Física - Estática e Cinemática (UniFatecie)

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Física: Estática e

Cinemática
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

EduFatecie
E D I T O R A
2022 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2022 Os autores
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

S586m Silva, Arthur Ernandes Torres da


Física: estática e cinemática / Arthur Ernandes Torres da
Silva. Paranavaí: EduFatecie, 2022.
134 p. : il. Color.

ISBN 978-65-87911-98-4

1. Física. 2. Estática. 3. Cinemática. I. Centro Universitário


UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. II. Título.

CDD: 23 ed. 530


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
https://orcid.org/0000-0001-5409-4194

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Carlos Firmino de Oliveira
AUTOR

Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

● Bacharel em Física na Universidade Estadual de Maringá (UEM)


● Licenciatura em Física na Universidade Estadual de Maringá (UEM).
● Mestre em Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
● Doutorando em Física - Universidade Estadual de Maringá (UEM)
● Professor Formador UniFatecie
● Professor de Física no Colégio Educacional Noroeste Paranavaí.

Professor e pesquisador. Tem experiência na área de física da matéria condensa-


da, impedância elétrica (teórica e experimental) e dinâmica de íons em células eletrolíticas.
Possui experiência como docente no Ensino Médio e Ensino Superior. Nos cursos de
Engenharia Civil, Engenharia de produção e Arquitetura, já foi professor das disciplinas de
Cálculo Diferencial e Integral, Física Geral e Laboratório de Física Geral.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/4605782782813159


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo (a)!

Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já
é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Neste material
foram abordados diversos assuntos com muitos exemplos e comentários para facilitar os
estudos do material de Física Estática e Cinemática.
Proponho, junto a você, construir nosso conhecimento sobre diversos tópicos
os quais serão essenciais para sua formação acadêmica. A proposta da ementa é trazer
segurança em diversos ramos da Física teórica para aqueles que optarem pela carreira
acadêmica, assim como para aqueles que atuaram diretamente no mercado de trabalho.
Na unidade I começaremos a nossa jornada definindo o que são grandezas esca-
lares e vetoriais. Na sequência, vamos dar início a cinemática, ou seja, a parte da física
que estuda os movimentos, tanto aqueles em velocidade constante (Movimento Retilíneo
e Uniforme), como aqueles de velocidade variável (Movimento Retilíneo Uniformemente
Variado). Junto a essa unidade, iremos também estudar os gráficos desses movimentos e
suas principais características.
Já na unidade II vamos entrar na dinâmica, que é a parte da física que estuda a
causa dos movimentos e, por ser extensa, recheadas de conteúdos, vamos dividi-las em
duas unidades. Nessa segunda unidade vamos abordar as leis de Newton, bem como
outras forças, como a força de atrito, força peso, normal, tração, o trabalho gerado por uma
força e a potência.
Depois, na unidade III vamos tratar especificamente de outro tópico, a dinâmica
escalar, em que o foco será as energias, especificamente falando, a energia cinética, poten-
cial gravitacional e potencial elástica. Na sequência retornamos para a análise vetorial de
movimento, porém focando agora nos diferentes tipos de colisões. Outro tópico abordado
é também o impulso causado por uma força e como este se relaciona com a quantidade de
movimento.
Por fim, a unidade IV será dedicada exclusivamente a física estática, que estuda
o equilíbrio dos corpos. Iremos estudar as condições de equilíbrio, centro de massa e de
gravidade, torque, sistemas com rotação e alavancas.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em
nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.

Muito obrigado e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
Cinemática

UNIDADE II.................................................................................................... 38
Dinâmica I

UNIDADE III................................................................................................... 74
Dinâmica II

UNIDADE IV................................................................................................. 108


Estática
UNIDADE I
Cinemática
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Grandezas físicas;
● Movimento retilíneo e uniforme;
● Movimento retilíneo uniformemente variado;
● Gráficos de MRU e MRUV.

Objetivos da Aprendizagem:
● Fazer um comparativo entre grandezas físicas vetoriais e escalares
● Estudar o movimento retilíneo uniformemente e uniformemente variado
● Interpretar e compreender os gráficos de MRU e MRUV.

4
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a), nesta unidade, o primeiro assunto abordado será a diferença
entre grandezas físicas vetoriais e escalares, tópico esse que é base para toda a física.
Depois vamos começar estudando o movimento retilíneo e uniforme e movimento unifor-
memente variado.
Na última parte vamos analisar esses movimentos do ponto de vista gráfico, ou seja,
classificar o MRU e MRUV esboçando as principais características de cada movimento no
plano cartesiano.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.

Bons estudos!

UNIDADE I Cinemática 5
1. GRANDEZAS FÍSICAS

Para compreender cada grandeza física que será estudada, precisamos primeira-
mente saber mensurar da forma correta. Tudo aquilo que pode ser medido será chamado
de grandeza e, cada grandeza será mensurada em termos de uma unidade específica.
Em todos os assuntos da física, as teorias carregam formulações matemáticas.
algumas delas são apresentadas da seguinte forma:

Por outro lado, nos deparamos com outros tipos de equações:

Note que, essencialmente, a única diferença do primeiro conjunto de equações


para o segundo, é que as variáveis que representadas possuem uma “seta” em cima. Isso
significa que tal parâmetro é uma grandeza vetorial. Já o segundo conjunto mostra três
equações de grandezas escalares. Então como saber a diferença ?

UNIDADE I Cinemática 6
Quando estamos em uma reunião e perguntamos ao colega do lado “que horas
são?”. Se for no meio tarde, a resposta poderia ser por exemplo “São 4 horas”. Veja que
para responder, basta apenas um número com sua unidade de medida. Por outro lado,
imagine que você esteja viajando para uma cidade e esteja utilizando um aplicativo de
rota para se guiar ao longo da viagem. Frequentemente, o aplicativo lhe mostrará algo do
tipo “avance 5 km para frente e depois vire a direita”, veja que apenas dizer “avance 5 km”
tornaria a informação incompleta, pois é necessário um complemento, é preciso saber a
direção e sentido do movimento além do módulo do deslocamento.
Portanto, toda grandeza física que necessita apenas do seu valor, como por exem-
plo “está marcando 33 graus hoje!”, ou “ vou comprar 5 kg de arroz”, é uma grandeza
escalar. Seria estranho dizer “está marcando 33 graus para cima”, ou “vou comprar 5 kg de
arroz da direita para esquerda”. Então vamos a seguinte definição:
Grandezas escalares necessitam apenas de um número seguido de uma unidade
de medida.
Por outro lado, a outra classe de grandezas, conhecidas como vetoriais, precisam
de três atributos para serem definidas, que são: módulo, uma direção e sentido (além,
obviamente, da unidade de medida). Grandezas vetoriais podem ser expressas por setas,
por isso, nas equações matemáticas, as variáveis tem uma seta em cima.
O módulo é nada mais do que a intensidade da grandeza física em questão, ou seja,
um valor. Na representação de setas, quanto maior o módulo, maior o tamanho da seta. Já
a direção pode ser horizontal, vertical, ou mesmo atribuída a um plano de referência x,y e
z. Por fim, o sentido é para direita ou esquerda, em cima ou embaixo, no sentido positivo
ou negativo em relação ao plano de referência. Dessa forma, em uma mesma direção,
podemos percorrer dois tipos de sentidos. Assim, temos a seguinte definição:
As grandezas físicas que precisam de um número, direção e sentido, são denomi-
nadas grandezas vetoriais.
No decorrer dos estudos, vamos nos deparar com medidas muito grandes e tam-
bém muito pequenas. Para facilitar cálculos vamos fazer o uso de prefixos.

TABELA 1 – PREFIXOS DE MEDIDAS

Nome do Prefixo Símbolo Potência em base 10 Significado do prefixo


giga G 109 1 000 000 000 000 (1 bilhão)
mega M 106 1 000 000 000 (1 milhão)
quilo K 103 1000 (Mil)
mili m 10-3 0,001 (1 milésimo)
micro 10-6 0,000001 (1 bilionésimo )
nano n 10-9 0,000000001 (1 trilionésimo )

Fonte: O autor (2021).

UNIDADE I Cinemática 7
2. MOVIMENTO RETILÍNEO E UNIFORME

O primeiro tema abordado na disciplina de Física é a Cinemática, em que é estudado


movimento de corpos sem se ater às causas do movimento. De forma geral, o primeiro as-
sunto é movimento retilíneo e uniforme, depois movimento retilíneo uniformemente variado
e somente então movimentos circulares. O intuito desse capítulo é aprender os principais
pontos da cinemática que servirão de base para compreender com maior clareza os concei-
tos que veremos na física elétrica nos tópicos de robótica. Contudo, antes de adentrarmos
na primeira parte, vamos definir algumas grandezas que serão frequentemente usadas.
Inicialmente é necessário entender que um corpo ou partícula está em movimento
quando sua posição varia com o tempo em relação a um dado referencial. Por exemplo,
suponha que você esteja no ponto de ônibus e então, passa na sua frente um carro, é
intuitivo assumir que o móvel esteja em movimento pois você está observando ele mudar
de posição com o tempo. Entretanto, dentro do automóvel há um motorista e um passageiro
sentado no banco de trás, a pergunta é: O motorista está em movimento em relação ao
passageiro mesmo com o carro em movimento? A resposta é não! Mas então, como é
possível o motorista estar em repouso em relação ao passageiro e em movimento em
relação a você que estava esperando o ônibus?

UNIDADE I Cinemática 8
A explicação para esse problema é que o estado de movimento e repouso depen-
dem do referencial. Veja através de outro exemplo: Nesse exato momento você está em
movimento em relação à Lua e ao Sol, pois o nosso planeta está em movimento em relação
a esses astros. Por outro lado, caso esteja sentado nesse exato momento, você está em
repouso em relação ao assento.
Após definirmos o conceito de referencial, vamos iniciar os estudos com o movimen-
to retilíneo uniforme (MRU). Antes de tudo, o que significa esse nome? Movimento retilíneo
é o mesmo que movimento em linha reta, ou seja, nesse primeiro momento não trataremos
de problemas em que a trajetória dos corpos sejam curvas. Já a palavra uniforme significa
que o movimento é sempre o mesmo, ou seja, a velocidade não altera ao longo do tempo.
Suponha Um carro inicialmente em repouso, ou seja, com velocidade nula, está
posicionado no marco 0 km. Sempre iremos associar cada posição à um determinado
tempo, no caso da primeira posição, o cronômetro marca t=0h. No segundo marco de 20
km, o tempo registrado é t=1h, ou seja, em uma hora o carro percorreu uma distância de
20 quilômetros. Quando o móvel chega no terceiro marco de 40 km, o tempo registrado foi
de t=2he consequentemente, ao chegar na linha dos 60 km, é marcado um tempo de t=3h.
Você conseguiu observar um padrão nesse movimento?
O carro se movimentou 20 km a cada hora, ou seja, sua velocidade foi de v=20
km/h durante todo o percurso. Portanto, como sua velocidade permanece a mesma durante
todo o trajeto, o movimento é classificado como uniforme, para calcular a velocidade, basta
fazer a seguinte relação matemática:

Em que S é chamado de variação de espaço, t a variação de tempo e vm velocidade


média do movimento. Atente-se a alguns detalhes. Veja que o símbolo que aparece na
equação anterior é uma letra grega do alfabeto que se chama “delta”. Em física a variação
de qualquer grandeza física é representada por “”. Em geral, a variação de um fator é ele
no seu estado final subtraído do mesmo em seu estado inicial. Por exemplo: Suponha que
uma bolinha inicialmente estava em 5m (logo, S 0= 5m), e depois de um tempo, ela esteja
no ponto S = 11 m . Assim, variação de espaço é dada por S = S - S0 = 11m - 5m = 6m. 
Imagine agora que você esteja viajando de carro para uma cidade vizinha, você sai
do ponto de partida às 11:00 da manhã (tempo inicial) e chega ao destino às 14:00 (tempo
final). Dessa forma a variação de tempo é dada por t = t - t0 = 14h - 11h = 3 h. Outro detalhe
que talvez você tenha percebido é que nas expressões matemáticas, uma das variáveis
tem um sub índice zero embaixo, isso significa que tal grandeza está no seu estado inicial.
Ou seja, t0 indica tempo inicial, s0 o espaço inicial e assim para qualquer outra variável.

UNIDADE I Cinemática 9
Outro ponto significativo da equação apresentada é que estamos calculando a
velocidade média. Mas por que ela tem esse nome “média”? Vamos calcular a velocidade
entre o primeiro ponto (origem) e o segundo:

S = S - S0 = 20 - 0
t - t0 = 1 - 0

Substituindo na expressão da velocidade média, temos:

Agora vamos fazer a mesma conta entre o primeiro e o último ponto

S = S - S0 = 60 - 0 = 60 km

Utilizando o primeiro e o último tempo marcado

t - t0 = 3 - 0 = 3h

Logo a velocidade é dada por

Veja que o valor da velocidade no primeiro trecho é o mesmo quando calculado no


trecho completo. Caso você tente fazer o cálculo da velocidade entre o segundo e terceiro
marco e, também, entre o terceiro e último, encontrará o mesmo resultado. Isso significa
que a velocidade não altera, ou seja, é constante no tempo. Por isso é feito o cálculo da
velocidade média, pois basta pegar o primeiro e o último marco para saber a velocidade do
veículo durante todo o trajeto.
 
Ex. 01
Um automóvel parte do km 30 de uma rodovia, leva uma carga até o km 145 dessa
mesma estrada e volta, em seguida, para o km 65. Determine:
a) a variação de espaço do caminhão entre o início e o final do percurso;
b) a distância percorrida pelo caminhão nesse percurso.

UNIDADE I Cinemática 10
Resolução:
Como o espaço inicial é S0 = 30 km e o espaço final é S = 65 km a variação de espaço
é ∆S = S - S0 = 65 - 30 = 35 km. Não importa o quanto o automóvel percorreu, se foi até o marco
de 145 km e voltou. A variação de espaço só depende do ponto inicial e final.Já a distância
percorrida é marcado pela distância do percurso, ou seja, na ida deslocou uma distância de
115 km e depois mais 80 km na volta. Logo a distância percorrida foi de 195 km.

Ex. 02
Um automóvel parte do km 73 da Via Anhanguera às 6 h 45 min e chega ao km 59
às 6 h 55 min. Calcule a velocidade escalar média do automóvel nesse percurso, em km/h.

Resolução:
Para calcular a velocidade média devemos fazer a razão da variação de espaço
pela variação de tempo.

∆S = 59 - 73 = -14 km

Note que a variação de espaço é negativa pois a trajetória aponta no sentido con-
trário, vai de um ponto positivo para outro menor do que ele.
Já a variação de tempo deve ser em horas.

∆t = 6 h 55 min - 6h 45 min = 10 min

Porém como passar o tempo em minutos para horas? Usamos uma regra de três
simples:
1h - 60 min
x - 10 min

Multiplicando cruzado:
1h .10 min = x.60 min

Simplificando a unidade minutos em ambos os lados e isolando a variável temos:

Portanto:

UNIDADE I Cinemática 11
Agora na unidade correta podemos substituir na expressão da velocidade média:

O módulo da velocidade é 84 km/h, porém o sinal é negativo pois o movimento é


contrário ao sentido positivo da trajetória.
No movimento retilíneo e uniforme, através da expressão da velocidade média,
podemos encontrar uma expressão matemática muito importante, a função horária do
espaço. Todo movimento, seja ele uniforme ou uniformemente variado (como será visto
mais adiante), é caracterizado por uma função horária, como se fosse a identidade daquele
corpo. Através dessa expressão, é possível saber onde o objeto se localiza em qualquer
instante de tempo. Utilizando o exemplo anterior, no qual o carro trafega pela pista a uma
velocidade constante de 20 km/h, a sua expressão horária da posição é dada por:

s(t) = 20t

Observe que nesse caso, o tempo necessariamente deve ser atribuído em horas.
Outra curiosidade é que do lado esquerdo dessa expressão matemática, temos s(t). Isso
significa que o espaço é uma função do tempo, por isso está entre parênteses, não confun-
da com espaço multiplicando o tempo!
Continuando o raciocínio, vamos atribuir valores quaisquer para o tempo e calcular
o valor da velocidade:

Vemos então que a função horária do espaço fornece exatamente os mesmos va-
lores da posição mostrados em cada intervalo de tempo na figura. No entanto, a verdadeira
expressão genérica para a função horária dos espaços é

s(t) = S0 + vt

UNIDADE I Cinemática 12
Porém no exemplo que utilizamos, o espaço inicial era o marco de 0 km, dessa
forma S0=0 e não há necessidade de escrever s(t)=0+ 20t, podemos então omitir o valor
zero que é somado. Vamos fazer mais um exemplo: Suponha a seguinte função horária na
qual o espaço é dado em quilômetros e o tempo em horas:

s(t) = -5 + 10t

Comparando com a expressão genérica, podemos notar que o fator que está so-
mando, ou se preferir, o termo constante, é a posição inicial. Enquanto isso, aquele que
multiplica a variável tempo é a velocidade do sistema. Nesse caso S0= -5 km e v =10
km/h . Corriqueiramente, alguns problemas na cinemática envolvem diretamente uma
interpretação física na função horária dos espaços, em geral são dois casos:
1) Dada a função horária, encontre a posição do móvel na origem dos tempos: Para
fazer isso, veja que queremos encontrar o espaço final, ou seja, s (t) quando t = 0. Ou
seja, no início dos tempos, a posição que você vai calcular é nada mais do que a posição
inicial. Portanto s(0)= -5.
2) Dada a função horária, determine em qual tempo o móvel passa pela origem dos
espaços: Nesse caso, s(t)=0 e, em seguida, isolamos a variável t para encontrar o resultado.
Logo, 0 = -5 + 10t -> 5 = 10t, então t = 5/10h = 1⁄2 h. Em outras palavras, depois de meia hora
de iniciar o movimento, o móvel passa pela origem dos espaços, o marco de 0 km.
Ademais, vimos recentemente que a equação da velocidade média é dada pela
variação de espaço dividida pela variação de tempo. Na sequência estudamos a função
horária do espaço. Existe uma relação entre essas duas expressões matemáticas? 
Para saber a velocidade média de um objeto, precisamos saber o espaço inicial e
final, assim como o tempo inicial e final. Vamos assumir que o tempo inicial seja zero (pois
normalmente quando medimos algo em cronômetro, começamos do zero). Portanto:

Passando o tempo para o lado esquerdo da equação multiplicando a velocidade

Para isolar o espaço final (S) do lado direito, passamos S0 para a esquerda somando

S0 + v.t = S

UNIDADE I Cinemática 13
Veja que a expressão que encontramos é a função horária dos espaços. Portanto
veja que a equação da velocidade média e a função horária dos espaços é a mesma coisa.
Outro ponto relevante no estudo dos movimentos são as unidades de medida. Se-
gundo o Sistema Internacional de Unidades, a unidade de medida de espaço é o metro (m)
e a de tempo é segundo (s). Logo, como a velocidade é a razão da variação do espaço pela
variação do tempo, a velocidade é dada em m/s. Porém, como foi visto até aqui em alguns
exemplos, as velocidades eram dadas em km/h. Então estava errado? A resposta é não!
Pois sempre depende do exercício ou da situação. Ora a questão pode pedir a velocidade
em km/h, ora em m/s.
Contudo, em determinados problemas, torna-se mais conveniente calcular a ve-
locidade do problema em uma unidade e depois passar para outra. Existe uma relação
matemática que converte a velocidade de km/h em m/s e vice versa:

FIGURA 1 – TRANSFORMAÇÃO ENTRE AS UNIDADES METROS POR

SEGUNDO EM QUILÔMETROS POR HORA

Fonte: O Autor (2021).

Quando o objeto se desloca no sentido positivo da trajetória, o movimento é de-


nominado progressivo. Matematicamente nesse caso, sempre o espaço final do intervalo
escolhido será maior que o valor do espaço inicial, dessa forma, S é positivo. Por outro,
quando o movimento se dá no sentido oposto ao da trajetória, o ponto final será menor que
o ponto inicial, logo, Sé negativo e o movimento é classificado como retrógrado.

UNIDADE I Cinemática 14
Ex. 03
Faça uma comparação das três velocidades VA = 5 m/s, VB = 18 km/h, VC = 300 m/min.
Resolução:
Vamos manter todas as velocidades na mesma unidade, ou seja, m/s. A velocidade
VA está na unidade correta.

Para calcular a velocidade B foi usado a conversão padrão de km/h para m/s. Já a ve-
locidade C convertemos 1 minuto em 60 segundos. Logo, as três velocidades são as mesmas.

Ex. 04
Nas seguintes funções horárias do espaço, identifique o espaço inicial S0 e a velo-
cidade escalar v.

i ) S (t) = 10 + 2t
ii ) S (t) = -5 + 6t
iii ) S (t) = 10t
iv ) S (t) = 3 - 4t

Resolução:
Para identificar os parâmetros da função horária da posição, basta comparar com
a equação genérica:

i) S(t) = 10 + 2t
S(t) = S0 + v.t

Veja que o termo que multiplica o tempo é a velocidade, ou seja v = 2 m/s. Já a


constante somando o lado direito da igualdade é o espaço inicial, assim S0 = 10 m.Fazendo
o mesmo para os outros três exemplos:

UNIDADE I Cinemática 15
Ex. 05
Um carro se desloca com velocidade constante de 144 km/h. Em um cronômetro é
registra 5 segundos. Qual o espaço, em metros, percorrido pelo carro nesse intervalo de tempo?

Resolução:
Primeiro, vamos converter a velocidade em km/h para m/s

Como a velocidade é de 40 metros por segundo, ou seja, a cada segundo o auto-


móvel percorre 40 metros, então em 5 segundos serão 200 metros. Mas, caso você prefira
seguir a matemática:

Ex. 06
As funções horárias dos espaços de duas partículas, A e B, que se movem numa
mesma reta orientada, são dadas por:

A origem dos espaços é a mesma para o estudo dos dois movimentos, o mesmo
ocorrendo com a origem dos tempos.
Determine:
a) a distância que separa as partículas no instante t = 5s ;
b) o instante em que essas partículas se encontram;
c) a posição em que se dá o encontro.

Resolução:
No tempo de

Para determinar os instantes em que os corpos se encontram igualamos as duas


funções horárias:

UNIDADE I Cinemática 16
Por fim, a posição em que se da o encontro deve ser a mesma, então ao substituir
o tempo em qualquer uma das duas funções horárias, o resultado deve ser o mesmo:

Logo, a posição de encontro é 60 m.

UNIDADE I Cinemática 17
3. MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO

Já sabemos que para que uma partícula realize um movimento retilíneo e uniforme
a sua velocidade deve ser constante durante todo o trajeto. Porém isso pode ser feito no
nosso dia a dia? Suponha que você viaje de uma cidade para a outra distanciadas de
100 km. Se fosse um movimento uniforme com velocidade constante de v = 100 km/h , a
duração da viagem será de uma hora. Porém sabemos que a velocidade não é de desde
o início do movimento até o seu término. Por exemplo, o carro sai do repouso (velocidade
nula) e acelera até atingir a velocidade esperada, além disso, durante o percurso, devido
a presença de carros na pista, não é possível manter a velocidade constante. Ao longo do
caminho pode haver algum congestionamento, pedágio, um posto da polícia federal que
exige a redução da velocidade de qualquer móvel para 40 km/h, sem contar buracos e
irregularidades na pista. 
Todos esses fatores proporcionam um movimento variado, ou seja, um movimento
em que a velocidade se altera. Contudo, mesmo com todas essas adversidades, o motoris-
ta ainda consegue chegar ao seu destino do exemplo no tempo de 1h, como é possível já
que a velocidade não é constante? A resposta está na aceleração que o condutor imprime
no carro. Em outras palavras, quando aceleramos ou freamos um móvel, a sua velocidade
se altera. Portanto, como a aceleração é a variação da velocidade em um determinado
intervalo de tempo, a formulação matemática para essa grandeza é dada por:

UNIDADE I Cinemática 18
Em que a é a aceleração média entre dois instantes. Como a velocidade no SI é
dada em m/s e o tempo em segundos, a unidade da aceleração é:

A vista disso, temos agora duas novas classificações de movimento, relacionadas


ao crescimento e diminuição da velocidade em um intervalo de tempo. Quando o movimento
da partícula é considerado como variado e sua velocidade aumenta com o tempo, então é
dito movimento acelerado. Por outro lado, se a velocidade reduz com o tempo, é a mesma
coisa que retardar a velocidade(diminuí-lo), logo, o movimento é retardado. Outra obser-
vação importante é que a função horária das posições é diferente no movimento variado,
sendo escrita da seguinte forma:

No movimento retilíneo uniformemente variado (que significa que a velocidade varia


de maneira uniforme em uma trajetória reta), há mais duas equações que nos auxiliam nos
exercícios de Física. Como não é o objetivo apresentar todos os assuntos de cinemática
e nem focar na resolução de exercícios, vamos passar de maneira breve quais são essas
outras equações do movimento.
A primeira delas é a equação de Torricelli, que tem esse nome em homenagem ao
seu descobridor e grande cientista do século 17, o italiano Evangelista Torricelli. A vantagem
dessa expressão matemática é que para realizar o cálculo não precisamos saber o intervalo
de tempo do movimento.

Basta saber pelo menos três das quatro grandezas, a variação de espaço, a ace-
leração, velocidade inicial e final. A outra equação relaciona as velocidades inicial e final, a
aceleração e o tempo:

UNIDADE I Cinemática 19
Ex. 01
É dada a seguinte função horária da velocidade escalar de uma partícula em movi-
mento uniformemente variado:

v(t) = 5 + 2.t

Determine:
a) a velocidade escalar inicial e a aceleração escalar da partícula;
b) a velocidade escalar no instante t = 6 s ;
c) o instante em que a velocidade escalar vale v = 15 m/s.

Resolução:

Comparando com a equação genérica da velocidade em função do tempo:

v (t) = 5 + 2. t
v (t) = v0 + a. t

Nesse caso temos: v0 = 5 m/s e a = 2 m/s 2.


Para calcular a velocidade no instante de tempo de 6 segundos substituímos esse
valor na expressão da velocidade:

v(t) = 5 + 2.t → �(6) = 5+2.6 → v(6) = 5+12

Portanto v(6) = 17 m/s

Por fim, para calcular o instante em que a velocidade vale 15 m/s fazemos:

UNIDADE I Cinemática 20
Ex. 02
No instante t0 = 0 s, um automóvel a 20 m/s passa a frear com aceleração escalar
constante igual a -2 m/s 2 . Determine:
a) a função horária de sua velocidade escalar;
b) o instante em que sua velocidade escalar se anula.

Resolução:
Usando os dados do enunciado temos:

Então:

O próximo passo é descobrir quando a velocidade se anula, ou seja, o valor de t para v = 0 .

Ex. 03
Um automóvel parte do repouso, animado de aceleração escalar constante e igual
a 3 m/s 2. Calcule a velocidade escalar do automóvel após a partida.

Resolução:
Como o automóvel parte do repouso v0 = 0 m/s, a aceleração vale a = 3 m/s2, então
a expressão da velocidade fica da seguinte forma:

Assim, no instante de 10 s a velocidade corresponde a:

v (10) = 3.10 = 30 m/s

UNIDADE I Cinemática 21
Ex. 04
Uma moto está a 12 m/s quando seus freios são acionados, garantindo-lhe uma
aceleração de retardamento de módulo 3 m/s 2, suposta constante. Determine quanto tem-
po decorre até a moto parar.
Resolução:

O problema começa com a velocidade de 12 m/s, logo v0 = 12 m/s. Contudo, como


é uma situação de retardamento, ou seja, de frenagem, a aceleração é negativa a = -3 m/s2.
Dessa forma, a expressão da velocidade fica:

v(t) = v0 + a . t
v(t) = 12 - 3 . t

O que devemos calcular é o tempo necessário até a moto parar, ou seja, até a
velocidade final for zero v = 0. Assim:

0 = 12- 3.t
3t = 12
t=4s

Ex. 05
Um móvel inicia, em determinado instante, um processo de frenagem em que lhe é
comunicada uma aceleração escalar de módulo constante e igual a 4 m/s2. Sabendo que o
móvel para 20s após a aplicação dos freios, determine sua velocidade escalar no instante
correspondente ao início da frenagem.

Resolução:

Do enunciado temos que a aceleração vale a =-4 m/s2 e que depois de t =20 s a
velocidade final vale zero, ou seja v(20) = 0, qual o valor da velocidade inicial? Substituindo
esses valores na expressão geral da velocidade:

v(t) = v0 + a.t
0 = v0 - 4.20
0 = v0- 80
v0 = 80 m/s

UNIDADE I Cinemática 22
Ex. 06
Um automóvel move-se a 72 km/h quando seu motorista pisa severamente no freio,
de modo a parar o veículo em 5 s. Calcule a distância percorrida pelo automóvel nesses 5 s.
Resolução:
Primeiro vamos converter a velocidade de 72 km/h para 20 m/s:
O tempo de frenagem é de 5 segundos, vamos determinar o módulo da aceleração:

A aceleração é negativa pois trata-se de uma frenagem. Usando a função horária


das posições:

Ex. 07
A função horária dos espaços de um corpo é:
S(t) = t2 - 13t + 40
Determine o (s) instante (s) em que o corpo passa pela origem dos espaços.

Resolução:

Veja que o enunciado já deixa claro que pode haver mais de um instante, isso é
possível uma vez que como se trata de uma função de segundo grau, a variável que é o
tempo pode assumir dois valores, ou seja, a função tem duas raízes. Vamos calcular:

Logo, esses são os dois instantes em que a partícula passa pela origem.

UNIDADE I Cinemática 23
Ex. 08
Enquanto uma partícula percorre 10 m, sua velocidade escalar instantânea varia de
1 m/s a 2 m/s. Determine sua aceleração escalar, suposta constante.
Resolução:
Os dados do exercício foram

Como temos que encontrar a aceleração, a melhor equação que se encaixa com
os dados é a de Torricelli.

UNIDADE I Cinemática 24
4. GRÁFICOS DE MRU E MRUV

Estudamos até o momento as duas classificações de movimento, um classificado


pela velocidade constante e outro por ter velocidade variável com o tempo devido a acele-
ração. Vamos analisar esses dois movimentos do ponto de vista gráfico.

4.1 Gráficos do MRU


Como o movimento uniforme quer dizer que a velocidade não se altera com o
tempo, então é intuitivo pensar que o gráfico seja uma reta constante no tempo. A diferença
será baseada se a velocidade for positiva, nula ou negativa.
1) Movimento progressivo (v > 0).

FIGURA 2 - GRÁFICO DA VELOCIDADE EM FUNÇÃO NO TEMPO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

A função horária dos espaços é dada por . Veja que é uma função de primeiro grau,
pois a variável tempo está elevado ao expoente um. Portanto, o gráfico de é uma reta.

UNIDADE I Cinemática 25
FIGURA 3 - MOVIMENTO UNIFORME PROGRESSIVO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Lembre-se da matemática básica que uma função genérica de primeiro grau é


escrita como f(x) = b + ax. Ou seja, o coeficiente linear (b) indica onde a função toca o eixo
das coordenadas, comparando observamos que o espaço inicial S0 é o coeficiente linear.
Portanto, na figura anterior podemos ver que o que muda é o espaço inicial. Ademais, temos
por comparação que o coeficiente angular (a) da função de primeiro grau é a velocidade (v)
da partícula. Isso indica que quanto maior o módulo da velocidade, mais inclinada é a reta.

2) Movimento retrógrado (v < 0)


Nesse caso a velocidade é negativa, porém não necessariamente porque o carro
engatou a marcha ré, mas porque se desloca no sentido oposto ao da trajetória. Exemplo:
Se a trajetória que liga um ponto A até um ponto B for referenciada como positiva, então a
trajetória de B até A tem orientação negativa.

FIGURA 4 - MOVIMENTO UNIFORME RETRÓGRADO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

A função horária do movimento do MRU é de forma genérica dada por: S(t) = S0- vt.
Ou seja, o coeficiente angular, que é a velocidade, é negativo, logo o gráfico é uma reta
com orientação para baixo.

UNIDADE I Cinemática 26
FIGURA 5 - MOVIMENTO UNIFORME E RETRÓGRADO VARIANDO O ESPAÇO INICIAL

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

3) O terceiro caso é aquele em que a velocidade é nula (v = 0). O significado disso


é que o objeto está no estado de repouso e a representação gráfica é dada por:

FIGURA 6 - VELOCIDADE NULA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

O gráfico de v x t torna-se vantajoso para calcular o espaço percorrido pela partícula.


Considere o gráfico da velocidade v em função do tempo t. Vamos escolher dois instantes
quaisquer t1 e t2 e calcular a “área” A que eles determinam entre o eixo dos tempos e o
gráfico:

FIGURA 7 - ÁREA NUMERICAMENTE IGUAL AO DESLOCAMENTO DO MÓVEL

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE I Cinemática 27
Veja que a área é definida como a multiplicação do eixo das coordenadas pelas
abcissas, ou seja , e o que isso significa matematicamente? Lembrando da equação
da velocidade média:

Portanto, a área abaixo da curva nesse tipo de gráfico é numericamente a variação


de espaço entre t1 e t2.

Ex. 01
Considere o gráfico de S x t :

FIGURA 8 - GRÁFICO DO ESPAÇO EM FUNÇÃO DO TEMPO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Como é a representação gráfica da v x t ?

Resolução:
Vamos calcular a velocidade entre cada trecho

UNIDADE I Cinemática 28
FIGURA 9 - GRÁFICO DA VELOCIDADE EM FUNÇÃO DO TEMPO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Note alguns pontos importantes, o primeiro que como se trata de um movimento


uniforme o gráfico de v×t deve ser uma reta na horizontal. Além disso, a inclinação da curva
do gráfico de S×t indica o sinal da velocidade, ou seja no primeiro intervalo aponta para
cima, então a velocidade é positiva, no segundo momento não tem inclinado a curva do
espaço logo a velocidade é nula e no terceiro intervalo como a curva aponta para baixo a
velocidade é negativa.

Ex. 02
Dois móveis A e B percorrem a mesma trajetória descritas pelo gráfico a seguir.

FIGURA 10 - GRÁFICO DO ESPAÇO EM FUNÇÃO DO TEMPO PARA A PARTÍCULA A E B

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Qual a função horária das posições para cada corpo?

UNIDADE I Cinemática 29
Resolução:
O corpo A tem S0= -6 e se encontra no ponto S = 6 o tempo marca 4 segundos. Com
esses dados podemos calcular a velocidade média

Logo a função horária é dada por:

Fazendo o mesmo procedimento para o corpo B, através do gráfico tem-se que S0=
0 e quando se encontra no ponto S=6 o tempo marca 4 segundos. Assim a velocidade é
dada por:

Portanto, a função horária das posições é escrita como:

4.2 Gráficos do MRUV


No estudo do movimento uniforme o espaço é uma função de primeiro grau S(t) =
S0+ v . t, logo é uma reta com determinada inclinação. A velocidade não é caracterizada por
uma função, pois sempre é constante, podendo ser apenas positiva, nula ou negativa. Já a
aceleração não existe.
Quando mudamos para o movimento retilíneo uniformemente variado o grau das fun-
ções eleva uma unidade cada um. Em outras palavras, a função das posições, que antes era
de primeiro grau, passa ser de segundo grau. A velocidade torna-se uma função de primeiro
grau e a constante passa ser a aceleração, que antes não existia. Veja a diferença abaixo:

UNIDADE I Cinemática 30
TABELA 2 - COMPARATIVO ENTRE MOVIMENTO RETILÍNEO

E UNIFORME COM UNIFORMEMENTE VARIADO

MRU MRUV

S(t) = S0 + v.t

v = constante v(t) = v0+a.t


Não há aceleração a = constante
Fonte: O autor (2021).

Sendo assim, vamos a representação gráfica da função horária do espaço do


MRUV:

FIGURA 11 - GRÁFICO DO ESPAÇO EM FUNÇÃO DO TEMPO PARA O MRUV ACELERADO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Como a função do espaço é de segundo grau, então sua representação gráfica é


uma parábola. Quando o termo quadrático for positivo (aquele que multiplica ), nesse caso,
a aceleração positiva, então a concavidade é virada para cima. No caso oposto, quando a
aceleração for negativa, a concavidade será orientada para baixo:

FIGURA 12 - GRÁFICO DO ESPAÇO EM FUNÇÃO DO TEMPO PARA O MRUV RETARDADO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Do ponto de vista da velocidade, como é uma função de primeiro grau v(t) = v0+ a.t,
então o gráfico é uma reta, em que o coeficiente linear é v0, ou seja, a velocidade inicial é o
ponto em que o gráfico toca o eixo das coordenadas e a aceleração é o coeficiente angular.
Em outras palavras, quando a aceleração é positiva a reta é orientada para cima, quando
a = 0 então a velocidade é constante e a curva não tem inclinação, por fim se a aceleração
for negativa a reta aponta para baixo.

UNIDADE I Cinemática 31
FIGURA 13 - GRÁFICO DA VELOCIDADE EM FUNÇÃO DO TEMPO PARA O MRUV

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

A aceleração nesse caso, como é constante, pode ser positiva ou negativa:

FIGURA 14 - GRÁFICO ACELERAÇÃO EM FUNÇÃO DO

TEMPO PARA O MRUV ACELERADO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Ademais, assim como no movimento uniforme, existe um significado físico quando


calculada a área abaixo da curva da aceleração no tempo.

FIGURA 15 - ÁREA NUMERICAMENTE IGUAL A VELOCIDADE

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE I Cinemática 32
A multiplicação de a por é a área abaixo da curva, ou seja, da expressão da
aceleração, temos que resulta na variação da velocidade entre os instantes de tempo t1 e t2:

Ex. 03
Um carro tem sua velocidade descrita pelo gráfico a seguir. Determine a velocidade
do veículo no tempo de t = 4 s.

FIGURA 16 - GRÁFICO DA VELOCIDADE EM FUNÇÃO DO TEMPO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:

Através do gráfico temos que v0 = 20 m/s. Logo a aceleração será:

Então a expressão da velocidade é:

v(t) = v0 + a.t
v(t) = 20 - 3.t

Para saber a velocidade no instante de 4 segundos basta substituir:

v(4) = 20 - 3.4 = 20 - 12 = 8 m/s

UNIDADE I Cinemática 33
Ex. 04
Faça o gráfico da aceleração em função do tempo usando como referência a curva
abaixo:

FIGURA 17 - GRÁFICO DA VELOCIDADE EM FUNÇÃO DO TEMPO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:
No intervalo de 0 a 20 segundos a velocidade não muda, logo a aceleração é nula.
Entre 20 e 30 segundos a aceleração é dada por:

No intervalo de 30 a 40 segundos:

Assim o gráfico fica da seguinte forma:

FIGURA 18 - GRÁFICO DA ACELERAÇÃO EM FUNÇÃO DO TEMPO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE I Cinemática 34
SAIBA MAIS

Nas ciências exatas, o esqueleto de qualquer teoria é a matemática e em nosso caso,


a física engloba o formalismo matemático. Quando você estudar cálculo diferencial e
integral, parte da disciplina explica o teorema fundamental do cálculo. A grosso modo, a
derivada da função do espaço em função do tempo, resulta na expressão da velocidade
e, derivando a velocidade, obtemos a aceleração.
O oposto é ditado pela integral. Integrando a aceleração, chegamos na expressão da
velocidade e, integrando essa última, obtemos a função horária das posições.

Fonte: O autor (2021).

REFLITA

Aprender a cinemática prepara você para analisar qualquer sistema físico do ponto de
vista cinético. Sabendo diferenciar um MRU e um MRUV contribui em todos os tópicos
que vamos ver a partir de agora.

Fonte: O autor (2021).

UNIDADE I Cinemática 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pronto! Você chegou ao final da Unidade I de nosso material. Começamos classifi-


cando dois tipos de grandezas físicas: aquelas que apenas o módulo caracteriza, as gran-
dezas escalares. Já outras necessitam de uma direção, sentido e módulo, denominadas
grandezas vetoriais.
Posteriormente estudamos as características do movimento retilíneo e uniforme
e do movimento uniformemente variado e, fazendo alguns exemplos para entendermos a
aplicação das relações matemáticas.
Por fim, mas não menos importante, vimos também um estudo gráfico do MRU e
MRUV e como classifica-los em progressivo, retrógrado, acelerado e retardado. Esperamos
que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo.

Até a próxima!

UNIDADE I Cinemática 36
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Mecânica Clássica
Autor: John R. Taylor
Editora: Bookman
Sinopse: este livro discute, com uma didática incomum, todos os
conceitos fundamentais da mecânica clássica. Traz ainda tópicos
adicionais e uma série de problemas, dos mais variados níveis,
que enriquecem o aprendizado do aluno.

FILME / VÍDEO
Título: Tema 02 – Conceitos Cinemáticos | Experimentos – Movi-
mento retilíneo uniforme
Ano: 2016.
Sinopse: Neste vídeo, o professor realiza uma medida para um
experimento de movimento retilíneo uniforme.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=OjP8bPaadEM

UNIDADE I Cinemática 37
UNIDADE II
Dinâmica I
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Força Resultante;
● Leis de Newton;
● Força de atrito;
● Trabalho e Potência.

Objetivos da Aprendizagem:
● Aprender as leis de Newton e suas aplicações na física mecânica;
● Estudar a diferença entre força de atrito estática e cinética;
● Compreender o conceito de trabalho mecânico e potência mecânica.

38
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a), nesta unidade vamos começar estudando a natureza de
uma força e os cenários em que lidamos com equilíbrio de forças, tanto em casos estáticos
como em problemas de equilíbrio dinâmico. Depois, vamos entrar nas leis de Newton, que
caracterizam toda a mecânica clássica.
O terceiro capítulo será dedicado as forças de atrito, ou seja, a diferença entre força
de atrito estática e cinética, bem como quando usar cada uma delas. No último capítulo
vamos estudar o que é trabalho mecânico e potência mecânica.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.

Bons estudos!

UNIDADE II Dinâmica I 39
1. FORÇA RESULTANTE

Inicialmente, vamos entender o que é dinâmica e sobre o que vamos estudar a


partir dessa unidade. Na unidade anterior estudamos cinemática, que nada mais é do que
o estudo do movimento dos corpos. Ou seja, caracterizávamos o movimento de uma par-
tícula com base na função das posições, velocidade e aceleração, todas elas dependendo
do tempo. Porém em nenhum momento buscamos entender o que causava o movimento.
Essa pergunta será respondida nessa unidade.
Logo, a dinâmica é o estudo das forças e as consequências geradas por tais agen-
tes físicos. Ademais, existem sistemas que englobam mais de uma força, as quais geram
movimento ou mantem o sistema em repouso, ou seja, no estado estático. Portanto, vamos
definir a força como uma grandeza física que pode gerar movimento.
Suponha que você esteja brincando de cabo de guerra e o seu rival puxe a corda
com a mesma força que você está aplicando na corda. O que esperamos nesse caso?
Que a fita vermelha responsável por mostrar para onde o lado ganhador está se movendo
permaneça parada. Uma vez que a força exercida em ambos os lados é a mesma. Troque
a ideia da fita vermelha por uma caixa, como as forças são as mesmas na mesma direção,
porém em sentidos opostos (ou seja, na horizontal, mas uma aponta para a direita e outra
para a esquerda) e possuem intensidades iguais, a caixa não se move. Essa situação
caracteriza um equilíbrio estático. Matematicamente:

UNIDADE II Dinâmica I 40
O símbolo matemático na equação anterior é uma letra grega chamada de “sigma”
e na física é usado para o conceito de “somatória”. Em outras palavras, a força resultante
que atua em um corpo é o somatório das forças e, como estamos falando que é o caso
estático, a resultante deve ser igual a zero. Imagine o seguinte exemplo: João puxa a
corda para a direita com uma força de e Maria para a esquerda com a mesma
intensidade. Entretanto, como Maria puxa para a esquerda, será dito que a força é negativa,
pois está no sentido contrário ao da força positiva que aponta para a direita. Assim:

Outro ponto que devemos salientar é que a unidade de força é o Newton (N) em
homenagem a Sir Isaac Newton, pai da mecânica clássica.

FIGURA 1 – FORÇA RESULTANTE NULA

Fonte: https://phet.colorado.edu/sims/html/forces-and-motion-basics/latest/forces-and-motion-basics_pt_BR.html

Vamos agora supor uma outra situação, que do lado direito, para ajudar João, seu
irmão mais velho Lucas entra no jogo e aplica uma força de 100N e, para ajudar Maria, sua
irmã mais velha Bruna, vai a esquerda, exercendo uma força de 150 N. O que acontecerá?
Vamos fazer o cálculo da força resultante:

Portanto, nesse caso há uma força resultante não nula, embora o sinal é negativo,
isso só caracteriza a direção da força, que é para a esquerda a favor do time das meninas.
Sendo assim:

UNIDADE II Dinâmica I 41
FIGURA 2 – FORÇA RESULTANTE DIFERENTE DE ZERO

Fonte: https://phet.colorado.edu/sims/html/forces-and-motion-basics/latest/forces-and-motion-basics_pt_BR.html

Então é o mesmo que dizer que a caixa no centro se move para a esquerda com
uma força de módulo igual a . Entenda que o módulo de uma grandeza é o
mesmo que analisar apenas o seu valor numérico, ignorando o sinal (uma vez que o sinal
está associado a orientação). A partir do momento que a força resultante é não nula, o
sistema passa a se mover na mesma direção e sentido dessa força. O que você deve
concluir disso? Uma força resultante que não é zero gera movimento.
Vamos ver alguns exemplos

Ex. 01
Calcule a força resultante do sistema abaixo:

FIGURA 3 – EXEMPLO 01

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:
FR=35-22=13N

Logo o módulo da força resultante é de 13N, sua direção é horizontal no sentido da


direita.

UNIDADE II Dinâmica I 42
Ex. 02
Determine a força resultante do cenário abaixo:

FIGURA 4 – EXEMPLO 02

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:

Nesse caso o que fazemos? Não é possível somar duas forças em direções distin-
tas. Sendo assim, usamos o Teorema de Pitágoras.

FIGURA 5 – DECOMPOSIÇÃO DE FORÇAS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Note que a força resultante é como a hipotenusa de um triângulo retângulo, e os


catetos são as forças de 8N e 6N. Sendo assim:

UNIDADE II Dinâmica I 43
FIGURA 6 – FORÇA RESULTANTE DECOMPOSTA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

O próximo passo agora será estudar as três leis de Newton.

UNIDADE II Dinâmica I 44
2. LEIS DE NEWTON

Da mesma forma como o eletromagnetismo é fundamentada pelas equações de


Maxwell, a relatividade por Einstein e Lorentz, a mecânica é estruturada pelas três leis
de Newton. Sendo assim, nessa unidade vamos aprender as três leis de Newton e suas
aplicações.

2.1 Primeira Lei de Newton


Ao longo dos anos inúmeras formas de expressar a primeira Lei de Newton foram
apresentadas, apenas com algumas mudanças de palavras, porém todas com mesmo sig-
nificado. Vamos a ela então: Todo corpo em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme
permanece nesse estado até que uma força resultante externa atue sobre o mesmo.
Em outras palavras, imagine que um automóvel esteja se locomovendo em movi-
mento uniforme e em linha reta, ou seja, viajando a uma velocidade constante. Para que
esse estado se altere, ou seja, a velocidade mude ou a direção e sentido de movimento se
altere, é preciso que uma força resultante externa atue sobre o corpo.
Por outro lado, se um objeto está em repouso, ele só altera esse estado e entra em
movimento quando uma força resultante externa atua sobre o mesmo.
A primeira lei de Newton recebe o nome de lei da Inércia. O conceito de inércia é
um quanto pouco abstrato, mas podemos pensar que tudo que tem massa tem inércia e
ela é uma característica de um corpo conservar sua velocidade vetorial. Assim, para que a
inércia de um corpo se altere, é preciso a presença de uma força resultante externa.

UNIDADE II Dinâmica I 45
Podemos pensar então que um corpo em repouso permanece em repouso, até que
uma força externa intervenha no mesmo. Já um corpo em movimento retilíneo e uniforme
permanece no MRU até que uma força externa atue sobre o mesmo.

2.2 Segunda Lei de Newton


A segunda lei de Newton é uma consequência direta da primeira lei. Como apren-
demos, uma força externa que atua em um corpo, altera seu estado de inércia e modifica
sua velocidade. Sendo assim:

Ou seja, a força resultante externa que atua em um corpo de massa m produz


sobre o mesmo uma aceleração . Ademais, essa aceleração adquirida pelo corpo tem
mesma direção e sentido da força resultante.Quanto maior a força resultante, maior é o mó-
dulo da aceleração adquirido pelo corpo.

FIGURA 7 – FORÇA RESULTANTE PROPORCIONAL A ACELERAÇÃO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

2.3 Terceira Lei de Newton


Provavelmente um uma das mais conhecidas leis da física por ser utilizada como ditado
popular em que “tudo que vai volta” ou “toda a ação gera uma reação”. A terceira lei de Newton
é extremamente fundamental e pode ser enunciada da seguinte forma: Toda ação gera uma
reação, de mesma intensidade e direção, porém em sentidos opostos.
Ou seja, suponha que um homem empurre um bloco de pedra, realizando uma força so-
bre o bloco (o primeiro prefixo é quem causa a força e o segundo quem recebe). Por reação,
o bloco também empurra o homem, porém para trás, no sentido contrário e mesma direção.

FIGURA 8 – AÇÃO E REAÇÃO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE II Dinâmica I 46
Um exemplo mais prático dessa lei é imaginar que você e um amigo esteja de
patins, um de frente para o outro em repouso e, por algum motivo, você o empurra, o que
acontece com você? Ao empurrar o seu colega para frente você é impulsionado para trás,
com a mesma força que executou no empurrão.
Agora que estudamos as leis de Newton, vamos definir outras forças específicas
que serão de grande uso para nossos cálculos.

2.4 Força Peso, normal e tração


Uma das perguntas mais óbvias em toda física é porque a Terra “puxa” tudo para
ela, ou porque os corpos caem? Segundo as histórias, foi assim que Newton resolveu um
dos maiores mistérios da época, a força gravitacional.
O conceito é muito simples, todo corpo que possui massa é atraído para o centro da
Terra como se toda a massa do planeta estivesse concentrada em um único ponto.

FIGURA 9 – FORÇA PESO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

O módulo dessa força de atração, também denominado para os pequenos corpos


como força peso é escrito matematicamente como:

Em que é a força peso e é a aceleração da gravidade. O módulo da aceleração


da gravidade possui um valor de g = 9,8 m/s2, mas em alguns exercícios, é comum encon-
trarmos que g=10 m/s2.
Lembre-se sempre que a força peso aponta sempre na vertical para baixo e como
é uma força de atração que a Terra exerce no corpo, há também uma reação. Ou seja, se
o planeta atrai o corpo, então o corpo também atrai o planeta, logo a reação da força peso
se encontra no centro da Terra apontando para o objeto.

UNIDADE II Dinâmica I 47
FIGURA 10 – AÇÃO E REAÇÃO DA FORÇA PESO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

A outra força que será muito corriqueira em nossos estudos é a força normal. Quan-
do um objeto é apoiado sobre uma superfície plana e horizontal, a superfície exerce uma
força de reação sobre o corpo, essa força é chamada de normal ( ).

FIGURA 11 – PESO E NORMAL

Fonte: O Autor (2021).

Como é uma força, a reação da força normal se encontra abaixo da superfície,


apontada para baixo, na mesma direção e sentido da força peso da figura anterior.
A outra força que vamos trabalhar bastante é a força de tração exercida por uma
corda. Ou seja, toda vez que um corpo estiver sendo puxado ou arrastado por uma corrente
ou corda, é dito que ele sente uma tração do fio.

FIGURA 12 – TRAÇÃO DE UMA CORDA EM UM CORPO

Fonte: O Autor (2021).

UNIDADE II Dinâmica I 48
Exercícios
Ex. 01) Um corpo de massa 5,0 kg é arrastado num plano horizontal por uma força
horizontal constante de intensidade F = 10 N, qual o valor da aceleração adquirido pelo corpo?

FIGURA 13 – FORÇA ATUANDO EM UM CORPO

Fonte: O Autor (2021).

Resolução:
Usando a segunda Lei de Newton temos:

Ex. 02) Um corpo, com massa igual a 5 kg, será arrastada a partir do repouso
sobre o solo plano e horizontal sob a ação de uma força constante F de intensidade 32 N,
representada na figura abaixo:

FIGURA 14 – FORÇA EXTERNA APLICADA EM UM CORPO

FAZENDO UM ÂNGULO COM A HORIZONTAL

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Qual a intensidade da aceleração adquirida pela caixa?

UNIDADE II Dinâmica I 49
Resolução:

Note que a força está na diagonal, ou seja, ela pode ser decomposta em uma parte
horizontal e uma parte vertical . Contudo, é a componente horizontal que causa o
movimento na superfície. Como calculamos essa componente?

Logo, temos pela segunda lei de Newton:

Ex. 03) Na figura abaixo, os blocos A e B têm massas m1 = 5,0 kg e m2 = 3,0 kg e,


estando apenas encostados entre si, repousam sobre um plano horizontal perfeitamente liso.

FIGURA 15 – FORÇA DE CONTATO

Fonte: O Autor (2021).

Determine o módulo da aceleração do conjunto se a força aplicada sobre o bloco 1


for de 24N.

Resolução:
Para resolver esse problema vamos pensar em cada bloco isoladamente, ou seja,
quais as forças que atuam em cada corpo.

UNIDADE II Dinâmica I 50
Bloco 1:

Sobre o bloco 1 atua uma força externa , mas a medida que o bloco 1 é empur-
rado, ele empurra também o bloco 2, ou seja, ele causa uma força de contato no bloco 2.
Porém o que o bloco 1 sente não é a força que ele faz, mas sim a que ele sofre de reação
por empurrar o bloco 2. Assim:

Veja que a resultante das forças podem ser entendidas como a força externa que
o bloco 1 sente menos a reação por empurrar o bloco dois . Como se trata do corpo 1,
então usamos a massa m1 e a aceleração a1.

Bloco 2:

Veja que nesse caso, a única força que vai atuar sobre o corpo 2 é a que o bloco 1
a empurra. Ou seja, uma força do tipo . Sendo assim, a segunda lei de Newton para o
corpo 2 fica como:

Agora o próximo passo será somar esse conjunto de forças, que atuam em cada
corpo formando um sistema

Somando as duas linhas desse sistema temos:

UNIDADE II Dinâmica I 51
Vamos agora aplicar a terceira lei de Newton no sistema. Como a ação e reação pos-
suem mesmo módulo, então . Logo esses dois termos se cancelam do lado esquerdo
da igualdade. Por outro lado, como o sistema está se movendo junto, ou seja, o bloco 1 junto
ao bloco 2, a aceleração é a mesma para ambos, podemos então fazer a1 = a2 = a. Assim:

Note que como a aceleração é a mesma, ela foi colocada em evidência. Por fim,
substituímos os valores:

Ex. 04) Dois carrinhos de supermercado, A e B, podem ser acoplados um ao outro


por meio de uma pequena corrente de massa desprezível, de modo que uma única pessoa,
em vez de empurrar dois carrinhos separadamente, possa puxar o conjunto pelo interior do
supermercado. Um cliente aplica uma força horizontal constante de intensidade F sobre o
carrinho da frente, dando ao conjunto uma aceleração de intensidade 14 m/s2.

FIGURA 16 – TRAÇÃO PROMOVIDA POR UMA CORDA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Sendo o piso plano e as forças de atrito desprezíveis, o módulo da força F e o da


força de tração na corrente corresponde a quantos?

Resolução:
Para o carrinho de 20 kg , fazemos:

UNIDADE II Dinâmica I 52
FIGURA 17 – FORÇA RESULTANTE NO CARRINHO DE 20 KG

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Para o carrinho de 50 kg , fazemos:

FIGURA 18 – FORÇA RESULTANTE NO CARRINHO DE 50 KG

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Somando as duas equações:

Substituindo os valores:

UNIDADE II Dinâmica I 53
Agora, para determinar o valor da tração na corda, tanto faz substituir o valor da
aceleração na expressão do carrinho 1 ou do carrinho 2, o resultado deve ser o mesmo.

Ou pela equação do carrinho 1:

Isso comprova a assertividade do cálculo.


Ex. 05) No esquema a seguir, os blocos A e B têm massas respectivamente iguais
a 8,0 kg e 2,0 kg (desprezam-se os atritos, a influência do ar e a inércia da polia).

FIGURA 19 – SISTEMA TRAÇÃO E PESO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Considerando o fio que interliga os blocos leve e inextensível e adotando nos cál-
culos |g|=10 m/s2, determine:
a) o módulo da aceleração dos blocos;
b) a intensidade da força de tração estabelecida no fio.

Resolução:
Vamos aplicar a segunda lei de Newton em cada corpo separadamente.

Bloco A:

Note que a única força que atua no bloco A é a tração.

UNIDADE II Dinâmica I 54
Bloco B:

Por que foi feito o peso do corpo menos a tração do fio que o segura? Em casos
assim, onde não há força de atrito, qualquer força externa é capaz de colocar um corpo em
movimento. Sendo assim, o fato do corpo B estar suspenso implica que o peso vai puxá-lo
para baixo e a tração representa o fio que une B com A, ou seja, não permite que o corpo
suspenso caia em queda livre, por isso a tração é negativa.
Somando as duas equações:

Resulta em:

Como o sistema está se deslocando junto, então a = aA = aB:

Isolando a aceleração:

Já para determinar a tração, substituindo o valor da aceleração em qualquer equa-


ção já resultará no valor correto. Vamos usar a mais simples:

UNIDADE II Dinâmica I 55
Ex. 06) O dispositivo experimental na figura é uma Máquina de Atwood. No caso, não
há atritos, o fio é inextensível e desprezam-se sua massa e a da polia. Supondo que os blocos
A e B tenham massas respectivamente iguais a 6,0 kg e 4,0 kg e que |g|=10 m/s2, determine:

FIGURA 20 – MÁQUINA DE ATWOOD

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

a) o módulo da aceleração dos blocos;


b) a intensidade da força de tração estabelecida no fio;

Resolução:

O exercício pode ser entendido como uma espécie de balança, ou seja, o corpo
mais pesado governa a direção do movimento. Como PA = 60N e PB = 40N então PA> PB e
o sistema se orienta a favor da queda do corpo A. Assim, como o corpo A tende a cair, as
forças a favor do movimento são positivas e as contrárias negativas. Já como o corpo B
está subindo, então as forças que apontam para cima sobre ele são positivas e as que
apontam para baixo são negativas. Portanto:

Somando as duas expressões:

Como o conjunto se move junto, então a aceleração é a mesma para ambos os corpos:

UNIDADE II Dinâmica I 56
Isolando a aceleração:

Para calcular a tração, podemos substituir em qualquer equação, vamos escolher


a do corpo B.

UNIDADE II Dinâmica I 57
3. FORÇA DE ATRITO

A força de atrito é uma das mais comuns em nossa vida, junto com a força gravi-
tacional. Em qualquer momento de nossas vidas, desde quando andamos, ao sentar, ao
pegar um ônibus, tudo envolve o atrito entre duas superfícies. A análise desse capítulo será
a diferença entre força de atrito estática e cinética, bem como algumas de suas aplicações.

3.1 Força de atrito estática


Provavelmente você já deve feito mudanças em casa, seja apenas deslocar um
objeto no mesmo cômodo ou durante a mudança de uma residência. Provavelmente a parte
mais complicada desse processo é mudar grandes corpos, como por exemplo guarda-rou-
pas, geladeiras, fogão entre outros.
Para movimentar um armário grande por exemplo, você coloca nos pés do móvel
um pano ou um pedaço de papelão para não arranhar a superfície e então começa a
empurrar. Relembrando desse momento, você pode notar que ao começar aplicar uma
determinada força, o armário não se movimenta até que chega um momento de muito
esforço que o objeto entra em movimento.
Significa que o armário apoiado ao chão ofereceu uma resistência a força externa
que buscava coloca-lo em movimento. O nome dessa força é a força de atrito ( Fat ) e como
é essa força de atrito responsável por manter o corpo parado, então será classificada como
força de atrito estática (Fate ).

UNIDADE II Dinâmica I 58
FIGURA 21 – RUGOSIDADE DE UMA SUPERFÍCIE

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Microscopicamente o que é essa força de atrito? Toda superfície, mesmo que seja
bem lisa, possui algumas imperfeições e essas pequenas irregularidades da superfície
interagem entre si. Quando mais rugoso é a superfície, maior é o atrito.
Um caso conhecido é ao assistir uma corrida de automobilismo. Quando começa a
chover, os carros trocam os pneus, os quais são designados para pista molhada, ou seja,
um pneu com maior aderência.
Outra situação hipotética é essa representada na figura abaixo:

FIGURA 22 – BORRACHA EM UMA SUPERFÍCIE INCLINADA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Em uma mesa apoiamos uma borracha em cima de uma régua. Ao inclinar a régua
gradativamente, a borracha permanece parada, fato que não aconteceria se no lugar dela
estivesse uma caneta. Sendo assim, o que tenderia a puxar a borracha para baixo é uma
componente da sua força peso, mas o que não permite o movimento é a força de atrito estática.

UNIDADE II Dinâmica I 59
FIGURA 23 – FORÇA DE ATRITO ATUANDO EM UMA BORRACHA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Logo, a força de atrito aponta a direção oposta a força que deve movimentar o
objeto. Então quando a borracha entra em movimento? Quando a força supera a força
de atrito estática Fate .
Como calculamos a força de atrito estática? Da seguinte forma.

Em que μe é o coeficiente de atrito estático e a normal.


Contudo, o que acontece quando a força de atrito estática não segura mais o cor-
po? Quando a força gradativamente aumenta até que a borracha entra em movimento?
Essa força momentânea que aplicamos capaz de causar o começo do movimento, ou seja,
a iminência do movimento, possui um nome especial, é chamada de força de destaque. A
partir desse momento em que o corpo ganha movimento ele sai do estado estático e entra
no cinético (de movimento), então para de atuar sobre o mesmo a força e atrito estática e
passa a atuar a força de atrito cinética Fat ).
c
Um detalhe muito importante é que a força de atrito cinética é sempre maior que
a força de atrito estática. Por isso é mais fácil empurrar e manter um corpo grande em
movimento do que tirar o mesmo do repouso. O cálculo da força de atrito cinética é:

Na qual μc é o coeficiente de atrito cinético. Veja que a equação é a mesma, com a


diferença dos coeficientes, os quais podem se relacionar da seguinte forma:

Logo:

Vamos agora estudar alguns exemplos para aprender o que é a força de atrito.

UNIDADE II Dinâmica I 60
Exemplos

Ex. 01
Para colocar um bloco de peso 200 N na iminência de movimento sobre uma mesa
horizontal, é necessário aplicar sobre ele uma força, paralela à mesa, de intensidade 50 N.
Qual o coeficiente de atrito estático entre o bloco e a mesa?

Resolução:

Na iminência do movimento a força aplicada é igual a força de atrito estática (esse


é o significado do estado de iminência, se ela for um pouco maior já coloca o bloco em
movimento e passa ser atrito dinâmico). Então:

Como se trata de uma superfície horizontal, a normal é igual ao peso.

Ex. 02
Sobre um piso horizontal, repousa uma caixa de massa 300 kg. Um homem a
empurra, aplicando-lhe uma força paralela ao piso, conforme sugere o esquema abaixo:
O coeficiente de atrito estático entre a caixa e o piso é 0,20 e o cinético é de 0,1,
no local, g = 10 m/s2.

Determine:
a) a intensidade da força com que o homem deve empurrar a caixa para colocá-la
na iminência de movimento;
b) a intensidade da força de atrito que se exerce sobre a caixa quando o homem a
empurra com 100 N.

UNIDADE II Dinâmica I 61
Resolução:
A intensidade da força para colocar a caixa na iminência do movimento é igual a
força de atrito estática.

Como o peso é P = m . g

F = 0,2.3000 = 600 N

A intensidade da força de atrito exercida sobre a caixa é igual a força externa até
que supere a força estática máxima de 600N, ou seja, Fate= 100 N.
Essa conclusão que a força de atrito estática pode variar até o valor máximo soa
meio estranho, é mais fácil entender esse comportamento através do seguinte gráfico.

FIGURA 24 – LIMITE DA FORÇA DE ATRITO ESTÁTICA E CINÉTICA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

No exercício que acabamos de fazer a força de atrito estática é de 600 N. Ou seja,


ela é o valor máximo, conhecida como força de atrito de destaque, uma vez que a força
externa supera tal valor, o corpo passa sentir a força de atrito dinâmica.
Isso significa que a força de atrito tenta “equilibrar” a força externa, até que seja
superada. Em nosso exemplo, se aplicarmos uma força externa de =0,1 N a força de
atrito estática é de = 0,1. Se = 119 N então = 119 N, caso = 600 N então
=600 N. Mas se a força externa superar 600N então passa atuar a força de atrito cinética.
O último exemplo fornece que μc = 0,1, dessa forma:

UNIDADE II Dinâmica I 62
Ou seja, a força de atrito passa ser muito menor do que a força externa. Por isso,
é mais fácil manter um corpo em movimento do que tirá-lo do repouso. O que justifica a
descontinuidade no gráfico. A reta da força de atrito estática sobe e, quando vencida, então
se torna a cinética (que é sempre menor) e permanece a mesma durante todo o movimento.

Ex. 03
Na situação esquematizada na figura abaixo, um trator arrasta uma tora cilíndrica
de 2000 N de peso sobre o solo plano e horizontal. Se a velocidade vetorial do trator é
constante e a força de tração exercida sobre a tora vale 1000N, qual é o coeficiente de atrito
cinético entre a tora e o solo?

FIGURA 25 – TRAÇÃO SOBRE UMA TORA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:

Como a velocidade é constante e existem forças atuando sobre o sistema, podemos


concluir que é uma situação de equilíbrio dinâmico. Toda força a força do movimento é igual
a que aponta no sentido contrário. Ou seja:

Contudo, como a aceleração é nula, uma vez que o movimento tem velocidade
constante, então

UNIDADE II Dinâmica I 63
Outro detalhe importante, o coeficiente de atrito é uma quantidade física adimensio-
nal, em outras palavras, não existe unidade de medida para coeficiente de atrito.

Ex. 04
Um bloco de massa igual a 4kg é empurrado por uma força igual a 60N. Sabendo
que o coeficiente de atrito estático é de μe=0,4 e μc=0,2 . Determine a aceleração do corpo.

FIGURA 26 – FORÇA EXTERNA SOBRE UM BLOCO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:

Primeiro, vamos ver se a força externa é capaz de tirar o bloco do estado estático.

Ou seja, 60 > 16. Então o bloco sai do repouso quando a força externa de 60N o
empurra. Sendo assim, para determinar a aceleração vamos usar a força de atrito cinética,
pois o corpo estará em movimento. Partindo da segunda lei de Newton, fazemos:

UNIDADE II Dinâmica I 64
4. TRABALHO E POTÊNCIA

Nessa última parte da unidade vamos estudar sistemas que transferem energia, ou
seja, de alguma forma podem exercer uma força e realizar um deslocamento. Pense por
exemplo em você, antes de praticar um treino pesado na academia, é recomendado que
se alimente antes de fontes de carboidratos, para que estes quimicamente no seu corpo
permita que você realize mais trabalho na academia, puxe mais peso ou faça exercícios
que requerem mais força. Biologicamente, há uma conversão de energia em trabalho, ou
seja, na capacidade de realizar força em um deslocamento adequado.
Sendo assim, podemos relacionar o trabalho de uma força através da expressão
matemática:

Ou seja, o trabalho é igual ao módulo da força multiplicado pelo módulo do


deslocamento e o cosseno do ângulo entre a direção do deslocamento e a força aplicada.
Isso significa que existem três situações possíveis:
1) e tem a mesma direção: Nesse caso θ=0° e cos(0°)=1. Logo:

UNIDADE II Dinâmica I 65
Ou seja, nesse caso é o máximo trabalho realizado.

FIGURA 27 – TRABALHO REALIZADO EM UM CARRINHO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

2) e tem direções opostas: Essa situação pode ser representada como θ =180°
e cos(0°)= -1. Logo o trabalho será:

FIGURA 28 – TRABALHO NEGATIVO SOBRE UM CORPO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

3) Quando e formam um ângulo entre 0° ≤ θ ≤ 90°: No terceiro caso a expressão


permanece com o cosseno.

Do ponto de vista gráfico, o trabalho de uma força pode ser representado da se-
guinte forma:

UNIDADE II Dinâmica I 66
FIGURA 29 – TRABALHO IGUAL NUMERICAMENTE A ÁREA ABAIXO DA CURVA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Em outras palavras, a área abaixo do gráfico representa o trabalho da força .

Ex. 01
Um atleta puxa um caixa executando uma força de 50N na mesma direção e sentido
do deslocamento. Determine o trabalho realizado pela força considerando que o desloca-
mento foi de 5 m.

Resolução:

Como a força aplicada é na mesma direção e sentido do deslocamento, então


cos(0°)=1 e o trabalho é escrito como:

τ = F.d
τ = 50.5
τ = 250 J

Observe que a medida de trabalho é dada em Joules (J), que é usada também
como unidade de energia.

Ex. 02
A intensidade da resultante das forças que agem em uma partícula varia em função
de sua posição sobre o eixo das abcissas, conforme o gráfico a seguir:

UNIDADE II Dinâmica I 67
FIGURA 30 – GRÁFICO DE UMA FORÇA EM FUNÇÃO DO DESLOCAMENTO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Calcule o trabalho da força entre 0 e 12m.


Resolução:

Aprendemos que o trabalho de uma força é numericamente igual a área abaixo do


gráfico. Sendo assim a área a cima do eixo das abcissas é positiva e a área abaixo do eixo
X é negativa.

A área superior vale:


A + = 20 + 80 + 20 = 120
A_ = - 80
Então, a área total é:
A = 120 - 80 = 40
Portanto, o trabalho é de 40 Joules.

Ex. 03
Uma força constante F, horizontal, de intensidade 20 N, atua durante 8,0 s sobre
um corpo de massa 4,0 kg que estava em repouso apoiado em uma superfície horizontal
perfeitamente sem atrito. Não se considera o efeito do ar. Qual o trabalho realizado pela
força F no citado intervalo de tempo?

Resolução:
De acordo com a segunda lei de Newton:
FR = m.a
20 = 4.a
a = 5m /s2

UNIDADE II Dinâmica I 68
O próximo passo agora será determinar a distância percorrida no tempo de 8,0 s
com essa aceleração.

O espaço inicial é zero e como parte do repouso então v0 = 0. Logo:

Por fim, usamos a expressão do trabalho:

Ex. 04
Na figura, o homem puxa a corda com uma força constante, horizontal e de intensi-
dade 1.10 2 N, fazendo com que o bloco sofra, com velocidade constante, um deslocamento
de 10 m ao longo do plano horizontal. Qual é o trabalho exercido pelo homem?
Resolução:
τ=F.d
τ = 1.102 .10 = 1000 J

Suponha que em uma corrida estejam posicionados na linha de largada uma Ferrari
e um fusca, lado a lado. Quanto tempo os dois carros demoram para chegar a 100 km/h?
Provavelmente a Ferrari vai demorar uns 3 a 4 segundos, já o Fusca, muito mais tempo. O
ponto de vista físico, qual é a diferença entre os dois carros? A resposta para essa pergunta é
que o motor da Ferrari tem em média 500 a 600 cavalos de potência, já um Fusca menos de
50 cavalos. Ou seja, a potência da Ferrari é mais do que 10 vezes maior do que a do Fusca.
Dessa forma, é como se o carro esportivo realizasse muito mais trabalho em um
intervalo de tempo menor. Em uma linguagem matemática, a potência é dada por:

UNIDADE II Dinâmica I 69
Em que Potm é a potência média. A unidade de medida de potência é o watt (W) e
podemos encontrar na literatura outras formas:
1) cavalo-vapor (cv): 1 cv ≅ 735,5 W
2) horse-power (hp): 1 HP ≅ 745,7 W

Exemplos:

Ex. 05
Na figura, um operário ergue um balde cheio de concreto, de 20 kg de massa, com
velocidade constante realizando um trabalho de 800 J na vertical em 25 s, determine a
potência média útil na operação.

Resolução:

Ex. 06
Um carro é puxado por uma corda, durante o percurso de 100m. Sabendo que a
força da tração da corda é de 500N, em um intervalo de tempo de 25 segundos, calcule a
potência média da máquina que puxa o veículo.

Resolução:
τ = F . d = 500 .100 = 50000 J
Dessa forma:

UNIDADE II Dinâmica I 70
SAIBA MAIS

Nas ciências exatas, o esqueleto de qualquer teoria é a matemática e em nosso caso,


a física engloba o formalismo matemático. Quando você estudar cálculo diferencial e
integral, parte da disciplina explica o teorema fundamental do cálculo. A grosso modo, a
derivada da função do espaço em função do tempo, resulta na expressão da velocidade
e, derivando a velocidade, obtemos a aceleração.
O oposto é ditado pela integral. Integrando a aceleração, chegamos na expressão da
velocidade e, integrando essa última, obtemos a função horária das posições.

Fonte: O autor (2021).

REFLITA

Aprender a cinemática prepara você para analisar qualquer sistema físico do ponto de
vista cinético. Sabendo diferenciar um MRU e um MRUV contribui em todos os tópicos
que vamos ver a partir de agora. Porém, como se classificaria um movimento com ace-
leração variado?

Fonte: O autor (2021).

UNIDADE II Dinâmica I 71
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pronto! Você chegou ao final da Unidade I de nosso material. Começamos classifi-


cando dois tipos de grandezas físicas: aquelas que apenas o módulo caracteriza, as gran-
dezas escalares. Já outras necessitam de uma direção, sentido e módulo, denominadas
grandezas vetoriais.
Posteriormente estudamos as características do movimento retilíneo e uniforme
e do movimento uniformemente variado e, fazendo alguns exemplos para entendermos a
aplicação das relações matemáticas.
Por fim, mas não menos importante, vimos também um estudo gráfico do MRU e
MRUV e como classifica-los em progressivo, retrógrado, acelerado e retardado.Esperamos
que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo.

Até a próxima!

UNIDADE II Dinâmica I 72
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Mecânica Clássica e Relatividade
Autor: Raymond A. Serway e John W. Jewett Jr.
Editora: Cengage.
Sinopse: Este livro, o primeiro volume de uma série de quatro,
apresenta de forma clara e lógica os conceitos e os princípios
básicos da Física, facilitando sua compreensão por meio de vários
exemplos práticos que demonstram seu papel em outras discipli-
nas, bem como sua aplicação a situações do mundo real. Nesta
edição, os autores continuam a privilegiar o enfoque contextual
para motivar o aluno, procuram evitar concepções errôneas e utili-
zam a estratégia de resolução de problemas focada em modelos,
evitando os problemas corriqueiros quando se ministra um curso
de física introdutório baseado no cálculo.

FILME / VÍDEO
Título: Tema 06 - Leis de Newton | Experimento - Inércia ovo em
queda
Ano: 2016.
Sinopse: Neste vídeo, o professor realiza um experimento para
demonstrar o princípio de inércia de um corpo
Link: https://www.youtube.com/watch?v=l-cBz5-0LMo

UNIDADE II Dinâmica I 73
UNIDADE III
Dinâmica II
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Energia Cinética e Potencial Gravitacional;
● Energia Potencial Elástica e Lei de Hook;
● Quantidade de movimento;
● Impulso.

Objetivos da Aprendizagem:
● Aprender os diferentes tipos de energia: cinética, potencial gravitacional e elástica;
● Estudar quantidade de movimento;
● Compreender o conceito de impulso e como relacioná-lo
com quantidade de movimento.

74
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a), vamos dar início a essa unidade estudando os diferentes
tipos de energia encontrados na física mecânica, em específico a energia cinética, energia
potencial gravitacional e energia elástica.
Ademais, ainda abordaremos um dos mais clássicos princípios da conservação da
física, o da quantidade de movimento e como essa grandeza se relaciona com o impulso
de um corpo.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.

Bons estudos!

UNIDADE III Dinâmica II 75


1. ENERGIA CINÉTICA E POTENCIAL GRAVITACIONAL

A primeira parte dessa terceira unidade será dedicada ao estudo da dinâmica do


ponto de vista escalar da física, ou seja, vamos analisar o sistema através da energia que
cada situação pode armazenar ou transferir. Essas energia variam conforme a velocidade,
altura, deformação de um sistema elástico e uma vez que não são consideradas forças
dissipativas, a energia total permanece constante.
Na outra metade, vamos reunir esses novos conceitos com os que já foram estuda-
dos e aprender uma lei de conservação muito importante, o da quantidade de movimento e
como descreve os três tipos de colisões. Ademais, o impulso que esses corpos recebem ou
causam nos outros será objeto de estudo desse módulo. Vamos lá então!

1.1 Energia Cinética


Imagine que você esteja na academia e começa a fazer seu exercício aeróbico na
esteira, correndo por dez minutos. É comum que com o tempo você comece a transpirar,
mas qual a explicação para isso? De forma superficial, o corpo entra em movimento e tende
a esquentar, para equilibrar a temperatura então o corpo tende a transpirar. Veja que a
probabilidade de suar mais aumenta conforme o movimento da pessoa. Esse aumento da
temperatura pode ser explicado em uma outra situação física.

UNIDADE III Dinâmica II 76


Na termodinâmica, analisamos um sistema microscopicamente, ou seja, o movi-
mento das partículas, e uma das grandezas é a temperatura, que pode ser definida da
seguinte forma: É um parâmetro físico que mede o grau de agitação térmica das partículas.
Em outras palavras, existe uma energia que é definida com base no movimento do
corpo, essa energia é chamada de energia cinética. Matematicamente ela é escrita como:

Em que EC é a energia cinética, m é a massa e v a velocidade. Vamos fazer alguns


exemplos.

Ex. 01
Determine a energia cinética de um corpo com massa igual a 5 kg e velocidade
constante igual a 5 m/s.
Resolução:

Note que a unidade de energia é o Joule.

Ex. 02
Uma partícula de move seguinte a função horária dada por:

v(t) = 5 + 2t

Sabendo que a partícula tem massa igual a 2 kg, calcule a energia cinética do corpo
quando t = 2,5 s.
Resolução:
v(t) = 5 + 2t
v(t) = 5 + 2.2,5 = 5 + 5 = 10 m/s

UNIDADE III Dinâmica II 77


Assim:

1.2 Teorema Trabalho Energia Cinética


Sabemos que o trabalho exercido por uma força F que causa um deslocamento d,
isso é representado como:

τ=F.d

Contudo, usando a segunda lei de Newton:

τ = m.a.d

Vamos recordar agora a expressão de Torricelli

v 2 = v02 + 2 . a . ∆S

Assumindo que a variação de espaço seja o deslocamento:

v 2 = v02 + 2. a . d

Podemos fazer a seguinte operação

Retornando esse resultado na expressão do trabalho τ = m.a.d:

Assim:

UNIDADE III Dinâmica II 78


Ou seja, o trabalho total, das forças internas e externas, realizado sobre um corpo
é igual à variação de sua energia cinética.

FIGURA 1 – TEOREMA TRABALHO ENERGIA CINÉTICA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Ex. 03
O trabalho total realizado sobre uma partícula de massa 8,0 kg foi de 256 J. Sabendo
que a velocidade inicial da partícula era de 6,0 m/s, calcule a velocidade final.
Resolução:

Ex. 04
Uma partícula sujeita a uma força resultante de intensidade 5,0 N move-se sobre
uma reta. Sabendo que entre dois pontos A e B dessa reta a variação de sua energia
cinética é de 15,0 J, calcule a distância entre A e B.

UNIDADE III Dinâmica II 79


Resolução:

1.3 Energia Potencial Gravitacional


Vamos pensar no seguinte exemplo: Você pega uma pedra e solta ela da linha do
seu ombro, provavelmente a pedra cai e chega ao solo causando um determinado impacto.
Por outro lado, se a mesma pedra for solta de um prédio quase 20 vezes mais alto, a força
do choque da pedra com o solo é bem maior, podendo levar o objeto a se despedaçar
inteiro. Veja, portanto, que a energia adquirida pela pedra varia com a altura, chamada de
energia potencial gravitacional. Matematicamente é escrita como:

EPG = m . g . h

Em que EPG é a energia potencial gravitacional, m a massa, g a gravidade local


e h a altura que for solta o corpo. Ademais, assim como a energia cinética, a potencial
gravitacional também é dada em Joules.

Ex. 05
Uma caixa é lançada de cima de uma ponte, a distância do ponto em que foi lança-
da até o solo é de 9m. Admitindo que a massa é de 4 kg e a gravidade local vale g=10 m/
s2, calcule a energia potencial gravitacional armazenada no corpo.
Resolução:

EPG = m . g . h
EPG = 4.10.9 = 360 J

Note que é uma energia relacionada a queda ou elevação de um corpo a uma


certa altura. Portanto, o deslocamento do corpo é a própria altura h adquirida durante

UNIDADE III Dinâmica II 80


o movimento. Por outro lado, a força que atua durante esse percurso é o peso do
corpo . Logo:
τ=F.d

τ=P.h

τ=m.g.h

Assim, o trabalho da força peso pode ser descrito como sendo a energia potencial
gravitacional adquirida pela partícula ao longo do movimento.

Ex. 06
Um fisiculturista durante seu treinamento de preparo para competição ergue uma
barra de 50 kg, elevando a mesma em relação ao solo uma altura de 2m. Assumindo que a
gravidade vale g = 10 m/s2, qual o trabalho realizado pelo atleta?
Resolução:

τ = m. g. h

τ = 50 . 10 . 2

τ = 1000 J

1.4 Energia Mecânica


Suponha que durante um jogo de futebol uma cobrança de falta é feita e o jogado
chuta a bola a qual descreve a seguinte trajetória.

FIGURA 2 – CONVERSÃO DE ENERGIA CINÉTICA EM

ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Dinâmica II 81


Desprezando os efeitos de atrito com o ar e o gramado a bola sai com uma certa
velocidade do ponto A e conforme sobe descrevendo um arco de parábola vai perdendo
gradativamente sua velocidade, até chegar no ponto mais alto B, em que a velocidade é
nula, pois é um ponto de reversão (em que a bola deixa de subir e retorna a descer). No
instante em que a bola deixa o ponto B e passa a cair de volta para o ponto C, a bola come-
ça o movimento com uma velocidade nula e chega no ponto final com a mesma velocidade
que partiu do ponto A.
Ou seja, podemos pensar constantemente em um equilíbrio de duas energias, a
cinética e a potencial gravitacional:

Ponto A: EC = máx e EPG= 0


Ponto B: EC = 0 e EPG = máx
Ponto C: EC = máx e EPG=0

Veja que a energia cinética é máxima quando adquire a velocidade máxima permi-
tida no problema e, que a energia potencial gravitacional é máxima quando a bola atinge
a maior altura possível. Ademais, vale ressaltar que ao longo do caminho uma energia é
transformada na outra. Portanto, na metade da altura, ainda a bola tem uma certa veloci-
dade e também já subiu uma certa altura, então ela possui metade das duas energias. No
início a bola não tem altura e muita velocidade, logo muita energia cinética e sem potencial
gravitacional, depois toda a energia do sistema é transformada em gravitacional e a cinética
se anula, pois não tem velocidade (ponto B de reversão) e na sequência o sistema ganha
velocidade (aumenta EC ) e perde altura (EPG diminui).
De tal maneira que como é um sistema conservativo, ou seja, não possui forças
que dissipam energia, como a força de atrito, a soma da EC com a EPG resulta sempre
no mesmo valor. Sendo assim: Em um sistema conservativo, a energia mecânica total é
sempre constante.

EM = EC + EPG = cte

Em que EM é a energia mecânica que é igual a constante (cte).

UNIDADE III Dinâmica II 82


FIGURA 3 – RELAÇÃO ENTRE ENERGIAS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Vamos fazer alguns exemplos para entender esse conceito físico extremamente
importante.

Ex. 07
Descendo esse toboágua, uma pessoa atinge sua parte mais baixa com velocidade
de módulo 20 m/s. Considerando-se a aceleração da gravidade com módulo g=10 m/s2, e
desprezando-se os atritos, conclui-se que a altura do toboágua, em metros, é de quantos?

Resolução:

Como a energia mecânica deve ser constante então:

EMi = EMf
ECi + EPGi = ECf + EPGf

No início, quando a pessoa começa a descer pelo brinquedo não há velocidade e


está na altura máxima, logo, toda a energia mecânica se concentra em energia potencial
gravitacional.
EPGi = ECf + EPGf

UNIDADE III Dinâmica II 83


Já no fim, não há energia potencial gravitacional, pois, a altura vale zero e a pessoa
está na velocidade máxima, logo toda a energia mecânica do sistema está concentrada em
energia cinética.

EPGi = ECf
Assim:

Veja que há massa em ambos os lados da igualdade, podemos então simplificar:

Isolando a altura:

Ex. 08
Um garoto de massa m = 60 kg parte do repouso do ponto A do escorregador
perfilado na figura e desce, sem sofrer a ação de atritos ou da resistência do ar, em direção
ao ponto C:

FIGURA 4 – VARIAÇÃO DA ENERGIA POTENCIAL E CINÉTICA EM UM TOBOGÃ

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Sabendo que H = 12 m e que g=10 m/s 2, calcule a velocidade do garoto ao passar


pelo ponto B.
Resolução:
EMi = EMf
ECi + EPGi = ECf + EPGf

UNIDADE III Dinâmica II 84


Vamos comparar a energia entre dois pontos, A e B por exemplo:

ECA + EPGA = ECB + EPGB

Como o garoto parte do repouso, então a energia cinética em A vale zero.



EPGB = ECB + EPGB

Já no ponto B, como não está na altura mínima e já possui velocidade, então a


energia mecânica é dividida entre esses dois valores.

Note que há massa nos três termos, podemos então simplificar.

Isolando a velocidade no ponto B:

Substituindo os valores:

Veja que

Ex. 09
Numa montanha-russa, um carrinho junto a 2 pessoas te peso de 150 kg de massa
e é abandonado do repouso de um ponto A, que está a 10,0 m de altura.

UNIDADE III Dinâmica II 85


FIGURA 5 – VARIAÇÃO DAS ENERGIAS CINÉTICA E

POTENCIAL GRAVITACIONAL EM UMA MONTANHA RUSSA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Supondo que os atritos sejam desprezíveis e que g =10 m/s2, calcule a energia
cinética do carrinho no ponto C.

Resolução:

EMi = EMf
EC + EPG = EC + EPG
i i f f

Vamos comparar a energia entre dois pontos, A e C:

EC + EPG = EC + EPG
A A C C

Como o garoto parte do repouso, então a energia cinética em A vale zero.

EPG = EC + EPG
A C C

No ponto A não tem velocidade e no C como não está na altura máxima possui
velocidade e altura.
m.g.hA = EC + m.g.hC
C
150.10.10 = EC + 150.10.8
C
15000 = EC + 12000
C
∴ EC = 3000 J
C

UNIDADE III Dinâmica II 86


2. ENERGIA POTENCIAL ELÁSTICA E LEI DE HOOK

Nesse capítulo vamos começar o estudo de uma outra classe de energia, aquelas
associadas a deformação de molas e que tipo de força é exercida por uma mola que sofre
deformação.

2.1 Lei de Hook


Suponha o seguinte sistema:

FIGURA 6 – SISTEMA MASSA MOLA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Dinâmica II 87


Inicialmente uma massa está acoplada a uma mola a qual é ligada permanen-
temente a parede. Uma força externa, como por exemplo uma mão, empurra a massa,
comprimindo a mola um valor ∆x. É intuitivo pensar que ao soltar o objeto, a mola tende a
retornar a sua posição inicial e empurra a partícula para frente, ou seja, a massa passa a
ganhar uma velocidade. Essa força que a mola passa a exercer devido a sua deformação
é chamada de força elástica e é caracterizada pela lei de Hook.

Fe = -k . ∆x

Em que Fe é a força elástica, k é a constante elástica da mola e ∆x a deformação


da mola. Contudo, por que a força elástica é escrita com um sinal negativo? Isso revela um
significado físico importante. Sempre a força elástica aponta para o sentido da origem do
sistema. Depois que ela sai da deformação de contração ela se expande para o outro lado
da origem com o mesmo valor da deformação sofrida inicialmente, até frear e retornar para
o ponto inicial.
Para facilitar seu raciocínio pense como uma rampa de half de skate, ele sai de um
ponto da esquerda no alto, desce e acelera na primeira metade, depois sobe a outra meta-
de e reduz a velocidade até o ponto mais alto da direita. Se for um sistema real, devido ao
atrito o skate vai oscilando executando oscilações cada vez menores até parar na origem,
ou seja, no centro da pista. Ou seja, o skate tende a retornar a um ponto de estabilidade
do sistema. O mesmo acontece com a mola, ela oscila repetidas vezes e, se houver atrito
tende a diminuir a velocidade até repousar na posição de origem.

Ex. 01
O gráfico a seguir mostra como varia a intensidade da força de tração aplicada em
uma mola em função da deformação estabelecida. Determine a constante elástica da mola
(em N / m);

FIGURA 7 – RELAÇÃO FORÇA E DEFORMAÇÃO DA MOLA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Dinâmica II 88


Resolução:

Fe = k . ∆x

Não consideramos o sinal negativo, pois vamos analisar o módulo da força elástica.

100= k . 20

Porém, a deformação deve ser dada em metros e não em centímetros como está
no gráfico. O certo então é:

Veja que a unidade da constante elástica é a unidade de força dividida pelo deslo-
camento em metros, ou seja newton por metro.

2.2 Energia Potencial Elástica


A energia armazenada em um sistema elástico quando deformado, quando por
exemplo a mola é alongada ou comprimida. Em um desses dois casos a deformação é
capaz de transferir uma energia de movimento. Como por exemplo um arco e flecha em
que a pessoa deforma a linha elástica do arco e atira a flecha, quanto maior a deformação
mais a energia que pode ser transferida a flecha no seu lançamento.Essa energia matema-
ticamente é dada por:

Ex. 02
Em uma máquina de pinball o jogador deve puxa a alavanca, que nada mais é do
que a mola que vai jogar a bolinha para dentro da arena de obstáculos. Sabendo que a
constante elástica vale k=300 N/m e que a mola sofreu uma deformação de ∆x=7 cm,
qual foi a energia potencial elástica armazenada no sistema?

Resolução:

A deformação da mola deve ser dada em metros e não centímetros, então:

∆x = 7 cm = 0,07m

UNIDADE III Dinâmica II 89


Portanto:

Ex. 03
No arranjo experimental da figura, desprezam-se o atrito e o efeito do ar:

FIGURA 8 – CONVERSÃO DE ENERGIA POTENCIAL

ELÁSTICA COM POTENCIAL GRAVITACIONAL

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

O bloco de massa igual 5,0 kg, inicialmente em repouso, comprime a mola ideal
constante elástica de 500 N/m de 30 cm, estando apenas encostado nela. Largando-se a
mola, esta distende-se impulsionando o bloco, que atinge a altura máxima h. Determine o
valor dessa altura máxima assumindo que g = 10 m/s2.
Resolução:

EMi = EMf
No início, o corpo está parado comprimindo a mola, ou seja, como está sem altura
e sem velocidade, só possui energia potencial elástica. Já no final, atinge a altura máxima,
a velocidade é nula e não tem interação com a mola. Portanto:

UNIDADE III Dinâmica II 90


UNIDADE III Dinâmica II 91
3. QUANTIDADE DE MOVIMENTO

Em um jogo de sinuca o objetivo é dar uma tacada na bola branca para que esta
transfira “movimento” para a bola que deseja ser encaçapada. Como é possível que em
alguns momentos a bola branca se move junto com a bola colorida, ou permanece parada
ou também vai para outra direção? E como uma partícula que tem velocidade se choca com
outra e transfere esse movimento?
Admita que um corpo de massa m esteja se movendo a uma velocidade , então
esse objeto possui uma quantidade de movimento . Note que é uma grandeza vetorial,
uma vez que a velocidade também é um vetor. Matematicamente é dada por:

Portanto, a quantidade de movimento é diretamente proporcional a massa e a


velocidade do corpo.

FIGURA 9 – QUANTIDADE DE MOVIMENTO DE UM CARRO E UMA MOTO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE III Dinâmica II 92


Como a massa do carro é três vezes maior do que a da motocicleta, então a quan-
tidade de movimento é três vezes maior também.
Lembrando da expressão matemática da energia cinética:

Multiplicando a equação por :

Vamos fazer alguns exemplos.

Ex. 01
Uma bicicleta está se movendo em uma pista retilínea em movimento uniforme com
velocidade igual a v = 8 m/s. Sabendo que a massa do conjunto bicicleta e a pessoa compõe
um valor de m = 80 kg, qual a quantidade de movimento do sistema?

Resolução:

O módulo da quantidade de movimento é dado por:

Q=m.v
Q = 80 . 8
∴Q = 640 kg m/s

Ex. 02
A função horária de uma partícula é dada por:

v (t) = 5 + 2t

Sabendo que a massa da partícula é de 3 kg, determine a quantidade de movimento


da mesma quando t = 5s.

UNIDADE III Dinâmica II 93


Resolução:

v(t) = 5 + 2t
v(5) = 5 + 2.5 = 5 + 10 = 15

A quantidade de movimento é dado por:

Q = m.v
Q = 3.15
∴Q = 45 kg m/s

3.1 Sistema Mecânico Isolado


Uma partícula em equilíbrio é o caso mais elementar de sistema mecânico isolado.
Estando em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme, a resultante das forças que
agem sobre ela é nula. Dessa forma, podemos definir um sistema isolado da seguinte
forma: Um sistema mecânico é denominado isolado de forças externas quando a resultante
das forças externas atuantes sobre ele for nula.
Dentre as leis mais relevantes da Física são os princípios de conservação, dentre
os quais destacamos o da conservação da energia, o da conservação da quantidade de
movimento (ou momento linear), o da conservação do momento angular e o da conservação
da carga elétrica.
O princípio da conservação da quantidade de movimento é escrito matematicamen-
te como:

Isso significa que em um sistema fechado, os corpos interagem entre si, realizando
diversas colisões, e a quantidade de movimento de todos eles juntos antes é igual a quan-
tidade de movimento dos mesmos depois das interações. Vamos resolver alguns exemplos
que melhor explica esse resultado tão significativo para a física.

UNIDADE III Dinâmica II 94


Ex. 03
Um homem de 70 kg corre ao encontro de um carrinho de 10 kg que se desloca
livremente. Para uma pessoa sentada na rua observando repara que o homem se desloca
a 4 m/s e o carrinho, a 2 m/s no mesmo sentido. Após alcançar o carrinho, o homem salta
para cima dele, passando ambos a se deslocar juntos. Qual a velocidade final do conjunto?
Resolução:

Note que estamos somando a quantidade de movimento do homem com a quanti-


dade de movimento do carrinho e igualando com a quantidade de movimento do conjunto
final, que é a soma da massa dos corpos vezes a velocidade do conjunto.

Ex. 04
No esquema a seguir, estão representadas as situações imediatamente anterior e
posterior à colisão unidimensional ocorrida entre duas partículas A e B.

FIGURA 10 – APROXIMAÇÃO EM SENTIDOS OPOSTOS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

FIGURA 11 – AFASTAMENTO EM SENTIDOS OPOSTOS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Sendo conhecidos os módulos das velocidades escalares das partículas, a relação


entre as massas.

UNIDADE III Dinâmica II 95


Resolução:

Ex. 05
Uma partícula de massa m e velocidade v colide com outra de massa 2m, inicial-
mente em repouso. Após a colisão, elas permanecem juntas movendo-se com velocidade
vx . Determine o valor da velocidade final em termos da inicial.
Resolução:

Simplificando a massa em ambos os lados:

UNIDADE III Dinâmica II 96


3.2 Colisões

FIGURA 12 – COLISÃO ENTRE DOIS CORPOS

Quando estudamos a colisão de corpos precisamos primeiro analisar se estão se


aproximando ou se afastando, portanto, vamos classificar dois tipos de velocidades:
1) Velocidade relativa de aproximação: Existem dois possíveis casos, o primeiro é
quando dois corpos se movem na mesma direção mas em sentidos opostos.

FIGURA 13 – APROXIMAÇÃO EM SENTIDOS OPOSTOS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Então, a velocidade relativa de aproximação é dada por: vRap= | vA | + | vB | = | 10 | +


| -50 |=60 m/s. Ou em outro caso, a aproximação pode ser causada quando um
corpo vem por “trás” de outro com velocidade maior.

FIGURA 14 – APROXIMAÇÃO NO MESMO SENTIDO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Nesse caso a velocidade relativa de aproximação é escrita como: vRap= |vA| - |vB|
= |60| - | 20|= 40 m/s) Velocidade relativa de afastamento: Assim como a aproximação, há
duas possíveis situações. Uma quando os corpos se movem na mesma direção, porém em
sentidos opostos.

UNIDADE III Dinâmica II 97


FIGURA 15 – AFASTAMENTO EM SENTIDOS OPOSTOS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Tal caso, temos que a velocidade relativa de afastamento é dada por: vR = | -10 | +
af
| 50 | = 60 m/s. Ou quando os corpos se movem na mesma direção e sentido, mas o corpo
da frente se move mais rápido.

FIGURA 16 – AFASTAMENTO NO MESMO SENTIDO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Logo, a velocidade relativa de afastamento é dada por: vRaf= | 50 | - | 10 | = 40 m/s.


Com base nisso, podemos definir uma qualidade física que envolve as velocidades
de afastamento, aproximação e colisões unidimensionais entre corpos. O coeficiente de
restituição ou elasticidade (e) é dado por:

Tal coeficiente pode variar entre zero e um:

0≤e≤1
Com o auxilio desse coeficiente podemos classificar três classes de colisões me-
cânicas:
I. Colisões Elásticas (ou perfeitamente elásticas): Nesse caso, suponha que você
solte uma bola de basquete da altura do seu ombro. Imagine que a bola bate no chão e
retorna para a mesma altura da onde foi solta. Esse sistema é conservativo, uma vez que a
mesma velocidade com que é solta é a mesma que tem ao retornar ao ponto inicial depois
do choque. Nesse caso:
e=1
EC = EC
i f

UNIDADE III Dinâmica II 98


Em outras palavras, não há dissipação de energia. Durante a fase de colisão há
transformação de energia cinética em potencial elástica. Já na fase de restituição ocorre
o oposto, a energia potencial elástica é transformada em energia cinética até retornar ao
ponto de queda.
II. Colisão totalmente inelástica: Suponha agora que ao invés de uma bola de bas-
quete, você solte da altura do ombro um pedaço de argila, ou uma massinha de modelar.
Quando esse corpo chega no chão e colide, ele gruda e fica parado, ou seja, a velocidade
após o choque é nula. Dessa forma:

e=0
EC > EC
i f

III. Colisão parcialmente elástica: Esse é o caso intermediário e o real cenário quan-
do soltamos uma bola de basquete, ela não volta na mesma altura que foi solta, pois devido
a resistência do ar e o atrito dissipado quando a bola bate no chão, faz com que a energia
mecânica constantemente se dissipe. Assim:

0<e<1
E C > EC
i f

Com base nisso, podemos agora classificar os movimentos em três tipos diferentes,
uma vez que seja possível medir a velocidade relativa de aproximação e de afastamento.

Ex. 06
Um trem de massa 200 toneladas movendo-se sobre trilhos retos e horizontais
com velocidade de intensidade 22,0 km/h colide com um vagão de massa 50 toneladas
parado ao longo do trilho. Se o vagão fica acoplado à locomotiva, determine a intensidade
da velocidade do conjunto imediatamente após a colisão.
Resolução:

UNIDADE III Dinâmica II 99


Aqui somamos a quantidade de movimento inicial do trem e da locomotiva (a qual
é nula pois a locomotiva está parada) e isso deve ser igual a massa dos dois corpos multi-
plicados pela velocidade final vf

Não foi especificado a massa em toneladas pois é a mesma unidade para antes e
depois, assim como a velocidade que foi dada em quilômetros por hora e permanece na
mesma unidade no final.

UNIDADE III Dinâmica II 100


4. IMPULSO

Ao se dar um tiro com uma arma de fogo qualquer, o projétil é impulsionado pelos
gases provenientes da detonação do explosivo. Quando uma criança está em um balanço,
ela ganha impulso ao se empurrada pelo colega que o empurra periodicamente.
Portanto, o impulso causado por uma força constante durante um intervalo de
tempo é dado por:

Em que é o impulso gerado pela força.

Ex. 01
Uma partícula desloca -se em trajetória retilínea, quando lhe é aplicada, no sentido
do movimento, uma força resultante de intensidade 30 N. Determine o módulo do impulso
comunicado à partícula, durante 10 s de aplicação da força.
Resolução:

UNIDADE III Dinâmica II 101


4.1 Teorema Impulso Quantidade de Movimento
Como vimos, o impulso de uma força é dado pelo produto da força pelo intervalo
de tempo que ela é aplicada.

Contudo, de acordo com a segunda lei de Newton:

Lembrando que a aceleração do corpo é dada por :

Simplificando os intervalos de tempo:

Fazendo a distributiva:

Portanto:

Ou seja, o impulso gerado por uma força é igual a variação da quantidade de mo-
vimento do corpo.

Ex. 02
Uma partícula de massa 4,0 kg desloca -se em trajetória retilínea, quando lhe é
aplicada, no sentido do movimento, uma força resultante de intensidade 10 N. Sabendo
que no instante de aplicação da força a velocidade da partícula valia 3,0 m/s, determine o
módulo do impulso comunicado à partícula, durante 5 s de aplicação da força e o módulo
da velocidade final.
Resolução:
Começando com a equação do impulso

Como sabemos que

UNIDADE III Dinâmica II 102


Ex. 03
Um corpo de massa m = 20 kg deslocando-se sobre uma superfície horizontal per-
feitamente lisa, sofre o impulso de uma força, I = 60 N.s no sentido do seu movimento, no
instante em que a velocidade do corpo era vi = 5 m/s. Determine a velocidade final do corpo.
Resolução:

Ex. 04
Em um jogo de futebol, um jogador bate uma bola de falta a qual sai com velocidade
de 10 m/s. A massa da bola é 0,45 kg e o tempo de contato entre o pé do jogador e a bola é
0,25 s. Calcule a força imprimida do jogador a bola nesse intervalo de tempo.
Resolução:

UNIDADE III Dinâmica II 103


Ex. 05
Uma bola de bilhar de massa 0,2 kg, inicialmente em repouso, recebeu uma tacada
numa direção paralela ao plano da mesa, o que lhe imprimiu uma velocidade de módulo 7,0
m/s. Sabendo que a interação do taco com a bola durou 0,01 s, calcule a intensidade média
da força comunicada pelo taco à bola.
Resolução:

UNIDADE III Dinâmica II 104


SAIBA MAIS

Focamos nessa unidade em sistemas conservativos, porém, o que é um sistema não


conservativo? É aquele que leva em conta forças dissipativas e a mais comum entre
elas é de atrito entre o corpo e a superfície. Porém existem inúmeras outras, como por
exemplo a força de arraste. Essa força se aplica a vários sistemas, mecânicos, hidráu-
licos, eletro químicos, termodinâmicos. Em cada uma dessas situações existe uma ex-
pressão para representar sua contribuição matemática.

Fonte: O autor (2021).

REFLITA

Não sei o que possa parecer aos olhos do mundo, mas aos meus pareço apenas ter
sido como um menino brincando à beira-mar, divertindo-me com o fato de encontrar de
vez em quando um seixo mais liso ou uma concha mais bonita que o normal, enquanto
o grande oceano da verdade permanece completamente por descobrir à minha frente.

Fonte: Isaac Newton

UNIDADE III Dinâmica II 105


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pronto! Você chegou ao final da Unidade III do material. Nesse módulo aprendemos
a calcular a energia mecânica de um sistema. Em outras palavras, aquele sistema que não
leva em conta a força de atrito, a energia se conversa e pode ser segmentada em energia
cinética, potencial gravitacional ou potencial elástica.
Na sequência, estudamos o princípio da conservação do momento linear, bem
como os diferentes tipos de colisões mecânicas. Por fim, mas não menos importante, rela-
cionamos a conservação da quantidade de movimento com o impulso adquirido pelo corpo
em um determinado intervalo de tempo.Espero que você tenha aproveitado essa unidade.

Vejo você na próxima !

UNIDADE III Dinâmica II 106


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Física 1: Mecânica
Autor: GREF.
Editora: Editora Universidade de São Paulo – Edusp.
Sinopse: Esse grupo teve como objetivo a elaboração de uma
proposta de conteúdo e metodologia para o ensino da Física
do Ensino Médio, vinculada à experiência cotidiana dos alunos,
procurando apresentar a eles a Física como um instrumento de
melhor compreensão e atuação na realidade.

FILME/ VÍDEO
Título: Práticas para o ensino de física I – Aula 08 - Colisões
Ano: 2017.
Sinopse: Neste vídeo vários experimentos são realizados para
aplicar a teoria aprendida nessa unidade, como o pêndulo de
Newton, colisões elásticas e inelásticas.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=AXztP7QjWFg

UNIDADE III Dinâmica II 107


UNIDADE IV
Estática
Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva

Plano de Estudo:
● Centro de massa e centro de gravidade;
● Equilíbrio de um ponto material;
● Equilíbrio de um corpo extenso;
● Alavancas e Binário.

Objetivos da Aprendizagem:
● Estudar centro de massa e centro de gravidade;
● Aprender a calcular as forças necessárias para o equilíbrio
de um ponto material e um corpo extenso;
● Compreender o conceito de alavancas e binário.

108
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a), nessa última unidade vamos focar na estática, a física que es-
tuda o equilíbrio dos corpos. Para aprender a fazer a análise física dessa classe de problemas,
primeiro vamos estudar para calcular matematicamente o centro de massa de um sistema.
Na sequência as condições de equilíbrio de um ponto material e de um corpo extenso.
Por fim, mas não menos importante, vamos estudar alguns casos de alavancas, as
interfixas, inter-resistente e interpotente, bem como o sistema binário.
Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na
sua formação acadêmica.

Bons estudos!

UNIDADE IV Estática 109


1. CENTRO DE MASSA E CENTRO DE GRAVIDADE

Nesse capítulo vamos aprender como calcular o centro de massa de um sistema e


como consideramos o movimento do centro de massa de um corpo.

1.1 Centro de massa


Quando estudamos na dinâmica I a força peso, aprendemos que a Terra atrai qual-
quer massa em sua superfície para o seu centro, como se toda massa estivesse localizada
nesse ponto. Ou seja, consideramos que toda a massa da Terra se concentra no seu centro.
Portanto, podemos definir o centro de massa como: ponto onde se admite concen-
trada, para efeito de cálculos, toda a sua massa.
Se o sistema físico for um corpo rígido constituí do de material homogêneo, como
uma esfera ou um cilindro, por exemplo, o centro de massa (CM) coincidirá com o centro
geométrico (C ).

FIGURA 1 – CENTRO DE MASSA DE UMA ESFERA E UM CILINDRO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Estática 110


Suponha que um sistema seja composto por várias partículas distribuídas ao longo
de um sistema cartesiano Oxyz como está representado na figura abaixo:

FIGURA 2 – SISTEMA COMPOSTO POR VÁRIAS MASSAS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Para determinar as coordenadas do centro de massa de um sistema como este,


calculamos esse valor em cada direção e o resultado é uma coordenada.

Ex. 01
Determine o centro de massa do sistema abaixo considerando que é a mesma
massa em todos os pontos indicados no plano.

FIGURA 3 – SISTEMA FORMADO POR CINCO MASSAS IGUAIS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Estática 111


Resolução:

Ex. 02
Três pontos materiais, A, B e D de massas iguais a m estão situados nas posições
indicadas na figura ao lado. Determine as coordenadas do centro de massa.

FIGURA 4 – SISTEMA FORMADO POR TRÊS MASSAS DIFERENTES

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Estática 112


Determine o centro de massa do sistema.
Resolução:

Ex. 03
Oito pontos materiais de massas iguais a m estão situados nas posições indicadas
na figura. Determine as coordenadas do centro de massa.

FIGURA 5 – SISTEMA FORMADO POR OITO PARTÍCULAS IGUAIS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Estática 113


Resolução:

Ex. 04
Quatro discos, 1,2,3 e 4, todos de mesmo raio R = 5 cm e de massas iguais a
m1=10kg , m2=20 kg , m3=15 kg e m4=30 kg. Estão arranjados como na figura. Calcule o
centro de massa.

FIGURA 6 – SISTEMA FORMADO POR 4 DISCOS DIFERENTES

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Estática 114


Até o momento estudamos o centro de massa de um sistema. Contudo não confunda
com centro de gravidade, mas quando que são iguais? Em campo gravitacional uniforme,
o centro de gravidade coincide com o centro de massa.

FIGURA 7 – CENTRO DE GRAVIDADE DE DIFERENTES FIGURAS GEOMÉTRICAS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Estática 115


2. EQUILÍBRIO DE UM PONTO MATERIAL

Como estudamos em dinâmica I e II, quando uma força resultante externa não
nula atua sobre um sistema, então o mesmo passa a se movimentar. Isso foi explicado
matematicamente pela segunda lei de Newton:

FR = m . a
Agora, na estática, que é a física que estuda o equilíbrio dos corpos, para que não
haja movimento então necessariamente a força resultante deve ser nula FR = 0. O que
acontece é que existem dois tipos de corpos: pontos materiais, que são corpos os quais
não consideramos suas dimensões; e corpo extenso, que são aqueles que devemos levar
em conta o seu tamanho na análise física. Nesse capítulo vamos estudar o equilíbrio de um
ponto material, para isso vamos deixar claro mais uma vez a condição para isso: A condição
para um ponto material estar em equilíbrio estático em relação à um dado referencial, é que
a força resultante sobre esse ponto material seja nula.

Vamos entender esse conceito fazendo alguns exemplos.

UNIDADE IV Estática 116


Ex. 01
Um ornamento de peso 80 N está suspenso por um cordel, como indica a figura:

FIGURA 8 – ORNAMENTO SUSPENSO POR UM FIO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

No equilíbrio, calcule a intensidade da tração no cordel.

Resolução:

Vamos fazer a distribuição de forças. Lembre-se que quando uma força não está
em uma única direção, então ela deve ser decomposta. Sendo assim, a tração das cordas
que seguram o vazo estão na “diagonal” se tomarmos como referência o plano cartesiano.
Portanto, vamos redesenhar o esquema de distribuição de forças da seguinte forma:

FIGURA 9 – DISTRIBUIÇÃO DE FORÇAS NA SITUAÇÃO DO ORNAMENTO

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Estática 117


Veja que tanto a tração da esquerda como a da direita são divididas em componentes
Tx e Ty . Porém, como são calculadas essas componentes?
Assumindo que seja um triângulo retângulo, então:

Através da figura de distribuição de forças podemos ver que as componentes Tx


de ambos os lados se cancelam, uma vez que o fio é o mesmo e o ângulo também, então
temos Tx para a direita e Tx para a esquerda e isso resulta em zero. Logo, não há força
resultante na direção horizontal. Porém, analisar a componente horizontal não nos leva a
nada. Vamos analisar a componente vertical.

Ty + Ty = P

Ou seja, as duas componentes verticais de cada fio apontam para cima e o peso
aponta para baixo. Portanto, os dois Ty devem ser iguais ao peso para o sistema perma-
necer estático.

2Ty = P
2 . T . sen(30°) = P

Substituindo os valores:

2 . T . 0,5 = 80
∴ T = 80N

Ex. 02
Na figura, um corpo de peso 210 N encontra -se em equilíbrio, suspenso por um
conjunto de três fios ideais A, B e C. Calcule as intensidades das trações e, respectivamente
nos fios A, B e C.

UNIDADE IV Estática 118


FIGURA 10 – CARGA SUSPENSA POR TRÊS FIOS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Dados:

Resolução:

Seguindo a mesma lógica do exemplo 1, vamos equilibrar as forças na horizontal


e na vertical. Analisando primeiro na vertical, existem duas análises, uma delas é que a
tração da corda A é igual ao peso do objeto. Portanto:

TA = P
TA = 210 N

Podemos ter na vertical a seguinte correspondência:

Analisando a componente horizontal:

UNIDADE IV Estática 119


Ex. 03
Uma pedra de 338 N de peso encontra -se em repouso, suspensa por três cordas
leves A, B e C, como representa a figura. Calcule as intensidades das trações nessas TA ,TB
e TC..Use: sen 30° = 0,50; cos 30° = 0,87; sen 53° = 0,80; cos 53° = 0,60.

FIGURA 11 – PEDRA SUSPENSA POR TRÊS FIOS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Resolução:
A distribuição de forças é dada por:

FIGURA 12 – DISTRIBUIÇÃO DE FORÇAS NO SISTEMA DA PEDRA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Começando pelas componentes horizontais, temos:

UNIDADE IV Estática 120


Analisando agora as componentes verticais:

Substituindo o resultado da componente horizontal na vertical:

Consequentemente:

UNIDADE IV Estática 121


3. EQUILÍBRIO DE UM CORPO EXTENSO

Nesse capítulo vamos avançar os estudos vistos anteriormente. Uma vez que agora
o foco será no equilíbrio tanto de translação (força resultante igual a zero), como no equilíbrio
de rotação, ou seja, o corpo não pode se movimentar em nenhum sentido. Sendo assim, para
levarmos em conta a rotação causada por uma força, vamos definir o conceito de torque.
Suponha que você esteja em uma gangorra com uma outra pessoa de mesma
massa do outro lado. Isso significa que se você e seu amigo, de mesmo peso, estão na
mesma posição em relação ao ponto de rotação da gangorra, o sistema permanecerá em
equilíbrio. Contudo, imagine agora que um de vocês senta mais longe do ponto de rotação,
quase na ponta de um dos lados da gangorra. Logo, o brinquedo irá rotacionar para o lado
deste situado mais longe. Mas por que isso?
Existe uma grandeza capaz de medir a eficiência de uma força em produzir rotação
em um corpo, esse parâmetro físico se chama torque e é dado matematicamente por:

Porém como a rotação tem dois sentidos, vamos definir que a força que causa
rotação no sentido horário irá definir um torque positivo. Por outro lado, se houver uma força
que causa uma rotação no sentido anti-horário, o torque será classificado como negativo.
Portanto, a condição para o equilíbrio de rotação é:

UNIDADE IV Estática 122


Vamos fazer alguns exemplos.

Ex. 01
Uma barra prismática homogênea AB de comprimento igual a 8,0 m e peso igual
a 200 N apoia -se sobre a cunha C, colocada a 1 m de A. A barra fica em equilíbrio, como
representa a figura, quando um corpo X é suspenso em sua extremidade A:

FIGURA 13 – EQUILÍBRIO DE UM CORPO EXTENSO SOBRE UMA CUNHA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Determine o peso do corpo X.


Resolução:
Fazendo a somatória das forças, temos a força peso (PB) da barra que se encontra
no centro geométrico da mesma, a força peso do bloco (Pv) e a força normal (N) da cunha
C que empurra a barra pra cima.

PX + P B = N

Veja, porém, que não sabemos o valor da normal ou do peso do bloco, então vamos
partir para a segunda condição, a de equilíbrio de rotação: A força peso do bloco tende a
causar uma rotação para a esquerda na barra, a força normal N não causa rotação, uma
vez que ela está no ponto de rotação, ou seja d = 0. Por fim, o peso da barra tende ela a
girar para a direita. Logo, vamos assumir que o torque do peso PX é igual ao torque do peso
da barra PB.

T(PX ) = TB
PX . d = P B . d

UNIDADE IV Estática 123


A distância do bloco até o ponto de rotação é a distância AC=1m, Já do peso da
barra té a cunha é de 3m, uma vez que o peso da barra está no centro geométrico e esse
está a 3m do ponto de rotação C. Assim:

PX .1 = 200.3
∴PX = 600 N

Ex. 02
Uma barra cilíndrica homogênea, de peso 300 N e 10,0 m de comprimento, encon-
tra -se em equilíbrio, apoiada nos suportes A e B, como representa a figura.

FIGURA 14 – CORPO EXTENSO EM EQUILÍBRIO SOBRE DUAS CUNHAS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Determine as intensidades das forças normais NA e NB.

Resolução:

Vamos começar fazendo a seguinte consideração, como existem duas possíveis


cunhas, aquela que pode gerar rotação é a cunha A, uma vez que a barra não excede para
o seu outro lado. A somatória dos torques é dada pelo torque da cunha A, da cunha B e do
peso da barra, como a cunha A é o ponto de rotação, então não a torque e o equilíbrio se
da pelo torque do peso da barra com o torque da reação da cunha:

UNIDADE IV Estática 124


Usando agora a condição de equilíbrio de translação:

UNIDADE IV Estática 125


4. ALAVANCAS E BINÁRIO

Quando o pneu do carro fura e é necessário que seja trocado, então um macaco
hidráulico é colocado e para retirar a roda é preciso desrosquear alguns parafusos.
Ao usar a chave, estamos fazendo esse instrumento como uma alavanca.
Em outras palavras, as alavancas são usadas para ampliar as forças que geram
rotação. Na física é batizado como força potente aquela exercida pela alavanca e força
resistente aquela que se pretende vencer.
Dentre as diferentes classes de alavancas temos a interfixa, inter-resistente e in-
terpotente.

4.1 Alavanca interfixa


O primeiro tipo de alavanca é quando o ponto de apoio está entre os pontos de
aplicação da força potente e da força resistente.

FIGURA 15 – ALAVANCA INTERFIXA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Estática 126


Na figura Fp é a força potente, Fr a força resistente, bp o braço da força potente e
br o braço da força resistente. Quanto menor o valor de br comparado a bp, força potente
é menor do que a força resistente.
Num alicate, por exemplo, temos um par de alavancas interfixas operando em
conjunto:

FIGURA 16 – EXEMPLO DE ALAVANCA INTERFIXA

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

O fulcro é o ponto de rotação da alavanca. O mesmo exemplo aplica-se em uma


tesoura.

4.2 Alavanca inter-resistente


A categoria de alavanca em que a força resistente está aplicada entre a força po-
tente e o ponto de apoio.

FIGURA 17 – ALAVANCA INTER-RESISTENTE

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Veja que nesse caso, a distância do ponto de aplicação da força potente é sempre
maior que o ponto da força resistiva, portanto, a força potente aplicada é menor que a força
resistente. Esse é o exemplo típico de um quebra-nozes.

UNIDADE IV Estática 127


FIGURA 18 – EXEMPLO DE ALAVANCA INTER-RESISTENTE

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Outro exemplo também é a clássica carriola usada para transportar uma dada
quantidade de material.

4.3 Alavanca interpotente


Quando uma pessoa vai retirar a sobrancelha ela faz uso de uma pinça, um objeto
não muito grande em que um dedo vai em um lado e o segundo dedo no outro lado da
pinça. Caso ela não seja apertada no centro, ela tende a ficar aberta. Portanto, temos o
caso de uma alavanca interpotente.

FIGURA 19 – ALAVANCA INTERPOTENTE

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

Esse é o único caso que a distância de aplicação da força potente é menor do ponto
da força resistiva.

UNIDADE IV Estática 128


4.4 Binário
Quando uma chave para abrir uma porta, a posição que você faz com os dedos é
o polegar em um sentido e o outro dedo no sentido oposto, dessa forma é capaz de aplicar
uma força de rotação. Nesse caso, podemos definir um caso chamado de binário. Em
outras palavras, por duas forças de mesma intensidade,
mesma direção, sentidos opostos e linhas de ação não -coincidentes, atuantes em
um mesmo corpo.
Como a resultante dessas forças é nula, um binário não pode acelerar o centro de
massa do corpo em que atua, mas é capaz de produzir rotação acelerada.

FIGURA 20 – EXEMPLOS DE BINÁRIOS

Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012).

UNIDADE IV Estática 129


SAIBA MAIS

Provavelmente você já deve ter ouvido falar que as caminhonetas pode ser mais instá-
veis em curvas a altas velocidades. Analisando do ponto de vista do centro de massa
(ou centro de gravidade), que por ser mais alto o de uma caminhoneta, mais instável é o
automóvel. Por isso é mais perigoso uma Dodge RAM a fazendo uma curva levemente
fechada do que um carro baixo.

Fonte: O autor (2021).

REFLITA

O importante na ciência não é obter novos dados, mas descobrir novas maneiras de
pensar sobre eles.

Fonte: William Lawrence Bragg

UNIDADE IV Estática 130


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se você chegou até aqui, passou por diferentes conceitos físicos de estática. Come-
çamos com o de centro de massa, que nada mais é do que encontrar um ponto geométrico
no qual toda a massa pode ser considerada. Depois para calcular as condições de equilíbrio
estático, aprendemos duas: a do equilíbrio de translação, em que a somatória das forças
deve ser nula e a do equilíbrio de rotação, na qual o equilíbrio dos torques deve ser nulo.
Na quarta parte da unidade vimos alguns casos de alavancas, aquelas em que
a força potente e a resistiva possuem diferentes pontos de aplicação em relação ao eixo
de rotação. Um caso especial é o sistema binário, usado para girar chaves e saca rolhas.
Espero que você tenha aproveitado essa unidade.

Vejo você na próxima!!

UNIDADE IV Estática 131


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Engenharia Mecânica Estática
Autor: NELSON E. W.; BEST C.L.; Mclean W. G.; POTTER M. C.
Editora: Bookman.
Sinopse: Nesse livro é abordado tópicos fundamentais de estática
com uma vasta coletânea de exemplos, variando de operações
com força, equilíbrio de diversos sistemas, esforços em vigas e
etc.

FILME/ VÍDEO
Título: Experimento de Estática
Ano: 2020.
Sinopse: Neste vídeo um experimento envolvendo equilíbrio de
um corpo é ensinado e explicado.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=RkJsgyiElH4

UNIDADE IV Estática 132


REFERÊNCIAS

BÔAS, N. V.; DOCA, R. H.; BISCUOLA, G. J.; Tópicos de física: volume 1. 19. Edição. São
Paulo: Saraiva, 2012.

TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene. Física: mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. Rio
de Janeiro: LTC, 2000.

WALKER, Jearl; HALLIDAY, David; RESNICK, Robert. Fundamentos de física: volume 1:


Mecânica. Rio de Janeiro LTC, 2009.

133
CONCLUSÃO GERAL

Prezado (a) aluno (a),


Neste material, busquei trazer para você os principais tópicos Física Estática e
Cinemática. Nossa jornada começa na cinemática, em que definimos as funções horárias
das posições para o movimento uniforme, e para o movimento uniformemente variado a ex-
pressão da posição e da velocidade. Aprendemos como é o gráfico de cada um desses dois
movimentos também e sua fiel interpretação por meio de funções polinomiais da matemática.
Na sequências, quando adentramos na dinâmica I, as leis de Newton formam a base
para a mecânica, saber aplicar a segunda lei de Newton, entender o conceito de inércia e o
princípio da ação e reação permite que você tenha uma visão detalhada do problema. Para
complementar, a força de atrito estática e cinemática que são constantemente encontradas
em nosso dia a dia, bem como o trabalho e potência de uma força.
Após isso, nos dedicamos a calcular as energias de um corpo, quando está em
movimento, que é a energia cinética, a energia potencial gravitacional, vinculada ao objeto
estar a uma certa altura do chão, dependendo do referencial e a energia potencial elástica,
associada a um sistema massa mola. Abordamos também uma das principais grandezas
físicas que podem ser conservadas, o momento linear e como está se relaciona com o
impulso de uma força.
Finalizamos o curso aprendendo a física estática, responsável por descrever
sistemas em equilíbrio. Aprendemos as condições de equilíbrio, como calcular centro de
massa, equilíbrio de um ponto material, torque e consequentemente o equilíbrio de um
corpo extenso, finalizando com alguns exemplos de alavancas.
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente
desenvolvendo ainda mais suas habilidades em física e suas aplicabilidades.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

134
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