O Vaso Na Mão Do Oleiro
O Vaso Na Mão Do Oleiro
O Vaso Na Mão Do Oleiro
Jeremias 18:1 – 6
1. INTRODUÇÃO
O TORNO
Uma vez passado pelo primeiro processo de purificação, o barro é levado ao
torno, que é uma peça formada por dois discos de madeira unidos por um
eixo, sendo um disco maior a parte inferior e um menor na parte superior. No
disco maior, o oleiro, com os pés, produz o movimento de todo o torno,
fazendo-o girar. Sobre o disco menor, que é móvel, ele coloca o barro para ser
moldado, tendo, ao lado, um pote com água para umedecer o barro. Com as
duas mãos ele vai construindo a peça de barro, sendo uma mão pelo lado de
fora e a outra pelo lado de dentro do vaso que está sendo moldado. É
imprescindível que haja a mais perfeita harmonia de todos os movimentos
nesta etapa. Ainda neste ponto, podem-se descobrir impurezas no barro, e,
quando isso acontece, ao retirá-las, o oleiro “fere” a peça e precisa quebrá-la
para fazê-la de novo, para que não seque com aquela deformidade. No final,
uma esponja é passada no exterior do vaso para que fique bonito e sem
arestas.
Esta etapa apresenta várias características:
O torno: a igreja
Os dois discos de madeira: os servos na comunhão que são usados para a
“modelagem” do homem quando entra na obra
O disco maior: o grupo de assistência
O disco menor: a assistência pessoal (do pastor, do diácono, do servo) ao novo
convertido
A harmonia dos movimentos: a harmonia da Obra. Se não houver harmonia
entre o oleiro e o torno, o vaso ficará deformado, assim como se a igreja, os
grupos de assistência e cada servo não estiverem em harmonia com o a
Revelação que movimenta a Obra, serão produzidos novos servos cheios de
problemas e deformados em relação ao padrão que o Senhor determina para o
seu povo.
O movimento do torno em torno do eixo: o dinamismo da Obra em torno da
Revelação
A ação das mãos: a ação do ministério na comunhão do Espírito Santo,
trabalhando o interior e o exterior do servo, ou seja, não só o seu testemunho
(exterior), mas também a sua visão de Obra, as suas convicções (interior)
As impurezas encontradas nesta etapa: as pequenas coisas que ainda existem
na vida de muitos servos e que são descobertas no momento em que ele está
sendo moldado para um uso na Obra. Ao tirá-las, o oleiro “fere” o vaso, ou
seja, estas “impurezas” que resistiram até aqui são aquelas que o servo mais
tem dificuldade de se libertar delas. Muitas vezes dói, machuca o nosso eu, e
até mesmo adia a bênção, pois o vaso precisa ser quebrado para ser
novamente moldado. Se isso não acontecer, o vaso secará deformado
Se a impureza não for retirada, quando ele for ao forno, certamente quebrará:
Se o ministério (as mãos), ao descobrir a falha, não agir, no futuro, quando for
provado, o servo não resistirá e perderá a bênção.
Por fim, a esponja retira os excessos: a ação do Espírito Santo, através do
ministério, no preparo do servo para um bom testemunho.
O FIO
Neste ponto, apesar de o vaso já estar moldado, ele ainda está molhado e,
conseqüentemente, sem muita consistência. O oleiro não pode retirá-lo do
torno, pois se desmancharia em suas mãos. Para isso ele observa duas coisas:
1º - Retirar o vaso juntamente com a base de madeira (o disco superior): fala-
nos, ainda, da assistência pessoal do servo. A oração uns pelos outros. O
envolvimento espiritual dos servos. Até que tenham consistência para ajudar a
outros.
2º - Passar um fio (hoje se utiliza o nylom) na base do vaso separando-o da
base, para que ele não seque e se prenda à madeira. Caso isso aconteça, só
quebrando o vaso para que ele se desprenda do disco: apesar da assistência,
que precisa ser uma experiência constantemente vivida em nossas igrejas, o
servo que está sendo moldado não pode se apegar ao homem e às suas
dificuldades. Ele não pode estar olhando para o homem e sim para o Espírito
Santo que o está usando. Todos somos falhos, mas lutamos para ser úteis na
realização da Obra do Senhor. Se o servo se moldar pelo homem e não pelo
Espírito, ele certamente “quebrará”.
A SECAGEM FINAL
Neste ponto, o vaso é submetido a uma secagem prolongada, e enfrenta,
inclusive, o sol do meio dia - Isso nos aponta a etapa do processo de
instrumentalização que o Senhor promove na vida do servo, em que ele é
submetido a lutas mais difíceis. Se ainda houver “pedrinhas” em sua vida, ele
rachará e terá que ser desfeito (quebrado), moído até virar pó, acrescenta-se
água ao pó e retoma-se o processo. É interessante perceber que quanto mais
tarde se descobrem as falhas, mais tempo se perdeu no processo de
instrumentalização, ou seja, quanto mais o servo preserva falhas em sua vida,
mesmo que ele as esconda do ministério, elas serão reveladas nas lutas e
tentações e o prejuízo na sua vida é cada vez maior, quanto maior for o tempo
que se demorar para ser liberto destas falhas.
Esta é a última etapa em que se permite ao vaso ser quebrado e refeito. Até
este passo na fabricação, o vaso tem a forma, mas ainda não tem a resistência
necessária para o uso no dia a dia, pois qualquer choque fará com que se rache
ou quebre, além do que, caso seja colocado líquido dentro dele, o barro
absorverá todo o líquido, ou seja, ele ainda não serve para armazenar o líquido
para servir a outros, que é o seu verdadeiro uso, é para isso que ele está sendo
feito.
O FORNO
A etapa do forno diz respeito à provação maior a que o servo se submete. Na
Obra, para ser usado, o servo precisa ser provado e aprovado pelo Senhor. Esta
é a última etapa e se ainda houver falhas ou impurezas no barro, o estrago
poderá ser irreversível ao ser levado ao forno. Ele não só quebrará, como
poderá espatifar-se em inúmeros pedaços e tornar impossível a reconstituição.
O forno é confeccionado de tijolos, que também é barro, mas há um detalhe
interessante: a massa utilizada para a construção do forno não leva cimento.
Ela feita de AREIA e MEL, caso contrário, o próprio forno não agüentaria o
calor e desabaria, destruindo, inclusive, todos os vasos que estivessem dentro
dele.
O forno é tipo da igreja, no meio da qual arde o calor do Espírito Santo e
apesar de sermos “tijolos” (barro) e “areia” (fragmentos de rocha), a doçura do
Espírito, o amor do Pai é o que nos une e nos faz estar em comunhão para
viver uma experiência que o homem sem Deus não suportaria: a presença real
do Espírito Santo de Deus no nosso meio. Por não dar lugar ao Espírito Santo é
que muitas igrejas “desabam” espiritualmente e os crentes sofrem as
conseqüências.
A lenha que queima é tipo dos servos que são usados pelo Espírito na igreja,
através dos dons espirituais, da busca pelo culto profético, na assistência, na
evangelização, etc. Através desta experiência é que o Espírito age na igreja.
O fogo precisa estar bem quente para que haja a perfeita consolidação do
barro (aproximadamente 980 ºC), caso contrário o vaso ficará pronto, mas não
terá consistência e se quebrará facilmente. Assim acontece na Obra: a igreja
precisa ter experiências profundas com o Senhor, sinais maravilhosos de sua
presença para dar consistência ao servo, sobretudo no momento de provação
maior.
O vaso tem que ser colocado no forno com a “boca” virada para o fogo para
que haja uma perfeita secagem e consolidação do barro, ou seja o servo
precisa estar voltado para o Espírito Santo, para não só suportar a prova, mas
ser adequadamente formado para o bom uso na casa do Senhor.
Vários vasos podem ser colocados juntos (inclusive um sobre o outro) dentro
do forno, mas deve-se observar que os menores e mais leves fiquem por cima.
Mesmo na provação, o servo desta Obra serve de “apoio” a outros que estão
passando por lutas em suas vidas. Constantemente, servos oram por outros,
mesmo quando estão necessitados de oração pelas lutas que estão vivendo.
O vaso deve passar em média 24 horas dentro do forno. Nós, servos, muitas
vezes somos imediatistas, queremos que a luta termine logo e que sejamos
usados na igreja, levantados para o Grupo de Louvor, ou para o Grupo de
Intercessão. Cabe ao Senhor o tempo necessário para estarmos preparados. O
que importa não é ser usado logo, mas ser bem preparado para ser um “vaso
de bênçãos nas mãos do Senhor”.
Vale ressaltar que todo o processo, desde a extração do barro até a sua
confecção, demora vários dias. Um vaso para ser preparado leva, em média, 20
a 30 dias para estar pronto para o uso. Da mesma forma o Senhor age conosco:
a Ele pertence o tempo para estarmos prontos para o uso na sua casa. Não
adianta querermos apressar este processo, pois nós mesmos é que seremos
prejudicados, não tendo consistência para ser usados.
Como falado anteriormente, até antes do forno o vaso pode ser quebrado e
refeito. Depois que passa pelo forno, se o vaso rachar ou quebrar, só há duas
coisas a fazer para tentar recuperar o barro:
Tentar reparar o vaso, o que seria um “arranjo” e deixaria marcas visíveis. Na
vida do servo, depois de passar pela prova e ser usado, quando ele quebra,
mesmo que seja reparado, ficarão marcas, algumas bem visíveis, por toda a
vida e farão com que ele não possa ser usado com todo o potencial, pois sua
resistência está comprometida.
Desmanchar o vaso e moer o barro. Neste ponto, entretanto, o barro não tem
mais a mesma maleabilidade, a mesma liga, e não pode mais ser feito um vaso
dele. Ele só serve para a confecção de esculturas. Isso nos fala de quando o
servo sofre um grande dano em sua vida espiritual, depois de ter passado pelo
forno. Ele até pode voltar a ser um servo e a estar na condição de barro nas
mãos do oleiro, mas dificilmente poderá ser usado novamente como um vaso.
Ele apenas terá uma forma definida pelo Pai, assim como uma escultura, e
muitas vezes só serve de “enfeite” na igreja
O USO DO VASO
Quando Deus fez o homem a partir do barro, Ele tinha uma utilidade, um uso
para o homem: adorá-lo.
De muitas formas Deus deseja usar seus servos em sua casa e na sua Obra,
todas, porém, para a sua adoração. Entre elas, a Palavra registra:
NA EVANGELIZAÇÃO (Marcos 16:15)
NO LOUVOR (Salmo 150)
NA ASSISTÊNCIA AO VISITANTE (Col. 3:16, I Tess 5:11)
NOS DONS ESPIRITUAIS ( I Coríntios 12:1 a 11)
NO SERVIÇO (ZELO) DA CASA DO SENHOR ( João 2:17)
NO DIACONATO ( I Timóteo 3:13)
NO MINISTÉRIO ( Hebreus 8:6)
NA ORAÇÃO ( II Tessalonicenses 3:1)
3. CONCLUSÃO
O chamado do Senhor tem um objetivo nas nossas vidas. Quando ele nos tira
do mundo, já tem um projeto definido para nós. É necessário, entretanto,
buscar a santificação e viver um processo de “purificação” das falhas e
resíduos do mundo em que vivíamos para que o OLEIRO possa trabalhar as
nossas vidas e possamos alcançar o propósito de Deus para elas.