Aula 24 - Música e Literatura

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musica e poesia

literatura
flá bergamin
aula de literatura é sobre música
E aí, gente! Tudo bem?

Hoje vamos estudar sobre a música como


poesia no Brasil. Como ela é cultura,

resistência, expressão e muito mais.

Importante: criei um forms para vocês

responderem sobre dúvidas de literatura

para a nossa revisão. É bem rapidinho e

ajudará muito ♥
Samba
Foto: HIPOLITO
PEREIRA/O GLOBO

Início no Recôncavo Baiano

Afro-brasileiro

Proibido assim como a Capoeira e o Candomblé (proibiram

novamente durante o Estado Novo)

Quando? +- século XIX e mais popularizado no Rio de Janeiro

no séc. XX

Primeira música gravada em 1917: "Pelo Telefone", Donga e


Mauro de Almeida.

Na foto: Clementina de Jesus (1901-1987),


Valença, RJ e Cartola (1908-1980), Catete, RJ
O Mundo É Um Moinho
Cartola

Ainda é cedo, amor

Mal começaste a conhecer a vida

Já anuncias a hora de partida

Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida

Embora eu saiba que estás resolvida

Em cada esquina cai um pouco a tua vida

Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor

Preste atenção, o mundo é um moinho

Vai triturar teus sonhos, tão mesquinhos

Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida

De cada amor tu herdarás só o cinismo

Quando notares estás à beira do abismo

Abismo que cavaste com os teus pés


Brasil, meu dengo Mangueira Samba-Enredo 2019
A Mangueira chegou [Enredo: História Pra Ninar Gente Grande]
Com versos que o livro apagou

Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento

Tem sangue retinto pisado

Atrás do herói emoldurado

Mulheres, tamoios, mulatos

Eu quero um país que não está no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara

E a tua cara é de cariri

Não veio do céu

Nem das mãos de Isabel

A liberdade é um dragão no mar de Aracati

Salve os caboclos de julho

Quem foi de aço nos anos de chumbo

Brasil, chegou a vez

De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Mangueira, tira a poeira dos porões

Ô, abre alas pros teus heróis de barracões

Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões

São verde e rosa, as multidões


Daniel Ramalho/VEJA.com
Bossa nova (1950)
Começa com João Gilberto
Influência do samba (RJ) e do jazz (EUA)

Tema: mais cotidiano, elitizado

Tom Jobim, João Gilberto e Vinícius de Moraes no Au Bon


Gourmet, em 1962 | foto: Memorial da Democracia
João Gilberto

Nara Leão

Vinícius de Moraes
Garota de Ipanema

Tom Jobim É a parte menos engajada do Vinícius de Moraes

Contexto: construção de Brasília, JK, 50 anos em 5


Chega de Saudade, Tom Jobim

Vai, minha tristeza

E diz a ela que sem ela não pode ser

Diz-lhe numa prece

Que ela regresse

Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade

A realidade é que sem ela não há paz

Não há beleza

É só tristeza e a melancolia

Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar

Que coisa linda, que coisa louca

Pois há menos peixinhos a nadar no mar

Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços

Os abraços hão de ser milhões de abraços

Apertado assim, colado assim, calado assim

Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim
MPB (1960)
O movimento MPB (MPB - Música Popular Brasileira) vem um pouquinho depois da

Bossa Nova, com a galera que produzia durante e depois da ditadura de 64

Muitos estilos juntos, contestação da ditadura e papel importante na resistência

Chico Buarque

Geraldo Vandré

Gilberto Gil

Elis Regina
muitas músicas foram censuradas,

outras passaram por apresentarem

dupla interpretação
O Bêbado e a Equilibrista
Elis Regina (Composição: Aldir Blanc / João Bosco)
Caía a tarde feito um viaduto

E um bêbado trajando luto Que sonha com a volta do irmão do Henfil

Me lembrou Carlitos Com tanta gente que partiu

A lua tal qual a dona do bordel Num rabo de foguete

Pedia a cada estrela fria Chora

Um brilho de aluguel A nossa Pátria mãe gentil

Choram Marias e Clarisses

E nuvens lá no mata-borrão do No solo do Brasil

céu

Chupavam manchas torturadas Mas sei que uma dor assim pungente

Que sufoco! Não há de ser inutilmente

Louco! A esperança

O bêbado com chapéu-coco Dança na corda bamba de sombrinha

Fazia irreverências mil E em cada passo dessa linha

Pra noite do Brasil Pode se machucar

Meu Brasil!
Apesar de você
Chico Buarque Apesar de você

Amanhã há de ser

Outro dia

Hoje você é quem manda Eu pergunto a você

Falou, tá falado Onde vai se esconder

Não tem discussão, não Da enorme euforia

A minha gente hoje anda Como vai proibir

Falando de lado Quando o galo insistir

E olhando pro chão, viu Em cantar

Água nova brotando

Você que inventou esse estado E a gente se amando

E inventou de inventar Sem parar

Toda a escuridão

Você que inventou o pecado Quando chegar o momento

Esqueceu-se de inventar Esse meu sofrimento

O perdão Vou cobrar com juros, juro

Todo esse amor reprimido

Esse grito contido

Este samba no escuro


Pra não dizer que não falei das flores
Geraldo Vandré
Caminhando e cantando Ainda fazem da flor

E seguindo a canção Seu mais forte refrão

Somos todos iguais E acreditam nas flores

Braços dados ou não Vencendo o canhão

Nas escolas, nas ruas

Campos, construções Vem, vamos embora

Caminhando e cantando Que esperar não é saber

E seguindo a canção Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber Há soldados armados

Quem sabe faz a hora Amados ou não

Não espera acontecer Quase todos perdidos

De armas na mão

Pelos campos há fome Nos quartéis lhes ensinam

Em grandes plantações Uma antiga lição

Pelas ruas marchando De morrer pela pátria

Indecisos cordões E viver sem razão


Cálice
Gilberto Gil e Chico Buarque
Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice


Como é difícil acordar calado
De vinho tinto de sangue
Se na calada da noite eu me dano

Quero lançar um grito desumano


Como beber dessa bebida amarga?
Que é uma maneira de ser escutado
Tragar a dor, engolir a labuta?
Esse silêncio todo me atordoa
Mesmo calada a boca, resta o peito
Atordoado eu permaneço atento
Silêncio na cidade não se escuta
Na arquibancada, prá a qualquer momento
De que me vale ser filho da santa?
Ver emergir o monstro da lagoa
Melhor seria ser filho da outra

Outra realidade menos morta

Tanta mentira, tanta força bruta


Tropicália - 1967
"Alegria, Alegria"
Caetano Veloso, 1967

Caminhando contra o vento


Vem depois/no meio do MPB
Sem lenço e sem documento

No sol de quase dezembro


Mistura samba, pop, rock, psicodelia
Eu vou
Influência do movimento concretista
O sol se reparte em crimes
Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa
Espaçonaves, guerrilhas

Em cardinales bonitas

Eu vou

Em caras de presidentes

Em grandes beijos de amor

Em dentes, pernas, bandeiras

Bomba e Brigitte Bardot

O sol nas bancas de revista

Me enche de alegria e preguiça

Quem lê tanta notícia


Domingo no Parque
Gilberto Gil
O rei da brincadeira

Ê, José!
Capoeira! Foi no parque
O rei da confusão
Não foi prá lá Que ele avistou
Ê, João!
Pra Ribeira, foi namorar… Juliana
Um trabalhava na feira
Foi que ele viu
Ê, José!
O José como sempre Foi que ele viu Juliana na roda com
Na construção
No fim da semana João
Ê, João!...
Guardou a barraca e sumiu Uma rosa e um sorvete na mão

Foi fazer no domingo Juliana seu sonho, uma ilusão


A semana passada
Um passeio no parque Juliana e o amigo João...
No fim da semana
Lá perto da Boca do Rio
João resolveu não brigar

No domingo de tarde

Saiu apressado

E não foi prá Ribeira jogar


Repente
Paraíba, século XIX

Forte no Nordeste

Repentistas cantando versos e improvisando sobre diversos temas, fazem desafios

Une canto e poesia

Quais as influências do repente no Rap?


Ambos têm estilos livres, improvisados e se relacionam com o contexto em que são

criados => temas sociais


Rap pode ser poesia?
cordel
O Cavalo que Defecava Dinheiro

Leandro Gomes de Barros - dia do cordelista 19/11

Se vendo o compadre pobre

Naquela vida privada

Foi trabalhar nos engenhos

Longe da sua morada

Na volta trouxe um cavalo


Do fiofó do cavalo
Na cidade de Macaé Que não servia pra nada
Ele fez um mealheiro
Antigamente existia
Saiu dizendo: _ Sou rico!
Um duque velho invejoso Disse o pobre à mulher:
Inda mais que um fazendeiro,
Que nada o satisfazia _ Como havemos de passar?
Porque possuo o cavalo
Desejava possuir O cavalo é magro e velho
Que só defeca dinheiro.
Todo objeto que via Não pode mais trabalhar

Vamos inventar um “quengo”


Quando o duque velho soube
Esse duque era compadre Pra ver se o querem comprar.
Que ele tinha esse cavalo
De um pobre muito atrasado
Disse pra velha duquesa:
Que morava em sua terra Foi na venda e de lá trouxe
_Amanhã vou visitá-lo
Num rancho todo estragado Três moedas de cruzado
Se o animal for assim
Sustentava seus filhinhos Sem dizer nada a ninguém
Faço o jeito de comprá-lo!
Na vida de alugado. Para não ser censurado

No fiofó do cavalo

Foi o dinheiro guardado


enem
Opinião

Podem me prender

Podem me bater

Podem até deixar-me sem comer


Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que estreou no
Que eu não mudo de opinião.
ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel exercido pela Música Popular
Aqui do morro eu não saio não
Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela letra de música citada, foi o
Aqui do morro eu não saio não.
de

Se não tem água


A) entretenimento para os grupos intelectuais.
Eu furo um poço

Se não tem carne B) valorização do progresso econômico do país.

Eu compro um osso e ponho na sopa

E deixa andar, deixa andar... C) crítica à passividade dos setores populares.

Falem de mim
D) denúncia da situação social e política do país.
Quem quiser falar

Aqui eu não pago aluguel


E) mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar.
Se eu morrer amanhã seu doutor,

Estou pertinho do céu

Zé Ketti. Opinião. Disponível em: http:/www.mpbnet.com.br.

Acesso em: 28 abr. 2010.


MAIS MÚSICAS? TEM!
MPB

Elis Regina & Tom Jobim - "Aguas de Março" - 1974

Belchior - Sujeito de Sorte - AmarElo (Sample: Sujeito de Sorte -

Belchior)

Charlie Brown JR. - Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores

Tropicália

Gilberto Gil e Os Mutantes - Domingo no Parque

Sobre Clementina de Jesus:


texto do Museu AfroBrasil
Gabarito da questão: D

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