Para Curtir Leitura I
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Para Curtir Leitura I
1
" Não cobiçarás a mulher do teu próximo
( enquanto o próximo estiver próximo)"
Nem deveria, pois suas acusações perfuraram
meu coração como "frias flechas enfadonhas que fizeram
farelos da nossa fina fantasia de amor".
Eu posso explicar, o caso foi o seguinte:
Eu fui ao shopping comprar um presente pra
você, como vc sabe era dia de pagamento, e eu pensei,
"por que não comprar uma jóia para minha amada", e eu,
como apaixonado que sou, a ponto de ser idiota, também
se não fosse, não seria apaixonado, mas enfim.
E no caminho da joalheria, havia uma loja de
roupas íntimas, um sex shop, ia passando direto, quando
um som de explosão foi emitido de dentro da loja, aquele
fumaceiro, as pessoas correndo, calcinhas e cintas-liga
voando, em poucos instantes a loja estava vazia e pegando
fogo. Quase fui atingido na cabeça por um pênis, gigante,
em chamas.
Ia correr também, mas algo congelou o
movimento das minhas pernas, era uma voz aflita de
mulher, gritando, "Socorro, socorro", então pensei, não
posso salvar a minha pele às custas da vida de uma
donzela em perigo. Então adentrei o ambiente, que estava
insuportavelmente quente, mas preferi permanecer de
paletó para não me ferir em alguma brasa.
2
dentro, a porta virada para o chão, a passagem do teto
obstruída pelo balcão, da loja, e o fundo pelos outros
provadores que também caíram... E agora? como salvá-la?
Então eu gritei perguntando, "Você está bem"?
E a pobre donzela respondeu, "Sim".
E eu comecei a procurar, procurar, e procurar
uma maneira de libertá-la rapidamente antes que o fogo a
consumisse, então, foi aí que eu vi a solução, faria uma
corda com as roupas íntimas que haviam na loja, de
tamanho suficiente para puxar o balcão que se encontrava
preso e resgatar a pobre moça.
Assim o fiz, fui nas prateleiras procurei
alguma roupa de tamanho maior, mas foi em vão. Não
havia nada, restaram as calcinhas, e fui ali, com destreza,
amarrando uma a uma, na esperança de realizar isso em
tempo hábil para resgatá-la, consegui! Amarrei a corda no
balcão e puxei, e puxei, com todas as minhas forças, até
que o balcão se afastou espaço suficiente para que ela
pudesse escapar.
Então, antes de terminar, a primeira calcinha,
que por ventura era essa de oncinha, escapou da corda e
ficou na minha mão, mas na hora do desespero eu a
coloquei no bolso do paletó e fui ajudar a moça, o que era
mais importante, a salvei, a coloquei nos braços para tirá-
la do incêndio e fui saindo dentre a fumaça, com a pobre
donzela já fraca e quase desmaiada em meus braços, eu,
todo chamuscado saindo pelos escombros.
Quando eu saí o povo estava me aplaudindo
pelo feito heróico.
3
Só você é quem não reconhece isso, Isabel,
para todas as outras pessoas eu sou um herói, e só para
você é que eu não valho nada. Se é assim, permaneça na
sua casa que eu não quero mais vê-la, me sinto muito
ofendido, e por isso, hoje, vou ser obrigado a ir à praia de
Ipióca beber pra me acalmar. Tudo por causa de você.
Francamente. Isabel... Adeus!
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HÔMI... E EU CO'A GREVE DA PM NA
BAHIA... OXE...
5
que o governo lhe paga, e os bandidos que melhor, vida,
têm...
Em resumo: REVOLTA DE CA-CHI-
BREMA!
Cachaça – Chifre e Pobrema!
Depois da revista, voltei pra casa, agradecido
pelo bom serviço prestado...
Não sei em Salvador, que só salva mesmo
quem já ta morto...
Mas pelas bandas do São Francisco, a paz está
maior...
Que a polícia custe a voltar da greve...
Que o exército quebre os dentes de quantos
PM’s puder...
Que a justiça prenda todo o mundo...
Golpe militar no Brasil não se pode mais
aceitar...
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TREM DAS ALMAS
7
que é fria, mal deitou, mal terminou a novela, mal chegou
em casa, e já sai de novo.
O frio que corta a cara, mal lavada, mal
barbeada, a cara mal acariciada. A cara mal entendida, mal
vista, mal percebida...
Em passos rápidos e largos que as pernas dão
sozinhas, a mente está parada, ou em algum lugar que não
se possa encontrar...
O ônibus chegou... Cem corpos sem alma
entram em comboio pela porta do trem das almas...
Mais um dia de escravidão até que a morte os
separe...
8
AMO, LOGO, EXISTO!
9
traumas, religião, filosofia, até o próprio pensamento, pois
quem pensa imagina o que ama, ou o que odeia, ou seja, o
que vislumbra com ausência total do amor. Mas, somente
porque amaria o seu oposto.
O que vai além disso, estou quase certo de que
quem odeia, deseja pertencer ao seu oposto. Quem odeia a
guerra ama a paz, quem odeia a fome ama a fartura, quem
odeia os abismos sociais, ama a igualdade, quem odeia a
ignorância ama o conhecimento, quem odeia a tristeza
ama a felicidade. Enfim, tudo o que se discute no mundo é
matéria de amor, sem necessidade de citações acadêmicas.
Penso que o amor seja pouco estudado em
matéria de filosofia, muitas vezes até estimulam sua
abstinência. Um elemento tão importante, e que se
contrariado, matematicamente, o resultado é negativo, é
como se fosse o “menos um” que se multiplica na equação
para equilibrá-la.
Talvez fosse presunção da minha parte,
redefinir o cerne da existência, mas nestas linhas não
defendo teses e não preciso recorrer a Descartes. Nunca
quis recorrer a Descartes. Não se deve discursar sobre
método de nada.
Quem quer que seja criador de tudo isso não
estabeleceu métodos que estejam além da coerência básica
da vida. Tão coeso quanto o fato de nada existir na vida
sem que haja amor, a menos que se negue a criação e se
prefira crer que sejamos uma simples evolução de
bactérias sem nenhum rumo anterior ou posterior e que
todas as nossas emoções sejam meramente encadeamentos
de processos químicos bem determinados.
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Não falo do corpo, e sim, da alma, pois o que é
matéria é irreal.
Sendo assim, penso: Amo, logo, existo! Por
isso, hoje amanheci mais feliz!
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UM CIDADÃO COMUM
- Crônica do dia 29-05-2018 -
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Sair do elevador, percorrer o corredor à sua
direita para chegar ao seu apartamento no qual se sente
sufocado, entediado, sussurrando para não incomodar os
vizinhos e nem deixar que os outros saibam de sua vida,
não se sente feliz. Mas... Se sente seguro!
Tirar as chaves do bolso, verificar qual é,
suspirar fundo, comprimir um pouco as extremidades dos
lábios, dar de ombros, colocar a chave na fechadura, e, dar
duas voltas para esquerda. Regra da casa, todos devem dar
duas voltas à direita para trancar as portas de sua casa e de
seus corações.
Entrar e ver cada um em seu quarto com seus
aparelhos eletrônicos... Trancados em seus próprios
mundos... Preocupados com suas próprias vidas...
Mas agora está fazendo cursos em sua igreja e
terapias para casal com psiquiatras e psicólogos de renome
para alcançar um nível de abstração e suportabilidade do
que lhe incomoda naquele que não ama mais! Então agora
acredita que vai conseguir ser feliz com ela, porque ele
está fazendo tudo certo...
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E... Ele sacode a cabeça... Olha para o
elevador... Resolve voltar para a rua e andar pela cidade.
Olha para os bares... Pessoas conversando,
bebendo... Fumando... Rindo... Dançando... Felizes...
Um boêmio num violão bem tocado cantava
“Dona da Minha Cabeça” de Geraldo Azevedo, e trocava
olhares com uma mulher bonita que estava sentada na
cadeira da frente. Ela sorria abertamente com seus olhos
brilhando... O Boêmio cantava e sorria pra ela com o olhar
de uma felicidade tranquila...
Ela dava um gole de cerveja e lambia os lábios
de forma discretíssima, porém, sensual. Entre piscadelas
que o dava...
Para com os braços cruzados na calçada do
bar, estarrecido, e compara... Onde tem mais gente feliz?
Nas igrejas ou nos bares?
Ele comprou tudo o que lhe disseram que
precisava para ser feliz... Casou-se com uma mulher
bonita, comprou um apartamento, tem um carro, filhos
saudáveis e inteligentes, tem dinheiro guardado no banco,
uma profissão intelectual, uma televisão de LED de
sessenta polegadas com leitor de voz!
Se abstém de todos os prazeres que lhe são
proibidos, e suporta a aflição porque sabe que o diabo
atenta mais ainda aqueles que estão do lado de Deus... Que
a felicidade não é neste mundo, e sim no reino eterno de
Deus!
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Suspira profundamente... Comprime um pouco
as extremidades dos lábios... Expira lentamente... E dá de
ombros... Abaixa a cabeça e volta para casa... Tem um
milhão de reais em dívidas que precisa pagar até o final da
vida...
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O DIA EM QUE DESCOBRI O AMOR...
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Entramos no bar e pedimos o de sempre: Pitu e
Cerveja. Todas as vezes que peço uma Pitu fico me
perguntando... Qual a graça que esse povo vê em tomar
Whisky? Se ela é tão saborosa, tão quente e tão... Tão...
Tão simples...
Estávamos, como sempre, a comentar de
problemas. Ela, sempre paciente ouvindo minhas
lamentações: Por que as pessoas são assim ou assado, e
por que a gente não consegue ser feliz? Mentiram para a
gente e etecetera e tal...
E ela disse:
- Nego, pega o violão!
E eu respondi pra ela!
- Que porra de violão! Eu não presto para tocar
isso! Você já sabe que sou ruim!
Ela suspirou com paciência de mãe...
Gesticulou a cabeça em tom de negação e disse com seu
bom português de professora:
- O caralho que você é ruim! Pega essa porra e
toca!
Com uma determinação carinhosa neste tom,
não havia alternativa a não ser pegar o diabo do violão e
tocar.
Peguei. A primeira música que toquei foi La
Belle de Jour de Alceu Valença.
Confesso, quando eu coloquei o violão no meu
colo, sentia-me decepcionado pela minha natureza torpe,
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por ter-me tornado um “burocrata bundão”, por não estar
perto do mim mesmo e simplesmente estar observando a
vida como quem assiste uma novela.
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Comecei a cantar... Ahhhh Heiii! Poucos
segundos depois as pessoas pararam... Eu fiquei com
medo, mas nem liguei muito... Porque aquele estado
emocional de tristeza havia se corrompido em pleno
êxtase!
Imaginei que o dono do bar, que também era
dono do violão, e músico, ia tomar o violão da minha mão.
Mas eu estava feliz! Sabe o que é estar feliz de verdade?
Eu estava feliz! Então pouco me importava se iam me
tomar o violão, aquela seria a música da minha felicidade!
Não me tomaram o violão, pelo contrário,
encostaram para ouvir...
Em um dado momento, depois de algumas
doses e alguns copos de cerveja, Carolina foi ao banheiro.
Nisto, encostou uma “Dama da Noite”, que estava
cortejando os homens à minha volta, e por fim, nos
cortejares equívocos que resultou em sua desistência deles,
ela veio até mim, sorrindo amavelmente...
Meus preconceitos me impediram
momentaneamente de sorrir de volta, depois eu pensei, é
só um sorriso! E aí eu sorri de volta.
E ela começou a conversar, e meus
preconceitos atrapalharam a versatilidade de minhas
argumentações... Depois eu pensei... Não vou deitar-me
com ela, então, o que me impede de conversar? Gosto de
conversar! Vamos conversar, ora!
E conversamos por algum tempo, Carolina
chegou. Carolina que é bastante afeiçoada ao povo
iniciou-se na conversa, e conversamos por um bom
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tempo... Entre palavras de conversação e palavras
melodiadas no violão a noite passou a transcorrer-se.
Havia naquela rua, alguns homens que sempre
estavam ali, um baiano e um recifense, que não direi
nomes porque não sei se eles permitem. Que nos
chamaram para beber e tocar violão do outro lado da rua,
porque “ao vento” seria mais gostoso.
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Eu provei o caldo... QUE CALDO
MARAVILHOSO! Nunca tomei igual! E espero um dia
poder provar novamente!
O sabor era algo perfeito, feijão com galinha
era algo que eu nunca tinha pensado! Mas ele fez! Com
pedaços de batata... Maravilhoso! Um tempero perfeito
que eu acredito que só a Bahia tem...
Uma colherada, duas, três, aquilo não acabava!
Mas eu tinha de me conter, pois era caldo para oito
pessoas. Então, algumas colheradas daquele caldo,
deveriam ser suficientes para preencher a barriga dos oito.
Em algum momento da noite, em alguma
conversa que não lembro qual foi, sei que estávamos
falando de amor, estava com um livro do Vinícius de
Moraes, que aqui e acolá, declamava alguma coisa, um
dos moradores de rua, com as unhas sujas, o rosto oleoso e
as roupas que usou por tantos dias me abriu os braços...
Sim... Abriu os braços... Com os olhos
brilhando de ternura, com uma vontade expressiva que não
se vê! Poxa! Porque não vemos isso uns nos outros? E em
todos os lugares? Ele abriu-me os braços e não disse
nada... Apenas sorriu com a boca, com os olhos, com a
alma...
E eu intuitivamente abri os braços... Sorri...
Mas sorri com um sorriso de felicidade tão grande, que foi
como, se, naquele momento, eu tivesse encontrado tudo...
tudo... Tudo o que eu estava buscando na minha vida
inútil!
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Eu o abracei! E foi o melhor abraço que eu
tive na vida! Carinhoso, pleno e sincero... Como um
abraço tem de ser! E passamos vários minutos abraçados,
ele estava com olhos fechados, eu fechava os olhos e
sentia, e por vezes olhava para o céu sem estrelas de são
Paulo e os colchões apostos debaixo da ponte da estação
Marechal Deodoro...
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mente da gente desde criança, forçando-nos a repetir o
mesmo ciclo de ignorância por toda a vida.
Os nossos pais (geralmente a mãe né?)
ensinam a gente a rezar o pai nosso. É uma oração linda!
Uma coisa fantástica! O pai nosso até hoje me acalma...
“Perdoais as nossas ofensas, ASSIM COMO NÓS
PERDOAMOS A QUEM NOS TENHA OFENDIDO”...
Será que alguém já parou pra prestar atenção nessa frase?
Eles ensinam isso para a gente! E isso é lindo!
Levam a gente para igreja e tal... E depois eles dizem:
- Se chegar “apanhado” em casa, leva outra
pisa (surra)!
Eu não entendia muito bem isso... Eu sempre
ficava dividido, toda vez que eu brigava na rua! Porque
aquele menino que me bateu era meu amigo, e eu não
queria machucá-lo... Mas se eu não batesse nele eu ia
apanhar em casa... E ia doer mais... E eu sabia que meu
amigo ia me perdoar no dia seguinte... Porque a regra da
casa dele era igual...
Mas isso ainda pode vir de antes! Quando por
exemplo o bebê, que, claro, por não ter desenvolvido sua
fala, menos ainda, oratória, ou sequer vocabulário, não
pode ARGUMENTAR com a mãe, e penso até, que fica
frustrado por não conseguir expressar o que está sentindo
a respeito de determinada situação.
Então quando ele não gosta de algo, ele faz o
que? Dá um tapa. Reação comum que pode ser entendida,
talvez, como algo que lhe foi ensinado quando seus dentes
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começaram a brotar e ele mordia o mamilo da mãe, a mãe
sentia dor, e ela lhe dava um tapa para soltar...
Resumindo: É pra PERDOAR ou não é pra
PERDOAR?
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E aí não rompemos o ciclo... Até quando
pessoas inteligentes gastarão seus esforços para
desenvolverem armas... Vírus... Doenças... Formas de
escravização... De destruir o planeta... De acumular
recursos para si?
Acho que para esse ciclo parar... Precisamos
começar por nós mesmos... Dizer não a oportunidades de
se corromper, de ficar com o troco, de fingir ser algo que
não é, de dizer palavras duras ao outro, de guardar
rancor...
E aproveitar todas as oportunidades que
tivermos de dizer coisas boas para alguém, de fazer
alguém sorrir, de procurar algo de bom naquela pessoa e
dizer a ela... Talvez seja o único elogio que ela receberá no
dia!
Acho que precisamos usar nossa inteligência e
nossos esforços para fazermos o bem, e não esperar que
venha alguém de cima e nos salve... E esse alguém de
cima, não falo só do céu... E sim dos homens de poder
também...
Precisamos por fim a esta inversão de valores
dentro de nós de verdade... Para que passo a passo se
possa construir uma sociedade em que respeitemos de fato
o contrato social e a sociedade evolua para uma sociedade
de bem estar social, em que a confiança é a regra e a
felicidade é a lei.
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VOCÊ JÁ ASSISTIU OS FILME DO
“RITZ”?
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- Aquele jeito de doido, aquele cabelo
lambido, meio que caído na testa, assim, como quem quer
encobrir a careca.
- Umas fala amalucada, como quem tem bicho
de porco na cabeça, o caba que não gosta de preto, de
pobre, de favelado, de viado, de muié! É a mesminha coisa
Gavião!
- O Zé, de quem é que você tá falando?
Perguntou meu tio semi levantando os braços e
espalmando as mãos para o lado, contraindo o pescoço,
gesticulando com dúvida.
- Do Hitz! Eu to falando é daquele fio da
bobonca do Ritz que matou aquela arruma de gente na
Terceira Guerra! Assista os filme!
Com um cigarro de palha na ponta dos dedos,
um boné do Santos F.C., apenas apoiado na cabeça, sem
fixá-lo, fala se agachando para chegar à altura de meu tio
que estava sentado.
E se aproxima em um passo meio largo,
abaulando os braços, e enquanto retorna para a posição
inicial, os abre como se estivesse apresentando algo.
- É Zé, a humanidade é muito cruel... Mas qual
é sua preocupação com Hitler, se ele já morreu?
- A Minha preocupação, é que o infeliz
reencarnou! Ói esse fio da peste que é esse Bolsonaro aí!
É Gavião... O Bolsonaro é a reencarnação do RITZ...
27
MIL QUILÔMETROS ABAIXO DO
INFERNO
- Onde eu estou?
Meus olhos pesavam e eu mal sentia as
extremidades do meu corpo... A respiração difícil...
Parecia que eu tinha dormido por meses! Não sentia minha
língua, nem meus lábios... Tudo formigava...
- Onde eu estou?
Não me lembrava de ter bebido tanto...
Nem me lembrava como fui parar ali... A vista embaçada e
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turva... Meus olhos não conseguiam focar nada... Eu não
conseguia pensar...
- Onde eu estou? E por que ninguém me
responde? - Será que eu morri?
Vultos vestidos de branco caminhavam
para todos os lados vagarosamente num lugar escuro e
com cheiro de hospital...
Eu ouvia gritos de pavor vindos de todas
as direções, e gargalhadas altas... Passos fortes correndo
em algum lugar... Gritos... Muitos gritos! Eu não
conseguia entender o que diziam... Mas entendi que
alguém estava sendo perseguido...
- Onde eu estou? E por que ninguém me
responde? Será que eu morri? Ou será mais um dos meus
pesadelos...
- Não sei... Não tenho certeza... Eu nunca
tenho certeza afinal...
Minha vista estava embaçada... Eu
precisava esfregar os olhos... Mas eles pesavam muito e eu
não conseguia mantê-los abertos. Silêncio... Abri os
olhos...
- Cadê a minha mão? Por que não sinto
minha mão, eu tentei olhar para a minha mão... Não tenho
certeza de que a vi! Cadê as minhas mãos? Eu não estou
vendo-as!
Eu senti um fio de baba gelada voltando
para a minha boca quando eu respirei fundo e levantei a
cabeça... E tomei um ar...
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Encostei a cabeça numa superfície dura
atrás das minhas costas... Parecia uma parede de azulejos...
- Onde... Onde eu estou? Onde?
Senti alguns tapas no meu rosto e alguns
chacoalhões nos meus ombros que desequilibravam minha
cabeça sobre o meu pescoço adormecido.
Abri os olhos novamente... Respirei fundo
novamente...
- Socorro... Socorro... Por favor... Me
ajuda...
Não aguentava o peso das minhas
pálpebras, logo tudo ficou escuro de novo... Senti mais
alguns tapas no rosto, e mais alguns chacoalhões...
Abri os olhos... O ambiente era pura
penumbra... Mas mesmo com a vista turva eu pude ver um
rosto... De um homem careca, pele clara, mas não branca,
um branco queimado de sol... Careca... Com a mesma
roupa branca.
Senti que segurava meus ombros, e pude
perceber que ele articulava a boca, como quem me
dissesse algo, mas eu não entendia!
Eu ouvia com dificuldade as palavras,
como se houvesse um delay... Um eco... Não sei bem
explicar... Parecia uma voz saindo de um cano de esgoto!
Não conseguia juntar uma palavra com a outra, na minha
cabeça.
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Eu consegui focar em seus olhos... Eram
de preocupação... Pena... Pena de mim? Por que? O que o
fez apiedar-se de mim?
- O que está acontecendo?
-Hã? O que vc disse?
Como assim, o que eu disse? Perguntei a
ele o que está acontecendo! Será que eu tinha viajado para
um outro país? Mas eu sou brasileiro! E não me lembro de
ter tirado passaporte! Pode ser o Mercosul... Não preciso
de passaporte... Mas com que dinheiro? Não me lembro de
ter dinheiro... Esse raciocínio não procede!
Mas eu tentei...
- Que passa comp...?
Brequei. Não posso chamá-lo de
companheiro... É tempo de caça aos comunistas... Ele
sequer fala português...
Senti mais uns tapinhas no rosto e mais
um chacoalhão nos ombros e agora uma voz bem de longe
no meu ouvido:
- Acorda companheiro!
Opa! Ele falava português e era
comunista! Abri os olhos... Agora pude ver seu rosto
nitidamente, com seu olhar que possuía um misto de
medo, e, preocupação, e, pena, e consegui ouvir sua voz
falando comigo...
-Você está bem?
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Respirei fundo... Senti novamente um fio
de baba gelada entrar pelo canto da minha boca. Ainda
não sentia meus braços. Passei a língua nos dentes para
conferir minha dentição, como faço de praxe. Todos os
meus dentes estão na boca, até os sisos. Menos mal!
- Onde eu estou companheiro?
- Você está no hospital, na ala
psiquiátrica! Você não lembra?
Ala psiquiátrica? Que demônios eu estava
fazendo ali?
-Vem levanta, eu vou te ajudar! É hora de
tomar café! Depois do café você vai se sentir melhor eu
prometo!
- Quem é você? - Eu perguntei a ele.
Agora eu conseguia ouvir o som da minha voz e
compreendi porque ninguém entendia o que eu falava...
Minha voz estava mais mole, do que quando eu tomei um
litro inteiro de Jack Daniels no aniversário de um amigo
meu na Bahia.
- Cadê a minha mão companheiro? Eles
arrancaram minha mão?
- Quem? Os militares? Eles arrancaram
minha mão?
- Não companheiro! Sua mão está aqui!
As duas aliás!
Ele pegou no meu pulso e ergueu e
mostrou as minhas duas mãos para mim, eu tentei mexer
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meus dedos... E o mais interessante é que eu conseguia
movimentá-los, mesmo sem senti-los...
- Vem vamos tomar café! Eles não vão
deixar você comer aqui, entendeu? E se você não for
agora, você só vai comer no almoço! Faz força! Vamos
levantar! Ei! Me ajuda aqui! Vamos levantá-lo pra ele
tomar café!
Disse ele para um outro vulto vestido de
branco, do outro lado do ambiente, que só começou a
tomar forma quando chegou bem perto.
- Cadê meus óculos? Eu não estou
enxergando...
Pegaram por debaixo dos meus braços e
me levantaram. Eu não sentia meus pés, e nem tinha força
para me levantar do chão. Eles foram caminhando comigo
até eu começar a firmar meus passos.
Estava com muita vontade de tomar um
gole de café... Nunca senti tanta vontade de tomar café em
toda a minha vida!
Não enxerguei muito bem o percurso, mal
apoiava os pés no chão... Não entendia nada... Cheguei na
fila do café... E fiquei ali até chegar a minha vez.
Quando estendi a mão para pegar o café,
olhei para o rapaz que servia... Uma figura horripilante...
Mas não tive medo... Estranhamente não tive medo... Era
uma cara vermelha toda enrugada e cheia de verrugas...
Com chifres pretos enormes e uma careca, dentes ponte
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agudos, amarelados, uma língua como de serpente! E um...
Um jaleco de hospital..
Mas seus olhos eram ternos... E se
apiedavam de mim...
Então eu lhe perguntei:
- O senhor é o Diabo?
A criatura fez uma cara de tristeza e pena,
e falou pra mim com uma voz carinhosa e terna:
- Se eu fosse, jamais faria nenhum de
vocês passar por isso...
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Tínhamos recheado os pães doces, e posto no
forno para assar.
Nesse ínterim, ficamos a conversar.
Tio Chico sentado na cadeira posicionada logo
ao lado direito da cabeceira da mesa que ficava virada para
a pia da cozinha.
Era uma época em que eu estava mais pra
baixo que sovaco de cobra. Nada me alegrava, de forma
alguma, e uma coisa que nunca passou: Abstinência do
Nordeste.
E conversávamos a respeito de um trabalho
que eu gostaria de ter. Que era a vida de caminhoneiro.
Sempre curti aquela série, da Globo do Pedro e do Bino.
- Deve ser bem legal conhecer o Brasil desse
jeito!
- Pois é Augusto, o Getúlio, toda vez que ele
chegava de viajem contava a história mais absurda do
mundo!
Era visível a preocupação dele com as
maluquices do irmão que ele tanto ama.
- Ele já contou que foi assaltado, que o
caminhão perdeu o freio, que o satanás apareceu pra ele, o
que você imaginar!
Aí um dia ele chegou em casa me contando
essas histórias e eu disse a ele:
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- Getúlio, meu irmão, é melhor você mudar de
profissão porque se não qualquer dia você vai chegar aqui
dizendo que morreu!
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Como ele é astrólogo, e, diga-se de passagem,
dos bons! Estava fazendo algumas fotos e estudos para
postar na sua página e orientar seus clientes.
- Boa noite, Miguel, como está?
- Estou bem! Cumprimentou-me com ‘sonrisa
larga’.
Apertamos as mãos e ele me mostrou o
enquadramento da fotografia, e disse:
- Veja, este é o “encontro aparente” do Planeta
Jupiter com a estrela Zubenelgenubi.
- Nossa! Que maravilhoso! – e era lindo
mesmo, mas eu nunca tinha entendido qual era a “graça”
dessas coisas de astros e estrelas. Nem de Hollywood, pra
falar a verdade. - Mas, por que isso é tão interessante?
Ele sorriu ternamente, com o comportamento
refinado que tem, olhou para mim e explicou:
- Zubenelgenubi, é a estrela Alpha da
constelação de Libra, isso significa que ela é a mais
brilhante dela, entende?
- O Miguel!!! - A dona da Pousada grita de sua
varanda no terceiro andar do prédio.
– O que que você está fotografando a fachada
da minha casa?
E passou a disparar fotografias de lá de cima
também, em tom ameaçador.
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- Venha ver Júpiter, Cassilda, o espetáculo está
maravilhoso! Falou animado para ela, brincando com a
câmera de seu celular como um garoto que acaba de
ganhar um brinquedo novo que ele queria muito.
Com o mau humor que lhe é peculiar,
apoiando as mãos no parapeito de sua varanda, e jogando
a cabeça em direção a Miguel, o máximo que pode, ela
revidou:
- Isso muda em que a minha conta bancária?
Eu quero é que você pare de fotografar a fachada da minha
casa e de ME fotografar!
Imediatamente, e mantendo todo o
refinamento de cidadão argentino.
Que como ele diz:
"O argentino é um italiano que fala espanhol e
pensa que é inglês".
Devolveu:
- Não estou fotografando você, Cassilda. Estou
fotografando Júpiter! É muito maior que você...
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- Padre! O senhor está aprisionado em falsos
testemunhos de falsos pensamentos que só levam à
perdição!
-É mesmo e o que você tem para me mostrar?
O Monsenhor Rosevaldo, com toda a calma
conversava com mais uma alma perdida que o
interrogava... Isso era a missão de todos os dias!
- Pois é padre! Eu fui atropelado e minhas
duas pernas quebraram! E foi fratura exposta, uma coisa
horrorosa que os médicos me disseram que eu nunca mais
fosse andar!
E, no entanto ele se colocava firmemente em
pé, até pulava!
Impressionante aquela narrativa em tom de
desafio.
- E o que foi que você fez, meu filho, que tuas
pernas voltaram a funcionar?
- Ahhh padre, foi muita fé!
O padre, com muito bom senso de humor, riu e
disse ternamente:
- Então me conte a história, meu filho!
E o envagélico começou:
- Eu fui atropelado e minhas duas pernas
quebraram. Eu estava no interior de Goiás e nenhum
médico iria me atender. Eu coloquei no rádio a oração de
Edir Macedo e minhas pernas consertaram.
39
- Foi mesmo? Deixe de conversa rapaz, mostre
aí a cicatriz para eu ver!
Meu tio que estava sentado ao lado do
Monsenhor Rosevaldo, conversando com ele, antes que o
anticristo chegasse, falou:
- Deixe de besteira padre! Que quando Jesus
faz o milagre, já manda com cirurgia plástica!
40
- Crônica do dia 22-11-2018 –
E Odorico responde:
41
- Oxente, cabra! Apois diga ao povo que eu era
ditador “prátrásmente”, agora, “práfrentemente” eu sou
um “democratista”!
42
Tem uma história que Antônio Grilo estava em
Brasília com o irmão de Dr. Roberto Torres, o Dr. Mário
Torres.
43
Antônio Grilo fez menção de dizer alguma
coisa... Ficou quieto.
44
Não teve dúvidas, deu de ombros, e resolveu
agir.
- Elevador? Desça!
Nada...
- Elevador? Desça!
45
calorosa de Antônio Grilo com o elevador, e Mário,
aparece..
46
PESSOAS ESTRELAS E PESSOAS
ASTEROIDES
47
As pessoas estrela estão sempre brilhando, e o
seu brilho alcança distâncias impressionantes, e todos,
logo ao amanhecer, viram seus olhos para ela, para
animarem-se, para ficarem felizes, para terem fé na vida.
48
E esse pouquinho dela que encosta faz uma
CRATERA na gente.
49
A pessoa estrela é como um vagalume, o
asteroide como uma serpente.
E conclui:
50
- Ninguém quer o meu abraço, o frio do meu
corpo incomoda as pessoas, minha mordida é assustadora,
e escorre veneno de minha boca...
51
Madrugada do dia 23 de março de 2013. 120
policiais armados com fuzis de mira a laser e
metralhadoras, dois helicópteros com atiradores de elite,
Força Nacional, Polícia Militar, Polícia Civil do Estado de
Alagoas, dois Delegados na operação. Motivação? Um
CAVALO PURO SANGUE.
52
ameaças, bombas, tiros na janela no período da campanha.
Perseguições, constante tentativa de sequestros
relâmpagos e torturas.
53
Imprensa carniceira e desqualificada
fotografando os companheiros de luta CONTRA A
CORRUPÇÃO que foram forçados a tirarem a camisa pra
não apanharem com um pedaço de ripa sob ameaça
constante do Delegado substituto que mais parecia um
dono de boteco do que um homem da lei.
Eu respondi:
54
- Por isso mesmo que eu preciso de um Habeas
Corpus!
Eu retruquei:
- Prisão Temporária!
- É a mesma coisa!
55
Passo cinco dias enjaulado. No primeiro dia
tive de cagar em sacola plástica sem papel pra me limpar.
Comi e dormi no mesmo lugar onde passavam ratos.
Paredes mofadas até o teto. Celas úmidas e nojentas, uma
verdadeira masmorra.
56
Enquanto na classe média meus amigos de
faculdade davam em cima das minhas namoradas, ali
dentro só o que foi destinado a ela foi respeito.
57
para a Serra do Cavalo, desviado. O trator dos agricultores
pobres? VOOU PARA O MARANHÃO.
58
A MORAL DE MORO DESMORONANDO
59
amamos futebol, e ninguém gosta de ver um juiz apitando
a favor de um time.
“I love you”.
60
Afinal, já dizia Paulo Coelho: “Existem
verdades que são mais verdadeiras que a própria verdade”.
Eu to só esperando pra ver que verdade é essa, a do
bandeirinha que levantou o braço apontando o
“IMPEDIMENTO”, ou a do (ex) juiz que deu vantagem
pra seu time do coração.
61
PINOCHET SERIA HOMENAGEADO NA
ALESP... POR QUÊ?
62
O método de tortura principal da galera do
Pinochet era realmente o estupro. Tinham até cães
adestrados responsáveis por estuprar mulheres, e o troféu
principal do ditador era deixar a marca eterna da gravidez
nas presas políticas que ou abortariam ou carregariam no
rosto de seu filho ou filha os traços do militar que a
impingiu sofrimento.
63
O REVISIONISMO HISTÓRICO é uma das
principais ferramentas utilizadas pelos fascistas para
criarem um mundo à sua imagem e semelhança e
convencerem jovens bem-intencionados, com o ímpeto
natural de construírem um mundo melhor a abraçarem sua
causa.
64
Basta observar os debates inflamados nas
redes sociais e sites de noticiários. É terrível de se
imaginar, mas essa experiência já deu certo no passado,
quem não se lembra do filme "A Onda"? Ou "Die Welle",
na versão original.
65
MEU CARO AMIGO JÁ NÃO
POSSO LHE ESCREVER...
“Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever, mas
correio andou arisco”...
É o fim dos tempos mesmo! O indivíduo já está
encarcerado e não pode nem fazer uma declaração de amor
para sua mulher, se corresponder com um amigo, falar de
coisas familiares que agora, novamente “A lei te vigia,
bandido infeliz/ Com seus olhos de raios X”!
Por isso, “Se pensas que burlas as normas penais/
Insuflas agitas e gritas demais” é bom JAIR trabalhando
sua telepatia pra ver se consegue se comunicar em paz
depois de preso, porque mesmo com tudo contrário, “A
gente vai contra a corrente/ Até não poder resistir”.
O Fantasma que assombra o Planalto Central é o espírito
de Luís Inácio. Todas as leis estão sendo voltadas para
tentar pegar o homem que parece ser mais liso do que
baba de quiabo e tá se mostrando mais resistente do que
pau de baraúna.
66
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, NO ÚLTIMO CASO, POR ORDEM
JUDICIAL, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal;
O presidente só não vê o Lula no Espelho porque vampiro
não tem reflexo. Gostaria de ser amado como “O Cara é”,
mas impossível, e vive de lamentações em suas “lives ao
vivo” dizendo que “no fundo é um sentimental/ (afinal)
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de
lirismo(além da sífilis, é claro)/ (E que) Mesmo quando as
suas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar/
Seu coração fecha os olhos e sinceramente chora...".
Sério... Ele tenta ser legal, tenta ser amado. Mesmo em
suas posições machistas ele tenta ensinar para as mulheres
o que precisam fazer para serem amadas por ele e pelos
que pensam igual, afinal, basta que elas “Mirem-se no
exemplo daquelas mulheres de Atenas/ (Que) Geram pros
seus maridos os novos filhos de Atenas/ Elas não têm
gosto ou vontade/ Nem defeito nem qualidade/ Têm medo
apenas”.
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"Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas de Alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo".
O que a gente sabe é que todo esse discurso racista,
misógino de gente frustrada de “Tem que bater, tem que
matar/ Engrossa a gritaria/ Filha do medo, a raiva é mãe da
covardia”, é só fraqueza de querer o que não se tem...
Mas, “a gente vai levando só de birra, só de sarro/ E a
gente vai fumando que, também, sem um ‘cigarro’/
Ninguém segura esse rojão”.
68
do inimigo, a quem as pessoas odeiam, o guerrilheiro
urbano defende uma causa justa, que é a causa do povo”.
69
ATENTADO À BOMBA NO PRÉDIO DE
“PORTA DOS FUNDOS”: A NOVA CARA DO
FUNDAMENTALISMO CRISTÃO BRASILEIRO E
O NASCIMENTO DO TERRÍVEL ESTADO
CRISTÃO
70
deserto, um herói político, participou de guerras. CRISTO
NÃO!
71
AO PRÉDIO DA JUSTIÇA! Então comecei a me lembrar
da campanha que os evangélicos estavam fazendo contra o
Supremo Tribunal Federal e a pressão que estava
acontecendo para a Justiça curvar-se à vontade de pastores
malucos que fazem “Arminha dentro de Igreja”.
72
COQUETEL MOLOTOV!
73
DESTRUÍRAM (hoje) A COMUNIDADE
RAINHA DANDARA, NÃO SEU SONHO DE
LIBERDADE!
75
Hoje cedo destruíram a comunidade Dandara em Maceió,
no Bairro Benedito Bentes aos gritos:
76
Hoje faremos LUTO pela comunidade RAINHA
DANDARA. Amanhã voltamos pra LUTA.
Graciliano Tolentino
A INVASÃO DO QUILOMBO
- Soneto do dia 30-06-2010-
77
O BOI E AS COBRAS DE PAULO
AFONSO NAS FRAUDES PELAS VAGAS DAS
COTAS DE MEDICINA NA UNIVASF
- Eu também sou negro! Por que voinha de minha falecida
bisavó era preta também que era da cor de um tição!
78
CABELO: ONDULADO ALISADO COM CHAPINHA
79
fortalecimento de qualquer grupo de matriz africana. Que
deixa de tomar sol para parecer branco e que faz questão
de destacar os olhos verdes em fotografias.
80
duzentos anos do movimento negro por abolição e
igualdade... O Branco incompentente e invejoso sempre
arruma um jeito de burlar o sistema e tomar aquilo que é
nosso... Sem a mínima consciência... Mas vai lá na
Igreja ver se no domingo o cartão dele não está batido
assim como o dízimo pago!
81
O RAMBO MAL INTERPRETADO
COMO EXEMPLO DE UMA GERAÇÃO DE
EDUCAÇÃO FRACASSADA
82
do meu auto-controle, acompanhado de um bom remédio
tarja preta, desenhos animados e meditação pra estimular a
calma.
83
O Rambo era um militar, membro de um exército que
estuprava e atacava crianças, inclusive com armas
químicas, espancava velhinhos DENTRE DIVERSAS
ATROCIDADES COMETIDAS, e a crueldade estampada
nas imagens da Guerra Vietnã são tão pesadas que chegam
a ser comparadas por diversas pessoas com as imagens
retratadas nos Campos da Segunda Guerra Mundial.
84
sucessões de diversos Golpes de Estados violentíssimos
EXALTA-SE A FIGURA DE UM HERÓI DE GUERRA
DO EXÉRCITO DO PAÍS DOMINADOR!?!
85
ZÉ MAGO, MESTRE de OBRA MAIS
LÚDICO DO MUNDO!
86
falar nem dos meus contemporâneos, nem dos mais
antigos, qualquer história que o desabonasse.
87
Certa feita teve um ousado que resolveu cantar samba no
meio do trajeto, por cima de sua vaquejada, e ele parou a
Kombi abruptamente num acostamento, desceu, abriu a
porta da Kombi enfurecido e gesticulando como um
maestro regendo uma peça de Beethoven, reclamou aos
brados:
Ele conta que esse zelo com sua equipe foi o promotor de
seu sucesso, porque ele buscava ensinar com cuidado o
88
passo a passo de cada “neófito” com o máximo de trato
lúdico possível e imaginável, a tal ponto, que houve
algumas situações inusitadas ao longo de todo esse
processo que algumas vezes lhe colocaram em “saia
justa”.
Continuou:
89
- Tem jeito um negócio desse rapaz, espia como o cabra
segura um pincel!
90
meu tio pra fora do prédio e disse:
O BRASIL DO “FAÇA O
QUE EU DIGO, MAS NÃO FAÇA
O QUE EU FAÇO!”
- Crônica do dia 01-02-2022 –
- Faça o que eu digo, mas não faça o que eu
faço!
Desde pequenos, é corriqueiro ouvirmos esta
frase, seja em tom de crítica, seja em tom de demonstração
de poder.
Pode-se, a isto, também, atribuir, como a
muitas coisas vêm sendo feito nas últimas décadas, a este
comportamento, a característica de ser um possível
91
resquício do pensamento colonial escravista que temos
que enfrentar e confrontar no Brasil pós-moderno, como é
o caso do “neo-escravismo” à brasileira, como gosto de
chamar.
Algo bastante constante em nossa cultura euro-
tupiniquim, com algumas pinceladas africanas, que é
como gosto de retratar o sistema político brasileiro.
Esse pensamento é nítido em diversas culturas
mais ancestrais, porém, podemos explicar sua
fundamentação mais erudita na Idade Média, onde a
sociedade era, basicamente, dividida entre dois grupos que
eram como água e óleo, a dita NOBREZA e os PLEBEUS.
Chega-se até pensar em ser lógica, esta
distinção, já que muito bem, sofisticamente,
fundamentada. Uma falácia quase imperceptível, portanto,
reproduzida por muitos incautos ao longo da história e
quase que naturalizada na mente de seres humanos que,
nasceram livres, deveriam crescer livres e vivem
aprisionados, não à obediência natural às coisas divinas,
portanto, justas e perfeitas, mas sim, às coisas profanas
impostas por homens que se julgam arautos da moral.
Compreendia-se estes privilégios conferidos
aos então Digníssimos nobres das monarquias pré-
absolutistas, e alargados com o absolutismo já na Idade
Moderna, como saudáveis e justos, já que os Camponeses,
dentre outros considerados como trabalhadores inferiores,
como construtores, comerciantes, artesãos e adjacências,
“não teriam uma responsabilidade legal e moral (o que
92
para o período era redundância, já que a moral era
nitidamente coercitiva, a exemplo dos Tribunais da
“Santa” Inquisição)”, de defenderem a coroa, que era
compreendida como o próprio Estado.
A SOBERANIA do Estado pertencia ao
próprio Rei, daí a ideia de chamá-lo SOBERANO.
Pensamento, este, refutado posteriormente com o advento
da Revolução Francesa inspirada na ideia de
LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE, que
compreende a SOBERANIA como apenas mais um dos
Elementos do Estado, e que este deveria pertencer ao seu
Elemento mais importante que é o POVO, eis, então, a
ideia de IGUALDADE.
O famoso “Faça o que eu digo e não faça o
que eu faço”, em nossa cultura euro-tupiniquim, está mais
relacionada à ideia de ESCRAVIDÃO, já que no Brasil,
acirra-se o comportamento feudalista medieval,
ressurgindo aqui, esta imagem já então abolida no
contexto europeu cristão da época.
O ESCRAVO não é considerado um SER-
HUMANO, e sim, uma COISA, um BEM SEMOVENTE,
como um cavalo, um boi, uma cabra... UM CÃO!
E, pelo que vimos em larga escala acontecer
em diversas instituições respeitáveis, ainda há muito deste
que pode ser chamado de algo que vai além do mero
comportamento, deste pensamento que fundamenta o que
poderíamos até chamar, vulgarmente, de princípio, já que
tão enraizado em nossa cultura:
93
“Aquele que detém cargos de comando se
sente no direito de burlar a lei, muitas vezes, que ele
próprio instituiu, com a justificativa de que ele pode, mas,
se todos fizerem, vira DESORDEM”.
Talvez, por isso San Thomas More tenha sido
decapitado, Sócrates condenado à morte por cicuta e Jesus
Cristo crucificado. O exemplo de virtude incomoda mais
que o autoritarismo e a mentira, pois estes últimos,
justificados pela chegada ao poder, faz com que os
homens incautos desejem o trono, não para bem governar,
mas para poderem infringir a lei, muitas vezes imposta por
eles próprios.
“Para os meus amigos, favores, para os
inimigos a Lei!”.
Afinal... Quem foi que disse isso mesmo?
94
A DIREITA
MERITOCRÁTICA CRISTÃ
Meu chefe no Fórum do Brás entrou para o
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo com onze pra
doze anos de idade, porque o avô o indicou para uma vaga
lá dentro. Ele me contava essa história emocionado, a
ponto de encher os olhos d’água, e recordo a frase que lhe
disse depois de fazer o arrumadinho:
- Honre o nome da família “…” !
Eu me segurava para não gargalhar, essa é a
verdade, mas, enfim, eu apenas iniciei com este exemplo
para tratar de um assunto que me corrói a alma todas as
vezes que eu escuto falar sobre, e esse é o prato principal
95
da Direita Brasileira que é composta por eleitores a
imagem e semelhança deste meu ex-chefe, que inclusive
falava orgulhoso do filho policial que tinha uma foto com
o então deputado que aspirava sentar na cadeira de
comando do Palácio do Planalto.
Hoje, depois de ter passado a vida no Tribunal
de Justiça, e ter cursado Direito no Varejão do Ensino,
afinal comete erros crassos de português como, por
exemplo, escrever telefone com acento circunflexo no “o”;
na palavra alterar, substituir a letra “L” pelo “U” e outras
coisas esdrúxulas deste nível, como Uadizapi, e passar
mais de meia hora para mandar um e-mail de dez linhas,
nas quais pelo o menos metade era cabeçalho e rodapé, e é
dono de um salário que dizia feliz ser maior que vinte mil
reais por mês, tem cerca de cinquenta anos e já tem tempo
de serviço suficiente para se aposentar.
Ele adoeceu vários funcionários que passaram
em concurso público, possui várias denúncias por assédio
moral a servidores concursados que adoeceram em início
de carreira e tiveram suas trajetórias no serviço público
abreviadas, como é o meu caso. Enquanto os servidores
concursados são oprimidos por funcionários
comissionados que a maioria não sabe fazer o “O” com o
copo.
A minha esposa ficou todo o período de
gestação sem estabilidade porque a diretora e a vice
diretora da escola em que ela trabalha, também no Brás,
não sabiam inserir seus dados no sistema, nem sabiam que
a Constituição garante proteção à maternidade desde o
96
período de gestação e a desculpa dela foi dizer que “há
muito tempo não temos funcionárias gestantes na escola,
então, não sabemos o procedimento”.
E isso, enquanto nós, os funcionários
concursados, temos de aprender sobre todas as
circunstâncias para fazer a prova de ingresso, no caso o
Concurso Público, no qual já cai toda a legislação
pertinente ao nosso cargo e que devemos mais que
aprender, decorar mesmo, artigo por artigo, parágrafo por
parágrafo, alínea por alínea, além dos princípios
constitucionais pertinentes ao tema, português
aprofundado a ponto de ser cobrado radicais gregos e
latinos, sintaxe, semântica etmologia, dentre outras coisas
mais e somos comandados por esta qualidade de
servidores extremamente arrogantes que se sentem no
direito de gritarem conosco e dizerem:
- Eu não estou aqui para trabalhar, eu estou
aqui para mandar!
Como eu cheguei a ouvir. Ou ver a Oficial do
Cartório em que trabalhei em Bertioga ir para o Fórum de
roupas curtas e desligar o ar condicionado pra me forçar a
não ir de terno para o fórum, como estava acostumado a
fazer em São Paulo e me vestir de acordo com a
“Dignidade da Justiça”, como nos é cobrado no Estatuto
dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo, porque,
segundo ela era “ridículo eu me vestir de terno como se eu
fosse um juiz”. Eu não sabia que ser juiz era pré requisito
para usar terno e também não sabia que o fato de o Fórum
97
ser no litoral estávamos dispensados de cumprir o
Estatuto. Afinal, é pra cumprir a lei ou não é?
E essa é a “Direita Meritocrática Cristã”. Que
quando fui explicar pra minha chefe que estava passando
por problemas psicológicos como pânico, depressão,
ansiedade, psicose, ela perguntou bruscamente e com cara
de nojo se eu “usava craque”, e me convidou pra ir para
sua igreja, pois estas coisas eram “possessão do demônio”.
E quando eu tive uma crise de ansiedade que engessou
todos os meus membros e me deixou sem ar, ficou parada
em minha frente de braços cruzados com cara de desdém
enquanto eu pedia apenas um copo d’água e ela falou que
não faria nada e que chamaria o SAMU. É por isso que
nós, servidores concursados, passamos na mão dessa
turma.
Pouco tempo depois, na última discussão que
tivemos antes de eu ser afastado novamente do serviço por
problemas de saúde mental, ela sorriu com ódio no olhar e
falou susurrando pra mim:
- Você não sabe como Bertioga funciona.
Esta é a “Direita Meritocrática Cristã” que
persegue os servidores que não se alinham às suas
loucuras e ficam lhes puxando o saco enquanto eles
repetem todos os dias as suas poucas histórias de
conquistas, ou momentos de sorte, em que alguém, mais
uma vez, facilitou suas vidas dentro do serviço público
depois de tantos anos de “penitência”.
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Enquanto os concursados carregam os pianos e
fazem o pouco acontecer com muito esforço e dedicação,
enquanto os ocupantes de cargos em comissão, indicados
por amigos da família de muitos anos, ou décadas, ou
séculos, são um próprio ralo de sucção do nosso país, que
ganham por meia dúzia de funcionários e trabalham por
um décimo de hum, quando o fazem.
Esta é a Direita Meritocrática, que não estuda
e não trabalha, come muito, engorda e depois vai fazer
cirurgias plásticas com o dinheiro minado do serviço
público e endossado por empréstimos consignados de
bancos conveniados com a estrutura pública administrada
por políticos que são os comandantes da máquina que
tomam atitudes que refletirão por décadas, mas, eles
permanecerão no máximo oito anos no poder, e não se
responsabilizarão pelo dano causado ao sistema que
deveria funcionar para a sociedade que o sustenta e não é
atendida por ele.
E por fruto desta Direita Meritocrática Cristã,
eleitores dos discursos de que com trabalho é possível
vencer, diversos trabalhadores estão coibidos do seu
direito de se alimentarem e ainda são culpados por sua
miséria que deveria ser atendida pela Assistência Social
que é minada pelos mesmos políticos eleitos para realizá-
la.
A miséria é fonte de lucro. Basta ir atrás do
preço de cada carro pipa que é utilizado para lavar a
cracolândia, ou o custo de cada garoto de dezenove anos
recém encarcerado por ser submetido à marginalidade
99
criada pela ineficiência dos serviços públicos e que é
piorada pela atuação das milícias e dos abusos de poder
frequentemente cometidos por autoridades policiais além
da bravata do combate às drogas que apenas estão em
curso na sociedade pela permissão de agentes públicos que
lucram com a entrada e a permanência da droga em
circulação.
Sem o combate às drogas seria impossível um
policial adquirir tantos bens como carros importados e
mansões, além de noites e noites regadas à bebidas e
drogas caras e garotas de programa de luxo, do tipo “capas
de revista”. Se as drogas fossem vendidas na farmácia,
uma criança de dez anos não teria acesso com facilidade,
assim como não se tem acesso a um frasco de clonazepan
para poder dormir, ou uma simples amoxicilina.
E se a criança não tem acesso à droga, ela não
se vicia. Se ela não se vicia ela não entra no tráfico para
bancar sua droga, seu tênis e seu rolê no fluxo pra
conhecer umas garotas. Se ele não entra para o tráfico ele
não é extorquido até não ter mais nada para oferecer, e
depois encarcerado para compor a linha de frente do crime
organizado que é quem deve ser combatido por quem o
extorque, que é o estado que proíbe a droga mas submete o
servidor público concursado a um regime de escravidão e
submete sua família à miséria e à indignidade porque
rouba os recursos que deveriam ser destinados à população
e os cargos de comando estão ocupados por funcionários
incompetentes que foram nomeados por amigos da família
há anos, ou décadas, ou séculos, e se não fosse
esse network, não teriam acesso a esses cargos que pagam
100
por seis funcionários concursados, mas não se cobra o
rendimento de um décimo de um funcionário concursado.
Eis o sistema que destrói o Brasil. O sistema
criado pela querida “Direita Meritocrática Cristã”.
E eu estou aposentado por ser considerado
louco e perigoso. Parabéns aos envolvidos.
101
menos amada por cada um que vive neste espaço de chão
que é, visivelmente, tão simples, porém, ao mesmo tempo
tão complexo, tão profundo e tão cheio de significados.
102
Eu não me lembro do Ken Kity sem a Neuzona. E pra
falar a verdade, vai ser até esquisito pisar lá e não ver ela
na cantina cozinhando, ou brigando com os meninos no
pátio, maldizendo e provocando por brincadeira a vida de
todo mundo, dando conselho quando fosse necessário, e
soltando aquelas risadas escandalosas que só ela sabia
fazer.
103
bem assim, a gente sente saudades até se reencontrar de
novo, depois ama até se abusar e volta a sentir saudades.
104