Resumo Todos Os Textos ICP

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 39

-MÓDULO 1

TEXTO 1 – PHILIPPE SCHMITTER

● Ciência Política contemporânea:


– Vontade de ser científica → preocupação teórica e metodológica (respeita dados e
não afirma verdades sem demonstração rigorosa)
– Delimitação da disciplina → trata da interpretação de um setor particular do
comportamento humano.
● Política é definida por:
– Instituições → quadro social do qual participam os atores (Estado ou Governo)
– Recursos → meios utilizados pelos atores (Poder, Influência ou Autoridade)
– Processos → atividade principal exercida pelos atores (Formulação de decisões
sobre a linha de conduta coletiva)
​– Função → consequências de sua atividade para a sociedade da qual faz parte
(Resolução não violenta dos conflitos)
● Estado ou Governo
​ – Política como a arte e a ciência do Estado ou do governo (Definição básica)
​ – Inclusão de instituições não-constitucionais → instituição estatal não se limita a ela
● Poder, Influência ou Autoridade
​ – Poder → política como coação.
– Ênfase ao fenômeno da coerção (a dominação ou monopolização da
violência ou de força física)
​– Influência → política como arte de influenciar.
– Produto de uma interação de uma pluralidade de tipos de dominância –
força/coação, inclusive. Termo mais abrangente. O grau de influência depende dos
recursos disponíveis e da vontade de utilizá-los (Dahl).
​– Autoridade → política como autoridade ou poder legítimo.
– Autoridade como um poder que se faz obedecer voluntariamente (Weber).
Estudo da política → estudo das relações de autoridade entre os indivíduos e os
grupos, da hierarquia de forças que estabelecem no interior de todas as comunidades.
Estado é a instituição última e pode utilizar da força física para se fazer respeitar.
● Decision-Making → formulação de decisões sobre linhas de conduta coletiva
​– Política como processo de formulação de decisões imperativas.
– Decisões ou policies como foco de análise. A Ciência Política deveria explicar
porque uma linha de conduta foi, é ou será adotada e seus detalhes.
​– David Easton → Ciência Política como o estudo da alocação autoritária dos valores
de maneira que essa alocação seja influenciada pela distribuição e utilização do poder.
​– Fazer comparações entre esse processo social em diferentes níveis.
​– Vai de acordo com a teoria dos sistemas políticos.
● A resolução não-violenta dos Conflitos
​– Abordagem funcionalista: resolução não-violenta dos conflitos.
​– Funcionalismo: considerar algo pelas suas consequências no sistema que faz parte.
– Parsons: política como realização de objetivos coletivos / Apter: política como a
manutenção do sistema do qual faz parte. Ambas definem a política pela sua função.
​– Para Schmitter: a função da política é a de resolver conflitos entre indivíduos e
grupos, sem que esse conflito destrua uma das partes em conflito. Alguns conflitos não
podem ser resolvidos, não podem ser terminados, de modo que haverá conflitos, mas que

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 1 de 39
foram amenizados para que não houvesse destruição de uma das partes ou da coletividade em
geral.
​– Condições para que um ato social seja político:
​ ​ – Necessária: ato controverso → antagonismo, conflito, treta entre diferentes
indivíduos ou grupos. Qualquer ato social é potencialmente político.
​ ​ – Suficiente: atores reconheçam suas limitações → conflitos políticos têm
restrições mútuas, exigindo certo grau de cooperação ou integração entre indivíduos. Os
atores limitam seus esforços em vez de se destruírem.
​– Aristóteles: a sociedade política não pode ser governada por uma família, pois
eventualmente a sociedade, a multidão se torna una, uma família, sem conflitos. E a condição
de existência de uma sociedade política é justamente o conflito entre partes.
​– Atores políticos são heterogêneos: mantêm relações de conflito e interdependência.
Natureza da dominação política → reconhecer conflitos e contê-los em um quadro social
comum. A dominação política não acaba com os conflitos, não destrói essa heterogeneidade.
​– Política: conflito entre atores para a determinação de linhas de conduta num quadro
de cooperação e integração. Estudo do conflito e estudo da integração.
​– Duas interpretações de Política:
​ ​ – Luta, na qual o poder permite aos que o detêm, exercer a dominação sobre a
sociedade e dessa tirar partido.
​ ​ – Esforço para fazer governar a ordem e a justiça. Poder permite a proteção
do interesse geral e do bem comum em face às reivindicações particulares.
​– Estado: poder institucionalizado de uma sociedade → é o instrumento de
dominação (de umas classes sobre outras) e meio de assegurar certa ordem social (integração
de todos para o bem comum). Dualidade. Ciência Política deve ter ambas as partes.
● Qualquer estrutura social que haja alcançado um certo grau de diferenciação
necessitará organizar-se politicamente a fim de que os seus conflitos internos não a
tornem inviável.
● Caráter único da organização política → instrumento que a sociedade utiliza para se
autodisciplinar. Cabe à sociedade o monopólio de uso da força em nome da
coletividade como um todo.
● Importante saber distinguir os três recursos que podem ser utilizados pelos atores
políticos: autoridade, poder e influência.
● Essencial saber definir a política pela ótica funcionalista.

TEXTO 2 – MAX WEBER

● Política → direção do agrupamento político denominado (Estado) ou a influência


que se exerce em tal sentido.
● O Estado não se deixa definir a não ser pelo específico meio que lhe é peculiar, o uso
da coação física. A violência é exclusiva do Estado.
● Estado contemporâneo como uma comunidade humana que, dentro dos limites de
determinado território, reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física.
Estado como a única fonte de direito à violência.
● Política → conjunto de esforços feitos com vistas a participar do poder ou a influenciar
a divisão do poder, seja entre Estados, seja no interior de um único Estado.
● Todo homem que se entrega à política aspira ao poder, seja porque o considere
como instrumento para realizar fins ideais ou egoístas, seja porque deseje o poder para
gozar do sentimento de prestígio que ele confere.
● Estado consiste em uma relação de dominação do homem sobre o homem,
fundada na violência legítima.
● Três razões que justificam a dominação e três fundamentos de legitimidade (raramente

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 2 de 39
encontrados esses tipos puros):
​ – Autoridade do passado eterno: costumes, hábitos enraizados nos homens para
respeitá-los → poder tradicional
​ – Autoridade que se funda na carisma de um indivíduo: devoção depositada em uma
figura devido às suas qualidades exemplares/prodigiosas → poder carismático
​ – Autoridade que se impõe pela legalidade: crença na validez de um estatuto legal
de uma competência positiva, fundada na obediência → poder do “servidor do
Estado”/racional-legal

● Obediência fundada na esperança (de uma recompensa) e no medo (de uma vingança);
nos interesses pessoais (retribuição material e prestígio social)
● O político por vocação
● A dominação organizada necessita de um estado-maior administrativo e de materiais
de gestão.
​ – Estado-maior administrativo → organização de dominação política – detentores do
poder.
● O Estado burocrático é o que melhor caracteriza o desenvolvimento racional do
Estado moderno.
● Estado moderno → agrupamento de dominação que apresenta caráter institucional e
que procurou monopolizar a violência física legítima como instrumento de domínio.
Os dirigentes detêm os meios materiais de gestão.
● Políticos profissionais → não têm a ambição dos chefes carismáticos e não buscavam
transformar-se em senhores. Empenhavam-se na luta política para se colocarem à
disposição de um príncipe. Seus interesses políticos coincidiam com o sustento
financeiro e o conteúdo moral para suas vidas.
● Política como profissão principal (políticos profissionais) e como profissão secundária
(ocasionalmente exercida)
● Viver da e viver para a política:
– Quem vive para a política → o indivíduo faz da política o fim de sua vida, a
política dá significado à sua vida.
– Quem vive da política → indivíduo que vê na política uma permanente fonte de
renda.
● O homem político deve ser financeiramente independente, não ver a política como
forma de sustento, e economicamente disponível. Se o indivíduo não for
economicamente independente ele pode não considerar a causa a que se dedica
em prol de um benefício econômico.
● Qualidades do homem político:
– Paixão → devoção à uma causa
– Sentimento de responsabilidade → guia da atividade. Aliada à Paixão
– Senso de proporção → o indivíduo deve permitir que os fatos ajam sobre si
● Instinto de poder → o desejo de poder, sem objetivo, passa a ser mais uma exalação
pessoal do que voltada para uma causa
● Pecados: não ter responsabilidade e não defender causa alguma
– Ausência do senso de responsabilidade leva o homem a gozar do poder pelo
poder.
● Poder é o instrumento inevitável da política.
● O resultado final da atividade política raramente corresponde à intenção original do
agente.
● Ética da responsabilidade → o indivíduo deve responder pelas consequências dos
seus atos. Ele deve tomar ações sabendo o que vai ter como consequência, de
modo que ele deve arcar com elas.
● Ética da convicção → o indivíduo cumpre seu dever religioso e, quanto aos

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 3 de 39
resultados da ação, confia em Deus. Concepção mais ideológica, voltada para o
que o indivíduo acredita, tanto religiosa quanto politicamente.
● Paradoxo das duas éticas → a ética da convicção e da responsabilidade não se
contrapõem, mas se complementam, formando, em conjunto, o homem que pode
aspirar à vocação política.
● Em nenhuma ética pode-se dizer a que momento e em que medida um fim moralmente
bom justifica os meios e as consequências moralmente perigosas.
● Ao utilizar-se de meios violentos para atingir fins que não são possíveis se não
pela atividade política, o indivíduo, sujeito à ética da responsabilidade, põe em
perigo a “salvação de sua alma”.
● E ao basear-se na ética da convicção, valendo-se de um combate ideológico, para
resolver tais problemas, podem ser provocados descréditos e danos, pois não
existe responsabilidade pelas consequências.
● A tomada de ação levando em conta somente uma das éticas resulta em uma
consequência no campo da outra ética.
● O instrumento decisivo da política é a violência. A política não pode ser feita sem
violência.

TEXTO 3 – HANNAH ARENDT

● A violência como um fenômeno em si mesmo → é a mais flagrante manifestação do


poder.
● Poder como instrumento de dominação, decorrente do “instinto de dominação”.
● A essência do poder é a efetividade do comando e a violência é o instrumento mais
efetivo.
● Burocracia → mais formidável forma de dominação atualmente; o domínio de um
sistema intrincado de departamentos, onde nenhum homem pode ser tomado como
responsável.
● Domínio de Ninguém (burocracia) → o governo mais tirânico de todos, pois não há
quem se possa questionar acerca do que está sendo feito. Impossível localização da
responsabilidade e a identificação do inimigo.
● Vontade de poder e vontade de obedecer estão interligadas.
● Todas as instituições políticas são manifestações e materializações
do poder; elas
decaem caso o poder do povo deixa de sustentá-las. O governo é o poder
institucionalizado e organizado. Compreendido como a dominação do homem pelo
homem através da violência.
● O poder do governo depende de números, mesmo o tirano, o Um que governa contra
todos precisa de ajudantes na tarefa da violência. Tirania como a forma mais violenta
e menos poderosa.
● Poder sempre depende de números ao passo que a violência pode operar sem eles.
● Forma extrema do poder → Todos contra Um
● Forma extrema da violência → Um contra Todos (nunca possível sem instrumentos)
● Força, violência, vigor, poder e autoridade são muitas vezes tomadas por sinônimos,
pois têm a mesma função: dominação do homem pelo homem.
● Poder: habilidade humana para agir em concerto. Nunca é propriedade de um
indivíduo, pertence a um grupo e existe enquanto este grupo estiver unido. O poder é
conferido a um indivíduo por um grupo e se esse desaparece, o poder some.
● Vigor: é a propriedade inerente a um objeto ou pessoa e pertence a seu caráter,
qualidade individual independente do grupo. Mesmo o vigor do indivíduo mais forte
pode ser sobrepujado pelos muitos. É da natureza de um grupo e de seu poder voltar-e

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 4 de 39
contra a independência, a propriedade do vigor individual.
● Força: deve ser limitada às forças da natureza ou à força das circunstâncias. Deve
indicar a energia liberada por movimentos físicos ou sociais.
● Autoridade: pode ser investida em pessoas. Sua essência é o reconhecimento
inquestionável por aqueles a quem se pede que obedeçam, nem coerção nem
persuasão são necessárias. Conservar a autoridade requer respeito pela pessoa ou pelo
cargo.
● Violência: caráter instrumental. Utilizada com o propósito de multiplicar o vigor
natural.
● É comum que a violência e o poder estejam aliados e difícil que sejam encontrados em
sua forma pura, extrema. Nunca houve governo baseado somente na violência, é
necessário um mínimo de poder por trás da violência.
● O poder é a essência de todo governo, mas não a violência, que, por ser instrumental,
depende de orientação e justificativa.
● O poder não precisa de justificação, ele precisa de legitimidade. A legitimidade se
ampara em um elemento do passado, já a justificação se ampara em um fim futuro.
● A violência pode ser justificável, mas nunca será legítima. Ela pode destruir o poder,
gerando perfeita obediência, mas desse processo nunca surgirá um poder.
● O terror é a forma de governo que se estabelece que quando a violência destrói o
poder, mas não abdica, e sim permanece com controle total.
● A diferença entre a dominação totalitária, baseada no terror, e as tiranias e ditaduras,
baseadas na violência, é que a primeira investe contra inimigos e amigos, pois teme
qualquer tipo de poder, mesmo o de amigos.
● O poder e a violência são opostos, onde um domina o outro está ausente.

TEXTO 4 – NORBERTO BOBBIO

Platão

● A República → descrição da república ideal, que tem por objetivo a realização da


justiça.
● Todos os Estados são corrompidos, mas de formas diferentes. Só há um Estado
perfeito, mas uma variedade de Estados imperfeitos. “A forma de virtude é uma só,
mas o vício tem uma variedade infinita”.
● Para Platão, as formas históricas de governo são más, pois não seguem a constituição
Ideal.
● Para Aristóteles e Políbio, a história é uma sucessão de formas boas e más → +-+-+-
● Para Platão, só se sucedem formas más. A forma boa existe por si só, não
importando se está no começo ou no fim da sucessão → +)---(+
● Platão é pessimista, vê a história como uma regressão definida, do mal para o
pior.
● Formas de governo corrompidas:
– Timocracia: forma de transição entre a ideal e as corrompidas
– Oligarquia ≠ aristocracia
– Democracia ≠ politeia (Aristóteles)
– Tirania ≠ monarquia
● Formas de governo ideais: não importa se for um só ou muitos, as leis
fundamentais não se alteram, desde que sejam treinados e educados corretamente.
– Aristocracia: o governo cabe a mais de uma pessoa.
– Monarquia: um governante prevalece sobre os outros.
● Não há alternância das formas de governo e sim uma decadência contínua e
gradual: Timocracia→Oligarquia→Democracia→Tirania

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 5 de 39
● A partir do ponto final da regressão, Platão não diz o que acontece, se há um
retorno e como ele se dá.
● A corrupção se dá pelo excesso de um princípio:
– Homem timocrático → ambição, desejo de honrarias
– Homem oligárquico → fome de riqueza, ostentação; necessidades essenciais.
– Homem democrático → desejo imoderado de liberdade; necessidades supérfluas
– Homem tirânico → violência; necessidades ilícitas
● Mudança de forma acompanha a mudança de geração.
● A corrupção se manifesta no Estado a partir da discórdia.
● Liberdade do indivíduo com respeito ao Estado ≠ Unidade do Estado com relação ao
indivíduo.
● Duas discórdias que levam à corrupção/destruição do Estado:
– Interna entre a classe dirigente (aristocracia→timocracia/timocracia→oligarquia)
– Entre classe dirigente e dirigida (oligarquia→democracia)
● Dualidade da Democracia: A democracia é apresentada tanto como a pior das
melhores (positiva) quanto a melhor das piores (negativa) formas de governo:
+)monarquia→aristocracia→democracia+|democracia-→oligarquia→tirania(-
● Critérios que distinguem as formas boas das más:
​ – Violência e consenso: governo bom se baseia no consentimento e não na violência
– Legalidade e ilegalidade: governo bom atua de acordo com leis estabelecidas e não
arbitrariamente.

Aristóteles

● A constituição para Aristóteles é a organização das magistraturas.


● Formas de governo boas:
○ Monarquia → governo de um, propõe a fazer o bem público
○ Aristocracia → governo de pouco, sua finalidade é o bem comum
○ Politia → governo de muitos, massa, visa o bem público
● Formas de governo degeneradas:
○ Tirania → governo de um, exercido em favor do monarca
○ Oligarquia → governo de poucos, voltado para o interesse dos ricos
○ Democracia → governo de muitos, visa o interesse dos pobres
● Quem governa? Um só (monarquia); Poucos (aristocracia); Muitos (politia)
● Como governa? Boas; Más
● Monarquia→aristocracia→politia→democracia→oligarquia→tirania
● Critério que distingue as formas boas das más: se o governo é voltado para o
interesse individual/pessoal (más) ou coletivo/comum (boas).
● Tipos de relação de poder:
○ Poder do pai sobre o filho: visa o interesse do filho
○ Poder do senhor sobre o escravo: visa o interesse do senhor
○ Poder do governante sobre o governado: visa o interesse comum
● A politia é uma mistura de democracia e oligarquia. Como uma forma boa pode
surgir de duas formas más? Se essa forma de governo não é o governo bom de muitos,
ela é uma ideia vazia e abstrata?
● Para Aristóteles, o que distingue a oligarquia da democracia não é a quantidade de
pessoas no poder e sim na diferença entre ricos e pobres. Oligarquia → ricos e
nobres, minoria; Democracia → livres e pobres, maioria.

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 6 de 39
○ O que distingue uma forma de governo da outra é a condição social, não os
números.
● Logo, a politia é um regime em que a união dos ricos e dos pobres deveria
sustentar a causa mais importante, a luta entre os que não possuem contra os
proprietários. É o regime mais propício para assegurar a paz social.
● Exaltação da classe média no contexto de uma cidade a ser governada: quanto mais
numerosa a classe média, mais condição de ser bem governada tem a cidade.
Onde a classe média é mais numerosa, a sociedade se encontra mais distante do perigo
das revoluções, raramente ocorrem conspirações e revoltas entre os cidadãos.
● Politia nunca existiu, um tipo de governo misto alcançado pela política do meio-
termo.

Políbio

● Seis formas de governo (três boas e três más) que se sucedem constituindo um ciclo.
● Há uma sétima forma que é a junção das três formas boas, sendo essa a melhor.
● Políbio fixa a sistemática clássica das formas de governo, expõe uma filosofia na
história. Preferência a uma constituição mista a uma constituição simples.
● Formas boas:
– Monarquia
– Aristocracia
– Democracia
● Formas más:
– Tirania
– Oligarquia
– Oclocracia
● Os critérios utilizados para definir as formas são os mesmos que Platão utiliza.
● Teoria dos Ciclos → alternância entre as formas boas e más.
– Monarquia→Tirania→Aristocracia→Oligarquia→Democracia→Oclocracia
– O primeiro governo a se estabelecer é o governo de um, o próximo seria sua
forma corrompida e com a queda deste se forma o governo dos melhores. Após a
degeneração desse governo, a massa toma o poder e com o tempo a arrogância e a
ilegalidade corrompem essa forma de governo.
● Diferenças Platão-Políbio:
– Em Platão há um processo contínuo de degeneração das formas, já em Políbio o
processo é descontínuo (uma boa, uma má).
– A forma final: para Platão é a Tirania e para Políbio é a Oclocracia.
● Para Políbio a corrupção está implícita na humanidade, logo, toda forma de governo
uma hora vai ser corrompida. As constituições sofrem de um vício, a falta de
estabilidade.
● Ao final do ciclo, após a queda da oclocracia, o próximo governo é a Monarquia,
saindo da pior forma de governo e indo para a melhor.
● O objetivo de uma constituição é organizar os cargos governamentais, estabelecer
quem deve governar, permitir o desenvolvimento regular e ordeiro da vida civil.
● Segundo Políbio, todas as constituições simples são más, mesmo as retas (as boas).
● O governo misto é uma constituição que combine as três formas clássicas. O
governo misto é, para Políbio, a forma de governo ótima e perfeita.
● O fato de os governos mistos serem mais estáveis não significa que eles são eternos
e sim que eles duram mais que os governos simples.

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 7 de 39
TEXTO 5 – LUIS FELIPE MIGUEL

● O Príncipe e os Discorsi foram as obras de Maquiavel que romperam com a tradição


medieval e introduziram o pensamento político moderno: rompe com a justa relação
entre o poder dos príncipes e a Igreja e com o fato de o governo ser um instrumento
moral, destinado ao aprimoramento dos cidadãos a ele submetidos.
● Para Maquiavel, o que importa na política é o poder real, não uma questão de justiça
ou princípios, mas de se impor sobre os outros. O fundamental era possuir os meios
materiais para a imposição do próprio poder.
● A ascendência moral não possui relevância política → exclui o Papa de negociações
políticas.
● Para Maquiavel, o poder é algo que se preserva e não se entrega a ninguém. E a meta
da ação política é de ampliar o poder em relação aos outros. A partir do momento em
que o outro conquista algum poder, ele se torna um rival.
● Maquiavel é precursor de duas ideias: “Só o poder controla o poder” e “A discórdia
interna é inerente aos governos livres”
● O conflito é um sintoma do equilíbrio de poder, pois se o conflito persiste e porque
nenhuma parte conseguiu dominar a outra.
● Maquiavel procurou contestar a vinculação entre a liderança política e as qualidades
morais. O objetivo da política é o bem estar do Estado enquanto o objetivo da moral
cristã é a salvação pessoal → metas distintas e incompatíveis.
● Os objetivos e meios (os critérios de avaliação da ação política) são diferentes dos da
vida privada.
● Necessidade de praticar o mal, mesmo quando se quer fazer o bem → a maldade do
mundo impede a prática do bem. “Os fins justificam os meios” (Maquiavel nunca
disse essa frase, ela só resume bem seus fundamentos) → muitas vezes é preciso fazer
o mal para alcançar o bem. O bem trata-se de promover a grandeza do Estado e sua
estabilidade, adiando ao máximo sua decadência.
● O príncipe deve se valer de ações más, uma vez que mundo que o cerca é mau. Se ele
agir de forma boa, ele será trucidado pelo mal. Se o príncipe agir de maneira
integralmente boa competindo com os que se valem de meios escusos, isso pode
significar sua derrota.
● “Para o governante, é melhor ser temido do que amado pelo povo” → realismo.
● Para Maquiavel, o ser humano é mau e egoísta, voltado à busca de vantagens pessoais.
Essa é a razão pela qual o príncipe não pode ser bom, pois a maioria é corrompida.
● “Se deve fazer todo o mal de uma vez, mas o bem deve ser feito aos poucos” →
Maquiavel diz isso, pois a natureza humana engloba a memória curta. O mal deve ser
feito de uma vez para assegurar o poder em um único momento (e ele será logo
esquecido) e o bem, ao ser feito aos poucos, conquista a estima dos súditos.
● “Os adversários devem ser aniquilados de forma que eles não tenham forças para se
reerguer”
● “O uso da força bruta, sem o auxílio da astúcia, é pouco eficaz e gera repulsa e
resistência”.
– Dicotomia entre lei e força.
– No polo da força, dicotomia entre força propriamente dita e a astúcia.
● “Nem toda ação má é justificável, apenas as orientadas por objetivos dignos”.
● Maquiavel é radical em sua adesão à visão clássica da virtude cívica como
desprendimento em favor do Estado.
● A ação política precisa se manter vinculada a um interesse coletivo, mesmo sendo
tensionado por demandas específicas.
● O príncipe mesmo agindo mal deve parecer bom → a política requer uma fachada de

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 8 de 39
respeito aos valores morais, que é condição sine qua non para a subsistência da
sociedade. A hipocrisia é inevitável.
● A divisão da moral individual e da moral política não é aceita pelo povo, por isso o
príncipe deve mentir para o povo. O príncipe deve parecer virtuoso. Para isso é
importante o uso de figuras para atrair o ódio popular para longe do príncipe. A
religião como importante elemento da manutenção das aparências.
● A virtú e a fortuna são elementos que limitam a possibilidade de ação humana.
● Virtú → quem possui a virtú tem a capacidade de se antecipar ao fluxo da Fortuna. O
homem de virtú tem o controle sobre o que virá, que age sobre o que há por vir
(interfere e canaliza o curso da Fortuna) ao invés de deixar-se levar pelo fluxo dos
acontecimentos. O homem de virtú tem a capacidade de se adaptar às circunstâncias,
de agir de acordo com a necessidade. O homem de virtú age pelo bem do Estado.
● Fortuna → Imprevisibilidade (da ação política → Não podemos prever o
comportamento de todos os fatores que interferem na ação política). “É tudo aquilo
que, presente e atuante no mundo humano, foge ao controle dos homens”. É a
resultante das ações não coordenadas de milhares de pessoas que lutam por seus
objetivos.
● Occasione → é a “chance” que a fortuna proporciona e que o homem de virtú deve
saber aproveitar.
● As repúblicas têm maior virtú visto que ela pode eleger um governante com certa
característica de acordo com a necessidade do momento. Já na monarquia, é requerido
que um só homem possa se adaptar a todos as circunstâncias, o que é mais distinto.
● Maquiavel preferia as repúblicas, mas reconhecia que, para o momento em que ele
vivia, com o objetivo de unificar a Itália, era necessário um “governo forte”
(absolutismo), que favoreceria o progresso histórico na Europa, eliminando o
feudalismo intrincado e proporcionando o progresso do capitalismo.
● O argumento utilizado por Maquiavel para expressar sua preferência pela República é
o de que, ao contrário da Monarquia, ela pode proporcionar o homem mais adequado
ao momento.
● A república promove a ampliação da virtude de seus cidadãos, pois requer de todos os
cidadãos que tenham virtude, ao contrário da Monarquia onde isso só é pedido do
príncipe.
● Republicanismo → valorização da participação na vida pública, a liberdade e o oikos
(esfera doméstica, produção e reprodução da existência material).
– Liberdade civil → participação a deliberação pública sobre os rumos da sociedade.
– Exaltação da virtude cívica como principal qualidade a ser estimulada nos cidadãos.
● Monarquia → depende da sorte, pois o príncipe delega o trono aos descendentes
● República → a competência e a virtude que habilitam os cidadão para o exercício do
governo. Isso permite que o governo mude conforme a situação se transforme.
● No que diz respeito às formas de governo, Maquiavel compartilha da visão de Políbio,
do ciclo.
● Experiência histórica como instrumento. O príncipe deve aprender de episódios
passados e valer-se deles para tomar decisões futuras.

TEXTO 6 – L. J. MACFARLANE

Hobbes

● Razão: recompensa de quem faz esforço para alcançá-la “O homem faz a si mesmo”
● “O homem é o inimigo do homem” → o homem, por natureza, preocupam-se com
a autogratificação e a autorrealização (satisfazer seus desejos e anular suas
aversões) → desejo do poder pelo poder. Essa busca incessante pelo poder é o que
torna o homem o inimigo de todos os outros homens

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 9 de 39
● O estado de natureza é um estado de guerra
● O homem, por ter a razão, não se torna escravo de sua própria natureza. O homem sai
da condição de insegurança e de realização de prazeres fáceis, pois com a razão
entende o que é realmente vantajoso
● Hobbes constrói e justifica a sociedade civil com base em três leis. Sem essa sociedade
os homens viveriam na miséria, pois o homem em seu estado natural tem direito à
tudo, o direito de usar o poder como lhe convém
● 1ª lei: a necessidade dos homens de viver em paz e o direito de se defenderem.
● 2ª lei: necessidade do homem estar pronto para abandonar o direito a todas as coisas,
em benefício da paz → uma pessoa racional considerará enquanto supuser que é
benéfica para si (aceitação mútua para o homem aumentar sua felicidade deixando
de interferir uns com os outros)
● 3ª lei: os homens devem cumprir os contratos que fazem
● Com base nas 3 leis, Hobbes faz a exigência não qualificada de que sejam
abandonados todos os direitos que prejudiquem a paz e a segurança coletivas
○ Pressupõe a existência de um “poder comum exercido sobre todos com direito
e força suficientes para assegurar a obediência”; a existência de uma sociedade
civil para dar segurança aos acordos
● Os homens devem viver numa sociedade civil organizada com o poder de ditar as leis
apoiadas pela força
● Todos os homens querem a paz, mas a condição natural não a leva a sua realização
porque as vontades pessoais e as diferenças de opinião geram concepções diversas
do bem e do mal
● Para Hobbes, “a única forma de estabelecer um poder comum capaz de oferecer
segurança é confiar todo o seu poder e sua força numa pessoa, ou assembleia, que
reduza suas vontades a uma só vontade”. A não delegação total será insuficiente para
moderar as paixões naturais dos homens e evitar o perigo de que a vida social se
transforme no estado de guerra
● Os acordos não são obrigatórios se não houver previamente um poder comum que
force sua execução. Não pode haver um acordo para estabelecer a comunidade, pois
ele pressupõe uma comunidade
● Hobbes não defende entrega de todos os direitos ao Estado, aqueles necessários para se
viver satisfatoriamente deveriam ser mantidos com os indivíduos. Essa transferência
limitada representa que a vontade soberana age apenas em certos campos definidos
● O poder soberano é instituído para assegurar a segurança do povo e o soberano não
tem responsabilidade perante ao povo e sim à Deus. O soberano não pode descumprir
o acordo, pois desse modo o indivíduo também não o pode fazer

Locke

● Tenta, assim como Hobbes, deduzir a natureza política a partir do homem no estado
natural, do homem abstraído da sociedade política
● Locke apresenta limites da autoridade política e ataca a ideia de direito divino dos
monarcas (x Hobbes)
● O homem no estado de natureza desfruta de uma liberdade perfeita. A principal
característica do homem é a racionalidade. A racionalidade, junto com a
parcialidade, são as características permanentes dos homens
● Estado de natureza ≠ Estado de guerra
– Estado de natureza → os homens vivem seguindo a razão, sem uma autoridade
que julgue suas disputas
– Estado de guerra → força ou a intenção de usar a força sobre o outro, não existindo
uma autoridade para a qual se possa pedir socorro

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 10 de 39
● O estado de guerra pode existir em uma sociedade política, entre sociedades
políticas e fora delas
● Locke reconhece que quem aplica a justiça pode cometer injustiças, ao contrário
de Hobbes
● Locke diz que a Lei Fundamental da Natureza dá ao homem o direito de preservar a
sua vida pela destruição do que contra ele fazem guerra. Nesse contexto, se levar em
conta os homens que estão em um estado de guerra para com seus governantes,
esses têm o direito de se livrar dele. Autoridade política for ineficiente ou corrupta
● Os homens podem viver em um estado de natureza unidos em grupos familiares.
Embora seja possível viver fora da sociedade política, os riscos de cair em um estado
de guerra são permanentes
● Estado de natureza propriamente dito → homens vivem juntos, seguem a razão e não
têm uma autoridade em comum. Não considera a parcialidade e a busca pelas paixões
● Estado de natureza ordinária → cada homem tem a liberdade de determinar quando
seus direitos são contrariados e tomar medidas que julgar necessárias
● No estado de natureza falta:
– Uma lei estabelecida como padrão do que é certo e do que é errado;
– Um poder para sustentar a sentença justa e garantir sua execução;
– Um juiz imparcial com autoridade para suprimir todas as disputas de acordo com a
lei estabelecida
● E, por faltar esses elementos, os homens são conduzidos à sociedade
● A única maneira pela qual alguém abre mão de sua liberdade natural é através de um
acordo com outros homens para se unirem em uma sociedade pacífica e segura. Desse
modo, para Locke, o consentimento é a única base da obediência política
● Governos que nasceram da força não têm direito de reivindicar obediência dos súditos
● O consentimento deve ser renovado a cada geração porque um homem não pode
obrigar os filhos ou a posterioridade a cumprir o acordo por ele feito

Rousseau

● O homem é naturalmente bom e, através das instituições, que eles se tornam


maus. O homem natural é o homem como poderia ser, não como é. O homem foi
corrompido pela sociedade
● Lida com os princípios que deveriam ser implantados e não com os que estão presentes
nas sociedades
● Amour de soi → auto-interesse esclarecido. Fonte de tudo que tem valor na vida, tudo
que dá satisfação real e duradoura tanto à própria pessoa quanto aos demais.
Autopreservação
● Amour-propre → interesse egoístico. Forma degenerada do amour de soi. É a busca de
vantagens às custas dos outros
● Rousseau analisa o homem da forma mais crua para explicar a natureza das coisas e
não para determinar sua origem. Além disso, ele diz que o estado de natureza não
existe mais
● Crítica à concepção hobbesiana do estado de natureza → Hobbes atribui ao homem
atributos que só seriam adquiridos quando vivendo em sociedade
● Crítica à concepção lockiana do estado de natureza → O homem natural não é dotado
de razão, ele só está preocupado em satisfazer suas necessidades básicas
● O homem é impelido por duas faculdades:
– Autopreservação
– Compaixão → dela nascem todas as virtudes sociais. Molda a autopreservação
egoísta em uma virtude social positiva que faz com que o homem se identifique com
toda a humanidade

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 11 de 39
● O estado de natureza não é estático, e sim um processo de mudança gradual que
termina no estabelecimento de sociedades estáveis. Os resultantes das propriedade são
mais compensados pelos benefícios de uma existência social simples e sedentária
● O estado social do homem é visto por Rousseau como semelhante ao estado de guerra
hobbesiano, pois o homem preocupa-se em proteger o que é seu e arrebatar o que é do
outro
● Broome → contrato anti-social: institui a sociedade política com base no interesse
egoísta dos ricos, e não no auto-interesse de todos – caminho da tirania:
○ Primeiro estágio → convenções de caráter geral que todos se obrigavam a
cumprir
○ Segundo estágio → designação de magistrados para aplicar a lei
○ Terceiro estágio → magistrados se tornam governantes hereditários dando lugar
à tirania. Domínio da vontade de um homem sobre as vontades dos demais
● Tirania social → critica à passividade com que os homens aceitavam e à incapacidade
de reconhecer a sujeição
● O homem, mesmo na sociedade corrupta, deve fazer do bem público seu próprio bem e
estar preparado para sacrificar seus interesses em favor da comunidade
● O verdadeiro contrato social → alienação total do eu em favor da comunidade. É
condição para a criação da sociedade ideal, impossível de ser alcançada. O ideal dá
lugar ao viável, mas permanece como fonte de inspiração para o que cumpre realizar

MÓDULO 2

TEXTO 8 – CARLOS SELL

IDEOLOGIAS POLÍTICAS

Conceito de ideologia

● Negativo – Karl Marx → ideologia como um conjunto de falsas representações com o


objetivo de difundir os interesses das classes dominantes. São as ideias que as
classes proprietárias dos meios de produção difundem para legitimar e perpetuar sua
dominação. Pode ser analisada por duas óticas:
○ Instrumentalista → visões de mundo e representações da realidade feitas pela
classe dominante para legitimar seu domínio e mascarar os reais fundamentos
da sociedade
○ Sistêmica → “ilusões socialmente necessárias”, frutos do próprio sistema
social que não aparecem de forma transparente aos olhos dos atores sociais
● Positivo – Bobbio → ideologia como um conjunto de ideias e valores, projetos
políticos que tem como função orientar os comportamentos políticos coletivos
● Ideais políticos da primeira modernidade:
○ Liberalismo, socialismo e a social-democracia → expansão da Revolução
Industrial e do capitalismo. Relacionadas com os interesses de diferentes
grupos sociais
○ Representação esférica: sugere que as ideologias possuem pontos de contato e
podem compartilhar traços comum
■ Similaridade dos extremos (direita/esquerda): as ideologias totalitárias
→ as diferenças desaparecem, pois ambas são baseadas no
fundamentalismo e no uso da violência como estratégia política

Liberalismo

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 12 de 39
● “Estado mínimo” → lógica antiestatal
● Político (Locke) → relação indivíduo-Estado
○ Superioridade do indivíduo em relação ao Estado → não interferência do
Estado na vida privada (contraposição ao absolutismo)
○ O Estado existe somente para garantir as liberdades fundamentais (propriedade,
vida e a liberdade)
○ Quanto menor a interferência do Estado na vida das pessoas, maior será o grau
de liberdade dos indivíduos e melhor será a convivência social
● Econômico (Adam Smith) → relação economia-Estado
○ Superioridade do mercado ante o Estado → não interferência do Estado na vida
econômica (princípio do livre mercado)
○ Função do Estado → proteger a propriedade privada e garantir segurança aos
cidadãos
○ A essência moral cristã (altruísmo) não produz efeitos benéficos na esfera
econômica, mas sim o princípio do egoísmo
○ Legitimação do papel do mercado por um argumento ético-moral → a
propensão do homem ao ganho acaba sendo benéfica a todos
● Crise do liberalismo:
○ Primeiro fator: crise do capitalismo: (crash da bolsa de NY em 1929)
■ Externo: ameaça da concorrência socialista
■ Interno: momento de depressão e retração da economia
■ Consequências: diminuição da produção, desemprego em massa e
agravamento dos problemas sociais
○ Segundo fator: Keynesianismo → abandono da teoria liberal e resolução da
crise do capitalismo com a intervenção direta do Estado na economia (Estado
de Bem-Estar Social)
● Neoliberalismo: retomada dos conceitos liberais econômicos → crise do capitalismo
(década de 70)
○ A liberdade econômica e o mercado são os fundamentos da liberdade política, o
capitalismo é condição necessária para a democracia
○ Hayek → crítica aos regimes totalitários: seu fundamento é a planificação da
economia que leva à tirania.
■ Incompatibilidade entre planificação e democracia (vale para o Estado
de Bem-Estar Social)
■ Decisões de mercado: feitas por agentes econômicos individuais
● Balanço do liberalismo:
○ Problema: não garante por si só uma existência socialmente digna para os
indivíduos, não contempla o problema da justiça social
■ Idade de liberdade é meramente formal
○ Não é suficiente para garantir uma sociedade bem ordenada → precisa ser
complementado por outros princípios e valores

Socialismo

● Superação do capitalismo e construção de um sistema social alternativo


● Modelo de Marx → abolição das classes sociais e abolição do Estado

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 13 de 39
○ O que caracteriza o comunismo não é a abolição da propriedade privada e sim
da propriedade burguesa → gera a abolição de classes sociais
○ Se não há mais classes sociais, o Estado deveria desaparecer também, uma vez
que ele é um instrumento da luta de classes
○ Necessidade de um período de transição: o socialismo com a ditadura do
proletariado
● Modelo soviético → socialismo real
○ Marcado por um caráter repressivo e totalitário, controle social, propaganda
ideológica, culto ao líder, adoção do materialismo como concepção de mundo
○ Ponto de vista econômico: socialização dos meios de produção → o Estado
regulava e determinava todos os aspectos da esfera econômica
○ Ponto de vista político: controle do Estado por um partido único
○ Benefícios do socialismo real:
■ Serviu como forma de os trabalhadores se organizarem e lutarem pelos
seus direitos → despertar a consciência política dos trabalhadores
■ Serviu para consolidar o valor da igualdade

Social-democracia

● Admite as deficiências do capitalismo, mas ele não deve ser eliminado. O que deve ser
feito é a compensação por mediação do Estado → reformista
● Surge da divergência de modelos quanto a forma de se chegar ao resultado final: o
comunismo
○ Revolução/insurreição → socialismo revolucionário (Rev Russa 1917)
○ Reformas/participação → socialismo social-democrata
● Participação dos partidos proletários nas eleições → à medida que os partidos
operários fossem chegando ao poder eles adotariam como estratégia econômica um
programa de reformas que fosse eliminando os fundamentos da sociedade capitalista e
introduzindo, aos poucos, as características de uma sociedade socialista
● A principal realização dos partidos social-democratas na Europa foi a construção do
Estado de Bem-Estar Social
○ Surge como resultado de lentas reformas para mudar os fundamentos da
sociedade de tal forma a levá-la para o socialismo. Mais que uma mudança
econômica, o importante era administrar o Estado em prol dos trabalhadores
○ O dever do Estado de garantir benefícios sociais para os indivíduos, e
igualdade entre eles passa a ser encarada como um direito do cidadão
○ Adoção de ideias keynesianas
○ Programa econômico → controle do Estado sobre o mercado
○ Programa social → atendimento de direitos sociais básicos (saúde, educação...)
○ “Estado Robin Hood” → investimentos com direitos sociais eram retirados dos
impostos, que eram revertidos em benefícios sociais
○ Cabe ao Estado garantir o equilíbrio do mercado, a redistribuição de renda e a
concessão de benefícios sociais
● Terceira Via (Giddens) → estrutura de pensamento e de prática política que visa
adaptar a social-democracia a um mundo que se transformou (“governo progressista”)
○ Terceira Via → é uma tentativa de transcender a social-democracia do velho
estilo (Segunda Via) e o neoliberalismo (Primeira Via)
○ Surge em meio a um contexto de “crise fiscal do Estado” que se dá devido à
diminuição das fontes de renda e ao aumento de dependentes do Estado

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 14 de 39
A Segunda Modernidade e a Crise das Ideologias

● Ponto de vista empírico:


○ Crise das ideologias:
■ A clivagem esquerda x direita é cada vez menos relevante para o
comportamento político dos cidadãos ocidentais
■ Os critérios culturais e pessoais passam a guiar a escolha política dos
eleitores
○ Bobbio → ainda existe essa divisão da sociedade
■ Esquerda → propostas políticas que se inspiram no valor da igualdade
■ Direita → tolera a desigualdade em nome de outros valores e princípios
○ Giddens → inversão de valores: esquerda conservadora e direita com propostas
para o futuro do capitalismo
○ Enfraquecimento dos ideais políticos da primeira modernidade:
■ Excesso → os valores de igualdade e liberdade, defendidos pela
esquerda e pela direita, estão consolidados no imaginário ocidental,
logo não provocam divisões, pois são aceitos por todos
■ Carência → problemas de organização coletiva que não podem ser
respondidos pelas ideologias tradicionais
● Ponto de vista normativo:
○ As ideologias totalitárias e seus reflexos mostram que o exagero na
valorização das ideologias pode levar a política na direção do
fundamentalismo
■ Ideologias têm valor enquanto dão, à política, princípios e valores

TEXTO 9 – DANUSA MARQUES

A DEMOCRACIA LIBERAL-PLURALISTA

● Max Weber → pessimismo na participação democrática – pouco espaço para a


participação e desenvolvimento individual e coletivo
○ Democracia como um sistema de mercado, um mecanismo institucional para
eliminar os fracos e estabelecer os competentes na busca por poder
○ Massa de cidadãos é voluntariamente passiva → logo Weber se preocupa na
garantia de estabilidade entre a autoridade política e a accountability, sem a
participação popular
● Schumpeter → “modelo realista da democracia” – democracia concorrencial
○ Afirma que participação política não é necessariamente ligada à democracia
○ Insuficiência das doutrinas clássicas da democracia → insuficiência do
pensamento político que considerava como elementos democráticos a busca
pelo bem comum e a ideia de virtude cívica
○ A democracia existe apenas como valor moral e teve o papel de substituir a
religião como valor central
○ Ao contrário do que diziam os teóricos da democracia representativa clássica
(modernos) os indivíduos, para Schumpeter, não são totalmente racionais na
vida pública, só importam as elites e não existe o bem comum
○ Problemas da doutrina clássica → visão estática da política (para ele a política
é circunstancial); crença da existência de razão objetiva (para ele cada

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 15 de 39
indivíduo tem uma concepção diferente de bem comum); errônea consideração
de vontade geral (para ele há uma diferença entre a vontade de maiorias)
○ Democracia → confiança que o povo deposita no governo. O máximo que o
povo pode fazer é delegar poder aos representantes e confiar no governo eleito
○ Princípio justificador da democracia → confiança no governo
○ O apoio das maiorias não garante a melhor opção de governo, pois as massas
são irracionais, incapazes de decidir e compreender as consequências das
decisões políticas, por causa da distância em relação ao sistema político
■ As massas tem baixo senso de responsabilidade e de interesse pelas
questões políticas
○ Democracia concorrencial → processo democrático corresponde à competição
pela liderança. Critérios: liderança, sistematização de interesses genuínos de
grupos, capacidade de produzir efeitos políticos
○ O povo não é decisor. As coletividades não possuem identidade própria, mas
são reativas
○ Finalidades x Atividades → mesmo que o ideal da política seja legislar e
administrar para o bem comum (atividades), os fins reais da política se
relacionam à busca pelo poder, justificada pelos princípios (morais)
● Robert Dahl → pluralista – democracia como meio de seleção de líderes políticos
(Schumpeter)
○ Muitos centros de poder na sociedade (Weber) e interesses diversos
○ Foco dos pluralistas: atividade dos indivíduos juntando forças em grupos para
competir em favor de seus interesses
○ O papel do governo é garantir a liberdade de associação e ação das facções, que
são fonte de estabilidade e expressão cultural da democracia
○ Estado age como árbitro entre os grupos de poder
○ Indivíduos maximizam interesses pessoais no mercado → maximizam
interesses comuns na política
○ O poder é estabelecido competitivamente
○ Garantia da democracia → desagregação do poder, pois uma vez dividido
entre grupos de distintos interesses, há um equilíbrio na competição
■ Propensão de um grupo equilibrar o poder do outro
○ Dahl → democracia como um ideal, o real é a poliarquia → múltiplos centros
de poder
■ Premissas: liberdade, indivíduos racionais e autônomos, limitação de
abusos de poder do Estado
○ Inovação da poliarquia → grupos como atores políticos, o indivíduo agregado
ao grupo é mais forte na ação política; resolve os abusos de poder
○ A ação política é garantida através da coalizão de minorias → o conflito se dá
em relação às metas e não sobre as regras do sistema (há um consenso sobre as
normas do sistema poliárquico)
○ Democracia implica em accountability e a proximidade entre representante e
representado → responsividade do governo
■ Sustentada por critérios de igualdade formal: oportunidade plena de
formular preferências, de expressá-las e de se fazer ouvir pelo governo
○ Critérios de garantia da democracia → livre associação, liberdade de
expressão, direito de voto, direito de ser eleito, fontes alternativas de
informação, eleições livres e legítimas, instituições fortes (garantir mandatos e
eleições), sistema de checks and balances entre os 3 poderes e a burocracia
administrativa e um sistema eleitoral competitivo
○ Democracia para Dahl: competição (sistema) e participação (cidadãos) →

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 16 de 39
vínculo entre as duas é o voto. Problemas: redução da questão democrática a
critérios quantitativos; uniformização de preferências e da capacidade de
formulá-las
○ Participação → delegação (eleição), administração (mandato), contestação
pública (eleição e mandato)
○ Poliarquia → inclusividade + liberalização
○ Problemas:
■ Não explica desequilíbrios na distribuição de poder, influência e
recursos e desconsidera desigualdades de acesso a recursos dos grupos
■ Não analisam as condições da democracia competitiva
○ Desafio do pluralismo: apatia política
● A democracia liberal-pluralista se baseia na ideia de que as liberdades individuais são
garantidas por lei totais e universais
● Essa corrente não percebe as barreiras que impedem que muitos cidadãos exerçam seus
direitos na liberdade e na igualdade → garantir os direitos democráticos para somente
um estrato específico da sociedade não corresponde à soberania popular
● Problema: democracia como mecanismo de agregação de preferências individuais pré-
estabelecidas, reduz o processo democrático a um simples método
○ A construção de preferências coletivas é deixada de lado, esvaziando a política
e colocando a esfera pública como secundária à esfera privada

TEXTO 10 – LUIS FELIPE MIGUEL

REPRESENTAÇÃO POLÍTICA EM 3-D


Elementos para uma teoria ampliada de representação política
Luis Felipe Miguel

● Terceira onda democratizadora → o colapso de dezenas de regimes totalitários e


autoritários.
● Deterioração da adesão popular às instituições representativas → crise do sentimento
de estar representado.
● A recuperação do mecanismo representativo depende de uma maior compreensão do
sentido da própria representação.
● Um modelo representativo deve apresentar questões ligadas a:
○ Formação da agenda
○ Acesso aos meios de comunicação de massa
○ Esferas de produção de interesses coletivos
● Causas da crise da representação política, em novas e velhas democracias:
○ Declínio do comparecimento eleitoral
○ Ampliação da desconfiança em relação às instituições, medida por surveys
○ Esvaziamento dos partidos políticos
● Declínio do comparecimento eleitoral
○ Seymour Lipset
■ Os altos índices de abstenção não significam uma demonstração de
insatisfação com o sistema político.
■ As pessoas estariam tão contentes com as instituições, que não seria
necessário participar.
■ Crítica: É uma interpretação inadequada para compreender o declínio

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 17 de 39
da participação política nos países latino-americanos.
○ Elshtain
■ Legitima as desigualdades políticas.
■ Os grupos que menos participam são os que mais estariam
satisfeitos com a própria condição.
● Pesquisas de opinião pública sobre a confiabilidade das instituições
○ Erro escolástico – Transferência para outros agentes sociais sua maneira de
pensar e agir. Visto como um problema metodológico.
○ Surveys – fornecem indícios, que devem ser combinados com outros para se
chegar a uma conclusão.
○ Baixa confiança nas instituições representativas mesmo em países com altos
índices de comparecimento eleitoral.
○ Desconfiança nas instituições ligada à adesão de valores autoritários.
○ Crise do sentimento de estar representado no governo e no legislativo, com
repercussões na legitimidade das instituições.
● Crise dos partidos
○ Os partidos eram os principais instrumentos da representação política.
○ Dissolução das lealdades partidárias tradicionais e a personalização das
escolhas dos eleitores. (SELL – crise das ideologias)
○ Causas do esvaziamento dos partidos:
■ Burocratização das estruturas internas.
■ Estreitamento do leque de opções políticas.
■ Mudanças causadas pela mídia eletrônica na competição eleitoral.
○ Bernard Manin
■ Transição da democracia de partidos para uma democracia de
audiência, caracterizada pelo contato direto (midiático) entre líderes
e eleitores.
○ Wattenberg e Novaro
■ Papel dos meios eletrônicos de comunicação na redução da influência
dos partidos.
○ O’Donnell
■ Substituição da democracia representativa por uma democracia
delegativa (transferência de poderes aos líderes carismáticos)
● As instituições atualmente privilegiam interesses especiais e concedem pouco espaço
para a participação do cidadão comum.
● Bachrach e Baratz → o poder não é apenas tomar decisões, mas também determinar
a agenda política.
● Lukes → capacidade de determinação autônoma de preferências.

Pluralistas x elitistas

● Wright Mills → elitista


○ Por trás da fachada da democracia e da falsa pretensão de obediência à
vontade popular, consolidou-se o domínio de uma minoria, que
monopolizava todas as decisões-chave.
○ A “elite do poder” era formada por: grandes capitalistas, principais líderes
político e chefes militares. De forma que eram unidos e compartilhavam
interesses.

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 18 de 39
○ Alinhamento com Marx – os direitos liberais e os mecanismos eleitorais de
participação escondiam o fato de que a maioria da população estava excluída
das decisões mais importantes.
○ Divergência com Marx – recusa o conceito de classe social e introduz o termo
“elite do poder”, que era definida por critérios políticos e não pela posse dos
meios de produção.
○ Elitistas tinham o objetivo de demonstrar que é impossível efetivar um regime
democrático.
■ Circulação das elites como cerne de qualquer transformação social.
■ Domínio da minoria sobre a maioria como regra sociológica invariável.
■ Perseguição de qualquer interesse coletivo gera uma elite independente.
○ Mills usa o conceito de elite para acusar as democracias existentes de não
cumprirem sua promessa de um governo do povo.
○ Os elitistas fazem um apelo em favor do aprimoramento da democracia.

● Robert Dahl → pluralista


○ Para ele não tinha como existir uma democracia com agrupamentos tão
numerosos e complexos.
○ Poliarquia como uma aproximação do ideal de democracia. Presença de uma
multiplicidade dos pólos de poder, que são incapaz de impor sua
dominação a toda sociedade, singularmente.
○ Poliarquia como um sistema político que distribua a capacidade de
influência entre muitas minorias. É uma democracia falha, pois atinge só
alguns critérios de democracia.
○ Eleições com papel central num ordenamento poliárquico, pois aumentam o
tamanho, o número e as variedades das minorias, cujas preferências devem
ser levadas em conta pelos líderes quando fazem opções de política.
○ Elite dirigente → uma minoria cujas preferências prevalecem quando há
uma diferença nas preferências sobre questões políticas chave.
○ Dahl refuta a tese de Mills e diz que “só é possível falar na existência de uma
elite do poder quando se constata a presença de uma tal minoria.”
○ Primeira face do poder: se reflete sempre na tomada de decisões concretas.

● Mills x Dahl
○ Mills → domínio de uma minoria que compartilha de valores fundamentais e
se mantém no poder.
○ Dahl → vários grupos com influência localizada que entram em coalizões
fluidas e provisórias para o exercício das funções do governo. Alternância.

● Bachrach e Baratz
○ Segunda face do poder: controle sobre a agenda pública.
■ o controle da agenda apresenta dificuldades de operacionalização, uma
vez que se caracteriza por sua invisibilidade.
○ Não é o fato de a segunda face do poder ser menos evidente e menos
mensurável do que a primeira que a torna menos importante para a
compreensão da realidade social.
○ Pode-se entender o controle da agenda pública como a seleção dos tópicos a
serem discutidos na agenda e o poder de não selecionar um assunto. É
caracterizado assim como uma não-decisão, é o impedimento da expressão

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 19 de 39
do conflito político.

● Lukes
○ Terceira face do poder: capacidade de fazer com que grupos e indivíduos
tivessem desejos contrários a seus verdadeiros interesses, impedindo a eclosão
do conflito não apenas na arena pública, mas até mesmo na consciência dos
agentes sociais. Consiste em impedir o acesso dos agentes sociais à
consciência de seus reais interesses.
○ A perspectiva bidimensional do poder mantém a ênfase do conflito efetivo de
interesses, esteja esse conflito exposto ou escondido (controle da agenda).

A representação política

● Democracia x Eleição
○ Democracia fundamentada na igualdade fundamental entre todos os cidadãos
○ Eleição seleciona, coloca certos indivíduos como melhor preparados para
ocupar cargos públicos e é um mecanismo aristocrático.
● Wood
○ As instituições representativas não surgiram como solução para a
impossibilidade da democracia direta em grandes Estados. Ela foram pensadas
de forma a reduzir a presença popular no governo, reservando-o para a elite.
● Os cidadãos comuns não escolhem um representante, eles reagem diante das ofertas
que o mercado político apresenta.
● Vários significados atribuídos às palavras representação e representar. Pitkin apresenta
concepções acerca da representação política.
● Pitkin
○ Representação descritiva → o corpo de representantes deve formar um
microcosmo da sociedade representada, reproduzindo suas características
principais.
○ Visão formalista → relação entre o representante e os representados,
destacando ou a autorização que os cidadão dão para que alguns ajam em seu
lugar ou a prestação de contas que o representante deve fazer de seus atos
(accountability)
○ Reconhecimento de que autorização e accountability são os instrumentos
cruciais da legitimação e da manutenção do vínculo governantes-governados.
● A eleição é vista como o momento da autorização para que outros decidam em nome
do povo e como o momento de efetivação da accountability, quando os representados
apresentam seu veredito sobre a prestação de contas dos representantes.
● As visões correntes da representação política estão centradas no voto e na primeira
dimensão do exercício do poder.
● A determinação da agenda tem peso na escolha de representantes. O eleitor precisa
da informação, que está na agenda, para determinar sua preferência. Logo, a fixação
da agenda condiciona a escolha eleitoral, independentemente do grau de
racionalidade e de autonomia dos eleitores.
● A eleição como momento da realização da accountability, que vai ser realizada com
base nos julgamentos que os eleitores fazem acerca do passado dos representantes e
como eles reagiram quando enfrentaram pontos polêmicos. Dessa forma, a decisão
será condicionada pela agenda pública, pois o que o eleitor não sabe, não vai ser usado
como fundamento para a realização da accountability.
● A produção da agenda política não ocorre exclusivamente por ação dos
representantes eleitos, os diversos grupos de interesse presentes na sociedade
disputam a inclusão ou a exclusão de temas da agenda. Mas quem ocupa posição

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 20 de 39
central na escolha dos temas são os meios de comunicação de massa.
● A mídia é o principal mecanismo de difusão de conteúdos nas sociedades
contemporâneas, pois ela cumpre o papel de reunir e difundir as informações
consideradas socialmente relevantes. A mídia possui capacidade de formular as
preocupações públicas.
○ Desse modo, os grupos de interesses e os representantes eleitos têm de
sensibilizar os meios de comunicação.
● Participar na elaboração da agenda = participar do debate público. Nessa prática,
diferentes grupos procuram destacar ou deixar na obscuridade certos temas ou
problemas.
● Papel principal dos meios de comunicação na difusão dos diferentes
enquadramentos: enquadramento como os elementos, os desdobramentos e as
possíveis soluções de um problema.
● A função de representação política significa participar de processos de tomada de
decisão em nome de outro e participar da confecção da agenda pública e do debate
público em nome de outros.
● Meios de comunicação como uma esfera da representação política, como espaço
privilegiado de disseminação das diferentes perspectivas e projetos dos grupos em
conflito na sociedade – pluralismo social.
● Importância da necessidade de que os meios de comunicação representem de
maneira adequada as diferentes posições presentes na sociedade, incorporando
tanto o pluralismo político quanto o social.
● Capacidade de prover informações ≠ posse do poder econômico através de
instrumentos como o direito de antena.
● Desigualdade de acesso à discussão pública é efeito:
○ Do controle da mídia
○ Da deslegitimação da expressão dos dominados no campo político – os
dominados são marginalizados pela linguagem usada e isso faz com que ou
eles fiquem em silêncio ou se utilizem da linguagem emprestada.
● Uma boa representação política é a representação de preferências formuladas
autonomamente. Formuladas com o sentido de que é necessário que os agentes
coletivos possam produzir suas próprias preferências, a partir do entendimento
compartilhado sobre sua situação no mundo, num processo dialógico.
● No caso de existência de espaços autônomos de produção de preferências, os grupos
dominados estarão fadados a escolher apenas uma das alternativas em foco, sem
a possibilidade de gerar novas opções.
● É necessário que haja uma quantidade de esferas públicas concorrentes em que os
grupos da sociedade possam criar os interesses que, depois, serão representados nos
fóruns políticos gerais.
● A terceira dimensão desloca a representação política para o campo da sociedade
civil.
● Não há possibilidade de uma representação política mais adequada sem a
presença de uma sociedade civil desenvolvida e plural.

Conclusão

● A teoria da representação política se baseia em duas coisas:


○ A busca do aprofundamento do pluralismo político, dando vez à expressão
dos grupos de interesse constituídos, como no pluralismo liberal padrão, e à
plena constituição dos interesses dos grupos.
○ Reconhecimento do valor da autonomia, no sentido de produção das regras
sociais por aqueles que estarão submetidos a elas.

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 21 de 39
● Democracia se reduz à forma política que garantiria o usufruto das liberdades na
esfera privada e a circulação das elites.
● Pré-condição do regime democrático: difusão das condições materiais mínimas que
propiciem, àqueles que o desejam, a possibilidade de participação na política.
● Esfera política não está desconectada do restante da sociedade e, sem um mínimo
de igualdade material e garantia das condições básicas de existência, o funcionamento
da democracia está gravemente comprometido.

TEXTO 11 – DAVID HELD

DEMOCRACIA PARTICIPATIVA – PARTICIPAÇÃO, LIBERDADE, DEMOCRACIA

● Nova Esquerda → consiste de ideias inspiradas por Rousseau, pelos anarquistas e


pelos que eram anteriormente chamados de marxistas libertários e pluralistas
● Democracia participativa → Pateman, Macpherson e Poulantzas
○ É o principal modelo da esquerda contra o modelo da democracia legal da
direita
○ Surge como resultado dos conflitos políticos dos anos 60, dos debates internos
da esquerda e da insatisfação com a herança da teoria política, liberal e
marxista
● A teoria liberal sugere que os direitos reconhecidos, formalmente, sejam realmente
concretizados → esses direitos têm pouco valor se as pessoas não podem gozar deles
○ Um grande número de indivíduos é impedido sistematicamente – por falta
recursos e oportunidades – de participar ativamente da vida política e civil
● Pateman → o indivíduo livre e igual é, na prática, muito mais raramente encontrada do
que a teoria liberal sugere
○ Separação entre sociedade civil e Estado é falha
○ O Estado está inescapavelmente preso à manutenção e reprodução das
desigualdades da vida diária
○ Held: se o Estado não e separado nem imparcial com respeito à sociedade, os
cidadãos não são tratados como livres e iguais
● Poulantzas → “a crença de Marx e Lênin de que as instituições da democracia
representativa podem ser varridas por organizações de democracia popular é errônea”
○ Há uma desconfiança incorreta da ideia de centros de poder concorrentes na
sociedade
○ Defende uma reformulação do pensamento socialista em relação à democracia
○ Social-democracia → “engenharia social”: políticas que faziam ajustes
pequenos na estrutura social e econômica
○ Pluralismo socialista:
■ O Estado deve ser democratizado, tornando o parlamento, as
burocracias estatais e os partidos políticos mais abertos e responsáveis
■ Lutas a nível local devem assegurar que a sociedade também seja
democratizada, assegurar a responsabilidade
○ “Não existem receitas fáceis”
● Macpherson → reavaliação de aspectos da tradição democrática liberal
○ “A liberdade e o desenvolvimento individual só podem ser plenamente
atingidos com o envolvimento direto e contínuo dos cidadãos na regulação da
sociedade e do Estado”
○ Problemas apresentados pela coordenação de comunidade de grande escala são

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 22 de 39
consideráveis
○ Argumenta a favor da transformação baseada em um sistema que combine
partidos competitivos e organizações de democracia direta
○ Apenas a competição entre os partidos políticos pode garantir um mínimo de
atenção daqueles no governo às pessoas nos níveis inferiores
○ A democracia participativa como uma ideia vaga, que necessita que suas bases
e seus aspectos sejam plenamente especificados
● Pateman (she’s back) →
○ A democracia participativa:
■ Engendra o desenvolvimento humano
■ Aumenta o senso de eficácia política
■ Reduz o senso de distanciamento dos centros de poder
■ Nutre uma preocupação com problemas coletivos
■ Contribui para a formação de um corpo de cidadãos ativos e
conhecedores, mais interessados nos assuntos governamentais
○ “A correlação positiva entre apatia e sentimentos negativos em relação a
eficácia política e o baixo status sócio-econômico pode ser rompida fazendo
com que a democracia seja algo importante na vida diária das pessoas,
estendendo a esfera do controle democrático àquelas instituições-chave nas
quais a maioria das pessoas vivem suas vidas”
○ Participação efetiva: existem oportunidades para a participação efetiva no
processo de tomada de decisões → as pessoas acreditarão que a participação
vale a pena → participarão ativamente de novo → considerarão que as
decisões coletivas deveriam ser obedecidas
○ Participação limitada: Marginalizadas e mau-representadas → as pessoas
acreditarão que raramente seus pontos de vista são levados a sério → terão
poucas razões para participar no processo de tomada de decisões ou para
respeitá-lo
○ Direitos de autodeterminação se aplicam somente à esfera do governo:
■ Democracia restrita ao voto periódico
■ Pouco conta na determinação da qualidade de vida de muitas pessoas
○ Não pensa que as instituições da democracia direta podem ser estendidas a
todos os domínios políticos, sociais e econômicos, varrendo as instituições de
democracia representativa
○ Não pensa que a completa igualdade e liberdade podem ser criadas na
administração de todas as esferas
○ Tem dúvidas se o cidadão médio jamais se interessará por todas as decisões
tomadas a nível nacional como estaria naquelas tomadas mais próximas a ele
■ As pessoas estão mais interessadas naqueles problemas e questões que
tocam suas vidas de imediato, e são capazes de compreendê-las melhor
■ O papel do cidadão está altamente restrito na política nacional
○ Muitas das instituições centrais da democracia liberal serão elementos
inevitáveis de uma sociedade participativa
○ Apenas se o indivíduo tem a oportunidade de participa diretamente do processo
de tomada de decisões a nível local é que qualquer controle sobre o curso da
vida diária pode ser obtido
○ A oportunidade para extensa participação em áreas como o trabalho → as
conexões entre o público e o privado seriam melhor compreendidas
○ As estruturas de uma sociedade participativa, tanto a nível local quanto
nacional, seriam mantidas abertas e fluidas → as pessoas podem experimentar

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 23 de 39
novas formas políticas e aprender com elas
● Críticas ao modelo de democracia legal da Nova Direita:
○ Não representam um futuro plausível
○ Exclui a consideração ativa de várias questões distributivas que devem ser
abordadas para que os indivíduos sejam livres e iguais
● Os teóricos da Nova Esquerda procuram combinar e remodelar noções das tradições
liberal e marxista
● Os teóricos da Nova Esquerda não falam como a economia deveria ser organizada
relacionada ao aparato político, como as instituições da democracia representativa
deveriam se combinar com as da democracia direta etc → há falhas em sua teoria
○ Não falam como seu modelo poderia ser concretizado e toda a questão dos
estágios de transição
○ Assumem que todos os indivíduos querem participar da política, mas pode ser
que não
● Democracia participativa defende um conjunto de procedimentos e um meio de vida
● Held reconhece que a Nova Direita, por tratar os temas que a Nova Esquerda deixa de
lado mais especificamente, tem uma maior aceitação atualmente
● Resumo:
○ Justificação: um direito igual de autodesenvolvimento só pode ser conquistado
em uma sociedade participativa
○ Aspectos-chave:
■ Participação direta dos cidadãos na regulamentação de instituições-
chave da sociedade
■ Reorganização do sistema partidário → líderes partidários responsáveis
por seus membros
■ Partidos participativos em uma estrutura parlamentar ou congressista
■ Sistema institucional aberto para assegurar a possibilidade de
experimentar novas formas políticas
○ Condições gerais:
■ Melhoria direta da fraca base de recursos de muitos grupos sociais por
meio da redistribuição dos recursos materiais
■ Minimização do tipo de poder burocrático que não tem que prestar
contas a ninguém, tanto na vida pública quanto na privada
■ Um sistema de informações aberto para assegurar decisões informadas
■ Reexame do sistema de cuidado das crianças para que as mulheres
possam aproveitar oportunidades tanto quanto os homens

TEXTO 12 – ELEONORA CUNHA

● Colonização → origem do Estado brasileiro


○ Instalação de instituições, regulação e burocracia como na metrópole
○ Imposição de valores e instituições jurídico-administrativas
○ Relação entre o monarca e a aristocracia rural
○ Estamento burocrático → formado por parentes e amigos do rei
■ O poder deriva da proximidade com o rei e não posse de terras
○ Estado centrípeto e autoritário → rígido controle administrativo sobre

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 24 de 39
atividades e fontes de informação
○ Principais heranças:
■ Presença dominante do Estado e da burocracia estatal
■ Surgimento de uma forte oligarquia agrária associada ao Estado
■ Sociedade submissa a esse poder administrativo
○ Estado precede a sociedade civil e permanece como agente regulador das
relações sociais
○ Estado autoritário:
■ Ordem social e econômica autoritária
■ População pouco envolvida com a política
○ Falta de formação social jurídica e politicamente organizada:
■ Delegação de poderes a grandes proprietários rurais e líderes políticos
regionais
○ Sociedade civil ausente e precariamente organizada
○ Mudanças no Estado e na estrutura social → feitas pelo Estado sob forte
influência do contexto externo e fraca participação da sociedade civil
○ Estado como agente modernizador da sociedade → organização da economia e
estruturação das relações sociais
○ Decisões políticas excluíram as camadas populares
○ Relações entre Estado e sociedade → exclusão dos atores da sociedade civil ou
pela tentativa de controlá-los
● Formação do Estado brasileiro sem a participação de Portugal → negociado entre
grupos da elite sem a participação popular
● República → pouco altera o grau de participação política, mas amplia o sufrágio um
pouco
○ Regionalização dos partidos políticos → defesa das oligarquias rurais
■ Manipulação dos eleitores pelos currais eleitorais, compra de votos,
distribuição de favores e fraudes eleitorais → imagem negativa quanto
à participação política no país
● Estado Novo de Vargas → autoritário, medidas populistas, relações de clientelismo
○ Processo de modernização capitalista → intervenção estatal na economia e
formação de uma burocracia pública
○ Os trabalhadores começam a se organizar efetivamente → Estado faz mudanças
com base nas reivindicações da sociedade, mas não alteram as relações
autoritárias → fortalecimento do Estado em detrimento da sociedade civil
● Juscelino Kubitscheck e João Goulart → reformas do Estado para impulsionar o
desenvolvimento econômico
● Ditadura Militar → projeto autoritário
○ Reformas do Estado → modernizadoras e repressoras
■ Dominação nos campos econômico, político e ideológico → estado
burocrático-autoritário
○ Movimenta a sociedade porque desenvolve a economia
○ Reprime atores sociais e políticos que se opunham ao regime
○ Estado intermediário:
■ Não consegue criar uma estrutura burocrática estável → clientelismo e
patrimonialismo
■ Alcança padrões semelhantes a Estados europeus

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 25 de 39
○ Estado passivamente exclusivo → permitia algumas formas de expressão
política sob estrito controle de modo fragmentado e corporativo
○ Reorganização de base comunitária e sindical → surgimento de novos atores
autônomos em relação ao Estado associados à luta por políticas sociais mais
inclusivas
○ Relação ambígua Estado x cidadão
■ Estado como protetor e repressor
○ Relação ambígua Brasileiros x política
■ Política como hostil x Política com capacidade de solucionar os
desafios que se colocavam à sociedade
● Década de 80 → crise no projeto desenvolvimentista nacional
○ Exaustão do regime autoritário → surge um sentimento de urgência quanto à
liberalização política e uma consequente demanda por democracia
○ Problemas econômicos → não-sustentação do sistema financeiro nacional e
impossibilidade de controle nacional sobre capitais estrangeiros
○ Problemas sociais → distribuição desigual e regressiva de renda e incapacidade
do Estado de prover serviços básicos à população
● Processo de redemocratização → reforma democrática do Estado
○ Ampliação das possibilidades de participação política dos cidadãos
○ Maior controle da sociedade sobre as ações do Estado
○ Ampliação de direitos sociais
○ Resulta em um projeto político democrático-participativo → rompia com a
matriz autoritária e visava garantir a participação da sociedade civil nas
decisões governamentais sobre assuntos públicos
○ Formulação de uma Constituição

● Constituição de 1988 → descentralização do Estado brasileiro


○ Cria instituições participativas
○ Torna as relações Estado-sociedade mais complexas
○ Federalismo cooperativo:
■ Autonomia dos entes federados
■ Maior potencial para a participação efetiva da sociedade civil
■ Fortalecimento de elites locais conservadoras
● Estado brasileiro → inclusivo
○ Criação de novas instituições
○ Inovações institucionais híbridas → articular participação, deliberação e
controle. Tem o controle da agenda política
■ Orçamentos participativos e conselhos de políticas
● Efetivação da redemocratização → dá forma e concretude aos princípios
constitucionais
● Democracia participativa e deliberativa → intensa participação democrática
○ Aprofundamento da democracia
○ Extensão da cidadania
● O interesse público → construído de forma participativa e deliberativa por meio da
disputa democrática entre os interesses conflitantes
● Modelo de gestão democrático-popular:

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 26 de 39
○ Igualdade → interlocutores se reconhecem como iguais
○ Pluralidade → diversidade de interesses, valores e concepções
○ Publicidade → transparência, visibilidade e controle público sobre as ações do
Estado
● Década de 1990 → expectativas de realização das propostas democratizantes da
Constituição
○ Estado → reforma privatizadora voltada para dimensões fiscal, financeira e
patrimonial
■ Justificativa: necessidade de um maior controle sobre os resultados dos
processos, maior autonomia dos órgãos público, maior flexibilidade
nos processos e servidores melhor qualificados
○ A reforma para instituir o Estado social-liberal → projeto político neoliberal –
ajustar o Estado e suas relações com a sociedade às exigências contemporâneas
da acumulação capitalista
○ Sociedade ainda fracamente organizada e com pouca expressão social
● “Estado e sociedade são produtos históricos de interações complexas que
influenciaram a forma como ambos se relacionam e os resultados dessas interações”
● Mudanças ocorridas nos Estados democráticos → possibilitar o exercício do poder
político de forma compartilhada com setores sociais
○ Aumentar o grau de democratização e alcançar uma democracia de alta
intensidade, com ampliação da participação política
● As relações entre Estado e sociedade somente são profícuas na medida em que venham
fortalecer:
○ A esfera pública
○ A construção do interesse público
○ O conteúdo democrático que orienta as formas institucionais que caracterizam
a democracia

MÓDULO 3
TEXTO 15 – JOSÉ MURILO DE CARVALHO
● Cidadania intimamente ligada à democracia, veio à tona após a queda do Regime
Militar em 1985. A cidadania virou popular e foi cristalizada como tal pela
Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã.
● Ilusão de liberdade, participação, desenvolvimento, emprego e justiça social uma vez
que se instaurou a democracia no país, pois o cidadão reconquistou o direito de eleger
os políticos. Somente a liberdade (de opinião) e a participação (voto) se viram
concedidas.
– As outras áreas não demonstraram evolução alguma ou até mesmo um agravamento
da situação atual. Isso contribuiu para o desgaste dos órgãos políticos e uma perda
de confiança dos cidadãos.
– A falta de perspectivas de melhoras é fator inquietante, pois representa um
sofrimento humano imediato sem perspectivas de melhora a médio prazo e pode
culminar em um retrocesso devido à medidas extremas.
● A cidadania é um processo complexo e historicamente definido. A liberdade e a
participação não resulta automaticamente na resolução de problemas sociais.
● A cidadania pode se ver presente sem todas as suas dimensões. A cidadania plena é
um ideal que une a liberdade, participação e igualdade de forma a ser praticamente
inatingível.
● Divisão da cidadania em três direitos: sociais, políticos e civis. O cidadão pleno é o
que goza de todos os três. O cidadão incompleto é o que desfruta de alguns e os que
não se beneficiam de nenhum não seria cidadão.

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 27 de 39
– Direitos civis: direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade
perante a lei. Se baseiam em uma justiça independente acessível à todos. Garante a
liberdade individual e a existência da sociedade civil. Pode haver direitos civis sem
direitos políticos.
– Direitos políticos: participação do cidadão no governo da sociedade. Consiste na
capacidade de fazer uma demonstração política, de organizar partidos, de votar e de
ser votado. Direito ao voto. Não pode haver direitos políticos sem direitos civis.
Conferem legitimidade à organização política da sociedade. Sua essência é a ideia
do autogoverno.
– Direitos sociais: garantem a participação na riqueza coletiva. Direito à educação, ao
salário justo, à saúde, ao trabalho e à aposentadoria. Depende de uma eficiência do
Poder Executivo. Podem existir sem os direitos civis e sem os direitos políticos.
Reduzem as diferenças causadas pelo capitalismo e garantem o mínimo de bem-
estar a todos. Sua ideia central é a de justiça social.
● Evolução da cidadania na Inglaterra: civis>políticos>sociais. Ordem lógica: com base
nos direitos civis que eles reivindicaram o direito de votar e a participação na política
permitiu que trabalhadores fossem eleitos (Partido Trabalhista) e esses garantiram os
direitos sociais. Educação popular foi a exceção, mesmo sendo direito social foi
introduzida antes.
● Contraste com o Brasil: maior ênfase nos direitos sociais do que nos outros e
alteração na sequência em que o direitos foram adquiridos (o social veio primeiro).
● A inversão da evolução dos direitos, configurada pelos direitos sociais adquiridos
em um regime ditatorial que suprimiu os direitos políticos e civis, seguido dos
direitos políticos conquistados em meio a um governo onde a representação política
não valia de nada e por fim os direitos civis que muitos ainda não se encontram
acessíveis.
● A construção da cidadania tem a ver com a relação entre as pessoas e o Estado e a
nação. Fazem parte da cidadania a lealdade a um Estado e a identificação com uma
nação. Identidade nacional está relacionada com aspectos culturais enquanto a
lealdade ao Estado depende do grau de participação política.
● O processo de formação do Estado-nação influencia na construção da cidadania.
● Crise do Estado-nação. Avanços tecnológicos, internalização do sistema capitalista e
a criação de blocos econômicos e políticos contribuem para a redução do poder dos
Estados e para a mudança de identidades culturais.
● Atualmente perdeu-se a crença de que a democracia resolveria os problemas da
pobreza e da desigualdade
● Não há somente um caminho para a cidadania. A forma que se constrói a sociedade
afeta o tipo de cidadania que essa desfruta no final.
● Problema da eficácia da democracia gera um valorização excessiva do Executivo. O
Estado é sempre visto com todo-poderoso, na pior das hipóteses sendo o repressor e
cobrador de impostos e na melhor como distribuidor de empregos e favores. A ação
política é orientada para o Estado, ignorando a representação, de forma que se cria
uma estadania em contraste à cidadania, uma orientação voltada mais para o Estado
do que para a representação.
– Procura de lideranças carismáticas e messiânicas por parte da população devido à
persistência e agravamento dos problemas sociais e à impaciência popular com o lento
mecanismo de decisão democrático.
– Valorização do Executivo em relação ao Legislativo.
● Esquizofrenia política: os cidadão não confiam nos políticos mas continuam votando
neles na esperança de benefício pessoais.
● É possível que o exercício da democracia política permita aos poucos ampliar o
gozo dos direito civis, o que reforçaria os direitos políticos, criando um círculo
virtuoso que modificaria a cultura política também.
● Consenso entre a direita e a esquerda do valor da democracia.
● Mudança no conceito de cidadania como consequência do desafio às instituições
Estado-nação.

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 28 de 39
● O intervencionismo estatal gera um descaso com preocupações políticas e coletivas
por parte do cidadão que se torna cada vez mais um consumidor.
● Não é sensato reduzir o papel do Estado por meio de uma mudança radical, por causa
da longa tradição do estatismo e pelo fato de haver espaço para um aperfeiçoamento
dos mecanismos institucionais de representação. Contudo há lados positivos, como a
ênfase na organização da sociedade, que dá embasamento social ao político para uma
democratização do poder.
● Organizações não governamentais substituem os movimentos urbanos sociais. Sua
colaboração com o governo resultou na solução de problemas sociais, sobretudo na
educação e direitos civis.

TEXTO 16 – JAIRO NICOLAU

● Sistema eleitoral é o conjunto de regras que define como os eleitores podem fazer as
suas escolhas e como os votos são somados para serem transformados em mandatos.
● Sistema brasileiro → sistema proporcional e sistema majoritário.
● Sistema proporcional → é usado nas eleições da Câmara dos Deputados, Assembleias
Legislativas e Câmara dos Vereadores. Aspectos fundamentais:
​ – Regras para distribuição de cadeiras: Cálculo do quociente eleitoral (divisão do total
de votos válidos pelo número de cadeiras) → Divisão dos votos de cada partido pelo
quociente eleitoral (o número inteiro do resultado é o número de cadeiras que cada partido
ocupará) → Distribuição de cadeiras não preenchidas (total de votos de cada partido dividido
pelo número de cadeiras obtidas mais um; o que obtiver o maior resultado dentre os partidos é
quem ocupará a cadeira)
​– Lista aberta: os nomes mais votados de um partido ocupam as cadeiras,
independente dos votos dos nomes que concorreram por outros partidos. Quando os
candidatos são definidos antes das eleições e os eleitores votam apenas na legenda (no
partido) esse esquema é chamado de lista fechada.
→ Incentiva competição entre os candidatos de um mesmo partido, o que os
enfraquece.
→ Transferência de votos entre candidatos de um mesmo partido ou coligação.
– Coligações: para a distribuição de cadeiras, os votos dos partidos coligados são
somados e as cadeiras são conquistadas pela coligação como se fosse um só partido.
Um partido que se apresenta sozinho precisa atingir um quociente eleitoral para eleger
um candidato, já um partido coligado pode garantir a eleição mesmo que tenha a
votação menor que o quociente eleitoral.
​→ Favorece o maior partido do estado
​→ Bancadas sub-representadas (da Região Norte)
→ Bancadas sobre-representadas (de São Paulo)
● Sistema majoritário → eleições de chefes do Executivo.
– O presidente, os governadores e os prefeitos de municípios com mais de 200 mil
eleitores são escolhidos pelo sistema de dois turnos. O candidato precisa obter a
metade dos votos válidos mais um no primeiro turno. Se isso não acontece, um
segundo turno é realizado entre os dois mais votados.
​ ​→ Garante que o eleito sempre receberá o apoio de mais de 50% dos eleitores
que compareceram para votar.
​ – Os prefeitos dos municípios com menos de 200 mil eleitores são eleitos pelo
sistema de maioria simples e não há segundo turno.
​ – A Constituição de 1988 definiu o sistema de dois turnos na disputa presidencial
graças às críticas ao sistema de maioria simples durante a sua vigência (1946-1964). Foi
estabelecido mandato de 4 anos com direito à reeleição para presidente, governador e prefeito.
​ – 81 senadores (três para cada Unidade da Federação) têm mandatos de 8 anos e são
eleitos alternativamente (em uma eleição é eleito um senador e na próxima dois, seguindo o
sistema de maioria simples).

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 29 de 39
● Os caminhos da reforma eleitoral → propostas de reforma do sistema eleitoral
– Mudança da fórmula eleitoral, introdução de uma cláusula de barreira nacional (um
percentual de votos abaixo do qual um partido não pode eleger deputados para a
Câmara dos Deputados).
– Adoção da lista fechada ao invés da aberta.
– Proibição das coligações, distribuição proporcional das cadeiras entre os partidos
coligados com base nos votos de cada partido.
– Correção da distorção representativa dos estados na Câmara dos Deputados.

TEXTO 17 – RODRIGO PATTO SÁ MOTTA

● Em 1979, extinção do bipartidarismo e reformulação política (possibilidade de


formação de vários partidos). Essas medidas foram tomadas com o intuito de:
– Enfraquecer a oposição (MDB), aguçar as diferenças políticas internas à oposição.
– Diminuir a tensão política com uma concessão democrática.
– Reduzir a pressão sobre o Estado militar.
– Reciclar e prolongar o regime militar.
● Surgem 5 partidos com a queda do bipartidarismo:
– PDS (Partido Democrático Social) → continuação da ARENA, políticos alinhados
com o regime militar. Era uma tentativa de fortalecer o partido da situação, cortando
laços com a ARENA, dando impressão de que o PDS era diferente, mais moderno.
– PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) → principal herdeiro do
MDB, maior parte dos políticos do MDB. Derrotar o regime militar e apressar a
transição democrática. Aproveitou a popularidade da sigla antiga.
– PDT (Partido Democrático Trabalhista) → movimentos trabalhistas, ala reformista e
ideológica do antigo PTB. Leonel Brizola era o líder, mas por causa de seus
antecedentes enfrentou impedimentos por parte do governo e sua intenção de utilizar a
sigla PTB foi arrasada, pois esta foi dada a um grupo rival. Declínio após 1990
– PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) → pouco se assemelhou ao antigo no que diz
respeito à prática parlamentar. Não era considerado oposicionista, pois tinha o apoio
do governo.
– PT (Partido dos Trabalhadores) → bases sociais: líderes do sindicalismo,
intelectuais, pequenos grupos marxistas e militantes populares ligados à Igreja
Católica. Apoio de uma larga militância, proposta social defendida pelo partido,
críticas em relação ao status quo, figura carismática de Lula.
● A estratégia do governo militar de fracionar a oposição não foi bem sucedida, uma vez
que o PMDB herdou o prestígio de seu antecessor e a tendência de isolamento político
do governo continuou intensificada:
​ – Crise econômica no início da década de 80.
​ – Retorno dos movimentos sociais à cena política.
● O governo perde o controle sobre a transição democrática devido a:
– Pressão da sociedade insatisfeita (greves).
– Erosão das bases de apoio.
● 1984 → campanha popular pelo restabelecimento de eleições diretas para presidente
(Diretas-Já). Suficiente para fracionar o bloco de sustentação do governo.
● Tancredo Neves e José Sarney foram eleitos em 1985, mas com a morte de Tancredo,
Sarney assume a presidência. Derrota do regime militar em seu território demonstra a
força da opinião pública oposicionista.
● Dissidentes do PDS fundam o PFL (Partido da Frente Liberal) → seus principais
membros foram da ARENA e sustentaram o regime militar.
● Com a eleição da chapa de Tancredo, consolida-se a democracia e o esforço de uma
Assembleia Constituinte resulta na Constituição de 1988:
​ – Ampliou o número de eleitores por meio da instituição do voto facultativo para os
analfabetos e para jovens entre 16 e 18 anos.

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 30 de 39
● Retorno das eleições livres e diretas. As mudanças democratizantes levaram ao
estabelecimento de leis bastante liberais. Facilidade de obter registro provisório para a
formação de partidos.
● PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) → formado por uma cisão do PMDB.
Grupo de parlamentares descontentes com os rumos adotados pelo PMDB durante as
votações da Constituinte. Com a eleição de Fernando Henrique Cardoso, o partido
ganhou espaço central na política.
● 5 partidos dominam as disputas eleitorais: PMDB, PT, PSDB, PFL/DEM e PDS/PP.
● O fato de que os cinco principais partidos originaram-se na reforma partidária de 1980
prova que o sistema partidário atual tende à estabilização.
● A partir de 1990 o sistema partidário se assemelha mais ao que se tem atualmente:
​– Tendência à fragmentação do sistema partidário → 5 partidos que comandam.
● Quadro fragmentado:
​– Problema → mais complicado para os governos obter maiorias parlamentares no
Congresso.
​– Contraponto → estabilização do sistema: o peso proporcional dos 5 maiores partidos
na Câmara dos Deputados mudou pouco ao longo das últimas eleições.
● Declínio de alguns partidos (PMDB, PDS/PPB/PP, PDT, PTB) e destaque de outros
(PT e PSDB). PFL se transforma em DEM em 2007 e constitui, junto ao PSDB a
maior oposição ao PT.
● PSDB teve seu auge com o Plano Real e os dois mandatos de FHC (1994-2002), mas
depois disso sofre um declínio, dando espaço ao PT com a eleição de Lula em 2002.
● PT surge com pouca expressão, mas mantém um crescimento contínuo. Em 2002 ele
apresenta um salto com a eleição de Lula. Depende de coalizões multipartidárias para
governar o que limita sua capacidade de implantar políticas públicas. Foi eleito pela
aliança com grupos conservadores.
​ – Denúncias de corrupção levaram a crises internas e o surgimento de partidos como
o PSOL.

TEXTO 18 – VINICIUS ALVES E DENISE PAIVA

PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO NO BRASIL

Introdução

● Sistemas políticos contemporâneos apresentam:


○ Esforços para distribuir e limitar competências dos agentes públicos →
estimular a cooperação entre os poderes
○ Compartilhamento de funções como fenômeno comum no desenho
institucional em contraposição à separação de funções sob perspectiva
normativa
● Deslocamento da iniciativa legal do Poder Legislativo para o Executivo se consolida
ao longo do século 20
● Presidencialismo → se sustenta em estratégias adaptadas à realidade constitucional e
às peculiaridades de cada sistema político
● Relações Executivo-Legislativo no Brasil → consolidam os partidos políticos como
importantes entes coletivos de suporte aos governos
● Brasil → sistema partidário fragmentado e complexo
● Eficácia na gestão do presidencialismo de coalizão:
○ Poderes legislativos do presidente

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 31 de 39
○ Prerrogativas orçamentárias atribuídas ao presidente
○ Cabinet management
○ Poderes partidários
○ Instituições informais

Os diferentes momentos do conceito na literatura

O presidencialismo como obstáculo

● Abranches: as transformações econômicas (fim da década de 1960 e de 1980)


evidenciaram a estrutura heterogênea da sociedade brasileira → contradição entre o
progresso econômico e os desequilíbrios de ordem social, econômica e política
○ Convivência de práticas clientelistas e ideologicamente orientadas
○ Pluralismo de valores → responsabilidade pela produção e crescente
tensionamento das demandas e expectativas nas instituições políticas
○ Diversificação de reivindicações e expectativas (surgimento de grupos sociais e
seu descontentamento) → desenvolvimento de mecanismos institucionais para
solucionar os conflitos de maneira democrática e legítima
● Estado não acompanha as transformações sociais e econômicas do povo → se torna
inapto para mediar a oposição de interesses → necessidade de reformulação das
instituições políticas
● Lamounier:
○ Parlamentarismo → mais compatível com a manutenção de um regime político
consolidado
○ Presidencialismo → mais eficiente no enfrentamento de questões típicas da
América Latina
○ Empecilhos à adoção do parlamentarismo:
■ Tradição presidencialista
■ Existência de partidos pouco expressivos
■ Ausência de uma burocracia profissionalizada
■ Memória da experiência parlamentarista improvisada
● Linz:
○ Vantagens do parlamentarismo → a maioria das democracias estáveis eram
provenientes de regimes parlamentaristas
○ Regimes presidencialistas ofereciam maior risco à estabilidade democrática
● Brasil → Assembleia Constituinte de 1986 – opta pelo presidencialismo por maioria
○ Plebiscito
○ Configuração institucional adotada em 1988 → instabilidade do sistema
político se torna uma ameaça latente
○ Desconfiança em relação ao presidencialismo → o regime de representação
proporcional e o pluripartidarismo conviviam em democracias parlamentaristas
● Abranches: “presidencialismo de coalizão” → combinação do multipartidarismo e da
representação proporcional sob um regime presidencialista
○ Discordâncias intrapartidárias ou ausência de disciplina entre membros de uma
organização política dificultam a manutenção das alianças → destaque para a
utilização de grandes coalizões na busca por apoio aos projetos políticos

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 32 de 39
○ Consequência de utilizar-se de grandes coalizões: presidente como mediador de
conflitos entre as elites políticas para evitar o colapso da aliança
● Necessidade de esforços contínuos na manutenção das alianças
● Protagonismo do chefe do Executivo → hiperpresidencialismo – impõe ao presidente a
missão de conciliar interesses de diversas agremiações políticas e das distintas bases
geográficas
● Concessões e renúncias → esquivar do desgaste da base de apoio do governo
● Linz – elementos que expõem problemas centrais, estruturais e inerentes ao
presidencialismo:
○ Simultânea legitimidade democrática do presidente e do Congresso
○ Probabilidade de conflitos e falta de mecanismos para resolvê-los
○ Caráter de soma zero das eleições presidenciais
○ Efeito potencialmente polarizante
○ Rigidez de períodos fixos
○ Regra de não reeleição
● Ames, Linz e Mainwaring: colapso da ordem democrática brasileira era previsível
○ Não viam a presença de mecanismos institucionais para arbitrar os conflitos
decorrentes da combinação dos elementos do regime político brasileiro

​O presidencialismo no plural

● Power e Abranches – viabilidade do presidencialismo em sistemas multipartidários →


contestações a Linz:
○ O poder executivo não pode ser compartilhado no presidencialismo
○ A formação de coalizões interpartidárias são raras naquele sistema de governo
● É necessário reconhecer as especificidades de cada comunidade política que adota o
presidencialismo de coalizão para fazer a manutenção dos seus aspectos positivos e a
modificação dos negativos
● O êxito ou o fracasso de um governo presidencial multipartidário com representação
proporcional depende de:
○ Os parâmetros utilizados para o recrutamento dos ministros → exerce impacto
sobre as taxas de apoio legislativo aos projetos políticos do presidente
○ Como se dá o exercício dos poderes legislativos do chefe do Executivo →
escolha dos instrumentos legislativos à disposição dele: instrumentos
ordinários indicam uma colaboração entre Executivo e Legislativo
○ O ‘modus operandi’ da elaboração da agenda legislativa do Parlamento →
formação da agenda: discussão do presidente com os membros que formam
sua coalizão sobre as matérias que irão a plenário propicia um ambiente
favorável à manutenção de uma coalizão sólida
○ O grau de rotatividade dos ministros → auxilia na singularização de um regime
presidencialista
■ Quanto menor a rotatividade, maiores são as chances de execução com
êxito dos projetos e políticas do presidente da República
○ Ex: impeachment de Collor → ausência de habilidade na utilização dos
recursos institucionais a ele atribuídos pela Constituição de 1988

O sistema político brasileiro e a permanente ameaça de uma crise de governabilidade

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 33 de 39
● Constituição de 1988 → dá ao presidente poder para editar atos normativos provisórios
com força de lei, para vetar parcial ou totalmente proposições legislativas oriundas do
Congresso nacional e lhe possibilita o controle da ordenação de despesas
● Dilema do presidente → necessidade de composição de um gabinete a partir de
critérios capazes de garantir a sustentação parlamentar aos seus planos, logo:
○ Nomeação de ministros deve propiciar a:
■ Criação de canais de comunicação entre líderes partidários e o governo
■ Edificação de compromissos entre o Executivo e o Legislativo
● O sucesso da coalizão depende da colaboração dos ministros com o presidente
● Crise de governabilidade → quando projetos políticos do presidente colidem com as
ambições dos responsáveis pela articulação das alianças partidárias
● Ames – fortalece as advertências à perda da base parlamentar do Executivo
● Sistema multipartidário brasileiro é marcado por:
○ Erosão das alianças partidárias
○ Presença de partidos pouco disciplinados
○ Grande número de parlamentares corporativistas individualista
● Sistema multipartidário colabora para:
○ Reprodução de uma política clientelista extremamente onerosa, devido à
necessidade de largas coalizões para a promoção da estabilidade do regime
● Recursos públicos são consumidos na:
○ Busca por apoio parlamentar
○ Execução de políticas públicas
● Ames – fatores que fazem com que o apoio ao presidente seja diminuído fortemente:
○ Inclinações clientelistas
○ Pressões por parte das bases eleitorais
○ Predisposições ideológicas
○ Necessidade de sobrevivência política

A superação da desconfiança

● Subestimação do sistema presidencialista de coalizão devido à utilização de métodos


de análise feitos para o parlamentarismo europeu ou o presidencialismo bipartidário
● O cenário marcado por crises institucionais e paralisia decisória foi contornado
○ Fortalecimento do presidente da República pelo texto constitucional
■ Estimular o apoio parlamentar
■ Fiscalização dos atos do governo
● Figueiredo e Limongi – o êxito dos projetos políticos do presidente somente foi
possível devido ao suporte majoritário obtido a partir da construção de alianças com
organizações partidárias fortes para conseguir aprovar emendas à Constituição
● Análise do comportamento dos parlamentares em plenário → a construção de alianças
entre o governo e demais elites políticas confere racionalidade e previsibilidade no
jogo político Executivo x Legislativo
● Figueiredo e Limongi – o processo decisório é previsível e a informação relevante para
antecipar os resultados é a posição anunciada publicamente pelos partidos
● Crescente papel de destaque do presidente da República no processo legislativo:
○ Aferição do volume de projetos de lei apresentados pelo chefe do Executivo

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 34 de 39
○ Altas taxas de sucesso de suas iniciativas legislativas
● Melo e Pereira – o sistema político brasileiro foi bem-sucedido na combinação de
elementos majoritários e consensuais no intuito de promover a estabilidade da ordem
democrática
● Fatores que contribuem para a prevenção de instabilidades institucionais:
○ Federalismo
○ Separação de poderes
○ Representação proporcional
○ Sistema proporcional fragmentado
○ Judiciário independente
○ Delegação e centralização de poderes no chefe do Executivo
● Fatores que culminaram no sucesso e estabilidade do sistema democrático brasileiro:
○ Poderes do presidente foram fortificados com a Constituição de 1988
○ Ampliadas as possibilidades de fiscalização e controle dos atos do governo, por
entidades e órgãos autônomos
○ Garantias institucionais inexistentes num passado próximo
Considerações finais

● Instabilidades políticas não devem ser confundidas com crises de envergadura


institucional, que tem como efeito o questionamento da eficiência e da própria
legitimidade das instituições vigentes
● Turbulências enfrentadas na recente história brasileira que resultaram no impedimento
de chefes do Executivo ocorreram devido a:
○ Gestão inábil da coalizão por parte dos presidentes
○ Fatores de ordem contextual: crise econômica internacional e escândalos de
corrupção
● Figueiredo e Limongi – o presidencialismo de coalizão brasileiro pode ser considerado
um desenho institucional capaz de promover estabilidade democrática por fornecer os
instrumentos adequados para criar um ambiente de cooperação entre o Executivo e o
Legislativo

TEXTO 21 – VALERIANO COSTA

FEDERALISMO

O que é federalismo?

● Federalismo como ideologia política:


○ Forma de organização política que centraliza, em parte, o poder num Estado
resultante da união de unidades políticas preexistentes, que não aceitam ser
dissolvidas num Estado unitário
○ Forma de descentralizar o poder em estado centralizados (unitários)
● Federalismo como arranjo institucional, prática → conjunto de normas, leis e práticas
que definem como um estado federal é governado
● Federalismo surge como a melhor alternativa para o impasse político da Confederação
norte-americana
○ Estado unitário → grande concentração de poder nas mãos dos governantes

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 35 de 39
○ Confederações → unidades territoriais preservaram a soberania e podiam
romper o pacto a qualquer momento
● Princípio da representação popular + dupla divisão do poder
○ Divisão do poder entre três órgãos independentes: Executivo, Legislativo e
Judiciário (valia para a União e para os Estados) → surge o presidencialismo
○ Distribuição das responsabilidades do governo entre a União e os estados sem
que haja interferência mútua sem autorização política ou judicial
● Não existe dupla soberania: nenhum estado tem o direito de renunciar unilateralmente
o pacto político ou rejeitar uma lei emitida pelo Congresso
● O governo federal não pode obrigar nenhum estado ou município a fazer ou permitir
que a União realize qualquer ação em seu território sem autorização legal do
Legislativo e confirmação de legalidade pelo Judiciário
● Federação: Estado soberano que se distingue dos estados unitários, pois os órgãos
centrais de governo incorporam bases constitucionais em seu processo decisório
● Grau de centralização do poder num Estado federal → depende da forma como é
composto e funciona o poder central
● Vantagem do federalismo: criar regras de resolução de conflitos políticos entre estados
membros
● União expande suas atribuições a áreas como desemprego, saúde, educação, transporte,
energia segurança etc

História e desenvolvimento do federalismo no Brasil

● Capitanias hereditárias → influenciou o padrão de organização territorial brasileiro


● Dispersão e dificuldade de estabelecer controle político direto → poderes regionais,
locais, representados pelos coronéis
● Política dos governadores → acordos informais para dividir o poder
● Federalismo → potencializador das oligarquias rurais, limitador do papel do governo
federal como agente do desenvolvimento econômico e social do país
● 1930 → federalismo oligárquico cai com Vargas – autonomia estatal reduzida
● 1937, Estado Novo → aumento da centralização – queima das bandeiras dos estados
● 1945 → restabelecimento do regime federalista, sistema representativo efetivo e
partidos competitivos
● 1964 → governadores eleitos indiretamente e preservação de autonomia dos estados
● 1987-88 → estados e municípios consolidam o processo de descentralização dos
recursos tributários. Problema: ocorre num período de crise fiscal e dificulta o ajuste
fiscal e a retomada da capacidade de investimento e de redução de desigualdade
● Processo de centralização do poder dá lugar a um processo de descentralização →
estados e municípios agem como “predadores” de um governo federal enfraquecido

As bases constitucionais do federalismo no Brasil

● Constituição de 1891 → os estados com autonomia para legislar sobre tudo que não for
competência exclusiva da União – concedia o controle do imposto sobre exportação
aos estados: estados politicamente dominantes eram SP e MG
● Constituições de 1934, 1937, 1946 e 1988 → federalismo dualista (atribuições
claramente definidas) sofre alterações pela ampliação das atribuições da União
○ União, estados e municípios → responsáveis por áreas comuns (educação,
saúde, transporte e meio ambiente) sem que haja coordenação

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 36 de 39
● Constituição de 1988 → descentralização fiscal e tributária
○ Define a organização da federação → União, 26 estados, Distrito Federal e
5500 municípios
■ O Brasil é uma federação em constante ampliação (criação de
municípios e estados é permitida por lei)
○ Artigos 20 a 25 → estabelecem a divisão de competências entre membros da
Federação
■ Art 25. → estados têm poder “residual”, legislam sobre qualquer
assunto que não seja reservado exclusivamente à União ou aos
municípios
■ Art 24, par. 4 → quando há conflito entre lei federal e lei estadual,
prevalece a federal: garante o controle centralizado sobre a legislação
concorrente
● A Constituição de 1988 apresenta duas tendências divergentes:
○ Quanto à distribuição de competências → favorece a União
○ Ponto de vista fiscal e tributário → favorece os estados e municípios

As bases políticas do federalismo no Brasil

● Regime republicano:
○ Presidencialismo forte
○ Sistema federativo
○ Representação das regiões menos populosas na Câmara dos Deputados
● O federalismo brasileiro é o resultado da combinação de poderes executivos fortes com
legislativos multipartidários → necessidade de um presidencialismo de coalizão
● Presidencialismo de coalizão:
○ Dificulta a atuação dos partidos em nível nacional
○ Difícil implementar projetos de reforma amplos
● Federalismo → governadores têm relevante influência na política nacional
○ Governadores têm facilidade para formar coalizões de governo
○ Têm capacidade de influenciar o comportamento das suas respectivas bancadas
no Congresso
● Bases políticas → combinação de:
○ Presidentes e governadores fortes
○ Legislativos regionais fracos
○ Congresso fragmentado e instável

As relações intergovernamentais

● Em princípio, estados e municípios são autônomos para conduzir suas políticas desde
que não entrem em conflito com as normas constitucionais e leis federais
○ É difícil o estado ou município realizar políticas sem o apoio da União
● Dependem da disposição dos governos em cooperar e da capacidade e do interesse do
governo federal em estimular ou impor regras e programas
● A cooperação intergovernamental não pode ser imposta → tem de ser discutida,
negociada e implantada de forma gradual, de acordo com a capacidade de cada
governo

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 37 de 39
A Lei de Responsabilidade Fiscal

● Ataca um problema central do federalismo: a tendência de estados e municípios


transferirem os custos de suas atividades para a União
○ Acontece quando gastam mais do arrecadam e pedem ajuda à União
○ Transferir suas dívidas para a União
Problemas atuais do federalismo brasileiro

● A existência de diversos atores políticos com interesses diversos e poder de veto, dá


lugar à existência de mecanismos institucionais de incentivo ao consenso e conversão
desse consenso em capacidade efetiva de governo, de implantar decisões majoritárias
○ Devido à existência desses atores políticos, faz-se necessária a manutenção de
alianças políticas que podem resultar na incapacidade do governo federal de
realizar medidas políticas (caso não seja feito) e no desgaste do governo
federal em tentar manter essas alianças
● O federalismo, isoladamente, não representa um obstáculo ao processo decisório em
âmbito nacional, mas quando combinado com o presidencialismo de coalizão,
potencializam-se as formas de coalizões de veto
● Fatores que contribuem para potencializar as dificuldades para a formação de uma
coalizão governamental estável:
○ Forte polarização resultante do segundo turno das eleições presidenciais
○ O crescimento dos partidos pequenos
○ A eleição de governadores de estados grandes favoráveis aos dois blocos em
que se dividiu o sistema partidário (PSDB-PFL e PT-PMDB-PSB)
● O sistema político dificulta a concentração de forças em torno de programas de
mudança consistentes e de longo prazo

TEXTO 22 – ELISA REIS

● Baixa capacidade de empatia entre setores muito díspares da sociedade


● A disposição de interferir na realidade torna muitas vezes a análise mais restrita e
menos eficiente. A identificação afetiva com a questão se confunde com a relevância
do conhecimento gerado
● A questão da visão das elites → o papel deles na formulação e implementação de
políticas sociais é inquestionável. A menos que eles percebam uma política como
necessária ou desejável, esta não terá chance de ser implementada
● O comportamento das elites é reativo às pressões vindas de baixo
● De Swan: somente quando as elites viram vantagens na coletivização de soluções a
problemas sociais é que o poder público tornou-se o agente natural na provisão de
“bens de cidadania” como educação, saúde e previdência
○ Enquanto as elites acreditavam que podiam e proteger individualmente das
calamidades e incertezas, nenhum incentivo existiu para a coletivização de
soluções
○ Quando há situações que a proteção individual não era eficiente, partiram para
as soluções coletivas

A visão das elites brasileiras

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 38 de 39
● A questão da pobreza e da desigualdade parece ter grande importância para as elites
● Principais ameaças à democracia no Brasil
○ A agenda de problemas sociais constitui o desafio mais sério enfrentado pela
ordem democrática
● Ameaças à ordem democrática: baixo nível educacional da população, a pobreza e a
desigualdade
● Principais problemas nacionais: baixo nível educacional da população, a pobreza e a
desigualdade e a inflação (mais peso)
● Quanto ao que se deve fazer para solucionar esses problemas, as elites acham que a
educação seria a melhor dimensão estratégica para policy intervention
○ Além disso, a educação é o melhor caminho para dotar os desprivilegiados de
recursos
● Educação como um recurso a ser explorado pelo poder político tendo em vista dotar os
setores mais pobres da população de condições para competir por um lugar melhor na
estrutura social sem envolver uma ativa redistribuição de renda e riqueza
● As elites apostam na possibilidade de melhoria para os pobres sem custos diretos para
os não-pobres
● Inconveniência de políticas de discriminação positiva em favor de determinadas
minorias → condenação das medidas de ação afirmativa
● Solução do problema da desigualdade → reforma agrária
● Fracasso das políticas sociais → o Estado é o culpado, mal ou não cumprimento das
suas funções e pela falta de vontade política
● A elite não se sente responsável pelo problema da pobreza e da desigualdade →
transfere a responsabilidade para o Estado
● Paradoxo das Elites:
○ O fato de seus membros considerarem os problemas sociais como de grande
relevância pareceria identificar a existência, entre eles, de uma notável
consciência social, de uma consciência da interdependência entre os diferentes
setores sociais
○ Mas essas elites acreditam que o Estado tem uma função social que não tem
sido cumprida e que isso se deve à falta de vontade. Contudo, o que elas não
vêem é que essa vontade “faltante”, essa “omissão política”, é algo que deve
ser creditado a elas próprias
○ Falta uma noção de responsabilidade social entre as elites, elas não se vêem
como parte de um todo, uma coletividade, nem tampouco percebem o Estado
como parte da sociedade

https://doc-0s-90-docs.googleusercontent.com/docs/secure…263818527990&hash=on080lcaalmu5hbpgu1rkmm7o02ug36g 10/03/2018 14D02


Página 39 de 39

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy