Biologia Celular No Câncer
Biologia Celular No Câncer
Biologia Celular No Câncer
Uma das descrições mais antigas sobre o câncer vem de Hipócrates, médico grego e
patrono da medicina, que por volta de 400 anos A.C descreveu lesões que cresciam de
maneira descontrolada, e eram alimentadas por vasos de grosso calibre que
lembravam as patas de um Caranguejo, ou Karkinus, besta da mitologia grega que
lutou contra Hércules a mando de Hera. Outra palavra grega associada a esta
enfermidade é a palavra Onkos, termo que significa massa, um fardo, um peso
carregado pelo corpo.
Naquela época, os gregos não estavam preocupados com a reprodução descontrolada
das células, compreendiam o câncer com a visão da Doutrina dos fluídos e volumes, na
qual se acreditava que o corpo humano era composto por 4 fluidos cardeais,
chamados de humores: sangue, bile negra, bile amarela e fleuma. Sendo assim, o
Câncer era visto como uma alteração na bile negra.
A história é repleta de fatos sobre as origens e a percepção da humanidade em relação
ao câncer. Atossa, rainha da Pérsia, em 500 A.C, enfaixava a mama doente para ocultá-
la. Um dia, por não suportar mais o desconforto, solicitou a um escravo que amputasse
sua mama com uma faca. Já em 1930, um papiro egípcio do ano 7 A.C apresentou
ensinamentos do médico Imhotep, dentre eles histórias sobre “massas salientes no
peito que se espalhavam”.
No século XVIII começamos a ter as fundamentações teóricas e as ações para extração
cirúrgica de tumores. No XIX essa prática se aprofundaria de tal modo que originaria as
chamadas mastectomias radicais, com o propósito final de eliminar todo o câncer do
organismo do paciente.
Em 1947, o patologista americano Sidney Farber resolveu se dedicar a estudar a
Leucemia infantil. Sendo assim, Farber testou ácido fólico na doença e percebeu que as
moléculas aceleram o crescimento das células leucêmicas. Contudo, o patologista
iniciou testes com compostos antifólicos em crianças com Leucemia e, em 1948, notou
remissões inquestionáveis.
Câncer é um termo genérico usado para denominar um grande grupo de doenças que
pode afetar diferentes partes do organismo. Apesar da diversidade, o câncer apresenta
características em comum: células cancerígenas apresentam desregulação nos
mecanismos de controle do crescimento e proliferação, permitindo a formação de um
agregado de células anormais. Esse descontrole geralmente está associado a
alterações no material genético das células, o DNA, podendo levar a desregulação da
expressão dos genes, os quais contêm informação para a síntese de proteínas
encontradas nas células. Dessa forma, as alterações podem ser passadas para células
filhas, através da divisão celular, gerando várias células anormais que formarão o
tumor. As principais causas estão relacionadas a agentes externos, os chamados
carcinógenos. Eles podem ser de origem física (radiação solar), química (tabaco) ou
biológica (infecção de certos vírus, como o HPV).
Durante o desenvolvimento do tumor vários eventos celulares podem ser
desregulados. Dentre eles podemos citar o aumento do crescimento e da proliferação,
uma maior resistência ao mecanismo de morte celular e maior suscetibilidade a
instabilidade genômica e mutações, possibilitando as células tumorais acumular
alterações em seu DNA. Dessa forma, o melhor entendimento da participação das vias
de sinalização celular na progressão do câncer é um passo primordial para o
desenvolvimento de metodologias terapêuticas e de diagnóstico para esta doença.
A história nos mostra que o combate ao Câncer é marcado por eterno aprendizado, e
consequentemente pela busca constante por um tratamento cada vez mais eficaz.
Portanto, parafraseando Sun Tzu, estrategista e filósofo chinês, podemos concordar
que: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado
de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória
ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si
mesmo, perderá todas as batalhas”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Mukherjee, Siddhartha. O imperador de todos os males, São Paulo: Companhia das letras; 2012
2. Meloche, S.; Pouysségur, J. "The ERK1/2 mitogen-activated protein kinase pathway as a máster
regulator of the G1- to S-phase transition". Oncogene, vol.26, p.3227-3239, 2007.
3. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. "O que é câncer?". Disponível em:
<http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=322> (acesso em 10/04/2023).