Livro Termodinamica
Livro Termodinamica
Livro Termodinamica
13
Propriedades das
Substâncias Puras
35
Trabalho
e Calor
63
Primeira Lei da Ciclo de potência
Termodinâmica a gás
87 173
121 201
Refrigeração
E Relações de
Entropia
Propriedades
Termodinâmicas
147 225
24 Movimento do sistema compressível simples
153 Exemplo de processo reversível e irreversível
181 Ciclo de um motor alternativo
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro
Esp. Luis Fernando Calciolari Ferrarezi
Conceitos Fundamentais
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 1 15
Como você pode observar na Figura 2, um sistema fechado de fron-
teira móvel pode ser exemplificado por uma bexiga de festa. Para
representar um sistema fechado de fronteira fixa, pode ser uma sim-
ples garrafa d’água, já no caso de ele ser isolado, uma garrafa térmica.
Volume de controle
Ea
Fronteira
Imaginária Sa
Fronteira Real
Sb
Figura 3 - Trocador de calor
Fonte: os autores.
16 Conceitos Fundamentais
Unidades e
Conversões
UNIDADE 1 17
Unidades A dimensão que pode ser expressa em fun-
ção das dimensões primárias será classificada
As unidades são as magnitudes atribuídas às di- como dimensão secundária. Por exemplo,
mensões das grandezas físicas. Como grandezas fí- velocidade (v ) pode ser expressa pela divisão
sicas, você já deve ter familiaridade com, por exem- das dimensões primárias comprimento ( L )
plo, velocidade ( v ), massa ( m ), tempo ( t ), entre e tempo ( t ), sendo assim, uma dimensão se-
tantas outras. Essas grandezas são caracterizadas cundária.
por suas dimensões, podendo ser designadas como Para cada dimensão, a forma como você a
primária/fundamental as sete dimensões básicas, quantificará será uma unidade. Por exemplo,
conforme você pode observar no Quadro 1. segundo, hora, dia e ano são unidades de tempo,
enquanto milímetro, centímetro e metro são
Dimensão Símbolo
unidades de comprimento. Pela possibilidade
Comprimento L
de atribuir a uma mesma grandeza física di-
Massa m ferentes unidades, tornou-se necessário esta-
Tempo t belecer alguns padrões. Os dois conjuntos de
Corrente elétrica i unidades mais utilizados, atualmente, são:
Temperatura T
• Sistema Internacional de Unidades,
também conhecido como S.I. ou siste-
Quantidade de matéria N
ma métrico.
Intensidade luminosa Iv • Sistema Usual dos Estados Unidos,
Quadro 1 - Dimensões primárias / Fonte: os autores. usualmente, chamado sistema inglês.
Observe, no Quadro 2, algumas diferenças entre os sistemas de unidades. A origem para cada uma
dessas unidades é o que as torna tão diferente. A unidade joule, por exemplo, corresponde à energia que
2
acelera uma massa de um quilograma, a uma aceleração de 1 m s por uma distância de 1 metro. Já o
Btu é definido como a energia necessária para, em uma amostra de 1 lbm de água a 68 F, elevar 1 F .
Outra forma de energia, o trabalho (W ), pode ser definido como sendo a força aplicada em um
corpo vezes a distância que este percorre, tendo, também, joule como unidade.
W = F ⋅d
[ J] = [N]⋅ [m]
18 Conceitos Fundamentais
Quando o trabalho é dividido pelo tempo que Conversão
demandou, em outras palavras, a taxa de energia
em relação ao tempo ( J s ) é denominada po- Quando você realiza operações matemáticas, utilizar
tência, expressa na unidade watt [ W ] . Aparelhos apenas os números pode até parecer fazer sentido,
elétricos são caracterizados por sua potência, e mas tratando dos conceitos físicos, não é possível
quando utilizados por um período, é expresso o somar um quilograma com uma libra-massa e dizer
seu consumo em quilowatt-hora [kWh] . Estas que o resultado é dois. Seriam dois o quê?
diferentes dimensões e suas respectivas unidades Para casos assim, você precisa realizar a conver-
são, frequentemente, confundidas, causando um são, podendo converter o valor de quilograma para
uso indevido dos termos e equívocos quando uti- libra-massa antes de realizar a soma, ou vice-versa.
lizadas em cálculos. Até mesmo se os dados forem quilograma e grama,
por mais que sejam unidades mais próximas, ainda
é preciso converter para que tenha sentido físico
a soma.
Outro momento importante em se atentar às
• [kW ] ou [kJ s ] é unidade de potência. unidades e realizar as conversões necessárias, cor-
retamente, é ao utilizar fórmulas. Por exemplo, em
• [kWh] é unidade de energia. F = m ⋅ a as unidades no S.I. são [N] = [kg] m s2
, portanto, caso utilize a massa em toneladas, o valor
encontrado não corresponderá mais a newtons [N]
. Por esses fatores, há uma necessidade de transfor-
mar a unidade, usualmente, medida, para a unidade
Apesar de toda esta diversidade, quando se trata utilizada na fórmula uma vez que as fórmulas, geral-
de mesma grandeza física, é possível encontrar as mente, levam em conta as unidades do S.I.
equivalências entre as diferentes unidades, para Na Tabela 1, você poderá observar alguns exem-
isso, você deve utilizar a conversão. plos de conversões separadas por categorias.
Conversões
É importante denotar que muitas conversões são números irracionais. Ao converter muitas vezes um
dado, estará reduzindo a precisão, portanto, dependendo da precisão necessária em seus cálculos, é
necessário utilizar um maior número de casas decimais no fator de conversão.
UNIDADE 1 19
Fator de conversão
9, 8 N 1 Btu
= 1, =1
1 kgf 1055,1 J
Exemplo:
20 Conceitos Fundamentais
Propriedades e Estado
Termodinâmico
UNIDADE 1 21
Propriedades Talvez, você tenha notado que, geralmente, se
Intensiva Extensiva
utilizam letras minúsculas para propriedades in-
tensivas (sendo temperatura e pressão exceções
Temperatura (T) Massa (m)
óbvias) e letras maiúsculas para propriedades
Pressão (P) Volume (V) extensivas (com a massa sendo uma evidente
Densidade (d) Energia (E) exceção). Uma maneira de melhor visualizar a
Viscosidade ( ρ ) Entropia (S) diferença entre as propriedades é:
Volume específico (v) Entalpia (H) • Partir de um sistema com propriedades
T, P, V e m.
Tabela 2 - Exemplo de propriedades intensivas e extensivas • Realizar uma divisão desse sistema em
Fonte: os autores.
duas partes iguais.
Uma propriedade extensiva dividida pela massa pas- • Avaliar o que acontece com o valor de cada
sa a ser uma propriedade intensiva, ou ainda, também propriedade.
pode ser chamada de propriedade específica. Este é
o caso do volume específico (v = V m), da entropia Este processo está representado na Figura 5.
específica(s), do calor específico (c), entre outras.
Propriedades
T V T T Intensivas
P P
V m V m
P m —— —— Extensivas
2 2 2 2
Figura 5 - Propriedades intensivas e extensivas em um sistema
Fonte: os autores.
Observe que, após a divisão do sistema, as propriedades intensivas (temperatura e pressão) não se
alteraram, não podendo ser somado o valor das partes para retornar ao sistema completo. Entretanto
o valor das propriedades extensivas (volume e massa) caíram pela metade, com a soma das partes
encontrará o valor total do sistema.
Estado
Em um sistema, quando não estiver ocorrendo transformações, será possível calcular ou coletar os
valores das propriedades. Com o conhecimento de valores de algumas propriedades, é possível en-
contrar todas as outras propriedades do sistema, isto é, consegue-se descrever a condição do sistema,
ou seja, seu estado.
22 Conceitos Fundamentais
Para determinado estado, os valores são fixos
para todas as propriedades do sistema, se apenas
o valor de uma propriedade mudar, o sistema terá
passado para outro estado. O subconjunto de pro- A quantidade de propriedades intensivas indepen-
priedades que determina um estado é composto dentes necessárias para determinar o estado de um
por uma quantidade de valores que depende da sistema pode ser determinada pelo número de mo-
complexidade do sistema. dos de interações de trabalho acrescentado de um.
Um sistema no qual os efeitos gravitacionais, Ao ser realizada alteração em, ao menos, uma
magnéticos, elétricos influenciam de forma ir- propriedade de um sistema, ocorrerá a mudança
relevante, podem ser ignorados. Caso o único de estado, isso é, ele passará de um estado 1 para
modo de interação de trabalho seja mecânico, o estado 2. De forma idealizada, é considerado
esse sistema é chamado de sistema compressível que a mudança de estado ocorreu lentamente, de
simples (Figura 6). modo a permitir que o sistema se mantenha em
quase-equilíbrio. Essa mudança entre um estado
Trabalho e outro é chamada de processo.
O caminho percorrido entre o estado 1 e o esta-
do 2 é chamado de percurso do processo. Na Figura
7, você pode observar um processo de expansão,
sendo representado pelo diagrama que correlacio-
na a pressão e o volume do sistema. Inicialmente
definido pelo estado 1 ( P1 e V1 ), ao ser realizado
um trabalho pelo sistema, o processo de expansão
Figura 6 - Sistema compressível simples / Fonte: os autores. ocorre, levando o sistema ao estado 2 ( P2 e V2 ).
UNIDADE 1 23
P Estado 1
1
P1
Percurso
do processo
Estado 2
P2
2
V1 V2 V
Trabalho
24 Conceitos Fundamentais
Temperatura
e Pressão
UNIDADE 1 25
Lei zero da Essas são conhecidas como escalas de dois pontos.
termodinâmica Ainda assim, na termodinâmica, é necessário fazer uso das
temperaturas no que se chama escala termodinâmica de tem-
Quando é comparada a tempe- peratura. Sua necessidade surge quando se deseja uma escala que
ratura adquirida por um termô- não seja dependente da propriedade específica de uma substância.
metro em dois corpos diferentes Assim, foram desenvolvidas escalas que consideram como menor
para dizer que eles estão com a temperatura o zero absoluto.
mesma temperatura, faz-se uso Celsius Kelvin Fahrenheit Rankine
da lei zero da termodinâmica. 100°C 373,15K 212°F 671,67R
Ponto de Ebulição
Essa lei afirma que, se dois cor-
0°C 273,15K 32°F 491,67R
pos se encontram em equilíbrio Ponto de Fusão
Escalas de
temperaturas A escala termodinâmica de temperatura ou escala absoluta em rela-
ção à escala Celsius é a escala Kelvin. Sua relação pode ser dada por
Para medir e comparar tem-
peraturas, é necessário utilizar T (K ) = T (°C) + 273,15
as escalas de temperaturas. Em
unidades S.I. para temperaturas, Como escala absoluta em relação à escala Fahrenheit foi definida a
é utilizada a escala Celsius, ela escala Rankine, sendo relacionadas por meio da equação
foi baseada no ponto de fusão
e no ponto de ebulição da água T (R) = T (°F) + 459, 67
a 1 atm de pressão, sendo, res-
pectivamente, 0°C e 100°C . De mesmo modo que as unidades possuem conversão entre o S.I. e o
No sistema inglês, é utilizada a sistema inglês, também há correlação entre as escalas de temperaturas.
escala Fahrenheit, a qual es- T (R) = 1, 8 T (K )
tabelece os valores de 32°F e
212°F para a mesma condição. T (°F) = 1, 8 T (°C) + 32
26 Conceitos Fundamentais
A pressão pode ser determinada
com diferentes pontos de refe-
Observe que a variação de temperatura é a mes- rência. A real pressão, a qual é
ma quando se trata das escalas Celsius e Kelvin com relação ao vácuo absoluto,
ou, então, entre Fahrenheit e Rankine. é chamada pressão absoluta.
∆ T (K ) =∆ T (°C) Os dispositivos de medição
de pressão, geralmente, são ca-
∆ T (R) =∆ T (°F) librados como zero a pressão
atmosférica, portanto, seu valor
entregue é uma diferença entre
a pressão absoluta e a pressão
Pressão atmosférica. Se a medida for
acima da pressão atmosférica,
Você já deve estar habituado com o termo pres- será chamada de pressão ma-
são, mas saiba que pressão é definida como sen- nométrica, caso contrário, será
do a força normal exercida por um fluido por chamada de pressão de vácuo.
unidade de área. A restrição de ser exercida por Matematicamente, pode ser ex-
um fluido é relevante. Por um fluido não possuir presso como Pman = Pabs − Patm
forma, a pressão é aplicada em todas as direções. e Pvac = Patm − Pabs .
Quando se trata de um sólido, o equivalente à No geral, os dados de ta-
pressão passa a ser a tensão normal. belas termodinâmicas e equa-
A equação de pressão pode ser escrita como ções, consideram P, diretamente,
sendo P = F A , logo, a unidade de pressão, no S.I. como a pressão absoluta, apenas
é dada por N m , que é equivalente à pascal [Pa ] .
2
utiliza outra notação para casos
A unidade pascal acaba sendo pequena para específicos.
quantificar certas pressões, por isso é comum uti- Você acaba de avançar a pri-
lizar os múltiplos: meira etapa no universo da ter-
• 1000 Pa = 1 quilopascal = 1 kPa modinâmica. Os conceitos base
• 1000000 Pa = 1 megapascal = 1 Mpa aqui aprendidos serão resgatados
durante toda a disciplina e avan-
Outras unidades utilizadas para pressão e suas res- çará até mesmo a outras.
pectivas conversões você pode observar na Tabela 3. Nesta unidade, foram apre-
sentados, isoladamente, a defini-
Conversão de pressão (P)
ção e os tipos de sistemas, as dife-
1 bar = 100 kPa rentes unidades, as características
1 psi = 6,895 kPa de um sistema e os conceitos de
temperatura e pressão. No decor-
1 atm = 101,325 kPa
rer de nossa disciplina, você fará
1 kgf/cm² = 98,066 kPa uso deste conhecimento de for-
Tabela 3 - Equivalência entre diferentes pressões
ma conjunta, interligando todo o
Fonte: os autores.
conteúdo aqui adquirido.
UNIDADE 1 27
1. Para realizar uma análise termodinâmica, inicialmente, é preciso definir qual
será a região de estudo, e tal região é chamada sistema. Em relação aos sistemas
termodinâmicos, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) nas afirmativas a seguir:
( ) Um sistema aberto não pode ter fronteira móvel.
( ) Um sistema aberto possui algum trecho de fronteira imaginária.
( ) O sistema pode ser uma massa de controle ou um volume de controle.
( ) Um sistema fechado não permite atravessar energia nem calor por sua fronteira.
28
3. Compreender as propriedades termodinâmicas é importante no estudo da
termodinâmica, e, de acordo com o conteúdo visto, um aluno elaborou as se-
guintes afirmações:
I) Energia específica (e), entropia específica (s) e pressão (P) são propriedades
intensivas.
II) As propriedades temperatura e pressão são suficientes para determinar o
estado de qualquer sistema.
III) Temperatura (T) e pressão (P) são propriedades dependentes quando o
sistema apresenta duas fases.
IV) O estado de um sistema compressível simples, com adição de calor, é definido
por apenas duas propriedades intensivas independentes.
29
LIVRO
LIVRO
30
NASA. Mission to Mars - Mars Climate Orbiter. NASA – Jet Propulsion Laboratory, 1999. Disponível em:
https://www.jpl.nasa.gov/missions/mars-climate-orbiter/. Acesso em: 2 fev. 2021.
PIRES, D. P. L.; AFONSO, J. C.; CHAVES, F. A. B. A termometria nos séculos XIX e XX. Revista Brasileira de
Ensino de Física, v. 28, n. 1, p. 101-114, 2006.
31
1. B.
2. E.
T (K ) = 77 + 273,15 = 350,15K
T (F) = 1, 8 ⋅ 77 + 32 = 170, 6F
T (R) = 170, 6 + 459, 67 = 630, 27R
3. C.
32
33
34
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro
Esp. Luis Fernando Calciolari Ferrarezi
Propriedades das
Substâncias Puras
PLANO DE ESTUDOS
Definição de Fator de
Substância Pura Compressibilidade
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 2 37
Para exemplificar melhor essas diferenças veja a Figura 1. ponente. Entretanto existem
sistemas em que não ocorre
essa mistura, como a água e o
Elementares óleo, nesse caso, dizemos se tra-
Substâncias tar de um sistema bifásico, em
Tipos de que cada uma das fases possui
Compostas
matéria comportamento similar ao do
Misturas componente puro.
Vale lembrar, aqui, que algu-
Figura 1 - Classificações dos tipos de matéria mas substâncias, ao serem sub-
Fonte: o Autor metidas a determinadas con-
dições, modificam a distância
Para Moran (2002) uma substância pura ou elementar é aquela entre seus átomos e suas mo-
em que a composição química é uniforme e invariável. Essa de- léculas, o que resulta em fases
finição amplia nossos horizontes para o estudo termodinâmico, diferentes, ou seja, continuam
pois de acordo com Castellan, um sistema cheio de ar, formado sendo o mesmo elemento quí-
basicamente por nitrogênio e oxigênio, é considerado uma mis- mico, mas com distância maior
tura, mas para Moran, se esta mistura estiver em determinadas entre as moléculas.
condições de temperatura, volume e pressão, ela pode ser mo- O vapor d´agua é formado
delada matematicamente como uma substância pura, desde que da mesma água líquida presen-
essa mistura se comporte de modo uniforme e invariável. Caso te no balão de uma caldeira, po-
isso não ocorra, devemos tratar os componentes e suas parcelas rém, ao adquirir calor por meio
de modo individualizado para o estado em que se encontram. de aquecimento, este aumenta
Então, se tivermos um sistema em que as condições variem, mas seu nível de energia que resulta
a mistura se mantenha uniforme, ou seja, não ocorra a passagem em um afastamento entre essas
de substância para um estado de maior energia, podemos tratá-lo moléculas, a isso damos o nome
como um único componente, facilitando a abordagem. de fases. As principais fases da
Ao tratarmos de misturas para manter a homogeneidade, é matéria são sólido, líquido e
necessário que a parcela de A, presente em uma das fases, esteja gasoso, que também ocorrem
também presente na outra fase. Quando o componente A não tem quando tratamos de misturas,
fronteira definida dentro de sua mistura com B, dizemos que se mas a diferença é que, nelas, as
trata de um sistema homogêneo e definimos a concentração do concentrações das substâncias
componente A na mistura como sendo: nas fases variarão conforme a
condição final alcançada pelo
mA
C= A �
A r= sistema. O nível de agitação das
V
moléculas define duas regiões
Veja que a concentração de A numa mistura (CA) nada mais é do principais de interesse, onde
que uma densidade aparente de A na mistura com outro com- temos:
UNIDADE 2 39
Equações de
Estado e Comportamento
PVT dos Gases
Sólido Líquido
0 V
Gasoso
Figura 3 - Distância entre as moléculas conforme a fase Lei de Boyle
Fonte: o autor. Figura 4 - Gráfico pxv com t constante, Lei de Boyle
Fonte: o autor.
No sistema gasoso, as interações entre massa, volu-
me, temperatura e pressão são menores, o que leva a Umas das principais relações que podemos obser-
uma condição de equilíbrio, mais rapidamente, que var para o experimento de Boyle é que:
é quando todas estas propriedades são constantes.
Um dos primeiros cientistas a estudar a relação dos PV
1 1 = C e P2V2 = C
gases e seu comportamento foi Boyle, que em suas
experiências, percebeu que, ao aumentar a pressão então:
em um sistema fechado, o volume aumentava, pro-
porcionalmente, da mesma forma, em um sistema PV
1 1 = P2V2
com pressão constante ao de aumentar o volume,
ocorria a diminuição da pressão. Destes resultados Buscando entender, ainda, o comportamento de
ele concluiu que o produto entre pressão e volume sistemas gasosos, em especial como esses varia-
era descrito como uma constante C, ou seja: vam com a temperatura, podemos indicar os tra-
balhos de Charles e Gay Lussac. Charles baseou-
PV = C -se nos estudos feitos por Boyle e percebeu que,
ao aumentar a temperatura do sistema, a relação
Quando Boyle fez um gráfico de suas observações, proporcional entre P e V se mantém, entretanto
a resposta obtida foi a seguinte curva, indicando os valores de C aumentam, o que indica que se
que, em um sistema fechado para altas pressões, trata de várias famílias de curvas, uma para cada
teremos pequenos volumes, já para pressões baixas, temperatura, as chamadas isotermas, conforme
os volumes serão altos. indicado no gráfico a seguir.
UNIDADE 2 41
P V p3
p2
p1
T3
T (K)
T2
T1 ISOVOLUMÉTRICAS ISO
V 0 p3Lei de Charles V V V3
p2isotermas de Charles
Figura 5 - Gráfico P x V das V2
Fonte: o autor.
PV = cT
T (K) T (K)
PV PV PV
= c ou ainda 1 1 = 2 2
T T1 T2
ISOVOLUMÉTRICAS ISOBÁRICAS
Esta relação permite que abordemos dois casos
Figura 6 - Linhas Isovolumétricas (Volume constante) e
especiais, o primeiro ocorre quando plotamos Isobáricas (Pressão Constante)
um gráfico de V x T, em que observamos que, Fonte: o autor.
com o aumento da temperatura, a agitação das
moléculas promove o aumento do volume para Retornando à equação de Boyle e Charles, temos
sistema com a pressão constante, e a linha forma- que “c” é uma constante que deve ser função da
da por esse gráfico recebe o nome de isocórica massa do sistema, já que as variáveis, como pres-
ou isobárica. Já, se compararmos esse sistema são, volume e temperatura já estão descritas. En-
fixando o volume e construindo um gráfico de P tretanto essa massa deve participar da equação
x T, percebemos também, da mesma forma, que o como uma variável intensiva da matéria. Uma
aumento da temperatura promove um aumento forma de solucionar este problema para gases
dos choques das moléculas com as fronteiras do simples a baixas temperaturas e pressões é des-
sistema, o que resulta num aumento da pressão, crever a constante “c” como sendo dependente da
e as linhas formadas por esse gráfico recebem o quantidade de mols presente na mistura, já que:
nome de isométricas ou isovolumétricas. Ou
seja, a conclusão final é que o volume e a pressão
m
de um sistema são, diretamente, proporcionais à n=
MM
temperatura. Veja na figura que segue.
Você sabia que a constante R da equação dos gases ideais é obtida por meio das condições normais
de temperatura e pressão (CNTP)? Essas condições garantem que um mol de gás de comportamento
ideal, quando submetido à pressão de 1 atm e temperatura de 273,15 K, ocupa um volume de 22,4
L. Substitua os valores com as unidades convertidas e verifique.
Dessa forma, obtemos a equação de estado, que representa o comportamento de um gás ideal, ou a
equação de Clayperon:
P.V
= n.R P.V = n.R.T
T
Exemplo 1 Exemplo 2
Um cilindro de nitrogênio (N2) a uma temperatu- Um Balão meteorológico com 5 g de gás Hélio
ra constante de 300 K dobra seu volume atingindo encontra-se com 30 m3 no nível do mar (pressão
a pressão de 200 kPa. Calcule, para esta situação, de 1 atm). Considerando que o Hélio se comporta
qual seria sua pressão inicial. como gás ideal, calcule a temperatura no dia do
PV lançamento. Considere MMHe= 4 g/mol; R =
T= 1 300 � K
2 T= 1 1 = P2V2
T1 T2 8,314 J.K-1.mol-1.
V2 = 2.V1
T = ? P 1 atm 101 325 KPa V =� 30
� m3
P2 = 200 � kPa PV
1 1 200 kPa 2.V1
m 5
P1 ? 300 K 300 K =n = = 1, 25� mols
MM 4
P1 = 400 � kPa P.V = n.R.T
101 325 30
T 292 5 K
1, 25. 8, 314
UNIDADE 2 43
A equação de Clayperon trouxe a representa-
ção de vasta gama de modelos gasosos a baixas
pressões e volumes. Ela representa muito bem o
comportamento de gases monoatômicos e molé-
culas simples, entretanto existe uma lacuna mate-
mática nesta dedução. Se isolarmos V na equação
de Clayperon e fizermos a pressão ser muito gran-
de, ou seja, levar seus valores ao infinito, encon-
traremos que o volume será negativo, o que não
concorda com o mundo físico, pois, se existe ma-
téria dentro do sistema, o menor volume ocupado
deveria ser o volume molar do gás presente ali.
Buscando solucionar esta incompatibilidade
matemática, Gay Lussac propôs um sistema de
volume variável com massa e pressão constante,
onde se variava a temperatura. Neste experimento,
ele utilizou valores de temperatura na escala de
Celsius. Assim, ele obteve uma equação linear que
descrevia o volume:
V a b T
0 T
Figura 7 - Ajuste linear do Volume com a temperatura, ex-
perimento de Gay-Lussac
Fonte: o autor.
V 1 V
1 .T
Vo Vo T P
1 V
� ao
Vo T P
UNIDADE 2 45
Este coeficiente recebeu o nome de coeficiente de Exemplo 3
expansão térmica, dada a sua similaridade com
sistemas de substâncias sólidas e líquidas. Calcule a pressão de um mol de oxigênio à tempe-
ratura constante de 300 K e volume de 0,022 m3.
V Vo 1 αoT . a) Calcule, considerando o sistema como gás
ideal (R = 8,314 J.K-1.mol-1)
A forma proposta por Gay Lussac indicou que, n = 1� mol
independentemente do gás estudado, o valor de
–o , quando V tendia a 0 , era sempre o mesmo e T = 300� K
igual ao inverso de 273,15 oC. A esse valor ele deu
o nome de zero absoluto. V = 0, 022 � m3
Esta abordagem permitiu que outros propu- P.V = n.R.T
sessem equações de estado para representar o
comportamento de gases, uma das mais conhe- P.0, 022 1. 8, 314 .300
cidas é a equação de Van der Walls, que é repre-
sentada como: P = 133, 37 � KPa
a
P V b RT b) Calcule, considerando o sistema como
V2
gás de Van der Walls (considere a=0,138
RT a Pa.m6. mol-2 e b =31,8.10-6 m3.mol-1).
P
V b V2 RT a
P
V V b V2
onde: V =
n
8, 314. 300 0, 138
Os coeficientes a e b representam, respectivamen- P 6
0, 022 31, 8.10 0, 0222
te, o volume molar da substância e a interação
molecular. Os valores de a e b variam conforme
a substância e são tabelados. Para efeito de com- P = 113, 25� KPa
paração, vejamos o seguinte exercício:
RT c A
Beattie – Bridgeman P 1 V B
V2 VT 3 V2
RT a b c d
P
Equação do Virial V V2 V3 V4 V2
a
RTe VRT
Equação de Dieterici P
V b
RT a
Equação de Berthelot P
V b TV 2
Os valores das constantes a, b, c são tabelados e variam conforme o modelo proposto. Mas a forma mais
comum de corrigir desvios do comportamento de sistemas não ideais é a utilização dos coeficientes
dos fatores de compressibilidade, que comparam o desvio do gás com o modelo ideal e propõem para
ele um valor Z de correção, onde:
V PV
Z
= =
Vid RT
Que pode ser rearranjada para a equação:
PV = ZRT
O valores de z variam conforme o tipo de interação molecular, por exemplo, se Z=1, temos a equação
de Clayperon, ou seja, os efeitos de interação não são contabilizados; já, se Z < 1, significa Vid > V , e
as forças de atração reduzem o volume do gás; já, se Z > 1, então, não Vid < V , indicando uma inte-
ração repulsiva entre as moléculas.
Então, caro(a) aluno(a), ao apresentarmos estes modelos, é possível concluir que as substâncias
gasosas são bem descritas pelas mais diferentes equações para os gases. Resta-nos, agora, compreender
como é descrito o processo onde estas substâncias assumem outra fase, o líquido ou o sólido, e este
estudo é feito por meio do diagrama de fases, assunto de nossa próxima aula.
UNIDADE 2 47
Diagrama
de Fases
O calor cedido ao sistema é utilizado para mudar se encontram abaixo, indicam condições de
a fase da substância, o que mantém a temperatura menor pressão, ou seja, para uma temperatura
constante, enquanto o volume da mistura vai au- constante, ocorre, nesses pontos, a existência da
mentando, já que os gases ocupam todo o espaço substância na forma de líquido, já para pressões
disponível num sistema. Durante este processo de para maiores, ou seja, acima da linha, encontra-
aquecimento, esta substância passa por vários es- mos substâncias todas na fase vapor, sob a linha
tados, e todos eles se relacionam com sua pressão coexistem ambas as fases.
de saturação e temperatura de saturação. No estudo da mudança de fase para sólido
Em um gráfico de T x V, mantendo uma líquido, ocorrem os mesmos efeitos, resultando
pressão constante, a água entrará em ebulição em uma linha chamada linha de fusão, e, nela,
à determinada temperatura, a chamada tem- coexistem as duas fases da substância: à direita da
peratura de saturação. Ao modificar a pressão linha teremos temperaturas maiores, portanto, o
e repetir o experimento, essa temperatura se líquido, e à esquerda da linha, temperaturas me-
modifica, indicando haver uma estreita relação nores, logo, será a região do sólido. Esta análise
entre pressão e temperatura, no processo de mu- é feita mantendo-se uma pressão de referência.
dança de fases. Uma das formas mais claras de Por fim, o comportamento da curva de subli-
se perceber essa relação é plotar um gráfico P mação segue a mesma abordagem, encontram-se
x T, onde inserimos os valores de temperatura os pontos onde coexistem sólido e vapor para
e pressão cuja mistura inicia sua mudança de temperaturas menores, ou seja, acima da linha
fase. Esse gráfico resulta numa linha chamada temos, a região do sólido, e, para temperaturas
curva de vaporização. Nessa curva, pontos que maiores e abaixo da curva, temos o vapor.
UNIDADE 2 49
A inclinação da linha de fusão depende, praticamente, da variação do volume da substância na pas-
sagem para o estado sólido. Se o volume ocupado pelo sólido for maior que o ocupado pelo líquido,
a linha terá inclinação negativa, já, para a maioria das substâncias, onde o sólido possui volume
menor que o líquido, a inclinação é positiva.
Em determinado ponto do gráfico, as três linhas se encontram, nesse Esta abordagem leva-nos a
ponto, ocorre um efeito em que coexistem as três fases da substância, um gráfico em que podemos,
e a ele damos o nome ponto triplo. Vejamos, agora, como ficaria facilmente, visualizar todas as
representado este diagrama em um gráfico de P x T: fases da substância em função
de sua pressão ou temperatura,
entretanto não nos indica como
Ponto
Líquido Crítico ela se comporta com relação à
quantidade volumétrica que
a” b” c” se encontra no equilíbrio, para
Vaporização tanto, devemos desmembrar em
outros dois gráficos em que P e
Fusão
T serão função do volume.
a b c
Pressão
Temperatura
Figura 9 - Diagrama de fases
Fonte: adaptada de Moran (2009).
Onde:
1 5
o
cid
raq r
Com
pe po
ue
Líqu imido
Su Va
pr
Mistura
ido
2 3 Su V 2 Saturada 3
pe ap
Mistura 4 raq or 4
ue
o
Saturada cid
id
Comquido
o
prim
5
Lí
1
v v
Figura 10 - a) Mudança de fases nos diagramas PxV com (T=cte) e b) TxV com (P=cte) / Fonte: adaptada de Cengel (2007).
Na Figura 10a, a linha foi construída para uma Transformando esta relação de propriedade ex-
pressão constante, enquanto, no segundo, quem tensiva (v) para propriedade intensiva (v/m), onde
se mantinha constante era a temperatura. Observe m é a massa da mistura, teremos:
que, quando ocorre a mudança de fase do líquido
para o vapor, a pressão na Figura 10a e a tempera-
V Vliq Vgas
tura na Figura 10b também se tornam constantes,
indicando que se trata apenas de uma variação
volumétrica. Nesta região, encontramos o deno- mliq mgas
v vliq vgas
minado equilíbrio líquido-vapor, onde temos m m
a existência de líquido saturado e vapor saturado.
Quanto mais próximo do ponto 2 a substância Definindo x como a fração mássica de vapor pre-
estiver, mais próximo de se comportar como líqui- sente na mistura, ou título de vapor da mistura,
do saturado ela está; já no ponto 3, temos uma ra- teremos:
zão chamada regra da alavanca, onde os tamanhos
mgas mliq
do segmento indicam as frações dos componentes x e 1 x
na fase vapor e na fase líquida; no ponto 4, toda a m m
substância se comporta, praticamente, como vapor
saturado. Este conceito indica-nos que existe uma v 1 x vliq x vgas
relação entre a concentração de vapor saturado e
líquido quando estamos no ponto de mudança
de fase onde P é constante, e T é constante. A essa
v vliq x vgas vliq
relação damos o nome título de vapor, que nada
mais é do que a proporção da mistura que se en- Os valores dos volumes podem ser, facilmente,
contra na fase líquida e na fase vapor, e ela pode lidos nos diagramas ou em tabelas termodinâ-
ser calculada, conforme a equação que segue: micas disponíveis na forma de apêndice. Dessa
forma, podemos encontrar a proporção de vapor
v vliq vgas
e líquido na mistura saturada.
UNIDADE 2 51
Se forem feitas várias curvas na Figura 10a, utilizando outras temperaturas como referência, ob-
teremos uma região em que as isotermas deixarão de indicar esta linha de pressão constante, a esse
ponto damos o nome ponto crítico, pois, para temperaturas acima dessa, a substância passa, instan-
taneamente, do estado de líquido saturado para o estado de vapor saturado.
P T Ponto
P1
Ponto crítico
>
crítico
t.
ns
co
t.
Região de
ns
P2
Líquido
co
Região de Vapor Comprimido
=
Superaquecido
P1
Região de
Líquido
Comprimido Região de Vapor
T2 = Superaquecido
con
Região de st. > Região de
T1
Líquido-Vapor Líquido-Vapor
e
o
T1 =
líquido
Saturados Saturados
Linha d
saturad
va L con
po inh st. va L
e
po inh
o
rs ad
líquido
Linha d
saturad
at e rs ad
ur at e
ad ur
o ad
o
v v
Figura 11 - a) Linhas isotérmicas e isobáricas nos diagramas de fases PxV com (T=cte) e b) TxV com (P=cte)
Fonte: adaptado de Cengel (2007).
Observe, ainda, que, à esquerda da curva, temos Temos definidos para esta condição os valores
uma linha mais próxima da região do líquido de Pc, Tc e Vc, ou seja, pressão crítica, temperatu-
comprimido, o que nos indica que nessa linha ra crítica e volume crítico. Como esse ponto do
à esquerda o líquido se transforma em líquido diagrama é fixo, na maior parte das vezes, serve
saturado. À direita do ponto triplo, temos uma como referência para as substâncias, sendo assim,
linha onde o estado de saturação se comporta de definiram-se as chamadas variáveis reduzidas de
forma mais similar ao vapor superaquecido, ou estados, como sendo:
seja, à direta, temos a linha de vapor saturado;
o ponto triplo indica-nos um ponto de inflexão P T V
p =� t =� f =� �
para uma linha isoterma no diagrama T x V, e Pc Tc Vc
uma linha isobárica no diagrama P x V. Utilizando
os conceitos de cálculo, podemos concluir que o Ao unirmos os gráficos de P x V, T x V e P x T,
ponto crítico trata-se de um ponto de inflexão da temos uma superfície que indica todos os pon-
mistura, onde: tos de uma substância pura. Além das regiões em
que ocorrem estas mudanças, a superfície P-V-T
P T
= =0 mostra-nos os dados das condições possíveis para
V2 V2 determinadas substâncias.
Crítico
los matemáticos que descrevem
as condições dos sistemas e de
Líq seus níveis de energia. Os mo-
Gá
uid
s
o-V
apo delos basearam-se na forma
r
Lin
ha
Trip Va
p
mais simples de modelagem,
la or
o estado gasoso, mas foram se
Sól modificando para atender a ou-
ido
-Va
po
r tura tros estados de energia, como o
Vol
u pera líquido e o sólido.
me m
Te Por fim, tratamos das mistu-
ras de fases, por meio de análi-
Figura 12 - Superfície P-V-T se das relações existentes entre
Fonte: adaptada de Cengel (2007). essas fases, finalizando com a
definição da superfície P-V-T
Estas superfícies foram traduzidas na forma de tabelas termodi- e indicando que essa superfície
nâmicas, em que o usuário entra com duas variáveis e a fase desejada foi amplamente estudada para
e encontra os outros dados para a mistura. Essas tabelas são ampla- as substâncias mais comuns,
mente utilizadas nas resoluções de exercícios de termodinâmica. o que resultou em tabelas ter-
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, discutimos sobre as substân- modinâmicas com os dados de
cias simples e como elas são descritas na termodinâmica, verifi- cada uma dessas substâncias.
UNIDADE 2 53
1. Um cilindro com nitrogênio gasoso (N2) na temperatura inicial de 450 K sofre
expansão isotérmica atingindo o triplo do volume inicial. A partir deste estado,
reduz sua temperatura a volume constante atingindo a temperatura 300 K, e daí
sofre compressão isotérmica até o volume inicial. Considerando que se trata de
sistema fechado, a relação entre a pressão inicial e as pressões para cada um
dos três momentos será:
P1
a) = .P2 4.P3 = P4
2=
P1
b) = .P2 4, 5.P3 = 1, 5.P4
3=
c) P=
1 P=
2 4, 5.P3 = 4, 5.P4
d) P1 1,,
= = 5.P2 3.P3 = 4, 5.P4
P1
e) = .P2 3.P3 = P4
3=
b) Vmist 5 32 m³
c) Vmist 2 26 m³
d) Vmist 1 03 m³
e) Vmist 4 52 m
54
3. O ponto crítico de uma substância indica a posição a partir de onde não há
mais a região de equilíbrio líquido vapor, ele é definido como sendo o ponto de
inflexão de uma função de P ou de T, onde os valores de:
P T V
p =� t =� f =� �
Pc Tc Vc
São igual a 1. Com base nestes dados, correlacione a 1ª coluna com a 2ª coluna:
) 0, 5 1 φ 1, 2 ( ) Equilíbrio líquido-vapor
IV ) 1, 5 2 φ 1, 5 ( ) Ponto triplo
a) I - III - II - IV.
b) III - I - IV - II.
c) I - III - IV - II.
d) II - IV - III - I.
e) I - IV - III - II.
55
FILME
56
CASTELLAN, G. Fundamentos de Físico-Química. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N. Princípios de termodinâmica para engenharia. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2009.
57
1. B
PV
1 1 P2V2 P3V3 P4V4
= = =
T1 T2 T3 T4
Substituindo os valores dados no exercício na igualdade, teremos:
PV
1 1 P2 3.V1 P3 3.V1 P4 (V1 )
450 K 450 K 300 K 300 K
de 1 para 2:
PV P2 3.V1
1 1 P2 3.V1
1 1 PV
450 K 450 K
P1 = 3.P2
de 1 para 3:
PV
1 1 P3 3.V1 3.450
P1 = P3 P1 = 4, 5.P3
450 K 300 K 300
de 1 para 4:
1 1 P4 V1
PV 450
P1 = P4 P1 = 1, 5.P4
450 � K 300
� K 300
P1 3=
= .P2 4, 5.P3 = 1, 5.P4
2. C
m3 m3
Vliq = 0, 0012 Vgas = 0, 0785�
Kg Kg
Para m = 500� Kg e x = 0,22
mgas mgas
x 0, 22
m 500
=mgas 110
= � Kg
� � � � e � � � mliq 390
� Kg
58
Utilizando os volumes específicos, encontramos qual seria o volume ocupado pela substância em se tra-
tando de sistema formado apenas pela fase líquida saturada ou vapor saturado:
m3 m3
Vliq = 0, 0012 Vgas = 0, 0785�
Kg Kg
m3 m3
vl 0 0012 110 Kg vg 0 0785 390 Kg
Kg Kg
vl = 0, 465� m3 vg = 8, 635� m3
Para descobrir o volume do sistema com interação, utilizamos a seguinte equação:
v vliq x vgas vliq
v 0 465 m³ 0, 22 8 635 m3 0 465 m³
v 2 26 m³
3. E
No ponto triplo, as condições de variáveis reduzidas são iguais a 1, para o vapor superaquecido, os valores
das variáveis estão acima deste ponto de inflexão, já para os líquidos subresfriados, esses valores estão
muito abaixo do ponto, restando apenas a opção I para descrever o equilíbrio líquido-vapor.
59
60
61
62
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro
Esp. Luis Fernando Calciolari Ferrarezi
Trabalho e Calor
PLANO DE ESTUDOS
Calor
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conceituar os fundamentos de trabalho e relacionar tal • Elucidar as diferentes aplicações de transferência e ge-
grandeza com as propriedades de um sistema. ração de calor e trabalho em máquinas e geradores de
• Analisar os diferentes modelos de transferência de calor energia.
e investigar os mecanismos de trocas térmicas entre sis-
tema e vizinhança.
Definição de
Trabalho
W F t .dx
UNIDADE 3 65
Utilizando essas definições, podemos concluir que o trabalho Sabemos, no entanto, que o pro-
está, intimamente, ligado à variação de volume em um sistema. Mas duto da área pela altura resul-
como descrever essa variação de forma algébrica? Quem seria a ta em volume, que, no caso de
força envolvida no gás para esse processo? um sistema termodinâmico, é
Para descobrir quem seria esta força, foi proposto o seguinte sis- o volume que esse expandiu ou
tema de embolo móvel com um corpo de massa M sobre um pistão, comprimiu no processo, então, a
onde, inicialmente, se tenha uma temperatura T, uma pressão P1 e equação apresentada resulta em:
um volume V1, após liberada as presilhas, ele alcança uma condição W Pop .V
de mesma temperatura T, mas com uma pressão P2 menor que P1
W Pop . V2 V1
e V2 maior que V1, assim como apresentado na figura que segue:
Pop afinal, V A.h
Note que a pressão para manter
P1 , V1 , P2 , P2 ,
Pistão a massa na posição desejada é
T T
diferente da pressão do gás den-
tro do sistema, entretanto ela
variará entre 0 ≤ Pop ≤ P2
Quando esta variação de vo-
Cilindro lume eleva a massa a uma posi-
Fluido ção mais alta, temos o chamado
Fluido trabalho de expansão. Já se a va-
riação for para menor, teremos
o trabalho de compressão.
Figura 1 - Expansão de um gás
Fonte: o autor. Uma das formas para estimar
este trabalho, é fazendo com que
O trabalho que ocorreu nesta transformação é definido como a o valor da pressão seja prove-
energia potencial adquirida pelo peso de massa M: niente da massa M Pop =� P2 . As-
sim, podemos calcular o quanto
W Mg h
de trabalho será realizado para
elevar essa massa até a posição
O sinal negativo se explica, pois a altura final é menor que a inicial em questão. Da mesma forma,
quando o sistema sofre trabalho. Mas esta força peso pode ser, facil- esse valor pode ser substituído
mente, descrita como a força que foi aplicada pelo gás para levantar para os casos de trabalho de
a massa e é proveniente da pressão exercida pelo gás, nas paredes compressão pela pressão final
do pistão, para manter a massa na posição desejada, ou seja: do sistema, obtendo o trabalho
cedido pelo sistema para supor-
F Mg tar o peso de massa M. Como os
Pop=
=
A A processos são realizados a uma
Logo, o trabalho realizado neste processo será descrito como sendo: temperatura constante, grafi-
camente, teríamos os seguintes
W Pop . A.h
diagramas que representam as
transformações:
66 Trabalho e Calor
Estado inicial
p2 , V2
p1 , V1 Pop
p
Estado final
p2 , V2 p1 , V1
Pop
V1 V2 V2 V1
V V
Figura 2 - Diagramas de compressão e expansão em um único estágio
Fonte: adaptada de Castellan (2008).
Ao observar o resultado exposto pelos diagramas, percebemos que, para a compressão ocorrer, calcu-
lamos parte do trabalho que o sistema possui para nos dispor, ou seja, o valor calculado é subestimado.
Já para a expansão, esse valor está acima do que o sistema dispõe, isto é, está superestimado, então, para
aproximarmos o valor desses trabalhos ao trabalho disponível no sistema, modificamos o processo
dividindo-o em dois estágios de modo que primeiro ele ceda ou receba trabalho, isotermicamente, para
duas pressões de referência, a saber, Pop´ e Pop", obtendo o seguinte diagrama como resposta:
p2 , V2
p1 , V1 P’op
p p
P’op P”op
p2 , V2 p1 , V1
P”op
V1 V’ V2 V2 V’ V1
V V
Figura 3 - Diagramas de compressão e expansão em 2 estágios
Fonte: adaptada de Castellan (2008).
UNIDADE 3 67
Observa-se que, nesta aproximação, o valor do
trabalho disponível e do trabalho calculado
aproxima-se mais, e podemos concluir, ainda, p1 , V1
que, assim como ocorria na Física, a área abaixo
p
da curva da função P(V), onde T é constante,
representa o trabalho disponível para o sistema
termodinâmico. Além disso, podemos ver que
o volume intermediário das transformações de Pop = p (V)
dois estágios V’ criou dois retângulos que dimi-
nuem a diferença entre os dois trabalhos. Logo, p2 , V2
se tomássemos intervalos mínimos entre V´s e
resultassem em infinitas transformações, tería-
mos o trabalho total que o sistema poderia ceder
para a vizinhança, ou seja, se fizermos a integral V1 V2
da função, teríamos esse valor que, algebrica- V
mente falando, é: Figura 4 - Diagrama do trabalho disponível em um sistema
termodinâmico
Fonte: adaptada de Castellan (2008).
dW Pop . V2 V1
Dessa forma, torna-se possível conhecer qual é o
máximo que pode ser produzido por uma expan-
dW Pop .dV
são de determinado sistema e qual o trabalho mí-
Assumindo P como uma função do tipo P(V): nimo necessário para a compressão desse mesmo
sistema. Vemos que o trabalho realizado depende
Wsis P V .dV do caminho a ser seguido, se será realizado por
compressão ou por expansão e quantos serão os es-
Para o caso específico do gás ideal P , é descrita tágios, dessa forma, o trabalho é classificado como
como sendo: sendo diferencial não - exata de funções de linha.
Aprendemos, nesta aula, um pouco sobre as
PV = nRT
definições de trabalho, entretanto o sistema termo-
dinâmico não é descrito, exclusivamente, por esta
nRT dV
P= logo: Wsis nRT grandeza, devemos, ainda, estudar qual é a energia
V V
que se expressa por meio da variação da tempera-
E o diagrama obtido é: tura, e sobre ela discutiremos na aula a seguir.
68 Trabalho e Calor
Calor
UNIDADE 3 69
Esta constante de transferên-
cia de calor também é subdividi-
da em outras para indicar que a
distância entre as moléculas mu-
T1 calor T2 dou, logo, a capacidade de trans-
mitir essa energia mudou. Quan-
do estamos transferindo calor em
sistemas, essa energia aumentará
T1 > T2 a agitação das moléculas. Pense
no caso da expansão, que, inicial-
Figura 5 - Definição gráfica de Calor mente, discutimos neste capítulo.
Fonte: o autor. Nesse sistema, o peso ao qual o
embolo está submetido não varia
Também é incorreto afirmar que corpos possuem calor, já que, para tampouco a área desse embolo,
definirmos esta grandeza, precisamos, pelo menos, de dois sistemas dessa forma, o sistema sofre da
com diferenças de temperaturas entre si. vizinhança uma pressão constan-
Quando um sistema termodinâmico recebe calor, a agitação de te. Nesses sistemas onde a Pop é
suas moléculas aumenta, o que, por consequência, leva a um aumen- constante, temos a capacidade
to da temperatura. Logo, esse aumento indica que o calor recebido calorífica à pressão constante
por um sistema tem sinal positivo, da mesma forma, quando um (Cp), que pode ser descrita para
sistema cede calor a outro, o primeiro assume temperatura menor, as fases sólidas, líquidas e gasosas
devido ao menor estado de agitação das moléculas, logo, o calor das substâncias.
cedido por um sistema termodinâmico tem sinal negativo. Caso fixemos o volume, esse
calor agitará estas moléculas até
um ponto em que essas passarão
de um estado para o outro. Nesse
processo, diferentemente do que
Um sistema termodinâmico no qual não ocorre transferência de ocorre nos êmbolos, a pressão
calor com a vizinhança recebe o nome de sistema adiabático. varia modificando, também, a
temperatura do sistema. Nessas
condições, temos a Capacidade
calorífica a volume constante
No processo de transferência de calor, são muitas as variáveis que (Cv), também descrito paras as
influenciam, mas, para sistemas termodinâmicos, uma das prin- três fases das substâncias.
cipais é a Capacidade calorífica (C), dada em J/mol.K e, de modo Perceba que, em ambos os
geral, ela é constante, mas pode, em alguns casos, ser descrita como casos, podemos descrever este
um polinômio em função da temperatura e agrega em si particula- calor trocado em função destas
ridades das substâncias presentes no sistema, afinal, é de se esperar condições. Para facilitar nossa
que seja mais fácil agitar moléculas de peso menor, como as de gás abordagem, tomaremos um ca-
hidrogênio, do que agitar moléculas de maior peso molecular, como lor específico que é proporcio-
as de polímeros. nal à massa do sistema, ou seja :
70 Trabalho e Calor
acaba por se transformar em energia vibracional
Qp Q
Cp = � e Cv = v das moléculas. A essa energia damos o nome de
m m
energia interna do sistema (U) cuja grandeza tem
Onde os valores de Q p� � eQv são, respectivamente, as mesmas dimensões e características do traba-
os calores trocados à pressão constante e a volume lho e do calor e, matematicamente, é descrita em
constante. termos Qv , onde para cada mudança infinitesimal
dUV no sistema, teremos uma mínima variação
dT , dessa forma:
dUV
m.Cv =
dT
Você verá que o calor recebido por um corpo
a volume constante é absorvido por suas mo- Que, após integrada, resulta em:
léculas e, como não é expresso nem na forma
de trabalho nem na forma de calor, aumenta a
UV m.� Cv � T
agitação interna das ligações de suas moléculas.
A essa energia dá-se o nome de energia interna.
UV m.� Cv � T f Ti
Descrevendo, dessa forma, o comportamento dos
Tomemos o caso de C p . Em um sistema onde a sistemas termodinâmicos.
pressão é sempre constante ao ceder energia na É a partir desta observação das variações das
forma de calor, o sistema termodinâmico atinge energias e considerando que elas possuem simila-
um volume maior e uma temperatura maior, e ridades que se propõe a correlação entre elas, onde
podemos perceber, então, que, para cada acrés- a energia, em um sistema termodinâmico que pas-
cimo dQ p � ao sistema, temos um acréscimo de sa por transformações isocóricas (P=constante)
dT � , logo: e isovolumétricas (V=constante) está submetida.
dQ p Nessa correlação chamada de 2ª Lei da Termodi-
m.� C p = nâmica, temos que a soma do calor e o trabalho
dT
de um sistema termodinâmico é igual à energia
Que, após integrada, resulta em: interna nesse sistema, resultando em:
Q p m.� C p � T U Q W
Q p m.� C p � T f Ti Segundo Castellan (2008), um gás monoatômi-
co possui uma energia interna em cada uma das
A equação apresentada auxilia-nos, e muito, na direções tridimensionais x, y e z igual a U = 1 R
2
compreensão de sistemas onde ocorre a troca e é, diretamente, dependente da temperatura. Se
térmica e o recebimento de calor e onde esse ca- considerarmos as três direções, obtemos para um
lor é transformado em outra forma de energia, a gás ideal o volume constante na seguinte equação:
saber, o trabalho. Já para sistemas onde o volume
1 1 1
é constante, ou seja, não há produção de trabalho, Cv � R R R
2 2 2
toda essa energia recebe a nomenclatura de Qv e
UNIDADE 3 71
3 Quando o volume é variável, a energia transmi-
Cv =� R tida na forma de calor não é total. O Calor pode
2
ser transmitido à vizinhança do sistema por três
Esta equação denota que a capacidade calorífica formas principais, a saber: a condução de calor, a
de um gás ideal monoatômico depende, apenas, convecção e a radiação.
de suas energias nas direções de x, y e z. Para en- A condução é o processo em que a fronteira do
contrar uma relação para C p , utilizamos as cor- sistema está em contato direto com a da vizinhança,
relações da 2ª lei, unidas com as igualdades para mas a sua massa encontra-se restrita por essa fron-
Cv e Cp, onde: teira. Neste processo, moléculas com maior tempe-
dU dQ p ratura transmitem a fronteira do sistema calor, por
Cv =� C p =� dW =� PdV meio de contato direto, e essa fronteira retransmite
dT dT
essa energia à vizinhança. Por exemplo, se colocás-
dU � dQ p dW semos a ponta de uma barra de ferro numa fogueira
e aguardássemos alguns minutos, a extremidade
Como se trata de trabalho de compressão, na fora da fogueira estaria a uma temperatura maior,
equação do trabalho, o termo de dV torna-se ne- pois o contato com a chama promoveu o aque-
gativo, então, dividindo tudo por dT temos: cimento da barra. Esse processo é extremamente
dependente da área de condução da fronteira do
dU dQ p dV
� P sistema e da distância por meio da qual se deseja
dT dt dT
transferir o calor. Aqui, faz-se necessário um corpo
Para o gás ideal, � � � � � dV = R , logo: ou meio que estará fixo, e suas moléculas serão agi-
dT P tadas e atingirão as vizinhas até transmitir o calor e
R criar um gradiente de temperatura. Esta forma de
Cv � C p P
P transferência é bem descrita pela Lei de Fourrier:
Simplificando P, encontramos que: dT
Q k m. A.
C p Cv � R dx
Substituindo Cv, encontramos que: Esta lei estabelece que a transferência de calor
é proporcional à condutibilidade térmica (k), à
3
C p �1 R massa do corpo (m), à área (A) e ao gradiente
2
de temperatura dT , e o valor negativo serve para
dx
5 indicar que o calor flui da região de maior tem-
C p � R
2 peratura para a de menor temperatura.
Em sistemas termodinâmicos que envolvem No caso da condução, o meio é estático já
trocas térmicas e transformações de energia em para fluidos que se movimentam com o aqueci-
trabalho, é comum utilizar-se da razão entre as mento, como é o caso de um tanque aquecido, te-
capacidades caloríficas, definida pela letra (k) e, mos a convecção. Para manter a analogia, numa
algebricamente, da forma que segue: fogueira, a convecção seria o ar que se aproxima
Cp frio e, após passar pela chama, sobe quente. Esse
k � método é um dos mais efetivos e rápidos para
Cv
realização de trocas térmicas, por esse motivo é,
72 Trabalho e Calor
amplamente, utilizado em dimensionamento de ra. Essa energia é transmitida, por meio de ondas
trocadores de calor e caldeiras. eletromagnéticas e pode ser transmitida no vácuo.
Na convecção, também, há a necessidade de Em resumo, um sistema termodinâmico emite ra-
que haja um meio físico, líquido ou gasoso para diação a uma distância qualquer de um corpo, e
que ocorra a transferência de calor, por meio do este absorve essa radiação, aumentando sua tem-
movimento das massas das substâncias. Assim peratura, ou seja, recebendo calor. No Cálculo do
como na equação de Fourier, aqui, o meio que está calor emitido, utiliza-se a taxa de emissão de calor
se movimentando influenciado por meio de uma ou emissividade do corpo, além dela, também en-
constante de convecção (h), além disso, a área ou tram no cálculo a temperatura da superfície que
a superfície de aquecimento à qual o meio con- está emitindo e a constante de Stefan- Bolztmann,
vectivo está integrado, também, é importante. O o equacionamento é apresentado a seguir:
responsável por propor um equacionamento para
a convecção foi Newton, e esse equacionamento . S4
Q = e.m. AT
encontra-se descrito a seguir:
Caro(a) aluno(a), agora que estamos munidos
Q h.m. A.T dos conceitos físicos para trabalho e calor e co-
nhecemos o significado da energia interna, es-
Por fim, temos, ainda, a radiação, que é a forma com tamos aptos a buscar simplificações da 2ª Lei da
que a energia solar chega ao nosso planeta, e, para Termodinâmica para casos específicos de siste-
manter a analogia da fogueira, é como sentimos mas, que farão parte do seu cotidiano enquanto
o calor quando sentamos próximo a uma foguei- engenheiro.
UNIDADE 3 73
Aplicações de Calor e
Trabalho na Engenharia
74 Trabalho e Calor
Sistema isotérmico Sistema adiabático
Adiabática
v
UNIDADE 3 75
P A Matematicamente, esta linha vertical é represen-
tada fazendo a simplificação do termo do traba-
lho W na equação da 2ª Lei da Termodinâmica,
Isotérmica
conforme apresentado a seguir:
B U Q W
C
Adiabática � v T Q pV
mC
Sistema Isovolumétrico
Sistema isobárico
Nos processos isovolumétricos, independente-
mente da quantidade de calor recebido ou cedi- Por fim, trataremos, agora, de sistemas onde a
do, não ocorrerá movimento do embolo, e a isso pressão é constante, em que, diferentemente dos
chamamos sistemas de pistão fixo. Nesses casos, que foram, anteriormente, apresentados, o cál-
o volume é constante e, portanto, não há como culo de trabalho realizado é simplificado, pois
o sistema receber ou produzir trabalho, fazendo não precisamos definir uma função para o Pop
com que todo o calor recebido seja convertido já que ele é igual à pressão constante do sistema.
em energia interna. O diagrama referente a essa No diagrama, esta situação é descrita como sendo
situação é o que se segue: uma linha horizontal.
P A P A B
Isobárica
Isovolumétrica
v v
Figura 9 - Transformação Isovolumétrica – Trabalho W = 0 Figura 10 - Transformação Isobárica – P=Pop
Fonte: o autor. Fonte: o autor.
76 Trabalho e Calor
Em transformações isobáricas, nenhum dos ter-
m3
mos da equação da 2ª Lei será anulado, entretanto 0, 15
8, 314 J kg
podemos, facilmente, encontrar uma relação entre Q 1 mol 723 15 K ln
K .mol m3
esses termos, tal qual como indicado: 1, 05
kg
U Q W
Q 6012, 26 � J � , 2 3026
� v T �mC p T pV
mC
Q 13843, 85� J
A partir de agora, utilizaremos os conceitos tra-
balhados para resolver exemplos propostos para Exemplo 2
sistemas gasosos simples que sofrem várias dessas Um cilindro à temperatura de 20 o C e 30.105 Pa,
transformações. cheio de nitrogênio (N2) (MM = 28 g/mol e Cv =
20,6 J/mol.K) comporta-se de modo adiabático.
Exemplo 1 Em certo momento, ele expande 67,2 L, submeti-
Na fornalha de uma caldeira, a temperatura in- do a uma pressão contrária e constante de 105 Pa,
terna do compartimento é constante e igual a fazendo-o atingir a temperatura de 16 o C. Calcule
3
450 oC, e a água é alimentada com (Vesp 1 05 m )) o volume do total cilindro. Considere que o gás se
3 kg
para produzir vapor a ( Vesp = 0,1512 m ).) Sabendo que comporta, idealmente. Dado R = 8,314 J/K.mol.
kg
esse vapor se comporta como gás ideal, calcule a Para o modelo adiabático temos que:
quantidade de calor transferida a ele em um mol
� v dT = W
mC
de vapor. Considere R = 8,314 J/K.mol.
Para processos isotérmicos, temos:
� v dT pdV
mC
dQ pdV
Substituindo os valores dados, teremos:
Considerando o modelo do gás ideal, teremos J N
nRT , que, após substituição, resulta em: m 20 6 4K 105 0 0672 m3
p= mol.K m 2
V
nRT
dQ dV m 815 53 Kg
V
Integrando os termos, temos que: Calculando o número de mols dentro do cilindro:
V 815530 � g
Q Qo nRTln =n� = 29126 � mols
28 � g
Vo
V Aplicando a lei dos Gases ideais, teremos:
Q nRTln
Vo J
30 105 Pa V 29126 mols 8 314 293 15 K
mol.K
Substituindo os valores: n 1 T 450 273 15 723 15 K
n 1 T 450 273 15 723 15 K , chegamos ao se- V 23 66 m
guinte resultado:
UNIDADE 3 77
Exemplo 3 No sistema isobárico temos:
Um reservatório de ar comprimido com 40 kg
de ar e 3 m³ de volume encontra-se, inicialmen- � v T �mC p T pV
mC
te, a uma pressão de 1,5 Mpa. Esse reservatório Utilizando a consideração para o gás ideal, obtemos:
sofre aquecimento até atingir a temperatura de
3 5
450 K, considerando um sistema isovolumétrico. m R T m � R T pV
2 2
Calcule a quantidade de calor absorvida pelo ar
neste processo. Considere o ar como gás ideal. V1 V2 T2 V2
result em 1 214
Dados: (Cv = 24,72 J/mol.K, MMar = 29 g/mol) T1 T2 T1 V1
R = 8,314 J/mol.K. � 2 V1 , 0 214 V
logo,� V � 1
Em processos isovolumétricos, temos:
Dessa forma:
Q mCv T
3 5 V2 V1
m.R p
2 2 T2 T1
40000 g
n 1379 31 mols
g 0, 214.V1
29 m.R p
mol T2 T1
Calculando a temperatura inicial do sistema: Substituindo os valores, teremos:
3
P.V 1, 5.106 Pa 3 m3 2 106 Pa 0, 214. 6 m
T m
n.R J J 60 K
1379 31 mol 8, 134 8, 314
mol.K mol.K
T = 392, 41� K
m = 5147, 94 � kg
Para descobrir a quantidade de calor recebida nes- Conforme podemos ver nos exemplos resolvidos,
te processo, substituímos os valores da equação do percebe-se que, para cada tipo de transformação,
sistema isovolumétrico: a abordagem de resolução é diferente, levando
a uma condição em que engenheiros precisam
J conhecer bem as relações entre calor e trabalho
Q 1379 31 mol. 24, 72 450 392, 41 K
mol.K para atuarem de forma satisfatória em sua área.
Q = 1963, 61� kJ Quando, no entanto, os processos não se res-
tringem a um tipo de transformação no sistema,
Exemplo 4 como devemos solucionar este problema? Esta
Um sistema de resfriamento utiliza amônia resolução está em enxergar os diagramas das pas-
num volume inicial de 6 m³ para realizar suas sagens, que sofrem a substância no processo de
atividades, trabalha sob pressão constante de 2 transferência de energia e estudá-las, de modo
MPa e retira calor de um sistema a 340 K para separado, para, no fim, juntá-las em um único
280 K. Calcule a massa necessária de amônia ciclo, o chamado ciclo termodinâmico, que vere-
para realizar este serviço. Considere o sistema mos em breve, no decorrer de nossos capítulos.
como gás ideal. Aguardo você no próximo!
78 Trabalho e Calor
1. Um pistão encontra-se preenchido com 4 mols de um gás ideal e, inicialmente,
a uma temperatura de 320 K, este sistema recebe 4600 J de calor e alcança a
temperatura de 400 K. Calcule para esse sistema o trabalho realizado. Considere
(R = 8,314 J/mol.K):
a) -1523,07 J.
b) - 812,37 J.
c) - 609,23 J.
d) 609,23 J.
e) 812,37 J.
1200
2. Um sistema têm sua pressão variando conforme a função P V , sabendo
V2
que ele sofre um trabalho reversível, variando seu volume de 9 m³ até 1,2 m³,
calcule qual será o valor do trabalho para esta transformação.
a) 256 J.
b) 835 J.
c) 1273 J.
d) 1782 J.
e) 7834 J.
79
LIVRO
Fundamentos de Físico-Química
Autor: Gilbert Castellan
Editora: LTC
Sinopse: um curso introdutório de Físico-Química deve apresentar os princípios
básicos aplicáveis a todos os tipos de sistemas físico-químicos. Além da exposi-
ção dos fundamentos, o primeiro curso em Físico-Química toma tantas direções
quantos sejam os professores. Nesta obra, o autor tenta cobrir os fundamentos
e algumas aplicações em profundidade. Todo o material é apresentado de forma,
matematicamente, rigorosa. Todavia não se exigem conhecimentos matemáticos
além do cálculo elementar. Ao longo do livro, utilizou-se quase que, exclusiva-
mente, o Sistema SI. Dessa forma, os resultados dos cálculos físico-químicos
são, enormemente, simplificados.
80
CENGEL, Y.; BOLES, M. Termodinâmica. 5. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
VAN WYLEN, G. J.; SONNTAG, R. E.; BORGNAKKE, C. Fundamentos da termodinâmica clássica. 4. ed.
São Paulo: E. Blücher, 2008.
81
1. C.
n = 4� mols
T1 = 320 � K
T2 = 400 � K
Q = 4600� J
J
R = 8, 314
mol.K
Para medirmos o trabalho, utilizamos as relações de Cv para o gás ideal que diz que:
3
Cv = R �
2
Temos, ainda, que:
3 3 J
U nR T2 T1 4 mols 8 314 80 K 3990 72 J
2 2 mol.K
U Q W
Substituindo:
3990, 72 4600 W
W 3990, 72 4600
W 609, 23� J
Substituindo, temos:
1,2 120
W dV
9 V²
Integrando, temos:
3
W 1200
3
(9 1, 2)3
82
1
W 3600
729 1, 728
1
W 3600
727, 27
� J
W =�1782
3. A.
m = 12� kg
J
C p = 35, 94
mol.K
T1 = 300 � K
Q = 3200� J
Para o cálculo do calor, temos que:
Q m.C p .T
Q m.C p . T2 T1
J
3200 J 12 kg .35, 94 T2 300
mol.K
Calculando o valor de T2, encontramos:
3200 129384
T2
431, 28
T2 = 307, 42 � K
83
84
85
86
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro
Esp. Luis Fernando Calciolari Ferrarezi
Primeira Lei da
Termodinâmica
PLANO DE ESTUDOS
Aplicações da primeira
Balanço de energia para
Lei da Termodinâmica em
sistema aberto.
regime estacionário.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Exemplificar as diferentes formas de energia envolvidas • Exemplificar as diferentes formas de energia envolvidas
em problemas termodinâmicos e definir a primeira Lei da em problemas termodinâmicos e definir a primeira Lei da
Termodinâmica para um sistema fechado. Termodinâmica para um sistema transiente.
• Exemplificar as diferentes formas de energia envolvidas • Aplicar equações de balanço de energia em equipamentos
em problemas termodinâmicos e definir a primeira Lei da e processos industriais.
Termodinâmica para um sistema aberto.
Balanço de Energia
para Sistema Fechado
U Q W
Para que este conceito esteja melhor esclarecido, juntos resolveremos um problema
em regime fechado, utilizando as considerações das transformações termodinâmicas
estudadas anteriormente:
01 EXEMPLO Em determinado sistema fechado, 3 mols de um gás ideal a 2 atm sofre expansão
exotérmica a 400 K até atingir o dobro de seu volume inicial. A partir deste ponto,
o gás perde calor de forma isobárica, atingindo um volume V3= 1,2 V1, retornando,
então, para seu estado inicial de forma adiabática. Calcule para estas condições as
quantidades U, Q e W trocadas. Considere R= 8,314J/mol.K.
UNIDADE 4 89
P
V2 V3
=
T2 T3
2V1 1, 2V1
1 =
400 T3
T3 = 240 K
V 1 2 V1 400
2 1 2V1 400
Figura 1 - Ciclo termodinâmico (exemplo 1)
Fonte: os autores. 3 1 1,2 V1 240
P1 V1 n R T1
Primeiro, calculamos as condições para o gás ideal
nos pontos 1, 2 e 3, segundo o exercício, temos as 2, 02 105 V1 3 (8,134) 400
seguintes características de P, V e T: 3 (8,134) 400
V1
P(atm) V(m³) T(K) 2, 02 105
1 2 V1 400
V1 0, 049m3
nRT U Q W
P=
V 5986, 08 J Q 3959, 2 J
E, ao integrá-la para obter o trabalho realizado, Q 9945, 28 J
chegamos em: ΔU Q W
1-2 0J 6915,39 J - 6915,39 J
V
W nRT ln 2 2-3 - 5986,08 J - 9945,28 J 3959,2 J
V1
3-1 0J
2V
W 3 8, 314 400 ln 1 ciclo
V1
W 6915, 39JJ Tabela 7 - Valores das energias envolvidas no processo 2-3
Fonte: os autores.
Q 6915, 39 J
UNIDADE 4 91
Calculando o processo de 3-1, temos da primeira ΔU Q W
lei que U W . E, calculando ∆U 3,1 encontramos: 1-2 0J 6915,39 J - 6915,39 J
2-3 - 5986,08 J -9945,28 J 3959,2 J
3nR(T1 T3 )
U 3-1 5986,08 J 0J 5986,08 J
2
3 3 (8, 314)(400 240) ciclo 0J -3029,89 J 3029,89 J
U
2 Tabela 9 - Energias envolvidas no ciclo termodinâmico em
U 5986, 08 J sistemas fechados
Fonte: os autores.
Logo:
O exemplo mostra que a variação da energia in-
W = 5986, 08 � J
terna em sistemas fechados depende apenas da
ΔU Q W quantidade de energia vibracional descrita na
forma de temperatura, como ele sempre retor-
1-2 0J 6915,39 J - 6915,39 J
na ao mesmo ponto referencial, a variação da
2-3 - 5986,08 J - 9945,28 J 3959,2 J
energia interna no ciclo sempre será nula para
3-1 5986,08 J 0J 5986,08 J sistemas fechados.
ciclo Durante esse ciclo, o sistema sofreu trabalho e
Tabela 8 - Valores das energias envolvidas no processo 3-1 perdeu calor, pois escolhemos realizá-lo no sen-
Fonte: os autores. tido horário, caso os processos termodinâmicos
tivessem ocorrido no sentido anti-horário (1-
Para o ciclo, basta que somemos os valores das 3,3-2 e 2-1), obteríamos um sistema que reali-
colunas da Tabela 9. zaria trabalho recebendo calor.
SISTEMAS TERMODINÂMICOS
Vf
Processo W nRT ln
0 Q=-W
isotérmico Vi
Processo 3 n R Tf Ti
Adiabático U 0 W U
2
Processo 3 n R Tf Ti
U Q U 0
isovolumétrico
2
Processo 3 n R Tf Ti
U Q U W W P Vf Vi
isobárico 2
Tabela 10 - Resumo de Equações para os casos mais comuns em ciclos termodinâmicos Fonte: os autores.
É preciso atenção, caro(a) futuro(a) engenheiro(a), nem todos os processos são fechados, na reali-
dade, a maior parte dos processos do cotidiano são processos em que existe uma grandeza mássica
que circula pela fronteira. Nesses casos, temos os chamados sistemas abertos, neles as quantidades de
energia não dependem apenas de condições P, V e T, mas também das energias potencial, cinética e
interna das moléculas, que transitam no volume de controle, e é sobre esse sistema que trataremos em
nossa próxima aula.
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
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UNIDADE 4 93
Balanço de Energia
para Sistema Aberto
U 2 U1 Q1,2 W1,2
Para o cálculo da velocidade alcançada pelo gás, Integrando a P constante, teremos que o trabalho
é muito útil relembrar as relações entre as va- será descrito por:
zões mássicas e vazões volumétricas, conforme
m
equações a seguir: W PV P
Densidade:
m
V Estas aproximações permitem-nos estimar os va-
Vazão volumétrica: V V A
V lores de calor e trabalho resultantes da corrente
t que podem acumular no processo, dessa forma,
m
Vazão mássica: m V A nossa equação ficará:
t
Vazão mássica/volumétrica: m V Ecorrente 1 i
i
U gZ P V
m 2V 2
Ao termo U P V damos o nome de entalpia específica (H) dada em J/Kg e facilmente extraída das
tabelas termodinâmicas desde que se tenha condições de temperatura e pressão, logo H esp U P V .
Dessa forma, a energia da corrente passa a ser descrita em função de sua massa, pois a quantidade que
entra no sistema aberto pode ser diferente daquela que sai, da mesma forma que a variação de suas con-
dições de temperatura e pressão garantem outras parcelas de entalpia, energia cinética e potencial, então:
i
1
Ecorrente m H esp V 2 gZ
2
i
1
i
1
Ecorrente msai H esp.2 V2 2 gZ 2 mentra H esp.1 V12 gZ1
2 2
UNIDADE 4 95
Logo, aplicando este termo à nossa diferencial inicial, teremos:
dE i i
Q sist W sist Ecorrente
dt
dE i i
1 2 i
1 2
Q sist W sist mentra H esp.1 V1 gZ1 msai H esp.2 V2 gZ 2
dt 2 2
A1 = 0,35 m²
T1 = 600 K
Q sist 530000 KJ / s
W sist 36400000 KJ / s
Para calcular as velocidades nos bocais, utilizamos a densidade disponível nas tabelas de vapor para
as condições iniciais:
1 643, 67 kg / m3
2 973, 24kg / m3
m
m
V1 entra e V2
sai
1 A1 2 A2
V1 = 6, 66 m e V2 = 1, 54 m
s s
dE i i
1 i
1
Q sist W sist mentra H esp.1 V12 gZ1 msai H esp.2 V2 2 gZ 2
dt 2 2
dE
530000 KJ 3640000 KJ 1500 Kg 3027, 5 KJ 6, 66 m
1
9, 81 m
0m 1200 Kg
KJ
1, 54 9, 81 m 2 1, 2m
1
Kg 2
2 2
s s s Kg 2 s s2 s 763, 05 s
dt
dE
dt
530000 KJ 3640000 KJ 1500 Kg 3027, 5 KJ
s s s Kg
0, 02218 KJ
Kg
0 1200 Kg 763, 05 KJ
s Kg
0, 00118 KJ
Kg
0, 01177 KJ
Kg
dE
3110000 KJ 4541283, 27 KJ 915675,554 KJ
dt s s s
dE
515607, 73 KJ
dt s
UNIDADE 4 97
dE
dt s s s
530000 KJ 3640000 KJ 1500 Kg 3027, 5 KJ
Kg
0, 02218 KJ
Kg s
0 1200 Kg 763, 05 KJ
Kg
0, 00118 KJ
Kg
0, 01177 KJ
Kg
dE
530000 KJ 3640000 KJ 4541250 KJ 915660 KJ
dt s s s s
dE
515590 KJ
dt s
515607, 73 KJ 515590 KJ
% s s 0, 0034%
515607, 73 KJ
s
Por este motivo, uma das principais considerações feitas para este modelo é desprezar as grandezas de
energias cinéticas e potenciais. Discutiremos como a equação geral apresentada ficaria para o caso de
sistemas transientes, onde a massa de sistemas abertos é variável, mas este é um assunto para a nossa
próxima aula.
dE i i
1 i
1
Q sist W sist mentra H entra V12 gZ1 msai H sai V2 2 gZ 2
dt 2 2
dE i i
1
Q sist W sist mentra H entra V12 gZ1
dt 2
UNIDADE 4 99
Além disso, desprezam-se os termos de energia cinética e potencial, devido às suas
grandezas. O termo de acúmulo, após a integração, é descrito como:
dE
mentra msai U entra
dt
dE
mentra U entra
dt
Logo:
mentra U entra Q sist W sist mentra H entra
U entra H entra
ρ V1 ; V V1 ; UV1
ρ V2 ; V V2 ; UV2
ρ L1 ; V L1 ; UL1
ρ L2 ; V L2 ; UL2
1kg
40C vap 12, 03 kg 3 12, 03 kg 3 (0, 5) 3m3 18, 04kg
0, 08313m 3
m m
1kg
40C liq 579, 71 kg 3 579, 71 kg 3 (0, 5) 3m3 869, 56kg
0, 001725m 3
m m
1470, 2 1452 KJ KJ
H proc 1461,1
2 Kg Kg
Conforme visualizado nos processos transientes, temos que:
U proc H proc
U10C m2 U 40C m1 H proc m2 m1
Como temos a massa inicial, podemos calcular a energia interna e entalpia inicial
do sistema:
UNIDADE 4 101
A complexidade desse sistema reside em m2, pois ela modifica o volume e as condições
finais do tanque. Para calcular quem é essa massa a 10o C, consideramos a massa e
a energia interna envolvidas na parcela x do líquido, na condição final que se trans-
forma em gás, ou seja, a energia interna e a densidade do equilíbrio líquido-vapor,
que, segundo as tabelas termodinâmicas, é:
1Kg
10C vap 4, 91 Kg 3
0, 20381m 3
m
1Kg
10C liq 625 Kg 3
0, 0016m3 m
mist10C
1 Kg
0, 0016 x 0, 20381 m
3
mist10C
1 Kg
0, 20381(0, 00785 x) m3
Portanto, m2 é obtido multiplicando a equação pelo volume total ocupado pela mistura:
m2
1 Kg (3m3 )
0, 20381(0, 00785 x) m3
14, 72
m2 Kg
0, 00785 x
14, 72
m2 141, 74 Kg
0, 00785 0, 096
O equilíbrio líquido vapor é uma condição em que coexistem vapor e líquido, nesta
condição, a diferença entre a energia contida em um vapor saturado e num líquido
saturado vezes o título, ou percentual volumétrico, das grandezas de energia e
massa é utilizada para descrever o sistema termodinâmico.
Assim como estudado, para o regime transiente, podemos aplicar o balanço termo-
dinâmico em processos em que a massa de entrada e saída sejam iguais, mas tragam
consigo energia na forma de calor, e a esses regimes damos o nome estacionário. O
regime estacionário é um dos mais comuns em processos químicos e, por este motivo,
muitos dos equipamentos mecânicos industriais foram modelados com considerações
que veremos a seguir, na próxima aula.
UNIDADE 4 103
Aplicações da Primeira
Lei da Termodinâmica
em Regime Estacionário
A seguir, vemos um exemplo clássico de trocador de calor, em que o calor latente de condensação é
transferido a um fluído, por meio de condução dos metais na forma de tubos.
SAÍDA DO FLUIDO
Termodinamicamente, o equi- DE PROCESSO Vapor CONDENSADOR
pamento é entendido como Cabeçote
Casco de entrada
um sistema estacionário onde
as vazões de entrada e saída são
iguais, e suas temperaturas tam-
Quente Frio
bém, dessa forma, consideramos
que a entalpia das correntes na
entrada é igual à entalpia das Cabeçote Tubos do
de saída feixe tubular CONDENSADO
correntes na saída. Logo, consi-
dera-se não haver trabalho no ENTRADA DO FLUIDO
DE PROCESSO
sistema e desprezar as energias Figura 4 - Croqui básico de um trocador de calor casco-tubo e suas correntes
cinética e potencial dos líquidos: Fonte: Consulteq (2020, on-line)¹.
dE i i
1 i
1
Q sist W sist mentra H esp.1 V12 gZ1 msai H esp.2 V2 2 gZ 2
dt 2 2
i i
Q sist mentra H esp.1 msai H esp.2
mentra ( H 2 H1 ) Qsist
Se consideramos que todo este calor foi absorvido pelo outro fluido, teremos a corrente dos fluidos 1
igualada com a do fluido 2:
mI ( H I 2 H I 1 ) Qsist mII ( H II 1 H II 2 )
mI ( H I 2 H I 1 ) mII ( H II 1 H II 2 )
Vejamos o exemplo aplicado para esclarecer as ideias.
UNIDADE 4 105
04 EXEMPLO Um gás proveniente de queima flui em um casco numa vazão de 350 kg/s e com
entalpia inicial de 3780 KJ/kg. Dentro dos tubos, temos água de alimentação numa
vazão de 1400 kg/s e entalpia inicial de 500 KJ/kg. Sabendo que o gás sai com ental-
pia final igual a 360 KJ/kg, calcule a entalpia da corrente de água de alimentação na
saída do equipamento. H I 1 3780 KJ
Kg
mI = 350 Kg H II 1 500 KJ
s Kg
mII = 1400 Kg H II 2 ?
s
H I 2 360 KJ
Kg
05 EXEMPLO Num sistema de refrigeração com fluido refrigerante, temos a montante da válvula
líquido comprimido com 49,92 psia e 40 oF. Ao passar por uma válvula de estran-
gulamento, verifica-se que sua pressão foi reduzida a 21,31 psia. Utilizando a tabela
termodinâmica para encontrar as entalpias nessas condições, calcule o título de vapor
na saída da válvula.
De acordo com as condições dadas, temos:
Para o líquido comprimido (49,92 psia e 40º F):
H1 H 2
H1L H 2 L x H 2 L V
88, 56 Btu lbm 75, 92 Btu lbm x 90, 66 Btu lbm
(88, 56 75, 92)
x
90, 66
x 0,1394ou13, 94%
UNIDADE 4 107
VOLUME DE CONTROLE
TURBINA A VAPOR
GERADOR
06 EXEMPLO Certa Turbina recebe vapor superaquecido a 30000 kPa e 400 o C, a vazão mássica
deste equipamento é constante e igual a 1000 Kg/s. Na saída da turbina, temos vapor
saturado a 100% de título de vapor e 1500 kPa. Calcule o trabalho gerado por essa
turbina, desconsiderando as energias potenciais e cinéticas e considerando o equi-
pamento adiabático.
Nas condições dadas, temos:
H1sup 2125, 04 KJ Kg
H 2 s at 2792,15 KJ Kg
Wsist 641110 KJ s
07 EXEMPLO Vapor saturado a 100% de título de vapor e 1500 kPa, expelido por uma turbina é to-
talmente condensado em um trocador de calor e se transforma em líquido saturado na
mesma condição de pressão. Se um compressor recebe 1000 kg/s desse líquido e cede
a ele 250000 kJ/s de trabalho, calcule a condição do líquido na saída do compressor:
Para o vapor saturado (1500 kPa):
H 2 LSAT 844, 87 KJ Kg
UNIDADE 4 109
• Central de potência (Caldeira): rias no processo, utilizando essas técnicas,
Todos os equipamentos estudados até o por exemplo: é melhor trabalhar com duas
momento nos revelam que as necessidades ou uma turbina? As correntes de pré-aque-
energéticas dependem, exclusivamente, de cimento em trocadores de calor diminuirão
uma fonte onde se possa transferir a energia meu gasto com combustível em caldeiras?
da queima de um combustível ao líquido. Perguntas como estas são particulares de
Para manter este ciclo, é importante que processos térmicos e só serão respondidas
se calcule equipamento por equipamento, caso a caso, conforme as considerações que
acidente de linha por acidente de linha, (bo- o engenheiro mecânico levar em conta no
cais, difusores e válvulas) bem como turbi- seu balanço. Da mesma forma a eficiência
nas, trocadores e compressores, pois eles do processo de transformação de energia
revelarão o quanto nossa caldeira deverá em trabalho, que será o tema da nossa pró-
queimar. Também é possível propor melho- xima unidade. Aguardo você lá!
1
Q
Fonte: os autores.
111
P
1
2
V
ΔU(kJ) Q(kJ) W(kJ)
P(kPa) V(m³) T(K)
1-2
1 180 V1 300
2-3 0
2 180 3V1
3 -1 0
3 45 300
ciclo
Fonte: os autores.
112
2. Um tanque de 50 m³ encontra-se, completamente, vazio, e, em determinado
instante, ele passa a ser cheio com uma corrente de metano (CH4), após a entrada
deste gás, o tanque atinge a temperatura de 160 o C. Sabendo que a entalpia do
processo é igual ao calor sensível envolvido de 362000 kJ, calcule a temperatura
inicial do sistema, considerando que:
kg
CH 4 0, 65
m3
kJ
CpCH 4 35 0, 04T
kmol.K
a) 160 oC.
b) 112 oC.
c) 8 oC.
d) – 106 oC.
e) – 154 oC.
113
WEB
114
REFERÊNCIAS ON-LINE
115
1. B.
PV
3 3 = n.R.T3
116
Para o cálculo das energias envolvidas no processo, temos:
U1 2 Q1 2 W1 2
Q1 2 U1 2 W1 2
Q1 2 748 26 kJ 498 96 kJ
Q1 2 1247 22 kJ
W2 3 748 26 kJ
U1 2 Q1 2 W1 2
Q3 1 W3 1
V
W31 n.R.T .ln 1
V3
1, 386
W31 100.8, 314.300.ln
5, 543
W3 1 345 72 kJ
Q3 1 345 72 kJ
117
Dessa forma, a tabela das energias ficará:
433
362000 kJ 50 0, 65 35 0, 04T dT
Ti
0, 04T f 2 0, 04Ti 2
362000 kJ 32 5 35T f 35Ti
2 2
0, 04 433 ²
11138, 46 35 433
35Ti 0, 02Ti
2
2
11138, 46 15155 3749, 78 35Ti 0, 02Ti 2
11138, 46 11405, 22 35Ti 0, 02Ti 2
266, 76 35Ti 0, 02Ti 2
0, 02Ti 2 35Ti 266, 76 0
Ao resolver o polinômio, encontramos as seguintes raízes:
Ti 167 K ouTi 8 K
Como a segunda opção encontra-se próximo do zero absoluto, desprezamos essa resposta assumindo
como verdadeira a temperatura de:
118
3. C
kg kJ kg kJ
1, 4 .3, 89 0 T f 90 0, 6 .0, 71 0 T f 49
s kg C s kg C
T f 87 02 0 C
119
120
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro
Esp. Luis Fernando Calciolari Ferrarezi
Segunda Lei da
Termodinâmica
PLANO DE ESTUDOS
Processo O Ciclo
Reversível de Carnot
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conceituar e analisar os fenômenos relacionados à taxa • Introduzir os conceitos de eficiência, energia disponível
de variação de entropia para volumes de controle. e irreversibilidade de processos, a partir de balanços de
• Apresentar as considerações impostas em processos ter- energia e entropia para sistemas abertos e fechados.
modinâmicos que permitam deduzir expressões matemá- • Expor o Ciclo de Carnot e examinar seus princípios.
ticas para processos reversíveis em regime permanente
para escoamentos simples.
Definição da Segunda
Lei da Termodinâmica
“
sempre do corpo de maior temperatura (Tq) para o
de menor temperatura (Tf), ou seja, não é possível I – Nenhum equipamento pode operar
que uma máquina térmica funcione retirando calor de tal forma que seu único efeito do sis-
de uma fonte de temperatura menor e desprezando tema sobre a vizinhança seja a conver-
esse calor para uma fonte de temperatura maior, são completa de calor em trabalho. (é
pois, dessa forma, ela estaria violando a 2ª Lei. impossível converter todo calor cedido
em trabalho realizado num ciclo termo-
dinâmico real)
II – Nenhum processo termodinâmico
A Entropia está, intimamente, ligada à ideia de natural é possível se este se propõe a re-
tempo e irreversibilidade dos processos, assim tirar calor de um reservatório mais frio
como podemos estudar a teoria da viagem no para rejeitá-lo em uma fonte de tempera-
tempo, observando conceitos da cinética e mo- tura superior (SMITH et al., 2007, p. 118).
vimento, podemos correlacionar a entropia dos
processos termodinâmicos com essa área. Saiba Para compreender melhor esta dinâmica da con-
mais acessando o vídeo disponível no link a seguir: versão de trabalho e calor, utilizaremos o exem-
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6351 plo descrito por Van Wylen (2008). Imagine um
sistema conforme a figura a seguir:
UNIDADE 5 123
Gás Gás
W Q
Figura 1- Elevação de peso em um sistema com temperatura T
Fonte: Van Wylen (2008, p. 116).
Neste processo, temos um gás, inicialmente, a uma Imagine agora que para processos perfeitamente
temperatura Ti e um peso acoplado a um eixo com reversíveis a temperatura seja constante, portanto
uma pá giratória dentro do sistema termodinâmi- T=2 T=1 T e Q2 Q1 Qrev dessa forma a nossa
co. Esse peso possui energia potencial e, no tempo variável de entropia seria definida para processos
t=0, ele é abandonado, transferindo sua energia reversíveis como sendo:
potencial para a pá, na forma de trabalho con-
Qrev
vertido em calor, no gás que se encontra dentro DS =
T
do sistema. Agora, imagine o processo seguindo
na direção contrária. Se aquecermos o sistema, O estudo dos ciclos baseado nesta propriedade
ou seja, transferirmos calor para o gás, o sistema permite-nos considerar que, para ciclos irreversí-
atingirá uma temperatura Tf que é diferente da veis, o trabalho gerado é igual ao calor reversível,
inicial, mas não elevará o peso à posição inicial, enquanto que, em ciclos irreversíveis, surgirá neste
indicando que, apesar de obedecer à 1ª Lei, ele não desenvolvimento uma parcela de calor irreversível
cumpre os requisitos da 2ª Lei. indicando o rendimento ou a eficiência do ciclo
Este aumento de temperatura indica que a termodinâmico. Ao sabermos as condições pon-
energia térmica foi convertida em uma energia tuais e as transformações do ciclo termodinâmico,
que ficou contida nas moléculas do sistema, como podemos calcular sua entropia e, por consequên-
para o sistema a energia interna é nula, conforme cia, a eficiência do processo.
a 1ª Lei. Definimos essa energia para processos Vejamos, agora, como funciona uma máquina
irreversíveis como sendo a entropia (S) essa en- térmica que cumpre com as leis termodinâmicas.
tropia é definida como: Considere a seguinte ilustração em que a máquina
absorve calor de uma fonte numa temperatura T2,
Q2 Q1
S2 S1 transforma parte desse calor em trabalho W e des-
T2 T1
preza o restante numa fonte fria de temperatura T1.
UNIDADE 5 125
Q2 Q2 Q2
µrefrigerador 1
W Q1 Q2 Q1
01 EXEMPLO Certo sistema termodinâmico atua de forma a retirar de certa fonte de calor a energia
de 34500 kJ para a produção de trabalho, após passar por essa máquina, o residual
de 12500 kJ é dispensado numa fonte fria, sabendo disso calcule:
b) O rendimento térmico dessa máquina e a quantidade de trabalho, em kJ,
realizado por ela.
c) Para um mol gás fluindo por esse equipamento, qual será a temperatura da
fonte fria, sabendo que a fonte quente se encontra a 425 K? (Considere R=
143 kJ/mol.K).
Resolução
a) Calculamos o rendimento dividindo o trabalho (W) realizado pela máquina
pelo calor cedido a ela. Como esse trabalho é igual à diferença entre os calores
cedido e recebido pelas fontes, temos:
W Q2 Q1 Q1
µtérmico 1
Q2 Q2 Q2
W Q2 Q1 34500 12500 22000 KJ
b) O calor cedido e recebido pelas fontes pode ser considerado como sendo:
Q n C p T1 T e Q2 n C p T2 T
Q2 Q1 n C p T2 T n C p T1 T
22000 n C p (T2 T T1 T )
22000 (1)(143)(425 T1 )
153, 84 (425 T1 )
T1 425 153, 84
T1 271, 16 K
UNIDADE 5 127
Gás
Figura 3 - Processo de Expansão de um gás perfeito
Fonte: Van Wylen (2008, p. 120).
Em muitos dos sistemas reais, consideramos intervalos em que ocorrem mudanças na forma de
processo reversível, isso é feito para facilitar as abordagens e os cálculos a serem realizados.
Conforme visto em nossa aula Dado o diagrama a seguir para um mol de gás ideal, encontre as
anterior, não existe trabalho condições de pressão e temperatura bem como os valores de ΔU, Q
reversível na natureza, pois, e W para os processos, sabendo que o processo de 4-5 é adiabático
quando modificamos o siste- (Considere R = 8,314 J/Mol.K):
ma para que este retorne à sua a) Calcule o ciclo, seguindo a direção horária (1-2-3-4-5-6-7-1).
condição inicial, ele deverá re- b) Calcule o ciclo, seguindo a direção anti-horário (1-7-6-5-
ceber quantidades diferentes de 4-3-2-1).
calor e trabalho. Ocorre que, em P(Pa)
determinadas transformações 2 3
para sistemas termodinâmicos, 10000
consideramos como processos 4
reversíveis. Resolveremos, ago- 8500 T = 800 K
UNIDADE 5 129
Conhecendo estas condições, podemos completar a Tabela 4, utilizando como base os conceitos apren-
didos na Unidade 3 e teremos as seguintes situações, onde T é constante ΔU=0, onde ocorre processo
adiabático Q=0, e onde V é constante teremos W=0, ou seja:
Sentido horário Sentido anti-horário
Processo ΔU Q W Processo ΔU Q W
1-2 0 1-7 0
2-3 7-6
3-4 0 6-5 0
4-5 0 5-4 0
5-6 0 4-3 0
6-7 3-2
7-1 0 2-1 0
Ciclo Ciclo
Tabela 4 - Energias termodinâmicas envolvidas no ciclo termodinâmico para o gás ideal no sentido horário e anti-horário
Fonte: os autores.
Para o cálculo da Energia Interna, utilizamos a equação para o gás ideal em que:
3nR(T f Ti )
DU
2
Vejamos, no exemplo: na mudança entre 1 e 2 no sentido horário, o sistema termodinâmico chega à
temperatura final de 601,39, partindo da inicial de 300 K, logo, sofre variação de energia interna de:
Tabela 5 - Energias termodinâmicas envolvidas no ciclo termodinâmico para o gás ideal no sentido horário e anti-horário,
após o cálculo das energias internas
Fonte: os autores.
Tabela 6 - Energias termodinâmicas envolvidas no ciclo termodinâmico para o gás ideal no sentido horário e anti-horário,
com valores de calor e trabalho nos processos 1-2, 4-5 e 5-6
Fonte: os autores.
Nos locais onde a pressão é constante, podemos calcular o trabalho como sendo:
W p (V f Vi )
Calculando os trabalhos por meio das equações apresentadas, substituindo esses valores na Tabela 6
e calculando o calor a partir da 1 Lei temos:
UNIDADE 5 131
Sentido horário Sentido anti-horário
Processo ΔU ( J ) Q(J) W(J) Processo ΔU ( J ) Q(J) W(J)
1-2 3758,63 3758,63 0 1-7 0 839,23 839,23
2-3 2476,86 -14023,14 -16500 7-6 1603,39 -9086,03 -10689,42
3-4 0 1077,94 1077,94 6-5 890,8 890,8 0
4-5 -3741,3 0 3741,3 5-4 3741,3 0 -3741,3
5-6 -890,8 -890,8 0 4-3 0 -1077,94 -1077,94
6-7 -1603,39 9086,03 10689,42 3-2 -2476,86 14023,14 16500
7-1 0 -839,23 -839,23 2-1 -3758,63 -3758,63 0
Ciclo 0 -1830,57 -1830,57 Ciclo 0 1830,57 1830,57
Tabela 7 - Energias termodinâmicas envolvidas no ciclo termodinâmico para o gás ideal no sentido horário e anti-horário,
para todos os processos
Fonte: os autores.
Veja, caro(a) futuro(a) engenheiro(a), que, como consideramos o trabalho reversível, no ciclo em sentido
horário, todo o calor absorvido foi transformado em trabalho de expansão, já no sentido anti-horário,
todo o calor perdido transformou-se em trabalho de compressão. Independentemente das transfor-
mações que fizermos no caminho, em ciclos reversíveis, teremos sempre esta igualdade para trabalho
e calor, mas, como vimos anteriormente, esses ciclos são apenas aproximações para uma realidade em
que existem apenas os ciclos irreversíveis. Veremos, agora, as particularidades e os motivos pelos quais
os ciclos são irreversíveis no mundo real.
UNIDADE 5 133
inicial. Veja a Figura 5a, que exemplifica. Perce- téria. Quando rompemos essa membrana, o gás
bemos, dessa forma, que independentemente da de um dos lados ocupa todo o espaço disponível
direção do bloco, subindo ou descendo, o calor no vácuo, atingindo nova condição de pressão e
gerado sempre estará saindo do sistema, o que temperatura, indicando que diminuiu sua ener-
indica que se trata de uma energia dissipativa gia interna. Como não houve variação de volume
do trabalho e, por consequência, irreversível no nesta passagem, ocorreu que, para alcançar a nova
processo. condição, ele perdeu calor.
Expansão não- resistida (vácuo em um Ao comprimir novamente o gás, adicionando
gás): para compreender este efeito, devemos trabalho ao sistema, deveríamos obter um gás na
considerar uma câmara com uma membrana mesma condição inicial, entretanto não é isso que
em que de um lado temos um gás a certa condi- ocorre. Em casos como esse, temos a irreversibi-
ção de temperatura e pressão, e, do outro lado da lidade do processo. Veja a Figura 5.b que ilustra
membrana, temos o vácuo, ou seja, o vazio de ma- o processo).
-Q
-Q
Fronteira
do sistema -W
-Q
U U
T p T v
U
Cp p Cv
T p
U
Nos processos reversíveis, tratamos sempre de C p Cv p
T p
diferenças finitas, ou seja, pequenos intervalos de
temperatura ou volume, e esses intervalos são en- A equação encontrada reflete a relação energética
tendidos como derivados das funções que repre- para as transformações de qualquer tipo de subs-
sentam o sistema termodinâmico nos processos. tância. Para o gás ideal, VT nRP e substituindo,
p
temos:
UNIDADE 5 135
Enquanto que o calor da fonte quente é:
nR
C p Cv p V
p Q1 RT1 ln 2
V1
C p Cv nR ou CP CV R
Dessa forma, nosso rendimento será descrito
Se dividirmos a equação por Cv, teremos: como:
CP CV R
V2
R (T1 T2 ) ln
CP R W V1 T1 T2 T2
1 µ térmico 1
CV CV Q1 V2 T1 T1
RT1 ln
V1
C
Chamando CVP = k , que é a razão entre as capacida-
des caloríficas desses fluidos, ou seja: De forma similar, teremos para os refrigeradores
a seguinte forma:
R
k 1
CV T2
µrefrigerador 1
Partindo desta igualdade, podemos definir que, T1
para qualquer gás, o trabalho irreversível pode
ser descrito como sendo: Indicando que o rendimento é função apenas das
k 1 k 1 temperaturas das fontes, esta equação permite que
V V
W RT1 ln 2 RT1 ln 3 possamos definir três condições:
V1 V4 Para T2 <T1 , temos um ciclo real e possível, um
Mas, como nesses casos: ciclo irreversível; para , temos um ciclo totalmente
reversível, e, para , temos um ciclo impossível.
k 1 k 1
V2 V3 Ou seja, facilitando, assim, a forma de calcular
V1 V4 o rendimento de um ciclo termodinâmico, pois:
V2 V3 W Q2 T2
µ térmico 1 1
V1 V4 Q1 Q1 T1
Então:
Entre os ciclos, o que mais se aproxima da idea-
V
W R(T1 T2 ) ln 2 lidade é o ciclo de Carnot, assunto da nossa pró-
V1 xima aula.
Observe na Figura 6.
UNIDADE 5 137
P
1
Compressão
adiabatica Expansão
isotérmica
4 TH
Expansão
3 adiabatica
TL
Compressão v
isotérmica
Gás ideal
Segundo o modelo do ciclo de Carnot, os processos são entendidos como reversíveis dentro do ciclo, ou
seja, basta que tenhamos as fontes quentes e frias como fontes infinitas onde não há variação de tem-
peratura, ou que ela seja mínima, de tal forma a manter a temperatura constante e teremos o ciclo real,
com o maior rendimento possível.
Ainda neste ciclo, deve-se garantir que o sistema retorne sempre à condição inicial, mantendo a
igualdade dentro do ciclo como sendo:
DU ciclo Qciclo Wciclo
0 Qciclo Wciclo
Qciclo Wciclo
Garantidas as condições apresentadas, podemos afirmar que, num ciclo de Carnot, as transferências
de calor que ocorrem do sistema para as fontes frias e quente são, internamente, reversíveis, bem como
a transformação de calor em trabalho no processo adiabático. É por este motivo que o rendimento
desse ciclo se aproxima tanto do valor ideal. Nossa busca, no ciclo de Carnot, é utilizar a condição do
processo adiabático para minimizar as perdas para a vizinhança e transformar o máximo de calor da
fonte quente em trabalho útil. Vejamos um exemplo de processo no ciclo de Carnot:
Resolução:
Calculando o calor da sala, teremos:
Q m C p (T f Tq )
Q 200 Kg 287 J Kg º C (35 21)º C
Q 344, 4 KJ
Tq 273 35
µ 1 1 1, 047 0, 047
Tf 273 21
Q W
log o 0,047=
µ=
W 344, 4 KJ
344, 4 KJ
=W = 7327, 66 KJ ou 6945,28BTU
0, 047
UNIDADE 5 139
1. 5 mols de um certo gás ideal é comprimido de 300 K até 700 K à pressão cons-
tante. Calcule, nesta transformação, os valores de ∆U, Q e W. (Considere R=8,314
J/mol.K).
a) ∆U = 24,94 kJ, Q = 41,56 kJ, W = -16,62 kJ.
b) ∆U = 123,12 kJ, Q = 83,14 kJ, W = 39,98 kJ.
c) ∆U = 56,33 kJ, Q = 24,66 kJ, W = 31,67 kJ.
d) ∆U = -24,94 kJ, Q = 41,56 kJ, W = -16,62 kJ.
e) ∆U = 123,12 kJ, Q = - 83,14 kJ, W = 39,98 kJ.
2. Qual o rendimento térmico máximo que pode ser obtido de uma máquina
térmica que trabalha com uma fonte quente a 600 K e uma fonte fria a 380 K?
Calcule também qual deve ser a temperatura da fonte fria, considerando que
essa máquina possui rendimento de 50% do rendimento térmico máximo.
a) 36,7 % e T = 380 K
b) 18,3 % e T = 490,2 K
c) 36,7 % e T = 490,2 K
d) 18,3 % e T = 380 K
e) 50 % e T = 300 K
140
LIVRO
141
SMITH, J. M. et al. Introdução à Termodinâmica da Engenharia Química. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.
VAN WYLEN, G. J.; SONNTAG, R. E.; BORGNAKKE, C. Fundamentos da termodinâmica clássica. 4. ed.
São Paulo: E. Blücher, 2008.
142
Calculando, o valor de ∆U para o gás ideal, teremos:
3nRT
U
2
3 5 R 700 300
U 15 200 8, 314 24, 94 kJ
2
Calculando a pressão no ponto 1:
PV
1 1 = 12471
Calculando os valores de volume ocupado para esta transformação à pressão constante:
V1 T1 300
= = = 0, 428
V2 T2 700
V2 = 2, 333V1
Calculando o trabalho realizado, teremos:
W P1 V2 V1 P1 2, 333V1 V1
W 1, 333.PV
1 1
W 16, 62 � kJ
Utilizando a 2ª Lei, encontramos o Calor trocado como sendo:
U Q W
24, 94 Q 16, 62
Q 24, 94 16, 62
Q = 41, 56 � kJ
143
1. A. Caso estivéssemos tratando de uma máquina com um máximo rendimento, teríamos:
Tf 380
rendimento máximo 1 1 0 367 ou 36, 7%
Tq 600
Tf
0, 183 1 � � � � 0, 183 600 600 T f �
� � � � � �
600
Tq
rendimento � máximo
� de � refrigerador 1
Tf
310
1 0 1923 ou 19 2%
260
Q
rendimento � real
� de � refrigerador =
W
Q
0, 1538 =
200 �
J
Q = 30, 77 �
s
3. C.
144
145
146
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro
Esp. Luis Fernando Calciolari Ferrarezi
Entropia
PLANO DE ESTUDOS
Compreendendo Eficiências
a entropia isentrópicas
Desigualdade Variação da
de Clausius entropia
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Estabelecer os princípios teóricos de Clausius para a for- • Compreender a variação da entropia para substâncias
mulação dos conceitos fundamentais de entropia. puras, substâncias incompressíveis e gases ideais em sis-
• Definir o significado físico de entropia como uma proprie- temas fechados.
dade de estado do sistema termodinâmico. • Determinar as eficiências isentrópicas dos dispositivos es-
senciais na engenharia: turbina, compressor, bomba e bocal.
Desigualdade
de Clausius
UNIDADE 6 149
Esta é a desigualdade de Clausius, a qual é vá-
lida para qualquer ciclo termodinâmico, seja ele
reversível ou irreversível. Caso não ocorra irrever-
Você deve lembrar que não é possível criar ou sibilidade no sistema, como o dispositivo cíclico
destruir energia, apenas convertê-la, por conta é reversível, isso resultará no sistema combinado
disso, a variação líquida da energia ao longo do ser, internamente, reversível. Sendo assim, pode
ciclo será zero. funcionar no processo inverso. Analisando o
processo invertido, toda quantidade manterá sua
dESC 0
magnitude, invertendo o seu sinal (OLIVEIRA,
2019). Anteriormente, você notou que o trabalho
WSC não poderia assumir valores positivos, com
esta inversão, ele não poderá assumir, também,
TR valores negativos. Portanto, se o ciclo for, ao me-
nos, internamente reversível, um caso particular
ocorre, obtendo a igualdade na desigualdade de
QR
Clausius.
dQ
T
int rev
0
Sistema WSC
combinado
Esta característica da integral cíclica ser nula pode
ser observada, também, ao realizar uma análise
nas propriedades termodinâmicas, como o vo-
lume:
150 Entropia
Compreendendo
a Entropia
A PROPRIEDADE
UNIDADE 6 151
Sendo uma propriedade, a variação da entropia Podemos resumir a entropia como uma medida
entre o estado inicial e final ∆S independente- da desordem molecular de uma substância. Nesse
mente da trajetória, seu valor será o mesmo, momento, você já tem o conhecimento de que o
sendo o processo reversível ou irreversível. aumento da temperatura de uma substância é re-
flexo do aumento da movimentação de suas molé-
culas. Portanto, substância em maior temperatura
cessário saber a correlação entre o calor Q e a apresentará uma desordem maior, enquanto em
temperatura T , durante o processo. Porém tal temperaturas mais baixas a movimentação de
informação não é facilmente disponibilizada, suas moléculas é menor, sendo assim, uma subs-
com isso, a consulta em tabelas de propriedades tância em seu estado gasoso apresentará maior
termodinâmicas é uma forma prática de obter a entropia do que no estado sólido.
entropia em determinado estado. Matematicamente falando, a entropia é uma pro-
Como você talvez tenha observado, a entropia babilidade dos possíveis estados microscópicos
é definida por uma letra maiúscula, caso tenha da substância, demonstrando a incerteza em de-
arriscado que ela é uma propriedade extensiva, terminá-lo. No zero absoluto, as moléculas de
acertou, Chamada, também, entropia total (S), uma substância cristalina pura, supostamente,
sendo sua unidade kJ K no S.I. Assim como estarão imóveis, não existindo mais a incerteza,
as outras propriedades extensivas, também pode portanto, a entropia apresenta seu valor mínimo
ser por unidade de massa, tornando-se uma pro- (entropia absoluta). Esse conceito é conhecido
priedade específica, ou seja, entropia específica como a Terceira Lei da Termodinâmica, a qual
(s), com unidade kJ kg K . oferece um ponto de referência à entropia.
Observe que, mesmo que a correlação entre ca- Para um caso restrito, a variação de entropia pode
lor e temperatura seja conhecida e o cálculo da ser calculada de uma forma bem simplificada. Em
integral seja realizado, o valor obtido será uma um processo de transferência de calor isotérmico
variação de entropia DS . Na engenharia, no não temos irreversibilidades, logo, trata-se de um
geral, a informação importante para os estudos processo internamente reversível com uma tem-
será, realmente, a variação da entropia, mas, para peratura T0 constante.
encontrar os valores de entropia das substâncias 2 δQ 1 2
e produzir as tabelas, foi necessário estabelecer ∆S δQ int rev
1 T0 T0 1
um estado de referência, um S = 0. Como você int rev
pode imaginar, essa referência, no meio científico,
Q12
é a temperatura teórica de 0K , o zero absoluto. DS
T0
Ainda assim, para análises de engenharia, as ta-
belas utilizam temperaturas mais próximas da Sendo Q1→2 o calor transferido no processo in-
temperatura de trabalho da substância. ternamente reversível.
152 Entropia
O processo 1 → 2 é conhecido,
sendo S2 − S1 . Substituindo na
inequação, temos:
Essa variação de entropia poderá ser positiva ou negativa, isso de- 1 dQ 1 dQ
S2 S1 0 S1 S2
pende se o calor foi transferido ao sistema ou retirado do sistema. 2 T 2 T
Entretanto isso é válido para a variação de entropia do sistema Passando para a forma dife-
apenas. Se analisarmos a variação no sistema e na vizinhança, rencial:
sempre teremos um valor nulo ou maior que zero. dQ
dS ≥
T
Com esta expressão, é possível
PRINCÍPIO DO AUMENTO concluir que, em um processo
DE ENTROPIA irreversível, a variação da entro-
pia será maior que a integral de
Utilizando a desigualdade de Clausius, encontraremos a variação dQ T , e este termo representa
de entropia em um ciclo, ilustrado pela Figura 3, composto de dois a entropia transferida, por meio
estados, sendo a ida reversível, e a volta desconhecemos se é rever- de calor. Uma vez que a varia-
sível ou irreversível. ção da entropia seja maior que a
T transferência, podemos concluir
Processo 2 1: que entropia foi gerada, durante
reversível ou irreversível
o processo irreversível. Repre-
sentada por S ger , a geração de
2 entropia é dada pela diferença
entre a variação da entropia e a
transferência de entropia duran-
Processo 1 2: te o estado inicial para o final.
1 reversível
s
Figura 3 - Processo reversível e processo reversível ou irreversível
Fonte: os autores.
2 dQ
Processo 1 → 2 : 1 0
T int rev
1 dQ
Processo 2 → 1 : 0
2 T
UNIDADE 6 153
f dQ A geração de entropia é um importante critério
S ger DS
i T para verificar o desempenho de dispositivos na
engenharia. Quanto maior for a geração de entro-
Note que a entropia gerada será sempre maior ou pia, maiores serão as irreversibilidades presentes
igual a zero. Ela se origina das irreversibilidades no processo. Caso seu valor seja negativo, trata-se
presentes no sistema. A equação anterior pode ser de um processo definido como impossível.
representada como:
f dQ
DS S ger
i T
Quando associado o fato de a entropia não dimi-
Observe que, para um sistema isolado (adiabáti- nuir ao infinito tempo que o universo venha ter,
co), a transferência de calor será zero, logo: deduz-se um possível fim do universo, momento
em que atingirá uma entropia máxima. Assim,
DSisolado S ger 0 DSisolado 0 nenhum processo irreversível ocorrerá, não ha-
verá variação de temperatura, sendo conhecido
Neste momento, chegamos ao princípio do au- como morte térmica do universo.
mento de entropia, concluindo que a entropia
em um sistema isolado sempre aumentará ou se
manterá constante, jamais diminuirá. PROCESSO ISENTRÓPICO
154 Entropia
Variação
da Entropia
UNIDADE 6 155
VARIAÇÃO DA ENTROPIA EM SUBSTÂNCIAS PURAS
T T T
s@T,P sl @ T s sl xslv s
P x P
Tabela 1 - Entropia de substância pura
Fonte: os autores.
T P2 > P1 Região:
1 - Líquido comprimido
Ponto 2 - Mistura saturada
P2
crítico
3 - Vapor superaquecido
P1
3
1
s
Figura 4 - Diagrama T-s e suas regiões
Fonte: adaptada de Çengel (2013).
156 Entropia
EQUAÇÕES DE GIBBS anteriormente, que, para líquido comprimido,
s@ T,P ≅ sl @ T .
As equações de Gibbs relacionam a variação da Você poderá notar uma particularidade caso
entropia com a de outras propriedades. Vale lem- analisar um processo isentrópico em uma subs-
brar que a variação de uma propriedade é inde- tância incompressível, observe pela equação:
pendente do percurso do processo, sendo assim,
T2
as equações são válidas para processos reversíveis 0 cmed ln T2 T1
T1
e irreversíveis.
T d s du P d v Isso nos mostra que uma substância incompressí-
vel que passa por um processo isentrópico mante-
T d s dh v d P rá sua temperatura constante, ou seja, o processo
também será isotérmico.
VARIAÇÃO DA ENTROPIA
DE SUBSTÂNCIAS VARIAÇÃO DA ENTROPIA
INCOMPRESSÍVEIS DOS GASES IDEAIS
Uma substância que não apresenta variação de Citando os gases ideais, talvez, você tenha lem-
volume, durante um processo, é considerada uma brado da equação Pv = RT , isso é bom, pois
substância incompressível. O líquido e o sólido ela será necessária nesse momento. Dessa vez,
são aproximados para substância incompressíveis, diferente das substâncias incompressíveis, nos
uma vez que sua variação de volume pode ser gases ideais, não é possível aproximar os calores
expressa por dv ≅ 0 . Para uma substância incom- específicos. Portanto, devemos usar du = cv dT
pressível, os calores específicos cv e c p são iguais, e d h = c p dT . Utilizando novamente as equa-
portanto, a variação de entalpia pode ser dada por ções de Gibbs, podemos substituir os termos pelas
du = c dT , e, ao substituir essas informações na equações citadas de gases ideais, obtendo:
equação de Gibbs, obteremos:
dT R
d s cv dv
c dT 2 dT T v
ds s2 s1 c(T )
T 1 T
dT R
Como forma de realizar uma análise aproximada, ds c p dP
T P
é comum considerar a variação do calor específico
em relação à temperatura ao longo do processo Novamente, para realizar a integração destas
como cmed , sendo o valor do calor específico para equações, em vez de considerar o calor específi-
a temperatura média. Calculando a integral com co em função da temperatura, podemos assumir
esta consideração, temos que: como aproximação cv, med e c p, med como sendo
calor específico médio na faixa de temperatura
T2
s2 s1 cmed ln considerada.
T1
T v
s2 s1 cv,med ln 2 R ln 2
Note que a variação da entropia nessas condições T1 v1
é independente da pressão, por isso, foi citado,
UNIDADE 6 157
T2 P
s2 s1 c p ,med ln R ln 2
T1 P1
k 1 k
T2 P2
T1 P1
PRESSÃO E VOLUME
ESPECÍFICO RELATIVOS
v2 v
r2
v1 isentrópico vr1
158 Entropia
Eficiências
Isentrópicas
UNIDADE 6 159
TURBINAS
P1 h1 P2 r P2 s P2 r
h2 r h2 s
T1 s1 T2 r s2 s s1
Tabela 2 - Entalpia real e isentrópica da turbina
Fonte: os autores.
A Tabela 2 representa as propriedades que definem cada estado e o que devemos tirar de informação
de cada um. Para encontrar a eficiência isentrópica da turbina ( hT ), resta realizar a razão entre o tra-
balho real pelo isentrópico.
w h h
hT r 1 2 r
ws h1 h2 s
Note que o propósito de uma turbina é realizar trabalho, sendo assim, o processo ideal obtém um
trabalho maior que o real, isto é, ws > wr .
COMPRESSORES
Utilize um raciocínio similar ao apresentado para turbinas, porém, nesse dispositivo teremos um con-
sumo de trabalho com o intuito de que o gás seja comprimido, ou seja, elevar sua pressão ( P2 > P1 ).
Esse processo resultará em um aumento da entalpia ( h2 > h1 ).
160 Entropia
Para encontrar o trabalho consumido no pro- BOCAL
cesso de compressão adiabática, será utilizado
w h2 h1 . Considerando o processo isentrópi- Utilizado para acelerar um fluido, este dispositivo
co, ele terá um consumo menor de trabalho não envolve trabalho e apresenta uma velocidade
( ws < wr ), logo, a eficiência isentrópica de com- final ( V2 ) muito maior que a velocidade inicial
pressores ( hC ) será dada por: ( V1 ). Como V1 V2 , a variação da energia cinética
( Dec 12 V22 V12 ) se resume em Dec = 12 V2 , por-
2
ws h2 s h1
hC tanto, sua eficiência fica em função da velocidade
wr h2 r h1
de saída do fluido.
Uma vez que um processo reversível resulta
BOMBAS em energia cinética maior que um processo real,
a eficiência isentrópica do bocal ( h Bocal ) é ex-
Este dispositivo executa um processo semelhante pressa por:
ao compressor, utiliza trabalho para realizar um 2
h Bocal
Ec V
r 2r 2
aumento de pressão. Sua diferença é que esse pro-
Ecs V2 s
cesso ocorre para um líquido, em vez de um gás.
O trabalho utilizado pela bomba durante um pro-
cesso isentrópico será dado pelo produto do vo- Do balanço de energia deste dispositivo, temos que:
lume e a variação de pressão ( ws v( P2 P1 ) ), 2
0 Dh Dec h1 h2
V2
sendo assim, a eficiência isentrópica da bomba
2
( h Bomba ) torna-se:
Sendo assim, podemos reescrever a eficiência
w v( P2 P1 )
h Bomba s isentrópica em função da entalpia:
wr h2 r h1
h1 h2 r
h Bocal
h1 h2 s
De modo a contribuir para compreensão de nosso
Tenha sua dose extra de
universo, a determinação desta nova propriedade,
conhecimento assistindo ao entropia, continua sendo uma enorme contribui-
vídeo. Para acessar, use seu ção para melhorias em sistemas termodinâmicos.
leitor de QR Code. Essa propriedade originou-se de uma necessida-
de de expressar, matematicamente, alguns limites
termodinâmicos, juntamente com os conceitos da
segunda lei. Além de compreender seus funda-
mentos, passamos, também, pelas interpretações
que podemos obter com essa nova propriedade
e por uma de suas principais utilizações, analisar
a eficiência isentrópica dos dispositivos.
UNIDADE 6 161
1. Uma máquina térmica reversível recebe calor de um reservatório de alta tem-
peratura que se encontra a 875 K e transfere calor para um sumidouro a 325 K.
Sabendo que a entropia do sumidouro aumenta em 70 kJ/K, calcule a entropia
gerada neste sistema, o calor cedido pela fonte quente e o calor recebido pela
fonte fria.
2. Um compressor adiabático tem como entrada ar com uma pressão de 250 kPa
e temperatura de 14°C . Considerando que a variação de entropia no processo
de compressão será de 0, 25 kJ kg K . Assumindo o ar como um gás ideal
e sabendo que a temperatura de saída deve ser de 40°C , a pressão após o
processo de compressão deve ser, aproximadamente:
a) 65 kPa.
b) 530 kPa.
c) 750 kPa.
d) 810 kPa.
e) 1400 kPa.
3. Uma turbina adiabática recebe vapor de água vinda de uma caldeira a 400°C e
7 MPa. Esse vapor, ao passar pelas pás da turbina, perde 14,34% de sua entalpia
para realizar trabalho, saindo vapor saturado. Determine qual a temperatura e
pressão na saída da turbina e qual a sua eficiência isentrópica.
162
5. Um bocal adiabático apresenta uma eficiência isentrópica de 94% sendo for-
necido em sua entrada ar a 150 kPa e 117°C . Sabendo que sua pressão reduz
para 75 kPa, encontre qual a velocidade, em m/s, que o ar apresenta na saída
do bocal e veja as seguintes afirmações:
I) A temperatura real de saída do bocal é menor que 320 K.
II) A velocidade de saída é menor que 320 m/s.
III) Durante o processo, o ar transforma mais do que 65 kJ kg de sua entropia
em energia cinética.
IV) Considerando o processo isentrópico, a velocidade de saída é maior que
370 m/s.
163
FILME
WEB
164
OLIVEIRA, M. J. de. The two parts of the second law of thermodynamics. Rev. Bras. Ensino Fís., São Paulo,
v. 41, n. 1, e20180174, ago./2019.
BOLES, M. A.; ÇENGEL, Y. A. Termodinâmica. 7. edição. São Paulo: AMGH Editora, 2013.
165
1. Dados:
DS H DS L 70 kJ K
A entropia gerada será dada por:
S ger DS H DS L 70 kJ K 70 kJ K 0 kJ K
Sendo o processo isotérmico e, internamente, reversível para calcular a transferência de calor da fonte
Q
quente e do sumidouro, podemos utilizar: DS = . Portanto QH TH DS H 61250kJ e
QL T= T
= L DS L 22750kJ .
2. D.
Dados: c p
Fluido: ar
T2 P P T 1
Ds c p ,med ln Rar ln 2 ln 2 c p ,med ln 2 Ds
T1 P1 P1 T1 Rar
T2 1
c p ,med ln Ds
T Rar
P2 P1 e 1
166
c p ,med c p @ Tmed 1, 005 kJ kg K
Rar 0, 287 kJ kg K
Fluido: água
Com os dados passados do exercício, devemos determinar a entalpia e entropia do estado de entrada com
auxílio da tabela de vapor superaquecido:
T1 h1 3159, 2 kJ kg
P1 s1 6, 4502 kJ kg K
A entalpia real de saída será dada por:
= , 8566h1 2706, 17 kJ kg
h2 r 0=
Sabendo a entropia do estado de saída, e que o vapor se encontra saturado, podemos encontrar a tem-
peratura e a pressão reais de saída:
h2 r T2 r 120C
x2 r P2 r 200kPa
P2 s P2 r x2 s s2 s sl @ P2 s slv @ P2 s 0, 879
s2 s s1 h2 s hl @ P x2 s hlv @ P 2440, 08 kJ kg
2s 2s
h1 h2 r
hT 0, 62997 hT 63%
h1 h2 s
167
4. E.
Dados:
Fluido: ar
Sabendo a temperatura de entrada do ar, é possível determinar a entalpia e a pressão reduzida por meio
da tabela termodinâmica:
h 300, 19 kJ kg
T1 1
Pr1 1, 386
Como a entalpia no processo isentrópico é duplicada, temos que:
h= h1 600, 38 kJ kg
2 s 2=
Da tabela termodinâmica, encontramos que, para essa entalpia, a pressão reduzida do ar será:
Pr2 = 15, 83
Sendo fornecido o valor da temperatura na saída, obtemos a entalpia real na saída:
T2 r h2 r 659, 84 kJ kg
A eficiência isentrópica desse compressor pode ser encontrada por:
h2 s h1
hC 0, 835 hC 83, 5%
h2 r h1
Pr 2 P2 P
P2 P1 r 2 1486, 6 kPa
Pr1 P1 Pr1
5. E.
Dados:
Fluido: ar c p 1, 005 kJ kg K k 1, 4
168
h Bocal = 0, 94
T1 117C 390 K
P1 = 150 kPa
P2 = 75 kPa
Resolução:
Sendo gás ideal, no processo isentrópico, a temperatura de saída será dada por:
k 1 k k 1 k
T2 s P2 P
T2 s T1 2 T2 s 319, 93 K
T1 P1 P1
A variação de entalpia neste processo isentrópico será dada por:
Dhs h2 s h1 c p T2 s T1
Dhs 70, 42 kJ kg
Tendo a eficiência isentrópica do bocal e a variação de entalpia ideal, podemos encontrar a variação de
entalpia real:
Dhr
h Bocal Dhr Dhs h Bocal
Dhs
Dhr 66, 19 kJ kg
Pelo balanço de energia do bocal, obtemos que:
169
170
171
172
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro
Esp. Luis Fernando Calciolari Ferrarezi
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Introduzir a hipótese do padrão a ar e desenvolver con- • Apresentar o ciclo ideal dos motores de ignição por com-
ceitos do sistema pistão-cilindro presentes nos motores pressão, seus processos e diagramas.
alternativos. • Apresentar o ciclo ideal utilizado em turbinas a gás, seus
• Apresentar o ciclo ideal dos motores de ignição por cen- processos e diagramas.
telha, seus processos e diagramas.
Motores à
Combustão
RENDIMENTO TÉRMICO
Trabalho
No ciclo ideal de potência, por não ser, necessaria-
Trabalho mente, na forma externa, reversível, sua eficiência
térmica, no geral, será menor do que a de um ciclo
totalmente reversível (Carnot), operando com os
mesmos limites de temperatura. Em termos mate-
Calor
máticos, temos a eficiência térmica expressa por:
Figura 2 - Representação de ciclo de potência a gás wliq
Fonte: os autores. ht =
qent
UNIDADE 7 175
01 EXEMPLO Considere que o motor de um automóvel fabricado com certa liga, em que seus
componentes suportam temperaturas de incríveis 600°C , é colocado para funcionar
em uma região onde a temperatura ambiente é de 25°C . Analisando apenas pela
limitação imposta pelos componentes e meio, qual seria a máxima eficiência térmica
desse motor?
Resolução:
qsai
wliq qent qsai ht 1
qent
25 273
ht ,Carnot 1 ht ,Carnot 0, 6586
600 273
Logo, temos que o limite da eficiência térmica será de 65,86%, operando nesses limites
de temperatura.
T
q ent Observe as equações utilizadas
1 2 no exemplo anterior de modo
TH
a visualizá-las no diagrama T-s
apresentado na Figura 3. Note
que qent é, numericamente,
igual à área abaixo da curva do
TL processo 1 → 2 e qsai do pro-
4 3
q sai cesso 3 → 4 . Uma vez que o tra-
balho líquido é dado pela dife-
rença desses valores, temos que
s1 = s4 s2 = s3 s a área delimitada pelos percur-
Figura 3 - Diagrama T-s do ciclo de Carnot sos dos processos é equivalente
Fonte: os autores. ao trabalho líquido do ciclo.
wliq qent qsai
qent TH s2 s1
qsai TL s3 s4
Portanto, a única forma de aumentar o rendimento, nesta situação, é pelo aumento da di-
ferença entre as temperaturas que acaba sendo limitada pela temperatura suportada pelos
componentes do motor e pela temperatura do meio com que será possível rejeitar calor.
Dois dos ciclos de potência a gás que veremos têm como elemento crucial o sistema pistão-cilindro.
Devido à importância deste componente nos ciclos, faz-se necessário um detalhamento prévio desse
elemento. O princípio do sistema pistão-cilindro é a produção de movimento retilíneo pela combustão
interna. Por meio de mecanismos, como bielas e virabrequim, o movimento retilíneo é convertido em
movimento circular sobre um eixo, produzindo potência.
O objetivo, neste momento, será compreender algumas nomenclaturas desse sistema, local onde
ocorre a combustão e todos os outros processos do ciclo.
Válvula de Válvula de
admissão descarga
Parede
do cilindro
PMS VZ
Vdu Curso
Movimento Pistão
linear
Biela PMI
Mecanismo
de manivela
Movimento
a) de rotação b) c)
Figura 4 - (a) Componentes sistema pistão-cilindro; (b) Volume máximo; (c) Volume mínimo
Fonte: adaptada de Borgnakke (2013).
UNIDADE 7 177
Com estas dimensões são estabelecidas duas relações:
• O volume máximo dividido pelo volume mínimo é a razão de compressão
do motor:
Vmax Vdu Vz
r
Vmin Vz
Resolução:
Dados:
Z = 8 cilindros
r = 10,1
Vd = 3996 cm3
D = 86 mm = 8,6 cm
S = 86 mm = 8,6 cm
Para verificar o valor da cilindrada, é necessário encontrar o volume deslocado
unitário e multiplicar pelo número de cilindros:
p D2
Vdu
= = S 499, 557 cm3
4
Real Padrão a ar
Ar
Ar Ar
Combustível Produto da
combustão
Wliq Wliq
Figura 5 - Ciclo real e modelo padrão a ar
Fonte: os autores.
UNIDADE 7 179
Ciclo Otto:
Ignição Por Centelha
3
Expansão
Figura 6 - Ciclo real de ignição por centelha
Fonte: adaptada de Çengel (2013).
UNIDADE 7 181
do motor (que é a rotação (n) do eixo de saída, em rpm, dividida Os processos deste ciclo, inter-
por 60) e por um fator ½ , pois o ciclo termodinâmico é metade namente, reversível podem ser
da quantidade de ciclo mecânico, será obtida a potência líquida descritos da seguinte forma:
( Wliq ) produzida por este ciclo, em kW. • 1 → 2 Compressão isentró-
pica: o cilindro é considera-
n 1
Wliq = Wliq Z do isolado, enquanto o pistão
60 2
vai do PMI ao PMS o ar pre-
sente no interior da câmara é
CICLO OTTO, O IDEAL DE IGNIÇÃO comprimido de modo isen-
POR CENTELHA trópico, com isso, a pressão
e a temperatura do sistema
Agora que já compreendeu o funcionamento do ciclo real e as etapas aumentam levemente.
que o compõem, torna-se mais fácil visualizar as considerações que • 2 → 3 Calor fornecido a
são aplicadas para obter o ciclo ideal, o qual pode ser melhor anali- volume constante: quando
sado, mesmo sendo de modo qualitativo. Utilizando a análise de ar o pistão chega no PMS, o
padrão, o ciclo apresentará condições similares ao real, essa versão é cilindro não é mais con-
chamada ciclo Otto, e suas etapas estão representadas na Figura 7. siderado isolado e passa
Q a receber calor de forma
que o pistão não se mova,
mantendo-se em volume
constante, resultando em
um aumento considerável
4 1
de pressão e temperatura.
• 3 → 4 Expansão isentrópi-
ca: o cilindro é novamente
isolado, o pistão não mais
3 2
impossibilitado de se mo-
ver, então, ele é empurrado
4 1
ao PMI por conta da pres-
Q são elevada do ar, rotacio-
nando o eixo, logo, produz
trabalho útil.
2 3 • 4 → 1 Calor removido a
volume constante: ao che-
gar no PMI, o ar ainda apre-
Figura 7 - Etapas do ciclo Otto senta pressão e temperatura
Fonte: os autores. maiores que seu estado 1,
então, é rejeitado calor com
o pistão imóvel, de modo
que o fluido de trabalho
retorne a seu estado inicial.
t.
ns
Isentrópico 4
co
v=
qent qsai
2 2 t.
4 ons
qsai
v =c
Isentrópico
1 1
PMS PMI v s
Com isso, podemos encontrar a eficiência térmica do ciclo Otto como sendo:
qsai T T
ht ,Otto 1 1 4 1
qent T3 T2
Sendo os processos 1 → 2 e 3 → 4 isentrópicos, os volumes v1 = v4 , v2 = v3 e a razão de compressão
dada por r = v1 v2 , torna-se possível utilizar as relações de temperatura e volume, apresentadas na
unidade anterior, para substituir as temperaturas da expressão anterior, obtendo a eficiência apenas
em função da razão de compressão e da razão dos calores específicos.
ht ,Otto 1 r1k
UNIDADE 7 183
.6 67
0.8 k=1
(ar)
k = 1.4
0.6
k = 1.3
η t,Otto
0.4
0.2
2 4 6 8 10 12 r
Figura 9 - Relação da razão de compressão e da razão dos calores específicos na
eficiência do ciclo Otto
Fonte: Çengel (2013).
UNIDADE 7 185
Assim como no ciclo de ignição por centelha, considerar a hipótese de ar padrão permite-nos mo-
delar o ciclo ideal para ignição por compressão, conhecido como ciclo Diesel. Os processos desse ciclo
muito se assemelham ao anterior, há, apenas, uma modificação. No momento em que o combustível é
injetado, a explosão inicia, movendo o pistão do PMS ao PMI, e, no percurso inicial dessa expansão, o
combustível ainda está sendo adicionado. Portanto, ao analisar esse processo, em seu modelo idealizado,
podemos considerar uma expansão à pressão constante, na qual ocorre a adição de calor.
P T
qent
qent
2 3 e 3
constant
P =
Ise
4
nt
2
ró
pi
qsai
co
Ise tante
4 s
nt
ró con
pic v =
o qsai 1
1
v s
Figura 10 - Diagramas do ciclo Diesel
Fonte: Çengel (2013).
Realizando um balanço de energia no ciclo Diesel, A eficiência térmica desse ciclo é dada por:
teremos que, novamente, nos processos 1 → 2 e
qsai c T T
3 → 4 , o sistema encontra-se isolado, logo, ht , Diesel 1 1 v 4 1
qent c p T3 T2
)
(Otto
0.7 rc = 1
2
0.6 3
4
0.5
η t,Diesel
0.4
0.3
0.2
0.1
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 r
Figura 11 - Relação da razão de compressão e razão de corte na eficiência
do ciclo Diesel
Fonte: os autores.
UNIDADE 7 187
Ciclo Brayton:
Turbinas a Gás
Gerador
Torre de Água de
refrigeração refrigeração Central de
cogeração térmica
Bomba de água
Condensador
de vapor
Rio
Água do mar
Figura 12 - Ciclo combinado de turbina a gás
Assim como os casos anteriores, podemos modelar este dispositivo como um ciclo fechado, utilizando
a análise de ar padrão. Novamente, o processo de combustão será representado pelo fornecimento de
calor com pressão constante. Os gases de exaustão são substituídos por um processo de rejeição de calor
à pressão constante, assim, retornando ao seu estado inicial. Observe o esquemático do ciclo aberto
representado na Figura 13a e seu modelo idealizado, conhecido como ciclo Brayton, na Figura 13b.
Q
Combustível 2 Trocador
Compressor de calor
3 Wliq
Wliq
Eixo Turbina
Eixo Turbina
Compressor 1
Trocador
de calor 4
Gases de
exaustão Q
Ar
a) b)
Figura 13 - Representações da turbina a gás: (a) aberta e (b) fechada
Fonte: os autores.
UNIDADE 7 189
Os processos que compõem este ciclo não diferem muito do que vimos anteriormente, e podemos
descrevê-los como sendo:
• 1 → 2 Compressão isentrópica: o ar, em baixa temperatura, é admitido por um compressor,
consumindo trabalho; este dispositivo eleva a pressão e a temperatura do ar.
• 2 → 3 Calor fornecido à pressão constante: após sair do compressor, o ar vai para um trocador
de calor, onde recebe calor sem mudança de pressão.
• 3 → 4 Expansão isentrópica: o ar que se encontra em alta temperatura e pressão (elevada ental-
pia) se expande, passa pelas pás da turbina, fazendo-as rotacionarem, alimentando o compressor
e produzindo trabalho líquido, enquanto sua entalpia reduz.
• 4 → 1 Calor removido à pressão constante: novamente, em um trocador de calor, porém, neste
momento, é rejeitado calor sem mudança de pressão.
Os diagramas P-v e T-s dos processos descritos podem ser observados na Figura 14.
P T
e 3
qent ant
t
ons
2 3 c
P=
s= qent
co 4
s=
ns
ta
con
nt 2
e
sta
te qsai
tan
nte
ns
1 4
1 P = co
qsai
v s
Figura 14 - Diagramas ciclo Brayton
Fonte: os autores.
wcomp ,ent
rct =
wturb,sai
UNIDADE 7 191
1. Um motor de ignição por centelha, projetado de modo que sua razão de com-
pressão seja 11, está operando em uma rotação de 3500 rpm no padrão a ar.
Calcule a taxa de calor fornecido para que este ciclo produza 110 kW de potência
e assinale a alternativa correta.
a) 34,78 kW.
b) 83,25 kW.
c) 111,35 kW.
d) 178,34 kW.
e) 210,00 kW.
192
LIVRO
193
BORGNAKKE, C.; SONNTAG, R. E. Fundamentos da termodinâmica. São Paulo: Editora Blücher, 2013.
REFERÊNCIA ON-LINE
194
1. D.
Dados:
r = 11
k = 1,4
n = 3500 rpm
Resolução:
Sabendo que a eficiência térmica é a razão entre o trabalho líquido e o calor fornecido, podemos utilizá-la,
também, para determinar a taxa de calor:
wliq W W
ht ht Q
qent Q ht
110
=Q = 178, 34 kW
0, 6168
2. Dados:
r = 22
P1 = 90 kPa
T1 = 300 K
T3 = 1800 K
R 0, 287 kJ kg K
c p 1, 005 kJ kg K
cv 0, 718 kJ kg K
195
Resolução:
Devemos, inicialmente, encontrar a T2 , para isso, podemos utilizar as relações isentrópicas apresentadas
na unidade anterior:
1 → 2 : compressão isentrópica
k 1 k 1
T2 v1 v
T2 T1 1 T1r k 1
T1 v2 v2
P2 v2 P3v3 T
v3 3 v2
T2 T3 T2
v3 = 1, 7425v2
3 → 4 : expansão isentrópica
k 1 k 1 k 1
v 1, 7425v2 1, 7425
T4 T3 3 T3 T4 T3
v4 v1 r
T4 = 652, 79 K
Com as temperaturas encontradas, podemos calcular o calor que entra e calor que sai:
Para calcular a pressão média efetiva, precisamos determinar a diferença entre o volume inicial e final
( v1 − v2 ):
196
RT1
v1
= = 0, 9566 m3 kg
P1
v1
v=
2 = 0, 04348 m3 kg
r
wliq
PME 566, 8 kPa
v1 v2
3. Dados:
T1 = 300 K
T3 = 1273 K
P1 = 150 kPa
R 0, 287 kJ kg K
c p 1, 005 kJ kg K
cv 0, 718 kJ kg K
P2 = 1300 kPa
Resolução:
P2
r=
P = 8, 667
P1
No processo 1 → 2 , ocorre uma compressão isentrópica, logo, podemos utilizar as relações isentrópicas:
k 1 k
T2 P2 k 1 k
T2 T1rP
T1 P1
197
T2 = 556, 01 K
O próximo passo será calcular o calor fornecido no processo 2 → 3:
(1 k )
ht , Brayton 1 rP k 0, 4604
198
199
200
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro
Esp. Luis Fernando Calciolari Ferrarezi
PLANO DE ESTUDOS
Ciclo de Melhorias no
Rankine ideal ciclo de Rankine
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Analisar o ciclo de potência no qual o fluido de trabalho • Explorar modificações no ciclo de Rankine para aumentar
alterna entre vaporizar e condensar. a eficiência térmica do ciclo.
• Compreender os desvios existentes entre o ciclo ideali- • Apresentar um modelo que faz uso das melhorias para
zado e o ciclo real. o ciclo.
Ciclo de
Rankine Ideal
UNIDADE 8 203
O CICLO DE RANKINE
Caldeira
2 3
1 4
Condensador
qsai
Figura 2 - Dispositivos do Ciclo de Rankine
Fonte: adaptada de Borgnakke (2018).
P caldeira
3
2 P condensador
1 4
S
Figura 3 - Diagrama T-s do ciclo de Rankine ideal
Fonte: os autores.
A EFICIÊNCIA DO CICLO
ht 1
qsai h h
1 4 1
qent h3 h2
UNIDADE 8 205
01 EXEMPLO Utilizando água como fluido de trabalho, um ciclo de Rankine está operando entre
40 °C e 300 °C . A caldeira não atua em sua capacidade máxima, por conta disso,
está limitada a entregar vapor saturado à turbina. Determine qual o título da água,
na saída da turbina, e qual a eficiência térmica desse ciclo.
Resolução:
Conhecemos a temperatura no condensador, a temperatura e título na saída da caldeira:
T1 40C T4
T3 300C
x3 1
h2 v P2 P1 h1 176, 18 kJ kg
Estado 3:
T3 300C h3 2749, 6 kJ kg
x3 1 s3 5, 7059 kJ kg K
Estado 4:
T4 40C x4 s4 sl @ T4 slv @ T4 0, 6681
s4 s3 h4 hl @ T x4 hlv @ T 1775, 1 kJ kg
4 4
ht 1
h4 h1 1 1775,1 167, 53
h3 h2 2749, 6 176,18
ht 0, 3753 ht 37, 53%
TURBINA A GÁS
UNIDADE 8 207
T
3
O subscrito s é utilizado para representar o
cte estado caso o processo seja isentrópico. A apli-
P= cação do subscrito r é para o estado real. Os
2r
4r valores reais de trabalho são obtidos por meio
2s e
P = ct 4s das eficiências isentrópicas dos dispositivos
ou, ainda, as eficiências isentrópicas podem
ser calculadas caso conheça o valor real de
1
trabalho.
s
s1 = s2 s s3 = s4 s
Figura 4 - Ciclo Brayton real e ideal
Fonte: adaptada de Çengel (2013).
Compressor Turbina
ws ,comp h2 s h1 wr ,turb h3 h4 r
ηC ηT
wr ,comp h2 r h1 ws ,turb h3 h4 s
02 EXEMPLO Considere o ciclo Brayton, já apresentado, que opera entre os limites de temperatura
de 27 a 1000 °C . A temperatura na saída do compressor, considerando-o isentrópi-
co, é de 283 °C . De modo ideal, o calor removido no trocador de calor deve ser de
388,82 kJ kg . O compressor apresenta uma eficiência de 85% e a turbina fornece
um trabalho real de 620,9 kJ kg . Calcule qual o trabalho fornecido ao compressor
e a eficiência da turbina. Utilize o padrão a ar.
Dados:
T1 = 300 K
T2 s = 556 K
T3 = 1273 K
qsai = 388, 82 kJ kg
hC = 0, 85
wr ,turb = 620, 9 kJ kg
Resolução:
Com as temperaturas conhecidas, podemos encontrar a entalpia na tabela de pro-
priedades de gás ideal do ar.
POTÊNCIA A VAPOR 4s 4r
Bomba Turbina
ws ,bomba h2 s h1 wr ,turb h3 h4 r
hB hT
wr ,bomba h2 r h1 ws ,turb h3 h4 s
UNIDADE 8 209
04 EXEMPLO Utilize os dados encontrados no primeiro exemplo dessa unidade para calcular a
eficiência térmica real do ciclo, sabendo que a bomba apresenta uma eficiência de
90% e a turbina 98%. Comente sobre a diferença entre as eficiências ideal e real.
Dados:
Do exemplo já realizado, podemos obter Novas informações passadas
h1 167, 53 kJ kg h B = 0, 90
h 176, 18 kJ kg hT = 0, 98
2s
h3 2749, 6 kJ kg
h4 s 1775, 1 kJ kg
Resolução:
Inicialmente, precisamos utilizar as novas eficiências fornecidas para determinar as
entalpias reais no estado 2 e 4:
h2 s h1 h h
hB h2 r 2 s 1 h1 177, 14
h2 r h1 hB
h3 h4 r
hT h4 r h3 hT h3 h4 s 1794, 6
h3 h4 s
ht ,real 1
h4 r h1 0, 3675 h
t ,real 36, 75%
h3 h2r
Resposta: A eficiência térmica real deste ciclo é 36,75%, levemente inferior à efi-
ciência ideal (37,53%), por conta das elevadas eficiências dos dispositivos (90 e 98%).
UNIDADE 8 211
MENOR PRESSÃO receberá calor para tornar o fluido de trabalho líquido sa-
NO CONDENSADOR turado deve estar em temperatura menor. Nas usinas, geral-
mente, utiliza-se o fluxo de rios no resfriamento.
Uma redução na pressão do • Umidade na turbina: uma consequência indesejada é a re-
condensador fará com que a dução do título da mistura saturada, o que representa maior
temperatura do líquido-vapor umidade passando pelas pás da turbina. O atrito causa erosão
saturado fique menor. A turbi- na turbina, reduzindo sua vida-útil.
na aproveitará mais da entalpia T
presente no fluido de trabalho
em seu processo de expansão, maior calor
produzindo maior trabalho. Por adicionado
3
outro lado, com a pressão me-
nor quando o líquido saturado
chega à bomba, ela consumirá
2
maior trabalho para elevar a
2’
pressão novamente. A caldeira 1
também fornecerá maior calor, 4
pois a temperatura em sua en- maior
1’ 4’ aproveitamento
trada estará menor. maior
Wliq título do calor
Avaliando estes pontos, ain- menor
da assim, a eficiência térmica
s
do ciclo aumentará, o trabalho
Figura 6 - Diagrama T-s com menor pressão no condensador
e calor consumido são poucos,
Fonte: adaptada de Çengel (2013).
comparados com o trabalho
adicional obtido. MAIOR TEMPERATURA NA
Observe o quão baixa a pres- ENTRADA DA TURBINA
são no condensador pode ser é
limitada por alguns aspectos O vapor deve ser superaquecido, na caldeira, de modo a atingir
físicos: temperatura maior, mantendo a pressão constante. Para isso, é ne-
• Resistência da estrutura: cessário temperatura média mais elevada neste dispositivo. Neste
uma pressão abaixo da processo, a quantidade de calor fornecida ao fluido de trabalho será
atmosférica exige resis- maior, por consequência, o fluido apresentará mais capacidade de
tência estrutural maior, realizar trabalho ao ser expandido pela turbina.
de modo a impossibilitar Nestas condições, a turbina apresentará aumento no trabalho
infiltração e implosão. líquido e, mesmo com a necessidade de fornecer maior quantidade
• Temperatura da fonte de calor ao sistema, o ciclo apresentará aumento em sua eficiência
fria: a temperatura da térmica. Diferente do caso anterior, esta modificação torna o título
mistura saturada é me- na saída da turbina maior, evitando o problema de elevada umidade
nor. conforme a redução colidindo com as pás da turbina.
da pressão no condensa- A maior limitação ocorre, devido às máximas temperaturas de
dor. A fonte fria, a qual trabalho suportadas pela caldeira, pelas tubulações e pela turbina.
3’ Maior 3’ 3
3 Tmáx
Wliq
2’
1 4 4’ Diminuição
2 no Wliq
1 4’ 4
s
Figura 7 - Diagrama T-s com maior temperatura na entrada s
da turbina
Fonte: adaptada de Çengel (2013). Figura 8 - Diagrama T-s com maior pressão na caldeira /
Fonte: adaptada de Çengel (2013).
MAIOR PRESSÃO
NA CALDEIRA
UNIDADE 8 213
Ciclo de Rankine
com Reaquecimento
1 6
s
Figura 10 - Diagrama T-s do ciclo de Rankine com reaquecimento
Fonte: adaptada de Çengel (2013).
qent h3 h2 h5 h4
Tenha sua dose extra de conhecimento
assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code. wturb,sai h3 h4 (h5 h6 )
UNIDADE 8 215
01 EXEMPLO A Figura 11 apresenta as pressões obtidas em determinados processos de um ciclo de
Rankine ideal com reaquecimento. Sabe-se que o fluido de trabalho é água com uma
vazão mássica de 3 kg/s, e a temperatura limite dos dispositivos é de 600°C. Determine
o consumo da bomba, a energia produzida nas turbinas e a eficiência térmica do ciclo.
4 MPa
10 MPa 10 MPa
Caldeira
Turbina Turbina
Bomba alta baixa
pressão pressão
4 MPa
Condensador
75 kPa 75 kPa
Figura 11 - Dados do ciclo de Rankine com reaquecimento
Fonte: adaptada de Moran (2009).
Dados: m = 3 kg s
P=
1 P=
6 75 kPa
P=
2 P=
3 10000 kPa
P=
4 P=
5 4000 kPa
T3 T5 600C
Resolução:
Com os dados apresentados, necessitamos buscar, primeiramente, as entalpias em
cada estado do ciclo.
Estado 1: líquido saturado
P1 h1 hl @ P1 384, 44 kJ kg
x1 0 v1 vl @ P 0, 001037 m3 kg
1
h2 wbomba,ent h1 394, 73 kJ kg
P6 x6 s6 sl @ P6 slv @ P6 0, 9864
s6 s5 h6 hl @ P x6 hlv @ P 2631, 46 kJ kg
6 6
qsai h6 h1 2247, 02 kJ kg
qsai
ht 1 0, 3756 37, 56%
qent
Nesta unidade, o conteúdo teve um foco especial no ciclo de Rankine, muito utilizado
quando se fala em ciclo de potência a vapor. Além disso, trouxe um olhar crítico de en-
genharia, buscando expandir a visão dos ciclos, dos modelos e dos problemas estudados.
Ao longo dos estudos, deve-se desenvolver o pensamento de melhorias e aprimorar
a forma de interligar os assuntos. Muito da matemática utilizada nessa unidade já foi
vista ao longo da disciplina, sendo assim, o ponto forte foi explorar as possibilidades
que os dispositivos já estudados possam apresentar.
UNIDADE 8 217
1. Após estudar o conteúdo sobre ciclo de potência a vapor, um estudante chegou
às seguintes conclusões:
I) O desejável é que a umidade na saída da turbina não exceda 10%.
II) Para potência a vapor, o ciclo de Carnot apresenta os mesmos processos
que o ciclo de Rankine.
III) O ciclo de Carnot como um ciclo de potência a vapor é simples de ser cons-
truído, porém sua eficiência térmica é baixa.
IV) As principais irreversibilidades consideradas no modelo de ciclo real estão
presentes na bomba, compressor e turbina.
218
3. Em um ciclo de Rankine ideal, com vazão mássica constante, serão aplicadas,
individualmente, as melhorias descritas na tabela a seguir. Utilizando aumenta,
diminui e constante, complete a tabela com o efeito que cada melhoria causa
em determinada grandeza do ciclo.
Melhoria
wbomba,ent
wturb,sai
qent
Efeito
qsai
ηt
x ítulo
219
LIVRO
220
BORGNAKKE, C.; SONNTAG, R. E. Fundamentos da termodinâmica. Editora São Paulo: Blücher, 2018.
MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N. Princípios de termodinâmica para engenharia. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2009.
221
4. B.
5. B.
A água do ciclo deve chegar, no mínimo, à temperatura de 45°C, logo, a pressão de saturação da água,
nessa temperatura, é a pressão mínima para ser aplicada no ciclo.
6.
Melhoria
222
223
224
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro
Esp. Luis Fernando Calciolari Ferrarezi
Refrigeração e Relações
de Propriedades
Termodinâmicas
PLANO DE ESTUDOS
Sistema de Relações
refrigeração a vapor gerais
Refrigerador e Equações de
bomba de calor propriedades
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Definir o ciclo reverso de Carnot e o seu coeficiente de • Desenvolver as relações de Maxwell e utilizar o gás ideal
performance; como referência;
• Analisar o ciclo ideal de refrigeração por compressão a • Desenvolver as relações gerais de propriedades para to-
vapor; das substâncias puras.
Refrigerador
e Bomba de Calor
Wliq, ent
Ambiente
quente O desempenho dos ciclos de refrigeração é chamado de COP, coe-
ficiente de performance, que envolve o trabalho líquido fornecido
Figura 1 - Esquemático para refrige-
rador e bomba de calor ao ciclo e a saída desejada, sendo o efeito de resfriamento aos refri-
Fonte: os autores. geradores ou o efeito de aquecimento às bombas de calor.
QL QH
COPR = COPBC =
CONCEITO E Wliq ,ent Wliq ,ent
PERFORMANCE
UNIDADE 9 227
CICLO REVERSO DE CARNOT • 3 → 4 Calor removido de forma isotér-
mica. Dispositivo: condensador.
Logo no primeiro momento, quando foi abordado • 4 → 1 Expansão isentrópica. Dispositivo:
o conteúdo do ciclo de Carnot, foi apresentada uma turbina.
de suas características, que é ser um ciclo reversível.
Nesse momento, exploraremos esta particularidade. Estes apresentam, também, as dificuldades em
reproduzir tais percursos em ciclos reais, neces-
sitando que o compressor trabalhe com a mistura
líquido-vapor, e que a turbina realize a expansão
O ciclo reverso de Carnot apresentará os mes- com elevado percentual de umidade na mistura.
mos processos vistos no ciclo de potência a vapor Isso torna o ciclo reverso de Carnot inviável de
com Carnot, entretanto o sentido do fluido de ser utilizado nos dispositivos reais.
trabalho é invertido. A relevância do ciclo reverso de Carnot (Figura
3) está no fato de este apresentar, novamente, a maior
eficiência para um ciclo de refrigeração operando
Observe a Figura 2, onde o ciclo apresentado está, entre dois limites de temperatura. O coeficiente de
internamente, no domo de saturação de um fluido performance para esse ciclo passa a ser expresso pe-
refrigerante. las máxima e mínima temperaturas( TH e TL ) de
operação, dado pelas seguintes equações:
T 1
COPR,Carnot
TH TL 1
1
COPBC,Carnot
QH 1 TH TL
4 3
Ambiente
quente
QH
Condensador
1 QL 2 3
4
s
Turbina Compressor
Figura 2 - Diagrama T-s para ciclo reverso de Carnot
Fonte: os autores.
Evaporador
Os processos são similares aos analisados na uni- 1 2
dade anterior: QL
• 1 → 2 Calor fornecido de forma isotérmi- Ambiente
frio
ca. Dispositivo: evaporador.
Figura 3 - Esquemático dos dispositivos do ciclo reverso
• 2 → 3 Compressão isentrópica. Disposi- de Carnot
tivo: compressor. Fonte: adaptada de Van Wylen (2008).
UNIDADE 9 229
QH
Condensador
4 3
Went
Válvula de
expansão Compressor
QL
1 2
Evaporador
qL h2 h1
2 COPR
1 wliq ,ent h3 h2
QL
qH h3 h4
COPBC
s wliq ,ent h3 h2
Figura 5 - Diagrama T-s do ciclo ideal de refrigeração a vapor
Fonte: Çengel (2013). E com as equações dos coefi-
Para que ocorra a troca de calor nos dispositivos com este fim, a cientes de performance para
temperatura no evaporador (processo 1 → 2 ) deve ser inferior à o ciclo ideal de refrigeração a
temperatura do ambiente frio ( TL,viz ). Já a temperatura de saída vapor encerramos nosso estu-
do condensador ( T4 ) deve ser superior à temperatura do ambiente do de refrigeração e bomba de
quente ( TH ,viz ). calor. Na sequência desta unida-
Diferentemente dos ciclos ideais estudados anteriormente, este de, veremos sobre as relações de
apresenta irreversibilidade interna, devido ao dispositivo de ex- propriedades termodinâmicas.
pansão realizar um processo de estrangulamento, o qual não é re-
versível. Porém este é necessário para substituir a turbina, devido
ao elevado teor de umidade presente no processo. Considerando
o funcionamento do ciclo em regime permanente, ao realizar um
balanço de energia, obtemos:
UNIDADE 9 231
Equações de
Propriedades
f f
df � dx dy
x y
Podemos, ainda, afirmar que, se a função f é uma Pode, ainda, ser interessante que conheçamos rela-
diferencial exata, a igualdade entre as funções res- ções diferenciais para casos específicos, como para
posta de suas diferenciais, ou seja: situações em que o calor a ser estudado é o rever-
f f sível proveniente da equação da entropia, ou seja:
M x, y � � � � � e � � � � N , x y
x y dQrev
=dS = � � � logo
� � dQrev TdS
T
Logo:
Ao substituir, na equação da primeira lei, teremos:
df M x, y dx N x, y dy
dU S , V TdS pdV
Desta equação, surgem as seguintes igualdades:
E, de modo similar:
2 f M x, y 2 f N x, y
e
xy y yx y U U
dU S , V dS dV
Temos que, para este tipo de equação, suas deri- S V V S
vadas mistas são iguais, permitindo, desta forma,
ainda, a seguinte igualdade: U U
T � � � e � p
M x, y N x, y S V V S
2 f 2 f
xy yx y x
Podemos, ainda, aplicar a igualdade das diferen-
As equações das propriedades termodinâmicas ciais exatas em que:
são representadas como funções contínuas e que M N
obedecem às relações e às condições para as dife-
y x
renciais exatas. Isso permite que utilizemos essas
relações para propor equações diferenciais que re- Ou seja:
presentam os sistemas termodinâmicos. Vejamos,
T p
por exemplo, o caso adiabático, em que temos,
de acordo com a primeira lei, a seguinte relação: V S S V
Permitindo, dessa forma, que possamos calcular
U T , V Q W
quem é a Energia Interna, tanto quanto ela é fun-
Aplicando a diferencial em U(T,V), obtemos: ção da temperatura e do volume quanto quando
ela é função da entropia e do volume. Estas asso-
U U
dU T , V dT dV ciações de derivadas parciais são chamadas de de-
T V V T
rivadas de Maxwell, segundo ele, além deste tipo
Se compararmos esta equação com a diferencial de igualdade, podemos, ainda, sempre considerar
obtida em nossas discussões no capítulo 5: que, num sistema de três variáveis (x, y e z) ou (P,
dU Cv dT pdV V e T), o produto de suas derivadas parciais será
sempre -1, conforme indicado a seguir:
U U
dU T , V dT dV
T V V T
z x y
U U 1
Cv � � � e � p x y y z z x
T V V T
UNIDADE 9 233
Ou, no sistema PVT: nRT
P=
V
P V T P nRT
1 2
V T T P P V V T V
V
Esta propriedade recebe o nome de derivada cí- Calculando :
T P
clica de Maxwell, vamos comprová-la nos dois
sistemas, verificando as seguintes equações: nRT
V=
P
z 2x 3 y
V nR
z
Calculando : T P P
x y
z 2x 3 y T
Calculando :
P V
z
2 PV
x y T=
x nR
Calculando :
y z
T V
z 3y P V nR
x
2
Substituindo:
x 3
y z 2 P V T nRT nR V nRT
2 P nR PV
y V T T P P V V
Calculando :
z x
nRT nRT
z 2x Se 1 PV , então, 1 PV , comprovando a
y
3 validade da relação de Maxwell.
y 1 P V T nRT
1
z x 3 V T T P P V PV
z x y 3 1
2 1 Outras relações podem ser obtidas seguindo estes
x y y z z x 2 3
mesmos métodos de cálculo, e todas elas obser-
No sistema PVT, tomaremos como exemplo a lei vando as relações de Maxwell para os sistemas
dos gases ideais, ou seja, PV=nRT termodinâmicos. Funções, como a Entalpia (H),
PV = nRT é definida como H = U + pV, ou a energia de
Gibbs (G), que é a energia livre disponível em
P
Calculando : substâncias para produzir trabalho, é definida
V T
como G = H – TS.
Cv T , V
Entropia como função da temperatura e do Volume S TV dT
T
Cp V
Entropia como função da temperatura e da pressão dS T , V dT dp
T T P
Cp S Cv S
Entropia como função exclusiva da temperatura ou
T T P T T v
T2 p2
Entropia para um gás ideal S Cp n nRln
T1 p1
UNIDADE 9 235
Relações
Gerais
H U pV
G H TS
A U TS
Enquanto a energia de Gibbs correlaciona a entalpia com a
entropia do sistema, a energia de Helmoltz correlaciona essa en-
tropia com a energia interna, ou seja, de posse destas equações,
podemos correlacionar qualquer tipo de energia de um sistema
termodinâmico de modo a encontrar seus valores a partir das
condições de P, V e T.
Estas mesmas equações podem ser descritas como diferenciais
parciais, que, após algumas manipulações matemáticas, resultam
nas expressões que se seguem:
dU TdS pdV
dH TdS Vdp
dG SdT Vdp
dA SdT pdV
T p
V S S V
T V
p S S p
S p
V T T V
S V
p T T p
UNIDADE 9 237
01 EXEMPLO Utilizando as derivadas parciais e as equações fundamentais, demonstre, matemati-
camente, que a variação da energia interna de um gás ideal é igual a 0:
dU TdS pdV
Dividindo por dV, pois, se T é constante, e U varia com a entropia e o volume, a
variação proveniente desta grandeza deverá ser resultado da variação de volume do
sistema, logo:
U S
T p
V T V T
S p
V T T V
Portanto:
U p
T p
V T T V
Ou seja, temos uma função para a energia interna que pode ser representada, ape-
nas, pelas variáveis mensuráveis de P e T. Como para o gás ideal a derivada de p em
relação a V com T constante vale:
p nR p
T V V T
Então:
U p
T p
V T T
U
p p 0
V T
Comprovando, dessa forma, que esta variação é nula para o gás ideal.
UNIDADE 9 239
1. Um equipamento está sendo projetado para ter seu funcionamento com base
no ciclo reverso de Carnot. Este trabalhará entre os limites de temperatura de
10 C e 70 °C . Idealizando a possibilidade da construção deste projeto, qual
é, aproximadamente, o máximo coeficiente de performance obtido pelo dispo-
sitivo, sabendo que seu objetivo será refrigerar um ambiente?
a) 0,7.
b) 1,2.
c) 3,3.
d) 4,7.
e) 7,1.
U 1, 39
a) 2 .
V T V
U R
b) .
V T V 0, 04
U 1, 35
c) 2 .
V T V
U R 1, 39
d) 2 .
V T V 0, 04 V
U 1, 43
e) 2 .
V T V
240
3. Calcule a variação da entropia em um sistema cujo volume é representado pela
equação V T T 2 80T , nos estados de P1 = 2 � atm até P2 = 3� atm e
T = 500� K .
a) 1840 J.
b) 920 J.
c) 460 J.
d) -920 J.
e) -1840 J.
241
LIVRO
Refrigeração I Fundamentos
Autor: António José da Anunciada Santos
Editora: Publindústria
Sinopse: a refrigeração, normalmente, conhecida como a arte de produzir frio,
artificialmente, é um “vetor” da ciência termodinâmica, que trata do transporte
do calor entre meios a temperaturas distintas. Apesar de os processos básicos
associados às máquinas de produção de frio não terem sofrido grandes alte-
rações ao longo dos tempos, as questões climáticas e energéticas têm vindo,
ultimamente, a influenciar a indústria da refrigeração. A alteração dos fluidos
frigoríficos, destruidores da camada de ozônio e com elevado efeito de estufa,
bem como a redução energética associada à maquinaria usada nas instalações de
frio, são dois aspetos que têm marcado este setor, o que obriga a uma constante
atualização técnica. Com aplicações em toda a indústria, a refrigeração tem o seu
forte uso no setor alimentar, na congelação e na conservação dos alimentos e
no ar condicionado, para satisfazer as necessidades de conforto térmico do ser
humano. Direcionado para o frio alimentar, este documento estruturado em doze
capítulos, segue temas que abrangem os conteúdos programáticos do ensino
profissional, universitário e regulamentos comunitários para cursos de gases
fluorados destinados a profissionais que manuseiam as instalações frigoríficas.
242
ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
VAN WYLEN, G. J.; SONNTAG, R. E.; BORGNAKKE, C. Fundamentos da termodinâmica clássica. 4. ed.
São Paulo: E. Blücher, 2008.
243
1. C.
Dados:
TH 70 C 343 K
TL 10 C 263 K
Resolução:
1 1
COPR,Carnot
TH TL 1 343 263 1
COPR,Carnot = 3, 2875 3, 3
2. A.
Sabemos que:
U p
T p
V T T V
E que o comportamento de um gás de Van der Walls é dado por:
RT a
p 2�
V b V
Derivando:
p R
�
T V V b
U
Substituindo em :
V T
U p
T p
V T T V
U R RT a
T 2 ��
V T V b V b V
U a
2 ��
V T V
Portanto:
U 1, 39
2
V T V
244
3. D.
S V
p T T p
Ou seja:
V T T 2 80T
Derivando:
V
2T 80
T p
S V
2T 80
p T T p
S
80 2T
p T
Separando as variáveis e integrando, teremos:
S 80 2T dp
3
S 80 2T dp
2
S 80 3 2T 3 ) (80 2 2T 2
S 2760 1840
S 920� J
245
246
247
CONCLUSÃO
Chegamos ao final de uma breve introdução sobre o que é esta arte que
busca traduzir em números o que ocorre com as substâncias e os equipa-
mentos quando submetidos a diversas condições de trabalho.
Vimos que a Termodinâmica é essencial à compreensão dos fenômenos
de transferência de calor e de massa e que, sem estas abordagens, não seria
possível trabalhar com otimizações para sistemas reais de transformações
energéticas.
Você aprendeu que uma máquina térmica, seja ela um refrigerador seja
um motor, obedece a relações físicas que exprimem, matematicamente,
condições de vizinhanças e fronteiras de máquina, e que grandezas, como
o calor e o trabalho são essenciais para conhecer sobre a eficiência e o
rendimento de máquinas.
Em nosso estudo, percebemos, ainda, que todas as grandezas aqui dis-
cutidas podem ser descritas como função de uma única variável mais
abrangente entre todas, a entropia. Por meio dela, são propostas equações
diferenciais que traduzem variáveis, como pressão, volume e temperatura
em quantidades de energia em trânsito, e permitem ao engenheiro mecâ-
nico movimentá-las e aplicá-las de forma mais eficiente que as propostas.
Então, cabe a nós, enquanto engenheiros, conhecer e compreender quais
os limites de nossos projetos e como os manipular utilizando a termodi-
nâmica para buscar melhores eficiências e rendimentos. O caminho foi
indicado, cabe, agora, a você que o trilhe sem deixar que a chama da inves-
tigação se apague.