I João 2.18-23

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TESTES DE VIDA

Estudos em 1 João
LIÇÃO 11 – OS ANTICRISTOS
1 JOÃO 2. 18-23

Nesta lição abordaremos a advertência que o apóstolo João faz aos crentes da Ásia
quanto ao caráter escatológico do momento presente, “a última hora”, caracterizada pela
invasão dos falsos mestres, que na verdade eram anticristos. Desta forma, João introduz
pela primeira vez o teste doutrinário.

INTRODUÇÃO
Seitas e heresias são um fenômeno que acompanha a Igreja Cristã desde o seu início.
Não é de admirar, pois o erro religioso procede do diabo, que procura através dele
afastar os crentes da verdade (1Tm 4.1-2). Encontramos no texto básico do nosso
estudo o primeiro ataque direto de João contra os falsos mestres que perturbavam a
paz das igrejas na Ásia Menor. O propósito de João é denunciá-los e expor seus erros,
para evitar que os crentes das igrejas da Ásia Menor fossem enganados pelos mesmos.
Vejamos os pontos principais do ensino do apóstolo.

A ÚLTIMA HORA
João inicia seu argumento chamando afetuosamente a atenção dos seus leitores para o
fato de que aquela era a última hora (1Jo 2.18). Esta é a maneira dele se referir ao
tempo entre as duas vindas de Cristo, ou seja, a encarnação, morte e ressurreição, e
depois a parousia ou segunda vinda, em glória. Este intervalo de tempo é chamado no
Novo Testamento de “últimos dias” (At 2.16-17; 2Tm 3.1), “os fins dos séculos”
(1Co 10.11), “últimos tempos” (1Tm 4.1; Jd 18). Não se refere a um tempo ou época
ainda futuro, mas ao tempo presente, em que o mundo está debaixo do pecado e da lei.
De acordo com o Novo Testamento, a última hora deste mundo perdido já soou com a
ressurreição de Cristo e terminará com seu regresso em glória. Este período presente é
chamado de “último” porque depois dele não haverá mais dias, séculos, horas ou
tempos para este mundo decaído e condenado. Ele será encerrado com a vinda do
Senhor em glória, a ressurreição dos mortos e o juízo final. O que se seguirá é o “novo
céu e a nova terra onde habita a justiça” (2Pe 3.13).

O ANTICRISTO
Uma das características da última hora deste mundo é o surgimento e crescimento do
erro religioso, da mentira com cara de piedade. Os crentes da Ásia sabiam disto,
conforme João os lembra: ... ouvistes que vem o anticristo (2.18). “Anticristo”
significa em grego aquele que se opõe ou toma o lugar de Cristo. O primeiro a
mencionar esta figura escatológica sombria, que viria nos fins dos tempos, foi o
profeta Daniel. Segundo boa parte dos intérpretes conservadores, o “pequeno chifre”
do animal espantoso (Dn 7.8,11,20-26) e o “príncipe que há de vir” (Dn 9.26), cuja
característica principal é a guerra contra o povo de Deus e o desejo de ocupar o lugar
de Deus, são referências do profeta ao anticristo que haverá ainda de se levantar sobre
a terra. O Senhor Jesus expandiu nossa compreensão deste assunto no Sermão
Escatológico: antes do anticristo surgirão anticristos, falsos mestres apresentando-se
em nome de Cristo, fazendo sinais e prodígios e enganando a muitos (Mt 24.5,11,24).
O apóstolo Paulo nos dá informações mais detalhadas acerca do anticristo em 2
Tessalonicenses 2.7-10: ele virá no poder de Satanás, fazendo sinais e prodígios e
disseminando o erro, sendo finalmente destruído pelo Senhor. Em Apocalipse temos
uma descrição simbólica desta figura sinistra, ver Apocalipse 13.1-10. Os crentes da
Ásia já tinham tomado conhecimento da vinda do anticristo mediante a pregação dos
apóstolos.

OS ANTICRISTOS
O que João lhe ensina agora é que o anticristo já se faz presente no mundo através dos
falsos mestres. Ele aparecerá no final da última hora, mas já agora, ele está agindo
mediante a atividade dos falsos mestres. O surgimento dos mestres gnósticos nas
igrejas da Ásia, portanto, confirmava isto: também, agora, muitos anticristos têm
surgido, pelo que conhecemos que é a última hora (2.18b). A atividade dos muitos
falsos profetas ou anticristos já naquela época servia para conscientizar os crentes que
estavam vivendo o último tempo deste mundo, marcado pela apostasia, pelo erro, pela
mentira religiosa. Portanto, eles deviam vigiar e orar. A hora era urgente! Os falsos
mestres eram uma tentativa do diabo para perverter a Igreja.

Na época de João, os anticristos eram mestres gnósticos que haviam pertencido às


comunidades cristãs: Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos;
porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco (2.19; ver At
20.29-31). Quem sabe eram pastores e mestres cristãos, que acabaram sucumbindo à
atração oferecida pelo gnosticismo; e após terem apostatado da fé, saíram das igrejas
cristãs e passaram a tentar convencer os demais cristãos, infiltrando e fomentando
suas idéias. João, entretanto, já não os considera como cristãos, e vê a saída deles
como providencial: todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum
deles é dos nossos (2.19b). Sair da Igreja para se opor à mensagem do Evangelho é
sempre um indicador de que a pessoa realmente nunca pertenceu a Cristo, mesmo que
tenha sido cristão professo.

Desde a época de João até hoje surgiram falsos mestres na Igreja Cristã, no espírito do
anticristo. Muito embora tenham diferido quanto aos erros que disseminaram,
variando de época para época, podemos ainda reconhecer estes mestres da mentira
religiosa pelas características acima, e mais outras mencionadas nos outros escritos da
Bíblia. Os reformadores em geral entenderam que o papado da Igreja Católica era a
manifestação do próprio anticristo, e isto ficou refletido na Confissão de Fé de
Westminster, adotada por igrejas reformadas ao redor do mundo.

A UNÇÃO DO CRENTE
Apesar dos esforços dos falsos mestres (anticristos), João assegura seus leitores que os
verdadeiros crentes não serão iludidos por suas mentiras: vós possuís unção que vem
do Santo e todos tendes conhecimento (2.20). “Unção”, no Antigo Testamento, era
o resultado do derramar de óleo ou azeite sobre determinadas coisas para separá-las
para Deus (ver Ex 40.9,15). A unção a que João se refere é o Espírito Santo, pois: (1)
Jesus Cristo foi ungido pelo Espírito Santo por ocasião de Seu batismo no Jordão (At
10.38); (2) Ele é o Ungido (Dn 9.26), o “Santo” (cf At 4.27,30) que ungiu os crentes
com este mesmo Espírito quando se converteram ao Evangelho da verdade (Ef 1.13),
desta forma separando-os e consagrando-os para Deus; (3) Esta unção ou selo, que é a
presença do Espírito nos crentes, é a defesa contra o erro religioso propagado pelos
anticristos, pois o Espírito ilumina, guia e sela o cristão na verdade (Jo 15.26; 16.13),
dando-lhes o verdadeiro conhecimento de Deus. Os mestres gnósticos insistiam na
necessidade de uma “unção” ou iniciação na gnose (conhecimento) para a salvação;
João porém assevera aos cristãos que eles já possuíam a unção verdadeira que vem do
Santo, e isto lhes basta.

O apóstolo João está convencido de que seus leitores estão firmes na verdade: Não
vos escrevi porque não saibais a verdade; antes, porque a sabeis (2.21). A verdade
a que João se refere é o Evangelho de Cristo, conforme pregado pelos apóstolos e
registrado nas Escrituras. O caráter do Evangelho é de total coerência e veracidade. A
mentira, ou seja, os erros religiosos que surgiram no mundo, procederam, não do puro
Evangelho, mas de distorções dele: mentira alguma jamais procede da verdade
(2.21). Na verdade, a mentira procede do diabo (Jo 8.44).

A MENTIRA DOS ANTICRISTOS


Até aqui João havia se limitado a denunciar que os mestres gnósticos eram apóstatas,
falsos mestres, anticristos e mentirosos. Agora, ele expõe o principal erro deles:
Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? (2.22a). Houve
depois da época de João uma linha do gnosticismo, chamada docetismo (vide Estudo
3) que se caracterizava por separar o homem Jesus do Cristo divino. Mas já na época
de João, os anticristos estavam difundindo a idéia estranha de que o Cristo divino
tinha descido sobre o Jesus humano por ocasião do seu batismo ministrado por João
Batista, e que havia permanecido com o Jesus humano durante todo o seu ministério,
capacitando-o a realizar obras prodigiosas. Na cruz, antes de Jesus morrer, o Cristo
divino o abandonou, ocasionando o grito “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparastes?”. O resultado final deste ensino era a separação entre Jesus e o Cristo,
a negação de que Jesus e o Cristo eram uma e a mesma pessoa, e a negação da
encarnação do Cristo. João considera este ensino como mentira e uma negação de |
Deus; considera seus defensores como sendo o próprio anticristo: Este é o anticristo,
o que nega o Pai e o Filho (2.22b).

O TESTE DOUTRINÁRIO
Agora João está pronto para aplicar o teste doutrinário pelo qual os crentes poderiam
reconhecer o verdadeiro caráter daqueles mestres que haviam saído das igrejas cristãs
e estavam formando uma nova religião: Todo aquele que nega o Filho, esse não tem
o Pai; aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai (2.22b-23). Negar ao Filho
seria negar a encarnação de Cristo e portanto a divindade de Jesus. Quem faz isto, não
tem comunhão com o Pai, que O enviou ao mundo para ser o Salvador, antes, é falso
profeta. Por outro lado, quem reconhece e confessa que Jesus era o Filho de Deus
encarnado, este tem comunhão com Deus. Notemos que João não considera a doutrina
dos gnósticos como sendo uma maneira complementar válida de entender a Cristo,
mas como mentira religiosa pura e simples! Portanto, se alguém pertence a uma seita
ou religião que nega a divindade de Jesus, ele não é cristão. Entre estas seitas, as mais
conhecidas são os Mórmons e as Testemunhas de Jeová.

CONCLUSÃO
1. Lembremo-nos sempre que estamos vivendo na última etapa deste mundo mau
e corrompido. Em breve o Senhor virá instalar definitivamente o mundo
vindouro, o Reino de Deus, em sua plenitude. Que isto nos encha de alegria e
esperança!
2. Por outro lado, estejamos alerta, pois o reino das trevas, sabendo que esta é a
última hora, está em atividade efervescente, espalhando o erro e a mentira
dentro das igrejas e no mundo. Esta é a hora dos anticristos! Fiquemos atentos!
3. Não precisamos ter medo de sermos radicais em termos doutrinários. Mentira
é mentira e verdade é verdade. Muito embora existam maneiras diferentes de
entendermos determinados pontos revelados na Bíblia, toda interpretação que
contradiga os fundamentos da fé deve ser rejeitada.
4. O crente verdadeiro poderá vacilar e ficar com dúvidas em alguns momentos e
por algum tempo, mas jamais se deixará levar pelo erro religioso, a ponto de
abandonar a Igreja de Cristo e abraçar o erro. Os que apostataram da fé e
foram para o erro religioso na verdade nunca foram crentes de verdade.

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