Resumo de Filosofia - Teste 3, 2023

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Ética, Direito e Política

● Ética, direito e política são campos que se entrelaçam, mas que não devem ser
confundidos. A afinidade entre eles reside no facto de todos se encontrarem
diretamente relacionados com o agir humano norteado por valores e pela
natureza convivencial da nossa experiência.

● Ética: reflexão teórica sobre os princípios ou fundamentos que nos permitem


avaliar o efetivo valor de bondade ou de justiça que caracterizam uma norma
estabelecida. É a maneira de estar ou de ser. Princípios fundamentais que orientam a
ação humana.

● Direito: Visa regular jurídica e legalmente os conflitos de interesses inerentes à


vida em sociedade. Surge associado quer à ideia de justiça, quer à noção de que se
vive numa sociedade com sentido. O direito é essencial no regulamento das
condutas humanas sociais e no estabelecimento de laços de confiança entre os
membros das diferentes sociedades. Ao contrário da Ética, o respeito pelas normas
jurídicas é imposto coercivamente a todos os membros pela própria sociedade
(coerção externa). O Direito assume, então, uma função reguladora dos conflitos
entre os indivíduos, e o cumprimento das normas jurídicas é garantido pela existência
de sanções.

● Política: reflexão sobre as leis e a natureza convivencial das instituições. Reflexão


sobre a nossa cidadania. É uma forma de enquadramento das relações sociais,
propondo-se a organizar, gerir e disciplinar globalmente todos os aspetos da vida
social de uma comunidade em função de fins considerados ideais, com vista à
realização do bem-estar coletivo.
- O termo política teve origem na palavra grega polis (cidade-estado), isto é, o
local onde uma comunidade vive de forma organizada e ordenada segundo
códigos e leis próprias, harmonizando interesses e possibilitando a realização
de cada um como ser humano.

A Política e o Direito surgem da necessidade de harmonizar os interesses individuais e


coletivos de forma não violenta, estabelecendo uma convivência pacífica e justa para que
haja uma efetiva paz e ordem social.

Liberdade e justiça social


● Justiça: corresponde a um equilíbrio da liberdade individual com a solidariedade
social, isto é, à articulação do bem comum numa comunidade com o interesse dos
indivíduos particulares. Isto pressupõe o estabelecimento de critérios de ordem que
estabeleçam a harmonia entre todos os indivíduos. Tem como objetivo a atribuição a
cada um do que é seu direito, segundo um critério de igualdade.
- Este critério de igualdade, que pode ser expresso pela máxima “a lei deve ser
a mesma para todos” implica também a equidade, isto é, “a lei deve
reconhecer a cada um aquilo que lhe é devido.”

Não basta que os indivíduos sejam reconhecidos como iguais perante a lei, é necessário criar
as condições que garantam um conjunto básico de direitos ao nível da educação, da saúde
e da segurança social, permitindo a efetiva igualdade de oportunidades.

John Rawls
● Liberalismo: doutrina baseada na defesa da liberdade individual, nos campos
económico, político, religioso e intelectual, contra as ingerências e atitudes coercitivas
do poder do Estado.

● Rawls condena como injustas não apenas a discriminação racial, sexual e religiosa,
mas também as desigualdades económicas e sociais, e propõe um novo paradigma
para a justiça em oposição à supremacia do utilitarismo ético.

● Crítica ao utilitarismo: uma das razões prende-se à necessidade ético-política


incondicional dos direitos e das liberdades individuais, ligados à pessoa. Rawls
declara a impossibilidade do utilitarismo fornecer uma análise satisfatória dos direitos
e das liberdades de base dos cidadãos enquanto pessoas livres e iguais, o que, no seu
entender, é uma exigência absolutamente prioritária.

● Para John Rawls, uma sociedade só será justa na medida em que confirme a
inviolabilidade dos direitos do indivíduo enquanto pessoa (influência de Kant) e
proporcione, através da cooperação de todos, o máximo possível de vantagens
mútuas.

● Ao contrário dos utilitaristas, que priorizam a felicidade máxima do maior número de


pessoas, Rawls coloca em primeiro lugar o bem-estar individual. O homem existe
como fim em si, e não simplesmente como meio, de onde se extrai o valor absoluto da
dignidade da pessoa (verificando-se, aqui, e mais uma vez, a influência da ética
kantiana). Cada pessoa possui direitos inalienáveis que não podem ser
transacionados em troca do bem-estar da sociedade.
● Princípios da justiça de John Rawls
- Princípio da igual liberdade para todos: a sociedade deve assegurar a máxima
liberdade para cada pessoa compatível com uma liberdade igual para
todos os outros, assegurando e protegendo os direitos fundamentais dos
indivíduos e as suas liberdades básicas.
- Princípio da diferença: deve ser respeitado o fato de todos os indivíduos
serem diferentes, possuindo algumas características naturais que os colocam
em situação de desigualdade. Estabelece que é prioritário garantir uma
igualdade de oportunidades a nível do acesso a funções, distribuição de
recursos, etc.

● Posição original: recorre-se à posição original para que a justiça seja viável. Trata-se
de um recurso hipotético meramente fictício, sem uma localização espacial e
temporal concreta: a posição original, onde os princípios da justiça são escolhidos sob
um “véu de ignorância”.

● Véu da ignorância: Sob o véu da ignorância, os parceiros são realmente considerados


como cidadãos. Eles devem ignorar o seu lugar na sociedade, a sua posição
económica e estatuto social, os seus talentos e capacidades, a sua raça, sexo ou
religião. O objetivo é impedir a constituição de interesses e vantagens pessoais, razão
pela qual as circunstâncias particulares são abstraídas, devendo a escolha dos
princípios de justiça ser feita com total imparcialidade.

A perspectiva fenomenológica do
conhecimento
● O conhecimento apresenta-se como uma correlação entre dois elementos, um sujeito
que conhece (consciência cognoscente) e um objeto que é conhecido, que se
condicionam reciprocamente (relação de interdependência), ou seja, o sujeito só é
sujeito em relação a um objeto e o objeto só é objeto em relação a um sujeito.

● O sujeito tem como única função apreender, e o objeto, deixar-se ser apreendido.
Sujeito e objeto são duas realidades distintas, que permanecem, apesar da sua relação,
eternamente separadas uma da outra.

● A relação constitutiva do conhecimento é dupla, mas não é reversível. O facto de


desempenhar o papel de sujeito em relação a um objeto é diferente do facto de
desempenhar o papel de objeto em relação a um sujeito.
● Apreender o objeto não significa fazê-lo entrar no sujeito, mas sim reproduzir neste
as determinações do objeto numa construção que terá um conteúdo idêntico ao do
objeto. No objeto nada de novo foi criado; mas no sujeito nasce a consciência do
objeto com o seu conteúdo, a imagem do objeto.

● A imagem ou representação do objeto pelo sujeito é objetiva, na medida em que


contém as propriedades ou características do objeto. Mas a imagem não é o objeto,
porque a imagem é imanente ao sujeito e o objeto é-lhe transcendente. Ela é o
resultado do ato de conhecer.

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