Português Geral IDECAN
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Transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência em
nossa saúde mental.
DIOGO RODRIGUEZ
Desde 2011 trabalho de maneira autônoma. Já contei aqui que sou jornalista freelancer; há alguns meses, estou me dedicando ao meu próprio negócio depois de
fazer um curso de empreendedorismo nos Estados Unidos. Faz muito tempo que não tenho emprego fixo.
Tenho uma forte suspeita de que foi durante esse período que comecei a “desenvolver” ansiedade generalizada e depressão. Antes, eu recebia um salário fixo e sabia
o quanto podia gastar no final do mês. Quando me tornei autônomo, tive de passar a conviver com a incerteza financeira.
É impossível saber o quanto você vai ganhar a cada mês. Isso teve várias consequências para mim. Com medo de não ganhar o suficiente, comecei a procurar por
trabalhos desesperadamente. Aceitava o que aparecesse, não importava a dificuldade da tarefa. Assim, fui me enchendo de coisas a fazer e prazos a cumprir. Para
conseguir dar conta de tudo, passei a trabalhar dez, às vezes 12 horas por dia. Nem os finais de semana escapavam mais porque sempre havia algo a ser feito.
Obviamente que o nível de ansiedade foi ao extremo e atrapalhou o resto de minha vida. Dormia menos, comia mal, pouco me divertia, estava sempre pensando em
trabalho e na necessidade de ganhar dinheiro. Aos poucos, fui me desgastando e perdendo a capacidade de prestar atenção aos detalhes.
Tanta pressão interna e externa fez a qualidade do meu trabalho cair. Perdi prazos, entreguei trabalhos de qualidade ruim. O resultado foi que pessoas que antes
confiavam em mim pararam de me chamar para trabalhar. A ansiedade por ter trabalho e ganhar dinheiro teve o efeito oposto. Não muito tempo depois de perceber isso,
resolvi procurar tratamento.
Por que estou falando disso? Bom, porque, como eu disse na coluna da semana passada, transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e
fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência. Hoje, diversas pesquisas conseguem mensurar o efeito que a insegurança
econômica causa em nós.
Faz todo sentido, não é? A ameaça da falta de dinheiro distorce nossa perspectiva de vida, colocando-nos numa espiral de incertezas. “Será que vou ter dinheiro para
pagar as contas? Será que vou conseguir trabalho? ” Isso tem um custo alto para a saúde mental.
A pesquisadora canadense Evelyn Forget conseguiu medir o impacto que as finanças têm na saúde mental. Professora da Universidade de Toronto, em 2011 ela
publicou um artigo chamado “A cidade sem pobreza: os efeitos de saúde de um experimento canadense de renda anual garantida” (tradução minha). De 1974 a 1979,
uma cidade da província de Manitoba, no Canadá, foi palco de uma experiência. O governo deu a todos os habitantes da cidade de Dauphin uma renda mínima anual.
Para cada dólar canadense que cada cidadão ganhava, o governo dava um adicional de 50 centavos.
Concluído há mais de 40 anos, o experimento só teve seus resultados revelados em 2011, por Evelyn Forget. Os dados ficaram esquecidos e nunca foram analisados.
A pesquisadora se surpreendeu com o que encontrou. De uma maneira geral, a saúde dos habitantes de Dauphin melhorou. Está incluída aí, é claro, a saúde mental. Sem
a pressão de ter que lutar pela mínima sobrevivência, as pessoas passaram a viver melhor, mostrou Forget.
Assinale a única alternativa que contenha sinônimos dos termos abaixo, retirados do Texto 2, grafados de acordo com as normas da ortografia oficial da Língua
Portuguesa.
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa tinha
tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte, era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos de
outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O ritmo
da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura instável
que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao longo
da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
Por que o juízo de uma pessoa tinha tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
No entanto, isso nem sempre acontece. Nesse sentido, assinale a alternativa em que o emprego do porquê esteja de acordo com as normas ortográficas.
a) A intenção seria saber, naquele contexto, porque eles normalmente não entregariam as tarefas.
b) Porque já estavam com as malas prontas, não desistiriam da viagem?
c) Precisamos encontrar um por quê para a sua ausência.
Estudo sugere que metano em lua de Saturno pode ser indicativo de vida
A pequena Encélado encontrou uma “fosfina” para chamar de sua. Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas
plumas de água que são ejetadas da lua de Saturno não pode ser explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo vida.
O resultado lembra muito as conclusões dos pesquisadores liderados por Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas nuvens
de Vênus. Eles também não cravaram que era um sinal de vida, mas indicaram não conhecer mecanismo alternativo capaz de explicar as quantidades.
O novo estudo, liderado por Régis Ferrière, da Universidade do Arizona, nos EUA, e Stéphane Mazevet, da Universidade Paris Ciências & Letras, na França, foi publicado
na revista Nature Astronomy e segue a trilha dos achados da sonda Cassini, que em 2017 causou furor ao cruzar as plumas e detectar nelas a presença de hidrogênio
molecular e metano.
Sabe-se que, sob a crosta congelada de Encélado, há um oceano de água líquida, em contato direto com um leito rochoso. É de lá que partem as plumas, ejetadas a
partir de fissuras no gelo. Na Terra, fumarolas no fundo do oceano são o lar de muitas formas de vida metanogênicas: elas consomem hidrogênio e despejam metano.
Na lua saturnina, encontramos ambos, o que fez muitos evocarem o oceano subsuperficial como habitável. Mas daí a habitado são outros 500. Até porque há outros
processos de geração de metano que não envolvem formas de vida, como a interação de água com certos minerais, no processo conhecido como serpentinização.
O trabalho de Ferrière e Mazevet consistiu em tentar determinar a origem do metano sem precisar ir até lá para checar.
Em vez disso, o grupo modelou matematicamente a probabilidade de que diferentes processos, dentre eles metanogênese biológica, ou seja, a produção de metano por
formas de vida, pudessem explicar o resultado colhido pela Cassini.
A pergunta central era: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos? E a resposta dos pesquisadores é “não” – mas só até onde sabemos. Eles
apontam que das duas uma: ou está rolando metanogênese por micróbios no interior de Encélado, ou há algum fenômeno desconhecido, sem igual na Terra, capaz de
gerar a substância.
Na soma dos resultados, podemos olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Por um lado, é empolgante que tenhamos já detectado compostos que podem sinalizar a
presença de vida em tantos astros (fosfina em Vênus, metano em Encélado e em Marte). Por outro lado, as conclusões são mais especulativas do que gostaríamos até o
momento. Para todos os casos, ainda é inteiramente possível, quiçá provável, que a explicação dispense atividade biológica. Em todos, o que falta são mais observações.
Será preciso enviar novas sondas até lá, se quisermos desfazer esses mistérios.
Até porque há outros processos de geração de metano que não envolvem formas de vida, como a interação de água com certos minerais, no processo conhecido como
serpentinização.
No período acima, empregou-se corretamente a forma do porquê. Assinale a alternativa em que isso também tenha ocorrido.
a) Esperamos que nosso desenho demonstre por quê, naquela cena, era impossível identificar a quantidade de pessoas presentes.
b) Por que estávamos esperando a chegada do depósito não podíamos ir adiantando outras tarefas?
c) Nunca se identificaria por que eles agiram daquela maneira.
d) Era muito difícil identificar as causas, por que a substância não tinha todas as suas propriedades ainda conhecidas.
e) Os objetivos porque lutamos não podem ser esquecidos.
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de se alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida, por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras e
Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa em
representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional de
Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios, uma
vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais, aprender
com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos, as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
Com relação a essas regras, assinala a alternativa que apresenta uma palavra com acentuação INCORRETA, por excesso falta do acento gráfico.
a) papéis
b) anzóis
c) ideia
d) colmeia
e) heróico
Esta semana, no Rio de Janeiro, o povo Kuikuro do Alto Xingu vai dizer HEKITE KUATSANGE EGEI ENHÜGÜ (Seja bem-vindo!) para pesquisadores indígenas de todo o
mundo. De Papua-Nova Guiné, Kiribati, Sudão, Dominica, Uganda, Índia, Quênia e Colômbia, assim como das comunidades Guarani-Kaiowá, Tuxa, Baniwa e Tupinambá
do Brasil, povos indígenas se reúnem no Museu do Índio para refletir criticamente sobre como métodos indígenas de pesquisa são essenciais para entender os principais
problemas que o mundo enfrenta no século XXI.
Seja para abordar os desafios da mudança climática ou o racismo, a sustentabilidade ambiental ou a violência de gênero, a seca ou patrimônios culturais ameaçados, os
pesquisadores questionam como o conhecimento indígena pode ser ativado de forma efetiva como um recurso para desenvolvimento no futuro.
Pesquisadores do Sudão mostram como o conhecimento tradicional núbio(a) pode informar decisões sobre agricultura sustentável. Uma pesquisadora do povo Emberá-
Chami demonstra a importância do conhecimento indígena para a resolução de questões de deslocamento forçado na Colômbia ao lado de um pesquisador Acholi, que
examina soluções para a seca em Uganda.
Grandes questões. Respostas indígenas. Apesar de todos os impactos positivos dessas colaborações para pesquisas até agora, sabemos que o Brasil enfrenta questões
urgentes relacionadas à sua herança indígena e seu futuro. Esse seminário é uma chance para que o povo Kuikuro peça aos colegas indígenas que reflitam juntos sobre
como a pesquisa acadêmica pode proteger, preservar e promover o desenvolvimento sustentável para os povos indígenas do Brasil.
Pesquisadores foram convidados a vir ao país para perguntar e entender como esforços de pesquisa colaborativa podem promover a resiliência às atuais ameaças a
identidades, terras, águas(c) e culturas indígenas.
Precisamos de metodologias indígenas de pesquisa para compreender a relação entre o desmatamento, a mudança climática, os ciclos de colheita e os rituais dos
calendários indígenas. Para resistir à municipalização da assistência médica indígena, é preciso haver pesquisas para examinar como manter um cuidadoso equilíbrio entre
conhecimentos indígenas e não indígenas. Já que os Kuikuro não podem mais beber a água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto tempo seus peixes
continuarão a alimentar as aldeias, à medida que toxinas agrícolas e industriais poluem seus afluentes ou o próprio(d) rio é bloqueado por barragens hidrelétricas?
Os debates começam sob os milhares de estrelas do céu do Xingu, no Planetário do Rio, enquanto se contemplam as cosmologias indígenas nas constelações de cada um
de nossos visitantes. Na sequência, haverá a busca de respostas para perguntas significativas. Como criar pesquisas equitativas, específicas a um contexto e sensíveis em
termos históricos, culturais e linguísticos? Como a coprodução de conhecimento entre pesquisadores indígenas e não indígenas pode superar desequilíbrios de poder
arraigados, sobre os quais nossos sistemas universitários de ensino e pesquisa são construídos(b)?
Os conselhos de pesquisa do Reino Unido reuniram colaboradores de doze projetos conduzidos por acadêmicos britânicos em parceria com pesquisadores indígenas
de várias partes do mundo para criar um novo conjunto de diretrizes para pesquisa em universidades britânicas. Financiado pelo Global Challenges Research Fund (GCRF)
– um investimento de 1,5 bilhão de libras por parte do governo do Reino Unido para criar parcerias que apoiem pesquisas de ponta para lidar com os principais desafios
enfrentados por países em desenvolvimento –, o seminário examina em que medida a pesquisa financiada pelo Reino Unido está sendo conduzida a partir do ponto de
vista indígena e busca propor como as universidades podem garantir uma estrutura ética para pesquisas que tragam benefícios(e) diretos a povos indígenas. Acima de
tudo, vai questionar que tipo de pesquisa vale a pena conduzir e qual a melhor forma de realizá-la.
O povo Kuikuro e a Universidade Queen Mary de Londres colaboram em projetos de pesquisa financiados pelo GCRF desde 2016. Isso resultou em um programa de
residências artísticas organizado pelo povo Kuikuro na Aldeia Ipatse no Alto Xingu, que reuniu mais de 20 artistas de Londres, Madri e Rio de Janeiro.
Em contrapartida, Takumã fez um documentário que oferece uma reflexão crítica sobre modelos britânicos de multiculturalismo, e os Kuikuro colaboraram com o Museu
Hornimam, em Londres, para criar uma experiência imersiva da cultura do Xingu com o uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada.
Ao dar boas-vindas a nossos colegas de várias partes do mundo, vamos compartilhar muitas questões e esperamos ter algumas respostas. Vamos também contar
histórias e refletir sobre como as narrativas que precisamos contar e ouvir estão cada vez mais ameaçadas de extinção. Estamos nos reunindo para criar e mobilizar
conhecimentos.
Assinale a alternativa em que a palavra tenha sido acentuada seguindo regra igual à de reúnem.
a) núbio
b) construídos
c) águas
d) próprio
e) benefícios
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Questão 6: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Acentuação
TEXTO I PARA A QUESTÃO.
CIDADANIA NO BRASIL
(E) (B)
Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno , não de sua existência. A internacionalização do sistema capitalista, iniciada há séculos mas muito
(C)
acelerada pelos avanços tecnológicos recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm causado uma redução do poder dos Estados e uma mudança das
identidades nacionais existentes. As várias nações que compunham o antigo império soviético se transformaram em novos Estados-nação. No caso da Europa Ocidental,
os vários Estados-nação se fundem em um grande Estado multinacional. A redução do poder do Estado afeta a natureza dos antigos direitos, sobretudo dos direitos
políticos e sociais.
(A) (D)
Se os direitos políticos significam participação no governo, uma diminuição no poder do governo reduz também a relevância do direito de participar. Por outro
lado, a ampliação da competição internacional coloca pressão sobre o custo da mão-de-obra e sobre as finanças estatais, o que acaba afetando o emprego e os gastos do
governo, do qual dependem os direitos sociais. Desse modo, as mudanças recentes têm recolocado em pauta o debate sobre o problema da cidadania, mesmo nos países
em que ele parecia estar razoavelmente resolvido.
Tudo isso mostra a complexidade do problema. O enfrentamento dessa complexidade pode ajudar a identificar melhor as pedras no caminho da construção democrática.
Não ofereço receita da cidadania. Também não escrevo para especialistas. Faço convite a todos os que se preocupam com a democracia para uma viagem pelos
caminhos tortuosos que a cidadania tem seguido no Brasil. Seguindo-lhe o percurso, o eventual companheiro ou companheira de jornada poderá desenvolver visão
própria do problema. Ao fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.
(http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/cidadania_brasil.pdf)
No trecho “Ao fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.” , ocorre o signo linguístico “fazê-lo”, cujo acento gráfico ocorre pelo mesmo motivo que em
a) “também” .
b) “séculos” .
c) “tecnológicos” .
d) ‘relevância” .
e) “fenômeno”.
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Ao verme
que
primeiro roeu as frias carnes
do meu cadáver
dedico
como saudosa lembrança
estas
Memórias Póstumas
(Machado de Assis)
O termo “cadáver”, segundo a Nova Ortografia da Língua Portuguesa, é acentuado graficamente pelo mesmo motivo linguístico que
a) jóia.
b) vôo.
c) destróier.
d) catéter.
e) pára.
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Um dos requisitos para que uma pessoa escreva claramente é ler bastante, especialmente os textos clássicos. A recomendação é do professor de língua portuguesa
Pasquale Cipro Neto, idealizador do programa “Nossa língua portuguesa”, exibido pela TV Cultura. Pasquale, que é colunista do jornal Folha de São Paulo, esteve na
Unicamp na tarde desta terça-feira (25), onde ministrou palestra sobre o tema “Redação fluente e raciocínio: requisitos essenciais em textos acadêmicos”.
O convite para que Pasquale viesse à Universidade partiu do professor Celso Dal Re Carneiro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de
Ciências da Terra (PEHCT) do Instituto de Geociência (IG). A palestra foi apresentada no contexto da programação que comemora os 50 anos da Unicamp. De acordo
com Pasquale, os clássicos são sempre uma ótima referência para quem quer aprender a escrever bem, a despeito de seus autores serem brasileiros ou estrangeiros.
“Uma sociedade que despreza os clássicos é uma sociedade burra, seja ela acadêmica ou não. O Brasil, infelizmente, tem desprezado os clássicos. Muita gente acha que
para escrever bem basta ter o conhecimento linguístico do dia a dia, o que é uma tolice profunda. Além dos clássicos, é preciso ler outros textos: jornal, bula de remédio,
rótulo de sucrilhos etc. É fundamental estar informado de tudo o que for possível e compreender as linguagens todas. Obviamente, para escrever também é preciso
pensar. O exercício mental constante nos faz descobrir a concatenação mental das coisas e também das palavras, das frases, dos textos”.
Sobre o uso da internet como ferramenta para o exercício da leitura e da escrita, Pasquale citou o filósofo, linguista e escritor Umberto Eco, falecido em fevereiro deste
ano, que afirmou que a rede mundial de computadores deu voz aos imbecis. “A internet é muito mal utilizada, embora tenha tudo para ser uma ferramenta maravilhosa.
Ela é um arquivo monumental, mas as pessoas preferem, por exemplo, ler somente o título de um texto jornalístico – que muitas vezes é mal construído –, tirar
conclusões e já sair escrevendo o diabo”.
A linguagem da internet, disse Pasquale, é ótima para uma dada situação, mas as pessoas não podem achar que, ao dominar somente esse código, a vida estará
resolvida. “Não é possível escrever um texto acadêmico com a linguagem da internet. É preciso ter um guarda-roupa linguístico amplo. Não dá para achar que com uma
roupa apenas eu posso ir a todas as situações”.
https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2016/10/25/para-o-professor-pasquale-e-preciso-ler-para-escrever-bem
Com base em seus conhecimentos em ortografia oficial, é correto afirmar que a palavra “além”, presente no texto, recebe acento gráfico pelo mesmo motivo que
a) café.
b) assembleia.
c) pôde.
d) cantem.
e) têm.
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Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e com certeza, as
magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do
menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto,
traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente
com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu
tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigavao, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas
graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
Com base nos conhecimentos em ortografia oficial, é correto afirmar que a palavra “família” recebe acento gráfico pelo mesmo motivo que
a) destróier.
b) céu.
c) xampú.
d) café.
e) dói.
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TEXTO
O sol ainda nascendo, dou a volta pela Lagoa Rodrigo de Freitas (7.450 metros e 22 centímetros). Deslumbrante. Paro diante de uma placa da Prefeitura, feita com os
maiores cuidados técnicos, em bela tipografia, em português e inglês, naturalmente escrita por altos professores e, no longo período com que trabalham as burocracias,
vista e revista por engenheiros, psicólogos, enfim, por toda espécie e gênero de PhDs. Certo disso, leio, cheio do desejo de aprender, a história da lagoa e seus d’intorni,
environs, neighbourhood. Lá está escrito: “beleza cênica integrada aos contornos dos morros que a cerca (!).” Berro, no português mais castiço do manual do [jornal]
Globo: HELP! E, como isso não tem a menor importância, o sol continua nascendo no horizonte. Um luxo!
Com base nos conhecimentos em ortografia oficial, é correto afirmar que a palavra “técnicos” recebe acento gráfico pelo mesmo motivo que
a) contém.
b) ínterim.
c) café.
d) sofá.
e) mói.
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Esta semana, no Rio de Janeiro, o povo Kuikuro do Alto Xingu vai dizer HEKITE KUATSANGE EGEI ENHÜGÜ (Seja bem-vindo!) para pesquisadores indígenas de todo o
mundo. De Papua-Nova Guiné, Kiribati, Sudão, Dominica, Uganda, Índia, Quênia e Colômbia, assim como das comunidades Guarani-Kaiowá, Tuxa, Baniwa e Tupinambá
do Brasil, povos indígenas se reúnem no Museu do Índio para refletir criticamente sobre como métodos indígenas de pesquisa são essenciais para entender os principais
problemas que o mundo enfrenta no século XXI.
Seja para abordar os desafios da mudança climática ou o racismo, a sustentabilidade ambiental ou a violência de gênero, a seca ou patrimônios culturais ameaçados, os
pesquisadores questionam como o conhecimento indígena pode ser ativado de forma efetiva como um recurso para desenvolvimento no futuro.
Pesquisadores do Sudão mostram como o conhecimento tradicional núbio pode informar decisões sobre agricultura sustentável. Uma pesquisadora do povo Emberá-
Chami demonstra a importância do conhecimento indígena para a resolução de questões de deslocamento forçado na Colômbia ao lado de um pesquisador Acholi, que
examina soluções para a seca em Uganda.
Grandes questões. Respostas indígenas. Apesar de todos os impactos positivos dessas colaborações para pesquisas até agora, sabemos que o Brasil enfrenta questões
urgentes relacionadas à sua herança indígena e seu futuro. Esse seminário é uma chance para que o povo Kuikuro peça aos colegas indígenas que reflitam juntos sobre
como a pesquisa acadêmica pode proteger, preservar e promover o desenvolvimento sustentável para os povos indígenas do Brasil.
Pesquisadores foram convidados a vir ao país para perguntar e entender como esforços de pesquisa colaborativa podem promover a resiliência às atuais ameaças a
identidades, terras, águas e culturas indígenas.
Precisamos de metodologias indígenas de pesquisa para compreender a relação entre o desmatamento, a mudança climática, os ciclos de colheita e os rituais dos
calendários indígenas. Para resistir à municipalização da assistência médica indígena, é preciso haver pesquisas para examinar como manter um cuidadoso equilíbrio entre
conhecimentos indígenas e não indígenas. Já que os Kuikuro não podem mais beber a água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto tempo seus peixes
continuarão a alimentar as aldeias, à medida que toxinas agrícolas e industriais poluem seus afluentes ou o próprio rio é bloqueado por barragens hidrelétricas?
Os debates começam sob os milhares de estrelas do céu do Xingu, no Planetário do Rio, enquanto se contemplam as cosmologias indígenas nas constelações de cada um
de nossos visitantes. Na sequência, haverá a busca de respostas para perguntas significativas. Como criar pesquisas equitativas, específicas a um contexto e sensíveis em
termos históricos, culturais e linguísticos? Como a coprodução de conhecimento entre pesquisadores indígenas e não indígenas pode superar desequilíbrios de poder
arraigados, sobre os quais nossos sistemas universitários de ensino e pesquisa são construídos?
Os conselhos de pesquisa do Reino Unido reuniram colaboradores de doze projetos conduzidos por acadêmicos britânicos em parceria com pesquisadores indígenas de
várias partes do mundo para criar um novo conjunto de diretrizes para pesquisa em universidades britânicas. Financiado pelo Global Challenges Research Fund (GCRF) –
um investimento de 1,5 bilhão de libras por parte do governo do Reino Unido para criar parcerias que apoiem pesquisas de ponta para lidar com os principais desafios
enfrentados por países em desenvolvimento –, o seminário examina em que medida a pesquisa financiada pelo Reino Unido está sendo conduzida a partir do ponto de
vista indígena e busca propor como as universidades podem garantir uma estrutura ética para pesquisas que tragam benefícios diretos a povos indígenas. Acima de tudo,
vai questionar que tipo de pesquisa vale a pena conduzir e qual a melhor forma de realizá-la.
O povo Kuikuro e a Universidade Queen Mary de Londres colaboram em projetos de pesquisa financiados pelo GCRF desde 2016. Isso resultou em um programa de
residências artísticas organizado pelo povo Kuikuro na Aldeia Ipatse no Alto Xingu, que reuniu mais de 20 artistas de Londres, Madri e Rio de Janeiro.
Em contrapartida, Takumã fez um documentário que oferece uma reflexão crítica sobre modelos britânicos de multiculturalismo, e os Kuikuro colaboraram com o Museu
Hornimam, em Londres, para criar uma experiência imersiva da cultura do Xingu com o uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada.
Ao dar boas-vindas a nossos colegas de várias partes do mundo, vamos compartilhar muitas questões e esperamos ter algumas respostas. Vamos também contar
histórias e refletir sobre como as narrativas que precisamos contar e ouvir estão cada vez mais ameaçadas de extinção. Estamos nos reunindo para criar e mobilizar
conhecimentos.
Foi grafado corretamente o vocábulo bem-vindo, com hífen. Das alternativas a seguir, assinale a que não siga o exemplo de correção ortográfica de bem-vindo.
a) funcionário-padrão
b) bem-sucedido
c) mal-humorado
d) palavra-chave
e) hora-extra
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/938029
O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, em
artigos cujo texto se reproduz, a seguir, quase na íntegra.
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do que ao indígena, se deve nossa extraordinária riqueza de
topônimos de procedência tupi. Mas admite-se sem convicção muito arraigada, pois parece evidente que uma população “primitiva”, ainda quando numerosa, tende
inevitavelmente a aceitar os padrões de seus dominadores mais eficazes.
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas a um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o de que os paulistas da era das bandeiras se valiam do
idioma tupi em seu trato civil e doméstico, exatamente como os dos nossos dias se valem do português.
Esse argumento funda-se, no entanto, em testemunhos precisos e que deixam pouco lugar a hesitações, como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre voto que
proferiu acerca das dúvidas suscitadas pelos moradores de São Paulo em torno do espinhoso problema da administração do gentio. “É certo”, sustenta o grande jesuíta,
“que as famílias dos portuguezes e indios de São Paulo estão tão ligadas hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se criam mystica e domesticamente, e a
lingua que nas ditas familias se fala he a dos indios, e a portugueza a vão os meninos aprender à escola [...]’
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2, páginas 122 e 123, versão digital)
No título, “A língua-geral em São Paulo”, o hífen em “língua-geral” ocorre, em língua portuguesa, segundo a Nova Ortografia, em razão de
No segmento acima, as palavras sublinhadas são cognatas, ou seja, originam-se a partir de uma mesma raiz. A palavra que apresenta um processo de formação distinto
dos demais é
a) chuvadeira
b) chuvadonha
c) chuvinhenta
d) chuvil
e) pluvimedonha
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1045959
No ano passado, 194 policiais foram assassinados no país, e 63% deles eram negros.
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a ideia de que policiais são heróis os deixa mais vulneráveis e contribui para o aumento
no número de mortes.
“Eles tendem a reagir a qualquer situação por causa da ideia fantasiosa de que se é policial 24 horas por dia.”
Mesmo em um ano com menor circulação de pessoas nas ruas, devido à pandemia, a quantidade de mortes de agentes de segurança pública cresceu 13% no país em
relação a 2019.
Segundo o último anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 7 a cada 10 mortes ocorreram fora do horário de trabalho dos policiais. Eles foram mortos em
passeios, no trajeto de ida e volta da corporação ou quando faziam serviços paralelos, os ‘‘bicos’’, ilegais, mas realizados para complementar a renda.
“Entrei por querer estabilidade, depois me apaixonei pela profissão”, diz ele, que pediu para não ser identificado.
O PM criticou o treinamento dado pela corporação: ‘‘O policial acaba aprendendo na rua’’, diz. E reclamou da falta de apoio jurídico, do Estado, da sociedade e dos
superiores ao trabalho do policial.
Sobre o fato de negros serem as maiores vítimas da violência, ele descarta preconceito. Na sua visão, ocorre porque a maioria da população é de pessoas negras.
“Policial não escolhe criminoso.”
Para a socióloga Paula Poncioni, pesquisadora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), falhas de formação são um dos fatores que explicam o desempenho
policial. “Muitas vezes, há um currículo ajustado à matriz nacional, mas não há professores qualificados, as aulas são recheadas de preconceitos”, diz a autora de
“Tornar-se Policial’’ (Editora Appris).
A letalidade policial, para Poncioni, decorre de uma sociedade “muito violenta e muito hierárquica”. Ela afirma que a polícia mata mais no Brasil por representar o
pensamento geral da sociedade, refletido na composição dos governos que administram as polícias.
“A formação profissional está eivada de crenças, valores e preconceitos de um sistema de representação sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é mulher, o que
é o menor e o que é o negro”, aponta.
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, diz considerar a formação da polícia muito boa, mas ressalva que é preciso reforço. “Insistimos na
necessidade de ações formativas em direitos humanos. A qualificação e a requalificação permanente dos quadros da polícia são fundamentais, seja ela civil, militar ou
técnico-científica.”
Hoje, a matriz curricular que define as regras para a formação de policiais no Brasil está em sua segunda versão, editada em 2014, no governo Dilma Rousseff (PT).
Nela, o Ministério da Justiça orienta as ações formativas dos profissionais. Na grade dos cursos há, por exemplo, determinação para que os aspirantes tenham acesso a
um módulo de 14 horas de aulas sobre diversidade étnico-racial.
(Anelise Gonçalves, Marcelo Azevedo, Matheus Rocha, Paulo Eduardo Dias, Paulo Ricardo Martins e Vitor Soares.
Na grade dos cursos há, por exemplo, determinação para que os aspirantes tenham acesso a um módulo de 14 horas de aulas sobre diversidade étnico-racial.
Assinale a alternativa em que o termo sublinhado no período acima esteja corretamente flexionado no plural.
a) étnicos-raciais
b) étnico-raciais
c) étnicorraciais
d) etnicorraciais
e) étnicos-racial
No ano passado, 194 policiais foram assassinados no país, e 63% deles eram negros.
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a ideia de que policiais são heróis os deixa mais vulneráveis e contribui para o aumento
no número de mortes.
“Eles tendem a reagir a qualquer situação por causa da ideia fantasiosa de que se é policial 24 horas por dia.”
Mesmo em um ano com menor circulação de pessoas nas ruas, devido à pandemia, a quantidade de mortes de agentes de segurança pública cresceu 13% no país em
relação a 2019.
Segundo o último anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 7 a cada 10 mortes ocorreram fora do horário de trabalho dos policiais. Eles foram mortos em
passeios, no trajeto de ida e volta da corporação ou quando faziam serviços paralelos, os ‘‘bicos’’, ilegais, mas realizados para complementar a renda.
“Entrei por querer estabilidade, depois me apaixonei pela profissão”, diz ele, que pediu para não ser identificado.
O PM criticou o treinamento dado pela corporação: ‘‘O policial acaba aprendendo na rua’’, diz. E reclamou da falta de apoio jurídico, do Estado, da sociedade e dos
superiores ao trabalho do policial.
Sobre o fato de negros serem as maiores vítimas da violência, ele descarta preconceito. Na sua visão, ocorre porque a maioria da população é de pessoas negras.
“Policial não escolhe criminoso.”
Para a socióloga Paula Poncioni, pesquisadora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), falhas de formação são um dos fatores que explicam o desempenho
policial. “Muitas vezes, há um currículo ajustado à matriz nacional, mas não há professores qualificados, as aulas são recheadas de preconceitos”, diz a autora de
“Tornar-se Policial’’ (Editora Appris).
A letalidade policial, para Poncioni, decorre de uma sociedade “muito violenta e muito hierárquica”. Ela afirma que a polícia mata mais no Brasil por representar o
pensamento geral da sociedade, refletido na composição dos governos que administram as polícias.
“A formação profissional está eivada de crenças, valores e preconceitos de um sistema de representação sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é mulher, o que
é o menor e o que é o negro”, aponta.
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, diz considerar a formação da polícia muito boa, mas ressalva que é preciso reforço. “Insistimos na
necessidade de ações formativas em direitos humanos. A qualificação e a requalificação permanente dos quadros da polícia são fundamentais, seja ela civil, militar ou
técnico-científica.”
Hoje, a matriz curricular que define as regras para a formação de policiais no Brasil está em sua segunda versão, editada em 2014, no governo Dilma Rousseff (PT).
Nela, o Ministério da Justiça orienta as ações formativas dos profissionais. Na grade dos cursos há, por exemplo, determinação para que os aspirantes tenham acesso a
um módulo de 14 horas de aulas sobre diversidade étnico-racial.
(Anelise Gonçalves, Marcelo Azevedo, Matheus Rocha, Paulo Eduardo Dias, Paulo Ricardo Martins e Vitor Soares.
“A formação profissional está eivada de crenças, valores e preconceitos de um sistema de representação sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é mulher, o que
é o menor e o que é o negro”, aponta.
Pela sequência sublinhada no período acima, os termos polícia, criminoso, mulher, menor e negro são, respectivamente,
Segunda vítima é mulher que foi baleada na cabeça, informa o Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS). País enfrenta onda de protestos pró e contra Maduro.
morte-de-mais-uma-pessoa-durante-protestos-na-venezuela.ghtml
No texto, no que concerne à grafia, as iniciais maiúsculas em “Observatório Venezuelano de Conflito Social” são gramaticalmente
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de se alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida, por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo(a) Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e
práticas. Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura,
Contreras e Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções
autorizadas por determinada cultura.(b)
Em diálogo com essa(c) perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo(d). Considera que a alimentação se expressa
em representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional de
Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios, uma
vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais, aprender
com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes(e), competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos, as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
a) antropólogo
b) cultura
c) essa
d) adjetivo
e) saberes
Estudo sugere que metano em lua de Saturno pode ser indicativo de vida
A pequena Encélado encontrou uma “fosfina” para chamar de sua. Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas
plumas de água que são ejetadas da lua de Saturno não pode ser explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo vida.
O resultado lembra muito as conclusões dos pesquisadores liderados por Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas nuvens
de Vênus(a). Eles também não cravaram que era um sinal de vida, mas indicaram não conhecer mecanismo alternativo capaz de explicar as quantidades.
O novo estudo, liderado por Régis Ferrière, da Universidade do Arizona, nos EUA, e Stéphane Mazevet, da Universidade Paris Ciências & Letras, na França, foi
publicado(b) na revista Nature Astronomy e segue a trilha dos achados(c) da sonda Cassini, que em 2017 causou furor ao cruzar as plumas e detectar nelas a presença
de hidrogênio molecular e metano(d).
Sabe-se que, sob a crosta congelada de Encélado, há um oceano de água líquida, em contato direto com um leito rochoso. É de lá que partem as plumas, ejetadas a
partir de fissuras no gelo. Na Terra, fumarolas no fundo do oceano são o lar de muitas(e) formas de vida metanogênicas: elas consomem hidrogênio e despejam
metano. Na lua saturnina, encontramos ambos, o que fez muitos evocarem o oceano subsuperficial como habitável. Mas daí a habitado são outros 500. Até porque há
outros processos de geração de metano que não envolvem formas de vida, como a interação de água com certos minerais, no processo conhecido como
serpentinização.
O trabalho de Ferrière e Mazevet consistiu em tentar determinar a origem do metano sem precisar ir até lá para checar.
Em vez disso, o grupo modelou matematicamente a probabilidade de que diferentes processos, dentre eles metanogênese biológica, ou seja, a produção de metano por
formas de vida, pudessem explicar o resultado colhido pela Cassini.
A pergunta central era: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos? E a resposta dos pesquisadores é “não” – mas só até onde sabemos. Eles
apontam que das duas uma: ou está rolando metanogênese por micróbios no interior de Encélado, ou há algum fenômeno desconhecido, sem igual na Terra, capaz de
gerar a substância.
Na soma dos resultados, podemos olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Por um lado, é empolgante que tenhamos já detectado compostos que podem sinalizar a
presença de vida em tantos astros (fosfina em Vênus, metano em Encélado e em Marte). Por outro lado, as conclusões são mais especulativas do que gostaríamos até o
momento. Para todos os casos, ainda é inteiramente possível, quiçá provável, que a explicação dispense atividade biológica. Em todos, o que falta são mais observações.
Será preciso enviar novas sondas até lá, se quisermos desfazer esses mistérios.
a) Vênus
b) publicado
c) achados
d) metano
e) muitas
Esta semana, no Rio de Janeiro, o povo Kuikuro do Alto Xingu vai dizer HEKITE KUATSANGE EGEI ENHÜGÜ (Seja bem-vindo!) para pesquisadores indígenas de todo o
mundo. De Papua-Nova Guiné, Kiribati, Sudão, Dominica, Uganda, Índia, Quênia e Colômbia, assim como das comunidades Guarani-Kaiowá, Tuxa, Baniwa e Tupinambá
do Brasil, povos indígenas se reúnem no Museu do Índio para refletir criticamente sobre como métodos indígenas de pesquisa são essenciais para entender os principais
problemas(a) que o mundo enfrenta no século XXI.
Seja para abordar os desafios da mudança climática ou o racismo, a sustentabilidade ambiental ou a violência de gênero, a seca ou patrimônios culturais ameaçados, os
pesquisadores questionam como o conhecimento indígena pode ser ativado de forma efetiva como um recurso para desenvolvimento no futuro.
Pesquisadores do Sudão mostram como o conhecimento tradicional(b) núbio pode informar decisões sobre agricultura sustentável. Uma pesquisadora do povo Emberá-
Chami demonstra a importância do conhecimento indígena para a resolução de questões de deslocamento forçado na Colômbia ao lado de um pesquisador Acholi, que
examina soluções para a seca em Uganda.
Grandes questões. Respostas indígenas. Apesar de todos os impactos positivos dessas colaborações para pesquisas até agora, sabemos que o Brasil enfrenta questões
urgentes relacionadas à sua herança indígena e seu futuro. Esse seminário é uma chance para que o povo Kuikuro peça aos colegas indígenas que reflitam juntos sobre
como a pesquisa acadêmica pode proteger, preservar e promover o desenvolvimento sustentável para os povos indígenas do Brasil.
Pesquisadores foram convidados a vir ao país para perguntar e entender como esforços de pesquisa colaborativa podem promover a resiliência às atuais ameaças(c) a
identidades, terras, águas e culturas indígenas.
Precisamos de metodologias indígenas de pesquisa para compreender a relação entre o desmatamento, a mudança climática, os ciclos de colheita e os rituais dos
calendários indígenas. Para resistir à municipalização da assistência médica indígena, é preciso haver pesquisas para examinar como manter um cuidadoso equilíbrio entre
conhecimentos indígenas e não indígenas. Já que os Kuikuro não podem mais beber a água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto tempo seus peixes
continuarão a alimentar as aldeias, à medida que toxinas agrícolas e industriais poluem seus afluentes ou o próprio rio é bloqueado por barragens hidrelétricas?
Os debates começam sob os milhares de estrelas do céu do Xingu, no Planetário do Rio, enquanto se contemplam as cosmologias indígenas nas constelações de cada um
de nossos visitantes. Na sequência, haverá a busca de respostas para perguntas significativas. Como criar pesquisas equitativas, específicas a um contexto e sensíveis em
termos históricos, culturais e linguísticos? Como a coprodução de conhecimento entre pesquisadores indígenas e não indígenas pode superar desequilíbrios de poder
arraigados, sobre os quais nossos sistemas universitários de ensino e pesquisa são construídos?
Os conselhos de pesquisa do Reino Unido reuniram colaboradores de doze projetos conduzidos por acadêmicos britânicos em parceria com pesquisadores indígenas de
várias partes(d) do mundo para criar um novo conjunto de diretrizes para pesquisa em universidades britânicas. Financiado pelo Global Challenges Research Fund (GCRF)
– um investimento de 1,5 bilhão de libras por parte do governo do Reino Unido para criar parcerias que apoiem pesquisas de ponta para lidar com os principais desafios
enfrentados por países em desenvolvimento –, o seminário examina em que medida a pesquisa financiada pelo Reino Unido está sendo conduzida a partir do ponto de
vista indígena e busca propor como as universidades podem garantir uma estrutura ética para pesquisas que tragam benefícios diretos a povos indígenas. Acima de tudo,
vai questionar que tipo de pesquisa vale a pena conduzir e qual a melhor forma de realizá-la.
O povo Kuikuro e a Universidade Queen Mary de Londres colaboram em projetos de pesquisa financiados pelo GCRF desde 2016. Isso resultou em um programa de
residências artísticas organizado pelo povo Kuikuro na Aldeia Ipatse no Alto Xingu, que reuniu mais de 20 artistas de Londres, Madri e Rio de Janeiro.
Em contrapartida, Takumã fez um documentário que oferece uma reflexão crítica sobre modelos britânicos de multiculturalismo, e os Kuikuro colaboraram com o Museu
Hornimam, em Londres, para criar uma experiência imersiva(e) da cultura do Xingu com o uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada.
Ao dar boas-vindas a nossos colegas de várias partes do mundo, vamos compartilhar muitas questões e esperamos ter algumas respostas. Vamos também contar
histórias e refletir sobre como as narrativas que precisamos contar e ouvir estão cada vez mais ameaçadas de extinção. Estamos nos reunindo para criar e mobilizar
conhecimentos.
Assinale a alternativa em que a inversão da ordem dos termos provoque alteração gramatical e semântica.
TEXTO I
TEXTO II
O gênero textual verbete de dicionário, além de apresentar aspectos acerca da etimologia (origem da palavra), informa o leitor sobre a grafia e o significado dos signos
linguísticos. O TEXTO I, trata-se de um verbete retirado do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Nesse verbete, quando o leitor se inteira sobre o significado da
palavra "sofisticado", ocorre
a) reação de estranhamento, em razão do valor semântico informado nos itens 1, 2, 3, 4 e 5 do verbete, tendo-se como base o senso comum.
b) quebra de expectativa, caso sejam observados apenas os itens 6, 7 e 8 do verbete, com base no senso comum.
c) quebra de expectativa, caso sejam observados apenas os itens 1, 7 e 8 do verbete, com base no senso comum.
d) reação de estranhamento, em razão do valor semântico informado nos itens 6, 7 e 8 do verbete, tendo-se como base o senso comum.
e) quebra de expectativa, caso sejam observados apenas os itens 3, 5 e 8 do verbete, com base no senso comum.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1041702
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de te alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida , por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras e
Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa em
representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional de
Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios, uma
vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais, aprender
com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos , as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
É uma via concreta- e comestvol— para compreenderq mundo e nos audliar na criação de estratégias para infervirem realidades.
Assinale a alternativa em que NÃO se tenha mantido correção gramatical ao se transformar o segmento sublinhado do período acima. Não leve em conta alterações de
sentido.
“O professor Felipe percebeu que sua turma seria difícil, conversou com colegas e analisou cada aluno individualmente.”
a) Depois de analisar cada aluno individualmente, o professor Felipe percebeu que sua turma seria difícil e por isso conversou com seus colegas.
b) O professor Felipe conversou com colegas e em seguida analisou cada aluno individualmente, pois percebera que sua turma seria difícil.
c) Após perceber que sua turma seria difícil, o professor Felipe analisou cada aluno individualmente e em seguida conversou com colegas.
d) O professor Felipe analisou cada aluno individualmente depois de, ao conversar com colegas, perceber que sua turma seria difícil.
e) O professor Felipe percebeu que sua turma seria difícil, pois conversara com colegas e tinha analisado cada aluno individualmente.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1384026
O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, em
artigos cujo texto se reproduz, a seguir, quase na íntegra.
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do que ao indígena, se deve nossa extraordinária riqueza de
topônimos de procedência tupi. Mas admite-se sem convicção muito arraigada, pois parece evidente que uma população “primitiva”, ainda quando numerosa, tende
inevitavelmente a aceitar os padrões de seus dominadores mais eficazes.
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas a um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o de que os paulistas da era das bandeiras se valiam A) do
idioma tupi em seu trato civil e doméstico, exatamente como os dos nossos dias se valem B) do português.
Esse argumento funda C)-se, no entanto, em testemunhos precisos e que deixam pouco lugar a hesitações, como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre voto que
proferiu acerca das dúvidas suscitadas pelos moradores de São Paulo em torno do espinhoso problema da administração do gentio. “É certo”, sustenta o grande jesuíta,
“que as famílias dos portuguezes e indios de São Paulo estão D) tão ligadas hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se criam mystica e domesticamente, e a
lingua que nas ditas familias se fala E) he a dos indios, e a portugueza a vão os meninos aprender à escola [...]’
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2, páginas 122 e 123, versão digital)
O tempo verbal (com a alteração do modo) constante do signo “opusesse” (3º parágrafo) ocorre em
a) “valiam”.
b) “valem”.
c) “funda”.
d) “estão”.
e) “fala”.
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Um dos requisitos para que uma pessoa escreva claramente é ler bastante, especialmente os textos clássicos. A recomendação é do professor de língua portuguesa
Pasquale Cipro Neto, idealizador do programa “Nossa língua portuguesa”, exibido pela TV Cultura. Pasquale, que é colunista do jornal Folha de São Paulo, esteve na
Unicamp na tarde desta terça-feira (25), onde ministrou palestra sobre o tema “Redação fluente e raciocínio: requisitos essenciais em textos acadêmicos”.
O convite para que Pasquale viesse à Universidade partiu do professor Celso Dal Re Carneiro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de
Ciências da Terra (PEHCT) do Instituto de Geociência (IG). A palestra foi apresentada no contexto da programação que comemora os 50 anos da Unicamp. De acordo
com Pasquale, os clássicos são sempre uma ótima referência para quem quer aprender a escrever bem, a despeito de seus autores serem brasileiros ou estrangeiros.
“Uma sociedade que despreza os clássicos é uma sociedade burra, seja ela acadêmica ou não. O Brasil, infelizmente, tem desprezado os clássicos. Muita gente acha que
para escrever bem basta ter o conhecimento linguístico do dia a dia, o que é uma tolice profunda. Além dos clássicos, é preciso ler outros textos: jornal, bula de remédio,
rótulo de sucrilhos etc. É fundamental estar informado de tudo o que for possível e compreender as linguagens todas. Obviamente, para escrever também é preciso
pensar. O exercício mental constante nos faz descobrir a concatenação mental das coisas e também das palavras, das frases, dos textos”.
Sobre o uso da internet como ferramenta para o exercício da leitura e da escrita, Pasquale citou o filósofo, linguista e escritor Umberto Eco, falecido em fevereiro deste
ano, que afirmou que a rede mundial de computadores deu voz aos imbecis. “A internet é muito mal utilizada, embora tenha tudo para ser uma ferramenta maravilhosa.
Ela é um arquivo monumental, mas as pessoas preferem, por exemplo, ler somente o título de um texto jornalístico – que muitas vezes é mal construído –, tirar
conclusões e já sair escrevendo o diabo”.
A linguagem da internet, disse Pasquale, é ótima para uma dada situação, mas as pessoas não podem achar que, ao dominar somente esse código, a vida estará
resolvida. “Não é possível escrever um texto acadêmico com a linguagem da internet. É preciso ter um guarda-roupa linguístico amplo. Não dá para achar que com uma
roupa apenas eu posso ir a todas as situações”.
https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2016/10/25/para-o-professor-pasquale-e-preciso-ler-para-escrever-bem
No excerto “O convite para que Pasquale viesse à Universidade partiu do professor Celso Dal Re Carneiro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino e
História de Ciências da Terra (PEHCT) do Instituto de Geociência (IG).”, sob a ótica da coesão de natureza sequencial, entende-se que houve a adequada correlação, na
sentença linguística, entre os seguintes tempos verbais:
Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e com certeza, as
magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do
menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto,
traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente
com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu
tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas
graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
No excerto “... um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo...”, sob a ótica da coesão de natureza
sequencial, entende-se que houve a adequada correlação, na sentença linguística, entre os tempos verbais
TEXTO
O sol ainda nascendo, dou a volta pela Lagoa Rodrigo de Freitas (7.450 metros e 22 centímetros). Deslumbrante. Paro diante de uma placa da Prefeitura, feita com os
maiores cuidados técnicos, em bela tipografia, em português e inglês, naturalmente escrita por altos professores e, no longo período com que trabalham as burocracias,
vista e revista por engenheiros, psicólogos, enfim, por toda espécie e gênero de PhDs. Certo disso, leio, cheio do desejo de aprender, a história da lagoa e seus d’intorni,
environs, neighbourhood. Lá está escrito: “beleza cênica integrada aos contornos dos morros que a cerca (!).” Berro, no português mais castiço do manual do [jornal]
Globo: HELP! E, como isso não tem a menor importância, o sol continua nascendo no horizonte. Um luxo!
Sob a ótica da coesão de natureza sequencial, entende-se que houve a adequada correlação na sentença linguística “E, como isso não tem a menor importância, o sol
continua nascendo no horizonte. Um luxo!” entre os tempos verbais
Assinale a alternativa que indique corretamente a sequência de ações ordenada pelos grilos, quando passada para a forma de tratamento “vós”.
a) Escovei os dentes. Não mintai. Respeitai os mais velhos. Sedes cortês. Rezei antes de comer.
b) Escovai os dentes. Não mintais. Respeitai os mais velhos. Sede cortês. Rezai antes de comer.
c) Escovai os dentes. Não menti. Respeitai os mais velhos. Sejai cortês. Rezai antes de comer.
d) Escovais os dentes. Não mintas. Respeiteis os mais velhos. Sejais cortês. Rezeis antes de comer.
e) Escoveis os dentes. Não mentis. Respeiteis os mais velhos. Sejais cortês. Rezais antes de comer.
Arnaldo Niskier
Como é natural, os quatro principais candidatos à Presidência da República prometem mundos e fundos para o aperfeiçoamento da educação, nos seus quatro anos de
mandato. Não há exatamente preocupação se tudo caberá nesse período, relativamente curto, muito menos se haverá recursos financeiros para tantos sonhos. Como
estes ainda não pagam impostos, ninguém será punido se boa parte das promessas ficar na saudade. Não foi sempre assim? Exemplo curioso é o do ensino médio . De
repente, virou moda, na campanha. É certo que o número de alunos cresce em progressão geométrica, revelando interesse inusitado. Estamos perto dos 9 milhões de
jovens, que se formarão para um mercado de trabalho retraído. Consequência natural da política econômica de um governo que cita sempre JK, mas na prática está a
quilômetros de distância do que realizou o criador de Brasília. Fernando Henrique Cardoso deixará o governo devendo aproximadamente 3 milhões de empregos à nossa
sociedade. Injustificável.
Repito: sonhar não custa. Por iniciativa da Fiesp, do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) e da revista "Sentidos", coordenei um encontro sobre as propostas do
próximo governo federal para a educação, inclusão social e preparação de recursos humanos para o mercado de trabalho. Foram enviados representantes de alto nível
dos candidatos, resultando num debate extremamente oportuno e rico em sugestões.
Algumas das ideias serão aqui tratadas. Quem sabe, assim, poderão se transformar em compromissos de execução. A primeira delas refere-se à empregabilidade com
qualificação, o que depende da educação. Lembrou-se que, sob esse aspecto, deve-se respeitar o trabalho do "sistema S", que já formou milhões de jovens para o
complexo mercado de trabalho brasileiro. Como não se pode deixar de considerar, de forma positiva, os milhares de estágios proporcionados pelo CIEE, nesse processo.
Mas é preciso mais, retirando da nossa educação qualquer laivo de elitização.
Não pode dormir tranquila uma nação que tem 15 milhões de analfabetos puros e mais de 30 milhões de analfabetos funcionais. De que modo o mercado de trabalho
poderá absorver essa mão-de-obra, assim desqualificada, se as exigências do desenvolvimento científico e tecnológico são cada vez maiores?
No país das desigualdades, há um enorme abismo entre ricos e pobres em matéria de educação. Diferença que a quantidade não resolve. Universalizar sem dar qualidade
à educação tem pouco efeito sobre a nossa competitividade. Tem-se feito muito pouco para melhorar o trabalho dos professores e especialistas, no país inteiro. Precisam
ser mais bem formados, treinados, atualizados e remunerados de forma compatível com a dignidade humana.
Mesmo com a criação do Fundef, que foi um avanço, estamos longe de uma solução à altura do problema. Até porque 20% das nossas prefeituras aplicaram
equivocadamente os recursos do fundo, para não proclamar outra coisa. Aliás, vale a pena registrar que o programa de distribuição de livros (uma iniciativa louvável)
teve incríveis tropeços, como o próprio reconhecimento do MEC de que um terço de 60 milhões de livros do programa Literatura em Casa jamais foi entregue aos alunos.
Quem fiscaliza isso, que é proveniente do dinheiro público?
Deseja-se que 20% das crianças que se encontram nas escolas públicas alcancem o sonhado tempo integral. Mas não se afirmou como. A realidade é que faltam
professores em quase todas as unidades da Federação. Se não são abertos concursos, qual é a mágica que se prevê?
Foi citada a sugestão de cursinhos pré-vestibulares gratuitos para alunos carentes. Idéia altamente discutível, pois o que se deseja é o aperfeiçoamento da educação
básica. O cursinho é um desvio dessa preocupação e poderá servir como facilitário indesejável. Deseja-se que os recursos para educação subam de R$ 66 bilhões para R$
93 bilhões ao ano, criando a possibilidade de evitar os malefícios da reprovação e da evasão.
Pensou-se num programa de valorização dos professores, na doação de livros para alunos de nível médio, na ampliação da nossa escolaridade de seis para 12 anos, na
unificação da gestão dos recursos humanos na educação, nos cuidados com a universidade pública (hoje, sucateada), no fortalecimento das escolas técnicas federais, na
ampliação da assistência ao pré-escolar (mais 4 milhões de vagas), na maior atenção aos alunos deficientes, na maior participação dos empresários no processo de
ensino/aprendizagem e numa articulação mais adequada entre os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Algumas ideias parecem sonhos. Muitas outras não. Dependem só da vontade política dos que detiverem o poder.
Arnaldo Niskier, 67, educador, é membro da Academia Brasileira de Letras e Conselheiro do Imae (Instituto Metropolitano de Altos Estudos).
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2009200210.htm)
Em última análise do excerto “Exemplo curioso é o do ensino médio.”, pode-se afirmar que o signo linguístico "o" funciona morfologicamente como
a) artigo.
b) advérbio.
c) pronome.
d) preposição.
e) conjunção.
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Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto
egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na
vala comum (*); parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.
Acerca do excerto “(...) parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.”, pode-se afirmar que o
a) trecho “que a podridão anônima os alcança a eles mesmos” funciona como sujeito do verbo parecer.
Transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência em
nossa saúde mental.
DIOGO RODRIGUEZ
Desde 2011 trabalho de maneira autônoma. Já contei aqui que sou jornalista freelancer; há alguns meses, estou me dedicando ao meu próprio negócio depois de
fazer um curso de empreendedorismo nos Estados Unidos. Faz muito tempo que não tenho emprego fixo.
Tenho uma forte suspeita de que foi durante esse período que comecei a “desenvolver” ansiedade generalizada e depressão. Antes, eu recebia um salário fixo e sabia
o quanto podia gastar no final do mês. Quando me tornei autônomo, tive de passar a conviver com a incerteza financeira.
É impossível saber o quanto você vai ganhar a cada mês. Isso teve várias consequências para mim. Com medo de não ganhar o suficiente, comecei a procurar por
trabalhos desesperadamente. Aceitava o que aparecesse, não importava a dificuldade da tarefa. Assim, fui me enchendo de coisas a fazer e prazos a cumprir. Para
conseguir dar conta de tudo, passei a trabalhar dez, às vezes 12 horas por dia. Nem os finais de semana escapavam mais porque sempre havia algo a ser feito.
Obviamente que o nível de ansiedade foi ao extremo e atrapalhou o resto de minha vida. Dormia menos, comia mal, pouco me divertia, estava sempre pensando em
trabalho e na necessidade de ganhar dinheiro. Aos poucos, fui me desgastando e perdendo a capacidade de prestar atenção aos detalhes.
Tanta pressão interna e externa fez a qualidade do meu trabalho cair. Perdi prazos, entreguei trabalhos de qualidade ruim. O resultado foi que pessoas que antes
confiavam em mim pararam de me chamar para trabalhar. A ansiedade por ter trabalho e ganhar dinheiro teve o efeito oposto. Não muito tempo depois de perceber isso,
resolvi procurar tratamento.
Por que estou falando disso? Bom, porque, como eu disse na coluna da semana passada, transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e
fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência. Hoje, diversas pesquisas conseguem mensurar o efeito que a insegurança
econômica causa em nós.
Faz todo sentido, não é? A ameaça da falta de dinheiro distorce nossa perspectiva de vida, colocando-nos numa espiral de incertezas. “Será que vou ter dinheiro para
pagar as contas? Será que vou conseguir trabalho? ” Isso tem um custo alto para a saúde mental.
A pesquisadora canadense Evelyn Forget conseguiu medir o impacto que as finanças têm na saúde mental. Professora da Universidade de Toronto, em 2011 ela
publicou um artigo chamado “A cidade sem pobreza: os efeitos de saúde de um experimento canadense de renda anual garantida” (tradução minha). De 1974 a 1979,
uma cidade da província de Manitoba, no Canadá, foi palco de uma experiência. O governo deu a todos os habitantes da cidade de Dauphin uma renda mínima anual.
Para cada dólar canadense que cada cidadão ganhava, o governo dava um adicional de 50 centavos.
Concluído há mais de 40 anos, o experimento só teve seus resultados revelados em 2011, por Evelyn Forget. Os dados ficaram esquecidos e nunca foram analisados.
A pesquisadora se surpreendeu com o que encontrou. De uma maneira geral, a saúde dos habitantes de Dauphin melhorou. Está incluída aí, é claro, a saúde mental. Sem
a pressão de ter que lutar pela mínima sobrevivência, as pessoas passaram a viver melhor, mostrou Forget.
Observe as releituras de parte do Texto 2 a seguir e identifique quais delas fazem uso correto e adequado dos elementos de referenciação, substituição e repetição, dos
conectores e dos outros elementos de sequenciação textual:
I. Cada morador da cidade de Dauphin, no Canadá, onde ocorreu a experiência de Evelyn Forget, recebeu 50% a mais de salário entre os anos de 1974 e 1979,
quando a saúde deles foi analisada. Anos depois a pesquisadora divulgou os dados, que mostravam que a saúde deles melhorou.
II. Cada morador da cidade de Dauphin, no Canadá, na qual ocorreu a experiência de Evelyn Forget, recebeu 50% a mais de salário entre os anos de 1974 e
1979, época em que a saúde deles foi analisada. Anos depois ela divulgou os dados, os quais mostravam que a saúde dos munícipes melhorou.
III. Cada morador da cidade de Dauphin, no Canadá, quando ocorreu a experiência de Evelyn Forget, recebeu 50% a mais de salário entre os anos de 1974 e
1979, onde a saúde deles foi analisada. Anos depois ela divulgou os dados, em que mostrava que a saúde deles melhorou.
Assinale
Há um país onde, diferentemente do que ocorre no Brasil, a justiça processa ex-presidentes conservadores, os condena por desvio de verbas e manda-os para a prisão.
Onde direita, extrema direita e protestantes fundamentalistas se consideram traídos por Donald Trump. Onde, em vez de questionar um acordo de desarmamento
nuclear, como aquele feito com o Irã, ou um tratado de mísseis de médio alcance, como com a Rússia, o presidente dos Estados Unidos parece querer resolver um
conflito que nenhum de seus predecessores conseguiu desatar. Incluindo o último, ainda que Nobel da Paz.
Sem dúvida isso está acontecendo no Extremo Oriente. Sem dúvida essa coisa é muito complicada para assumir uma posição no grande relato maniqueísta que molda e
distorce nossa visão do mundo. No entanto, como a situação global é bastante sombria, o discurso voluntarista e otimista do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, não
deveria ter passado despercebido. Em 26 de setembro, diante da Assembleia- Geral das Nações Unidas, ele lançou: “Um milagre aconteceu na Península da Coreia.”
Um milagre? Uma reviravolta completa, pelo menos. Ninguém se esqueceu da enxurrada de tuítes enraivecidos trocados há apenas um ano por Trump e o presidente
norte-coreano – “fogo e fúria”, o “grande botão” nuclear etc. A ex-embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, acaba de confessar que, em 2 de
setembro de 2017, para pressionar Pequim a agir junto à sua vizinha e aliada, ela acenou para sua contraparte chinesa com a ameaça de uma invasão norte-
americana da Coreia do Norte. Agora, Trump saúda a “coragem” do presidente Kim Jung-un, “um amigo”. E, durante um encontro republicano, ele até fingiu sentir
“amor” por ele!
Os coreanos do Norte e do Sul avançam numa marcha forçada, aproveitando o alinhamento das estrelas: a direita sul-coreana está em frangalhos; o regime de
Pyongyang finalmente parece favorecer o desenvolvimento econômico do país; vilipendiada pelos democratas e pelos meios de comunicação norte-americanos por causa
de sua reaproximação, considerada imprudente, com a Coreia do Norte, a Casa Branca não vai admitir de bom grado que o maestro autoproclamado da “arte do acordo”
foi enganado por um velhaco maior que ele. Seja como for, se os Estados Unidos decidissem retornar ao “fogo e fúria”, a rápida deterioração de suas relações com
Pequim e Moscou praticamente impediria que a Rússia e a China os acompanhassem mais uma vez.
Nesse quadro geral, o desarmamento nuclear da Coreia não deve se tornar um pré-requisito para a realização de outros aspectos da negociação: suspensão de manobras
militares de ambos os lados, levantamento de sanções econômicas, tratado de paz. Porque Pyongyang nunca vai desistir de seu seguro de vida sem garantias fortes:
Trump não é eterno, nem a clemência de seus sentimentos… Outro motivo, ainda que paradoxal, para ser otimista quanto a um acordo nos próximos meses sobre um
conflito que já dura três quartos de século.
“ Há um país onde, diferentemente do que ocorre no Brasil, a justiça processa ex-presidentes conservadores, os condena por desvio de verbas e manda-os para a
prisão.”
III. Não há paralelismo entre as opções de colocação pronominal nas duas últimas orações.
Assinale
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo(a). No entanto, uma vez que as pessoas
participam da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma
pessoa tinha tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte(b), era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos
de outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O
ritmo da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura
instável que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão(c).
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes(d), a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao
longo da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando(e).
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
Assinale a alternativa em que o termo indicado NÃO exerça, no texto, papel adverbial.
a) com o tempo
b) Nos dias de sol forte
c) a golpes de facão
d) Antes
e) a postos de comando
Esta semana, no Rio de Janeiro, o povo Kuikuro do Alto Xingu vai dizer HEKITE KUATSANGE EGEI ENHÜGÜ (Seja bem-vindo!) para pesquisadores indígenas de todo o
mundo. De Papua-Nova Guiné, Kiribati, Sudão, Dominica, Uganda, Índia, Quênia e Colômbia, assim como das comunidades Guarani-Kaiowá, Tuxa, Baniwa e Tupinambá
do Brasil, povos indígenas se reúnem no Museu do Índio para refletir criticamente sobre como métodos indígenas de pesquisa são essenciais para entender os principais
problemas que o mundo enfrenta no século XXI.
Seja para abordar os desafios da mudança climática ou o racismo, a sustentabilidade ambiental ou a violência de gênero, a seca ou patrimônios culturais ameaçados, os
pesquisadores questionam como o conhecimento indígena pode ser ativado de forma efetiva como um recurso para desenvolvimento no futuro.
Pesquisadores do Sudão mostram como o conhecimento tradicional núbio pode informar decisões sobre agricultura sustentável. Uma pesquisadora do povo Emberá-
Chami demonstra a importância do conhecimento indígena para a resolução de questões de deslocamento forçado na Colômbia ao lado de um pesquisador Acholi, que
examina soluções para a seca em Uganda.
Grandes questões. Respostas indígenas. Apesar de todos os impactos positivos dessas colaborações para pesquisas até agora, sabemos que o Brasil enfrenta questões
urgentes relacionadas à sua herança indígena e seu futuro. Esse seminário é uma chance para que o povo Kuikuro peça aos colegas indígenas que reflitam juntos sobre
como a pesquisa acadêmica pode proteger, preservar e promover o desenvolvimento sustentável para os povos indígenas do Brasil.
Pesquisadores foram convidados a vir ao país para perguntar e entender como esforços de pesquisa colaborativa podem promover a resiliência às atuais ameaças a
identidades, terras, águas e culturas indígenas.
Precisamos de metodologias indígenas de pesquisa para compreender a relação entre o desmatamento, a mudança climática, os ciclos de colheita e os rituais dos
calendários indígenas. Para resistir à municipalização da assistência médica indígena, é preciso haver pesquisas para examinar como manter um cuidadoso equilíbrio entre
conhecimentos indígenas e não indígenas. Já que os Kuikuro não podem mais beber a água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto tempo seus peixes
continuarão a alimentar as aldeias, à medida que toxinas agrícolas e industriais poluem seus afluentes ou o próprio rio é bloqueado por barragens hidrelétricas?
Os debates começam sob os milhares de estrelas do céu do Xingu, no Planetário do Rio, enquanto se contemplam as cosmologias indígenas nas constelações de cada um
de nossos visitantes. Na sequência, haverá a busca de respostas para perguntas significativas. Como criar pesquisas equitativas, específicas a um contexto e sensíveis em
termos históricos, culturais e linguísticos? Como a coprodução de conhecimento entre pesquisadores indígenas e não indígenas pode superar desequilíbrios de poder
arraigados, sobre os quais nossos sistemas universitários de ensino e pesquisa são construídos?
Os conselhos de pesquisa do Reino Unido reuniram colaboradores de doze projetos conduzidos por acadêmicos britânicos em parceria com pesquisadores indígenas de
várias partes do mundo para criar um novo conjunto de diretrizes para pesquisa em universidades britânicas. Financiado pelo Global Challenges Research Fund (GCRF) –
um investimento de 1,5 bilhão de libras por parte do governo do Reino Unido para criar parcerias que apoiem pesquisas de ponta para lidar com os principais desafios
enfrentados por países em desenvolvimento –, o seminário examina em que medida a pesquisa financiada pelo Reino Unido está sendo conduzida a partir do ponto de
vista indígena e busca propor como as universidades podem garantir uma estrutura ética para pesquisas que tragam benefícios diretos a povos indígenas. Acima de tudo,
vai questionar que tipo de pesquisa vale a pena conduzir e qual a melhor forma de realizá-la.
O povo Kuikuro e a Universidade Queen Mary de Londres colaboram em projetos de pesquisa financiados pelo GCRF desde 2016. Isso resultou em um programa de
residências artísticas organizado pelo povo Kuikuro na Aldeia Ipatse no Alto Xingu, que reuniu mais de 20 artistas de Londres, Madri e Rio de Janeiro.
Em contrapartida, Takumã fez um documentário que oferece uma reflexão crítica sobre modelos britânicos de multiculturalismo, e os Kuikuro colaboraram com o Museu
Hornimam, em Londres, para criar uma experiência imersiva da cultura do Xingu com o uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada.
Ao dar boas-vindas a nossos colegas de várias partes do mundo, vamos compartilhar muitas questões e esperamos ter algumas respostas. Vamos também contar
histórias e refletir sobre como as narrativas que precisamos contar e ouvir estão cada vez mais ameaçadas de extinção. Estamos nos reunindo para criar e mobilizar
conhecimentos.
Pesquisadores foram convidados a vir ao país para perguntar e entender como esforços de pesquisa colaborativa podem promover a resiliência às atuais ameaças a
identidades, terras, águas e culturas indígenas.
No trecho acima, há
Transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência em
nossa saúde mental.
DIOGO RODRIGUEZ
Desde 2011 trabalho de maneira autônoma. Já contei aqui que sou jornalista freelancer; há alguns meses, estou me dedicando ao meu próprio negócio depois de
fazer um curso de empreendedorismo nos Estados Unidos. Faz muito tempo que não tenho emprego fixo.
Tenho uma forte suspeita de que foi durante esse período que comecei a “desenvolver” ansiedade generalizada e depressão. Antes, eu recebia um salário fixo e sabia
o quanto podia gastar no final do mês. Quando me tornei autônomo, tive de passar a conviver com a incerteza financeira.
É impossível saber o quanto você vai ganhar a cada mês. Isso teve várias consequências para mim. Com medo de não ganhar o suficiente, comecei a procurar por
trabalhos desesperadamente. Aceitava o que aparecesse, não importava a dificuldade da tarefa. Assim, fui me enchendo de coisas a fazer e prazos a cumprir. Para
conseguir dar conta de tudo, passei a trabalhar dez, às vezes 12 horas por dia. Nem os finais de semana escapavam mais porque sempre havia algo a ser feito.
Obviamente que o nível de ansiedade foi ao extremo e atrapalhou o resto de minha vida. Dormia menos, comia mal, pouco me divertia, estava sempre pensando em
trabalho e na necessidade de ganhar dinheiro. Aos poucos, fui me desgastando e perdendo a capacidade de prestar atenção aos detalhes.
Tanta pressão interna e externa fez a qualidade do meu trabalho cair. Perdi prazos, entreguei trabalhos de qualidade ruim. O resultado foi que pessoas que antes
confiavam em mim pararam de me chamar para trabalhar. A ansiedade por ter trabalho e ganhar dinheiro teve o efeito oposto. Não muito tempo depois de perceber isso,
resolvi procurar tratamento.
Por que estou falando disso? Bom, porque, como eu disse na coluna da semana passada, transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e
fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência. Hoje, diversas pesquisas conseguem mensurar o efeito que a insegurança
econômica causa em nós.
Faz todo sentido, não é? A ameaça da falta de dinheiro distorce nossa perspectiva de vida, colocando-nos numa espiral de incertezas. “Será que vou ter dinheiro para
pagar as contas? Será que vou conseguir trabalho? ” Isso tem um custo alto para a saúde mental.
A pesquisadora canadense Evelyn Forget conseguiu medir o impacto que as finanças têm na saúde mental. Professora da Universidade de Toronto, em 2011 ela
publicou um artigo chamado “A cidade sem pobreza: os efeitos de saúde de um experimento canadense de renda anual garantida” (tradução minha). De 1974 a 1979,
uma cidade da província de Manitoba, no Canadá, foi palco de uma experiência. O governo deu a todos os habitantes da cidade de Dauphin uma renda mínima anual.
Para cada dólar canadense que cada cidadão ganhava, o governo dava um adicional de 50 centavos.
Concluído há mais de 40 anos, o experimento só teve seus resultados revelados em 2011, por Evelyn Forget. Os dados ficaram esquecidos e nunca foram analisados.
A pesquisadora se surpreendeu com o que encontrou. De uma maneira geral, a saúde dos habitantes de Dauphin melhorou. Está incluída aí, é claro, a saúde mental. Sem
a pressão de ter que lutar pela mínima sobrevivência, as pessoas passaram a viver melhor, mostrou Forget.
Assinale a alternativa que identifique adequadamente a relação estabelecida entre as orações pelo conector “assim” no trecho a seguir:
“É impossível saber o quanto você vai ganhar a cada mês. Isso teve várias consequências para mim. Com medo de não ganhar o suficiente, comecei a procurar por
trabalhos desesperadamente. Aceitava o que aparecesse, não importava a dificuldade da tarefa. Assim, fui me enchendo de coisas a fazer e prazos a cumprir.” (l. 7-9)
a) sequência e continuidade
b) consequência
c) afirmação ou certeza
d) oposição
e) resumo e recapitulação
Esta semana, no Rio de Janeiro, o povo Kuikuro do Alto Xingu vai dizer HEKITE KUATSANGE EGEI ENHÜGÜ (Seja bem-vindo!) para pesquisadores indígenas de todo o
mundo. De Papua-Nova Guiné, Kiribati, Sudão, Dominica, Uganda, Índia, Quênia e Colômbia, assim como das comunidades Guarani-Kaiowá, Tuxa, Baniwa e Tupinambá
do Brasil, povos indígenas se reúnem no Museu do Índio para refletir criticamente sobre como métodos indígenas de pesquisa são essenciais para entender os principais
problemas que o mundo enfrenta no século XXI.
Seja para abordar os desafios da mudança climática ou o racismo, a sustentabilidade ambiental ou a violência de gênero, a seca ou patrimônios culturais ameaçados, os
pesquisadores questionam como o conhecimento indígena pode ser ativado de forma efetiva como um recurso para desenvolvimento no futuro.
Pesquisadores do Sudão mostram como o conhecimento tradicional núbio pode informar decisões sobre agricultura sustentável. Uma pesquisadora do povo Emberá-
Chami demonstra a importância do conhecimento indígena para a resolução de questões de deslocamento forçado na Colômbia ao lado de um pesquisador Acholi, que
examina soluções para a seca em Uganda.
Grandes questões. Respostas indígenas. Apesar de todos os impactos positivos dessas colaborações para pesquisas até agora, sabemos que o Brasil enfrenta questões
urgentes relacionadas à sua herança indígena e seu futuro. Esse seminário é uma chance para que o povo Kuikuro peça aos colegas indígenas que reflitam juntos sobre
como a pesquisa acadêmica pode proteger, preservar e promover o desenvolvimento sustentável para os povos indígenas do Brasil.
Pesquisadores foram convidados a vir ao país para perguntar e entender como esforços de pesquisa colaborativa podem promover a resiliência às atuais ameaças a
identidades, terras, águas e culturas indígenas.
Precisamos de metodologias indígenas de pesquisa para compreender a relação entre o desmatamento, a mudança climática, os ciclos de colheita e os rituais dos
calendários indígenas. Para resistir à municipalização da assistência médica indígena, é preciso haver pesquisas para examinar como manter um cuidadoso equilíbrio entre
conhecimentos indígenas e não indígenas. Já que os Kuikuro não podem mais beber a água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto tempo seus peixes
continuarão a alimentar as aldeias, à medida que toxinas agrícolas e industriais poluem seus afluentes ou o próprio rio é bloqueado por barragens hidrelétricas?
Os debates começam sob os milhares de estrelas do céu do Xingu, no Planetário do Rio, enquanto se contemplam as cosmologias indígenas nas constelações de cada um
de nossos visitantes. Na sequência, haverá a busca de respostas para perguntas significativas. Como criar pesquisas equitativas, específicas a um contexto e sensíveis em
termos históricos, culturais e linguísticos? Como a coprodução de conhecimento entre pesquisadores indígenas e não indígenas pode superar desequilíbrios de poder
arraigados, sobre os quais nossos sistemas universitários de ensino e pesquisa são construídos?
Os conselhos de pesquisa do Reino Unido reuniram colaboradores de doze projetos conduzidos por acadêmicos britânicos em parceria com pesquisadores indígenas de
várias partes do mundo para criar um novo conjunto de diretrizes para pesquisa em universidades britânicas. Financiado pelo Global Challenges Research Fund (GCRF) –
um investimento de 1,5 bilhão de libras por parte do governo do Reino Unido para criar parcerias que apoiem pesquisas de ponta para lidar com os principais desafios
enfrentados por países em desenvolvimento –, o seminário examina em que medida a pesquisa financiada pelo Reino Unido está sendo conduzida a partir do ponto de
vista indígena e busca propor como as universidades podem garantir uma estrutura ética para pesquisas que tragam benefícios diretos a povos indígenas. Acima de tudo,
vai questionar que tipo de pesquisa vale a pena conduzir e qual a melhor forma de realizá-la.
O povo Kuikuro e a Universidade Queen Mary de Londres colaboram em projetos de pesquisa financiados pelo GCRF desde 2016. Isso resultou em um programa de
residências artísticas organizado pelo povo Kuikuro na Aldeia Ipatse no Alto Xingu, que reuniu mais de 20 artistas de Londres, Madri e Rio de Janeiro.
Em contrapartida, Takumã fez um documentário que oferece uma reflexão crítica sobre modelos britânicos de multiculturalismo, e os Kuikuro colaboraram com o Museu
Hornimam, em Londres, para criar uma experiência imersiva da cultura do Xingu com o uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada.
Ao dar boas-vindas a nossos colegas de várias partes do mundo, vamos compartilhar muitas questões e esperamos ter algumas respostas. Vamos também contar
histórias e refletir sobre como as narrativas que precisamos contar e ouvir estão cada vez mais ameaçadas de extinção. Estamos nos reunindo para criar e mobilizar
conhecimentos.
Já que os Kuikuro não podem mais beber a água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto tempo seus peixes continuarão a alimentar as aldeias, à medida que
toxinas agrícolas e industriais poluem seus afluentes ou o próprio rio é bloqueado por barragens hidrelétricas?
III. A expressão “á medida que” pode ser substituída, sem prejuízo de sentido, por “na medida em que”.
Assinale
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
No excerto “Não sou alegre nem sou triste:”, pode-se afirmar que o elemento linguístico "nem" funciona como um conectivo
a) aditivo.
b) causal.
c) adversativo.
d) concessivo.
e) conformativo.
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Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
Caso se faça, em ordem direta, a reescrita em prosa da passagem “Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei.”, poder-se-ia verificar
que o conectivo "se" teria a classificação de conjunção subordinativa
a) temporal.
b) integrante.
c) causal.
d) alternativa.
e) aditiva.
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Questão 38: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Conjunção
TEXTO II PARA A QUESTÃO.
Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo
que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala
comum (*); parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.
O trecho “E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um
farrapo ao menos da sombra que passou.” é construído sob a lógica da coesão sequencial que não se utiliza de marcadores argumentativos para ligar as estruturas
oracionais. Caso se substituísse o sinal de ponto e vírgula por um marcador textual de coesão sequencial, sem que se altere a coerência do texto, ter-se-ia o seguinte
conectivo:
a) malgrado
b) entrementes
c) porquanto
d) debalde
e) conquanto
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Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso
vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um
defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs
no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e
prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem
anúncios. Acresce que chovia — peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta
engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: — “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar
chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem
o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.
O texto acima, por ter sido escrito no século XIX, possui algumas peculiaridades linguísticas que chamam a atenção do leitor contemporâneo. Entre elas, a sentença
“Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento...”. Caso tal sentença fosse reescrita no português culto brasileiro, ter-se-ia a seguinte frase:
O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, em
artigos cujo texto se reproduz, a seguir, quase na íntegra.
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do que ao indígena, se deve nossa extraordinária riqueza de
topônimos de procedência tupi. Mas admite-se sem convicção muito arraigada, pois parece evidente que uma população “primitiva”, ainda quando numerosa, tende
inevitavelmente a aceitar os padrões de seus dominadores mais eficazes.
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas a um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o de que os paulistas da era das bandeiras se valiam do
idioma tupi em seu trato civil e doméstico, exatamente como os dos nossos dias se valem do português.
Esse argumento funda-se, no entanto, em testemunhos precisos e que deixam pouco lugar a hesitações, como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre voto que
proferiu acerca das dúvidas suscitadas pelos moradores de São Paulo em torno do espinhoso problema da administração do gentio. “É certo”, sustenta o grande jesuíta,
“que as famílias dos portuguezes e indios de São Paulo estão tão ligadas hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se criam mystica e domesticamente, e a
lingua que nas ditas familias se fala he a dos indios, e a portugueza a vão os meninos aprender à escola [...]’
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2, páginas 122 e 123, versão digital)
a) repristinação.
b) adição.
c) adversidade.
d) finalização.
e) consignação.
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Assinale a alternativa que apresenta o segmento do texto em que a conjunção e apresenta valor aproximado de adversidade (e não de adição), em função do contexto
em que essa conjunção é empregada.
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa tinha
tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte, era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos de
outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O ritmo
da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura instável
que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao longo
da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960.
a) seis e nove.
b) sete e oito.
c) sete e dez.
d) cinco e dez.
e) cinco e nove.
No ano passado, 194 policiais foram assassinados no país, e 63% deles eram negros.
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a ideia de que policiais são heróis os deixa mais vulneráveis e contribui para o aumento
no número de mortes.
“Eles tendem a reagir a qualquer situação por causa da ideia fantasiosa de que se é policial 24 horas por dia.”
Mesmo em um ano com menor circulação de pessoas nas ruas, devido à pandemia, a quantidade de mortes de agentes de segurança pública cresceu 13% no país em
relação a 2019.
Segundo o último anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 7 a cada 10 mortes ocorreram fora do horário de trabalho dos policiais. Eles foram mortos em
passeios, no trajeto de ida e volta da corporação ou quando faziam serviços paralelos, os ‘‘bicos’’, ilegais, mas realizados para complementar a renda.
“Entrei por querer estabilidade, depois me apaixonei pela profissão”, diz ele, que pediu para não ser identificado.
O PM criticou o treinamento dado pela corporação: ‘‘O policial acaba aprendendo na rua’’, diz. E reclamou da falta de apoio jurídico, do Estado, da sociedade e dos
superiores ao trabalho do policial.
Sobre o fato de negros serem as maiores vítimas da violência, ele descarta preconceito. Na sua visão, ocorre porque a maioria da população é de pessoas negras.
“Policial não escolhe criminoso.”
Para a socióloga Paula Poncioni, pesquisadora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), falhas de formação são um dos fatores que explicam o desempenho
policial. “Muitas vezes, há um currículo ajustado à matriz nacional, mas não há professores qualificados, as aulas são recheadas de preconceitos”, diz a autora de
“Tornar-se Policial’’ (Editora Appris).
A letalidade policial, para Poncioni, decorre de uma sociedade “muito violenta e muito hierárquica”. Ela afirma que a polícia mata mais no Brasil por representar o
pensamento geral da sociedade, refletido na composição dos governos que administram as polícias.
“A formação profissional está eivada de crenças, valores e preconceitos de um sistema de representação sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é mulher, o que
é o menor e o que é o negro”, aponta.
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, diz considerar a formação da polícia muito boa, mas ressalva que é preciso reforço. “Insistimos na
necessidade de ações formativas em direitos humanos. A qualificação e a requalificação permanente dos quadros da polícia são fundamentais, seja ela civil, militar ou
técnico-científica.”
Hoje, a matriz curricular que define as regras para a formação de policiais no Brasil está em sua segunda versão, editada em 2014, no governo Dilma Rousseff (PT).
Nela, o Ministério da Justiça orienta as ações formativas dos profissionais. Na grade dos cursos há, por exemplo, determinação para que os aspirantes tenham acesso a
um módulo de 14 horas de aulas sobre diversidade étnico-racial.
(Anelise Gonçalves, Marcelo Azevedo, Matheus Rocha, Paulo Eduardo Dias, Paulo Ricardo Martins e Vitor Soares.
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a ideia de que policiais são heróis os deixa mais vulneráveis e contribui para o aumento
no número de mortes.
Se representarmos o segmento sublinhado no período acima pelo código {>X [X(Xy(Xy))]}, o código para o segmento Para a socióloga Paula Poncioni, pesquisadora da
UFRJ manterá a mesma lógica se composto da seguinte forma:
a) {>X [Xy]}.
b) {>Xy [X(Xy)]}.
c) {>X [X(yX)]}.
d) {>XX [Xy(Xy)]}.
e) {>XX [X(X)]}.
TEXTO I
TEXTO II
O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é responsável pelo direcionamento de grande parte da Ortografia Oficial. O TEXTO II, excerto de verbete extraído do
Dicionário Houaiss, prevê um signo cuja ortografia foi modificada pelo Novo Acordo Ortográfico. Assinale a alternativa em que o signo também foi alterado pelo Novo
Acordo.
a) oi (interjeição)
b) dói (presente do indicativo do verbo doer)
c) apóio (presente do indicativo do verbo apoiar)
d) apoio (substantivo)
e) destróier (substantivo)
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[...]
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria
[...]
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de se alimentar(a) constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida , por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras e
Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa(b)
em representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional de
Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios, uma
vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu(c) como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais,
aprender com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos , as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera(d) e se regenera(e) a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
Assinale a alternativa em que o pronome átono, apresentado no texto em próclise, também poderia vir enclítico.
a) se alimentar
b) se expressa
c) a definiu
d) se retempera
e) se regenera
O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, em
artigos cujo texto se reproduz, a seguir, quase na íntegra.
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do que ao indígena, se deve nossa extraordinária riqueza de
topônimos de procedência tupi. Mas admite-se sem convicção muito arraigada, pois parece evidente que uma população “primitiva”, ainda quando numerosa, tende
inevitavelmente a aceitar os padrões de seus dominadores mais eficazes.
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas a um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o de que os paulistas da era das bandeiras se valiam do
idioma tupi em seu trato civil e doméstico, exatamente como os dos nossos dias se valem do português.
Esse argumento funda-se, no entanto, em testemunhos precisos e que deixam pouco lugar a hesitações, como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre voto que
proferiu acerca das dúvidas suscitadas pelos moradores de São Paulo em torno do espinhoso problema da administração do gentio. “É certo”, sustenta o grande jesuíta,
“que as famílias dos portuguezes e indios de São Paulo estão tão ligadas hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se criam mystica e domesticamente, e a
lingua que nas ditas familias se fala he a dos indios, e a portugueza a vão os meninos aprender à escola [...]’
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2, páginas 122 e 123, versão digital)
A respeito da colocação dos pronomes oblíquos átonos na norma culta da Língua Portuguesa, pode-se afirmar que, na sentença “Esse argumento funda-se”, a partícula
“se” foi colocada em ênclise de forma
Estudo sugere que metano em lua de Saturno pode ser indicativo de vida
A pequena Encélado encontrou uma “fosfina” para chamar de sua. Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas
plumas de água que são ejetadas da lua de Saturno não pode ser explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo vida.
O resultado lembra muito as conclusões dos pesquisadores liderados por Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas nuvens
de Vênus. Eles também não cravaram que era um sinal de vida, mas indicaram não conhecer mecanismo alternativo capaz de explicar as quantidades.
O novo estudo, liderado por Régis Ferrière, da Universidade do Arizona, nos EUA, e Stéphane Mazevet, da Universidade Paris Ciências & Letras, na França, foi publicado
na revista Nature Astronomy e segue a trilha dos achados da sonda Cassini, que em 2017 causou furor ao cruzar as plumas e detectar nelas a presença de hidrogênio
molecular e metano.
Sabe-se que, sob a crosta congelada de Encélado, há um oceano de água líquida, em contato direto com um leito rochoso. É de lá que partem as plumas, ejetadas a
partir de fissuras no gelo. Na Terra, fumarolas no fundo do oceano são o lar de muitas formas de vida metanogênicas: elas consomem hidrogênio e despejam metano.
Na lua saturnina, encontramos ambos, o que fez muitos evocarem o oceano subsuperficial como habitável. Mas daí a habitado são outros 500. Até porque há outros
processos de geração de metano que não envolvem formas de vida, como a interação de água com certos minerais, no processo conhecido como serpentinização.
O trabalho de Ferrière e Mazevet consistiu em tentar determinar a origem do metano sem precisar ir até lá para checar.
Em vez disso, o grupo modelou matematicamente a probabilidade de que diferentes processos, dentre eles metanogênese biológica, ou seja, a produção de metano por
formas de vida, pudessem explicar o resultado colhido pela Cassini.
A pergunta central era: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos? E a resposta dos pesquisadores é “não” – mas só até onde sabemos. Eles
apontam que das duas uma: ou está rolando metanogênese por micróbios no interior de Encélado, ou há algum fenômeno desconhecido, sem igual na Terra, capaz de
gerar a substância.
Na soma dos resultados, podemos olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Por um lado, é empolgante que tenhamos já detectado compostos que podem sinalizar a
presença de vida em tantos astros (fosfina em Vênus, metano em Encélado e em Marte). Por outro lado, as conclusões são mais especulativas do que gostaríamos até o
momento. Para todos os casos, ainda é inteiramente possível, quiçá provável, que a explicação dispense atividade biológica. Em todos, o que falta são mais observações.
Será preciso enviar novas sondas até lá, se quisermos desfazer esses mistérios.
Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas plumas de água que são ejetadas da lua de Saturno não pode ser
explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo vida.
a) adjetivo.
b) substantivo.
c) partícula expletiva.
d) verbo.
e) palavra denotativa.
Com base nos pressupostos linguísticos em significação das palavras, pode-se afirmar que o signo “indolência” significa, no texto apresentado,
a) ataraxia.
b) falsidade.
c) ausência de patriotismo.
d) deficiência física.
e) pouca sensibilidade ao frio.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1041700
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de te alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida , por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras e
Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa em
representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional de
Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios, uma
vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais, aprender
com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos , as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
A comida à uma prática cultural que contribui para enxergar à complexidade da vida é a condição humana no seu conjunto — ecossistema o biosfera.
Assinale a alternativa que apresente, respectivamente, a correta relação entre os dois termos sublinhados no período acima.
a) todo e parte
b) gênero espécie
c) espécie e gênero
d) abstrato e concreto
e) parte e todo.
No ano passado, 194 policiais foram assassinados no país, e 63% deles eram negros.
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a ideia de que policiais são heróis os deixa mais vulneráveis e contribui para o aumento
no número de mortes.
“Eles tendem a reagir a qualquer situação por causa da ideia fantasiosa de que se é policial 24 horas por dia.”
Mesmo em um ano com menor circulação de pessoas nas ruas, devido à pandemia, a quantidade de mortes de agentes de segurança pública cresceu 13% no país em
relação a 2019.
Segundo o último anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 7 a cada 10 mortes ocorreram fora do horário de trabalho dos policiais. Eles foram mortos em
passeios, no trajeto de ida e volta da corporação ou quando faziam serviços paralelos, os ‘‘bicos’’, ilegais, mas realizados para complementar a renda.
“Entrei por querer estabilidade, depois me apaixonei pela profissão”, diz ele, que pediu para não ser identificado.
O PM criticou o treinamento dado pela corporação: ‘‘O policial acaba aprendendo na rua’’, diz. E reclamou da falta de apoio jurídico, do Estado, da sociedade e dos
superiores ao trabalho do policial.
Sobre o fato de negros serem as maiores vítimas da violência, ele descarta preconceito. Na sua visão, ocorre porque a maioria da população é de pessoas negras.
“Policial não escolhe criminoso.”
Para a socióloga Paula Poncioni, pesquisadora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), falhas de formação são um dos fatores que explicam o desempenho
policial. “Muitas vezes, há um currículo ajustado à matriz nacional, mas não há professores qualificados, as aulas são recheadas de preconceitos”, diz a autora de
“Tornar-se Policial’’ (Editora Appris).
A letalidade policial, para Poncioni, decorre de uma sociedade “muito violenta e muito hierárquica”. Ela afirma que a polícia mata mais no Brasil por representar o
pensamento geral da sociedade, refletido na composição dos governos que administram as polícias.
“A formação profissional está eivada de crenças, valores e preconceitos de um sistema de representação sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é mulher, o que
é o menor e o que é o negro”, aponta.
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, diz considerar a formação da polícia muito boa, mas ressalva que é preciso reforço. “Insistimos na
necessidade de ações formativas em direitos humanos. A qualificação e a requalificação permanente dos quadros da polícia são fundamentais, seja ela civil, militar ou
técnico-científica.”
Hoje, a matriz curricular que define as regras para a formação de policiais no Brasil está em sua segunda versão, editada em 2014, no governo Dilma Rousseff (PT).
Nela, o Ministério da Justiça orienta as ações formativas dos profissionais. Na grade dos cursos há, por exemplo, determinação para que os aspirantes tenham acesso a
um módulo de 14 horas de aulas sobre diversidade étnico-racial.
(Anelise Gonçalves, Marcelo Azevedo, Matheus Rocha, Paulo Eduardo Dias, Paulo Ricardo Martins e Vitor Soares.
“A formação profissional está eivada de crenças, valores e preconceitos de um sistema de representação sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é mulher, o que
é o menor e o que é o negro”, aponta.
a) quantidade.
b) intensidade.
c) impureza.
d) cristalinidade.
e) origem.
Arnaldo Niskier
Como é natural, os quatro principais candidatos à Presidência da República prometem mundos e fundos para o aperfeiçoamento da educação, nos seus quatro anos de
mandato. Não há exatamente preocupação se tudo caberá nesse período, relativamente curto, muito menos se haverá recursos financeiros para tantos sonhos. Como
estes ainda não pagam impostos, ninguém será punido se boa parte das promessas ficar na saudade. Não foi sempre assim? Exemplo curioso é o do ensino médio. De
repente, virou moda, na campanha. É certo que o número de alunos cresce em progressão geométrica, revelando interesse inusitado. Estamos perto dos 9 milhões de
jovens, que se formarão para um mercado de trabalho retraído. Consequência natural da política econômica de um governo que cita sempre JK, mas na prática está a
quilômetros de distância do que realizou o criador de Brasília. Fernando Henrique Cardoso deixará o governo devendo aproximadamente 3 milhões de empregos à nossa
sociedade. Injustificável.
Repito: sonhar não custa. Por iniciativa da Fiesp, do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) e da revista "Sentidos", coordenei um encontro sobre as propostas do
próximo governo federal para a educação, inclusão social e preparação de recursos humanos para o mercado de trabalho. Foram enviados representantes de alto nível
dos candidatos, resultando num debate extremamente oportuno e rico em sugestões.
Algumas das ideias serão aqui tratadas. Quem sabe, assim, poderão se transformar em compromissos de execução. A primeira delas refere-se à empregabilidade com
qualificação, o que depende da educação. Lembrou-se que, sob esse aspecto, deve-se respeitar o trabalho do "sistema S", que já formou milhões de jovens para o
complexo mercado de trabalho brasileiro. Como não se pode deixar de considerar, de forma positiva, os milhares de estágios proporcionados pelo CIEE, nesse processo.
Mas é preciso mais, retirando da nossa educação qualquer laivo de elitização.
Não pode dormir tranquila uma nação que tem 15 milhões de analfabetos puros e mais de 30 milhões de analfabetos funcionais. De que modo o mercado de trabalho
poderá absorver essa mão-de-obra, assim desqualificada, se as exigências do desenvolvimento científico e tecnológico são cada vez maiores?
No país das desigualdades, há um enorme abismo entre ricos e pobres em matéria de educação. Diferença que a quantidade não resolve. Universalizar sem dar qualidade
à educação tem pouco efeito sobre a nossa competitividade. Tem-se feito muito pouco para melhorar o trabalho dos professores e especialistas, no país inteiro. Precisam
ser mais bem formados, treinados, atualizados e remunerados de forma compatível com a dignidade humana.
Mesmo com a criação do Fundef, que foi um avanço, estamos longe de uma solução à altura do problema. Até porque 20% das nossas prefeituras aplicaram
equivocadamente os recursos do fundo, para não proclamar outra coisa. Aliás, vale a pena registrar que o programa de distribuição de livros (uma iniciativa louvável)
teve incríveis tropeços, como o próprio reconhecimento do MEC de que um terço de 60 milhões de livros do programa Literatura em Casa jamais foi entregue aos alunos.
Quem fiscaliza isso, que é proveniente do dinheiro público?
Deseja-se que 20% das crianças que se encontram nas escolas públicas alcancem o sonhado tempo integral. Mas não se afirmou como. A realidade é que faltam
professores em quase todas as unidades da Federação. Se não são abertos concursos, qual é a mágica que se prevê?
Foi citada a sugestão de cursinhos pré-vestibulares gratuitos para alunos carentes. Idéia altamente discutível, pois o que se deseja é o aperfeiçoamento da educação
básica. O cursinho é um desvio dessa preocupação e poderá servir como facilitário indesejável. Deseja-se que os recursos para educação subam de R$ 66 bilhões para R$
93 bilhões ao ano, criando a possibilidade de evitar os malefícios da reprovação e da evasão.
Pensou-se num programa de valorização dos professores, na doação de livros para alunos de nível médio, na ampliação da nossa escolaridade de seis para 12 anos, na
unificação da gestão dos recursos humanos na educação, nos cuidados com a universidade pública (hoje, sucateada), no fortalecimento das escolas técnicas federais, na
ampliação da assistência ao pré-escolar (mais 4 milhões de vagas), na maior atenção aos alunos deficientes, na maior participação dos empresários no processo de
ensino/aprendizagem e numa articulação mais adequada entre os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Algumas ideias parecem sonhos. Muitas outras não. Dependem só da vontade política dos que detiverem o poder.
Arnaldo Niskier, 67, educador, é membro da Academia Brasileira de Letras e Conselheiro do Imae (Instituto Metropolitano de Altos Estudos).
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2009200210.htm)
Ainda sobre o excerto “Exemplo curioso é o do ensino médio.”, pode-se afirmar que o signo linguístico "o" funciona sintaticamente como
a) predicativo do sujeito.
b) complemento nominal.
c) objeto direto.
d) predicativo do objeto.
e) adjunto adnominal.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1018215
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de se alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida , por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento(a) e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica(b) e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma cultura(c). De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras
e Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa em
representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional de
Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios, uma
vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais, aprender
com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin;(d) ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização
social, ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a
experiência humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as
técnicas do corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos , as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociedade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida(e) nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido.
Assinale a alternativa em que q termo exerça, no texto, função sintática igual ao do sublinhado no trecho acima.
a) de conhecimento
b) da técnica
c) de uma cultura
d) do pensador francês Edgar Morin
e) da comida
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa tinha
tanta importância? Porque lá não havia espelhos.(a)
Nos dias de sol forte(b), era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos
de outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O
ritmo da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura
instável(c) que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados(d). A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida(e). Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao
longo da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
Assinale a alternativa em que o termo exerça, no texto, função sintática idêntica à de violência (linha 22)
a) espelhos
b) forte
c) instável
d) assassinados
e) fluida
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa tinha
tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte, era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos de
outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O ritmo
da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura instável
que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao longo
da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
a) objeto direto.
b) predicativo.
c) sujeito.
d) objeto indireto.
e) agente da passiva.
Texto associado
Acordando a amplidão
Na vastidão do oceano
A vitória imortal!
a) aposto.
b) sujeito.
c) adjunto adverbial
d) vocativo.
e) complemento verbal.
No ano passado, 194 policiais foram assassinados no país, e 63% deles eram negros.
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a ideia de que policiais são heróis os deixa mais vulneráveis e contribui para o aumento
no número de mortes.
“Eles tendem a reagir a qualquer situação por causa da ideia fantasiosa de que se é policial 24 horas por dia.”
Mesmo em um ano com menor circulação de pessoas nas ruas, devido à pandemia, a quantidade de mortes de agentes de segurança pública cresceu 13% no país em
relação a 2019.
Segundo o último anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 7 a cada 10 mortes ocorreram fora do horário de trabalho dos policiais. Eles foram mortos em
passeios, no trajeto de ida e volta da corporação ou quando faziam serviços paralelos, os ‘‘bicos’’, ilegais, mas realizados para complementar a renda.
“Entrei por querer estabilidade, depois me apaixonei pela profissão”, diz ele, que pediu para não ser identificado.
O PM criticou o treinamento dado pela corporação: ‘‘O policial acaba aprendendo na rua’’, diz. E reclamou da falta de apoio jurídico, do Estado, da sociedade e dos
superiores ao trabalho do policial.
Sobre o fato de negros serem as maiores vítimas da violência, ele descarta preconceito. Na sua visão, ocorre porque a maioria da população é de pessoas negras.
“Policial não escolhe criminoso.”
Para a socióloga Paula Poncioni, pesquisadora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), falhas de formação são um dos fatores que explicam o desempenho
policial. “Muitas vezes, há um currículo ajustado à matriz nacional, mas não há professores qualificados, as aulas são recheadas de preconceitos”, diz a autora de
“Tornar-se Policial’’ (Editora Appris).
A letalidade policial, para Poncioni, decorre de uma sociedade “muito violenta e muito hierárquica”. Ela afirma que a polícia mata mais no Brasil por representar o
pensamento geral da sociedade, refletido na composição dos governos que administram as polícias.
“A formação profissional está eivada de crenças, valores e preconceitos de um sistema de representação sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é mulher, o que
é o menor e o que é o negro”, aponta.
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, diz considerar a formação da polícia muito boa, mas ressalva que é preciso reforço. “Insistimos na
necessidade de ações formativas em direitos humanos. A qualificação e a requalificação permanente dos quadros da polícia são fundamentais, seja ela civil, militar ou
técnico-científica.”
Hoje, a matriz curricular que define as regras para a formação de policiais no Brasil está em sua segunda versão, editada em 2014, no governo Dilma Rousseff (PT).
Nela, o Ministério da Justiça orienta as ações formativas dos profissionais. Na grade dos cursos há, por exemplo, determinação para que os aspirantes tenham acesso a
um módulo de 14 horas de aulas sobre diversidade étnico-racial.
(Anelise Gonçalves, Marcelo Azevedo, Matheus Rocha, Paulo Eduardo Dias, Paulo Ricardo Martins e Vitor Soares.
O segmento Sobre o fato de negros serem as maiores vítimas da violência desempenha o papel sintático de
a) complemento nominal.
b) objeto indireto.
c) adjunto adverbial.
d) adjunto adnominal.
e) objeto direto.
Pensador desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante que o rodeava. Ao longo dos séculos, o pensamento chinês tem sido o
produto de uma variedade de influências, entre elas o budismo, o taoísmo e o marxismo. No entanto, uma tradição esteve acima de todas no pensamento chinês por
mais de dois milênios: as ideias do pensador Confúcio (551 a.C. a 479 a.C.).
Embora ele tenha chegado a simbolizar a filosofia chinesa, não teve muito sucesso em vida. Ele viveu durante uma época em que a China que conhecemos hoje era um
mosaico de pequenos reinos rivais. Confúcio desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante que o rodeava. Ele vagou de reino em
reino tentando persuadir os governantes a seguir seus ensinamentos, mas nunca conseguiu nada além de um cargo público de baixo escalão. No entanto, conseguiu um
grupo de seguidores dedicados, que transmitiu seus ensinamentos às gerações seguintes.
Apenas centenas de anos depois, durante a dinastia Han(a) (206 a.C. a 220 d.C.), o confucionismo, um sistema ético de comportamento e governo(b), tornou-se o norte
que definiria a cultura chinesa nos dois milênios seguintes. O confucionismo não é uma religião como tal. Ainda que Confúcio não negasse a existência de um mundo
espiritual, ele afirmou que era mais importante se concentrar neste mundo enquanto se estava nele.
Refletindo seu desgosto pela guerra, ele declarou que a ordem era um requisito fundamental na sociedade. Sustentar essa ordem era acreditar na importância das
relações hierárquicas. Os súditos tinham de obedecer a seus governantes, filhos a seus pais e esposas, a seus maridos. No entanto, Confúcio não queria que essa ordem
fosse imposta pela força. Ele achava que a sociedade deveria ser harmoniosa e as pessoas deveriam ser encorajadas em seu "autodesenvolvimento" para que pudessem
aproveitar ao máximo sua posição.
Segundo o pensamento de Confúcio, o estado moral de alguém não dependia de sua posição social. Era possível, e de fato bastante provável, que houvesse bons
camponeses ao mesmo tempo que um governante poderia ser perverso ou um aristocrata, cruel. O pensamento confucionista também se diferenciava do pensamento
moderno, na medida em que glorificava o passado e defendia a veneração da velhice. "Eu sigo o Zhou", disse Confúcio, referindo-se à antiga dinastia que foi considerada
uma "idade de ouro" perdida por gerações de governantes chineses.
No centro do confucionismo há um contrato social: os governados deviam lealdade aos governantes, mas os governantes que não se importavam com o bem-estar do
povo perderiam o "mandato do céu" e poderiam ser justamente derrubados. Confúcio nunca deu aos governantes uma licença para a opressão.
Ao participar do "li" (que é frequentemente traduzido como "ritual", mas na verdade significa algo como "comportamento apropriado"), os humanos provaram ser
civilizados, independentemente de sua origem, e podiam aspirar a se tornar "junzi" ("pessoas de integridade") ou mesmo "sheng" ("sábios")(c). Para isso, a educação era
fundamental.
O pensamento confucionista mudou imensamente com o tempo. O próprio Confúcio(d) provavelmente não teria reconhecido a maneira como suas ideias foram adaptadas
por governantes posteriores. Apesar da ênfase na ética e na harmonia como a melhor maneira de governar um país, os governantes chineses também garantiram o
monopólio do uso da força. Confúcio desaprovava a busca do lucro como um fim em si, mas da dinastia Song (960 d.C. a 1279 d.C.) em diante, a China viveu uma
revolução comercial, e no final do período imperial (1368 d.C. a 1912 d.C.) até a ideologia oficial rendeu-se à lógica do lucro.
O confucionismo não foi um conjunto monolítico de ideias por mais de 2.500 anos. No entanto, seus princípios básicos sustentaram o que significava ser chinês até
meados do século 19. A chegada de influências ocidentais, na forma de comerciantes de ópio e missionários, deu uma sacudida indesejada ao velho mundo do
pensamento confucionista. O pensamento moderno deixou sequelas profundas. O impacto do nacionalismo e do comunismo, e seu amor inerente pela novidade e pelo
progresso, em vez da reverência por uma era de ouro do passado, destruíram muitas das certezas do antigo mundo confucionista.
No entanto, essas ideias não desapareceram completamente. Na China contemporânea, o governo, que não está mais tão ligado à ideologia de Mao Tse-tung, está
buscando a tradição chinesa para encontrar um núcleo moral para o século 21. O "professor número um", Confúcio(e) , está novamente nos programas escolares. Os
valores de ordem, hierarquia e obrigação mútua permanecem tão atraentes no século 21 quanto no século 5 a.C.
Assinale a alternativa em que o termo indicado não exerça função sintática idêntica à de Confúcio.
a) Han
b) um sistema ético de comportamento e governo
c) ("sábios")
d) Confúcio
e) Confúcio
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Esta semana, no Rio de Janeiro, o povo Kuikuro do Alto Xingu vai dizer HEKITE KUATSANGE EGEI ENHÜGÜ (Seja bem-vindo!) para pesquisadores indígenas de todo o
mundo. De Papua-Nova Guiné, Kiribati, Sudão, Dominica, Uganda, Índia, Quênia e Colômbia, assim como das comunidades Guarani-Kaiowá, Tuxa, Baniwa e Tupinambá
do Brasil, povos indígenas se reúnem no Museu do Índio para refletir criticamente sobre como métodos indígenas de pesquisa são essenciais para entender os principais
problemas que o mundo enfrenta no século XXI.
Seja para abordar os desafios da mudança climática ou o racismo, a sustentabilidade ambiental ou a violência de gênero, a seca ou patrimônios culturais ameaçados, os
pesquisadores questionam como o conhecimento indígena pode ser ativado de forma efetiva como um recurso para desenvolvimento no futuro.
Pesquisadores do Sudão mostram como o conhecimento tradicional núbio pode informar decisões sobre agricultura sustentável. Uma pesquisadora do povo Emberá-
Chami demonstra a importância do conhecimento indígena(a) para a resolução de questões de deslocamento forçado na Colômbia ao lado de um pesquisador Acholi, que
examina soluções para a seca em Uganda.
Grandes questões. Respostas indígenas. Apesar de todos os impactos positivos dessas colaborações para pesquisas até agora, sabemos que o Brasil enfrenta questões
urgentes relacionadas à sua herança indígena e seu futuro. Esse seminário é uma chance para que o povo Kuikuro peça aos colegas indígenas que reflitam juntos sobre
como a pesquisa acadêmica pode proteger, preservar e promover o desenvolvimento sustentável para os povos indígenas do Brasil.
Pesquisadores foram convidados a vir ao país para perguntar e entender como esforços de pesquisa colaborativa podem promover a resiliência às atuais ameaças a
identidades, terras, águas e culturas indígenas.
Precisamos de metodologias indígenas de pesquisa para compreender a relação entre o desmatamento, a mudança climática, os ciclos de colheita e os rituais dos
calendários indígenas(b). Para resistir à municipalização da assistência médica indígena, é preciso haver pesquisas para examinar como manter um cuidadoso equilíbrio
entre conhecimentos indígenas e não indígenas. Já que os Kuikuro não podem mais beber a água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto tempo seus peixes
continuarão a alimentar as aldeias, à medida que toxinas agrícolas e industriais poluem seus afluentes ou o próprio rio é bloqueado por barragens hidrelétricas(c)?
Os debates começam sob os milhares de estrelas do céu do Xingu, no Planetário do Rio, enquanto se contemplam as cosmologias indígenas nas constelações de cada um
de nossos visitantes. Na sequência, haverá a busca de respostas para perguntas significativas. Como criar pesquisas equitativas, específicas a um contexto e sensíveis em
termos históricos, culturais e linguísticos? Como a coprodução de conhecimento entre pesquisadores indígenas e não indígenas pode superar desequilíbrios de poder
arraigados, sobre os quais nossos sistemas universitários de ensino e pesquisa(d) são construídos?
Os conselhos de pesquisa do Reino Unido reuniram colaboradores de doze projetos conduzidos por acadêmicos britânicos em parceria com pesquisadores indígenas de
várias partes do mundo para criar um novo conjunto de diretrizes para pesquisa em universidades britânicas. Financiado pelo Global Challenges Research Fund (GCRF) –
um investimento de 1,5 bilhão de libras por parte do governo do Reino Unido para criar parcerias que apoiem pesquisas de ponta para lidar com os principais desafios
enfrentados por países em desenvolvimento –, o seminário examina em que medida a pesquisa financiada pelo Reino Unido está sendo conduzida a partir do ponto de
vista indígena e busca propor como as universidades podem garantir uma estrutura ética para pesquisas que tragam benefícios diretos a povos indígenas. Acima de tudo,
vai questionar que tipo de pesquisa vale a pena conduzir e qual a melhor forma de realizá-la.
O povo Kuikuro e a Universidade Queen Mary de Londres colaboram em projetos de pesquisa financiados pelo GCRF desde 2016. Isso resultou em um programa de
residências artísticas organizado pelo povo Kuikuro na Aldeia Ipatse no Alto Xingu, que reuniu mais de 20 artistas de Londres, Madri e Rio de Janeiro.
Em contrapartida, Takumã fez um documentário que oferece uma reflexão crítica sobre modelos britânicos de multiculturalismo, e os Kuikuro colaboraram com o Museu
Hornimam, em Londres, para criar uma experiência imersiva da cultura do Xingu com o uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada(e).
Ao dar boas-vindas a nossos colegas de várias partes do mundo, vamos compartilhar muitas questões e esperamos ter algumas respostas. Vamos também contar
histórias e refletir sobre como as narrativas que precisamos contar e ouvir estão cada vez mais ameaçadas de extinção. Estamos nos reunindo para criar e mobilizar
conhecimentos.
Assinale a alternativa em que o termo apresente, no texto, função sintática idêntica à de “da assistência médica indígena”.
a) do conhecimento indígena
b) dos calendários indígenas
c) por barragens hidrelétricas
d) de ensino e pesquisa
e) de tecnologias de realidade virtual e aumentada
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CIDADANIA NO BRASIL
Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno, não de sua existência. A internacionalização do sistema capitalista, iniciada há séculos mas muito
acelerada pelos avanços tecnológicos recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm causado uma redução do poder dos Estados e uma mudança das
identidades nacionais existentes. As várias nações que compunham o antigo império soviético se transformaram em novos Estados-nação. No caso da Europa Ocidental,
os vários Estados-nação se fundem em um grande Estado multinacional. A redução do poder do Estado afeta a natureza dos antigos direitos, sobretudo dos direitos
políticos e sociais.
Se os direitos políticos significam participação no governo, uma diminuição no poder do governo reduz também a relevância do direito de participar. Por outro lado, a
ampliação da competição internacional coloca pressão sobre o custo da mão-de-obra e sobre as finanças estatais, o que acaba afetando o emprego e os gastos do
governo, do qual dependem os direitos sociais. Desse modo, as mudanças recentes têm recolocado em pauta o debate sobre o problema da cidadania, mesmo nos países
em que ele parecia estar razoavelmente resolvido.
Tudo isso mostra a complexidade do problema. O enfrentamento dessa complexidade pode ajudar a identificar melhor as pedras no caminho da construção democrática.
Não ofereço receita da cidadania. Também não escrevo para especialistas. Faço convite a todos os que se preocupam com a democracia para uma viagem pelos
caminhos tortuosos que a cidadania tem seguido no Brasil. Seguindo-lhe o percurso, o eventual companheiro ou companheira de jornada poderá desenvolver visão
própria do problema. Ao fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.
(http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/cidadania_brasil.pdf)
Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo
que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala
comum (*); parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.
Ainda sobre a locução “DOS EPITÁFIOS” pode-se afirmar que, sintaticamente, funciona como
Segunda vítima é mulher que foi baleada na cabeça, informa o Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS). País enfrenta onda de protestos pró e contra Maduro.
Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/05/02/ong-relata-
morte-de-mais-uma-pessoa-durante-protestos-na-venezuela.ghtml
No excerto do texto “ONG confirma segunda morte em conflitos na Venezuela”, pode-se afirmar que “na Venezuela” refere-se sintaticamente, com base no contexto e no
objetivo da notícia ao
a) signo “ONG”.
b) signo “confirma”.
c) signo “segunda”.
d) conectivo “em”.
e) signo “conflitos”.
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Há um país onde, diferentemente do que ocorre no Brasil, a justiça processa ex-presidentes conservadores, os condena por desvio de verbas e manda-os para a prisão.
Onde direita, extrema direita e protestantes fundamentalistas se consideram traídos por Donald Trump. Onde, em vez de questionar um acordo de desarmamento
nuclear, como aquele feito com o Irã, ou um tratado de mísseis de médio alcance, como com a Rússia, o presidente dos Estados Unidos parece querer resolver um
conflito que nenhum de seus predecessores conseguiu desatar. Incluindo o último, ainda que Nobel da Paz.
Sem dúvida isso está acontecendo no Extremo Oriente. Sem dúvida essa coisa é muito complicada para assumir uma posição no grande relato maniqueísta que molda e
distorce nossa visão do mundo. No entanto, como a situação global é bastante sombria, o discurso voluntarista e otimista do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, não
deveria ter passado despercebido. Em 26 de setembro, diante da Assembleia- Geral das Nações Unidas, ele lançou: “Um milagre aconteceu na Península da Coreia.”
Um milagre? Uma reviravolta completa, pelo menos. Ninguém se esqueceu da enxurrada de tuítes enraivecidos trocados há apenas um ano por Trump e o presidente
norte-coreano – “fogo e fúria”, o “grande botão” nuclear etc. A ex-embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, acaba de confessar que, em 2 de
setembro de 2017, para pressionar Pequim a agir junto à sua vizinha e aliada, ela acenou para sua contraparte chinesa com a ameaça de uma invasão norte-americana
da Coreia do Norte. Agora, Trump saúda a “coragem” do presidente Kim Jung-un, “um amigo”. E, durante um encontro republicano, ele até fingiu sentir “amor” por ele!
Os coreanos do Norte e do Sul avançam numa marcha forçada, aproveitando o alinhamento das estrelas: a direita sul-coreana está em frangalhos; o regime de
Pyongyang finalmente parece favorecer o desenvolvimento econômico do país; vilipendiada pelos democratas e pelos meios de comunicação norte-americanos por causa
de sua reaproximação, considerada imprudente, com a Coreia do Norte, a Casa Branca não vai admitir de bom grado que o maestro autoproclamado da “arte do acordo”
foi enganado por um velhaco maior que ele. Seja como for, se os Estados Unidos decidissem retornar ao “fogo e fúria”, a rápida deterioração de suas relações com
Pequim e Moscou praticamente impediria que a Rússia e a China os acompanhassem mais uma vez.
Nesse quadro geral, o desarmamento nuclear da Coreia não deve se tornar um pré-requisito para a realização de outros aspectos da negociação: suspensão de manobras
militares de ambos os lados, levantamento de sanções econômicas, tratado de paz. Porque Pyongyang nunca vai desistir de seu seguro de vida sem garantias fortes:
Trump não é eterno, nem a clemência de seus sentimentos… Outro motivo, ainda que paradoxal, para ser otimista quanto a um acordo nos próximos meses sobre um
conflito que já dura três quartos de século.
Assinale a alternativa em que o termo indicado não exerça função sintática idêntica à de do que ocorre no Brasil.
a) de médio alcance
b) de uma invasão norte-americana
c) da Coreia do Norte
d) por ele.
e) com a Coreia do Norte.
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O Brasil terminou a 13ª Olimpíada Internacional de Astronomia com três medalhas conquistadas e duas menções honrosas. O bom desempenho na disputa intelectual
foi um feito de Raul Basilides Gomes (17), de Fortaleza, Giovanna Girotto (16) e Luã de Souza Santos (17), de São Paulo, que garantiram três medalhas de bronze, e dos
estudantes de São Paulo, Lucas Shoji (16) e Bruna Junqueira de Almeida (16), com duas menções honrosas.
O evento aconteceu em Kszthely, na Hungria. Dos dias 2 a 10 deste mês, 254 estudantes de 47 países foram submetidos a provas práticas, teóricas e de análise de
dados. A competição reuniu um número recorde de delegações.
Para formar a equipe que competiu, foi necessário aplicar provas em todo o território nacional. Os cinco integrantes do time brasileiro tiveram que percorrer um longo
caminho na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) realizada em 2018. A seleção foi dividida em etapas: a primeira com mais de 100 mil inscritos, dos
quais 5,3 mil foram escolhidos para realizar uma prova online, então 150 participantes foram convocados para realizar uma prova presencial.
Mas os testes não pararam por aí. Na prova presencial, 30 jovens foram selecionados para fazer treinamentos intensivos classificatórios durante 1 semana com
astrônomos. Essa etapa aconteceu no primeiro semestre de 2019, e só então foi escolhida a equipe dos cinco.
No período “Para formar a equipe que competiu, foi necessário aplicar provas em todo o território nacional.” (l. 7), o trecho sublinhado é classificado, sintaticamente,
como
Pensador desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante que o rodeava. Ao longo dos séculos, o pensamento chinês tem sido o
produto de uma variedade de influências, entre elas o budismo, o taoísmo e o marxismo. No entanto, uma tradição esteve acima de todas no pensamento chinês por
mais de dois milênios: as ideias do pensador Confúcio (551 a.C. a 479 a.C.).
Embora ele tenha chegado a simbolizar a filosofia chinesa, não teve muito sucesso em vida. Ele viveu durante uma época em que a China que conhecemos hoje era um
mosaico de pequenos reinos rivais. Confúcio desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante que o rodeava. Ele vagou de reino em
reino tentando persuadir os governantes a seguir seus ensinamentos, mas nunca conseguiu nada além de um cargo público de baixo escalão. No entanto, conseguiu um
grupo de seguidores dedicados, que transmitiu seus ensinamentos às gerações seguintes.
Apenas centenas de anos depois, durante a dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.), o confucionismo, um sistema ético de comportamento e governo, tornou-se o norte que
definiria a cultura chinesa nos dois milênios seguintes. O confucionismo não é uma religião como tal. Ainda que Confúcio não negasse a existência de um mundo
espiritual, ele afirmou que era mais importante se concentrar neste mundo enquanto se estava nele.
Refletindo seu desgosto pela guerra, ele declarou que a ordem era um requisito fundamental na sociedade. Sustentar essa ordem era acreditar na importância das
relações hierárquicas. Os súditos tinham de obedecer a seus governantes, filhos a seus pais e esposas, a seus maridos. No entanto, Confúcio não queria que essa ordem
fosse imposta pela força. Ele achava que a sociedade deveria ser harmoniosa e as pessoas deveriam ser encorajadas em seu "autodesenvolvimento" para que pudessem
aproveitar ao máximo sua posição.
Segundo o pensamento de Confúcio, o estado moral de alguém não dependia de sua posição social. Era possível, e de fato bastante provável, que houvesse bons
camponeses ao mesmo tempo que um governante poderia ser perverso ou um aristocrata, cruel. O pensamento confucionista também se diferenciava do pensamento
moderno, na medida em que glorificava o passado e defendia a veneração da velhice. "Eu sigo o Zhou", disse Confúcio, referindo-se à antiga dinastia que foi considerada
uma "idade de ouro" perdida por gerações de governantes chineses.
No centro do confucionismo há um contrato social: os governados deviam lealdade aos governantes, mas os governantes que não se importavam com o bem-estar do
povo perderiam o "mandato do céu" e poderiam ser justamente derrubados. Confúcio nunca deu aos governantes uma licença para a opressão.
Ao participar do "li" (que é frequentemente traduzido como "ritual", mas na verdade significa algo como "comportamento apropriado"), os humanos provaram ser
civilizados, independentemente de sua origem, e podiam aspirar a se tornar "junzi" ("pessoas de integridade") ou mesmo "sheng" ("sábios"). Para isso, a educação era
fundamental.
O pensamento confucionista mudou imensamente com o tempo. O próprio Confúcio provavelmente não teria reconhecido a maneira como suas ideias foram adaptadas
por governantes posteriores. Apesar da ênfase na ética e na harmonia como a melhor maneira de governar um país, os governantes chineses também garantiram o
monopólio do uso da força. Confúcio desaprovava a busca do lucro como um fim em si, mas da dinastia Song (960 d.C. a 1279 d.C.) em diante, a China viveu uma
revolução comercial, e no final do período imperial (1368 d.C. a 1912 d.C.) até a ideologia oficial rendeu-se à lógica do lucro.
O confucionismo não foi um conjunto monolítico de ideias por mais de 2.500 anos. No entanto, seus princípios básicos sustentaram o que significava ser chinês até
meados do século 19. A chegada de influências ocidentais, na forma de comerciantes de ópio e missionários, deu uma sacudida indesejada ao velho mundo do
pensamento confucionista. O pensamento moderno deixou sequelas profundas. O impacto do nacionalismo e do comunismo, e seu amor inerente pela novidade e pelo
progresso, em vez da reverência por uma era de ouro do passado, destruíram muitas das certezas do antigo mundo confucionista.
No entanto, essas ideias não desapareceram completamente. Na China contemporânea, o governo, que não está mais tão ligado à ideologia de Mao Tse-tung, está
buscando a tradição chinesa para encontrar um núcleo moral para o século 21. O "professor número um", Confúcio, está novamente nos programas escolares. Os valores
de ordem, hierarquia e obrigação mútua permanecem tão atraentes no século 21 quanto no século 5 a.C.
Assinale
Ao verme
que
primeiro roeu as frias carnes
do meu cadáver
dedico
como saudosa lembrança
estas
Memórias Póstumas
(Machado de Assis)
a) desvio linguístico.
b) marcador textual sintático-semântico de restrição ao substantivo “verme”.
c) marcador exclusivo de não interrupção sintática.
d) marcador de ambiguidade sintática.
e) marcador de exageração semântica.
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Um dos requisitos para que uma pessoa escreva claramente é ler bastante, especialmente os textos clássicos. A recomendação é do professor de língua portuguesa
Pasquale Cipro Neto, idealizador do programa “Nossa língua portuguesa”, exibido pela TV Cultura. Pasquale, que é colunista do jornal Folha de São Paulo, esteve na
Unicamp na tarde desta terça-feira (25), onde ministrou palestra sobre o tema “Redação fluente e raciocínio: requisitos essenciais em textos acadêmicos”.
O convite para que Pasquale viesse à Universidade partiu do professor Celso Dal Re Carneiro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de
Ciências da Terra (PEHCT) do Instituto de Geociência (IG). A palestra foi apresentada no contexto da programação que comemora os 50 anos da Unicamp. De acordo
com Pasquale, os clássicos são sempre uma ótima referência para quem quer aprender a escrever bem, a despeito de seus autores serem brasileiros ou estrangeiros.
“Uma sociedade que despreza os clássicos é uma sociedade burra, seja ela acadêmica ou não. O Brasil, infelizmente, tem desprezado os clássicos. Muita gente acha que
para escrever bem basta ter o conhecimento linguístico do dia a dia, o que é uma tolice profunda. Além dos clássicos, é preciso ler outros textos: jornal, bula de remédio,
rótulo de sucrilhos etc. É fundamental estar informado de tudo o que for possível e compreender as linguagens todas. Obviamente, para escrever também é preciso
pensar. O exercício mental constante nos faz descobrir a concatenação mental das coisas e também das palavras, das frases, dos textos”.
Sobre o uso da internet como ferramenta para o exercício da leitura e da escrita, Pasquale citou o filósofo, linguista e escritor Umberto Eco, falecido em fevereiro deste
ano, que afirmou que a rede mundial de computadores deu voz aos imbecis. “A internet é muito mal utilizada, embora tenha tudo para ser uma ferramenta maravilhosa.
Ela é um arquivo monumental, mas as pessoas preferem, por exemplo, ler somente o título de um texto jornalístico – que muitas vezes é mal construído –, tirar
conclusões e já sair escrevendo o diabo”.
A linguagem da internet, disse Pasquale, é ótima para uma dada situação, mas as pessoas não podem achar que, ao dominar somente esse código, a vida estará
resolvida. “Não é possível escrever um texto acadêmico com a linguagem da internet. É preciso ter um guarda-roupa linguístico amplo. Não dá para achar que com uma
roupa apenas eu posso ir a todas as situações”.
https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2016/10/25/para-o-professor-pasquale-e-preciso-ler-para-escrever-bem
Ainda sob o excerto “Sobre o uso da internet como ferramenta para o exercício da leitura e da escrita, Pasquale citou o filósofo, linguista e escritor Umberto Eco, falecido
em fevereiro deste ano, que afirmou que a rede mundial de computadores deu voz aos imbecis.”, pode-se afirmar que as orações “falecido em fevereiro deste ano” e
“que afirmou ” possuem
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de se alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida , por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras e
Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa em
representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional de
Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios, uma
vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais, aprender
com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos , as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
A cultura, assim como a comida, por estar presente em diferentes dimensões da vida e das práticas sociais, cor o risco de, muitas vezes, ser deslocada a reetocada na
produção de conhecimento e na ação política.
Assinale a alternativa que apresente corretamente q valor semântico da oração sublinhada no trecho acima.
a) consequência
b) modo
c) concessão
d) causa
e) tempo
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa tinha
tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte, era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos de
outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O ritmo
da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura instável
que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao longo
da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
No entanto, uma vez que as pessoas participam da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito.
Assinale a alternativa que apresente corretamente o valor semântico da oração sublinhada no período acima.
a) explicação.
b) condição.
c) concessão
d) causa.
e) tempo.
Questão 70: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Orações reduzidas
TEXTO I PARA A QUESTÃO.
CIDADANIA NO BRASIL
Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno, não de sua existência. A internacionalização do sistema capitalista, iniciada há séculos mas muito
acelerada pelos avanços tecnológicos recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm causado uma redução do poder dos Estados e uma mudança das
identidades nacionais existentes. As várias nações que compunham o antigo império soviético se transformaram em novos Estados-nação. No caso da Europa Ocidental,
os vários Estados-nação se fundem em um grande Estado multinacional. A redução do poder do Estado afeta a natureza dos antigos direitos, sobretudo dos direitos
políticos e sociais.
Se os direitos políticos significam participação no governo, uma diminuição no poder do governo reduz também a relevância do direito de participar. Por outro lado, a
ampliação da competição internacional coloca pressão sobre o custo da mão-de-obra e sobre as finanças estatais, o que acaba afetando o emprego e os gastos do
governo, do qual dependem os direitos sociais. Desse modo, as mudanças recentes têm recolocado em pauta o debate sobre o problema da cidadania, mesmo nos países
em que ele parecia estar razoavelmente resolvido.
Tudo isso mostra a complexidade do problema. O enfrentamento dessa complexidade pode ajudar a identificar melhor as pedras no caminho da construção democrática.
Não ofereço receita da cidadania. Também não escrevo para especialistas. Faço convite a todos os que se preocupam com a democracia para uma viagem pelos
caminhos tortuosos que a cidadania tem seguido no Brasil. Seguindo-lhe o percurso, o eventual companheiro ou companheira de jornada poderá desenvolver visão
própria do problema. Ao fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.
(http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/cidadania_brasil.pdf)
Um dos requisitos para que uma pessoa escreva claramente é ler bastante, especialmente os textos clássicos. A recomendação é do professor de língua portuguesa
Pasquale Cipro Neto, idealizador do programa “Nossa língua portuguesa”, exibido pela TV Cultura. Pasquale, que é colunista do jornal Folha de São Paulo, esteve na
Unicamp na tarde desta terça-feira (25), onde ministrou palestra sobre o tema “Redação fluente e raciocínio: requisitos essenciais em textos acadêmicos”.
O convite para que Pasquale viesse à Universidade partiu do professor Celso Dal Re Carneiro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de
Ciências da Terra (PEHCT) do Instituto de Geociência (IG). A palestra foi apresentada no contexto da programação que comemora os 50 anos da Unicamp. De acordo
com Pasquale, os clássicos são sempre uma ótima referência para quem quer aprender a escrever bem, a despeito de seus autores serem brasileiros ou estrangeiros.
“Uma sociedade que despreza os clássicos é uma sociedade burra, seja ela acadêmica ou não. O Brasil, infelizmente, tem desprezado os clássicos. Muita gente acha que
para escrever bem basta ter o conhecimento linguístico do dia a dia, o que é uma tolice profunda. Além dos clássicos, é preciso ler outros textos: jornal, bula de remédio,
rótulo de sucrilhos etc. É fundamental estar informado de tudo o que for possível e compreender as linguagens todas. Obviamente, para escrever também é preciso
pensar. O exercício mental constante nos faz descobrir a concatenação mental das coisas e também das palavras, das frases, dos textos”.
Sobre o uso da internet como ferramenta para o exercício da leitura e da escrita, Pasquale citou o filósofo, linguista e escritor Umberto Eco, falecido em fevereiro deste
ano, que afirmou que a rede mundial de computadores deu voz aos imbecis. “A internet é muito mal utilizada, embora tenha tudo para ser uma ferramenta maravilhosa.
Ela é um arquivo monumental, mas as pessoas preferem, por exemplo, ler somente o título de um texto jornalístico – que muitas vezes é mal construído –, tirar
conclusões e já sair escrevendo o diabo”.
A linguagem da internet, disse Pasquale, é ótima para uma dada situação, mas as pessoas não podem achar que, ao dominar somente esse código, a vida estará
resolvida. “Não é possível escrever um texto acadêmico com a linguagem da internet. É preciso ter um guarda-roupa linguístico amplo. Não dá para achar que com uma
roupa apenas eu posso ir a todas as situações”.
https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2016/10/25/para-o-professor-pasquale-e-preciso-ler-para-escrever-bem
A respeito do excerto “Sobre o uso da internet como ferramenta para o exercício da leitura e da escrita, Pasquale citou o filósofo, linguista e escritor Umberto Eco,
falecido em fevereiro deste ano, que afirmou que a rede mundial de computadores deu voz aos imbecis.”, é correto afirmar que a ocorrência da vírgula após o termo
Umberto Eco justifica-se para introduzir
a) vocativo.
b) sujeito.
c) objeto direto.
d) dativo de posse.
e) adjunto adnominal oracional.
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TEXTO
O sol ainda nascendo, dou a volta pela Lagoa Rodrigo de Freitas (7.450 metros e 22 centímetros). Deslumbrante. Paro diante de uma placa da Prefeitura, feita com os
maiores cuidados técnicos, em bela tipografia, em português e inglês, naturalmente escrita por altos professores e, no longo período com que trabalham as burocracias,
vista e revista por engenheiros, psicólogos, enfim, por toda espécie e gênero de PhDs. Certo disso, leio, cheio do desejo de aprender, a história da lagoa e seus d’intorni,
environs, neighbourhood. Lá está escrito: “beleza cênica integrada aos contornos dos morros que a cerca (!).” Berro, no português mais castiço do manual do [jornal]
Globo: HELP! E, como isso não tem a menor importância, o sol continua nascendo no horizonte. Um luxo!
Com base na norma culta do português contemporâneo brasileiro, a vírgula após “Prefeitura” introduz
a) vocativo.
b) sujeito.
c) objeto direto.
d) adjunto adnominal oracional.
e) dativo de posse.
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Esta semana, no Rio de Janeiro, o povo Kuikuro do Alto Xingu vai dizer HEKITE KUATSANGE EGEI ENHÜGÜ (Seja bem-vindo!) para pesquisadores indígenas de todo o
mundo. De Papua-Nova Guiné, Kiribati, Sudão, Dominica, Uganda, Índia, Quênia e Colômbia, assim como das comunidades Guarani-Kaiowá, Tuxa, Baniwa e Tupinambá
do Brasil, povos indígenas se reúnem no Museu do Índio para refletir criticamente sobre como métodos indígenas de pesquisa são essenciais para entender os principais
problemas que o mundo enfrenta no século XXI.
Seja para abordar os desafios da mudança climática ou o racismo, a sustentabilidade ambiental ou a violência de gênero, a seca ou patrimônios culturais ameaçados, os
pesquisadores questionam como o conhecimento indígena pode ser ativado de forma efetiva como um recurso para desenvolvimento no futuro.
Pesquisadores do Sudão mostram como o conhecimento tradicional núbio pode informar decisões sobre agricultura sustentável. Uma pesquisadora do povo Emberá-
Chami demonstra a importância do conhecimento indígena para a resolução de questões de deslocamento forçado na Colômbia ao lado de um pesquisador Acholi, que
examina soluções para a seca em Uganda.
Grandes questões. Respostas indígenas. Apesar de todos os impactos positivos dessas colaborações para pesquisas até agora, sabemos que o Brasil enfrenta questões
urgentes relacionadas à sua herança indígena e seu futuro. Esse seminário é uma chance para que o povo Kuikuro peça aos colegas indígenas que reflitam juntos sobre
como a pesquisa acadêmica pode proteger, preservar e promover o desenvolvimento sustentável para os povos indígenas do Brasil.
Pesquisadores foram convidados a vir ao país para perguntar e entender como esforços de pesquisa colaborativa podem promover a resiliência às atuais ameaças a
identidades, terras, águas e culturas indígenas.
Precisamos de metodologias indígenas de pesquisa para compreender a relação entre o desmatamento, a mudança climática, os ciclos de colheita e os rituais dos
calendários indígenas. Para resistir à municipalização da assistência médica indígena, é preciso haver pesquisas para examinar como manter um cuidadoso equilíbrio entre
conhecimentos indígenas e não indígenas. Já que os Kuikuro não podem mais beber a água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto tempo seus peixes
continuarão a alimentar as aldeias, à medida que toxinas agrícolas e industriais poluem seus afluentes ou o próprio rio é bloqueado por barragens hidrelétricas?
Os debates começam sob os milhares de estrelas do céu do Xingu, no Planetário do Rio, enquanto se contemplam as cosmologias indígenas nas constelações de cada um
de nossos visitantes. Na sequência, haverá a busca de respostas para perguntas significativas. Como criar pesquisas equitativas, específicas a um contexto e sensíveis em
termos históricos, culturais e linguísticos? Como a coprodução de conhecimento entre pesquisadores indígenas e não indígenas pode superar desequilíbrios de poder
arraigados, sobre os quais nossos sistemas universitários de ensino e pesquisa são construídos?
Os conselhos de pesquisa do Reino Unido reuniram colaboradores de doze projetos conduzidos por acadêmicos britânicos em parceria com pesquisadores indígenas de
várias partes do mundo para criar um novo conjunto de diretrizes para pesquisa em universidades britânicas. Financiado pelo Global Challenges Research Fund (GCRF) –
um investimento de 1,5 bilhão de libras por parte do governo do Reino Unido para criar parcerias que apoiem pesquisas de ponta para lidar com os principais desafios
enfrentados por países em desenvolvimento –, o seminário examina em que medida a pesquisa financiada pelo Reino Unido está sendo conduzida a partir do ponto de
vista indígena e busca propor como as universidades podem garantir uma estrutura ética para pesquisas que tragam benefícios diretos a povos indígenas. Acima de tudo,
vai questionar que tipo de pesquisa vale a pena conduzir e qual a melhor forma de realizá-la.
O povo Kuikuro e a Universidade Queen Mary de Londres colaboram em projetos de pesquisa financiados pelo GCRF desde 2016. Isso resultou em um programa de
residências artísticas organizado pelo povo Kuikuro na Aldeia Ipatse no Alto Xingu, que reuniu mais de 20 artistas de Londres, Madri e Rio de Janeiro.
Em contrapartida, Takumã fez um documentário que oferece uma reflexão crítica sobre modelos britânicos de multiculturalismo, e os Kuikuro colaboraram com o Museu
Hornimam, em Londres, para criar uma experiência imersiva da cultura do Xingu com o uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada.
Ao dar boas-vindas a nossos colegas de várias partes do mundo, vamos compartilhar muitas questões e esperamos ter algumas respostas. Vamos também contar
histórias e refletir sobre como as narrativas que precisamos contar e ouvir estão cada vez mais ameaçadas de extinção. Estamos nos reunindo para criar e mobilizar
conhecimentos.
No primeiro parágrafo, ao empregar “esta semana”, são passadas informações indicadas pelo pronome. A esse respeito, assinale a alternativa correta.
a) O pronome tem valor anafórico, e o evento ocorrerá uma semana após a divulgação da notícia.
b) O pronome tem valor catafórico, e o evento ainda terá sua data definida, após a chegada dos convidados.
c) O pronome tem valor dêitico, e o evento envolverá possivelmente atividades no dia 24 de março de 2019.
d) O pronome tem valor anafórico, e o evento ainda terá sua data definida, após a chegada dos convidados.
e) O pronome tem valor dêitico, e o evento ocorrerá em alguma semana futura.
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Ao verme
que
primeiro roeu as frias carnes
do meu cadáver
dedico
como saudosa lembrança
estas
Memórias Póstumas
(Machado de Assis)
O elemento de coesão “que” possui, no texto, a função sintática idêntica ao do elemento sublinhado na sentença:
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de se alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida(a), por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática
sociais, corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura
no desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras e
Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN)(b), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa
em representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional de
Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios(c),
uma vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais,
aprender com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos(d), as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior do
conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível(e) - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
Assinale a alternativa em que o termo exerça função sintática igual à de Jesus Contreras.
Estudo sugere que metano em lua de Saturno pode ser indicativo de vida
A pequena Encélado encontrou uma “fosfina” para chamar de sua. Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas
plumas de água que são ejetadas da lua de Saturno(a) não pode ser explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo vida.
O resultado lembra muito as conclusões dos pesquisadores liderados por Jane Greaves,(b) da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas
nuvens de Vênus. Eles também não cravaram que era um sinal de vida, mas indicaram não conhecer mecanismo alternativo capaz de explicar as quantidades.
O novo estudo, liderado por Régis Ferrière, da Universidade do Arizona, nos EUA, e Stéphane Mazevet, da Universidade Paris Ciências & Letras, na França, foi publicado
na revista Nature Astronomy(c) e segue a trilha dos achados da sonda Cassini, que em 2017 causou furor ao cruzar as plumas e detectar nelas a presença de hidrogênio
molecular e metano.
Sabe-se que, sob a crosta congelada de Encélado, há um oceano de água líquida, em contato direto com um leito rochoso. É de lá que partem as plumas, ejetadas a
partir de fissuras no gelo. Na Terra, fumarolas no fundo do oceano são o lar de muitas formas de vida metanogênicas: elas consomem hidrogênio e despejam metano.
Na lua saturnina,(d) encontramos ambos, o que fez muitos evocarem o oceano subsuperficial como habitável. Mas daí a habitado são outros 500. Até porque há outros
processos de geração de metano que não envolvem formas de vida, como a interação de água com certos minerais, no processo conhecido como serpentinização.
O trabalho de Ferrière e Mazevet(e) consistiu em tentar determinar a origem do metano sem precisar ir até lá para checar.
Em vez disso, o grupo modelou matematicamente a probabilidade de que diferentes processos, dentre eles metanogênese biológica, ou seja, a produção de metano por
formas de vida, pudessem explicar o resultado colhido pela Cassini.
A pergunta central era: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos? E a resposta dos pesquisadores é “não” – mas só até onde sabemos. Eles
apontam que das duas uma: ou está rolando metanogênese por micróbios no interior de Encélado, ou há algum fenômeno desconhecido, sem igual na Terra, capaz de
gerar a substância.
Na soma dos resultados, podemos olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Por um lado, é empolgante que tenhamos já detectado compostos que podem sinalizar a
presença de vida em tantos astros (fosfina em Vênus, metano em Encélado e em Marte). Por outro lado, as conclusões são mais especulativas do que gostaríamos até o
momento. Para todos os casos, ainda é inteiramente possível, quiçá provável, que a explicação dispense atividade biológica. Em todos, o que falta são mais observações.
Será preciso enviar novas sondas até lá, se quisermos desfazer esses mistérios.
Assinale a alternativa em que o termo indicado desempenhe, no texto, função sintática igual à de Cassini (linha 9).
a) de Saturno
b) Jane Greaves
c) Nature Astronomy
d) saturnina
e) de Ferrière e Mazevet
No ano passado, 194 policiais foram assassinados no país, e 63% deles eram negros.
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a ideia de que policiais são heróis os deixa mais vulneráveis e contribui para o aumento
no número de mortes.
“Eles tendem a reagir a qualquer situação por causa da ideia fantasiosa de que se é policial(a) 24 horas por dia.”
Mesmo em um ano com menor circulação de pessoas nas ruas, devido à pandemia,(b) a quantidade de mortes de agentes de segurança pública cresceu 13% no país em
relação a 2019.
Segundo o último anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 7 a cada 10 mortes ocorreram fora do horário de trabalho dos policiais. Eles foram mortos em
passeios, no trajeto de ida e volta da corporação ou quando faziam serviços paralelos, os ‘‘bicos’’, ilegais, mas realizados para complementar a renda.
“Entrei por querer estabilidade, depois me apaixonei pela profissão”, diz ele, que pediu para não ser identificado.
O PM criticou o treinamento dado pela corporação:(c) ‘‘O policial acaba aprendendo na rua’’, diz. E reclamou da falta de apoio jurídico, do Estado, da sociedade e dos
superiores ao trabalho do policial.
Sobre o fato de negros serem as maiores vítimas da violência, ele descarta preconceito. Na sua visão, ocorre porque a maioria da população é de pessoas negras.
“Policial não escolhe criminoso.”
Para a socióloga Paula Poncioni, pesquisadora da UFRJ(d) (Universidade Federal do Rio de Janeiro), falhas de formação são um dos fatores que explicam o desempenho
policial. “Muitas vezes, há um currículo ajustado à matriz nacional, mas não há professores qualificados, as aulas são recheadas de preconceitos”, diz a autora de
“Tornar-se Policial’’ (Editora Appris).
A letalidade policial, para Poncioni, decorre de uma sociedade “muito violenta e muito hierárquica”. Ela afirma que a polícia mata mais no Brasil por representar o
pensamento geral da sociedade, refletido na composição dos governos que administram as polícias.
“A formação profissional está eivada de crenças, valores e preconceitos de um sistema de representação sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é mulher, o que
é o menor e o que é o negro”, aponta.
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, diz considerar a formação da polícia muito boa, mas ressalva que é preciso reforço. “Insistimos na
necessidade de ações formativas em direitos humanos. A qualificação e a requalificação permanente dos quadros da polícia são fundamentais, seja ela civil, militar ou
técnico-científica.”
Hoje, a matriz curricular que define as regras para a formação de policiais no Brasil está em sua segunda versão, editada em 2014,(e) no governo Dilma Rousseff (PT).
Nela, o Ministério da Justiça orienta as ações formativas dos profissionais. Na grade dos cursos há, por exemplo, determinação para que os aspirantes tenham acesso a
um módulo de 14 horas de aulas sobre diversidade étnico-racial.
(Anelise Gonçalves, Marcelo Azevedo, Matheus Rocha, Paulo Eduardo Dias, Paulo Ricardo Martins e Vitor Soares.
Assinale a alternativa em que o termo indicado desempenhe função sintática idêntica à de ilegais.
a) policial
b) devido à pandemia
c) dado pela corporação
d) pesquisadora da UFRJ
e) editada em 2014
O que fazer quando aquela classe faz o professor questionar a sua capacidade e prática docente
“A turma mais difícil é o 7º ano. Nunca tive alunos que me fizessem sentir tão vulnerável. Acho que desaprendi a ser professor.” Essas palavras foram ditas por um
colega muito experiente. Fiquei perplexo, pois ele é uma referência, querido pelos alunos e admirado pelos colegas; o tipo que sempre traz soluções. Levei um choque, e
sua fala me fez perceber que todos enfrentamos turmas que colocam em xeque nossa habilidade e experiência.
Quando percebemos que uma turma será muito difícil, é porque nosso repertório está se esgotando. Precisamos de outras saídas e, para chegar a elas, é fundamental
conversar com colegas, coordenação e direção. Um ótimo início é fazer uma análise aluno a aluno, buscando entender o que é do grupo e o que é individual. Uma vez
detectados quais os casos mais sérios, é importante definir encaminhamentos que toda a equipe realizará: em que situações alunos poderão ser excluídos da sala, por
exemplo? Em que casos pedir ajuda à direção? É muito importante que a equipe faça intervenções conjuntas e consistentes.
Os alunos percebem rapidamente quando estamos desarticulados e usam isso em seu enfrentamento: “Se a outra deixou, por que você não deixa?” Também é preciso
assumir nossa parcela de responsabilidade. Em que medida nossas aulas contribuem para gerar indisciplina? Ninguém propõe intencionalmente atividades que estimulam
o tumulto, mas é preciso reconhecer que algumas não funcionam com certas turmas. Pode ser um problema da nossa prática, mas também ser um choque entre ela e os
estudantes que, muitas vezes, estão imaturos para certas propostas. Nas classes difíceis que enfrentei, por exemplo, percebi que aulas expositivas são ruins, pois eram
gatilho para a distração. Aprendi, na marra, a reduzir esse tipo de aula para as inquietas. Turmas assim dão muito trabalho, mas também as maiores recompensas. Caso
os professores revejam suas práticas e se organizem como grupo para fazer intervenções consistentes, serão aquelas que ficarão na nossa memória e que nos farão
acreditar que contribuímos para a transformação dos nossos alunos.
Assinale a alternativa que exprima corretamente a função sintática do trecho grifado da oração “Os alunos percebem rapidamente quando estamos desarticulados”
retirada do Texto 1.
Transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência em
nossa saúde mental.
DIOGO RODRIGUEZ
Desde 2011 trabalho de maneira autônoma. Já contei aqui que sou jornalista freelancer; há alguns meses, estou me dedicando ao meu próprio negócio depois de
fazer um curso de empreendedorismo nos Estados Unidos. Faz muito tempo que não tenho emprego fixo.
Tenho uma forte suspeita de que foi durante esse período que comecei a “desenvolver” ansiedade generalizada e depressão. Antes, eu recebia um salário fixo e sabia
o quanto podia gastar no final do mês. Quando me tornei autônomo, tive de passar a conviver com a incerteza financeira.
É impossível saber o quanto você vai ganhar a cada mês. Isso teve várias consequências para mim. Com medo de não ganhar o suficiente, comecei a procurar por
trabalhos desesperadamente. Aceitava o que aparecesse, não importava a dificuldade da tarefa. Assim, fui me enchendo de coisas a fazer e prazos a cumprir. Para
conseguir dar conta de tudo, passei a trabalhar dez, às vezes 12 horas por dia. Nem os finais de semana escapavam mais porque sempre havia algo a ser feito.
Obviamente que o nível de ansiedade foi ao extremo e atrapalhou o resto de minha vida. Dormia menos, comia mal, pouco me divertia, estava sempre pensando em
trabalho e na necessidade de ganhar dinheiro. Aos poucos, fui me desgastando e perdendo a capacidade de prestar atenção aos detalhes.
Tanta pressão interna e externa fez a qualidade do meu trabalho cair. Perdi prazos, entreguei trabalhos de qualidade ruim. O resultado foi que pessoas que antes
confiavam em mim pararam de me chamar para trabalhar. A ansiedade por ter trabalho e ganhar dinheiro teve o efeito oposto. Não muito tempo depois de perceber isso,
resolvi procurar tratamento.
Por que estou falando disso? Bom, porque, como eu disse na coluna da semana passada, transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e
fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência. Hoje, diversas pesquisas conseguem mensurar o efeito que a insegurança
econômica causa em nós.
Faz todo sentido, não é? A ameaça da falta de dinheiro distorce nossa perspectiva de vida, colocando-nos numa espiral de incertezas. “Será que vou ter dinheiro para
pagar as contas? Será que vou conseguir trabalho? ” Isso tem um custo alto para a saúde mental.
A pesquisadora canadense Evelyn Forget conseguiu medir o impacto que as finanças têm na saúde mental. Professora da Universidade de Toronto, em 2011 ela
publicou um artigo chamado “A cidade sem pobreza: os efeitos de saúde de um experimento canadense de renda anual garantida” (tradução minha). De 1974 a 1979,
uma cidade da província de Manitoba, no Canadá, foi palco de uma experiência. O governo deu a todos os habitantes da cidade de Dauphin uma renda mínima anual.
Para cada dólar canadense que cada cidadão ganhava, o governo dava um adicional de 50 centavos.
Concluído há mais de 40 anos, o experimento só teve seus resultados revelados em 2011, por Evelyn Forget. Os dados ficaram esquecidos e nunca foram analisados.
A pesquisadora se surpreendeu com o que encontrou. De uma maneira geral, a saúde dos habitantes de Dauphin melhorou. Está incluída aí, é claro, a saúde mental. Sem
a pressão de ter que lutar pela mínima sobrevivência, as pessoas passaram a viver melhor, mostrou Forget.
Assinale a única alternativa que faça uma afirmação correta sobre as relações sintáticas existentes entre os termos do período citado a seguir: A pesquisadora canadense
Evelyn Forget conseguiu medir o impacto que as finanças têm na saúde mental. (l.23)
c) O trecho “medir o impacto que as finanças têm na saúde mental” exerce função de complemento direto do verbo “conseguir”.
d) Em “o impacto que as finanças têm na saúde mental.”, o trecho em destaque é objeto direto do verbo “ter”.
e) O trecho “o impacto que as finanças têm na saúde mental” exerce função de complemento indireto do verbo “conseguir”.
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
No trecho “Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada.”,
Ao verme
que
primeiro roeu as frias carnes
do meu cadáver
dedico
como saudosa lembrança
estas
Memórias Póstumas
(Machado de Assis)
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de te alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada indíviduo e na coletividade. A cultura, assim como a comida , por estar presente em diferentes dimensões da vida e das práticas
sociais, corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com isso, desconsidera-se a centralidade da cultura
no desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua inclusão nas poIíticas públicas (I)
O antropólogo Jesus Contreras e a antropóloga Mabel Gracia compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e
práticas. Pode ser herdada ou aprendida e está associada à alimentação compartilhada por indivíduos de uma cultura. De igual forma, a compartilharmos a uma cultura.
Contreras e Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções
autorizadas por determinada cultura.
Em diálogo com essa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase, a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo(II). Considera que a alimentação se expressa
em representações, envolvem escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construído. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional de
Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios, uma
vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais, aprender
com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê-la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela é fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos , as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.(III)
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida e a condição humana no seu
conjunto - ecossistema e biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo e nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
I. Com isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no desenvolvimento, que vai desde o surgimento da técnica o da linguagem à sua inclusão nas politicas
públicas. Neste período, o segmento sublinhado não poderia ter sua vírgula suprimida, sob pena de forte alteração de sentido .
Il. Em diálogo com essa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase e integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança
Alimentar Nutricional (FBESSAN). enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como adjetivo. Neste período, a vírgula
no segmento sublinhado se justifica porque é hipótese da conjunção coordenativa E com valor não aditivo.
III. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos, as crenças, a visão do mundo etc,. em que se retempera e se regenera a comunidade. Neste
período, se houvesse uma vírgula antes do “etc”, o trecho sofreria grande alteração de sentido.
Assinale
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa tinha
tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte, era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos de
outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O ritmo
da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura instável
que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao longo
da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo.
Assinale a alternativa que apresente pontuação igualmente correta para o período acima.
a) A beleza, é um dado social, definida na interação entre as pessoas e seus critérios mudam com o tempo.
b) A beleza é um dado social definida na interação entre as pessoas e seus critérios, mudam com o tempo.
c) A beleza é um dado social, definida na interação, entre as pessoas, e seus critérios mudam, com o tempo.
d) A beleza é um dado social – definida na interação entre as pessoas – e seus critérios mudam com o tempo.
e) A beleza é um dado social – definida na interação entre as pessoas –, e seus critérios mudam com o tempo.
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa tinha
tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte, era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos de
outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O ritmo
da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura instável
que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao longo
da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
A solução era saber de si pelos olhos de outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias,
precariedade material, busca de si.
O segmento sublinhado no excerto acima, em relação ao que é dito anteriormente, reproduz uma
a) explicação.
b) enumeração.
c) exemplificação.
d) explicitação.
e) exceção.
Pensador desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante que o rodeava. Ao longo dos séculos, o pensamento chinês tem sido o
produto de uma variedade de influências, entre elas o budismo, o taoísmo e o marxismo. No entanto, uma tradição esteve acima de todas no pensamento chinês por
mais de dois milênios: as ideias do pensador Confúcio (551 a.C. a 479 a.C.).
Embora ele tenha chegado a simbolizar a filosofia chinesa, não teve muito sucesso em vida. Ele viveu durante uma época em que a China que conhecemos hoje era um
mosaico de pequenos reinos rivais. Confúcio desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante que o rodeava. Ele vagou de reino em
reino tentando persuadir os governantes a seguir seus ensinamentos, mas nunca conseguiu nada além de um cargo público de baixo escalão. No entanto, conseguiu um
grupo de seguidores dedicados, que transmitiu seus ensinamentos às gerações seguintes.
Apenas centenas de anos depois, durante a dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.), o confucionismo, um sistema ético de comportamento e governo, tornou-se o norte que
definiria a cultura chinesa nos dois milênios seguintes. O confucionismo não é uma religião como tal. Ainda que Confúcio não negasse a existência de um mundo
espiritual, ele afirmou que era mais importante se concentrar neste mundo enquanto se estava nele.
Refletindo seu desgosto pela guerra, ele declarou que a ordem era um requisito fundamental na sociedade. Sustentar essa ordem era acreditar na importância das
relações hierárquicas. Os súditos tinham de obedecer a seus governantes, filhos a seus pais e esposas, a seus maridos. No entanto, Confúcio não queria que essa ordem
fosse imposta pela força. Ele achava que a sociedade deveria ser harmoniosa e as pessoas deveriam ser encorajadas em seu "autodesenvolvimento" para que pudessem
aproveitar ao máximo sua posição.
Segundo o pensamento de Confúcio, o estado moral de alguém não dependia de sua posição social. Era possível, e de fato bastante provável, que houvesse bons
camponeses ao mesmo tempo que um governante poderia ser perverso ou um aristocrata, cruel. O pensamento confucionista também se diferenciava do pensamento
moderno, na medida em que glorificava o passado e defendia a veneração da velhice. "Eu sigo o Zhou", disse Confúcio, referindo-se à antiga dinastia que foi considerada
uma "idade de ouro" perdida por gerações de governantes chineses.
No centro do confucionismo há um contrato social: os governados deviam lealdade aos governantes, mas os governantes que não se importavam com o bem-estar do
povo perderiam o "mandato do céu" e poderiam ser justamente derrubados. Confúcio nunca deu aos governantes uma licença para a opressão.
Ao participar do "li" (que é frequentemente traduzido como "ritual", mas na verdade significa algo como "comportamento apropriado"), os humanos provaram ser
civilizados, independentemente de sua origem, e podiam aspirar a se tornar "junzi" ("pessoas de integridade") ou mesmo "sheng" ("sábios"). Para isso, a educação era
fundamental.
O pensamento confucionista mudou imensamente com o tempo. O próprio Confúcio provavelmente não teria reconhecido a maneira como suas ideias foram adaptadas
por governantes posteriores. Apesar da ênfase na ética e na harmonia como a melhor maneira de governar um país, os governantes chineses também garantiram o
monopólio do uso da força. Confúcio desaprovava a busca do lucro como um fim em si, mas da dinastia Song (960 d.C. a 1279 d.C.) em diante, a China viveu uma
revolução comercial, e no final do período imperial (1368 d.C. a 1912 d.C.) até a ideologia oficial rendeu-se à lógica do lucro.
O confucionismo não foi um conjunto monolítico de ideias por mais de 2.500 anos. No entanto, seus princípios básicos sustentaram o que significava ser chinês até
meados do século 19. A chegada de influências ocidentais, na forma de comerciantes de ópio e missionários, deu uma sacudida indesejada ao velho mundo do
pensamento confucionista. O pensamento moderno deixou sequelas profundas. O impacto do nacionalismo e do comunismo, e seu amor inerente pela novidade e pelo
progresso, em vez da reverência por uma era de ouro do passado, destruíram muitas das certezas do antigo mundo confucionista.
No entanto, essas ideias não desapareceram completamente. Na China contemporânea, o governo, que não está mais tão ligado à ideologia de Mao Tse-tung, está
buscando a tradição chinesa para encontrar um núcleo moral para o século 21. O "professor número um", Confúcio, está novamente nos programas escolares. Os valores
de ordem, hierarquia e obrigação mútua permanecem tão atraentes no século 21 quanto no século 5 a.C.
Observe o seguinte período: “Os súditos tinham de obedecer a seus governantes, filhos a seus pais e esposas, a seus maridos.”
II. A construção estaria corretamente pontuada da seguinte maneira: Os súditos tinham de obedecer a seus governantes; filhos, a seus pais; e esposas, a seus
maridos.
Assinale
Há um país onde, diferentemente do que ocorre no Brasil, a justiça processa ex-presidentes conservadores, os condena por desvio de verbas e manda-os para a prisão.
Onde direita, extrema direita e protestantes fundamentalistas se consideram traídos por Donald Trump. Onde, em vez de questionar um acordo de desarmamento
nuclear, como aquele feito com o Irã, ou um tratado de mísseis de médio alcance, como com a Rússia, o presidente dos Estados Unidos parece querer resolver um
conflito que nenhum de seus predecessores conseguiu desatar. Incluindo o último, ainda que Nobel da Paz.
Sem dúvida isso está acontecendo no Extremo Oriente. Sem dúvida essa coisa é muito complicada para assumir uma posição no grande relato maniqueísta que molda e
distorce nossa visão do mundo. No entanto, como a situação global é bastante sombria, o discurso voluntarista e otimista do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, não
deveria ter passado despercebido. Em 26 de setembro, diante da Assembleia- Geral das Nações Unidas, ele lançou: “Um milagre aconteceu na Península da Coreia.”
Um milagre? Uma reviravolta completa, pelo menos. Ninguém se esqueceu da enxurrada de tuítes enraivecidos trocados há apenas um ano por Trump e o presidente
norte-coreano – “fogo e fúria”, o “grande botão” nuclear etc. A ex-embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, acaba de confessar que, em 2 de
setembro de 2017, para pressionar Pequim a agir junto à sua vizinha e aliada, ela acenou para sua contraparte chinesa com a ameaça de uma invasão norteamericana da
Coreia do Norte. Agora, Trump saúda a “coragem” do presidente Kim Jung-un, “um amigo”. E, durante um encontro republicano, ele até fingiu sentir “amor” por ele!
Os coreanos do Norte e do Sul avançam numa marcha forçada, aproveitando o alinhamento das estrelas: a direita sul-coreana está em frangalhos; o regime de
Pyongyang finalmente parece favorecer o desenvolvimento econômico do país; vilipendiada pelos democratas e pelos meios de comunicação norte-americanos por causa
de sua reaproximação, considerada imprudente, com a Coreia do Norte, a Casa Branca não vai admitir de bom grado que o maestro autoproclamado da “arte do acordo”
foi enganado por um velhaco maior que ele. Seja como for, se os Estados Unidos decidissem retornar ao “fogo e fúria”, a rápida deterioração de suas relações com
Pequim e Moscou praticamente impediria que a Rússia e a China os acompanhassem mais uma vez.
Nesse quadro geral, o desarmamento nuclear da Coreia não deve se tornar um pré-requisito para a realização de outros aspectos da negociação: suspensão de manobras
militares de ambos os lados, levantamento de sanções econômicas, tratado de paz. Porque Pyongyang nunca vai desistir de seu seguro de vida sem garantias fortes:
Trump não é eterno, nem a clemência de seus sentimentos… Outro motivo, ainda que paradoxal, para ser otimista quanto a um acordo nos próximos meses sobre um
conflito que já dura três quartos de século.
“Agora, Trump saúda a ‘coragem’ do presidente Kim Jung-un, ‘um amigo’. E, durante um encontro republicano, ele até fingiu sentir ‘amor’ por ele!”
Há um país onde, diferentemente do que ocorre no Brasil, a justiça processa ex-presidentes conservadores, os condena por desvio de verbas e manda-os para a prisão.
Onde direita, extrema direita e protestantes fundamentalistas se consideram traídos por Donald Trump. Onde, em vez de questionar um acordo de desarmamento
nuclear, como aquele feito com o Irã, ou um tratado de mísseis de médio alcance, como com a Rússia, o presidente dos Estados Unidos parece querer resolver um
conflito que nenhum de seus predecessores conseguiu desatar. Incluindo o último, ainda que Nobel da Paz.
Sem dúvida isso está acontecendo no Extremo Oriente. Sem dúvida essa coisa é muito complicada para assumir uma posição no grande relato maniqueísta que molda e
distorce nossa visão do mundo. No entanto, como a situação global é bastante sombria, o discurso voluntarista e otimista do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, não
deveria ter passado despercebido. Em 26 de setembro, diante da Assembleia- Geral das Nações Unidas, ele lançou: “Um milagre aconteceu na Península da Coreia.”
Um milagre? Uma reviravolta completa, pelo menos. Ninguém se esqueceu da enxurrada de tuítes enraivecidos trocados há apenas um ano por Trump e o presidente
norte-coreano – “fogo e fúria”, o “grande botão” nuclear etc. A ex-embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, acaba de confessar que, em 2 de
setembro de 2017, para pressionar Pequim a agir junto à sua vizinha e aliada, ela acenou para sua contraparte chinesa com a ameaça de uma invasão norte-
americana da Coreia do Norte. Agora, Trump saúda a “coragem” do presidente Kim Jung-un, “um amigo”. E, durante um encontro republicano, ele até fingiu sentir
“amor” por ele!
Os coreanos do Norte e do Sul avançam numa marcha forçada, aproveitando o alinhamento das estrelas: a direita sul-coreana está em frangalhos; o regime de
Pyongyang finalmente parece favorecer o desenvolvimento econômico do país; vilipendiada pelos democratas e pelos meios de comunicação norte-americanos por causa
de sua reaproximação, considerada imprudente, com a Coreia do Norte, a Casa Branca não vai admitir de bom grado que o maestro autoproclamado da “arte do acordo”
foi enganado por um velhaco maior que ele. Seja como for, se os Estados Unidos decidissem retornar ao “fogo e fúria”, a rápida deterioração de suas relações com
Pequim e Moscou praticamente impediria que a Rússia e a China os acompanhassem mais uma vez.
Nesse quadro geral, o desarmamento nuclear da Coreia não deve se tornar um pré-requisito para a realização de outros aspectos da negociação: suspensão de manobras
militares de ambos os lados, levantamento de sanções econômicas, tratado de paz. Porque Pyongyang nunca vai desistir de seu seguro de vida sem garantias fortes:
Trump não é eterno, nem a clemência de seus sentimentos… Outro motivo, ainda que paradoxal, para ser otimista quanto a um acordo nos próximos meses sobre um
conflito que já dura três quartos de século.
5 de novembro de 2018.)
“Os coreanos do Norte e do Sul avançam numa marcha forçada, aproveitando o alinhamento das estrelas: a direita sul-coreana está em frangalhos; o regime de
Pyongyang finalmente parece favorecer o desenvolvimento econômico do país...”
O trecho após os dois pontos, no período acima, em relação ao trecho anterior, estabelece uma relação de
a) enumeração.
b) exemplificação.
c) explicitação.
d) explicação.
e) contradição.
Arnaldo Niskier
Como é natural, os quatro principais candidatos à Presidência da República prometem mundos e fundos para o aperfeiçoamento da educação, nos seus quatro anos de
mandato. Não há exatamente preocupação se tudo caberá nesse período, relativamente curto, muito menos se haverá recursos financeiros para tantos sonhos. Como
estes ainda não pagam impostos, ninguém será punido se boa parte das promessas ficar na saudade. Não foi sempre assim? Exemplo curioso é o do ensino médio. De
repente, virou moda, na campanha. É certo que o número de alunos cresce em progressão geométrica, revelando interesse inusitado. Estamos perto dos 9 milhões de
jovens, que se formarão para um mercado de trabalho retraído. Consequência natural da política econômica de um governo que cita sempre JK, mas na prática está a
quilômetros de distância do que realizou o criador de Brasília. Fernando Henrique Cardoso deixará o governo devendo aproximadamente 3 milhões de empregos à nossa
sociedade. Injustificável.
Repito: sonhar não custa. Por iniciativa da Fiesp, do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) e da revista "Sentidos", coordenei um encontro sobre as propostas do
próximo governo federal para a educação, inclusão social e preparação de recursos humanos para o mercado de trabalho. Foram enviados representantes de alto nível
dos candidatos, resultando num debate extremamente oportuno e rico em sugestões.
Algumas das ideias serão aqui tratadas. Quem sabe, assim, poderão se transformar em compromissos de execução. A primeira delas refere-se à empregabilidade com
qualificação, o que depende da educação. Lembrou-se que, sob esse aspecto, deve-se respeitar o trabalho do "sistema S", que já formou milhões de jovens para o
complexo mercado de trabalho brasileiro. Como não se pode deixar de considerar, de forma positiva, os milhares de estágios proporcionados pelo CIEE, nesse processo.
Mas é preciso mais, retirando da nossa educação qualquer laivo de elitização.
Não pode dormir tranquila uma nação que tem 15 milhões de analfabetos puros e mais de 30 milhões de analfabetos funcionais. De que modo o mercado de trabalho
poderá absorver essa mão-de-obra, assim desqualificada, se as exigências do desenvolvimento científico e tecnológico são cada vez maiores?
No país das desigualdades, há um enorme abismo entre ricos e pobres em matéria de educação. Diferença que a quantidade não resolve. Universalizar sem dar qualidade
à educação tem pouco efeito sobre a nossa competitividade. Tem-se feito muito pouco para melhorar o trabalho dos professores e especialistas, no país inteiro. Precisam
ser mais bem formados, treinados, atualizados e remunerados de forma compatível com a dignidade humana.
Mesmo com a criação do Fundef, que foi um avanço, estamos longe de uma solução à altura do problema. Até porque 20% das nossas prefeituras aplicaram
equivocadamente os recursos do fundo, para não proclamar outra coisa. Aliás, vale a pena registrar que o programa de distribuição de livros (uma iniciativa louvável)
teve incríveis tropeços, como o próprio reconhecimento do MEC de que um terço de 60 milhões de livros do programa Literatura em Casa jamais foi entregue aos alunos.
Quem fiscaliza isso, que é proveniente do dinheiro público?
Deseja-se que 20% das crianças que se encontram nas escolas públicas alcancem o sonhado tempo integral. Mas não se afirmou como. A realidade é que faltam
professores em quase todas as unidades da Federação. Se não são abertos concursos, qual é a mágica que se prevê?
Foi citada a sugestão de cursinhos pré-vestibulares gratuitos para alunos carentes. Idéia altamente discutível, pois o que se deseja é o aperfeiçoamento da educação
básica. O cursinho é um desvio dessa preocupação e poderá servir como facilitário indesejável. Deseja-se que os recursos para educação subam de R$ 66 bilhões para R$
93 bilhões ao ano, criando a possibilidade de evitar os malefícios da reprovação e da evasão.
Pensou-se num programa de valorização dos professores, na doação de livros para alunos de nível médio, na ampliação da nossa escolaridade de seis para 12 anos, na
unificação da gestão dos recursos humanos na educação, nos cuidados com a universidade pública (hoje, sucateada), no fortalecimento das escolas técnicas federais, na
ampliação da assistência ao pré-escolar (mais 4 milhões de vagas), na maior atenção aos alunos deficientes, na maior participação dos empresários no processo de
ensino/aprendizagem e numa articulação mais adequada entre os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Algumas ideias parecem sonhos. Muitas outras não. Dependem só da vontade política dos que detiverem o poder.
Arnaldo Niskier, 67, educador, é membro da Academia Brasileira de Letras e Conselheiro do Imae (Instituto Metropolitano de Altos Estudos).
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2009200210.htm)
No excerto “Não há exatamente preocupação se tudo caberá nesse período, relativamente curto, muito menos se haverá recursos financeiros para tantos sonhos.”, o
advérbio "exatamente" pode ser intercalado,
Arnaldo Niskier
Como é natural, os quatro principais candidatos à Presidência da República prometem mundos e fundos para o aperfeiçoamento da educação, nos seus quatro anos de
mandato. Não há exatamente preocupação se tudo caberá nesse período, relativamente curto, muito menos se haverá recursos financeiros para tantos sonhos. Como
estes ainda não pagam impostos, ninguém será punido se boa parte das promessas ficar na saudade. Não foi sempre assim? Exemplo curioso é o do ensino médio. De
repente, virou moda, na campanha. É certo que o número de alunos cresce em progressão geométrica, revelando interesse inusitado. Estamos perto dos 9 milhões de
jovens, que se formarão para um mercado de trabalho retraído. Consequência natural da política econômica de um governo que cita sempre JK, mas na prática está a
quilômetros de distância do que realizou o criador de Brasília. Fernando Henrique Cardoso deixará o governo devendo aproximadamente 3 milhões de empregos à nossa
sociedade. Injustificável.
Repito: sonhar não custa. Por iniciativa da Fiesp, do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) e da revista "Sentidos", coordenei um encontro sobre as propostas do
próximo governo federal para a educação, inclusão social e preparação de recursos humanos para o mercado de trabalho. Foram enviados representantes de alto nível
dos candidatos, resultando num debate extremamente oportuno e rico em sugestões.
Algumas das ideias serão aqui tratadas. Quem sabe, assim, poderão se transformar em compromissos de execução. A primeira delas refere-se à empregabilidade com
qualificação, o que depende da educação. Lembrou-se que, sob esse aspecto, deve-se respeitar o trabalho do "sistema S", que já formou milhões de jovens para o
complexo mercado de trabalho brasileiro. Como não se pode deixar de considerar, de forma positiva, os milhares de estágios proporcionados pelo CIEE, nesse processo.
Mas é preciso mais, retirando da nossa educação qualquer laivo de elitização.
Não pode dormir tranquila uma nação que tem 15 milhões de analfabetos puros e mais de 30 milhões de analfabetos funcionais. De que modo o mercado de trabalho
poderá absorver essa mão-de-obra, assim desqualificada, se as exigências do desenvolvimento científico e tecnológico são cada vez maiores?
No país das desigualdades, há um enorme abismo entre ricos e pobres em matéria de educação. Diferença que a quantidade não resolve. Universalizar sem dar qualidade
à educação tem pouco efeito sobre a nossa competitividade. Tem-se feito muito pouco para melhorar o trabalho dos professores e especialistas, no país inteiro. Precisam
ser mais bem formados, treinados, atualizados e remunerados de forma compatível com a dignidade humana.
Mesmo com a criação do Fundef, que foi um avanço, estamos longe de uma solução à altura do problema. Até porque 20% das nossas prefeituras aplicaram
equivocadamente os recursos do fundo, para não proclamar outra coisa. Aliás, vale a pena registrar que o programa de distribuição de livros (uma iniciativa louvável)
teve incríveis tropeços, como o próprio reconhecimento do MEC de que um terço de 60 milhões de livros do programa Literatura em Casa jamais foi entregue aos alunos.
Quem fiscaliza isso, que é proveniente do dinheiro público?
Deseja-se que 20% das crianças que se encontram nas escolas públicas alcancem o sonhado tempo integral. Mas não se afirmou como. A realidade é que faltam
professores em quase todas as unidades da Federação. Se não são abertos concursos, qual é a mágica que se prevê?
Foi citada a sugestão de cursinhos pré-vestibulares gratuitos para alunos carentes. Idéia altamente discutível, pois o que se deseja é o aperfeiçoamento da educação
básica. O cursinho é um desvio dessa preocupação e poderá servir como facilitário indesejável. Deseja-se que os recursos para educação subam de R$ 66 bilhões para R$
93 bilhões ao ano, criando a possibilidade de evitar os malefícios da reprovação e da evasão.
Pensou-se num programa de valorização dos professores, na doação de livros para alunos de nível médio, na ampliação da nossa escolaridade de seis para 12 anos, na
unificação da gestão dos recursos humanos na educação, nos cuidados com a universidade pública (hoje, sucateada), no fortalecimento das escolas técnicas federais, na
ampliação da assistência ao pré-escolar (mais 4 milhões de vagas), na maior atenção aos alunos deficientes, na maior participação dos empresários no processo de
ensino/aprendizagem e numa articulação mais adequada entre os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Algumas ideias parecem sonhos. Muitas outras não. Dependem só da vontade política dos que detiverem o poder.
Arnaldo Niskier, 67, educador, é membro da Academia Brasileira de Letras e Conselheiro do Imae (Instituto Metropolitano de Altos Estudos).
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2009200210.htm)
No trecho “Mesmo com a criação do Fundef, que foi um avanço, estamos longe de uma solução à altura do problema.”, pode-se afirmar que, na oração “que foi um
avanço”, a vírgula
a) é facultativa, de modo que não há qualquer alteração sintático-semântica com a retirada das vírgulas.
b) é obrigatória, uma vez que a oração citada possui valor restritivo.
c) não é recomendável, pois a oração citada possui valor restritivo.
d) não é recomendável, porquanto a oração citada possui valor explicativo.
e) é obrigatória, em razão da natureza sintática e do objetivo comunicativo do escritor.
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Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
O excerto “Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa." trata-se de período composto por coordenação, sob a perspectiva da análise sintática do
período composto. Caso se faça, com manutenção da correção gramatical, a reescrita de tal excerto, em texto em prosa,
a) não se poderia inserir o sinal de vírgula antes da conjunção "e", pois os sujeitos das orações do período citado são idênticos.
b) poder-se-ia inserir o sinal de dois-pontos antes da conjunção "e", para que haja ideia de explicação.
c) poder-se-ia inserir o sinal de aspas na conjunção "porque", pois o efeito explicativo é irônico no texto.
d) poder-se-ia inserir o sinal de vírgula antes da conjunção "e", pois os sujeitos das orações do período citado são diferentes.
e) poder-se-ia inserir o sinal de ponto antes da conjunção “porque", pois o período encerra-se, no texto acima, na palavra "instante".
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CIDADANIA NO BRASIL
Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno, não de sua existência. A internacionalização do sistema capitalista, iniciada há séculos mas muito
acelerada pelos avanços tecnológicos recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm causado uma redução do poder dos Estados e uma mudança das
identidades nacionais existentes. As várias nações que compunham o antigo império soviético se transformaram em novos Estados-nação. No caso da Europa Ocidental,
os vários Estados-nação se fundem em um grande Estado multinacional. A redução do poder do Estado afeta a natureza dos antigos direitos, sobretudo dos direitos
políticos e sociais.
Se os direitos políticos significam participação no governo, uma diminuição no poder do governo reduz também a relevância do direito de participar. Por outro lado, a
ampliação da competição internacional coloca pressão sobre o custo da mão-de-obra e sobre as finanças estatais, o que acaba afetando o emprego e os gastos do
governo, do qual dependem os direitos sociais. Desse modo, as mudanças recentes têm recolocado em pauta o debate sobre o problema da cidadania, mesmo nos países
em que ele parecia estar razoavelmente resolvido.
Tudo isso mostra a complexidade do problema. O enfrentamento dessa complexidade pode ajudar a identificar melhor as pedras no caminho da construção democrática.
Não ofereço receita da cidadania. Também não escrevo para especialistas. Faço convite a todos os que se preocupam com a democracia para uma viagem pelos
caminhos tortuosos que a cidadania tem seguido no Brasil. Seguindo-lhe o percurso, o eventual companheiro ou companheira de jornada poderá desenvolver visão
própria do problema. Ao fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.
(http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/cidadania_brasil.pdf)
Em relação ao uso de vírgula, pode-se afirmar que, no trecho “Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno, não de sua existência.” a vírgula que
antecede o signo linguístico “profundidade” ocorre porque há
Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e com certeza, as
magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do
menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto,
traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente
com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu
tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas
graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
Ainda sob o excerto “Talvez os gatos são menos matreiros, e com certeza, as magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância.” e com base na norma
culta do português contemporâneo brasileiro, é correto afirmar que os sinais de vírgula em “..., e com certeza, ...” são
a) obrigatórios sintaticamente.
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de se alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida , por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras e
Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa em
representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional de
Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios, uma
vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais, aprender
com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos , as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
Considera que a alimentação se expressa em representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram às visões sobre a história e as tradições
alimentares.
Assinalo a alternativa em que, alterando-se o verbo do segmento sublinhado no período acima, NÃO se tenha mantido adequação à norma culta. Não leve em conta as
alterações de sentido.
Neologismo
Com base no poema de Manuel Bandeira e em seus conhecimentos sobre sintaxe, gênero poético e ortografia, pode-se afirmar que
a) a invenção a que se refere o autor dá-se por um processo de neologismo verbal, no qual o objeto direto, representado por um pronome oblíquo átono, é fundido
a um verbo, de modo a formar outro verbo de regência própria.
b) o sujeito do verbo inventar em “inventei (...) o verbo teodorar” é “verbo teodorar”.
c) os verbos “beijar” e “falar”, no texto, são transitivos diretos.
d) o verbo “inventar”, no texto, é intransitivo.
e) o pronome relativo “que”, em “que traduzem a ternura mais funda” funciona sintaticamente como objeto direto da oração adjetiva.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1041706
O Brasil terminou a 13ª Olimpíada Internacional de Astronomia com três medalhas conquistadas e duas menções honrosas. O bom desempenho na disputa intelectual
foi um feito de Raul Basilides Gomes (17), de Fortaleza, Giovanna Girotto (16) e Luã de Souza Santos (17), de São Paulo, que garantiram três medalhas de bronze, e dos
estudantes de São Paulo, Lucas Shoji (16) e Bruna Junqueira de Almeida (16), com duas menções honrosas.
O evento aconteceu em Kszthely, na Hungria. Dos dias 2 a 10 deste mês, 254 estudantes de 47 países foram submetidos a provas práticas, teóricas e de análise de
dados. A competição reuniu um número recorde de delegações.
Para formar a equipe que competiu, foi necessário aplicar provas em todo o território nacional. Os cinco integrantes do time brasileiro tiveram que percorrer um longo
caminho na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) realizada em 2018. A seleção foi dividida em etapas: a primeira com mais de 100 mil inscritos, dos
quais 5,3 mil foram escolhidos para realizar uma prova online, então 150 participantes foram convocados para realizar uma prova presencial.
Mas os testes não pararam por aí. Na prova presencial, 30 jovens foram selecionados para fazer treinamentos intensivos classificatórios durante 1 semana com
astrônomos. Essa etapa aconteceu no primeiro semestre de 2019, e só então foi escolhida a equipe dos cinco.
a) Raul Basilides Gomes (17), de Fortaleza, Giovanna Girotto (16) e Luã de Souza Santos (17), de São Paulo exibem com orgulho às suas medalhas, conquistadas na
13ª Olimpíada Internacional de Astronomia.
b) Todas as estudantes do Estado de São Paulo agradecem à Giovanna Girotto (16) por representá-las na 13ª Olimpíada Internacional de Astronomia.
c) Os cinco representantes brasileiros que foram à 13ª Olimpíada Internacional de Astronomia conquistaram 3 medalhas.
d) Os cinco representantes brasileiros superaram à uma seleção bastante criteriosa antes de participar da 13ª Olimpíada Internacional de Astronomia.
e) Durante uma semana, 30 jovens foram submetidos à treinamentos intensivos classificatórios antes da escolha da equipe que participou da 13ª Olimpíada
Internacional de Astronomia.
Arnaldo Niskier
Como é natural, os quatro principais candidatos à Presidência da República prometem mundos e fundos para o aperfeiçoamento da educação, nos seus quatro anos de
mandato. Não há exatamente preocupação se tudo caberá nesse período, relativamente curto, muito menos se haverá recursos financeiros para tantos sonhos. Como
estes ainda não pagam impostos, ninguém será punido se boa parte das promessas ficar na saudade. Não foi sempre assim? Exemplo curioso é o do ensino médio. De
repente, virou moda, na campanha. É certo que o número de alunos cresce em progressão geométrica, revelando interesse inusitado. Estamos perto dos 9 milhões de
jovens, que se formarão para um mercado de trabalho retraído. Consequência natural da política econômica de um governo que cita sempre JK, mas na prática está a
quilômetros de distância do que realizou o criador de Brasília. Fernando Henrique Cardoso deixará o governo devendo aproximadamente 3 milhões de empregos à nossa
sociedade. Injustificável.
Repito: sonhar não custa. Por iniciativa da Fiesp, do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) e da revista "Sentidos", coordenei um encontro sobre as propostas do
próximo governo federal para a educação, inclusão social e preparação de recursos humanos para o mercado de trabalho. Foram enviados representantes de alto nível
dos candidatos, resultando num debate extremamente oportuno e rico em sugestões.
Algumas das ideias serão aqui tratadas. Quem sabe, assim, poderão se transformar em compromissos de execução. A primeira delas refere-se à empregabilidade com
qualificação, o que depende da educação. Lembrou-se que, sob esse aspecto, deve-se respeitar o trabalho do "sistema S", que já formou milhões de jovens para o
complexo mercado de trabalho brasileiro. Como não se pode deixar de considerar, de forma positiva, os milhares de estágios proporcionados pelo CIEE, nesse processo.
Mas é preciso mais, retirando da nossa educação qualquer laivo de elitização.
Não pode dormir tranquila uma nação que tem 15 milhões de analfabetos puros e mais de 30 milhões de analfabetos funcionais. De que modo o mercado de trabalho
poderá absorver essa mão-de-obra, assim desqualificada, se as exigências do desenvolvimento científico e tecnológico são cada vez maiores?
No país das desigualdades, há um enorme abismo entre ricos e pobres em matéria de educação. Diferença que a quantidade não resolve. Universalizar sem dar qualidade
à educação tem pouco efeito sobre a nossa competitividade. Tem-se feito muito pouco para melhorar o trabalho dos professores e especialistas, no país inteiro. Precisam
ser mais bem formados, treinados, atualizados e remunerados de forma compatível com a dignidade humana.
Mesmo com a criação do Fundef, que foi um avanço, estamos longe de uma solução à altura do problema. Até porque 20% das nossas prefeituras aplicaram
equivocadamente os recursos do fundo, para não proclamar outra coisa. Aliás, vale a pena registrar que o programa de distribuição de livros (uma iniciativa louvável)
teve incríveis tropeços, como o próprio reconhecimento do MEC de que um terço de 60 milhões de livros do programa Literatura em Casa jamais foi entregue aos alunos.
Quem fiscaliza isso, que é proveniente do dinheiro público?
Deseja-se que 20% das crianças que se encontram nas escolas públicas alcancem o sonhado tempo integral. Mas não se afirmou como. A realidade é que faltam
professores em quase todas as unidades da Federação. Se não são abertos concursos, qual é a mágica que se prevê?
Foi citada a sugestão de cursinhos pré-vestibulares gratuitos para alunos carentes. Idéia altamente discutível, pois o que se deseja é o aperfeiçoamento da educação
básica. O cursinho é um desvio dessa preocupação e poderá servir como facilitário indesejável. Deseja-se que os recursos para educação subam de R$ 66 bilhões para R$
93 bilhões ao ano, criando a possibilidade de evitar os malefícios da reprovação e da evasão.
Pensou-se num programa de valorização dos professores, na doação de livros para alunos de nível médio, na ampliação da nossa escolaridade de seis para 12 anos, na
unificação da gestão dos recursos humanos na educação, nos cuidados com a universidade pública (hoje, sucateada), no fortalecimento das escolas técnicas federais, na
ampliação da assistência ao pré-escolar (mais 4 milhões de vagas), na maior atenção aos alunos deficientes, na maior participação dos empresários no processo de
ensino/aprendizagem e numa articulação mais adequada entre os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Algumas ideias parecem sonhos. Muitas outras não. Dependem só da vontade política dos que detiverem o poder.
Arnaldo Niskier, 67, educador, é membro da Academia Brasileira de Letras e Conselheiro do Imae (Instituto Metropolitano de Altos Estudos).
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2009200210.htm)
No trecho “Como é natural, os quatro principais candidatos à Presidência da República prometem mundos e fundos para o aperfeiçoamento da educação, nos seus quatro
anos de mandato.”, há uma passagem em que ocorre crase. Pode-se inferir, com base em pressupostos gramaticais, que o acento indicador de crase utilizado no texto
está bem empregado porque
a) há fusão da preposição "a", advinda do verbo "ser", com o artigo "a", determinante de "Presidência".
b) há fusão da preposição "a", advinda do nome "principais", com o artigo "a", determinante de "Presidência".
c) há fusão da preposição "a", advinda do nome "candidatos", com o pronome "a", determinante de "Presidência”.
d) há fusão da preposição "a", advinda do nome "candidatos", com o artigo "a", determinante de "Presidência".
e) há fusão da conjunção "a", advinda do nome "candidatos", com o artigo "a", determinante de "Presidência".
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Questão 97: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Crase
TEXTO II PARA A QUESTÃO.
Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto
egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na
vala comum (*); parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.
O trecho “(...) induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.” possui elemento linguístico marcado pelo acento indicativo de crase. Tal
acento é proveniente, no caso em tela, em razão da fusão do artigo “a” com a preposição “a”, a qual advém da regência do
a) verbo induzir.
b) verbo passar.
c) verbo arrancar.
d) nome homem.
e) nome sombra.
Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e com certeza, as
magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do
menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto,
traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente
com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu
tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas
graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
Com base na norma culta do português contemporâneo brasileiro, é correto afirmar que o acento indicador de crase no trecho “fui dizer à minha mãe” é
a) obrigatório.
b) apenas fonético.
c) facultativo.
d) impossível.
e) não recomendável contextualmente.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1065532
Com base em seus conhecimentos sobre sintaxe de harmonia entre verbo e sujeito (concordância verbal), pode-se afirmar que o sujeito
a) do verbo “partilhamos” é o signo “vício”, razão pela qual há desvio de concordância no texto.
b) de “partilhamos” é o pronome relativo “que”, razão pela qual há desvio de concordância no texto.
c) desinencial de “partilhamos” é o paradigma norteador da relação de concordância no excerto.
d) de “partilhamos’ é o signo linguístico “naturais”.
e) de “partilhamos” é “outro povo do norte da Europa”.
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O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, em
artigos cujo texto se reproduz, a seguir, quase na íntegra.
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do que ao indígena, se deve nossa extraordinária riqueza de
topônimos de procedência tupi. Mas admite-se sem convicção muito arraigada, pois parece evidente que uma população “primitiva”, ainda quando numerosa, tende
inevitavelmente a aceitar os padrões de seus dominadores mais eficazes.
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas a um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o de que os paulistas da era das bandeiras se valiam do
idioma tupi em seu trato civil e doméstico, exatamente como os dos nossos dias se valem do português.
Esse argumento E) funda-se, no entanto, em testemunhos precisos A) e que deixam pouco lugar a hesitações B), como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre voto
que proferiu acerca das dúvidas suscitadas C) pelos moradores de São Paulo em torno do espinhoso problema da administração do gentio. “É certo”, sustenta o grande
jesuíta, “que as famílias dos portuguezes e indios de São Paulo estão tão ligadas hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se criam mystica e domesticamente, e
a lingua que nas ditas familias se fala he a dos indios, e a portugueza a vão os meninos aprender à escola [...]’
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2, páginas 122 e 123, versão digital)
TEXTO
O sol ainda nascendo, dou a volta pela Lagoa Rodrigo de Freitas (7.450 metros e 22 centímetros). Deslumbrante. Paro diante de uma placa da Prefeitura, feita com os
maiores cuidados técnicos, em bela tipografia, em português e inglês, naturalmente escrita por altos professores e, no longo período com que trabalham as burocracias,
vista e revista por engenheiros, psicólogos, enfim, por toda espécie e gênero de PhDs. Certo disso, leio, cheio do desejo de aprender, a história da lagoa e seus d’intorni,
environs, neighbourhood. Lá está escrito: “beleza cênica integrada aos contornos dos morros que a cerca (!).” Berro, no português mais castiço do manual do [jornal]
Globo: HELP! E, como isso não tem a menor importância, o sol continua nascendo no horizonte. Um luxo!
Ainda sobre o excerto “Berro, no português mais castiço do manual do [jornal] Globo: HELP!” e com base na norma culta do português contemporâneo brasileiro,
é correto afirmar que a placa possui um desvio de natureza sintática, que gerou espanto no autor. Esse desvio foi em
a) grafia.
b) regência.
c) concordância.
d) topologia pronominal.
e) pontuação.
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Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de se alimentar(a) constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida, por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se(b) a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada(c) à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras
e Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa em
representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido(d). Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional
de Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios,
uma vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais,
aprender com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos, as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera(e) e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
a) se alimentar.
b) desconsidera-se
c) está associada
d) sendo construído
e) se retempera
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa tinha
tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte, era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos de
outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O ritmo
da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura instável
que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao longo
da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
Era dessa forma que os tutsis eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio.
I. É possível compreender que somente os hutus que defendiam o extermínio dos tutsis os chamavam de “baratas”, conforme o texto.
Assinale
Estudo sugere que metano em lua de Saturno pode ser indicativo de vida
A pequena Encélado encontrou uma “fosfina” para chamar de sua. Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas
plumas de água que são ejetadas da lua de Saturno não pode ser explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo vida.(a)
O resultado lembra muito as conclusões dos pesquisadores liderados por Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas nuvens
de Vênus.(b) Eles também não cravaram que era um sinal de vida, mas indicaram não conhecer mecanismo alternativo capaz de explicar as quantidades.
O novo estudo, liderado por Régis Ferrière, da Universidade do Arizona, nos EUA, e Stéphane Mazevet, da Universidade Paris Ciências & Letras, na França, foi publicado
na revista Nature Astronomy e segue a trilha dos achados da sonda Cassini, que em 2017 causou furor ao cruzar as plumas e detectar nelas a presença de hidrogênio
molecular e metano.(c)
Sabe-se que, sob a crosta congelada de Encélado, há um oceano de água líquida, em contato direto com um leito rochoso. É de lá que partem as plumas, ejetadas a
partir de fissuras no gelo.(d) Na Terra, fumarolas no fundo do oceano são o lar de muitas formas de vida metanogênicas: elas consomem hidrogênio e despejam
metano. Na lua saturnina, encontramos ambos, o que fez muitos evocarem o oceano subsuperficial como habitável. Mas daí a habitado são outros 500. Até porque há
outros processos de geração de metano que não envolvem formas de vida, como a interação de água com certos minerais, no processo conhecido como
serpentinização.
O trabalho de Ferrière e Mazevet consistiu em tentar determinar a origem do metano sem precisar ir até lá para checar.
Em vez disso, o grupo modelou matematicamente a probabilidade de que diferentes processos, dentre eles metanogênese biológica, ou seja, a produção de metano por
formas de vida, pudessem explicar o resultado colhido pela Cassini.
A pergunta central era: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos? E a resposta dos pesquisadores é “não” – mas só até onde sabemos. Eles
apontam que das duas uma: ou está rolando metanogênese por micróbios no interior de Encélado, ou há algum fenômeno desconhecido, sem igual na Terra, capaz de
gerar a substância.(e)
Na soma dos resultados, podemos olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Por um lado, é empolgante que tenhamos já detectado compostos que podem sinalizar a
presença de vida em tantos astros (fosfina em Vênus, metano em Encélado e em Marte). Por outro lado, as conclusões são mais especulativas do que gostaríamos até o
momento. Para todos os casos, ainda é inteiramente possível, quiçá provável, que a explicação dispense atividade biológica. Em todos, o que falta são mais observações.
Será preciso enviar novas sondas até lá, se quisermos desfazer esses mistérios.
Assinale a alternativa em que o período indicado, retirado do texto, NÃO apresente alguma estrutura em voz passiva.
a) Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas plumas de água que são ejetadas da lua de Saturno não pode ser
explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo vida.
b) O resultado lembra muito as conclusões dos pesquisadores liderados por Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas
nuvens de Vênus.
c) O novo estudo, liderado por Régis Ferrière, da Universidade do Arizona, nos EUA, e Stéphane Mazevet, da Universidade Paris Ciências & Letras, na França, foi
publicado na revista Nature Astronomy e segue a trilha dos achados da sonda Cassini, que em 2017 causou furor ao cruzar as plumas e detectar nelas a presença de
hidrogênio molecular e metano.
d) É de lá que partem as plumas, ejetadas a partir de fissuras no gelo.
e) Eles apontam que das duas uma: ou está rolando metanogênese por micróbios no interior de Encélado, ou há algum fenômeno desconhecido, sem igual na Terra,
capaz de gerar a substância.
O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, em
artigos cujo texto se reproduz, a seguir, quase na íntegra.
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do que ao indígena, se deve nossa extraordinária riqueza de
topônimos de procedência tupi. Mas admite-se sem convicção muito arraigada, pois parece evidente que uma população “primitiva”, ainda quando numerosa, tende
inevitavelmente a aceitar os padrões de seus dominadores mais eficazes.
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas a um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o de que os paulistas da era das bandeiras se valiam do
idioma tupi em seu trato civil e doméstico, exatamente como os dos nossos dias se valem do português.
Esse argumento funda-se, no entanto, em testemunhos precisos e que deixam pouco lugar a hesitações, como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre voto que
proferiu acerca das dúvidas suscitadas pelos moradores de São Paulo em torno do espinhoso problema da administração do gentio. “É certo”, sustenta o grande jesuíta,
“que as famílias dos portuguezes e indios de São Paulo estão tão ligadas hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se criam mystica e domesticamente, e a
lingua que nas ditas familias se fala he a dos indios, e a portugueza a vão os meninos aprender à escola [...]’
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2, páginas 122 e 123, versão digital)
Acerca das funções morfossintáticas do “se”, pode-se afirmar corretamente que, na sentença “Admite-se, em geral, (...)”, tal partícula indica
a) indeterminação do sujeito.
b) indeterminação do agente da ação verbal.
c) reflexividade.
d) reciprocidade.
e) metaforização.
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A mesma voz verbal de “cortou-se a sintaxe desse rio” pode ser encontrada em
Texto associado
Acordando a amplidão
Na vastidão do oceano
A vitória imortal!
a) anafórico.
b) dêitico.
c) catafórico.
d) epanafórico.
e) proléptico.
Estudo sugere que metano em lua de Saturno pode ser indicativo de vida
A pequena Encélado encontrou uma “fosfina” para chamar de sua. Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas
plumas de água que são ejetadas da lua de Saturno não pode ser explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo vida.
O resultado lembra muito as conclusões dos pesquisadores liderados por Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas nuvens
de Vênus. Eles também não cravaram que era um sinal de vida, mas indicaram não conhecer mecanismo alternativo capaz de explicar as quantidades.
O novo estudo, liderado por Régis Ferrière, da Universidade do Arizona, nos EUA, e Stéphane Mazevet, da Universidade Paris Ciências & Letras, na França, foi publicado
na revista Nature Astronomy e segue a trilha dos achados da sonda Cassini, que em 2017 causou furor ao cruzar as plumas e detectar nelas a presença de hidrogênio
molecular e metano.
Sabe-se que, sob a crosta congelada de Encélado, há um oceano de água líquida, em contato direto com um leito rochoso. É de lá que partem as plumas, ejetadas a
partir de fissuras no gelo. Na Terra, fumarolas no fundo do oceano são o lar de muitas formas de vida metanogênicas: elas consomem hidrogênio e despejam metano.
Na lua saturnina, encontramos ambos, o que fez muitos evocarem o oceano subsuperficial como habitável. Mas daí a habitado são outros 500. Até porque há outros
processos de geração de metano que não envolvem formas de vida, como a interação de água com certos minerais, no processo conhecido como serpentinização.
O trabalho de Ferrière e Mazevet consistiu em tentar determinar a origem do metano sem precisar ir até lá para checar.
Em vez disso, o grupo modelou matematicamente a probabilidade de que diferentes processos, dentre eles metanogênese biológica, ou seja, a produção de metano por
formas de vida, pudessem explicar o resultado colhido pela Cassini.
A pergunta central era: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos? E a resposta dos pesquisadores é “não” – mas só até onde sabemos. Eles
apontam que das duas uma: ou está rolando metanogênese por micróbios no interior de Encélado, ou há algum fenômeno desconhecido, sem igual na Terra, capaz de
gerar a substância.
Na soma dos resultados, podemos olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Por um lado, é empolgante que tenhamos já detectado compostos que podem sinalizar a
presença de vida em tantos astros (fosfina em Vênus, metano em Encélado e em Marte). Por outro lado, as conclusões são mais especulativas do que gostaríamos até o
momento. Para todos os casos, ainda é inteiramente possível, quiçá provável, que a explicação dispense atividade biológica. Em todos, o que falta são mais observações.
Será preciso enviar novas sondas até lá, se quisermos desfazer esses mistérios.
A pergunta central era: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos?
Assinale a alternativa em que, inserindo-se um pronome com valor catafórico, tenha-se mantido correção gramatical para o período acima.
a) A pergunta central era essa: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos?
b) A pergunta central era tal: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos?
c) A pergunta central era aquela: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos?
d) A pergunta central era esta: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos?
e) A pergunta central era a mesma: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos?
Esse líquido escuro e de cheiro forte se forma quando o lixo entra em decomposição, principalmente por causa da ação de bactérias. Tanto faz se o lixo é orgânico
(como restos de comida) ou inorgânico (como plástico ou vidro). Também chamada de lixiviado, a gosma pode surgir da umidade natural do detrito ou gerada por seu
apodrecimento, e é alimentada pela água da chuva.
Sua composição varia de acordo com o material descartado: geralmente contém nitrogênio e carbono, mas também pode incluir cobre, cobalto, cádmio, mercúrio e
outros metais pesados. Por isso, ele é muito mais prejudicial ao meio ambiente do que o esgoto.
Se o chorume de um aterro sanitário não for tratado corretamente, pode alcançar os lençóis freáticos e contaminar todo o ciclo da água do qual aquele aquífero faz
parte.
Fontes: Ipen, SuperBac e Portal Tratamento de Água. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-o-chorume dolixo/. Acesso em: 27/11/2019
No Texto 1, a expressão “a gosma” (l. 5-6) retoma o referente “chorume”, mencionado no título do texto. A este mecanismo de coesão textual damos o nome de
b) anáfora pronominal.
c) anáfora encapsuladora.
d) coesão por substituição.
e) coesão sequencial.
Esse líquido escuro e de cheiro forte se forma quando o lixo entra em decomposição, principalmente por causa da ação de bactérias. Tanto faz se o lixo é orgânico
(como restos de comida) ou inorgânico (como plástico ou vidro). Também chamada de lixiviado, a gosma pode surgir da umidade natural do detrito ou gerada por seu
apodrecimento, e é alimentada pela água da chuva.
Sua composição varia de acordo com o material descartado: geralmente contém nitrogênio e carbono, mas também pode incluir cobre, cobalto, cádmio, mercúrio e
outros metais pesados. Por isso, ele é muito mais prejudicial ao meio ambiente do que o esgoto.
Se o chorume de um aterro sanitário não for tratado corretamente, pode alcançar os lençóis freáticos e contaminar todo o ciclo da água do qual aquele aquífero faz
parte.
Fontes: Ipen, SuperBac e Portal Tratamento de Água. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-o-chorume dolixo/. Acesso em: 27/11/2019
Assinale a única alternativa que completa de maneira coesa e coerente o trecho extraído do Texto 1. “Se o chorume de um aterro sanitário não for tratado corretamente,
pode alcançar os lençóis freáticos e contaminar todo o ciclo da água do qual aquele aquífero faz parte.” (l. 14- 17)
a) Portanto é necessário evitar gastos com tratamento de esgoto e destinar os recursos públicos para a construção de novos aterros sanitários.
b) Por isso este tratamento jamais pode ser negligenciado pelo poder público, e nem mesmo as ações de saneamento básico devem tomar-lhe a primazia.
c) Contudo, o tratamento do esgoto é fundamental para a saúde da população, enquanto o tratamento do chorume diz respeito apenas aos aterros sanitários.
d) Apesar disso, a chance de um aterro sanitário produzir chorume suficiente para contaminar os lençóis freáticos é muito alta.
e) Em função disso, o investimento em saneamento básico deve ser maciço, pois quando o esgoto é tratado a produção de chorume nos aterros sanitários se torna
um problema de menor importância.
Arnaldo Niskier
Como é natural, os quatro principais candidatos à Presidência da República prometem mundos e fundos para o aperfeiçoamento da educação, nos seus quatro anos de
mandato. Não há exatamente preocupação se tudo caberá nesse período, relativamente curto, muito menos se haverá recursos financeiros para tantos sonhos. Como
estes ainda não pagam impostos, ninguém será punido se boa parte das promessas ficar na saudade. Não foi sempre assim? Exemplo curioso é o do ensino médio. De
repente, virou moda, na campanha. É certo que o número de alunos cresce em progressão geométrica, revelando interesse inusitado. Estamos perto dos 9 milhões de
jovens, que se formarão para um mercado de trabalho retraído. Consequência natural da política econômica de um governo que cita sempre JK, mas na prática está a
quilômetros de distância do que realizou o criador de Brasília. Fernando Henrique Cardoso deixará o governo devendo aproximadamente 3 milhões de empregos à nossa
sociedade. Injustificável.
Repito: sonhar não custa. Por iniciativa da Fiesp, do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) e da revista "Sentidos", coordenei um encontro sobre as propostas do
próximo governo federal para a educação, inclusão social e preparação de recursos humanos para o mercado de trabalho. Foram enviados representantes de alto nível
dos candidatos, resultando num debate extremamente oportuno e rico em sugestões.
Algumas das ideias serão aqui tratadas. Quem sabe, assim, poderão se transformar em compromissos de execução. A primeira delas refere-se à empregabilidade com
qualificação, o que depende da educação. Lembrou-se que, sob esse aspecto, deve-se respeitar o trabalho do "sistema S", que já formou milhões de jovens para o
complexo mercado de trabalho brasileiro. Como não se pode deixar de considerar, de forma positiva, os milhares de estágios proporcionados pelo CIEE, nesse processo.
Mas é preciso mais, retirando da nossa educação qualquer laivo de elitização.
Não pode dormir tranquila uma nação que tem 15 milhões de analfabetos puros e mais de 30 milhões de analfabetos funcionais. De que modo o mercado de trabalho
poderá absorver essa mão-de-obra, assim desqualificada, se as exigências do desenvolvimento científico e tecnológico são cada vez maiores?
No país das desigualdades, há um enorme abismo entre ricos e pobres em matéria de educação. Diferença que a quantidade não resolve. Universalizar sem dar qualidade
à educação tem pouco efeito sobre a nossa competitividade. Tem-se feito muito pouco para melhorar o trabalho dos professores e especialistas, no país inteiro. Precisam
ser mais bem formados, treinados, atualizados e remunerados de forma compatível com a dignidade humana.
Mesmo com a criação do Fundef, que foi um avanço, estamos longe de uma solução à altura do problema. Até porque 20% das nossas prefeituras aplicaram
equivocadamente os recursos do fundo, para não proclamar outra coisa. Aliás, vale a pena registrar que o programa de distribuição de livros (uma iniciativa louvável)
teve incríveis tropeços, como o próprio reconhecimento do MEC de que um terço de 60 milhões de livros do programa Literatura em Casa jamais foi entregue aos alunos.
Quem fiscaliza isso, que é proveniente do dinheiro público?
Deseja-se que 20% das crianças que se encontram nas escolas públicas alcancem o sonhado tempo integral. Mas não se afirmou como. A realidade é que faltam
professores em quase todas as unidades da Federação. Se não são abertos concursos, qual é a mágica que se prevê?
Foi citada a sugestão de cursinhos pré-vestibulares gratuitos para alunos carentes. Idéia altamente discutível, pois o que se deseja é o aperfeiçoamento da educação
básica. O cursinho é um desvio dessa preocupação e poderá servir como facilitário indesejável. Deseja-se que os recursos para educação subam de R$ 66 bilhões para R$
93 bilhões ao ano, criando a possibilidade de evitar os malefícios da reprovação e da evasão.
Pensou-se num programa de valorização dos professores, na doação de livros para alunos de nível médio, na ampliação da nossa escolaridade de seis para 12 anos, na
unificação da gestão dos recursos humanos na educação, nos cuidados com a universidade pública (hoje, sucateada), no fortalecimento das escolas técnicas federais, na
ampliação da assistência ao pré-escolar (mais 4 milhões de vagas), na maior atenção aos alunos deficientes, na maior participação dos empresários no processo de
ensino/aprendizagem e numa articulação mais adequada entre os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Algumas ideias parecem sonhos. Muitas outras não. Dependem só da vontade política dos que detiverem o poder.
Arnaldo Niskier, 67, educador, é membro da Academia Brasileira de Letras e Conselheiro do Imae (Instituto Metropolitano de Altos Estudos).
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2009200210.htm)
No excerto “Exemplo curioso é o do ensino médio.”, pode-se afirmar que o signo linguístico "o" funciona textualmente como elemento
a) modal textual.
b) expletivo.
c) fossilizado.
d) de coesão.
e) não remissivo.
Questão 112: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
TEXTO I PARA A QUESTÃO.
CIDADANIA NO BRASIL
Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno, não de sua existência. A internacionalização do sistema capitalista, iniciada há séculos mas muito
acelerada pelos avanços tecnológicos recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm causado uma redução do poder dos Estados e uma mudança das
identidades nacionais existentes. As várias nações que compunham o antigo império soviético se transformaram em novos Estados-nação. No caso da Europa Ocidental,
os vários Estados-nação se fundem em um grande Estado multinacional. A redução do poder do Estado afeta a natureza dos antigos direitos, sobretudo dos direitos
políticos e sociais.
Se os direitos políticos significam participação no governo, uma diminuição no poder do governo reduz também a relevância do direito de participar. Por outro lado, a
ampliação da competição internacional coloca pressão sobre o custo da mão-de-obra e sobre as finanças estatais, o que acaba afetando o emprego e os gastos do
governo, do qual dependem os direitos sociais. Desse modo, as mudanças recentes têm recolocado em pauta o debate sobre o problema da cidadania, mesmo nos países
em que ele parecia estar razoavelmente resolvido.
Tudo isso mostra a complexidade do problema. O enfrentamento dessa complexidade pode ajudar a identificar melhor as pedras no caminho da construção democrática.
Não ofereço receita da cidadania. Também não escrevo para especialistas. Faço convite a todos os que se preocupam com a democracia para uma viagem pelos
caminhos tortuosos que a cidadania tem seguido no Brasil. Seguindo-lhe o percurso, o eventual companheiro ou companheira de jornada poderá desenvolver visão
própria do problema. Ao fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.
(http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/cidadania_brasil.pdf)
Em "(...) o que acaba afetando o emprego e os gastos do governo, (...)" , percebe-se, do ponto de vista dos fatores de textualidade, que
Questão 113: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
TEXTO I PARA A QUESTÃO.
CIDADANIA NO BRASIL
Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno, não de sua existência. A internacionalização do sistema capitalista, iniciada há séculos mas muito
acelerada pelos avanços tecnológicos recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm causado uma redução do poder dos Estados e uma mudança das
identidades nacionais existentes. As várias nações que compunham o antigo império soviético se transformaram em novos Estados-nação. No caso da Europa Ocidental,
os vários Estados-nação se fundem em um grande Estado multinacional. A redução do poder do Estado afeta a natureza dos antigos direitos, sobretudo dos direitos
políticos e sociais.
Se os direitos políticos significam participação no governo, uma diminuição no poder do governo reduz também a relevância do direito de participar. Por outro lado, a
ampliação da competição internacional coloca pressão sobre o custo da mão-de-obra e sobre as finanças estatais, o que acaba afetando o emprego e os gastos do
governo, do qual dependem os direitos sociais. Desse modo, as mudanças recentes têm recolocado em pauta o debate sobre o problema da cidadania, mesmo nos países
em que ele parecia estar razoavelmente resolvido.
Tudo isso mostra a complexidade do problema. O enfrentamento dessa complexidade pode ajudar a identificar melhor as pedras no caminho da construção democrática.
Não ofereço receita da cidadania. Também não escrevo para especialistas. Faço convite a todos os que se preocupam com a democracia para uma viagem pelos
caminhos tortuosos que a cidadania tem seguido no Brasil. Seguindo-lhe o percurso, o eventual companheiro ou companheira de jornada poderá desenvolver visão
própria do problema. Ao fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.
(http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/cidadania_brasil.pdf)
Na passagem "Desse modo, as mudanças recentes têm recolocado em pauta o debate sobre o problema da cidadania, (...)” , o elemento “desse modo” marca a
sequenciação textual. Não haveria qualquer desvio gramatical e a ideia seria preservada, caso se substituísse o conectivo citado por
b) “eis que”.
d) “destarte”.
e) “posto que”.
Questão 114: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
TEXTO I PARA A QUESTÃO.
CIDADANIA NO BRASIL
Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno, não de sua existência. A internacionalização do sistema capitalista, iniciada há séculos mas muito
acelerada pelos avanços tecnológicos recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm causado uma redução do poder dos Estados e uma mudança das
identidades nacionais existentes. As várias nações que compunham o antigo império soviético se transformaram em novos Estados-nação. No caso da Europa Ocidental,
os vários Estados-nação se fundem em um grande Estado multinacional. A redução do poder do Estado afeta a natureza dos antigos direitos, sobretudo dos direitos
políticos e sociais.
Se os direitos políticos significam participação no governo, uma diminuição no poder do governo reduz também a relevância do direito de participar. Por outro lado, a
ampliação da competição internacional coloca pressão sobre o custo da mão-de-obra e sobre as finanças estatais, o que acaba afetando o emprego e os gastos do
governo, do qual dependem os direitos sociais. Desse modo, as mudanças recentes têm recolocado em pauta o debate sobre o problema da cidadania, mesmo nos países
em que ele parecia estar razoavelmente resolvido.
Tudo isso mostra a complexidade do problema. O enfrentamento dessa complexidade pode ajudar a identificar melhor as pedras no caminho da construção democrática.
Não ofereço receita da cidadania. Também não escrevo para especialistas. Faço convite a todos os que se preocupam com a democracia para uma viagem pelos
caminhos tortuosos que a cidadania tem seguido no Brasil. Seguindo-lhe o percurso, o eventual companheiro ou companheira de jornada poderá desenvolver visão
própria do problema. Ao fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.
(http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/cidadania_brasil.pdf)
No trecho “Tudo isso mostra a complexidade do problema.”, o elemento textual “isso” possui natureza de coesão
a) exclusivamente sequencial.
b) exofórica.
c) catafórica.
d) expletiva.
e) referencial anafórica.
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso
vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um
defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs
no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e
prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem
anúncios. Acresce que chovia — peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta
engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: — “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar
chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem
o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.
No excerto acima, a sentença linguística “Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.”
é reproduzida pelo narrador por meio do seguinte mecanismo:
a) performance
b) polissemia
c) intertextualidade
d) estruturação sintática
e) paralinguagem
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso
vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um
defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs
no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e
prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem
anúncios. Acresce que chovia — peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta
engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: — “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar
chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem
o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.
Na sentença linguística “tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado”, o elemento coesivo sublinhado possui natureza
a) dêitica.
b) anafórica.
c) catafórica.
d) expletiva.
e) exofórica.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1041698
TEXTO I
EPÍLOGO
TEXTO II
Esse texto é o epílogo, muito célebre, da peça teatral A resistível ascensão de Arturo Ui, no qual o dramaturgo se dirige aos espectadores. Escrita nos anos de 1940 e
revista durante a década de 1950, a peça tem como referências históricas a ascensão do nazifacismo na Europa e a Segunda Guerra Mundial. Assim, a “coisa” que “quase
chegou a governar o mundo”, de que fala o texto, remete ao projeto nazifacista de dominação, do qual são parte inseparável, além da mencionada guerra mundial,
também os programas de perseguição e de extermínio de minorias étnico-religiosas, de dissidentes políticos e de minorias sexuais, entre outros grupos. Essa conjugação
característica de violência e preconceito, gangsterismo e terror, regressão e barbárie é que o autor designou como “a coisa imunda”.
Com base em seus conhecimentos sobre funções comunicativas da linguagem, pode-se afirmar que o TEXTO II procura estabelecer com o TEXTO I a relação de
a) metalinguagem e referenciação.
b) poeticidade e paráfrase.
c) interdiscursividade e refutação.
d) hiponímia e espacialização.
e) hiperonímia e metaforização.
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TEXTO I
EPÍLOGO
TEXTO II
Esse texto é o epílogo, muito célebre, da peça teatral A resistível ascensão de Arturo Ui, no qual o dramaturgo se dirige aos espectadores. Escrita nos anos de 1940 e
revista durante a década de 1950, a peça tem como referências históricas a ascensão do nazifacismo na Europa e a Segunda Guerra Mundial. Assim, a “coisa” que “quase
chegou a governar o mundo”, de que fala o texto, remete ao projeto nazifacista de dominação, do qual são parte inseparável, além da mencionada guerra mundial,
também os programas de perseguição e de extermínio de minorias étnico-religiosas, de dissidentes políticos e de minorias sexuais, entre outros grupos. Essa conjugação
característica de violência e preconceito, gangsterismo e terror, regressão e barbárie é que o autor designou como “a coisa imunda”.
Com base nas relações de coesão textual, pode-se afirmar que, no TEXTO I, o remissivo “la”, em “dominá-la” possui referente textual
a) anafórico.
b) metonímico.
c) hiperonímico.
d) hiponímico.
e) catafórico.
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Um dos requisitos para que uma pessoa escreva claramente é ler bastante, especialmente os textos clássicos. A recomendação é do professor de língua portuguesa
Pasquale Cipro Neto, idealizador do programa “Nossa língua portuguesa”, exibido pela TV Cultura. Pasquale, que é colunista do jornal Folha de São Paulo, esteve na
Unicamp na tarde desta terça-feira (25), onde ministrou palestra sobre o tema “Redação fluente e raciocínio: requisitos essenciais em textos acadêmicos”.
O convite para que Pasquale viesse à Universidade partiu do professor Celso Dal Re Carneiro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de
Ciências da Terra (PEHCT) do Instituto de Geociência (IG). A palestra foi apresentada no contexto da programação que comemora os 50 anos da Unicamp. De acordo
com Pasquale, os clássicos são sempre uma ótima referência para quem quer aprender a escrever bem, a despeito de seus autores serem brasileiros ou estrangeiros.
“Uma sociedade que despreza os clássicos é uma sociedade burra, seja ela acadêmica ou não. O Brasil, infelizmente, tem desprezado os clássicos. Muita gente acha que
para escrever bem basta ter o conhecimento linguístico do dia a dia, o que é uma tolice profunda. Além dos clássicos, é preciso ler outros textos: jornal, bula de remédio,
rótulo de sucrilhos etc. É fundamental estar informado de tudo o que for possível e compreender as linguagens todas. Obviamente, para escrever também é preciso
pensar. O exercício mental constante nos faz descobrir a concatenação mental das coisas e também das palavras, das frases, dos textos”.
Sobre o uso da internet como ferramenta para o exercício da leitura e da escrita, Pasquale citou o filósofo, linguista e escritor Umberto Eco, falecido em fevereiro deste
ano, que afirmou que a rede mundial de computadores deu voz aos imbecis. “A internet é muito mal utilizada, embora tenha tudo para ser uma ferramenta maravilhosa.
Ela é um arquivo monumental, mas as pessoas preferem, por exemplo, ler somente o título de um texto jornalístico – que muitas vezes é mal construído –, tirar
conclusões e já sair escrevendo o diabo”.
A linguagem da internet, disse Pasquale, é ótima para uma dada situação, mas as pessoas não podem achar que, ao dominar somente esse código, a vida estará
resolvida. “Não é possível escrever um texto acadêmico com a linguagem da internet. É preciso ter um guarda-roupa linguístico amplo. Não dá para achar que com uma
roupa apenas eu posso ir a todas as situações”.
https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2016/10/25/para-o-professor-pasquale-e-preciso-ler-para-escrever-bem
Quanto à lógica de coesão de natureza referencial endofórica, presente no texto, é correto afirmar que há, para fazer remissão ao professor Pasquale, predominância de
remissivo por
a) pronominalização.
b) repetição.
c) adverbialização.
d) adjetivação.
e) numeralização.
Um dos requisitos para que uma pessoa escreva claramente é ler bastante, especialmente os textos clássicos. A recomendação é do professor de língua portuguesa
Pasquale Cipro Neto, idealizador do programa “Nossa língua portuguesa”, exibido pela TV Cultura. Pasquale, que é colunista do jornal Folha de São Paulo, esteve na
Unicamp na tarde desta terça-feira (25), onde ministrou palestra sobre o tema “Redação fluente e raciocínio: requisitos essenciais em textos acadêmicos”.
O convite para que Pasquale viesse à Universidade partiu do professor Celso Dal Re Carneiro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de
Ciências da Terra (PEHCT) do Instituto de Geociência (IG). A palestra foi apresentada no contexto da programação que comemora os 50 anos da Unicamp. De acordo
com Pasquale, os clássicos são sempre uma ótima referência para quem quer aprender a escrever bem, a despeito de seus autores serem brasileiros ou estrangeiros.
“Uma sociedade que despreza os clássicos é uma sociedade burra, seja ela acadêmica ou não. O Brasil, infelizmente, tem desprezado os clássicos. Muita gente acha que
para escrever bem basta ter o conhecimento linguístico do dia a dia, o que é uma tolice profunda. Além dos clássicos, é preciso ler outros textos: jornal, bula de remédio,
rótulo de sucrilhos etc. É fundamental estar informado de tudo o que for possível e compreender as linguagens todas. Obviamente, para escrever também é preciso
pensar. O exercício mental constante nos faz descobrir a concatenação mental das coisas e também das palavras, das frases, dos textos”.
Sobre o uso da internet como ferramenta para o exercício da leitura e da escrita, Pasquale citou o filósofo, linguista e escritor Umberto Eco, falecido em fevereiro deste
ano, que afirmou que a rede mundial de computadores deu voz aos imbecis. “A internet é muito mal utilizada, embora tenha tudo para ser uma ferramenta maravilhosa.
Ela é um arquivo monumental, mas as pessoas preferem, por exemplo, ler somente o título de um texto jornalístico – que muitas vezes é mal construído –, tirar
conclusões e já sair escrevendo o diabo”.
A linguagem da internet, disse Pasquale, é ótima para uma dada situação, mas as pessoas não podem achar que, ao dominar somente esse código, a vida estará
resolvida. “Não é possível escrever um texto acadêmico com a linguagem da internet. É preciso ter um guarda-roupa linguístico amplo. Não dá para achar que com uma
roupa apenas eu posso ir a todas as situações”.
https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2016/10/25/para-o-professor-pasquale-e-preciso-ler-para-escrever-bem
Ainda sob a perspectiva da organização textual, por meio da coesão, é correto afirmar que há, no texto, predominância de remissão ao professor Pasquale
a) catafórica.
b) exofórica.
c) expletiva.
d) dêitica.
e) anafórica.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1062283
Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e com certeza, as
magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do
menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto,
traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente
com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu
tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas
graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
Quanto à lógica de coesão de natureza referencial, é correto afirmar que o clítico “o” em “fustigava-o” possui como referente
a) Brás Cubas.
b) Prudêncio.
c) o pai de Brás Cubas.
d) o homem (constante do título).
e) o menino (constante do título).
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1065523
Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e com certeza, as
magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do
menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto,
traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente
com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu
tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas
graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
Ainda sob a perspectiva da organização textual por meio da coesão, é correto afirmar que o pronome “o” em “fustigava-o” possui natureza
a) catafórica.
b) exofórica.
c) expletiva.
d) dêitica.
e) anafórica.
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Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e com certeza, as
magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do
menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto,
traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente
com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu
tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas obedecia sem dizer
palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas
graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples
formalidade: em particular dava-me beijos.
O excerto “Talvez os gatos são menos matreiros, e com certeza, as magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância.” possui quebra intencional
de expectativa, sob a ótica da relação sintático-semântica, entre os termos
a) “menos” e “matreiros”.
b) “E” e “com certeza”.
c) “menos” e “inquietas”.
d) “eu” e “era”.
e) “talvez” e “são”.
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TEXTO
(A)
O sol ainda nascendo, dou a volta pela Lagoa Rodrigo de Freitas (7.450 metros e 22 centímetros). Deslumbrante. Paro diante de uma placa da Prefeitura, feita com
(B,E)
os maiores cuidados técnicos, em bela tipografia, em português e inglês, naturalmente escrita por altos professores e, no longo período com que trabalham as
(D,E) (C,E)
burocracias, vista e revista por engenheiros , psicólogos , enfim, por toda espécie e gênero de PhDs. Certo disso, leio, cheio do desejo de aprender, a história
da lagoa e seus d’intorni, environs, neighbourhood. Lá está escrito: “beleza cênica integrada aos contornos dos morros que a cerca (!).” Berro, no português mais castiço
do manual do [jornal] Globo: HELP! E, como isso não tem a menor importância, o sol continua nascendo no horizonte. Um luxo!
Quanto à lógica de coesão de natureza referencial endofórica, é correto afirmar que o sintagma “por toda espécie e gênero de PhDs” é remisso de
TEXTO
O sol ainda nascendo, dou a volta pela Lagoa Rodrigo de Freitas (7.450 metros e 22 centímetros). Deslumbrante. Paro diante de uma placa da Prefeitura, feita com os
maiores cuidados técnicos, em bela tipografia, em português e inglês, naturalmente escrita por altos professores e, no longo período com que trabalham as burocracias,
vista e revista por engenheiros, psicólogos, enfim, por toda espécie e gênero de PhDs. Certo disso, leio, cheio do desejo de aprender, a história da lagoa e seus d’intorni,
environs, neighbourhood. Lá está escrito: “beleza cênica integrada aos contornos dos morros que a cerca (!).” Berro, no português mais castiço do manual do [jornal]
Globo: HELP! E, como isso não tem a menor importância, o sol continua nascendo no horizonte. Um luxo!
Ainda sob a perspectiva da organização textual, é correto afirmar que a expressão “por toda espécie e gênero de PhDs” possui natureza
a) catafórica.
b) exofórica.
c) anafórica.
d) expletiva.
e) dêitica.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1065665
TEXTO
O sol ainda nascendo, dou a volta pela Lagoa Rodrigo de Freitas (7.450 metros e 22 centímetros). Deslumbrante. Paro diante de uma placa da Prefeitura, feita com os
maiores cuidados técnicos, em bela tipografia, em português e inglês, naturalmente escrita por altos professores e, no longo período com que trabalham as burocracias,
vista e revista por engenheiros, psicólogos, enfim, por toda espécie e gênero de PhDs. Certo disso, leio, cheio do desejo de aprender, a história da lagoa e seus d’intorni,
environs, neighbourhood. Lá está escrito: “beleza cênica integrada aos contornos dos morros que a cerca (!).” Berro, no português mais castiço do manual do [jornal]
Globo: HELP! E, como isso não tem a menor importância, o sol continua nascendo no horizonte. Um luxo!
O excerto “Berro, no português mais castiço do manual do [jornal] Globo: HELP!” possui quebra intencional de expectativa, sob a ótica da relação de coerência, entre
a) manual e Globo.
b) berro e português.
c) Globo e HELP.
d) mais e castiço.
e) português castiço e HELP.
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O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, em
artigos cujo texto se reproduz, a seguir, quase na íntegra.
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do que ao indígena, se deve nossa extraordinária riqueza de
topônimos de procedência tupi. Mas admite-se sem convicção muito arraigada, pois parece evidente que uma população “primitiva”, ainda quando numerosa, tende
inevitavelmente a aceitar os padrões de seus dominadores mais eficazes.
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas a um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o de que os paulistas da era das bandeiras se valiam do
idioma tupi em seu trato civil e doméstico, exatamente como os dos nossos dias se valem do português.
Esse argumento funda-se, no entanto, em testemunhos precisos e que deixam pouco lugar a hesitações, como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre voto que
proferiu acerca das dúvidas suscitadas pelos moradores de São Paulo em torno do espinhoso problema da administração do gentio. “É certo”, sustenta o grande jesuíta,
“que as famílias dos portuguezes e indios de São Paulo estão tão ligadas hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se criam mystica e domesticamente, e a
lingua que nas ditas familias se fala he a dos indios, e a portugueza a vão os meninos aprender à escola [...]’
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2, páginas 122 e 123, versão digital)
A passagem do texto de Padre Antônio Viera está grafada segundo preceitos de grafia que, na contemporaneidade, são considerados arcaísmos. Caso o texto fosse
grafado no padrão formal contemporâneo, poder-se-ia afirmar que a passagem “ligadas hoje humas ás outras”
Questão 128: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Linguagem formal e informal
TEXTO II PARA A QUESTÃO.
Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo
que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala
comum (*); parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.
Os estudos brasileiros de variação linguística descrevem variantes como a norma culta, a coloquial, a padrão etc. Com base nessa informação, pode-se afirmar que, na
passagem “Saí, afastando-me dos grupos (...)” , caso fossem ignoradas completamente as diferenças entre as normas acerca da sintaxe de colocação pronominal e
fossem observadas apenas as diferenças de normas com base em outra sintaxe, o trecho seria reescrito da seguinte forma, em variante coloquial da língua portuguesa:
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso
vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um
defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs
no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e
prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem
anúncios. Acresce que chovia — peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta
engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: — “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar
chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem
o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.
Conquanto a obra de Machado de Assis seja permeada da variante linguística culta da língua portuguesa, observam-se algumas marcas de oralidade, tais como em
“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte.”. A principal marca
de oralidade presente no texto, do ponto de vista do emprego das categorias gramaticais, é a utilização
a) coloquial do pretérito imperfeito do indicativo em substituição ao futuro do pretérito do indicativo, comum no Português Brasileiro Contemporâneo.
b) de sintaxe estranha ao Português Brasileiro Contemporâneo.
c) de acentuação gráfica estranha ao Português Brasileiro Contemporâneo.
d) de pontuação estranha ao Português Brasileiro Contemporâneo.
e) de recursos de interdiscursividade, comuns no Português Brasileiro Contemporâneo.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1041693
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso
vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um
defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs
no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e
prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem
anúncios. Acresce que chovia — peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta
engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: — “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar
chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem
o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.
No texto acima, a sentença “Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos...” possui o seguinte recurso linguístico:
a) antonomásia
b) anacoluto
c) modalização
d) catacrese
e) paronomásia
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O poema caracteriza-se por um acúmulo de metáforas que se referem ao mesmo objeto. Assinale a alternativa que apresenta a melhor definição a esse recurso
linguístico.
a) metonímia
b) anástrofe
c) alegoria
d) sinédoque
e) paródia
b) “Que nada! As cordas d'água mais deliram, e Maria, torneira desatada, mais se dilata em sua chuvarada.”
d) “Eu lhe dizia em vão - pois que Maria quanto mais eu rogava, mais chovia.”
e) “Choveu tanto Maria em minha casa que a correnteza forte criou asa”
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
O texto acima pertence ao gênero literário poema. Nesse tipo de gênero, há - em algumas situações (como ocorre no texto apresentado) - a predominância da função de
linguagem
a) conativa.
b) apelativa.
c) referencial.
d) fática.
e) emotiva.
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O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, em
artigos cujo texto se reproduz, a seguir, quase na íntegra.
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do que ao indígena, se deve nossa extraordinária riqueza de
topônimos de procedência tupi. Mas admite-se sem convicção muito arraigada, pois parece evidente que uma população “primitiva”, ainda quando numerosa, tende
inevitavelmente a aceitar os padrões de seus dominadores mais eficazes.
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas a um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o de que os paulistas da era das bandeiras se valiam do
idioma tupi em seu trato civil e doméstico, exatamente como os dos nossos dias se valem do português.
Esse argumento funda-se, no entanto, em testemunhos precisos e que deixam pouco lugar a hesitações, como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre voto que
proferiu acerca das dúvidas suscitadas pelos moradores de São Paulo em torno do espinhoso problema da administração do gentio. “É certo”, sustenta o grande jesuíta,
“que as famílias dos portuguezes e indios de São Paulo estão tão ligadas hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se criam mystica e domesticamente, e a
lingua que nas ditas familias se fala he a dos indios, e a portugueza a vão os meninos aprender à escola [...]’
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2, páginas 122 e 123, versão digital)
a) emotiva, exclusivamente.
b) poética, com profundas marcas metafóricas.
c) metalinguística, volta à linguagem de dicionário sociológico.
d) fática, embasada nos anacolutos.
e) referencial, embora com algumas marcas de modalização.
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Há um país onde, diferentemente do que ocorre no Brasil, a justiça processa ex-presidentes conservadores, os condena por desvio de verbas e manda-os para a prisão.
Onde direita, extrema direita e protestantes fundamentalistas se consideram traídos por Donald Trump. Onde, em vez de questionar um acordo de desarmamento
nuclear, como aquele feito com o Irã, ou um tratado de mísseis de médio alcance, como com a Rússia, o presidente dos Estados Unidos parece querer resolver um
conflito que nenhum de seus predecessores conseguiu desatar. Incluindo o último, ainda que Nobel da Paz.
Sem dúvida isso está acontecendo no Extremo Oriente. Sem dúvida essa coisa é muito complicada para assumir uma posição no grande relato maniqueísta que molda e
distorce nossa visão do mundo. No entanto, como a situação global é bastante sombria, o discurso voluntarista e otimista do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, não
deveria ter passado despercebido. Em 26 de setembro, diante da Assembleia- Geral das Nações Unidas, ele lançou: “Um milagre aconteceu na Península da Coreia.”
Um milagre? Uma reviravolta completa, pelo menos. Ninguém se esqueceu da enxurrada de tuítes enraivecidos trocados há apenas um ano por Trump e o presidente
norte-coreano – “fogo e fúria”, o “grande botão” nuclear etc. A ex-embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, acaba de confessar que, em 2 de
setembro de 2017, para pressionar Pequim a agir junto à sua vizinha e aliada, ela acenou para sua contraparte chinesa com a ameaça de uma invasão norte-
americana da Coreia do Norte. Agora, Trump saúda a “coragem” do presidente Kim Jung-un, “um amigo”. E, durante um encontro republicano, ele até fingiu sentir
“amor” por ele!
Os coreanos do Norte e do Sul avançam numa marcha forçada, aproveitando o alinhamento das estrelas: a direita sul-coreana está em frangalhos; o regime de
Pyongyang finalmente parece favorecer o desenvolvimento econômico do país; vilipendiada pelos democratas e pelos meios de comunicação norte-americanos por causa
de sua reaproximação, considerada imprudente, com a Coreia do Norte, a Casa Branca não vai admitir de bom grado que o maestro autoproclamado da “arte do acordo”
foi enganado por um velhaco maior que ele. Seja como for, se os Estados Unidos decidissem retornar ao “fogo e fúria”, a rápida deterioração de suas relações com
Pequim e Moscou praticamente impediria que a Rússia e a China os acompanhassem mais uma vez.
Nesse quadro geral, o desarmamento nuclear da Coreia não deve se tornar um pré-requisito para a realização de outros aspectos da negociação: suspensão de manobras
militares de ambos os lados, levantamento de sanções econômicas, tratado de paz. Porque Pyongyang nunca vai desistir de seu seguro de vida sem garantias fortes:
Trump não é eterno, nem a clemência de seus sentimentos… Outro motivo, ainda que paradoxal, para ser otimista quanto a um acordo nos próximos meses sobre um
“Ninguém se esqueceu da enxurrada de tuítes enraivecidos trocados há apenas um ano por Trump e o presidente nortecoreano – ‘fogo e fúria’, o ‘grande botão’ nuclear
etc.”
II. A retirada do SE do período não provoca alteração de sentido nem constitui inadequação à norma culta.
III. A posição do SE no período poderia ser enclítica, sem constituir violação à norma culta da língua.
Assinale
Questão 136: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Partícula "se"
TEXTO I PARA A QUESTÃO.
CIDADANIA NO BRASIL
Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno, não de sua existência. A internacionalização do sistema capitalista, iniciada há séculos mas muito
acelerada pelos avanços tecnológicos recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm causado uma redução do poder dos Estados e uma mudança das
identidades nacionais existentes. As várias nações que compunham o antigo império soviético se transformaram em novos Estados-nação. No caso da Europa Ocidental,
os vários Estados-nação se fundem em um grande Estado multinacional. A redução do poder do Estado afeta a natureza dos antigos direitos, sobretudo dos direitos
políticos e sociais.
Se os direitos políticos significam participação no governo, uma diminuição no poder do governo reduz também a relevância do direito de participar. Por outro lado, a
ampliação da competição internacional coloca pressão sobre o custo da mão-de-obra e sobre as finanças estatais, o que acaba afetando o emprego e os gastos do
governo, do qual dependem os direitos sociais. Desse modo, as mudanças recentes têm recolocado em pauta o debate sobre o problema da cidadania, mesmo nos países
em que ele parecia estar razoavelmente resolvido.
Tudo isso mostra a complexidade do problema. O enfrentamento dessa complexidade pode ajudar a identificar melhor as pedras no caminho da construção democrática.
Não ofereço receita da cidadania. Também não escrevo para especialistas. Faço convite a todos os que se preocupam com a democracia para uma viagem pelos
caminhos tortuosos que a cidadania tem seguido no Brasil. Seguindo-lhe o percurso, o eventual companheiro ou companheira de jornada poderá desenvolver visão
própria do problema. Ao fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.
(http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/cidadania_brasil.pdf)
Ainda sobre o trecho “Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno, não de sua existência.” , pode-se afirmar que a partícula “se” trata-se de
CIDADANIA NO BRASIL
Discorda-se da extensão, profundidade e rapidez do fenômeno, não de sua existência. A internacionalização do sistema capitalista, iniciada há séculos mas muito
acelerada pelos avanços tecnológicos recentes, e a criação de blocos econômicos e políticos têm causado uma redução do poder dos Estados e uma mudança das
identidades nacionais existentes. As várias nações que compunham o antigo império soviético se transformaram em novos Estados-nação. No caso da Europa Ocidental,
os vários Estados-nação se fundem em um grande Estado multinacional. A redução do poder do Estado afeta a natureza dos antigos direitos, sobretudo dos direitos
políticos e sociais.
Se os direitos políticos significam participação no governo, uma diminuição no poder do governo reduz também a relevância do direito de participar. Por outro lado, a
ampliação da competição internacional coloca pressão sobre o custo da mão-de-obra e sobre as finanças estatais, o que acaba afetando o emprego e os gastos do
governo, do qual dependem os direitos sociais. Desse modo, as mudanças recentes têm recolocado em pauta o debate sobre o problema da cidadania, mesmo nos países
em que ele parecia estar razoavelmente resolvido.
Tudo isso mostra a complexidade do problema. O enfrentamento dessa complexidade pode ajudar a identificar melhor as pedras no caminho da construção democrática.
Não ofereço receita da cidadania. Também não escrevo para especialistas. Faço convite a todos os que se preocupam com a democracia para uma viagem pelos
caminhos tortuosos que a cidadania tem seguido no Brasil. Seguindo-lhe o percurso, o eventual companheiro ou companheira de jornada poderá desenvolver visão
própria do problema. Ao fazê-lo, estará exercendo sua cidadania.
(http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/cidadania_brasil.pdf)
A partícula “se” possui, na Língua Portuguesa, várias funções morfossintáticas e vários significados. Sobre tal partícula, presente neste trecho do texto "Se os direitos
políticos significam participação no governo, uma diminuição no poder do governo reduz também a relevância do direito de participar." , pode-se afirmar que se trata de
X
Juiz de Direito
No gênero textual sentença, apresentado acima, a utilização das partículas “se” possui função textual de indicar
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de se alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida, por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que(a) vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras e
Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa em
representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que(b) mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que(c) o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional
de Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios,
uma vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais,
aprender com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos, as crenças, a visão de mundo etc., em que(d) se retempera e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que(e) entendem por cultura alimentar,
bem como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e
das ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
Assinale a alternativa em que o QUE seja classificado de forma distinta da das demais.
a) que vai
b) que mostram
c) que o sentido político
d) em que se retempera
e) do que entendem
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito(a). Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa
tinha tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte, era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos de
outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura(b) de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O
ritmo da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos(c), uma espécie de moldura
instável que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados(d) pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado
condizente com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que
800 mil pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao longo
da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu(e). Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
Assinale a alternativa em que o QUE, no texto, se classifique de forma distinta da das demais alternativas.
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Questão 142: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Vocábulo "que"
Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto
egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na
vala comum (*); parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.
O trecho “(...) uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.” é constituído de
duas partículas “que”. Sobre tais partículas, pode-se afirmar que têm
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de se alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida, por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras e
Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa em
representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional de
Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios, uma
vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais, aprender
com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos, as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
A respeito das inferências possíveis com a leitura do texto, analise as afirmativas a seguir:
I. Ao se compartilhar uma cultura, a tendência do ser humano é se guiar por suas preferências pelo que é “autorizado”, como ocorre com a comida.
II. As preferências alimentares possibilitam realizar uma leitura de como o homem vê o seu mundo e sua história.
IlI. A estratégia de colocar a cultura e a comida no centro das políticas públicas representa um viés de libertação da história de segregação dos povos via
alimentação.
Assinale
A respeito da leitura Interpretativa do quadrinho acima, sem efetuar extrapolações, analise as afirmativas a seguir:
I. A esposa está aproveitando para confessar que havia um cara pelado no armário.
III. À resposta da esposa deixa a entender que ela não havia acreditado na fala do marido.
Assinale
a) A fala do marido apresenta uma oposição entre o fato de estar no bar e não beber cerveja.
b) A fala da esposa apresenta um elemento condicional, hipotético.
c) A forma “eu te juro” marca registro Informal, coloquial, adequado à circunstância doméstica de comunicação e ao grau de Intimidade entre os dois.
d) As falas se referem a ambientes diferentes: bar e casa; a ação no momento das falas ocorre naquela espaço.
e) Hã um paralelismo entra as falas dos dois, com a fala da esposa refutando a fala do marido com relativo sarcasmo.
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa tinha
tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte, era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos de
outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O ritmo
da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura instável
que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao longo
da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
Assinale a alternativa que indique corretamente uma ideia extraída do texto por inferência, por correta interpretação, e não por extrapolação.
a) Os habitantes de Gitagata, como não podiam usufruir das tardes de domingo com lazer ou diversão, certamente por questões de conflito social, procuravam a
mãe de Mukasonga para se informarem.
b) Como não havia espelhos, os habitantes de Gitagata não podiam se avaliar se eram bonitos ou não, de acordo com um padrão socialmente aceito na época; por
isso, dependiam da “consulta” a Stefania.
c) Embora houvesse provavelmente uma divisão étnica em Ruanda antes da chegada dos brancos, essa constatação só se deu depois que foi identificada a origem
bíblica dos tutsis.
d) Como a poça d’água não fornecia uma imagem nítida do rosto dos habitantes de Gitagata, a solução era contar com a opinião alheia, e a visão dos europeus foi
fundamental para ratificar a opinião da sociedade, por se tratar de um olhar estrangeiro.
e) O país viveu um processo de independência, que expulsou os europeus, mas mantiveram sua cultura importada, em que seria necessário estabelecer um divisor
de águas entre a minoria tutsi e os governantes hutus.
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa tinha
tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte, era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos de
outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O ritmo
da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura instável
que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao longo
da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
Acerca das inferências corretas com base no texto, analise as afirmativas a seguir:
I. O primeiro livro de Scholastique Mukasonga tem como pano de fundo a perseguição dos hutus pelos tutsis, que acabaram se refugiando em Gitagata.
II. A presença europeia em Ruanda contribuiu para a violência étnica, uma vez que promoveu com rigidez a separação entre os grupos.
III. Ao passo que os hutus viviam mais ligados à agricultura, os tutsis se ocupavam mais da pecuária, e isso não impedia que eles vivessem em harmonia antes da
chegada dos europeus.
Assinale
Estudo sugere que metano em lua de Saturno pode ser indicativo de vida
A pequena Encélado encontrou uma “fosfina” para chamar de sua. Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas
plumas de água que são ejetadas da lua de Saturno não pode ser explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo vida.
O resultado lembra muito as conclusões dos pesquisadores liderados por Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas nuvens
de Vênus. Eles também não cravaram que era um sinal de vida, mas indicaram não conhecer mecanismo alternativo capaz de explicar as quantidades.
O novo estudo, liderado por Régis Ferrière, da Universidade do Arizona, nos EUA, e Stéphane Mazevet, da Universidade Paris Ciências & Letras, na França, foi publicado
na revista Nature Astronomy e segue a trilha dos achados da sonda Cassini, que em 2017 causou furor ao cruzar as plumas e detectar nelas a presença de hidrogênio
molecular e metano.
Sabe-se que, sob a crosta congelada de Encélado, há um oceano de água líquida, em contato direto com um leito rochoso. É de lá que partem as plumas, ejetadas a
partir de fissuras no gelo. Na Terra, fumarolas no fundo do oceano são o lar de muitas formas de vida metanogênicas: elas consomem hidrogênio e despejam metano.
Na lua saturnina, encontramos ambos, o que fez muitos evocarem o oceano subsuperficial como habitável. Mas daí a habitado são outros 500. Até porque há outros
processos de geração de metano que não envolvem formas de vida, como a interação de água com certos minerais, no processo conhecido como serpentinização.
O trabalho de Ferrière e Mazevet consistiu em tentar determinar a origem do metano sem precisar ir até lá para checar.
Em vez disso, o grupo modelou matematicamente a probabilidade de que diferentes processos, dentre eles metanogênese biológica, ou seja, a produção de metano por
formas de vida, pudessem explicar o resultado colhido pela Cassini.
A pergunta central era: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos? E a resposta dos pesquisadores é “não” – mas só até onde sabemos. Eles
apontam que das duas uma: ou está rolando metanogênese por micróbios no interior de Encélado, ou há algum fenômeno desconhecido, sem igual na Terra, capaz de
gerar a substância.
Na soma dos resultados, podemos olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Por um lado, é empolgante que tenhamos já detectado compostos que podem sinalizar a
presença de vida em tantos astros (fosfina em Vênus, metano em Encélado e em Marte). Por outro lado, as conclusões são mais especulativas do que gostaríamos até o
momento. Para todos os casos, ainda é inteiramente possível, quiçá provável, que a explicação dispense atividade biológica. Em todos, o que falta são mais observações.
Será preciso enviar novas sondas até lá, se quisermos desfazer esses mistérios.
A respeito das inferências corretas com a leitura do texto, analise as afirmativas a seguir:
I. É possível que ocorram fenômenos metanogênicos na lua de Saturno desconhecidos pelos cientistas e inexistentes na Terra.
II. As plumas de metano ejetadas na lua saturnina são a prova de que, sob o gelo, ocorre um processo de metanogênese biológica, podendo tornar o oceano
habitável.
III. Assim como nas nuvens de Vênus, é possível que haja vida na lua de Saturno, embora ainda não haja evidências concretas do fenômeno de metanogênese
biológica em ambas.
Assinale
Estudo sugere que metano em lua de Saturno pode ser indicativo de vida
A pequena Encélado encontrou uma “fosfina” para chamar de sua. Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas
plumas de água que são ejetadas da lua de Saturno não pode ser explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo vida.
O resultado lembra muito as conclusões dos pesquisadores liderados por Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas nuvens
de Vênus. Eles também não cravaram que era um sinal de vida, mas indicaram não conhecer mecanismo alternativo capaz de explicar as quantidades.
O novo estudo, liderado por Régis Ferrière, da Universidade do Arizona, nos EUA, e Stéphane Mazevet, da Universidade Paris Ciências & Letras, na França, foi publicado
na revista Nature Astronomy e segue a trilha dos achados da sonda Cassini, que em 2017 causou furor ao cruzar as plumas e detectar nelas a presença de hidrogênio
molecular e metano.
Sabe-se que, sob a crosta congelada de Encélado, há um oceano de água líquida, em contato direto com um leito rochoso. É de lá que partem as plumas, ejetadas a
partir de fissuras no gelo. Na Terra, fumarolas no fundo do oceano são o lar de muitas formas de vida metanogênicas: elas consomem hidrogênio e despejam metano.
Na lua saturnina, encontramos ambos, o que fez muitos evocarem o oceano subsuperficial como habitável. Mas daí a habitado são outros 500. Até porque há outros
processos de geração de metano que não envolvem formas de vida, como a interação de água com certos minerais, no processo conhecido como serpentinização.
O trabalho de Ferrière e Mazevet consistiu em tentar determinar a origem do metano sem precisar ir até lá para checar.
Em vez disso, o grupo modelou matematicamente a probabilidade de que diferentes processos, dentre eles metanogênese biológica, ou seja, a produção de metano por
formas de vida, pudessem explicar o resultado colhido pela Cassini.
A pergunta central era: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos? E a resposta dos pesquisadores é “não” – mas só até onde sabemos. Eles
apontam que das duas uma: ou está rolando metanogênese por micróbios no interior de Encélado, ou há algum fenômeno desconhecido, sem igual na Terra, capaz de
gerar a substância.
Na soma dos resultados, podemos olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Por um lado, é empolgante que tenhamos já detectado compostos que podem sinalizar a
presença de vida em tantos astros (fosfina em Vênus, metano em Encélado e em Marte). Por outro lado, as conclusões são mais especulativas do que gostaríamos até o
momento. Para todos os casos, ainda é inteiramente possível, quiçá provável, que a explicação dispense atividade biológica. Em todos, o que falta são mais observações.
Será preciso enviar novas sondas até lá, se quisermos desfazer esses mistérios.
Na Terra, fumarolas no fundo do oceano são o lar de muitas formas de vida metanogênicas: elas consomem hidrogênio e despejam metano.
a) explicação.
b) explicitação.
c) exemplificação.
d) enumeração.
e) especificação.
No ano passado, 194 policiais foram assassinados no país, e 63% deles eram negros.
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a ideia de que policiais são heróis os deixa mais vulneráveis e contribui para o aumento
no número de mortes.
“Eles tendem a reagir a qualquer situação por causa da ideia fantasiosa de que se é policial 24 horas por dia.”
Mesmo em um ano com menor circulação de pessoas nas ruas, devido à pandemia, a quantidade de mortes de agentes de segurança pública cresceu 13% no país em
relação a 2019.
Segundo o último anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 7 a cada 10 mortes ocorreram fora do horário de trabalho dos policiais. Eles foram mortos em
passeios, no trajeto de ida e volta da corporação ou quando faziam serviços paralelos, os ‘‘bicos’’, ilegais, mas realizados para complementar a renda.
“Entrei por querer estabilidade, depois me apaixonei pela profissão”, diz ele, que pediu para não ser identificado.
O PM criticou o treinamento dado pela corporação: ‘‘O policial acaba aprendendo na rua’’, diz. E reclamou da falta de apoio jurídico, do Estado, da sociedade e dos
superiores ao trabalho do policial.
Sobre o fato de negros serem as maiores vítimas da violência, ele descarta preconceito. Na sua visão, ocorre porque a maioria da população é de pessoas negras.
“Policial não escolhe criminoso.”
Para a socióloga Paula Poncioni, pesquisadora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), falhas de formação são um dos fatores que explicam o desempenho
policial. “Muitas vezes, há um currículo ajustado à matriz nacional, mas não há professores qualificados, as aulas são recheadas de preconceitos”, diz a autora de
“Tornar-se Policial’’ (Editora Appris).
A letalidade policial, para Poncioni, decorre de uma sociedade “muito violenta e muito hierárquica”. Ela afirma que a polícia mata mais no Brasil por representar o
pensamento geral da sociedade, refletido na composição dos governos que administram as polícias.
“A formação profissional está eivada de crenças, valores e preconceitos de um sistema de representação sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é mulher, o que
é o menor e o que é o negro”, aponta.
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, diz considerar a formação da polícia muito boa, mas ressalva que é preciso reforço. “Insistimos na
necessidade de ações formativas em direitos humanos. A qualificação e a requalificação permanente dos quadros da polícia são fundamentais, seja ela civil, militar ou
técnico-científica.”
Hoje, a matriz curricular que define as regras para a formação de policiais no Brasil está em sua segunda versão, editada em 2014, no governo Dilma Rousseff (PT).
Nela, o Ministério da Justiça orienta as ações formativas dos profissionais. Na grade dos cursos há, por exemplo, determinação para que os aspirantes tenham acesso a
um módulo de 14 horas de aulas sobre diversidade étnico-racial.
(Anelise Gonçalves, Marcelo Azevedo, Matheus Rocha, Paulo Eduardo Dias, Paulo Ricardo Martins e Vitor Soares.
I. Em 2020, ocorreu uma contradição entre o cenário de pandemia e a escalada da morte de agentes policiais.
II. Uma das ideias apresentadas é que não há preconceito no país, em que o argumento para comprová-lo é que morrem mais negros por serem maior percentual
da população.
III. No contexto social brasileiro, a morte dos policiais ocorre por ações provocadas por elementos externos a eles.
Assinale
No ano passado, 194 policiais foram assassinados no país, e 63% deles eram negros.
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a ideia de que policiais são heróis os deixa mais vulneráveis e contribui para o aumento
no número de mortes.
“Eles tendem a reagir a qualquer situação por causa da ideia fantasiosa de que se é policial 24 horas por dia.”
Mesmo em um ano com menor circulação de pessoas nas ruas, devido à pandemia, a quantidade de mortes de agentes de segurança pública cresceu 13% no país em
relação a 2019.
Segundo o último anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 7 a cada 10 mortes ocorreram fora do horário de trabalho dos policiais. Eles foram mortos em
passeios, no trajeto de ida e volta da corporação ou quando faziam serviços paralelos, os ‘‘bicos’’, ilegais, mas realizados para complementar a renda.
“Entrei por querer estabilidade, depois me apaixonei pela profissão”, diz ele, que pediu para não ser identificado.
O PM criticou o treinamento dado pela corporação: ‘‘O policial acaba aprendendo na rua’’, diz. E reclamou da falta de apoio jurídico, do Estado, da sociedade e dos
superiores ao trabalho do policial.
Sobre o fato de negros serem as maiores vítimas da violência, ele descarta preconceito. Na sua visão, ocorre porque a maioria da população é de pessoas negras.
“Policial não escolhe criminoso.”
Para a socióloga Paula Poncioni, pesquisadora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), falhas de formação são um dos fatores que explicam o desempenho
policial. “Muitas vezes, há um currículo ajustado à matriz nacional, mas não há professores qualificados, as aulas são recheadas de preconceitos”, diz a autora de
“Tornar-se Policial’’ (Editora Appris).
A letalidade policial, para Poncioni, decorre de uma sociedade “muito violenta e muito hierárquica”. Ela afirma que a polícia mata mais no Brasil por representar o
pensamento geral da sociedade, refletido na composição dos governos que administram as polícias.
“A formação profissional está eivada de crenças, valores e preconceitos de um sistema de representação sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é mulher, o que
é o menor e o que é o negro”, aponta.
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, diz considerar a formação da polícia muito boa, mas ressalva que é preciso reforço. “Insistimos na
necessidade de ações formativas em direitos humanos. A qualificação e a requalificação permanente dos quadros da polícia são fundamentais, seja ela civil, militar ou
técnico-científica.”
Hoje, a matriz curricular que define as regras para a formação de policiais no Brasil está em sua segunda versão, editada em 2014, no governo Dilma Rousseff (PT).
Nela, o Ministério da Justiça orienta as ações formativas dos profissionais. Na grade dos cursos há, por exemplo, determinação para que os aspirantes tenham acesso a
um módulo de 14 horas de aulas sobre diversidade étnico-racial.
(Anelise Gonçalves, Marcelo Azevedo, Matheus Rocha, Paulo Eduardo Dias, Paulo Ricardo Martins e Vitor Soares.
Para a socióloga Paula Poncioni, pesquisadora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), falhas de formação são um dos fatores que explicam o
desempenho policial.
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, diz considerar a formação da polícia muito boa, mas ressalva que é preciso reforço.
a) há mais de uma pesquisadora na UFRJ e mais de um ouvidor na Polícia do Estado de São Paulo.
b) no primeiro período, o tom é impressionista; no segundo, argumentativo.
c) no primeiro período, há um fato narrado; no segundo, uma opinião defendida.
d) o primeiro período, diferentemente do segundo, se constrói com apontamento de causalidade.
e) ambos os períodos se constroem por mecanismos antitéticos.
O que fazer quando aquela classe faz o professor questionar a sua capacidade e prática docente
“A turma mais difícil é o 7º ano. Nunca tive alunos que me fizessem sentir tão vulnerável. Acho que desaprendi a ser professor.” Essas palavras foram ditas por um
colega muito experiente. Fiquei perplexo, pois ele é uma referência, querido pelos alunos e admirado pelos colegas; o tipo que sempre traz soluções. Levei um choque, e
sua fala me fez perceber que todos enfrentamos turmas que colocam em xeque nossa habilidade e experiência.
Quando percebemos que uma turma será muito difícil, é porque nosso repertório está se esgotando. Precisamos de outras saídas e, para chegar a elas, é fundamental
conversar com colegas, coordenação e direção. Um ótimo início é fazer uma análise aluno a aluno, buscando entender o que é do grupo e o que é individual. Uma vez
detectados quais os casos mais sérios, é importante definir encaminhamentos que toda a equipe realizará: em que situações alunos poderão ser excluídos da sala, por
exemplo? Em que casos pedir ajuda à direção? É muito importante que a equipe faça intervenções conjuntas e consistentes.
Os alunos percebem rapidamente quando estamos desarticulados e usam isso em seu enfrentamento: “Se a outra deixou, por que você não deixa?” Também é preciso
assumir nossa parcela de responsabilidade. Em que medida nossas aulas contribuem para gerar indisciplina? Ninguém propõe intencionalmente atividades que estimulam
o tumulto, mas é preciso reconhecer que algumas não funcionam com certas turmas. Pode ser um problema da nossa prática, mas também ser um choque entre ela e os
estudantes que, muitas vezes, estão imaturos para certas propostas. Nas classes difíceis que enfrentei, por exemplo, percebi que aulas expositivas são ruins, pois eram
gatilho para a distração. Aprendi, na marra, a reduzir esse tipo de aula para as inquietas. Turmas assim dão muito trabalho, mas também as maiores recompensas. Caso
os professores revejam suas práticas e se organizem como grupo para fazer intervenções consistentes, serão aquelas que ficarão na nossa memória e que nos farão
acreditar que contribuímos para a transformação dos nossos alunos.
Assinale a única alternativa que represente o assunto principal tratado ao longo de todo o Texto 1.
O que fazer quando aquela classe faz o professor questionar a sua capacidade e prática docente
“A turma mais difícil é o 7º ano. Nunca tive alunos que me fizessem sentir tão vulnerável. Acho que desaprendi a ser professor.” Essas palavras foram ditas por um
colega muito experiente. Fiquei perplexo, pois ele é uma referência, querido pelos alunos e admirado pelos colegas; o tipo que sempre traz soluções. Levei um choque, e
sua fala me fez perceber que todos enfrentamos turmas que colocam em xeque nossa habilidade e experiência.
Quando percebemos que uma turma será muito difícil, é porque nosso repertório está se esgotando. Precisamos de outras saídas e, para chegar a elas, é fundamental
conversar com colegas, coordenação e direção. Um ótimo início é fazer uma análise aluno a aluno, buscando entender o que é do grupo e o que é individual. Uma vez
detectados quais os casos mais sérios, é importante definir encaminhamentos que toda a equipe realizará: em que situações alunos poderão ser excluídos da sala, por
exemplo? Em que casos pedir ajuda à direção? É muito importante que a equipe faça intervenções conjuntas e consistentes.
Os alunos percebem rapidamente quando estamos desarticulados e usam isso em seu enfrentamento: “Se a outra deixou, por que você não deixa?” Também é preciso
assumir nossa parcela de responsabilidade. Em que medida nossas aulas contribuem para gerar indisciplina? Ninguém propõe intencionalmente atividades que estimulam
o tumulto, mas é preciso reconhecer que algumas não funcionam com certas turmas. Pode ser um problema da nossa prática, mas também ser um choque entre ela e os
estudantes que, muitas vezes, estão imaturos para certas propostas. Nas classes difíceis que enfrentei, por exemplo, percebi que aulas expositivas são ruins, pois eram
gatilho para a distração. Aprendi, na marra, a reduzir esse tipo de aula para as inquietas. Turmas assim dão muito trabalho, mas também as maiores recompensas. Caso
os professores revejam suas práticas e se organizem como grupo para fazer intervenções consistentes, serão aquelas que ficarão na nossa memória e que nos farão
acreditar que contribuímos para a transformação dos nossos alunos.
Assinale a única alternativa que não represente uma atitude sugerida pelo autor do Texto 1 aos professores que se percebem trabalhando com uma turma que estes
consideram difícil.
O que fazer quando aquela classe faz o professor questionar a sua capacidade e prática docente
“A turma mais difícil é o 7º ano. Nunca tive alunos que me fizessem sentir tão vulnerável. Acho que desaprendi a ser professor.” Essas palavras foram ditas por um
colega muito experiente. Fiquei perplexo, pois ele é uma referência, querido pelos alunos e admirado pelos colegas; o tipo que sempre traz soluções. Levei um choque, e
sua fala me fez perceber que todos enfrentamos turmas que colocam em xeque nossa habilidade e experiência.
Quando percebemos que uma turma será muito difícil, é porque nosso repertório está se esgotando. Precisamos de outras saídas e, para chegar a elas, é fundamental
conversar com colegas, coordenação e direção. Um ótimo início é fazer uma análise aluno a aluno, buscando entender o que é do grupo e o que é individual. Uma vez
detectados quais os casos mais sérios, é importante definir encaminhamentos que toda a equipe realizará: em que situações alunos poderão ser excluídos da sala, por
exemplo? Em que casos pedir ajuda à direção? É muito importante que a equipe faça intervenções conjuntas e consistentes.
Os alunos percebem rapidamente quando estamos desarticulados e usam isso em seu enfrentamento: “Se a outra deixou, por que você não deixa?” Também é preciso
assumir nossa parcela de responsabilidade. Em que medida nossas aulas contribuem para gerar indisciplina? Ninguém propõe intencionalmente atividades que estimulam
o tumulto, mas é preciso reconhecer que algumas não funcionam com certas turmas. Pode ser um problema da nossa prática, mas também ser um choque entre ela e os
estudantes que, muitas vezes, estão imaturos para certas propostas. Nas classes difíceis que enfrentei, por exemplo, percebi que aulas expositivas são ruins, pois eram
gatilho para a distração. Aprendi, na marra, a reduzir esse tipo de aula para as inquietas. Turmas assim dão muito trabalho, mas também as maiores recompensas. Caso
os professores revejam suas práticas e se organizem como grupo para fazer intervenções consistentes, serão aquelas que ficarão na nossa memória e que nos farão
acreditar que contribuímos para a transformação dos nossos alunos.
Considerando as informações veiculadas no Texto 1, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas:
I. É necessário que o professor reconheça que, às vezes, uma atividade que ele propôs não era adequada para uma turma em particular.
PORQUE
II. Turmas difíceis são as que levam o professor a acreditar que ele contribuiu para a transformação de seus alunos.
O que fazer quando aquela classe faz o professor questionar a sua capacidade e prática docente
“A turma mais difícil é o 7º ano. Nunca tive alunos que me fizessem sentir tão vulnerável. Acho que desaprendi a ser professor.” Essas palavras foram ditas por um
colega muito experiente. Fiquei perplexo, pois ele é uma referência, querido pelos alunos e admirado pelos colegas; o tipo que sempre traz soluções. Levei um choque, e
sua fala me fez perceber que todos enfrentamos turmas que colocam em xeque nossa habilidade e experiência.
Quando percebemos que uma turma será muito difícil, é porque nosso repertório está se esgotando. Precisamos de outras saídas e, para chegar a elas, é fundamental
conversar com colegas, coordenação e direção. Um ótimo início é fazer uma análise aluno a aluno, buscando entender o que é do grupo e o que é individual. Uma vez
detectados quais os casos mais sérios, é importante definir encaminhamentos que toda a equipe realizará: em que situações alunos poderão ser excluídos da sala, por
exemplo? Em que casos pedir ajuda à direção? É muito importante que a equipe faça intervenções conjuntas e consistentes.
Os alunos percebem rapidamente quando estamos desarticulados e usam isso em seu enfrentamento: “Se a outra deixou, por que você não deixa?” Também é preciso
assumir nossa parcela de responsabilidade. Em que medida nossas aulas contribuem para gerar indisciplina ? Ninguém propõe intencionalmente atividades que estimulam
o tumulto, mas é preciso reconhecer que algumas não funcionam com certas turmas. Pode ser um problema da nossa prática, mas também ser um choque entre ela e os
estudantes que, muitas vezes, estão imaturos para certas propostas. Nas classes difíceis que enfrentei, por exemplo, percebi que aulas expositivas são ruins, pois eram
gatilho para a distração. Aprendi, na marra, a reduzir esse tipo de aula para as inquietas . Turmas assim dão muito trabalho, mas também as maiores recompensas. Caso
os professores revejam suas práticas e se organizem como grupo para fazer intervenções consistentes , serão aquelas que ficarão na nossa memória e que nos farão
acreditar que contribuímos para a transformação dos nossos alunos.
A partir da leitura do Texto 1, assinale a única alternativa em que o referente do primeiro termo é, no texto, retomado pelo segundo.
a) alunos e sua
b) indisciplina e ela
c) classes difíceis e inquietas
d) aulas expositivas e aquelas
e) intervenções consistentes e aquelas
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1384022
Assinale a única alternativa que não represente uma interpretação (inclusive de pressupostos, subentendidos e implícitos) coerente da tirinha acima.
a) Punir é bem mais fácil que educar, embora seja menos eficiente.
b) Ao seguir o caminho de punir, nos desviamos do caminho de educar.
c) A educação é muito mais demorada que a punição, mas vale mais a pena.
d) Antes de iniciar o caminho para educar, precisamos passar pelo caminho de punir.
e) Se desejarmos seguir o caminho de educar, não deveremos passar pelo caminho de punir.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1384028
Esse líquido escuro e de cheiro forte se forma quando o lixo entra em decomposição, principalmente por causa da ação de bactérias. Tanto faz se o lixo é orgânico
(como restos de comida) ou inorgânico (como plástico ou vidro). Também chamada de lixiviado, a gosma pode surgir da umidade natural do detrito ou gerada por seu
apodrecimento, e é alimentada pela água da chuva.
Sua composição varia de acordo com o material descartado: geralmente contém nitrogênio e carbono, mas também pode incluir cobre, cobalto, cádmio, mercúrio e
outros metais pesados. Por isso, ele é muito mais prejudicial ao meio ambiente do que o esgoto.
Se o chorume de um aterro sanitário não for tratado corretamente, pode alcançar os lençóis freáticos e contaminar todo o ciclo da água do qual aquele aquífero faz
parte.
Fontes: Ipen, SuperBac e Portal Tratamento de Água. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-o-chorume dolixo/. Acesso em: 27/11/2019
III. a presença de metais pesados no chorume o torna mais prejudicial ao meio ambiente.
Assinale
O IDEB é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e é obtido a partir da submissão de alunos deste nível de ensino a avaliações de larga escala elaboradas pelo
Ministério da Educação. Sabendo disso, e a partir da análise do Texto 2, é correto afirmar que seu autor deseja criticar
a) o reconhecimento do trabalho dos professores quando seus alunos obtêm bons resultados nas avaliações externas.
b) a corrupção reinante nas prefeituras das cidades brasileiras.
c) a falta de condições de trabalho dos professores em instituições municipais no Brasil.
d) o baixo desempenho dos alunos do ensino básico nas avaliações feitas pelo Governo Federal.
e) a transferência de responsabilidade, dos gestores públicos para os professores, pelos maus resultados dos alunos em avaliações a que são submetidos.
O Brasil terminou a 13ª Olimpíada Internacional de Astronomia com três medalhas conquistadas e duas menções honrosas. O bom desempenho na disputa intelectual
foi um feito de Raul Basilides Gomes (17), de Fortaleza, Giovanna Girotto (16) e Luã de Souza Santos (17), de São Paulo, que garantiram três medalhas de bronze, e dos
estudantes de São Paulo, Lucas Shoji (16) e Bruna Junqueira de Almeida (16), com duas menções honrosas.
O evento aconteceu em Kszthely, na Hungria. Dos dias 2 a 10 deste mês, 254 estudantes de 47 países foram submetidos a provas práticas, teóricas e de análise de
dados. A competição reuniu um número recorde de delegações.
Para formar a equipe que competiu, foi necessário aplicar provas em todo o território nacional. Os cinco integrantes do time brasileiro tiveram que percorrer um longo
caminho na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) realizada em 2018. A seleção foi dividida em etapas: a primeira com mais de 100 mil inscritos, dos
quais 5,3 mil foram escolhidos para realizar uma prova online, então 150 participantes foram convocados para realizar uma prova presencial.
Mas os testes não pararam por aí. Na prova presencial, 30 jovens foram selecionados para fazer treinamentos intensivos classificatórios durante 1 semana com
astrônomos. Essa etapa aconteceu no primeiro semestre de 2019, e só então foi escolhida a equipe dos cinco.
Assinale a única alternativa que nos apresenta uma informação que está implícita no Texto 3.
a) Todos os inscritos na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica tinham intenção de concorrer às 5 vagas brasileiras para a 13ª Olimpíada Internacional de
Astronomia.
b) Não são realizadas provas presenciais na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA).
c) 30 jovens que fizeram treinamentos intensivos classificatórios com astrônomos durante uma semana não participaram da 13ª Olimpíada Internacional de
Astronomia.
d) A 13ª Olimpíada Internacional de Astronomia foi a edição com maior número de estudantes inscritos.
e) Na 12ª edição da Olimpíada Internacional de Astronomia houve menos de 47 delegações.
Saída da zona de conforto de uma poupança ou Tesouro Direto é necessário para quem quer ganhar mais nas aplicações
A decisão unânime do Copom de baixar a Selic de 5,5% para 5% ao ano vai forçar o investidor brasileiro a assumir mais riscos, nesta nova etapa da política nacional
de juros. Depois da desmitificação da poupança como melhor forma de guardar dinheiro e a migração para outras possibilidades, como o Tesouro Direto, os investidores
estão sendo empurrados para o mercado de ações e fundos multimercado para manter os ganhos. Isso porque os investimentos conservadores e moderados estão
rendendo bem menos. Nenhum faz o investidor perder dinheiro, ainda.
O momento, então, é de adaptação. Antes que a inflação corroa todos os ganhos é preciso testar outros tipos de aplicações e, se o apetite for tão grande quanto a
coragem, arriscar mais. Aí estão as ações da bolsa e os fundos multimercados para atender estes desejos.
Antes de qualquer decisão, é preciso conferir a existência do investimento e do corretor na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e, mesmo após a idoneidade
comprovada, procure conhecer o produto escolhido e estude. Isso melhora a tomada de decisões e diminui as chances de acatar indicações falhas.
a) O investimento em poupança não vale mais a pena porque já não dá ao investidor a mesma segurança de outros tempos.
b) O investimento na poupança é uma excelente alternativa para quem quer manter a mesma segurança do Tesouro Direto, mas com ganhos mais expressivos.
c) Tanto a poupança quanto o Tesouro Direto, embora sejam investimentos mais seguros que o mercado de ações e os fundos multimercado, estão rendendo tão
pouco que quem investe neles está perdendo dinheiro.
d) A redução da taxa Selic e a consequente queda nos ganhos advindos dos investimentos em poupança e no Tesouro Direto estão perdendo dinheiro.
e) Embora o investidor não perca dinheiro investindo na poupança e no Tesouro Direto, ele precisa assumir mais riscos se quiser manter os ganhos que antes tinha
com estes investimentos.
Saída da zona de conforto de uma poupança ou Tesouro Direto é necessário para quem quer ganhar mais nas aplicações
A decisão unânime do Copom de baixar a Selic de 5,5% para 5% ao ano vai forçar o investidor brasileiro a assumir mais riscos, nesta nova etapa da política nacional
de juros. Depois da desmitificação da poupança como melhor forma de guardar dinheiro e a migração para outras possibilidades, como o Tesouro Direto, os investidores
estão sendo empurrados para o mercado de ações e fundos multimercado para manter os ganhos. Isso porque os investimentos conservadores e moderados estão
rendendo bem menos. Nenhum faz o investidor perder dinheiro, ainda.
O momento, então, é de adaptação. Antes que a inflação corroa todos os ganhos é preciso testar outros tipos de aplicações e, se o apetite for tão grande quanto a
coragem, arriscar mais. Aí estão as ações da bolsa e os fundos multimercados para atender estes desejos.
Antes de qualquer decisão, é preciso conferir a existência do investimento e do corretor na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e, mesmo após a idoneidade
comprovada, procure conhecer o produto escolhido e estude. Isso melhora a tomada de decisões e diminui as chances de acatar indicações falhas.
Considerando o contexto apresentado no Texto 1, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas:
I. Os investidores estão sendo obrigados a colocar seu dinheiro em aplicações com risco maior que a poupança e o Tesouro Direto.
PORQUE
II. A decisão do Copom de baixar a Selic aumentou a segurança de investimentos como as ações da bolsa e os fundos multimercados.
Saída da zona de conforto de uma poupança ou Tesouro Direto é necessário para quem quer ganhar mais nas aplicações
A decisão unânime do Copom de baixar a Selic de 5,5% para 5% ao ano vai forçar o investidor brasileiro a assumir mais riscos, nesta nova etapa da política nacional
de juros. Depois da desmitificação da poupança como melhor forma de guardar dinheiro e a migração para outras possibilidades, como o Tesouro Direto, os investidores
estão sendo empurrados para o mercado de ações e fundos multimercado para manter os ganhos. Isso porque os investimentos conservadores e moderados estão
rendendo bem menos. Nenhum faz o investidor perder dinheiro, ainda.
O momento, então, é de adaptação. Antes que a inflação corroa todos os ganhos é preciso testar outros tipos de aplicações e, se o apetite for tão grande quanto a
coragem, arriscar mais. Aí estão as ações da bolsa e os fundos multimercados para atender estes desejos.
Antes de qualquer decisão, é preciso conferir a existência do investimento e do corretor na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e, mesmo após a idoneidade
comprovada, procure conhecer o produto escolhido e estude. Isso melhora a tomada de decisões e diminui as chances de acatar indicações falhas.
Assinale abaixo a única alternativa que represente uma inferência ou pressuposição que não encontra sustentação no Texto 1.
Transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência em
nossa saúde mental.
DIOGO RODRIGUEZ
Desde 2011 trabalho de maneira autônoma. Já contei aqui que sou jornalista freelancer; há alguns meses, estou me dedicando ao meu próprio negócio depois de
fazer um curso de empreendedorismo nos Estados Unidos. Faz muito tempo que não tenho emprego fixo.
Tenho uma forte suspeita de que foi durante esse período que comecei a “desenvolver” ansiedade generalizada e depressão. Antes, eu recebia um salário fixo e sabia
o quanto podia gastar no final do mês. Quando me tornei autônomo, tive de passar a conviver com a incerteza financeira.
É impossível saber o quanto você vai ganhar a cada mês. Isso teve várias consequências para mim. Com medo de não ganhar o suficiente, comecei a procurar por
trabalhos desesperadamente. Aceitava o que aparecesse, não importava a dificuldade da tarefa. Assim, fui me enchendo de coisas a fazer e prazos a cumprir. Para
conseguir dar conta de tudo, passei a trabalhar dez, às vezes 12 horas por dia. Nem os finais de semana escapavam mais porque sempre havia algo a ser feito.
Obviamente que o nível de ansiedade foi ao extremo e atrapalhou o resto de minha vida. Dormia menos, comia mal, pouco me divertia, estava sempre pensando em
trabalho e na necessidade de ganhar dinheiro. Aos poucos, fui me desgastando e perdendo a capacidade de prestar atenção aos detalhes.
Tanta pressão interna e externa fez a qualidade do meu trabalho cair. Perdi prazos, entreguei trabalhos de qualidade ruim. O resultado foi que pessoas que antes
confiavam em mim pararam de me chamar para trabalhar. A ansiedade por ter trabalho e ganhar dinheiro teve o efeito oposto. Não muito tempo depois de perceber isso,
resolvi procurar tratamento.
Por que estou falando disso? Bom, porque, como eu disse na coluna da semana passada, transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e
fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência. Hoje, diversas pesquisas conseguem mensurar o efeito que a insegurança
econômica causa em nós.
Faz todo sentido, não é? A ameaça da falta de dinheiro distorce nossa perspectiva de vida, colocando-nos numa espiral de incertezas. “Será que vou ter dinheiro para
pagar as contas? Será que vou conseguir trabalho? ” Isso tem um custo alto para a saúde mental.
A pesquisadora canadense Evelyn Forget conseguiu medir o impacto que as finanças têm na saúde mental. Professora da Universidade de Toronto, em 2011 ela
publicou um artigo chamado “A cidade sem pobreza: os efeitos de saúde de um experimento canadense de renda anual garantida” (tradução minha). De 1974 a 1979,
uma cidade da província de Manitoba, no Canadá, foi palco de uma experiência. O governo deu a todos os habitantes da cidade de Dauphin uma renda mínima anual.
Para cada dólar canadense que cada cidadão ganhava, o governo dava um adicional de 50 centavos.
Concluído há mais de 40 anos, o experimento só teve seus resultados revelados em 2011, por Evelyn Forget. Os dados ficaram esquecidos e nunca foram analisados.
A pesquisadora se surpreendeu com o que encontrou. De uma maneira geral, a saúde dos habitantes de Dauphin melhorou. Está incluída aí, é claro, a saúde mental. Sem
a pressão de ter que lutar pela mínima sobrevivência, as pessoas passaram a viver melhor, mostrou Forget.
A partir da leitura do Texto 2, é correto afirmar que seu assunto principal é/são
Pensador desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante que o rodeava. Ao longo dos séculos, o pensamento chinês tem sido o
produto de uma variedade de influências, entre elas o budismo, o taoísmo e o marxismo. No entanto, uma tradição esteve acima de todas no pensamento chinês por
mais de dois milênios: as ideias do pensador Confúcio (551 a.C. a 479 a.C.).
Embora ele tenha chegado a simbolizar a filosofia chinesa, não teve muito sucesso em vida. Ele viveu durante uma época em que a China que conhecemos hoje era um
mosaico de pequenos reinos rivais. Confúcio desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante que o rodeava. Ele vagou de reino em
reino tentando persuadir os governantes a seguir seus ensinamentos, mas nunca conseguiu nada além de um cargo público de baixo escalão. No entanto, conseguiu um
grupo de seguidores dedicados, que transmitiu seus ensinamentos às gerações seguintes.
Apenas centenas de anos depois, durante a dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.), o confucionismo, um sistema ético de comportamento e governo, tornou-se o norte que
definiria a cultura chinesa nos dois milênios seguintes. O confucionismo não é uma religião como tal. Ainda que Confúcio não negasse a existência de um mundo
espiritual, ele afirmou que era mais importante se concentrar neste mundo enquanto se estava nele.
Refletindo seu desgosto pela guerra, ele declarou que a ordem era um requisito fundamental na sociedade. Sustentar essa ordem era acreditar na importância das
relações hierárquicas. Os súditos tinham de obedecer a seus governantes, filhos a seus pais e esposas, a seus maridos. No entanto, Confúcio não queria que essa ordem
fosse imposta pela força. Ele achava que a sociedade deveria ser harmoniosa e as pessoas deveriam ser encorajadas em seu "autodesenvolvimento" para que pudessem
aproveitar ao máximo sua posição.
Segundo o pensamento de Confúcio, o estado moral de alguém não dependia de sua posição social. Era possível, e de fato bastante provável, que houvesse bons
camponeses ao mesmo tempo que um governante poderia ser perverso ou um aristocrata, cruel. O pensamento confucionista também se diferenciava do pensamento
moderno, na medida em que glorificava o passado e defendia a veneração da velhice. "Eu sigo o Zhou", disse Confúcio, referindo-se à antiga dinastia que foi considerada
uma "idade de ouro" perdida por gerações de governantes chineses.
No centro do confucionismo há um contrato social: os governados deviam lealdade aos governantes, mas os governantes que não se importavam com o bem-estar do
povo perderiam o "mandato do céu" e poderiam ser justamente derrubados. Confúcio nunca deu aos governantes uma licença para a opressão.
Ao participar do "li" (que é frequentemente traduzido como "ritual", mas na verdade significa algo como "comportamento apropriado"), os humanos provaram ser
civilizados, independentemente de sua origem, e podiam aspirar a se tornar "junzi" ("pessoas de integridade") ou mesmo "sheng" ("sábios"). Para isso, a educação era
fundamental.
O pensamento confucionista mudou imensamente com o tempo. O próprio Confúcio provavelmente não teria reconhecido a maneira como suas ideias foram adaptadas
por governantes posteriores. Apesar da ênfase na ética e na harmonia como a melhor maneira de governar um país, os governantes chineses também garantiram o
monopólio do uso da força. Confúcio desaprovava a busca do lucro como um fim em si, mas da dinastia Song (960 d.C. a 1279 d.C.) em diante, a China viveu uma
revolução comercial, e no final do período imperial (1368 d.C. a 1912 d.C.) até a ideologia oficial rendeu-se à lógica do lucro.
O confucionismo não foi um conjunto monolítico de ideias por mais de 2.500 anos. No entanto, seus princípios básicos sustentaram o que significava ser chinês até
meados do século 19. A chegada de influências ocidentais, na forma de comerciantes de ópio e missionários, deu uma sacudida indesejada ao velho mundo do
pensamento confucionista. O pensamento moderno deixou sequelas profundas. O impacto do nacionalismo e do comunismo, e seu amor inerente pela novidade e pelo
progresso, em vez da reverência por uma era de ouro do passado, destruíram muitas das certezas do antigo mundo confucionista.
No entanto, essas ideias não desapareceram completamente. Na China contemporânea, o governo, que não está mais tão ligado à ideologia de Mao Tse-tung, está
buscando a tradição chinesa para encontrar um núcleo moral para o século 21. O "professor número um", Confúcio, está novamente nos programas escolares. Os valores
de ordem, hierarquia e obrigação mútua permanecem tão atraentes no século 21 quanto no século 5 a.C.
I. O confucionismo, em sua forma original, perdurou até o século XIX, quando se mesclou ao budismo, ao taoísmo e ao marxismo.
II. A noção de identidade chinesa se modificou no século XX, em função do impacto do nacionalismo e do comunismo. Entretanto, há uma retomada dos
princípios de Confúcio no século XXI.
III. Segundo Confúcio, estado moral e posição social não se interdependiam, diferentemente da obrigatoriedade de cooperação mútua entre governantes e
governados.
Assinale
Pensador desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante que o rodeava. Ao longo dos séculos, o pensamento chinês tem sido o
produto de uma variedade de influências, entre elas o budismo, o taoísmo e o marxismo. No entanto, uma tradição esteve acima de todas no pensamento chinês por
mais de dois milênios: as ideias do pensador Confúcio (551 a.C. a 479 a.C.).
Embora ele tenha chegado a simbolizar a filosofia chinesa, não teve muito sucesso em vida. Ele viveu durante uma época em que a China que conhecemos hoje era um
mosaico de pequenos reinos rivais. Confúcio desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante que o rodeava. Ele vagou de reino em
reino tentando persuadir os governantes a seguir seus ensinamentos, mas nunca conseguiu nada além de um cargo público de baixo escalão. No entanto, conseguiu um
grupo de seguidores dedicados, que transmitiu seus ensinamentos às gerações seguintes.
Apenas centenas de anos depois, durante a dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.), o confucionismo, um sistema ético de comportamento e governo, tornou-se o norte que
definiria a cultura chinesa nos dois milênios seguintes. O confucionismo não é uma religião como tal. Ainda que Confúcio não negasse a existência de um mundo
espiritual, ele afirmou que era mais importante se concentrar neste mundo enquanto se estava nele.
Refletindo seu desgosto pela guerra, ele declarou que a ordem era um requisito fundamental na sociedade. Sustentar essa ordem era acreditar na importância das
relações hierárquicas. Os súditos tinham de obedecer a seus governantes, filhos a seus pais e esposas, a seus maridos. No entanto, Confúcio não queria que essa ordem
fosse imposta pela força. Ele achava que a sociedade deveria ser harmoniosa e as pessoas deveriam ser encorajadas em seu "autodesenvolvimento" para que pudessem
aproveitar ao máximo sua posição.
Segundo o pensamento de Confúcio, o estado moral de alguém não dependia de sua posição social. Era possível, e de fato bastante provável, que houvesse bons
camponeses ao mesmo tempo que um governante poderia ser perverso ou um aristocrata, cruel. O pensamento confucionista também se diferenciava do pensamento
moderno, na medida em que glorificava o passado e defendia a veneração da velhice. "Eu sigo o Zhou", disse Confúcio, referindo-se à antiga dinastia que foi considerada
uma "idade de ouro" perdida por gerações de governantes chineses.
No centro do confucionismo há um contrato social: os governados deviam lealdade aos governantes, mas os governantes que não se importavam com o bem-estar do
povo perderiam o "mandato do céu" e poderiam ser justamente derrubados. Confúcio nunca deu aos governantes uma licença para a opressão.
Ao participar do "li" (que é frequentemente traduzido como "ritual", mas na verdade significa algo como "comportamento apropriado"), os humanos provaram ser
civilizados, independentemente de sua origem, e podiam aspirar a se tornar "junzi" ("pessoas de integridade") ou mesmo "sheng" ("sábios"). Para isso, a educação era
fundamental.
O pensamento confucionista mudou imensamente com o tempo. O próprio Confúcio provavelmente não teria reconhecido a maneira como suas ideias foram adaptadas
por governantes posteriores. Apesar da ênfase na ética e na harmonia como a melhor maneira de governar um país, os governantes chineses também garantiram o
monopólio do uso da força. Confúcio desaprovava a busca do lucro como um fim em si, mas da dinastia Song (960 d.C. a 1279 d.C.) em diante, a China viveu uma
revolução comercial, e no final do período imperial (1368 d.C. a 1912 d.C.) até a ideologia oficial rendeu-se à lógica do lucro.
O confucionismo não foi um conjunto monolítico de ideias por mais de 2.500 anos. No entanto, seus princípios básicos sustentaram o que significava ser chinês até
meados do século 19. A chegada de influências ocidentais, na forma de comerciantes de ópio e missionários, deu uma sacudida indesejada ao velho mundo do
pensamento confucionista. O pensamento moderno deixou sequelas profundas. O impacto do nacionalismo e do comunismo, e seu amor inerente pela novidade e pelo
progresso, em vez da reverência por uma era de ouro do passado, destruíram muitas das certezas do antigo mundo confucionista.
No entanto, essas ideias não desapareceram completamente. Na China contemporânea, o governo, que não está mais tão ligado à ideologia de Mao Tse-tung, está
buscando a tradição chinesa para encontrar um núcleo moral para o século 21. O "professor número um", Confúcio, está novamente nos programas escolares. Os valores
de ordem, hierarquia e obrigação mútua permanecem tão atraentes no século 21 quanto no século 5 a.C.
Apenas centenas de anos depois, durante a dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.), o confucionismo, um sistema ético de comportamento e governo, tornou-se o norte que
definiria a cultura chinesa nos dois milênios seguintes. O confucionismo não é uma religião como tal. Ainda que Confúcio não negasse a existência de um mundo
espiritual, ele afirmou que era mais importante se concentrar neste mundo enquanto se estava nele.
a) explicita.
b) explica.
c) contradiz.
d) exemplifica.
e) define.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/769262
II. O pressuposto para o entendimento da tirinha é o conhecimento de que o Grilo Falante é personagem da história de Pinóquio.
III. A inferência comparativa entre as duas nuvens se comprova pela imagem e pelo texto do segundo quadrinho.
Assinale
Há um país onde, diferentemente do que ocorre no Brasil, a justiça processa ex-presidentes conservadores, os condena por desvio de verbas e manda-os para a prisão.
Onde direita, extrema direita e protestantes fundamentalistas se consideram traídos por Donald Trump. Onde, em vez de questionar um acordo de desarmamento
nuclear, como aquele feito com o Irã, ou um tratado de mísseis de médio alcance, como com a Rússia, o presidente dos Estados Unidos parece querer resolver um
conflito que nenhum de seus predecessores conseguiu desatar. Incluindo o último, ainda que Nobel da Paz.
Sem dúvida isso está acontecendo no Extremo Oriente. Sem dúvida essa coisa é muito complicada para assumir uma posição no grande relato maniqueísta que molda e
distorce nossa visão do mundo. No entanto, como a situação global é bastante sombria, o discurso voluntarista e otimista do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, não
deveria ter passado despercebido. Em 26 de setembro, diante da Assembleia- Geral das Nações Unidas, ele lançou: “Um milagre aconteceu na Península da Coreia.”
Um milagre? Uma reviravolta completa, pelo menos. Ninguém se esqueceu da enxurrada de tuítes enraivecidos trocados há apenas um ano por Trump e o presidente
norte-coreano – “fogo e fúria”, o “grande botão” nuclear etc. A ex-embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, acaba de confessar que, em 2 de
setembro de 2017, para pressionar Pequim a agir junto à sua vizinha e aliada, ela acenou para sua contraparte chinesa com a ameaça de uma invasão norteamericana da
Coreia do Norte. Agora, Trump saúda a “coragem” do presidente Kim Jung-un, “um amigo”. E, durante um encontro republicano, ele até fingiu sentir “amor” por ele!
Os coreanos do Norte e do Sul avançam numa marcha forçada, aproveitando o alinhamento das estrelas: a direita sul-coreana está em frangalhos; o regime de
Pyongyang finalmente parece favorecer o desenvolvimento econômico do país; vilipendiada pelos democratas e pelos meios de comunicação norte-americanos por causa
de sua reaproximação, considerada imprudente, com a Coreia do Norte, a Casa Branca não vai admitir de bom grado que o maestro autoproclamado da “arte do acordo”
foi enganado por um velhaco maior que ele. Seja como for, se os Estados Unidos decidissem retornar ao “fogo e fúria”, a rápida deterioração de suas relações com
Pequim e Moscou praticamente impediria que a Rússia e a China os acompanhassem mais uma vez.
Nesse quadro geral, o desarmamento nuclear da Coreia não deve se tornar um pré-requisito para a realização de outros aspectos da negociação: suspensão de manobras
militares de ambos os lados, levantamento de sanções econômicas, tratado de paz. Porque Pyongyang nunca vai desistir de seu seguro de vida sem garantias fortes:
Trump não é eterno, nem a clemência de seus sentimentos… Outro motivo, ainda que paradoxal, para ser otimista quanto a um acordo nos próximos meses sobre um
conflito que já dura três quartos de século.
I. O cenário em que a aproximação das duas Coreias e a aproximação da Coreia do Norte com os Estados Unidos ocorrem decorre de um conjunto de fatores
apresentados no texto como interligados, sem os quais dificilmente se daria.
II. O texto permite inferir que a posição de Donald Trump em relação à Coreia do Norte é estrategicamente fingida, constituindo uma reviravolta vista falsamente
como milagrosa.
III. O texto critica a falta de ação de Barack Obama em relação à Coreia do Norte, malgrado ter ele recebido um Nobel da Paz.
Assinale
Esta semana, no Rio de Janeiro, o povo Kuikuro do Alto Xingu vai dizer HEKITE KUATSANGE EGEI ENHÜGÜ (Seja bem-vindo!) para pesquisadores indígenas de todo o
mundo. De Papua-Nova Guiné, Kiribati, Sudão, Dominica, Uganda, Índia, Quênia e Colômbia, assim como das comunidades Guarani-Kaiowá, Tuxa, Baniwa e Tupinambá
do Brasil, povos indígenas se reúnem no Museu do Índio para refletir criticamente sobre como métodos indígenas de pesquisa são essenciais para entender os principais
problemas que o mundo enfrenta no século XXI.
Seja para abordar os desafios da mudança climática ou o racismo, a sustentabilidade ambiental ou a violência de gênero, a seca ou patrimônios culturais ameaçados, os
pesquisadores questionam como o conhecimento indígena pode ser ativado de forma efetiva como um recurso para desenvolvimento no futuro.
Pesquisadores do Sudão mostram como o conhecimento tradicional núbio pode informar decisões sobre agricultura sustentável. Uma pesquisadora do povo Emberá-
Chami demonstra a importância do conhecimento indígena para a resolução de questões de deslocamento forçado na Colômbia ao lado de um pesquisador Acholi, que
Grandes questões. Respostas indígenas. Apesar de todos os impactos positivos dessas colaborações para pesquisas até agora, sabemos que o Brasil enfrenta questões
urgentes relacionadas à sua herança indígena e seu futuro. Esse seminário é uma chance para que o povo Kuikuro peça aos colegas indígenas que reflitam juntos sobre
como a pesquisa acadêmica pode proteger, preservar e promover o desenvolvimento sustentável para os povos indígenas do Brasil.
Pesquisadores foram convidados a vir ao país para perguntar e entender como esforços de pesquisa colaborativa podem promover a resiliência às atuais ameaças a
identidades, terras, águas e culturas indígenas.
Precisamos de metodologias indígenas de pesquisa para compreender a relação entre o desmatamento, a mudança climática, os ciclos de colheita e os rituais dos
calendários indígenas. Para resistir à municipalização da assistência médica indígena, é preciso haver pesquisas para examinar como manter um cuidadoso equilíbrio entre
conhecimentos indígenas e não indígenas. Já que os Kuikuro não podem mais beber a água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto tempo seus peixes
continuarão a alimentar as aldeias, à medida que toxinas agrícolas e industriais poluem seus afluentes ou o próprio rio é bloqueado por barragens hidrelétricas?
Os debates começam sob os milhares de estrelas do céu do Xingu, no Planetário do Rio, enquanto se contemplam as cosmologias indígenas nas constelações de cada um
de nossos visitantes. Na sequência, haverá a busca de respostas para perguntas significativas. Como criar pesquisas equitativas, específicas a um contexto e sensíveis em
termos históricos, culturais e linguísticos? Como a coprodução de conhecimento entre pesquisadores indígenas e não indígenas pode superar desequilíbrios de poder
arraigados, sobre os quais nossos sistemas universitários de ensino e pesquisa são construídos?
Os conselhos de pesquisa do Reino Unido reuniram colaboradores de doze projetos conduzidos por acadêmicos britânicos em parceria com pesquisadores indígenas de
várias partes do mundo para criar um novo conjunto de diretrizes para pesquisa em universidades britânicas. Financiado pelo Global Challenges Research Fund (GCRF) –
um investimento de 1,5 bilhão de libras por parte do governo do Reino Unido para criar parcerias que apoiem pesquisas de ponta para lidar com os principais desafios
enfrentados por países em desenvolvimento –, o seminário examina em que medida a pesquisa financiada pelo Reino Unido está sendo conduzida a partir do ponto de
vista indígena e busca propor como as universidades podem garantir uma estrutura ética para pesquisas que tragam benefícios diretos a povos indígenas. Acima de tudo,
vai questionar que tipo de pesquisa vale a pena conduzir e qual a melhor forma de realizá-la.
O povo Kuikuro e a Universidade Queen Mary de Londres colaboram em projetos de pesquisa financiados pelo GCRF desde 2016. Isso resultou em um programa de
residências artísticas organizado pelo povo Kuikuro na Aldeia Ipatse no Alto Xingu, que reuniu mais de 20 artistas de Londres, Madri e Rio de Janeiro.
Em contrapartida, Takumã fez um documentário que oferece uma reflexão crítica sobre modelos britânicos de multiculturalismo, e os Kuikuro colaboraram com o Museu
Hornimam, em Londres, para criar uma experiência imersiva da cultura do Xingu com o uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada.
Ao dar boas-vindas a nossos colegas de várias partes do mundo, vamos compartilhar muitas questões e esperamos ter algumas respostas. Vamos também contar
histórias e refletir sobre como as narrativas que precisamos contar e ouvir estão cada vez mais ameaçadas de extinção. Estamos nos reunindo para criar e mobilizar
conhecimentos.
a) Os pesquisadores europeus que se debruçaram sobre pesquisa indígena em vários locais do mundo vão se encontrar com os indígenas brasileiros.
b) A população londrina teve possibilidade de entrar em contato com a cultura do Xingu por meio da colaboração dos Kuikuro.
c) O foco do encontro será debater metodologias adequadas para tratamento das questões urgentes a cada etnia, por meio de pesquisas colaborativas.
d) O evento busca discutir os melhores caminhos para as pesquisas, envolvendo a parceria entre pesquisadores indígenas e não indígenas.
e) Um dos riscos apontados pelo texto reside na possibilidade de fim das narrativas indígenas, naturalmente passadas de geração para geração.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/938021
Esta semana, no Rio de Janeiro, o povo Kuikuro do Alto Xingu vai dizer HEKITE KUATSANGE EGEI ENHÜGÜ (Seja bem-vindo!) para pesquisadores indígenas de todo o
mundo. De Papua-Nova Guiné, Kiribati, Sudão, Dominica, Uganda, Índia, Quênia e Colômbia, assim como das comunidades Guarani-Kaiowá, Tuxa, Baniwa e Tupinambá
do Brasil, povos indígenas se reúnem no Museu do Índio para refletir criticamente sobre como métodos indígenas de pesquisa são essenciais para entender os principais
problemas que o mundo enfrenta no século XXI.
Seja para abordar os desafios da mudança climática ou o racismo, a sustentabilidade ambiental ou a violência de gênero, a seca ou patrimônios culturais ameaçados, os
pesquisadores questionam como o conhecimento indígena pode ser ativado de forma efetiva como um recurso para desenvolvimento no futuro.
Pesquisadores do Sudão mostram como o conhecimento tradicional núbio pode informar decisões sobre agricultura sustentável. Uma pesquisadora do povo Emberá-
Chami demonstra a importância do conhecimento indígena para a resolução de questões de deslocamento forçado na Colômbia ao lado de um pesquisador Acholi, que
examina soluções para a seca em Uganda.
Grandes questões. Respostas indígenas. Apesar de todos os impactos positivos dessas colaborações para pesquisas até agora, sabemos que o Brasil enfrenta questões
urgentes relacionadas à sua herança indígena e seu futuro. Esse seminário é uma chance para que o povo Kuikuro peça aos colegas indígenas que reflitam juntos sobre
como a pesquisa acadêmica pode proteger, preservar e promover o desenvolvimento sustentável para os povos indígenas do Brasil.
Pesquisadores foram convidados a vir ao país para perguntar e entender como esforços de pesquisa colaborativa podem promover a resiliência às atuais ameaças a
identidades, terras, águas e culturas indígenas.
Precisamos de metodologias indígenas de pesquisa para compreender a relação entre o desmatamento, a mudança climática, os ciclos de colheita e os rituais dos
calendários indígenas. Para resistir à municipalização da assistência médica indígena, é preciso haver pesquisas para examinar como manter um cuidadoso equilíbrio entre
conhecimentos indígenas e não indígenas. Já que os Kuikuro não podem mais beber a água do Rio Xingu, precisamos questionar: por quanto tempo seus peixes
continuarão a alimentar as aldeias, à medida que toxinas agrícolas e industriais poluem seus afluentes ou o próprio rio é bloqueado por barragens hidrelétricas?
Os debates começam sob os milhares de estrelas do céu do Xingu, no Planetário do Rio, enquanto se contemplam as cosmologias indígenas nas constelações de cada um
de nossos visitantes. Na sequência, haverá a busca de respostas para perguntas significativas. Como criar pesquisas equitativas, específicas a um contexto e sensíveis em
termos históricos, culturais e linguísticos? Como a coprodução de conhecimento entre pesquisadores indígenas e não indígenas pode superar desequilíbrios de poder
arraigados, sobre os quais nossos sistemas universitários de ensino e pesquisa são construídos?
Os conselhos de pesquisa do Reino Unido reuniram colaboradores de doze projetos conduzidos por acadêmicos britânicos em parceria com pesquisadores indígenas de
várias partes do mundo para criar um novo conjunto de diretrizes para pesquisa em universidades britânicas. Financiado pelo Global Challenges Research Fund (GCRF) –
um investimento de 1,5 bilhão de libras por parte do governo do Reino Unido para criar parcerias que apoiem pesquisas de ponta para lidar com os principais desafios
enfrentados por países em desenvolvimento –, o seminário examina em que medida a pesquisa financiada pelo Reino Unido está sendo conduzida a partir do ponto de
vista indígena e busca propor como as universidades podem garantir uma estrutura ética para pesquisas que tragam benefícios diretos a povos indígenas. Acima de tudo,
vai questionar que tipo de pesquisa vale a pena conduzir e qual a melhor forma de realizá-la.
O povo Kuikuro e a Universidade Queen Mary de Londres colaboram em projetos de pesquisa financiados pelo GCRF desde 2016. Isso resultou em um programa de
residências artísticas organizado pelo povo Kuikuro na Aldeia Ipatse no Alto Xingu, que reuniu mais de 20 artistas de Londres, Madri e Rio de Janeiro.
Em contrapartida, Takumã fez um documentário que oferece uma reflexão crítica sobre modelos britânicos de multiculturalismo, e os Kuikuro colaboraram com o Museu
Hornimam, em Londres, para criar uma experiência imersiva da cultura do Xingu com o uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada.
Ao dar boas-vindas a nossos colegas de várias partes do mundo, vamos compartilhar muitas questões e esperamos ter algumas respostas. Vamos também contar
histórias e refletir sobre como as narrativas que precisamos contar e ouvir estão cada vez mais ameaçadas de extinção. Estamos nos reunindo para criar e mobilizar
conhecimentos.
De acordo com o texto, numa relação lógica entre Sudão, Colômbia e Uganda, é correto afirmar que a agricultura sustentável está para
a) conhecimento tradicional.
b) conhecimento indígena.
c) soluções para a seca.
d) povo Emberá-Chami.
e) pesquisador Acholi.
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Arnaldo Niskier
Como é natural, os quatro principais candidatos à Presidência da República prometem mundos e fundos para o aperfeiçoamento da educação, nos seus quatro anos de
mandato. Não há exatamente preocupação se tudo caberá nesse período, relativamente curto, muito menos se haverá recursos financeiros para tantos sonhos. Como
estes ainda não pagam impostos, ninguém será punido se boa parte das promessas ficar na saudade. Não foi sempre assim? Exemplo curioso é o do ensino médio. De
repente, virou moda, na campanha. É certo que o número de alunos cresce em progressão geométrica, revelando interesse inusitado. Estamos perto dos 9 milhões de
jovens, que se formarão para um mercado de trabalho retraído. Consequência natural da política econômica de um governo que cita sempre JK, mas na prática está a
quilômetros de distância do que realizou o criador de Brasília. Fernando Henrique Cardoso deixará o governo devendo aproximadamente 3 milhões de empregos à nossa
sociedade. Injustificável.
Repito: sonhar não custa. Por iniciativa da Fiesp, do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) e da revista "Sentidos", coordenei um encontro sobre as propostas do
próximo governo federal para a educação, inclusão social e preparação de recursos humanos para o mercado de trabalho. Foram enviados representantes de alto nível
dos candidatos, resultando num debate extremamente oportuno e rico em sugestões.
Algumas das ideias serão aqui tratadas. Quem sabe, assim, poderão se transformar em compromissos de execução. A primeira delas refere-se à empregabilidade com
qualificação, o que depende da educação. Lembrou-se que, sob esse aspecto, deve-se respeitar o trabalho do "sistema S", que já formou milhões de jovens para o
complexo mercado de trabalho brasileiro. Como não se pode deixar de considerar, de forma positiva, os milhares de estágios proporcionados pelo CIEE, nesse processo.
Mas é preciso mais, retirando da nossa educação qualquer laivo de elitização.
Não pode dormir tranquila uma nação que tem 15 milhões de analfabetos puros e mais de 30 milhões de analfabetos funcionais. De que modo o mercado de trabalho
poderá absorver essa mão-de-obra, assim desqualificada, se as exigências do desenvolvimento científico e tecnológico são cada vez maiores?
No país das desigualdades, há um enorme abismo entre ricos e pobres em matéria de educação. Diferença que a quantidade não resolve. Universalizar sem dar qualidade
à educação tem pouco efeito sobre a nossa competitividade. Tem-se feito muito pouco para melhorar o trabalho dos professores e especialistas, no país inteiro. Precisam
ser mais bem formados, treinados, atualizados e remunerados de forma compatível com a dignidade humana.
Mesmo com a criação do Fundef, que foi um avanço, estamos longe de uma solução à altura do problema. Até porque 20% das nossas prefeituras aplicaram
equivocadamente os recursos do fundo, para não proclamar outra coisa. Aliás, vale a pena registrar que o programa de distribuição de livros (uma iniciativa louvável)
teve incríveis tropeços, como o próprio reconhecimento do MEC de que um terço de 60 milhões de livros do programa Literatura em Casa jamais foi entregue aos alunos.
Quem fiscaliza isso, que é proveniente do dinheiro público?
Deseja-se que 20% das crianças que se encontram nas escolas públicas alcancem o sonhado tempo integral. Mas não se afirmou como. A realidade é que faltam
professores em quase todas as unidades da Federação. Se não são abertos concursos, qual é a mágica que se prevê?
Foi citada a sugestão de cursinhos pré-vestibulares gratuitos para alunos carentes. Idéia altamente discutível, pois o que se deseja é o aperfeiçoamento da educação
básica. O cursinho é um desvio dessa preocupação e poderá servir como facilitário indesejável. Deseja-se que os recursos para educação subam de R$ 66 bilhões para R$
93 bilhões ao ano, criando a possibilidade de evitar os malefícios da reprovação e da evasão.
Pensou-se num programa de valorização dos professores, na doação de livros para alunos de nível médio, na ampliação da nossa escolaridade de seis para 12 anos, na
unificação da gestão dos recursos humanos na educação, nos cuidados com a universidade pública (hoje, sucateada), no fortalecimento das escolas técnicas federais, na
ampliação da assistência ao pré-escolar (mais 4 milhões de vagas), na maior atenção aos alunos deficientes, na maior participação dos empresários no processo de
ensino/aprendizagem e numa articulação mais adequada entre os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Algumas ideias parecem sonhos. Muitas outras não. Dependem só da vontade política dos que detiverem o poder.
Arnaldo Niskier, 67, educador, é membro da Academia Brasileira de Letras e Conselheiro do Imae (Instituto Metropolitano de Altos Estudos).
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2009200210.htm)
Pode-se afirmar que a tese do autor baseia-se em crítica relativa à ausência/ineficiência de política de
a) Estado.
b) Governo.
c) investidores.
d) empréstimo.
e) intercâmbio.
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Arnaldo Niskier
Como é natural, os quatro principais candidatos à Presidência da República prometem mundos e fundos para o aperfeiçoamento da educação, nos seus quatro anos de
mandato. Não há exatamente preocupação se tudo caberá nesse período, relativamente curto, muito menos se haverá recursos financeiros para tantos sonhos. Como
estes ainda não pagam impostos, ninguém será punido se boa parte das promessas ficar na saudade. Não foi sempre assim? Exemplo curioso é o do ensino médio. De
repente, virou moda, na campanha. É certo que o número de alunos cresce em progressão geométrica, revelando interesse inusitado. Estamos perto dos 9 milhões de
jovens, que se formarão para um mercado de trabalho retraído. Consequência natural da política econômica de um governo que cita sempre JK, mas na prática está a
quilômetros de distância do que realizou o criador de Brasília. Fernando Henrique Cardoso deixará o governo devendo aproximadamente 3 milhões de empregos à nossa
sociedade. Injustificável.
Repito: sonhar não custa. Por iniciativa da Fiesp, do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) e da revista "Sentidos", coordenei um encontro sobre as propostas do
próximo governo federal para a educação, inclusão social e preparação de recursos humanos para o mercado de trabalho. Foram enviados representantes de alto nível
dos candidatos, resultando num debate extremamente oportuno e rico em sugestões.
Algumas das ideias serão aqui tratadas. Quem sabe, assim, poderão se transformar em compromissos de execução. A primeira delas refere-se à empregabilidade com
qualificação, o que depende da educação. Lembrou-se que, sob esse aspecto, deve-se respeitar o trabalho do "sistema S", que já formou milhões de jovens para o
complexo mercado de trabalho brasileiro. Como não se pode deixar de considerar, de forma positiva, os milhares de estágios proporcionados pelo CIEE, nesse processo.
Mas é preciso mais, retirando da nossa educação qualquer laivo de elitização.
Não pode dormir tranquila uma nação que tem 15 milhões de analfabetos puros e mais de 30 milhões de analfabetos funcionais. De que modo o mercado de trabalho
poderá absorver essa mão-de-obra, assim desqualificada, se as exigências do desenvolvimento científico e tecnológico são cada vez maiores?
No país das desigualdades, há um enorme abismo entre ricos e pobres em matéria de educação. Diferença que a quantidade não resolve. Universalizar sem dar qualidade
à educação tem pouco efeito sobre a nossa competitividade. Tem-se feito muito pouco para melhorar o trabalho dos professores e especialistas, no país inteiro. Precisam
ser mais bem formados, treinados, atualizados e remunerados de forma compatível com a dignidade humana.
Mesmo com a criação do Fundef, que foi um avanço, estamos longe de uma solução à altura do problema. Até porque 20% das nossas prefeituras aplicaram
equivocadamente os recursos do fundo, para não proclamar outra coisa. Aliás, vale a pena registrar que o programa de distribuição de livros (uma iniciativa louvável)
teve incríveis tropeços, como o próprio reconhecimento do MEC de que um terço de 60 milhões de livros do programa Literatura em Casa jamais foi entregue aos alunos.
Quem fiscaliza isso, que é proveniente do dinheiro público?
Deseja-se que 20% das crianças que se encontram nas escolas públicas alcancem o sonhado tempo integral. Mas não se afirmou como. A realidade é que faltam
professores em quase todas as unidades da Federação. Se não são abertos concursos, qual é a mágica que se prevê?
Foi citada a sugestão de cursinhos pré-vestibulares gratuitos para alunos carentes. Idéia altamente discutível, pois o que se deseja é o aperfeiçoamento da educação
básica. O cursinho é um desvio dessa preocupação e poderá servir como facilitário indesejável. Deseja-se que os recursos para educação subam de R$ 66 bilhões para R$
93 bilhões ao ano, criando a possibilidade de evitar os malefícios da reprovação e da evasão.
Pensou-se num programa de valorização dos professores, na doação de livros para alunos de nível médio, na ampliação da nossa escolaridade de seis para 12 anos, na
unificação da gestão dos recursos humanos na educação, nos cuidados com a universidade pública (hoje, sucateada), no fortalecimento das escolas técnicas federais, na
ampliação da assistência ao pré-escolar (mais 4 milhões de vagas), na maior atenção aos alunos deficientes, na maior participação dos empresários no processo de
ensino/aprendizagem e numa articulação mais adequada entre os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Algumas ideias parecem sonhos. Muitas outras não. Dependem só da vontade política dos que detiverem o poder.
Arnaldo Niskier, 67, educador, é membro da Academia Brasileira de Letras e Conselheiro do Imae (Instituto Metropolitano de Altos Estudos).
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2009200210.htm)
Para que se possa comprovar, argumentativamente, a resposta da questão imediatamente anterior, foi utilizado o seguinte mecanismo:
a) ausência de comparação.
b) excesso de metalinguagem.
c) presença constante de metáforas.
d) quantidade excessiva de perguntas retóricas.
e) citação de mais de um presidente ou de ex-presidente do Brasil.
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Leia o texto abaixo, escrito pela educadora e poeta Cecília Meirelles, e responda a questão.
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Pode-se inferir que o eu-lírico do poema possui sobre a tristeza uma visão
a) exaltadora.
b) concorrente.
c) indiferente.
d) positiva.
e) negativa.
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Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
A repetição, por parte do eu-lírico, da passagem “não sei, não sei.” pode ter como objetivo expressar
a) imparcialidade.
b) impessoalidade.
c) desprezo.
d) indiferença.
e) angústia.
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Questão 175: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
TEXTO II PARA A QUESTÃO.
Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo
que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala
comum (*); parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.
A obra de Machado de Assis é uma das mais respeitadas da literatura nacional, principalmente pelas sutilezas estilísticas de construção textual sob a natureza sintático-
filosófica. Acerca de tal lógica e de acordo com seus conhecimentos pressupostos, pode-se afirmar que, no título do TEXTO II, a locução “DOS EPITÁFIOS” confere ao
substantivo “FILOSOFIA”
a) a ideia de que os epitáfios têm natureza paciente, ou seja, de que são apenas o objeto da reflexão do narrador-personagem.
b) a relação de expletividade textual, ou seja, de elemento desnecessário à compreensão da mensagem do narrador-personagem.
c) a ideia predominante de natureza restritiva e agente, haja vista que o núcleo “EPITÁFIO” desempenha, ao mesmo tempo, a noção de restrição acerca da espécie
de filosofia e a percepção de que há uma lógica de filosofia advinda do núcleo da locução adjetiva citada.
d) a ideia de mera explicação do núcleo substantivo “EPITÁFIO”.
e) a noção exclusiva de restrição de contemporaneidade, porquanto a reflexão abordada é exclusivamente ligada aos tempos atuais.
Esta questão não possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1039968
Questão 176: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Administração Geral, Gestão Rural, Empreendedorismo, Associativismo e
Cooperativismo/2019
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
TEXTO II PARA A QUESTÃO.
Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo
que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala
comum (*); parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.
A construção textual “E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo (...)” constrói-se por meio de recurso
de ironia, o que gera, no contexto apresentado, uma crítica
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso
vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um
defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs
no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e
prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem
anúncios. Acresce que chovia — peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta
engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: — “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar
chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem
o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.
No recorte textual, “(...) por onze amigos. Onze amigos!”, a repetição do signo linguístico “amigos”, relacionada à sequência do texto, bem como à sentença “Bom e fiel
amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.”, sugere
a) gênero paráfrase.
b) gênero epistolar.
c) recurso irônico.
d) atitude de agradecimento do narrador personagem.
e) ufanismo.
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso
vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um
defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs
no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e
prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem
anúncios. Acresce que chovia — peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta
engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: — “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar
chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem
o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.
Na sentença linguística “Acresce que chovia — peneirava uma chuvinha miúda (...)”, sintática e estilisticamente, pode-se afirmar que
A associação dos signos linguísticos “Cola-Cola” e “Fanta” confirmam a pretensão comunicativa do gênero em questão.
O gênero textual propaganda possui como finalidade principal o convencimento do receptor para a compra de um produto. Para tal objetivo, o texto acima utilizou-se
sutilmente do seguinte recurso:
a) Estruturação sintática
b) Polissemia
c) Organização fonética
d) Intertextualidade
e) Ambiguidade sintática
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Para que o receptor compreenda o recurso detectado na questão anterior, é fundamental que ele tenha conhecimentos
a) pressupostos.
b) sintáticos.
c) fonéticos.
d) fonológicos.
e) mórficos.
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O gênero textual propaganda, apresentado como texto-base para questão, foi apresentado de modo a predominar
a) a linguagem verbal.
b) a linguagem não verbal.
c) a linguagem mista.
d) o Arcaísmo.
e) o Neologismo.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1042329
Na sentença “Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima”, há recurso linguístico que produz importante efeito textual no gênero propaganda. Assinale tal
recurso.
a) Performance
b) Anacoluto
c) Silepse
d) Sínquise
e) Ambiguidade semântica
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O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, em
artigos cujo texto se reproduz, a seguir, quase na íntegra.
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do que ao indígena, se deve nossa extraordinária riqueza de
topônimos de procedência tupi. Mas admite-se sem convicção muito arraigada, pois parece evidente que uma população “primitiva”, ainda quando numerosa, tende
inevitavelmente a aceitar os padrões de seus dominadores mais eficazes.
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas a um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o de que os paulistas da era das bandeiras se valiam do
idioma tupi em seu trato civil e doméstico, exatamente como os dos nossos dias se valem do português.
Esse argumento funda-se, no entanto, em testemunhos precisos e que deixam pouco lugar a hesitações, como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre voto que
proferiu acerca das dúvidas suscitadas pelos moradores de São Paulo em torno do espinhoso problema da administração do gentio. “É certo”, sustenta o grande jesuíta,
“que as famílias dos portuguezes e indios de São Paulo estão tão ligadas hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se criam mystica e domesticamente, e a
lingua que nas ditas familias se fala he a dos indios, e a portugueza a vão os meninos aprender à escola [...]’
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2, páginas 122 e 123, versão digital)
Nesse excerto de uma das mais célebres obras da sociologia brasileira, Sérgio Buarque de Holanda, informa que
a) não era utilizada língua indígena, mas sim, o português, porque era a “língua dos dominadores”.
b) há probabilidade de que a “língua dos índios” tenha sido utilizada no trato civil, o que se comprova com mecanismos textual de argumentação.
c) há uma inquestionável convicção de que o tupi era a língua das famílias.
d) há uma inquestionável convicção de que o português era a língua das famílias.
e) o autor desconversa e não chega a qualquer conclusão acerca de qual língua era usada.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1042337
O assunto, que tem sido ultimamente objeto de algumas controvérsias, foi tratado pelo autor no Estado de S. Paulo de 11 e 18 de maio e 13 de junho de 1945, em
artigos cujo texto se reproduz, a seguir, quase na íntegra.
Admite-se, em geral, sobretudo depois dos estudos de Teodoro Sampaio, que ao bandeirante, mais talvez do que ao indígena, se deve nossa extraordinária riqueza de
topônimos de procedência tupi. Mas admite-se sem convicção muito arraigada, pois parece evidente que uma população “primitiva”, ainda quando numerosa, tende
inevitavelmente a aceitar os padrões de seus dominadores mais eficazes.
Não faltou, por isso mesmo, quem opusesse reservas a um dos argumentos invocados por Teodoro Sampaio, o de que os paulistas da era das bandeiras se valiam do
idioma tupi em seu trato civil e doméstico, exatamente como os dos nossos dias se valem do português.
Esse argumento funda-se, no entanto, em testemunhos precisos e que deixam pouco lugar a hesitações, como o é o do padre Antônio Vieira, no célebre voto que
proferiu acerca das dúvidas suscitadas pelos moradores de São Paulo em torno do espinhoso problema da administração do gentio. “É certo”, sustenta o grande jesuíta,
“que as famílias dos portuguezes e indios de São Paulo estão tão ligadas hoje humas ás outras, que as mulheres e os filhos se criam mystica e domesticamente, e a
lingua que nas ditas familias se fala he a dos indios, e a portugueza a vão os meninos aprender à escola [...]’
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, capítulo 4, nota 2, páginas 122 e 123, versão digital)
Sobre os mecanismos textuais que dão probabilidade de qual língua era usada no trato civil, em São Paulo, pode-se afirmar que o principal é
a) a citação.
b) a exemplificação
c) a alusão metafórica.
d) o dado estatístico.
e) a metonimização.
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Questão 186: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Língua Portuguesa Língua Inglesa/2019
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
E nós estamos ainda no processo de aprender como fazer democracia. E a luta
por ela passa pela luta contra todo tipo de autoritarismo.
Paulo Freire, 2000: 136.
Este livro busca refletir sobre a contribuição que a Linguística atual pode dar para a formação (continuada) do professor de Língua Portuguesa, ao mesmo tempo em que
pretende mostrar possibilidades de atuação do bacharel em Linguística na escola que vão para além da sala de aula. Pode parecer surpreendente à primeira vista, mas a
Linguística, uma disciplina científica que busca compreender as línguas naturais, aquelas que adquirimos em casa, sem instrução formal, tem um lugar na escola e não
apenas na sala de aula. O seu papel no ensino não é tema novo. Há várias propostas para a Linguística entrar na escola. Nossa proposta é que o professor juntamente
com os seus alunos se aventure a elaborar gramáticas (ou fragmentos de gramáticas). Fomos influenciadas pela leitura das experiências didáticas descritas em Chomsky
et al. (1985), Carey et al. (1989), O'Neil et al. (2004) e O'Neil et al. (2010), entre outros, que mostram que a reflexão sobre uma língua natural ensina o método
científico, auxilia no ensino de ciências e matemática e desenvolve as capacidades de leitura e escrita. Esses projetos foram desenvolvidos com comunidades carentes nos
Estados Unidos — em comunidades indígenas americanas — e na África, em escolas sem infraestrutura, sem laboratórios, sem bibliotecas. Refletir sobre a linguagem
exige apenas um bom professor, quadro-negro e a intuição dos alunos. Essa é uma maneira de ensinar a raciocinar cientificamente com pouquíssimos recursos. Além
disso, essas experiências mostram que realizar essa reflexão resultou em escritores e leitores mais habilidosos. Uma outra razão para utilizarmos a Linguística na escola é
o fato de que ela permite a inclusão de todos os falares (e, portanto, de todos os falantes), não apenas de variedades diferentes do português, variedades que são
estigmatizadas socialmente — e esse é também um aspecto que a Linguística ajuda a esclarecer —, mas principalmente de falantes de outras línguas, como, por
exemplo, a língua de sinais brasileira. As aulas de língua portuguesa podem não apenas versar sobre o português e suas variedades, elas podem ser uma oportunidade
para se conhecer outras línguas, compará-las.
Neste livro, imaginamos aulas de português diferentes, como momentos em que as línguas e suas gramáticas ganham proeminência, o que permite tornar essas aulas
espaços de interação com outras disciplinas, com as quais em geral não há conversa, como, por exemplo, a matemática; são também uma intervenção na sociedade, não
apenas para desmistificar muitos dos preconceitos que a sociedade brasileira ainda tem quanto à língua, mas principalmente para formar cidadãos críticos, que sabem
avaliar um argumento.
As aulas de português, nesta proposta, são momentos privilegiados em que o aluno se reconhece, valoriza sua fala, entende o lugar da sua fala e a do outro na
sociedade, ao mesmo tempo em que aprende a construir modelos científicos, a raciocinar através da formulação e refutação de hipóteses; afinal, gramáticas nada mais
são do que modos de explicação para um fenômeno da natureza — as línguas naturais, que são uma característica exclusiva dos seres humanos. Um dos objetivos deste
livro é pavimentar um caminho que nos leve a entender as línguas sob esse outro prisma, que não é nem literário, nem o da sua utilidade para aprender a ler e a
escrever — ambos, obviamente, legítimos e necessários —, mas sim aquele do olhar curioso para um fenômeno natural, que caracteriza a atividade científica. Esse
fenômeno é a língua que falamos em casa, na nossa intimidade, com os nossos familiares e amigos. A língua que o aluno traz para a escola.
Essa perspectiva permite o florescimento da cidadania, porque leva o aluno a perceber a língua de maneira diferente, como a sua maneira de ser. A sua língua é a sua
maneira de ser, e a exclusão dessa maneira de ser tem efeitos negativos também na aprendizagem da leitura e da escrita. Somos as línguas que falamos. Nossa língua
materna é um componente fundamental da nossa identidade, não apenas como pessoa, mas também como povo. Não somos cidadãos plenos se temos vergonha da
nossa fala, se negamos até hoje que há um português brasileiro, que tem características próprias reconhecidas há séculos, e se vemos no português da gente, na feliz
expressão de Ilari e Basso (2006), um motivo de chacota porque "não sabemos falar". Note que é a colônia que não sabe falar; é a fala da colônia que é errada. Esses
são indícios de uma subjetividade em desacordo consigo, porque não aceita o que é. Legitimar a língua que falamos, nossa identidade linguística, é uma das funções da
escola, que pode ser realizada observando as línguas, construindo, juntamente com os alunos, gramáticas para explicá-las. Nesse percurso vão aparecer outras línguas,
outras gramáticas. Contrariamente ao senso comum, que acredita haver uma única língua no Brasil, há muitas línguas no Brasil, somos multilíngues.
O texto acima trata-se do primeiro capítulo da obra “Gramática na escolas”, escrita pelas pesquisadoras Roberta Pires e Sandra Quarezemin. Na obra, as autoras
procuram gerar reflexão sobre o papel do linguista nas salas de aula e nas escolas, com o objetivo de demonstrar que, em razão da chamada “língua natural”, é possível
construir “gramáticas” e melhorar a educação do País. Com base nesse texto, em seus conhecimentos em linguística, em gramática, em literatura e em ensino de língua,
responda a questão abaixo.
O texto tem o objeto precípuo de estimular o professor a entender o seu papel como
Questão 187: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Língua Portuguesa Língua Inglesa/2019
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
E nós estamos ainda no processo de aprender como fazer democracia. E a luta
por ela passa pela luta contra todo tipo de autoritarismo.
Paulo Freire, 2000: 136.
Este livro busca refletir sobre a contribuição que a Linguística atual pode dar para a formação (continuada) do professor de Língua Portuguesa, ao mesmo tempo em que
pretende mostrar possibilidades de atuação do bacharel em Linguística na escola que vão para além da sala de aula. Pode parecer surpreendente à primeira vista, mas a
Linguística, uma disciplina científica que busca compreender as línguas naturais, aquelas que adquirimos em casa, sem instrução formal, tem um lugar na escola e não
apenas na sala de aula. O seu papel no ensino não é tema novo. Há várias propostas para a Linguística entrar na escola. Nossa proposta é que o professor juntamente
com os seus alunos se aventure a elaborar gramáticas (ou fragmentos de gramáticas). Fomos influenciadas pela leitura das experiências didáticas descritas em Chomsky
et al. (1985), Carey et al. (1989), O'Neil et al. (2004) e O'Neil et al. (2010), entre outros, que mostram que a reflexão sobre uma língua natural ensina o método
científico, auxilia no ensino de ciências e matemática e desenvolve as capacidades de leitura e escrita. Esses projetos foram desenvolvidos com comunidades carentes nos
Estados Unidos — em comunidades indígenas americanas — e na África, em escolas sem infraestrutura, sem laboratórios, sem bibliotecas. Refletir sobre a linguagem
exige apenas um bom professor, quadro-negro e a intuição dos alunos. Essa é uma maneira de ensinar a raciocinar cientificamente com pouquíssimos recursos. Além
disso, essas experiências mostram que realizar essa reflexão resultou em escritores e leitores mais habilidosos. Uma outra razão para utilizarmos a Linguística na escola é
o fato de que ela permite a inclusão de todos os falares (e, portanto, de todos os falantes), não apenas de variedades diferentes do português, variedades que são
estigmatizadas socialmente — e esse é também um aspecto que a Linguística ajuda a esclarecer —, mas principalmente de falantes de outras línguas, como, por
exemplo, a língua de sinais brasileira. As aulas de língua portuguesa podem não apenas versar sobre o português e suas variedades, elas podem ser uma oportunidade
para se conhecer outras línguas, compará-las.
Neste livro, imaginamos aulas de português diferentes, como momentos em que as línguas e suas gramáticas ganham proeminência, o que permite tornar essas aulas
espaços de interação com outras disciplinas, com as quais em geral não há conversa, como, por exemplo, a matemática; são também uma intervenção na sociedade, não
apenas para desmistificar muitos dos preconceitos que a sociedade brasileira ainda tem quanto à língua, mas principalmente para formar cidadãos críticos, que sabem
avaliar um argumento.
As aulas de português, nesta proposta, são momentos privilegiados em que o aluno se reconhece, valoriza sua fala, entende o lugar da sua fala e a do outro na
sociedade, ao mesmo tempo em que aprende a construir modelos científicos, a raciocinar através da formulação e refutação de hipóteses; afinal, gramáticas nada mais
são do que modos de explicação para um fenômeno da natureza — as línguas naturais, que são uma característica exclusiva dos seres humanos. Um dos objetivos deste
livro é pavimentar um caminho que nos leve a entender as línguas sob esse outro prisma, que não é nem literário, nem o da sua utilidade para aprender a ler e a
escrever — ambos, obviamente, legítimos e necessários —, mas sim aquele do olhar curioso para um fenômeno natural, que caracteriza a atividade científica. Esse
fenômeno é a língua que falamos em casa, na nossa intimidade, com os nossos familiares e amigos. A língua que o aluno traz para a escola.
Essa perspectiva permite o florescimento da cidadania, porque leva o aluno a perceber a língua de maneira diferente, como a sua maneira de ser. A sua língua é a sua
maneira de ser, e a exclusão dessa maneira de ser tem efeitos negativos também na aprendizagem da leitura e da escrita. Somos as línguas que falamos. Nossa língua
materna é um componente fundamental da nossa identidade, não apenas como pessoa, mas também como povo. Não somos cidadãos plenos se temos vergonha da
nossa fala, se negamos até hoje que há um português brasileiro, que tem características próprias reconhecidas há séculos, e se vemos no português da gente, na feliz
expressão de Ilari e Basso (2006), um motivo de chacota porque "não sabemos falar". Note que é a colônia que não sabe falar; é a fala da colônia que é errada. Esses
são indícios de uma subjetividade em desacordo consigo, porque não aceita o que é. Legitimar a língua que falamos, nossa identidade linguística, é uma das funções da
escola, que pode ser realizada observando as línguas, construindo, juntamente com os alunos, gramáticas para explicá-las. Nesse percurso vão aparecer outras línguas,
outras gramáticas. Contrariamente ao senso comum, que acredita haver uma única língua no Brasil, há muitas línguas no Brasil, somos multilíngues.
O texto acima trata-se do primeiro capítulo da obra “Gramática na escolas”, escrita pelas pesquisadoras Roberta Pires e Sandra Quarezemin. Na obra, as autoras
procuram gerar reflexão sobre o papel do linguista nas salas de aula e nas escolas, com o objetivo de demonstrar que, em razão da chamada “língua natural”, é possível
construir “gramáticas” e melhorar a educação do País. Com base nesse texto, em seus conhecimentos em linguística, em gramática, em literatura e em ensino de língua,
responda a questão abaixo.
Do título “Gramáticas: rota alternativa para as aulas de português” e da leitura atenta ao texto, pode-se pressupor do fato de o signo linguístico “gramática” estar
flexionado no plural e estar seguido da expressão “rota alternativa” que
a) as autoras desejam que o leitor professor indique várias gramáticas normativas da língua portuguesa para que os alunos estudem.
b) as autoras desejam que o leitor professor indique várias obras científicas de sociolinguística para que os alunos estudem em sala.
c) as autoras reconhecem a necessidade de haver necessidade de mais descrição linguística, com base na língua natural, o que implica reconhecimento de “outras
gramáticas”.
d) as autoras orientam o professor leitor ao estudo dos clássicos para que se descreva uma gramática prescritiva.
e) as autoras orientam o professor leitor ao trabalho exclusivamente científico em sala, de que, ao final de cada aula, haja a confecção de uma gramática descritiva.
Esta questão não possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1045700
Questão 188: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Língua Portuguesa Língua Inglesa/2019
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
E nós estamos ainda no processo de aprender como fazer democracia. E a luta
por ela passa pela luta contra todo tipo de autoritarismo.
Paulo Freire, 2000: 136.
Este livro busca refletir sobre a contribuição que a Linguística atual pode dar para a formação (continuada) do professor de Língua Portuguesa, ao mesmo tempo em que
pretende mostrar possibilidades de atuação do bacharel em Linguística na escola que vão para além da sala de aula. Pode parecer surpreendente à primeira vista, mas a
Linguística, uma disciplina científica que busca compreender as línguas naturais, aquelas que adquirimos em casa, sem instrução formal, tem um lugar na escola e não
apenas na sala de aula. O seu papel no ensino não é tema novo. Há várias propostas para a Linguística entrar na escola. Nossa proposta é que o professor juntamente
com os seus alunos se aventure a elaborar gramáticas (ou fragmentos de gramáticas). Fomos influenciadas pela leitura das experiências didáticas descritas em Chomsky
et al. (1985), Carey et al. (1989), O'Neil et al. (2004) e O'Neil et al. (2010), entre outros, que mostram que a reflexão sobre uma língua natural ensina o método
científico, auxilia no ensino de ciências e matemática e desenvolve as capacidades de leitura e escrita. Esses projetos foram desenvolvidos com comunidades carentes nos
Estados Unidos — em comunidades indígenas americanas — e na África, em escolas sem infraestrutura, sem laboratórios, sem bibliotecas. Refletir sobre a linguagem
exige apenas um bom professor, quadro-negro e a intuição dos alunos. Essa é uma maneira de ensinar a raciocinar cientificamente com pouquíssimos recursos. Além
disso, essas experiências mostram que realizar essa reflexão resultou em escritores e leitores mais habilidosos. Uma outra razão para utilizarmos a Linguística na escola é
o fato de que ela permite a inclusão de todos os falares (e, portanto, de todos os falantes), não apenas de variedades diferentes do português, variedades que são
estigmatizadas socialmente — e esse é também um aspecto que a Linguística ajuda a esclarecer —, mas principalmente de falantes de outras línguas, como, por
exemplo, a língua de sinais brasileira. As aulas de língua portuguesa podem não apenas versar sobre o português e suas variedades, elas podem ser uma oportunidade
para se conhecer outras línguas, compará-las.
Neste livro, imaginamos aulas de português diferentes, como momentos em que as línguas e suas gramáticas ganham proeminência, o que permite tornar essas aulas
espaços de interação com outras disciplinas, com as quais em geral não há conversa, como, por exemplo, a matemática; são também uma intervenção na sociedade, não
apenas para desmistificar muitos dos preconceitos que a sociedade brasileira ainda tem quanto à língua, mas principalmente para formar cidadãos críticos, que sabem
avaliar um argumento.
As aulas de português, nesta proposta, são momentos privilegiados em que o aluno se reconhece, valoriza sua fala, entende o lugar da sua fala e a do outro na
sociedade, ao mesmo tempo em que aprende a construir modelos científicos, a raciocinar através da formulação e refutação de hipóteses; afinal, gramáticas nada mais
são do que modos de explicação para um fenômeno da natureza — as línguas naturais, que são uma característica exclusiva dos seres humanos. Um dos objetivos deste
livro é pavimentar um caminho que nos leve a entender as línguas sob esse outro prisma, que não é nem literário, nem o da sua utilidade para aprender a ler e a
escrever — ambos, obviamente, legítimos e necessários —, mas sim aquele do olhar curioso para um fenômeno natural, que caracteriza a atividade científica. Esse
fenômeno é a língua que falamos em casa, na nossa intimidade, com os nossos familiares e amigos. A língua que o aluno traz para a escola.
Essa perspectiva permite o florescimento da cidadania, porque leva o aluno a perceber a língua de maneira diferente, como a sua maneira de ser. A sua língua é a sua
maneira de ser, e a exclusão dessa maneira de ser tem efeitos negativos também na aprendizagem da leitura e da escrita. Somos as línguas que falamos. Nossa língua
materna é um componente fundamental da nossa identidade, não apenas como pessoa, mas também como povo. Não somos cidadãos plenos se temos vergonha da
nossa fala, se negamos até hoje que há um português brasileiro, que tem características próprias reconhecidas há séculos, e se vemos no português da gente, na feliz
expressão de Ilari e Basso (2006), um motivo de chacota porque "não sabemos falar". Note que é a colônia que não sabe falar; é a fala da colônia que é errada. Esses
são indícios de uma subjetividade em desacordo consigo, porque não aceita o que é. Legitimar a língua que falamos, nossa identidade linguística, é uma das funções da
escola, que pode ser realizada observando as línguas, construindo, juntamente com os alunos, gramáticas para explicá-las. Nesse percurso vão aparecer outras línguas,
outras gramáticas. Contrariamente ao senso comum, que acredita haver uma única língua no Brasil, há muitas línguas no Brasil, somos multilíngues.
O texto acima trata-se do primeiro capítulo da obra “Gramática na escolas”, escrita pelas pesquisadoras Roberta Pires e Sandra Quarezemin. Na obra, as autoras
procuram gerar reflexão sobre o papel do linguista nas salas de aula e nas escolas, com o objetivo de demonstrar que, em razão da chamada “língua natural”, é possível
construir “gramáticas” e melhorar a educação do País. Com base nesse texto, em seus conhecimentos em linguística, em gramática, em literatura e em ensino de língua,
responda a questão abaixo.
Acerca do trecho “(..) são também uma intervenção na sociedade, não apenas para desmistificar muitos dos preconceitos que a sociedade brasileira ainda tem quanto à
língua, mas principalmente para formar cidadãos críticos, que sabem avaliar um argumento.”, uma forma de confrontá-lo é
Questão 189: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Língua Portuguesa Língua Inglesa/2019
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
E nós estamos ainda no processo de aprender como fazer democracia. E a luta
por ela passa pela luta contra todo tipo de autoritarismo.
Paulo Freire, 2000: 136.
Este livro busca refletir sobre a contribuição que a Linguística atual pode dar para a formação (continuada) do professor de Língua Portuguesa, ao mesmo tempo em que
pretende mostrar possibilidades de atuação do bacharel em Linguística na escola que vão para além da sala de aula. Pode parecer surpreendente à primeira vista, mas a
Linguística, uma disciplina científica que busca compreender as línguas naturais, aquelas que adquirimos em casa, sem instrução formal, tem um lugar na escola e não
apenas na sala de aula. O seu papel no ensino não é tema novo. Há várias propostas para a Linguística entrar na escola. Nossa proposta é que o professor juntamente
com os seus alunos se aventure a elaborar gramáticas (ou fragmentos de gramáticas). Fomos influenciadas pela leitura das experiências didáticas descritas em Chomsky
et al. (1985), Carey et al. (1989), O'Neil et al. (2004) e O'Neil et al. (2010), entre outros, que mostram que a reflexão sobre uma língua natural ensina o método
científico, auxilia no ensino de ciências e matemática e desenvolve as capacidades de leitura e escrita. Esses projetos foram desenvolvidos com comunidades carentes nos
Estados Unidos — em comunidades indígenas americanas — e na África, em escolas sem infraestrutura, sem laboratórios, sem bibliotecas. Refletir sobre a linguagem
exige apenas um bom professor, quadro-negro e a intuição dos alunos. Essa é uma maneira de ensinar a raciocinar cientificamente com pouquíssimos recursos. Além
disso, essas experiências mostram que realizar essa reflexão resultou em escritores e leitores mais habilidosos. Uma outra razão para utilizarmos a Linguística na escola é
o fato de que ela permite a inclusão de todos os falares (e, portanto, de todos os falantes), não apenas de variedades diferentes do português, variedades que são
estigmatizadas socialmente — e esse é também um aspecto que a Linguística ajuda a esclarecer —, mas principalmente de falantes de outras línguas, como, por
exemplo, a língua de sinais brasileira. As aulas de língua portuguesa podem não apenas versar sobre o português e suas variedades, elas podem ser uma oportunidade
para se conhecer outras línguas, compará-las.
Neste livro, imaginamos aulas de português diferentes, como momentos em que as línguas e suas gramáticas ganham proeminência, o que permite tornar essas aulas
espaços de interação com outras disciplinas, com as quais em geral não há conversa, como, por exemplo, a matemática; são também uma intervenção na sociedade, não
apenas para desmistificar muitos dos preconceitos que a sociedade brasileira ainda tem quanto à língua, mas principalmente para formar cidadãos críticos, que sabem
avaliar um argumento.
As aulas de português, nesta proposta, são momentos privilegiados em que o aluno se reconhece, valoriza sua fala, entende o lugar da sua fala e a do outro na
sociedade, ao mesmo tempo em que aprende a construir modelos científicos, a raciocinar através da formulação e refutação de hipóteses; afinal, gramáticas nada mais
são do que modos de explicação para um fenômeno da natureza — as línguas naturais, que são uma característica exclusiva dos seres humanos. Um dos objetivos deste
livro é pavimentar um caminho que nos leve a entender as línguas sob esse outro prisma, que não é nem literário, nem o da sua utilidade para aprender a ler e a
escrever — ambos, obviamente, legítimos e necessários —, mas sim aquele do olhar curioso para um fenômeno natural, que caracteriza a atividade científica. Esse
fenômeno é a língua que falamos em casa, na nossa intimidade, com os nossos familiares e amigos. A língua que o aluno traz para a escola.
Essa perspectiva permite o florescimento da cidadania, porque leva o aluno a perceber a língua de maneira diferente, como a sua maneira de ser. A sua língua é a sua
maneira de ser, e a exclusão dessa maneira de ser tem efeitos negativos também na aprendizagem da leitura e da escrita. Somos as línguas que falamos. Nossa língua
materna é um componente fundamental da nossa identidade, não apenas como pessoa, mas também como povo. Não somos cidadãos plenos se temos vergonha da
nossa fala, se negamos até hoje que há um português brasileiro, que tem características próprias reconhecidas há séculos, e se vemos no português da gente, na feliz
expressão de Ilari e Basso (2006), um motivo de chacota porque "não sabemos falar". Note que é a colônia que não sabe falar; é a fala da colônia que é errada. Esses
são indícios de uma subjetividade em desacordo consigo, porque não aceita o que é. Legitimar a língua que falamos, nossa identidade linguística, é uma das funções da
escola, que pode ser realizada observando as línguas, construindo, juntamente com os alunos, gramáticas para explicá-las. Nesse percurso vão aparecer outras línguas,
outras gramáticas. Contrariamente ao senso comum, que acredita haver uma única língua no Brasil, há muitas línguas no Brasil, somos multilíngues.
O texto acima trata-se do primeiro capítulo da obra “Gramática na escolas”, escrita pelas pesquisadoras Roberta Pires e Sandra Quarezemin. Na obra, as autoras
procuram gerar reflexão sobre o papel do linguista nas salas de aula e nas escolas, com o objetivo de demonstrar que, em razão da chamada “língua natural”, é possível
construir “gramáticas” e melhorar a educação do País. Com base nesse texto, em seus conhecimentos em linguística, em gramática, em literatura e em ensino de língua,
responda a questão abaixo.
Ainda sobre o trecho “Refletir sobre a linguagem exige apenas um bom professor, quadro-negro e a intuição dos alunos. Essa é uma maneira de ensinar a raciocinar
cientificamente com pouquíssimos recursos.”, pode-se afirmar que a oração que se inicia pelo anafórico “essa” possui, relacionada ao período anterior, o objetivo de
Questão 190: IDECAN - PEBTT (IF PB)/IF PB/Língua Portuguesa Língua Inglesa/2019
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
E nós estamos ainda no processo de aprender como fazer democracia. E a luta
por ela passa pela luta contra todo tipo de autoritarismo.
Paulo Freire, 2000: 136.
Este livro busca refletir sobre a contribuição que a Linguística atual pode dar para a formação (continuada) do professor de Língua Portuguesa, ao mesmo tempo em que
pretende mostrar possibilidades de atuação do bacharel em Linguística na escola que vão para além da sala de aula. Pode parecer surpreendente à primeira vista, mas a
Linguística, uma disciplina científica que busca compreender as línguas naturais, aquelas que adquirimos em casa, sem instrução formal, tem um lugar na escola e não
apenas na sala de aula. O seu papel no ensino não é tema novo. Há várias propostas para a Linguística entrar na escola. Nossa proposta é que o professor juntamente
com os seus alunos se aventure a elaborar gramáticas (ou fragmentos de gramáticas). Fomos influenciadas pela leitura das experiências didáticas descritas em Chomsky
et al. (1985), Carey et al. (1989), O'Neil et al. (2004) e O'Neil et al. (2010), entre outros, que mostram que a reflexão sobre uma língua natural ensina o método
científico, auxilia no ensino de ciências e matemática e desenvolve as capacidades de leitura e escrita. Esses projetos foram desenvolvidos com comunidades carentes nos
Estados Unidos — em comunidades indígenas americanas — e na África, em escolas sem infraestrutura, sem laboratórios, sem bibliotecas. Refletir sobre a linguagem
exige apenas um bom professor, quadro-negro e a intuição dos alunos. Essa é uma maneira de ensinar a raciocinar cientificamente com pouquíssimos recursos. Além
disso, essas experiências mostram que realizar essa reflexão resultou em escritores e leitores mais habilidosos. Uma outra razão para utilizarmos a Linguística na escola é
o fato de que ela permite a inclusão de todos os falares (e, portanto, de todos os falantes), não apenas de variedades diferentes do português, variedades que são
estigmatizadas socialmente — e esse é também um aspecto que a Linguística ajuda a esclarecer —, mas principalmente de falantes de outras línguas, como, por
exemplo, a língua de sinais brasileira. As aulas de língua portuguesa podem não apenas versar sobre o português e suas variedades, elas podem ser uma oportunidade
para se conhecer outras línguas, compará-las.
Neste livro, imaginamos aulas de português diferentes, como momentos em que as línguas e suas gramáticas ganham proeminência, o que permite tornar essas aulas
espaços de interação com outras disciplinas, com as quais em geral não há conversa, como, por exemplo, a matemática; são também uma intervenção na sociedade, não
apenas para desmistificar muitos dos preconceitos que a sociedade brasileira ainda tem quanto à língua, mas principalmente para formar cidadãos críticos, que sabem
avaliar um argumento.
As aulas de português, nesta proposta, são momentos privilegiados em que o aluno se reconhece, valoriza sua fala, entende o lugar da sua fala e a do outro na
sociedade, ao mesmo tempo em que aprende a construir modelos científicos, a raciocinar através da formulação e refutação de hipóteses; afinal, gramáticas nada mais
são do que modos de explicação para um fenômeno da natureza — as línguas naturais, que são uma característica exclusiva dos seres humanos. Um dos objetivos deste
livro é pavimentar um caminho que nos leve a entender as línguas sob esse outro prisma, que não é nem literário, nem o da sua utilidade para aprender a ler e a
escrever — ambos, obviamente, legítimos e necessários —, mas sim aquele do olhar curioso para um fenômeno natural, que caracteriza a atividade científica. Esse
fenômeno é a língua que falamos em casa, na nossa intimidade, com os nossos familiares e amigos. A língua que o aluno traz para a escola.
Essa perspectiva permite o florescimento da cidadania, porque leva o aluno a perceber a língua de maneira diferente, como a sua maneira de ser. A sua língua é a sua
maneira de ser, e a exclusão dessa maneira de ser tem efeitos negativos também na aprendizagem da leitura e da escrita. Somos as línguas que falamos. Nossa língua
materna é um componente fundamental da nossa identidade, não apenas como pessoa, mas também como povo. Não somos cidadãos plenos se temos vergonha da
nossa fala, se negamos até hoje que há um português brasileiro, que tem características próprias reconhecidas há séculos, e se vemos no português da gente, na feliz
expressão de Ilari e Basso (2006), um motivo de chacota porque "não sabemos falar". Note que é a colônia que não sabe falar; é a fala da colônia que é errada. Esses
são indícios de uma subjetividade em desacordo consigo, porque não aceita o que é. Legitimar a língua que falamos, nossa identidade linguística, é uma das funções da
escola, que pode ser realizada observando as línguas, construindo, juntamente com os alunos, gramáticas para explicá-las. Nesse percurso vão aparecer outras línguas,
outras gramáticas. Contrariamente ao senso comum, que acredita haver uma única língua no Brasil, há muitas línguas no Brasil, somos multilíngues.
O texto acima trata-se do primeiro capítulo da obra “Gramática na escolas”, escrita pelas pesquisadoras Roberta Pires e Sandra Quarezemin. Na obra, as autoras
procuram gerar reflexão sobre o papel do linguista nas salas de aula e nas escolas, com o objetivo de demonstrar que, em razão da chamada “língua natural”, é possível
construir “gramáticas” e melhorar a educação do País. Com base nesse texto, em seus conhecimentos em linguística, em gramática, em literatura e em ensino de língua,
responda a questão abaixo.
No trecho, “Contrariamente ao senso comum, que acredita haver uma única língua no Brasil, há muitas línguas no Brasil, somos multilíngues.”, pode-se depreender fala
que faz uma análise
TEXTO 1
O Lixo
(Luís Fernando Veríssimo)
TEXTO 2
Em setembro de 2016, a ISWA – Associação Internacional de Resíduos Sólidos – lançou uma Campanha internacional pelo fechamento dos 50 maiores lixões do mundo,
após constatar que tais locais são as maiores fontes de poluição do planeta.
Infelizmente, os lixões ainda são uma das formas de destinação de resíduos no mundo, e estão presentes na quase totalidade dos países em desenvolvimento, sendo
responsáveis pela poluição do ar, do solo e das águas, contaminando com substâncias tóxicas e cancerígenas a vida de milhares de pessoas que vivem nas proximidades
de tais locais, ou consomem produtos contaminados pelo lixo.
No Brasil, não é diferente. De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015, publicado pela ABRELPE, cerca de 60% das cidades brasileiras encaminham
anualmente 30 milhões de toneladas de resíduos para locais inadequados, uma quantidade que vem crescendo a cada ano, apesar de vigorar, no país, desde 1981, a
proibição e a penalização de ações que causem poluição.
Os quase 3.000 lixões identificados no Brasil em junho de 2017 afetam a vida de 76,5 milhões de pessoas, e trazem um prejuízo anual para os cofres públicos de mais de
R$3,6 bilhões, valor gasto para cuidar do meio ambiente e para tratar dos problemas de saúde causados pelos impactos negativos dos lixões. Por outro lado, os
investimentos necessários para dar destinação adequada aos resíduos no Brasil, em atendimento às disposições da Política Nacional de Resíduos Sólidos, demandam
cerca de um terço daquele total.
A carência de recursos financeiros e a falta de capacidade técnica para a gestão de resíduos sólidos em muitas prefeituras constituem-se nas principais barreiras para a
erradicação dos lixões, que precisam ser encerrados com urgência para proteger o meio ambiente de uma degradação irreversível e preservar alguns milhares de vidas
que se perdem a cada ano.
(http://abrelpe.org.br/roteiro-para-encerramento-de-lixoes/)
Para promover, junto aos alunos, o reconhecimento da função da literatura entre outras esferas da comunicação humana, o professor deverá
a) evitar o ato de examinar o diálogo entre um texto literário e um texto midiático, embora possa haver entre um e outro uma conexão temática; ao portar-se dessa
maneira, impedirá que se apequene para o leitor o valor estético da literatura.
b) favorecer a discussão a respeito das expectativas dos gêneros na construção do sentido de textos postos em confronto; diante de gêneros como esses, ora
reunidos, orientará a identificação de recursos segundo os quais se potencializa, menos em um, mais em outro, a sensibilidade acerca da produção e do descarte do lixo.
c) incentivar um juízo negativo a respeito da transgressão feita em relação às regras de colocação pronominal em “- Me enganei, ou eram cascas de camarão?”;
enfatizará que, em qualquer situação de comunicação, é inadequado o uso de pronomes oblíquos átonos ao início de períodos.
d) fixar-se nos aspectos biográficos do autor, a fim de analisar as obras literárias com base na intenção do autor.
e) comprovar, por meio de análise intratextual e extratextual, que a função de informar é dominante tanto no texto literário quanto no texto informativo.
Esta questão não possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1046207
Um dos requisitos para que uma pessoa escreva claramente é ler bastante, especialmente os textos clássicos. A recomendação é do professor de língua portuguesa
Pasquale Cipro Neto, idealizador do programa “Nossa língua portuguesa”, exibido pela TV Cultura. Pasquale, que é colunista do jornal Folha de São Paulo, esteve na
Unicamp na tarde desta terça-feira (25), onde ministrou palestra sobre o tema “Redação fluente e raciocínio: requisitos essenciais em textos acadêmicos”.
O convite para que Pasquale viesse à Universidade partiu do professor Celso Dal Re Carneiro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de
Ciências da Terra (PEHCT) do Instituto de Geociência (IG). A palestra foi apresentada no contexto da programação que comemora os 50 anos da Unicamp. De acordo
com Pasquale, os clássicos são sempre uma ótima referência para quem quer aprender a escrever bem, a despeito de seus autores serem brasileiros ou estrangeiros.
“Uma sociedade que despreza os clássicos é uma sociedade burra, seja ela acadêmica ou não. O Brasil, infelizmente, tem desprezado os clássicos. Muita gente acha que
para escrever bem basta ter o conhecimento linguístico do dia a dia, o que é uma tolice profunda. Além dos clássicos, é preciso ler outros textos: jornal, bula de remédio,
rótulo de sucrilhos etc. É fundamental estar informado de tudo o que for possível e compreender as linguagens todas. Obviamente, para escrever também é preciso
pensar. O exercício mental constante nos faz descobrir a concatenação mental das coisas e também das palavras, das frases, dos textos”.
Sobre o uso da internet como ferramenta para o exercício da leitura e da escrita, Pasquale citou o filósofo, linguista e escritor Umberto Eco, falecido em fevereiro deste
ano, que afirmou que a rede mundial de computadores deu voz aos imbecis. “A internet é muito mal utilizada, embora tenha tudo para ser uma ferramenta maravilhosa.
Ela é um arquivo monumental, mas as pessoas preferem, por exemplo, ler somente o título de um texto jornalístico – que muitas vezes é mal construído –, tirar
conclusões e já sair escrevendo o diabo”.
A linguagem da internet, disse Pasquale, é ótima para uma dada situação, mas as pessoas não podem achar que, ao dominar somente esse código, a vida estará
resolvida. “Não é possível escrever um texto acadêmico com a linguagem da internet. É preciso ter um guarda-roupa linguístico amplo. Não dá para achar que com uma
roupa apenas eu posso ir a todas as situações”.
https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2016/10/25/para-o-professor-pasquale-e-preciso-ler-para-escrever-bem
Desta fala do professor Pasquale, “Uma sociedade que despreza os clássicos é uma sociedade burra, seja ela acadêmica ou não. O Brasil, infelizmente, tem desprezado
os clássicos. Muita gente acha que para escrever bem basta ter o conhecimento linguístico do dia a dia, o que é uma tolice profunda. Além dos clássicos, é preciso ler
outros textos: jornal, bula de remédio, rótulo de sucrilhos etc. É fundamental estar informado de tudo o que for possível e compreender as linguagens todas.
Obviamente, para escrever também é preciso pensar. O exercício mental constante nos faz descobrir a concatenação mental das coisas e também das palavras, das
frases, dos textos.”, pode-se inferir que
Texto associado
Ao ideia de que 'comida é cultura talvez seja facilmente compreendida, pois o ato de se alimentar constrói sentidos, significados, memórias, silenciamentos, violência,
opressões apagamentos em cada individuo e na coletividade. A cultura, assim como a comida, por estar presente em diferentes dimensões da vida e das prática sociais,
corre o risco de, muitas vezes, ser deslocada e realocada na produção de conhecimento e na ação política. Com Isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no
desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua Inclusão nas poIitícas públicas.
O antropólogo Jesus Contreras e antropóloga Mabel Gracia. compreendem a cultura alimentar como um conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas.
Pode ser herdada ou aprendida esta associada à alimentação compartilhada por individuos de uma. cultura. De Igual forma, a compartilharmos uma cultura, Contreras e
Gracia afirmam que tendemos a atuar de forma similar como fazemos com a comida, ou seja, somos guiados por orientações, preferências e sanções autorizadas por
determinada cultura.
Em diálogo com assa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase a integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar 6
Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. Considera que a alimentação se expressa em
representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares.
É também no contexto histórico de lutas por direitos sociais que o sentido político da cultura vem sendo construido. Em 2016, a carta política do II Seminário Nacional
de Educação em Agroecologia, organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), destacou a cultura como “elemento político de diálogo com os territórios,
uma vez que é a representação da diversidade e dos saberes populares” e a definiu como memória por denotar a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais,
aprender com eles e renová-los.
Essas ideias sobre a cultura dialogam com as do pensador francês Edgar Morin; ao entendê- la como “memória generativa depositária das regras de organização social,
ela É fonte produtora de saberes, competências e programas de comportamento". Morin a considera como um patrimônio informacional, pois organiza a experiência
humana. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do
corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos, as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.
Morin afirma que a cultura fornece ao pensamento suas condições de formação e concepção. Para esse pensador, à cultura e a sociadade, via cultura, estão no interior
do conhecimento humano e produz conhecimento. À comida é uma prática cultural que contribui para enxergar a complexidade da vida é a condição humana no seu
conjunto - ecossistema é biosfera. Alimenta todo o complexo vivo do nosso organismo, das células às moléculas. Nutre a mente, as redes neuronais, psíquicas, sociais e
espirituais. É uma via concreta - é comestível - para compreender o mundo é nos auxiliar na criação da estratégias para intervir em realidades.
Ao longo dos últimos 20 anos, diferentes povos e organizações da sociedade civil têm forjado coletivamente a compreensão do que entendem por cultura alimentar, bem
como têm criado estratégias para sua inserção nas políticas públicas. À essas concepções de cultura, geradas nas lutas sociais e com pensadores da complexidade e das
ciências sociais, trazemos a reflexão sobre o lugar da comida nas políticas culturais no Brasil.
(...)
(Jullana Dias e André Luza. Le Monde Diplomafique. 30 de novembro de 2020, com alterações)
a) narrativo.
b) descritivo
c) Injuntivo.
d) argumentativo.
e) explicativo
Texto associado
Em A mulher de pés descalços, obra de Scholastique Mukasonga dedicada à memória de sua mãe, a narradora em certo momento reflete sobre a dificuldade de se
manter a vaidade no vilarejo formado na região de Gitagata, campo de refugiados para onde sua família foi enviada quando ela ainda era criança. A mãe da escritora,
Stefania, era uma pessoa a quem muitas garotas recorriam para descobrir se poderiam ser consideradas moças bonitas. Ela tinha um histórico de sucesso na formação
de casais. Nas tardes de domingo, geralmente guardadas para descanso ou alguma diversão, era comum que jovens fossem ao seu quintal para concorrer um pouco por
sua atenção. A beleza é um dado social, definida na interação entre as pessoas, e seus critérios mudam com o tempo. No entanto, uma vez que as pessoas participam
da vida social, todos passam a reproduzir uma noção culturalmente aceita do que é considerado bonito. Qual a dificuldade então? Por que o juízo de uma pessoa tinha
tanta importância? Porque lá não havia espelhos.
Nos dias de sol forte, era possível correr a uma poça d’água para ver o próprio reflexo, mas o retrato era imperfeito e oscilante. A solução era saber de si pelos olhos de
outros. Essa situação nos permite ver um pouco da matéria de que é feita a literatura de Mukasonga: relações comunitárias, precariedade material, busca de si. O ritmo
da prosa é balanceado por uma certa temporalidade rural. A experiência histórica que sombreia todos os acontecimentos narrativos, uma espécie de moldura instável
que frequentemente invade a imagem central, manifesta-se como violência.
Muitos dos que moram em Gitagata foram enviados para lá por serem tutsis, a etnia que passou a ser perseguida após a subida dos hutus ao poder de Ruanda nos anos
1960. A escrita de Mukasonga é resultado dos conflitos que caracterizaram o país no século XX. Seu primeiro livro tem o título Baratas. Era dessa forma que os tutsis
eram chamados pelos hutus que defendiam abertamente seu extermínio. Essa persistente agressão contra a humanidade das pessoas enfim teve o resultado condizente
com a desumanização. Ela explodiu no genocídio de 1994, no qual centenas de milhares de ruandeses foram assassinados. A estimativa mais baixa é de que 800 mil
pessoas foram mortas, a maioria delas a golpes de facão.
A história da violência em Ruanda não pode ser compreendida sem considerar o colonialismo europeu. Em 1931, autoridades belgas definiram que todos os indivíduos
de Ruanda tivessem em seus documentos o registro de sua etnia. Esse marco é decisivo para se entender as tensões criadas no país, pois fixou o que não era rígido.
Antes, a identidade étnica da região era mais fluida. Um hutu poderia se tornar um tutsi com o tempo, a depender do casamento e das relações estabelecidas ao longo
da sua vida, e vice-versa. A administração colonial também manteve o privilégio de uma elite tutsi no acesso a postos de comando.
O processo de independência política do país teve início em 1959 e foi concluído em 1962, quando se formou o governo liderado por Grégoire Kayibanda, um político de
origem hutu. Nas décadas seguintes, a tensão entre hutus e tutsis se intensificou. Muitos tutsis partiram para o exílio em países vizinhos como Burundi e Uganda, de
onde organizaram movimentos de resistência. Outros foram enviados a campos de refugiados ou regiões inóspitas dentro do próprio país, como ocorreu com a família de
Mukasonga.
A história da formação populacional de Ruanda é marcada por divergências. O jornalista Phillipe Gourevitch, autor de Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos
mortos com nossas famílias, admite que havia uma divisão étnica antes da chegada dos brancos à região no fim do século XIX, mas reconhece que não existia uma
compreensão comum sobre o significado dela. Acredita-se que os hutus seriam povos mais ligados ao trabalho na agricultura. Os tutsis, por sua vez, se ocupariam
majoritariamente da pecuária. No entanto, independente do grupo étnico, todos falavam a mesma língua, compartilhavam práticas culturais, visões de mundo, casavam-
se entre si, moravam próximos uns dos outros, enfim, viviam sem a distinção incontornável que se cristalizou posteriormente.
Scholastique Mukasonga tem consciência de como seu país foi afetado pelo projeto colonial. A despeito das nomenclaturas hutu, tutsi ou tuá, todos os nascidos em
Ruanda são efetivamente ruandeses. Ela recusa a narrativa de que um grupo tenha chegado antes de outro, de que suas diferenças são ancestrais. Em A mulher de pés
descalços, há um diálogo da narradora com a mãe no qual ela percebe a força da narrativa colonial, na qual a ascendência tutsi tinha origens bíblicas. A voz criada pela
autora em seus livros pretende retomar para si a história do povo em que ela nasceu. Suas obras, portanto, têm vários alcances. É um projeto literário entrelaçado a
uma forma de escrita da história. Em sua versão de sobrevivente, há intenção de recuperar uma memória coletiva destroçada na brutalidade do genocídio.
(...)
O texto, para apresentar a obra de Scholastique Mukasonga, mescla a tipologia argumentativa com a tipologia eminentemente
a) descritiva.
b) injuntiva.
c) explicativa.
d) narrativa.
e) dramática.
Estudo sugere que metano em lua de Saturno pode ser indicativo de vida
A pequena Encélado encontrou uma “fosfina” para chamar de sua. Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas
plumas de água que são ejetadas da lua de Saturno não pode ser explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo vida.
O resultado lembra muito as conclusões dos pesquisadores liderados por Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas nuvens
de Vênus. Eles também não cravaram que era um sinal de vida, mas indicaram não conhecer mecanismo alternativo capaz de explicar as quantidades.
O novo estudo, liderado por Régis Ferrière, da Universidade do Arizona, nos EUA, e Stéphane Mazevet, da Universidade Paris Ciências & Letras, na França, foi publicado
na revista Nature Astronomy e segue a trilha dos achados da sonda Cassini, que em 2017 causou furor ao cruzar as plumas e detectar nelas a presença de hidrogênio
molecular e metano.
Sabe-se que, sob a crosta congelada de Encélado, há um oceano de água líquida, em contato direto com um leito rochoso. É de lá que partem as plumas, ejetadas a
partir de fissuras no gelo. Na Terra, fumarolas no fundo do oceano são o lar de muitas formas de vida metanogênicas: elas consomem hidrogênio e despejam metano.
Na lua saturnina, encontramos ambos, o que fez muitos evocarem o oceano subsuperficial como habitável. Mas daí a habitado são outros 500. Até porque há outros
processos de geração de metano que não envolvem formas de vida, como a interação de água com certos minerais, no processo conhecido como serpentinização.
O trabalho de Ferrière e Mazevet consistiu em tentar determinar a origem do metano sem precisar ir até lá para checar.
Em vez disso, o grupo modelou matematicamente a probabilidade de que diferentes processos, dentre eles metanogênese biológica, ou seja, a produção de metano por
A pergunta central era: a quantidade seria compatível com processos puramente geológicos? E a resposta dos pesquisadores é “não” – mas só até onde sabemos. Eles
apontam que das duas uma: ou está rolando metanogênese por micróbios no interior de Encélado, ou há algum fenômeno desconhecido, sem igual na Terra, capaz de
gerar a substância.
Na soma dos resultados, podemos olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Por um lado, é empolgante que tenhamos já detectado compostos que podem sinalizar a
presença de vida em tantos astros (fosfina em Vênus, metano em Encélado e em Marte). Por outro lado, as conclusões são mais especulativas do que gostaríamos até o
momento. Para todos os casos, ainda é inteiramente possível, quiçá provável, que a explicação dispense atividade biológica. Em todos, o que falta são mais observações.
Será preciso enviar novas sondas até lá, se quisermos desfazer esses mistérios.
I. Embora com teor científico, o autor do texto emprega um tom de linguagem mais próximo do coloquial, certamente para tornar o texto mais acessível a um
leitor de jornal, não especialista no assunto.
II. Em função do assunto, foi necessário que o texto tivesse assumido um tom mais didático, com acréscimo de apostos e elementos explicativos.
Assinale
O que fazer quando aquela classe faz o professor questionar a sua capacidade e prática docente
“A turma mais difícil é o 7º ano. Nunca tive alunos que me fizessem sentir tão vulnerável. Acho que desaprendi a ser professor.” Essas palavras foram ditas por um
colega muito experiente. Fiquei perplexo, pois ele é uma referência, querido pelos alunos e admirado pelos colegas; o tipo que sempre traz soluções. Levei um choque, e
sua fala me fez perceber que todos enfrentamos turmas que colocam em xeque nossa habilidade e experiência.
Quando percebemos que uma turma será muito difícil, é porque nosso repertório está se esgotando. Precisamos de outras saídas e, para chegar a elas, é fundamental
conversar com colegas, coordenação e direção. Um ótimo início é fazer uma análise aluno a aluno, buscando entender o que é do grupo e o que é individual. Uma vez
detectados quais os casos mais sérios, é importante definir encaminhamentos que toda a equipe realizará: em que situações alunos poderão ser excluídos da sala, por
exemplo? Em que casos pedir ajuda à direção? É muito importante que a equipe faça intervenções conjuntas e consistentes.
Os alunos percebem rapidamente quando estamos desarticulados e usam isso em seu enfrentamento: “Se a outra deixou, por que você não deixa?” Também é preciso
assumir nossa parcela de responsabilidade. Em que medida nossas aulas contribuem para gerar indisciplina? Ninguém propõe intencionalmente atividades que estimulam
o tumulto, mas é preciso reconhecer que algumas não funcionam com certas turmas. Pode ser um problema da nossa prática, mas também ser um choque entre ela e os
estudantes que, muitas vezes, estão imaturos para certas propostas. Nas classes difíceis que enfrentei, por exemplo, percebi que aulas expositivas são ruins, pois eram
gatilho para a distração. Aprendi, na marra, a reduzir esse tipo de aula para as inquietas. Turmas assim dão muito trabalho, mas também as maiores recompensas. Caso
os professores revejam suas práticas e se organizem como grupo para fazer intervenções consistentes, serão aquelas que ficarão na nossa memória e que nos farão
acreditar que contribuímos para a transformação dos nossos alunos.
a) narrativa
b) injuntiva
c) expositiva
d) argumentativa
e) descritiva
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1383993
Esse líquido escuro e de cheiro forte se forma quando o lixo entra em decomposição, principalmente por causa da ação de bactérias. Tanto faz se o lixo é orgânico
(como restos de comida) ou inorgânico (como plástico ou vidro). Também chamada de lixiviado, a gosma pode surgir da umidade natural do detrito ou gerada por seu
apodrecimento, e é alimentada pela água da chuva.
Sua composição varia de acordo com o material descartado: geralmente contém nitrogênio e carbono, mas também pode incluir cobre, cobalto, cádmio, mercúrio e
outros metais pesados. Por isso, ele é muito mais prejudicial ao meio ambiente do que o esgoto.
Se o chorume de um aterro sanitário não for tratado corretamente, pode alcançar os lençóis freáticos e contaminar todo o ciclo da água do qual aquele aquífero faz
parte.
Fontes: Ipen, SuperBac e Portal Tratamento de Água. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-o-chorume dolixo/. Acesso em: 27/11/2019
Assinale a alternativa que identifica corretamente o gênero textual do qual o Texto 1 é exemplar.
Saída da zona de conforto de uma poupança ou Tesouro Direto é necessário para quem quer ganhar mais nas aplicações
A decisão unânime do Copom de baixar a Selic de 5,5% para 5% ao ano vai forçar o investidor brasileiro a assumir mais riscos, nesta nova etapa da política nacional
de juros. Depois da desmitificação da poupança como melhor forma de guardar dinheiro e a migração para outras possibilidades, como o Tesouro Direto, os investidores
estão sendo empurrados para o mercado de ações e fundos multimercado para manter os ganhos. Isso porque os investimentos conservadores e moderados estão
rendendo bem menos. Nenhum faz o investidor perder dinheiro, ainda.
O momento, então, é de adaptação. Antes que a inflação corroa todos os ganhos é preciso testar outros tipos de aplicações e, se o apetite for tão grande quanto a
coragem, arriscar mais. Aí estão as ações da bolsa e os fundos multimercados para atender estes desejos.
Antes de qualquer decisão, é preciso conferir a existência do investimento e do corretor na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e, mesmo após a idoneidade
comprovada, procure conhecer o produto escolhido e estude. Isso melhora a tomada de decisões e diminui as chances de acatar indicações falhas.
Com base no Texto 1, assinale a alternativa que identifique corretamente o gênero textual do qual ele é exemplar.
a) artigo de opinião
b) editorial
c) carta do leitor
d) carta do editor
e) notícia
Transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência em
nossa saúde mental.
DIOGO RODRIGUEZ
Desde 2011 trabalho de maneira autônoma. Já contei aqui que sou jornalista freelancer; há alguns meses, estou me dedicando ao meu próprio negócio depois de
fazer um curso de empreendedorismo nos Estados Unidos. Faz muito tempo que não tenho emprego fixo.
Tenho uma forte suspeita de que foi durante esse período que comecei a “desenvolver” ansiedade generalizada e depressão. Antes, eu recebia um salário fixo e sabia
o quanto podia gastar no final do mês. Quando me tornei autônomo, tive de passar a conviver com a incerteza financeira.
É impossível saber o quanto você vai ganhar a cada mês. Isso teve várias consequências para mim. Com medo de não ganhar o suficiente, comecei a procurar por
trabalhos desesperadamente. Aceitava o que aparecesse, não importava a dificuldade da tarefa. Assim, fui me enchendo de coisas a fazer e prazos a cumprir. Para
conseguir dar conta de tudo, passei a trabalhar dez, às vezes 12 horas por dia. Nem os finais de semana escapavam mais porque sempre havia algo a ser feito.
Obviamente que o nível de ansiedade foi ao extremo e atrapalhou o resto de minha vida. Dormia menos, comia mal, pouco me divertia, estava sempre pensando em
trabalho e na necessidade de ganhar dinheiro. Aos poucos, fui me desgastando e perdendo a capacidade de prestar atenção aos detalhes.
Tanta pressão interna e externa fez a qualidade do meu trabalho cair. Perdi prazos, entreguei trabalhos de qualidade ruim. O resultado foi que pessoas que antes
confiavam em mim pararam de me chamar para trabalhar. A ansiedade por ter trabalho e ganhar dinheiro teve o efeito oposto. Não muito tempo depois de perceber isso,
resolvi procurar tratamento.
Por que estou falando disso? Bom, porque, como eu disse na coluna da semana passada, transtornos mentais não são frutos apenas de desequilíbrios químicos e
fatores biológicos. O contexto social e econômico em que vivemos tem uma grande influência. Hoje, diversas pesquisas conseguem mensurar o efeito que a insegurança
econômica causa em nós.
Faz todo sentido, não é? A ameaça da falta de dinheiro distorce nossa perspectiva de vida, colocando-nos numa espiral de incertezas. “Será que vou ter dinheiro para
pagar as contas? Será que vou conseguir trabalho? ” Isso tem um custo alto para a saúde mental.
A pesquisadora canadense Evelyn Forget conseguiu medir o impacto que as finanças têm na saúde mental. Professora da Universidade de Toronto, em 2011 ela
publicou um artigo chamado “A cidade sem pobreza: os efeitos de saúde de um experimento canadense de renda anual garantida” (tradução minha). De 1974 a 1979,
uma cidade da província de Manitoba, no Canadá, foi palco de uma experiência. O governo deu a todos os habitantes da cidade de Dauphin uma renda mínima anual.
Para cada dólar canadense que cada cidadão ganhava, o governo dava um adicional de 50 centavos.
Concluído há mais de 40 anos, o experimento só teve seus resultados revelados em 2011, por Evelyn Forget. Os dados ficaram esquecidos e nunca foram analisados.
A pesquisadora se surpreendeu com o que encontrou. De uma maneira geral, a saúde dos habitantes de Dauphin melhorou. Está incluída aí, é claro, a saúde mental. Sem
a pressão de ter que lutar pela mínima sobrevivência, as pessoas passaram a viver melhor, mostrou Forget.
Assinale a alternativa que nomeie o tipo textual em que os primeiros 5 (cinco) parágrafos (l.1-16) do Texto 2 estão estruturados.
a) narrativo
b) dissertativo-argumentativo
c) dissertativo- expositivo
d) descritivo
e) injuntivo
Arnaldo Niskier
Como é natural, os quatro principais candidatos à Presidência da República prometem mundos e fundos para o aperfeiçoamento da educação, nos seus quatro anos de
mandato. Não há exatamente preocupação se tudo caberá nesse período, relativamente curto, muito menos se haverá recursos financeiros para tantos sonhos. Como
estes ainda não pagam impostos, ninguém será punido se boa parte das promessas ficar na saudade. Não foi sempre assim? Exemplo curioso é o do ensino médio. De
repente, virou moda, na campanha. É certo que o número de alunos cresce em progressão geométrica, revelando interesse inusitado. Estamos perto dos 9 milhões de
jovens, que se formarão para um mercado de trabalho retraído. Consequência natural da política econômica de um governo que cita sempre JK, mas na prática está a
quilômetros de distância do que realizou o criador de Brasília. Fernando Henrique Cardoso deixará o governo devendo aproximadamente 3 milhões de empregos à nossa
sociedade. Injustificável.
Repito: sonhar não custa. Por iniciativa da Fiesp, do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) e da revista "Sentidos", coordenei um encontro sobre as propostas do
próximo governo federal para a educação, inclusão social e preparação de recursos humanos para o mercado de trabalho. Foram enviados representantes de alto nível
dos candidatos, resultando num debate extremamente oportuno e rico em sugestões.
Algumas das ideias serão aqui tratadas. Quem sabe, assim, poderão se transformar em compromissos de execução. A primeira delas refere-se à empregabilidade com
qualificação, o que depende da educação. Lembrou-se que, sob esse aspecto, deve-se respeitar o trabalho do "sistema S", que já formou milhões de jovens para o
complexo mercado de trabalho brasileiro. Como não se pode deixar de considerar, de forma positiva, os milhares de estágios proporcionados pelo CIEE, nesse processo.
Mas é preciso mais, retirando da nossa educação qualquer laivo de elitização.
Não pode dormir tranquila uma nação que tem 15 milhões de analfabetos puros e mais de 30 milhões de analfabetos funcionais. De que modo o mercado de trabalho
poderá absorver essa mão-de-obra, assim desqualificada, se as exigências do desenvolvimento científico e tecnológico são cada vez maiores?
No país das desigualdades, há um enorme abismo entre ricos e pobres em matéria de educação. Diferença que a quantidade não resolve. Universalizar sem dar qualidade
à educação tem pouco efeito sobre a nossa competitividade. Tem-se feito muito pouco para melhorar o trabalho dos professores e especialistas, no país inteiro. Precisam
ser mais bem formados, treinados, atualizados e remunerados de forma compatível com a dignidade humana.
Mesmo com a criação do Fundef, que foi um avanço, estamos longe de uma solução à altura do problema. Até porque 20% das nossas prefeituras aplicaram
equivocadamente os recursos do fundo, para não proclamar outra coisa. Aliás, vale a pena registrar que o programa de distribuição de livros (uma iniciativa louvável)
teve incríveis tropeços, como o próprio reconhecimento do MEC de que um terço de 60 milhões de livros do programa Literatura em Casa jamais foi entregue aos alunos.
Quem fiscaliza isso, que é proveniente do dinheiro público?
Deseja-se que 20% das crianças que se encontram nas escolas públicas alcancem o sonhado tempo integral. Mas não se afirmou como. A realidade é que faltam
professores em quase todas as unidades da Federação. Se não são abertos concursos, qual é a mágica que se prevê?
Foi citada a sugestão de cursinhos pré-vestibulares gratuitos para alunos carentes. Idéia altamente discutível, pois o que se deseja é o aperfeiçoamento da educação
básica. O cursinho é um desvio dessa preocupação e poderá servir como facilitário indesejável. Deseja-se que os recursos para educação subam de R$ 66 bilhões para R$
93 bilhões ao ano, criando a possibilidade de evitar os malefícios da reprovação e da evasão.
Pensou-se num programa de valorização dos professores, na doação de livros para alunos de nível médio, na ampliação da nossa escolaridade de seis para 12 anos, na
unificação da gestão dos recursos humanos na educação, nos cuidados com a universidade pública (hoje, sucateada), no fortalecimento das escolas técnicas federais, na
ampliação da assistência ao pré-escolar (mais 4 milhões de vagas), na maior atenção aos alunos deficientes, na maior participação dos empresários no processo de
ensino/aprendizagem e numa articulação mais adequada entre os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Algumas ideias parecem sonhos. Muitas outras não. Dependem só da vontade política dos que detiverem o poder.
Arnaldo Niskier, 67, educador, é membro da Academia Brasileira de Letras e Conselheiro do Imae (Instituto Metropolitano de Altos Estudos).
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2009200210.htm)
a) injuntiva.
b) expletiva.
c) argumentativa.
d) expositiva.
e) narrativa.
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1018209
Gabarito
1) E 2) B 3) C 4) E 5) B 6) A 7) C
8) A 9) A 10) B 11) E 12) C 13) E 14) B
15) D 16) D 17) C 18) E 19) D 20) A 21) E
22) B 23) A 24) C 25) D 26) A 27) B 28) C
29) A 30) D 31) B 32) E 33) B 34) B 35) A
36) A 37) B 38) C 39) A 40) C 41) B 42) D
43) E 44) C 45) A 46) A 47) C 48) E 49) A
50) E 51) C 52) A 53) A 54) Anulada 55) D 56) D
57) C 58) D 59) E 60) A 61) A 62) E 63) A
64) B 65) C 66) B 67) D 68) D 69) D 70) A
71) E 72) D 73) C 74) D 75) B 76) C 77) A
78) A 79) C 80) B 81) D 82) D 83) E 84) C
85) A 86) B 87) C 88) C 89) E 90) D 91) C
92) A 93) D 94) A 95) C 96) D 97) C 98) C
99) C 100) E 101) C 102) A 103) A 104) E 105) B
106) A 107) B 108) D 109) D 110) B 111) D 112) D
113) D 114) E 115) C 116) B 117) A 118) A 119) B
120) E 121) B 122) E 123) E 124) E 125) C 126) E
127) A 128) A 129) A 130) C 131) C 132) C 133) E
134) E 135) D 136) B 137) B 138) B 139) C 140) D
141) A 142) D 143) A 144) C 145) D 146) B 147) C
148) B 149) A 150) A 151) D 152) C 153) B 154) E
155) C 156) D 157) C 158) E 159) E 160) E 161) C
162) D 163) C 164) C 165) B 166) C 167) A 168) C
169) A 170) C 171) A 172) E 173) C 174) E 175) C
176) C 177) C 178) B 179) A 180) D 181) A 182) C
183) E 184) B 185) A 186) C 187) C 188) A 189) A
190) A 191) B 192) A 193) D 194) D 195) A 196) D
197) A 198) A 199) A 200) C