MONOFISISMO
MONOFISISMO
MONOFISISMO
CONTEXTO HISTÓRICO
Um dos grandes objetivos da Patrística era o de elaborar de maneira
coerente e fiel as verdades fundamentais do cristianismo. Sendo universal, a
Igreja precisa beber das fontes culturais e religiosas dos destinatários da sua
missão sem perder a sua essência fundamental, tal qual herdou do Senhor.
Deste modo, uma discussão importante da teologia patrística se refere à
identidade de Cristo. Será a partir da descoberta desta identidade que os
padres da Igreja desenvolverão uma espiritualidade, a moral e a liturgia cristã.
Por isso uma das grandes questões impostas nesse período é o equilíbrio entre
o humano e o divino em Jesus de Nazaré, o Cristo
Para compreendermos o monofisismo e a sua relevância, precisamos
retornar a outras heresias: Modalismo (Deus é uma pessoa que opera em
diferentes modos: ora como Pai, ora como Filho, ora como Espírito Santo.
Principal expoente: Sabélio 215); Adocionismo (Deus é um ser sueprior; o Filho
Encarnado não é co-eterno, mas foi revestido de Deus – adotado – para seus
planos. Diferentes correntes divergem quanto ao momento da adoção: uns
dizem que foi no Batismo, outros que na Ascenção. Principal expoente:
Teódoto de Bizâncio 190). Apolinarianismo (Apolinário – 310 – em oposição ao
arisnismo, afirmava que a alma humana racional de Jesus havia sido
substituída pelo Logos, de forma que o corpo de Jesus era uma forma
espiritualizada e glorificada de humanidade) Mas a que mais nos toca é o
Nestório (428-431), patriarca de Constantinopla, desenvolveu uma
cristologia que separava as naturezas humana e divina de Jesus, numa
tentativa de explicar a encarnação do logos, a segunda pessoa da Trindade, no
homem Jesus de Nazaré. Ele chegou a criticar publicamente o título de
Teotokos, atribuído à Virgem Maria desde Orígenes (254). Ele afirmava que tal
título negava a humanidade plena de Jesus que possuía duas naturezas
vagamente relacionadas. Propôs o título de Cristotokos. A Nestório se
contrapunha o patriarca de Alexandria, Cirilo, que argumentava que os
ensinamentos de Nestório minavam a unidade entre as naturezas humana e
divina de Jesus na Encarnação. Em 431, Teodósio convocou o primeiro
Concílio de Éfeso, que ficou ao lado de Cirilo, definindo que Jesus é uma
pessoa divina que possui duas naturezas (humana e divina), e que a Virgem
Maria é Mãe de Deus. O Concílio acusou Nestório de heresia e o depôs.
Para combater o nestorianismo, mesmo após o Concílio de Éfeso,
alguns teólogos exageraram a doutrina de Cirilo e cairam no oposto da heresia
que combatiam. Insistiam na “perfeita identidade” em proveito da divindade e
em detrimento da humanidade de Cristo. No esforço de combater o
apolinarismo, Nestório caiu no erro de afirmar as duas pessoas
correspondendo às duas naturezas, em Cristo, e Êutiques, no afã de comabter
o nestorianismo, deu origem ao monofisismo.
Depois dos longos anos de perseguição e martírio, sobretudo após o Edito
de Milão (313), promulgado pelo Imperador Constantino, e a consequente
integração progressiva dos cristãos nas estruturas do Império romano, muitos
cristãos buscaram, na solidão dos desertos, novas formas de viver a fé de
acordo com as exigências evangélicas. Primeiro de modo individual, com uma
vida eremítica, e mais tarde com uma vida em comum. Os Pais e as Mães do
Deserto acompanharam o caminho de muitos crentes e reuniram suas práticas
em regras que estabeleciam condições e modos de encontrar com Deus na
oração e na vida comum.
Pode-se dizer que a era constantiniana não é simplesmente um tempo
determinado da história, mas também um modo de ser Igreja no mundo; se
desenvolveu uma forma de ser Igreja que se confundia com o poder do Estado;
cristão passou a ser sobrenome para a economia, a cultura, a política, a
filosofia e para a sociedade.
Depois de 313 se iniciam as conversões em massa; das pessoas,
especialmente das altas classes econômicas e intelectuais, e das famílias de
relevância política; foi um tempo de heresias; o espírito mundano foi abrindo
espaço na Igreja, tanto entre os fiéis como no meio da hierarquia.
Neste contexto, acontece o movimento de fuga mundi, que levou milhares de
cristãos aos desertos. Este modo de vida foi sistematizado a partir da Vita Antonii (c.
360), escrita por Santo Atanásio e, em seguida, por figuras como Santo Agostinho
(354-430), Cassiano (c. 360-435), o pseudo Dionísio (séculos V e VI) e São Gregório
Magno (540-604). Mas talvez a síntese mais completa da proposta monástica seja a
de São Bento (480-547), autor de uma regra para os seus monges, que se espalhou
por toda a Europa como um modo de vida e como um caminho espiritual que tem o
único propósito da busca de Deus