Aula 4 - Análise Do Comportamento

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P R O F .

M E R O B E R T A M O N T E I R O
Como nos comportamos?

O ambiente seleciona características comportamentais


da mesma forma que seleciona características
morfológicas, segundo a noção de evolução pela
seleção natural proposta por Darwin.

Nessa perspectiva, determinadas características


comportamentais são selecionadas ao longo do tempo
de acordo com sua adequação ao ambiente.
Como nos comportamos?

Há três níveis de seleção do comportamento por suas


consequências:

- filogenético
- ontogenético
- cultural.
Filogenético

O nível filogenético diz respeito à seleção de


comportamentos inatos ao longo da história
evolucionária da espécie.

A adequação do comportamento inato é analisada a


partir das consequências: sucesso diferencial no
contato com formas específicas de estimulação
ambiental e sucesso reprodutivo.
Ontogenético

O nível ontogenético se refere à seleção de


comportamentos durante a história de vida de um
organismo.

Assim, as consequências de um determinado


comportamento afetam a probabilidade futura de sua
ocorrência em uma situação semelhante, selecionando
comportamentos com características específicas
dentro de uma ampla faixa de possibilidades.
Ontogenético

O resultado dessa seleção é o repertório de


comportamento operante do indivíduo.

A adequação do comportamento, assim como no nível


anterior, é definida a partir das demandas do ambiente
Cultural

O nível de seleção cultural, que trata da seleção de


práticas culturais ao longo da história de uma cultura.
Nesse contexto, há reforçamento social das práticas
que são benéficas para a cultura, as quais se tornam
parte dela.

As práticas culturais, assim, são transmitidas e


mantidas por meio das contingências sociais
entrelaçadas e dos padrões de reforçamento social da
cultura.

O resultado desse nível de seleção é o que se chama


de cultura (Glenn, 24 1991, 2004; Moore, 2008).
Por que nos comportamos?

Na perspectiva analítico-comportamental, ainda que um


comportamento seja aparentemente inadequado ou socialmente
reprovado, ele tem uma função no repertório daquele que o emite
e foi selecionado por suas consequências.

Cabe ao terapeuta investigar em que contingências o


comportamento se instalou e se mantém, utilizando, para isso,
dados da história de vida do cliente, das contingências atuais e da
relação terapêutica - ANÁLISE FUNCIONAL DO
COMPORTAMENTO
Por que nos comportamos?

Para identificar os motivos pelos quais um indivíduo se comporta da


forma como se comporta, é preciso investigar tanto as contingências
atuais em vigor como as contingências históricas.

É preciso ir além de uma investigação de determinantes de


comportamentos atuais específicos, mas buscar uma análise molar.

Portanto, uma análise que inclua aspectos ligados à história de vida e


ao desenvolvimento de padrões comportamentais.
E como se faz uma
análise funcional do
comportamento?
Análise Funcional?!?
A análise funcional constitui, para o analista do comportamento, um
instrumento fundamental de diagnóstico, intervenção e avaliação do processo
terapêutico.

Trata-se de um ponto de partida para o planejamento e acompanhamento das


intervenções. As análises, que são realizadas basicamente a partir do relato
verbal e dos comportamentos públicos do cliente observados durante as
sessões, podem ser construídas pelo terapeuta e/ou em conjunto com o cliente.

Ademais, destaca-se que esse instrumento contribui para a promoção de


autoconhecimento, a ampliação do repertório comportamental e a ocorrência
de mudanças
Análise Funcional!

A construção de análises funcionais relevantes para o Caso clínico


se apresenta frequentemente como um desafio para os terapeutas,
uma vez que é um processo que envolve dificuldades e obstáculos.

Em primeiro lugar, é preciso que o profissional tenha clareza sobre


qual é a unidade de análise que pretende estudar.

A determinação de qual é o fenômeno a ser analisado depende do


objetivo, da conveniência e das informações coletadas.
Análise Funcional!

Por exemplo, pode-se escolher como unidade de análise uma


classe mais ampla, como a “depressão”, a qual envolve diversas
respostas mais específicas e com diferentes topografias, ou uma
resposta mais específica, como o “relato autodepreciativo”.

Tipos de análises funcionais: moleculares (microanálises) e


molares (macro análises)
Análise Funcional molecular

A análise funcional molecular envolve a análise de contingências


pontuais (moleculares) importantes para a compreensão de
comportamentos específicos em contextos específicos.

O recurso básico para a composição de análises moleculares é a


tríplice contingência, que envolve a identificação de
antecedentes, respostas e consequências (A: R → C).
1° passo para a
analise funcional do
comportamento
Análise Funcional molecular

Identificar a resposta: atividade do organismo, que envolve eventos


públicos e privados. Em outras palavras, o terapeuta identificará desde
ações publicamente observáveis até respostas privadas/encobertas, como
pensamentos, sentimentos e emoções.

- Escolher respostas relevantes ao caso


- Evitar respostas negativas
- Evitar respostas que não estão sob controle operante
Análise Funcional molecular
Escolher respostas relevantes ao caso,

Considerando a queixa do cliente, as demandas identificadas pelo


terapeuta e os objetivos terapêuticos. Ao longo do processo terapêutico,
os clientes apresentam uma infinidade de relatos com diferentes
conteúdos. Entretanto, nem tudo o que é falado tem relação direta com as
demandas a serem trabalhadas na terapia.

Assim, entre uma ampla faixa de possibilidades, é necessário que o


terapeuta selecione as respostas de maior valor terapêutico,
considerando-se as características de cada cliente.
Análise Funcional molecular
Evitar respostas negativas

Ao escolher a resposta para análise, o terapeuta deve lembrar-se de que não é


possível analisar “não comportamentos”, de modo que é importante trabalhar
com o que o cliente faz e não com o que ele deixa de fazer.

Afinal, é inviável identificar os processos comportamentais envolvidos quando se


trata da não ocorrência de uma resposta, isto é, identificar, de acordo com a
consequência produzida, se uma “não resposta” aumentou ou diminuiu de
frequência.

Por exemplo, no caso de uma criança que não segue uma determinação de seu
pai de não correr, seria mais adequado analisar o que ela faz, ou seja, “ignora a
orientação e corre”, do que escolher como unidade de análise “não obedece”
Análise Funcional molecular
Evitar respostas que não estão sob controle operante

Evitar respostas que não estão sob controle operante, como morrer, cair e
esbarrar em objetos acidentalmente, sentir-se angustiado, taquicardia, ansiedade,
sudorese, uma vez que essas respostas não estão sob controle de suas
consequências.

Respostas respondentes podem ser incluídas nas análises funcionais; contudo, é


importante especificar que são respondentes, ou seja, que estão sob controle dos
antecedentes e não das consequências.

Destaca-se também que, quando incluídas na análise funcional molecular, as


respostas respondentes podem ser especificadas em uma contingência tríplice de
duas maneiras diferentes:
Análise Funcional molecular
Evitar respostas que não estão sob controle operante

a. logo depois do antecedente e, nesse caso, trata-se de uma resposta


respondente eliciada diretamente pelo estímulo que a antecede. Por exemplo,
entrada do chefe autoritário na sala (estímulo antecedente) → ansiedade (resposta
respondente). Respostas operantes podem ocorrer concomitantemente,
evocadas pelo mesmo estímulo antecedente; ou

b. como efeito de uma contingência operante, de modo que uma resposta


operante produz uma consequência, e o tipo de relação que se estabelece nessa
contingência operante produz um efeito emocional, ou seja, uma resposta
respondente. Por exemplo, estudar a semana inteira para uma prova (resposta
operante) → nota baixa (consequência) – efeito emocional: frustração (resposta
respondente).
2° passo para a
análise funcional do
comportamento
Análise Funcional molecular
Identificar antecedentes

Ocasião na qual o comportamento ocorre. Dividem-se basicamente em duas


categorias: estímulos discriminativos (SDs) e operações estabelecedoras
(OEs). Estímulos discriminativos são estímulos na presença dos quais uma
resposta é reforçada.

Operações estabelecedoras são eventos antecedentes que podem alterar


momentaneamente a efetividade reforçadora de um estímulo e evocar os
comportamentos que o produzem (Michael, 1982, 1993; Miguel, 2000).
Análise Funcional molecular
Identificar antecedentes

Os exemplos mais comuns são privações, saciações e contato com


estimulação aversiva. Vale ressaltar que regras (instruções, conselhos,
ordens e valores) também podem ser especificadas entre os antecedentes,
como SDs, OEs ou estímulos alteradores de função de outros estímulos
(FAS)
Análise Funcional molecular
Identificar antecedentes
Na presença do namorado (SD), o relato queixoso de dor da namorada
(resposta) é reforçado positivamente com atenção e carinho
(consequência).

Poderia se classificar a dor como uma estimulação aversiva que funciona


como operação estabelecedora ao alterar momentaneamente o valor
reforçador da atenção e do carinho providos pelo namorado, alterando,
também, a probabilidade de respostas que produzam atenção e carinho.
3° passo para a
análise funcional do
comportamento
Análise Funcional molecular
Identificar consequências

Os estímulos no ambiente produzidos por uma resposta e que alteram a


probabilidade de ocorrência dessa resposta no futuro, ou seja, trata-se de
uma variável independente.

Destaca-se que, nesse caso, a mudança é no ambiente. Podem-se


especificar consequências em curto, médio e longo prazo.
4° passo para a
análise funcional do
comportamento
Análise Funcional molecular
Identificar processos

Para cada consequência, deve-se especificar qual é a contingência


envolvida a partir da relação entre a resposta e a consequência produzida,
ou seja, se o processo caracteriza contingência de reforçamento positivo
(R+), reforçamento negativo (R-), punição positiva (P+), punição negativa
(P-) ou extinção.
5° passo para a
análise funcional do
comportamento
Análise Funcional molecular
Identificar possíveis efeitos

São subprodutos de contingências operantes. São os efeitos que definem


comportamentos bem e malsucedidos, de modo que uma atividade é tida
como bem-sucedida quando é reforçada, enquanto atividades
malsucedidas são aquelas menos reforçadas ou punidas.

Assim, os efeitos são colaterais às contingências, ou seja, são produtos da


contingência inteira e não determinam diretamente a frequência do
comportamento no futuro. Trata-se de variáveis dependentes, que podem
ser de dois tipos: frequência e emocional
Análise Funcional molecular
Identificar possíveis efeitos

Frequência: tendência da frequência da resposta sob análise em aumentar


ou em diminuir após uma determinada consequência. Respostas
reforçadas tendem a ocorrer com mais frequência, enquanto as punidas ou
não consequenciadas (em extinção) tendem a ocorrer com menos
frequência.
Análise Funcional molecular
Identificar possíveis efeitos

Emocional: sentimentos, sensações e emoções produzidos pelo contato com


as consequências. Trata-se de mudanças no comportamento emocional do
próprio indivíduo cujas respostas estão sendo analisadas. Situações que
envolvem contingências de reforçamento positivo geram reações emocionais
de bem-estar, como alegria, prazer, felicidade, confiança e orgulho.
Contingências de reforçamento negativo costumam produzir como efeito a
sensação de alívio.

Por outro lado, contextos que envolvem punição positiva geram reações
emocionais desagradáveis, como medo, ansiedade, pavor, vergonha e culpa.

Destaca-se, portanto, nesse contexto, que sentimentos são subprodutos das


contingências e não causas do comportamento.
Análise Funcional molecular
Identificar possíveis efeitos

Emocional: sentimentos, sensações e emoções produzidos pelo contato com


as consequências. Trata-se de mudanças no comportamento emocional do
próprio indivíduo cujas respostas estão sendo analisadas. Situações que
envolvem contingências de reforçamento positivo geram reações emocionais
de bem-estar, como alegria, prazer, felicidade, confiança e orgulho.
Contingências de reforçamento negativo costumam produzir como efeito a
sensação de alívio.
Análise Funcional molecular
Identificar possíveis efeitos

Por outro lado, contextos que envolvem punição positiva geram


reações emocionais desagradáveis, como medo, ansiedade, pavor,
vergonha e culpa.

Destaca-se, portanto, nesse contexto, que sentimentos são


subprodutos das contingências e não causas do comportamento.
Análise Funcional molecular
Identificar possíveis efeitos
Estudo de caso

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