Brazilian Journal of Quantitative Methods Applied To Accounting
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Resumo:
Este estudo teve por objetivo analisar a capacidade preditiva dos fatores de insolvência das
empresas com patrimônio líquido negativo listadas na, Brasil, Bolsa e Balcão (B3), entre os
anos de 2009 a 2019, através dos modelos de Kanitz (1978), Altman (1968), e Elizabetsky
(1976). De um total de 765 empresas listadas na B3 no período, em média, por ano, 42 empresas
ativas apresentaram patrimônio líquido negativo, deste universo a amostra foi composta por 12
empresas que entraram em patrimônio líquido negativo pelo menos um ano período observado,
contemplando 6 empresas que entraram e/ou estavam com o patrimônio líquido negativo e
retornaram ao patrimônio líquido positivo, bem como 6 empresas que não retornaram ao
patrimônio líquido positivo e foram baixadas do mercado financeiro por falência e/ou
liquidação. Buscou-se medir a eficiência da capacidade de predição dos métodos de fator de
insolvência para as empresas da amostra. A metodologia utilizada, foi a análise estatística
descritiva explicativa com a análise das informações econômico-financeiras das empresas com
patrimônio líquido negativo, listadas na B3, constantes na base de dados da Economática.
Dentre os modelos utilizados como preditores de fator de insolvência, nenhum deles conseguiu
um nível esperado de acerto.
Abstract:
This study aimed to analyze the predictive capacity of insolvency factors of companies with
negative equity listed on, Brazil, Stock Exchange, and Counter (B3), between 2009 and 2019,
through the models of Kanitz (1978), Altman (1968), and Elizabetsky (1976). Of a total of 765
companies listed on B3 in the period, on average, per year, 42 active companies had negative
equity, from this universe the sample was composed of 12 companies that entered into negative
BELO, D. P. C.; CESCON, J. A.; CESCON, J. A. P.. Análise do fator de insolvência das empresas com patrimônio líquido negativo listadas
na Brasil, Bolsa e Balcão (B3). CONTABILOMETRIA - Brazilian Journal of Quantitative Methods Applied to Accounting, Monte
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equity for at least one year in the observed period, comprising 6 companies that entered and/or
had negative equity and returned to positive equity, as well as 6 companies that did not return
to positive equity and were written off from the financial market due to bankruptcy and/or
liquidation. We sought to measure the efficiency of the predictive capacity of the insolvency
factor methods for the companies in the sample. The methodology used was the descriptive
explanatory statistical analysis with the analysis of economic and financial information of
companies with negative equity, listed in B3, contained in the Economatica database. Among
the models used as insolvency factor predictors, none of them achieved an expected level of
success.
1 Introdução
O mercado de ações é um ambiente onde são negociados ativos, tais como: ações,
opções de ações e fundos imobiliários. A maioria das negociações ocorrem na bolsa de valores,
mas também podem ocorrer no mercado de balcão, onde são negociados títulos que não são
comercializados pela bolsa.
É neste ambiente que são negociadas as ações das empresas de capital aberto, que abrem
para qualquer interessado a possibilidade de compra de uma fração da companhia. Quando as
ações são inseridas no mercado, elas passam a ser negociadas entre investidores no chamado
“mercado secundário”, seja na bolsa de valores ou mercados de balcão.
A bolsa de valores atuante no Brasil, é a Brasil, Bolsa e Balcão (B3, 2020), fiscalizada
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Para uma empresa ter suas ações
comercializadas na Bolsa, precisam seguir severos pré-requisitos. Para uma empresa ser
considerada de capital aberto é necessário que ela esteja cadastrada na CVM, se desejar fazer
oferta pública de ações, também deverá se cadastrar na Bolsa de Valores, Mercados e Futuros
a B3.
Investir em ações de empresas na bolsa de valores, acarreta ao investidor em assumir
riscos, pois a premissa deste mercado é de que quanto maior for o retorno propiciado ao
investidor, maior é o risco que este investidor está sujeito. Além dos riscos do próprio mercado
há também o risco relativo à empresa que se investiu. Para minimizar estes riscos, de acordo
com Bodie, Kane e Marcus (2015), normalmente o investidor constrói um portifólio. Para Evans
e Archer (1968), o número ideal a serem mantidos em Carteira é de 10 ativos. Statman (1987)
contestou o estudo de Evans e Archer (1968). Para esse autor, o número ideal é entre 30 e 40
ativos. No Brasil, Ceretta e Costa Jr (2000), em seus estudos, concluíram que o número deve
variar de 12 a 18 ativos.
Na busca dos ativos a serem inseridos no portifólio (carteira de investimentos), o
investidor faz inúmeras análises. Dentre estas análises está a análise financeira fundamentalista,
a qual através de um conjunto de indicadores econômicos e financeiros avalia a solidez da
empresa que se pretende investir. Um dos principais pontos analisado é o índice de solvência
da empresa.
Ferramentas para medir o grau de insolvência é um assunto de importância no mundo
empresarial. Empresários e analistas tem a possibilidade de verificar a situação econômica e
financeira para determinar a possibilidade de falência ou não de uma empresa, através do
monitoramento do grau de insolvência, verificando possíveis sinais de desequilíbrio
operacional que resultariam na falência da entidade.
Diversos estudos têm apresentado métodos ou formas que através de alguns indicadores
ser possível verificar se a empresa é solvente ou está na eminência de ficar insolvente, e neste
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caso, próxima a sua liquidação (falência). Dentre estes estudos cita-se o de Kanitz (1978), Silva
(1983), Matias (1978), Altman (1968) e Elizabetsky (1976). Diante disto propõe-se o seguinte
problema de pesquisa: Qual a eficiência na predição de insolvência dos modelos de Kanitz,
Altman e Elizabetsky nas empresas com Patrimônio Líquido Negativo listadas na B3.
Para responder à questão deste estudo tem-se por objetivo, demonstrar a eficiência na
predição de insolvência dos modelos de Kanitz (1978), Altman (1968) e Elizabetsky (1976),
tendo como objeto de estudo as empresas com patrimônio líquido negativo listadas na B3.
As demonstrações contábeis têm o objetivo de fornecer informações sobre a posição
patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são uteis para
diversos usuários na tomada de decisões (CFC 2008).
O contexto desta pesquisa é baseado sob dois aspectos primordial na literatura atual
sobre finanças. O primeiro é por meio do crescimento do interesse acadêmico e profissional
diante das empresas que apresentam patrimônio líquido negativo listadas na Brasil, Bolsa e
Balcão (B3). O segundo é que, no Brasil embora haja estudos recentes sobre a capacidade
preditiva de insolvência, utilizando-se dos modelos propostos neste estudo, como por exemplo
Soares et. al., (2021) e Andrade; Lucena (2018), há poucos estudos tendo como objeto empresas
com patrimônio líquido negativo publicados em periódicos, teses ou dissertações.
Neste contexto, percebe-se a existências de lacunas na literatura nacional a serem
preenchidas, sendo uma delas se constitui na contribuição do presente estudo, com intuito de
desenvolver o processo de avaliação do investidor e do analista de mercado em relação às
empresas com patrimônio líquido negativo. Também se destaca a contribuição desta pesquisa
para além do meio acadêmico, alcançando principalmente os investidores e analistas do
mercado financeiro.
2 Fundamentação Teórica
Nessa seção apresenta-se a base teórica da pesquisa, na qual se apresenta estudos sobre
patrimônio líquido, análise financeira fundamentalista, índices econômicos/financeiros e fator
de insolvência.
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stockholders equity. Seja qual for a forma pala qual o Patrimônio Líquido é expresso, a literatura
apresenta três abordagens principais: a teoria do proprietário, a teoria da entidade e a teoria do
fundo. Além das três principais teorias do patrimônio líquido, outras teorias foram apresentadas
para determinar e/ou demonstrar o seu conteúdo. Iudícibus (2010) nos apresenta a Teoria do
Acionista Ordinário, Hendriksen e Van Breda (2009) apresentam a Teoria dos Direitos
Residuais e a Teoria Empresarial. Iudícibus (2010) complementa o rol de teorias sobre o
Patrimônio Líquido com a Teoria do Comando.
De acordo com Hendriksen e Van Breda (2009), todas as abordagens do patrimônio
líquido bem como suas relações ou de que forma é divulgada, cada uma tem sua importância
em diferentes organizações, relacionamentos econômicos e seus objetivos contábeis.
O patrimônio líquido de uma empresa é fundamental para conseguir um financiamento. O
balanço patrimonial é um dos princípios fundamentais para uma análise de crédito. O
patrimônio líquido positivo é sinal que a empresa está financeiramente lucrando e que terá
condições de pagar um empréstimo.
Quando uma empresa apresenta o patrimônio líquido negativo, encontra-se num cenário
onde os prejuízos acumulados superam os recursos aportados pelos sócios da empresa e seus
lucros acumulados, ou seja, a empresa está operando com recursos de terceiros, geralmente
empréstimos. Neste contexto, a parcela deste passivo excedente aos ativos, é chamado e
caracterizado como passivo a descoberto.
Existem duas formas que são destacadas para avaliação e escolha entre alternativas de
investimento: a análise técnica e análise fundamentalista. Para o investidor entender o
funcionamento destas duas ferramentas é fundamental para determinar sua estratégia para
investir no mercado financeiro.
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dos empresários possuírem melhores informações no que diz respeito ao valor das
oportunidades de investimento dos negócios.
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identificarem a capacidade de geração de lucro dos ativos e por sofrerem influência da idade
dos ativos (LYRA 2008).
Definir um número de índices a serem utilizados de forma a obter um critério justo de
análise de desempenho das empresas é assunto recorrente no dia a dia das empresas. Bem como
na literatura (TAVARES, 2010).
Para Martins (2006), cinco ou seis indicadores são suficientes para analisar uma
empresa. O uso de grande quantidade de índices pode confundir o usuário em sua análise, ao
passo que uma quantidade muito pequena pode ser insuficiente às conclusões acerca da saúde
financeira da empresa. Um excessivo número de indicadores gera um grande volume de
trabalho e pode desviar a atenção para pontos sem muita significância (SILVA, 2004).
A seleção de índices pode ser por métodos empíricos ou científicos, creditados à
experiência (observações pessoais e feeling) do analista, à indicação (consenso) de um grupo
de analistas, e/ou ao uso de um processo científico (fundamentos estatístico-matemáticos)
(MATARAZZO, 2003).
O uso de ferramentas estatísticas e modelos econométricos no auxílio do trabalho de
análise econômico/financeira pode tornar seus resultados mais confiáveis, pois possibilitam
uma melhor seleção e melhor agrupamento dos indicadores objeto de estudo em cada caso
(LYRA, 2008).
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Mendes (2014) afirma que uma empresa se encontra em situação de insolvência quando
o seu fluxo de caixa gerado é insuficiente para cobrir suas despesas e custos operacionais. São
diversos os eventos que caracterizam uma empresa em dificuldades financeiras, porém os
autores citados dão ênfase a fatos de maior importância, como os prejuízos, fechamento de
fábricas, demissão de funcionários, redução de dividendos, renúncia de presidentes e a queda
do valor das ações.
De acordo com Martins, Diniz e Miranda (2012) o pioneiro do estudo sobre insolvência
no Brasil, foi Stephen C. Kanitz que na década de 1970 se dedicou ao estudo sobre o assunto
no qual criou uma equação que se aplica a determinados indicadores e evidência se a empresa
é ou não solvente.
Para Assaf Neto (1997) todas as decisões de uma empresa, principalmente, no âmbito
financeiro exigem uma maior reflexão para que se decida conforme a realidade do negócio.
Para o autor, são essas informações que permitem as decisões coerentes dos gestores, tais
informações são disponibilizadas pela Contabilidade, através das Demonstrações Financeiras.
Segundo Kanitz (1978), os primeiros sintomas de insolvência surgem muito antes que ela se
concretize.
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Embora haja diversos tipos de ativos negociados no mercado financeiro, em sua grande
maioria estes ativos se dividem em Ações Ordinárias as ON e Ações Preferenciais as PN.
3 Métodos e Procedimentos
A pesquisa tem por abordagem quantitativa, utilizou-se informações econômico-
financeiras das empresas com patrimônio líquido negativo, listadas na B3, constantes na base
de dados da Economática.
Quanto ao tipo de pesquisa é explicativa, pois se utilizou-se de meios estatísticos para
tratamento dos dados, que busca identificar os fatores que contribuem para a ocorrência dos
fenômenos ou variáveis que afetam o processo de tomada de decisão do investidor e do analista
de mercado.
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A população é composta pelas 765 empresas que listadas na B3 no período objeto desse
estudo. Para seleção da amostra, realizou-se análise das empresas que estavam ou entraram em
PLN, de 2009 a 2019 por pelo menos um exercício. Constatou-se que em média 42
empresas/ano apresentaram PLN. Nesse sentido buscou-se identificar aquelas que estavam com
PLN e retornaram ao PLP e assim permaneceram até 2019. Nesta situação foram selecionadas
para análise 6 empresas. Também buscou-se identificar aquelas que estavam com PLN, porém
não retornaram ao PLP, e foram liquidadas e/ou excluídas da B3 pela ausência de entrega de
dados obrigatórios para publicação (demonstrações financeiras). Nesta situação também foram
selecionadas 6 empresas, esta paridade foi para dar equidade nas análises. Assim no total a
amostra é de 12 empresas.
Para a realização das análises da situação econômica/financeira, foram selecionados os
índices/indicadores das empresas através do banco de dados da Economática. Os indicadores
contábeis foram classificados em quatro categorias (GITMAN, 2010; IUDÍCIBUS, 2009;
ASSAF NETO, 2006):
a) Indicadores de liquidez;
b) Indicadores operacionais;
c) Indicadores de rentabilidade, e;
d) Indicadores de endividamento e estrutura
A escolha dos indicadores contábeis, visa cobrir os aspectos individuais de cada
empresa, buscando situá-la dentro do setor da qual a empresa faz parte (WILSON, 1998,
COUDERC et al, 2004; KOOPMAN et al, 2009). No Quadro 4, apresentam-se os indicadores
utilizados neste estudo.
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4 Resultados e discussões
Para a apresentação dos resultados, inicialmente apresenta-se na Tabela 1, o número de
empresas ativas listadas na B3, nos anos de 2009 a 2019, bem como o número de empresas com
patrimônio líquido positivo e negativo.
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Fator -0,82 1,34 -3,60 -1,05 -1,54 19,96 -1,84 -0,81 -1,22 -1608,24 -0,47 -8,78
Situação
Penumbra Solvente Insolvente Penumbra Penumbra Solvente Penumbra Penumbra Penumbra Insolvente Penumbra Insolvente
indicada
Situação
Solvente Solvente Solvente Falência Falência Solvente Falência Falência Solvente Falência Solvente Falência
ocorrida
Acerto
Indiferente Acerto Erro Indiferente Indiferente Acerto Indiferente Indiferente Indiferente Acerto Indiferente Acerto
Erro
X1 Rentabilidade do PL; X2 Liquidez Geral; X3 Liquidez Seca; X4 Liquidez Corrente; X5 Grau de Endividamento
Fator = X1 + X2 + X3 – X4 – X5
Fonte: dados da Pesquisa (2020)
O segundo modelo analisado foi o de Altman. Este modelo difere de Kanitz, no sentido
de que não há um meio termo (penumbra). Na tabela 3 apresentam-se os resultados.
X6 0,04 -0,07 -1,81 -0,63 -1,46 0,09 -0,10 -0,69 -0,97 -1456,75 -0,66 -8,62
X7 0,17 -0,07 -1,41 0,09 0,00 0,08 0,00 0,12 -0,05 -10,52 0,00 -0,10
X8 -0,13 0,09 -0,72 -0,21 -0,65 1,03 -0,45 -0,23 -0,28 -1,00 -0,19 -0,80
X9 0,86 1,65 0,00 0,27 0,05 0,25 0,00 0,82 0,40 0,02 0,04 0,05
Fator -0,41 -1,39 -12,16 -1,58 -3,01 -0,42 -2,21 -1,20 -2,65 -811,99 -2,27 -7,40
Situação
Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente Insolvente
indicada
Situação
Solvente Solvente Solvente Falência Falência Solvente Falência Falência Solvente Falência Solvente Falência
ocorrida
Acerto
Erro Erro Erro Acerto Acerto Erro Acerto Acerto Erro Acerto Erro Acerto
Erro
X6 = Ativo Circulante - Passivo Circulante / Ativo Total; X7 = Lucros Antes de Juros e Impostos/Ativo Total
X8 = Patrimônio Líquido/Exigível Total; X9 = Vendas/Ativo Total
Fator = -1,84 + (0,51xX6) + (6,32xX7) + (0,71xX8) + (0,52xX9)
Fator 0,40 0,26 2,19 0,49 31,87 -77,11 -70,30 1,20 0,05 -7698,16 -1,73 70,02
Situação
Insolvente Solvente Solvente Solvente Solvente Insolvente Insolvente Solvente Insolvente Insolvente Insolvente Solvente
indicada
Situação
Solvente Solvente Solvente Falência Falência Solvente Falência Falência Solvente Falência Solvente Falência
ocorrida
Acerto
Erro Acerto Acerto Erro Erro Erro Acerto Erro Erro Acerto Erro Erro
Erro
X 10 = Lucro Líquido/Vendas; X11= Disponível/Imobilizado Total; X12= Contas a Receber/Ativo Total
X 13 = Estoque/Ativo Total; X14 = Estoque/Ativo Total
Fator = (1,93xX10) – (0,20xX11) + (1,02xX12) – (1,33xX13) + (1,12xX14)
Fonte: dados da Pesquisa (2020)
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Por este preditor, seis empresas estariam solventes e seis empresas estariam insolventes,
comparada com a situação no exercício seguinte, este preditor obteve quatro acertos e oito erros.
Observa-se nenhum dos modelos utilizados como preditores de fator de insolvência,
conseguiu um nível elevado de acerto. Importante destacar que a amostra é pequena, para que
se considere uma avaliação em escala.
No quadro 08 apresenta-se um resumo das indicações dos preditores de insolvência
analisados neste estudo.
EALT4 Penumbra Solvente Indiferente Insolvente Solvente Erro Insolvente Solvente Erro 0
BTTL3 Solvente Solvente Acerto Insolvente Solvente Erro Solvente Solvente Acerto 2
BIOM3 Insolvente Solvente Erro Insolvente Solvente Erro Solvente Solvente Acerto 1
STRP4 Penumbra Falência Indiferente Insolvente Falência Acerto Solvente Falência Erro 1
CAFE4 Penumbra Falência Indiferente Insolvente Falência Acerto Solvente Falência Erro 1
CALI4 Solvente Solvente Acerto Insolvente Solvente Erro Insolvente Solvente Erro 1
DOCA4 Penumbra Falência Indiferente Insolvente Falência Acerto Insolvente Falência Acerto 2
IGUA6 Penumbra Falência Indiferente Insolvente Falência Acerto Solvente Falência Erro 1
LUPA3 Penumbra Solvente Indiferente Insolvente Solvente Erro Insolvente Solvente Erro 0
PMET6 Insolvente Falência Acerto Insolvente Falência Acerto Insolvente Falência Acerto 3
REDE4 Penumbra Solvente Indiferente Insolvente Solvente Erro Insolvente Solvente Erro 0
SCLO4 Insolvente Falência Acerto Insolvente Falência Acerto Solvente Falência Erro 2
Fonte: dados da Pesquisa (2020)
Observa-se que há apenas 1 acerto comum aos três modelos dos 12 ativos (PMET6), se
considerar a penumbra como indiferente (neutra) há apenas mais 1 acerto comum aos três
modelos (DOC4). Excluído os ativos classificados como penumbra (Kanitz), os três modelos
falharam em suas predições em 3 dos 12 ativos, e ocorreu apenas 1 acerto dos três modelos em
5 dos 12 ativos analisados, resultados bem aquém das propostas de assertivas destes modelos.
5 Considerações Finais
Estudos têm apresentado métodos ou formas, que através de alguns indicadores pode
ser possível verificar se a empresa é solvente ou esta insolvente, e neste caso, próxima a sua
liquidação (falência). A partir do exposto, este estudo teve como objetivo apresentar e analisar
qual é a eficiência da capacidade de predição dos modelos de identificação de fator de
insolvência de Kanitz, Altman e Elizabetsky, nas empresas com patrimônio líquido negativo
dos anos de 2009 a 2019 listadas na B3.
Para o desenvolvimento do estudo, inicialmente identificou-se as empresas listadas na
B3 com patrimônio líquido negativo entre 2009 a 2019, através dos dados coletados na base da
Economatica. Foram selecionadas 12 empresas, sendo 6 que entraram e/ou estavam com o
patrimônio líquido negativo e retornaram ao patrimônio líquido positivo, e 6 empresas que
foram baixadas do mercado financeiro por falência e/ou liquidação.
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