Adolescência

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Adolescência

Definiçã o: o que é adolescência

Adolescência é uma etapa intermediá ria do desenvolvimento humano, entre a infâ ncia e a
fase adulta. Este período é marcado por diversas transformaçõ es corporais, hormonais e até mesmo
comportamentais. Nã o se pode definir com exatidã o o início e fim da adolescência (ela varia de
pessoa para pessoa), porém, na maioria dos indivíduos, ela ocorre entre os 10 e 20 anos de idade
(período definido pela OMS – Organizaçã o Mundial da Saú de).

Adolescência e puberdade

Muitas pessoas confundem adolescência com puberdade. A puberdade é a fase inicial da


adolescência, caracterizada pelas transformaçõ es físicas e bioló gicas no corpo dos meninos e
meninas. É durante a puberdade (entre 10 e 13 anos entre as meninas e 12 e 14 entre os meninos)
que ocorre o desenvolvimento dos ó rgã os sexuais. Estes ficam preparados para a reproduçã o.
Durante a puberdade, os meninos passam pelas seguintes mudanças corporais e bioló gicas:
aparecimento de pêlos pubianos, crescimento do pênis e testículos, engrossamento da voz,
crescimento corporal, surgimento do pomo-de-adã o e primeira ejaculaçã o.
Entre as meninas, as mudanças mais importantes sã o: começo da menstruaçã o (a primeira
é chamada de menarca), desenvolvimento das glâ ndulas mamá rias, aparecimento de pêlos na
regiã o pubiana e axilas e crescimento da regiã o da bacia.

Hormônios e comportamento

Durante a adolescência ocorrem significativas mudanças hormonais no corpo. Além de


favorecer o aparecimento de acnes, estes hormô nios acabam influenciando diretamente no
comportamento dos adolescentes. Nesta fase, os adolescentes podem variar muito e rapidamente
em relaçã o ao humor e comportamento. Agressividade, tristeza, felicidade, agitaçã o, preguiça sã o
comuns entre muitos adolescentes neste período.
Por se tratar de uma fase difícil para os adolescentes, é importante que haja compreensã o
por parte de pais, professores e outros adultos. O acompanhamento e o diá logo neste período sã o
fundamentais. Em casos de mudanças severas (comportamentais ou bioló gicas) é importante o
acompanhamento de um médico ou psicó logo.

Socialização

Uma marca comum da maioria dos adolescentes é a necessidade de fazer parte de um


grupo. As amizades sã o importantes e dã o aos adolescentes a sensaçã o de fazer parte de um grupo
de interesses comuns.
Gravidez na adolescência

No Brasil atual, a gravidez precoce tem se transformado num grande problema de saú de
pú blica. Com poucas informaçõ es e uma vida sexual ativa cada vez mais precoce, muitas
adolescentes estã o engravidando numa época da vida em que se encontram despreparadas para
assumir as responsabilidades de mã e. Ao se tornarem mã es, estas adolescentes acabam deixando
de lado uma importante fase de desenvolvimento (algumas até mesmo abandonam os estudos).
Mais preocupante sã o aquelas que buscam o aborto, tirando a vida de um ser e colocando em risco
suas pró prias vidas.

Adolescência, uma fase difícil?

Muitas pessoas veem a adolescência como a fase mais difícil da vida. Pais, estudiosos,
lideres e até mesmo os pró prios adolescentes acham que esse período é a fase da vida em que as
crises e confusõ es, questionamentos, duvidas, curiosidades surgem.
De fato, adolescência é um período da vida de turbulências, mas que passa. É uma
passagem curta, difícil, mas também cheia de aventuras e tempos inesquecíveis. Sã o mais ou menos
sete anos para viver os dias mais intensos da vida. Essa é a fase mais importante da vida, pois é
nesse período que tomamos decisõ es que influenciam o resto da nossa vida. E nesse tempo é que
acontece “quase tudo”.
Acontecem as mudanças do corpo e se perde o corpo infantil. Essas mudanças acabam
despertando naturalmente o interesse pelo conhecimento do corpo. E também o interesse pelo sexo
oposto. Além disso, algumas famílias começam a viver um período mais difícil, na qual antes os pais
eram tudo, agora os amigos e outras pessoas se tornam as pessoas mais importantes. Muitos
adolescentes se distanciam dos pais e começam achar que já se sabem de tudo, que os pais estã o
querendo se intrometer na vida deles, e que as decisõ es agora sã o deles.
Durante esta etapa da vida é comum ocorrer, um apego exagerado aos os amigos e pessoas
que servem como modelos de identificaçã o. Outra característica típica dessa fase é a inconstância e
intensidade. Atitudes como comer demais ou dormir demais sã o muito comuns. Tudo é intenso. Os
altos e baixos na vida deles sã o muito comuns, tanto quanto o apego e o desinteresse pelas as coisas
e as pessoas.
Entã o o que fazer? Como reagir a algumas atitudes? Será nã o devo corrigi-los pelo que
estã o passando? O que preciso para poder ajudá -los?
É importante dizer antes de responder essas perguntas e outras que surgem que muitas
atitudes que os adolescentes têm e que geram tantos conflitos sã o na verdade o resultado da forma
na qual foram ensinados por seus pais quando eram crianças, como por exemplo, o limite, o
respeito e obediência. Muitos conflitos que nã o acontecem na infâ ncia devido a má educaçã o dada
pelos pais, aparecem na adolescência. Portanto, os problemas que acontecem na infâ ncia nã o têm
nada a ver com adolescência.
Depois de considerar essas coisas citadas acima. Posso dizer que conviver com o
adolescente, nã o é viver com um monstro, como alguns acham. Mas é saber que durante sete anos
ou mais eles estarã o vivendo com mudanças e que por isso é necessá rio conhecer sobre essas
alteraçõ es, ser atento a tudo que os envolve e conversar sobre todos os assuntos á luz a palavra de
Deus.
Quero concluir dizendo que viver a adolescência nã o é poder fazer as coisas por causa da
fase. Mas é poder ser alguém que apesar de tantas mudanças consegue ser uma pessoa normal. E
que pode se viver bem e passar por essa fase vivendo de uma maneira maravilhosa.

Entenda porque a adolescência é considerada a fase do conflito

A adolescência requer cuidado, atençã o e respeito. Veja como o psicoterapeuta pode


auxiliar o jovem de 12 a 20 anos a se encontrar no mundo de hoje.
“A adolescência é um cruzamento de caminhos entre o íntimo e social; é o lugar das
passagens, dos encontros, das aberturas e dos fechamentos”.
A adolescência pode ser entendida como uma etapa que se estende desde os 12 ou 13 anos
até aproximadamente os 20 anos. Nessa etapa do desenvolvimento, existem constantes
transformaçõ es físicas, sexuais, orgâ nicas, cognitivas e psicoló gicas, por ser uma transiçã o entre a
infâ ncia e a fase de constituiçã o do adulto, pois esse se depara agora, com novas exigências
intelectuais e sociais variadas. 
Além das mudanças físicas na adolescência, existem as mudanças na estrutura, organizaçã o
do pensamento e do autoconceito que podem ser divididas em Adolescência Precoce (11-14 anos)
onde surgem as abstraçõ es, pensamentos que possuem, em uma mesma opiniã o ou em atitudes:
ideias contraditó rias, sem existir consciência disso por parte do jovem; Adolescência Média (15- 17
anos), confusã o diante da existência de características contraditó rias, percepçã o dos diferentes
papéis na sociedade e Adolescência Tardia (18-21 anos) abstraçõ es de ordem superior que
integram pensamentos mais complexos, quando se inicia a capacidade de resoluçã o dos
pensamentos contraditó rios, desenvolvimento de valores, crenças pessoais e convicçõ es morais.
Mas a adolescência nã o é só constituída de mudanças físicas e psicoló gicas, ela também é um
cruzamento de caminhos entre o íntimo e social; é o lugar das passagens, dos encontros, das
aberturas e dos fechamentos.
“Na sociedade ocidental, esse processo de passagem é mais complicado, pois não existe a
passagem direta, nem gradativa das responsabilidades ou direitos de um adulto”.
Nã o existe uma só adolescência, mas sim vá rias, ao longo da vida. O conceito de que ela é
um fenô meno universal é muito duvidoso, pois, em algumas sociedades, a passagem da vida infantil
à adulta se faz gradativamente, onde as crianças recebem tarefas e direitos com o passar dos anos
de forma que quando atingem a maior idade possuem plenamente a condiçã o do adulto, nã o
existindo assim a fase de “crise de identidade”. Já em outras, há um ritual (assim que se iniciam as
modificaçõ es físicas) de passagem, que quando finalizado, o individuo recebe todos os direitos e
deveres de um adulto.
Na sociedade ocidental, esse processo de passagem é mais complicado, pois nã o existe a
passagem direta, nem gradativa das responsabilidades ou direitos de um adulto. Muitas vezes, o
jovem se encontra em um meio termo, onde ainda nã o possui maturidade suficiente para essas tais
novas responsabilidades, como definir carreira profissional, assim como também lhe sã o negados
direitos que deseja, pode e precisa exercer. Mas é importante salientar que nem todos os
adolescentes vivem crises existenciais, muitos passam imunes a qualquer tipo de crise e chegam à
idade adulta. Outro tipo da diversidade do adolescer sã o os fatores sociais, culturais, familiares e
pessoais que atuam no ambiente do adolescente, fazendo com que assumam comportamentos e
ideias bastante diferentes entre eles. 
Tendo em vista o processo da adolescência, o psicó logo atua de acordo com a concepçã o de
saú de, onde nã o é considerada somente a questã o da doença, mas sim toda a esfera do ser humano
na promoçã o da saú de tais como lazer, moradia, educaçã o, assim como as suas relaçõ es sociais e
materiais. O psicó logo é, entã o, o profissional que considera aspectos da saú de mental, objetivando
a qualidade de vida através da identificaçã o de fatores emocionais que sã o benéficos ou negativos
para a saú de psíquica e geral do homem.
Especificamente o psicoterapeuta que atende o adolescente, terá uma atuaçã o voltada para
facilitar o entendimento sobre os adoecimentos ou sofrimentos psíquicos e de como o rumo da sua
vida, ou determinadas situaçõ es podem estar diretamente ligadas a fatores emocionais, que,
quando compreendidos e utilizados a seu favor, podem modificar determinados comportamentos,
realidades, escolhas. Logo, a identificaçã o desses fatores através da autocompreensã o ajuda a
identificar os seus desejos. 
Dessa forma, seja com a psicoterapia breve ou em grupo, o psicó logo, por meio do vínculo
terapêutico com o adolescente, sigilo e parceria com a família através do suporte psicoló gico,
intervém conjuntamente com o jovem nessa etapa de transformaçõ es intensas. Isso ocorre,
principalmente quando o auxilia a identificar sentimentos, dificuldades, dú vidas, aspectos positivos
relacionados à adolescência, assim como diferenças entre os pensamentos, comportamentos e
papéis existentes no seu meio social ou familiar, a fim de encontrar açõ es de enfrentamento que
proporcionem qualidade de vida, auto reflexã o no processo de constituiçã o de sua identidade,
através de seus dilemas, descobertas e observaçõ es.

Adolescentes - Entender a cabeça dessa turma é a chave para obter um bom


aprendizado

Uns parecem estar no mundo da lua. Outros, num ringue de boxe. Para driblar essas
atitudes que prejudicam suas aulas, é preciso conhecer e respeitar as mudanças que ocorrem na
adolescência, ganhar a
confiança da turma e
aproximar o conteú do
escolar do cotidiano da
garotada

Joyce Costa
Batista, 16 anos, Marcos
Amaral,16 anos, Morizi
Salles Martins,16 anos,
Beatriz Maria Minghetti,17 anos, Antonio Carlos de Souza Jr., 17 anos, Fernando Ferreira
Garabedian, 16 anos, Erick Tavares Albunaz, 18 anos, Joice Alves dos Santos, 16 anos
"A culpa é dos hormô nios." Até a bem pouco tempo, a indisciplina e o comportamento
emocionalmente instá vel dos adolescentes eram atribuídos à explosã o hormonal típica da idade.
Pesquisas recentes mostram, no entanto, que essa nã o é a ú nica explicaçã o para a agressividade, a
rebeldia e a falta de interesse pelas aulas, que tanto preocupam pais e professores. Nessa fase, o
cérebro também passa por um processo delicado, antes desconhecido: as conexõ es entre os
neurô nios se desfazem para que surjam novas. Simplificando: o cérebro se "desmonta", reorganiza
as partes e em seguida se "monta" novamente, de forma definitiva para a vida adulta (veja quadro).
Entre 13 e 19 anos, é comum os jovens apresentarem reaçõ es e comportamentos que
independem da vontade deles. Portanto, nem sempre palavras ditas de maneira agressiva ou
arrogante sã o fruto da falta de educaçã o. Para quem convive diariamente com turmas dessa faixa
etá ria - que ora parecem estar no mundo da lua, ora com pane no sistema - e quer conquistá -las, a
saída é agir de forma firme, mas respeitosa. 

Não adianta bater de frente 

A primeira "liçã o" para quem trabalha com adolescentes é nã o tomar para o lado pessoal
qualquer tipo de afronta vinda de um aluno. Responder a uma provocaçã o no mesmo tom só faz
você perder o respeito e a admiraçã o do grupo — o que dificulta o trabalho em classe. Além disso,
ao perceber que tirou o professor do sério, o jovem se sente vitorioso e estimulado a repetir a dose.
"Educar nã o é um jogo em que se determina quem vence ou perde", afirma a psicopedagoga Maria
Helena Barthollo, do Centro de Estudos da Família, Adolescência e Infâ ncia, no Rio de Janeiro. Ela
sugere que a luta com a garotada dê lugar a parcerias. Os acordos incluem regras, direitos e limites
que valem para todos, inclusive você. 
O jovem, a partir dos 12 ou 13 anos, está passando por um período de instabilidade
psicoló gica natural. De acordo com a psicopedagoga Nadia Bossa, professora da Universidade Santo
Amaro, em Sã o Paulo, nesse período ele revive conflitos típicos da infâ ncia. "Aos 2 ou 3 anos,
quando a criança percebe sua fragilidade, grita, teima, testa os adultos. Quando a mã e, por exemplo,
impõ e um limite, ela tem a garantia de que está sendo cuidada", explica. O adolescente faz o mesmo.
"Ele testa os limites dos adultos numa tentativa de estabelecer novos parâ metros de poder sobre
sua realidade." Considerando a informaçã o, fica mais fá cil para você nã o interpretar reaçõ es
intempestivas como uma agressã o pessoal. 
O professor de Histó ria Renato Mota Duarte, da Escola Municipal de Ensino Fundamental e
Médio Derville Allegretti, em Sã o Paulo, já se deu conta de particularidades dessa fase. "Nã o grito
quando os alunos ignoram que eu entrei na sala. Dou bom dia e começo a chamada em voz baixa.
Aos poucos eles se acalmam." Mas quando o professor encontra a turma na maior briga? É hora de
estabelecer a ordem e ouvir os motivos da discussã o. "Nã o adianta fingir que nada aconteceu
porque a cabeça deles está longe da matéria", observa o professor de Ciências e Biologia Jefferson
Marcondes de Carvalho, do Colégio Madre Alix, também em Sã o Paulo. Nessas situaçõ es, ele age
como um intermediá rio, levando os estudantes a entrar em acordo, mantendo sempre o respeito. 

Os alunos precisam ter voz 

Os dois educadores apostam na qualidade do relacionamento com os alunos como um dos


fatores determinantes para a aprendizagem. Carvalho organiza oficinas de malabarismo com a
turma e Duarte incentivou a grafitagem, depois de encontrar a parede do corredor pichada. Dessa
forma, os alunos dele perceberam que tinham liberdade de pedir o que desejavam. "A escola tem
que acolher as sugestõ es dos estudantes, analisá -las e ver se sã o viá veis. Assim, eles se sentem
considerados e respeitados", explica Nadia Bossa. 
Na escola de Duarte, a cada 15 dias os intervalos têm tempo dobrado, porque os estudantes
fazem apresentaçõ es musicais para os colegas. O professor também trabalha a interaçã o e o
respeito entre os jovens, debatendo assuntos que tanto os inquietam, como sexualidade, drogas,
violência e desemprego. Ele costuma atender cada um de seus alunos em particular. "Procuro saber
como eles estã o se sentindo, os problemas pelos quais estã o passando e como é o relacionamento
com a família. Deixo que fiquem à vontade para falar." 
O interesse facilita a aprendizagem
 

Confiança e consideraçã o: o professor Renato Duarte, da Escola Derville Allegretti, atende


em particular cada um dos alunos, que confidenciam a ele angú stias e inseguranças 
Se os adolescentes admiram e respeitam o professor, ele já tem meio caminho andado para
desenvolver os conteú dos curriculares. Para percorrer a outra metade do caminho, é preciso ter
boas táticas. Uma das melhores formas de ensinar os jovens é fazer da sala de aula algo bem
pró ximo do mundo deles. Por isso, Duarte fica por dentro da onda hip-hop e aprende parte da
linguagem e dos interesses da garotada, enquanto Carvalho assiste à MTV — canal aberto com
programaçã o dirigida aos jovens — para saber as novidades. Ambos já sabem que o adolescente só
retém na memó ria o que chama muito a atençã o. E a ciência confirma o que eles concluíram no dia-
a-dia. Atividades feitas com base em um rap que a moçada adora, por exemplo, permitem que as
informaçõ es sejam fixadas na memó ria com mais facilidade. 
"A mú sica estimula o lobo temporal no cérebro e faz com que os circuitos estabelecidos
com o có rtex pré-frontal — regiã o que analisa a informaçã o — sejam mais consistentes", afirma a
neuropediatra Tania Saad, professora do Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitaçã o, no Rio de
Janeiro. O lobo frontal é a regiã o responsá vel pelas emoçõ es e pelas experiências de vida. Como o
cérebro está se reorganizando, o adolescente nã o tem idéia do que é ou nã o importante. Por isso, se
ele nã o vê relevâ ncia de uma informaçã o para sua vida, o novo dado se perde no turbilhã o que é a
sua cabeça. 
Para fazer das aulas algo que instigasse seus alunos da 6ª série, Carvalho recebeu o jogo
Super Trunfo com entusiasmo em sala. Na brincadeira, vence quem tem as cartas com carros mais
potentes ou velozes. Com base no conteú do estudado, a meninada bolou o Super Trunfo Animal. Os
alunos pesquisaram vertebrados e invertebrados e levantaram uma série de características de
diversos bichos. Eles criaram os critérios de pontuaçã o, que variaram conforme a sala. "Numa
turma, os animais em extinçã o venciam porque eram raros. Em outra, eles perdiam porque, se
houvesse uma alteraçã o ambiental, seriam os primeiros a morrer", conta Carvalho. 
Duarte vai pelo mesmo caminho e igualmente relaciona o cotidiano dos alunos aos temas
do currículo. "Pedi para eles observarem onde eram fabricados os tênis ou as canetas que usavam.
Essa foi a forma de introduzir a discussã o sobre a abertura econô mica da década de 1990 e os
índices de desemprego no Brasil", comenta. "Quando o professor aproxima o conteú do escolar dos
interesses dos alunos, a necessidade de resistir fica em segundo plano", analisa Nadia Bossa. 
Quando o problema é outro

O mundo do jovem na escola: a turma de Jefferson de Carvalho, do Colégio Madre Alix,


aprendeu Ciências ao adaptar um popular jogo de cartas. Foto: Manuel Nogueira
Nem sempre, contudo, atitudes inadequadas do aluno sã o totalmente justificadas pela fase
por que passa. Agressividade ou problemas de socializaçã o podem ter causas mais sérias, com as
quais o adolescente nã o sabe lidar. "Vale o professor ficar atento também à vida familiar do
estudante", alerta Tania Saade. "O jovem nã o tem um bom rendimento escolar se os pais o agridem
física ou moralmente." 
Há ainda alunos que chegam à adolescência com problemas auditivos ou visuais nunca
tratados, o que justifica o desinteresse pelas aulas. Outro tipo de caso citado pela neuropediatra é o
dos estudantes que nã o cursaram a Educaçã o Infantil. Nessa etapa da escolarizaçã o, o aluno
aprende a se socializar e a conviver com regras, além de desenvolver a linguagem oral e a
psicomotricidade. "É fundamental o professor estudar o histó rico completo do aluno e estar atento
ao que se passa com ele fora da escola", recomenda Tania. 
Trabalhar dessa maneira — conhecendo bem o aluno, fazendo pontes constantes entre o
mundo jovem e a matéria a ser dada e driblando o comportamento agitado da turma — requer
comprometimento, planejamento apurado e alto grau de paciência. Para nã o perder o equilíbrio, as
especialistas dã o uma sugestã o importante: deixe seus problemas do lado de fora da sala e nã o
absorva aqueles que surgirem lá dentro. Nã o é fá cil, mas dados os primeiros passos, nã o só o
conteú do vai ser bem trabalhado como também a formaçã o humana, que justifica a existência da
escola. 

Cada atitude pede uma solução 

Você evita prejudicar suas aulas quando lida adequadamente com reaçõ es típicas da
adolescência. 

Desinteresse — O jovem está mais preocupado com a roupa que vai usar do que com os
presidentes da época da ditadura. Tente saber o que passa pela cabeça dele e contemple em suas
aulas as dú vidas que traz sobre sexualidade, por exemplo, por meio de dinâ micas, pesquisas ou
debates. Para nã o expor ninguém, procure ter conversas particulares. O estudante precisa sentir
que a escola satisfaz suas expectativas. 
Agressividade — Vandalismo e agressõ es verbais e físicas, por exemplo, podem ser
resposta do jovem ao mundo que o cerca. Cobranças por bom desempenho escolar e por atitudes
maduras geram ansiedade e reaçõ es inadequadas, já que ele nã o se sente apto a atender à s
expectativas. Procure saber como é o relacionamento do aluno com os pais e que idéia faz de si
mesmo e de seu futuro. Se ele encontrar na escola um local para expressar seus pensamentos e
descobrir suas aptidõ es, o nível de ansiedade e a agressividade diminuem. 
Arrogância — O adolescente acha que pode tudo. A ideia de que está sempre certo faz com
que ele desdenhe do que é dito ou imposto. Em vez de responder à altura, uma boa soluçã o é
questioná -lo. Peça que explique o que tem em mente e pergunte porque usou aquele tom de voz.
Para responder, ele vai formular melhor os argumentos. Pode ser que reconheça o erro, mas,
mesmo se ele mantiver o que disse, já terá ao menos aprendido a se expressar de forma educada. 
Rebeldia — Você sugere à turma a apresentaçã o oral de um conteú do estudado.
Responder com um baita "Ah, nã o!" geralmente é a primeira reaçã o. Os motivos podem ser
insegurança ou mesmo uma forma de se auto afirmar frente aos colegas. O problema é quando a
negaçã o vem de forma brusca. O melhor a fazer, nesse caso, é nã o entrar no embate já que o jovem
testa os mais velhos para ver até onde pode ir. Ao falar o que é necessá rio e deixar claro o papel de
cada um, você conquista o respeito deles pelo bom exemplo. 
Resistência — O jovem quer experimentar tudo, viver tudo, saber de tudo. Só que tem
sempre um adulto dizendo o que ele nã o pode fazer. Mesmo que essas sejam orientaçõ es sensatas, é
preciso compreender que sensatez ainda nã o é uma qualidade que eles valorizam. O adulto é quem
impede as coisas que dã o prazer. Por isso a resistência ao que vem do professor ou dos pais (e nisso
se inclui o conteú do escolar). Antes de começar a aula, por que nã o bater um papo rá pido sobre algo
que interessa à moçada? Aberto o espaço, os jovens baixam a guarda e percebem que para tudo tem
hora.
A neurologia explica 

Tudo o que pode parecer estranho no comportamento dos adolescentes tem explicaçã o
neuroló gica. A falta de interesse pelas aulas, por exemplo, é conseqü ência de uma revoluçã o nas
sinapses (conexõ es entre as células cerebrais — os neurô nios). Nessa etapa da vida, uma série de
alteraçõ es ocorre nas estruturas mentais do có rtex pré-frontal — á rea responsá vel pelo
planejamento de longo prazo e pelo controle das emoçõ es —, daí a explicaçã o para açõ es
intempestivas e à s vezes irresponsá veis. 
Por volta dos 12 ou 13 anos, o cérebro entra num processo de reconstruçã o. "É o que eu
chamo de 'poda' das sinapses para que outras novas ocupem o seu lugar", afirma o psiquiatra Jorge
Alberto da Costa e Silva, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que estuda essas
alteraçõ es na Escola Médica de Nova York. Segundo Silva, o cérebro faz uma limpeza de conexõ es
que nã o têm mais utilidade — como as que surgiram para que a criança aprendesse a andar ou a
falar, por exemplo — e abre espaço a novas. 
Grosso modo, funciona assim: quanto mais sã o usadas, mais as conexõ es se desenvolvem e
amadurecem. Imagine que para tocar um instrumento o indivíduo necessite de algumas sinapses.
Quanto mais ele pratica, mais "fortes" ficam as conexõ es. Se nã o sã o usadas, elas ficam lá só
ocupando espaço e sã o descartadas na adolescência. Ao mesmo tempo, o que a pessoa aprende
nesse período fica para a vida inteira. 
Esse intenso processo de monta e desmonta remodela toda a estrutura bá sica cerebral. Por
isso, afeta "desde a ló gica e a linguagem até os impulsos e a intuiçã o", explica a jornalista Barbara
Strauch, editora de medicina do jornal norte-americano The New York Times e autora do livro Como
Entender a Cabeça dos Adolescentes, que apresenta as ú ltimas pesquisas sobre o assunto. 

Giovana Girardi

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