Mozal, Estagio
Mozal, Estagio
Mozal, Estagio
Maida Guambe
Marta Jéssica Cubai
Rosalina Mutevula
Télcia Hilário Chipe
O Impacto Sócio Económico dos Benefícios Fiscais Concedidos aos Mega Projectos
Caso Mozal (2010-2020)
Licenciatura em Contabilidade e Auditoria
LABORAL
4º ANO
Dulce Filomena
Maida Guambe
Marta Jéssica Cubai
Rosalina Mutevula
Télcia Hilário Chipe
O Impacto Sócio Económico dos Benefícios Fiscais Concedidos aos Mega Projectos
Caso Mozal (2010-2020)
Licenciatura em Contabilidade e Auditoria
LABORAL
4º ANO
I. Resuno
O papel económico dos mega projectos (e de quaisquer outros projectos económicos) depende
das suas ligações com a economia (isto é, de como é quea economia comoum todo retém a
riqueza produzida e a distribui).
Sem ligações estabelecidas a riqueza gerada pertence aos mega projectos e não à economia–as
exportações dos mega projectos pagam as suas importações e financiam o repatriamento dos
seus lucros.
Este relatório aborda o impacto sócio-económico dos beneficios fiscais concedidos aos mega
projectos, que para tal, toma como estudo o caso do projecto Mozal, na Matola.
Ou seja, arrecadar mais impostos através dos megaprojectos aumentaria o bolo orçamental e,
consequentemente a percentagem alocada ao sector da educação seria maior.
Índice
I. Resuno..................................................................................................................................i
1. Introdução............................................................................................................................1
1.1. Objectivos....................................................................................................................1
2. Contextualização.................................................................................................................4
3. Metodologia de Pesquisa.....................................................................................................9
4. O Impacto Sócio Económico dos Benefícios Fiscais Concedidos aos Mega Projectos -
Caso Mozal (2010-2020)..........................................................................................................10
5. Conclusão..........................................................................................................................14
Referências Bibliográficas........................................................................................................15
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1. Introdução
A dinâmica dos megas projectos em Moçambique é notória, existem cada vez mais
investimentos de vulto privado a surgir ou a expandir-se, principalmente na primeira década
do século XXI.
Existem em Moçambique, cada vez mais descobertas de reservas de recursos minerais, com
maior incidência na província de Tete. O clima de entrada de novos investimentos em
Moçambique é favorável, sobre tudo no que tange a isenções fiscais.
São grandes as espectativas em torno dos mega projectos, sobre tudo no que diz respeito a
geração de emprego, arrecadação fiscal. Se bem utilizados e geridos os recursos que o país
dispõe, a economia pode sobressair-se no pnorama económico mundial.
O presente relatório visa debruçar sobre o impacto sócio-económico dos beneficios fiscais
concedidos aos mega projectos.
1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
Estudar o Impacto Sócio Económico dos Benefícios Fiscais Concedidos aos Mega Projectos.
O projecto é uma instalação de fundição que iniciou suas operações como produtora de
alumínio exclusivamente para exportação. O projecto teve início em 1998 como parte de um
programa de recuperação liderado pelo desejo ativo do governo moçambicano de
investimento estrangeiro para ajudar a reconstruir a nação após a guerra civil do país no início
de 1990.
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A empresa foi considerada a maior empresa de Moçambique, segundo a lista das 100 maiores
empresas do país em 2009, divulgada pela consultora KPMG. A fábrica situa-se na cidade da
Matola, nos arredores da capital Maputo. Ela consome uma boa parte da energia elétrica
gerada em Moçambique. Nos primeiros anos, recebeu uma ajuda da cooperação alemã através
do banco público alemão DEG.
Figura 1: Mozal
Relacionada ao subsidio no custo de energia eléctrica concedido pela ESKOM à Mozal, caso
a Mozalse estabelecesse em Moçambique, que por um lado, permitiu a Mozalreduzir seus
custos de produção e, por outro lado, permitiu expandir a área de operacionalidade da
ESKOM, isto é, seu nível de integração, produção e de domínio de mercado ao nível da
África Austral:
A legislação ambiental tornou o país um autêntico paraíso ambiental para o projecto. Além
disso, o projecto faz a avaliação do impacto ambiental, a monitoria, o tratamento dos resíduos
e a reposição do meio ambiente, consequentemente, não existem grandes constrangimentos
e/ou penalizações
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2. Contextualização
2.1. Mega Projecto
Os mega projectos são considerdos investimentos de grande porte, por seus investimentos
ascenderem 500 milhões de dólares norte americanos, porém estes beneficiam-se de
generosos benefícios fiscais.
A lei 4/2009, de 12 de janeiro criou um código de benefícios fiscais, na sua secção VII
"projectos de grande dimensão" art. 36º, são investimentos abrangidos, os investimentos
autorizados cujo investimento exceda o equivalente a 12.500.000,00 meticais, bem como
investimentos em infraestruturas de domínio público levados cabo sbre o regime de
concessões gozam dos benefícios fiscais.
A implantação dos mega projectos segundo Castel-Branco são levados a debate como solução
para diversos problemas de desenvolvimento económicos e sociais.
Acesso de capital, via investimento directo estrangeiro, sem pôr pressóes sobre os
alvos do programa de estabilidade macroeconómica de Moçambique;
Acesso a tecnologia, capacidade de gestão e força de trabalho qualificada;
Acesso a boas práticas de organização da produção e de gestão competitivas ao nível
dos standerds internacionais mais altos;
Acesso a mercados;
Ligações com a economia nacional;
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Mega projectos são grandes operações isoladas, geralmente de capital estrangeiro e intensivas
em capital, que dependem da extração de recursos e/ou de bens intermédios importados e que
exportam a quase totalidade da sua produção.
Castel-Branco (2008) estabelece entre os mega projectos e a economia nacional que permitem
reter parte da riquez os mega projectos , tais ligações permitem multiplicar os investimentos;
redistribuir o rendimento; promover o consumo; melhorar as capacidades produtivas.
O autor aponta duas visões opostas dessa ligação, por um lado, caso os mega projectos
estiverem como uma ilha sem fortes ligações com a economia a retenção sera mínima ou nula,
por outro lado se houver pontes de ligações fortes e retençã aumentará e tal retenção
aumentará o impacto social do projecto.
Ligações produtivas são difíceis de desenvolver por causa da sofisticação tecnológica dos
mega projectos, da magnitude da sua produção e da fraqueza estrutural da base produtiva
nacional e as exigências relaciondas com a sofisticação dos standards de qualidade e
certificação que caracteriza a procura de bens e serviços industriais dos mega projectos. A
capacidade produtiva e logística para fornecer bens e serviços aos mega projectos exige
investimento em tecnologia, formação e aprendizagem e em gestão e logística (Castel-Branco,
2008).
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Ligações por via de empregos podem ser directas ou indirectas. As directas estão relacionadas
com o emprego gerado nos mega projectos. Dado que todos eles são intensivos em capital, as
oportunidades de emprego directo são relativamente escassas.
Por sua vez, o emprego indirecto não é o resultado directo e automático do mega projecto.
Para que o emprego indirecto aconteça é necessário desenvolver ligações produtivas a
montante (fornecedores) e jusante (consumidores) do mega projecto. Ora, estas ligações
requerem novo investimento, capacidades adicionais. Quanto muito o projecto proporciona
uma oportunidade de ligações mas a concretização dessa ligação depende de outras empresas,
dos seus interesses e capacidade (Castel-Branco, 2008).
Ligações de investimento e poupança, estes dependem por um lado inteiramente das ligações
arroladas acima, pois a oportunidade de investimento ode atrair poupança para esse
investimento. No entanto, as ligações produtivas e tenológicas ainda não se estão a
desenvolver intensivamente. Estas dependem de como é que o mega projecto afect o nível de
excedente disponível para financiamento de outras empresas e da economia como um todo.
Ligações fiscais, os megas projectos reúnem todas as condições para serem fonte privilegiada
de receitas fiscais. Isto acontece porque, por um lado, estes projectos são enormes e os seus
custos de insucesso (sunk costs) são extremamente altos, que diminui a sua mobilidade e os
torna pouco sensíveis a incentivos ocasionais, de curto prazo e não estrururais (Castel-Branco,
2008).
Os megas projectos estão todos no grupo das 10 maiores empresas de Moçambique, mas
nenhuma delas se situa entre os 10 maiores contribuintes para o fisco (Castel-Branco, 2008).
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Para Castel-Branco (2008) são vários os argumentos sobre as motivações que conduziram à
concessão de incintivos fiscais tão generosos aos mega projectos. O que é mais provará é que
tenha havido vários factores em conjugação, entre os quais:
A contribuição dos mega projectos para as receitas fiscais foi baixa no passado. O regime de
tributação dos mega projectos e das indústrias extractiva foi evoluindo ao longo do tempo. O
principal motivo das autoridades para lançar os primeiros mega projectos foi consolidar
Moçambique como um destino atraente do investimento estrangeiro após uma longa guerra
civil e, portanto, as condições tributárias aproimaram-se das normas favoráveis às empresas
estrangeiras.
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3. Metodologia de Pesquisa
Segundo Canastra Fernando, at all. (2012: 18), metodologia é “o conjunto de métodos e
técnicas utilizadas para a execução de uma pesquisa”.
Para a realização da presente pesquisa optou-se pelo método descritivo, com enfoque
qualitativo.
Segundo Gil (2007:44) a pesquisa descritiva tem como objectivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenómeno, ou o estabelecimento de relações
entre variáveis. Uma das suas características mais significativas está na utilização de técnicas
padronizadas de colecta de dados.
Para a recolha de dados foram usadas duas técnicas, nomeadamente a pesquisa bibliográfica e
a análise documental.
Pesquisa documental
(Lakatos & Marconi, 2001:29) trata-se de fontes primárias toda a informação recolhida em
primeira mão pelo pesquisador não retrabalhada (arquivos públicos e particulares, estaticistas
oficiais, recenseamento, etc.). A técnica documental foi efectuada para reforçar a pesquisa
bibliográfica e também aprofundar o conhecimento sobre os Mega Projectos, especificamente
a Mozal.
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O decréscimo do valor dos benefícios fiscais concedidos explicou-se pela redução do número
de projectos de investimento que deram entrada no exercício económico de 2016,
comparativamente ao ano anterior.
A maior parte dos benefícios fiscais foram concedidos no Imposto sobre o Valor
Acrescentado, como resultado de isenções nas importações realizadas pelos projectos de
investimento.
A contribuição dos Mega-Projectos no PIB é de cerca de 33%, porém o seu contributo fiscal é
inferior a 5% do PIB. A contribuição fiscal do sector extractivo é uma reflexão clara de que os
ganhos reais para uma economia não estão apenas relacionados a quantidade de riqueza
produzida espelhada nos bons indicadores macroeconómicos, mas sim com o grau de retenção
e absorção dessa riqueza pela economia nacional e potenciar o investimento em sectores
produtivos de geração de renda e de emprego.
Estes dados indicam que os benefícios fiscais não têm estado a desempenhar a real função
para a qual foram têm sido designados, nomeadamente, a de atrair e reter investimentos. A
maioria das empresas não considera isenções fiscais como factores críticos de tomada de
decisão para o investimento, excepto quando estrategicamente assim exigem, para não perder
uma oportunidade soberba de reter mais dividendos. Pelo contrário, nota-se que a sua
existência tem contribuído negativamente na capacidade de arrecadação de receitas por parte
do estado.
Com os incentivos fiscais, até 2013 Moçambique perdeu cerca de 1.640.000.000,00 Mt (1,64
mil milhões de meticais). Por outro lado, os Megaprojectos sob regimes especiais na
tributação, em 2014, contribuíram para a Receita total do Estado com 13,191.80 milhões de
meticais, o equivalente a 8.44% do total da Receita arrecadada pela Autoridade Tributaria.
Contudo, as mesmas empresas tinham o nível de fiscalidade situado em 2.4% em 2014 contra
os 1.67% em 2013. Com as isenções, o estado perdeu cerca de 390,477,2 milhões de meticais
correspondente á 29.6% do total de receitas que deveria arrecadar-se em 2014.
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Um estudo actualizado da AAM (2017), estima que Moçambique perde anualmente, 562
milhões de dólares por causa dos benefícios fiscais relacionados com os mega-projectos.
Ou seja, arrecadar mais impostos através dos megaprojectos aumentaria o bolo orçamental e,
consequentemente a percentagem alocada ao sector da educação seria maior.
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5. Conclusão
Para os mega projectos, a maior parte dos incentivos são redundantes. Quer dizer, se não os
tivessem, fariam o investimento na mesma. Logo, dado que esses incentivos não afectam as
decisões dos mega projectos apenas representam um custo fiscal não afectam as decisões dos
mega projectos, apenas representam um custo fiscal.
O interesse estratégico dos mega projectos em se localizarem em Moçambique (por causa dos
recursos que exploram ou por causa de uma estratégia de expansão causa dos recursos que
exploram ou por causa de uma estratégia de expansão oligopolista), dá a Moçambique uma
vantagem negocial. Se eles têm interesse estratégico, podemos usar isso a nosso favor para
negociar melhores condições.
Nas condições actuais de crise económica global é muito mais difícil negociar. Mas é
possível. Além disso, é no momento de maior expansão que é importante negociar a “parte
leonina” da riqueza gerada.
Referências Bibliográficas
1. A Lei 4/2009, de 12 de Janeiro; Código de benefícios fiscais; Boletim da República;
Maputo.
2. Castel-Branco, Carlos Nuno; Os mega projectos em Moçambique: que contributo
para a economia Nacional?; Maputo; 2008
3. CONTA GERAL DO ESTADO ANO 2010; Maputo;2011
4. CONTA GERAL DO ESTADO ANO 2016; VOLUME I; Maputo;2017
5. Gil, A. Métodos e técnicas de pesquisa social; 5ª Edição. Editora Atlas. São Paulo;
2007.
6. Marconi, M., e Lakatos, E. Fundamentos de metodologia científica; 5ª.Ed.Editora
Atlas,S.A. São Paulo. 2003
7. GONÇALVES, Firmino; Tributação dos mega-projectos como alternativa para o
financiamento da melhoria das condições de trabalho do professor em Moçambique;
2020