O documento discute as transformações na estrutura do trabalho com o surgimento do capitalismo e mercantilismo. Inicialmente, os artesãos trabalhavam em casa com suas próprias ferramentas, mas foram separados de seus instrumentos e perderam o controle sobre o processo produtivo. Posteriormente, o trabalho foi organizado em cooperação simples e avançada, com a divisão entre quem fornecia matérias-primas e definia a produção e os trabalhadores. Finalmente, Marx analisa como a divisão do trabalho evoluiu em diferentes sociedades e se intens
O documento discute as transformações na estrutura do trabalho com o surgimento do capitalismo e mercantilismo. Inicialmente, os artesãos trabalhavam em casa com suas próprias ferramentas, mas foram separados de seus instrumentos e perderam o controle sobre o processo produtivo. Posteriormente, o trabalho foi organizado em cooperação simples e avançada, com a divisão entre quem fornecia matérias-primas e definia a produção e os trabalhadores. Finalmente, Marx analisa como a divisão do trabalho evoluiu em diferentes sociedades e se intens
O documento discute as transformações na estrutura do trabalho com o surgimento do capitalismo e mercantilismo. Inicialmente, os artesãos trabalhavam em casa com suas próprias ferramentas, mas foram separados de seus instrumentos e perderam o controle sobre o processo produtivo. Posteriormente, o trabalho foi organizado em cooperação simples e avançada, com a divisão entre quem fornecia matérias-primas e definia a produção e os trabalhadores. Finalmente, Marx analisa como a divisão do trabalho evoluiu em diferentes sociedades e se intens
O documento discute as transformações na estrutura do trabalho com o surgimento do capitalismo e mercantilismo. Inicialmente, os artesãos trabalhavam em casa com suas próprias ferramentas, mas foram separados de seus instrumentos e perderam o controle sobre o processo produtivo. Posteriormente, o trabalho foi organizado em cooperação simples e avançada, com a divisão entre quem fornecia matérias-primas e definia a produção e os trabalhadores. Finalmente, Marx analisa como a divisão do trabalho evoluiu em diferentes sociedades e se intens
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Sociologia.
Alisson Matutino de Souza CEPMG – NIVO DAS NEVES
As bases do trabalho na sociedade moderna. Com o fim do período medieval e a emergência do mercantilismo (metalismo, balança comercial favorável, intervencionismo, protecionismo, monopólio, pacto colonial e escravismo) e do capitalismo, a estrutura de { trabalho passou por um longo processo de mudanças. Como a estrutura anterior se desagregou? Como os artesãos e pequenos produtores se transformaram em assalariados? Os artesãos e pequenos produtores trabalhavam, muitas vezes, na própria casa. Eles tinham suas ferramentas e seus instrumentos e, além disso, produziam ou obtinham, por meio de troca, as matérias-primas para produzir o que necessitavam. Eram, pois, senhores das condições necessárias para sobreviver e também de seu tempo, pois decidiam quando trabalhar ou descansar. Pouco a pouco, essa situação se modificou. Inicialmente, houve a separação entre a moradia e o local de trabalho; depois, o trabalhador foi separado de seus instrumentos; por fim, ele perdeu a possibilidade de obter a própria matéria-prima. Os comerciantes e industriais que haviam acumulado riquezas passaram a financiar, organizar e coordenar a produção de mercadorias, definindo o que produzir, em que quantidade e em quanto tempo. Afinal, eles é que possuíam o dinheiro para financiar a produção. Essa transformação aconteceu por meio de dois processos de organização do trabalho: o de cooperação simples e o de cooperação avançada (ou manufatura). No processo de cooperação simples, era mantida a hierarquia da produção artesanal entre o mestre e o aprendiz, e o artesão desenvolvia todo o processo produtivo, do molde ao acabamento. O artesão estava a serviço de quem lhe colocava à disposição a matéria-prima e alguns instrumentos de trabalho, e definia o local e as horas a ser trabalhadas. Esse tipo de organização do trabalho abriu caminho para novas formas de produção, que começaram a se definir como trabalho coletivo para a confecção de mercadorias, o que seria a marca do novo processo produtivo. Mudança na concepção de trabalho. As transformações ocorridas no processo produtivo envolveram a mudança da concepção de trabalho – de atividade penosa para atividade que dignifica o homem. Isso aconteceu porque, não sendo mais possível contar com o serviço compulsório, foi preciso convencer as pessoas de que trabalhar para os outros era bom. Enfatizava-se que as novas formas de organização do trabalho beneficiavam a todos e que a situação presente do trabalhador era melhor do que a anterior. Diversos setores da sociedade colaboraram para essa mudança: • As igrejas cristãs procuraram transmitir a ideia de que o trabalho era um bem divino e quem não trabalhasse não seria abençoado. Não trabalhar (ter preguiça) passou a ser pecado. • Os governantes passaram a criar uma série de leis e decretos que puniam quem não trabalhasse. Os desempregados eram considerados vagabundos e podiam ir para a prisão. A polícia era encarregada de prender esses “vagabundos”. • Os empresários desenvolveram uma disciplina rígida no local de trabalho, além de determinar e controlar os horários de entrada e saída dos estabelecimentos. Além disso, havia multas para os que não obedecessem às normas fixadas. • As escolas passaram às crianças a ideia de que o trabalho era fundamental para a sociedade. Esse conceito era ensinado, por exemplo, nas tarefas e lições e também por meio dos contos infantis. Quem não se lembra, por exemplo, da história da cigarra e da formiga ou da dos três porquinhos? Quem não trabalhava “levava sempre a pior”. Na vida real, a história era outra. O trabalhador estava livre, quer dizer, não era mais escravo nem servo, mas trabalhava mais horas do que antes. Max Weber, no livro História geral da economia, publicado postumamente em 1923, afirma que esse processo foi necessário para que o capitalismo existisse. O trabalhador era livre apenas legalmente porque, na realidade, via-se forçado a fazer o que lhe impunham, pela necessidade e para não passar fome. Ainda assim, não foi fácil submeter os trabalhadores às longas jornadas e aos rígidos horários, pois a maioria deles não estava acostumada a isso. A maior parte da população que foi para as cidades trabalhava anteriormente no campo, onde o ritmo da natureza definia quanto e quando trabalhar. A semeadura e a colheita tinham seu tempo certo, de acordo com o clima e a época. Além disso, o mesmo indivíduo desenvolvia várias atividades produtivas; não era especializado em uma só tarefa. Ele podia plantar, colher, construir uma mesa ou um banco e trabalhar num tear. Em seu livro Costumes em comum, o historiador britânico Edward P. Thompson (1924-1993) comenta um costume arraigado em vários países da Europa desde o século XVI até o início do século XX: o de não trabalhar na chamada santa segunda-feira. Essa tradição, diz ele, parece ter sido encontrada nos lugares onde existiam indústrias de pequena escala, em minas e nas manufaturas ou mesmo na indústria pesada. Não se trabalhava nesse dia por várias razões, mas principalmente porque nos outros dias da semana trabalhava-se de 12 a 18 horas. Havia ainda a dificuldade de desenvolver o trabalho na segunda-feira por causa do abuso de bebidas alcoólicas, comum nos fins de semana. Nas siderúrgicas, estabeleceu-se que as segundas-feiras seriam utilizadas para consertos de máquinas, mas o que prevalecia era o não trabalho, que às vezes se estendia às terças-feiras. Foram necessários alguns séculos, utilizando os mais variados instrumentos, inclusive multas e prisões, para disciplinar e preparar os operários para o trabalho industrial diário e regular. Trabalho e produção na sociedade capitalista . Karl Marx e a divisão social do trabalho. Para Karl Marx, a divisão do trabalho é característica de todas as sociedades conhecidas. De acordo com ele, conforme os humanos buscam atender a suas necessidades, estabelecem relações de trabalho e maneiras de dividir as atividades. Por exemplo: nas sociedades tribais que viviam da caça e da coleta, a divisão era feita com base no sexo e na idade; naquelas que desenvolveram a prática da agricultura e o pastoreio, as funções se dividiram entre quem caçava ou pescava e quem plantava ou cuidava dos animais, mantendo muitas vezes a divisão entre sexos e idade. Pouco a pouco, em algumas sociedades, a produção aumentou e ultrapassou o necessário para atender às necessidades da população (houve o que chamamos de excedente de produção), registrando-se também uma tendência à sedentarização. Estabeleceu-se, então, uma nova divisão do trabalho: entre aqueles que produziam diretamente e aqueles que cuidavam (administravam) do excedente, que podia ser utilizado em períodos de carência ou ser trocado por bens que a sociedade não produzia. Nascia, assim, a divisão entre o trabalhador direto e o indireto ou entre o que produzia e o que cuidava do excedente. Com o desenvolvimento da produção e dos núcleos urbanos, estabeleceu-se ainda a divisão mais ampla entre o trabalho rural (agricultura) e o urbano (comércio, serviços e indústria). Quem vivia nas cidades passou a ser considerado superior ou “melhor” porque não trabalhava a terra. As cidades também passaram a ser o lugar do poder político. Com a Revolução Industrial, desenvolveu-se a divisão entre os proprietários dos meios de produção (os capitalistas) e os que só possuíam a força de trabalho. No interior das fábricas, entre os submetidos ao capitalista, passou a haver divisão entre quem administrava – o diretor ou gerente (trabalhador intelectual) – e quem executava – o operário (trabalhador braçal). Para assegurar o aumento da produtividade, as tarefas foram subdivididas e intensificadas, promovendo-se assim a fragmentação do ser humano no ambiente de trabalho. Por se resumir a tarefas repetitivas, o trabalho tornou-se uma atividade estressante e nociva aos trabalhadores. A divisão do trabalho criou uma oposição entre duas classes sociais: a detentora dos meios de produção e a possuidora da força de trabalho. Para Marx, portanto, quando se fala em divisão do trabalho na sociedade capitalista, reporta-se às formas de propriedade, à distribuição da renda entre os indivíduos e à formação das classes sociais. Os conflitos entre os capitalistas e os trabalhadores apareceram a partir do momento em que estes perceberam que trabalhavam muito e estavam cada dia mais miseráveis. Vários tipos de enfrentamento ocorreram ao longo do desenvolvimento do capitalismo, desde o movimento dos destruidores de máquinas, no início do século XIX (conhecido como ludismo) até as greves registradas durante o século XX. Mais-valia
A acepção da mais-valia está associada à exploração
da mão de obra assalariada, em que o capitalista recolhe o excedente da produção do trabalhador como lucro. Esse é um conceito marxista fundamental para entender a exploração do trabalhador pelo capitalista, isto é, a diferença entre o que o trabalhador produz e o valor do salário que ele recebe.
A mais-valia trata-se de um processo de extorsão por
meio da apropriação do trabalho excedente na produção de produtos com valor de troca. Para Marx, o capitalismo baseia-se na relação entre trabalho assalariado e capital, mais especificamente na produção do capital por meio da expropriação do valor do trabalho do proletário pelos donos dos meios de produção. A esse fenômeno Marx deu o nome de mais-valia.
Todavia, antes de entendermos o conceito da mais-
valia, é preciso entender que, assim como outros teóricos da economia, como Adam Smith e David Ricardo, Karl Marx sustentava a ideia de que o valor de troca de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho aplicado em sua produção. O próprio trabalho, de acordo com Marx, possui valor agregado, que é determinado pelo valor dos meios de subsistência (comida, habitação, transporte etc.) necessários para que o trabalhador sobreviva. Dessa forma, todo trabalho empregado na produção de um sapato, por exemplo, agrega custos em seu valor de troca final. Nesse processo, a força de trabalho comprada pelo proprietário dos meios de produção por meio do salário pago ao trabalhador também se torna uma mercadoria, que é comprada para que o produto seja manufaturado. No curso da produção, o trabalho utilizado na produção agrega valor ao produto final, que é vendido pelo capitalista pelo valor de troca determinado pelo mercado. Entretanto, não é suficiente para o capitalista que o valor de venda do produto seja igual ao valor que ele investiu inicialmente. O dono dos meios de produção deseja obter lucros, o que não pode fazer vendendo o produto mais caro do que seu preço de mercado. O trabalhador, por sua vez, espera receber pela quantidade de trabalho que empregou na produção da mercadoria em questão. É aqui que Marx verifica o fenômeno da mais-valia. O empregador, para que obtenha lucro em sua transação, exige uma quantidade maior de força de trabalho do que paga para o trabalhador, que se vê obrigado a trabalhar além do que lhe é pago, pois só receberá seu salário se cumprir com o que foi proposto. ♦ Mais-valia absoluta e Mais-valia relativa A partir do conceito de mais-valia, Marx fez distinção de duas formas de extorsão da força de trabalho: a mais-valia absoluta e a mais-valia relativa. Para explicar melhor esse conceito, vamos utilizar o exemplo de um operário contratado para trabalhar em uma indústria. Ao assinar o contrato, ele aceita trabalhar, por exemplo, oito horas diárias, ou 40 horas semanais, em troca de determinado salário. O capitalista passa, a partir daí, a ter o direito de utilizar essa força de trabalho no interior da fábrica. O trabalhador, em quatro ou cinco horas diárias, produz o referente ao valor de seu salário total; as horas restantes, nas quais ele continua produzindo, são apropriadas pelo capitalista. Isso significa que, diariamente, o empregado trabalha três a quatro horas para o dono da empresa, sem receber pelo que produz. O que ele produz nessas horas a mais constitui a mais-valia, que o proprietário consegue separar para si antes mesmo de vender o produto gerado no processo de trabalho. Mais-valia absoluta e Mais-valia relativa A partir do conceito de mais-valia, Marx fez distinção de duas formas de extorsão da força de trabalho: a mais- valia absoluta e a mais-valia relativa. Para explicar melhor esse conceito, vamos utilizar o exemplo de um operário contratado para trabalhar em uma indústria. Ao assinar o contrato, ele aceita trabalhar, por exemplo, oito horas diárias, ou 40 horas semanais, em troca de determinado salário. O capitalista passa, a partir daí, a ter o direito de utilizar essa força de trabalho no interior da fábrica. O trabalhador, em quatro ou cinco horas diárias, produz o referente ao valor de seu salário total; as horas restantes, nas quais ele continua produzindo, são apropriadas pelo capitalista. Isso significa que, diariamente, o empregado trabalha três a quatro horas para o dono da empresa, sem receber pelo que produz. O que ele produz nessas horas a mais constitui a mais-valia, que o proprietário consegue separar para si antes mesmo de vender o produto gerado no processo de trabalho. MAIS VALOR MAIS VALIA