Diretriz #PM3
Diretriz #PM3
Diretriz #PM3
DIRETRIZ Nº PM3-OO1/02/01.
1. FINALIDADE
Padronizar os procedimentos das OPM em relação às guardas municipais existentes, bem como
aqueles a serem adotados junto ao poder público municipal nos municípios em que houver pretensão
de criação dessas instituições e outras providências a serem adotadas para desestimular iniciativas
nesse sentido.
2. SITUAÇÃO
a. a Polícia Militar tem, cometidas pela Constituição Federal, as responsabilidades pela Polícia
Ostensiva e pela Preservação da Ordem Pública, ambas indelegáveis;
b. a situação social e a carência de serviços reinantes no panorama brasileiro contribuem para formar
um caldo nutritivo em que a criminalidade e a violência encontram ambiente para seu
recrudescimento, tornando, por esse motivo, a atividade de Polícia Ostensiva complexa e
incessantemente exigida;
c. sendo a Polícia Militar incumbida dessa atividade, ela vê-se continuamente cobrada e
responsabilizada pela segurança pública como um todo, mesmo em setores que, ainda que
diretamente vinculados à segurança, são de competência de outros órgãos;
d. nesse contexto, não são poucos os que buscam soluções várias para os problemas ligados a essa
área, surgindo situações contrárias ao estabelecido na Lei e conflitivas para as instituições públicas;
e. dentre esses, encontramos segmentos municipalistas, com liderança político-partidária, que têm
apregoado a necessidade de criar guardas municipais, com o objetivo de agir como órgão de
segurança pública num espectro mais amplo do que os limites legais a elas cometidos, criando a
falsa idéia de que a solução para o problema está nesse campo;
f. a Corporação Policial-Militar, como órgão técnico responsável pela Polícia Ostensiva, deve
fiscalizar e evitar que tais situações ocorram, pois criam conflitos improducentes para a comunidade
e de conseqüências políticas danosas;
g. a norma constitucional federal e estadual, bem como a infraconstitucional e específica das polícias
militares, fornece os mecanismos necessários para essa fiscalização e indica as medidas a serem
adotadas na ocorrência desses aparentes conflitos positivos de competência;
h. a melhor solução, entretanto, está não nas querelas jurídicas, mas primeiro, na concessão de
serviço de segurança pública de qualidade pela Polícia Militar à comunidade, que jamais apoiará
qualquer iniciativa desse tipo quando satisfeita com a Corporação, e, segundo, na adoção de
medidas, quando guardas municipais já existirem, para que esses órgãos executem suas tarefas no
âmbito de suas atribuições, contribuindo diretamente, nos próprios e no desempenho de serviços
municipais, e indiretamente, no derredor desses, com a segurança pública;
i. quanto ao primeiro trato da questão, a ênfase na Polícia Comunitária, política da Corporação em
franco processo de expansão e cujas ações tem o condão de angariar um alto índice de credibilidade
e aceitabilidade da polícia por parte da população, apresenta-se como a ação mais eficaz para
redução da criminalidade a médio e longo prazo, fato sobejamente comprovado por diversas
experiências no exterior e também no País, sendo, portanto, um dos caminhos mais viáveis para o
desincentivo à criação de guardas municipais, tanto pela sua desnecessidade como pelo
engajamento dos membros da comunidade em ações proativas de segurança pública;
l. desse modo, mais conveniente é que, em havendo a disposição por parte do poder público
municipal de criar uma guarda, que ele seja estimulado a conveniar-se com a Polícia Militar ou assinar
Termos de Cooperação com ela, de modo a garantir à Corporação condições mais adequadas de
trabalho, equipamentos que porventura lhe faltem ou permitam produtividade acentuada (dentre os
quais citam-se armas, viaturas, combustível, sistema de posicionamento global-GPS, coletes,
fardamentos etc.) ou incentivos salariais (pró-labore, por exemplo), que fomentam a diminuição de
claros e o alistamento regional, e outras formas de cooperação, só limitadas pela criatividade do
comandante, desde que devidamente inseridas em um contexto legal, e com isso, atingindo os
objetivos inicialmente buscados em outro órgão cuja amplitude de ação é reduzida;
n. é certo, porém, que a Polícia Militar, mesmo em razão de possíveis lacunas existentes em sua
prestação de serviços, diante da existência de uma guarda municipal, não pode deixar de agir
dissuasoriamente para que estas não extrapolem o âmbito de suas atribuições, sponti sua ou
motivada por outros órgãos com interesses escusos, sendo esta responsabilidade do comandante
da OPM em cuja área está abrangido o município a que esse organismo pertence.
3. OBJETIVOS
a. aperfeiçoar a prestação de serviços da Polícia Militar nos diversos municípios do Estado de São
Paulo, de modo a atender aos anseios da comunidade, incentivando, dessa forma, o poder público
municipal a colaborar com a Corporação, onde não existirem guardas municipais, ou ocupar os
espaços de competência da Corporação, evitando que haja movimentos de qualquer ordem para que
essas organizações extrapolem suas atribuições, onde já tenham sido criadas;
f. estabelecer forma de acompanhamento das guardas municipais existentes, a ser aproveitado pelo
Cmdo. G no planejamento estratégico da Corporação.
4. PREMISSAS
a. a segurança pública é dever do Estado, mas direito e responsabilidade de todos e exercida por
intermédio de diversos órgãos, descritos pela Constituição Federal no caput do artigo 144, dentre
eles, a Polícia Militar, a quem incumbe a Polícia Ostensiva e a Preservação da Ordem Pública;
b. neste mesmo artigo, no seu § 8º, abre-se aos municípios a permissão para que constituam guardas
municipais, destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme deve ser disposto
em lei, a ser, ainda, editada;
c. é patente, pois, que a Polícia Militar tem uma competência ampla e abrangente, pois que deve
responsabilizar-se por uma atividade de polícia, a Ostensiva ou de caráter administrativo, e por uma
situação, a Ordem Pública, cuja abrangência conceitual até os mais esmerados e hábeis
administrativistas tremem para definir;
d. já o mesmo não ocorre com as guardas municipais, que têm sua competência restrita àqueles
bens, serviços e instalações do município, e, bem por isso, não há que se tratar da possibilidade da
extensão de sua competência além desses limites sem ferir a Carta Magna;
e. não há que se entender os termos bens, serviços e instalações pela sua conotação jurídica mais
ampliada, pois tal raciocínio não acompanha o do legislador constitucional, senão, vejamos:
III – os dominiais, isto é, os que constituem o patrimônio disponível, como objeto de direito pessoal
ou real (artigo 66).(...)
Com maior rigor técnico, tais bens são reclassificados, para efeitos administrativos, em bens do
domínio público ( os da primeira categoria: de uso comum do povo), bens patrimoniais indisponíveis
(os da segunda categoria: de uso especial ), e bens patrimoniais disponíveis (os da terceira e última
categoria: dominais)
(...) Bens de uso comum do povo ou de domínio público: como exemplifica a própria lei, são os mares,
praias, rios, estradas, ruas e praças. Enfim todos os locais abertos à utilização pública adquirem esse
caráter de comunidade de uso coletivo, de fruição própria do povo(...).
(...)Tais bens têm uma finalidade pública permanente, são também chamados bens patrimoniais
indisponíveis.Bens dominais ou do patrimônio disponível: são aqueles que, embora integrando o
domínio público como os demais, deles diferem pela possibilidade sempre presente de serem
utilizados, em qualquer fim ou, mesmo, alienados pela Administração, se assim o desejar(...)(g.n.).(
Hely L. Malheiros, “Direito Administrativo Brasileiro”, pág. 429-431,18 ed, 1993, Malheiros, SP, Br).
2) não está correta a interpretação extensiva do termo bens, no tocante à guarda municipal, pois, se
assim fosse, os constituintes não teriam grafado o § do artigo 144 da Constituição Federal como está,
isto é, “Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
serviços e instalações, conforme dispuser a lei”. e sim que seriam destinadas à proteção dos bens
públicos no seu âmbito etc...;
3) a razão para isso é que, para a proteção, geral e abrangente, dos benspúblicos, já fora colocada
a Polícia Militar, a quem compete a Polícia Ostensiva e a Preservação da Ordem Pública,
competências realmente abrangentes;
4) esse entendimento é corroborado pelo eminente constitucionalista José Afonso da Silva (in Curso
de Direito Constitucional Positivo, 5ª edição, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1989, p. 652), o qual
afirma “Os Constitucionalistas recusaram várias propostas no sentido de instituir alguma forma de
polícia municipal. Com isso, os Municípios não ficaram com nenhuma responsabilidade pela
segurança pública. Ficaram com a responsabilidade por ela na medida em que sendo entidade estatal
não pode eximir-se de ajuda aos Estados no cumprimento dessa função. Contudo, não se lhes
autorizou a instituição de órgão policial de segurança e menos ainda de polícia judiciária”;
5) o mesmo faz Toshio Mukai ( in Administração Pública na Constituição de 1988, São Paulo, Saraiva,
1989, p. 42), declarando que “Os municípios, ainda, de acordo com outras disposições esparsas da
Constituição, poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
instalações, conforme dispuser a lei ( art.144, § 8 ). Portanto, o Município não pode ter guarda que
substitua as atribuições da Polícia Militar, que só pode ser constituída pelos Estados, Distrito Federal
e Territórios ( art. 144, § 6 ).”
6) desse modo, o entendimento que é emprestado à Constituição Federal, no que se refere aos bens
que a guarda municipal dever proteger, excetua os de uso público, vez que para a proteção e
segurança destes deixou a Polícia Militar incumbida.
f. a Medida Provisória Nº 2045, de 28 de julho de 2000, que trata da instituição do Fundo Nacional
de Segurança Pública, trazendo em seu bojo o incentivo financeiro a projetos voltados ao treinamento
de guardas municipais, inclusive, bem como recursos apenas aos municípios que possuem guarda
municipal, reflete tendência ainda ilegal, visto contrariar os princípios constitucionais ao ligar as
guardas municipais a um contexto de segurança pública muito mais amplo do que o legislador lhes
concedeu, e tecnicamente não recomendável para a experiência brasileira, que não pode, por esses
mesmos motivos, ser apoiada ou defendida pela Corporação enquanto instituição policial.
5. EXECUÇÃO
A. CONCEITO DA OPERAÇÃO
As medidas a serem adotadas e implementadas pelos Comandantes de OPM são amplas e, para
fins didáticos, podem ser agrupadas em blocos, segundo sua natureza, a saber:
b) diligenciar junto aos órgãos de segurança pública sediados no município,bem como junto àqueles
que são relacionados com esta atividade, por participarem do ciclo da persecução criminal, a fim de
ampliar seu envolvimento com as questões de segurança, no que lhes diz respeito, empenhando a
comunidade nesse esforço, pela legitimidade que esta empresta às reivindicações desta natureza;
e) colaborar, quando solicitado e houver recursos ou, ainda em atenção a termo de cooperação, na
instrução dos componentes da guarda municipal, enfatizando, sempre, a direção constitucional dada
ao desempenho da missão do guarda civil, não permitindo qualquer tipo de conivência ou
colaboração, caso constatado desvio de finalidade da organização municipal.
a) caso se esgotem os meios pacíficos de coesão e cooperação entre o município, por intermédio de
sua guarda municipal, e a Polícia Militar e, em havendo o desvio de competência, devem ser adotadas
as medidas necessárias para promover representação junto ao Ministério Público contra aqueles atos
praticados que excedam sua competência onstitucional, juntado os documentos comprobatórios, de
acordo com as orientações distribuídas pela DAM;
b) no caso de edição de normas municipais ( lei orgânica, lei, decreto etc. ) que extrapolem o previsto
na Constituição Federal, adotar as medidas para ingresso de ação direta de inconstitucionalidade,
que pode ser iniciada mediante representação nos termos do Art 90 da Constituição do Estado de
São Paulo;
B) ATRIBUIÇÕES PARTICULARES
3) Diretoria de Apoio Logístico (DAL)Adotar as medidas capazes para atender, no âmbito de sua
competência, as OPM que necessitem de recursos materiais para a concretização dos objetivos desta
Diretriz
a) manter relação atualizada dos municípios com guarda municipal, bem como ficha com dados sobre
efetivo, equipamentos, comando, relacionamento com a Corporação e tendências político-
institucionais e sobre o efetivo da Polícia Militar, população do Município, total de ocorrências/ano,
entre outros, lançando nesta ficha as informações obtidas tanto da OPM como da 2ª EM/PM, de
maneira a possuir um registro completo e suficiente para o acompanhamento de sua
operacionalidade;
1) os comandos locais deverão atentar para o contido nesta Dtz, bem como às orientações
distribuídas pela DAMCo, sendo certo que a responsabilidade pela adoção das medidas e
providências nelas descritas são dos comandos locais e de seus comandos superiores;
3) as OPM que receberem a presente Diretriz em distribuição direta ou indireta deverão encaminhar
cópias às suas OPM subordinadas, instruindo-as a respeito;
DISTRIBUIÇÃO: Gab Cmt G, Scmt PM, Coord Op, Sch EM/PM, Seções do EM/PM, DPCDH, DAL,
DAMCo, DEI, CPC, COM E CPI-1 a 7.