Imóvel Público
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ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "A Turma, por unanimidade, deu
provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra. Ministra-Relatora." Os Srs. Ministros Franciulli
Netto, João Otávio de Noronha, Castro Meira e Francisco Peçanha Martins votaram com a Sra. Ministra
Relatora.
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RECURSO ESPECIAL Nº 556.721 - DF (2003/0126967-7)
RELATÓRIO
Em face deste, foram opostos embargos de declaração, aos quais se negou provimento.
O DISTRITO FEDERAL , com fundamento na alínea "a" do permissivo constitucional,
aponta violação dos arts. 236, § 1º, e 552 do CPC; 497 do CC; 66 c/c 69 do CC; 572 do CC; 460 do CPC; e
516 do CC. Sustenta, em síntese:
a) a nulidade do acórdão recorrido, porque à TERRACAP, que também é parte nos autos,
não se deu notícia da interposição do recurso de apelação nem dos demais atos processuais praticados, já
que seu nome não constou nas publicações;
b) a inexistência do direito de posse, um vez que atos de mera tolerância não a induzem e
porque, ademais disso, a área ocupada é pública; e
c) ocorrência de julgamento ultra petita , uma vez que não se pleiteou, na peça
exordial, a indenização por benfeitorias e o reconhecimento do direito de retenção;
d) não-configuração do direito de retenção, porque a ocupação irregular de área
pública não caracteriza posse de boa-fé.
Sem contra-razões, subiram os autos, por força de agravo de instrumento.
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É o relatório.
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RECURSO ESPECIAL Nº 556.721 - DF (2003/0126967-7)
VOTO
Nestes autos, tem-se caso de ocupação de área pública, a qual, dada sua irregularidade,
não pode ser reconhecida como posse, mas como mera detenção. Tal conclusão, registre-se, está assentada
no próprio acórdão recorrido, que, a despeito de reconhecer a inexistência de posse, admitiu a existência do
direito de retenção e obstaculizou o cumprimento do mandado de reintegração de posse.
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Ora, se o direito de retenção, como outrora fico dito, depende da configuração da posse,
não podia o Tribunal a quo , ante a consideração da inexistência desta, admitir o surgimento daquele
direito advindo da necessidade de se indenizar as benfeitorias úteis e necessárias, e assim impedir o
cumprimento da medida imposta no interdito proibitório.
Ressalte-se que neste feito, como se abstrai da decisão recorrida, não se vislumbra
hipótese de uso especial de bem público legalmente titulado, mas de ocupação irregular de área
pública, porque a utilização do imóvel realiza-se de forma clandestina, sem base em qualquer ato
unilateral ou contrato emanado da Administração.
E diga-se ainda que somente naqueles casos, quando admitido de maneira formal o uso
do bem público, particularmente nas hipóteses de permissão e concessão, há de se cogitar do cabimento
de eventual indenização pelos prejuízos advindos do ato revogatório. Em tais situações, a propósito, a
doutrina admite estar assegurado o ajuizamento das ações possessórias para garantia da utilização
permitida pela Administração (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 27. ed. São
Paulo: Malheiros, 2002 p. 490-501).
Por todo o exposto, dou provimento ao recurso especial, para julgar improcedente a
ação, ficando invertidos os ônus da sucumbência.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra ELIANA CALMON
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ FLAUBERT MACHADO ARAÚJO
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : DISTRITO FEDERAL
PROCURADOR : SANDRA CRISTINA DE ALMEIDA TEIXEIRA E OUTROS
RECORRIDO : ANA CÉLIA VIEIRA SALES E OUTROS
ADVOGADO : HELENICE ALVES PORTO
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra.
Ministra-Relatora."
Os Srs. Ministros Franciulli Netto, João Otávio de Noronha, Castro Meira e Francisco
Peçanha Martins votaram com a Sra. Ministra Relatora.
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