Pertubações Da Linguagem e Da Inteligência

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 20

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE BENGUELA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE SAÚDE


LICENCIATURA EM FISIOTERAPIA

TRABALHO DE PSICOPATOLOGIA

TEMA

PERTUBAÇÕES DA LINGUAGEM E DA
INTELIGÊNCIA

ELABORADO PELO GRUPO Nº 3


2º ANO
PERÍODO: NOITE

DOCENTE
______________________
LEONOR CHIRINGUTIRA

BENGUELA, 2023
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE BENGUELA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE SAÚDE
LICENCIATURA EM FISIOTERAPIA

TRABALHO DE PSICOPATOLOGIA

TEMA

PERTUBAÇÕES DA LINGUAGEM E DA
INTELIGÊNCIA

Elementos do Grupo
 Alefh S. Carlos Hisimongula
 Domingos S. Álvaro Abel
 Gizela Palmira valetino

BENGUELA, 2023

2
ÍNDICE

OBJECTIVOS..................................................................................................... 5
PERTURBAÇÃO DA LINGUAGEM .................................................................... 6
MANIFESTAÇÃO ............................................................................................ 7
SUAS CAUSAS............................................................................................... 8
DIAGNÓSTICO ............................................................................................... 8
PROGNÓSTICO ............................................................................................. 9
TRATAMENTO ............................................................................................... 9
ESTRATÉGIAS PARA PAIS E PROFESSORES.......................................... 10
A ORIGEM DO CONCEITO DE INTELIGÊNCIA E SUA RELAÇÃO COM O
CONCEITO DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL................................................ 11
PERTURBAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL .......................... 12
DEFINIÇÕES DE INTELIGÊNCIA ................................................................ 12
EPIDEMIOLOGIA.......................................................................................... 13
ETIOLOGIA ................................................................................................... 13
DIFERENÇAS ............................................................................................... 14
CLÍNICA ........................................................................................................ 14
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO? ............................................................ 15
COMO PODEM OS PAIS E PROFESSORES AJUDAR? ............................. 17
CONCLUSÃO................................................................................................... 19
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 20

3
INTRODUÇÃO

As perturbações da comunicação incluem as perturbações da


linguagem, da fala e da comunicação, três componentes que abordam
capacidades específicas no desenvolvimento da criança, englobando as
perturbações da linguagem, as perturbações do som da fala, a perturbação da
fluência com início na infância (gaguez), a perturbação da comunicação social
(pragmática), a perturbação da comunicação com outra especificação e a
perturbação da comunicação não especificada (DSM-V, 2013). Neste artigo
será abordado o conceito de Perturbações da Linguagem tendo em conta os
conceitos utilizados no âmbito desta tipologia desde os anos 80 até à
atualidade.

Os conceitos de inteligência e deficiência intelectual são complexos em


sua essência e têm sido utilizados historicamente na área da Educação
Especial, sem muitos questionamentos sobre suas origens e significados. Para
refletirmos sobre a inteligência e a deficiência intelectual, é preciso vislumbrar
que esses conceitos têm sido construídos e reconstruídos de diferentes
maneiras, por meio de modelos socioculturais em momentos históricos
específicos, e que ainda na atualidade, não há consenso entre as áreas
acadêmicas sobre eles. Por isso, é necessário observarmos suas bases e
indagá-las, a fim de compreendermos os seus usos e as suas implicações no
processo de escolarização de alunos com deficiência intelectual na
contemporaneidade. Nessa perspectiva, o objetivamos neste artigo apresentar
as origens dos conceitos de inteligência e deficiência intelectual.

4
OBJECTIVOS

Geral:

 Compreender de modo geral sobre as partubações da Linguagem e


Inteligência.

Específicos:

 Definir a pertubações da Linguagem e pertubações da Inteligência;


 Identificar as causas das pertubações da Linguagem e pertubações da
Inteligência;
 Explicar as formas de diágnosticos e tratamentos das das pertubações
da Linguagem e pertubações da Inteligência.

5
PERTURBAÇÃO DA LINGUAGEM

A perturbação da linguagem é caraterizada por uma não uniformidade


na evolução da linguagem, verificando-se grandes discrepâncias ou desajustes
em todos os níveis da linguagem.

A fala corresponde à produção expressiva de sons e inclui a


articulação, a fluência, a voz e a qualidade da ressonância de um indivíduo. A
linguagem tem a ver com a forma, a função e a utilização de um sistema
convencional de símbolos – palavras faladas, palavras escritas, linguagem
gestual ou imagens, orientadas por regras de comunicação. A comunicação
inclui todos os comportamentos verbais e não-verbais, intencionais ou não, que
influenciam o comportamento, o pensamento ou as ideias e atitudes de outro
indivíduo. Para uma correta avaliação das capacidades de fala, linguagem e
comunicação, dever-se-á ter em conta o contexto linguístico e cultural do
indivíduo, principalmente tratando-se de pessoas que se desenvolvem em
contextos bilingues ou multiculturais.

Segundo o DSM-5 a perturbação da linguagem enquadra-se nos


seguintes critérios:

1- Dificuldades persistentes na aquisição e uso da linguagem ao longo


das diversas modalidades de expressão falada, escrita, gestual. A perturbação
corresponde a dificuldades na compreensão ou produção que incluem, o
vocabulário reduzido, estrutura da frase limitada/curta e perturbações do
discurso.

2- As competências linguísticas estão abaixo do esperado para a idade


em um ou mais domínios linguísticos, resultando em limitações funcionais,
participação social, sucesso escolar e desempenho ocupacional. Estas
limitações podem ocorrer de forma individual ou combinada.

3- As perturbações da linguagem ocorrem como perturbação primária


ou coexistem com outras perturbações numa fase precoce do
desenvolvimento.

6
4- As dificuldades não podem ser atribuídas a outras perturbações,
como défices auditivos, défices sensoriais, perturbações motoras, perturbações
neurológicas, não são melhor explicadas devido ao atraso global do
desenvolvimento psicomotor ou perturbação do desenvolvimento intelectual.

MANIFESTAÇÃO

A perturbação da linguagem pode ser identificada se forem


encontradas determinadas características de diagnóstico como, dificuldades na
aquisição e uso da linguagem devido a défices na compreensão e produção de
vocabulário, estruturação frásica e discurso. Quando os défices na linguagem
são evidentes na comunicação falada, escrita ou gestual poderemos estar
perante um caso de perturbação da linguagem.

A capacidade e uso da linguagem depende tanto das capacidades


recetivas como expressivas do indivíduo. A capacidade expressiva refere-se à
produção de sinais vocais, verbais ou gestuais e a capacidade recetiva refere-
se ao processo de receber e compreender as mensagens linguísticas. Assim
sendo, as competências linguísticas têm que ser avaliadas, quer na
modalidade expressiva, quer na modalidade recetiva, uma vez que estas
podem diferir em termos de gravidade. Por exemplo, a capacidade expressiva
pode estar comprometida sem que a capacidade recetiva esteja afetada.

A perturbação da linguagem, por norma, afeta a linguagem e o


vocabulário de modo a limitar a capacidade do discurso. Na criança, o
surgimento das primeiras palavras e frases é muitas vezes atrasado, o
vocabulário é menor, menos variado do que o esperado e as frases mais
curtas, menos complexas, com erros de gramática, em especial nos tempos
verbais. Os défices da compreensão da linguagem, são frequentemente
subestimados, já que a criança pode ter boas competências na utilização do
contexto para inferir significados. Podem existir dificuldades para encontrar as
palavras, as definições verbais podem apresentar-se pobres e revelar-se difícil
a compreensão sobre sinónimos, significados múltiplos ou jogos de palavras
adequados á idade e cultura.

7
Os problemas na memorização de novas palavras e frases podem
manifestar-se através da dificuldade em seguir instruções, em repetir
sequências de informação verbal ou da dificuldade em recordar sequências
sonoras novas, habilidade que é importante para a aquisição de novas
palavras.

As dificuldades relacionadas com o discurso revelam-se através de


uma capacidade reduzida para fornecer informação adequada acerca de um
acontecimento, ou a incapacidade de narrar uma história de forma coerente.
De um modo geral, as dificuldades da linguagem manifestam-se por
capacidades substancial e quantitativamente abaixo das esperadas para a
média etária e que interferem de forma significativa no desempenho escolar,
ocupacional, relações sociais e afetivas.

SUAS CAUSAS

As causas mais comuns, associadas aos distúrbios da linguagem são


disfunções neurofisiológicas; distúrbios emocionais; déficits sensoriais (surdez
devido à infecções perinatais como sífilis, rubéola, toxoplasmose;
prematuridade e baixo peso; asfixia perinatal severa; meningite); distúrbios
orofaciais como lábio leporino, fenda palatina, má oclusão dentária; e distúrbios
neurológicos como deficiência mental, paralisia cerebral, tumores,
traumatismos e infecções.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de perturbação da linguagem é feito tendo por base a


recolha de dados sobre a história do indivíduo, a observação clínica direta em
diferentes contextos (ex. casa e escola) e pela aplicação de testes
estandardizados, adaptados e validados que avaliam as capacidades
linguísticas e que servem para estimar a gravidade do caso.

Uma história familiar de perturbações da linguagem está


frequentemente presente e mesmo quando os indivíduos (criança ou adulto) se
acomodam à sua linguagem limitada, aparentando timidez ou inibição em falar,
podemos estar perante uma perturbação deste tipo.

8
Estas pessoas podem apresentar uma clara preferência por comunicar
apenas com os membros da sua família e embora este elemento não seja
indicador de diagnóstico de perturbação da linguagem, se for notório e
persistente deverá ser alvo de uma avaliação completa.

PROGNÓSTICO

Em termos de prognóstico parece haver evidência de que as crianças


com défices na linguagem recetiva possam ter pior prognóstico do que as que
apresentam défices predominantemente expressivos. As primeiras serão mais
resistentes ao tratamento e revelam frequentemente dificuldades ao nível da
compreensão da leitura.

Quanto aos fatores de risco, destacam-se os genéticos uma vez que


este tipo de perturbação é altamente hereditária. É frequente haver uma
história familiar de perturbação da fala ou da linguagem. Estas perturbações
estão fortemente associadas a outras perturbações do Neurodesenvolvimento,
como a perturbação da aprendizagem, perturbação de hiperatividade e défice
de atenção ou perturbação do espectro do autismo, entre outras.

TRATAMENTO

O tratamento consiste essencialmente na estimulação da área da


linguagem com terapia da fala que deve incluir intervenções individuais ou
integradas na actividade diária da criança. Para uma correcta intervenção,
deve-se ter em conta as características linguísticas de cada criança e as áreas
afectadas (sem esquecer a oromotricidade).

Para além disso, a família e os professores devem adoptar estratégias


que possibilitem a manutenção da intervenção ao longo do dia. Assim, a
terapeuta deve dar orientações claras e precisas à família e docentes sobre as
estratégias a implementar em meio familiar e escolar.

9
ESTRATÉGIAS PARA PAIS E PROFESSORES

Os pais e professores devem comunicar com a criança de forma clara,


usando frases simples e curtas. Devem realizar jogos dirigidos ao domínio da
linguagem que está alterado. Por exemplo se a criança apresentar dificuldades
na fonologia, podem ser feitos jogos de identificação de sons e silabas iguais e
diferentes. Na área da morfossintaxe podem ser realizados jogos de
concordância em género e número. Para a área da semântica podem ser
realizados jogos de nomeação de imagens e categorias. Por fim na área da
pragmática podem ser realizados jogos com expressões com duplo sentido (ex:
bater na mesma tecla).

É necessário ter paciência e incentivar a criança a comunicar


mostrando mais interesse naquilo que ela faz e como faz.

10
A ORIGEM DO CONCEITO DE INTELIGÊNCIA E SUA RELAÇÃO
COM O CONCEITO DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Consideramos que cada sociedade em seu tempo próprio, além de


demandar da escola, a sistematização dos saberes produzidos em diferentes
culturas, também solicitou dos indivíduos um papel social que atendesse aos
seus interesses sóciopolíticos-econômicos e ideológicos, fossem individuais ou
coletivos, cobrando de seus usuários o retorno de que deveriam caber dentro
das teorias formuladas em cada momento histórico.

Essas teorias, nascidas das ideologias da classe dominante, foram


validadas em nome da “ciência”, que por meio de procedimentos e métodos de
análise científicos, hierarquizaram as capacidades dos indivíduos, legitimando
uma ordem social que, desde então, até os dias atuais, subjuga as
possibilidades de aprendizagem e consequentemente os papeis sociais.

Analisando, sob esse viés, podemos colocar em evidência que a


inteligência, têm sido entre os diferentes grupos socioculturais, entendida por
meio de atributos cognitivos, sociais e comportamentais que podem passar
pela necessidade de adaptação em um determinado ambiente e contexto.
Levantando essa premissa, é de valia, iniciar essa reflexão a partir da Teoria
da Evolução das Espécies de Charles Darwin (1858), que contribuiu
sobremaneira para a construção de um novo conceito de inteligência no final
do século XIX e início do século XX.

Por meio de noções como adaptação e hereditariedade, ao colocar o


Homem na escala animal e admitir explicitamente a partilha de ancestrais com
outras espécies, Darwin reconhece à inteligência humana características que,
não constituindo mais do que uma extensão das que se encontram noutras
espécies, lhe são únicas, funcionalmente significativas e, por consequência, de
valor adaptativo (Afonso, 2007, pag. 20).

11
PERTURBAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL

É basicamente uma síndrome neurodesenvolvimental (em medicina,


síndrome corresponde a um conjunto coerente de sintomas e sinais de
etiologias diversas), com início durante o período de desenvolvimento (ou seja,
de uma forma convencional, do nascimento aos dezoito anos), e que inclui um
défice cognitivo (ou seja, um défice no funcionamento intelectual) associado a
um défice no funcionamento/comportamento adaptativo, ou seja, na autonomia
do sujeito.

Os défices no comportamento adaptativo, relacionados com o Défice


Cognitivo, afectam, em um ou mais ambientes, um ou mais dos três domínios
seguintes: o domínio social; o domínio conceptual; e o domínio do
funcionamento prático. Para se poder formular o diagnóstico de PDI, três
critérios têm de estar presentes (ver caixa).

DEFINIÇÕES DE INTELIGÊNCIA

As mais divulgadas e aceites definições de inteligência têm por


contexto aquela que se considera habitualmente a primeira abordagem da
inteligência humana no quadro de uma psicologia científica: uma nova área das
ciências naturais, que veio a ser designada “psicologia diferencial” e cuja
origem, nos finais do século XIX, se liga a Sir Francis Galton.

Fortemente influenciado pelas ideias evolucionistas de Charles Darwin,


Galton assumia, para o melhor e para o pior, o papel crucial da inteligência no
processo evolutivo da espécie humana, pelo que esse conceito se ligou desde
logo, e de forma muito explícita, à noção de adaptação. Combinando as ideias
de Darwin com as do estaticista belga Quetelet (1796-1874), na sua obra de
1869 Hereditary Genius Galton propõe que o “génio” assume nas populações
humanas uma distribuição de Laplace-Gauss, a mesma que Quetelet
identificara para as variáveis antropométricas, e é transmitido hereditariamente
(Brody, 2000).

12
Abre, assim, caminho à consideração das diferenças individuais na
inteligência enquanto objecto de estudo e enquanto motor da evolução da
espécie humana. A rigidez das posições sociais que assumiu (por exemplo, a
convicção na hierarquia racial da espécie humana – Brody, 2000) evidencia,
contudo, que a inteligência ou, mais precisamente, o “génio” era entendido
como produto de um processo evolutivo da espécie, como o produto de uma
adaptação, não como parte do processo adaptativo individual.

A “inteligência enquanto adaptação” tornou-se desde então um


conceito chave que de forma mais ou menos explícita atravessou a história da
psicologia da inteligência humana, na base da investigação fundamental como
aplicada, no cerne do desenvolvimento teórico como das técnicas de avaliação
da inteligência e em resposta a necessidades e pressões sociais (Miranda,
2002, 2004b).

EPIDEMIOLOGIA

A PDI afecta, aproximadamente, 1% da população (a taxa de


prevalência da PDI está estimada entre 0,4 a 1,4%). É um importante problema
de Saúde Pública, não só pela sua elevada prevalência, mas, sobretudo, pela
extensa necessidade de suportes. Parece ser mais frequente no sexo
masculino, embora não haja uma boa concordância entre todas as casuísticas
publicadas. Parece ser mais prevalente em famílias de mais baixos
rendimentos, em zonas rurais e em países mais pobres.

ETIOLOGIA

As causas da PDI (no tempo presente, poderão ser evocadas mais de


1.000) são primariamente orgânicas (como uma doença genética) ou psico-
sociais (como uma grave privação de estimulação social ou linguística) ou, em
certos casos, devidas a uma combinação de ambas. De entre os exemplos das
causas orgânicas, que são susceptíveis de ocorrer no período pré-natal, no
período peri-natal ou no período pós-natal, podem referir-se as doenças
genéticas (anomalias de um único gene, aberrações cromossómicas, como a
trissomia 21, …), problemas surgidos durante a gravidez (como os induzidos

13
por determinados medicamentos, pelo álcool, por tóxicos, por vírus, por uma
má nutrição do feto, ...), problemas verificados durante o parto e nos primeiros
dias de vida (como as infecções, as hemorragias intra-ventriculares, ...) e
doenças contraídas nos primeiros anos de vida (como a meningite bacteriana,
a ingestão continuada de produtos com chumbo, a encefalite, a anemia por
falta de ferro, ...).

A privação psico-social, mais do que uma causa isolada de PDI, é, as


mais das vezes, agravante de uma situação orgânica pré-existente. Em cerca
de 40% dos casos não é possível estabelecer uma causa para a ocorrência de
PDI. As Perturbação do Desenvolvimento Intelectual Miguel Palha – Pediatra
do Desenvolvimento Centro de Desenvolvimento Infantil

DIFERENÇAS

Funções neurodesenvolvimentais filogeneticamente mais recentes na


espécie humana, como são exemplos a linguagem e a aprendizagem da
leitura, da escrita e da matemática, dependem fortemente de mediadores (ou
seja, de quem ensina), ao contrário do que acontece com as funções
neurodesenvolvimentais filogeneticamente mais ancestrais, como a motricidade
grosseira e, em certa medida, da cognição não-verbal, que dependem
consideravelmente menos dos mediadores. Assim, num quadro de grande
privação psico-social, são as funções mais dependentes da mediação as mais
afectadas, o que pode gerar um quadro de funcionamento cognitivo
sobreponível ao produzido pela não escolarização.

CLÍNICA

A Perturbação do Desenvolvimento Intelectual corresponde à


associação de défices na generalidade das capacidades cognitivas (défice
cognitivo ou, por outras palavras, funcionamento cognitivo ou intelectual abaixo
do segundo desvio-padrão negativo do desenvolvimento intelectual para a
idade) – Critério A do DSM-5 - a limitações no comportamento adaptativo
(grosseiramente, da funcionalidade do sujeito) em uma ou mais áreas como:

14
Comunicação, autonomia pessoal, autonomia doméstica, competências
sociais, uso de recursos comunitários, autocontrolo (respostas emocionais
adequadas em situações concretas), competências académicas, competências
no trabalho, tempos livres, saúde (como a automedicação para uma dor de
cabeça, o evitamento de excessos alimentares, ...) e segurança (como a
utilização de cinto de segurança durante o transporte automóvel ou o
atravessamento das ruas nos locais e momentos apropriados).

É caracterizada por uma eficiência intelectual significativamente inferior


à norma considerada para a idade do indivíduo, associada a limitações no seu
funcionamento em atividades do quotidiano, como sejam a comunicação,
autocuidados, socialização e aprendizagem escolar.

A PDI inicia-se no desenvolvimento da criança, do nascimento até aos


18 anos. As causas podem ser variadas e incluem erros congénitos, como
malformações no cérebro ou alterações cromossómicas, infeções,
intoxicações, traumatismos, alterações endocrinológicas, doenças
degenerativas e vasculares e alterações metabólicas. No entanto, encontrar
uma causa do défice cognitivo é difícil, sobretudo nos casos mais ligeiros.

Os indivíduos com PDI, dependendo do nível de gravidade, podem


aprender novas competências e habilidades, contudo a um ritmo mais lento
que as crianças da sua idade. Em adultos, indivíduos com PDI ligeira tendem a
ficar desempregados e dependentes de outros, devido às suas dificuldades
académicas, nomeadamente na leitura, escrita e cálculo. No geral, apresentam
dificuldades na tomada de decisões, bem como na socialização; podem
manifestar isolamento e ingenuidade no julgamento social, que pode levar a
comportamentos inconsequentes.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?

O diagnóstico é feito pelo médico, sendo o papel do psicólogo


essencial no processo de avaliação. Neste processo, o papel da família,
juntamente com o profissional, é imprescindível. São recolhidos dados junto da
família, paralelamente à aplicação de testes de inteligência. Estes testes

15
devem ser realizados em circunstâncias favoráveis, tendo em conta o estado
físico, mental e emocional da criança ou o ambiente.

Existem várias escalas que medem a inteligência, sendo a mais


conhecida a WISC (Weschler Intelligence Scale for Children), aplicada a partir
dos 6 anos e que utiliza provas verbais e não-verbais para encontrar o
quociente de inteligência.

Em crianças mais novas é utilizada a Escala de Desenvolvimento


Mental de Griffiths que fornece informações acerca do desenvolvimento das
crianças nas áreas motoras, linguagem, socialização, realização e raciocínio
prático. São ainda recolhidas informações relativamente ao funcionamento
adaptativo através, por exemplo, do questionário de Vineland.

Segundo o DSM V, o diagnóstico de pdi deve respeitar os seguintes


critérios:

Défices em funções intelectuais – A deficiência no funcionamento


intelectual é caracterizada por défices na generalidade das capacidades
cognitivas/funções intelectuais, tais como: raciocínio, resolução de problemas,
planeamento, pensamento abstrato, julgamento, aprendizagens académicas e
aprendizagens realizadas com base na experiência.

A deficiência no funcionamento Intelectual requer um défice cognitivo


de, aproximadamente, 2 ou mais desvios-padrão no quociente de inteligência
(QI), situando-se abaixo da média da população para uma pessoa da mesma
idade e grupo cultural. Normalmente, este desvio corresponde a um QI de
aproximadamente 70 ou menos.

B. Défices no funcionamento/ comportamento adaptativo – Os


défices na generalidade das capacidades cognitivas prejudicam o
funcionamento do sujeito quando comparado com uma pessoa da mesma
idade e grupo cultural, limitando e restringindo a sua participação e
desempenho em um ou mais aspetos de atividades da vida diária, tais como: a
comunicação, participação social, funcionamento escolar ou laboral, e na
independência pessoal em casa ou em ambientes comunitários.

16
Estas limitações têm, como consequência, a necessidade de um maior
ou menor apoio na escola, no trabalho ou na vida diária. Assim, para além de
uma deficiência intelectual, também é requerido um défice significativo no
funcionamento/ comportamento adaptativo.

Início durante o período do desenvolvimento - Deverá ainda ser


determinado o nível de gravidade da patologia, tendo em conta o
funcionamento da criança nos domínios conceptual, social e prático.

COMO PODEM OS PAIS E PROFESSORES AJUDAR?

As PDI ligeiras são a maioria, as que se encontram com mais


frequência nas escolas e que muitas vezes não estão diagnosticadas por se
diluírem noutras problemáticas. É ainda importante salientar que o perfil de
funcionalidade da criança ou jovem com PDI exige estratégias diferenciadas
conforme as áreas que apresenta mais fortes e as de melhoria.

Na escola, estes alunos beneficiam muitas vezes de medidas


educativas que privilegiam a promoção de competências que lhes permitam ser
o mais funcional possível.

Além disso, os professores poderão aplicar algumas das estratégias


seguintes:

 Criar oportunidades de aprendizagem que vão ao encontro dos


interesses do aluno e facilitar o sucesso na aprendizagem;
 Privilegiar a aprendizagem através de informações visuais;
 Clarificar orientações, especificando os passos necessários para
terminar as tarefas propostas (através de pistas visuais, calendários de
atividades);
 Valorizar os sucessos do aluno;
 Privilegiar a aprendizagem através da prática.

Em casa, apesar do impacto que poderá ter o diagnóstico inicial, é


importante que a família tenha consciência da importância do seu papel.

17
Para a família recomenda-se que:

 Procure manter-se informada acerca da perturbação, quais os


apoios disponíveis e direitos que lhes assiste;
 Mantenha o contacto regular com a escola;
 Promova a autonomia da criança através de, por exemplo,
pequenos recados, tarefas domésticas, entre outros;
 Incentive a socialização com pares e comunidade.

As crianças com PDI são geralmente referenciadas ao Pediatra do


Neurodesenvolvimento por preocupações em uma ou mais das seguintes
áreas: linguagem, comportamento, autonomia, motricidade e aprendizagem.

18
CONCLUSÃO

Pertubações da Linguagem é a presença de dificuldades persistentes na


aquisição e uso da linguagem (falada, escrita e gestual), devido a défices na
compreensão ou produção de vocabulário, estrutura frásica e discurso

Os distúrbios de linguagem, assim como outros distúrbios de


aprendizagem, não são considerados doença. Tratam-se de dificuldades que
podem ser contornadas com acompanhamento adequado, direcionado às
condições de cada caso. A dislexia, a disgrafia e disortografia são alguns dos
distúrbios de linguagem mais freqüentes

A Perturbação do desenvolvimento intelectual (PDI) é uma desordem


do desenvolvimento neuronal que afeta o SNC, estando, por isso, associada a
limitações na expressão verbal (linguagem) e física (motricidade), na
autonomia, no comportamento (como socializar) e na aprendizagem.

Estas incapacidades intelectuais, que podem ocorrer desde o


nascimento até aos 18 anos, podem ser classificadas como ligeiras,
moderadas ou graves, dependendo do grau de perturbação de
desenvolvimento e cognitivo.

19
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

https://www.researchgate.net/publication/337559156_OS_CONCEITOS
_DE_INTELIGENCIA_E_DE_DEFICIENCIA_INTELECTUAL_AS_MESMAS_O
RIGENS

https://www.itad.pt/perturbacao-da-linguagem/

MENEZES, Ebenezer Takuno de. Verbete distúrbios de linguagem.


Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix
Editora, 2001. Disponível em <https://www.educabrasil.com.br/disturbios-de-
linguagem/>. Acesso em 03 nov 2023.

https://gracindapsi.com/2021/04/23/perturbacao-da-linguagem/

https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/74659/1/Perturba%
C3%A7%C3%B5es%20da%20linguagem%20-
%20Anabela%20Cruz%20Santos.pdf

https://pedipedia.org/artigo-profissional/perturbacao-do-
desenvolvimento-da-linguagem

https://diferencas.net/wpdif/docs/perturbacao_desenvolvimento_intelect
ual.pdf

20

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy