Ensaio Filosófico
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Ensaio Filosófico
INTRODUÇÃO:
Este problema coloca-se sobre 4 questões: Como distinguir o bem do mal?; Como distinguir o
moralmente correto do moralmente incorreto?; Em que consiste o valor moral de uma ação?;
Qual é o critério da moralidade?. A necessidade de fundamentação da moral procura
estabelecer um critério, uma base que distinga uma boa ação, ou uma ação moralmente correta,
de uma má ação, ou uma ação moralmente incorreta. A intenção é o critério que decide se uma
ação tem ou não valor moral. Os dois critérios frequentemente apresentados para a seguinte
distinção são a Intenção e As consequências/resultados da ação.
Mas afinal como se distinguir boas de más ações? Immanuel Kant e Stuart Mill foram dois
filósofos de valor notável, que se posicionaram perante este problema. Segundo Kant, as ações
em que não se cumpre o dever pelo dever, não têm valor moral. As consequências não contam
na determinação do seu valor moral. Segundo Mill, atos considerados errados por Kant, nem
sempre são errados, pois tudo depende das consequências da ação para a maioria dos
envolvidos.
O princípio ético básico desta teoria utilitarista consiste no seguinte princípio: "A ação boa é a
que tem boas consequências para o maior número".
DESENVOLVIMENTO:
Os dois tipos de razão- a razão pura (conhecer) e a razão prática (orientar o agir) são
influenciados pela vontade. A vontade tem livre-arbítrio, ou seja, possibilidade de escolher,
porém recebe múltiplas influências. A animalidade, a humanidade e a personalidade são as
inclinações a que o ser humano está exposto, sendo que se estas influências a que a vontade
cede forem exteriores à razão prática, a vontade desvia-se do que deveria ser a finalidade-
personalidade.
E qual deveria ser a verdadeira finalidade da vontade? Torna-se numa boa vontade. Esta é uma
vontade que decida e escolha de forma absoluta e incondicional, isto é, que só respeite as
exigências da razão prática e o que ela ordena (personalidade).
Mas a vontade nem sempre age assim, porquê? Porque o ser humano é simultaneamente corpo
e espírito, razão e sentidos. É preciso fortalecer a vontade para que ela só escolha o que deve, o
que é próprio da natureza humana- obedecer ao que a razão prática ordena, isto é, respeitar o
dever e não procurar a satisfação dos interesses, dos impulsos sensíveis, etc.
O ideal da moral que Kant nos porpõe é fazer da nossa vontade uma boa vontade. O que faz da
vontade uma vontade boa é a opção pela personalidade , aquilo a que Kant chama lei moral ou
ação por dever. Este tipo de dever, relacionado com a moralidade, contém ações que cumprem o
dever porque é correto fazê-lo. O cumprimento do dever é o único motivo em que a ação se
baseia. Outro tipo de boa ação é a ação conforme o dever, relacionada com a legalidade. Esta
ação cumpre o dever não porque é correto fazê-lo mas porque se evita uma má consequência,
ou porque daí resulta uma boa consequência- a satisfação de um interesse. Por fim, as ações
contrárias ao dever relacionam-se com a imoralidade e com a ilegalidade, representando uma
má ação.
A lei em que a nossa razão prática se baseia para orientar as nossas ações é o imperativo
categórico. Este não nos impõe uma lista de comportamentos proibidos, dá-nos antes uma
orientação que devemos cumprir de forma incondicional e independetemente de circunstâncias
de tempo, lugar, cultura, etc.
A 1º formulação desta lei consiste no conceito de universalidade: a regra que tomei pode ser
transformada em regra conhecida e aceite por todos os outros, sem exceção. A 2º formulação
defende que a instrumentização das pessoas é errado. Ou seja, não devemos usá-las como
meios para atingir os nossos fins.
Pode concluir-se que Kant colocou a imagem e justificação da moralidade no próprio homem na
sua natureza racional. É a razão prática que é a legisladora universal desta lei que damos a nós
próprios. Só esta obediência nos torna livres. Concluímos também que liberdade é o sinónimo
de autonomia. A autonomia pressupõe livre-arbítrio . É porque temos a possibilidade de
escolher e de decidir o que fazer que adquirimos mérito quando escolhemos obedecer à lei. Por
fim, o homem ao dar por certo esta lei, adquire uma dignidade especial e que tem que ser
tratada como fim em si e nunca como meio.
CONCLUSÃO:
Posto esta breve explicação do problema apresentado e da tese defendida, a minha posição
encontra-se a favor de Kant. Concordo com a presença do imperativo categórico, dando
possibilidade ás pessoas de se orientarem quando não se encontram numa posição facilitada.
Um ser humano nunca deve também ser usado como meio, pois objetificar seres racionais está
totalmente errado no meu ponto de vista.
Colocando-me contra Mill, as consequências de uma ação nem sempre devem estar
relacionadas com a mesma. O tipo de ética defendida por este- ética teleológica-a meu ver
consta também de traços egoístas e por isso, o problema da fundamentação moral não deve ser
respondido com tal teoria.
Por vezes a vida tem as suas reviravoltas e nem sempre nos encontramos capazes de lidar com
as mesmas, precisando de um apoio posterior aos nossos pensamentos. Sabendo que num ser
humano o lado emocional por vezes pega no microfone, o imperativo categórico está cá para
equilibrar os pratos e se assim não fosse, relações amorosas nunca conseguiriam sequer iniciar.