Gêneros, Sexualidades e Identidades

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GÊNEROS,

SEXUALIDADE E
IDENTIDADE
AULA DE SOCIOLOGIA
PROFESSORA: GERLANIA MORAIS
CAPÍTULO 14
OBJETIVO

Este capítulo tem como objetivo ampliar o diálogo e a compreensão sobre as chamadas
questões de gênero, que vêm sendo marcadas por violência e intolerância em relação as
pessoas que não se inserem nos padrões hegemônicos de comportamentos e afetos.
Embora de início esse campo de estudo tenha sido influenciado pelo movimento
feminista e, portanto, sua preocupação central tenha sido a questão da mulher e de seus
direitos, hoje os estudos de gênero incluem debates muito mais amplos. Identidade,
indiferença, (trans.)sexualidade, movimentos sociais, cultura, desigualdade e violência estão
entre os conceitos mais debatidos.
SEXO E GÊNERO

• Sexo biológico
É o aspecto físico do ser humano, que está diretamente relacionado à presença de um pênis ou uma vagina. Pediatras
declaram, no momento do nascimento de um bebê, se ele é macho ou fêmea, levando em consideração a leitura visual do
corpo da criança.
• Gênero

Por muito tempo, "gênero" foi usado de forma errada como sinônimo de "sexo". No entanto, gênero é uma construção
sócio-cultural sobre o que se entende o que é masculinidade e feminilidade. O conceito do que "é de menina ou de menino"
surge na união de diversos fatores que determinam como cada gênero deve falar, deve se portar, por exemplo. No entanto,
por ser uma leitura social, gênero é mutável.
Segundo os especialistas, gênero é, muitas vezes, confundido com identidade de gênero. Enquanto o primeiro é
construção social, o segundo é como um indivíduo se entende como pessoa e como expressa quem é.
ORIENTAÇÃO SEXUAL

Não tem absolutamente nada a ver com os dois termos anteriores, mas ainda assim
acaba sendo confundido com eles. Orientação sexual é como uma pessoa compreende e
direciona o seu desejo sexual. Se é por um homem, uma mulher, por ambos ou para outras
identidades de gênero.
O importante é entender que a orientação sexual não tem nada a ver com o gênero da
pessoa. Por exemplo, um homem transgênero (aqui estamos falando de identidade de
gênero) pode se sentir atraído por outros homens -- esta é a orientação sexual dele. Neste
caso, ele é homossexual.
O PATRIARCADO E SEUS EFEITOS

O patriarcado ou patriarcalismo pode ser considerado o alicerce da sociedade contemporânea, é uma autoridade imposta ao
homem institucionalmente, que os colocam acima das mulheres em ambiente domiciliar e em todas as outras organizações sociais
como: consumo, legislação, política, cultura, produção e etc. O papel da mulher socialmente é inferior ao dos homens em todos os
quesitos, seja economicamente, profissionalmente, fisicamente e emocionalmente.
Os homens se destacam em todos os pontos, sempre esbanjando força, inteligência, competência e resistência. Com a facilidade
da internet é muito comum encontrar críticas ao posicionamento do movimento feminista nas redes sociais ou em portais de notícias.
As justificativas são as piores possíveis em relação à luta pelos direitos iguais, “Mulher quer direitos iguais, então vai carregar um
saco de cimento ou objetos pesados” ou “Não quer sofrer abuso, coloca um vestido mais longo.”
O PATRIARCADO E SEUS EFEITOS

Esses grandes atrasos intelectuais geram problemas sociais gravíssimos e desigualdades gigantescas na vida de milhares
mulheres que ocupam o globo. Expressões como “sexo frágil” ou “a mulher veio da costela do homem” são declarações machistas
reproduzidas ano após ano que continuam deixando o patriarcado reinar na sociedade contemporânea e diminuem a figura da
mulher, colocando os homens como donos do poder e da dominação.

As leis de proteção à mulher são fracas e também ajudam a piorar a imagem de “mulher é frágil e precisa de proteção”,
legitimando o machismo estrutural da sociedade.

Os homens exercem opressão sobre as mulheres mesmo sem saber, pois a partir do momento em que nascem já são
colocados papeis importantíssimos na sua vida, dos quais bebês do sexo feminino são excluídas. Um exemplo disso é a questão do
homem brincar com objetos que simulam profissões importantes e que exigem força, enquanto as mulheres são ensinadas desde
sempre que sua função é única e exclusivamente criar bebês, cozinhar e cuidar da casa.
O PATRIARCADO E SEUS EFEITOS

Os homens, em muitos casos, não tem a noção do quanto é privilegiado na sociedade patriarcal, apenas por ser do sexo masculino. Isso porque o
patriarcado é institucional, ele está em todas as áreas da vida: em casa, no trabalho, nas escolas, igrejas, comércios e etc.

Alguns exemplos que caracterizam o patriarcado na sociedade são: os salários das mulheres são inferiores aos dos homens até hoje; os maiores
cargos das empresas ainda são assumidos por homens; o homem é considerado a autoridade suprema dentro de casa, nas igrejas e em muitas outras
situações.

É claro que muitos homens alegam a não intenção de fazer parte do sistema machista e patriarcal que reprime as mulheres, mas, apenas pelo
fato de usufruírem dos benefícios que a sociedade os concede, já estão legitimando o patriarcado e prejudicando a posição das mulheres na sociedade.

Os benefícios do patriarcado para o homem são inúmeros, como já falamos: detém os cargos maiores em companhias, domínio das finanças em
casa, facilidade em se empregar (pois mesmo se tiver filho pequeno, por exemplo, não vai dificultar na contratação), horas de “happy hour” sem
julgamentos alheios (pois mesmo sendo pai, o homem é visto como a pessoa que trabalha muito e precisa de um momento de distração, diferente da
visão que se tem da mulher, que mesmo com seu trabalho fixo, tem que estar em casa e com os filhos a todo tempo).

Existem dezenas de situações que colocam os homens como seres superiores às mulheres e essas rotinas que passam despercebidas configuram
o conhecido patriarcado institucional.
O PATRIARCADO TAMBÉM É MUITO SEVERO

Os homens que escolhem não seguir a postura tradicional “masculina” dada pela sociedade., ou seja, os homens
que têm preferências ditas “femininas” e, por esse motivo, ridicularizadas e julgadas inferiores, como homens que
não gostam de futebol, que preferem ficar em casa cuidando dos filhos ao invés de trabalhar, que são vaidosos e
cuidam da aparência ou que assumem uma relação emocional/sexual com outro homem. Esses exemplos ilustram as
posturas que não são toleradas pelo patriarcado, pois o homem nasceu –na visão machista- para produzir, reproduzir,
ser o “macho alfa” da casa e ser economicamente responsável pela família.
O patriarcado mata todos os dias, ele julga de maneira errada as atitudes das mulheres que andam sozinhas à
noite e são estupradas, ele julga as mães que deixam seus filhos em casa e seguem a carreira profissional, ele
menospreza o trabalho intelectual de muitas mulheres, coloca os homens como juízes sociais e líderes intocáveis.
Ele está em todo lugar, em todos os setores, em todos os momentos. Sim, nós precisamos falar sobre o patriarcado.
Sim, nós precisamos repensar o patriarcado. Hoje e todos os dias.
A DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO

• A divisão sexual do trabalho é a forma de divisão do trabalho social decorrente das


relações sociais de sexo; essa forma é historicamente adaptada a cada sociedade. Tem por
características a destinação prioritária dos homens à esfera produtiva e das mulheres à
esfera reprodutiva e, simultaneamente, a ocupação pelos homens das funções de forte
valor social agregado (políticas, religiosas, militares etc.). Essa forma de divisão social do
trabalho tem dois princípios organizadores: o da separação (existem trabalhos de homens
e outros de mulheres) e o da hierarquização (um trabalho de homem “vale” mais do que
um de mulher).
TRABALHO DOMÉSTICO E SUA CONCILIAÇÃO
COM A VIDA PROFISSIONAL
• O trabalho doméstico pode ser definido como o cuidado de pessoas no contexto familiar (idosos, crianças,
conjuges). Desde sempre é um trabalho executado por mulheres, e visto como um trabalho de mulheres.
• Daniéle Kergoat diz que o trabalho executado pelos homens é sempre mais valorizado que o executado pelas
mulheres. Um exemplo claro é a desvalorização do trabalho doméstico, visto que uma parte do trabalho
doméstico não pode ser mercantilizada, e na sociedade capitalista só há valor o trabalho que possa gerar dinheiro.
• Para os estudiosos, o trabalho doméstico tem uma enorme função social e econômica, já que a partir dele cria-se
indivíduos aptos ao mercado de trabalho e a vida social.
• A falta de programa sociais que viabilizam a conciliação entre trabalho doméstico e profissional, cria uma
sobrecarga, principalmente nas mulheres, que se veem obrigadas a conciliar vida profissional e o trabalho em
casa, executando jornada dupla de trabalho.
TRABALHO DOMÉSTICO E SUA CONCILIAÇÃO
COM A VIDA PROFISSIONAL

• Com a inclusão das mulheres no mercado de trabalho e a crescente dificuldade de se manter uma jornada dupla, o
trabalho doméstico passou a ser executado por pessoas fora da família e a ser remunerado, o que não mudou o seu
contexto de desvalorização e precarização. Em grande parte dos casos, o trabalho doméstico é executado por
imigrantes, pessoas com baixa escolaridade (já que é um trabalho que exige pouca instrução e técnica), e até mesmo
por crianças, o que torna a necessidade de regulamentação e fiscalização ainda mais urgente.
• O trabalho doméstico remunerado possibilitou que as mulheres com maior nível de escolaridade pudessem
preencher vagas mais bem remuneradas e que exigiam um nível mais alto de qualificação, enquanto as mulheres
com baixa escolaridade assumiam o trabalho doméstico e sua baixa remuneração. Além disso, há a contradição
entre as famílias entregarem aos cuidados de alguém que não pertença a ela seus maiores bens, como a casa e os
filhos, mas não se dispor a pagar um salário compatível com essa responsabilidade.
TRABALHO DOMÉSTICO E SUA CONCILIAÇÃO
COM A VIDA PROFISSIONAL
• A política de “conciliação” da vida familiar e vida profissional define implicitamente a mulher como única
responsável por operar essa articulação, ressaltando a desigualdade entre homens e mulheres frente ao mercado
profissional.  
• Já a delegação do trabalho doméstico a outras mulheres muitas vezes acentua a precarização dessa forma de trabalho
e provoca para a mulher de baixa classe econômica a devastação de sua vida particular, e até a ruptura da relação de
mãe e filho. E ainda que delegado a gestão desse trabalho continua sob a responsabilidade da mulher.
• Dosar as prioridades corporativas e pessoais é algo importante quando a mulher deseja sucesso profissional.
Evidenciar para os parceiros, filhos e amigos a importância do trabalho para a plenitude é uma das lições. Ainda
vivemos em uma sociedade em que o trabalho para o homem é algo orgânico. Já para as mulheres, parecem sempre
ter que lutar por esse espaço. O diálogo e o equilíbrio são vitais nesse processo de posicionamento da mulher.
DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO

• A divisão social do trabalho está relacionada à maneira pela qual as tarefas são
organizadas e divididas no ambiente de trabalho, com a intenção de delimitar as
funções realizadas, dinamizar o processo de produção como um todo e,
consequentemente, garantir que o sistema de produção funcione de forma rápida e
eficiente.
• De forma geral, a divisão do trabalho delimita e define a maneira pela qual os indivíduos,
dentro de uma sociedade, se organizam com a finalidade de produzir um objeto, produto
ou mercadoria.
DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO

• A especialização da função, principalmente, quando trata-se da estrutura capitalista de


produção, transforma o trabalhador em exímio conhecedor de apenas uma parte da produção - a
parte na qual ele trabalha, sem, muitas vezes conhecer o processo de produção por completo.
• A repetição da tarefa torna o trabalhador mais ágil na realização dos movimentos. Por conta
disso, o trabalho na linha de produção torna-se mais rápido.
• A divisão do trabalho, portanto, aumenta a produtividade por conta da redução de tempo que os
trabalhadores levam para produzir a mercadoria final. Em contrapartida, na maior parte das
vezes, o trabalhador não conhece integralmente o sistema de produção, já que torna-se
especialista em apenas uma parte dele.
IDENTIDADE DE GÊNERO

A identidade de gênero é fruto de uma construção social e de normatização de


comportamentos que tem como base a divisão entre os sexos.
O QUE É GÊNERO?

• De forma simples, gênero pode ser definido como um agrupamento de indivíduos,


objetos e ideias que possuem características em comum. 
• Segundo a OMS, o gênero tem implicações para a saúde ao longo da vida de uma pessoa
em termos de normas, papéis e relações.
• Gênero também pode ser definido como as relações entre homens e mulheres, tanto
perceptivas quanto materiais. O gênero não é determinado biologicamente, como
resultado das características sexuais de mulheres ou homens, mas é construído
socialmente.
O QUE É IDENTIDADE DE GÊNERO?

• A identidade de gênero diz respeito à como uma pessoa se sente em relação ao próprio gênero. Embora, como mencionado
anteriormente, o masculino e o feminino sejam os mais reconhecidos, um indivíduo pode se identificar em outra “categoria” de
gênero. 
• Ao contrário do que muitos pensam, o gênero não está somente relacionado à anatomia dos órgãos genitais. A autoimagem da
pessoa é o fator que mais se sobressai já que ela se define conforme a sua percepção de si mesma. 
• Além de envolver a maneira como a pessoa se enxerga no mundo, engloba também o modo de expressão, como as roupas e a
aparência.
• Consequentemente, o seu comportamento, linguagem corporal, modo de falar e até modo de pensar também são influenciados pela
identidade com a qual se identifica. 
• O conflito surge quando a pessoa age e pensa de forma diferente das normas atribuídas ao seu gênero. Cada cultura, seja de outra
nação ou de uma região diferente, possui seus próprios conceitos do que é certo e errado para cada gênero. Mas nem sempre esses
condizem com a individualidade da pessoa. 
SEXUALIDADE (S) EM TRANSFORMAÇÃO

As categorias de gênero e sexualidade têm sido alvo de crescente discussão no cenário


contemporâneo. Uma parcela significativa dos debates sobre tais temas fundamenta-se no questionamento
e na crítica de um sistema de classificação binária que ainda dá sustentação a estruturas de comportamento
e simbolismos que definem a identidade humana de grande parte da população mundial.
Esse sistema de classificação binário foi empregado como o modo de diferenciar grupos sociais
humanos e também como o meio efetivo de legitimar a dominação de alguns grupos sociais sobre outros.
O ser humano biológico também foi classificado em dois únicos subgrupos: homens e mulheres.
Seguindo esse padrão binário., o corpo físico (sexo biológico) foi tomado como base para construir,
também de modo binário e excludente, outros elementos da identidade humana, como as expressões de
gênero, a orientação afetivo-sexual, a identidade de gênero e os papéis sociais atribuídos a cada indivíduo.
O QUE É SEXUALIDADE ?

• Esta é uma pergunta que muitas pessoas infelizmente não sabem responder. O não saber é resultado tanto da
falta de conhecimento como também dos mitos e tabus que cercam o assunto, transmitidos de geração para
geração. Geralmente, a maioria das pessoas confunde a palavra sexualidade com sexo e simplesmente, remete
tal significado apenas à relação sexual.
• Para respondermos a esta pergunta, poderíamos perfeitamente substituir a palavra Sexualidade por Vida. Ao
nascer, entramos em contato com o mundo que nos cerca e percebemos o quanto é importante nos
relacionarmos com ele. A sexualidade é uma espécie de energia que nos impulsiona para este contato,
constituindo-se no aspecto central da nossa personalidade.
• Por ser uma forma especial e profunda de comunicação do indivíduo consigo mesmo e dele com o outro, a
sexualidade promove o autoconhecimento e possibilita conhecer este outro, sendo desenvolvida exatamente
através da interação social. Este desenvolvimento está estreitamente ligado ao bem-estar do indivíduo, das
pessoas que se relacionam com ele e dos outros que estão à sua volta.
O QUE É SEXUALIDADE ?

• Sexualidade é um termo amplamente abrangente que engloba inúmeros fatores e dificilmente se encaixa em uma definição única e absoluta.
• Teoricamente, a sexualidade assim como a conhecemos, inicia-se juntamente à puberdade ou adolescência, o que deve ocorrer por volta dos 12
anos de idade (Art. 2º - Estatuto da Criança e do Adolescente). Entretanto, em prática, sabemos que não se configura exatamente desta forma.
• O termo “sexualidade” nos remete a um universo onde tudo é relativo, pessoal e muitas vezes paradoxal. Pode-se dizer que é traço mais íntimo do
ser humano e como tal, se manifesta diferentemente em cada indivíduo de acordo com a realidade e as experiências vivenciadas pelo mesmo.
• A noção de sexualidade como busca de prazer, descoberta das sensações proporcionadas pelo contato ou toque, atração por outras pessoas (de sexo
oposto e/ou mesmo sexo) com intuito de obter prazer pela satisfação dos desejos do corpo, entre outras características, é diretamente ligada e
dependente de fatores genéticos e principalmente culturais. O contexto influi diretamente na sexualidade de cada um.
• Muitas vezes se confunde o conceito de sexualidade com o do sexo propriamente dito. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Seja qual for a sua visão íntima sobre o assunto, é interessante que se possa manter
uma relação de compreensão e aceitação de sua própria sexualidade. O esclarecimento de
dúvidas e a capacidade de se sentir vontade com seus desejos e sensações, colabora
imensamente ao amadurecimento desta, o que gera sensação de conforto e evita conflitos
internos provenientes de dúvidas e medos, gerando uma experiência positiva e saudável.

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