Salmo 4
Salmo 4
Salmo 4
Você já passou por uma profunda angústia? Já teve um filho revoltado contra a sua
autoridade? Já teve inimigos fortes contra si mesmo, e não sabia o que fazer?
O salmista Davi ainda está escrevendo este outro salmo tendo como fundo sua fuga
do palácio, sendo perseguido pelo seu filho Absalão, liderando uma multidão que
conspirava contra ele para destroná-lo, levando-o à morte.
Mas Davi tem 7 Conselhos, 7 Imperativos para dar a seus inimigos. Neste salmo, ele
está (1) Falando para Deus; (2) Falando para homens; (3) Falando dos homens e (4)
Falando de si mesmo.
Davi fala para Deus e suplica: “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça”
(v. 1).
Sabemos que muitas vezes somos atribulados, com privações, e sofrimentos, e com
muitas angústias que são partes de nossa vida. Mas muitas vezes não nos lembramos
de ler a Bíblia e rever como Deus livrava aos homens do passado, com a mesma
prontidão com que há de nos atender a nós também. Disse o Senhor Jesus Cristo que
não vivemos em um mar de rosas ao se expressar desse modo: “No mundo, passais
por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16:33). Ele nos advertiu
que haveremos de passar por situações aflitivas, para que não desanimássemos
quando elas chegassem. Assim como Ele socorreu a Davi, no passado, hoje Ele
também pode nos ajudar a sairmos aliviados de nossas angústias, porque Ele já
passou por isso pessoalmente.
2 – Davi se dirige ao Senhor como “Deus da minha justiça”. Esta é uma expressão
singular, e é a única vez que aparece em toda a Bíblia. Os cristãos tem se dirigido a
Deus como “Deus Salvador”, “Deus de amor”, “Deus do Céu”, “Deus excelso”; mas é
admirável Davi se dirigir a Deus como “Deus da minha justiça”.
Lutero ansiava muito compreender a mensagem de Paulo aos Romanos, mas havia
um problema. Ele o descreve assim: “Nada me impedia o caminho, senão a
expressão: 'justiça de Deus', porque a entendia como se referindo àquela justiça pela
qual Deus é justo e age com justiça quando pune os injustos ... Noite e dia eu
refletia até que ... captei a verdade de que a justiça de Deus é aquela justiça pela
qual, mediante a graça e a pura misericórdia, Ele nos justifica pela fé. Daí por
diante, senti-me renascer e atravessar os portais abertos do Paraíso. Toda a Escritura
ganhou novo significado e, ao passo que antes 'a justiça de Deus' me enchia de ódio,
agora se me tornava indizivelmente bela e me enchia de maior amor. Esta passagem
[Rm 1:17] veio a ser para mim uma porta para o Céu." (Obras de Lutero, vol. 54, p.
179ss.).
3 – Davi pede misericórdia: “tem misericórdia de mim!” é a sua oração que ele
deseja ver ouvida. Davi pede misericórdia ao Deus da justiça. Não parece
contraditório? Mas é porque ele confia na justiça de Deus que ele pede a
misericórdia. Se queremos salvação, pedimos primeiro a misericórdia, porque
tememos a justiça. Mas se já fomos salvos, confiamos na justiça, para que se
manifeste a misericórdia para conosco na aplicação da justiça sobre os que estão nos
acusando injustamente. Este era o problema do salmista.
4 – Por que Davi pedia misericórdia? Porque necessitava de justiça. Ele havia sido
julgado temerária e implacavelmente por falsos amigos, que falavam mal dele,
expondo a sua reputação ao ridículo. De acordo com o salmo 2, os seus patrícios
traidores zombavam dele, dizendo que ele não tinha mais salvação, que ele estava
completamente perdido (Sl 2:2). Portanto, nada melhor do que clamar por
misericórdia ao Deus da justiça.
1 – Davi faz uma pergunta retórica aos homens, como se estivessem diante dele: “Ó
homens, até quando tornareis a minha glória em vexame, e amareis a vaidade, e
buscareis a mentira?” Aqui ele apresenta o seu problema real, aqui está o conteúdo
de sua angústia. Ele estava sendo humilhado, afrontado, afligido por muitos que
zombavam de sua primitiva glória. Eram os seus inimigos que se baseavam na vaidade
e na mentira.
Muitos há que não se importam com a reputação dos outros e falam mal deles, sem
conhecer os fatos, propalando mentiras. A mentira sobre o caráter e procedimento
dos outros é um veneno cruel que só pode produzir mais angústia sobre as suas
pobres vítimas, muitas vezes indefesas. Mas é um veneno danoso também para os
próprios autores da acusação.
A lembrança freqüente disto dá-me noites de insônia, como se fosse ontem que tal
fato aconteceu. É certo que algumas vezes minha consciência esteve adormecida,
mas agora ela me atormenta como nunca dantes. Este fardo está mais pesado agora
sobre o meu coração; sua lembrança não morre. Tenho que fazer uma confissão."
2 – Davi sugere 7 imperativos que os seus inimigos deviam praticar (V. 3-5). Esses
homens difamaram a reputação do salmista; apegaram-se a vãs maquinações e
prosperaram à custa de falsidades. Agora, são aconselhados pelo salmista, a fim de
que possam ter mais êxito, sem prejudicar os outros. Ainda podiam repensar e se
arrepender, deixando a revolta de Absalão. Mas também há lições para nós. Assim
devemos agir, quando somos tentados a nos rebelar contra um servo de Deus:
Assim era o salmista, e por isso ele podia dizer que Deus o ouvia quando clamava por
Ele. Que eles considerem de novo que aquele que ama a Deus e a quem o Senhor
escolhe é guardado por Ele (v. 3a) e será ouvido por Ele em qualquer emergência (v.
3b). Pode ser que aquele a quem estamos perseguindo seja mui amado de Deus e,
portanto, protegido. O que diríamos nós diante do Soberano de toda a Terra, ao nos
achar perseguindo um de Seus servos? Como ficaria uma ursa roubada de seus filhos?
De fato, perseguir ou causar dano a um ungido de Deus era algo a se temer. Isso
aconteceu com o próprio Davi. Ele estava escondido numa caverna com os seus
homens, e se achegou ao rei Saul, e Davi furtivamente, lhe cortou a orla do manto,
mas logo sentiu o seu coração bater descompassado. E disse: “O Senhor me guarde
de que... eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor” “... pois quem
haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor e fique inocente?” (1Sm 24:5-6;
26:9). Mas o que diríamos de pessoas em nosso tempo que estão difamando e
perseguindo pastores? Não seria de se temer e tremer?
(3) Não pequeis. Salomão disse que “não há homem que não peque” (2Cr 6:36), mas
Davi relaciona isso ao temor, como um antídoto para não pecar. Quando o povo de
Israel presenciou aos trovões e relâmpagos do Sinai, quando a Lei dos Dez
Mandamentos foi dada, disseram atemorizados a Moisés que ele lhes falasse, e não
Deus, porque estavam tremendo diante do Seu poder e majestade, com medo da
morte. Foi aí que Moisés replicou, dizendo: “Deus veio para vos provar e para que o
Seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis.” (Êx 20:20). “Filhinhos
meus”, disse o apóstolo João “estas coisas vos escrevo para que não pequeis!” (1Jo
2:1). Se alguém quer saber o que fazer para não pecar, aqui está o antídoto para o
pecado: o temor de Deus vai nos livrar de pecar.
(7) Confiai. Davi tinha muita esperança de que aqueles homens que estavam
seguindo a rebelião haveriam de se arrepender, abandonar os seus maus caminhos e
voltar-se para Deus. Ele ainda lhes dá a maior chance, a sua maior oportunidade:
“Confiai no Senhor”. A confiança em Deus traz a maior vitória. Norteia a nossa vida.
Desfaz todos os enganos e traições. Mostra o caminho da sabedoria que temos a
palmilhar. A confiança em Deus nos traz a salvação por toda a eternidade. Ele nunca
nos decepciona.
Agora, Davi deixa de falar aos homens para falar dos homens. Ele diz: “Há muitos
que dizem: Quem nos dará a conhecer o bem? Senhor, levanta sobre nós a luz do teu
rosto.” Observando a condição dos súditos do rei, que estavam sendo enganados pelo
seu próprio filho, ele retrata as dúvidas do povo nas palavras: “Quem nos dará a
conhecer o bem?”
As pessoas estavam confusas. O rei estava muito ocupado com os seus negócios e
suas guerras, e o filho se aproveitava da situação fazendo promessas alvissareiras de
reinar com justiça. E agora, uma revolta se insurgiu contra Davi da parte do povo de
Israel, liderados por Absalão, que estava à caça do rei, para lhe usurpar a vida e o
trono. A guerra estava em andamento, e ninguém sabia qual seria o desfecho final de
tudo isso. Muitos diziam que Davi estava perdido, porque pecara gravemente à luz do
dia. Possivelmente Deus havia Se apartado dele, assim como fizera com Saul.
Portanto, muitos estavam dizendo: “Quem nos dará a conhecer o bem?” Quem nos
poderá dizer qual será o fim de nosso reino? Em quem podemos confiar? Como
ficaremos nós, se Davi for morto nesta batalha? O que será do povo de Deus, se cair o
pastor de Israel?” E estes mesmos clamavam: “Senhor, levanta sobre nós a luz do Teu
rosto!” O Senhor era a única esperança de luz e orientação para eles.
A resposta está em Jesus que disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida!” (Jo
14:6). Breve o Seu povo verá o Senhor Jesus Cristo vindo em glória e majestade, pela
manifestação do Seu reino. Todos os problemas deste agitado planeta estarão
resolvidos. Não mais haverá guerras com todas as suas coisas terríveis. Não mais
haverá morte, pranto ou dor, porque Ele dará a vida eterna a todos os que confiam
em Seu poderoso nome, que pode salvar a todos os que Se chegam a Ele.
1 – Davi tinha alegria. “Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles,
quando lhes há fartura de cereal e de vinho.” (V. 7). A alegria é um fruto do Espírito
Santo, dado a todos os que se entregam ao Senhor e seguem os Seus caminhos.
Embora os ímpios também tenham alegria em muitas coisas, na abundância de cereal
e vinho, em sua festas, não deixa de ser uma alegria fugaz e passageira. Alegria
espiritual, a alegria do cristão, não é de se comparar com a alegria mundana, porque
é imortal. “Alegria eterna coroará a sua cabeça.” (Is 35:10). Isto é muito mais
alegria, por tempo incontável.
2 – Davi tinha paz. “Em paz me deito e logo pego no sono.” Em meio às agruras da
fuga, ele podia ter paz. Podia dormir tranquilamente, embora soubesse que o inimigo
estava bem próximo. Quando ele disse: “Confiai no Senhor” (v. 5), ele sabia o que
estava dizendo, porque confiava em Deus por experiência própria. Podia dormir e
descansar sem sofrer de insônia. Assim como Cristo dormiu numa tempestade, Davi
também podia dormir tranquilo, mesmo perseguido por inimigos, porque tinha paz.
3 – Davi tinha segurança. Davi podia dizer em meio à maior tempestade de sua vida:
“Senhor, só Tu me fazes repousar seguro!” Segurança é indispensável. Não podemos
ter alegria sem segurança. Não podemos ter paz sem segurança. Não podemos ser
felizes sem segurança. Mas os que confiam em Deus estão seguros em Seus braços
poderosos. Podemos dormir e repousar seguros, certos de que o Senhor nos guardará
protegidos.
CONCLUSÃO