Reading Latin1
Reading Latin1
Reading Latin1
READING LATIN
SEÇÃO I
TEXTO, GRAMÁTICA, VOCABULÁRIO E EXERCÍCIOS
Equipe de Tradução:
Alessandro Rolim de Moura
Giovanna Mazzaro Valenza
Guilherme Gontijo Flores
Irene Cristina Boschiero
Rodrigo Tadeu Gonçalves
CURITIBA
2009
2
ESCLARECIMENTO
OBSERVAÇÕES PRELIMINARES
Metodologia
1
JOINT ASSOCIATION OF CLASSICAL TEACHERS. Reading Greek. Cambridge: Cambridge
University Press, 1978.
2
Para tornar o texto mais adequado ao público brasileiro, substituímos, quando possível, as referências à
língua inglesa por menções à língua portuguesa. Da mesma forma, informações sobre a presença do latim
no inglês e na cultura inglesa em geral foram substituídas por (ou acompanhadas de) outras relativas ao
português e ao mundo lusófono.
4
feito, é claro, antes de se abordar o texto, mas nossa experiência sugere que é muito
melhor deixar os estudantes tentarem ver sozinhos, sob a orientação do professor, como
os novos elementos gramaticais funcionam.
Segundo passo: quando isso terminar, os estudantes devem memorizar
completamente a parte do vocabulário intitulada Memoranda.
Terceiro passo: a gramática da seção deve ser revisada e aprendida
completamente a partir do GVE, e deve-se fazer uma parte selecionada dos exercícios. É
extremamente importante observar que o exercício deve ser encarado como uma gama
de opções: a partir dela os professores/estudantes devem escolher quais exercícios
serão feitos, e quais serão feitos em sala de aula ou em casa. Alguns dos exercícios
mais simples, nós já os dividimos em seções obrigatórias e opcionais, mas o princípio
deve ser seguido para todos eles. A maior parte dos exercícios deve ser feita e corrigida
fora de sala (isso economiza muito tempo),3 mas os Exercícios de leitura devem ser
feitos oralmente, e os estudantes devem ser encorajados a explicar em voz alta como
analisam uma frase à medida que a lêem. Com o tempo, deve-se passar a utilizar essa
técnica na leitura do Texto.
Quarto passo: use quantas dēliciae Latīnae o tempo permitir ou seu gosto
pessoal estipular.
Quinto passo: passe para a próxima seção do Texto, e repita a operação acima.
NOTAS
MAPAS
- época pré-literária;
- época arcaica;
- época clássica;
- época imperial pós-clássica;
- época imperial tardia.
5
N. do T.: Elaborado por Alessandro Rolim de Moura e María Pilar Rivero.
7
geral, bastante conservadora.6 Por exemplo, o m final se mantém, sendo que há indícios
de que já não era mais pronunciado como consoante bilabial; tinha-se transformado em
mera nasalização da vogal precedente (cf. “Alfabeto e pronúncia do latim”). Outra
característica do período é a influência do grego na língua escrita culta, facilmente
perceptível na linguagem de Cícero e César.
Durante o Império, a prosa adota alguns procedimentos típicos da poesia, e
esta, por sua vez, se vê influenciada pela retórica. Entre o final do séc. I e princípios do
II d. C., aparece uma tendência arcaizante, que procura manipular artisticamente
vocábulos antigos. Outro fenômeno frequente é a aparicão de alguns elementos da fala
popular nos textos literários, se bem que na primeira fase do Império já podemos
observar uma distância cada vez maior entre a linguagem escrita e a falada. O que
ocorre é que, enquanto o chamado "latim vulgar" evolui rapidamente, a língua escrita
continua bastante presa aos modelos clássicos. A época imperial também possui
escritores muito importantes. Os nomes de Sêneca, Lucano, Petrônio, Plínio o Antigo,
Plínio o Novo, Marcial, Juvenal, Suetônio e Apuleio são apenas uma pequena amostra
da diversidade e riqueza da produção literária de então (isso sem considerar os
primeiros autores cristãos).
Na Idade Média, o latim continuou a ser utilizado como língua falada nos
territórios onde a romanização tinha sido mais profunda (Hispânia, Gália e Dácia),
dando origem às línguas neolatinas (português, espanhol, galego, catalão, francês,
italiano, sardo, romeno etc.). O latim escrito permaneceu como língua da ciência, da
filosofia e da literatura durante toda a época medieval. A língua latina dessa época é o
meio de expressão da cristandade, e portanto é fundamentalmente religiosa. Embora se
origine do latim literário pagão, a variedade medieval é bastante diferente: a ordem dos
termos na frase torna-se mais fixa, e são abandonados alguns tipos de subordinação;
também se produzem mudanças no uso dos casos e do modo subjuntivo, ao passo que
se faz mais frequente a utilização de preposições.
Introdução
Como o latim é uma língua morta, é uma tarefa difícil descobrir como os
romanos pronunciavam suas palavras. Por isso, no decorrer dos séculos, praticamente
cada país desenvolveu uma pronúncia diferente, sempre influenciada pelas
características de uma língua moderna. Há, por exemplo, uma pronúncia tradicional
portuguesa, que interpreta as letras do alfabeto latino de uma maneira muito semelhante
à do português. Por outro lado, existe a pronúncia eclesiástica, utilizada pela Igreja
Católica. É uma pronúncia muito difundida, e se baseia no sistema fonético do italiano.
Com o desenvolvimento da Linguística no final do séc. XIX e no início do séc.
XX, contudo, os foneticistas começaram a tentar reconstruir a pronúncia que de fato foi
utilizada pelos latinos da Antiguidade, sobretudo os da época clássica. Surgiu desse
modo a chamada “pronúncia reconstituída”, “restaurada” ou “reconstruída”. Mas como
os estudiosos puderam chegar a tal resultado?
Vários são os dados que permitem que nos aproximemos do latim falado na
época clássica. Relacionemos alguns exemplos.
6
Que fique claro que estamos considerando, nesse panorama, sobretudo o latim escrito (mais
especificamente, o latim escrito das obras literárias e, portanto, das classes dominantes de Roma). Temos
pouquíssimos documentos a respeito do latim oral e das variedades menos prestigiadas socialmente.
7
Elaborado por Alessandro Rolim de Moura.
8
Dados desse tipo, bem como informações de outra natureza, é que possibilitaram
a restauração dos sons do latim. Obviamente, a pronúncia reconstituída é apenas uma
hipótese. Mas está fundamentada em testemunhos convincentes, e não se podem
desprezar os estudos que a originaram. Ao que tudo indica, portanto, trata-se da
pronúncia mais próxima da verdade histórica, e, por isso, vamos adotá-la. E tal
posicionamento não é apenas o resultado de um culto ao rigor científico. Ora, se a
poesia se baseia também no trabalho com o estrato fonético da língua, é legítimo o
esforço para se recuperar a sonoridade autêntica dos poemas latinos, a fim de que
possamos ler adequadamente as obras de autores como Virgílio, Horácio, Catulo etc.
Ademais, é preciso estabelecer uma convenção entre os estudiosos de todo o mundo,
para que haja entendimento mútuo, coisa que não ocorria quando cada país utilizava sua
própria pronúncia. E é justo que tal convenção seja construída sobre bases científicas
sólidas. Atualmente, nos congressos internacionais, praticamente todos os latinistas
usam a pronúncia reconstituída.
9
ara (os dois aa longos) ‘lavra!’ x ara (os dois aa breves) ‘altar’;
uenit (e breve) ‘ele/ela vem’ x uenit (e longo) ‘ele/ela veio’;
hic (i longo) ‘aqui’ x hic (i breve) ‘este’;
os (o longo) ‘boca’ x os (o breve) ‘osso’;
domus (u breve) ‘casa’ x domus (u longo) ‘da casa’.
Uma sílaba é longa quando: (a) possui uma vogal longa; (b) possui um ditongo,
como em casae ‘cabanas’; (c) possui uma vogal seguida de duas consoantes (uma
fechando a sílaba em questão e a outra iniciando a sílaba seguinte) ou de uma letra
“dupla” (X x ou Z z), como em adulescens ‘adolescente’ e senex ‘velho’,
respectivamente. Nos demais casos, as sílabas são breves.
A duração das sílabas é importante para a leitura da poesia clássica, já que o
ritmo do verso latino é marcado pela alternância de sílabas longas e breves.
Os métodos de latim costumam marcar as sílabas longas com o sinal ¯ (mácron)
e as breves com ˘ (braquia), embora esses símbolos não fossem utilizados pelos antigos
usuários da língua. Aos poucos, o estudante se familiariza com os modos de se descobrir
a duração das sílabas em latim, e pode, então, dispensar o auxílio do mácron e da
braquia.
Em latim não há acentuação gráfica. Para saber qual é a sílaba acentuada de uma
palavra, é preciso conhecer a duração da penúltima sílaba. Não há oxítonas em latim,
apenas paroxítonas e proparoxítonas. Quando a penúltima sílaba é longa, o acento cai
sobre ela, e a palavra é paroxítona. Quando a penúltima é breve, o acento recua, e a
palavra é proparoxítona. Exemplos: amāre ‘amar’ (penúltima sílaba longa) pronuncia-se
amáre; facĕre ‘fazer’ (penúltima sílaba breve) pronuncia-se fácere. Como não existem
oxítonas, todas as palavras de duas sílabas são paroxítonas.
Há uma dúvida a respeito da natureza desse acento. Alguns estudiosos defendem
que era um acento de intensidade (ou seja, algumas sílabas seriam pronunciadas com
mais força do que outras). Outros pensam que o acento latino era musical, como o do
grego antigo (nesse caso, algumas sílabas seriam pronunciadas num tom mais alto).
Em seguida apresentamos um quadro que mostra como é a pronúncia
reconstituída.
C c: sempre [k], como no port. ‘capa’; nunca [s], como no port. ‘cedo’
10
D d: [d], como no port. ‘data’ e no ingl. ‘day’; nunca como no ingl. ‘just’
E e: o breve é aberto [ɛ], como no port ‘pé’; o longo é fechado [e:] — pronuncia-se
quase como o fr. ‘fiancée’
I i: pode representar uma vogal breve [i], como a do port. ‘vi’, ou uma longa [i:], como
no ingl. ‘deep’
L l: sempre [l], como no port. ‘lado’; nunca representa a semivogal [w], como muitas
vezes ocorre em port. — ex.: ‘Brasil’
N n: sempre [n], como no port. ‘neto’; nunca apenas sinal de nasalização de uma vogal
O o: o breve é aberto [ɔ] — cf. port. ‘pó’; o longo é fechado [o:] — cf. fr. ‘eau’
R r: sempre [r], isto é, uma vibrante rolada, como no port. do Sul do Brasil e no
escocês
T t: sempre [t], como no port. ‘tudo’; nunca africado como no it. ‘ciao’
U u: representa uma vogal breve [u] ou uma vogal longa [u:], como no ingl. ‘foot’
7. Os nomes das letras em latim eram: a, be, ce, de, e, ef, ge, ha, i, ka, el, em, en,
o, pe, qu, er, es, te, u, ix, upsilon (ou Hy, ou i graeca), zeta.
12
Introdução
Gregos e romanos
De acordo com a tradição, Roma foi fundada por Rômulo em 21 de abril de 753.
Ele foi o primeiro de sete reis. Em 509, o último rei (Tarquinius Superbus — “Tarquínio
o Orgulhoso”) foi expulso, e se iniciou a República. Considerava-se esse momento o
começo da era da liberdade (lībertās). Durante esse período de governo aristocrático,
Roma estendeu seu domínio, primeiro, pela Itália; então, até o Mediterrâneo ocidental
— Sicília, Espanha, norte da África (Cartago); e, finalmente, até o Mediterrâneo
oriental. Desde o início Roma tinha estado em contato com a cultura grega, pois
colônias gregas haviam sido estabelecidas na Itália e na Sicília já no século VII. Ao
norte de Roma estava outra cultura desenvolvida, a dos etruscos. A cultura de Roma se
desenvolveu sob a influência conjunta de ambas. Quando os romanos finalmente
conquistaram a Grécia, em 146, tornaram-se senhores do lar da cultura mais prestigiada
no Mediterrâneo. A reação dos Romanos foi muito complexa, mas nela podem-se notar
três elementos principais. Eles ficaram orgulhosos de seu feito militar e administrativo,
e portanto desprezavam os Gregos contemporâneos, que eles haviam derrotado. Ao
mesmo tempo, eles compartilhavam da reverência dos gregos contemporâneos pelas
grandes realizações culturais dos Gregos mais antigos — Homero, Heródoto, Tucídides,
os tragediógrafos, poetas cômicos e oradores. O resultado dessa atitude ambivalente foi
uma decisão mais ou menos consciente de criar para eles próprios uma cultura digna da
sua posição como nova superpotência. Tal cultura tomava como modelo e emulava a da
Grécia no seu apogeu. Mas o amor-próprio dos romanos garantiu que essa cultura fosse
latina, e sua literatura fosse escrita em latim, não grego. As famosas palavras de Horácio
ilustram a dívida de Roma para com a cultura grega:
Agora os romanos sentiam que sua cultura podia ser comparada com o melhor
da dos gregos. Essa veneração pelos gregos contrasta fortemente, por exemplo, com os
constantes ataques que o poeta satírico romano Juvenal dirige ao Graeculus ēsuriēns
(“greguinho esfomeado”) de sua época, o que refletia o desprezo aristocrático pelos
gregos “modernos” enquanto descendentes degenerados de um povo que fora outrora
grande. Em todos os períodos, todavia, certos gregos (e.g. Políbio, Posidônio, Partênio,
Filodemo) foram tidos em alta conta em Roma. No final do século I, Roma tinha-se
tornado o centro cultural do mundo, aos olhos não apenas dos romanos, mas também
dos gregos, cujos poetas, estudiosos e filósofos agora para lá afluíam. Parte da grandeza
de Roma é o fato de que, quando confrontados com a cultura grega, os romanos nem
13
já que estamos governando uma espécie de homens que são, não apenas
civilizados, mas também homens que considera-se terem passado a civilização
para outros, certamente devemos dar os benefícios desta, acima de tudo, àqueles
de quem a recebemos. De fato, já não me envergonharei de dizê-lo,
especialmente porque sobre minha vida e meus feitos não pode existir nenhuma
suspeita de indolência ou frivolidade: tudo o que consegui obtive com os
estudos e artes que nos foram transmitidos pela literatura e pelas disciplinas da
Grécia. Por isso, além da lealdade comum que devemos a todos os povos,
parece-me que temos um dever especial para com essa espécie de homens:
instruídos por seus preceitos, desejar expor diante deles o que deles
aprendemos.
PRIMEIRA PARTE
Seções 1-3: Plauto e a tradição cômica romana
Plauto
Titus Macc(i)us Plautus viveu provavelmente de c. 250 a c. 180. Diz-se que ele
escreveu cerca de 130 comédias, das quais sobreviveram 19. Como quase todos os
escritores romanos, ele buscou inspiração para sua obra em modelos gregos anteriores,
que ele traduziu e adaptou livremente a fim de adequá-los ao público romano para o
qual estava escrevendo. Por exemplo, é quase certo que ele baseou sua Aululāria, a
primeira peça que você vai ler, numa peça do ateniense Menandro (c. 340-c. 290), e sua
Bacchidēs no Dis exapatōn (“Duas vezes enganador”), também de Menandro. Plauto
escrevia comédias para serem apresentadas em festivais romanos (fēriae, lūdī),
momentos devotados à adoração dos deuses e à folga do trabalho. Os originais foram
escritos em verso.
Os atores nos originais gregos usavam máscaras que cobriam toda a cabeça.
Embora não seja absolutamente certo que Plauto seguia essa convenção, nós ilustramos
as personagens plautinas na Introdução com modelos de máscaras gregas
aproximadamente do tempo de Menandro. Você vai encontrar notas sobre essas
máscaras e sobre as outras ilustrações na p. 154.
ale 26/6/09 11:49
Comment: atentar para o número da página na
A Aululāria de Plauto: uma nota versão final
Seção 1
A Aululāria de Plauto
Introdução: familia Eucliōnis
quis es tū?
ego sum Eucliō. senex sum.
quis es tū?
ego sum Phaedra. fīlia Eucliōnis sum.
quis es tū?
Staphyla sum, serua Eucliōnis.
quī estis?
familia Eucliōnis sumus.
drāmatis persōnae
Eucliō senex est. Eucliō senex auārus est. Eucliō in^aedibus habitat
cum^fīliā. fīlia^Eucliōnis Phaedra est. est et serua in^aedibus. 5
seruae^nōmen est Staphyla.
Eucliōnis^familia in^aedibus habitat. sunt in^familiā^Eucliōnis
paterfamilias, et Phaedra fīlia^Eucliōnis, et Staphyla serua. omnēs
in^aedibus habitant.
Vocabulário da Introdução
8
Palavras unidas pelo sinal ^ devem ser procuradas juntas no vocabulário.
16
Notas
1 sum é o verbo mais comum do latim.
2 Não é necessária a presença do pronome pessoal em latim. Isso se dá basicamente
porque a marcação morfológica do verbo indica a pessoa do sujeito (como
também ocorre em português). As desinências número-pessoais que indicam as
pessoas (em uma grande quantidade de formas verbais) são as seguintes:
-m ‘eu’10
-s ‘você’
-t ‘ele/ela’
-mus ‘nós’
-tis ‘vocês’
-nt ‘eles/elas’
3 O verbo sum é irregular porque, como se pode observar, é formado com dois
radicais, que se alternam dependendo da pessoa gramatical: su- e es-. Se puder
servir de consolo, todos os verbos que significam “ser/estar” são irregulares, cf. o
mesmo verbo português ‘sou’, ‘és’, o inglês ‘I am’, ‘he is’, o francês ‘je suis’, ‘tu
es’ etc.
4 Nas terceiras pessoas, est e sunt só significam “é” ou “são” se os sujeitos estiverem
explicitados, como, por exemplo, senex est = “ele é um velho”, Eucliō senex est =
“Euclião é um velho”, seruae sunt = “elas são escravas”, omnēs seruae sunt =
“todas são escravas”.
5 Note os seguintes pontos sobre a ordem das palavras nas orações com o verbo sum:
(a) Quando sujeito e somplemento estiverem presentes:
(i) a ordem não-marcada é: sujeito complemento sum, e.g.,
Eucliō senex est “Euclião é um velho”
9
Na realidade, es-s
10
Em outros verbos, -ō = ‘eu’.
17
(iii) O verbo sum pode vir na primeira posição, e, então, será enfático. Ex
est enim Eucliō auārus (sum sujeito complemento)
“Pois Euclião é (de fato), um avarento.”
Nesse tipo de oração, informação adicional será esperada, e.g., “há um lugar
onde as rosas crescem”, “há pessoas que gostam de latim”.
Eucliō senex-est
senex-est Eucliō
Morfologia
1 Verta para o latim: você é, eles são, há (pl.), ele é, vocês são, há (sing.), sou, ela é.
2 Mude do singular para plural e vice-versa: sum, sunt, estis, est, sumus, es.
Exercício de leitura
Leia e traduza:
Versão
Traduza as frases latinas para o português. Depois verta as portuguesas para o latim
tomando como referência a estrutura das latinas para a ordem das palavras.
Seção 1A
dramātis persōnae
(seruus ad^iānuam appropinquat, sed iānua clausa est. seruus igitur iānuam 20
pulsat)
SERVVS: heus tū, serua! ego iānuam pulsō, at tū nōn aperīs: iānua
clausa est.
SERVA: (iānuam aperit) cūr clāmās? ego hūc et illūc cursitō, tū autem
clāmās. ego occupāta sum, tū autem ōtiōsus es. seruus nōn es, 25
sed furcifer.
SERVVS: ego ōtiōsus nōn sum, Pamphila. nam hodiē Dēmaenetus,
dominus meus, fīliam in^mātrimōnium^dat: nūptiae^fīliae
sunt!
(in^aedīs intrant seruus et serua, et nūptiās parant. in^scaenam intrant coquus et tībīcina.
Dēmaenetus coquum et tībīcinam uidet) 35
DĒM: heus uōs, quī estis? ego enim uōs nōn cognōuī.
COQVVS ET TĪBĪCINA: coquus et tībīcina sumus.
ad^nūptiās^fīliae^tuae uenīmus.
DĒM: cūr nōn in aedīs meās intrātis et nūptiās parātis?
(senex ad^focum appropinquat. prope focum fouea est. in^foueā aulam cēlat)
Vocabulário da Seção 1A
Notas importantes
1 nom. significa nominativo: indica, em princípio, o sujeito ou o atributo de uma
oração.
2 ac. significa acusativo: indica, em princípio, o objeto (direto) de uma oração
(quando aparece sem preposição).
ad focum junto à lareira ad tē junto a você, até junto ante iānuam Dēmaenetī
ad iānuam junto à porta de você diante da porta de Demêneto
ad Larem junto ao Lar adest ele(a) está presente, aperīs você abre
ad nūptiās (fīliae tuae) ao está aperit ele(a) abre
casamento (de sua filha) aedēs (nom. pl.) casa appropinquat ele(a) se
aproxima
21
sing.
1ps am-ō ‘eu amo’
2ps amā-s ‘você ama’
3ps ama-t ‘ele/ela ama’
pl.
1pp amā-mus ‘nós amamos’
2pp amā-tis ‘vocês amam’
3pp ama-nt ‘eles/elas amam’
sing.
1ps habe-ō ‘eu tenho’
2ps habē-s ‘você tem’
3ps habe-t ‘ele/ela tem’
pl.
1pp habē-mus ‘nós temos’
2pp habē-tis ‘vocês têm’
23
Notas
1 Todos os verbos da 1ª conjugação conjugam-se no presente como am-ō ‘amar’.11
Exs.: habit-ō ‘habitar’, intr-ō ‘entrar’, uoc-ō ‘chamar’, clam-ō ‘gritar’, par-ō
‘preparar’, cel-ō ‘esconder’. Os verbos da 2ª conjugação, que terminam sempre em
-eō, conjugam-se como habe-ō ‘ter’. Ex.: time-ō ‘temer’.
2 Observe que esse verbos regulares são construídos a partir de um radical a que são
acrescentadas terminações. Esse radical traz o significado básico do verbo (ama-
‘amar’, habe- ‘ter’), e as terminações indicam a pessoa e o número gramaticais:
3 Observe também que a vogal característica (ou “vogal temática”) da 1.a conjugação
é -a (amA-), e a da 2.a conjugação é -e (habE-). A única forma em que essa vogal
não aparece é a da 1.a pessoa do singular da 1.a conjugação (amo), embora fosse
originalmente amaō.
11
N. do T.: Em latim, quando queremos falar de um verbo, tradicionalmente referimo-nos a ele na 1ª
pessoa do singular do presente. Em português, como se sabe, usamos o infinitivo. Daí traduzirmos am-o,
em textos teóricos como este, por ‘amar’, e não por ‘eu amo’.
24
amando’ fornece uma representação mais vívida e concreta da ação, exprimindo uma
ideia de continuidade (como se pudéssemos ver a ação se desenrolando diante de nós).
Já ‘você realmente ama’ é o sentido enfático. Deve-se escolher o sentido mais adequado
pela análise do contexto. É bom lembrar, no entanto, que em geral o sentido enfático é
indicado em latim pela disposição do verbo no início da sentença.
Exercícios
Morfologia
1 Conjugue: cēlō, timeō, portō, habeō, (opcionais: habitō, clāmō, intrō, uocō, sum).
3 Verter para o latim: vocês têm, escondo, estamos levando, eles chamam, você tem
medo, ele está vivendo, há (pl.), ela tem, ele entra, ela é.
se a diferença na forma das palavras), teria concluído que um escravo, seruus, que está
aqui no caso nominativo, estava fazendo alguma coisa para uma filha, fīliam, aqui no
caso acusativo.
A ordem das palavras em latim tem importância secundária, pois suas funções
estão mais diretamente relacionadas a problemas de ênfase, contraste e estilo do que a
problemas de sintaxe (parte da gramática ligada à função dos vocábulos na frase). Para
falantes de português, obviamente, a ordem das palavras é muito mais importante para a
determinação do significado. Em latim, a forma das palavras é que é essencial.
Podemos observar, contudo, que o português possui resíduos do sistema de casos
latino. Exs.: ‘eu gosto de cerveja’, e não ‘me gosto de cerveja’; ‘ele gosta de mim’, e
não ‘o gosta de eu’... Trata-se, conforme a terminologia tradicional, da distinção entre
pronomes pessoais do caso reto e do caso oblíquo.
a. Nominativo
b. Acusativo
c. Genitivo
d. Dativo e ablativo
Por enquanto, esses casos não vão aparecer muito nos textos, e por isso vamos
deixar seu estudo para mais tarde.
8 e 913 Declinação
13
Seguimos aqui a numeração dos parágrafos do original inglês. Por isso, quando da ocasião de algumas
adaptações julgadas mais apropriadas na tradução, a numeração vai aparecer, ainda que com formatos
estranhos como este.
27
Notas
1 Perceba que o ablativo singular tipo I se diferencia do nominativo e do vocativo
singular porque estes têm uma vogal final breve, enquanto aquele tem uma vogal
final longa.
2 Note que também os substantivos são formados por um radical mais uma
terminação (compare com os verbos vistos no início deste texto). Nos substantivos
tipo I e II, o radical permanece sempre o mesmo, e apenas a terminação varia.
3 A maioria dos substantivos tipo I são femininos. Exceções comuns são agricol-a
‘agricultor’, naut-a ‘marinheiro’ e poet-a ‘poeta’, todas palavras masculinas.
4 Quase todos os substantivos que se declinam como coqu-us são masculinos. São
exceções, por exemplo, os nomes de árvores, todos femininos: pin-us ‘pinheiro’,
fag-us ‘faia’ etc.
5 Observe que alguns casos têm terminações coincidentes. Exs.: seru-ae pode ser
genitivo singular, dativo singular, nominativo plural ou vocativo plural; coqu-i
pode ser genitivo singular, nominativo plural ou vocativo plural. Isso, contudo,
não gera confusões para o leitor atento, pois a ambiguidade, na maior parte das
vezes, pode ser solucionada pela análise do contexto, a não ser que a ambiguidade
seja intencional ou haja um erro grave por parte da pessoa que escreveu a frase.
Exercícios
2 Diga o caso de cada uma das seguintes palavras: seruārum, coquō, corōnam, seruōs,
scaenae, fīliā, coquus, seruī, coquum, fīliae, scaenās, seruō, coquōrum, aula, seruīs.
14
N. do T.: Note que aqui só aparece o paradigma dos masculinos. Os neutros da 2.a declinação são um
pouco diferentes, e serão estudados mais tarde.
15
N. do T.: Para explicações mais detalhadas sobre o vocativo singular tipo II (2.a declinação), ver p. 19.
28
10 Preposições: in, ad
in, ad + ac.
in “em, para dentro de”, e.g., in scaenam intrat “entra no palco”.
ad “para junto de, em direção a”, e.g., ad scaenam aulam portat “ele carrega a
panela em direção ao/para junto do palco” (mas não necessariamente para dentro
do palco).
Observe que o caso acusativo denota movimento em direção a algo. Compare com a
próxima preposição.
in + abl.
in “em”, e.g., in scaenā est “ele está no palco”.
Dar o equivalente latino de: no palco (sc. entrar em); na panela; nas panelas (sc. pôr
em); na família; até a escrava.
Exercícios de leitura
1 Leia as frases. Depois, sem traduzi-las, diga qual é o sujeito da segunda (em latim).
Finalmente, traduza.
3 Com a ajuda do vocabulário da Seção 1A, trabalhe o texto latino abaixo seguindo
estas instruções:
E. g.
Dēmaenetus ‘Demêneto’, sujeito; coquōs ‘cozinheiros’, objeto; et ‘e’, usado para ligar
algo a coquōs; tībīcinās ‘flautistas’, ligado a coquōs por et, faz parte do objeto coquōs
et tībīcinās; uidet ‘vê’, verbo: Demêneto os cozinheiros e as flautistas vê.
(b) Traduza
(c) Depois de ter trabalhado todo o texto, volte ao latim e leia toda a passagem em voz
alta com a entonação correta, pensando simultaneamente no significado do que se lê.
Versão
Traduza as frases latinas para o português. Depois verta as portuguesas para latim,
tomando como referência a estrutura das latinas para a ordem das palavras.
Seção 1B
Muito tempo se passou. O velho Demêneto morreu sem desenterrar o ouro nem revelar
o segredo a seu filho. Agora, contudo, seu neto Euclião vai ter uma surpresa. Quem
explica é o deus Lar.
LAR: spectātōrēs, ego sum Lar familiāris. deus sum familiae Eucliōnis.
ecce Eucliōnis aedēs. est in^aedibus Eucliōnis thēsaurus
magnus. thēsaurus est Dēmaenetī, auī Eucliōnis. sed thēsaurus
in aulā est et sub terrā latet. ego enim aulam clam in^aedibus
seruō. Eucliō dē thēsaurō ignōrat. cūr thēsaurum clam adhūc 75
seruō? fābulam explicō. Eucliō nōn bonus est senex, sed auārus
et malus. Eucliōnem igitur nōn amō. praetereā Eucliō mē nōn
cūrat, mihi numquam supplicat. unguentum numquam dat;
nūllās corōnās, nūllum honōrem. sed Eucliō fīliam habet
bonam. nam cūrat mē Phaedra, Eucliōnis fīlia, et multum 80
honōrem, multum unguentum, multās corōnās dat. Phaedram
igitur, bonam fīliam Eucliōnis, ualdē amō. sed Eucliō pauper
est. nūllam igitur dōtem habet fīlia. nam senex dē aulā auī
ignōrat. nunc autem, quia Phaedra bona est, aulam aurī
plēnam Eucliōnī dō. nam Eucliōnem in^somniō uīsō et aulam 85
mōnstrō. uidēte, spectātōrēs.
(Euclião desperta e se mostra aborrecido porque os deuses o atormentam com o que ele crê
serem falsos sonhos de riqueza)
(Eucliō ad^Larem appropinquat. subitō autem foueam uidet. Eucliō celeriter 105
multam terram ē foueā mouet. tandem aula appāret)
EVC: quid habēs, ō Lar? quid sub^pedibus tenēs? hem. aulam uideō.
nempe somnium uērum est.
euge! eugepae! aurum possideō! nōn sum pauper, sed dīues! 110
(Subitamente desanimado)
(Eucliō aulam in^foueā iterum collocat; deinde multam terram super aulam 120
aggerat)
bene. aurum saluum est. sed anxius sum. quārē autem anxius
sum? anxius sum quod thēsaurus magnus multās cūrās dat, et
mē ualdē uexat. nam in diuitum hominum aedīs fūrēs multī
intrant; plēnae igitur fūrum multōrum sunt dīuitum hominum 125
aedēs. ō mē miserum!
Vocabulário da Seção 1B
a ah! appropinquō 1 aproximo-me crēdō 1 creio
ab illō daquele (essa frase é ār-a ae 1f. altar cūr-a ae 1f. cuidado,
uma citação de Virgílio, auārus avarento atencão, diligência, interesse,
Eneida 2, 274, quando au-us ī 2m. avô preocupação
Eneias evoca o espírito de bene bem cūrō 1 cuido, preocupo-me
Heitor) bona (nom.) boa com
ab īnferīs da morte, do bonam (ac.) boa dē (+ abl.) a respeito de,
mundo dos mortos bonum (ac.) bom sobre
adhūc até agora bonus (nom.) bom dēcipit ele(a) decepciona
aedēs (nom.) casa cēlā esconda! Dēmaenete ó Demêneto!
aedīs (ac.) casa celeriter rapidamente Dēmaenet-us ī 2m.
aggerō 1 amontoo, acumulo circumspectō 1 olho em Demêneto
amō 1 amo volta de-us i 2m. deus
an? ou? clam secretamente dī deuses; ó deuses!
anxius angustiado collocō 1 coloco dīues (nom.) rico
appāreō 2 apareço cōnsilium plano dīuitum (gen.) de ricos
33
sing. pl.
nom. fūr fūr-ēs
voc. fūr fūr-ēs
acus. fūr-em fūr-ēs
gen. fūr-is fūr-um
dat. fūr-ī fūr-ibus
abl. fūr-e fūr-ibus
Notas
1 Note que, tal como ocorria na 1.a e na 2.a declinação, as terminações de dativo e
ablativo, no plural, são idênticas. Perceba também a identidade entre as
terminações de nominativo, vocativo e acusativo no plural.
2 Esse é o paradigma das terminações para os substantivos da 3.a declinação cujos
radicais terminam em consoante. Há, contudo, pequenas mudanças de padrão para
os substantivos cujos radicais terminam com a vogal -i (chamados “substantivos
em -i”), apresentados em seguida.16
sing. pl.
nom. aed-is aed-ēs
voc. aed-is aed-ēs
acus. aed-em aed-īs (ou aed-ēs)
gen. aed-is aed-ium
dat. aed-ī aed-ibus
abl. aed-e (ou -ī) aed-ibus
Notas
1 aed-is, no singular, significa ‘sala’, ‘templo’; no plural significa, usualmente,
‘casa’.
2 Observe o acusativo plural em -is, o genitivo plural em -ium e o ablativo singular
alternativo em -i. Essa predominância do -i é a marca dos substantivos em -i da 3.a
declinação. Na verdade, originalmente todos os casos teriam tido o -i, já que ele
faz parte do radical. O singular de turris, turr-is 3f. ‘torre’, que mantém as formas
antigas mesmo no latim clássico, demonstra essa hipótese: turr-is, turr-is, turr-im,
turr-is, turr-i, turr-i.
16
N. do T.: Os autores estão apresentando apenas substantivos masculinos e femininos. Também existem
neutros na 3.a declinação (tanto com radical consonântico como em -i), mas eles serão estudados mais
tarde.
35
3 Note que nas explicações gramaticais nós indicamos quais substantivos e adjetivos
têm o radical em -i, mas por razões práticas apresentamos as terminações como se
estivéssemos tratando de radicais consonânticos, i.e. aed-is, e não aedi-s (que
seria tecnicamente o mais correto).17
17
N. do T.: Há um problema de terminologia que precisa ser esclarecido. A rigor, chamamos de “radical”
a parte invariável da palavra que contém o seu significado básico. Quando o radical está pronto para
receber as desinências de número e caso, é chamado de “tema”. Algumas palavras têm radicais que, antes
de receber as desinências, ganham uma vogal específica, a “vogal temática” (assim denominada porque
forma o “tema”). Outras palavras não têm vogal temática e recebem as desinências diretamente. Nesse
caso, o radical é idêntico ao tema. Portanto, o radical de fur, fur-is é fur-, e o tema tem a mesma forma.
Trata-se de uma palavra de “tema consonântico”. Já em aed-i-s, aed-i-s, o radical (aed-), antes de receber
as desinências, ganha a vogal temática -i, formando o tema aedi-. É um substantivo de tema em -i. Ocorre
que, por causa de uma série de transformações fonéticas, muitas vezes fica difícil, sem uma análise
detida, separar a vogal temática da desinência. Por isso, os métodos de latim para iniciantes preferem
tratar a desinência e a vogal temática como um todo, o qual recebe o nome de “terminação”. Como
consequência disso, é frequente que não se faça nenhuma distinção entre radical e tema. Normalmente
segmentam-se os vocábulos em duas partes: radical e terminação.
36
Exercícios
2 Diga o caso de cada uma das seguintes palavras: Eucliōnis, fūrem, aedium, honōrēs,
Lar, senum, aedīs, honōrem, fūr, Laris.
3 Traduza cada frase; em seguida mude, quando for conveniente, o número dos
substantivos e dos verbos. Ex.: fūrem seruus timet. ‘O escravo teme o ladrão.’ fūrēs
seruī timent.
sing.
m. f. n.
nom. mult-us mult-a mult-um
voc. mult-e mult-a mult-um
acus. mult-um mult-am mult-um
gen. mult-ī mult-ae mult-ī
dat. mult-ō mult-ae mult-ō
abl. mult-ō mult-ā mult-ō
18
N. do T.: Quanto aos substantivos em -i, os nominativos singulares mais frequentes são em -is e em -es.
Exs.: ciuis, ciu-is 3m. ‘cidadão’; uestis, uest-is 3f. ‘vestimenta’; nauis, nau-is 3f. ‘navio’; uulpes, uulp-is
3f. ‘raposa’; rupes, rup-is 3f. ‘rocha’.
37
pl.
m. f. n.
nom. mult-ī mult-ae mult-a
voc. mult-ī mult-ae mult-a
acus. mult-ōs mult-ās mult-a
gen. mult-ōrum mult-ārum mult-ōrum
dat. mult-īs mult-īs mult-īs
abl. mult-īs mult-īs mult-īs
Notas
1 Os adjetivos (do radical de adiectus ‘adicionado a’) fornecem informações
adicionais sobre um substantivo. Por exemplo: ‘cavalo rápido’, ‘colina íngreme’
(os adjetivos são frequentemente chamados de “palavras descritivas”).
2 Como os substantivos podem ser masculinos, femininos e neutros, os adjetivos
precisam ter formas masculinas, femininas e neutras, de modo que possam
concordar gramaticalmente com o substantivo que descrevem. Assim, adjetivos
devem concordar com substantivos em gênero.
3 Os adjetivos devem também concordar com os substantivos em número (singular
ou plural).
4 Finalmente, eles devem concordar com os substantivos em caso (nominativo,
vocativo, acusativo, genitivo, dativo ou ablativo). Um substantivo no acusativo
pode ser descrito apenas por um adjetivo no acusativo.
5 Resumindo: em latim, se um substantivo vai ser descrito por um adjetivo, este
último terá de concordar com o substantivo em gênero, número e caso. Exemplos:
(a) ‘Eu vejo muitos templos’ — ‘templos’ é o objeto, e está no plural; a palavra
que deveremos utilizar em latim é aedīs, que é feminina. Assim, se a palavra
latina correspondente a ‘muitos’ (mult-us, a, um) deve concordar com aedis,
terá de estar no acusativo feminino plural. Resposta: multās aedīs.
(b) ‘Ele mostra muito respeito’ — ‘respeito’ está no singular e cumpre a função
de objeto. A palavra latina que usaremos para traduzir ‘respeito’ é honor,
honōr-is, que é masculina (a forma adequada para a frase em questão é
honōrem). Portanto, mult-us, a, um deve aparecer no acusativo masculino
singular. Resposta: multum honōrem.
(c) ‘Eu ouço a voz de muitas escravas’ — ‘escravas’ vai aparecer em latim no
genitivo plural. A palavra latina para ‘escrava’ é serua, seru-ae, um
vocábulo feminino. Então mult-us, a, um ficará no genitivo feminino plural.
Resposta: multārum seruārum.
6 É importante enfatizar aqui que um adjetivo não descreve necessariamente o
substantivo ao lado do qual está. Ele descreve, isto sim, o substantivo com o qual
concorda em gênero, número e caso, independentemente de este substantivo estar
próximo ou não do adjetivo. Exemplos:
(a) multum fīlia seruat thesaurum — multum = acus. m. sing.; fīlia = nom. f.
sing.; thesaurum = acus. m. sing. Assim, multum descreve thesaurum, e não
fīlia. A tradução é: ‘A filha guarda um tesouro abundante’.
(b) nūllum fūrum cōnsilium placet — nūllum = acus. m. sing. ou nom./acus. n.
sing.; fūrum = gen. m. pl.; cōnsilium = nom./acus. n. sing. Portanto, nūllum
está descrevendo cōnsilium. Tradução: ‘Nenhum plano de ladrões é
agradável’.
38
sing. pl.
nom. somni-um somni-a
voc. somni-um somni-a
acus. somni-um somni-a
gen. somnī (ou somni-ī) somni-ōrum
dat. somni-ō somni-īs
abl. somni-ō somni-īs
Notas
1 Há apenas um tipo de substantivo neutro na 2.a declinação; sua terminação no
nominativo singular é sempre -um. Cf. aur-um ‘ouro’, unguent-um ‘unguento’.
2 Como ocorre com todos os neutros, o nominativo e o acusativo são iguais (tanto no
singular quanto no plural).
3 Não confunda as formas do neutro singular com o acusativo masculino singular da
2.a declinação (como seru-us, acus. sing. seru-um) ou com o genitivo plural da 3.a
declinação (como aed-is, gen. pl. aed-ium). Você deve saber com segurança que
palavras como somnium são neutras e pertencem à 2.a declinação.
4 Tal como se dá com todos os neutros, há o perigo de se confundirem as formas de
plural em -a com substantivos da 1.a declinação como serua.
5 Note o genitivo singular somnī ou somniī. Substantivos masculinos da 2.a
declinação cujo nominativo singular termina em -ius (como fīlius ‘filho’)
geralmente têm genitivo singular em -ī (fīlī), mas sempre nominativo plural em -iī
(fīliī).
6 Observe que as formas de genitivo, dativo e ablativo são idênticas às dos
masculinos como seruus.
Exercícios
2 Identifique o caso e diga o nom. e gen. sing. e o significado de cada palavra desta
lista (ex.: perīculōrum = gen. pl. de perīcul-um ī ‘perigo’): honōrum, ingenium, aedibus,
fūrum, exitiō, seruum, unguentōrum, aurum, senum, thēsaurīs.
39
sing. pl.
nom. de-us dī (ou de-i/di-i)
voc. —19 dī (ou de-i/di-i)
acus. de-um de-ōs
gen. de-ī de-ōrum (ou de-um)
dat. de-ō dīs (ou de-is/di-is)
abl. de-ō dīs (ou de-is/di-is)
17A Vocativos
O caso vocativo (de uocō ‘chamar’) é usado para nos dirigirmos a uma
pessoa. Ex.: aue, amice ‘olá, amigo’. Sua forma é idêntica à do nominativo em quase
todas as palavras, exceto nas terminadas em -us ou -ius (no nom. sing.) da 2ª
declinação. Os vocábulos desse grupo, quando terminados em -us, têm vocativo singular
em -e (seruus, voc. sing. serue), e, quando terminados em -ius, têm vocativo singular
em -ī (fīlius, voc. sing. filī). Outra exceção é o vocativo de meus (‘meu’), que é mī. Ex.:
mī fīlī ‘ó meu filho’.
17B Aposição
Exercícios
19
N. do T.: Não existe vocativo singular antes da época cristã, quando criou-se o vocativo deus.
40
3 Verta para o latim: muitas escravas (nom.); de grande honra; de muitas coroas; muito
ouro; um homem muito velho (ac.); de muitos ladrões; muitos anciãos (ac.).
Exercício opcional
Diga o caso (ou casos, quando houver ambiguidade) dos seguintes substantivos e
indique a declinação a que pertencem: seruae, honōrī, thēsaurīs, familiā, deum, fīliā,
dīs, corōna, senum, thēsaurum, honōrum, deōrum, seruārum, aedium.
Exercícios de leitura
1 Em cada uma das seguintes frases o verbo está em primeiro ou segundo lugar. Diga
em cada caso se está no sing. ou no pl. Em seguida indique, seguindo a ordem em que
aparecem, o sujeito e (se houver) o objeto do verbo. Depois traduza para o português e,
finalmente, leia as frases em latim com a entonação correta.
41
3 Traduza literalmente e diga, ao mesmo tempo em que se traduz, que função tem cada
palavra (sujeito, objeto, verbo etc.), agrupando, quando necessário, palavras que
cumprem juntas o mesmo papel. Traduza para o português por escrito. Finalmente, leia
em latim com a entonação correta, pensando ao mesmo tempo no significado do texto.
Leia a passagem abaixo e, enquanto lê, ao identificar um adjetivo, diga (i) com o que
ele concorda (se ele segue seu substantivo), (ii) que tipo de substantivo você espera que
concordará com ele (se aparecer antes). Use o vocabulário da seção 1B para as
palavras que você desconhecer. Ao fim, depois de traduzir o trecho todo, leia em voz
alta o texto latino.
42
Lar in scaenam intrat. deus est Eucliōnis familiae. seruat Lar sub terrā thēsaurum
Dēmaenetī. multus in aulā thēsaurus est. ignōrat autem dē thēsaurō Eucliō, quod Larem
nōn cūrat. nam nūllum dat unguentum, nūllās corōnās, honōrem nūllum. Phaedram
autem, senis auārī fīlim, Lar amat. dat enim Eucliōnis fīlia multum unguentum, multās
corōnās, multum honōrem. Lar igitur Dēmaenetī aulam, quod bona est Eucliōnis fīlia,
Eucliōnī dat. Eucliō autem aulam, quod auārus est, sub terrā iterum collocat. nam fūrēs
ualdē timet Eucliō! cūrās habet multās! uexat thēsaurus senem auārum et anxium.
plēnae enim fūrum sunt dīuitum hominum aedēs.
Versão
Traduza as frases latinas para o português. Depois verta as portuguesas para latim,
tomando como referência a estrutura das latinas para a ordem das palavras.
(a) Lar igitur Eucliōnem, quod honōrem nōn dat, nōn amat.
Por conseguinte, os deuses cuidam de Fedra, porque Fedra cuida do Lar.
(b) senex autem cūrās habet multās, quod aurum habet multum.
Os escravos, contudo, levam muitas coroas, porque têm (usar do) muito respeito.
(c) Eucliōnis aedēs fūrum sunt plēnae, quod aulam aurī plēnam habet senex.
O templo dos deuses está cheio de ouro, porque as filhas dos ricos oferecem panelas
cheias de oro.
__________________________________________________________________
Deliciae latinae
______________________________________________________________________
Esta seção, que aparecerá no final de cada unidade, consistirá de uma mistura de dicas
sobre a formação das palavras, exercícios com palavras latinas de relevância para o
português, palavras e expressões latinas de uso corrente ainda hoje, e trechos de textos
latinos originais para leitura e tradução. O título significa algo como “deleites latinos”.
NB. Os auxílios de vocabulário presentes nesta seção servem para auxiliar a leitura e a
tradução do modo mais rápido, fácil e eficiente possível. Assim, não daremos
informações gramaticais completas sobre as palavras.
N dos T. Como muitas das deliciae foram escritas originalmente para o público original
anglófono, faremos muitas adaptações, cortes e inserções de questões mais interessantes
para o público lusófono.
43
Formação de palavras
(a) Radicais
O radical de uma palavra dá a dica do significado de muitas outras palavras, e.g., seru-
nas palavras seru-us ou seru-a significa “escravo”, “servo”; com terminação verbal,
seruiō significa “servir a, ser um escravo de alguém”, e.g.,
aed- na forma aedēs “casa”, com o sufixo –ficō “tornar, fazer” = aedificō
“construir, edificar”. Na forma aedīlis, significa “edil”, um oficial romano
originalmente responsável por edificações.
(b) Prefixos
Um “prefixo” (prae “diante de”, fīxus “fixado”) é uma palavra fixada diante de uma
outra. A maior parte das preposições (cf. 10), e.g., in, ad etc. pode também ser usada
como prefixo, e, dessa forma, alterar ligeiramente o significado da palavra-base à qual
elas se fixam, e.g.,
Exercício
Exercício
Exercícios de vocabulário
44
Latim cotidiano
Latim autêntico
Vulgata
(Excerto retirado da Vulgata, tradução da Bíblia para o latim por São Jerônimo, nos
séculos IV e V a.C. Essa edição foi chamada “vulgata” a partir de sua ēditiō uulgāta,
“edição popular”. Cf. “vulgar” em português.)
et (Deus) ait (“disse”) ‘ego sum Deus patris tuī, Deus (“de”) Abraham, Deus (“de”)
Isaac, et Deus (“de”) Jacob.’ (Êxodo, 3.6) ‘ego sum quīs um.’ (Êxodo, 3.14)
Latim conversacional
Contrariamente à crença popular, o latim sempre foi uma língua falada, e não apenas
escrita. A maior parte dos textos dos tempos antigos, naturalmente, refletem a forma
escrita e literária da língua. Mas em Plauto, Terêncio e nas cartas de Cícero nós
podemos ouvir a voz dos romanos. Vejamos alguns elementos para iniciar uma
conversa em latim.
saluē ou saluus sīs ou auē (ou hauē) : ‘Olá!’ (literalmente, “salve!”, “que estejas
salvo!”)
ualē “adeus” (literalmente, “seja forte, fique bem”)
45
sīs ou sī placet ou nisi molestum est ou grātum erit sī... ou amābō tē : “por
favor” (literalmente, “se você estiver/puder”, “se lhe aprouver”, “será agradável se...”,
“gostarei de você (se...)”.
grātiās tibi agō “obrigado” (literalmente, “dou graças a você”)
ut ualēs? ou quid agis? ou quid fit? “como vai você?” (lit. “como está de
força/saúde?”, “o que está fazendo?”, “o que está acontecendo?”)
est ou est ita ou etiam ou ita ou ita uērō ou sānē ou certē: “sim” (lit. “é”, “é
assim”, “também/até”, “assim/isso”, “assim mesmo”,
“razoavelmente/verdadeiramente”, “certamente”)
nōn ou nōn ita ou minimē: “não” (lit. “não”, “não dessa forma”, “minimamente”)
age ou agedum “vamos lá”
rēctē “certo” (lit. “corretamente”)
malum: “droga!” (lit. “uma coisa má”)
dī tē perdant!: “dane-se” (lit. “que os deuses te destruam!”)
īnsānum bonum: “bom demais” (lit. “uma coisa boa insana”)
O latim conversacional não morreu com o fim do Império Romano. Erasmo de Roterdã,
o grande humanista holandês, escreveu originalmente seus Colloquia Familiāria
(publicado pela primeira vez em 1518) parcialmente como um material de auxílio para o
ensino da conversação em latim. O primeiro “Colóquio” apresenta aos pupilos vários
modos de saudação. A seguir temos algumas fórmulas recomendadas para os amantes:
Seção 1C
EVC: exi ex aedibus! exi statim! cūr nōn exīs, serua mea?
STAPHYLA: (ex aedibus exit et in scaenam intrat) quid est, mī domine?
quid facis? quārē mē ex aedibus expellis? serua tua sum. quārē 130
mē uerberās, domine?
EVC: tacē! tē uerberō quod mala es, Staphyla.
STAPH: egone mala? cūr mala sum? misera sum, sed nōn mala,
domine. (sēcum cōgitat) sed tū īnsānus es!
EVC: tacē! exī statim! abī etiam nunc... etiam nunc... ohē! stā! 135
manē! (Eucliō sēcum cōgitat) periī! occidī! ut mala mea serua
est! nam oculōs in occipitiō habet. ut thēsaurus meus mē
miserum semper uexat! ut thēsaurus multās cūrās dat! (clāmat
iterum) manē istīc! tē moneō, Staphyla!
STAPH: hīc maneō ego, mī domine. tū tamen quō īs? 140
EVC: ego in aedīs meas redeō (sēcum cōgitat) et thēsaurum meum
clam uideō. nam fūrēs semper in aedīs hominum dīuitum
ineunt...
EVC: (sēcum cōgitat) dī mē seruant! thēsaurus meus saluus est! (clāmat) 150
nunc, Staphyla, audī et operam dā! ego tē moneō. abī intrō et
iānuam occlūde. nam ego nunc ad praetōrem abeō — pauper
enim sum. sī uidēs arāneam, arāneam serua. mea enim arānea
est. sī uīcinus adit et ignem rogat, ignem statim exstingue. sī
uīcīnī adeunt et aquam rogant, respondē “aquam numquam in 155
aedibus habeō.” sī uīcīnus adit et cultrum rogat, statim
respondē “cultrum fūrēs habent.” sī Bona Fortūna ad aedīs it,
prohibē!
(Agora Euclião descreve como, ainda que a contragosto, vai ao foro para pegar sua parte do
dinheiro distribuído pelo pretor — para evitar suspeitas de que é rico)
Vocabulário da Seção 1C
abeō vou embora, saio hīc aqui per noctem durante a noite,
abī saia, vá embora! hodiē hoje à noite
abit ele(a) sai, vai embora homo homin-is 3m. homem, periī estou perdido!
adeunt eles(as) aproximam- indivíduo peruigilō 1 estou/fico
se, vêm até iānu-a ae 1f. porta acordado
adit ele(a) aproxima-se, vem ignis ign-is 3m. fogo praetor praetōr-is 3m. pretor
anim-us ī 2m. mente ignōrō 1 ignoro prohibē proíba!, impeça!
aqu-a ae 1f. água īmus vamos quid o que?
arāne-a ae 1f. teia de aranha, in uirōs entre os homens quid agis que você faz/está
aranha ineunt eles(as) entram fazendo?
audī escute! inquiunt eles(as) dizem quō aonde?
Bona (bon-us a um) boa īnsān-us a um louco redeō volto
clāmatque e ele(a)grita intrō dentro redit ele(a) volta
cōgitō 1 penso, reflito, inuīt-us a um que procede respondē responda!
medito contra a própria vontade, rogō 1 pergunto por, peço
cōnsili-um ī 2n. plano contrariado salu-us a um salvo
cōnsistunt eles(as) põem-se īs você vai sēcum consigo mesmo
ao redor istīc aí, ali sēdulō cuidadosamente
cultrum (ac.) faca it ele(a) vai seruā guarde!
dīuidit ele(a) divide iterum outra vez, de novo seruō 1 guardo, conservo
dīuitum de (os) ricos mal-us a um mau, perverso sollicitō 1 atormento
domī em casa manē pare!, fique! stā aguarde!, pare!
domin-us ī 2m. senhor maneō 2 permaneço, paro statim em seguida,
dormit ele(a) dorme me-us a um meu imediatamente
ē Lycōnidē, uīcīnō de mī (voc.) ó meu...! tacē cale-se!
Licônides, o vizinho miser miser-a um desgraçado taceō 2 calo-me, estou
ē, ex (+ abl.) de, desde, fora moneō 2 aconselho, advirto calado
de murmurō 1 murmuro tam tão
egone eu? acaso eu? neque nem, e... não tu-us a um seu (2ps.)
eō vou nimis demasiado, demais uerberō 1 açoito, bato
etiam nunc todavia, agora nōs (nom., ac.) nós, nos uexō 1 molesto, perturbo
exī saia! numquam nunca uīcīn-us ī 2m. vizinho
exīs você vai, sai occidī estou morto! ut como!, que!
exit ele(a) sai occipiti-um ī 2n. occipício ut ualēs como você está?
expellis você expulsa (parte ínfero-posterior da
expellit ele(a) expulsa cabeça), nuca Memoranda
exstingue apague! occlūde feche!
facis você faz ocul-us ī 2m. olho Substantivos
Fortūn-a ae 1f. sorte ohē pare! aqu-a ae 1f. água
for-um ī 2n. foro operam dā preste atenção! domin-us ī 2m. senhor, amo
grauid-us a um pesado, pauper (nom.) pobre ignis ign-is 3m. fogo
grávida (no f.) pecūni-a ae 1f. dinheiro ocul-us ī 2m. olho
hem bem! per diem durante o dia, de uīcīn-us ī 2m. vizinho
hercle por Hércules! dia
48
Adjetivos
mal-us a um mau, perverso
salu-us a um salvo
Verbos
cogit-ō 1 pensar, refletir,
meditar
mane-ō 2 permanecer, parar
mone-ō 2 aconselhar,
advertir
rog-ō 1 perguntar
seru-ō 1 guardar, conservar
st-ō 1 estar de pé, parar
tace-ō 2 calar-se, estar
calado
uerber-ō 1 açoitar, bater
uex-ō 1 molestar, perturbar
Outros
ē, ex (+ abl.) fora de, desde,
de
me-us a um meu (voc. sing.
m. mi)
neque nem, e... não
numquam nunca
quid o que?
statim em seguida,
imediatamente
tu-us a um seu (2ps.)
ut como!, que!
Formas novas:
Adjetivos
miser miser-a um
desgraçado, infeliz
Verbos
eō ir, vir, andar
exeō sair
abeō andar, partir
adeō ir a, vir a, aproximar-se
redeō voltar
49
1.a 2.a
2ps amā ‘ama!’/‘ame!’ habē ‘tem!’/‘tenha!’
2pp amā-te ‘amai!’/‘amem!’ habē-te ‘tende!’/‘tenham!’
Notas
1 Essas formas expressam uma ordem, tal como o imperativo em português.
2 Os sujeitos subentendidos são tu ‘você’, para a 2.a pessoa do singular, e uos
‘vocês’, para a 2.a pessoa do plural.
3 A forma de singular é um “radical puro”, i.e., o radical sem o acréscimo de
nenhuma desinência. Já o plural forma-se com a desinência -te.
Exercícios
1 Forme e traduza o imperativo (singular e plural) dos seguintes verbos: timeō, rogō,
taceō cōgitō, moneō, cūrō, possideō, (opcionais: habeō, stō, explicō, cēlō, amō, uideō,
maneō).
e-ō Imperativos:
ī-s
i-t ī ‘vai’/‘vá’, ‘vem’/‘venha’
ī-mus ī-te ‘ide’/‘vão’, ‘vinde’/‘venham’
ī-tis
e-u-nt
Notas
1 O radical do verbo é simplesmente i- ou e-.
2 Há várias palavras compostas que tomam como base o verbo eō. Por exemplo:
adeō ‘aproximar-se’, ‘ir na direção de’ (cf. preposição ad ‘junto a’, ‘para junto
de’, ‘para’), ineō ‘entrar’ (cf. preposição in ‘dentro’, ‘para dentro’) etc.
Exercícios
1 Traduza para o português e depois mude o número: ī, eunt, ītis, eō, it, īmus, exītis,
abīmus, abītis, redeunt, redītis, īte, redeō, exeunt.
50
2 Verta para o latim: vamos embora; voltam; vá!; aproximem-se; está saindo; vou;
voltem!; vocês vão.
sing.
m. f. n.
nom. miser miser-a miser-um
voc. miser miser-a miser-um
acus. miser-um miser-am miser-um
gen. miser-ī miser-ae miser-ī
dat. miser-ō miser-ae miser-ō
abl. miser-ō miser-ā miser-ō
pl.
m. f. n.
nom. miser-ī miser-ae miser-a
voc. miser-ī miser-ae miser-a
acus. miser-ōs miser-as miser-a
gen. miser-ōrum miser-ārum miser-ōrum
dat. miser-īs miser-īs miser-īs
abl. miser-īs miser-īs miser-īs
Exercícios
20
N. do T.: tuus, a, um não possui vocativo.
21
N. do T.: miser, miser-a, miser-um é um adjetivo da 1.a classe, como multus, a, um. A única diferença
está, como se pode notar, no nominativo e no vocativo singular masculino.
51
nom. ego tū
acus. mē tē
gen. meī tuī
dat. mihi (ou mī) tibi
abl. mē tē
Notas
1 Quando o sujeito de um verbo é a 1.a pessoa do singular (‘eu’) ou a 2.a pessoa do
singular (‘você’), o latim não precisa expressar esse sujeito separadamente através
dos pronomes ego ou tū, já que o verbo por si só indica o sujeito pelas desinências
número-pessoais -o e -s. Mas o latim emprega ego e tū quando o falante quer
realçar a identidade da pessoa que está falando ou estabelecer um contraste
específico entre duas pessoas. Exemplos:
(a) ego Eucliōnem amo, tū Phaedram ‘eu amo Euclião, enquanto você ama
Fedra’22
(b) ego deum cūrō, tū senem uexās ‘eu me preocupo com o deus; você perturba
o velho’
Trata-se de uma questão de ênfase, sobretudo quando temos um contraste.
2 meī e tuī são genitivos “objetivos”, i.e. significam ‘dirigido a mim’, ‘dirigido a
ti/você’. Não expressam posse. Por exemplo, amor tuī não significa ‘teu/seu
amor’, mas ‘amor por ti/você’. A ideia de pertencimento, nesta situação
específica, é expressa pelos pronomes possessivos meus, a, um e tuus, a, um:
amor tuus ‘teu/seu amor’.
Exercícios
2 Nestas frases os adjetivos, em sua maior parte, não estão junto aos substantivos que
qualificam. Leia cada frase, prevendo o gênero, o número e o caso do substantivo que
se espera (quando o adjetivo aparece em primeiro lugar), e indique o substantivo em
questão. Depois traduza.
(e) meusne tuum seruat pater ignem? (-ne é uma partícula usada para enfatizar uma
interrogação)
Exercícios
Verta para o latim: fora da água; no olho (sc. entrar em); desde o fogo; até os senhores;
desde a casa; na cena (sc. entrar em). Opcionais: fora da panela; para junto dos ladrões;
desde os anciãos; na casa (sc. entrar em).
Exercício de leitura
Diga, ao mesmo tempo em que traduz, a função de cada palavra na frase, indicando a
que substantivos os adjetivos ou pronomes se referem. Se o adjetivo ou pronome
preceder o substantivo, procure prever o número, o caso e o gênero do substantivo. Em
seguida, complete a frase com um verbo adequado na forma correta e traduza as
frases por escrito.
Exercício de leitura
Versão
__________________________________________________________________
Deliciae latinae
______________________________________________________________________
Construção de palavras
Prefixos
in- pode significar “em”, como por exemplo em ineō “ir para dentro, entrar”,
insum “estar em”, mas também pode significar negação, como em īnsānus = in + sānus
“não são, insano”.
ē, ex geralmente significa “fora de”, “para fora de”, como por exemplo em exit
“ele sai”, expellō “expelir [i.e., para fora]”
ā, ab = “longe de”, “afastado de”, e.g., abeō “ir embora”
re- (usado apenas como prefixo) = “de volta”, “novamente”, e.g., redit “ele
retorna” (observe que re- torna-se red- antes de vogais)
Exercícios
Latim cotidiano
Latim autêntico
Vulgata
Preceitos de Catão
55
parentēs amā.
datum (= o que lhe foi dado) seruā.
uerēcundiam (= modéstia) seruā.
familiam curā.
iūsiūrandum (= juramento) seruā.
coniugem amā.
deō supplicā.
Essas orações são de uma coleção de dicta Catōnis (“ditos de Catão”, = Marcus Cato,
234-149 a.C.), escritos no século III ou IV a.C. mas atribuídos ao grande velho que
epitomizou a sabedoria e a tradição romanas para as gerações posteriores. Essas frases
foram muito prezadas desde a Idade Média até o século XVII na Inglaterra, por
exemplo.
Início de um epitáfio
Sabe-se que a mulher enterrada ali chamava-se Cláudia – talvez um membro da família
chamada Claudii Pulchri.
56
Seção 1D
A cena muda. Entra um vizinho de Euclião, Megadoro, com sua irmã, Eunômia. Foi o
filho de Eunômia, Licônides, que engravidou Fedra; mas ninguém sabe disso, exceto
Estáfila. Eunômia deseja que Megadoro se case, e os pensamentos deste se dirigem à
bela filha de seu vizinho.
drāmatis persōnae
EVN: quam dīcis? puellamne Eucliōnis? ut tamen pulchra est, ita est 210
pauper. nam pater Phaedrae pecūniam habet nūllam. Eucliō
tamen, quamquam senex est nec satis pecūniae aurīque habet,
nōn malus est.
MEG: sī dīuitēs uxōrēs sunt dōtemque magnam habent, post nūptiās
magnus est uxōrum sūmptus: stant fullō, phrygiō, aurifex, 215
lānārius, caupōnēs flammāriī; stant manuleāriī, stant propōlae
linteōnēs, calceolāriī; strophiāriī adstant, adstant simul sōnāriī.
pecūniam dās, abeunt. tum adstant thylacistae in aedibus,
textōrēs limbulāriī, arculāriī. pecūniam dās, abeunt.
intolerābilis est sūmptus uxōrum, sī dōtem magnam habent. 220
sed sī uxor dōtem nōn habet, in potestāte uirī est.
EVN: rēctē dīcis, frāter. cūr nōn domum Eucliōnis adīs?
MEG: adeō. ecce, Eucliōnem nunc uideō. ā forō redit.
EVN: ualē, mī frāter.
Vocabulário da Seção 1D
* Na seção Memoranda, quando aparece um significado novo de uma palavra já aprendida, o(s)
significado(s) anteri-or(es) aparece(m) entre parênteses.
** Essas formas são radicais que servem para formar outros tempos verbais a serem vistos mais tarde.
1ps dīc-ō
2ps dīc-i-s
3ps dīc-i-t
1pp dīc-i-mus
2pp dīc-i-tis
3pp dīc-u-nt
Imperativo
2ps dīc (irregular) ‘diz!’/‘diga!’
2pp dīc-i-te ‘dizei!’/‘digam!’
59
Notas
1 Note que a 3.a conjugação tem como vogal característica um -i- breve. Essa vogal
não faz parte do radical, ao contrário do que ocorre com as vogais que aparecem
na 1.a e na 2.a conjugação.
2 Observe que a 3.a pessoa do plural é dīc-u-nt.
3 Outro verbo importante da 3.a conjugação é dūcō ‘conduzir’.
4 Os imperativos regulares da 3.a conjugação terminam em -e e -ite. O verbo dico é
uma das poucas exceções, pois não possui o -e na 2.a pessoa do singular. Compare
com os imperativos de audio, que aparecem no item seguinte.
1ps audi-ō
2ps audī-s
3ps audi-t
1pp audī-mus
2pp audī-tis
3pp audi-u-nt
Imperativo
2ps audī ‘ouve!’/‘ouça!’
2pp audī-te ‘ouvi!’/ ‘ouçam!’
Notas
1 A vogal característica da 4.a conjugação é -i-. Tal como o -e- da 2.a conjugação, faz
parte do radical, e aparece em todas as pessoas. Observe que esse -i- é longo na 1.a
e na 2.a pessoa do plural.
2 Note que na 3.a pessoa do plural aparece um u antes da desinência (audi-u-nt).
Compare com dīc-u-nt.
Exercícios
1 Verta para o latim: ele diz, eles estão levando, ouvimos, dizemos, vocês ouvem, diga,
escutem, conduzam, você está dizendo, (ele/ela) ouve, elas estão escutando.
sing. pl.
nom. nōmen nōmin-a
voc. nōmen nōmin-a
acus. nōmen nōmin-a
gen. nōmin-is nōmin-um
dat. nōmin-ī nōmin-ibus
abl. nōmin-e nōmin-ibus
Notas
1 Todos os substantivos neutros têm a mesma forma para o nominativo e o acusativo,
tanto no singular quanto no plural (neste caso, sempre em -a). Só o contexto dirá
se uma palavra neutra é sujeito ou objeto. É claro que, se a frase tiver um neutro
plural e um verbo no singular, o neutro plural deve ser o objeto. Detalhes como
esse devem ser observados com atenção.
2 Todos os substantivos da 3.a declinação terminados em -men são neutros e
declinam-se como nomen, nominis.
3 nomen, nominis é um substantivo de tema consonântico. Também há neutros da 3.a
que têm a vogal temática -i, mas serão estudados mais tarde.
sing.
m. f. n.
nom. pulcher pulchr-a pulchr-um
voc. pulcher pulchr-a pulchr-um
acus. pulchr-um pulchr-am pulchr-um
gen. pulchr-ī pulchr-ae pulchr-ī
dat. pulchr-ō pulchr-ae pulchr-ō
abl. pulchr-ō pulchr-ā pulchr-ō
pl.
m. f. n.
nom. pulchr- ī pulchr-ae pulchr-a
voc. pulchr-ī pulchr-ae pulchr-a
acus. pulchr-ōs pulchr-ās pulchr-a
gen. pulchr-ōrum pulchr-ārum pulchr-ōrum
dat. pulchr-īs pulchr-īs pulchr-īs
abl. pulchr-īs pulchr-īs pulchr-īs
Notas
1 Já vimos o adjetivo miser, misera, miserum, que, exceto pelo nominativo/vocativo
singular masculino, declina-se como multus, multa, multum através do radical
miser-. pulcher, pulchra, pulchrum funciona quase do mesmo modo. A única
diferença está no radical pulchr- (como se esse adjetivo tivesse perdido o e nas
formas que são diferentes do nominativo/vocativo singular masculino).
61
28 Substantivos da 2.a declinação: puer puer-i 2m. ‘menino’, uir uir-i 2m. ‘homem’,
culter cultr-i 2m. ‘faca’
puer, puer-i
sing. pl.
nom. puer puer-ī
voc. puer puer-ī
acus. puer-um puer-ōs
gen. puer-ī puer-ōrum
dat. puer-ō puer-īs
abl. puer-ō puer-īs
uir, uir-i
sing. pl.
nom. uir uir-ī
voc. uir uir-ī
acus. uir-um uir-ōs
gen. uir-ī uir-ōrum
dat. uir-ō uir-īs
abl. uir-ō uir-īs
Notas
1 Esses substantivos declinam-se exatamente como seruus, seruī através dos radicais
puer- e uir-. Só o nominativo/vocativo singular é diferente. Compare com miser,
misera, miserum.
culter, cultr-i
sing. pl.
nom. culter cultr-ī
voc. culter cultr-ī
acus. cultr-um cultr-ōs
gen. cultr-ī cultr-ōrum
dat. cultr-ō cultr-īs
abl. cultr-ō cultr-īs
Notas
1 culter, cultri declina-se como seruus, seruī através do radical cultr-. Só o
nominativo/vocativo singular é diferente. Compare com pulcher, pulchra,
pulchrum.
Exercícios
Opcional
Qualifique com a forma apropriada de miser e pulcher os seguintes substantivos e
traduza o resultado: sorōre, dīuitis, uir, uxōrī, fēminae, puellīs, fīliī, uīcīnō, Larem,
frātrum, seruā.
sing.
m. f. n.
nom. quis quis quid → pronomes substantivos
quī quae quod → pronomes adjetivos24
acus. quem* quam* quid → pronome substantivo
quod → pronome adjetivo
gen. cuius* cuius* cuius*
dat. cui* cui* cui*
abl. quō* quā* quō*
pl.
m. f. n.
nom. quī* quae* quae*
acus. quōs* quās* quae*
gen. quōrum* quārum* quōrum*
dat. quibus (quīs)* quibus (quīs)* quibus (quīs)*
abl. quibus (quīs)* quibus (quīs)* quibus (quīs)*
* Formas que servem tanto para os pronomes substantivos quanto para os pronomes adjetivos.
Notas
1 Pronomes interrogativos são utilizados em orações interrogativas.
2 Observe que, assim como os substantivos, os pronomes interrogativos latinos
também se declinam, ou seja, têm formas específicas para expressar as diferentes
funções que cumprem na frase. Numa oração como ‘quem te ama?’ estamos
fazendo uma pergunta sobre o sujeito do verbo ‘ama’. Mais precisamente, o
pronome ‘quem’ é o sujeito da oração interrogativa. Portanto, ao traduzirmos essa
oração para o latim, temos de substituir o pronome português por uma forma de
nominativo: quis te amat? Já em ‘quem você vê?’, estamos fazendo uma pergunta
sobre o objeto de ‘vê’; ‘quem’ é o objeto dessa oração. A tradução para o latim
deve ser feita com o pronome no acusativo: quem uidēs? Em português os
pronomes não mudam de forma segundo a função que cumprem na frase. Mas os
24
N. do T.: Um pronome adjetivo, em latim, aparece sempre acompanhando um substantivo e
concordando com ele, como ocorre com os adjetivos propriamente ditos. Um pronome substantivo
aparece “isolado”, desacompanhado de substantivo. Tomemos um exemplo do português. Em ‘quem está
falando?’, a palavra ‘quem’ é um pronome substantivo. Mas em ‘que homem está falando?’, o termo
‘que’ é um pronome adjetivo.
63
* A forma whom só é usada como objeto, mas normalmente é substituída por who
no inglês falado.
3 Note que as terminações desses pronomes são uma mistura das terminações da 1.a,
2.a e 3.a declinações. Trata-se da chamada “declinação pronominal”. Veremos esse
fenômeno novamente com outros pronomes.
4 Os interrogativos podem ser utilizados como pronomes substantivos ou como
pronomes adjetivos. A forma que eles assumem para desempenhar essas duas
funções é a mesma, exceto para o nominativo singular e para o acusativo neutro
singular. Verifique o quadro acima.
5 Veja alguns exemplos do uso dos interrogativos como pronomes substantivos: quis
uocat? ‘quem está chamando?’; quid uideo? ‘o que eu vejo?’; cui donum das? ‘a
quem você dá o presente?’
6 Finalmente, aqui estão alguns exemplos da utilização dos pronomes adjetivos: qui
uir deos non amat? ‘que homem não ama os deuses?’; quod aurum uideo? ‘que
ouro eu estou vendo?’; quam feminam amas? ‘que mulher você ama?’; cuius senis
filiam amas? ‘você ama a filha de que velho?’; qui uiri boni sunt? ‘que homens
são bons?’; quos fures timetis? ‘que ladrões vocês temem?’; in quibus aedibus di
habitant? ‘em que templos moram os deuses?’
Exercícios
home), domus utiliza-se sem preposição. Por enquanto, vamos encontrar nos textos
apenas as seguintes formas: domum ‘para casa’; domī ‘em casa’; domō ‘(vindo) de
casa’.
Exemplos:
32 -que
-que significa ‘e’ (como et) e (i) ou coordena o termo ao qual está anexado com a
palavra anterior (e.g., seruum patremque = ‘escravo e pai’) ou (ii) na poesia, indica que
uma lista de elementos está sendo apresentada (e.g., seruumque patremque sorōremque
‘tanto escravo quanto pai e filha’ ou ‘escravo, pai e filha’).
Exercícios
1 Nestas frases os adjetivos, em sua maior parte, não estão junto aos substantivos que
qualificam. Leia cada frase, prevendo o gênero, o número e o caso do substantivo que
se espera (quando o adjetivo aparece em primeiro lugar), e indique o substantivo em
questão. Depois traduza.
3 Verta para o latim: na casa (use aedēs); para junto da menina; até os irmãos; para
longe da esposa; para dentro do palco; na casa; para fora da água; para longe dos fogos;
(opcionais: nas águas; para longe do palco; para dentro da família; no olho; até os
senhores; para fora da casa).
65
4 Traduza: nimis coronārum; satis seruōrum; nimis aquae; satis nōminum; nimis
sorōrum; satis ignis.
Exercício de leitura
Agora complete com uma forma de habeō ou faciō as frases abaixo. Em seguida, leia a
frase latina com a entonação correta.
Exercício de leitura
Versão
__________________________________________________________________
Deliciae latinae
______________________________________________________________________
Exercícios de vocabulário
2 Encontre termos em português derivados dos seguintes termos latinos: nōmen, domī,
pecūnia, fēmina, ualē, satis.
Latim cotidiano
Construção de palavras
dūcō possui o radical dūct- para formas participiais. Que palavras portuguesas podemos
formar a partir de seus radicais (e eventuais prefixos)?
E quanto a audiō, audīt- e dīcō, dīct-?
Latim Autêntico
Marcial
Marcial (c. 40-140 d.C.) foi um autor de epigramas satíricos Romano.
NB. Os romanos pensavam no amor como sendo cego e nos amantes como tendo sido
cegados por ele.
Vulgata
Missa cristã
Seção 1E
Euclião, de volta do foro, encontra Megadoro, e está muito desconfiado das intenções
deste. Por fim, contudo, concorda com um casamento sem dote entre Fedra e o vizinho.
Estáfila fica horrorizada ao saber.
EVCLIŌ: (sēcum cōgitat) nunc domum redeō. nam ego sum hīc, animus
meus domī est.
MEGADŌRVS: saluē Eucliō, uīcīne optime. 230
EVC: (Megadōrum uidet) et tū, Megadōre. (sēcum cōgitat) quid uult
Megadōrus? quid^consilī habet? cūr homo dīues pauperem
blandē salūtat? quārē mē uīcīnum optimum dīcit? periī!
aurum meum uult!
MEG: tū bene ualēs? 235
EVC: pol ualeō, sed nōn ualeō^ā pecūniā. nōn satis pecūniae habeō, et
paupertātem meam aegrē ferō.
MEG: sed cūr tū paupertātem tuam aegrē fers? sī animus aequus est,
satis habēs.
EVC: periī! occidī! facinus Megadōrī perspicuum est: thēsaurum 240
meum certē uult!
MEG: quid tū dīcis?
EVC: (assustado) nihil. paupertās mē uexat et cūrās dat multās.
paupertātem igitur aegrē ferō. nam fīliam habeō pulchram, sed
pauper sum et dōtem nōn habeō. 245
MEG: tacē. bonum habē animum, Eucliō, et dā mihi operam.
cōnsilium enim habeō.
EVC: quid cōnsilī habēs? quid uīs? (sēcum cōgitat) facinus nefārium!
ō scelus! nōn dubium est! pecūniam uult meam! domum statim
redeō. ō pecūniam meam! 250
MEG: ut tū mē, ita ego tē cognōuī. audī igitur. fīliam tuam uxōrem
poscō. prōmitte!
EVC: quid dīcis? cuius fīliam uxōrem uīs?
MEG: tuam. 260
EVC: cūr fīliam poscis meam? irrīdēsne mē, homo dīues hominem
pauperem et miserum?
MEG: nōn tē irrīdeō. cōnsilium optimum est.
70
EVC: tū es homo dīues, ego autem pauper; meus ōrdō tuus nōn
est. tū es quasi bōs, ego quasi asinus. sī bōs sīc imperat “asine, 265
fer onus”, et asinus onus nōn fert, sed in lutō iacet, quid bōs
facit? asinum nōn respicit, sed irrīdet. asinī ad bouēs nōn facile
trānscendunt. praetereā, dōtem nōn habeō. cōnsilium igitur
tuum nōn bonum est.
MEG: sī uxōrem puellam pulchram habeō bonamque, satis dōtis habeō, 270
et animus meus aequus est satis. satis dīues sum. quid opus
pecūniae est? prōmitte!
EVC: prōmittō tibi fīliam meam, sed nūllam dōtem. nūllam enim habeō
pecūniam.
MEG: ita est ut uīs. cūr nōn nūptiās statim facimus, ut uolumus? cūr 275
nōn coquōs uocāmus? quid dīcis?
EVC: hercle, optimum est. ī, Megadōre, fac nūptiās, et fīliam meam
domum dūc, ut uīs — sed sine dōte — et coquōs uocā. ego enim
pecūniam nōn habeō. ualē.
MEG: eō. ualē et tū. 280
(exit Eucliō)
Vocabulário da Seção 1E
adsum estou perto, estou Audīsne acaso você ouve? ne cōnsili-um ī 2n. plano,
presente transforma audīs em uma decisão
aegrē dificilmente, pergunta dōs dōt-is 3f. dote
duramente bene bem, completamente dubi-us a um duvidoso
aequ-us a um tranquilo blandē de modo lisonjeiro dūc conduza!, tome!
anim-us ī 2m. mente, bon-us a um bom exīsne ver audīsne
espírito, coração bōs bou-is 3m. boi fac faça!
asin-us ī 2m. asno certē certamente, sem dúvida facile facilmente
audī ouça!, escute! cognōuī conheço facimus fazemos
71
1ps capi-ō
2ps capi-s
3ps capi-t
1pp capi-mus
2pp capi-tis
3pp capi-u-nt
Notas
1 Há alguns verbos cujo paradigma de conjugação se assemelha ora ao da 3.a
conjugação, ora ao da 4.a (como é o caso de faciō ‘fazer’, que já apareceu na
Seção 1D).
2 No presente do indicativo, capiō parece, à primeira vista, um verbo da 4.a
conjugação. Mas há uma diferença a ser observada. Embora em todas as formas
tenhamos um -i-, essa vogal é sempre breve, como na 3.a conjugação.26
uol-ō
uī-s
uul-t (uol-t)
uol-u-mus
uul-tis (uol-tis)
uol-u-nt
Nota
O radical de uolo é irregular; mas observe que as terminações são regulares: -o, -s, -t
etc.
fer-ō
fer-s
fer-t
fer-i-mus
fer-tis
fer-u-nt
Nota
O que faz esse verbo ser irregular é a ausência de -i- entre o radical e as desinências
número-pessoais em algumas das formas.
26
N. do T.: O texto original chama verbos como capio de “3rd/4th conjugation verbs”. Outras gramáticas
preferem denominações como “verbos de conjugação mista”. Há autores, ainda, que dizem que capio,
facio, etc., pertencem a uma “variante da 3.a conjugação”. Já os dicionários tratam essas palavras
simplesmente como verbos da 3.a, sem maiores explicações.
73
1 2 3 4 3/4
2ps amā habē posc-e audī cap-e
2pp amā-te habē-te posc-ite audī-te capi-te
Notas
1 Usamos poscō como exemplo de imperativo da terceira conjugação já que dīcō tem
imperativo irregular. capiō passa a exemplificar a conjugação mista.
2 Observe a semelhança entre imperativos de terceira conjugação e da conjugação
mista.
Exercícios
1 Verta para o latim: você faz; ouçam!; eles trazem; traga! (dois verbos); ele deseja;
fazemos; ela suporta; vão!; você quer; peça!; faço; pegue o dote! Opcionais: pegamos;
vocês trazem; vocês levam; vocês desejam; ame o seu pai!
2 Traduza e depois mude o número: facimus, fert, uult, ferunt, dīc, ferte, uolumus, est,
eunt, facis, dūcite, īte, capite, (opcionais: fac, uīs, es, habent, dīcit, audīte, faciunt, fers).
sing. pl.
nom. onus oner-a
voc. onus oner-a
acus. onus oner-a
gen. oner-is oner-um
dat. oner-ī oner-ibus
abl. oner-e oner-ibus
Nota
Todos os substantivos da 3.a em -us, -eris são neutros (compare com nomen, outro
tipo de neutro da 3.a, já estudado na Seção 1D). Observe que, como sempre, o
nominativo e o acusativo têm formas idênticas. Note também o nom./voc./acus.
pl. em -a, típico dos neutros. É vital conhecer todas as informações básicas (i. e.
onus, oneris 3n.) sobre substantivos como onus, para que se evitem confusões
com substantivos masculinos da 2.a como thēsaurus, dominus etc. onus é um
substantivo de radical consonântico.
74
Exercícios
1 Dê a forma de multus que concorde com estes casos de onus: onus, oneris, onere,
onera, oneribus.
Exercícios
Leia estas orações em latim com a entonação correta. Depois traduza-as. Por fim,
converta-as em interrogações adicionando -ne à primeira palavra da frase e leia com a
entonação que essa partícula implica.
40 quid + gen.
Já vimos que satis + genitivo significa ‘o suficiente (de)’, e que nimis + genitivo
quer dizer ‘demais (de)’ (cf. Seção 1D). O interrogativo quid + genitivo, por sua vez,
tem o sentido de ‘que (de)?’. Por exemplo: quid consili? ‘que plano?’ (literalmente ‘o
que de plano?’); quid negoti? ‘que problema?’ (literalmente ‘o que de problema?’).
Trata-se de outro exemplo do chamado “genitivo partitivo”.
75
Exercícios
Exercício de leitura
Leia cada par de frases. Em cada caso, (1) diga se o sujeito da segunda frase é
masculino, feminino ou neutro, (2) diga a quem ou a que se refere a segunda frase, (3)
traduza, (4) leia em latim com a entonação correta.
(a) Megadōrus fīliam Eucliōnis sine dōte domum dūcit. optimus igitur homo est.
(b) Megadōrus domī hodiē neque nūptiās parat neque coquōs uocat. malum est.
(c) Eunomia soror Megadōrī est. bona fēmina est.
(d) Eunomia frātrem habet. nōn dubium est.
(e) Eucliō fīliam amat. malus nōn est.
(f) Eucliō timet. nōn dubium est.
(g) Staphyla cōnsilium Eucliōnis audit. malum est.
(h) Staphyla in aedīs redit. cūrae enim plēna est.
Megadōrus Eucliōnem uīcīnum uidet. ā forō abit Eucliō. anxius est. nam animus
Eucliōnis, quod aurum nōn uidet, domī est, Eucliō ipse (ele mesmo) forīs (fora).
Eucliōnem blandē salūtat Megadōrus, homo dīues pauperem. timet autem Eucliō, quod
Megadōrus uir dīues est. perspicuum est. Megadōrus thēsaurum Eucliōnis uult. nōn
dubium est. Eucliō in aedīs it, uidet aurum, saluum est. ex audibus igitur exit.
Megadōrus fīliam Eucliōnis uxōrem poscit. fīliam prōmittit Eucliō, sed sine dōte.
pauper enim est. dōtem igitur habet nūllam. Megadōrus dōtem uult nūllam. bonus est et
dīues satis. nūptiae hodiē sunt. coquum igitur uocat Megadōrus in aedīs. timet autem
Staphyla, quod Phaedra ē Lycōnidē grauida est. Megadōrus uxōrem domum dūcit
grauidam. malum est.
Versão
(e) quō abīs? īsne in aedīs? nūptiāsne parās hodiē? optimum est.
O que eles querem? Estão indo para casa? Se levam a carga são bons meninos.
_________________________________________________________________
Deliciae latinae
______________________________________________________________________
Construção de palavras
trāns significa “através”. Às vezes aparece como trā-, como por exemplo em trādō
“entregar”, “atravessar as eras”, de onde vem “tradição”.
prō significa “em frente a”, “em favor de”, “por”.
faciō possui radical de particípio fact-. Quando faciō recebe um prefixo, torna-se
–ficiō, particípio fect-, e.g., prae + faciō torna-se praeficiō, radical de particípio
praefect-.
ferō possui radical de particípio lāt-.
Exercício
Exercícios lexicais
Latim cotidiano
Latim autêntico
Marcial
Tongliān-us ī 2m. Tongliano significa “ser crítico”, lit. “ter nīl nada
(baseado no verbo tongeō 2, nariz”.) praeter + ac. além de, exceto
“saber”) scio saber
nās-us ī 2m. nariz, nego 1 negar
discernimento (nāsum habeō iam agora, já
NB. Javali era um prato normalmente preparado para banquetes. Ceciliano comia javali
mesmo quando jantava sozinho.
Vulgata
78
Missa católica
laudāmus tē, benedīcimus tē, adōrāmus tē, glōrificāmus tē, grātiās agimus tibi propter
magnam glōriam tuam: Domine Deus, rēx caelestis, Deus pater omnipotēns.
Seção 1F
(omnes coqui intrant. nomina coquorum Pythodicus, Anthrax, Congrio sunt. 295
Pythodicus dux coquorum est)
(Congrião, com seus auxiliares, se arrasta, muito a contragosto, para dentro da casa de Euclião.
Alguns segundos depois, sai correndo)
80
CON: attatae! cīuēs omnēs, date uiam! periī, occidī ego miser!
EVCLIO: (chamando-o da casa) ō scelus malum! redī, coque! quō
fugis tū, scelerum caput? quārē? 335
CON: fugiō ego quod mē uerberāre uīs. cūr clāmās?
EVC: quod cultrum ingentem habēs, scelus!
CON: sed ego coquus sum. nōs omnēs coquī sumus. omnēs igitur cultrōs
ingentīs habēmus.
EVC: uōs omnēs scelera estis. quid^negōtī est in aedibus meīs? uolō scīre 340
omnia.
CON: tacē ergō. ingentem coquimus cēnam. nūptiae enim hodiē fīliae
tuae sunt.
EVC: (sēcum cōgitat) ō facinus audāx! mendāx homo est: omne
meum aurum inuenīre uult. (em voz alta) manēte, coquī omnēs. 345
stāte istīc.
EVC: (sēcum cōgitat) nunc omnem thēsaurum in hāc aulā ferō. omne
hercle aurum nunc mēcum semper portābō. (em voz alta) īte 350
omnēs intrō. coquite, aut abīte ab aedibus, scelera!
Vocabulário da Seção 1F
āmittere (inf.) perder cīuis cīu-is 3m. cidadão forās fora, para fora
āmitttō 3 perco cognōuistisne vocês fugiō 3/4 fujo
anim-a ae 1f. ar, respiração, conhecem? fūm-us ī 2m. fumaça
espírito colligō 3 coleto, junto hāc esta
apud (+ ac.) na casa de comprehendō 3 agarro, hercle por Hércules
arāne-a ae 1f. teia de aranha apanho immortālēs imortais
argente-us a um de prata coquere (inf.) cozinhar impōnō 3 coloco
ārid-us a um seco, árido coquō 3 cozinho ināni-a ae 1f. vazio
attatae ai! culter cultr-ī 2m. faca ingēns (nom.) muito grande,
auār-us a um avarento dē (+ abl.) de enorme
audācēs (nom.) atrevidos, difficile difícil ingentem (ac.) muito grande,
desavergonhados, ousados domō da casa enorme
audācīs (ac.) atrevidos, dormīre (inf.) dormir ingentēs (nom.) muito
desavergonhados, ousados dormiō 4 durmo grandes, enormes
audāx (nom.) atrevido. dūcere (inf.) conduzo ingentia (nom./ac.) muito
auferre (inf.) levar embora dum enquanto grandes, enormes
auferō levo embora dux duc-is 3m. chefe, líder ingentīs (ac.) muito grandes,
auid-us a um ávido ergō logo, portanto enormes
aut ou facere (inf.) fazer inīre (inf.) entrar
caput cabeça, fonte facile fácil intrō para dentro
cēn-a ae 1f. ceia, jantar follis foll-is 3m. saco inuenīre (inf.) achar
81
1 2 3 4 3/4
amā-re habē-re dīc-ĕ-re audī-re cap-ĕ-re
Notas
1 O infinitivo é comumente traduzido pelo infinitivo português: amare ‘amar’. Trata-
se, na verdade, de um substantivo indeclinável baseado num verbo (o nome deriva
de in “sem/não” + fīnis “fim”). Considere o fato de que ‘eu quero amor’ (‘amor’:
substantivo, objeto direto de “quero”) significa praticamente o mesmo que ‘eu
quero amar’ (‘amar’: infinitivo, objeto direto de “quero”).
2 Note a vogal longa nas conjugações 1, 2 e 4, e a perda do -i- no infinitivo da 3.ª e
da conjugação mista.
3 O infinitivo é conhecido como a segunda forma primitiva do verbo (sendo que a
primeira é a entrada do dicionário, isto é, amō, habeō, dīcō, audiō, capiō). É
importante conhecê-lo porque, junto com a primeira pessoa do singular do
presente do indicativo ativo, informa infalivelmente a que conjugação o verbo
pertence:
82
1ps inf.
-o -āre = 1.ª conjugação
-ĕo -ēre = 2.ª conjugação
-o -ĕre = 3.ª conjugação
-ĭo -īre = 4.ª conjugação
-ĭo -ĕre = conjugação mista (3/4)
Exercício
Dê o infinitivo destes verbos e traduza-os: habeō, explicō, cēlō, inueniō, maneō, redeō,
dūcō, dīcō, poscō, stō, rogō, fugiō, āmittō, auferō, faciō, sum, (opcionais: uerberō,
coquō, dormiō, seruō, uolō).
Notas
1 Você já conhece as formas de singular ego e tū (e suas respectivas declinações).
Agora estudaremos as formas de plural nōs e uōs. Atenção para o genitivo.
2 nostrum e uestrum são genitivos partitivos (indicam uma parte de um todo): multī
nostrum ‘muitos de nós’. nostrī e uestrī são genitivos objetivos (indicam o objeto
de um sentimento ou de uma ação): memor uestrī ‘lembrado de vocês’. Tais
genitivos não possuem sentido de posse. Esta, para as pessoas do discurso, é
expressa pelos pronomes possessivos: meus, tuus, nostrum etc.
sing. pl.
m./f. n. m./f. n.
nom. omn-is omn-e omn-ēs omn-ia
acus. omn-em omn-e omn-īs (-ēs) omn-ia
gen. omn-is omn-ium
dat. omn-ī omn-ibus
83
Notas
1 Você já conhece os adjetivos da 1.ª classe, como mult-us a um, que seguem a 1.ª e
a 2.ª declinação. Os adjetivos que seguem a 3.ª, também conhecidos como
“adjetivos da 2.ª classe”, também concordam com os substantivos em gênero,
número e caso, observando exatamente as mesmas regras (ver Seção 1B).
2 As formas de masculino e feminino são exatamente as mesmas.
3 O vocativo é sempre igual ao nominativo.
4 Geralmente, os adjetivos da 3.ª declinação possuem a vogal temática –i– (como
aedis aed-is), e portanto fazem o ablativo singular em –ī, o acusativo plural em –
īs, os três casos iguais do neutro plural em –ia e o genitivo plural em –ium.
Contraste com os nomes da 3.ª de radical consonântico (como fūr fūr-is), que têm
o ablativo singular em –e, o acusativo plural em –ēs, os três casos iguais do neutro
plural em –a e o genitivo plural em –um.
5 Adjetivos do tipo de omn-is e: trīst-is e ‘triste’, facil-is e ‘fácil’, difficil-is e
‘difícil’.
sing. pl.
m./f. n. m./f. n.
nom ingēns ingēns ingent-ēs ingent-ia
acus. ingent-em ingēns ingent-īs (-ēs) ingent-ia
gen. ingent-is ingent-ium
dat. ingent-ī ingent-ibus
abl. ingent-ī ingent-ibus
Nota
Observe o radical desse tipo muito comum de adjetivo (em –ens). A forma de neutro
singular é a mesma do masculino/feminino no nominativo. De resto, as
terminações são as mesmas de omn-is e.
sing. pl.
m./f. n. m./f. n.
nom audāx audāx audāc-ēs audāc-ia
acus. audāc-em audāx audāc-īs (-ēs) audāc-ia
gen. audāc-is audāc-ium
dat. audāc-ī audāc-ibus
abl. audāc-ī audāc-ibus
Nota
Esse adjetivo possui as mesmas características de ingens ingent-is, mas seu radical
termina em –c, o que dá um nominativo singular em –x (ver substantivos como
dux duc-is ‘chefe’).
84
Exercícios
47 dīues dīuit-is ‘rico’, ‘pessoa rica’; pauper pauper-is ‘pobre’, ‘pessoa pobre’
sing. pl.
m./f. n. m./f. n.
nom dīues dīues dīuit-ēs dīuit-a
acus. dīuit-em dīues dīuit-ēs dīuit-a
gen. dīuit-is dīuit-um
dat. dīuit-ī dīuit-ibus
abl. dīuit-e dīuit-ibus
sing. pl.
m./f. n. m./f. n.
nom pauper pauper pauper-ēs pauper-a
acus. pauper-em pauper pauper-ēs pauper-a
gen. pauper-is pauper-um
dat. pauper-ī pauper-ibus
85
Notas
1 Quando usamos para descrever um substantivo, esses dois adjetivos significam
‘rico’ e ‘pobre’, respectivamente. Mas eles podem ser usados isoladamente,
situação em que funcionam como substantivos e significam ‘pessoa rica’ e ‘pessoa
pobre’. Exemplos: Eucliō dīuitēs amat ‘Euclião ama os (homens) ricos’ (diuites
como substantivo); Eucliō homo pauper est ‘Euclião é um homem pobre’ (pauper
como adjetivo).
2 Os mesmos princípios se aplicam a todos os adjetivos latinos. Quando usados
isoladamente, sem determinar nenhum substantivo, funcionam eles próprios como
substantivos. Nessas circunstâncias, é importante verificar com atenção o gênero
do adjetivo: multī (masculino plural) significa ‘muitos homens’; multae (feminino
plural) significa ‘muitas mulheres’; multa (neutro plural) indica, por sua vez,
‘muitas coisas’.
3 dīues dīuit-is e pauper pauper-is são adjetivos de radical consonântico. Compare
com omnes, ingēns e audāx e verifique as diferenças nas terminações.
Exercícios
1 Traduza:
2 Traduza:
Exercício de leitura
Diga, ao mesmo tempo em que traduz, as funções das palavras ou dos grupos de
palavras destas frases incompletas. Complete-as com uma forma de uolō e traduza-as
por escrito. Enfim, leia as frases latinas com a entonação correta.
Megadōrus nūptiās facere uult. coquōs igitur uocat multōs ad aedīs. coquōrum opus est
cēnam coquere ingentem. uxōrem domum dūcit Megadōrus Phaedram, Eucliōnis fīliam.
sed coquī Eucliōnem uirum pauperem habent et trīstem. nam nīl āmittere uult. follem
enim ingentem, ubi dormīre uult, in ōs impōnit. ita animam, dum dormit, nōn āmittit.
apud tōnsōrem praesegmina, quod nihil uult āmittere, colligit omnia et domum dūcit.
aquam dare nōn uult. ignem dare, quod āmittere timet, nōn uult. uir trīstis est. coquī
igitur in aedīs inīre Megadōrī, uirī dīuitis et facilis, uolunt. perīculum autem in aedibus
Megadōrī multum est, uāsa argentea ingentia, uestēs multae, multum aurum. sī quid
seruī āmittunt, coquōs fūrēs putant (“julgam, pensam”) et comprehendere uolunt. apud
Eucliōnem autem coquī saluī sunt. uāsa argentea ex aedibus auferre Eucliōnis facile nōn
est, quod uāsa nūlla habet!
87
Versão
__________________________________________________________________
Deliciae latinae
______________________________________________________________________
Construção de palavras
ā/ab torna-se au quando prefixado a ferō, i.e., auferō “levar embora, roubar”
in significa “para dentro” ou “até” em inueniō, “vir até”, “encontrar”.
Exercícios de vocabulário
2 Apresente palavras portuguesas relacionadas a: facilis, audāx, omnis (dat. pl.), āridus,
lápis, tōnsor.
Latim autêntico
Preceitos de Catão
Vulgata
* O latim foi a língua dos acadêmicos e da comunicação internacional ao longo da Renascença (séculos
XV e XVI) e também era comumente considerado como o meio apropriado para a literatura. Estas são os
quatro primeiros versos de um poema no qual a moça do poeta dá a ele alguns cachos de seu cabelo como
prova de amor. O poeta os queima, já que, como ele afirma, eles o “queimaram” – de amor!
Lemas*
* Esses lemas (ou ainda divisas ou motes – de “mottoes” em inglês) se originaram no período medieval
ou posteriormente. Muitas famílias inglesas (os nomes entre parênteses acima são de algumas delas)
possuem vários lemas. O lema brasileiro, como se sabe, é “Ordem e Progresso”. O lema da cidade de São
Paulo é em latim: nōn dūcor, dūco “não sou conduzido, conduzo”.
Estudo de palavras
uestis significa “roupas” (uestiō, “visto-me”), de onde temos “vestes”, “vestiário” (de
uestiārium). inuestīre “pôr roupas em” nos dá “investir” a partir de “cobrir, cercar”
(cercar o dinheiro com ainda mais dinheiro?). trāns “através” + uest- nos dá “travesti”,
ou seja, aquele que “atravessa” até as roupas do sexo oposto, ou simplesmente aquele
que se disfarça. Também temos, a partir daí, “revestir”, entre outros.
Não confunda essas formas com “vestígio”, de uestīgium, “pegada”, “traço”: daí, por
exemplo, “investigar”, que tem a ver com seguir as pegadas de alguém.
89
Seção 1G
Agora Euclião está procurando por um lugar onde esconder seu ouro de forma segura,
fora da casa. Guarda o tesouro no santuário da deusa Fides ('Fidelidade’,
'Confiança’), mas, sem que ele perceba, Estróbilo, um escravo que está nas
proximidades. ouve tudo o que o velho diz.
EVC: ecce!. Fānum uideō! quis deus fānī est? ā. Fidēs est. dīc mihi,
Fidēs, tūne uīs mihi custōs bona esse? nam nunc tibi ferō
omne aurum meum; aulam aurī plēnam bene custōdī, Fidēs! 360
prohibē fūrēs omnēs. nunc fānō tuō aurum meum crēdō.
aurum in fānō tuō situm est.
STROBĪLVS: dī immortālēs! quid audiō? quid dīcit homo? quid facit? 365
aurumne fānō crēdit? aurumne in fānō situm est? cūr in
fānum nōn ineō et aururn hominī miserō auferō?
(Strobīlus in fānum init. Eucliō autem audit et domō exit. Strobīlum in fānō inuenit)
EVC: ī forās, lumbrīce! quārē in fānum clam inrēpis? quid mihi ā 370
fānō aufers, scelus? quid facis?
(Euclião se rende)
EVC: periī. nīl habet homo. abī statim, scelus! cūr nōn abīs?
STRO: abeō.
(Eucliō in fānum init. aurum inuenit, et ē fānō portat. in alterō locō c1am cēlat)
Mas Estróbilo, decidido a vingar-se de Euclião, não o perdeu de vista, e desta vez
rouba o ouro sem deixar-se notar. Euclião chega ao paroxismo da dor e da raiva.
Depois de pedir em vão ajuda aos espectadores, encontra Licônides, o jovem
responsável pela gravidez de Fedra (Euclião ainda não sabe de nada). Fedra, na
verdade, já deu à luz, de modo que o casamento com Megadoro já não é possível.
Assim, Licônides decidiu confessar tudo a Euclião e pedir a mão de Fedra. Surge um
mal-entendido a respeito de quem “colocou as mãos” sobre o quê...
EVC: occidī, periī! quō currō? quō nōn currō? (spectātōribus) tenēte, 405
tenēte fūrem! sed quī fūr est? quem fūrem dīcō? nesciō, nīl
uideō, caecus eō. quis aulam meam aurī plēnam aufert mihi?
(spectātōribus) dīcite mihi, spectātōrēs, quis aulam habet?
nescītis? ō mē miserum!
LYCŌNIDĒS: quī homo ante aedīs nostrās plōrat? edepol, Eucliō est,
Phaedrae pater. certē ego periī. nam Eucliō uir summā^uirtūte
est; certō omnia dē filiā scit. quid mihi melius est facere?
melius est mihi abīre an manēre? edepol, nesciō.
EVC: heus tū, quis es? 415
LYC: ego sum miser.
EVC: immō ego sum.
LYC: es bonō animō.
EVC: quid mihi dīcis? cūr mē animō bonō esse uīs?
L YC: facinus meum est, fateor, et culpa mea. 420
EVC: quid ego ex tē audiō?
LYC: nīl nisi uērum. facinus meum est, culpa mea.
EVC: ō scelus, cūr tū tangis quod meum est?
LYC: nesciō. sed animō aequō es! mihi ignōsce!
EVC: uae tibi! iuuenis summā^audácia, nūllā^continentiā es! cūr tū
quod meum est tangis, impudēns? 425
LYC: propter uīnum et amōrem. animō aequō es! mihi ignōsce!
EVC: scelus, impudēns! nimis uīle uīnum et amor est, sī ébrio licet
quiduīs facere.
LYC: sed ego iuuenis summā^uirtūte sum, et habēre uolō quod 430
91
tuum est.
EVC: quid dīcis mihi? Impudēns, statim mihi refer quod meum
est.
LYC: sed quid uīs mē tibi referre?
EVC: id^quod mihi aufers. 435
LYC: sed quid est? nīl tibi auferō! dīc mihi, quid habeō quod
tuum est?
EVC: aulam aurī plēnam dīcō! redde mihi!
Assim a verdade de ambas as partes vai surgindo pouco a pouco. Licônides consegue
sua garota e logo recupera o ouro roubado por Estróbilo (que é seu escravo). Aqui se
interrompe o manuscrito; mas a partir dos poucos fragmentos que restaram pode-se
deduzir que o matrimônio com Licônides se confirma e que Euclião, mudando de
humor, dá o ouro ao casal como presente de casamento.
Vocabulário da Seção 1G
age!: vamos! Fidēs: a deusa Boa-fé mantenho afastado
alter, altera, alterum: um ou forās: fora propter (+acus): por causa
outro (de dois) heus: ei! de
ambō, ae, ō: ambos (as) hominī: (a partir do) homem quiduīs: o que quiser
amor, amōris 3m: amor id quod: o que, aquilo que quod: que, o que
an: ou ignōscō 2 (+dat): perdoo reddō 3: devolvo
animō aequō: com ânimo immō: ou melhor referō 3: levo de volta,
calmo, tranquilo immortālis, e: imortal devolvo
animō bonō: com bom impudēns: imprudente, sem- rūrsum: de novo
ânimo, animado vergonha situs, a, um: colocado,
ante (+acus.): antes inrēpō 3: insinuo-me, entro localizado
auferō 3 tiro/roubo X (acus.) furtivamente spectātōribus (dat. pl.): aos
de Y (dat.) īnsānus, a, um: insano, louco espectadores
caecus, a, um: cego inueniō 4: descobrir, summā audāciā (abl): de
certē certamente, sem dúvida encontrar grande audácia
certō decerto iuuenis, is 3m: jovem summa pulchritūdine: de
crēdō 3: acredito em X / laeua, ae 1f.: esquerda (mão) grande beleza
confio X (acus.) a Y (dat.) licet (+dat.): é permitido a summā uirtūte: de grande
culpa, ae 1f.: culpa lumbrīcus, i 2m: minhoca, retidão
cum (+abl.): com lombriga tangō 3: toco, ponho as mãos
currō 3: corro manum (acus): mão em
custōdiō 4: guardo, vigio mēcum: comigo tertius, a, um: terceiro,
custōs, custōdis 3m: guarda, melius: melhor terceira (mão)
vigia mihi: para mim, me, de mim tibi: para você, de você
dē (+abl.): sobre, a respeito miserō (dat): infeliz trifur: três vezes ladrão
dextra, ae 1f: direita (mão) nesciō 4: não sei, ignoro tuō (dat): ao ao seu
domō: (de ) casa nisi: exceto uae: ai!, ai de (+dat.)!
ēbriō: (para um, a um) noster, nostra, nostrum: uerbum, ī 2n: palavra
bêbado nosso uerberābilissimus: o mais
ecce: eis! olha! nūllā continentiā (abl): sem açoitável
edepol: por Pólux! nenhuma moderação uērus, a, um: verdadeiro
em: aqui está! toma! ostendō 3 mostro, revelo uīlis, e: barato, vil
es!: sê! seja! perdō 3: perco, destruo uīnum, i 2n: vinho
esse: ser, estar plāga, ae 1f: golpe
etiam: também, ainda plāgās do (+dat): bater, dar Memoranda
fanō: (para) o santuário golpes
fānum, ī 2n: santuário, plōrō 1: choro Substantivos
templo prōferō 3: mostro, estendo audācia, ae 1f. audácia
fateor: confesso, admito prohibeō 2: impeço,
92
1 O dativo é o “caso da doação” (a palavra deriva do verbo dō, datum ‘dar’). Isto é, se
eu dou algo a alguém, a pessoa que o recebe é expressa pelo dativo. Ex.: mihi aulam dat
'ele/ela me (para mim) dá a panela’. Mas é igualmente o “caso da perda”, já que, se eu
tiro algo de alguém, essa pessoa também é expressa por uma palavra no dativo. Ex.:
hominī aulam auferō ‘tomo a panela do homem/ao homem’. Então, pode-se dizer que o
dativo é o caso que exprime o “ganhador” e o “perdedor”, ou a pessoa “beneficiada” e a
“prejudicada”.
2 Outro uso do dativo que se relaciona com a ideia de pessoa “beneficiada” é o chamado
“dativo de posse”, na construção sum + dativo. Ex.: est mihi pecunia “tenho dinheiro”
(literalmente, “há dinheiro para mim”).
3 Também se utiliza o dativo para indicar a pessoa a quem se diz algo (de certa forma,
um “ganhador” das palavras pronunciadas). Ex.: fēminae dīcit multa “ele/ela diz muitas
coisas à mulher”.
5 Deve-se notar que o dativo tem usos e sentidos muito variados. Quando unimos todas
essas utilizações, parece que a ideia comum que está por trás delas é a de que a pessoa
expressa por uma palavra no dativo é alguém envolvido ou interessado na ação do
verbo: essa ação tem consequências (às vezes específicas, às vezes um tanto vagas) para
a pessoa no dativo. Fala-se do dativo, assim, como caso da “'atribuição”.
Exercícios
3 Dê o equivalente latino de: aos enormes escravos; para mim; para o infeliz ancião: às
mulheres perversas; para nós; a ti; para o melhor cidadão; à audaz escrava; para o bom
pai.
O ablativo é usado também para descrever as qualidades de pessoas ou coisas. Ex.: uir
summā uirtute “homem de extrema virtude”; iuuenis nūllā continentiā “jovem sem
nenhuma moderação”. A tradução desse tipo de ablativo em português traz, grande parte
das vezes, a preposição de. Mas frequentemente é preciso procurar uma construção que
possa soar melhor em nossa língua (como no segundo exemplo).
Exercícios
2 Dê o equivalente latino de: no templo; para longe da mulher; fora das águas; em um
crime; fora da mente; nos planos; fora dos fogos (opcionais: para longe da preocupação;
fora das panelas; na casa; longe de um irmão; fora dos nomes).
(g) Britannī capillō sunt prōmissō atque omnī parte corporis rāsā praeter caput et labrum
superĭus. (César)
Exercícios de leitura
1 Leia estas frases com cuidado. Traduza-as literalmente e determine a função de cada
uma das palavras (assegurando-se de agrupá-las corretamente). Dê atenção especial
ao dativo, procurando dierenciar os diversos usos deste caso.
2 Nestas frases, o verbo fui omitido. Tente prever as funções que as palavras teriam se
a frase estivesse completa. Depois, complete a frase. Frequentemente, será possível
acrescentar verbos diferentes que implicam, para o dativo, funções também diferentes.
Por fim, traduza.
Leia a passagem a seguir com cuidado, definindo, enquanto lê, as funções das palavras
e dos sintagmas, e antecipando as partes seguintes das sentenças. Quando tiver
terminado a leitura, traduza o texto. Finalmente, leia em voz alta, atentando para a
segmentação dos sintagmas e para a entoação, sem deixar de pensar no significado
enquanto você lê. Use o vocabulário da seção 1G.
est Eucliōnī aula aurī plēna. Eucliō aulam ex aedibus portat. timet enim ualdē. omnibus
enim bonīs fūrēs omne aurum auferre semper uolunt. uult igitur in fanō aulam cēlāre.
ubi aurum in fānō cēlat Eucliō, Strobīlus uidet. ē fānō exit Eucliō. bonō animō est, quod
nunc fūrem timet nūllum. Strobīlus autem ut lumbrīcus in fānum inrēpit. nam aulam
Eucliōnī miserō auferre uult. sed seruum audācem uidet Eucliō. seruō audācī mala multa
dīcit et aurum poscit. seruus autem senī aurum reddere nōn uult, quod aurum nōn habet.
Eucliōnī manum dextram seruus ostendit. deinde senī miserō ostendit laeuam. Eucliō
autem manum tertiam rogat. seruus Eucliōnem īnsānum habet et exit. aulam Eucliō ā
fānō aufert et alterī (dat. sing. masc.) locō clam crēdit.
Versão
__________________________________________________________________
Deliciae latinae
______________________________________________________________________
(a) prefixos
sub- (às vezes su-, sus-): sob, de baixo, embaixo
dē- “vindo de baixo”
per- “através”, “completamente”, “muito”
96
Exercício
Divida as palavras em suas partes componentes e sugira um significado para cada uma:
ēuocō, circumdūcō, perfacilis, trānsmittō, redeō, prōuideō, efferō, praeficiō, āmittō,
reddō, subdūcō, ēdūcō, subeō, permultus, anteferō, trādō, perficiō, circumdō, dēdūcō,
referō, dēuocō, summitō, perstō.
-sor ou -tor (gen. s. -ōris m.) significa “a pessoa que”, e.g., amātor, “o que ama”,
“amante”;
-or (gen. s. -ōris m.) significa “atividade”, “estado” ou “condição”, e.g., amor “o
estado de amar”, “amor”;
-iō, -tiō, -siō (gen. s. –iōnis f.) significa “ação ou resultado de uma ação”, e.g.,
cōgitātiō “o ato de pensar”, “pensamento”;
-ium n. significa “ação ou resultado de uma ação”, e.g., aedificium, “resultado de
construir uma casa”, “edifício”;
-men (gen. s. -minis n.) significa “meio ou resultado de uma ação”, e.g., nō-men
“meio de conhecer”, “nome”.
Exercícios
2 Forme o genitivo singular de: uexātiō, dictiō, habitātiō, inuentiō, audītor, turbātor.
Latim autêntico
Vulgata
pānem nostrum quotīdiānum dā nōbis hodiē et dīmittē nōbis peccāta nostra. (Lucas,
11.3-4)
pānis pānis 3m. pão dīmittō 3 livrar de, deprivar peccātum, ī 2n. pecado
quotīdiānus, -a, -um diário de, descarregar
rēx, rēg-is 3m. rei pátria, ae 1f. pátria glōria, ae 1f. glória
97