Aula 18 - As Bases Do Trabalho Na Sociedade Moderna

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 Sociologia.

 Alisson Matutino de Souza CEPMG – NIVO DAS NEVES


As bases do trabalho na sociedade moderna.
Com o fim do período
medieval e a emergência do
mercantilismo (metalismo,
balança comercial favorável,
intervencionismo,
protecionismo, monopólio,
pacto colonial e escravismo) e
do capitalismo, a estrutura de
{ trabalho passou por um
longo processo de mudanças.
Como a estrutura anterior se
desagregou? Como os
artesãos e pequenos
produtores se transformaram
em assalariados?
 Os artesãos e pequenos produtores
trabalhavam, muitas vezes, na própria
casa. Eles tinham suas ferramentas e
seus instrumentos e, além disso,
produziam ou obtinham, por meio de
troca, as matérias-primas para produzir
o que necessitavam. Eram, pois,
senhores das condições necessárias
para sobreviver e também de seu
tempo, pois decidiam quando trabalhar
ou descansar. Pouco a pouco, essa
situação se modificou. Inicialmente,
houve a separação entre a moradia e o
local de trabalho; depois, o trabalhador
foi separado de seus instrumentos; por
fim, ele perdeu a possibilidade de
obter a própria matéria-prima. Os
comerciantes e industriais que haviam
acumulado riquezas passaram a
financiar, organizar e coordenar a
produção de mercadorias, definindo o
que produzir, em que quantidade e em
quanto tempo. Afinal, eles é que
possuíam o dinheiro para financiar a
produção.
 Essa transformação aconteceu por meio
de dois processos de organização do
trabalho: o de cooperação simples e o de
cooperação avançada (ou manufatura).
No processo de cooperação simples, era
mantida a hierarquia da produção
artesanal entre o mestre e o aprendiz, e o
artesão desenvolvia todo o processo
produtivo, do molde ao acabamento. O
artesão estava a serviço de quem lhe
colocava à disposição a matéria-prima e
alguns instrumentos de trabalho, e
definia o local e as horas a ser
trabalhadas. Esse tipo de organização do
trabalho abriu caminho para novas
formas de produção, que começaram a se
definir como trabalho coletivo para a
confecção de mercadorias, o que seria a
marca do novo processo produtivo.
Mudança na concepção de trabalho.
As transformações ocorridas no processo
produtivo envolveram a mudança da concepção
de trabalho – de atividade penosa para
atividade que dignifica o homem. Isso
aconteceu porque, não sendo mais possível
contar com o serviço compulsório, foi preciso
convencer as pessoas de que trabalhar para os
outros era bom. Enfatizava-se que as novas
formas de organização do trabalho
beneficiavam a todos e que a situação presente
do trabalhador era melhor do que a anterior.
Diversos setores da sociedade colaboraram para
essa mudança:
• As igrejas cristãs procuraram transmitir a
ideia de que o trabalho era um bem divino e
quem não trabalhasse não seria abençoado. Não
trabalhar (ter preguiça) passou a ser pecado.
• Os governantes passaram a criar uma série de
leis e decretos que puniam quem não
trabalhasse. Os desempregados eram
considerados vagabundos e podiam ir para a
prisão. A polícia era encarregada de prender
esses “vagabundos”.
 • Os empresários desenvolveram
uma disciplina rígida no local de
trabalho, além de determinar e
controlar os horários de entrada e
saída dos estabelecimentos. Além
disso, havia multas para os que não
obedecessem às normas fixadas.
 • As escolas passaram às crianças a
ideia de que o trabalho era
fundamental para a sociedade. Esse
conceito era ensinado, por exemplo,
nas tarefas e lições e também por
meio dos contos infantis. Quem não
se lembra, por exemplo, da história da
cigarra e da formiga ou da dos três
porquinhos? Quem não trabalhava
“levava sempre a pior”.
 Na vida real, a história era outra. O
trabalhador estava livre, quer dizer,
não era mais escravo nem servo, mas
trabalhava mais horas do que antes.
Max Weber, no livro História geral da economia,
publicado postumamente em 1923, afirma que
esse processo foi necessário para que o
capitalismo existisse. O trabalhador era livre
apenas legalmente porque, na realidade, via-se
forçado a fazer o que lhe impunham, pela
necessidade e para não passar fome.
Ainda assim, não foi fácil submeter os
trabalhadores às longas jornadas e aos rígidos
horários, pois a maioria deles não estava
acostumada a isso. A maior parte da população
que foi para as cidades trabalhava anteriormente
no campo, onde o ritmo da natureza definia
quanto e quando trabalhar. A semeadura e a
colheita tinham seu tempo certo, de acordo com
o clima e a época. Além disso, o mesmo
indivíduo desenvolvia várias atividades
produtivas; não era especializado em uma só
tarefa. Ele podia plantar, colher, construir uma
mesa ou um banco e trabalhar num tear. Em seu
livro Costumes em comum, o historiador
britânico Edward P. Thompson (1924-1993)
comenta um costume arraigado em vários países
da Europa desde o século XVI até o início do
século XX: o de não trabalhar na chamada santa
segunda-feira. Essa tradição, diz ele, parece ter
sido encontrada nos lugares onde existiam
indústrias de pequena escala, em minas e nas
manufaturas ou mesmo na indústria pesada.
 Não se trabalhava nesse dia por
várias razões, mas principalmente
porque nos outros dias da semana
trabalhava-se de 12 a 18 horas. Havia
ainda a dificuldade de desenvolver o
trabalho na segunda-feira por causa
do abuso de bebidas alcoólicas,
comum nos fins de semana. Nas
siderúrgicas, estabeleceu-se que as
segundas-feiras seriam utilizadas
para consertos de máquinas, mas o
que prevalecia era o não trabalho, que
às vezes se estendia às terças-feiras.
Foram necessários alguns séculos,
utilizando os mais variados
instrumentos, inclusive multas e
prisões, para disciplinar e preparar
os operários para o trabalho
industrial diário e regular.
Trabalho e produção na sociedade capitalista .
Karl Marx e a divisão social do trabalho.
Para Karl Marx, a divisão do trabalho é característica de
todas as sociedades conhecidas. De acordo com ele,
conforme os humanos buscam atender a suas
necessidades, estabelecem relações de trabalho e
maneiras de dividir as atividades. Por exemplo: nas
sociedades tribais que viviam da caça e da coleta, a
divisão era feita com base no sexo e na idade; naquelas
que desenvolveram a prática da agricultura e o
pastoreio, as funções se dividiram entre quem caçava ou
pescava e quem plantava ou cuidava dos animais,
mantendo muitas vezes a divisão entre sexos e idade.
Pouco a pouco, em algumas sociedades, a produção
aumentou e ultrapassou o necessário para atender às
necessidades da população (houve o que chamamos de
excedente de produção), registrando-se também uma
tendência à sedentarização. Estabeleceu-se, então, uma
nova divisão do trabalho: entre aqueles que produziam
diretamente e aqueles que cuidavam (administravam)
do excedente, que podia ser utilizado em períodos de
carência ou ser trocado por bens que a sociedade não
produzia. Nascia, assim, a divisão entre o trabalhador
direto e o indireto ou entre o que produzia e o que
cuidava do excedente.
Com o desenvolvimento da produção e dos núcleos
urbanos, estabeleceu-se ainda a divisão mais ampla
entre o trabalho rural (agricultura) e o urbano (comércio,
serviços e indústria). Quem vivia nas cidades passou a
ser considerado superior ou “melhor” porque não
trabalhava a terra. As cidades também passaram a ser o
lugar do poder político.
Com a Revolução Industrial, desenvolveu-se a
divisão entre os proprietários dos meios de
produção (os capitalistas) e os que só possuíam a
força de trabalho. No interior das fábricas, entre os
submetidos ao capitalista, passou a haver divisão
entre quem administrava – o diretor ou gerente
(trabalhador intelectual) – e quem executava – o
operário (trabalhador braçal).
Para assegurar o aumento da produtividade, as
tarefas foram subdivididas e intensificadas,
promovendo-se assim a fragmentação do ser
humano no ambiente de trabalho. Por se resumir a
tarefas repetitivas, o trabalho tornou-se uma
atividade estressante e nociva aos trabalhadores.
A divisão do trabalho criou uma oposição entre
duas classes sociais: a detentora dos meios de
produção e a possuidora da força de trabalho. Para
Marx, portanto, quando se fala em divisão do
trabalho na sociedade capitalista, reporta-se às
formas de propriedade, à distribuição da renda
entre os indivíduos e à formação das classes sociais.
Os conflitos entre os capitalistas e os trabalhadores
apareceram a partir do momento em que estes
perceberam que trabalhavam muito e estavam cada
dia mais miseráveis. Vários tipos de enfrentamento
ocorreram ao longo do desenvolvimento do
capitalismo, desde o movimento dos destruidores
de máquinas, no início do século XIX (conhecido
como ludismo) até as greves registradas durante o
século XX.
Mais-valia

A acepção da mais-valia está associada à exploração


da mão de obra assalariada, em que o capitalista
recolhe o excedente da produção do trabalhador
como lucro. Esse é um conceito marxista
fundamental para entender a exploração do
trabalhador pelo capitalista, isto é, a diferença entre
o que o trabalhador produz e o valor do salário que
ele recebe.

A mais-valia trata-se de um processo de extorsão por


meio da apropriação do trabalho excedente na
produção de produtos com valor de troca. Para
Marx, o capitalismo baseia-se na relação entre
trabalho assalariado e capital, mais
especificamente na produção do capital por meio
da expropriação do valor do trabalho do proletário
pelos donos dos meios de produção. A esse
fenômeno Marx deu o nome de mais-valia.

Todavia, antes de entendermos o conceito da mais-


valia, é preciso entender que, assim como outros
teóricos da economia, como Adam Smith e David
Ricardo, Karl Marx sustentava a ideia de que o valor
de troca de uma mercadoria é determinado pela
quantidade de trabalho aplicado em sua produção.
O próprio trabalho, de acordo com Marx, possui
valor agregado, que é determinado pelo valor dos
meios de subsistência (comida, habitação, transporte
etc.) necessários para que o trabalhador sobreviva.
Dessa forma, todo trabalho empregado na produção
de um sapato, por exemplo, agrega custos em seu
valor de troca final.
 Nesse processo, a força de
trabalho comprada pelo
proprietário dos meios de
produção por meio do salário
pago ao trabalhador também se
torna uma mercadoria, que é
comprada para que o produto
seja manufaturado. No curso da
produção, o trabalho utilizado na
produção agrega valor ao
produto final, que é vendido pelo
capitalista pelo valor de troca
determinado pelo mercado.
Entretanto, não é suficiente para o capitalista que o valor de
venda do produto seja igual ao valor que ele investiu
inicialmente. O dono dos meios de produção deseja obter
lucros, o que não pode fazer vendendo o produto mais caro do
que seu preço de mercado. O trabalhador, por sua vez, espera
receber pela quantidade de trabalho que empregou na
produção da mercadoria em questão. É aqui que Marx verifica
o fenômeno da mais-valia. O empregador, para que obtenha
lucro em sua transação, exige uma quantidade maior de força
de trabalho do que paga para o trabalhador, que se vê
obrigado a trabalhar além do que lhe é pago, pois só receberá
seu salário se cumprir com o que foi proposto.
♦ Mais-valia absoluta e Mais-valia relativa
A partir do conceito de mais-valia, Marx fez distinção de duas
formas de extorsão da força de trabalho: a mais-valia absoluta
e a mais-valia relativa.
Para explicar melhor esse conceito, vamos utilizar o exemplo
de um operário contratado para trabalhar em uma indústria.
Ao assinar o contrato, ele aceita trabalhar, por exemplo, oito
horas diárias, ou 40 horas semanais, em troca de determinado
salário. O capitalista passa, a partir daí, a ter o direito de
utilizar essa força de trabalho no interior da fábrica. O
trabalhador, em quatro ou cinco horas diárias, produz o
referente ao valor de seu salário total; as horas restantes, nas
quais ele continua produzindo, são apropriadas pelo
capitalista. Isso significa que, diariamente, o empregado
trabalha três a quatro horas para o dono da empresa, sem
receber pelo que produz. O que ele produz nessas horas a
mais constitui a mais-valia, que o proprietário consegue
separar para si antes mesmo de vender o produto gerado no
processo de trabalho.
 Mais-valia absoluta e Mais-valia relativa
 A partir do conceito de mais-valia, Marx
fez distinção de duas formas de
extorsão da força de trabalho: a mais-
valia absoluta e a mais-valia relativa.
 Para explicar melhor esse conceito,
vamos utilizar o exemplo de um
operário contratado para trabalhar em
uma indústria. Ao assinar o contrato,
ele aceita trabalhar, por exemplo, oito
horas diárias, ou 40 horas semanais, em
troca de determinado salário. O
capitalista passa, a partir daí, a ter o
direito de utilizar essa força de trabalho
no interior da fábrica. O trabalhador,
em quatro ou cinco horas diárias,
produz o referente ao valor de seu
salário total; as horas restantes, nas
quais ele continua produzindo, são
apropriadas pelo capitalista. Isso
significa que, diariamente, o empregado
trabalha três a quatro horas para o dono
da empresa, sem receber pelo que
produz. O que ele produz nessas horas
a mais constitui a mais-valia, que o
proprietário consegue separar para si
antes mesmo de vender o produto
gerado no processo de trabalho.
MAIS VALOR
MAIS VALIA

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