Reprodução de Crustáceos Peneídeos: Fernando José Martins de Oliveira Carvalho
Reprodução de Crustáceos Peneídeos: Fernando José Martins de Oliveira Carvalho
Reprodução de Crustáceos Peneídeos: Fernando José Martins de Oliveira Carvalho
Laboratório de Fisiologia
ICBAS- UP
Porto, 1997
À minha família,
à Madalena e Isabel
Agradecimentos
Esta prova foi realizada, quase na totalidade, no ICBAS. Tendo iniciado os meus
estudos universitários no primeiro curso deste Instituto, e fazendo parte também dos
primeiros licenciados do curso de Ciências do Meio Aquático, não posso deixar de lembrar
dois nomes que para mim serão para sempre sinónimo de ICBAS: o Prof. Corino de
Andrade e o Prof. Nuno Grande. Por constituirem referências de humanismo e tenacidade
que moldaram esta Escola, o meu reconhecimento.
Acabadas as referidas provas em 1989, e depois de uma breve mas muito positiva
experiência como membro do Conselho Directivo do ICBAS, assisto à divisão do
laboratório de Fisiologia em dois: de um lado a Fisiologia Aplicada e de outro a Fisiologia
Geral. A chefiar este último laboratório, o Prof. Luís Baldaia, recém chegado de Paris onde
realizou a sua tese de doutoramento, aceitou, a meu pedido, ser o responsável pela minha
tese de doutoramento, no âmbito de um projecto de investigação financiado pela JNICT,
que deu início em 1991. Agradeço-lhe ter assumido esse compromisso e ao longo destes
anos o seu apoio solidário e a sua crítica inteligente, e principalmente a sua sólida amizade.
Durante estes anos que tenho trabalhado no Laboratório de Fisiologia Geral, o apoio
profissional (quer na docência quer na investigação), o carinho constante e o espírito de
i
equipa demonstrados pelos técnicos Sr José Andrade e Ma do Natal tornaram possível e
agradável a realização deste trabalho. Como em todos os laboratórios, a pessoa responsável
pela limpeza dos materiais, merece uma palavra de reconhecimento: o meu obrigado D.
Dores. Ao elemento mais "novo" no nosso laboratório, o Prof. António Rocha, estou muito
grato pelas ajudas nas traduções que normalmente resultavam em discussões científicas
profundas que muito me ajudaram na "leitura" dos resultados experimentais.
H
ultrastruturais. Ao Prof. Mário Sousa estou profundamente agradecido pela orientação,
participação, discussão e crítica com que sempre acompanhou o trabalho (sobre a
ultrastrutura da ovogénese) e a forma entusiástica com que encara o processo investigativo
em curso. As perspectivas de investigação abertas pelos resultados neste trabalho são o
reflexo desta dinâmica criada pelo trabalho em equipa com a já referida liderança: à Elsa
Oliveira e ao João Carvalheiro a minha gratidão pelo vosso trabalho, pela vossa dedicação e
interesse e acima de tudo pela vossa amizade. Agradeço também ao Prof. Alexandre Cunha
por me ter demonstrado sempre a sua disponibilidade para, na sua área de especialidade,
resolver qualquer dúvida.
No laboratório de Anatomia, para além da grande amizade que me une a todos sem
excepção, realço e agradeço a participação "mais activa" neste trabalho do meu amigo e
compadre Joaquim Duarte (pelas "linhas de força" na estética da capa) e ao José Aurélio
nas várias tentativas de melhorar fotograficamente as peças "menos fotogénicas". Neste
trabalho, de fotografia e artes gráficas, contei igualmente com a "mão profissional" do Dr.
Abel Roldão, Sr. Gonçalves, na Iconografia, do Sr. Anselmo Carraça e D. Teresa no
Desenho, e do Dr. Bento Sousa, Dr. Rui Claro e da Cristina Abreu na Informática.
Como referi no início desta secção, este trabalho foi realizado quase na totalidade no
ICBAS. No entanto, o acolhimento e apoio recebido no Instituto de Acuicultura Torre de la
Sal, superiormente dirigida pelo Doutor Francisco Amat (a quem estou agradecido),
permitiu-me conhecer e trabalhar com o investigador espanhol que há mais anos trabalha
com peneídeos: o Dr. José Maria San Feliú Lozano. Autor de várias dezenas de trabalhos
científicos (incluindo o livro "La Acuicultura Marine en la Comunidad Valenciana", 1987),
o Dr. San Feliú representa, para mim, um exemplo do biólogo romântico que descreve a
vida com paixão, do biólogo expedicionário, do biólogo humanista e do homem de fé, que
para além da crença tem compreendido o mundo. A grande admiração que tenho por este
cientista resultou numa profunda amizade aumentada a cada encontro.
m
Através do Dr. San Feliú e do seu colaborador Dr. Manuel Rédon foi possível
estudar a espécie Penaeus kerathurus: nos últimos três anos, durante a época reprodutiva
dos camarões, permaneci cerca de duas semanas no Instituto de Acuicultura Torre de la Sal
onde, para além da aquisição de animais e o início da preparação das amostras, encontrei os
interlocutores adequados para frutuosas discussões sobre o tema que nos unia, a reprodução
de crustáceos. A participação pontual de vários elementos daquele Instituto no meu
trabalho, bem como a simpatia e amizade ali sentida, nunca será esquecida. Obrigado a
todos pela vossa amizade.
IV
A todos os meus amigos "não-biomédicos", pelos bons momentos que juntos
passamos, pelo apoio e carinho constante, e a todos aqueles cuja amizade ultrapassa
ausências, o meu agradecimento. Uma palavra especial para o meu amigo Gaspar, ilustre
artista gaiense, pelas tertúlias, pelas calorosas discussões, pelo apoio sempre presente e
pelos conselhos estruturais e estéticos na linguagem e na forma.
V
INDICE
página
INTRODUÇÃO GERAL 5
MATERIAL BIOLÓGICO 51
PARTE I - MORFOLOGIA 59
Introdução 63
Material e Métodos 70
Resultados e Discussão 76
Introdução 115
Material e Métodos 120
Resultados 122
Discussão 129
Introdução 183
Material e Métodos 184
Resultados 196
Discussão 209
CAPÍTULO 4 - Perfil de Ecdisteróides ao Longo das Fases de Desenvolvimento
do Ovário das Espécies Penaeus japonicus e P. kerathurus 213
Introdução 215
Material e Métodos 219
Resultados 225
Discussão 237
Introdução 247
Material e Métodos 248
Resultados 251
Discussão 258
Introdução 265
Materiais e Métodos 266
Resultados 267
Discussão 270
RESUMO 281
RESUME 285
ABSTRACT 289
BIBLIOGRAFIA 293
Introdução Geral
Introdução
Projecções para a produção pesqueira mundial efectuadas pela FAO, para o ano
2010 apontam para uma produção total de de 107 a 144 milhões de Ton., das quais 30 a
33 milhões de Ton. se destinam a farinhas e óleos, ficando para consumo humano entre
74 a 114 milhões de Ton., dos quais 27 a 39 milhões de Ton. serão provenientes da
aquacultura.
7
Introdução
8
Introdução
Pesca Aquacultura
Grupo/Espécie
(1988) (1988-90)
Camarões marinhos 2500 663
(ex. Penaeus japonicus)
Lagostins de água doce 48.5 19.4
(ex.Macrobrachium rosenbergii)
Lagostins de água doce 100 32.3
(ex. Astacus astacus)
Lavagantes 64.5 0
(ex. Homarus gammarus)
Lagostas 78.6 0.049
(ex. Panulirus spp. )
Outras "Lagostas" 80.7 0
(ex. Nephrops, Scyllaridae)
Caranguejos 1048 7
(ex. Portunus triturbiculatus)
Artemia 4 0.35
9
Introdução
10
Introdução
Em 1990, a produção global foi de 5 Ton. o que juntamente com uma área de
230 hectares projectada para a cultura do camarão fazia prever um aumento
significativo daquela produção. No entanto, o desenvolvimento da cultura de P.
japonicus em Portugal foi rapidamente travada por dificuldades de vária ordem,
dificilmente contornáveis, como as directivas da Secretaria de Estado do Ambiente
quanto à cultura desta espécie exótica em zonas protegidas e a complexidade dos
circuitos de comercialização no nosso país, às quais se juntaram alguns fracassos de
produção (falta de rigor na aplicação das técnicas de maneio). Desta conjuntura
resultou que, em 1995, existisse uma só empresa no estuário do Guadiana a manter a
produção em ciclo completo desta espécie (Arrobas, comunicação pessoal).
Técnicas de Cultivo
• Finalmente, a técnica pela qual o ciclo biológico da espécie (a qual pode não
existir naturalmente na região de cultivo) é totalmente controlado em
cativeiro, com especial atenção para o processo reprodutivo.
11
Introdução
12
Introdução
Na desova são libertados cerca de 100.000 a 1.000.000 de ovos (de cerca de 220
micra), dependendo da espécie e peso da fêmea, podendo esta efectuar mais do que uma
desova em cada época de reprodução. Os ovos eclodem cerca de 12 a 18 horas depois,
consoante a temperatura da água, dando origem a um nauplius (figura 3), estádio
considerado como a larva primitiva de todos os crustáceos, caracterizada por possuir
três pares de apêndices - as antenulas, as antenas e as mandíbulas. A fase de nauplius
desenrola-se no ovo para todas as espécies com excepção única para os Peneídeos.
Depois de 5 a 6 estádios de nauplius e consequentes mudas, o nauplius dá origem a uma
larva capaz de se alimentar de pequenas microalgas, a zoea I (ou protozoea pois já
possui um par de olhos pedunculados) e logo a zoea II e III, estádios que duram pouco
mais de um dia cada. A larva seguinte, a mysis, com três estádios de cerca de 30 horas
cada, é já semelhante a um pequeno camarão embora de patas torácicas birramadas e
sem pinças. A mysis come vorazmente rotiferos, Artemia e nauplius (Lee e Wickins,
1992). Depois de uma metamorfose profunda a larva mysis III dá lugar a uma pós-larva
13
Introdução
semelhante ao adulto possuindo pleiópodes natatórios que não existiam na mysis (figura
3).
Eco-Fisiologia da Reprodução
14
Introdução
aplicada com sucesso a outras espécies, parte da captura e triagem de fêmeas selvagens
com as gónadas desenvolvidas (visíveis através da carapaça), que são colocadas em
tanques e submetidas a um choque térmico: vindas do meio natural com uma
temperatura entre 18 e 25°C, esta é aumentada para 28-29°C no tanque. Após o início
da desova, que ocorre durante a 2o ou 3 o noite, as fêmeas são retiradas do tanque, onde
irão eclodir as larvas. As taxas de eclosão são normalmente inferiores a 50% e muitas
fêmeas maduras podem sofrer uma involução rápida no desenvolvimento do ovário,
também chamada "regressão" do ovário, resultante do "stress" provocado quer pela
captura quer pelo choque térmico.
15
Introdução
PRÉ-MUDA
MUDA
PÓS-MUDA INTERMUDA
16
Introdução
Este processo engloba ao longo das referidas fases (ou estádios) os seguintes
acontecimentos (Lee e Wickins, 1992): 1) acumulação de reservas minerais e
orgânicas, 2) remoção de material da velha carapaça e formação de um novo
exosqueleto, 3) exuviação acompanhada por entrada de água no organismo, 4) reforço
molecular do exosqueleto por rearranjo da matrix orgânica e deposição de sais
inorgânicos, 5) substituição de fluído por tecido.
Órgãos Neuro-Endócrinos
17
Introdução
Carina
Antena dorsal
2° Maxilípede Telson
3o Maxilípede Urópodes
Pinça
Pereiópodes
Pedúnculos
oculares Hepatopâncreas Testículo
Abdómen Télson e
urópodes
Ovário
anterior médio posterior
Pereiópodes
Fêmea Macho
18
Introdução
19
Introdução
A revisão dos vários trabalhos sobre a CHH, realizada por Van Herp e Payen,
(1991), permitiu tirar algumas conclusões que poderão ajudar nos futuros estudos sobre
a dinâmica do sistema celular produtor da VIH: 1) a secreção da CHH apresenta um
ritmo circadiano, controlada pelo fotoperíodo, cujo foto-receptor se encontra no
20
Introdução
21
Introdução
Órgão X
(pars ganglionar^)
Canal
Espetmático
último
Glândula Gânglio Torácico
Androgénica
primeiro
Gânglio Abdominal
22
Introdução
Órgão Y
23
Introdução
inserção da porção lateral do músculo adutor externo da mandíbula, por cima do ponto
onde o branquiostegito se liga à cutícula no extremo anterior da câmara branquial
(figura 7). Tem normalmente uma estrutura lobada, não inervada, composta de apenas
um tipo celular (Fingerman, 1987, 1992). A situação anatómica exacta, as diferentes
formas do órgão Y assim como a estrutura histológica e ultrastrutura, em distintos
grupos de crustáceos, são descritas detalhadamente numa revisão recente de Lachaise et
ai, (1993).
Este órgão tem como função mais importante o controlo da muda, cujo
processo é inibido por um neuropeptide, a hormona inibidora da muda (MIH)
produzida nos neurónios do órgão X dos pedúnculos oculares e acumulada na glândula
do seio, igualmente nos pedúnculos oculares. Detalhes sobre a função e controlo deste
importante órgão endócrino, assim como das hormonas eedisteróides a que dá origem
serão apresentados em capítulo próprio (capítulo 4).
24
Introdução
Ovário
25
Introdução
(Fingerman, 1987, 1992). Embora tenha sido demonstrado apenas nos anfipoda, as
células foliculares secundárias produzem uma hormona estimuladora da vitelogenina
(VSOH) (Payen, 1980) e, como parece representar um papel semelhante ao 17P-
estradiol nos vertebrados ovíparos, a sua natureza química poderá ser esteróide (Van
Herpe Payen, 1991).
Órgão de Bellonci
Glândulas Exócrinas
26
Introdução
Ovogénese e Vitelogénese
27
Introdução
28
Introdução
Vitelogénese
29
Introdução
30
Introdução
Origem da Vitelogenina
31
Introdução
32
Introdução
Maturação do Ovócito
Embora para muitos autores, o termo maturação seja aplicado como sinónimo
de desenvolvimento ovárico ou de vitelogénese, a maturação do ovócito ocorre apenas
no final da vitelogénese e é também designada de maturação meiótica, pois trata-se da
reiniciação meiótica dos ovócitos que se encontram bloqueados em profase I da
primeira méiose. A maturação ocorre no ovário e antecede a fertilização. Inicialmente
as células foliculares retraiem-se, as microvilosidades ovocitárias assim como as
vesículas de pinocitose e as microcanículas desaparecem, depois tornam-se visíveis as
vesículas corticais na periferia do ooplasma e, por último, desaparece o invólucro
nuclear (Payen, 1980), após o que se dá a reiniciação meiótica do ovócito, precedendo
a desova (Adiyodi e Adiyodi, 1970; Van Herp e Payen, 1991).
Ovulação
33
Introdução
Com esta retração do epitélio folicular, que normalmente se inicia na zona do ovário
junto dos oviductos, formam-se cristas de tecido mesodérmico folicular entre os
ovócitos ovulados, depois no espaço deixado livre pelos ovócitos desovados e
finalmente é concentrado na periferia do ovário para ser usado numa seguinte
foliculogénese (Meusy e Payen, 1988). Nos peneídeos, pelo contrário, as células
foliculares degeneram após a ovulação (Anderson et ai, 1984).
Activação do Ovócito
34
Introdução
externa de iões Mg (mas não o Ca , sendo este necessário apenas nos ovos não
fertilizados) independentemente da fertilização, eram os directos responsáveis pela
• ■ 9+
Electro-Fisiologia d a Fertilização
35
Introdução
Reacção Cortical
Diferenciação do Ovócito
36
Introdução
androgénica (AG) (Hasegawa et ai, 1993), a iniciação da ovogénese parece não ser
controlada por qualquer neuro-hormona (Meusy e Payen, 1988).
A hormona da muda (MH) parece ser necessária, particularmente nas fases pre-
pubertals, para a multiplicação mitótica nas gónadas (Adiyodi e Adiyodi, 1970), ainda
que os níveis envolvidos sejam diminutos (Meusy e Payen, 1988).
Controlo da Vitelogénese
37
Introdução
38
Introdução
39
Introdução
40
Introdução
,.•—•—•—•—
o
s
— • — • — • — • — • — •—•—• ^.^
PÓS-MUDA INTERMUDA PRÉ-MUDA
Figura 10. Gráfico simplificado sobre as variações das hormonas MIH, GIH, MH, GSH
ao longo do ciclo da muda durante a fase reprodutiva (Adiyodi e Adiyodi,
1970).
41
Introdução
Ecdisteróides
42
Introdução
43
Introdução
Juvenóides
Hormona Androgénica
44
Introdução
Várias aminas biogénicas, como a serotonina (5-HT), conhecidas pelo seu papel
nos mecanismos de libertação de várias neuro-hormonas (Fingerman, 1987; 1992),
parecem envolvidas em respostas comportamentais específicas que precedem a cópula
(Laufer e Landau, 1991).
45
Introdução
que estimula o ovário (Takayanagi et ai., 1986, in Van Herp e Payen, 1991), assim
como a presença dos machos de um isópode parece acelerar o desenvolvimento do
ovário nas fêmeas (Jassen et ai, 1982 in Meusy e Payen, 1988).
46
Introdução
47
Introdução
48
Introdução
49
Material Biológico
Material Biológico
Tabela 2. Classificação sistemática das espécies estudadas, segundo Waterman e Chace, 1960
(/«Parker, 1992).
Phylum Arthropoda
Ordem Decápoda
Sub-ordem Dendrobranchiata
Superfamília Penaeoidea
Família Penaeidae
Género Penaeus
P. kerathurus
Esta espécie foi escolhida como material experimental dada a sua utilização em
aquacultura. É uma espécie de ampla distribuição geográfica, para a qual conta com a
sua resistência a baixas temperaturas e adaptação a um amplo intervalo de salinidade (5-
53
Material Biológico
50%o). Originária do Japão, esta espécie pode ser encontrada hoje em dia no
Mediterrâneo, tendo passado possivelmente o Canal do Suez. Vive nas zonas costeiras e
estuarinas, em fundos arenosos, é carnivora e tem uma longevidade média de cerca de 2
anos. Possui uma carapaça lisa e brilhante. Apresenta dez listas castanhas ao longo do
cefalotórax e do abdómen. O telson é azul, amarelo e castanho. O cefalotórax termina
num forte rostro com 8 a 10 dentes dorsais e 1 a 2 no bordo ventral.
54
Material Biológico
Neste trabalho foram utilizadas apenas fêmeas das espécies Penaeus japonicus e
P. kerathurus. Os espécimens de P. japonicus, provenientes quer de uma empresa do sul
de Espanha, quer da empresa algarvia Eurodáqua, foram transportados vivos até ao
laboratório. Numa fase inicial este transporte foi efectuado em sacos de plástico com
água do mar, dentro de malas isotérmicas, nas quais era colocada previamente uma
mistura de gelo e serrim (ou aparas de madeira). A água do mar, contendo os animais,
foi continuamente oxigenada através de pedras difusoras ligadas a uma garrafa de ar
comprimido (ou mesmo oxigénio clínico).
Numa fase posterior foram tentados com êxito transportes "a seco". Os animais
foram colocados em caixas de "esferovite", lado a lado, e em várias camadas alternadas
com uma mistura de gelo, sal e serrim (com o objectivo de atrasar a descongelação).
Desta forma, o transporte foi facilitado (ausência de água do mar, garrafas de oxigénio,
tubos e pedras difusoras), assim como alguns riscos eliminados (em alguns transportes
faltou oxigenação ou a água aqueceu demais, ocasionando mortalidades de quase 100%)
e, como consequência, a sobrevivência foi superior. No entanto, e salvo alguns
transportes de animais em água mal sucedidos, a mortalidade foi sempre inferior a 10%.
55
Material Biológico
às zonas estuarinas para a desova. Durante a pesca, que é nocturna, à medida que eram
levantadas as redes os animais foram retirados das malhas e colocados em bacias com
água do mar. Só assim foi possível obter animais vivos até à sua recolha (normalmente
cerca das 9 horas da manhã) na lota. Os animais foram transportados até ao laboratório
do Instituto de Acuicultura de Torre la Sal (que dista cerca de 15 km da lota de
Castellón) em tanques de plástico com água do mar com arejamento.
56
Material Biológico
depois de pesados, foi retirada uma pequena porção para histologia óptica e em alguns
casos outra mais pequena para microscopia electrónica.
57
Parte I - Morfologia
Identificação das Fases de Desenvolvimento do Ovário
Introdução
Uma cápsula (ou parede) de uma ou mais camadas de tecido conjuntivo envolve
o ovário dos décapodes (nos lagostins de água doce dos géneros Cambarus sp.,
Orconectes sp. e Procambarus sp.: Beams e Kessel, 1963; Astacus astacus e A.
leptodactylus: Zerbib, 1979; Procambarus clarkii: Kulkarni et ai, 1991; na lagosta
Homarus americanus: Talbot, 1981a; no caranguejo Ranina ranina: Minagawa et ai,
1993). Nesta parede podem ser também observados vasos, seios hemais e hemócitos
livres (Talbot, 1981a). Muito embora não exista geralmente nos crustáceos, de uma
forma geral, uma camada de tecido muscular a envolver o ovário (revisão de Krol et ai,
1992) na lagosta Homarus americanus, a parede do ovário possui células musculares
não estriadas, mas contendo microtúbulos, que poderão ter como função a expulsão dos
ovócitos maduros para o lúmen durante a desova, ou a circulação da hemolinfa através
63
Capítulo 1
dos vasos e seios hemais do ovário (Talbot, 1981a). Encerrado por esta parede encontra-
se o epitélio germinativo do qual se originam as oogónias e as células foliculares.
Na face luminal do ovário, junto a uma delgada lâmina basal, situa-se uma fina
camada de células epiteliais aplanadas que se projectam em direcção à parede. Estas
células epiteliais são contínuas (assim como lhes podem dar origem) com as células
foliculares que rodeiam o ovócito (Talbot, 1981a).
64
Fases Vitelogénicas
Ovogénese
65
Capítulo 1
No entanto, parece haver uma diferença, após a desova, nos ovários de animais
não manipulados e de animais aos quais foi ablacionado o pedúnculo ocular, técnica
usada na cultura de peneídeos para acelerar a maturação e desova (Tan-Fermin, 1991).
Nestes últimos são encontrados ovócitos em todos os estádios de maturação 2 horas
66
Fases Vitelogénicas
após a desova, facto que pode ser explicado quer pela existência de um certo número de
ovócitos ainda não maduros quer pelo início de um novo ciclo de maturação antes do
anterior ter finalizado (Vougt et ai, 1989: Penaeus monodori). Estes resultados foram
confirmados, também em fêmeas de Penaeus monodon, selvagens não-manipuladas,
selvagens ablacionadas e de cultura, nas quais as ablacionadas a rematuração é
significativamente mais rápida e logo as sucessivas desovas mais frequentes mas com
menor número de ovos, não tendo sido encontradas diferenças no tipo e aparência entre
ovócitos nos mesmos estádios de desenvolvimento do ovário (Tan-Fermin, 1991).
67
Capítulo 1
visto através da carapaça, tem tido uma importância fundamental, quer para a
aquacultura quer para a pesca. Relacionando o resultado de examinações microscópicas,
diâmetro médio dos ovócitos, índice gónado-somático e côr da gónada fresca logo após
a disseção, com o aspecto e côr do ovário através do exoesqueleto, Levi e Vacchi (1988)
proposeram uma divisão de I a IV para o desenvolvimento ovárico da espécie
Aristaeomorpha foliacea, um decápode peneido de grande importância económica na
pesca profissional. A distribuição de frequências de classes de diâmetros de ovócitos
encontrados em ovários, de fêmeas de Penaeus notialis, previamente classificados de I a
IV e a resultante bimodal, permitiu a Trujillo e Goméz (1986) encontrar o diâmetro
mínimo de 1 lOum para o ovócito maduro.
68
Fases Vitelogénicas
69
Capítulo 1
Material e Métodos
A - Blocos em parafina
B - Blocos em plástico
70
Fases Vitelogénicas
A - Blocos em parafina
Bouin
71
Capítulo 1
min.; álcool a 95° - 2 min.; álcool a 90° - 2 min.; água corrente (até a peça ficar branca)
e finalmente água destilada durante 4 minutos.
b) coloração de Cleveland-Wolfe
a) Coloração Hemalúmen-Eosina
Hemalúmen
Hemateína 0.2 g
Aluminio Potássico 5.0 g
Água Destilada 100 ml
72
Fases Vitelogénicas
b) Coloração de Cleveland-Wolfe
73
Capítulo 1
B - Blocos em plástico
São várias as vantagens da utilização deste material para inclusão, que fazem
desta técnica a ponte entre a M.O. e a M.E.: Melhor conservação da estrutura celular, a
possibilidade de obtenção de cortes muito mais finos (± 1 um) com uma maior resolução
óptica e finalmente não necessita dos demorados passos de desidratação e
74
Fases Vitelogénicas
1. Inicia-se uma desidratação parcial com álcool 70° e 96° durante 30 minutos
cada.
75
Capítulo 1
Resultados e Discussão
7. Relações biométricas
Desta forma foi obtida uma boa relação entre o tamanho do ovário (g), o índice
gonado-somático (relação entre o peso do ovário e o peso do animal) e a identificação
histológica do desenvolvimento dos ovócitos e consequente distribuição dos animais
por 5 fases de desenvolvimento da gónada, quer para a espécie P. japonicus (figura 1.)
quer para a espécie P. kerathurus (figura 2.).
76
Fases V itelogénicas
Figura 1.1. Representação gráfica do peso dos animais da espécie P. japonicus utilizada nos
capítulo 4 e 5 assim como a variação do peso do ovário e IGS e sua relação com a
classificação dos mesmos animais segundo 5 fases de desenvolvimento do ovário
(n° total de animais = 21). As barras verticais indicam o erro padrão.
P. kerathurus
Variação do Indi ce Gonado-Somático (IGS)
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Fases da Vitelogénese
Figura 1.2. Representação gráfica do peso dos animais da espécie P. kerathurus utilizada nos
capítulo 4 e 5 assim como a variação do peso do ovário e IGS e sua relação com a
classificação dos mesmos animais segundo 5 fases de desenvolvimento do ovário (n°
total de animais = 31). As barras verticais indicam o erro padrão.
77
Capítulo 1
Fase I
Previtelogénese
78
Fases Vitelogénicas
encontrada nos animais estudados uma vez que as amostragens foram realizadas já na
época de reprodução ou seja na primavera.
Os ovócitos presentes nesta fase, para além das oogónias situadas na zona de
proliferação, encontram-se nos estádios de cromatina nucleolar e de cromatina
perinucleolar inicial e avançada. Estes estádios de desenvolvimento dos ovócitos estão
também na base da classificação da fase de previtelogénese do Penaeus japonicus,
proposta por Yano (1988).
Fase II
79
Capítulo 1
diâmetros médios e máximos apresentados pelos ovócitos nestas 4 fases, mostram ser
estas características indicadores fiáveis do estado de maturação do P. monodon. De
forma idêntica para a espécie Penaeus notialis, Trujillo e Gómez (1986) referem o
diâmetro do ovócito de 110 micra como indicador do estado de maturação. Esta fase,
designada por "vitelogénese primária" por Yano (1988) no P. japonicus é caracterizada
pelo aparecimento de gotículas lipídicas no citoplasma dos ovócitos e aumento das
células foliculares que os rodeiam. Este autor apresenta 3 estádios de desenvolvimento
dos ovócitos nesta fase fazendo corresponder à primeira delas, ("gotícula lipídica I"), o
aparecimento da vitelogenina na hemolinfa. A origem da vitelogenina nesta espécie foi
encontrada nas células foliculares que rodeavem os ovócitos no estádio de "gotícula
lipídica I" (Yano e Chinzei, 1987).
Fase III
Na espécie P. japonicus, o diâmetro médio dos ovócitos nesta fase foi de cerca
de 230 um. Os grânulos de vitelo são fortemente acidófilos e concentram-se
inicialmente perto do núcleo e daqui dispersam-se para a periferia do ovócito até o
preencherem por completo. O núcleo diminui de tamanho e o seu limite torna-se
80
Fases Vitelogénicas
irregular (P. japonicus: figuras 7, 8; P. kerathurus: figuras 15, 16). Esta fase,
denominada de fase V (de vitelogénese) no P. monodon, é facilmente reconhecida pela
presença de vesículas vitelinas (que pela reacção PAS indicam a presença de
glicoproteínas) e de gotículas lipídicas, nos ovócitos que atingem cerca de 250 micra
(Tan-Fermin e Pudera, 1989). Esta fase III no P. japonicus foi designada de
"vitelogénese secundária" por Yano (1988) que inclui no entanto, um estádio posterior
ao aparecimento das vesículas de vitelo ("Yolk granule stage") denominado "estádio de
prematuração". Este estádio, que corresponde ao aparecimento das vesículas corticais
foi por nós incluído na fase IV (maturação).
Fase IV
81
Capítulo 1
FaseV
Desova
82
Fases Vitelogénicas
O índice gónado-somático dos animais nesta fase foi de cerca de 2 para a espécie
P. japonicus e de 3 para o P. kerathurus. O aspecto da gónada é semelhante à descrita
para as fases I e II, embora um pouco mais heterogenia principalmente nos animais em
que a desova foi parcial (P. japonicus: figuras 11,12; P. kerathurus: figuras 21-24).
83
Capítulo 1
A divisão das fases vitelogénicas por nós utilizada neste trabalho pode ser
comparada com a apresentada nos trabalhos de Trujillo e Gómez (1986) e de Medina et
ai, (1996) apresentada no quadro seguinte:
84
Fases Vitelogénicas
85
Estampas de fotografias de microscopia óptica das
diferentes fases de desenvolvimento do ovário das espécies
P. japonicus e P. kerathurus
Figura 1. P. japonicus. Ovário em Fase I. Coloração hematoxilina-eosina. (Ampliação
108 x).
89
Figura 3. P. japonicus. Ovário em Fase I. Coloração hematoxilina-eosina. (Ampliação
434 x).
<>4
95
Figura 9. P. japonicus. Ovário em Fase IV. Coloração Cleveland-Wolfe. (Ampliação
217 x).
100
101
Figura 15. P. kerathurus. Ovário em Fase IV (inicial). Coloração hematoxilina-eosina.
(Ampliação 217 x).
102
103
Figura 17. P. kerathurus. Ovário em Fase IV (inicial). Coloração hematoxilina-eosina.
(Ampliação 217 x).
104
105
Figura 19. P. kerathurus. Ovário em Fase IV (adiantada). Coloração hematoxilina-
eosina. (Ampliação 108 x).
106
107
Figura 21. P. kerathurus. Ovário em Fase V. Coloração hematoxilina-eosina.
(Ampliação 108 x).
108
109
Figura 23. P. kerathurus. Ovário em Fase V (adiantada). Coloração hematoxilina-
eosina. (Ampliação 108 x).
110
Ill
Ultrastrutura do Ovócito. Estudo dos Aspectos
Ultrastruturais da Ovogénese em Penaeus
kerathurus.
Ultrastrutura do Ovócito
Introdução
115
Capítulo 2
debatida por vários autores (Beams e Kessel, 1963; Hinsch e Cone, 1969; Wolin et ai,
1973; Zerbib, 1979; Komm e Hinsch, 1987; Papathanassiou e King, 1984;. Lepore et
ai, 1993, entre outros)
116
Ultrastrutura do Ovócito
117
Capítulo 2
118
Ultrastrutura do Ovócito
lugar à camada vitelina ou corion. A camada vitelina torna-se depois uma camada
contínua que separa o ovócito das células foliculares (Papathanassiou e King, 1984).
A origem dos componentes das criptas (bastonetes) corticais não está ainda de
todo elucidada, embora as informações preliminares sugerem a sua proveniência no
próprio ovócito (Clark Jr. et ai, 1990). A utilização de anticorpos mono-específicos
contra um polipéptido existente nos bastonetes permitiram Rankin e Davis (1990)
demonstrar a sua síntese intraovocítica, no retículo endoplásmico, desconhecendo no
entanto o mecanismo da sua entrada no bastonete cortical o qual, na espécie estudada,
Penaeus vannamei, é claramente extra-ovocítico. No mesmo trabalho, estes autores
encontraram por imuno-reactividade, outro componente dos bastonetes (um polipéptido
vitelino de 175 kDa) comum em vesículas moderadamente densas, provavelmente
vesículas de vitelo e no espaço perivitelino.
119
Capítulo 2
Material e Métodos
O estudo ultrastrutural da vitelogénese foi realizado em ovários da espécie
Penaeus kerathurus (ver Material e Métodos Gerais).
120
Ultrastrutura do Ovócito
121
Capítulo 2
Água destilada- duas vezes uma passagem rápida e três vezes 20 minutos
Resultados
Previtelogénese
122
Ultrastrutura do Ovócito
Vitelogénese
Vitelogénese Inicial
Nesta fase, cada ovócito aparece rodeado por dois tipos de células foliculares.
Uma é estreita e apresenta um núcleo e o citoplasma muito densos. A outra, de grande
dimensão, exibe um núcleo e o citoplasma pouco densos (figuras 17-19). Ambos os
tipos de células apresentam cisternas de retículo endoplásmico rugoso (RER) e aparelho
de Golgi bem desenvolvido, mas apenas as células foliculares claras parecem secretar
123
Capítulo 2
um material fibrilar que é exocitado para o espaço perivitelino, onde parece participar na
formação da camada vitelina (figura 20).
Durante esta fase, as vesículas do RER dão também origem, por vesiculação, a
algumas vesículas que contêm estruturas em forma de cordão (figuras 27, 28).
124
Ultrastrutura do Ovócito
Embora esta fase seja caracterizada pela formação intensa de vitelo endógeno, a
via exógena inicial continua presente, mas em menor escala (figuras 38-40).
125
Capítulo 2
Maturação do vitelo
126
Ultrastrutura do Ovócito
Depois da formação das vesículas vitelinas ter terminado, o ovócito sofre novas
e profundas alterações. O RER anastomosado da fase de vitelogénese avançada cinde-se
em vesículas, contendo ainda os pequenos grânulos densos, confirmando assim que a
fase anastomosada está directamente envolvida na formação intensiva das vesículas
vitelinas (figuras 55, 56).
O núcleo do ovócito nesta fase já não exibe grandes nucleolus mas sim múltiplos
nucléolos de pequena dimensão e finamente reticulados (figura 55).
127
Capítulo 2
Mais externamente, existe uma outra região também rica em vesículas vitelinas,
as quais apresentam uma menor quantidade de glicogénio periférico e são rodeadas por
RER anastomosado (figura 65).
Acima desta região, aparece o lado interno das grandes vesículas corticais
periféricas. Nesta fase, diminui o número de vesículas vitelinas e torna-se evidente a
ramificação do tipo "lamelas aneladas" do RER (figuras 66, 67). A parte interna, basal e
lateral, das grandes vesículas corticais revela um processo de maturação contínua, o qual
é caracterizado pela fusão com vesículas corticais de menor dimensão e com pequenas e
grandes vesículas de Golgi e do RER (figuras 68, 69, 75, 78-81).
128
Ultrastrutura do Ovócito
Discussão
Previtelogénese
129
Capítulo 2
130
Ultrastrutura do Ovócito
131
Capítulo 2
Vitelogénese
Vitelogénese inicial
132
Ultrastrutura do Ovócito
133
Capítulo 2
Vitelogénese intermédia
Vitelogénese tardia
134
Ultrastrutura do Ovócito
135
Capítulo 2
citoplasma, das vesículas vitelinas agora num processo de maturação. Nesta fase da
vitelogénese, a rodear os ovócitos encontram-se para além dos dois tipos de células
foliculares já referidos, ovócitos aplanados e cuja possível função como células
nutritivas necessita mais investigação.
136
Ultrastrutura do Ovócito
originar grandes vesículas corticais que se fundem então com o oolema. Mesmo nesta
fase, a região baso-lateral das grandes vesículas corticais continua a receber
componentes do RER bem como vesículas golgianas, enquanto que na sua região basal
se continuam a fundir outras vesículas corticais de menor dimensão. Apesar das grandes
vesículas corticais ocuparem praticamente toda a periferia do ovócito, continua a existir
uma enorme população de pequenas vesículas corticais por todo o citoplasma.
Contrariamente ao descrito para a espécie Penaeus monodon (Tan-Fermin e Pudera,
1989), na qual a coloração histoquímica das vesículas corticais indica a ausência de
lípidos e a presença de glicoproteínas, na espécie P. kerathurus a técnica citoquímica
de Thiéry para glicoproteínas não marcou positivamente as vesículas corticais, apesar
de incorporarem glicoproteínas com origem no retículo endoplásmico e no aparelho de
Golgi.
A periferia dos ovócitos maduros é revestida por três tipos de células: células
foliculares densas, células foliculares claras e ovócitos em processo limitado de
desenvolvimento citoplasmático. Estes ovócitos aplanados parecem não representar
uma estrutura celular abortiva mas sim uma transformação para funcionarem como
células tróficas (nurse-cells). Os argumentos a este favor incluem, a inexistência de
microvilosidades em direcção ao ovócito, o desenvolvimento de vitelo concomitante
com o do ovócito e a manutenção da "nurse-cell" em torno da superfície do ovócito
acompanhando as células foliculares. A constituírem células de específica função
trófica, e não ovócitos abortivos, a sua existência em crustáceos malacostraca é pela
primeira vez referida. De facto, as células nutritivas dos ovócitos constituem uma
137
Capítulo 2
Figura 1. Região perinuclear onde é visível a acumulação de mitocôndrias (M), retículo endoplásmico
(ER), aparelho de Golgi (G) e massas densas fíbrilo-granulares (n - "nuages"). No espaço
intermembranar do invólucro nuclear podem ser observados pequenos grânulos electrono-
densos que são exportados para as cisternas do retículo endoplásmico em formação (setas). No
núcleo (N), e ligados ao seu invólucro, vêm-se alguns nucléolos periféricos (Ne) compostos
por massas globulares densas interligadas por uma rede de finos cordões, x 16.000
Figura 4. Técnica citoquímica de Thiéry. Os grânulos densos (g) do retículo endoplásmico (ER) marcam
positivamente para glicoproteínas. (G), aparelho de Golgi. x 26.000
Figura 5. Pormenor de um conjunto de mitocôndrias (M), no qual se pode observar o seu aspecto
pleomórfico e ramificado, x 10.600
Figuras 6 e 7. Formação do aparelho de Golgi (G) a partir da vesículação de expansões curta (b) e
alongada (TER) da membrana externa do invólucro nuclear. A expansão alongada circunda a
área de formação do Golgi e constitui uma cisterna transicional do retículo endoplásmico
(TER) à qual se associam grânulos densos (g). Nesta região perinuclear são ainda visíveis
várias mitocôndrias (M), material fibrilo-granular (n - "nuages"), e grânulos densos no interior
do invólucro nuclear (seta). Algumas cisternas livres do retículo endoplásmico (ER), bem
como o lado da cisterna transicional do retículo endoplásmico que fica oposto à área de
formação do Golgi, originam pequenas vesículas de densidade intermédia (V). Estas vesículas
incorporam o fino material fibrilar que está contido no lúmen do retículo endoplásmico. Fig. 6,
x 30.000; Fig. 7, x 24.000
140
141
Previtelogénese
Figura 8. Aparelho de Golgi (G), formado e independente das ligações ao invólucro nuclear. Note-se que
a cisterna transicional do retículo endoplásmico (TER), que dá origem por vesiculação a partir
de sua face côncava (*) ao Golgi, se apresenta ligado ao retículo endoplásmico (ER). A
cisterna transicional do retículo endoplásmico também origina, a partir da sua face convexa as
vesículas de densidade intermédia (V). M, mitocôndria. x 24.000
Figuras 9 - 14. Formação das vesículas autofágicas (AV). As vesículas autofágicas surgem na periferia
nuclear e apresentam-se rodeadas por nuages (n). No interior das vesículas autofágicas podem-
se descriminar estruturas de tipo vesicular e estruturas tipo corpos mielínicos (figura 9). As
vesículas autofágicas incorporam vários elementos: a) pequenas estruturas vesiculares que
surgem no interior de expansões da membrana externa e invólucro nuclear (figura 10, seta),
que são de seguida incorporadas no retículo endoplásmico (ER) (figura 11, seta), e finalmente
exportadas deste na forma de grandes vesículas (figura 12, seta); b) estruturas tipo corpos de
mielina exportadas directamente do invólucro nuclear (figura 13, recta); e c) vesículas
transgolgianas (figura 14, seta). Nas microfotografías também são evidentes a associação entre
os poros nucleares (np) e as nuages (n), grânulos densos (g) no interior do invólucro nuclear,
mitocôndrias (M), microtúbulos (Mt), aparelhos de golgi (G) em formação a partir de
expansões do invólucro nuclear que formam as cisternas transicionais do retículo
endoplásmico (TER), e vesículas de densidade intermédia (V). Figura 9 - 11, x 20.000; Figura
13, x 16.000; Figura 14, x 30.000.
142
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143
Previtelogénese
Figura 15. Acumulação na periferia do ovócito dos vários organelos difundidos do espaço perinuclear
onde são formados: mitocôndrias (M), cisterna transicional do retículo endoplásmico (TER),
aparelho de Golgi (G), cisternas livres de retículo endoplásmico (ER) e vesículas de
densidade intermédia (V). Rodeando o ovócito pode ser observada uma célula folicular (FC)
de núcleo alongado e eucromático. No seu citoplasma apenas se observam mitocôndrias (M),
e numerosos feixes de microtúbulos (Mt). x 20.000
Figura 16. Detalhe de uma ponte intercelular (ICB) interligando dois ovócitos adjacentes de aspecto
ultrastrutural idêntico. Limitando a ponte intercelular e separando os dois ovócitos podem ser
visualizadas pequenas porções das células foliculares (FC). No citoplasma de um dos
ovócitos encontramos vários organelos como mitocôndrias (M), uma cisterna transicional de
retículo endoplásmico (TER) a dar origem ao aparelho de Golgi (G) e a vesículas de
densidade intermédia (V), e cisternas livres de retículo endoplásmico (ER) a formar também
pequenas vesículas de densidade intermédia. Junto ao invólucro nuclear encontramos massas
densas fibrilo-granulares ("nuages"-n) situadas em oposição ao nucléolo (Ne), x 16.000
144
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145
Vitelogénese Inicial
Figura 17. Entre dois ovócitos (O) adjacentes podem ser observados dois tipos de células foliculares:
células foliculares densas (D-FC) e células foliculares claras (L-FC). x 5.600
Figura 18. A limitar um ovócito, cujo citoplasma para além de algumas mitocôndrias (M) se encontra
repleto de vesículas de retículo endoplásmico rugoso (RER) contendo inúmeros grânulos
electrono-densos (g), pode ser observada uma célula folicular densa (D-FC). A célula
folicular densa (D-FC), estreita, possui um núcleo (N) alongado e um citoplasma
preenchido com cisternas de retículo endoplásmico rugoso (RER). No citoplasma da célula
folicular densa (D-FC) podem ser ainda observadas mitocôndrias (M) e um aparelho de
Golgi(G). x 10.600
Figura 19. Constituindo outro tipo de célula folicular, a célula folicular clara (L-FC) é de maior
dimensão. Possui um núcleo claro, um citoplasma pouco denso rico em retículo
endoplásmico rugoso (RER) e mitocôndrias (M). No citoplasma pode ainda ser observado
um vacúolo (Va). Por fora da célula folicular observa-se uma porção da parede do ovário
separada por lâminas basais (LB) e contendo células alongadas ricas em microfilamentos
(Mf). x 8.000
Figura 20. Pormenor de uma célula folicular clara (L-FC), apresentando um grande núcleo (N) e um
citoplasma com mitocôndrias (M), retículo endoplásmico rugoso (RER) e algumas vesículas
contendo material fibrilar a ser exocitado (setas) para o espaço perivitelino, contribuindo
deste modo para a formação da camada vitelina. Nesta microfotografia pode-se também
observar um ovócito adjacente à célula folicular clara (L-FC). No seu citoplasma observam-
se vesículas de retículo endoplásmico rugoso (RER) com grânulos electrono-densos no seu
interior, gotículas lipídicas (L) e vesículas vitelinas (YV) em formação por fusão de vesículas
de menor dimensão (V). x 20.000
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147
Vitelogénese Inicial
Figura 21. A vitelogénese inicial caracteriza-se pela proeminência dos fenómenos de endocitose. O
citoplasma do ovócito está preenchido por grandes vesículas de retículo endoplásmico
rugoso (RER) de matriz fibrilar e com pequenos grânulos densos. Na periferia do ovócito,
junto à membrana citoplásmica, uma vesícula vitelina (YV) em formação funde-se com
pequenas vesículas (V) revestidas resultantes de endocitose. São visíveis algumas
microvilosidades (Mv) do ovócito. A célula folicular (FC), com um núcleo bem
desenvolvido (N), apresenta no seu citoplasma retículo endoplásmico rugoso (RER) e um
aparelho de Golgi (G). Algumas vesículas, presentes na periferia da célula folicular, parecem
exocitar o seu conteúdo no espaço perivitelino, contribuindo para a formação da camada
vitelina (seta), x 16.000
Figura 21 (inset). Detalhe da endocitose de material finamente granular existente no espaço perivitelino
(entre o ovócito e a célula folicular - FC). Por se tratar de uma vesícula revestida (seta), o
processo representa endocitose mediada por receptores. Após a endocitose, estas vesículas
revestidas perdem o seu revestimento e fundem-se com as vesículas vitelinas em formação, x
26.000
Figura 22. Na periferia do citoplasma do ovócito, limitado superiormente por uma célula folicular (FC),
observa-se uma vesícula vitelina (YV) em formação que se funde com vesículas (VI)
provenientes de endocitose (seta) e vesículas (V2) provenientes do aparelho de Golgi (G), x
20.000
Figura 23. As vesículas vitelinas (V) originadas por endocitose e por participação golgiana dispersam-se
da periferia do citoplasma para o interior da célula, acabando por se fundir entre si para
originar vesículas vitelinas densas de grande dimensão (YV). Para além das vesículas de
retículo endoplásmico rugoso (RER), contendo pequenos grânulos densos (g), e de
mitocôndrias, o citoplasma do ovócito apresenta nesta fase agregados de gotículas lipídicas
(L). x 16.000
Figura 24. Ocasionalmente observaram-se grandes vesículas de densidade intermédia (YV) oriundas de
expansões (seta) do retículo endoplásmico (ER). Estas vesículas constituem um segundo tipo
de vesículas vitelinas em formação e a sua membrana lábil parece receber por fusão vesículas
golgianas (a) e vesículas de endocitose (b). Nesta fase, encontram-se frequentemente à
superfície dos ovócitos agregados de cisternas de retículo endoplásmico rugoso dispostas
circunferencialmente (*). Na célula folicular (FC) que limita o ovócito, pode ser observado o
seu núcleo (N), bem como um vacúolo (Va) no seu citoplasma, x 20.000
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149
Vitelogénese Inicial
Figura 25. Pormenor de uma vesícula vitelina de densidade intermédia (YV) para evidenciar a sua
relação com componentes das vesículas de retículo endoplásmico rugoso (RER). No interior
da vesícula vitelina nota-se ainda a presença dos grânulos densos (g), específicos do retículo
endoplásmico rugoso. x 26.000
Figura 26. Pormenor dos dois tipos de vesículas vitelinas, densas (D-YV) e de densidade intermédia (L-
YV) rodeadas de vesículas de retículo endoplásmico rugoso (RER) com grânulos densos no
seu interior, gotículas lipídicas (L), e mitocôndrias (M), x 16.000
Figuras 27 e 28. Ocasionalmente, as vesículas do retículo endoplásmico rugoso (RER) formam no seu
interior agregados em forma de cordão (Cl) que são circundados por grânulos densos (g) e
progressivamente concentrados na periferia do retículo endoplásmico rugoso (seta) até à sua
completa vesiculação (C2). Fig. 27, x 26.000; Fig. 28, x 16.000
Figura 29. Nesta fase de vitelogénese inicial os ovócitos apresentam núcleos volumosos eucromáticos
com nucléolos (Ne) de grande dimensão. Os nucléolos compõem-se de uma grande região
central densa rodeada por uma estreita zona periférica reticulada. Excepto numa estreita faixa
na periferia do núcleo, o citoplasma perinuclear apresenta-se preenchido por vesículas de
retículo endoplásmico rugoso (RER), com grânulos densos no seu interior, mitocôndrias (M)
e vesículas vitelinas densas (YV). x 8.000
150
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151
Vitelogénese intermédia. Fase inicial.
Figuras 30 - 33. Esta fase caracteriza-se pela formação extensa de retículo endoplásmico tubular (T) a
partir de expansões (setas) do retículo endoplásmico rugoso (RER), expansões que não
possuem grânulos densos (g) e acumulam no seu lúmen um material finamente fibrilar.
Na figura 33 pode-se observar a continuidade das vesículas do retículo endoplásmico
rugoso (RER), com os seus prolongamentos, nomeadamente, a origem do retículo
endoplásmico tubular (seta) e a cisterna transicional do retículo endoplásmico (TER)
associado ao aparelho de Golgi (G). Fig. 30, x 16.000; Fig. 31, x 20.000; Fig. 32, x
20.000; Fig. 33, x 32.000
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153
Vitelogénese intermédia. Fase Final.
Figura 34 - 37. Esta fase caracteriza-se pela hipertrofia, dilatação e confluência anastomótica das
vesículas do retículo endoplásmico rugoso (RER), com deslocação preferencial dos seus
grânulos densos (g) para a sua periferia. Nesta fase ocorrem outros dois fenómenos: a) a
formação de pontes entre as vesículas do retículo endoplásmico rugoso (*), pontes essas
com aspecto de lamelas aneladas; e, b) a formação no interior do retículo endoplásmico
rugoso de inúmeros agregados de estruturas em cordão (Cl) dele delimitadas por
grânulos densos (g), e que são vesiculados (setas) para formar vesículas livres com as
estruturas em cordão e alguns grânulos densos (C2). Fig. 34, x 26.000; Fig. 35, x
32.000; Fig. 36 e 37, x 26.000.
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155
Vitelogénese tardia
A vitelogénese tardia caracteriza-se pela presença do retículo endoplasmics rugoso (RER) anastomotic»
extenso e pela formação extensiva de vesículas vitelinas (YV) essencialmente a partir de materiais
endógenos.
Figura 38. Uma célula folicular clara (L-FC), com um núcleo de grande dimensão, limita um ovócito em
vitelogénese tardia, o qual, apresenta microvilosodades (Mv) que atravessam a camada
vitelina (VL) que separa os dois tipos celulares. No citoplasma do ovócito, o retículo
endoplásmico rugoso (RER) anastomótico, limita áreas de citoplasma onde se concentram
gotículas lipídicas (L), mitocôndrias (M) e vesículas vitelinas em formação (a e b). As
vesículas de vitelo (a), com que se fundem as vesículas de endocitose são mais escassas nesta
fase. As vesículas vitelinas predominantes (b) são de muito maior dimensão e a sua origem é
essencialmente endógena, x 8.000
Figura 39. Pormenor de uma vesícula vitelina em formação (a) por fusão com vesículas de endocitose
(setas). A limitar o ovócito, pode-se observar para além das células foliculares, ovócitos (O-
NC) de forma aplanada e de desenvolvimento retardado, os quais parecem ter um papel de
células nutritivas ("nurse-cells"), x 16.000
Figura 40. O retículo endoplásmico rugoso (RER), altamente anastomosado nesta fase avançada da
vitelogénese, limita áreas do citoplasma onde se processa o crescimento e a maturação das
vesículas vitelinas. As grandes vesículas vitelinas (b) são de origem essencialmente endógena
e constituiem virtualmente todo o vitelo. No entanto, em menor quantidade, observam-se
também vesículas vitelinas de menores dimensões (a) resultantes de uma origem associada à
endocitose e que por isso se apresentam rodeadas por pequenas vesículas em fusão (setas).
Nesta áreas do citoplasma encontram-se gotículas lipídidas (L), aparelho de Golgi (G) e
mitocôndrias (M) anelares, x 8.000
Figura 41. Uma célula folicular densa (D-FC), com um núcleo (N) alongado e um retículo endoplásmico
rugoso (RER) muito desenvolvido e lamelado encontra-se adjacente a um ovócito em
vitelogénese avançada. A porção de citoplasma do ovócito vísivel na microfotografia é quase
completamente preenchida por retículo endoplásmico rugoso (RER) anastomosado contendo
grânulos densos (g). Frequentemente, o retículo endoplásmico rugoso forma finas expansões
do tipo lamelas aneladas (**) dirigidas para o oolema. O retículo endoplásmico rugoso
anastomosado também delimita pequenas áreas cujo citoplasma adquire uma textura menos
densa (*) onde parecem formar-se pequenas partículas densas de glicogénio. Entre o ovócito
e a célula folicular densa (D-FC) pode ser observada a camada vitelina (VL) interrompida
apenas por algumas microvilosidades (Mv) do ovócito. x 20.000
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Vitelogénese tardia
Figura 42. Os vários nucléolos (Ne) presentes no núcleo, de grandes dimensões, do ovócito em
vitelogénese tardia, são compostos de grandes massas densas e irregulares, interligadas por
um amplo retículo de finos cordões. O invólucro nuclear é perfurado de inúmeros poros
nucleares (np). No citoplasma perinuclear observam-se, no espaço deixado livre pelo retículo
endoplásmico rugoso (RER) altamente anastomosado, mitocôndrias (M), gotículas lipídicas
(L) e vesículas vitelinas (YV). x 10.600
As vesículas vitelinas que ocuparão o citoplasma do ovócito maduro correspondem às grandes vesículas
vitelinas que se formam na fase de vitelogénese tardia. Este vitelo deriva, em primeira instância, de
expansões do retículo endoplásmico rugoso (Fig. 24) e da incorporação (Fig. 44) do retículo
endoplásmico tubular (T) formado na fase de vitelogénese intermédia (Figs. 30 a 33). Na formação do
vitelo intervêem ainda o glicogénio (Figs. 46 e 47), vesículas golgianas (Fig. 48), vesículas vitelinas
densas (Fig. 49), corpos lamelares originados do sistema tubular do retículo endoplásmico (Figs. 50 e 51)
e vesículas do retículo endoplásmico com estruturas em cordão (Fig. 52).
Figura 43. Vesícula de retículo endoplásmico rugoso (RER), contendo grânulos densos (g), ainda
apresentando conexões evidentes ao retículo endoplásmico tubular (T). x 26.000
Figura 44. Completamente rodeada de retículo endoplásmico rugoso (RER) anastomótico observa-se a
formação de uma vesícula vitelina em processo de fusão com o sistema tubular do retículo
endoplásmico (T) e sua posterior absorção (setas). Em contacto íntimo com a vesícula
vitelina em formação são observadas gotículas lipídicas (L) e pequenas vesículas claras (V)
provenientes do aparelho de Golgi. x 20.000
Figura 45. O aparelho de Golgi (G), continua a receber pequenas vesículas (v) do retículo endoplásmico
rugoso (RER) e produz vesículas (V). Nestas áreas observa-se a formação de partículas P de
glicogénio (Gg). x 40.000
Figura 46. Os grânulos de glicogénio (Gg) formados em pequenas áreas de citoplasma delimitadas por
ramificações do retículo endoplásmico rugoso (RER) anastomótico, migram para a periferia
das vesículas vitelinas (YV). x 40.000
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159
Vitelogénese tardia.
Figura 47. Detalhe de uma vesícula vitelina (YV) rodeada completamente pelo retículo endoplásmico
rugoso (RER) anastomosado, mostrando a sua associação com gotículas lipídicas (L) e
grânulos de glicogénio (Gg) bem como a fusão com pequenas vesículas (seta) provenientes
do aparelho de Golgi (G), x 20.000
Figura 48. Na área do citoplasma do ovócito limitada pelo retículo endoplásmico rugoso (RER)
anastomosado, e onde se encontra uma vesícula vitelina em processo de maturação, podem
ser observados vários elementos que nesta fase se fundem com a vesícula vitelina (YV):
vesículas grandes provenientes do Golgi (V) e elementos tubulares (T) do retículo
endoplásmico tubular. As vesículas grandes do Golgi contêm um material grânulo-fíbrilar. x
20.000
Figura 48 (inset). Detalhe da fusão (seta) de uma grande vesícula de origem golgiana (V), contendo um
fino material grânulo-fibrilar, com uma vesícula vitelina (YV) em processo de maturação, x
20.000
Figura 49. No elaborado processo de maturação das vesículas vitelinas (YV), estas também se fundem
com as vesículas vitelinas densas (setas) incorporando-as no seu interior (inset). No inset é
ainda evidente a fusão das vesículas vitelinas com vesículas (V) claras provenientes do
aparelho de Golgi. Fig.49, x 10.600; inset, x 20.000
Figura 50. O retículo endoplásmico tubular (T), elaborado a partir do retículo endoplásmico rugoso
(RER), dá também origem a figuras mielínicas (setas) que se fundem com a vesícula vitelina
(YV) em processo de maturação, x 26.000
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Vitelogénese tardia.
Figura 51. Fusão e incorporação dos corpos mielínicos (a, b, c) nas vesículas vitelinas (YV). Podem
também ser observadas inúmeras gotículas lipídicas (L) dispersas na pequena área do
citoplasma entre o retículo endoplásmico rugoso (RER) e as vesículas vitelinas (YV). x
16.000
Figura 51 (inset). Uma vez incorporadas na vesícula vitelina (YV) o conteúdo dos corpos mielínicos
parece dispersar-se (*). x 20.000
Figura 52. As vesículas derivadas do retículo endoplásmico rugoso (RER) contendo estruturas em cordão
(C) associam-se intimamente com as vesículas vitelinas (YV). Apesar de não terem sido
observados fenómenos de incorporação, o número de vesículas com estruturas em cordão
decresce significativamente após esta fase de interacção com as vesículas vitelinas. Na
imagem pode também observar-se a fusão continuada do retículo endoplásmico tubular (T)
com as vesículas vitelinas. x 20.000
Figura 53. Técnica citoquímica de Thiéry para detecção de polisacáridos e glicoproteínas. Note-se a
marcação intensa dos grânulos densos (g) do retículo endoplásmico rugoso (RER)-
glicoproteínas - e a presença de inúmeros grânulos de glicogénio (Gg) dispersos no
citoplasma. As membranas dos organelos ricos em glicoproteínas também estão
evidenciadas. A marcação das gotículas lipídicas (L) é um efeito secundário da técnica. Note-
se que o retículo endoplásmico tubular (T) e as estruturas em cordão (C) do retículo
endoplásmico rugoso não marcam para as glicoproteínas. x 20.000
Figura 54. Nas grandes vesículas (V) originadas no aparelho de Golgi (G), as fibrilas não reagem à
coloração citoquímica de Thiéry para o glicogénio, mas os grânulos contidos nas pequenas
vesículas, que têm a mesma origem (*), coram positivamente e parecem largar o seu
conteúdo na superfície (seta) da vesícula vitelina. x 26.000
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163
Formação das vesículas corticais
Figura 55. Região perinuclear. Nesta fase da ovogénese o retículo endoplásmico rugoso (RER)
anastomosado cinde-se em inúmeras vesículas, contendo ainda grânulos densos, que
juntamente com as vesículas vitelinas (YV), mitocôndrias (M) e gotículas lipídicas (L)
preenchem todo o citoplasma. Entre este conjunto de organelos citoplasmáticos aparecem
agora inúmeras pequenas vesículas corticais (CV), de superfície irregular, compostas por
estruturas cujo aspecto morfológico é semelhante ao dos proteoglicanos. Nesta fase, o núcleo
apresenta vários nucléolos (Ne), pequenos e reticulados, x 8.000
Figura 56. Região interna do citoplasma. O citoplasma está repleto de vesículas vitelinas (YV), entre as
quais se observam mitocôndrias (M), gotículas lipídicas (L), vesículas de retículo
endoplásmico rugoso (RER) e pequenas vesículas corticais (CV). x 8.000
Figura 57. Na periferia do ovócito, limitado neste caso por uma célula nutritiva (O-NC) e dela separada
pela camada vitelina (VL), observa-se uma vesícula cortical (*) de maior dimensão, fundida
ao oolema pela sua zona apical (setas). Este fenómeno, nesta fase, é, porém, ocasional. Nesta
zona periférica do ovócito estão também presentes pequenas vesículas corticais (CV),
vesículas vitelinas (YV), mitocôndrias (M), vesículas de retículo endoplásmico rugoso (RER)
e gotículas lipídicas (L). x 5.600
Figura 58. Origem das vesículas corticais. As vesículas corticais (CV) formam-se.a partir de expansões
terminais do retículo endoplásmico rugoso (RER), cujo conteúdo em grânulos densos (g) se
parece diferenciar (seta) em estruturas do tipo proteoglicano ( [ ] ). Nesta fase, as vesículas
corticais (CV) também exibem finas expansões (pontas de seta) que limitam áreas do
citoplasma com matriz menos densa (*). x 32.000
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165
Formação das vesículas corticais
Figura 59. Expansões (seta) do retículo endoplásmico rugoso (RER) originam as vesículas corticais
(CV). No interior e periferia das vesículas corticais, os grânulos densos do retículo
endoplásmico rugoso (g) desagregam-se para formar as estruturas de tipo proteoglicano ([ ]).
As gotículas lipídicas (L), agora em menor número, continuam individualizadas. Junto de
uma mitocôndria (M), pode observar-se uma vesícula com estruturas em cordão (C). x
32.000
Figura 60. As vesículas corticais (CV) apresentam num dos poios umas finas expansões (pontas de seta)
que delimitam pequenas áreas de citplasma (*) com matriz mais clara. Esta área do
citoplasma é depois incorporada na vesícula cortical (seta), x 26.000
Figura 61. Entre o núcleo (N) e uma vesícula vitelina (YV) encontra-se uma vesícula cortical (CV) em
formação. É ainda nítida a ligação tubular (T) ao retículo endoplásmico, bem como a
diferenciação do conteúdo do retículo endoplásmico (seta) nos elementos tipo proteoglicano
([ ]). Junto à vesícula cortical podem ainda observar-se uma vesícula com estruturas em
cordão (C) e gotículas lipídicas (L). x 26.000
166
167
Ovócitos maduros
Figura 62. Região perinuclear. Nesta fase, caracterizada pela existência na periferia do ovócito de grandes
vesículas corticais fundidas com o oolema, o núcleo apresenta novamente nucléolos (Ne) de
maior dimensão constituídos por pequenas regiões redondas e densas rodeadas por uma ampla
rede de finos cordões. O citoplasma perinuclear apresenta vesículas vitelinas (YV), pequenas
vesículas de retículo endoplásmico rugoso (RER), pequenas vesículas corticais (CV),
mitocôndrias aneladas (M), agregados de glicogénio (Gg) e gotículas lipídicas (L). x 8.000
A região do citoplasma que se situa entre a região perinuclear e a base das vesículas corticais gigantes da
superfície denomina-se citoplasma interno e apresenta três estratos morfologicamente distintos: estratos
interno, médio e externo (Figs. 63, 64 e 65).
Figura 63. A seguir à região perinuclear, o citoplasma apresenta uma enorme densidade de pequenas
vesículas corticais (CV), mitocôndrias (M), pequenas vesículas de retículo endoplásmico
rugoso (RER), agregados de glicogénio (Gg) e gotículas lipídicas (L). Neste fundo observam-
se também várias vesículas vitelinas (YV). x 5.600
Figura 64. O estrato médio do citoplasma interno evidencia uma grande densidade de vesículas vitelinas
(YV), as quais apresentam à sua periferia grandes agregados de grânulos de glicogénio. Nesta
região, a densidade das pequenas vesículas de retículo endoplásmico rugoso (RER),
mitocôndrias (M) pequenas vesículas corticais (CV) e gotículas lipídicas (L) é muito menor.
x 8.000
Figura 65. O estrato externo do citoplasma interno é igualmente rico em vesículas vitelinas (YV), mas
praticamente sem glicogénio associado, estando envolvidas por um retículo endoplásmico
rugoso (RER) anastomosado. As mitocôndrias (M) voltam a ser aneladas, as gotículas
lipídicas (L) são escassas e as vesículas corticais estão virtualmente ausentes, x 8.000
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169
Ovócitos maduros
Figura 66. Na zona do citoplasma onde se encontra a parte basal das grandes vesículas corticais (L-CR)
já fundidas com o oolema, o número de vesículas vitelinas (YV) é menor e o retículo
endoplásmico rugoso (RER) torna-se menos anastomosado, apresentando pontes entre si que
tomam a forma de "lamelas aneladas" (*). Nesta zona encontram-se também várias pequenas
vesículas corticais (CV), mitocôndrias (M) e gotículas lipídicas (L). x 8.000
Figura 67. Detalhe das pontes entre o retículo endoplásmico rugoso (RER), com o seu aspecto tipo
"lamelas aneladas" (*). x 26.000
Figura 68. Região baso-lateral das grandes vesículas corticais (L-CV) periféricas. Na sua proximidade
encontram-se gotículas lipídicas (L) isoladas, pequenas vesículas corticais (CV), aparelho de
Golgi (G), retículo endoplásmico rugoso (RER), vesículas vitelinas (YV), e mitocôndrias
(M), algumas das quais com forma anelar, x 8.000
Figura 69. A região baso-lateral das grandes vesículas corticais periféricas (L-CV) funde-se com
vesículas de conteúdo granulo-fibrilar (seta) e com vesículas claras (*) golgianas. x 16.000
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171
Ovócitos maduros
Figura 70. No cortex do ovócito as grandes vesículas corticais (L-CV) apresentam-se fundidas com o
oolema. Podem também observar-se várias pequenas vesículas corticais (CV), gotículas
lipídicas (L) isoladas, vesículas vitelinas (YV) e vesículas de retículo endoplásmico rugoso
(RER). O ovócito está separado da célula folicular (FC) pela camada vitelina (VL). x 8.000
Figura 71. Pormenor da zona apical de uma grande vesícula cortical (L-CV). Apesar de todo o conteúdo
destas vesículas corticais estar exposto ao exterior, apenas a porção apical do conteúdo da L-
CV se parece dispersar e fundir com a camada vitelina (VL). Nesta zona o ovócito está
recoberto por uma célula nutritiva (O-NC). x 26.000
Figura 72. Contrariamente às grandes vesículas corticais, pequenas vesículas corticais (*) fundem-se com
o oolema e o seu conteúdo é completamente exocitado e fundido com a camada vitelina
(VL). A célula folicular (FC) adjacente ao ovócito é estreita e de tipo denso, x 8.000
Figura 73. Na periferia do ovócito podem ser observadas vesículas vitelinas (YV), pequenas vesículas
corticais (CV), gotículas lipídicas (L) isoladas, mitocôndrias (M) e vesículas de retículo
endoplásmico rugoso (RER), que nesta região já não é anastomosado. Entre o ovócito e a
célula folicular de tipo claro (FC) que a limita está bem vísivel a camada vitelina (VL). x
16.000
Figura 74. Algumas regiões da superfície do ovócito são rodeadas não por células foliculares mas por
ovócitos aplanados, representando provavelmente o papel de células nutritivas (O-NC). Nesta
fase de ovogénese estas apresentam, um núcleo (N) cuja disposição da heterocromatina em
barras densas periféricas lembra os processos de apoptose. Na região periférica do ovócito,
além das vesículas vitelinas (YV) estão presentes pequenas vesículas corticais (CV),
mitocôndrias (M), gotículas lipídicas (L) isoladas e um grande número de pequenas vesículas
de retículo endoplásmico rugoso (RER). x 16.000
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173
Ovócitos maduros
Figura 75. Região do citoplasma junto à porção basal das grandes vesículas corticais. Pormenor do
aparelho de Golgi (G) para evidenciar a origem golgiana de vesículas com componentes
marcados positivamente para as glicoproteínas (V). Na imagem é também evidenciado
pequenos depósitos de glicogénio (setas) na periferia das vesículas vitelinas (YV) e dispersos
no citoplasma. Os grânulos densos (g) do retículo endoplásmico rugoso (RER), também
marcam positivamente para as glicoproteínas. x 16.000
Figura 76. Região baso-lateral das grandes vesículas corticais (L-CV). Verifica-se que pequenas
vesículas do retículo endoplásmico rugoso (RER) se fundem com a vesícula cortical sendo
absorvidas (setas) É também patente a fusão de uma vesícula golgiana (V) com uma vesícula
vitelina (YV). Nesta imagem estão marcados positivamente para as glicoproteínas os
grânulos densos (g) do retículo endoplásmico rugoso (RER) e o conteúdo da vesícula
golgiana (V). O glicogénio marcado apresenta-se na forma de pequenas partículas densas
dispersas pelo citoplasma (Gg). x 26.000
Figura 77. Estrato médio do citoplasma interno. Note-se a marcação positiva para o glicogénio (Gg) que
forma agregados na periferia das vesículas vitelinas (YV) e das vesículas corticais (CV). Os
grânulos densos (g) do retículo endoplásmico rugoso (RER) estão marcados positivamente
para glicoproteínas. x 8.000
Figura 78. Região basal e lateral das grandes vesículas corticais (L-CV). Na porção basal da grande
vesícula cortical (L-CV) ocorrem fenómenos de fusão (*) com pequenas vesículas corticais
(CV). A porção lateral da grande vesícula cortical (L-CV) funde-se com vesículas golgianas
(V). O conteúdo da vesícula golgiana (V) e os grânulos densos (g) do retículo endoplásmico
rugoso (RER) marcam positivamente para as glicoproteínas. No citoplasma os agregados de
partículas densas estão positivamente marcados para o glicogénio (Gg). x 16.000
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175
Ovócitos maduros
Figura 79. Região baso-lateral de uma grande vesícula cortical (L-CV). Pormenor evidenciando a fusão e
incorporação (setas) de vesículas de retículo endoplásmico rugoso (RER) com a grande
vesícula cortical (L-CV). Os grânulos densos (g) do retículo endoplásmico rugoso marcam
positivamente para glicoproteínas. As partículas densas dispersas pelo citoplasma marcam
positicamente para o glicogénio (Gg). x 26.000
Figura 80. Região baso-lateral de uma grande vesícula cortical (L-CV). Note-se a fusão (setas) de uma
grande vesícula golgiana (V) com a grande vesícula cortical. Os grânulos densos (g) do
retículo endoplásmico rugoso e o conteúdo da vesícula golgiana marcam positivamente para
glicoproteínas. No citoplasma há depósitos dispersos de partículas densas marcadas
positivamente para o glicogénio (Gg). x 26.000
Figura 81. Região baso-lateral de uma grande vesícula cortical (L-CV). Grandes vesículas golgianas (V)
e pequenas vesículas do retículo endoplásmico rugoso (RER) fundem-se (setas) com a grande
vesícula cortical. Os grânulos densos (g) do retículo endoplásmico rugoso marcam
positivamente para glicoproteínas. Na imagem, a grande vesícula golgiana (V) possui um
conteúdo pouco rico em glicoproteínas (comparar com a Fig. 80). As partículas densas
dispersas pelo citoplasma estão marcadas positicamente para o glicogénio (Gg). x 16.000
Figura 82. Periferia do ovócito. Observe-se a fusão (seta) da porção apical de uma grande vesícula
cortical (L-CV) com o oolema. Estão marcadas positivamente para glicoproteínas os grânulos
densos (g) das vesículas do retículo endoplásmico rugoso (RER). As partículas densas
dispersas pelo citoplasma estão marcadas positicamente para o glicogénio (Gg). Note-se que
o conteúdo da grande vesícula cortical (L-CV), das pequenas vesículas corticais (CV) e das
vesículas vitelinas (YV) não marcam para as glicoproteínas. A camada vitelina (VL) também
não se apresenta marcada. A marcação dos lípidos das gotículas lipídicas é um efeito
secundário da técnica citoquímica. x 8.000
176
Parte II. Endocrinologia
Extração e Purificação Simultânea de Ecdisteróides
e Estervides Sexuais. Validação do Método.
Extracção e Purificação de Esteróides
Introdução
183
Capítulo 3
Material e Métodos
184
Extracção e Purificação de Esteróides
1. EXTRACÇÃO
Esta extracção foi realizada testando como solvente éter dietílico (Merck) e
metanol p.a. (Merck), em quantidades variáveis de forma a obter a melhor
recuperação.
185
Capítulo 3
2. PURIFICAÇÃO
186
Extracção e Purificação de Esteróides
187
Capítulo 3
188
Extracção e Purificação de Esteróides
foi calculada por comparação das áreas de iguais quantidades de padrões autênticos
injectados no HPLC.
PROTOCOLO
NO DIA SEGUINTE
189
Capítulo 3
5 ml de MeOH/H20 (5%)
9. Ressuspender em 200 u.1 de MeOH/H20 (90%). Filtrar esta solução (com filtros de
nylon 66) para um eppendorf. Lavar o filtro com 2x 100 u,l de MeOH; evaporar,
ressuspender em 150 p.1 de MeOH/H20 (90%). Retirar para 3 eppendorfs as
seguintes alíquotas:
190
Extracção e Purificação de Esteróides
88.57 Ci/mmol; pureza 99%) (NEM, Research Products), foi adicionada ao material
biológico.
191
Capítulo 3
2. Retirar desta mistura a aliquota-1 (3x9ul) e colocar em três frascos (1,1'e 1")
contendo 2.5 ml de líquido de cintilação.
192
Extracção e Purificação de Esteróides
5. Recolher o sobrenadante. Retirar alíquota 2 (3x 75 ul) e juntar aos frascos (2,2' e
2") de 2.5 ml de líquido de cintilação.
12. Lavagem:
13. Eluir com 5 ml de MeOH/H20 (90%). Retirar alíquota 10 (3x 250 ul).
14. Eluir com 5 ml MeOH (100%). Retirar alíquota 11 (3x 250 ul).
15. Evaporar (igual a 9.) ambas 13. -MeOH/H20 (90%) e 14.-MeOH (100%).
193
Capítulo 3
18. Retirar alíquotas dos tubos 6 (Progesterona, vol. ± 4 ml) das injecções
anteriores (3 x 200(0,1) (Experiência A) e dos tubos 11 (Ecdisona, vol. ±1.6
ml) (3x 80 ul) (Experiência B) e de ambos (Experiência C e D).
5. Repetir o passo anterior. Volume final de ± 6 ml. Retirar uma alíquota de 300 ul
194
Extracção e Purificação de Esteróides
195
Capítulo 3
Resultados
purificação
1. EXTRACÇÃO
Pelo contrário, usando o metanol como solvente extractivo das hormonas, quer
no material biológico fresco quer no liofilizado, não foram encontradas grandes
dificuldades no procedimento.
196
Extracção e Purificação de Esteróides
2. PURIFICAÇÃO
197
Capítulo 3
198
Extracção e Purificação de Esteróides
10 -
LEGENDA
1-desconhecido
2- 20-OH-Ecdisona
2
mV 5 50% MeOH/H20
3
\= 242 nm
« 1
-
0 5 10 15
10 -
6
LEGENDA
4 1-estriol
2- desconhecido
- 3- estrona
3 60%
.5
5- P~ estradiol
mV 5 - 1 2
6- progesterona
( vvjííww^r
30°/ j.y 30%
""-X.= 280nm
X=242nm
0 _ «tf
1
......
1 1 1 . i i
'" 1 1 | . ii . , . ,
) 10 20 30 40 60
50
Tempo de Retenção (min.)
199
Capítulo 3
200
Extracção e Purificação de Esteróides
201
Capítulo 3
202
Extracção e Purificação de Esteróides
Figura 3.5. Representação gráfica da recuperação (em percentagem) das duas hormonas
(Ecdisona e Progesterona) ao longo do processo extractivo.
203
Capítulo 3
Tabela 3.1. Quadro resumo dos níveis de radioactividade (cpm) na amostra ao longo do processo
extractivo e respectivas percentagens de recuperação final em 5 experiências com 3
réplicas em cada fase do processo. As fases não representadas correspondem a níveis de
radioactividade desprezáveis.
Alíquota 1 2 5 6 10 12 % REC.
Inicial 1° Ext.MeOH Ext.MeOH Ext. T. Fosf. Elu.90% Cone. FINAL MÉDIA±SD
PROGESTERONA
Teóricos 742583 631196 536516 456039 387633 329488
ECDISONA
Teóricos 822958 699514 594587 505399 429589 365151
EXP.C 876053 737225 647384 409375 351924 379508 97,6 90,9 ±6,1
As figuras 3.6. e 3.7. representam as rectas de regressão linear para cada uma das
experiências efectuadas e dos valores teóricos. A média dos valores obtidos das 3
réplicas, em cada uma das fases do processo extractivo, nas três experiências efectuadas
para cada hormona, foi comparada aplicando o teste estatístico ANOVA, tendo sido
demonstrada não existir diferenças significativas entre as três experiências efectuadas
para cada hormona (0.01<P<0.05 na alíquota 6 - fase de extracção com tampão fosfato,
e P>0.05 para as restantes fases do processo).
204
Extracção e Purificação de Esteróides
PROGESTERONA
1000
750
500-
250
1 2 5 6 10 12
AUQUOTA
Figura 3.6. Regressão linear dos valores teóricos (linha a cheio) e experiências Al, A2 e
C, com [l,2,6,7-3H(N)]-Progesterona. Em abcissas são apresentadas as
alíquotas retiradas ao longo do processo extractivo na proporção de 5% .
ECDISONA
1000
750
CPMxlOOO
500
250
1 2 5 6 10 12
ALIQUOTA
Figura 3.7. Regressão linear dos valores teóricos (linha a cheio) e das experiências
BI, B2 e C, com cc-[23,24-3H(N)]-Ecdisona.
205
Capítulo 3
PROGESTERONA
nnn
t
800 -
CPM X 1000
400 -
! ^
0
1 2 5 6 10 12
ALIQUOTA
Figura3.8.- Regressão linear (R2 = 0,81; P<0,001) dos valores das experiências
Al, A2 e C ([l,2,6,7-3H(N)]-Progesterona).
ECDISONA
800-
♦^^"í--^^
•^^^
CPMx 1000
1 """■
400 -
^J
n.
1 2 5 6 10 12
ALIQUOTA
Figura3.9. Regressão linear (R2 =0,93; P<0,001) dos valores das experiências BI,
B2 e C (cc-[23,24-3H(N)]-Ecdisona).
206
Extracção e Purificação de Esteróides
Finalmente a comparação dos resultados obtidos com os valores teóricos nas três
repetições da extracção, por análise de covariância, demonstra a reprodutibilidade da
técnica para a extracção de Progesterona. A probabilidade de haver covariância entre o
tratamento (execução da técnica) e a variável dependente (quantidade de hormona
recuperada) foi de p=0.370 (n=18, F=1.080, R2= 0.937), sendo plausível assumir que os
declives são homogéneos. Em relação à ordenada na origem o tratamento (3 ensaios da
técnica) ajustado à covariante (valores teóricos) não é significativo (p=0.881) (figura
3.10.).
PROGESTERONA
1000
200
300 400 500 600 700 800
TEÓRICOS (x1000)
Figura 3.10. Regressão linear dos valores observados e teóricos das experiências Al,
A2 e C (a= -133277; b= 1.375; R=0.924; n=18)
207
Capítulo 3
Foram ainda calculadas as perdas na filtração (em filtros de nylon 66), injecção
no HPLC e posterior recolha no colector, tendo sido verificado serem no global
inferiores a 10 %.
ECDISONA
1000
900
^ 800
o
o
1 700
u. 500
LU
<n
§ 400
300
200
300 400 500 600 700 800 900
TEÓRICOS (x1000)
Figura 3.11. Regressão linear dos valores observados e teóricos das experiências BI,
B2 e C (a=-182747; b= 1.281; R2=0.939; n=18)
208
Extracção e Purificação de Esteróides
Discussão
209
Capítulo 3
210
Extracção e Purificação de Estervides
Dos trabalhos revistos dos vários grupos que investigam estes dois tipos de
hormonas apenas Bradbrook et ai, (1990) utiliza uma técnica de extracção e purificação
para obtenção de ambos, na mesma amostra. Em relação à técnica descrita por aqueles
autores, o desenvolvimento do método por nós apresentado orientou-se no sentido da
resolução de duas deficiências identificadas nesse método: por um lado a complexidade
de passos com a utilização ao longo do processo de 4 colunas sep-pak (com o custo
inerente) e o baixo rendimento apresentado (Progesterona-53,2%±4,7 e Ecdisona
55,9%±4,9). De facto, estas baixas recuperações têm um reflexo enorme quanto à
quantidade de material biológico necessário para os doseamentos posteriores das
hormonas (RIA ou EIA). Embora a maioria dos autores não especifique a recuperação
final do método e nas condições em que o utiliza, o certo é que a maioria utiliza
alíquotas de vários animais, órgãos, hemolinfa (p. ex.: Young et al, 1993a,b - 3 a 8
ovários e 3 ml de hemolinfa de vários; Chan, 1995 - "pool" de vários ovários;
Summavielle et al, 1995 - "pool" de hemolinfa de vários animais). Uma elevada
recuperação pode permitir o tratamento de amostras individualizadas e assim uma maior
aproximação à variabilidade individual e do processo em estudo (no nosso caso a
reprodução). O método por nós desenvolvido permite, através de uma recuperação quase
total, a utilização de pequenas quantidades de amostra biológica e assim a obtenção de
resultados individuais (excepto em casos como p. ex. quando o ovário está em
previtelogénese é quase inexistente!). A recuperação (assim como a sua
reprodutibilidade) foi estudada passo a passo ao longo da extracção e purificação até à
recolha no colector de fracções.
211
Capítulo 3
experiências (P>0,05), foi traçada a recta de regressão com todos os valores lidos para
cada uma das hormonas estudadas. De notar que o declive desta recta traduz
praticamente o efeito das várias alíquotas retiradas pois apenas a diferença para o
declive da recta de regressão dos valores calculados (100% de recuperação) representa
as perdas ao longo do processo extractivo.
O rendimento final obtido foi na ordem dos 94,23 % (SD=12,38) para a
progesterona e de 90,85 % (SD=6,13) para a ecdisona (quadro 3.1. e figura 3.5.).
212
Perfil de Ecdisteróides ao Longo das Fases de
Desenvolvimento do Ovário das Espécies Penaeus
japonicus e P. kerathurus.
Hormonas Ecdisteróides
Introdução
215
Capítulo 4
1987). Como no caso dos insectos, as vias metabólicas de biosíntese dos ecdisteróides,
esteróides da família denominada esteróides polihidroxilados C27, são na sua maioria
desconhecidas, excepto para o primeiro passo (conversão do colesterol a 7-
dihidrocolesterol) e os três últimos (hidroxilações nas posições 25, 22 e 2) (Lachaise et
ai, 1993).
216
Hormonas Ecdisteróides
217
Capítulo 4
218
Hormonas Ecdisteróides
Material e Métodos
A técnica de EIA utilizada (Porcheron et ai, 1989) tem como marcador a enzima
acetilcolinesterase ligada covalentemente à derivada 20-hidroxi-ecdisona-6-
carboximetoxima. A reacção imunológica tem lugar numa placa de microtitulação de 96
poços (Nunc-Immuno Plate MaxiSorp F96) pré-revestida com o anticorpo secundário
(IgG (H+L) de cabra anti-coelho, (Kirkegaard & Perry Laboratories Inc.).
219
Capítulo 4
Tabela I. Reacções cruzadas do antisoro específico para a ecdisona e 20-OH-ecdisona com outros
ecdisteróides (Porcheron et ai, 1989).
EIA - Protocolo
(Io DIA)
220
Hormonas Ecdister aides
2E,F,G,H - 50 pi
(2 o DIA)
9. Colocar nos poços 2A e 2B, 5 pi do marcador usado no dia anterior, diluído lOOx.
11. Colocar a placa (tapada com papel de alumínio) no agitador de placas. Ler ao fim
de cerca de 2 horas.
EIA - "COATING"
(Io DIA)
3. Deixar uma noite à temperatura ambiente (guardar numa caixa para evitar poeiras).
221
Capítulo 4
(2o DIA)
4. Colocar 100 JLXI de tampão-Coating em cada poço (com pipeta multicanal).
5. Tapar as placas com folhas adesivas para placas ELISA.
6. Guardar as placas no frigorifico.
EIA
RE A GENTES/SOL UÇÕES
139.34 g (P0 4 HK 2 )
27.22 g ( P 0 4 H 2 K )
0.1 g Azide Na (NaN3)
222
Hormonas Ecdisteróides
7. Reactivo de ELLMAN
1. Ecdisteróides Totais:
223
Capítulo 4
16 FRACÇÕES 14 FRACÇÕES
224
Hormonas Ecdisteróides
Resultados
Ecdisteróides Totais
P. japonicus
Este valor mostra uma tendência para uma ligeira descida nas fases seguintes (II
e III) sendo atingido o seu mínimo no final da vitelogénese (fase IV) com o valor de 115
ng/g (n=2). Desta fase para a seguinte, isto é na fase de desova (fase V) o seu valor
atinge o máximo, na ordem de 500 ng/g (n=3).
P. japonicus
Ecdisteróides Totais no Ovário
Ecdisteróides Totais
(ng/g ou ng/ovário)
Q
O)
O
T ..i... :
W
O
O
3
1 II Hl IV \i
Fases da Vitelogénese
. - - • * ■ -ng/ovário
225
Capítulo 4
P. kerathurus
226
Hormonas Ecdisteróides
Uma subida algo acentuada foi verificada na fase II (49 ng/ml, n=5), valor
mantido na fase seguinte. De igual modo, foi detectado o mínimo de ecdisteróides totais
foi detectado na fase IV (9 ng/ml, n=5), para na fase seguinte, na desova, os valores
voltarem a subir até ao valor próximo do máximo com cerca de 44 ng/ml (figuras 4.2. e
4.3.).
Ecdisteróides Totais
I 800- "40
c
V) * I
Ecdisteróides Tota
30 £
(D
■20^
E
f/S V
X
10
"^^^^^rr^>
1 li III IV V
Fases da Vitelogénese
Figura 4.3. Comparação dos perfis de Ecdisteróides Totais (ng/g de peso seco) no
ovário de P. japonicus e P. kerathurus e na hemolinfa de P. kerathurus, ao
longo da vitelogénese.
A comparação dos resultados obtidos para as duas espécies e nos dois tecidos
estudados (numa das espécies) mostra uma certa semelhança no perfil das variações do
nível de ecdisteróides ao longo do ciclo vitelogénico, parecendo coincidir nos níveis
mínimos na fase IV e máximos logo na fase seguinte (V) isto é, aquando a desova.
227
Capitulo 4
IV. Comparando as duas espécies, as semelhanças também são grandes quanto aos
valores absolutos, principalmente nos pontos mínimos e máximos. Nas fases I e II os
valores da espécie P. japonicus são, no entanto, cerca de metade dos níveis
apresentados pela espécie P. kerathurus.
Ecdisteróides Totais
1(11) 100
tfl mo
% 10 I
t-f%
«•g 600
«•2 E
«•t
400 I
■D
O
Ul 200 1 i
0
I II III IV V
Fases da VitelogÉnese
228
Hormonas Ecdisteróides
P. japonicus
^mÊãaeisammiíMiÊÊmÊSmÊimiÊÍíÊUÊm^^: ^ :
--"--— ^---i^-»^ ; .— ^^ljtimtjátíàiímiiaaâ^^
229
Capítulo 4
Figura 4.6. Quantificação de ecdisteróides por EIA (n=4 a 5 animais por fase, ng eq. Ecd./g) de 16
fracções provenientes da separação por HPLC, de extracto purificado de ovário de P.
japonicus, ao longo do desenvolvimento do ovário. Cinco destas fracções foram
identificadas por co-eluição com padrões autênticos (ver quadro na pág. 12).
230
Hormonas Ecdisteróides
valores da ordem de 200 ng/g (n=8) na fase III, constituindo nesta fase a fracção de
maior abundância relativa (figura 4.6).
P. japonais
Ecdisteróides no Ovário
■
100
Bi 10,
c
*~~ '\^^"1^
1
■
n_
I II III IV V
Fases da Vrtelogênese
231
Capítulo 4
P. kerathurus
Ovário
As percentagens relativas, dos 5 ecdisteróides identificados, presentes no ovário
desta espécie mostra claramente a 20-OH-ecdisona como a hormona maioritária em
todas as fases do ciclo da vitelogénese (figura 4.8.).
232
Hormonas Eedisteróides
Na fase seguinte (fase II) são evidenciados quatro grupos desde os muito polares
(fl) até aos mediamente polares, em quantidades significativas, as quais desaparecem na
fase III, dando lugar a dois grupos distintos, um muito polar e outro pouco polar.
233
Capítulo 4
234
Hormonas Ecdisteróides
Hemolinfa
hemolinfade P. kerathurus.
235
Capítulo 4
236
Hormonas Ecdisteróides
Discussão
237
Capítulo 4
238
Hormonas Ecdister aides
239
Capítulo 4
240
Hormonas Ecdisteróides
(1993) observaram naquela espécie valores máximos da hormona nos ovócitos imaturos
e a sua diminuição até à maturação, não apresentando porém valores para animais em
desova os quais poderiam ser igualmente elevados.
241
Capítulo 4
242
Hormonas Ecdister aides
longo dos ciclos de muda e reprodutivo ou mesmo uma função fisiológica de algum dos
componentes ainda não isolado (Okumura et ai, 1989).
243
Hormonas esteróides no ovário de Penaeus japonicus. Perfil de
Progesterona ao Longo das Fases de Desenvolvimento do
Ovário das Espécies Penaeus japonicus e P. kerathurus.
Hormonas Esteróides
Introdução
Como foi já referido (ver Introdução Geral), ao longo dos últimos 25 anos têm
sido observados em invertebrados diversos esteróides sexuais, originalmente
descobertos em vertebrados (daí a designação de esteróides do tipo de vertebrados).
São exemplos a progesterona, a testosterona, o estradiol, cuja possível função hormonal
ainda não está provada (Lafont, 1991). De facto, são vários os estudos incidindo sobre
os efeitos de hormonas reprodutivas de vertebrados em crustáceos, assim como sobre a
sua identificação e quantificação, quer na hemolinfa, quer em possíveis tecidos
produtores ou alvo, bem como a própria capacidade enzimática para uma síntese
endógena (revisões de Fingerman, 1987; Fingerman et ai, 1993; Sandor, 1980).
247
Capítulo 5
1988), a sua natureza química poderá ser esteróide (Van Herp e Payen, 1991). De facto,
existe hoje um conjunto de evidências que levam a sugerir que as hormonas esteróides
sexuais do tipo de vertebrados podem representar um importante papel na regulação da
vitelogénese. A produção de várias hormonas esteróides tendo como precursor o
colesterol foi conseguida por Kanazawa e Theshima (1971) na espécie Panulirus
japonica. O trabalho recente de Summavielle et ai, (1997) demonstra a existência, no
ovário de P. japonicus, de vários sistemas enzimáticos (20cc-HSD, 17a-hidroxilase,
C] 7 - C2o liase, 17oc-HSD e aromatase) necessários para produção e conversão de
hormonas esteróides.
Material e Métodos
248
Hormonas Esteróides
249
Capítulo 5
B. Exactidão:
BI Teste de paralelismo: permite verificar a existência de possíveis reacções
cruzadas comparando a recta padrão com 3 rectas semelhantes à anterior usando o
extracto em estudo.
1. Preparação do extracto:
250
Hormonas Esteróides
Resultados
251
Capítulo 5
40-
ng/ml)
CO
• sS0^
• •
Bg
■§ 20 •s
•
l
Vi •
&
O
Valores
o
1 •
0 5 10 15 20 25 30 3E 40 45
252
Hormonas Esteróides
Quadro 5.2. Replicados de uma amostra no mesmo ensaio (1) e em diferentes ensaios (2). Média (X),
Desvio Padrão (SD) e coeficiente de variação (CV)
253
Capítulo 5
Cone. ng/ml
Cone. ng/ml
254
Hormonas Esteróides
Penaeus japonicus
255
Capítulo 5
P.japonicus
Progesterona no Ovário
(ng/g ou ng/ovário
Progesterona
I
/ ^ ~' ~-m
i N. ,.
l II m IV V
Fases da Vitelogénese
, - - ♦ - -ng/ovário
Penaeus kerathurus
256
Hormonas Esteróides
P. kerathurus
Progesterona
08
06
0.4 õ
E
lA 0.2
il ni IV
Fases da Vltelogénese
257
Capítulo 5
Progesterona
; , , , [ 0,0
I II III IV V
Fases da Vitelogénese
Discussão
258
Hormonas Esteróides
monodon. Estes esteróides foram também detectados, por co-eluição com padrões
autênticos em HPLC, na hemolinfa de P. japonicus, por Summavielle et ai (1996). A
17cc-Hidroxiprogesterona foi também identificada no ovário de P. japonicus. Nesta
mesma espécie, Yano (1987) demonstrou a acção estimuladora deste esteróide na
síntese e/ou libertação de vitelogenina na hemolinfa.
Não foi ainda estabelecido o papel fisiológico destes esteróides sexuais nos
invertebrados, nomeadamente nos crustáceos (Lafont, 1991). No entanto, a sua presença
inequívoca nestes animais, demonstrada por vários autores, assim como a evidência do
seu efeito na estimulação da vitelogénese (Yano, 1985, 1987) sugerem que o
desenvolvimento do ovário e a maturação dos ovócitos podem ser regulados por
hormonas esteróides de forma semelhante ao que acontece em peixes e anfíbios (Fairs et
ai, 1990). A variação dos níveis de vários esteróides ao longo da vitelogénese durante a
maturação dos ovócitos em crustáceos (Couch et ai, 1987, Fairs et ai, 1990,
Summavielle et ai, 1996) são um forte argumento de que os esteróides estão realmente
envolvidos nestes processos.
259
Capítulo 5
260
Parte III. Dieta Viva de Maturação
Presença de Ecdisteraides e Esteróides Sexuais em Poliquetas
Utilizados em Aquacultura para Indução da Maturação Ovárica
de Fêmeas em Cativeiro.
Esteróides na Dieta Viva
Introdução
265
Capítulo 6
Material e Métodos
266
Esteróides na Dieta Viva
Resultados
Ecdisteróides
A fracção maioritária (42.6%) foi a 20- OH-Ecdisona (9.46 x 10" nmol/g peso
seco) e a ecdisona representou apenas 4.3% do total das fracções com reactividade no
EIA. A fracção (fl) correspondendo às hormonas 26-OH-Polipodina+20,26 Ecdisona
constituíram 10.2% e a (flO) Ponasterona A, 2.2%. Assim, os ecdisteróides
identificados representaram 59.3% dos ecdisteróides recolhidos.
267
Capítulo 6
140.0(1
C
120.00
100.00-
80.00-
a
mV b
60.00- Jl
u1/
40.00-
20.00- V d
A
^ - ^ _ __^-— ~--~~~-
! i i i i | i i i i ! i i • • • ■
Tempo de Retenção
268
Esteróides na Dieta Viva
E '•
■í 5
Figura. 6.2. Quantificação por EIA de cada uma das 14 fracções, obtidas por separação por
HPLC. Todos os valores são expressos como equivalentes à Ecdisona (nmol/g
peso seco). Cinco fracções foram identificadas como 26-OH-Polipodina+20,26
Ecdisona (fl; RT=4.9 min.), 20- OH-Ecdisona (f2; RT=9.4 min.), Ecdisona (f4;
RT=13.6 min.), 2-Deoxi-20-OH-Ecdisona (f6; RT=22.0 min.) e Ponasterona A
(flO; RT=38.5 min.) por co-eluição com padrões autênticos.
Esteróides
269
Capítulo 6
80.00-
70.00- Progesterona
60.00
50.00-
I
1.
mV 40.00-
\] w
30.00-
(1
1L
20.00-
\
10.00-
0.00 -
• ' ' ' I ' ' ' ' I ' ' ' ' I ' ' ' ' I ' ' ' ' I '
0. 90 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00
Tempo de Retenção
Discussão
270
Esteróides na Dieta Viva
271
Capítulo 6
272
Esteróides na Dieta Viva
273
Discussão Geral e Perspectivas Futuras
Discussão Geral e Perspectivas Futuras
277
Discussão e Perspectivas Futuras
(Meusy e Payen, 1988; Yano, 1988; Tan-Fermin e Pudera, 1989, entre outros) e
reconhecidas nas duas espécies objecto de estudo as características mais proeminentes
que permitissem distinguir inequivocamente distintas fases da ovogénese, foram os
animais agrupados em cinco fases vitelogénicas para o estudo posterior dos níveis
hormonais. Recentemente, o trabalho de Medina et ai. (1996) nas mesmas espécies de
peneídeos veio confirmar a validade dos critérios de divisão das fases vitelogénicas
utilizados ao longo deste trabalho. A inclusão de uma fase de desova, ignorada por
muitos autores, acarreta no entanto algumas incertezas tratando-se de animais selvagens:
a capacidade de rematuração rápida do ovário após uma desova é nestes animais
frequente e muito rápida (Yano, 1984). Desta forma é possível encontrar, dentro do
grupo de animais considerados em desova, animais em vários estádios fisiológicos
distintos e que só o estudo futuro com animais em cativeiro poderá vir a diferenciar.
278
Discussão Geral e Perspectivas Futuras
279
Discussão e Perspectivas Futuras
280
Resumo
Resumo
Resumo
283
Resumo
284
Résumé
Résumé
Résumé
287
Résumé
288
Abstract
Abstract
Abstract
The need for detailed studies of the reproductive cycles of penaeid shrimps is
clearly warranted, due to the economic importance of Penaeus japonicus and the
existence of the native specie P. kerathurus in southern Portugal.
Five vitellogenic phases were defined through ovarian histological study of these
two species: I - Previtellogenesis; II - Late Previtellogenesis or Primary Vitellogenesis;
III - Vitellogenesis or Secondary Vitellogenesis; IV - Maturation (cortical vesicle
phase); V - Spawning.
These work represents the first ultrastructural study done on the vitellogenesis of
the P. kerathurus. The formation of endoplasmic reticulum and the origin of dense
granules were demonstrated for the first time in the family Penaeidae. The origin of
autophagic vacuoles and the simultaneous presence of two different forms of follicular
cells in crustaceans, as well as the presence of inter-cellular bridges (nurse-cells) in the
sub-class malacostraca, were also described here for the first time.
In P. kerathurus the yolk has a dual origin, i.e., intraoocytic and extraoocytic. At
the beginning of the vitellogenesis there is a predominance of a receptor-mediated
endocytosis mechanism. Later on, the vitellogenic process is mainly a intraoocytic one,
with very few endocytosis phenomena. The unique endogenous yolk synthesis in this
specie is described in detail. Cortical specialization occurs at the end of the
vitellogenesis, with the formation of cortical vesicles displaying proteoglican-like
structures, which origin and development are described in Penaeidae family for the first
time.
291
Abstract
The feeding of penaeids with polichaets is a well known and commonly used
method to induce rapid ovarian maturation in shrimp aquaculture. The finding of large
concentrations of ecdysteroids and Progesterone in the polichaets Americonuphis magna
and Nereis diversicolor support the hypothesis that these hormones are responsible for
the above mentioned accelerated ovarian maturation.
292
Bibliografia
Bibliografia
Anderson, S.L., Chang, E.S., & Clark, W.H., Jr. (1984). Timing of postvitellogenic
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