Plano Diretor Hidrovia Tiete Comboios Jun2021
Plano Diretor Hidrovia Tiete Comboios Jun2021
Plano Diretor Hidrovia Tiete Comboios Jun2021
Plano Diretor da
Hidrovia Tietê-Paraná
Volume I
Anexo: Considerações sobre a utilização de
comboios de 9.000 toneladas úteis
(Junho/2021)
Rodrigo Garcia
Vice-Governador do Estado de São Paulo
Departamento Hidroviário
Eng. Jose Manoel de Oliveira Reis
Diretor
Expediente:
Eng. Jean Douglas Cordeiro
Eng. Joaquim Carlos Teixeira Riva
Esse trabalho técnico tem por objeto a análise da navegação de comboios formados
por seis chatas ao longo da Hidrovia Paraná e Tietê.
Nesse ponto a hidrovia torna-se ainda mais importante. Transportará a sua carga
tida como cativa e balizará, mediante concorrência, os custos ferroviários.
Pois bem, vimos propor alternativas que possam viabilizar esse intento.
Óbvio que essas vantagens terão que ser comprovadas em condições reais
Sumário Executivo
2. O Brasil atual, dado sua vastidão territorial e elevada produção de grãos os maiores
projetos de transportes encontram-se vinculados às cargas destinadas à exportação.
Nesse contexto destacam-se as vias navegáveis formadas pelos rios Madeira e
Tapajós.
3. A Hidrovia Paraná Tietê, desde sua entrada em operação em 1992, para longas
distâncias, recebeu investimentos privados voltados à construção de terminais e
embarcações. Os armadores trouxeram conceitos do Rio Mississippi e navegam com
comboios formados por quatro chatas e empurrador de 800HP e 6.000 toneladas
úteis.
11. Por outro lado, a Companhia MRS que atende ao Terminal Hidro ferroviário de
Pederneiras constrói novo terminal visando transportar a celulose oriunda de Lençóis
12. Ou seja, não é muito difícil concluir que a hidrovia se encontra em um impasse. Ou
recebe investimentos para concorrer com a ferrovia RUMO e trazer a carga até
Pederneiras ou continua no atual processo de extinção por inanição.
13. Há um argumento muito forte para que a hidrovia ganhe músculos. Promover a
concorrência natural e não predatória com a ferrovia RUMO. Sem concorrentes
diretos, apenas o caminhão, ao longo do tempo os valores dos fretes irão
paulatinamente aumentando até atingirem 85% aos praticados pelos caminhões.
Também não haverá interesse da Companhia RUMO pelos menores exportadores os
deixando ao sabor dos fretes rodoviários.
14. Ou seja, o único rumo da hidrovia é concorrer com a Companhia RUMO visando
contemplar a política de estado voltada à minimização do custo Brasil.
1. Desde 1992 a hidrovia opera, de forma precária, comboios com 6.000 toneladas
formados por quatro chatas empurradas por empurradores cuja potência varia entre
800HP e 950HP.
4. Esses fatos acentuam a necessidade da hidrovia ser repensada tanto nas suas obras
complementares quanto nas dimensões das embarcações.
Comboio Americano de 9.000 toneladas de carga com embarcação de proa para manobra.
11. No caso Tietê a situação das manobras em pontes se agravam nas condições de
comboio leve a em baixas velocidades. A área exposta ao vento atinge perto de 900
m² o que compromete a manobra do comboio apenas com os lemes de singradura
(os instalados na popa do empurrador). Segue ilustração do comboio vazio, no
calado de 0,45 metros.
12. Após análise do problema e suas condicionantes optou-se em utilizar as seis chatas
empurradas por 800HP e uma embarcação de manobra de proa com empuxo de
1.500 kgf em 360 graus. As avaliações indicam que o comboio terá condições
superiores de manobra nas ultrapassagens dos vãos de pontes atuais e levará entre
180 e 210 minutos para ultrapassagem das eclusas. Ilustração abaixo.
14. Avaliei que as obras complementares poderão ter custos significativamente menores
aos previstos.
15. Esse relatório será ampliado pela denominada Parte 02 que fará a análise analítica
do sistema proposto. Contudo, não ocorrerão surpresas nos resultados.
Conclusões
II. As obras complementares necessitam de novos projetos tal que possam receber
comboios de 9.000 toneladas de carga para que o modal não perca sua inegável
competitividade. Por paradoxal que possa parecer os custos das obras
complementares poderão ser significativamente rebaixados.
III. O canal à jusante de Nova Avanhandava deverá ter sua construção custeada pela
energia. Os rios Tietê e Paraná foram planejados para a utilização múltipla de suas
águas. O evento do rebaixamento de nível de Ilha Solteira, e sequenciamentos,
indica que há nítido privilégio das águas para a geração de energia. Contudo
esquece-se que se toda água for usada para manutenção financeira da energia, em
pouco tempo não haverá água para os demais usos.
Índice
b. Propulsão ..........................................................................................45
A Hidrovia Paraná Tietê veio a adquirir consistência em uma época muito posterior
ao seu planejamento fato que não permitiu a navegação ser uma tradição, como ocorre
na Europa.
Os rios Paraná e Tietê idealizados, na década de 50, aos usos múltiplos das águas no
decorrer do tempo suas águas ganharam o perfil energético.
Na época do planejamento fluvial o interior do Brasil não apresentava evidências que
poderia, 40 anos depois, converter-se em centro agrícola avançado e de grande
importância econômica para o País. Trabalhei em 1968/71 na Cidade de Presidente
Epitácio, nas margens do Rio Paraná.
Os Usos Múltiplos das Águas da Bacia do Paraná foram baseados nos projetos do Rio
Tennessee, baseado em aproveitamento múltiplo e eclusas de grandes dimensões.
Contudo, posteriormente, as eclusas foram concebidas sob a inspiração das hidrovias
das terras baixas da Europa onde predominavam embarcações de propulsão própria e
de dimensões menores.
Aconteceu que, nos últimos 30 anos muitas adaptações foram executadas na hidrovia
mesmo sem recursos garantidos no longo prazo.
A hidrovia abrigou e abriga particularidades que garantem futuro promissor: frota e
terminais totalmente construídos pela iniciativa privada; mesmo com grandes problemas
operacionais como desmembramentos do trem de chatas em eclusas e pontes, que
Tenho a vivência e conhecimento para afirmar que pelo menos a construção do canal
à jusante de Nova Avanhandava deva ser construída com verba da hidroeletricidade. O
projeto da Hidrovia foi baseado nos usos múltiplos das águas e tal conceito deve ser
obedecido. Um ano de operação energética entre as cotas 325,40 e 323,00 msnm gera
receita superior ao valor de construção do canal.
Os lemes, um por propulsor, têm área aproximada de 2,50 metros quadrados. Por
ante avante dos propulsores operam dois lemes de flanco, ou cerca de 2,50 m²
por propulsor.
O comboio proposto será formado por seis chatas, o mesmo empurrador e uma
embarcação de manobra de proa. A composição terá comprimento aproximado de 210
metros, boca de 21,30 metros e calado máximo de 3,00 metros. Terá um deslocamento
de aproximadamente 10.800 toneladas e velocidade compatível com o comboio atual,
cerca de 10 km/h.
Na verdade, com a potência instalada de 800HP e navegando carregado com seis chatas
o comboio não alcançará a velocidade de 10 km/h. Nessas condições propõe-se que na
condição carregado seja utilizado para complemento da propulsão o empuxo gerado pelo
propulsor da embarcação de manobra. O empuxo deverá também ser dimensionado para
permitir a velocidade de pelo menos 10 km/h ou maiores nas condições de singradura.
No retorno vazio o propulsor de avante poderá ser recolhido fazendo com que a
velocidade de 10 km/h seja alcançada com os 800HP instalados no empurrador. Já nas
eclusas, com velocidade entre cinco e seis km/h tanto o empurrador quanto a
embarcação de manobra darão conta do recado.
Como será observada, essa propulsão – governo auxiliar não traz nenhuma inovação
sobre o estado da arte da navegação fluvial.
A ilustração 04 documenta um projeto Robert Allan. Trata-se de uma embarcação cuja
missão é efetuar a docagem de submarinos. No caso em pauta não poderá haver a
proteção do propulsor para permitir seu basculamento para a condição emersa e ainda
deverá ter proa semelhante a popa.
No Rio Tietê tornou padrão os vãos úteis situados entre 30 e 52,8 metros, como será
mais bem analisado. Acontece que, logo em 1992, com a abertura do Tramo Norte à
navegação, os armadores optaram por comboios de quatro chatas, comprimento de
138,0 metros e larguras (bocas) de 21,70 metros.
Ao lado desse argumento que chamaremos “condição vazio” foram sugeridas outras
possíveis causas como: baixo nível de potência dos empurradores e problemas
envolvendo governo do comboio.
O segundo estudo simulou a manobra dos comboios Tietê ao longo dos meandros
do rio. Foram utilizadas as chamadas “derivadas hidrodinâmicas” que, apesar de
muito úteis, só tem condições de serem aplicadas em situações bem definidas e
com o máximo de cuidado. Os resultados da simulação indicaram deficiências de
manobra dos comboios nas curvas o que não era observado na prática. Observou-
se que ao modelo anexava-se uma falha capital: desconsiderava a possibilidade
de rebaixamento da velocidade nos acessos aos meandros.
II. Na ultrapassagem das pontes é obrigatória a redução da marcha para 5,0 ou 6,0
km/h. Visa reduzir a energia cinética do comboio que acessa à ponte, pois em
caso de choque toda essa energia será transferida em deformações no casco e
nos pilares.
III. Essa redução de velocidade implica em grande redução de potência e torque
transferido aos propulsores, uma vez que a potência é proporcional ao cubo da
velocidade. No grosso modo, a redução da velocidade pela metade implica na
utilização de 12,5% da potência e torque útil dos motores.
Mais recentemente foi ventilada a hipótese de adoção de lemes duplos por propulsor.
Os lemes duplos, na velocidade de projeto da embarcação, praticamente dobram as
forças geradas pelos lemes e facilitam significativamente a manobra em meandros dos
rios e nas manobras consideradas padrão.
Veremos mais adiante desse trabalho que o emprego de lemes duplos nas condições
de ultrapassagens das pontes não traz vantagens, se operados isoladamente.
Pontes
O dimensionamento dos vãos das pontes dos rios Tietê e Paraná ocorreu por volta
dos anos 60 fazendo-se uso de normas europeias. Suponho que naquela época não se
dispunha de embarcações de grandes dimensões que navegassem nos canais artificiais
da Europa.
Em assim sendo, as dimensões dos canais do Rio Tietê foram avaliadas por
formulações propostas pelo Congresso Permanente de Navegação Interior (PIANC)
sediado na Bélgica.
VENTO
Até esse ponto do trabalho vejo como claro que a navegação ao longo dos vários
reservatórios, com formação de quatro chatas e empurrador, transcorre normalmente e
sem dificuldades. Os reservatórios podem ser assimilados a águas sem restrições aliados
à amenidade do clima. Tanto que ignoro qualquer problema ocorrido com comboios
nessas circunstâncias. Reforça o argumento da Marinha do Brasil haver liberado
comboios de seis chatas para a navegação entre Araçatuba e São Simão, trecho sem
eclusas e onde se insere o Canal de Pereira Barreto.
Assim conclui-se que os maiores problemas se encontram nas pontes e nos acessos
às eclusas.
Observa-se que, nas pontes o risco de colisão é evidente. A percentagem dos eventos
adversos é muito baixa, mas ao acontecer acarreta problemas e transtornos de grande
monta. Somente a perspectiva da visão do piloto em relação à largura da ponte é
desagradável.
Segundo pesquisas americanas 70% das colisões em pontes são devidas à falha
humana e a efeitos externos incluindo lufadas de ventos ou correntes não alinhadas com
a direção do movimento.
Ainda no plano das suposições ocorre uma lufada de vento, situação de alarme, que
transmite uma força aplicada no centro de pressão da área emersa. Ou outra figura:
surge um bote de pescador a ¼ de comprimento do vão da ponte e é notado em um ou
dois comprimentos de comboio.
Como o leme atua na velocidade de 2,50 graus por segundo, serão 15 segundos para
atingir 35 graus de ângulo de leme. Terá percorrido 20 ou 25 metros.
O fato mais importante de todo esse arrazoado resume-se no baixo tempo
transcorrido entre o alarme e a conclusão da manobra – faixa dos 150 segundos.
Para o piloto restam duas possibilidades de reação: a parada brusca com inversão
dos propulsores ou rápida ação sobre os lemes. Na maioria dos casos essa etapa
corresponde a poucos segundos e o comboio poderá encontrar-se muito próximo do
empecilho que terá de ultrapassar.
O piloto aciona os lemes que geram forças e momentos crescentes até a deflexão
total que corresponde normalmente entre 30 e 35 graus. A fase de deflexão dos lemes
ocorre em torno de 15 segundos.
Detalhemos mais um pouco o que acontece durante as três etapas, com os lemes
acionados:
I. Desvio lateral do comboio em função da ação dos lemes. Aparece uma aceleração
lateral que se consubstancia pelo aumento de velocidade e desvio do centro de
gravidade da embarcação em relação ao curso original.
II. As velocidades de singradura e laterais são ortogonais entre si e desencadeiam
a formação de um ângulo denominado deriva.
Ou seja, a somatória das forças e momentos deverá ser contrabalanceada pela massa
do comboio, centro de gravidade (e inércia) e aceleração (aceleração angular)
devidamente distribuídas nos eixos X, Y e Z.
Eixo Z:
Aceleração Angular = Momentos externos/ (Inercia real e virtual do comboio)
Age como se essa porção imersa de 18,5 m de comprimento e 1,75 metros de altura
estivesse cortando a massa líquida como uma asa distorcida, gerando forças
hidrodinâmicas ao seu redor.
II. A velocidade angular cresce rapidamente o que representa uma variação muito
elevada do ângulo de aproamento;
A velocidade de singradura (U) inicia a manobra com 2,5 m/s (9,0 km/h) e tende a
decrescer até 1,2 m/s na etapa de acelerações zeradas ou velocidades constantes. Na
etapa de acionamento do leme e imediatamente após encontra-se na faixa de 80% da
velocidade inicial.
Fonte: IPT
Vários outros trabalhos foram consultados com resultados obtidos pelo Planar Motion
Mechanism. Correspondem a várias formações de comboios incluindo os tradicionais da
Hidrovia Tietê e mesmo o comboio proposto.
Como será visto na Parte 02 desse trabalho, em termos gerais, concluímos que as
forças adimensionais auferidas dos testes, em condição carregada, não tem valores
muito diferentes. Claro que há alterações nos valores, contudo não de forma a poder
selecionar formações mais interessantes em relação a outras.
A força nos lemes pode ser traduzida numericamente em função do peso específico
da água (pe), coeficiente de sustentação Cl, área (A), velocidade de fluxo sobre os lemes,
ângulo de leme δ e fator correção do fluxo k.
A ilustração segue até o segundo 140. Temos dúvidas sobre o seguimento após o
segundo 90. Contudo permanece evidente que o deslocamento lateral do comboio não
se mostra desprezível (~4 a 5 m). O deslocamento lateral é inversamente proporcional
à massa da embarcação tanto que na condição carregada atinge aproximadamente um
metro.
12
11
5
Leve
4
2
Carregado
1
-
20
40
60
80
100
120
140
-
40
Ângulo ( Deriva + Aproamento)
35 Deslocamento Angular
30
Condição Carregado e Leve
- graus Eixo Z
25
20
15 Leve
10
Carregado
-
20
40
60
80
-
100
120
140
Extensão Percorrida - metros
Ilustração 13: Deslocamento Angular (Condição Carregado e Leve)
140
130
120 Faixa de Navegação Requerida
110 Condições Carregado e Leve
Largura Mínima - metros
100
90
80
70
Leve
60
50
40
30
20
Carregado
10
-
10
20
30
40
50
60
70
80
90
-
100
110
120
130
140
Cremos importante ratificar como foram obtidos os números acima e como devemos
interpretá-los:
III. Supomos com margem elevada de acerto, em função de outras experiências, que
as curvas permanecem inteiramente válidas até o segundo 90, a partir do qual
passam a integrar decréscimos sucessivos.
Voltemos à ilustração 07 que idealiza o comboio em manobra. Está claro que ocorrem
uma série de forças e momentos que forçam o comboio a compulsoriamente compensar
esses esforços sobre desvios laterais e ângulos de aproamento e rumo.
São dois tipos de embarcações: ambas operam com um duto giratório que orienta o
jato do propulsor. A mais simples orienta o jato para um ângulo desejado e a segunda
orienta o fluxo para dois tuneis laterais ao casco, semelhando-se bastante aos “bow
thrusters”.
Ilustração 17 – Comboio Americano de 9.000 toneladas de carga com bowboat para manobra.
A marca Harbor Master não é desconhecida para o Rio Tietê. Balsas que operavam
entre Boraceia e Itapuí dispunham, já nos anos 80, desse tipo de propulsão. Tive a
oportunidade de navegar a atestar a eficiência e simplicidade do equipamento. Cada
balsa dispunha de dois equipamentos fora de borda, operando nas laterais da
embarcação. Era da série 2000 ou 100 HP cada.
O texto original é extenso o que nos levou a redigir um resumo do mesmo apontando
as particularidades mais interessantes (Bow Boat for Barge Tows; January 23 rd, 2014).
Claro que o trabalho em pauta não tem a intenção de sugerir a mesma embarcação
para a Hidrovia Tietê. O objetivo é utilizar o conceito e fazer as alterações necessárias
para o caso Tietê.
I. Propulsor azimutal
Características básicas preliminares aproximadas dos equipamentos:
Haste vertical de 1500 mm a 4200 mm (até o centro da porca do hélice).
Giro 360°.
Acionamento Hidráulico por motor diesel.
Hélices 4 pás de Ø 680 mm à 1400 mm.
Basculamento vertical 90°.
Curso linear vertical até 800 mm.
I. Capacidade de introduzir e retirar das câmaras das eclusas duas chatas em linha
totalizando 120 m de comprimento e 10,6 m de boca no calado de 3,00 m e na
velocidade aproximada de 6,0 km/h;
Para esse estudo faremos uso da propulsão azimutal. Contudo, facilmente esse estilo
de propulsão poderá ser substituído por outro de conveniência do armador, de tal forma
que venha a satisfazer as condições mínimas para transposição das eclusas e
ultrapassagem dos vãos das pontes.
Avaliações anteriores conduziram que o empuxo de proa, fornecido pela embarcação
de manobra de proa, deva atingir os 1.500 kgf e no giro de 360 graus. Esse empuxo
satisfaz as exigências requeridas para as ultrapassagens das pontes.
Com essa informação há condições de avaliar a propulsão dos comboios em projeto.
O menor calado testado foi de 0,90 m o que nos obrigou a calcular teoricamente as
resistências e potências efetivas para o calado leve, ou seja, 0,42 m.
b. Propulsão
Assim sendo, avaliemos qual a exigência de empuxo extra para manter o comboio
de 9.000 t numa velocidade entre 10 e 11 km/h, na condição carregada.
Na condição operando duas chatas, nas eclusas, o propulsor de proa poderá garantir
até 8,50 km/h. Ou seja, nas eclusas a embarcação de proa terá plena capacidade de
operar com segurança duas chatas em linha.
Com a adoção do propulsor de proa, suponhamos 1.500 kgf, os lemes poderão ter
atuação melhorada com a adoção de lemes duplos, visando principalmente suportar
maiores velocidades de ventos na ultrapassagem das pontes.
Por certo a utilização de comboios maiores, 9.000 toneladas úteis, adaptando-se uma
embarcação de manobra atrelada na proa do trem de seis chatas trará importante
revitalização econômica à Hidrovia Tietê. Terá condições em competir economicamente
com a ferrovia existente.
Esse trabalho considera-se que os empurradores atuais serão utilizados com os novos
comboios. Para tanto, os propulsores deverão ser redimensionados para a nova condição
Quanto aos tempos dispendidos em eclusas, o principal fator que onera os tempos
são os tempos de navegação entre garagens de barcos e eclusas, muito afastadas entre
si. Também é importante considerar os tempos dispendidos nas eclusas, transpondo
empurradores em vazio, uma vez que é vedada a utilização compartilhada de
empurradores nessas operações.
Faz-se claro que todas as reformas executadas e em execução nas pontes foram
realizadas para os comboios de seis mil toneladas, o mesmo acontecendo com as
manobras nas eclusas.
I. Pontes
A manobra auxiliar localizada na proa tornará mais segura a atual manobra, mesmo
com comboios maiores. Será 1.500 kgf de força útil disposta na proa do comboio, quase
o dobro das forças disponibilizadas pelos lemes na velocidade de ultrapassagem.
Principalmente nos EUA são utilizadas proteções engastadas na soleira do canal que
conduzem a proa da embarcação nas ultrapassagens – ilustração 27.
Há uma pergunta não respondida: Por quê a ultrapassagem das pontes do Rio
Mississippi e dos rios europeus são menos problemáticas que a das pontes do Tietê? Pelo
que entendo não há uma resposta direta. Realmente a configuração de propulsão e
manobra dos empurradores utilizam tubos Corte que proporciona baixa variação de
empuxos em velocidades menores acompanhadas pelo maior carregamento dos
propulsores. Essa vantagem americana será compensada pela propulsão de proa.
Cremos que não deva ser causa de maiores preocupações a ultrapassagem de pontes
do Rio Tietê pelos comboios maiores.
O maior vão reconstruído atinge pouco mais de 105 metros e o menor é de 45,53
metros e localiza-se na ponte que interliga os municípios de Barra Bonita e Igaraçu do
Tietê (SP 255). Essa última situa-se local mais raso.
A ilustração 29 é uma sugestão para proteção de pilares de pontes para águas rasas.
Ilustração 29 – Tipo de reformas em pontes para comboios com embarcação de manobra de proa
Uma série de projetos foi desenvolvida para as garagens das eclusas do Rio Tietê.
Uma análise mais profunda fez-nos entender que os novos layouts se baseiam na
navegação interior europeia com rios em corrente livre e se barrados, com desníveis
muito menores aos do Tietê. Muitas eclusas europeias são construídas separadamente
dos barramentos, exigindo escavações laterais para viabilizar canais de acesso.
Essas fundações podem ser substituídas por elementos flutuantes. Foi o caso dos
muros guias de Ibitinga e Promissão que são formados por caixões flutuantes de
concreto. Foram construídos na década de 80.
Ilustração 30 - Layout geral das intervenções nas eclusas para comboios de 9.000 toneladas
entre elas. Suponhamos, para simplificar, que não existe carga intermediária como a
cana-de-açúcar.
A mesma velocidade será praticada nos estirões sem eclusas como Nova
Avanhandava e São Simão.
Os mesmos três comboios navegando entre Bariri e Ibitinga deverá desenvolver uma
velocidade média de 6,8 km/h e no segmento Promissão a Avanhandava de menos de
5,0 km/h.
Sob tais circunstâncias os números conduzem a crer que a melhor velocidade dos
comboios é de 10 km/h operando na potência máxima.
Para tanto, a hidrovia deverá dispor de um controle de tráfego tal que, próximo à
sua saturação, próximo a 75% da demanda, não ocorram operações de enchimento ou
esvaziamento em vazio. Para tanto será fundamental o compartilhamento de
empurradores e embarcações de manobra.
Comprimento: ~ 13 m
Boca: > 6m; < 10m
Calado: total imersão do propulsor com folga de 0,30 m
Potência: 150 HP/ 300 HP