VIEHWEG, Theodor. Tópica e Jurisprudência PDF
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§8
TÓPICA E CIVILÍSTICA
I. Em geral, aceita-se que uma disciplina especifica seus
pontos de vista relevantes de um modo quase completo. Admi-
te uma determinada quantidade de topoi elaborada até o mo-
mento, e deixá os demais de lado. Estes últimos, no entanto,
podem ir ganhando importância, em maior ou em menor me-
dida, no curso de situações que variam incessantemente.
Quando isto acontece, facilita-se seu ingresso passo a passo pe-
la via da legislação ou de um modo imperceptível, mas nem
por isto menos eficaz, pela via da interpretação. É claro que
isto ocorre de uma maneira contínua (1). Uma diligente e
constante reedificação e ampliação do direito, que cuida que
a estrutura total da atividade jurídica conserve sua solidez,
sem perder flexibilidade, forma o núcleo peculiar da arte do
direito.
Quando Ihering, há cem anos, indicou que um direito
positivo não pode ser entendido sem a categoria do interesse
(2), emergiu, primeiro na doutrina civilista e depois em outros
campos da disciplina jurídica (3), um topos que foi aumentan-
do continuamente o seu peso .e que paulatinamente foi exer-
cendo uma influência de não pouca importância sobre o
caráter mesmo da jurisprudência. A famosa teoria do interes-
se, que tem sua base em Ihering, esforçou-se em tornar aplicá-
vel ao trabalho jurídico seu modo de pensar (4). A múltipla
articulação do conceito de interesse (5), a qual, ao final, foi
transformada numa articulação de fatores vitais a serem consi-
derados constantemente (6), forneceu um grande número de
novos argumentos jurídicos aos quais, em boa parte, não se
pode negar reconhecimento.
A grande importância desta nova escola jurídica não resi-
de, no entanto, unicamente nisto, posto que, como já disse-
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