Apostila 2 - Gestão de Enfermagem
Apostila 2 - Gestão de Enfermagem
Apostila 2 - Gestão de Enfermagem
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
Vale guardar...
Os sistemas de controle da qualidade hospitalar perpassam pelos
serviços oferecidos, pelos métodos de assistência e pela estrutura da instituição,
os quais compreendem os registros, a sistematização da assistência, os
processos de trabalho de cada setor, o uso de tecnologias como a informática, o
prontuário eletrônico e os sistemas de dispensação de medicamentos pela
farmácia hospitalar. Todos esses serviços estão conectados e integram a
complexa rede de atendimento hospitalar.
É importante frisar que a qualidade nos serviços de saúde e de
enfermagem está relacionada aos processos de trabalho implementados nas
instituições e sua estrutura tecnológica, tendo em vista que as ações
desenvolvidas ocorrem de maneira integrada e abrangem toda a organização
(STOLARSKI, 2009).
deve agir para restaurar uma causa especial crônica ou atingir um desempenho
nunca antes atingido. Já no segundo caso, os indicadores são utilizados como
parte da informação necessária para propor ações que previnam problemas
futuros ou atinjam desempenho acima daquele já alcançado pela organização
(MARTINS; NETO, 1998).
Segundo os mesmos autores acima, uma ação de melhoria reativa ou
proativa, feita com base na informação contida nos indicadores, tem grande
chance de ser realizada para contribuir com o objetivo principal da organização.
Indicadores utilizados em qualquer programa de qualidade devem ser
coerentes com o que se pretende mensurar. No caso de indicadores de saúde,
estes devem estar relacionados com a qualidade da área administrativa e com a
qualidade médico-assistencial para os quais o consumidor é o paciente que está
se beneficiando de um serviço o qual, além de lhe trazer satisfação, lhe permite
atingir o real objetivo que está buscando: a melhora de sua saúde física ou mental
(ZANON; CHAVES; BOLDT, 2006).
Diferentemente de outros consumidores de bens de serviço, os pacientes
colocam suas vidas à prova dos sistemas de qualidade, o que, neste caso, faz
toda a diferença em trabalhar exaustivamente para que os indicadores sejam os
mais fidedignos possíveis e acertar sempre.
Um indicador é uma unidade de medida de uma atividade com a qual se
está relacionada ou, ainda, uma medida quantitativa que pode ser usada como
um guia para monitorar e avaliar a qualidade de importantes cuidados providos ao
paciente e às atividades dos serviços de suporte. A padronização dos processos
de avaliação evolui ao longo dos anos e identifica alguns critérios, indicadores e
padrões cada vez mais significativos para os vários serviços hospitalares.
Um indicador não é uma medida direta de qualidade. É uma chamada que
identifica ou dirige a atenção para assuntos específicos de resultados, dentro de
uma organização de saúde, que devem ser motivo de revisão. Em todos os
modelos de processos gerenciais, é fundamental saber de onde se está se saindo
e aonde pretende-se chegar.
Uma vez alcançada, a certificação tem validade por 3 anos e pode ser
renovada conforme a auditoria de qualidade.
Conforme o Inmetro, pode-se dividir a certificação em duas categorias
básicas:
1. Certificação de Sistemas de Gestão – a certificação dos Sistemas de
Gestão atesta a conformidade do modelo de gestão de fabricantes e prestadores
de serviço em relação a requisitos normativos. Os sistemas clássicos na
certificação são de gestão de qualidade, baseados nas normas NBR ISO 9001 e
os sistemas de gestão ambiental, conforme as normas NBR ISO 14001.
2. Certificação de Pessoas – a certificação de pessoas avalia as
habilidades e os conhecimentos de algumas ocupações profissionais, e pode
incluir, entre outras, as seguintes exigências:
formação – a exigência de certo nível de escolaridade visa a assegurar
nível de capacitação;
experiência profissional – a experiência prática em setor específico permite
maior compreensão dos processos envolvidos e identificação rápida das
oportunidades de melhorias;
habilidades e conhecimentos teóricos e práticos – a capacidade de
execução é essencial para atuar e desenvolver-se na atividade.
METODOLOGIAS DA QUALIDADE
Siglas do quadro:
Quanto ao caráter:
1- Auditoria Preventiva: realizada a fim de que os procedimentos sejam
auditados antes que aconteçam. Geralmente está ligado ao setor de liberações de
procedimentos ou guias do plano de saúde, e é exercida pelos médicos e outros.
2- Auditoria Operacional: é o momento no qual são auditados os
procedimentos durante e após terem acontecido. O auditor atua junto aos
profissionais da assistência, a fim de monitorizar o estado clínico do paciente
internado, verificando a procedência e gerenciando o internamento, auxiliando na
liberação de procedimentos ou materiais e medicamentos de alto custo, e também
verificando a qualidade da assistência prestada. É nesta hora que o auditor pode
indicar, com a anuência do médico ou outro profissional assistente, outra opção
de assistência ao usuário, como o Home Care1 ou o Gerenciamento de Casos
Crônicos.
3- Auditoria Analítica: Junqueira (2001) engloba nesta classificação as
atividades de análise dos dados levantados pela Auditoria Preventiva e
Operacional, e da sua comparação com os indicadores gerenciais e com
indicadores de outras organizações.
Neste processo, os auditores devem possuir conhecimento relacionado
aos indicadores de saúde e administrativos, e no que tange a utilização de
tabelas, gráficos, bancos de dados e contratos. Desta forma, são capazes de
reunir informações relacionadas ao plano de saúde, bem como quanto aos
problemas detectados em cada prestador de serviços de saúde.
Consequentemente, tais análises contribuem substancialmente para a gestão dos
recursos da organização (KOBUS, 2002).
1
Home care – modalidade de Serviço de Assistência à Saúde (internamento domiciliar).
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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ocorrer com o atendimento odontológico, para o qual devem existir fichas com
modelos específicos.
b) O acidente de trabalho deve também ser registrado em prontuário
médico, na ficha de anamnese e evolução e anexada a ele uma via do documento
legal do acidente de trabalho.
c) Os resultados de exames laboratoriais devem ser registrados nos
prontuários médicos, pois constituem provas de confirmação do diagnóstico e de
acompanhamento terapêutico.
Quanto ao arquivamento dos prontuários médicos, conforme Resolução
CFM nº 1.472/97, preconiza a guarda de documentos por, no mínimo, dez anos.
Embora já tenha sido sugerido, devido à modernidade dos recursos de
microfilmagem que têm a validade de um documento original, o prazo de guarda
poderia ser de cinco anos após a última anotação.
Já prontuários de óbitos devem ser guardados pelo prazo mínimo de
cinco anos a partir da data do último atendimento. Completado esse prazo, pode
ser elaborada uma seleção dos documentos padronizados, ordenados e concisos,
destinados ao registro dos cuidados médicos e paramédicos prestados ao
paciente pelo hospital.
Cinco anos são suficientes para o arquivamento desses prontuários de
óbito, uma vez que não haverá um futuro atendimento do paciente em óbito e o
seu prontuário pode servir somente para pesquisa, ensino e para serviços de
saúde pública, ou como provas documentais da justiça (MOTTA, 2010).
Além do descrito acima, todos os dados devem ser registrados
imediatamente após o fato ocorrido, evitando com isso, o déficit do cuidado por
falha na comunicação. As anotações de enfermagem devem observar os
seguintes critérios:
• exatidão – os fatos devem ser anotados com precisão e veracidade. A
omissão de dados ou o registro errado demonstram inexatidão. As
observações devem ser específicas e exatas;
• brevidade – todo registro deve ser conciso, objetivo e completo;
• legibilidade – a anotação deve ser feita de forma nítida, legível e à tinta;
4.1 Diretrizes
Diretriz pode ser entendida ou definida (como no caso do dicionário
Aurélio) como a linha reguladora do traçado de um caminho ou de uma estrada.
Também se reporta a um conjunto de instruções ou indicações para se tratar e
levar a termo um plano, uma ação ou um negócio.
Nosso ponto de partida está nas Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Graduação em Enfermagem, aprovada pelo Conselho Nacional de
Educação – Câmara de Educação Superior, por meio da Resolução CNE/CES
3/2001 e publicada no Diário Oficial da União/Brasília, em 9 de Novembro de
2001.
Dentre os vários pontos importantes das DCN encontra-se o Art. 3º que
diz respeito ao perfil do formando, egresso/profissional: Enfermeiro, com
formação generalista, humanista, crítica e reflexiva. Profissional qualificado para o
exercício de Enfermagem, com base no rigor científico e intelectual e pautado em
princípios éticos. Capaz de conhecer e intervir sobre os problemas/situações de
saúde-doença mais prevalentes no perfil epidemiológico nacional, com ênfase na
sua região de atuação, identificando as dimensões bio-psico-sociais dos seus
determinantes. Capacitado a atuar, com senso de responsabilidade social e
compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano
(BRASIL, 2001).
A proposta realizada em 2012, pelo Departamento de Enfermagem da
Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e Associação Brasileira de
Enfermagem em Terapia Intensiva (ABENTI) para o “Projeto Diretrizes de
Enfermagem”, resume muito bem os principais objetivos ou diretrizes voltados
para Gestão, a saber:
proporcionar uma visão sistêmica e integrativa do ser humano a ser
cuidado na prática diária com base nas pesquisas, na experiência
profissional da área assistencial e dos educadores e dos gestores em
saúde;
4.3 Competências
A noção de competência é fortemente polissêmica, tanto no mundo do
trabalho quanto na esfera da educação. Fleury e Fleury (2001) propõem um
conceito, ao mesmo tempo abrangente e preciso, em que competência é definida
como um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar
conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem, ao mesmo tempo, valor
econômico à organização, e valor social ao indivíduo.
Os trabalhadores de enfermagem têm graus de formação diferenciados e
a organização do labor ocorre pela divisão por tarefas, garantindo ao enfermeiro o
papel de detentor do saber e de controlador do processo de trabalho. Assim, o
enfermeiro realiza o trabalho intelectual e gerenciador da assistência que é
prestada (CAMELO, 2012).
De acordo com estudos selecionados, o enfermeiro tem a função de
organizar e planejar o labor a ser desenvolvido, durante o seu turno e, muitas
vezes, do turno do colega (MARTINS et al., 2009; BARBOSA et al., 2010). Dessa
forma, compete ao enfermeiro, dentre outras atividades, avaliar o paciente,
planejar a assistência, supervisionar os cuidados, bem como ser o responsável
por tarefas burocráticas e administrativas (PADILHA, 1994).
A Lei do Exercício Profissional nº 7498/86, art.11, alínea c, dispõe que o
enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe: 1)
privativamente – o planejamento, organização, coordenação, execução e
avaliação dos serviços da assistência de enfermagem (COFEN, 2007).
Assim, desde 1986, o planejamento da assistência é imposição legal e,
reforçando a importância e necessidade de se planejar a assistência de
enfermagem, a Resolução COFEN nº 272/2002 dispõe que a implantação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) deve ocorrer em toda
instituição de saúde, pública e privada (COFEN, 2002), e que as ações privativas
do enfermeiro são a implantação, planejamento, organização, execução e
avaliação do processo de enfermagem.
O papel do enfermeiro em uma unidade crítica consiste em obter a
história do paciente, fazer exame físico, executar tratamento, aconselhamento e
ensinando a manutenção da saúde e orientando os enfermos para uma
um processo contínuo que exige profunda dedicação para que tal resultado possa
reverter em melhoria da qualidade da assistência e do trabalho em equipe
(BALSANELLI; CUNHA; WHITAKER, 2009).
c) Comunicação
A competência em comunicação pode ser conceituada como processo
interpessoal que deve atingir o objetivo dos comunicadores, pressupor
conhecimentos básicos de comunicação, possuir consciência do verbal e do não
verbal nas interações, atuar com clareza e objetividade, promover o
autoconhecimento na busca de vida mais autêntica (BRASIL, 2001).
Uma das ferramentas necessárias ao trabalho da equipe de saúde é a
comunicação. Assim, considerando o processo de trabalho gerencial do
enfermeiro, a competência comunicativa é fundamental para que haja interações
adequadas e produtivas.
Na gerência, a competência comunicacional é essencial se se considerar
que, para organizar, é indispensável comunicar-se, a fim de estabelecer metas,
identificar e solucionar problemas; aprender a comunicar-se com eficácia é crucial
para incrementar a eficiência de cada unidade de trabalho e da organização como
um todo (QUINN et al., 2003).
Os enfermeiros precisam criar estratégias de comunicação para atender
as necessidades dos familiares e pacientes. Pesquisadores destacam a
importância de combinar a sensibilidade ao conhecimento teórico, com a
finalidade de oferecer assistência de enfermagem planejada e estruturada,
visando a orientação aos familiares a respeito do que ocorre ao paciente e o
estímulo da expressão de seus sentimentos (MARQUES; SILVA; MAIA, 2009).
A comunicação pode ser visualizada como ferramenta de mudança e
melhoria do cuidado. Nesse sentido, avaliar, planejar e comunicar são processos
presentes no cotidiano de trabalho na enfermagem, necessários para qualquer
ação ou decisão (CAMELO, 2012).
d) Educação continuada
Espera-se que os profissionais tenham competência para identificar e
intervir nas alterações fisiológicas dos pacientes, amenizar a ansiedade desses e
de seus familiares, utilizar os recursos tecnológicos que compõem esse ambiente
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS BÁSICAS
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
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