Livro Residuosimpactosambientais 2019
Livro Residuosimpactosambientais 2019
Livro Residuosimpactosambientais 2019
Resíduos sólidos:
Impactos ambientais
e inovações tecnológicas
2019
Resíduos sólidos:
Impactos ambientais e inovações tecnológicas
Gampe/UFRPE
Recife, 2019
1ª edição
1
Copyright © 2019 – Grupo Gestão Ambiental de Pernambuco – Gampe/UFRPE
Design: Editora da Universidade Federal Rural de Pernambuco - Edurfpe
Inclui referências.
ISBN: 978-85-7946-337-2
CDD 628
Apoio: A presente edição foi viabilizada através do apoio institucional da Editora da UFRPE e do VII
Encontro Pernambucano de Resíduos Sólidos e do V Congresso Brasileiro de Resíduos Sólidos – Epersol
2
COMISSÃO ORGANIZADORA TÉCNICO-CIENTÍFICA
Ana Paula Lima Pacheco UFPE Kátia Cristina Silva de Freitas UFRPE
IFPE-Cabo de Santo
André Luiz Nunes Ferreira Leci Martins Menezes Reis IFRN
Agostinho
Andressa Ribeiro de
Uninassau Liliana Garcia Silva IFTO
Queiroz
3
Elen Beatriz Acordi Patrícia Carla Barbosa FTC Salvador –
UFRJ
Vasques Pacheco Pimentel BA
Emília Rahnemay
UPE Regia Lucia Lopes IFRN
Kohlman Rabbani
Gregori da Encarnação
UFMA Simone Ferreira Teixeira UPE
Ferrão
José Ferreira Lima Júnior UFCG Zélia Maria Pimentel Nunes UFPA
4
Sumário
Sumário
IMPACTOS, INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS: A CONSTRUÇÃO DO CONGRESSO 8
BRASILEIRO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
17
Capítulo 1. Impactos Ambientais
18
1.1. RESÍDUOS SÓLIDOS VERSUS DESASTRES URBANOS: ALGUNS APORTES TEÓRICOS
1.2. AVALIAÇÃO DE ÁREA ATINGIDA POR BTEX: POSSÍVEIS IMPACTOS AO MEIO
31
AMBIENTE E À SAÚDE PÚBLICA
1.3. IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA DUPLICAÇÃO DA RODOVIA AL-145 NO
44
MUNICIPIO DE DELMIRO GOUVEIA-AL
1.4. CARACTERIZAÇÃO E BIODISPONIBILIDADE DE METAIS NO MANGUE DA FOZ DO
53
RIO MEIRIM, MACEIÓ-AL
1.5. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: UM RISCO PARA AVIAÇÃO BRASILEIRA 63
1.6. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL POR RESIDUOS SOLIDOS EM APP DO RIO DAS BOMBAS,
72
JOÃO PESSOA – PB
1.7. ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS POR RESÍDUOS SÓLIDOS NUMA
84
ENCOSTA NO MUNÍCIPIO DE RECIFE–PE
1.8. ABORDAGEM QUALITATIVA DA SUSCETIBILIDADE AMBIENTAL DOS RECURSOS
94
HÍDRICOS EM PEREIRO – CE
1.9. POLUIÇÃO NO CÓRREGO DO BAIRRO ALDEIA EM CHAPADINHA – MA 106
116
Capítulo 2. Inovações
5
3.3. PRODUTOS QUÍMICOS, MANUSEIO E DESCARTE: A EXPERIÊNCIA DOS
254
LABORATÓRIOS DO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA DA UFRPE
3.4. REMOÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS POR BIOMASSA MISTA DE Aspergillus niger E
264
CASCA DE LARANJA (Citrussinensis l. Osbeck)
3.5. PROPOSTAS DE DESTINAÇÃO FINAL DE LODO PROVENIENTE DE ESTAÇÃO DE
276
TRATAMENTO DE ÁGUA
3.6. ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO DE BIOGÁS NA REGIÃO NORDESTE; ANÁLISE
286
ENERGÉTICA DA BIODIGESTÃO DE DEJETOS ANIMAIS
3.7. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: ESTUDO DE CASO EM
296
UMA MATERNIDADE NO MUNICÍPIO DE PAU DOS FERROS – RN
3.8. GERAÇÃO DE BIOGÁS ATRAVÉS DA BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE LODO DE UMA
310
INDÚSTRIA CERVEJEIRA
340
Capítulo 4. Resíduo de construção civil
6
6.2. GERAÇÃO DE ENERGIA DOS RESÍDUOS DA ARBORIZAÇÃO URBANA DE JOÃO
524
PESSOA: UMA ESTRATÉGIA DE MDL
6.3. PEGADA DE CARBONO DA GERAÇÃO DE ELETRICIDADE COM BAGAÇO DE CANA-
538
DE-AÇÚCAR NA USINA SUCROALCOOLEIRA
6.4. ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA ATIVIDADE ENZIMÁTICA
RECUPERADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO BENEFICIAMENTO DO PESCADO EM 547
MACEIÓ - AL
557
DOS ORGANIZADORES
7
IMPACTOS, INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS: A
CONSTRUÇÃO DO CONGRESSO BRASILEIRO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS
RESUMO
8
BREVE HISTÓRICO
400
347
350
300 263
248
Participantes (n.)
250 222
200
150 132
100 68
52
50
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Junto ao crescente interesse no tema, a partir de 2013, ano inicial da submissão de artigos
científicos, ocorre uma elevação da quantidade até o ano de 2017, ocorrendo uma diminuição do
numerário face a inserção de critérios mais rigorosos no edital para os escritos (Figura 2). Os
artigos aprovados e apresentados no Epersol estão registrados em ebooks, disponíveis no site da
Universidade Federal Rural de Pernambuco (www.ufrpe.br ), como no site do Epersol
(www.epersol.br ).
9
Figura 2. Quantificação dos artigos submetidos e aprovados no Epersol desde 2012 até 2018
160
142
140 129
117
120 105
100
Artigos (n.)
80 70
64
60 48 43 53 50
37 32
40
20
0 0
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
artigos submetidos artigos aprovados
O presente ebook contém os artigos científicos da edição de 2018 do Epersol, que versam
sobre Resíduos sólidos: impactos ambientais e inovações tecnológicas, onde você encontrará
assuntos diversos que poderão auxiliar na elevação do seu conhecimento sobre o assunto.
Inscrições sustentáveis
10
Desenvolvimento do aplicativo Epersol
Nas últimas décadas, com o advento da crescente urbanização, da mudança do estilo de vida
dos indivíduos, do aumento populacional e do desenvolvimento econômico, a quantidade de
resíduos sólidos aumenta de forma acelerada e sem controle, ocasionando diversos malefícios
para a saúde humana e para o meio ambiente (ANTHRAPER et al., 2018; WANG et al., 2018).
A ausência da gestão de resíduos sólidos é fator determinante dos impactos ambientais em
diferentes escalas.
Impactos ambientais
O tema impactos ambientais advindos da disposição inadequada dos resíduos sólidos está
sob discussão no capítulo. O despejo em não conformidade com a legislação e boas práticas de
resíduos sólidos causa alterações negativas no solo, na água e no ar. A contaminação e a poluição
dos recursos hídricos estão afetando, diretamente, os recursos naturais e a saúde humana, visto
que o consumo de água contaminada é uma das principais causas de mortalidade no mundo
(MOR; KHAIWAL, 2018; PEREZ-SAEZ et al., 2017). A depender do desenvolvimento
econômico do país ou da região sob análise, a fração orgânica na composição dos resíduos sólidos
tende ser maior ou menor. O lixiviado produzido pela decomposição desses materiais dispõe de
substâncias que alteram os padrões da água (MAGESWARI et al., 2017).
11
Contaminação e poluição do solo, da água, da atmosfera; dispersão de materiais que podem
ou não ser recicláveis, e proliferação de vetores que podem causar danos à saúde humana são
alguns exemplos que ocorrem com o descarte inadequado de resíduos (VALENTE et al., 2016).A
construção de uma rodovia, por exemplo, potencializa os processos erosivos, a emissão de
material particulado e o aumento da geração de resíduos da própria construção (REZENDE;
ALVEZ-COELHO, 2015).
Além desses assuntos elencados, este capítulo corrobora para a discussão de áreas
contaminadas que necessitam de pesquisas, dadas as consequências dos passivos ambientais que
estas propiciam. Por fim, a incidência de colisões entre aves e aeronaves pode ser acentuada
devido à matéria orgânica presente nos resíduos, visto que isto atrai animais.
A discussão sobre os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água também está nessa
divisão do livro, já que estes podem ser processados de diferentes formas para uma destinação
ambientalmente correta. Isto não sendo possível, o aterro sanitário é a área mais adequada para
tal destinação final com a diminuição dos impactos ambientais.
Inovações
Os desafios para as inovações tecnológicas, no que concerne aos resíduos sólidos, são
diversos, sendo discutidos no quarto capítulo. Desta forma, a adoção de técnicas de inovações
ambientais precisa estar associada à resolução de problemas que envolvem o descarte
ambientalmente inadequado de resíduos sólidos, além de buscarem aumentar a eficiência dos
processos produtivos, para diminuição da geração desses materiais (OYAKE-OMBIS; VAN-
VLIET; MOL, 2015).
Tecnologia
Com a elevada geração de resíduos sólidos nas últimas décadas, vários esforços surgiram para
o desenvolvimento de tecnologias que diminuíssem o volume gerado de resíduos, bem como
mitigar os impactos ambientais negativos (CHEN et al., 2018). Nos países em desenvolvimento,
12
os processos para o gerenciamento de resíduos sólidos, no que diz respeito à coleta, o transporte,
o tratamento e a eliminação, possuem tecnologias incipientes, em comparação às nações
desenvolvidas. A temática tecnologia é o centro das discussões do quinto capítulo.
As tecnologias utilizam esses materiais para fabricar diferentes subprodutos, tais como
energia, biocombustíveis, dentre outros (MOYA et al., 2017). Dessa maneira, existe a urgência
de discussão das tecnologias adequadas aplicadas aos resíduos sólidos, visando métodos mais
eficientes e adequados a cada caso e etapa específica. A utilização de Sistema de Posicionamento
Global – GPS e de SIG são exemplos de ferramentais atuais que estão sendo usadas (SOUZA-
MILARÉ et al., 2017).
Sendo assim, neste capítulo serão abordadas temáticas que envolvem o uso de tecnologias na
transformação dos resíduos sólidos, buscando a diminuição do volume destes na superfície
terrestre, a mitigação das alterações ambientais negativas e o aumento do tempo de vida útil do
aterro sanitário. Nesta perspectiva, o reaproveitamento do gesso para fins agrícolas mostra-se
como uma forma eficaz de correção da acidez do solo. Ademais, o debate sobre as tecnologias de
reaproveitamento dos materiais descartados de construções e de demolições também foram
pertinentes nesta seção, com o foco na produção de novas matérias primas. As soluções para os
resíduos sólidos são variadas, onde as tecnologias atuais se mostram fundamentais em todas as
etapas de gerenciamento. Outrossim, os metais pesados e as consequências destes nos recursos
hídricos, bem como a problemática da poluição, também foram analisados.
Com a expansão da urbanização e a existência de metrópoles que crescem cada vez mais, a
quantidade de resíduos, tanto da construção quanto da demolição de edifícios, aumenta de forma
significativa (JIN; YUAN; CHEN, 2018). Devido o grande volume gerado, este tipo de resíduo
requer uma atenção especial, em razão de o mesmo ter elevado potencial de degradar uma
determinada área (DUAN; LI, 2016), sendo o objeto do capítulo três.
Nesta lógica, o capítulo aponta a busca por tecnologias inovadoras para incorporação desses
tipos de resíduos novamente na cadeia produtiva, com o intuito do reaproveitamento, da
reciclagem e do tratamento; a elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil – PGRCC, estimando a quantidade e classificando os resíduos dessa atividade, bem como a
sugestão de ações de manuseio desses materiais; a avaliação dos impactos ambientais ocasionados
pela deposição irregular desses resíduos sólidos, devido o consumo dos recursos naturais para a
produção dos materiais usados na construção civil, além do mapeamento das irregularidades
causadas pelas construtoras, visto os impactos nos meios bióticos e abióticos que foram causados,
buscando um monitoramento mais adequado e mitigação destes.
Óleos e derivados
A gestão de resíduos de óleo é de suma importância para preservar o meio ambiente e precisa
envolver os fatores de lançamento desses tipos de matérias e semelhantes, as táticas de prevenção
e de conscientização e os métodos de potencial utilização dos mesmos em vários processos
produtivos (WALLACE et al., 2017), temática discutida no sétimo capítulo. Os resíduos líquidos
podem causa inúmeros impactos ambientais nos ecossistemas. Por isso, ações que envolva a
reciclagem destes se fazem necessárias (HAJJARI et al., 2017).
Resíduos orgânicos
Nesta ideologia, o capítulo trata sobre a problemática e as soluções para o gerenciamento dos
resíduos sólidos orgânicos, dada a grande quantidade produzida no Brasil, bem como as alterações
negativas ou positivas que estes podem proporcionar para o meio ambiente. A geração de energia
se mostra viável para mitigar esses impactos negativos e impulsionar o desenvolvimento
econômico. Enfim, a utilização de instrumentos, como a pegada de carbono, no processo de
cogeração de energia elétrica por meio do reaproveitamento de resíduos da agricultura também
foram discutidas nessa seção. Neste sentido, os artigos apresentados neste ebook estão focados
para a discussão dos impactos, sendo uma forma de se aprofundar nestas temáticas.
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14
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energy recovery by using waste-to-energy technologies. Energy Procedia, v. 134, p. 286-295, 2017.
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challenges. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 96, p. 64-75, 2018.
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innovations in plastic production and solid waste. Habitat International, v. 48, p. 188-197, 2015.
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prediction of river network ephemerality and its relevance for waterborne disease
epidemiology. Advances in Water Resources, v. 110, p. 263-278, 2017.
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município de Pelotas/RS: Um olhar fotográfico. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia
Ambiental, v. 20, n. 1, p. 97-104, 2016.
WALLACE, T.; GIBBONS, D.; DWYER, M.; CURRAN, T. International evolution of fat, oil and grease
(FOG) waste management–a review. Journal of Environmental Management, v. 187, p. 424-435, 2017.
WANG, F.; CHENG, Z.; REISNER, A.; LIU, Y. Compliance with household solid waste management in
rural villages in developing countries. Journal of Cleaner Production, v. 202, p. 293-298, 2018.
16
Capítulo 1. Impactos Ambientais
17
1.1. RESÍDUOS SÓLIDOS VERSUS DESASTRES
URBANOS: ALGUNS APORTES TEÓRICOS
RESUMO
A temática sobre resíduos sólidos passou a ser discutida em razão do estilo de vida artificial e
degradador dos recursos naturais, que tem causado o agravamento dos problemas e dos desastres
ambientais já existentes no ambiente urbano, malefício resultante do aumento e da má disposição
de resíduos. Existem lacunas na literatura quanto à inclusão dos problemas da má gestão de
resíduos sólidos como uma das causas dos atuais desastres urbanos. O estudo procurou
sistematizar uma revisão de literatura, estabelecendo um breve panorama das publicações
científicas difundidas em diferentes veículos espalhados pelo mundo que abordam os resíduos
sólidos como um dos meios que também têm influência nos desastres urbanos atuais. Para tanto,
realizaram-se buscas nas bases de dados ScienceDirect e Scopus. As publicações selecionadas
resultaram de alguns critérios: ano de publicação, fase do desastre em que o resíduo é produzido
e enfoque do estudo. Foram localizadas 135 publicações, no total. Destas, 18 publicações foram
analisadas quanto à fase do desastre em que ocorreu o estudo, quanto ao tipo de desastre abordado,
quanto à localidade da pesquisa e quanto ao tipo de estudo realizado. Dessas publicações, nove
tiveram foco na prevenção de desastres, duas não deixaram claro se houve um desastre precursor
e sete tiveram como motivação da pesquisa a ocorrência de um desastre. Em suma, os estudos
mostraram a importância da adoção de ações preventivas para contribuir com o aumento da
resiliência das cidades.
18
INTRODUÇÃO
Além disso, como já pontuaram Santos et al. (2018), estudiosos de várias áreas do
conhecimento e da academia, preocupados com o bem-estar geral das espécies presentes na Terra,
bem como com a garantia de condições de vida para as gerações futuras, vêm cotidianamente
alertando para a necessidade de tornar a relação homem-natureza mais harmônica.
Talvez seja por isso que tenha-se se discutido que a vulnerabilidade das populações à
ocorrência de eventos extremos esteja ligada a fatores como a intensa exploração dos recursos
naturais, o consumo de bens e serviços e a produção e o inaproveitamento de resíduos sólidos
(CEPED, 2012).
Alguns autores, a exemplo de Quarantelli (1987), tem proposto que o paradigma atual de
investigação sobre desastres seja pautado nestas duas ideias principais: 1) os desastres são,
inerentemente, fenômenos sociais, e os eventos naturais, como furacões ou tempestades, não são
os desastres em si, mas sim a fonte dos danos; 2) enraizado na estrutura social e reflete os
processos de mudanças sociais. Nesse sentido, o desastre “não é um acontecimento físico [...], é
uma ocasião social” (PERRY; QUARANTELLI, 2005).
Sendo assim, parece impróprio se referir a desastres naturais como se eles pudessem
acontecer fora das ações e decisões humanas e das suas comunidades. Entende-se que os seres
humanos são, de certa forma, responsáveis por sua vulnerabilidade e que “se não houver
consequências sociais negativas, não há desastre” (PERRY; QUARANTELLI, 2005).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os efeitos das mudanças do clima, resultantes das atividades humanas, têm mudado o
regime de chuvas, tornando-as mais frequentes e mais intensas em alguns lugares do mundo e
mais raras em outras localidades. Como consequência tem-se o aumento das inundações e secas
pelo mundo afora, que resulta em desastres mais críticos no ambiente urbano, devido ao grande
crescimento urbano (UNDISR, 2012).
19
Segundo o último anuário de desastres, referente ao ano de 2016, desde 2006 o número
de desastres hidrológicos tem a maior participação em desastres, a cada ano. O ano de 2016 teve
uma proporção de 51,8% de desastres hidrológicos, para uma proporção média de 50,5% no
período 2006-2015, seguida por desastres meteorológicos, que tiveram uma proporção de 28,1%,
contra uma proporção média de 32,4% entre 2006 e 2015, enquanto os desastres climatológicos
tiveram uma proporção de 11,1% e 8,7%, e os desastres geofísicos ocorreram numa proporção de
9,1% e 8,4 %, nos mesmos respectivos períodos (ADSR, 2016).Segundo o relatório de 2017 sobre
desastres naturais ocorridos no mundo, as inundações e os deslizamentos foram os responsáveis
por mais de 60% do número de mortes humanas, a maioria ocorrendo no continente asiático
(BENFIELD, 2018).
O Marco de Ação de Hyogo, cuja aprovação se deu em 2005, forneceu orientação inicial
para os países do mundo nos esforços para reduzir o risco de desastres, e contribuiu para o
progresso em direção à realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Com base
nisso, as Nações Unidas, em sua III Conferência para a Redução do Risco de Desastres,
estabeleceram o Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres, com ações concisas para
dar continuidade à avaliação e revisar as implementações baseadas no Marco de Hyogo, a serem
adotadas entre os anos de 2015 e 2030. O Marco de Sendai estabeleceu como medidas prioritárias
para a redução de riscos de desastres (RRD)
20
Na literatura, de uma maneira geral, dentre os desastres associados à presença de resíduos
sólidos no meio urbano, os que têm sido considerados como os mais frequentes são as inundações
e os movimentos de massa. As ações de prevenção de áreas críticas ao risco de inundação e
deslizamento incluem: drenagem urbana e sistemas de esgotamento sanitário; controle e
disposição dos resíduos sólidos; ‘gestão verde’ da cidade com ampliação das barreiras de
contenção de cheias; espaços abertos permeáveis e arborizados; estabilização de encostas e
controle de erosão; diques e barreiras para proteção costeira (DARAMOLA et al., 2016;
LAMOND et al., 2012; YIN et al., 2016).
METODOLOGIA
Para a revisão de literatura, optou-se pela busca de dados nas bases ScienceDirect e
Scopus. A escolha dessas duas bases deve-se ao fato de que são bases de dados multidisciplinares
de literatura científica revisada por pares, e permitem a seleção de textos a partir da combinação
de palavras-chave e conectores. A ScienceDirect é composta por textos científicos da editora
Elsevier, com cobertura desde 1960 e contém resumos de 27 milhões de artigos. A Scopus é
considerada a maior base de resumos e referências bibliográficas de literatura científica revisada
por pares, com mais de 18 mil títulos de 5 mil editoras internacionais (CAPES, 2012).
Após a escolha dessas bases de dados, foi realizada a busca sobre a temática em estudo
por meio de palavras-chave, variando-se, sempre que possível, entre combinações dos seguintes
termos: solid waste, trash, disaster e flood; tais palavras correspondem a resíduos sólidos, lixo,
desastre e inundações, respectivamente. É válido ressaltar que para o idioma inglês não existem
diferenças entre os termos inundações, enchentes ou alagamentos, diferentemente do português,
que diferencia estas ocorrências.
A partir da leitura dos títulos e resumos, foram selecionados somente os artigos que
tratassem estritamente da temática abordada neste trabalho, e que cujos textos completos
21
estivessem disponíveis e acessíveis por meio eletrônico a qualquer estudioso do tema desta
pesquisa. O método para a seleção dos artigos seguiu esta ordem:
Tabela 1. Quantidade de publicações que relacionam resíduos e sua influência em desastres por ano
Ano de
Quantidade
Publicação
2007 0
2008 0
2009 0
2010 0
2011 0
2012 6
2013 2
2014 0
2015 1
2016 6
2017 3
Total 18
Fonte: ScienceDirect e Scopus (2018).
A partir da revisão das metodologias dos artigos analisados, foi possível perceber que os
estudos de caso são proeminentes dentre os trabalhos selecionados. Apenas o estudo desenvolvido
por Lamond et al. (2012) utilizou uma revisão de literatura.
A maioria dos periódicos teve apenas uma publicação no período estudado, com exceção
do Central European journal of engineering e do WIT Transactions on Ecology and The
Environment, que tiveram duas e três publicações, respectivamente. Os dezoito artigos escopo
desta revisão foram publicados em quinze periódicos internacionais (Tabela 2).
22
Tabela 2 – Número de publicações de artigos por jornal que relacionam resíduos e sua influência em
desastres (em ordem alfabética)
Número de
Título do Periódico
publicações
Analsof GIS 1
Central European journal of Engineering 1
Engineering 1
Environment&Urbanization 2
Environmental Science and Pollution Research 1
International Journal of Disaster Risk Reduction 1
International Journal of Disaster Risk Reduction 1
International Journal of Urban Sustainable Development 1
Journal of Flood Risk Management 1
JurnalTeknologi (Sciences&Engineering) 1
Nat. Hazards Earth Syst. Sci. 1
SustainableCitiesandSociety 1
UrbanWaterJournal 1
Water Management 1
WIT Transactions on Ecology and The Environment 3
Fonte: ScienceDirect e Scopus (2018).
Procedeu-se, então, com a leitura e a análise do conteúdo dos artigos selecionados. Os
textos foram analisados quanto ao tipo de desastre foco da pesquisa e quanto ao período do
desastre em que a pesquisa foi realizada, se o estudo ocorreu na fase de prevenção, durante o
desastre ou no pós-desastre (Quadro 1).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
23
9
Quadro 1 – Classificação das pesquisas quanto ao tipo de resíduo estudado, ao tipo de desastre, ao
tipo de pesquisa e quanto à fase do desastre abordada.
Fase do
desastre Tipo de
Tipo de Resíduo Tipo de pesquisa Autores
tratada na desastre
pesquisa
Eskandari et al.
Prevenção
Resíduos causando Movimentação (2016)
Estudo de caso
desastres em aterros de massa Yin et al.
Pós-desastre
(2016)
Daudey e
Matsumoto (2017),
Brown et al. (2012),
Ogie et al. (2017),
Prasad e Narayanan
(2016), Wallerstein
Prevenção Inundação
e Arthur (2012),
Franz e Freitas
(2012), Neolaka
(2012)
Estudo de Caso Wallerstein; Arthur
Resíduos causando (2013)
desastres
Daramola et al.
(2016), Kita (2017),
Inundação Chandraseana et al.
Pós- desastres (2015), Lassa e
Nugraha (2015)
Movimentação Toulkeridis et al.
de massa (2016)
Aldalur et al. (2013)
Não cita Inundação
Salles et al. (2012)
Revisão Lamond et al.
Pós-desastre Inundação
Bibliográfica (2012)
Fonte: ScienceDirect e Scopus (2018).
Por se tratarem de locais onde são depositados resíduos, os locais escolhidos para servir
de aterro devem ser criteriosamente submetidos a uma avaliação de risco antes de serem
selecionados. Em regiões montanhosas, a seleção de um local apropriado é ainda mais crítica,
pois tais áreas territoriais já são, naturalmente, susceptíveis a riscos de deslocamentos de massa
(DAI et al., 2016). Eskandari et al. (2016) apresentam uma metodologia para a seleção de local
não susceptível a deslizamentos de terra para aterro de resíduos em regiões montanhosas.Yin et
al. (2016) discutem os deslizamentos de terra e a contaminação de lençol freático em virtude de
um aterro de resíduos sólidos não controlado.
Para Ogie et al. (2017), apresentam um estudo sobre a presença de resíduos sólidos em
estações de bombeamento de drenagem em cidades costeiras. O propósito dos autores era medir
e classificar a vulnerabilidade das estações de bombeamento para o bloqueio do lixo na cidade de
Jakarta, Indonésia.
De acordo com Daramola et al. (2016), identificaram que os indivíduos que despejam
seus resíduos sólidos em locais não aprovados têm 21,14 vezes mais chances de sofrer graves
consequências de ocorrências de desastres naturais, em comparação àqueles que têm seus resíduos
descartados por fornecedores ou usam locais aprovados para despejo. O estudo mostra que a
utilização de lixões não aprovados acarreta no risco de bloqueio dos canais de drenagem e, se
esses canais estiverem na mesma vizinhança em que residem os indivíduos, aumentam-se as
chances de ocorrer inundações.
Pesquisa sobre a consciência ambiental das pessoas com relação ao risco de inundações
identificou baixo nível de esclarecimento da população com relação aos riscos de inundação
relacionados aos resíduos, na cidade de Jackarta, situada na Indonésia (NEOLAKA, 2012).
25
A educação da população quanto aos riscos relacionados à disposição inadequada de
resíduos é um instrumento de redução de riscos. É essencial que a população saiba se dispor
adequadamente de seus resíduos (DARAMOLA et al., 2016; DAUDEY; MATSUMOTO, 2017).
Diante do levantamento dos referenciais lidos, pode-se afirmar que existem ainda poucas
análises que demonstrem os resíduos urbanos como causa ou agravante de desastres. Mas, parece
haver um consenso sobre os desafios que a geração de resíduos sólidos e a sua má disposição
podem trazer para as vidas humanas que residem nos ambientes urbanos, devido aos transtornos
que podem provocar quando obstruem a drenagem ou chegam aos corpos d’água.
CONCLUSÕES
Conclui-se, por meio dessa revisão de literatura, que os principais tipos de desastres
naturais ocorridos nos ambientes urbanos relacionados aos resíduos sólidos dispostos
irregularmente são inundações e movimentações de massa. Os estudos levantados mostraram,
ainda, a importância da adoção de ações preventivas para se evitar a ocorrência de desastres, e
26
que esta abordagem é possível através de ações coordenadas entre as políticas responsáveis pela
prevenção dos desastres e as de gestão de resíduos. Ressalta-se que em apenas um dos estudos a
população afetada foi consultada sobre a percepção dos riscos de desastres relacionados aos
resíduos sólidos. Constatou-se nos estudos analisados a necessidade de uma maior compreensão
sobre os impactos e desastres ambientais, devido ao ambiente urbano vir se transformando em
função das ações e necessidades antrópicas, assim como dos efeitos dos fenômenos naturais.
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30
1.2. AVALIAÇÃO DE ÁREA ATINGIDA POR BTEX:
POSSÍVEIS IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE E À
SAÚDE PÚBLICA
RESUMO
Essa pesquisa tem o objetivo de realizar uma investigação ambiental preliminar (AIP), avaliando
uma possível área contaminada que possui potencial de se tornar um Passivo Ambiental. A partir
de amostras de solo e de águas subterrâneas coletadas em pontos previamente definidos na faixa
de proximidade do tanque de óleo diesel subterrâneo, que era instalado em uma unidade de Corte
e Dobra para fins de utilização do gerador da planta. Para tal investigação, as técnicas e parâmetros
das análises seguiram os métodos e critérios estabelecidos pela Instrução Normativa Nº005 de
2006 da Agência Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH), definida para
empreendimentos que recebem, armazenam, revendem ou distribuem produtos combustíveis
derivados de hidrocarbonetos e álcool no Estado de Pernambuco. Os resultados da investigação
ambiental confirmatória, não indicam a existência de contaminação no solo e na água subterrânea,
próximo ao poço tubular profundo para os parâmetros avaliados nas adjacências do tanque de
óleo diesel subterrâneo, do filtro de diesel e do gerador.
31
INTRODUÇÃO
O sucesso das políticas de áreas contaminadas trouxe consigo um efeito colateral, que foi
a imposição de restrições ou pelo menos de dificuldades para a reutilização de imóveis
contaminados, com a consequente redução de seu valor de mercado e da mesma forma
dificultando a reintegração ao tecido urbano de áreas contaminadas ou mesmo de áreas
potencialmente contaminadas (STIVAL et al., 2013). Desta forma, áreas contaminadas
representam problemas múltiplos: um risco à saúde humana e dos ecossistemas; um risco à
segurança pública; restrições ao desenvolvimento urbano; redução do valor dos imóveis (BECK,
2011). A presença de áreas contaminadas e de terrenos de indústrias desativadas impõe problemas
especiais de gestão urbana, ao contribuir para a desvalorização não somente do imóvel
contaminado, mas também de seu entorno, ao deteriorar a imagem de uma cidade perante
investidores e a opinião pública, ao favorecer a disposição clandestina de resíduos e a ocupação
de terrenos, provocando assim, verdadeiros cortes no tecido urbano (PRADO, 2017).
O presente trabalho retrata um pouco de tal realidade, sendo definida a área de estudo uma
antiga unidade de Corte e Dobra de Aço, hoje desativada, situada no município de Igarassu-PE.
O objetivo da investigação ambiental preliminar (IAP) foi avaliar as potenciais alterações da
qualidade do solo e águas subterrâneas locais, consequentes de eventuais derramamentos e/ou
vazamentos de produtos derivados do petróleo em uma área junto a um tanque de diesel
subterrâneo.
REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Cunha e Augustin (2014), ainda afirmam que apesar de mais de três décadas de
políticas ambientais, a degradação da qualidade do ambiente continua seu curso na maior parte
do globo. As políticas preventivas não são suficientes, pois para reverter os processos que levam
à degradação ambiental são necessárias iniciativas concretas de reparação dos danos causados no
passado, o passivo ambiental (VIOTTI et al., 2017) contaminação do solo por atividades
32
industriais ou pelo lançamento de resíduos é uma das mais significativas evidências do passivo
ambiental.
Para Viotti et al. (2017), o reconhecimento das áreas contaminadas trouxe consigo um
efeito colateral, que foi a imposição de restrições ou pelo menos de dificuldades para a reutilização
de imóveis contaminados, com a consequente redução de seu valor de mercado e da mesma forma
dificultando a reintegração ao tecido urbano de áreas contaminadas ou mesmo de áreas
potencialmente contaminadas. Desta forma, áreas contaminadas representam problemas
múltiplos:
Realidades no Brasil.
Para Ruiz et al (2013), afirmaram que durante os anos de 1970 e 1980 a Baixista Santista
era uma importante produtora de areias industriais e de construção civil e as cavas de mineração
foram locais preferenciais para o lançamento de solventes organoclorados e que descoberto o
problema, teve-se início uma ação administrativa da Companhia Ambiental do Estado de São
Paulo - CETESB visando avaliar a extensão do problema e remover os resíduos, enquanto era
também aberta uma ação civil pública, pelo Ministério Público Estadual, visando a reparação dos
danos ambientais.
Aspectos Legais
34
II – Classificação da qualidade do solo conforme
artigo 13;
III – Adoção das ações requeridas conforme
estabelecido no artigo 20. (BRASIL, 2009, p. 6).
Qualidade do Solo
35
De acordo com Gomes et al. (2006), os indicadores visuais podem ser obtidos a partir da
interpretação de fotografias aéreas e observações diretas, como a exposição do subsolo, mudança
de cor do solo, escorrimento superficial, resposta da planta, espécies de plantas daninhas
predominantes, entre outras. Os autores ainda relatam que “evidências visuais podem ser
indicadores claros de que a qualidade do solo está ameaçada ou passando por alterações.” Para os
indicadores físicos estão relacionados ao arranjo das partículas e do espaço poroso do solo,
incluindo densidade, porosidade, estabilidade de agregados, textura, encrostamento superficial,
compactação, condutividade hidráulica e capacidade de armazenagem de água disponível,
refletindo limitações ao crescimento radicular, à emergência das plântulas, à infiltração e ou
movimento da água no interior do perfil do solo e à disponibilidade de água às plantas (BARATA-
SILVA et al., 2014).
De acordo com Gomes et al. (2006), o pH, salinidade, capacidade de troca de cátions,
capacidade de suprimento de nutrientes, concentrações de elementos que podem ser
potencialmente contaminantes (metais pesados, compostos radioativos, etc.) ou necessários para
o crescimento e desenvolvimento das plantas são considerados indicadores químicos. As
condições químicas do solo afetam as relações solo-planta, a qualidade de água, a disponibilidade
de nutrientes e de água para as plantas e outros organismos.
METODOLOGIA
Área de Estudo
Metodologias Adotadas
Durante a execução das sondagens, foram coletadas amostras de solo com uso de
amostradores do tipo Macro Core Sampler (liners de 44 mm de diâmetro e 0,6 m de comprimento).
Uma fração de cada amostra (horizonte de 0,6 metros) foi transferida para sacos herméticos do
tipo Zip e submetida à medição de Compostos Orgânicos Voláteis (COV), utilizando-se aparelho
medidor de gases EntryRAE, marca RAE Systems. A outra fração foi acondicionada em isopor
refrigerado para posterior segregação preenchimento de frascos e despacho ao laboratório. A
tabela apresenta um sumário das amostras coletadas e respectivas análises químicas (Tabela 1).
37
Tabela 1.Sumário de análises químicas em solo e águas subterrâneas.
Identificação da Profundidade BTEX PAH COVs
Amostra (metros)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pôde-se notar que as únicas medições que indicaram algum tipo de anomalia (30, 141 e
178 ppm) ocorreram em amostras da SD-3, locada ao lado da tampa do tanque subterrâneo, onde
foram encontrados os maiores valores durante as medições de COV na campanha de Soil Gas
Survey. Tais amostras, por sinal, apresentavam odor típico de óleo diesel, a princípio proveniente
de pequenos respingos que ocorrem durante os abastecimentos. DE LIMA et al., (2017), ao
38
realizar esses mesmos estudos em outros 4 postos de gasolina, na cidade de Cuiabá, encontrou
valores de COV, variando de 999 a 4620 ppm, em profundidades superiores a 100 metros,
detectando contaminações acentuadas em camadas de solos mais rasas.
Os resultados de todas as análises químicas das amostras de solo (Tabela 3), realizadas
para os parâmetros BTEX e PAH, não indicaram concentrações acima dos valores de referência
adotados. Observa-se que apenas traços de compostos foram detectados nas amostras
provenientes da SD-3. De Lima et al., (2017), ao realizar esses mesmos estudos para os solos
atingidos pela gasolina, na cidade de Cuiabá, encontrou valores de BTEX em até 13.836 µg/Kg,
para profundidades superiores.
Os resultados das análises dos parâmetros COVs e PAH para a amostra de água
subterrânea coletada junto ao poço tubular profundo identificado como Poço 1, foram inferiores
aos limites de detecção do laboratório para todos os compostos considerados (Tabela 4).
Para Teramoto (2015), durante seus estudos de doutorado sobre contaminação de água
subterrânea por compostos de BTEX também encontrou, em vários poços de monitoramento,
valores de concentração de benzeno abaixo do limite de detecção. O problema consiste apenas no
seu valor de solubilidade é mais elevado (1780 mg/L) e é esperado que seu particionamento para
a água seja mais efetivo. De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde n°2.914/2011
(BRASIL, 2011), o benzeno é considerado o composto mais tóxico dentre os BTEX com padrão
de potabilidade de 5 μg/L e a via mais importante de absorção desse composto é a respiração, pois
a área do sistema respiratório capaz de absorver o benzeno é muito grande.
A maior parte do benzeno que se respira é eliminada pela expiração. O que é absorvido
na corrente sanguínea se acumula principalmente em tecidos com alto teor de lipídios. A absorção
varia entre 10% a 50% dependendo da dose, do metabolismo e da quantidade de gordura presente
no organismo. Na sua forma inalterada, o benzeno é eliminado através do ar expirado e em torno
de 0,1%, apenas, é eliminado na urina. O que continua no organismo é transformado
principalmente no fígado e na medula óssea e eliminado na urina na forma de metabólitos
(BARATA-SILVA et al., 2014; MOURA-CORRÊA; LARENTIS, 2017). As possíveis
concentrações encontradas podem ser capazes de trazer consequências acentuadas à saúde dos
trabalhadores, conforme estudos de Linet et al. (2015) e Loomis et al. (2017), que registraram a
detecção de câncer em funcionários de empresas que trabalhavam com benzeno.
39
Tabela 4. Resultados de análises de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) e PAH em águas
subterrâneas.
CONCLUSÕES
Apesar do presente estudo não ter indicado a presença de contaminação em solo e água
proveniente do poço tubular (Poço 1), recomenda-se que testes de estanqueidade sejam realizados
no tanque de diesel subterrâneo, bem como nas respectivas linhas de produto, a fim de verificar
possíveis vazamentos que venham ocorrer.
O benzeno é considerado o composto mais tóxico dentre os BTEX e sua via mais
importante de absorção ocorre através da respiração, devendo ser melhor observado por
profissionais da área de saúde a fim de constatar possíveis agressões ao sistema imunológico.
40
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43
1.3. IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA
DUPLICAÇÃO DA RODOVIA AL-145 NO MUNICIPIO DE
DELMIRO GOUVEIA-AL
OLIVEIRA, Renata Luzia Cavalcante de
Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
renata.cavalcanteo41@gmail.com
RESUMO
44
INTRODUÇÃO
A introdução da AIA no Brasil veio após a reunião sobre meio ambiente promovida pela
ONU, em Estocolmo (1972), em que os efeitos negativos da ação do homem sobre o ambiente
passam a ser considerados e reconhece-se a necessidade de controlá-los. Esta introdução ainda
envolve as instituições e agências multilaterais de desenvolvimento que passaram a adotar
regulamentos e requisitos para a verificação dos efeitos ambientais negativos decorrentes dos
projetos em financiamento (DMA, 2017; apud FERNANDES et al.).
Para Moraes e Santos (2004, p.2) “as organizações passaram a incorporar, com distintos
graus de consistência, a variável ambiental no desenvolvimento e implantação de seus projetos”.
Os meios de transporte são o reflexo da sociedade. Conforme o homem evoluía, a maneira de se
transportar se transformava. Primeiro, a necessidade o fez pensar em meios básicos para ajudá-lo
a construir botes para atravessar rios e usar animais como força de tração. Depois, a ciência o
auxiliou: foram construídos meios de transportes mais rápidos, mais seguros e que chegavam cada
vez mais longe, a ponto de o homem conseguir chegar ao espaço.
O presente estudo visa avaliar os impactos ambientais gerados pela duplicação do trecho
da rodovia da AL-145, localizado na cidade de Delmiro Gouveia, alto sertão Alagoano,
utilizando-se diferentes métodos de avaliação. Listando e quantificando impactos, nas diferentes
fases do empreendimento rodoviário. Propondo ações mitigadoras aos principais impactos
identificados.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O Brasil é um país de dimensões continentais e apesar de ter uma costa marítima e uma
bacia hidrográfica perfeitamente navegáveis, elas são muito pouco exploradas para a logística.
Historicamente, o transporte rodoviário sempre foi dominante, com reduzidos investimentos às
modalidades ferroviária e fluvial.
Para Panazzolo et al. (2015, p. 1-8) “a Gestão Ambiental de Rodovias visa implantar
medidas, ao longo da instalação do empreendimento, que compensem, minimizem ou evitem
esses impactos ambientais”.
46
Para Moraes e Aquino (2016), “em geral, a AIA ainda possui fragilidades em diversos
países, principalmente pelo uso dessa ferramenta apenas para obtenção de uma certificação
ambiental e não como um meio a proteção do ambiente e desenvolvimento sustentável”.
METODOLOGIA
Apesar de ser uma cidade relativamente nova, se comparada a outras cidades brasileiras,
Delmiro Gouveia apresenta-se em constante desenvolvimento e crescimento populacional. De
acordo com o IBGE (2018), no último censo demográfico o município apresentou uma população
de 48.096 habitantes no ano de 2010, com estimativas de 52.306 habitantes para o ano de 2016 e
densidade demográfica de 79,13 hab/km². Para a elaboração do diagnóstico ambiental, a
identificação dos prováveis impactos ambientais, positivos e negativos, nas fases de
planejamento, instalação e operação da obra rodoviária em questão, foram realizadas também
visitas in loco, registros fotográficos e a caracterização dos meios físico, biótico e antrópico.
47
as variáveis e efeitos considerados dependem das características do projeto e do conjunto das
variáveis analisadas. A escolhas desses métodos se deve a simplicidade e facilidade bem como a
boa visualização proposta pelas Matizes de Interação. Para uma melhor visualização, a Matriz de
Interação representada a seguir, de forma bidimensional, apresenta a avaliação das atividades e
ações impactantes que foram avaliadas em relação aos meios físico, biótico e antrópico. Onde os
impactos foram avaliados como positivo ou negativo e quanto a sua importância: grande, médio
e pequeno; como descrito na legenda a seguir:
48
Fonte: Autora (2018).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nas análises e nos resultados da Matriz de Interação, foi possível quantificar as
relações entre as 14 ações com os seus respectivos impactos, deste modo foi quantificado um total
de 58 impactos previsíveis para os meios físico, biótico e antrópico, durante as fases de
implantação e operação da rodovia, como mostra o (Gráfico 1).
Pode-se perceber que o número de impactos negativos é bastante expressivo, com uma vasta
diferença em relação aos impactos positivos. Porém, percebe-se também que cerca de 48% dos
impactos negativos são de pequena importância, ou seja, quase metade dos impactos, se tomado
os devidos cuidados é possível controlar os seus efeitos.
De acordo com Tavares et al. (2016 p.36) a metodologia utilizada e os resultados obtidos
comprovam servir como fontes importantes nas tomadas de decisões relacionadas às atividades
exercidas permitindo identificar o grau das atividades impactantes e como auxílio para planos de
medidas de mitigação para estes impactos. São várias medias que podem ser tomadas diante deste
assunto, algumas são citadas a seguir:
Para a instalação e operação do canteiro de obras deverão ser realizados serviços de remoção de
cobertura vegetal e abertura de caminhos de serviço, serviços estes que poderão ocasionar erosão
e contaminação do solo e conflitos de uso do solo. O fluxo de trabalhadores poderá ocasionar na
geração de resíduos sólidos. Portanto, além da implantação do canteiro em local adequado e
terrenos favoráveis, nestes locais deverão ser instalados dispositivos de coleta de resíduos.
As atividades de implantação da rodovia gerarão renda, impostos e tributos, que contribuirão com
economia local, bem como a geração de emprego, considerados impactos positivos. Porém
aumentará também o potencial de atração de imigrantes, o que pode alavancar no aumento do
risco de contágio de doenças e maior demanda de estrutura urbana, o que pode ocasionar no
aparecimento de assentamentos inadequados. Portanto, o recrutamento de mão-de-obra local
deverá ser controlada e estar de acordo com as questões de saúde e sociais.
Operação da rodovia
50
tanto no fluxo de pessoas como de mercadorias e produtos, de modo a incrementar a economia da
região e desta forma melhorar as condições de vida, seno, desta forma, considerados efeitos
benéficos. Porém acarretará também no aumento de emissão de gases e material particulado e
pressão sonora, bem como do risco de acidentes com o aumento no fluxo de tráfego. Deverá haver
então planos de controle de ruído e emissões atmosféricas, assim como monitorização e
fiscalização dos limites de velocidade após a correta sinalização das faixas de rolamento.
CONCLUSÕES
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52
1.4. CARACTERIZAÇÃO E BIODISPONIBILIDADE DE
METAIS NO MANGUE DA FOZ DO RIO MEIRIM,
MACEIÓ-AL
BARROS, Alexandre B.
Instituto Federal de Alagoas (IFAL)
alexandrebarros_tm@hotmail.com
RESUMO
53
INTRODUÇÃO
De acordo com Moreira (2014), nos últimos 20 anos, a poluição dos recursos hídricos tem
levado ao colapso dos ecossistemas aquáticos costeiros, que são importantes para preservação e
equilíbrio da vida. Os despejos industriais e urbanos lançados nestes ecossistemas têm sido objeto
de discussão em todo mundo, pois provocam modificações ambientais, aumentando também a
pressão sobre as áreas costeiras. Dentre os contaminantes provenientes de descarga de efluentes
industriais, urbanos e agrícolas, os metais pesados se destacam por não serem biodegradáveis. Os
metais introduzidos pelas atividades antrópicas, muitas vezes, excedem os aportes naturais,
representando um risco para a saúde humana e dos animais (PRIETO et. al, 2008). Ainda segundo
o autor, estes quando lançados na água, podem agregar-se a outros elementos, formando diversos
tipos de moléculas, as quais apresentam diferentes efeitos nos organismos devido a variações no
grau de absorção pelos mesmos.
Essa pesquisa foi desenvolvida na foz do rio Meirim; importante rio do Estado de
Alagoas. Sua bacia hidrográfica é ocupada pela monocultura da cana-de-açúcar no médio e alto
vale, pela pecuária no médio e baixo vale e pela urbanização, na faixa litorânea. Encontra-se em
seu vale o parque sucro-alcooleiro da Cachoeira do Meirim e já possuiu a indústria de tecidos de
Saúde, hoje desativada.
Este trabalho teve como objetivo O objetivo deste trabalho foi avaliar as características
físico-químicos e os níveis ambientalmente disponíveis dos metais pesados: Cobre, Zinco,
Chumbo, Cádmio, Crômio, Ferro e Manganês no solo de mangue da foz do Estuário do Rio
Meirim no estado de Alagoas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os manguezais são sistemas ecológicos que ocorrem nos litorais de continentes e ilhas
que sofrem inundações periódicas por água salgada com predomínio nas regiões tropicais e
subtropicais (SOARES, 2016). São constituídos por florestas cujas árvores e arbustos crescem
nas águas rasas de maré de estuários e zonas costeiras. Neste ambiente de transição, os
manguezais apresentam elevada complexidade estrutural e funcional em resposta às condições do
54
ambiente inundável, salgado, redutor, anóxico, e pelas alterações geomorfológicas
(SCHAEFFER-NOVELLI, 2002).
O solo é um corpo de material inconsolidado que cobre a superfície terrestre emersa, entre
a litosfera e a atmosfera. É produto do intemperismo sobre um material de origem, cuja
transformação se desenvolve em um determinado relevo, clima, bioma e ao longo do tempo. Essa
condição o torna um sistema dinâmico, ou seja, o solo evolui, se desenvolve e se forma de maneira
contínua no ambiente em que está inserido (EMBRAPA, 2013).
Os solos de mangue recebem a denominação de “solos indiscriminados de mangue” (EMBRAPA,
2013), e têm como principais características o elevado teor de sais e matéria orgânica, baixa
consistência, condições de anoxia, coloração cinza escuro e textura variando de argilosa a arenosa.
Não existe consenso na definição de “metal pesado”, de acordo com a União Internacional
de Química Pura e Aplicada (IUPAC), citado por Duffus (2004), existe uma ampla tentativa de
conceituar e definir o termo “metal pesado”, porém cada “metal” deve ser estudado
separadamente de acordo com suas características químicas, biológicas e propriedade
toxicológicas. Portanto adotaremos para o presente trabalho o termo metal pesado para definir os
elementos com massa superior 5 g.cm-3 ou possuir número atômico maior que 20
(MALAVOLTA, 2006).
55
Os metais pesados têm sido apontados constantemente como contaminantes em solos de
diversos ambientes estuarinos no mundo (LEWIS, 2011; BAYEN, 2012). Naturalmente, os teores
de metais pesados são influenciados por mudanças litológicas, hidrológicas, geológicas (JAIN et
al., 2007; ZAHRA et al., 2014). O acúmulo de metais pelos organismos pode ter efeito bastante
abrangente via teia alimentar para diversos níveis tróficos de a cadeia alimentar. Este efeito
culmina com a ocorrência das maiores taxas de contaminação nos níveis mais altos da teia trófica
(SILVA, 2015).
A agricultura, por exemplo, constitui uma das mais importantes fontes não pontuais de
poluição por metais em corpos d’água. As principais fontes liberadoras são os fertilizantes (Cd,
Cr, Pb, Zn), os pesticidas (Cu, Pb, Mn, Zn), os preservativos de madeira (Cu, Cr) e dejetos de
produção intensiva de bovinos, suínos e aves (Cu, As, e Zn). (LIMA, 2013).
Com relação a descontaminação dos ambientes sobretudo os aquáticos, para Ahmad et al.
(2014), o uso de biochar (junção de biomassa mais carvão, em inglês) como sorvente para
tratamento de águas residuais, contendo metais pesados, é uma tecnologia de tratamento
emergente e promissora. Park et al. (2016), afirma que o Biochar poderia potencialmente
substituir carbonos ativados à base de carvão e coco como adsorvente de baixo custo para
contaminantes.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
Para a realização deste estudo foi selecionada a área de floresta de mangue na foz do rio
Meirim, na região metropolitana de Maceió, capital do Estado de Alagoas. A foz do Rio Meirim
localiza-se no bairro de Pescaria, litoral norte de Maceió. O ponto escolhido é georreferenciado
pelas coordenadas 9º30”26’ S e 35º37”14’W (Figura 1). O rio Meirim nasce no município de
56
Messias, zona da mata do Estado de Alagoas e corta praticamente toda a capital, Maceió, no
sentido Oeste-Norte, até desaguar no Oceano Atlântico.
Procedimentos laboratoriais
Os metais estudados nesta pesquisa foram: crômio, cadmio, chumbo, além de cobre,
zinco, ferro e manganês. Foram extraídos pelo método Mehlich 1, cujo mecanismo de ação é a
dissolução ácida, sendo utilizados o ácido sulfúrico (H 2SO4) e o ácido clorídrico (HCl) a relação
solo: solução foi de 1:10. A quantificação dos metais foi realizada por meio de espectrometria de
57
absorção atômica com aparelho da Marca Analytik Jena modelo novA A300, no qual foram
empregadas lâmpadas de cátodo oco, específicas para cada elemento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A granulometria revelou um solo como o predomínio de areia com média de 597,5 g/Kg
de solo, correspondendo a 60% da composição do solo. A argila apresentou média de 287,6 g/Kg
de solo correspondendo a 29% da composição. A média de silte foi de 115,5 g/Kg de solo o que
corresponde a 11%. Os resultados revelam um solo da classe textural franco arenoso. O percentual
de matéria orgânica (M.O.) presente nas amostras variou de 1,04% a 23,27% de M.O,
apresentando uma média de 6,84%.
O pH médio detectado foi de 8,1. Em valores absolutos houve uma variação de 6,3 a 8,6
entre os pontos amostrados. Comparando-se os valores de pH encontrados nesse estudo com
outros trabalhos realizados em áreas de solos inundados como o de Silva (2015), que estudou os
solos do estuário da Bacia do Parnaíba (Paraíba) com pH entre 6,5 a 8,5 e com o de Wang et al.
(2016), em estudo realizado no manguezal da Reserva Nacional da China, onde detectou o pH
dos solos variando entre 5,99 a 8,26, com média de 7,53, observa-se que os valores são
convergentes.
Abaixo são apresentados (Tabela 1), os valores de referência elaborados pela “Canadian
Council of Ministers of the Environment” (CCME, 2012), para concentrações de metais pesados
em sedimentos em água, em solos inundados ou inundáveis. Esses valores referência são adotados
pela Resolução nº 344 de 25 de março de 2004 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA 344/04).
58
O Cobre foi detectado com valor médio de 0,89 mg/Kg de solo do estuário do rio Meirim.
Comparando-se essa concentração com os valores referência TEL e PEL, percebe-se que não há
indicativos de possíveis efeitos a comunidade biológica. Essas concentrações estão abaixo
também de valores encontrados em estudos semelhantes como Su & Yang (2008), que
estabeleceram como valor de referência para solos na Ásia a concentração 5,1 mg/kg de cobre, e
Wang et al. (2016), que detectou cobre na faixa entre 16,84 mg/kg a 26,66 mg/kg, em solos de
mangue da Reserva Nacional da China.
Para o chumbo a detecção média foi de 3,92 mg/kg, o que verificasse ser bem abaixo dos
índices referência. Abaixo também de índices observados por Wang et al. (2016) que detectou
índices entre 36,7 a 44,02 mg/kg de chumbo e Quináia et al. (2009) avaliaram sedimentos
superficiais em Guarapuava (PR), e registraram concentrações de chumbo variando entre 7 e 320
mg/kg de chumbo. A concentração de ferro detectada variou entre 2,55 mg/Kg a 609 mg/Kg, com
valor médio de 352,6 mg/Kg. Na ausência de valores norteadores para o ferro, nos índices TEL e
PEL, tomou-se como referência o limite estabelecido pela Environmental Protection Agency –
EPA: Fe = 17000 mg/kg. Ficando as concentrações para o solo do rio Meirim muito abaixo da
referência.
O zinco foi detectado média de 7,09 mg/kg, e variação em números absolutos de 0,2 a
12,14 mg/Kg de solo. Também bem abaixo dos valores referência, mas muito próximo de valores
detectados por outros trabalhos como Coimbra et al. (2015), zinco na de 5,9 mg/kg a 281,0 mg/kg
no estuário do rio Maracaípe em Pernambuco e Carvalho (2014), que detectou valores de zinco
na faixa de 2,11 a 11,29 mg/kg no solo do manguezal da Ilha do Maranhão. Os resultados para o
cádmio e crômio, também não foram muito diferentes dos demais, ambos ficando abaixo dos
índices considerados preocupantes. A concentração média de cádmio foi de 0,56 mg/kg de solo,
e a de crômio de 1,36 mg/Kg. O manganês é um metal que não apresenta valores referencias
quanto a toxidez para biota em função de sua concentração solo. Ele foi detectado nos sedimentos
do solo do rio Meirim em concentração média de 3,9 mg/Kg.
CONCLUSÕES
Os solos do rio Meirim apresentaram uma classificação textural franco arenosa, o que
indica um alto índice de areia e sua constituição; este fato é comum em áreas de estuário, em
especial de manguezais. Apesar da geoquímica dos metais ser bastante complexa, esse fato
beneficia esses ambientes em relação a retenção de metais pesados, já que estes apresentam
grande afinidade com sedimentos finos como os de argila.
As análises mostraram a presença dos 7 metais propostos na pesquisa Cu, Zn, Pb, Cd, Fe,
Mn e Cr. Todos os metais foram detectados em concentrações dentro de limites aceitáveis para a
comunidade biótica. Isso ficou claro ao se confrontar os resultados aos índices TEL e PEL, a
resolução CONAMA 344/04 (BRASIL, 2004) e ao índice EPA.
Por fim, o estudo mostra que a análise dos sedimentos pode, portanto, contribuir para
ações de monitoramento ambiental, subsidiando a implantação e desenvolvimento de políticas
públicas que visem controlar o uso racional e sustentável dos recursos naturais das áreas do
estudas.
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62
1.5. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: UM RISCO PARA
AVIAÇÃO BRASILEIRA
RESUMO
A geração dos resíduos sólidos urbanos constitui um dos principais problemas atuais da sociedade.
Devido à ocupação antrópica do entorno dos aeroportos e às deficiências na coleta, tratamento e
destinação final, há abundante oferta de material orgânico. Os resíduos lançados em lugares
inadequados podem atrair aves para as proximidades das pistas dos aeródromos, elevando assim,
os riscos de colisões entre aeronaves e aves. A incidência de colisões entre aeronaves e aves tende
a aumentar com o crescimento urbano. Segundo dados do Centro de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), somente no ano de 2015 foi reportado um total de 1733
registros de colisões com aves e 91 reportes de colisão entre aeronaves e outros tipos de animais
no Brasil. Fez se um levantamento de evidências desse risco, sua origem e ligação com os resíduos
sólidos urbanos e a legislação que trata do assunto a fim de apresentar o risco potencial da
disposição inadequada de resíduos oriundos da produção e do consumo humano em relação às
colisões aéreas entre aeronaves e aves no Brasil.
A geração, tratamento e destinação dos resíduos sólidos urbanos estão entre os principais
problemas atuais da sociedade. O volume de resíduos gerados, das mais diversas naturezas, em
áreas urbanas tem crescido, determinando um processo contínuo de deterioração sócio-ambiental
(NETO, 2007). O Brasil possui 5.570 municípios, desses, no ano de 2013, apenas 1.865
declararam possuir PMGIRS (Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos) nos
termos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Portal dos Resíduos Sólidos – PRS, 2018). E,
de acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (Abrelpe), mais de 41% dos 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos gerados no
país tiveram como destino lixões e aterros controlados e 3.334 dos 5.570 municípios brasileiros
ainda mantêm lixões (ONB, 2015).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
64
A PNRS prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a
prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o
aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e
pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo
que não pode ser reciclado ou reutilizado).
De acordo com a fonte geradora, os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU, de acordo com a
norma NBR 10.004/2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT), comumente
conhecidos como lixo urbano, são resultantes da atividade doméstica e comercial dos centros
urbanos. A composição varia de população para população, dependendo da situação
socioeconômica e das condições e hábitos de vida de cada um. Dos RSU oriundos de atividades
domésticas, cuja produção varia entre 0,5 e 1 kg por hab/dia, a maioria são resíduos orgânicos,
cerca de 50% a 60%, incluindo-se os considerados não recicláveis (MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE – MMA, 2018), e em 2º lugar estão papéis e papelões, principalmente onde há
atividade de escritórios, seguidos por plásticos, metais, vidros e outros materiais diversos. Já os
resíduos comerciais possuem composição variável de acordo com o tipo de comércio gerador.
Estima-se que cada pessoa produza, em média, 1,3 kg de resíduo sólido por dia
(MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESTADO DE GOIÁS – MPUGO, 2018). Dessa
forma, uma pequena cidade de apenas dez mil habitantes produziria cerca de dez toneladas de
lixo diariamente. De acordo a ABRELPE (2018), estima-se que, no Brasil, são geradas
aproximadamente 198 mil toneladas por dia de resíduos sólidos urbanos, o que equivale a
aproximadamente 62 milhões de toneladas anuais, dos quais, cerca de 90% são coletados, o que
equivale a aproximadamente 180 mil toneladas por dia.
Risco aviário
Para Beni (2017), risco aviário ou risco de fauna é o risco de colisão entre uma aeronave e
uma ou mais aves (Figura 2), em determinada porção do espaço aéreo ou no solo. É composto por
duas variáveis: gravidade da colisão e probabilidade da colisão.
65
A resolução nº 005 de 05 de agosto de 1993 do Conama, define normas e procedimentos
mínimos para o tratamento e gerenciamento de resíduos sólidos proveniente dos aeroportos e
torna obrigatória a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, contemplando
os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento,
transporte, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública (MMA, 2006 –
Ministério do Meio Ambiente). O aeroporto fica responsável pelos resíduos desde sua geração até
disposição final, devendo procurar dar uma destinação que conduza à reciclagem e ao encontro
de soluções integradas e/ou consorciadas para fins de seu tratamento e destinação final (MMA,
2006). O programa ainda é regulado por diversos diplomas legais emitidos pelo próprio Conama,
pela Anvisa – Agência de Vigilância Sanitária, pelo Ministério da Agricultura e por outros
instrumentos como as normas brasileiras.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
66
A área de segurança aeroportuária é a área abrangida a partir do centro geométrico do
aeródromo até um raio de 20 km, para aeroportos que operam de acordo com as regras de voo por
instrumento (IFR), e de 13 km para os demais aeródromos (operação VFR). E determina que não
seja permitida a implantação de atividades de natureza perigosa dentro da ASA, entendidas como
foco de atração de aves, como matadouros, curtumes, vazadouros de lixo ou quaisquer outras
atividades que possam proporcionar riscos semelhantes às operações aéreas (DAC, 2008 –
Departamento de Aviação Civil).
A incidência de colisões aéreas envolvendo aeronaves e aves tem aumentado (Quadro 1),
o crescimento das populações de aves relacionadas ao crescimento urbano desordenado na
periferia de grandes cidades (BASTOS, 2000). Quando os conjuntos residenciais situam-se nas
proximidades dos aeroportos, os resíduos alimentares domésticos gerados tornam-se alimentos
para aves e, por consequência, colaboram para esse aumento.
67
As atividades antrópicas geradoras de resíduos orgânicos, bem como as atividades
comerciais do aeroporto, realizadas sem a devida preocupação com a destinação final, contribuem
para o aumento de resíduos nas áreas dos aeroportos, com consequente aumento na população de
aves (PESSOA et al., 2006). A presença de aterros sanitários inadequados, lixões, granjas,
matadouros e curtumes constituem focos de atração das aves no entorno, especialmente para
urubus, os principais envolvidos em acidentes com aeronaves, uma vez que atingem maiores
altitudes e costumam voar em grupo (SERRANO et al., 2005).
A poluição ambiental causada pela operação dos aeroportos no que diz respeito ao risco
aviário geralmente está associada à infra-estrutura e aos aspectos ambientais decorrentes das
operações de voo (SOUZA, 2001). São componentes que colaboram também para o aumento do
quadro: os incineradores, parque de abastecimento, áreas de testes de motores, cozinhas
industriais, serviços de manutenção de aeronaves e áreas de treinamento contra-incêndio.
Diversas atividades desenvolvidas pelo homem podem exercer atração sobre a avifauna
local, em função da possibilidade de ofertarem alimentação em abundância. Dentre elas podem
ser citados matadouros e curtumes que após o processo produtivo a que se destinam, geram
resíduos orgânicos e efluentes líquidos, que se não tratados adequadamente ofertam alimentação
em abundância para a avifauna local. Outro foco de atração (Figura 3) são representados pelas
atividades antrópicas baseadas nos processos de destinação final de resíduos sólidos orgânicos
gerados nos centros urbanos de concentração de população, tais como vazadouros de lixo, lixão,
aterros sanitários, usinas de compostagem, valos sanitários, etc (SOUZA, 2001).
Figura 3 – Presença de Urubus em uma das cabeceiras da pista do Aeroporto de Ilhéus –BA.
O Coragyps atratus é uma espécie de ave está sempre presente, em grande quantidade,
nas diversas cidades brasileiras, e comumente associa-se ao homem. Alimenta-se de carne
vermelha em deterioração, o que o torna importante para o equilíbrio ecológico (BRASIL, 1997).
São poupadores de energia e tendem a se alimentar nos locais onde encontram maior facilidade
na obtenção de alimento. Por causa disso, sua presença é muito comum em depósitos de lixo
(Figura 3) e nos aterros sanitários, sendo raramente encontrado em florestas.
68
No Brasil, o agravamento da situação de risco de colisão de aeronaves com urubus durante
os procedimentos de aproximação, pouso e decolagem é atribuído, principalmente, ao
desequilíbrio ecológico causado pelas áreas destinadas à deposição de lixo urbano, aterros
sanitários e lixões, além de matadouros, curtumes e pólos pesqueiros, que operam contrariando a
legislação vigente, no entorno dos aeroportos (SOUZA, 2001).
É notório o potencial atrativo de aves nos locais usados para destinação final de resíduos
sólidos urbanos, principalmente o urubu, conforme atestam levantamentos estatísticos no Brasil,
pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – CENIPA (Quadro 2).
CONCLUSÕES
A disposição de resíduos sólidos urbanos que ocorre dentro e em torno do aeroporto tem
o potencial de afetar as áreas imediatas e adjacentes e favorecer a ocorrência de aves, a exemplo
de depósito inadequado de lixo e entulho.Algumas espécies de aves como Coragyps
69
atratus(urubu-de-cabeça-preta) se beneficiam com o aumento destes ambientes. Esse fato torna
os ambientes aeroportuários áreas propícias para a ocorrência de sítios de nidificação, pois estes
locais apresentam oferta de alimento e material para a construção dos ninhos.
Entre 1996 e 2015 houve 1824 eventos de colisões com aeronaves e aves reportados ao
CENIPA e esses dados mostram a importância para a segurança aeroportuária em relação ao
gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, pois medidas de prevenção podem reduzir os atrativos
para as aves, e desta forma minimizar o risco de ocorrerem colisões. Mesmo que não haja um
mecanismo eficaz com capacidade para resolver em definitivo a ocorrência de colisões entre
aeronaves e aves, alguns métodos são capazes de diminuir as ocorrências.
Nesse contexto, a condição ideal só será atingida quando forem combinadas ações entre
o cumprimento da legislação que normatiza a ocupação do uso do solo com a redução das
condições ambientais degradadas e a melhoria do nível educacional nas populações que habitam
o entorno dos aeroportos brasileiros.
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71
1.6. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL POR RESIDUOS
SOLIDOS EM APP DO RIO DAS BOMBAS, JOÃO
PESSOA – PB
RESUMO
A cada dia o meio ambiente ganha foco nas mídias sócias do mundo, a estimada preocupação que
vem crescendo entre a população, o poder publico e o setor privado não é à toa, pois ações
realizadas pelo consumismo desenfreado do homem associadas com alterações naturais são as
principais causas de impactos ambientais no planeta. No caso das ações que são geradas a partir
dos depósitos de resíduos sólidos próximos à áreas de preservação ambiental, chegam a acarretar
inúmeros problemas, dentre eles, estão o assoreamento e eutrofização dos corpos hídricos, além
da perda da biodiversidade, proliferação de vetores contaminante de doenças entre muitos outros,
que trazem consigo risco para a sociedade. Pensando nisso este trabalho tem como objetivo
principal realizar uma análise descritiva dos impactos ambientais causados na área de preservação
permanente (APP) por disposição de resíduos sólidos no Rio das Bombas, situado no município
de João Pessoa-PB. Observando ainda suas consequências e formas de degradação ambiental e
por fim demonstrando a situação das políticas públicas através de Leis, Decretos e
Regulamentações vinculadas ao pertinente tema.
72
INTRODUÇÃO
O crescimento urbano desordenado tem sido pauta nas principais discussões acerca dos
novos paradigmas de desenvolvimento das cidades. O aumento populacional e de atividades
econômicas, verificados, principalmente a partir da Revolução Industrial, apresentando maior
proeminência após a segunda guerra mundial, têm sido apontados como as principais causas do
surgimento e agravamento dos problemas urbanos diagnosticados nas últimas décadas (CUNHA,
2017).
Através deste contexto, uma nova perspectiva apresentou-se no cenário nacional com a
aprovação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos – (PNRS), Lei Federal Nº 12.305, de 2 de
agosto de 2010, que estabelece a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos
e a Logística Reversa (LR) como instrumento de desenvolvimento econômico e social capaz de
viabilizar a correta destinação dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010; NASCIMENTO et al., 2016).
A gestão compartilhada pode ser considerada como um marco para a gestão de resíduos no país,
pela forma direta e linearidade que se trata o tema, assim como a aplicação de prática sustentável
no sistema produtivo é uma ferramenta de se evitar o desperdício de material, financeiro e
degradações ambientais (SOUZA; SOUZA, 2016; ROCHA et al., 2017).
73
Os vários impactos ambientais decorrentes das diferentes formas de disposição de
resíduos sólidos oferecem também riscos importantes à saúde humana. Sua disposição no solo,
em lixões ou aterros, por exemplo, constitui uma importante fonte de exposição humana a várias
substâncias tóxicas. As principais rotas de exposição a esses contaminantes são a dispersão do
solo e do ar contaminado, a lixiviação e a percolagem do chorume. O último pode ocorrer não
apenas enquanto o lixão ou o aterro está em funcionamento, mas também depois de sua
desativação, uma vez que os produtos orgânicos continuam a degradar. Estudos têm indicado que
áreas próximas a aterros apresentam níveis elevados de compostos orgânicos e metais pesados, e
que populações residentes nas proximidades desses locais apresentam níveis elevados desses
compostos no sangue. Assim, esses depósitos de resíduos sólidos irregular constituem em
potenciais fontes de exposição para populações, provar alteração nas características físicas,
químicas e biológicas na região (OLIVEIRA et al. 2018; GOUVEIA, 2012).
Outra atividade geradora de impactos a natureza, é a retirada da mata ciliar para utilização
do espaço para depositar resíduos é o assoreamento, que é um fator resultante, tanto da ação da
própria natureza, como da ação humana, porém, o fator antrópico aumenta e muito o problema,
tendo em vista que questões como desmatamento, poluição, descuidos com o solo, ocupação de
vertentes e outros, são prioritariamente causados pela sociedade. Este processo traz prejuízos a
todo ecossistema, bem como a própria malha e estrutura urbana e consequentemente aos seres
humanos, que contraditoriamente são os principais causadores do problema (FILHO, 2014).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Resíduos sólidos
Resíduos sólidos são resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de várias
atividades, sejam indústrias e/ou domésticas, sejam de saúde, agrícolas e de serviços. Também os
lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles originados em equipamentos e
instalações de controle de poluição; bem como alguns tipos de líquidos, cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpo d’água, ou exijam para isso
soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (GARCIA
et al., 2015). Ainda o mesmo autor pode definir resíduos como sendo todo material proveniente
de atividades humanas nas indústrias, comércios e residências que seja considerado inútil. Neste
conceito, o termo lixo, está incluído sob as diversas formas, inclusive o lixo tóxico e prejudicial
ao meio ambiente. Por resíduos sólidos, de acordo com sua composição química, teremos os
resíduos orgânicos, composto de matéria viva, como por exemplo, restos de alimentos e dejetos
humanos e os resíduos inorgânicos, composto de materiais fabricados pelo homem, tais como
plástico, vidro e metal (GARCIA et al., 2015).
O resíduo sólido no Brasil tem sido amplamente discutido na sociedade, a partir de vários
levantamentos da atual situação brasileira e das perspectivas para o setor. De forma geral, este
assunto permeou várias áreas do conhecimento, desde o saneamento básico, meio ambiente,
inserção social e econômica dos processos de triagem e reciclagem dos materiais, e recentemente,
ainda de forma insipiente o aproveitamento energético dos gases provenientes dos aterros
sanitários. Portanto a complexidade das atuais demandas ambientais, sociais e econômicas induz
74
a um novo posicionamento dos três níveis de governo, da sociedade civil e da iniciativa privada.
(LINS, 2017)
Grande parte das Cidades Brasileiras, ainda não tem uma gestão adequada dos RCD, e muitos
deles sãodispostos pela população em logradouros públicos, permanecendo por muito tempo a
depender dafiscalização do município o quase pode ser dado como ineficiente acarretando
prejuízo aos cofres públicos com alimpeza do local e perdendo funcionalidades, que poderiam ser
anexas a estes resíduos, entendendo-se que grande parte dele há possibilidade de reciclagem
(HOLANDA et al., 2018)
Diante desse contexto é necessário que municípios brasileiros coloquem em prática a PNRS um
dos fatores primordiais é a elaboração do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos.
Tratando-se de um planejamento estratégico que deve ser elaborado de forma coletiva envolvendo
a participação dos gestores públicos, do setor privado e da sociedade civil assim cada setor se
responsabilize pelos resíduos sólidos gerados, contribuindo para que a gestão dos RS ocorra na
prática de forma integrada. (CARDOSO et al., 2016).
Legislação
De acordo com a Lei, resíduo sólido é todo o material, bem, substância ou objeto
descartado (sólido ou não) resultante de atividades humanas em sociedade. A PNRS se aplica a
todos, pessoas físicas e jurídicas, de direito público e privado, responsáveis pela geração de
resíduos sólidos e por ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos
sólidos, (exceto os resíduos classificados como radioativos). Sendo assim, fabricantes,
importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de
limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos compartilham da responsabilidade do ciclo de
vida do produto (NASCIMENTO et al., 2016).
Há instrumentos específicos à Lei de Resíduos Sólidos, mas que não são detalhados na
lei, apenas citados, como: inventários de resíduos sólidos; incentivo à criação e ao
desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais
75
reutilizáveis e recicláveis; cooperação técnica e financeira entre o setor público e o privado para
o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos e tecnologias de gestão,
reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e disposição final ambientalmente adequada de
rejeitos. (JURAS, 2012).
O Art. 4º da Lei 12.651/2012 (BRASIL, 2012) prevê a extensão da vegetação das matas
ciliares em faixas desde a calha do leito dos cursos de água, considerando-as como Área de
Preservação Permanente em áreas rurais e urbanas. Em relação à cobertura vegetal, o principal
fator a se abordar acerca de bacias hidrográficas é a mata ciliar, que é de fundamental importância
na criação e manutenção da vida nos rios e lagos, pois, entre outros, mantém a proteção da área
circundante ao corpo aquoso, evitando a erosão do solo e o assoreamento subsequente, bem como
se apresenta enquanto um importante reduto de biodiversidade (MORAES FILHO, 2014).
A mata ciliar consiste em uma vegetação de margem do rio e espécie adaptada para as
condições adversas. Localizam-se às margens de rios, nascentes, lagos e represas e tem por escopo
a proteção do solo e da água, evitando a erosão, o assoreamento e a poluição, já que dificulta a
chegada dos dejetos materiais até o curso d’água. Além das mencionadas funções, a mata ciliar
fornece relevante contribuição para evitar a escassez da água, já que a planta auxilia na retenção
desse recurso hídrico pelo solo (BORGES, 2014).
Eutrofização
76
METODOLOGIA
Para realização do estudo foram feitas visitas a área no período de março de 2018 a
abril de 2018 na área degradada, uso de Gps Garmim Etrex para marcação de pontos
geográficos e maquinas fotográfica para avaliação e classificação básica da vegetação
existente assim como consulta a literatura, através de artigos, dissertações e livros, assim
como busca a legislação vigente aplicada.
Após a coleta de pontos e visita a área degradada foi elaborado mapa (figura 1) com
o datum geográfico sirgas 2000 UTM zone 25 S, e separada área em 3 áreas principais cada
uma com sua característica observadas em campo e denominadas área 1, área 2 e área 3,
assim como uso do mapa SRTM (sigla em inglês para Shuttle Radar Topography Mission)
para a criação das curvas de nível através do uso software QGis na sua versão 2.18.18 LTR.
77
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Através das vistorias realizadas na área degradada e consulta a legislação foi possível
identificar a área delimitada para estudo, corresponde a uma área de preservação permanente
(APP), conforme a Lei Federal nº 12.651/2012 (BRASIL, 2012). A lei estabelece que:
As curvas de níveis evidenciadas na (Figura 1), é possível perceber que maior parte da
área de atuação do estudo se dá a terrenos planos, apenas as áreas próximas avenida principal
possui curvas mais acentuadas de declividades, tal característica acentua o escoamento superficial
no período de chuvas levando os montantes de água para o trecho do rio.
Das espécies de flora e fauna encontrada foram possíveis identificar indivíduos das espécies
(Quadro 1), com relação à fauna no local, se destacam a avifauna, pela facilidade de locomoção
e uso do local para nidificação, abrigo e alimento.
Fonte: Autores
Foi identificado que trecho do Rio das Bombas está em estado de assoreamento avançado
tal, característica pode ser dado a supressão da mata ciliar e a lixiviação dos resíduos sólidos para
o leito do rio de acordo com Morais Filho (2014 ) erosão do solo e seu movimento no corpo
aquoso, ocorre o assoreamento algo que se constitui tanto como um processo natural, como por
ação antrópica, trazendo prejuízos ao solo, ao corpo hídrico e aos seres vivos , em ambiente urbano
é gerado pelo aumento dos resíduos lixiviados para fundo do leito, a retirada da mata ciliar, as
declividades acentuadas em alguns pontos e as vias que cortam perpendicularmente as curvas de
nível aumentam o impacto da chuva e a diminuição da permeabilidade das vertentes, levando a
água, por enxurrada e os resíduos de solo .
Também foi identificado um estado de eutrofização avançada no trecho dos rios das
bombas tal característica se dá a lixiviação dos resíduos dispostos em suas margens, aumentando
nível de carga orgânica e aumentando assim a capacidade de eutrofização. Para Barreto (2013),
um dos impactos mais preocupantes da aceleração do processo de eutrofização é o aumento da
probabilidade de ocorrência de florações de algas, principalmente as cianobactérias
potencialmente tóxicas, podendo alterar a qualidade das águas, sobretudo no que tange ao
abastecimento público resulta em aumento nos custos do tratamento da água ,portanto
aumentando no uso de coagulantes ,alcalinizantes e cloro devido à presença de matéria orgânica
e amônia, diminuindo a eficiência da desinfecção e aumentando a possibilidade de formação de
componentes tóxicos organoclorados, prejudiciais à saúde humana.
79
Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.); Gavião-preto (Urubitinga urubitinga
(Gmelin, 1788))
Cassia-ferruginha (Senna siamea (Lam.) H.S. Irwin &
Barneby);
Relativa à área 3 é possível encontrar maior número de resíduos sólidos da construção civil
e demolição (figura 3), a área também se divide em terrenos com influência antrópicas com uso
de cobertura compactada de aterro, e solos Indiscriminados de Mangues. De acordo com Oliveira
netoe Silva (2018) são solos halomórficos muito pouco desenvolvidos, lamacentos, escuros e com
alto teor de sais provenientes da água do mar, formados em ambientes de mangues a partir de
sedimentos flúvio-marinhas recentes misturadas com detritos orgânicos, de natureza e
granulometria variada.
Esse tipo de resíduo é classificado na NBR 10004 como inertes. Embora em sua grande maioria
se submetidos à análise, estariam classificados como não inertes, especialmente devido ao seu pH
e dureza da água absorvida, em alguns casos eles podem conter contaminações. Estas
contaminações podem tanto ser oriundas da fase de uso da construção como a partir de como
foram gerados e manuseados, portanto esses contaminantes podem afetar tanto a qualidade do
meio à qual foram dispostos (OLIVEIRA et al., 2016). Outro problema agravante é que os
mesmos resíduos através dos impactos causados pela chuva, podem sem desfragmentar,
80
aumentando assim o assoreamento do corpo hídrico próximo, assim como mudança de estado do
terreno, causando assim uma desestabilidade, a recuperação natural proveniente dessa área do
estudo.
CONCLUSÕES
Diante os resultados encontrados foram possíveis entender que as ações geradas a partir
dos depósitos de resíduos sólidos próximo a áreas de preservação ambiental, acarretam inúmeros
problemas, dentre eles, o assoreamento e eutrofização dos corpos hídricos, perda de
biodiversidade, proliferação de vetores contaminante de doenças entre outros.
Tais problemas não afetam só meio naturais, tornando a degradação ambiental uma ação
cíclica, que se entende do meio natural para meio urbano.
A problemática ambiental em torno dos resíduos sólidos ainda está em força, mesmo com
constante luta para conscientização, a degradação ambiental que vem junto com impactos gerados
dos resíduos dispostos de forma incorreta, acarretam problemas que podem levar meio natural
urbano a completa antropização, tal característica são refletidas com atividade gerada, de forma
irregular, sem pensamento sustentável, mostrando que área de preservação permanente se trata
apenas de um espaço verde em uma área urbana, aparentemente sem significado.
Por fim estudos que buscam, analisar diretamente o dano causado nesses ambientes
urbanos reforçam a importância da conscientização ambiental, quando mostram diretamente a
degradação causada especialmente das áreas de preservação permanente em áreas urbanas.
A Politica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) trouxe marco regulatório para tratar a
problemática dos resíduos sólidos no Brasil, com a previsão de destinação final que fosse
ambientalmente mais adequada de resíduos com a chamada responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida que o produto tenha, conhecida como logística reversa.
REFERÊNCIAS
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RICHTER, C. A.; NETTO, J. M. A. Tratamento de água: tecnologia atualizada. São Paulo: Edgar
Blücher, 2005.
83
1.7. ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
CAUSADOS POR RESÍDUOS SÓLIDOS NUMA
ENCOSTA NO MUNÍCIPIO DE RECIFE–PE
RESUMO
As questões relacionadas com o meio ambiente têm ganhado destaque no tocante aos
grandes desafios enfrentados pela sociedade (ALBUQUERQUE, 2016). Essa notoriedade é fruto
da percepção, cada vez mais evidente, dos limites que o planeta tem capacidade de suportar para
o modelo atual de produção que é pautado, a princípio, na extração e resultando em descarte, sem
qualquer preocupação com os impactos gerados (MACEDO, 2016).
Essa premissa não sustentável adotada na maioria dos grandes centros populacionais,
bastante presente no Brasil, também possui grande influência na maneira que a população inserida
nesse modelo evoluiu. No decorrer dos anos esse fator em conjunto com vários outros, influenciou
e influenciam na redução de qualidade de vida dos indivíduos residentes nessas áreas (SILVA et
al., 2018).
Pautando-se nessa alegação, a realidade vivida pelos grandes centros urbanos brasileiros,
que se caracteriza pelos inúmeros problemas atrelados ao crescimento desordenado, ausente de
planejamento gerando evidente desequilíbrio com o meio ambiente (ALBUQUERQUE, 2016).
Dentre os problemas acima mencionados, a questão dos resíduos sólidos tem despertado
bastante interesse como temática de debates. No contexto do Brasil a questão da sua gestão vem
sendo discutida a pelo menos duas décadas, até que em 2012 foi publicada a lei nº 12.305/10 que
trata sobre a política nacional dos resíduos sólidos (DE ALMEIDA; DE SIQUEIRA BRANDÃO;
DA COSTA, 2015).
De acordo com Araújo et al. (2018), os resíduos sólidos quando são descartados
irregularmente em áreas sujeitas a desastres, além de propiciar a proliferação de insetos e
roedores, acarretam no agravamento dos problemas relacionados as esferas física e social.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Caracterização da área
O bairro Dois Unidos (Figura 1), objeto de estudo, pertence à segunda Região Político-
Administrativa do Recife (RPA-2), possui área territorial de 312 hectares quadrados e com
número de população residente de 32.805 habitantes (IBGE, 2010). O território do bairro
contempla da Reserva Ecológica de Dois Unidos e é cortada ainda por dois rios: Rio Beberibe e
Rio Morno. Este bairro esteve em constante crescimento, tendo aumento significativamente o
85
número de novas habitações. Segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a taxa de crescimento da população do bairro entre os anos 2000/2010 foi de 1,91%.
É impossível negar a importância que o exercício de uma política de gestão eficiente dos
resíduos sólidos tem para o desenvolvimento sustentável e seguro de uma sociedade.
A gestão dos resíduos sólidos é um dos grandes desafios do futuro para a sociedade
mundial. Tanto de forma qualitativa, que de acordo com Freitas et al. (2016) tem influência
negativa na fragilidade ambiental, quanto quantitativamente, com dados surpreendentes com 5,25
trilhões de resíduos plásticos (RIBEIRO; INOUE, 2016) na superfície do mar.
Como tentativa de influenciar no seu emprego e minorar os impactos de causados por uma
gestão ineficiente que algumas políticas públicas vêm surgindo no Brasil e no mundo,
possibilitando um ordenamento jurídico que viabilize a regulação desses resíduos (ARAÚJO et
al., 2018).
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é regida pela Lei nº 12.305/10 (BRASIL,
2010) e busca organizar a maneira com que o país trata os seus rejeitos, além de exigir dos setores
públicos e privados transparência dos sistemas aplicados no gerenciamento destes resíduos
(LEMOS, 2011). Mesmo após a aprovação da lei supracita, as sua metas e prazos fixados não
foram atendidos pelos municípios.
86
De acordo com levantamentos da SECID/PE para a formulação do PMRS, eram recolhidas
aproximadamente 144.583 toneladas de resíduos de origem comercial, doméstica e pública com
uma taxa de 4.819 toneladas por dia e produção per capita de 1,317 kg/hab/dia na Região
Metropolitana do Recife (RMR). (PERNAMBUCO, 2011).
A destinação final dos resíduos de acordo com Waldman (2013), é segmentada em relação
às tipologias de recebimento, sendo essas:
Aterros Controlados: tem pouca diferenciação em relação aos lixões diferenciando-se por
possuir pequenas ações de cuidado no seu manejo, configurando-se como são uma
categoria de intermediaria entre o lixão e o aterro sanitário (NASCIMENTO et al., 2015);
Aterros Sanitários: De acordo com França e Silva Filho. (2018) é a tipologia de destinação
adequada de descarte para os resíduos sólidos, é recomendada pela Lei 12.305/2010
(BRASIL, 2010).
Dos municípios que formam a Região Metropolitana do Recife (RMR) sete destinam seus
resíduos para lixões, claramente indo contra ao estabelecido pela PMRS, outros três destinam seus
resíduos sólidos para aterros controlados, contudo esses municípios são os responsáveis por 60%
de todos os rejeitos gerados na RMR. E por fim os quatro municípios restantes destinam os seus
RS para dois aterros sanitários privados. (PERNAMBUCO, 2011).
A destinação dos resíduos sólidos provenientes do bairro de Dois Unidos, objeto do artigo,
é para o aterro controlado CTR Candeias localizado no bairro da Muribeca, no município de
Jaboatão dos Guararapes-PE. Esse aterro controlado é administrado pela iniciativa privada.
Fragilidade ambiental
Com a maior atenção que vem sendo disponibilizada as causas dos problemas que
acometem os meios, urbanos e ambiental, formas de qualificar e/ou quantifica-las vem surgindo.
Por meio do estudo dessas causas é possível diagnosticar as condições de fragilidade ambiental
que a região de estudo está submetida (CESSA; SOARES, 2013).
87
METODOLOGIA
Realizou-se visita ao local selecionado para mapeamento da área por meio de registros
fotográficos e aplicação de checklist. Este último serviu para avaliar o grau de risco de novos
deslizamentos de terra na área estudada e como a disposição irregular dos resíduos sólidos pode
contribuir nesse processo. No checklist utilizou-se de uma adaptação da metodologia de Tommasi
(1994) da qual se apresentam alguns indicadores, sendo eles:
Expansão urbana;
Construções/edificações;
Processos erosivos;
Degradação vegetal;
Cortes de madeira;
A classe representa a multiplicação do valor do peso de cada indicador pela nota dada ao
seu efeito. O somatório dos valores da coluna classe ( ∑ 𝐶 ) fornece o índice geral do impacto,
podendo ser interpretado da seguinte maneira:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi realizada uma visita exploratória no mês de abril de 2018 à Rua Leôncio Rodrigues,
em Dois Unidos no Recife-PE, sendo este o local onde se registrou o último deslizamento de terra
com consequências fatais. A visita teve como objetivo mapear o entorno da área do deslizamento
e avaliar por meio de checklist o grau de risco para ocorrência de novos deslizamentos e como a
disposição irregular dos resíduos sólidos pode influenciar esta movimentação de terra (Figura 2).
Observou-se que os resíduos sólidos encontrados, em sua maior parte, eram de podas da vegetação
e resíduos domésticos. Esse fato pode caracterizar a ineficiência do serviço público de coleta
urbana no bairro estudado.
88
Figura 2. Ponto de disposição de resíduos sólidos.
Durante a visita pode se constatar também que no local ainda haviam resíduos provenientes
do deslizamento de terra, ocorrido em junho de 2017 que resultou na morte de duas pessoas (G1,
2017), não haviam sido removidos do local e que as edificações destruídas pelo incidente, por
necessitarem ser demolidas, também se caracterizariam como resíduo (Figura 3).
De acordo com os dados coletados, o índice geral dos impactos ambientais causados pelos
fatores antrópicos no bairro Dois Unidos, Recife-PE, foi considerado como impacto extremo (-
175), resultado de impactação alto como os resultados encontrados por Cunha e Bacani (2016)
que obtiveram valores similares para 77,46 % das áreas estudadas de (Tabela 1).
Observou-se que entre as construções foi possível encontrar áreas descobertas na qual a
vegetação foi suprimida, deixando o solo desprotegido e suscetível à incidência direta de águas
pluviais. Além disso, registrou-se que as canaletas para drenagem superficial estavam entupidas
pelos resíduos sólidos. De acordo com os fatos mencionados, pontuou-se o efeito da expansão
urbana e das construções/edificações na promoção de impactos favoráveis ao deslizamento de
terra com nota máxima (-5), cada um. Com a majoração da nota pelo peso do indicador, resultou
em classe (-25).
Processos erosivos
Os processos erosivos no bairro já são sentidos pela comunidade local e podem ser
percebidos facilmente com a presença de encostas, as quais foram protegidas por lonas, medida
empregada pela prefeitura da cidade do Recife. Esses processos foram intensificados em Dois
Unidos aos fatores antrópicos incluindo expansão urbana e as construções/edificações. Assim, o
efeito do indicador processos erosivos foi pontuado, também, com nota máxima (-5), similar ao
constatado por Victorino e Sestrem e Kormann (2017).
A degradação ambiental pode ser entendida como os processos e ações que alteram a
biodiversidade vegetal de um lugar. Essa biodiversidade pode ser afetada pelo desmatamento,
queimadas e poluição, além do intemperismo natural como a chuva, ventos, raios, etc. Resultados
de estudos realizados por Oliveira (2011) no fragmento florestal passou por um processo de
grande perda da vegetação ao longo de 33 anos (415%), enquanto a área urbana no entorno teve
um aumento de 264%. Deste modo, pôde-se verificar que um grande processo de degradação
vegetal afeta a área em estudo. Foram identificados pontos onde se encontravam troncos de
árvores cortados e descartados irregularmente (Figura 4), caracterizando o corte de madeira. Após
a análise dos indicadores degradação ambiental e corte de árvores foi percebido como um agente
em potencial ao deslizamento de terra, tendo resultado na avaliação de classe (-25)
90
provocam o entupimento dos canos de drenagem superficial. Vale ressaltar que este indicador foi
um dos principais agravantes para o deslizamento de terra registrado em Dois Unidos, em 2017.
Identificou-se a obstrução da rede de drenagem com resíduos sólidos. A deposição irregular de
resíduos sólidos é um indicador que apresenta impacto de alto risco para área de encostas. Deste
modo, seus efeitos foram pontuados, também valoração máxima (-5).
CONCLUSÕES
Dos resultados dos indicadores dos impactos ambientais utilizado na metodologia todos
apresentaram nota máxima de (-5), o que levanta o alerta para as condições seríssimas que a
localidade se encontra. Vale levar em consideração que fatores como o de Processos Erosivos tem
suas raízes do conjunto de impactos causados por outros fatores como a Degradação Vegetal,
Deposição de Resíduos Sólidos e Construção de Edificações que quando encontrados no estado
de impacto corrente, nota (-5), é um indicativo alarmante para as áreas dessa tipologia.
O acidente que ocorreu na encosta em 2017, serve como um alarmante indicativo do quão
urgente é a necessidade de acompanhamento e a tomada de medidas para prevenir futuros
deslizamentos.
REFERÊNCIAS
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Guararapes-PE. 2016. 154p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola Politécnica de
Pernambuco, Universidade de Pernambuco. Recife, PE. 2016.
91
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Bacia do Rio Coco como subsídio a análise de fragilidade ambiental. Mercator-Revista de Geografia da
UFC, v. 15, n. 4, 2016.
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Recife. 2017. Disponível em: < https://g1.globo.com/pernambuco/noticia/deslizamento-de-barreira-que-
matou-dois-ocorreu-em-area-monitorada-pela-defesa-civil-do-recife.ghtml>. Acesso em: 01 de abril de
2018.
92
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Departamento de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE. 2011.
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WALDMAN, M. Lixo domiciliar brasileiro: modelos de gestão e impactos ambientais. Boletim Goiano
de Geografia, v. 33, n. 2, 2013.
93
1.8. ABORDAGEM QUALITATIVA DA
SUSCETIBILIDADE AMBIENTAL DOS RECURSOS
HÍDRICOS EM PEREIRO – CE
RESUMO
A água apresenta múltiplos usos, no qual o prioritário é o abastecimento público. Para esse tipo
ela deve apresentar quantidade e qualidade satisfatória, atendendo a padrões de potabilidade.
Diante disso, o presente estudo visa caracterizar o cenário em que se encontra o manancial do
açude Adauto Bezerra do município de Pereiro/CE. Tomando-se por base trabalhos publicados
referentes ao tema em estudo, foi possível realizar a discussão a respeito da contaminação pelo
lançamento de efluentes domésticos não tratados, resíduos sólidos, defensivos agrícolas,
fertilizantes e fezes de animais, possibilitando a descrição da vulnerabilidade hídrica em que se
encontra a área urbana do município. O estudo também teve caráter exploratório com visitas in
loco, registros fotográficos das áreas analisadas e entrevista. Verificou-se que a água do manancial
conta com escassez tanto em termos quantitativos (pelo período prolongado de estiagem) quanto
qualitativos (pela possível presença de substâncias tóxicas e patógenos). Diante disso, é
primordial que o poder público e a sociedade civil promovam a conservação desse recurso tão
valioso.
94
INTRODUÇÃO
O recurso natural pode ser definido como sendo qualquer elemento da natureza que possa
ser explorado pelo homem (VENTURI, 2006). Sendo que a água se apresenta como um recurso
natural renovável, e tal renovação é promovida pela circulação que a água faz da superfície para
a atmosfera, e da atmosfera para a superfície, mediante ciclo hidrológico. Essa circulação acontece
pela mudança do seu estado físico (líquido, gasoso e sólido) (VITÓ et al., 2016). A água presente
na superfície, por intermédio da energia gerada pelo sol, sai de seu estado líquido para gasoso, o
vapor de água vai subir até se resfriar e se transformar em gotas de água novamente. A
precipitação pode ocorrer na forma de chuva, neve ou granizo, retornando dessa forma à
superfície. E o processo todo é reiniciado (PIPE, 2015).
95
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A água além de ser um recurso natural essencial à vida (humana, animal e vegetal), é
utilizada para outros fins relativos aos aspectos econômicos, sociais e culturais de uma sociedade
(ANDRADE et al., 2015). As demandas por água apresentam múltiplas finalidades. Entre os usos
mais comuns pode-se citar: abastecimento doméstico, abastecimento industrial, irrigação,
dessedentação de animais, geração de energia elétrica, diluição de despejos, navegação, recreação
e lazer (DERISIO, 2012). E esses usos podem estar propensos a impactar de forma potencial ou
efetiva os recursos hídricos, sejam eles superficiais ou subterrâneos. A maior ou menor
vulnerabilidade hídrica vai depender de vários fatores como a ação antrópica, condições
climáticas, estrutura geológica, cobertura vegetal e outros (CARVALHO, 2012).
Dessa forma, é necessário que o homem entenda que muitos recursos naturais são finitos
(BITTENCOURT; PEREIRA, 2014) e que a natureza não tem o poder de se resilir diante da
quantidade imensa de resíduos que produzimos diariamente e descartamos, muitas vezes de forma
aleatória.
É fundamental que cada indivíduo passe a repensar a sua relação com tais resíduos. A
princípio, deve-se buscar a não geração, tal como reduzir e só depois reutilizar e reciclar. Pois de
acordo com Santoset al. (2018), a alta taxa de geração intensifica os problemas relacionados com
os resíduos sólidos e sua destinação final. Tal cenário de despejo de resíduos de forma aleatória,
96
associado com as pressões antrópicas de substituição de uso do solo, corroborando com a pressão
da ausência dos elementos do saneamento básico, tem contribuído na vulnerabilidade hídrica, seja
modificando a qualidade/quantidade dos corpos hídricos superficiais, tal como subterrâneos
(ANDREAZZI; BARCELLOS; HACON, 2007).
METODOLOGIA
Área de estudo
97
Figura 2. Municípios que fazem fronteira com Pereiro/CE.
Procedimentos metodológicos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diante disso, é possível inferir que água subterrânea constitui um importante recurso
natural para o município de Pereiro, tendo em vista o cenário de escassez em que se encontra
atualmente. Sendo utilizada em larga escala para o abastecimento doméstico, além de outras
práticas voltadas ao desenvolvimento econômico local. Neste sentido, Han, Currell e Cao (2016)
realçam que a proteção da sua qualidade é de extrema importância.
A Lei Federal nº 9.433/97 que Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, no seu
artigo 9º, que fala do enquadramento dos corpos de água em classes, diz que a qualidade da água
deve ser compatível ao uso a que está destinado (BRASIL, 1997). Logo, a Resolução nº 357/ 2005
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), norteia essa delimitação, visto que, dispõe
sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento
(BRASIL, 2005).
De acordo com o levantamento de campo, foi possível verificar que o açude Adauto
Bezerra conta com a ocorrência do cenário de vulnerabilidade hídrica com respeito a qualidade,
ou seja, que possivelmente a água extraída pode não estar em conformidade com uso a que está
sendo destinado, devido as condições de uso desta, associado com a presença de atividades e
lançamentos de seus resíduos e efluentes na área, os quais passam a ser considerados potenciais
poluentes/contaminantes para a recarga de tal reservatório, seja pelo escoamento direto no solo,
ou pela lixiviação dos mesmos. Com isso, é possível inferir que as pressões sobre a água
(superficial e subterrânea) não estão somente associadas ao fator quantidade. A contaminação
também representa agente contribuinte na escassez desse recurso.
A oferta de água com qualidade para abastecimento público vem se tornando um grande
desafio para a sociedade atual, tendo em vista que a poluição é fator adverso para o manejo
sustentável dos recursos hídricos (GUO; WANG, 2009).De acordo com Derísio (2012), a
deterioração da qualidade da água pode advir de muitas fontes, tais como: esgotos domésticos,
drenagem de áreas agropastoris (que conta com fezes de animais, carreamento de fertilizantes e
defensivos agrícolas), lançamento de despejos industriais, ou mesmo de forma natural, provocada
por erosão, cadáveres de animais mortos, por folhas, escoamento superficial e etc. Além disso, é
99
possível citar a contaminação proveniente da percolação de efluentes e carreamento de resíduos
de aterros sanitários e/ou vazadouros a céu aberto.
Esgotos domésticos lançados nos rios sem qualquer tratamento também geram
contaminação. De acordo com Tundisi e Matsumura-Tundisi (2011), descargas de resíduos
humanos e de animais em corpos hídricos, transportam uma grande variedade de patógenos que
são danosos à saúde humana. O mesmo se aplica a disposição de resíduos sólidos em aterros
controlados inadequados, tendo em vista que os resíduos sejam de animais domésticos, restos de
comida ou até mesmo fraldas descartáveis, também contém uma carga patogênica associada.
Os estudos de Han, Currell e Cao (2016), apontaram que na China as principais fontes de
contaminação da água superficial e subterrânea abrangem fertilizantes e defensivos agrícolas,
fezes de animais, descarga de efluentes municipais e industriais. Essas fontes de contaminação,
exceto as descargas de efluentes industriais, estão presentes no cenário de vulnerabilidade hídrica
do Açude Adauto Bezerra (assim como dos poços escavados na área). É inegável que há
lançamento de esgoto doméstico não tratado no seu interior e suas adjacências, bem como a
presença de vazadouro a céu aberto que comporta os resíduos sólidos da cidade, também podendo
representar fonte de contaminação. Tais atividades podem ser verificadas mediante os registros
fotográficos (figuras 3 e 4, respectivamente).
Diante de tudo que foi discutido, é possível inferir que a água é um recurso natural
fundamental para sustentar a vida, bem como o crescimento econômico. Apesar disso, as
mudanças ambientais e climáticas ocorridas em todo o planeta estão causando chuvas irregulares,
aumento de ocorrência de enchentes, secas e escassez de água (em quantidade e/ou qualidade).
Isto posto, estratégias voltadas para a remediação e mitigação devem ser empregadas visando a
proteção deste recurso tão valioso (ANAWAR, 2013). Entretanto, mais importante que remediar
e mitigar é prevenir. Neste sentido, é necessário que haja o reconhecimento das possíveis fontes
de contaminação, afim de evitar o contato e reduzir o risco da materialização dos impactos
ambientais (BELAYUTHAM; GONZÁLEZ; YIU, 2016).
CONCLUSÕES
A mudança de postura com relação ao problema da água pode partir de medidas pontuais
como a utilização de tecnologias economizadoras ou mesmo de reuso de água tratada em
residências até chegar a medidas que envolvam a comunidade de maneira geral, como por
exemplo, a destinação adequada dos resíduos sólidos, a proibição da criação de animais na
proximidade do açude, a retirada do esgoto e seu adequado tratamento, de modo a reintegrá-lo na
água de forma segura. E com isso tornar possível a redução do desperdício, bem como a
contaminação.
Desta forma revertendo o cenário das ações de potencial contaminação das águas
superficiais e subterrâneas, sendo necessário a intervenção do poder público para coibir tal
cenário, tal como promover o gerenciamento dos recursos hídricos e do saneamento, frente a
descentralização do poder de polícia local.
102
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105
1.9. POLUIÇÃO NO CÓRREGO DO BAIRRO
ALDEIA EM CHAPADINHA – MA
RESUMO
O objetivo deste estudo foi caracterizar a área do córrego do bairro Aldeia no município de
Chapadinha-MA, identificando as principais fontes de poluição ao corpo hídrico. Para o
desenvolvimento deste trabalho, realizou-se entrevista com moradores do bairro, identificação
das nascentes e levantamento dos resíduos sólidos descartados nas margens do córrego.
Constatou-se que 100% dos moradores entrevistados possuem apenas fossas convencionas para a
deposição de esgoto doméstico, que necessitam ser esvaziada com regularidade por empresa
autorizada por órgão ambiental competente. As nascentes não se encontram em um patamar
aceitável de preservação em termos de legislação, pois, o uso atual da água das nascentes é para
fins de balneabilidade. O uso recreativo das águas da área já era comum a mais de 5 anos. As
margens do córrego do bairro Aldeia estão contaminadas, principalmente, por embalagens
plásticas, papelão e panos. A falta de planejamento na ocupação da área urbana de Chapadinha
somando-se a ausência de serviço de esgotamento sanitário, educação ambiental e vigilância
ambiental constituem problemas significativos na preservação do córrego do bairro Aldeia.
106
INTRODUÇÃO
Os corpos hídricos são recursos naturais protegidos pela legislação brasileira (BRASIL,
2012). Porém, a maneira como ocorre à ocupação urbana, tem acarretado em inúmeros problemas
de ordem ambiental, dessa forma, proporcionando desequilíbrios que podem contaminar os
recursos hídricos, em alguns casos, já a partir das nascentes (BELIZÁRIO, 2015).
Nesse sentido, o intuito deste trabalho foi caracterizar a área do córrego do bairro Aldeia
no município de Chapadinha, identificando as principais fontes de poluição ao corpo hídrico.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A poluição das águas fluviais é identificada, principalmente, nas cidades onde estão
localizados os grandes centros industriais, porém a degradação de cursos d’água também é
verificada nas localidades menos industrializadas (SOUZA; SANTOS, 2006). Esta, pode aparecer
de vários modos incluindo a poluição térmica (descarga de efluentes as altas temperaturas),
poluição física (descarga de material em suspensão), poluição biológica (descarga de bactérias
patogênicas e vírus), e poluição química (que pode ocorrer por deficiência de oxigênio, toxidez e
também eutrofização) (BORTOLUZZI, 2011).
107
O lançamento de esgotos domésticos, sem tratamento, nos cursos d’água é uma das
principais fontes de poluição da água nas áreas urbanas (SOUZA, 2014). As águas que compõe o
esgoto doméstico compreendem as águas utilizadas para higiene pessoal, cocção e lavagem de
alimentos e utensílios, além da água usada em vasos sanitários (PEREIRA, 2004). Estes efluentes
domésticos são constituídos, essencialmente, por matéria orgânica biodegradável,
microrganismos (bactérias, vírus, etc.), nutrientes (nitrogênio e fósforo), óleos e graxas,
detergentes e metais (BENETTI; BIDONE, 1995).
A maioria dos municípios brasileiros não possui tratamento dos seus esgotos domésticos
(ALBERTO, 2012). De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
(SNIS) para o Brasil, apenas 50% da população tem acesso a coleta de esgoto e apenas 43% deste
é tratado. Os impactos decorrentes da falta de saneamento básico são assuntos recorrentes na
literatura, Andrade e Felchak (2009) constataram, no Rio das Antas na cidade de Iratí-PR, o grau
de degradação do corpo hídrico, marcado pela influência urbana que resultou em ausência de mata
ciliar, resíduos sólidos nas margens, assoreamento e eutrofização das águas.
Para Vaz (2009), os locais mais carentes em saneamento básico são aqueles que abrigam
em sua maioria famílias pobres e com baixa escolaridade. De acordo com Souza (2014), nestes
locais, que em geral são mais afastados do centro urbano, é visto o lançamento de esgoto
doméstico nos cursos d’água com grande frequência. Contudo, essas áreas estão sendo degradadas
tanto por atos dos seus habitantes como também por falta, na maioria das vezes, de investimentos
públicos em saneamento básico.
METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de um estudo descritivo-exploratório que foi conduzido no
município de Chapadinha localizado no estado do Maranhão, situado nas seguintes coordenadas
03° 44' 31" S 43° 21' 36" O. O município possui uma área 3.247,385 km 2, e cerca de 73.350
habitantes (IBGE, 2010). A precipitação pluvial média do município é de 1.835 mm, o período
de chuva compreende os meses de janeiro a junho e período seco entre os meses de julho a
dezembro, de acordo coma classificação de Köppen o clima de Chapadinha é do tipo tropical
úmido (Aw) com temperatura média anual acima de 27 °C (PASSOS et al., 2016)
Este trabalho foi desenvolvido nos meses de novembro e dezembro de 2017, com as
seguintes atividades: entrevistas aos moradores do bairro Aldeia, identificação das nascentes e
levantamento dos resíduos sólidos descartados nas margens do córrego. Realizou-se registro
fotográfico da área.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Percepção dos moradores
Chapadinha possui Estação de Tratamento de Água (ETA), porém, não possui sistema de
tratamento de esgoto, e aterro sanitário (CHAPADINHA, 2015). Constatou-se que 100% dos
moradores entrevistados do bairro possuem apenas fossas convencionas (constituídas de uma
108
única câmara feita em alvenaria) para a deposição de esgoto doméstico, que necessitam ser
esvaziadas com regularidade. No que tange ao acesso a água tratada, 60% são abastecidos pela
companhia de abastecimento do município e 40% através de poços artesianos.
A destinação final dos RSU recolhidos pelo serviço de limpeza pública é a disposição no
lixão do município, logo é possível inferir que o modelo de gestão de resíduos em âmbito
municipal não prioriza a reciclagem e reaproveitamento dos materiais. O mesmo é observado em
Recife-PE, onde logo após a coleta pelo sistema de coleta convencional, todos os RSU, são
dispostos em aterro sanitário como se fossem rejeitos, ou seja, sem a valorização dos processos
de reciclagem e reaproveitamento (SILVA, 2017).
Nascentes do córrego
As nascentes são, conceitualmente, diante de uma perspectiva jurídica, o afloramento
natural do lençol freático que possui caráter de perenidade e resulta no começo de um curso d’água
(BRASIL, 2012). Foram identificadas duas nascentes no bairro Aldeia (Figura 2), elas estão
situadas nas seguintes coordenadas, nascente A: 682242.49 E 9585565.65 S, nascente B:
682245.27 E 9585555.52 S.
109
Figura 2. Nascentes A e B do córrego do bairro Aldeia.
As classes de enquadramentos para corpos hídricos no que tange a água doce consideram
uma série de usos, dos mais exigentes aos menos exigentes, são eles: preservação dos ambientes
aquáticos, abastecimento para consumo humano, recreação, dessedentação de animais, pesca,
irrigação, navegação e harmonia paisagística (ANA, 2007). Nesse sentido, constatou-se que o uso
atual da água das nascentes existentes é para fins de balneabilidade. O uso recreativo das águas
da área já era comum há mais de 5 anos (Figura 3).
110
Tendo em vista que o meio ambiente está constantemente sendo modificado pela ação
antrópica, a conservação dos recursos hídricos deve ser condicionada a um planejamento
ambiental amparado pela legislação ambiental vigente (DALMOLIM; HENKES, 2015) para que
sejam evitadas situações como as encontradas na área urbana de Chapadinha. Para Araújo (2002)
na prática essas e outras APP’s vem sendo simplesmente ignoradas em grande parte dos centros
urbanos, essa tendência revela a realidade da relação entre o desenvolvimento social e o meio
ambiente.
Resíduos sólidos
Os resíduos sólidos podem ser classificados em dois grandes grupos: perigosos e não
perigosos (ABNT, 2004), embora os plásticos, borracha, papel e papelão estejam classificados
como resíduos não perigosos, estes resíduos podem causar danos ao meio ambiente, que além de
levarem bastante tempo para se decomporem (MMA, 2018) em Chapadinha, a destinação não
está de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010). Abaixo está
relacionado o tempo de decomposição dos materiais que compõem os resíduos sólidos urbanos
de Chapadinha (Quadro 1).
Quadro1. Tempo de decomposição de materiais.
111
As embalagens plásticas, apesar de demorarem para se decompor, quando se decompõem,
transformam-se em petro-polímeros, que são substâncias altamente tóxicas, contaminando as
águas e o solo (LORENZETT et al., 2013). Países como Tanzânia, Bangladesh, China, Israel,
Canadá, Índia, Quênia, Irlanda, África do Sul, Uganda, Butão, Taiwan, Maharashtra, Botswana,
Singapura, Ruanda e Eritréia, já proibiram o uso de sacolas plásticas (PÓVOA NETO et al., 2011).
A poluição das margens de cursos d’água também foi mencionada por Pereira e Costa
(2017) que reportam a problemática na cidade de Manaus-AM, na qual nem todos os RSU são
coletados, o que acarreta no descarte de resíduos próximo aos igarapés que cortam a cidade. O
lançamento de esgotos e acúmulo de lixo em margens de rios influenciam negativamente no
desenvolvimento da mata ciliar local o que contribui ainda mais na degradação de corpos hídricos
(LINS, 2017).
CONCLUSÕES
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Capítulo 2.Inovações
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2.1. USO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS DE ANCHOVA
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ALCALINAS
RESUMO
Proteases alcalinas extraídas de intestino de espécies de peixes são amplamente desejadas pela
indústria para aplicações nos segmentos alimentícios, farmacêuticos e biomédico. Recuperar
resíduos do pescado fornece uma fonte alternativa dessas biomoléculas. Desse modo, este
trabalho objetivou recuperar atividade enzimática de proteases alcalinas (colagenase, tripsina e
quimotripsina) a partir de resíduos intestinais de robalo Centropomus undecimalis e de anchova
Pomatomus saltatrix, como forma de reduzir o impacto ambiental causado pelos despejos
inadequados e fornecer uma fonte alternativa de proteases alcalinas para a indústria. Foi detectado
melhor atividade volumétrica e especifica da enzima colagenolítica na segunda etapa de extração,
para as ambas as espécies (C. undecimalis: 170,0 ± 0,00 U.mL-1 e 102,41 ± 0,00 U.mg-1; P.
saltatrix: 139,0 ± 0,03 U.mL-1 e uma específica de 82,24 ± 0,02 U.mg-1). Ainda, a espécie de C.
undecimalis apresentou nesta etapa melhor atividade especifica para tripsina (0,80 ± 0,11 U.mg-
1
) e quimotripsina (0,50 ± 0,23 U.mg-1). Assim, os resultados sugerem possibilidade de
reutilização dos resíduos orgânicos intestinais das espécies descritas com potencial para
fornecimento de proteases alcalinas, seja para o segmento biomédico (colagenase), detergentes
(tripsina) e/ou alimentos (quimotripsina), após processos tecnológicos adequados para cada
aplicação.
117
INTRODUÇÃO
Deste modo, este trabalho objetivou recuperar atividade enzimática de proteases alcalinas
(colagenase, tripsina e quimotripsina) de resíduos orgânicos de robalo-flecha Centropomus
undecimalis e de anchova Pomatomus saltatrix para futuro aproveitamento industrial, agregando
valor ao produto pesqueiro e contribuindo com a redução de contaminantes no meio ambiente.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo a FAO (2017), em 2013 o consumo per capita global de peixe foi estimado em
19,8 kg, representando cerca de 17% da ingestão de proteínas de origem animal pela população
global e 6,7% de todas as proteínas consumidas. As proteínas de peixe pode ser um componente
essencial nas dietas de certos países com alta densidade populacional em que a ingestão total de
proteína pode ser baixa, uma vez que uma porção de 150 g de peixe fornece cerca de 50% a 60%
das necessidades diárias de proteína para um adulto (FAO, 2016).
Estimativas preliminares para 2015 indicam um crescimento adicional per capita de cerca
de 20,3 kg, com a participação da produção aquícola no total da oferta de alimentos ultrapassando
a da pesca de captura (10,4 kg versus 9,9 kg) (FAO, 2017). Esse aumento na produção de pescado
acarreta, indubitavelmente, ao aumento da geração de resíduos sólidos – termo utilizado para
produtos de não utilizados pela indústria e de baixo valor comercial (WU et al., 2010; VIDOTTI;
LOPES, 2016; OLIVEIRA et al., 2017a).
118
al., 2017a). Dentre as vantagens das espécies de peixes, esse tipo de fonte não oferece risco a
saúde humana (OLIVEIRA et al., 2017c).
Enzimas com potencial colagenolitico demostram, via de regra, alta eficiência catalítica
sob amplas condições térmicas e de pH (DABOOR et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2017a, 2017b,
2017c). Colagenases ou enzimas com propriedades colagenolitícas são parcialmente responsáveis
pela resistência em carnes vermelhas, podendo também ser utilizadas na área de engenharia de
tecidos e na indústria do couro (DABOOR et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2017c).
Tripsina de espécies de peixes são proteases conhecidas por atuar em diferentes condições
ambientais, possuir diferentes isoformas e apresentar uma variedade de aplicações (LINO et al.,
2014; JESÚS-DE LA CRUZ et al., 2018). Essas enzimas já foram recuperadas através de
bioprocessos de isolamento, técnicas de purificação e de imobilização (ALVES et al., 2017;
AZEVEDO et al., 2018), visando uso principalmente na indústria de detergentes (ESPÓSITO et
al., 2009, 2010; MEDEIROS et al., 2015), enquanto que as quimotripsinas extraídas de vísceras
internas de organismos aquáticos podem ser utilizadas na indústria alimentícia, de produção de
couro, indústria química e biomédica (LINO et al., 2014; ZHOU et al., 2011).
METODOLOGIA
Extração enzimática
A extração de proteases a partir dos resíduos dos sólidos do robalo C. undecimalis (Figura
2) e da anchova P. saltatrixfoi realizada de acordo com a metodologia descrita por Oliveira et al.
(2017a). A razão de vísceras para tampão de extração (0,05 M de Tris-HCl, pH 7,5, contendo 5
mM de CaCl2) foi de 1:5 (w/v). O método de extração seguiu os passos sistemáticos de acordo
119
com os autores, a partir dos quais as frações foram recolhidas para determinação de proteínas
totais e da atividade enzimática. Todas as vísceras recolhidas foram homogeneizadas
separadamente durante 5 minutos em um homogeneizador ajustado a velocidade de 10,000-
12,000 rpm (4°C) (IKA RW 20D S32, China).
A atividade das proteases foi determinada utilizando-se 170 µL de tampão Tris-HCl 0,05
M pH 7,5, 30µL de extrato enzimático (E.B.) e 30 µL de substrato especifico, sendo N-α-benzoil-
DL-Arginina-p-nitroanilida (BApNA) e Suc-Phe-p-Nan (SApNA) para tripsina e quimotripsina,
respectivamente. Após o período de incubação de 15 min., a absorbância das amostras foi
mesurada no leitor de microplaca (xMarktm BIORAD) no comprimento de onda de 405 nm.
Todas as análises foram realizadas em quadruplicata (OLIVEIRA et al., 2017b).
120
Análise estatística
Todos os valores foram apresentados como médias ± desvios-padrão. Estes dados foram
analisados estatisticamente por ANOVA, seguida do teste Tukey, quando indicado. Diferenças
entre os grupos foram aceitos como significativos ao nível de confiança de 95% (p < 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Intestino Etapa I 0,34 ± 0,15 0,27 ± 0,15 4436,66 141,6 ± 0,12 32,18 ± 0,02
Etapa II 0,80 ± 0,11 0,50 ± 0,23 1666,02 170,0 ± 0,00 102,41 ± 0,00
Etapa III 0,60 ± 0,06 0,16 ± 0,59 1270,47 15,12 ± 0,01 18,00 ± 0,01
Etapa IV 0,47 ± 0,00 0,19 ± 0,06 1196,30 7,08 ± 0,00 9,00 ± 0,00
Foi recuperada atividade enzimática dos extratos das duas espécies de peixes. As etapas de
processamento também influenciaram na atividade, como demonstrado (Tabela 1), uma vez que
à medida que cada etapa foi realizada, ocorreu uma redução acentuada de contaminantes (detritos)
no extrato. Todavia, o tipo de processamento pode ter influenciado na queda de atividade
colagenolitíca nos extratos de robalo-flecha C. undecimalis.
121
após a etapa I. os dados obtidos para enzimas com propriedades colagenolitícas vão de encontro
ao reportado na literatura cientifica, uma vez que o intestino é a víscera interna com uma das
maiores possibilidades de fornecer proteases atuantes do ponto de vista fisiológico,
principalmente colagenases, como observado por Yoshinaka et al. (1978) ao investigar a presença
de colagenases intestinais em Sardinops melanosticta (34,3 U.mg-1), Salmo gairdnerii (36,8
U.mg-1), Carassius langsdorfi (4,8 U.mg-1), Cyprinus carpio (10,4 U.mg-1), Parasilurus asotus
(3,1 U.mg-1), Anguilla japonica (33.9 U.mg-1) e Seriola quinquerdiota (0.7 U.mg-1). Deve ser
levado em consideração o habitat e o habito alimentar das espécies, uma vez que o tipo de
ambiente e de alimentação influenciam na ação da enzima.
122
Cichlasoma urophthalmus Vísceras Tripsina 0,52 U.mg-1 Cuenca-Soria et al. (2014)
internas
Cichlasoma urophthalmus Vísceras Quimotripsina 0,8 U.mg-1 Cuenca-Soria et al. (2014)
internas
Atractosteus tropicus Trato digestivo Tripsina 0,02 U.mg-1 Guerrero-Zárate et al. (2014)
Atractosteus tropicus Trato digestivo Quimotripsina 4,0 U.mg-1 Guerrero-Zárate et al. (2014)
Cirrhinus mrigala Trato digestivo Tripsina 0,086 U.mg-1 Khangembam e Chakrabarti (2015)
Rachycentron canadum Cecos pilóricos Tripsina 0,55 U/mg-1 França et al. (2016)
-1
Liza aurata Vísceras Tripsina 0,16 U/mg1. Bkhairia et al. (2016)
digestivas
Seriola dumerili Intestino Tripsina 1,46 U.mg-1 Oliveira et al. (2017b)
Seriola dumerili Intestino Quimotripsina 0,71 U.mg-1 Oliveira et al. (2017b)
Thunnus alalunga Fígado Tripsina 0,65 U.mg-1 Klomklao e Benjakul (2018)
CONCLUSÕES
Os dados desses experimentos são importantes por sugerir a reutilização dos resíduos
orgânicos das espécies citadas, agregando valor ao produto da pesca; por reduzir o impacto
ambiental causado pelos despejos inadequados e, também, acaba por fornecer ao mercado
comercial de enzimas uma nova alternativa.
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126
2.2. PURIFICAÇÃO PARCIAL DE BIOMOLÉCULAS
EXTRAÍDAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO PESCADO
BENEFICIADO EM PETROLÂNDIA-PE
RESUMO
Cabeça, cauda, barbatanas, ossos, pele, estômago, intestino, cecos, mesentério e até coração são
consideradas partes não comestíveis, ou de pouco interesse do consumidor. Assim, acabam sendo
descartados. A indústria acaba não investindo no reaproveitamento desses resíduos sólidos muito
devido a elevação dos custos que isso traria. Todavia, esses resíduos são fontes de biomoléculas
proteicas, especialmente com função enzimática. Com isso, este trabalho objetivou purificar
parcialmente biomoléculas obtidas de resíduos sólidos de Cichla ocellaris (intestino, fígado,
coração, estômago e resquícios de músculo) usando a centrifugação; bem como de isolar colágeno
proveniente desses resíduos para testar a viabilidade biotecnológica. Todos os resíduos internos
apresentaram potencial no fornecimento de proteases alcalinas, exceto o estômago. O coração
apresentou melhor desempenho com o substrato BApNA (21,53 U.mg-1) e Suc-Phe-p-Nan (21,53
U.mg-1), indicando a presença de tripsina-like e quimotripsina-like, respectivamente. A atividade
colagenolítica mais significativa foi detectada no intestino (94,35 U.mg-1). Da pele, foi extraído o
colágeno. A produção de peptídeos se deu por hidrólise após 24 horas em contato com a enzima
colagenolitíca intestinal. Dessa forma, foi possível reaproveitar todas as vísceras descartas, dando
um destino biotecnológico para cada uma, agregando valor ao produto da pesca e reduzindo o
impacto ambiental ocasionado pelos despejos inadequados.
127
INTRODUÇÃO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
128
potencial para implantação de tecnologias (LIMA, 2013), agregando valor, propiciando uma
atividade economicamente viável e ecologicamente sustentável (BEZERRA et al., 2006).
Vísceras digestivas de espécies marinhas e de água doce representam uma fonte rica e
potencial de biomoléculas ativas, as quais podem ser aplicadas em diversos processos
tecnológicos (BEZERRA et al., 2006; LINO et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2017b, 2017c), tais
como na extração de colágeno (MUYONGA et al., 2004; VIDOTTI e GONÇALVES, 2006;
VIDOTTI e LOPES, 2016), produção de óleo para a indústria farmacêutica e alimentícia
(FELTES et al., 2010; LIMA, 2013), nas etapas de processamento da carne e na produção de
silagem (GODDARD; PERRET, 2005; FELTES et al., 2010; GOOSEN et al., 2014), na
preparação de hidrolisados proteicos (BEZERRA et al., 2006) e na produção de farinha de peixe
(LIMA, 2013; OLIVEIRA et al., 2014). Atrelado a isso, várias pesquisas estão sendo realizadas
objetivando encontrar fontes de outras espécies de cultivadas e/ou exóticas como alternativas para
aplicações biotecnológicas (BEZERRA et al., 2005; MARCHUSCHI et al., 2010; SILVA et al.,
2011; FREITAS JUNIOR et al., 2012; COSTA et al., 2013; SILVA et al., 2014).
METODOLOGIA
A extração de proteases a partir dos resíduos viscerais e musculares de C. ocellaris foi realizada
de acordo com a metodologia descrita por Oliveira et al. (2017a). A razão de vísceras para tampão
de extração (0,05 M de Tris-HCl, pH 7,5, contendo 5 mM de CaCl2) foi de 1:5 (w/v). O método
de extração e purificação parcial seguiu os passos sistemáticos (Figura 2) a partir dos quais as
frações foram recolhidas para determinação de proteínas totais e atividade enzimática. Todas as
vísceras recolhidas foram homogeneizadas separadamente durante 5 minutos em um
homogeneizador ajustado a velocidade de 10,000-12,000 rpm (4°C) (IKA RW 20D S32, China).
129
Figura 1. Resíduos do processamento de Cichla ocellaris.
A concentração de proteína totais de todos os extratos brutos preparados com resíduos sólidos foi
determinada de acordo com metodologia descrita por Smith et al. (1985).
O ensaio colagenolitico foi realizado segundo Oliveira et al. (2017a), utilizando Azo dye-
impregnated collagen - Azocoll (Sigma) como substrato. Uma mistura de reação, que contém 5
mg de azocoll, 500 µl de 50 mM Tris-HCl (pH 7,5) que continha CaCl2 5 mM e 500 µl de extrato
enzimático, foram incubados a 55°C durante 30 minutos, sob agitação constante e em
quadruplicata. Posteriormente, foram adicionados 200 µl de ácido tricloroacético (TCA) e
130
incubadas para parar a reação. Após 10 minutos, as amostras foram centrifugadas (Centrífuga
Sorvall Superspeed RC-6, Carolina do Norte, EUA) a 10.000 x g durante 10 minutos a 4°C. A
leitura da amostra foi realizada com espectrofotômetro em um comprimento de onda de 595 nm.
Uma unidade de enzima foi definida como a quantidade de enzima necessária para aumentar a
absorção de 0,01 a 595 nm.
A atividade das proteases foi determinada utilizando-se 170 µL de tampão Tris-HCl 0,05
M pH 7,5, 30µL de extrato enzimático (E.B.E.) e 30 µL de substrato especifico, sendo N-α-
benzoil-DL-Arginina-p-nitroanilida (BApNA) e Suc-Phe-p-Nan (SApNA) para tripsina e
quimotripsina, respectivamente. Após o período de incubação de 15 min., a absorbância das
amostras foi mesurada no leitor de microplaca (xMarktm BIORAD) no comprimento de onda de
405 nm. Todas as análises foram realizadas em quadruplicata (OLIVEIRA et al., 2017b).
Para eliminar as proteínas não colagenosas, a pele de C. ocellaris (Figura 3) foi misturada
com 0,2 M de NaOH em uma solução alcalina de pele 1:10 (w/v). A mistura foi continuamente
agitada durante 3 horas a 4°C e a solução alcalina foi trocado a cada 30 minutos. A pele tratada
foi então lavada com água destilada fria até um pH neutro ou fracamente básico da água de
lavagem ser atingido. O pH da água de lavagem foi determinado utilizando um medidor de pH
digital (Sartorius América do Norte, Edgewood, Nova Iorque, EUA). Em seguida, foi adicionado
10% de álcool sec-butílico, na proporção de 1:10 (w/v), para remover gorduras. A mistura foi
continuamente agitada durante 6 h a 4°C e para posterior lavagem da pele, como descrito
anteriormente. Em seguida, adicionou-se 3% de peróxido de hidrogênio a uma taxa de 1:10 (w/v)
para o branqueamento da pele (SINGH et al., 2011; YOUSEF et al., 2017).
O colágeno foi preparado pelo método de Nagai e Suzuki (2000). O resíduo foi extraído
com pepsina comercial, a proporção de pepsina/amostra foi de 1:20 (w/v) durante 3 dias. A
solução viscosa resultante foi centrifugada a 20.000 g durante 30 min a 4°C. Os sobrenadantes do
extrato foram combinados e salgandos por adição de NaCl para dar uma concentração final de 0,9
M, seguido de precipitação do colágeno por meio da adição de NaCl até à concentração final de
2,5 M em 1,5 M de Tris-HCl (pH 8,8). Depois de repousar durante a noite, o precipitado resultante
foi recolhido por centrifugação a 20.000 g durante 60 min. e, em seguida, foi dissolvido em 10
volumes de ácido acético 0,5 M. A solução obtida foi dialisada contra 0,1 M ácido acético e
subsequentemente com água destilada. O dialisado foi crio dessecado e referido como o colágeno
solúvel em pepsina (PSC) (SINGH et al., 2011; ZHANG et al., 2016; YOUSEF et al., 2017).
131
Hidrólise de colágeno pela enzima colagenolítica
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Etapa II Intestino 5,55 ± 0,025 0,87 ± 0,039 1794,117 68,17 ± 0,021 37,99 ± 0,011
Fígado 2,20 ± 0,025 1,71 ± 0,150 4529,411 77,95 ± 0,036 17,24 ± 0,008
Estômago 0,56 ± 0,082 0,50 ± 0,137 3794,117 7,02 ± 0,005 1,85 ± 0,001
Coração 9,49 ± 0,025 9,98 ± 0,015 1147,058 7,17 ± 0,045 6,25 ± 0,039
Músculo 2,47 ± 0,072 2,48 ± 0,063 1598,039 15,57 ± 0,051 9,79 ± 0,03
Etapa III Intestino 7,88 ± 0,031 0,75 ± 0,218 1049,019 76,07 ± 0,071 72,52 ± 0,068
Fígado 2,04 ± 0,026 1,74 ± 0,026 4911,764 77,5 ± 0,022 15,78 ± 0,004
Estômago 0,80 ± 0,137 0,85 ± 0,053 3666,666 9,57 ± 0,020 2,61 ± 0,005
Coração 17,4 ± 0,041 22,48 ± 0,032 450,980 5,05 ± 0,013 11,19 ± 0,030
Músculo 0,91 ± 0,063 0,77 ± 0,057 4950,980 9,15 ± 0,010 1,84 ± 0,002
Etapa IV Intestino 7,45 ± 0,01 0,93 ± 0,141 990,196 93,42 ± 0,027 94,35 ± 0,028
Fígado 2,18 ± 0,028 1,50 ± 0,035 5872,549 90,65 ± 0,075 15,44 ± 0,004
Estômago 0,80 ± 0,097 0,54 ± 0,128 4519,607 17,27 ± 0,014 3,83 ± 0,003
Coração 21,53 ± 0,033 25,85 ± 0,027 431,372 26,4 ± 0,003 61,2 ± 0,007
Músculo 1,15 ± 0,041 1,20 ± 0,065 2882,352 36,25 ± 0,020 12,58 ± 0,007
*
Amostras de resíduos sólidos descartados do processamento de C. ocellaris: intestino (50,4 g), fígado
(18,93), estômago (19,92 g), coração (1,19 g) e músculo (150,5 g),
1
Atividade de protease utilizando Nα-benzoil-DL-arginine-p-nitroanilide (BApNA) como substrato
específico (tripsina)
2
Atividade de protease utilizando Succinyl-DL-fenilalanina-p-nitroanilida (Suc-Phe-p-Nan) como
substrato específico (quimotripsina)
132
A forma de extração objetivou reduzir os detritos e interferentes (Figura 4). O aumento
subsequente da atividade enzimática pode ser devido justamente a eliminação desses
interferentes, uma vez que no extrato bruto estão presentes outros tipos de biomoléculas e
compostos, dependendo da víscera, como no caso das digestivas, muitas vezes ainda estão
presentes traços do bolo alimentar.
A recuperação da atividade de tripsina sugere esta espécie como uma fonte alternativa
para o mercado comercial de enzimas, principalmente quando extraídas da víscera intestinal
(etapas I-VI), fígado (etapas I-IV), coração (etapas II-IV) e resquícios de músculo (etapas II e IV).
O extrato de coração (etapa IV) foi o que apresentou os melhores resultados, sugerindo a presença
de uma tripsina-like, assim como a enzima testada no músculo e fígado (Tabela 1).
Os resultados descritos neste trabalho vão de encontro aos realizados por Yoshinaka et al.
(1978) quando investigaram a presença colagenases em diferentes órgãos que compõem o sistema
digestivo (fígado, estômago, intestino) de peixes, como Sardinops melanosticta (34,3 U.mg-1
intestino), Salmo gairdnerii (2,8 e 36,8 U.mg-1 de fígado e intestino, respectivamente), Carassius
langsdorfi (4,8 e 7,2 U.mg-1 de intestino anterior e posterior, respectivamente), carpa comum
Cyprinus carpio (10,4 U.mg-1 intestino posterior), Parasilurus asotus (1,4 e 3,1 U.mg-1 fígado e
intestino, respectivamente), Anguilla japonica (1.1 e 33.9 U.mg-1 estômago e intestino,
respectivamente), Seriola quinquerdiota (0.7 U.mg-1 porção pilórica).
CONCLUSÃO
134
peptídeos. Todas as vísceras apresentaram potencialidade para um determinado tipo de protease
alcalina verificada (tripsina, quimotripsina e/ou colagenase), exceto o estômago, muito devido as
suas condições de manutenção. A enzima colagenolitíca intestinal foi capaz de clivar o colágeno
isolado da pele e produzir peptídeos a partir de 24 horas de exposição. Assim, é viável a utilização
dos subprodutos negligenciados para extração de biomoléculas proteicas como forma alternativa
para uso biotecnológico, para agregar valor ao produto da pesca e como auxiliar em planos de
tratamento de resíduos em políticas de gestão.
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139
2.3. PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMEROS EM DIFERENTES
FONTES DE CARBONO PELA BACTÉRIA
Gluconacetobacter hansenii
SOUZA, Karina Carvalho
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Karinacar_souza@hotmail.com
RESUMO
140
INTRODUÇÃO
Nesse sentido, a produção de biopolímeros a partir de fontes alternativas se torna cada vez
mais necessária, sendo então, introduzido o estudo à celulose produzida por micro-organismos,
chamada de Celulose Bacteriana (VIEIRA, 2013). Essa possui estrutura similar a celulose vegetal,
porém difere no grau de polimerização e também pela produção de fibras mais estáveis e
resistentes, dada pela sua estrutura reticular ultrafina, alta cristalinidade, força de tensão,
elasticidade e durabilidade (SANTOS, 2017). Ela também possui grande capacidade de retenção
de líquidos, propriedade importante para aplicações médicas, engenharia de tecidos, e entre outras
aplicações no setor industrial (ALMEIDA et al., 2013).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Celulose Bacteriana
A celulose microbiana é um homopolissacarídeo produzido por várias espécies de
bactérias, tais como os dos gêneros Gluconacetobacter (HUANG et al., 2014). A primeira
evidência documentada de produção da celulose bacteriana foi elaborada por Adrian Brown em
1886, que observou a formação de um material gelatinoso formado na superfície de uma
fermentação de vinagre (BROWN, 1886). Após análises do material pôde-se afirmar que se
tratava de celulose produzida por bactérias da espécie Acetobacter xylinum (RANGASWAMY et
al., 2015).
Esse biopolímero possui características bastante desejáveis, por ser quimicamente inerte,
biodegradável e absorvente de líquidos. É um material de vasta aplicabilidade nas indústrias têxtil,
biomédica e de alimentos, podendo ser uma ótima alternativa para substituir sacolas feitas com
plástico convencional (ALVES, et al., 2017). Além de que, enquanto a celulose vegetal precisa
de tratamentos complexos, caros e altamente poluentes para sua purificação a partir da remoção
de lignina e da hemicelulose, o processo produtivo de CB é muito simples (BROWN; SAXENA;
KUDLICKA, 1996).
A seguir é feito um comparativo entre as celuloses vegetal e bacteriana, apresentando em
números as principais diferenças (Quadro 1). As diferenças em suas propriedades químicas,
físicas e mecânicas, podem ser explicadas pela morfologia e disposição das fibras das celuloses
bacteriana e vegetal que são micro e manométricas, respectivamente (PECORADO, et al., 2009). A
estrutura da CB se baseia na combinação de moléculas de celulose que formam uma rede de
microfibras conectadas por ligações de hidrogênio (MOHITE, PATIL, 2014). Esse polissacarídeo
141
cujos monomêros são dispostos de forma que as moléculas de glicose ficam rotacionadas 180°
entre si, possui estrutura molecular representada pela cadeia β-D-glicopiranose. A união dessas
moléculas gera uma estrutura tridimensional que constitui um sistema de nanofibras orientadas
uniaxialmente, que macroscopicamente se apresenta em forma cristalina (65 a 80%) conferindo
maior resistência mecânica comparada à celulose vegetal (CZAJA et al., 2006).
142
METODOLOGIA
Para a produção dos biopolímeros por G. hansenii em Meio Hestrin e Meio de Manitol,
dentre as vidrarias utilizadas, têm-se: 10 tubos de ensaio; 30 Erlenmeyer (125mL); 2 Erlemneyer
(500mL); pipetas graduadas (10mL), pipetas volumétricas (1mL); placas de Petri e funil de vidro.
Estes materiais foram esterilizados durante 15 a 20 minutos em autoclave da marca Prismatec e
modelo CS a 121°C e 1atm.
Micro-organismo
O micro-organismo Gluconacetobacter hansenii utilizado para a realização dos
experimentos é classificado como uma linhagem de referência ATCC (American Type Culture
Collection, USA) pela Coleção de Culturas Tropical – CCT.
As coletas das membranas formadas e dos respectivos meios líquidos, eram realizadas por
filtração. Os filtros utilizados foram definidos de acordo com a quantidade de filme produzido.
Para os primeiros três dias de coleta o filtro usado era de papel de faixa branca da marca
Schleicher&Schüll com 125mm de diâmetro. Para os pontos do quarto dia em diante foram
utilizados cortes circulares de pano multiuso da marca Scotch-Brite cuja composição baseia-se
em 70% de viscose, 30% de poliéster e pigmento.
Recuperação de Celulose
143
Após recuperadas por processo de filtração as membranas de celulose foram tratadas com
10 mL de solução de NaOH (0,1M) embanho maria a 80°C por 20 minutos. Ao final, cada
biopolímero foi lavado com água destilada e encaminhado em placa de Petri para um freezer a -
2°C, onde ficaram reservados até que secassem, facilitando sua retirada do filtro. Após seco, cada
biopolímero foi posto em dessecador para armazenamento e estabilização de sua massa (por
pesagem).
Microscopia Óptica
Para a obtenção de mais detalhes morfológicos da superfície da membrana celulósica
utilizou-se um microscópio LEICA DM750 no Laboratório de Materiais Poliméricos e
Caracterização do Departamento de Engenharia Química – UFPE.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir, o biofilme (Figura 1A) resultante de nove dias de incubação no meio de Hestrin
(Glicose como fonte de carbono) pode ser visualizado por uma lente de aumento em 10 vezes.
Pode-se notar que a membrana possui sua superfície composta de fibras de celulose
aleatoriamente distribuídas, além da presença de bacilos da bactéria Glucanacetobacter hansenii
apresentada em destaque. Analisando-se a imagem da membrana obtida no meio de Manitol para
o mesmo tempo de incubação (Figura 1B), pode-se comprovar que a sua superfície possui mais
rugosidade comparada aos biofilmes produzidos em meio Hestrin, assim como visto
macroscopicamente. Também pode-se notar a disposição das fibras de celulose e a existência de
biomassa, na região em destaque.
Figura 1A. Imagem microscópicada membrana de celulose proveniente do meio contendo glicose como
fonte de carbono e Figura 1B membrana de celulose provenientes do meio contendo Manitolcomo fonte
de carbono.
Segundo Morgan et. al., (2013), a organização das fibras de celulose é consequência de seu
mecanismo de biossíntese, uma vez que as cadeias são formadas por polimerização em uma
direção específica seguida da agregação espontânea enquanto ainda estão ligadas à superfície
celular.
Recuperação de Celulose
As membranas de celulose obtidas nos dois meios estudados podem ser visualizadas
(Figuras 2A e 2B) abaixo. Macroscopicamente, já se pôde observar que as membranas de CB
provenientes do meio contendo Manitol eram mais espessas e escuras quando comparadas aos
biofilmes originados em Glicose.
Figura 2A refere-se as membranas de CB obtidas em meio Hestrin (glicose como fonte de carbono) e a
Figura 2B são as membranas de CB obtidas em meio contendo Manitol como fonte de carbono.
144
Fonte: AUTOR (2018).
A evolução produtiva dos biopolímeros para os diferentes meios estudados foi analisada
através do peso seco das membranas obtidas pós-tratamento com NaOH. Os valores obtidos estão
expostos a seguir (Tabela 2).
Através do gráfico (Figura 3), pode-se comprovar que a melhor eficiência para o
desenvolvimento das Celuloses bacterianas foi o meio de Manitol como fonte de carbono, obtendo
2,09 g L-1ao final de quatorze dias de incubação, sendo o ponto ótimo aos treze dias (2,50 g L -1).
Resultados semelhantes foram obtidos por Donini (2011), em seu estudo variando as diversas
fontes de carbono.
Na bioquímica celular, o manitol é convertido em frutose e em seguida, metabolizado por
este micro-organismo para a produção de celulose, enquanto que a glicose e frutose são
transportadas através da membrana celular e integradas na via biossintética de celulose
(OIKAWA et al., 1995; ROSS et al., 1991). Outros estudos mostraram que a celulose formada a
145
partir de manitol foi três vezes superior do que a partir de glicose para a bactéria Acetobacter
xylinum, ambas sob as mesmas condições de cultura (OIKAWA et al., 1995).
CONCLUSÕES
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148
2.4. SENSIBILIDADE TÉRMICA DE HIDROLASES
RECUPERADAS DE RESÍDUOS DO PROCESSAMENTO
DE PEIXES NEOTROPICAIS CAPTURADOS NO
LITORAL ALAGOANO
RESUMO
O litoral alagoano é utilizado para captura de diferentes tipos de pescado, contando com uma
variedade de espécies de peixes neotropicais, seja para comercialização e/ou consumo. Após a
filetagem, são gerados resíduos sólidos, como cabeça, cauda, pele, escamas (quando presentes),
barbatanas e vísceras internas. Esses subprodutos podem servir de alternativa no fornecimento de
proteínas. Uma vez que as condições ambientais influenciam a ação dessas proteínas, este trabalho
objetivou estudar o efeito da temperatura na atividade de tripsina e de quimotripsina recuperada
a partir de resíduos sólidos do processamento de Lutjanus synagris, Caranx crysos e Cynoscion
leiarchus capturados no município de Maceió, Alagoas. A temperatura ótima de ação da tripsina
sofreu variação de acordo com a espécie, entre 35°C e 60°C, enquanto que para a quimotripsina
manteve próximo aos 40°C. Na avaliação da estabilidade térmica, a quimotripsina se mostrou
menos resistente do que a tripsina. Assim, é sugestiva a utilização de tripsina extraída de resíduos
intestinais das referidas espécies, uma vez que os valores obtidos foram dentro do desejado pelos
segmentos industriais, sendo necessário submete-las a processos de purificação. Ainda, houve o
reaproveitamento total das vísceras utilizadas, contribuindo com a redução da contaminação
ambiental.
149
INTRODUÇÃO
O Estado de Alagoas apresenta uma grande área para captura de uma variedade de espécies
aquáticas, principalmente de peixes Neotropicais, seja através dos métodos de caceias e/ou de
linha, muitos para consumo local (RANGELY et al., 2010).Segundo a FAO (2016), milhões de
pessoas em todo o mundo encontram uma fonte de renda e meios de subsistência no setor de pesca
e aquicultura. As estimativas mais recentes mostram que 56,6 milhões de pessoas trabalharam em
2014 no setor primário aquícola.
Após a captura é realizada a evisceração e separação dos resíduos sólidos (cabeça, cauda,
barbatanas, escamas, coração, vísceras digestivas, mesentério, etc.) (BEZERRA et al., 2006;
BOUGATEF, 2013. Aproximadamente, para cada 1 kg de peixe filetado, cerca de 50 a 70% são
negligenciados e desprezados, seja por falta de investimento da indústria, uma das justificativas é
a elevação dos custos do setor, ou falta de tecnologia simples para reutilização desses descartes
(LINO et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2017). Todavia, esses resíduos têm demonstrado interesse
pelo mercado de enzimas para aplicações biotecnológicas, contribuindo para com que haja um
impacto positivo na economia pesqueira (JESÚS-DE LA CRUZ et al., 2018).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
150
de organismos aquáticos já foram investigadas quanto ao seu potencial de fornecimento de
biomoléculas, principalmente tripsina (ESPÓSITO et al., 2010; COSTA et al., 2013; LINO et al.,
2014; MEDEIROS et al., 2015; KLOMKLAO e BENJAKUL, 2018) e quimotripsina (CHONG
et al., 2002; CASTILLO-YÁÑEZ et al., 2009; YANG et al., 2009; ZHOU et al., 2011; OLIVEIRA
et al., 2017).
METODOLOGIA
Os resíduos sólidos utilizados foram das espécies (Figura 1A-D): Lutjanus synagris, Caranx
crysos e de Cynoscion leiarchus; cedidos gentilmente pela colônia de pescadores de Ponta Verde,
Município de Maceió, Alagoas, Brasil. Após a etapa de evisceração, os resíduos de intestino foram
separados, embaladas em recipientes de plástico, mantidos no gelo e transportados para o
Laboratório de tecnologia de produtos bioativos (LABTECBIO) para posterior recuperação de
atividades enzimáticas.
151
Figura 1. Espécies de peixes neotropicais utilizadas para recuperação de hidrolases
Extração enzimática
A extração de proteases a partir das vísceras intestinais foi realizada de acordo com a
metodologia descrita por Oliveira et al. (2017). A razão de vísceras para tampão de extração (0,05
M de Tris-HCl, pH 7,5, contendo 5 mM de CaCl2) foi de 1:5 (w/v). As amostras (15 g cada
espécie) (Figura 2) foram misturadas em alta velocidade durante quatro intervalos de 15s, com
um intervalo de 30s de arrefecimento entre cada execução. O recipiente de homogeneização foi
continuamente resfriado em banho de gelo. Os homogeneizados resultante foram centrifugados a
20.000 g durante 30 minutos a 4°C para obtenção do extrato bruto (EB). O extrato bruto final foi
filtrado através de um filtro estéril, em seguida, armazenado a -22°C, para posterior recuperação
enzimática.
Figura 2. Resíduo de intestino de Lutjanus synagris após evisceração
152
Determinação da atividade da tripsina e da quimotripsina
A atividade especifica das proteases foi determinada utilizando-se 170 µL de tampão Tris-
HCl 0,05 M pH 7,5, 30µL de extrato enzimático e 30 µL de substrato especifico, sendo N-α-
benzoil-DL-Arginina-p-nitroanilida (BApNA) e Suc-Phe-p-Nan (SApNA) para tripsina e
quimotripsina, respectivamente. Após o período de incubação de 15 min., a absorbância das
amostras foi mesurada no leitor de microplaca (xMarktm BIORAD) no comprimento de onda de
405 nm. Todas as análises foram realizadas em quadruplicata. Uma unidade (U) de atividade
enzimática é considerada a quantidade de enzima capaz de produzir 1 μmol de p-nitroanilina por
minuto. A atividade específica, calculada como a relação entre a atividade protease (U/mL) e a
proteína total na amostra (mg/mL) foi expressa em U/mg (OLIVEIRA et al., 2017).
O efeito da temperatura sobre a atividade enzimática dos extratos brutos das espécies e a
estabilidade térmica foi avaliado a temperaturas variando de 25°C a 80 °C. Para a temperatura
ótima, os ensaios foram realizados através da incubação do extrato enzimático com os substratos,
8 mmol/L de BApNAe Suc-Phe-p-Nan (SApNA) para tripsina e quimotripsina, respectivamente,
em um banho de gelo. Para testar a estabilidade térmica, a enzima foi incubada em banho de água
por 30 minutos e a atividade restante foi então mensurada em 25 °C. A atividade foi calculada
como a razão entre a atividade da enzima no final de cada corrida de incubação e a do início,
sendo expresso em percentagem (%) (OLIVEIRA et al., 2017).
Análise estatística
Todos os valores foram apresentados como médias ± desvios-padrão. Estes dados foram
analisados estatisticamente por ANOVA, seguida do teste Tukey, quando indicado. Diferenças
entre os grupos foram aceitos como significativos ao nível de confiança de 95% (p < 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram recuperadas atividade enzimáticas a partir do extrato bruto produzido dos resíduos
sólidos intestinais de 3 espécies de peixes neotropicais (L. synagris, C. crysos e C. leiarchus).
Todas as espécies trabalhadas possuíam hábitos alimentares carnívoros, tendo como fonte
primária peixes menores, peixes doentes e camarões. Assim como temperatura e pH, o hábito
alimentar pode influenciar no metabolismo digestivo.
Ensaios de temperatura ótima com tripsinas extraídas de organismos aquáticos relataram atividade
ótima a 60°C em extratos das espécies Sardinops melanostictus (KISHIMURA et al., 2006),
Sebastes schlegelii (KISHIMURA et al., 2008), Theragra chalcogramma (KISHIMURA et al.,
2008); Clarias macrocephalus X Clarias gariepinus (KLOMKLAO et al., 2011), Thunnus
alalunga (KLOMKLAO e BENJAKUL, 2018); de 50°C para Caranx hippos (COSTA et al.,
2013) e Luphiosilurus alexandri (SANTOS et al., 2016); DE 55°C para a espécie Boops boops
(BARKIA et al., 2009) e Barbus callensis (SILA et al., 2012) e de 65° para Arapaima gigas
(FREITAS-JUNIOR et al., 2012).
153
Figura 3. Temperatura ótima da tripsina extraída de resíduos do processamento de peixes marinhos
A atividade ótima das quimotripsinas foi de 40°C para resíduos de L. synagris e C. leiarchus, e
de 35°C para os extratos de C. crysos, como ilustrado (Figura 4).
CONCLUSÕES
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158
2.5. TERMO-OXIDAÇÃO ACELERADA EM GARRAFAS
PET DESCARTADAS NO MEIO AMBIENTE
PACHECO, João Antônio Lima
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
joca00lima@gmail.com
RESUMO
Os polímeros têm aumentado sua participação na composição do resíduo sólido urbano, RSU.
Anualmente, cerca de 4,7 bilhões de unidades de garrafas PET são descartadas. Apesar de 53%
deste polímero descartado ainda não ser reaproveitado, especialistas lembram que a reciclagem
não é a melhor opção, pois para fazer a reciclagem do excedente atual, seriam necessários 224
milhões kW/h de energia elétrica e 120 milhões de litros de água. Neste trabalho foram utilizadas
garrafas PET pós-consumo: aquecidas a 50°C e 90°C, expostas ao ar, por 24horas. A
caracterização foi feita por FTIR comparadas ao PCA. A espessura média, cor e tipo de água (com
ou sem gás) acondicionada também foram avaliadas. Os resultados mostraram que a espessura,
cor e o tipo de água acondicionada não influenciam na capacidade de termo-degradação,
provavelmente os aditivos são responsáveis pela resistência a degradação. A 50°C algumas
garrafas (20%) se apresentaram suscetíveis a degradação, porém 90% degradaram a 90°C.
Durante os ensaios as amostras deformaram, com isso além de podermos sugerir opção de acelerar
a degradação, reduzindo o tempo de degradação deste material descartado no meio ambiente,
ainda teremos como possível contribuição diminuição no tempo de ocupação e redução do volume
destas embalagens nos aterros.
159
INTRODUÇÃO
Há quatro maneiras como esses materiais poliméricos, baseados na nafta do petróleo, são
mais comumente descartados: aterramento, incineração, reciclagem e biodegradação. Todos os
polímeros podem ser descartados por incineração ou aterramento, entretanto aterros sanitários
necessitam de espaço e produtos a incineração libera produtos químicos, além disso a energia
contida na estrutura dos polímeros é perdida (HOPEWELL; DVORAK; KOSIOR, 2009). A
incineração resulta na decomposição dos polímeros em dióxido de carbono, outros gases de efeito
estufa e poluentes (TYNDAL, 2009). Durante a incineração parte da energia gerada pode ser
reutilizada, porém está técnica é conhecida por ter efeitos negativos no meio ambiente e na saúde
pública (HOPEWELL; DVORAK; KOSIOR, 2009).
Nas últimas três décadas houve um aumento significativo no consumo de PET para
empacotamento. O sucesso desse termoplástico na indústria deve-se à sua ampla diversidade de
aplicações, desde a indústria têxtil (multifilamento) até as indústrias de alimentos. Utilizadas
principalmente por indústrias de refrigerantes e sucos, as garrafas PET movimentam hoje um
mercado que produz cerca de 9 bilhões de unidades anualmente só no Brasil, das quais 53% não
são reaproveitadas. Entretanto, a reciclagem do PET não está acontecendo na mesma quantidade
de sua produção (DUARTE et al., 2004; MOURA et al., 2015).
Com o crescente uso deste tipo de material, principalmente na área de embalagens, cujo
descarte é muito mais rápido quando comparado a outros produtos, tem-se um agravamento da
situação dos locais de destino do lixo (MANCINI; FRATTINI; ZANIN, 1996). De acordo com a
Associação Brasileira da Indústria do PET (ABIPET) a reciclagem de PET no Brasil é uma das
mais desenvolvidas no mundo contando com alto índice de reciclagem e uma enorme gama de
aplicações para o material reciclado (CONCEIÇÃO et al., 2016; SAUD et al., 2017), criando uma
demanda constante e garantida. A nona edição do censo de reciclagem de PET no Brasil, feita
pela ABIPET, divulgada em 2016, aponta crescimento de 12% comparado a 2013 na reciclagem
de PET. A mais recente edição feita pela ABIPET confirma a reciclagem de PET como uma
atividade em crescimento, afirmando que foram coletadas 331 mil toneladas de embalagens de
PET, sendo totalmente recicladas e/ou utilizadas em novos produtos aqui mesmo no Brasil.
160
Cerca de 4,7 bilhões de unidades por ano, de garrafas PET, são descartadas na natureza,
contaminando rios e canais, indo para lixões ou mesmo espalhadas por terrenos vazios. Entre
1995 e 2005, a produção de PET, para a fabricação de garrafas subiu de 120 mil toneladas para
cerca de 374 mil toneladas, alavancada principalmente pela indústria de refrigerante. Apesar de
53% da produção ainda não ser reaproveitada, especialistas também lembram que a própria
reciclagem não é a melhor opção. “A reciclagem tem um custo muito alto para o ambiente”, diz
Renata Vault, que também é autora do livro Ciclo de Vida de Embalagens para Bebidas no Brasil.
Para fazer a reciclagem do excedente atual, seriam necessários 224 milhões de quilowatts por
hora de energia elétrica e 120 milhões de litros de água, além de outros problemas. (MARIS et
al., 2018; ROMÃO et al., 2009)
No âmbito de coletar dados sobre uma alternativa para degradação acelerada do PET e
sugerir formas de diminuir o tempo de permanência deste PET pós-consumo descartado no
ambiente, consequentemente reduzindo seu impacto ambiental, este trabalho tem como objetivo
principal avaliar o efeito termo-oxidativo que ocorre em garrafas PET pós consumo expostas a
diferentes temperaturas, exposto ao ar e a pressão ambiente. A pesquisa fará uso da técnica de
espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) para verificar a estrutura do
PET antes e após os ensaios.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O PET foi conhecido por muitos anos como simplesmente "poliéster" e somente na forma
de fibra. A primeira síntese do PET se deu em 1941 por J.T. Dickson e J. W. Whinfíeld, em um
pequeno laboratório inglês, porém a síntese do polímero com massa molar alta foi em 1942, com
potencial reconhecido na época para aplicações como fibra. No decorrer da guerra foram feitos
estudos secretos sobre este, no final algumas empresas já possuíam o direito de fabricação em
todo o mundo. (ROMÃO et al., 2009)
Nos anos 50, sua produção dedicou-se principalmente à indústria têxtil, puxada pela
Dupont. Nos anos subsequentes houve um grande desenvolvimento tecnológico na fabricação e
aplicação do polímero, com um grau de sofisticação em um leque de filmes para os fins mais
variados. Como material de embalagem, o filme de PET biorientado tornou-se disponível nos
anos 60, com grande aceitação para acondicionamento de alimentos (ROMÃO et al., 2009). Na
mesma década, a Goodyear introduziu o novo termoplástico no auxílio da confecção de pneus.
161
crescimento na aplicação devido as suas características peculiares e versatilidade. Ele é um
plástico de engenharia e possui uma excelente combinação de propriedades como: rigidez,
tenacidade, isolação elétrica, alta resistência ao calor, estabilidade química e dimensional, o que
permite a sua vasta aplicação (KOROLKOV et al., 2014). Também é usado como materiais de
construção civil (GUERRA et al., 2017), pois em decorrência à sua temperatura de fusão alta
(aproximadamente 250°C) e ao valor de sua transição vitrea (aproximadamente 70°C), este
material conserva suas propriedades mecânicas boas em temperaturas superiores a 175°C. Este
polímero pertence à família dos poliésteres e estes são materiais que podem ser produzidos pela
polimerização de um ácido dicarboxílico e um glicol ou um bifenol (álcool diidroxilados) com
eliminação de água. São polímeros de cadeia heterogênea aromática e que tem grupo éster
constituinte (R- CO - O - R'). A sequência alifática “R” (aberta, não cíclica) e o oxigênio na cadeia
principal são responsáveis pela flexibilidade a temperatura ambiente, porém o grupo benzênico
“R’ “fornece rigidez, além de razoável interação eletrônica entre os anéis benzênicos vizinhos.
(CHEN et al., 2015; ROMÃO et al., 2009)
O consumo de produtos plásticos ao longo dos anos vem produzindo grande número de
resíduos desse material os quais se acumulam pelos aterros gerando problemas ambientais
consideráveis (LINS et al., 2018; SIMÃO et al., 2017; FERREIRA; JUCÁ, 2017; SILVA et al,
2018). De acordo com a Associação Brasileira de Embalagens (ABRE), entre as principais
desvantagens dos plásticos são que em sua maioria, são não biodegradáveis e levarem mais de
100 anos para serem completamente degradados pela natureza. Além disso, sua produção
geralmente emite gases poluentes ao meio ambiente e é dependente do petróleo, um recurso
natural do planeta não renovável.
No Brasil, a reciclagem de PET é uma das mais desenvolvidas no mundo tendo a maior
variedade de aplicações, e é uma atividade em constante crescimento (CONCEIÇÃO et al., 2016;
MARIS et al., 2018; SILVA et al., 2016; FONTES, 2014).Em 2016 foram coletadas 331 mil
toneladas de embalagens de PET. A correta destinação de cada uma dessas garrafas foi garantida,
sendo totalmente recicladas e utilizadas em novos produtos.
162
difeniletenoquinona) também podem ser formadas pela descarboxilação direta, seguido por
recombinação e oxidação radicalar. (KOSCHEVIC et al., 2016; ROMÃO et al., 2009)
METODOLOGIA
Análises de FTIR foram realizadas nas amostras controle e aquecidas (50 e 90 ºC). O
espectrofotômetro utilizado está locado no Laboratório de Polímeros e Nanoestruturas, do
Departamento de Energia Nuclear, da Universidade Federal de Pernambuco (LPN-DEN-UFPE).
As análises foram realizadas pela técnica de Attenuated total reflection (ATR) com 4 cm-1 de
resolução e 32 scans, no FT-IR modelo 4600 da Jasco. Foram feitas análises multivariadas
exploratórias dos dados espectrais através da Análise de Componentes Principais (PCA, acrônimo
do inglês Principal Component Analysis), empregando o software The Unscrambler versão 9.7
(CAMO Software AS).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As espessuras médias, para cada uma das 10 garrafa PET pós-consumo analisadas, foram:
A (0,28mm); B (0,13mm); C (0,25mm); D (0,20mm); E (0,14mm); F (0,17mm); G (0,17mm); H
(0,16mm); I (0,21mm) e J (0,21mm) (Figura1).
Figura1: Amostras de garrafas PET pós-consumo, descartadas na região metropolitana do Recife, com
suas respectivas espessuras médias.
Foram observadas as variações das áreas superficiais das amostras, antes e após as
exposições as condições termo-oxidativas (Figura 2). A área superficial de cada amostra antes do
aquecimento foi de aproximadamente 4cm2. O valor da transição vitrea (Tg), esperada para o
163
PET, é de aproximadamente 70°C (ROMÃO et al., 2009), no entanto após os aquecimentos das
amostras foi possível observar, visualmente, variações nas dimensões superficiais de 2 (duas) das
amostras (C e D ) expostas a 50°C por 24h. Esta mobilidade nas cadeias indica uma maior
sensibilidade as condições termo-oxidativas a qual as mesmas foram expostas.
Figura 2: Comparação entre amostras padrão (controle) de garrafas PET, pós consumo, e amostras
aquecidas a 50ºC e 90ºC, durante 24 horas, e expostas simultaneamente a circulação de ar.
A retração de 70% das amostras a uma temperatura de 90°C (relativamente baixa, quando
comparada à temperatura de fusão do PET (~280 °C)), pode ser utilizada como opção para
redução do volume ocupado por estas garrafas descartadas ao meio ambiente. Sendo
extremamente vantajoso se compararmos com os custos da energia que seria utilizada com a
reciclagem por incineração (libera gases poluentes e tóxicos) ou mecânica (desperdício e
contaminação dos recursos hídricos). Além de que, esse aquecimento que promove a mobilidade
das cadeias, pode facilitar a degradação deste polímero reduzindo seu tempo de degradação e
consequentemente de deposição no ambiente.
164
consumo, o tipo de aditivo e suas concentrações é que vão determinar a capacidade termo-
degradativa deste material.
165
O PET é susceptível à degradação térmica, especialmente na presença de água e/ou
oxigênio. Seus principais produtos de degradação são o acetaldeído, o benzoato de vinila, o ácido
tereftálico, o ácido 4-formilbenzóico e os dímeros lineares. Como produtos secundários de
degradação, podem ser citados o monóxido de carbono, o etileno, a cetena, o 1,4-dioxano, o
tolueno, o benzaldeído, o tereftalato de divinila, o ácido benzóico e oligômeros cíclicos com até
três unidades méricas. (GARCIA et al., 1997). Avaliando os espectros de FTIR das amostras
submetidas a 50°C, não foram observadas variações, no entanto a 90°C (Figura 4) se observa:
aumento sutil na região do grupo hidroxila (OH) em aproximadamente 3400 cm -1 (1); aumento
evidente dos picos na região de 2850-3000 cm-1 atribuidas ao grupo – CH2 (2); aumento da
intensidado do pico da carbonila (3); e não apresentou variação e nem surgimento de novos picos
em 1560 e 1410 cm-1 (4) região das bandas dos grupos fenil e metileno. Esse comportamento
sugere que a termo-oxidação foi efetiva, gerou o aparecimento de grupos hidroxila (OH) e
carbinila (C=O), evidenciando a degradação do PET. Como não foi perceptivel a variação dos
picos na região 4 (Figura 4), podemos sugerir que as estruturas benzênicas se mantiveram
conservadas para estas condições de avaliação. Sendo assim, todas as estruturas adivindas da
degradação do benzêno, citadas por Garcia (1997), podem ser desconsideradas nesta avaliação,
pelo menos até que outras forma de caracterização seja utilizada para análise destes materiais.
Figura 4: Espectros de FTIR, de amostras de garrafas PET pós-consumo, utilizadas para acondicionamento
de água mineral com e sem gás, aquecidas a 90°C, expostas ao ar, por 24 horas.
Para Edge et al., 1996, estudou e caracterizou, por técnicas de UV-visível, infravermelho
e fosforescência, a degradação termo-oxidativa do PET a uma temperatura de 300 °C durante o
período de 24 horas. Eles observaram a formação de espécies quinonas (banda no FTIR em 1650-
1660 cm-1) e ésteres insaturados (duas bandas no FTIR em 1.200 - 1.275 cm-1 e 1.020 - 1.075cm-
1) a partir da hidroxilação do anel aromático (banda no FTIR em 1.200 cm-1). Com relação a
termo-oxidação promovida no nosso material avaliado, o não deslocamento e nem surgimento de
pico de C=O no espectro, em 1650-1660 cm-1, o que sugere a não formação de espécies quinonas.
Para as outras espécies, citadas por Edge et al., suas respectivas bandas surgiriam nas regiões onde
já existiam bandas características do PET, não sendo possível determinar por esta técnica se as
mesmas foram formadas.
CONCLUSÕES
A espessura das garrafas PET não são relevantes para influenciar na degradação do PET pós-
consumo avaliado, bem como a coloração e o tipo de água acondicionada nas garrafas. A termo-
oxidação a 50°C não foi considerada efetiva, pois apenas 20% do material avaliado apresentou
variação dimensional. Nestas condições experimentais não foi possível perceber por
espectroscopia FTIR se ocorreram variações estruturais no PET. A 90°C, se evidenciou que a
degradação termo-oxidativa ocorreu efetivamente em 90% das amostras avaliadas.
166
Os resultados mostram que o aquecimento a 90°C, do PET pós-consumo e sob atmosfera de ar,
promove a aceleração de sua degradação. A retração das amostras e sua oxidação durante este
processo pode servir como proposta de utilização destas condições para acelerar a degradação de
garrafas PET descartadas ao ambiente. Teremos também, como possível contribuição: a redução
no tempo de degradação deste material descartado; diminuição no tempo de ocupação e do volume
destas embalagens nos aterros sanitários; diminuição do consumo de energia por conta da redução
do número de reciclagens que seriam necessárias para retirada deste material do ambiente.
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169
2.6. ENVELHECIMENTO AMBIENTAL DE
COMPÓSITOS POLIMÉRICOS: REVIEW
FELIPE, Renata Carla Tavares dos Santos
Instituto Federal Rio Grande do Norte (IFRN)
renata.felipe@ifrn.edu.br
RESUMO
Os compósitos poliméricos são formados por matriz polimérica e reforço, possuem variadas
aplicações, como, por exemplo, nas indústrias aeroespacial, civil e mecânica; e apresentam
comportamento mecânico em função dos elementos que fazem parte de sua composição e das
suas condições de serviço. Esses materiais, quando expostos à radiação ultravioleta, temperatura,
umidade excessiva, agentes oxidantes e poluentes atmosféricos, apresentam envelhecimento
ambiental, logo, sofrem perdas das suas propriedades mecânicas. Portanto, devido ao
envelhecimento ambiental apresentado, ocorre a geração de resíduos e, se o descarte destes não
ocorrer de maneira ambientalmente correta, afetará negativamente o meio ambiente e a sociedade.
Diante disso, este artigo constitui-se de uma revisão de trabalhos publicados sobre o tema
“envelhecimento ambiental de compósitos poliméricos”, no período de junho de 1992 a fevereiro
de 2018, a partir de consultas nas bases de dados ScienceDirect, Scopus e bibliotecas virtuais, as
quais possibilitaram coletas de trabalhos e avaliação dos fatores ambientais citados acima,
atendando para como eles causam influência no comportamento mecânico dos compósitos
poliméricos, de modo a alterar a sua capacidade de atuar como elemento mecânico, podendo até
levar à sua deterioração completa e, com isso, gerar resíduos ao meio ambiente.
Nesse sentido, entende-se o compósito como o material que consiste em dois ou mais
compostos insolúveis em si, que são combinados para formar um material de engenharia útil com
certas propriedades que não se encontram nos elementos de forma isolada (ASTM, 2015). A
denominação deles é bastante diversificada, o que permite serem reconhecidos como: compostos,
compósitos ou conjugados (DOGAN; ATAS, 2015).
Vale ressaltar que os compósitos são materiais formados por uma matriz e um reforço, no
qual as matrizes têm como função principal a transferência das solicitações mecânicas ao reforço
e a proteção dele em relação ao ambiente externo. As matrizes são classificadas como metálicas,
poliméricas ou cerâmicas, enquanto que os reforços são fibrosos, particulados ou de estrutura
laminar (ASTM, 2015). As fibras podem ser naturais (sisal, coco, juta, entre outras), sintéticas
(vidro, aramida, poliacetato de vinila, polietileno, polipropileno, entre outras) e metálicas (aço),
conforme Campelo (2013).
Como os compósitos poliméricos se degradam com o uso, há um fator que deve ser
considerado, que é o da geração de resíduos. Existe o interesse em reduzir o volume desses
materiais e de procurar processos alternativos aos aterros. Em diversos países da União Europeia,
por exemplo, há esforços legais para diminuir a porcentagem deles, que são destinados a aterros
sanitários, permitindo que ocorra um desenvolvimento acelerado de alternativas diversas para o
seu uso. (GUTIERREZ-GOMEZ, TONELI, PEREIRA NETO, 2017). No entanto, embora a
geração de resíduos seja um dos grandes problemas que contribuem para a degradação do meio
ambiente, no Brasil, somente no ano de 2002 o Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA) aprovou a Resolução n° 313, que dispõe da obrigatoriedade do inventário nacional
de resíduos sólidos industriais, porém, poucos estados do país atendem a essa resolução (BRASIL,
2002). Assim, a falta de locais adequados para o descarte ou a indicação de formas de seu
reaproveitamento não são os únicos problemas na gestão dos resíduos. Uma das principais
171
questões da má gestão se inicia nas indústrias que, ainda de forma insuficiente, têm tentado
adequar seus processos produtivos para a redução e para o reaproveitamento de matérias primas.
(SILVA et al., 2017).
Vale ressaltar que um dos maiores geradores de resíduos sólidos é a indústria de plástico,
especificamente a automobilística que, no Brasil, está na sexta posição do mundo quando se trata
de fabricação de automóveis. Hoje em dia, cerca de 15% dos itens que fazem parte dos carros são
fabricados a partir do plástico, com uma perspectiva de acréscimo de até 2030 (aproximadamente
30%), logo, já se prevê, com isso, um aumento da geração desses resíduos (ORTH; BALDIN;
ZANOTELLI, 2014). O consumo excessivo de bens atrelado à falta de infraestrutura urbana tem
sido responsável por causar inúmeros problemas de degradação e poluição ao meio ambiente,
configurando- se num processo potencial de impacto ambiental. (SANTOS et al., 2018).
Além disso, o atrativo para o uso de compósitos poliméricos ocorre devido ao seu peso,
uma vez que um automóvel, ao fazer uso desse material, tem uma redução em seu peso de
aproximadamente 50%. No entanto, um dado ainda preocupante diz respeito à geração de
resíduos, tendo em vista que a indústria de plástico reforça-os com fibras de vidro (PRFV), pois
ela gera, em média, por ano, 13 mil toneladas de resíduos, das quais grande parte vai para os
aterros sanitários (ORTH; BALDIN; ZANOTELLI, 2014). Segundo Lins et al. (2017), a busca
por soluções na área de resíduos reflete a demanda da sociedade, que é pressionada por mudanças
motivadas pelos elevados custos socioeconômicos e ambientais. Se manejados adequadamente,
os resíduos sólidos adquirem valor comercial e podem ser utilizados em forma de novas matérias-
primas ou novos insumos.
Há de convir que o uso do plástico e, em especifico, dos reforçados, é algo que não pode
deixar de fazer parte da realidade mundial. Esse material é utilizado em grandes projetos, como
na indústria automobilística, na construção civil, no transporte de cargas e de passageiros, dentre
outros. Como exemplos dos plásticos reforçados, tem-se os carros de fórmula 1; a ponte Severn
River Crossing, situada no Reino Unido; e o avião Airbus A-380, cuja asa, a fuselagem, a cauda
e as portas são feitas em compósitos poliméricos (MARTINS, 2011; FELIPE RENATA; FELIPE
RAIMUNDO; AQUINO, 2012). Dessarte, é propósito deste artigo sistematizar esses trabalhos
que tratam da temática de compósitos polimérico e envelhecimento ambiental, já que estes são
fatores que podem influenciar na variação das propriedades mecânicas dos materiais, o que os
torna, então, possíveis fomentadores para geradores de resíduos sólidos ao meio ambiente.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sendo assim, a degradação dos compósitos com matriz polimérica ocorre principalmente
por três mecanismos: a) a fotodegradação, que é a degradação química induzida pela presença da
luz, ocasionando, assim, a deterioração progressiva das propriedades mecânicas e da massa molar,
além do aumento da cristalinidade; b) a termomecânica, que corresponde ao mecanismo de cisão
de cadeia polimérica através da tensão provocada pela temperatura; e c) os físicos, nos quais há
perda das propriedades mecânicas e formação de fissuras (PEREIRA et al., 2014).
Sabe-se também que os agentes de envelhecimento ambiental não agem de maneira isolada,
ou seja, há uma interação entre eles, o que pode causar danos distintos nos compósitos quando
apresentados a ambientes que possuem mais de um precursor de degradação ambiental. Dessa
forma, a seguir, serão apresentadas partes de alguns trabalhos que foram desenvolvidos sobre o
tema, nos quais os autores analisaram o comportamento mecânico de compósitos poliméricos
quando expostos a esses agentes. Estas análises aconteceram a partir do contato do compósito
com o agente causador do envelhecimento ambiental.
Temperatura
173
Nesse sentido, o mecanismo de dano no compósito polimérico devido a alterações térmicas
pode ocasionar alterações das propriedades mecânicas, tais como variações na resistência à
fadiga, resistência à tensão, tensão de cisalhamento, dentre outras. Segundo Fan et al. (2016), o
envelhecimento termo-oxidativo (TOA) de polímero envolve o envelhecimento físico e químico.
No primeiro, há o relaxamento estrutural do estado vítreo para o equilíbrio metaestável do estado
amorfo, acompanhado pelo aumento da temperatura de transição vítrea (Tg) e pelo módulo na
matriz. O envelhecimento químico inclui principalmente as mudanças químicas na estrutura do
polímero devido à elevada temperatura e pela presença de oxigênio. Dessa forma, a transição
vítrea é a transição que um material amorfo ou semicristalino sofre ao sair de sua condição viscosa
(elástica) para uma condição vítrea (rígida) ou vice-versa. Nessa transição, ocorrem alterações em
algumas características, como coeficiente de expansão térmica e calor específico. Logo, A
temperatura de transição vítrea (Tg) é a temperatura (ou faixa de temperatura) média em que
ocorre essa transição (LORANDI; CIOFFI; ORNAGHI JUNIOR, 2016).
Quanto à previsão do modelo para cisalhamento, foi observado que há uma dependência
da temperatura de serviço com o espaçamento das fendas do compósito. Desta forma, as previsões
apresentadas pelos modelos estão em conformidade com os dados experimentais e, assim, o
desenvolvimento de danos em compósitos deve ser considerado quando estes forem utilizados em
temperaturas baixas (PETERSON et al., 2008). As características higroscópicas da resina e/ou da
fibra possibilitam uma maior ou menor absorção de calor para alguns compósitos, o que pode
dilatar o volume do material. Este fato pode levar a deficiências na resistência (mecânica, térmica
e de degradação) da estrutura quando o compósito for utilizado. Este se degrada quando exposto
a temperaturas baixas, moderadas e/ou elevadas. No entanto, a generalização é dificultada uma
vez que o tipo de polímero, bem como o processo de fabricação do compósito, também devem
ser levados em consideração como fatores a serem equacionados. Como resultado da degradação
térmica têm-se a combinação da degradação da superfície e o surgimento de microfendas
perpendiculares à superfície, seguida da cisão da cadeia, da difusão do oxigênio na matriz e da
difusão de produtos de degradação fora da matriz (DOGAN; ATAS, 2015).
174
Oxidação
Nessa discussão, Tanaka (2002) estudou, isoladamente, as matrizes dos compósitos, com o
objetivo de investigar as características e mecanismos de degradação delas. As matrizes estudadas
foram polietileno (PE), polietileno tereftalato (PET), sulfeto de polifenileno (PPS) e epóxi. Dessa
forma, foi possível observar, neste estudo, que o processo de degradação num polímero segue os
seguintes passos: a geração de radicais livres (por tensão elétrica); cisão de cadeias do polímero;
formação de regiões degradadas; e progresso da auto-oxidação (TANAKA, 2002).
Além disso, de acordo com Liang, e Pochiraju (2015), laminados expostos em um ambiente
oxidante por um determinado período têm variações nas suas estruturas. Uma zona oxidada
desenvolve-se e amplia-se para o interior do material a partir da superfície exposta. Assim, ocorre
o crescimento da oxidação dependente da ortotropia do material e é esperado que seja mais rápido
ao longo da fibra devido à maior difusão do oxigênio nessa direção. Nesse sentido, em um
compósito formado por camadas (lâminas), a direção da difusividade do oxigênio acontece ao
longo da interface fibra/matriz. Por conseguinte, regiões maiores de degradação são evidentes nas
bordas das lâminas por estarem mais expostas ao oxigênio. Logo, as bordas com furos e ranhuras,
por exemplo, deverão ser confeccionadas ou protegidas com revestimentos para impedir o
mecanismo de aceleração da degradação (LIANG; POCHIRAJU, 2015).
Nos estudos desenvolvidos por Nicholas et al. (2016), a mudança de cor e degradação da
estrutura química do compósito termofixo de poliuretano reforçado com fibra de vidro tipo-E foi
observada com o aumento do tempo de envelhecimento. Os resultados do estudo mostraram que
acima de 500 horas de exposição houve variação de cor de até 70%. Com a foto-oxidação também
houve a retração da superfície do polímero de 30 mm à 1.000 h de exposição ao ambiente de
envelhecimento acelerado. Com isso, ocorreu o aumento da rugosidade da superfície do
compósito em função dessa retração.
A luz ultravioleta da radiação do sol é forte o suficiente para quebrar as ligações covalentes
em polímeros orgânicos, causando amarelecimento e fragilização. Segundo Hollaway (2010),
todos os polímeros são sensíveis a este tipo de radiação. Nesse sentido, sua fotodegradação ocorre
por meio de processos físicos e químicos, dos quais se tem a absorção da radiação ultravioleta por
175
eles mesmos ou por um grupo que absorve a luz nesta determinada região do espectro
(cromóforos), ocasionando algum tipo de perda nas propriedades do material (BRITZKI;
FECHINE, 2011). No processo fotodegradativo, são observadas reações de oxidação por
variações de temperaturas ou da umidade, nas quais acontecem a ruptura das ligações covalentes,
o que permite ocorrer, concomitantemente, a redução da integridade mecânica, o fissuramento, a
perda do brilho, a fragilização, a descoloração etc.
Por outro lado, o compósito com tecido de fibra de vidro de reforço e a matriz de poliéster,
exposto numa câmara de envelhecimento acelerado, foi irradiado por uma lâmpada ultravioleta
SJD-1, nos períodos de 30, 60, 90, 120, 150, 180 e 210 dias, configurando-se enquanto objeto de
estudo de Hongwang e Huang, em 2010. Assim, foi observado que as propriedades mecânicas e
a resistência à flexão e à tensão diminuíram gradualmente sob efeito de radiação ultravioleta
prolongada. O processo de corrosão do polímero quando em contato com o oxigênio acelerou-se
devido à ação dos raios UV, o que resultou, dessa forma, em um percentual maior de danos no
compósito.
Além disso, foi observado, também, após a submissão a testes de envelhecimento sob a
ação da radiação ultravioleta e ciclos alternativos de vapor aquecido, o desgaste da superfície
(degradação) no compósito polimérico com matriz de poliéster ortotereftálica reforçado com fibra
natural de Licuri. Na degradação da superfície, além da modificação do aspecto visual, isto é,
176
variação de cor (processo de foto-oxidação), foi possível verificar pequenas e esporádicas
ranhuras na matriz, danos que ocorrem na interface fibra/matriz sem exposição das fibras, bem
como uma leve perda de massa (LEÃO; TINO; AQUINO, 2015). A degradação superficial do
compósito provocada pela radiação UV favorece a entrada e a difusão de umidade no interior do
material. Neste caso, a combinação dos efeitos higrotérmicos com a degradação causada pela
radiação UV pode afetar significativamente suas propriedades, reduzindo a resistência mecânica
e limitando, assim, o uso do material.
Umidade
Além disso, a degradação em compósitos poliméricos pela umidade ocorre devido à difusão
de água para dentro do material, evidenciada pelo inchaço e possível plastificação da matriz
polimérica. A difusividade nesses materiais depende da geometria da amostra, do teor de
umidade, da temperatura e do tempo de contato (DOGAN, ATAS, C., 2015). Em materiais
homogêneos, a cinética de difusão da umidade está relacionada à capacidade máxima de absorção
e ao mecanismo de difusibilidade. Porém, nos compósitos, o processo de difusão da umidade
depende de cada constituinte que faz parte deste material, das frações volumétricas, do arranjo,
da morfologia e, ainda, da interfase fibra/matriz (DANTAS; FELIPE RENATA; FELIPE
RAIMUNDO, 2009).
Com relação aos solventes utilizados, os resultados mostram que a massa molar deles
influenciou na velocidade de sua difusão na matriz polimérica, uma vez que moléculas menores
possuem maior facilidade de difusão, seguindo o que preconizam os conceitos sobre coeficiente
de difusão e de permeabilidade de soluções. A presença de umidade no compósito pode iniciar
mudanças estruturais dentro da matriz, nas fibras e na interface, o que pode provocar uma perda
no desempenho mecânico e na diminuição da sua eficácia quando em uso. Com isso, esse agente
é algo que deve considerado, uma vez que compromete o desempenho do material, dada a
177
formação de pequenas fissuras que podem se desenvolver ao longo do tempo, as quais são
utilizadas como elementos de absorção da água (MAIA, 2013).
Desse modo, Pereira et al. (2014) e Pillay, Vaidya e Janowski (2009) observaram que a
taxa de absorção da umidade e tempo necessário para que o equilíbrio de saturação fosse atingido
foram influenciados pela temperatura de envelhecimento. Dessa forma, a combinação de fatores
que promovem o envelhecimento ambiental pode provocar danos mútuos, alterando, de maneira
concisa, a estrutura do compósito.
No trabalho desenvolvido por Aquino et al. (2010) e Felipe, Renata e Felipe, Raimundo
(2012), por sua vez, foi investigado o comportamento mecânico de uma estrutura de compósito
polimérico laminar (resina de poliéster), reforçado com fibra de vidro em testes de tração uniaxial
quando expostos a condições de envelhecimento acelerado ambiental. Os experimentos foram
realizados em laboratório com a utilização de uma câmara de envelhecimento, na qual o
compósito foi exposto a três diferentes testes: umidade/temperatura (por vapor aquecido),
exposição à radiação UV e ciclos alternados de radiação UV, além do vapor aquecido. Os
resultados obtidos a partir da análise do desgaste desse compósito por microscopia eletrônica de
varredura mostraram o comparativo do antes e depois da exposição às variações de umidade e
temperatura, evidenciando o desgaste na superfície da resina e em pontos isolados. A superfície
exposta ao vapor aquecido apresentou desgaste maior, resultante da interação do vapor/resina
(RODRIGUES; SILVA; AQUINO, 2012).
Por outro lado, no estudo desenvolvido por Zainuddin et al. (2011), foi analisada a
influência do vapor aquecido e da incidência da radiação ultravioleta em compósitos de fibra de
vidro/epóxi. A dinâmica de exposição foi, inicialmente, a exposição somente com radiação UV
por 4 horas, seguida pelo ciclo combinado de vapor aquecido e radiação UV por 4 horas, além de
somente vapor aquecido por 4 horas. Todas as condições foram analisadas em 5, 10 e 15 dias. Na
condição de exposição somente com radiação UV, foi observada uma perda gradual de massa
com o aumento dos dias de exposição. Além disso, para a condição com ciclo combinado, houve
uma perda de massa acentuada com 12 dias de exposição, além da perda da resina, verificada
através da microscopia eletrônica. Também foi observada foto-oxidação na superfície na condição
178
somente com UV e em ciclo combinado após 15 dias de exposição. Em geral, a degradação
ambiental no compósito pode ocorrer como resultado da ação de agentes físicos, químicos ou
biológicos do meio, ou, ainda, pode ser causada pela combinação destes agentes gerados a partir
de distintos mecanismos químicos, biológicos e mecânicos, conforme observado nos estudos
analisados anteriormente.
CONCLUSÕES
Conclui-se, a partir das leituras e análises dos trabalhos que foram objeto de discussão ao
longo do presente artigo, que é importante a realização de estudos de degradação, haja vista que
contribuem para a avaliação do desempenho dos compósitos, apesar desses terem sido realizados
em ambientes de envelhecimento acelerado e em condições severas de uso (câmaras de
envelhecimento). É perceptível, a partir do levantamento de trabalhos realizado, a modificação
das propriedades mecânicas dos compósitos poliméricos, além de variações irreversíveis da
estrutura do polímero e na morfologia e/ou composição pelos agentes que causam a degradação
ambiental.
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181
2.7. DESENVOLVIMENTO DE PROTÓTIPO DE
DESIDRATADOR SOLAR DE FRUTAS COM
REUTILIZAÇÃO DE MATERIAL RECICLÁVEL EM
PAULO AFONSO-BA
RESUMO
182
INTRODUÇÃO
A constante busca por redução dos prejuízos e entraves que dificultam a sustentabilidade
dos processos agrícolas vem estimulando a pesquisa e construção de ferramentas e métodos que
visam superar tais obstáculos, aumentando assim tanto a lucratividade do pequeno, grande ou
médio produtor, como a variedade do produto final ofertado ao consumidor (WEIRICH NETO et
al., 2016). Diversas são as causas de perdas em produção de frutos e hortaliças. Entre elas podem
ser citados o esmagamento, apodrecimento, senescência e murchamento (CHITARRA;
CHITARRA, 1990). O desperdício decorrente de diversos fatores, como falta de cuidado na hora
da colheita, uso de máquinas e equipamentos desregulados, assim como transporte e
armazenamentos inadequados, faz necessária a criação de meios de controle de tais perdas
(MARTINS; FARIAS, 2002).
A energia solar apresenta diversas características que configuram sua utilização como
sustentável, a exemplo da não liberação de resíduos na atmosfera, ser renovável e de grande
potencial, além de estar disponível largamente em quase todo o Brasil e principalmente no
Nordeste (MACHADO; MIRANDA, 2015). O presente trabalho teve por objetivo apresentar
dados relativos à projeção e construção de um desidratador que utiliza energia solar direta para
aquecer uma câmara de captação e outra de desidratação. Desta forma, melhorando o
aproveitamento de frutos que são rejeitados para consumo in natura, e reaproveitando resíduos
sólidos abundantemente encontrados na cidade (latas de alumínio) como componentes do
protótipo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Acredita-se que a história dos resíduos sólidos está relacionada ao processo de civilização
humana (FERREIRA; ARRUDA, 2018). Sendo assim, os primeiros acúmulos de materiais
residuais foram derivados das atividades humanas que tiveram início quando o Homem deixou
de ser nômade e passou a ser sedentário (PISANI JÚNIOR et al., 2018). É dito que o primeiro
depósito municipal para resíduos foi criado na cidade de Atenas, 400 a.C. (ELIS; ZUQUETE,
2017). O primeiro plástico sintético foi fabricado em 1868, como substituto para a madeira e o
metal, sendo produzido de forma comercial no ano seguinte. Logo após, surgiram o papel
encerado, a folha de alumínio, o celofane, e novos tipos de plástico (SANTAELLA et al., 2014).
No ano de 2015, o Brasil reciclou 602 mil toneladas. Desse total, 292,5 mil toneladas
correspondem a sucatas de latas de alumínio para envase de bebidas (FERREIRA; ARRUDA,
2018). Sua reciclagem propicia além da geração de renda para milhares de pessoas, a economia
de milhões de toneladas de bauxita (minério do qual é extraído o alumínio), economizando
anualmente uma quantidade de energia equivalente ao abastecimento de uma cidade com mais de
1 milhão de habitantes, contribuindo dessa forma para um meio ambiente mais limpo e sustentável
(LANDIM et al., 2016). Conforme disposto na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n°
12.305, de 2 de agosto de 2010), resíduos sólidos são materiais, substâncias, objetos ou bens
descartados resultantes de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede,
se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, gases
contidos em recipientes e líquidos que não podem ser lançados na rede pública de esgoto ou
corpos d’água devido a particularidades de sua composição (BRASIL, 2010).
Até o ano de 2010, as normas responsáveis pela definição e regulação de tudo relativo a
resíduos sólidos no Brasil encontravam-se dispersas entre os mais diversos corpos legais, algumas
vezes até mesmo conflitando entre si (NASCIMENTO et al., 2015). Não existia um corpo legal
que por si só fosse capaz de regular o relativo a resíduos (MOITINHO et al., 2017). Era possível
observar a falta de planos claros e explícitos de gestão destes, cabendo então a cada gestor aplicar
o que lhe parecia correto (ELIS; ZUQUETTE, 2017). Neste contexto foi criada a Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS), que tem por objetivo nortear a gestão de resíduos no território
nacional (GODOY, 2013). É interessante notar que dentre os temas observados nos projetos de
lei em tramitação na política da década de 90, está o debate concernente ao conceito do que seria
posteriormente denominado como “desenvolvimento sustentável” (MORAIS, 2018).
Em sua última versão, de agosto de 2012, o Plano Nacional fixou a redução de 22% dos
resíduos da fração seca dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) e de 19% da fração úmida
disponíveis para disposição final em 2015 (OLIVEIRA et al., 2018). Segundo diagnóstico, os
resíduos no Brasil em 2008 foram categorizados como sendo 31,9% correspondentes a fração
seca, 51,4% de matéria orgânica e 16,7% de outros materiais (OLIVEIRA; GALVÃO JUNIOR,
2016).
184
De acordo com Gouveia (2013), o desenvolvimento econômico, crescimento
populacional, os processos de urbanização e a revolução tecnológica vem alterando os estilos de
vida e os modos de produção e consumo. Estes, por sua vez, resultam no aumento da produção
de resíduos sólidos, tanto no que tange a quantidade como em diversidade. Tal fenômeno é mais
expressivo nos grandes centros urbanos. Sabe-se que a quantidade de domicílios em uma cidade
é diretamente ligada a quantidade de resíduos gerados. Segundo Oliveira et al. (2018), as
residências são as fontes geradoras mais abundantes. Boa parte destes resíduos não possuem
destinação sanitária e ambientalmente apropriada, sendo destinados a vazadouros a céu aberto,
conhecidos como lixões, mesmo embora esta prática sendo hoje punível com multa para as
cidades que não se adequarem às novas legislações de gestão de resíduos.
Uma vez dispostos de forma imprópria, estes materiais podem comprometer a qualidade
do solo, das fontes d’água e do ar, por serem fontes de substâncias como compostos orgânicos
voláteis, defensivos agrícolas, solventes e metais pesados, entre outros (MORAIS, 2018). A
decomposição da matéria organiza resulta no chorume, líquido de cor escura que pode contaminar
o solo e as águas superficiais e subterrâneas (SANTOS, 2017). Segundo Campos et al. (2015),
nos últimos anos tem sido dada uma atenção significante para o tratamento dos lixiviados em
aterros, por saber-se dos prejuízos que estes podem ocasionar no solo.
O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas no mundo, com produção de 38,86 milhões
de toneladas conforme dados de 2012 da Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO), perdendo apenas para a Índia e China, que produzem, respectivamente, 71,07
e 137,06 milhões de toneladas. Em 2013, o Brasil destacou-se com a produção de 43,6 milhões
de toneladas de frutas, com estimativa de 2,2 milhões de hectares sendo utilizados para tal
(ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUTICULTURA, 2015).
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF), o Brasil perde 5,1 milhões de
toneladas de frutas por ano, estimando-se uma perda de US$2,3 bilhões anuais (BRASIL... 2017).
De acordo com Souza (2007), tal fato chama atenção para a urgente necessidade de se criar e
incrementar processos simples e baratos, que ofereçam meios para a conservação destes alimentos
extremamente perecíveis. A perda de alimentos ao longo de toda a cadeira produtiva representa
perdas significativas de recursos investidos na sua produção, transporte e armazenamento.
Recursos como energia, água e insumos agrícolas se tornam cada vez mais escassos e necessitam
ser aplicados de forma eficiente e sustentável (ALVES; UENO, 2015).
A desidratação de alimentos sólidos, como frutas e hortaliças, tem por objetivo a remoção
da umidade do sólido por meio da evaporação. De acordo com Sokhansanj e Jayas (2006), tal
redução deve acontecer de forma que atinja um ponto onde a concentração de açúcares, ácidos,
sais e outros componentes sejam suficientemente elevados para inibir o desenvolvimento de
microrganismos.
As crises do petróleo fizeram com que desde a década de 70 fossem buscadas formas
alternativas de energia para adoção no país, na busca por segurança no fornecimento de energia e
redução da dependência dos combustíveis fósseis (SIMAS; PACCA, 2013). Nos dias atuais, o
desenvolvimento de secadores (ou desidratadores) que utilizam a radiação solar de forma eficiente
e a baixo custo passou a ter muita importância, pois se tornou uma alternativa mais
economicamente viável em comparação aos equipamentos convencionais e seus elevados custos
de aquisição e operação (OLIVEIRA et al., 2018). Soma-se a isto o forte apelo para a utilização
de energias renováveis, que vem ganhando cada vez mais prestígio no mundo desenvolvido
devido ao surgimento de políticas de substituição das fontes derivadas do petróleo por fontes
renováveis (SILVA, 2013).
METODOLOGIA
Para que o protótipo fosse avaliado realizou-se a desidratação de banana. O processo foi
concluído após 9 horas de exposição dos frutos ao sol. As bananas, do tipo prata, foram adquiridas
em comércio local e expostas à luz solar após cortadas ao meio no sentido longitudinal e
posteriormente reduzidas a tamanhos menores, tendo estes as dimensões de aproximadamente 2,8
cm x 2,8 cm x 1,5 cm. 10 amostras tiveram suas massas submetidas à quantificação com o auxílio
de uma balança analítica da marca Bioscale, possuindo todas aproximadamente 9g.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
188
Figura 2. Curvas de umidade das amostras na câmara de desidratação
A câmara de desidratação conseguiu no Teste B atingir uma temperatura máxima (72 °C)
superior à verificada no Teste A (70 °C). Isto ocorreu mesmo embora o segundo teste tendo sido
realizado em um dia com temperaturas inferiores e maior nebulosidade. Os resultados obtidos
discorridos acima assemelharam-se aos encontrados por Weirich Neto et. al. (2016), cujo
desidratador em seu trabalho atingiu temperatura máxima de 72,9 °C para o experimento com o
fundo preto e lata prata, e Silva (2013), que ao experimentar um secador solar construído a partir
de sucata de tambor obteve o valor final de umidade da amostra de banana como sendo 22%,
valor próximo aos 24,84% encontrados neste trabalho.
189
da demanda de gestão destes que seriam tidos como resíduos para utilização em um processo
eficiente e sustentável.
CONCLUSÕES
O estudo comparativo dos dois testes realizados revelou que a pintura da câmara de
captação com tinta preta fosca e anexação de estruturas confeccionadas a partir de latas de
alumínio influenciaram de maneira positiva no que diz respeito a manutenção de temperatura
elevada no interior do protótipo. Esta, por sua vez, se encontrou dentro do indicado na literatura
para o processo de desidratação de frutos.
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193
2.8. TRATAMENTO DE ÁGUA RESIDUÁRIA DA
SUINOCULTURA COM FILTRO DE SERRAGEM DE
MADEIRA E BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho do processo de filtração, utilizando
filtro constituído pela combinação entre a serragem de madeira e o bagaço de cana-de-açúcar, no
tratamento primário da água residuária da suinocultura (ARS). O processo de filtração foi
conduzido no Laboratório de Matéria Orgânica e Ciclagem de Nutrientes do Departamento de
Solos da UFRRJ, Campus Seropédica-RJ. Foram confeccionadas três colunas filtrantes
reutilizando recipientes plásticos. Os meios filtrantes foram caracterizados segundo o teor de
umidade, densidade global e das partículas, porosidade e pH (em a água e cloreto de potássio). A
ARS bruta e o efluente filtrado foram avaliados quanto às concentrações de sólidos totais (ST),
sólidos totais voláteis (SVT) e fixos (SFT), pH, condutividade elétrica (CE), turbidez (T) e cor
aparente (C). De acordo com os resultados obtidos, o filtro preenchido pela junção de dois
materiais orgânicos mostrou-se promissor, uma vez que se obteve ao fim do processo de filtração
(40 L filtrados) remoção de ST (70%), SVT (66%), SFT (80%), CE (21%), T (79%) e C (44,5%)
na água residuária de suinocultura. Pode-se constatar que o filtro foi capaz de atingir o nível
exigido de tratamento primário.
A água residuária da suinocultura (ARS) é composta por fezes, urina, resíduos de ração,
pelos e produtos da higienização dos ambientes (OLIVEIRA; PINHEIRO; CAMPOS, 2017). O
descarte indevido da ARS configura-se em problemas ambientais e socioeconômicos de grande
impacto, posto que esta apresenta alto poder poluidor, mediante as altas cargas de nutrientes,
sólidos em suspensão e dissolvidos, matéria orgânica, agentes patogênicos, metais pesados, sais
diversos e hormônios (SMANHOTTO et al., 2010). Desse modo, o lançamento da ARS nos
corpos hídricos requer um prévio e adequado tratamento, de modo a atender os padrões da
legislação ambiental. Da mesma forma, critérios devem ser seguidos para que o efluente possa
ser disposto no solo por meio da fertirrigação das culturas agrícolas, por exemplo, uma vez que a
aplicação da ARS em doses inadequadas pode resultar na poluição ou contaminação do solo e das
águas subterrâneas.
Uma dessas tecnologias diz respeito ao potencial de utilização de filtros preenchidos com
materiais orgânicos para o tratamento primário de águas residuárias do setor agropecuário. O
tratamento primário tem por objetivo principal a remoção de sólidos suspensos sedimentáveis
(VON SPERLING, 2014). Cabe ressaltar que, à utilização de filtros orgânicos pode proporcionar
tratamento secundário (remoção de demanda de oxigênio) (LO MONACO et al., 2004), bem
como, terciário ou mesmo avançado (remoção de nutrientes, microrganismos patogênicos, metais
pesados) à ARS (OLIVEIRA; PINHEIRO; CAMPOS, 2017). Dos diversos materiais investigados
como meio filtrante no tratamento de águas residuárias, a serragem de madeira e o bagaço de
cana-de-açúcar destacam-se no que se refere à remoção de sólidos e metais pesados
(MAGALHÃES; LO MONACO; MATOS, 2013; ISLAMUDDIN et al., 2016; OLIVEIRA;
PINHEIRO; CAMPOS, 2017). Os fatores que justificam a eficácia e utilização de resíduos de
origem orgânica no tratamento de diferentes efluentes incluem a composição química
(hemiceluloses, lignina, lipídios, proteínas, açúcares simples, água, hidrocarbonetos e amidos),
existência de grupos funcionais ácidos ( hidroxila, carboxila, fenol), área superficial, porosidade
e morfologia da superfície (BHATNAGAR; SILLANPÄÄ; WITEK-KROWIAK, 2015; TRAN
et al., 2015).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A crescente demanda por carne suína e seus derivados estimulou a expansão do setor
suinícola, resultando no aumento do número de animais nas unidades produtoras, na
intensificação dos criatórios em confinamento, e consequentemente, no aumento da quantidade
de resíduos produzidos (BÜHRING; SILVEIRA, 2016; GOUVEIA; OLIVEIRA, 2018). Estima-
se que, em média, um suíno produz, aproximadamente, 2,3 kg de esterco, que após misturar-se
com urina e água tem seu volume aumentado, podendo chegar a produzir entre 4,9 a 7,0 litros de
dejetos/dia, para suínos com faixa de peso entre 25 a 100 kg (BRASIL, 2016).
No país existem poucos trabalhos que abordem o uso de filtros orgânicos em tratamentos
de águas residuárias decorrentes da suinocultura. Ao avaliar o desempenho de filtros orgânicos
utilizando serragem de madeira e bagaço de cana-de-açúcar, Magalhães et al., (2006) observaram
que houve uma remoção média de 90 a 99% de sólidos suspensos em ARS empregando-se
serragem de madeira e de 81 a 96% quando foi utilizado o bagaço de cana. Lo Monaco et al.,
(2011a) obtiveram eficiências de remoção de DQO de 50 a 80% e de cobre entre 85 e 95%,
utilizando o triturado de bagaço de cana. Visando avaliar a remoção de óleos e graxas presente
em água residuária de suinocultura, Magalhães; Lo Monaco; Matos (2013) observaram remoções
de 97,2% e 88,9% utilizando filtros preenchidas com bagaço de cana-de-açúcar e serragem de
madeira, respectivamente. Em pesquisa, Oliveira; Pinheiro; Campos (2017) averiguaram retenção
de cobre, zinco e manganês acima de 99% empregando-se bagaço de cana como meio filtrante no
tratamento da ARS.
METODOLOGIA
Procedimentos metodológicos
A metodologia adotada para a realização desta pesquisa baseou-se nas seguintes etapas:
197
Os resíduos orgânicos, utilizados como meios filtrantes foram o bagaço de cana-de-açúcar
e a serragem de madeira. Esses materiais foram selecionados de acordo com a facilidade de
obtenção, disponibilidade regional e por se destacarem na literatura no tratamento de águas
residuárias. O bagaço de cana-de-açúcar foi obtido em feira livre e a serragem de madeira em
serralheria, ambos na cidade de Volta Redonda-RJ.
O bagaço de cana-de-açúcar foi seco ar por quatro dias devido ao alto teor de umidade.
O procedimento de secagem não foi necessário à serragem de madeira. Em seguida, os dois
resíduos passaram por uma triagem (de forma a retirar materiais indesejáveis como plásticos,
papéis, vidros).
Os três filtros foram operados por 45 minutos, sem interrupção, sendo filtrado ao todo,
40 L em cada coluna, logo, toda água residuária coletada na suinocultura (120 L) foi filtrada. O
escoamento foi mantido na condição permanente, em meio saturado, durante toda a fase de
operação dos filtros. As três colunas filtrantes foram, simultaneamente, preenchidas com ARS,
até que fosse atingida uma altura de 0,5 cm, para então, abrir as torneiras de saída da coluna,
permitindo a coleta do efluente filtrado. A ARS bruta foi revolvida constantemente objetivando
impedir a sedimentação do material no fundo do reservatório (MATOS; MAGALHÃES;
SARMENTO, 2010). A coleta do filtrado foi feita por meio de frascos plásticos de 2 L. Para a
caracterização físico-química do afluente (ARS bruta), retirou-se uma alíquota de 150 ml do
reservatório de armazenamento e para o efluente filtrado, 100 ml a cada 5 L. As amostras da ARS
e do efluente foram coletadas e preservadas conforme as condições exigidas na NBR 9898
(ABNT, 1987).
Figura 1. Fluxograma das etapas de confecção e montagem das colunas, obtenção da ARS bruta e
operação dos filtros constituídos por bagaço de cana-de-açúcar e serragem de madeira.
199
Análise estatística dos dados
O desempenho dos filtros foi avaliado estatisticamente por meio da análise de regressão,
utilizando o software de análise de dados e gráficos OriginLab, no qual foi realizado o ajuste de
equações matemáticas relacionando a concentração relativa (razão entre as concentrações de saída
(efluente - X) e de entrada no filtro, água residuária bruta (afluente - X0), das variáveis físicas e
químicas em função do volume da ARS filtrado. A razão X/X 0 maior que 1,0 significa que o
efluente contém uma concentração maior que a do afluente, segundo Lo Monaco et al., (2009).
Considerou-se satisfatório o ajuste que proporcionou coeficiente de determinação maior que 70%
e significância mínima de 1% de probabilidade nos coeficientes (LO MONACO et al., 2014). As
análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do software SISVAR 5.6 (FERREIRA, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Caracterização física e química dos resíduos orgânicos e sua combinação, utilizados neste
estudo como meios filtrantes no tratamento da ARS.
Material U ρg ρp PT pH pH
3 3 -3
% g/cm cm cm H2O KCl
Serragem de madeira 11,79 0,14 0,81 0,83 3,73 3,50 -0,23
Bagaço de cana-de-açúcar (triturado) 10,34 0,09 0,42 0,79 3,56 3,17 -0,39
Serragem + Bagaço de cana 7,35 0,13 0,65 0,80 3,80 3,47 -0,33
U - umidade; ρg - densidade global; ρp - densidade de partículas; PT – porosidade total; ΔpH = pHKCl - pHH2O.
De acordo com Albinante et al. (2012), a água pode atuar como um plastificante na
estrutura dos polímeros naturais, dessa forma, materiais orgânicos que apresentam menor teor de
umidade podem ser eficazes na retenção de poluentes das águas residuárias. Assim, a combinação
entre serragem e bagaço de cana pode contribuir para uma maior retenção de poluentes, dado o
menor teor de umidade (7,35%). A umidade ainda, pode interferir na porosidade do material, alto
teor de umidade implica no intumescimento das partículas, o que faz com que o espaço entre estas
diminua, poros vazios permitem a entrada de ar ou líquido de maneira mais efetiva (MENDES;
CHAUX; THOMEO, 2014).
200
Caracterização da ARS
A caracterização inicial da ARS bruta é demostrada (Tabela 2). É possível, por meio dos
resultados, aferir que água residuária estava muito diluída, principalmente, devido aos baixos
teores de sólidos totais e ao valor de condutividade elétrica. Entretanto, estes valores encontram-
se dentro da faixa observada para água residuária proveniente do setor da suinocultura, que estão
entre 840 a 132.000 mg/L para ST e 0,6 e 9,1 mS/cm para CE (MATOS; MATOS, 2017).
Tabela 2. Valores médios obtidos para as variáveis físicas e químicas da água residuária bruta coletada no
setor da suinocultura da UFRRJ.
201
Figura 2. Concentração relativa (X/Xo) de ST (2A), STV, STF(2B), pH (2C), CE (2D), T(2E) e C (2F) em
função do volume da água residuária da suinocultura filtrado.
Ŷ1
A B
Ŷ2
Ŷ
Ŷ1
Ŷ2
C D
Ŷ
E F Ŷ
Ŷ
Pode-se verificar a concentração relativa de sólidos voláteis totais (STV) e sólidos fixos
totais (SFT) (Figura 2B). Conforme Lo Monaco et al., (2009), STV é um parâmetro indicativo da
presença de material orgânico na água residuária. Nota-se um comportamento similar ao ocorrido
com os ST, em que nos primeiros 25 L houve aumento na concentração e logo após uma redução,
alcançando uma remoção de 66%, aos 40 L de ARS filtrada e uma eficiência média de remoção
em torno de 35%. Já a respeito dos STF, não se observou um aumento durante todo processo de
filtração, estando os valores desta variável inferiores (entre 105 a 302,5 mg/L) aos da água
residuária da suinocultura bruta, 588 mg/L. As maiores remoções foram alcançadas a partir dos
15 L filtrados, tendo seu ápice aos 40 L (80%). O sistema de filtração para SFT obteve uma
eficiência média de 70%.
A condutividade elétrica da ARS filtrada esteve maior que a da ARS bruta, somente até
os 10 L coletados inicialmente, como pode ser visto (Figura 2D). De acordo com Brandão et al.,
(2000) tal fato pode ser causado devido a solubilização de sais, como o sódio e o potássio, que
estão entre os principais elementos que podem ser lixiviados e aumentar a CE do efluente filtrado.
Posteriormente, averiguou-se uma diminuição na CE, tendo aos 40 L uma redução de até 21,7%.
O decréscimo na salinidade no efluente, torna-se interessante, caso este seja utilizado para fins de
fertirrigação, minimizando, assim, possíveis problemas osmóticos ao solo e às plantas. Segundo
Lo Monaco et al., (2009), a diminuição da CE no efluente, torna-se atrativa, caso a destinação
deste seja a utilização no solo por meio da fertirrigação, pois assim, é possível minimizar os danos
causados pelo excesso de sal no solo.
203
qualidade ambiental e sanitário de grande importância, assim, a remoção deste possibilita redução
dos poluentes no efluente e podem indicar a eficiência do sistema de tratamento empregado.
Figura 3. Efluente filtrado aos 40 L por meio do filtro preenchido pela combinação entre serragem de
madeira e bagaço de cana-de-açúcar (A) e água residuária bruta, obtida no setor da suinocultura da
UFRRJ (B).
A B
Com relação à cor aparente (Figura 2F), pode-se notar que a combinação dos resíduos na
coluna filtrante não conferiu aumento deste parâmetro, e sim redução durante todo tratamento,
uma vez que a ARS bruta apresentou cor aparente de 2.457,5 PtCo (Tabela 2) e o valor máximo
observado no efluente filtrado foi de 1.636,3 PtCo, correspondente este, aos 5 primeiros litros
filtrados. Atestou-se que as menores e maiores remoções deste parâmetro se deram entre 5 e 30 L
(em torno de 33 a 41%) e 35 e 40 litros (cerca de 44, 5%), respectivamente, sendo que a eficiência
média de remoção para tal variável foi igual a 38,33%. Cabe ressaltar que a eficiência média final
obtida neste estudo, pode ser considerado satisfatória de acordo com Magalhães et al., (2006),
uma vez que a separação física (que ocorre no processo de filtração) não é eficaz na remoção de
sólidos dissolvidos e, por conseguinte, de cor aparente, já que este parâmetro é a medida indireta
de sólidos dissolvidos. Os autores atestam que parte dos sólidos dissolvidos pode ficar retidos na
massa do meio filtrante por capilaridade, devido ao fenômeno de adsorção, mediante forças
eletrostáticas.
Ao estudar diferentes tipos de resíduos sólidos orgânicos com vistas a avaliar seu
potencial como meio filtrante para o tratamento de águas residuárias, Oliveira et al., (2017)
observaram que a serragem de madeira e o bagaço de cana-de-açúcar foram, dentre os materiais
avaliados, os que conferiram menor valor para cor aparente, o que demostra o potencial de uso
destes dois materiais. As autoras destacam ainda que, embora o parâmetro em questão não indique
a eficiência de remoção de poluentes do tratamento, é esteticamente desagradável um efluente
que apresente elevado valor de cor.
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
204
Departamento de Solos e de Monitoramento Ambiental I (Água e Efluentes) do Departamento de
Engenharia, ambos da UFRRJ.
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207
2.9. APLICATIVO MÓVEL NO GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS: ESTUDO DE CASO DO APP
EPERSOL
RESUMO
208
INTRODUÇÃO
A questão dos resíduos sólidos, trata-se de uma temática atual e fundamental para ser
trabalhada na construção de conhecimento de crianças e adolescentes, pois os resíduos sólidos
são um problema constante nas áreas urbanas, de modo que contribuía para formação de
pessoas criticas e consciente com o meio ambiente (IQUEIRA et al., 2018)
A popularização dos celulares tem sido considerada por muitos a revolução tecnológica
de maior impacto nos últimos tempos (International Data Corporation - IDC, 2013). A principal
característica é a quebra da limitação da mobilidade e a pessoalidade que o equipamento
proporciona aos seus usuários (RODRIGUES, 2011).
Este estudo visa apresentar a viabilidade de se desenvolver uma ferramenta digital na área
de gestão como um App utilizando-se de conteúdos teóricos sobre gerenciamento de resíduos
sólidos. E também analisar a capacidade do software de facilitar o gerenciamento dos mais
diversos tipos de resíduos desde a geração até a destinação final. Nesse sentido, a pesquisa tem a
finalidade de lançar ideias que busque soluções demonstrando a viabilidade no uso destas
tecnologias no escopo da sustentabilidade de acordo com a legislação brasileira vigente tendo
como base o estudo de caso do App do Epersol 20118.
209
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Após seis anos da promulgação da Lei nº 12.305, que institui a Política Nacional dos
Resíduos Sólidos (PNRS), ainda há bastante o que progredir no âmbito da destinação,
reaproveitamento e eliminação dos resíduos que não podem ser aproveitados por uma segunda
vez, ainda são observados diversos desafios quanto á implementação da referida lei (FREITAS et
al., 2017).
A discussão em torno desta política marcou o início de uma forte articulação institucional
envolvendo a União, estados e municípios, o setor produtivo e a sociedade civil, na busca de
soluções para os problemas causados pela gestão inadequada dos resíduos sólidos urbanos, que
compromete a qualidade de vida da população (TEIXEIRA, 2013).
Desenvolvimento sustentável
2- a noção dos obstáculos que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio
ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras.
A proteção do ambiente não é um assunto a ser visto de forma estanque, no que diz
respeito ao desenvolvimento econômico: ele permeia todo o universo das decisões políticas. É
um grande sistema onde o sucesso depende da sinergia do todo. (MENDES, 2014).
Sustentabilidade
Em áreas urbanas o lixo, deve ter como um dos seus principais objetivos, a redução de
matérias. A redução e o reaproveitamento tem trazidos benefícios para a sociedade, para a
economia e para o meio ambiente. Um conceito muito importante segundo Stephanou (2013)
é aplicado para gerenciar os resíduos sólidos conceituando a partir dos 3 R’s que atinge os
parâmetros ambientais, sociais e econômicos. A gestão de resíduos sólidos deve ser feita
observando as prioridades no conceito dos 3R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar).
METODOLOGIA
Em seguida foi feito o estudo de caso proposto por Yin (2005), quando o pesquisador tem
acesso a um evento ou fenômeno até então inacessível à pesquisa científica, através de pesquisa
quanti-qualitativa em que o formulário Google Forms foi utilizado como ferramenta para a coleta
e análise de dados estatísticos, facilitando o processo de avaliação do público em relação ao App
Epersol. O estudo foi realizado através de levantamento dos procedimentos e técnicas empregadas
na tipologia e disposição de resíduos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Visão geral de arquitetura para o conteúdo web móvel do app Epersol
Na aba origem e classificação dos resíduos sólidos (linha 3 coluna 1) do App Epersol
(Figura 2) indica que antes de apontar qualquer solução para a gestão de resíduos sólidos, é preciso
conhecer a sua origem e classificação. A PNRS classifica os resíduos segundo a origem e segundo
a periculosidade. Quanto à origem, podem ser: resíduos sólidos urbanos (que englobam os
domiciliares e os de limpeza urbana. Quanto à periculosidade, a Lei classifica os resíduos em
perigosos e não perigosos.
Uma das formas de classificação dos resíduos pode ser por geração (por tipologia, por
etapa do processo produtivo e por periculosidade) e por destinação final (por tipologia, por etapa
do processo produtivo e por periculosidade). Para registro da situação dos resíduos sólidos
interessa traçar um quadro geral focado nos problemas mais frequentemente ocasionados pelos
212
resíduos nas localidades diagnosticadas. Interessa, além disso, registrar os resíduos com presença
(em volume) mais significativa – muito provavelmente serão os resíduos urbanos, secos e úmidos,
e os resíduos da construção civil (PORTAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS, 2018).
Conforme estabelecido na Agenda 21, durante a Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD (1992), ocorrida no Rio de Janeiro, deve-se
aumentar ao máximo a reutilização e reciclagem, promovendo o correto depósito e tratamento
dos resíduos sólidos.
Ainda de acordo com a norma NBR 10.004/2004, os resíduos são classificados como:
Quadro 2 - Destinação final dos RSU coletados no Brasil em 2010 e 2011 (tot/ano)
Aplicações móveis
Diante do que foi exposto a experiência realizada com o App da EPERSOL em 2018,
pode se observar a interação e a interdisciplinaridade sendo aplicada sobre a viabilidade do
uso de aplicativo para gerenciar, conforme Loureiro (2006) pode ser criterioso qualquer tipo
de prática pedagógica em relevante ao caráter tradicional que tenha seu marco em na
estruturação hierarquizada, a partir dos parâmetros neutros do conhecimento através daquilo
que seja produzido e transferido, de modo organizacional, através de planejamento e
conhecimento racional, com finalidades pedagógicas abstraídas às inferências comunitárias
de suas práticas.
Por se tratar de um tema multidisciplinar foi realizado um questionário com 100 pessoas,
na plataforma beta, de diferentes níveis de escolaridade: Do total de pesquisados 16% (ensino
médio), 54,4% (ensino superior incompleto), 19,4% (ensino superior) e 9,7% (pós-graduado),
sendo que a pesquisa apontou que apenas 16,5% conhecem o Epersol, 9,7% já ouviu falar e 74,8%
das pessoas afirmaram não conhecer.
Gráfico 3 - Gráfico esquerdo foi questionado qual o grau de importância para o individuo sobre ter um
App de gerenciamento de resíduos sólidos e o gráfico direito se o indivíduo instalaria um App que trate
da gestão de resíduos sólidos em seu celular.
CONCLUSÃO
215
Esse crescimento tem impacto significativo, principalmente pelo uso frequente de
aplicativos que utilizam recursos embarcados nos dispositivos móveis, como: GPS, câmera, entre
outros. Assim, a arquitetura do dispositivo apresentada pelo App Epersol apresentou mais
vantagens que desvantagens em relação a sua aplicabilidade.
A pesquisa com usuários do App indicou também que a maioria dos entrevistados, 71,8%
, desconhecem pontos de coletas em de resíduos não domésticos seus bairros e 72,8% informou
não conhecer as Ecoestações do Recife. Nesse contexto, a proposta do App do Epersol, mostrou
ser uma ferramenta de inovação na gestão, pois além de facilitar o acesso do congressista à
informação, mostrou que é viável o desenvolvimento de uma ferramenta digital na área de gestão
utilizando-se de conteúdos teóricos sobre gerenciamento de resíduos sólidos desde a geração até
a destinação final.
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218
2.10. REUTILIZAÇÃO DAS LATAS DE ALUMÍNIO NO
TRATAMENTO DE EFLUENTES TÊXTEIS POR
ELETROCOAGULAÇÃO ESPONTÂNEA
SILVA, Renata Pereira da
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
renata.psilva@live.com
RESUMO
A eletroquímica ambiental vem se destacando por processos mais eficientes e por gerarem menos
resíduo. Este trabalho teve o objetivo de desenvolver um sistema eletroquímico para tratar uma
solução de corante por eletrocoagulação com geração de energia elétrica. Esse sistema foi
composto por pilhas eletroquímicas de latas de bebidas composta por alumínio que serviram como
ânodos e fios de cobre como cátodos. Essas latas foram preenchidas pela solução de corante e
colocadas dentro de garrafas PET para reter possíveis vazamentos. Elas foram ligadas em série e
a corrente gerada tratou a solução de corante por eletrocoagulação espontânea. Isto o difere dos
processos tradicionais não espontâneos. A energia gerada nos terminais da pilha foi usada também
para tratar a solução de corante. Obteve-se assim um sistema autossustentável. Esse sistema
oferece uma outra utilidade para as latas de alumínio e as garrafas PET e ele pode ser utilizado
nas lavanderias de produção artesanal do jeans. A corrente gerada também foi utilizada para ligar
um rádio por pelo menos 24 horas. Conclui-se também que seja possível montar um sistema
semelhante em escala industrial para tratar efluentes têxteis utilizando reatores revestidos com
alumínio e eletrodos de cobre ou eletrodos tridimensionais de carbono.
219
INTRODUÇÃO
A indústria têxtil é um dos principais problemas de poluição dos recursos hídricos porque
além de necessitar de grande quantidade de água na produção das peças, variando entre 200 a 400
litros/Kg de tecido acabado, seus efluentes apresentam coloração e elevada carga orgânica que
precisam ser tratados antes de serem despejados nos rios. Além desses efluentes elas também
produzem muitos resíduos sólidos. Essa problemática se agrava nas indústrias de confecção têxtil
e de beneficiamento artesanal (lavanderias) devido a dificuldade de fiscalização pelos órgãos de
controle do meio ambiente (COELHO et al., 2018; KARTHIKEYAN et al., 2017; MORALI;
UZAL; YETIS, 2016).
As águas residuais altamente coloridas das indústria têxteis afetam severamente a função
fotossintética em plantas provocando um impacto sobre a vida aquática, devido a baixa penetração
de luz e consumo de oxigênio. Ela também pode ser letal para determinadas formas de vida
marinha, devido à presença de metais e de cloro (HOLKAR et al., 2016).
Na economia brasileira existe uma participação forte da indústria têxtil. Segundo dados
da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), o Brasil ocupa a quinta
posição no ranking de produção mundial desses insumos. O agreste de Pernambuco é considerado
o segundo em produção têxtil, só perdendo para São Paulo. Neste setor destacam-se as cidades de
Toritama, Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. A indústria têxtil é um dos principais problemas
de poluição dos recursos hídricos devido a utilização de uma quantidade considerável de água na
produção das peças, os efluentes geralmente são coloridos e contém metais em sua composição e
são muitas vezes despejados nos rios sem o devido tratamento. A maior demanda encontra-se na
produção e confecção do jeans que é uma peça que ganhou popularidade ao longo de vários anos.
O objetivo desse trabalho foi desenvolver um sistema eletroquímico para tratar uma solução
que simulou o efluente têxtil. Para isso utilizou-se um sistema de pilhas eletroquímicas com
ânodos de latas de alumínio ligadas em série que tratou a solução de corante, contida no interior
dessas latas, enquanto gerava energia elétrica. Teve-se também o objetivo de reutilizar as latas de
alumínio e as garrafas PET de água mineral que serviram para acondicionar as latas e reter
possíveis vazamentos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Pilhas são sistemas eletroquímicos que funcionam como miniusinas portáteis que
convertem a energia química em energia elétrica. Estas são constituídas por um ânodo, um cátodo,
eletrólitos, separadores e uma capa externa. A oxidação ocorre no ânodo e a redução no cátodo
através de uma reação química de transferência de elétrons. As pilhas podem ser classificadas de
diversas formas, dependendo do formato, composição e sua finalidade. Entre os elementos que
compõem uma pilha encontram-se algumas substâncias potencialmente perigosas como o
mercúrio, chumbo, manganês, zinco, cádmio, lítio e níquel (ATKINS; PAULA, 2018).
220
As "baterias de metal-ar" são aquelas na qual o metal reage com o oxigênio do ar para gerar
elétrons que fluem através de um circuito externo para realizar trabalho. A bateria de alumínio-
ar mais comum utiliza o alumínio como ânodo e o cobre como cátodo, uma vez que o cobre é
mais eletronegativo do que o alumínio. Observa-se que os elétrons ganham energia potencial
(através de uma série de reações químicas na solução) a medida em que eles saem do eletrodo de
cobre para o de alumínio. Isto permite-os realizar trabalho no circuito externo que pode, por
exemplo, acender um Diodo Emissor de Luz (LED). Utiliza-se o cloreto de sódio como condutor
iônico na solução para aumentar a geração de corrente elétrica. O oxigênio dissolvido em água
sofre redução na superfície do cobre formando hidróxido (OH -) de acordo com a equação (1).
Nota-se que a corrente cai ao longo do tempo porque os metais tornam-se revestidos com
óxidos e também porque decai a quantidade de oxigênio nas proximidades do cobre. A tensão, no
entanto, permanece constante porque é afetada apenas pela eletronegatividade dos metais, que
não muda (CHASTEEN; CHASTEEN; DOHERTY, 2008; LIU et al., 2017).
A bateria de alumínio-ar é considerada uma candidata atraente como fonte de energia para
veículos elétricos por causa de seu baixo custo e sua alta densidade de energia teórica (8.100
Wh.kg-1), que é significativamente maior do que a das atuais baterias lítio-íon. No entanto, alguns
problemas técnicos e científicos estão impedindo o desenvolvimento em grande escala dessas
baterias. O cátodo dessas baterias pode ser o eletrodo tridimensional de carbono usado para
facilitar a reação do gás oxigênio na superfície do eletrodo. Esse eletrodo evita problemas com a
formação de óxidos e consequentemente a queda de corrente ao longo do tempo (LIU et al., 2017).
Uma extensa literatura tem relatado as características e aplicações dos métodos mais
importantes para a remoção de corantes de água. As tecnologias são classificadas como processos
físico-químicos, químicos, oxidação avançado, biológicos e eletroquímicos. Os mecanismos de
remoção de cor envolvem a separação física de tintura, repartição dos corantes ou descoloração
por adsorção/biodegradação (BRILLAS; MARTÍNEZ-HUITLE, 2015; KHANDEGAR;
SAROHA, 2013; SILVA et al., 2018; MOUSSA et al., 2017; VIJAYARAGHAVAN; BASHA;
JEGAN, 2013).
A eletrocoagulação é mais eficaz porque promove uma separação mais rápida de corantes
com menor quantidade de lodo produzido e tem um custo inferior ao do processo de coagulação
tradicional, onde são adicionados íons Fe3+ ou Al3+, geralmente sob a forma de sais de sulfato e
221
cloretos. O deslocamento dos ânions e cátions sob o campo elétrico aplicado aos eletrodos na
eletrocoagulação promove a colisão entre eles, aumentando a eficiência da coagulação. No
entanto, a passivação do ânodo e deposição de sedimentos nos eletrodos, inibe o processo
eletrolítico. Outra desvantagem é a produção de elevada quantidade de íons de ferro e alumínio
que precisam ser removidos do efluente (BRILLAS; MARTÍNEZ-HUITLE, 2015; SOUZA et al.,
2016).
As equações (3) e (4) representam as principais reações químicas que ocorrem no processo de
eletrocoagulação.
O cátodo também pode ser atacado quimicamente por íons OH− gerados durante a evolução de
H2 em pH elevado de acordo com a equação (5).
Os íons Al3+(aq) e OH− formados reagem para formar várias espécies monométricas como
Al(OH)2+, Al(OH)2+, Al2(OH)24+, e Al(OH)4−e espécies poliméricas como Al6(OH)153+,
Al7(OH)174+, Al8(OH)204+, and Al13O4(OH)247+, Al13(OH)345+, que finalmente se transformam em
Al(OH)3de acordo com a cinética de precipitação. Os flocos amorfos de Al(OH) 3 possuem
grandes áreas de superfície que são benéficas para uma rápida adsorção de compostos orgânicos
solúveis e para a captura de partículas coloidais. Estes flocos se polimerizam:
(𝑛𝑛Al(OH)3⟶Al𝑛𝑛(OH)3𝑛𝑛) e são facilmente removidos do meio aquoso por sedimentação e
flotação de H2. Por outro lado, os flocos de hidróxido de alumínio normalmente agem como
adsorventes e/ou armadilhas para os poluentes, portanto eles os eliminam da solução
(BAZRAFSHAN, 2013).
METODOLOGIA
Os reagentes foram utilizados conforme recebido do fabricante: corante para tecido com
fixador na cor azul jeans contendo em sua composição sulfato de sódio (Na 2SO4) e cloreto de
sódio (NaCl) comercial. A solução de corante antes e após o tratamento foi analisada no
222
espectrofotômetro UV/visível da BEL-Photonics modelo UV-M51 e com o medidor de pH da PH
METER modelo PH-016. As medidas de diferenças de potencial foram realizadas com um
multímetro digital da ICEL modelo IK-1500. Para a montagem das pilhas foram necessárias oito
latas de alumínio de 250 mL, já usadas em bebidas, oito fios de cobre de 1 m de comprimento por
2,5 mm de espessura, oito garrafas PET de água mineral de 500 mL e oito folhas de papel toalha.
Os eletrodos da pilha foram às latas de alumínio (ânodo) e os fios de cobre (cátodo). Os fios de
cobre foram desencapados do plástico que os protegem e as latas receberam um pré-tratamento
mecânico com uma lixa d'água para retirar o revestimento de estanho do seu interior. Antes da
montagem de cada pilha, os fios de cobre precisam ser limpos em uma solução de HCl 0,1 mol.L-
1
para retirar a camada de óxido em sua superfície.
Em cada fio de cobre fez-se seis dobras de 12 cm de altura, em seguida enrolou-se o restante
ao redor do fio já dobrado. A extremidade livre desse fio foi conectada a um orifício na parte
superior da lata, tendo o cuidado de fixar bem os dois metais com a ajuda de um alicate. Esse
procedimento foi realizado em apenas sete latas. Sendo assim, restou um fio de cobre e uma lata
sem estarem fixados entre si. As latas de alumínio foram inseridas dentro das garrafas cortadas
na altura dessas latas. Isso foi necessário para evitar vazamento da solução interna, pois a lata se
oxida no decorrer da reação. Essas pilhas foram ligadas em série. Para fazer esse tipo de ligação
foi necessário inserir o fio de cobre de cada lata no interior da lata seguinte. Cada fio de cobre foi
envolvido no papel toalha para evitar que tocasse no interior das latas, pois isto causa um curto
na passagem de corrente elétrica entre as pilhas. Para fazer essa sequência, foi necessário iniciar
com a lata sem fio afixado e terminar com o fio de cobre sem lata afixada.
O potencial da pilha foi medido ligando o terminal negativo do multímetro na primeira lata,
e o terminal positivo no último fio de cobre. O potencial medido pelo multímetro foi equivalente
à soma do potencial de cada pilha. Nesta montagem adicionou-se a solução de corante em cada
lata até uma altura abaixo da conexão com o fio de cobre (Figura 1).Utilizou-se uma solução que
simulou um efluente contendo este corante na concentração de 0,1 g/L-1. Em cada lata dissolveu-
se 19 g de cloreto de sódio nesta solução de corante.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O potencial da pilha ligada em série foi medido com um multímetro. Observou-se que ele
sofreu um pequeno aumento ao longo da reação. Iniciou-se em 4,27 V e após 36 min. aumentou
para 4,82 V, neste momento observou-se a presença de bolhas de gás na superfície da solução e
ao redor das paredes da lata, observou-se também que a coloração do corante se tornou mais clara,
assim como a presença de um precipitado colorido no fundo da lata. O pH medido dessa solução
após agitação foi de 7,9 que indicou a formação de hidróxidos quando comparado ao pH de 6,10
medido antes do tratamento. De acordo com Liu (2017), no ânodo ocorreu a oxidação do alumínio
223
da lata, conforme a equação (3). Enquanto que no cátodo ocorreu a redução do gás oxigênio,
dissolvido em água, no fio de cobre produzindo hidróxidos OH-, de acordo com a equação (1).
Uma outra inovação desse sistema é que a energia gerada nos terminais da pilha foi usada
para tratar uma outra amostra dessa mesma solução de corante. Para isso conectou-se cada
terminal da pilha a um clip que foram imersos na solução de corante contida em um béquer,
conforme Figura 2. Após 30 min. observou-se a presença de bolhas de gás ao redor dos clips e
começou a ser perceptível o clareamento da solução. Após duas horas o sistema foi desligado e o
pH medido foi de 8,29 após a agitação da solução que indicou a formação de hidróxidos. A reação
que ocorreu na superfície dos clips é denominada eletrólise que gerou a eletrocoagulação. Este
processo não foi espontâneo porque a pilha forneceu energia ao sistema. O clip ligado ao terminal
negativo da pilha (lata de alumínio) foi o eletrodo denominado ânodo. Nele ocorreu a oxidação
do ferro contido no clip, de acordo com a equação (6).
O clip ligado ao terminal positivo da pilha (fio de cobre) foi o eletrodo denominado cátodo. Nele
ocorreu a redução da água conforme a equação (7).
Sendo assim, foi produzido o hidróxido de ferro, Fe(OH)2, que foi o agente coagulante
responsável pelo tratamento da solução de corante. Esse hidróxido é gelatinoso e insolúvel capaz
de englobar os corantes, que após sua decantação tornou o efluente incolor. Pode-se afirmar que
esse sistema pode ser autossustentável no tratamento de efluentes têxteis pois ele produziu a
energia necessária para ocorrer a eletrocoagulação e essa energia ainda foi usada para tratar uma
outra amostra da solução de corante nos terminais da pilha (Figura 2).
Figura 2. Pilhas ligadas em série com a energia gerada sendo usada para tratar a solução de corante.
224
Entretanto, a velocidade da reação desse processo de eletrocoagulação espontâneo é menor
do que no processo tradicional porquê de acordo com BRILLAS (2015), pode-se aumentar a
velocidade aplicando-se um potencial maior do que o necessário para que a reação ocorra. Com
a corrente gerada por essas pilhas ligadas em série foi possível ligar um rádio por pelo menos 24
horas, (Figura 3). Isto indica que outros equipamentos de mesma potência também podem ser
ligados com essa pilha. Exemplos: calculadoras, relógios, mini ventiladores, motores usados em
brinquedos, controles remotos etc.
Figura 3. Pilhas ligadas em série com a energia gerada sendo usada para ligar um rádio.
Figura 4. Espectro de absorção da região do visível obtido com a solução do corante antes e após o
tratamento.
0,02
0,015
Absorbância
0
400 500 600 700
Comprimento de onda (nm)
225
CONCLUSÕES
Com a corrente gerada pelas pilhas ligadas em série foi possível tratar a solução de corante
contida dentro das latas por um processo de eletrocoagulação espontâneo. Isto o difere dos
processos tradicionais em que se fornece energia para que a eletrocoagulação ocorra.
A energia gerada nos terminais da pilha foi usada também para tratar uma outra amostra
dessa mesma solução de corante. Obteve-se assim um sistema autossustentável para o tratamento
de efluentes têxteis. Esse sistema oferece uma outra utilidade para as latas de alumínio e para as
garrafas PET de água mineral, apesar de já existir processos de reciclagem para esses materiais.
Por utilizar materiais de fácil acesso e ser de simples operação, esse sistema pode ser utilizado
nas lavanderias de produção artesanal do jeans, evitando assim o descarte de efluentes coloridos
nos leitos dos rios.
A corrente gerada pelas pilhas ligadas em série também foi utilizada para ligar um rádio
por pelo menos 24 horas. Sendo assim, pode-se ouvir rádio enquanto o efluente é tratado. Pode-
se ligar também outros equipamentos com a mesma potência do rádio. Exemplos: calculadoras,
relógios, mini ventiladores, motores usados em brinquedos, controles remotos etc. Conclui-se
também que seja possível montar um sistema em escala industrial para tratar efluentes têxteis
utilizando reatores revestidos com alumínio e eletrodos de cobre ou eletrodos tridimensionais de
carbono, que possa gerar energia elétrica. Estando ciente de que a velocidade de reação é menor
nesse processo de eletrocoagulação espontâneo em comparação ao processo tradicional.
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SOUZA, P. C.; PEREIRA, N. C.; GONÇALVES, M. S.; CONSOLIN, N. F.; RODRIGUES, P. H.;
JAMARIM, V. M. Estudo do tratamento de efluente têxtil através de processo de coagulação/floculação e
eletrofloculação. e-xacta, v. 9, n. 2, p. 123-132, 2016.
227
Capítulo 3.Tecnologia
228
3.1. AVALIAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DA BIOREFINARIA
EXPERIMENTAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS
(BERSO) NO CAMPUS RECIFE DA UFPE
SILVA, Alice Sabrina Ferreira
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
aliceferreiraquimica@gmail.com
RESUMO
229
INTRODUÇÃO
Além da escassez dos combustíveis derivados do petróleo outro fator determinante para o
interesse em pesquisas ambientais é o crescimento considerável na geração de Resíduos Sólidos
Urbanos - RSU, isso se dá principalmente pela crescente migração da comunidade rural para centros
urbanos, aumentando a população e diminuindo a eficiência na gestão de resíduos (SILVA et al.,
2016). Desde que a Lei 12.305 de 2 agosto de 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos
proibindo todas as formas de destinação de rejeitos que não seja o acondicionamento em aterros
sanitários, estão terminantemente proibidos o descarte de resíduos sem que todas as formas de
reciclagem estejam esgotadas. Também responsabiliza todas as instituições quer seja públicas ou
privadas pela geração e destinação final de todo o resíduo gerado, por essa razão formas distintas de
tratamento passaram a ter mais espaço nas pesquisas nacionais (BRASIL, 2010).
O referido trabalho tem o intuito de mostrar que é possível destinar os resíduos sólidos
orgânicos de maneira prática e eficiente, sem demandar custos com deslocamento, segregação e
destinação dos resíduos, a Biorrefinaria Experimental de Resíduos Sólidos Orgânicos - BERSO, surge
como uma solução viável para destinação final dos Resíduos Sólidos Orgânicos - RSO gerados na
universidade, tratando cada resíduo da maneira mais apropriada possível.
A presente pesquisa tem como principal objetivo desenvolver uma biorrefinaria que
proporcione com que a UFPE tenha capacidade para tratar de maneira adequada os RSO gerados no
campus Recife - UFPE contribuindo para o desenvolvimento socioambiental do planeta, tornando-a
exemplo de gestão sustentável para outras instituições e pequenos municípios, além de diminuir os
custos com destinação final dos RSO e contribuir de maneira positiva para a formação crítica dos
discentes da instituição, pois a BERSO poderá ser utilizada para aulas práticas e visitas técnicas de
diversos cursos da graduação, de maneira interdisciplinar buscando uma aprendizagem mais
significativa crítica.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
230
problema ainda mais grave quando não há a coleta seletiva, a falta de separação correta dos
resíduos pode inviabilizar a reciclagem dos materiais (PHILIPPI et al., 2004; LORA;
VENTURINI, 2012). Estudos comprovam que o Brasil ainda não tem capacidade para
acondicionar todo o resíduo gerado, embora a Lei 12.305 sancionada em 2010 tenha entrado em
vigor apenas em 2014 não foi o suficiente para que todos os municípios entrassem em
conformidade com a mesma, que destaca a irregularidade no uso de lixões e aterros controlados,
tendo em vista que os mesmos não oferecem segurança ao meio ambiente podendo contaminar
solos, ar e lençóis freáticos (ABRAMOVAY et al., 2013).
Ainda com relação à lei todas as instituições públicas ou privadas devem ser
responsabilizadas por todo o resíduo gerado, assumindo os custos com a deposição final dos
mesmos, o sistema de segregação dos resíduos deve ser considerado a primeira fase para a
reciclagem, assim evita-se o encaminhamento ao aterro sanitário de materiais que ainda poderiam
ser reutilizados diminuindo os custos com o descarte e aumentando o tempo de vida útil dos
aterros sanitários (SILVA et al., 2016). Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil -
ABRELPE, 3.331 municípios brasileiros ainda enviam seus resíduos para lixões e aterros
controlados, mesmo sabendo que estão agindo na ilegalidade, isso corresponde a 29,7 milhões de
toneladas de resíduos que continuam a contaminar o meio ambiente (ABRELPE, 2016).
Vários tipos de óleos foram testados e mesmo sabendo que é possível utilizá-los
diretamente nas máquinas, pesquisas em longo prazo identificaram danos causados aos motores
principalmente desgastes na câmera de combustão e deposição de carbono nos injetores e
cilindros. Tais problemas aumentavam a necessidade de manutenção e diminuíam a vida útil do
motor (FUCHS; GUERRA, 2010). Muitos estudos foram realizados até a descoberta e uso do
biodiesel, óleos e gorduras que passam por processo químico e podem ser utilizados em motores
que funcionam a diesel, sem necessitar de alterações no sistema, além de não causarem danos ao
motor. O biodiesel não contém petróleo, porém pode ser misturado a ele. O biodiesel de soja
libera 41% menos gases poluentes que o diesel fóssil e apresenta melhor desenvolvimento nos
motores, portanto, uma vez que a molécula de biodiesel é oxigenada, é melhor lubrificante do que
o combustível diesel, aumentando a vida útil dos motores (VIOLA et al., 2012; FERRERO et al.,
2016).
231
descartado diretamente na pia, no solo ou encaminhado para a coleta de lixo público que,
indiretamente, será depositado em lixões ou similares causando grande contaminação ambiental.
Para cada litro de óleo de fritura residual descartado na pia, solo ou em vasos sanitários
25.000 litros de água potável são contaminados, esse valor corresponde ao equivalente de água
gasto por uma pessoa em 14 anos (SABESP, 2018). De acordo com o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA, 2005) estão permanentemente proibidos, o descarte de óleos usados ou
contaminados nos subsolos, solos, esgotos e águas em geral sejam elas rios, mares ou outras. O
grande problema dessa reutilização é a falta de consciência da população e incentivos
governamentais para que esse óleo seja segregado nas residências e demais estabelecimentos, pois
apenas a separação dos resíduos permite a reciclagem e tais materiais (MOECKE et al., 2012).
Embora existam vários insumos para produção de biodiesel o óleo de fritura residual,
apresenta-se como grande diferencial, tendo em vista que não há custo algum para produzi-lo e
principalmente por se tratar de um resíduo altamente poluente que se descartado de maneira
incorreta poderá acarretar vasta degradação ambiental. Girish e colaboradores (2013), produziram
biodiesel a partir de óleo de fritura residual, por rota metílica utilizando derivados da casca da
concha de moluscos como catalisador natural. A razão molar utilizada foi de 18:1, temperatura
reacional de 65°C e obtiveram o rendimento de 95,84%. Para transesterificação de óleo residual
por rota etílica, utilizando cinzas de casca de arroz como catalisador, os resultados foram
semelhantes. Outros estudos realizados encontraram rendimentos semelhantes com 90% de
conversão dos triglicerídeos em biodiesel em temperatura de 60°C (ALMEIDA et al., 2016).
Além do óleo diesel, outros combustíveis de origem fósseis podem ser substituídos como
o gás natural na forma do Gás Liquefeito de Petróleo - GLP. O GLP comumente conhecido como
gás de cozinha, é produto do refino de petróleo, formado basicamente por butano e propano é
inodoro e recebe adição de compostos de enxofre para auxiliar na identificação de vazamentos,
prevenindo acidentes. Seu uso vai além da cocção de alimentos, podendo ser utilizado em
aquecedores a gás, refrigeradores, calefação e outros (ULTRAGAZ, 2018). O biogás substituto
ao GLP é proveniente da biodigestão anaeróbia, processo que ocorre na ausência de oxigênio, o
biogás é composto principalmente por metano (CH 4) em maior quantidade 50-72%, dióxido de
carbono (CO2) e pequenas porções de nitrogênio (N2), hidrogênio (H2), amônia (NH3), sulfeto de
hidrogênio (H2S) e outros, a composição do biogás está fortemente ligada às condições de
processo e tipo de substrato utilizado (LORA; VENTURINI, 2012).
O biogás pode ser utilizado não só como substituto ao GLP, mas também para gerar
energia térmica e elétrica, seu subproduto o biofertilizante pode ser utilizado em hortas, parques,
jardins e outros, gerando economia e diminuindo os impactos ambientais causados pelo uso de
fertilizantes químicos (LEITE et al., 2001). Pensando em métodos de reaproveitamento dos
resíduos sólidos orgânicos, que somam aproximadamente metade do lixo domiciliar no Brasil,
uma alternativa altamente viável seria o uso da técnica de compostagem, pois além de ser um
processo simples e acarretar poucos custos de processo, produzem como resultado final o
composto orgânico, usado como fertilizante no solo e plantas (QIAN et al., 2013).
232
Compostagem é o termo usado para definir a decomposição microbiológica da matéria
orgânica por diferentes microrganismos e em meio aeróbio, onde os resíduos orgânicos são
tratados e estabilizados para produzir o composto orgânico, esse produto humificado pode ser
facilmente utilizado em áreas agrícolas proporcionando inúmeros benefícios (DUTRA et al.,
2013). O processo da compostagem requer não apenas planejamento (seleção de matérias-primas
e misturas), mas também um adequado monitoramento dos parâmetros de controle. Os principais
parâmetros são: temperatura, pH, umidade, concentração de oxigênio e porosidade. Durante a
compostagem, o material aquece como resultado da atividade de degradação dos microrganismos.
Como se trata de um processo basicamente termofílico e mesofílico são necessários alguns
cuidados; especialmente em manter a temperatura entre os padrões máximos e mínimos para que
não afetem os microrganismos decompositores (PEREIRA, 2010).
Além disso, manter a umidade dentro dos limites adequados é essencial para eficiência
dos microrganismos. Umidades muito elevadas ou baixas reduzem a produtividade da
compostagem. O monitoramento correto da umidade e temperatura do processo é um fator
determinante para o produto final, assim como a qualidade da matéria-prima usada no início do
processo (LÓPEZ et al., 2014). A preocupação com os RSO é mundial, assim como a busca por
alternativas que possam amenizar os efeitos nocivos ao meio ambiente causados pela destinação
inadequada. Na China, a preocupação tem se tornado ainda maior pela crescente criação de praças
e parques por meio de projetos paisagísticos do país. A quantidade de jardins interfere diretamente
na produção dos resíduos orgânicos, decorrentes de folhas de varrição, gramas, podas e capina.
Por razões óbvias de sustentabilidade, a compostagem é um dos processos mais utilizados para
esses fins na China, a fim de utilizar o mínimo possível de incineração e aterros sanitários,
potencializando a produção de adubo orgânico para uso agrícola na região (ZHANG; SUN, 2014).
METODOLOGIA
A BERSO surge como alternativa sustentável na busca por opções de tratamento que
funcionem de maneira interliga e ofereça segurança na implementação de um sistema de
gerenciamento de RSO. O Departamento de Energia Nuclear DEN/UFPE. Fica situado na
Avenida Professor Luiz Freire, n. 1000, Cidade Universitária. O departamento dispõe de uma área
com aproximadamente dois hectare anteriormente inutilizada, além de um grande galpão usado
para deposito de materiais avariados e resíduos químicos. Visando um melhor reaproveitamento
233
da área, foi sugerida a implantação da BERSO nesta localidade. Após estudos para
dimensionamento dos tipos de resíduos gerados e quantificação dos mesmos, passou-se a discutir
as formas de tratamento ideais para cada tipo de resíduo. Para viabilizar a implantação da BERSO
foi necessário a realização de reformas civis, análises e cálculos para determinar o tipo de
tratamento a ser empregado bem como dimensionamento das respectivas estruturas físicas e
funcionamento. Para construção da estrutura física foi preciso desenvolver métodos para
substituição de equipamentos, tanques e demais produtos visando a diminuição dos custos de
instalação e manutenção da BERSO, enfatizando a qualidade dos processos e seus produtos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Planta de Biodiesel
Uma planta de biodiesel de pequeno porte custa em média no mercado 50-100 mil reais,
nosso desafio foi desenvolver uma planta de baixo custo que não o ultrapassasse o valor de 2 mil
reais para isso foram necessárias várias pesquisas a fim de encontrar materiais de menor valor que
substituíssem de maneira eficiente os materiais que são normalmente utilizados na construção de
usinas de biodiesel. É fundamental a elaboração de uma plataforma de alvenaria ou metal
resistente, para acondicionamento dos tanques de reação e armazenagem do fluídos. Essa
estrutura deve ter suporte para no mínimo 500 kg, dois metros de largura, quatro metros de
comprimento e um metro e vinte de altura, com duas escadas em cada extremidade, como medida
de segurança. Para produção da estrutura da planta, foram utilizados pedaços de metais de outra
estrutura que estavam sem uso, descartados no galpão e provavelmente teriam um fim menos
nobre, todas as peças metálicas foram restauradas e reutilizadas na estrutura da planta.
Compostagem
Biodigestor
A BERSO vem se tornando cada vez mais um ambiente extraclasse, onde os discente e
docentes podem agendar visitas técnicas e aprenderem na prática como funcionam cada processo
236
de tratamento de RSO e seu uso final, bem como a importância do tratamento dentro da
universidade. Vários cursos da própria instituição tendem a ganhar com o funcionamento da
biorrefinaria, do ponto de vista educacional é uma excelente ferramenta que poderá auxiliar no
processo ensino-aprendizagem. Está em fase de avaliação para futura implantação o uso de uma
rota termoquímica, pois o espaço disponível para o pátio de compostagem é inferior a demanda
diária dos resíduos de podas, varrição e jardinagem, apesar da compostagem ser o método
atualmente utilizado para tratamento desses resíduos a falta de espaço físico faz com que seja
necessária a busca por alternativas de tratamento que ofereçam resultados mais rápidos. É
importante que esses processos sejam interligados da mesma forma que independam um do outro
para funcionar, evitando assim um acúmulo de resíduo caso algum desses processos esteja
temporariamente inoperante, seja por defeito nos equipamentos ou por manutenção dos mesmos.
Outro fato importante são os novos estudos que estão sendo desenvolvidos com as
possibilidades de uso dos produtos e subprodutos gerados estarem diretamente ligados a fim de
assegurar as melhores condições de processo. É possível utilizar os resíduos do óleo e glicerina
no pátio de compostagem, bem como a água de lavagem residual proveniente da purificação do
biodiesel poderá ser encaminhada para irrigação das leiras de compostagem, a glicerina
subproduto da transesterificação também pode ser usada no biodigestor visando aumentar a
eficiência do processo. Estudos com biodigestão anaeróbia de dejetos suínos mostram que ao
adicionar 4 - 6% de glicerina bruta ao biodigestor aumentam a eficiência na produção do biogás
e diminui a presença de sólidos totais (SHWINGEL et al., 2016). O biogás gerado no processo de
biodigestão anaeróbia pode gerar energia elétrica e térmica para todas as atividades da BERSO,
incluindo a energia necessária para a reação de transesterificação, já o biofertilizante pode ser
usado para irrigar as leiras de compostagem, servindo como inoculo para as bactérias presentes
no meio.
O adubo orgânico por sua vez poderá ser utilizado em outras pesquisas do departamento
que envolve o plantio e adubação de culturas. Além das atividades relacionadas ao tratamento de
resíduos sólidos orgânicos, está sendo implantada na BERSO uma horta comunitária que contará
com o auxilio do biofertilizante subproduto da biodigestão anaeróbia e o composto orgânico
proveniente do processo de compostagem. A comparação dessa pesquisa com outros trabalhos
científicos não é uma tarefa fácil, tendo em vista que esse é um estudo pioneiro na área. Espera-
se que a idéia da BERSO possa inspirar outras instituições a fim de contribuir com a diminuição
da degradação ambiental além de estarem em conformidade com a legislação vigente.
CONCLUSÕES
A BERSO mesmo sendo considerada um grande avanço na gestão adequada dos resíduos
orgânicos ainda é uma biorrefinaria experimental, direcionada principalmente para pesquisa a fim
de melhorar a proposta de ampliar a biorrefinaria da UFPE que terá capacidade para tratar de
maneira adequada todo o resíduo orgânico produzido no campus Recife UFPE, gerando uma
economia de aproximadamente 1 milhão anual, contribuindo com a formação didática/prática dos
discentes, reduzindo a quantidade de resíduos encaminhados a aterros sanitários e principalmente
contribuindo com a diminuição dos impactos ambientais causados pela destinação errônea dos
resíduos sólidos orgânicos.
A BERSO foi alvo de reportagens em vários meios de comunicação, como o Jornal Diário
de Pernambuco e o Portal de Notícias da UFPE. A BERSO também ganhou destaque internacional
no site Believe Earth que visitou as dependências da biorrefinaria, produzindo um vídeo de
alcance mundial, sobre a implantação e funcionamento da mesma, o site destacou a BERSO como
modelo de proposta altamente sustentável. Espera-se conquistar espaço não apenas
academicamente, mas principalmente esperamos alcançar visibilidade nas cidades do interior
brasileiro, onde a situação de destinação inadequada dos resíduos é ainda mais precária, com a
implantação da BERSO almeja-se inspirar outras instituições e pequenos municípios mostrando
que é possível tratar adequadamente os resíduos orgânicos, gerando energia e outros produtos
com custo acessível e independente da localidade.
237
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239
3.2. GERENCIAMENTO E IMPACTO AMBIENTAL E
SOCIECONÔMICO DO COCO NAS PRAIAS DO CABO
BRANCO, MANAÍRA E TAMBÁU, JOÃO PESSOA – PB
OLIVEIRA, Jefferson Costa de
Faculdade Internacional da Paraíba (FPB)
jeffersoncostaa77@gmail.com
RESUMO
O litoral paraibano apresenta praias de beleza naturais compondo o turismo como parte da
economia local. Entretanto, em virtude do turismo surgem impactos ambientais, um exemplo é o
consumo da água do coco, que produz o resíduo da casca. O presente trabalho consiste em avaliar
a real situação que se encontra o gerenciamento do resíduo produzido na orla das praias do Cabo
Branco, Manaíra e Tambaú, identificando quantidade produzida, forma de armazenamento e
descarte. O trabalho coloca em foco meios sustentáveis para a diminuição desse resíduo ligando
ao aproveitamento da fibra do coco na aplicação de placas de isolamento termo acústico, produção
de briquete para fornecimento de energia e no artesanato para o movimento da economia local,
viabilizando a diminuição do espaço ocupado pelo resíduo gerado pelo coco in natura no aterro
sanitário da cidade, aumentando a vida útil do mesmo, além de reduzir a proliferação de vetores
transmissores de doenças.
240
INTRODUÇÃO
Tendo em vista a capital como uma fonte econômica turística e seu clima tropical, o
comércio do coco é visível, levando assim a uma parcela de resíduos gerados por ele. Os resíduos
241
sólidos quando não gerenciados de forma adequada, representam uma grande preocupação
incluindo as áreas costeiras. Estes impactos geram perdas ambientais e econômicas de grande
importância para os que vivem dos recursos naturais das áreas costeiras, principalmente no
Nordeste brasileiro, onde a indústria do turismo é a maior, tornando-se a principal fonte de renda
dos estados e da população que vive nestas áreas (XAVIER, 2014).
Anualmente estima-se que mais de 10 bilhões de toneladas de lixo, dos mais variados
tipos e formatos, cheguem aos mares arrastadas pelos rios, esgotos e descarte incorreto
prejudicando o meio ambiente, diminuindo a vida marinha e dificultando a vida do ser humano
como resposta aos seus próprios atos (MMA, 2015). Resultando nos impactos vinculados à perda
do potencial estético e turístico do local, levando assim a vários problemas ambientais e efeitos
nocivos sobre a biota marinha, a saúde e o bem-estar de toda a polução.
Setores como o turismo estão sendo afetados pelas consequências do acúmulo dos
resíduos sólidos, como discutidos pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE (2016) em seu estudo relacionado à percepção dos
turistas e prestadores de serviços ao manejo dos resíduos sólidos e afirmando a necessidade de
desenvolver mais estudos sobre este tema. Nesse sentido Cabral (2014), chama atenção para a
questão do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos não pode passar despercebida no
desenvolvimento turístico de uma área.
Em muitos países o coqueiro é conhecido como árvore de vida, devido seus usos
múltiplos, como tronco, que novo pode ser usado para construir casas e quando velho serve como
substratos para as mudas (SILVA, 2014). Sendo a orla de João Pessoa de considerável potencial
turístico, observou-se a geração de grande quantidade de resíduos sólidos derivados do coco
verde, presentes na areia, no mar, nas ciclovias, e amontoadas próximo aos coletores, o que causa
desconforto para as pessoas que habitam, trabalham ou visitam esta região.
Dessa forma este trabalho teve como objetivo analisar o gerenciamento de resíduos
gerados na orla das praias do Manaíra, Tambaú e Cabo Branco tendo como propósito de estudo o
coco verde, visando minimizar os impactos negativos mediante sugestões de aproveitamento da
casca do coco, com fins economicamente sustentáveis.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Diante disso Marchi (2015) constata que a crise ambiental é um dos grandes desafios da
humanidade, não só as questões em âmbito ecológico, como a: poluição, aquecimento global,
efeito estufa, destruição de florestas, etc.; mas também, em âmbito social, sendo problemáticas
indissociáveis. Já Maffioletti (2015) levanta a questão de como o descarte inadequado, a falta de
tratamento prévio e de determinação de locais que suportem e tenham condições de receber e
tratar os mais variados tipos de resíduos produzidos nas grandes cidades, especialmente oriundos
de grandes empreendimentos comerciais, tem se configurado como dilema para algumas
atividades, pois podem impactar nos custos de segregação, transporte e tratamento desses
resíduos, além das dificuldades de encontrar empresas e/ou tecnologias para tratamento.
Na capital contamos com alguns caminhões de reciclagem, mas grande parte da separação
é realizada na triagem do aterro sanitário, sendo ainda pouco representativa a quantidade de
resíduos coletados, de forma seletiva, nos 7 (sete) núcleos de coleta que atendem a 20 bairros,
cobrindo 5,1% da área municipal e 30% da população como relata o Plano Municipal de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS do município de João de João Pessoa, com apoio da
242
Empresa Municipal de Limpeza Urbana – EMLUR, referente a produção da coleta seletiva
expressa no (gráfico 1) a seguir.
Gráfico 1. Produção da coleta seletiva por núcleo de triagem, período 2005 a 2012
O dimensionamento dos custos de resíduos sólidos urbanos tem uma elevada dependência
com a morfologia das cidades, a densidade demográfica presente, e o tipo de serviço almejado
pela população, mediante a esse problema Rodrigues (2016) constatou:
De acordo com Mota (2015), a biomassa gerada pela produção de coco verde, é um grande
problema para o governo, principalmente governo de cidades litorâneas, onde o consumo da água
de coco é elevado. No mesmo pensamento Xavier (2014), compreende que:
d) Reciclagem quaternária: é a utilização do conteúdo energético dos materiais por meio de queima ou
incineração; também conhecida como reciclagem energética. Neste sentido apesar do nome, não é
propriamente uma reciclagem, mas sim um reaproveitamento de materiais.
Este resíduo é constituído pelo mesocarpo, que é a parte espessa e fibrosa do fruto, pelo
exocarpo ou epicarpo, que constitui a epiderme, e pelo endocarpo, que no fruto
243
imaturo ainda não se apresenta tão duro e rígido como o coco maduro (EMBRAPA, 2014)
representado na (figura 1).
Gráfico 1. Produção da coleta seletiva por núcleo de triagem, período 2005 a 2012
Segundo pesquisas da EMBRAPA (2014), 80% do peso bruto do coco verde representam
lixo para o mercado, neste caso, as cascas. A grande parte da destinação deste resíduo no Brasil
são destinados para os aterros sanitários, com cerca de 8,6 milhões de toneladas de casca/ano
levando assim a um grande problema ambiental quanto à disposição final dos resíduos gerados
neste processo, além disso contribui para a redução da vida útil dos aterros.
Mediante a quantidade de resíduo produzido pode-se pensar no reaproveitamento dessa
matéria, uma vez que o Brasil é um país de economia é um país tropical de consumo e produção
da cultura do coco, aliando a sustentabilidade. Pode-se ver em Cornélio (2014) ao informar que:
Atualmente no Brasil onde o modelo capitalista está
instaurado, se busca um desenvolvimento constante dos
processos produtivos aliados ao consumo desenfreado e sem
conscientização, isso se dá devido a crença de que os
recursos naturais são inesgotáveis, tendo como resultando o
avanço da economia, mas em contrapartida repercute no
aumento da geração de resíduos sólidos urbanos.
Assim a busca por soluções na área de resíduos reflete a demanda da sociedade que
pressiona por mudanças motivadas pelos elevados custos socioeconômicos e ambientais. Se
manejados adequadamente, os resíduos sólidos adquirem valor comercial e podem ser utilizados
em forma de novas matérias-primas ou novos insumos (LINS, 2015). Compreende-se cada vez
mais que o papel da educação na formação de um indivíduo crítico haverá reflexos na arte
ambiental e na racionalização do consumo, entendendo todos as consequências que seus atos
provocam na cadeia produtora e por isso é necessário também um trabalho pensado na educação
ambiental Dessa forma Menezes (2015), fundamenta que o caminho é a educação ambiental ´para
que o ser em formação possa ter consciência no uso responsável dos recursos naturais,
conservando-os para as gerações futuras, possibilitando a formação de indivíduos que sejam
participante na construção de uma sociedade sustentável, socialmente justa e
244
ecologicamente equilibrada. A educação ambiental é o meio para que o ser em formação
possa ter consciência no uso responsável dos recursos naturais, conservando-os para as
gerações futuras.
METODOLOGIA
Foi realizado um estudo bibliográfico para a formação da fundamentação teórica, com a junção
de temas relacionados para a criação do embasamento da pesquisa. O limite da orla estudada foi
definido por ser determinado como zona turística, havendo um grande número de comerciantes
sendo eles ambulantes ou até mesmo barracas fixas onde a comercialização de coco verde in
natura tem seu percentual de venda alto o ano inteiro. Também foram levantadas informações
junto aos órgãos responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos sólidos, a EMLUR .
O estudo foi realizado nas praias de Manaíra, Tambaú e Cabo Branco apresentados no
(Figura 2) no município de João Pessoa, dentre as sete praias urbanas, sendo as mais frequentadas,
nestas áreas é grande o número de turistas o ano inteiro por alojar catamarãs (barcos de pequeno
porte) com destino aos corais de Picãozinho distante apenas 700 metros da costa que durante a
maré baixa, se transforma em uma imensa piscina natural em mar aberto. Além das belezas
naturais a orla é composta por hotéis que por sua vez ajudam de forma direta no aumento anual
do turismo.
245
Além dos hotéis encontram-se próximos a orla, grande número de casas, apartamentos e
prédios comerciais. A primeira fase desse estudo foi realizada em setembro de 2017, visando
assinalar os tipos de resíduos gerados pelo coco, identificação dos pontos de resíduos e coletores
de lixo nas orlas, foram realizadas vistorias, para a identificação de pontos de descarte de
coletores.
Após ser traçada a área para estudo, foram realizadas pesquisas de campo com o objetivo
de coletar dados do volume de demanda do coco verde, a mesma se dividiu em duas etapas. A
primeira consistiu na entrevista com 10 (dez) vendedores ambulantes e 20 (vinte) barracas
(quiosques). Com a aplicação do questionário foi possível traçar parâmetros sobre o consumo de
água de coco e a importância que os vendedores tinham sobre os impactos ambientais, pôde-se
também concluir que o coco é da própria região.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A evolução da cidade de João Pessoa apresentou um ritmo intenso nas décadas de 1970 e
1980, período em que houve um crescimento de sua área urbanizada. O município supracitado
começou a crescer, direcionando a sua ocupação da área litorânea, quando foram ocupados os
bairros do Cabo Branco, Manaíra e Tambaú respectivamente (BRASIL, 2014). Com o
crescimento populacional estas áreas tem um destaque diferenciado na coleta de resíduos por sua
grande quantidade geradora. Nestas orlas o consumo de água de coco verde é muito apreciado,
sendo a venda do coco in natura uma das fontes do comércio no Município, no entanto as cascas
de coco verde geradas são tratadas como resíduos domiciliares e após o consumo da água, têm
como destino final os rios, os terrenos baldios e o aterro sanitário. O modelo anual do
gerenciamento do coco verde na orla de João Pessoa resume-se em extrair os recursos e dispor os
resíduos em aterro sanitário.
Na área de estudo, foi possível observar uma situação bastante comum que é o resíduo do
coco verde disposto em vários locais: Areia da praia, Contêineres, Tambores, entorno de
coqueiros, e geralmente juntos com vários outros tipos de resíduos, onde foi possível efetuar a
criação da tabela contendo dados da tipologia dos resíduos encontrados nas praias em estudo
(Tabela 2).
246
Tabela 2. Resíduos observados nas orlas em estudo
Foi verificado pelo órgão EMLUR que os resíduos coletados na orla não possuem
diferenciação em seu tratamento e por isso são enquadrados em resíduos domésticos sendo
destinados ao aterro sanitário intermunicipal, dentre eles a casca do coco verde. Foi levantando
um percentual de custo, no entanto as informações referentes aos custos de disposição final são
escassas nas pesquisas existentes no Brasil, assim, para o levantamento dos custos despendidos
com a disposição final dos resíduos sólidos domiciliares foi utilizada a base de dados do SNIS.
Os valores de disposição final dos resíduos em lixão, aterro controlado e aterro sanitário,
respectivamente, para o ano de 2008. Para a elaboração desta tabela foram excluídos os dados que
extrapolavam a ordem de grandeza dos custos de disposição (Tabela 3).
247
Prefeituras 12,5 26,8 40,2
Consórcios - - 46,16
Outro - - 39,16
Pode-se perceber que se tem o custo de disposição em aterros sanitários é mais elevado
que o custo em aterros controlados, por sua vez mais oneroso que a operação de lixões. Cabe
ressaltar que é insuficiente utilizar apenas o custo de disposição para avaliar o melhor modelo
para gerenciar a disposição final dos resíduos. É preciso conhecer também em quais condições os
resíduos estão sendo aterrados.
Verifica-se também que o custo da disposição final é mais elevado quando o aterro
sanitário é operado por empresa privada. Isto se deve à melhor qualidade operacional das
empresas privadas sobre os órgãos públicos, associada a um melhor controle dos custos
operacionais. O custo médio por toneladas para disposição de resíduos em aterros sanitários
considerando o porte do Município (Tabela 4), no período entre 2004 e 2008, enquanto no
(Gráfico 2) representa seus custos graficamente.
70
60
50 PEQUENOS
40
MÉDIOS
30
GRANDES
20
GRANDES
10
0
2004 2005 2006 2007 2008
A partir da análise da tabela e do gráfico anterior, verifica-se que há uma redução no custo
por tonelada de resíduos aterrados, quanto maior o porte do município maior a quantidade a ser
aterrada. O gráfico também revela que os custos unitários sobem com o passar dos anos, isto se
deve ao fato de que o nível de exigência dos órgãos ambientais e o crescimento da população
aumentam a cada ano.
Com as informações obtidas a cima, é possível fazer uma reflexão de que é necessária a
criação de novas formas de reutilização de resíduos sólidos para que possamos ter uma diminuição
248
no número de resíduos com destino a aterros sanitários, pois todo resíduo coletado e destinado
aos aterros do município gera um custo à sociedade seja ele ambiental ou econômica.
Na área de estudo deste trabalho, O uma situação bastante comum que é a disposição do
resíduo do coco verde em locais como caixas, contêineres, papeleiras, areia da praia, logradouros,
no entorno de coqueiros, dentre outros. Segundo relatos de comerciantes mesmo com a coleta
sendo feita diariamente ainda é possível encontrar pequenos amontoados de lixo próximo a seus
quiosques, sem a devida fiscalização dos agentes de limpeza acabam não sendo recolhidos na sua
totalidade e permanecendo por vários dias acumulando água e atraindo vetores transmissores de
doenças:
Tabela 05. Enfermidades relacionadas aos resíduos transmitidos pelo macro vetores
Para a diminuição dos resíduos produzidos pelo coco nas orlas abordadas, tendo como
alvo principal a criação de um material ecológico e de fácil aplicabilidade quanto à sua
reciclagem, pôde-se pensar sendo a primeira delas na criação de placas de isolamento termo
acústico sendo a fibra do coco como o material utilizado. Segundo estudos de Souza (2015) apesar
das placas de fibra possuir resistência inferior à de madeira, sua capacidade de isolamento térmico
demonstra um alto ganho energético com refrigeração.
249
sua forma isoladamente. e na (Figura 4b) a forma como é aplicada na estrutura de alvenaria para
que o isolamento acústico seja realizado.
Outro método que poderia ser o aproveitamento das cascas de coco verde para
produção de briquete, o mesmo seria uma alternativa sustentável para a destinação de
resíduos do coco In Natura. O briquete tem é por sua vez um bloco denso e compacto de
materiais energéticos, geralmente feito a partir de resíduos de madeira. As matérias-
primas utilizadas para a produção de briquetes pode ser: Serragem, maravalha, casca de
arroz, palha de milho outros. Sendo assim, a o briquete seria constituído por fibra de coco
prensada. Os briquetes podem ser utilizados na geração de energia elétrica com baixo
custo e alto rendimento. A sua confecção já tem resultados positivos em comunidades
próximas as orlas de Salvador. Portanto, poderia a confecção de briquetes poderia ser
implementada nas cooperativas de catadores das orlas de Tambaú, Manaíra e Cabo
Branco. Abaixo na (Figura 5) podemos observar a quebra do coco por uma moradora da
comunidade de Salvador.
O polo turístico na região tem sua marca registrada, e por sua vez o artesanato é um dos
grandes geradores de lucro nas orlas em estudo. Com a venda de suas peças para os turistas, os
artesãos movimentam a economia local, geram emprego e renda não só para a família do artista
como também para toda a sua comunidade (MTUR, 2016). O apoio para os artesãos da região é
de grande importância, pois o seu artesanato feito com coco pode ser um diferencial na
sustentabilidade ajudando de forma direta na diminuição do resíduo.
Com o estudo nas orlas mostrou-se possível o aproveitamento das cascas na produção das
placas de isolamento acústico, na produção de briquetes e sua utilização no artesanato para a
criação de objetos nos quais o material principal é a fibra do coco. As vantagens da reutilização
desse resíduo são visíveis e que além do contexto econômico e ambiental o mesmo implica na
redução dos impactos causados com a disposição destas cascas nas orlas de Tambaú, Cabo Branco
e Manaíra.
O estudo realizado poderá contribuir para uma maior abrangência do aproveitamento das
cascas de coco em todo o estado da Paraíba que nos dias atuais segundo o IBGE é um dos maiores
estados nordestino na produção de coco verde e principalmente na faixa litorânea onde o consumo
de água de coco “in natura” é bastante apreciado pelo pólo turístico.
REFERÊNCIAS
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em: 12 janeiro 2018.
253
3.3. PRODUTOS QUÍMICOS, MANUSEIO E DESCARTE:
A EXPERIÊNCIA DOS LABORATÓRIOS DO
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA DA UFRPE
CARVALHO, Reginaldo de
Universidade Federal de Rural de Pernambuco (UFRPE)
Reginaldo.carvalho@ufrpe.com.br
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento de dados sobre os resíduos químicos
gerados nos laboratórios do Departamento da Biologia da Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE) a fim de contribuir com a implantação futura de um Programa de
Gerenciamento de Resíduos Químicos (PGRQ) no Campus Recife da UFRPE. Participaram da
pesquisa 23 professores de ambos os sexos com no mínimo cinco anos de atuação docente. Foram
respondidos questionários com 20 perguntas sobre a utilização de substâncias, resíduos e passivos
químicos, sua forma de armazenamento e destinação final. Mais de 90% dos entrevistados
afirmaram desenvolver alguma atividade com produtos químicos, gerando, consequentemente,
resíduos. Os dados obtidos nos questionários evidenciaram diversas substâncias químicas usadas
em aulas práticas e em ensaios de pesquisas como o formol, solventes orgânicos, sais, ácidos e
bases. Desses, o mais usual foi o álcool, com um percentual de 100%, seguido do formol com
65,2% e dos ácidos com 60,9%. Dos participantes, 73,9% afirmaram que geram resíduos nas
atividades das aulas práticas e também nos procedimentos das pesquisas. Quanto aos resíduos
gerados, 61,9% dos entrevistados afirmaram que jogam diretamente em pias ou lixo comum. De
acordo com as respostas obtidas, constatou-se que não há procedimentos padrões para o manuseio
nem destinação destes resíduos na instituição, sendo necessária a elaboração e disponibilização
de documentos, manuais e ou guias práticos que orientem e regulamentem os procedimentos
adequados para o gerenciamento de tais resíduos.
254
INTRODUÇÃO
Vale ressaltar que as substâncias utilizadas nessas atividades geram resíduos químicos
que, na maioria das vezes, precisam ser tratados antes do seu descarte final promovendo a
valorização do ensino aliada a uma educação socioambiental (OLIVEIRA et al., 2018b).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As substâncias químicas consideradas tóxicas são as que oferecem risco à saúde e à vida,
danificando tecidos ou órgãos internos podendo causar a morte (BUSCHINELLI, 2000). O
manuseio diário sem as precauções ou uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI),
apresenta perigos diversos a saúde do trabalhador como efeitos tóxicos provocados diretamente
pelo contato com a pele (MICARON,2002). Como exemplo, existem os metais pesados que são
lentamente absorvidos podendo ser acumulados no organismo. O chumbo (Pb) dentro do
organismo tem afinidade pelo tecido ósseo, o cádmio (Cd) pelo córtex renal causando alterações
neurológicas, gastrintestinal, renais e hematológicas já o mercúrio pode comprometer o sistema
nervoso gerando falhas de memória, mudanças de humor e até demência (BUSCHINELLI, 2000).
Ao analisar a gestão de resíduos químicos em IES Saramento (2016), afirmou que tal
gerenciamento trata-se de um sistema complexo devido às diversificações dos resíduos. Isso exige
pensar de forma sistêmica, levando em consideração o ciclo de vida dos resíduos e a redução dos
impactos ambientais gerados por eles. Em sua pesquisa, a autora discute a ausência de definições
das responsabilidades dos geradores e a falta da estruturação da gestão dos resíduos.
Segundo Ruppenthtal apud Passos et al. (2018) o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é
um conjunto de procedimentos que visa ajudar a organização empresarial a atender, controlar e
diminuir os impactos ambientais de suas atividades, produtos e serviços. Baseado no
cumprimento da legislação ambiental vigente e na melhoria continuada do desempenho ambiental
da organização.
256
Outro exemplo corresponde à análise realizada no roteiro de aula prática nas disciplinas
de química orgânica e inorgânica da UTFRP. Nessa análise foi detectada a geração de resíduos
químicos perigosos de acordo com a NBR 10004 de 2004 da ABNT (ABNT, 2004; BARBOSA,
2015). Esse resultado deu origem a uma proposta de mudança no roteiro das aulas práticas com a
substituição dos reagentes utilizados por outros não danosos. Os testes realizados atingiram os
objetivos propostos; a aprendizagem não foi prejudicada e o caráter da aula mantido. Os
resultados colaboraram com a possibilidade de ser adotada a metodologia para outras instituições
minimizando assim os resíduos gerados.
Nos casos em que não existem mais a possibilidade de recuperar um resíduo químico,
deve-se tentar neutralizá-lo ou minimizar o máximo possível a concentração para diminuir o
impacto ambiental. Uma das propostas citadas por Rosenbrock (2016) para o formol é o
tratamento pelo processo de Fenton para obter oxidação química do formaldeído. Esse processo
visa obter a degradação da concentração inicial de 30 a 40gL -1 para a concentração final de 1,5 1.
Apesar das diferentes alternativas para implantar um PGRQ, todas as ações tiveram como
premissa a realização de um diagnóstico para identificar os geradores dos resíduos químicos.
Segundo OLIVEIRA et al. (2018b) a coleta de dados para compor o inventário é uma pratica
indispensável em um PGRQ. Porém essa ação não é suficiente. Deve haver, também, um
envolvimento dos responsáveis da instituição e de toda a comunidade acadêmica para o sucesso
do programa. Ainda de acordo com esses autores, a educação por meios de manuais é uma
proposta viável que agrega valores e altera o meio funcionando como uma ferramenta de
transformação. Os manuais de gestão de resíduos têm o propósito de gerir, mas também de educar,
mudar hábito e criar cultura. Por fim, OLIVEIRA et al. (2018a) afirma que a educação ambiental
tem buscado incessantemente novas formas de relação dos homens com a sociedade e com o
planeta.
METODOLOGIA
Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a temática dos Resíduos Químicos em IES,
como também um levantamento das normas vigentes no país sobre a regulamentação,
normatização e fiscalização dos resíduos químicos. Também foram utilizados artigos que
versavam sobre gerenciamento de Resíduos Químicos, pesquisados na base de dados dos
periódicos CAPES, dissertações, teses, manuais, além de livros.
Este trabalho utilizou o método quantitativo de levantamento de dados (GIL, 2012) com
a finalidade de coletar informações sobre os resíduos químicos gerados nos laboratórios do
Departamento de Biologia da UFRPE, Campus Recife. Toda pesquisa baseou-se na geração,
armazenamento e destinação final dos resíduos químicos gerados nos laboratórios investigados.
A escolha por laboratórios deste departamento ocorreu devido à frequente utilização de produtos
químicos em atividades de pesquisas e aulas práticas e pelo desconhecimento dos procedimentos
realizados após a geração destes resíduos.
Participantes da pesquisa
257
Este critério foi definido uma vez que, com cinco anos de atuação, há uma maior aderência do
professor com a sua prática em laboratório, seja na atuação como docente seja como pesquisador.
Para realização da coleta de dados, foi elaborado um formulário eletrônico por meio do
Google Forms, uma plataforma digital que disponibiliza ferramentas para a elaboração de
questionários autoaplicáveis. Estes questionários foram enviados para o e-mail de cada professor,
juntamente com um convite para participação na pesquisa.
A coleta de dados teve duração de dois meses. Este período foi necessário, visto que dos
23 professores, apenas cinco conseguiram responder sem precisarem de esclarecimentos sobre
termos específicos da área de Química. Os demais solicitaram auxílio da pesquisadora para
maiores esclarecimentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
258
Gráfico 1: Resíduos químicos gerado nas atividades laboratoriais do Departamento de Biologia da UFRPE.
Segundo Mignoni et al (2008), para que possamos reduzir o impacto ambiental dos
resíduos, além dos cuidados para descarte adequado, é necessário a adoção de medidas para não
gerar resíduos ou mesmo minimiza-los, pode acontecer realizando mudanças no planejamento das
atividades de ensino, em práticas de laboratório que possibilitam economizar reagentes,
minimizar os resíduos e contemplar a dimensão ambiental. De acordo, com Borba e Otero (2009),
a adoção dos princípios de produção mais limpa, chamado de 5Rs, é uma ideia muito boa para a
inserção nos laboratórios que tem atividade relacionadas com produtos que prejudique o meio
ambiente e a saúde.
Conforme ilustra o gráfico abaixo, 87% dos participantes armazenam as substâncias químicas no
próprio laboratório onde são utilizadas. Os demais armazenam em almoxarifados dentro ou fora
dos laboratórios.
259
Ainda sobre produtos químicos, 90,9% dos participantes afirmaram que em seus laboratórios não
há Ficha de informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ). Sendo este, portanto, um
dado preocupante uma vez que a manipulação de produtos químicos sem o auxílio das fichas de
segurança representa um risco para o usuário e o meio ambiente.
Quanto ao gerenciamento dos passivos químicos, ou seja, produtos químicos que não
estão em uso ou estão com prazo de validade vencido, 86,4% afirmaram que não existe inventários
(documentos que cataloguem e/ou identifiquem os produtos químicos), no local da geração. A
ausência de rótulos nos recipientes dos resíduos químicos gerados representa um risco para os
manipuladores e demonstra a necessidade de um programa de gerenciamento que normatize,
fiscalize e monitore os produtos gerados com o intuito de facilitar o manejo e o descarte
ambientalmente adequado dos resíduos gerados (OLIVEIRA et al., 2018b).
Quanto aos resíduos químicos, mais da metade dos participantes (54,5%) afirmaram que
não há identificação dos resíduos químicos gerados em laboratório. Um dado importante foi que
100% dos participantes afirmaram que não existe nenhum documento que relacione a matriz de
compatibilidade química dos resíduos, conforme ilustra a imagem abaixo.
Quanto a destinação final dos resíduos químicos gerados pelos laboratórios de Biologia,
61,9% dos entrevistados afirmaram que jogam diretamente na pia ou no lixo comum. Essa é uma
prática inadequada e revela a necessidade urgente de ações de educação ambiental no Campus.
Outro dado também importante e que ratifica o desconhecimento por parte dos
participantes a respeito da destinação final dos resíduos químicos é a diversidade de respostas
apresentadas frente à frequência com que eles percebem o recolhimento destes resíduos.
Observando o gráfico abaixo é possível perceber que não há uma regularidade que designe uma
rotina a respeito do gerenciamento de resíduos químicos gerados pelos laboratórios de ensino e
pesquisa. Muito resíduos químicos acabam sendo estocados por muito tempo nos laboratórios,
gerando potenciais riscos aos estudantes, técnicos e professores que utilizam o local.
260
Gráfico 4: Frequência do recolhimento dos resíduos químicos na UFRPE
Por fim, em conformidade com os dados apresentados, 61% dos participantes afirmam
que os laboratórios em que realizam suas atividades não estão vinculados a nenhuma rede de
tratamento de esgoto.
Esses dados obtidos comprovam que são necessárias medidas urgentes para resolução do
problema de resíduos na UFRPE. No entanto, temos exemplos que nos mostram que com
dedicação, trabalho, planejamento e investimentos soluções são possíveis, como é o caso da
Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), que desde 1999 assumiu o compromisso em cuidar
dos seus resíduos gerados,. Essa instituição iniciou seu trabalho nesse tema com a realização do
inventário catalogando os resíduos químicos usando a classificação química orgânica e
inorgânica, diagnosticando o passivo e o ativo químico. Além das ações preventivas, a
universidade traçou planos de incentivos juntamente com os docentes para realizar projetos de
pesquisa que contemplasse tratamento de resíduos orgânicos e inorgânicos nos cursos de
Engenharia Ambiental e Química Industrial. Outra ação, também desenvolvida, que gerou
excelentes resultados, foi o oferecimento de disciplinas nas grades curriculares de controle da
poluição da água e do solo, gestão ambiental e tecnologias limpas, segurança laboratorial e
química ambiental. As ações foram bem-sucedidas, tornaram os alunos agentes multiplicadores,
consciente, éticos, e disseminadores da preservação ambiental. Essa mudança de pensamento
mecanicista para um pensamento sistêmico, renova, origina modelo de cooperação e parceria
como os sistemas naturalmente sustentáveis que a natureza apresenta como exemplo
(CALLEMBACH,1993).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
ABNT NBR 16725.201."Resíduo químico- Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente - Ficha
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SYMPOSIUM ON RESIDUE MANAGEMENT IN UNIVERSITIES, 4., 2008, Brasilia. Anais...Brasília:
UNB, 2008.
RUPPENTHAL, J. E. Gestão ambiental. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, Colégio
Técnico Industrial de Santa Maria Rede e- Tec. Brasil, 2014. 128p.
SARAMENTO, E. Gestão de resíduos químicos em uma instituição de ensino superior: aplicação dos
princípios do pensamento sistêmico e de ciclo de vida. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Santa Catarina, centro tecnológico. Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental. Florianópolis
– SC, 2016.
263
3.4. REMOÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS POR
BIOMASSA MISTA DE Aspergillus niger E CASCA DE
LARANJA (Citrussinensis l. Osbeck)
SOUZA, Karina Carvalho
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Karinacar_souza@hotmail.com
RESUMO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Efluentes Industriais
Corantes Têxteis
Os corantes têxteis são compostos orgânicos sintéticos que tem como finalidade conferir
cor as fibras, sejam elas naturais ou sintéticas (AKSU E TEZER, 2000; PEIXOTO, et al., 2013).
Possuem, em geral, na sua estrutura dois componentes: o grupo cromóforo, responsável pela
absorção da radiação, o qual confere à fibra coloração, devido as ligações duplas conjugadas
(nitro, nitroso, azo e carbonila) e o grupo funcional que permite a fixação no tecido (VAGHETTI,
2009; CRUZ et al., 2016). De acordo com DELLAMATRICE (2005), cerca de 10 mil corantes
que são produzidos, aproximadamente, 2 mil são utilizados na indústria têxtil. Estudos
comprovam que no Brasil 20 toneladas por ano de corante são consumidas e 20% descartado, isso
ocorre devido a fixação incompleta do corante à fibra durante a etapa do tingimento.
266
Um dos processos que vem sendo utilizado em grande escala por ser eficiente e
econômico é a adsorção. Nesse processo, aplica-se a transferência física de um soluto, num gás
ou num líquido, para uma superfície sólida, onde fica retido em consequência das interações com
as partículas que constituem o sólido. O soluto adsorvido não se dissolve no sólido, mas
permanece em sua superfície ou em seus poros. Essa interação entre o soluto e o adsorvente se dá
por meio de ligações físicas, químicas ou físico-químicas (FOUST et al., 2012; SALA et al.,
2014). A adsorção física é um processo reversível que ocorre em temperatura inferior e que pode
haver a deposição de mais de uma camada na superfície do adsorvente. Na adsorção química
ocorre a formação de uma ligação química, através da troca ou compartilhamento de elétrons entre
o adsorvente e o adsorvato. Ao contrário da adsorção física, na química o processo é irreversível
e o adsorvato é distribuído em monocamadas sobre a superfície do adsorvente (CUNHA, 2014).
METODOLOGIA
267
Dessa forma, as cascas de laranja (Citrussinensis L. Osbeck) foram utilizadas como meio
de crescimento para o inóculo do fungo. Após inoculação, os frascos foram incubados a
temperatura de 25 a 30ºC, sem agitação por 7 dias. Ao findar esse período, a biomassa produzida
foi autoclavada a 121°C durante 60 min, lavada com água destilada, filtrada em papel de filtro, e
seca por 3 dias em estufa a 60 oC. A biomassa produzida foi dividida em três frações, de maneira
que a primeira fração ficou sem tratamento, a segunda foi submetida a um tratamento químico
(durante 1h) com ácido clorídrico (HCl) 0,1 mol L-1 e a outra fração com hidróxido de sódio
(NaOH) 0,1 mol L-1. Após o tratamento utilizou-se água destilada, para remoção da solução de
tratamento ácida e básica, sendo em seguida filtradas e secas a 60ºC. Para as medidas de ajuste
do pH, foi utilizado um pHmetro de Bancada de ORP/Temperatura - Modelo HI 2221.
100(𝐶𝑜−𝐶𝑒) (1)
𝑅= 𝐶𝑜
RESULTADOS
Difração de Raios-X
A seguir, estão dispostos, os difratogramas de raios-X para a casca da laranja (CL), para
adsorventes com tratamento ácido(MCA), com tratamento básico(MCB) e sem tratamento(MCS)
(Figura 1).
268
Figura 1. MCA- Difratograma do adsorvente com tratamento ácido; MCB-Difratograma do biossorvente
com tratamento básico; MCS-Difratograma do biossorvente sem tratamento; CL-Difratograma do
biossorvente Casca de laranja.
Os pontos de carga zero para o adsorvente antes e após o tratamento ácido, MCS e MCA
podem ser observados a seguir (Figura 2). A interseção da curva com o eixo horizontal da escala
de pHinicial, ocorreu num valor de pH em aproximadamente 2,5 para o adsorvente tratado com
ácido (MCA) e 5,0 para o adsorvente sem tratamento (MCS), conforme Imagem 7, que
correspondem ao pH do ponto de carga zero dos adsorventes avaliados. Segundo Ribeiro e
colaboradores (2011) quando um material sólido entrar em contato com uma solução líquida com
pH abaixo do PCZ, a superfície fica carregada positivamente e um grande número de ânions pode
ser adsorvido para balancear essas cargas positivas. O adsorvente neste caso ficará mais eficaz
para a remoção de materiais aniônicos. Outros autores também avaliaram o ponto de carga zero
de diversos adsorventes e segundo Souza (2009), o PCZ para a casca do coco é de 4,1, portanto,
seu uso é de grande interesse ambiental, podendo adsorver corantes têxteis, como o Remazol
turquesa e Remazol azul, classificados como corantes aniônicos. Freitas e colaboradores (2015),
desenvolveram um estudo sobre PCZ para diferentes resíduos agroindustriais e encontraram para
casca de laranja um potencial zeta de 6,73.
269
Figura 2. Ponto de carga zero: MCS (sem tratamento); MCA (tratado com ácido); t = 24h; 140 rpm.
Fonte: Autor(2018).
Figura 3. Percentual de remoção do RB pelo pH nos adsorventes mistos: MCS (adsorvente sem
tratamento); MCA (adsorvente tratamento ácido) e MCB (adsorvente tratamento básico)
Fonte: Autor(2018).
Após os ensaios, o adsorvente misto tratado com ácido (MCA) removeu de forma mais
eficiente o corante Remazol Black (RB), em uma faixa de pH mais ampla, com o desaparecimento
da coloração nas soluções. O percentual de adsorção chegou a 100 % para o adsorvente misto sem
tratamento (MCS), e para o adsorvente MCA o percentual de remoção foi de 99,81% em pH 7.
Embora o adsorvente MCA tenha tido percentual de remoção um pouco inferior ao MCS, o
mesmo obteve ótimos resultados em todos os pH estudados, algo extremamente favorável, uma
vez que os efluentes reais possuem grande variações de pH. O adsorvente MCA foi tratado com
uma solução de ácido clorídrico 0,1 mol L-1, o que favoreceu o aumento da quantidade de sítios
de adsorção devido às interações entre o corante de caráter aniônico e as cargas positivas presentes
na superfície do adsorvente.
270
Figura 4. Percentual de remoção do RV em função do pH nos adsorventes MCS (adsorvente sem
tratamento); MCA (adsorvente tratamento ácido) e MCB (adsorvente tratamento básico);
De forma geral, para ambos os corantes, a solução corante em pH 2 foi a que melhor
favoreceu a remoção dos corantes têxteis, bem como o tratamento ácido aos adsorventes. A seguir
(Figura 5) podemos observar o melhor resultado para remoção do corante Remazol Vermelho.
Segundo Cardoso (2011), a acidez do meio afeta a carga na superfície dos adsorventes assim
como influencia na ionização de diversos solutos.
Fonte: Autor(2018).
A superfície dos materiais que foram tratados com ácido torna-se positiva, ou seja, ocorre
a formação de grupos protonados e por isso ocorre uma melhor eficiência na adsorção por espécies
aniônicas. Isso sugere que a interação com o adsorvente ocorra via grupos protonados do
adsorvente com o grupo aniônico do corante (ELIZALDE et al., 2006). Assim, quando ocorre o
aumento do pH, há uma diminuição dos sítios protonados na superfície do adsorvente sendo
atenuada pelo tratamento básico, acarretando na diminuição da adsorção. Isso mostra que o
tratamento básico do adsorvente e o pH do meio neutro podem desfavorecer o processo adsortivo
para os corantes utilizados.
Além disso, estudos realizados por STRÖHER (2008), utilizando a casca de laranja como
adsorvente para corante ácido, violeta 17, mostraram melhor remoção em pH 6,3. JáARAMI et
al. (2005) apresentou maior eficiência no processo de adsorção em batelada utilizando pH 2 na
remoção dos corantes reativos DR23 e DR80.
CONCLUSÕES
Os resultados indicaram que houve uma remoção de 100% do Remazol Black B e 94,85%
para Remazol Vermelho, ambos partindo de uma concentração inicial de 25mg L -1 e os maiores
percentuais de remoção foram observados com o adsorvente tratado com solução ácida. O
adsorvente MCA utilizado, foi capaz de remover corantes têxteis da solução sintética com
capacidade adsortiva de 20,77 mg g-1 e 19,28 mg g-1 para os corantes Remazol Black e Remazol
vermelho respectivamente.Com os resultados desse trabalho podemos concluir que o processo de
adsorção dos corantes têxteis, Remazol Black e Remazol Vermelho, utilizando adsorvente misto
(MCA - casca de laranja e Aspergillusniger tratado com solução ácida) pode ser considerado
como uma alternativa promissora para a remoção de corantes na indústria têxtil, visto que, é um
resíduo agroindustrial abundante e de baixo custo, quando comparado aos adsorventes
tradicionais.
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275
3.5. PROPOSTAS DE DESTINAÇÃO FINAL DE LODO
PROVENIENTE DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE
ÁGUA
MEDEIROS, Uedja Tatyane G. M.
Instituição Federal de Pernambuco (IFPE)
tatyaneguimeiros@hotmail.com
RESUMO
As Estações de Tratamento de Água (ETA) que operam em ciclo completo, produzem resíduo
sólido conhecido como lodo, sendo este possível causador de impactos ambientais negativos se
não realizada a destinação final ambientalmente adequada. Um exemplo de descarte irregular do
lodo de ETA é o lançamento em recursos hídricos, ocasionando impactos ambientais
significativos e levando órgãos ambientais a requererem das operadoras de saneamento a
implantação de outras alternativas de disposição final ambientalmente adequada desse resíduo.
Seu potencial poluidor e contaminante depende, principalmente, das características da água bruta,
dos produtos químicos utilizados no tratamento (coagulantes) e das reações ocorridas no processo.
O presente estudo tem por objetivo analisar alternativas de destinação final do lodo, sendo estas:
aplicação controlada no solo, compostagem, fabricação de material cerâmico, lançamento em
sistema de tratamento de esgoto e aterro sanitário. A pesquisa foi desenvolvida de forma
qualitativa e quantitativa, por meio de reunião sistemática de dados contidos em livros, artigos, e
publicações dos últimos anos, os quais, foram possíveis concluir que as opções estudadas possuem
particularidades ao serem aplicadas, pontos positivos e negativos, devendo ser adequadas a cada
especificidade de lodo, resultando em diversas opções ambientalmente favoráveis para solução
do problema.
276
INTRODUÇÃO
Grandes partes das ETA’s brasileiras operam de forma convencional, também conhecida
como ciclo completo, em função do elevado índice de turbidez e cor da água bruta. Segundo
Achon (2013), são cerca de 7.500 unidades de ETA’s distribuídas no território brasileiro, estas
estações conferem ao processo de tratamento a seguinte sequência: coagulação, floculação,
sedimentação, filtração, desinfecção, correção do pH e adição de flúor, como produto deste
processo, há potabilização da água e geração de resíduo sólido (lodo), o qual é produzido nas
etapas de decantação/sedimentação e filtração.
O lodo proveniente de ETA vem sendo disposto sem nenhum tipo de tratamento em
corpos d’água e em solos, causando problemas ambientais. Prática esta que vem sendo
questionada por ambientalistas e por órgãos ambientais, pelos possíveis riscos à saúde pública e
dos recursos naturais e pelo não atendimento a legislação brasileira. No Brasil, a maioria das
ETA’s não foram planejadas de forma a promover a disposição e/ou tratamento dos resíduos de
forma adequada e há uma grande dificuldade para realizar a limpeza dos decantadores, a qual
muitas vezes, é realizada manualmente por funcionários (KLOC E LAIRD, 2017).
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004), em sua NBR
10004, o lodo é classificado como resíduo sólido, classe II não perigoso, necessitando estudo de
disposição final adequado, sendo proibido seu descarte sem tratamento prévio. A preocupação
com o descarte correto do lodo de ETA teve início na década de 90, com o surgimento da Política
Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH) estabelecida pela Lei nº 9.433 de 1997 e com a Lei de
Crimes Ambientais nº 9.605 de 1997, em que é considerado crime ambiental o lançamento de
lodo proveniente de ETA in natura (SILVEIRA, 2012). O crescimento populacional aumenta a
necessidade do consumo de um recurso ambiental de múltiplas funções, a água potável. Em
paralelo, cresce a necessidade de gerenciamento do resíduo produzido em seu tratamento e com
as formas de disposição ambientalmente correta do mesmo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
278
cerâmico, 5º tratamento dos resíduos sólidos que não se aplica para recuperação e 6º disposição
final ambientalmente adequada dos rejeitos, opção menos favorável por não aproveitar o potencial
do resíduo, depositando-o em aterros sanitários. Com a ordem de prioridade, existe maior
ordenamento em termos organizacionais para decidir quais as prioridades de destinação do
resíduo. Otimizando o gerenciamento, há menor chance de o resíduo ser destinado a aterros
sanitários que representam a última opção da ordem de gerenciamento dos resíduos sólidos.
Segundo Botero et al. (2009), há uma melhoria significativa da qualidade do solo quando
é feita a aplicação conjunta de lodo de ETA com lodo de Estação de Tratamento de Efluente
(ETE), esta técnica favorece a dinâmica do nitrogênio e eleva a quantidade de determinados
nutrientes favoráveis ao solo. De acordo com Bueno (2011), é de extrema importância que sejam
seguidas as recomendações para a aplicação do lodo (Resolução CONAMA nº 375, 2006), e que
sempre se realize a correção da acidez do solo para o controle da disponibilidade de metais
pesados presentes em sua composição química. Espera-se uma melhora em relação à adubação
convencional devido a adição de carbono orgânico e dos macros e micronutrientes presentes no
nesse resíduo (BUENO, 2010).
Para Gonçalves et al. (2016), uma possibilidade de aplicação do lodo de ETA em solo
pode beneficiar o coeficiente de permeabilidade e com isso ser utilizado em aterros, visto que essa
aplicação pode gerar barreiras impermeabilizantes. A impermeabilização da fundação e das
laterais do aterro sanitário tem a função de proteger e impedir a percolação do chorume para o
subsolo e aquíferos existentes (ELK, 2007). Usualmente esse processo é feito utilizando argila
compactada ou geomembranas sintéticas (GONÇALVES et al., 2016).
Compostagem
Para Santos Filho et al. (2017), o produto resultado da compostagem pode ser aplicado
ao solo, favorecendo o plantio agrícola, de trado doméstico e de plantações que necessitem alguma
melhoria. Além disso, não irá ocasionar riscos ao meio ambiente. Segundo Pires e Ferrão (2017),
a compostagem é uma alternativa que possui benefício no aspecto social e ambiental, contribuindo
para a gestão de resíduos sólidos brasileiro, pois destina os resíduos sólidos de maneira a
beneficiar a reciclagem sobre o mero aterramento destes resíduos.
O lodo, em sua maioria é constituído por silte, areia, coagulantes e matéria orgânica,
desenvolvendo elevada plasticidade pela presença de argilominerais, sendo um bom substituto
para argilas plásticas utilizadas em cerâmicas vermelhas (JUNKES, 2011). Segundo Rodrigues e
Holanda (2015), o lodo de ETA é essencialmente composto de Al 2O3, SiO2 e Fe2O3, cerca de 71%.
O mesmo possui características físico-químicas similares das argilas utilizadas para fabricação de
cerâmica, identificadas pelos métodos de difratometria de raios X e fluorescência de raios X, os
quais indicam a composição química do resíduo e as fases cristalinas do material.
Além disso, a cerâmica vermelha está inclusa nos materiais do setor da construção civil,
em que, segundo Motta et al. (2014), está entre os setores que mais consomem recursos naturais
e degradam o meio ambiente, estimando-se que em torno de 20 a 50% do total de recursos naturais
utilizados pela sociedade são extraídos pelo setor da construção civil, o que torna extremamente
280
necessário a confecção de novos materiais recicláveis para esse setor, dessa forma o consumo de
recursos naturais diminuiria.
Para disposição em aterro sanitário é necessário que sua classificação não seja a de resíduo
perigoso, que de acordo com a norma NBR 10004 (ABNT, 2004), são resíduos que não possuem
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade ou patogenicidade. Deve-
se também garantir que não existam líquidos livres, evitando assim contaminação de solo e água
por percolação. O tratamento deste resíduo resume-se a segregação de sólido-líquido, por meio
de clarificação, adensamento e desidratação, resultando na redução de volume ocupado, obtendo
maior teor de sólidos, dessa forma pode-se dispor a fração sólida em aterros e reutilizar ou dispor
a água removida de forma adequada (SILVEIRA, 2012).
Apesar do descarte de lodo de ETA em aterro sanitário ser uma alternativa viável e a mais
utilizada pelas companhias de saneamento, este método trata o resíduo, com potencial para
reaproveitamento, como rejeito, entrando em desacordo com a PNRS (BRASIL, 2010), na qual
diz que rejeitos são resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de
tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não
apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.
Segundo Hoppen (2006), a presença de alguns compostos químicos, especificamente,
íons metálicos, utilizados no processo de coagulação da água, pode oferecer resistência para os
aterros que não recebem materiais sólidos, tornando esta operação limitada. Ademais, pela grande
quantidade de disposição de lodo de ETA produzido, promovem redução da capacidade do aterro,
tal como aumenta a necessidade do monitoramento de água subterrânea da região e de água de
lixiviação (SILVEIRA et al., 2013).
METODOLOGIA
281
artigos, livros, revistas, sites oficiais, como também Leis e Resoluções do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA), utilizando como descritores: lodo de estação de tratamento de água,
tratamento de lodo, destinação final de resíduo de ETA. As pesquisas às bases de dados foram
realizadas no mês de abril de 2018. A segunda etapa consistiu na triagem e compilação dos dados
encontrados e selecionado os que podem ser aplicados a realidade do lodo do estado de
Pernambuco. Para tal, estabeleceu-se indicadores com vistas a avaliar e qualificar as publicações
científicas que abordam o tema.
O presente estudo pretende analisar alternativas de destinação final para o lodo e dessa forma
proporcionar sugestão de mudanças na realidade do gerenciamento do resíduo de ETA, a partir
do momento que foi realizado levantamentos de dados concretos que poderão subsidiar outros
estudos e contribuir para fins práticos na questão da destinação correta dos resíduos sólidos,
amparar alterações necessárias nas legislações vigentes, para real execução da Política Nacional
de Resíduos Sólidos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A grande maioria das ETA brasileiras ainda lançam o lodo nos corpos d’água sem
tratamento, gerando um ciclo vicioso e contraditório, no qual os rios são provedores de água para
as ETA e também são receptores dos resíduos gerados por ela (OLIVEIRA E RONDON, 2016).
O lançamento de lodo de ETA nos corpos d’água eleva a concentração de sólidos suspensos,
consequentemente, aumenta a turbidez e diminui o teor de transparência de água.
Este método de disposição tem sido restringido e proibido pelos órgãos responsáveis. Com
isso, torna-se necessário uma mudança de gestão dos resíduos por parte das concessionárias de
tratamento de água. Existem inúmeras alternativas ambientalmente corretas para a destinação do
lodo de ETA. A primeira alternativa na priorização do gerenciamento dos resíduos sólidos é a não
geração que como abordado, é improvável, visto que o lodo é proveniente do processo de
tratamento da água bruta.
No entanto, existem tecnologias para a redução de lodo produzido nas ETA, mediante
remoção de água livre e nos interstícios dos sólidos, podendo ser classificadas como: Sistemas
Mecânicos (centrífugas, filtros-prensa, prensa desaguadora, filtros a vácuo) e Sistemas Naturais
(lagoas de lodo e os leitos de secagem) (ACHON et al., 2008). Tais opções requerem alto custo
de investimento ou grandes áreas para a sua implementação. Com base nessa informação,
trabalhou-se com as possibilidades de reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final,
todas aplicáveis a realidade da produção de lodo no estado de Pernambuco.
A aplicação controlada no solo é uma ótima opção por ter no solo, elementos presentes no
lodo, porém deve-se controlar o teor de alumínio. Com a compostagem há o ajuste do pH,
aumento e no fornecimento de minerais. É uma opção excelente para a agricultura, além disso,
após a compostagem, o lodo também pode ser aplicado ao solo, seguindo os mesmos parâmetros
anteriormente mencionados.
A fabricação de material cerâmico opção interessante, pois não só recicla o lodo, como o
transforma em uma matéria-prima ao substituir a argila em sua formulação. Dessa forma, o
resíduo obtém uma destinação nobre e, segundo Silva (2017), diminui os impactos ambientais
causados pela retirada de vegetação através das atividades extrativistas da argila e redução da
poluição de corpos d’água. O lançamento em sistema de tratamento de esgoto pode comprometer
o bom funcionamento da ETE, por isso deve ser feito de forma equalizada, de modo que possam
beneficiar o sistema com a remoção de fósforo do efluente, aumentando a eficiência dos
decantadores primários.
282
A disposição do lodo em aterros sanitários é uma opção correta, porém não há
aproveitamento do potencial do resíduo, e por isso, está em último lugar na lista de prioridades
do gerenciamento de resíduos sólidos. É importante explorar as possibilidades do lodo, através da
caracterização para poder decidir entre a disposição no aterro ou outra alternativa. Segundo Achon
et al. (2008), a disposição de lodo de ETA em aterros é uma solução para o resíduo, entretanto, o
volume é elevado e os custos de disposição e transporte também se tornam altos.
14% Compostagem
19%
10%
9% Fabricação de Material
Cerâmico
Lançamento em sistemas de
48% tratamento de esgoto
Disposição em aterro
sanitário
Fonte: Autoras.
CONCLUSÕES
Este trabalho conferiu algumas opções de disposição final do lodo proveniente de ETA,
das quais estão sendo discutidas atualmente. Os resultados obtidos trazem a partir da revisão de
literatura meios de destinar o lodo proveniente de ETA de forma que reduza impactos ambientais
e tragam a valorização desse resíduo, obedecendo a ordem de prioridade estabelecida pela PNRS
(não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final) e aplicáveis à
realidade da produção de lodo de ETA do estado de Pernambuco. Foi possível concluir que o lodo
de ETA tem um grande potencial de valorização, e as alternativas de destinação são inúmeras. No
estudo realizado, a fabricação de materiais cerâmicos a partir de incorporação de lodo de ETA, é
a opção mais abordada e viável, seguida de aplicação no solo e demais opções.
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285
3.6. ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO DE BIOGÁS NA
REGIÃO NORDESTE; ANÁLISE ENERGÉTICA DA
BIODIGESTÃO DE DEJETOS ANIMAIS
RESUMO
O estudo tem como objetivo estimar a produção de biogás, a partir da biodigestão de estercos das
principais espécies da pecuária da região nordeste do Brasil, e analisar seu potencial energético.
Os dados, a respeito do número de animais de cada rebanho, foram adquiridos através da base de
dados do IBGE, enquanto que, de literatura foram retiradas as respectivas quantidades de matéria
seca produzida e fatores de conversão do biogás em energia elétrica. Tomando como base três
cenários, dez por cento, vinte por cento e cem por cento de utilização da matéria seca proveniente
de cada espécie animal, dois mecanismos de conversão do biogás em energia elétrica foram
considerados, grupo geradores de combustão direta e microturbina. A partir dos quais foi possível
quantificar a geração de energia elétrica para um cenário próximo do real, a partir de cada rebanho,
chegando então aos valores finais de energia elétrica de 3,344 TWh e 3,583 TWh com a utilização,
dos geradores e da microturbina, respectivamente.
286
INTRODUÇÃO
A produção mundial de energia no ano de 2014 foi cerca de 13.800 Mtep (mega-tonelada
equivalente de petróleo), onde a maior fração corresponde à produção nos Estados Unidos e na
China (IEA, 2016). Considerando que 1 tep equivale a 11,63x10³ KWh (BEM, 2016), tem-se que
a produção de energia foi 1,6049x105 TWh, para este mesmo ano. Ainda assim atualmente cerca
de 22% da população mundial não tem acesso à energia elétrica - e considerando as estimativas
de crescimento populacional realizada pela ONU - no ano de 2030, a população mundial será de
8,501 bilhões de pessoas isso indica que para este ano cerca de 16,46% da população mundial
ainda não terá acesso à energia elétrica (ALAM, 2015 e ONU, 2016). Sendo este, um recurso
intrinsecamente ligado ao desenvolvimento econômico, comumente se torna objeto de poder
geopolítico, podendo gerar conflitos nos mais diversos âmbitos (ARTO et al., 2016).
Considerando toda produção de energia, cerca de 18,4% advém de fontes não fósseis, são
elas: geotérmica, nuclear, solar fotovoltaica, solar térmica, eólica, hidroelétrica, resíduos e
biocombustíveis. Sendo a última responsável por cerca de 10,2% de toda a energia produzida a
nível mundial (IEA, 2016). A geração no Brasil para o ano de 2014 contabiliza 303 Mtep, ou seja,
3.523,89 TWh. Equivalente a 2,2% da produção mundial (IEA, 2016). Para 2014, seguindo o
Balanço Energético Nacional, o país gerou cerca de 272,62 Mtep, ou seja, 3.170,57 TWh.
Enquanto que para o ano de 2015 a geração representou 286,47MTep, equivalente a 3.331,65
TWh, das quais 41,9% provém de fontes renováveis. Mesmo com o notável aumento, a oferta
interna de energia foi de 299,21 Mtep, equivalente à 3.479,81 TWh, indicando assim a
necessidade de importação de energia (BEN, 2016).
Data-se que o setor agropecuário brasileiro, no ano de 2015, apresentou consumo de 11,487
Mtep, o equivalente a 133,594 TWh. Representando 4,4% do consumo final energético e 5,1%
do consumo de eletricidade. Da demanda total exigida pelo setor, apenas 4,0% é abastecida por
fonte de biomassa (BEN, 2016). Demonstrando assim o desperdício do potencial energético da
biomassa gerada pelo próprio setor.
O Brasil apresenta ainda números satisfatórios, frente ao cenário mundial, quanto à criação
e exportação de animais e seus derivados. De acordo com o Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (United States Department of Agriculture – USDA), o país detém o segundo
maior rebanho bovino, apresentando 215,20 milhões de cabeças, ficando atrás apenas da Índia. É
o quarto maior produtor de carne suína, apresentando 40,33 milhões de cabeças em 2015, ficando
atrás da China, União Europeia e Estados Unidos, a região Nordeste do país corresponde a 14,4%
desta criação. O país é o maior exportador de carne de frango e o terceiro maior criador de frango,
ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China, ficando o Nordeste como a terceira região
de maior criação, responsável por 11,9% da criação nacional (IBGE, 2015).
No país, a caprinocultura é uma das atividades pecuárias mais antigas, apresentando assim
o 11º maior rebanho do mundo, com cerca de 12,6 milhões de cabeças (AMORIM, 2002), segundo
levantamento do IBGE o número de cabeças é de 9,61 milhões para o ano de 2015. Sendo a região
Nordeste responsável por 92,7% deste valor. Este fato se deve pela ótima adequação das espécies
ao ecossistema do semiárido, além de fatores socioeconômicos como o baixo custo inicial e a
capacidade de acumular renda. Isso significa que, a cada dez cabeças de caprino existentes no
país, nove estão na região nordeste. Tais fatores tornam o país ideal para exploração e
desenvolvimento de biogás a partir dos dejetos dessas espécies.
Os resíduos gerados pelos rebanhos são chamados de esterco (REIS NETO et al., 2017).
Um conjunto de fezes, urina e camas (matéria contendo alguns elementos como palha, folhagem
seca, serragem, podendo também conter areia). Sua composição varia entre espécies, com a idade,
alimentação, das condições ambientais e dos abrigos e das condições fisiológicas (prenha,
lactante, doença), os rebanhos também são analisados sem distinção de raças. A grande variedade
de criação de animais e geração de estercos pode gerar grandes quantidades de energia renovável
nas regiões produtoras (NOOROLLAHI et al., 2015). Neste contexto, este trabalho tem como
287
objetivo quantificar o potencial de geração de energia elétrica a partir da produção do biogás de
esterco animais na região nordeste do Brasil.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Há alguns anos, diversos setores (públicos, privados, a sociedade civil e organizações não
governamentais) vêm buscando alternativas de desenvolvimento sustentável de forma a diminuir
os impactos ambientais, ou seja, opções que sejam econômicas, ambiental e socialmente viáveis
(FERREIRA et al., 2015). Sendo esta busca movida pelo cenário de escassez de petróleo e
mudanças climáticas ocasionadas pela queima desordenada de combustíveis fósseis. Essa
cobrança possibilitou o direcionamento das tecnologias para geração de energia a partir de fontes
alternativas como energias solar, eólica e biomassa (GUO et al., 2015).
Biomassa esta que vem sendo estudada e muitas vezes melhorada, nos últimos anos, para
atender muito além do que apenas o setor alimentício. Porém este termo não se restringe apenas
a produtos consumíveis por humanos e animais. Gleber e Palhares (2007), definem que biomassa
é toda matéria orgânica, viva ou morta, que existe nos organismos. Sendo uma delas o esterco
animal, que são gerados a depender da espécie e tamanho do animal; equinos, por exemplo,
apresentam uma produção elevada de esterco, o que resultaria em maior potencial de produção de
biogás (GOUVEIA e OLIVEIRA, 2018). Em muitos casos, esta alta produção de resíduos gera
grandes problemas ambientais nas regiões produtoras, visto que é comum o descarte direto no
solo. Dentre tais problemas destaca-se a higienização precária do local onde ficam situados os
animais podendo acarretar em doenças para os próprios animais e para as pessoas que vivem no
entorno, além da quantidade excessiva de elementos no solo, como nutriente, metais, patógenos
entre outros (GLEBER; PALHARES, 2007).
A maior parte da região Nordeste apresenta clima semiárido, que impõe limitações à
agropecuária, como chuvas irregulares, altas temperaturas durante o dia e características do solo.
Ainda assim a região apresenta-se como destaque frente outras regiões do país na criação de
animais, em especial os ruminantes domésticos, como caprinos e ovinos (RIBEIRO et al., 2018).
Logo, também é acarretado de problemas com rejeitos de animais. Analisando agora a perspectiva
de entrega de energia elétrica à região nordeste, a rede de distribuição que para Netto e Henkes
(2015) corresponde a “todos os componentes do sistema elétrico situados desde a saída da
subestação até a entrada das instalações dos consumidores”, muitas vezes geram problemas -
como a instabilidade da rede e perdas do sistema - e causam impactos ambientais consideráveis.
Tais fatores indicam a necessidade de um ambiente sustentável o qual também seja possível à
descentralização do suprimento de energia, de forma a não ser dependente, exclusivamente, das
grandes distribuidoras. Esforços nesta fonte renovável possibilitam diminuição dos custos com
energia elétrica, melhoria na qualidade de vida das pessoas evolvidas, das condições de higiene
dos animais e de seus produtos derivados, além de possibilitar um crescente valor agregado aos
produtos e propriedades destinadas à criação dos rebanhos.
Sendo na atualidade, uma das tecnologias mais utilizadas para o tratamento de resíduos
animais, os biodigestores surgem então como possível solução para esta problemática,
principalmente o do tipo canadense, amplamente conhecido devido ao atual desenvolvimento em
geomembranas que facilitam a instalação. São sistemas fechados, baseados em atividade
bacteriana anaeróbia, ou seja, sem a presença de oxigênio, que resulta na produção de biogás.
Composto em sua maioria por metano, um dos principais produtos finais do processo anaeróbico,
pode ser coletado e armazenado em gasômetros (GLEBER; PALHARES, 2007). Sendo
destinados após, para geração direta de energia térmica ou indireta de energia elétrica.
METODOLOGIA
Região de Estudo
A região Nordeste do Brasil, que será nosso objeto de estudo, ocupa cerca de 18% do
território nacional, algo em torno de 1.561.177,8 km². A maior parte dessa região é caracterizada
pelo clima semiárido o qual apresenta baixo índice pluviométrico, irregularidade do regime de
chuvas, taxa de evaporação elevada, baixa umidade e altas temperaturas. O bioma característico
desse clima é a caatinga, exclusiva do Brasil, que apresenta vegetais arbustivos, galhos retorcidos
e raízes profundas, adaptados para reter o máximo de água por grandes períodos sem que haja
perda por evapotranspiração (DE SOUZA, 2013). Apresentando ainda regiões de mata atlântica,
que um dia dominou grande parte do litoral brasileiro, cerrado, e manguezais nas áreas litorâneas.
Delimitações do Escopo
Neste estudo foram analisadas as principais espécies da criação de rebanhos na região, são
eles: bovinos, equinos, suínos, caprinos, ovinos, galináceos (galinhas, galos, frangas, frangos,
pintos (IBGE, 2017). Inicialmente dados sobre quantidade de indivíduos por espécie foram
recolhidos em uma escala temporal de onze anos, e analisados a fim de se obter a evolução dos
rebanhos na região. Sendo possível traçar o perfil de desenvolvimento do potencial energético,
proveniente do esterco dos respectivos rebanhos. A partir disso, analisar mais especificamente, o
último ano a que se tem informações, o ano de 2015. Considerando em instância final – para
viabilidade de uso real – o aproveitamento de um décimo desse potencial, visto que na prática,
por motivos de perda de material, ou capacidade do criador, além de outros possíveis entraves,
não será possível utilizar todo o material orgânico disponível.
Foram analisados então dois cenários: uso total da matéria seca de cada rebanho e uso de
dez por cento da matéria seca, para geração de biogás. Sendo o primeiro utilizado como parâmetro
do potencial total ótimo, e o último como potencial real, visto as perdas que ocorrem no sistema.
Porém também se dispõe como ponto para reflexão e desenvolvimento voltados à eficiência. A
partir das produções de biogás, é feita a conversão para energia elétrica, e em seguida considera-
se a utilização de dois mecanismos distintos: o primeiro trata-se de um gerador de combustão
direta com eficiência de vinte e oito por cento, o segundo trata-se de uma microturbina que
apresenta eficiência de trinta por cento, porém esta última fase é feita apenas para os resultados
dos cenários ótimo (cem por cento de biogás) e o cenário real (dez por cento de biogás).
Escolha da Tecnologia
O motivo pela escolha da tecnologia anaeróbia se dá pela já prova da maior eficiência frente
aos possíveis tratamentos aeróbios, sendo possível competir com outros biocombustíveis. Isso se
dá pela diversa gama de destinação possível para os produtos e subprodutos desta tecnologia,
sendo passíveis de uso em caldeiras, sendo utilizados como combustível, ou ainda matéria prima
para produção de alguns tipos de substâncias orgânicas. (MOREDA, 2015).
289
Quanto às tecnologias de geração, seu funcionamento já é largamente conhecido. Os grupos
geradores funcionam em ciclo termodinâmico de Otto, um ciclo de combustão interna. Tal
tecnologia é amplamente utilizada nos mais diversos locais como hospitais, refinarias e sistemas
de telecomunicações devido a sua possível utilização por horas, dias e até semanas, oferecendo
comodidade e segurança para setores que não podem ficar sem fornecimento de energia elétrica,
além de apresentarem níveis de ruídos muito baixos e gerarem corrente contínua ou alternada, a
depender dos equipamentos que receberão esta energia (AGUILAR-VIRGEN et al., 2014). Já
para as microturbinas, segundo Hirano (2015), entre seus benefícios estão que os gases da
exaustão da turbina são consideravelmente mais frios que os provenientes da combustão; também
apresenta baixos níveis de vibração e de ruído; a flexibilidade do combustível, ao levar em
consideração à variabilidade na composição do biogás; simplicidade quanto à instalação e
dimensões reduzidas; e a possibilidade de instalação em áreas abertas.
Fatores de Conversão
Inicialmente a fim de se obter dados sobre a produção de matéria seca de cada rebanho, foi
considerado o número de conversão anual, respectivo por espécie animal. Bovinos geram 1,56
toneladas, equinos geram 1,56 toneladas, suínos 0,16 toneladas, caprinos 0,17 toneladas e aves
0,008 toneladas (GARRIDO et al., 2015). Os dados sobre matéria seca de origem ovina foram
considerados iguais aos dos caprinos (0,17 toneladas anualmente por animal), essa aproximação
se deu pela falta de informações a respeito na literatura acadêmica ou popular, ainda sendo
aceitável a aproximação pela semelhança visível a olho nu quanto à dimensão e quantidade de
esterco produzido em ambas as espécies.
Tratando-se da conversão da matéria seca para biogás – ainda que o processo de biodigestão
anaeróbia ocorra de forma bastante semelhante para as espécies analisadas- novamente temos um
valor referente a cada rebanho, visto que as características das espécies são diferentes e isso se
reflete também em seus dejetos, na forma de diferença na composição química e fração de água.
Bovinos produzem 0,4 metros cúbicos de biogás para cada quilograma de matéria seca, equinos
0,048 metros cúbicos, suínos 0,075 metros cúbicos, caprinos e ovinos 0,065 metros cúbicos e
galináceos 0,1 metros cúbicos por quilograma de matéria seca. A conversão de biogás para energia
elétrica, entretanto, é única. Cada metro cúbico de biogás gera 6,4 KWh (quilowatts hora) (RIOS
e KALTSCHMITT, 2016).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
290
Figura 1. Porcentagem de cada rebanho em seu respectivo estado.
100%
90%
80%
Porcentagem
70%
60% Rebanhos:
50% Galináceos
40% Ovínos
30% Caprínos
20%
Suínos
10%
0% Equinos
Bovinos
Após identificar a ocupação que cada espécie apresenta em cada estado da região, torna-se
mais interessante tendo em vista o objetivo proposto, trabalhar com as espécies independente de
sua localização. Dessa forma, serão abordados os rebanhos em sua totalidade.
Matéria seca
Rebanho (t.ano-1) Biogás 100 (m³) Biogás 10 (m³)
Bovino 45.383.807,04 18.153.522.816,00 1.815.352.281,60
Como resultados, caso toda a matéria seca produzida seja transformado em biogás
(cenário ótimo), tem-se a produção de 18,665x109 m³ de biogás, enquanto que para dez por cento
291
(cenário real) a produção seja de 1,866x109 m3. Convertendo agora para energia elétrica, com
eficiência máxima, tem-se a produção equivale a 119,461 TWh no cenário ótimo, e 11,946 TWh
para o cenário real (Tabela 2).
Tabela 2. Expectativa de produção de energia gerada pelo biodigestor a partir da matéria seca.
Processos de conversão elétrica não apresentam eficiência ótima por condições intrínsecas
dos equipamentos pertencentes aos sistemas de geração de energia, dessa forma temos que
considerando o grupo gerador à combustão interna a geração chega a 33,449 TWh enquanto que
35,838 TWh com a utilização de microturbina. Enquanto para o cenário real, 3,344 TWh com
utilização de gerador à combustão interna e 3,583 TWh com utilização de microturbina (Tabela
3).
Tabela 3. Energia Elétrica produzida por gerador e microturbina, a partir da energia contida em 10% da
matéria orgânica.
Gerador10 Microturbina10
Rebanho KWh KWh
Segundo o Balanço Energético Nacional, ano base 2015, fontes de biomassa geraram o
equivalente a 46,52 TWh, representando 8% (BEM) da oferta de energia elétrica em todo o
território nacional. Enquanto que, a biomassa gerou 830,417 TWh, representando 24,92%, frente
ao consumo energético final (considerando não apenas eletricidade). A geração a partir de ambas
as tecnologias adotadas (gerador e microturbina) representam, respectivamente, cerca de 0,57% e
292
0,62% da geração de energia elétrica deste ano. Caso toda a capacidade de matéria seca seja
utilizada, o potencial máximo para as mesmas tecnologias seria 5,75% e 6,16%.
Ainda que as porcentagens sejam reduzidas, vale ressaltar que a geração distribuída,
contando principalmente com a área de energia solar, para o mesmo período foi de 34,9 GWh e
potência instalada de 16,5 MW. Enquanto que a possibilidade inferior de geração a partir de
biodigestão apenas na região nordeste é de 3,344 TWh. A partir disto pode-se analisar, a relação
entre rebanhos e a energia gerada, a fim de comparar os impactos de cada rebanho para seu
respectivo estado e para a região de forma geral (Figura 2). Assim como na figura 1, cada coluna
indica a geração total de energia provinda do biogás, em seu respectivo estado. Para então indicar
a atuação de cada espécie nesta geração. Tomando agora o MA como exemplo, tem-se que mais
de 98% da geração de energia seria proveniente da matéria orgânica bovina, enquanto que o
restante seria proveniente das demais espécies. Dessa forma é possível observar que ainda que a
maior população neste estado seja de galináceos, quem se mostra mais expressivo quanto à
geração de energia elétrica são os bovinos. Essa disparidade é causada pela diferença na
composição do esterco, como citado anteriormente.
100%
98%
96%
Porcentagem
Rebanho
94% Galináceos
s:
Ovinos
92%
Caprinos
Suínos
90%
Equinos
88% Bovinos
293
considerada neste estudo a produção de biofertilizante – que também pode ser comercializado,
além de ser utilizado nas lavouras das próprias localidades.
CONCLUSÕES
Ainda que nacionalmente não apresente impacto significativo, o uso alternativo de esterco
animal destinado à geração de energia elétrica, em escalas locais pode vir a trazer melhoria na
qualidade de vida de muitas famílias, principalmente no sertão nordestino. Tendo como exemplo
países como Alemanha, onde há projetos em que grupos de pecuaristas se uniram para destinar
os dejetos de suas propriedades para grandes biodigestores, no nordeste brasileiro há a
possibilidade de parceria entre Estado ou empresas privadas e pecuaristas locais. Tendo em mente
que assim como a geração elétrica se dá de forma descentralizada, a melhoria econômica, social
e ambiental também se dá em escalas locais, proporcionando assim melhores qualidades de vida
para tais áreas.
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295
3.7. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE
SAÚDE: ESTUDO DE CASO NUMA MATERNIDADE DE
PAU DOS FERROS – RN
RESUMO
296
INTRODUÇÃO
Este trabalho justifica-se pela relevância para a sociedade, visto que estimula a percepção
quanto aos cuidados com a saúde pública e com o meio ambiente através de atitudes sustentáveis.
Contribui diretamente com a organização em estudo, levando a importância da execução de
procedimentos eficientes na realização da segregação ao descarte correto, melhorando
positivamente os processos gerenciais e seu comprometimento com as causas ambientais. No
âmbito acadêmico este trabalho se tornará instrumento para o desenvolvimento de trabalhos
futuros, já que trata-se de um pré-teste da metodologia do estudo Gestão Ambiental dos Serviços
de Saúde no munícipio de Pau dos Ferros-RN que contemplará uma dissertação do Programa de
Pós Graduação em Planejamento e Dinâmicas Territoriais do Semiárido – PLANDITES.
Para tanto, o trabalho apresenta como objetivo geral analisar os impactos socioambientais
do descarte de RSS gerados pela Maternidade Santa Luzia de Marillac, no município de Pau dos
Ferros/RN. Com isso, elencaram-se como objetivos específicos: investigar a forma de
gerenciamento dos RSS na referida maternidade; apontar os impactos ambientais do RSS na
organização investigada; apurar o quadro de legalidade do estabelecimento em estudo.
297
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesta perspectiva de conhecer os RSS, Reis (2012) afirma que, não apenas aos resíduos eu
são gerados nos hospitais, mas, os resíduos de serviços de saúde é gerado em outros ambientes,
como nos laboratórios patológicos e de análises clínicas, clínicas veterinárias, centros de
pesquisas, bancos de sangue, consultórios médicos, odontológicos e similares. Conforme RDC
Anvisa nº 306/2004 e a Resolução do Conama nº 358/2005, são definidos como geradores de
resíduos de serviços de saúde.
GRUPO A, (Subgrupos A1, A2, A3, A4 e A5) - Engloba os resíduos com possível presença de
agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar riscos de infecção. Exemplo:
placas e lâminas de laboratório, bolsas de sangue contaminadas, vacinas de microrganismos vivos,
restos de órgãos, etc.
GRUPO B - Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública
ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade e toxicidade. Exemplo: medicamentos, reagentes laboratoriais, etc.
GRUPO C - Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do
CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. Exemplo: materiais resultantes
de serviços de medicina nuclear e radioterapia, etc.
GRUPO D - Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao
meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Exemplo: Resíduos de gesso,
sobras de alimentos, resíduos de papel, etc.
GRUPO E - Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas de barbear,
agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de
bisturi, lancetas; tubos capilares, etc.
Os RSS merecem uma maior atenção quanto ao grau de risco que, uma vez que, chegam a se
tornar mais graves do que os demais resíduos, com isso Ferreira (2014, p. 30) destaca
A RDC n°306/04 traz as normas para o gerenciamento de resíduos de saúde, que envolve
segregação, acondicionamento, identificação, transporte, armazenamento, tratamento, coleta e
disposição final (ANVISA, 2004). A realização dessas ações servem para gerenciar os resíduos
dentro e fora dos estabelecimentos de saúde, a partir do momento em que são gerados até a
disposição final. Portanto, todos os funcionários envolvidos na execução de ações relativas ao
manejo dos resíduos são responsáveis por estas ações. Assim, conforme a Anvisa (2004), a
segregação consiste em separar e/ou selecionar os resíduos segundo a classificação adotada,
objetivando reduzir a quantidade de resíduos com risco biológico; o acondicionamento em
embalar os resíduos em sacos ou recipientes resistentes para evitar vazamentos e ruptura.
A capacidade dos recipientes deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de
resíduo; a identificação consiste no padrão que permite reconhecer os resíduos contidos nos sacos
e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS utilizando-se símbolos, cores
e frases; o transporte refere-se ao traslado dos resíduos do ponto de geração até o local de destino,
visando ao tratamento ou à disposição final; o armazenamento, na guarda dos recipientes contendo
os resíduos já acondicionados, agilizar e otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o
ponto destinado à coleta externa; o tratamento, na aplicação de método, técnica ou processo que
modifique as características dos riscos ligados aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de
299
contaminação, de acidentes ocupacionais ou de danos ao meio ambiente, objetivando diminuir o
volume dos resíduos a serem dispostos no solo; e a disposição final, consiste na disposição
definitiva de resíduos. A técnica reconhecida e permitida atualmente no Brasil é o aterramento
em solo ou em locais previamente preparados e licenciados.
De acordo com Mahler e Moura (2017), o gerenciamento de RSS tem se configurado como
um problema atual em muitos países em desenvolvimento já que ao mesmo tempo em que lidam
com o aumento populacional e da demanda por serviços de saúde devido a maior expectativa de
vida da população, com consequente aumento de doenças crônica, o que pode acarretar cada vez
mais doenças epidemiológicas. Portanto, o gerenciamento dos RSS a dificuldade é ainda maior
em virtude da pouca experiência das administrações municipais e dos estabelecimentos em
gerenciar com eficiência tal problema (FERREIRA, 2014).
Quanto aos riscos ao meio ambiente destaca-se o potencial de contaminação do solo, das
águas superficiais e subterrâneas pelo lançamento de RSS em lixões ou aterros controladas
(ANVISA, 2006), quando são dispostos no solo substancias líquida, sólidas ou semissólidas que
alterem suas características naturais. Finalmente, há o risco de contaminação do ar, ocasionada
quando os RSS são tratados pelo processo de incineração desordenado que emite poluentes na
atmosfera contendo, por exemplo, dioxinas e furanos (ANVISA, 2006).
Gomes (2008) ainda ressalta que, não somente os resíduos de riscos biológicos, mas os do
risco biológico os RSS em geral, contribuem para o aumento dos riscos ocupacionais de acidentes
com materiais perfurocortantes que podem machucar e contaminar o trabalhador que manipula
estes resíduos de forma inadequada, como também imprevistos causados por negligencias de
outros funcionários que manipularam de forma inadequada esses tipos de resíduos. Os
trabalhadores envolvidos diretamente com o manejo dos resíduos estão vulneráveis ao risco de
acidentes de trabalho pela inexistência de treinamento, falta de condições apropriadas de trabalho
e equipamentos, além do uso inadequado da tecnologia (COSTA, 2009).
Além dos RSS decorrentes dos estabelecimentos de saúde, inserem-se também como
produto residual não utilizável, resíduos originados em fontes menores, como aqueles gerados
durante cuidados domiciliares com a saúde (COSTA, 2009). Sendo que famílias que não possui
coleta domiciliar efetuada regularmente, e, assim, lançam seus resíduos nos arredores da área em
que reside, degradando o meio ambiente com a presença de fumaças, mau cheiro, vetores
transmissores de doenças, expandem ainda mais os impactos aos moradores vizinhos e população
em geral, através da poluição e contaminação de poços de água e pelo consumo de carne de
animais criados nos vazadouros (COSTA, 2009).
300
(2017), as instituições de saúde tem encontrado dificuldades de implementar a legislação que rege
o gerenciamento de seus resíduos, advindas dos próprios serviços de saúde e dos profissionais.
A Constituição Brasileira de 1988, menciona no Art. 225 que, "todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações" (BRASIL, 1988). Com isso, a
Constituição de 1988, estabeleceu disciplina com relação a problemática dos resíduos sólidos,
tanto na área de saúde como na área de meio ambiente. A Legislação relativa a resíduos sólidos
de Serviços de Saúde no Brasil é regida pelos órgãos regulamentadores que podem ser
temporalmente observados. Logo, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), órgão
responsável pela normalização técnica no País, apresentando a base indispensável ao
desenvolvimento tecnológico brasileiro, que estabelece os procedimentos necessários ao
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde intraestabelecimento.
METODOLOGIA
Classificação da pesquisa
A metodologia, em um nível aplicado, segundo Prodanov & Freitas (2013, p. 14) “examina,
descreve e avalia métodos e técnicas de pesquisa que possibilitam a coleta e o processamento de
informações, visando ao encaminhamento e à resolução de problemas e/ou questões de
investigação.” Para o desenvolvimento deste trabalho, realizou-se pesquisa de natureza aplicada
com finalidade prática, que segundo Vergara (2007, p. 47), “é fundamentalmente motivada pela
necessidade de resolver problemas concretos, mais imediatos, ou não”.
No tocante aos objetivos realizou-se pesquisa exploratória, que segundo Vergara (2007, p.
47), “é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado” assim como
se configurou neste estudo. Sendo ainda classificada como descritiva, onde Gil (2009, p. 42)
afirma que, “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características
de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relação entre variáveis”.
301
No caso da presente pesquisa, descrevem-se os procedimentos adotados pelo estabelecimento de
saúde para fazer o gerenciamento de seus RSS, da segregação à disposição final. Quanto aos
procedimentos técnicos, ou seja, a maneira pela qual se obtêm os dados necessários para a
elaboração do estudo, foi realizada pesquisa bibliográfica que de acordo como Vergara (2007,
p.48), “é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado” e pesquisa de
campo, utilizando-se os estabelecimentos de saúde da zona urbana. Seguindo o pensamento de
Vergara (2007, p.47), “é investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um
fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo”. Conforme Marconi e Lakatos (2000,
p.107), as técnicas de coleta de dados “são um conjunto de preceitos ou processos de que se serve
uma ciência; são, também, as habilidades para usar esses preceitos ou normas, na obtenção de
seus propósitos”. Logo, refere-se à parte prática do conteúdo coletado e observado. Para esta
pesquisa o procedimento técnico utilizado foi uma entrevista com a gestora do estabelecimento
de saúde e a observação não participante, enquanto método básico de acompanhamento dos
processos utilizado no gerenciamento dos RSS, ocorridos no período de fevereiro e março de
2018.
O município de Pau dos Ferros/RN segundo dados de IBGE (2016), possui área da unidade
territorial de 259,959 km² com população estimada em 2017 de 30.452 habitantes conforme o
último censo, localizado a aproximadamente 392,5km da capital Natal, como mostra a (Figura 1).
A unidade em estudo fica localizada na zona urbana do município de Pau dos Ferros, no bairro
São Judas Tadeu, nas proximidades do centro da cidade, com funcionamento diário, atualmente
com escala específicas para cirurgias e atendimentos específicos, devido a situações singulares,
explicadas pela diretora da unidade.
302
Atualmente, possui 30 leitos, sendo 07(sete) destes, apartamentos, onde são oferecidos
serviços de cirurgias de obstetrícia e eletivas. Quanto à internações, operante apenas no pós-
operatório, por está retomando algumas atividades, pois devido ao período de interdição, alguns
serviços médicos estão temporariamente suspenso, com previsão de retornar todas as atividades,
inclusive de urgência e emergência, para segundo semestre de 2018.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os RSS devem ser separados de acordo com cada grupo e embalados em recipientes
específicos acompanhados da devida identificação. De acordo com Ferreira (2014, p. 30), “os
RSS possuem composição variada conforme suas características biológicas, físicas e químicas”,
por isso necessitam de cuidados especiais quanto ao seu risco para as pessoas e ambiente. Diante
da observação in loco, no que se refere a segregação, a unidade geradora distribui em cada setor,
que são, setor de pequenas cirurgias, sala de partos, setor de médias cirurgias, setores de
apartamentos e leitos, setor neonatal, recepção, copa, cozinha e banheiros, os recipientes para a
coleta dos resíduos em material plástico (Figura 2).
Com base a segregação dos resíduos gerados na unidade pesquisada observou-se que o
acondicionamento se dá com sacos e recipientes que estes não seguem as principais
recomendações referentes à identificação e cor, exceto os resíduos perfurocortantes que são
armazenados corretamente (Figura 2 b). Tal ação ocorre conforme a Anvisa (2004) que prever
que em “Descarbox” embalagem resistente na coloração amarela e com simbologia de resíduo
infectante, entretanto, segundo a observação, algumas vezes são colocados em caixas e ambientes
303
inadequados para estes recipientes. Ao ser observado, pode-se perceber algumas inadequações no
local pesquisado. Segundo a RDC 306/2004, os resíduos sólidos devem ser acondicionados em
saco constituído de material resistente a ruptura e vazamento, impermeável, baseado na NBR
9191/2000 da ABNT, respeitados os limites de peso de cada saco, sendo proibido o seu
esvaziamento ou reaproveitamento, como mostra a (Figura 2 a). Assim sendo, os sacos devem
estar contidos em recipientes de material lavável, resistente à punctura, ruptura e vazamento, com
tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e ser
resistente ao tombamento. Logo, de acordo com a figura, no lado B, as lixeiras são inadequadas.
Pode ser observado que, segue as normas, apenas o depósito para os perfurocortantes.
Os demais resíduos dos grupos A, D e C, como pode ser visto na (Figura 3) em sua maioria
são acondicionados em recipientes plásticos revestidos com sacos comuns de cor preta. Como não
existe processo de segregação para reciclagem, não há a padronização de cor dos recipientes do
grupo D. Ressaltando que durante observação foi possível encontrar recipientes sem tampa de
vedação.
Segundo Maia et al., (2016), o uniforme inclui calça e camisa com manga comprida, avental
de PVC, impermeável e de comprimento médio, específicos para uso do funcionário, de forma a
identificá-lo. Luvas e botas de PVC, resistentes, antiderrapantes e de cano longo, gorro a fim de
proteger os cabelos, máscara respiratória, impermeável e tipo semi facial. Óculos com lente
panorâmica, plástico resistente, incolor, com proteção lateral e válvulas para ventilação. Todos os
EPI devem ser de cor clara, de preferência branca, e higienizados todos os dias. Os RSS
precisariam passar por uma sequência de procedimentos antes do descarte final. De acordo com
Flores (2016, p. 03), em entrevista concedida a Almeida e Carvalho (2016),
É realizada a estocagem dos resíduos em bobonas, esses recipientes como vistos na figura
4 não são identificados. O ambiente é considerado inadequado, o local onde fica os resíduos do
tipo A, apresenta uma precariedade notória. O ambiente não possui as condições mínimas
305
estabelecidas nas normas, uma vez que, não poderá ser feito armazenamento temporário com
disposição direta dos sacos sobre o piso ou sobrepiso, sendo obrigatória a conservação dos sacos
em recipientes de acondicionamento.
O local é identificado como sala de resíduo que foi construído recentemente, entretanto, é
estabelecido pela legislação que, a sala para guarda de recipientes de transporte interno de
resíduos deve ter pisos e paredes lisas e laváveis, sendo o piso, além disso, resistente ao tráfego
dos recipientes coletores. Deve possuir iluminação artificial e área suficiente para armazenar, no
mínimo, dois recipientes coletores, para o posterior traslado até a área de armazenamento externo.
Para melhor higienização é recomendável a existência de ponto de água e ralo sifonado com tampa
escamoteável. O que diante da pesquisa, não foi confirmado. Logo após o armazenamento os RSS
são encaminhados para tratamento antes do descarte final (FLORES, 2016). Com isso, Ferreira
(2014, p. 44), prever que
Há várias formas de se proceder ao tratamento dos RSS, como exemplo pode-se citar a
desinfecção química ou térmica. As tecnologias de desinfecção mais conhecidas são a
autolavagem, micro-ondas e a incineração [...] Tais tecnologias permitem que os resíduos tratados
sejam encaminhados para o circuito normal dos resíduos sólidos urbanos, sem qualquer risco para
a saúde pública.
Desta forma, apurou-se que sobre tratamento prévio, pode ser observado que a maternidade
não realiza nenhum tipo de tratamento do lixo hospitalar gerado pelas suas respectivas atividades.
Isso implica nos impactos que esses resíduos podem causar ao meio ambiente de um modo geral,
não somente àqueles que lidam diretamente com os resíduos, como também ao próprio meio
ambiente natural como um todo. Conforme Pereira e Costa (2017), a sistemática do processo de
coleta, transporte e disposição final dos resíduos é uma sistemática do nosso do cotidiano (história
em movimento e estruturação do espaço) da cidade sendo sua execução indispensável, visto que
a não regularidade da coleta ocasiona diversos impactos seja na natureza ou na sociedade,
ocasionando muitos problemas ao meio ambiente. Assim, “o êxito no manejo adequado em uma
instituição de saúde ultrapassa os seus limites, beneficiando a comunidade local e o entorno”
(MARANHÃO; SOUZA; TEIXEIRA, 2015, p.45).
Quanto à disposição final dos resíduos constatou-se formas distintas para dos diversos tipos
de resíduos. A disposição do lixo comum é feita em um local na frente da maternidade. De
responsabilidade da Prefeitura Municipal a coleta e disposição final. Questionada sobre o local,
foi informado que sempre foi colocado neste ponto, uma vez que, se não colocar naquele
ambiente, o transporte público não coletaria. O lixo do tipo D, fica em local aberto, na rua, a
306
espera do caminhão da coleta, exposto a tudo. No tocante ao RSS a maternidade terceiriza uma
empresa, denominada Sterelize, que possui sede na cidade de Rafael Fernandes, há 09(nove)
quilômetros da cidade de Pau dos Ferros. Esta empresa é responsável pela coleta e destinação
final dos Resíduos de Serviços de Saúde gerados na Unidade em estudo responsável pelo processo
logístico final dos resíduos. A coleta é realizada de uma a duas vezes por semana, dependendo do
movimento em cirurgias, no qual é realizado o processo de pesagem da quantidade de resíduos
produzidos para efetuação do pagamento aos serviços da empresa. A empresa realiza apenas a
destinação final dos resíduos hospitalares dos grupos A, B, C e E. O transporte responsável pelo
translado dos resíduos do hospital até disposição final é totalmente adequado e seguro conforme
as normas vigentes.
CONCLUSÕES
Diante disso, a metodologia é eficiente para investigar o gerenciamentos dos RSS e pode-
se concluir que há a necessidade crucial de se desenvolver um programa de treinamento
permanente dos profissionais ligados ao manuseio dos resíduos de serviços de saúde com o
propósito de divulgar informações básicas sobre gerenciamento de RSS, elaborar um PGRSS
como proposto pela legislação, e assim, contribuir para diminuição dos problemas
socioambientais relacionados ao manejo e descarte inadequado dos RSS. Como recomendação
relevante referente às atividades executadas no estabelecimento estudado e aos profissionais de
saúde envolvidos na gestão dos Resíduos de Serviços de Saúde, sugere-se divulgação do presente
trabalho como forma de orientação para a elaboração e aplicação do PGRSS, e como fonte de
aprofundamento de pesquisa para futuros trabalhos nessa área.
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307
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309
3.8. GERAÇÃO DE BIOGÁS ATRAVÉS DA
BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE LODO DE UMA
INDÚSTRIA CERVEJEIRA
HOLANDA, Sávio
Eng. Civil-Geotecnia pela UFPE, Grupo de Resíduos Sólidos da Universidade Federal de Pernambuco
savioholanda@hotmail.com
RESUMO
O biogás, fonte de energia renovável, tem como produto final o gás metano, que é 21 vezes mais
poluente que o dióxido de carbono e, pensando nisso, tem-se investido em tecnologias que usam
recursos energéticos renováveis a fim de minimizar a emissão de poluentes ao meio ambiente.
Esta pesquisa delimita-se ao objetivo geral de avaliar a produção do biogás a partir da
biodegradação de efluentes e lodos biológicos produzidos na ETE de uma indústria cervejeira.
Para isto, foram estudadas as políticas públicas que incentivam a produção de biogás no país, o
processo de produção de cerveja e tratamento de seus efluentes. A metodologia consistiu em
analisar o potencial de geração do metano, através de ensaios analisados a partir de amostras
obtidas diretamente da Cervejaria Itapissuma, foram avaliadas através de análises físico-químicas
como,por exemplo, DBO, DQO, temperatura e pH e também será discutido dados em relação ao
ensaio BMP (Potencial de Geração de Metano). Os resultados mostraram que o potencial de
geração de biogás foi maior no ensaio onde havia a mistura de lodo anaeróbio com efluente, já
nos outros ensaios onde o potencial de geração foi menor pode ter ocorrido fatores que geraram
a inibição da produção de biogás como a relação carbono/nitrogênio e até mesmo competições
que comprometeram a função das bactérias no sistema.
310
INTRODUÇÃO
Segundo Percora (2006), a emissão de biogás para a atmosfera provoca impactos negativos
ao meio ambiente e para a sociedade, na medida em que contribui para o agravamento do efeito
estuda através da emissão de metano para a atmosfera, contudo, sendo bem utilizado,
especialmente em aplicações de caráter energético, o biogás têm um papel fundamental, em parte
por sua contribuição para a questão ambiental, na garantia do suprimento de energia e na redução
das tarifas de energia, capaz até mesmo de elevar a matriz energética brasileira. Isso ocorre pelo
de fato de ser uma fonte de energia que é renovável, sendo uma forma de obter energia que pode
auxiliar na diminuição da dependência dos combustíveis fósseis como fonte de energia, a qual é
largamente utilizada na modernidade.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
311
de plantas de biodigestão e produtos (biogás e biofertilizante) de elevada qualidade e utilidade
industrial (WANG et al., 2017).
Com suas propriedades físicas e químicas semelhantes às do gás natural, embora com um
menor teor de metano, o biogás pode ser utilizado como fonte de energia para diversas finalidades,
tais como o calor (através da queima em caldeiras), vapor, eletricidade, hidrogênio, etanol,
metanol, biodiesel e metano (CHYNOWETH, et al., 2001).
METODOLOGIA
Caracterização da Cervejaria
O ambiente escolhido para a realização desse trabalho foi uma cervejaria de grande porte
localizada na Cidade de Itapissuma, no Estado de Pernambuco. A empresa foi denominada
fantasiosamente de Cervejaria Itapissuma para a preservação de dados sigilosos. A média de
fabricação de cerveja na empresa é de cerca de 10.000 de hectolitros de cerveja por mês
(Cervejaria Itapissuma, 2013).
Em média, a indústria estudada consome 3,4 litros de água por litro de cerveja evasada.
Portanto, em média, 1 litro de água vai para a cerveja e os 2,4 litros restantes se transformam em
efluentes que vão para a estação de tratamento de efluentes (ETE). Segundo Zaharia e Suteu
(2013), efluente é a água que sobra de vários processos industriais ou mesmo de uso doméstico,
sendo ela sempre carregada de substâncias orgânicas ou inorgânicas.
312
A composição destes efluentes é fortemente influenciada pelo tipo de cerveja fabricado,
qualidade dos processos de filtração, tipo de aditivos eventualmente acrescentados e eficiência
dos processos de limpeza de equipamentos. De acordo com Kafle et al. (2013), a indústria de
cervejaria tem o potencial metanogênico de 0,316 m³ CH4.kgSV-1 b.s, ou seja, isso significa um
potencial bastante considerável, em comparação a outros substratos orgânicos.
Coleta de amostras
Análises Físico-Químicas
313
A DBO é um parâmetro que retrata a quantidade de oxigênio requerida para ocorrer a
oxidação da matéria orgânica biodegradável sob condições aeróbias. O aumento da DBO ocorre
quando existe material predominantemente orgânico. Quando existe um alto teor de matéria
orgânica isto pode induzir ao completo esgotamento do oxigênio na água. Segundo a resolução
430 de 2011 do CONAMA tem-se que os parâmetros ideais a DBO de 5 dias a 20°C até 5 mg/L.
Já análise da DQO mede a quantidade de oxigênio dissolvido consumido em meio ácido que leva
à degradação de matéria orgânica (ESTEVES, 2010).
Em relação DBO/ DQO, a DQO é muito útil para observar a biodegradabilidade dos
despejos. Borges (2016) reporta que o nível de biodegradabilidade de um resíduo pode ser
indicado pela razão DQO/DBO. Quanto menor for o valor desta razão, maior será seu nível de
biodegradabilidade e quanto maior esta razão, menos biodegradável será o efluente. De acordo
com Firmo (2013) e Nikraz (2014), nas fases iniciais da biodegradação, o índice de
biodegradabilidade (DBO/DQO) varia entre 0,7- 0,9, pois os microrganismos hidrolíticos e
acidogênicos requerem grande quantidade de oxigênio para a realização das suas funções
metabólicas. Já para a flora microbiana metanogênica, o referido índice gira em torno de 0,2- 0,3.
Isto se dá devido à redução considerável da biodegradação, ou seja, considerando tanto o oxigênio
consumido por via biológica, quanto o oxigênio consumido por via físico-química, à medida que
é reduzida também a carga orgânica presente nos biodigestores.
O ensaio de BMP foi realizado seguindo a metodologia definida em Hansen et al. (2004).
Resumidamente, o ensaio realizado consiste em analisar o desenvolvimento da biodigestão
anaeróbia com inóculo, em condição anaeróbia, a fim de determinar a produção máxima de
biogás. A biodigestão anaeróbia é uma alternativa viável com relevante aplicabilidade, visando o
tratamento e aproveitamento energético dos resíduos através da ação bacteriana presentes no
próprio resíduo (VALENÇA, 2016). Este ensaio é largamente utilizado devido, sobretudo, à sua
adaptabilidade aos diversos substratos (matéria-prima) que podem ser submetidos ao estudo, e à
facilidade de execução do ensaio (ANGELIDAKI et al., 2009; THYGESEN et al., 2014; WANG
et al., 2016). Conforme Silva & Morais (2016), o teste do BMP monitora o volume do biogás
gerado em uma fração de resíduos, avaliando a capacidade de biodegradação dos resíduos através
da produção total de CH4. O volume de CH4 é obtido analisando o teor volumétrico desde
componente no biogás por meio de análise cromatográfica. Mais detalhes destes experimentos
podem ser obtidos em Alves (2008) e Firmo (2013).
314
Quadro 1 : Quantidades adotadas para a avaliação da produção de biogás utilizando o ensaio BMP
ENSAIO Volume Massa Úmida (g) Teor Umidade Massa Seca Total
BMP (%) (gS)
1 E- 90 mL E- 166,29 g E- 95% 16,56 gS
LAn- 10mL LAn- 27,5 g LAn- 70%
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta etapa são apresentadas as características dos efluentes e lodos aeróbios e anaeróbios
estudados. Os principais resultados obtidos da caracterização desses três materiais estão
apresentados no (Quadro 2).
Quadro 2 – Caracterização das coletas do efluente equalizado, lodo aeróbio e lodo anaeróbio.
O efluente analisado está na faixa ideal de pH para a produção de biogás, assim como os
efluentes contidos no lodo aeróbio e anaeróbio. Em relação à temperatura, os efluentes analisados
estão dentro do parâmetro ideal. A DBO, a DQO e a relação das demandas também são adequadas
para a produção de biogás em ambiente anaeróbio. A partir dos resultados satisfatórios dos
parâmetros observados, o experimento foi realizado (Quadro 3).
315
significativamente superior às amostras contendo misturas do lodo anaeróbio com
efluente e com lodo aeróbio.
Figura 2 :Volume acumulado de biogás, em NmL, referente aos cenários estudados, durante 60 dias.
Pode-se dizer que a produção de biogás do ensaio contendo apenas lodo anaeróbio tendo
como referência a média das três amostras, teve como valor acumulado de biogás 424,10 NmL,
durante 57 dias. Já a taxa de geração máxima foi de 37,53 NmL/dia no primeiro dia da análise.
Analisando o ensaio contendo lodo anaeróbio + efluente, tem-se que em relação ao valor
acumulado de biogás nos 57 dias foi de 133,09 NmL e taxa de geração máxima que ocorreu no
primeiro dia de análise foi de 21, 17 Nml/dia, valores pelos menos duas vezes menor do que o
que foi obtido no ensaio do lodo anaeróbio. Tratando do ensaio contendo o lodo anaeróbio +
aeróbio tem-se que em relação ao valor acumulado de biogás de 114,39 Nml/dia e a taxa de
geração máxima foi de 19,01 Nml/dia.
316
Há também a possibilidade de ter ocorrido uma inibição da degradação na desarmonia da
relação Carbono/Nitrogênio (C/N), pois o carbono e o nitrogênio são um dos subprodutos gerados
na indústria cervejeira, mas emitidos em baixa escala. Assim faz-se necessário que haja dosagem
desses nutrientes para que se possa obter uma relação de C/N adequada para que favoreça o
crescimento microbiano e o tratamento adequado do efluente. Nesta pesquisa não se analisou a
dosagem desses nutrientes, mesmo assim vale ressaltar que é muito importante que essa relação
(C/N) não esteja muito baixa e que a proporção de nitrogênio seja inferior a de carbono.
No processo em que o nitrogênio tem proporção maior do que a do carbono pode ocorrer
inibição das bactérias, diminuindo a produção de biogás pelo fato de ter liberação de amônia.
Causada pela liberação de amônia, causando deficiência de nitrogênio no processo. A proporção
ideal de carbono dependerá de cada tipo de substrato, bem como das condições do processo
(Manual Básico do Biogás, 2014). Segundo literaturas acerca do tema, interferências potenciais
podem ocorrer durante o ensaio BMP, exemplo disso é quando há altas concentrações de certos
compostos que estão presentes na amostra em teste. Isto pode estar ligado à inibição das bactérias
metanogênicas ou estimulação de outras vias de decomposição anaeróbia tais como redução de
sulfato ou nitrato do ensaio (HARRIES et al., 2001).
Conforme Hansen et al. (2004), o potencial bioquímico de metano pode ser definido como
o máximo de metano produzido até durante 57 dias de experimento, uma vez que o nível de
produção de metano pode declinar devido à inibição. No ensaio que trata o lodo anaeróbio +
efluente, obteve-se o maior potencial de geração de biogás desta pesquisa no valor de 8,03
NmL/gS. A preparação do ensaio teve: 90 mL de efluente equalizado + 10 mL de lodo anaeróbio.
Vê-se que a quantidade de lodo anaeróbio no ensaio foi pequena, mas que a interação com o
efluente equalizado foi benéfica e acabou por ocasionar o melhor potencial de biogás da pesquisa.
Já o ensaio que trata o lodo anaeróbio, o resultado do potencial de geração de biogás foi de
5,12NmL/gS. Vale ressaltar que este ensaio foi o que resultou a maior taxa de geração de biogás,
foi também o que teve maior volume acumulado de biogás, contudo não refletiu para que seu
potencial fosse o mais considerável. No geral, nos primeiros 3 dias de análise existiram as maiores
taxas diárias de geração de biogás. Pode-se dizer que o que motivou esse resultado foi a ter a
presença de matéria orgânica de fácil assimilação pelos microrganismos do sistema, fazendo com
que houvesse maior degradação da matéria orgânica, ou seja, a elevada taxa de conversão dessa
matéria orgânica em biogás. Até o 10º dia taxa de geração diária do biogás ainda apresentou
resultados mais significativos mostrando que ainda tinha material com capacidade de mais fácil
degradação no sistema. E após o 20º dia o sistema manteve-se praticamente estável, deixando
claro que mesmo que houvesse matéria que pudesse ser convertida em biogás nos sistemas, esta
seria de difícil biodegradação.
CONCLUSÕES
Quanto aos ensaios BMP realizados com lodo da ETE cervejaria conclui-se que: Diante
das análises realizadas, foi possível perceber que o ensaio de lodo anaeróbio+ efluente obteve o
maior potencial de geração de biogás, em relação as outras amostras apresentadas na pesquisa. O
lodo anaeróbio apresentou as maiores taxas diária de geração de biogás e o maior volume
acumulado, mas isso não fez com que o ensaio tivesse o maior potencial de geração de biogás que
deve ter alguma relação com algum fator de inibição como relação C/N, por exemplo que foi
apresentado nas discussões. O lodo anaeróbio + lodo aeróbio obteve o menor potencial de geração
de biogás, assim como apresentou também a menor taxa diária de produção de biogás e o menor
volume de produção de biogás, em que há a maior probabilidade de ter ocorrido competições
entre microrganismos ou até mesmo deficiência ou excesso de nutrientes.
REFERÊNCIAS
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Classificação. Rio de Janeiro: ABNT
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319
Capítulo 4. Resíduo de construção civil
320
4.1. RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL;
ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E
DESTINAÇÃO FINAL
FORTUNATO, CarlaFernanda
Grupo de Recursos Hídricos da Universidade Federal de Pernambuco (GRH/UFPE)
fortunatocarla@outlook.com
HOLANDA, RomildoMorant
CITAR/UFRPE
RESUMO
A indústria da construção civil destaca-se pelos benefícios gerados para a economia nacional,
entretanto, esse setor também é responsável pelo consumo de grande volume de matérias-
primas naturais e pela geração de significativa quantidade de resíduos sólidos. Os impactos
ambientais são produzidos ao longo de toda cadeia produtiva, seja pela ocupação de terras,
extração de matérias-primas, produção e transporte de materiais, construção de edifícios e
como produto a geração e disposição de resíduos. Assim, diante desse contexto, esse trabalho
busca por elevar a sustentabilidade dentro do ramo da construção civil, objetivando elucidar
as legislações vigentes acerca da temática, referente às legislações da esfera municipal,
estadual e federal.
321
INTRODUÇÃO
Nos municípios brasileiros as principais origens dos Resíduos de Construção Civil são de
reformas, ampliações e demolições, estima-se que no Brasil a geração desses resíduos represente
em média de 300 a 500 kg hab.-1 ano -1. Na Região Metropolitana do Recife (RMR), esses
números correspondem de 3.000 a 4.000 ton. dia-1, mas apenas 3% são depositados em locais
licenciados pelos órgãos ambientais (GUSMÃO, 2008). A sustentabilidade na construção civil
hoje é um tema de extrema importância, já que essa indústria causa um grande impacto ambiental
ao longo de toda a sua cadeia produtiva. Esta inclui ocupação de terras, extração de matérias-
primas, produção e transporte de materiais, construção de edifícios e geração e disposição de
resíduos sólidos. Além disto, do setor ser grande contribuinte do desenvolvimento
socioeconômico (BAPTISTA JÚNIOR; ROMANEL, 2013).
Scremin et al. (2014), ressaltam que a geração de resíduos de construção e demolição tem
apresentado um aumento considerável de volume, estimam ainda que têm superado a geração dos
resíduos sólidos urbanos no país, considerando que a coleta desses resíduos não é de
responsabilidade da administração pública, sendo realizada em sua maioria por empresas privadas
e, descartada de forma inadequada pelos geradores. Segundo Dos Santos et al. (2015), os resíduos
oriundos da construção civil são responsáveis por grande parte do impacto associado a esta
atividade, principalmente pela negligência no acondicionamento e deposição final. Além do fator
econômico, haja vista a perda de material que poderia vir a ser reciclado. No Brasil a reciclagem
dos RCC ainda é pouco praticada, sendo em sua maioria aproveitados em outras áreas da
construção como nivelamento de terrenos e aterros, eventualmente retornam ao mercado como
agregados para aplicações mais nobres como concreto e argamassa (ÂNGULO et al., 2013). Silva
et al. (2017), aponta a viabilidade da utilização de técnicas para que estes resíduos sejam
beneficiados através de processos de reciclagem e se tornem novamente elementos voltados para
construção civil. É nesse contexto que o presente trabalho se insere com o objetivo de fazer um
estudo dos resíduos sólidos de construção civil pesquisando seu gerenciamento, quantificação e
caracterização, bem como, a legislação municipal, estadual e nacional vigente acerca do tema.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Panorama Nacional
322
O ramo de atividade da construção civil é bastante característico quando a economia está
aquecida. Visto que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2016,
ano marcado pela crise político-econômica do país, houve uma queda de 5,1 % na indústria da
construção civil (IBGE, 2017).
Com base no Art. 3º dessa mesma resolução, os RCC podem ser classificados em quatro
classes sendo: Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados (construção,
demolição, componentes cerâmicos, argamassa, concreto, etc.) Classe B - resíduos recicláveis
para outras destinações (plásticos, metais, vidros e outros; Classe C – são aqueles para os quais
não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis para sua
reciclagem/recuperação (produtos oriundos do gesso); e Classe D – são resíduos perigosos
oriundos de construções, demolições reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações
industriais e outros (tintas, solventes, óleos, etc.) (CONAMA, 2002).
323
Cabe aos Municípios e ao Distrito Federal a elaboração do Plano Integrado de
Gerenciamento dos RCC, o qual deverá incorporar: “I - Programa Municipal de Gerenciamento
de Resíduos da Construção Civil; e II - Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil.” (Art. 5º, CONAMA, 2002). É função do município ainda, a disponibilização de áreas
adequadas para destinação dos RCC, além da implementação de ações de fiscalização quanto à
deposição inadequada destes resíduos. Apesar da destinação adequada dos RCC ser atribuição dos
geradores, seja ele público ou privado, os pequenos geradores não respeitam essa determinação,
causando situações de deposição desses resíduos em diversos locais, seja nas vias públicas,
terrenos baldios ou a margem de córregos (PASCHOALIN FILHO; GRAUDENZ, 2014).
Fundamento na legislação federal que as diretrizes para as leis orgânicas municipais são
criadas. A partir do levantamento das normas que regulamentam os resíduos na cidade do Recife,
foi possível identificar as leis municipais que regem o assunto, sendo elas: o Plano Metropolitano
de Resíduos Sólidos (PMRS) publicado em 2011, Lei nº 17.072/2005 que “estabelece as diretrizes
e critérios para o programa de gerenciamento de resíduos da construção civil” (PERNAMBUCO,
2013). O estado de Pernambuco, através da Lei nº 14. 236 de 2010, dispõe a Política Estadual de
Resíduos Sólidos (PERS), que estabelece as diretrizes gerais aplicáveis aos resíduos sólidos de
Pernambuco, assim como os seus princípios, objetivos, instrumentos, gestão e gerenciamento,
responsabilidades e instrumentos econômicos (PERNAMBUCO, 2010).
Quanto à legislação federal, tem-se o Decreto nº 7.404/2002 tem como finalidade apoiar
a estruturação e implementação da PNRS e cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de
Resíduos Sólidos (CI); e a resolução CONAMA n.º 307/2002 que estabelece diretrizes, critérios
e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil; e a Resolução Conama n.º
348/2004 que altera a n. 307/2002 e adiciona o amianto na classe de resíduos perigosos
(CONAMA, 2010; CONAMA, 2004).
15.113 Fixa requisitos para projeto, implantação e operação de aterros de RCC e inertes,
visando à possível utilização futura desses materiais, bem como à
proteção das coleções hídricas, condições de trabalho e qualidade de vida das
populações de vizinhas
15.114 Fixa requisitos para projeto, implantação e operação de áreas de reciclagem de RCC –
Classe A, que se aplicam a materiais já triados para produção de agregados para obras
de infraestrutura e edificações de forma segura.
15.115 Estabelece critérios de execução das camadas de reforço do subleito, sub-base e base de
pavimentos e revestimento primário em obras de pavimentação.
324
METODOLOGIA
Este estudo foi desenvolvido com caráter exploratório, envolvendo revisão da literatura,
através de informações da legislação vigente pertinente à geração dos resíduos de construção civil.
Para realização da pesquisa bibliográfica, o trabalho se concentrou nas legislações municipais,
cidade de Recife, e nacionais para gerenciamento dos resíduos sólidos, bem como as normas
técnicas da ABNT. No intuito de estudar uma alternativa sustentável para estes resíduos já posta
em prática, foi realizada uma pesquisa de campo a uma empresa atuante no ramo de RCC no
município de Camaragibe, Região Metropolitana do Recife, Pernambuco.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Revisão Bibliográfica
Em 2010 foi sancionada a lei que cria a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº
12.305) e estão definidos no Art. 13 da PNRS como sendo os gerados nas construções, reformas,
reparos e demolições de obras da construção civil, incluídos os resultantes da preparação e
escavação de terrenos para obras civis (PNRS, 2010). A Resolução Conama n.º 307/02,
determinou que o gerador deve ser o responsável pelo gerenciamento desses resíduos. Nesta
Resolução estão definidas as características dos principais elementos que compõe o processo
produtivo (geradores, transportadores, áreas de destinação de resíduos, aterro de RCC, agregado
reciclado, reutilização, reciclagem e beneficiamento) e como os resíduos são classificados
(CONAMA, 2002).
Ainda segundo a referida resolução, a destinação dos RCC é prevista de acordo com cada
classe e deverão ser destinados das seguintes formas:
A visita foi acompanhada pelos gestores da unidade que nos informou alguns dados para
contribuir com este estudo. Foi relatado pelos gestores que, o que é recebido na empresa são
resíduos de classe A (são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados) e classe C (são
os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente
viáveis que permitam a sua reciclagem / recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso),
caso outro tipo de resíduo seja recebido o material é devolvido. A capacidade da reciclagem é de
50 m3/h e eles recebem em torno de 7 mil toneladas por mês de RCC. Na empresa visitada, o
processo de tratamento dos RCC segue as etapas descritas a seguir e posteriormente ilustradas
(Figura 1).
Recepção e Pesagem: Os veículos transportadores são inspecionados, classificados pelos resíduos
transportados e pesados. Para pesagem é utilizada uma balança rodoviária com capacidade para
60 toneladas, que é calibrada a cada 6 meses. Após o descarrego do material o veículo volta a
balança e novamente é pesado, assim obtém o peso líquido que é o peso do material.
326
Pátio de estocagem e triagem: os resíduos são descarregados no pátio de estocagem e triagem
onde funcionários retiram manualmente resíduos estranhos ao processo. Estes resíduos
considerados rejeitados serão encaminhados a aterros classe 1 ou 2 conforme classificação.
Preparação dos resíduos a serem tratados: ainda no pátio os RCC são agrupados a fim de obter-se
um agregado reciclado de qualidade definida. As dimensões dos blocos de concreto são reduzidas
para adequação a boca do triturador.
Britagem: Os RCC são britados, tendo seus componentes desagregados e suas partículas
diminuídas.
Estocagem dos agregados: pátio onde são estocados os agregados provenientes do processo de
reciclagem ficando à disposição do mercado.
Todo material vendido após este processo tem um valor menor em torno de 30% a 40%
que o mercado. O valor que é cobrado pela tonelada varia de acordo com o material, sendo de R$
22,00 à R$ 38,00, para o gesso, por exemplo.
CONCLUSÕES
Do ponto de vista social, a tecnologia de reciclagem é apontada como uma das alternativas
para a geração de emprego e renda. O resultado é que além da economia de matéria-prima e
energia na produção de novos agregados, o uso e a reciclagem de resíduos da construção e
327
demolição proporcionam novas oportunidades de emprego para uma parcela da população que
frequentemente é excluída.
REFERÊNCIAS
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330
4.2. IMPACTOS OCASIONADOS PELA DEPOSIÇÃO
IRREGULAR DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E
DEMOLIÇÃO NO MUNICÍPIO DE PAULISTA – PE
RESUMO
Os Resíduos de Construção e Demolição (RCD) tem sido um problema nas cidades brasileiras,
devido a forma irregular que são comumente depositados nas vias públicas, podendo assim
ocasionar impactos ambientais e sociais. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo identificar
os impactos decorrentes da deposição irregular desses resíduos no município de Paulista/ PE,
através de mapeamentos das ruas e localização dos pontos de deposição irregular registrados
através de GPS, posteriormente foi realizada a classificação por análise visual, desses resíduos de
acordo com a resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) n° 307/2002.
Através do mapeamento foram encontrados 148 pontos de deposição irregular, onde a maior parte
deles estavam próximos ou em locais com constante movimento de pedestres e automóveis. Não
foi visualizado nenhum ponto de coleta para este tipo específico de resíduo, não oferecendo
opções de descarte adequado a população. A maioria dos pontos eram compostas de materiais
cerâmicos, servindo como obstáculo para os transeuntes e podendo propiciar a proliferação de
vetores. A quantidade e as áreas de concentração dos principais depósitos de RCD trazem para o
poder público informações básicas que podem servir de orientação quanto à gestão desses
resíduos, promovendo ganhos financeiros e ambientais para toda a sociedade.
331
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, com o crescimento urbano e consequentemente maior demanda por
moradias, cresceu também a quantidade de resíduos advindos de construções nas cidades
brasileiras. Essas construções quando feitas de forma desordenada, apresentam-se como uma
grande problemática nos centros urbanos, tanto pela forma irregular em que se apresentam, muitas
vezes em locais inapropriados, como também da forma em que se encerram não dando uma
destinação adequada aos resíduos advindos de sua obra.
A maior parte das construções conduzidas no Brasil pode ser considerada como
executadas de forma manual, em que há uma grande quantidade de perdas e geração de resíduos,
constituindo-se em um poderoso degradador ambiental (NAGALLI, 2014). Os resíduos advindos
das atividades de construção e demolição de obras, os RCD, tem sido um problema nas cidades
brasileiras, tendo em vista que os mesmos são dispostos em grandes quantidades e podem trazer
inúmeros transtornos nas vias públicas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A construção civil nos últimos anos tem contribuído significativamente para o aumento
dos RCD em áreas considerados inadequadas, principalmente em países em desenvolvimento
(CHANAKYA et al., 2017), preferindo reduzir os custos com a gestão de resíduos, dispondo-os
em áreas ilegais ao invés de considerar medidas legais (ZAINUN; OTHMAN, 2015).
Atualmente o descarte inadequado dos RCD tem sido agravado pela população, que
dispõe desses resíduos em vias públicas (CALVO; VARELA-CANDAMIO; NOVO-
CORTI, 2014), descarte este que atinge áreas de todos os níveis econômicos, ocasionando
diversos problemas sociais (PIMENTEL; RIBEIRO; ARAÚJO, 2016).
Definição de RCD
Os RCD que também são comumente designados como resíduos de construção civil
(RCC) e popularmente chamados de entulhos podem ser definidos como material pouco poluente
e perigoso, que tem sua origem atrelada às demolições de edifícios, na construção de estradas e
na construção ou remodelação de edifícios, podendo também conter solo e terra do local de
escavação e preparação da obra (SANTOS, 2015). A lei federal nº 12.305/2010, que institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, (BRASIL, 2010) em seu art. 13, inciso I, alínea h,
define:
Embora existam várias definições para os RCD, há um ponto comum entre elas, nos quais
esses resíduos são advindos de ações relacionadas a alguma atividade construtiva ou demolições
de edificações de carácter público ou privado (XIMENES, 2018).
Antes da criação de uma norma específica os RCD, faziam parte da NBR 10004/2004 –
Resíduos Sólidos – Classificação. O que contribui para que não fossem classificados de acordo
com suas características específicas (SANTOS, 2015). Porém, a partir da resolução 307/2002 do
CONAMA que pode ser considerada um marco na história dos RCD, é que foi dado mais atenção
para esses resíduos. Nesta resolução foi feita uma classificação mais completa desses resíduos de
acordo com suas características. Os RCD foram divididos em quatro classes:
Os RCD representam a maior parte dos resíduos gerados nas áreas urbanas (WANG et
al.,), corroborando com essa afirmação Klein (2017), afirma que os RCD representam
predominantemente a massa dos resíduos gerados nas áreas urbanas do Brasil, surgindo a partir
daí a necessidade latente de que seja dada uma maior atenção para esses resíduos.
De acordo com Sheid (2016), a baixa qualidade na gestão e fiscalização de RCD são o
que ocasionam grandes custos a administração pública devido à necessidade da remoção posterior
desses resíduos através de uma “gestão corretiva” que gera gastos maiores aos municípios e
consequentemente maiores danos ao meio ambiente. Minimizar os impactos pressupõe
conhecimento de suas causas através de estudos de indicadores sobre a quantidade, composição e
334
os resíduos gerados numa área geográfica (WU et al., 2016; GALLARDO et al., 2015), que
fornecem informações para a tomada de decisões, podendo definir tecnologias e ações de natureza
gerencial e estabelecer os recursos que precisam ser usados para essa finalidade.
Distante de Recife 17 Km, o município encontra-se a uma latitude 07° 56’ 24’’ Sul;
longitude: 34° 52’ 20’’ Oeste, situado a 16 metros de altitude (Figura 1). Ocupa uma área de 97,
312 km² e tem uma população estimada em 328.353 habitantes, representando 3,2% da população
do estado de Pernambuco (IBGE, 2017). A Cidade de Paulista vem apresentando uma enorme
perspectiva de crescimento com a instalação de novas indústrias, Shopping Center, faculdades e
um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFPE (SANTOS, 2015b). Tem sido
notável o aumento da preocupação da preservação ambiental no município, sendo ele composto
também por três matas: Janga, Jaguarana e Caetés, que ficam próximas à área urbana e que
viraram reservas ecológicas a partir de janeiro de 1987, após a Lei n° 9.989.
Pernambuco
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao todo foram encontrados 148 pontos de deposição irregular, em que foi possível
constatar que a maior parte deles se encontrava próximos ou em locais com constante movimento
de pedestres e automóveis. Em alguns pontos foram encontrados RCD misturados a resíduos
orgânicos (Figura 2), dificultando uma futura reciclagem dos mesmos e atraindo vetores
causadores de doenças, constituindo-se em um malefício não só ao meio ambiente, como também
à saúde e bem-estar social.
335
Figura 2. Resíduos de Construção e Demolição misturados a outros resíduos na Rua
Unnamed Road - Arthur Lundgren II.
336
A partir do cadastramento dos pontos, realizou-se uma análise dos tipos e classes de
resíduos de acordo com a resolução do Conama 307/2002 (Figura 4):
100
Quantidade de pontos
80
60
40
20
0
Classe A Classe B Classe C Classe D
A maior parte dos pontos continha predominantemente resíduos Classe A (82 pontos),
que inclui concreto, argamassa, tijolos e material cerâmico, que podem ser reciclados ou
reutilizados nas obras como agregados reciclados. Alguns resíduos Classe A estavam
contaminados, impossibilitando a reciclagem dos mesmos.
Os resíduos Classe B (31 pontos), como madeira, metal, papel, plástico ou sacos de
cimento que são recicláveis para outra destinação, foram o segundo tipo de resíduo predominante.
Foram encontrados resíduos Classe C (18 pontos), como isopor, sacarias e poda, porém estavam
contaminados com outros tipos de resíduos, inclusive misturados com resíduos Classe A. Em
relação aos resíduos classe D (7 pontos), como tintas e solventes, foram encontrados em poucos
pontos, o que mostra que a maior parte dos resíduos pode ser agregado valor econômico, através
da reciclagem.
Foi observado que a maioria dos materiais encontrados nas ruas do município eram
composta de materiais cerâmicos, como telhas e tijolos, podendo-se constatar ser resíduos
provenientes de reformas residenciais, ou seja, de pequenos geradores. Boa parte deles foi
encontrada disposta em área de passeio público, servido como obstáculo para os transeuntes e
podendo propiciar a proliferação de vetores.
CONCLUSÕES
Embora os RCD não apresentem por si só um risco direto a sociedade, por serem resíduos
inertes, as enormes quantidades que se acumulam em pouco espaço de tempo passam a ser abrigo
de insetos e vetores transmissores de doenças, colocando em risco a saúde população da região,
onde ele está; além disso, trazem problemas a mobilidade urbana (quando depostos sobre
passeios), a drenagem urbana e poluição atmosférica.
Os resultados obtidos a partir deste trabalho serão expandidos e levados para a gestão do
município, dessa forma contribuindo para que o mesmo tenha uma maior adequação as
legislações, e auxiliando na criação de propostas que integrem a população no ciclo de vida dos
337
resíduos de modo que possam assim, reduzir os custos municipais com a coleta dos RCD; além
da promoção de campanhas de conscientização da população (maior foco ao pequeno e médio
gerador), para que esses possam contribuir, também, com o reuso, reciclagem e segregação.
REFERÊNCIAS
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Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2016. Abrelpe, 2017. Disponível
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construção civil: um estudo em belo horizonte e região metropolitana.REEC – Revista Eletrônica de
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CALVO, N.; VARELA-CANDAMIO, L.; NOVO-CORTI, I. A Dynamic Model for Construction and
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GULARTE, L. C. P.; LIMA, J. D.; OLIVEIRA, G. A. TRETIN, M. G.; SETTI, D. Estudo de viabilidade
econômica da implantação de uma usina de reciclagem de resíduos da construção civil no município de
Pato Branco (PR), utilizando a metodologia multi-índice ampliada. Eng Sanit Ambient, v. 22, n. 5, p. 985-
992, 2017.
338
HOLANDA, M. J. O. Desenvolvimento de Ferramenta de Apoio à Gestão Municipal de Resíduos de
Construção e Demolição na Região Metropolitana de Recife. 2018. 163p. Dissertação (Mestrado) –
escola Politécnica, Universidade Estadual de Pernambuco, Recife, 2018.
KLEIN, F. B.; DIAS, S. L. F. Os resíduos da construção civil e os limites das políticas públicas de
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empresarial e meio ambiente, São Paulo. Anais eletrônicos... São Paulo: Engema, 2016.
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Impactos Ambientais no Município de Paulista/PE. 2018. 128f. Dissertação (Mestrado) Escola
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ZAINUN, N. Y.; OTHMAN, W. Quantification and mapping of construction waste generation in Parit
Raja. Appl. Mech. and Mat. p. 1032-1036, 2015.
339
4.3. PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL: PROPOSTA METODOLÓGICA
DE OBRA DE MÉDIO PORTE EM SÃO LUÍS – MA
RESUMO
A indústria da construção civil lida diariamente com os resíduos gerados a partir da execução de
seus serviços sejam de reforma, construção ou ampliação. Com uma crescente preocupação com
o meio ambiente, considerando também questões econômicas, muitas organizações desenvolvem
leis, normas e diretrizes que atribuem responsabilidades aos geradores de resíduos. Uma dessas
responsabilidades, para as empresas construtoras, é a de elaborar um Plano de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil (PGRCC) para qualquer serviço de engenharia prestado. Por essa
razão, essa pesquisa tem por objetivo elaborar uma proposta de PGRCC para uma obra na cidade
de São Luís, Maranhão, que consiste em um prognóstico, que identifica, estima um quantitativo
e classifica os resíduos provenientes da obra em questão; e as proposições, que sugerem ações
ambientalmente corretas para o manuseio dos resíduos, ao passo e que se faz a orientação dos
envolvidos na obra sobre o correto gerenciamento dos mesmos. Com um bom gerenciamento, foi
possível prever a quantidade de resíduos gerados na obra e, dessa forma, facilitar a gestão deles,
além de garantir que terão uma destinação final ambientalmente adequada.
Portando, a presente pesquisa tem por objetivo elaborar uma proposta de Plano de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) de uma obra no bairro Alemanha da
cidade de São Luís – MA, relacionando, identificando e classificando quantitativa e
qualitativamente os diferentes tipos de resíduos provenientes da obra em questão, que
compreende, predominantemente, as etapas de reforma e ampliação, propondo ações
ambientalmente corretas para o gerenciamento dos resíduos gerados.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
342
É importante destacar que é a partir do entendimento dos princípios estabelecidos na
Política Nacional de Resíduos Sólidos e na Resolução do Conama nº 307/02 e posteriores
alterações que cada empresa se adequa a essas abordagens, conforme são suas realidades e
perspectivas específicas (CONAMA, 2002).
Em 2015, foi elaborada uma proposta de Plano Municipal de Gestão Integrada dos
Resíduos Sólidos para São Luís. Entre muitas questões levantadas, destaca-se, principalmente, a
questão da utilização do Aterro da Ribeira, um antigo aterro municipal localizado na parte sudeste
da Ilha de São Luís. Apesar de o aterro operar com controle de entrada e saída, o plano previa o
encerramento deste aterro com data máxima para novembro de 2014, uma vez que no mesmo não
havia sistemas de controle para os gases gerados, apresentava drenagens de biogás insuficientes,
o sistema pluvial era precário e misto ao de drenagem de chorume. Além de sua capacidade
praticamente exaurida, também era inadequada sua proximidade com aeroporto (MACEDO,
2015).
Quanto aos impactos decorrentes das atividades do setor, outro ponto relevante consiste
na implantação de sistemas de gestão de Resíduos da Construção Civil (RCCs) eficientes,
procurando evitar os custos de retrabalho e redução de dificuldades relativos a descarte em locais
inadequados (LEITE et al., 2018). Como um dos métodos de controle de resíduos e de garantia
que os mesmos terão destinação final ambientalmente correta, seguindo as diretrizes e normas
estabelecidas, tem-se o PGRSCC - Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil um
documento técnico de extrema importância para as empresas construtoras, as grandes geradoras
de resíduos provenientes da construção civil. Identificando, quantificando e classificando os tipos
de resíduos gerados a partir de construções, reformas, demolições e outros serviços de engenharia
é possível controlar os gastos que as empresas terão com esses resíduos, além de garantir que
todas as leis e normas das políticas ambientais sejam respeitadas. É de extrema importância a
elaboração do PGRSCC para cada obra ou serviço de engenharia a ser desenvolvido (ROS;
MAZONI, 2006).
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo Moraes (2017), com dados fornecidos pela Central de Gerenciamento Ambiental
TITARA, foi estimado que São Luís produz diariamente cerca de 900 toneladas de entulhos e,
considerando que a população é de 1,091,868 habitantes (IBGE, 2017), a geração de resíduos
sólidos é aproximadamente 0,83 kg/dia/hab.
344
Considerando a jornada de trabalho de 8 horas por dia, tem-se um valor aproximado de
0,415 kg/dia/hab atuantes na obra. O número de trabalhadores pode variar de 10 a 30, logo, a
variação de produção de resíduo gerado por dia na obra no setor da administração pode variar
entre 4,15 e 12,45 kg/dia.
Como pode ser observado abaixo (Figura 1), na administração e almoxarife, há algumas
lixeiras e nelas é feito o armazenamento temporário dos resíduos que são gerados. A partir desse
ponto, as sacolas são transferidas para a lixeira da escola, um depósito em alvenaria de tijolo
cerâmico 3x1m localizado próximo ao estacionamento da escola.
Fonte: O autor
A caracterização dos resíduos se deu através da percepção dos serviços que estão sendo
executados. Por exemplo, na frente de trabalho que consistia na reforma do auditório, houve troca
de telhas fibrocimento, troca de terças de madeira da cobertura, retirada de forro de isopor, troca
do carpete do piso, troca dos condutores da instalação elétrica e cortes na alvenaria para adição
de pontos de tomadas e lógica. A estimativa de resíduos considerou os desperdícios de materiais,
dessa forma, alguns serviços não foram apresentados em quadro, já que eles não geram resíduos
sólidos diretamente em sua execução, como raspagem da pintura da alvenaria, aplicação de massa
acrílica, lixamento e execução de pintura das áreas reformadas. A estimativa de geração de
resíduos de acordo com as frentes de trabalho.
Estimativa
de
Frentes de Trabalho Descrição dos Serviços Geração Unidade Observações
de
Resíduos
Reforma na Demolição de alvenaria em
0,41 m³
recepção, secretaria, gesso
sala de RH, sala de
arquivos, sala de Demolição de piso cerâmico 20,57 m²
345
EAD e sala de
Orientação Corte na alvenaria para
0,021 m³
Educacional tubulação de ar condicionados.
Terças com
Troca de peças de madeira da pelo menos
8 unid
cobertura 4,1 m de
comprimento
Cálculo para
adição de 12
Corte na alvenaria para adição
0,179 m³ tomadas e 5
de pontos de tomada e lógica
pontos de
lógica
Terças com
Troca de peças de madeira da pelo menos 4
20 unid
cobertura m de
comprimento
Cálculo para
adição de 17
Corte na alvenaria para adição
0,252 m³ tomadas e 7
de pontos de tomada e lógica
pontos de
lógica
346
Retirada de carpete 126,67 m²
Demolição de piso em
1,8 m³
Reforma da área do concreto
playground Troca de grelhas do Peças com
sistema de escoamento 6 unid seção 70 x 70
de água cm
Retirada de forro PVC,
incluindo armação de 84,41 m²
ferro
Demolição de
145,29 m²
revestimento cerâmico
Demolição de alvenaria
6,89 m³
em tijolo cerâmico
Demolição de piso
Demolição de banheiros de 86,66 m²
cerâmico
funcionários e de alunos
para construção de sala Retirada de condutores Cálculo para
Gameduca 1 e relocação dos e eletrodutos da antiga 428,2 m 8 tomadas e
banheiros instalação elétrica 12 luminárias.
Cálculo para
adição de 12
Corte na alvenaria para
tomadas, 2
adição de pontos de 0,158 m³
pontos de
tomada e lógica
lógica e 1 ar
condicionado
Corte na alvenaria para
2,68 m³
abertura de esquadrias
Demolição de calçada 6,57 m³
Troca de telhas
137,77 m²
Reforma do hall de entrada e fibrocimento
fachada da escola Demolição da calçada
do corredor de acesso a 3,69 m³
quadra poliesportiva
Retirada de forro PVC,
incluindo armação de 336,19 m²
ferro
Terças com
Troca de peças de pelo menos 4
18 unid
madeira da cobertura m de
Reforma das salas 3 A/C, 3 comprimento
B/D, 9 C/F, 9 A/D,
almoxarife da escola e Troca de telhas
339,89 m²
corredor 2. fibrocimento
Cálculo para
Retirada de condutores 19 tomadas,
e eletrodutos da antiga 2348,84 m 28 luminárias
instalação elétrica e 2 ar
condicionados
347
Cálculo para
Corte na alvenaria para adição de 20
adição de pontos de 0,294 m³ tomadas e 8
tomada e lógica pontos de
lógica
Demolição de alvenaria
0,67 m³
em tijolo cerâmico
Retirada de forro PVC,
incluindo armação de 12,24 m²
ferro
Terças com
Demolição de depósito e Troca de peças de pelo menos 3
5 unid
ambulatório para construção madeira da cobertura m de
de sala de orientação comprimento
esportiva Troca de telhas
12,38 m²
fibrocimento
Cálculo para
Corte na alvenaria para adição de 4
adição de pontos de 0,074 m³ tomadas e 3
tomada e lógica pontos de
lógica.
Cálculo
considerando
Baldes em ferro de tinta
20 unid 2 demãos de
para alvenaria
tinta, 150 m²
cada balde
Cálculo
considerando
Baldes em ferro de tinta 2 demãos de
1 unid
para calçada tinta, 150 m²
para um
balde
Cálculo
Baldes plásticos de considerando
2
primer (breu) 300 m² para
Itens diversos um balde
Cálculo
considerando
aplicação em
Baldes em ferro de
22 alvenaria e
selador
piso, 500 m²
para cada
balde
Cálculo
considerando
Baldes plásticos de 1 demão de
10 unid
massa acrílica massa, 300
m² cada
balde
Fonte: Os autores
348
Esses resíduos foram divididos em quatro classificações de acordo com suas propriedades
e graus de reciclagem e reutilização. Na classificação A, tem-se resíduos reutilizáveis ou
recicláveis como agregados, como cimentos, tijolos cerâmicos, argamassas, cerâmicas para
revestimento, concreto e solos. Na classe B, tem-se resíduos recicláveis, porém com outras
destinações, como plásticos, papel, metais, vidros, madeiras, gesso e etc. (Redação dada pela
Resolução n° 469 (CONAMA, 2015). A Redação dada pela Resolução n° 431/2011 atribui
classificações para as classes C e D (CONAMA, 2011). Primeiramente, classificou-se como
resíduos em que ainda não há tecnologias suficientes para sua reciclagem, recuperação ou
aplicações economicamente viáveis. Para a segunda, tem-se resíduos perigosos, provenientes do
processo de construção, como tintas, solventes, óleos, instalações industriais entre outros
(CONAMA, 2002), conforme observado a seguir (Quadro 2).
Classe Materiais
Telha fibrocimento
Tijolo cerâmico e argamassa
Classe A Cerâmicas
Concreto
Solo
Ferro
Alumínio
Madeira
Material sintético
Classe B Condutores (cobre)
Policloreto de vinila (PVC)
Gesso
Borracha
Eletroduto
Classe C Isopor
Classe D Tintas
Fonte: Adaptado de CONAMA (2002)
349
Fonte: Os autores.
Fonte: Os autores
350
Fonte: Os autores
Os resíduos gerados no setor da administração são coletados pela Prefeitura de São Luís
e encaminhados para a Central de Gerenciamento Ambiental TITARA, localizada no município
de Rosário, localizado a certa de 60 km da capital maranhense. A central atua com ações
ambientalmente corretas, sempre atendendo a alta demanda gerada pelo crescimento do setor
logístico e industrial da região. Para os resíduos gerados no setor da administração, o
acondicionamento inicial deve ser feito em recipientes que sejam identificados e segregados,
conforme a Resolução do Conama nº275 de 2001, que estabelece um código de cores para os
variados tipos de resíduos (CONAMA, 2001).
Como o resíduo de tinta foi o único exemplo de resíduo Classe D encontrado na obra, foi
sugerido as regulamentações propostas pela ABRAFATI (Associação Brasileira dos Fabricantes
de Tintas). As orientações são de armazenar corretamente a tinta e os instrumentos de pintura
durante a execução de serviços; não guardar sobras de tintas; limpar os instrumentos de pintura
apenas no final do trabalho; não lavar as latas para não gerar efluentes poluidores; inutilizar as
embalagens no momento dos descartes; encaminhar as latas para áreas de reciclagem e guardar
351
sobras de solventes em recipientes fechados para utilização futura. Na etapa de transporte, o
veículo não apresentou proteção às intempéries, para que pudesse ser garantida a qualidade do
material a fim de que fosse devidamente reciclado e ainda evitar o vazamento ou derramamento
de resíduos nas vias. A utilização de uma lona que cobrisse a superfície exposta da caçamba
poderia atender bem as exigências contempladas na ABNT NBR 13221/03 (Transporte Terrestre
de Resíduos), que especifica os requisitos para o transporte terrestre de resíduos, para que se evite
danos ao meio ambiente e ainda proteja a saúde pública (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2003).
CONCLUSÕES
Com o decorrer dessa pesquisa, foi observado que com a elaboração de um Plano de
Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil é possível não somente prever a quantidade de
resíduos que serão gerados, mas também que um correto gerenciamento garante que os resíduos
terão destinação final ambientalmente correta. Pode-se observar, também, que com a utilização
de metodologias para acondicionar corretamente os resíduos, houve uma melhora significativa no
canteiro de obras com relação a organização do mesmo.
Portanto, para que se mantenha os bons efeitos do correto gerenciamento dos resíduos da
construção civil, se faz necessário uma instrução aos profissionais envolvidos na obra. É
interessante criar uma consciência ecológica nos trabalhadores e gestores com palestras, ou
capacitações, em que sejam abordadas as políticas ambientais vigentes no Brasil e que se faça
claro que todas as medidas tomadas são provenientes de leis, normas e diretrizes que devem ser
respeitadas.
Com a contribuição das prefeituras para continuar a oferecer alternativas para a destinação
final dos resíduos, uma boa consciência dos gestores de obras, dos trabalhadores, da sociedade e,
principalmente, os ensinamentos a respeito do desenvolvimento sustentável nos ambientes
escolares, pode-se garantir a sustentabilidade dos recursos, de forma que a nossa e as próximas
gerações possam ter uma melhor qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS –
ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. 2016.
352
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 13221: Transporte terrestre de
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354
4.4. RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: ANÁLISE DOS
IMPACTOS PROVENIENTES DO REGIME DE
EXECUÇÃO DO PROJETO
SILVA, Daniel Bruno Pinto da
Universidade de Pernambuco
danielbruno.silva@hotmail.com
RESUMO
355
INTRODUÇÃO
A problemática causada pela geração de resíduos da construção civil leva a uma série de
perturbações para a saúde humana e para o meio ambiente, das quais se pode citar o elevado
desperdício de materiais no canteiro de obras que não são descartados em ambientes legalmente
adequados bem como a ausência de práticas de reutilização e reciclagem pela administração
pública, contribuindo com a proliferação de vetores de doenças e poluições ambientais e estéticas
(SOUZA; SILVA, 2016).
Para Torres (2017), as empresas privadas brasileiras vêm apresentando avanços quanto
aos conceitos de recepção, triagem e britagem, devido a investimentos que estão sendo realizados.
A reciclagem de RCC tem recebido o auxílio de oficinais e serralherias que proveem
equipamentos tanto para utilização no Brasil como em diversos países da América do Sul. Devido
à eficiência das máquinas e valorização do produto se comparada aos equipamentos importados,
a tecnologia para tratamento dos resíduos da construção civil já é exportada.
Obter soluções que diminuam os impactos ambientais das atividades relacionadas ao setor
da construção civil apresenta-se, dessa forma, como de grande importância para o progresso de
um desenvolvimento sustentável mais abrangente, principalmente, quando se relaciona os
aspectos ambientais com a utilização racional de recursos, e com o descarte de resíduos. Porém,
a disposição final desses resíduos acaba encontrando alguns empecilhos, devido aos custos com
transporte e à dificuldade em encontrar locais que estejam de acordo com as exigências ambientais
(GONÇALVES, 2016). A Resolução do Conama º 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) definem as responsabilidades
compartilhadas aos geradores, transportadores e gestores municipais quanto ao gerenciamento dos
resíduos da construção civil (SINDUSCON/CE, 2011).
356
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Todo produto, de alguma forma, causa no ecossistema um impacto que pode ocorrer tanto
durante a extração das matérias-primas, quanto no processo de fabricação, na distribuição, no seu
uso; ou, também, na sua disposição final (CAMPOS, 2012). O setor da construção civil é
reconhecido como um setor fundamental da sociedade, responsável por geração de empregos e
desenvolvimento econômico do país, por outro lado, é o setor responsável por colaborar
negativamente na intensa utilização de recursos naturais e também na geração de resíduos sólidos
(KERN, 2015).
Os impactos gerados pela geração de RCC não se limita apenas aos aspectos de limitações
de áreas para disposição final ou reciclagem, a produção exagerada desses resíduos reflete
também na exploração desnecessária dos recursos naturais para produzir determinados insumos.
Segundo dados de Silva, Santos e Araújo (2017), o resíduo que representa a maior parcela de RCC
é o resíduo de argamassa e o principal componente da argamassa, o cimento, é responsável pela
emissão de 600 gramas de Dióxido de Carbono (CO2) para cada quilograma fabricado, segundo
valores do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC, 2013). Ainda de acordo com dados
do SNIC (2013), a indústria do cimento é responsável por 5% das emissões de CO 2 na atmosfera.
Outros materiais que também são gerados em fase de construção e demolição de uma obra, são:
concreto, tijolos, madeira, vidro, plástico e outros (GAYARRE et al., 2014; PEPE et al., 2014)
Na construção civil, uma grande parte dos profissionais não tem conhecimento da
quantidade de RCC que é produzida pelas atividades intrínsecas ao setor e mesmo quando passam
a entender a poluição ambiental que estão causando, não dispõem de orientação sobre as etapas
necessárias para destinar de maneira correta os resíduos, os quais podem ser separados e
reutilizados na própria obra ou serem beneficiados através de uma reciclagem externa. Os resíduos
beneficiados podem ser utilizados em alguns casos com aplicações estruturais em edifícios
(MEDINA et al., 2015). Aplicar processos que preservem o meio ambiente está diretamente
relacionado com a diminuição dos impactos ambientais originados pelo setor (MARINHO;
SILVA, 2012).
METODOLOGIA
A primeira etapa da pesquisa foi definir os parâmetros que serão analisados para comparar
os indicadores de geração de resíduos entre as obras, além de limitar o tipo de construção para
garantir uma certa similaridade entre os empreendimentos. A coleta de dados foi realizada na
etapa seguinte, onde foram selecionadas as obras de acordo com o sistema de execução, para
verificar se as alterações influenciariam na geração de resíduos.
As edificações escolhidas são pertencentes a uma única empresa incorporadora que atua
na região Nordeste e possui mais de 30 anos de atuação no mercado. Sua sede encontra-se na
cidade do Recife, e além de Pernambuco, a companhia opera nos estados de Alagoas, Bahia, Rio
Grande do Norte e Ceará. A construtora é de grande porte e possui um sistema de gestão integrada
de qualidade com os certificados internacionais de qualidade, saúde e segurança e meio ambiente.
Todos os empreendimentos estão situados no município de Recife no Estado de Pernambuco e
358
possuíam um sistema de gestão de resíduos com metas mensais de geração durante a fase de
construção.
Os dados de RCC foram coletados nos canteiros de obras, pela equipe administrativa das
obras, durante a construção dos edifícios. A empresa possui um controle com informações de
geração de RCC mensal, com dados de geração de resíduos de Classes A, B, C e D, de acordo
com a classificação da Resolução CONAMA nº 307/2002 (CONAMA, 2002). A cada dois meses
são realizadas auditorias onde as informações são conferidas com os tickets emitidos pelas usinas
beneficiadoras responsáveis pela destinação final dos resíduos.
Algumas das empresas de destinação de resíduos, antes do mês de dezembro de 2014, não
possuíam balanças rodoviárias para calcular o peso das caçambas estacionárias. Nesses casos os
relatórios foram emitidos em volume, e foi utilizado a massa específica do entulho de 1,36 t/m³
(SANTOS, 2015) para calcular os resíduos em massa.
As empresas responsáveis pela destinação final e transporte dos resíduos, possuíam uma
licença de operação emitida pela Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos (CPRH),
atualmente titulada de Agência Estadual de Meio Ambiente. A CPRH é responsável por controlar
as fontes poluidoras e na proteção e conservação dos recursos naturais.
O órgão responsável pela gestão municipal de resíduos sólidos e atua como fiscalizador
dos grandes geradores de RCC no município de Recife é a Empresa de Manutenção e Limpeza
Urbana (EMLURB).
Para averiguar as possíveis influências dos perfis assumidos para gerenciamento das
construções, foi disposto informações sobre as obras, como padrão construtivo de classe
econômicas, regime de execução, prazo de execução e área construída (Tabela 1).
Outros dados coletados foram os efetivos administrativos das obras. Constatou-se que,
independentemente do tipo de regime de execução, o número de funcionários efetivados para
fazer parte da equipe administrativa responsável pela obra é sempre o mesmo.
Ao todo, foram coletados dados de geração de RCC de 5 obras com resíduos gerados no
período de abril de 2009 a fevereiro de 2018.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Primeiramente, foi realizada a composição dos RCC das obras analisadas de acordo com
a Resolução CONAMA nº 307/2002 (CONAMA, 2002), com o intuito de comparar os principais
resultados encontrados com outras pesquisas acadêmicas (Figura 1).
359
resíduos da Classe A, são constituídos por materiais inertes como concreto, argamassa e cerâmica,
possuem elevado potencial de reaproveitamento na própria indústria da construção. Na pesquisa
de Vieira (2018) foram obtidos valores próximos, com 85,67% de percentual de geração.
Os resíduos Classe B representam 8,25% do RCC gerado das obras analisadas. Como
parâmetro de comparação, a pesquisa de Vieira (2018) encontrou o percentual de 7,25%. Foram
considerados como resíduos Classe B os materiais recicláveis que podem servir para outras
atividades não pertencentes ao setor da construção civil, como gesso, plástico, papel, madeira e
metal. Na caracterização desses materiais dos resíduos Classe B, o gesso possui maior destaque
com 54,74% dos resíduos gerados desta Classe, seguido da madeira com 25,07%, papel/papelão
com 6,53%, plástico com 8,68% e metal com 4,99%.
CLASSE C CLASSE D
CLASSE B 1,92% 0,19%
8,69%
CLASSE A
89,20%
Após análise dos dados, verificou-se que a geração total de RCC foi de 9.581,96 t. A
geração média de RCC foi de 1.916,39 t, com valores ente 1.228,49 t e 2.292,52 t. As obras de
padrão Alto são as maiores geradoras de RCC, com valor médio de 1.991,95 t ± 666,14 t. O maior
índice de geração de RCC foi obtido para a obra de porte médio, com valor de 173,57 kg/m². Em
relação às caçambas estacionárias coletadas nas obras, as obras de padrão Alto possuem o maior
número, com 360 caçambas.
360
Média - 1.916,39 ± 495,03 136,86 ± 24,46 316 ± 134,52
Fonte: Autores (2018).
Para as obras analisadas, obteve-se o índice médio de geração para a fase de construção
de 136,86 kg/m² ± 24,46 kg/m², para uma área construída média de 14.292,00 m² ± 4.285,07 m².
Para verificar a amplitude dos resultados encontrados, comparou-se com dados encontrados nas
publicações de Paz et al. (2018), onde foi obtido o valor de 74 kg/m² para obras dentro da faixa
de 8.000 m² a 15.000 m² e Vieira (2018), onde obteve-se o índice médio de 93,49 kg/m², para uma
área construída de 14.805,57 m².
Verificou-se que os índices encontrados nas obras analisadas deste artigo estão acima do
valor de referência da EMLURB (2006) e dos valores encontrados na literatura para a mesma
faixa de área construída. De todo modo, é correto afirmar que utilizar o mesmo índice de geração
sugerido pela EMLURB para todos os tipos de edificações seria inadequado, pois a variação do
índice é relativamente significante para influenciar nos cálculos dos projetos de gerenciamento de
resíduos.
Devido as particularidades das obras, existe um desvio padrão em torno das médias
encontradas. Esse desvio existe por diversos fatores que são inerentes às especificidades de cada
empreendimento, como, técnicas de construções utilizadas, eficiência das equipes
administrativas, qualidade e treinamento da mão de obra disponível, programas de qualidade e
redução de perdas utilizados, processos de reciclagem e reutilização adotados no canteiro de
obras, disponibilidade de materiais na região, desenvolvimento econômico do local, projetos bem
compatibilizados, fisionomia da edificação, eficiência dos fornecedores, situação econômica da
empresa ou de setor da construção, entre outros.
A partir da análise dos dados, verifica-se que a produção total de RCC foi maior nas obras
executadas por meio de Condomínio (influência da quantidade de obras) com valor de 5.975,86 t
de resíduos. Já em relação aos valores médios, tem-se que a produção de resíduos foi,
praticamente, igual nos dois tipos de regimes de execução de Condomínio e Incorporação, com
1.991,95 t e 1.803,05 t, respectivamente (Figura 2).
Figura 2. Geração média de RCC de acordo com o Regime de Execução das obras
3000,00
2500,00
Geração média de RCC (t)
1991,95
1803,05
2000,00
1500,00
1000,00
500,00
0,00
Regime de Execução
Condomínio Incorporação
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos através da análise das cinco obras indicam que 97,89% dos resíduos
gerados podem ser reciclados, sendo 89,20% podendo ser utilizado na própria indústria da
construção (Classe A) e 8,69% com potencial de utilização em outras atividades (Classe B).
Apenas 2,11% dos resíduos não podem ser reutilizados, sendo 1,92% por não haver tecnologia
que torne viável a reciclagem (Classe C) e 0,19% por serem resíduos químicos e perigosos (Classe
D).
Verificou-se que a geração de resíduos está diretamente ligada com a área construída do
empreendimento e ocasiona maior influência no índice de RCC do que o padrão construtivo
executado. Também foi verificado o valor índice médio de geração encontrado, nesse estudo de
caso foi de 136,86 kg/m², valor consideravelmente maior do que o índice padrão de 75 kg/m²
sugerido pela EMLURB.
Por fim, esse estudo aponta que o regime de execução dos edifícios, por condomínio ou
incorporação, interfere nos índices de geração de RCC. Verificou-se que o índice de geração de
resíduos (kg/m²) para obras incorporadas é 18,78% maior que nas obras de condomínio fechado.
Fatores como prazo de execução e método de pagamento de cada um dos regimes analisados
impactaram na geração total de resíduos.
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366
4.5. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL NO TJPE
RESUMO
A humanidade necessita encontrar caminhos para mudar a sua forma de administrar os recursos
naturais disponíveis no planeta, com o intuito de evitar impactos ambientais e sociais negativos.
Tais medidas são urgentes e os órgãos e instituições públicas também desempenham papel
fundamental nesse processo. Essa responsabilidade está presente em nossa Constituição Federal,
que dispões que as instituições de caráter público devem atender às necessidades do cidadão,
devendo ficar atentas à relevância do tema socioambiental. Desta forma esse trabalho demonstra
a importância de um bom gerenciamento de resíduos da Construção Civil pelo TJPE, em
consonância com o Plano de Logística Sustentável e as recomendações do Conselho Nacional de
Justiça.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Por fim, constata-se que a boa gestão ambiental é de suma importância para a
competitividade e para as certificações
METODOLOGIA
369
RESULTADOS E DISCUSSÃO
É importante frisar que o foco deste trabalho é a análise dos RCC das construções do
Tribunal de Justiça de Pernambuco no último biênio. É sabido que a geração de RCC varia de
forma significativa de acordo com uma série de características de cada obra. Acrescenta-se ainda
que as próprias obras do Tribunal de Justiça de Pernambuco, estudo de caso prático deste trabalho
mudou consideravelmente o porte e padrão de obra nos últimos dez anos.
É importante frisar que só no último biênio, nas obras de construção de Tribunal de Justiça
de Pernambuco, foram construídas mais de 50.000 m² o que resultada em um elevado volume de
Resíduo. A taxa de geração de Resíduos da Construção Civil do Tribunal de Justiça de
Pernambuco é estimada em média de 86kg/m². Portanto a quantidade de RCC gerada na
construção foi em média de 10.000 toneladas. Salienta-se que o Tribunal de Justiça de
Pernambuco contrata através de processo licitatório e atua em todas as cidades do estado de
Pernambuco. Ou seja, no último biênio várias comarcas diferentes ganharam novos prédios, desde
o sertão a capital pernambucana.
Por outro lado, a construtora vencedora do certamente é diferente para cada uma das
comarcas e atuam de forma bem diferenciada, apesar de ser regida pelo mesmo edital e ser
fiscalizada pela mesma Diretoria de Engenharia. Em consequência disto, constata-se que uma
parcela pequena dessas áreas construídas foram destinadas ao locais corretos para posterior
reaproveitamento. Ressalta-se que não se pode deixar de parabenizar e reconhecer o bom exemplo
da obra do novo prédio da Escola Judicial situado na Capital Pernambucana, no Complexo Joana
Bezerra, que realizou um bom Plano de Gerenciamento de Resíduos e executou o descarte correto
para reuso, contribuindo assim diretamente com o Plano de Logística Sustentável do Tribunal de
Justiça de Pernambuco e diretamente com as futuras gerações, mitigando os danos ao meio
ambiente.
Por outro lado, faz necessário uma profunda reflexão e uma urgente tomada de decisão,
para que em todas as obras ocorra o gerenciamento dos RCC e a destinação correta dos RCC, com
o objetivo de minimizar os impactos causados.
Por fim, em tempos atuais, é importante a sociedade em geral, como também o poder
público, precisa está atendo as questões de certificação, tais como, a LEED, AQUA, etc.
Nesse contexto, Duarte (2016) alerta para o fato de que para se obter a certificação AQUA é
necessário atender aos critérios de desempenho: a eco construção, a gestão e a criação de
condições de conforto e saúde para o usuário.
371
CONCLUSÕES
Na maioria das obras do último biênio, o resíduo não foi reutilizado nem reciclado, apenas
descartado. A destinação final, mesmo que adequada dos RCC, necessita de grandes áreas, pois a
geração desses resíduos se dá em larga escala. Sendo assim, é de grande importância que nas
obras, ocorra a triagem dos resíduos, bem como a reciclagem ou reaproveitamento, diminuindo
assim, os resíduos que serão encaminhados para as áreas de disposição final. Além disso, é de
grande valia que as construtoras depositem os resíduos nos locais de disposição legais.
Por fim, ressalta-se que ainda há descumprimento, por parte das construtoras contratadas
por processo licitatório à Resolução nº 307/02 do CONAMA em relação à disposição dos resíduos
e a destinação final. Portanto, a busca pela minimização dos problemas ambientais do setor de
construção civil deve fazer parte da rotina das empresas, e do gerenciamento das obras pela
fiscalização do TJPE dos RCC deve se constituir em rotina. Isso deve ocorrer, não apenas com o
intuito de proporcionar uma melhor qualidade de vida atual, mas também, proporcionar às futuras
gerações, a equidade no acesso do meio ambiente socialmente justo.
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Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 448, de 18 de janeiro de 2012. Altera
os arts. 2º, 4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10 e 11 da Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, do Conselho Nacional do
Meio Ambiente - CONAMA.
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 469, de 29 de julho de 2015. Altera a
Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a
gestão dos resíduos da construção civil.
372
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Construção, EPERSOL, Recife, 2017.
373
4.6. BLOCOS DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO DE
COMPÓSITO COM CONCRETO SIMPLES E PÓ DE MDF
RESUMO
INTRODUÇÃO
374
O foco da engenharia atual é aliar construção civil e sustentabilidade, buscando materiais
alternativos que atendam a necessidade da engenharia, com o reaproveitamento de resíduos e
consequentemente diminuindo os impactos ambientais. O aumento da produção do setor
moveleiro e do número de placas de madeira comercializadas é proporcional ao aumento da
geração de resíduos desse material, que são descartados inadequadamente e sem tratamento no
meio ambiente. Partindo desse pressuposto, a presente pesquisa reaproveita os resíduos de pó de
MDF (medium density fiberboard) com intuito de propor soluções para um destino final mais
favorável ao meio ambiente e desenvolver um compósito a base de concreto simples que utiliza o
pó em substituição parcial em relação ao agregado miúdo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste estudo foram produzidos nove corpos de prova para cada traço, com dimensões de
10x20 cm, utilizando os agregados caracterizados como areia média, brita 1 e pó de MDF
ultrafino. Aos 28 dias de idade os corpos de prova foram rompidos e apresentaram os seguintes
resultados obtidos através da resistência média do concreto à compressão:
375
Na conclusão da primeira etapa da pesquisa apesar da resistência diminuída, nos traços
5% e 10% foram obtidos resultados positivos na consistência desse material e bem como o
atendimento do mesmo relacionado às propriedades e aspectos de trabalhabilidade e resistência a
compressão axial que atendem as necessidades mecânicas para a sua aplicação em concreto não
estrutural. (SANTOS NETA et al., 2017). A resistência diminuída é justificada por diversos
fatores que podem estar relacionado à redução da quantidade de aglomerante utilizado no metro
cúbico, o aumento do percentual de pó de MDF e f (a/c).
A partir dos resultados, conclui-se que não se pode descartar a possibilidade da inserção
do resíduo como um insumo do concreto estrutural, pois as suas características apontam para sua
utilização no concreto, devendo-se, apenas, estabelecer os teores adequados de substituição com
a realização de novos ensaios.
Outro estudo relacionado a utilização de materiais alternativos é o apresentado por
Fleming et al. (2015), que faz referência ao uso de adições de fibras de celulose em relação ao
cimento nos percentuais de 2,5%; 5,0% e 7,5%, em busca de analisar a influência da adição de
fibra de celulose na resistência à compressão do concreto. Utilizaram um traço 1:3,1:3,5:0,65
(cimento:areia:brita:fator água/cimento) e a partir deste traço foram elaborados mais 3 traços com
adições de fibras de celulose em relação ao cimento nos percentuais de 2,5%, 5,0% e 7,5%. Aos
28 dias de idade os corpos de prova produzidos apresentaram os seguintes resultados:
376
Sem adição de fibra - 16,6 MPa;
2,5% de fibra - 9,78 MPa;
5% de fibra - 11,09 MPa;
7,5% de fibra - 9,30 MPa.
A produção e utilização do MDF gera também o aumento dos seus resíduos. O setor gerou
no ano de 2016, 46,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos, sendo que desse total, 33,0 milhões
(70,5%) foram gerados pelas atividades florestais e 13,8 milhões (29,5%) pelas industriais (IBÁ,
2017). A utilização de Painéis de Média Densidade (MDF) para a fabricação de móveis, é o
principal segmento consumidor de painéis de madeira no Brasil, está cada vez mais vigente no
mercado moveleiro, gerando consequentemente o aumento da produção desses painéis de
madeira. A crescente utilização do MDF para o setor moveleiro aumenta também a geração de
resíduos, demonstrando o real contributo ao se utilizar o pó de MDF para confecção de um
compósito, tornando um meio viável de reduzir o descarte inadequado desse resíduo que é gerado
em prol da produção de um produto aplicável no setor da construção civil no campo de concreto
não estrutural.
METODOLOGIA
377
MDF em São Luís - MA, para determinar o número de placas que foram comercializadas nos anos
de 2015 e 2016 em toda a capital, na busca de quantificar o Pó de MDF que é gerado na cidade
nos cortes das placas realizados para atender o mercado moveleiro.
O traço utilizado para confecção dos corpos de prova seguiu os dados apresentados
(Tabela 1), com o diferencial da adição do plastificante e superplastificante, para otimizar as
propriedades de consistência, homogeneidade e trabalhabilidade, reduzir o fator água/cimento e
aumentar a resistência à compressão. Foram confeccionados cinco corpos de prova para cada traço
nas dimensões de 5x10 cm, usando com 0%, 5% e 10% de Pó de MDF em substituição parcial do
agregado miúdo, sendo três traços sem aditivos, três traços com aditivos plastificantes e três com
aditivos superplastificante, sendo a única alteração relacionada (Tabela 1), a diminuição no f(a/c).
Os traços com plastificantes tiveram em sua adição de 4,24g de aditivo o que corresponde a 1%
em relação ao cimento e diminuição do fator água cimento de acordo com o disposto a seguir: ´
A pesquisa contou com o apoio técnico e logístico de empresas parceiras do projeto, entre
elas a Ludovicense Móveis e Prime Design. Com colaboração do Projeto FIBO (Desenvolvimento
de Tecnologia de Inovação para Reaproveitamento de Resíduos Sólidos Industriais na Ilha de
Upaon-Açu, Maranhão, Brasil), do Red Lab e Escritório Escola da Universidade Ceuma.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo busca viabilizar o uso do Pó de MDF a base de concreto simples com intuito na
geração de um novo compósito que poderá ter seu uso relacionado a confecção de blocos de
alvenaria de vedação. A geração do pó de MDF pode ser realizada de diversas formas desde a
produção inicial da placa ou até os cortes para a elaboração de móveis projetados. Diante do
levantamento foi percebido que se têm matéria prima suficiente para a elaboração da pesquisa e
aprimoramento da tecnologia que vem sendo estudada e desenvolvida.
No levantamento realizado nas três distribuidoras de MDF da cidade de São Luís - MA,
obteve-se o quantitativo de placas que foram comercializadas durante todo o ano de 2015 e 2016,
no total de 255.556 chapas de MDF com várias espessuras. A quantificação do volume de pó de
378
MDF gerado por cada corte em placas de Pó de MDF foi realizado no Laboratório de Criatividade
da Universidade Ceuma, campus Renascença. O estudo, partiu do corte de placas de MDF de
diferentes espessuras e quantificação do volume gerado separadamente. Foram cortados 300 cm
das placas com espessura de 6 mm, 15 mm e 18 mm, sendo que o pó gerado nos cortes das placas,
cada corte no total, foi de 23,2 g, 67,7 g e 91,8 g, respectivamente as espessuras. Tendo a relação
de para cada centímetro de placa cortada, têm-se a geração de 0,08 g para as placas de 6mm, de
0,23 g para as placas de 15 mm e de 0,31g para as placas de 18 mm.
Na primeira e segunda etapa da pesquisa o traço de concreto simples não passou pelo
ensaio de abatimento de tronco de cone, pois o mesmo se encontra na denominação de concreto
fluído. Na primeira etapa o Traço 2 obteve um assentamento de 60 mm e na segunda etapa 155
mm. O traço 3 na primeira e segunda etapa da pesquisa obteve um assentamento de 15 mm, tendo
utilidades na produção de concretos extrusado, vibroprensado ou centrifugado. Após a realização
do ensaio de abatimento de tronco de cone, foi realizado a moldagem dos corpos de provas de
compósito a base de concreto simples, com quatro dias foram pesados, colocados na cura úmida
por 28 dias e rompidos (Figura 1).
Os corpos de provas produzidos com compósito a base de concreto simples foram realizados com
os traços 1, 2 e 3, sem aditivo químico e com aditivo plastificante e superplastificante (Figura
1A). O rompimento foi realizado com 28 dias de idade para os traços (Figura 1B), segue os
resultados (Figura 1C) da resistência à compressão dos corpos de provas (Tabela 2).
379
Figura 1. Ensaios dos corpos de prova
Com os resultados aos 28 dias foi observado que os traços no geral atenderam o propósito
da pesquisa, que é ter resistência à compressão maior ou igual a 3,0 MPa, parâmetro este obtido
na norma NBR 6136 (ABNT, 2016), tendo como exceção somente os traços T3 P e T3 S, que são
justificado pelo aumento do f(a/c) e uso máximo de aditivo aceito pelo fabricante. A segunda
vertente foi aplicada no software OriginPro 9, na busca de melhor qualificar os dados obtidos na
pesquisa. Foi executado os seguintes procedimentos para a Análise de Variância, ANOVA:
380
Distribuição Normal;
Variância Semelhantes;
Independência de Resíduos;
Presença de outlier.
A independência dos resíduos é uma estimativa dos erros que ajuda a verificar se a análise
supracitada é aceitável. É obtido pela diferença de cada dado pela média aritmética dos traços.
Neste quesito, obteve-se uma grande dispersão nos resultados, apresentando a independência dos
resíduos adequados ao estudo estatístico. Os traços que não obedeceram a análise dos resíduos se
encontram nos traços T1, T3 S e T3 P.
Para Vieira (2006), a presença de pontos errados, outliers, tem seu conceito relacionados
a busca de valores que fogem do padrão dos dados dos ensaios e podem futuramente, causar
anomalias nos resultados da pesquisa. Os outliers são identificados fazendo uso de intervalos que
estão entre a média relacionadas com mais ou menos um desvio padrão, dois desvios padrões e
três desvios padrões. Sendo que estes resultados geram intervalos onde os dados, que não se
encontram dentro dos mesmos, devem ser retirados.
Pela distribuição normal, existem dois intervalos que foram considerados na análise
estatística da presente pesquisa. No primeiro intervalo, os dados que estão a mais ou menos de
duas vezes do desvio-padrão correspondem a 95% de todos os dados; os outliers representam,
nesta análise, 5%. No segundo intervalo, os dados que estão a mais ou menos de uma vez do
desvio-padrão correspondem a 99,99% de todos os dados; os outliers representam, nesta análise,
0,01%. Fazendo a análise dos intervalos todos os dados estão dentro do intervalo aceitável para a
análise dos dados, mesmo os traços T3 P e T3 S.
Traço 1: 0,78%;
Traço 2: 1,26%;
Traço 3: 1,40%;
Traço 1 com Plastificante: 1,38%;
Traço 2 com Plastificante: 1,75%;
Traço 3 com Plastificante: 3,00%;
Traço 1 com superplastificante: 5,93%;
381
Traço 2 com superplastificante: 8,11%;
Traço 3 com superplastificante: 5,34%.
A partir dos resultados obtidos, foi percebido que o aumento da quantidade de água
absorvida nos corpos de prova é diretamente proporcional ao aumento da quantidade de Pó de
MDF, f(a/c) e adição de aditivos dos traços estudados. Estes resultados apontam uma das
justificativas possíveis na diminuição de resistência à compressão dos corpos de prova, pois
correlaciona a quantidade de água absorvida com o número de vazios que se têm. Diante do
supracitado, observou-se que com os aditivos plastificantes e superplastificante se têm o aumento
da capilaridade e diminuição das características físico- mecânica em alguns traços, sendo
necessário um melhor controle da quantidade de aditivos e f(a/c) inseridos em cada traço. Sendo
este controle fundamental, para controle de patologias, estudos futuros, no material inovador que
essa pesquisa vem desenvolvendo.
Na análise das densidades inicial e final no software OriginPro 9, foi realizado todos os
procedimentos de qualidade de dados por Análise de Variância, ANOVA. Na densidade inicial e
final, os dados atenderam a todos os procedimentos de análise de variância, sendo Coeficiente de
Variância, independência de resíduos e distribuição normal. Tendo como densidades médias
inicial e final, em cada traço respectivamente os valores a seguir:
Para a finalização dos resultados da presente pesquisa, vale a pena salientar a comparação
dos resultados (Figura 2) obtidos por Santos Neta et al. (2017), Fleming et al. (2015) e os obtidos
nesta etapa da pesquisa.
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
-5,00
Fleming e Superplastific
Santos et al Sem Aditivo Plastificante
Soares ante
T1 17,04 16,60 13,43 11,50 25,60
T2 16,24 11,09 10,24 11,90 16,40
T3 8,54 9,30 7,92 0,78 1,40
Fonte: Próprio Autor (2018).
Com a comparação entre os resultados é possível averiguar, que pesquisas com fibras de
madeira, apresentam resistências à compressão axial com intervalos próximos e com aplicações
parecidas, sendo a resistência aumentada ou diminuída de acordo com o percentual da fibra
382
inserida, f(a/c) e o uso ou não de aditivos químicos na busca de melhoria nos resultados de
abatimento, homogeneidade, consistência e resistência do material.
CONCLUSÕES
Em face aos dados teóricos e práticos foi percebido que o estudo dos resíduos sólidos
dentro da construção civil é vasto e de suma importância para o desenvolvimento ambiental, social
e econômico. Foram realizados ensaios para caracterizar e comprovar o controle tecnológico do
material sustentável, fazendo o uso dos ensaios de granulometria, absorção, moldagem, pesagem,
cura e compressão de corpos de prova de cada traço.
REFERÊNCIAS
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composição granulométrica. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
383
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de prova cilíndrico. Rio de Janeiro: ABNT, 2007.
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______. NBR 7215: Cimento Portland: Determinação da resistência à compressão. Rio de Janeiro:
ABNT, 1996.
______. NBR 7223: Concreto: determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de
Janeiro: ABNT, 1998.
______. NBR 8953: Concreto para fins estruturais: Classificação pela massa específica, por grupos de
resistência e consistência. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
______. NBR 10004: Resíduos Sólidos: Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
______. NBR 15116: Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil - Utilização em
Pavimentação e Preparo de Concreto Sem Função Estrutural – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
______. NBR 15316-1: Chapas de fibras de média densidade (painéis de MDF). Rio de Janeiro: ABNT,
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22., 2016, Natal, RN. Anais eletrônicos...: METALLUM, 2016. p. 3789. Disponível em:
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384
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TARTUCE, R., GIOVANETTI, E. Princípios básicos sobre o concreto de Cimento Portland. São
Paulo: PINI, 1990.
385
4.7. INCORPORAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO
E DEMOLIÇÃO NA PRODUÇÃO DE TIJOLO VAZADO
DE SOLO-CIMENTO
RESUMO
386
INTRODUÇÃO
O solo-cimento é uma opção para a absorção de parte desses resíduos, onde em laboratório
podem ser testadas as proporções mais adequadas para o uso de modo que elevem suas
propriedades. Ainda segundo o autor, a idéia de misturar resíduos de construção na fabricação de
tijolos de solo-cimento surgiu também em função da possibilidade de melhorar as suas
características mecânicas, uma vez que as características físicas dos resíduos de argamassa e
concreto se assemelham às dos pedregulhos e há a redução dos resíduos dispostos na natureza
que, muitas vezes, são dispostos em aterros sanitários (FERRAZ; SEGANTINI, 2004).
Inicialmente, essa mistura parece uma farofa úmida, mas após ser compactada, ela
endurece e com o tempo ganha resistência e durabilidade suficientes para diversas aplicações. O
solo-cimento nada mais é do que uma evolução de materiais de construção do passado, como o
barro e a taipa (FREIRE; BERALDO, 2003).
Além do mais, a utilização dos tijolos de solo-cimento é vantajosa devido ao baixo custo
do solo, que é o material usado em maior quantidade, a redução dos custos com transporte e
energia, existindo ainda a possibilidade de redução de custos com mão de obra, pois o processo
não requer profissionais especializados em grande número (FERRAZ; SEGANTINI, 2004).
Considerando-se estas vantagens, estima-se que os tijolos de solo cimento podem proporcionar
uma redução de 30 a 40% no custo final de uma obra (DA SILVA SEGANTINI; HANNA
WADA, 2011).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
387
como agregados produzidos com entulho reciclado e rejeitos industriais. Ainda segundo o estudo
no atual contexto de aproveitamento dos resíduos e preservação ambiental, as pesquisas nas quais
se utilizam materiais e técnicas alternativas de construção, estão assumindo grande importância
na engenharia, já que alguns tipos de resíduo podem ser utilizados com vantagens técnicas e
redução de custos, como é o caso da adição de material granular, oriundo dos resíduos de
construção.
A melhor forma de minimizar o impacto ambiental e reduzir os custos na obra é por meio
da reciclagem e da reutilização dos resíduos, pois são provenientes da construção e demolição,
que representam mais de 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos (PINTO, 1999). De acordo
com Oliveira e Reis (2017), muitas empresas ainda acreditam que a utilização de agregados
produzidos a partir da reciclagem influencia na diminuição da qualidade dos materiais e na
qualidade técnica dos serviços, contribuindo para a elevada deposição de resíduos.
Da Silva Segantini e Hanna Wada (2011) e Souza (2006), em seus estudos de adição de
RCD em solo-cimento, obtiveram resultados satisfatórios, onde observaram que o RCD é um
excelente material para ser utilizado na correção da granulometria dos solos, tornando-os mais
arenosos. Estes estudos indicaram que os melhores resultados são para as misturas contendo 4%
de cimento, com adição de, no mínimo, 20% de RCD. Um ponto importante a ser destacado, em
vista dos resultados alcançados, foi a possibilidade de reduzir o consumo de cimento na confecção
dos tijolos.
388
METODOLOGIA
Materiais
Solo - Para a confecção dos tijolos foi escolhido um solo coletado na região de Petrolina – PE e
Juazeiro (BA). Esse solo foi selecionado por meio de uma avaliação, inicialmente, tátil-visual,
aparentando ser arenoso, que proporcionaria condições adequadas para a moldagem dos tijolos.
Como indicado pela NBR 10833 (ABNT, 2012), o solo foi, inicialmente, passado na peneira de
4,8 mm e, seguida, foram realizados os ensaios de caracterização: Análise Granulométrica,
conforme a NBR 7181 (ABNT, 2016), Limite de Liquidez, conforme a NBR 6459 (ABNT, 2016)
e Limite de Plasticidade, conforme a NBR 7180 (ABNT, 2016). A caracterização buscou
identificar se o solo apresentava as propriedades indicadas para a produção dos tijolos de acordo
com as recomendações da NBR 10833 (ABNT, 2012).
Cimento - O cimento utilizado foi o Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V ARI) por
proporcionar altos valores de resistência logo nos primeiros dias de idade. Este cimento também
foi utilizado nos estudos de Grande (2003) e Dallacort et al. (2002).
Variáveis do estudo
Proporção entre solo e cimento - A pesquisa em questão busca estudar o comportamento do solo-
cimento com a adição de RCD, sem considerar a necessidade de estudos de dosagem de cimento
para estabilização do solo. Adotou-se o teor de 10% de cimento como padrão para todas as
misturas de solo-cimento, conforme indicado por Castro (2008).
389
Estimativa do teor de água - O teor de água adicionado em cada uma das composições estudadas
foi dosado de acordo com os valores de umidade ótima obtidos nos ensaios de compactação feitos
para cada uma das dosagens, buscando adquirir um maior peso específico seco do solo quando
compactado. Realizado de acordo com as exigências da NBR 12023 (ABNT, 2012), foi utilizado
o cilindro de Proctor onde mistura úmida foi compactada em seu interior com energia normal,
sem reuso do material. Encontram-se os valores de umidade ótima e massa específica para cada
uma das composições estudadas (Tabela 2).
Foram moldados 17 tijolos para cada traço. Destes, sete foram destinados para o ensaio
de resistência à compressão na idade de sete dias, outros sete tijolos para a idade de vinte e oito
dias e os três restantes para o ensaio de absorção de água aos sete dias, como exigido pela NBR
8492 (ABNT, 2012). Os tijolos foram mantidos em câmera úmida a fim de garantir o processo de
cura até a realização dos ensaios avaliativos.
Retração - Este ensaio mede a retração linear que, indiretamente, indica seu comportamento
quanto à retração volumétrica e a presença de argilas expansivas. A existência desse agregado
pode comprometer o desempenho do material durante a secagem ocasionando fissuras e trincas.
Os ensaios foram realizados conforme a determinação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
(CEPED, 1984). Tomou-se uma porção do solo e foi adicionado água, pouco a pouco, até que a
mistura começou a aderir na lâmina da colher de pedreiro. Em seguida colocou-se a mistura numa
caixa (60,0 cm x 8,5 cm x 3,5 cm) e foi adensado manualmente, alisando a superfície com a colher.
390
O material ficou em repouso em ambiente de laboratório durante sete dias. Após esse período,
mediu-se a retração linear.Para ser viável à confecção de tijolos de solo-cimento, a soma das
fendas existentes entre as paredes da caixa e a amostra de solo deve ser inferior a 20 mm e a
amostra não deve apresentar fenda transversal na parte central da caixa.
Resistência à compressão dos tijolos - Para o ensaio de resistência à compressão foram utilizados
14 tijolos, sete foram rompidos com 7 dias e outros sete com 28 dias. De acordo com a exigência
da NBR 8492 (ABNT, 2012), os tijolos foram cortados ao meio e suas metades ligadas por uma
camada fina de cimento, seguido do capeamento das superfícies. Após o endurecimento da pasta
de cimento, os tijolos foram imersos em água por 6 horas e, em seguida, foram levados à prensa
para rompimento e determinação da resistência à compressão.
Ensaio de absorção de água dos tijolos - O ensaio de absorção de água foi realizado conforme a
NBR 8492 (ABNT, 2012), onde 3 corpos de prova de cada composição foram secos em estufa, a
105 °C, até a constância de massa, obtendo-se a massa seca M1, aos 7 dias de idade. Em seguida,
foram imersos em um tanque com água durante 24 horas. Após a retirada da água, os tijolos foram
enxugados superficialmente e pesados, obtendo-se a massa saturada M2. O valor de absorção de
água é obtido pela relação entre a massa de água absorvida e a massa do tijolo seco em estufa,
conforme Equação (2).
𝑀2−𝑀1
𝐴% = 𝑥 100 (2)
𝑀1
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização do solo
Limite de liquidez - O limite de liquidez, bem como o limite de plasticidade, são limites de
consistência caracterizados pela fração fina do solo, sendo estes determinantes para a correta
previsão dos aspectos fundamentais do seu comportamento em relação a variações do teor de
umidade. Este ensaio foi realizado utilizando o Aparelho de Casagrande, conforme indicado na
NBR 6459 (NBR, 2016). O solo utilizado possui um Limite de Liquidez foi de 17,90%, atendendo
ao limite de 45% definido pela NBR 10833 (ABNT, 2012).
391
Limite de plasticidade - O limite de plasticidade consiste no teor de umidade, em porcentagem,
no ponto de transição do estado semi-sólido para o plástico (DAS, 2007). O ensaio foi realizado
conforme a NBR 7180 (ABNT, 2016). O solo utilizado possui um Limite de Liquidez de 13,80
%. A diferença entre o limite de liquidez e de plasticidade determina o índice de plasticidade,
conforme a Equação 1. Este índice define a zona em que o solo se encontra no estado plástico
(CAPUTO, 1983).
IP = LL – LP (1)
IP = 17,90 – 13,80
IP = 4,10
Desta forma, o índice de plasticidade do solo é 4,10%, atendendo ao limite de 18% definido pela
NBR 10833 (ABNT, 2012). O solo utilizado é classificado como fracamente plástico, condição
já esperada devido ao seu aspecto arenoso.
Caracterização do RCD
Análise granulométrica - A diferença na realização desse ensaio com relação ao solo, é que para
o agregado de RCD foi realizado apenas o ensaio por peneiramento, uma vez que apenas uma
pequena quantidade de material ficaria retida na peneira nº 200. Assim foi montado o conjunto de
peneiras descartando a nº 200 e levado ao agitador mecânico. Em seguida, as frações retidas foram
pesadas e seus dados coletados para a construção da curva granulométrica. A graduação da
amostra de RCD mostra o comportamento do RCD como uma areia, já que a maior fração
corresponde a este diâmetro. A adição deste material ao solo na confecção de tijolos de solo-
cimento pode apresentar-se como benefício, uma vez que sua adição permitirá ao solo se tornar
mais arenoso, característica recomendada pela literatura.
Massa específica - A NBR NM 52 (ABNT, 2009) define massa específica como a relação entre a
massa do agregado seco e seu volume, excluindo os poros permeáveis. Para o RCD analisado
obteve-se o valor de 2,48 g/cm³.
Massa unitária - Através da NBR NM 45 (ABNT, 2006), foi calculada a relação entre a massa do
agregado lançado no recipiente e o volume do recipiente. Assim, obteve-se uma massa unitária
de 1,21 g/cm³.
Retração - Foi observado que nas caixas com 100% de solo e 50% de solo + 50% de RCD não
houve trincas, porém tiveram uma retração de 4,00 mm. Já a caixa contendo o traço 75% de solo
+ 25% de RCD apresentou uma pequena trinca na região central e retração de 2,00 mm. Os
resultados de retração no teste da caixa mostram que as composições estudadas de 100% de solo
e 50% de solo + 50% de RCD são apropriados para a confecção do tijolo de solo-cimento, pois a
soma da retração foi menor que 20 mm, conforme recomendado pelo CEPED (1984). O traço
com 75% de solo + 25% de RCD não seria recomendado devido a existência de trinca na região
central. Ressalta-se que o ensaio de retração através do teste da caixa é um teste empírico e, desta
forma, não possui exatidão. Desta forma, este ensaio possui apenas caráter indicativo para
selecionar o material (solo e resíduo) para a fabricação do tijolo de solo-cimento de forma
adequada.
Resistência à compressão - De acordo com a NBR 8491 (ABNT, 2012), a amostra não poderá
apresentar a média dos valores de resistência à compressão menor do que 2,00 MPa, nem valor
individual inferior a 1,70 MPa, com idade mínima de sete dias. No Gráfico 1, observam-se os
valores médios de resistência à compressão obtidos nas idades de 7 e 28 dias, para cada traço.
392
Gráfico 1 – Valores médios do ensaio de resistência à compressão
Nos estudos realizados por Pinto (2015), para 10,00% de cimento, 33,33 %, 50,00% e
66,70 % de resíduos, foi obtido uma resistência à compressão, aos 7 dias de idade, de 1,72 MPa,
2,01 MPa e 1,47 MPa, respectivamente. Nota-se que, para 50% de resíduos, foi obtido valor de
resistência próximo ao adquirido neste estudo. Já para a idade de 28 dias, foram obtidas as
resistências de 2,06 MPa, 1,44 MPa e 2,29 MPa, respectivamente. Observa-se que podem ser
obtidos resultados ainda melhores, a depender da compactação, cura e material utilizado.
Absorção de água - No ensaio de absorção de água, de acordo a NBR 8491 (ABNT, 2012), a
amostra não poderá apresentar a média dos valores de absorção de água maior do que 20,00%,
nem valores individuais superiores a 22,00%, com idade mínima de sete dias. Observa-se no
Gráfico 2 que todos os traços atendem às exigências da norma quanto ao ensaio de absorção
média. A absorção de água dos tijolos, com e sem o RCD, atendeu às exigências da NBR 8491
(ABNT, 2012), em relação a absorção média e individual. Não se observa grandes alterações nos
valores de absorção mesmo com a introdução do RCD, material conhecidamente com maior
capacidade de absorção de água.
Souza (2006), obteve uma redução da absorção com a adição do resíduo. Nos tijolos de
referência com 10,00% de cimento a absorção foi de 17,00%, com 20% de RCD a absorção média
foi 14,30%, e com 40,00% de RCD a absorção foi de 13,30%. Pinto (2015), para 10,00% de
cimento e para 33,33 %, 50,00% e 66,70 % de resíduos, obteve absorção média de água de 21,46
%, 20,00 % e 22,11 %, respectivamente
393
Gráfico 2 – Absorção média de água aos 7 dias de idade
CONCLUSÕES
Em vista dos resultados obtidos, nota-se que o solo escolhido é adequado para a confecção
dos tijolos. Apesar da sua baixa resistência à compressão na idade de 7 dias, os valores obtidos
aos 28 dias atenderam aos requisitos normativos, com crescimento de 51,05 %. Para os traços
com a adição de RCD, as resistências aos 7 dias de idade já atenderam a prescrição da norma. Na
idade de 28 dias há um aumento considerável na resistência de 50,65 % e 72,49 %, com 25,00 %
e 50,00 % de RCD, respectivamente. Ressalta-se que aos 28 dias, os tijolos com maior adição de
RCD (50,00 %) obtiveram a maior resistência em comparação ao traço de referência e com 25%
de RCD.
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Paulo, 1999.
396
4.8. DIAGNÓSTICO DO USO DO PÓ DE PEDRA EM
ARGAMASSAS: CASO DO MUNICÍPIO DE CAICÓ - RN
RESUMO
A construção civil além de ser um dos pilares do desenvolvimento econômico, é responsável pelo
elevado consumo dos recursos naturais e também pela geração de diversos impactos ambientais.
Surge, então, a necessidade de buscar novas soluções que contribuam para a preservação do meio
ambiente. Nessa perspectiva, a utilização do pó de pedra em argamassas constitui uma alternativa
bastante compatível com a conotação sustentável, uma vez que ao, substituir a areia de rio, permite
reduzir os impactos gerados com a extração e produção dos agregados naturais. Embora sua
utilização em materiais de construção seja bastante difundida, seu emprego em pequenas regiões
carece do conhecimento técnico e aceitação dos construtores. Dessa forma, o presente estudo teve
por finalidade investigar o uso do pó de pedra na produção de argamassas, bem como relacionar
os resultados obtidos com outras pesquisas indicadas na literatura. Para tanto, realizou-se uma
revisão bibliográfica e um estudo de caso em pequenas construções no município de Caicó/RN.
Os resultados obtidos mostraram que é viável a substituição da areia natural pelo pó de pedra
devido à melhoria nas propriedades das argamassas (trabalhabilidade e resistências mecânicas) e,
sobretudo, em função da redução dos impactos ambientais.
397
INTRODUÇÃO
O ser humano vem explorando de forma abusiva os recursos naturais e a construção civil
é responsável, em grande parte, por essas mudanças ambientais, pois consome mais matérias-
primas (em torno de 3.000 milhões de toneladas/ano) do que qualquer outra atividade econômica,
o que enfatiza o seu caráter insustentável (PACHECO-TORGAL, 2017). Em particular, os
materiais de construção afetam o meio ambiente em todo o seu ciclo de vida, desde a extração de
matérias-primas até que os produtos cheguem ao aterro, como resíduos de construção, através das
etapas de fabricação, construção e uso dos edifícios (GALÁN-ARBOLEDAS et al., 2017).
Tento em vista que a mão de obra exerce grande influência nas técnicas construtivas, este
trabalho tem como objetivo principal investigar os motivos pelos quais os pedreiros da região de
Caicó/RN utilizam o pó de pedra para a produção de argamassas, bem como relacionar os
resultados obtidos com pesquisas científicas
398
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O setor da construção civil é responsável por um enorme impacto ambiental devido a sua
grande demanda de matérias-primas não renováveis (CORDEIRO, 2013). Essa elevada demanda
tem despertado na sociedade maior preocupação com o meio ambiente e impulsionado a busca
por novas alternativas técnicas que permitam o desenvolvimento sustentável (D`AGOSTIM;
VIDAL; CASTRO, 2016). A exemplo disso, pode-se citar as inúmeras pesquisas desenvolvidas
a nível global que buscam avaliar e aproveitar os resíduos sólidos na produção de outros materiais.
Assim, uma das principais questões da má gestão se inicia nas indústrias, que ainda de
forma insuficiente, tem tentado adequar seus processos produtivos para a redução e o
reaproveitamento de matérias-primas (SILVA et al., 2017). Para Yacout (2016) a gestão de
resíduos é um instrumento de grande importância para minimizar os resíduos gerados e melhorar
as condições ambientais. Quanto ao aspecto ambiental, a gestão trata do emprego de métodos e
ferramentas com atuação em reduzir os impactos ao meio ambiente pelas atividades industriais
(PELIZER; LIMA, 2014).
Dessa forma Petry (2015), comenta que a utilização de resíduos, tanto da construção civil
como de indústrias dos mais variados ramos, é indicada não apenas por reduzir o consumo
energético ligado à produção de materiais, mas também para diminuir os custos de destinação
final, transporte e diminuir a extração de recursos naturais. Essa reutilização já tem uma base
399
sólida em obras de pavimentação, em concretos magros, em obras de drenagem, entre outros.
Porém, somente a reutilização de resíduo como agregado na construção civil faria com que o
mercado absorvesse grande parte dos resíduos gerados (BIGOLIN, 2013).
Segundo a NBR 7225 (ABNT, 1982), o pó de pedra possui dimensão nominal máxima inferior a
0,075 mm. Bauer (2000) complementa que sua curva granulométrica pode diferir de pedreira para
pedreira, pois ele é formado de todo material que passa na peneira industrial 2,4 mm,
representando uma maior porcentagem de finos das areias padronizadas.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
400
para o social, e com a mesma intensidade, é responsável por gerar grandes impactos ambientais,
seja consumindo os recursos naturais ou alterando as paisagens (SILVA, 2007).
O cenário no município de Caicó – RN não é ser diferente das outras cidades em relação
à exploração dos recursos naturais. O município possui um território que ocupa uma área de
1.228,583 km² (IBGE, 2017), sendo propício para exploração de recursos naturais para construção
civil. Além disso, é cortado por três rios Rio Seridó, Rio Barra Nova e o Rio Sabugí, onde desses
rios são retiradas areias para as construções civil do município e das cidades circunvizinhas. A
exploração da areia no município de Caicó/RN reflete tanto na geração de emprego e renda, como
na origem de impactos ambientais negativos decorrentes dessa atividade.
Além da exploração dos agregados miúdos (areia) nas margens dos rios do município, há
também a exploração das rochas para produção dos agregados graúdos (brita). No município
existem dois britadores (Britador Seridó e o Britador Caicó) que exploram os recursos naturais de
forma legal. O britador Seridó extrai por dia, em média, 800 toneladas de rocha para fabricação
de britas, constituindo-se atualmente como a principal empresa produtora de agregados da região.
O Britador Caicó extrai uma quantidade menor em relação ao Britador Seridó, porém, juntas essas
empresas extraem cerca de 1300 mil toneladas de rochas por dia.
Os resultados obtidos nesta pesquisa mostraram que o uso do pó de pedra em Caicó é bem
difundido. Grande parte desse material é utilizado pelas empresas responsáveis pela construção
de edificações de uso residencial (Figura 1).
401
Figura 2. Emprego do pó de pedra na construção civil em Caicó/RN.
Outro aspecto investigado nesta pesquisa foi a proporção dos materiais empregados na
produção das argamassas (revestimento e assentamento), concretos e contrapisos que utilizam o
pó de pedra. A proporção é denominada na construção civil por traço, podendo ser apresentado
em volume ou massa. Tradicionalmente, a ordem de apresentação é cimento: areia: brita, para
concretos e, cimento:cal:areia ou cimento:areia para as argamassas. A seguir, tem-se uma
demonstração de todos os traços usados de acordo com o tipo de material produzido (Tabela 1).
É possível identificar que o pó de pedra pode ser utilizado para a produção de diversos
materiais de construção civil, devendo, no entanto, verificar a sua granulometria. Para Pimenta
(2012), dependendo da sua granulometria o pó de pedra possui diversos usos, quais sejam
O pó de pedra fino (0,075 – 1,20 mm): é usado para argamassa para levantamento de
alvenarias e reboco e serviços em que são utilizadas as argamassas em geral;
402
O pó de pedra médio grosso (0,075 – 4,80 mm): esse tipo de pó de pedra é usado para
concretos estruturais confeccionados em obras e pré-frabricados e serviços em que são
utilizados os concretos em geral;
Granilha de 4,80 mm com pequena porcentagem de finos (<0,075 mm): Salpique para
reboco de alvenarias, asfaltos em geral, blocos pré-fabricados em geral e concretos
compactados a rolo.
A argamassa de contrapiso (Figura 4A) produzida com pó de pedra é uma solução prática
e bastante empregada no munícipio de Caicó, porém são necessários a realização de estudos que
comprovem e indiquem quais as consequências técnicas de sua utilização, principalmente quanto
aos aspectos de durabilidade. Em termos práticos, os pedreiros relatam que ao usar o pó de pedra
toram as argamassas mais resistências e menos impermeáveis, o que resulta em uma superfície
capaz de aderir melhor aos revestimentos que serão aplicados.
403
Cerca de 10% dos pedreiros entrevistados, garantem que a argamassa de revestimento
produzida com pó de pedra apresenta maior resistência do que aquelas produzidas com a cal,
contribuindo para uma maior durabilidade das alvenarias, especificamente, quanto ao surgimento
de manifestações patológicas, como por exemplo a eflorescência. Citam ainda, que visualmente
estas argamassas possuem as mesmas funções que as produzidas com a cal (Figura 4B).
Os pedreiros recomendam que o reboco possua espessura de 2,5 cm e que para produzir as
argamassas seja utilizada uma proporção de 1:3:3 (cimento, areia, pó de pedra) e o pó de pedra
seja peneirado com o intuito de remover os grãos grossos. Esse último procedimento garante que
os revestimentos possuam adequado acabamento de suas superfícies. A título de conhecimento, o
método basicamente utilizado para execução dos rebocos era:
4 – Sarrafeamento da argamassa;
Em contrapartida, os pedreiros relatam que as argamassas com pó de pedra possuem maior peso,
endurecem com maior facilidade, o que dificulta a realização do sarrafeamento, e o não
peneiramento do material resulta em revestimentos com superfície áspera. Esses motivos, levam
a não aceitação do pó de pedra para ser utilizado em argamassas por parte dos pedreiros.
CONCLUSÕES
Com bases nos resultados apresentados neste estudo, as seguintes conclusões podem ser tiradas.
O emprego deste material se justifica pela sua abundância e em função das melhores
propriedades apresentadas pelas argamassas;
Na perspectiva da mão de obra, é viável tanto do ponto de vista prático como econômico
utilizar pó de pedra ao invés da cal e/ou areia.
O não conhecimento de cunho científico dos benefícios da utilização do pó de pedra alerta para a
importância de se desenvolver de pesquisas que especificamente avaliem o desempenho e,
principalmente, a durabilidade das argamassas produzidas com esse subproduto regional. Do
404
ponto de vista ambiental, a utilização do pó de pedra, seja em substituição a areia ou a cal,
possibilita a redução dos impactos ambientais causados durante a extração e produção dos
materiais convencionais.
REFERÊNCIAS
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407
4.9. O USO DE RESÍDUOS DE GESSO DA CONSTRUÇÃO
CIVIL NA AGRICULTURA
RESUMO
O aumento dos resíduos sólidos provenientes da construção civil vem causando grandes impactos
e tem intensificado a degradação ambiental. O gesso é um material construtivo de ampla aplicação
no setor, cujo processo produtivo é relativamente simples e envolve baixo custo energético. Após
sua separação de outros rejeitos da construção, os resíduos do gesso readquirem as características
químicas da gipsita, minério do qual se extrai o gesso. Desse modo, o material limpo pode ser
utilizado novamente na cadeia produtiva. Na agricultura, é utilizado como fertilizantes, corretivo
de solos, condicionador de superfície e condicionador de estercos. A resposta como melhorador
do ambiente radicular em profundidade foi observada para a maioria das culturas anuais. Já para
as culturas perenes, foi-se observado aumento de produção para manga, laranja, em especial, para
o café. Estas respostas estão atribuídas à melhor distribuição das raízes em profundidade no solo,
o que propicia as plantas o aproveitamento de maior volume de água. O estudo tem o objetivo
analisar a aplicabilidade dos rejeitos provenientes de gesso gerados na produção construção civil
e aplicados na agricultura.
A utilização do gesso na construção civil, no Brasil, vem crescendo ao longo dos anos e
com isso há um aumento na geração de resíduos. Ainda segundo o autor, devido as suas
características e propriedades, o gesso possui diversas aplicabilidades como na fabricação de
cimento, na medicina como gesso ortopédico e odontológico, como gesso cerâmico, na indústria
farmacêutica e na agricultura como o gesso agrícola, que consiste no minério gipsita moído, é
também, utilizado na agricultura para a dessalinização de solos, como fonte de cálcio e de enxofre
(SILVA NETO et al., 2014).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, 2010), é bastante atual e
contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos
principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos
resíduos sólidos e versa que:
409
E, em seu Artigo 3°, diz que destinação final ambientalmente adequada é:
O rejeito é a parte do resíduo sólido que não é aproveitada pela ausência ou falha na
aplicação de políticas públicas e recursos tecnológicos disponíveis (CARNEIRO, 2013). A PNRS
prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos
de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e
da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou
reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser
reciclado ou reutilizado) (BRASIL, 2010).
METODOLOGIA
Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o objeto de estudo, reciclagem dos resíduos
de gesso na construção civil.
410
A análise dos dados, quanto à possibilidade da reciclagem dos resíduos do gesso oriundo
da construção civil foi fundamentada a partir da normativa do Conselho Nacional do Meio
Ambiente - CONAMA, que através da Resolução CONAMA Nº 307/2002, estabelece diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, e através da Resolução
CONAMA Nº 431/11, reclassifica o gesso como resíduo reciclável para outra destinação
(CONAMA, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A gestão ambiental do gesso no canteiro de obras, nas diversas formas em que é aplicado na
construção civil, merece cuidados específicos, desde a escolha do material, até a destinação dos
resíduos. O gerenciamento além de cumprir a legislação, gera qualidade, produtividade, contribui
para a diminuição de acidentes de trabalho e ainda reduz os custos de produção do
empreendimento e de destinação dos resíduos. O grande benefício para o meio ambiente é a
geração de menos resíduos e a menor utilização de recursos naturais (MMA, 2010).
411
reciclagem do gesso e já se avançou de forma
significativa em pelo menos três frentes de
reaproveitamento desse material: indústria
cimenteira, setor agrícola e a indústria da
transformação do gesso. Essas três frentes de
reaproveitamento já foram largamente testadas, sendo
não só tecnicamente possíveis, como
economicamente viáveis. Portanto, representam
importantes contribuições à sustentabilidade da
construção civil brasileira.
O gesso, indústria da construção civil, se registra o maior consumo, onde é muito utilizado
em revestimentos, na fabricação de cimento e na manufatura de pré-moldados e adornos. Calcula-
se que o consumo do gesso no Brasil seja dividido na proporção de 55% para gesso
412
(predominantemente placas e revestimentos) e 43% para cimento, sendo que, os 2% restantes são
consumidos na fabricação de produtos para fins medicinais (SINDUGESSO, 2004).
Há vários anos o gesso tem sido utilizado como condicionador e melhorador de solos
agrícolas, como fonte de cálcio (Ca) e enxofre (S). O gesso pode ser aplicado em solos ácidos
inférteis, solos sódicos e solos argilosos. Todavia, essas aplicações têm ocasionado melhorias nas
radiculares de culturas e na infiltração de água em solos, resultando em melhores produções
agrícolas e decréscimo de escorrimento superficial e erosão (SUMNER, 1992).
413
(2016), os solos ácidos podem apresentar uma barreira química no subsolo, ocasionada pela
acidez, que impede ou dificulta a ação das raízes. Nesses casos, em diversos tipos de solos, mas
não em todos, o gesso pode estimular o enraizamento profundo no subsolo (Figura 3). Essa ação
se dá pelo aumento dos teores de cálcio, redução da saturação por alumínio e, em alguns casos,
pela efetiva redução da acidez do subsolo. Isso porque o gesso, por ser um sal solúvel em água,
penetra no subsolo.
Figura 4. Utilização relativa da lâmina de água disponível no perfil de um solo pela cultura de milho com
e sem aplicação de gesso
Além da água, os nutrientes também são absorvidos com maior eficiência. Observa-se
que, em média, houve um aumento de 50% na absorção do nutrientes devido ao uso do gesso na
cultura do trigo (Tabela 1).
414
Tabela 1.Nutrientes, em média, absorvidos por cultura de trigo
N P K Ca Mg S
Gesso
------------------------- Kg/ha ---------------------------
SEM 80 15 53 12 11 7
COM 120 22 80 16 16 12
Estas respostas estão atribuídas à melhor distribuição das raízes em profundidade no solo
(Figura 3), o que propicia as plantas o aproveitamento de maior volume de água.
415
Tabela 3. Efeito da aplicação de gesso no solo em culturas perenes (cultura de café).
Produtividade café
Gesso
4º Safra 5º Safra
Nesse experimento com o café as respostas surgiram apenas a partir da quarta safra e foi atribuída à melhoria
do perfil do solo, com a aplicação do gesso agrícola.
CONCLUSÕES
Por suas características, resíduo de gesso utilizado na construção civil, apresenta baixo
impacto ambiental e, portanto, é compatível com as crescentes exigências de sustentabilidade das
atividades econômicas, podendo ser aplicado na agricultura. O aproveitamento do gesso torna-se
uma alternativa viável para os plantios, pelo fato de que os resíduos do gesso utilizado na
construção podem ser reciclados com facilidade. Pontua-se também que o gesso proporciona um
maior crescimento das raízes, melhorando a absorção de água e de nutrientes pelas plantas.
Há uma ampla possibilidade de uso de gesso na agricultura, podendo ser utilizado como
fertilizantes, corretivo de solos, condicionador de superfície e condicionador de estercos. As
respostas positivas do seu uso são atribuídas à melhor distribuição das raízes em profundidade no
solo, o que propicia as plantas o aproveitamento de maior volume de água, atuando como
melhorador do ambiente radicular em profundidade tanto para as culturas anuais como para as
perenes. Nesse contexto, há grande possibilidade de aumento da produção de culturas com o uso
de gesso. Há, portanto, necessidade de desenvolver mais experimentos e pesquisas sobre a
viabilidade do uso para agricultura.
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418
4.10. AVALIAÇÃO DA DEPOSIÇÃO IRREGULAR DE
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO NA REGIÃO POLÍTICO
ADMINISTRATIVA 2, RECIFE – PE
RESUMO
A construção civil contribui de modo significativo para o crescimento de um país. Apesar dessa
importância, ela também é reconhecida como um dos setores que mais consome recursos naturais,
contribuindo, assim, para a produção de elevadas quantidades de resíduos. Alguns instrumentos
legais foram concebidos no decorrer dos anos para estabelecer critérios e procedimentos para um
correto manejo dos resíduos, a fim de evitar que os mesmos sejam depositados de maneira
irregular nos grandes centros urbanos. Este artigo objetiva a realização de um mapeamento da
deposição irregular dos Resíduos da Construção e Demolição (RCD), bem como analisar os
impactos ambientais decorrentes desta prática na Região Político Administrativa 2 (RPA 2) da
cidade do Recife. Para tal, foram identificados os pontos onde ocorreram essas deposições com
obtenção das coordenadas geográficas dos mesmos, para dar subsídios à elaboração de mapas
temáticos de sobreposição de pontos de RCD com auxílio do Software livre QGIS. Para
identificação dos impactos, foi utilizada uma ficha de verificação, proposta por Santos (2015). Os
resultados apresentam o mapeamento de 67 pontos de deposições inadequadas de RCD, os quais
geram impactos aos meios físico, biótico e antrópico, afetando o nível de qualidade de vida da
população. Uma adequada gestão de RCD pode minimizar os problemas identificados.
419
INTRODUÇÃO
A fim de reduzir os impactos provocados no meio ambiente pela gestão ineficiente dos
resíduos gerados na construção civil, vários países criaram diferentes regulamentações e
iniciativas que procuram minimizar e controlar os RCD (ESTADOS UNIDOS, 2012;
COMUNIDADE EUROPEIA, 2001; REINO UNIDO, 2008; ESPANHA, 2008). No caso do
Brasil foi criada a Resolução Nº 307 (CONAMA, 2002), que estabelece critérios, diretrizes e
procedimentos para a correta gestão desses resíduos. Segundo essa resolução, os RCD são
classificados de acordo com o seu potencial de reutilização ou de reciclagem (Quadro 1).
O interesse sobre este assunto surge uma vez que grande parte dos resíduos produzidos
não são reaproveitados, mesmo com elevado potencial de reciclagem sendo aproximadamente
90% dos mesmos passíveis de reutilização (PAZ; LAFAYETTE, 2016). Apesar da existência de
resoluções nacionais e municipais, a ineficiência de fiscalizações pode comprometer o controle
das deposições dos RCD, provocando o surgimento de pontos de deposição irregular que causam
uma série de impactos ambientais.
No Brasil, o descarte irregular dos resíduos tem causado sérios problemas ambientais,
sociais e econômicos à sociedade. A deposição inadequada acontece em bordas de canais,
420
calçadas, pistas de rolamento, parques e terrenos baldios, favorecendo o desenvolvimento de
agentes vetores de doenças.
Apesar dos resíduos da construção civil serem classificados como materiais inertes não
reagentes, a formação desses depósitos em vias urbanas oportuniza a criação de mini-lixões em
toda cidade (RODRIGUES, 2015).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
É importante destacar que a construção civil é o setor que impulsiona a maioria dos outros
segmentos produtivos, trazendo progresso e desenvolvimento para a nação. Apesar disso, é o setor
que mais causa impactos ambientais negativos em todas as etapas do seu processo construtivo,
desde a etapa da extração da matéria prima, produção dos materiais, aplicação, manutenções, uso
e desconstrução do empreendimento (MARTINS, 2012).
Na fase de extração das matérias primas, Amadei et al. (2011) e Paschoalin Filho e
Graudenz (2012), destacam como principais impactos ambientais negativos: fim das reservas
naturais das fontes não renováveis, devastação das florestas, alteração da paisagem, erosão dos
solos, elevação da concentração do nível de CO2 na atmosfera e conseqüente aumento da
temperatura global, poluição do ar e poluição sonora.
Para Amadei et al. (2011), acrescentam que, além dos impactos originados durante a fase
de extração dos recursos naturais, também ocorrerão impactos nas fases de construção dos
edifícios, observando quase sempre, um elevado índice de resíduos. Paschoalin Filho e Graudenz
(2012) revelam que em grande parte das obras, os resíduos gerados decorrem da falta de
planejamento, falta de padronização, precariedade das condições de trabalho e baixo grau de
precisão.
O mesmo autor destaca 4 focos de atuação para uma gestão mais sustentável nos canteiros de
obras, são eles:
- Gestão dos resíduos: relaciona as perdas de materiais por entulho, manuseio, destinação de
resíduos, entre outros;
421
Gestão dos recursos: Compreende consumo racional de água e energia;
METODOLOGIA
Fonte: Elaborado pelos autores a partir da base de dados da Prefeitura do Recife (2017)
422
Levantamento de dados secundários
Na presente pesquisa, para uma análise mais completa, foi adotado todo o universo de
pontos da RPA 2, 67 pontos. Posteriormente, foi realizada uma vistoria in situ dos pontos onde
ocorrem as deposições irregulares e as coordenadas geográficas destes pontos foram obtidas com
a utilização do GPS da Get Geo com precisão de 2 a 5 metros. Todos os pontos coletados foram
registrados fotograficamente com o intuito de comprovar a veracidade da pesquisa. Com a
utilização do software QGIS, estes pontos foram compilados e importados, gerando um mapa da
RPA 2 que identifica suas posições. Na fase de identificação dos impactos ambientais resultantes
da deposição irregular de RCD, utilizou-se uma ficha de campo adaptada de Santos (2015)
(Quadro 2), onde foram registrados os impactos encontrados em cada ponto, seguindo de uma
análise destes impactos no meio físico, antrópico e biótico.
423
RESULTADOS E DISCUSSÃO
424
Durante a coleta de dados em campo, foi feita a verificação do percentual dos locais em
que ocorriam as disposições irregulares de RCD (Figura 4). Através desta verificação, foi possível
analisar uma maior incidência de depósitos irregulares de RCD em calçadas, com 46% das
ocorrências, seguido de deposições que envolvem calçadas / construções com 22%, e por
calçadas/construções/pista e bordas de canal, ambas com 9%. É importante destacar que os locais
menos afetados com as deposições irregulares foram os terrenos baldios, com 3% de ocorrência,
devido à pequena disponibilidade de terrenos vazios na região, que tem um elevado adensamento
urbano. Albuquerque (2015) também encontrou pontos com maior número de deposição de RCD
em calçadas e as vias públicas, seguido de proximidades de cursos d’água como áreas de proteção
e unidades de conservação. No entanto, nas pesquisas de Santos (2015) e Freitas (2009), a maioria
dos pontos de RCD foram encontrados em lotes vagos, seguido de vias com pavimentação de
asfalto como áreas públicas.
425
A classificação dos pontos de RCD segundo a Resolução Nº 307 (CONAMA, 2002)
(Figura 6) mostra que há uma maior quantidade de resíduos classe A, com 70,15%, sobre as
demais classes; cabe ressaltar que estes resíduos têm elevado potencial de reaproveitamento,
desde a aplicação em sub-bases de pavimentos até a confecção de concretos com finalidades não
estruturais. Os resíduos das classes B e C somaram, respectivamente, 20,90% e 7,46%, e os
resíduos classe D com apenas 1,49% do total identificado nas obras.
Figura 6: Classificação dos pontos de RCD de acordo a Resolução N°307/02 (CONAMA, 2002)
Os resultados concordam com os obtidos por vários autores (PAZ; LAFAYETTE, 2016;
MELO; FERREIRA; COSTA, 2013; MARQUES; OLIVEIRA, PICANÇO, 2013), que indicam
que a maior parte dos RCD tem elevado potencial de reciclagem para poder ser novamente
utilizados e desta forma reduzir os impactos gerados ao meio ambiente. Os impactos ambientais
foram analisados no meio físico, biótico e antrópico segundo adaptação do método desenvolvido
por Santos (2015). Os resultados obtidos (Figura 7), indicaram que dos 67 pontos coletados, os
impactos mais frequentes se dão sobre o meio antrópico, com 85,56% de ocorrência, afetando as
populações e contribuindo para o aumento dos gastos públicos. Albuquerque (2015) também
indica que o maior impacto do RCD se dá no meio antrópico influenciando diretamente as áreas
afetadas e o entorno próximo.
O meio físico apresenta a segunda maior frequência, correspondendo a 13,90% dos pontos
coletados. Em sua grande maioria, os impactos sobre o meio físico se concentram nas bordas dos
canais, criando processos erosivos, contribuindo para o assoreamento e contaminando os solos -
inclusive alterando as suas propriedades físicas -. Um exemplo é ilustrado na (Figura 8) onde se
verifica uma elevada quantidade de resíduos classe A que foi depositado por grande gerador
devido ao seu elevado volume. O meio biótico corresponde a apenas 0,54% dos pontos
analisados, provocando destruição da flora e causando poluição do ar.
426
Figura 8: Depósito de RCD às margens do canal bairro do Arruda
Através dos estudos dos impactos ambientais provenientes do meio antrópico, foi possível
verificar que dos 67 pontos de RCD coletados, 100% deles geram incômodo para as comunidades,
alteram a paisagem, contribuem para o aumento de volume de resíduos que são destinados a
aterros e consequentemente aumentam as despesas do município. Além disso, 23 pontos
provocam alterações no tráfego local, dificultando a mobilidade, provocando congestionamentos
e acidentes (Figura 9). Adicionalmente, Carvalho (2016) classifica os impactos causados no meio
antrópico da região metropolitana de Recife como reversíveis e de alcance local; no entanto, o
autor indica que deposição irregular de RCD colabora ao favorecimento de doenças na população
e afeta a qualidade de vida, além de poluição visual e risco de inundação, uma vez que as
deposições irregulares de RCD colaboram com o entupimento de redes drenagem de águas
pluviais.
Através da comparação entre o estudo realizado por Santos (2015), que coletou 184
pontos de deposição irregular de RCD na cidade de Jaboatão dos Guararapes – PE, e os 67 pontos
observados na RPA 2 da cidade do Recife apresentados neste trabalho (Figura 10), foi possível
analisar algumas semelhanças entre os resultados obtidos nos dois estudos, tais quais o
comportamento dos gráficos e o aumento do volume de geração de resíduos e das despesas do
município com a sua gestão em 100% dos casos de ocorrência de deposição de RCD em áreas
impróprias.
427
Figura 10: Estudo comparativo dos Impactos ambientais no meio antrópico
A análise da relação entre a geração de RCD com a renda domiciliar da RPA 2 (Figura
11) permite constatar que a classe considerada de baixa renda contribui pouco com a geração de
resíduos de construção, sobretudo pelo baixo poder de consumo de bens e serviços; a classe média
demonstra um elevado índice de geração de resíduos, o que se deve ao aumento significativo desta
população nos últimos anos e ao maior poder de consumo; e a classe alta demonstra uma
contribuição mais uniforme e reduzida na geração de RCD.
Figura 11: Estudo comparativo entre a geração de RCD x Renda por domicílio
A partir da análise da quantidade de pontos observada por bairro na RPA 2, assim como
informações como área, população, número de domicílios e renda por domicílio de cada um dos
bairros, obtidas no site da Prefeitura do Recife (2017) (Quadro 3), é possível observar que os
bairros com as menores rendas por domicílio apresentam uma pequena taxa de geração de pontos
de deposição irregular de RCD por área, a exemplo de Dois Unidos, com cerca de 1,9 pontos por
km², e Alto Santa Terezinha e Peixinhos, onde nenhum ponto de RCD foi identificado.
Os bairros com as maiores rendas por domicílio e melhores condições de infraestrutura urbana,
428
como Rosarinho, Torreão e Encruzilhada, apresentam pontos de deposição irregular de RCD,
porém não são os que apresentam as maiores quantidades de pontos por domicílio.
CONCLUSÕES
A deposição de RCD é um tema que necessita de grande atenção tanto da gestão pública
quanto da própria população. Afinal, mesmo possuindo legislações específicas que garantam a
adequada deposição ou reaproveitamento, sua ocorrência irregular é frequentemente observada
nos grandes centros, gerando diversos impactos, que reduzem a qualidade de vida da população.
A pesquisa demonstrou que mais de 70% dos RCD encontrados têm elevado potencial de
reciclagem, contudo não são reaproveitados.
429
Uma gestão mais adequada e tratamento dos RCD por parte dos municípios pode
minimizar a quantidade da deposição irregular e reduzir os impactos ambientais observados.
Espera-se também um maior controle da gestão dos RCD nos canteiros de obras, com utilização
de empresas transportadoras de RCD cadastradas e regulamentadas para esta finalidade no órgão
de fiscalização e controle urbano. É preciso que as construtoras se utilizem e implantem
programas de educação ambiental, além de utilizar tecnologias construtivas mais sustentáveis de
modo também a reduzir o consumo por recursos naturais.
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432
4.11. DESENVOLVIMENTO DE UM SIG PARA
MONITORAMENTO DA DEPOSIÇÃO IRREGULAR DE
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM RECIFE - PE
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo desenvolver um Sistema de Informações Geográficas (SIG)
como auxílio ao monitoramento da deposição irregular de Resíduos da Construção e Demolição
(RCD) na cidade do Recife/PE, e propor locais para instalação de novas Unidades de Recebimento
de Pequenos Volumes (URPV). Primeiramente, foi realizado um mapeamento dos pontos de
deposição irregular de RCD nos bairros da cidade. Os dados foram plotados em planilha eletrônica
e importados para o software QGIS. Posteriormente, foram propostos locais adequados à
instalação de novas ecoestações para a cidade do Recife, além das que já existem. Ao todo foram
mapeados 565 pontos de deposição, observando-se em 92% dos pontos a existência de resíduos
classe A. A metade dos pontos foram classificados como de médio porte. Foram propostas 20
novas ecoestações para a cidade, localizadas utilizando-se as ferramentas de geoprocessamento.
Conclui-se que o uso de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) proporcionou uma análise
mais consistentes dos pontos e propor soluções a curto prazo para a gestão de RCD.
433
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
434
bairros mais populosos são Boa Viagem (100.388 hab), Casa Amarela (69.134 hab) e Várzea
(64.512 hab) (PMRS, 2012).
De acordo com Albuquerque (2015), a cidade do Recife está dividida em seis Regiões
Político-administrativas: RPA 1 (Centro), RPA 2 (Norte), RPA 3 (Noroeste), RPA 4 (Oeste), RPA
5 (Sudoeste), e RPA 6 (Sul). Cada RPA é subdividida em três microrregiões que reúnem um ou
mais dos seus 94 bairros. A localização da cidade do Recife/PE (Figura 1).
Desenvolvimento do SIG
Na segunda etapa utilizou-se o software livre QGIS 2.8.1 para o desenvolvimento do SIG,
onde os dados referentes aos pontos de deposição (coordenadas, entorno, porte, tipos e classes de
resíduos) foram plotados. Foi realizada ainda uma comparação com as características
socioeconômicas de cada bairro e RPA, como população, domicílios particulares permanentes e
renda média, de forma a correlacionar os pontos de deposição com as características da área.
De acordo com Scremin (2007), a bacia de captação deve ter dimensões que possibilitem
o deslocamento dos pequenos geradores, de seu perímetro até o local de recebimento (1,5 a 2,5
km de raio) onde, sempre que possível, devem estar localizados próximos do centro geométrico
da “Bacia de captação”. A bacia é delimitada de acordo com a topografia e as limitações de acesso
da região, pois os caminhões coletores devem ter seu deslocamento facilitado quando estiverem
carregados, de forma que não existam barreiras naturais que impeçam ou dificultem o acesso à
URPV.
Au
NURPV = (Eq. 1)
(π x R ab 2 )
Inicialmente, foram identificados os lotes vazios na cidade do Recife, pois geralmente são
as áreas escolhidas pela população para o descarte ilegal de resíduos. A partir deste levantamento,
foi realizada uma análise espacial dos pontos de deposição irregular cadastrados no mapeamento
realizado na etapa anterior. Para cada ponto de deposição, foi criado um buffer (área de entorno)
de 200m, para identificar as áreas mais próximas que seriam aptas para receberem as URPV. Além
disso, considerou-se como áreas mais adequadas aquelas que possuem as maiores concentrações
de pontos de deposição irregular, onde foi calculada a superfície de densidades de Kernel, sendo
estabelecidas cinco classes de aptidão das áreas para implantação das URPV. As classes atribuídas
foram: nula, baixa, média, alta e muito alta.
436
Para determinar a área necessária para cada ecoestação proposta, foi estimado o número
de habitantes abrangido pelas bacias de captação, a partir dos dados fornecidos pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) em cada setor censitário, e a geração de RCD
proveniente dos pequenos geradores, calculado a partir dos dados de RSU fornecidos pela Emlurb
acerca da destinação dos RSU em aterro sanitário, entre os anos de 2012 a 2016. A partir desses
critérios, foram utilizadas ferramentas de geoprocessamento para criação de buffers para
delimitação das bacias de captação.
RESULTADOS
Figura 2. Quantidade de pontos de deposição irregular de RCD por km2 nas RPA de Recife.
8,0
7,0
Pontos de deposição irregular
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
RPA 1 RPA 2 RPA 3 RPA 4 RPA 5 RPA 6
Regiões Político-Administrativas
437
Figura 3. Localização dos pontos de deposição irregular de RCD em Recife.
Tabela 2. Pontos de deposição irregular, e sua relação com as características socioeconômicas das RPAs.
Área
Renda Pontos Pontos/ Domicílios/
RPA urbanizada Domicílios
2 média (R$) críticos km2 Pontos
(km )
RPA 1 11,0 25.505 1.615 24 2,18 1063
RPA 2 13,9 64.943 1.791 84 6,04 773
RPA 3 23,5 88.928 3.518 92 3,91 967
RPA 4 23,2 86.566 1.651 131 5,65 661
RPA 5 19,1 78.407 1.106 116 6,07 676
RPA 6 29,9 120.484 1.643 118 3,95 1021
SOMA 120,6 464.833 - 565 - -
Foi encontrada uma maior concentração de pontos na RPA 5, com 6,07 pontos/km2, com
116 pontos cadastrados, onde se localizam bairros bastante populosos, como Afogados (36.265
habitantes), Barro (31.847 habitantes) e Jardim São Paulo (31.648 habitantes), que estão entre 15
bairros mais populosos do Recife, segundo o Censo de 2010 do IBGE. Realizou-se ainda uma
análise dos tipos de materiais e classes de resíduos cadastrados, bem como o tamanho das pilhas
438
de deposição irregular. A quantidade de pontos contendo cada classe de RCD, de acordo com a
Resolução CONAMA nº 307/2002 (Figura 4).
Verificou-se que 92% dos pontos de deposição irregular de resíduos possuem resíduos
Classe A, como concreto, argamassa, tijolos, cerâmica, etc, o que se relaciona ao fato de que cerca
de 87% do volume de RCD gerado nas obras são Classe A (PAZ, 2014). Estes resíduos podem
ser reciclados como agregados para serem reutilizados na construção civil. Em relação aos
resíduos Classe B, observou-se que 70% do total de pontos possuíam resíduos como madeira,
metal, papel, papelão ou sacos de cimento, considerados resíduos recicláveis para outras
destinações. Além disso, foram encontrados em 47% dos pontos, resíduos considerados como não
recicláveis. Neste caso, os materiais que estavam contaminados com outros tipos de resíduos,
como os orgânicos, que inviabilizasse a reciclagem, foram considerados como Classe C. E em
apenas 8% dos pontos foram encontrados resíduos classe D, como as tintas e solventes.
Quanto à análise por tipos de materiais encontrados nos pontos de RCD cadastrados em
Recife (Figura 5), observou-se que os materiais cerâmicos são o tipo de material mais
preponderante nos pontos de deposição irregular, com 69%, seguido do concreto (68%), plástico
(53%), madeira (44%) e argamassa (41%).
500
Nº de pontos de deposição
389 387
400
297
300 249 232
213 197
200 164
131
99 95 77
100 74
42 41 27 21
7 4
0
439
Em relação à análise do porte dos pontos de deposição irregulares por observação direta
(Figura 6), foram considerados pontos pequenos aqueles advindos de pequenos geradores, ou seja,
que geram menos de 1 m3/dia de resíduos (RECIFE, 2013), sendo de responsabilidade da
prefeitura a coleta. Os pontos de tamanho médio são aqueles que preenchem uma caçamba
estacionária de 6 m3, enquanto que os pontos de tamanho grande são aqueles que precisam de
mais de uma caçamba estacionária para serem coletados, sendo geralmente os pontos localizados
em terrenos baldios.
Figura 6. Localização dos pontos de deposição irregular de RCD de acordo com o porte.
Verificou-se, portanto, que metade dos pontos encontrados (276 pontos) são de porte
médio, ou seja, passíveis de serem coletados por uma caçamba, enquanto que 101 pontos são
considerados de grande porte, e são prioritários para serem coletados pela prefeitura. Como a
cidade do Recife ainda não possui uma estrutura adequada que favoreça o gerenciamento correto
dos resíduos, como ATT, usinas de beneficiamento e aterros de inertes, muitas construtoras
utilizam o descarte irregular como solução mais simples e barata do que transportar os resíduos
para uma destinação adequada.
440
Observa-se que devido à falta de um programa de fiscalização efetiva das obras, muitos
geradores acabam descartando os resíduos em terrenos baldios e margens de rios. Por outro lado,
verificou-se também em áreas menos nobres pontos de deposição irregular proveniente de
pequenos geradores, cujos resíduos vão se acumulando ao longo do tempo, pela inexistência de
estrutura de coleta regular das prefeituras, apesar do esforço destas em sensibilizar a população
quanto a proibição do descarte incorreto dos RCD. Constata-se nesses locais uma grande
quantidade de resíduos mistos, principalmente resíduos orgânicos e poda, o que diferencia dos
resíduos provenientes dos grandes geradores.
A partir dos resultados obtidos com o mapeamento da deposição irregular, foram utilizadas as
ferramentas do software QGIS para propor áreas para instalação de URPV em Recife,
considerando-se os critérios de quantidade de pontos cadastrados, dimensão das áreas urbanas, e
disponibilidade de terreno para a construção (LAFAYETTE, 2016).
Assim, com a definição da quantidade mínima, foram propostos novos locais adequados
para instalação das URPV, considerando-se dois critérios: o de proximidade dos pontos de
deposição irregular (200 m), e o de concentração dos pontos, onde foi utilizada a densidade de
Kernel (Figura 7).
441
Figura 7. Aptidão das áreas de acordo com a concentração dos pontos de deposição irregular.
442
da EcoestaçãoCaxangá, localizado na RPA 4, por ser um ponto consolidado, já utilizado pela
comunidade do entorno para deposição de entulho da construção civil (Figura 8).
Foram definidas a área construída para as ecoestações existentes e a área disponível para
as ecoestações propostas, bem como a quantidade de RCD passível de ser recebida, obtida a partir
dos dados fornecidos pelo IBGE e EMLURB (Tabela 4).
443
A partir da escolha dos locais para implantação das URPV, foram delimitadas as bacias
de captação de cada ecoestação, considerando-se um raio de 1,5 km do local de entrega dos
resíduos (Figura 9). A delimitação ocorreu de acordo com a topografia da região e a quantidade
de casas abrangidas pela bacia de captação. Após coletados, os resíduos provenientes das
ecoestações têm como destino a reciclagem (no caso de resíduos de papel, papelão, madeira,
metal), ou o envio para aterro sanitário (orgânicos, RCD e volumosos), localizado em Jaboatão
dos Guararapes/PE.
CONCLUSÕES
444
A quantidade de pontos levantados demonstra que a gestão de RCD atualmente praticada
na cidade do Recife ainda é incipiente, e são necessárias ações mais estruturadas de fiscalização
de obras e rastreamento de resíduos, para que haja uma redução substancial na quantidade de
locais de deposição irregular, reduzindo assim os vetores de doenças e os impactos ambientais.
REFERÊNCIAS
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construção civil e resíduos volumosos – Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto,
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446
Capítulo 5.Óleos e derivados
447
5.1. AVALIAÇÃO DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS
DE ÓLEOS LUBRIFICANTES NA CIDADE DE SOBRAL –
CE
RESUMO
448
INTRODUÇÃO
Apesar disso, pode-se observar que esta realidade começa a mudar, visto que as empresas
do setor, gradualmente, começam a tomar consciência e demonstrar preocupação em resolver os
problemas causados pela disposição irregular desses resíduos. Com isso, a sociedade civil,
empresários e gestão pública tem se unido no sentido de procurar soluções a fim de minimizar os
prejuízos causados ao meio ambiente (MARQUES; MARQUES; SILVA, 2015).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A frota de carros no Brasil está cada vez maior devido à economia acelerada, chegando a
51 milhões de veículos em 2016, conforme dados do Departamento Nacional de Trânsito-
DENATRAN, e resultando num significativo aumento da demanda por óleos lubrificantes,
fazendo com que o Brasil fosse elevado ao sexto maior mercado mundial de lubrificantes, ficando
atrás da China, Estados Unidos, Índia, Japão e Rússia, conforme relatório da empresa IHS Markit
(BUSINESSWIRE, 2013). O relatório da IHS informa ainda que cerca de 70% de todos os
lubrificantes utilizados no Brasil destinam-se a usos automotivos como óleo para motores, diesel,
gasolina e combustíveis flex, graxas, fluidos de grupos propulsores para transmissões e eixos e
fluidos para motocicletas. O mesmo autor cita outras aplicações que incluem lubrificantes
destinados aos usos industriais. Em âmbito mundial, os óleos destinados aos usos automobilísticos
são responsáveis por 56% dos lubrificantes utilizados, conforme o relatório.
Segundo Mueller (2013), ainda espera que o governo incentive a instalação das fábricas
necessárias e estimule as refinarias a aumentar a coleta e o refino de óleos usados para ajudar a
diminuir a necessidade de importações dos produtos de base. Aproximadamente 300 produtores
no Brasil oferecem cerca de 4.000 produtos lubrificantes registrados, dentre eles os nove maiores
produtores são a Petrobrás, Ipiranga, Cosan, Chevron, Shell, Petronas, BP, Castrol, Total e YPF
que em conjunto produzem 80% do mercado de lubrificantes por volume (BUSINESSWIRE,
2013).
O óleo lubrificante, segundo Sohn (2011), tem a função principal de reduzir o atrito e o
desgaste entre partes móveis de um objeto, e no Brasil, os óleos devem atender àsespecificações
técnicas estabelecidas e possuir registro pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP).
450
exclusiva e nos sistemas de esgoto ou evacuação de
águas residuais (Art. 12º, CONAMA, 2005).
Desse modo, a logística reversa se apresenta como um ponto forte não só na consolidação
da gestão de resíduos sólidos, mas também no crescimento da efetividade do tratamento e
destinação adequados, sobretudo para o equilíbrio nos campos ambientais, econômicos e sociais
presentes na sustentabilidade ambiental (SILVEIRA; SANTANA; SILVA, 2017).
451
material contida neste recipiente. Em seguida a embalagem deve ser tampada para evitar o
escorrimento do fluido ainda restante na mesma durante o transporte do recipiente para o
tratamento ou disposição final (FIESP, 2007).
Vale salientar que para todas as atividades que gerem resíduos, faz-se necessária a criação
de um plano de gerenciamento de resíduos que descreva os procedimentos corretos a serem
adotados - desde manejo, acondicionamento, coleta, tratamento e destinação final - que atenda as
normas ambientais vigentes, tendo como principal objetivo a redução na geração, reuso e
reciclagem dos resíduos, diminuindo, dessa forma os impactos no meio ambiente, além de
contribuir para a saúde humana, minimizar os custos e danos associados à destinação de resíduos
e o volume e toxicidade dos resíduos gerados.
METODOLOGIA
Esse estudo foi desenvolvido em postos de revenda de combustíveis que realizam o serviço
de troca de óleo automotiva na cidade de Sobral-CE, situada na região norte do estado do Ceará,
a 235 quilômetros de Fortaleza, capital do Estado, ligada a esta pela Rodovia BR-222.
452
Santa Quitéria, Groaíras e Cariré, a leste com Itapipoca, Irauçuba e Canindé, e a oeste com os
municípios de Coreaú, Mucambo e Alcântaras (Figura 1).
A quarta etapa da pesquisa, realizada em campo, a qual foi dividida em dois momentos: i)
visita aos estabelecimentos alvos, cuja finalidade inicial foi fazer uma explanação a respeito dos
objetivos do estudo e de que forma os entrevistados poderiam contribuir para a realização do
mesmo; ii) aplicação de um questionário junto aos proprietários e/ou funcionários das oficinas
como forma de avaliar o gerenciamento dos resíduos de óleos lubrificantes e suas embalagens,
além das instalações físicas do estabelecimento.
A quinta etapa consistiu na análise e interpretação dos dados, onde foram identificados os
principais problemas enfrentados pelos empresários no que diz respeito ao gerenciamento dos
resíduos de óleos lubrificantes e suas embalagens geradas por suas atividades e posterior análise
dos aspectos ambientais dos postos de combustíveis.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Semace forneceu uma lista de 17 postos de combustíveis que realizam o serviço de troca
de óleo, distribuídos em diferentes regiões da cidade (Figura 2). A lista continha algumas
informações tais como razão social e endereço.
Figura 2: Distribuição dos Postos de Combustíveis que realizam o serviço de troca de óleo na
cidade de Sobral/CE.
453
Fonte: Google Earth (2018).
Foram realizadas visitas aos empreendimentos onde procurou-se os proprietários ou
responsáveis e a eles foi realizada uma explanação do estudo e solicitada a participação com o
preenchimento do questionário. Dos 17 postos de combustíveis visitados, somente 11 (64 %) se
disponibilizaram a responder o questionário.
Nesse estudo, foi dado ao óleo lubrificante usado ou contaminado certa ênfase, tendo em
vista a grande quantidade gerada, as exigências legais existentes, o elevado nível de contaminação
e impactos ambientais negativos causados por estes quando gerenciados de forma incorreta. Com
relação à infraestrutura do local de troca de óleo, observou-se que 100%, dos que responderam o
questionário, realizam a troca de óleo em local coberto, com piso impermeável e possuem caixa
separadora de água e óleo, cuja finalidade é recuperar o máximo de óleo possível em casos de
eventuais derramamentos.
Verificou-se ainda que todos os estabelecimentos visitados destinavam o óleo usado para
empresas especializadas no segmento. As empresas responsáveis pela coleta do OLUC devem ser
licenciadas e registradas na Agência Nacional do Petróleo (ANP), as quais devem emitir no ponto
de troca um Certificado de Coleta do OLUC sempre que estes forem coletados (BRASIL, 2005).
O destino mais adequado do OLUC coletados pelas empresas são as indústrias de reciclagem para
o rerrefino (FERREIRA, 2009).
Observou-se que apesar de todos os entrevistados afirmarem que o OLUC é coletado por
empresa credenciada junto a ANP, alguns dos certificados de coleta não foram apresentados pelos
proprietários e/ou funcionários dos postos quando solicitados. De acordo com Machado (2011),
o estabelecimento que realiza a coleta deve emitir documento com dados da empresa fornecedora
do óleo coletado, volume coletado e valor pago, nome do condutor do veículo responsável pelo
caminhão no dia da coleta, identificação do caminhão que transportou esse resíduo e o número do
registro da empresa coletora junto a ANP.
454
Resíduos sólidos: embalagens de óleos lubrificantes e resíduos contaminados
(estopas)
No caso das estopas, que são considerados resíduos contaminados de óleo lubrificante, 07
(sete) dos estabelecimentos informaram que depositam este tipo de material em tambores de lixo
considerado comum, e que são recolhidos e coletados pelo caminhão de coleta pública, sendo
encaminhado ao Aterro Sanitário do município. Os outros 04 (quatro) estabelecimentos
informaram que acondicionam o material em tambores, sendo posteriormente coletado por uma
empresa especializada. Vale salientar que os postos que encaminham estas estopas contaminadas
como lixo comum não estão descartando este resíduo de maneira correta podendo este material
contaminar solo, subsolo e lençóis freáticos.
CONCLUSÕES
Não existe um cadastro dos postos de revenda de combustíveis que realizem a atividade de
troca de óleo lubrificante junto à prefeitura municipal de Sobral - CE. Foi observado que algumas
respostas fornecidas no questionário não condizem com a realidade do ambiente em que se realiza
a atividade, como a presença de caixa separadora de água e óleo no local da troca.
A coleta do OLUC é sempre realizada por uma empresa especializada no serviço, sendo
este efetuado bimensalmente pela maioria dos postos. A coleta das embalagens na grande maioria
é efetuada por uma empresa especializada. A destinação das estopas contaminadas por óleo
lubrificante usado é disposta junto com o lixo considerado comum, e a coleta é realizada pela
prefeitura municipal de Sobral. De uma forma, pode se notar que o gerenciamento do óleo
lubrificante usado ou contaminado nos postos de combustíveis na cidade funciona bem em parte,
pois ainda precisa adequar o locar onde se realiza o serviço. Porém nota-se que os
empreendimentos não consideram as estopas usadas como material contaminado. Deste modo,
enxergam este material como um resíduo comum podendo ser encaminhado ao aterro sanitário do
município.
REFERÊNCIAS
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Revisada – set/2011.
455
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Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 02 de setembro de 1981.
BRASIL. Lei Nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 02 de agosto de 2010.
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456
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reversa. 1. ed. Recife: EDUFRPE, 2015. 455p. E-Book: ISBN: 978-85-7946-196-5. Disponível em:
<http://www.epersol.com/e-books.html>. Acesso em: 08 de maio de 2018.
SECRON, M. B.; GIORDANO, G.; BARBOSA FILHO,O, Controle da poluição hídrica gerada pelas
atividades automotivas. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2010.
457
5.2. CARACTERIZAÇÃO DE UM RESÍDUO
PROVENIENTE DA QUEIMA DE ÓLEO COMBUSTÍVEL
DE TERMOELÉTRICA LOCALIZADA EM JOÃO
PESSOA – PB
SALGADO, Júlia Barbosa de Almeida
Universidade Federal de Pernambuco
juliaquimica@gmail.com
BENACHOUR, Mohand
UFPE
mbena@ufpe.br
RESUMO
A utilização de óleo combustível em termoelétricas gera borras oleosas, que devem ser
posteriormente tratadas. Este estudo visou à caracterização tanto física quanto química de uma
borra oleosa, com ênfase nas concentrações de HPA Foram realizada as seguintes análises: análise
elementar (percentuais de carbono, nitrogênio, oxigênio, enxofre), teor de cinzas, pH e teor de
metais e quantificação das concentrações de HPA na amostra. Os valores dos percentuais do
carbono, nitrogênio, oxigênio e enxofre são superiores aos encontrados na literatura para outros
tipos de borra bem como as concentrações iniciais de HPA, que neste trabalho foi de 293,56
±0,77(mg.kg-1).
Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, mostram que fontes fosseis
são responsáveis pela geração de 16, 00 % da energia utilizada no Brasil, deste percentual, 6,6%
vêm da utilização direta de combustíveis derivados de petróleo, sendo especificamente 2,81 % de
óleo combustível (ANEEL, 2018). O uso deste material em termoelétricas é responsável por
geração de borras oleosas, cuja composição é muito variada, mas contem grandes quantidades de
compostos orgânicos complexos.
Assim, este trabalho visou caracterizar física e quimicamente essa borra, através de
análise elementar (percentuais de carbono, nitrogênio, oxigênio, enxofre) , teor de cinzas, pH, e
teor de metais e com ênfase na concentração de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos - HPA.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este material é rico em frações orgânicas aromáticas, dentre eles os HPA. Estes
contaminantes são formados a partir da queima de derivados de petróleo e gás, carvão, madeira,
óleo combustível ou outros compostos orgânicos, como resíduos. Outra fonte produtora destes
compostos são processos industriais, tais como os da produção de aço e alumínio e também os
provenientes de incineradores de resíduos e rejeitos industriais ou da produção das atividades
petroquímicas (AZEVEDO, ARAÚJO, SILVA, 2013). Podem também ser provenientes de fontes
459
naturais como bactérias, fungos e plantas e dos como vulcões e incêndios (BERNARDO et al.,
2016). As emissões de tais processos resultam em uma mistura composta por uma grande
variedade de HPA's com concentrações diversas; (MEIRE; AZEVEDO; TORRES, 2007; LI et
al., 2014).
Estudos mostram que estes contaminantes são encontrados em diversas matrizes tais
como: solos contaminados com petróleo (MATER et al., 2007), borra, água usada na produção de
petróleo (ROCHA, 2010), Fração solúvel do petróleo (SOUZA, 2011).
METODOLOGIA
Para a determinação dos percentuais de carbono (C), hidrogênio (H), nitrogênio (N),
enxofre (S) e oxigênio (O) denominado de (CHNOS), na borra foi realizada a análise elementar
(PROTÁSIO et al., 2013). O teor em (%) de oxigênio foi calculado através do balanço de massa
apresentado na equação 1:
O teor de cinzas foi realizado baseado na metodologia NBR ABNT 9842. Inicialmente
foi realizado a tara do cadinho a ser utilizado no procedimento. O mesmo foi mantido em mufla
por um período de 6 horas, após este período e resfriamento da mufla a 1000C, retirou-se o cadinho
para um dessecador e após o resfriamento a temperatura ambiente o mesmo foi pesado. Sendo
repetido o procedimento até estabilização da sua massa. Foi então pesado 10 g da amostra e
colocado na mufla por um período de 6 horas, após este período, a amostra foi pesada e o
procedimento repetido até estabilização da massa, o que ocorreu em um período que totalizou de
12 horas.
460
O teor de cinzas foi então calculado pela equação 2:
Sendo:
n: massa da cinza;
M: massa da borra.
A extração dos HPA dos resíduos foi seguida a metodologia da EPA 3550c, que utiliza a
extração líquido-sólido (ELS) por ultrasom. Para a extração foi utilizado 50 ml de uma mistura
1:1 de hexano /acetona, e 0,300 g da amostra. A amostra foi colocada em um envelope preparado
com papel de filtro e submetida ao processo de extração por um período de 1 hora a 60 0C. O
extrato assim obtido foi levado ao rotaevaporador até o mesmo ser reduzido a 2ml. Foi preparada
uma coluna clean up com a finalidade de remover substancias co-extrativas presentes no extrato.
A coluna foi montada sendo adicionado na parte inferior com lã de vidro, seguido por uma coluna
de 2 cm de sulfato de sódio anidro calcinado, sílica gel lavada( 5 cm), sílica básica ( 1,5 cm),
sulfato de sódio anidro calcinado (1,0 cm) e sulfato de cobre calcinado (0,5 cm), adicionado na
parte superior da coluna. Esta coluna foi lavada com 10 mL de mistura de eluição( 70% v/v de
hexano + 30% v/v diclorometano). O extrato rotaevaporado foi passado na coluna, sendo o balão
lavado duas vezes com 5 ml da solução de eluição. O novo extrato obtido foi então levado ao
rotaevaporador até ser obtido 1 ml do extrato. O extrato foi aferido num balão para um volume de
5 mL, com diclorometano e então acondicionado em geladeira para posterior quantificação no
GC-MS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise elementar e teor de cinzas para a borra em estudo (Tabela 1).
461
Carbono 63,90
Hidrogênio 8,55
Oxigênio 25,38
Nitrogênio 0,15
Enxofre 2,02
Cinzas 8,86
Verifica-se (Tabela 1), que os valores de carbono, hidrogênio, nitrogênio, são inferiores
aos percentuais apresentados na analise elementar do petróleo (C_83-87%; H_11-14%; N_0,11-
1,7%; O_0,1-2-%) (THOMAS, 2011), que pode apresentar pequenas variações na sua
composição química bem como pequenas diferenças nas suas propriedades físicas devido a sua
composição elementar (MISITI; TEZEL; PAVLOSTATHIS, 2013). No entanto os valores
encontrados na analise elementar são coerentes já que a borra em estudo trata-se de um material
que já passou por um processo de queima em turbinas para geração de energia. Estes teores são
inferiores aos encontrados por Lima, 2014 para resíduo de vácuo que foram de C: 85,51; H:9,64
; N: 3,88 S: abaixo do limite de detecção.
Em relação ao alto teor de enxofre, que para o resíduo em estudo é de 2,02 % , este valor
elevado pode ser atribuído à borra ser proveniente da queima de óleo combustível, cujo teor de
enxofre admitido pela ANP é de até 2,5% (PETROBRAS, 2013). Este parâmetro deve ser
considerado no caso de queima deste material devido a liberação de SOx para atmosfera.
As concentrações dos principais metais presentes na amostra são mostradas (Tabela 2).
462
Os metais estão presentes no petróleo tanto dissolvidos na água emulsionada, como na
composição de complexos organometálicos, sendo que estes tendem a se concentrar nas frações
mais pesadas do petróleo. Os mais facilmente encontrados são: ferro, zinco cobre, chumbo,
molibdênio, cobalto, arsênico, manganês, cromo, sódio, níquel e vanádio (THOMAS, 2011).
Verifica-se que a maiores concentrações são encontradas para potássio (96,61 mg. kg -1) e ferro
(36,28 mg. kg-1). Estes valores se mostram inferiores aos encontrados por Rocha (2010), para
borra proveniente de armazenamento de petróleo em tanques e por Guimaraes (2007). Esses
autores analisaram a borra de tanques de petróleo, e o presente trabalho analisou o resíduo do óleo
combustível, assim resultados inferiores já eram esperados, por este óleo ser umas das varias
frações do petróleo. Verificou-se também a presença de metais devem ser monitorados.
Na amostra de borra em estudo foi determinado um valor de pH de 6,2, assim tal amostra
encontra-se próximo a faixa de pH neutro. Este valor é próximo ao verificado por Guimarães
(2016) que foi de 6,0. (ABNT, 2004) classifica o resíduo como sendo não corrosivo na faixa onde
o pH apresenta- A NBR 10004 se entre 2 ≤ e ≤ 12,5.
Na tabela estão representados os valores médios das concentrações após a extração dos
HPA na amostra de borra sem tratamento, as amostras foram feitas em triplicata (Tabela 3).
Os valores das concentrações de HPA's estão acima do determinado por alguns autores
para as frações de petróleo ou solos contaminados. Estes percentuais, são superiores aos resultados
obtidos por Souza (2011) que estudou frações de petróleo em solo, e determinou um percentual
total de HPA de 242,29 mg.kg-1. Já Rocha (2010), determinou um percentual total de HPA de
293,56 mg.kg-1em amostra de borra depositada nos tanques de armazenamento de petróleo, e
determinou as maiores concentrações dos HPA’s para os de menor massa molecular (do
naftaleno ao antraceno).
Vale ressaltar que o óleo combustível processado a partir do petróleo é proveniente do resíduo de
vácuo, ou seja, este combustível já é um material com percentuais de hidrocarbonetos pesados, já
que na operação de refino os compostos mais leves saíram para formar outros produtos da
refinaria.
463
Assim, quando a borra é submetidas a um processo de combustão podem ser fontes de
contaminação de solos e águas, já que os HPA são substâncias de difícil degradação e
recalcitrantes.
CONCLUSÕES
No Brasil não há legislação especifica para borra oleosa, nem as provenientes dos tanques
de petróleo nem tão pouco de outras fontes geradoras desses materiais da indústria petrolífera. Os
resultados obtidos no presente trabalho mostram a necessidade de acompanhamento e
monitoramento dos compostos constituintes desse material, bem como estudos sobre tratamentos
e eficiência destes para a destruição ou controle dos resíduos considerados perigosos.
REFERÊNCIAS
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sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias
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substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Publicado no DOU nº 249, de 30/12/2009, págs.
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FRANÇA, A. J.. Influência do efluente gerado por uma termoelétrica lançado em um corpo d'água
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464
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< http://sites.petrobras.com.br/minisite/assistenciatecnica/public/downloads/manual-tecnico-oleo-
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Fenton oxidation processes. Chemosphere, v.150 p. 294-303, 2016.
465
5.3. ADITIVO INCORPORADOR DE AR PARA
CONCRETO À BASE DO ÓLEO DE FRITURA RESIDUAL
COLETADO NA CIDADE DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS-
AL
SILVA, Rodrigo Mero Sarmento da
Instituto Federal de Alagoas (IFAL)
rodrigo.mero@gmail.com
RESUMO
O aditivo incorporador de ar pode ser indicado como um dos amplos avanços na tecnologia
do concreto. Foi desenvolvido para introduzir no concreto bolhas de ar microscópicas. Essas
bolhas aperfeiçoam substancialmente a durabilidade dos concretos submetidos a etapas de
congelamento e descongelamento, possibilitando maior trabalhabilidade a ele no estado fresco
(Kosmatka et al., 2003). A ocorrência das bolhas de ar incorporado se preserva esféricas, devido
à tensão superficial, ocasionando na melhoria da trabalhabilidade. Logo, as bolhas exercem sua
função como um agregado miúdo com baixo atrito superficial e alta elasticidade. A massa de
concreto passa a agir como se existisse um excesso de agregado miúdo (Kosmatka et al., 2003).
O destino inadequado dos resíduos sólidos tem se tornado um problema ambiental cada vez
maior, colocando em discussão a importância do desenvolvimento sustentável e o correto
direcionamento de resíduos. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(2017), apenas 13% dos resíduos sólidos urbanos e industriais são reciclados e 14% da população
brasileira são atendidas pela coleta seletiva (IBGE, 2017). Refletindo sobre essa problemática, um
exemplo a ser evidenciado é o descarte e tratamento incorreto dos resíduos sólidos, com ênfase
no óleo oriundo de frituras. Esse resíduo é um dos maiores poluidores de águas doces e salgadas
das regiões mais adensadas do Brasil. Embora descreva uma proporção ínfima do lixo, o seu
impacto ambiental é muito amplo. (ECÓLEO, 2011).
Uma grande dificuldade é a destinação errada, dada ao óleo de cozinha, pois em contato com
a água dos rios, lagos e mares cria um obstáculo que dificulta o acesso de luz e a oxigenação da
água, afetando negativamente assim, a base da cadeia alimentar aquática, auxiliando para a
ocorrência de enchentes, além de conceder o entupimento de tubulações de esgoto (REVISTA
PLANETA CIDADE, 2007). “A consciência ambiental requer um enfoque multidimensional,
produzindo nos indivíduos um conjunto de atitudes e sentimentos que aproxime da ação coletiva,
da cooperação e da mobilização para resolver os problemas socioambientais.” (ARAUJO et. al,
2015).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Santos (2009, p.29) “No Brasil são descartados nove bilhões de litros de óleo de
cozinha por ano, mas apenas 2,5% de todo esse óleo de fritura é reciclado, ou seja, separado,
coletado, filtrado e reinserido na cadeia produtiva.”.
467
O óleo de cozinha jogado diretamente na pia pode prejudicar o meio ambiente. “Outros
fatores decorrentes da deposição irregular de resíduos em corpos d’água em grandes centros
urbanos surgem sob a forma de inundações, degradação da paisagem urbana e contaminação dos
recursos hídricos com danos à vida aquática. ” (Guedes et. al, 2018).
Segundo Da Costa et. al (2015), a atuação do ser humano deve ser somada as ações coletivas
na busca de possibilidades de soluções para os diversos tipos de problemas ambientais que são
muito frequentes. De acordo com Nelson Mandela, a educação é o instrumento com maior
potencial transformador da sociedade (Gomes, 2017), formando assim uma ferramenta com
capacidade de garantir a segurança ambiental para as futuras gerações, sendo ferramenta
catalisadora da mudança comportamental dos indivíduos e consequentemente, modificando a
maneira que o ser humano se relaciona com o meio ambiente.“Por expor um potencial de sérios
riscos à saúde dos indivíduos e ao meio ambiente, as atividades da sua gestão carecem de
organização e controle do descarte.” (Silva et. al, 2017).
Agentes incorporadores de ar
METODOLOGIA
O óleo de cozinha utilizado nesse trabalho foi coletado de residências da cidade de Palmeira
dos Índios - AL. No intuito de conscientizar a população sobre a destinação correta desse tipo de
resíduo sólido, foi solicitado a alguns moradores, de localidades próximas ao IFAL, a
armazenagem do óleo utilizado em suas residências. Em seguida, foi feita a coleta desse óleo para
posterior uso em laboratório.
Para a produção de um sabão líquido a partir do óleo, optou-se por utilizar o resíduo sem
tratamento, apenas passando por um tempo de 10 horas de decantação das partículas sólidas
provenientes de restos de alimentos nos quais o óleo foi utilizado para fritura. Dessa forma,
trabalhou-se com o resíduo da maneira mais ambientalmente limpa possível, uma vez que não se
fez a utilização de filtros para limpeza desse óleo.
Os sabões são produzidos a partir dos óleos pelas reações de saponificação que é uma reação
de neutralização. Essa reação do óleo com solução aquosa de álcali resulta na formação de glicerol
e em uma mistura de sais alcalinos de ácidos graxos (RIBEIRO; SERAVALLI, 2001). A produção
de sabão é um dos procedimentos que vem se destacando e recebendo espaço cada vez maior uma
vez que é um processo simplificado e economicamente viável (SEGUNDO; BIZERRA, 2014).
No que compete a utilização de óleo de fritura residual, Além de ser uma possibilidade viável,
colabora no sentido de atenuar o impacto do descarte inadequado desse tipo de resíduo no meio
ambiente (OLIVEIRA et al., 2014).
Para produção do detergente líquido a partir do óleo de fritura residual, foi misturado em um
Becker o óleo com álcool etílico, solução de hidróxido de sódio e água.
O modelo de aditivo utilizado foi produzido a partir de reações ácido-base em contato com
o detergente produzido, a fim de se reter o CO2 liberado pelas reações, criando assim uma estrutura
aerada interna ao concreto, sendo então um concreto classificado como leve, por ter sua massa
específica reduzida.
469
Figura 1: Corpos de prova moldados
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os sabões são capazes de diminuir a tensão superficial dos líquidos que entram em contato,
diminuindo, dessa maneira, a quantidade de interações entre as moléculas que o constituem
(FERNANDES, 2009). Foi produzido um sabão líquido neutro (detergente) à base do óleo de
fritura residual.
O aditivo produzido foi capaz formar um sistema de micro bolhas com o CO 2 liberado nas
reações ácido - base, retido em seu interior de forma parcialmente estável e uniforme, o que
proporcionou a capacidade de confecção de um concreto leve utilizando tal aditivo para a redução
de sua massa específica (Figura 2).
Fonte: Autores
A partir de pesagens dos copos de prova confeccionados para o cálculo da massa específica
do concreto simples e do concreto aditivado com o aditivo produzido a partir do óleo de fritura
470
residual, foi observado um teor de ar incorporado de 8,12% e um ganho de trabalhabilidade
representado pelo aumento de 12 milímetros no abatimento mensurado através do ensaio de
abatimento do tronco de cone (Slump Test), esses procedimentos foram repetidos seis vezes. A
massa dos corpos de prova com e sem aditivo e a incorporação de ar obtida com o uso do aditivo
(Tabela 1) e a trabalhabilidade relacionados às repetições realizadas (Tabela 2).
Porcentagem
Massa concreto Massa concreto
Repetição de ar
sem aditivo com aditivo
incorporado
1 100 112 12
2 89 105 16
3 93 101 8
4 95 109 14
5 91 101 10
6 92 104 12
MÉDIA 93 105 12
CONCLUSÕES
A partir do óleo de fritura residual foi possível desenvolver um aditivo capaz de apresentar
um teor de incorporação de ar relevante e de grande aplicabilidade, além do ganho substancial na
trabalhabilidade do concreto com tal aditivo, o que o faz ter um maior potencial de uso, tendo em
vista a demanda de concretos com boa trabalhabilidade em obras de médio e grande porte. Além
disso, é possível notar que desenvolver um aditivo à base de um resíduo sólido para concretos,
utilizando para a sua fabricação um detergente natural neutro à base do óleo de fritura residual,
ao invés dos compostos sintéticos que o mercado vem utilizando é uma inovação tecnológica
limpa e sustentável de grande importância para a construção civil. Os resultados obtidos com esse
trabalho foram muito expressivos e satisfatórios por aferir o potencial de utilização de resíduos
sólidos como alternativa para substâncias químicas tóxicas utilizadas pela indústria. Fecundar o
conhecimento e potencializar a inovação para a construção civil de maneira sustentável é o ponto
central desse projeto que mira instituir junto à carência de um aditivo sustentável, uma solução
eficiente, econômica e que possa substituir os atuais produtos existentes no mercado.
471
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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473
5.4. GESTÃO E GERENCIAMENTO DO ÓLEO DE
FRITURAS PARA PROCESSOS DE RECICLAGEM NO
MUNICÍPIO DE MARECHAL DEODORO – AL
RESUMO
Este trabalho foi realizado na orla da Praia do Francês em Marechal Deodoro/AL e teve como
objetivo ressaltar a importância da Educação Ambiental e a sustentabilidade, na reutilização e
reciclagem do óleo de cozinha usado nos bares e restaurantes existentes na região. Procura evitar
a poluição e degradação do ambiente com o descarte inadequado do resíduo, retornando ao ciclo
produtivo em grande escala. Explora práticas sustentáveis utilizando tecnologias limpas, com a
reutilização e reciclagem do óleo de cozinha usado para a produção de sabão líquido. A
importância em fazer a coleta do resíduo (óleo) disperso em grande quantidade no meio ambiente,
deu-lhe novo destino levando-o para armazenamento e desenvolvimento do projeto numa
comunidade. A proposta foi minimizar os impactos negativos naquela região, uma vez que, com
o seu retorno ao ciclo produtivo, houve a possibilidade de ganhos com a criação de uma
Cooperativa de desenvolvimento de produção de sabão líquido, que gerou emprego para a
comunidade de baixa renda e disseminou a conscientização para conservação do meio ambiente
cumprindo, assim, o tripé da sustentabilidade.
474
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como alvo identificar, através desta pesquisa, uma melhor maneira de se
desenvolver um canal de reuso do resíduo de óleo de cozinha, fazendo com que se tenha um
destino adequado e, com isso, possa se obter ganhos ambientais e socioeconômicos. Neste estudo,
foi avaliada a quantificação do resíduo coletado com a possibilidade de quantificar a produção do
sabão líquido, para melhor gerenciamento do fluxo reverso de resíduo do óleo de cozinha,
viabilizando a sociedade a geração de empregos, através de práticas sustentáveis na geração de
produção mais limpa (P+L). A metodologia utilizada para sua realização consistiu em explorar
pesquisas sobre a coleta, armazenamento, reutilização e reciclagem do óleo, visando minimizar
os impactos negativos causados pelo óleo residual.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Resíduos Sólidos
A Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei Federal n° 12.305/ 2010 (BRASIL, 2010),
define:
475
Resíduo pode ser considerado qualquer material que sobra após uma ação ou processo
produtivo. Diversos tipos de resíduos (sólidos, líquidos e gasosos) são gerados nos processos de
extração de recursos naturais, nos processos de transformação, de fabricação ou no próprio
consumo de produtos e serviços. Esses resíduos passam a ser descartados e acumulados no meio
ambiente e não causam somente problemas de poluição, mas mostram o tamanho do desperdício
da matéria originalmente utilizada (BIODIESELBR, site).
A Organização Mundial da Saúde (OMS)define os resíduos sólidos como qualquer material
que não possui valor comercial. Partindo desse pressuposto, pode-se dizer que nenhum resíduo
teria outra destinação a não ser o aterro sanitário. Se passarmos a considerar o resíduo não como
algo que seja descartado, mas sim como uma matéria-prima já pode pensar de forma diferente e
ver que esse resíduo poderá ter outra utilização ou função. Portanto, apenas aquele que realmente
não tiver nenhuma condição de se reintegrar em alguma cadeia produtiva, será considerado rejeito
(MMA).
A geração de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) revela um total anual de quase 78,3 milhões
de toneladas no país, resultante de uma queda de 2% no montante gerado em relação a 2015. O
montante coletado em 2016 foi de 71,3 milhões de toneladas, o que registrou um índice de
cobertura de coleta de 91% para o país. Foi um pequeno avanço comparado ao ano anterior e que
evidencia que 7 milhões de toneladas de resíduos não foram objeto de coleta e, consequentemente,
tiveram destino impróprio (ABRELPE, 2016).
Os recursos aplicados pelos municípios em 2016 para fazer frente a todos os serviços de
limpeza urbana no Brasil foram cerca de R$ 9,92(nove reais e noventa e dois centavos) mensais
por habitante, revelando uma queda de 0,7% em relação a 2015 (ABRELPE, 2016).
Com essa problemática torna-se um desafio do município fiscalizar e punir quem descarta
esses resíduos em vias públicas. Promover políticas públicas para dispor de coleta seletiva, a fim
de minimizar esse impacto no meio ambiente e melhorar a qualidade de vida da população é, de
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um estado de completo bem-estar físico,
mental e social. A gestão integrada inclui todas as ações voltadas à busca de soluções para os
resíduos sólidos, incluindo os planos nacional, estadual, microrregional, intermunicipal,
municipal e os de gerenciamento (MMA).
Uma das principais iniciativas para a implementação da política foi a elaboração do Plano
Nacional de Resíduos Sólidos, que contempla os diversos tipos de resíduos gerados, as respectivas
alternativas de gestão e gerenciamento, bem como metas para diferentes cenários, programas,
projetos e ações correspondentes (TEIXEIRA, 2013).
Educação Ambiental
Entende-se por Educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).
A Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) em seu Artigo 2°, afirma que “a
Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo
estar presente, de forma articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em
caráter formal e não formal” (BRASIL, 1999).
Pelo pouco conhecimento das pessoas que participaram do projeto, não era possível avaliar
por inteiro a evolução histórica dos processos industriais e os grandes impactos ambientais que
ocorreram em séculos e décadas passadas e que, até hoje, ocasionam impactos irreversíveis,
muitas vezes desconhecidos aos olhos do homem.
Impactos Ambientais
A grande crise em todo o mundo acerca da poluição ambiental vem se agravando a cada
dia e se caracteriza como uma das situações mais delicadas atualmente (CUNHA et al, 2014).
A lei não evidencia se o causador da degradação é o ser humano em si, uma consequência
de atividade antrópica ou até mesmo um fenômeno natural como um raio que atinge uma
determinada floresta e acaba por destruí-la mesma por meio de um incêndio. O que fica explícito
neste conceito é que a degradação ambiental se caracteriza como um impacto ambiental negativo
(SÁNCHEZ, 2008, p. 27). Portanto, os impactos ambientais causados pela produção desenfreada
de resíduos sólidos têm levado os órgãos públicos, como também empresas e a sociedade a
pesquisar e estudar melhores alternativas para minimização da utilização excessiva e degradação
da natureza com o intuito de melhorar a qualidade de vida da população (OLIVEIRA, 2007).
Gestão nada mais é que um conjunto de ações que, da melhor forma, integram atividades
que objetivam a eliminação dos impactos negativos associados à produção e destinação do lixo
(AMORIM, 2015). No inciso VI e IX do art. 23º da Constituição Federal estabelecem ser
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios proteger o meio
ambiente e combater a poluição em qualquer das suas formas, não pertencendo apenas ao nível
federal à obrigatoriedade de promover programas de melhoria de saneamento ambiental
(MONTEIRO, et al, 2001).
No entanto há uma grande dificuldade em gerir resíduos sólidos pois, são descartados em média
218.874 t/dia. Já em termos por habitantes temos que a quantidade de resíduos chega a mais de
1,071 kg/hab./dia (ABRELPE, 2015).
478
manutenção dos recursos naturais atuais para às gerações futuras (COGO; OLIVEIRA; TESSER,
2013).
O termo Desenvolvimento Sustentável foi utilizado pela primeira vez em 1983, por ocasião
da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela Organização das
Nações Unidas (ONU) e presidida pela então primeira- ministra da Noruega, Gro Harlem
Brudtland, na qual a comissão propôs que o desenvolvimento econômico fosse integrado à
questão ambiental, tornando-se estabelecido, assim, o conceito de desenvolvimento sustentável
(INFOESCOLA, 2013).
Um estudo realizado por Peruchin et al (2013), aponta que cerca de 8% dos resíduos
produzidos em um restaurante são provenientes de matéria orgânica, seguidos em menores
quantidades por plásticos, papéis ou papelão e outros. O mais indicado por esses autores é a
destinação para compostagem.
No Brasil, os óleos mais encontrados nos supermercados são feitos à base das sementes de
soja, amendoim, girassol, milho, algodão e arroz, sem contar com o inconfundível azeite de oliva,
produzido a partir do caroço da azeitona. Cada uma das sementes empresta características
diferentes ao produto final. A diferença mais marcante, no entanto, diz respeito ao tipo de
saturação presente nas cadeias de ácidos graxos dos óleos. Os óleos de soja, de girassol e de milho,
por exemplo, apresentam maior quantidade de ácidos graxos poli-insaturados. Tais gorduras
reduzem tanto o colesterol, conhecido como colesterol ruim, como o colesterol bom (KOTZ,
2012).
O ciclo do óleo de cozinha consiste em um processo que vai desde a sua origem, que é
extraído do meio ambiente através da semente das plantas específicas, da soja, do milho, do
girassol, se for para o consumo humano é transportado para a indústria e, em seguida, é levado
para a comercialização a disposição dos consumidores que, por sua vez, utilizam em preparos
alimentares e ao término do seu uso, fazem o descarte corretamente, fazendo doação para as ONGs
para reciclagem na produção de sabão, portanto não fazem descarte de forma inadequada através
do lançamento na pia ou no lixo (SANTOS et al, 2009).
479
Aspecto ambiental do óleo de cozinha usado
Conforme estudo feito por Amaral (2009) para a Associação Brasileira das Indústrias de
Óleos Vegetais (ABIOVE), o óleo de soja atualmente ocupa a segunda posição na oferta mundial
de óleos e gorduras. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal
(ABIOVE) o comércio internacional desses produtos colocou em evidência a forte relação entre
produção e demanda de óleos vegetais. A produção de óleo de soja aumentou de 4,2 milhões de
toneladas, em 1989/90, para 11,6 milhões de toneladas em 2007/08, com variação 177%.
Atualmente, o óleo de soja responde por 73,3% da disponibilidade de óleos e gorduras no Brasil,
seguido pelo sebo de bovino, gordura de frango e banha de porco que, juntos, somam 11,6%
(ABIOVE, 2009).
A ABIOVE (2011), estimou, para o ano de 2012, uma produção de óleo de cozinha de
7.162 mil toneladas (BRASIL, 2011). Os números apresentados possibilitaram aos consumidores
uma noção quantitativa do problema da poluição causada pelo óleo de cozinha. Atualmente, a
ABIOVE projeta, para o ano 2015/2016, no Brasil, cerca de 100 mil toneladas de soja, sendo que,
de janeiro a abril de 2016, as associadas da ABIOVE, representam de 75% a 79% do setor, que
processaram 10,257 milhões de toneladas de soja e produziram 2.047 milhões de toneladas de
óleo.
Reciclagem
A reciclagem pode gerar uma série de importantes benefícios sociais. Em primeiro lugar,
trata-se de um comportamento que aumenta a consciência ecológica na comunidade, despertando
os cidadãos para mudanças de atitudes em prol do meio ambiente. A reciclagem pode começar
por simples ações, como a de entrar em um programa voluntário de coleta seletiva de lixo
(PINHEIRO et al, 2014, p. 327). A reciclagem consiste na transformação em materiais ou
produtos que possam ser utilizados. Neste processo de conversão é possível diminuir o consumo
da matéria prima que, diariamente, é jogada sem nenhum tipo de tratamento, no meio ambiente.
A fabricação de sabão é um dos métodos que vem se destacando e ganhando espaço cada
vez maior pelo o fato de ser um processo simplificado e economicamente viável (SEGUNDO;
BEZERRA, 2014). Além de ser uma alternativa viável, contribui no sentido de mitigar o impacto
do descarte inadequado desse tipo de resíduo no meio ambiente (OLIVEIRA, et al, 2014).
Entre os materiais recicláveis estão diversos tipos, como: vidro, papel, metal, plástico,
tecidos, óleo de fritura e componentes eletrônicos. A compostagem ou reutilização de detritos
biodegradáveis, como lixo de cozinha ou jardim, também é considerada reciclagem. A maior parte
das pessoas que fazem uso de óleo vegetal nos processos de fritura não tem informação sobre os
malefícios que podem causar ao meio ambiente. Em alguns dos casos não, destinam devidamente
o óleo produzido para a reciclagem e despejam diretamente no lixo (SPINELLI, ROCHA FILHO;
SILVA, 2016, p. 254).
480
METODOLOGIA
A pesquisa está estruturada em quatro etapas. A primeira consistiu na visita aos sete bares
e restaurantes, onde foi constatada a destinação óleo lançado no meio ambiente de forma
inadequada. Logo após realizou–se diálogo com os proprietários e colaboradores, abordando
sobre a necessidade da conscientização ambiental e quanto ao descarte correto do óleo utilizado.
Foram acordados com os proprietários dos bares e restaurantes para que a coleta desse resíduo
fosse feita a cada quinze dias. Foi deixado em cada local, recipientes para o armazenamento.
Posteriormente, foram coletados os resíduos no período de nove meses, tendo início em dezembro
de 2015.
Fonte: Autoras
481
Na terceira etapa foi feita a quantificação e enfatizada a grande demanda e a necessidade
da reciclagem a fim de reduzir a poluição e degradação.
Figura 3 - Quantificando o óleo usado de frituras
Fonte: Autoras
Na quarta etapa foram realizadas duas palestras e duas oficinas, com seis aulas práticas e,
em seguida, feito o monitoramento do sabão líquido através dos moradores da região e, paralelo
à produção, foi realizada a quantificação. Para realização da produção do sabão líquido foi
necessário usar Equipamento de Proteção Individual (EPI) como luvas e máscaras, como também
a necessidade de uso de outros materiais como baldes, colher de madeira, funil, peneira, garrafa
Pet de 2 litros, hidróxido de sódio escama 99%, álcool de posto de gasolina com teor de 99%%,
essência (opcional) e corante (opcional).
Fonte: Autoras
Figura 5 – Medidor de pH
Fonte: Autoras
482
Fonte: Autoras
RESULTADO E DISCUSSÕES
A reutilização desse resíduo foi de suma importância devido à grande demanda e o projeto
tomou maior visibilidade quando duas emissoras de televisão vieram, em dias alternados,
acompanhar a coleta do óleo e a produção do sabão, em que fizeram entrevistas com os donos dos
restaurantes e com os participantes do projeto. Durante os encontros das aulas práticas, foram
realizadas discussões sobre o meio ambiente e os 3 R: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Corrobora um trabalho na mesma linha quando diz que “de acordo com os resultados foi
possível constatar que os moradores das residências que participaram das atividades não tinham
conhecimento dos impactos ambientais provocados pelo óleo de cozinha, bem como
desconheciam que era possível reaproveitá-los” (IFPE, 2017, p. 156).
CONCLUSÕES
483
Durante todos os encontros foi amadurecendo a ideia de uma futura Cooperativa, para que
se dê continuidade ao processo produtivo, diminuindo a poluição e a degradação gerada pelo
descarte incorreto, gerando emprego e renda para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental
do Município.
Por fim é de inteira importância, mostrar como é possível a redução de impactos negativos
no meio ambiente através do recolhimento desse resíduo, dando um destino adequado com a
reutilização e reciclagem, utilizando práticas sustentáveis para a produção do sabão líquido e em
barras, pois a maior importância do trabalho é que todos tenham a conscientização de reduzir os
resíduos produzidos em seus alimentos, reutilizar, armazenar e doar para as cooperativas de
reciclagem, para diminuir a poluição e degradação que o óleo de cozinha usado causa ao ser
jogado no meio ambiente de forma inadequada.
Os participantes da oficina se dispuseram a dar continuidade ao trabalho: coletar, produzir
e manter um trabalho para gerar renda e, o mais importante, cuidar do meio ambiente.
Conclui-se que a conscientização e a Educação Ambiental foram alcançadas com êxito,
pois foi alcançado o envolvimento dos proprietários em armazenar e entregar o seu resíduo, antes
jogado no mar, nas lagoas, no lixo comum e, hoje, esse resíduo tem destinação correta. O projeto
chegou ao término com quatro toneladas do óleo usado em frituras armazenadas para reciclagem.
Tivemos o envolvimento de mais restaurantes, pousadas, hotel e lanchonetes e, por isso,
tivemos que dar a continuidade de forma voluntária. Até esse momento já foram coletadas e
quantificadas mais de 10 toneladas de óleo usado, evitando a contaminação de mais de 220
milhões de litros de água e a degradação de todo ecossistema.
Esse resíduo, hoje, tem destinação correta. A Cooperativa foi criada, formada pelos
trabalhadores de reciclagem do óleo de cozinha do município de Marechal Deodoro/AL, gerando
emprego e renda para a população mais carente, fazendo assim o tripé da sustentabilidade.
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486
5.5. SENSIBILIZAÇÃO DOS MORADORES DE
ABREU E LIMA-PE SOBRE OS CUIDADOS NO
DESCARTE DO ÓLEO VEGETAL
SILVA, Ivo Lourençoda
Universidade Maurício de Nassau (UNINASSAU)
ivolourencos@outlook.com
RESUMO
487
INTRODUÇÃO
Uma das formas para que não ocorra o lançamento do óleo de cozinha no meio
ambiente é a coleta, reciclagem e utilização deste resíduo como matéria prima para
produção de novos produtos (SUNADA, 2015).
488
reciclagem de resíduos já vem sendo implementada por alguns
municípios e estados, em parceria com cooperativas e associações.
Apontada como um importantealternativa para minimização destes
resíduos e para educação ambiental no desenvolvimento de
comunidades. (SANTOS,2017).
489
conscientização e uma Ação socioambiental com o objetivo de sensibilizar de forma
educacional estudantes das escolas da comunidade que possuem diferentes níveis
sociais, além de estabelecimentos comerciais no município de Abreu e Lima- PE sobre
os cuidados no descarte do óleo vegetal residual e suas possibilidades
deaproveitamento.
METODOLOGIA
Fonte: O autor
490
nas ações do projeto foi pego na rede social do laboratório de óleo e biodiesel -LOB da
UFRPE, sendo utilizado apenas para conscientização tendo mantido toda sua estrutura
e seus direitos autorais pois o material distribuído, além de informativo, contém
informações sobre um ponto de coleta de óleo de frituras naUFRPE.
Fonte: (LOB/UFRPE,2018)
RESULTADOS EDISCUSSÃO
Análise nasescolas
491
bastante relevante, tendo em vista que 71% sinalizaram que já haviam descartado
alguns desses materiais de maneira errada uma vez na vida. A responsabilidade
ambiental está na forma e local em que este tipo de resíduo vem descartado.
Dos 71%, que já eliminou de maneira errada, 46% tinha realizado o descarte na
pia, 11% coleta seletiva, 19% fazia uma reutilização de maneira equivocada ainda
poluindo mesmo que em menor intensidade, 12% descartou em qualquer lugar e os
demais deram qualquer outro destino. Além disso, 44% afirmaram não ter
conhecimento dos danos causados pelo descarte inadequado que o lixo pode acarretar
na época em que realizou. Desse modo, foi possível observar a importância da
abordagem do tema para com os alunos, para que estes realizem atos conscientes e
possam mostrar o exemplo para o restante da população. As porcentagens podem ser
evidenciadas (Figura 3).
Fonte: O autor
Foi indagado o melhor destino para o resíduo de óleo vegetal após consumo
humano, e a maioria (77%) enviaria para a cooperativa que trabalham no ramo (onde a
matéria é utilizada como matéria prima para produção de biodiesel). Analisou-se que
na cidade onde foi realizado o questionário, 88% afirmaram que esta possui um local
adequado para o deposito do lixo. Averiguando esta questão, foi possível observar que
a solução mais prática e que traria resultados positivos seria o encaminhamento desse
material para campanhas de coleta que são realizados diariamente no município, dessa
forma o lixo poderia ser reutilizado oureciclado.
492
A educação ambiental assume cada vez mais uma função transformadora
despertando nos indivíduos a corresponsabilidade que vai influenciar diretamente nos
hábitos e costumes dos cidadãos. Diante dessa problemática, diversos autores têm
estudado a coleta ou recolha seletiva do óleo de cozinha e seu reaproveitamento. O
estudo realizado por Santos et al (2016) através do desenvolvimento do projeto de
sensibilização de moradores do Cabo de santo Agostinho-PE sobre reaproveitamento
do óleo de cozinha, a comunidade foi sendo informada dos danos que o descarte
incorreto do óleo de cozinha usado provoca ao meio ambiente, e a maneira correta de
realizar estedescarte.
Análise no comércio.
Fonte: O autor
493
“Educação Ambiental para a Reutilização do Óleo de Cozinha na Produção de Sabão”
– Com o objetivo geral “evitar a poluição dos ecossistemas aquáticos, considerando-se
que um litro de óleo polui um milhão de litros de água e, principalmente, incluir os
estudantes nesse processo, para que possam trocar informações, facilitando, assim, o
ensino e a socialização” .
A maior parte das pessoas que fazem uso de óleo vegetal nos processos de fritura
não tem informação sobre os malefícios que estes podem causar ao meio ambiente. Em
alguns dos casos, não destinam devidamente o óleo produzido para reciclagem e
despejam diretamente no lixo. Visto da forma ambiental e sanitária existe um impacto
muito positivo na conscientização dos comerciantes quando as políticas de descarte
deste tipo de resíduo no município e, quando não se encaminha o lixo de forma correta
existe um prejuízo ambiental muito grande, pois é de conhecimento deles que a melhor
solução seria, a reutilização desse material.
CONCLUSÕES
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496
5.6 DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO E AMBIENTAL
DOS RESTAURANTES DE PAU DOS FERROS – RN
SANTOS, Francisca Kennia Nunes dos
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)
kennia.nunes@hotmail.com
RESUMO
INTRODUÇÃO
497
Com o desenvolvimento industrial brasileiro ocorrido nas últimas décadas, observou-se
que a sociedade vem apresentando novos hábitos sociais e padrões de consumo alimentar,
constatado pelo aumento do número de refeições realizadas fora do ambiente domiciliar
(AKUTSU et al., 2005). Apesar da importância econômica, o setor de restaurantes
também é responsável pela geração de aspectos ambientais expressivos, relacionados com
a geração de resíduos sólidos e efluentes líquidos, desperdício de água, consumo de
energia e insumos (MARTINS, 2015). Assim, o impacto ambiental causado pelas
grandes quantidades de sobras de alimento dos restaurantes e a falta ou má destinação
final empregada é preocupante no cenário nacional e é ocasionada pela ausência de
planejamento e controle do cardápio, na manipulação, produção e no consumo dos
alimentos (SILVA, 2008).
Diante dessa situação, é necessária uma política sustentável que promovam práticas
ambientais que influenciem positivamente no crescimento da empresa. Para isso,
estabelece a Gestão Ambiental, com a finalidade de gerenciar os potenciais aspectos e
impactos ambientais dos restaurantes (SEBRAE NACIONAL, 2017). Ainda é possível
enaltecer que a gestão ambiental dentro das empresas possibilita uma análise e estudo dos
impactos ambientais com a finalidade de sua redução (DIAS, 2011).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Aspectos gerais do setor alimentício
O hábito de realizar refeições fora do lar é bem antigo e surgiu da necessidade do homem
se estruturar em uma sociedade. Forçado a passar longos períodos fora de casa, se viu
obrigado a fazer suas refeições em outros ambientes, com isso surgiram os restaurantes.
Atualmente, são caracterizados como estabelecimentos para preparo e comércio de
refeições e bebidas, as primeiras menções a esse tipo de estabelecimento são antigas,
datada da Idade Antiga (de 4000 a.C. a 476 d.C.) (PITTE, 1998). Esse tipo de comércio
surgiu com os mercados e as feiras, que obrigam os camponeses e artesãos a deixarem
seu domicílio durante um ou vários dias e, portanto, a se alimentarem ao mesmo tempo
que estabelecem ou mantêm relações sociais, de amizade ou de negócios. Tomou
amplitude e diversificou-se no mesmo ritmo da urbanização à qual, de modo especial,
permaneceu ligado (PITTE, 1998).
498
Esses estabelecimentos são difundidos por todo mundo e se tornou um ambiente de
alimentação comum, no qual as pessoas esperam sentadas em mesas em um grande salão,
e que partir de um cardápio escolhem o que desejam consumir, esse tipo de
estabelecimentos como conhecemos só veio surgir no século XVIII anos após a
designação do termo restaurante (PITTE, 1998). Com isso, o setor alimentício tem
impulsionado a economia ao longo dos anos contribuindo para o desenvolvimento de
grandes centros urbanos. Os restaurantes desempenham um papel bastante importante por
facilitar e possibilitar refeições fora do lar, (Akutsu et. al., 2005) dentre as várias razões
que essa prática se tornou comum, destaca-se a longa distância entre o local de trabalho
ou de estudo e o domicílio e a falta de tempo imposta por um cotidiano mais agitado.
Nesta perspectiva, Castelli (2001) define restaurante como qualquer estabelecimento que
venda comida mediante pagamento. Venturi (2010) ressaltar que para ser considerado
restaurante são necessários três fatores: formato (decoração e ambiente), especialidade
(cardápio conforme o conceito proposto) e serviço (adequado ao conceito e o perfil do
nicho de mercado explorado).
Em uma visão mais abrangente, Acre e Castilho (2013) destacam que o setor
gastronômico que é formado pelos estabelecimentos do terceiro setor que atuam no
preparo e fornecimento de qualquer tipo de alimento e bebida para serem consumidos no
local em que foram preparados ou transportados para consumo em outro lugar –
residência, trabalho, automóvel, evento. Desta forma, no setor de alimentos há diversos
tipos de empreendimentos e ramos que são encarregados do preparo, comercialização e
cultivos de alimentos. Conforme Serviços de Alimentação (2007), o setor alimentício
compreende diversos tipos de empreendimentos, próprios da natureza da atividade, como
os restaurantes, bares, cafés, lanchonetes, casas de chá, confeitarias, sorveterias, padarias,
cantinas, quiosques, barracas.
499
As características de uma avaliação de impacto ambiental conforme Muun (1975) são,
descrever a ação proposta e as alternativas; prever a natureza e a magnitude dos efeitos
ambientais; identificar as preocupações humanas relevantes; listar os indicadores de
impacto a serem utilizados e para cada um definir sua magnitude; determinar os valores
de cada indicador de impacto e o impacto ambiental. Esses impactos podem influenciar
diretamente as empresas, conforme Dias (2011), as mais perceptíveis são as de médio e
grande porte por provocarem maior impacto, com isso necessitam serem avaliados e
estudados.
“um instrumento de política ambiental formado por um conjunto de procedimentos capazes de assegurar,
desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação
proposta – projeto, programa, plano ou política – e de suas alternativas, e que os resultados sejam
apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles
devidamente considerados” (MOREIRA, 1985).
Gestão Ambiental
500
recursos naturais, portanto, em sustentabilidade no ambiente de trabalho. Á vista disso,
as instituições como um todo devem ter um compromisso ambiental com novas
metodologias que reduzam o consumo dos recursos naturais em seu dia a dia dentro de
suas instituições uma vez que ocupam posições de destaque quando relacionados a
utilização dos recursos ambientais na classificação de consumo dos recursos naturais
(BELTRÃO, 2014). Desta forma, a gestão ambiental compreende a um sistema de
administração adotado por empresas que possuem medidas com base na sustentabilidade.
Segundo Galeno, Fernandes e Silva (2018), a gestão ambiental é um sistema criado
visando auxiliar a administração das instituições, sejam elas públicas ou privadas, a
minimizar os impactos ambientais causados por suas atividades.
No caso específico dos restaurantes Kremer, Costa e Mondo (2013, p. 7) citam quatorze
atitudes que os restaurantes devem tomar, para tornarem-se sustentáveis de acordo com o
Grupo Sustainable Restaurant Association (SRA): envolvimento com a sociedade; ser
justo com as pessoas; oferecer aos clientes comida saudável; marketing responsável;
economizar água; reutilizar os recursos; manejo de resíduos adequados; desenvolver a
cadeia de suprimentos; ter eficiência energética; buscar produtos orgânicos e oriundos da
agricultura familiar; utilizar-se de uma agricultura ambientalmente positiva, bem como
peixes e laticínios éticos, sem maltratar os animais e buscar o comércio justo.
Portanto, para reverter este quadro o consumidor tem papel determinante no tipo de gestão
adotada dentro das empresas, devido à preocupação com o meio ambiente por parte dos
501
consumidores influencia os empreendimentos diretamente, como sua posição em relação
a políticas ambientais e a qualidade dos produtos, exigindo das empresas uma
responsabilidade ambiental. Junqueira (2002) afirma que as empresas perceberam essa
mudança de comportamento dos consumidores em relação ao ambiente e aliaram o
desenvolvimento sustentável na produção industrial e obtiveram vantagem competitiva.
Desta forma, agregar o desenvolvimento sustentável aos produtos pode conferir um valor
de mercado superior.
METODOLOGIA
Caracterização da área de estudo
Classificação da pesquisa
Procedimentos metodológicos
502
com base nos seguintes critérios: i) serem caracterizados como restaurantes, ii) aceitarem
participar da pesquisa. Inicialmente realizou-se um levantamento bibliográfico em livros,
revistas e dissertações sobre os aspectos gerais dos restaurantes (com a finalidade de
descrever os restaurantes, como os serviços são ofertados nestes empreendimentos);
avaliação de impactos ambientais (com o objetivo de definir o método utilizado para
identificar os impactos expressivos do setor investigado) e gestão ambiental (com o
advento de elaborar ações para mitigar os impactos ambientais identificados).
Em seguida, realizou-se visitas aos restaurantes do município de Pau dos Ferros-RN a fim
de identificar os principais aspectos gerais dos restaurantes (identificar um perfil dos
estabelecimentos e conhecer o setor), uso de recursos naturais e insumos (identificar o
processo produtivo, o consumo de insumos e matérias primas) e análise ambiental dos
empreendimentos (identificar a gestão ambiental nos estabelecimentos, tais como as
práticas ambientais e o gerenciamento de resíduos), com o objetivo de termos uma visão
mais ampliada das práticas que poderiam ser consideradas sustentáveis e servirem de base
para a avaliação dos resultados da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aspectos gerais dos restaurantes
Os restaurantes investigados atuam no mercado com tempo razoável, entretanto ainda são
considerados como empreendimentos novos, sendo 52,94% com período de
funcionamento superior a 10 anos; 5,88% entre 6 a 9 anos; 23,53% funcionam de 2 a 5
anos e; 17,65% até 1 ano. Conforme Tomio e Schmidt (2016) dos pequenos restaurantes
503
avaliados nas suas pesquisas, 35% possuem idade entre 15 a 25 anos; 42% tem de 2 a 10
anos de existência; 18% menos de 5 anos e 5% possui mais de 25 anos de idade. Percebe-
se que a maioria pode ser considerada como novo empreendimento.
As atividades dos restaurantes tradicionais têm sofrido uma progressiva modificação,
voltando seu perfil para atividades noturnas, tipos bares e lanchonete, onde as refeições
diurnas é apenas uma parcela, muitas vezes menor, no faturamento total do
estabelecimento (SOUZA, D.P., et al., 2012). Os estabelecimentos avaliados dispõem de
horários de funcionamentos variados, com predomínio dos que operam nos turnos
matutino e vespertino 41,18%; enquanto 35,29% operam apenas no horário de almoço;
17,65% funcionam em tempo integral e; 5,88% abrem no turno da noite,
Ainda sobre a infraestrutura dos restaurantes investigados observou-se uma forma variada
na divisão do espaço, com predominância de: área social (29,82%); área de cozinha
(29,82%); área de banheiros (26,32%); área de estocagem (7,02%), área de
estacionamento (5,26%) e área de recreação (1,75%).
A análise de uso dos recursos naturais e insumos dos restaurantes do município de Pau
dos Ferros - RN se dá por meio de indagação acerca do consumo de água, consumo de
energia e, tipos e procedência dos produtos utilizados. O consumo de água nos
estabelecimentos investigados é considerável visto que quando comparado aos dados
obtidos por Tomio e Schmidt (2016) onde dos restaurantes que fazem controle do
consumo de recursos hídricos 16,1% consomem de 151 m³ a 300 m³; 12,9% consomem
até 50 m³ e 9,7% possuem o consumo na média de 51 m³ a 150 m³. Tendo em vista que
nesta pesquisa 35,29% utilizam até 100 m³/mês de água, 23,53% utilizam entre 101 a 200
m³/mês, 23,53% utilizam entre 201 a 300 m³/mês e, apenas 17,65% utilizam acima de
300 m³/mês para atividades de preparo dos alimentos, limpeza do ambiente e, uso pessoal.
A origem da água utilizada nos restaurantes, em sua maioria, é externa, observa-se que
são mínimas as ações de reutilização dos recursos hídricos nos restaurantes, entre as
medidas estão a reutilização da água para limpeza dos estabelecimentos. O tratamento
dos recursos hídricos adotados pelos restaurantes érealizado apenas nos que utilizam água
de poços, nos quais são verificados a qualidade da água anualmente (Tabela 1).
504
Resultados divergentes foram determinados por Tomio e Schmidt (2016), ao
evidenciarem que 84,62% dos restaurantes entrevistados evitam o desperdício, ao
economizar e reutilizar a água, ainda segundo os autores o custo de água na conta de um
restaurante tem um peso expressivo. Diante dessa situação, Tomio e Schmidt (2016)
salientam que gerenciar melhor estes custos de água e de esgoto, pode resultar em redução
de despesas e de desperdícios. Mas também, serve orientação para o controle na adoção
de ações de preservação ambiental.
O setor de restaurantes são os maiores usuários de energia elétrica, chegando a usar cinco
vezes mais esse recurso por m² em relação a outros empreendimentos comerciais (CHOU
et al., 2012). Desta forma nos restaurantes da cidade de Pau dos Ferros – RN observa-se
que o consumo apresentou valores característicos (Figura 1).
Figura 1: Consumo de Energia.
30
25
Percentual (%)
20
15
10
5
0
0
Até 100 Kwh/mês De 101 a 200 De 201 a 300 Acima de 300
Kwh/mês Kwh/mês Kwh/mês
Consumo de Energia
505
Requisitos Muita Frequentemente Regularmente Raramente Nunca
Frequência
Racionalização 52,94% 23,53% 17,65% 0% 5,88%
da energia
Uso de 23,53% 23,53% 17,65% 11,76% 23,53%
equipamentos
com baixo nível
de consumo
Usos naturais 30% 30% 25% 20% 10%
para de
ventilação e
iluminação
Uso de gerador 10% 10% 30% 30% 20%
de energia
elétrica
Média 29,11% 21,77% 21,33% 15,44% 14,85%
506
práticas de reciclagem; da conservação de energia; bem como através do empenho no
desenvolvimento de pesquisas que façam uso de tecnologias ambientalmente mais
adequadas e na implementação de políticas de proteção ambiental.
507
Figura 4: Geração de resíduos. Figura 5: Armazenamento aberto de resíduos.
A forma de coleta dos resíduos gerados ocorre de forma diferenciada, conforme a natureza
destes materiais. Para os resíduos orgânicos 88,24% dos restaurantes destinam para
criadores de animais; enquanto 11,76% dos restaurantes destinam na produção de adubos
para hortas cultivadas pelo próprio estabelecimento. Os resíduos inorgânicos em 88,23%
dos estabelecimentos são destinados para coleta pública, enquanto 11,77% direcionam
para outras empresas. Resultados contraditórios foram determinados por Pospischek,
Spinelli e Matias (2014), já que praticamente todos os restaurantes investigados
declararam jogar os restos de alimentos no lixo, ou seja, apenas um entrevistado (6,2%)
relatou que os resíduos orgânicos do seu restaurante são separados para produzir adubo.
Apesar de uma situação mais confortável comparados com outras localidades, os
restaurantes de Pau dos Ferros-RN precisam de ações efetivas da coleta seletiva nas
empresas investigadas.
A periodicidade do transporte dos resíduos gerados nos restaurantes de Pau dos Ferros-
RN também obedece a natureza destes materiais, sendo os resíduos orgânicos coletados
diariamente, enquanto para os resíduos inorgânicos observou-se que 50% dos
estabelecimentos descartam os resíduos que sobram uma vez na semana, enquanto 50%
descartam duas vezes na semana.
508
40
35,29%
35
30
Percentual (%)
25
20 17,65% 17,65% 17,65%
15 11,76%
10
5
0
Separados e Separados e Separados e Fossa Séptica Outros
destinado a destinado a destinado a
empresa coleta da reciclagem
terceirizada pública
Destino final dos efluentes líquidos
Resultados distintos foram determinados por Tomio e Schmidt (2016) ao determinar que
87,1% dos restaurantes entrevistados realizam a separação dos esgotos da cozinha,
enquanto 12,90% dos restaurantes não utiliza nenhum tipo de separação. Diante disso se
tem a necessidade de uma destinação adequada ou tratamento desses efluentes visto que
Harmon e Gerald (2007) afirmam que os resíduos provenientes da produção de refeições,
sejam reciclados e/ou enviados a compostagem, uma vez que os aterros sanitários devem
ser considerados a última opção de envio.
A partir da análise dos aspectos ambientais dos restaurantes investigados observa-se que
estes têm potencial de geração de aspectos ambientais, sendo crucial ações de mitigação
destes impactos ambientais. Desta forma, indagou-se a frequência da adoção de ações
ambientais, sendo que constatou baixa frequência, com predomínio de nunca realizaram
(38,24%). Entre as medidas de conscientização com relação aos funcionários, estão o
controle do desperdício na hora do preparo das refeições o que ocorre de forma informal,
assim como as medidas ambientais adotas pelos estabelecimentos, como afirma Tomio e
Schmidt (2016), fatores como uso da água, uso de energia, geração de resíduos utilizados
e/ou produzidos diariamente, são trabalhados diários em um restaurante, seja qual for seu
tamanho, e deveriam, portanto, ser considerados pelos gestores como elementos de
sustentabilidade.
Tabela 3: Ações ambientais implementadas.
Muita
Requisitos Frequentemente Regularmente Raramente Nunca Total
Frequência
Conscientização
11,76% 5,88% 5,88% 5,88% 70,59% 100%
dos clientes
Conscientização
dos 23,53% 11,76% 17,65% 29,41% 17,65% 100%
colaboradores
Realização de
treinamentos 0% 0% 5,88% 29,41% 64,71% 100%
ambientais
Adoção de
práticas 17,65% 64,71% 17,65% 0% 0% 100%
ambientais
509
Média 13,23% 20,59% 11,76% 16,18% 38,24% 100%
Apesar da pouca adesão de ações ambientais ainda foi possível constatar alguns exemplos
dessas medidas, com destaque para: conscientização dos clientes na diminuição do
desperdício, sendo que o cliente paga uma taxa quando desperdiça comida, sabemos que
é uma forma de se obter lucro, mas também de conscientizar os clientes, evitando ou
minimizando a geração de resíduos orgânicos no estabelecimento; realização de
treinamentos nos restaurantes, entretanto, ocorre de forma informal na maioria dos
estabelecimentos como corrobora Barthichoto et al. (2013) observaram que 62% dos
gestores de restaurantes declararam que treinavam funcionários contra o desperdício de
água e de energia elétrica, porém isso foi realizado informalmente, sem um programa
específico, sendo os mais realizados: resíduos orgânicos, leis ambientais, saúde e meio
ambiente, segurança e meio ambiente e; execução de práticas ambientais, sendo as mais
comuns: educação ambiental, gestão de resíduos sólidos, planejamento das refeições,
fornecedores sustentáveis, elaboração de política ambiental, gerenciamento de água e
energia.
Em suas pesquisas, Acre e Castilho (2013) evidenciaram que nenhuma das empresas
oferece programa de treinamento aos funcionários para sensibilizar contra o desperdício
de alimentos, materiais de limpeza, energia elétrica ou água. Os gestores apenas advertem
os funcionários quando presenciam algum desperdício ou quando a conta de luz ou de
água extrapola a média de consumo correspondente ao período.
CONCLUSÕES
Diante do exposto, foi possível identificar que os restaurantes do município de Pau dos
Ferros – RN não possuem uma preocupação ambiental significativa, visto que os menos
impactam diretamente o meio ambiente através do descarte inadequado dos seus resíduos
e do manejo inadequado de seus recursos. Com isso faz-se necessária a implementação
de educação ambiental nesse setor, o que poderiam minimizar expressivamente os
impactos ambientais acarretado pelos restaurantes. Sugere-se ainda que os restaurantes
deveriam eliminar ou reduzir esses impactos através de ferramentas de gestão ambiental
empresarial, aliando a sustentabilidade e o gerenciamento de suas atividades,
contribuindo economicamente e ambientalmente para os restaurantes do município.
Com isso, é necessária uma política sustentável que promovam práticas ambientais,
influenciando diretamente com o desenvolvimento desse setor no município. Para isso,
sugere-se a implementação do sistema de gestão ambiental com medidas de redução,
reutilização e racionalização de recursos naturais, reciclagem e destinação correta dos
resíduos, planejamento das refeições e conscientização de todos os envolvidos quanto a
questões ambientais, visto que de acordo com o foi mostrado essas ações são mínimas ou
se quer existem nos restaurantes avaliados. Ações como redução do consumo de água e
energia, seleção adequada de equipamentos, tratamento dos resíduos sólidos e reciclagem
de materiais são apenas alguns deles que poderiam mitigar os impactos ambientais e
contribuir economicamente para com o setor.
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513
Capítulo 6. Resíduos orgânicos
514
6.1. DIAGNÓSTICO DO RESÍDUO DE PODA: ESTUDO DE
CASO DO CAMPUS DE CHAPADINHA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
RESUMO
No Brasil, mais de 50 % dos resíduos gerados são orgânicos, desses é relevante à quantidade de
resíduos provenientes das atividades de poda, entretanto, esses resíduos na maioria das vezes
recebem destinação inadequada acarretando em danos ao meio ambiente. Esse estudo tem como
objetivo identificar os pontos de geração de resíduo de poda no campus de Chapadinha da
Universidade Federal do Maranhão, quantificá-los e analisá-los em relação à sua destinação final
no campus. O estudo foi realizado no período de dezembro de 2017 a março de 2018 por meio de
um questionário aberto aplicado aos funcionários envolvidos no processo de coleta e destinação
deste tipo de resíduo, sendo a análise estatística realizada do tipo descritiva. Estima-se que são
gerados, aproximadamente, 2 toneladas/ano de resíduos de podas de jardim. Esses são dispostos
em área verde nas próprias limitações do campus como forma de destinação final, caracterizando-
se como uma alternativa adequada de destinação. O modelo de gestão de resíduos vegetais do
campus é ambientalmente adequado, pois consegue colaborar na ciclagem de nutriente no
ecossistema local como uma forma de compostagem natural. Recomendam-se estudos utilizando
os resíduos descartados a fim de encontrar formas viáveis para maior valoração dessa matéria
orgânica vegetal.
515
INTRODUÇÃO
A destinação final dos resíduos sólidos produzidos nas cidades são um dos principais
agravantes quanto às problemáticas de ordem ambiental no cotidiano da humanidade, muito por
conta que esses produtos foram associados como subprodutos do sistema econômico, ou seja, o
importante era que apenas fosse feito a retirada dos resíduos para locais distantes da urbanização,
não havendo preocupação alguma com a sua destinação (EIGENHEER, 2009).
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004), pela norma NBR-
10.004 (vinculada à NBR-10.007, a qual normatiza a amostragem dos resíduos), classifica como
Classe IIA (Não inertes), os resíduos advindos das podas, podendo apresentar propriedades de
combustibilidade, biodegradabilidade e solubilidade em água, dos quais estão inseridas nessa
classe o papel, o papelão e a matéria vegetal (ROCHA et al., 2015).
Os resíduos de poda são classificados como resíduos urbanos devido à origem, quanto à
periculosidade, esses resíduos são classificados como resíduos não perigosos (BRASIL, 2010).
Os resíduos provenientes de podas de árvores e plantas são classificados quanto ao seu
aproveitamento como sendo: sem aproveitamento energético e incluindo este aproveitamento.
Nesse sentido (CORTEZ, 2011, p. 46):
Dada à importância e disponibilidade desses resíduos urbanos, o presente estudo tem como
objetivo identificar os pontos de geração de resíduo de poda de jardim no campus de Chapadinha
da Universidade Federal do Maranhão quantificá-los, bem como analisar a destinação final desses
resíduos no campus.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Brasil foi um marco
importante como início promissor quanto à articulação institucional entre a União, Estados e
516
Municípios, além de participações efetivas do setor privado, bem como, da sociedade civil de
forma geral proporcionada pela busca em comum relacionada à solução de problemas de grande
relevância territorial no qual comprometam a qualidade de vida da humanidade (SILVA, 2016).
Em relação ao diagnóstico dos resíduos de podas na cidade de São Paulo, (ROCHA et al.,
2015, p. 1) relatam que:
A Prefeitura Municipal de São Paulo estima recolher de
3,5 a 4 mil toneladas de resíduos da poda de árvores por
mês. O volume anual pode chegar a 50 mil toneladas
(galhos e troncos). Falta uma metodologia mais adequada
para gerir esses resíduos, atualmente: a maior parte vai
para lixões ou aterros sanitários, formas não sustentáveis
de destinação, que inviabilizam o retorno da matéria
orgânica ao solo.
Quanto ao destino dos resíduos de poda, esses podem ser aproveitados de forma energética
ou não energética (CORTEZ, 2011). Geralmente, a destinação dada aos resíduos provenientes de
restos de poda é dada pela disposição em aterros sanitários e lixões, forma essa que se mostra
sustentavelmente inadequada, pois, não possibilita a utilização do poder calorífico, bem como do
teor de matéria orgânica os quais poderiam ser reaproveitados ao disponibilizar macro e
micronutrientes para o sistema solo, além de melhorias em relação à qualidade edafológica.
(RODRIGUES et al., 2015).
517
A biodigestão anaeróbia é o processo que ocorre a partir da ação de microrganismos
anaeróbios, ou seja, na ausência de oxigênio, interagindo e proporcionando a transformação de
composto orgânico complexos, em compostos mais simples, dessa forma a produção de biogás
ocorre de forma natural (SILVA, 2016; CREMONEZ et al., 2013). O biogás tem origem na
biodegradação anaeróbia da matéria orgânica, existente nos resíduos sólidos orgânicos, a partir
da mistura gasosa de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) (SANTOS et al., 2013). O
biodigestor pode ser descrito como sendo um tanque no qual a biomassa é inserida, adicionando-
se água na ausência de oxigênio, ocorrendo à degradação da matéria orgânica em meio anaeróbio,
no qual o resultado é a produção de biogás e biofertilizante como subproduto da biodigestão
anaeróbia (BARROS JÚNIOR et al., 2016; BAUNGRATZ et al., 2013).
METODOLOGIA
A região é caracterizada por duas estações no ano, uma chuvosa entre os meses de janeiro
a maio (inverno) e uma seca ao longo de junho a dezembro (verão), sendo que os meses de outubro
e de novembro têm a maior temperatura do ano com média de 29,3 °C (PASSOS et al., 2016).
Procedimento de estudo
O presente estudo foi realizado entre os meses de dezembro de 2017 ao mês março de 2018,
por meio de um questionário aplicado na forma de entrevista com funcionários responsáveis pela
atividade de poda de árvores e plantas de jardins do campus, bem como por meio do
acompanhamento dessas atividades in loco. O questionário elaborado foi do tipo aberto formulado
com 15 questões, sendo aplicado para todos os funcionários responsáveis pela poda (4
trabalhadores), com intuito de proporcionar a obtenção de respostas referentes a parâmetros
quantitativos e qualitativos da geração e destinação dos resíduos de podas de jardins do campus
de Chapadinha da Universidade Federal do Maranhão, no qual aborda questões referentes à
frequência de realização das atividades de poda, espécies de plantas podadas, quantidade de
resíduos oriundos das podas de jardim, bem como, à destinação final desses resíduos. A análise
estatística realizada foi do tipo descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os serviços referentes às atividades de poda do campus de Chapadinha da Universidade
Federal do Maranhão são realizados por uma empresa terceirizada contratada para as atividades
operacionais do campus. A espécie vegetal podada é a Ixora coccínea, mais conhecida
popularmente como alfinete. As podas de jardim do campus são realizadas uma vez ao mês, e
518
dispõe para essa atividade de uma equipe de trabalho de quatro funcionários. A priori realizou-se
a identificação dos pontos de geração de resíduo verde de jardim no campus (Figura 1).
Figura 1: Imagens de satélite do CCAA-UFMA com as delimitações em vermelho das áreas
verdes submetidas à poda.
A equipe de trabalho responsável pela atividade de poda do campus são todos do sexo
masculino, com idades que variam entre 23 a 45 anos, no qual se constatou que quanto ao grau
de escolaridade à maioria dos funcionários (75%) possuem ensino médio completo e 25% tem o
ensino fundamental. Os funcionários realizam suas atribuições de serviços gerais numa jornada
de trabalho de 8 horas por dia durante 5 dias na semana, sendo que as atividades dos funcionários
não se restringem apenas a poda.Estes resultados corroboram parcialmente com os obtidos quanto
às equipes de trabalho nos serviços de poda e remoção, segundo estudo realizado por (MEIRA,
2010, p. 90):
A equipe de trabalho é formada por funcionários do sexo
masculino e com idade entre 25 a 50 anos. O grau de
escolaridade da maioria dos funcionários é de 71% com
ensino fundamental, 19% com ensino médio e 10%
superior. A jornada de trabalho média é de 8 horas por
dia e 5 dias por semana.
A execução das atividades de poda de jardim do campus não é concluída em um único dia,
sendo dessa forma realizada em um tempo médio de três dias. Dessa forma, devido às altas
temperaturas da microrregião de Chapadinha – MA, essas atividades são realizadas apenas
durante o turno da manhã (08:00 às 11:00 horas). As condições climáticas exercem influências
importantes sobre o trabalhador, ou seja, em condições desfavoráveis, o trabalhador fica exposto
à fadiga, indisposição, além de extenuações físicas e nervosas, acarretando em redução de sua
concentração e, consequentemente, proporcionando o aumento a riscos por acidentes, bem como,
exposição a diversos agentes causadores de doenças (COUTO, 1995).
519
protetor solar, óculos, protetor auditivo, além de placas e fitas de sinalização de segurança. Quanto
aos materiais/ferramentas, os principais utilizados para os mesmos fins são os seguintes: tesouras
específicas para podas, facões, vassouras de aço do tipo ciscador, pás, sacos plásticos e carrinho
de mão.
Anualmente, com a realização das atividades de podas de jardim do campus estima-se que
são gerados aproximadamente 2 toneladas de resíduos de podas de jardim, sendo realizadas doze
podas por ano no referido campus. Em cada procedimento de poda realizado são gerados
aproximadamente 20 sacos de 200 litros de resíduos, cada saco pesando em média 8,1 kg (Figura
2), que após a realização da poda esses resíduos são acondicionados nos referidos sacos plásticos
e transportados com auxílio de carros de mão para serem descartados.
Figura 2: Saco de 200 litros com resíduos da poda.
Após o transporte dos resíduos de poda, esses são dispostos em qualquer área verde no
próprio campus, sendo essa a sua destinação final. Cabe ressaltar o quão importante é dar aos
resíduos de poda uma correta destinação, pois, a disposição desses resíduos em aterros sanitários
ou lixões podem acarretar em problemáticas diversas, pois, os resíduos de poda misturam-se a
outros resíduos depositados nesses locais, interagindo biológica e quimicamente, proporcionando
a formação de subprodutos gasosos (CO 2, H2S e CH4) e lixívia – exigindo-se de tratamento por
métodos adequados para evitar impactos ao meio ambiente (ROCHA et al., 2015). Outra forma
de destinação inadequada para tais resíduos se daria na forma de queimadas a céu a aberto, prática
essa muito comum na região que contribui com a emissão de poluentes ao meio ambiente.
A atividade de poda do campus está sendo realizada adequadamente, pois, seus resíduos
são depositados em área verde no próprio campus (Figura 3). Entretanto, apesar dos resíduos
oriundos dessa atividade não receberem uma forma de aproveitamento energético, esses não são
destinados aos lixões, aterros sanitários ou queimados, evidenciando assim, que os resíduos de
podas do campus recebem uma destinação adequada, uma vez que não geram impactos ambientais
negativos. Cabe ressaltar, a importância da retirada do saco plástico antes de dispor os resíduos
de poda em área verde, sendo este procedimento feito pelos profissionais responsáveis pela
atividade de poda no campus. A disposição desses resíduos em áreas verdes pode ser caracterizada
520
como uma alternativa de aproveitamento não energética, uma vez que haverá a reposição de
nutrientes no solo.
Figura 3: Destinação final dos resíduos de poda do campus.
Dessa forma, considera-se a destinação dos resíduos de poda do campus como uma
alternativa sustentável, uma vez que esses resíduos são utilizados para recompor naturalmente os
nutrientes do solo. Entretanto, existem alternativas sustentáveis mais atraentes pelo fato de
agregar maior valor para destinação dos resíduos de restos de podas de jardim do campus de
Chapadinha, a qual se pode citar o aproveitamento energético.
521
CONCLUSÕES
Por tanto, a partir do diagnóstico dos resíduos de poda do campus foi possível constatar a
quantidade desses resíduos na referida área de estudo, bem como se evidenciou a adequada forma
de disposição destes resíduos. No entanto, como forma de gerar valor agregado, esses resíduos
poderiam receber uma melhor forma de disposição por meio do aproveitamento energético, sendo
assim recomenda-se o aproveitamento energético e não energético dos resíduos de poda do
campus através do processo de biodigestão anaeróbia como modelo de desenvolvimento Limpo
(MDL) e método da compostagem, respectivamente.
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Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Ambiental) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, 2016.
523
6.2. GERAÇÃO DE ENERGIA DOS RESÍDUOS DA
ARBORIZAÇÃO URBANA DE JOÃO PESSOA: UMA
ESTRATÉGIA DE MDL
ARAÚJO, Yuri Rommel Vieira Araújo
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
yuriaraujo@florestal.eng.br
CARVALHO, Monica
UFPB
monica@cear.ufpb.br
RESUMO
524
INTRODUÇÃO
Os resíduos sólidos urbanos (RSU) são originários das atividades domésticas e limpeza
urbana (ABRELPE, 2015). Devido à complexidade e abrangência da gestão de RSU, há
dificuldades na maioria dos municípios brasileiros. Apesar de todos os esforços, nem sempre o
manejo adequado dos resíduos da arborização urbana é prioridade nas agendas municipais
(MEIRA, 2010). A arborização urbana é dividida em áreas verdes (parques, bosques, praças e
jardinetes) e arborização de ruas (vias públicas). A manutenção nestas áreas é necessária e inclui
irrigação, adubações complementares, tratos preventivos, podas e substituições de indivíduos
(COPEL, 2009).
No município de João Pessoa (PB), entre 2008 e 2014, o total acumulado dos resíduos da
arborização foi de 127x103 t. De acordo com o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos, até 2022 os resíduos da arborização deverão ir a uma central de triagem para reutilização.
O material com potencial energético será transformado em briquetes e o não-energético será
destinado a compostagem, sendo de competência da EMLUR promover a implantação de
unidades de beneficiamento pelo setor privado (EMLUR, 2014). O descarte inadequado dos RSU
gera impactos imediatos no ambiente e na saúde, além de contribuir (por meio das emissões
atmosféricas) para mudanças climáticas. O maior impacto ocorre durante a etapa de
decomposição, com potencial de contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas,
formação de gases tóxicos, asfixiantes e explosivos, e geração de gases de efeito estufa (GEE),
principalmente metano (CH4) (GOLVEIA, 2012). Estes impactos ambientais podem ser
quantificados mediante o desenvolvimento da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) do resíduo.
525
Após exaustiva e detalhada revisão sistemática, não foram encontrados trabalhos
brasileiros relacionados ao manejo dos resíduos da arborização urbana e suas possibilidades de
inclusão em Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). Este artigo avaliou os impactos
ambientais e analisou três cenários (geração de eletricidade, geração de calor e descarte em aterro
sanitário) para os resíduos da arborização urbana de João Pessoa, com a perspectiva de inclusão
no mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Há vários softwares disponíveis atualmente, que possuem bases de dados para processos e
avaliação de impactos realizando análises e comparações dos complexos ciclos de vida de
produtos (GALDIANO, 2006). O SimaPro (SIMAPRO, 2015) é um software altamente
especializado para desenvolvimento de ACV, que possui milhares de processos e uma série de
métodos de avaliação de impactos ambientais de produtos e serviços. As estruturas básicas para
análise dos impactos ambientais são: a caracterização, a avaliação de danos, a normalização, a
ponderação e a adição dos danos ambientais (SIMAPRO, 2015). A base de dados utilizada foi a
Ecoinvent, dentro da versão 8.2.0.0 do Simapro, que possui dados para milhares de produtos e
processos (ECOINVENT, 2015), além de ser a mais aplicada em estudos acadêmicos.
526
anaeróbia, concluiu que uma pequena central termelétrica era mais viável para aproveitamento
deste material.
Na mesma linha do estudo, Levis e Barlaz (2013), concluíram que o manejo adequado dos
resíduos (em geral) é essencial para a minimização dos riscos à saúde humana e ao ambiente. Os
resíduos da arborização urbana contêm quantidades significativas de materiais recuperáveis,
podendo ser utilizados para produção de energia, fazendo com que o gerenciamento de resíduos
seja um alvo visível e de alto impacto para a melhoria da sustentabilidade ambiental. No caso
específico dos Estados Unidos, estratégias de mitigação que afetem o mix elétrico, o preço da
energia, e as emissões de GEE podem realmente mudar as direções do gerenciamento atual de
resíduos (LEVIS; BARLAZ, 2013). Obviamente, os sistemas de gerenciamento de resíduos da
arborização urbana devem possuir flexibilidade de adaptação para diferentes composições,
políticas públicas (que ainda não são realidade no Brasil), e sistemas nacionais de produção de
eletricidade, para que sejam benéficos também economicamente.
O mercado de certificado de emissão de carbono pode ser uma importante fonte de recursos
e incentivo para que o poder público invista nas atividades relativas ao gerenciamento de resíduos,
sem comprometer a qualidade ambiental do entorno (PAVAN; PARENTE, 2006; DUARTE,
2006). Vale salientar que o último leilão da venda de certificados de emissão de gases na bolsa
de valores de São Paulo, em 2012, foi negociado por € 3,30/ tCO 2 (BM&FBOVESTA, 2012).
Considerando os valores referentes ao ano de 2012, se o aterro metropolitano de João Pessoa
tivesse um MDL implantado, com a venda de certificado de emissão de carbono do
aproveitamento para a geração de eletricidade, só com os resíduos da arborização urbana, o poder
público poderia ter acrescido ao cofre municipal € 13.951,38. Em reais, resultaria em valor
aproximado de R$ 36.413,09. Utilizando referências os valores do último pregão da bolsa de
valores de São Paulo e da cotação da época.
Com relação ao cenário menos impactante deste estudo (produção de eletricidade), vale
ressaltar que os projetos de aproveitamento de resíduos sólidos para geração de eletricidade,
muitas vezes só consideram a redução da emissão de metano através da captura e queima de gás.
Grande parte dos aterros sanitários do país (incluindo a situação do aterro sanitário de João
Pessoa), raramente o metano do lixo é recuperado e queimado, e sendo assim somente a captura
e distribuição já é configurado como projeto MDL (ROVERE et al. 2006).
527
Nos projetos de eficiência energética, no uso de eletricidade e de geração de eletricidade a
partir de fontes renováveis para injeção na rede, o conteúdo de carbono evitado é que determinará
a quantidade de redução de certificados emitidos (RCEs) e a receita com a venda de créditos de
carbono propiciada pelo projeto (ROVERE et al., 2006).
O primeiro projeto com implantação do sistema de MDL no Brasil foi o Nova Gerar, no
município de Nova Iguaçu/RJ, em 2001. O investimento inicial consistiu em implantar um sistema
de coleta de gás e uma usina geradora de eletricidade modular (com um potencial de capacidade
esperada de 12 MW após alguns anos de operação), para capturar o metano do aterro e utiliza-lo
na geração de eletricidade para abastecer a rede elétrica (SOUZA; RIBEIRO, 2009).De acordo
com os cálculos, o projeto evitará a emissão de 14,07 milhões de toneladas de CO 2 em 21 anos,
com a captura e a combustão de metano do gás do aterro para gerar eletricidade. Ouros benefícios
foram à mitigação de impactos ambientais e a geração de benefícios sociais, como a melhoria de
vida dos catadores e geração de emprego (SOUZA; RIBEIRO, 2009).
Em outro projeto, projeto Vega Bahia, está previsto para evitar a emissão de 14,5 milhões
de t CO2 no período 2003/2019. Apresentando um valor médio anual de 0,653 milhões tCO 2/ano
(ROVERE et al., 2006).
METODOLOGIA
Objeto de estudos
O objeto de estudo foi os resíduos sólidos recolhidos pelo poder público municipal,
proveniente da manutenção da arborização urbana da cidade de João Pessoa/PB. As informações
sobre a massa de resíduo da arborização urbana foram disponibilizadas pela Divisão de
Informações Gerenciais da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (EMLUR).
Os resíduos da arborização urbana de João Pessoa/PB são coletados pela Emlur em dias
úteis e, em casos excepcionais e emergenciais, nos fins de semana. Estes resíduos são recolhidos
por equipes específicas, sem misturar com outros dejetos, e destinados ao Aterro Sanitário
Metropolitano de João Pessoa. No aterro, são pesados e encaminhados para descarte nas células
de resíduos.
528
A etapa do transporte dos resíduos é a distância percorrida pelo caminhão entre a cidade e
o aterro sanitário. Estas informações foram obtidas mediante a utilização de mapa digital no
Google Earth considerando o percurso entre centro da cidade (partida) e o aterro sanitário
(chegada). O circuito percorrido pela equipe de coleta do resíduo da manutenção da arborização
urbana foi registrado pelos motoristas em termos de quilômetros percorridos (km).
No SimaPro, o método utilizado foi o IPCC 2013 GWP 100a (SIMAPRO, 2015). O GWP
de uma substância qualquer é a relação entre a contribuição para absorção do calor de radiação
resultante da descarga instantânea de 1 kg de um gás de efeito estufa e igual emissão de dióxido
de carbono (CO2) integrado ao longo do tempo (neste caso, 100 anos) (FERREIRA, 2004; IPCC,
2013). Os processos utilizados para ACV foram o resíduo da arborização urbana e o transporte,
descritos a seguir:
b) Transporte
529
municipal. O inventário para este cenário inclui o próprio aterro, mas também o tratamento do
lixiviado1 nos primeiros 100 anos. A decomposição de resíduos após 100 anos não gera emissões
atmosféricas, porque a esta altura a fase de produção de metano já terminou e nenhum gás de
aterro2 é produzido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A avaliação da massa (t) de resíduo da arborização urbana recolhido pela Emlur em João
Pessoa, e levado ao Aterro Sanitário Metropolitano do período entre 2003 e 2015,indicou um
aumento da geração de resíduo da arborização urbana nos últimos 13 anos (Figura 1). Este
crescimento pode ser resultado do aumento da eficiência do governo municipal em gerenciar tal
resíduo ou a busca por, parte da população, em dar um destino mais eficiente e ambientalmente
correto ao mesmo. Com a especificação do quantitativo de resíduo da arborização urbana em cada
cenário proposto anteriormente (Tabela 1). A tabela citada, mostra os resultados da
implementação da ACV com método IPCC 2013 GWP 100a dos resíduos da arborização urbana
de João Pessoa, para o ano 2008.
1
efluentes líquidos gerados como resultado da percolação de água de chuva através dos resíduos sólidos
dispostos em aterros sanitários, bem como da umidade natural desses resíduos. Também conhecido como
chorume.
2
do inglês landfill gas (LFG). Em português os termos "gás de aterro" e "biogás" são utilizados para
referenciar o gás produzido pela decomposição dos resíduos sólidos em aterros.
530
Aterro sanitário: O resíduo da arborização simplesmente depositado no aterro sanitário
gerou uma elevada pegada de carbono, com maior impacto ao meio ambiente dentre as opções
verificadas, com a geração de 3.690 t CO2-eq. Os resíduos da arborização e seu respectivo
transporte corresponderam a 1.670 t CO2-eq (aproximadamente 52% do valor final total), e a
decomposição não controlada em aterro contribuiu com 2.020 t CO2-eq.
Aproveitamento para geração de eletricidade: Este cenário foi um passo além da simples
incineração, evitando o consumo de eletricidade da rede elétrica. Apresentou o melhor resultado
entre os cenários estudados, com emissões de -4.360t CO2-eq. Os resíduos da arborização e seu
respectivo transporte corresponderam a 1.670 t CO2-eq, e a geração de eletricidade evitou a
emissão de 6.030 t CO2-eq. Estas emissões negativas finais indicam uma possibilidade de
mitigação de mudanças climáticas, assim como de incorporação em Mecanismos de
Desenvolvimento Limpo (MDL).
10³ t
35,00
30,02
30,00 28,71
27,07 26,24
25,00 23,74 23,75 24,20 24,92
21,50 21,18
20,00 17,58
15,00 13,07
10
10,00
5,00
0,00
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Período
Tabela 1. Pegada de carbono associada a três cenários de descarte para resíduos da arborização em João
Pessoa/PB, para o ano 2008.
Pegada de carbono
Resíduos da
arborização urbana Incineração com Incineração com
coletados em 2008 Aterro sanitário aproveitamento de aproveitamento de
eletricidade calor
Aproveitamento para geração de calor: Este calor pode ser vendido a indústrias ou
condomínios, ou até utilizado em processos internos do aterro, evitando o consumo de
combustíveis em caldeiras para este fim. Este processo emitiu 1.432 t CO2-eq. Os resíduos da
arborização e seu respectivo transporte corresponderam a 1.670 t CO2-eq, e o aproveitamento do
calor da incineração evitou que 9450 MJ de calor fossem gerados por meio da incineração de
biomassa vegetal, evitando a emissão de 238 t CO2-eq.
Observou-se que a coleta e transporte dos resíduos da arborização são processos em comum
para todos os cenários de descarte. O cenário que apresentou a maior emissão t CO 2-eq foi o
descarte em aterro sanitário, ação hoje empregada pelo poder público municipal. A utilização do
material para a geração de eletricidade mostrou-se como a melhor opção para os resíduos, onde
531
os resultados indicam um saldo negativo, ou seja, deixa-se de emitir uma quantidade importante
de GEE na região, minimizando impactos ambientais atmosféricos. A a pegada de carbono por
tonelada de resíduo da arborização processado é uma variável importante, facilitando a
comparação entre os cenários (Tabela 2). Considerando que, atualmente, o poder público
municipal descarta os resíduos da arborização urbana no aterro metropolitano de João Pessoa, o
melhor cenário estudado, para o ano de 2008, foi a geração de eletricidade. Pegadas de carbono
foram calculadas para esses dois cenários no período 2003 - 2015.
Tabela 2. Pegada de carbono por tonelada (kg de CO2-eq/t) de resíduo da arborização urbana da cidade de
João Pessoa/PB, para cada cenário estudado.
Ainda com relação aos impactos ambientais do aproveitamento dos gases nos aterros
sanitários, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, 2015) destaca que existem
variações nos sistemas de coleta de metano presentes em aterros sanitários. E que diferentes
tecnologias estão disponíveis comercialmente para produção de eletricidade a partir de resíduos,
o que podem alterar significativamente os resultados das análises realizadas.
Figura 2. Pegada de carbono para os cenários de descarte de resíduos da arborização urbana no aterro
sanitário, aproveitamento para geração de eletricidade e calor, a partir dos resíduos, no período 2003-
2015, para João Pessoa/PB.
(10³) t
5
4
3
2
1
0
-1 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
-2 Período
-3
-4
-5
-6 Aterro Sanitário Eletricidade Calor
532
O estudo de The Leaf and Yard Waste Diversion Technical Committee (CANADA, 2014)
indica que existem melhores opções para os resíduos da arborização urbana do que o aterro
sanitário (compostagem, por exemplo), principalmente por razões econômicas. Incluindo a não
utilização de espaço (uso da terra), e por razões ambientais (diminuição das emissões de GEE).
Observa-se que a emissão dos GEE gerados pelos resíduos da arborização no aterro
corresponde a um percentual pequeno em relação ao montante total liberado nestes anos; porém,
GEE são cumulativos ao longo do tempo, de impacto global, e altos níveis de concentração podem
causar danos ao microambiente existente na cidade.
De acordo com o Plano de Ação João Pessoa Sustentável (JOÃO PESSOA, 2014), citam-
se como estratégias e ações para o controle dos GEE a promoção do uso de biomassa na matriz
energética e promoção de reciclagem dos resíduos. Os resíduos da arborização urbana são um
forte aliado para o cumprimento desta ação (JOÃO PESSOA, 2014).
A contribuição dos projetos de MDL nos aterros sanitários no Brasil abrange a área
econômica, ambiental e social, indo além da redução das emissões de GEE, sendo uma ferramenta
para a melhoria dos serviços de RSU. Influenciando diretamente na sustentabilidade ambiental
local, desenvolvimento das condições de trabalho e da geração líquida de empregos, além da
captação e desenvolvimento tecnológico e integração regional (PAVAN; PARENTE, 2006;
CRUZ; PAULINO, 2010).
CONCLUSÕES
A partir das análises realizadas, conclui-se que, o descarte atual utilizado pelo órgão
municipal (aterro sanitário) é a menos amigável para o ambiente, entre os cenários estudados.
Houve a maior pegada de carbono por tonelada de resíduos da arborização urbana, ou seja,
emissões de 136,34 kg de CO2-eq/t;
533
O melhor cenário estudado foi para o aproveitamento do resíduo da arborização para a
geração de energia elétrica, apresentando um saldo negativo de impacto ambiental, e mesmo o
cenário para a geração de calor, se mostrou mais viável ambientalmente que o sistema empregado.
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537
6.3. PEGADA DE CARBONO DA GERAÇÃO DE
ELETRICIDADE COM BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR
NA USINA SUCROALCOOLEIRA
CARVALHO, Monica
UFPB
monica@cear.ufpb.br
RESUMO
A fonte de energia foco desse artigo é o bagaço de cana-de-açúcar, que é a biomassa mais presente
na matriz energética brasileira. Este artigo calcula a pegada de carbono associada ao processo de
cogeração de energia elétrica a partir do bagaço de cana-de-açúcar, comparando com a produção
de eletricidade a partir do óleo diesel nas termelétricas. A análise foi processada por meio do
programa SimaPro®, após a coleta de dados de inventário em uma usina sucroalcooleira e
obtenção de dados de termelétricas tradicionais. Utilizou-se a base de dados Ecoinvent e o método
de avaliação de impacto ambiental foi o IPCC 2013 GWP 100a. Foi demonstrado que as amostras
de bagaço de cana da empresa analisada puderam gerar energia elétrica de forma ambientalmente
viável. A produção de energia elétrica via combustão do bagaço de cana-de-açúcar apresentou
baixa pegada de carbono (0.227 kg CO 2-eq/kWh), sendo mais adequada do que o processo
termelétrico à óleo diesel (0.900 kg CO2-eq/kWh), resultando em emissões evitadas de -0,673 kg
CO2-eq/kWh. A progressiva utilização do bagaço de cana-de-açúcar como fonte de eletricidade
pode ser uma alternativa para a mitigação de mudanças climáticas.
538
INTRODUÇÃO
A matriz energética brasileira é uma das mais limpas do mundo. Em 2014, a oferta interna
de energia apresentou uma colaboração de 39,4% de fontes renováveis, enquanto a média mundial
foi de apenas 14%. Avaliando a oferta de eletricidade o cenário é ainda mais promissor, enquanto
a média de participação das fontes renováveis no mundo foi de 23,6%, no Brasil estas
representaram 74,26% da eletricidade consumida no país (MINISTÉRIO DE MINAS E
ENERGIA - MME, 2015). Apesar d cenário nacional ser favorável, em que as emissões de CO 2
são bem menores do que a média mundial (MME, 2015), alguns estados apresentam uma
realidade menos satisfatória. Um destes estados é a Paraíba, onde existe uma grande porção de
energia elétrica produzida pela queima de combustíveis fósseis em usinas termoelétricas,
instaladas para suprir o déficit energético (DELGADO, 2015; CARVALHO et al., 2016).
Uma usina termelétrica gera eletricidade por meio da queima de combustíveis fósseis. A
Paraíba conta com uma usina térmica de energia que, em 2010 (final de sua construção) foi
considerada a maior termoelétrica por motores movidos à óleo combustível do mundo naquela
época, e hoje ocupa a terceira colocação em potência instalada (EBRASIL ENERGIA, 2016). A
introdução das termoelétricas, originalmente planejadas no Plano Prioritário de Termelétricas foi
desordenada e traz até os dias de hoje problemas como a falta do gás natural para a geração elétrica
(ROSA, 2007). De forma geral, as termelétricas apresentam altos índices de poluição atmosférica
e geram energia, porém o seu custo é muito caro em razão do preço do combustível utilizado.
A utilização da termelétrica depende da disponibilidade de hidroeletricidade, sendo as
termelétricas consideradas complementos do sistema, pois existe uma prioridade no uso de fontes
renováveis. Para evitar que as mesmas se tornem equipamentos inoperantes, é possível abastecê-
las com combustíveis renováveis, diminuindo os custos e impactos negativos ao meio ambiente
(ROSA, 2007). No Brasil, a biomassa desponta como alternativa para a geração de eletricidade.
O bagaço de cana-de-açúcar, ocupa a posição de terceira maior fonte produtora de energia elétrica
no país, responsável pela geração de 32,3 TWh, sendo 19,1 TWh destinados ao mercado e 13,2
TWh, destinados ao consumo próprio do setor sucroalcooleiro (BRASIL, 2015).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
539
de vapor é originada principalmente dos processos de evaporação e cozimento, onde o vapor é
necessário e uma grande quantidade de água condensada é obtida (SILVA; PONTES, 2015).
Mayer et al. (2016), realizaram uma análise ambiental de uma produção de bioetanol em
pequena escala e, mais recentemente. Silva et al. (2014) identificaram e quantificaram os
principais impactos ambientais potenciais da geração de eletricidade do bagaço de cana-de-açúcar
no Brasil, apresentando também uma visão geral dos estudos de ACV de produtos de cana-de-
açúcar - etanol, açúcar e eletricidade - publicados entre 2009 e 2013. Considerando o Ciclo de
Vida e a Metodologia ACV, o objetivo do trabalho aqui apresentado realizou uma análise
comparativa das pegadas de carbono associadas à geração de eletricidade a partir do bagaço de
cana e do diesel, considerando as especificidades da produção de cana e verificar e quantificar o
potencial para mitigar a mudança climática.
METODOLOGIA
Objeto de Estudo
A empresa estudada é do setor sucroalcooleiro voltada para a produção de açúcares do tipo cristal
e Very High Polarization (polarização muito alta) situada no município de Santa Rita, Paraíba.
Emprega diretamente 400 pessoas e a média de moagem é de 170 t cana moída por hora, que
representam mais de 700.000 t de cana moídas no fim da safra, que superam 1.000.000 de sacos
(50kg) de açúcar. A fim de preservar a identidade da empresa, referir-se-á a esta como “Usina
PB”.
Este estudo avaliou os processos de geração de eletricidade à óleo diesel e biomassa, via
bagaço de cana. O objetivo foi determinar qual processo emite a maior pegada de carbono, e o
quanto seria evitado se parte desta produção fosse substituída por uma alternativa mais
sustentável. Foram calculadas as pegadas de carbono associadas à produção de 1 kWh de energia
elétrica nos processos estudados. Posteriormente, extrapolaram-se as emissões para o excedente
(18.500 t) de bagaço da safra 2013/2014.
540
Cana-de-açúcar:
2. treatment of bagasse, from sugarcane, in heat and power co-generation unit, 6.400kW
thermal;
3. Alloc Def, U.
Óleo diesel:
6. Alloc Def, U.
No processo da eletricidade via bagaço de cana foi feita uma adaptação na quantidade de
cana-de-açúcar necessária para produzir 1 kWh de eletricidade, devido à umidade do bagaço da
Usina PB ser de 50%, e o valor fixado no processo ser de 21,3%. Desta forma, para produzir 1
kWh de eletricidade necessitou-se de 4,90 kg de cana-de-açúcar (quando o valor original seria
3,10 kg). No caso da termoelétrica, não foi necessário fazer adaptações.
Esta etapa definiu qual processo de geração de eletricidade (óleo combustível ou bagaço)
possui melhor desempenho ambiental e qual potencial que o mesmo apresenta para mitigar os
impactos ambientais. Para calcular as pegadas de carbono associadas à produção de energia
elétrica na Usina PB e aos processos de combustão propostos nesse trabalho, foi utilizado o
software SimaPro® (PRÉCONSULTANTS, 2015). Este software disponibiliza em sua base de
dados, inventários de diversos processos e tipos de fontes energéticas, além de apresentar um
baixo nível de incerteza na etapa de levantamento dos impactos, e oferece um respaldo para
subsidiar as discussões desejadas acerca destes dois processos estudados.
541
Atualmente, vários países e empresas de grande porte utilizam o SimaPro® para a
realização de estudos de avaliação de ciclo de vida, comprovando a legitimidade dos resultados
obtidos (ACV BRASIL, 2015). O SimaPro® segue as recomendações da Associação Brasileira
de Normas Técnicas, que traduziu as normativas internacionais da International Organization for
Standardization (ISO), ABNT 14040 (2014a) e ABNT 14044 (2014b). A base de dados utilizada
foi a Ecoinvent 3 (ECOINVENT, 2016), que possui cerca de 10 mil inventários (ACV BRASIL,
2015).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Visando identificar qual dos processos de geração de energia elétrica é mais prejudicial em
termos ambientais, determinou-se a pegada de carbono evitada se parte da eletricidade gerada na
termoelétrica fosse substituída pela eletricidade originada do bagaço da cana-de-açúcar. Para isto,
foi necessária a elaboração de um cenário de referência, que foi a geração de eletricidade em
termelétrica a óleo diesel. O resultado da pegada de carbono para ambos processos (produção de
eletricidade via cogeração de bagaço de cana-de-açúcar e produção de eletricidade em
termelétrica a óleo combustível) estão apresentados a seguir (Tabela 1).
Tabela 1 Pegada de carbono para produção de energia elétrica a partir de bagaço de cana-de-
açúcar e óleo combustível.
Observou-se que a biomassa utilizada nas caldeiras no estudo de Maués (2007) possui a
mesma umidade do bagaço aqui considerado (50%), sendo assim, se o excedente de bagaço da
usina estudada por Maués (2007) for direcionado para a produção de energia elétrica (99.000 t),
542
seriam obtidos 19.682 MWh (considerando-se cogeração nos mesmos processos estabelecidos
aqui neste trabalho). Este valor é superior, proporcionalmente, ao valor encontrado da Usina PB,
devido a maior quantidade de cana processada e, consequentemente, uma maior quantidade de
bagaço excedente. Este fato tem como provável justificativa uma diferente modelagem nos
processos das usinas, que impactam diretamente a eficiência energética das mesmas, onde a usina
mostrada por Maués (2007) apresentou melhores resultados e, portanto, maior potencial de
mitigação de mudanças climáticas. A publicação mais recente do Perfil do Setor do Açúcar e do
Etanol no Brasil (Edição para a safra 2012/13) indicou uma produção total de bagaço de cana-de-
açúcar no Brasil de aproximadamente 165 Mt (CONAB, 2017), confirmando que há realmente
um potencial para a geração de eletricidade, e mais importante, de mitigação das mudanças
climáticas.
CONCLUSÕES
Também seria relevante levantar os dados de produção das outras três usinas localizadas
no município de Santa Rita e avaliar o benefício ambiental obtido se o excedente destas usinas
também fosse destinado para a produção de energia elétrica para substituir a energia advinda de
usinas termoelétricas que utilizem combustíveis fósseis.
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546
6.4. ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA
ATIVIDADE ENZIMÁTICA RECUPERADA DE
RESÍDUOS SÓLIDOS DO BENEFICIAMENTO DO
PESCADO EM MACEIÓ – AL
RESUMO
A litoral de Maceió-AL é bastante utilizada para captura de diferentes tipos de pescado, contando
com uma variedade de espécies de peixes, seja para comercialização e/ou consumo. Após a
filetagem, são gerados resíduos sólidos, como cabeça, cauda, pele, escamas (quando presentes),
barbatanas e vísceras internas. Esses subprodutos podem servir de alternativa no fornecimento de
proteínas. Uma vez que as condições ambientais influenciam a ação dessas proteínas, este trabalho
objetivou estudar o efeito da temperatura na atividade de tripsina e de quimotripsina recuperada
a partir de resíduos sólidos do beneficiamento de Lutjanus synagris, Caranx crysos e Cynoscion
leiarchus capturados no município de Maceió, Alagoas. A temperatura ótima de ação da tripsina
sofreu variação de acordo com a espécie, entre 35°C e 60°C, enquanto que para a quimotripsina
manteve próximo aos 40°C. na avaliação da estabilidade térmica, a quimotripsina se mostrou
menos resistente do que a tripsina. Assim, é sugestiva a utilização de tripsina extraída de resíduos
intestinais das referidas espécies, uma vez que os valores obtidos foram dentro do desejado pelos
segmentos industriais, sendo necessário submete-las a processos de purificação. Ainda, houve o
reaproveitamento total das vísceras utilizadas, contribuindo com a redução da contaminação
ambiental.
547
PALAVRAS-CHAVE: Marinhos, Proteases, Resíduos.
INTRODUÇÃO
O Estado de Alagoas apresenta uma área vasta para captura de uma variedade de espécies
aquáticas, principalmente de peixes, seja através dos métodos de caceias e/ou de linha, muitos
para consumo local (RANGELY et al., 2010). Segundo a FAO (2016), milhões de pessoas em
todo o mundo encontram uma fonte de renda e meios de subsistência no setor de pesca e
aquicultura. As estimativas mais recentes mostram que 56,6 milhões de pessoas trabalharam em
2014 no setor primário aquícola. Após a captura é realizada a evisceração e separação dos resíduos
sólidos (cabeça, cauda, barbatanas, escamas, coração, vísceras digestivas, mesentério, etc.).
Aproximadamente, para cada 1 kg de peixe filetado, cerca de 50 a 70% são negligenciados e
desprezados, seja por falta de investimento da indústria – uma das justificativas é a elevação dos
custos do setor –, ou falta de tecnologia simples para reutilização desses descartes. Todavia, esses
resíduos têm demonstrado interesse pelo mercado de enzimas para aplicações biotecnológicas,
contribuindo para com que haja um impacto positivo na economia pesqueira (BEZERRA et al.,
2006; BOUGATEF, 2013; LINO et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2017; JESÚS-DE LA CRUZ et
al., 2018).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A produção global de peixes, crustáceos, moluscos e outros animais aquáticos atingiu 169,2
milhões de toneladas em 2015. Deste total, a produção de captura foi de 92,6 milhões de toneladas,
um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior. A produção da aquicultura foi de 76,6 milhões
de toneladas em 2015, um aumento de 4% em relação ao ano anterior (FAO, 2017). À medida
que o consumo de filés ou de outras formas preparadas ou conservadas aumenta, a proporção de
resíduos sólidos, como cabeças, caudas, espinhos, vísceras internas, como rins, fígado, estômago,
coração, intestino e outros produtos derivados do processamento segue a mesma tônica (ZHOU
et al., 2011; LINO et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2014; FAO, 2016; OLIVEIRA et al., 2017).
548
de organismos aquáticos já foram investigadas quanto ao seu potencial de fornecimento de
biomoléculas, principalmente tripsina (ESPÓSITO et al., 2010; COSTA et al., 2013; LINO et al.,
2014; MEDEIROS et al., 2015; KLOMKLAO e BENJAKUL, 2018) e quimotripsina (CHONG
et al., 2002; CASTILLO-YÁÑEZ et al., 2009; YANG et al., 2009; ZHOU et al., 2011; OLIVEIRA
et al., 2017).
Tripsina de origem aquática podem ser utilizadas na produção de sabão em pó pela indústria
de detergentes (ESPÓSITO et al., 2009; JELLOULI et al., 2009; KTARI et al., 2012; NASRI et
al., 2012; KHANGEMBAM e CHAKRABARTI, 2015; MEDEIROS et al., 2015; YOUNES et
al., 2015; BKHAIRIA et al., 2016), na extração de pimentos carotenóides de resíduos de camarão
(SILA et al., 2012; YOUNES et al., 2015; POONSIN et al., 2017), na produção de hidrolisados
proteicos, na produção de farinha de peixe, no processamento da carne, na produção de silagem
ou na indústria de alimentos visando a promoção da saúde humana (GODDARD e PERRET,
2005; BALTI et al., 2009; FELTES et al., 2010; FREITAS et al., 2012; LIMA, 2013; GOOSEN
et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2014; KETNAWA et al., 2016; VILLAMIL et al., 2017) ou, mais
recentemente, na síntese de peptídeos biologicamente ativos no segmento biomédico (JESÚS-DE
LA CRUZ et al., 2018).
METODOLOGIA
A extração de proteases a partir das vísceras intestinais foi realizada de acordo com a
metodologia descrita por Oliveira et al. (2017). A razão de vísceras para tampão de extração (0,05
M de Tris-HCl, pH 7,5, contendo 5 mM de CaCl2) foi de 1:5 (w/v). As amostras (15 g cada
espécie) (Figura 2) foram misturadas em alta velocidade durante quatro intervalos de 15s, com
um intervalo de 30s de arrefecimento entre cada execução. O recipiente de homogeneização foi
continuamente resfriado em banho de gelo. Os homogeneizados resultante foram centrifugados a
20.000 g durante 30 minutos a 4°C para obtenção do extrato bruto (EB). O extrato bruto final foi
549
filtrado através de um filtro estéril, em seguida, armazenado a -22°C, para posterior recuperação
enzimática.
O efeito da temperatura sobre a atividade enzimática dos extratos brutos das espécies e a
estabilidade térmica foi avaliado a temperaturas variando de 25°C a 80 °C. Para a temperatura
ótima, os ensaios foram realizados através da incubação do extrato enzimático com os substratos,
8 mmol/L de BApNA e Suc-Phe-p-Nan (SApNA) para tripsina e quimotripsina, respectivamente,
em um banho de gelo. Para testar a estabilidade térmica, a enzima foi incubada em banho de água
por 30 minutos e a atividade restante foi então mensurada em 25 °C. A atividade foi calculada
como a razão entre a atividade da enzima no final de cada corrida de incubação e a do início,
sendo expresso em percentagem (%) (OLIVEIRA et al., 2017). Todos os valores foram
apresentados como médias ± desvios-padrão. Estes dados foram analisados estatisticamente por
550
ANOVA, seguida do teste Tukey, quando indicado. Diferenças entre os grupos foram aceitos
como significativos ao nível de confiança de 95% (p < 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram recuperadas atividade enzimáticas a partir do extrato bruto produzido dos resíduos
sólidos intestinais de 3 espécies de peixes neotropicais (L. synagris, C. crysos e C. leiarchus).
Todas as espécies trabalhadas possuíam hábitos alimentares carnívoros, tendo como fonte
primária peixes menores, peixes doentes e camarões. Assim como temperatura e pH, o hábito
alimentar pode influenciar no metabolismo digestivo. A tripsina recuperada dos resíduos de L.
synagris, C. crysos e de C. leiarchus apresentam atividade ótima a 50°C, 50°C e 60°C,
respectivamente (Figura 3), mantendo-se estável entre 30-55°C, 25-65°C e 25-55°C,
respectivamente. O tratamento térmico influenciou na atividade das tripsinas, corroborando com
o descrito na literature científica para Sebastes schlegelii (KISHIMURA et al., 2007) e Arapaima
gigas (FREITAS-JUNIOR et al., 2012), ambos com temperatura ótima de 65°C. No que diz
respeito a termoestabilidade, a tripsina das 3 espécies analisadas mostraram-se sensíveis quando
em exposição a valores superiores a 60°C.
551
NIELSEN, 1992), Engraulis japônica (HEU et al., 1995), Sardinops sagax caerulea
(CASTILLO-YAÑEZ et al., 2009) e S. dumerili (OLIVEIRA et al., 2017). Zhou et al. (2011)
relataram que quimotripsinas de peixes marinhos ambientados a ambientes de baixa temperatura
apresentam maior atividade catalítica que enzimas em mamíferos, por exemplo. Os estudos de
sensibilidade enzimática a estresse provocado pela temperatura são importantes do ponto de vista
industrial para descobrir se a enzima possui estabilidade térmica, uma vez que na indústria os
vários processos realizados causam um estresse grande, principalmente de calor, desnaturando
proteínas pouco resistentes.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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