte medio-alta dei paramenti murari. Dallo spazio
quadrangolare dell’anticamera si dipartono due ali distinte e tra loro quasi perfettamente simme-
triche: ciascuna delle due fiancate è articolata in due sotto-ambienti di forma rettangolare allun-
gata, all’interno dei quali sono variamente disposti i feretri e gli oggetti di accompagnamento.
La singolare planimetria “ad H” della camera è del tutto insolita in questo settore della ne-
cropoli ed è probabile che, inizialmente, essa presentasse lo schema che risulta ben attestato tra le
tombe del Settore dell’Arena, vale a dire quello di un’unica camera divisa centralmente da un tra-
mezzo irregolare. Gli ambienti laterali sul lato dell’ingresso sarebbero, in questo caso, allargamenti
aggiunti in un secondo momento: la planimetria originaria della T.11 sarebbe stata cioè la stessa
della T.10, di tipo trapezoidale e con il tramezzo centrale divisorio, prospiciente al varco d’entrata;
è plausibile che, solo in un momento successivo al primo impianto, lo spazio camerale fosse sotto-
posto ad ampliamento, allargando lo spazio dell’anticamera e ricavando nella parete del corridoio
due ambienti speculari, sebbene non perfettamente simmetrici, a N e a S della porta.
Da quanto finora emerso dalle componenti tecnico-costruttive analizzate, è evidente
come, anche in riferimento ad una tipologia architettonica standard ritenuta paradigmatica di
un versante culturale circoscritto e omogeneo, intervengano molteplici varianti a differenziare le
singole unità tombali, anche all’interno di medesime aree, o sotto-aree, di uno stesso complesso
cimiteriale. La panoramica offerta dal Settore Agus dimostra, in questo senso, l’impossibilità a in-
dividuare, seppure internamente a una porzione di territorio limitata, una definizione strutturale
1166 del tutto comune ed univoca.
L’analisi degli ipogei limitrofi alle tombe 10 e 11 (tombe nn. 6, 7, 9, 12) sembra suggerire per
la T.10AR una tipologia architettonica intermedia tra le tombe nn. 6 e 9, da un lato, e le tombe
nn. 7 e 11, dall’altro: essa esemplifica bene il passaggio da un dromos di tipo trapezoidale a uno di
forma più regolare, a pianta rettangolare, conservativo del doppio ordine di gradini e della lavora-
zione “a cassettonatura” nelle pareti laterali. La camera è proporzionalmente più grande rispetto
ai due contesti 6 e 9 ed è dotata del tramezzo divisorio centrale. Entrambi i due elementi (dimen-
sioni maggiori e tramezzo centrale) ricorrono nelle tombe 7 e 11, a O e a NO della T.10. Un’esatta
scansione cronologica delle diverse varianti non è al momento ipotizzabile, dato che quasi tutti i
contesti coinvolti da questa analisi comparativa sono inediti. Tuttavia, si ipotizza per l’edificazione
della T.10 una datazione intermedia tra i complessi tombali nn. 6 e 9 e quelli n. 7 e n 11, in un arco
cronologico compreso la fine del VI e i primi decenni del V sec. a.C. Le tombe n. 7 e n. 11, più tarde,
potrebbero invece risalire alla seconda metà del V secolo, almeno come momento costruttivo e
prima fase di utilizzo dei sepolcri.

Analisi spaziale e considerazioni sui materiali archeologici

Per quanto riguarda lo spazio interno, si è cercato di verificare se le diverse componenti


di ciascuna camera presentassero una collocazione casuale, o se rispondessero a principi di po-
sizionamento e raggruppamento intenzionali. In questa direzione sarà verificata la possibilità di
stabilire un criterio di associazione tra le distribuzioni, con l’obiettivo di definirne delimitazioni,
concentrazioni e ampiezza.
All’interno della T.10 [Fig. 4], è possibile distinguere tre sotto-aree distinte: l’anticamera,
compresa tra la porta d’entrata e il tramezzo centrale, e due ambienti, a O e a E del pilastro.

Arqueologia Funerária
Contesti tombali inediti dalla necropoli punica di Sulcis

Nell’anticamera era presente solo un’anfora, appoggiata al pilastro, mentre negli ambienti
laterali sono state ritrovate cinque deposizioni (nn. I-IV nel vano occidentale, con orientamento
NE-SO; la n. V in quello orientale, con orientamento E-O), insieme a tutti gli oggetti dei corredi,
ceramici e personali.

1167

Fig. 4. Tomba 10AR: planimetria (rielaborazione da originale di F. Mereu)

A proposito dei contenitori funerari, i cassoni lignei furono ritrovati completamente disgre-
gati: di essi si conservano solo frustuli, sparsi nel terreno in quantità abbondante, ed elementi
metallici pertinenti al loro apparato di guarnizione e rifinitura (rinforzi angolari in piombo e coppi-
glie bronzee), oppure relativi a eventuali strumenti usati per il montaggio e la chiusura delle casse
stesse. Va ricordato, infatti, che le basi in legno erano costituite da travi che venivano assemblate
e montate soltanto dopo essere state introdotte singolarmente nella camera; la ricomposizione
del contenitore funerario verisimilmente avveniva, quindi, in un secondo momento, mediante
l’utilizzo di mortase, tenaglie e coppiglie bronzee (Bartoloni, 1989, p. 73-74). Dalla disposizione
e dalla concentrazione dei resti ritrovati, è possibile desumere che i feretri lignei avessero forma
rettangolare allungata, con lato maggiore di 2 m ca. e lato minore di 0,45-0,50 m.

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Per quanto riguarda i corredi, nella T.10AR erano presenti quarantatré recipienti ceramici e
pochi oggetti di altro tipo, vale a dire monili (una collana in polimaterico e uno scarabeo in osso,
con incisione sulla base in caratteri geroglifici) e oggetti metallici (tre lingotti in piombo “a clessi-
dra” e un’asta in ferro) [Fig. 5]. Le tipologie ceramiche più rappresentate sono anfore, brocche
bilobate e brocche con orlo circolare espanso, tutte presenti con lo stesso numero di tredici esem-
plari ciascuna (per un inquadramento dei principali repertori di età punica, cf. Bartoloni, 1983).
Sono presenti anche una lekythos attica a figure nere - reperto di fondamentale importanza per la
cronologia del contesto (tipo “Cock Group”, 525-480 a.C.: cf. Haspels, 1936, p. 67-68; Tronchetti,
2002, p. 145, 154) -, un askos di tipo ornitomorfo e due piatti ombelicati.

1168 Fig. 5. Tomba 10AR: i corredi (Foto U. Virdis)

A proposito della distribuzione dei recipienti, è il vano orientale ad ospitarne la percentuale


più alta, secondo una diffusione spaziale molto poco omogenea. Nonostante ciò, il contesto 10AR
presenta una disposizione interna ordinata che ha permesso, almeno in alcuni casi specifici (de-
posizioni nn. I, V e forse IV), di ricostruire le possibili associazioni originarie con un buon margine
di sicurezza.
Diverso è lo status spaziale della camera 11AR, molto più articolata e complessa. Il corridoio
a gradini immette in uno spazio di anticamera che è l’unico a presentarsi quasi del tutto sgombro
di materiali. Da questo spazio centrale si dipartono due ali distinte e tra loro quasi simmetriche:
ciascuna delle due fiancate è articolata in due sotto-ambienti di forma rettangolare allungata,
all’interno dei quali sono variamente collocati feretri e oggetti di corredo [Fig. 6].
Le sepolture sono numerose: si contano con sicurezza quindici individui, ai quali si può
ipotizzare l’aggiunta di eventuali altri cinque. In totale sono presenti almeno sei deposizioni nel
lato meridionale (nn. IV-VII, X-XI; ipotetiche: nn. VIII, IX), almeno nove in quello settentrionale (nn.
XII-XV, XVII, XVIII-XXI; ipotetiche: nn. XVI, XXII, XXIII) e forse tre (nn. I-III) nello spazio centrale
dell’anticamera.
Passando più da vicino ai due vani di fondo, prospicienti all’entrata, le delimitazioni tra i
feretri sono poco chiare. È probabile che entrambi gli ambienti fossero occupati da cinque de-
posizioni, poste a distanza ravvicinata l’una dall’altra, ma rimangono resti evidenti di sole tre de-
posizioni per vano. Dando per acquisito che la parte arretrata dei due vani dovesse accogliere
le sepolture più antiche della tomba, rimane dunque in dubbio la presenza di due individui an-
che nel vano settentrionale, disposti eventualmente in modo speculare rispetto a quelli del vano
meridionale,vale a dire a ridosso della parete di fondo.

Arqueologia Funerária
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1169

Fig. 6. Tomba 11AR: planimetria (rielaborazione da originale di F. Mereu)

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Di seguito all’occupazione dei vani di fondo, si dovette procedere alla sistemazione degli
ambienti in prossimità dell’entrata, immediatamente a S e a N del dromos, con la deposizione
degli inumati nn. IV-VI, XV, XVII (dubbia la n. XVI) e, a seguire, le nn. XIV-XIII-XII, a N del varco d’en-
trata. In quest’ultima porzione della camera, quella cioè in cui il corridoio s’immette direttamen-
te, è presente una sistemazione sui generis, con resti osteologici scarsi e quasi completamente
consunti dall’acidità del terreno, dai quali, tuttavia, sembra presumibile la presenza di due, o al
massimo tre, inumati (nn. I-III). La completa mancanza di frustuli lignei e di tracce - anche mini-
me - di colorazione del terreno, collegabili a un’originaria presenza di legname nell’area, induce a
ipotizzare che le modalità di deposizione in questa sotto-area fossero di altro tipo, probabilmente
previo avvolgimento in semplici sudari in tessuto. La singolarità delle tre deposizioni nello spazio
d’entrata è d’altronde confermata anche dalla mancanza di qualsiasi oggetto di corredo. In ogni
caso, appare evidente che queste sepolture furono le ultime ad essere introdotte nella tomba.
Riguardo alla sistemazione dei corpi e al loro orientamento, le collocazioni sono di vario
tipo: i feretri nei vani opposti all’ingresso sono disposti tutti in senso N-S, quelli nell’anticamera
e negli ambienti rimanenti in senso E-O (almeno in prevalenza). Nel caso della deposizione n. VI,
la presenza di un anello in ferro sembrerebbe indicare la disposizione del corpo con capo rivolto
verso la parete esterna. Nello spazio occupato dalla deposizione n. IV, invece, è stata rilevata nel
terreno un’accentuata presenza di colorante rosso, in corrispondenza del lato corto della cassa,
orientato verso la parete di fondo. L’ipotesi di un trattamento rituale delle parti superiori del
corpo, che indurrebbe a presupporre la disposizione del capo verso la parete di fondo, è per il
momento solo un elemento di riflessione, qui proposto in via ipotetica.
Come elementi di corredo sono stati individuati in tutto ottantasei recipienti ceramici, dis-
posti in modo molto più caotico rispetto alla T.10 e difficilmente raggruppabili in insiemi coerenti;
1170 erano presenti, inoltre, oggetti di ornamento personale: due collane con vaghi a stampo, in pasta
silicea e in pasta vitrea, due anelli crinali in oro e bronzo e un anello in ferro [Fig. 7]. È stata rileva-
ta una maggiore concentrazione di recipienti ceramici nei due vani paralleli al dromos, rispetto a
quelli ritrovati nei vani opposti all’entrata. Le tipologie documentate sono anfore (35 esemplari),

Fig. 7. Tomba 11AR: i corredi (Foto U. Virdis)

Arqueologia Funerária
Contesti tombali inediti dalla necropoli punica di Sulcis

brocche bilobate (24 esemplari.), brocche con orlo circolare espanso (8 esemplari) e - elemento
di novità - orcioli di varie forme e dimensioni (17 esemplari), di cui uno in terra cruda. Sono inoltre
presenti un’anforetta in terra cruda e una lucerna attica a vernice nera (databile alla metà del IV
sec. a.C., cf. Howland, 1958, tipo 23c tipo 25a, p. 70-71; Rotroff, 1997, p. 495).
Sulla base di una regola combinatoria piuttosto scontata, secondo la quale gli orcioli ricor-
rono in associazione costante con l’anfora da cui attingono i liquidi, vanno rilevate alcune osserva-
zioni ulteriori. In questa direzione la T.11 fornisce nuovi e interessanti elementi, che differenziano
in modo sostanziale i due contesti qui analizzati. Nella T.10 esistevano principi combinatori co-
stanti, vale a dire l’anfora sempre in coppia con se stessa (nn. 2-3, 5-6, 7-8, 30-31, 38-39) e brocche
bilobate sempre associate a brocche con orlo circolare espanso (sicuramente i nn. 4-4a, 9-10, 11-12,
13-14; in via ipotetica: nn. 15-16, 19-20) [Fig. 4]. Nel caso della T.11, l’introduzione di una tipologia
ceramica non attestata prima - gli orcioli - sembra stravolgere le regole di associazione suddette
e il criterio di combinazione più evidente diventa anfora (o coppia di anfore)+orciolo, disposti a
distanza molto ravvicinata, oppure l’uno dentro all’altra. Brocche bilobate e brocche con orlo cir-
colare espanso non sono più in percentuale proporzionata tra loro, come avveniva nella T.10, e le
seconde diminuiscono nettamente a favore delle prime. Tale fatto potrebbe testimoniare la cor-
rispettiva diminuzione d’importanza, in sede funeraria e simbolica, dei recipienti “rituali”, quelli
cioè collegati alle operazioni della libagione e dell’aspersione rituale dei corpi, a favore invece di
un’aumentata attenzione per i recipienti quali anfore e orcioli, collegati evidentemente all’ide-
ologia del banchetto. Questi ultimi sarebbero dunque veicoli simbolici, in estrema sintesi, della
riproposizione in sede funeraria del concetto -nonché valore - della convivialità solennizzata.

1171
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1172

Arqueologia Funerária
1173
Una tomba a cassone litico di età punica dal
territorio di S. Sperate-Bia de Deximu Beccia
(Cagliari-Sardegna)
*

Maurizia Canepa
Consuelo Cossu

Riassunto

Nel presente contributo vengono esposti i dati emersi in seguito all’intervento archeologico
d’urgenza riguardante una tomba a cassone litico di età punica scoperta nelle campagne di San
Sperate, paese presso Cagliari (Sardegna) nel corso di alcuni lavori agricoli. Lo scavo della sepoltura ha
evidenziato i resti scheletrici di un inumato adulto accompagnato da un corredo funerario composto sia
da manufatti ceramici, offerti al momento della deposizione, sia da oggetti personali verosimilmente
appartenuti al defunto durante la vita.
Il rinvenimento di questa nuova sepoltura e del relativo corredo, in una località già nota come
area sepolcrale, aggiunge un nuovo tassello alla conoscenza delle tipologie tombali e dei rituali funerari
diffusi nell’isola tra V e III secolo a. C. offrendo altresì, a livello materiale, un’ulteriore conferma della
capillare presenza punica nelle zone rurali della Sardegna meridionale.

Resumen

En el presente trabajo se exponen los datos obtenidos después de la intervención arqueológica


de urgencia en una tumba, de tipología a cajon lítico, que se remonta a edad punica, descubierta en
el campo de San Sperate, pueblo cerca de Cagliari (Cerdeña), durante unos trabajos agrícolas. La
excavación de la tumba reveló los restos de una inhumación relativa a un individuo adulto acompañado
de vajilla de barro cocido, ofrecida en el momento de la deposición, junto a objetos personales que,
probablemente, pertenecían al difunto durante la vida.
El descubrimiento de esta nueva sepultura y del ajuar relacionado, en un lugar ya conocido
como área de enterramiento, añade otro elemento al conocimiento de los tipos de tumbas y rituales
funerarios utilizados en la isla entre los siglos V y III a. C., además, en la materia, confirma la amplia
presencia púnica en las áreas rurales del sur de Cerdeña.

* Trabalho ampliado e revisto, originalmente apresentado como poster


Una tomba a cassone litico di età punica dal territorio di S. Sperate-Bia de Deximu Beccia (Cagliari-Sardegna)

La tomba, individuata fortuitamente nel 2000 durante alcuni lavori agricoli che prevedeva-
no l’espianto di un agrumeto e la successiva messa a dimora di piante di pesco, è ubicata in agro di
San Sperate, centro urbano a circa 28 Km a Nord-Ovest di Cagliari, in località Bia de Deximu Beccia
già nota per il rinvenimento di alcune sepolture riconducibili a età punica (Vivanet 1879, pp. 161-
163; Fois 1964, pp. 107-119).
Lo scavo d’urgenza ha consentito di mettere in luce, a circa 70 cm di profondità dal piano
di campagna, una lastra in arenaria con cementificazioni calcaree, di colore giallo-verdastro, per-
tinente alla copertura di una sepoltura a sarcofago. Tale lastra (m 2,50x 0,90; spessore cm 16),
fortemente danneggiata nella parte centrale a causa di una grossa radice, appariva ancora in situ
sopra il cassone, sostenuta, per assicurarne maggiore stabilità, lungo i lati Est e Sud da lastrine
in calcare legate con malta di fango, mentre una lastra di maggiori dimensioni (m 0,35 x 0,86) le
si addossava sul lato Nord (Tav. I, figg. 1-2). Al di sotto della copertura, la sepoltura si presentava
costituita da un cassone rettangolare (m 2,58 x 0,82, spessore cm 15, profondità circa m 1), sca-
vato in un unico blocco di arenaria con il fondo e le pareti interne lavorate a martellina, orientato
Nord/Nord-Ovest Sud/Sud-Est.
L’interno del cassone era coperto da uno strato di terra d’infiltrazione, argillosa e poco
compatta, da cui emergevano, in prossimità della parte centro-settentrionale, alcuni elementi
del corredo funerario (Tav. I, fig. 4). Il resto del corredo è stato rinvenuto sul fondo del cassone
deposto vicino alla testa del defunto, inumato e adagiato in posizione supina con il capo rivolto a
Nord-Ovest. (Tav. I, fig. 3).
I resti scheletrici, pertinenti a un individuo adulto, apparivano in pessimo stato di conserva-
zione a causa delle infiltrazioni d’acqua e dell’umidità del terreno. Ad eccezione delle ossa lunghe
(femori e tibie), lo scheletro non si presentava in connessione anatomica probabilmente per la
caduta, all’interno del cassone, di grosse scaglie di arenaria dalla lastra di copertura.
m.c. - c.c. 1175

Il corredo funerario

Il corredo che accompagnava il defunto è composto da otto oggetti relativi sia a manufatti
legati all’ornamento della persona appartenuti, verosimilmente, al defunto, sia ceramici offerti al
momento della deposizione.(Tav. II, fig. 1).
Il repertorio vascolare, si compone di cinque oggetti pertinenti a forme aperte e a forme
chiuse.

1. Brocca con orlo trilobato, collo cilindrico, spalla arrotondata, corpo ovoidale, fondo leg-
germente concavo e umbonato. Ansa a nastro lievemente sopraelevata all’attacco sull’orlo con
imposta sulla spalla.
La superficie esterna, di colore beige, è decorata da un motivo a bande orizzontali, realiz-
zate con pittura di colore rosso-bruno, distribuite su varie parti del manufatto: una linea appena
sotto il collo, una banda riquadrata da due linee sulla spalla, una banda unica nei 2/3 inferiori. Una
linea verticale corre invece lungo la parte centrale dell’ansa.
Integra. Dimensioni: h. cm 24,8; diam. orlo cm 9; diam. fondo cm 8.
Il manufatto trova stringenti analogie, dal punto di vista morfologico e decorativo, con
esemplari ben attestati, in numerose necropoli puniche del Mediterraneo, già da età arcaica (Bar-
toloni 2000, p. 98; Fernández-Costa 1998, pp. 28-29, fig. 2). In ambiente insulare confronti pun-
tuali sono offerti da oggetti consimili, inquadrabili cronologicamente tra il V e il IV secolo a. C.,
provenienti dall’areale Tharrense (Mannea 1998, pp. 280-281, n. 9, tav. IX; Stiglitz 2002, pp. 134,
141, tav. II, 2), dalla necropoli di Tuvixeddu a Karales (Bartoloni 2000, pp. 98, 101, n. 44) e dallo
stesso centro di S. Sperate (Bartoloni 1967, p. 136. tav. LXIV, 13).

Maurizia Canepa e Consuelo Cossu


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1176

3 4

Tav. I. S. Sperate; fig. 1. sepoltura a cassone litico-particolare della lastra di copertura; fig. 2. particolare delle
rinzeppature della lastra; fig. 3. inumato e corredo funerario; fig. 4. planimetria della tomba

Arqueologia Funerária
Una tomba a cassone litico di età punica dal territorio di S. Sperate-Bia de Deximu Beccia (Cagliari-Sardegna)

2. Olla con spalla carenata, acroma, orlo lievemente arrotondato e segnato da una solcatu-
ra, corpo leggermente ovoide che tende a rastremarsi verso il basso, anse a orecchio con attacco
appena sopra la carena, fondo piatto. Superficie esterna di colore beige.
Integra. Dimensioni: h. cm 21; diam. orlo cm 11,5; diam. fondo cm 7.
Il tipo in esame trova puntuali confronti con esemplari provenienti dalla necropoli di Tu-
vixeddu riconducibili cronologicamente al V-IV sec. a.C. (Bartoloni 2000, pp. 108, 110, n. 61) e ugual-
mente ben attestati in tutto il Mediterraneo occidentale (Fernández-Costa 1998, p. 36, fig. 17).

3. Piatto con ombelico cavo centrale, orlo dritto, piede distinto, lievemente rigonfio, fondo
leggermente umbonato. Ceramica comune di colore beige rosato. Sulla superficie interna resi-
duano tracce di pittura rosso-bruna apprezzabili lungo il bordo, nella parte centrale e all’interno
dell’ombelicatura.
Quasi integro, presenta qualche abrasione sul bordo. Dimensioni: h. cm 2,5: largh. cm 18;
diam. ombelicatura cm 3,9; diam. fondo cm 8,3.
Le peculiarità morfologiche del manufatto trovano riscontro in analoghi esemplari rinvenu-
ti nella necropoli di Tuvixeddu databili tra la fine del V e gli inizi del IV secolo a. C.

4. Coppetta con orlo rientrante, acroma, piede ad anello, fondo piatto. Ceramica comune,
superficie esterna di colore beige, molto depurata, talcosa.
Integra. Dimensioni: h. 4,5; diam. orlo cm 9,5; diam. fondo cm 6,9.
Sulla base delle caratteristiche morfologiche il tipo in esame, per il quale esistono attesta-
zioni già dalla metà dell’VIII sec. a. C. con una salda presenza almeno fino alla tarda età ellenistica,
trova, in ambito insulare, stringenti confronti con esemplari consimili provenienti da Tuvixeddu
(Bartoloni 2000, p. 87-88, fig. 2, n. 17) e Monte Sirai (Campanella 1999, pp. 60-62, figg. 9-10). 1177

5. Lucerna monolicne in ceramica a vernice nera con pareti curve e tubo centrale. Orlo lie-
vemente introflesso, piede leggermente rilevato e fondo arrotondato. La vernice, parzialmente
deteriorata, ricopre la superficie interna, parte del tubo, il beccuccio e il corpo, risparmiando il
piede, il fondo e la fascia lungo l’orlo. Frammentata in tre parti combacianti.
Dimensioni: h. cm 2; lungh. max. cm 9,2; diam. cm 5,5; diam. fondo cm 5,6.
La lucerna, di probabile fabbricazione attica, sembra potersi riferire al tipo 22 B dell’Agorà
di Atene databile tra il secondo quarto del V secolo a.C e il 410 a.C circa (Howland 1958, pp. 53-54,
tavv. 7, 35, n. 198).

Agli oggetti strettamente personali appartengono invece uno scarabeo in diaspro verde
e una coppia di orecchini aurei. Lo scarabeo e uno dei due orecchini sono stati restituiti dalla gri-
gliatura della terra contenuta nel cassone mentre l’altro orecchino era contenuto all’interno della
coppetta.

6. Scarabeo privo di appiccagnolo, con foro passante longitudinale. Presenta un dorso ben
lisciato che offre maggiore risalto alle elitre e alle zampine incise in numero di tre per lato. Il verso
mostra una scena orizzontale, riquadrata da una sottile linea continua, entro cui è incisa la figura
di un cavaliere elmato, seduto su un cavallo, nell’atto di galoppare da sinistra verso destra. (Tav.
II, fig. 2).
Una frattura longitudinale divide l’oggetto in due parti perfettamente combacianti.
Dimensioni: lungh. cm 1,03; largh. cm 0,9; spess. 0,7.
Materiale: diaspro verde.
Tecnica: incisione.

Maurizia Canepa e Consuelo Cossu


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1178

2
Tav. II. S. Sperate; fig. 1. particolare del corredo funerario; fig. 2. scarabeo in diaspro verde

Le rappresentazioni di cavalieri a cavallo anche in diversificate varianti risultano ben atte-


state negli scarabei di tipo non egittizzante, diffusi in ambiente punico nel mediterraneo centro-
occidentale e orientale (Quattrocchi Pisano 1996, pp. 917-924).
Sia per il motivo iconografico che per il materiale utilizzato, lo scarabeo in esame trova pun-
tuali confronti con esemplari, datati tra la fine del V e gli inizi del IV secolo a. C., provenienti dalla
Penisola Iberica, precisamente da Ampurias (Padrò Parcerisa 1974, pp. 113-125) dalla necropoli di
Puig des Molins-Ibiza (Fernàndez 1992, p. 259, n. 781) e da Gorham’s Cave-Gibilterra (Culican 1972,
p. 114, 135, fig. 3, n. XXI). La figura del cavaliere a cavallo, ricorrente negli scarabei suddetti è stata
interpretata come relativa a una divinità equestre, conosciuta nel mondo punico, ma non ancora
esattamente identificata (Blàzquez 1966 pp. 101-103, tav. I).
Un motivo iconografico similare è presente inoltre su una matrice fittile trovata a Utica
all’interno di una sepoltura a fossa ascrivibile cronologicamente al VI secolo a.C. (Cintas 1950, p.
56, fig. 22).
c.c.

Arqueologia Funerária
Una tomba a cassone litico di età punica dal territorio di S. Sperate-Bia de Deximu Beccia (Cagliari-Sardegna)

7-8. Coppia di orecchini costituiti da un corpo unico circolare e nastriforme, che nella parte
inferiore si sovrappone e si assottiglia fino a ridursi a due sottili filamenti attorcigliantisi a spirale
sul corpo medesimo, simmetricamente.
Integri. Dimensioni: diam. cm 1,1/1,2; peso grammi 1,57 ciascuno.
Metallo: oro giallo.
Tecnica di lavorazione: laminazione, trafilatura.

I due gioielli assolutamente simili, anzi gemelli, rinvenuti in ottimo stato di conservazione
all’interno del cassone litico, come esemplari dell’artigianato punico trovano confronti, in ambito
sardo, con analoghi ritrovamenti dalla necropoli di Tharros-S. Giovanni di Sinis che G. Quattrocchi
Pisano classifica come tipo V b (Quattrocchi Pisano 1974, p. 84, tav. V, 71). Un puntuale confronto,
ugualmente proveniente dal territorio Tharrense, è offerto da alcuni esemplari della Collezione
Spano donata al Museo di Cagliari nel 1893 (Spano 1860, p. 7, n. 34).
Per tipologia, dimensioni e peso, inoltre, gli orecchini in esame trovano stringenti analogie
con una coppia di orecchini appartenente alla Collezione Castagnino acquistata dal Museo di
Cagliari nel 1883.
Anche dai vecchi scavi nella necropoli di Sant’Avendrace-Tuvixeddu a Karales, provengono
analoghi gioielli (Elena 1868, tav. IV, fig. 14), (Taramelli 1912, p. 100, fig. 45), alcuni realizzati com-
pletamente in oro e non costituiti da un’anima di altro metallo, per lo più bronzo o argento, il cui
utilizzo risultava assai più frequente (Puglisi 1942, p. 97 nn. 3-4; p. 98, n. 3).
Se, come detto, i nostri esemplari trovano confronto, in Sardegna con tipi simili provenienti
prevalentemente dai siti di Tharros e Karales, in area mediterranea centro-occidentale tale tipolo-
gia si può raffrontare con i ritrovamenti di Cartagine (Cintas 1976, Tav. LXXVIII, n. 4).
Per quanto riguarda l’inquadramento cronologico dei gioielli bisogna sempre tenere pre- 1179
senti i fenomeni della permanenza nel tempo di motivi e forme, che scompaiono e riappaiono
con il variare delle mode e delle esigenze politico-economiche. Se tale fenomeno può essere va-
lido in generale, è ancora più possibile in riferimento alla Sardegna, ove le persistenze sono più
tenaci che altrove; inoltre per i gioielli come per le monete, soprattutto se in metallo prezioso, si
può pensare ad una sorta di “tesaurizzazione” il cui valore rimane inalterato nel tempo. Nel caso
specifico, trattandosi di oggetti rinvenuti in un preciso contesto, e non avendo subito la sepoltura
manomissioni, né riutilizzazioni in periodi successivi, come si è verificato in altri siti ad esempio
nella Necropoli punico-romana di Monte Luna a Senorbì-Cagliari (Costa 1983, pp. 741-749), si ritie-
ne di poter proporre una datazione in un periodo compreso tra il V ed il III sec. a.C.
m.c.

Considerazioni conclusive

Il rinvenimento della sepoltura in esame e del relativo corredo in una località già nota come
area funeraria aggiunge un ulteriore tassello a conferma dell’importanza del centro di S. Sperate
in età punica.
Oltre alla necropoli di Bia de Deximu Beccia vanno ricordate infatti anche le altre tre aree
funerarie ubicate, una alla periferia e le restanti all’interno dell’attuale paese (Ugas 1993, pp. 57-
69; Bartoloni 1967, pp. 127-143), le quali si configurano come “indicatori primari” di uno o, con
maggiore probabilità, di più insediamenti rurali, distribuiti sul territorio, occupati da genti puniche
o punicizzate.
Inoltre la presenza del sarcofago in una località che, già in anni precedenti, ha restituito
unicamente analoghe tipologie tombali pone il problema relativo, da un lato, alla reale estensione

Maurizia Canepa e Consuelo Cossu


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

dell’area funeraria di Bia de Deximu Beccia, dall’altro all’ esistenza, all’interno della stessa, di pre-
cisi e conchiusi spazi destinati a sepolture consimili, la distribuzione o accorpamento delle quali
potrebbe dipendere da differenze di tipo sociale, economico o di età.
Dall’analisi del materiale mobile che costituisce il corredo funerario, la tomba può essere
inquadrata cronologicamente tra il V e il IV secolo a. C. con una probabile estensione all’inizio del
III secolo a.C. La presenza di manufatti di pregio, verosimilmente d’importazione, quali la lucerna
e gli oggetti legati all’ornamento della persona sembrano inoltre confermare, per il periodo, l’in-
tensità degli scambi culturali in ambiente punico, anche in aree distanti dai maggiori centri urbani
(Cossu-Garau, 2003, pp. 26-30).
I dati acquisiti, seppure parziali, offrono altresì, a livello materiale, un’ulteriore conferma
della capillare presenza punica nelle aree rurali della Sardegna meridionale a partire dal V secolo
a. C. con una maggiore diffusione nei secoli successivi.
c.c.

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(aggiornata al 2005)

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1181

Maurizia Canepa e Consuelo Cossu


Una fosa de cremación de la necrópolis
del Puig des Molins (Eivissa)

Ana Mezquida
Jordi. H. Fernández
Benjamí Costa
Museu Arqueològic d’Eivissa i Formentera

Resumen

En la campaña de excavaciones del año 2000 en la necrópolis del Puig des Molins (Eivissa, Islas
Baleares), se produjo, entre otros, el hallazgo de una fosa de cremación cavada n la roca y fechada a
fines del siglo V a.C., conteniendo el enterramiento de un individuo infantil de muy corta edad. Este
enterramiento permite plantear con nuevos argumentos la perduración de la cremación durante
la época púnica, en convivencia con la inhumación. E, igualmente, la no segregación en un espacio
funerario distinto de los individuos menores de cinco años. El análisis de la sepultura y de su contenido
permite, igualmente, algunas consideraciones sobre todo el proceso funerario: cremación, deposición
en la tumba y un rito posiblemente libatorio el cierre de la sepultura.

Abstract

In the season of excavations of the year 2000, a cremation burial of a baby with few month of
age, deposited inside a rectangular pit hewn into the rock and dated back e the 5th century B.C., were
discovered at he necropolis of Puig des Molins (Eivissa, Balearic Islands). This burial allow us to state
with new arguments the subsistence of cremation in the Punic period, coexisting with inhumation. And
also, the inexistence of segregation in a different funerary space of individuals less than 5 years old.
The analysis of the grave and its content allow, in the same way, to put forward some considerations
about the funerary process: cremation, deposition inside the pit of the funerary remains and a rie
probably with a libation character at the final closing of the grave.
Una fosa de cremación de la necrópolis del Puig des Molins (Eivissa)

1. Introducción

El presente artículo tiene como objetivo dar a conocer una fosa aparecida en las excava-
ciones realizadas durante el año 2000 en la necrópolis del Puig des Molins. Los trabajos, que se
realizaron bajo la dirección de J.H. Fernández y Ana Mezquida, se desarrollaron en el sector de-
nominado A/B, que se encuentra ubicado en la parte baja de la colina, junto al edificio del Museo,
entre el 25 de octubre y el 15 de noviembre.

2. Descripción de la sepultura

El enterramiento de cremación objeto de este estudio (cremación nº 6), apareció en el


interior de una fosa tallada en la roca, que se localizó en la cuadrícula 7 B. Era de planta rectan-
gular, algo irregular, con los extremos redondeados, siendo sus medidas 1,63 m de largo, 0,76 m
de ancho en el lado Sur y 0,60 m en su extremo Norte, y su orientación Norte–Sur. Las paredes
Este y Oeste no están talladas de forma bien rectilínea, ni tampoco el fondo de la misma, donde
se mantienen las irregularidades de la roca, con un marcado escalón que hace que la profundidad
máxima, en el lado Sur, sea de 0,60 m, y de 0,30 m en el Norte.
La fosa se encontraba cubierta por una gruesa capa de piedras de tamaño mediano y gran-
de entre las cuales se encontró el material cerámico: un cuenco y un jarrito rotos. Una vez exca-
vada esta primera capa de piedras, se localizaron unos restos óseos muy fragmentados, de color
blanco mate, correspondientes a la cremación de un cadáver humano. Éstos se encontraban dis-
puestos junto a la pared Oeste de la fosa, ocupando una superficie de forma más o menos ova-
lada, de 0,38 m de ancho por 0,60 m de largo, y un grosor aproximado de 5 cm. Además de los
huesos quemados, había carbones y algunas piedras quemadas. Una vez excavada la cremación, 1183
por debajo de ello se documentó un estrato de tierra roja arcillosa, con algunas piedras de peque-
ño tamaño, carbón y algún minúsculo fragmento cerámico muy rodado. (Lámina 2).

3. Descripción del material1

1. Jarrito de boca circular, borde exvasado y labio redondeado. Asa sobreelevada por en-
cima del borde que se ha perdido, conservando sólo los arranques inferior y superior. Cuerpo
piriforme, con el diámetro máximo en el tercio inferior de la panza. Está muy fragmentado. Pasta
homogénea, de color anaranjado fuerte con gránulos de cal de tamaño medio y mica. No presen-
ta decoración (Lámina 1, nº 1).
Nº inventario: 10011/93.
Dimensiones: diámetro de la boca 6,7 cm; diámetro máximo 9,4 cm; altura total (con
asa)11,7cm; diámetro de la base 6 cm.
2. Cuenco de pequeñas dimensiones con el labio redondeado y borde entrante. Base lige-
ramente rehundida y pie diferenciado. Pasta de color ocre anaranjado, bastante homogénea y
regular, con puntos de mica y cal. Presenta decoración pintada en el interior, en tono rojo vinoso,
a base de círculos concéntricos, dos en las paredes y uno en el fondo. Se conserva entero pero
fragmentado (Lámina 1, nº 2).
Nº inventario: 10011/92
Dimensiones: diámetro de la boca 8,9 cm; diámetro máximo 9,6 cm; altura total 2,9 cm;
diámetro de la base 5 cm.

1 Queremos agradecer a José María López Garí la realización de los dibujos.

Ana Mezquida, Jordi. H. Fernández e Benjamí Costa


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1184

1 2

Lámina 1

Arqueologia Funerária
Una fosa de cremación de la necrópolis del Puig des Molins (Eivissa)

1185

Estrato de cubrición de la fosa de cremación Fosa con el enterramiento


de cremación en su interior

Lámina 2

Ana Mezquida, Jordi. H. Fernández e Benjamí Costa


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

4. Estudio del material

Tanto el cuenco como el jarrito son piezas que forman parte de la producción local de cerá-
mica púnico-ebusitana que se conoce como cerámica común y que incluye tanto formas abiertas
como cerradas. Se caracterizan por tener pastas que no presentan tratamientos especiales, ni
en su fabricación, ni en sus acabados, y que desde el punto de vista funcional incluye recipientes
destinados a actividades domésticas y de servicio de mesa, aunque habitualmente también las
encontramos en contextos funerarios (Fernández y Costa, 1998, p. 23).
Dentro de las formas abiertas, los alfareros ebusitanos confeccionaron toda una gama de
platos, cuencos y vajilla de mesa que, a diferencia de las formas cerradas, todavía no ha sido ob-
jeto de un estudio en profundidad que permita establecer su tipología y evolución cronológica. En
el caso de los cuencos, J.H. Fernández, al estudiar los aparecidos en las campañas que C. Román
realizó en la necrópolis del Puig des Molins entre 1921 y 1929, establece cinco grupos distintos
basándose en criterios morfológicos (Fernández, 1992, II, p. 45-49). El cuenco que apareció en la
sepultura aquí estudiada se puede incluir dentro del grupo de cuencos de paredes curvas y labio
entrante. Son recipientes con el labio ligeramente vuelto al interior, las paredes curvas y el pie
diferenciado, que generalmente presentan decoración monocroma pintada a base de líneas y
bandas en el fondo y borde. El diámetro máximo oscila entre los 7 y 10 cm, aunque existen algunas
piezas donde éste llega a los 15 cm. Los ejemplares más pequeños recuerdan los modelos áticos,
por lo que se ha sugerido la posibilidad de influencias de unos sobre los otros (Fernández, 1992,
II p. 46). Se trata de un modelo bastante frecuente en el mundo fenicio-púnico, aunque los ejem-
plares ebusitanos difieren algo de los hallados en otros lugares del Mediterráneo.
Algunos ejemplares de la necrópolis del Puig des Molins aparecidos en contexto pueden
1186 ser fechados entre fines del siglo V a.C. y principios del siglo IV a.C. (Fernández, 1992, I, p. 46-47;
Rodero, 1980, p. 20, 75, fig. 25 nº 2). Cuencos análogos, aparecidos en necrópolis rurales púnicas
de Ibiza, tienen idéntica datación. Por ejemplo, un ejemplar en una fosa de inhumación de la ne-
crópolis de Can Berri den Sargent datada entre el 450-400 a.C. (Fernández y Fuentes, 1983, p. 179-
191), otro en el hipogeo III de Can Vicent Geroni (Tarradell et alii, 2000, p. 93) y otro de Can Sorà,
con cronologías de fines del siglo V a.C. y principios de siglo IV a.C. (Ibidem, p. 57, lám. III).
Por lo que se refiere al jarrito, podemos incluirlo igualmente dentro de la cerámica común
de producción ebusitana, aunque este tipo, al no ser conocido en aquel momento, no quedó re-
cogido en la tipología que establecieron Tarradell y Font (1975) para las formas cerradas. Se trata
de una forma próxima a la 121 de Cintas (Cintas, 1950, lám. IX), aunque el ejemplar citado como
referente tipológico, procedente de Jbel Mlezza y que se fecha en los siglos IV-III a.C., presenta un
pie diferenciado y el asa no sobrepasa el borde. Por otra parte, este recipiente ibicenco, del que
de momento no conocemos ningún otro ejemplar, ni en la necrópolis del Puig des Molins, ni en
las necrópolis rurales de la isla, reúne unas características morfológicas que sugieren que podría
estar inspirado en algunas producciones griegas del Este, que se fechan en el siglo V a.C. (Sparkes
y Talcott, 1970, Vol. I , p.78, II, lám. 12, nº 255-259).

5. La sepultura, el enterramiento y el ritual funerario

La fosa constituye una forma de enterramiento relativamente frecuente en la necrópolis


del Puig des Molins, así como en otras muchas necrópolis púnicas. Se trata de un tipo de sepultura
de larga perduración y que, en consecuencia, presenta muchas variantes: fosas simples, con ca-
nal, con resaltes laterales y fosas irregulares (Costa, 1991; Costa-Fernández y Gómez, 1990; Gómez
Bellard et alii, 1990).

Arqueologia Funerária
Una fosa de cremación de la necrópolis del Puig des Molins (Eivissa)

La tumba que ahora presentamos puede incluirse dentro del grupo de fosas simples. Éstas
se caracterizan por tener una planta alargada más o menos rectangular, con los extremos a veces
curvados o redondeados y orientaciones Norte-Sur o Este-Oeste, además de gran variabilidad en
cuánto a sus dimensiones. Las tenemos documentadas, ya desde época arcaica, con dataciones
dentro del siglo VI a.C. (Gómez et alii, 1990, p. 38-39, lám. V, fig. 19; Costa, 1991 p. 40; Fernández
y Costa, 2004, p. 333), aunque su uso continuará durante toda la época púnica, (Gómez Bellard
et alii, 1990, p. 109-110, fig. 94, lám. LII y LIII; Costa, 1991, p. 40 y 48, lám. III, 2; Costa, Fernández y
Gómez, 1991, fig. 13 a y 14). Existen, además, numerosos paralelos de este tipo de sepultura en la
Península Ibérica, por ejemplo en Carmona (Maier, 1992, p. 108) o en Cádiz (Perdigones, Muñoz y
Pisano, 1990, p. 25-27, lám. III). Pero también hay fosas de este tipo documentadas en otros centros
fenicio-púnicos del Mediterráneo, como por ejemplo Monte Sirai (Bartoloni, 1983, 1985, 2000).
Por lo que se refiere al enterramiento, la escasa presencia de carbón y cenizas indican que
se trata de una deposición secundaria; es decir, la combustión del cadáver no se realizó in situ.
Hasta el momento no se ha localizado ningún lugar fijo donde se pudieron realizar las cremacio-
nes, pero existen zonas en este sector del yacimiento donde hay indicios de combustión, man-
chas de tierra quemada, así como áreas de la roca que presentan coloraciones grisáceas por la ac-
ción del fuego y que bien pudieron ser el resultado de la quema de cadáveres en piras funerarias.
Aunque ello no descarta la posibilidad de la existencia de un ustrinum como una infraestructura
estable en el cementerio para la quema de los cadáveres, los indicios que de momento se tienen
avalan más la idea de que en la necrópolis del Puig des Molins no existía un lugar fijo para las cre-
maciones. (Costa, 1991, p. 36; Fernández y Costa, 2004, p. 348).
El estudio antropológico2 de los restos óseos ha permitido comprobar que corresponden al
cadáver de un lactante de entre 4 y 8 meses de edad. La presencia de dos raíces dentarias corres-
pondientes a dos dientes más desarrollados pertenecientes a un adolescente, o incluso a una per-
sona adulta joven (ya que su mala conservación no permite precisar más), han de interpretarse en 1187
principio como una contaminación que pudo producirse en el lugar de la cremación, al recoger los
restos óseos (suponiendo que sobre el mismo lugar se hubiera realizado la combustión de más
de un cadáver), o bien, aunque con menor probabilidad, durante la deposición y enterramiento
de esta cremación.
Por lo que se refiere a la combustión, el color blanquecino de los huesos nos indican que
ésta fue intensa. En cuanto a la recogida de los restos óseos, la presencia de algunos carbones y
piedras quemadas indican que, o bien la separación en la pira, aunque más o menos bien hecha,
no fue del todo minuciosa, o bien que aquellos son producto de la misma contaminación que pro-
vocó la presencia de los dientes antes mencionados.
El hallazgo de dos piezas de cerámica permite también adentrarnos en la interpretación de
algún aspecto del ritual funerario. Desde el punto de vista funcional, ambos recipientes están des-
tinados a contener líquidos y/o alimentos. Para su correcta interpretación debemos subrayar que
no se encontraron en el fondo de la fosa, próximos o en contacto con los restos del enterramiento,
sino en el estrato de piedras que sellaba la sepultura. Igualmente, ambos se encontraron fragmen-
tados, siendo verosímil que fueran rotos intencionadamente. Todo ello, por tanto, invalida su con-
sideración como elementos de ajuar, llevándonos a interpretarlos como elementos de la liturgia
fúnebre, probablemente relacionados con algún rito desarrollado durante el enterramiento o el
cierre de la sepultura. Dada la ausencia de otros recipientes, así como la exigua capacidad de las
dos piezas, parece adecuado considerar ambos vasos de forma relacionada, es decir, planteando
que fueran utilizados de forma conjunta y funcionalmente complementaria. En esta línea, una
posible interpretación sería que dicho rito se relacionase con el uso de un líquido, tal vez para la
purificación del difunto y/o de los participantes en la ceremonia fúnebre, que estarían ritualmente

2 El estudio antropológico de los restos óseos ha sido realizado por el Dr. Francisco Gómez-Bellard.

Ana Mezquida, Jordi. H. Fernández e Benjamí Costa


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

impuros por haber estado en contacto con el cadáver (Kuntz y Boardman, 1971: 150-151); o bien la
libación de un líquido durante el sepelio3, práctica conocida en el ritual funerario púnico (Debergh,
1983; Ramos, 1990: 117-122), que en el Puig des Molins está documentada desde su primera fase,
en concreto en alguna sepultura fechada en los primeros años del siglo VI a.C.4. Si esta propuesta
fuese correcta, podría considerarse que el líquido para la libación estaría contenido en el jarrito
y habría sido escanciado en el cuenco. En cualquier caso, ambos recipientes, tras su utilización,
serían rotos y su deposición definitiva se produjo en el instante previo al sellado de la tumba.

6. Conclusiones

Los materiales que acompañaban el enterramiento que aquí hemos estudiado, tanto el
cuenco como el jarrito, permiten datar la tumba a fines del siglo V a.C., o incluso a principios del
siglo IV a.C.. Ello no sólo es una prueba más que confirma la continuidad de la cremación más allá
del último cuarto del siglo VI a.C., conviviendo incluso con el ritual de la inhumación, sino que de-
muestra fehacientemente su perduración en el Puig des Mlins durante el siglo V, y quizás también
hasta el IV a.C.
Por otro lado, el hallazgo de esta sepultura supone un caso más de enterramiento de cre-
mación infantil en la necrópolis del Puig des Molins y el primero de este grupo de edad que tene-
mos documentado en fosa simple.
En el reciente estudio de conjunto realizado por Fernández y Costa (2004), donde se ma-
nejaban los datos de 33 cremaciones del sector noroeste estudiadas antropológicamente, sólo 11
corresponden a niños, es decir, un 33,33%, y de éstas sólo cinco son de menores de un año (15%
del total y 45,45% de los infantiles), como es el caso de nuestra tumba. Como vemos el porcentaje
1188 de las cremaciones infantiles que se tienen registradas hasta el momento no es muy numeroso,
más cuando se las compara con otras necrópolis, como es el caso de Kerameikos (Morris, 1987, p.
62). Pero, la falta de análisis antropológicos de muchos de los enterramientos que han aparecido
en las últimas intervenciones, obligan a tomar estos datos con precaución, ya que será necesario
disponer del estudio de todos los casos documentados para poder tener una visión de la situación
más ajustada a la realidad.
Por otro lado, esta sepultura viene a corroborar que, como ya han señalado algunos auto-
res (Gómez y Gómez, 1989; Costa, 1998, p. 853; Fernández y Costa, 2004, p. 389), en la necrópolis
del Puig des Molins el grupo de edad correspondiente a los niños menores de cinco años no son
segregados ni a otro sector del yacimiento, ni a otra necrópolis, sino que no sólo comparten el
espacio funerario de los adultos, a veces incluso la misma sepultura (caso de algunos enterra-
mientos múltiples de adulto y niño hasta ahora documentados), sino que también son enterrados
en tumbas que requieren una nada desdeñable inversión de energía, si los comparamos con otros
enterramientos contemporáneos, y con ritos funerarios de cierta complejidad. Tampoco existe
un tipo especifico de sepultura que diferencie este grupo de edad del de los adultos.
Caso muy distinto es el de los niños de entre 6 y 12 años, hasta ahora completamente au-
sentes del registro arqueológico del Puig des Molins (Fernández y Costa, 2004), entre fines del
siglo VII y fines del siglo V a.C. Ésta es, pues, una de tantas cuestiones importantes que quedan
abiertas para la investigación futura en la gran necrópolis urbana ibicenca.

3 Se ha sugerido, en base a algunas referencias en las fuentes escritas, que dichos líquidos pudieran ser
agua, leche o vino, aunque otros no descartan aceites o ungüentos olorosos (Ramos, 1984-85: 221).
4 Nos referimos a la Sepultura V (= Incineración nº 2) de las excavaciones de urgencia realizadas en 1985-
86 en el solar de can Partit, en el actual núm. 38 de la Vía Romana. Se trataba de una fosa de cremación con
canal excavado en su fondo donde, por encima de la incineración de una mujer adulta, se realizó un segundo
enterramiento de un individuo infantil de edad inferior a los 6-5 años, también incinerado, junto a cuyos restos se
depositó un kantharos etrusco de bucchero nero, interpretado como elemento para la realización de una libación
funeraria (Costa, 1991: 42; Gómez et alii, 1990: 94-96).

Arqueologia Funerária
Una fosa de cremación de la necrópolis del Puig des Molins (Eivissa)

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Ana Mezquida, Jordi. H. Fernández e Benjamí Costa


Expresiones ideológicas y prácticas funerarias
en el sureste de la Península Ibérica

Jaime Vives-Ferrándiz Sánchez


Servicio de Investigación Prehistórica
(Diputación de Valencia)

Resumen

Este trabajo analiza algunas dimensiones del contacto entre grupos indígenas y fenicios en el
sudeste de la Península Ibérica entre los siglos VI y VIII a.C. En concreto se estudian las implicaciones
que este fenómeno de contacto tuvo en el ámbito funerario a partir del estudio de las prácticas de
enterramiento en las necrópolis de Les Moreres y Les Casetes. Los cambios de las prácticas que se
observan en estas necrópolis son puestos en relación con cambios sociales y culturales que tienen su
reflejo material en los asentamientos ubicados entre los cursos bajos de los ríos Vinalopó y Segura.

Abstract

Patterns of interaction between Phoenicians and indigenous communities in south-eastern


Iberia between the 8th-6th centuries BC are examined in this paper. More precisely, the social
implications that this phenomenon of contact had and its ideological implications in the funerary
realm are analysed through the study of funerary practices in the necropoleis of Les Moreres and Les
Casetes. Changes in practices from one necropole to another are identifed and this is related to social
and cultural changes in settlements of the lower courses of the Vinalopó and Segura rivers.
Expresiones ideológicas y prácticas funerarias en el sureste de la Península Ibérica

Introducción

Los fenómenos de contacto colonial han constituido tradicionalmente un campo de análi-


sis fecundo en Arqueología pero su conceptualización teórica ha variado extraordinariamente.
Durante los últimos años se han producido profundas renovaciones teóricas, tratándolos como
casos específicos de interacción desde puntos de vista que asumen la interacción compleja entre
grupos sociales con relaciones de clase, de género o de edad, y no como meros influjos unidire-
ccionales, difusionistas o evolucionistas. Es evidente que todo encuentro cultural está protagoni-
zado por gente que pone en marcha estrategias y procesos activos de construcción de identida-
des (van Dommelen, 1998, 214; van Dommelen, 2006; Gosden, 2004).
Con estos puntos de partida, este trabajo analiza el contacto entre indígenas y fenicios en
el sudeste de la península Ibérica a través de las evidencias materiales de los espacios funerarios
como expresión significativa de prácticas sociales en un contexto de estrecho contacto entre
grupos. De sobra es conocido el espacio analizado, el área de la desembocadura del Segura, y
los desarrollos producidos desde el Bronce Final (González Prats, 1983 y 1992; Ruiz Gálvez, 1998).
Brevemente señalaré que estos desarrollos explican, en parte, la instalación fenicia (en Fonteta
o, incluso en Peña Negra) según un modelo de diáspora comercial que aprovecha redes de com-
ercio atlántico-mediterráneas preexistentes para suplir la demanda de bienes por parte de cortes
orientales (Aubet, 1994).
Yacimientos como Peña Negra (Crevillent, Alicante) o los Saladares (Orihuela, Alicante)
muestran, ya desde la llegada fenicia a este área, un conjunto de materiales cerámicos que expre-
san prácticas híbridas. Éstas son, básicamente, síntesis tipológicas entre la tradición indígena en
la producción a mano y las formas a torno de cerámica de engobe rojo de tipo fenicio. Además,
en Peña Negra (fig. 1) hay unas tinajas y platos de pocillo que, en sí mismos, suponen «formas 1191
híbridas» como ya señalara González Prats para las primeras (1983, p. 100). Han sido identificadas
como producciones locales y aúnan elementos tipológicos griegos, fenicios e indígenas para crear
una nueva forma y es una evidencia de la intensidad de las relaciones sociales en este entorno,
expresada en prácticas híbridas a través de materiales de uso cotidiano como la vajilla de mesa,
y que hablan a favor de considerar distintos orígenes para esos grupos (matrimonios mixtos, por
ejemplo) (Vives-Ferrándiz, 2005, p. 225). Siendo éste el contexto doméstico, valoraré las eviden-
cias funerarias que lo acompañan.

El registro funerario: les Moreres y les Casetes

Les Moreres (Crevillent, Alicante) es una necrópolis de incineración muy cercana a Peña
Negra y constituye la única referencia para evaluar las prácticas funerarias meridionales entre los
ss. IX y VII a.C. (González Prats, 2002). Las incineraciones más antiguas utilizan urnas y tapaderas
a mano pero, desde el momento de la llegada fenicia a la zona, se detectan cremaciones que in-
troducen el uso de urnas y tapaderas de tipo fenicio a torno, aunque en ocasiones se combinan
con las realizadas a mano. Ante este panorama, se ha propuesto interpretar este cambio como la
adopción del ritual fenicio por parte de las comunidades indígenas, o incluso que fueran fenicios
enterrados allí porque se vivía en una comunidad mixta (González Prats, 2002, p. 387).
Sin embargo, partiendo del estudio de las prácticas se pueden inferir aspectos sobre los va-
lores del grupo social estudiado y plantear otras interpretaciones que van más allá de los debates
étnicos. Así, si asumimos la continuidad de uso de un mismo espacio funerario a lo largo de varias
generaciones lo más lógico es suponer que lo está utilizando el mismo grupo social. Este grupo
se entronca con los enterramientos con urnas a mano del Bronce Final y entre sus individuos, ya

Jaime Vives-Ferrándiz Sánchez


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1192

Fig. 1. Materiales cerámicos de Peña Negra. Tinajas (A) y platos (B) del s. VI a.C. con elementos tipológicos que
remiten a otros anteriores, situados en los recuadros (elaboración propia a partir de González Prats, 1982 y 1985)

Arqueologia Funerária
Expresiones ideológicas y prácticas funerarias en el sureste de la Península Ibérica

en el siglo VII a.C., algunos emplean urnas a torno de tipología fenicia. De hecho, se documentan
superposiciones estratigráficas que afectan a urnas de diversas cronologías y que no hacen sino
evidenciar claramente la memoria de su utilización por parte de un grupo social y el deseo ex-
preso de enterrar en el mismo espacio que las generaciones anteriores. Estamos ante un caso de
apropiación de importaciones porque éstas cambian de función y pasan a ser usadas en contex-
tos funerarios que se homologan con las prácticas previas : contenedores de productos alimenti-
cios y vajilla de mesa pasan a ser urnas cinerarias o tapaderas de esas urnas. En definitiva, el ritual
funerario con la introducción de la cerámica a torno no se ve modificado respecto al realizado
con piezas a mano, de modo que lo destacable es la continuidad en las prácticas funerarias inde-
pendientemente de la introducción de un nuevo tipo de urna o de tapadera hecho a torno (fig.
2). La necrópolis muestra las prácticas funerarias de un grupo social dominante, con determinado
poder para mantener una norma ritual mediante la apropiación de importaciones y cerámicas a
torno que están presentes en el espacio doméstico local.
El segundo espacio funerario, les Casetes (la Vila Joiosa, Alicante) está situado en la costa.
Se trata de una necrópolis de incineración con una cronología inicial ligeramente más reciente
que les Moreres, pues las tumbas se fechan entre finales del siglo VII y la primera mitad del siglo
VI a.C. Las tumbas (más de dos decenas de ellas han sido excavadas pero sólo dos publicadas por
el momento) son de tipologías variadas, desde hoyos o fosas simples rectangulares de distintas
dimensiones, en ocasiones con señalizaciones, encachados tumulares o construcciones comple-
jas como cámaras funerarias.
En las tumbas publicadas -la tumba 17 y la 18- (García Gandía, 2003; García Gandía y Padró,
2002-2003) los restos incinerados se depositan directamente sobre el suelo, sin recipiente alguno
a modo de urna. Sin embargo las estructuras de las tumbas, ya sean rectangulares o pseudo-
rectangulares, se asimilan tipológicamente a las de un ritual de inhumación más que a uno de
incineración. Además, difieren claramente de las incineraciones del Bronce Final local, como las 1193
más antiguas en les Moreres, y se alejan también de otras tumbas etiquetadas de fenicias, como
algunas tumbas arcaicas de Ibiza -en hoyos excavados en la roca o en urnas cinerarias o fosas con
cremaciones in situ-, o del sur peninsular y, también, de la costa sirio-palestina. Así pues, suponen
creaciones particulares ya que, por ejemplo, la estructura que nos ocupa combina una tumba de
cámara con cenefa de cantos de tradición foránea y una superestructura tumular de tradición
local.
Los objetos depositados son también significativos. En la tumba 17 se deposita un quema-
perfumes acompañando a una mujer incinerada y, en un segundo momento que corresponde a
otra incineración ocupando el mismo espacio, un broche de cinturón. Ambos objetos son piezas
poco frecuentes en el contexto local por lo que la decisión de depositarlos como ajuares se rela-
ciona con su excepcionalidad, al igual que sucede con otras piezas en otras tumbas como joyas,
amuletos u otros objetos importados. En la tumba 18 los objetos depositados, de nuevo en una
estructura de fosa pseudorectangular, son también heterogéneos: dos puntas de lanza con sen-
dos regatones, todos de hierro, un plato y un soporte anular de tipología fenicia y una botella de
fayenza egipcia, dos cuentas de collar y algunos clavos. Es de destacar que entre los objetos pub-
licados hasta el momento, pertenecientes también a otras tumbas de la necrópolis, no hay piezas
locales que puedan remitir, en su origen, a una tradición cultural del Bronce Final.
La situación costera y la naturaleza de los objetos depositados en las tumbas de les Casetes
ha abierto un vivo debate acerca de la identidad fenicia o indígena de sus ocupantes. Haciendo
esto se desplaza la atención a la cuestión étnica y se adoptan posiciones dualistas y esencialistas
que, sin embargo, no tienen en cuenta la historicidad de los fenómenos de contacto cultural y
pasan por alto otras lecturas del registro. Desde mi punto de vista les Casetes es un excelente
caso de expresión de la ambivalencia de una situación colonial en la que entran en juego diversos
grupos sociales con intereses sociopolíticos diversos. Las tumbas y el ritual funerario suponen un

Jaime Vives-Ferrándiz Sánchez


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

fenómeno de hibridación porque diversos elementos culturales se combinan para dar forma a
un nuevo contexto que no remite por completo a ninguno de los precedentes pero, en cambio,
sí encuentra algunos referentes; es, por tanto, un nuevo espacio con nuevos significados. Ahora
bien, la interpretación de las prácticas funerarias de les Casetes debe ponerse en relación con la
dinámica temporal en la que se sitúan: su fecha no corresponde a los momentos más antiguos de
la presencia fenicia en este ámbito sino a cuatro o cinco generaciones después, si consideramos
su llegada a finales del siglo VIII o principios del siglo VII a.C. y la fecha de la necrópolis a finales
del siglo VII y principios del VI a.C. Ello implica que la estructura social en el entorno meridional
ha debido transformarse sustancialmente, no sólo con el aporte de población nueva de diversos
estratos sociales, sino también a través de su interacción con grupos indígenas también hetero-
géneos socialmente, generando procesos de hibridación cultural.

1194

Fig. 2. Apropiación de la cerámica a torno en la necrópolis de les Moreres.


(elaboración propia a partir de González Prats, 2002). No hay cambio en términos de prácticas
entre las incineraciones del siglo VIII (izquierda) y las de los siglos VII-VI (derecha)

Arqueologia Funerária
Expresiones ideológicas y prácticas funerarias en el sureste de la Península Ibérica

Prácticas sociales e identidades en el contexto colonial

La presencia fenicia en el sudeste de la península Ibérica supuso un nuevo marco de re-


laciones sociales y ello implica que la estructura social cambió, no sólo con la llegada de grupos
heterogéneos, sino también por la presencia de comunidades indígenas también socialmente he-
terogéneas. Al tratar cualquier aspecto de un encuentro cultural subyace la cuestión del modo
que los individuos tienen de enfrentarse a cosas y personas nuevas y cuáles son los mecanismos
de valoración y categorización de esas novedades. En este punto la atención a las prácticas y las
diferentes estrategias desplegadas para expresarla es esencial en tanto que son marcadores de
identidad. Por ello, hay que ser capaces de identificar en el registro patrones de apropiación, in-
corporación o recontextualización de los objetos que constituyen el mundo colonial (Appadurai,
1986; Thomas, 1991, p. 186).
Desde el punto de vista indígena podemos suponer que la adopción de objetos fenicios
no se hace para asimilarse a ellos sino adquiere sentido porque son símbolos de distinción en el
contexto de las prácticas locales (Bourdieu, 1994, p. 23). En los casos examinados los objetos no
se adoptan o importan porque sean diferentes sino para ser diferente ya que dan acceso a me-
canismos de diferenciación y negociación social.
Por ejemplo, algunos objetos en contextos domésticos pierden su sentido original -si es
que tienen alguno...- y contribuyen a expresar la visión del mundo y los valores sociales de cada
segmento social. El análisis de las piezas de vajilla de los Saladares y Peña Negra es una clara mues-
tra de que los vasos, platos o cuencos, todos ellos elementos de uso diario en la alimentación de
los grupos que allí habitaron, participaron activamente en las relaciones sociales de los individuos
y no pueden adscribirse a un grupo social partiendo de una dualidad fenicios-indígenas. Además,
las imitaciones a mano de lucernas, cuencos o tinajas pintadas de tipo fenicio son ejemplos de la 1195
capacidad de expresar normas y valores por parte de un individuo o grupo que encuentra en la
producción a mano de una cerámica una vía de expresión social e identitaria; esto es, además, un
fenómeno multidireccional porque hay cerámica a torno con referentes en las cerámicas a mano
del Bronce Final local (Vives-Ferrándiz, 2005, p. 191).
En este panorama destacan, paralelamente, las construcciones identitarias por parte de
los grupos dominantes para instaurar la naturalización y definición de grupos. De este modo, los
rituales funerarios de la necrópolis de les Moreres son expresiones de continuidad con el pasado.
El ritual funerario del grupo (o grupos) enterrado en les Moreres es ambivalente porque, por un
lado, se reclama heredero del pasado indígena al enterrarse en el mismo espacio y con un ritual
similar al anterior, pero introduciendo una innovación en el uso de piezas a torno. Se trata de una
invención de la tradición (Hobsbawm y Ranger, 1983) porque es elocuente la conexión con el pas-
ado de estos grupos en un contexto -doméstico y productivo- de cambios significativos en los que
se identifican, recordemos, patrones de hibridación. Se ponen en marcha estrategias ideológicas
con el objetivo de simbolizar la cohesión de grupo a través de prácticas conservadoras. En otras
palabras, se busca el mantenimiento de la doxa como el conjunto de disposiciones y estructuras
dadas por sentado (Bourdieu, 1994, p. 129) en prácticas que remiten al pasado.
En les Casetes, por otra parte, se entierra a los componentes de un grupo social que utiliza
ideológicamente el espacio funerario en un momento de cambio social (Ibérico Antiguo) y donde
era conveniente que las diferencias entre grupos fueran remarcadas. Los objetos particulares y
las estructuras funerarias sin paralelos en el entorno se combinan con un ritual particular y osten-
toso porque, en conjunto, son una garantía de la diferencia. Grupos con cierto poder pretenden
difundir una ideología de la diferencia en un momento en que era necesario hacerlo y en un espa-
cio social que, sin duda, era capaz de hacer esas distinciones. Así, se instauran prácticas distintivas
para instituirse, constituirse y reforzarse, que supusieron el inicio de un proceso de competición y

Jaime Vives-Ferrándiz Sánchez


VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

exhibición social creciente. Afirmando de manera conspicua su posición a través de la ostentación


y el gasto o la acumulación, se crean signos de estatus reconocidos por la formación social y a
través de los cuales uno se da a conocer y se hace ver ante los demás (Bourdieu, 1980, p. 226).
Los elementos de continuidad con el pasado son importantes en todas estas estrategias
porque otorgan la idea de tradición, naturalizan los actos y los mensajes y disimulan los cambios
sociales a los que estos grupos se quieren seguir vinculando. Esta hibridación de elementos nue-
vos y tradicionales indica una ambigüedad del ritual propia de un trabajo ideológico de naturaliza-
ción. Ahora bien, al formar parte de la propia estructura colonial la ideología que transmiten es,
paradójicamente, una ideología híbrida porque ellos mismos eran ya grupos culturalmente híbri-
dos. Este fenómeno supone un ejemplo de la potencialidad subversiva de la hibridación que se
expresa en términos de ambivalencia y ambigüedad en la negociación de las identidades sociales
en el contexto colonial (Vives-Ferrándiz, 2005, pp. 219-226).

Apuntes finales, perspectivas abiertas

Este trabajo ha pretendido mostrar que un encuentro colonial puede ser examinado desde
puntos de vista que superen las perspectivas aculturacionistas, con frecuencia dualistas e, inclu-
so, la oposición neta entre dominación y resistencia de los grupos implicados. Además, otorgar
etiquetas étnicas fijas a los objetos contribuye a situar el debate en un callejón sin salida, de modo
que es más conveniente estudiar prácticas y distinguir los usos que tuvieron los objetos y los ob-
jetivos asociados (imitaciones, resistencias, adhesiones) en la construcción de las identidades y la
dinámica de las relaciones de poder.
1196 En este caso, se han examinado las dinámicas del encuentro colonial entre indígenas y fe-
nicios en el sudeste peninsular a través del estudio de los ámbitos funerarios. Si los enterramien-
tos de les Moreres muestran la apropiación unilateral de los grupos indígenas, y una estrategia
ideológica conservadora, el caso de les Casetes es diferente y extremadamente interesante para
estudiar la dinámica histórica. En este caso, la identificación de nuevas formas culturales no son
sólo el resultado de imitaciones sino una transformación cultural que entiendo en términos de
hibridación con prácticas asocidadas. Las fronteras coloniales binarias, en este caso, pierden su
sentido porque son estereotipos que reducen la diversidad social que debía haber dos siglos de-
spués de la llegada fenicia a la zona. Así, debemos partir de otro esquema social para distinguir,
por ejemplo, patrones de cooperación y competencia en ámbitos económicos; o matrimonios y
alianzas mixtas, en ámbitos domésticos; o estrategias ideológicas de la élite en ámbitos funera-
rios. En estos conextos todos los grupos negociaron sus identidades y sus posiciones sociales de
diversas maneras.
Con estas lecturas se supera el concepto de aculturación en tanto que transformación uni-
lateral de culturas indígenas; es más bien un proceso complejo en el que el consumo de cultura
material de tipo fenicio no implica adoptar un pack de comportamiento fenicio. Se toma lo ne-
cesario seleccionándolo de entre aquello disponible, porque contribuye a reforzar la expresión
identitaria propia; es decir, que las importaciones hay que verlas en el proceso de cambio local.
Pero incluso podemos ir más allá en las interpretaciones: los nuevos objetos fueron mucho más
que etiquetas étnicas fijas ya que se crearon nuevos objetos con nuevos significados y un excelen-
te ejemplo arqueológico lo ofrece, a partir del siglo VI a.C., la llamada cultura ibérica. No obstante,
eso es otra historia.

Arqueologia Funerária
Expresiones ideológicas y prácticas funerarias en el sureste de la Península Ibérica

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Jaime Vives-Ferrándiz Sánchez


Phoenician cinerary urns from the Tophet of Sulcis:
typological, chronological and functional aspects
*

Ilaria Montis
Scuola di Specializzazione in Archeologia
Dipartimento di Scienze Archeologiche. Università di Pisa

Abstract

The paper shows the conclusions of the typological study undertaken on the urns found in 1995
e 1998 during the excavations in the eastern area of the Tofet of S.Antioco. The urns, for the most part
can be classified as “cooking pot” with globular body, while their lids are plates and carinated bowls
widely diffused in all phoenician world. The dating that I suggest, from the last quarter of 7th to the
end of 6th century B.C., show that eastern area of the Tofet, although occupied subsequently with
respect to the Tophet’s foundation, nevertheless was used from the archaic period.

Riassunto

L’articolo presenta i risultati dello studio tipologico intrapreso sulle urne cinerarie rinvenute nel
1995 e nel 1998 durante gli scavi del settore orientale del Tofet di S.Antioco. Queste urne, per la maggior
parte possono essere classificate come “cooking pots” (pentole da cucina), a corpo globulare, mentre
i rispettivi coperchi sono piatti e coppe carenate, ampiamente diffuse in tutto il mondo fenicio. La
datazione proposta, dall’ultimo quarto del VII secolo fino alla fine del VI secolo a.C. mostra che l’area
orientale del Tofet, anche se occupata dalle deposizioni successivamente rispetto alla fondazione del
Tofet, era comunque utilizzata già in epoca arcaica.

* Trabalho originalmente apresentado como poster


Phoenician cinerary urns from the Tophet of Sulcis: typological, chronological and functional aspects

Introduction

The cinerary urns presented here were found in the eastern area of the Tophet1, during the
excavations of the Soprintendenza Archeologica di Cagliari e Oristano coordinated by Dott. Paolo
Bernardini in 1995 and 1998 at S.Antioco, ancient Sulcis.
The purpose of the typological study, undertaken on 151 urns and 68 lids in total, is to
show not only formal aspects of the pottery, but also chronological and functional aspects, thus
contributing to the general understanding of Tophet’s archaeological context.

Morphological, productive, and functional aspects

With rare exceptions, the shape of the urns is what is usually defined as “globular pot” or
simply “cooking pot”, wheelmade2 or handmade into different types and with different fabrics.
The production, both wheelmade and handmade, is not standardized and is characterized by a
lack of care as in the shaping and finishing, as well as in the firing process, as evidenced in the
great number of faulty urns, with imperfections on the body and other flaws3.
In regards to use, these pots, although they are similar in all their features to those used in
cooking found in coeval phoenician settlements4, don’t show marks which can be attributed to
domestic usage, so that they seem to have been used only in the secondary function of cinerary
urns.
Thus, as a whole, the urns can be described as simple and worthless containers, which
recall domestic and familiar spheres of the children buried in them. In this light, it cannot be
excluded that the use of pots like cinerary urns might yet have a specific symbolic meaning still 1199
to be researched.
The lids of the urns are mostly plates5 and carinated bowls6, belonging to types which
are common in the Western Mediterranean areas colonized by the Phoenicians7. The specimens
analysed are all wheelmade, the production is quite standardized and the decoration motifs are
constantly repeated - concentric circles painted in red and black in the inside of the carinated
bowls, and the inner cavity and rim painted in red in the plates. We can distinguish different types
of fabrics, which are all quite fine and with few and very small inclusions.

1 See Tab.1, 1.
2 Tab.1, 5-6; Tab.2, 1-3.
3 See for example Tab.1, 5: the urn SATH/U92 presents an evident imperfection on the body, made before
firing process;
4 See for example Bartoloni 1990, pp. 42-43 (Cronicario S.Antioco); Finocchi 2002 (Monte Sirai), pp.63-69,
fig. 4, 21; Marras et al. 1987 (Cuccureddus), p.242, fig. 10; Vegas 1999, pp.189-191 (Chartage), fig. 96.
5 Tab.2, 4.
6 Tab.2, 6.
7 Since the diffusion of these types is wide, we remember only the most important sites. For the carinated
bowl, types 1.1 and 1.2 see: Bernardini 2000, p. 43, fig. 9,5 (Cronicario S.Antioco); Finocchi 2002, pp. 58-59, fig.1, Nr.
4. (Monte Sirai); Ruiz Mata 1985, p.251, fig. 5, 6-10 (Castillo de Doña Blanca); Vegas 1999, p.145, fig. 36 (Chartage);
Lancel 1982, p.291, fig. 420; p. 304, fig. 460; p. 330, fig. 529, 10-11. (Chartage). For the carinated bowls, type 1.3 see:
Bernardini 2000, fig. 9, 1, 3, 6-7; fig. 14, 6-7 (Cronicario S.Antioco); Ruiz Mata 1985, fig. 2, 7-8, fig. 5, 5-6 (Castillo de
Doña Blanca). For the type 1.4 see: Lancel 1982, fig 518, 1; Vegas 1999, pp.143-144, figg. 34-35 (Chartage). For the
plates with the inner cavity and the rim painted in red (types 2.5a, 2.5b and 3.5a) see: Bartoloni 1996, pp. 73-75
(Bithia); Bartoloni 2000, pp. 97-98 (Monte Sirai); Vegas 1999, pp.136-137, fig. 25, 4-11 (Chartage).

Ilaria Montis
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fabrics

Fabrics have been distinguished on the basis of visual analysis, with regard to the
characteristics of colour, granulometry and hardness, observed in section at a fresh break
and recorded in a specific database. The most important characteristics of each fabric are the
following:

Fabric A – It is the most used in the handmade production of urns. Colour: 7.5 YR 6/4 light
brown, sometimes with dark coring. Inclusions: abundant, size from about 0,5 mm to 3
mm. Hardness: hard.
Fabric B – All the urns, most of which are handmade, are poorly preserved and it isn’t
possible to analyse their shape. Colour: 5 YR 5/6 yellowish red. Inclusions: abundant, size
from about 0,5 mm to 1 mm. Hardness: soft.
Fabric C – It is the most common fabric, used especially for the wheelmade production of
urns. Colour: 2.5 YR red, sometimes with dark coring. Inclusions: abundant, size from about
0,5 mm to 3 mm. Hardness: very hard.
Fabric D – It is used both for handmade and wheelmade urns. Colour: 7.5 YR 6/4 light brown.
Inclusions: abundant, size from about 0,5 mm to 2 mm. Hardness: hard.

Typology of urns

AM.PG.2 (fig.1, a) – Fabric A, handmade, globular body, with one handle and false spout.
1200 AM.PG.3 (fig.1, b) – Fabric A, handmade, globular body, with one handle, false spout and
two small conical protuberances.
AM.PG.5 (fig.1, c) – Fabric A, handmade, globular body, with two handles and two little
conical protuberances.
CT.PG.1 (fig.1, d) – Fabric C, wheelmade, globular body, with one handle.
CT.PG.2 (fig.1, e) – Fabric C, wheelmade, globular body, with one handle and false spout.
CT.PG.4 (fig.1, f) – Fabric C, wheelmade, globular body, with two handles.
CT.PC.4 (fig.1, g) – Fabric C, wheelmade, carinated body, with two handles.
CT.PO.6 (fig.1, h)– Fabric C, wheelmade, ovaloid body, without handles, with two conical
protuberances.
DM.PG.1 (fig.1, i) – Fabric D, handmade, globular body, with one handle.
DT.PG.4 (fig.1, l) - Fabric D, wheelmade, globular body, with two handles.

Typology of lids

Type 1.1 – Carinated wall, inverted rim.


Type 1.2 – Carinated wall, vertical rim.
Type 1.3 – Carinated wall, everted rim, with distinct lip.
Type 1.4 – Carinated wall, everted rim.
Type 2.5a – Inclined and continuous sides, straight rim.
Type 2.5b – Inclined sides, thickened rim.
Type 3.5a – convex sides, straight rim.
Type 3.6 – convex sides, everted rim.
Type 4.8 – almost horizontal sides, everted rim.
Type 5.9 – concave sides, everted and expanded rim.

Arqueologia Funerária
Phoenician cinerary urns from the Tophet of Sulcis: typological, chronological and functional aspects

1201

Fig. 1. Typology of urns:


a, type AM.PG.2; b, type AM.PG.3; c, type AM.PG.5; d, type CT.PG.1; e, type CT.PG.2;
f, type CT.PG.4; g, CT.PC.4; h, type CT.PO.6; i, type DM.PG.1; l, type DT.PG.4

Ilaria Montis
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

Fig. 2. Typology of lids


1202

Conclusions

The typological analysis of the urns and their lids, and the comparisons with specimens
from Sardinian and Western Mediterranean Phoenician contexts, suggest a dating from the last
quarter of the 7th to the end of the 6th century B.C. In fact, there are neither pottery shapes
characteristic of the 5th century (perhaps with the exception of the individual fragment of plate
classified as type 4.8), nor the typical shapes of the early phases of the Tophet, which were found
in the first excavations in the 50’ and 60’, and also in 1998 in the western area of the sanctuary,
not far from the monumental stone building8.
Although the chronological placement of these objects seems clear, it is more difficult
to recognize a typological development of the urns which can have some relationship with
chronology. The reason is that they have very common shapes, related to daily use and therefore
rather conservative from a morphological point of view.
The study shows that the eastern area of the Tophet, although occupied subsequently with
respect to the Tophet’s foundation, dating to the middle of the 8th century B.C., nevertheless
was used from the archaic period, probably from the middle of the 7th century B.C.
The absence of findings corresponding to the 5th and 4th centuries can be explained with
reference to the history of the site excavations. In fact, most of the stelae which were found and
removed during the earlier excavations, come from the eastern area and show that this area was
highly frequented, and was perhaps preferred for the placing of the stelae, probably because the
ground is rather flat.

8 For these urns see for example Bartoloni 1985, pp.167-192 and Bartoloni 1988, pp.165-179.

Arqueologia Funerária
Phoenician cinerary urns from the Tophet of Sulcis: typological, chronological and functional aspects

1203

Table. 1.
1 - S.Antioco. Aerial view of the Tophet, at the forefront the eastern area; 2 - The urn SATH/U203 with its content
of bones and ashes, during the excavation; 3 - The urn SATH/U232 during the excavation, sometimes urns were
covered by one or more big stones; 4 – The urns SATH/81, SATH/82 and SATH/198 during the excavation;
5 - The urn SATH/U92; 6 - The urn SATH/U111 (CT.PG.4) with its lid (2.5a)

Ilaria Montis
VI CONGRESO INTERNACIONAL DE ESTUDOS FENÍCIO PÚNICOS

1204

Table. 2.
1 - The urn SATH/U118 (CT.PG.1) with its lid (1.3); 2 - The urn SATH/U204 (AM.PG.3);
3 - The urn SATH/U95 (CT.PC.4) with its lid (2.5a); 4 – The lid of urn SATH/U230 (2.5b);
5 – The lid of urn SATH/U256 (5.9); 6 - The lid of urn SATH/U193 (1.1)

Arqueologia Funerária
Phoenician cinerary urns from the Tophet of Sulcis: typological, chronological and functional aspects

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Ilaria Montis
CENTRO DE ARQUEOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA (UNIARQ)

Grupo de trabalho sobre interacções dinâmicas durante a Idade


do Ferro e o período romano do Centro e Sul de Portugal

«Os estudos sobre a orientalização do actual território português conheceram,


nos últimos 15 anos, um forte desenvolvimento, com novas descobertas
e com a publicação dos dados que delas decorreram, bem como de outros que
permaneciam inéditos. A informação fluiu de forma mais ou menos constante,
ainda que, em determinadas áreas, ela tenha sido mais substancial do que em
outras.

Estes novos dados merecem ser integrados num contexto mais vasto, e ser
relacionados com os já conhecidos para o território ocidental e ainda com
os que foram reconhecidos no que corresponde à actual Espanha. Por outro
lado, os modelos que os explicam precisam de ser repensados, tendo em
consideração não apenas os actuais conhecimentos materiais, mas também,
naturalmente, os desenvolvimentos que a arqueologia teórica tem vindo
a conhecer, no quadro epistemológico das ciências sociais.

Torna-se assim importante não só apresentar uma síntese actualizada


dos diversos estudos parcelares, assente na realidade artefactual e nos
contextos topográficos e paisagísticos, mas também discutir os processos
que se desenvolveram à escala regional e trans-regional e que deram origem
a importantes transformações a nível social e político.».

Ana Margarida Arruda

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