Arquivo Abuso Sexual Infantil e Escola
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INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS
Márcio de Oliveira1
Ariane Camila Tagliacolo Miranda2
Resumo: O artigo propõe discutir sobre o abuso sexual infantil e como a criança abusada
sexualmente pode acarretar prejuízo em sua fase escolar, ocasionando dificuldades de
aprendizagem, além disso, evidenciar a importância da escola no enfrentamento dessa questão.
Defendemos uma Educação Sexual tanto no espaço familiar quanto no espaço escolar, para que seja
possível prevenir e informar uma criança da existência de abuso sexual. Para tanto, realizamos uma
pesquisa exploratória, que possui caráter teórico, de leituras de livros, artigos e documentos que
fundamentam a temática do abuso sexual e suas implicações no processo de aprendizagem. Diante
do entendimento de que muitas das causas de dificuldades de aprendizagem estão relacionadas aos
aspectos emocionais, em situações que a criança enfrentou ou enfrenta e, neste caso, uma criança
que foi vítima de abuso sexual em algum momento de sua vida pode ter comprometido o
desenvolvimento psíquico e, por conseguinte, o processo cognitivo. Apresentamos alguns
apontamentos sobre o abuso sexual infantil, seus aspectos históricos e conceituação, bem como, sua
relação com o processo de aprendizagem escolar, enfatizando a importância de uma Educação
Sexual formativa.
Palavras-chave: Abuso sexual. Dificuldades de aprendizagem. Educação Sexual escolar.
Introdução
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Graduado em Pedagogia (2010) pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestrando do Programa de Pós-
Graduação em Educação pela mesma universidade. E-mail: marcio.1808@hotmail.com
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Graduada em Pedagogia (2009). Mestranda do Programa de Pós- Graduação em Educação, ambos pela Universidade
Estadual de Maringá (UEM). E-mail: ariane_bgi@hotmail.com
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As dificuldades de aprendizagem podem ser sintomas que a criança apresenta mediante
alguma interferência no seu processo de formação, podendo ser uma má condição de estudo, um
mau encaminhamento dos conteúdos escolares, um acompanhamento inadequado do/a professor/a,
pais/mães e envolvidos/as, negligência familiar, violência física e psicológica, abuso sexual entre
outros (SCOZ, 1987).
Em nosso trabalho enfocamos o abuso sexual de crianças, por considerarmos ser aquele que
provoca os piores prejuízos psicológicos e até cognitivos para a mesma, que permanecerá em sua
memória, podendo ser refletido em seu comportamento e convívio social. Para tal discussão,
destacamos os aspectos históricos e as várias interfaces dos conceitos sobre abuso sexual infantil,
defendida por alguns autores.
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chegar ao número de cem mil em crianças e adolescentes, uma das piores situações do mundo. O
país é também o maior exportador de mulheres para fins de exploração sexual da América do Sul, e
as adolescentes de 16 e 17 anos são as mais traficadas (MARTINELLI, 2007).
Conceituação
Volnovich (2005) considera a violência e o abuso sexual como dois conceitos distintos.
Violência deve ser entendida como o uso de força física (estupro, sevícias) ou psicológico (ameaças
ou abuso de autoridade). Inclui atos cometidos contra menores cuja idade ou deficiência mental
pode tornar as crianças incapazes de compreender seu significado.
Já o abuso define-se, ao contrário da violência, uma ausência total de utilização de força e
nesse caso a satisfação sexual é obtida por meio da sedução. Assim, se difere de outras violências
físicas porque está dirigida à satisfação sexual do/a sedutor/a e ao despertar de sensações sexuais na
vítima. Esse/a sedutor/a, em muitos casos, podem ser os/as pais/mães ou pessoas próximas da
criança, seu comportamento é pacato e moralista, não deixando margem para a identificação como
abusador/a sexual. A criança, nesse contexto, é vitimizada, em um processo e submissão ao poder
do/a adulto/a de coagi-la a satisfazer seus interesses sexuais (VOLNOVICH, 2005).
Deste modo, em se tratando de uma violência/abuso sexual doméstica contra crianças e
adolescentes, nos permite classificá-la como incestuosa, pois há relações praticadas entre pessoas
que de alguma forma possuem um grau de parentesco por consanguinidade, seja por afinidade ou
responsabilidade como pai/mãe-filho/a, avô-neto/a, tio-sobrinho/a, entre outras composições
(AZEVEDO; GUERRA, 1995).
De todas essas modalidades, o incesto pai-filha é um dos mais frequentes, isso pode ser
relacionado tanto pela tradição judaico-cristã quanto pela tradição islâmica, que a filha solteira,
antes de tudo, era filha do pai. Nesse sentido, podemos entender que esse incesto se inscreve na
história do patriarcado, fundamentado na posse de terras, escravos/as, mulheres e crianças como a
propriedade privada do pai-senhor (AZEVEDO; GUERRA, 1995).
Neste sentido, acreditamos ser importante destacarmos algumas características acerca da
violência sexual voltadas para o nosso tempo mais recente. O Protocolo Maringá (2008, p.5)
apresenta características distintas entre violência e exploração sexual. Por violência sexual,
apresenta que
[...] sempre que um adulto ou um adolescente mais velho mantém com a criança ou
adolescente, palavras, atitudes ou ações que tem como intenção sua gratificação sexual, seja
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ela através de manipulação, toques, carícias, participações em jogos sexuais de adultos,
exibicionismo, pornografias, prática de sexo oral, anal, até estupro, propriamente dito.
Vale ressaltar também a pedofilia, que se caracteriza como uma forma de abuso sexual. Essa
prática pode ser bem descrita na fala de Ferrari (2011, p. 10) quando o autor afirma que,
pedofilia é apontada como uma disfunção sexual conforme o conceito médico. É um tipo de
parafilia, na qual o indivíduo só sente prazer com determinado objeto. Já o conceito social
de pedofilia define-se pela atração erótica por crianças. Essa atração pode ser elaborada no
terreno da fantasia ou se materializar em atos sexuais com crianças em fase pré-puberal, no
início da puberdade ou ainda em menos idade. Nesse aspecto, há muitos pedófilos que não
cometem violência sexual, satisfazem-se sexualmente com fotos de revistas ou imagens
despretensiosas de crianças, mas que geram neles intenso desejo sexual.
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Conforme o Documento Preliminar para Consulta Pública, coordenado pelo CONANDA
(Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) e SDH (SECRETARIA DE
DIREITOS HUMANOS) (BRASIL, 2010), dados do Disque Denúncia Nacional sobre violência
sexual contra crianças e adolescentes demonstram que predominam os casos de abuso sexual,
seguidos da exploração sexual, pornografia e tráfico de pessoas. Meninas negras na faixa etária de 7
a 14 anos representam a maioria das vítimas (FERRARI, 2011). Neste sentido, é interessante
analisarmos que
é comum uma criança vítima de abuso não denunciar de imediato a situação, sendo diversas
às causas para este silêncio. Em primeiro exprime sentimentos contraditórios pelo sucedido,
quer devido à idade e nível de desenvolvimento da criança, quer pela proximidade do
abusador, quando é alguém em quem confia. Sente vergonha e medo de ser considerada
culpada pelo que aconteceu, ou de por em dúvida o seu relato, em muitos casos crianças
permanecem em silêncio por os adultos em sua volta não acreditarem no que dizem. Pode
estar recebendo ameaças feitas pelo abusador para que mantenha segredo. Fica indecisa
acerca da denúncia quando o abusador é um familiar próximo, com receio de causar uma
ruptura familiar. Sente uma dor emocional intensa que leva à “negação” do sucedido com o
conseqüente silêncio e as dificuldades de aprendizagem e de relação com o outro
(SOARES, 2009, p. 01).
O dia 18 de maio foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração
Sexual de Crianças e Adolescentes, decretado pela Lei Federal 9.970/00 que foi criada com o
objetivo de mobilizar a sociedade brasileira e convocá-la para seu engajamento no combate ao
problema em destaque. A data foi escolhida por ser o dia da morte da menina Araceli Cabrera
Crespo, vítima de sequestro, estupro e assassinato em Vitória, Espírito Santo, em 1973. Seus
assassinos continuam impunes (MARTINELLI, 2007 apud FERRARI, 2011).
No ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, onde são dispostos os direitos da criança e
adolescente, destaca-se a idade considerada criança, de zero a doze anos incompletos, e adolescente,
entre doze e dezoito anos de idade (BRASIL, 1990).
O ECA consiste em um conjunto de normas do ordenamento jurídico brasileiro que objetiva
a proteção integral da criança e adolescente, aplicando medidas e expedindo encaminhamentos.
Instituído pela Lei 8.069 no dia 13 de julho de 1990, é composto de direitos e deveres das crianças e
dos adolescentes pautados nas diretrizes da Constituição Federal de 1988 (ALEXANDRE, 2011).
Destacamos o artigo que ressalta, no caso de algum tipo de violência doméstica o agressor
deverá ser afastado.
Art.13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente
serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem
prejuízo de outras providências legais.
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Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos
pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o
afastamento do agressor da morada comum (BRASIL, 1990, p.77).
Cabe salientar que a expressão abuso sexual, a qual decidimos trabalhar nesse artigo, não
está contemplada na lei penal, porém, está expressa nos livros de medicina legal, no ECA e em
literaturas próprias, dentre as quais buscamos respaldo teórico.
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sofrendo algum tipo de abuso, pois assim, será possível encaminhá-la a especialistas que
contribuirão para sua melhora.
O abuso sexual doméstico é um fenômeno polêmico e inquietante, pois se encontra
envolvido pelo medo, vergonha, culpa e o silêncio de quem sofre a violência e de quem está
envolvido, dificultando a intervenção de profissionais. Deste modo, é importante que o abuso sexual
seja percebido por meio de uma cuidadosa análise e investigação de alguns indicadores
comportamentais que devem ser examinado em conjunto com outros fatores presentes no sujeito,
nunca isolados (AZEVEDO; GUERRA, 1995). Neste mesmo sentido, devemos voltar a atenção
para o fato de que
[...] uma criança que por palavras, brincadeiras ou desenhos sugere um conhecimento
sexual inapropriado a sua idade; uma criança com preocupações excessivas com questões
sexuais e um conhecimento precoce de comportamento sexual adulto; que repetidamente se
envolve em brincadeiras sexuais com colegas; que é sexualmente provocante com adultos;
uma criança mais velha que se conduz de um modo sexualmente precoce, comportando-se
de uma forma que a isola de seu grupo de colegas e atrai comportamento crítico ou sedutor
por parte dos adultos; pedidos de contracepção não são raros em crianças sexualmente
abusadas e podem ser um grito de ajuda (AZEVEDO; GUERRA, 1995, p.74).
A criança abusada sexualmente pode apresentar em seu contexto escolar diversos sintomas,
são eles, falar sobre o problema – ao contrário, a literatura aponta que a criança que sofreu ou está
sofrendo abuso sexual demonstra dificuldades em relatar o fato. Comportamentos sexualizados,
como o toque frequente nos órgãos sexuais, desenhos e posturas sexuais constantes, problemas no
sono (pesadelos, vigília), fugir de casa ou evitar voltar para casa após a escola, evitar o toque de
outras pessoas, desenvolvendo fobias. Pode se comportar retraída, isolada e quieta; comportamentos
agressivos e sexualizados; medrosa; envergonhada, triste e carente; desconfiada e irritada; passiva.
Os prejuízos que uma criança abusada pode sofrer são dificuldades de adaptação interpessoal,
sexual, afetiva e de aprendizagem escolar (AZEVEDO, GUERRA, 1997).
As dificuldades de aprendizagem são
[...] problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou
comunicar informações. As dificuldades de aprendizagem não se referem a um único
distúrbio, raramente elas podem ser atribuídas a uma única causa, sendo assim muitos
aspectos diferentes podem prejudicar o funcionamento do cérebro (SMITH E STRICK,
2001 apud YAEGASHI; AMARAL, 1994, p.6).
Uma criança vitima de abuso sexual, “carrega consigo consequências tanto orgânicas quanto
psicológicas e dentre as mais comuns, a criança apresenta quadros de dificuldades de aprendizagem
na escola” (AZEVEDO; GUERRA, 1995, p. 13). Assim, insistimos em afirmar que várias são as
consequências do abuso sexual, além de influenciar o processo escolar, pode ser internalizada e
externalizada de várias formas ao longo de sua vida.
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No relato sobre Lucie, a seguir, podemos observar as consequências e os problemas que
surgiram a partir do abuso sexual, afetando tanto o comportamento, a saúde, quanto a fase escolar e
sua formação psicológica.
Lucie foi examinada aos 5 anos em função de uma incontinência fecal noturna; aos 10, em
função de distúrbios do sono e baixo rendimento escolar; aos 15 anos sua mãe se inquietou
pela existência de ritmos de lavagem, obesidade e interrupção na menstruação. Lucie revela
que, à noite, seu padrasto vem à sua cama e a obriga a atos orais-genitais; mas aos 5 anos
ela já havia feito questões sobre o sexo de seu padrasto, ao 10 anos ela havia falado à sua
professora de suas carícias (ROUYER, 2007 apud LANDINI, 2011, p. 85).
Nesse contexto, a identificação na escola deve ser atenta e rápida, para que o
encaminhamento ao/à psicopedagogo/a e psicólogo/a, entre outros/as especialistas, seja efetivo e no
trabalho conjunto possam tratar das consequências emocionais e as possíveis dificuldades de
aprendizagem, apoiando o trabalho do/a professor/a.
Se os/as profissionais envolvidos/as com a criança tivessem uma boa formação, capacitada a
essa temática, a identificação de vítimas possivelmente tornar-se-ia mais fácil e rápida.
Considerando que a escola deve ter como objetivo garantir a qualidade de vida de sua clientela, bem
como promover a cidadania, é necessária a capacitação dos/as professores/as, como o conhecimento
das leis que amparam a vítima e os direitos da criança e do/a adolescente, e de possíveis
acompanhamentos psicopedagógico e psicológico individual para crianças abusadas sexualmente
(LANDINI, 2011).
É necessária uma formação adequada para que o/a professor/a saiba identificar um conjunto
de sintomas, além de avaliar o contexto da criança, como, quando começaram a ocorrer tais
sintomas, se foi um processo, se foi de repente, se esses sintomas têm permanecido por um período
longo, se está atrapalhando sua aprendizagem escolar e, assim, encaminhar para os/as profissionais
capazes de acompanhar e trabalhar com essa questão (LANDINI, 2011).
Acreditamos que não pode ser atribuída como dever exclusivo à escola a responsabilidade
de trabalhar a Educação Sexual, porém, ela configura como mais uma instância onde circulam
saberes sobre o corpo e a sexualidade. Nós, professores/as, estamos comprometidos/as diretamente
com a (de)formação dos corpos dos/as estudantes. Portanto, não devemos ser meros/as
observadores/as, e sim contribuir para uma Educação Sexual sem repressões. As suas identidades
não estão prontas, nem nunca estarão. Participamos desse processo de (des)construção das
identidades, com o que falamos, ensinamos (com nossa presença) e também com o que silenciamos
(por nossa ausência).
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Vale ressaltar, em relação às crianças vítimas de abuso sexual, que existe muita dificuldade
em falar e revelar esse assunto, e esse ato pode ser seguido de riscos e traumas, devido à integridade
da família, que agora estaria ameaçada, suas condições psíquicas entre outros. É interessante notar
que, muitas das revelações das crianças vítimas são a partir de campanhas e/ou trabalhos sobre essa
temática na escola, em que progressivamente por pequenas tentativas vai sendo alcançada a
confiança da revelação. Nesse sentido, cabe ao/à adulto/a estar atento/a, ouvir a criança, decifrar os
sinais, para que assim, possa ajudá-la (LANDINI, 2011).
Quando uma criança ou adolescente revela um caso de abuso ou exploração, é importante
que o adulto lhe diga que ela não tem culpa, independentemente de ter ou não dito “não”,
de ter ou não lutado, revelado o ocorrido, iniciado o sexo ou até mesmo tido algum prazer.
Muitas vezes, a vítima revela o abuso aos poucos; ela testa seu ouvinte e estará mais
propensa a falar se sentir que é entendida. Também é comum o uso de dispositivos para
minimizar seu envolvimento e seus atos, dizendo, por exemplo, que estava dormindo,
drogada, bêbada etc., mesmo quando isso não é verdade. É importante deixar que ela utilize
esses dispositivos. A conversa deve ser realizada sem a presença dos pais pois, em sua
presença, é muito provável que a criança negue o ocorrido ou dê uma versão socialmente
aceitável (LANNING, 2005 apud LANDINI, 2011, p.87).
Mediante a esses indícios das tentativas da criança em falar, mesmo não diretamente sobre
esse assunto, o/a professor/a, quando for procurado/a, deve estar atento/a a esses sinais de alerta,
para que assim possa encaminhar e ajudá-la a resolver esse fato.
Considerações finais
Ressaltamos que falar sobre abuso e violência sexual infantil causa muita dor e
constrangimentos e infelizmente, a frequência dos casos é alta, por esse motivo, ainda muitas delas
são veladas pela família, amigos/as e até a escola, que por medo acabam por não revelar a
ocorrência do fato.
Consideramos que o abuso sexual infantil é uma questão relevante ao conhecimento dos/as
professores/as, os/as quais se relacionam diretamente com as crianças, uma vez que esse fenômeno
pode afetar diretamente o processo de aprendizagem das mesmas em seu período escolar,
ocasionando dificuldades de aprendizagem.
Acreditamos na importância dessa temática para a formação de professores/as como
educadores/as sexuais, para que deste modo, possam ter condições de poder identificar uma criança
abusada e encaminhá-la o mais rápido possível a profissionais que possam ajudar no processo
cognitivo e psíquico da criança abusada.
Diante dos apontamentos apresentados e a gravidade dessa temática, acreditamos ser de
extrema relevância que a Educação Sexual seja tratada, fundamentalmente, no ambiente familiar,
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pois, crianças que têm pais/mães ou responsáveis que conversam sobre o assunto, informam e tiram
as dúvidas sobre seu corpo, desenvolvimento físico, higiene, saúde e bem-estar terá maior
possibilidade de assimilar conceitos de responsabilidade por si e respeito pelo/a próximo/a.
De forma simples e clara é importante que a criança tenha o conhecimento sobre o que é
sexo, que relação sexual não é praticada por criança e da existência do abuso sexual, para que desta
forma, possa evitar situações, ter o poder de enfrentamento e a confiança em denunciar e estar
assegurada.
Além da família, a escola é uma instituição em que há a necessidade de um trabalho
educativo sobre sexualidade, mas, para que isso aconteça é preciso que haja uma formação e
conhecimento entre os/as educadores/as sobre essa temática. Assim, com a Educação Sexual
inserida no trabalho pedagógico nas escolas, será possível, frente a casos de abuso sexual contra
criança identificar e encaminhá-la da melhor forma possível a órgãos de proteção a criança, como o
Conselho Tutelar e para o atendimento psicopedagógico e psicológico.
Portanto, evidenciamos a relevância do trabalho em conjunto em relação a uma criança
abusada, a partir de uma formação docente nessa temática, em que os/as professores/as atuam na
identificação, contatar os pais/mães ou responsáveis e encaminhar, a partir das necessidades e
queixas a profissionais específicos, na busca de amparo e cuidado psíquico e cognitivo da criança.
Referências
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SOARES, C. M. Psicopedagogia Clínica X Dificuldades na Aprendizagem: Conseqüências do
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http://www.Psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=1151. Acesso em: 14/02/12.
VOLNOVICH, J.R. Abuso sexual na infância. Rio de Janeiro: Lacerda, 2005, p. 13-31.
YAEGASHI, S. F. R.; AMARAL, M. DO S. B. A Psicopedagogia no Brasil: contextualização e
prática. Cadernos de Metodologia e Técnicas de Pesquisa. Maringá: Eduem, n°5, 1994.
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