Tema 13 - Filosofia e Direito No Pensamento de Rousseau

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A FILOSOFIA DO DIREITO EM JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712 – 1778)

O CONTRATO SOCIAL: A DEMOCRACIA COMO VONTADE GERAL

1- Introdução:

 Suíço que viveu parte da vida na França iluminista.


 Obras principais: Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os
homens, Nova Heloisa, O contrato social, Emílio ou da Educação, Cartas escritas da
montanha e Confissões.
 Ligado e crítico do Iluminismo: opõe-se ao otimismo racional iluminista.
 Defende que a civilização não é o apogeu da vida humana em oposição ao estado de
natureza.
 O homem é bom por natureza, a sociedade o corrompe.
 Sociedade (séc. XVIII): egoísmo, luxo, artificialidade, simulações e caprichos.
 O homem deve ser educado para recuperar os sentimentos a civilização fez perder.
 O homem é razão e sentimento

2- O estado de Natureza

 Críticas aos contratualistas anteriores (Hobbes e Locke)


 É impossível descrever empiricamente o estado de natureza (contaminação pela visão
da época)
o Hipótese argumentativa sobre o homem no seu estado de natureza
o No estado de natureza não existia nenhum vício da civilização
o Diferenças Naturais (sexo, idade e saúde) em oposição às diferenças sociais
(riqueza, poder e obediência)
o O homem vivia livre e sobrevivendo da natureza.
o O homem tendia à perfectibilidade (racionalidade): tendência a aperfeiçoar
(diferente do animal).
o O homem era movido por dois princípios: amor próprio (autopreservação) e
comiseração (piedade interna).
o O homem como bom selvagem.
 A transformação do homem natural: corrupção das paixões (da perfectibilidade surgem
os interesses pessoais)
 Início da desigualdade: aparecimento da propriedade privada.
 Quando começou: com a agricultura e a metalurgia (só alguns dominavam)
o De nômade para sedentários (comparação – competição – divisão)
o Individualidade – famílias – tribos – cidades – estados.
o Soberba – poder – propriedade
o Maldade – combate – assassínios.
o Estado de Guerra entre ricos e pobres.
o Pacto – Estado e instituições para garantir direitos – Leis e Justiça.
 Destruição da liberdade natural e estabelecimento da desigualdade.
 Estado injusto: vida miserável, exploração e disputa de poder.
 A sociedade corrompeu os homens.

3- Necessidade de um novo Contrato Social

 Criar um arranjo político, jurídico e social novo que seja legítimo para resgatar a
dignidade do homem.
 Modo de transformar a sociedade desigual em uma sociedade igualitária.
 Caminho: associar forças para erigir uma instituição que direcione todos ao bem
comum.
 Problema: como conciliar a liberdade de cada um com a associação?
 Solução: um novo contrato em que todos constituam um corpo no qual sua força
individual possa ser a forma da coletividade.
 Vontade geral: vontade que “tende sempre à conservação e ao bem-estar do conjunto e
de todas as partes, e que é a fonte das leis, na regra do que é justo e injusto, para todos
os membros do Estado, com respeito a eles mesmo e ao próprio Estado”.
 Vontade geral como associação livre para estabelecer o poder que tenha como único
objetivo o bem comum.
 Realidade nova: os indivíduos associam-se como legisladores e como súditos ao mesmo
tempo (Democracia representativa).
 Igualdade e liberdade jurídica: as leis criadas para garantir o bem comum é uma lei
fruto da vontade de todos os indivíduos (Vontade Geral)
 Lei – Vontade – Obediência.
 “Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu poder sob a suprema direção
da Vontade Geral; e recebemos, coletivamente, cada membro como parte indivisível do
todo”.
 Resultado dessa nova associação: “um corpo moral e coletivo composto de todos os
membros quantos são os votos da assembleia, o qual recebe, por esse mesmo ato, sua
unidade, seu eu comum, sua vida e sua vontade”.
 Novidade: o homem não é tratado como indivíduo isolado, mas como membro do todo.
 Soberania: exercício da vontade geral (legisladores e súditos)
 A comunidade tem total direito sobre seus membros.

4- Direito Natural e Vontade Geral

 Rousseau é um contratualista e um jusnaturalista peculiar: diferente dos demais


modernos
 Enquanto os modernos jusnaturalistas caracterizam-se pela compreensão de uma lei
extraída racionalmente de cada indivíduo, Rousseau constrói o acesso à lei natural no
turbilhão de sofrimento e afecções (desejos) humanas.
 Só pela razão, não se pode estabelecer nenhuma lei de natureza.
 Nas suas obras, Rousseau afirma um direito natural, demonstra a dificuldade que se tem
de extrair dele uma diretriz para a vida humana.
 Os homens atuais só alcançam o direito natural e o estado de natureza a partir da
civilização atual (viciada).
 Os homens não chegam ao direito natural apenas pela razão, mas pelos seus
sentimentos e interesses.
 Se existem leis naturais, elas são vãs.
 Os homens só se modificam na medida em que mergulham em um todo do qual ele é
membro.
 Mesmo havendo um direito natural, ele se revela nas leis civis, nas convenções
humanas, a partir do contrato social.
 O legislador é uma figura de suma importância: como foi indicado pelo povo, o
legislador deve ser capaz não só de instituir o que vai conforme a natureza do interesse
de cada um, mas deve mudar a natureza dos homens tornando-os sociáveis.
 O direito natural de Rousseau não é uma fonte de contemplação de onde deve se
construir, como reflexo, a legislação social.
 Para Rousseau o direito natural é dinâmico: o justo é uma mudança dos homens,
transformando seu individualismo e seu amor-próprio em solidariedade.
 O jusnaturalismo de Rousseau: ele aposta que é possível outra natureza futura dos
homens, da razão e do sentimento, outro guia que não os já deturpados.
 Um estado formado a partir da participação de todos.
 Um estado formado a partir da participação de todos (Vontade geral).
 Voto universal e secreto (Participação popular).
 Legisladores preocupados com o interesse geral e não particular (Soberania do povo).
 Leis que garantam de fato a igualdade (Tolerância, inclusão, respeito).
 Participação da vida política da sociedade (Cidadania ativa)
 Fundamentos das democracias modernas.

5 - Conclusão

 Ao mesmo tempo em que está preso aos limites político-econômicos da burguesia,


Rousseau imagina o Estado a partir da união de indivíduos formalmente igual.
 Rousseau está no limite entre a visão jurídica burguesa e a crítica contemporânea que,
de algum modo, ele antecipa.
Bibliografia:
BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do Direito. 12ª
ed. São Paulo: Atlas, 2016. p. 321 - 353.
BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do Direito. 11º d.
São Paulo: Atlas, 2015. p. 321 - 239. (Livro Digital).
MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do Direito. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 184 – 207.
MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do Direito. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 165 –
182. (Livro Digital)

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