Benjamin Cowan - Securing Sex
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Introdução
Com a derrota política e militar das guerrilhas, a figura do inimigo interno, um dos
pilares da ideologia de segurança nacional, se tornou mais difusa, transformando-se,
literalmente, em qualquer pessoa. O inimigo interno se “materializava” no desvio
moral e sexual, sobretudo quando relacionados com a juventude ou a esfera pública.
(p. 2)
Conceito de tecnocracia moral: abrange as teorias de segurança, as reações contra a
modernidade e as preocupações com a dissolução moral da sociedade e a subversão
comunista; alinha-se com o setor da linha-dura. (p. 3)
O autor considera que a Guerra Fria deve ser entendida em termos culturais, em
certa medida como uma reação contra os “adereços” da modernidade – liberalização
dos costumes, a chamada revolução sexual etc. (p. 8-9)
Conceito de pânico moral: reação, das autoridades ou da imprensa, contra o
crescente desvio no comportamento social; desenvolvimentos nas tecnologias de
comunicação para acionar essa reação; ansiedade focada na juventude, considerada
o principal fator de mudança moral; relação entre essa ansiedade e noções de
degeneração sexual e risco corporal (bodily peril). (p. 10)
O que os tecnocratas morais fizeram foi atualizar, tecnocratizar e patologizar
debates que anteriormente eram conduzidos na linguagem do pecado. A tecnocracia
moral integrou um quase de autoridades científicas e culturais, que criaram
conceitos e noções extremamente influentes sobre sexo e subversão. Eles ganharam
amplitude nacional – no público e no sigiloso – sobre modernidade, comunismo,
cultura e segurança. Ao tomar esse espaço do debate dentro do Estado, contribuíram
com o autoritarismo e a repressão. (p. 13) Isso é importante na medida em que
percebemos como essas concepções informaram práticas políticas e repressivas
dentro e fora do Estado.
Cap. 4: Drugs, Anarchism, and Eroticism. Moral Technocracy and the Military
Regime
A Escola Superior de Guerra foi o espaço onde a coalização civil-militar definiu
as bases de fundações do golpe de 64 e gerou recomendações políticas para os futuros
governantes. O autor argumenta que o senso geral de crise moral levou teóricos da
segurança e autoridades reconhecidas nacionalmente a defender que defesa da
segurança nacional passava por uma revitalização do moralismo tradicional sobre o
gênero e a sexualidade, tornando esta questão central para o regime. (p. 113)
Recuperando teóricos do séc. XX e início do XX sobre saúde pública, corpos,
civilização, os intelectuais da ESG substituíram a subversão comunista – anos 1960 –
pela degeneração e decadência que o eugenistas temeram. (p. 114)
Para o autor, houve quatro eixos de principal preocupação dentro da ESG, na sua
produção a respeito da crise moral, da guerra revolucionária/psicológica do comunismo:
1- A “questão da juventude”
2- A “desagregação da família”
3- Os “meios de comunicação social”
4- A “libertação da mulher”