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Graduanda do Curso de Bacharelado em Serviço Social no Centro Universitário Doutor Leão
Sampaio. polly.mach@hotmail.com
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Graduada em Serviço Social pelo Centro Universitário Doutor Leão Sampaio.
kakabarbosa186@gmail.com
de princípios pautados na liberdade e autonomia a educação corroborará para a
emancipação humana.
Palavras-chave: Educação. Emancipação Humana. Emancipação Política.
Neoliberalismo.
ABSTRACT: It is clear that neoliberalism is based on an ideology, based on a
determined hegemonic societal project, which contemplates the reduction of the
state, imposing serious obstacles to the effective implementation of public policies
and, consequently, the social rights of the population. In the light of this analysis, this
article has as its general objective to analyze the neoliberal refutations for the
effectiveness of education policy as a promoter of human emancipation. In order to
do so, a qualitative bibliographic study was carried out to organize the article in three
sections: the first section presents a contextualization of education in Brazil, reporting
its fundamental milestones from its inception to the 1988 Constitution; The second
section verifies the impacts of neoliberalism and, of course, the state retraction to
education policy; The third section presents possibilities and limits for education as a
tool that promotes the emancipation of rights subjects. Therefore, this study
contributes to the (re) construction of an ideology that is based on an education
focused on democracy, citizenship and full freedom of individuals, and it is verified
that, based on principles based on freedom and autonomy, education will corroborate
the Human emancipation.
Keywords: Education. Human Emancipation. Political Emancipation. Neoliberalism.
INTRODUÇÃO
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De acordo com Ribeiro (1998, p. 28) a “vinda dos padres jesuítas, em 1549, não só marca o início
da história da educação no Brasil, mas inaugura a primeira fase, a mais longa dessa história, e,
certamente a mais importante pelo vulto da obra realizada e sobretudo pelas conseqüências que dela
resultaram para nossa cultura e civilização.”
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Piana (2009, p.60) esclarece que se inauguraram, nesse período “diversas instituições educativas e
culturais e surgiram os primeiros cursos superiores de Direito, Medicina, Engenharia, mas não
universidades.”
Assim, em decorrência da Independência brasileira em 1822 começaram a emergir
novos ideais, posto que a Assembleia Constituinte problematizava sobre a
importância da educação popular. Durante o período que vai de 1889 a 1930
surgiram algumas escolas superiores, bem como a construção de algumas escolas
primárias e secundárias. Porém, nesse momento, o Estado buscava somente
garantir a manutenção dos estabelecimentos, contribuindo ainda mais para o
fortalecimento do sistema excludente e seletivo (PIANA, 2009).
Nesse cenário de distanciamento estatal dos processos voltados à
educação, abre-se espaço para que iniciativas particulares assumissem a
responsabilidade do ensino secundário. É após a Primeira Guerra Mundial que o
sistema de educação começa a ser modificado.
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O Brasil assumiu, nesse período, uma política de industrialização. Esta, por sua vez, tornou notória
uma reestruturação no interior da sociedade política e da sociedade civil, pois emergiram e acirraram-
se os interesses de classes sociais antagônicas: a burguesia financeira e industrial e o operariado.
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Verifica-se que apenas durante a década de 1930 a educação é analisada e reconhecida enquanto
um direito público regulamentado pelo Estado.
propunha-se a coordenar e orientar as reformas no âmbito educacional7. Além do
mais, a discussão acerca da formulação de um Plano Nacional de Educação,
mesmo que iniciada em 1931 pelo, até então recém-criado, Conselho Nacional de
Educação (CURY, 2009), só teve sua ideia fortalecida através do movimento dos
Pioneiros da Educação Nova.
Surgiram, nesse contexto, algumas mudanças no âmbito educacional. Em
1932, o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova apresentava uma proposta
pedagógica que, segundo Piana (2009), colocava em pauta a reconstrução do
sistema de educação brasileiro, objetivando-se uma política educacional do Estado.
Ainda para a autora, há a introdução do ensino profissionalizante, com a
Constituição de 1937, e tornou-se obrigatória a criação de escolas para os filhos de
trabalhadores operários nas indústrias e sindicatos.
Sob essa ótica, a medida mais relevante assumida pela esfera estatal em
relação ao âmbito educacional foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
de 1961 ou Lei 4.024, que enfatizava o compromisso do poder público na garantia
do direito à educação para todos. Tal lei preconizava que poderia ser ministrado
tanto pelo setor público quanto privado o ensino brasileiro de nível primário, cabendo
ao Estado subvencionar, através de bolsas de estudo ou empréstimos, os
estabelecimentos nos quais o ensino é particular. A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional constitui-se, assim, como um compromisso fundamental do
Estado em relação à política de educação.
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Tais reformas deveriam ser incluídas na Constituição de 1934 e, tendo como titular Francisco
Campos, receberam o nome de Reforma Francisco Campos. Aranha (1996, p. 201) elucida que “Os
decretos de Francisco Campos imprimem uma nova orientação, voltada para maior autonomia
didática e administrativa, interesse pela pesquisa, difusão da cultura, visando ainda ao beneficio da
comunidade”.
Nessa mesma década, precisamente em 1962, foi sancionada no governo
de João Goulart, o Plano Nacional de Educação, onde houve um aumento de
investimentos nessa área. Por conseguinte, no início do período ditatorial brasileiro,
em 1964, há uma ampliação do sistema de ensino, incluindo-se o ensino superior.
De acordo com Pinto (1986), Castelo Branco, primeiro ditador, promoveu
facilidades para a iniciativa privada intensificar a sua participação/contribuição no
sistema educacional. Assim, os estudantes universitários estavam insatisfeitos e,
diante dessa realidade, realizaram a crise estudantil em 1968, resultando em uma
Reforma Universitária, que levou a uma ampliação do ensino superior privado e ao
surgimento de novas universidades.
Sob essa análise, mesmo que a educação seja reconhecida como direito de
todos e dever do Estado, sabe-se que a mesma sofre implicações devido à ofensiva
neoliberal excludente e reprodutora de uma ideologia hegemônica que prega a
discriminação, o enxugamento do Estado e afirmação da primazia do mercado
regulador.
A política neoliberal9 brasileira trouxe uma série de problemáticas que
agravou as expressões da questão social, dentre elas: o aumento do desemprego,
subemprego, flexibilização do processo produtivo, do mercado de trabalho e do
consumo, corrosão dos direitos da classe trabalhadora, submissão estatal aos
interesses do capital, bem como o ideário de uma educação como “caderneta de
poupança”, isto é, como mecanismo de emancipação política10.
Nesse sentido, a educação é encarada como um sistema pelo qual os
sujeitos individualmente, e não coletivamente, podem ter autonomia financeira. No
entanto, neste sistema não é possível refletir, mas sim contribuir para a acumulação
do capital por via do trabalho do trabalhador. Logo, evidencia-se
contemporaneamente uma polaridade: de um lado há uma concentração de renda
na mão de poucos, enquanto que, de outro, há uma grande massa populacional que
não consegue sequer acessar aos mínimos necessários a sua sobrevivência.
Como uma política social, a educação é uma área estratégica estatal, onde
há uma tensão de lutas de classes e embates de poder. A educação nos moldes de
um modelo que não visa à emancipação humana dos sujeitos constitui uma
expressão da questão social11.
Os impactos da política neoliberal12 no contexto educacional, além do mais,
mostrou que este último é insuficiente no que diz respeito à quantidade de vagas
destinadas ao atendimento aos/às discentes. Constitui-se, assim, um grande desafio
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De acordo com Yazbek (1999, p. 9), “Com a crescente subordinação das Políticas Sociais à lógica
das reformas estruturais para a estabilização da economia, mesmo que não se avance para a
privatização total da área social, constata-se uma redução das responsabilidades do Estado no
campo das políticas sociais. A redução de recursos tem significado uma deterioração dos Serviços
Sociais públicos, compreendendo a cobertura universalizada, bem como a qualidade e a equidade
dos serviços.”
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Esta é baseada em uma liberdade e igualdade jurídica e/ou formal, contudo são limitadas na ordem
do capital, posto que não há uma igualdade econômica, racial ou de gênero. Assim, a exploração e
as desigualdades sociais e de classe são necessárias para a não superação do sistema capitalista.
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Esta, “Não é senão a expressão do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e
seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte
do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o
proletariado e a burguesia, a ual passa a exigir outros tipos de intervenção, mais além da caridade e
repressão.” (Iamamoto, 1982, p. 77).
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“Atualmente, inclusive nos países mais pobres, não faltam escolas, faltam escolas melhores; não
faltam professores, faltam professores mais qualificados, não faltam recursos para financiar
aspolíticas educacionais, ao contrário, falta uma melhor distribuição dos recursos existentes.”
(GENTILI, 1996).
a melhoria na qualidade do ensino, já que se verificam altos índices de evasão
escolar, desinteresse pelo aprendizado, entre outros fatores. De acordo com
Marrach (1996), elucidam-se três objetivos para a educação no cenário neoliberal:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CÂMARA, Fernanda Moreira. Fundo Público e “Sistema S”: uma análise reflexiva da
arrecadação e prestação de contas. Disponível em: http://bdm.unb.br. Brasília/DF,
2015.
MÉSZÁROS, István. Para além do capital. Trad. Sérgio Lessa; Paulo César
Castanheira. Campinas: Boitempo Editorial, 2002.
NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no
Brasil pós- 64. 8° ed. São Paulo: Cortez, 2005.
PINTO, Rosa Maria Ferreira. Política Educacional e Serviço Social. São Paulo:
Cortez, 1986.