Advogada/OAB-BA, Mediadora, Membro Da Comissão de Mediação OAB/BA Professora Do Curso de
Advogada/OAB-BA, Mediadora, Membro Da Comissão de Mediação OAB/BA Professora Do Curso de
Advogada/OAB-BA, Mediadora, Membro Da Comissão de Mediação OAB/BA Professora Do Curso de
ABSTRACT: This paper presents the theme The School Inclusion of the Student with
Autism Spectrum Disorder in the Educational Environment: Advances and Challenges,
demonstrating the importance of including autistic children in the school setting and
the family challenges while dealing with this disorder. Faced with this, the research
was carried out with the objective of identifying the participation of the family in the
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Bacharelanda do curso de Direito da Universidade Católica do Salvador. Artigo científico, apresentado
como requisito para obtenção de aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, ano
de 2020.1.
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Advogada/OAB-BA, Mediadora, Membro da Comissão de Mediação OAB/BA;Professora do curso de
Direito da Faculdade Ruy Barbosa, especialista em Direito Civil (UFBA) e especialista em Família:
Relações Familiares e Contextos Sociais (UCSal). Mestra em Família na Sociedade Contemporânea
(UCSAL), Doutoranda em família. Orientadora do PICT; Membro do grupo de pesquisa Família e
Desenvolvimento Humano da Ucsal e membro do Grupo de Gestão de Políticas Públicas/Uefs;
pesquisasadora, escritora e organizadora de livros científicos.
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1. INTRODUÇÃO
O diagnóstico médico de que seu filho é uma criança com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) provoca um misto de sensações, desde a preocupação inicial até o
sentimento de culpa. As dúvidas sobre como será a inclusão social em níveis
educacionais e profissionais e os questionamentos sobre a própria responsabilidade
pela condição do filho são os dois vieses que aparecem com maior frequência nessas
famílias, já que os pais ou responsáveis são os guias que irão transmitir segurança à
criança.
Conforme o artigo 3º, inciso IV, da Lei nº 12.764/2012 (Lei Berenice Piana,
Brasil) é direito da pessoa com transtorno do espectro autista o acesso à educação e
ao ensino profissionalizante. O artigo 7º da mesma lei completa que proíbe a recusa
de matrícula de criança com TEA ou qualquer outro tipo de deficiência, sendo punido
com multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários-mínimos. Ainda assim, sabe-se que a prática
está distante da teoria, já que o sistema de educação brasileiro, seja rede pública ou
privado, é muito falho quando se trata de autismo.
A inclusão educacional da criança com TEA é uma atividade coletiva que não
depende apenas da família e dos educadores para que ocorra da melhor maneira no
âmbito escolar. Faz-se necessário uma maior aceitação da deficiência mental por toda
sociedade, e sendo fator primordial que as autoridades responsáveis busquem
trabalhar com projetos de leis que visam assegurar os direitos das pessoas com
autismo, fazendo com que esses projetos sejam colocados de fato em prática no dia
a dia social.
As crianças com autismo possuem uma maior dependência dos seus pais pela
sensação de incapacidade causada pelo transtorno, logo, torna-se papel dos pais o
encorajamento dos seus filhos para a inclusão social. Não é válido retrair os seus
filhos apenas para o âmbito familiar, visto que essa atitude pode provocar um maior
retrocesso da doença, já que a inclusão será um meio de grande valia para o
desenvolvimento deles. A convivência escolar possibilitará um maior avanço nas
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dificuldades enfrentadas por eles, como a fala retrógrada e a atitude de viver recuado
da sociedade, que são características corriqueiras na vida dos autistas.
Uma vez que os pais conseguem ingressar os seus filhos em escolas, seja ela
pública ou privada, é importante manter um trabalho alinhado com a instituição para
que consiga ajudar o seu filho a ter um maior desenvolvimento escolar e atribuir
confiança ao mesmo para despertar vontade e prazer de dar continuidade aos
estudos.
2. O CONCEITO DE AUTISMO
De acordo com a psiquiatra Erika Mendonça (2018), não existe uma idade
específica para diagnosticar o autismo em uma criança, visto que, por ser reconhecido
pela sociedade como um transtorno há pouco tempo, as atitudes dessas crianças
podem ser consideradas comportamentos comuns da idade. Mas, ao decorrer do
tempo, as alterações tornam-se mais evidentes, podendo ser diagnosticadas como
um quadro de autismo.
É possível afirmar que o TEA é um transtorno mental e, por isso, não pode ser
desenvolvido ao longo da vida. No entanto, o indivíduo já nasce sendo autista, não
sendo obrigatório possuir todas as características ditas como requisitos de uma
pessoa com TEA. Já que pode variar de pessoa para pessoa, mas que dentre os
comportamentos pode ser diagnosticado como autista.
O autismo não chega a ser considerado uma doença, mas um distúrbio que
atrapalha o desenvolvimento da pessoa diagnosticada com TEA. Os psicanalistas,
principalmente, acreditam que o trasntorno é originado por uma imaturidade afetiva
que pode acontecer quando o amadurecimento da criança é interrompido de alguma
forma, pela inadequação ou insuficiência do ambiente perante suas necessidades.
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Um pouco mais a frente, em 1943, o psiquiatra Leo Kanner, através dos seus
estudos e análises, publicou uma obra “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo’’, na
qual relata a respeito de onze casos em que crianças apresentavam comportamentos
de isolamento desde os primórdios de sua vida. As características do autismo se
faziam presentes desde a primeira infância dessas crianças, deste modo o psiquiatra
se referia como autismo infantil precoce. (SEJAS, 2017).
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Em sentido literal, a “eutanásia” significa “Boa Morte”, a morte calma, a morte piedosa e humanitária.
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Com a chegada dos anos 60, o autismo passou a ser evidenciado como de fato
um transtorno mental com ocorrência ainda na infância e que já aparecia em vários
países. Ao passar dos anos em 1965, Temple Grandin criou a Máquina do Abraço,
um aparelho que possibilitava a sensação de calmaria às pessoas com autismo
através da simulação de um abraço.
No final dos anos 90, um artigo científico publicado na época apontava que
algumas vacinas poderiam causar o transtorno, mas a obra não chegou a ter alguma
relevância social, já que a maioria dos cientistas não acreditaram nessa teoria. Nos
anos seguintes, a própria revista responsável pela publicação do artigo se retratou a
respeito da afirmativa.
Anos depois, em 2 de abril de 2007 a ONU decretou aquela data como o Dia
Mundial da Conscientização do Autismo, com o objetivo de trazer para a população
uma maior conscientização a respeito do transtorno ou e despertar nas pessoas
despertar nas pessoas a vontade de conhecer mais sobre o assunto.
Por fim, no ano de 2019, foi aprovado o projeto de Lei nº 1712/19 para alterar
a Lei nº 12.764/12 e a Lei nº 13.145/ 15, com o objetivo de prever direitos mais
específicos aos autistas, como a previsão da educação inclusiva para os portadores
e outras políticas que possibilitem a sua inclusão social.
Para a psicóloga Sabrina Bandini Ribeiro (2014) as famílias, ao longo dos anos,
irão passar por momentos de aceitação do transtorno com maior facilidade, mas
haverá momentos conflitantes. Nesse sentido, o tratamento é a forma mais indicada
para lidar com a situação da forma mais harmoniosa possível. O acompanhamento
terapêutico desenvolverá, junto às famílias, a melhor forma de lidar com o transtorno.
5. LEGISLAÇÃO
Por sua vez, a Lei nº 12.764/12 (Lei Berenice Piana), sancionada por Dilma
Rousseff ainda em exercício no cargo da presidência do Brasil, aplicou a Política
Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista,
sendo a primeira a tratar as pessoas portadoras de autismo como deficientes mentais.
Nos seus incisos I e II, do Art. 1º, buscou definir o conceito de autismo e suas
características para definição, em que uma dessas é a deficiência significativa na
comunicação.
O texto dessa lei aponta diversas garantias dispostas aos portadores, como a
proteção contra qualquer forma de abuso e exploração e o acesso a ações e serviços
de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, sendo
assegurado o direito a proteção dos mesmos, buscando uma maior igualdade social.
Em 2019 foi apresentado o projeto de Lei 1712/19, que visa a alteração da Lei
nº 12.764/12 e a Lei nº 13.145/15, para que possa prever uma educação inclusiva e
outras políticas que almejem a plena inclusão social. Sendo modificado o marco legal
da Primeira Infância, para incluir as famílias que têm crianças com transtorno do
espectro autista entre os grupos prioritários das políticas sociais com vistas ao
desenvolvimento integral da criança.
6. INCLUSÃO ESCOLAR
7. REDES DE APOIO
Essas redes de apoio, que por muitas vezes são consideradas como o suporte
social, são conceituadas como o grupo de recursos utilizados em prol de um indivíduo
que podem ser ampliados aos seus familiares, visando o amparo emocional,
psicológico, físico e material. Essas redes podem ser distinguidas em dois tipos de
suporte: a informal, que agrupa os familiares, amigos, vizinhos, colegas e os grupos
sociais; e a formal, que agrupa os profissionais (como médicos, educadores,
assistentes sociais e etc.) e as próprias instituições, (como hospitais, segurança social
e etc.), as quais já estão preparadas para prestar essa assistência as pessoas que
precisam.
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A procura pelas redes de apoio surge quando os familiares já não sabem como
lidar com o transtorno, não conseguem buscar meios para acalmar a criança e não
sabem como lidar com os comportamentos inadequados etc. O papel da rede de apoio
é proteger e acalmar essas sensações negativas causadas nos familiares, buscando
mediações para um melhor desenvolvimento da criança e consequentemente dos
seus familiares. De acordo com Lopes (2015), as características e consequências
trazidas pela rede de apoio deverão ser compreendidas como meios de um processo
transacional no oriundo de um sistema social e do próprio contexto ecológico.
Foi aprofundado por Karst e Hecke (2012) que os pais que buscam o suporte
social adquirem a redução de sentimentos depressivos, consequentemente
melhorando o estado de humor e a convivência com o filho autista, já que começam
a sair da não aceitação para a aceitação do autismo.
8. AVANÇOS E DESAFIOS
Mesmo com esses desafios, é um desejo dos pais que a inclusão escolar seja
melhor no decorrer dos anos, já que, assim como qualquer outra criança, os autistas
têm como um direito uma educação digna e de qualidade, que respeite suas limitações
e potencialize suas qualidades.
Quanto aos avanços, ainda que, atualmente seja determinado que o autismo
não tem cura, muitas pesquisas apontam o avanço dos estudos com as células-tronco
das crianças portadoras do transtorno do espectro autista, em que visam a
diferenciação por neurônios para que possa reconstruir um “minicérebro” por
reprogramação celular, sendo necessário o acompanhamento de terapias
moleculares. Também utilizado o fator de crescimento de insulina, o IGF1, para alguns
tipos de autismo como a Síndrome de Rett e para alguns graus de autismo.
Por fim, a Lei Brasileira de Inclusão, de 2015, foi fundamental para a proteção
das pessoas que são portadoras de transtornos e deficiências. Apesar de todos esses
avanços, as discussão acerca dos direitos dos portadores do transtorno e das
obrigações do Estado ainda são rasas diante da necessidade de amparo à essas
pessoas e às suas famílias que merecem, como todo cidadão brasileiro, uma vida
digna com o acesso aos seus direitos respeitado.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
direitos das pessoas com autismo. Cada pessoa possui a sua especificidade e,
pensando nisso, as alterações nas leis existentes visam a melhoria de direitos que
não eram tão específicos às pessoas com transtorno do espectro autista.
O último objetivo específico, que trata dos avanços e desafios, constatou que,
por muitos anos, o autismo foi tido como um tabu na sociedade, mas que ao longo do
tempo foi aceito como um transtorno mental. Com isso, começam os desafios que vão
desde a descoberta da doença, com as suas restrições e privações, como dificuldade
em expressar o que ouve, comportamentos agressivos e dentre outros
comportamentos específicos que cada um autista possui.
Mas os desafios não são apenas esses, já que a sociedade também é uma
grande barreira com a não aceitação a doença, o que acaba prejudicando o
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desenvolvimento dessas crianças. Isso pode acontecer através da própria escola, que
se diz incapaz de aceitá-los, ou de outros pais, com uma visão preconceituosa, têm
medo de que inclusão dos autistas possa interferir na atenção dos seus filhos tidos
normais dentro da sala de aula.
Mesmo havendo esses desafios, pode-se dizer que existiram avanços no que
compete ao TEA, já que os estudos científicos não param de pesquisar meios para
melhorar o desenvolvimento dessas pessoas que sofrem com o transtorno do
espectro autista.
AMARAL, Carlos Eduardo Rios do. Lei 12.764/2012: Direitos da pessoa com
transtorno do espectro autista. JusBrasil, 2016. Disponível em:
https://eduardoamaral74.jusbrasil.com.br/artigos/325861391/lei-12764-2012-direitos-
da-pessoa-com-transtorno-do-espectro-autista. Acesso em: 10 de março de 2020.
MELLO, Ana Maria S. Ros de. AUTISMO. 7ª Edição. São Paulo. AMA, 2007.