Manual de Nutrição Da Lactante

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Manual de

Nutrição da

Lactante
Introdução
Durante a gravidez a mulher tem que se alimentar bem para evitar
doenças e garantir o desenvolvimento saudável do bebê, e no pós
parto, durante a amamentação, os cuidados são os mesmos.
Durante o período de amamentação, o organismo prioriza a produção
de leite por isso é necessário que tenha uma alimentação saudável para
que o corpo não vá atrás das reservas de nutrientes. Nesse momento
não se deve pensar em dietas para emagrecimento, importante ressaltar
que é preciso priorizar o bem estar do bebê e da mulher.
A exigência de nutrientes durante a lactação é maior do que durante
a gestação, sendo necessário repor esses nutrientes por meio da
alimentação
A amamentação é um possível fator que ajuda a mulher a ganhar peso
após a gravidez, isso porque a produção de leite aumenta o consumo
calórico das mães o que faz com que as mulheres neste período sintam
mais fome.

Mas e como ocorre o corpo produz o leite?


Durante a gestação os níveis de vários hormônios aumentam, após o
parto com a remoção da placenta os níveis desses hormônios
diminuem, com exceção da prolactina, que é o hormônio que contribui
para a produção de leite. O leite é produzido na própria glândula
mamária.
Durante a amamentação é necessário que a mulher esteja bem
hidratada, também é necessário evitar ou reduzir o consumo de
bebidas com cafeína, pois além de passar essa substância para o bebê
através do leite, a cafeína é diurética, podendo a deixar desidratada. É
necessário que também seja evitado alimentos muito processados
dando prioridades aos alimentos mais naturais.
“ A produção de leite é afetada
negativamente por dietas que
visam a perda de peso e estresse
materno.

Nutrição
É fundamental que as mães em período de amamentação façam uso
de uma dieta equilibrada que contenham em sua alimentação todos os
nutrientes essenciais em quantidades e porções adequadas, além de
adotar um estilo de vida mais saudável, que inclua a prática de
atividades físicas, sono adequado, saúde emocional, controle do
estresse, bem como o uso moderado de álcool e o abandono de
cigarros. O conjunto desses fatores promove o bem-estar e a prevenção
de doenças.
A presença de macro e micronutrientes na alimentação da lactante
torna-se mais importante durante o período de amamentação do que
na gestação, para fazer a reposição dessas substâncias que foram
dispersadas através do leito materno em funcionamento de nutrição do
bebê. Portanto, é imprescindível a ingesta da maior parte dos
nutrientes durante a fase de amamentação, de forma a privilegiar uma
dieta que tenha em sua base o consumo de alimentos naturais evitando
assim produtos processados e industrializados que não oferecem valor
nutricional para a mãe e seu bebê.
Afinal, quais nutrientes precisam compor uma dieta balanceada e
equilibrada?
Proteínas
É recomendado a ingesta de alimentos ricos em proteínas, no entanto,
não de forma excessiva. Nos primeiros 6 meses da amamentação
recomenda-se um adicional de 15 gramas, totalizando uma ingesta de
65 g/dia, nos 6 meses seguintes. A recomendação é que caia para 10
gramas, chegando a um total de 62g/dia. Tendo em vista que a
alimentação hoje já é hiperproteica, em muitos casos não há
necessidade de aumentar o consumo de proteínas.
Quais alimentos são considerados proteicos?
Carnes, aves, peixes, ovos, produtos lácteos, leguminosas, grãos,
sementes.

Ômega 3 e 6
Uma vez que nós não produzimos ômega 3 e 6, a ingesta por meio de
alimentos se faz necessário para garantir esses ácidos graxos, visto que
esses ácidos são importantes para formação neurológica, física e visual
dos recém nascidos. Recomenda-se que diariamente seja consumido
13g de ômega 6 e 1,3g de ômega 3. Tais ácidos graxos podem ser
encontrados em fontes alimentares como:
Ômega 6: carnes, aves, peixes, ovos, produtos lácteos, leguminosas,
grãos, sementes castanhas, óleos vegetais (milho, girassol, soja);
Ácido araquidônico: aves
Ômega 3: óleo de peixe, peixe gorduroso, óleo de semente de linhaça,
castanhas (por exemplo, nozes)
Carboidratos
Considerado um dos principais nutrientes para fonte de energia, os
carboidratos se fazem necessários na alimentação, visto que há um
gasto de energia para produção do leite materno, o consumo de
carboidratos fornecerá mais energia e disposição para as mães. A
recomendação indicada desse nutriente é de 210g/dia e pode ser
encontrado em alimentos como legumes ricos em amido, grãos,
açúcares.

Folato
O Ácido Fólico é importante para o desenvolvimento e crescimento
do corpo humano além de dá estabilidade e manutenção do material
genético, previne doenças, e reduz risco de defeitos no fechamento do
tubo neural. A recomendação de ingestão diária é de 600 µg
(microgramas) e pode ser encontrado em alimentos como fígado,
extrato de levedura, vegetais de folhas verdes, leguminosas, frutas
cítricas, alimentos fortificados.

Vitamina B12
A vitamina B12 é muito importante para o bom funcionamento do
corpo, principalmente na formação dos glóbulos vermelhos. A
deficiência dessa vitamina na alimentação principalmente de lactantes
pode ocasionar anemia, fraqueza, dentro outros. Recomenda-se a
ingestão de 2,8 microgramas/dia e pode ser encontrado em
leite/produtos lácteos, carne (especialmente fígado), aves, peixes e
ovos.

Vitamina A
A carência de vitamina A, pode causar na lactante cegueira noturna
o que contribui para um risco significativo de cinco vezes a morte
materna nos dois primeiros anos de vida pós-parto. Também existe
uma predisposição à complicações gestacionais como aborto
espontâneo, anemia, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, náuseas, vômitos, falta
de apetite e infecções do trato urinário, reprodutivo e gastrointestinal.
É possível encontrar a vitamina A em, óleo de fígado de peixe carnes
e produtos de origem animal, como fígado, rins, ovos e laticínios
hortaliças escuras ou amarelo alaranjadas, como cenoura, tomate e
abóbora

Vitamina B6
A vitamina B6 desenvolve múltiplas funções enzimáticas por atuar
no metabolismo proteico. Além disso, atua ainda no sistema nervoso
através da produção de neurotransmissores, A recomendação para
vitamina B6 é de 2,0mg/dia e pode ser encontrado em aves, peixes
(especialmente atum), carnes, legumes, batatas e outros vegetais ricos
em amido, frutas não cítricas, castanhas e sementes.

Iodo
O iodo é muito necessário no leite materno para otimizar a função da
tireoide e o desenvolvimento neurológico do lactente. O iodo fica
concentrado no leite materno e sua origem vem dos estoques da mãe,
ela precisa estar nutrida desse nutriente, por isso a ingestão diária é de
adicional de 50 a 70 g além dos 200 a 220 g necessários no período da
gestação, para proteger contra a deficiência materna. A maioria das
mulheres que utilizam sal iodado apresentam níveis de iodo aceitáveis
para o período da lactação e não necessitam de suplementação, mas
em países onde a iodização do sal não foi implementada é preciso
avaliar a necessidade de suplementação desde o início da gestação.
Porém, deve haver um equilíbrio desse nutriente, o excesso de iodo
também pode trazer consequências ruins que incluem hipertireoidismo
e tireoidite autoimune.
A suplementação recomendada: gestantes e lactantes: 150
microgramas por dia
As fontes naturais de iodo são as ostras, moluscos e outros mariscos,
peixes de água salgada e algas marinhas leite e ovos oriundos de
animais que tenham pastado em solos ricos desse nutriente.

Vitamina D
É importante durante a gestação e lactação o recebimento de vitamina
D, a fonte principal dessa vitamina é sol, mas devido aos problemas
de pele ele pode ser suplementado. A vitamina D é importante pois
previne a possibilidade de abortamento de repetição, pré-eclâmpsia,
DMG (Diabetes Mellitos Gestacional), depressão ante-natal e pós-
natal, além de prevenir o risco de PIG e baixo peso no bebê ao nascer.
Alimentos com concentrações significativas dessa vitamina são o
óleo de fígado de bacalhau, e os peixes gordurosos, como salmão
selvagem, arenque e cavala.

Ferro
O ferro é um nutriente muito importante para a nutrição materno-
infantil, a sua falta está relacionada a anemia. A suplementação de
ferro na gestação geralmente é recomendada, mesmo na ausência de
anemia, para que se possa ter um aumento desse mineral durante os
dois últimos trimestres gestacionais. Essa necessidade acontece
devido à dificuldade de atendimento das necessidades de ferro serem
atingidas somente pela ingestão dietética, principalmente em países
em desenvolvimento, onde o padrão alimentar apresenta baixa
disponibilidade desse oligoelemento. Na lactante a deficiência de ferro
pode causar anemia.
O ferro heme pode ser encontrado em carnes. O ferro não heme pode
ser encontrado em alimentos de origem não animal e vegetal além de
grãos fortificados.
Cálcio
Mães em lactação costumam perder um bom percentual de cálcio
através da amamentação podendo até mesmo causar a redução de
cálcio nos ossos. Por isso uma alimentação que contenha cálcio se faz
necessário nesse período. A ingesta consiste em 1.000- 1.300 mg por
dia e pode ser encontrada em laticínios, tofu, sardinha, feijão, couve
chinesa, laranja, figo, couve, brócolis.

Selênio
O selênio é um poderoso antioxidante e ajuda a prevenir doenças,
atua também no fortalecimento do sistema imunológico. Tal nutriente
pode ser encontrado em alimentos vegetais (por exemplo, trigo)
cultivados em solo rico em selênio; animais alimentados com plantas
ricas em selênio e sua recomendação é de 70 microgramas/dia

Zinco
A má nutrição na gravidez pode levar a uma divisão inapropriada de
nutrientes entre mãe e feto, acarretando prejuízos à saúde de ambos e
inibição do crescimento.
O zinco é abundante em carnes vermelhas, alguns frutos do mar
(ostras) e grãos integrais, pode ser encontrado em menores
concentrações em ovos, produtos lácteos e grãos moídos.

Algumas orientações alimentares


Gestantes e lactantes devem aumentar o consumo de pescados nessas
fases, especialmente das espécies ricas em ômega 3, limitando a
ingestão de espécies com maiores riscos de intoxicação por metais
pesados. A recomendação é consumir pelo menos 2 a 3 porções por
semana de pescados ricos em ômega 3. No Brasil, onde sabidamente
existe uma ingestão inadequada desse nutriente, e nos casos em que
haja dificuldade em se avaliar precisamente o consumo de lipídeos
essenciais, como o DHA, a equipe assistente e o médico poderão
prescrever a suplementação.
Mitos X verdades
Muitas vezes as mulheres que estão amamentando recebem
conselhos de diversas pessoas dando dicas de como melhorar o
aproveitamento do momento ou como “melhorar” a qualidade do
leite. A seguir veremos algumas perguntas e respostas para algumas
dessas dicas.
Conclusão
É necessária uma boa alimentação em todos os estágios da vida,
porém, no caso da amamentação, os cuidados com a alimentação
devem ser redobrados para o bem estar do bebê e da mãe,
principalmente. É de importância que a mulher que vá passar por tais
fases tenha informações básicas sobre o assunto para que no futuro não
tenham algum problema relacionado à falta de nutrientes. Por isso,
recomenda-se ter um acompanhamento médico e nutricional para que
as lactantes tenham uma ingesta adequada com macro e
micronutrientes que se fazem essenciais na sua alimentação, sem a
intenção de uma dieta emagrecedora, já que esse é o momento da vida
em que há bastante gasto calórico devido a produção do leite materno,
atentando por evitar produtos industrializados, além disso, a prática de
exercícios físicos é uma ferramenta capaz de auxiliar na promoção do
bem estar e na qualidade de vida.
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