Resumos de Geografia 10º Ano

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Resumos de Geografia 10º ano

Tema 2: Os recursos marítimos

O litoral português

Quais as principais características da linha de costa?

Portugal possui uma linha de costa de cerca de 2601 quilómetros, que se repartem por três
unidades:

 Continente: 1240 km
 Região Autónoma dos Açores: 943 km
 Região Autónoma da Madeira: 418 km

 A presença e a proximidade do mar têm assumido, ao longos dos tempos, uma


importância fulcral do país.

Litoral: as populações viram desde muito cedo um foco de atração, sendo esta faixa do
território palco de concentração da população e de atividades económicas, o que comprova a
forte atração que o mar exerceu no passado e continua a exercer no presente, que se chama
de litoralização.

Litoralização: processo de progressiva


concentração de população e de
atividades económicas ao longo da
faixa litoral (associado à perda de
dinamismo do interior)

 É ao longo do litoral que se desenvolvem diversas atividades relacionadas com o mar,


como a pesca, a aquicultura, a extração do sal, o turismo e as atividades desportivas,
de recreio e de lazer
 É também no litoral onde, devido à maior acessibilidade, se concentram outras
atividades, como a industria, os serviços, o comércio e as atividades portuárias.
 O litoral, bem como, a linha de costa, são áreas muito dinâmicas, estando em
constante alteração

Linha de costa: faixa de superfície


terrestre que se encontra no contacto
entre as terras emersas e o mar ou
oceano

Litoral: porção do território junto À


costa que engloba cerca de 50
quilómetros para o interior

 A configuração da linha de costa resulta da influência conjugada de um conjunto de


fatores, como:

Ação antrópica: construção de barragens, extração de areias, construção de obras de


engenharia, construção sobre arribas

Ação dos rios: transporte de cargas, ambiente sedimentar na foz

Dinâmica interior da Terra: erupções vulcânicas, tectónica das placas e sismos

Grau de resistência das rochas à erosão marinha: meteorização física e química

Subida/descida do nível das águas do mar: costa de submersão (resulta da transgressão


marinha) e a costa de emersão (resulta da regressão marinha)

Ação do mar: correntes marítimas, ondulação, marés e erosão marinha

Como influencia o mar a configuração da linha de costa?

 O mar é um agente modelador da linha de costa, devido à sua ação erosiva


 A ação erosiva do mar processa-se de duas formas:

Erosão mecânica (abrasão marinha): processo que resulta do desgaste de uma rocha por
fricção ou ação mecânica das ondas que transportam fragmentos de rochas, contribuindo
para destacamento de partículas e rochas

Erosão química: processo de desgaste devido a alterações ou decomposição química dos


minerais constituintes das rochas.

Dependem de fatores como: características das formações rochosas, correntes marítimas,


ondulação, ação das marés, quantidade e tipo de materiais transportados e velocidade e
direção do vento
 Em Portugal, apesar da ação erosiva do mar, ter ao longo dos tempos, conferido à
linha de costa um traçado muito retilíneo e pouco recortado, com poucas
reentrâncias e saliências, é também possível encontrar formas de relevo litoral
diversificadas (cabos, grutas, arribas)

Quais são os principais tipos de costa?

 O litoral apresenta três principais tipos de costa, cujas características estão


relacionadas com o grau de resistência das formações rochosas e com a erosão
marinha

Costa alta de arriba: costa alta, com altitudes acima do nível do mar e escarpada, talhada
em afloramentos rochosos de elevado grau de dureza, como o granito, o xisto e o calcário.
Pode ser acompanhado por pequenas extensões de areias e falésias.

Ex. Azenhas do Mar, Sintra

Neste tipo de costa predomina a ação erosiva do mar

Costa baixa e arenosa: costa com altitudes próximas do nível do mar e de constituição
arenosa, associada a sistemas dunares. É constituída por rochas sedimentares pouco
resistentes à erosão, como areias, arenitos e argilas.

Ex. Praia do Cabedelo, Figueira da Foz

Neste tipo de costa predomina a ação de acumulação.

Costa baixa e rochosa: costa com altitudes próximas do nível do mar e de constituição
rochosa.

Ex. Praia do castro de são paio, Vila do Conde


A costa alta de arriba localiza-se, principalmente:

- entre Nazaré e a foz do rio Tejo

- entre o Cabo Espichel e a foz do rio Sado

- entre o cabo de Sines e a ponta de Sagres

- entre Sagres e Quarteira, no barlavento algarvio

A costa baixa e arenosa localiza-se, principalmente:

- entre Espinho e a foz do rio Lis

- no estuário do Tejo

- entre o estuário do Tejo e o cabo Espichel

- entre a foz do rio Sado e o cabo de Sines

- entre Quarteira e Vila Real de Santo António

A costa baixa e arenosa encontra-se exclusivamente no litoral norte, como por exemplo:

- entre a foz do rio Minho e Espinho

 Nos litorais rochosos, a abrasão marinha faz-se sentir de forma mais intensa nos
setores com rochas brandas.
 Desta forma, a contínua ação do mar acaba por provocar o seu recuo, podendo
originar uma arriba fóssil ou morta

Principais etapas da evolução de uma arriba

1. O mar desgasta a base da arriba (erosão química e erosão mecânica), formando grutas.

Arriba - desgaste da base

2. A parte superior da arriba fica sem apoio e acaba por desmoronar, verificando-se o recuo da
arriba. Na base, forma-se a plataforma de abrasão.

Desmoronamento do topo da arriba- plataforma de abrasão

3. O mar deixa de atingir a base da arriba. Forma-se uma arriba fóssil ou morta

Recuo da arriba – Plataforma de abrasão – plataforma de acumulação

Arriba morta ou fóssil: arriba, que em Plataforma de abrasão: superfície


virtude do seu recuo, já não sofre a litoral ligeiramente inclinada,
ação erosiva do mar constituída por materiais rochosos de
diferentes dimensões

Plataforma de acumulação: superfície


de prolongamento da plataforma de
abrasão, que se encontra submersa
Quais os principais formas do relevo litoral?

 O mar, ao ser um poderoso agente erosivo, origina formas de relevo fluvio-marinhas


muito diversas ao longo da costa, resultantes quer da erosão como da acumulação de
sedimentos.

1. Praia: acumulação de sedimentos não consolidados (areia, areão, cascalho ou seixos) na


área de contato entre o oceano e a parte continental, formada pela ação conjunta das
ondas, das correntes marítimas e das marés.

2. Duna: relevo totalmente constituído por areia acumulada pela ação do vento

3. Restinga (o Cabedelo): depósito arenoso, de pequenas dimensões, de se encontra


ligado a uma das margens do Rio

4. Laguna: extensão de água salobra parada do mar através de um cordão arenoso

5. Baía (ou concha): reentrância do mar no continente, semelhante a um Golfo, mas com
menor dimensão

6. Estuário: parte terminal de um rio, constituída por um braço, que geralmente se alarga
junto à foz.

7. Arriba: Costa alta, Talhada pelo mar, de vertentes quase verticais (escarpadas) e
constituída por rochas resistentes à erosão

Ex. Sagres, Algarve

8. Cabo: saliência da linha de Costa que penetra no mar

Ex. cabo espichel, Sesimbra

9. Delta: depósito fluvial junto à foz de um rio, geralmente em forma de leque, que ocorre
quando a velocidade de deposição dos sedimentos é superior à velocidade de erosão

10. Tômbolo: forma que resulta da ligação de uma ilha ao continente através de um
cordão de sedimentos (istmo) transportados e depositados pelas correntes marítimas

Ex. Peniche

11. Farilhão: Rochedo íngreme e vertical, localizado na Costa, formado pela ação da erosão
marinha

Ex. Farilhão de tufos, ilha de são Miguel

12. Arco: a abertura curva no mar riba resultante da erosão marinha

Ex. Praia dos aveiros, Algarve~

13. Gruta: caverna na Rocha originada pela erosão marinha

Ex. Benagil, Algarve m


14. Península: extensão de Terra rodeada de água por todos o lado, menos um. A ligação
ao continente faz por meio de um istmo.

15. Ilha-barreira: faixa arenosa, geralmente estreita, comprida e paralela à costa, que
resulta da acumulação de sedimentos transportados pelos rios e correntes marítimas.

Quais os principais acidentes naturais do litoral?

 Apesar de a linha de costa do território continental ser marcadamente retilínea, é


possível identificar exceções a este traçado, que constituem os acidentes naturais do
litoral.

Estes estão associados a:

- reentrâncias, como baias e estuários, resultantes de antigos avanços do mar, da


existência de formações geológicas mais brandas

- saliências, como os cabos, que estão associados à costa de arriba, resultantes de antigas
regressões do mar e de formações geológicas com maior resistência à ação erosiva do mar.

 Os principais acidentes naturais do litoral de Portugal continental são:


- Haff-delta de Aveiro
- Concha de São Martinho do Porto
- Tômbolo de Peniche
- Estuários do Tejo e do Sado
- Lido de Faro
1. Haff-delta de Aveiro

- formação lagunar pouco profunda, que resultou da regressão marinha, da acumulação


de sedimentos transportados pelo rio Vouga e da deposição de areias pelas correntes
marítimas, que a ocidente formaram um cordão arenoso de norte para sul

2. Concha de São Martinho do Porto

- Pequena baía com uma estreita abertura para o mar, limitada por vertentes abruptas.
Resultou de uma vasta baía cujas dimensões foram sendo reduzidas, devido à acumulação
de sedimentos marinhos.

3. Tômbolo de Peniche

- originou-se devido à ligação (istmo) de uma ilha ao continente, através da acumulação de


sedimentos arenosos transportados pelas correntes marítimas.

4. Estuário do Tejo e do Sado

- os estuários do tejo e do sado resultaram da acumulação de sedimentos na parte


terminal dos rios que lhe dão nome. São os principais acidentes da costa portuguesa. Esta
importância resulta, por exemplo:

- da sua dimensão

- da sua riqueza ecológica, que permitiu a constituição de reservas naturais

5. Lido de Faro

- área lagunar, constituída por numerosas e pequenas ilhotas arenosas, rodeadas por
extensos cordões de areia, envolvidos por canais que permitem a ligação ao mar.
Qual a relação entre os acidentes do litoral e a localização dos
portos marítimos?

 Apesar da extensa linha de Costa nacional, então é a configuração do seu traçado,


muito retilíneo, com poucas áreas abrigadas dos ventos da Oeste e noroeste e das
correntes marítimas superficiais, de sentido norte-sul, é pouco favorável à existência
de portos de mar
 os portos marítimos nacionais tendem, assim, a localizar-se a sul dos acidentes
naturais do litoral, pois estes acabam por desempenhar um papel preponderante, uma
vez que são os únicos locais abrigados dos eventos e das correntes marítimas.

Quais os fatores que influenciam os recursos piscatórios?

 Os oceanos, que concentram cerca de 97% da água existente na superfície


terrestre, têm uma grande diversidade de espécies animais e vegetais, sendo áreas
biologicamente ricas
 Contudo, apesar da sua adaptação às condições ambientais, estas espécies
distribuem-se irregularmente, levando a existência de áreas, do ponto de vista
biológico, muito diferenciadas. Assim, a riqueza biológica dos oceanos depende de
fatores ecológicos, como a:
- temperatura
- salinidade
- luz
- oxigénio
- presença de alimento
- profundidade da água
- migração das espécies

 Tal como a superfície continental, os oceanos apresentam uma morfologia variada,


os as principais formas de relevo submarino são a plataforma continental, o
talude continental, a planície abissal, as forças submarinas e a crista médio-
oceânica.
Como condiciona a plataforma continental a riqueza piscícola?

 A plataforma continental é, do ponto de vista biológico, a área mais rica em


recursos marinhos, e, por isso, de extrema importância para o homem e para o
desenvolvimento da pesca. Além disso, é uma área muito rica em termos de
recursos do subsolo, como hidrocarbonetos e outros recursos minerais.
 A abundância de recursos marinhos na plataforma continental resulta da
combinação de um conjunto de fatores:
- Elevada agitação das águas, o que as torna muito ricas em oxigénio
- Pouca profundidade, o que facilita a penetração da luz solar
- Abundância de plâncton, resultante das condições favoráveis de luz e de
oxigénio
- Afluência de resíduos orgânicos e inorgânicos transportados pelos rios
- Baixa salinidade, resultante da grande agitação das águas e da receção das águas
fluviais

Plâncton: seres vivos microscópios de


origem animal (zooplâncton) e vegetal
(fitoplâncton), que estão na base da
alimentação de muitas espécies aquáticas.

 Em Portugal, as características da plataforma continental, no sentido geológico,


não são muito favoráveis à existência de recursos marinhos, condicionando, por
isso, negativamente, a atividade piscatória nacional.
 Este facto deve-se à sua largura, que faz com que seja a plataforma mais estreita
da Europa ocidental:
- no continente, oscila, em média, entre os 30 km e os 60 km, atingindo, ao largo
do cabo da Roca, a sua largura máxima (70 km)
- nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, é quase inexistente, devido à origem
vulcânica dos mesmos

Como condicionam as correntes marítimas os recursos marinhos?

 As correntes marítimas são também uma importante fonte de espécies marinhas, uma
vez que permitem uma constante oxigenação das águas e arrastam consigo elevadas
quantidades de plâncton, sobretudo:
- nas áreas de correntes frias, por serem as mais favoráveis para a formação de
plâncton, e consequentemente, para a concentração de espécies piscatórias
- nas áreas de contacto entre correntes quentes e frias
 A costa ocidental de Portugal continental sofre a influência de uma corrente marítima
dominante, designada por corrente de Portugal
 A corrente de Portugal:
- é uma ramificação da corrente quente do Golfo do México, que surge no Golfo do
México e é arrastada pelos ventos do oeste e sudoeste para nordeste em direção à
Europa, onde chega ao norte da Escandinávia e ao oceano Ártico.
- tem uma direção norte-sul, prologando-se até Cabo Verde. Para sul, do cabo de São
Vicente, é conhecida como Corrente das Canárias
- ao longo do seu percurso, vai perdendo as suas características originais

 O litoral ocidental do Continente é, ainda, influenciado, sobretudo no verão, por uma


corrente vertical de compensação: upwelling

Upwelling: corrente compensação de águas frias em nutrientes, cuja intensidade está


diretamente relacionada com os mesmos do norte e nordeste, pois quanto mais Fortes
e constantes forem esses ventos maior será a sua intensidade.
- ocorrência de ventos do quadrante norte (nortada) resulta essencialmente da
localização e da configuração do anticiclone subtropical dos Açores (localizado a
noroeste da Península Ibérica) e da existência simultânea de um centro de baixas
pressões de origem térmica localizada no interior da Península Ibérica.
- estes ventos que se fazem sentir ao longo da Costa ocidental, são desviados pela
força de Coriólis, arrastando consigo para largas águas quentes superficiais
- desenvolve-se, assim, uma corrente de compensação, ou seja, as águas frias
profundas ascendem à superfície para substituir as que foram arrastadas pelo vento,
levando a um aumento da agitação e oxigenação das águas e a uma diminuição da
temperatura, o que se traduz numa maior abundância de plâncton e outros nutrientes

- É responsável, nos meses de verão, pela maior abundância de espécies, como a


sardinha, o carapau e a anchova

Correntes marítimas: deslocamentos Deriva: corrente marítima, que em


de grandes massas de água por ação Portugal corresponde à ramificação da
dos ventos, que, de acordo com corrente quente do Golfo do México,
orientação dos movimentos, podem que se desloca, maioritariamente, de
ser horizontais ou verticais e de acordo norte para sul
com a temperatura relativa da água,
podem ser quentes ou frias

Upwelling: corrente de compensação Corrente Portugal: corrente que deriva


de águas frias, ou seja, as correntes da corrente quente do Golfo do México
ascendentes, (do fundo para a e afeta a Costa ocidental portuguesa,
superfície), compensam as correntes com maior intensidade no verão
descendentes (da superfície para o
fundo
Qual a importância do espaço marítimo?

 A localização geográfica de Portugal reflete a importância do mar para o país, em


geral, e para o setor das pescas, em particular, que desenvolve nas águas nacionais
uma grande parte da sua atividade.
 As águas nacionais, isto é, as zonas marítimas sob soberania e/ou jurisdição nacional
compreendem, para além da plataforma continental:
- as águas interiores marítimas
- o mar territorial
- a Zona Económica Exclusiva (ZEE)

As interiores marítimas, o mar territorial e a zona contígua

3. Zona contígua (24 milhas): espaço marítimo, 2. Mar territorial (12 milhas): espaço
de transição entre as águas territoriais e o mar marítimo entre a linha de base reta e o
alto, que se estende até às 24 milhas náuticas. alto más, com uma largura Máxima de
12 milhas náuticas.
O Estado exerce, nesta zona, a jurisdição que
estabeleceu para o território nacional e mar Nesta zona, soberania nacional do
territorial, prevenindo e combatendo a Estado costeiro é exercida de forma
criminalidade exclusiva

1. Águas interiores marítimas: massas de água


entre a linha de base reta e a linha de Costa,
para fora das embocaduras dos rios e rias

A ZEE

Zona económica exclusiva (ZEE): zona marítima


que se estende até às 200 milhas náuticas desde o
mar territorial.

A ZEE inclui a zona contígua e compreende a coluna


de água que se sobrepõe ao respetivo solo e
subsolo marinhos, até ao limite das 200 mi lhas
marítimas, bem como o respetivo espaço aéreo
sobrejacente

 Na ZEE, os estados costeiros detêm o direito de explorar, gerir e conservar os recursos


naturais aí existentes, vivos e não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do
leito do mar e seu subsolo, incluindo a exploração e aproveitamento dos recursos
energéticos renováveis, a partir do vento, das ondas e das correntes marítimas
Qual é a importância da atividade piscatória em Portugal?

 Portugal tem uma longa tradição da pesca, o que se deve, entre outros fatores à sua
posição geográfica e a sua extensa linha de Costa
 Apesar de economicamente pouco relevante na economia nacional, a atividade da
pesca representa, no setor primário, um papel importante a nível socioeconómico,
sobretudo nas áreas costeiras, contribuinte para o desenvolvimento local, para a
criação e manutenção do emprego e outras atividades económicas complementares e
para a preservação da tradição e da cultura locais. Assim, esta atividade:
- é uma fonte de subsistência da população ribeirinha, que, na sua maioria, depende,
quase na totalidade, da pesca e de outras atividades associadas
- tem efeitos multiplicadores, que se traduzem na dinamização de outras atividades,
geradoras de emprego e de dinamismo económico, como a indústria de transformação
de pescado, zero atividades de fabrico de redes e apetrechos da pesca, a indústria de
construção naval e o turismo, muito associada à restauração.

 Contudo, os condicionalismos físicos desfavoráveis da costa portuguesa, sobretudo os


relacionados com a estreita plataforma continental, têm se refletido na fraca
diversidade das espécies piscícolas das águas nacionais e, consequentemente, na
evolução do setor nacional das pescas, que tem evidenciado:
- considerável dependência em relação a pesqueiros externos
- o elevado esforço exercido nas águas nacionais

Como se distinguem os tipos de pesca?

 A pesca e respetiva frota pesqueira podem subdividir-se em duas categorias, de


acordo com a área onde operam de acordo com a tecnologia utilizada.

Frota pesqueira: embarcações


registadas e utilizadas para a
atividade da pesca.

Quanto às áreas de pesca…

1. Pesca local:

Caracteriza-se, no geral:

- por ser praticado em águas interiores ou perto da costa

- por utilizar artes de pesca diversificadas, polivalentes, e maioritariamente artesanais


- pelo pouco tempo de permanência das embarcações no mar, devido à sua pouca
autonomia, dado que não possuem meios de transformação e conservação do pescado

- pelo elevado número de embarcações de pequenas dimensões

- por criar um maior número de postos de trabalho empregando menos pescadores

- por capturar pescado fresco maior valor comercial, com uma pescada, robalo, pargo, xaputa
e lampreia

2. Pesca costeira:

Caracteriza-se, no geral:

- por ser praticado em áreas mais afastadas da costa, podendo as embarcações operar para
além da zee nacional

- por utilizar embarcações dotadas de alguns meios mais modernos de detenção de cardumes,
de utilização de técnicas de captura como o cerco e o arrasto e de melhores condições de
conservação do pescado a bordo. Tem maior dimensão, entre 9 a 33 metros e possui maior
autonomia, tendo as embarcações capacidade para permanecerem no mar entre duas a três
semanas

3. Pesca de largo ou longínqua

Caracteriza-se, no geral:

- por ser praticada para la das 12 milhas da costa, em aguas internacionais ou nas ZEE
estrangeiras

- por utilizar técnicas modernas e diversificadas de detenção e de captura de cardumes

- por utilizar navios equipados que permitem a preparação, transformação, acondicionamento


e a congelação do pescado a bordo e possui grande autonomia, de 15 dias, o que lhe permite
uma permanência no mar de semanas ou meses

Quanto à tecnologia…

1. Pesca artesanal

Caracteriza-se, no geral:

- por utilizar meios e técnicas tradicionais e pouco evoluídas, como a linha ou os anzois

- pelas embarcações serem de pequena tonelagem e muitas vezes desprovidas do motor, o


que leva a que, por um lado, seja praticada em áreas próximas da costa e, por outro, a que
permanência no mar seja curta

- pela tripulação e capturas por embarcação serem reduzidas, apesar de o pescado ter muitas
vezes um elevado valor unitário

- por estar, associada à pesca local


2. Pesca industrial

Caracteriza-se, no geral:
- por utilizar técnicas avançadas e eficazes na captura dos cardumes, como o cerco, o arrasto e
a aspiração

- pela captura dos cardumes ser facilitada pelos apoio de meios tecnologicamente avançados
como as sondas

- por integrar embarcações de grande autonomia, de grande tonelagem e bem equipadas a


nível de meios de conservação e congelação do pescado, o que lhes permite permanecerem no
mar durante muitos dias, semanas ou meses, sem o risco de deterioração do pescado

- por estar associada à pesca de largo ou longínqua

Navio-fábrica: navio a bordo do qual os


produtos da pesca são submetidos a uma Navio congelador:
ou mais operações, como corte, esfola, navio a bordo do qual é
descasque e seguidamente sofrem efetuada a congelação
acondicionamento de embalagem, dos produtos de pesca.
refrigeração e congelação.

Como se caracteriza a frota pesqueira nacional?

 A frota pesqueira nacional tem sofrido um decréscimo


 Verificou-se também que sofreram um aumento da arqueação bruta e da potência
 Assim, a frota pesqueira nacional caracterizava-se pelo predomínio de embarcações:
- de pequena dimensão, inferior a 12 metros
- com uma arqueação bruta inferior a 5 GT
 As embarcações de pequena dimensão, com menor tonelagem de arqueação bruta,
são, então, as mais representativas no país, revestindo uma grande importância
socioeconómica para o setor das pescas, uma vez que:
- a nível económico, a atividade destas embarcações é dirigida à capacidade de
espécies de elevado valor comercial
- a nível social, a atividade é a única fonte de subsistência de um número considerável
de famílias
 A evolução da frota da pesca nacional acompanha as normas estabelecidas pela
Política Comum das Pescas (PCP), baseadas numa política de exploração sustentável
dos recursos, que se consiga equilibrar as suas capacidades de pesca com as suas
possibilidades de pesca
 Assim, as normas estabelecidas pela PCP, têm refletido:
- o decréscimo do numero de embarcações licenciadas
- a reconversão das embarcações
 A repartição da frota pesqueira nacional evidencia assimetrias regionais, em virtude,
do número de portos existentes. Assim, a frota pesqueira caracteriza-se:
- por predominar no território continental
- pela menor representatividade na região do Alentejo
- pelo maior numero de embarcações se registar na região centro e do algarve
- pelas embarcações de maior arqueação bruta e potencia se concentrarem na região
centro e norte

Quais as principais espécies capturadas?

 Assistiu-se a um aumento das capturas de pescado por parte da frota de pesca


nacional
 Este acréscimo resultou da maior quantidade de pescado disponível, quer do
aumento da procura, onde se destaca o aumento da venda a compradores
estrangeiros nas lotas.
 As espécies com maior peso no total das capturas:
- cavala, carapau, biqueirão e atuns (peixes)
- polvos e berbigão (moluscos)
- gambas (crustáceos)
 Em termos regionais, as NUTS II que registaram, um aumento no total de capturas :
- AML, Algarve e Alentejo
 Em termos regionais, as NUTS II que registaram, um decréscimo no total de capturas:
- Algarve, AML e RAM

Lota: infraestrutura de um porto de pesca


ou zona ribeirinha na sua influência.
Integra o local para a realização das
operações de comercialização e outras
operações que lhe são complementares.

Quais as principais áreas de pesca?


 Os pescadores portugueses efetuam as capturas de pescado, sobretudo, em águas
nacionais, embora também recorram a , em águas internacionais
 apesar de ter vindo a registar um aumento do número de capturas em águas
nacionais, é também um facto o aumento de capturas em pesqueiros externos pelas
frotas pesqueiras nacionais, como resultado de Portugal beneficiar de diversos acordos
de pesca com países terceiros, no âmbito da política comum das pescas (PCP), que têm
permitido maiores oportunidades de pesca, numa perspetiva sustentável.
 As principais áreas procuradas pela frota nacional localizam-se:
- no Atlântico Norte: atlântico nordeste (exploração do mar); atlântico nordeste
(organização da pesca)
- no Atlântico Centro-Este
- no Atlântico Sudoeste
Quais as características da mão de obra?

 Esta evolução acompanhou a evolução negativa registada pela frota de pesca e teve
como principal causa o abandono da atividade.
 A nível regional e no respeita aos pescadores matriculados:
- o maior número de pescadores concentrou-se nas regiões Norte e Centro
- o menor número de pescadores verificou-se no Alentejo e na região autónoma
 A nível estrutura etária constata-se que os pescadores nacionais:
- tinham maioritariamente idade compreendidas entre 35 e os 64 anos
- eram mais jovens na região autónoma dos Açores e no Centro
- eram mais idosos no Alentejo e na AML
 Quanto ao número de pescadores por segmento de pesca, verifica-se que:
- a maioria dedicou-se à pesca polivalente
- a pesca do cerco foi mais significativa na região Norte
- a pesca do arrasto teve maior relevância na região Centro
 As características da mão de obra afetam negativamente o setor das pescas, na
medida em que se verifica:
- uma população ativa marcada pelo peso de idades mais elevadas
- uma baixo nível de instrução, que corresponde, na maioria, à escolaridade
obrigatória.

A valorização da mão de obra


 O atraso de Portugal relativamente aos países comunitários pode ser atenuado com o
investimento na instrução e qualificação da população que se dedica a esta atividade,
pois permite:
- o rejuvenescimento da população pesqueira
- a maior capacidade para compreender a necessidade de preservar os recursos
existentes, através da prática de uma pesca seletiva que respeite as normas
comunitárias
- o aumento da produtividade

Aquicultura
O que é a aquicultura?
 A aquicultura consiste na criação ou cultura de organismos aquáticos, aplicando
técnicas concebidas para aumentar, para alem das capacidades naturais do meio, a
produção desses organismos.
 A aquicultura é uma das soluções para o repovoamento dos mares e para o setor das
pescas, sobretudo numa altura em que cresce a consciência de uma exploração
sustentável dos recursos, dado que estes não são inesgotáveis e que a sua exploração
dos stocks pode pôr em causa a manutenção e reprodução das espécies e a viabilidade
económica das pescas
 A produção agrícola nacional tem aumentado, sendo a produção em águas de
transição e marinhas perdeu números no total do setor das pescas.
Quais os regimes de exploração?
 Os regimes de exploração aquícola podem classificar-se em extensivo, intensivo e
semi-intensivo
 o regime de exploração aquícola foi extensivo

Regime intensivo: a alimentação


Regime extensivo: a alimentação
é predominantemente artificial,
das espécies é exclusivamente
com recurso a ração para
natural
alimentar os peixes

Regime semi-intensivo: associa-se


à alimentação natural
suplementos artificiais.

Quais as espécies produzidas?

 Os moluscos e os crustáceos foram predominantes na produção aquícola, da produção


nacional.

Dos condicionalismos à gestão integrada e sustentada do espaço


marítimo e do litoral

 As áreas costeiras e marítimas têm sofrido uma crescente procura por parte da
população e das atividades económicas, nomeadamente para as atividades ligadas ao
turismo e ao lazer
 Como consequência, estas áreas sofrem pressões crescentes a nível ambiental,
destacando-se:
- a sobre-exploração de recursos e ameaça a conservação da natureza
- a poluição das águas nacionais
- a degradação do litoral (erosão e pressão urbanística)
 Emerge assim a necessidade crescente e ordenamento das áreas costeiras, para que
se consiga, de forma integrada, não só combater os condicionalismos que têm
surgido, como valorizar as suas potencialidades e potenciar a sua utilização
sustentável
A sobre a exploração dos recursos e a necessidade de uma exploração
sustentável dos mesmos…

 A atividade piscatória tem-se revelado, como referido anteriormente, uma ameaça


para as espécies piscícolas
 Muitas espécies têm sofrido uma diminuição das suas populações, atingindo já o limiar
de extinção, devido a capturas acidentais e à prática de uma pesca descontrolada,
sobretudo quando a atividade piscatória incide sobre pesqueiros próximos da costa.
 A conservação e a exploração sustentável das pescas é um objetivo de a política
comum das pescas (PCP)
 As regras de controlo da PCP:
- Acesso à água: para controlar os navios que têm acesso a determinadas águas
- Esforço de pesca: para limitar a capacidade de pesca e a utilização de navios- define a
sua dimensão
- Medidas técnicas: para regulamentar a utilização de artes de pesca virgula bem como
quando e onde os pescadores podem pescar
- Aplicação de totais de admissíveis de capturas: para limitar as capturas de pescado

O controlo dos stocks piscícolas…


 Portugal, no âmbito da Política Comum das Pescas, está sujeito a medidas de controlo
e redução da pesca, através de licenças de pesca, quotas e de medidas técnicas .
 Medidas que visam o crescimento e desenvolvimento da atividade piscatória:
- um incentivo à construção ou modernização da frota
- adaptação das capacidades da frota, considerando o princípio de não aumentar as
capacidades de uma frota já excessiva
- o incentivo ao desenvolvimento da aquicultura
- a constituição de sociedades mistas como países terceiros

Poluição das águas nacionais e a necessidade de fiscalização…


 A poluição das águas nacionais é um problema crescente e tem consequências
catastróficas ao nível:
- de pesca e da aquicultura, uma vez que tem contribuído para a redução dos stocks
piscícolas
- do turismo e dos desportos náuticos, pois contribuem para a destruição das áreas
costeiras enquanto áreas de lazer
 A poluição das águas nacionais deve-se por exemplo:
- ao derrame de petróleo ou pela lavagem de tanques, o que provoca as chamadas
das marés negras
- às descargas efetuadas pelas industrias, nos rios que acabam por desaguar nas áreas
costeiras.
- à contaminação das águas fluviais e consequentemente das marítimas
- às águas residuais e dos esgotos
A fiscalização das águas nacionais…

 Em 1997, Portugal ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar
de 1982, o que permitiu ter:
- o direito soberano para a prospeção e exploração económica dos recursos naturais
da sua plataforma continental
- o direito exclusivo de autorizar as sondagens na plataforma continental
- a obrigação de gerir os seus recursos de uma forma sustentável

 De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, e ainda de
acordo com as Diretivas Comunitárias, Portugal tem a responsabilidade de:
- vigiar e controlar as atividades da frota nacional e da frota estrangeira que opera
nas águas nacionais, que estão sob soberania ou jurisdição nacional, nomeadamente
as águas interiores marítimas, o mar territorial, a zona contígua, a ZEE e a plataforma
continental
- investigar todo o seu potencial piscícola
- fiscalizar os recursos e o espaço marítimo, de forma a cumprir as normas
comunitárias de conservação e de gestão dos recursos de pesca, no âmbito da PCP

A extensão da plataforma continental

 A plataforma continental corresponde à área submarina contígua às terras emersas,


ligeiramente inclinada, com uma profundidade, em média até aos 200 metros.
 O alargamento da plataforma continental portuguesa poderá ser positivo para o país,
quer ao nível de soberania sobre o espaço marítimo mais amplo, quer ao nível da
exploração e do aproveitamento dos recursos minerais e seres vivos que existam no
fundo do mar e no subsolo.

A degradação do litoral e a necessidade de uma gestão integrada e


sustentada…

 A erosão costeira e a elevada pressão sobre a linha de costa, têm afetado uma
parte significativa do litoral nacional, acarretando problemas como:
- a artificialização da linha de costa
- a destruição dos sistemas naturais
- a degradação da paisagem

 A progressiva degradação, aumento de pressão e erosão do litoral resultam da


conjugação de fatores naturais e humanos, dos quais se destacam:
- a subida do nível medio das águas do mar (aquecimento global)
- a configuração geral da costa, o que deixa exposta com frequência aos ventos
fortes de oeste e à ação erosiva do mar
- a crescente pressão urbanística
- a construção anárquica de habitações
- a produção de resíduos e efluentes domésticos
- a sobre-exploração dos aquíferos
- a diminuição da quantidade de sedimentos
- o pisoteio da vegetação

A necessidade de ordenamento e de uma gestão integrada da


orla costeira…

 As áreas costeiras têm uma elevada importância a nível ambiental, económico,


social, cultural e recreativo
 Assim, quer o aproveitamento das suas potencialidades, quer o atenuamento e/ou
resolução dos seus problemas, levam à necessidade de uma política de proteção e
de valorização do território apoiada numa gestão.
 Além da pesca, existem outras atividades que o mar permite desenvolver e que
devem ser potencializadas, visando o desenvolvimento sustentável no espaço
marítimo como por exemplo:
- a produção de energia a partir de Fontes renováveis, como a energia
- a salicultura
- a recolha de algas
- a exploração de hidrocarbonetos e minerais no subsolo marinho
- a realização de desportos aquáticos

 O seu ordenamento procura reduzir os conflitos e potenciar as vantagens que uma


utilização racional do mar poderá trazer. É importante:
- minimização dos conflitos de uso
- compatibilização entre atividades e usos através da escolha de locais
- utilização sustentável dos recursos e serviços marinhos

A gestão integrada da orla costeira…

 A gestão integrada da orla costeira, é aplicada através de vários programas e


instrumentos que se articulam e complementam. Destes, destacam-se:
- o plano de situação do ordenamento do espaço marítimo nacional
- os Programas da Orla Costeira (POC): faixa ao longo do litoral, quando tal
justificado pela necessidade de proteção de sistemas biofísicos costeiros.
- o Plano de Ação Litoral: instrumento de referência e de atuação no âmbito da
gestão integrada da zona costeira de Portugal continental.
Áreas de intervenção: prevenção do risco e salvaguarda de pessoas e bens;
proteção e valorização do património natural, desenvolvimento sustentável das
atividades económicas
 O ordenamento do território no espaço marítimo permitirá, então através de uma
politica de gestão integrada, o desenvolvimento económico, social e ambiental
sustentável através:
- da proteção dos valores naturais
- da salvaguarda de pessoas e bens
- do aproveitamento económico

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