2020 Adicional v2 Fil A 09
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FILOSOFIA 09
Immanuel Kant: “O Maior Filósofo
dos Tempos Modernos”
ILUMINISMO Apesar de, em sua origem ser um movimento tipicamente
filosófico de busca da liberdade de pensamento, o Iluminismo
Kant resume o espírito e o objetivo do Iluminismo na sua manifestou-se também em outros campos da vida humana,
magistral obra Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? como na Literatura, na Arte e na Política. Nesses campos,
(1784), da seguinte forma: o Iluminismo representou a luta do ser humano contra o
abuso do poder por parte das autoridades, de forma que
Esclarecimento (Aufklärung) é a saída do homem de sua todo tipo de autoritarismo deveria ser combatido como algo
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade irracional e, portanto, inaceitável. A razão, para o Iluminismo,
é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a era mais que uma faculdade humana, era uma força que todos
direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado possuíam e que poderia levar o indivíduo à plena liberdade
dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de ser e de pensar. Ao se referir à “menoridade da razão”,
de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de Kant está dizendo que o indivíduo deve abandonar qualquer
servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! tipo de tutela que o impeça de pensar de forma autônoma
(Ousa pensar!) Tem coragem de fazer uso de teu próprio
e livre. A religião cega, cuja subserviência leva à escravidão
entendimento, tal é o lema do esclarecimento.
do espírito e da mente, é um exemplo do que se deve evitar
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? para que se possa desenvolver um pensamento livre.
In: Textos Seletos. Tradução de Floriano de
S. Fernandes. Petrópolis: Vozes, 1974. p. 103. Para este Esclarecimento (Aufklärung), porém, nada mais
se exige senão liberdade. E a mais inofensiva entre tudo
O Iluminismo foi um movimento filosófico do século XVIII, aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer
uso público de sua razão em todas as questões.
que, desenvolvido particularmente na França, na Alemanha
e na Inglaterra, teve como objetivo retirar o ser humano KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?
da escuridão da ignorância e levá-lo ao esclarecimento. Por In: Textos Seletos. 2. ed. Tradução de
isso, esse movimento recebeu também o nome de Século Raimundo Vier. Petrópolis: Vozes, 1985. p. 104.
das Luzes, Ilustração ou Esclarecimento. O ideal iluminista
consistia, assim, em tornar tudo perfeitamente claro Segundo Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX,
e compreensível para a razão humana, de forma que somente o Iluminismo teve por órganon (órgão, instrumento) a luz
o indivíduo pudesse ser o grande artífice e protagonista dessas interior, a intuição intelectual, a única que pode libertar
conquistas. O Iluminismo denunciou tudo aquilo que era o indivíduo e fazê-lo construtor de um mundo racional e,
obscuro, supersticioso e dogmático, acreditando que a luz da sobretudo, humano.
razão crítica deveria romper com as amarras da autoridade e É importante ressaltar que, quando o Iluminismo se refere
da força, transformando o mundo pelo conhecimento. à razão e a uma busca racional do conhecimento do Universo,
não diz respeito ao racionalismo como teoria epistemológica,
mas sim à característica universal dos seres humanos,
sua capacidade de pensar devido à racionalidade humana.
A razão, para o Iluminismo, seria o caminho natural ao
qual todas as pessoas poderiam recorrer, com o intuito de
se libertarem dos grilhões da ignorância, que perpetuam a
razão da força e não a força da razão.
Esse movimento filosófico encontrou suas raízes nas
concepções mecanicistas dos séculos XVI e XVII e na
E. Meissonier / Domínio Público
O Iluminismo manifestou-se, na esfera social, no “despotismo Os anos que se seguiram à sua entrada como professor
esclarecido”. Na esfera das Ciências e da Filosofia, esse efetivo na universidade foram muito importantes para a
movimento apresentou-se como uma tentativa de conhecer filosofia kantiana. De 1770 a 1781, o filósofo não produziu
a natureza com a intenção de dominá-la e de transformá-la nenhuma obra. Até então, Kant já havia escrito 17 livros,
a favor do ser humano. No campo da moral e da religião, denominados escritos pré-críticos. A partir de 1781, iniciando
o Iluminismo atuou como instrumento de conhecimento das a sua fase crítica, Kant produz suas mais importantes obras,
origens dos dogmas e das leis que regiam a vida humana, a Crítica da razão pura (1781), Crítica da razão prática
rompendo com toda forma de autoritarismo. Na vida política, (1788) e Crítica do juízo (1790), para citar somente algumas.
o Iluminismo influenciou a Revolução Francesa, de 1789, e os Seus últimos anos de vida foram marcados por dois
movimentos de emancipação no continente americano a partir terríveis acontecimentos. O primeiro foi a perseguição por
de 1776. No Brasil, os ideais iluministas tiveram fundamental parte do rei Guilherme II, que, adepto de ideias reacionárias,
papel na Inconfidência Mineira, em 1789. Na Alemanha, ordenou que Kant se calasse, ainda que, a essa altura,
um dos berços do pensamento iluminista, o movimento o filósofo já tivesse reconhecimento internacional. O segundo
recebeu o nome de Aufklärung, ou Esclarecimento, e teve foi a interpretação errada de suas obras, fato contra o qual
como principal representante Immanuel Kant. Kant lutou por muito tempo, mas que, por fim, acabou por
vencê-lo.
KANT Kant morreu em 1804, aos 80 anos, cego, sem lucidez
intelectual e sem memória. Sem dúvida, um triste fim
para aquele que ficou conhecido como “o maior filósofo
da Modernidade”.
A filosofia kantiana
A tradição interpretativa divide o pensamento de Kant em
Johann Gottlieb Becker / Domínio Público
Ao se propor o desafio da crítica, Kant fez, antes de mais nada, um exercício de reflexão, ou seja, a volta do pensamento
para si mesmo.
Assim, para o filósofo, antes de a pessoa colocar-se a conhecer o mundo, ela deveria dedicar-se a olhar para dentro de si
mesma e verificar suas possibilidades e limites de conhecer.
Em seu livro Lógica, Kant define a Filosofia como “a ciência da relação de todo o conhecimento e de todo uso da razão com
o fim último da razão humana”. Assim, para o filósofo, a Filosofia tem como objetivo responder a quatro questões essenciais,
que dizem respeito à vida humana e ao seu modo de conhecer, correspondendo, cada uma, a uma parte da Filosofia.
FILOSOFIA
As quatro questões essenciais da filosofia para Kant.
A Crítica da razão pura, obra fundamental de Kant, apresenta sua Teoria do Conhecimento ou Epistemologia. Nessa obra,
o filósofo elabora a filosofia transcendental, que consiste na teoria sobre as condições de possibilidade do ser humano
conhecer o mundo, livrando o entendimento das concepções incorretas acerca da verdade e levando a pessoa ao conhecimento
verdadeiro e confiável, o qual não é simples especulação, mas, ao contrário, alcança a verdade por meio da Ciência.
Juízos
Razão
necessária e
Experiência
não há necessidade
universal nem universalidade
P
S A priori (indubitáveis)
P S
Análise valor científico e filosófico. Síntese
= Condições de possibilidade de = A
Separação toda e qualquer verdade. Composição posteriori
Exemplo: Exemplo:
O triângulo é uma figura de três ângulos. Essa asserção é Considere a afirmação “todo ser humano é um ser social”.
universal e necessária e, portanto, é uma verdade Para alcançar esse juízo, é necessário observar a realidade e
incontestável. Para alcançar essa definição, basta analisar a fazer experiências, sendo a observação imediata do indivíduo
figura do triângulo. Assim, os juízos analíticos se restringem à insuficiente para se chegar a essa definição sobre ele.
análise do objeto, baseando-se exclusivamente na razão - O conhecimento produzido por esses juízos, por ser originado
pensamento humano - sem que seja necessária qualquer de generalizações - que podem ser associações de ideias e não
interferência dos sentidos - experiência - para sua formulação. corresponder à verdade dos fatos e das coisas -, não é universal Maíra Damásio
Percebe-se, assim, a diferenciação entre juízos analíticos e sintéticos. Enquanto os juízos analíticos são universais e
necessários, mas não produzem conhecimento novo, os juízos sintéticos ampliam o conhecimento, mas criam contestações,
já que são frutos de generalizações de experiências e, por isso, podem mudar, sendo contingentes.
Para Kant, a Ciência baseia-se em um desses dois juízos, sendo apenas um deles insuficiente para se ter um conhecimento
completo sobre o mundo. Por essa razão, o filósofo almeja alcançar juízos sintéticos a priori, ou seja, juízos que ampliem
o conhecimento, correspondam à realidade, mas, ao mesmo tempo, sejam universais e necessários. Esses juízos teriam
valor científico e filosófico, sendo indubitáveis, ao mesmo tempo que poderiam produzir ideias ou conhecimentos novos sobre
o mundo. Tais juízos seriam, assim, as condições de possibilidade de toda e qualquer verdade, independentemente da área
na qual eles sejam aplicados. Para que esses juízos sejam alcançados, Kant considera necessário, portanto, unir a razão
à experiência, o racionalismo ao empirismo, em um mesmo e único conhecimento.
FILOSOFIA
verificando seus limites, instrumentos e possibilidades de temos de experimentá-la. Só podemos dizer que a maçã
conhecer. Com isso, o filósofo propõe uma mudança radical está longe de mim, é grande ou pequena, é maior que uma
de perspectiva, segundo a qual o indivíduo deixaria de olhar uva e menor do que um abacaxi porque temos o tempo
para fora de si, para os objetos do mundo, voltando-se para e o espaço como formas que nos permitem percebê-la.
dentro de si, para sua própria razão, tentando compreender Os objetos adaptam-se nessas formas – tempo e espaço –
quais as condições que ele tem para conhecer, como é e só assim posso experimentá-los. Logo, sem tempo e espaço,
possível conhecer e como se dá o seu conhecimento sobre o ser humano não poderia experimentar absolutamente nada.
o mundo.
Formas a priori do entendimento
Para exemplificar suas ideias, Kant utilizou-se da imagem
As formas a priori do entendimento, o qual consiste na
da Revolução Copernicana, dizendo que, da mesma maneira
capacidade do intelecto humano de julgar, são também
que o modelo tradicional de cosmos considerava que o
chamadas por Kant de categorias. Estas são ferramentas
Sol girava ao redor da Terra, e Copérnico sugeriu que o
das quais o ser humano dispõe para pensar aquilo que foi
movimento era inverso, sendo que a Terra é que gira ao
experimentado, ou seja, são as diversas formas que o ser
redor do Sol, não é o indivíduo que deveria se adaptar ao
humano tem para alcançar o conhecimento sobre o mundo.
objeto a ser conhecido, mas sim o objeto a ser conhecido
As categorias, juntamente com o tempo e com o espaço,
é que deveria se adaptar às condições que o indivíduo tem
constituem o sujeito transcendental.
de conhecê-lo. Segundo Kant, sujeito cognoscente e objeto
Kant apresenta 12 categorias:
conhecido se relacionam entre si. Não há, portanto, uma
predominância do sujeito sobre o objeto, como defende o • Quanto à quantidade: unidade, pluralidade e tota-
racionalismo, nem do objeto sobre o sujeito, como defende lidade.
o empirismo, mas é na relação entre os dois que se alcança • Quanto à qualidade: realidade, negação e limitação.
o conhecimento.
• Quanto à relação: inerência e acidente (substância e
Para Kant, as condições das quais o indivíduo lança mão acidente), causalidade e dependência (causa e efeito),
para conhecer o mundo são capacidades ou faculdades reciprocidade (ação recíproca entre agente e paciente)
inerentes à natureza humana e que lhe permitem
• Quanto à modalidade: possibilidade e impossibilidade,
experimentar o objeto e pensar aquilo que experimentou,
existência e inexistência, necessidade e contingência.
chegando, portanto, ao conhecimento verdadeiro. Essas
faculdades não são subjetivas, não estando, portanto, em As categorias são as leis do intelecto às quais as
um indivíduo particular, mas fazendo parte da natureza coisas que foram experimentadas devem se submeter.
humana. Buscando definir quais as condições universais O ser humano ordena as coisas e as determina de acordo
que permitem ao ser humano obter o conhecimento, Kant com as categorias, que funcionam como ferramentas com
estabelece, então, o conceito de sujeito transcendental, as quais o ser humano pensa aquilo que a sensibilidade
o qual, segundo o filósofo, consiste na própria condição (com suas formas a priori - tempo e espaço) trazem como
humana, comum a todos, a qual fornece as ferramentas informações sensitivas. Assim, por meio das categorias,
que são as condições de possibilidade para a experiência e é possível criar relações entre tais informações, chegando,
o pensamento. A essas condições Kant denomina formas então, ao conhecimento (juízo).
da sensibilidade e formas do entendimento. Ao definir as formas a priori da sensibilidade e as formas
a priori do entendimento, Kant buscou tornar possível a
As formas da sensibilidade formulação de juízos sintéticos a priori. Para o filósofo, se o
e do entendimento ser humano tem em si as faculdades de tempo e de espaço
que lhe permitem obter os dados da experiência, dados
Para Kant, o conhecimento nasce do trabalho conjunto estes que são pensados pelas categorias, é possível, então,
entre o entendimento – a razão – e a sensibilidade – alcançar verdades que ampliem o conhecimento humano e
os sentidos. ao mesmo tempo sejam universais e necessárias.
Resolvido esse primeiro problema, surge então a questão acerca da delimitação daquilo que podemos conhecer do mundo
e se é possível conhecer a essência das coisas ou somente aquilo que pode ser experimentado. A resposta para essa questão
está na diferença entre o noúmeno e o fenômeno, discutidos a seguir.
Noúmeno e fenômeno
Para Kant, o ser humano só pode ter experiências sensíveis devido ao tempo e ao espaço, e, uma vez tidas essas experiências,
ele é capaz, por meio das categorias do pensamento, de criar conexões com aquilo que foi experimentado. O conhecimento é
resultado, portanto, da ação ocorrida entre experiência (empírico) e razão (racional).
Chamamos de criticismo kantiano a teoria do conhecimento na qual há uma interdependência entre experiência e razão.
Essa nova epistemologia é uma síntese entre empirismo e racionalismo, pois, segundo Kant, o conhecimento começa com a
experiência e termina com a razão, sendo que a ação de uma sem a outra não permite à pessoa chegar a um conhecimento
verdadeiro do mundo. Logo, se o conhecimento depende da experiência e da razão, então aquilo que não pode ser
experimentado não pode ser conhecido, e, com isso, tudo aquilo que não pode ser acessado pelos cinco sentidos não pode
ser objeto do conhecimento verdadeiro.
Fenômeno: são as características do ser que podem ser percebidas pelos sentidos. Não é possível ao ser humano conhecer
nada além do fenômeno (aquilo que aparece), o qual pode ser experimentado a partir das formas do tempo e do espaço
para, depois, ser pensado pelas categorias. Para Kant, só há ciência verdadeira (conhecimento universal e necessário)
a partir do fenômeno.
Noúmeno: consiste na realidade última do ser, ou seja, é a ideia imaterial de uma coisa, aquilo que ela é em si mesma e
que ultrapassa a sua materialidade ou aparência, não podendo ser experimentada, mas somente pensada. O noúmeno é a
essência, é aquilo que é dado ao pensamento puro sem qualquer relação com a experiência. Como, para Kant, se algo não
pode ser experimentado, não pode ser conhecido, o indivíduo, por não ter acesso a essa realidade pelos sentidos, não pode,
portanto, conhecê-la.
Sensibilidade
Intuições puras (espaço e tempo)
Objeto Fenômeno=
aquilo que aparece Conhecimento
Entendimento
Formas a priori (categorias)
Maíra Damásio
Mundo Empírico Sujeito Transcendental
Para Kant, o que se conhece do ser é o que aparece dele aos nossos sentidos. Dessa forma, a ideia de que é possível conhecer
o ser em si mesmo, a sua essência última e imutável, não condiz com a filosofia kantiana. Para o filósofo, a Metafísica, a busca de
um conhecimento das coisas que estão além da aparência e daquilo que pode ser experimentado, não é legítima. Se o noúmeno
é o objeto da Metafísica e ele não pode ser alcançado ou conhecido, logo, a Metafísica não é possível como conhecimento. Kant
dá outro sentido à Metafísica, já que no sentido usual, considerado pelo filósofo uma insensatez dogmática, a Metafísica se refere
à busca de conhecer aquilo que não pode ser experimentado e que, portanto, não pode ser conhecido. Assim, o ser humano
não tem ferramentas para conhecer o objeto da Metafísica, pois este escapa a toda possibilidade de conhecimento humano.
Contudo, ainda que não possa ser objeto de conhecimento, ela pode ser pensada.
A metafísica kantiana
Segundo Kant, a Metafísica não merecia crédito, por tentar conhecer aquilo que é impossível ser conhecido, escapando de
toda possibilidade de conhecimento humano, uma vez que o ser humano não dispõe de ferramentas para conhecer aquilo que
não pode ser experimentado. No entanto, isso não significa que a Metafísica não exista. Para Kant, a verdadeira Metafísica
não deveria buscar conhecer o noúmeno, a coisa em si mesma, o “ser enquanto ser”, mas sim buscar conhecer o ser humano,
debruçando-se sobre o sujeito cognoscente para compreender como o conhecimento acontece.
A Metafísica teria, para Kant, o objetivo de estudar as Segundo Kant, no campo da razão teórica, as possibilidades
maneiras como o sujeito encontra o conhecimento; logo, naturais humanas (formas da sensibilidade e do entendimento)
seus objetos de estudo são as condições de possibilidade limitam o conhecimento da natureza. O ser humano não é,
do conhecimento e da experiência humana, preocupando-se então, realmente livre nesse terreno. Contudo, no campo
com as condições a priori do sujeito cognoscente de da ação moral, o indivíduo pode agir guiado pela razão
experimentar e pensar o que foi experimentado. absolutamente livre de qualquer determinação natural.
Todas as vezes que o indivíduo se atreve a tentar alcançar Kant trabalha essa problemática moral em suas obras
verdades sobre aquilo que não pode ser experimentado, Fundamentação da metafísica dos costumes (1785), Crítica
ou seja, quando ele se envereda pela Metafísica tradicional da razão prática (1788) e Metafísica dos costumes (1797).
tentando compreender, por exemplo, Deus, a imortalidade Nelas, o filósofo procura compreender como a ação humana
da alma ou a liberdade humana, criam-se antinomias pode ser verdadeiramente livre, sendo uma ação por
(do grego anti-nomía: contradição das leis, conflito entre as “dever”. Por “dever”, Kant compreende a ação ética que deve
leis). Estas são “verdades” passíveis de serem defendidas guiar-se única e exclusivamente pela racionalidade
e ao mesmo tempo refutadas por argumentos igualmente
humana, a qual busca princípios ou valores racionais que
robustos, constituindo-se, assim, um uso ilegítimo da razão.
FILOSOFIA
fundamentarão a ação, livrando-se de todo e qualquer
Um exemplo de antinomia é a discussão acerca da desejo subjetivo que possa desvirtuar a ação correta.
existência de Deus. É possível defender tanto que Deus
existe e é a causa necessária do Universo quanto que ele não Tudo na natureza age segundo leis. Só um ser racional tem a
existe. No entanto, não é possível determinar quem esteja de capacidade de agir segundo a representação das leis, isto é,
fato certo sobre esse assunto. Porém, não poder determinar segundo princípios, ou: só ele tem uma vontade. Como para
alguma verdade sobre a existência de Deus, a imortalidade derivar as ações das leis é necessária a razão, a vontade
da alma ou a liberdade do ser humano não significa que não é outra coisa senão razão prática. Se a razão determina
tais coisas não existem ou que não tenham papel na vida infalivelmente a vontade, as ações de um tal ser, que são
humana. Se elas não encontram espaço na Crítica da razão conhecidas como objetivamente necessárias, são também
pura, em que Kant se dedica a discutir como o ser humano subjetivamente necessárias, isto é, a vontade é a faculdade
alcança o conhecimento verdadeiro, essas ideias encontram de escolher só aquilo que a razão, independentemente
um papel essencial na Crítica da razão prática, na qual Kant da inclinação, reconhece como praticamente necessário, quer
reflete sobre as ações humanas. dizer, bom.
O imperativo categórico é, portanto, só um único, que é este: Quando a vontade é autônoma, ela pode ser vista como
age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo outorgando a si mesma a lei, pois, querendo o imperativo
categórico, ela é puramente racional e não dependente
tempo querer que ela se torne lei universal.
de qualquer desejo ou inclinação exterior à razão. [...]
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica Na medida em que sou autônomo, legislo para mim mesmo
dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. exatamente a mesma lei que todo outro ser racional
Lisboa: Edições 70, 1995. p. 59. autônomo legisla para si.
FILOSOFIA
tem a aumentar ou diminuir a felicidade da pessoa cujo
interesse está em jogo.
segregação racial.
Mas, o ponto de vista ou a boa vontade não bastam E) Assim como Agostinho apoiou-se na filosofia de
para preencher o vazio da exclusão. Somos convocados Platão para desenvolver sua filosofia, Tomás de
pela Ética a redimensionar o mundo e a nós mesmos. Aquino cristianizou a filosofia de Kant em suas
A tecnologia nada pode contra um poder arcaico: diversas expressões, tornando a doutrina kantiana
extremamente absorvida pelo cristianismo.
a exclusão não é “fatalidade” é o saldo de uma vontade moral.
Desejar o ser. É aí exatamente que se encontra a vontade
ética, isto é, a vontade que quer ser: ser que é vida, mas 03. (UFSM-RS) Os filósofos Arne Naess e George Sessions
propuseram, em 1984, diversos princípios para uma ética
também produção do social.
ecológica profunda, entre os quais se encontra o seguinte:
Daniel Lins é sociólogo, psicanalista e pós-doutor em Filosofia O bem-estar e o florescimento da vida humana e não
e professor na Universidade Federal do Ceará-UFC. humana na Terra têm valor em si mesmos. Esses valores
são independentes da utilidade do mundo não humano
A imagem e o texto apresentados fazem referência à para finalidades humanas.
ética. Para a Filosofia, está correto afirmar que
Considere as seguintes afirmações:
A) a Ética é o conjunto de normas impostas pela
I. A ética kantiana não se baseia no valor de utilidade
sociedade.
das ações.
B) a moral é a parte da Filosofia que reflete sobre a Ética.
II. “Valor intrínseco” é um sinônimo para “valor em
C) a Ética e a moral são a mesma coisa.
si mesmo”.
D) a moral é o conjunto de normas, valores, que
III. A ética utilitarista rejeita a concepção de que as ações
influenciam e condicionam o comportamento humano têm valor em si mesmas.
em uma sociedade.
Está(ão) correta(s)
E) a Ética é sempre normativa e a moral é essencial-
mente crítica. A) apenas I. D) apenas I e II.
B) apenas II. E) I, II e III.
02. (UENP-PR) Kant expressa o mundo moderno em um edifício C) apenas III.
de pensamentos. De fato, isto significa apenas que na filosofia
kantiana os traços essenciais da época se refletem como em 04. (UFU-MG) Autonomia da vontade é aquela sua
um espelho, sem que Kant tivesse conceituado a modernidade propriedade graças à qual ela é para si mesma a sua lei
enquanto Kant. Só mediante uma visão retrospectiva Hegel (independentemente da natureza dos objetos do querer).
pode entender a filosofia de Kant como autointerpretação O princípio da autonomia é portanto: não escolher senão
decisiva da modernidade. Hegel visa conhecer também o que de modo a que as máximas da escolha estejam incluídas
simultaneamente, no querer mesmo, como lei universal.
restou de impensado nessa expressão mais refletida da época:
Kant não considera como cisões as diferenciações no interior KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica
da razão, nem as divisões formais no interior da cultura, nem dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela.
em geral a dissociação dessas esferas. Por esse motivo, Kant Lisboa: Edições 70, 1986. p. 85.
ignora a necessidade que se manifesta com as separações
De acordo com a doutrina ética de Kant
impostas pelo princípio da subjetividade.
A) o Imperativo Categórico não se relaciona com a
HABERMAS, Jürgen. O discurso filosófico da modernidade. matéria da ação e com o que deve resultar dela, mas
São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 30. com a forma e o princípio de que ela mesma deriva.
B) o Imperativo Categórico é um cânone que nos leva C) O tempo é um conceito discursivo, ou seja, um conceito
a agir por inclinação, vale dizer, tendo por objetivo a universal.
satisfação de paixões subjetivas. D) O tempo é um conceito empírico que pode ser
C) inclinação é a independência da faculdade de apetição abstraído de qualquer experiência.
das sensações, que representa aspectos objetivos E) O tempo, concebido a partir da soma dos instantes,
baseados em um julgamento universal. é infinito.
D) a boa vontade deve ser utilizada para satisfazer
os desejos pessoais do homem. Trata-se de 07. (Unicentro-PR) A Filosofia, como é estudada atualmente,
fundamento determinante do agir, para a satisfação encontra-se submetida a uma grande especificação quanto
das inclinações. ao universo dos seus conhecimentos. Isso se deve, em
grande medida, a um motivo principal vinculado à pers-
05. (Unesp) Por que as pessoas fazem o bem? A bondade pectiva de Kant, filósofo alemão do século XVIII.
está programada no nosso cérebro ou se desenvolve Quanto à perspectiva do conhecimento presente nesse
com a experiência? O psicólogo Dacher Keltner, diretor pensador, assinale a alternativa correta.
do Laboratório de Interações Sociais da Universidade da A) A Filosofia, ao aceitar a metafísica, coaduna com
FILOSOFIA
Califórnia, em Berkeley, investiga essas questões por a ideia de que seria exequível o conhecimento da
vários ângulos e apresenta resultados surpreendentes. realidade em si.
Keltner – O nervo vago é um feixe neural que se origina B) A Filosofia passa a afirmar que a razão humana
no topo da espinha dorsal. Quando ativo, produz uma possui o poder de conhecer a organização da verdade
sensação de expansão confortável no tórax, como quando em si mesma.
estamos emocionados com a bondade de alguém ou C) O conhecimento diz respeito à forma como as coisas
ouvimos uma bela música. Pessoas com alta ativação são organizadas pela estrutura interna e universal da
dessa região cerebral são mais propensas a desenvolver própria razão.
compaixão, gratidão, amor e felicidade. D) O descobrimento das causas, ou dos princípios
Mente & Cérebro – O que esse tipo de ciência o faz pensar? primeiros das coisas, oferece à verdade a essência
do conhecimento.
Keltner – Ela me traz esperanças para o futuro. Que nossa
E) Sua abordagem filosófica consiste na ideia de que
cultura se torne menos materialista e privilegie satisfações
seria possível apreender as coisas, tais como são em
sociais como diversão, toque, felicidade que, do ponto de
si mesmas.
vista evolucionário, são as fontes mais antigas de prazer.
Vejo essa nova ciência em quase todas as áreas da vida.
Ensina-se meditação em prisões e em centros de detenção
08. (UEL-PR–2015) Leia o texto a seguir.
de menores. Executivos aprendem que inteligência As leis morais juntamente com seus princípios não só
emocional e bom relacionamento podem fazer uma se distinguem essencialmente, em todo o conhecimento
empresa prosperar mais do que se ela for focada apenas prático, de tudo o mais onde haja um elemento empírico
em lucros. qualquer, mas toda a Filosofia moral repousa inteiramente
sobre a sua parte pura e, aplicada ao homem, não toma
Disponível em: <www.mentecerebro.com.br> (Adaptação). emprestado o mínimo que seja ao conhecimento do
mesmo (Antropologia).
De acordo com a abordagem do cientista entrevistado,
KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
as virtudes morais e sentimentos agradáveis Trad. de Guido A. de Almeida. São Paulo:
A) dependem de uma integração holística com o universo. Discurso Editorial, 2009. p.73.
B) dependem de processos emocionais inconscientes. Com base no texto e na questão da liberdade e autonomia
C) são adquiridos por meio de uma educação religiosa. em Immanuel Kant, assinale a alternativa correta.
A) A fonte das ações morais pode ser encontrada através
D) são qualidades inatas passíveis de estímulo social.
da análise psicológica da consciência moral, na qual
E) estão associados a uma educação filosófica racionalista. se pesquisa mais o que o homem é, do que o que ele
deveria ser.
06. (UEL-PR–2017) O tempo nada mais é que a forma da B) O elemento determinante do caráter moral de uma
nossa intuição interna. Se a condição particular da nossa ação está na inclinação da qual se origina, sendo as
sensibilidade lhe for suprimida, desaparece também o inclinações serenas moralmente mais perfeitas do que
conceito de tempo, que não adere aos próprios objetos, as passionais.
mas apenas ao sujeito que os intui. C) O sentimento é o elemento determinante para a ação
KANT, I. Crítica da razão pura. Trad. Valério Rohden e Udo moral, e a razão, por sua vez, somente pode dar uma
Baldur Moosburguer. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p.47. direção à presente inclinação, na medida em que
Coleção Os Pensadores. fornece o meio para alcançar o que é desejado.
D) O ponto de partida dos juízos morais encontra-se
Com base nos conhecimentos sobre a concepção kantiana
nos “propulsores” humanos naturais, os quais se
de tempo, assinale a alternativa correta. direcionam ao bem próprio e ao bem do outro.
A) O tempo é uma condição a priori de todos os
E) O princípio supremo da moralidade deve assentar-se
fenômenos em geral.
na razão prática pura, e as leis morais devem ser
B) O tempo é uma representação relativa subjacente às independentes de qualquer condição subjetiva da
intuições. natureza humana.
09. (Unicentro-PR) Assinale a alternativa correta. IV. As pessoas têm dignidade porque são seres livres e
autônomos, isto é, seres que se submetem às leis que se
A) Para Kant, tudo o que conhecemos vem dos sentidos, pois
dão a si mesmos atendendo imediatamente aos apelos de
o conhecimento depende das noções de tempo e espaço,
suas inclinações, sentimentos, impulsos e necessidades.
que são consideradas por ele realidades externas.
B) Kant não está interessado em superar a dicotomia V. A autonomia da vontade é o fundamento da dignidade
racionalismo-empirismo, sua inovação consiste em da natureza humana e de toda natureza racional e, por
afirmar que a realidade é um dado exterior, ao qual esta razão, a vontade não está simplesmente submetida
o intelecto deve se conformar. à lei, mas submetida à lei por ser concebida como
vontade legisladora universal, ou seja, se submete à
C) Tal como Copérnico dissera que não é o Sol que gira
lei na exata medida em que ela é a autora da lei (moral).
em torno da Terra, mas sim o contrário, também Kant
afirma que o conhecimento não é o reflexo do objeto Das afirmativas feitas anteriormente,
exterior: é o próprio espírito que constrói o objeto do
A) somente a afirmação I está incorreta.
seu saber. Nesse sentido, dizemos que Kant realizou
uma revolução copernicana. B) somente a afirmação III está incorreta.
C) as afirmações II e IV estão incorretas.
D) O criticismo de Kant resolve o problema da
metafísica ao abrir caminho para que Auguste Comte, D) as afirmações II e III estão incorretas.
no século XIX, funde o positivismo, levando às últimas E) as afirmações II, III e V estão incorretas.
consequências a capacidade que Kant atribuiu à razão
de se conformar à realidade exterior. 11. (UFU-MG) O texto a seguir comenta alguns aspectos da
E) Kant declara que, graças ao filósofo inglês Hume, reflexão de Immanuel Kant sobre a Ética.
pôde despertar do sono dogmático e tomar como
E por que realizamos atos contrários ao dever e, portanto,
ponto de partida de suas reflexões metafísicas a
contrários à razão? Kant dirá que é porque nossa vontade
ideia de que existe uma realidade em si que pode
é também afetada pelas inclinações, que são os desejos,
ser conhecida por nossa razão, por intermédio de
nossos sentidos. as paixões, os medos, e não apenas pela razão. Por isso
afirma que devemos educar a vontade para alcançar a boa
10. (Unioeste-PR) A necessidade prática de agir segundo este vontade, que seria aquela guiada unicamente pela razão.
princípio, isto é, o dever, não assenta em sentimentos,
impulsos e inclinações, mas sim somente na relação dos COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos de Filosofia.
seres racionais entre si, relação essa em que a vontade São Paulo: Saraiva, 2010. p. 301.
de um ser racional tem de ser considerada sempre e
Sobre a reflexão ética de Kant, assinale a alternativa
simultaneamente como legisladora, porque de outra forma
incorreta.
não podia pensar-se como fim em si mesmo. A razão
relaciona, pois, cada máxima da vontade concebida como A) A ação por dever é aquela que exclui todas as
legisladora universal com todas as outras vontades e com determinações advindas da sensibilidade, como os
todas as ações para conosco mesmos, e isto não em virtude desejos, as paixões e os medos.
de qualquer outro móbil prático ou de qualquer vantagem B) A ação por dever está fundada na autonomia, ou seja,
futura, mas em virtude da ideia da dignidade de um ser na capacidade que todo homem tem de escolher as
racional que não obedece a outra lei senão àquela que regras que sua própria razão construiu.
ele mesmo simultaneamente dá a si mesmo. [...] O que
se relaciona com as inclinações e necessidades gerais do C) A ação por dever é uma expressão da boa vontade,
homem tem um preço venal [...] aquilo porém que constitui na medida em que exige que a mesma regra,
a condição só graças a qual qualquer coisa pode ser um fim escolhida para um certo caso, possa ser utilizada por
em si mesma, não tem somente um valor relativo, isto é, todos os agentes racionais.
um preço, mas um valor íntimo, isto é, dignidade. D) A ação por dever é aquela que reflete um meio
KANT. termo ou um equilíbrio entre as determinações das
Considerando o texto citado e o pensamento ético de Kant, inclinações e as determinações da razão.
seguem as afirmativas:
I. Para Kant, existe moral porque o ser humano e, em geral,
12. (UFSJ-MG) Sobre a questão do conhecimento na filosofia
todo o ser racional, fim em si mesmo e valor absoluto,
kantiana, é correto afirmar que
não deve ser tomado simplesmente como meio ou
instrumento para o uso arbitrário de qualquer vontade. A) o ato de conhecer se distingue em duas formas
básicas: conhecimento empírico e conhecimento puro.
II. Fim em si mesmo e valor absoluto, o ser humano é
B) para conhecer, é preciso se lançar ao exercício do
pessoa e tem dignidade, mas uma dignidade que é,
apenas, relativamente valiosa por se encontrar em pensar conceitos concretos.
dependência das condições psicossociais e político- C) as formas distintas de conhecimento, descritas
-econômicas nas quais vive. na obra Crítica da razão pura, são denominadas,
respectivamente, juízo universal e juízo necessário
III. A moralidade, única condição que pode fazer de um
e suficiente.
ser racional fim em si mesmo e valor absoluto, pelo
princípio da autonomia da vontade, e a humanidade, D) o registro mais contundente acerca do conhecimento
enquanto capaz de moralidade, são as únicas coisas se faz a partir da distinção de dois juízos, a saber:
que têm dignidade. juízo analítico e juízo sintético ou juízo de elucidação.
FILOSOFIA
poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão
Tendo como referência a relação entre desenvolvimento nada se não prometer firmemente pagar em prazo
e progresso presente no texto, é correto afirmar que, determinado. Sente a tentação de fazer a promessa;
em Kant, tal relação, contida no conceito de Aufklärung mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si
(Esclarecimento), expressa mesma: não é proibido e contrário ao dever livrar-se de
apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo,
A) a tematização do desenvolvimento sob a égide da
a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em
lógica de produção capitalista.
apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo
B) a segmentação do desenvolvimento tecnocientífico
pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá.
nas diversas especialidades.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes.
C) a ampliação do uso público da razão para que se
São Paulo: Abril Cultural, 1980.
desenvolvam sujeitos autônomos.
D) o desenvolvimento que se alcança no âmbito técnico De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de
e material das sociedades. pagamento” representada no texto
A) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da
E) o desenvolvimento dos pressupostos científicos na
livre discussão participativa.
resolução dos problemas da filosofia prática.
B) garante que os efeitos das ações não destruam a
possibilidade da vida futura na terra.
14. (UEMA) Na perspectiva do conhecimento, Immanuel Kant
pretende superar a dicotomia racionalismo-empirismo. C) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem
Entre as alternativas seguintes, a única que contém possa valer como norma universal.
informações corretas sobre o criticismo kantiano é: D) materializa-se no entendimento de que os fins da
A) A razão estabelece as condições de possibilidade do ação humana podem justificar os meios.
conhecimento; por isso independe da matéria do E) permite que a ação individual produza a mais ampla
conhecimento. felicidade para as pessoas envolvidas.
B) O conhecimento é constituído de matéria e forma.
Para termos conhecimento das coisas, temos de 02. (Enem–2017) A moralidade, Bentham exortava, não é uma
organizá-las a partir da forma a priori do espaço e questão de agradar a Deus, muito menos de fidelidade
do tempo. a regras abstratas. A moralidade é a tentativa de criar
C) O conhecimento é constituído de matéria, forma e a maior quantidade de felicidade possível neste mundo.
pensamento. Para termos conhecimento das coisas Ao decidir o que fazer, deveríamos, portanto, perguntar
temos de pensá-las a partir do tempo cronológico. qual curso de conduta promoveria a maior quantidade de
felicidade para todos aqueles que serão afetados.
D) A razão enquanto determinante nos conhecimentos
fenomênicos e noumênicos (transcendentais) atesta RACHELS. J. Os elementos da filosofia moral,
a capacidade do ser humano. Barueri-SP; Manole. 2006.
E) O homem conhece pela razão a realidade fenomênica Os parâmetros da ação indicados no texto estão em
porque Deus é quem afinal determina este processo. conformidade com uma
A) fundamentação científica de viés positivista.
15. (UEMA) No texto “Que é esclarecimento?” (1783), o que
B) convenção social de orientação normativa.
significa, conforme Kant, a saída do homem da menoridade
da qual ele mesmo é culpado? C) transgressão comportamental religiosa.
03. (Enem–2015) A pura lealdade na amizade, embora até o Kant destaca no texto o conceito de esclarecimento,
presente não tenha existido nenhum amigo leal, é imposta fundamental para a compreensão do contexto filosófico
a todo homem, essencialmente, pelo fato de tal dever da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado
estar implicado como dever em geral, anteriormente a por Kant, representa
toda experiência, na ideia de uma razão que determina
A) a reivindicação de autonomia da capacidade racional
a vontade segundo princípios a priori.
como expressão da maioridade.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes.
São Paulo: Barcarolla, 2009. B) o exercício da racionalidade como pressuposto menor
diante das verdades eternas.
A passagem citada expõe um pensamento caracterizado
pela C) a imposição de verdades matemáticas, com caráter
A) eficácia prática da razão empírica. objetivo, de forma heterônoma.
B) transvaloração dos valores judaico-cristãos. D) compreensão de verdades religiosas que libertam
C) recusa em fundamentar a moral pela experiência. o homem da falta de entendimento.
KANT, I. • 05. A
Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?
Petrópolis: Vozes, 1985 (Adaptação). Total dos meus acertos: _____ de _____ . ______ %