Favelas em BH Tendências e Desafios

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 8

maneira como o governo, no caso a Prefeitura

Municipal, enfrentou a questão. Em seguida


apresento um levantamento estatístico sobre a
evolução do fenômeno, tendo em vista avaliar a
dimensão do problema e o desafio que ele hoje
representa para o poder público e a sociedade em
geral.

o pnrneiro ebetéculc que se


enfrenta, ao se pretender realizar um estudo dessa
natureza, é a ausência e a imprecisão de dados
estatísticos sobre favelu. Tal fato revela não só a
dinâmica do fenômeno onde se tem um movimento
constante de população e de construções - a invasão
de áreas, o processo de expulsão seguido do
adensamento dee favelas já existentes e ou da
fonnação de novee . mas, tambêm, a maneira como li
FAVELAS EM BELO questão vem sendo tratada. Como se verá ao longo
HORIZONTE.TENDÊNCIAS E deete trabalho, o imediatismo e a improvisação,
característicos das primeiras ações do poder público
DESAFIOS 1 com relação à favela, foram seguid08 da criação de
6rgãos e programu destinado! a enfrentar o
problema, cujo deaempenho, entretanto, sofre solução
Be....Dice MartiJuo Guimarie. de continuidade e é aCetado por mudançu politicas e
Doutora em Sociol" pelo lrucituto Univa"li,,"o de Peeqaiau do de orientação.
Riode Janeiro <IUPERJ). profeuon·acbunta do Departamento d.
Sociologia fi AntrvpologlA d. Faculdade de Noeofta • Citnciu
Humana (FAFlCH) da Univenickde Fl'Cleral de Mina c.nb
(lJI1MC).
2 BREVE HISTÓRICO
A origem das fovel.. em Belo
Horizonte remonta à Cue de conatrução da cidade.
1 INTRODUÇÃO Criada para eer o centro político e administrativo do
E.tedo de Min.. Gerai., • plonejoda segunde
Desde que surgiram, no panorama padrões arquitetônica- e urbanílticoa 08 mais
urbano brasileiro, as favel.. têm sido objeto de avançad08 da época, a construção da nova Capital
atenção do poder público cujas açõu têm·•• pautado obedeceu a um plano rigorosamente elaborado, a
por orientações dívereee: ora a deaocupação do partir de um. modelo preconcebido, no qual,
terreno é vista como a l!Ioluçio adequada, entretanto, não havia sido previsto um lugar para
acom panhada ou não de programu de laUta o1ojor o trobo1hodor encorregodo de construi-lo.
urbanizados ou da conatrução de conjuntoa d. CDU Trotovo·oe do projeto d. uma cidode-copito1
para abrigar as famili.., oro docid.... pela deotinado 00 oporoto odmini.trativo do governo e
pennonêncio do populoçio no local • o urbonizoçio voltodo paro umo populoçio eopocifico o
da área ti, mais recentemente, a resularização do funcionalilmo público. A prelenço do trobolhador do
espaço ti a legalizaçio da paue da terra pu.aram a conatruçào civil era vista como temporária, o que
ser ccneideredea e.trat'sio od.quodo, porto do talvez aplique o foto de o projeto nio contem pior um
equacionamento do problema. Ao mamo tempo, local para a aua moradia. 2
esforços são de.envolvidos na tentativa de impedir
que novaa invUÕM ocorram, eem muito 8Uceaao, o poder público, deede o início, foi o
entretanto. principal agente do procello de ocupação do solo pelo
controle que uercia sobre o ace.ao aOll terrenos e
o obj.tivo deoto trobolho , onoIi.ar, conatruçõe. e, nUlle procesao, privilegiou os
de uma penpeetiva hi.8t6rica, a origlm ti evolução do funcionários públicoo e 00 propri.tárioo de Ouro
problema d.. CaveJ.. em uma cidade planej.da e o Preto. O. privil'sioo con<»didos foi umo das fonn ..
comportamento do poder público frente o ..to de cooptaçio encontrada pelo governo para vencer a
realidade. Atrav6ll de um breve hist6rico, procuro reei.tineia doe que eram contrárioe à mudança da
recuperar como se deu o proee.lo de formação e Capital· velhoo burocrotoa, proprietários d. im6vei.
crescimento das favel... em Belo Horizonte 8 a e comerciantea de Ouro Preee > ao me.mo tempo,
.,

ineentivar a vinda dei.. para Belc Horizonte.

I Elite b'aba1ho , tIIU Mitul'a preÜlaiMl' do. dAdo. d. uma peequiM Entr. 1893-1897, 'peco do
ruio ....... q.. venho reoIiaIldo ....... - " " da _ .....
popular em Balo HorizoD... d*o. , _ da <riaçIo da cidade (I1ll1) conatruçio do cidode, o populoçio loeol p....ou de 2
." h*. e que ronca CGII:Il (J apojo do CoDMJho N.cioul de 650 poro 12 mil hobitonteo, o que represento umo
De.tenvoMmen&o CieGtUko e Tecnol6p:o (CNPq). W&Qia Maria de
Aralijo e Karla BiUwinho GOIIITa foram aaziliare. da peeqaia •
participuam do MvantalUllto e an.6Iiee de d&d.~, 2 MUona ~ dJre . . . queMio••er GGi:m&rte. (1991).

Análiae &. Conjunturo, B.lo Horizonte, v.7, n. 2 e 3, meio/dez. 1992 11


taxa de creacimentc da ordem de 45.9% ao ano. A em Belo Horizonte: estes ocupavam, sob 08 euepfcics
hospedaria provisória feita pela Comiasão de do poder público e àe vezes com 8 conivência dele,
Construção para abrigar temporariamente o áreas desvalorizadas &lou onde fazia-se necessária a
trabalhador, com capacidade para 200 p.noas, fOI presença da mãe-de-obra, até o momento em que
insuficiente para acolher a tcdce 08 que chegavam, o eram dali retíredee pela própria Prefeitura quando
que provocou o surgimento de eefuee e barracos por sua presença não maia interessava, ou quando o
todos 08 lados. Em conseqüência, em 1895, dois anos crescimento da cidade tornava valorizada aquela
antes de ser inaugurada, Belo Horizonte já contava área.
com duo áreas de invasão - a do Cónego do Leitão e
a da Favela ou Alto da Estação com, t o que se assiste especialmente noe
aproximadamente, 3 mil pessoas. primeiros 30 anos de existência da cidade. À medida
que eram expulsos de uma éree. parte da população
Inicialmente. o poder público não 8e confonnava-se em mudar para o lugar destinado pelo
importou com o problema. preocupado que estava em poder público, em geral locais mais distantes, sem
garantir a mêc-de-ebre necessária à construção da infra-estrutura urbana e equipamentos, e parte
cidade. Neeea perspectiva, não só não impediu que ai rebelava-ee indo formar novas favelas em área
invasões ocorressem, como até mesmo estimulou-u, próxima a que moravam e de onde, maia tarde, eram
especialmente em áreas próximas aoa canteiros de novamente ezpul.08.
obras. Entretanto, à medida que o projeto da nova
Capital tomava-se uma realidade, a Prefeitura ~ o início, o que estava em jogo era o
:Municipal começa a regulamentar a situaçio das modelo da cidade ameaçado pela presença da
invasões, incomodada com a presença da população população trabalhadora na parta nobre da cidad e. A
pobre na parte nobre da cidade. Xesse sentido, em existência de favelas na periferia não constituía
1902, designa um local para a moradia do problema, uma vez que se achava distante do centro
trabalhador - a Área Operária. e promove a primeira e, portanto, não comprometia o modelo da nova
remoção de fevelee. Capital. Como conseqüência de.sa política. no eapaço
de alguns ance, toou as favelu que mstiam na área
É ia portante re..altar que a ação nobre foran removida.
da Prefeitura de Belo Horizonte, naua época, foi d.
vanguarda no País. Enquanto aqui havia a Nos anoe trinta uma nova concepção
preocupação em criar mecanismos que garantiuem, de modemizaçio e planejamento urbano impô..ae em
de algum modo, o acesso do trabalhador ao terreno, Belo Horizonte como condição para conter a
no Rio de Janeiro o problema de invaaão de terras desordem urbana e promover o desenvolvimento da
era tratado com a sumária ezpuleão da populaçio, cidade, quando o pod.r público começa a preocupar-
como simples caso de polícia. Deve-ee ter em mente, se com a periferia, cuja ocupação, ati então, se dera
entretanto, o fato de que Belo Horizonte era uma de forma descontrolada. Uma nava justificativa com
cidade recém-criada, onde nio havia Meu"Z de relaçio à remoção de favelu se introduz no discurso
terrenos, embora já houvesse elp«Ulação, oficial: a neceaaidade de removê-las, mesmo 88
especialmente nas áreas mais c.num e dotadaa de localizadaa fora da área nobre da cidade, em virtude
infra-estrutura. da realização de obro d. natur.za urbanística e de
saneamento de intere.se da coletividade. Ao meamo
No entanto, o af1uzo conatante de
pcpulaçâc • a íncepacidede da Ána Opariria .m
abrigar a todos l.varam à continuidad. do procaaao
-paricu1oaidad.- àa favalas. E.....
tempo, e pel. primeira vez, ..sceie-•• a imagem de
p....m a ••r
viatas como locaia de poeaíveia focoe de epidemio e
de invuÃo em novu áreu, enquanto uma "trat'pa de criminalidade • o ambiente onde prolifera a
de moradia da população maia pobre .m B.lo margina1idad•.
Horizonte, e que começou a .er eram.nte
combatida. D.ntro do car'.ter cionillte • Começam entio a ser objeto de
elitista impoeto ao proc»NO d. ocupaçio do sele, a remoção favel.. que haviam ocupado a periferia, e
pr..ença da população pobre na parta c.ntral da somente escapam da ação da Prefeitura aquelas
cidade passa a aer eonm.derada ind. .j've1, tomando- localizada, em geral, nu putea mais alta ou em
ee cada vez mai. claro o lqar que cabia" peaou 1ugarea di.flceia de .erem ubanizad08 e que não
na nova Capital: àa alitaa o centro, • à população apre••ntavam interw•• de mercado. Neae proce• ec,
pobre e trabalhadora a periferia, que Coi ••ndo entretanto, a Prefeitura ••barra com a reeistincia
ocupada desordenadamente. N......ntido, ...... dos moradores d. alrum... favalas que voltevam a
inicialmente de.ignada para a moradia do operário ocupar o mesmo local, acabando por refazer o núcleo
na parta nobre da cidad••m 1902 .ofra reduçio d. anterior. Tal , o cuo, por exemplo, da Pedreira
espaço em 1909, vindo rapidamente a Prado Lapa, a maia antiga de Belo Horizonte, do
descaracterizar-se enquanto tal, atrav6s d.. força Pindura Saia, do Acaba Mundo. dos Marmiteiroa,
de mercado. que sofreram divenaa remoções 8 que aiatem até
Eetabeleee-.e, então, entre hoje (quadro 1).
Prefeitura e trabalhadores, uma dinlmica que ee
torna característica do proceaeo de ocupação do solo

12 Análi..... Conjuntura, B.10 Horizonte, v.7, n. 2.3, maio/dez. 1992


QUADRO 1
ÉPOCA DO SURGIMENTO E REMOÇÃO DAS PRIMEIRAS FAVELAS DE BELO HORIZONTE
189~ - 19i1O

FAVELA LOCALIZAÇÃO/BAIRRO EPOCA

Surgtmenrc I Remocão

Alto da Estação Santa Tereza 1895 1902


Córrego do Leitão Barro Preto 1895 1902
Barroca Barro Preto 1902 1942
Praça Raul Soares Barro Preto 1910 1935
Pedreira Prado Lopes Lagomha 1020145 1942
Perrela Santa Efigênia 1920 1982
São Jorge (Morro d..
Pedraa) Jardim América 1922
Píndura Saía Cruzeiro 1930
Senhor dos Peeece Lagomha 1930
Acaba Mundo Sion 1935
Alto Vera Cruz Vera Cruz 1935
Palmital Lagoinha 1935
e niversidade Stc. Agostinho 1935 1960
Santo André Lagoinha 1935
Buraco Quente Carmo-Sicn 1940
Cabana Pai Tomaz Viste Alegre 1941
Marmiteiroa Pe. Euetáquio 1942
Morro do Querosene Luxemburgo 1942
Pombal Serra 1944 1982
Edgar Wemeclt Horto Florutal 1945 1982
Pau Comeu (Aparecida) São Lucas 1948
Buraco do Peru Carloe Pratea 1950

Fonte.: TEt.i.l&RB8, R.otw. Pa'l'81u em. EWo HoNOD\6. Bolal.i.m Miuin. o.o,r..tl.a. Wo HOlWOQle, e, 1, JI. 1..:l1.Jul. 1geTj VBN'. Jikbal Maria. KatudocM _. c....LN.
quauo bai.lTN po~ c» BeloHOIUon~ PRAX18. iWo HorlIaD&e, ,. 19-39, 197~
Um caso curicec sobre Belo Contagem, onde aeha-ee localizada a Cidade
Horizonte é o da Cavela de BalToea. Formada em Industrial. O fenômeno coincide com um preceaac de
1902, quando da primeira remoção d. favela. em reabertura politica e de aumento da participação,
Belo Horizonte, a do C6rrego do Leitão e Alto da com um intellllo surgimento de movimentoa
Estação, ela en.tiu por, aprozimadamente, anociativoe de defela de interM.lea da população
40 anos, na áre. central da cidade, sempre em favelada " .. UaiÕ8tl de Defesa Coletiva e a
processo de remoção e novo reu.entamento. Federação d~ Trabalhadores Favelados d. Belo
Inicialmente, ela eurgiu no BarT'O Preto e cada vez Horizonte. 3
que era alvo de remoção, parte de aeUII moradoree
ia para outr08 lugal'M e parte mudava-se para u Em cOD.8&qüincia da organização
prozimidadn, refuendo o núcleo. Denominada li doa moradores de favel.. e dentro do espírito
"latolll.ndia" da Capital, IIU daalocamento ocorria ao populiate da época, pela primeira vez o poder publico
longo da aVlaida OleJário Maciel. Em 1942, a favela começa a tratar o problema como qu ..tão social e a
da Barroca é encontrada no atua! bairro do favela torna-•• objeto d. polítieu. Neaae sentido. em
Gutierrez, onda hoja , a A..embiéia Lesielativa e de 1955, é criado o Departamento de Bairros Popular..
onde foram finalmente espw.a. oa últimOtl (DBP), órgão da Prefoitura Municipal oncarregado da
mcredcree, indo parte para a favela dos Marmiteiroe questão, definindo-.e que .. remOÇÕP s6 ocorreriam
8 parte formar o Morto do Querosene, na avenida mediante a eonstruçio de COIQuntoe de ea.8U para
RaJa Gabaglia, fora do perímetro da zona urbana onde seria transfarida a população desalojada daa
de Belo Horizonte. CaveI... :Se realidade, Coi conatruído um único
col\iunto e teve continuidad. o ProeMSO de remoção
o crncimento acelerado da no. mold.. antigoll.
população, a partir doe anca quarente, ,
acompanhado do aumento do número de favelu, que
pusam a ocupar áre.. cada vez maia distantes, 3eom ret.çJD aotIllMJ'rimtlnkM d.e ~ de r..vela, ver Atoruo.
próxima aos municipioa vizinhos, em e.pecia! o de .....0<10(1988)

Análise & Conjuntura, Belo Horizonte, v.7, n. 2 e 3, maio/dez. 1992 13


o perícde entre 1945 e 1964 é A partir do final dos anos setenta,
caracterizado por açõea contraditórias do poder durante os últimos anos do governo militar, nova
público com relação às favelas, sendo também grande orientação é imprimida à política de favelas. As
a movimentação das associações de moradores. De enchentes de 1979 e 1982, somadas à rearticulação
uma parte, teve continuidade a política de remoção, dos movimentos de feveladoll, em especial a ação da
até mesmo com o corte do abastecimento de água e Uniêc dos Trabalhador.. de Periferia (UTP) e a
luz nas favelas para minar a resistência da reabertura política, provocaram mudanças na
população. De outra, foi grande o apoio dado pela situação. O desabamento de muitos barracos trouxe o
Prefeitura, através de verbas e assistência técnica, problema dos desabrigadol!l que, provisoriamente,
ao fortalecimento das associações de favelas. Ao foram alojados em escolas públicas, impedindo o
mesmo tempo, recrudesceu o movimento de invasão inicio das aulas, o que levou à necessidade de
de áreas, agora realizado sob o comando da Igreja mll!didu para resolver a questão.
Católica e dos pertidce políticos de esquerda. e que QUAOR02
encontrou pouca resistência das autoridades. ATUAÇÃO DA COORDENAÇÃO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE
SOCIAL DE BELO HORIZONTE
1971-83
Em 1963, é realizado o Primeiro

~=,.....__ I-Ar-.-a-~-"""'---I
ANO REMQÇAO
Seminário Nacional de Habitação e Refonna Urbana
no País, que propõe a definição de uma política
nacional de habitação popular. Em conseqüência,
I Família População
1971 1
pela primeira vez o governo do Estado de Minu 1972 36 691 3 038
chama a ai a responsabilidade de tratar a queatão da 1973 54 1 143 4815
moradia popular e, em especial, a das favelas. Ne.sa 1974 56 645 2 818
perspectiva, foi proposta a construção de uma grande 1975(1) 31 1076 5273
área de conjuntos habitacionais destinada a abrigar a 1976 19 950 4 703
população favelada de Belo Horizonte, na época 1977 21 1093 5 774
calculada em, aproximadamente, 120 mil pellOU, 1978 32 2 270 10 564
morando em 25076 domictlios (PLAMBEL, 1967). 1979 53 445 2 252
1980 46 414 1938
Além da conotrução doe ccnjuntce, 1981 40 127 601
previa-se também a url>anizaçio de quatro CaveI.. 1982 8 435 2 209
localizadu em áreu adjac.nt.. à cidade, o que 1983 4 23 151
constituía inovação na politica e correapondia à TOTAL 421 9313 44136
reivindicação do movimento de Cavelados, a qual P'oc....: CHlSBBl. RaI.IItbrio da. .tI~ di. Coord.lrnaç;to da Hablt.t.ç60 di!
eeneeeve-ee no direito de permanecer no local tnr..tni.. 90cW di! Belo HoriaoGte. BeM Honaon .... 1971. 1913. 1914. 1916,
1911, !917. 1918, 1979, 1910, 1911, lil12. 1983
ocupado. na implantação de inCra-eatrutura urbana (l).D 1m, a1Im . . . . &rui. foruD tuIb6m remo'l'tdu Jn&a W fam1Jw.,.
nas fav.lu. O projoto de construção doe coJ\iuntoe Coi "Ima kltal. 3 i'1'9 PN'OU (1\». MPOClLuMftln~qutMnm ..ir du c.....1aa.

elaborado e o governador do Estado chegou a aallinar A Cavela torna-se entio objeto de


um decreto desapropriando a área neceesária à abanção do governo do Estado que, entre outras
realização da. obras. No entanto, o Golpe Militar de
providênciu, cria um programa de urbanização de
1964 fez o governo voltar atrás na deci.ão. fa"'el.., o que representou o reconhecimento implícito
do direito d. a população permanecer na área
Com a Revolução d. 1964, quo in.adid..
coloca a questão da propriedade como a pedra de O Prosrama de Deeenvolvimenee d.
toque do novo regim., a favela torna.... obj.to d. Comunidad.. (PRODECOM) da Secretaria de E.tado
eçêc policial. A r.preuão d•••ncadeada no Paia a do Plan.jamonto o Coord.nação Gorai (SEPLANIMG)
partir do Gclpe declara subv.rsiv. . . . aaaociaçõet d. pautava-.. por uma propoeta de planejam.nto
favela, prende 08 lídere. do movimento e, dentro da participativo implementado juntamente com aa
nova orientação políâca, , criado um 6r,ão aallocíaçÕM comunitUias. Poe.uia cinco linh.. d.
encarregado, oficialmente, d. promover a nmoçio de prognun.. do.tinados ia Cav.l.. o áre.. periféric..,
favel.. em Belo Horizonte. Houv., entio, um entre oe quais o de urbanização • legalização de
prcceeec d. deaCav.lam.nto ••m precedent.. na po..o da tarre., aâvidadea .m que .ra auziliado pela
cidade, ju.tificado pela implantação do obra. como CliISBEL - para CUIU' oe deelocam.ntoe de
sistema de viu de fundo de vale, muma vimo, população neceuários ia obra., mantendo,
alongamento de vias ete., • outr08 motivoa nem entretanto, lU (amai.. na me.ma área. Também o
sem pre justificáveu. No espaço de 12 anoe • Ph",.jlllllento da Região M.tropolitana do Belo
197111983 - a Coordenação do Habitação do Interes... Horizonte (PLAMBEL) 6rgão do Estado
Social (CHISBEL) atuou em 423 ár... da cidade, de .ncarregado do plan.jamonto da Região
onde removeu 10 mil barraccw, cerca d. 44 mil Metropolitana de Belo Horizonte - foi eeicnede para
p...oas (quadro 2). O d ••fevelam.nto ara C.ito .IÜKJrar um projeto de lei de uso do .010 e
mediante indenização em dinh.iro • em valor parcelamento e.pedal, destinado àl áreas de favela.
insuficiente para adquirir um terTeno -, e provocou o
surgimento de novu favelas em ma mai. di.tantn Se d. uma parte estava garantida a
e também o adensamento d8.1 exiatent... porman6ncia cIaa fevel.. .m.tente. em áreu

14 Antlioo'" Conj1U1tura, Belo Horizonte, v.7, n. 2.3, maio/d••. 1992


públicas e urbanizáveis, o crescimento da população regularização, titulação e até remoção, quando
levou à continuidade do processo de invasão de áreas necessária.
e fonnação de novas favelas, só que em locais mais
distantes. O controle sobre as invasões nas áreas
centraie tor-nou-se maior, provocando o deslocamento
da população para novos lugares, em especial junto
aos centros de emprego indu.!Itrial - as cidades
vizinhas de Betim e Contagem . onde uma ampla
ârea em torno da Fábrica Italiana de Automóveis
FAVELA IOBRAS ItEALlZADAS(l)

(FIAT) foi invadida. Também surgiram favelas em 1981 chAfanse., eaLU d'''p. aeeoo
loteamentos periféricos não-ocupados e de V1'na. c:a1~manLo. praça. lI\uro
..rnll'lO, 4feNpln
parcelamento muito antigo, cujos proprietários, em B.trT1lpln Santa
geral, residiam no interior do Estado e se
desinteressaram dos terrenos em virtude da pouca
L_
ç.bana Pai TOlDAI 1982
1981 "00
6000
.m_
eaLç._nto.

eanahuç.lo NeM
ae.NO V\áno. muro

valorização. Catoul 197M!2 6000 cn.l&nton. aC*11O V\M\O.


:!Te.....I'l'ln. calçamento. rede de
"cua. lu:.. llwrunaç&o puillica,
o PRODECOM representou um poIto policiaI, limpeu pubhea.
elOCll•• MW"O .mlno. praça
marco na política de favelas, quando pela primeira CeIN' 198<>1' (213400 pr~. ~ eaIçamMlto,
vez se desenvolveu um. programa de urbanização da
área com a participação da população local não só na
fa.e de planejamento para escolha do que iria ser
Co_ 1981 (21 s OC()
qua.. NIO'O. Llwn. pUbltca,
aceNO .uno, e-..da. Muro
un_
~ UM Mt"I'. eocn.
.'IOto e dNnaptD
feito mas, também, diretamente, através do trabalho F4Ib~ (981 6600 c1nnquD. ca1ç&m.• _ _ Y\M\o.
em mutirão, na realização das obras. Em três anos etcada. muro &rnJNl, *1\1&. ~.
de atividade, o PRODECOM atuou em 11 áreas de
favela, beneficiando, aproximadamente, 70 mil
".,.... 1919m2 1>600 """'"
~
4'-'-.
eee:.da. eUeam., eaW.
a.e-MO 'I'1M\o, muro
_ _
arrimo., MIOlo. pnp '<U&
pesso.. (quadro 3). O programa de legalização da P.~ 1000 r2l74W

.-
posse da terra, todavia, ficou no projeto apenaa e P...............
IA... 1000 , 000 _~. calpD. cana11L
previa, na época, a legalização de 1 200 low na Vila eeeoto. dr-. ar."*
Slnbot _ p..,.
Cernig 8 de 800 no Cafezal. Na realidade, a Vila .000 e&na1.. 'fU8 plunu.. .... . - o
~. muro U'l'tmc, ~

_.---._
Cemig, primeira favela de Belo Horizonte cujos
te. Pr!i!.
moradores receberam o título de prcpriedede, .6
,...........
1'OTALDa
realizou seu processo de legalização em 1986. UNlnclADAB
fl::G'M _.a..-__
......... .ue

-_
...... -... .................
~

Em 1984, o PRODECOM foi


"-..
. ----
..
. .....
Clo_.~.--_l.In
~ ~

..- .... . ..
deeecívedc por razões políticas devido à mudança de
-..- ~-_ -.
governo, não deixando, entretanto, de existir. Cm ~
~.-.....- .--.- .. ~-

_._---. -......
ano antes, em 1983, havia sido criado o Programa
~-
Municipal de Regularização de Favel.. (PRÓ.
FAVELA) qUI teve o mérito de ee conetituir no ................
IU . . ~ _ _O"AID'OCII,
.-.uM. ....

...................
_ .-.oaa..
--. __ ••
i*

~
_

instrumento através do qual o poder público


reconhecia, de forma explicita, o diroito do favelado à
propriedade de aua moradia. Sua "IJUlamantação, Oe.d. que começou a funcionar, a
entretanto, eé veio a ocorrer quase doi! moa mais URBEL já atuou em 17 áreao de favel... Seu
tarde quando, sob pr...io doa movimento. populares trabalho consi.te no levantamento da área,
e da Paatoral de Favelaa, foi aaainado o Decreto a. 4 regularização e urbanização, seguido da aprovação e
762, de 10/811984, momento em que foi extinta a titulação doe lotes. O preeeeee é moroso, envolve
CmSBEL. negociaçõel com a comunidade, e muitas vezes é
n.cea.ária a remoção interna de fanu1iaa para
Atrev6a do novo Pro,rama, 8.1 viabilizar a urbanização da área. A comunidade
flvelaa localizadu em tarrenoo públicoa e paasívei. precisa ser conscientiuda e mobiliuda para
de urbanização foram decrltadu Setor Eepocia! (SE· participar do programa que quaal sempre enfrenta
4) , paaaando .eue habitantoo a terem aaaegurado o obstáeulOl, ..pecialmente com relação a diverginciaa
direito de permanecerem no local, salvo caao de politica. entre comunidade e ....ociação, impedindo
remoção neceasária devido • riaca. ou realização de lev'-lo a bom termo. Um ezemplo d.... e cuo é a
obras de urbanizaçio. Neli ee sentido, foi elaborada favela do Vilta Alegre, wna daa primeiras do
uma legislação e um C6di1fO de Poatur.. Eapociaia trabalho iniciado pela URBEL (1988), o qual até hoje
para e•• 88 áreas, pennitindo um parcelamento a um não foi poatrivel terminar em virtude de problemas
padrão de urbanização diferonciadOl. Para pollticoa na ...ociação de moradore.. Até julho dI
implementação do PRÓ.FAVELA, .m 1986 foi criada 1992 a URBEL conseguiu completar o proceuo de
a Companhia Urbanizadora de Balo Horizonte regularização e titulação de ap"nu .ete árou.
<URBEL), 61'Jlão da Prefeitura Municipal encarregado
de todu as queatõea afetas àa rav.lu: urbanização,

AnlUise & Conjuntura, Bolo Horizonte, v.7, n. 2 I 3, maio'doz. 1992 15


~l'ADRO 4

".....
A11.:ACAo 00 PROÓRA.\IA MtOOCIPAL DR REGtJU.1UZACAO 08 FAVElAS (PRoÓ-FAVBlJU KM BELO HORlZOl'lt"E

ANO l'JÚMBROOB POpuuCAo Nl."MERO OOMICluOB LOTES


FAVEUS
BE.~P'lClÁDAB
............,.
.
"'96' ,• 23 004
J .,.
4 ~'">8
...
'" r
A rovacio.
".,
...
TItulado•
, 0<1
."
"88
'98'
199')( II
J

,•
1
8'"
1688
s 903
1540
'32
1 J73
li""
1 zsa
1 1!s2
175
••8
96.
100
...
90'
M'
'99'
'99'
TOTAL 17
....
"1)7

1;182J
1 518

Ll~77
89'
1281

8l1O
I 197

6242
, 09<1

5715

ronL*; COlnlNlnru. t:tbaruu.40'" da Belo Hortaonta IURBELl


(I, ~In cM uma ra.eLa, (otam t&mW1rI uLUlaao. 2181" do Corvun~ Man.ano. Att,..\&.

Além da atuação da L"RBEL nas continuidade da formação de neves áreas de favela e


fevel ... do Bolo Horizonte, ern 1988 o PRODECOMfoi do adenaamento das existentes, não ocorreu,
reativado. Através de verbas dos governos alemão e confonne era esperado, a integração das favelas à
italiano e do Estado de Minas Gerais, realiza malha urbana. Pelo contrário, o padrão diferenciado
benfeitoria nas áreas de aglomerados de favelas de urbanização e, em alguns casos, a identificação
epresta apoie técnico às 8880clações na capital e no deBeas áreu como ambiente de eriminalidade vêm,
interior do Estado. presta apoio técnico àe cada vez mais, fazendo aumentar a discriminação e
associações na capital e no interior do Estado. a segregação de seus moradores, tcraendc-ee as
ravolu alvo da açio policial.
Desde o .urgim.nto do
PRODECOM, em 1979; .......ociaÇÕ88 comunitári..,
dentro da concepção do planejamento participativo, 3 A DIMENSÃO DO PROBLEMA •
têm sido tratadas como os legítimoe interlocutores da TEND~CIAS E DESAFIOS
população de áreas periréric... e de favela, junto aoo
órgãos públicos encarregados de programas sociaia. A fim de avaliar a dimenaão do
Seus reprfllentantes, juntamente com c» t6c:nicc», • problema de fav.lu, em Belo Horizonte, realizou-se
que decidem o que fazer e como, pila8ando aa um levantamento estatístico sobre a evolução do
realizaçõu doo proçamu pelo aval da comunidade. f.nômeno. Além da dificuldade em obtar mfcrmaçêee,
Se de um lado ena situação repre.enta avanço em que nem .empn são confiáveia, evidenciam-se
termos de planejamento participativo, uaegurando diatorçõ...
08 interesses daa comunidades junto aos prop-amaa e
ao poder público, de outro .. aaociaçõea viram-•• Em 95 anoo de exiatôncia de Belo
envolvidaa em um complao joro de intereue. e Horizonte, foram realizado., oficialmente, sei.
""po.taa à corrupção, muita. ve. . daofilJU1'1UldOoM levantaD1entOll lIobre favelas, doe quais quatro
enquanto legítimu repr...ntant.. du camadu CODItituem cadutramentos específica. e doi. são
populeree. A conaoqüência ineviléval d.... proceuo dadoo do Canao Domogrifico. O primeiro
tom lido a reprodução do jO/lO político em nível du cadutram.nto data de 1955, época om que a
fav.lu, onde proliferam aaaociaçõu • liderança. Prefoitura criou o Departamento do Bairroo
comunit6rias organizado em tomo da disputa peloo Populareo para tratar da questéo do rovela., o que
reeursoe públicoo aloc:adoo nca maio divarooo lovou ii necoooidade de o. realizar o lovantamento da
programas sociaia. 4 situação a fim d. conhecer a realidade em que se iria
atuar. Tr" ana. mail tarde, em 1958, eeee
t o fenômeno do -coroneülmo levantamento foi atualizado, quando também II. tem,
urbano" com a tramformaçi.o d.u aaaociaçõu em pela primaira ve&, uma rolaçio du favel .. da cidade.
máquinas politicu • de leu.' lidera em •coron'i.-, O terceiro cadutro é do 1963164, o roi realizado pela
levando a disputo a antqoniamoo na própria Secretaria d. Trabalho • Cultura do E.tado, quando
comunidade, que Um diJicultado e, U vezea , at' da alaboração do projeto para conatrução d. uma
mesmo impedido o bom d...mpenho da. Pl"OlRlDu área de c:onjuntoa d. C88U destinada a abrigar a
nas área.. populaçio ravelada da Capital.

Em que pese as mudançaa 00 dadoo do 1970 e 1980 .ão


verificadas na ori.ntaçio d.. políticu do governo levantam.ntoo feito. pela Fundação Inetituto
com relação ào favelu o à implomentação de Bruileiro de Goosrafia • Eotatloti"" (IBGE), atravéa
program'" nas áreu, o probloma eolé 10111. d. do Conao Demogrifico, que puoou a inclwr oate tipo
encontrar uma aolução adequada. Além d. do informação. Eoooo dadoo, quando confrontadoo
com 08 cadutramentoe • projeçõe8 realizados, antes
"ver dmI o aMWl&o Cunha (1991). • depoi., revelam cliatorÇÕ8a. Nele. se evid.ncia a

18 Análie. '" Conjuntura, Belo Horizonta, v.7, n. 2.3, maio'd.z. 1992


não-inclusão de várias favelas que, provavelmente, o que primeiro chama a atenção na
não foram consideradas como tais em virtude da análise dos dados é o aumento constante do número
definição de favela utiliz:ada pelo Censo, que se de favelas e da população ao longo dos anO.!.
restringe à qualidade da casa, o que nem sempre regiatrundo-ae uma diminuição em torno dos anos 80.
corresponde à realidade. ~uitas casas de favela são Esta queda se deve à atuação da CHISBEL
de alvenaria e muitas áreas possuem infra-estrutura (1971/1983) • Íl3 enchent.. de 1979, ocesiêc em que
urbana sem, entretanto, deixarem de ser favela, o muitos barracos Coram destruídos e grande parte das
que as descaracteriza frente ao Censo. famílias transCerida para conjuntos habitacionais
localizados na periferia e em municípios vizinhos de
Os dados de 1984 são estimativas Belo Horizonte.
fei tae pelo PLAMBEL e L"RBEL com base em
projeçôea de tuas de crescimento e através de um o fenômeno de adensamento das
cálculo deasae projeçôes, elaborado a partir de favelas é também notável. Em 1980, a média de
levantamentos aerofotogramétricos das áreas pessoas por domicílio era de 4.8. e passa para 5.6 em
invadidas, baseadas em duas suposições: que um 1984, quase 6 pessoas por casa. o que significa uma
barraco de favela ocupa, em média, 25m 2 e que o piora nas condições de vide dessas famílias. Cabe
número de moradores por barraco é igual a 5.6 aqui a ressalva de que os dadoe de 1984 são
pessoas. Como se pode ver, trata-se de uma mera pressupcetca e não medidaa reais. Os primeiros
projeção feita em cima de estimativas que podem não levantamentos de 1991 5 apontam uma média de
corresponder à realidade. Como o último Censo vem cinco pessoas por domicílio, o que representa
demonatrando, a população do Pais, eCetivamente aumento em relação a 1980, indicando o
pesquisada em 1991, está aquém da que Coi estimada adenaemente (quadro 6).
por cálculos de projeção, a partir de tendênciaa de
crescimento. Em 1991, por exemplo, a população de A proporção da população favelada
Belo Horizonte ficou com, aproximadamente, 450 mil em relação à população total é crescente. Enquanto
pessoas a menos do que era esperado. passando, que em 1970 os fav.lado. repr••entavam 13.3% da
inclusive. a ser a quarta capital do Paíll em termos população total, em 1984 eram 19.8%. O. dados de
populacionais, substituída no terceiro lugar por 1991 foram eatimad.. supondo-se uma tua de
Salvador (Behia). o. dados de 1991 .ão ootimativIIB ereseimente igual à da populaçio total. o que
caJcu1adaa a partir da tua de crescimento do .ignifica sube.timação de fato. Na realidade, pod ....
período. • upor que a população de favel... om 1991 d.vo
beirar a ceee do. 500 mil, mantidas as tendêneiee de
Azt razões desse 'procedimento não crescimento verificadas entre oe anoe de 1980 e 1984.
são conhecidas mas, ainda que se poaaa argumentar o que representa uma proporção de 25%,
que o movimento de população em áreu de Cavela é aprozimadamente, da população.
constante. o que modifica cotidianamente o quadro e
desestimula a realização de levantamentos que. So último decênio, enquanto a
malcompletadoe, já não correspondem à situação, é população da cidade cresceu a uma taxa média de
inegável que eeee desconhecimento sobre a realidade 1.3% ao ano, a população de Cavelaa aumentou a uma
tem motivações políticaa. tua média d. 6.0% ao ano, sendo COQ.ltantes u
invuÕM de áreas noa municípios vizinhos que
Em que P'" u reaae.1vu pertencem à Região Metropolitana de Belc Horizonte,
apontadaa, os dedce ezi.atente. são os úniCOII de que ob.enoando-I., tamb6m. um aumento do número de
se dispõe para avaliar li dimensão e evoluçio do peaaoaa morando embaixo de pontea, viadutoe. ére..
fenômeno des favela em Belo Horizonte (quadro 5). públicas próximaa às vi.. _p....... revelando o lado
QUADRO'
BVOLUÇÁO DAS PAVK1A8 critico da situaç.io da moradia em Belo Horizonte e o
DI 8.lrI , empebreeimente da população.
ANO NOJoRO NOJoRD
01
POPIJUÇ
1.0 o.
NOJoRO
IIAllIT"'"' Das 150 fav.l.. hoje m.t.ntoo na
PAVIl.\9 OOu~l. l!8/D().
u-'-érõoo cidad.S , 105 são docrotadllB SE-<l, o que prante a
seue moradora a permanência no local. Deaaaa, 17 j '
••
lllllO

."'" 23
,.
.....
0)2& 001

'1lO6 '.0
foram tituladas o 5 509 famílias rocoberam títuloo
d. propriadade doo lotas. Também .ão .igniJlcativas
as melhoriaa urbanaa er.tuadu, temendo-se como
1909 41303 10:134 '.0
referinci. a situação ui.tente nce oito aglomeradoa
1964 ss 118 183 '.7 de favelas d. Belo Horisonte, onde vivem
., " 331
30m s» aprozimadamonto, 60% da população favolada total.
....,...
197.
73
1153 921

2171'24 48831 •• 50. dodoo do c.....d. 1991 ",WlY.. l po.-u- de C. . . .


•31 371412 .. 02• e.s i' .. ditpoDdo de infO!'ll1&Çl6M lGbre 60
eoI:Il8ÇUIl a MI' cnbelbadoe.
~ de Cn.... qlM toealiuna 162 297 ~. 36 874~.
1991 Iro 1tl408M1 81:112 '.0 A C<lmpanbia UrboDizadon de Bolo H_.to (URBELl ",,",_ta
como dado oCldal de 1991 • aU:cIacia de 221 ravela, Aqui
con8denm... apenal 1M. ama VeI que muita dela. alo apanJ6el
d. uma J:DHma 4rea da rav.la.

Análi•• 8< Conjuntura, Belo Horizonte, v.7, n. 2.3, maioid... 1992 17


QU-'I)RO 6
EVOLUÇAo DAS FAVEU9 1M 81LO HORlZON'rB
1960 . 1984

POPuu.çÃO TAZA DE CRDCIIIENTO

To l"&vel.tl8) 'A,iIAI' P:l ul& to robll Po ub o F&vela


1900 J:l272. (I) as 001 71 7' 7.'
,,,. ,..
,."
,sse .~:l23 364.12 7' 70 ,~

..6<
1970
600 673
870 716
1226 tUI
"1303
1 te 18:1
1:\.3 921
13.3
ss
,,.5..
18.8

12.6

,-
19!1O I 780 866
I 873 994
21772"
371 "12
12.2
19.8
1.,
'"
'99' 2048861 OH06M8 19.8 1., 1J
F'ontü: Fundaç.to (rablutD 8r... I-uo ~ GeoJUfta. Ea~U,uea (1808), PraCeitura dlI Belo Hori.r.onte.ColDfU\bIa Urbaruaadoa da Be)o Honsonw Cl"RB8Lt
, t l Pop~ eal.lm..da.

Em média. 90% das casas dispõem sul da cidade, e, cada vez mais, identificadas como
de água, 93% têm luz elétrica e 70% esgoto, o que é áreas de criminalidade. Hoje faz parte da história
uma situação bem melhor do que a doa conjuntos das grande. cídedee brasileiras a utilização das
habitacionais da periferia da cidade, que não favelas como redutos do tráfego de drogas e abrigo de
dispõem desses serviçce.Nc entanto. há que se notar quadrilhas, sofrendo seus moradores dupla presaâc .
que, apesar da melhoria do padrão de urbanização a do. marginais que ali vivem e da polícia que realiza
nessu érees e da existência de serviços urbanos, a "batidas no morro" à procura de bendidce.
qualidade de vida da população aotá aquém de um
padrão daoeJável, sela pela qualidade de eonstruçâ« 00 uma perspectiva da politica
das cases, seja pelas condições de saneamento, pública é grando o do.aflo que hojo so coloca pera o
devendo-se rel!lsaltar que e8sa estratégia de moradia governo e a sociedade em geral o aumento crescente
tem-se revelado a única possível para um conjunto da população dessas áreas e a deterioração da
Significativo da população. qualidade de vida de eeue moradorea, sobretudo no
que diz respeite à pobreza o falta de segurança. A
Se houve melhoria nos padrõe. de neceslÔdade de políticas adequadas c"paz.. de
urbanização e atendimento de serviços básico., se o equacionar o problema, nu váriu dimecaões em que
programa de regularização de ue.. e do titulação ele 118 apresenta, ee faz cada vez mais W"J6nte a fim
proaaepe, ainda que lentamente, garantindo a de evitar poeetvel enfrentamento entre Cavelada.,
propriedade, todas eseas açõee, no entanto, não marginaia, policia e a população em goral.
foram capazel de promover a integração du áreas de
favela à malha urbana. Estaa continuam eendo
difereneiadas, especialmente as localizada. na zona

4 REFEUNCIAS
BmLIOGRÁFIcAS
1 AFONSO. MariA -cio, AZEVEDO. Sú1Po do. Podor 7 GUIMARÃES, Berenic:e ~. C.ArIM bamme ft
públioo o IIlO'rimonto do Canladoo. ln: ba"'"""tl, lIelo Horimllte. cidado p1oDojada. Rio do
POMPERMAYER, Malori COrt.), Mmrim'ntM "Xi'" JODOlro: IUPERJ, 1991. ToM (Doutorado om
em Min. . Gera;'" • • merpnci' • penpeetiyy. Belo
SocWntIio). r-ituto UDioo_ do Pooquiaao 110
Horizonto: UFMG. 1988. p.lll.139. Rio do JODOlro (IUPERJ). Sod.... do BraaiIoira do
matruçIo, 1991.
Coreia. Rio do J_.
2 CENSO DEMOGRÁFICO: raml1iu O domldlloo • Mm-
1982. <IX R -
8 LE VEN. MlchoI Morio. EItuclo do .la Caftlu o quetn>
Coral elo Bruil· 1980••.1, '.3.... 14). balrroo ~ do Bolo HorizoDto. PRAXIS. lIelo
HorIsoDto, p.llI-38. 1976.
3 CENSO DEMOGRÁFICO. 1991: R_,ltodoo Prolimlnaroo.
RIo do JODOlro: IBGE, 1992. 9 MINAS GERALll. Socrataria elo PlaDojaD1Ollto o
CocmIoDoçIo GoraI. PRODECOM' Programa 110
4 CHISBEL. ReIat6rio doo atioidadoo do Coordonoçlo do ~ do ComW1ldadoL lleIo Horizonte.
~ do _ ooc:ial do lIelo _ . lleIo
1981.
Horizol1te, 1972; 1973; 1974; 1976; 1978; 1977; 1978;
1979; 1980; 1981; 1982 O 1983. 10 MINAS GERAIS. Soc:ratoria do P\anojomonto o
Coordol1oçlo GoraI. PRODECOM Programa do
5 CUNHA, Nolo SallbL No.. traIldo anel orpn1utinu anel n...n?OI~ de Com·mjdede': trtI aIlDI de
ooc:ial UIo iA bruilian Caftlu. ln: URBAN CHANGES otmdadoa. BoloHorizooto. 1982.
AND CONFLlCT CONFERENCI:. 8. 1991, la_"1r
(hIg.l. LaI1caetor (hIg.): ...... 1991. 11PLAMBEL. Belo Hori&onte. Copside"lQ"- pobre • qultlltAp
b.bit.don.' na Bqjlg Metmpnllt,o. de BeJa
6 CUNHA, Nolo S&liba. Uri>aIWooçAo do Ca..lao O balrroo do Hodmnta. Belo Horilonta, 1967.
periI'aria: CODOidanç/lOO IOb... a upori&Dcla do
PRODECOM om Bolo HorizoDto. ln: ENCONTRO 12 TEULIÊRES. Ropr. Favolao om Bolo Horizol1te. Boletim
ANUAL DA ANPOCS. 6. 1982, FriburlIo· Fribw'J''' Mfpeim de r..,.,..n.
Belo Horizonte, 11.1, p.7-37, jul
ANPOCS. 1982. 1967.

18 Análiso ... Conjuntura, Bolo Horizonte, v.7, n. 2 e 3, maio/doz. 1992

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy