Unidade 6
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Revisão Textual:
Profa Vera Lidia de Sa Cicaroni.
A Educação No Século XX: Ditadura Militar, Nova
República e os Desafios Contemporâneos da
Educação e da Pedagogia nos Dias Atuais
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições; II -
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à
tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do
ensino público; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão
democrática do ensino público; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da
experiência extraescolar; XI - a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
Nesse contexto é muito importante a atuação de alguns educadores e intelectuais no
cenário da Educação brasileira.
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Darcy Ribeiro, além se ser o relator da LDBEN 99394/96, destaca-se principalmente
por trabalhos desenvolvidos nas áreas de educação, sociologia e antropologia.
Guiomar Namo de Mello, relatora do Parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais para
o Ensino Médio, participou também da elaboração das Diretrizes Curriculares da Educação
Profissional e das Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação de Professores da
Educação Básica em Nível Superior.
Marilena Chauí é reconhecida não só pela produção acadêmica, mas também pela
participação efetiva no contexto do pensamento e da política brasileira. Seu livro, um Convite
à Filosofia, tornou-se uma introdução surpreendente ao filosofar e é referência praticamente
obrigatória para o Ensino Médio.
Magda Soares coloca como seu principal foco de atenção a questão do letramento e
aponta a diferença entre alfabetizar e letrar. Segundo sua visão, é de grande importância
alfabetizar em um contexto em que a leitura e a escrita tenham sentido para o aluno.
A educação nos dias atuais deve voltar sua atenção para os avanços tecnológicos e exercer a
liberdade de experimentar novas metodologias, novos pensamentos educacionais, novas
possibilidades.
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A Educação No Século XX: Ditadura Militar, Nova República e os Desafios
Contemporâneos da Educação e da Pedagogia nos Dias Atuais
Por volta de 1980, os nossos intelectuais exilados por causa do Regime Militar
começaram a retornar ao Brasil, uma vez que o regime autoritário entrava em declínio.
O primeiro Presidente do Brasil eleito através do voto direto, após a ditadura militar, foi
Tancredo Neves, porém, em virtude de sua morte, quem assumiu a liderança do país foi o seu
vice José Sarney.
Em virtude desse fato histórico, os movimentos sociais e os partidos extintos por causa
do Regime Militar voltaram a fazer parte do cenário político brasileiro.
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Dentro da educação, tornou-se importante o curso de Magistério, já que o Brasil
apresentava um quadro de fracasso escolar, e, assim sendo, era imprescindível concentrar
esforços na formação de professores. Foram, então, criados os CEFAMS (Centros Específicos
de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério).
Em 1988, surgiu outro evento histórico muito importante para os novos rumos do país:
a promulgação da nova Constituição brasileira, Carta Magna do Estado, que contém normas
sobre a formação dos poderes públicos, sobre os
direitos e deveres dos cidadãos, etc. A Constituição brasileira foi aprovada no dia 27 de julho
de 1988 e promulgada no dia 05 de outubro de 1988. Seu principal objetivo era democratizar
a sociedade brasileira e consolidar a ruptura com a Ditadura Militar.
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por Anísio Teixeira. Criou também a Biblioteca Pública Estadual, a Casa França-Brasil, a Casa
Laura Alvim e o Sambódromo, onde colocou 200 salas de aula para fazê-lo funcionar,
também, como uma enorme escola primária. Os centros (CIEP) prestavam assistência em
tempo integral às crianças, proporcionando, inclusive, atividades recreativas e culturais para
além do ensino formal, concretizando os projetos idealizados por Anísio. Pode-se dizer que,
muito antes de os políticos de direita incorporarem o discurso referente à importância da
Educação para o desenvolvimento brasileiro, Darcy e Leonel Brizola já divulgavam estas
ideias.
Em 1990, foi eleito senador da República, função que exerceu defendendo vários
projetos, entre eles uma lei dos transplantes que tornou possível usar órgãos dos mortos para
salvar os vivos. Publicou, pelo Senado Federal, a Revista Carta, na qual os principais
problemas do Brasil e do mundo são analisados e discutidos.
Diante de tudo o que realizou, ainda tinha uma mágoa profunda: dizia que havia
somado mais fracassos em sua vida do que vitórias. Tinha a frustração de não ter conseguido
alfabetizar todas as crianças brasileiras e de não ter, em sua luta, conseguido salvar os índios.
Sua morte, após um lento processo de luta contra um câncer, foi anunciada em 1992 e
comoveu todo o Brasil em torno de sua figura.
Maurício falava de sua formação, que se deu de forma bastante interessante,com muito
humor.Dizia que ela se concretizara em um bar, na Rua Ribeiro de Lima, frequentado por
trabalhadores de várias origens que ali estabeleciam relações sociais e políticas.
Filiou-se ao PBC (Partido Barsileiro Comunista), mas foi expulso com base em um
artigo que proibia ao militante contato direto ou indireto com trotskistas ou com a obra de
Leon Trótsky, autor por ele lido e relido. O trotskismo é uma doutrina marxista baseada no
pensamento político e revolucionário do ucraniano Leon Tróstky.
Maurício atribuía seu interesse político à sua origem; dizia que sua condição de judeu
dentro da sociedade levou-o ao interesse precoce pela política; interesse esseque o remeteu à
leitura de obras de autores como Plínio Salgado, Tasso da Silveira e outros.
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Passou a frequentar cursos aos finais de semana, fornecidos pelo PSB (Partido
Socialista Brasileiro), ganhando seu primeiro livro de nível universitário, a História Econômica
e Social da Idade Média, de Henri Pirenne.
Nesse período de sua vida, frequentava a Biblioteca Municipal Mário de Andrade, onde
lhe foi possível ler o que lhe interessava e discutir assuntos diversos com um grupo de
intelectuais que também frequentavam a biblioteca, entre eles, Antônio Cândido, que o
convenceu a prestar vestibular na USP.
No meio acadêmico, Tragtenberg ficou conhecido como autodidata, o que era apenas
parcialmente verdadeiro, embora ele próprio costumasse alardear, provocativamente, o seu
"primário incompleto". Ficou conhecido como autodidata, pelo simples fato de não ter uma
formação acadêmica, mas elaborou, em 150 dias, uma monografia que foi aprovada pelo
Prof. João da Cruz Costa, permitindo, assim, que ele prestasse o vestibular e ingressasse na
Universidade de São Paulo (USP).
Por seu espírito rebelde e senso de humor frequentemente sarcástico, mas, sobretudo,
por sua profunda generosidade intelectual, deixou publicados, pelo menos,oito livros e
inúmeros artigos em jornais e revistas de grande circulação no país, abrangendo diversos
assuntos como educação, política, sociologia, história e administração.
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Moacir Gadotti, além de amigo pessoal de Paulo Freire, foi
também Chefe de Gabinete, quando Freire assumiu a Secretaria da Educação, na Prefeitura
comandada por Luiza Erundina.Dessa amizade nasceu uma nova esperança para a educação
brasileira, pois eram dois educadores totalmente comprometidos com a educação,
principalmente com a educação de jovens e adultos. Ambos manifestavam a esperança de
que é possível acabar com a opressão, com a miséria e com a ignorância, transformando o
mundo em um lugar mais justo para se viver.
Gadotti aposta na educação como parte integrante da formação daqueles que precisam
ser libertos da opressão: os oprimidos e os que com eles lutam. Não se pode acreditar em um
discurso que fale dos oprimidos, sem mostrar que há um mundo possível e mais justo.
O professor deve caminhar lado a lado com a transformação da sociedade; ele não é
um ente abstrato, ausente, mas, sim, uma presença atuante, participante e dirigente, que
organiza, concretiza a ideologia da classe que representa esperança.
Pela educação, é possível mudar o mundo, a começar pela sala de aula, pois grandes
transformações não sedão apenas como resultantes dos grandes gestos, mas também a partir
de iniciativas cotidianas, simples e persistentes.
Portanto, não há excludência entre o projeto pessoal e o coletivo: ambos se completam
dialeticamente.
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Deixou o Banco e foi lecionar Filosofia em escolas públicas. Ainda no ano de 1966,
passou a trabalhar em um órgão da Secretaria da Educação de São Paulo. Em 1967 foi
professor do Curso de Pedagogia da PUC/SP e ajudou a criar os Cursos de Mestrado e
Doutorado em Filosofia da Educação nessa Instituição.
Trabalhou durante dez anos em escolas públicas estaduais; iniciou sua carreira como
professora de ensino superior na PUC-SP, onde, de 1969 a 1985, respondeu pelas cadeiras
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de Psicologia Escolar e Psicologia Social, ministrando aulas de Psicologia Social, para cursos
de pós-graduação, e de Metodologia de Pesquisa e Teorias da Educação Escolar, para o curso
de graduação em Educação.
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Nessa posição vem exercendo a Direção Editorial da revista Nova Escola e de outras
publicações especializadas entre as quais se destaca a Ofício de Professor.
Hoje atua como diretora da EBRAP – Escola Brasileira de Professores. A EBRAP é uma
empresa dedicada a estudos, iniciativas e projetos na área de educação inicial e continuada de
professores da educação básica.
Marilena iniciou seus estudos no Grupo Escolar de Pindorama, interior paulista, onde
realizou o curso primário. Ela deu sequência à sua formação secundária no Colégio Nossa
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Senhora do Calvário, na cidade de Catanduva, concluindo-a no Colégio Estadual Presidente
Roosevelt, na capital. É graduada em Filosofia, Especialista em Licenciatura, Mestre e Doutora
em Filosofia.
Em sua obra é possível encontrar temas como ideologia, cultura, universidade pública,
entre outros.
Marilena Chauí é, sob vários aspectos, uma das personalidades mais admiráveis do
país, pois a formação de nossos Departamentos de Filosofia deriva da linha de atuação da
pensadora.
Sua ativa participação nas discussões sobre os rumos da Educação brasileira atesta a
continuidade do seu engajamento, que vai além dos muros da USP, onde leciona há mais de
40 anos.
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Na sua visão, o Estado deve encarar a Educação como um investimento social e
político e não sob o prisma de gasto público.
O aluno precisa saber fazer uso das atividades de leitura e escrita e envolver-se com
elas. Magda defende que, para a adaptação adequada ao ato de ler e escrever, “é preciso
compreender, inserir-se, avaliar, apreciar a escrita e a leitura”.
Para compreender o que é letramento, basta ler o seguinte poema de Magda Soares:
O que é letramento?
Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo
quebrando blocos de gramática.
Letramento é diversão,
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.
São notícias sobre o presidente,
O tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo.
É uma receita de biscoito,
uma lista de compras, recados colados na geladeira,
um bilhete de amor,
telegramas de parabéns e cartas
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de velhos amigos.
é viajar para países desconhecidos,
sem deixar sua cama,
e rir e chorar
com personagens, heróis e grandes amigos.
E um atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
e orientações em bulas de remédios,
para que você não fique perdido.
Letramento é, sobretudo,
um mapa do coração do homem,
um mapa de quem você é,
e de tudo que você pode ser.
Voltando o olhar para os dias atuais, assistimos, com a chegada dos avanços
tecnológicos, ao surgimento de uma nova sociedade, que exige uma educação voltada para a
tecnologia. Dessa forma a mídia e a Internet, entre outras ferramentas, tornam-se agentes não
só de informação, mas também de educação. Um dos aspectos mais importantes nesse
quadro é o papel do educador, que, por exigência de sua posição no cenário educacional,
deve estar constantemente atualizado. Tanto nas escolas públicas, quanto nas particulares, os
alunos não apresentam mais os comportamentos de submissão relatados nas unidades
estudadas; pelo contrário, além de trazerem consigo uma bagagem histórica e cultural, trazem
também a informação. Por isso, o educador deve incorporar ao seu trabalho as ferramentas
que propagam as informações e usá-las de acordo com a sua concepção de educação.
A luta por uma escola democrática conseguiu resultados positivos, mesmo que muita
coisa ainda esteja apenas no papel, pois a sociedade brasileira precisa ainda aprender a fazer
uso pleno da democracia.
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Vivemos uma época em que a educação, além de ser considerada universal e um
direito de todos, também deve ser continuada, reflexiva e crítica. Percebemos, então, que os
nossos educadores não lutaram em vão, pois conquistamos o direito e o dever de um trabalho
docente crítico, reflexivo e criativo. Dessa forma faz-se necessária a formação do pedagogo
reflexivo, sempre aberto e disposto a lutar pela concretização dos ideais pelos quais lutaram e
ainda lutam os educadores brasileiros interessados em uma educação libertadora capaz de
transformar e humanizar a sociedade brasileira, já tão sofrida.
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Para complementar seus estudos, segue abaixo a indicação de dois artigos, dois
documentários e uma referência bibliográfica. Não se esqueça de que é muito importante a
leitura das obras originais.
Artigos
Documentários
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ARANHA, M.L. A história da educação e da pedagogia: Geral e Brasil.3ª ed. São Paulo:
Moderna, 2006.
XAVIER, M. E.S.P. História da educação: A escola no Brasil. São Paulo, FDT, 1994.
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