5 - A Dama Selvagem Por Gehpadilha - Lettera
5 - A Dama Selvagem Por Gehpadilha - Lettera
5 - A Dama Selvagem Por Gehpadilha - Lettera
Summary:
Uma dama da alta sociedade? Uma artista? Uma princesa indı́gena?
Uma traidora? Diana Calligari fora vı́tima de uma terrı́vel emboscada, vivera
sob o estigma de traiçã o, mas agora tinha a chance de provar sua inocê ncia,
poré m será que o seu ó dio a deixaria seguir por esse caminho? Salvaria a ilha
do seu maior inimigo ou ambas seriam condenadas a um mundo de escuridã o
e paixã o avassaladora?
Notas:
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 1/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 2/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana tinha o olhar turvo de tanto apanhar, mas mesmo assim conseguia perceber o que se passava.
Há dias estava naquele lugar, há dias vinha sendo espancada por nã o se curvar à quele homem cruel.
Ela e seu noivo foram atraı́dos sob a desculpa de um treinamento especial para uma operaçã o de resgate.
Mentira!
Seus ossos pareciam terem sido retirados do lugar. A boca estava seca, necessitava de um pouco de á gua.
Os homens a arrastaram.
Todos se divertiam diante do que acontecia, parecendo nã o se importar com a dor alheia. Estavam felizes, a inal,
muitos daqueles odiavam a ilha de Alexander. Muitos a viam como uma jovem arrogante que ocupara o posto de major por
ter o sangue de um homem tã o poderoso, eles se negavam a ver como a bela morena era disciplinada e esforçada e como
tivera que lutar muito para chegar onde estava.
Por um momento teve a impressã o que suas pernas tinham sido cortadas.
Lutara bravamente, enfrentara vá rios soldados, mas sucumbira diante da maioria.
Observou tudo ao redor, buscando uma saı́da... Mas ali era bastante isolado para que algué m aparecesse.
Havia uma cabana de caça, soldados armados, barricadas, piso batido e ao centro havia dois troncos incados. Um
ocupado por ela, outro por seu amado.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 3/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
As madeixas negras estavam coladas a seu rosto pelo suor e pelo sangue dos machucados.
Sempre fora uma jovem arrogante, forte e que jamais se curvava a nada e nem a ningué m.
Desde que a viu pela primeira vez icara totalmente louco por ela, mesmo sendo tã o nova, tinha uma força e charme
que poucas exibiam.
Excitava-se com aquele gê nio tã o forte, excitava-se quando ela agia como uma dama da alta sociedade.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 4/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Cordata e selvagem!
Nã o quisera feri-la, queria-a em sua cama, mas ao descobrir que ela estava noiva do tenente Eduardo nã o
conseguira aguentar e acabou perdendo todo o controle.
-- Veja o homem fraco que você escolheu para icar ao seu lado! – Desdenhava. – Se tivesse me aceitado nada disso
teria acontecido. – Tocou-lhe o lá bio inferior que estava cortado. – Uma verdadeira pena... Formarı́amos um belo casal juntos...
– Com a faca arrancou os botõ es da camisa, deixando à mostra o sutiã rendado e branco. – Princesa Diana... E assim que
aquelas pessoas te chamam... Princesa Diana...
Exibiu um sorriso demonı́aco, enquanto feria-a, observando o sangue jorrar da pequena ferida.
Passou o indicador sobre o lı́quido vermelho, depois levou até a boca, lambendo, enquanto nã o deixava de olhá -la.
Diana tentou falar, mas a voz parecia presa, tentou mais uma vez e agora pareceu conseguir.
-- Eu... Eu odeio você ... Odeio... Odeio...Um dia pagará por tudo...
Ela sentia que a qualquer momento perderia a consciê ncia. Viu o homem que amava ser cruelmente espancado,
sabia que nã o teriam muita chance de sobreviver, a inal, estavam longe e ningué m iria contra a vontade do maldito Otá vio.
Tentou se soltar das cordas, ainda acertou um chute nas partes baixas do coronel e mais uma vez recebeu um soco
no rosto.
-- Vagabunda indı́gena! – Levantou-se com a arma em punho. – Vejam todos você s, essa é a dama, essa é a bela
senhorita que frequenta a alta sociedade... – Atirou para cima. – Nã o passa de uma ı́ndia selvagem... Uma maldita ı́ndia que
tomou o lugar de você s... – Cuspiu. – Permitirã o que ela seja superior a você s? Permitirã o que ela dê ordens a você s?
A morena segurou o gemido de dor. Nã o demonstraria fraqueza diante daquele ser insensı́vel.
Ele izera como tantas vezes que buscara livrá -la de sua ira.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 5/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Um dos soldados o soltou e o saiu arrastando até onde eles estavam. Fê -lo ajoelhar diante de Otá vio.
Ele estava tã o machucado que sua fala mal dava para ser entendida, apenas esboçou uma expressã o que lembrava
um sorriso.
Tudo estava pronto para que seu casamento acontecesse dali a dois meses, poré m agora tudo estava acabado.
-- Solte-o... – Disse cuspindo sangue. – Juro que o matarei, que vingarei o que está fazendo hoje.
-- Você será minha... – Apontou a arma para o tenente. – E depois que me satisfazer contigo sobre o corpo do seu
namoradinho, te venderei como escrava... Uma pena realmente!
Diana ouviu o som do estalido, sentiu a cabeça rodar ao notar o que acontecia.
Antes de desmaiar a ú ltima imagem que viu foram os olhos abertos e sem vida do noivo.
O salã o estava cheio de pessoas elegantes. Um verdadeiro des ile de trajes feitos pelos melhores estilistas.
Homens e mulheres pareciam embevecidos diante dos quadros que estavam sendo expostos.
No primeiro andar, apoiada ao espaldar de madeira uma bela morena observava tudo. Sua face bonita demonstrava
total falta de interesse.
Linda, rica e talentosa, poré m nada daquilo satisfazia aquela mulher que ocupava um espaço naquele mundo.
Alguns a olhavam com curiosidade, outros a condenavam, mas poucos tinham coragem de apontar o dedo para a herdeira de
um homem tã o importante, mas a maioria o fazia por suas costas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 6/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu daria todos os anos da minha vida para saber o que se passa por trá s desses lindos olhos. – Entregou-lhe uma
taça.
Conhecera-a há muito tempo. Era uma mulher de seus quarenta anos, roliça, elegante, casada e que preferia ter
cachorros a ilhos.
A pintora itou as bolhas do lı́quido como se fosse uma bola de cristal. Parecia querer ver algo.
-- Eu nã o tenho nenhum interesse de falar com esses abutres! – Encarou-a com aquele olhar de desprezo.
-- Diana, você deixou de ser a ilha de Alexander Calligari para se tornar uma talentosa artista conhecida
mundialmente. – Dizia pacientemente. – Você tem muitos fã s.
Ela se afastou, descendo elegantemente as escadas. Aproximava-se de um dos seus quadros quando algué m que ela
conhecia bem se aproximou.
Diana estreitou os olhos de forma ameaçadora... Mas nã o se negou a seguir com o homem.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 7/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estava em sua mansã o na cidade, tentando resolver o que se passava. Passara tanto tempo fora e agora ali estava
sendo perseguido pelo passado.
-- Nã o posso perdê -la como perdi meu ilho! – Dizia chorosa, enquanto se desesperava em lá grimas. – O que farã o a
ela? Ela nã o merece passar por isso depois de tudo que enfrentou em todos esses anos. Por que izeram isso? Todo o dinheiro
que demos nã o foi su iciente para sanar essa maldita dı́vida?
Passara todos aqueles anos tentando manter a neta protegida e para isso tiveram que empenhar quase todos os
bens, restando-lhe apenas pouca coisa para tentarem recomeçar.
-- Nã o vamos perdê -la! – Bateu com a mã o fechada sobre a mesa. – Nem que eu tenha que fazer um pacto com o
demô nio!
Ouviu-se o som da porta e depois de algum tempo apareceu dois soldados acompanhando uma bela mulher.
O homem a itou por longos segundos, encarando os olhos frios e brilhantes, conseguia ver o ó dio presente neles.
Conhecera-a quando ainda era uma menina, quando seus ralos cabelos negros se sobressaiam a sua pele
bronzeada.
Observou-a erguer a cabeça em tom de desa io e arrogâ ncia, mirou os lá bios rosados se torcerem em total desdé m.
Aquele fora um dos motivos de ter deixado o paı́s, pois sabia que a herdeira dos Calligaris nã o descansaria
enquanto nã o obtivesse a sua sonhada vingança.
Um vestido vermelho sangue delineava o corpo alto, magro, mas com curvas tentadoras.
Em fraçõ es de segundos viu a esposa se ajoelhar diante da visitante, segurando-lhe as pernas, molhando o sapato
caro com sua dor.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 8/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Insensı́vel!
-- Salve-a! Eu imploro!
Por um momento, pô de-se notar a confusã o naquela ı́ris, depois apenas a indiferença voltou a prevalecer.
Ricardo foi até a sua companheira, segurando-a carinhosamente. Enquanto a tirava, mirou o desprezo no olhar da
morena.
Fora tirada de uma exposiçã o pelos soldados daquele homem, precisara abandonar seu trabalho para estar ali, para
encontrar aquelas pessoas que mais odiava em todo aquele universo.
Sua exposiçã o fora um sucesso, seus quadros tiveram uma grande aceitaçã o como já era de costume.
Tornara-se uma grande artista plá stica, mesclando a arte contemporâ nea com um surrealismo abstrato e sensual.
Diana Calligari fora agraciada pela crı́tica com seu talento, mas sua arrogâ ncia era muito mais explorada e mais
noticiada pela mı́dia, tanto quanto o escâ ndalo que se abateu sobre sua famı́lia.
A morena de olhos penetrantes era ilha de um conhecido coronel. Tivera uma vida itinerante, morando em grande
parte do mundo, vivendo em loresta, em acampamentos em meio ao nada. Sua formaçã o lhe rendera muitas honrarias,
poré m ao inal de tudo fora acusada de traiçã o e expulsa das forças especiais.
Alexander Calligari tivera uma ú nica descendente e muitos pensavam que fora criada em um laborató rio, uma
fertilizaçã o em meio a tantos insucessos, mas a histó ria era outra. O homem pertencente à alta sociedade, um verdadeiro
cavalheiro se envolvera com uma jovem ı́ndia selvagem.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 9/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Irritou-se com o som dos soluços, irritou-se ao ver o olhar de sú plica que lhe foi dirigido.
Observou o pomposo escritó rio, o enorme quadro que decorava a parede central.
Sua obra!
Sua atençã o fora tirada por uma fotogra ia de uma bela jovem.
Conhecia-a!
Vira-a algumas vezes, decerto hoje já nã o era mais uma menina.
-- Diga de uma vez por que mandou me trazerem até aqui e agradeça por estar vestida como uma dama, pois se
fosse o contrá rio, eu já teria acabado com a sua maldita raça!
Ricardo ajudou a esposa a sentar, em seguida foi até onde estava a jovem.
Indignada, levantou-se.
-- Como ousa me trazer aqui para me pedir ajuda? Só pode ter enlouquecido! Nunca eu o auxiliaria em qualquer
coisa que fosse!
Mais uma vez a voz chorosa de Clá udia que dessa vez nã o foi totalmente ignorada pela ilha de Alexander se fez
ouvir.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 10/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Por alguns segundos ela itou o rosto sofrido da mulher, mas nã o demorou muito para recuperar a postura
costumeira.
-- Por que acha que eu faria isso? – Questionou com um leve arquear de sobrancelha.
O general cobriu o rosto com ambas as mã os, em seguida puxou uma cadeira, sentando diante dela.
-- Protegeu-me? – Disse entre o amargo riso. – protegeu-me! – Meneou a cabeça de forma sarcá stica. – Você nã o me
protegeu do doente do seu ilho! – Disse por entre os dentes. – Permitiu que ele izesse o que desejava e nã o moveu um ú nico
dedo. Permitiu que todos me acusassem de traiçã o, viu meu pai tirar a pró pria vida e nada fez e ainda deseja que o ajude?
Ricardo baixou a cabeça por alguns segundos, em seguida voltou a itá -la.
Era percebı́vel a dor que ele sentia naquele momento, o desespero era tã o grande que ele recorreu à ú nica pessoa
que ele sabia que nã o o ajudaria, mesmo assim, tentaria persuadi-la a fazê -lo.
-- Jamais imaginei que ele seria capaz de chegar tã o longe... – Disse baixinho. – Eu te resgatei... Se nã o fosse por mim
você teria tido um im terrı́vel... Mas eu nã o podia manchar a imagem do meu ilho...
Deu as costas para eles, pois nã o desejava que vissem sua fraqueza, nã o desejava que percebessem como aquelas
lembranças eram terrı́veis.
Otá vio quando caiu em si do que tinha feito, tentara de todas as formas se livrar de qualquer prova que pudesse lhe
incriminar, encontrando uma ó tima saı́da ao entregar a jovem para uma facçã o colombiana que costumava ser muito cruel
com as mulheres, usando-as, escravizando-as e vendendo-as para o oriente mé dio.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 11/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- A Aimê foi sequestrada pela facçã o colombiana... A mesma que estiveram contigo...
-- Por que eles levariam sua querida neta? – Indagou descon iada.
-- Por dı́vidas que Otá vio contraiu com eles, ainda mais por terem perdido bastante dinheiro há dez anos.
A pintora sabia do que ele falava... Sua fuga rendera um dé icit enorme para os bandidos... Poré m nã o imaginara que
eles agiriam assim, a inal, eles nã o foram presos e nem punidos pelos crimes que cometeram, deveriam estar gratos por isso.
-- Que pena para sua netinha... Mas quem sabe ela nã o gosta de ser puta em um bordel na Turquia. – Disse
cruelmente, seguindo até a porta.
Nã o se importava com aquelas pessoas, ainda mais com essa garota que era ilha do homem que mais odiara em
sua vida.
Dane-se!
Sentia o aço frio em seus dedos, a mesma frieza que estava presente em seu coraçã o.
-- Estã o blefando, decerto, pois sabem muito bem qual é o meu maior desejo. – Disse sem se voltar.
O silê ncio reinou por alguns segundos até que a voz do general fora ouvida novamente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 12/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu farei o que for da sua vontade, contanto que salve a minha amada neta.
A bela mulher sentia a emoçã o correr mais forte por suas veias. Sentia se aproximar o momento que sempre
esperara durante todos aqueles anos.
Fora vı́tima de algo terrı́vel e mesmo com todo o prestı́gio que conseguira durante sua vida, sua dor e desprezo por
tudo o que aconteceu nã o havia sido vingado, todos os fatos foram abafados e ao inal de tudo o maldito Otá vio ainda saı́ra
como heró i.
O olhar dos trê s deixava claro que só estavam no mesmo lugar devido a um interesse comum.
O general itou a mulher que fora sua companheira durante muitos anos e que passara ao seu lado os piores
momentos que algué m poderia viver.
Devia a ela aquilo, precisava salvar a neta já que nã o conseguira fazer o mesmo pelo ilho.
-- Minha neta foi sequestrada... – Ricardo disse em um io de voz. – As mesmas pessoas... – Engoliu em seco. – Ela
está passando tudo o que você passou...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 13/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Lembrava-se bem do que vivera, ainda tinha as cicatrizes em seu corpo dos dias que passara naquele maldito
cativeiro.
Caminhou até a escrivaninha, dando as costas para eles, apoiou as mã os sobre o tampo.
Os cabelos eram demasiadamente negros... Os olhos grandes, exibindo um azul intenso, incandescente.
O sorriso era vivo, espontâ neo... Doce... A ú nica coisa que a diferenciava dos de Otá vio que costumava exibir
crueldade em todos os seus gestos.
Algo a irritou.
-- Você é um general, mande seus homens regatá -la, use seu poder para salvá -la... – Falou de forma rı́spida.
Durante aqueles anos ele envelhecera bastante. O bigode que sempre usara, agora exibia um tom prateado igual aos
cabelos. Estava mais magro e sua postura um pouco curvada.
-- Eu nã o posso... – O general falou em desespero. – Nã o posso correr o risco que a matem... – Limpou a lá grima que
descia insistentemente. – Eles vã o matá -la... Eles querem se vingar por causa do Otá vio...Meus homens nã o poderã o passar
pela tribo... Você sabe disso...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 14/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Tribo?
Ela també m nã o era bem quista por eles há muito tempo!
Mais uma vez a bela pintora caminhou até o mó vel, sentando-se.
Mais uma vez o silê ncio se fazia eco, até que o olhar inexpressivo se voltou para eles.
-- Porque você foi a ú nica que viveu aquele inferno e conseguiu sobreviver... Você conhece aquela loresta, conhece
suas armadilhas... Você é a ú nica que pode trazê -la de volta com vida.
Sim, aquilo era verdade, pois Diana conhecia bem aquele lugar cheio de perigos. Passara quase trê s meses fugindo
da facçã o, dormindo em buracos, em á rvores, comendo insetos para sobreviver, poré m aquilo tudo nã o valia a pena, era uma
missã o suicida.
Inclinou a cabeça para trá s, fechou os olhos, sentia o aroma delicioso da espuma invadir seus sentidos.
O banheiro era todo decorado na cor branca. Grande e espaçoso, fazia parte dos aposentos principais que ela
ocupava.
Aquela enorme mansã o fora deixado por seu pai. Localizava-se em uma fazenda, onde ela izera questã o de
continuar com a paixã o que fazia parte do sangue dos Calligaris, criaçã o de animais, principalmente de cavalos.
Todos estranhavam o fato de uma grande dama da sociedade viver isolada em um lugar como aquele, mas ela nã o
se importava com isso. Suas obras sempre viam de inspiraçõ es daquele pedaço de paraı́so.
Ouviu passos macios e nem mesmo abriu os olhos. Apenas sentiu a mã o amorosa pousar em seu ombro.
-- Menina, isso nã o é hora de tomar banho, qualquer dia desses vai pegar uma pneumonia.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 15/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aquela mulher lhe criara desde que era um bebê e sempre lhe dedicara todo o carinho e amor.
Tocou-lhe a face, itando os cabelos grisalhos, o olhar simpá tico que lhe era caracterı́stico.
-- Precisava relaxar...
-- Você costuma relaxar sobre o Cé rbero... Outra coisa que ainda vai te render uma infecçã o. – Levantou-se, pegando
o roupã o e estendendo para ela. – Venha, já está na hora de ir para cama e se nã o conseguir dormir pode ir pintar seus
quadros, eu te faço companhia.
Diana deu um suspiro de resignaçã o. Nã o era fá cil ir contra as ordens daquela senhora.
A jovem seguiu até a cama e viu que havia uma bandeja com leite e biscoito.
-- Você é tã o maravilhosa comigo, Dinda. – Apertou-a mais forte. – Eu nã o sei o que seria de mim sem você na minha
vida.
Dinda, como era chamada carinhosamente, era Antô nia Calligari, tia de Alexander.
Dinda a observava de forma atenciosa, pois depois de tudo que sua menina passou ela sabia como sua vida se
tornara difı́cil. Sabia que ela nã o era feliz, ainda mais porque nã o conseguira esquecer tudo o que aconteceu.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 16/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu vou ter que me ausentar por uns dias... Preciso fazer algo.
-- O quê ? – Indagou preocupada. – Passou um mê s inteiro na Alemanha, se jogando naquelas boates, envolvendo-se
com pessoas... – Torceu a boca. – Nã o quero nem falar sobre isso. Você é uma Calligari, tem sangue nobre, precisa agir como
uma dama. – Levou a mã o à testa. – O que iz de errado na sua educaçã o.
A jovem sorriu.
-- E entã o?
-- Está louca? Perdeu o resto do juı́zo que lhe restou? – Colocou as mã os na cintura roliça. – Que diabos vai fazer
naquele lugar? Foram aquelas pessoas quem a desviou do seu caminho...
A morena tomou mais um pouco do leite, depois encarou a babá com toda calma do mundo.
-- Que brincadeira é essa, Diana? Você jamais se envolveria em algo tã o arriscado para salvar algué m daquela
famı́lia.
A pintora tocava a borda do copo, parecendo pensativa, depois voltou a itar mulher.
-- Ricardo disse que vai me dá o que eu quiser se eu trouxer a neta dele viva...
-- Meu Deus, ilha, esqueça isso... – Sentou-se, tomando as mã os delas nas suas. – Você já sofreu tanto, quase
morreu, pior, parece que agora realmente você pretende concretizar seu desejo de morrer.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 17/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu preciso fazer isso, preciso que toda verdade venha à tona, necessito de que todos saibam do que se passou.
-- Vai mudar a imagem que as pessoas tê m de um homem que jamais foi heró i, de um homem que foi aclamado por
todos, quando por baixo dos panos cometia os crimes mais bá rbaros que se podia imaginar... Eu limparei o sobrenome
Calligari... Eu devo isso ao meu pai...Devo isso a você ... – Falou emocionada.
-- Ele está morto, ilha... – Com o polegar secou uma lá grima que descia do rosto bonito. – Nada pode mudar o
passado...
-- Mesmo assim ainda me faz muito mal... – Mordiscou o lá bio inferior. – Preciso disso para continuar minha vida...
-- Por que esse homem nã o manda o exercito resgatar essa menina, ele tem esse poder... Por que envolveu você
nessas coisas? Isso é muito arriscado... Você nem mesmo se envolve mais com isso... Nã o é mais uma militar... – Disse
aborrecida.
-- Ele sabe que nã o será algo fá cil e sabe també m que eu sou a ú nica chance para essa garota sair de lá com vida. A
tribo nã o permitirá a passagem deles... Isso alertará a todos.
-- E quem disse que vã o te deixar passar? Você foi proibida de pisar naquelas terras!
-- Eu juro que voltarei bem e quando retornar vamos viajar para Itá lia como você tanto queria, vamos rever a
famı́lia.
-- E a mim ela nã o interessa! – Falou de forma rı́spida. – Vou precisar usar todo meu controle para nã o matá -la, eu
mesma, a inal, ela é a ilha daquele monstro!
Dinda fez um gesto negativo com a cabeça, temendo por essas palavras.
Onde Ricardo Villa Real estava com a cabeça ao envolver a Calligari nessa histó ria. Será que ele nã o tinha ideia de
todo ó dio que a jovem artista carregava dentro de si?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 18/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Abraçou sua amada garota, sabendo que a ú nica coisa que podia ser feito naquele momento era rezar para que tudo
saı́sse bem naquela empreitada.
Naquele vasto territó rio havia um nú mero grande de tribos isoladas, muitos evitavam manter contato com a
civilizaçã o moderna, até mesmo sendo arisco à sua presença. Infelizmente grandes madeireiras e exploradores costumavam
invadir esses lugares e isso causavam inú meras doenças.
Nã o era fá cil penetrar em seus espaços, o mais prová vel é que se saia com uma lecha alojada em seu corpo.
Respirou fundo!
O ar era mais fresco, refrescante... Transmitia paz, mesmo sendo tã o selvagem.
Um pequeno paraı́so no meio do nada. O verde era preservado, os poucos animais que ali viviam eram usado para
sobrevivê ncia daquelas pessoas. Nã o costumavam buscar mais do que necessitava, apenas viviam com o que era necessá rio.
Viu algumas crianças correndo curiosas até a aeronave e em meio a elas viu um rosto conhecido.
Desceu o restante dos degraus, colocou os ó culos de aviador prateado para lhe proteger os olhos do sol escaldante.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 19/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
As pessoas corriam para as pequenas portas e janelas para observarem a igura imponente que acabara de chegar.
Diana usava calça em estilo militar colada as pernas torneadas, botas confortá veis que chegavam até os joelhos,
camiseta verde justa a suas curvas, suspensó rio, boné sobre os cabelos soltos.
Ela o conhecia há muito tempo, desde que seu pai a carregava por aquelas terras.
Ele já estava bem idoso, mas ainda exibia vivacidade em seu andar. Era considerado um lı́der naquele pequeno
lugar.
-- Dia, major! – Estendeu a mã o para ela. – O que a traz por aqui?
-- Como vai, meu amigo? – Indagou retirando os ó culos. – Agradeço por ter permitido a minha chegada.
-- Vida boa sempre quando procuramos viver em uniã o com a natureza! Major sabe disso muito bem.
Ele fazia parte de uma tribo que vivia na loresta, mas precisou escolher icar naquele lugar para proteger a
identidade dos que nã o gostavam da sociedade, daqueles preferiam viver dentro da imensa mata.
As pessoas ali usavam roupas normais, mas ainda conservavam suas tradiçõ es.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 20/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Piatã nada disse, apenas apontou para a pequena choupana e seguiu em passos lentos.
Meio dia!
Precisava se apressar, pois a travessia pela mata fechada era demorada, poré m nã o podia recusar o convite do
velho, seria considerado uma verdadeira ofensa.
Resignada, seguiu-o.
Enquanto caminhava, as pessoas a observavam com curiosidade. As crianças pareciam embevecidos diante da
jovem, caminhando ao lado dela.
Percebeu també m que alguns mais idosos a olhavam com raiva, poré m aquilo nã o importava mais.
O lugar era simples. O piso de terra batida, a eletricidade era privilé gio de poucos naquele lugar. Apenas quem
contava com um motor poderia viver com esse luxo, os demais ainda utilizavam o candeeiro a gá s.
A casa de apenas um cô modo tinha uma mesa rú stica, uma rede, um pote para á gua e um fogã o de barro, o piso era
batido.
O velho ı́ndio lhe serviu um copo com á gua, depois sentou de frente para ela.
Outra pessoa ao ouvir aquilo se assustaria, mas ela sabia dos poderes daquele velho homem.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 21/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Que a major deve retornar para selva de pedras, que a major nã o deve seguir em busca de vingança... Sua tribo
nã o gostará de saber que veio aqui.
-- Mesmo que ele nã o queira, eu atravessarei a tribo e se ele quiser me deter vai ter que mandar os guerreiros me
matarem.
-- Ainda tem a alma escurecida... Nã o deveria ter voltado aqui... Os anos nã o izeram muito por você .
-- Menina Diana sabe que nã o pode entrar na selva sem permissã o... Sabe que será uma afronta a nossa tribo e sabe
muito bem o que acontece com aqueles que desrespeitam nossas leis.
-- Nã o esqueça també m de que para esse povo eu sou uma princesa! – Disse com arrogâ ncia.
A morena parecia pronta para retrucar agressivamente, mas acabou adotando um tom mais cordato.
-- Eu sei e pelo respeito que tenho por sua cultura vim aqui pedir que me leve à tribo, deixe que eu fale com o pajé ,
dê -me a chance de convencê -lo a permitir a minha passagem por sua terra.
Conhecia bem aquele ser forte que estava diante de si e tinha certeza que ela nã o desistira sem lutar até o ú ltimo
segundo.
Piatã levantou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 22/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Comeremos algo e depois seguiremos viagem... Poré m se o pajé nã o permitir a sua passagem, deve retornar
comigo, nã o deve afrontá -lo, major.
Diana nada disse, apenas permaneceu sentada, observando a agilidade do velho ı́ndio.
Aquela empreitada nã o tinha como objetivo salvar Aimê , na verdade, a pintora nem se importava com a garota,
apenas tinha em mente o que tanto almejara durante todos aqueles anos. Finalmente todos saberiam quem era o coronel
Otá vio Villa Real, inalmente toda a culpa que fora jogada sobre si seria retirada.
Observava com atençã o as crianças brincando, correndo e aprendendo a usar o arco e lecha.
Por um momento lembrou-se de uma garotinha de cabelos de cabelos negros que corria livre por aquele lugar, uma
menina que nã o sabia o que o futuro lhe reservava.
Agora ele já estava encurvado, mas antes era um pouco mais alto do que a Calligari.
-- Mesmo que tente, mesmo que os renegue, quem a conhece encontra a princesa de uma tribo.
-- Sim, eu sinto dentro de mim a selvageria do povo que é meu. – Disse em desdé m. – Todos os anos e todo dinheiro
gasto com a melhor educaçã o nã o me livraram desse estigma.
-- O seu povo deixou há tempos esse caminho, os Tahalunara é uma tribo de guerreiros corajosos...
-- Assassinos!
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 23/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana, Piatã e outro rapaz robusto pegaram uma canoa e seguiram pela margem.
A morena observava tudo com atençã o, pois sabia que por trá s de toda aquela beleza existiam inú meros perigos.
Estavam famintas, sedentas por carne. Pulavam, pareciam desejar mostrar que mesmo sendo tã o diminutas
mandavam naquele lugar.
Nã o era é poca de chuvas, entã o a á gua nã o estava tã o funda.
Respirou impaciente.
Nã o demoraria a deixar o transporte e logo seguiriam a pé pela mata fechada.
A tribo icava bem isolada e nã o havia permissã o para que as pessoas fossem até lá .
Diana se recordava de que quando seu pai precisou seguir por aquele territó rio precisará do consentimento de
Ubiratã .
A jovem o itou.
-- Alexander era um homem bom, um guerreiro... Nos defendeu muito dos invasores, dos ladrõ es... Filha dele
també m ser grande guerreira... Tem nosso sangue... Mas tem muita arrogâ ncia...
-- Meu pai adorava isso aqui e teria vivido aqui sem problemas... – O tom era magoado.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 24/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Diferente da major...
Ela esboçou um sorriso enigmá tico, depois voltou a prestar atençã o à á gua.
Ela nã o demorou muito, apenas observou a morena por alguns segundos, erguendo voo novamente.
-- Bem, espero que ele nã o nos receba com lechas. – Gracejou.
Diana usava coldres nas coxas e circundando o peito. Sabia que precisava de armas para se defender se assim fosse
preciso, mesmo diante do olhar reprovador de Piatã .
Aquela tribo reprovava todo tipo de manifestaçã o de violê ncia e condenavam ainda mais o uso de armas de fogo, só
a praticavam contra os considerados traidores.
A caminhada era longa, ainda mais porque havia armadilhas, alé m de predadores.
Naquela parte ainda nã o havia desmatamento, continuava preservado, talvez pelo fato de ser um lugar mais
selvagem, onde poucos se habilitavam a ir.
As lores secas e també m verdes forravam o caminho o que tornava fá cil para um animal se camu lar.
Precisavam ser á geis e ter bom preparo fı́sico, pois havia muitos obstá culos.
Piatã caminhava à frente, abria caminho com seu cajado, nã o havia trilha para ser seguida. Diana seguia no meio,
tendo o outro bem atrá s de si. Tomava cuidado para nã o ter a pele rasgada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 25/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ouviram o chocalho da cascavel e nã o demorou muito para o ré ptil atentar contra eles. A morena foi rá pida,
tomando o bicho na mã o, jogando longe.
O rapaz que seguiam com eles pareceu enamorado pela mulher de cabelos negros e admirado por sua coragem.
Apressaram-se porque como a loresta era de mata fechada, escurecia rá pido.
Acamparam ao anoitecer.
-- Se nã o tem intençõ es de salvar a garota porque nã o icou em sua confortá vel casa?
Diana estava deitada de lado e pensara que o ı́ndio estava a dormir. O mais jovem montava guarda.
-- Há coisas que precisam ser feitas para que outras possam ser conseguidas.
-- Talvez se eu nã o tivesse deixado a tribo nada disso tevesse acontecido... – Disse pensativa.
Diana ainda pensou em protestar, mas aquelas pessoas tinham uma fé cega em algumas coisas e acreditavam em
coisas que nã o fazia sentido para ela.
Sempre fora cé tica, acreditava mais nas açõ es do que em crendices.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 26/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
As crianças ajudavam as mulheres idosas a arrumarem a grande mesa. Havia frutas, verduras, algumas caças.
Diana recordou-se da é poca que vivera naquele lugar e de como a hora da refeiçã o para eles era sempre era algo a
ser comemorado.
Mirou algumas ı́ndias a lhe observar com curiosidades, eram jovens e bonitas.
Nã o viviam nus como alguns costumavam pensar, usavam pedaços de panos que cobriam os sexos, apenas os seios
estavam à mostra.
De repente a dança parou e ela sabia muito bem por qual motivo.
Todos izeram uma respeitosa reverê ncia diante da presença do pajé . Ela nã o, apenas o observava.
Ubiratã era sá bio e fazia tudo para proteger seu povo, fazia tudo para viver em harmonia com as outras tribos, pois
já houve um tempo de muitas mortes, de muita dor.
Ele nã o era um ditador, era um homem amado e respeitado por sua sabedoria.
Mesmo sabendo que nã o deveria fazê -lo, ela sustentou o olhar.
Ele fez um sinal para que Diana se aproximasse e foi isso que ela fez.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 27/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A jovem reconheceu algumas pessoas, mas sabia que nã o tinha autorizaçã o para se aproximar de ningué m naquele
momento.
O chefe continuava do mesmo jeito. Alto, gordo, cabelos brancos, olhar duro... Ainda usava suas tú nicas, suas
pinturas... Seu cocar pomposo e colorido.
-- Sabe por que eu vim, entã o nã o tenho que explicar nada.
-- Menina Diana, quando você voltou aqui eu a proibi de passar porque temia por sua vida, mas agora sei que nada
a impedirá , pois é esse o seu caminho. – Esboçou um sorriso. – Como cresceu tanto e se tornou esse ser tã o intratá vel?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 28/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Se deseja seguir, nã o a impedirei, apenas a aviso de que esse ato mudará sua vida para sempre.
-- Você tem medo de viver... E agora é isso que vai acontecer... Vai viver...
Diana suspirou.
-- Eu nã o sei o que quer dizer, mas pelo menos vou icar feliz porque se eu resgatar a neta de Ricardo ele vai admitir
diante de todas as barbaridades que o ilho dele fez.
-- Passaram-se tantos anos... – Tocou-lhe a face, desenhando o formato do rosto. – Engraçado como herdara toda a
irracionalidade do seu povo.
-- Nem que passe uma eternidade... Jamais perdoarei... Jamais esquecerei o que aquele homem fez e como os Villa
Real icaram calados diante de todo o ocorrido. Meu pai nã o aguentou a vergonha e se matou.
-- A culpa ainda te persegue...Fechou-se dentro de si... Tornou-se aquilo que estava previsto...
-- Tornei-me unicamente ilha dele quando fui expulsa da sua cultura! – Retrucou rispidamente.
O pajé se levantou.
-- Descanse hoje e amanhã você seguira seu caminho... Deixarei que dois guerreiros a acompanhe até o seu destino.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 29/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o deve retornar por aqui. Sei que será mais difı́cil para ti, ainda mais porque demorará muito para retornar
para casa, poré m você está acostumada a essas coisas. Passava muito tempo nessa selva embrenhada... Provavelmente
encontrará sua tribo, é um risco grande, mas lhe dou um conselho: Nã o enfrente Tupã !
Ela fez um gesto de assentimento. Mesmo se aquilo nã o fosse lhe dito, jamais retornaria por ali, pois estaria
colocando em risco a todos que ali viviam.
Quanto à s tribos que toparia naquela empreitada, sabia que nã o seria fá cil passar por elas.
A volta nã o seria fá cil, ainda mais por ter ao seu lado essa garota que carregava o sangue podre de Otá vio.
Aimê ouvia os passos, ouvia as vozes do lado de fora e sabia que logo a levariam embora daquele lugar e nunca
mais voltaria para casa.
As mulheres gritavam de prazer, permitiam-se ser usadas da forma que aqueles homens desejavam.
Enojou-se!
Tentou se livrar das cordas, mas eram inú teis todos os seus esforços.
Temia que em algum momento eles acabassem violentando-a, mesmo quando ouvira comentá rios sobre seu valor
ser maior se continuasse intocada.
Desejando que acontecesse algo que pudesse mudar o rumo daquela terrı́vel histó ria.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 30/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Temia que depois de tudo ainda fossem capazes de ir atrá s dos avó s, temia que eles os matassem como izeram com
seu pai.
Aquelas pessoas nã o tinham coraçã o e tampouco moral, apenas visava o poder, o dinheiro que viria de seus atos de
crueldade.
Precisava de á gua, precisava descansar sem ter medo de um daqueles homens a atacassem.
Diana se mantinha encostada a uma á rvore, observando distraidamente a alegria de todos que ali habitavam.
Vivera algum tempo naquela aldeia quando ainda era uma criança. Seu pai a deixara nas mã os do pajé , enquanto
precisou se ausentar por um longo tempo. Na verdade, a morena sabia que Alexander izera aquilo para que a ilha fosse
treinada e o mais importante, aprendesse a ter disciplina, vivesse aquela cultura, abrira mã o dela para que nã o houvesse uma
guerra.
Lerdo engano!
Fitou uma ı́ndia que fora uma grande amiga sua... Yara se deitara em seus braços quando ainda contavam com treze
anos... Seu corpo conhecera o prazer e se viciara nele...
Nã o podia dirigir a palavra a nenhum deles, devia permanecer isolada e achava que assim era melhor.
-- Estou aqui...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 31/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Entã o ela o viu descansando sobre uma á rvore. O luar prateado iluminava-o.
-- Estava lendo meus pensamentos! – Acusou-o. – Nã o gosto que use seus poderes comigo! – Dizia irritada.
-- Nã o consigo ver muito... Você consegue bloquear as minhas visõ es com sua escuridã o. – Falou pacientemente. –
Interessante como todos esses anos nã o a ajudaram a superar tudo o que passou... Yara se casou, tem famı́lia, tem ilhos...
Sorriu!
-- Esqueça o passado...
-- Acha que o que passei foi pouco? Eu vi o homem que amava ser morto, fui espancada inú meras vezes e entregue
para aqueles malditos...
-- Você o amava como um irmã o, nã o como uma mulher deve amar o homem com quem casaria.
-- Só a verdade e isso é a maior fonte do seu ó dio... Culpa-se por ter aceitado o matrimô nio... Pensa que se nã o o
tivesse feito ele ainda estaria vivo e nada daquilo aconteceria... Infelizmente, princesa, quando entrou no exé rcito o seu
destino fora selado.
-- Nã o acredito em destinos, nã o acredito nessas coisas... Nó s fazemos a nossa vida como desejamos... – Esbravejou.
-- Eu nã o discordo disso... – Dizia calmamente. – Temos sempre vá rios caminhos a seguir...
Ficaram em silê ncio e por alguns segundos só os sons dos animais noturnos poderia ser ouvido.
-- Você nã o deseja salvar a menina Aimê ... Tupã vai desejar que salde a sua dı́vida...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 32/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o sabia que essa era uma novidade... Qualquer um que conhece a minha histó ria sabe que a ú ltima coisa que
desejo é salvar a maldita ilha de Otá vio... Quanto a Tupã , nã o estou preocupada com o que ele possa fazer.
-- Você pode simplesmente voltar para a cidade, retomar para suas pinturas e deixar tudo isso para trá s... E um
caminho a seguir...
-- Nã o, Diana, você ainda nã o sabe o que é o medo... Você nã o melhorou durante todos esses anos... Ainda é a
menina que seduzia todas as ı́ndias, ainda é a menina que fugia por essa loresta sem respeitar os limites que eram lhe
dados... Ainda é a menina de nariz arrebitado que só pensava em si... O tempo só aumentou essas suas qualidades...
Ela ainda abriu a boca para retrucar, mas o pajé como em um passe de má gica desapareceu.
Iria até o acampamento e tentaria salvar a garota, mas se nã o conseguisse, ela mesma a mataria, assim a livraria de
um destino terrı́vel e també m vingaria parte do seu ó dio.
Antes que o sol nascesse, Diana seguiu seu caminho, acompanhada de dois ı́ndios que a guiariam durante o trajeto
até o acampamento.
-- Esconda-se na caverna... Há alguns dias pedi que alguns guerreiros deixassem mantimentos lá , ique lá por um
tempo e depois siga seu caminho. – Olhou para o cé u que ainda estava escuro. – Chovera em menos de trê s dias, isso será bom
para apagar seus passos.
Pelo mapa que tinha, ao inal de duas noites encontraria os bandidos. Esperava que eles continuassem no mesmo
lugar.
Ela tinha sorte por conhecer melhor aquela regiã o, tinha essa vantagem, enquanto a facçã o apenas se centrava em
uma parte descampada da grande mata.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 33/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Observava a loresta quando viu alguns ı́ndios de outra tribo. Se nã o estivesse acompanhada, decerto, naquele
momento teriam lhe lançado inú meras lechas.
Eles a conheciam e nã o demoraria a que todos soubessem da sua presença na loresta.
Remava junto com os dois que nã o pareciam muito sociá veis.
Desejava nã o estar mais naquela rú stica embarcaçã o quando a noite chegasse. Sabia que naquele habitat os
predadores eram mais traiçoeiros.
Ouvia-se os cantos dos pá ssaros e de repente o ataque de um jacaré a um pequeno mamı́fero que bebia á gua sem se
dar conta do perigo que corria.
Era estranho estar ali, estranho porque era como se nunca tivesse partido. Estranho porque sempre se sentiu uma
predadora, tã o ameaçadora como os felinos que caçavam implacavelmente suas vı́timas.
Pararam apenas para se aliviar, quanto à comida, tinha levado alguns sanduı́ches e frutas, nada muito articulado.
O caminho era perigoso... Tinha que seguir em meio à vegetaçã o que praticamente impedia que os raios de sol
penetrasse o ambiente.
Cobras, onças...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 34/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Desejava terminar aquilo o mais rá pido possı́vel e retornar para casa. Nã o tinha lembranças boas do tempo que
viveu ali e talvez o chefe tivesse razã o em alguns quesitos, poré m jamais tivera a intençã o de destruir a vida de algué m. Por
isso aceitara aquela missã o, pois só assim saldaria a dı́vida que tinha com o homem que um dia a protegera de tudo e de
todos, do homem que perdera a vida para salvá -la, outro que perdera a vida por nã o suportar a vergonha.
Uma onça!
Pegou a arma que estava no coldre da coxa. Nã o desejava matá -la, mas se fosse preciso, faria.
Topara com vá rias espé cies daquela e sabia o quã o á geis, fortes, rá pidas o su iciente que nã o dava muita chance a
sua presa para se defender.
Depois de algum tempo ela perdeu o interesse em sua pessoa e saiu perseguindo outra futura refeiçã o.
Respirou aliviada!
Andou mais rapidamente e nem mesmo parou para comer ou tomar á gua.
Havia madeiras sobre caminhõ es. Grande parte da á rea estava desmatada.
Sentiu-se aliviada.
Pegou o binó culo, investigando tudo que pudesse ser usado no seu resgate.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 35/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Havia homens armados com metralhadoras diante de uma fogueira... Uma tenda grande e outras menores estavam
distribuı́das ao redor do terreno.
Nã o seria fá cil adentrar aquele lugar... Precisava pensar em algo que nã o chamasse muito a atençã o, pois estava em
total desvantagem, poré m tinha a vantagem de saber como eles agiam e em alguns casos, eram bastante idiotas, pois sempre
acreditavam que tinha vencido e isso nã o os deixavam preparados para o perigo que podiam enfrentar.
Dois homens vieram em sua direçã o, parando bem abaixo de onde ela estava.
Prendeu a respiraçã o!
Reconheceu-os... Um deles se chamava Crocodilo, tinha uma cicatriz na face esquerda, ela izera nele quando tivera
o desprazer de quase ser violentada pelo cretino.
Miserá vel!
Por um momento desejou tanto matá -los que seus dedos chegaram a acariciar o metal frio da arma, quando gritos
lhe chamaram a atençã o.
Voltou a observar e em fraçõ es de segundos ouviu um disparo contra a cabeça de uma jovem.
Diana nã o conseguiu ver direito... Tentava inutilmente observar quem era a mulher que fora cruelmente alvejada.
Observou quando dois homens pegaram o corpo sem vida e jogaram em uma vala.
Nã o, eles nã o seriam tã o imbecis em matá -la, a inal, que valor teria ela sem vida para eles?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 36/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o havia dú vidas que aquela era a herdeira do coronel Otá vio...
Os cabelos longos estavam presos em uma trança grossa que caia na lateral do ombro. Alguns ios se soltaram do
penteado e emolduravam o rosto bonito. Ela nã o estava machucada... Apenas percebeu um arranhã o na pele branca da face.
Decerto eles nã o desejavam dani icar a mercadoria. Ela valeria muito no mercado negro. Uma escrava branca muito bonita e
ainda por cima tinha o sangue dos Villa Real.
Poderia ir embora e simplesmente esquecer essa histó ria. Poderia retornar para sua casa, para sua vida...
Usava calça preta, tú nica branca caı́da nos ombros, deixando-os à mostra.
Inteligentes!
Ouviu o som ser ligado... Estavam comemorando... Já davam por vitoriosas suas açõ es.
Isso era algo bom, pois assim nã o esperariam uma possı́vel invasã o.
Bonitas e tentadoras...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 37/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana esperaria. Eles nã o imaginariam que algué m fosse até lá , ainda mais à noite, a inal, poucas pessoas se
arriscariam em um lugar como aquele.
Acomodou-se melhor sobre a á rvore, usando a luz arti icial dos re letores para examinar melhor o local.
Precisaria seguir em direçã o à Leste, mesmo sabendo que aquela parte era perigosa, teria que se arriscar por ali.
Daria a volta e retornaria a vila de Piatã , pegaria o aviã o e retornaria a civilizaçã o.
Se o chefe estivesse certo quanto à chuva que cairia, seria uma vantagem a mais, pois nã o se procurava ningué m
debaixo de tempestades, ainda mais naquele lugar.
Nã o se importaria de deixá -la pelo caminho se assim fosse preciso para salvar a pró pria vida. Jamais se sacri icaria
por algué m com sangue tã o ruim.
Nã o era mais uma menina, tinha se transformado em uma mulher muito bonita.
De repente os olhos se abriram, voltando-se para sua direçã o... Pareceram perdidos... Sem luz...
Um dos homens se aproximou da Villa Real, trazia consigo uma prostituta, rapidamente se despiram e transaram
diante da garota.
Diana observava as reaçõ es de Aimê e mais uma vez teve a impressã o que ela parecia impassı́vel a tudo que ocorria
ao seu redor.
Apertou o binó culo com tanta força que só parou ao sentir o maté ria se partir sob seus dedos.
Praguejou baixinho.
Estavam alegres... Trô pegos, comemoravam o grande sucesso que obtiveram. Pela manhã um helicó ptero chegaria e
levaria a preciosa encomenda e eles receberiam alé m de muito dinheiro, drogas e armas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 38/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Saiu escalando á rvore por á rvore até conseguir chegar na parte de trá s do acampamento.
Observou bem!
Rapidamente conseguiu imobilizá -lo, rendendo-o em seguida, deixando-o desacordado. Escondeu-o por trá s de
uma moita, assim nã o denunciaria o que tinha acontecido.
Estava muito escuro e nã o podia usar a lanterna, pois acabaria chamando a atençã o dos outros.
Quando os olhos se acostumaram com a penumbra, visualizou-a em um canto, sentada em uma cadeira.
-- Se izer algum barulho que possa chamar a atençã o deles eu quebro seu lindo pescoço... – Sussurrou em seu
ouvido. – Entendeu?
Aimê sentiu um arrepio percorrer todo o corpo ao ouvir a voz baixa e autoritá ria.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 39/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você vem comigo... – A ruiva a soltou das cordas, mas nã o lhe deixou as mã os livres. – Nã o faça barulho. –
Advertiu-a novamente.
A pintora observou-a mais uma vez e teve a impressã o que ela nã o a estava vendo, decerto devido à penumbra.
Praguejou baixinho.
Puxou-a novamente e mais uma vez se irritou por ela sair tropeçando.
-- Nã o consigo...
Diana praticamente a arrastava em uma carreira desenfreada, desejando ganhar distâ ncia daquele lugar o mais
rá pido possı́vel.
O sol nã o demoraria em nascer... E nã o demoraria para que eles viessem atrá s delas.
-- Deseja voltar para eles? Deseja ser levada para um bordel para servir de puta para um monte de homens sujos?
Nã o me diga que depois de passar tanto tempo com eles a ideia já pareceu atraente?
Aimê sentia o aço frio e teve a impressã o que morreria naquele momento.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 40/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Isso nã o é problema meu... Eu só quero me manter viva e longe deles... Se você nã o colaborar, te deixarei aqui
para que eles te peguem.
A Villa Real engoliu em seco, enquanto fazia um gesto rá pido de assentimento.
Continuaram sem parar por algum tempo... Inú meras vezes a refé m foi ao chã o, mesmo depois do sol ter nascido,
ela continuava a se desequilibrar.
Diana praticamente a arrastava sem se preocupar com tais fatos até que o galho de uma á rvore feriu a face de Aimê .
Observou o sangue jorrar da pele sensı́vel, mas nã o pareceu se importar, nem mesmo quando os belos olhos
começaram a lacrimejar.
Seguiu até as á rvores que cobriam tudo, tateou até encontrar o que buscava.
Sorriu aliviada.
Quando se voltou para ir buscar a jovem, percebeu que ela seguia de forma confusa para um lugar oposto, como se
estivesse a fugir.
Rapidamente foi até ela, segurando pela corda, saiu arrastando-a até a caverna, empurrou-a tã o forte que a moça foi
ao chã o.
-- Está louca!? – Esbravejava. – O que estava fazendo? – Tirou a mochila, depois o cantil, levando-o aos lá bios. – Se
tentar fugir novamente de mim, atiro em suas pernas!
-- Quem é a senhora? O que quer de mim? – Questionou tentando se levantar. – Quem a mandou aqui?
Diana a observava e percebia que algo estava errado, ela nã o a itava, parecia nã o vê -la.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 41/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê tentou se desvencilhar do toque, mas suas mã os estavam presas por cordas, di icultando a açã o.
Cega!
-- Cega? – Soltou-a, praguejando. – Como vou tirar uma cega daqui? – Passou as mã os pelos cabelos negros. – Como
te arrastarei para fora desse inferno?
Maldito Ricardo!
Aimê pareceu triste em ouvir tais grosserias, mas tentou nã o demonstrar isso.
-- Quem é você e o que faz aqui? – Questionou se afastando até encostar as costas na parede da caverna. – Onde
estamos?
A pintora nada respondeu, apenas caminhava de um lado para o outro no pequeno espaço, parecia um animal
acuado, uma fera presa em uma jaula.
-- Quem é você ?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 42/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Tome! – Colocou o cantil rudemente nas mã os da ilha de Otá vio. – Beba!
A jovem nada disse, apenas icou quieta, temendo afrontar aquela mulher que parecia tã o rı́spida e intratá vel.
Abriu a mochila, tirando alguns itens, principalmente algo para comer, estava faminta.
Comia um pedaço de sanduı́che enquanto olhava para a mulher que permanecia de pé com cara de temor.
Se soubesse que aquela garota era cega jamais teria aceitado essa missã o... Nã o por temer nã o sair com vida, mas
porque algo nessa de iciê ncia a incomodava demais.
Observava tudo com atençã o e viu que havia outra bolsa com vá rias coisas dentro.
-- Isso nã o é problema seu... – Levantou-se, seguiu até ela, empurrando-a para que sentasse, em seguida colocou o
sanduı́che nas mã os dela. – Coma!
Aimê ainda pensou em retrucar, ainda mais pelo tratamento que estava recebendo, mas estava tã o faminta que
devorou o pã o em poucos segundos.
-- Ficarã o a doer por mais tempo porque nã o tenho intençã o nenhuma de soltá -los.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 43/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ali havia uma pequena gruta onde poderia banhar e ter á gua enquanto estivessem acampando naquela á rea.
Esperava nã o demorar tanto, mas sabia que os sequestradores nã o desistiriam assim tã o fá cil do prê mio tã o
requintado. Decerto icariam montando guarda naquela á rea e rezaria para que eles nã o conseguissem encontrar aquela
caverna, coisa pouco prová vel, pois ela nã o se mostrava. As trepadeiras camu lavam totalmente sua entrada.
Naquela parte as luzes entravam por algumas aberturas no teto, deixando a mostra o sol alto entre as á rvores.
Seria melhor que icassem naquela parte, tinha luz... Bem que para a Villa Real aquilo nã o faria diferença.
Agora podia pensar calmamente e sem a interrupçã o daquela voz doce e curiosa.
Viu-a algumas vezes quando ela ainda era uma menina de pouco mais de dez anos e nã o havia nenhuma de iciê ncia
visual. Teria sofrido um acidente?
Ouviu passos e se assustou, mas ao se voltar era ela que seguia se apoiando pelas paredes.
Aimê icara assustada a ouvir barulhos de tiro e tinha seguido em busca de algo ou algué m.
Ela tentou mais uma vez disfarçar a má goa pelas palavras duras que foram ditas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 44/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A pintora a itou e agora podia ver melhor, pois ali o sol iluminava as paredes frias.
Os olhos da Villa Real eram lindos, mesmo parecendo tã o perdidos. O nariz era pequeno e ino, combinando com o
rosto a ilhado de maçã s rosadas. A boca era mediana, os lá bios pareciam de veludos...
Tocou o machucado com o polegar, a jovem se encolheu, parecia assustada, temerosa com a aproximaçã o.
-- Mesmo que estejam lá fora nã o entrarã o aqui... Por enquanto estaremos seguras. – Disse por im. – Precisa cuidar
desse ferimento. Estamos muito longe da civilizaçã o para arriscar uma infecçã o.
-- Tem á gua aqui? – A garota questionou parecendo nã o se importar com a ú ltima observaçã o feita pela Calligari. –
Eu ouço e sinto o cheiro.
As roupas que ela usava estavam encardidas, verdadeiros trapos, mas mesmo assim continuava muito bonita.
-- Sim, há uma pequena cascata...Ela desá gua e forma uma piscina natural cercada por rochas.
Aimê esboçou um sorriso tã o cheio de vida que seria difı́cil para o ser mais insensı́vel do mundo nã o ser tocado por
aquele gesto.
-- Preciso de um banho... Por favor, nã o sabe há quantos dias meu corpo nã o sente a carı́cia desse lı́quido divino...
Mais uma vez Diana observou cuidadosamente as formas delicadas, irritando-se com isso logo em seguida.
Por que as palavras delas pareciam ser sempre tã o cheias de sinceridade?
Diana nada disse, poré m a livrou das cordas, dando-lhe as costas para que ela tirasse as roupas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 45/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Era visto que os homens estavam cuidando de sua aparê ncia, pois as peças eram novas.
Decerto, decidiram compensar a cegueira com algo mais atrativo. – Pensava exasperada.
Estendeu a mã o para ela, esquecendo que ela nã o via. Aborrecida, tomou-lhe o braço de forma brusca,
praticamente arrastando-a até a borda do lago.
-- Espere...
Diana se afastou se livrando rapidamente das roupas, depois seguiu até a mochila, pegando dois sabonetes de
dentro.
Voltou para junto da jovem, seguindo com ela até a parte onde a á gua dava na cintura de ambas.
Aimê mergulhou por alguns segundos e depois submergiu com um sorriso na face.
A morena pareceu ainda mais incomodada com a forma alegre que a outra expressava, nem parecia que estavam
sendo perseguidas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 46/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Naquele lugar nã o tinha á gua e eu també m icava receosa de me despir e um daqueles homens tentarem algo ou
até mesmo icarem me observando. – Justi icou-se.
Tratou de tomar o banho, depois seguiu até a margem para pegar as roupas para lavar.
Precisaria pensar em como atravessaria aquele lugar com aquela garota cega?
Mais uma vez a viu levantar e naquele momento nã o teve como nã o notar a beleza do corpo que apesar de estar
muito magro, ainda exibia grande sensualidade.
Como artista plá stica tinha uma sensibilidade muito aguçada quando se tratava de belezas e por um segundo
pensou que adoraria pintar aquela jovem totalmente nua... Seria uma obra comparada a pró pria Vê nus de Botticelli.
-- Como sabe que estou te olhando se nã o consegue enxergar? – Questionou enquanto se aproximava.
Diana era um pouco mais alto que a ilha de Otá vio, uns cinco centı́metros talvez.
A ruiva continuou a mirá -la, agora mais de perto, tã o pró ximo que sentia a respiraçã o dela junto a si.
-- Temos que cuidar disso... Tenho uma caixa de primeiros socorros na minha mochila.
Os olhos azuis seguiam o som das palavras... Pareciam tã o vivos, mesmo sem luzes.
-- Nã o acredito que esteja tã o ruim... – Desvencilhou-se do toque. – Preciso esperar minhas roupas secarem... –
Cruzou os braços sobre os seios. – Estou começando a icar com frio.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 47/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Tome! – Colocou em suas mã os de forma grosseira. – Nã o quero que pegue uma pneumonia, pois se isso
acontecer, te deixo aqui para virar comida de canibais.
-- Canibais? – Indagou meio assustada. – Nã o existem canibais... – Negou com os olhos brilhantes.
-- Bem, princesinha, essa caverna onde estamos era o lugar preferido deles para se alimentar de suas vı́timas... –
Falou bem perto dela, observando com atençã o a reaçã o daquele olhar. – Você com essa pele branquinha... – Mirou a borda
dos seios encobertos. -- Seria um bom petisco!
-- Petisco?
A morena nã o conseguiu nã o esboçar um sorriso cruel diante da indignaçã o que ela demonstrava, as maçã s do
rosto icaram coradas rapidamente.
-- Está muito magra para ser um prato principal. – Disse, em seguida se afastou para terminar o que havia
começado.
Aimê permaneceu onde estava, segurando irme a toalha ao redor do corpo e pensando em como aquela mulher era
um ser desagradá vel. Poucas pessoas com quem conviveu eram tã o debochadas e grosseiras.
Quem era ela? Por que tinha ido até ali para salvá -la?
Era uma missã o quase suicida enfrentar um bando tã o bem estruturado e com bastante poder de fogo, sem falar de
que estavam em uma loresta e decerto contavam com muitas armadilhas mortais.
Conseguia ouvir passos...Sentia o olhar dela em sua direçã o... Era tã o forte e poderoso como nenhum outro.
A jovem Villa Real parecia mais assustada na presença daquela misteriosa mulher.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 48/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana observava os homens que faziam guarda bem pró ximos da caverna.
Subira em uma á rvore e analisava as chances de saı́rem dali sem serem notadas.
Fitou o camaleã o camu lado ao seu lado. Mirou os olhos do animal lhe itando. Ela piscou para ele, voltando a
observar os bandidos.
A Calligari icou tã o fora de si que precisou ter muito controle para nã o partir contra um dos captores.
Como desejava matá -los, como desejava vê -los sangrar até que a vida deixasse seus corpos miserá veis.
Pelo que via, eles acampariam por ali naquela noite. Seguiram as pegadas...
As coisas nã o seriam nada fá ceis. Aquelas pessoas nã o desistiriam de forma tã o simples, decerto imaginavam que
Aimê fugira em companhia de algué m, mas será que sabiam que uma ú nica pessoa desa iara o grupo?
Mirou o outro lado, sabendo que por ali també m havia outra ameaça.
Tupã !
-- Ela nã o pode ter ido longe. E uma cega, uma maldita cega! Para onde ela iria? – Crocodilo esbravejava. – Tragam
os cã es!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 49/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O cruel homem estava com a perna apoiada sobre uma á rvore caı́da. Estava de costas para os outros e parecia
observar tudo com bastante atençã o.
O chã o estava forrado de folhas secas e com os dedos ele parecia desenhar algo.
-- Mas, chefe, está noite, devemos procurar algo para nos protegermos dos animais que habitam essa parte. Sem
falar nos ı́ndios! – Um dos mais jovens parecia apavorado
Indios!
Eles temiam alguns deles, temiam, pois havia muitas histó rias sobre canibais, sobre a crueldade que costumavam
fazer com os invasores.
O outro pareceu ponderar por algum tempo, depois se virou para ele com a arma em punho.
-- Está bem! Façam guarda nessa parte, eu retornarei para o acampamento e amanhã assim que o sol nascer
traremos os animais para encontrar a garota. – Levantou-se. – Tenho certeza de que ainda estã o por aqui... – Com a mã o nos
quadris, ele olhou para cima.
-- Nã o seja idiota! – Olhou mais uma vez tudo com atençã o. – Tenho certeza que algué m a ajuda com a inco, nã o está
sozinha. Mas o que lhe digo é que nem ela e nem seu salvador deixarã o esse inferno com vida. – Observou uma cobra rastejar
perto. – Pisou sobre a cabeça do ré ptil. – Eu nã o desistirei da minha doce Aimê ... Tenho planos para ela.
Teria que pensar em algo, pois sabia os cã es poderiam ser uma ameaça grande.
Aimê era realmente um prê mio esplê ndido, mesmo sendo cega ela continuava sendo uma distraçã o perigosa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 50/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Villa Real tentou se soltar das cordas, mas sua tentativa foi em vã o.
Estaria se arriscando ainda mais, sem falar nos animais e també m nos ı́ndios que a sua ‘salvadora’ falara.
“ Meu Deus, nã o me abandone...” – Fez uma prece silenciosa, enquanto sentia as lá grimas molharem seu rosto.
Seria impossı́vel algué m encontrar aquele esconderijo... Mas nã o seria difı́cil para os cã es farejarem...
Observou o cé u.
Nã o havia uma ú nica estrela... Será que a previsã o de chuva do pajé se concretizaria?
Com um suspiro de frustraçã o adentrou o espaço e nã o demorou a seus olhos se acostumarem com a penumbra.
Encontrou a ilha de Otá vio sentada no chã o batido. Deixara-a amarrada, pois ainda nã o sabia até onde ia o grau de
imbecilidade dela em fugir dali.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 51/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A morena seguiu até a mochila, ignorando totalmente o temor da jovem. Pegou os lençó is forrando o chã o duro,
havia uma esteira de palha, assim amenizaria o desconforto. Improvisou uma cama.
Deu um sorriso!
Quando passara um tempo na tribo aprendera muitas coisas e dentre elas havia umas té cnicas que com certeza lhe
ajudariam muito para sair viva daquele lugar. Esperava que ainda fosse boa nesse quesito, a inal, ela despistara os cã es
treinados do exé rcito, entã o poderia fazer o mesmo com os que estavam por aparecer.
Observou-a por alguns segundos, analisando a postura elegante mesmo naquele lugar selvagem.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 52/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- O que está fazendo? – A Villa Real tentava afastá -la. – Por favor, nã o...
Diana a deitou sobre a cama improvisada, ajoelhando-se em meio à s suas longas pernas, e de forma á gil rasgou a
blusa e o sutiã .
Por um momento parou para ver os olhos azuis e era como se ali estivesse a condenaçã o de todos os seus pecados.
A Villa Real lutava bravamente, mas nã o era pá reo para a ilha de Alexander. A jovem gritava e buscava se defender
do ataque, enquanto a morena fazia o mesmo com a calça e depois com a calcinha. Quando a deixou totalmente nua, afastou-
se.
-- Por favor... Por favor, nã o me toque... – Cobria os seios e o sexo de forma inú til. – Nã o me machuque!
-- E entã o?
Tinha prá tica e nã o demorou muito para as labaredas iluminarem o lugar.
-- Precisava que icasse sem roupas, apenas isso, faz parte do meu plano para nos livrar dos seus amigos.
A Villa Real parecia assustada, confusa, desnorteada com a brutalidade daquela mulher.
Diana a itou demoradamente como se ela estivesse falando algo inacreditá vel.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 53/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê ouviu os passos se afastando, entã o começou a tatear o chã o em busca de algo para se cobrir.
-- Cubra-se!
-- Já disse para se acalmar que nã o tenho nenhum tipo de pretensã o em relaçã o ao seu corpinho. – Relanceou os
olhos, irritada.
-- Por que agiu tã o violentamente? – Questionou depois de alguns segundos. – Nã o tem modos? Se pedisse, eu teria
me despido para ti...
-- Os seus perseguidores irã o mandar farejadores... Você é muito valiosa para eles...
A Callgari buscava naqueles olhos o terror, a falta de fé , o desespero, mas nã o fora apenas aquilo que encontrou.
-- Entã o, estou perdida? – Questionou de forma que parecia mais uma a irmaçã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 54/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Desviou o olhar.
-- Já disse e repito... Se tiver um momento que nã o consiga me acompanhar, nã o pensarei duas vezes em te deixar
pelo caminho e ir embora sozinha.
Temia pela pró pria vida, mais do que nunca tinha total certeza que nã o retornaria para casa.
Nem mesmo sabia quais eram as intençõ es daquela mulher, decerto a venderia també m ou quem sabe faria ainda
pior.
Mais uma vez as lá grimas teimaram em sair, teimaram em mostrar total desespero por tudo que vinha vivendo nos
ú ltimos dias.
Nã o poderia se dar o luxo de dormir, precisaria montar guarda, mas estava tã o cansada que sabia que a tarefa nã o
seria fá cil.
Sorriu ao recordar-se que fora naquele lugar que tivera pela primeira vez uma das ı́ndias nos braços.
Sempre fugia para aquela parte e trazia uma delas consigo... Amava-as durante uma noite e no outro dia
retornavam como se nada tivesse acontecido. Era uma busca insana pela satisfaçã o dos desejos, uma vontade louca de atingir
um patamar inalcançá vel.
Tudo fora bom até que o pajé descobrira tudo e a mandara de volta a Alexander.
Respirou fundo!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 55/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o fora uma boa ilha... Nã o fora uma boa noiva...
Nem sabia onde estava com a cabeça quando aceitara aquele noivado. Fazendo-o apenas para nã o manchar o
respeitado nome Calligari, pois suas saı́das e casos estavam se tornando bastantes conhecidos.
Eduardo se pronti icara em ajudá -la, poré m jamais imaginara que tudo seguiria por um caminho sem volta.
Dez anos se passaram e ainda assim continuava a viver sobre a tortura dos seus atos e dos atos de Otá vio.
Sentiu saudade do Cé rbero, aquele seria uma noite boa para cavalgar.
Seda...
Estaria dormindo?
Levantou-se, agoniada.
Daria uma olhada lá fora, precisaria despistar os animais que chegariam ao amanhecer.
Sorriu.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 56/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana montara guarda, enquanto Aimê nã o conseguia descansar temendo que algo acontecesse consigo, temendo
que de uma hora para outra aquela mulher a atacasse ou os sequestradores a levassem novamente.
Percebeu quando ela se afastou e só nesse momento conseguiu relaxar e dormir um pouco.
A voz apesar de denotar sempre sarcasmo e irritaçã o tinha um tom rouco, baixo, agradá vel até .
Ela era magra, sentiu-a rapidamente, mas parecia ser bastante forte.
Recordou-se do cheiro dela... Mesmo estando naquele lugar selvagem, ela tinha um aroma delicioso... talvez
primitivo...
O sol já nascia quando Diana voltou para o lugar onde tinha improvisado a cama.
Estava irritada! Passara a noite toda acordada e isso a deixava mais irascı́vel do que de costume.
-- Levante-se! – Ordenava enquanto recolhia as coisas e seguia para o outro lado da caverna.
O que se passava?
-- Que droga, você é surda? – Diana esbravejava. – Já disse para levantar! – Tomou-a pelo braço forçando-a a icar de
pé .
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 57/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- E acha que isso me importa? – Apertou-a mais forte nos braços. – Se quiser manter a sua miserá vel vida faça o
que estou mandando. – Soltou-a tã o forte que a moça se desequilibrou.
Seguiu desmontando tudo, enquanto a Villa Real tentava cobrir a nudez com um dos lençó is, mas seu esforço era
inú til, ainda mais quando tinha os pulsos amarrados.
Diana precisava ser rá pida, pois se seu plano desse errado, nã o poderia deixar nenhum vestı́gio de sua presença ali.
Praguejou baixinho.
Seguiu em passos largos, encontrando-a tentando de algum jeito cobrir o corpo nu.
-- Ah, entã o nã o me diga que prefere voltar para seus amiguinhos... Ah, já sei, decerto, você deve ter gostado de ser
violentada por eles... Tornou-se puta deles e por isso deseja retornar...
Antes que ela terminasse de falar, a Villa Real caiu de joelhos e começou a vomitar.
Aimê tossia e colocava para fora o pouco que comera no dia anterior.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 58/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Precisamos ir para o lago, nã o podemos estar aqui se os cã es aparecerem. – Dessa vez foi mais agradá vel, até
gentil. – Venha comigo. – Ajudou-a a levantar.
Diana enrolou o cobertor em seu corpo para cobrir sua nudez, depois a livrou das cordas que prendiam seus
pulsos.
Os olhos azuis traziam surpresa diante do pedido... Fez um gesto a irmativo, levantando-se, caminharam juntas, de
mã os dadas seguiram.
Nã o estava totalmente claro, pois o dia estava nublado, mesmo assim era possı́vel enxergar... Eram os primeiros
raios do dia iluminando a caverna pelas frestas.
-- Preciso que entre na á gua e ique lá , esconda-se atrá s das rochas.
Tirou-lhe o cobertor, depois se livrou das pró prias roupas, levando-a até o esconderijo.
A morena a observou umedecer os lá bios e por alguns segundos icou hipnotizada diante da pontinha da lı́ngua
rosada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 59/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê engoliu em seco, enquanto percebia que aquela misteriosa mulher se distanciava.
A Calligari vestiu-se, depois pegou os coldres colocando-os nas coxas e no peito. També m se armou com o arco.
Se o seu plano de despistar nã o desse certo, usaria todo o poder de fogo que possuı́a.
Antes de escalar as pedras, itou mais uma vez em direçã o onde estava a neta de Ricardo.
A alguns metros dali podia ouvir a voz daqueles homens e o latido dos cachorros.
Prendeu a respiraçã o.
E se atirasse neles? Seria muito arriscado e se denunciaria, sem falar que havia muitos outros.
-- Vamos, façam esses vira-latas trabalharem! – Gritava. — Precisamos encontrar essa maldita garota!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 60/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- O que está acontecendo com esses imprestá veis? – Crocodilo esbravejou. -- Essa maldita ave está atrapalhando! –
Mirou com a arma em direçã o ao pá ssaro.
-- Uma onça está vindo em nossa direçã o, está caçando. – Disse assustado. – Parece um demô nio faminto.
De repente uma nuvem encobriu o cé u e alguns pingos começaram a cair. Uma simples neblina tomou proporçõ es
desastrosas.
-- Voltemos para o acampamento, esperaremos esse dilú vio passar. – Ordenava Crocodilo.
Fitou o cé u e percebeu que aquela tempestade demoraria bastante o que seria bom para poder descansar e assim
que recuperasse as forças seguiriam viagem.
Eles eram espertos, pois sabiam que ningué m sairia sob aquela chuva e eles sabiam que elas estavam por perto.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 61/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Observou com o binó culo que nem todos tinham partido. Novamente um mantinha guarda.
Aquela pequena vitó ria nã o deveria subir a cabeça, pois tinha certeza que eles nã o desistiriam. Eles sabiam que
tinham mais vantagens e por isso arriscariam tudo em busca da refé m valiosa.
Precisava estudar o mapa e mesmo que fosse mais perigoso, seguiria pela parte mais selvagem, menos habitada.
Esperava nã o cruzar com nenhuma daquelas tribos que a baniram, isso seria seu im.
Caminhou até onde ela estava, a á gua estava fria e o corpo da jovem tremia.
-- Calma, sou eu! – Disse em seu ouvido. – Seu corpo está frio como o cano do meu revó lver.
Diana colou-se mais, pois a ú ltima coisa que desejava era que a garota icasse doente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 62/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Naquela parte havia frestas onde a luz penetrava, deixando menos escuro.
A pintora nã o pareceu se importar com aquilo naquele momento, pois outra sensaçã o poderosa a estava
dominando.
Cerrou os dentes.
Diana colocou uma madeixa por trá s da orelha dela e sussurrou ao seu ouvido.
A Villa Real virou o rosto, sentindo o há lito fresco tã o pró ximo.
A pintora observou os lá bios rosados demoradamente... Fitou os olhos tã o azuis e recordou-se de outros crué is tã o
idê nticos.
Aimê sentiu os pelos da nuca se arrepiarem ao sentir o há lito tã o pró ximo do pescoço.
Ambas caminharam para fora, seguindo em direçã o ao outro corredor. Diana caminhava rapidamente, enquanto
Aimê se esforçava para conseguir acompanhá -la.
A morena armou mais uma vez a cama improvisada, ajudou-a a deitar, cobrindo-a com um cobertor, em seguida se
concentrou em acender a fogueira.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 63/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Com certeza se protegendo da tempestade. – Respondeu sem se voltar. – Mas nem todos seguiram, temos um que
vigia incessantemente.
Diana permaneceu sentada por alguns segundos observando o fogo, depois deitou ao lado da garota.
-- Por pouco tempo sim, mas depois eles voltarã o ainda mais determinados a sua procura.
A Villa Real pareceu ponderar por alguns segundo e depois voltou a falar.
A Calligari nada disse, apenas se virou de forma que pudesse observar melhor a prisioneira. Mesmo tendo ela
aquela de iciê ncia, seria bem requisitada nos bordeis do oriente. Era bonita, tinha uma essê ncia inocente... Pura... Algué m que
a olhasse icaria a pensar em como deveria ser gostoso possuı́-la, como deveria ser perfeito ver aquela face trans igurado pelo
prazer.
-- Falaram que seria preferı́vel assim... Poré m alguns insinuavam durante todo o tempo que se eu nã o icasse quieta
iriam fazer pior do que costumavam fazer com as mulheres que estavam nas tendas. – Umedeceu o lá bio superior. – Usavam-
nas em minha presença, diziam que era para eu aprender como deveria satisfazer meus clientes...
Diana conhecia bem aquele discurso, mas nem sempre eles seguiam as ordens do chefe. Crocodilo tentara estuprá -
la e se nã o tivesse o ferido, em seguida fugido, logo ela seria usada por todos aqueles bá rbaros.
-- Quem é você ? Por que veio até aqui? Meu avô mandou você me salvar?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 64/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Com o movimento, o lençol cedeu um pouco, deixando a pele branca de fora, a tentadora borda dos seios.
Há tempos quando convivera com os Villa Real nã o cruzara muito com a garotinha que agora já era uma mulher.
Decerto, ela nem se recordava de si.
-- Diana...
A morena sentiu um arrepio na nuca ao ouvir seu nome pronunciado por aqueles lá bios bonitos. Era doce,
melodiosa...Excitante...
-- Diana Calligari... – Ponderava, enquanto repetia o nome. – Eu tenho a impressã o já ouvi esse nome... Mas nã o me
recordo... Alexander Calligari tem alguma ligaçã o contigo?
-- Entã o você fazia parte do batalhã o... – Abriu um enorme sorriso. – Decerto esteve sob as ordens do meu pai...
-- Se você nã o parar de falar, eu te jogarei lá fora... Entã o você nã o será uma puta em um bordel, mas comida para
uma onça faminta que está caçando.
A jovem ainda abriu a boca para dizer algo, poré m mais uma vez achou melhor nã o a afrontar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 65/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Deus!
E se essa mulher estivesse ali por interesses pró prios, se estivesse ali para levá -la para um destino ainda pior do
que o outro?
Ela nã o parecia se incomodar com o banho que estava tomando, parecia até gostar.
Estava totalmente nua, usando um coldre com um punhal na canela e o arco e lecha nas costas.
Sentia falta daquilo, sentia falta daquela liberdade, de nã o precisar ser uma dama daquela sociedade que fora tã o
cruel consigo.
O pequeno animal estava sob um tronco tombado e nã o teve chance de defesa.
Pegou o animal e ali mesmo o livrou da sua pele, retirando as entranhas e deixando-o pronto para ser comido.
A chuva engrossou.
-- Quem é você ?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 66/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O sotaque colombiano a assustou, mas ela permaneceu quieta, sabia que o outro estava parado bem atrá s de si.
Virou-se lentamente, tentando nã o fazer nenhum movimento brusco, temendo que ele reagisse.
Conhecia-o, ele fora o cara que transou com a prostituta diante de Aimê .
-- Quem é você ? – Questionou apontando a arma. – Quem é você ? – Repetia descon iado.
-- Eu? – Falou alto para se fazer ouvir sobre a tempestade. – Sou uma ı́ndia. – Disse observando tudo ao redor,
temendo que tivessem outros por ali.
-- Nunca trepei com uma ı́ndia! – Encostou o cano contra a pele do pescoço dela. – Ainda mais uma tã o bonita. –
Acariciou o pescoço esguio com o revó lver. – Sempre tem a primeira vez.
Diana sabia que a arma estava engatilhada... Seu cé rebro parecia calcular todas as chances de sair vitoriosa daquele
ataque.
Mais uma vez olhou ao redor buscando outros, mas parecia que ele estava sozinho.
O homem era muito forte e maior e a pintora precisou ser bastante á gil.
Ele era forte e alto, conseguindo levantá -la sem muito esforço.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 67/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Depois que morrer, usarei seu corpo bonitinho... – Apertou-a mais forte.
A Filha de Alexander tinha di iculdades para respirar... Segurou-lhe os pulsos para tentar aliviar o aperto, mas sua
tentativa foi inú til.
Em uma tentativa desesperada, a morena levantou a coxa, acertando-o nas partes ı́ntimas, em seguida se afastou
tentando respirar.
O homem nã o demorou muito para partir novamente para cima dela.
Diana foi rá pida ao pegar o punhal que estava preso na canela e jogar contra ele.
A arma descansou contra a garganta do oponente que arregalou os olhos antes de cair em um baque surdo.
Aproximou-se dele.
O corte fora super icial, mas fora sobre um dos pontos de pressã o e por isso o deixaria um tempo desacordado.
Ainda estava nua e esperava conseguir roupas porque nã o se sentia bem estando despida.
Ouviu passos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 68/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Diana... – Chamou-a.
Tremia...
-- Sim!
-- Deus, você está fria como uma pedra de gelo. – Disse horrorizada. – Precisa se aquecer.
Diana a encarou por alguns segundos, parecia ponderar. Depois fê -la deitar e logo em seguida cobriu-a com seu
corpo.
A Villa Real sentiu-a moldar perfeitamente sob sua pele. Sentiu o contato entre os seios, entre as coxas e teve uma
sensaçã o estranha, embriagante.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 69/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Fechou os olhos e logo adormeceu nos braços da ilha do homem que destruı́ra sua vida.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 70/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari pegara um forte resfriado e precisou icar repousando, enquanto uma Aimê preocupada tentava ajudá -la,
mesmo tendo como obstá culo sua limitaçã o.
Pelo que via, ela rasgara um dos lençó is, cobrindo os seios como se fosse um top, em seguida criou uma pequena
saia amarrada no quadril. Decerto ela assistira ao ilme a lagoa azul...
Esboçou um sorriso.
Ridı́cula, poré m muito sexy com aquelas pernas longas e corpo esbelto.
Sua mente estava um pouco conturbada e nã o recordava muito do que se passou, mas se sentia bem melhor.
Infelizmente sua caça fora perdida e tivera que se contentar com pã o e carne seca.
Viu quando Aimê encostou-se à parede rochosa, viu-a fechar os olhos como se desejasse dormir ali mesmo.
Desejou chamá -la para perto de si, mas acabou icando quieta.
Nã o desejava ter nenhum tipo de contato com ela, nada de intimidades. Apenas faria o que deveria ser feito.
No dia seguinte seguiria caminho, mesmo sendo mais perigoso, viajariam à noite, pois tinha certeza que aqueles
homens nã o as seguiriam.
Ainda ponderava sobre aquilo, pensava se seria aquela uma boa ideia visto que sua companheira tinha uma
de iciê ncia, visto que aquele territó rio tinha pessoas que nã o gostariam da sua presença.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 71/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Talvez sair à noite fosse mais uma vantagem para nã o encontrar com ı́ndios.
Poré m nã o deveria esquecer de que havia uma tribo em especial que seguia na escuridã o e que tinha olhos que nã o
se importavam com a penumbra.
A morena estava acostumada a dormir em á rvores, em seguir seus instintos em meio aquele breu, poré m nã o
costumava fazer isso em companhia de outras pessoas.
Despertou cedo e ao virar nã o encontrou Aimê ao seu lado como era de costume e nem onde ela icara na noite
passada.
Calçou as botas, vestiu uma calcinha e uma camiseta, pegou a arma e seguiu em passos lentos pela caverna.
O barulho da á gua era abafado e isso era bom, pois se nã o o fosse, seria fá cil descobrir aquele lugar.
Ainda estava tonta, por isso icou um pouco encostada à parede de pedras, antes de ir a procurar a jovem.
O sol já iluminava o local e era possı́vel ver a imagem bonita, ereta.
A cabeça pendia para trá s. Os cabelos longos chegavam quase no meio da cintura.
Os biquinhos dos seios estavam eriçados como botõ es de lores prontos para serem tomados pelas abelhas.
Nã o!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 72/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
De repente seu cé rebro relembrou da noite que chegara da caça, recordou-se de ter deitado sobre ela, de ter
adorado moldar seu sexo ao dela...
Estava em chamas...
O som alto de um pá ssaro a tirou dos seus pensamentos, do mesmo jeito que alertou a Villa real.
-- Sou eu!
Aimê seguiu para a parte mais funda, enquanto cruzava os braços sobre os seios.
Nã o se sentia à vontade com aquela mulher, havia algo que a incomodava demasiadamente. Ainda se sentia
profanada ao lembrar-se do corpo forte colado ao seu.
-- Por que estava me observando? – Indagou incomodada. – Por que chegou na surdina?
-- Olha, mimadinha, eu nã o estava te observando como dizes, apenas acordei e vi que nã o estava deitada, entã o vim
ver onde tinha ido. – Passou a mã o pelas madeixas. – Fiquei preocupada!
-- Quanto tempo estava aı́? – Aimê perguntou sem se importar com a explicaçã o.
-- Desde quando te devo satisfaçã o? Desde quando pode se dirigir a mim com toda essa prepotê ncia?
-- Você també m disse isso para seus raptores? Ah, sim, com certeza! – Ironizou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 73/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o, porque sabia que eles nã o tinham educaçã o, poré m jamais imaginei que isso també m se passasse com a ilha
de um homem tã o respeitado como Alexander Calligari. – Retrucou calmamente.
Aimê nã o conseguia enxergar, mas conseguia sentir a força daquela mirada.
-- Saia dessa á gua e se vista e faça-o rá pido, pois nã o me importa em te deixar aqui. – Disse por entre os dentes,
afastando-se em seguida.
-- Para os canibais ou para as onças me comerem? – A jovem provocou-a mais uma vez.
Temeu que ela fosse até ali, mas para seu alı́vio ouviu os passos se afastando.
Nã o costumava desa iar ningué m, mas estava cansada de ser tratada mal.
Tentara cuidar da major, poré m ela icou ainda mais arisca enquanto doente, fora cruel quando a ú nica coisa que
izera foi cuidar da sua enfermidade
A morena só lhe dirigira a palavra naquele interim de grosseira e arrogâ ncia, o que era terrı́vel em todos os
sentidos.
Nã o tinha modos, parecia um animal selvagem que estava sempre a ponto de trucidar sua presa.
Deixou a á gua e seguiu contando os passos até onde deixara as roupas improvisadas..
Aimê sentou-se.
-- Nã o acha que será perigoso seguir por essa selva em total escuridã o?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 74/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Obrigada! – Agradeceu com um sorriso, enquanto provava a bebida. – Mas e as outras ameaças? Cobras, onças...
Os ı́ndios que você tanto fala.
-- E a ú nica chance que teremos... – Fitou os olhos grandes. – Pelo mapa que tenho, acredito que há outros lugares
para nos esconder. A mata é muito fechada, teremos como nos camu lar.
-- Mas Diana, como você enxergará o que tem pelo caminho. Você conhece essa loresta a ponto de saber onde
estará pisando?
-- Nã o por onde estamos indo, mas a lua aparecerá no cé u e iluminara o caminho.
-- E qual é o seu plano? – Indagou irritada. – O que uma cega entende de fugas? Se nã o fosse você eu já estaria bem
longe daqui. – Levantou-se. – Nã o aceitarei nenhuma sugestã o que venha de ti e se desejar seguir o que digo, ó timo, se nã o
quiser, nã o mudará nada nas minhas decisõ es.
Diana decidiu sair um pouco para explorar a á rea, tentando se familiarizar com a regiã o, buscando esconderijos se
assim fosse necessá rio.
Quando retornava precisou se esconder, pois um grupo de busca cobria aquela parte.
Eles estavam ainda mais numerosos e deixaram claro que os cachorros seriam usados na manhã seguinte.
Nã o havia outra chance para elas a nã o ser seguir sem o auxı́lio do sol.
Demorou um pouco para retornar para a caverna e ao fazê -lo encontrou a Villa Real parada na entrada, sorte que
estava pela parte de dentro.
-- Que diabos estava fazendo aqui? – Segurou-a pelo braço. – E se os cã es tivessem voltado, decerto te encontrariam
rapidamente.
-- Por que demorou tanto? – Os olhos sem luz pareciam itar a militar. – Temi que algo tivesse acontecido... Estava
pensando em sair para te procurar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 75/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Ah, por favor, Aimê ... – Soltou-a. – Sairemos assim que a escuridã o tomar conta.
-- Diana, tem certeza que nã o há uma alternativa sem que seja essa?
-- Use-as! – Ordenou.
Diana sentiu a maciez do toque e mais uma vez se sentiu perturbada pela proximidade.
Deus, como algué m poderia ter uma aparê ncia tã o bela?
Desvencilhou-se do toque.
-- Seguiremos na escuridã o apenas hoje, assim que sairmos dessa á rea, viajaremos durante o dia.
Era percebı́vel que nã o tinha como questionar as ordens daquela mulher.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 76/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana amarrou uma corda na sua cintura a da prisioneira. Assim ela seguiria seus passos.
Caminhavam lentamente, ainda mais quando tiveram que desviar pelos inimigos.
A Calligari fora bem treinada, nã o apenas no exé rcito, mas na é poca que vivera naquele lugar. Aprendera a decifrar
sons, aprendera a decifrar o silê ncio que era ainda mais perigoso.
Deveria ir reto sempre, em algum canto dali havia uma tribo. Ela sabia disso, mas nã o acreditava que eles se
aproximassem. Esperava estar certa, esperava nã o ter que ser surpreendida por eles.
Se continuasse com aquele ritmo tomaria uma boa vantagem dos captores e assim poderiam seguir durante o dia.
Nã o estava tã o escuro, como previu, a lua iluminava a grande loresta.
Rezava para que nã o houvesse armadilhas pelo chã o, tateava ao má ximo para nã o ser pega de surpresa.
-- Diana...
-- O que é ? – Perguntou sem parar. – Nã o desejo conversar e tampouco ouvir suas lamentaçõ es.
-- Estou cansada!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 77/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- E quando o faremos?
Usava as mã os para tentar se livrar dos galhos, sentia-se perdida ainda mais naquele momento.
Em nenhum momento demonstrava insegurança. Seus passos eram seguros, irmes, diferentes dos seus que
cambaleava por entre aquela vegetaçã o.
-- Levante as pernas ou vai acabar indo ao chã o! – A morena a repreendeu impaciente quando teve que ajuda-la a
levantar. – Está nos atrasando!
Chegaram a uma á rea mais acidentada e a garota nã o dava dez passos sem se desequilibrar.
Ainda pensou em discutir, mas havia algo mais importante naquele momento.
-- Fique quieta! – Repreendeu-a por entre os dentes. – Nã o faça movimentos bruscos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 78/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o demorou muito para uma chuva de lecha cair sobre elas.
Permaneceram deitadas.
A morena sentia a respiraçã o de Aimê tã o pró xima a sua, os corpos moldados.
-- Apenas mantenha a calma. – Disse contra a boca dela. – Fique quietinha e nã o faça movimentos bruscos... –
Avisou mais uma vez.
Acenderam as tochas.
-- Estamos em paz, queremos apenas atravessar a regiã o. – A morena se comunicava. – Tive a permissã o do pajé .
Nã o pareceram se importar com as palavras dela, empurrando-a para que continuasse caminhando.
Diana a itou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 79/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o faça birra. – Segurou-a novamente. – Essas pessoas nã o brincam. – Sussurrou em seu ouvido.
Seguiram por um paralelo de á rvores, depois desceram pelo rio e ao amanhecer chegaram à aldeia.
Diana viu o chefe se aproximar e esboçou um sorriso ao ver a bela mulher que o acompanhava.
A aldeia era grande. Havia inú meras pessoas morando ali. As ocas eram cobertas com palhas de coco e suas paredes
feitas de bambus.
Observou as vestes, melhor, a escassez delas. Os corpos eram cobertos por pinturas e bronzeados pela mã e
natureza.
-- Entã o era verdade da sua presença por aqui! – A voz forte do chefe se fez ouvir. – Quando recebi mensagem de
Ubiratã iquei a imaginar se demoraria para que colocasse seus pé s em meu solo.
-- Estou em uma missã o e tive permissã o para seguir. – Diana replicava calmamente.
A jovem Villa Real percebeu que sua insuportá vel acompanhante nã o parecia se importar em serem prisioneiras,
pois continuava a usar o tom arrogante.
-- Nã o tem minha permissã o e nã o é bem vinda aqui! – A voz forte retrucou irritada. – Minha tribo nã o aceita sua
presença e nem a presença... – Encarou Aimê e começou a falar em lı́ngua nativa. – Nem a presença da ilha do homem que
matara tantos de nó s a sua procura.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 80/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- A princesa nã o aprende liçã o. – Fez um gesto. – Amarrem-na! – Ordenou. – Coloque-a no sol, assim ela perde um
pouco da frieza.
Aimê icou ainda mais temerosa, mas ao sentir braços gentis lhe tocando relaxou.
-- Calma, minha criança, nã o iremos machucá -la. – A voz era doce e compreensiva. – Venha comigo.
-- Mas e a Diana? – Questionou preocupada. – O que farã o com ela? Desejo icar ao lado dela!
-- Nã o deveria se importar com ela, ainda mais pela forma que ela te trata.
-- Nã o se preocupe. – Tomou-lhe a mã o nas suas. – Sou Sirena, esposa do chefe e ilha do pajé .
-- Sou Aimê e fui salva por Diana, entã o gostaria que nada de ruim fosse feito a ela. Deixe-nos ir, prometemos nã o
profanar suas terras.
Sirena entendia a maior parte das palavras que a jovem dizia e admirou o fato dela parecer tã o preocupada com
uma mulher que se mostrava sempre tã o cruel como a Diana.
Um dos ı́ndios que vinham seguindo as duas mulheres relatara como a Calligari agia com grosseria o tempo todo
com a ilha de Otá vio.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 81/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Procurava Aimê , mas desde que ela saiu com Sirena nã o voltou a aparecer.
Nã o acreditava que izessem algo contra ela, a inal, aquelas pessoas nã o eram tã o ruins a ponto de ferir algué m tã o
indefeso.
Tentou se livrar das amarras, poré m sua tentativa era inú til.
-- O que você quer, Tupã ? Provar seu poder para essas pessoas? E covarde por me manter presa!
O chefe deveria ter uns trinta anos. Era jovem, robusto, bonito e bastante alto. Ficara no lugar do antigo lı́der.
Conhecia-o bem, foram treinados juntos.
-- Nã o sou como você , Diana! – Ajeitou o cocar suntuoso na cabeça. -- Nã o passei a minha vida buscando vingança,
ao contrá rio, encontrei o amor e a paz ao lado da mulher que amo.
-- Nã o é isso o que parece! – Ela o desa iou com o olhar. – A inal, está me mantendo presa aqui para ser apreciada
por todos.
-- Nã o, major, apenas a deixei aqui para que pudé ssemos conversar. – Chegou mais perto, apoiando a mã o na
madeira.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 82/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Conversar sobre o quê ? – Indagou exasperada. – Eu só quero voltar para a minha casa.
Tupã fez um gesto de assentimento, depois sentou sobre uma pedra. Observou a bota de Diana e com um gesto
rá pido retirou um punhal que ali estava.
-- Você tem uma dı́vida com meu povo, uma dı́vida que precisa pagar se assim desejar retornar para sua casa.
-- Eu nã o devo nada a você s! – Negou irritada. – Odeio o seu maldito povo...
-- Você desgraçou seu povo, você desonrou a mim, desonrou sua mã e quando nã o aceitou o casamento para unir
nossa tribo, por sua culpa muita gente morreu!
-- Que eu saiba quem os matou foram você s... Otá vio os matou com a crueldade dele...
Tupã se levantou.
-- Vejo que nã o é fá cil conversar contigo, mas te adiantarei que se deseja deixar a nossa aldeia terá que casar com a
ilha do seu inimigo, assim, cumpriremos o acordo que um dia fora feito.
-- Você deve ter enlouquecido, só pode! – Cerrou os dentes. – Neguei-me antes e continuarei a me negar...
-- Seu tom de voz é desrespeitoso! – Repreendeu-a. – Essa é a ú nica forma de sair daqui, se nã o aceitar passará o
resto da sua vida presa a esse tronco, de inhará dia apó s dia e assim veremos como você vai viver. – Fitou os olhos negros. –
Sua dı́vida é muito grande!
-- Porque nem por brincadeira quero meu nome associado a uma Villa Real. – Cuspiu cada palavra com total
desprezo. – Jamais me sujaria assim...
-- Entã o espero que o tronco seja confortá vel porque será nele que passará o resto da sua vida.
Diana o observou se afastar, enquanto tentava de toda forma se soltar das amarras.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 83/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Alguns olhares se voltaram para ela, poré m a arrogante princesa nã o parecia se importar com aquilo.
Suspirou.
-- Maldiçã o!
Uma ı́ndia viera auxiliá -la, ajudando-a a banhar, entregou-lhe uma roupa, depois trançou lindamente os cabelos
longos.
Perguntou por Diana, mas ningué m lhe respondia, na verdade nã o entendia o que a herdeira de Ricardo dizia.
Começou a tatear o lugar, tentando arrumar um jeito de sair e poder ir até a morena, entã o sentiu a presença de
algué m.
Fez-se um enorme silê ncio e logo em seguida o tom forte e com bastante sotaque foi ouvido.
-- Nã o tive intençã o. Sou Tupã ! – Tomou-lhe a mã o de forma carinhosa. – Espero que esteja sendo bem tratada.
Estranhou o fato de algué m que vivia tã o isolado demonstrar ser tã o cordato.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 84/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O chefe a observou detalhadamente, icando totalmente encantado com a forma gentil e beleza pura que ela exibia
tã o naturalmente, como se nã o tivesse noçã o do quanto era linda.
Tencionava fazer a princesa se redimir das suas ofensas, mesmo que sacri icasse outra alma.
-- Eu a levarei lá .
O sol já estava se pondo quando ela viu sair da oca principal Tupã acompanhado de Aimê .
Ele adorava impressionar as pessoas com seu re inamento. Nã o vivera naquele lugar quando adolescente e só
retornou depois de muito tempo para assumir o seu lugar na tribo, por isso falava tã o bem e usava aquele charme barato de
cavalheiro.
Relanceou os olhos, irritada. Mas logo sua atençã o estava centrada em outra pessoa.
Reconheceu a roupa.
Calça colada na cor preta, blusa de mangas longas, branca, colete combinando com os trajes de baixo... Poré m o que
mais chamava a atençã o era seu rosto corado, a grande trança que caia ao lado do corpo e o intenso olhos azuis.
-- Pronto, querida, deixarei você aqui para que conversem. Assim que terminar é só chamar e eu mesmo virei
busca-la. – Sorriu. – Diana está bem a sua frente.
A Calligari observou o chefe se afastar e aproveitou para itar os olhos azuis. Estavam mais vivos e brilhantes.
O pescoço esguio.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 85/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Irritava-se com a forma dela ser. Irritava-se por ela agir daquele jeito. Irritava-se por seu corpo começar a reagir a
ela.
-- Isso nã o é problema seu! – Respondeu rispidamente. – E nã o tem motivos para vir aqui. Nã o necessito de irmã de
caridade.
Aimê virou a cabeça para o outro lado e demorou alguns segundos para voltar a falar.
-- Por que age assim? Por que é sempre tã o grosseira? Te iz alguma coisa, Diana?
-- Nã o me chame assim, nã o suporto ouvir meu nome sendo pronunciado por seus lá bios.
Era impossı́vel ter algum tipo de diá logo como aquela mulher.
Mordiscou o lá bio inferior e voltou a itar guiada pelo tom de voz.
-- Ok, desculpe-me, nã o a importunarei novamente, só desejava saber se estava bem e vejo que está muito bem, isso
me deixa feliz.
-- Ela estava preocupada contigo, nã o creio que ela mereça isso.
-- Nã o sabia que você poderia se aproximar de mim e me dirigir a palavra. – Falou exibindo um sorriso sarcá stico. –
O chefe nã o vai me esfolar por isso?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 86/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Momento esses que agora você vai viver ao lado da sua esposa.
-- Por quê ? Será apenas um casamento indı́gena... Nã o sabia que você dava importâ ncia à s tradiçõ es da sua cultura.
Ela estava sentada em uma pedra e brincava com uma pequena indiazinha.
-- Por que Tupã deseja isso? Eu apenas quero ir embora. Tenho um longo caminho.
-- Sim, eu sei! Alguns guerreiros viram seus amigos nas proximidades, eles nã o desistirã o dela. – Tocou-lhe a face. –
Essa é a ú nica forma de saldar o que deve a todos, a sua uniã o com a ilha do homem que mais odeia será seu castigo. Quando
o maldito Otá vio esteve aqui a sua procura matou muita gente e você sabe que poderia ter evitado...
-- Castigo? Eu já recebi mais do que o necessá rio. – Voltou a tentar se livrar das cordas. – Preciso sair daqui! –
Mirou-a demoradamente. – Ajude-me, tire-me daqui e prometo que nunca mais colocarei meus pé s em sua terra...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 87/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu nã o preciso de perdã o... – Deu um sorriso de escá rnio. – Como se eu me importasse com o que pensam de
mim...
-- Entã o aceite...
-- Ela é linda... Sei que vai adorar tê -la... Basta que aceite e tudo icará como você deseja.
Parecia pensar todas as alternativas para fugir dali, poré m sabia que nã o havia muitas chances. Aqueles eram
guerreiros treinados até a ú ltima gota do sangue, nã o conseguiria enfrentar a todos.
Poderia simplesmente levar aquilo como uma brincadeira... Nã o a tocaria... Apenas ingiria diante de todos e
pronto, tudo estaria resolvido.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 88/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari percebia que a ilha de Otá vio pareceu nã o desejar ir até onde ela estava, mas a sua bela ı́ndia era boa em
persuadir.
A ı́ndia era forte, determinada... Enquanto a outra demonstrava total fragilidade, uma pé tala de rosa... Uma
porcelana ina e delicada.
Os olhos azuis se abriram em total espanto. O rosado das maçã s do rosto se tornou pá lidos. Imaginou se ela
desmaiaria.
-- O que você ouviu. Nã o se preocupe, nã o valerá nada fora daqui. E apenas um ritual que dirá que teremos uma
uniã o de almas. – Relanceou os olhos em té dio.
-- Olha, garotinha estú pida, essa é a ú nica forma de sairmos daqui, entã o chega de perguntas e faça o que deve ser
feito, apenas siga o jogo.
A Villa Real odiava aquela forma arrogante de agir de Diana, odiava quando ela agia como se pudesse decidir tudo e
da forma que desejasse fazê -lo.
-- Nossa, jamais imaginei casar-me com uma mulher e muito menos pensei que como essa mulher pediria minha
mã o de forma tã o româ ntica. – Ironizou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 89/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o me casarei contigo, nem que fosse a ú ltima pessoa do mundo todo.
Diana icou tã o irritada que mais uma vez tentou se livrar das cordas.
Alguns olhares se voltaram para ela, entã o a morena baixou o tom de voz.
-- Sua idiota, essa é a ú nica forma de sair daqui e voltar para a civilizaçã o.
-- Por que temos que nos casar? – Aimê questionou curiosa. – Eu sou grata por você ter me salvado, mas nã o
poderia me envolver contigo, nã o tenho interesse.
A ilha de Alexander nã o pareceu gostar de ser rejeitada, mas tentou nã o demonstrar isso.
-- Porque eu sou a ilha de uma princesa indı́gena e preciso honrar meu sangue!
-- Como?
-- Nã o acredito! – Negou de forma assustada. – Eles tê m mais educaçã o do que você !
-- Aimê , nã o costumo mentir! Se você quiser sair daqui intacta, com seu lindo corpinho todo arrumadinho, aceite e
participe dessa palhaçada, pois se assim o for, amanhã mesmo estaremos longe daqui, caso contrá rio, prepare-se para ser
assada na fogueira.
O cé rebro da Villa Real ainda estava preso no fato da sua salvadora ser uma indı́gena, ainda tentava diluir aquela
informaçã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 90/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Naquele dia tudo começou a ser preparado para a celebraçã o que só aconteceria dentro de trê s dias.
Os costumes da tribo requeria que o casal passasse por alguns rituais e só ao inal dos mesmos, poderiam se unir
para toda a vida.
Nos momentos que as duas icaram juntas, nenhuma palavra era dita, ainda mais porque a morena estava cada vez
mais irritada, pois pensara que tudo seria feito logo.
Em um desses momentos, ambas estavam em uma oca, quando Diana pensou em fugir, mas Tupã nã o baixara a
guarda, ao contrá rio, havia sempre vá rios ı́ndios vigiando-as de perto.
Ela passava o tempo observando Aimê que a cada dia exibia um olhar mais assustado.
Mas o perı́odo passou rá pido e o grande momento da vida de ambas chegara.
-- Você é uma noiva muito linda, Diana vai enlouquecer quando te ver.
Aimê nada disse. Apenas continuava a pensar em tudo o que ouviu da ruiva arrogante.
Canibal?
Nã o voltou a tocar no assunto, pois as grosserias daquela mulher se superavam sempre que ela abria a boca.
-- Claro, meu bem! – Ajeitava algumas lores ao redor da cabeça da jovem. – O que deseja saber?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 91/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- A Diana é ı́ndia?
Sirene nã o respondeu de imediato, pois colocava um colar para enfeitar o pescoço esguio.
-- Sim! – Disse sem interromper o serviço. – Ela herdou os traços fı́sicos do pai, mas tem o gê nio, o sangue da mã e e
os olhos penetrantes herdara dela...
-- Nã o sabemos! A ú nica coisa que posso te dizer é que Diana é uma princesa indı́gena, neta de um dos maiores
chefes da mais importante tribo.
-- Meu anjo, Diana conta essa histó ria de canibal desde que tinha treze anos e vivia seduzindo as ı́ndias com esse
papo... Mas a forma de comer dela é diferente, minha criança.
A herdeira dos Villa Real podia ter aquela aparê ncia de menina, mas ela sabia muita coisa da vida.
A ú nica coisa que desejava era poder voltar para casa e esquecer tudo que aconteceu, principalmente as grosserias
que vivera em todos aqueles dias, desejava retirar da memó ria qualquer mençã o à quela mulher que adorava lhe tratar mal e
zombar da sua cara.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 92/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Tivera que deixar suas roupas, usando quase nada, tendo todo o corpo pintado.
Uma coroa fora colocada em sua cabeça, simbolizando a sua tribo, seus ancestrais.
Tupã se aproximou.
Vestia-se como o xamã que presidiria aquela cerimô nia. Um enorme cocar em sua cabeça o destacava dentre todos.
Quando fora levada para aquele lugar por seu pai, achara estranho, mas aos poucos toda sua histó ria fora contada.
Ela se adaptara rá pido a nova realidade, apenas nã o aceitava a maioria dos costumes.
Sempre fora uma garota cheias de vontades e nã o era acostumada a aceitar as imposiçõ es de regras, devido a isso
fora expulsa e condenada a nunca mais retornar, poré m as circunstâ ncias a levaram novamente ali.
Já estava a ponto de ir buscar a ilha de Otá vio e acabar com toda aquela histó ria quando viu um pequeno grupo se
aproximar.
O luar a iluminava.
Ela estava ainda mais bela... Totalmente nua... Tendo o corpo coberto por pinturas que representavam as divas
virgens...
Os cabelos nã o estavam trançados, mas soltos, livres, emoldurando a face delicada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 93/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estava linda!
Respirou fundo!
-- Entrego-a a ti, Diana, guerreira, princesa e elo entre todas as tribos. – Sirena disse em dialeto local.
Aimê engoliu em seco quando sua mã o foi tomada pela ilha de Alexander.
A Villa Real nada disse, enquanto sentia sobre si o olhar daquela que se tornaria sua mulher de acordo com as leis
daquelas pessoas.
-- Veja, meu povo, testemunhem nossa princesa honrando nossa cultura, pagando a dı́vida que tinha com todos nó s.
– Falou em seu dialeto. – Teremos a paz que tanto lutamos para conseguir.
-- Os espı́ritos de nossos ancestrais estã o presentes nessa uniã o, os deuses izeram com que os vossos caminhos se
cruzassem e agora seguirã o de mã os dadas por todas as vidas.
Diana sentiu a noiva inquieta e teve vontade de rir de toda aquela palhaçada, mas se assim o izesse, com certeza,
arrancariam sua pele fora.
A Calligari levou aos lá bios a caneca e depois ajudou a neta de Ricardo a fazer o mesmo.
A cerimô nia seguiu por mais meia hora, até que chegou ao im.
-- Beije-a, princesa Diana, mostre ao seu povo que sua uniã o é verdadeira e receba todas as bê nçã os.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 94/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari nã o recordava daquele detalhe. Na verdade, acreditava que ele fora acrescentado agora, pois já
presenciara inú meros enlaces indı́genas e em nenhum deles precisava de um beijo para selar a uniã o.
Olhou para Tupã de forma desa iadora, mas acabou fazendo o que fora dito.
Aimê nã o entendia o que estava sendo falado e isso a deixava cada vez mais apreensiva.
A pintora icou de frente para ela e se aproximou dos lá bios rosados.
Viu os olhos azuis se abrirem em total espanto ao sentir a respiraçã o tã o pró ximas...
Fechou os olhos, tocou-os brevemente, mesmo assim conseguiu sentir a maciez e a doçura.
Afastou-se rapidamente.
Zabumbas começaram a tocar e os ı́ndios começaram a dançar, enquanto comidas eram servidas e bebidas.
-- Tã o cedo e já deixou sua mulher sozinha? – O chefe disse em tom de deboche. – Cuidado para ela nã o ser roubada
por outro. E muito bonita e qualquer um adoraria uma criatura tã o meiga ao lado.
-- Sim, esse foi o trato e como presente de casamento, alguns guerreiros as acompanharã o até o limite do territó rio,
assim me certi ico que nã o apareça mais por aqui.
-- Ok!
-- Outro presente que receberá é a nossa oca! – Apontou. – Dormirá lá com sua mulher.
Diana nada disse, seguindo rapidamente até o lugar onde icará naqueles dois dias.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 95/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Era tarde quando Sirena levou Aimê até o lugar que dormiria.
A Villa Real tateou e conseguiu encontrar o leito simples, poré m confortá vel.
Sentou-se.
Aqueles dias estavam sendo muito estressantes e ainda mais esse negó cio de casamento.
Esperava que um dia quando realmente unisse sua vida a de outra pessoa, que ela pelo menos nã o fosse
abandonada durante toda a festa.
Surpreendeu-se ao sentir a boca quente de Diana, pois imaginara que o toque seria tã o frio quanto era demonstrava
frieza em suas açõ es.
Eram macios...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 96/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Já era tarde quando ela percebeu que parecia sua noite de nú pcias sozinha naquele leito simples.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 97/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Dormira sob uma á rvore, tendo o frio da noite e o som dos animais noturnos como companhia.
Jamais daria o prazer a Tupã de entrar naquele jogo que ele costumava jogar.
Ele era seu primo e fora por ordens de seu pai, que na é poca era o chefe daquela tribo, que Diana fora banida.
Otá vio estivera ali, fora a sua procura com um batalhã o do seu maldito exé rcito e ele exigira um casamento em
troca de paz...
Ela fugira dele e dos malditos sequestradores e devido a isso houve muita morte em toda tribo e ela fora acusada,
fora culpada por nã o ter cedido ao desejo doentio daquele homem.
Acordara quando ainda havia estrelas no grande abobado, arrumara as coisas que necessitaria para seguir viagem.
Tomou banho no rio, vestiu-se e agora estava ali parada diante do leito improvisado vendo a sua jovem esposa
dormir como um anjo.
Parecia sempre tã o calma, tã o plena em seu jeito de agir que a irritava em demasia.
Ela era ilha do homem que destruı́ra sua vida... – Esse era o seu mantra.
Tocou-lhe a face.
Afastou a mã o e passou alguns segundos itando os longos dedos, parecia nã o os reconhecer.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 98/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estava a ponto de ser mais brusca quando os olhos intensamente azuis se abriram em um misto de confusã o e
temor.
A esteira tinha sido improvisada no chã o e havia algumas palhas de coqueiro para que icasse mais confortá vel.
Na tradiçã o indı́gena os corpos das amantes eram limpos na hora da consumaçã o do casamento.
Se a noiva aparecesse igual ao dia do enlace, signi icava que nã o havia amor entre as partes.
Nã o pareceu muito animada com ideia de deixar aquele lugar. Só em pensar em seguir por aquela loresta ao lado
daquela ı́ndia canibal irritadiça e arrogante lhe dava grande desâ nimo.
-- Ah, nã o diga que gostou da vida selvagem e deseja morar aqui! – Debochou. – Vai andar nua como todo mundo? –
Provocou-a arqueando a sobrancelha.
-- Na verdade só queria descansar um pouco mais...—Levantou a cabeça. – Tem certeza de que precisamos ir
embora hoje? – voltou a perguntar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 99/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sim, mimadinha, temos que ir, entã o se levante e comece a se aprontar. – Entregou-lhe umas mudas de roupa. –
Volto depois para te buscar e se nã o estiver pronta, te deixo aqui para ser transformada em uma selvagem... – Afastou-se,
deixando-a sozinha.
Sua esposa!
Estava sonolenta, pois nã o dormira direito... Ficara acordada até tarde imaginando se Diana voltaria para a oca e
dormiria ao seu lado, pior, icou a imaginar se ela chegaria a desejar a conceber aquela estranha uniã o.
-- Posso ajudar você ? – A ı́ndia perguntou. – Pensei que a princesa faria isso. – Disse, parecia aborrecida.
-- Nã o desejo que ela me ajude... realmente nã o seria algo bom...
-- Desculpe, Sirena, mas nã o acredito nessas coisas... tenho certeza de que se a Calligari pudesse, me largaria nessa
loresta...
Dessa vez seguiriam pelo rio até o outro lado. Se nã o tivessem problemas, talvez chegasse à aldeia de Piatã em trê s
dias.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 100/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê foi ajudada por um dos robustos rapazes que as acompanhava. Ele delicadamente auxiliou-a nessa tarefa.
A Calligari apenas ignorou a jovem, enquanto começava a traçar em sua mente os pró ximos passos.
Diana remava junto com os outros, enquanto em sua lı́ngua nativa questionava aos acompanhantes sobre a
presença de tra icantes.
Um deles falara sobre terem sido vistos no lugar onde elas foram encontradas e que eles continuavam rondando a
regiã o.
Miserá veis!
Ela parecia distraı́da e em certo momento a viu tentar colocar a mã o na á gua, rapidamente a deteve.
-- Deseja icar sem os seus lindos dedos? – Questionou de forma brusca. – Nã o estamos nas lagoas passeando,
estamos em uma selva.
Ela virou a cabeça para itá -la. Os olhos azuis estavam ainda mais brilhantes.
Aimê ainda abriu a boca para falar algo, mas acabou icando calada.
Diana mantinha um diá logo com os companheiros, enquanto sua jovem esposa nada dissera.
Enquanto seguiam, podiam ver na margem alguns ı́ndios pescando ou alguns animais em busca de seu alimento.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 101/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana passou a mã o pelo rosto, sentia o suor entre os seios e em suas costas.
Aimê sentia o cheiro de á gua, o cheiro de peixe e icava imaginando como seria aquelas paisagens.
Com certeza havia uma imensidã o de á rvores, matos... Será que poderia ver as grandes vitó rias ré gias?
Suspirou alto!
Caminharam por mais algum tempo e em determinado momento um galho quase arranhou a bochecha de Aimê .
Diana parou, praguejando alto, enquanto tomava a mã o da jovem e praticamente a arrastava até chegarem a uma
clareira, deram a volta e seguiram para a frente de uma caverna menor.
Algumas á rvores estavam tombadas e ela seguiu para observar melhor, pois temia que elas tivessem sido
derrubadas propositadamente.
Agachou-se, examinava com cuidado quando um bando de pá ssaro passou barulhentamente.
Fitou o cé u.
-- Onde estamos?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 102/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Parecia buscar alguma ameaça, mas ao notar que estavam seguras, segurou Aimê pelo braço, levando-a para o
interior do esconderijo.
Deu alguns passos e percebeu que o lugar era pequeno, tendo apenas alguns metros.
Levantou a cabeça, també m nã o era muito alto, com certeza era o esconderijo de algum animal.
-- Em uma caverna! – Por im, respondeu, enquanto começava a arrumar as coisas, ajeitando o leito improvisado e
já começando a acender a fogueira, pois o lugar estava mergulhando na penumbra.
Aimê usava as mã os para explorar a á rea, tocava as pedras, tentando se familiarizar com o local.
-- Nã o, essa é menor e també m nã o há cascata e nem lago! – Disse sem se voltar.
Ela estava com os cabelos novamente trançados a lhe cair na lateral do peito.
-- Na verdade só temos essa parte que estamos. – Levantou-se. – Terei que improvisar uma porta, assim nenhuma
onça faminta vai nos comer. – Pegou o punhal na bota.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 103/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Por que sempre diz essas coisas? – Aimê indagou com as mã os na cintura. – Parece que gosta de me amedrontar!
Vem com a histó ria de canibal que nã o passa de mentiras e mais mentiras...
A morena nã o gostou do que ouviu, deixando tudo de lado, tomando a herdeira de Otá vio pelos ombros,
pressionando-a contra a parede fria.
-- Acha que está me confundindo com os Villa Real que só sabem mentir, trair, matar e depois mostrarem para a
sociedade a face de pessoas boas.
Aimê conseguiu se livrar das mã os que a prendia e sem ter essa intençã o, acabou arranhando a face da major com
as unhas.
Diana ao perceber o que tinha se passado, ainda levantou a mã o para esbofeteá -la, mas acabou apenas
empurrando, depois saiu de perto da jovem.
Jamais desejara fazer algo assim, mas perdera a cabeça diante das palavras que ouviu.
Aquela mulher tinha algo que parecia afrontar todos os seus sentidos, seu autocontrole, sua paciê ncia.
-- Deus, me ajude!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 104/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O sol já estava nascendo quando voltou para o lugar onde deixara a refé m.
-- Vamos embora!
A jovem nada disse, apenas levantou, esperando que a Calligari terminasse de arrumar as coisas.
Sorte que encontrara um pedaço de pã o na bolsa e fora o que comeu com alguns goles de á gua.
Diana colocou a mochila nas costas, depois tomou a mã o da jovem, seguindo logo em seguida.
Nada fora dito durante a caminhada, mas a Villa Real percebia que a raiva da sua salvadora estava ainda maior, pois
ela fazia questã o de acelerar os passos, mesmo sabendo que a neta de Ricardo nã o podia seguir aquele ritmo.
-- Que merda, Aimê ! Nã o aguento mais sua lerdeza, nã o aguento mais ter que sair te arrastando. Se nã o fosse você ,
eu já estaria bem longe, já estaria em minha casa. – Esbravejava cruelmente, enquanto a encarava. – Maldito Ricardo que nã o
me disse que a neta era uma cega inú til.
-- Levante-se! – Tentou pegá -la, mas foi repelida. – Que merda, levante logo, nã o temos tempo!
-- Deixe-me aqui! – A moça disse em tom baixo sem se voltar. – Nã o desejo atrasá -la mais, senhora!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 105/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Acha que nã o tenho coragem de te abandonar nesse lugar? – Desa iou-a.—Acha mesmo que vou implorar para
você vir comigo?
-- Deixe-me aqui, princesa, nã o a incomodarei mais, nã o desejo continuar sendo um estorvo na sua vida. – Tentou
segurar as lá grimas. – Agradeço por ter me salvado, mas agora pode seguir seu caminho.
Diana observou o espaço e icou a imaginar quais chances aquela garota teria ali, mas mesmo assim, a estú pida
insistia em seu desa io idiota.
Estavam cercadas das centená rias á rvores, cercadas por animais... Havia insetos...
-- Ok, Aimê Villa Real, espero que faça uma boa viagem e retorne para sua famı́lia sã e salva. – Colocou o cantil em
suas mã os.
Dobrou os joelhos, encostando o queixo neles, sentindo as costas se apoiar no enorme tronco.
O soluço que estava preso em sua garganta inalmente saiu, trazendo consigo um pranto incontido.
Nunca sua de iciê ncia icara tã o evidente como naqueles ú ltimos dias.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 106/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Há alguns anos, quando sofrera o acidente que a deixara cega tudo mudara drasticamente.
Primeiro porque ela ainda nã o tinha conseguido lidar com o que se passava quando recebera a notı́cia que o pai
fora cruelmente assassinado, segundo porque precisara se adaptar uma nova realidade.
O mé dico dissera que com o tempo conseguiria recuperar a visã o atravé s de uma cirurgia, mas as duas que tentara
fora um total fracasso e por isso decidiu que nã o deveria viver em funçã o disso, ainda mais porque o tratamento era muito
caro e seus vó s já tinham gastado mais do que tinham.
Fora isso que a fez seguir de forma a poder ajudar à queles que tanto se dedicaram a si.
Mesmo contra a vontade do avô , decidira montar uma loricultura, aproveitava as lindas lores que cultivava para
ganhar dinheiro e nã o depender de ningué m. Com o tempo, sua vó fora ajudá -la e agora já tinham um negó cio só lido.
Nunca se sentira inú til, pelo menos nã o até ser sequestrada e salva por aquela mulher que fazia questã o de mostrar
como sua cegueira era um obstá culo.
Sentiu-se aliviada.
A loresta estava barulhenta. Era possı́vel ouvir o som dos macacos e dos pá ssaros, poré m de repente tudo icou em
total silê ncio.
-- Que morra! – Falava em total exasperaçã o. – Burra mimada, vai acabar morrendo dentro dessa mata.
Seguiu ainda por mais dez minutos até ouvir o grito ino da Villa Real.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 107/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nem pensou um segundo, saiu em disparada pensando no que poderia ter acontecido com a jovem.
Sentia o coraçã o aos pulos e imaginou se uma onça teria a atacado se chegaria há tempo para salvá -la.
-- Nã o!
-- Deixe-me!
Mirou a picada.
Mesmo nã o sendo venenosa, decerto aquilo icaria ruim e ela nã o poderia forçar.
Fitou os olhos azuis e sentiu um aperto no peito, coisa que nã o costumava acontecer, ainda mais diante da ilha de
Otá vio.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 108/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Está doendo?
Aimê assentiu.
A garota teve a impressã o que havia algo andando por dentro do seu estô mago.
-- Nã o, felizmente nã o, pois se assim o fosse terı́amos problemas. – Fitou-a. – Vamos ter que icar aqui hoje, nã o vai
poder forçar.
Talvez pela primeira vez desde aquela empreitada, sentisse culpada por algo.
O melhor a fazer era retornar e esperar que tudo estivesse bem. Se seguissem, correria o risco da Villa Real acabar
nã o conseguindo concluir a caminhada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 109/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana a deixou encostada a rocha, enquanto mais uma vez montava um lugar para que ela se deitasse.
-- Provavelmente você terá febre, mas passará logo. – Ajoelhou-se diante dela, tocando a braguilha da calça.
A calligari observou os dedos longos tocarem os seus e mais uma vez teve a impressã o que levava um choque
elé trico.
-- Calma! – Fitou os olhos intensamente azuis. – Preciso te livrar desse jeans apertado, assim o ferimento vai poder
melhorar logo. – Esboçou um sorriso cı́nico. – Nã o se preocupe que nã o vou consumar nosso casamento agora, ainda mais
você tendo sido picada por uma cobra.
A morena teve vontade de gargalhar alto ao ver as maçã s icarem vermelhas, corada e com aquela expressã o de
menina assustada.
Desviou o olhar...
Desabotoou e se aproveitando da cara de medo que ela exibia, livrou-a das vestes, deixando-a apenas de calcinha e
camiseta.
Aimê estava apoiada nos cotovelos, tendo o olhar voltado para a pintora.
-- Pronto, agora descanse que você vai icar bem logo. – Levantou-se.
-- Obrigada.
-- Preciso que ique aqui, enquanto pego lenha para fazer uma fogueira. – Passou as mã os nos cabelos negros. –
Talvez eu cace algo, a carne assada que a Sirena deu só deve dar para hoje.
-- Ok, tentarei nã o demorar e estarei por perto é só gritar se precisar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 110/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Droga!
Se nã o tivesse sido teimosa nada daquilo tinha acontecido e naquele momento estariam seguindo viagem, assim
retornariam para casa mais rá pido.
Esperava que no outro dia já estivesse recuperada, pois o que mais desejava era esquecer tudo aquilo que passou e
també m Diana Calligari.
Aquela mulher era diferente de todas que conhecera. Alé m disso, agia com prepotê ncia e arrogâ ncia o tempo todo,
fazendo questã o de feri-la com os mais crué is comentá rios, com atitudes grosseiras e intimidantes, poré m em outras ocasiõ es
parecia diferente, como se tivesse alguma importâ ncia...
Ficava a pensar como o avô pô de mandar algué m com uma personalidade tã o ruim para ir ao seu resgate?
Diana nã o foi muito longe, distanciando apenas alguns metros do esconderijo.
Nã o havia sinais de tempestades, mas era normal naquela regiã o sempre chover.
Respirou fundo!
Observou um tucano.
Sorriu, recordando de quando era uma menina e corria por aquela terra perigosa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 111/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Começou a buscar por lenha, sempre havia algumas que você poderia pegar sem precisar de ferramentas mais
pesadas.
Ficou parada olhando, adoraria estar com suas tintas e seus pinceis, com certeza teria uma obra lindı́ssima para
exibir.
Sentia saudades de icar horas tentando captar a beleza das coisas, sempre estava a criar algo.
A pintura fora a forma que encontrara para seguir em frente, fora a forma que encontrara para se livrar dos
pensamentos perturbadores...
Algo que ela nã o desejava admitir estava lhe perturbando demais, algo que ela jamais aceitaria, mesmo sentindo os
sinais cada vez mais fortes.
Aqueles olhos tã o azuis mesmo sem vida eram tã o penetrantes, inocentes, doces, pacientes... Tudo o que a morena
detestava em algué m, poré m havia muito mais...
Precisava sair daquele lugar o mais rá pido possı́vel, pois esse isolamento a estava deixando muito receptiva aos
encantos da ilha do homem que mais odiava em todo o mundo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 112/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Apesar de estar um pouco inchado, a aparê ncia nã o estava tã o ruim.
Sorriu ao perceber que ela tinha colocado a calça por cima do corpo, tentando esconder a beleza ingê nua.
Colhera algumas ervas que tinham um bom efeito para combater esses sintomas.
Precisava també m fazer algo para fechar a entrada da caverna ou mesmo camu lá -la, pois ainda nã o acreditava
estarem salvas dos bandidos, sem falar em animais que poderiam seguir até ali.
Antes acordara apenas para comer algo e depois voltou a dormir. Sentia-se cansada, sem forças e a Calligari falou
para ela descansar, assim icaria melhor.
-- Como se sente?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 113/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Estou melhor!
-- Otimo! – Diana sentou junto a ela, entregando-lhe uma xı́cara, pã o e carne seca. – Coma! Sua febre passou, espero
que nã o retorne mais, assim viajaremos amanhã .
-- Parece que dormi durante um sé culo. – Tomou um pouco da bebida. – Meu calcanhar nã o está doendo e a
dormê ncia passou.
-- Isso é ó timo! – Levou um pedaço de pã o à boca enquanto mirava as chamas da fogueira.
-- Já é noite?
-- Sim, faz algum tempo que o sol foi coberto pela escuridã o.
-- Aqui deve ser um lugar muito bonito... – Dizia pensativa. – Lembro-me de que adorava ver documentá rios sobre
as lorestas, icava encantada com o verde... Ouço os pá ssaros... Devem ser lindos.
A morena a encarou.
Os cabelos intensamente negros estavam em desalinhos, a trança já estava quase totalmente desfeita.
Desejou toca-lhe a pele branca... Mesmo com aqueles dias de sol, ainda lembrava uma porcelana ina.
-- Por que diz isso? – Os olhos azuis se guiaram pelo som, virando para a face da Calligari. – Eu ainda nã o acredito
que seja ı́ndia.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 114/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nada fora dito durante algum tempo, até que a voz rouca se fez ouvir.
-- Minha mã e era a rainha de uma tribo de guerreiros... Ela casara muito jovem e seu marido morreu em batalha
contra os brancos...
-- Rainha... – Disse admirada. – Pode me contar mais? – Pediu com os olhos brilhando.
-- Meu pai é ilho de uma famı́lia muito rica, descendê ncia alemã , mas nasceu no Brasil... Meu avô o colocou para
estudar em uma escola militar e em uma das suas exploraçõ es ele encontrou a tribo da minha mã e, na verdade ele se perdeu
e acabou sendo refé ns deles. – Esboçou um sorriso ao se lembrar de como o pai adora contar aquela histó ria. -- Mesmo, eles
vivendo isolados, aprenderam a ter um pouco de civilizaçã o, deixando para trá s o canibalismo...
A morena teve vontade de gargalhar diante do olhar amedrontado que a moça exibia.
-- Sim, nã o é histó ria. Eles eram canibais, mas com o tempo deixaram suas raı́zes e seguiram por um caminho
diferente... Meu pai se apaixonou por minha mã e, amou-a durante algumas luas e ela engravidou... A tribo nã o aceitaria, entã o
ela fugiu com ele para a cidade...—A Calligari suspirou alto. -- Ela nã o se adaptou, entã o quando eu nasci, ela retornou para
cá ...
-- Nossa...
-- Minha mã e morreu quando eu tinha dez anos... Meu pai nã o tinha permissã o para entrar na tribo, entã o eu nunca
a vi... Quando eu tinha doze anos o pajé pediu que meu pai me trouxesse, iquei sob a guarda dele...
-- Ela nã o tinha escolha, Aimê , esses ı́ndios podem ser bastante crué is quando querem, entã o foi preciso fazer um
pacto.
-- Nã o, iquei com outra tribo, pois a da minha mã e nã o aceitaria a minha presença se antes eu nã o fosse treinada e
mostrasse ser digna do sangue que tinha...
-- Caramba, que histó ria! – Colocou a xı́cara de lado. – E como foi se adaptar a esse lugar?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 115/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sem pensar em seus atos, aproximou a boca de forma grosseira, pegando a jovem de surpresa.
Aimê espalmou as mã os nos seios da major, tentando empurrá -la, mas a morena foi á gil, segurando-lhe os braços,
enquanto buscava acesso à boca da ilha de Otá vio.
A Villa Real cerrou os dentes, tentando lhe barrar a entrada, mas ao sentir a lı́ngua contornar seus lá bios de forma
mais delicada, sentiu um arrepio na nuca e por alguns segundos permitiu que aquela mulher izesse o que desejava.
Jamais fora beijada daquele jeito... Jamais fora atacada daquela forma...
-- Está louca!
-- Somos casadas, querida, cedo ou tarde esses laços devem ser estreitados! – Debochou.
-- Nã o sou nada... – Apoiou-se nas paredes para se levantar. – Se tocar em mim novamente... – Sacudia o indicador
no ar em tom ameaçador.
-- Vai fazer o quê ? – A morena questionou calmamente enquanto tomava um pouco mais de café .
-- Eu vou... Eu vou... Eu vou embora daqui e você vai ter que explicar ao meu avô por que voltou sem mim.
Diana gargalhou.
-- Eu nã o costumo dar satisfaçõ es da minha vida para ningué m, mimadinha, entã o suas açõ es seriam inú teis. –
Fitou-a. – Agora volte a sentar para nã o forçar essa perna. – Ordenou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 116/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o me ameace! – Disse por entre os dentes. – Sente-se ou te jogo lá fora para dormir com os animais.
-- Pre iro dormir com eles de que contigo... Pre iro ser comida por uma onça...
A respiraçã o de Aimê era pesada, a morena via o vermelho tingir a face bonita.
-- Prefere ser comida por uma onça de que por mim... – Debochou. – Nã o se preocupe que nã o tenho essas
intençõ es, entã o se deite e durma, amanhã sairemos cedo e nada me fará icar aqui mais um dia. – Soltou-a, afastando-se.
A Calligari deixou a caverna, pois sabia que nã o seria nada seguro icar naquele lugar.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 117/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ficara temerosa com a presença de Diana e mesmo a morena nã o tendo dormido com ela, ainda sentia o coraçã o
pulsar acelerado diante do ataque que sofrera.
Ouvia os sons do amanhecer, os pá ssaros pareciam felizes com seu cená rio verde.
Sentou-se.
Sabia que logo sua salvadora adentraria aquele espaço aos gritos como era de costume. Decerto a seguraria pelo
braço a arrastaria de forma grosseira como fez tantas vezes.
Fez um apresse em agradecimento por sentir que seu pé estava bom.
Assim seguiriam o mais rá pido possı́vel, faria de tudo para nã o lhe atrasar, prestaria atençã o ao solo, pois quanto
mais andassem, mais rá pido uma se livraria da presença da outra.
-- Estou bem! – Voltou a tatear. – Onde estã o minhas botas? – Questionou sem se virar.
A garota assentiu e logo estava pronta. Já se levanta quando algo fora colocado em suas mã os.
-- Encontrei bananas! – A morena se afastou. – Coma, será bom para te dar energia.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 118/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nossa, como eu gostaria de tomar um banho! – A Villa Real falou ao se levantar. – Estou me sentindo podre.
-- Estamos dando a volta para nã o atrair os bandidos para as tribos. – Entregou-lhe o cantil. – Teria sido mais fá cil
se voltá ssemos por onde eu vim, mas seria perigoso para essas pessoas que nã o tem nada a ver com o nosso problema.
Aimê assentiu.
A morena tinha examinado o mapa naquela manhã e estava pensando em seguir por um atalho, assim chegariam
cedo ao destino, mas havia um problema: Nessa á rea a mata era totalmente virgem e nã o seria fá cil adentrar com a jovem
Villa Real, mesmo assim se arriscaria, sem falar que perto do rio sempre havia tra icantes de madeiras, outro problema a se
enfrentar.
Fitou a garota.
Diana retirou algo da bolsa, entranhando-lhe, depois seguiram até uma parte isolada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 119/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os animais alegravam com suas vozes e isso era bom, pois mostrava que nã o havia perigo iminente.
A morena observou os igapó s e icou feliz, pois sabia que encontraria á gua e logo pô de encher os cantis.
“Esse tipo de á rvores atingem até vinte metros de altura, com a maioria entre quatro e cinco metros. As espé cies
vegetais aqui encontradas sã o adaptadas a terrenos alagadiços. Suas plantas, de menor porte, sã o hidró ilas (adaptadas a
regiõ es alagadas), possuindo como espé cies comuns a vitó ria-ré gia, as orquı́deas, as bromé lias e outras.”
Na noite passada fora alé m da sua racionalidade ao praticamente atacar a garota de olhos azuis.
Viu a expressã o de horror que ela demonstrou, mesmo que em certo momento ela tenha cedido à carı́cia.
Os lá bios delas eram doces, macios... Uma maçã suculenta pronta para ser devorada.
Ainda icava a pensar porque tomara a atitude de ir contra a jovem. Talvez tenha se irritado por ela ter lhe feito
falar sobre seu passado, por ter contado para ela sobre sua histó ria.
Tocou-a com cuidado e percebeu que na verdade ela apenas estava a descansar.
-- Você vai acabar sendo comida por uma onça, garota... Esse nã o é um bom lugar para fazer isso...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 120/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê fez o que fora dito. Diana tomou-lhe a mã o e colocou sobre o animal.
-- O que é ?
Diana encarou os olhos azuis e pareceu encantada com o sorriso doce que ela esboçava.
A Villa Real pareceu mais segura e começou a usar ambas as mã os para tocar o bicho.
-- Ela tem os pelos claros, meio que amarelado do sol... Acho que ela gostou de você .
Diana observava-a e tinha a impressã o que naquele momento ela tinha voltado a ser uma garotinha.
-- Você devia se divertir muito aqui... Eu adoro animais, se pudesse teria um montã o.
-- Nã o acredite em tudo que vê nos ilmes, mimadinha... – Observou tudo ao redor com atençã o. – Isso aqui nã o é
um parque de diversã o, tudo é muito perigoso e acredite, sobreviver em um lugar como esse é uma missã o quase impossı́vel.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 121/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari suspirou.
Aimê tentava levantar as pernas o má ximo para nã o acabar sendo derrubada pela vegetaçã o rasteira.
Estava cansada!
Sempre que havia um obstá culo no caminho, Diana avisava para ela nã o se bater.
Estava abafado...
A morena quase teve o rosto machucado ao se distrair olhando a acompanhante que seguia atrá s de si.
Nã o pararam ainda desde que saı́ram, ou seja, já devia estar naquela caminha por um bom tempo.
Aimê soltou um suspiro alto e foi nesse momento que chamou a atençã o da outra.
Diana parou, seguiu até ela, segurou-a pelos ombros empurrando-a até uma á rvore, mantendo-a pressionada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 122/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o podemos parar agora! – Dizia com a boca bem pró xima da dela. – Precisamos seguir ainda mais rá pidos se
desejarmos chegar logo ao nosso destino. – Mirou os lá bios rosados e mais uma vez desejou toma-los para si.
-- Eu sei... – Falava sem fô lego. – Mas eu preciso muito descansar... Sabe que eu adoraria comer um pedaço de carne
agora... -- Passou a lı́ngua inocentemente sobre o lá bio superior.
-- Calma, mimadinha, apenas desejo que possa se refrescar melhor. – Pegou o cantil, molhando-a um pouco.
-- Por que nã o avisa o que vai fazer? – Empurrou-lhe as mã os. – Você age com brutalidade, é grosseira... Nã o é uma
pessoa civilizada. – Acusou-a, tentando empurrá -la, mas a Calligari nã o saia do caminho.
-- Nã o esqueça que sou ı́ndia e també m nã o esqueça que somos casadas. – Acariciou o rosto com as costas das
mã os. – E uma pena que tenha o sangue daquele miserá vel nas suas veias.
-- Nã o ouse falar assim do meu pai! – Esbravejou. – Ele era mil vezes melhor do que você .
-- Meu bem, seu pai ainda era pior do que a escó ria que te sequestrou...
A morena teve di iculdade para contê -la, tendo que jogá -la ao chã o para se livrar da agressã o.
-- Nã o me provoque, Aimê ! – Afastou-se. -- Nã o pense que por ser cega eu nã o teria coragem de espancá -la até ter
câ imbras em minhas mã os.
A jovem permaneceu onde estava, ao apoiar-se nas mã os para se levantar sentiu espinhos furando-as.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 123/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu nunca em toda minha vida imaginei que encontraria um ser humano tã o desprezı́vel e desgraçado como você ,
na verdade eu nunca pensei que chegaria a odiar algué m como estou começando te odiar.
-- Eu ico feliz por isso! – Colocou a corda nas mã os dela e viu o sangue dos machucados. – Vamos embora, assim,
nos livramos logo uma da outra.
Aimê nada disse e já continuavam seguindo pelos caminhos acidentados e perigosos.
-- Infelizmente nã o, mas sei que a Diana vai trazer a nossa neta.
-- Por que tem tanta certeza disso? – Os olhos estavam chorosos. – E se ela matá -la? E se ela nã o conseguir
enfrentar aqueles homens sozinha?
O general deu a volta, seguindo até onde a esposa estava, sentou sobre os calcanhares, enquanto lhe tomava as
mã os delicadamente.
-- Ela nã o machucará a nossa neta e se tem algué m que pode entrar naquele lugar e sair com vida, esse algué m é a
Calligari.
-- Deveria ter dito para ela da de iciê ncia da nossa neta, deveria ter avisado para que ela fosse preparada.
Ricardo temeu que aquilo izesse com que a ilha de Alexander se negasse a ir a seu resgate.
-- Cumprirá o trato que fez com ela? – Questionou preocupada. – Se ela trouxer a Aimê deve sim fazer o que
prometeu, mesmo que isso seja algo terrı́vel para a nossa querida neta. – As lá grimas começaram a lhe banhar o rosto.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 124/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Precisarei cumprir o que prometi a Diana, mesmo que isso seja tã o doloroso... Eu acho que devo muito mais do
que isso a ela... mas ela també m tem uma dı́vida – Passou a mã o pelos cabelos grisalhos. – Eu percebi a obsessã o que o Otá vio
tinha por ela e iz vista grossa quando deveria ter agido...
-- Jamais imaginamos que ele chegaria tã o longe, você nã o poderia prever... Ningué m poderia...
Todos passaram por momentos terrı́veis, mas nenhum se comparava as barbaridades sofridas pela pintora.
Diana observava a escuridã o começar a tomar conta e ainda nã o achara um bom lugar para acampar.
Sabia que ali perto encontrariam uma clareira, mas nã o seria ali um bom lugar para passar à noite. O problema é
que estariam expostas de mais.
Enquanto caminhavam, buscara as pegadas que tinha visto pró ximo à caverna, mas felizmente nã o notara nenhuma
naquela á rea, poré m sabia que eles estavam por ali, conhecia bem o ponto que costumavam ocupar.
A ú ltima coisa que desejava era topar com aqueles tra icantes de madeiras.
Eles també m eram crué is e costumavam nã o ter nenhum tipo de escrú pulos, nã o seguiam leis e faziam sempre o
que desejavam fazer.
Andaram por mais alguns tempo e Diana observou surpresa que ali perto havia uma pequena cabana de madeira
escondida em meio à vegetaçã o que já se apossava dela.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 125/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana tinha a impressã o que os dedos dela pegavam fogo, pois era assim que se sentia quando era tocada por ela.
Desvencilhou-se.
-- Faça apenas o que eu estou dizendo. – Afastou-se sem deixar que ela continuasse a protestar.
Fitou as enormes samambaias, sabendo que seria um bom lugar para algué m se esconder.
Fitou o chã o forrado... Com a bota, mexeu em uma cobra verde. Segurou-a e logo a jogou para longe.
Observava ao redor para ver se encontrava pegadas, mas nã o havia nada.
Alguns macacos saı́ram de dentro e deram um susto enorme na major que por pouco nã o atirou neles.
Nã o era grande, decerto deveria ter uns dois metros de cumprimento e de largura.
Observou a cobertura de palha dani icada e viu que a natureza já tomava posse de tudo. As paredes já se
camu lavam com as trepadeiras.
Acampariam ali naquela noite, mesmo tendo tanto mato. Faria uma fogueira, assim espantaria os mosquitos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 126/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Mas de quem ? Nã o é estranho esse tipo de construçã o no meio da loresta. – Já começava a tatear.
-- Acho melhor nã o fazer isso ou vai ferir ainda mais as suas mã os. -- Diana se livrou da mochila e começou a
arrumar as coisas.
-- Eu nã o sei de quem é , só sei que icaremos aqui por hoje.
Aimê continuava temerosa, enquanto ouvia a Calligari se movimentar rapidamente arrumando o lugar.
Diana fez uma fogueira pequena, pois nã o deseja chamar a atençã o.
Aimê respirou fundo, sabia que era impossı́vel dissuadir aquela mulher quando ela desejava fazer algo.
Diana observou-a dormir, tinha conseguido caçar algo gostoso para comer. Nã o aguentava mais frutas e pã o,
precisava de proteı́na.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 127/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Agachou-se diante da fogueira, terminou de limpar a iguaria, pegou um pouco de sal na mochila, temperando,
depois improvisou um espeto.
Pela abertura que tinha no teto era possı́vel ver a majestosa lua e era ela quem iluminava o pequeno ambiente.
-- Diana...
Ouviu a voz doce chamá -la e teve a impressã o de estar sendo tocada intimamente.
Improvisou um espeto.
-- Eu també m queria muito um banho... – Mexeu os braços. – Tem mosquitos aqui... Acho que essa é parte ruim da
selva...
A Calligari a encarou por alguns segundos e voltou as ver os cortes nas mã os.
Pegou o cantil e se aproximou, sentando sobre os calcanhares, observou-a demoradamente, pegou-lhe as mã os,
colocando-as sobre suas coxas.
Os olhos azuis pareciam confusos, mesmo assim ela fez o que fora dito.
A bela ı́ndia começou o trabalho, primeiro lavando e depois usando anticé ptico para desinfetar.
Aimê gemeu baixinho, mas foi su iciente para chamar a atençã o da major.
Diana observou os dentes alvos se mostrando pelos lá bios entreabertos, parecia encantada, mas acabou voltando à
atençã o para o que estava fazendo e logo terminou. Já se afastava quando a neta de Ricardo a deteve.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 128/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Deixe-me tocar seu rosto... – Pediu relutante. – Quero saber como você é ...
Diana nã o pareceu muito interessada, mas acabou cedendo, retornando para a posiçã o.
A Villa Real tateava, fazia-o com delicadeza, com cuidado... Era como o roçar de uma borboleta.
-- Tem a tez mediana... As sobrancelhas bem feitas... – Pareceu ter mais atençã o em um ponto especı́ ico. – Costuma
franzi-las? Tem um vinco entre elas... – Sorriu. – Você relanceia os olhos...
-- Nã o, Diana, deixa eu terminar... E ruim quando nã o sei como é a pessoa com quem estou falando... Nã o sabe como
é difı́cil nã o saber como sã o as pessoas...
A major pareceu convencida, ainda mais pela forma que fora pedido, entã o permitiu que ela izesse.
-- Seus olhos sã o indı́genas... Eles se estreitam... – Constatou encantada. – Qual a cor deles?
-- Pretos...
-- Devem ser lindos... – Tocou o nariz. – A ilhado e arrebitado... Eu sempre soube que era assim...
-- Porque você é arrogante, orgulhosa... Sarcá stica... – Dizia naturalmente, enquanto tocava os cabelos da salvadora.
– Tenho certeza de que parece um é bano... Estou certa?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 129/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o, creio que de traços indı́gena só tenho os olhos, pois a minha pele é branca como a do meu pai... Bem, agora
estou bronzeada devido aos dias de sol, mas nã o é naturalmente.
-- Os traços indı́genas nã o sã o fı́sicos... – Continuou tateando o rosto até chegar aos lá bios. – Você tem uma boca
muito bonita, mas nã o parecem sorrir muito...
Diana sentia o polegar passar por seus lá bios... Depois o indicador... Fitou os olhos azuis tã o brilhantes...
Aimê deu um gritinho de susto, mas ao senti-la sugar delicadamente, algo pareceu se manifestar em seu ı́ntimo.
Diana parecia nã o ter pressa, chupava-o... Passou a ponta da lı́ngua... Sugou novamente...
Ficou encantada ao perceber que o azul claro daqueles belos olhos escureceram...
-- Bem, acho que já chega disso... – Diana se afastou, seguindo até a carne, virando-a. – Acomode-se, já está tarde,
vamos comer e descansar.
Ficaram em silê ncio durante longo tempo, até a voz da Calligari invadir o ambiente.
-- Você fez carne? – Inalou o cheiro. – Carne! – Exibiu um sorriso, enquanto assoprava para esfriar, depois
mordiscou devagar. – Deus, que delı́cia!
-- Frango? – Pareceu incré dula com a ideia. – Nã o, claro que nã o!
-- Mas e entã o o que acabei de comer que tinha um sabor tã o gostoso?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 130/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sim! -- Diana se levantou e começou a arrumar as coisas. – Nã o me diga que é alé rgica?
Aimê parecia um pouco assustada com a informaçã o, mas acabou nã o fazendo nenhum protesto.
-- Pelo menos temos isso, devemos estar grata. – Meneou a cabeça. -- Tem muito mosquitos aqui. – Tateou até o
cantil, levando a á gua à boca e lavando-a.
-- Daqui a pouco eles deixarã o de perturbar. – Encostou as costas na madeira podre, mantinha os olhos fechados.
Estava sempre alerta, vigiando, temendo que os tra icantes a encontrassem e chegassem num momento que
estivessem indefesas.
Havia um jeito de acelerar aquela viagem e chegar à tribo do pajé em menos tempo, poré m seria arriscado tentar...
Nã o contara para a acompanhante, mas tinha certeza de que os tra icantes estavam perto do rio.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 131/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Como descansarei? Nã o me diga que vai icar vigiando? – Indagou de forma sarcá stica.
-- Você nã o consegue manter um diá logo sem agir como uma ogra? Até agora estava tudo bem, mas parece que você
nã o se permite ser gentil por mais de uma hora.
-- Nã o tenho que manter diá logos contigo e tampouco ser gentil!
-- Por que nã o? – Levantou-se. – Estamos juntas nessa fuga, somos nó s duas e nã o custa nada nos tratarmos com
um mı́nimo de polidez. Eu sempre te trato bem, mas estou começando a achar que você nã o merece isso.
Diana virou-se para deixar a cabana, mas parou, passando as mã os pelos cabelos, virou-se para a Villa Real,
segurando-a pelos braços e colou os lá bios nos dela mais uma vez.
Aimê espalmou as mã os para se livrar do contato, mas foi abraçada, surpreendendo-se.
Cerrou os dentes para conter o avanço, poré m mais uma vez foi surpreendida pela lı́ngua da pintora contornando a
parte externa de sua boca.
Sem conseguir resistir a tamanha insistê ncia, permitiu a invasã o, permitiu que ela se apossasse e nã o podia negar
que se sentia desejosa por mais.
Permanecia está tica, enquanto aquela linda ı́ndia selvagem parecia se deliciar, aprofundando mais e mais...
Aimê esboçou um som parecido com um gemido ao ter a lı́ngua capturada e sugada de forma intensa... do mesmo
jeito que ela izera com seu dedo há algum tempo...
Naquele momento teve a impressã o que todos os pelos do seu corpo se arrepiavam.
-- Espero que isso te mantenha calada, você fala demais e isso é muito irritante...
Seus lá bios ainda queimavam pelo toque dela, o ar ainda nã o chegava aos seus pulmõ es e parecia que milhares de
mariposas invadiam seu estô mago.
Os olhos intensamente azuis pareciam ainda mais brilhantes... Mais perdidos... Mais intensos...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 132/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Esperou durante horas pelo retorno da morena, mas nã o ocorreu e ela acabou dormindo naquela desconfortá vel
posiçã o.
Diana montara guarda durante toda a noite e ao raiar das primeiras luzes da manhã seguiu em busca da Villa Real.
Encontrou-a já de pé e parecia pronta para mais um dia de incansá vel caminhada.
Quando a itava tinha a impressã o de estar diante de um dia de primavera, colorido, cheiroso... Vivo...
-- Vamos embora logo! – Ordenou aborrecida enquanto arrumava as coisas. – Temos alguns visitantes por essas
á reas e teremos problemas.
-- O que faremos?
A Villa Real ainda abriu a boca para protestar, mas a Calligari nã o lhe deu muita chance.
Enquanto caminhava ela pensava em como a morena parecia nã o dar importâ ncia ao que aconteceu na noite
passada. Nenhuma mençã o ao beijo, nenhum deboche sobre ela ter cedido aos encantos daqueles lá bios aveludados.
Decerto fazia essas coisas para afrontá -la, com certeza se divertia ao perturbá -la.
Naquele dia tentaria manter distâ ncia daquela mulher, apenas responderia de forma mı́nima possı́vel, quem sabe
assim nã o teriam problemas como já era de costume.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 133/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o tinha como passar por aquela á rea sem ser notada e sabia que seria um risco grande.
A poucos metros dali havia um rio e se conseguisse pegar o barco seria bem mais rá pido chegar à aldeia.
-- O que houve?
Nã o caminhou mais de vinte metros para ser cercada por trê s homens.
-- Olha o que temos aqui! – Um deles falou se aproximando com arma em punho. – E a refé m do chefe, encontramos
a garotinha do crocodilo.
A Calligari conhecia aquele tipo de gente, que nem de gente deveria ser chamado, pois eram os piores tipos de seres
humanos. Roubavam, matavam, estupravam, levava os animais das lorestas para o mercado negro.
-- Que delı́cia! – O outro se adiantou com olhar lascivo. – Temos duas para levar ao bordel... – Observava Diana com
atençã o. – Foi você que a tirou do acampamento?
Outro se intrometeu.
-- Está doido, claro que nã o foi ela, como uma mulher adentraria no acampamento e levaria o tesouro do chefe... –
Apontou-lhe a arma. – Onde estã o seus cumplices? – Observava ao redor.
-- Nã o... Nã o, claro que eu nã o teria essa capacidade... Na verdade eu estava com outro grupo, digamos que sou um
acompanhante de luxo e percebi que essa aqui vale muito e estou querendo ganhar um extra.
A morena itou a Villa Real de soslaio, podia ver o pâ nico naqueles olhos bonitos, també m percebia a total confusã o
que se passava naquele semblante bonito.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 134/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Estou querendo fazer uma barganha com você s! – Empurrou Aimê no meio dos homens, parecia ignorar o perigo.
– Nã o fui bem tratada pelos meus amigos, entã o quem sabe nã o nos entendemos...
-- Preciso de um barco e estou disposta a lhe dar essa putinha para que seu trabalho aqui seja mais prazeroso, sem
falar que podem levá -la e vendê -la por um bom dinheiro, nem precisa entregá -la ao seu chefe... Vã o ter bastante dinheiro e
nã o precisarã o dividir...
-- Já sabem que ela é cega... – Gargalhou. – Mas para o que desejam fazer nã o é preciso que ela enxergue.
Um dos homens que parecia ser o chefe dos trê s, retirou uma arma da cintura.
Ele observava a herdeira de Ricardo com atençã o, mas pareceu interessado pela outra.
-- E por que você també m nã o entra no pacote? – Colocou o cano frio contra a pele do rosto dela. – Gosto de
mulheres como você , elas sã o as melhores para trepar gostoso. – Exibiu um sorriso. – Nunca vi uma prostituta tã o bonita...
-- Eu nã o tenho problema em participar da festinha... – exibiu um sorriso sensual, seguindo até onde estava Aimê . –
Mas olhem que coisinha mais linda... E você s nã o sabem do melhor... – Rasgou a blusa dela, deixando o sutiã à mostra. – E
virgem...Eu sei que seu chefe nã o permitiu que desfrutasse dessa belezinha, agora você s tê m essa chance... Use-a, depois
podem icar comigo!
-- Desgraçada! – A Villa Real cuspiu na cara da Calligari. – Espero que morra comida por um leã o.
Aimê soluçava.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 135/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sim, vamos pegar primeiro a garotinha e depois faremos o mesmo com você .
Olhava tudo com atençã o, planejava o que deveria fazer, examinava todos os perigos.
-- Você ica de olho nela. – O chefe ordenou. – Reviste-a, enquanto brincamos com a outra.
A Calligaria observou quando os brutamontes levantaram a ilha de Otá vio e por um momento sua mente a levou há
alguns anos quando fora atacada sem chances de defesa.
Ouvia os protestos que a jovem esboçava, como ela lutava, mesmo sem enxergar tentava se defender das investidas.
Sabia que teria que ser rá pida e certeira no seu pró ximo passo.
Sentia asco ao ter as mã os lhe apalpando, percebia que ele nã o estava em busca de armas, mas em també m
satisfazer sua libido.
Aproveitou que os outros estavam distraı́dos tentando segurar Aimê , quando rapidamente deferiu um golpe na
garganta do rapaz, deixando-o desacordado.
Os movimentos chamou a atençã o dos outros que se voltaram contra ela, poré m Diana fora muito bem treinada e
tinha ó tima pontaria.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 136/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A morena seguia até ela quando outro homem apareceu e ela precisou ser rá pida para que a Villa Real nã o fosse
atingida.
-- Temos que sair daqui o mais rá pido possı́vel. – Disse tentando nã o aparentar a dor que estava sentindo.
Diana a ajudou a subir, depois fez o mesmo, remando e buscando se afastar daquela á rea.
-- Apenas mexa os braços e tente seguir reto! – Ordenou enquanto arrancava um pedaço da blusa.
-- O que está fazendo? – Questionou, ignorando a ordem. – Você é uma miserá vel... Como pô de, Diana, como pô de
me entregar...
A morena enrolou, apertando forte para tentar estancar o sangue, amarrando-o... mas o vermelho já ensopava o
tecido.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 137/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Como pô de me entregar para aqueles homens? – Indagou por entre os dentes. – Como pode ser tã o suja, tã o
mercená ria... Eu a odeio... – Dizia em lá grimas.
Diana nada respondeu, pois tentava se concentrar para nã o gemer alto.
Com o barco seria bem mais fá cil e á noite chegariam à aldeia.
Nã o era seu plano ir pelas terras do pajé , poré m nã o seria fá cil seguir com Aimê e dá a volta, seria uma missã o
suicida, a jovem nã o aguentaria.
O rio era o atalho perfeito, o que seria difı́cil se seguissem por terra.
-- Eu juro que se tentar me entregar mais uma vez para esses bandidos, eu mesma te matarei.
Mirou o cé u e percebeu que ainda teriam tempo antes que anoitecesse, mas rezava para que chegassem logo.
Ouviu a manifestaçã o de peixes fora do barco... Piranhas... Elas sentiam o cheiro do sangue...
Observava a margem em busca de outros bandidos, estava com a arma bem pró xima de si, qualquer movimento
atiraria.
Seguia em busca de icar mais ao meio do rio, assim nã o seria uma presa tã o fá cil.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 138/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o farei mais nada que me mande e quando retornarmos para casa, contarei tudo o que fez para o meu avô . –
Falava em tom desa iante. – Te odeio cada vez mais, Diana, nunca pensei que poderia sentir esse sentimento por algué m, mas
você o merece em toda sua magni icê ncia.
A pintora estreitou os olhos negros de forma ameaçadora, enquanto levava a mã o ao ferimento, pressionando-o.
-- Se você nã o quiser icar perdida nessa maldita loresta sozinha, eu acho melhor que faça o que estou mandando. –
Dizia por entre os dentes.
-- Ah, depois de me entregar para aqueles homens, agora ameaça me deixar nesse lugar?
Mesmo sentindo fortes dores, a morena deixou o remo de lado e foi até a jovem, tomando-a pelos ombros
grosseiramente.
-- Nã o, sua idiota mimada, eu fui atingida por uma bala e nã o tenho muito tempo até perder a consciê ncia e se isso
acontecer você estará perdida em meio a essa maldita loresta.
-- Como? – Os olhos azuis se abriram. – Você foi baleada? – o pâ nico agora substituı́a à ira. – Onde? – Tentou tatear o
corpo dela.
-- Aimê , apenas me ajude a remar, pois eu nã o sei até quando aguentarei.
A Villa Real tateou, tomando os remos e rapidamente começou a fazer o que fora dito.
-- Precisamos de um mé dico... Onde eles balearam você ? Deixe-me tentar ajudar... – Dizia em total desespero.
-- Nã o, Aimê , nã o tem mé dico por aqui, precisamos chegar à aldeia, lá você estará segura. – Voltou a ocupar seu
lugar. – Precisamos... Precisamos ser rá pidas...
-- Meu Deus, você nã o pode fazer esforço, onde te acertaram. Temos que parar, precisa icar de repouso para nã o
sangrar até morrer.
-- Chega de falar bobagem, nã o podemos parar, nã o há o que fazer nesse lugar, precisamos sair daqui, pois aqueles
homens podem ter outros cú mplices e virem atrá s da gente.
A Villa Real ainda pensou em protestar, mas a Calligari estava certa. Só havia uma chance para as duas mulheres:
conseguirem chegar até a tribo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 139/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Aimê ...
Vá rias vezes a neta de Ricardo parara de remar apenas para ter certeza de que a Calligari nã o tinha desmaiado.
-- Se eu nã o conseguir... Nã o pare de remar em hipó tese alguma... Você ... Você vai chegar na aldeia e eles vã o cuidar
de ti... Vã o te levar para os seus avó s...
A Villa Real percebia pelo tom baixo que a morena estava muito fraca.
-- Nã o, Diana, você que vai me levar para eles... Você vai icar bem, é muito arrogante para ser parada por uma bala.
Aimê acabou esboçando um sorriso. Achava engraçado a forma como ela lhe chamava.
-- Bem, nã o há muito para se dizer sobre mim. – Mordiscou o lá bio inferior. – Eu tenho uma loricultura...
-- Sim... Apesar de hoje em dias as pessoas terem perdido o há bito de mandar lores, ainda temos alguma
raridades...
-- Eu gosto de rosas...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 140/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana nã o tinha mais forças para remar. Seu ombro estava dormente e sua visã o estava embaraçada. A ú nica coisa
que desejava naquele momento era dormir muito.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 141/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A noite caia majestosa, os animais havia cessado suas vozes... O frio enregelava os corpos quentes.
O abobado celeste exibia um manto estelar que se re letia nas á guas do rio.
Estava fria.
Abraçou o corpo inerte, sentiu a respiraçã o fraca... Sentia o cheiro dela em seus braços...
-- O que eu farei agora, princesa... Como uma cega inú til vai poder te ajudar? – Acariciou as madeixas negras. – Por
favor, meu Deus, me ajude, nã o permita que ela morra...
Sim, era a ú nica coisa que poderia fazer... Seguiria reto... Sim, seguiria reto... Precisava fazer isso... Precisava salvá -
la...
Enquanto sentia a pequena embarcaçã o se movimentar, suas lá grimas jorravam copiosamente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 142/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Temia que fosse tarde de mais para a Calligari, temia nã o conseguir chegar ao destino.
Se nã o tivesse se negado a ajudá -la, talvez estivessem nessa bendita aldeia naquele momento.
Nã o era um exercı́cio fá cil, ainda mais para ela que nã o tinha prá tica... A correnteza, pelomenos, parecia estar ao seu
favor...
-- Diana... Diana... – Chamou-a novamente, deixando os remos de lado e seguindo até ela.
A major estava em uma desconfortá vel posiçã o, sentada, tendo as costas comprimidas contra a madeira e a cabeça
pendida para trá s.
Aimê a abraçou, estreitou-a contra seu peito, era como se desejasse saber se a vida ainda pulsava ali, era como se
desejasse fazer algo que sempre desejou... Tomá -la para si e senti-la, senti-la mesmo quando viviam a digladiar...
Chamou-a inú meras vezes, murmurava seu nome como se fosse um mantra e já estava em pranto incontido mais
uma vez quando ouviu vozes e percebeu quando a canoa fora puxada.
Ubiratã e Piatã seguiam com tochas, enquanto observavam a pequena embarcaçã o ser puxada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 143/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê assustou-se, pensava que eram bandidos. Quando um dos ı́ndios se aproximou, ela o empurrou e lutava para
defender a Calligari quando vá rias mã os a detiveram.
-- Levem-na para a oca! – O pajé ordenava em seu dialeto, estava com o semblante preocupado.
Mã os a tocaram novamente, tentando tirá -la da embarcaçã o, mas ela enfrentou-os.
Piatã observava tudo e quando percebeu que aquela jovem de aparê ncia tã o frá gil lutaria para proteger a Calligari,
ele se aproximou, tocando-lhe o ombro.
-- Calma, criança, nã o vamos machucá -la, estã o seguras agora. – Falou em um Portuguê s enrolado.
Os olhos azuis pareceram mais amenos, poré m ainda nã o parecia totalmente convencida.
-- Chegaram ao seu destino. – Tomou-lhe as mã os. – Venha comigo... Cuidaremos da princesa e de você .
A Villa Real mordiscou o lá bio inferior, enquanto sentia um alı́vio em sua alma.
-- A Diana levou um tiro... Ela está muito mal. – Dizia em desespero. – Precisamos de um mé dico. Preciso icar com
ela. Precisam salvá -la, por favor... – Dizia apressadamente.
-- Vamos cuidar dela, faremos tudo que for possı́vel. – Fez um gesto para uma das ı́ndias. – Leve-a, dê -lhe de comer,
á gua para um banho, trate-a bem, ela precisa descasar... Faça um chá . – Terminou em dialeto local. – Vá com ela. – Colocou a
mã o da ilha de Otá vio unida com a da senhora. – Ela cuidará de você .
-- Nã o, eu preciso icar com a Diana... – Repetia. – Nã o posso deixá -la sozinha... Quero icar com ela, por favor...
Piatã a observava curioso, parecia surpreso com a emoçã o tã o pura que via naquele olhar tã o doce.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 144/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Havia fogueiras por toda aldeia, mas as pessoas pareciam caladas, assustadas...
Alguns olhavam com curiosidade para Aimê , outros para oca onde fora levada a princesa.
-- Nã o, meu bem, você precisa descansar... Cuidaremos da major... – Fez um gesto para que a ı́ndia a levasse.
Ainda ouviu os protestos da garota, mas ignorou, caminhando até o lugar onde tinha levado a morena.
O lugar era maior e era ali que levavam as pessoas que icavam doentes.
O espaço era grande e circular, feita de taquara e troncos de á rvores e a cobertura de palhas. Havia duas portas.
Havia improvisado uma espé cie de ‘cama’, já que se fosse para deitar na rede, poderia ser pior para o estado da
enferma.
-- Ela perdeu muito luı́do vital! – Piatã colocou um pano sobre a cabeça dela. – Ela precisa de cuidado dos
brancos...-- Observava-a e temia que ela nã o aguentasse por muito tempo.
-- Ela nã o resistiria a uma viagem de barco até a vila. – Cortou a blusa, observando onde o projé til penetrou. –
Precisamos estabilizá -la, depois veremos o que fazer. – Tocou-lhe a face. – Traga os materiais, vou precisar retirar essa bala.
-- A princesa mostrou muita coragem e isso me deixou orgulhoso. Apenas precisa ser menos cruel com quem nã o
tem culpa do que lhe aconteceu... – Segurou-lhe a mã o. – Precisará ser corajosa agora e buscar forças para resistir.
Muitas pessoas se aglomeraram ali, todos pareciam curiosos e assustados com o que aconteceu com a princesa.
-- Queime a ponta da faca! – O pajé ordenou. – Venham aqui! – Chamou alguns ı́ndios. – Segurem-na, pois mesmo
debilitada ela vai se debater quando tiver removendo a bala.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 145/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Piatã lhe entregou o objeto e logo pegou a tocha para iluminar o machucado.
O pajé começou o trabalho, primeiro limpando, colocando folhas de uma espé cie de planta sobre a ferida, depois
retirava e repetia o ato inú meras vezes...
Ubiratã itou a face de Diana, os lá bios entreabertos deixavam os dentes alvos à mostra.
As coisas nã o eram tã o fá ceis, pois o projé til penetrara fundo na pele.
De seus lá bios debilitados ela chamava por Aimê , em outro momento chamava por Alexander... Em sua
inconsciê ncia ainda guerreava com Otá vio.
-- Segurem-na! – Ordenou mais uma vez, pois a major nã o facilitava as coisas. – Piatã , assim que eu conseguir tirar,
pressione o ferimento com as folhas de pimenta de macaco.
O velho ı́ndio fez um gesto a irmativo enquanto itava a face pá lida da sua menina.
Quando Alexander trouxera a garota para aquelas terras selvagens, fora ele o responsá vel por cuidar da garota, ele
quem a treinara, quem a consolara durante longos dias de saudades.
Sabia bem por tudo que ela tinha passado e sempre achara que as tribos foram injustas em expulsá -la, poré m nã o
pô de protegê -la.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 146/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Tudo deve ser limpo para que nã o cause uma infecçã o. – Avisou. – Todo cuidado é pouco. – Fitava o objeto que
retirara de dentro dela. – Por isso nã o gosto dos brancos e de suas invençõ es! – Apertou forte o artefato. – Tragam mais folhas,
esse lı́quido vai ajudar a conter a hemorragia... – Pegou a agulha e deu alguns pontos.
-- Acha que ela vai resistir? – Piatã indagou preocupado. – Se essa bala atingiu outras partes?
-- Nã o sei, teremos que esperar... Ela tem alma de guerreira... Diana é uma grande guerreira, mas é mortal como
todos nó s... – Observou a face corada pela febre implacá vel. – Nã o sabemos os planos que o grande espı́rito tem para ela, mas
o que tiver que ser, só nos restará aceitar. Acho que ela tivera sorte, pois se o objeto tivesse ido mais fundo, agora ela já estaria
morta.
A aldeia estava quieta, pois todos temiam que o pior acontecesse a princesa, mesmo depois de tudo que se passara,
eles ainda tinham um enorme carinho por aquela jovem que sempre fora tã o rebelde.
Em sua mente inconsciente, revivia os momentos difı́ceis que passou. Em sua mente inconsciente ela ainda estava
sob o domı́nio de Otá vio.
A febre alta nã o deu tré gua e nem mesmo as compressas com á gua quente estava funcionando.
De meia e meia hora ele colocava um pouco de chá de erva em seus lá bios. Limpava a ferida, deixando-a a coberta
para que insetos nã o pousassem.
Aproximou-se e viu Aimê tentando se livrar de um ı́ndio que tentava detê -la pelo braço.
A cena era interessante, pois a Villa Real nã o parecia temer nada e em determinado momento, o robusto ı́ndio a
segurou pela cintura, praticamente tirando-a do chã o.
-- Eu quero vê -la... Por Deus, preciso que algué m entenda o que falo, por favor... – Pedia entre lá grimas. – Eu preciso
ver a Diana...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 147/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Soltem-na! – Ordenou. – Nã o devem tratar a mulher da princesa com grosseria. – Repreendeu-os, caminhando até
a jovem. – O que há , minha criança? – Tomou-lhe as mã os.
Aimê pareceu surpresa ao ouvir seu idioma, poré m sabia que nã o era o mesmo homem da noite passada.
-- Eu quero saber como está a Diana, mas essas pessoas nã o entendem o que falo. Preciso icar com ela... Ela está
viva? Por favor, temos que leva-la a um hospital... – Falava rapidamente.
A ilha de Otá vio tinha uma beleza doce, ingê nua, encantadora.
Fitando os olhos que nã o tinha luzes, era possı́vel sentir a á urea nobre que a envolvia.
-- Venha comigo, te levarei até onde está a princesa. – Segurou-lhe a mã o.—Infelizmente ela nã o poderá deixar a
aldeia, mas está lutando, se apega ao io de vida que lhe resta com unhas e dentes.
Nã o conseguira dormir durante toda noite, pois seus pensamentos estavam na morena. Ningué m lhe dizia nada e o
medo que algo de ruim tivesse acontecido lhe acometia.
-- Pronto! – Pegou a mã o da jovem e pousou sobre a da Calligari. – Ela nã o está bem ainda, poré m é forte e está
lutando para se recuperar.
Aimê reconheceu o tato macio dela e apertou-a, sentindo a vida ainda presente ali.
Seu coraçã o pareceu bater mais acelerado naquele momento, pois chegara a pensar que nunca mais estaria com a
Diana.
-- A febre está muito alta, mas estamos fazendo o impossı́vel para baixá -la. Tiramos a bala, poré m há uma infecçã o...
-- Nã o seria melhor que ela fosse levada a um hospital? – Indagou preocupada. – Devem ter mais recursos...
-- Ela morreria antes de chegar. Daqui até a vila levaria um bom tempo e nã o teria como ser levada por mata
fechada e dormir ao relento pioraria o estado.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 148/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- A bala foi retirada, mas ela perdeu muito sangue, por isso precisará de forças para se recuperar.
Diana estava demasiadamente pá lida e seus lá bios feridos devido à alta temperatura do corpo
-- Preciso fazer algumas coisas, preparar mais chá s e buscar mais folhas, deseja icar aqui com sua mulher?
Aimê sentiu o rosto corar diante das palavras, pois se sentia constrangida quando se referiam a ela daquela forma,
era como se algo estremecesse dentro de si.
-- Ah, major, você vai icar boa, eu sei que uma balinha nã o é pá reo para ti... – Tateou a face. – Precisa superar essa
infecçã o. – Desceu os dedos até os lá bios entreabertos. Tateava o rosto como izera no outro dia. – Esqueci de dizer que você é
muito bonita...
Nã o negava que dentro do seu peito havia um misto de raiva e outro sentimento que preferia nem cogitar a
possibilidade de sua existê ncia... Poré m quando icara sabendo que ela fora alvejada icara totalmente desesperada e nã o
apenas por temer icar perdida dentro daquela mata, mas por algo mais...
Desenhava o formato da boca, a maciez que nã o combinava com a total crueldade que sempre era proferida na
maioria das palavras ditas por ela.
Alguns segundos depois, levou aos pró prios lá bios os dedos que a tinham tocado.
Baixou a cabeça e daquela vez depositou um beijo demorado na face dela, em seguida desceu até a boca que perdera o
rosado e nã o parecia ter vida, mesmo assim ainda era suave ao toque.
-- Apesar de tudo, sou muito grata por ter me salvado... Por ter se arriscado... – Esboçou um sorriso. – Quem se
aventuraria em meio a uma loresta como essa com uma cega? – Mordiscou o lá bio inferior. – Perdoe-me se a coloquei nessa
situaçã o... Perdoe-me, Diana... Jamais desejei que algo de ruim te acontecesse... – Uma lá grima insistiu em rolar por seus
lindos olhos.
Havia silê ncio, mal se ouvia a voz daquelas pessoas, apenas as aves cantavam, mas a melodia parecia triste...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 149/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Villa Real passara o dia ao lado da “esposa” . Piatã a ensinou a cuidar do machucado, trazia sempre á gua para que
izessem compressas para que a febre cedesse e as folhas para colocar sobre a ferida.
Aimê sempre fazia com cuidado e sempre cantava ou contava algo enquanto executava o delicado serviço.
Nã o deixara a oca mais, ocuparia a rede, poré m sempre icava assustada diante da ideia da Calligari precisar de
algo e ela nã o ouvir, por esse motivo, resolveu deitar ao lado da morena na cama improvisada.
Diana parecia cada vez mais agoniada, sempre murmurava palavras incompreensı́veis e em alguns momentos se
debatia, entã o a Villa Real a abraçava e a major se acalmava.
Em uma ocasiã o ela abrira os olhos, mas foi algo muito rá pido. Outras vezes apertava a mã o de Aimê , como se assim
quisesse mostrar que ainda estava lutando, em outros momentos se debatia... ainda tinha muita febre. Delirava a maioria das
vezes...
A Villa Real nã o conseguia entender direito o que ela dizia, mas sempre a pintora icava agitada, deitava ao lado
dela e a abraçava, sussurrando doces palavras ao seu ouvido.
A neta de Ricardo estava ao lado dela, segurando-lhe a mã o como era de costume.
-- Há muitas crianças aqui e estã o sempre correndo e brincando... Gostaria de entender o que falam... Nã o me
aproximo, pois tenho medo que iquem doentes, sei que elas nã o tem nossas defesas... Eu ico imaginando se você era uma
indiazinha assim també m... – Sorriu. – Eu nã o consigo pensar em ti como uma criança... E como se sempre fosse uma mulher
forte... Ando comendo umas coisas estranhas... mas nã o é ruim, a inal, ainda meu estô mago revira quando lembro da rã que
me fez comer...
Aimê sempre narrava os fatos da sua estadia para a morena, mesmo que ela continuasse desacordada.
-- Piatã é muito agradá vel, sempre gentil e gosta de me falar sobre o costume do seu povo...
A Calligari ouvia aquele som que sempre a confortava, como se izesse parte dos seus sonhos, mas nunca conseguia
saber de quem se tratava.
Um anjo?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 150/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Esforçou-se mais uma vez para despertar e daquela vez obteve sucesso.
Sentia dores... Sua mente estava confuso... Por um momento imaginou que estava em sua casa.
Fechou os olhos novamente e ao abri-los conseguia enxergar melhor e foi quando viu aquele cé u azul a itá -la.
Aimê ...
Ela conversava consigo, falava coisas como se ela estivesse acordada. Entã o nã o fora um sonho, havia algué m ali.
Observou o teto coberto de palhas, pelas aberturas viu que ainda era dia.
Percebeu que estava deitada em uma espé cie da cama, enquanto a Villa Real estava sentada sobre um tronco que
servia como banco.
-- ... o que mais gosta de falar é sobre o fato de você ser uma princesa... – Exibiu um sorriso. – Fala que agora
també m sou uma, pois de acordo com as leis das tribos estamos casadas, unidas para sempre.
Ela estava tã o linda... Se existia anjos, nã o havia dú vidas de que eles tinham aquela aparê ncia.
-- Antes você precisa fazer amor comigo para essa lei valer... – Sussurrou roucamente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 151/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A voz era baixa e chegou até pensar que se tratara de sua imaginaçã o.
-- Diana...
A Calligari sentia como se aquela garota invadisse seu ı́ntimo sempre que pronunciava seu nome.
-- Acho que sim... – Esforçou-se para falar um pouco mais alto. – Acho que ainda sou a Diana...
Os olhos azuis pareceram ainda mais brilhantes, enquanto os dentes alvos se abriam em um sorriso.
A ilha de Alexander adorou senti-la tã o receptiva, ainda mais depois de ter ingido que a entregaria para aqueles
homens.
Respirou fundo sentindo o cheiro dela, os cabelos pareciam perfumados com rosas.
-- Seja bem vinda ao mundo dos vivos, major. – O chefe pareceu feliz. – Sabı́amos que nã o sucumbiria tã o facilmente.
Aimê se afastou delicadamente, as bochechas estavam tingidas de vermelho. Sentia-se constrangida, tı́mida...
-- Nossa princesa nã o seria abatida tã o facilmente. – Piatã depositou um beijo em sua face. – Poré m você dançou
com a morte e acho que ela se apaixonou por seus olhos negros.
Diana sentia um desconforto no corpo, estava muito fraca, mas també m sentia a vida pulsando forte dentro de si.
-- Acho que terã o que me suportar por um bom tempo... – Disse lentamente. – Tenho a impressã o que perdi todas as
minhas forças.
-- Disso nã o há dú vidas... – O pajé lhe deu um pouco de chá . – Perdeu muito sangue... Precisará recuperar as
energias. – Colocou a mã o sobre o ombro de Piatã . – Venha comigo buscar mais ervas e preparar algo para a major comer...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 152/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê , cuide da sua mulher na nossa ausê ncia. Mandarei que traga uma canja.
Os dois ı́ndios saı́ram entusiasmados, conversavam animadamente depois da boa surpresa que tiveram.
A Calligari observou-os se afastarem e logo voltou sua atençã o para a jovem de olhos da cor do cé u.
Estava limpa, seus trajes, mesmo um pouco surrado, nã o apresentavam a sujeira de antes.
Reconheceu as roupas.
Usava camiseta branca que valorizava os ombros magros, calça jeans preta que se moldavam perfeitamente a seu
corpo bonito.
Fitou o rosto...
Os lá bios estavam mais rosados do que antes...E sua face parecia pegar fogo.
-- Fico feliz que os canibais nã o tenham te comido... – Disse em tom de provocaçã o.
Aimê nã o estava mais sentada, agora permanecia de pé ao lado da cama improvisada.
-- Fico feliz que esteja bem! – Tentou ignorar o sarcasmo. – Pensei que nã o conseguiria. E aqui nã o há canibais,
princesa!
A Calligari sorriu.
Tinha uma sensaçã o de felicidade enorme em seu peito... Mesmo sabendo que tudo aquilo era um jogo de
provocaçã o que aquela mulher adorava jogar.
Fez uma prece silenciosa, estava grata por ela ter acordado... Temeu nunca mais ouvir aquele sarcasmo.
Nã o que alguma vez em sua vida chegara a desejar a morte de algué m ou algo ruim, poré m desde que conhecera a
morena, sentira tanta raiva como jamais sentiu em seus vinte e dois anos de vida.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 153/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aquela ı́ndia selvagem parecia gostar de provocá -la, de machucá -la, parecia adorar feri-la, mesmo assim, havia algo
maior, ela sentia e isso era assustador.
Diana parecia tentar descobrir o que ela estava pensando naquele momento.
-- Sua volta triunfal para casa vai ter que esperar um pouco, nã o tenho condiçõ es ainda para seguir até a vila.
-- Sim, eu sei, e nã o estou preocupada com isso, esperarei o tempo que for preciso, desejo apenas que melhore, que
se recupere...
Macia...
-- Quando eu estava desacordada você conversava mais, agora parece um cordeirinho temeroso... Acha que devido
à s minhas origens você corre o risco de icar sem uma perna?
-- Nã o sou um cordeiro... E como sabia que conversava se estava desacordada? Nã o me diga que andou ingindo? –
Arqueou a sobrancelha esquerda.
As vezes era difı́cil para a pintora acreditar que a neta de Otá vio era cega, pois a intensidade daquele olhar parecia
dizer o contrá rio.
-- Sabe o que eu preciso? – Fitava os dedos longos da jovem, fazendo uma espé cie de massagem em sua pele. –
Preciso da minha casa, da minha cama confortá vel, do meu cavalo... Da minha pintura...
-- Nossa... Sempre pensei que para ter esses dons artı́sticos seria preciso sensibilidade.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 154/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê percebeu o que tinha ocorrido, entã o voltou a sentar ao lado dela.
Ainda tinha a mã o na sua, ainda sentia a força dela tã o presente...
A sensaçã o de felicidade só aumentava... Desejou abraça-la novamente... mas acabou icando apenas de mã os dadas
com a esposa.
A ilha de Otá vio permaneceu ao lado dela por todo o resto do dia e a noite. Apenas no dia seguinte, Diana
despertou novamente.
A Calligari a encarou.
Era estranho vê -la ali, parecia nã o se cansar de icar naquele lugar, segurando-lhe a mã o.
-- Por quê ? Nã o gosta de artes? Nã o haveria maldade alguma, apenas uma bela obra para ser apreciada.
O pajé chegou trazendo uma espé cie de sopa, já se ajeitava para ajuda-la, mas a jovem disse que conseguiria
sozinha, apenas pedindo que a ajudasse a sentar.
Aimê inicialmente icou confusa com as palavras, mas se recordou do que estavam a falar.
-- Nã o seria uma modelo boa e també m nã o con iaria em ser retratada por você .
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 155/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Por favor, Diana, você mesma disse que aquele ritual nã o valeria nada.
A morena pareceu nã o gostar de ouvir aquilo, era como se fosse horrı́vel para a garota se imaginar em um
relacionamento consigo, logo ela tã o disputada por homens e mulheres, logo ela que todos desejavam conquistar.
Aimê sentiu a voz um pouco aborrecida, talvez fora um pouco arrogante ao se negar.
-- Apenas pinto...
Por que se sentia tã o angustiada quando se tratava da ilha de Otá vio?
Acariciou os dedos longos e inos e se recordou de quando teve um deles em seus lá bios, em sua boca...
Pediria a uma das ı́ndias para levá -la ao rio para banhar novamente. Na noite anterior fora e adorara a á gua.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 156/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Percebeu que ela nã o dormira ao seu lado na noite anterior, quando despertou descobriu que ela estava na rede.
Aimê corou.
-- Nã o se preocupe, ela sempre fez isso, quando estava desacordada era ela que cuidava dessa parte. – Colocou a
cuia e um pano nas mã os de Aimê e depois se afastou.
O rosto da neta de Ricardo estava totalmente corado, enquanto tinha a cabeça inclinada para baixo.
Sim, ela cuidara da princesa, mas era diferente quando Diana estava desacordada.
A Calligari se ajeitou, sentando-se, apoiando as costas na oca, deixou que o lençol que a cobria caı́sse até a cintura.
Estava nua!
A jovem mordiscou o lá bio inferior demoradamente... Hesitou... Seu olhar parecia perdido.
Era possı́vel ouvir o canto dos passarinhos, o barulho das pessoas se movimentando lá fora.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 157/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sente-se aqui! – Fê -la se acomodar na beirada da cama improvisada. – Imagino que só passa esse pano molhado
para retirar o suor e me refrescar... Nã o vai ser muito ú til, poré m aceito de bom grado sua boa vontade.
Estava trê mula quando molhou o pano e mais trê mula quando tocou naquela mulher.
Diana observava tudo com atençã o e tinha quase certeza de que a Villa Real evitava de todo jeito encostar na sua
pele.
Ela passou pelo pescoço, pelos braços e já seguia para o abdome quando a morena segurou-lhe o pulso, levando-o
até os seios.
A Calligari retirou o pano, fazendo que as mã os da jovem pousassem sobre o colo bem feito.
A neta de Ricardo sentia a maciez e logo percebeu que os mamilos se enrijeceram diante do toque.
Sentiu a pele embrasada... Arqueou as costas, empinando-os mais. Estava fraca, mas mesmo assim o desejo por
aquela garota era mais forte do que qualquer coisa.
Encarava a Calligari
Sentiu um incô modo no abdome que já se tornou conhecido para si.
-- Sã o rosados... – A Calligari sussurrou roucamente. – Por que nã o os descreve para mim? Faça como naquele dia...
Conheça-os...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 158/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê permanecia com a cabeça baixa, poré m diante daquele som baixo e excitante, os olhos azuis pareciam mais
estreitos ao mirá -la cegamente.
Inicialmente abriu a boca para falar, mas as palavras pareciam presas, mudas... Pigarreando, tentou novamente.
-- Sã o redondos como laranjas... poré m maiores... Estã o arrepiados... – Esboçou um sorriso nervoso. – Os biquinhos
nã o sã o grandes... mas sã o sensı́veis ao meu toque...
Diana segurou-lhe as mã os, conduzindo-as de forma a prolongar as carı́cias... Seu corpo, mesmo debilitado, estava
em verdadeiro fogo.
Aimê sentiu a face queimar... Levantando-se de forma tã o atrapalhada que quase caiu.
Notava o quã o chocada a jovem estava, poré m sabia que havia mais coisas... Muito mais.
Sentia a boca seca, o coraçã o batia aceleradamente, tinha a impressã o que a qualquer momento cairia, pois suas
pernas nã o paravam de tremer.
-- Eu... eu acho melhor que o faça sozinha... – Falou quando teve controle de suas faculdades.
-- O Piatã falou que você era responsá vel por essa parte.
-- Isso era quando você nã o podia. – Levantou o dedo em riste. – Agora já está boa.
-- Acabei de sair de um perı́odo em total iné rcia e ainda nã o tenho forças para nada.
Aimê parecia ponderar sobre isso, poré m continuava quieta, tendo os braços cruzados na altura dos seios.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 159/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o estava bem, estava muito sonolenta e a ú nica coisa que desejava era poder descansar.
Fechou os olhos e nã o demorou a dormir novamente, tendo o corpo cheio de desejo pela ilha de Otá vio Villa Real.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 160/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Durante todo o dia a aldeia fora assolada por uma forte tempestade.
Nã o havia pessoas ao redor de fogueiras, apenas em suas ocas, protegendo-se da fú ria da natureza.
Era possı́vel ouvir o som das á rvores sendo balançadas pelo vento, era possı́vel ouvir seu gemido.
A noite já tomava conta e o aguaceiro nã o parecia desejar dar tré gua.
A major voltou a ter febre naquele dia logo depois de ter sido banhada por Aimê .
Ficara grata por sua salvadora ter passado o dia dormindo, despertando apenas para comer, poré m nesse momento
Aimê nã o estava presente. Tinha saı́do com Piatã , o ı́ndio a levou para presenciar um ritual pró prio daquele povo. Sendo
assim, só o pajé icara com a Calligari.
Quando retornou icara sabendo que a morena tinha tido uma recaı́da.
Estava preocupada e se sentindo culpada por nã o ter icado ali para cuidar dela.
Ubiratã a itou por sobre os ombros e percebeu que algo nã o estava bem com a ilha de Otá vio.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 161/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os olhos negros se acostumaram com a penumbra e nã o demorou muito para ver a neta de Ricardo parada a alguns
metros.
Sentira falta dela, ainda mais nas vezes que despertou e a procurou ao seu lado como era de costume.
Diana desviou os olhos de sua esposa e encarou o homem que a itava de forma impaciente.
-- Espero que nã o tenha andado fazendo esforços desnecessá rios... Deve icar em repouso. – Repreendeu-a.
-- Eu nã o aguento mais icar deitada, isso sim está me deixando doente...
-- Fique em repouso até que esteja bem... Quanto a você , Aimê , tente fazer a sua mulher ser menos teimosa.
O velho deixou a oca pisando duro, enquanto a Villa Real permanecia no mesmo lugar. Seu olhar denotava susto,
medo, receio, mas també m havia desa io.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 162/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana estava pensativa, seu olhar recaı́a sobre suas mã os. Nã o estava totalmente deitada, mantinha-se sentada,
tendo o corpo coberto.
Levou a mã o ao lugar onde recebera o disparo, mais uma cicatriz para as inú meras que possuı́a... nã o só em seu
corpo, mas em sua alma.
Suas costas tinham muitas... a inal, fora chicoteada por Otá vio, enquanto icava presa em um tronco incado.
Um trovã o a tirou dos seus devaneios, o relâ mpago iluminou o rosto da Villa Real e por um momento Diana teve a
impressã o que nã o era os olhos da jovem, mas sim os do pai dela.
Respirou fundo!
Estavam longos...
Ela jazia parada, mantinha os braços cruzados sobre o colo. Mesmo na penumbra conseguia ver a carranca que
estava entre as sobrancelhas inas.
-- Vai passar a noite toda aı́ como uma está tua? – Questionou-a impaciente.
-- Hoje terá que dormir comigo! – Diana disse quando percebeu que a jovem já parecia desesperada.
-- Por quê ?
-- Porque somos casadas e como nã o posso icar na rede, você deve deitar aqui.
Lentamente foi até a o lugar onde se acomodaria, tentando manter total distâ ncia.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 163/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sua tribo nã o se importa por uma mulher casar com outra? – A Villa Real indagou aborrecida. – Esse tipo de coisa
é normal para você s?
Lentamente, mexeu-se, icando de lado, observando as sombras que faziam no rosto bonito.
-- Eu nã o sei... – Respondeu simplesmente, fechando os olhos. – Se tem tanta curiosidade, pergunte você mesma a
eles.
Desejava falar sobre o que aconteceu de manhã , pois alguma coisa sucedera consigo naquele momento, poré m
temia que a Calligari agisse com seu costumeiro sarcasmo.
Nã o obteve respostas, imaginou que a outra estivesse a dormir, poré m depois de algum tempo ouviu uma pequena
movimentaçã o.
Estendeu a mã o para lhe tocar a face, mas desistiu, fechando-a, recolhendo-a.
-- Durma, Aimê ! – Ordenou rispidamente. – Nã o estou muito sociá vel para conversar.
-- Desde que nos conhecemos nunca percebi você sociá vel comigo... Tenho certeza de que nã o gosta de mim... – Deu
um sorriso nervoso. – Bem, eu nã o sei o que te iz e quando penso no seu desagrado com a minha pessoa, ico imaginando que
nã o gosta de mim porque sou cega... Eu até entendo, a inal, se fosse algué m sem de iciê ncia, você nã o teria tido tantos
problemas para salvar...
Suspirou!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 164/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Quando toda a verdade fosse desvendada Aimê entenderia sua raiva, descobriria o motivo de odiá -la, perceberia
como o homem que via como santo nã o passava de um desgraçado miserá vel.
Sim, seria esse o dia mais feliz de sua vida, seria esse o momento que esperara durante anos quando fora acusada
das piores coisas, enquanto um maldito assassino recebia homenagens de todos, honrarias que nã o acabavam mais...
Quando todos soubessem quem fora Otá vio Villa Real, sua missã o teria chegado ao im e buscaria um pouco de paz
para sua vida.
Algum tempo depois dormia, enquanto a neta de Ricardo permanecia quieta, sentindo em seu peito aquelas
descompassadas batidas.
Rezava para que tudo aquilo terminasse o mais rá pido possı́vel, rezava para que pudesse retornar para casa.
Deixaria para trá s todas aquelas estranhas lembranças, deixaria para trá s todos aqueles con litantes sentimentos que aos
poucos a deixava cada vez mais confusa.
O pajé fazia suas oraçõ es matinais em sua oca quando dois ı́ndios se aproximaram respeitosamente.
Levantando-se, fez um gesto para que eles adentrassem a oca e foi quando viu quem os acompanhava.
Yana!
A bela jovem de cabelos intensamente negros e olhos castanhos nã o era uma ı́ndia qualquer. Aquela bela mulher,
quando adolescente, deixara a tribo com a Calligari. Na é poca tinham quinze anos quando foram contra as leis da tribo,
aquele fora a primeira vez que a ilha de Alexander sofrera castigos terrı́veis.
Os trê s precisavam de alento, pois se perderam devido à chuva e por esse motivo pediam abrigos por uns dias.
Ubiratã sabia que nã o era uma boa ideia, mas nã o podia negar hospitalidade, isso seria uma ofensa a Tupã .
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 165/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estendeu a mã o, tocou-lhe a face e logo a jovem abriu os olhos, parecia assustada.
-- Por favor, Diana, como ousa falar isso do meu pai, o que ele te fez? – Questionou horrorizada.
-- Ele é meu pai, Diana... – Disse com os olhos em lá grimas. – O homem que me protegeu de tudo e de todos...
Naquele momento a major desejou dizer tudo que aquele “heró i” izera contra si, poré m ainda nã o era o momento.
-- Eu nã o gosto que fale meu nome, tenho algo que me incomoda no seu timbre quando pronuncia.
-- Como devo chamá -la entã o? – Indagou com as mã os nos quadris.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 166/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Precisamos ir embora...
-- Nã o pode ainda, o pajé disse que seria perigoso...Deve ter paciê ncia...
Antes que pudessem falar mais alguma coisa, uma bela ı́ndia se aproximou.
Aimê permanecia em silê ncio até que uma voz feminina foi ouvida.
A bela ı́ndia fazia parte da tribo da sua mã e e fora por conta dela que a Calligari fora banida pela primeira vez da
tribo.
Recebeu o abraço da jovem e nem ao menos protestou quando teve a boca tomada em um beijo.
Aimê quase nã o entendia o que era dito, pois a maioria das palavras era falada no dialeto local, poré m era
percebı́vel o carinho que elas trocavam.
Estava se sentindo um pouco deslocada ali, entã o se afastou e nã o pareceu ser notada sua ausê ncia.
Nos dias que se seguiram o chefe parecia muito incomodado com a proximidade de Yana, até mesmo chegara a
repreender a presença dela ao lado da Calligari, pois a visitante praticamente assumiu toda a responsabilidade de cuidar da
morena e nã o a deixava sozinha por um ú nico segundo.
Os comentá rios já surgiam e ele sabia que isso nã o era algo bom.
Nã o demoraria muito para Tupã aparecer naquele lugar e armaria uma verdadeira guerra.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 167/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê estava sentada em um banco enquanto ouvia o som dos tambores, sabia que os ı́ndios estavam a dançar ao
redor da fogueira, Piatã descrevera para ela como eles faziam.
O bom ı́ndio estava ao seu lado, ele se tornara uma boa companhia.
Ouvia os risos das crianças e imaginavam se continuavam a observá -la com aquela expressã o curiosa.
O homem se afastou.
Naqueles dias que estavam ali, ele nã o costumava se aproximar, trocaram poucas palavras.
O chefe observava os olhos que brilhavam muito, mesmo nã o tendo luz.
Ela estava sentada sobre uma pedra e o chefe se acomodou ao seu lado.
-- Você nã o foi sequestrada por aqueles homens, você estava buscando resposta para o que se passou com seu pai.
-- Eu apenas sei... – Tocou-lhe a face. – Escute o que te direi: Esse passado que você está buscando nã o lhe fará bem.
Viva a sua vida e deixe as coisas como estã o.
-- Como posso deixar as coisas como estã o? – Indagou irritada. -- Meu pai era um homem digno, honrado que vivia
por seu paı́s, vivia por mim... Eu estava com ele quando sofreu o atentado, eu iquei cega naquele dia. – Disse emocionada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 168/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ela nã o conseguia se esquecer desse momento, vivia perturbada com tudo o que ouviu dos sequestradores.
O pajé levantou-se.
-- Vá até a Diana, ique ao lado dela! – Ordenou demonstrando impaciê ncia.
A ilha de Otá vio estava chateada, mesmo que nã o ousasse admitir isso. Desde que a ı́ndia chegara, nã o voltou a se
aproximar da esposa e tinha quase certeza de que a Calligari tinha algum tipo de relacionamento amoroso com a tal de Yana.
Sentia-se grata a Piatã , pois ele a aceitou em sua oca quando fora expulsa pela amiguinha da major.
-- Jamais tive essa intençã o, apenas nã o posso ter nenhum tipo de amizade com algué m que me trata mal, que é
sempre arrogante e cruel...
O pajé nada disse, apenas se afastou, seguindo até a oca onde a morena ocupava.
Ao entrar encontrou Diana deitada e a ı́ndia lhe beijando os lá bios de forma ousada.
-- Yana!
-- Entã o foi para isso que você veio? Para trazer uma guerra novamente para o meu povo? – Acusou-a.
Sentia-se bem melhor, seu corpo parecia recuperar a força dia apó s dia.
-- Nã o houve nada! – Ela disse de forma calma. – Nã o está vamos fazendo nada de errado.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 169/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Saia daqui Yana e amanhã mesmo desejo que deixe a minha tribo, volte para seu povo, para o seu homem!
-- As vezes eu penso quantas vidas teriam sido poupadas se eu nã o tivesse te recebido em minha tribo. – Disse
quando icaram sozinhas.
-- Nã o pedi para que me aceitasse e jamais desejei fazer parte dos costumes que você s seguem. – Retrucou irritada.
– Gostaria de nunca ter vindo aqui...
-- Duas vezes você causou a morte do meu povo e eu nã o permitirei que se repita.
-- Sim, princesa, você deixará a aldeia, poré m antes vai se redimir diante da sua mulher! Ela está humilhada diante
de todos... Você a tirou de sua oca para dar lugar a outra!
Aimê nã o retornou e se ela fez assim é porque nã o desejava icar perto.
A Calligari tentou levantar, mas o fez de forma tã o brusca que sentiu tonta, voltou a sentar.
-- Tupã quase me obrigou a casar com Otá vio e para pagar uma dı́vida que nunca tive, izeram-me desposar a ilha
do homem que mais odeio em todo o universo para retratar a minha negativa!
Ubiratã sempre fora contra aquilo, mas nã o pô de fazer nada na é poca.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 170/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você nã o tem mesmo respeito por seu sangue! – Bateu com o cajado no chã o. -- Você acha que tratar mal e
desrespeitar a Aimê diante de todos é algo bom? Você é uma princesa, deveria honrar a sua tribo, deve respeito a eles!
-- Respeito? A minha mã e foi morta pela tribo que a proclamou uma espé cie de rainha, eu fui jogada por eles no
meio da selva para morrer...
-- E eu a protegi, cuidei de ti e o que você me deu de volta? – Suspirou. – Se deseja sair dessa tribo e voltar para o
seu mundo una-se a sua mulher.
-- E se eu nã o o izer? –Levantou a cabeça em forma de desa io. – Enoja-me só em pensar em tocá -la, tenho ná useas
quando me lembro de quem ela tem o sangue dele. – Mordiscou o lá bio inferior demoradamente. – Nã o terei nada com ela!
-- Entã o vai ter que matar todo mundo para deixar esse lugar.
Jamais aceitara os costumes daqueles povos primitivos, jamais viveria em um lugar onde se tem regras tã o
in lexı́veis.
Quando fora levada para a tribo da sua mã e, fora rejeitada e banida para viver em meio ao mato.
Na é poca era apenas uma criança, mas aos poucos fora descobrindo como aquelas pessoas podiam ser crué is.
Sua mã e passara anos da sua vida sendo julgada por ter se envolvido com Alexander e morrera por esse motivo.
Irritada, levantou-se.
Maldita mimadinha!
Ela nã o tinha nada que ter reclamado, era uma maldita miserá vel igual ao pai.
Sentiu-se tonta, mas era normal devido passar muito tempo deitada.
Vestiu-se!
Caminhou a passos lentos parando para observar as danças que estavam ocorrendo naquele momento.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 171/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê estava sentada a uns quinze metros, tinha o olhar voltado em sua direçã o.
Nã o tivera mais contato com ela e vendo-a agora era como se algo estivesse preso dentro do seu peito, uma raiva
ameaçava explodir.
Era igual ao maldito Otá vio, fazia-se de vı́tima para que tivessem pena dela.
Lentamente caminhou até onde ela estava, parado de pé diante da jovem, observando-a de forma arrogante.
A neta de Ricardo tentou se desvencilhar das mã os que a prendia, mas foi em vã o sua tentativa.
Aimê nã o teve tempo de protestar, pois foi arrastada, diante dos olhares curiosos de todos.
-- Está louca!? – A Calligari falou ao sentir as costas pressionadas violentamente contra a madeira.
Há dias nã o se falavam e de repente aquela mulher vinha com toda aquela fú ria.
Louca!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 172/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Foi reclamar para o pajé da forma que te trato? – Apertou-a mais forte. – Pensa que é quem para desejar um
tratamento melhor? Acha que só porque izemos parte daquela palhaçada, você realmente tem algum signi icado para mim? –
Gargalhou de forma sarcá stica. – Você acha que realmente é a minha esposa? – Debochou.
Aimê tentou empurrá -la, mas a morena era uma mulher bastante forte e sua posiçã o era mais favorá vel.
-- Eu nã o falei nada e també m nã o me importa a forma que o faz, pois logo que sairmos desse lugar, nunca mais irei
cruzar contigo... Quanto a ser sua esposa... Nã o gosto de mulheres e se gostasse, jamais gostaria de uma como você .
Diana estreitou os olhos de um jeito tã o ameaçador que qualquer um se afastaria assustado.
-- Pela maldita lei da tribo você é minha mulher! – Mirou o desa io nos olhos azuis. – Ló gico que se fosse para eu ter
escolhido, você jamais seria algué m com quem eu me casaria. – Observou que agora havia indignaçã o. – Nã o me interesso por
menininhas mimadas, por criancinhas idiotas e iludidas.
-- Esse casamento nã o tem nenhuma importâ ncia para mim... Jamais teria algo com um ser desprezı́vel como você . –
Tentou empurrá -la novamente, mas foi contida. – Solte-me, sua detestá vel! – Falou um pouco mais alto.
Diana estava ainda mais furiosa pela forma que a jovem falava consigo.
-- Pois mesmo que para ti nosso casamento nã o tenha importâ ncia, para essas pessoas estamos unidas para
sempre... – Baixou mais o tom de voz. – Entã o, mimadinha, prepare-se, pois antes que o sol nasça, nosso enlace será
consumado... Antes que o sol nasça eu a tomarei como se o faz com uma prostituta!
A Calligari mirou a face iluminada pelo luar e viu a palidez tomar conta daquele rosto bonito.
A pintora estava tã o brava que parecia que um gê nio do mal tomara conta do seu corpo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 173/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Villa Real tentou empurrá -la, mas teve os lá bios tomados violentamente.
A Calligari pousou as mã os sobre os seios pequenos, buscando-os atravé s do tecido e quando seus dedos
encostaram-se a eles sentiu uma corrente elé trica passando por sua espinha.
Aproveitou que a jovem abria a boca para protestar e dessa vez conseguiu acesso em seus lá bios.
Estava excitada, louca para satisfazer o corpo que a queria... A combinaçã o de raiva com paixã o a estava deixando
totalmente descontrolada, coisa que há tempos nã o acontecia, na verdade jamais aconteceu daquele jeito.
Colocou a coxa em meio à s dela, roçando em seu sexo de forma grosseira... Ousada... Deliciosamente dominadora.
Aimê pareceu ter um lapso de consciê ncia, tentando afastar a princesa, mas Diana nã o costumava parar naqueles
momentos.
-- Solte-me!
-- Nã o, mimadinha! – Sussurrou em seu ouvido. – Você reclamou ao pajé pelo tratamento que te dava... – dizia sem
fô lego – agora nã o terá mais do que reclamar... – Segurou-lhe os braços que começava se debater.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 174/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu vou gritar...
Diana pareceu nã o se importar, enquanto contornava o biquinho dos seios rosados com a lı́ngua.
Desde que a viu nua, sentiu uma desejo incontrolá vel de prová -la, de sentir o sabor e agora seu corpo queimava de
paixã o.
-- Grita... Acho que isso vai me fazer parar? – Mirou os olhos azuis. – Deixe-me beijar seus lá bios...
-- Nã o...
A noite estava escura, mas as fogueiras faziam sombras, deixando a face da Villa Real iluminada.
-- Nã o entende que quanto mais se debate, mas eu quero... – Agora a boca toda tomou o colo.
Nunca em sua vida seu corpo fora assolado por um desejo tã o intenso, um prazer tã o destruidor a ponto de rendê -
la à quela odiosa mulher.
A Calligari invadiu a calcinha e cerrou os dentes ao sentir como sua jovem esposa estava ú mida e quente.
Aimê aproveitou a distraçã o da pintora para empurrá -la forte, levando-a ao chã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 175/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu jamais teria algo com algué m como você , jamais permitirei que me toque e se tentar novamente, eu a matarei.
– Tentava cobrir o busto. – Que espé cie de ser humano é você ? Um monstro, é isso que você é ...
A Villa Real arrumou a calça e icou algum tempo parada, tentando se guiar pelo som.
Sentia o sangue correr mais rá pido por suas veias, sentia uma vontade enorme de partir para cima daquela mulher
e arranhá -la até feri-la o su iciente para vingar sua raiva.
Ficara tã o irritada com a discussã o que teve com o pajé que precisou descontar nela, mas jamais imaginou que seu
corpo reagiria daquele jeito, nã o pensou que acabaria se descontrolando.
Nã o era segredo que a odiava como a todos daquela maldita famı́lia, poré m nã o era só isso...
Seu foco era ir embora o mais rá pido possı́vel, entregar a maldita mimadinha e fazer Ricardo confessar diante de
todos as atrocidades feitas pelo maldito Otá vio. Só assim recuperaria a honra que lhe fora manchada, só assim recuperaria
um pouco de tudo que lhe fora tomado.
Praguejou alto.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 176/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Acha que se comportando assim você vai conquistar a mulher que ama? – Questionou calmamente.
-- Realmente os anos estã o tirando a sua sabedoria! – Disse com as mã os nos quadris. – Eu odeio todos os Villa Real!
– Cuspiu. – Eu odeio Aimê !
-- Nã o, princesa, e logo perceberá isso e vai sofrer muito por sua forma arrogante de agir...
-- Nã o se preocupe, isso nã o vai acontecer! – Já se afastava, quando a voz do chefe a deteve.
-- Amanhã mesmo você pode seguir seu caminho... A uniã o de você s já foi consumada!
Os olhos negros denotavam confusã o, mas ela preferiu nã o falar mais nada.
Seguiu em direçã o à oca e percebeu que os ı́ndios já tinham parado os batuques e já seguiam para o descanso da
noite.
Procurou Aimê e nã o viu sinal dela, decerto tinha se recolhido també m.
Encontrou Piatã .
-- Nã o, estava com a menina e precisei dar um chá para fazê -la se acalmar!
-- Vou deitar, pois amanhã mesmo iremos embora para a vila. – Tocou-lhe no ombro. – Descanse!
A Calligari seguiu seu caminho e icou surpresa ao ver quem dormia encolhida em sua cama improvisada.
Pensou em ir embora, mas acabou icando ali, observando-a, sentindo a presença daquela garota que a perturbava
tanto.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 177/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 178/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
No dia seguinte Aimê fora despertada por uma ı́ndia que a ajudou a se arrumar e logo Piatã veio buscá -la para
seguirem viagem.
Ela icou surpresa, mas nada disse e tampouco questionou sobre a Calligari.
Ainda sentia a raiva pelo que aconteceu na noite passada, ainda se sentia assustada pelo ataque que sofrara.
Selvagem!
Sim, agora percebia que nã o havia traços de civilidade naquele perverso e grosseiro.
Nã o tivera uma noite boa. Na verdade pouco conseguiu dormir, pois seu cé rebro fora assolado por lembranças e por
julgamentos.
Apoiou o pé sobre a pedra. Puxava o zı́per da bota quando ouviu passos. Entã o, levantando a cabeça viu quando a
Villa Real saiu da oca acompanhada do velho ı́ndio e viu quando o pajé se aproximou, sussurrando algo para a jovem e em
seguida colocando um objeto em suas mã os.
Suspirou irritada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 179/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Cuide da Aimê ! – Sussurrou em seu ouvido. – Deixe que ela cuide de você també m!
Dois ı́ndios seguiam na frente, Diana no meio e Piatã caminhava guiando Aimê por meio a grande vegetaçã o.
O percurso estava sendo feito em silê ncio, apenas os sons da natureza podiam ser ouvidos.
Vez e outra a morena olhava sobre os ombros e percebia o quã o compenetrada parecia estar a herdeira de Ricardo.
O velho ı́ndio a conduzia com cuidado, paciente, buscava todas as formas para que a jovem nã o tropeçasse ou
acabasse caindo, coisa que a Calligari nã o se importava muito em fazer.
Na verdade, Diana agia como desejava sem se importar se isso era ou nã o prejudicial aos outros.
Com o passar do tempo e depois de tudo o que viveu se tornou um ser humano bastante egoı́sta, insensı́vel aos
problemas alheios, sempre centrada em um dia ter sua vingança.
Quando o noivo fora morto ela nem esteve presente no funeral, pois estava presa por aqueles homens. Depois que
conseguira fugir perseguira alguns deles, mas ainda nã o estava terminado. Havia outros para acertar contas consigo.
Essa era uma das razõ es da morena está sempre viajando, sempre buscando cada um dos membros daquela
quadrilha de bandidos.
Fitou novamente a ilha do maldito Otá vio e pensava se a con issã o de Ricardo sobre os crimes bá rbaros que o ilho
cometeu seria su iciente para amenizar sua fú ria.
Depois de um bom tempo de caminhada os ı́ndios que seguiam na frente pararam abruptamente.
Diana fez um sinal para Piatã e seguiu até onde os dois estavam.
-- A major pediu para que icá ssemos aqui! – Levou para trá s de uma á rvore, agachando junto com ela. – Temos que
esperar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 180/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Villa Real estava assustada, ainda mais porque temia que algo de ruim voltasse a acontecer com a Calligari.
Tentava apurar os ouvidos, mas o silê ncio era total, até mesmo os animais estavam quietos.
-- Acho melhor você ir até ela, eu ico aqui, nã o tenho problemas de icar sozinha.
Mesmo depois de tudo o que se passou a ilha de um homem tã o cruel demonstrava um amor intenso e puro por
algué m tã o irascı́vel como Diana.
-- Nã o, menina, icarei aqui para te proteger, essa foi a ordem que recebi.
Aimê ainda pensou em retrucar, mas sabia que era raro algué m ir contra o que a princesa ı́ndia dizia.
Poucos minutos se passavam, mas era como se já tivesse sido horas.
Aimê sentia o coraçã o bater tã o acelerado que temia sofrer um infarto, entã o ouviram passos.
-- Podem sair!
A garota sentiu um alı́vio imenso quando ouviu aquela voz rouca e forte, mesmo que fosse tã o sonoramente
arrogante.
-- Tive que matar a onça, nã o terı́amos como passar sem ser atacada, ela partiu para cima do Buriti!
-- Deus! – A Villa Real exclamou. – Mas ele está bem? – Indagou preocupada.
-- Está ! – Diana respondeu sem dá muita atençã o. – Vamos embora! – Bebeu um pouco de á gua. – Nã o desejo me
demorar mais.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 181/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Continuaram a caminhada, parando apenas para um lanche rá pido e ao anoitecer já avistaram uma clareira para
passar a noite.
Dormiriam sob o cé u estrelado e tinham sorte de nã o chover, pois nã o teria como se proteger.
-- Eu e Ubirajara montaremos guarda! – Piatã disse se levantando. – Major descansa e cuida do ferimento que
voltou a sangrar.
Aimê estava ao seu lado e parecia concentrada em seus pensamentos, o outro ı́ndio já dormia, enquanto os que
fariam a guarda já tomavam seus postos.
Diana pegou a mochila para pegar o kit de primeiros socorros e sua mã o acidentalmente roçou na da Villa Real.
A Calligari a ignorou, depois se livrou do colete e da camiseta, icando apenas com o sutiã .
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 182/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o conseguirei fazer o curativo sozinha e tampouco cuidar, pode fazer isso para mim?
-- Ok!
Diana entregou-lhe o antissé ptico e o algodã o, depois lhe tomou a mã o macia e delicada levando até o ferimento.
A neta de Ricardo sentiu um arrepio percorrer a espinha com o toque irme dela, mas tentou ignorar, enquanto
começava os cuidados.
Diana sentia a delicadeza dos dedos longos e sua mente imaginava como seria maravilhoso usá -los de outra forma.
Mirou os lá bios rosados entreabertos, o azul brilhante e perdido, o nariz ino, mas que denotava teimosia.
Lembrou-se de como era gostoso sentir aquela boca colada a sua... Imaginou-a explorando sua pele...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 183/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Corou!
-- Continue! – Ordenou.
A Villa Real assentiu, retornando ao serviço e tentando se concentrar, pois havia algo naquela mulher que lhe
embaraçava os sentidos, havia algo no cheiro dela, na voz que a perturbava demasiadamente.
Nã o podia negar que estava bastante magoada pelo tratamento que recebera na noite passada, mesmo assim era
como se nã o conseguisse sentir raiva, pelo menos nã o era algo que durava.
Nã o demorou muito para tudo está pronto, mas quando Aimê fez mençã o de se afastar, ela a deteve pelo pulso,
mantendo-a junto a si.
-- Sim! – Trouxe-a tã o pró xima de si que era possı́vel sentir o há lito refrescante.
-- Sim...
A Calligari delicadamente colou a boca a dela, segurando-a para nã o permitir que ela se afastasse.
Inicialmente a ilha de Otá vio cerrou os lá bios evitando o contato, poré m dessa vez a morena usou um mé todo
diferente. Nã o foi grosseira, mas provocante, sensual...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 184/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Usando a ponta da lı́ngua ela contornou a pele rosada, em seguida chupou o lá bio inferior, depois o superior até que
a jovem acabou cedendo, permitindo a passagem.
Diana soltou-lhe o pulso e sem deixar de beijá -la, levou as mã os até os seios redondos, buscando sob a blusa o
contato com a pele.
Ela nã o usava sutiã e isso deixou a morena ainda mais excitada.
Os mamilos responderam ao contato rapidamente, eriçados pareciam implorar por serem acariciados.
Aimê gemeu contra a boca da Calligari e logo pareceu recordar a consciê ncia, afastando-se, baixando a blusa e
empurrando as mã os atrevidas.
Diana passou as mã os pelos cabelos, pareciam constrangida, mas també m ainda mais desejosa.
Pensou em ir até a jovem e trazê -la de volta para si, mas sabia que a Villa Real lutaria e nã o demoraria a todos
estarem vendo a discussã o.
-- Acha que isso justi ica seus atos? – Perguntou calmamente, com as mã os na cintura. – Está sempre agindo como
uma selvagem... E grosseira... Cruel...
-- Tem certeza de que nã o gostou do que se passou ontem? – Exibiu um sorriso cı́nico. – Eu tenho certeza de que
você gosta, nã o sei por que nega tanto! Eu até entendo que deveria ter sido mais delicada, mas mesmo com toda a brutalidade
eu senti sua resposta.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 185/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu já te avisei para nã o voltar a me tocar. – Dizia gesticulando o indicador. – Nã o sabe agir de forma diferente?
Primeiro me trata mal, é uma carrasca e depois acha que tem direito de me beijar e...e... Fazer essas coisas! Você realmente é
um ı́ndia selvagem, uma canibal como costuma propagar a todos...
-- Nã o deve esquecer que é minha mulher, que estamos unidas e acredite, meu bem, eu como princesa, posso tomá -
la à força a hora que eu quiser e nã o terei que dar satisfaçã o para ningué m, mas prometo que quando chegar o momento serei
boazinha...
-- Estou pouco me importando para essa sua tribo e tampouco para o fato de você ser princesa para esse povo... Em
mim nã o tocará ! – Falou mais alto.
-- Ah, sim, vou tocar sim e vou fazer mais do que tocar e você ainda vai implorar para eu te comer bem gostoso e
quem sabe eu nã o pense em seu caso!
Aimê icou tã o indignada que de forma cega, partiu para cima da pintora.
A morena foi rá pida em se livrar da investida, mantendo uma distâ ncia segura para nã o acabar se ferindo.
-- Nã o vejo a hora de chegar à civilizaçã o e me livrar dessa animosidade, dessa sua selvageria! – A Villa Real falava
sem fô lego. – Pode nã o ser ı́ndia na cor, nos traços, mas na forma de agir é ainda pior do que os seres primitivos!
Piatã ouviu os brados e se aproximou, interpondo-se entre as duas mulheres, pois percebia que os â nimos estavam
bastantes exaltados.
-- O que se passa? – Indagou em voz baixa. – Vã o despertar os espı́ritos da loresta. – Repreendeu-as.
Piatã nada disse, pois conhecia bem aquela mulher, sabia como ela era irredutı́vel em suas palavras, como era
in lexı́vel em suas atitudes.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 186/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Descanse, menina, pois amanhã o dia será longo, mas logo chegará a sua casa.
Aimê esboçou um sorriso terno, enquanto fechava os olhos e buscava acalmar o turbilhã o de emoçõ es que se
apossara de si.
Jamais em sua vida se sentira tã o afetada, jamais fora tã o instigada ao seu limite do controle como desde que
começara a conviver com aquela mulher.
Todos que conheciam a Villa Real sabiam o quã o agradá vel, educada, doce e paciente ela se mostrava, sempre fora
elogiada por seu jeito meigo de agir e nunca precisara se esforçar para isso, ao contrá rio, aquela personalidade era sua desde
quando era uma criança.
Assim que chegassem à cidade, agradeceria por ter sido resgatada e nunca mais voltaria a encontrar aquele ser
terrı́vel.
Enquanto esse momento nã o chegava, tentaria manter total distâ ncia, nem mesmo lhe dirigiria a palavra e
tampouco icaria sozinha com ela, pois nã o con iava...
Mordiscou o lá bio inferior tã o forte que só aliviou ao sentir o sabor do sangue.
Os seios ao contato com a blusa estavam doloridos, pareciam agonizantes, desejantes daquele toque grosseiro.
Os mamilos ainda estavam eriçados e por uma fraçã o de segundos ela se permitiu recordar de quando os lá bios
crué is se apossaram deles, de quando a lı́ngua arisca lhe dominava.
Seria aquela mulher que todos diziam ser princesa algum tipo de feiticeira?
Se antes estava cansada, desejando apenas dormir um pouco, depois do que se passara com a Villa Real, ela estava
elé trica, precisando de algo para gastar as energias.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 187/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Se Piatã nã o tivesse aparecido ela teria mostrado para a ilha do maldito Otá vio todo o seu lado selvagem, teria
mostrado o que era ter em suas veias o sangue daquele povo, talvez primitivo para os padrõ es da sociedade, mas també m
eram os protetores daquela natureza, vı́timas de pessoas inescrupulosas, vı́timas de suas tradiçõ es.
Parou diante de uma á rvore e com o punho fechado, esmurrou-a tã o forte que sentiu como se os ossos quebrassem,
mesmo assim sua expressã o nã o demonstrava dor, continuava impassı́vel, fria...
Maldita mimadinha!
Ela era igual ao desgraçado do Otá vio, tinha os mesmos preconceitos e quando a viu falar aquelas coisas tivera a
impressã o de estar diante do miserá vel.
Se Piatã nã o tivesse chegado teria adorado torcer aquele pescoço delgado até ver a vida deixar aqueles olhos azuis
tã o intensos.
-- Desgraçada! – Murmurou.
Seu corpo ainda implorava pela concretizaçã o do desejo, seu maldito corpo estava em fogos por ela, desejando
tomá -la de forma irascı́vel, impensá vel, até sentir a consumaçã o daquela febre que lhe ardia em toda a pele.
Tinha vontade de gritar alto, de xingar em todas as lı́nguas que conhecia, mas isso nã o lhe aliviaria o desespero...
Antes que o sol nascesse era possı́vel ouvir a voz rouca ditando as ordens do dia.
Aimê já estava acordada e se sentia grata por isso, pois percebia que qualquer coisa seria motivo para desencadear
a fú ria.
-- Coma! – Diana colocou um pã o de forma brusca nas mã os da Villa Real.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 188/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A herdeira de Ricardo nada disse, apenas comendo o que lhe fora ofertado sem esboçar nenhuma reaçã o.
-- Beba um pouco!
-- Hoje, Aimê seguirá comigo, nã o permitirei que vá contigo, pois por causa disso, ainda nem percorremos a metade
do caminho.
Os olhos azuis pareceram magoados, mas nada disse, na verdade todos icaram calados.
Diana colocou a corda nas mã os da jovem e saiu com passos largos sem se importar com as di iculdades que a sua
acompanhante de percurso enfrentaria.
Cruzou os braços na altura do colo, enquanto observava tudo com semblante impaciente.
A Villa Real tirou os cabelos dos olhos, em seguida esfregou as mã os na calça.
-- Otimo! – A Calligari colocou a corda novamente em suas mã os. – Vamos embora! Chega de perder tempo!
Ela andava em velocidade que só algué m preparado conseguiria fazê -lo.
A vegetaçã o era rasteira, havia declives, sem falar de vá rios galhos que pendiam e poderia ferir qualquer pessoa
que nã o pudesse ver.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 189/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A herdeira de Ricardo tentava ao má ximo nã o se desequilibrar. Levantava ao má ximo as pernas, mas a velocidade
que a outra usava nã o a deixava acompanhar.
Estava sem fô lego, o ar nã o chegava aos seus pulmõ es.
Suava, estava abafado, nã o conseguia nem parar para beber um pouco de á gua.
Sabia que a Calligari fazia tudo para maltratá -la, sabia que isso lhe dava prazer.
Observou as delicadas mã os que estavam rosadas e sujas, havia um pequeno corte.
Mantiveram-se agachadas por alguns segundo sem falarem nada, até que Diana retornou a caminhada.
Nã o reclamara em nenhum momento e mesmo enfrentando tantos obstá culos nã o desistira.
-- Princesa, precisamos parar para comer alguma coisa, estamos andando há horas.
-- Desde quando você se cansa? – Indagou com as mã os nos quadris. – Pararemos apenas quando chegarmos à
canoa, entã o nos apressemos.
O velho ı́ndio nada disse, sabia que seria inú til discutir com a ilha de Alexander.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 190/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O sol logo se poria, mas Diana nã o parecia se importar com tal fato.
Ela apenas desejava chegar o mais rá pido possı́vel e se livrar da acompanhante.
De repente fez-se um silê ncio, a Calligaria fez sinal para que todos parassem e se escondessem em meio à s á rvores.
Aimê estava encostada a uma á rvore e Diana com o corpo colado ao dela.
Diana nada respondeu, pois parecia buscar em todas as direçõ es, tentando ver qual o risco corriam.
Naquele momento a Calligari itou os olhos azuis que pareciam tã o assustados, a expressã o de temor era intensa.
-- Com certeza algué m foi devorado... – Disse bem pró ximo os lá bios rosados.
-- Pelo quê ?
-- Nã o posso dizer com certeza, mas pelo silê ncio da mata e pelo demorado da resposta da presa, acredito que
temos uma anaconda por perto.
A morena mesmo nã o desejando, acabou esboçando um sorriso da inocê ncia da garota.
-- Talvez do mesmo tamanho, poré m depois que come, ela nã o volta a caçar, está cheia e precisa de tempo para
digerir a refeiçã o... Se a refeiçã o foi grande...
A pintora sentiu um arrepio na nuca ao ouvi-la dizer seu nome. Era sempre uma sensaçã o ú nica, como se estivesse
recebendo uma carı́cia ı́ntima, como se estivesse sendo tocada no â mago do seu ser.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 191/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Piatã se aproximou.
-- Com certeza tivemos uma cobra lanchando. Aquela pele que vimos deveria ser dela. – O velho ı́ndio dizia.
-- Temos que nos apressar para chegar à canoa! – A Calligari colocou a arma no coldre da coxa. – Chegaremos à vila
já a noite e no dia seguinte poderemos pegar o monomotor.
Todos aceitaram o que fora dito, nã o apenas por ser uma ordem, mas també m por temerem icar mais dias em meio
aquela selva tã o selvagem.
Estava assustada ao imaginar que havia animais tã o perigosos que nã o temiam o ser humano.
Piatã ajudou Aimê subir, despediram-se dos ı́ndios e os trê s seguiram para a vila.
Diana remava, parecia concentrada na tarefa, quando ouviu a voz doce da ilha de Ricardo.
O ı́ndio sorriu.
-- Talvez você se assustasse, ainda mais com as piranhas, sã o bastante temidas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 192/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari lhe dirigiu um olhar de advertê ncia, sentiu dor no ferimento, mas continuou, pois sabia que Piatã nã o
daria conta sozinho.
-- Ah, major, você poderia contar a sua experiê ncia. Sabia, Aimê , que a princesa teve que enfrentar esses animais.
-- Diana é uma princesa valorosa, ainda mais quando fazia a uniã o das tribos contraindo laços matrimoniais.
-- Como assim?
-- Sim...
-- Chega disso! – A morena ordenou irritada. – Preste atençã o que a noite já está caindo. – Parou de remar ao sentir
um incô modo no ferimento novamente.
-- Descanse! – O ı́ndio falou ao notar a expressã o de dor. – Já fez esforços de mais...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 193/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Continuaram a viagem e apenas era possı́vel ouvir a voz do velho ı́ndio contando histó rias e o riso doce da herdeira
de Ricardo.
Diana seguia calada, parecia pensativa, compenetrada, mas vez e outra itava sobre os ombros e observava a jovem
que resgatara.
Logo sua missã o estaria terminada, logo seu desejo seria concretizado e depois tentaria seguir a sua vida, tentaria
buscar viver com todos aqueles infortú nios.
Finalmente limparia o nome dos Calligaris, inalmente honraria a memó ria do seu pai.
-- Leve, Aimê até a cabana para banhar e depois venha para irmos lá .
Diana assentiu, enquanto pegava algumas roupas na outra bolsa que tinha deixado ali quando seguiu naquela
empreitada.
Tomou a mã o da Villa Real, caminhando até um pequeno retâ ngulo feito em palhas de cocos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 194/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Um lugar que serve para tomar banho, a menos que deseje banhar no rio com os jacaré s e as piranhas. – Ligou o
motor e a á gua começou a jorrar do chuveiro improvisado.
-- O que esperava, mimadinha, uma banheira de hidromassagem? – Ensaboava-se. – Tire logo a roupa, a á gua nã o
vai durar muito.
A Calligari se irritou.
Rapidamente foi até ela e com gestos bruscos a livrou das vestes.
-- Você nã o cansa de ser grosseira? – A garota cobriu inutilmente as partes ı́ntimas.
Diana nada disse, mas a tomou pelo pulso, trazendo-a sob a á gua, prendendo-a em seus braços para que a jovem
nã o se debatesse e saı́sse correndo.
Os olhos azuis se voltaram para ela, brilhantes e intensos, os dentes alvos e cerrados demonstravam sua total
insatisfaçã o.
-- Está suja, mimadinha, precisa banhar bem! – Pegou o sabonete e começou esfregar freneticamente no corpo da
ilha de Otá vio. – Esses dias na selva a deixou mais suja do que aqueles tra icantes fedidos.
Aimê estava encostada a parede de palha, parecia chocada com a atitude de Diana.
Sentia as mã os á speras esfregando seu pescoço, seus braços... Demorando-se mais em seus seios, lavando-os,
apertando-os...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 195/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Fechou os olhos.
A morena desceu mais, limpando agora o abdome liso e logo os dedos tocaram os pelos inos que cobriam a
feminilidade.
Inicialmente parecia um toque inocente sem outros ins, mas de repente nã o era mais o sabonete que estava ali,
agora apenas os dedos executavam a funçã o.
Aimê nã o protestou, era como se estivesse paralisada, como se estivesse perdida em meio à quelas sensaçõ es.
Tomou-os rudemente e naquele momento a jovem Villa Real nã o tivera uma atitude passiva, ao contrá rio, ela
participou ativamente da carı́cia.
A Calligari desligou a á gua, enquanto se deliciava com o corpo da ilha do seu inimigo.
Diana introduziu a coxa em meios à s pernas torneadas. Usou os nó dulos dos dedos para acariciar o sexo que se
mostrava escorregadio e excitado.
Sentia-se inebriada, embevecida, fraca, desejando apenas que aquela febre chegasse ao im, mesmo temendo que
im seria aquele.
As sensaçõ es para ela eram novas, mas o desejo começara desde que a morena a tocara pela primeira vez.
A Calligari estava louca de vontade toma-la para si, sua paixã o nã o conhecia limites, nã o conhecia o decoro, apenas
aquela selvageria que era tı́pica do seu ser.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 196/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ouvia os sons que saiam da garganta de Aimê e desejava mais do que aquilo, desejava ouvi-la chamar seu nome,
queria aquela voz doce e rouca chamando por si...
Levou os lá bios até os seios redondos, degustando, lambendo os mamilos rosados, mamando, tomando-os para si.
-- Major, o rá dio já está pronto, mas a bateria nã o vai durar muito!
-- Estou indo!
Só quando Aimê percebeu que estava sozinha que soltou a respiraçã o lentamente.
Ainda sentia as sensaçõ es em sua pele, ainda sentia o poder da boca dela em seus seios, ainda sentia os dedos
ousados lhe perturbando a feminilidade...
O lı́quido frio pareceu lhe acalmar os sentidos, adormeceu a agonizante paixã o que parecia correr por seu sangue...
Nã o poderia se render à quele desejo, pois algo lhe dizia que a tã o aclamada princesa indı́gena nã o era uma pessoa
boa para se ter sentimentos.
No dia seguinte iriam embora, no dia seguinte retornaria para o seu mundo, para a civilizaçã o e tudo o que vivera
naquele lugar icaria para trá s.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 197/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Agora estava temerosa, pois nã o sabia como retornar para a casa, mas ao abrir a porta, Piatã estava a sua espera.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 198/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana conseguiu falar com o piloto e na manhã seguinte ele estaria pousando por ali.
Uma cabana de madeira pequena que contava apenas com o objeto para que pudessem ter comunicaçã o com o
mundo lá fora. Ela mesma montara e sentia feliz por ainda funcionar.
Tinha conseguido entrar naquela selva e sair com vida, tinha conseguido salvar a ilha do homem que destruı́ra sua
paz e logo tudo aquilo icaria no passado.
Respirou fundo!
Mordiscou o lá bio inferior e teve novamente a impressã o que o sabor de Aimê permanecia ali.
-- Bobagens! – Resmungou.
Nada daquilo tinha algum tipo de signi icado para si. Sempre fora apenas sexo como era costume ocorrer com todos
que se envolvia. Bastava transar e tudo era colocado em segundo plano e no outro dia nem mesmo lembrava o nome de sua
acompanhante.
Nã o havia relaçõ es ixas, envolvia-se, na maioria das vezes, com mulheres casadas, pois sabia que essas nã o
reclamariam por atençã o ou por algo a mais. Vivia buscando satisfazer o fogo que sempre queimava dentro de si, mas parecia
nã o haver im, pois sempre se sentia incompleta ao inal e por isso buscava ainda mais e decerto era aquilo que acontecia
naquele momento.
Desejava a neta de Ricardo nã o por ela ter algo de especial, mas por ser uma mulher acessı́vel e pronta para ser
tomada.
Se Piatã nã o tivesse chegado teria ido até o inal e tinha colocado im à quela vontade de possuı́-la, aquela loucura
de tê -la totalmente a sua mercê . Depois do prazer, com certeza, ela voltaria a ser a desprezı́vel ilha de Otá vio e nenhum
vı́nculo restaria entre elas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 199/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Seus passos eram lentos, nã o se ouvia o som de sua bota tocar o chã o.
A pequena vila ainda estava acordada. Via alguns ı́ndios sentados em frente as suas casas, ouvia o som de suas falas,
o riso de algumas crianças que persistiam em icar ali.
Diminuiu os passos.
Seu abdome ainda doı́a onde recebera o tiro, assim que retornasse teria que procurar um mé dico.
Sentiu alguns pingos e ao itar o cé u percebeu que nã o demoraria a cair uma tempestade.
Droga!
Esperava que nã o durasse muito, pois se fosse muito forte nã o poderiam seguir para a cidade.
As gotas que antes eram inas, agora já engrossavam, mesmo assim Diana nã o parecia se importar com aquilo.
Observou o interior do lugar e teve a impressã o que era a primeira vez que o via.
Os candeeiros davam uma iluminaçã o parda ao local, mesmo assim era possı́vel ver Aimê sentada no banco diante
da mesa rú stica.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 200/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Fico feliz, major, agora acredito que nã o volte mais por aqui. – Piatã comentou, enquanto se sentava. – E a menina
Aimê ? – Levou um pouco da comida à boca. – Um dia pretende passear por essas bandas?
-- Nã o sei! – Esboçou um sorriso simpá tico. – Mas sou muito grata a você e a todos e gostaria sim de reencontrá -los.
– Segurou a cuia, colocando nos lá bios e tomando devagar.
A jovem sabia que eles nã o usavam talheres e já se acostumara em se alimentar sem o auxı́lio deles.
-- Acho melhor você nã o se iludir, meu bom amigo, a mimadinha nunca mais aparecerá por aqui... Nã o acredito que
ela abriria mã o de todo luxo que tem para vir ver qualquer um de você s.
Aimê icou em silê ncio durante alguns segundos, poré m acabou colocando a cuia de lado e respondeu sem levantar
a cabeça.
A morena observou o per il delicado, a pele de porcelana... Mirou a camiseta branca que a garota usava e notou a
ausê ncia do sutiã .
Naquele momento sua boca encheu de á gua, desejando prová -los mais uma vez.
Sabia bem como eles eram, sabia como eles cabiam em suas mã os e como eram macios... Gostaria de colocar a
cabeça entre eles e senti-los.
A Calligari percebeu os mamilos se mostrarem atravé s do tecido e nã o pô de esconder o sorriso quando a neta de
Ricardo cruzou os braços sobre o busto.
Aimê sentia o rosto em brasas... Sentia aquele olhar perturbador sobre seu corpo de forma despudorada.
-- Casamento esse que nã o tem a mı́nima importâ ncia para mim. – Afastou a cuia. – E digo mais, jamais em minha
vida eu me envolveria com algué m como você ... Um ser humano insensı́vel e que nã o se importa com os outros.
Ningué m costumava falar daquele jeito com a ilha de Alexander, ningué m em sã consciê ncia se dirigia a major
daquela forma. Aquela mulher de cabelos negros era muito orgulhosa e arrogante para aceitar esse tipo de tratamento.
Fitou Aimê e icou surpreso com a explosã o da garota, claro que era algo esperado, mesmo a menina aparentando
ter aquela á urea tã o doce, tã o meiga, a Calligari sabia como tirar algué m do sé rio e usava isso perfeitamente bem.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 201/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A explosã o nã o veio, mas era possı́vel vê nos olhos negros a chama queimar e aquilo era algo perigoso.
-- Piatã , estou um pouco cansada e gostaria muito de me recolher se nã o for incô modo. – Pediu de forma delicada.
-- Claro que nã o é , menina! – Foi até ela, tomando-lhe a mã o. – Você dormirá na esteira e Diana icará com a rede.
Tomou-a pela mã o e fê -la se acomodar no pequeno espaço, deu-lhe um cobertor de saco.
-- Cubra-se, pois temos muitos intrusos que costumam picar peles branquinhas como a sua.
Aimê assentiu.
Nã o havia dú vidas que aqueles animais minú sculos e barulhentos era a pior parte de estarem tã o longe da cidade.
-- Durma bem!
-- Obrigada!
A chuva aumentou, mas a princesa nã o pareceu se importar com esse detalhe.
O velho pegou uma capa, vestindo e levando outra nos braços, seguiu até ela.
Diana tinha o delicioso fruto nas mã os, levando-o até a boca, chupando-o.
-- Deveria dormir també m! – Colocou a proteçã o sobre a ı́ndia. – Nã o deveria icar na chuva, pode icar doente. –
Tocou-lhe o ombro. – Vamos deitar e descansar a mente.
A calligari o itou.
-- Nã o conseguiria fazê -lo agora, ainda mais quando minha vontade é torcer o belo pescoço da ilha de Otá vio. –
Esmurrou a á rvore e voltou-se para o amigo. – Eu vou adorar ver a cara de orgulho dessa maldita mimadinha quando toda a
verdade sobre seu pai for divulgada em todas as mı́dias. Quero ver como ela vai conseguir viver com as pessoas apontando e
cochichando quando ela chegar a qualquer lugar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 202/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- E uma vingança muito cruel, princesa, ainda mais quando falamos de algué m que nã o merece passar por isso.
-- Você está louco! – Acusou-o. – Jamais teria algum tipo de sentimento por essa garota, uma maldita cega que nã o
passa de uma inú til.
Piatã viu o brilho dos olhos azuis a poucos metros de distâ ncia.
Condoeu-se por aquela menina que nã o cometera nenhum pecado, mas carregava os do pai em seus ombros
delicados.
Sabia que ela tinha ouvido e se condoı́a por isso. A jovem nã o merecia sentir o desprezo naquela voz arrogante.
-- A menina Aimê nã o merece algué m tã o cruel como você e por isso espero de todo meu coraçã o que esse
sentimento que você rejeita tanto te faça mudar ou simplesmente, deixe-a com a famı́lia nã o retorne nunca mais.
Ficou durante horas na chuva... Parecia um fantasma ali parado, a cabeça baixa... Remoı́a as dores de outrora, a inal,
era aquela sede de vingança que a manteve viva... E agora ela tinha um alvo concreto para destruir...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 203/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A morena rapidamente retirou toda a roupa molhada e nã o se dirigiu para o lugar onde deveria dormir, ao
contrá rio, deitou-se na esteira estreita, colando o corpo nu ao da bela jovem.
Aimê nã o estava dormindo e ao sentir o contato já se voltava para empurrá -la, mas a Calligari a abraçava forte.
-- Eu só quero dormir... – Sussurrou em seu ouvido. – Pare de se debater ou vai acordar o Piatã .
-- Recordo-me muito bem que nã o era comigo que deveria dormir e sim na rede. – Retrucou baixo, enquanto lutava
para se livrar dos braços que a prendia pela cintura.
Por alguns segundos a Villa Real fez o que ela tinha dito, permanecendo quieta, ponderava que se nã o era melhor se
manter está tica e ingir que aquela mulher nã o estava ali, poré m a presença dela ultrapassava o fı́sico, era como se usurpasse
sua pró pria alma.
Ainda estava triste com as palavras que ouvira, ainda se sentia ferida, mas mesmo assim algo maior parecia
empurrá -la direto em direçã o a ela... Tinha a impressã o que estava à beira de um precipı́cio.
A voz rouca e baixa a tirou de suas divagaçõ es, poré m nada respondeu.
-- Chega, Diana!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 204/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari mordiscou o lá bio inferior, enquanto a puxava mais para si.
-- Eu ico excitada quando me chama... – Mordiscou a pontinha da orelha dela. – Como sabia que eu estava olhando
para os seus seios na mesa? Eles se excitaram... O que imaginou, melhor, recordou de quando os toquei com a minha boca?
-- Mimadina... Diga-me, tem coisa mais maravilhosa de que um orgasmo bem gostoso... – Agora os lá bios passeavam
pelo pescoço dela. – Você gosta que te chupem... Que passem a lı́ngua...
-- Chega! – A jovem se virou para ela. – Nã o desejo ouvir suas coisas... Na verdade, nã o me interessa o que sente, o
que pensa...
Estava escuro, mas Diana sabia como aqueles olhos azuis a itavam naquele momento.
-- Você é muito corajosa por me enfrentar, a inal, quem te garante que eu nã o posso te deixar em algum lugar ou até
mesmo te venda... A inal, os bordeis do oriente pagariam bem por ti. — Provocou-a.
-- Leve-me entã o se é essa sua vontade, pois eu preferiria ter meu corpo usado por um monte de bandidos do que
tê -lo tocado por uma selvagem como você !
Aimê ainda sentia o coraçã o pulsar acelerado, pois chegara a imaginar que daquela vez a Calligari usaria ainda mais
de violê ncia, sentiu-se aliviada ao perceber que ela se afastava.
Na manhã seguinte, era muito cedo quando Diana já esperava o jatinho pousar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 205/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari se sentia dolorida, pois alé m de ter dormido na rede, ainda icara mexendo sem conseguir adormecer
por um longo tempo.
Pegou a mochila e levou para a aeronave e depois foi buscar Aimê , a menina se despedia do ı́ndio.
-- Cuide-se e um dia venha me visitar. – O bom homem dizia, enquanto lhe dava um abraço. – Menina precisará ter
mais paciê ncia do que já tem. – Beijou--lhe a testa. – Os espı́ritos da loresta icarã o de olho.
Aprendera a gostar daquelas pessoas e especialmente daquele ser humano que demonstrava tanto carinho e
cuidado com sua pessoa.
Piatã itou as lentes escuras que ela usava e desejou ver os lindos olhos para saber o que se passava em seu ı́ntimo.
Sabia que ela estava agitada, sentia a irritaçã o, mas també m sentia outras sensaçõ es.
Aimê sentiu um frenesi ao ter os dedos envolvidos por aquela mã o forte.
Caminharam juntas e a herdeira de Ricardo tinha a impressã o que a distâ ncia era muito grande, pois parecia nunca
chegar e em alguns momentos ela desejara se livrar daquele contato, ainda mais quando recordava das palavras duras que
ouvira daqueles lá bios de serpente.
Chegaram à aeronave e mais uma vez Diana a ajudou a subir, acomodando-a na poltrona.
Inesperadamente sentou de fronte para ela, coisa que nã o acontecia, pois gostava de seguir ao lado do piloto.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 206/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Villa Real sabia que a morena estava ali. Havia algo com aquela mulher, algo com aquele olhar forte e penetrante
que a perseguia.
Logo estaria livre de tudo aquilo, mas ainda nã o encontrara as respostas que fora buscar. Ainda havia muita coisa
para ser esclarecida, havia muitas perguntas que desejava esclarecer.
Seu pai fora assassinado de forma cruel e os bandidos nunca foram presos.
Tentaria nã o se arriscar novamente, nã o desejava cair em uma nova armadilha.
Foram dias difı́ceis que viveu e tinha muita sorte por ter sobrevivido e mesmo que nã o desejasse admitir, tinha
muito que agradecer a Calligari, pois mesmo com todas as grosserias, ela a resgatara e a levava com segurança para os avó s.
Observou pela janela como estavam distante da terra, tudo era tã o minú sculo e logo sumiam.
Observava o verde...
Engraçado... Quando chegara ali para resgatar aquela menina nã o havia tantas bagagens em seu ı́ntimo.
Fitou sua acompanhante, coisa que tentou evitar fazer, mas agora sucumbiu ao anseio novamente.
Os olhos azuis estavam fechados e os lá bios rosados entreabertos, deixando à mostra os dentes alvos.
Mirou o pescoço esguio e sentiu o cheiro delicado lhe perseguir, a boca ainda tinha o sabor dos dela...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 207/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nunca em sua vida se sentira tã o perturbada por algué m, jamais tivera aquela sensaçã o de medo, de temor... De
paixã o avassaladora...
Fechou os olhos.
Precisava dormir, precisava descansar, há quanto tempo nã o tinha um sono tranquilo?
Nã o demorou muito para sentir um movimento na poltrona que icava diante da sua.
-- Chegamos?
Diana observou pela janela e viu que já estavam em seu destino.
Descansara um pouco, nã o tanto quanto precisava, mas pelo menos nã o se sentia tã o destruı́da como antes.
-- Sim! – Antes que ela soltasse a jovem, a garota se antecipou evitando o contato.
Afastou-se e esperou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 208/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Dispense o motorista, eu mesma dirijo! – Ordenou. – Vamos! – Tomou a mã o da Villa Real.
A morena desceu as escadas lentamente, tomando cuidado para que sua acompanhante nã o despencasse dos
degraus.
Diana nã o respondeu logo, apenas quando ligou o automó vel é que falou:
-- Mas como? Pensei que ı́amos direto para a casa dos meus avó s ou até mesmo que você ligaria para ele vir me
buscar.
Seguiam pela orla, o calçadã o estava cheio de turistas, alguns correndo, outros apenas caminhando. Alguns de mã os
dadas, outros lado a lado.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 209/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Pegou uma rua lateral e logo estacionou diante de um hotel de fronte para o mar.
-- Aimê ! – Segurou-lhe a mã o. – Deixe de questionar e venha comigo ou entro e te deixo aqui.
Algumas pessoas se voltaram para itá -las, nã o apenas por ser belas, mas talvez por parecerem tã o ı́ntimas e
mesmo que alguns torcessem o nariz, nã o poderiam negar que formavam um bonito casal.
Diana era alta, magra, exibia aquele ar cheio de arrogâ ncia e seus cabelos negros lhe davam uma beleza selvagem.
Já a Villa Real, mesmo tendo uma boa estatura, exibia aquela fragilidade que a deixava ainda mais agradá vel, mais
humana.
Uma loira por volta de uns trinta anos pareceu bastante interessada nos olhos negros que a encaravam.
-- Casal?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 210/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Ainda nã o entendo o motivo de estarmos aqui. – Comentava aborrecida. – Desejo falar com meus avó s e seguir
para junto deles o mais rá pido possı́vel. – Ficou em silê ncio por alguns segundos, mas depois voltou a falar. -- Tenho a
impressã o de que é bem conhecida aqui... – A ú ltima frase foi dita em tom de irritaçã o.
Havia enormes poltronas, uma varanda que deva de frente para o mar.
-- Nã o acredito que estamos na civilizaçã o! – Seguiu até a varanda. – Preciso de uma hidro. – Voltou para o quarto se
livrando das roupas.
-- Vem comigo?
-- Nã o, quero ir para a minha casa! – Cruzou os braços sobre os seios. – Quero falar com meus avó s!
-- Nã o seja boba, mimadinha, precisamos de um banho, de roupas limpas, depois retornamos. – Parou diante dela,
itando-a. – Imagino que esteja com medo que a cena de ontem se repita... – Exibiu um sorriso debochado. – Por que nã o
terminamos o que está vamos fazendo lá ? Nã o estamos mais no mato, eu já voltei a ser uma dama! – Provocou-a.
-- Nã o seja ridı́cula! – Levantou-se com o rosto corado. – Jamais me envolveria contigo! – Levantou o queixo de
forma desa iadora. – Se voltar a tocar em mim, eu te denunciarei e honestamente nã o acredito que só porque estamos na
cidade você deixou de ser um animal selvagem!
-- Somos casadas, meu bem, nã o esqueça disso, entã o essa selvagem tem alguns direitos...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 211/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê se afastou com um safanã o, desequilibrando-se, mas conseguiu se recuperar rá pido, nã o indo ao chã o.
-- Esse casamento é uma palhaçada! – Apontou o indicador em riste. – Nã o pense que aquelas palavras estranhas
que foram pronunciadas ou aquelas esquisitices que izeram tem algum valor para mim...
-- Nã o, estou desrespeitando um casamento forçado que foi inventado por sua tribo para castigar você que
desonrou o seu povo, porque você foi a primeira a desrespeitar sua tribo!
Os olhos negros se estreitaram de forma ameaçadora, mas a entrada da recepcionista interrompeu sua fú ria.
Fitou-a!
Aquela mulher era uma amante bem requisitada e sempre muito prestativa.
-- Venha pra banheira comigo, Veridiana! – O semblante moreno exibiu charme. – Desejo sentir prazer até meu
corpo perder todas as forças, a inal, foram dias terrı́veis... A companhia nada agradá vel...
-- Estou em horá rio de serviço, Diana... – A loira falou com voz lâ nguida.
Ainda estava pasma com o desenrolar da situaçã o, ainda sentia a pele tremer de raiva, de indignaçã o pela total falta
de respeito que Diana demonstrava.
Apertou forte o parapeito, tentou se distrair com o barulho do mar, tentou pensar que logo retornaria para casa,
voltaria para o seu mundo e nunca mais cruzaria o caminho daquela mulher...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 212/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Cerrou os dentes.
Odiava-a!
Odiava-a como nunca pensou que odiaria algué m em toda sua vida...
A calligari sentia os beijos em seu pescoço e era como se apenas seu corpo estivesse ali, como se sua pele estivesse
totalmente insensı́vel à s carı́cias e isso nã o tinha nada a ver com a perı́cia da amante, pois há muito tempo conhecia a bela
loira e era uma das poucas mulheres que a deixava totalmente fora de si.
Segurou os cabelos, puxando-o forte para trá s, deixando à mostra o pescoço esguio, beijando-a com paixã o.
Abriu a blusa com tanta urgê ncia que alguns botõ es se soltaram do terninho.
Encontrou os lá bios rosados e logo se entregavam aos prazeres do corpo, mas em seu cé rebro havia lindos olhos
azuis... Um olhar macio, uma voz doce que mesmo irritada lhe dava arrepios.
Tateava e se sentia cada vez mais perdida, poré m preferia icar ali fora a chegar a ouvir os gemidos de paixã o que as
amantes com certeza dariam.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 213/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você está bem, senhorita? – Um rapaz, funcioná rio do hotel, se aproximou. – Precisa de ajuda?
Inicialmente ela se assustou, mas depois sentiu que aquela seria sua salvaçã o.
O homem a observava com curiosidade. Sabia que ela era a acompanhante da dona, viu-as chegarem há algum
tempo.
O jovem fez o que foi dito, poré m mais uma vez ningué m atendeu a chamada.
Assim que conseguisse falar com o avô pediria para que viesse buscá -la, se possı́vel o mais rá pido possı́vel e se ele
nã o pudesse tomaria um tá xi para ir para longe da Calligari.
Diana saiu do banheiro e nã o encontrou Aimê . Procurou-a por todos os lugares e nã o viu sinais da moça.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 214/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Desceu as escadas de dois em dois degraus e ao chegar à recepçã o, sentiu o coraçã o se aliviar.
Foi até ela, retirando o aparelho da sua mã o, tomando-a pelo braço.
-- Nã o me toque!
A Calligari nã o pareceu se importar com aquilo, mesmo sabendo que era uma mulher conhecida e nã o demoraria
à quele fato ir parar na mı́dia.
-- Vamos para o quarto! – Ordenou por entre os dentes. – Nã o te dei permissã o para sair!
-- Nã o vou a lugar nenhum contigo, ainda mais para aquele quarto sujo... Imundo... Tenho nojo... – Dizia sem fô lego.
– E ique sabendo que nã o preciso da sua permissã o para nada! Você nã o é minha dona e nã o tem direitos sobre mim!
Diana a tomou pelo braço gentilmente, enquanto sorria para o pú blico que parecia cada vez maior.
-- Chega de bobagem! – Falou baixo. – Venha comigo antes que eu te arraste por seus lindos e sedosos cabelos. –
Disse em seu ouvido.
-- Vá lá com a sua amante e me deixe paz! – Afastando-se quase tropeçou no mó vel.
A morena respirou fundo e rapidamente a pegou mais uma vez pelo braço, praticamente arrastando-a pelo hall.
Dessa vez nem os olhares interessados lhe dissuadiu do intuito.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 215/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Villa Real esbravejou durante o percurso, esbravejava ao sentir o elevador subir, mas só ao chegar à frente do
quarto é que a garota levou a mã o da perseguidora à boca, mordendo-a forte.
Diana abriu a porta e a empurrou para dentro, esfregando onde a garota havia atacado, vendo a marca dos dentes
a iados.
A morena ainda levantou a mã o para espancá -la, mas acabou reconsiderando.
Arrumou o cabelo por trá s da orelha, respirou fundo mais uma vez.
Parecia que a ilha de Otá vio estava dominada por forças do mal.
-- Nã o me desa ie, mimadinha! – Tentava manter a calma. – Já lhe disse que nã o me importo com o fato de você ser
cega, se voltar a me ferir eu nã o medirei as consequê ncias e te espanco até que caia desmaiada.
-- Nã o tenho medo das suas ameaças e mesmo que pense que sou uma cega inú til, sei me defender muito bem! –
Levantou a cabeça em desa io.
Fitou a Villa Real e via a expressã o carregada estampada em seu rosto doce.
Os olhos azuis estavam tã o escurecidos que pareciam negros naquele momento.
-- Aimê , tome um banho e vista uma roupa limpa! – Falou dessa vez mais calma.
-- Nã o irei tomar banho coisa nenhuma! – Apontou o dedo em riste. – Ainda mais naquele banheiro sujo... Onde
você ... – Mordiscou o lá bio inferior. – Leve-me para a minha casa!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 216/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu a levarei quando estiver vestida, alimentada e com aparê ncia de gente. – Disse pacientemente. – Agora faça o
que mandei!
-- Eu já disse que nã o irei usar o banheiro que você icou com aquela mulher!
-- Nã o me diga que está com ciú mes? – Aproximou-se mais. – Confesso que preferia ter transado contigo... –
Estendeu a mã o, tocando-lhe a trança grossa. – Era seu corpo que eu desejei colado ao meu, minha esposa!
A herdeira de Ricardo corou de indignaçã o, afastando-se do toque, mas tropeçou e só nã o caiu porque a morena foi
rá pida, segurando-a, prendendo-a em seu abraço.
-- Se eu nã o tivesse te segurado, você teria quebrado esse rosto bonitinho na quina do centro.
Diana mirou os lá bios tã o pró ximos aos seus, mas nã o os tomou para si, apenas soltou-a.
-- Vamos para outro quarto para que tome um banho, está fedendo a onça!
Jamais em sua vida fora tã o provocada... Nã o se recordava de ter perdido a cabeça e agido de forma tã o violenta
com nenhum ser humano... Mas Diana nã o era qualquer ser, ela era diferente...
Precisava se afastar o mais rá pido possı́vel, só assim retomaria a paz em sua alma.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 217/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Notas do autor:
Recebi alguns alertas de comentá rios, mas quando vim ao site nã o encotrei,
se comentou a histó ria e nã o respondi, saı́ba nã o o iz por nã o querer...
Seus olhos ainda ardiam do pranto incontido. O barulho do lı́quido sufocava seus soluços.
Jamais agira de forma tã o violenta com algué m. Na verdade, nunca em seus vinte e dois anos se mostrara daquele
jeito tã o descontrolado.
Desconhecia-se, parecia que um gê nio do mal tinha assumido seu lugar nos ú ltimos dias...
Por que o fato de Diana ter icado com outra mulher a incomodava tanto? Por que isso a feria como se uma espada
transpassasse seu peito?
A á gua corria por seu rosto, seus cabelos colados à nuca, o corado da face se sobressaia.
Queria apenas retornar para sua casa, para a loricultura, sentir o perfume delicado das lores, mexer com a terra...
Sua vida era tranquila. Aprendera a conviver com as limitaçõ es e sempre conseguira superar muitas delas...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 218/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Desejava esquecer... Livrar-se das memó rias que vivera, dos toques atrevidos, dos lá bios grosseiros que seduziam
cruelmente...
Seria isso?
Aquela inquietaçã o angustiante que parecia destruir tudo e doı́a tanto era a paixã o que os poetas costumavam
proclamar em suas poesias?
Por que parecia que dentro do seu peito havia uma guerra sendo travada?
-- Deus... me ajude...
Abraçou os ombros e logo começou a esfregar a pele freneticamente, desejando se livrar de algo que naquele
momento perturbava sua paz.
Diana se aproximou.
Seu andar seguro, ombros eretos, cabeça sempre erguida. Mesmo diante de tudo o que passou nã o perdera o
orgulho.
Foi cumprimentada por algumas pessoas com um gesto de cabeça, mas ela nem mesmo respondeu.
Usava Jeans desbotado colada à s pernas torneadas, camiseta branca e jaqueta de couro na cor marrom e botas
combinando.
Seus cabelos como de costume estavam soltos, ainda ú midos do banho recente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 219/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê estava em outro quarto e pelo que icara sabendo pela camareira que a ajudava, a jovem parecia estar mais
calma.
Bebericou lentamente e adorou sentir o á lcool penetrar em seu sangue. Como necessitara daquilo nos ú ltimos dias.
Seguiria para uma clı́nica, precisava examinar o ferimento que continuava a incomodar.
Suspirou!
Nã o estava com cabeça para pensar nisso naquele momento, pois outras coisas perturbavam sua paz.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 220/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Buscou o nú mero de Ricardo Villa Real e logo ouviu a voz do homem.
-- Sua neta está comigo, agora falta a sua parte no trato! – Falou sem rodeios.
-- Deus, deixe-me falar com ela, preciso ouvi-la. – O homem pedia emocionado. – Eu sabia que você conseguiria.
Diana nã o con iava naquela famı́lia e nã o baixaria a guarda novamente. Foi por con iar em Otá vio que sua vida fora
destruı́da.
-- Antes eu desejo o meu pagamento, antes eu desejo que toda a verdade seja dita para que todas saibam de uma
vez por todas o que se passou. – Apertou forte o aparelho.
-- Sim, eu farei tudo o que deseja! – Apressou-se em dizer. -- Poré m traga Aimê para mim, desejo falar com ela antes
de contar tudo, nã o quero que ela sofra mais um trauma.
-- Eu nã o me importo com o que essa imprestá vel da sua neta vai sentir... – falava com os dentes cerrados. – deveria
ter me contado que ela era cega, deveria ter me dito o risco que eu corria, nã o sabe como quase a deixei morrer em meio
à quela maldita loresta...
De repente icou muda ao ver quem se aproximava acompanhada por uma camareira.
Nã o gostou do olhar que algumas pessoas dirigiram a neta de Ricardo, mas entendia perfeitamente o que se
passava com eles.
Os cabelos estavam soltos e enfeitavam o rosto bonito, os olhos mais vivos, os lá bios mais rosados e cheios.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 221/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O short era curto, preto em seda e deixava as belas pernas de fora, mas nã o de forma vulgar, elegante. A blusa era
dourada, de mangas longas, com cordõ es que trançavam lindamente a igura.
Estava divina!
Ouviu o general chamar seu nome, poré m nã o desejava mais falar com ele naquele momento, nem mesmo se
despediu, deligando o celular e colocando-o na bolsa.
Com um gesto, a pintora dispensou a moça, levantando-se puxou a cadeira para que a convidada sentasse, poré m
nã o a acomodou rapidamente, ao contrá rio, permaneceu parada por trá s dela.
-- Desejo falar com meu avô ! – Disse simplesmente. – Quando vai me levar para ele ou simplesmente diga onde
estamos, tenho certeza de que virá me buscar.
Diana depositou as mã os em seus ombros, trazendo-a para mais perto de si.
Por que aquela simples frase parecia ter uma conotaçã o diferente dita por aquela voz rouca
A neta de Ricardo teve a impressã o que suas pernas tremiam. Estavam tã o pró ximas que chegava a sufocar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 222/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sentia o olhar insistente sobre si, aquele magnetismo esmagador que nã o deixava respirar direito.
Um rapaz bem vestido se aproximou trazendo a comida e o aroma delicioso pareceu dissipar a animosidade da
Villa Real.
-- Você nã o tem nada de civilizada... Mesmo que se vista, que se comporte como uma, há algo em ti muito primitivo
e selvagem... Está no seu sangue. – Ela falava com calma.
-- Se quis me ofender, sinto muito, mas nã o conseguiu. – Estendeu a mã o tocando o queixo delicado. – Gosto de ser
selvagem... Mas há alguns lugares que sou menos e em outros sou bem mais... – Aproximou os lá bios dos dela. – Depende do
que você quiser...
A Villa Real colocou os talheres perfeitamente ao lado do prato, limpando os lá bios delicadamente com o
guardanapo, depois retirou a mã o dela do seu rosto.
Senti-la tã o perto a tirava do sé rio, entã o precisava manter total distâ ncia.
-- Nã o quis ofendê -la mesmo, foi apenas uma observaçã o... Agora sim eu acredito quando diz que é ı́ndia de uma
tribo de canibais.
Diana estendeu a mã o novamente, tocando a dela e mantendo cativa entre as suas.
Estavam frias.
Suavam...
Delicadamente levou o membro, depositando-a em sua coxa sob a mesa, prendendo-a lá .
-- Desejo pintar você , darei o que quiser para que tire a roupa e deixe que eu use minha arte.
A Caligari a queria em seu quadro, desejava passar aquela delicadeza e transformá -la em sua mais valorosa obra.
Desde que a viu pela primeira vez sentiu esse apelo artı́stico e agora essa era uma ideia que nã o deixava a sua
cabeça.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 223/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Só nos seus sonhos você o fará . – Tentou se livrar da carı́cia, mas a morena nã o parecia interessada em soltá -la.
-- Nã o se contentou com a sua amante? – A Villa Real questionou-a em voz baixa e sem disfarçar a irritaçã o. – Pinte-
a, tenho certeza de que ela se sentirá honrada com o seu interesse cultural.
A morena itava os belos lá bios e desejou mais uma vez senti-los.
-- Nã o me contentarei, mesmo que eu durma com um milhã o de mulheres, pois meu desejo é por ti... – Disse
observando a face bonita. – Eu quero transar contigo...
-- Pela minha tribo, depois que nosso casamento foi consumado eu tenho direito a tudo e você será apenas a minha
linda esposa submissa. – Provocou-a.
-- Só na sua fé rtil imaginaçã o e eu acho que você tá com algum problema de cabeça, pois esse casamento nã o foi
consumado.
Diana tomou-lhe a mã o novamente, levou-a à boca, virando-a, depositando um beijo demorado em seu centro.
-- Essa farsa que você chama de casamento nã o foi consumado! – Dessa vez conseguiu se livrar do toque. – E jamais
será !
-- Mimadinha, ontem izemos muito, nã o vai demorar em que você se torne minha mulher... Tenho certeza de que
vai adorar... Prometo fazer direitinho...
-- Você é uma louca! – Acusou-a incomodada. – Quando me entregar aos meus avó s, nunca mais nossos caminhos
cruzarã o.
-- Pouse pra mim, prometo fazer a melhor obra de todo o mundo! – Insistia. – Se fazê -lo, prometo que a deixarei em
paz!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 224/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- O miserá vel do seu pai nã o te ensinou ser educada nã o? – Indagou impaciente. – Fala de mim, mas suas açõ es sã o
mais selvagens do que as minhas! – Arrumou o cabelo por trá s da orelha.
-- Nã o ouse falar do meu pai! – Desvencilhou-se do toque. – E se ajo assim é porque estou cansada de ti, cansada
das suas provocaçõ es, das suas grosserias...
-- Coitada de você , Aimê , quando toda a ilusã o que tem sobre quem era seu pai cair por terra totalmente. – Falou em
tom debochado. – Vou querer estar ao seu lado nesse momento.
-- Meu pai era um homem digno! – Disse cheia de orgulho e tentando manter a calma. – Algué m superior a você !
-- Seu pai era um desgraçado... – Deu um sorriso sarcá stico. – Mas um pouco e eu teria sido sua madrasta... – Fitou o
decote por sobre a blusa que a menina usava. – Seria incesto? – Estendeu a mã o, tocando-lhe o quadril. – Sim, seria, pois sei
que você també m me deseja!
-- Somos casadas, mimadinha, e mesmo que nã o queira temos laços que nos unem. – Olhou ao redor e viu algumas
pessoas observando-as de forma curiosa. – Sente-se! – Pediu de forma mais calma. – Ou eu a farei sentar...
Aimê ainda pensou em protestar, mas percebia que aquilo era o melhor a fazer.
Naqueles dias aprendeu que era um gasto de energia inú til discutir com a major.
A jovem se acomodou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 225/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Temos companhia, Aimê ! – Diana disse com um debochado sorriso. – Sente-se, querida! – Dirigiu-se à amante.
-- E um prazer conhecê -la, a Diana me contou que a resgatou daquela selva terrı́vel e també m me falou como você
foi corajosa em remar à s cegas para salvá -la...
A Calligari levou o copo de vinho aos lá bios, bebericava lentamente enquanto acompanhava a reaçã o de sua
acompanhante.
-- Sim, realmente é um lugar cheio de perigos... Eu iz o que tinha que fazer! – Disse retirando a mã o e esboçando
um sorriso amigá vel.
-- Imagino que sim, ainda mais tendo essa de iciê ncia... Deve ter sido um inferno...
Pegou os talheres e voltou a comer, mesmo tendo perdido a fome, mas o fez para se manter ocupada e nã o ter que
participar daquela conversa.
Nã o demorou muito para que Veridiana perdesse o interesse na jovem e voltasse sua atençã o para a pintora.
A herdeira de Otá vio rezava para que saı́ssem dali o mais rá pido possı́vel, pois tinha a impressã o que a tal
acompanhante fazia tudo para diminuı́-la em seus comentá rios.
-- Deve procurar um mé dico, amor, hoje quando estivemos juntas me preocupei ao ver o ferimento, ainda mais
porque você sempre ultrapassa os limites.
De repente ao olhar para aquele mar tã o azul algo a deixou desconfortá vel diante das palavras da amante.
-- Nã o me recordo de ter passado dos limites em nada, entã o nã o se preocupe com a minha saú de.
Veridiana conversava, nã o pareceu se importar em ter sido repreendida, mas o olhar de Diana e seus pensamentos
estavam centrados na jovem que estava sentada a sua frente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 226/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Olhava-a e tinha a impressã o de que nã o só seu corpo, mas també m seu espı́rito icava em ê xtase?
Veridiana deu um beijo nos lá bios da pintora, despedindo-se em seguida, pois precisava retomar suas tarefas.
Quando icaram sozinhas, a morena estendeu a mã o, tomando mais uma vez a da jovem nas suas.
-- Nã o tenho que achar nada! – Tentou se livrar do contato, mas foi inú til.
-- Deveria dar a sua opiniã o, a inal, ela ocupa o lugar que é seu...
-- Ficou feliz que tenha encontrado algué m que ature as suas grosserias, algué m que nã o se importe de lidar com
uma selvagem que age como se fosse a dona do mundo... Valorize-a, pois eu tenho certeza de que essa é a ú nica que vai ter.
Nã o era difı́cil perceber a raiva que passava por sua face bonita.
Furiosa, levantou-se.
A Villa Real ouviu os sons dos passos se afastarem e só naquele momento soltou a respiraçã o lentamente.
Nã o terminou a refeiçã o, pois perdera totalmente o apetite, só desejava ir para casa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 227/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Villa Real se mantinha calada, enquanto Diana nã o parecia levar em conta os limites de velocidade.
Estava irritada!
Vá rias vezes itava a companheira de soslaio e sua fú ria parecia aumentar mais e mais.
Estava decidida a nã o entregar a neta de Ricardo até que ele cumprisse a palavra.
Aimê nada falava, apenas estava mergulhado em seus pensamentos, distraı́da em suas divagaçõ es.
Quando chegasse a sua casa, a primeira coisa que faria era pedir para que o avô lhe explicasse todas as acusaçõ es
que ouvira contra seu pai. Quando estava em cativeiro com aqueles homens, muitas vezes se usava o nome de Otá vio e nunca
parecia ser coisa boa. Nã o que tivesse alguma dú vida quanto à ı́ndole do homem que a protegera e a amara tanto, poré m
havia coisas sobre a morte dele que nã o a deixava viver em paz. Por isso se arriscara buscando a verdade.
Diana saiu do veı́culo e sorriu ao ver a tia descer as escadas indo até ela, abraçando-a.
-- Deus seja louvado! – A senhora falou, segurando-lhe a face. – Tive tanto medo que nã o retornasse.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 228/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você nã o consegue entender frases? – Indagou irritada. – Só deve seguir as minhas ordens e estaremos bem.
-- Nã o sou um dos seus soldados! – Desvencilhou do toque. – E se você pedisse seria muito mais fá cil.
-- Essa é a ilhinha do dignı́ssimo Otá vio! – Falou de forma sarcá stica, apresentando-a a Antô nia. – Ela vai passar
uns dias aqui! Foi por ela que me embrenhei naquela selva de loucos.
A perplexidade estava estampada no rosto de Dinda, seus olhos traziam pâ nico, mas ela simpatizou, mesmo assim,
com a jovem.
Estendeu a mã o.
-- Ela nã o enxerga! – A pintora falou impacientemente. – Peça para os empregados acomodá -la em algum lugar.
Tenho coisas mais importantes para fazer!
A Calligari subiu as escadas rapidamente nã o parecendo se importar em deixar a Villa Real em companhia de
algué m que nem conhecia.
-- Deus, como você é linda! – Tocou-lhe a face. – Parece um anjo com esses olhos tã o grandes e da cor do cé u.
-- Venha comigo!
A Villa Real assentiu, pois nã o sabia o que fazer. Nã o imaginou que estava sendo levada para outro lugar que nã o
fosse a sua casa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 229/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Antô nia tomava cuidado para que a menina nã o tropeçasse, enquanto subia os degraus segurando a mã o da jovem.
-- Nã o se importe com o jeito da minha sobrinha, ela tem essa forma arrogante e grosseira, poré m ela é uma ó tima
pessoa.
Caminhava e em sua mente pensava por qual razã o ainda nã o tinha sido levada para os avó s.
Tinha a impressã o que o oxigê nio era mais puro, mais ventilado.
Ricardo andava de um lado para o outro, enquanto Clá udia o itava com apreensã o.
-- Sim! – Disse com um enorme sorriso. – Ela conseguiu, eu sabia que ela conseguiria. – Abraçou a esposa. – Aimê
nã o está mais nas mã os daqueles bandidos.
-- Quando... Quando ela vai trazê -la? Quero abraçá -la, quero vê -la!
-- Sim, sim... Decerto ela vai ligar de novo e vamos poder combinar tudo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 230/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana trocou de roupa e rapidamente seguiu até o está bulo. Usava traje de montaria na cor preta.
Aproximou-se da baia.
A morena se aproximou.
Antô nia levou Aimê para um quarto e pela janela viu quando a sobrinha saiu com o cavalo.
Irritou-se, pois desejava lhe falar e como sempre nã o havia oportunidade para isso.
-- Aqui é a nossa casa, uma linda fazenda! – Aproximou-se, tomando-lhe as mã os. – Está segura aqui, criança!
-- Mas por que ela me trouxe para cá ? Quero icar com meus avó s. – Desvencilhou-se do toque. – Onde está Diana,
desejo lhe falar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 231/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A boa senhora voltou a itar a janela e nã o viu mais sombras da Calligari.
-- Ela saiu...
-- Vai demorar? – Questionou apreensiva. – Ligue para o meu avô , preciso falar com ele.
Antô nia nã o sabia, poré m sabia que algo nã o estava certo para a ilha de Alexander sair tã o rapidamente e ainda
mais no Cé rbero.
Seria possı́vel?
-- Meu bem, descanse! – Disse um pouco preocupada. – Vou pedir para que lhe traga algo para comer. Quando
minha sobrinha voltar, ela faz a ligaçã o.
Precisava ir embora, nã o desejava icar no mesmo lugar que a prepotente Calligari.
Por que se sentia tã o perdida quando seus pensamentos seguiam por Diana?
Depois de tudo, de todas as grosserias, ainda sentia aquele sentimento dentro de si...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 232/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Arvores cobriam toda aquela á rea escondendo o paraı́so dos olhos curiosos
Logo escureceria.
Enquanto Ricardo nã o cumprisse o acordo nã o entregaria Aimê ... Nã o seria tola em acreditar na palavra daquele
homem ou em qualquer um daquela famı́lia.
Por que aquela maldita garota tinha o dom de tirá -la do sé rio? Por que a desa iava e nã o se entregava de uma vez
por todas?
Sorriu...
Mesmo que a garotinha negasse sabia que ela desejava, sabia que ela nã o era imune ao apelo que sentia.
Coitada!
Quantas lá grimas faria derramar a ilha do homem que mais odiava em todo o mundo?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 233/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Antô nia estava sentada na sala de estar quando ouviu os passos da sobrinha.
-- Estava banhando no rio uma hora dessas? – Questionou em tom reprovador enquanto observava os cabelos
molhados da jovem. – Precisamos conversar! – Apontou para o escritó rio.
A morena ainda pensou em se negar, mas acabou seguindo na frente e sentando na cadeira diante da escrivaninha.
-- Por que trouxe Aimê Villa Real para cá ? Por que nã o a levou para os avó s?
Diana apoiou as pernas sobre a mesa, enquanto cruzava as mã os sob a cabeça.
Ela observava a reprovaçã o nos olhos da tia e nã o parecia se importar muito com isso.
-- Filha, a menina parece muito assustada e ainda por cima é cega... Deus, como ela icou cega?
Diana mordiscou o lá bio inferior demoradamente. Parecia que ponderava sobre a indagaçã o.
-- Nã o quero que use essa menina para vingança! – Apontou-lhe o dedo em riste. – Nã o costumo exigir coisas de
você , poré m dessa vez o farei: Nã o a machuque, Diana, ela nã o é Otá vio!
A Calligari sorriu.
-- Nã o, se preocupe, Dinda, nã o farei nada que a minha linda esposa nã o suporte!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 234/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Rapidamente Diana foi até ela, ajudando-a a sentar no sofá , ajoelhando-se diante dela.
-- Eu estou bem... – Levou a mã o à fronte. – Sente aqui e me diga que brincadeira é essa.
A morena fez o que lhe foi pedido, observando bem a tia, buscando algum sinal de que ela realmente estava bem.
Aquela mulher era a ú nica famı́lia que lhe restara e sempre cuidava para que estivesse sempre bem.
-- Deus meu! Nã o acredito que você aceitou isso. – Meneou a cabeça. – Nã o gosto dessas pessoas e dos costumes
que tem, isso nã o tem nada de civilizado, por isso sempre fui contra que você vivesse naquele lugar.
-- Por favor, Dinda, sabe que essa cultura é muito atrasada e para mim esse casamento nã o tem nenhuma
importâ ncia.
Antô nia encarava os olhos negros, parecia querer investigar o que se passava neles.
-- Consumou o casamento? – Questionou baixinho, temerosa. – Filha, por Deus, diga-me que nã o forçou nada com a
neta de Ricardo.
Antô nia nunca a reprovava ou discutia sobre suas decisõ es, mas naquele momento parecia realmente perturbada
com a hipó tese de uma relaçã o dessas.
-- Diana Alessandra de Calligari, nã o permitirei que seu ó dio se estenda a pessoas que nã o tem nada a ver com o
que aconteceu.
A morena nada disse, deixando o escritó rio rapidamente, seguindo para o andar superior.
Seguia pelo corredor quando encontrou a Villa Real parada de fronte a porta do quarto de hó spedes.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 235/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Segurou-a pelo braço rudemente, em seguida entrou em seus pró prios aposentos.
-- Solte-me! – Aimê conseguiu se livrar do aperto em seu pulso. – Realmente é uma selvagem! – Disse, enquanto
massageava o braço.
-- Como sabia que era eu se nã o consegue enxergar? – Indagou descon iada.
-- Nã o acredito que existam pessoas tã o rudes como você , major!
O quarto era grande e mesmo que ela tivesse um estú dio para suas criaçõ es, ali també m havia um cavalete, tintas,
pinceis...
Ló gico que tudo estava bem arrumado, o que nã o acontecia quando a morena estava por perto.
Aimê estava parada bem pró ximo a enorme cama de casal que ocupava o centro dos aposentos.
-- Ah, sim, com certeza, os seus captores eram verdadeiros gentleman. – Ironizou.
Diana estreitou os olhos de forma ameaçadora, enquanto seguia até a jovem, segurou-lhe os ombros, poré m de
forma mais delicada, mesmo que em sua face nã o houvesse nenhum tipo de delicadeza.
Fitava os olhos intensamente azuis e era como se mergulhasse em um mar de misté rios.
Observou os lá bios rosados e se recordou de que a primeira vez que os viu imaginou que eram aveludados, depois
de beijá -los tivera certeza que eles iam alé m dos veludos e das sedas.
-- Ah, sim, quando você estivesse sendo puta em um bordel eles continuariam sendo educados... Abra as pernas,
senhorita, chupe-me, senhorita, deixa eu foder forte em você , senhorita....
A Villa Real nã o era acostumada a usar violê ncia, poré m mais uma vez diante das grosserias que ouviu, soltou-se à s
cegas e logo voltou com a mã o e essa estalou na face da ilha de Alexander.
A pró pria neta de Ricardo pareceu perplexa com o que acaba de fazer.
Ficou com a mã o parada diante dos olhos como se pudesse ver algo, como se nã o reconhecesse aquele membro
como sendo seu. Seus dedos doı́am pela força que utilizara...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 236/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Me perdo...
Antes que terminasse a frase, sentiu o corpo ser levantado e aterrissou em um baque surdo sobre o leito.
Teve a impressã o que sua respiraçã o tinha sido paralisada, mas já começava o oxigê nio voltar aos seus pulmõ es.
Já se apoiava nos cotovelos quando sentiu aquela mulher montar sobre si, segurando-lhe os braços sobre a cabeça.
-- Eu nã o sei por que o iz... Perdoe-me, Diana... Eu juro que nã o quis fazer isso... Jamais que feri-la, perdoe-me,
Diana...
-- Nã o fale meu nome! – Gritou. – Eu deveria ter deixado que te levassem para um bordel, deveria ter permitido que
homens usassem você ... Tem sangue podre igual o seu pai...
Aimê começou a se debater, mas a morena praticamente se deitou sobre ela, ajustando-se entre as coxas da garota.
-- O miserá vel do seu pai só nã o me estuprou sobre o corpo do meu noivo morto porque algué m o deteve que o
detiveram... O seu querido pai me vendeu para aqueles homens que estavam com você ... Seu querido pai matou o homem que
seria o meu marido...
A pintora bufava, enquanto observava a jovem, mas acabou se levantando, afastando-se dela.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 237/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- E mentira... – A jovem sussurrava baixinho. – Você mente... Você é cruel... é o ser mais cruel que já conheci... – Os
olhos azuis expressavam total inocê ncia. – Nã o desejo te odiar, Diana, mas é isso que sinto... – Os olhos já se entregavam ao
pranto. – Pela primeira vez em minha vida, eu odeio algué m e isso é uma muito ruim...
-- E mentira, Dinda? E mentira tudo o que Otá vio Villa Real fez?
-- Já chega por hoje disso, ilha, deixa essa menina em paz. – Pediu pacientemente.
-- Entã o vai negar a verdade? Você sabe o que aconteceu muito bem...
-- Nã o vai levá -la a lugar nenhum! – Falou por entre os dentes. – De acordo com as leis do meu povo, ela é a minha
mulher, pois entã o ela dormirá comigo!
Os olhos da senhora quase soltaram de ó rbitas, enquanto o pâ nico se estampava no rosto da ilha da neta do
general.
-- Você nunca se importou com as leis do seu povo... – Dinda a repreendeu. – Sempre agiu como branco!
-- Pois sabe que agora eu comecei a ter vontade de ser ı́ndia e abraçar meu sangue selvagem! – Debochou.
-- Irei tomar um banho e quando retornar, espero que ela esteja aqui... Ou a levo para um lugar onde a senhora nã o
poderá interceder.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 238/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu nã o desejo ganhar nada... Apenas essa mimadinha irá pagar caro pelo que fez hoje e espero que o avô dela
cumpra a maldita palavra ou nã o sobrará muito da ilhinha do Otá vio para eles.
Antô nia conhecia a sobrinha desde que era um bebê e sabia que seria inú til dialogar com ela naquele momento,
sabia que seria mais motivos para que ela se estressasse e batesse o pé em teimosia.
Respirou fundo, enquanto ajudava a garota a senta na poltrona. Agachou-se diante dela, tomando-lhe as mã os.
-- Fique aqui, quando a raiva da Diana passar você retornará para o seu quarto.
-- Você retornará assim que o general vir te buscar... Eu ligarei para ele, pedirei que venha o mais rá pido possı́vel.
-- Diga-me se é verdade o que ela disse sobre meu pai... – Pediu. – Por que a Diana falou aquelas coisas terrı́veis?
Antô nia viu os olhos tã o profundos itando-a. Estavam vermelhos por causa das lá grimas.
-- Filha, converse com seus avó s, só eles poderã o esclarecer toda a histó ria.
-- Olhe, meu bem, nã o ique pensando nisso. – Acariciou os cabelos macios. – Preciso providenciar o jantar. Está
tarde! Fique aqui e nã o responda as provocaçõ es da minha sobrinha, vai ver que ela deixará de implicar com você .
-- A dor muda as pessoas... – Depositou um beijo na fronte da menina. – Retorno logo para buscá -la. Se nã o
responder as provocaçõ es, logo ela icara quieta, conheço-a bem. Ela está agindo assim porque você a desa ia e isso é uma
coisa rara de acontecer.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 239/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana estava mergulhada na banheira enquanto sentia a raiva queimar por dentro.
Tocou a mã o na face e ainda sentia arder diante da bofetada que levara.
O que mais irritava era o fato do seu corpo ainda querer toma-la para si, ainda desejava possuı́-la até perder a
noçã o do tempo, até esquecer o pró prio nome.
Estava sendo castigada? Mas qual seria o motivo da puniçã o, a inal, ela quem tivera que viver um verdadeiro
inferno, ela quem passara por coisas terrı́veis.
Violento...
Lembrou-se de quando tentara matá -lo... Perseguira-o durante horas e só parou quando viu o veı́culo capotar... Nã o
pensara que ele sobreviveria, pois se tivesse pensando nessa hipó tese teria descarregado todas as balas da pistola na cabeça
do miserá vel.
Passara horas lá observando o carro tombado, mas nã o ousou se aproximar, apenas icou lá pensando que aquilo
era pouco por tudo que sofrera.
Ainda se recordava da dor e decepçã o que viu nos olhos do pai, ainda recordava de como foi terrı́vel encontrá -lo
morto.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 240/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Aimê ! – Tocou a imagem, observando os traços delicados. – Espero que um dia possa nos perdoar...
Observava-a.
-- Nã o sou sua esposa! – Retrucou calmamente. – Nã o tenho preconceitos, poré m nã o me relaciono com mulheres e
ainda mais com algué m como você .
Fazia-o sem pressa e seu olhar parecia concentrado nas linhas que criavam.
-- De acordo com a minha tribo somos casadas... – Continuou o que fazia, falando de forma distraidamente. – Os
Tahalunara nã o aceitam que se neguem a fazer algo, na verdade, eu como uma princesa posso fazer o que quiser...
-- Tira a roupa e se deite aı́ nessa poltrona, quero desenhar você , quero ter um quadro seu no meu quarto...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 241/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Como icou cega? Recordo de ter te encontrado uma vez, era uma criança ainda, poré m você enxergava.
Aimê ainda pensou em nã o responder, mas nã o desejava mais discutir, estava cansada, exausta das explosõ es que
sempre ocorria entre ambas.
Enquanto estavam na selva ainda conseguira tentar ignorar as grosserias, mas de repente parecia que havia muitas
coisas que a feria.
-- Eu sofri um acidente...
-- Nã o me interesso, estava apenas querendo ter uma conversa com a minha esposa.
-- Nã o precisa se preocupar com isso, a cega inú til nã o vai atrapalhar sua vida mais.
-- Dona Antô nia pediu para avisar que o jantar está pronto.
-- Comeremos aqui no quarto! – Diana falou. – Avise a titia que estamos cansadas e nã o desceremos hoje.
A Villa Real sentia o olhar sobre si enquanto ela falava, sentia a provocaçã o, o desa io, mas nã o daria o gosto à quela
mulher de uma nova discussã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 242/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sim, eu també m pre iro que use a hidro na minha companhia, ela é grande su iciente para nó s duas... Você por
baixo, ló gico.
Aimê nada disse, enquanto se desvencilhava do toque e começava a se livrar das roupas.
A jovem neta de Ricardo sabia que ela estava ali lhe observando, mesmo assim começou a se despir até icar
totalmente nua.
Sentia aquele calafrio percorrer suas costas, sentia o desejo dela em sua carne...
A Calligari nã o pareceu interessada em se afastar, ao contrá rio, encostou-se ao boxe, cruzando os braços sobre os
seios, deliciando-se com a visã o que se desenrolava a sua frente.
Estava tã o excitada que teve a impressã o que se nã o satis izesse aquela loucura o quanto antes acabaria por morrer.
A Calligari nã o respondeu, apenas ligou o registro soltando as duchas que caiam nã o só em cima, mas també m nas
laterais.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 243/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Deveria ter medo de mim... – Sussurrou em seu ouvido. – Mas você se despe, mesmo sabendo que estou
presente... – Mordiscou o lá bio inferior, a face estava trans igurada pela paixã o. – Acha que posso aguentar por muito tempo?
Os quadris da major seguiam um ritmo lento, esfrega-se nela... Roçava o sexo ao dela...
-- Se tivesse modos teria saı́do, mas você nã o os tê m... – Espalmou as mã os contra os ombros, tentando em vã o
afastá -la.
A morena levou a mã o até o pescoço esguio, depois desceu até os seios...
-- Eu tenho... – Os olhos azuis se voltaram para ela. – Mas você també m tem medo de mim...
Observou a delicadeza do rosto... Com o polegar desenhou o lá bio inferior dela.
-- Sim, Aimê , eu tenho medo de nã o me controlar e apertar bem forte seu pescoço...
-- Quando fala meu nome parece que está gemendo...—Acariciou os ombros estreitos, descendo até a borda dos
seios. – Quando goza deve usar essa mesma tonalidade. – Passou a lı́ngua pelos biquinhos que já se mostravam excitados.
Mesmo que odiasse a forma como ela agia, ainda sentia o corpo em brasas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 244/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os olhos negros permaneciam abertos, observando as reaçõ es do rosto bonito, fascinada com o azul intenso.
Aimê apoiou as mã os nos ombros da morena, sentindo-o em seu tato. Seu cheiro era delicioso, sua forma, sua pele...
Molhado...
A neta do major parecia inexperiente quando Diana lhe cedeu a lı́ngua, mesmo assim, capturou-a, chupando a
pontinha, depois devorando-a toda... Adorando estar no controle dela, adorando a intensidade e o eco das respiraçõ es
aceleradas... Prendia entre os dentes, depois voltava a degusta-la...
Diana apertou-lhe as ná degas, trazendo-a mais para si... Depois usou uma das mã os para acaricia-la nas coxas e nã o
demorou muito para tocar o sexo.
Esperou, enquanto permanecia está tica, mas logo os dedos ganhavam vida...
Estava escorregadia...
Regozijou-se ao senti-la tã o excitada... Ficou ainda mais desejosa de tomá -la para si.
Usou o indicador para se familiarizar... Para sentir o quã o ela també m a queria...
Suas carı́cias começaram a se posicionar sobre o clitó ris... Fazia movimentos circulares... Ora lentos, ora com mais
pressã o... Pressionava-os e depois aliviava...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 245/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Inconscientemente mexia o quadril no mesmo ritmo ditado por ela... E em algum momento essa dança tinha passos
mais avançados... Frené ticos...
Sentiu quando Diana buscava ir mais fundo... Entã o pareceu despertar, detendo-lhe a mã o.
Como podia estar tã o entregue à quela mulher depois de tudo o que passou?
Tivera que suportar a Calligari com a amante naquele mesmo dia e simplesmente se entregava a ela como se nada
tivesse acontecido?
Ainda sentia a eletricidade passando por todo seu corpo... Seus sexo implorava pelas carı́cias...
Diana parece confusa e tentou retornar ao que fazia, mas a neta do general nã o permitiu.
A voz doce e melodiosa pareceu funcionar como uma espé cie de calmante naquele momento.
A Calligari passou a mã o nos cabelos lisos, depois vestiu o roupã o, em seguida deixou o banheiro.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 246/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê ainda estava com as pernas bambas por tudo o que tinha acontecido.
Seu coraçã o pulsava tã o descompassado que chegou a pensar que sofreria um enfarto.
Nã o foi difı́cil para encontrar o roupã o, pois Diana o colocara em um lugar estraté gico.
Vestiu-o, mas nã o deixou o recinto. Continuou lá , parada, encostada à porta, temendo encontrar a Calligari naquele
quarto e começar uma nova discussã o ou algo ainda pior e mais difı́cil para controlar do que a sua fú ria.
Ainda se sentia aliviada por ela ter acatado seu pedido, mas temia que mudasse de ideia.
Amarrou o cordã o do roupã o, demorando-se como se um simples nó estivesse fora dos seus conhecimentos.
Suas mã os tremiam. Fechou-as por alguns segundos, tentando recuperar o equilı́brio.
A Diana era um ser terrı́vel em todos os sentidos. Arrogante, grosseiro, orgulhoso, sarcá stico, irritante, até mesmo
cruel em suas açõ es e palavras, mas havia algo mais que isso e essa era a parte que nã o conseguia entender, era essa parte
que nã o conseguia lidar.
Assustou-se ao imaginar que era ela, mas ao ouvir a voz da senhora Antô nia, sentiu-se aliviada.
Tentou falar, mas as palavras nã o vieram de imediato, poré m ao tentar novamente conseguiu.
Antô nia permanecia no quarto e viu pela janela quando a sobrinha saia no carro.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 247/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nunca tinha visto a Diana tã o fora de si, nunca tinha presenciado um comportamento tã o descontrolado da ilha de
Alexander.
O que Aimê tinha? Pois nã o acreditava que só o fato da garota ser ilha de Otá vio fosse motivo su iciente para deixá -
la tã o fora de si;
Conhecia-a desde que era um bebê , passou com ela todos aqueles momentos difı́ceis, viu-a se fechar em um cı́rculo
de desejo de vingança e frieza, mas em todos aqueles anos nã o presenciara aquele tipo de comportamento tã o instintivo.
Foi até a neta de Ricardo, segurando delicadamente sua mã o, depois seguiu com ela até a varanda do quarto,
fazendo-a sentar em uma cadeira.
Aquela parte era extensa, havia uma rede onde Diana, à s vezes, icava deitada observando as estrelas.
-- Na verdade nã o estou com fome... – Aimê disse receosa. – Mas agradeço muito por sua gentileza.
Puxou uma cadeira, sentando-se. Estendeu as mã os tomando as da garota sobre a mesa.
Antô nia tinha um pressentimento terrı́vel e depois do silê ncio de Aimê tinha quase certeza de estar certa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 248/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
As duas mulheres apenas pareciam ponderar sobre tudo o que se passou, uma seguindo teorias e a outra sufocada
pela realidade.
-- Sim, pergunte.
A senhora sentiu uma pontada no peito ao ouvir a indagaçã o, ainda mais porque sabia que o fato da Calligari
demonstrar nã o gostar da menina a feria.
Ainda abriu a boca para contar a verdade, mas sabia que seria terrı́vel para Aimê saber de como seu pai fora ruim.
Viu como ela icara abalada pelas palavras da Calligari, sabia que ela sofreria muito ao tomar conhecimento daqueles fatos.
Na mente da ilha de Otá vio as palavras que ouvira na choupana de Piatã ainda martelavam fortes.
-- Porque desde que ela descobriu a minha de iciê ncia me trata mal, é sempre grosseira, sarcá stica...
-- Meu bem, o seu avô vai mandar algué m para te buscar e logo nã o precisará se preocupar com os arroubos de
raiva da minha sobrinha. Quando estiver com eles, estará segura e de forma alguma deverá voltar a se aproximar da sua
salvadora. Esqueça o que viveu e mesmo diante das histó rias que ainda saberá , nã o volte a se aproximar...
-- Ela fala que estamos unidas pelo casamento que fora feito na aldeia. Acha que isso tem algum tipo de valor?
Realmente estou unida a ela?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 249/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o, querida, nó s somos pessoas civilizadas e nã o selvagens como aqueles ı́ndios que inventam coisas loucas.
Nã o há nada que te ligue a Diana, pode continuar levando sua vida, esqueça toda essa histó ria de gente selvagem...
-- A sua sobrinha é selvagem... Perdoe-me em dizer isso! – Pareceu constrangida com as pró prias palavras. – Nã o
quis falar assim, mas é que... Desculpe-me...
Antô nia teve que segurar o riso diante da expressã o afetada da jovem.
-- Como disse nã o deve se preocupar, pois logo o seu avô mandará algué m te buscar e estará salva.
Só esperava que Diana nã o surtasse... – Dinda pensava na reaçã o da sobrinha.
-- Agora vou buscar o seu jantar, acredite, querida, os problemas icam menores quando nossas barrigas estã o
cheias.
A tia de Diana era uma mulher muito boa, sentia-se bem com ela.
Assim que fosse embora daquele lugar tentaria esquecer tudo o que passou, assim poderia voltar para sua vida
normal e seguiria o conselho que recebera, em hipó tese alguma se aproximaria da princesa selvagem novamente.
Diana passara parte da noite fora e quando retornou encontrou Aimê dormindo confortavelmente no leito de casal.
Passara as ú ltimas horas em um barzinho, bebendo, poré m teve a impressã o que nem todo o á lcool do mundo a
ajudaria a relaxar, por isso retornara para a casa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 250/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ela usava um robe branco de seda, decerto, sua tia estivera ali para cuidar da garota.
O corpo bonito estava descoberto pelo lençol. As pernas longas e torneadas apareciam maravilhosas.
Ainda nã o entendia por que atendera ao pedido dela quando sabia que a garota a queria també m.
Havia momentos que a itava e tinha a impressã o que via Otá vio Villa Real e isso a deixava fora de si.
Na realidade, essa fora a forma que Diana achara para nã o permitir que seu coraçã o fosse afetado pela doçura
dela... Projetava o coronel para se manter imune à paixã o que queimava.
Seu corpo a queria, estava morrendo de desejo por ela, mas temia pela concretizaçã o daquele ato.
Aimê era diferente de tudo que nunca tivera em sua vida, parecia tã o ingê nua, frá gil...
Aproximou-se dela...
Parecia concentrada... Pensativa... Enquanto rascunhava os traços delicados, enquanto tentava transportar para o
papel aquela á urea de menina mesclada à mulher.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 251/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o contara a esposa que iria até Diana, pois sabia que nã o seria uma conversa fá cil que teria com a ilha de
Alexander, poré m esperava poder levar a neta embora. Protegê -la de ó dio da Calligari.
Recebeu a ligaçã o de Antô nia e icara surpreso, pois jamais imaginou receber ajuda daquela mulher.
Entre as duas famı́lias existiam um ó dio que nem todos os sé culos e as novas geraçõ es poderiam estar livres.
Quantas vezes fora ali para conversar com Alexander... Ele fora um bom amigo!
Fitou ao redor.
Observou alguns trabalhadores, viu o olhar deles... Todos sabiam o que tinha se passado.
Antô nia nã o parecia nada simpá tica com a presença do homem. Quando entrara em contato com ele, pedira que
outra pessoa viesse buscar a ilha de Otá vio.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 252/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Olá , Antô nia! – Cumprimentou com um gesto de cabeça. – Decidi que o melhor seria que eu viesse falar com a sua
sobrinha, pois sabia que se outro viesse em meu nome, provavelmente nã o teria nenhum sucesso.
-- Nã o é bem vindo aqui e você sabe disso... – falou irmemente. – Um Villa Real desgraçou minha famı́lia...
-- Só desejo ter a minha neta de volta... Assim que isso ocorrer, tudo voltará ao normal... Manteremos a distâ ncia
segura.
A mulher baixou um pouco o tom de voz, pois alguns funcioná rios já observavam curiosos.
-- Você estava louco quando pediu ajuda a ela, sabe o que ela passou, sabe muito bem como foi vı́tima do doente do
seu ilho! – Apontou-lhe o dedo em riste. – Eu deveria mandar te tirarem daqui a tiros! Você é um miserá vel!
Viu o carro estacionado em frente da mansã o. Entã o nã o se importara em seguir até eles usando um roupã o
atoalhado preto.
-- Que faz aqui? Como ousa colocar seus pé s em minhas terras? Como ousa vir aqui depois de tudo que fez?
Os dentes alvos da Calligari se abriram em um sorriso que nã o alcançava seus olhos.
-- Apenas quando cumprir a sua parte do acordo eu a deixarei partir! – Voltou para o interior da casa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 253/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O Villa Real mesmo diante do olhar de advertê ncia de Antô nia seguiu até a major.
Nã o houve muitas mudanças naquele lugar. Parecia que tinha voltado no tempo e estava sentado naquele enorme
sofá acompanhado do seu grande amigo Alexander.
Ela era muito orgulhosa, sempre com aquela cabeça erguida, ombros aprumados, ereta, imbatı́vel.
Recordava-se de que quando Alexander a levava em suas jornadas, mesmo antes dela servir ao exé rcito, sempre
exibia aquela arrogâ ncia...
A Calligari o encarava.
-- Você nã o passa de um desgraçado... – Voltou-se para ele. – Me fez ir até aquela maldita loresta buscar uma garota
cega! Nem mesmo me disse o que eu enfrentaria. – Chegou bem pró ximo dele. – Nã o sabe quantas vezes pensei em deixá -la lá
para que morresse...
-- Sabia que se dissesse isso, você poderia se negar a ir até lá . – Sentou-se no sofá , cobrindo o rosto com as mã os. –
Eu precisava que a salvasse... Nã o sabia a quem recorrer... Por Deus, Diana – Fitou-a. – A Aimê nunca fez nada contra você , mas
mesmo assim está pagando um alto preço. Eu nã o tinha como salvá -la, nã o tinha como protegê -la... Nã o me resta mais nada,
perdi tudo, até mesmo o respeito.
-- Acha que me importo com algum de você s? – Ela parecia perplexa. – Acha que me importo com a cegueira da sua
netinha ou com seu olhar de cachorro que caiu da carrocinha? – Esboçou um sorriso amargo. – Por causa de todos que tem
seu maldito sangue, eu perdi tudo que tinha... – Apontou-lhe o dedo – Cumpra a sua parte do acordo e assim sua querida
netinha voltará para a proteçã o da famı́lia.
-- Deixe-me levá -la... – Pediu se levantando. – Cumprirei com a minha palavra, mas antes desejo contar a Aimê toda
a histó ria para que nã o sofra tanto quando souber a verdade de forma tã o cruel... – Chegou mais perto. – Imagine como ela vai
se sentir quando os holofotes seguirem para cima dela, você sabe como esses jornalistas podem ser terrı́veis...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 254/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Chega! – Ordenou. – Eu nã o me importo com a dor de ningué m, pois ningué m se importou com a minha... E
espero com toda a minha alma que a querida ilha de Otá vio sofra um pouco, que sinta na pele o que eu senti... que chore dia
apó s dia quando em todos os lugares as pessoas a apontarem e cochicharem, quando na verdade você foi apenas a vı́tima de
uma trama... Eu era inocente e passei por tudo isso...
Antô nia se aproximou da sobrinha, pois via como ela se mostrava fora de si.
Jamais imaginou que o Villa Real iria até ali, agora se sentia culpada pelo o que poderia acontecer.
-- A minha neta també m era inocente quando por sua sede de vingança ela icou cega...
A Calligari deu alguns passos para trá s, parecia que algo a tinha atingido fortemente.
Os olhos negros traziam total espanto, a pele bronzeada fora tingida com a palidez dos seres que só vagavam pelas
noites.
Antô nia estendeu a mã o e tocou-lhe o ombro, estava tã o perplexa quanto à sobrinha.
-- Está louco! – Diana desvencilhou-se do toque. – Eu jamais tive contato com essa garota, nã o nego que fui a sua
procura muitas vezes, confesso que usei todo o meu poder para destruir seu reinado, mas com a sua querida netinha nada foi
feito!
Ricardo voltou a sentar, mantinha os olhos baixos, parecia envolvido em suas lembranças.
-- No dia que você perseguiu o Otá vio com seu carro, Aimê estava com ele... Quando o veı́culo capotou inú meras
vezes, a minha neta estava lá dentro... Quando você omitiu ajuda e simplesmente foi embora, a minha neta icou a beira da
morte... – Uma lá grima solitá ria descia lentamente. – Naquele dia o meu ilho saiu intacto do acidente, mas uma garota que
nã o tinha nada a ver com todo esse ó dio perdeu a visã o...
Diana exibia total espanto... e por longos segundos sua mente retornara à quela cena...
Quando retornara da selva e descobriu que seu pai estava sendo velado, pois cometera suicı́dio, nã o descansara um
ú nico segundo. Buscava o homem que destruı́ra sua paz incansavelmente, pois seu ú nico desejo era acabar com sua vida e
vingar tudo o que passara, poré m era difı́cil se aproximar, pois o grande heró i estava sempre cercado por seus capangas... Até
um dia de sorte que por um acaso o viu no estacionamento de um conhecido shopping.
Com a arma engatilhada no banco do carona, ela o perseguiu e naquele dia estava disposta a matá -lo, poré m em
uma curva, o veı́culo que o coronel conduzia sobrou...
Lembrava-se de ter icado lá parada, observado o automó vel com os pneus para cima...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 255/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Horas se passaram até que algué m que passava pela estrada chamasse o resgate.
Naquele dia, a Calligari pensara que seu suplı́cio tinha chegado ao im... Mas o miserá vel sobrevivera, sendo
assassinado uma semana depois.
-- Vovô ...
A Villa Real despertou ouvindo vozes altas e em meio a elas conseguiu identi icar a do avô e a da Diana.
A jovem usava apenas um robe de seda branca, os cabelos estavam soltos e os pé s descalços como o da sua
salvadora.
-- Eu tive tanto medo de nã o te ver novamente... – O general dizia. – Ah, minha pequena Aimê , eu daria a minha vida
por você sem titubear.
Antô nia observou a sobrinha e percebeu que havia algo naquele semblante bonito alé m da raiva que carregava.
Diana a itou por alguns segundos, depois baixou a cabeça, em seguida voltou a observar a cena que se desenrolava
no alto da escadaria.
-- Veio me buscar? – Aimê perguntou sem disfarçar a ansiedade na voz. – Podemos ir embora agora? Quero muito
ver a minha vó ...
Ricardo itou a Calligari por in initos segundos. Ela nã o baixou a cabeça, sustentou o olhar... Ao inal fez um gesto
a irmativo, enquanto deixava a sala.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 256/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Deixe-me ajudá -la a se vestir, Aimê e logo pode sair com seu avô .
Desejou perguntar pela Calligari, pois tinha certeza de que ela estava na sala, ouviu sua voz e sentiu seu poderoso
olhar sobre si.
Ainda estava confusa, mas sabia que falavam do seu pai, falavam do acidente...
Vez e outra a boa senhora observava a neta de Ricardo e percebia como ela parecia incomodada.
Teria mesmo sido Diana a culpada pela cegueira daquela jovem tã o bonita?
Pegou a roupa, em seguida se aproximou da garota, sentando ao seu lado, segurou-lhe as mã os.
-- Fico feliz que esteja retornando para as pessoas que amam... Sei que esses dias nã o devem ter sido fá ceis, ainda
mais por conhecer bem o gê nio da minha sobrinha... – Esboçou um sorriso triste. – Infelizmente ela está presa a um passado
que nã o consegue mudar... Nã o deixe o mesmo acontecer contigo... – Depositou um beijo em sua testa. – Agora vamos nos
vestir... – Entregou-lhe as vestes. – Sei que deve estar ansiosa para voltar para a sua famı́lia.
-- Obrigada, senhora, sou muito grata pela forma que me tratou. – Levantou-se. – Gostaria de icar sozinha... Consigo
me trocar...
-- Claro, estarei aqui fora, assim que terminar me chame para levá -la.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 257/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A jovem assentiu e esperou ouvir os passos se afastando para começar tirar o robe.
Sua mente ainda fervilhava com as coisas que Diana falara do seu pai no dia anterior. Desejava icar sozinha com os
avó s para perguntar sobre isso que lhe fora dito.
Percebeu que quando chegara à escadaria, eles falavam de algo relacionada a si, mas nã o conseguira saber o que
era.
Inicialmente a conversa ocorrera em altos brados, mas logo o tom mais ameno fora adotado.
Quando fora ao encontro de um daqueles tra icantes, fê -lo por desejar saber quem tirara a vida do seu pai... Mas
agora tinha tudo que fora dito pela Calligari...
Ouviu a porta se abrir e já abria a boca para dizer a Antô nia que ainda nã o terminara, quando percebeu quem
estava ali.
Era ela...
A Calligari trancou a porta na chave, em seguida segurou Aimê pelo braço, pressionando-a contra a parede.
A Villa Real tentou soltar os pulsos, mas a major os prendeu sobre sua cabeça.
-- Deixe-me! – Pediu.
Diana itou os olhos tã o azuis... O nariz bem feito... As maçã s rosadas... Os lá bios de veludo...
Estreitou os olhos ao ver o belo decote que o robe entreaberto deixava a mostra.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 258/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Meu avô está lá embaixo... – Aimê tentava empurrá -la. – Preciso me arrumar para ir embora... Se ousar me tocar
gritarei...
-- Diga-me quando icou cega! – Ordenou baixinho. – Diga-me exatamente o dia, o ano e o mê s.
A Villa Real nã o entendia a razã o pela qual a Calligari insistia em saber sobre isso.
-- Diga-me! – Apertou-a mais forte. – Se deseja se livrar de mim, comece a fazer o que estou te ordenando.
-- Responda-me! – Disse de encontro ao seu ouvido. – Nã o me desa ie, apenas faça o que digo e sairei daqui...
-- Eu nã o obedeço a você , nã o sou seus soldados e tampouco um daqueles ı́ndios que a veem como uma princesa. –
Fechou o robe. – Saia e me deixe em paz... Irei embora daqui e nunca mais terei o desprazer de encontrá -la.
A ilha de Alexander odiava quando ela a desa iava, odiava porque era como se nã o estivesse no controle como era
de costume.
Aproximou-se com seus passos lentos, mas daquela vez nã o a tocou, apenas a encarava, observava-a com atençã o.
Fora responsá vel por aqueles lindos olhos terem perdido a luz?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 259/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê tateou até a porta, mas ao mexer no trinco percebeu que estava fechada e a chave nã o se encontrava lá .
Estava presa!
Poderia gritar por ajuda, mas era melhor nã o fazer. Temia um confronto daquela mulher com seu avô , percebia que
nã o havia nenhum vı́nculo de amizade entre eles, mas se era assim por que fora ela quem a salvara?
Tinha certeza de que a Calligari continuava ali, mas em que lugar daquele enorme quarto.
Apurou os ouvidos...
Deus, onde tinha deixado as roupas que Antô nia lhe entregou?
Enrijeceu-se!
Nã o tinha medo da princesa indı́gena, poré m se assustava com o turbilhã o de emoçõ es que se apossava de si diante
do toque dela.
-- Eu direi o que quer saber, contanto que me deixe em paz... – Apressou-se em dizer.
Aimê se encolheu.
-- Deixarei que vá embora com o seu avô , mas antes quero te dar algo, a inal, pela minha tribo, somos casadas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 260/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu nã o quero nada... Dispenso seus mimos, esse casamento nã o tem nenhum valor... Entã o nã o perca seu tempo...
Aimê sentia os dedos longos massageando-a sobre o tecido de seda... Fazia-o sem pressa, sem grosseria, delicada...
Os olhos azuis estavam tã o maiores naquele momento, o rosto trazia o corado conhecido.
Os lá bios bonitos da morena se desenharam em um sorriso, mas nã o o cheio de sarcasmo costumeiro, um diferente,
sublime.
Engraçado que apenas naquele momento ela viu alguns sinais que enfeitavam a pele branca...
Achou-os sedutores...
Voltou a itá -la e percebia o pâ nico...Mas també m havia muito mais do que isso...
Abraçou-a!
Aimê permaneceu está tica, enquanto seus braços caiam ao lado do corpo.
Nã o sentia as pernas... Na verdade a ú nica coisa que sentia naquele momento era uma poderosa sensaçã o que a
fazia vibrar por dentro...
Diana fez com que a roupa deixasse seu corpo... A neta de Ricardo nã o pareceu perceber o que se passava.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 261/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Naquele momento apenas uma calcinha era a ú nica proteçã o que tinha para nã o mostrar sua total nudez.
-- Ficou cega no acidente onde estava com seu pai... No dia vinte e trê s de Janeiro... Estavam na estrada litorâ nea... –
Encarou-a. – Diga-me...
-- Sofri vá rias cirurgias... A falta de socorro agravou ainda mais meu caso, pois iquei durante horas desacordada...
Mas por que se importa com isso?
Diana fechou os olhos por alguns segundos e ao abrirem podia se ver as lá grimas dançando em sua pupila.
Recordou-se de quando encontrara Aimê e ela era ainda uma garotinha... Lembrava-se de vê -la brincar e correr com
a ilha de outros soldados.
Engraçado que na é poca nã o prestara muita atençã o, poré m icara encantada com o azul dos olhos dela... Mesmo
que a famı́lia Villa Real ostentasse aquela marca, os dela tinham algo diferente.
Por que saber que a ilha de Otá vio perdera a visã o por sua causa era algo tã o terrı́vel?
A inal, ela era descendente direta do homem mais cruel que teve o desprazer de conhecer...
A major tã o respeitada passara vá rios dias presas, enjaulada por pecados que nã o cometeu... Entã o, por que o que
se passara com Aimê era tã o terrı́vel para si?
Diana seguiu até a porta, pegou a chave no mó vel para abrir, mas sua mã o repousou sobre a maçaneta e nada ela
fez.
Respirou fundo!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 262/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Em passos largos foi até a cama onde estavam as roupas que Antô nia tinha trazido para Aimê , pegando-as, em
seguida se aproximou da menina, tomando-lhe a mã o, praticamente arrastando-a até o lugar onde desenhava.
Sentou a Villa Real sobre a mesinha, derrubando as tintas, os pinceis... colocando as vestes em seu colo.
-- Depois que o seu maldito avô a levar daqui nã o cruze nunca mais o meu caminho! – Dizia sem fô lego como se
tivesse corrido uma maratona. – Vá para o mais longe que puder de mim e independente do que venha a saber... Esqueça!
Mantinha a cabeça baixa, enquanto suas mã os repousavam nas laterais da escrivaninha, tendo a jovem presa no
cı́rculo dos seus braços.
A ilha de Otá vio sentia a agonia que parecia abalar aquela mulher, era como se aquela Diana estivesse guerreando
contra algo mais poderoso.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 263/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o resistiu...
A neta de Ricardo nã o colocou resistê ncia, ao contrá rio, daquela vez ela tomou o rosto da sua salvadora nas mã os,
intensi icando o contato.
Desejava senti-la, a inal, logo iria embora, entã o aproveitaria aquele momento para investigar por que era tã o
perfeita as sensaçõ es que a dominavam quando era beijada por ela.
Diana nã o era uma mulher de delicadezas, mas era cheia de paixã o e era assim seu beijo.
Forte, atrevido quando provocava a lı́ngua de Aimê , exigente quando a capturava, mantendo-a presa, sugando-a,
movendo-se com maestria, seduzindo...
Adorava o cheiro dela... Mesmo que nã o pudesse admitir jamais, adorava o toque dela, a forma como seu corpo
parecia ser conduzido.
Beijou-a mais... como se desejasse devorá -la... Adorou quando prendeu-lhe a lı́ngua, adorou poder chupá -la até
ouvir a major esboçar um som dolorido... manhoso... Sensual...
Os mamilos respondiam...
Diana abandonou os lá bios sob protestos, mas agora sua atençã o estava centrada no colo perfeito aos seus olhos...
Lambeu-os... Enquanto usava o polegar e o indicador para deixá -los mais excitados... Com a ponta da lı́ngua
incitava-os...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 264/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o sabia como parar daquela vez... Na verdade, vasculhava a mente, mas era como se houvesse apenas aquele
momento, era como se seu cé rebro só captasse o agora...
Inclinou a cabeça para trá s... E nã o demorou a Calligari começar a beijar seu pescoço... Mas seus dedos seguiam por
outro caminho.
Diana lhe tocou o sexo sobre a calcinha e precisou respirar fundo para manter o controle quando notou como o
tecido estava encharcado.
Beijou-lhe os lá bios novamente e dessa vez deixou que ela controlasse o ato...
Seus dedos adentraram o espaço da peça ı́ntima... O tecido estava apertado e retardava seus movimentos.
Inicialmente usou os nó dulos dos dedos para fazê -lo... Escorregava... Continuou, aumentando a pressã o, mas nã o fez
mençã o de penetrá -la... As carı́cias seguiam externamente...
Os lá bios dela estavam um pouco inchados... A face trazia respingos de suor, o cabelos estavam molhados...
-- Aceite meu presente, mimadinha... Depois de hoje nã o devemos nos ver mais... Aceite-o... – Voltou as carı́cias,
mesmo tendo a mã o dela sobre a sua.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 265/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Agora usou os dois dedos... depois os levou aos lá bios dela...
Aimê nada disse, mas nã o esboçou reaçã o contrá ria novamente...
Aimê afastou mais as pernas... Apoiando as mã os na madeira, pois temia cair...
Percebia os dedos voltaram a exploraçã o... Estava tã o molhada que tinha a impressã o que se derramaria a qualquer
momento...
Cerrou os dentes quando o polegar fazia movimentos circulares sobre seu clitó ris... Depois percebeu que ela
começara a usar dois...
Mexeu o quadril...
Bem, nã o parecia ser tã o arrebatador com chegou a imaginar... Nã o faria falta em sua vida...
Mas parecia que algo estava errado, pois seu corpo ainda clamava... Ainda estava em chamas...
Sim, era algo delicioso, mas imaginou que viria muito mais...
-- Diana...
A Calligari a mirou por alguns segundos... Mas logo sua atençã o era para o delicioso sexo rosada que se abria para
si...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 266/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estava louca para tomá -la para si e saciar sua vontade... Mas nã o deveria fazê -lo... Daria a ela aquele momento... Mas
nada teria para si, pois temia o que viria a seguir...
Beijou-lhe o sexo... Deixando os lá bios lá , parados... Mas depois sua sede pareceu aumentar...
Ouviu os protestos de Aimê e teve que lhe segurar as pernas para que ela nã o as fechassem...
-- Diana...
Ouviu-a chamar seu nome e teve a sensaçã o que morreria de prazer naquele dia...
Chupou...
Sentiu-se açoitada... Percebeu que a princesa beijava seu sexo como izera com sua boca...
A Calligari sabia que nã o demoraria a ela explodir em um orgasmo delicioso e por essa razã o diminuı́a a
intensidade das carı́cias... Mas ao ouvi-la sussurrar seu nome por ininterruptas vezes... Aumentou a pressã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 267/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A neta de Ricardo mordeu os lá bios tã o forte que sentiu o sabor do sangue... Mas o fez para nã o gritar... Teve a
impressã o que morreria a qualquer momento...
Diana prendeu o clitó ris em seus lá bios... Chupou-o, mordeu-o... Aumentou a pressã o...
Esfregou a cara, lambuzando-se nela... e logo ouvia-a explodir naquele prazer animal e primitivo...
-- Entregue-se... Sinta...
Massageou o sexo mais rá pido... Mexeu-o e quando a viu tombada, parou...
Sentiu algo molhando sobre a pele do pescoço e ao itá -la viu os olhos azuis derramados em lá grimas...
Diana ajudou-a a descer da escrivaninha, segurando-a por alguns segundos até perceber que ela nã o cairia.
Depois pegou as roupas que jaziam no chã o, colocando em suas mã os.
-- Vá com seu avô e se prepara para o que ainda estar por vir... mesmo assim, diante de tudo, nã o se aproxime mais
de mim... Nã o a quero em minha vida e nã o me responsabilizarei por meus atos se você voltar a cruzar o meu caminho...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 268/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Diana... – Sussurrou.
Aimê ouviu os passos se afastando... Ouviu o clique da chave e depois a porta sendo fechada...
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 269/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana seguia pelo corredor e quase bateu de frente com Antô nia.
A senhora olhou para o rosto dela, estava tã o corada que parecia ter pegado sol durante o dia todo, mas a Calligari
nã o esperou que a tia a questionasse, pois seguiu rapidamente para um dos quartos de hospedes.
A tia de Alexander itou os aposentos que Aimê ocupava, parecia pensativa, ponderava sobre o que podia ter se
passado.
Ficara esperando pela neta de Ricardo, mas como demorara muito, fora a sua procura, deparando-se com a
sobrinha que parecia estar sendo perseguida por todos os demô nios.
Seguiu até o banheiro e pelo box conseguiu ver a jovem sob a ducha.
A pintora nada disse, apenas icou ali, permitindo que a á gua fria lavasse seu corpo... Buscando acalmá -lo.
Ainda nã o entendia como conseguira se controlar, pois o que mais desejava era que seu corpo se consumisse na
Villa Real.
Ainda martelava em sua mente o fato de Aimê está em companhia de Otá vio naquele dia, ainda estava presa nisso,
esse fato destruı́ra sua força.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 270/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Dinda, leve Aimê para Ricardo! – Ordenou, enquanto passava pela tia.
-- Diana, você nã o está bem! – Seguiu até ela, tocando-lhe a face, fazendo-a encará -la. – Você discutiu com a menina?
Fitou os olhos intensamente negros e percebeu como ainda pareciam feridos, mas també m havia remorso.
-- Leve-a, Dinda, antes que eu mude de ideia... – Falou por entre os dentes. – Afaste essa garota de mim!
-- Filha, eu sei que o que Ricardo disse deve ter sido difı́cil, poré m se realmente é verdade, você nã o sabia que Aimê
estava no carro.
Mesmo que nunca tivesse admitido se sentira pé ssima quando recordava que negara ajuda a algué m que precisava,
entã o mesmo com todo o ó dio que sentia, sentira-se aliviada quando Otá vio nã o morreu no acidente. Sim, ela desejava a
morte dele, mas nã o daquela forma covarde, desejava um confronto direto. Poré m agora ao saber que houvera uma vı́tima,
sentia-se desnorteada com aquele fato.
-- Eu nã o sei... – Suspirou. – També m nã o desejo falar sobre isso, quero apenas icar sozinha.
Conhecia bem a sobrinha e sabia que ela raramente desabafava, foram poucas as vezes que aqueles lá bios bonitos
falavam o que a perturbava ou mesmo expressaram como algo doı́a, como se sentia arrasada...
Sentia o coraçã o dela pulsar acelerado, sentia como ela parecia tocada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 271/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Observava o teto...
Os olhos negros pareciam tã o perdidos naquele momento, enquanto em sua mente cenas se repetiam.
Seu corpo ainda tremia... Era como se um vulcã o tivesse entrado em erupçã o dentro de si.
Levou a mã o aos lá bios, cobrindo a boca, tentando conter o soluço que escapava.
Que honra?
Iria embora, deixaria tudo o que passou para trá s, esqueceria os dias, as horas, todos os momentos que passara ao
lado da terrı́vel major. Sim, era o que deveria fazer, deveria seguir e como a Calligari mesma disse, nunca mais cruzaria o
caminho dela.
Meneou a cabeça...
Nunca em sua vida imaginara que haveria uma sensaçã o realmente tã o forte...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 272/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Antô nia bateu na porta do quarto onde estava a ilha de Otá vio.
Tentou mais uma vez e outra... Poré m nada fora dito como se o lugar estivesse vazio.
Sem pensar abriu a porta e icou pasma ao ver Aimê de joelhos se derramando em lá grimas.
Pegou o roupã o que estava ao chã o, cobriu o corpo nu, levantando-a em seguida.
Só naquele momento, a jovem se deu conta de que havia algué m ali com ela, só naquele momento percebeu que
estava de pé e segurada pelos braços da senhora Antô nia.
-- Eu...nã o sei... – Sussurrava baixinho – Quero ir embora daqui... Eu preciso ir... – As frase eram interrompidas por
sú bitas tomadas de ar.
-- Shiiiii – embalava-a como se fosse uma criança. – Tudo vai icar bem, tenha calma... Nã o se desespere, querida...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 273/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Antô nia permaneceu ali, ouvindo os suplı́cios da garota e se sentindo triste, pois sabia que fora sua sobrinha a
causadora daquela dor que agora feria aquele ser tã o doce e indefeso.
Mas será que a Diana podia ser responsabilizada? Ela també m nã o fora uma vı́tima de tudo o que aconteceu?
Gostaria que elas nunca tivessem se encontrado, desejava que Ricardo nunca tivesse pedido a ajuda da herdeira de
Alexander, mas agora que acontecera nada se podia fazer.
-- Aimê ... – Chamou-a. – Quando sair daqui com seu avô , tudo voltará ao normal... Você terá sua vida de volta, estará
com as pessoas que ama... Aos poucos essa dor que está sentindo vai passar, aos poucos sua memó ria esquecerá o que fora
vivido...
-- Vai passar...
A jovem fez uma gesto a irmativo com a cabeça, mesmo que duvidasse que tudo pudesse icar como era antes...
Mesmo assim seria menos doloroso acreditar nisso do que pensar que jamais tiraria Diana Calligari dos seus pensamentos e
do seu coraçã o.
Aquela fora a melhor coisa a ser feita, ainda mais porque nã o sabia se conseguiria segurar a vontade que sentia de
tomar aquela menina para si de forma completa e isso era algo que deveria evitar de todo jeito, pois nã o sabia se uma ú nica
vez seria su iciente para saciar seu desejo.
Puxou as ré deas e logo o cavalo seguiu em disparada para o lado oposto.
Naquele mesmo dia, Diana cumprira a promessa que izera a Antô nia e ambas seguiram para a Alemanha.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 274/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Naquela manhã o procurara na cama e nã o o encontrou, chegando a se preocupar, pois ele nã o costumava sair sem
avisar para onde estava indo.
-- Filha... ilha... Minha pequena... – Tomou-lhe a face nas mã os. – Eu tive tanto medo de te perder, tanto medo que
nunca mais voltasse para a casa.
Alguns dias depois, em um jantar entre eles, Aimê tocou no assunto que há tempos a incomodava.
A matriarca servia uma deliciosa sopa para o marido e para neta, depois se sentou.
Ricardo perdera tudo que acumulara em toda sua vida com as farras de Otá vio, o tratamento da neta e as grandes
quantias que tivera que entregar aos bandidos para proteger a memó ria do ilho.
O general nã o pareceu se importar em cumprir a promessa que izera para a Calligari.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 275/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o poderia fazer o que Diana queria, era impossı́vel, havia muita coisa em risco.
-- Essa semana vamos ter um grande evento na cidade, o prefeito vai dar uma festa para angariar verbas para o lar
dos idosos... – Aimê dizia entusiasmada. – Nossa loricultura fora a escolhida para decorar a mansã o... Estamos numa correria
só .
-- Teremos muito trabalho! – Clá udia levava a colher à boca. – Temo que apenas nó s trê s nã o consigamos dar conta.
-- Nã o, vovó , a Bianca e eu estamos tomando a frente de tudo, estamos dispostas a fazer hora extra. – Sorriu. – Gosto
de me ocupar, ico feliz por ter coisas para fazer.
Ricardo nada falava sobre isso, pois para ele era uma humilhaçã o que a esposa e neta trabalhassem.
Ele recebia um dinheiro do exé rcito e agora conseguira ser nomeado secretá rio de segurança daquela pequena
cidade, mas as dı́vidas ainda eram enormes. Sem falar que desejava muito poder juntar o valor para que a neta izesse uma
nova cirurgia.
Depois que terminaram de jantar, seguiram para a pequena varanda, coisa que era normal.
Clá udia seguiu até a cozinha ara fazer café , enquanto Ricardo e Aimê icaram conversando.
Tinham um assunto a tratar, mas sempre que tocava no tema, Ricardo desconversava.
No dia que voltavam da fazenda da Calligari chegou as fazer questionamentos, mas o general se negou a falar sobre
o assunto.
Ricardo folheava uma revista, quando a voz doce chamou sua atençã o.
A garota respirou fundo, parecia procurar uma forma para iniciar a conversa.
-- Eu preciso que me fale sobre as acusaçõ es que ouvi no cativeiro, sem falar nas palavras que... – Mordiscou o lá bio
inferior. – Sobre o que a Calligari me disse.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 276/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Desde que retornara, dedicava-se ao trabalho dia a dia, ocupando-se, pois nã o desejava pensar naquela mulher,
poré m sempre que deitava para dormir, era como se o cheiro dela ainda estivesse ali presente, era como se aquela voz rouca
ainda esbravejasse ou...
-- Nã o, Ricardo!
-- Conte para ela, fale tudo de uma vez por todas! – Ordenou.
-- Ok!
-- O seu pai fora apaixonado por Diana Calligari! Toda a desgraça da nossa famı́lia começou porque causa dessa
maldita paixã o.
Clá udia abria a boca para falar, mas Ricardo fez um gesto para que ela parasse.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 277/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o, a Diana e o noivo eram traidores, estavam roubando armas e cedendo para tra icantes.
Clá udia pareceu chocada, pois ela sabia que aquilo nã o era verdade.
Ricardo nã o encarou a esposa, sabia que ela nã o concordaria com aquilo.
-- Seu pai amava tanto a Diana que estava disposto a perdoar essa falha da Calligari, contanto que ela aceitasse seu
pedido de casamento.
O general a ignorou.
-- A Diana ingiu ter aceitado, mentiu, enganou e quando seu pai descobriu foi obrigado a tomar atitudes trá gicas.
Ela fora amante de Otá vio, enquanto noivava com outro.
Aimê se levantou.
-- Nã o pode ser! – Passou a mã o pelos cabelos. – Como a Diana pô de fazer algo assim? Ela age com muito ó dio por
nossa famı́lia, fala como se tivesse sido vı́tima!
-- Duvida do seu pai? Duvida do homem maravilhoso que sempre te amou e te protegeu de tudo e de todos? –
Ricardo questionou aborrecido.
Aimê estava confusa, mas acabou fazendo um gesto negativo com a cabeça.
Sentia-se mal por ter duvidado na integridade do pai, por ter chegado a pensar que Diana falara a verdade.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 278/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Clá udia nã o foi atrá s dela. Permaneceu lá , seu olhar denotava pesar, denotava decepçã o.
Ricardo caminhou até o pequeno bar, preparou um conhaque, bebendo de uma vez.
-- Você mentiu para a nossa neta, você nã o cumpriu a promessa que izera para a Diana! – Acusou-o. – Ela foi
naquela selva, se arriscou e trouxe Aimê para nó s... – Passou a mã o pelos cabelos. – Nã o sei o que pensar.
Ricardo a encarou.
-- Se eu cumprir a promessa que iz a Calligari, esses homens virã o aqui e levarã o Aimê novamente e dessa vez a
matarã o.
-- Sim, Ricardo, eles virã o porque nó s permitimos que apesar de tudo que Otá vio fez, nó s encobrimos, nã o
denunciamos o crime dele, sendo assim seus cumprisses ainda estã o livres...
Ele ainda abriu a boca para falar algo, mas acabou permanecendo calado, enquanto ouvia os passos da esposa se
afastarem.
Infelizmente, ele nã o acreditava que pudesse fazer algo para mudar tudo aquilo.
Passara muitos anos, nã o poderia simplesmente contar tudo o que se passou, a inal, aquilo acontecera há tanto
tempo, nada mudaria se a verdade viesse à tona, apenas a vida da sua neta correria perigo.
Nã o parava de pensar que seu pai fora apaixonado por Diana... Sua mente criava situaçõ es e só em imaginar que
havia tido uma relaçã o ı́ntima entre eles... Que a Calligari fora amante de Otá vio...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 279/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Agora sim estava cada vez mais segura de nã o desejar encontra-la mais, agora sim tinha certeza de que o melhor
era manter total distâ ncia.
Mesmo tendo tido uma pé ssima noite, na manhã seguinte, logo cedo a jovem Villa Real seguia para loricultura
acompanhada de Clá udia.
A mulher observava a neta de soslaio, enquanto dirigia tinha a impressã o que ela nã o estava bem.
Na verdade, desse que a jovem retornara daquela aventura terrı́vel sentia que algo estava errado. Inú meras vezes
tentara conversar sobre aquilo, mas Aimê sempre dizia que tudo estava em ordem.
Será que essas mentiras contadas por Ricardo nã o seria uma faca de dois gumes?
Havia sorveterias, lojas de roupa, lojas de sapatos, restaurantes, uma pequena pousada e aos inais de semana, uma
grande feira que chegava durar o dia todo.
-- Na verdade tem algumas nuvens carregadas, creio que teremos uma pequena chuva, mas nã o durará .
-- Por quê ?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 280/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Esquece de que tem a festa e pelo que iquei sabendo será no grande jardim que os convidados dançarã o, imagine
que terrı́vel se eles molharem suas roupas.
-- Você vai com a Bianca, nã o estou muito animada para esse tipo de evento.
-- Demoramos um pouco porque passamos para comprar o café da manhã . – Aimê disse em um sorriso. –
Trouxemos um monte de coisas gostosas!
Conhecia-a desde que fora morar ali, há mais de seis anos e se tornara uma boa amiga.
Elas tinham a mesma idade e quando a Villa Real tivera a ideia de montar a loricultura a moça entrara como só cia e
a amizade de ambas icara ainda mais estreita.
-- Vou preparar um café e já volto. – Clá udia beijou as duas e foi para o fundo da loja.
Todo dia era a mesma coisa, a matriarca fazia café para os clientes e refresco para as meninas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 281/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Quando estavam sozinhas, Aimê seguiu para a lateral onde cultivavam algumas lores e jovem loira e miú da a
acompanhou.
Bianca conhecia toda a histó ria, até mesmo sabia dos detalhes de sua aventura na selva.
-- Aquela mulher fora amante do meu pai e ainda por cima uma grande traidora!
-- Nossa! – Levou a mã o à boca. – Entã o tudo o que ela falou é mentira?
-- Pre iro nã o falar mais nisso, nã o desejo nem mesmo recordar de Diana.
Ela conhecia bem a amiga e sabia como ela era perturbada com as histó rias que ouvira sobre Otá vio. Agora
percebia como essa verdade lhe fez mal.
-- Sabe que estou aqui para qualquer coisa! – Abraçou-a. – Hoje na festa você vai se esquecer de tudo isso! –
Colocava entusiasmo na voz. – Meu primo perguntou por você , acho que ele está apaixonado.
-- Ah, nã o, sabe que nã o desejo ir a essa festa! – Desvencilhou-se do toque. – E també m nã o quero que me fale do
seu primo, nã o acredito que algué m deseje ter uma relaçã o comigo.
-- Ei, Aimê , desde quando você tá com essa auto estima tã o baixa hein? – repreendeu-a. – Já perdi as contas de
quantos rapazes se interessaram por ti... Meu Deus, você é linda... Esses olhos tã o azuis, esses cabelos pretos... E essa pele
branquinha... Ah se eu fosse tã o linda, passaria o rodo na cidade.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 282/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Vamos, teremos pouco tempo ara comer hoje, muito trabalho... Mas à noite poderemos no encher de salgadinhos!
Permaneceu lá , parada, tendo aquela impressã o de que algo estava errado.
Quando pensava que cedera ao desejo e permitira que Diana a tocasse, sentia-se nauseada, pois em sua mente
chegava a imaginar o pai sendo seduzido do mesmo jeito.
Aquele mê s nã o fora fá cil, fora terrı́vel, pois em muitos momentos estava sempre a esperar ouvir aquela voz
imperiosa... Mas agora que sabia de tudo, tiraria a major de uma vez por todas dos seus pensamentos...
Nã o conseguia pensar que a Calligari també m estivesse em seu coraçã o... Essa ideia a perturbava terrivelmente,
essa possibilidade era terrı́vel, pois jamais poderia lidar com um sentimento assim.
Nã o tinha retornado para a fazenda, pois a tia permanecera na Europa por mais alguns dias, entã o preferira icar na
grande metró pole e esperar a chegada dela.
Naqueles ú ltimos trinta dias nada izera, perdendo todo o contato com as pessoas. Nem mesmo usara o celular,
apenas se entregou a noites de festas, farras e mulheres para aliviar sua mente.
Ouviu a porta abrir e nã o demorou muito para que a empresá ria entrasse por ela.
-- Entã o você se dignou a aparecer! – A mulher disse em tom acusador, enquanto parava no meio da sala. – Sabe
como iquei preocupada durante esses dias? – Indagou com as mã os nos quadris. – Primeiro se embrenha dentro do mato e
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 283/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A major se levantou.
-- Eu nunca disse que nã o precisava ou critiquei por algo assim, poré m nã o acho que desaparecer sem dizer se está
tudo bem é o cú mulo até para você .
-- Nossa, Diana, eu deveria te bater, mas estou tã o feliz que você está bem que já estou esquecendo minha raiva.
-- Diga que está com a minha agenda cheia, desejo participar de exposiçõ es.
-- Ah, imagina que depois de ter que cancelar todos os seus compromissos e ainda ouvir os donos de galerias te
acusarem de arrogante e irresponsá vel, ainda nos sobra alguns trabalhos.
Ambas sorriram.
-- Mas já que está querendo trabalhar desejo muito que me acompanhe a uma festa!
-- Mas essa é uma bene icente, onde um quadro seu estará sendo leiloado para ajudar um lar de idosos. E a essa
festa nã o é como as orgias que você frequenta. – Al inetou-a.
-- De onde essas pessoas tiraram dinheiro para comprar um quadro meu? – Indagou por sobre o ombro. – Orgias
sã o ó timas!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 284/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu iz a doaçã o! – Vanessa sentou no sofá . – E prometi que você estaria lá , assim, mais pessoas compareceriam e
ajudariam os velhinhos.
-- Desde que eu decidi. – Pegou o celular discando um nú mero. – Prepare o aviã o... – Falava ao telefone.
-- Ah, nã o! – A Calligari se levantou. – Se deseja que vá contigo, vamos de carro, nã o aguento mais icar dentro desse
urubu aé reo!
Vanessa lhe dirigiu um olhar irritado, enquanto pedia que a interlocutor esperasse.
-- E uma cidade do interior, há quase quinhentos quilô metros daqui, nã o vou passar o dia dirigindo e tampouco
arriscar a minha vida contigo voando em alta velocidade. – Avisou-a. – Será um voo rá pido, pousaremos uma cidade vizinha e
partimos de carro, trinta minutos chegaremos lá .
Diana ainda pensou em retrucar, mas realmente seria uma viagem bastante longa e cansativa.
-- Desde quando me deixou sem notı́cias suas, entã o se quiser se redimir terá que fazer o que peço.
-- Nã o tenho roupas apropriadas aqui! Nã o andei me vestindo como uma dama ultimamente.
-- Nã o se preocupe! Comprei um vestido maravilhoso para sua exposiçã o que você nã o apareceu, apesar de você
está um pouco mais magra do que o normal, creio que icará perfeito.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 285/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Vai querer uma acompanhante? – Fitou-a. – deseja que levemos uma amante bonita daquelas com pouco cé rebro,
mas com muito peito?
-- Você é terrı́vel... Mas dessa vez nã o quero que leve ningué m, acho que estou cansada de mulheres!
-- Você nã o parece bem... – Ajeitou-se de lado, enquanto a encarava, examinando-a com o olhar. – O que houve?
Aceitar a proposta de Ricardo só lhe deixou pior e ainda por cima o maldito general nem mesmo cumprira com o
combinado, sumindo novamente do seu radar.
Levantou-se.
Vanessa a viu se afastar e ainda desejou abrir a boca para falar algo, mas prometera a Antô nia que esperaria para
que Diana lhe contasse tudo, coisa que nã o acreditava que aconteceria.
Ficara todo aquele tempo em contato com a Dinda e icara sabendo de todas as aventuras vividas e icara surpresa
quando a senhora contara suas suspeitas sobre a relaçã o da Calligari com Aimê Villa Real.
Observou alguns e-mails e icou surpresa que a pintora estivesse se comunicando com um renomado
oftalmologista.
O trabalho fora á rduo, mas a decoraçã o superava todas que já aconteceram anteriormente.
Quando receberam a proposta, Aimê icara um pouco assustada, pois a pequena loricultura nã o estava acostumada
a realizar eventos tã o grandes, mas mesmo com os longos dias trabalhados, tudo ao inal saı́ra bem.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 286/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O jardim estava lotado de pessoas. Alguns deputados estavam presentes, grandes empresá rios també m prestigiava
o evento.
Uma banda fora contratada para tocar e icou por conta dela animar toda a recepçã o.
-- O Thiago nã o vai vir! – Bianca disse enquanto levava um docinho à boca. – Disse que tinha muita coisa da
faculdade para estudar!
Aimê icou calada, pois tinha a impressã o que o namorado da amiga nunca parecia interessado em estar presente
nessas festas e muito menos ao lado dela.
-- Bem, só porque ele nã o está aqui nã o signi ica que você nã o deva se divertir. – Pegou a taça levando aos lá bios. –
Nã o tem suco? Nã o gosto de bebida com á lcool.
Bianca sorriu.
A jovem morava com o prefeito desde que perdera os pais em um acidente. O tio se responsabilizara pela educaçã o
da garota e por seu bem estar.
-- Ah, sim... – Assentiu em té dio. – Tem muita gente? Que horas vai começar os leilõ es?
Bianca observou ao redor e olhava com atençã o para as outras mesas onde havia pessoas elegantemente vestidas.
-- Sim, muitas pessoas que nunca nem vi! – Ela observou um belo rapaz encará -las. – Tem um homem que para de
olhar para ti! – Disse em seu ouvido. – Mas quem nã o te olharia? Você está muito linda!
-- Bobagem!
-- Aimê , se você pudesse se ver saberia como é uma jovem bonita e qualquer pessoa se apaixonaria facilmente por
ti.
Realmente a herdeira de Otá vio estava ainda mais bela naquela noite.
Usava um vestido branco de tubinho, sem mangas, valorizando ainda mais o colo.
Nos pé s trazia uma sandá lia de salto mé dia que deixava os pé s delicados à mostra.
Os cabelos estavam soltos, tendo apenas duas tranças inas nas laterais que iam até o topo, deixando-a mais
encantadora.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 287/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O rosto recebera um pouco de maquiagem, destacando principalmente os olhos grandes e os lá bios rosados.
-- Por que o interesse? Nã o acredito que eu ou você possamos dar um lance acima de cinquenta centavos.
-- Bem, isso nã o é verdade, mas mesmo assim nossa poupança nã o chegaria perto dos valores dessas coisas.
-- Pelo que iquei sabendo pela minha tia, havia um quadro de uma renomada artista que custaria todos os nossos
ó rgã os em vida.
-- Nossa!
-- Que gesto bonito, a inal, nã o é todo mundo que faz uma doaçã o tã o generosa.
-- Ah, sim, e pelo que iquei sabendo ela també m estaria aqui para entregar pessoalmente a obra, mas ouvi també m
que a tal mulher era muito arrogante e orgulhosa.
-- Ah, com certeza deve ser uma dessas velhas ricas que nasceram com muito talento.
-- Bem, nã o sou muito desse mundo, mas nã o me recordo de ter visto uma artista desse alto nı́vel jovem.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 288/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Ah sim, com certeza, quero ver quem vai pagar tã o caro pelos objetos e també m desejo conhecer a tal pintora que
tem o rei na barriga.
Todos pareciam interessados na artista que tentava ao má ximo ser paciente.
-- Desculpe-me, demorei porque tive que conversar com o prefeito. – Tomou-lhe o braço. – Vamos para o lugar
reservado a nó s.
-- Você está linda nesse vestido preto! – Vanessa dizia. – Sua elegâ ncia nunca passa despercebida.
-- Nã o me venha com essa conversa, sabe muito bem que estou entediada nesse lugar. Nã o sabia que era uma
cidade tã o pequena que nem mesmo tinha um hotel.
-- Isso já foi resolvido, vamos nos hospedar aqui hoje e amanhã cedo retornamos à capital.
-- Assim espero... – Caminhava enquanto seu olhar nã o parecia muito interessado em nada.
-- Eu disse para trazer uma acompanhante e você se negou, entã o nã o sei por que está reclamando.
Nã o só o prefeito seguiu até elas para cumprimentá -las, como outras iguras pú blicas izeram o mesmo.
Diana nã o parecia realmente interessada em bajulaçõ es e nã o parecia se importar em parecer simpá tica.
O prefeito convidou as duas mulheres a segui-los e quando estendeu a mã o para a Calligari, ela ignorou, seguindo
sozinha.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 289/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sobre o palco havia uma enorme mesa e era lá onde os convidados importantes icariam.
-- Nã o poderia ser um pouco mais amistosa? – Vanessa sussurrou em seu ouvido.
O garçom serviu-as.
-- Nã o gosto de bajulaçã o! Por que tem tantas lores aqui? – Questionou incomodada.
-- Você é uma igura pú blica, uma artista renomada internacionalmente, todos gostariam de ter um quadro seu em
suas paredes.
-- Mesmo sendo ignorantes e nã o tendo sensibilidade para reconhecer o real signi icado deles? – Questionou cheia
de sarcasmo.
Diana nã o respondeu, mas depois de alguns segundo observou o cé u estrelado.
-- Bem, você sempre está com esses cabelos soltos, se tivesse feito o penteado nã o estaria com calor.
A Calligari nada disse, pois sabia que seria uma discussã o sem im.
Observava as luzes iluminarem o gramado, onde havia um nú mero considerá vel de pessoas.
Algumas pessoas se aproximaram da mesa para cumprimentá -la e dizer que adorava seu trabalho.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 290/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Vanessa tratava todos com gentileza, enquanto a Calligari dizia poucas palavras.
Diana tirou o celular da bolsa, havia algumas ligaçõ es de sua tia, estava digitando uma mensagem quando ouviu a
voz de uma jovem.
-- Boa noite! – Bianca cumprimentou Vanessa. – Vi o quadro que senhora pintou e iquei de queixo caı́do, é muito
lindo e ao descrevê -lo para a minha amiga, ela desejou conhecê -la e parabenizá -la.
Vanessa observava as duas jovens e ao itar Diana percebeu que ela nã o estava pouco interessada em acabar com a
confusã o.
-- Realmente a senhora é muito talentosa... – Aimê dizia. – A Bianca me descreveu a obra e iquei a imaginar se
estava seguindo a ideias renascentistas...
O aparelho de celular caiu das mã os da pintora, entã o levantando a cabeça ela viu aqueles olhos intensamente azuis
em sua direçã o.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 291/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê estava parada diante da obra de arte, enquanto ouvia a descriçã o da tela tã o cobiçada.
Era muito boa em narrar e izera com esplendida destreza, capturando as particularidades, deixando a herdeira de
Ricardo fascinada.
A ideia de ir falar com a pintora fora da garota e foi preciso insistir com a loira para leva-la até ali.
-- Boa noite! – Bianca cumprimentou Vanessa. – Vi o quadro que senhora pintou e iquei de queixo caı́do, é muito
lindo e ao descrevê -lo para a minha amiga, ela desejou conhecê -la e parabenizá -la.
A empresá ria observava as duas jovens e ao itar Diana percebeu que ela estava pouco interessada em acabar com
a confusã o.
Viu que a herdeira de Alexander respondia alguns e-mails, totalmente desinteressada com o que se passava ali.
A que falara primeiro era uma loira, magra, de estatura mediana, cabelos dourados, olhos verdes e sorriso fá cil.
A pele dela era branca e delicada como uma porcelana, os cabelos negros e os olhos de um azul raro. Era alta e tinha
um porte bastante elegante.
Observou que as pessoas que estavam na ila atrá s delas demonstravam total impaciê ncia, desejando se aproximar
també m.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 292/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Realmente a senhora é muito talentosa... – Aimê dizia. – A Bianca me descreveu a obra e iquei a imaginar se
estava seguindo a ideias renascentistas...
O aparelho de celular caiu das mã os da Diana, entã o levantando a cabeça, ela viu aqueles olhos intensamente azuis
em sua direçã o.
Mimadinha...
Seria uma peça que seu cé rebro estava pregando novamente?
Via em vá rios lugares, ouvia sua doce voz... E quando dormia seus sonhos eram invadidos pela ilha de Otá vio.
-- A minha amiga falou que vai trabalhar muito para poder comprar um quadro tã o lindo como esse. – Bianca se
intrometeu.
Vanessa sorriu, voltando a itar a Calligari e percebeu a palidez tomar conta de sua face, enquanto itava a menina.
Tinha os lá bios entreabertos e os olhos ixos na jovem que elogiara a obra.
O que se passava?
-- Ficamos muito felizes por ter gostado! – estendeu a mã o para cumprimentar as meninas.
Bianca apertou e depois segurou a mã o da Villa Real para fazer o mesmo.
-- Nã o sou eu a talentosa artista – Fitou Diana – Mas apresento a você a mulher que tem mã os má gicas.
Aimê sentiu algo estranho diante do toque... Como se conhecesse, como se já tivesse sentido.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 293/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Teve a impressã o que os lá bios estavam secos, entã o os umedeceu com a lı́ngua.
A Calligari sentia a maciez... Mirava os dedos longos e logo voltou a encará -la.
-- Eu nã o consigo enxergar, mas pelo que Bianca me falou, percebo que é uma mulher cheia de sensibilidade... Nã o
seria qualquer um capaz de criar algo tã o lindo!
Diana nada disse enquanto nã o parava de olhá -la... Continuou prendendo-a, sentindo aquelas emoçõ es perigosas
que sempre acontecia quando estava ao lado dela.
Usou a outra mã o para prendê -la, como se temesse que de repente despertasse e descobrisse que a garota nunca
esteve ali.
Observou os lá bios bonitos se abrirem naquele sorriso que ela sempre dirigia a todos, doce...
-- Procurei-as por toda festa, Aimê , eu quero a minha dança! – Tomou as duas pelos braços, afastando-se com
ambas.
Vanessa nã o tirava os olhos da Calligari e percebeu como o maxilar da ilha de Alexander se enrijeceu ao ver a
garota sendo levada pelo jovem de corpo atlé tico.
Já se preparava para questionar, quando Diana pegou o aparelho celular que caı́ra, levantando-se em seguida.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 294/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O senador fora cumprimentá -la e acabou por icar com a mã o pendendo no ar, pois a pintora nem mesmo se deu ao
trabalho de falar algo, afastando-se.
A empresá ria observou toda a cena e apenas permaneceu no mesmo lugar, enquanto pegava uma taça e bebericava
lentamente o lı́quido.
Sensibilidade?
Quando a conheceu, a artista estava passando por uma fase difı́cil, tinha perdido o pai e enfrentava um destino
cruel.
Mesmo nã o tendo tantos anos de diferença, viu-a como a ilha que nunca teve e desde esse dia uniram-se. Foi por
um acaso que descobriu o grande talento que ela tinha e desde esse dia estavam juntas pro issionalmente, mesmo que poucas
vezes concordassem em suas opiniõ es.
A Calligari fora bem aceito com seus trabalhos, mas sempre era prepotente e arrogante, coisa que era perdoada
quando se via as belas obras que criava.
Sabia o que ela tinha vivido e por esse motivo nunca discutia com ela, na verdade, ningué m nunca discutia com
Diana, talvez fosse por isso que agisse daquele jeito.
-- Você é um mal educado, Alex, está vamos conversando com a pintora! – Bianca se livrou da mã o do primo.
O rapaz as levou para a pista de dança onde vá rias pessoas já se desdobravam, cada uma mostrando passos
diferentes.
-- E desde quando você aprecia essas coisas, Bianca? – Interceptou o garçom, pegando trê s taças e entregando as
garotas. – Isso é coisa para velhos, aqui é onde devemos icar. – Bebia, enquanto se mexia.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 295/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Em determinado momento levou a mã o ao rosto, sentindo aquele cheiro que nã o era desconhecido para si.
Respirou fundo.
Alex se afastou.
A loira levou a taça aos lá bios bebendo um pouco do conteú do.
-- Nã o quero icar aqui! – Bianca se abanava com as mã os, enquanto usava um tom alto para ser ouvida – Tem muita
gente e muito barulho.
-- Se eu fosse você beberia um pouco, porque só assim para aguentar meu primo. – A loira aconselhou-a.
Aimê nem mesmo se preocupou em responder sobre esse fato, pois nem cogitava ter algum tipo de relaçã o com o
ilho de prefeito.
-- Ainda está impressionada com ela, imagina se tivesse visto... Caramba! Nunca tinha conhecido uma mulher tã o
bonita... Aqueles olhos... Aquela pele bronzeada... Ela parecia tã o superior... Nossa, se eu fosse bela daquele jeito teria o mundo
aos meus pé s!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 296/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Como é o nome dela? – Indagou impaciente. – Tinha a assinatura no quadro... Você lembra?
-- Ah, sim, eu acho que é Alessandra... – Dizia pensativa. – Mas nã o lembro o sobrenome.
O rapaz tentou puxar a loira para dança, mas ela praticamente o empurrou.
-- O que você tem? Por que parece tã o preocupada? – Colocou as taças na bandeja do garçom que passava.
-- Eu nã o sei... Mas é que... Tive a impressã o que a conhecia... – Passou a mã o pelos cabelos.
-- Como a conhecia?
-- Nã o vai esperar o Alex? Ele quer dançar contigo! – Torceu a boca em desagrado.
-- Por favor, Bianca, quero ir embora, estou tã o cansada que estou imaginando coisas.
A sobrinha do prefeito a observava com atençã o e percebia que algo estava errado.
A Alvarenga seguiu abrindo espaço e ao perceber que nã o teria como ir pela frente, pois estava lotado, decidiu dar a
volta.
Pensou em questionar o que se passava, mas seria impossı́vel manter um diá logo com todo aquele barulho.
Havia muita gente, pois aquele era o evento mais esperado durante o ano.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 297/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Havia churrascos e bebida grá tis, sem falar na banda que animava a festa durante toda a noite.
Alguns rapazes a interceptaram, convidando-as para dançar, mas Bianca olhava-os feio e logo se afastavam.
Ali havia poucas pessoas, estava menos iluminado e o barulho era menor.
Caminhavam rá pido e quando chegaram sob a enorme á rvore, pararam, tentando respirar.
-- Caramba, estou morta! – Bianca disse tirando os sapatos. – Nã o tem como andar assim nã o!
-- Por que nã o fomos pela frente? – Questionava enquanto seu peito arfava. – Nã o precisá vamos ter corrido, ainda
mais com esses saltos...
-- Impossı́vel passar... – Bianca levou a mã o à testa, fazendo uma expressã o de dor – Esqueci a chave do carro! Que
burra eu sou!
-- Eu nã o acredito que depois de termos andado tanto você me diz uma coisa dessas!
Aimê suspirou, ainda abriu a boca para protestar, mas realmente aquela era a ú nica soluçã o e se fosse com a Bianca,
acabaria atrasando-a mais.
Sentiu os pé s doloridos, entã o decidiu sentar e se livrar dos sapatos. Os saltos inos nã o foram uma boa escolha.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 298/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estava cansada!
Nunca trabalhara tanto como naquele dia e ainda tivera que comparecer à quele evento.
Seguiu-as até ali e agora que a Villa Real estava sozinha tinha a oportunidade para vê -la melhor.
Estava linda!
Quando ouviu aquela voz gentil teve a impressã o que sua alma retornava ao corpo depois dos longos dias longe.
Estava segura de nunca mais vê -la, estava segura de manter distâ ncia daquela menina-mulher.
Sabia que nã o deveria ter ido até ela, mas nã o conseguiu segurar a vontade de vê -la novamente e ter certeza de que
nã o fora uma ilusã o.
Diana mordiscou o lá bio inferior, depois seguiu até ela, icando a poucos metros de distâ ncia.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 299/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê sentiu aquele cheiro, o há lito refrescante e teve a impressã o que aquilo era fantasia da sua cabeça.
A Villa Real sentia o coraçã o bater acelerado e temeu que caı́sse ali desfalecida.
De repente era como se todos aqueles dias nã o tivessem passados, era como se voltasse para aquele quarto onde se
falaram pela ú ltima vez.
-- Que... que faz aqui? – Gaguejou enquanto indagava. – O que está fazendo aqui? – Conseguiu maior irmeza.
Diana teve a impressã o que há sé culos nã o a via e notou o desagrado de Aimê por sua presença.
-- Bem, você elogiava a minha sensibilidade quando seu “amigo” praticamente te arrastou, entã o vim agradecer por
suas palavras.
-- Entã o... entã o é você a artista? – Pareceu pouco surpresa com a constataçã o. – Eu nã o estava icando louca...
Sentiu-a quando suas mã os se uniram, poré m nada disse, pensando que estaria a imaginar coisas.
Diana itou os lá bios bonitos e se recordou de como era bom quando eles se misturavam com os seus.
Estendeu a mã o colocando alguns ios que estavam na face da jovem atrá s da orelha.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 300/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o me toque!
-- Nã o quero que se aproxime de mim! Como ousou vim até aqui? Recordo-me quando deixou bem claro que
desejava que eu me mantivesse longe, mas agora é você que me persegue.
-- Nunca pensei que a encontraria aqui... – Chegou bem perto dos lá bios rosados. – Foi uma surpresa enorme vê -la.
-- A minha amiga já está voltando, entã o acho melhor que vá embora, nã o desejo ter que dar explicaçõ es.
Diana observou por sobre os ombros e nã o viu sombra da garota que a acompanhava.
-- Quem é aquele rapaz que praticamente te arrastou? – Questionou voltando a itá -la.
A Villa Real desejou sair dali, mas sabia que nã o tinha para onde ir, rezava para que Bianca voltasse rá pido.
-- Meu namorado! – Disse de forma desa iadora. – E ele nã o vai gosta de saber que algué m está me incomodando!
Nã o, Aimê nã o contara para ningué m sobre aquela parte da aventura na selva.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 301/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Esse casamento nã o vale nada, quando está vamos lá você me disse! – Apontou-lhe o dedo em riste. – Entã o nã o
venha com essa histó ria novamente.
Diana nã o pareceu se importar com as negativas, pois parecia interessada em examinar o elegante traje que a
jovem usava.
Os seios pareciam encaixados, mas fá cil de serem desnudos já que nã o havia alças.
-- E ele sabe que você por pouco nã o perdeu sua honra? – Indagou enquanto arqueava a sobrancelha esquerda.
A Villa Real sentiu o rosto em brasas a mençã o do fato que acontecera antes de deixar a fazenda.
Passara dias sendo assombrada por aquelas sensaçõ es, passara noites se revirando na cama, acordando cheia de
desejo pelo toque dela, enlouquecida pela forma de amar daquela mulher.
Fechou os olhos por alguns segundos e em sua mente veio à s palavras do avô !
Diana Calligari desgraçara a vida da sua famı́lia e por culpa dela seu pai estava morto.
-- Enojo-me ao me lembrar de como ousou encostar em mim! Como subjugou-me, sabendo que nã o poderia me
defender.
-- Poderia ter gritado! – Provocou-a. – Apenas te ofereci um presente... – Falou bem perto do seu ouvido. – Queria te
dar algo para que nunca me esquecesse... A pergunta agora é : Você me esqueceu, mimadinha?
A major viu como os olhos azuis brilhavam, observou como eles traziam raiva naquele momento, mas nã o era só
aquilo...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 302/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê espalmou as mã os contra os seios dela, tentando manter distâ ncia.
-- Você nã o passa de uma grosseira por ousar a falar desse fato tã o ı́ntimo! – Acusou-a cheia de indignaçã o.
Sentiu o coraçã o da ı́ndia bater contra seu tato, sentiu a maciez do colo e foi como se levasse um choque elé trico,
afastando rapidamente as mã os.
-- Venha comigo, eu desejo falar contigo! – Pediu baixinho. – Precisamos esclarecer algumas coisas.
-- Eu nã o tenho nada para falar com você , nã o desejo nem mesmo está no mesmo lugar que ocupa.
-- Nã o tenho nada para falar contigo, apenas continue afastada de mim, da mesma forma que nã o desejo me
aproximar...
A Calligari ainda pensou em insistir, mas ao ouvir passos, percebeu que a amiga de Aimê se aproximava e acabou
indo embora.
A neta de Ricardo sentia que ela se afastava e estranhou que nã o tivesse ocorrido aquela prepotê ncia por parte
dela.
-- Cheguei! – Bianca anunciou. – Disse que nã o demoraria muito. – Observou Aimê . – Você está bem? Parece
assustada... – Tocou-lhe a face. – Está febril?
-- Eu estou bem, apenas desejo ir para casa o mais rá pido possı́vel.
A loira assentiu, enquanto lhe tomava a mã o e as duas seguiam em direçã o à rua onde deixaram o carro.
Havia algo estranho naquela histó ria, pois apesar de tudo nunca viu a ilha de Otá vio reagir com tanta raiva e
desprezo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 303/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Maldito Ricardo!
O desgraçado nã o cumprira com a palavra, mas parecia que tinha agido rá pido em falar sobre o que se passara no
dia que a jovem icara cega.
Aimê quando chegou ao pré dio onde morava mal se despediu de Bianca, subindo as escadas, tendo a impressã o que
se demorasse mais um pouco teria um ataque.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 304/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sentiu-a naquele palco, sentiu aquela eletricidade que se apossava do seu corpo, aquela fraqueza nas pernas...
Aquela inquietaçã o no estô mago...
Como podia ter desejado beijá -la quando a sentiu tã o perto de si?
Como ainda desejava beijá -la depois de saber de tudo que ela causara?
Diana Calligari era o pior ser humano que existia em todo o universo. Ela usara dois homens e por esse motivo seu
pai fora obrigado a ser um assassino, por culpa da paixã o que sentia por ela izera coisas ruins...
Nã o permitiria que o mesmo acontecesse consigo, nã o permitiria que a major usasse-a també m, nã o permitiria.
Vanessa leu a mensagem e precisou beber mais um pouco para nã o surtar.
O leilã o começara e todos pareciam interessando em se aproximar de Diana. O nome dela já fora chamado vá rias
vezes.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 305/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Vanessa decidiu icar até o im da festa, pois sabia que era o mı́nimo que poderia fazer para se desculpar pelas
grosserias da pintora.
Apesar de ter decidido manter distâ ncia da ilha de Otá vio, agora se sentia em obrigaçã o de esclarecer os fatos.
Miserá vel!
O rapaz da recepçã o olhou-a com descon iança, mas ao perceber que era uma mulher importante, arrumou o
aposento mais apropriado.
Ela aproveitou e questionou se o jovem conhecia a famı́lia Villa Real e quã o surpresa ela icara ao saber que a
loricultura de Aimê era naquela mesma praça.
Havia uma cama de casal, uma pequena poltrona, uma mesinha com uma cadeira e uma porta que dava para o
banheiro.
A praça era grande e havia algumas pessoas sentadas nos bancos, outras comiam nas barraquinhas...
No dia seguinte iria lá ... Tinha coisas para tratar com cada um dos Villa Real... E sabia muito bem pelo qual
começaria.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 306/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Vanessa iria adorar esse detalhe, poré m a ilha de Alexander preferia o lı́quido gelado.
Sentiu-o lhe molhar as costas, mantinha os olhos fechados e era como se estivesse olhando para aquele mar azul...
Desde quando se importava com o que a ilha daquele miserá vel sentia?
Pegou a toalha secando-se, depois a deixou de lado, caminhando totalmente despida pelo quarto.
No dia seguinte...
Clá udia acabava de se arrumar e já seguia para a porta quando viu Aimê parada, esperando-a na sala.
-- O que faz de pé ? Pensei que estivesse dormindo! – Foi até ela, beijando-lhe a face. – Eu disse que hoje nã o
precisava ir à loja, você e Bianca trabalharam muito ontem.
-- Nã o, vovó , hoje é sá bado, é um dos dias mais corridos que temos, entã o decidi ir com a senhora.
Ela nã o herdara o mau cará ter de Otá vio e nem mesmo a fraqueza dos Villa Real, ela sim era melhor do que todos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 307/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Abraçou-a forte.
-- Está bem, pode vir comigo, assim me conta como foi a festa ontem.
A ú ltima coisa que Aimê desejava falar era sobre aquele assunto, mas preferiu icar calada e nã o expressar seu
descontentamento.
Pensara muito e acabou achando que o melhor era nã o falar sobre a presença da Diana na cidade, a inal, com
certeza hoje ela já nã o estaria mais ali.
Passara horas rolando pela cama, horas pensando que deveria ter falado muito mais.
Deveria ter sido mais segura, mostrado que nã o tinha medo e que a enfrentaria quantas vezes fossem necessá rias...
Deveria ter deixado claro que sabia do que ela izera com seu pai...
Era cedo quando se cansara de tentar dormir, entã o decidiu tomar um banho e seguir para o trabalho, pois só assim
para distrair sua mente.
Diana estava se vestindo, enquanto Vanessa andava de um lado para o outro no pequeno quarto.
-- Todo mundo te esperando na hora do leilã o. Um empresá rio pagou caro pela obra, estava pensando que você
entregaria, mas você decidiu sumir simplesmente!
-- Nã o sei por que reclama tanto, a inal, pelo que está gritando desde que chegou, o leilã o foi um sucesso e o
dinheiro vai dar pra ajudar os velhinhos.
-- Você nã o consegue conversar sem destilar esse sarcasmo? – Respirou fundo. – Ok, nã o vou mais brigar por isso,
poré m agora vamos embora daqui. – Pegou o celular discando um nú mero. – Você foi convidada para expor em Roma! – Fitou-
a. – Nã o sei como o povo ainda te convida para alguma coisa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 308/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A major se levantou.
Usava calça jeans colada à s pernas malhada, camiseta preta e botas de canos mé dios.
-- Você pode ir, mas vá de tá xi, precisarei do carro! – Foi até o espelho.
-- Que histó ria é essa agora? Você vai icar aqui? – Observava-a arrumar os cabelos longos. – Você nem queria estar
aqui, criticou a cidade por ser pequena, falou dessa pousada, eu praticamente te arrastei e agora me fala sobre icar aqui. –
Segurou-a pelos ombros, fazendo encará -la.
-- E o que está te prendendo aqui? Nã o me diga que se interessou por uma dessas mocinhas interioranas?
-- Só falta me dizer que os Villa Real estã o aqui! – Vanessa ponderou por alguns segundos. – Aquela menina de
ontem... – Dirigiu a ela um olhar acusador. – Ela é Aimê Villa Real! – Ela falou como se tivesse matado a charada. – Por isso
você icou daquele jeito! Deus, aquela menina que cega que adorou seu quadro é a jovem que você foi salvar naquela selva! –
Bateu na pró pria cabeça. – Como nã o me toquei! Você icou com cara de boba!
-- Eu nã o iquei de jeito nenhum, apenas tenho assuntos inacabados com essa gente.
-- Meu Deus, você gosta dessa garota, eu vi ontem como você icou!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 309/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o se engane, pois nã o há sentimento nenhum por essa menina, apenas preciso resolver algumas questõ es.
-- Os lı́rios estã o lorescendo lindos! – Clá udia comentava, enquanto via a neta cheirar cada um deles.
Desde que abriram a loricultura, transformaram aquela á rea em um pequeno paraı́so loral.
-- Ah sim, vovó , eles crescem felizes. – Sorriu. – Aqui é como se fosse um lar... – Tocou a pé tala delicada.
-- Preciso do seu mais belo arranjo de lores. – Dizia entusiasmado. – Vou pedir a minha namorada em casamento e
por isso desejo o melhor. – Olhava tudo ao redor com interesse.
Aimê sorriu.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 310/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Ela gosta de rosas... Sim, rosas, eu quero o buquê de rosas mais lindo da sua loricultura. – Tirava o dinheiro. –
Preciso que entreguem no trabalho dela... Deus, ela vai icar tã o emocionada...
-- O problema é que nã o tem ningué m para entregar! – Clá udia se antecipou.
-- sim, claro! – Aimê se adiantou. – Sua namorada recebera o mais belo arranjo.
O homem pagou, anotou o endereço e escreveu no cartã o, depois agradeceu deixando a loja.
-- Tem certeza de que vai icar bem aqui sozinha? – Questionou enquanto a via fazer o arranjo.
Desde que a neta sumiu, a esposa de Ricardo nã o a deixava só . Temia que algo acontecesse a ela novamente.
-- A namorada dele vai icar muito feliz, a inal, que mulher nã o gosta de lores. – Dava os ú ltimos toques. – Vá , faça a
entrega e prometo que a esperarei aqui. – Inspirou o delicioso aroma.
Sorriu!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 311/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Um dia você vai ter um namorado bem româ ntico e vai te dar lores todos os dias, eu mesma contarei que você
adora lı́rios. – Beijou-lhe os cabelos. – Você é maravilhosa, ilha!
Clá udia era uma pessoa sempre atenciosa, sempre preocupada com ela, sempre cuidara muito bem de si, ainda
mais por causa de sua de iciê ncia, no inı́cio precisara de muita ajuda.
De repente sua mente a levou de volta naquele dia que entrara em desespero ao descobrir que a princesa indı́gena
fora ferida...
Havia uma ré plica de uma bicicleta na calçada cheia de lores. Alguns vasos com plantas decorava a calçada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 312/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Levantou a cabeça e percebeu que nã o teria como entrar ali sem ser notado.
Havia balõ es de coraçã o, ursinho com coraçõ es. Jarros de vá rios formatos, as mais variadas espé cies de loras
en ileiradas sobre prateleiras.
A Calligari a encarou.
Nã o foi difı́cil descobrir onde encontrá -la, a inal, naquela pequena cidade só havia uma loricultura.
Usava um vestido lorido com alcinhas, o cabelo longo estava trançado, mas a parte da frente estava mais curta e
formava um tipo de franja lateral, emoldurando seu rosto.
Aproximou-se dela.
-- Bem, eu precisava de um lugar para comprar lores, entã o vim aqui, nã o havia outros lugares para conseguir isso.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 313/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Aqui você nã o comprará nada, entã o peço que saia, antes que peça para algué m tirá -la à força.
Diana pegou um jarro que trazia aquelas espé cies de á rvores japonesas, achou bonita.
-- Tem uma placa bem atrá s de você que fala que descriminaçã o de qualquer natureza é crime, entã o se nã o me
atender posso processar sua loricultura. – Dizia enquanto via outras espé cies.
Seu rosto trazia aquela expressã o de sarcasmo costumeira e um sorriso se desenhava no canto dos seus lá bios.
-- Ok, farei o arranjo! Diga logo o que vai querer, pois nã o tenho o dia todo para icar aqui contigo!
A Calligari a observava se movimentar com precisã o e ir direto até onde estava o que pedira.
Via a agilidade que ela tinha com as mã os, mesmo percebendo que tremia, e nã o demorou muito para um bonito
buquê está pronto.
-- Coloque um desses ursinhos que você tem, vai icar ainda mais atrativo! – Provocava-a.
A herdeira de Ricardo respirou fundo para nã o esbravejar novamente, pois seria uma perda de tempo.
Aimê se afastou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 314/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Cem! Nã o precisa pagar o bonsai, é um presente meu para a sua tia.
Diana sorriu.
-- Ela vai icar feliz em saber que se lembra dela com carinho... Presentes sã o sempre bons... – Disse em tom mais
carregado. – Eu acho que mereço um presente també m...
-- Apenas ela dos Calligari merecem o meu apreço! – Disse irritada. – Agora pague e saia daqui.
-- Caramba, esse negó cio de lores dá dinheiro! – Pegou a carteira na bolsa. – Faz noventa?
-- Cem!
-- Agora pode ir embora e nã o volte mais, nunca mais ouse entrar aqui!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 315/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Esperava que aquela mulher saı́sse de uma vez por toda daquela cidade, mesmo assim nã o conseguiu nã o pensar
para quem ela daria aquelas lores.
Com certeza já encontrara alguma amante para aquecer sua cama!
O garoto deveria ter uns nove anos, vestia uma roupa surrada e trazia nas mã os um lindo buquê de lı́rios e um urso
de pelú cia.
-- Isso é para você ! – Colocou tudo nas mã os dela. – A major Calligali – Disse com di iculdade o sobrenome. – Ela lhe
espera na hora do almoço na pousada que ica aqui na frente.
-- Pois diga a ela que nã o irei a lugar nenhum, faça melhor, peça para que ela esqueça que eu existo. – Estendeu as
mã os com os presentes. – Diga que nã o desejo nada que venha dela. Tome!
-- Nã o, moça, se izer isso, a mulher lá vai mandar me prender porque tentei roubar a carteira dela.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 316/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Por favor, vá lá com ela, eu prometo que nunca mais tentarei roubar ningué m, mas eu nã o quero ir para a prisã o,
minha mã e vai me matar.
Aimê ainda pensou em se negar, mas sabia que Diana era bem capaz de cumprir a ameaça.
-- Está bem, diga que na hora do almoço estarei lá . – Disse em meio a suspiros. – Mas nã o almoçarei com ela,
simplesmente darei alguns minutos para que ela me explique o que quer de uma vez por todas.
O garoto lhe beijou a mã o em agradecimento, enquanto fazia um gesto de positivo com o polegar para Diana que
observava tudo do lado de fora da vitrine.
-- Entã o quer dizer que você pediu para a Calligari salvar sua netinha.
-- Como foi capaz de levar minha neta, seu desgraçado? – Apertou forte o aparelho. – Como izera isso quando eu
nã o o denunciei por tudo que fez.
-- Você nã o fez nada por mim, fez pela honra perdida do seu ilhinho e quanto a sua netinha, ela que me procurou
para saber sobre o que acontecera com o papaizinho querido.
-- Matar-me? – Ironizou. – Você nã o passa de um pobre coitado, nã o tem moral, nem prestı́gio e nem dinheiro... Mas
tem algo que eu quero e como quero... Fique sabendo que logo pegarei a doce Aimê para mim... Tenho planos...
-- E como vai protegê -la? Acha que depois de nã o ter cumprido a palavra que deu a Diana, ela vai te ajudar
novamente?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 317/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ricardo abriu a boca para retrucar, mas o outro já tinha desligado.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 318/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O movimento na loricultura fora grande como era de costume aos inais de semana.
Pessoas entravam e em muitos casos se encantavam com as espé cies e raramente saiam sem levar um mimo.
A jovem ilha de Otá vio agia sempre com bastante simpatia, contando sobre o signi icado de cada planta ali
presente. Fazia-o de forma tã o apaixonada que muitos passavam horas maravilhados com as palavras.
Um cliente em especial pareceu desejar todo o tempo da Villa Real para si.
Alex fora lá e pareceu triste por nã o ter recebido a tã o esperada dança, mesmo assim nã o se dava por vencido e
convidava a garota para um lanche à noite. Tentando se livrar da insistê ncia do rapaz, ela aceitou, recebendo o abraço que
fora lhe dado.
Aimê e Clá udia se viravam para dar conta de todos, fora as ligaçõ es fazendo encomendas.
Aos sá bados nã o icavam o dia todo aberto, só meio expediente.
-- Acho que logo teremos que contratar outra pessoa para nos ajudar, ilha! – A esposa de Ricardo dizia, enquanto
carregava os vasos para dentro. – Nã o daremos conta sozinhas.
O sorriso de Clá udia era maior do que a expressã o de cansaço, a inal, o pequeno empreendimento estava indo
muito bem.
Nã o costumava mentir, mas nã o desejava falar que iria ao encontro de Diana para a avó , sabia que a major já izera
muito mal para a sua famı́lia e nã o desejava preocupá -los.
Sua mente parecia perturbada, imaginando o que a ı́ndia canibal queria de si agora.
De uma coisa estava certa, nã o permitiria nenhum tipo de contato, ainda mais em memó ria do seu pai que fora
cruelmente enganado por aquele ser carregado de seduçã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 319/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Assim que estivesse na presença da Calligari diria de uma vez por todas que já sabia de toda histó ria só rdida que se
envolvera. Deixaria claro que nã o desejava nunca mais ter qualquer tipo de aproximaçã o e exigiria que ela mantivesse
distâ ncia da sua famı́lia e de si.
Ah, sim, pelo que o avô falara, era ela algué m que se devia temer, mas se fosse assim, por que ele pedira logo sua
ajuda para o resgate?
Raro era à s vezes que nã o se recordava de tudo o que vivera naquela loresta com a Calligari.
Claro, porque a pintora tinha contato com aqueles bandidos, porque só ela sabia onde eles estavam. – Constatou
cheia de decepçã o.
Agachou-se, ingindo que sentia o aroma de uma rosa, tocou-lhe a pé tala... Sentia a delicadeza e a maciez em seus
dedos...
-- Vovó ... – Pigarreou. -- eu combinei de almoçar com a Bianca, a senhora se importaria de ir para casa sozinha?
A jovem se levantou.
-- Nã o, nã o precisa, ela falou que eu esperasse aqui na frente. Vem me buscar logo. --- Disse rapidamente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 320/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A senhora Villa Real parecia preocupada sempre que tinha que deixar a neta sozinha, mas como ela estaria com a
Alvarenga, sentia-se mais tranquila.
-- Ok, mas nã o chegue tarde e se for demorar peça para Bianca avisar.
Aimê assentiu, enquanto recebia o abraço de Clá udia e se sentia a pior pessoa de todo o universo por estar
mentindo.
Passara toda a manhã passeando por aquele lugar, vendo a feira e adorando os curiosos itens que encontrou.
Viu quando o tal namorado da Villa Real deixou a loricultura com um sorriso radiante no rosto.
Vanessa ligara inú meras vezes, mas como era de costume em nenhuma delas atendeu.
Nã o icara naquele lugar pensando em uma relaçã o com Aimê , pois tinha certeza que isso seria impossı́vel, mas sua
decisã o de encontra-la se devia ao fato de poder reparar algo terrı́vel que fez.
Respirou fundo.
Decidiu comer algo na pracinha, assim icaria de olho na Villa Real, pois ela poderia mudar de ideia e nã o aceitar o
encontro.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 321/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Comprara um caderno de desenhos e ela estava sendo bem ú til naquele momento.
Estava distraı́da desenhando quando percebeu que Clá udia se afastava depois de se despedir da neta que
permanecia ao lado de fora da loja de lores.
Observava o nú mero de pessoas que passavam por ali, sempre barulhentas, cumprimentavam a garota com
delicadeza e algumas até paravam para uma conversa mais longa.
Viu a mulher de Ricardo entrar no veı́culo e logo se afastar. Desejou ir até ela, també m havia coisas para resolver
com a mã e de Otá vio, poré m naquele momento outra pessoa era o foco das suas atençõ es.
Mesmo que nã o quisesse admitir passara toda a manhã ansiosa para aquele momento. Estava disposta a esclarecer
tudo o que se passou no dia do acidente, colocando a sua total disposiçã o os melhores especialistas para que ela pudesse
recuperara a visã o.
Sentira quando ela a observava, sentira aquele perfume delicioso que se depreendia do seu corpo.
-- Pensei que nos encontrarı́amos em frente à pousada e nã o aqui. – Disse um pouco impaciente. – Na verdade, acho
melhor que falemos agora, tenho coisas para resolver.
Diana a mirava e parecia procurar pela doce Aimê que conhecera na selva, mas aquela ali só trazia agressividade.
Ricardo deveria ter contado a histó ria de forma terrı́vel, decerto aumentara os fatos.
-- Bem, eu estava passando e te vi, nã o custava nada vir aqui. – Tomou-lhe a mã o. – Gostou das lores? – Questionou
com um sorriso.
A Villa Real pensou em protestar, mas sabia que havia pessoas por perto e nã o desejava chamar a atençã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 322/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Seguiu ao lado de Diana, mas a pintora lhe segurou a mã o, ela tentou se livrar do contato, mas a Calligari segurava
irme.
A ilha de Otá vio estava parada enquanto a Calligari segurava a porta aberta de forma tranquila.
Aimê apenas entrou, sentando e nã o demorou muito para que Diana izesse o mesmo.
O melhor era que a conversa acontecesse em um lugar onde nã o houvesse plateia, a inal, nunca tinham encontros
amigá veis.
Diana se inclinou para a ivelar o cinto da acompanhante e adorou o cheiro dela. Demorando-se mais do que o
necessá rio.
Sentia o carro se movimentar e nada disse durante longos minutos, até que pareceu perder a paciê ncia.
-- Como ousou usar uma criança para me convencer a conversar contigo? – Questionou-a. – Quero que ique claro
que só aceitei o seu convite porque temi que cumprisse suas ameaças com a pobre criatura.
Diana gargalhou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 323/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o parecia que tinha passado um mê s sem estar perto dela...
-- Aquela pobre criatura inventou aquela histó ria para te convencer, pois ele nem mesmo roubara minha carteira,
na verdade, eu estava andando pela feira e o encontrei ajudando sua mã e em um banco de verduras, perguntei se ele queria
fazer uma aposta comigo e logo aceitou.
Diana seguiu por uma estrada transversal deserta e só depois respondeu.
A Calligari sabia como sua acompanhante estava irritada e por isso decidiu nã o provocá -la mais.
Continuou conduzindo o carro até sair da cidade, seguindo para um campo onde tinha á rvores e era coberto de
gramas verdejantes.
Estacionou o veı́culo.
-- Onde me trouxe?
-- Estamos na reserva, preferi conversar aqui, é tranquilo e nã o há nada para nos interromper. – Soltou o cinto de
segurança. – Está com fome, comprei algumas coisas na padaria.
-- Nã o desejo nada, apenas quero que fale de uma vez por todas por que queria tanto falar comigo.
Observou os seios redondos sob o tecido do vestido, a silhueta ina e as pernas que ela tentava inutilmente manter
cobertas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 324/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Respirou fundo!
-- Ele me disse apenas a verdade! – Virou-se para ela. – Se era apenas isso que gostaria de falar, acho que já disse...
Podemos ir embora agora?
Eles brilhavam como fogo e nã o estavam tã o claros como de costume.
Observou-a virar o rosto para o lado inverso, sentia a tensã o em seu corpo.
-- Que verdade? A inal, os Villa Real nã o sabem o que signi ica essa palavra. – Tomou-lhe delicadamente o queixo,
desejando olhá -la. – Aimê – Chamou-a baixinho – As coisas nã o ocorreram assim, naquele dia...
-- Acusa meu avô de mentiroso? – Desvencilhou-se do toque. – Nã o admitirei que fale dele! – Avisou-a.
Ouvia o canto dos pá ssaros e tentava manter a calma, mas nem respirar profundamente estava funcionando.
-- Você nã o tem que admitir nada, apenas me fale logo o que Ricardo disse! – Exigiu irritada, voltando a ita-la. –
Mas saiba que admito meu erro e estou disposta a consertá -lo.
Os olhos azuis icaram maiores naquele momento e aquela constataçã o a deixou com mais raiva daquela mulher.
-- Admite entã o? – Indagou sem esconder a má goa. – Você é uma descarada mesmo! Como pode consertar as
barbaridades que fez? Meu pai já está morto! – Limpou uma lá grima solitá ria que descia por sua face. – Eu perdi minha mã e,
só tinha ele e você o levou de mim...
-- O que Ricardo falou para ti? – Perguntou baixo. – Fale de uma vez!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 325/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Quer saber o que ele disse? – Esboçou um sorriso angustiado – Entã o, escute bem – Falou por entre os dentes --
ele me contou sobre sua falta de vergonha, sobre o fato de você ter seduzido meu pai, enquanto era noiva de outro, falou
sobre você se envolver com pessoas ruins e como meu pai teve que te livrar de tudo até que no inal você precisou ser
punida... Ele deixou claro como o ilho era apaixonado por ti e como você usou isso para... – Dizia sem fô lego. – Traiu seu
noivo, seu pai, seu paı́s... Meu pai amava você ... Ele fez tudo pensando que você també m o amava...
Diana fechou as mã os com tanta força que teve a impressã o que esmagaria os pró prios ossos.
-- Cala a boca! – Diana ordenou baixo. – Cala a sua maldita boca antes que eu nã o responda por mim!
Era como se tudo voltasse, como se o tempo nã o tivesse passado e ainda ouvisse essas acusaçõ es nos programas de
televisã o ou seu rosto estampado nas manchetes de jornais levando à lama o nome dos Calligaris.
Dia apó s dia vivera aquela lagelo, dia apó s dia fora açoitada por todos, mesmo quando era inocente.
-- Pediu pra eu falar e agora nã o aguenta ouvir a verdade! – Tentou sair do carro.
Diana a segurou pelo pulso, trazendo o rosto dela bem perto do seu.
-- Você nã o sabe o que é verdade – Era como se as palavras queimasse em sua garganta -- a sua maldita famı́lia vai
passar a vida toda mentindo, deturpando e enganando, mesmo sabendo das consequê ncias desse ato. – Apertou-a mais forte.
– Nã o sabe quanto eu odiei e ainda odeio todos os Villas Reis.
Aimê puxou a mã o, mas nã o conseguiu se livrar do aperto, poré m ao tentar de novo, livrou-se dela.
Agora que sabia de tudo o que aconteceu, tinha a impressã o que seu mundo estava sendo destruı́do...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 326/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aquela histó ria vivia a se repetir em sua mente... Chegava a imaginar cada cena, chegava a pensar em como o pai
fora apaixonado pela major e como parecia que essa maldiçã o també m acontecia consigo...
Sentia o sangue correr mais rá pido em suas veias, sentia aquela raiva que já a levara a lugares terrı́veis, aquele
desejo de ferir da mesma forma que fora ferida retornava como uma avalanche.
Saiu do carro e foi em direçã o a Aı́mê , segurando os ombros para fazê -la virar para si.
-- Solte-me, nã o icarei aqui ouvindo suas acusaçõ es! – A ilha de Otá vio tentou se livrar.
-- Chame-me do que quiser, mas só a soltarei quando ouvir o que tenho para dizer!
-- Nã o quero ouvir nada que venha da sua boca... – Tentou se livrar novamente, mas Diana usou o corpo para
subjugá -la.
Precisou colocar a perna direito entre as dela, para lhe retardar os movimentos.
-- O seu querido paizinho era um doente, um louco que icara obcecado por mim! – Encarava-a. – Um bandido que
se juntara com os maiores tra icantes da Colô mbia!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 327/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- O heró i Otá vio – Aumentou o tom de voz -- nã o aceitou minhas negativas, ele me queria... Perseguia-me, o seu
heró i era um tra icante de mulheres e de drogas...
-- Mentira! Mentira! – Repetia baixinho. – Você é uma mentirosa... Como ousa sujar a memó ria do meu pai?
Diana a apertou mais forte, ignorava totalmente o desespero que Aimê demonstrava com suas lá grimas.
-- Você ouviu que fui expulsa da tribo, mas nã o sabe que da ú ltima vez foi porque seu pai esteve lá e matou um
monte de ı́ndios só porque eu me neguei a casar com ele... Por isso me obrigaram a casar contigo, essa fora a forma que me
redimir pela vida daquelas pessoas...
Diana nã o desejara que chegassem aquele ponto, mas ao ouvir as mentiras de Ricardo nã o aguentara.
Abraçou-a, mesmo quando a Villa Real lutava para se livrar dos braços que a prendiam.
-- Deixe-me! Você é uma mulher sem moral... Uma desavergonhada... Uma mentirosa... Eu te odeio tanto...
Diana a encarou, tomando-lhe os lá bios grosseiramente, punindo-a com sua boca, tomando-a com urgê ncia, mesmo
quando sentia as unhas cravarem em seus ombros, continuou com a carı́cia.
A garota cerrou os dentes para impedi-la, mas para seu desespero seus lá bios começaram a se mover furiosamente,
desejando tê -la, adorando senti-la, mesmo com toda raiva que estava a se apossar de si naquele momento.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 328/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari a girou, icando encostada ao automó vel, enquanto prendia Aimê nos seus braços.
Desejava senti-la mais e mais... Queria que aquelas roupas nã o existisse naquele momento.
Desde aquele dia na fazenda, a major vivia com as lembranças de um desejo nã o saciado, louca para sentir aquele
turbilhã o de emoçõ es, louca para matar sua fome.
Ouviu o gemido de Aimê contra seus lá bios e adorou quando ela lhe tomou a lı́ngua...
Sentiu-se tã o excitada quando a garota começou a chupar que temeu nã o se controlar por muito tempo.
Tocou o colo sobre o vestido e enlouqueceu ao perceber que nã o havia sutiã , apenas o tecido separando-a daquela
pele sedosa.
Usou os polegares para tocá -los e ao percebê -los desejosos de mais, baixou as alças inas do traje, enlouquecendo
quando o primeiro contato.
Apertou-os, amassando-os...
Incitou os biquinhos...
– Entregue-se pra mim... – Começou a tocar as coxas por baixo do vestido até chegar à calcinha. – Eu vou acabar
enlouquecendo...
Soltou-a por alguns segundos, enquanto abria a calça que usava e a baixava um pouco nos quadris.
-- Veja como estou? – Tomou-lhe a mã o, levando até o interior da calcinha. – Sinta como te desejo...
A Villa Real percebeu-a molhada e sentiu as pernas bambas diante dessa comprovaçã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 329/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A herdeira de Ricardo, inicialmente, manteve os dedos está ticos, poré m uma força maior parecia dominá -la naquele
momento.
Nã o sabia o que fazer, mas se recordava muito bem de como ela izera em si...
Jamais imaginou que tocar uma mulher fosse algo tã o extasiante... E ela nã o era qualquer uma...
Tentou fazer tudo com delicadeza, controlando a ansiedade... Mas era tã o delicioso senti-la daquele jeito que ousou
mais...
Diana afastou mais as pernas, incentivando-a a aprofundar o toque... Esfregou-se aos dedos...
Uniu sua mã o a dela, fê -la aumentar o ritmo... Desejava senti-la dentro de si... Desejou que aqueles lá bios bonitos
provasse seu sabor...
Beijou-a mais...
Aimê tinha a impressã o que o corpo estava em brasas, mas de repente as palavras do avô voltaram a soar na sua
mente, entã o se soltou, cambaleante se afastou.
-- Nã o! – Dizia tentando recuperar o fô lego. – Nã o ouse me tocar novamente!
Deus, nã o me deixe ceder a essa vontade! – rezava sem silê ncio.
Seu corpo estava trê mulo... Seu sexo doı́a pela vontade de concretizar o desejo intenso que sentia.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 330/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ainda pensou em ir até ela e tomá -la de novo, mas tentou manter a cabeça sobre controle.
Nã o sabia ainda o que era aquilo que acontecia quando se aproximava da neta de Ricardo...
Sentiu gotas lhe molhando e só naquele momento percebeu como o tempo tinha mudado... Antes o sol brilhava,
mas agora nuvens carregadas cobriam todo o abobado.
Fitou Aimê e percebeu que ela nã o parecia se importar com a chuva que já se mostrava mais forte.
Aproximou-se dela, tentou lhe segurar a mã o, mas foi repelida com violê ncia.
-- Acha que vai fazer como fez com meu pai? – Acusou-a, enquanto limpava a boca. – Acha que sou ele para você
seduzir e manipulá -lo? – Deu mais alguns passos para trá s. – Enoja-me seu toque... Embrulha meu estô mago suas carı́cias...
A Calligari cobriu o rosto com as mã os, depois um riso cheio de sarcasmo pô de ser ouvido.
-- O seu papaizinho jamais teve o gosto de me ter, mesmo diante de tudo o que fez, jamais pô de me tocar... Ele deve
tá queimando no inferno ao saber que a ilhinha dele me deseja e que eu a desejo mais ainda...
Aimê seguiu em direçã o da morena, mas Diana a segurou pela cintura, detendo-a.
-- Eu te odeio... Te odeio! – Gritava, tentando arranhá -la. – Fora a culpada pela morte do meu pai, culpada pela
desgraça que se abateu a minha famı́lia.
A major abriu a porta do carro, colocando-a lá dentro, travando para que ela nã o saı́sse, depois entrou e se
acomodou no banco do motorista.
-- Deixe-me!
-- Nã o me dê ideias, porque você nã o imagina como estou com vontade de te deixar nesse lugar deserto, quem sabe
um raio nã o coloca juı́zo nessa sua cabeça...
-- Poré m dessa vez você tem sorte, porque eu vou te deixar na sua casa e vou querer ouvir da boca do seu avô as
mentiras que ele andou contando pra você .
-- Nã o vou a lugar nenhum contigo! – Tentou abrir a porta, mas Diana a deteve. – Deixe-me sair!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 331/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari dirigia com uma ú nica mã o e teve que parar o carro no acostamento.
Deteve-lhe os movimentos, sabendo que ela desejava feri-la isicamente em seu total descontrole.
-- Sim... – Sussurrou em seu ouvido – Te deixarei em paz...Mas antes eu quero que o seu avozinho diga na minha
cara as mentiras que contou pra ti.
-- Deus, por que você simplesmente nã o nos deixa em paz? – Disse entre lá grimas. – Você mesma admitiu o que
tinha feito e agora o acusa de mentiroso...
A major encostou o rosto nos cabelos dela, inalando o aroma loral e delicado.
-- Eu preciso que acredite em mim, eu preciso que perceba que você está sendo enganada, estã o mentindo
novamente...
-- Por que fez isso com meu pai... – Dizia entra lá grimas. – Por que está fazendo isso comigo...
Voltou a ligar o carro e saiu em disparada, sem se importar com a chuva que caia.
Estava com muita raiva, muito irritada por mais uma vez está sendo condenada por uma coisa que nã o fez.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 332/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o foi difı́cil chegar ao pré dio, mesmo que a sua acompanhante permanecesse em silê ncio durante todo o
percurso, pedira a informaçã o e logo estacionava em frente ao residencial.
Desceu do carro e quando abriu a porta para Aimê e foi lhe segurar a mã o, a jovem a repeliu.
O homem pareceu descon iado, mas ao ver que a major estava com Aimê , abriu o portã o rapidamente, pois a chuva
ainda caia.
A ilha de Alexander tomou novamente a mã o da menina, seguindo pela escadaria e sentindo a ansiedade tomar
conta de si.
Logo enfrentaria o maldito Ricardo e daquela vez nã o estaria disposta a aceitar suas mentiras.
-- Deixe a minha famı́lia em paz, Diana, por favor, vá embora! – Aimê pediu mais uma vez.
A Calligari a encarou.
Sabia que as coisas nã o tinham como ser diferentes... Sabia disso muito bem e nã o poderia dar um passo para trá s
naquele momento.
Pensava na ligaçã o que recebeu e de alguma forma acabou se tranquilizando, pensando que aquelas ameaças eram
vazias e que aqueles homens só estavam irritados por Diana ter salvado sua neta.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 333/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Quando Clá udia chegou e contou sobre a visita de Alex, percebeu que havia uma saı́da.
Diana empurrou a garota nos braços do avô , enquanto adentrava o espaço e permanecia no centro da sala.
-- O que signi ica isso? Quem pensa que é para vir até aqui? – Ricardo questionou furioso.
-- Entã o é aqui que você se esconde! – Arqueou a sobrancelha em sarcasmo. – Realmente gastou tudo o que tinha
para que o nome do seu ilhinho nã o fosse parar na lama.
-- Ela nã o vai a lugar nenhum! – Disse por entre os dentes. – Ela ica!
Clá udia encarou a Calligari, percebendo que o desprezo que trazia era bem maior do que o que ela demonstrara no
dia que lhe pediram ajuda.
Nã o concordava com as mentiras do marido, mas també m nã o tinha coragem para dizer a verdade.
Foi até a cozinha, pegou uma toalha e voltou rapidamente, cobriu a neta, abraçando-a.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 334/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu estou bem...
-- Que tocante! – Diana disse cheia de sarcasmo, enquanto levantava. – Agora, eu quero que você repita na minha
frente o que disseram para essa garota estupida.—Fitou o homem. – Sua netinha é uma idiota das maiores...
-- E vai me manter presa como fez quando me acusaram de traiçã o? – Exibiu um sorriso irô nico. – Vai me deixar
quantos dias presa naquelas celas imundas?
-- Entã o você contou a histó ria do homem apaixonado... – A major chegou até onde estava a jovem que mexia com
sua cabeça e seu coraçã o. – O seu ilho era uma doente, um psicopata, um perigo a todos, mas você s – Apontou para Clá udia e
para Ricardo – Preferiram colocar panos quentes em tudo... Recorde-me de quanto fui até os dois e falei sobre os assé dios... –
Um sorriso sarcá stico brincou no seu rosto – Disseram para que eu nã o contasse ao meu pai, disseram que o Otavinho só
estava brincando... – Gargalhou... – Você estava lá , Ricardo, você chegou lá quando aquele doente tinha acabado de atirar no
meu noivo e foi você que o impediu de me estuprar sobre o corpo desfalecido do Eduardo... Mas o ilhinho de você s estava
apenas apaixonado por mim... Que fofo! – Bateu palmas. – Otá vio é um heró i!
Chocados...
-- Eu nã o icarei aqui ouvindo suas barbaridades... Saia da minha casa! – O general exigia.
Clá udia olhou para o marido e imaginou se ele teria coragem de admitir todos os crimes que o ilho cometeu.
Ricardo levantou a cabeça de forma orgulhosa, mesmo que seu corpo já estivesse encurvado pelos anos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 335/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Claro que é mentira dela, Aimê ... Diana é uma desgraçada que seduziu seu pai... E já que ela fala tanto em
verdades, saiba que é por culpa dela que você está cega!
A Calligari sabia que ele nã o diria a verdade e tinha certeza que ele era tã o covarde que jogaria aquela histó ria.
Aquela era uma famı́lia de covardes, disso nã o tinha dú vida.
-- Essa mulher que acusa seu pai com tanta paixã o estava presente no dia que você sofreu o acidente... – Tomou a
neta pelo braço, aproximando-a da morena. – Essa mulher que age como se fosse uma vı́tima estava lá naquele dia e icou
horas olhando o carro virado e em nenhum momento chamou ajuda... Se ela tivesse ligado para o resgate, você nã o teria
sofrido tanto nessa vida.
Ela nã o demonstrava nenhum sentimento, mesmo ao itar os olhos tã o azuis que a miravam cheios de dores e
acusaçõ es.
-- Você ainda vai pagar caro por isso, Ricardo... Na verdade, nã o só você ... Todos você s vã o pagar caro, mesmo você
Aimê ... Mesmo você ...
A jovem Villa Real ouvia os passos se afastando e o barulho da porta sendo fechada.
Como um ser humano poderia ser tã o mau como aquela mulher?
Sabia o que seu coraçã o sentia, mesmo que quisesse negar, sabia que estava apaixonada por ela, poré m jamais se
renderia a esse sentimento, faria tudo para poder arrancar aquele amor de dentro do seu peito, pois se existia algué m que
nã o o merecia, esse algué m com certeza era Diana Calligari.
De repente seus pensamentos foram interrompidos ao sentir Ricardo se apoiar em seu corpo, apertando-lhe forte o
braço e nã o demorou muito para que ele fosse ao chã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 336/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 337/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Crianças choravam, idosos esperavam para serem atendidos, mesmo assim se distraiam, enquanto conversavam.
Na recepçã o, os mé dicos e enfermeiros pareciam ignorar os presentes em sua correria diá ria.
O telefone sempre estava a tocar e duas jovens tentavam dar conta de tudo.
Dois guardas que pareciam mais preocupados em conversar entre si guardavam a entrada do centro de saú de.
A sirene da ambulâ ncia ainda podia ser ouvida na pequena cidade indo ao resgate de Ricardo Villa Real.
As mulheres estavam a litas, pois ainda nã o receberam nenhum prognó stico.
A ilha de Otá vio se mantinha calada, apenas pensando no que se passara há algumas horas.
Ainda sentia a agonia do seu avô em seus braços... Seu desespero sem poder falar o que se passava até cair
desfalecido...
Respirou fundo ao pensar que nã o fazia tanto tempo que quase se entregara a ela...
Seu corpo ainda tinha o cheiro daquela mulher que parecia trazer apenas destruiçã o por onde passava.
Limpou os lá bios com as costas da mã o, inutilmente tentava se livrar do toque que recebera...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 338/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Vou buscar um chá para a agente! – Bianca se levantou indo até a cafeteria.
Clá udia observava a neta e desejava adivinhar o que se passava por sua mente depois de tudo o que aconteceu.
Nã o achava que contar tantas mentiras seria uma boa ideia, percebia que Aimê nã o estava bem, conseguia decifrar
a dor naquele semblante bonito.
Desde que a neta retornara nunca falaram sobre os dias que passara na selva, a menina sempre desconversava,
poré m a matriarca sabia que havia se passado uma mudança na jovem.
A garota nada disse por longo tempo, até que levantou a cabeça.
-- A Diana fora responsá vel pela morte do meu pai e agora també m deseja fazer o mesmo com o meu avô ...
A senhora Villa Real encarou os olhos tã o lindos e viu como estavam angustiados.
-- Nã o pense assim, Ricardo é forte, vai icar bem... – Deu uma longa pausa – A Diana nã o pode ser responsabilizada
por tudo de ruim que aconteceu a nó s... – Falou baixinho. – Há dias seu avô estava se queixando de mal estar, mas é teimoso e
nã o quis consultar um especialista.
-- E o meu pai? Ela nã o é a responsá vel pela morte dele? Por que essa mulher nã o foi punida? – Passou a mã o pelos
cabelos que ainda estavam ú midos. – Por que você s pediram logo a ela para me salvar daqueles bandidos?
Aimê pensava que se aquele encontro nã o tivesse ocorrido, nada daquilo estaria acontecendo consigo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 339/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
As palavras queimavam em sua garganta, a vontade de contar a verdade se tornava maior, pois mesmo que nã o
gostasse da arrogâ ncia da Diana, sabia bem que ela fora uma vı́tima daquela histó ria.
Sofrera muito quando Otá vio fora assassinado, mas també m sua dor ainda foi maior ao saber de todas as coisas
runs que ele tinha feito...
Lembrava-se bem de quando a ilha de Alexander veio se queixar das investidas do ilho.
Tentara falar com ele, ainda mais porque a bela morena ainda era uma menina quando o assé dio começou, poré m
Otá vio nã o ouvia ningué m, se portava da forma que desejava, pouco se importando para os outros.
Quantas vezes perdera o sono ao pensar onde tinha errado na educaçã o do ú nico ilho...
-- Sim, ilha, ela sempre fora uma jovem muito linda e depois que se tornou mulher isso icou ainda mais evidente.
Aimê nã o admitia, mas sofria quando a imaginava nos braços de Otá vio.
-- Por isso meu pai a amou tanto... – Exibiu um sorriso triste. – Ela usou isso para fazer o que queria...Ela usa a
seduçã o para manipular as pessoas...
Nã o, com o passar dos anos, Clá udia percebeu que ele nã o tinha amor pela Calligari, aquilo era apenas uma
obsessã o doentia que destruı́ra muitas vidas.
-- Nã o quero que guarde tanto rancor em seu peito... Você nã o é assim, é a melhor da nossa famı́lia e deve continuar
sendo...
-- Sabe, vó , quando estava na tribo eu odiei a Diana... Nã o entendia as grosserias dela, a arrogâ ncia e a crueldade –
Cerrou os dentes-- Mas nã o era nada comparado ao ó dio que eu sinto agora ao saber de tudo o que ela fez...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 340/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o podia contar a verdade, pois nã o sabia como seria a reaçã o da menina, poré m ao ouvir aquelas palavras duras,
percebia quanto mal ela e Ricardo estavam fazendo.
-- Como um ser humano pode se negar a ajudar a outro diante de um acidente como aquele? Ela nã o tem coraçã o, é
um monstro...
-- Aimê ... Filha, esqueça essa histó ria, já faz tanto tempo...
O rosto da ilha de Otá vio trazia espanto, mas antes que pudesse falar algo, um mé dico se aproximou.
Aimê a imitou.
-- Bem, foi um principio de enfarto, mas tudo já normalizou. Agora ele precisa descansar e aconselho que você s
també m façam o mesmo, ele foi sedado e passará a noite em observaçã o.
-- Nã o hoje, mas amanhã sim. – Estendeu a mã o para Clá udia. – boa noite, senhora! – Depois fez o mesmo com a
mais jovem. – Tudo vai icar bem. – Afastou-se.
A senhora Villa Real parece aliviada, pois sabia que se o marido morresse a neta culparia a herdeira dos Calligaris.
Há horas que ela chegara e permanecera ali, calada, bebendo uma garrafa de cachaça.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 341/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Vá rias vezes tentou lhe falar, mas a pintora parecia em outro mundo, perdida em seus pensamentos.
Observou a garrafa que estava quase vazia. Viu o caderno de desenhos sobre a mesa.
-- Di, por que nã o toma um banho e descansa, amanhã voltamos para a capital.
Esboçou um sorriso.
-- Você deveria ter ido embora... Nã o deveria ter icado... – Falava com a voz arrastada. – Eu quero apenas icar
sozinha... – Jogou o copo contra a parede e começou a beber no gargalho. – Quero outra garrafa! – Levantou-se cambaleando.
– Cadê as chaves do carro...
-- Deus, você nã o aguenta nem andar, imagina dirigir... precisa descansar... Um banho para curar esse porre!
-- Nã o! – Protestou, livrando-se da mulher. – Eu preciso de mais...—Apontou-lhe o indicador. – Você nã o entende o
que estou sentindo – Falava por entre os dentes-- nã o entende... Ningué m entende o que estou passando... – Deu alguns
passos para trá s. – Ela acreditou em tudo o que o maldito Ricardo falou... – Sorriu – Claro que ela acreditou, a inal, o mundo
todo acreditou nessas mentiras por que seria diferente com a mimadinha...
Vanessa se aproximou novamente, segurando-a irme, pois temia que ela caı́sse sobre os cacos de vidro.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 342/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Querida, eu e a Dinda sabemos que você é inocente, sabemos como aquele homem fora cruel... Até mesmo o
Ricardo sabe disso...
Diana a encarou.
A empresá ria sentiu o coraçã o a lito ao ver as lá grimas que banhava a face da princesa.
-- Eu acho que fui amaldiçoada por ser ilha de uma ı́ndia... Só pode ser isso... Deve ser porque sou canibal...
Vanessa a abraçou.
-- Você nã o é isso, apenas passara por coisas difı́ceis e fora vı́tima de pessoas muito má s.
-- Eu estava disposta a ajudar... estava disposta a fazer tudo para que Aimê voltasse a enxergar porque me senti
culpada... – Suas palavras foram interrompidas por um soluço. – Mas agora nã o, agora eu vou destruı́-la també m, vou odiá -la
també m e ela vai se arrepender por ter cruzado meu caminho... E um monstro que ela pensa que sou, entã o nã o vou
decepcionar as projeçõ es que ela tem...
Sabia que o que estava doendo naquele momento era o fato da Villa Real nã o ter acreditado nela...
Diana tinha se apaixonado pela ilha do homem que mais odiava e a empresá ria entendia que ela nã o lidaria nada
bem com isso.
A Calligari deitou de bruços e Vanessa mais uma vez se deparou com as cicatrizes em suas costas.
Diana fora açoitada cruelmente por Otá vio durante horas e no inal de tudo, ele fora o heró i de todos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 343/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Caminhou até a mesa e viu o caderno, folheou e observou a imagem da jovem que estava na festa bene icente do
prefeito.
Era como se Diana tivesse desejado prender a alma da garota naquele desenho...
Respirou fundo!
Bianca icara com elas até a madrugada e depois foi para casa.
Alex també m apareceu e nã o perdeu tempo em se colocar a total disposiçã o dos Villas Real.
Já era quase sete horas quando receberam a visita de dois policiais.
Aimê nã o conseguira descansar, negando-se a deixar o hospital, mesmo sabendo que nã o poderia ver o avô .
Clá udia observou a expressã o cansada da neta e se condoeu mais uma vez.
Ambas estavam presas em seus pensamentos quando a voz do agente da lei as interrompeu.
-- Bom dia! – Cumprimentou-as. – Sei que estã o passando por um momento difı́cil, mas precisamos avisar que a
loricultura foi alvo de vâ ndalos durante a madrugada e muitos danos ocorreram.
-- Como assim?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 344/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- As vidraças foram destruı́das e muitos vasos foram jogados ao chã o... Infelizmente o prejuı́zo nã o foi pequeno. –
Disse cheio de pesar.
Clá udia se postou ao lado da neta, colocou a mã o no seu ombro, tentando acalmá -la.
-- Estamos aqui para que algué m nos acompanhe até a delegacia e preste queixa... Nã o temos pistas, estamos
investigando, mas seria bom se você s pudessem lembrar se algué m teria algum interesse em fazer algo assim contra você s!
-- Nã o, com certeza nã o... Vivemos em paz, decerto algum arruaceiro...
-- Claro que sim, há algué m que teria um grande prazer em nos atingir, ontem mesmo nos ameaçou em nossa casa.
-- Pois diga, entã o, senhorita. – Tirou o pequeno caderno. – Quem teria a intençã o de prejudicá -las?
A ilha de Otá vio pareceu pensar por algum tempo, mas ao dizer o nome sua voz foi audı́vel e clara.
-- Diana Calligari!
-- Aimê ! – Clá udia voltou a repreendê -la. – Nã o deve acusá -la.
-- Ela está hospedada no hotel Floresta, ontem esteve no nosso apartamento e deixou bem claro a vontade de nos
prejudicar!
-- Quem nos acompanhará ? Terá que deixar claro suas acusaçõ es. – Encarou-as. – Pedirei uma intimaçã o agora
mesmo para que essa pessoa compareça també m.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 345/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Clá udia observou-os se afastar e icou a pensar que essas acusaçõ es contra Diana eram infundadas.
Conhecia a herdeira de Alexander e sabia que ela nã o era covarde, era muito arrogante para fazer aquele tipo de
coisa.
Aimê prestava depoimento, dizendo os motivos de achar que Diana era culpada pelo atentado.
O delgado pareceu surpreso com a acusaçã o, mas precisou cumprir seu trabalho.
Ele sabia como a pintora que comparecera a festa do prefeito era uma mulher importante e nã o desejava arrumar
problemas para si.
Tentou dissuadir a neta de Ricardo de formalizar a denú ncia, mas suas tentativas foram inú teis.
Sem outra opçã o, uma intimaçã o fora enviada para o hotel, poré m em particular ele pediu para que os policiais
checassem de imediato os á libis da artista, assim logo a dispensaria.
Vanessa a acompanhava.
Ambas já se arrumavam para deixar o lugar quando foram interpelados por policiais.
A major nã o parecia nada feliz com aquilo, ainda mais porque nã o falaram sobre o que de errado tinha feito.
Por fraçõ es de segundos lembrou-se de quando fora levada ao quartel por acusaçõ es mentirosas.
Respirou fundo!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 346/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A aparê ncia dela nã o estava tã o ruim depois de ter acordado com ressaca.
Sorriu ao se lembrar de como ela se queixara de enjoo e dores de cabeça, mas també m, o lı́quido ingerido fora tã o
forte que os aposentos ainda tinham o cheiro forte.
Mirou os trajes.
Usava calça social preta, blusa azul de botõ es com alguns abertos e o terninho elegante.
-- Nã o tenho o dia todo, querida, entã o o que quer que seja que estejam me acusando, peça para que agilizem!
A moça ruiva encarava a artista meio que amedrontada e pareceu icar grata quando vieram chamar a Calligari.
-- Se precisas eu mesma me defenderei, a inal, nã o estudei cinco anos para precisar que outros façam isso por mim.
– Falou cheia de prepotê ncia.
Nã o imaginava o que Diana tinha feito, a menos que naquela cidade pequena ser cheia de orgulho e arrogâ ncia
fosse crime.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 347/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê decidiu icar na sala e Bianca estava ao seu lado. Nã o tinha medo dela e deixaria isso bem claro.
Nã o demorou muito para a Villa Real sentir o cheiro marcante e o olhar forte sobre si.
-- Perdoe-me o incomodo, mas tenho algumas perguntas para lhe fazer! – Estendeu a mã o. – Sou o delegado
Rodrigo Garcia!
A ilha de Alexander exibia total descaso com o que poderia está acontecendo ali, mas nã o podia negar que estava
curiosa.
-- As senhoritas Villa Real e Alvarenga pediram para icar presente no momento do seu depoimento, mas se sentir
constrangida, mandarei que saiam. – Falou prestativo. – Nessa cidade tentamos resolver tudo na calma. – Tentava se justi icar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 348/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o me importo com a presença delas! – Cruzou as pernas longas. – Gostaria que me falasse logo o motivo de ter
exigido minha presença aqui, pois se isso demorar, me atrasarei para tomar o aviã o, tenho exposiçã o em Roma.
-- Claro, imagino que uma mulher como a senhora deve ser muito ocupada.
Aimê sabia que aquele homem estava lertando com Diana e aquilo a incomodou bastante.
-- Por que o senhor nã o fala logo o motivo dela estar aqui, já estou sem paciê ncia para isso!
Rodrigo pigarreou.
-- Bem, senhorita, estamos aqui porque foi lhe feita uma acusaçã o!
-- Continue!
-- Depende do horá rio... – Usou um tom baixo e mais carregado. – Porque se foi no inı́cio da tarde, eu estava com a
senhorita Villa Real... Estou errada, querida?
Pigarreou.
-- Nã o estamos falando desse horá rio, mas na madrugada! – Recuperou-se, demonstrando altivez.
-- Sim, é nesse horá rio mesmo que tudo aconteceu, na madrugada! – Fitou os olhos negros. -- Vi seu quadro na festa
do prefeito, realmente é encantador, é muito talentosa!
Aimê pareceu chateada, pois o homem nã o parecia interessado em resolver os problemas e sim em se desmanchar
em elogios para a morena.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 349/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- O senhor nã o acha que precisa de um babador? – A neta de Ricardo indagou cheia de irritaçã o. – A minha loja fora
destruı́da, essa mulher ameaçou a minha famı́lia e ainda preciso ser obrigada ao ouvir seus galanteios? – Levantou-se. – Nã o
icarei aqui me prestando a isso!
Bianca pareceu desconhecer a amiga, levantando-se sussurrou algo no ouvido da jovem e ela voltou a se acomodar.
Nã o entendeu bem o que aconteceu, mas sabia que estava sendo acusada do ato.
Um policial adentrou.
-- Viemos do hotel. Tivemos acesso à s imagens e a senhorita Calligari chegou antes do anoitecer e nã o deixou o
local. – Colocou o pen drive sobre a mesa.
-- Bem, acho que com isso as acusaçõ es contra Diana nã o tem nenhum peso. – Voltou seu olhar para a pintora. –
Perdoe-me o incomodo! Ao saber que se tratava da senhora, fui á gil na investigaçã o, realmente nã o acreditei que pudesse
fazer algo assim!
-- Mas o que houve? – Indagou. – Pelo menos gostaria de saber qual a acusaçã o que izeram contra mim.
-- A loricultura fora depredada. – O delegado explicava. – Infelizmente houve muitos danos e ainda nã o sabemos
quem causou isso.
-- Realmente quem sai aos seus nã o degenera! – Levantou-se. – Espero que consiga resolver seu problema. – Já se
dirigia para a porta quando se voltou. – Quando eu for fazer algo contra a sua famı́lia, farei questã o que saiba que fui eu. Qual
prazer eu teria se você nã o soubesse que eu quem causei a catá strofe? Mas, acredite, eu nã o costumo destruir
loriculturazinhas... Meus danos sã o maiores!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 350/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Villa Real sentiu o olhar de ó dio, mas icou quieta, sentindo-a deixar a sala.
Ainda sentia o coraçã o pulsar mais rá pido pela presença da pintora...
-- E o que será feito agora? – Bianca indagou. – Tivemos um prejuı́zo enorme e precisamos descobrir quem fez isso.
-- Continuaremos com as investigaçõ es. – Levantou-se. – Iremos checar pessoas que moram por perto e ver se
viram algo... Apenas tomem cuidado com os suspeitos que trazem a minha delegacia! – Advertiu-as.
Bianca icou ainda mais branca ao ouvir as palavras de Aimê e antes que o delegado mandasse trancá -la , tomou-lhe
a mã o e saı́ram rapidamente do recinto.
-- A pintora só faltou te comer com os olhos...— Bianca sussurrava no ouvido da amiga, enquanto deixava a sala. –
Nã o acredito que ela é Diana Calligari. – Suspirou alto. – Ela nã o parava de olhar para ti, caramba, ela tem uns olhos tã o
penetrantes. Aimê , como pô de falar aquilo para o delegado?
A jovem nos ú ltimos dias estava se desconhecendo, ainda mais quando se tratava da major.
-- Mas é a verdade, ele passou todo o tempo jogando charme barato para ela. – Dizia irritada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 351/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Bem, ela é uma mulher muito bonita, acho que qualquer homem faria o mesmo!
-- Nã o me importo com a beleza dessa... dessa... – respirou fundo. -- Estou preocupada com a loja! Quem pode ter
feito algo assim?
-- Por que você acusou a Diana? Por que achou que ela faria isso? Tem mais alguma coisa nessa histó ria?
-- Mais eu já disse, ontem ela ameaçou a minha famı́lia... – Disse pausadamente.
Diana caminhava lentamente. A cabeça erguida, o olhar duro, demonstrando sua fú ria.
-- Nã o tenho nada para dizer! – Aimê respondeu levantando o queixo. – Na verdade, exijo que nã o se aproxime de
mim!
Diana segurou o braço de Aimê , levando-a até a lateral do pré dio, soltando-a assim rapidamente.
-- Como pô de me acusar de ter destruı́do sua loricultura? – Passou a mã o pelos cabelos. – Nã o acredito que prestou
uma queixa contra mim!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 352/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Seu cé rebro estava confuso, havia tanta coisa. Tinha a impressã o que nã o pensava claramente.
-- Depois do que fez, eu nã o duvidaria da sua maldade! – Falou tentando manter a calma..
-- Você nã o sabe o que está dizendo! E uma idiota que acredita em tudo o que Ricardo fala.
-- Nã o ouse falar do meu avô ! – Disse por entre os dentes. – Por sua causa ele quase enfartou ontem.
-- Pena que ele nã o foi pro inferno igual ao seu pai!
Diana foi rá pida ao segurar a mã o que tentou agredi-la. Mantendo-a presa, apertando-a forte, pressionou-a contra a
parede.
-- Nã o ouse nunca mais levantar essa mã o para mim porque eu sou capaz de quebrá -la. – Soltou-a.
-- Eu nã o tenho medo de você ! – Aprumou os ombros. – Na verdade, tenho pena e nojo de você . – Falou mais alto. –
Agora que sei tudo o que fez, penso como pude chegar a ter algum tipo de simpatia por sua pessoa.
Diana respirou fundo, enquanto observava algumas pessoas olhando-as curiosas, mas rapidamente se afastaram ao
notar a expressã o ameaçadora da pintora.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 353/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Tentava manter o tom de voz baixo o que a outra nã o parecia se importar.
-- Nã o acredito nas suas palavras, a inal, você nã o demonstrou asco quando eu te beijei, quando te toquei ou
quando te iz gozar bem gostoso. – Provocou-a.
A respiraçã o estava acelerada, os seios sob a blusa levantavam em um ritmo rá pido.
-- Você nã o passa de uma safada, uma desavergonhada! – Acusou-a. – Nã o tem respeito pelos outros!
-- E você é o quê ? – Provocou-a. – Uma puritana que fez votos? – Arqueou a sobrancelha em desdé m.
-- A respeitada famı́lia Villa Real me deve muito e agora você també m. – Mirou os lá bios bonitos. – Nã o sabe como é
ser minha inimiga! – Avisou-a. – Mas você agora é o icialmente minha inimiga!
Desejou beijá -la, senti-la novamente, mas estava com tanta raiva que buscava sufocar o desejo.
-- Nã o te devo nada! – Puxou o braço. – Você nã o acha que já me tirou muito, senhorita Caligari? Primeiro meu pai,
depois me deixou cega e agora quer destruir meus avó s. Sua maldade nã o tem limite? Nã o tenho medo... Realmente nã o me
assusta...
-- Eu nã o sei por que fui naquela loresta buscar você ... Desde aquele dia minha vida se transformou em um
verdadeiro inferno... Gostaria mesmo de nunca ter cruzado contigo...
Engoliu em seco.
-- E acha que ter te conhecido me trouxe algo de bom? – A ilha de Otá vio dizia cheia de frustraçã o. – Agora sou eu
que digo, afaste-se de mim e nunca mais ouse se aproximar!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 354/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você nã o manda em mim! – Sussurrou em seu ouvido. – Nã o pense que vou aceitar tudo o que izeram comigo e
icar quieta, um dia vamos nos encontrar novamente e aı́ sim você vai ter motivos para fazer todas as queixas do mundo
contra minha pessoa. – Soltou-a grosseiramente.
Aimê ouviu os passos se afastarem e só naquele momento sua respiraçã o voltou ao normal.
Fechou os olhos por alguns segundos e quando os abriu estavam cheios de lá grimas.
Bianca se aproximou.
-- Nã o, eu nã o estou! – Cerrou os dentes – Eu preciso me abrir com algué m, pois tenho a impressã o que morrerei se
nã o falar o que se passa comigo!
A loira a abraçou.
A mulher estava desesperada porque ainda nã o recebeu notı́cias da neta e temia que essa acusaçã o contra Diana
causasse uma nova catá strofe.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 355/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Passara horas pensando e estava mais do que segura que o melhor era contar a verdade a Aimê .
Discara o nú mero de Clá udia e naquele momento ela estava falando com a avó .
Esperou que a jovem terminasse de falar e assim que Aimê desligou, questionou:
-- Ainda está sedado, mas o mé dico falou que logo ele acordará . – Completou com um sorriso.
-- Sei que nã o é uma boa hora para esse tipo de lanche, mas recordei-me de que quando precisá vamos conversar
sobre algo, nos enchı́amos dessas belezinhas.
Conhecia a loira a um bom tempo e ela sempre se mostrou uma amiga muito valorosa.
-- Perdã o por ter te deixado sozinha com a pintora, mas ela me olhou de um jeito que pensei que iria me arrastar
dali pelos cabelos. – Falou sem jeito. – Eu sei que sou uma covarde... – Disse em desâ nimo.
-- Nã o precisa pedir desculpas, a Diana era bem capaz de fazer pior do que te tirar à força!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 356/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu ainda nã o acredito que a pintora que você se encantou pela obra é a mesma mulher que te salvou dos
bandidos. Por que nã o me disse antes?
-- No dia da festa, quando você voltou para buscar as chaves, ela apareceu no jardim... Ontem esteve na loricultura...
– Mordiscava a colher.
A Villa Real baixou a cabeça por alguns segundos, depois a levantou, mordiscou o lá bio inferior.
Sua mente voltou para aquele dia que ouvira a voz da morena pela primeira vez... Quando sentira sobre si as
grosserias dia apó s dia... Quando sentiu o sabor daqueles lá bios exigentes...
Recordou-se de quando ela ingiu entregá -la para os tra icantes. Lembrou-se do desespero de saber que ela tinha
sido alvejada...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 357/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você está ... Apaixonada por uma mulher... Deus, por aquela mulher... – Suspirou. -- E ela sente o mesmo?
-- Nã o, ela nem mesmo sabe o que é ter sentimento por algué m... Você nã o tem ideias das coisas horrı́veis que ela
fez a minha famı́lia! – Disse sem esconder o rancor. – Eu nã o sei como posso sentir isso por ela depois de tudo que iquei
sabendo...
A Villa Real respirou fundo e em seguida começou a contar tudo o que se passou, tudo o que o avô contara, seu
acidente... Nã o escondeu nenhum detalhe, era como se necessitasse de que algué m a ouvisse, como se precisasse tirar aquele
peso das suas costas.
Vanessa preferiu dirigir, pois percebia que Diana nã o estava segura para fazer aquilo.
A morena mantinha os olhos fechados, negava-se a falar sobre o que tinha ocorrido e a empresá ria desistiu do
intuito, pelo menos a convencera a deixar a pequena cidade.
Desejava poder falar algo para a pintora, mas sabia que a ilha de Alexander nã o gostava desse tipo de conversa, era
muito orgulhosa para admitir o que sentia, fazendo-o apenas quando bebia.
Observava a estrada deserta e tentava conter aquele reboliço que acontecia em seu interior.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 358/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os Villas Real ainda pagariam muito caro e nã o teria piedade de nenhum deles. Faria sofrer, faria rastejar pelo seu
perdã o...
O seu ó dio pela mimadinha era ainda maior do que por todos...
Ainda nã o sabia o que iria fazer, mas era uma mulher paciente e sabia que a vingança era um prato que deveria ser
comido frio.
Aimê ainda nã o tinha ideia nem mesmo conhecia a ponta daquele iceberg.
Ricardo deveria ter inimigos, a inal, Otá vio izera aos montes.
Pegou o celular que estava sobre o painel do carro e praguejou alto quando viu que estava sem sinal.
-- Caramba, estou te desconhecendo, depois de tudo você ainda deseja ajudar Aimê .
-- Está louca!? – Falou furiosa. – Desejo apenas investigar se crocodilo está por trá s disso, se assim o for, eu poderei
pegá -lo de uma vez por todas.
-- Diana, deixa esse homem no lugar dele, você o perseguiu por meio mundo e nunca conseguiu pegá -lo. – Diminuiu
a velocidade.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 359/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu poderia tê -lo matado quando fui ao resgate daquela idiota, mas eu nã o o quero morto, desejo que seja julgado
e confesse tudo o que Otá vio fez.
-- Meu Deus, esqueça essa passado! – A empresá ria pediu. – Nã o entende que corre risco com isso.
-- Tenho dinheiro o su iciente para me proteger, nã o se preocupe... – Suspirou. – Você nã o entende que eu nunca
estarei em paz enquanto a verdade nã o for revelada.
-- Ainda mais agora que está apaixonada pela ilha de Otá vio!
Parou no acostamento.
-- Nunca mais ouse falar isso! – Esmurrou mais uma vez. – Eu odeio aquela maldita garota e você ainda vai ver como
eu a farei sofrer... – Passou a mã o pelos cabelos soltos. – Eu deveria tê -la deixado naquela loresta, deixado que as onças ou as
anacondas a comecem.
-- Na verdade, eu deveria tê -la levado para o bordel, eu mesma deveria tê -la feito de puta... – Apoiou as mã os na
lataria.
Vanessa esperou o tempo su iciente para saber que ela já recuperara a calma.
-- Agora eu dirijo!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 360/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nada fora dito sobre o atentado a loricultura. Nã o quiseram preocupá -lo.
Clá udia tinha algumas joias e vendeu para ajudar nos reparos. Bianca e a ilha de Otá vio també m doaram as
economias.
Decidiram arrumar tudo aos poucos, pois o que nã o podiam era manter a loja fechada.
-- Filha, eu nã o estou invá lido! – Protestava o homem entre risos. – Assim vai me acostumar mal.
-- Ah sim, eu preciso icar bem porque desejo levar você ao altar. Alex vai ser um ó timo marido.
Desde que a avô voltou do hospital sempre falava nesse assunto, ainda mais depois que o rapaz foi visitá -los
algumas vezes.
O general assentiu.
Clá udia arrumava algumas coisas na sala quando ouviu o telefone tocando.
-- Alô !
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 361/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O silê ncio se fez do outro lado da linha e logo aquela voz com sotaque carregado se fez ouvir.
-- Olá , senhora Villa Real, imagino que já tenham recebido o meu recado, eu disse para o general que eu desejo
Aimê ... Nã o perderei tudo que investi assim...
A mulher icou pá lida e quando tentou falar, a ligaçã o tinha sido encerrada.
-- Por que nã o disse que esses homens estavam ameaçando levar Aimê novamente? – Questionou tirando o folheto
das mã os dele.
-- Aquele bandido que levou nossa neta acabou de me ligar, disse que virá busca-la...
-- Bobagem, estã o falando isso porque querem mais dinheiro... Assim que Aimê se casar com Alex, teremos dinheiro
para que eles parem de nos perseguir!
-- Passamos a vida toda fazendo isso, passamos todos esses anos pagando a esse miserá vel e o que ele fez? Levou a
nossa neta! – Esbravejava. – Poré m se você tivesse feito o que era certo e nã o mentido sobre as atrocidades que nosso ilho
fez, esse maldito bandido já teria sido punido!
Ricardo se levantou.
-- Nã o, nada está no seu controle! Quando você estava dopado, a loricultura fora invadida... e Foram eles...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 362/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o! – Falou mais alto. – Nem você nem eu podemos protege-la, mas há algué m que fará isso, algué m que nã o
mereceu tudo o que nosso ilho e nó s izemos, mas estou disposta dizer toda a verdade, contanto que ela salve a Aimê .
-- Aquela mulher nos odeia, jamais ajudará ou moverá uma palha para nos ajudar! – Disse em tom de
aborrecimento.
-- Eu me ajoelharei aos pé s dela, farei o que ela quiser, pois tenho certeza de que só Diana Calligari poderá fazer
algo contra esse bandido.
Antes que Ricardo continuasse a protestar a mulher deixou a sala feito um furacã o.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 363/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Mesmo tendo outros artistas no recinto, todos os olhares se voltavam para Diana.
Seus quadros mais valorosos estavam sendo expostos. Muitos desejavam ter algo da bela mulher para expor em
suas casas.
A morena nã o parecia se importar com os assé dios das pessoas e sempre se negava a falar com a imprensa.
Usava um vestido preto longo sem alças. Ele tinha uma abertura lateral que deixava exposta a bela perna.
Os cabelos estavam soltos, emoldurando o rosto bonito. Usava pouca maquiagem, apenas o su iciente para realçar
os lá bios e os olhos.
-- Ah, nã o diga! – Relanceou os olhos em té dio. – Estou cansada, desejo voltar para o hotel.
Ainda sentia-se humilhada por ter sido acusada por Aimê , ainda sentia a raiva queimar em seu peito e se nã o
tivesse saı́do daquela pequena cidade, poderia ter feito uma loucura.
-- Ah, nã o, veja! – Apontou para a entusiasmada mulher que observava os quadros. – Dinda está adorando tudo e
nã o é justo que você estrague isso. – Bebericou. – Há dias que você ica dando telefonemas para esses detetives que contratou,
deixe os Villas Real no seu passado.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 364/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana respirou fundo, enquanto bebia o lı́quido borbulhante, mas pareceu nã o apreciar.
-- Está sentindo falta da cachaça? – A empresá ria a provocou. – Posso conseguir uma para ti.
Tentava inutilmente esquecer tudo o que se passou, mas cada vez icava mais difı́cil, ainda mais porque seus sonhos
sempre eram invadidos por olhos azuis acusadores.
Suspirou.
Vanessa nã o a dissuadiu de investigar sobre Crocodilo, nã o desistiria, apenas tentava relaxar e pensar em tudo
friamente.
Nada lhe tirava da cabeça que o bandido desgraçado fora responsá vel pelo que aconteceu a loricultura, mas como
para aquela maldita famı́lia só havia um culpado para tudo, Aimê acusou-a com todas as letras.
A garotinha estú pida nã o tinha ideia do que tinha causado, nã o tinha ideia de como suas atitudes a deixou sendo o
principal alvo do seu ó dio.
Odiava-a!
-- Acho que você tem uma admiradora! – A empresá ria sussurrou em seu ouvido. – Você gosta de ruivas?
Diana pareceu confusa de inı́cio, entã o observou na direçã o que a outra indicava e viu uma belı́ssima mulher
encarando-a.
A empresá ria vivia procurando casos novos para a pintora, achava que assim ela esqueceria de uma vez por todas a
ilha de Otá vio, poré m seus esforços ultimamente tinham sido um verdadeiro fracasso, pois a morena se mostrava bastante
irritada e isso espantava as belas moças.
Vanessa sorriu, pois percebia que tinha conseguido prender sua atençã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 365/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Ela parece bastante interessada em você , acho que deveria aproveitar, a inal, por que dispensaria uma mulher tã o
bonita?
Diana olhou a admiradora novamente e foi agraciada com um sorriso. Fez um gesto com a taça em retribuiçã o.
-- Filha, os quadros sã o lindos, mas nenhum chega aos pé s dos seus, você é muito talentosa. – Beijou-lhe a face.
A tia de Alexander se encontrara com as duas mulheres. Na verdade, Vanessa contara tudo o que se passou na
pequena cidade e pediu ajuda a Dinda para impedir que a major izesse alguma loucura.
-- Ah, tia, você deseja comprar algum? – Questionou enquanto nã o tirava os olhos da ruiva.
-- Ah, nã o, mas já pedi para que pinte um para mim, quero colocar na sala de jantar da casa da cidade.
Diana fez um gesto a irmativo com a cabeça, enquanto via a bela mulher se afastar por uma das portas laterais.
-- Está certo! Eu volto logo, preciso resolver algo. – Entregou a taça a amiga.
Vanessa piscou para Antô nia que pareceu nã o entender nada.
O local era usado para os maiores artistas exporem suas obras. Sua construçã o datava de quase duzentos anos.
Reformado há pouco tempo, ainda trazia em sua decoraçã o as marcas do passado. Algumas colunas jô nicas davam um
charme maior ao lugar.
Diana descia os degraus, quando viu o seu alvo parado diante da bela fonte.
Aquela mulher a distraiu por alguns segundos dos seus pensamentos, entã o por que nã o alongar um pouco esses
momentos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 366/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Enjoou da exposiçã o... – Falou quando já estava bem perto da moça.
A ruiva pareceu se assustar, mas ao ver de quem se tratava exibiu grande satisfaçã o.
-- Impossı́vel enjoar da arte... – Virou-se para a pintora. – Ainda mais com obras tã o incrı́veis e intrigantes.
-- Nã o acredito que seja necessá ria apresentaçã o de sua parte... – Exibiu um sorriso alvo. – Sei que é a grande artista
Alessandra Calligari! – Segurou-lhe a mã o delicadamente. – Eu sou Marcella Rossi.
Alessandra!
Esse fora o nome que adotou quando decidiu pintar, ainda mais devido a tudo o que se passara.
-- E um prazer conhecê -la... – Observou tudo ao redor. – Achei estranho que tenha vindo para cá , está tudo tã o
deserto aqui fora.
-- Na verdade a minha intençã o era deixar a exposiçã o, poré m me demorei aqui... Faltou-me coragem.
Diana percebia que a bela mulher parecia preocupada ou até mesmo incomodada com alguma coisa.
-- Se quiser posso acompanhá -la a algum lugar... Podemos tomar algo, conversar...
-- Mas o que vai pedir em troca por dispor da sua preciosa atençã o? Nã o acredito que algué m como você saia com
qualquer pessoa sem algo em mente.
Diana sorriu.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 367/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Conhecia bem, já ouvira falar muito daquela mulher e sabia dos casos que ela colecionava.
Quem poderia condenar algué m por cair nos encantos dela... Os olhos negros pareciam de feiticeiras...
Nã o se preocupou em avisar a Vanessa, pois a empresá ria a conhecia bem e sabia que ela nã o costumava dar
satisfaçã o.
Nã o sabia o motivo, mas se sentiu interessada na bela ruiva, ainda mais porque viu em seu rosto algo que trazia no
seu: dor.
Pegou o regador para cuidar das mudas que já cresciam forte.
Ouviu o sino, mas Bianca estava cuidando da parte frontal, entã o nã o se preocupou em ir até lá .
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 368/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Mesmo diante de todas as coisas terrı́veis que descobriu seu coraçã o ainda clamava por ela...
Respirou fundo!
Sentia-se mal por tê -la acusado de destruir a loja, mas algué m pensaria diferente?
Deus, como pô de se apaixonar pela mesma mulher que seu pai amou?
O que se passava consigo, como tinha se apaixonado pela major, ainda mais quando sempre fora tratada com
grosserias...
Esperava com todo o coraçã o nunca mais encontrá -la em sua vida.
-- Está no jardim, cuidando das lores. – Seguiu para trá s do balcã o. – Aconteceu alguma coisa tia? – Fitou-a.
A senhora Villa Real era sempre tã o elegante, tranquila, mas agora parecia assustada, preocupada.
A esposa do general olhou na direçã o do lugar, certi icando-se que Aimê nã o ouviria nada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 369/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Saı́ra de casa tã o apressada que nem mesmo se importara com a aparê ncia.
-- Eu preciso falar com ela, preciso que ela me ajude a proteger Aimê ! -- O pranto já tomava força.
A Alvarenga nã o estava entendendo o que se passava, ainda mais depois das coisas que icara sabendo sobre a
pintora, jamais imaginaria que Clá udia buscaria auxı́lio logo daquela mulher.
-- Mas por que precisa que ela ajude? Como pedirá ajuda a mulher que izera tanto mal a você s?
A senhora Villa Real percebeu que a jovem já sabia de tudo, mas nã o podia explicar nada naquele momento.
-- Eu nã o posso esclarecer nada agora, apenas te digo que Aimê corre sé rios riscos e só Diana pode ajudar.
Enquanto falava com a secretá ria, observava com avó da melhor amiga andava de um lado para o outro, depois
parava e olhava lá fora pela vitrine.
Inventou uma histó ria para o prefeito e conseguiu o que queria, nem mesmo se despediu dele, encerrando a
chamada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 370/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o importa – Pegou o papel – Eu falarei com ela e pedirei que me coloque em contato com ela. – Pegou o
aparelho de telefone. – Fique de olho na Aimê .
A loira assentiu, enquanto dava a volta no balcã o e seguia para a porta onde estava a amiga.
Clá udia discou o nú mero e precisou parar porque seus dedos tremiam, depois terminou.
Estava disposta a fazer qualquer coisa para convencer a ilha de Alexander a ajudar, contaria toda a verdade,
mesmo que soubesse como sua neta sofreria, poré m o importante é que ela estivesse em segurança.
Nã o acreditava que Ricardo escondera essas ameaças de todos, nã o acreditava que mesmo depois disso, ele ainda
foi capaz de reproduzir todas as mentiras para Aimê .
-- Alô !
-- Boa tarde! – Clá udia cumprimentou relutante. – Eu tenho urgê ncia em falar com Diana Calligari.
-- Perdã o, senhora, mas está ligando para o escritó rio da empresá ria dela e nesse momento nenhuma das duas se
encontram.
-- Nã o tem como me dá outro nú mero de contato? E muito urgente o que tenho para falar.
A mulher do outro lado da linha icou em silê ncio durante alguns segundos, tanto que Clá udia imaginou que a
ligaçã o tivesse sido encerrada.
-- Sou Clá udia Villa Real e tenho muita urgê ncia para falar com Diana.
-- Bem, senhora, eu nã o posso fornecer nú meros pessoais, mas assim que a dona Vanessa entrar em contato eu
falarei sobre sua ligaçã o.
-- Por favor, nã o esqueça, diga que entre em contato comigo nesse nú mero.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 371/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Clá udia permaneceu parada, olhava para o celular e rezava para que seu recado fosse dado a tempo.
Bianca se aproximou.
-- Nã o, a moça se negou a me passar o nú mero, mas disse que avisaria que eu liguei... Vamos esperar para ver se
Diana retorna.
-- Mas o que tá acontecendo? Eu posso ajudar em algo? Podemos falar com meu tio, se Aimê corre perigo, ele pode
falar com o delegado...
-- Filha, eu imagino que minha neta de te contou as atrocidades que Ricardo falou que Diana fez... – Mordiscou o
lá bio inferior. – E tudo mentira... Passamos a vida toda contando mentiras e agora por nossa causa, o nosso maior tesouro está
sendo ameaçado.
-- Mas...
-- Convide Aimê para dormir na sua casa, acho que ela estará segura lá por hoje.
-- Por favor, nã o conte nada do que te falei, ainda nã o é o momento, mas quando for, pre iro que seja eu a contar
tudo.
-- Claro, tia, nã o se preocupe! Tudo que foi dito aqui icará aqui.
Esperaria ansiosa pelo contato de Diana e torceria para que ela nã o se negasse a ajudar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 372/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Tivera uma noite maravilhosa, pelo menos por um tempo esqueceu tudo que perturbava sua mente.
Passara boa parte da noite dançando com Marcella, beberam e depois foram para o hotel e tiveram uma deliciosa
transa.
-- Quero que vá a cerimô nia! – Virou-se para ela. – E a minha convidada!
-- Ah, querida, nã o sei se gostarei de vê -la fazes votos tã o eternos.
-- Nã o acredito, pois por tudo o que me contou ontem, com certeza seus pensamentos estã o em outra pessoa.
-- Nã o pense que há algum tipo de sentimento, apenas cobrarei uma dı́vida e acredite, meu bem, depois que essa
dı́vida for paga, pouco vai sobrar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 373/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Bem – Abraçou-lhe o pescoço. – Entã o devo aproveitar enquanto ainda está inteira.
-- Vai me pintar? – Interrompeu o contato. – Quero presentear meu marido no seu aniversá rio.
-- Nã o costumo fazer tais coisas, mas abrirei uma exceçã o para você .
-- Entã o assim que voltar da minha viagem de lua de mel irei ao seu encontro.
O telefone nã o parou de tocar, primeiro o marido e icara longos minutos com ele, Artur era dentista e sempre
muito apaixonada por sua esposa.
Depois de vá rios minutos se despediu e fez a ligaçã o para a secretá ria.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 374/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Ah, també m, desde ontem uma senhora está ligando para cá e parece desesperada.
-- Mas e se ela ligar de novo? – Ester insistia. – A senhora Villa Real parece de...
-- Ela falou que tem urgê ncia em falar com a Alessandra, insistiu que eu passasse o nú mero, parecia muito a lita.
O que aconteceu?
Uma semana se passara depois de tudo e só agora notava que a pintora parecia mais recuperada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 375/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Onde está a Dinda? Vou levar as duas para almoçar comigo! – Pegou o copo de suco que estava sobre o centro.
Vanessa a encarou, observou o sorriso sarcá stico brincar no canto dos lá bios.
-- Você sabe que aquela mulher que passou a noite contigo é a noiva de um grande empresá rio musical, nã o é ?
-- Ah, sim, eu sei! Ela casa hoje, infelizmente nã o poderei comparecer ao casamento, mas saiba que quando ela
retornar da lua de mel, irei pintá -la nua.
Vanessa pigarreou.
-- Você fala com ela todos os dias. – Disse enquanto prestava atençã o nos pedestres.
-- Sim, eu sei, mas hoje ela me falou algo... – Respirou fundo. – Ela disse que a senhora Clá udia Villa Real ligou vá rias
vezes e disse que precisa falar urgente contigo. --- Falou como se tivesse narrando uma partida de futebol.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 376/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- O quê ?
-- Ester falou que ela ligou vá rias vezes, disse que tem algo urgente para falar contigo. Pelo que soube, ela está
muito a lita.
Diana rapidamente seguiu até o quarto e pegou o telefone, discou o contato em fraçõ es de segundos.
Vanessa observava a testa franzida da pintora, sabia que ela estava preocupada.
Aimê atendia um cliente e Clá udia terminava um buquê quando o celular começou a tocar.
-- Alô !
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 377/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Há dois dias inventara uma desculpa para que a neta icasse na casa de Bianca, pois temia que os bandidos
invadissem o apartamento. Até mesmo falara como a polı́cia para icarem de olho na loricultura, mesmo sem ter dito o real
motivo.
Tentara conversar com Ricardo, mas o general estava irredutı́vel, alegando que tudo estava sobre controle.
-- Diana... Eu preciso que proteja a minha neta, estou disposta a contar toda a verdade, disposta a revelar tudo o que
Otá vio fez, sabe que tenho provas... poré m eu imploro que salve Aimê .
Clá udia observou pela porta, temendo que a neta ouvisse a conversa.
-- Os homens que a levaram ligaram para a minha casa... – Dizia baixinho – Foram eles que destruı́ram a
loricultura... – A voz estava trê mula – Diana, o chefe do bando disse que quer Aimê e nã o irá sossegar enquanto nã o pegá -la.
-- E por que eu acreditaria em você ? – A morena indagou no telefone. – Por que acreditaria, depois que icou calada,
enquanto seu marido destilava mentiras? – Apertava forte o aparelho. – E por que eu me importaria com o que farã o com a
sua amada netinha? A inal, ela me acusou, prestou queixa contra mim!
A empresá ria sabia que Diana estava pronta para cobrar a dı́vida.
Clá udia ouvia as palavras e sabia que daquela vez nã o seria fá cil.
-- Eu imploro, sou capaz de tudo, de qualquer coisa, contarei a verdade para ela, mas me ajude. – As lá grimas de
desespero já lhe banhava o rosto.
-- Nã o, mas eu estou... Beijarei seus pé s, qualquer coisa... Darei a minha vida se você desejar...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 378/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Vovó !
Por algumas horas se esqueceu da ilha de Otá vio nos braços da bela italiana, mas agora tudo parecia voltar com o
triplo de força.
-- Hoje mesmo mandarei um carro e tirarei você s em segurança daı́, mas eu quero o general junto... Se nã o for
assim, nã o farei nada para ajudar a sua netinha... Até o im da tarde eu quero uma resposta. – Encerrou a ligaçã o.
Vanessa observava a expressã o da major e sabia que o melhor a fazer era se manter calada.
Nã o sabia até que ponto Diana era uma ameaça maior para a jovem Villa Real do que os pró prios aliados de Otá vio.
A senhora Villa Real seguiu imediatamente para casa, sabia que nã o seria fá cil convencer o marido.
Estranhou a porta está aberto, mas ao adentrar o espaço sentiu palpitaçõ es no peito, tudo estava destruı́do.
Chamou-o e já se levantava para pedir ajuda quando Ricardo abriu os olhos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 379/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Precisamos tirar Aimê da cidade... – Ele falou baixo e com muito esforço.
Clá udia pegou o celular que estava na bolsa e imediatamente ligou para Bianca.
-- Feche a loja e leve a minha nata para sua casa... – Falava rapidamente. – Explico depois.
A moça assentiu, pois percebia que a senhora Villa Real estava muito nervosa.
-- Eles estiveram aqui, querem Aimê , disseram que já tinham fechado o negó cio e por minha culpa estavam sendo
perseguidos.
-- Eu falei com a Diana, ela disse que ajudará e mandará um carro para nos buscar em segurança...
-- Chega, Ricardo! – A mulher se afastou. – Chega do nosso egoı́smo, nossa neta corre sé rio perigo e só a Calligari
tem poder para protegê -la.
-- Mas, como poderemos falar a verdade... – O militar parecia em desespero. – Meu Deus, ela nunca vai nos perdoar!
-- Eu pre iro nã o ser perdoada a ver a minha neta sendo levada por esses homens!
Ricardo itou a mulher durante in initos segundos e por im fez um gesto de assentimento.
-- Já está tudo certo, mas eu queria que mandasse nos buscar o mais rá pido possı́vel.
Diana estava em seu quarto, tinha acabado de tomar banho quando ouviu a ligaçã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 380/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Dessa vez Ricardo nã o a enrolaria, dessa vez ele revelaria toda a verdade.
Depois de mais de dez anos toda a histó ria suja seria exposta...
Respirou fundo!
Limparia a mancha que caiu sobre o sobrenome Calligari, devia isso ao pai que passara tanto desgosto e acabara
tirando a pró pria vida.
-- Malditos sã o todos os Villas Real e a dı́vida que tem comigo nã o será paga tã o facilmente!
Odiava-a!
Nã o via a hora de vê -la e poder ver suas crenças cair ao chã o.
Aimê questionou inú meras vezes o que se passava, mas nem Ricardo e Clá udia respondiam as dú vidas da menina.
De soslaio, Clá udia observava a neta e percebia o quã o preocupada a jovem estava, desejou lhe contar toda a
verdade, mas fora outra condiçã o da Diana: Tudo seria revelado na sua presença.
Sabia que a neta a odiaria, odiaria a todos, poré m nada daquilo importava se ela estivesse salva, se aqueles
bandidos nã o ousassem nunca mais se aproximar dela.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 381/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Seu rosto estava cheio de hematomas, talvez tivesse fraturado as costelas, mas nã o passaram no hospital, pois
aquilo nã o era mais importante do que deixar Aimê em segurança.
Achou estranho a rapidez que Diana resolvera tudo, mas també m icou muito feliz, pois quanto mais demorasse,
mais arriscado seria.
-- Você vai icar sabendo daqui a pouco. – Sussurrou em seu ouvido. – Nunca esqueça de que te amamos muito e
que se erramos, foi porque desejamos protegê -la de tudo e de todos.
Aimê já abria a boca para questionar, quando a porta foi aberta.
-- Quem está a nossa espera? – A garota indagou cada vez mais curiosa. – Onde estamos?
Aimê pareceu ainda mais descon iada, mas acabou indo com o general.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 382/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o fazia ainda uma hora que tinha colocado os pé s em solo nacional.
Dinda desistira de conversar com a sobrinha. Na verdade, fora totalmente ignorada quando tentara um diá logo.
Sabia qual eram seus planos e achava muita crueldade de sua parte.
Vanessa nada disse, sabia que nã o teria como ter uma conversa ou contestar uma decisã o da pintora, ela sempre se
mostrava irredutı́vel.
Diana nem mesmo levantou a cabeça quando ouviu os passos. Parecia envolvida em seu mundo, até ouvir os
questionamentos ditos por aqueles lá bios doces.
Ao itar os hematomas no rosto de Ricardo percebia que Crocodilo nã o estava para brincadeira, poré m nã o sentiu
nenhuma piedade do general.
Analisou Clá udia e percebeu como se mostrava apreensiva, seus olhos estavam vermelhos, decerto chorara
bastante... Nã o se condoı́a pela dor dela, nã o mesmo.
A herdeira de Otá vio usava calça de moletom branca, camiseta na mesma cor e um casaco.
-- Onde estamos, vovó ? – A garota indagou novamente. – Diga-me de uma vez o que se passa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 383/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Antô nia itou o pâ nico no rosto da jovem, viu como ela pareceu assustada ao ouvir a voz da Diana.
-- O que se passa? – Desvencilhou-se das mã os do avô . – O que essa mulher faz aqui?
-- A sua conversa será agora e diante de todos... Ou retornarã o para a casa e esperarã o o amiguinho de você s!
-- Digam de uma vez o que está acontecendo e por que estamos na presença dessa mulher! – A jovem insistia.
Diana cerrou os olhos diante da arrogâ ncia de garota, mas nada fez, esperaria o momento para fazê -la engolir seu
orgulho.
-- Proteger-me? – Deus alguns passos para trá s. – Como me protegeriam trazendo-me para perto dessa mulher que
já fez tanto mal a toda nossa famı́lia?
Pegou uma garrafa de champanhe, serviu uma taça, depois sentou na banqueta, observando tudo com atençã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 384/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o, ilha, tudo é uma farsa que já dura mais de dez anos!
Clá udia apoiou a mã o nos ombros da neta, mas Aimê se desvencilhou.
-- O que signi ica isso? Que farsa? Eu exijo que falem de uma vez o que está acontecendo. – Passou a mã o pelos
cabelos. – Faz poucos dias que me revelaram o que essa mulher fez... Agora simplesmente me arrastam em uma viagem
durante horas e me trazem para ela? Expliquem de uma vez o que se passa! – Exigiu.
Parecia degustar da bebida, enquanto observava tudo como se fosse o ilme mais esperado do ano.
Notou como os olhos azuis estavam escurecidos, via como ela já perdia o controle.
-- Mentimos para você ! – Clá udia dizia entre lá grimas. – Mentimos para todos, izemos isso pensando que era o
melhor...
-- Do que estã o falando? – Passou a mã o pelos cabelos. – Por Deus, em que mentiram... Do que falam...
Todos icaram em silê ncio por longos segundos, apenas o tamborilar dos dedos da ilha de Alexander sobre a
madeira podia ser ouvido.
Ricardo itou Diana e no seu olhar implorava para que ela nã o levasse aquilo à frente.
A morena encheu o copo mais uma vez e fez um gesto para que ele prosseguisse.
-- Contem de uma vez! – A Calligari ordenou insensı́vel. – Nã o ordenarei de novo. – Bebeu o lı́quido todo.
-- E quem é você para ordenar algo aos meus avó s? – Aimê vociferou. – Pensa que é quem? Tenho certeza de que
tudo aqui nã o passa de uma armaçã o sua... Uma forma sá dica de destruir a minha famı́lia!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 385/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana a itou e era percebı́vel a sua raiva controlada sob um sorriso sarcá stico.
-- Você s tê m dez minutos para acabarem com essa choradeira... Minha paciê ncia já está no limite! – Falou por entre
os dentes. – estou cansada e nã o passarei à noite aqui ouvindo os dramas de você s!
O general assentiu, sabia que nã o teria mais nada para fazer.
Conhecia a ilha de Alexander e ela nã o recuaria, sabia que ela esperara por aquilo durante muito tempo.
Olhava-a e percebia como tinha se tornado cruel, enrijecida depois de tudo o que viveu.
-- Todo o que eu falei nã o passa de mentiras... – sentou-se. – Otá vio fez tudo errado a vida toda...
-- Como assim? – Aimê questionou baixinho. – Por que fala isso do meu pai?
-- A Diana fora vı́tima da obsessã o dele... tudo o que ela falara é a mais pura e cruel verdade...
Clá udia itou a neta e viu como seu semblante estava carregado de dor e decepçã o.
Fez um gesto para o marido continuasse, nã o teria como parar naquele momento.
Deixava claro o que se passou nã o só com a Diana, mas també m com o envolvimento do coronel com tra icantes, de
sua má conduta e de como maquiava todos os erros do ilho.
Vanessa itava a pintora e via o rosto in lexı́vel nã o demonstrar nenhum sentimento.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 386/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os olhos azuis choravam... Meneava a cabeça diante de cada uma das bá rbaras revelaçõ es.
Antô nia olhou para a sobrinha e fez um gesto implorando para que ela acabasse com aquilo, mas a Calligari
ignorava.
Diana ouvia tudo e era como se vivesse cada um daqueles momentos novamente...
Desejou que seu pai estivesse ali... Nã o descansaria enquanto todos nã o soubessem a verdade sobre Otá vio Villa
Real.
A major a itou e sentiu uma pontada no peito, mas bebeu mais para sufocar a piedade, pois ela nã o merecia,
nenhum deles merecia sua pena.
-- Filha, apenas desejamos te proteger e se estamos revelando tudo isso é porque sua vida está em perigo. – Clá udia
falava em lá grimas. – Espero que um dia possa nos perdoar por isso.
Sua mente ainda nã o processara tudo o que ouviu e naquele momento só desejava icar sozinha...
-- Nã o, ainda nã o! – Diana impediu-a, deixando o lugar onde estivera durante toda a narrativa.
Ela caminhava com a cabeça erguida, seu rosto nã o demonstrava nenhum sentimento, apenas frieza total.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 387/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Como seus queridos avó s falaram, Crocodilo quer você – Sorriu – Você nã o imagina como o belo rosto do seu avô
está des igurado depois da visitinha do amiguinho do seu pai.
Aimê ouviu-a.
Ainda martelava em sua mente todas as crueldades que seu pai izera...
Ainda chorava por ela, ainda chorava quando imaginava como Diana sofrera com tudo o que seu pai fez.
Nã o sabia o que falar, nã o sabia o que dizer... Fora uma das que a condenara, fora uma das que nã o acreditara
quando ela falara a verdade...
Mordiscou o lá bio inferior, sentiu o sabor salgado das lá grimas.
O que faria?
-- Sabe que se nã o for por minha ajuda, você e seus queridos avó s serã o trucidados pelo habilidoso Crocodilo...
Sim, a jovem sabia e mesmo que estivesse muito triste por saber que mentiram durante tantos anos, temia que
mais alguma coisa fosse feito contra eles, ainda mais depois que soube o que se passara com Ricardo.
-- Se estamos aqui é porque ofereceu sua ajuda e mesmo que saibamos que nã o merecemos, sou muito grata por
isso... – Disse em um io de voz.
Diana a observava.
-- Sim, nã o merecem e eu ofereci ajuda para que viessem até aqui... – Parou diante da garota. – Mas se deseja que eu
os ajude, protegendo suas miserá veis vidas... Ajoelhe-se e implore por isso... Implore por minha ajuda, ilha do coronel Otá vio
Villa Real.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 388/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana mirou-a.
-- Sim, nã o merecem e eu ofereci ajuda para que viessem até aqui... – Parou diante da garota. – Mas se deseja que eu
a ajude, protegendo sua miserá vel vida... Ajoelhe-se e implore por isso... Implore por minha ajuda, ilha do coronel Otá vio Villa
Real.
Todos os presentes na sala pareceram nã o acreditar no grau de humilhaçã o que a herdeira de Alexander desejava
in ligir à jovem, ainda mais quando a menina fora a segunda mais prejudicada em toda aquela histó ria, a inal, vivera uma vida
de mentiras e ainda estava tentando conter o pranto desesperado quando a major tentava subjugá -la.
-- Ela nã o é culpada por nada! – Ricardo se levantou e seguiu até elas. – Se deseja que algué m se ajoelhe e implore
por sua boa vontade, eu o farei.
Diana o itou com desprezo, enquanto o via, com muita di iculdade dobrar-se diante dela.
Ajeitou o cabelo por trá s da orelha, enquanto um sorriso desdenhoso brincava no canto dos lá bios.
-- Por favor – A voz de Clá udia suplicava – Ela nã o tem culpa de nada! – Ajoelhou-se també m. – Fomos nó s e Otá vio
que izemos mal a você , ela é inocente de tudo o que se passou, era apenas uma menina na é poca...
Via a dor em seu mar azul, percebia como ela estava destruı́da depois de saber tudo o que seu precioso papaizinho
tinha feito.
Apertou forte a base, observou o cé u... De repente em sua mente voltou aquele dia...
Conseguia ver os olhos sem vida de Eduardo, ainda sentia as chicotadas em suas costas...
Antô nia apoiava a garota, temia que a menina desfalecesse depois de tudo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 389/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Encarou a sobrinha e mais uma vez pedia clemê ncia com seu olhar.
-- Eu desejo que você implore e nã o eles, a inal, os dois mentirosos ainda terã o muito que enfrentar, ainda mais o
general terá que se por a disposiçã o da justiça.
Aimê imaginou que agora perderia os avó s e aquilo a deixou em total desespero.
Amava-os e mesmo que estivesse magoada por ter vivido uma farsa, nã o poderia suportar que algo acontecesse a
eles.
Levantou o queixo.
Sentiu o vento frio da noite em seu pescoço. Um arrepio percorreu sua espinha...
Vanessa observava tudo e nã o podia negar como aquela jovem diante da pintora mostrava uma coragem sem igual.
Antô nia levou a mã o à boca. Condoı́a-se por aquela menina que nada izera, mas que era o alvo principal da
herdeira de Alexander.
Ricardo e Clá udia choravam por saberem que a culpa de tudo aquilo era apenas deles.
-- Os respeitados Villas Real implorando pela vida! – Sorriu de forma sarcá stica. – Que lindo! Acho que irei pintar
um quadro de você s...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 390/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A bela ı́ndia sentiu o poder daqueles olhos que nã o tinha luz...
-- Nã o estou implorando por minha vida, Diana Calligari, nã o temo sua ira, pois mesmo que entenda seus motivos,
nã o tenho medo... – O queixo bem feito empinou-se. -- Ajoelho-me para que salve os meus avó s... Humilho-me diante de você
por eles e nã o por mim...
Mesmo diante de tudo, a maldita mimadinha ainda tinha topete para desa iá -la.
Vanessa prendeu a respiraçã o, sabia que a artista nã o aceitaria de bom grado aquelas palavras.
Apertou-a fortemente, tendo a impressã o que seus dedos queimavam diante do contato com a pele macia.
Antô nia foi rá pida em sustentar a ilha de Otá vio, antes que ela fosse ao chã o.
-- Leve-a daqui, antes que eu perca o resto de paciê ncia que ainda me sobra. – Ordenou.
Vanessa e Antô nia izeram rapidamente o que fora dito, mesmo diante das negativas de Aimê , levaram-na dali, pois
ambas temiam o que aconteceria depois.
Jamais fora desa iada daquele jeito, jamais algué m agira tã o abertamente contra si.
Caminhou até o bar, pegou uma garrafa de champanhe e uma taça de cristal, retornou e sentou na poltrona.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 391/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Desgraçados!
Se nã o fosse por todas as mentiras que contaram durante tantos anos, nada daquilo estaria acontecendo... Nem
mesmo teria se embrenhado na selva para salva aquela menina estú pida que parecia tentar dominar seus pensamentos.
Sabiam que nada poderiam fazer para detê -la, a inal, ela nunca ouvia ningué m, jamais se importava com a opiniã o
alheia.
Percebia como o corpo frá gil da garota estava trê mulo, como suas mã os estavam frias.
Havia uma enorme cama ocupando o centro, um aparador com espelho, uma escrivaninha e duas cadeiras.
-- Vou pedir que tragam um chá para você ! – Já se preparava para afastar, quando a Villa Real nã o lhe soltou a mã o.
-- Perdoe-me, senhora, por todas as coisas ruins que meu pai causou a sua famı́lia.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 392/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A tia de Alexander observou a face tã o bonita cheia de dor e mais uma vez lagrimou por ela.
-- Você nã o é responsá vel pelos pecados do seu pai, querida! – A empresá ria agachou, tomando-lhe as mã os. – E
apenas mais uma vı́tima.
Ficou em silê ncio por alguns segundos, tendo a atençã o das presentes.
-- Eu preciso icar com meus avó s... – Dizia em um io de voz. – Preciso protegê -los da Diana...
A tia de Alexander fez um sinal negativo, sabia que seria uma loucura levá -la de volta.
Vanessa temia que a Calligari agisse com violê ncia fı́sica, mesmo sabendo que nã o era algo tı́pico dela.
Mais uma vez Aimê permaneceu quieta e quando voltou a falar, sua voz estava embargada pelo pranto.
-- Sabe... – Iniciou relutante. – Desde que ouvi aquelas coisas, meu cé rebro nã o consegue associar todas essas
maldades ao homem que foi meu pai... – Mordiscou o lá bio inferior e mais uma vez as lá grimas começaram a lhe banhar a
face. – Eu perdi a minha mã e quando tinha cinco anos e o papai sempre fora um homem presente em minha vida... Levava-me
para passear... Ajudava-me nas liçõ es, ia as reuniõ es da escola... – Esboçou um sorriso triste. – No dia das mã es, ele ia a
comemoraçã o e todos icavam surpresos com aquilo... – Cobriu o rosto e depois deixou as mã os descansar sobre o colo. – Ele
brincava comigo de chá da tarde... – Sua narrativa foi assolada por soluços.
-- Eu tinha pesadelos durante a noite e ele sempre estava lá ... Contava histó rias... – Levantou a cabeça. – Eu nã o
consigo associar meu pai a esse monstro que fez tanto mal a todos você s...
Sempre ouvira de Diana os planos de vingança, mas nunca em toda a vida, imaginou como isso feriria
verdadeiramente um inocente.
-- Querida – A empresá ria começou – O que ele fez nã o fará que ele deixe de ser seu pai e deve conservar sim todas
essas lindas lembranças... Nã o deixe que esses erros do passado a persigam, a destrua...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 393/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Agora que tudo estava sendo inalmente esclarecido, esperava com todo coraçã o que a amada sobrinha pudesse
reconstruir a vida e deixar essa obsessã o no passado. Foram mais de dez anos, vendo-a dia apó s dia sonhar com sua vingança,
imaginando como todos reagiriam quando descobrissem toda a verdade.
Respirou fundo!
Esse dia tinha chegado e jamais imaginou que seria um momento tã o amargo como estava se mostrando.
Aimê se levantou.
-- Nã o, eu devo icar com meus avó s, preciso protegê -los... – Continuava insistindo. – Leve-me lá ...
-- Nã o, querida, deve icar aqui! – Vanessa se antecipou. – Descanse, irei até a sala e estarei presente para ver o que
a Diana fará .
A ilha de Otá vio ainda protestou, mas Antô nia praticamente a arrastou até o banheiro.
Seria uma catá strofe maior se a jovem estivesse presente, pois era dela que a Calligari tinha mais raiva e amor.
Imaginou que nã o estavam mais ali, poré m ao olhar com atençã o decifrou a igura sombria sentada na poltrona
com uma taça nas mã os.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 394/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Olhou para o chã o temendo ver alguns corpos estendidos e um carpete cheio de sangue.
-- Vá para sua casa, já está tarde! – Diana disse enquanto continuava a beber.
A Calligari apenas deu de ombros, enquanto mantinha os olhos ixos na taça. Mesmo na penumbra, parecia
interessada nas bolhas do champanhe.
-- Eu nã o os matei... – A major parecia ler seus pensamentos. – Nem mesmo encostei as mã os em nenhum deles... –
Bebeu um pouco. – Na verdade, eu até estava muito calma, apenas Aimê me tirou do sé rio. – Suspirou. – Por que ela me
desa ia?
A empresá ria sabia que deveria tomar cuidado com as palavras que falaria.
-- Ela ajoelhou como você pediu. – Disse depois de um tempo. – Obedeceu a sua ordem.
-- Ela implorou por eles, desa iou-me novamente quando disse que nã o me temia! – Levantou-se. – O que aquela
garotinha idiota e cega pode fazer para se proteger da minha ira? – Apertou forte a taça, quebrando-a. – Será que ela nã o sabe
quem é Diana Calligari?
Nã o pareceu se importar em ter a pele cortada, na verdade pareceu nã o perceber.
-- Aimê é corajosa!
-- Como você mesma disse, é uma menina cega que nã o tem como te vencer... Qual o seu prazer em tudo isso?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 395/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu estive disposta a reparar o mal que iz a ela... Naquele dia que estivemos lá ... Poré m Aimê tem algo que me tira
do sé rio... Sua sinceridade, suas palavras ditas de forma doce me tiram do sé rio... Eu nã o sei, apenas a odeio... Acusou-me
diante da amiguinha, diante das autoridades...
Vanessa pigarreou.
Nã o acreditava que ela simplesmente odiasse a ilha de Otá vio, sabia que tinha muito mais por baixo daquela
camada.
-- Proteger a garotinha estupida e usá -la como isca para atrair o Crocodilo... Se ele a deseja tanto, quero que venha
buscar...
-- O maldito general vai ter prestar esclarecimento sobre tudo o que se passou... Eu quero que todos os jornais
tragam a verdade sobre Otá vio, quero que a tv explore toda a podridã o que o miserá vel do coronel se envolveu... Quero que a
maldita famı́lia sinta a mesma humilhaçã o que eu provei...
Meneou a cabeça.
-- Você vai acabar me deixando louca! Eu juro que nã o te entendo! Ora diz que vai destruir a menina, que vai fazê -la
se dobrar diante de si e agora fala para que a leve no especialista para que recupere a visã o... Preciso ir ao salã o pintar meus
cabelos, estou cheia de ios brancos!
Caminhou até o bar e pegou uma garrafa, abrindo-a, derramou sobre os ferimentos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 396/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Correu até o banheiro té rreo e nã o demorou a voltar com material para tratar o machucado.
-- Quero que a leve ao especialista... Continuo disposta a curar a cegueira que causei.
Tentava decifrar qual realmente era a intençã o da ilha de Alexander, mas como sempre era impossı́vel descobrir
algo olhando aquele mar negro.
-- Eu continuo dizendo que Aimê nã o merece sua raiva, ela é inocente de tudo, mas você continua batendo na tecla
errada.
A pintora nada disse, apenas observava Vanessa fazer tudo com muito cuidado.
-- No quarto da Dinda, creio que seja o melhor lugar para ela icar.
-- O Arthur já chegou. – Abraçou a amiga. – Vou indo, descanse, amanhã estarei aqui. – Beijou-lhe a testa. – Por favor,
tente pensar com calma em tudo o que está acontecendo.
Fechou os olhos.
Seus pensamentos estavam em Alexander naquele momento. Nã o demoraria a que todos soubessem a verdade.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 397/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Lutara tanto... Agora limparia toda a lama que caı́ra sobre o sobrenome dos Calligaris...
Por que o sabor nã o era doce como imaginara que fosse?
Respirou fundo...
Ainda sentia o cheiro dela em suas mã os... Ainda via os olhos tã o azuis lhe itando, mesmo sem enxergar, parecia
desnudar sua alma...
-- Aimê ... – Falou baixinho. – Quem vai te defender da minha fú ria agora?
Cerrou os dentes.
Abriu e começou a ler o relató rio que fora feito sobre a garota naquela ú ltima semana.
Meneou a cabeça.
Seguiu até o estú dio. Com certeza nã o seria uma noite fá cil para dormir, entã o icaria estudando um pouco sobre
arte e quem sabe poderia desenhar algo... Nã o, o machucado impediria de fazê -lo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 398/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A menina estava muito agitada e chorara durante todo o tempo. Pedia para ver os avó s, mas a boa senhora sabia
que nã o seria uma boa ideia, pelo menos nã o naquele momento.
Acabou de se arrumar, tentando nã o fazer barulho para nã o despertar a garota.
Fitou-a e mais uma vez se condoeu por ela, pela terrı́vel situaçã o que estava a passar.
-- Bom dia, Ana! – Cumprimentou a jovem que limpava tudo. – Onde está a minha sobrinha?
-- A dona Diana saiu cedinho, mas nã o faz dez minutos que voltou. Está tomando café da manhã na varanda.
Caminhava lentamente.
Já nã o era uma jovem como antes, sentia dores nas pernas.
Desceu as escadas e ao chegar ao terraço que tinha uma bela visã o da cidade, encontrou a Calligari sentada.
Antô nia estranhou, pois ela nunca fazia aquilo, na verdade, desde que teve a vida assombrada por jornalistas,
deixara de lado esse há bito.
Fitou as roupas e percebeu que ela estava vestida de maneira bem formal.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 399/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Isso é apenas o inı́cio... Ainda tem muito para acontecer... – Tomou um pouco de suco. – O exé rcito reabrira o caso,
o general terá que explicar muita coisa.
A tia de Alexander permaneceu calada, pois se dissesse que nã o era a favor de revirar o passado, haveria uma
discussã o com a sobrinha.
-- Decidi permanecer aqui por mais uns dias! – A senhora tomou um pouco de chá . – Creio que Aimê precisará de
algué m que ique ao lado dela nesse momento.
-- Nã o, você vai para Alemanha, nã o quero que corra risco, ainda mais agora que a guerra contra os bandidos foi
declarada. – Dizia calmamente.
-- Claro que nã o irei! – Protestou. – Ficarei ao seu lado e se você correr risco, correrei també m. – Falou em
determinaçã o.
-- Bobagem! – Colocou o copo sobre a mesa. – Nã o deixarei que nada aconteça com as pessoas que amo por causa
dessa famı́lia sem moral. – Pegou uma torrada. – Ficará fora até que tudo se resolva, nã o poderei me arriscar a tê -la por perto.
-- Filha! – Segurou a mã o da pintora. – Nã o quero que nada aconteça contigo, por favor, eu nã o suportaria.
Diana sorriu, enquanto levava a mã o amorosa aos lá bios, beijando-a.
-- O que houve?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 400/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Antô nia mal se levantava para ir até lá , quando Diana seguiu como um lash em direçã o ao quarto.
Aimê quando acordou recordou-se de tudo o que tinha se passado. Procurou pelos avó s, chamando-os, mas
ningué m respondia, estava sozinha e presa sem mesmo saber onde.
Sua mente se mostrou confusa, como se tudo o que se passou nã o fosse mais do que um pesadelo, mas aos poucos,
os acontecimentos da noite anterior foram clareando em seu cé rebro.
Temia que algo tivesse acontecido a Ricardo e Clá udia. Essa possibilidade deixou-a em total pâ nico.
A Calligari a encarou.
Os cabelos da garota estavam em desalinhos, alguns ios colados na face pelas lá grimas. Usava um roupã o branco.
A respiraçã o de Aimê estava acelerada. Isso chamou a atençã o da major, ainda mais porque dava para perceber os
movimentos dos seios.
Encarou-a.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 401/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê sentia a respiraçã o dela perto, sabia como estavam pró ximas, deu mais alguns passos para trá s, sentindo
esbarrar na cama.
-- Nã o quero me proteja, como disse ontem, nã o merecemos nada que venha de você . Quero apenas icar com meus
avó s, enfrentarei ao lado deles tudo o que está por vim.
-- Você é uma tola, nã o sabe o que pode acontecer se continuar a protestar... Eu posso me cansar e deixar que te
levem de uma vez.
-- Nã o me importo, quero apenas icar ao lado dos meus avó s... – Repetia cheia de determinaçã o.
-- Mesmo depois de terem mentido você ainda se preocupa com eles? – Indagou curiosa. – E uma idiota ainda maior
do que imaginei.
A Villa Real permaneceu calada, tinha a cabeça baixa, parecia pensar em tudo o que icara sabendo.
-- Se eu pedir perdã o por tudo o que meu pai te fez nã o vai mudar nada nã o é ? – Umedeceu os lá bios. – A mesma
coisa acontece com meus avó s, odiá -los nã o vai mudar o que se passou... Estou magoada, triste, muito triste, poré m nã o
desejo que nada de ruim aconteça a eles... Sã o os ú nicos que tenho...Passaram toda a vida a me proteger...
Diana estendeu a mã o para lhe secar as lá grimas que desciam, mas se arrependeu, recolhendo-a.
-- Nã o desejo suas desculpas ou sua pena...Use-as com você , talvez precise mais do que eu!
-- Ficará comigo até que tudo se resolva... – Observou o machucado na mã o. – Preciso que vá ao mé dico...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 402/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- A partir de agora você vai querer o que eu quiser e se continuar a se negar vai ser pior.
-- Por quê ? Em breve todos vã o saber a verdade, seu desejo de vingança será concretizado, nã o tem por que se
meter com esses tra icantes... O que ganha salvando a minha vida novamente?
Lembrou-se da primeira vez que a viu pelo binó culo... recordou-se da fotogra ia sobre a escrivaninha de Ricardo...
-- Chega dos seus questionamentos idiotas... – Levantou-se. – Irá ao especialista com a Vanessa. Vou pedir que te
arrumem uma roupa – Olhou-a de cima a baixo – Nã o pode sair desse jeito.
-- Eu nã o irei a lugar nenhum, só desejo retornar para o lado dos meus avó s! – Disse em desa io.
A major bateu o punho fechado contra a madeira e em fraçõ es de segundos estava segurando Aimê pelos ombros.
A ilha de Otá vio nã o pareceu se importar, apenas permaneceu quieta nos braços dela, tendo a cabeça levantada.
A morena mirou os lá bios rosados, desejando senti-los mais uma vez.
-- Eu te imploro pelos meus avó s... – Pediu. – Nã o permita que esses homens façam mal a eles... Eu nã o me importo
com a minha vida... Se esse Crocodilo me deseja tanto, irei de bom grado... Mas que nada aconteça a eles...
Quando a sentia era como se sua mente nã o conseguisse processar nada, como se o mundo lá fora nã o existisse...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 403/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Fitou um pouco dos ombros desnudos e imaginou a pela branca exposta... Os seios redondos...
-- Quer que ajoelhe novamente e implore por eles? Me quer novamente de joelhos?
Deus, precisava saciar aquela vontade de tê -la antes que enlouquecesse!
-- Eu quero que você ajoelhe... Só ao imaginar essa cena... – Falou roucamente, cheia de desejo.
Aimê sentiu as mã os em sua face e nã o teve tempo de protestar ao sentir os lá bios sobre os seus.
Abraçou-a pelo pescoço. Fê -lo porque havia uma força maior que a unia, uma vontade ú nica que a jogava nos braços
dela, mesmo que estivessem em lados opostos da histó ria.
Ouvia a respiraçã o acelerada... Sentia o sabor daquela boca que naquele momento nã o estava sendo grosseira, mas
delicada.
Temeu cair, pois suas pernas estavam bambas, trê mulas. Praticamente pendurou-se a ela, adorando senti-la mais
uma vez.
Com certeza a major só tinha desejo por si... Nã o havia dú vidas, pois nada mais poderia sentir pela ilha do homem
que mais odiava em todo o mundo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 404/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Mirou mais uma vez a boca sedutora, desejando continuar o que estava fazendo...
-- Está tudo bem! – Disse com voz rouca. – Estou saindo já .
Observou como Aimê estava corada e como seus olhos estavam escuros.
Respirou fundo!
Nunca em sua vida se sentira tã o fora do seu controle, fosse à sua intensa paixã o ou no seu ó dio... Tudo com ela se
mostrava diferente.
Arrumou a roupa.
-- Eu ajudarei os seus avó s, deixarei em local seguro, contratarei quantos seguranças forem necessá rios para que
nada de ruim aconteça a eles e ainda contratarei advogados para que ele nã o seja preso por ter mentido para todos.
-- Faria isso mesmo? – Aimê indagou esperançosa, mas també m temerosa. – O que deseja em troca?
Suspirou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 405/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Por que aquela ı́ndia selvagem tinha essa verdadeira obsessã o por seu corpo?
-- Você nunca vai conseguir conversar durante muito tempo sem se transformar no cavalo da princesa?
A Calligari nã o entendeu de inı́cio, mas ao se dar conta do que ela quis dizer, esboçou um sorriso.
Era estranho, pois tinha a impressã o que tudo era muito extremo... Irritava-se, mas a queria, sentia-se louca por ela.
-- Farei como quiser, mas com a condiçã o que nã o me tocará enquanto me pinta e que esse quadro nunca será
vendido ou exposto.
-- Você nã o está em condiçã o de impor condiçõ es, poré m nã o venderei a obra e nem exporei, será meu, apenas
meu... Quanto a tocar em ti... Só se você pedir muito para isso.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 406/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu jamais pediria... – Desvencilhou-se do toque. – Deixarei que me pinte, contanto que ajude meus avó s. –
Estendeu a mã o.
A Calligari observou-a por interminá veis segundo e lembrou-se do dia que sentiu os dedos longos em seu sexo...
Mesmo de forma atrapalhada, a garotinha a deixou louca.
Apertou-a.
Soltou-a.
Aimê ainda pensou em protestar, a inal, nã o estava doente, mas se ela insistia era melhor nã o contrariar, seria uma
discussã o sem im.
-- Está bem!
Na noite anterior icar furiosa, pois imaginara que ela pedira por si, mas ela nã o o fez, ao contrá rio, demonstrou
total segurança e valentia ao dizer que nã o a temia...
Como falara para Vanessa, desejava dobrá -la as suas vontades, poré m icava a pensar se aquilo realmente seria algo
tã o fá cil, ainda mais quando a garota a enfrentava com uma coragem que faltava a todos da sua famı́lia.
Retirou o terninho, estava com muito calor, mesmo a temperatura estando em dezoito graus.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 407/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Mirou o re lexo.
Sabia que ela també m a queria, sentia isso no beijo dela, na forma como a abraçava... Mas sabia que ela nã o cederia
tã o facilmente...
Se Aimê tivesse se entregado, com certeza nã o estaria se sentindo tã o enlouquecida, desejosa dela...
Lembrou-se de Vanessa dizendo que ela estava apaixonada pela Villa Real...
Era apenas desejo, se nã o tivesse sido negado ela nã o estaria tã o desejosa...
Antô nia tinha ajudado Aimê a se arrumar e naquele momento já seguia com a empresá ria.
Diana saiu logo em seguida, deixando claro que nã o retornaria naquele dia.
Dinda icou preocupada, mas a sobrinha nã o escutou os protestos por muito tempo.
Alguns seguranças icariam responsá veis de guardar o apartamento e acompanhar a ilha de Otá vio em todos os
passos que desse.
Realmente, a Calligari nã o permitiria que Crocodilo se aproximasse tã o facilmente, infelizmente sabia que a major
nã o tomava o mesmo cuidado com a pró pria vida.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 408/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Imagino que vieram em nome de Alessandra Calligari? – Indagou, enquanto observava a icha.
Vanessa assentiu.
-- Ainda nã o entendi por que estamos aqui. – Aimê falou em determinado momento. – Por que sempre chamam a
Diana de Alessandra?
Vanessa sorriu.
-- Por quê ?
-- Vamos ver um mé dico que poderá fazê -la voltar a enxergar, querida. – Disse entusiasmada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 409/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O mé dico era um homem alto, deveria ter um cinquenta anos, os cabelos estavam todo grisalho.
Jú lio era um dos maiores especialista, sua fama ganhava o mundo, alé m de um grande pesquisador e professor da
universidade.
Desde que falara com Diana icara bastante interessado no caso da jovem, tendo certeza de que poderia devolver a
visã o a ela.
Diana seguiu até o apartamento onde o casal Villa Real tinha sido levado.
Crocodilo era um bandido de grande periculosidade e agora com a primeira parte de toda a histó ria noticiada, ele
nã o descansaria, enquanto nã o se vingasse de todos que o traı́ram.
Se o general tivesse tomado essa atitude na é poca, teria sido aclamado e nã o teria perdido tudo para salvar a neta.
Meneou a cabeça.
Clá udia ainda nã o parara de chorar e ao ver a pintora foi até ela.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 410/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Conhecia-o bem, ele nã o se renderia sem causar um estrago sem igual.
-- Pergunto-me por que os homens do Crocodilo te bateram com tanta delicadeza!? – Questionou com a
sobrancelha arqueada.
O general a encarou.
Um dos olhos estava totalmente fechado devido aos socos. Quebrara algumas costelas, alguns dentes nã o faziam
mais parte de sua boca.
-- Ele nã o me mataria... Estava querendo me convencer a entregar Aimê ... – Levantou-se com di iculdade. – Agora
ico a pensar se você realmente fora a melhor escolha para protegê -la.
-- Chega, Ricardo! Nã o há ningué m capaz de salvar Aimê que nã o seja a Diana e devemos estar gratos por ela
estender a proteçã o a nó s.
A pintora se levantou.
-- Acredite que estou começando icar tentada em deixar que o namorado da sua netinha assuma isso... – Retirou
uma pasta da bolsa. – Espero que esteja pronto para enfrentar seus crimes.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 411/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Farei o que quiser, contanto que esse bandido miserá vel nã o chegue perto da Aimê .
A Calligari passou mais um tempo por lá , pois havia muitos pontos que só o homem poderia esclarecer sobre
Crocodilo.
Aimê nã o conseguia dormir, em seus pensamentos ainda nã o conseguia compreender tudo o que fora contado
sobre o pai.
Deitou de costas.
Lembrava-se bem do dia que estiveram na delegacia e da raiva que sentira ao ver como o delegado lertava
abertamente com a pintora.
Deus, como o pai pô de cometer tantos crimes... Matar tanta gente em nome de uma obsessã o?
Quando imaginava a Calligari sendo açoitada, vendida para aqueles bandidos, uma incontrolá vel raiva pulsava
dentro do seu peito.
Levantou-se.
Lentamente deu a volta e seguiu até o cô modo que icava a jarra de á gua.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 412/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Suspirou alto!
Nã o conhecia nada naquele lugar, entã o o melhor era voltar para a cama e tentar dormir.
Reunira-se com vá rias pessoas e mais uma vez relembrara tudo o que viveu naqueles dias de tortura.
As luzes estavam apagadas, com certeza todos já deviam estar dormindo.
Passara todo o dia ansiosa, mas nã o para icar diante da grande cú pula militar... Desejou voltar para a casa e poder
ver a jovem Villa Real.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 413/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Encheu o copo mais uma vez, mas nã o bebeu, pois ouviu um ruı́do na parte superior.
Seguiu rapidamente até lá , tentando nã o fazer barulho e icou surpresa ao ver a ilha de Otá vio tateando as paredes.
-- Você me assustou! – Disse, enquanto esfregava o pulso. – Quase arrancou meu braço!
Desabotoou os punhos, depois a parte frontal. Fazia-o lentamente, sem deixar de encarar a jovem.
-- Estava tentando fugir? – Fitou a camisola de seda branca. – Deveria ter pelo menos trocado de roupa.
Nã o pensou que a veria naquela noite. Nã o se preparara para aquilo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 414/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Acho melhor que me ajude a voltar ao meu quarto. Está tarde e estou cansada.
-- Por que está fazendo isso? Depois de tudo que minha famı́lia fez, nã o acho que deva mover uma palha para me
ajudar.
A pintora a observava com atençã o e mais uma vez teve a impressã o que nunca conhecera algué m tã o pura e
inocente como a ilha de Otá vio.
-- Eu pago minhas dı́vidas... Quando aconteceu o acidente jamais imaginei que você estivesse naquele carro...
-- Você era apenas uma criança... – Levantou-se. – Farei o que deve ser feito, pois nã o gosto de icar em dı́vida com
ningué m.
Abriu a boca para perguntar, mas lhe faltou coragem... Poré m ao tentar de novo, conseguiu fazer o questionamento,
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 415/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Esse é o meu maior arrependimento... Nã o o ter matado com as minhas mã os!
-- Perdoe-me, Diana, por todas as coisas ruins que a minha famı́lia causou a você ...
Sentiu-a irme...
Abraçou-a.
De repente tudo que fora vivido começou a passar em seu cé rebro como um ilme...
As dores...
As decepçõ es...
Aimê ouviu o soluço abafado que escapou dos lá bios da major... Sentiu as mã os se agarrando a si...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 416/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 417/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Esse é o meu maior arrependimento... Nã o o ter matado com as minhas mã os!
-- Perdoe-me, Diana, por todas as coisas ruins que a minha famı́lia causou a você ...
Sentiu-a irme...
Abraçou-a.
De repente tudo que fora vivido começou a passar em seu cé rebro como um ilme...
As dores...
As decepçõ es...
Doı́a quando pensava que o desgosto izera um home tã o forte tirar a pró pria vida...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 418/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê ouviu o soluço abafado que escapou dos lá bios da major... Sentiu as mã os se agarrando a si...
Chorou com ela, sentindo-se culpada... Desejando tomar para si todas aquelas terrı́veis lembranças que deveriam
atormentá -las, querendo apagar os dias de agonias que vivera.
Como seus avó s foram crué is por permitir que aquela mulher fosse acusada de pecados que nã o cometeu...
Agora percebia como seria impossı́vel receber algo que nã o o ó dio e o desprezo da parte da major. Daquela forma
difı́cil descobrira que també m estava na lista dos que a feriaram, també m estava na lista dos que a julgaram com crueldade.
Sabia que suas desculpas nã o fariam tanta diferença, pois elas nã o mudariam o que já foi feito, apenas tentava acreditar que
um dia Diana se libertaria daquelas chagas e voltaria a sorrir e a viver, pois quando ouvira tudo o que fora dito, percebia que
aqueles dez anos representaram um verdadeiro inferno para a herdeira dos Calligaris... Ela lutara dia apó s dia por seu
momento de vingança e agora que chegara... Quem poderia condená -la por in ligir castigos aos que a machucaram?
Diana se apegava a ela como se fosse sua salvaçã o, prendia-se a ela como se nã o houvesse alternativa a nã o ser
aquela, mesmo que algo dentro de si gritasse que ela també m era sua inimiga... Ela era a ilha dele... Tinha o mesmo mas azul
no olhar...
Fechou os olhos, tentando controlar aquelas dor que parecia sangrar naquele momento.
Ouviu o sussurrar da Villa Real, ouvi-a dizer palavras de consolo e por fraçõ es de segundos imaginou que ela
estivera ao seu lado em todos aquelas horas de angustias, em cada perda que tivera que enfrentar...
Inalou o perfume doce e teve a impressã o que seu eterno inverno estava sendo profanado por coloridos dias de
primavera.
Concentrou-se naquela voz baixa e sua má goa pareceu tã o menor...
Por que aquele abraço tinha que ser dela? Por que aquela paz tinha que vim dela?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 419/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Desejou nunca sair dali, desejou tê -la para sempre agarrada a si.
Quantas vezes precisaria repetir para si que Aimê era a ilha do homem que destruı́ra sua vida? Quanto precisava
se afastar para que aquela febre que lhe queimava chegasse ao im?
Observou-a melhor e mesmo quarto estando na penumbra, podia decifrar os traços bonitos e delicados.
Segurou-lhe o rosto com ambas as mã os, parecia querer grava aquela imagem em seu cé rebro.
Sabia que estava sendo analisada, aquele poderoso olhar podia ser sentido com a mesma intensidade de um toque...
Suspirou.
Aromas se mesclavam ali... Alcool e aquele perfume que lhe embriagava os sentidos.
O há lito de uı́sque nã o era desagradá vel nela, ao contrá rio, era delicioso e excitante.
Deus, o melhor seria retornar ao seu quarto, pois temia fazer algo que nã o devesse fazê -lo.
Diana acompanhava cada gesto com genuı́no interesse. Em determinado momento percebeu que a garota parecia
trê mula.
Queria-a tanto...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 420/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sabia que se cedesse nã o haveria volta, mas... Queria-a e estava temerosa por isso... Seu corpo parecia tentar
controlar sua mente, atraindo-a para uma armadilha mortal.
Diana pareceu surpresa, mas mesmo assim deu maior acesso a ela. Segurou as madeixas, prendendo-as para dar
passagem até a nuca.
-- Adoro a sua voz... Mesmo quando esbraveja, ela é baixa e rouca... Gosto quando fala meu nome... – engoliu em
seco. – E como se fosse a carı́cia mais ı́ntima de todo o universo.
A Filha de Alexander fechou os olhos, apenas se concentrando naquela garotinha que a deixava cada vez mais à
beira do precipı́cio.
Prendeu a respiraçã o quando sentiu as mã os acariciando suas costas... Havia cicatrizes e nunca se sentia a vontade,
mas com ela era diferente... Como se izesse parte de si.
Diana a encarou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 421/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A major mais uma vez teve a impressã o que algo a socava forte no ventre.
Lembrou-se de quando estavam na caverna e viu aquele mesmo sorriso quando contara para a jovem sobre a
cascata... Outra imagem fora quando mostrou a preguiça... Poré m em nenhum desses momentos o sorriso fora dirigido a si...
Mas agora...
Com o polegar contornou lentamente a boca bonita. Viu quando ela icou rubra.
Aimê ao umedecer mais uma vez os lá bios, tocou a lı́ngua sobre o polegar da ı́ndia.
Era possı́vel ouvir o som de sua respiraçã o acelerada. Suas mã os suavam.
-- Quem planejou isso foi muito feliz, pois conseguiu... – Agora usou o indicador para continuar o caminho sobre o
contorno externo da boca. – Mas há muito mais do que isso...
A herdeira dos Villas Real se apoiou em Diana, capturando o polegar, chupando-o como um dia fora feito consigo.
Aimê pareceu fraquejar e só nã o caiu porque a major sustentou seu corpo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 422/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Fitou a convidativa cama e imaginou-as embaladas naqueles lençó is de seda branco, perdidas em uma devastadora
agonia, em uma mistura in inita de pernas e de prazer...
Assustou-se.
Viu o sofá enorme e pensou se aquele nã o seria um lugar menos ameaçador, o espaço perfeito para refrear suas
tentaçõ es?
Na verdade o melhor seria levá -la de volta ao seu quarto, poré m queria prolongar aquele contato, ainda mais
porque sabia que nã o haveria tantos momentos de civilidade entre elas.
O mó vel elegante era todo coberto de veludo preto. Espaçoso, muitas vezes usado pela Calligari para descansar
quando o leito nã o se mostrava interessante. Com mecanismos retrá teis, tornava-se um espaço aconchegante e confortá vel.
Sentou-se e quando Aimê já ocupava um lugar ao seu lado, segurou-a pela cintura, fazendo-a sentar sobre seu colo.
Sua esposa!
Lembrou-se do dia que Tupã obrigou a casar... Lembrou-se de como ela estava linda com os adornos indı́genas.
Aimê pareceu nã o entender do que ela falava, entã o se recordou de que quando se encontraram no corredor estava
buscando á gua.
Cerrou os dentes.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 423/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Antes nã o se importaria em arrastá -la até a cama e agir como a selvagem que sempre fora...
Nã o continuava sendo ela ilha de Otá vio Villa Real? Nã o continuava sendo ela a garota que a desa iou mesmo
quando se ajoelhava pedindo clemê ncia?
Meneou a cabeça tentando cessar as in initas indagaçõ es que a confundia ainda mais.
Mas agora ela tinha certeza de que se Aimê nã o tivesse surgido em sua vida, ela estaria pouco se importando para
os atos de Crocodilo. Jamais moveria uma palha para ajudar aquela famı́lia...
Mas havia aquela garota... E tudo parecia se confundir em sua mente. Nã o pensava quando estava perto, apenas
sentia e como sentia...
Quando deixara a cidade deixara alguns seguranças protegendo a ilha do homem que mais odiara em todo o
mundo...
Havia uma confusã o tã o grande em sua mente, agonia em seu peito que nã o estava sabendo lidar.
-- Eu quero você ... Quero muito... – Encostou a testa na dela. – Mas eu nã o acredito que possa esquecer o que
passou...
Amava-a... Amava-a muito, mas sabia que seu amor nã o seria correspondido, pois era a ilha de Otá vio... Filha do
homem que destruı́ra sua vida.
Por que seus caminhos tiveram que se cruzar? Mas mesmo assim era estranho se imaginar sem ter conhecido a
Calligari, era como se sua histó ria estivesse incompleta.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 424/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sabia que durante todos aqueles anos seus passos foram dados em total escuridã o... Mas nenhum deles se
compararia à quele que estava prestes a dar.
Antes que Diana pudesse falar algo para demonstrar sua total surpresa, sentiu os lá bios tocando os seus.
Entreabriu-os dando a passagem que ela buscava... Fechou os olhos para senti-la melhor...
Por um momento teve a impressã o que ingerira todas as bebidas da adega... Embriagou-se com a forma que estava
sendo tocada.
Gemeu quando a lı́ngua foi capturada... Beijou-a mais, desejando devorar os lá bios rosados...
Arrepiou-se quando a boca mais uma vez seguiu por seu pescoço... Os beijos se multiplicavam naquele ponto...
Precisou de todo o controle do mundo para nã o a jogar na cama e satisfazer sua pró pria libido de imediato.
Cerrou os dentes ao ver a boca descendo por seu colo... Beijando a parte superior...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 425/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os dedos da Villa Real inspecionava o sutiã rendado... Parecia meio desajeitada em seu ato, mas mesmo assim
mexia com todos os nervos da major.
Temeu que ela tivesse desistido, mas ao observar o rosto rubro percebeu que havia determinaçã o nele.
Mordeu o lá bio inferior quando sentiu as mã os macias cobrir os montes redondos...
“-- São redondos como laranjas... porém maiores... Estão arrepiados... – Esboçou um sorriso nervoso. – Os
biquinhos não são grandes... mas são sensíveis ao meu toque...
Diana segurou-lhe as mãos, conduzindo-as de forma a prolongar as carícias... Seu corpo, mesmo debilitado,
estava em verdadeiro fogo.
Usou os polegares para incitar os mamilos... E nã o demorou a começar a beijá -los, deliciando-se...
Começou a livrá -la do robe e enlouqueceu quando viu a camisola praticamente transparente.
O quarto nã o estava totalmente escuro e a major preferia assim, pois gostava de acompanhar todas as reaçõ es da
jovem amante.
Gemeu de forma dolorida quando a sentiu mamar de forma mais voraz... Chupava um, enquanto afagava o outro...
Ora usava a lı́ngua, ora usava os dentes...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 426/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana lhe segurou a mã o, levando até a pró pria calcinha, fazendo-a sentir sobre o tecido.
-- Você , nã o me machucou... – Fê -la acariciar sobre as rendas. – Mas está fazendo algo com um poder muito maior...
Continuou a tocá -la por cima e logo adentrou o espaço apertado, mas Diana a deteve.
Aimê pareceu confusa, temeu estar fazendo algo errado, mas nã o houve muito tempo para pensar naquilo, pois
percebeu que a camisola deslizava por seu corpo, parando em sua cintura.
Aimê mordiscou o lá bio inferior ao sentir uma carga elé trica percorrer seu corpo.
A morena a itou e logo voltou a beijá -la, seguindo até a orelha dela, mordiscando.
-- Eu agora só desejo que seja minha... Só desejo que hoje seja minha mulher...
-- Eu quero ser sua... E desejo fazê -la minha...—Mordiscou o lá bio inferior -- Eu nã o sei apenas como fazer... Como
posso te dar o mesmo prazer que me deu? – Completou em um io de voz.
A ilha de Alexander nã o pareceu surpresa com o que ela dizia, a inal, sabia que ela era virgem...
-- Nã o há regras e nem manual de instruçõ es nisso... – Acariciou o mamilo com o polegar. – Faça o que sentir
vontade... Poré m se teme nã o me satisfazer, saiba que até a sua forma de respirar me enche de prazer...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 427/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê já abria a boca para protestar quando sentiu a boca faminta sobre os seios.
Os ios sedosos deslizavam por seus dedos, entã o os prendeu mais forte para que ela nã o se afastasse...
Tinha a impressã o que seu corpo só se resumia à quele desejo intenso que aumentava cada vez mais dentro de si...
Seu quadril começou a se esfregar sobre Diana... Parecia necessitado daquele contato...
Movia-se, mexia-se de encontro a ela... Mas ainda havia muita roupa separando-as.
Usou as mã os para tocar o abdome liso, seguiu até a calcinha, mas hesitou.
Aimê assentiu, enquanto mais uma vez seguia com os dedos para o interior do tecido ino...
Sentiu tremer mais uma vez, poré m ao sentir o contato com o sexo molhado foi como se uma grande dose de
adrenalina tivesse sido colocada na sua corrente sanguı́nea.
Fechou os olhos...
Aimê pareceu desolada, imaginando que mais uma vez tinha feito algo errado, já recolocava as alças da camisola e
icava de pé , quando foi abraçada pela major.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 428/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ela nã o parecia mais presa em seus pensamentos e medos naquele momento, era como se houvesse apenas aquele
desejo de toma-la para si.
Livrou-a da camisola em poucos segundos, voltando aos lá bios, tirando-lhe o fô lego.
Deslizou a boca pelo pescoço esguio, mordendo, arrancando gemidos dela, baixou até o colo, parando diante dos
mamilos tú midos.
Diana seguiu com ela e logo Aimê sentiu as pernas se encostarem à cama.
A peça branca era a ú nica coisa que ainda mantinha a inocê ncia intacta.
Hesitou por alguns segundos, entã o Aimê dobrou uma das pernas e estendeu os braços, chamando-a.
Nua, no centro do quarto, parecia uma deusa vingativa que estava pronta para cobrar suas dı́vidas.
Beijou as pernas longas, seguindo até a coxa... Parecia paciente em suas carı́cias... Apaixonada...
Aimê prendeu a respiraçã o... Estremeceu quando os lá bios chegaram a sua virilha.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 429/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê adorou o contato e nã o demorou muito para mexer sob a amada.
-- Sabe que agora estaremos consumando a nossa uniã o verdadeiramente? – Falou colando os lá bios aos dela. – De
acordo com as crendices das minhas tribos, nos tornaremos uma... Tem certeza de que deseja se unir a uma pagã ? –
Provocou-a, acariciando as laterais dos seios...
-- Que bom, porque agora vou fazer o que sempre desejei desde que a conheci...
Aimê estremeceu ao sentir as carı́cias em seu umbigo e quando a mã o começava afagar suas coxas. Nã o demorou
muito para deslizar a mã o por entre elas e começar a tocar a intimidade pulsante.
Diana e encarou por alguns segundos e logo a boca se apossou da parte mais sensı́vel do corpo da herdeira de
Ricardo...
Usou os dedos para abri-la mais... Inspirou o delicioso aroma, esfregou o rosto nela, lambuzando-se...
Deslizou a lı́ngua... lambendo-a... Beijou o sexo estremecido, abocanhou como se desejasse devorá -lo...
A Villa Real estava muito excitada e no primeiro contato sentiu espasmos se apossar do seu corpo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 430/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Chamou pela Calligari... Gemia com o nome dela nos lá bios.
Diana sabia que ela gozaria rá pido, a inal, a pró pria major já nã o controlava o seu prazer, mas antes que isso
acontecesse, desejava fazê -la totalmente sua.
Aimê mordeu o lá bio inferior para nã o gritar quando a ı́ndia começou a chupá -la mais forte.
Segurou forte o tecido macio da cama quando teve o clitó ris preso nos lá bios da amante.
Permaneceu parada com o indicador dentro dela... Usou os lá bios para voltar a acariciar o sexo, passando a lı́ngua,
excitando-a novamente, entã o a sentiu se movimentar mais uma vez sob si. Iniciou os movimentos de vai e vem, enquanto
chupava o clitó ris... Usou mais um dedo, possuindo-a com mais paixã o...
Ofegante, Aimê nã o sentia mais a ardê ncia, apenas se deliciava com a carı́cia e desejava mais, moveu-se contra ela,
esfregou o sexo contra o rosto da amada, adorou o deslizar dentro de si...
Começou a murmurar, sabia que o prazer total estava pró ximo, seus lá bios diziam palavras sem sentidos...
Mexia-se mais...
Diana deitou sobre ela novamente, posicionando de forma a unir as intimidades molhadas...
Beijou-a, enquanto cavalgava-a como uma boa amazona, dançavam o mesmo ritmo, seguiam a mesma mú sica...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 431/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Movia-se mais rá pido... O atrito dos sexos se igualava aos sons do prazer...
Ouviu seu nome ser chamado inú meras vezes, gritou por ela e nã o demorou muito para uma explosã o de gozo
tomar totalmente suas razõ es.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 432/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
As grandes torres, chaminé s, os rombos nas paredes de tijolo maciço nã o só passavam despercebidos, como era
evitada por muitos viajantes que passavam por ali, a inal, havia rumores de que demô nios tinham se apossado do lugar, mas
era no subsolo daquele espaço de quase duzentos metros que havia um grande perigo e podia-se até dizer que se faltava
espı́rito, mas carne jamais.
Crocodilo estava sentado diante de uma mesa de mogno, tendo um computador diante de si.
Conhecido como Felipam, era o mesmo que a Calligari travara luta corporal na loresta.
Otá vio Villa Real fora o pior ser que já conheceu e suas maldades nã o tinham limites, ainda mais quando icara
obcecado por Diana, mas quem o culparia? A inal, a ı́ndia era um belo prê mio e muitos gostariam de tê -lo para encabeçar
uma coleçã o ú nica.
Lembrava-se de quando o ilho de Ricardo quis ter a garota para si, seu foco nos negó cios fora turvado e nada
importava tanto como ter a major em seu leito nupcial.
Quase chorou diante da encenaçã o que ele fez dizendo tudo de ruim que a major estava sendo acusada.
Mostrou a face cortada, as marcas de dentes cravados em sua pele e sua vontade de ajudar a morena a se livrar das acusaçõ es
que seguiriam... Só que naquela noite, o militarzinho nã o contava com um detalhe...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 433/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o quero mais icar nesse lugar! – Outro bandido se aproximou. – Quanto tempo mais vamos viver
escondidos?
Aquele era sargento Batista, companheiro iel do ilho de Ricardo. Fora apontado pela Calligari como um dos
envolvidos e por esse motivo, o rapaz tivera que fugir da base antes de ser preso.
Ele tinha ó dio mortal da pintora, pois acreditava que ela recebia privilé gios por ser ilha de um homem tã o
poderoso.
-- Aquela miserá vel da Diana nos encurralou! – Bateu o punho contra a mã o aberta. – Agora toma para si a
proteçã o dos desgraçados Villas Real, sem falar que perdemos a cega que já tı́nhamos recebido o pagamento.
Fitou o rosto sem barba, a expressã o de covardia que desaparecia quando se tratava de seres mais fracos.
-- Nã o questione ou venha com toda essa arrogâ ncia para falar comigo... – Pressionou mais. – Nã o tenho culpa
se a ilha de Alexander era bem melhor do que você em todos os sentidos! – Apertou mais a lâ mina contra a pele.
Mirou a gota de sangue que jorrava da ferida. Passou o dedo e levou à boca, provando-o.
-- Quem a deixou escapar foi Felipam, esse idiota nã o conseguiu nem mesmo segurar aquela selvagem! – O
sargento disse em justi icativa. – Se tivesse a matado, agora estarı́amos bem e nã o sendo perseguidos como animais.
Felipam nada disse, mas seu olhar de ó dio nã o passou despercebido.
nariz.
-- A Diana vai sair da nossa cola, pois eu tenho uma informaçã o que ela vai adorar saber... Depois disso, ela nã o
vai mais se preocupar em proteger a famı́lia do Otavinho... – Inalou o cheiro.
-- Ainda nã o entendo o motivo dela está ajudando-os! -- Batista vociferou. – Ela sempre odiou a todos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 434/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Bem, Ricardo está fazendo papel de bonzinho, implorou por ajuda pela segunda vez... Traiu a Diana na
primeira... E agora ele busca o apoio dela novamente e ela nã o nega... – Crocodilo ponderava. – Farei a Calligari baixar a
guarda e dessa vez, eu vou acabar com ela e pegar a Aimê , entregá -la para o cartel e assim vamos icar livres de tudo.
Crocodilo deu de ombros, voltando para a cadeira e observando o vı́deo que se passava.
Diana se mantinha acordada. Estava desperta depois do maravilhoso momento que viveu.
Seu corpo ainda tremia do arrebatador prazer que sentiu. Tinha a impressã o que seus pensamentos foram
cessados por longos segundos. Ainda tentava compreender por que fora tã o intenso com ela.
Aimê se mexeu, estava deitada sobre seu peito, uma das mã os da garota descansava sobre seu seio.
Beijou-lhe o topo da cabeça e se demorou lá , sentindo o cheiro dela, aquela sensaçã o extasiante de senti-la.
Por que quando a amou teve a impressã o que estava totalmente completa? Era como se o passado nã o existisse,
como se suas chagas estivessem curadas... Como se tivesse encaixado a parte preciosa de um quebra-cabeça difı́cil.
Respirou fundo!
Ainda conseguia ver o sorriso doce e convidativo... Os braços abertos prontos para aceitá -la depois de tudo que
izera...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 435/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Afastou-a delicadamente, em seguida deixou o leito, parando para olhá -la por in initos segundos, depois
seguindo até o banheiro.
Os passos eram lentos, até inseguros como nunca foram em sua vida...
Ligou o chuveiro, mas nã o entrou rapidamente, ao contrá rio, permaneceu observando e ouvindo o som...
Prendeu os cabelos em um coque, depois adentrou o espaço, permitindo que a á gua gelada massageasse suas costas. O
lı́quido quando tocou em seu pescoço, provocou ardê ncia.
Sorriu novamente ao recordar de como a garota icara descontrolada e cravara os dentes em sua pele.
Pegou o sabonete, passando delicadamente, pois ainda estava bastante sensı́vel ao prazer que provou ainda
pouco... Os seios ainda se mostravam doloridos e o sexo latejante por mais.
Nã o imaginou que transar com a ilha de Otá vio seria uma experiê ncia tã o destruidora... Na verdade,
descon iara disso e por essa razã o temeu tanto que acontecesse... Relutara tanto, mas no im, nã o havia outra saı́da para si,
alé m de se queimar naquele fogo de pura paixã o.
Prendeu a respiraçã o por alguns segundos tentando proibir que seus pensamentos divagassem mais...
Desligou o registro, abriu o box, seguindo até o armá rio, pegou um roupã o, vestindo.
Desde que a conheceu as coisas pareciam apresentar uma conotaçã o diferente em sua vida. Seu mundo que
antes era tã o preto e branco parecia agora apresentar alguns traços de cores mais vivas... Uma primavera em meio ao seu
intenso inverno...
Baixou a cabeça, recordando-se de algo que por longas horas pareceu esquecer.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 436/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Filha do miserá vel que tirou tudo o que tinha, que destruiu seus sonhos e a condenou a anos de verdadeira
inexistê ncia.
Ame-me hoje...
Ame-me...
Ame-me...
Por que tinha a impressã o que algo tomava seu coraçã o na mã o e apertava-o forte, como se assim pudesse fazê -
lo pulsar novamente?
Voltou a mirar-se...
Tentando se livrar das indagaçõ es, retornou ao quarto, parando ao centro dos aposentos, observou a bela
mulher deitada em seu leito e teve a impressã o que adoraria encontrá -la todos os dias naquele lugar, esperando-a... Nã o se
importaria de icar olhando-a por toda a noite, nã o se cansaria disso... Nã o se cansaria de possuı́-la por toda a eternidade...
Os pensamentos a irritaram...
Sexo!
Sexo!
Qual a novidade em algo que fazia desde que era uma menina que mal entrara na adolescê ncia?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 437/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Lembrou-se do pai...
Ele adorava icar acampar e naquelas ocasiõ es sempre contavam fatos, histó rias mitoló gicas... Conhecia as
histó rias das estrelas, dos heró is, das suas façanhas...
Viu uma estrela Cadente cortar o cé u... Fechou os olhos, lembrando que Alexander sempre a mandava fazer um
pedido...
Esboçou um sorriso triste, limpando a lá grima solitá ria que traduzia sua dor.
Gostaria que o pai nã o tivesse sucumbido à dor, que nã o tivesse tirado a pró pria vida por imaginar que a ú nica
ilha tinha desonrado seus ensinamentos.
-- Diana...
Ouviu a voz baixa e doce que parecia puxá -la de sua dor, do seu eterno luto...
Pensou estar imaginando coisa, até que seu nome fora repetido daquela forma que mexia com seus nervos.
Diana acendeu a luminá ria que icava ao lado da cama, desejando vê -la melhor.
Os cabelos estavam meio bagunçados, os lá bios inchados, as bochechas rubras... Parecia assustada.
Mirou a coberta e lembrou-se de como ela era maravilhosamente deliciosa por baixo dela...
Cruzou as mã os sobre o busto, tentando controlar o desejo que já começava a queimar novamente.
Quando a Villa Real despertou, temera ter sido abandonada. Imaginou que a morena tinha percebido o que
tinha feito e decidido deixar o quarto.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 438/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Isso a entristeceu, pois ainda nã o se sentia pronta para encarar a realidade ainda.
Um sorriso surgiu no canto dos lá bios da major, enquanto seguia até o leito, sentando de frente para ela.
-- Gosto de te olhar... – Estendeu a mã o, baixando o lençol, desnudando os seios. – Tem algo que seduz...
Os mamilos rosados se intumesceram rapidamente. Estavam doloridos, implorando pelas carı́cias de outrora.
-- Por quê ?
A Calligari itava o colo sensual, depois a encarou...Com a costa da mã o, acariciou a face...
-- Deus, como pode ser tã o linda? – Aproximou os lá bios dos dela. – Você tem ideia de como é uma mulher bela,
mimadinha? – Usou o polegar para acariciar o seio direito, fazendo movimentos lentos e circulares. – Você está me deixando
louca...
-- Nã o acho que demore a me ver... – Contornou o superior com a lı́ngua. – Acho que vai icar com medo até ...
Viu os olhos azuis se estreitarem em desejo quando nã o permitiu que ela se apossasse de sua boca.
Começou a lhe acariciar as coxas... Sentindo os ralos pelos sob seus dedos...Fazia-o sem pressa, observando as
reaçõ es que causavam na jovem amante.
-- Com a sua carranca? – Provocou-a, arqueando a sobrancelha. – Ou com seu charme de mulher
conquistadora... – Estendeu a mã o tocando-lhe o pescoço, depois sentiu o tecido felpudo.
-- Conquistadora?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 439/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Mordeu o lá bio inferior quando os dedos começaram explorar seu sexo molhado.
Corou por já parecer pronta para ela mais uma vez...
-- Sim... E isso que você é ... Uma conquistadora... – Suspirou. – Nã o acredito que seja fá cil algué m resistir ao ser
jeito de ı́ndia selvagem. – Pousou as mã os sobre os seios da morena.
Diana itava os dedos longos afagando-a... Continuando sua exploraçã o por um caminho que ainda era novo
para si...
Percebeu-a tensa!
-- Eu sou uma canibal... – Esboçou um sorriso grande. – Deveria ter medo de mim... – Colou os lá bios aos dela. –
Poderia comê -la em meu jantar...-- Adentrou o espaço estreito com o indicador...
-- Relaxe... – Sussurrou roucamente. – Daqui a pouco nã o sentirá mais esse incomodo. – Usou o polegar para
massagear o clitó ris. -- Quer que eu pare?
A jovem negou com a cabeça. Continuava as carı́cias, parecia interessada na maciez da pele da pintora.
A Calligari aproveitou isso para mergulhar mais longe...Fazendo o caminho e ida e volta incansá veis vezes.
A neta de Ricardo estreitou os olhos... Passou a lı́ngua pelo lá bio superior... Mexendo o quadril no ritmo dela.
Abriu a boca para falar, mas precisou de uma força maior para executar a açã o.
-- Você nã o come pessoa... – Aproximou a cabeça do pescoço da major. – A Sirena falou isso para mim... – Colou
os lá bios naquele ponto. – Pelo menos nã o nesse sentido... Ain...
Diana moveu mais rá pido, adorando o som que provocava. Depois retirou, levando à boca, chupando a essê ncia
dela.
Aimê se sentiu vazia naquele momento, entã o, ousada, tomou-lhe a mã o, levando-a novamente ao seu local
secreto.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 440/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A neta de Ricardo sentiu uma frieza no estô mago ao pensar em como ela costumava fazê -lo... Como estava
fazendo naquele momento.
Amava os carinhos e nã o demorou muito para perceber que os lá bios descessem até seus seios.
Livrou-se do roupã o totalmente, enquanto tomava a boca de Aimê na sua mais uma vez.
A garota abraçou-a com força, como se temesse que ela fosse para longe de si.
Nã o havia beijo mais perfeito do que a da inocente menina... Era como se ela dominasse seus sentidos. Fê -lo
com carinho, deliciando-se com o gosto, adorando a forma como as mã os inquietas deslizavam por seu corpo.
-- Sinto meu sabor em seus lá bios, princesa... – Aimê dizia sem fô lego.
-- Eu gosto do seu toque... – Sussurrou em seu ouvido. – Quero muito mais do que isso...
Diana apenas aproveitava o momento e mais uma vez em seu cé rebro só havia as duas. Nada passava em sua
mente, nada mais do que a paixã o que queimava em seu ı́ntimo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 441/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o havia dú vidas da inocê ncia da menina, mas mesmo assim ela se guiava por um instinto primitivo, nada era
calculado, mas via em seus afagos a vontade de conhecer, de aprender...
Os lá bios rosados se apossavam de forma deliciosa dos biquinhos excitados, lambia-os e depois usava toda a
boca para subjugá -lo.
Levou a mã o até a dela, cobrindo-a, guiando-a de forma ainda mais prazerosa.
-- Ensine-me a te dar prazer... – Pediu. – Desejo que sinta ainda mais do que senti quando me amou... Desejo
amá -la sem reservas...
Diana a puxou para mais perto de si pela nuca, beijando novamente seus lá bios. Dominando o ato, pois o que
mais queria era prolongar aquele momento, desejava que aquela noite nã o acabasse, desejava que tudo desaparecesse e só
restasse as duas...
Aimê a abraçava forte, deixando-se guiar pela boca daquela mulher que tantas grosserias já tinha dito...
Sentiu uma vontade louca de confessar seu amor naquele momento, mas sabia que nã o seria uma boa ideia,
sabia que ela nã o aceitaria seu sentimento.
A Calligari pareceu surpresa e icou esperando pelos pró ximos passos e nã o demorou a Villa Real deitar sobre
seu corpo. Adorou sentir a coxa dela roçar em seu sexo. Esfregava-se em si, mexia-se sobre si.
Recebeu um beijo rá pido nos lá bios, observando curiosamente quando a garota fazia o mesmo com os seios,
poré m de forma lenta, depois com seu abdome e logo chegou ao centro do seu prazer.
Apoiou-se no cotovelo para observar, nã o acreditava que ela seguiria em frente, mesmo que fosse aquilo a coisa
que a pintora mais desejasse em todo o universo.
Passava a lı́ngua delicadamente pela linha de abertura... Depois forçou mais e Diana se abriu para ela...
A major cerrou os dentes quando a carı́cia icou mais ı́ntima... Inclinou a cabeça para trá s em puro deleite.
A ilha de Otá vio fazia tudo com enorme calma e sempre que a sentia respirar mais rá pido, demorava-se mais
em determinado carinho.
De repente a lambia, esfregando-se ao delicioso mel, de repente replicava a carı́cia que izera na boca da
morena, essa mais forte e determinada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 442/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Aimê ...
A jovem sorriu, continuando a chupá -la, mamando o clitó ris como izera com os seios...
A Calligari pareceu ponderar por alguns segundos, mas seu desejo falava bem mais alto agora, entã o, segurou-
lhe a mã o, levando até o centro do seu sexo pulsante.
Fê -la adentrar lentamente e quando a sentiu em seu interior, retirou os pró prios dedos, deixando que ela
seguisse com sua exploraçã o.
Moveu o quadril e logo os olhos azuis se voltaram para si...Enquanto a boca voltava a depositar beijos em seu
ı́ntimo.
-- Eu gosto do seu sabor... Seu cheiro de mulher... – Bebia o mel delicadamente. – Meu corpo reage a isso... –
Começava a retirar os dedos e logo adentrava novamente, indo e vindo... – Gosta assim, princesa?
Mesmo assim, ainda sussurrava alto seu prazer, temendo que logo perdesse a total consciê ncia.
Gemeu alto quando percebeu que nã o era mais os dedos que a fundia, mas a lı́ngua da amada que assumia a
tarefa deliciosa.
Mexeu mais rá pido o quadril... Seguia ao encontro dela... Dava-se a ela por completo...
-- Goze comigo, Aimê , sinta o prazer que nos une... Sinta meu sexo implorando pelo seu...
A menina assentiu, enquanto colava os lá bios aos dela, abrindo-se, encaixando-se, rebolando.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 443/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana girou, deitando-se sobre ela, abrindo-a para si, unindo-os, molhados e viçosos de prazer.
-- Diana... Diana... Diana... – Chamava por ela entre gemidos. – Por favor...
Nã o demorou em que as duas explodissem mais uma vez em um orgasmo poderoso... Mais forte e intendo do que o
anterior.
A Calligari desabou sobre o corpo da amante, nã o tinha forças para sair dali, na verdade, nã o queria se afastar por
nada.
Voltara para o quarto tarde naquela noite e nã o encontrou Aimê na cama que ocupava consigo.
Pensou em avisar à sobrinha, mas acabou desistindo, pois sabia que seria um motivo a mais para a pintora perder a
calma com a garota.
Decidiu ligar para Vanessa. Demorou algum tempo, até que a empresá ria atendesse.
-- O que houve, Dinda? – Questionou com voz rouca de sono. – Aconteceu algo com a Diana?
-- Nã o, ela está bem, mas é que a ilha de Otá vio sumiu!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 444/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Como assim?
-- Eu estive fora boa parte da noite, fui jantar com um casal de amigos e quando retornei, iquei lendo na biblioteca,
entã o quando subi, imaginei que a menina dormia como deveria ser, mas nã o, ela nã o está aqui!
-- Procurou por todos os lugares? Avise a Diana, ela precisa saber, pois algo de ruim pode ter acontecido.
Parou diante da porta da sobrinha e já ia abrir quando ouviu gemidos e sussurros.
Ficou rubra.
-- Como assim? Ela nã o costuma levar mulheres ao apartamento a menos que...
A empresá ria sabia muito bem da paixã o que a major sentia pela ilha de Otá vio, mas nã o imaginava que depois do
que tinha se passado, Aimê cederia ao charme da morena.
Suspirou.
-- Aimê nã o teria como sair daı́, seria impossı́vel, ainda mais porque tem seguranças guardando o apartamento.
-- Sim, você está certa... – Sentou na cama. – Perdoe-me por ter te acordado, ilha, volte a dormir.
-- A senhora també m precisa descansar, Dinda, se está acontecendo o que imaginamos, nada poderá ser feito
contra, apenas esperaremos o que se passará quando o sol nascer.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 445/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sim, você está certa... – Disse entre suspiros. – Boa noite, querida, descanse. – Despediu-se.
Colocou o aparelho no lugar, permanecendo quieta, ponderando sobre o que acabou de descobrir.
E agora?
Estendeu o braço para abraçar Aimê , mas ela nã o estava mais ali.
Apoiou-se no cotovelo, itando tudo ao redor, mas nã o havia sinal da garota.
Levantou-se, seguindo até o banheiro, mas nã o havia nada que denunciasse a presença da amante.
Seguiu até os lençó is, tomando um dos tecidos delicados em suas mã os, levou ao nariz, cheirando, deliciando-se
com o aroma dela que ainda estava ali.
Suspirou alto.
Sorriu.
Observou a porta.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 446/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Entre! – Ordenou.
Nã o era a primeira vez que a via daquele jeito e a major nunca se importava de se expor.
A cama estava uma verdadeira bagunça, algumas roupas jogadas pelo assoalho.
Diana retornou.
-- O que quer aqui? – Questionou cruzando os braços sobre os seios. – Nã o me lembro de pedir sua presença.
-- Está pintando na cama? – Indagou com a sobrancelha arqueada. – Nã o acredito que seu casamento foi
consumado!
-- Isso nã o é da sua conta! – Retrucou irritada. – Diga de uma vez o que veio fazer aqui e saia! Nã o estou com
paciê ncia para suas brincadeiras!
Vanessa caminhou, sentando na poltrona, itou com ar de riso o sutiã jogado lá .
-- Para quem teve uma noite maravilhosa, você nã o demonstra muito bom humor. – Deu um sorriso ao ver a cara de
irritaçã o. – Vim buscar Aimê , temos que fazer alguns exames.
A empresá ria icou a imaginar o que tinha se passado para a artista está tã o intratá vel depois de ter conseguido o
que tanto queria.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 447/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você tem uma exposiçã o à noite, acho que vai precisar de um cachecol...
Tomara o desjejum na companhia de Antô nia, permanecendo quieta durante todo o tempo.
Sabia que a tia de Diana percebeu que nã o dormira no quarto e isso a deixava envergonhada.
Será que ela imaginava que tinha icado com sua sobrinha?
Quando despertara cedo, deixou o quarto, pois sabia que nã o tinha mais nada para falarem... Na verdade, temeu o
desprezo da Calligari, pois isso seria terrı́vel de suportar depois de tudo que viveram.
Meneou a cabeça tentando se livrar daqueles pensamentos, pois só em pensar nisso trazia as lembranças da noite
anterior.
O cheiro dela, a forma como se movia... As sensaçõ es que sentia quando era tocada...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 448/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Dinda viu quando a garota retornou para o quarto e imaginou se Diana a tinha ajudado a chegar lá , mas decidiu
ingir que dormia para nã o constrangê -la.
-- Está com saudade dos seus avó s? – Questionou tomando um pouco de café . – Imagino como deve ser difı́cil para
você icar longe deles.
Aimê permaneceu em silê ncio por alguns segundos até que falou:
-- Sim, ico preocupada ao saber se estã o bem, se estã o em segurança... Gostaria de vê -los, de falar com eles...
-- Por que ainda ica com essas dú vidas se eu já disse que tomaria as providê ncias para que o casal Villa Real
estivessem seguros? – Indagou aborrecida.
Usava terninho preto e calça jeans preta justa, camisa branca e sapatos fechados de salto alto. Os cabelos estavam
soltos, bem penteados.
Vanessa seguia atrá s, percebendo como Aimê pareceu surpresa ao ouvir a voz da major.
Aimê usava um vestido azul na mesma cor dos seus olhos, tendo cumprimento até um pouco acima do joelho. Justo
e com um decote discreto. També m usava um terninho creme sobre os ombros nus e um cinto em sua cintura. As madeixas
longas també m estavam soltas.
Dinda ainda abriu a boca para protestar, mas sabia que seria uma discussã o inú til.
Apenas assentiu.
Diana nã o respondeu, indo apenas até ela e levantando-a delicadamente por suas mã os.
A ilha de Otá vio teve a impressã o que uma corrente elé trica passava por seu corpo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 449/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Vanessa precisará resolver umas coisas para mim! – Disse de forma seca. – Agora vamos indo ou nos
atrasaremos!
Aimê nada disse, apenas se deixando conduzir por aquela mulher que mexia tanto com seu emocional.
Percebia que estava aborrecida, notava isso pelo silê ncio e a forma que lhe olhava. Tentou nã o prestar atençã o
nesse detalhe, concentrando-se nos exames que faria naquele dia.
Se tudo desse certo, nã o demoraria a ser submetida à cirurgia e poderia voltar a enxergar.
Vez e outra Diana a observava com atençã o. Estava irritada, furiosa por ter sido abandonada na cama depois da
noite de amor que tiveram.
A Villa Real permanecia quieta, seu rosto trazia o vermelho já caracterı́stico. Sentia o olhar acusador sobre si.
Fitou a jovem por alguns segundos, depois foi até ela, segurando-a pela nuca, colando os lá bios nos seus.
A herdeira de Ricardo foi pega de surpresa, mas correspondeu ao beijo com paixã o igual.
Aimê permitiu que ela se apossasse de sua lı́ngua e gemeu quando ela colocou mais pressã o.
Gemeu quando sentiu as mã os passeando por seu corpo. Acariciando seus seios despudoradamente.
-- Por que me deixou sozinha no quarto? – Diana perguntou depois de um longo tempo. – Quem pensa que é para
agir assim?
A Villa Real sabia que ela estava chateada. Sentiu isso no carinho grosseiro que recebeu.
-- Nã o sei se seria uma boa ideia acordar ao seu lado... Ainda mais quando sei que... –Umedeceu o lá bio superior. –
Apenas nã o acho que seja uma boa ideia... – Disse por im.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 450/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A ilha de Alexander nã o pareceu gostar da explicaçã o. Fitou os olhos azuis, a pele branca...
Respirou fundo.
-- Boa ideia? – Arqueou a sobrancelha em desdé m. – E o que seria uma boa ideia para ti, mimadinha? Eu arrancar
sua roupa nesse momento e fazer sexo diante das câ meras de segurança parece uma boa ideia?
Diana encarou novamente Aimê , mas percebia que o melhor seria manter a calma.
Bateu com o punho fechado contra o painel do elevador e logo a má quina voltou a se movimentar.
Ignorou-os.
Abriu a porta, ajudando a garota a se acomodar no banco da frente e logo fez o mesmo, dando partida
imediatamente.
Nã o entendia a razã o de ter icado tã o triste por despertar sozinha. Teve a impressã o que aquele vazio tinha
voltado e se instalado dentro de si. Era como se tudo o que viveram nã o passasse de um devaneio de sua cabeça.
Ainda pensou em falar algo, mas percebeu que o melhor seria icar em silê ncio ou teriam uma discussã o feia.
Ligou o rá dio, permitindo que a mú sica pudesse acalmá -la, entã o de repente ouviu a deliciosa acompanhante
cantarolar baixinho a melodia.
Fitou-a de soslaio.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 451/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O luxo de carros estava pouco. O dia estava claro, o sol nã o parecia ter empecilhos para brilhar naquela manhã .
Voltou a seguir pela avenida e nã o demorou a estacionar diante do enorme pré dio.
A Calligari desceu, deu a volta, ajudando a jovem a fazer o mesmo, tomou-lhe a mã o, seguindo ao lado dela.
Aimê sentia as mã os suarem, estava tã o nervosa que tropeçou e só nã o caiu porque Diana foi rá pida, segurando-a
por trá s.
A Villa Real nada disse e logo chegavam ao andar onde seria submetida aos exames.
Uma enfermeira veio buscá -la, enquanto a major icou sentada na recepçã o, folheando uma revista.
-- Alô !
A major se levantou.
-- Sabia que nã o demoraria em tentar contato. – Apertou forte o aparelho. – Seu tempo de reinado está chegando ao
im.
-- Apesar de ter me feito de bobo muitas vezes, ainda mais quando entrou no meu acampamento, levando embora a
minha refé m... Nã o guardo má goas e estou disposto até a te perdoar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 452/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nem mesmo se eu te mostrar os ú ltimos momentos do seu papai em vida... Ou a conversa interessante que ele
teve com o Otá vio antes de morrer... – Deu uma pausa. – Eu nã o vou pedir muito... Apenas quero cada um dos Villas Real...
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 453/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Notas do autor:
Peço desculpas por nã o ter postado na quinta, mas fui acometida por uma
terrı́vel enxaqueca e precisei icar um pouco de molho...
Observou o nú mero... Nã o reconheceu, mas se mostrou curiosa naquele momento.
-- Alô !
Houve um silê ncio e depois o sotaque conhecido e odioso pô de ser ouvido:
A major se levantou.
Desgraçado!
-- Sabia que nã o demoraria em tentar contato. – Apertou forte o aparelho. – Seu tempo de reinado está chegando ao
im.
-- Apesar de ter me feito de bobo muitas vezes, ainda mais quando entrou no meu acampamento, levando embora a
minha refé m... Nã o guardo má goas e estou disposto até a te perdoar.
-- Nã o preciso de perdõ es de desgraçados como você ! – Falou por entre os dentes. – Acredite que ainda nã o
resolvemos nossas contas... – Usava o tom baixo, controlado e frio. – Ainda teremos o nosso momento!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 454/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- E pretende que a polı́cia faça isso? Acha mesmo que eles me segurarã o por muito tempo?
Nã o, ela nã o desejava que as autoridades colocassem as mã os neles, queria esse privilé gio para si, por essa razã o
seguia com as pró prias investigaçõ es.
-- Por que nã o o fez entã o quando esteve na loresta? Com certeza estive em sua mira por um bom tempo. –
provocou-a. – Otá vio costumava dizer que você tinha muitas camadas de dama, mas que no fundo sempre agia com os seus
descendentes selvagens...Entã o o que se passou dessa vez?
Diana respirou fundo, virando-se para a direçã o por onde Aimê seguiu acompanhada da enfermeira.
Lembrou-se da foto que viu pela primeira vez no escritó rio de Ricardo...
Sim, naquele dia poderia ter matado o maldito bandido, poderia ter acabado de uma vez com o desgraçado que
izera parte de toda aquela só rdida histó ria, poré m algo a deteve, algo mais poderoso do que seu ó dio começou dentro de si
naquele momento.
-- Nada que me fale interessa, apenas saiba que logo nossos caminhos se cruzarã o...
-- Nem mesmo se eu te mostrar os ú ltimos momentos do seu papai em vida... Ou a conversa interessante que ele
teve com o Otá vio antes de morrer... – Deu uma pausa, investigando se ela ainda estava em linha. – Eu nã o vou pedir muito...
Apenas quero cada um dos Villas Real...
Tentou respirar lentamente, temendo que o ar nã o chegasse aos seus pulmõ es.
Alexandre se suicidara por nã o aguentar a vergonha a que seu sobrenome fora submetido e isso ainda perseguia a
major dia a dia.
-- Do que está falando? Nã o há nenhum registro da morte do meu pai... – Disse por entre os dentes.
-- Aı́ que você se engana, querida, eu mesmo gravei os ú ltimos suspiros do grande Alexander... Homem corajoso,
você tem a quem puxar... Mesmo que seja menos civilizada, creio que é herança da sua mã e ı́ndia! – Terminou a frase com
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 455/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
escá rnio.
-- Deveria acreditar e recordar de que mais uma vez quem chegou primeiro na cena de suicı́dio foi Ricardo... Você
tem certeza de que acredita nele? Você está aı́ agora, numa clı́nica, querendo devolver a visã o a bela Aimê , os Villas real te
izeram sentir culpada mesmo... Nã o sabia que você tinha outras culpas, alé m da que carregava pelo suicı́dio do seu pai. –
Debochou.
Uma sensaçã o de medo voltou a lhe assombrar, mas nã o por si, mas pela ilha de Otá vio.
-- Eu só quero acertar as contas com essa famı́lia maldita... E ter a Aimê de brinde, acho que mereço!
Ouvir o nome da bela de olhos azuis e tirou dos seus pensamentos con lituosos.
-- Se tocar nela, estripo você com uma faca de pã o! – Falou com os dentes cerrados. – Está avisado!
Crocodilo estranhou as palavras, mas achou melhor desligar rapidamente, deixando que a pintora pensasse.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 456/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Passou a mã o pela tez e icou a imaginar se aquilo que fora dito tinha alguma verdade.
Crocodilo era um homem cruel e perigoso, mas sempre achara Otá vio ainda pior nesses quesitos.
Voltou a observar a rua, como ele sabia que estavam ali? E o que ele poderia mostrar sobre a morte de Alexander?
Voltou à recepçã o e teve uma incontrolá vel vontade de ir direto falar com o general e esclarecer tudo de uma vez
por todas.
Sim, era isso que faria, entã o observou o corredor por onde Aimê seguiu acompanhada da enfermeira.
Caminhou com passos irmes até a mulher de cerca de trinta anos e aparê ncia simpá tica que parecia compenetrada
diante do computador.
-- Provavelmente uns trinta minutos! – Disse simpaticamente. – Está com algum problema? Posso ajudar?
A Calligari nem mesmo respondeu e já pegava o celular discando um nú mero freneticamente
Afonso fora o homem designado a investigar todos os novos fatos e esclarecer tudo o que realmente aconteceu.
Mostrava-se um homem digno e bastante interessado no caso, ainda mais por ter conhecido Alexander desde que
eram apenas adolescentes.
-- Ele pode estar jogando, querendo que retire sua proteçã o. – O homem dizia. – Nã o acredito que haja verdade nas
palavras dele. Mandarei mais alguns homens para proteger você .
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 457/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- E como pode ter certeza disso? – Questionou impaciente. – A inal, Ricardo mentiu diante de todos inú meras
vezes, por que seria diferente agora?
-- Deve manter a calma, estamos seguindo com os interrogató rios e nã o só ele como a esposa se mostram
prestativos em contar tudo o que se passou.
-- Você s precisam pegar esse bandido, só assim poderemos descobrir se o que ele fala é verdade ou mentira!
-- Nó s iremos pegá -lo, apenas peço que se mantenha afastada, nã o se engane e també m nã o dê nenhum passo sem
meu conhecimento.
Voltou a sentar na cadeira, mas agora nã o conseguiu se distrair vendo as revistas.
Como poderia deixar tudo nas mã os daqueles imbecis, a inal, foram eles que passaram toda aquela histó ria
acreditando no heroı́smo de Otá vio.
Passou as mã os pelos cabelos, pensando se haveria alguma verdade em tudo aquilo.
O miserá vel queria realmente Aimê , disso nã o havia dú vidas e pelo que percebeu ele estava disposto a ousar ainda
mais para tê -la.
Desgraçado!
Ele nã o se aproximaria dela, jamais encostaria um dedo sujo na jovem Villa Real, nem que para isso tivesse que
entregar a pró pria vida.
Ainda acabaria louca e tudo por culpa da menina de olhos da cor do cé u e sua maldita famı́lia.
Começou a massagear as tê mporas, tentando aliviar a tensã o que passava por todo seu corpo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 458/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estava com vontade de voltar para a selva, embrenhar-se naquela mata e permanecer lá , apenas observando o
tempo passar, talvez assim conseguisse fugir daquela agitaçã o.
Abriu a bolsa e praguejou mais uma vez ao perceber que seu caderno de desenho nã o estava ali.
Precisava pensar em como deveria agir diante dessa nova ameaça, nã o pouparia esforços para proteger a ilha do
bandido que desgraçara seu destino.
Ouviu passos e para seu alı́vio, Aimê retornava em companhia da sorridente enfermeira.
Por que a presença da jovem mexia daquele jeito com seus sentidos?
Transara com muitas mulheres em sua vida, mas nenhuma tocara de forma tã o ı́ntima em si.
Desejou abraça-la forte, sentindo-a em seus braços, deliciando-se com seu cheiro, com seu sabor inigualá vel.
-- Amanhã mesmo o doutor verá os exames e creio que em menos de um mê s poderá fazer a cirurgia.
-- Por que todo esse tempo ainda? – Diana questionou impaciente. – Nã o como isso ser feito antes?
Aimê teve que morder a lı́ngua para nã o rir, pois sabia que esperar nã o deveria ser algo que constasse como
qualidade no dicioná rio da major.
-- Como a senhora sabe, o doutor está sempre viajando e o tempo é pouco. – A enfermeira justi icava constrangida.
-- Pergunte a ele onde estará e eu farei questã o de levar a Aimê até ele, assim nã o teremos um processo tã o
demorado. – Segurou a mã o da garota. – Tenha um bom dia, senhora.
A Villa Real sorriu em simpatia, enquanto seguia de mã os dadas com aquela mulher de temperamento tã o forte.
Aimê sentia a tensã o da morena e pensava se ela ainda estava remoendo o fato de ter despertado sozinha na cama.
Ao entrarem no elevador, permaneceram caladas e mais uma vez a ilha de Otá vio se sentiu inclinada em falar com
a major.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 459/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Suspirou, lembrando-se dos lá bios sobre os seus, do abraço forte... Daquele cheiro que a enlouquecia...
Aimê ainda pensou em retrucar, mas decidiu permanecer quieta, desejando que o mais rá pido possı́vel pudesse
chegar ao apartamento e trancar-se em seu quarto para fugir daquela mulher.
Chegando à saı́da, Diana mais uma vez observou com atençã o os arredores, viu os seguranças à espreita e
rapidamente seguiu até o carro.
A Villa Real se manteve em silê ncio por alguns segundos até que pareceu perder a calma quando a Calligari
esbravejou com um dos guarda-costas por percebê -lo distraı́do.
-- Você nã o precisa agir com tanta impaciê ncia com os outros, ainda mais se o alvo da sua irritaçã o sou eu.
Diana nã o respondeu de imediato, esperando o farol icar vermelho para fazer isso.
Fitou-a.
Por que sempre parecia ser uma tarefa quase impossı́vel mirá -la?
Suspirou impaciente.
-- Se quiser, mando lores e um pedido de desculpas! – Ironizou. – Que pena nã o podermos ir à sua loricultura para
que você mesma prepare um lindo buquê . – Desdenhou.
-- Iria à falê ncia se tivesse que mandar lores para todos que trata mal. – Respondeu baixinho.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 460/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê falava de uma forma tã o natural e calma que deixava o sarcasmo imperceptı́vel.
Será que seu pai també m tinha sido vı́tima de Otá vio?
Apertou forte o volante, tentando controlar a ansiedade e as descon ianças que foram plantadas em seu ı́ntimo.
-- Diana...—Começou hesitante – Quero muito ver meus avó s... Preciso saber se estã o bens, preciso conversar com
eles, necessito disso...
A morena nã o respondeu prontamente, pois sabia que seria arriscado levar a jovem ao seu desejado de destino,
a inal, Crocodilo estava à espreita.
Observava o tempo todo pelos retrovisores, prestando atençã o em todos os carros que movimentavam a avenida.
Mesmo diante da grande escolta, nã o sentia segurança, sabia que algué m estava repassando informaçõ es para o
bandido e isso a deixava com os dois pé s atrá s.
Fez a ú ltima curva, antes de chegar na á rea tranquila e arborizada onde icava seu apartamento.
Viu quando os carros que faziam a escolta estacionaram ao lado do seu e os homens armados desceram
examinando o lugar.
Os seguranças izeram um gesto positivo para a major, depois se colocaram em lugares estraté gicos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 461/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Livrou-se do cinto, depois se virou para a acompanhante. Desejou beijá -la, mas acabou desviando o olhar,
contendo a vontade.
-- Pró xima vez que transar comigo, vai acordar ao meu lado. – Disse por entre os dentes. – Você foi cruel ao me
deixar despertar sozinha.
Sabia que em algum momento daquele dia voltaria a ser confrontada por isso e vá rias vezes ensaiara o que falaria
quando a hora chegasse, mas agora parecia que algo empatava que as palavras saı́ssem.
Assustou-se quando a Calligari se inclinou para livrá -la do cinto e quase sufocou com o cheiro dela tã o pró ximo.
-- Nã o vamos mais fazer isso... – Disse rapidamente. – Nã o podemos e nem devemos...
Diana depositou a mã o nas coxas nuas delas, enquanto se aproximava ainda mais.
-- Aimê , agora você realmente é a minha esposa, é a minha mulher... Entã o nã o vejo sentido em fechar a porteira
depois que os bois invadiram.
Livrou-se do toque.
-- Eu nã o tenho uma porteira, major, e nã o teremos mais nada, assim será melhor para nó s duas.
O rosto da Calligari demonstrava nã o apenas irritaçã o naquele momento, mas també m decepçã o e tristeza.
-- Entã o por que se entregou? Por que permitiu que te tocasse se depois me negaria novamente. – Indagou
baixinho. – Está fazendo joguinhos comigo? Ontem praticamente implorou para que eu a tomasse e agora me vem com isso? –
Esbravejou.
A Villa Real parecia uma está tua, apenas sua respiraçã o denunciava que havia vida naquele corpo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 462/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o faço joguinhos... Apenas é uma decisã o eu tomei e gostaria que respeitasse.
Nã o desejava falar sobre aquele assunto, pois sentia um nó na garganta e uma vontade enorme de chorar ao
pensar em tudo que sentia.
Ambas pareciam mergulhadas em seus pensamentos, perdidas em seus desejos, em seus medos.
Sabiam que havia muita coisa entre elas e pareciam nã o saber nem mesmo o que sentiam.
Mas a Calligari pareceu nã o ouvir, deixando o carro, abriu a porta para ela.
Tomou-a delicadamente pelo braço, mas nã o a soltou, pressionando-a contra o veı́culo.
-- Eu nem vou pedir ou fazer esforço para que vá para a minha cama... – Mirou-lhe os olhos azuis. – Você fará sua
escolha novamente. – Observou os lá bios entreabertos. – Nã o te levarei para ver seus avó s, nã o é seguro...
Aimê espalmou as mã os contra os seios dela, tentando manter distâ ncia, mas acabou sentindo a maciez do colo.
Diana a encarava.
-- Nada vai acontecer a eles, estou tomando as providê ncias para isso.
-- E você també m está cuidando da sua pró pria segurança? – Indagou preocupada. – Sabe que esses homens
també m estã o a sua procura.
-- A minha segurança cuido eu. – Fez sinal para que os homens se aproximassem. – Levem-na para o apartamento.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 463/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu tenho umas coisas para resolver, mas à noite estarei em casa... Hoje começarei a te pintar, a inal, temos um
trato...Desse nã o abrirei mã o!
Antes que Aimê pudesse falar algo, a pintora voltou para o interior do veı́culo.
A Villa Real ouviu o som do veı́culo se afastar e continuou apreensiva, enquanto seguia ao lado do homem.
Encontrar-se-ã o direto na exposiçã o, pois havia outras coisas para a morena resolver. També m pediu para que
acompanhasse Antô nia até o aeroporto e permanecesse com ela até o embarque.
-- Entre, querida! – Ajudou-a, dispensando o homem forte que a trouxe. – Por que a Diana nã o subiu? – Indagou,
enquanto fechava a porta. – Aconteceu algo?
Vanessa a itava com atençã o, sabia que havia algo a mais entre elas, tinha certeza de que a jovem estava
apaixonada pela Calligari.
Ajudou-a a sentar.
-- Aconteceu algo? – Tomou-lhe as mã os nas suas. – Diana fez algo contigo? Brigaram? – Questionava preocupada.
Vanessa nã o gostava de se intrometer na vida alheia, mas era difı́cil nã o fazer quando se tratava de algué m que
amava como uma verdadeira ilha, a inal, a pintora sempre fora muito especial para si.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 464/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Aimê ... – Começou relutante. – Eu sei que serei intrometida agora, mas preciso que me responda algo.
-- O que quer saber? – Perguntou em um io de voz, enquanto mexia nas mã os inquietamente.
A pele branca da garota parecia sofrer uma verdadeira hemorragia naquele momento.
Baixou a cabeça e só depois de uma longa pausa, voltou a levantá -la.
-- Nã o... Ela nã o me forçou a nada – Respirou fundo -- na verdade, ela nem mesmo queria.
-- Como assim?
Aimê se levantou.
Sua mente criava teorias e desculpas naquele momento, como se assim pudesse se explicar o que se passava em seu
ı́ntimo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 465/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Me entreguei porque a amo... – Levantou a cabeça demonstrando orgulho. – Sei que a Diana sente desejo por
mim, ela demonstra isso há muito tempo, entã o apenas decidi que mesmo que nunca icá ssemos juntas, gostaria de saber
como seria ser amada por ela.
Nã o que duvidasse de que algué m pudesse se apaixonar pela Diana. Isso acontecia com frequê ncia, poré m o que
nã o conseguia entender era como aquela jovem tã o doce e delicada se interessa por algué m que só agia com grosseria o
tempo todo.
Fechou a boca.
-- Gostaria de ir para o quarto, estou com dor de cabeça. – Aimê pediu. – Por favor, nã o comente nada disso com ela.
A empresá ria assentiu, auxiliando-a e curiosa para fazer outros questionamentos, mas sabendo que o melhor seria
deixá -la quieta.
-- Tudo vai terminar bem, a Diana está cumprindo tudo o que prometeu.
-- Os advogados estã o me orientando a dizer que nã o contei a verdade porque temia pela segurança da minha neta.
A aconchegante sala de jantar tinha uma mesa redonda para quatro pessoas.
O lugar nã o era tã o simples, pois havia bastante luxo e seguranças para protegê -los.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 466/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sim, eu quis proteger você s, tanto que perdi tudo o que tı́nhamos fazendo isso... Mas eu també m era bastante
orgulhoso para sujar o nosso nome... – Confessou.
A mulher serviu a comida em silê ncio e só falou quando já estava acomodada.
-- Eu sei... Passei muitos anos ingindo que Otá vio nã o tinha feito nada de errado, justi icava os atos dele, agia como
se a Diana tivesse sido culpada de tudo o que ocorreu... Mas sempre soubemos quã o cruel ele se mostrou.
A morena nem mesmo os cumprimentou, enquanto seguia até Ricardo, segurando-o pelo colarinho da camisa,
levantando-o da cadeira.
-- Conte de uma vez o que se passou naquele dia que encontrou meu pai morto!
-- Fale de uma vez antes que eu faça uma loucura! – Vociferou, apertando-o mais forte.
-- Tudo eu já disse, cheguei lá e Alexander estava caı́do tendo a arma em uma das mã os, na mesma hora liguei para
o resgate e para a polı́cia...
Afastou-se.
-- O que a polı́cia falou? – Indagou por entre os dentes. – O que concluı́ram sobre a cena do ocorrido?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 467/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Espero que nã o esteja mentindo mais uma vez porque se assim o for, eu juro pela memó ria do meu pai que nã o
terei piedade de você s! De nenhum de você s!
-- Eu nã o tenho ideia, já disse tudo o que sabia... – Ponderou por alguns segundos. – Naquele dia quando cheguei lá
chamei imediatamente a ajuda e foi comprovado o ó bito, nã o vi nada mais do que isso e tampouco iquei no lugar... Nã o sei o
que se passa na cabeça dessa mulher!
Sentaram-se à mesa, mas a comida icou intacta no prato, pois agora icaram preocupados ao imaginar se a fú ria da
ilha de Alexander també m estava sendo dirigida a sua amada neta.
As pessoas exibiam seus belos trajes, demonstrando a primorosa educaçã o, enquanto discutiam sobre artes e
apreciavam as mais belas peças.
Vanessa tinha acabado de chegar ao local e buscava por entre as iguras uma bastante conhecida para si.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 468/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Recebeu o cumprimento de algumas pessoas, alguns convites que sempre aconteciam, ainda mais de empresá rios
internacionais, pois todos icavam fascinados com as obras de Alessandra.
Já se desesperava quando visualizou a pessoa que procurava a alguns metros de si.
A empresá ria nã o se aproximou de imediato, apenas mirava o ser solitá rio e tã o compenetrado em seus
pensamentos.
Ela usava um vestido preto, longo, sem mangras. O decote sem alça destacava o colo bem feito. Uma echarpe
circundava seu pescoço.
-- Pelo menos a bebida é boa! – A morena disse torcendo a boca. – Nã o há dú vidas sobre o talento dela...
-- Vejo que cobriu seu lindo pescocinho! – Encarou-a. – Fiquei a pensar que em todos esses anos foi a primeira vez
que vi marcas em sua linda pele.
-- Aimê tem um rostinho de menininha inocente, mas pelo que percebo ela andou fazendo um verdadeiro
desmantelo em seu ı́ntimo.
A pintora ainda abriu a boca para falar, mas acabou desistindo, ingerindo todo o conteú do do copo.
O maxilar enrijeceu.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 469/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o, apenas gostaria de saber o que se passa contigo depois de inalmente ter conseguido seduzir a ilha de
Otá vio.
-- Diana, eu acho que chegou o momento de você perceber que está apaixonada por Aimê . O que custa admitir isso
e tentar um relacionamento com ela.
A Calligari nã o respondeu de imediato, pegando mais uma taça de champanhe do garçom que passava por ali.
-- Por quê ?
-- Quer mesmo saber? – Disse por entre os dentes. – A inocente Aimê me dispensou, depois de termos transado
maravilhosamente... Ela faz joguinhos como todas as mulheres, aquela carinha de anjo nã o passa de uma bela má scara que
vive a ostentar!
Vanessa viu, mesmo que a morena tentasse esconder, como aquele fato parecia feri-la.
Mordiscou a lateral dos lá bios pensando no que a Villa Real falara mais cedo.
Sentiu um desejo enorme de conta-lhe, mas recordou que prometera que nada diria sobre o que conversaram.
Ouvia o que falavam, sentia a respiraçã o, o cheiro e isso pareceu sufocá -la.
Vanessa a observou deixar o salã o e mais uma vez ignorar a todos que a cumprimentavam.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 470/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Passara todo o dia sozinha e icara feliz quando a tia de Diana trouxera para si alguns livros em braile.
Adorava ler e quando perdera a visã o fora isso que mais lhe fez falta. Ficara feliz quando começara aprender a usar
as mã os para decifrar aquele mundo de escuridã o.
Antô nia se despedira, pois seguiria para Alemanha onde icaria por tempo indeterminado.
Percebera que a boa senhora nã o desejava partir e só o estava fazendo por insistê ncia da sobrinha que temia por
sua segurança.
Ligou a ducha.
Ainda estava assustada só em pensar que ela corria perigo e nem parecia se importar com esse fato.
Se tivesse poder de fazer qualquer coisa, usá -lo-ia para fazê -la ser menos orgulhosa e prepotente... Prenderia a
major em uma caixinha para que nada de ruim lhe acontecesse.
Passou o sabonete em seu corpo e ao passar por determinados lugares sentiu um arrepio na espinha.
Irritada, apressou-se com o banho e logo já vestia o roupã o e seguia para o quarto.
Passara a tarde se familiarizando com o lugar, pois nã o desejava icar perdida como acontecera de manhã cedo
quando deixara o quarto da Calligari, sorte que a empregada a ajudara a voltar aos seus aposentos.
Diana...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 471/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Por que seu cé rebro nã o pensava em outra coisa a nã o ser naquela mulher?
Passou a lı́ngua pelos lá bios e recordou de como era maravilhoso beijar aqueles lá bios grosseiros...
A forma como as lı́nguas se encontravam... Parecia que tinham sido moldadas para se encaixar...
Suspirou.
Como poderia tirar os momentos que viveram da sua cabeça? Como nã o se lembrar de tudo...
Quanto tempo ainda teria que icar naquele lugar? E quanto tempo mais resistiria ao amor que parecia cada vez
mais forte e poderoso?
“Aimê, agora você realmente é a minha esposa, é a minha mulher... Então não vejo sentido em fechar a
porteira depois que os bois invadiram.”
Sim, adoraria que fossem realmente casadas... Adoraria que pudessem se amar sem nenhuma má goa...
Sorriu tristemente.
A Diana a queria sim, mã o jamais poderia sentir amor por si, jamais poderiam ter algo mais do que sexo e isso era
tã o vazio...
Estranhou que ela ainda estivesse acordada, pois decerto já era bastante tarde.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 472/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o tenho permissã o para falar mais nada que nã o seja isso, logo icará sabendo.
Desceram as escadas e depois de caminharem por alguns minutos, chegaram de fronte a uma porta aberta.
Entraram.
Tinha uma boa iluminaçã o para que a pintora pudesse capturar os detalhes de suas obras.
Havia um enorme sofá de veludo preto, uma mesa com quatro cadeiras onde a pintora fazia as refeiçõ es.
-- Pode ir agora!
Nã o imaginou que a major já tinha chegado e se sentiu aliviada por saber que tudo estava bem com ela.
Diana usava camiseta preta e short de malha curto, delineando as pernas torneadas e longas, usava um avental de
tecido azul marinho.
Tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo e naquele momento usava ó culos de graus quadrados.
A pintora arrumava os cavaletes e o banco que sentaria, pegou lá pis, deixando tudo a mã o.
Estava concentrada em sua tarefa de organizaçã o que nem mesmo se importou em cumprimentar a ilha de
Ricardo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 473/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ouviu o som do pé agitado batendo de forma quase inaudı́vel no chã o. Ao itá -la percebeu que usava apenas um
roupã o.
Parecia uma menininha emburrada em meio ao quarto com as mã os cruzadas sobre os seios.
Diana a encarou.
-- Disse que hoje começaria a pintá -la e é isso que irei fazer.
-- Nã o, nã o... – Deu alguns passos para trá s. – Nã o posso... Nã o hoje, nã o estou preparada.
-- Preparada para quê ? – Perguntou tentando controlar a impaciê ncia. – Você só precisa icar quieta, deitada
confortavelmente, enquanto a desenho.
-- Nua?
-- Sim, esse foi nosso trato. – Cruzou os braços sobre o colo. – Dispa-se de uma vez, pois preciso começar logo.
-- Por que tem que ser nua? Qual o motivo de desejar um quadro meu sem roupa? – Questionava com o rosto em
brasas. – Nã o acho que seja uma boa modelo para isso...
Diana nã o respondeu de imediato, seguindo até ela, desamarrando o roupã o, mas a Villa Real deteve seus
movimentos, segurando-lhe a mã os.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 474/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o podia negar que estava irritada com os acontecimentos daquele dia. Ainda mais ao que se tratava de ter
acordado sozinha e o fato de Aimê ter deixado claro que nã o teriam mais nada depois da noite anterior.
-- Para me masturbar olhando para ele já que você se nega a transar comigo! – Disse cheia de irritaçã o. – Agora tire
esse roupã o, antes que eu o faça!
Aimê ainda tinha a boca aberta diante da frase que fora dita, quando a morena a livrou da proteçã o.
Diana observou a expressã o de horror que a jovem exibia. Tentou nã o passear com seus olhos pelo corpo perfeito,
pois sabia que nã o resistiria ao desejo de tê -la para si novamente.
Sentou diante do cavalete, enquanto a encarava, tendo seu olhar passeando por todo o corpo exposto da sua esposa
pelas leis indı́genas.
Mesmo que nã o assumisse, sentia o pró prio sexo reclamar, sabia que seria uma tarefa difı́cil manter a concentraçã o,
ainda mais agora que provara daquela mulher.
Observou Aimê permanecer na mesma posiçã o, tendo a face expressando verdadeiro horror.
-- Relaxe, prometo nã o atacá -la! – Falava enquanto começava rabiscar. – Já disse que te acho linda e que sempre
desejei te pintar. – Falava distraidamente. – Sou uma pro issional, nã o precisa se preocupar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 475/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Em seus pensamentos imaginar a poderosa Calligari tocando-se, enquanto olhava para seu quadro era algo
cruelmente excitante.
-- Dobre a perna esquerda... – Ordenou. – Tente relaxar os ombros para poder captar melhor seus seios...
A Villa Real fazia o que ela mandava, poré m tinha a impressã o que seu corpo pesava como chumbo.
-- Nã o, nã o é assim... – Diana se levantou de forma impaciente indo até ela.
A major arrumou os cabelos da jovem, depois lhe endireitou os ombros e ao tentar arrumar os braços, acabou
esbarrando no seio direito. O mamilo reagiu imediatamente.
Diana tentou ignorar, seguindo até as pernas longas, dobrando-a da forma que desejava... Fitou o sexo desejoso...
Tentava captar a essê ncia daquele rosto, sabendo que nã o precisa ita-la para isso, pois aquela imagem já estava
gravada em sua cabeça.
Trinta minutos depois, Aimê já se mostrava agitada e nã o parava de se mexer.
-- Fique quieta! – A Calligari ordenava pela ené sima vez. – Você nã o está colaborando.
-- Estou incando com câ imbras de tanto icar nessa posiçã o! – Aimê já se mostrava irritada. – Nã o sabia que algo
tã o simples era tã o chato!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 476/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A morena e itou.
-- Se você colaborasse e parasse de se mexer como uma gata arisca, eu teria mais facilidade em fazer isso.
-- Você nã o tem que desejar nada, izemos um trato e agora precisa cumprir! – Exigiu.
-- Para quê ? Para usar meu corpo para sua safadeza? – Sentou-se. – Você é uma desavergonhada. – Cobriu os seios
com as mã os. – Quero voltar para o meu quarto, nã o desejo continuar com isso!
-- Volte para a posiçã o, Aimê ! – Ordenou por entre os dentes. – Nã o acabe com a paciê ncia que nã o tenho.
-- Mas eu já disse que nã o quero! – Levantou-se. – Quero meu roupã o, desejo voltar para o meu quarto!
Diana itou o pouco que fez até agora na tela branca, depois a encarou.
-- Tiraremos alguns minutos para que descanse, mas depois continuaremos! – Levantou-se, pegou o roupã o,
ajudando-a a vestir. – Mas nã o pense que desistirei, você deu sua palavra e exigirei que a cumpra.
A ilha de Otá vio tentava manter a calma, nã o sabia como discutir com aquela mulher. O bom é que nã o estava mais
nua.
Mesmo desejando deixar aquele lugar imediatamente, a jovem fez o que lhe fora dito.
Ouvia os passos da ilha de Alexander pelo quarto e icava a imaginar o que ela estaria fazendo.
Diana seguiu até o frigobar pegando uma garrafa de vinho. Depois retornou para os sofá , encheu as taças,
colocando um na mã o da jovem, enquanto já provava a outra.
-- O que é isso? – Levou até o nariz para sentir o aroma. – Nã o bebo, nã o gosto de á lcool!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 477/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Faça dessa vez, assim vai se sentir mais a vontade... Nã o precisa se embebedar, basta saborear o lı́quido... Nã o vai
se arrepender.
A bebida nã o era tã o ruim, era doce e suave, entã o bebeu um pouco mais.
-- E entã o?
-- Você costuma pintar mulheres nuas sempre? – depois de trê s taças de vinho a jovem indagou. – Esse é o seu
talento?
-- Nã o, eu nã o costumo fazer isso... Você é a minha primeira! – Respondeu sem deixar de olhá -la.
-- Entã o imagino que continue sendo a primeira e ú nica já que nã o tem esse há bito. – Tentava nã o demonstrar
interesse.
Adorava quando ela mordiscava os lá bios ou quando umedecia e a pontinha da lı́ngua aparecia.
-- Na verdade, daqui a alguns dias chegará uma jovem italiana a quem prometi pintar.
-- Ah! – Exclamou sem esconder a irritaçã o. -- Entã o se é assim, por que continua insistindo comigo! Pre iro nã o
servir de modelo para ti, espere sua amiguinha, assim, poderá ser mais feliz em seu trabalho. – Tomou o resto do conteú do
que estava no copo em apenas um gole.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 478/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana exibiu um sorriso ainda maior, enquanto sentava mais perto dela.
-- Sã o diferentes... A Marcela nã o se importara em mesclar trabalho com prazer, já você ... – Provocou-a.
-- Que bom para ti, entã o, será bem divertido sua pintura... – Estendeu a taça para que enchesse mais de vinho.
-- Por que você tinha que ser tã o linda e tã o marrentinha? – Depositou a mã o sobre sua coxa. – Por que nã o é
boazinha comigo como é com todos?
-- Nã o sou como as mulheres que costuma se relacionar... Nã o desejo me jogar nos seus braços como todas... – falou
irritada.
-- Eu acho que você deseja sim, mas nã o quer para me castigar... Só que nã o entendo, a inal, ontem me amou sem
reservas...
-- Você é muito convencida! Acha mesmo que tem todo esse poder? Ontem foi ontem... Hoje tudo é diferente...
-- Sim, sou, a inal, você se entregou para mim... Fui a primeira a provar do seu delicioso mel... – Subiu mais a mã o. –
E que mel gostoso que você tem...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 479/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Espero que tenha provado o su iciente, pois nã o terá mais. – Bebeu mais vinho. – Espere a sua amiguinha,
decerto, essa aı́ te dará o que tanto deseja.
Inclinou-se para ela, colando os lá bios no pescoço da jovem, sentindo o cheiro delicioso.
-- E se eu falar que só quero você , que só desejo você ... – Subiu mais a mã o, sentindo-a. – Quero icar contigo...
-- Como você me quer? – Questionou em um sussurro, voltando a cabeça para ela. – Apenas como sua amante?
Deseja transar comigo até que enjoe? E isso?
A Calligari fê -la afastar as pernas, usando os nó s dos dedos para sentir a umidade da carne que já se mostrava
ansiosa.
-- Eu te quero, isso nã o basta? – Acariciava-a delicadamente. – Você me quer també m...
Diana se aproximou dos lá bios, pegou o copo que ela segurava, depositando-o sobre a mesinha.
-- Explique... – Falou baixinho. – Prometo que tentarei entender. – Tocava a parte interna das coxas, demorando-se,
pacientemente.
Aimê fechou os olhos se deliciando com o toque ousado, abrindo-se mais para poder senti-la.
Seu cé rebro nã o parecia manter o raciocı́nio ló gico naquele momento.
-- Nã o posso lidar com o seu ó dio e eu sei que nã o vai demorar muito para que esbraveje...Ain... – Gemeu ao senti-la
mais atrevida. – Nã o, nã o deve fazer isso. – Deteve-lhe a mã o, mantendo-a imó vel. – Nã o tenho forças mais...
-- Eu nã o sei o que se passa... mimadinha... Mas a ideia de nã o te ter me enlouquece, desespero-me sem você ... –
Sussurrou em seu ouvido. – Eu fui amaldiçoada... Mas é a maldiçã o mais gostosa que existe... – Beijou lentamente os lá bios
rosados, livrando-a do roupã o. – Nã o nos castigue assim...
Aimê sentia aquele fogo queimar seu corpo, aquela sensaçã o de que a nã o havia mais nada só o desejo de perder-
se naquele imenso prazer.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 480/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A lı́ngua da morena invadiu-lhe a boca, descendo por seu pescoço, pousando sobre os seios irmes e redondos.
Lambeu o mamilo.
-- Sinta como me deseja... – Usava o polegar para fazer movimentos circulares. – Eu sei que me quer, tanto quanto te
quero. – Colocou mais pressã o.
Aimê gemeu alto, enquanto elevava um pouco o quadril para senti-la mais intimamente, poré m a pintora
permaneceu parada, itando o rosto corado.
-- Entre dentro de mim... – Pediu em um sussurro cheio de desejo. – Gosto de sentir seus dedos me invadindo...
A Villa Real fechou os olhos, enquanto fazia um gesto a irmativo com a cabeça.
Diana começou a lhe beijar o colo, viu-a empertigar-se para permitir todo o acesso.
-- Seu cheiro é maravilhoso... – Continuava em sua lenta invasã o. – Nã o sabe quanto pensei em ti durante todo o
dia... Como me lembrei de como se move contra meu corpo...
Aimê estava com os olhos fechados, enquanto mexia o quadril em uma dança sensual.
A herdeira de Ricardo protestou quando os toques cessaram, mas a nova posiçã o acabou agradando-a ainda mais.
A Calligari a encarou, observou os olhos tã o azuis, tã o intensos, a costumeira face corada, o desejo que fazia morada
naquele momento.
Procurou a lı́ngua da pintora, chupando-a, prendendo-a para que nunca mais a abandonasse, sugando-a para que o
momento se prolongasse por todo o sempre.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 481/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana a abraçava forte e sentia as mã os da jovem desejando livrá -la das roupas.
-- Você nã o me disse se gostou do que izemos ontem... – Sussurrou em seu ouvido.
Mordiscou o lá bio inferior, enquanto tomava a mã o da pintora, levando aos lá bios, beijando um a um os dedos que
acariciavam com tanta maestria. Passou a lı́ngua no que antes estava dentro de si, depois o deixou em sua boca, chupando.
A Calligari sentiu o sexo implorar pelo mesmo tratamento, mas estava disposta a fazer tudo de forma diferente,
desejava que Aimê sentisse a mesma necessidade que sentia, assim a dissuadiria de se negar ao prazer da paixã o que a unia.
A Villa Real levou a talentosa mã o ao seu ponto mais sensı́vel, fazendo-a acariciar sua parte externa.
-- Nã o... Hunnn... Nã o machucou... – fê -la massagear seu clitó ris. – Nunca tinha sentido nada parecido...Ain... Assim...
-- Ain... – Gemeu quando a Calligari colocava mais pressã o. – Você nã o entenderia... – Dizia entre gemidos.
A morena intensi icava a carı́cia no colo e logo juntou um segundo dedo a penetraçã o.
Ouviu os protestos.
Usou a outra mã o para massagear a carne sensı́vel, enquanto fundia duplamente... Já iniciava os movimentos de vai
e vem, sentindo-a estreita, apertando-lhe mais e mais.
-- Diana... – Chamou-a em sussurros. – Como consegue dominar meus sentidos... Vai me escravizar com essa
paixã o...
A major percebeu que agora era momento de pressioná -la mais, pois a jovem Villa Real mexia os quadris contra
seus dedos com mais intensidade.
-- Diga por que desejou me negar esse prazer. – Exigiu, penetrando-a mais impetuosamente. – Fale... Diga o que se
passa...
A respiraçã o acelerada de Aimê e seus gemidos de prazer aumentaram mais, sabia que nã o demoraria a perder
todos os sentidos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 482/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Moveu-se mais rá pido e mais rá pido, até senti-la totalmente perdida.
-- Diga!
O prazer total nã o demorou a destruı́-la, entã o entre lá grimas confessou seu segredo:
-- Porque eu te amo... Porque eu te amo, mesmo sendo eu a ilha do homem que destruiu sua vida.
Diana nada disse, enquanto a abraçava, sentindo os espasmos que lhe sacudiam o corpo.
Depois de um tempo, sentiu-a relaxar em seus braços, percebendo que havia dormido.
Amor?
Nã o, seria impossı́vel que houvesse esse tipo de sentimento entre elas, ainda mais depois de tudo que viveram,
depois de todas as má goas que havia em seus passados.
Seu cé rebro nã o conseguia captar aquela informaçã o, nã o conseguia processá -la, parecia algo alé m da sua
compreensã o.
Amor?
Afastou-se!
Amor?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 483/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o acreditava nele... Ouvira as mesmas palavras da boca de Otá vio... Ele justi icara todos os seus pecados em nome
desse tal amor!
Nã o era seu costume deixar o á udio no aparelho, mas acabara esquecendo.
Abriu o vı́deo.
Alexander deixava claro que sabia de todas as armaçõ es que Otá vio izera, discutia, exigindo que Otá vio nunca mais
se aproximasse da sua ú nica ilha.
O que veio a seguir pareceu ainda pior do que tudo o que passara.
Quando o Calligari deu as costas, foi atingido por uma coronhada, caindo desfalecido.
Uma arma fora apontada para a lateral da sua cabeça e disparada cruelmente.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 484/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A sala grande e decorada elegantemente parecia solitá ria à quela hora da noite.
Estava com o telefone na mã o, ligara para Antô nia para avisar que naquele dia dormiria na fazenda.
Dispensou os trabalhadores, a inal, nã o tinha cabeça para lidar com as tarefas naquele momento.
Algumas reformas estavam sendo feitas e por isso tiveram que ocupar o apartamento da cidade.
O animal vivia a reclamar da ausê ncia da dona. Estava sempre agitado e nã o permitia que ningué m se aproximasse.
Seguiu até a mesinha do centro, pegou o porta-retratos, passou os dedos pela imagem da morena de olhos puxados.
Exibiu um sorriso.
Sua ı́ndia selvagem que sempre agia como uma dama quando participava das reuniõ es da alta sociedade que fazia
parte.
Ainda se recordava de quando icara sabendo que a princesa do Sol estava grá vida.
Fizera tudo para trazê -la consigo, mesmo nã o tendo durado muito, fora os melhores momentos que vivera e
recebera o maior presente de todos.
Sentia-se irritado por nã o ter notado o risco que a jovem corria. Agora precisava correr contra o tempo para salvar
sua vida.
Diana chegara a comentar sobre o assé dio do herdeiro dos Villas Real, apenas nã o imaginara que as coisas se
complicariam daquele jeito. Inicialmente achara normal, ainda mais por ela ser uma mulher tã o bonita, nã o era difı́cil algué m
cair de amores.
Sua ilha nã o cometera nenhum crime... Aquelas mentiras que a mı́dia divulgava logo seria esclarecida.
Sempre fora motivo de orgulho para si e em nenhum momento acreditara em todas aquelas mentiras que foram
contadas.
Traidora!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 485/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Alexander! – Abraçou o general em lá grimas. – Amanhã mesmo seguirei para a loresta, prometo trazer a nossa
Diana.
-- Você é um miserá vel! – Alexander esbravejou. – Como ousa vim até aqui?
-- O que se passa? – Levou a mã o ao peito em total drama. – Estou desesperado em busca da sua ilha, estou
disposto a tudo para limpar sua reputaçã o... Arriscar-me-ei naquela mata cheia de selvagens para trazer a mulher que amo
para casa.
-- Nunca vai se aproximar da Diana, jamais poderá ter algo com ela! Quando vai perceber que a minha ilha te
despreza? – Questionou indignado. – Nem que fosse o ú ltimo ser do mundo poderia conquistá -la!
Otá vio estranhou as palavras, a inal, nunca o general se mostrara tã o irritado consigo, ao contrá rio disso, sempre
fora tratado como um ilho, ainda mais agora que corria atrá s para trazer a major de volta.
-- Acha que nã o sei do que andou fazendo? Acha que nã o sei que está envolvido nessa histó ria?
-- Alexander, eu acho que você está confundindo as coisas – Deu alguns passos para trá s. – Todo mundo é
testemunha do amor que tenho por Diana, todos sabem como já me arrisquei para livrá -la das mã os daqueles bandidos que
ela se uniu... – Dizia com pesar. – Meu Deus...
-- Minha ilha nã o se uniu com ningué m! – Vociferou, segurando-o pelo colarinho bem assado. – Ao contrá rio de
você , ela é dotada de honra e cará ter... – Empurrou-o. – Saia da minha casa e agradeça por eu nã o colocar uma bala na sua
cabeça... Quero que esteja vivo quando toda essa histó ria vir à tona.
Nã o sabia direito qual a participaçã o do ilho de Ricardo naqueles crimes, poré m icara sabendo que ele se
envolvera com pessoas perigosas e isso desmentia a maioria das coisas que ele falara sobre a Diana.
Se suas suspeitas fossem con irmadas, nã o mediria esforços para colocar aquele desgraçado na cadeia.
Na manhã seguinte iria se embrenhar naquela loresta, enfrentaria qualquer um para trazer de volta sua amada
herdeira.
Otá vio chorava ainda mais alto como uma criança mimada que queria apenas chamar a atençã o.
-- Eu juro pela vida da minha ilha... – Soluçava. – Eu amo a Diana, amo-a mais do que a mim mesma... – Levantou a
cabeça. – Sou apaixonado... Amo-a tanto que seria capaz de enfrentar todo o mundo para tê -la comigo... Estou disposto a
assumir toda a culpa para tê -la comigo...
-- Nunca – disse por entre os dentes -- Nunca a Diana Alessandra de Calligari será sua, jamais... Entã o saia da minha
casa, antes que te arraste daqui!
Alexander deu as costas e nã o pô de ver os olhos azuis se estreitarem em puro ó dio.
Otá vio tirou o revó lver do coldre e rasteiramente se aproximou, usando toda sua força para bater na nuca do
general.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 486/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Entã o quer dizer que nã o terei a sua ilhinha? – Chutou as costelas do homem caı́do. – Como vai protegê -la? –
Chutou mais forte. – Sua selvagem recebera o mesmo tratamento por ter me rejeitado!
Ainda nã o tivera o prazer de tê -la em seus braços, mas assim que colocasse as mã os nela, tomaria para si e depois a
mandaria para o bordel.
Respirou fundo!
Crocodilo se aproximou.
-- Você o matou?
-- Uma pedra a menos no meu sapato! – Beijou o vidro. – Arrume tudo para que pareça o suicı́dio!
-- Com certeza, o coitado estava passando por muitos desgostos... A Diana com certeza fora a culpada por isso! –
Observou o jornal que estava ao lado do homem. – Termine logo isso, precisamos ir atrá s daquela ı́ndia selvagem... – Exibiu
um sorriso. – Pobre homem, nã o aguentou a desgraça que caiu sobre seu ilustre nome...
O coronel se afastou.
Dias atuais...
Seus olhos ardiam pelas lá grimas que jorravam sem empecilhos.
Ouvia a voz do pai em sua defesa, sua garra em defendê -la diante do monstro do Villa Real.
Nunca em sua vida chegara a pensar que o coronel Villa Real tinha ido tã o longe em sua crueldade.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 487/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Fitou o sofá , vendo a garota dormindo tranquilamente em seu aconchegante local de descanso.
“Porque eu te amo... Porque eu te amo, mesmo sendo eu a ilha do homem que destruiu sua vida. ”
Nã o havia esse negó cio de amor, essa també m fora as justi icativas que a maldito Otá vio usara para se desculpar
por seus atos bá rbaros.
Fechou as mã os com tanta força que só percebeu o que fazia quando os dedos começaram a se mostrar doloridos.
Aquela famı́lia nã o merecia nada de bom, nem mesmo merecia a piedade que pediram tanto.
Respirou fundo!
Levantou-se!
Mirou o rosto bonito, a pele de porcelana. Observou o corpo mal coberto e aquele fogo voltou a queimar dentro de
si. Aquele desejo incontrolá vel de tê -la lhe turvava os sentidos, lhe tirava o raciocı́nio.
Pegou os ó culos, limpando as lentes, voltou a usá -los. Depois sentou na pequena mesa, tã o perto da Aimê que sentia
seu delicioso cheiro.
Tendo as costas ereta, o celular em uma das mã os e os olhos na neta de Ricardo, permaneceu naquela posiçã o
durante longas horas.
Teria ido até a loresta, enfrentaria todos os perigos para trazê -la de volta, estava disposto a provar a todos sua
inocê ncia...
Trê s da madrugada.
A Calligari parecia perdida em seus pensamentos, perdida em seus con litos internos, presa em suas dores...
Estava tã o perdida em sua agonia que nã o viu quando Aimê acordou.
Sentou-se.
Estava frio.
Vestiu o roupã o.
A major demorou para ita-la e só a ouvir seu nome pela segunda vez o fez.
Encarou-a durante longos segundos, observava com atençã o os olhos tã o azuis, tã o intensos e brilhantes.
Por que ela tinha que ter o sangue do maldito assassino em suas veias?
Por que tivera que sentir aquelas coisas logo por ela?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 488/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A morena ouviu a voz rouca ainda de sono, levantou-se, dando alguns passos para trá s.
Desejava icar longe dela, precisava se livrar daquele sentimento agonizante o mais rá pido possı́vel.
O maxilar forte se enrijeceu e uma má scara de frieza se apossou do seu rosto bonito.
Empertigou-se.
-- Bem, levando em conta que você nã o estava agindo assim há algumas horas, creio que o mı́nimo que mereço é
uma explicaçã o para essa mudança de humor.
Diana se aproximou a passos longos, icando bem perto da garota, mas pareceu se arrepender.
Cerrou os dentes.
Aimê teve a impressã o que recebia um golpe tã o forte que por pouco nã o caiu de joelhos. Suas pernas nã o pareciam
sustentar seu peso.
Engoliu em seco.
A ilha de Alexander mirou os olhos cheios de lá grimas, viu a dor em sua bela face.
Voltou seu olhar para outro ponto, parecendo nã o ter forças para encará -la.
-- Pre iro tropeçar na escada, cair e quebrar o meu pescoço a ter que ser conduzida por ti! – Vociferou. – Nunca
mais em sua vida voltará a encostar as mã os em mim! – Limpou as lá grimas que insistiam em sair. – Nã o desejo estar na sua
presença nunca mais!
-- Nã o ouse me desa iar! – A Calligari disse por entre os dentes. – Nã o tenho paciê ncia para seus dramas.
-- Sim, major, meu pai é um assassino como dizes... – Levantou a cabeça orgulhosamente. – Feriu pessoas, destruiu a
sua vida... Mas e eu? O que te iz? Qual foi o pecado que cometi?
Odiava-se por senti-la tã o forte dentro de si, odiava as sensaçõ es que se apossava do seu corpo sempre que pensava
nela.
-- Já disse que nã o devo explicaçõ es dos meus atos a você ! – Esbravejou. – Nã o esqueça que precisou se ajoelhar
diante de mim para que a ajudasse.
-- Eu nã o ajoelhei por mim, jamais pediria por mim...Fiz por meus avó s, pois já sã o de idades... – Empinou ainda
mais o nariz. – Eu jamais desejei nada que viesse de você , jamais quis sua ajuda!
-- E eu realmente nã o desejo suas explicaçõ es ou suas justi icativas... Você nã o é melhor do que Otá vio Villa Real em
muitos aspectos!
A Filha de Alexander a segurou forte pelos ombros, prendendo-a forte, desejando feri-la.
-- Diga-me onde é melhor do que ele, ainda mais quando se trata de ferir algué m que nada tem a ver com a histó ria.
– Gritou. – Torna-se pior do que ele em todos os sentidos!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 489/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você está fazendo muito drama só porque transamos... – Debochou. – Deveria estar grata por eu ter perdido meu
tempo te iniciando nesse processo... Vai poder usar o que te ensinei...
Aimê conseguiu se livrar das mã os que a prendiam e já estava pronta para esbofeteá -la, mas a morena foi rá pida em
retardar seu movimento, detendo-a.
-- Nã o faz nem vinte e quatro horas que dizia ao contrá rio... Onde está o amor que gritou entre gemidos de prazer?
A Calligari viu os olhos azuis se derramarem em lá grimas e mais uma vez desviou o olhar.
Discou um nú mero e depois de longos segundos ouviu a voz sonolenta da empregada.
Baixou a cabeça...
Fechou os olhos, tentando se livrar da imagem dela, tentando apagar da sua mente a dor que viu nos olhos azuis.
Por quê ?
“Porque eu te amo... Porque eu te amo, mesmo sendo eu a ilha do homem que destruiu sua vida. ”
Jamais perdoaria aquela famı́lia, jamais viveria em paz... Tudo fora tirado de si e agora isso tinha um gosto ainda
mais amargo...
Ansiava por matar Ricardo, por fazê -lo pagar por tudo o que ajudou a fazer, mas a morte era um castigo pequeno,
uma pena leve que ele nã o merecia.
Otá vio nã o estava mais ali para receber sua puniçã o, entã o só restaria que os que colaboraram com todo esse
macabro plano pagassem...
Agora precisaria ter forças para continuar em frente, mesmo que isso signi icasse sufocar algo que trazia luz a sua
vida.
Deitou-se, fechando os olhos, tentava conter o pranto que nã o demorou muito a correr livre.
A mulher parecia preocupada, ainda mais porque a menina se mostrava chorosa. O rosto bonito estava bastante
rosado.
-- Quer que eu ligue para algué m, querida? – Questionou assim que entraram. – Você está bem?
-- Estou bem! – Falou depois de um tempo. – Pode voltar para seu quarto.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 490/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A empregada ainda abriu a boca para questionar, mas sabia que nã o deveria se meter nos problemas da patroa.
A ilha de Otá vio permaneceu parada, ouvindo os passos se afastarem, percebendo que estava sozinha.
Seu cé rebro martelava cada uma das frases que ouviu.
Diana Calligari!
Qual a razã o dos caminhos de ambas terem se cruzado, como pô de se apaixonar por aquela cruel mulher?
Sempre soubera que aquela relaçã o nunca aconteceria, sempre soubera que havia muita pedra em meio à quele
caminho espinhoso. Sempre soubera que nunca representara nada para a major, entã o por que permitiu que ela entrasse em
sua vida?
Mordiscou o lá bio inferior, sentiu o gosto salgado das lá grimas.
As pernas tremiam!
Por poucos minutos naquela fatı́dica noite chegara a acreditar que haveria esperança... Por fraçõ es de um iludido
tempo imaginara que a ı́ndia selvagem sentia algo por si...
Burra!
Diana sempre deixara claro suas intençõ es, sempre fora arrogante e egoı́sta em suas açõ es... Na verdade, ela nã o
fazia questã o de mostrar sentimentos... Fora apenas sexo!
Nã o desejava icar ali, desejava ir para longe daquela mulher o mais rá pido possı́vel. Livrar-se da sua presença...
Fugir daquele suplı́cio que lhe tirava o fô lego.
Caminhou com passos lentos até o banheiro, livrou-se do roupã o. Ligou a ducha e permaneceu ali, sentindo o
lı́quido lavar sua dor... Ouvia seus soluços fazerem eco...
Era quase nove horas quando Diana deixou o apartamento, mas o sol ainda estava preso por trá s das nuvens
pesadas.
Ouvia algumas notı́cias pelo rá dio do carro, mas sua mente nã o parecia processar as informaçõ es.
A cabeça doı́a!
Acelerou e por pouco nã o se chocou contra um motoqueiro que parou bruscamente.
Retirou os ó culos escuros e ao se olhar no espelho viu as olheiras e o vermelho das lá grimas derramadas.
Respirou fundo!
Passara pela porta do quarto dela mais cedo, desejara vê -la...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 491/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Precisava se livrar de tudo aquilo, necessitava de se livrar daquele sentimento forte que começava despertar em
seu peito.
Ouviu as buzinas atrá s de si e percebeu que há tempos o semá foro tinha icado verde.
Acelerou!
Ouviu o celular tocar, viu no painel do carro o nú mero e soube de quem se tratava.
Atendeu.
Crocodilo!
-- Quando eu por as minhas mã os em ti você vai ver como terei uma boa noite de sono. – Falou por entre os dentes.
– Nã o descansarei enquanto nã o te izer pagar por tudo o que fez.
-- Eu acho que está querendo se vingar da pessoa errada... Tudo o que iz foi por ordem de Otá vio... Sabe que ele me
deixava fazer meu trabalho sem incô modo, mas eu precisava pagar... Entã o, me envolvi em tudo...
Diana sabia muito bem de tudo aquilo, pois ela viu todas as provas da associaçã o dos dois homens.
-- Te dei algo, a prova de que seu querido papai nã o se matou, mas seu adorado coronel fez tudo para tirá -lo do
caminho... – Deu uma pausa. – Ele tinha verdadeira obsessã o por ti.
-- Querida, se você me entregar os Villas Real estarei disposto a te dar uma lista com os nomes de todos do exé rcito
que izeram parte desse jogo doentio... Poderá puni-los... Ainda há muitos que nã o pagaram por tudo o que izeram...
-- Você quer Aimê ? – Exibiu um sorriso frio. – Venha buscá -la, seja homem e dê as caras! – Observou a arma que
sempre levava consigo.
-- Sim, eu irei...—Disse sem esconde a raiva. -- Fique sabendo que se Otá vio estivesse vivo já teria me entregado a
garotinha cega! Ele sempre dizia que seria ela o meu pagamento.
-- Entã o nã o deveria ter matado coronel, assim nã o teria problemas para ter sua recompensa.
-- Você vai se arrepender, Diana, vai se arrepender de nã o ter aceitado a minha proposta!
Parou na guarita do quartel e se identi icou, recebendo imediatamente a permissã o para entrar.
Naquele mesmo dia, Ricardo fora levado ao quartel, icaria preso e logo seria julgado por tudo que izera.
Diana nem mesmo se sensibilizou ao ouvir os juramentos do homem que dizia nã o saber que fora Otá vio quem
tirara a vida do general Calligari.
Quando o Villa Real passou por ela, itou os olhos negros frios.
-- Por favor, Diana, eu imploro que nã o permita que nada aconteça com a minha neta... – Dizia entre lá grimas. –
Clá udia, meu Deus, nã o a abandone, proteja-as!
A morena nada disse, apenas exibia aquela expressã o de arrogâ ncia e superioridade.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 492/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Há mais de duas horas o marido fora levado dali por o iciais.
Ligou para o advogado para avisar, mas fora informada que nã o trabalhava mais no caso.
Discou inú meras vezes para a major, mas o telefone só fazia chamar.
Já estava pronta para sair em busca do marido quando a porta abriu e Diana adentrou o espaço.
Os cabelos estavam soltos como de costume, a sobrancelha esquerda estava arqueada em expressã o de puro
sarcasmo.
A Calligari nã o respondeu, seguindo até o confortá vel sofá , sentando-se com as pernas cruzadas.
-- O que se passa? Meu marido foi levado e quando falei com o advogado, ele disse que você tinha dispensado os
serviços dele.
-- Ah, sim! – Retirou o celular da bolsa, colocando no vı́deo, entregando a ela. – Bem, eu acho que isso nã o vai ser
surpresa, mas como nã o tenho muita paciê ncia para falar, veja que nã o podem me fazer de idiota por mais tempo!
Diana parecia interessada em cada reaçã o da mulher e icava a imaginar se todos naquela famı́lia tinham nascido
com o dom de atuar ou izeram um curso por correspondê ncia.
Viu as lá grimas banharem os olhos da mulher e quando ela desabou no sofá , ouvia impaciente os soluços de
desespero.
-- Chega de ingimento, tenho certeza de que sabiam disso. – Levantou-se. – Estou cansada das mentiras que
contam, cansada do jeito que se comportam! – Retirou o aparelho das mã os da mulher grosseiramente. – Amanhã mesmo
exijo que deixe o apartamento!
Vanessa!
-- Aimê caiu da escada, estou seguindo a ambulâ ncia... – Dizia apreensiva. – Estava desacordada e temo que seja
grave...
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 493/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 494/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estava disposta a tudo para conseguir o que tanto queria e nã o descansaria até que estivesse com a ilhinha do Villa
Real nas mã os... Quanto à Diana, nã o havia outro meio de se livrar dela a nã o ser pela morte.
-- Sou o doutor Raul Cortes! – Estendeu a mã o para a Calligari. – Atendi a jovem que caiu da escada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 495/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 496/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Precisava deter o Crocodilo, pois essa era a ú nica forma de Aimê viver em paz sem correr riscos.
Precisa protegê -lo dele e rezava para que surgisse algué m naquele enorme universo que a defendesse de si...
Ligou o carro e saiu rapidamente do hospital.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 497/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Rezava para que um dia a pintora aprendesse a esquecer o passado e seguisse sem má goas, quem sabe assim, ela nã o
aprenderia a lidar com aquele sentimento poderoso que habitava dentro de si... Quem sabe assim ela pudesse entender que o
amor poderia sim acontecer entre elas.
Observou Aimê .
Sentia-se angustiada ao pensar como ela se desespera a ponto de sair do quarto em busca da saı́da do apartamento.
Diana deve ter pegado bastante pesado em suas palavras.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 498/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Passara todos aqueles dias evitando pensar em tudo o que tinha se passado, poré m agora parecia impossı́vel nã o
fazer.
Sentia-se aliviada por nã o ter encontrado mais com Diana, sentia-se aliviada por ela nã o estar no apartamento, mas
em seu peito estava aquela angustia por saber que ela estava fora da cidade praticamente revirando cada lugar em busca do
perigoso Crocodilo.
Assustava-se com a possibilidade de que algo lhe acontecesse e mesmo com toda raiva que ainda sentia pelas
palavras crué is do ú ltimo encontro, rezava todos os dias para que nada de ruim lhe acontecesse.
Respirou fundo.
Precisava ir embora, desejava icar anos luzes distante da major.
“Porque eu te amo... Porque eu te amo, mesmo sendo eu a ilha do homem que destruiu sua vida. ”
Agoniada, levantou-se!
Passou a mã o pelos cabelos.
Todos aqueles dias ligara para Vanessa, nunca deixava de fazê -lo, pois buscava saber se a jovem estava bem...
Cerrou os dentes!
Sabia que nã o deveria fazê -lo, mas a vontade incontrolá vel nã o parecia deixa-la pensar.
Seguiu rapidamente para o andar inferior.
Os pé s descalços desciam as escadas e logo estava na frente da porta.
Pensou em entrar rapidamente, mas acabou hesitando, bateu.
Ouviu a voz doce permitir a entrada.
Segurou na fria maçaneta e depois de longos segundos adentrou o espaço.
-- Poderia me ajudar, Ana...
A Villa Real estava de pé .
Diana viu que a muleta estava longe, entã o se apressou em pegar, entregando-lhe.
Quando as mã os se roçaram os olhos azuis se abriram em verdadeiro pavor.
Diana se apressou em segurá -la, temendo que caı́sse.
-- Cuidado!
Aimê permaneceu está tica, sentindo as mã os dela em seu corpo.
A Calligari percebeu o incô modo no rosto da garota, entã o se afastou.
A morena observou o curativo na testa.
Sentiu um desejo tã o forte de abraçá -la que precisou se afastar um pouco para nã o ceder.
A Villa Real segurava fortemente a muleta, pois temeu cair.
O cheiro da pintora pareceu invadir seus sentidos, profanando a frá gil paz que tentou conservar durante aqueles dias.
-- Que faz aqui? – A neta de Ricardo questionou em voz baixa.
Diana observou a camisola de seda branca que ela usava.
Viu a ferida na fronte.
-- Queria saber como você está . – Examinou-a dos pé s à cabeça. – Precisa se alimentar bem, está mais magra!
Aimê nã o entendeu a preocupaçã o repentina, a inal, durante todos os dias que icara no hospital nã o recebera uma
ú nica visita dela.
-- Estou bem! – Disse secamente.
A major percebia a animosidade, o desprezo estava claro no tom de voz e isso doı́a mais do que as chicotadas que
levou de Otá vio.
Passou a mã o pelos cabelos.
-- Aimê ... – Começou hesitante – Sinto muito pelo que aconteceu, nã o tive a intençã o que saı́sse tã o machucada.
Os olhos azuis se estreitaram.
-- De qual dos machucados você está falando? – Indagou em desa io.
A morena itou-a demoradamente, mordiscou o lá bio inferior e só depois respondeu.
-- Por todos! – Estendeu a mã o para tocar a face bonita, mas acabou desistindo, deixando a mã o pender no ar. – Sei
que a feri... – Cerrou os dentes, recolhendo o braço. – Eu nã o teria me perdoado se algo de ruim tivesse acontecido contigo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 499/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê lutava para nã o permitir que aquelas palavras mexessem com seus sentimentos.
Passara todos aqueles dias se convencendo que nada entre elas poderia voltar a acontecer, passara todo aquele
tempo percebendo que mesmo que amasse aquela mulher com toda sua alma, nã o se submeteria ao seu ó dio, ao seu caprichoso
corpo que desejava apenas sexo.
-- Eu caı́ porque fui descuidada, nã o foi sua culpa isso, major. – Explicou, tentando demonstrar total indiferença.
Diana sentia a frieza das palavras da Villa Real.
-- Eu sei que sua agonia para sair daqui tem a ver com nossa discussã o, com tudo o que falei para ti...
-- Por favor, eu pre iro que nã o falemos nisso mais! – Aimê a interrompeu. – Acredite, eu entendo sua raiva, entendo
seu ó dio, mas como já falei antes, nã o te iz nada e nã o me submeterei a seus excessos.
A Calligari tinha a impressã o que estava falando com uma pedra de gelo.
-- Minha vó está vendendo nosso apartamento e assim que o izer, pagaremos por tudo o que fez por mim e
deixaremos sua casa.
A pintora se aproximou mais.
-- Nã o irá embora, enquanto Crocodilo nã o for preso! – Disse impaciente. – Ele está obcecado por você e nã o
sossegará , enquanto nã o te ter.
-- Bem, isso nã o é algo que deva te preocupar, nã o há nada que diga que você tem que me proteger! – Aprumou os
ombros. – Nã o tenho medo, poderei lidar com o que acontecer... Falarei com a polı́cia, pedirei proteçã o, nã o sei, apenas nã o
desejo icar aqui!
-- Deseja que esse bandido te leve de novo? – Indagou irritada. – Lembre-se de quando esteve presa naquele cativeiro,
de para onde ele teria te levado, se eu nã o tivesse aparecido.
-- Eu sempre serei grata por ter me salvado, mas nã o desejo que faça novamente ou que arrisque sua vida para isso.
Aimê ouvia a respiraçã o acelerada da mulher e tentava controlar seu desejo de se aproximar.
Seu peito ainda trazia o alı́vio por saber que ela estava bem, mesmo que també m trouxesse muita má goa e tristeza.
Diana deu um suspiro cansada.
-- Nã o sairá daqui! – sentenciou. – Nã o permitirei que aquele miserá vel coloque as mã os sujas em ti!
-- Nã o terá como me impedir de ir embora, se nã o o iz ainda, foi por causa da minha vó que se nega, poré m assim que
o apartamento for vendido, deixarei seus domı́nios! -- retrucou implacavelmente.
A Calligari já tinha perdido toda a paciê ncia que demonstrara no inı́cio do diá logo, a expressã o de exasperaçã o
poderia ser sentida pela Villa Real.
A morena lhe segurou o braço.
-- Nã o seja estú pida! – Repreendeu-a. – Nã o se coloque em perigo por causa do seu orgulho idiota!
A neta de Ricardo sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao sentir o toque dela.
-- Solte-me! – Exigiu calmamente.
Os olhos negros pareceram ainda mais sombrios.
-- Se for necessá rio, te prenderei aqui!
Aimê colocou a delicada mã o sobre a da morena, afastando-a.
-- Se assim o izer, nã o verei muita diferença entre você e o temido Crocodilo. – Admitia com pesar.
O maxilar da ilha de Alexander enrijeceu diante da frase dita. Fitou-a por indeterminados segundos, buscando
naquele mar azul algo que comprovasse que aquelas palavras nã o eram sinceras, mas infelizmente nã o havia nada ali, a nã o ser
uma surpreendente frieza.
Ainda abriu a boca para protestar, mas acabou deixando o quarto imediatamente, batendo a porta.
A herdeira de Ricardo permaneceu no mesmo lugar, sentindo a adrenalina daquele momento, sentindo a escassez da
força que precisara usar durante toda aquela estranha conversa.
-- Deus, me ajude! – Fechou os olhos, enquanto sentava na cama.
Se nã o fosse a muleta teria caı́do, enquanto a Calligari estava ali, pois suas pernas se mostraram trê mulas durante
todo tempo.
Precisava ir embora daquele lugar.
Sabia que mesmo que odiasse a Diana por sua crueldade, seu coraçã o ainda nutria um incontrolá vel sentimento, um
amor que nã o parecia diminuir, mesmo diante das decepçõ es, um amor que nã o teria chance para se realizar.
Já era quase trê s da tarde quando Vanessa retornou com Clá udia.
Seguiu rapidamente em busca da Calligari, ainda mais quando icara sabendo por Helena que Diana fora ao quarto da
Aimê .
Encontrou a morena no estú dio.
Viu algumas telas jogadas ao chã o, tintas, pinceis.
Estava um verdadeiro caos.
Observou a major sentada na poltrona, tendo nas mã os uma garrafa de vinho.
Levantou o banco, sentando-se de frente para ela.
-- Se você vai começar com o seu discurso de que o amor vence tudo e que preciso esquecer o passado, pode ir
embora. – A Calligari avisou enquanto bebia um pouco no gargalho.
Vanessa a encarou.
-- Falei com a Dinda, ela está preocupada contigo! Precisa ligar para ela. – Falou, tentando ignorar a animosidade da
outra.
-- Diga a ela que estou bem, apenas isso!
A empresá ria suspirou impaciente.
-- Eu soube que você quase levou um tiro e espero que nã o seja teimosa e permaneça distante desses bandidos como
fora ordenado pelo general Rodrigues.
Vanessa aproveitara que levara Clá udia para ver Ricardo, buscou informaçõ es sobre as açõ es da pintora naqueles
dias.
-- Eu nã o recebo ordens de ningué m!
A empresá ria se levantou.
-- Você acha que agir com toda essa grosseria vai ajudar em alguma coisa? Acha que se encher de á lcool vai mudar o
que sente? Ou será que deseja tomar um tiro como uma covarde que foge dos problemas?
Diana estreitou os olhos ameaçadoramente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 500/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Deixe-me em paz! – disse por entre os dentes. – Nã o quero ouvir mais nada!
Vanessa fez um gesto negativo com a cabeça, depois se acomodou ao lado da artista.
-- O que você foi fazer no quarto da Aimê ? Conversaram?
-- Nã o sei se posso chamar de conversa o monte de desaforo que ouvi. – Levantou-se. – Ela nã o sairá daqui até que o
Crocodilo nã o represente mais um risco! – Sentenciou. – Já que você anda tanto de amizade com ela, faça com que ela entenda
isso, pois se continuar se rebelando, a deixarei presa e isolada de todos!
-- Eu nã o duvido que faça isso, a inal, nã o parece preocupada em regar com chuvas de inverno as má goas que Aimê
sente por ti!
A morena jogou a garrafa contra a parede.
-- Eu estou tentando protegê -la, estou fazendo isso porque sei como seria cruel para ela passar por tudo o que
passei...
-- Seu discurso é muito in lamado e lindo, mas ainda nã o falou toda a verdade.
Os olhos pareceram ainda mais negros naquele momento.
-- Nã o me provoque! – Apontou o dedo em riste. – Ainda mais agora que pediu ao seu irmã o para advogar a favor de
Ricardo.
-- Sim, eu iz porque acho que todos merecem uma segunda chance... E para ser sincera, eu nã o acredito que ele
soubesse que Otá vio assassinou o Alexander. – Retrucou calmamente.
-- Eu moverei cé us e terras para que ele apodreça naquela prisã o! – Vociferou cheia de raiva.
-- Certo, entendo, mas me diga, quando falará para Aimê que a ama e que nã o sabe lidar com esse sentimento?
Vanessa viu os punhos se fechar ao lado do corpo e nã o demorou muito para vê -la deixar o quarto.
Exibiu um sorriso.
Um dia ela teria que ceder.
Um mê s depois do acidente, a jovem Villa Real se livrou do gesso e para alegria de Vanessa e de Clá udia, Jú lio
Romanofe ligara dizendo que tudo já estava pronto para a cirurgia que poderia devolver a visã o a Aimê .
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 501/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana andava de um lado para o outro. Seguia horizontalmente e seus pé s descalços pisavam tã o duro quanto
chumbo.
Exibia uma expressã o furiosa e os olhos negros estavam ainda mais estreitos.
Usava um roupã o preto atoalhado, os cabelos ainda estavam ú midos do banho recente.
-- Quem ela pensa que é ? – Rosnou. – Como ousou a se negar a me receber? – Deu um riso nervoso. – Eu tentei... Ah,
sim, eu tentei!
Sua paciê ncia estava no limite, ainda mais depois que agira gentilmente, pedindo a empregada para solicitar que a
neta de Ricardo recebesse sua presença e um sonoro nã o fora dito.
A Calligari fora praticamente excluı́da da rotina da jovem, sentindo o desprezo da garota a cada segundo.
Vanessa e Clá udia sempre estavam presentes, cuidando de Aimê e zelando por seu bem-estar. A empresá ria, até
mesmo, levara a garota para visitar Ricardo. Aproximando-se e recebendo grande carinho em troca, algo que nã o se estendia
a formidá vel pintora.
Nos primeiros dias manteve total distâ ncia, anda mais depois do encontro que tiveram, entretanto, agora, tudo
saı́ra do seu controle.
Pelo que a conhecia, sabia que ela já tinha atingido o á pice da paciê ncia.
Nunca em sua vida fora tã o afrontada por uma garotinha e nã o admitiria que isso se passasse nesse momento.
Ao chegar diante do quarto, nem mesmo se deu ao trabalho de bater na enorme porta, simplesmente adentrou o
espaço como se fosse aquilo a coisa mais natural do mundo.
Ajudava a neta a vestir a bermuda, pois a ilha de Otá vio se encontrava apenas de calcinha e sutiã nas cores rosas.
O incô modo gesso já tinha sido retirado, mesmo assim ainda era preciso ajuda para algumas tarefas.
Aimê nã o precisava enxergar aquela mulher ou ouvir sua voz para saber que ela estava ali.
A presença da major podia ser sentida de forma tã o aterradora que chegava a lhe tirar o ar.
Mesmo estando em trajes ı́ntimos, tentou nã o se intimidar com a visita desagradá vel da ı́ndia.
Há um bom tempo nã o aparecia, apenas hoje mandara que Ana pedisse para que ela a recebesse, o que fora
imediatamente negado, poré m nã o atendido.
Nã o queria mesmo nenhum tipo de contato com a morena, pois percebia que nã o havia como existir uma relaçã o
entre ambas, aprendia a duras penas que seus sentimentos foram apenas usados para satisfazer o bel prazer da herdeira de
Alexander.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 502/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Pode nos deixar, vovó , acredito que a major tem algo muito importante para falar, ainda mais porque eu tinha
deixado claro que nã o tinha nenhum interesse da sua presença, mesmo assim ela está aqui. – Al inetou-a.
-- Tem certeza?
-- Sim, tenho certeza! – Aimê disse esboçando um sorriso para encorajar a Clá udia. – Nã o acredito que isso vai
demorar muito.
A esposa de Ricardo ainda hesitou, mas acabou deixando os aposentos, sob o olhar irado da artista.
Nã o se sentia confortá vel em estar apenas de roupa ı́ntima na presença da pintora. Era como se nã o fosse apenas
seu corpo a estar exposto, mas també m sua alma.
A Calligari a observou desde os delicados pé s no chinelo, subindo pelas longas, torneadas pernas, demorando-se no
quadril, no abdome liso... Mirou os seios que se adequava ao sutiã rendado, viu a borda...
Levou a mã o aos cabelos, arrumando-os por trá s da orelha, depois a encarou.
-- Como ousou a se negar de me ver? – Indagou irritada. – Eu fui gentil, passei dias sem te incomodar, iquei no meu
canto e quando preciso que falasse comigo, você se nega! Quem você pensa ser?
Sabia que a ‘dona arrogante’ nã o sabia lidar com rejeiçã o, poré m ela se iludira que o contrá rio ocorresse, a inal,
conseguira manter distâ ncia por um perı́odo satisfató rio, mesmo nã o tendo sido o su iciente.
-- A sua gentileza nã o dura muito, a inal, quase colocou a porta abaixo e nã o respeitou o meu desejo. – Retrucou
calmamente. – Nã o sei o motivo da sua surpresa, já deixei claro como nã o desejo que se aproxime.
-- Entã o, na minha pró pria casa eu nã o tenho o direito de falar contigo? – Arqueou a sobrancelha.
-- Nã o estou aqui por minha vontade, sabe que se fosse por mim eu já teria deixado “a sua casa”, poré m você mesma
me manté m prisioneira nos seus domı́nios!
-- Estou te protegendo! – Disse por entre os dentes. – Estou fazendo isso para que nã o caia nas mã os daquele louco!
-- Eu já disse que sou grata por isso, mas nã o é sua funçã o fazê -lo!
Tentava manter a calma, mas era uma tarefa quase impossı́vel, ainda mais quando se tratava daquela garota.
-- Está agindo como uma criança birrenta e mimada! – Acusou-a. – Saiba que você irá fazer a cirurgia, nem que para
isso eu tenha que te arrastar pelos cabelos até a clı́nica.
Desde que o mé dico avisara que tudo estava pronta para a operaçã o no dia anterior, a ilha de Otá vio deixara bem
claro que nã o se submeteria a nenhum processo cirú rgico.
-- Realmente você está cada vez mais gentil! – Ironizou, enquanto se mexia inquieta. – Se veio aqui apenas para me
ameaçar, já o fez, pode sair!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 503/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ainda se sentia culpada por tudo o que se passou, ainda se martirizava com as cenas daquela fatı́dica noite.
A Villa Real se encolheu ao senti-la, pois o toque daquela mulher parecia brasa em sua pele.
Engoliu em seco.
-- Aimê , eu apenas desejo me redimir de algo ruim que te iz... – Levou o dedo ao machucado na face da ilha de
Otá vio. – Desejo que volte a enxergar, que possa ver as lores que você tanto gosta... – dizia em tom baixo e rouco – Já
imaginou como você é linda... – Usou o polegar para tocar as sobrancelhas. – Nunca vi algué m tã o bela... Vai poder ver esse
rosto de anjo... Esses lá bios...
A garota sentia o há lito tã o perto do seu e tinha a impressã o que estava sendo hipnotizada por aquela voz.
Cerrou os dentes.
Mesmo que jamais admitisse, passara todos aqueles dias desejando vê -la, pensando nela, querendo icar ao lado
dela.
A noite nã o conseguia dormir, nã o conseguia se concentrar em nada, até mesmo suas pinturas tinham se tornados
chatas e aborrecidas. Durante o dia buscava se distrair, tentando buscar pistas sobre o Crocodilo, mas era como se ele tivesse
sumido da face da terra. Quando o sol se despedia do horizonte se trancava em seu estú dio, embriagando-se com o passado.
Experimentara retomar sua vida noturno, indo até a boates, clubes... Até mesmo conhecera belas mulheres, mas
nenhuma que chamasse sua atençã o.
-- Ou fará por bem ou por mal, mas pode ter certeza de que fará a cirurgia!
-- Entã o será por mal! – Disse em desa io. – Me arrastará como já disse, porque por minha vontade nã o irei a lugar
nenhum.
Tinha a impressã o que o sabor dela podia ser sentido, o cheiro da excitaçã o, do prazer que a uniram, da boca
sussurrando, pedindo, chamando por si.
Notava o olhar insistente da Calligari sobre si, sentia como se estivesse sendo acariciada em seu â mago.
Despudorada!
A pintora ainda abriu a boca para protestar, mas sabia que nã o havia como fazer outra coisa naquele momento.
A Villa Real ouviu os passos saindo do quarto e só naquele momento voltou a respirar de forma livre.
Ainda nã o conseguia estar ao lado daquela mulher sem sentir as angustias da ú ltima noite que fora tocada. As
palavras grosseiras nã o a abandonavam em momento algum, continuava terrivelmente machucada pela insensibilidade da
major.
Amava-a, mas sabia que deveria sufocar aquele sentimento de qualquer jeito ou sofreria mais ainda por isso.
Alimentava as má goas, pois elas se tornaram a barreira de proteçã o para nã o expor seus sentimentos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 504/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Percebia que a morena nã o estava bem, ainda mais depois de praticamente ser excluı́da da vida da Villa Real.
Tomava um copo de á gua quando pela porta de vidro viu a Calligari se aproximar.
Os olhares dos presentes se voltaram para a mulher alta e de pele bronzeada que adentrava o ambiente.
Alta, magra e com aquele porte arrogante era sempre apreciado por todos.
A ilha de Alexander usava calça jeans colada na cor preta, camisa social na mesma cor e blazer aberto. Os cabelos
estavam soltos, nã o havia maquiagem, apenas um discreto batom.
Linda!
A empresá ria sorriu em cumprimento, pois chegara a pensar que ela nã o apareceria como era costume.
A pintora sentou.
-- Falei com o doutor Jú lio Romanofe. – Vanessa comentou. – Disse que está tudo pronto para a cirurgia.
Diana nã o falou nada de imediato. Esperou que a bebida chegasse e só depois de bebericar um pouco, falou:
-- Estive com ela hoje! – Distraiu-se ao olhar uma criança sentada no colo da mã e, mexendo com os cabelos da
mulher. – Eu juro que tive que me segurar para nã o a deitar no meu colo e encher-lhe a bunda de pancadas.
A empresá ria teve que morder a lı́ngua para nã o cair na gargalhada ao imaginar a cena.
Sabia que Aimê vinha se negando a encontrar a Calligari e també m sabia como isso a estava deixando furiosa.
-- Nã o! – Bebeu um pouco mais. – Mas nã o permitirei que ela ouse falar comigo assim! – Falou cheia de irritaçã o. –
Nã o deixarei que uma menina estú pida aja assim! – Encarou a empresá ria.
Sabia que por trá s daquela expressã o in lexı́vel havia muita dor.
-- Diana, você precisa entendê -la, a inal, como reagiria se fosse você a receber tantas grosserias?
-- Acha que me importo com isso? – Tentou usar o tom mais baixo. – Eu nã o estou pedindo para que ela transe
comigo... Tenho vá rias mulheres que dariam tudo para estarem em meus braços! – Bebeu mais um pouco. – Estou
protegendo-a, quero que recupere a visã o e o que ela diz? Nã o!
Vanessa percebeu que o tom um pouco alterada da major chamou a atençã o de algumas pessoas.
Sabia que havia inú meras conquistas, poré m a morena só desejava uma e isso sim deveria ser algo frustrante.
-- Ela nã o quer nada que venha de você ! – Disse simplesmente. – Ela já deixou claro isso. – Explicou. – Quanto ao
sexo, sabe que nã o faltará quem deseje entrar nos seus joguinhos, mesmo que saibamos que você só quer uma... – Cutucou-a,
mesmo temendo uma onda de gritos.
-- Eu nã o quero saber o que ela quer ou deixa de querer! – Levantou-se furiosa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 505/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A empresá ria apontou calmamente a cadeira para que ela voltasse a ocupar e mesmo que nã o tenha feito
imediatamente, a pintora acabou fazendo.
-- Aimê é a ú nica mulher que te deixa em descontrole total! – Tomou mais um pouco de á gua. – Eu ico pasma com
isso!
Diana parecia pronta para continuar a esbravejar, mas nã o o fez, pois sabia que aquelas palavras eram verdadeiras.
Nunca em sua vida se sentira daquele jeito por causa de ningué m. Nunca se preocupara com detalhes que estavam
ligados ao pó s-sexo, tudo se resumia ao momento de prazer, ao desa io da conquista e logo perdia o interesse, poré m com a
ilha de Otá vio tudo se complicava cada dia mais...
-- Tentarei falar com ela, prometo que farei todo o possı́vel para convencê -la a se submeter ao processo cirú rgico. –
A empresá ria anunciou, pois sabia que já tinha ido longe em suas afrontas.
Polvo grelhado, com canjiquinha, abó bora, tucupi e aviú tinha um aroma divino e a aparê ncia ainda melhor.
Vanessa começou a degustar a iguaria, mas ao perceber que a amiga nã o fazia o mesmo, parou.
-- Diana, coma um pouco... Ultimamente você demonstra como está mal, nem durante o tempo que ainda nã o izera
os Villa Real confessar a verdade você esteve tã o ruim.
-- Quando o Crocodilo for preso e Aimê puder voltar para a tã o sonhada vida dela, eu poderei ter um descanso. –
Disse em um suspiro.
Sentia como a rejeiçã o da neta de Ricardo a estava ferindo, notava isso, ainda mais ao vê -la tã o presente em casa,
mas sempre excluı́da da rotina da Villa Real.
-- Se ela nã o quer a sua ajuda, por que deseja tanto ajudá -la? – A empresá ria indagou, mesmo que já soubesse a
resposta.
As Villas Real se mostraram surpresas, mas feliz com a presença dos dois.
Receberam-nos no quarto, pois nã o sabia se Diana gostaria de ter intrusos em sua casa.
-- Estou com tantas saudades! – Bianca abraçou a amiga. – Você nem mesmo falou comigo mais! – Repreendeu-a.
-- Aconteceu tantas coisas que acabou me tirando o tempo! – Aimê se justi icava.
Clá udia tinha feito café e serviu-os, depois se acomodou ao lado da neta.
-- Nó s vimos as notı́cias! – Alex falou. – Os rostos de você s estamparam as manchetes dos mais importantes jornais
do paı́s. – Tomou um pouco do lı́quido. – Nã o acreditamos em nada que fora dito. Sensacionalistas! – Exclamou irritado.
-- Infelizmente é a mais cruel verdade! – A garota admitiu. – Tudo o que leram realmente aconteceu.
-- Mas se é assim, por que Diana Calligari as recebem em seu teto? – O rapaz se mostrava curioso. – Isso é algo
incomum!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 506/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Isso nã o é da nossa conta, Alex! – Bianca o cortou. – Meu tio está na cidade e aproveitamos para vê -las e icamos
muito felizes que estejam bem. – Tentava mudar de assunto.
O rapaz se aproximou da neta de Ricardo, sentando ao lado dela, tomou-lhe as mã os nas suas.
-- Aimê , nã o me importo com nada que aconteceu, ainda gosto muito de ti e desejo que aceite ser minha esposa.
O ilho do prefeito tivera um namoro relâ mpago com a jovem quando ela ainda tinha dezesseis anos, poré m nã o
tinha maturidade para algo sé rio e a garota percebeu que nã o sentia nada mais do que um carinho fraterno pelo moço
simpá tico.
A Alvarenga sabia do sentimento da amiga e nã o acreditava que ela cedesse aos encantos do seu primo.
A esposa de Ricardo sabia que a jovem nã o gostava do rapaz e ultimamente andava tendo suspeitas preocupantes
sobre os sentimentos dela.
-- Nã o precisa me responder agora, pense, nã o te pressionarei, esperarei pacientemente a resposta. – Depositou um
delicado beijo em seus lá bios. – Pró ximo ano me candidatarei nas eleiçõ es, vou ser um homem sé rio. – Gracejou com um
enorme sorriso.
A garota nada disse, pois sabia que nã o tinha como aceitar aquele pedido, ainda mais porque estava apaixonada por
outra pessoa e nã o achava justo enganá -lo ou iludi-lo.
A Alvarenga pigarreou.
-- Por que você nã o mostra a dona Clá udia as propostas que foram feitar para o apartamento, enquanto converso
com a minha amiga?
A senhora Villa Real praticamente arrastou Alex daquela á rea, pois percebia que as garotas queriam icar sozinhas.
Assim que viu o primo deixar o quarto emburrado, a loira sentou ao lado da amiga.
-- Agora me conte o que se passa? – Pediu. – Sei que você nã o está bem, iquei pavorosa quando soube do seu
acidente. – Observou a pequena cicatriz na fronte. – A tal pintora te machucou?
Nã o sabia por onde começar, mas sabia que precisava falar com algué m sobre tudo o que se passou, pois temia icar
louca.
-- Ela nã o me machucou, pelo menos nã o isicamente... – Cerrou os dentes. – Mas eu sinto que meu coraçã o foi
arrancado do meu peito!
-- Como posso amar uma mulher que me odeia? – Afastou-se um pouco. – A Diana sempre deixa claro seu ó dio...
Quero ir embora daqui... – A frase foi interrompida por um espasmo. – Quero icar longe dela, pois é uma tortura horrı́vel está
no mesmo lugar... Temo acabar cedendo...
Percebia como estava sofrendo com os acontecimentos e teve uma ideia para ajudá -la.
-- Pode voltar comigo, pode icar na minha casa! – Arrumou-lhe o cabelo. – Nã o acredito que esse perigoso bandido
possa ousar ir até lá .
Os olhos azuis pareceram menos chorosos naquele momento, imaginando como seria maravilhoso se afastar da
Calligari para sempre.
-- Posso falar com meu tio, ele pode ajudar! – Dizia entusiasmada. – Assim você pode se livrar dessa tal.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 507/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Claro que sim, sua boba! – Beijou-lhe a bochecha. – Sabe que te amo como se fosse minha irmã .
-- Cai da escada!
-- Eu estava desesperada para deixar esse lugar e acabei me desequilibrando. Sou uma tonta!
-- Porque eu me entreguei para a major e logo em seguida ela me tratou com desprezo, deixando claro seu ó dio por
mim.
-- Que ilha da puta! – A loira praguejou alto, levantando-se. – Tirarei você daqui ou nã o me chamo Bianca
Alvarenga.
Conversaram durante mais algum tempo até que a jovem se despediu, prometendo retornar logo para buscá -la.
A noite quando a Calligari retornou icara sabendo que houve visitas no apartamento.
Depois de almoçar com a empresá ria, seguiu até o quartel onde o general estava preso.
Nã o falara com ele, apenas com o responsá vel pelas investigaçõ es e nã o recebeu nenhuma boa notı́cia.
Pensou em ir a algum lugar para tentar se distrair, mas acabou seguindo o caminho de casa.
Segurou o quadro, acariciando o vidro, como se assim pudesse sentir o homem que a protegera sempre...
Deus, como era terrı́vel saber que ele fora cruelmente assassinado!
A major observava a mã e de Otá vio com atençã o. Nã o sabia o que pensar dela ainda, mesmo que soubesse que
como Ricardo, ela també m negligenciara a gravidade da situaçã o.
Clá udia itou a pintora que estava confortavelmente sentada na cadeira de couro alta. Parecia inda mais imponente
naquele momento.
-- Sim! – Assentiu com a cabeça. – Falei com a Ana porque nã o tinha como falar contigo e ela permitiu.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 508/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Deveria ter falado comigo, sou eu quem decido as coisas aqui! – Anunciou calmamente. – Mas já que eu nã o
estava, tentarei nã o levar em conta isso. – Exibiu um sorriso sarcá stico. – O que eles queriam? – Questionou depois de alguns
segundos.
Clá udia gostava de olhar para os olhos das pessoas enquanto falava, mas raramente fazia isso com a Diana, pois
aquele olhar negro exibia deboche, ó dio e ironia o tempo todo.
Suspirou.
-- Entã o, estã o vendendo... – Fitou a ponta do lá pis. – Conseguiu um bom valor?
-- Nã o o que está vamos pedindo, mas estou disposta a aceitar a proposta, assim terei dinheiro para arcar com os
custos do advogado e levar minha neta para um lugar seguro.
-- Nã o seja mais idiota do que a sua neta! – Bateu com o punho fechado sobre a madeira. – Nã o haverá lugar seguro
para você s, enquanto Crocodilo nã o for preso ou morto!
-- Mas o que farei? Aimê se nega a icar aqui! – Levantou-se nervosa. – Hoje Alex a pediu em casamento, ele é o ilho
do prefeito, disse que vai protegê -la, pode ser uma boa, assim podemos icar també m longe do seu ó dio!
-- Ela nã o deixará a minha proteçã o até que o cú mplice do seu ilho seja tirado dessa histó ria! – Disse irme. –
Espero que dissuada Aimê de cometer essa besteira! – Alertou-a.
-- Estou pronta para defender a minha neta de tudo e vou apoiá -la nas decisõ es que tomar. – Falou corajosamente.
-- Nã o discutirei isso com a senhora, apenas aviso que nã o deixe sua amada menininha fazer uma loucura. –
Advertiu-a em voz baixa. – Agora irei falar com ela novamente e tentar convencê -la a fazer a cirurgia!
Clá udia nada disse, pois antes disso, a herdeira de Alexander passou por ela pisando duro.
Em partes sabia que ela estava certa, pois se algué m poderia protegê -la do maldito bandido era a ilha de
Alexander, por outro lado icava a imaginar quem poderia livrá -las da fú ria da salvadora?
Aimê terminava de escovar os dentes quando ouviu a porta do quarto abrir, pensou que fosse a vó .
Terminou o que fazia, arrumou a camisola e já seguia para a cama quando sentiu a presença da dona da casa.
Diana estava sentada em uma poltrona confortavelmente, tendo as pernas longas cruzadas, exibindo posiçã o ereta.
-- Acho incrı́vel que consiga saber que sou eu, mesmo que nã o possa me ver... Sente o meu cheiro? – Provocou-a.
--Diga o que quer, estou com dor de cabeça e gostaria muito de dormir.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 509/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Acho melhor irmos ao hospital, a inal, teve uma pancada forte e pode ter sequelas.
Diana estava tã o perto que sentia o delicioso cheiro se depreendendo do corpo dela. Fitou o decote e viu os seios
levantando e abaixando num ritmo rá pido da respiraçã o.
-- Chega, nã o desejo que me toque! – Deu alguns passos para trá s. – Por favor saia!
Quando icava cheia de desejo nã o conseguia pensar em nada e era assim que estava se sentindo naquele momento.
Enlouquecida, desejosa de senti-la novamente.
-- Amanhã irá com Vanessa ver o doutor Jú lio! – Anunciou calmamente.
-- Eu já disse que nã o irei, já falei que nã o quero nada que venha de ti! – Protestou com a respiraçã o alterada.
-- E eu já disse que você vai e nã o aceitarei suas negativas! – Falava, tentando manter a calma.
-- Você nã o pode me obrigar a nada! Saiba que logo deixarei isso aqui e irei embora com a minha vó . – Retrucou
irritada.
-- Com seu futuro maridinho? – Arqueou a sobrancelha esquerda em provocaçã o. – Ele sabe que você já é casada
comigo?
-- Eu nã o tenho nada contigo! – Esbravejou. – E espero que um dia eu possa esquecer que te conheci, quem sabe
assim nã o serei feliz!
-- Sim, porque sem dú vidas ele será bem melhor do que você ...
Antes que terminasse a frase, sentiu os lá bios sendo esmagados pela boca cruel da Calligari.
Cerrou os dentes para deter a invasã o, espalmou as mã os contra o peito da odiosa mulher, mas foi surpreendida por
um abraço.
Tentou empurrá -la, mas tinha a impressã o que uma né voa estava se apossando de sua mente, enfraquecendo seu
raciocı́nio.
Sentiu a lı́ngua da morena delinear sua boca, buscando passagem, o há lito quente era um afrodisı́aco irrecusá vel,
ainda mais quando lembrava de como aquele ser tã o grosseiro conseguia tornar um simples beijo uma verdadeira descarga
de eletricidade.
Quando pensou que nã o suportaria mais, a herdeira de Alexander se afastou inesperadamente.
-- Amanhã você irá com a Vanessa e se eu tiver que voltar aqui... Vai se arrepender!
Cobriu o rosto.
Selvagem!
Selvagem!
Selvagem!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 510/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ouviu a porta abrir e por um segundo imaginou se a major teria voltado para terminar o que havia começado.
-- Diana te fez algo? Ela passou como um furacã o por mim! – Clá udia indagou preocupada.
Fitou o rosto corado da neta e imaginou o que poderia ter se passado, nã o chegando nem perto do ocorrido.
-- Nã o... – pigarreou – nã o fez nada, apenas está possessa porque me nego a fazer a cirurgia.
-- E o que pensa em fazer? Diana deixou claro que vai te obrigar a se submeter ao processo.
-- A Calligari nã o pode me obrigar a nada! – Disse irritada. – Ela nã o pense que vai me tratar assim, porque nã o vai!
– Cruzou os braços sobre os seios.
Clá udia nã o conhecia essa natureza rebelde da ilha de Otá vio, poré m conseguia ver em seu olhar a determinaçã o e
isso a assustava, ainda mais por que a ilha de Alexander era muito orgulhosa para baixar a cabeça diante das vontades
alheias.
Meneou a cabeça fazendo uma oraçã o silenciosa para que tudo pudesse dar certo.
Diana subiu as escadas como se estivesse sendo perseguidas por mil demô nios.
O rosto estava esfogueado, a pele parecia ter sido exposta a um incê ndio.
Apenas a luz da luminá ria iluminava o lugar... A penumbra era acolhedora e pela janela aberta se podia ver a lua
grande e majestosa no cé u cheio de estrelas.
Suspirou!
Aimê Villa Real ainda iria enlouquecê -la de uma vez por todas.
Desejou amá -la ali mesmo... Desejou pressioná -la contra a parede, rasgar as pequenas peças que a cobriam e colar-
se a ela... Inundar-se com seu mel... Possuı́-la...
Mesmo que ela negasse, sabia que també m a queria... Sentiu os seios reagirem ao seu toque...
As mã os tremiam...
Tirou o sapato de salto e em seguida foi a vez da calça se juntar a pilhas de roupas no chã o.
Usava uma sensual lingerie vermelha. A calcinha em renda e o sutiã com bojo para acolher os seios redondos de
forma perfeita.
Nã o sabia como conseguira parar... Seu sexo latejava para se unir ao dela... Recordou-se da boca inocente
percorrendo aquele caminho...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 511/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
“Entre dentro de mim... – Pediu em um sussurro cheio de desejo. – Gosto de sentir seus dedos me
invadindo...”
Mordiscou o lá bio inferior demoradamente, tentando conter a chama que lhe queimava.
Respirou fundo...
Mordiscou a mã o demoradamente, depois passou a lı́ngua pelo polegar, recordando do sabor da Villa Real.
Acariciou...
Lembrou-se da primeira vez que teve as mã os delicadas da ilha de Otá vio neles...
Gemeu...
Aumentou mais a pressã o, sentindo aquela agonia aumentar em seu sexo... Tocou-o sobre a calcinha...
Usava as pontas dos dedos, passeava lentamente... Apertou... Enquanto apalpava os seios...
Sua mente foi invadida por imagens da noite de amor... A lı́ngua da jovem brincando com seu clitó ris e entrando
dentro de si... Conhecendo seu interior... Explorando... Chupando...
Gemeu baixinho...
Sem conseguir aguentar por mais tempo, adentrou o espaço... Estava tã o escorregadia, molhada... Cruelmente
molhada.
Os dedos começaram a passear delicadamente, mas logo ela alternava entre movimentos mais fortes e depois mais
leves...
Penetrou-se impetuosamente...
Nã o demorou muito ao prazer total chegar, molhando seus olhos, fazendo-a cair em um pranto incontido, enquanto
um vazio enorme tomava conta de si.
-- Deu viagem perdida, Vanessa, nã o irei a lugar nenhum contigo! – A garota falou em tom de desa io.
A empresá ria nã o pareceu surpresa com a negativa, já estava pronta para usar todos os argumentos para convencê -
la quando a porta se abriu.
Diana Calligari!
O rosto trazia uma expressã o debochada, um sorriso sarcá stico brincava no canto dos lá bios bem feitos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 512/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 513/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Deu viagem perdida, nã o irei a lugar nenhum contigo! – A garota falou em tom de desa io.
A empresá ria nã o pareceu surpresa com a negativa, já estava pronta para usar todos os argumentos para convencê -
la quando a porta se abriu.
Diana Calligari!
O rosto trazia uma expressã o debochada, um sorriso sarcá stico brincava no canto dos lá bios bem feitos.
A senhora Villa Real observou a expressã o decidida da pintora, enquanto via Aimê bater o pé , negando-se
totalmente a se submeter a ela.
Decidiu se intrometer:
-- Filha, por favor, pense bem, se deseja tanto ir embora, defender-se sozinha, enquanto for cega continuará sendo
uma presa fá cil para Crocodilo.
Tivera uma noite terrı́vel depois da ú ltima visita da major e quando dormira um pouco, tivera a sensaçã o que seu
corpo tinha sido tomado pela herdeira de Alexander.
Deus, claro que ela desejava voltar a enxergar e desde que soubera dessa possibilidade icara eufó rica, entretanto, o
problema era depender da mulher que a ferira tanto para isso.
Ainda doı́a em seu ı́ntimo recordar de como fora burra em se declarar e em seguida ser alvo de deboche, humilhada
de forma a feri-la cruelmente.
Diana fez um gesto para que Clá udia e Vanessa deixassem o quarto.
A empresá ria colocou a mã o sobre o ombro da mulher de Ricardo, auxiliando-a a deixar os aposentos.
Quando icaram sozinhas, a Calligari se sentou na poltrona, cruzando elegantemente as longas pernas.
Sabia que a garota parada no meio daquele quarto era teimosa, percebia que nã o seria fá cil convencê -la a fazer
algo, se esbravejasse seria pior, a menos realmente que estivesse disposta a arrancá -la dali pelas lindas e delicadas madeixas.
-- Está agindo como criança! – Falou calmamente. – Nã o estou te dando nenhuma esmola, estou apenas tentando
me redimir de algo terrı́vel que iz... Deveria me dá essa chance para eu nã o queimar totalmente no fogo do inferno por mais
um pecado. – Debochou.
Aimê ouvia a explicaçã o sarcá stica, parecia ponderar tudo com atençã o.
-- Aceite o que estou te oferecendo... Nã o quero obrigá -la a fazer nada, ainda mais quando se trata de uma cirurgia
que te devolverá a visã o... Quero que o faça, que possa, como sua vó disse, se defender de tudo o que possa acontecer... Quero
que faça a melhor escolha.
-- Prometo que nã o me aproximarei, nem mostrarei minha desagradá vel cara quando voltar a enxergar. – Gracejou
com um sorriso.
Aimê levantou a cabeça na direçã o dela, os olhos azuis brilhavam em lá grimas.
-- Quero ir embora, Diana, quero me afastar de ti... Nã o posso icar pró xima de você ...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 514/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Era dolorido ouvir aquilo, ainda mais por saber que fora a ú nica responsá vel por plantar aquele desprezo dentro
dela.
Levantou-se.
-- Vá com a Vanessa! Faça o que deve ser feito e depois disso prometo que pensarei carinhosamente na sua vontade
de ir embora.
Seguiu até a porta, mas antes de sair, olhou mais uma vez para a ilha de Otá vio.
Observou a Villa Real sentada na cama, via a tristeza em seus olhos azuis, era parecida com a que a Calligari tentara
disfarçar ao deixar o quarto.
Nã o entendia como pessoas que se amavam poderiam viver se repelindo daquele jeito.
Estava claro o que ambas sentiam, mas infelizmente Otá vio até morto continuava a destruir a vida da major.
A garota umedeceu o lá bio superior, depois levantou a cabeça para a mulher.
-- Vanessa... – iniciou hesitante – a Diana já se apaixonou por algué m em sua vida?
-- Por quê ?
-- Eu acho que deve ser interessante ver a arrogante major se desmanchar em amor por algué m... Se dobrar a
vontade alheia...
-- Nã o é isso que você faz com ela? – Mordeu a lı́ngua para nã o se desmanchar em gargalhada.
-- Um dia quando voltar a enxergar e tiver a oportunidade, olhe nos olhos da Diana quando ela estiver contigo...
-- Bem, vou chamar sua vó para te ajudar a se arrumar, quero sair logo.
Estava presa em seus pensamentos e em seus temores, ainda mais quando se tratava da intratá vel an itriã . Em
alguns momentos icava confusa diante da pintora, pois percebia que em algumas situaçõ es ela tentava segurar o terrı́vel
gê nio, mas na maioria das vezes agia com maior grosseria possı́vel.
Nã o tirava da Calligari o direito de sentir tanta raiva da sua famı́lia e isso era algo terrivelmente frustrante, pois
sabia que fazia parte daquele cı́rculo e doı́a muito entender que a mulher que amava nã o podia sentir o mesmo por si.
As vezes tinha vontade de abraça-la bem forte e mantê -la ali para que nada as separasse, em outras, queria fugir
para longe e nunca mais ouvir mençã o a ela.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 515/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Estou tã o feliz que tenha aceitado, desejo tanto que possa voltar a enxergar. – Beijou-lhe o topo da cabeça. –
Ricardo vai icar tã o feliz quando você for o visitar e poder vê -lo. – Afastou-se um pouco, segurando-lhe as mã os.
-- Acho que estamos esquecendo dele, raramente saı́mos para vê -lo... – Dizia tristemente. – Queria que ele saı́sse
daquela prisã o o mais rá pido possı́vel.
-- O advogado está trabalhando para isso e logo ele retornará para o nosso lado e vamos poder ser muito felizes.
Clá udia seguiu para arrumar as roupas, enquanto a jovem permanecia perdida em seus pensamentos.
Vanessa seguiu até o escritó rio, sabia que Diana tinha ido para lá .
Quem nã o a conhecesse bem, imaginaria uma cena normal, equilibrada até , poré m a empresá ria sabia como aquela
má scara era enganosa.
-- Otimo, você icará responsá vel por ela a partir de agora. – Baixou a tela. – Participarei da exposiçã o na França,
acabei de aceitar o convite, hoje mesmo viajarei.
Fitou-a demoradamente.
Rara eram as vezes que a pintora participava desses eventos sozinhas, nã o demonstrava muita paciê ncia para isso.
-- Pensei que nã o fosse, tinha deixado claro a sua antipatia pelos organizadores... – Falava pensativa. – Nã o me diga
que está precisando de dinheiro! – Debochou.
-- També m aproveitarei para checar uma pista que os detetives me passaram sobre o paradeiro do Crocodilo.
-- Eu nã o acredito que depois de tudo, ainda está atrá s desse homem! – Repreendeu-a. – Quase foi alvejada da
ú ltima vez e o coronel deixou claro para manter distâ ncia da operaçã o.
-- E desde quando eu recebo ordens de algué m? – Indagou irritada. – Nã o vou esperar que aqueles idiotas consigam
solucionar esse caso, nã o acredito que terã o sucesso, ainda mais se o maldito bandido seguir pela loresta, como é de
costume.
-- Ah, sim, e você tem todas as chances de prendê -lo! – Levantou-se exasperada. – As vezes tenho a impressã o que
deseja se matar, na verdade sempre tive essa impressã o, poré m agora parece mais caprichosa em conseguir esse intuito.
A pintora suspirou.
-- Eu só desejo fazer esse homem pagar! – Disse por entre os dentes.
-- Claro, eu tinha esquecido que você é a cobradora! O Rubem Fonseca vai acabar pedindo os direitos autorais dessa
histó ria!
-- Sabe que eu entendo a Aimê , eu realmente entendo a raiva que ela sente de você , eu no lugar já teria feito uma
mandinga para te ver ajoelhada aos meus pé s.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 516/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Acho que você nã o está muito bem, deveria tomar um chá ! – Ironizou.
A empresá ria se aproximou, apoiando as mã os na mesa e inclinando o corpo para a frente.
-- A mulher que você ama vai fazer a cirurgia que poderá devolver a visã o e ao invé s de você está presente para
mostrar esse rosto lindo, você vai caçar esse Crocodilo! – Deu um riso nervoso. – Eu concordo com a Villa Real, no tocante a
personalidade, parece que mil demô nios habitam sua alma... Mas, meu bem, você é muito linda, maravilhosa, uma deusa,
arrogante como elas, mas ainda perfeita... Entã o se mantiver a boca fechada e nã o estreitar esses olhos ou revirá -los, tenho
certeza que vai ser amor à primeira vista!
Diana acabou rindo das palavras da amiga, na verdade gargalhou tanto que os olhos encheram de lá grimas.
-- Só pode ser piada, pois eu tenho certeza de que a ú ltima pessoa nesse mundo que Aimê deseja ver, sou eu! – Seu
rosto voltou a icar sé rio. – Por isso deixarei tudo em suas mã os! – Levantou-se. – També m aproveitarei esses dias para ir ao
encontro da minha tia.
-- Você sempre me pareceu uma mulher tã o forte, mas diante do amor, recua como um coelhinho assustado.
-- Ok, você deseja ouvir, entã o abra bem seus ouvidos! – respirou fundo. – Eu a amo sim, amo-a muito, amo-a como
jamais imaginei que amaria, na verdade, nunca tinha sentido isso e se pudesse arrancar isso de dentro do meu peito, já teria
feito.
-- Por quê ?
-- Porque eu nã o consigo separar a Aimê que eu amo da ilha de um assassino que destruiu a minha vida... – Bateu
com o punho fechado sobre a mesa. – Acha que nã o gostaria de deixar tudo no passado? Acha que nã o já tentei? – Os olhos
negros faiscavam. – Eu nã o consigo! – Baixou a cabeça. – Acha que é uma tarefa fá cil tê -la sob meu teto? Nã o sabe como me
desesperei quando ela sofreu aquele acidente, como me senti culpada... – Fitou-a. – Eu estou condenada a penar, enquanto a
ter por perto... Preciso pegar o Crocodilo, assim ela nã o correrá mais risco e poderá viver em paz... Longe de mim!
Sempre soube da dor da major, mas vê -la colocar tudo em palavras a levou ao extremo.
Desejou ir até ela e abraça-la, mas conhecia bem a morena e tinha certeza de que ela nã o aceitaria nenhuma
demonstraçã o de pesar.
A pintora assentiu.
A empresá ria deu a volta na mesa, indo até onde ela estava.
-- Você acabou de ganhar pontos comigo... – Afastou-se alguns centı́metros. – Cuide-se e prometo cuidar do seu
amor. – Segurou-lhe o queixo. – Seja cordata na exposiçã o, aquelas pessoas gostam bastante das suas obras e devem estar
eufó ricas porque pela primeira vez você aceitou o convite.
Vanessa sorriu.
-- Eu sei que você vai conseguir ser muito feliz ao lado da Villa Real e ainda vai ter vá rios bebê s, todos bronzeados e
com essa carranca grande para eu levar pra passear.
Diana a viu se afastar sem olhar para trá s e icou grata por aquilo.
Sabia que aquilo era o melhor a ser feito, mesmo que soubesse que aquele passo signi icaria a sua total condenaçã o.
Fechou os olhos por alguns segundos e a imagem da Aimê veio em sua mente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 517/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Lembrou do desprezo que demonstrara inú meras vezes nos ú ltimos dias.
Precisava mantê -la distante de si, pois temia nã o controlar o desejo de tê -la em seus braços, de senti-la, unir-se a
ela...
Doutor Jú lio Romanofe se mostrou bastante entusiasmado e ao recebê -las em seu consultó rio, explicou todo o
processo que a jovem se submeteria.
Esclarecia que nã o seria uma operaçã o simples, devido aos longos anos que a Villa Real perdeu com especialistas
que nã o entendiam bem do assunto.
Depois do acidente que sofrera, a ilha de Otá vio tinha passado por algumas cirurgias, mas os poucos recursos que
tinham para investir nã o foram su icientes para irem mais longe.
Há anos, Jú lia vinha fazendo pesquisas naquela á rea e conseguira resultados ó timos, mas no paı́s era a primeira vez
que tentava a proeza.
-- Quero que entendam que o procedimento é bastante delicado, mas temos muitas chances de obter sucesso.
-- Onde está a Alessandra? – Indagou, enquanto prescrevia algumas coisas. – Ela estava tã o entusiasmada que
imaginei que seria a primeira a estar aqui hoje
-- A Diana precisou viajar – Disse, mirando a jovem de soslaio-- nesse momento deve estar indo para o aeroporto,
poré m me pediu para lhe informar sobre tudo.
-- Otimo! – O doutor levantou. – Hoje você ica interna! Já reservei um apartamento para que ique assim que sair da
sala de cirurgia. As duas poderã o acompanhá -la.
A Villa Real parecia pensativa, enquanto passava por uma bateria de exames.
Na verdade, estava a imaginar a onde tinha ido a Calligari. Assustava-se ao imaginar que ela poderia estar correndo
risco indo atrá s do Crocodilo.
Clá udia foi até o banheiro, enquanto só a empresá ria e a enfermeira acompanhavam a garota.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 518/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Vanessa suspirou.
Estava na ponta da lı́ngua despejar toda preocupaçã o que estava sentindo com a pintora, mas sabia que nã o
poderia perturbar a calma da garota, ainda mais agora.
-- Tem certeza de que ela nã o está se arriscando em uma caça à quele bandido? – Indagou descon iada. – Nã o
deveria permitir que ela izesse isso!
-- Meu anjo, eu conheço a Diana há tanto tempo e nunca consegui dissuadi-la de uma ideia quando coloca naquela
cabeça.
-- Naquele dia que estivemos no quartel você disse que o coronel tinha proibido que ela se metesse nesses
assuntos. – Dizia pensativa. – Por quê ?
-- Deus!
-- Mas nã o deve se preocupar, ela foi para França, vai participar de uma exposiçã o. – Tentava amenizar a
preocupaçã o que via na testa franzida.
-- Ainda nã o sei, pois comentou que ainda vai visitar a Dinda.
-- Você vai falar com ela? Pode me dizer se ela está bem?
A empresá ria via como havia amor entre aquelas duas mulheres e doı́a ver como perdia tempo se digladiando.
Aimê fez um gesto de assentimento com a cabeça, mas isso nã o era su iciente para convencer seu coraçã o de que
tudo icaria bem.
Lembrou-se do dia que estavam na loresta, recordou-se de quando icara sabendo que ela tinha sido alvejada pelos
bandidos.
Mexeu-se na cama.
-- Fique imó vel! – A enfermeira pediu. – Nã o deve se mexer, enquanto fazemos os exames.
-- Certo, desculpe-me!
Sabia que dormir nã o seria uma opçã o, pois nã o conseguia fazê -lo durante voos.
A elegante aeromoça apareceu oferecendo um delicioso vinho, mas a Calligari dispensou, decidindo-se pela á gua.
Desejava se manter só bria, pois quando bebia acabava se entregando aos sentimentos e isso doı́a mais.
Depois de ler a mesma pá gina trê s vezes e nã o conseguir entender, fechou a brochura.
Olhou pela janelinha... Depois observou os passageiros que estavam ao seu lado.
Um senhor de aparê ncia simpá tica lia uma revista, na outra poltrona uma adolescente dormia tranquilamente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 519/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Desejava ter icado ao lado da Villa Real naquele momento. Adoraria ver aqueles lindos olhos voltarem a enxergar,
mas sabia que sua presença nã o seria algo bené ico para a menina.
Deus, como fora se apaixonar pela ilha do desgraçado que lhe tirou tudo?
Odiava ainda mais Otá vio, pois mesmo depois de morto, ele ainda lhe tirara a chance de ser feliz com a mulher que
amava.
Aimê tinha todas as razõ es do mundo para odiá -la, a inal, fora humilhada cruelmente depois de ter se entregado e
confessado seu amor.
Engoliu em seco.
O melhor seria que ela casasse com o tal de Alex, assim, ela poderia ser feliz e ter algué m para amá -la sem medo e
má goas.
Só em pensar que ela seria tocada por outro a enlouquecia, só em pensar que ele acordaria ao seu lado e veria
aqueles lindos olhos se abrirem de manhã junto com um sorriso...
Suspirou!
O melhor a fazer era se concentrar na sua busca por Crocodilo, só assim Aimê poderia viver em paz.
Ouviu o choro de uma criança e sorriu ao ver o bebê no colo da mã e na ileira do lado.
Quando a Villa Real tivesse um ilho teria aqueles olhos grandes e azuis e aquela aparê ncia de anjo.
Ela a levaria para passear, brincaria e faria palhaçada para arrancar risos da criança... E depois da cirurgia ela
poderia ver o rosto dela.
Dois longos dias depois, Aimê se submetia a uma cirurgia que durara longas horas.
Doutor Jú lio contara com o auxı́lio de dois mé dicos alemã es que estudaram o caso junto consigo.
Já era noite quando o mé dico deixou a sala acompanhado dos colegas.
A empresá ria se adiantou até ele, enquanto a senhora Villa Real mal conseguia se manter de pé com as pernas
trê mulas.
-- De nossa parte podemos dizer que foi um sucesso, agora precisamos esperar para ver se o resultado foi o
esperado.
-- Mas tem risco de que nã o dê certo? – Clá udia indagou assustada.
-- Eu disse que terı́amos noventa por cento de chances de que tudo saı́sse bem, entã o esperamos que quando os
curativos forem tirados, Aimê consiga enxergar. – Bateu amigavelmente nas costas das mulheres. – Calma, vamos ter fé ! Daqui
a algumas horas ela será levada para o quarto e você s poderã o icar com ela.
-- Precisamos ter calma, tudo vai icar bem... O doutor é um dos melhores do mundo! – Tentava encorajar a Villa
Real.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 520/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Tenho medo que as coisas deem errado... Aimê já tinha se submetido a uma intervençã o, mas nã o deu certo e
depois nã o tivemos mais condiçõ es de custear
Calligari.
Diana tinha saı́do cedo, foi até uma boate conhecida em Paris para tentar se distrair e naquele momento tinha
acabado de chegar no hotel.
Vanessa suspirou.
-- Acabou agora, mas ainda nã o sabemos o resultado. Jú lio falou que temos que esperar.
-- Diana, eu estou quase sem bateria porque de um e um minuto você me ligou... Acho que nunca em dez anos
tı́nhamos falado tanto como hoje.
Nã o era nada fá cil lidar com a major, ainda mais quando se tratava da Villa Real.
Alguns dias depois, Jú lio estava no quarto, pronto para tirar os curativos.
-- Mantenha os olhos fechados! – O cirurgiã o se livrava aos poucos das proteçõ es. – Tenha calma...
Afastou-se um pouco.
-- E entã o?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 521/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Mordiscou o lá bio inferior por interminá veis segundos, até que balbuciou.
Diana nã o conseguira se manter distante depois da notı́cia aterradora que recebeu de Vanessa.
A pintora subiu as longas escadarias com passos rá pidos, nã o parecendo se incomodar com o alegante sapato de
saltos inos que adornavam seus lindos pé s.
Ao adentrar o espaço silencioso e frio, os olhares das recepcionistas se voltaram para si.
Diana usava calça social ajustada à s pernas longas e torneadas, na cor azul marinho, camisa social branca e
terninho combinando com os trajes baixos.
-- O doutor Romanofe a espera! – A mulher se antecipou, temendo ser alvo do terrı́vel gê nio da pintora. – Pode me
acompanhar.
-- O que houve? – Questionou imediatamente. – Disse-me que existia grandes chances dela recuperar a visã o.
-- Eu estou aqui há horas olhando esses papé is, vendo que tudo está bem com a Aimê , mas ela nã o enxerga. –
Entregou-lhe. – Creio que algo interno está bloqueando! O problema foi corrigido, mas nã o consegue ver. – Suspirou. – Pedi ao
neuro para dar uma olhada nela.
-- Mas você nã o tinha falado sobre algo assim! – Devolveu a ele. – Quando nos encontramos a primeira vez deixei
claro que nã o desejava dar falsas ilusõ es para ela, eu disse, pois imagino como isso deve ser doloroso. – Queixou-se.
-- E eu te disse que terı́amos chances, examinei-a e tive certeza disso, mas há outras coisas envolvidas. – Explicava
com calma.
Romanofe a encarou.
Nã o precisava ter uma bola de cristal para perceber o interesse que Diana tinha na moça.
Diana se levantou.
Tinha a impressã o que mais uma vez algo escapava das suas mã os.
Desde que icara sabendo do ocorrido se arrependeu de nã o ter icado ali, mesmo diante do desprezo de Aimê ,
deveria ter icado ao seu lado.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 522/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Andava distraı́da, quando se deparou com Vanessa, que lhe deu um caloroso abraço.
-- Veio do aeroporto direto para cá ? – Questionou, afastando um pouco para vê -la melhor. – Nã o parece nada bem.
A empresá ria sabia que isso seria motivo de irritaçã o, mas nã o tivera coragem de dizer, esperando que um milagre
ocorresse e a jovem voltasse a enxergar.
-- Desculpe-me, mas eu preferi esperar, ainda mais por que o Romanofe disse que seria questã o de tempo ela se
recuperar... Apenas queria te dar uma notı́cia boa.
-- No quarto, está dormindo, pois precisou ser medicada para fazer alguns exames.
-- Nã o, infelizmente a famı́lia Villa Real nã o parece muito agraciada pela sorte.
-- Pneumonia! Está muito debilitado. Vitor entrou com um pedido de habeas corpos!
A pintora apenas fez um gesto de assentimento com a cabeça, enquanto observava as postas dos quartos.
-- Ficará com ela? – Indagou esperançosa. -- Preciso ir a minha casa trocar de roupa... També m tenho umas coisas
para resolver.
A morena mordiscou o lá bio inferior, parecia hesitar diante da possibilidade oferecida.
-- Nã o acho que a minha presença faça bem, ainda mais depois disso.
-- Nã o pense assim... Sabe que Aimê me surpreendeu, pois em nenhum momento ela demonstrou desespero,
mesmo eu sabendo que isso a deixou muito triste, ela age como se tudo estivesse bem. Apenas icou agitada quando soube do
avô , mas ela está bem, melhor do que nó s.
A Calligari assentiu.
Vanessa fez um gesto a irmativo com a cabeça, enquanto via a artista seguir em passos relutantes até o quarto.
Havia uma cama que era ocupada pela paciente, uma que servia para a acompanhante e um confortá vel sofá .
Diana entrou e seu olhar foi atraı́do imediatamente para a jovem que dormia no leito.
Levou a mã o ao peito, pois temeu que o coraçã o saı́sse a qualquer momento.
Lentamente seguiu até ela e desejou poder abraçá -la bem forte e dizer que tudo icaria bem e que nã o a deixaria
sozinha jamais.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 523/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estendeu a mã o para acariciar sua face, mas nã o o fez, temendo despertá -la.
Seria capaz de doar os pró prios olhos para que Aimê pudesse voltar a enxergar.
Nã o conseguiu evitar se sentir culpada por ter dado esperanças a ela.
A Villa Real piscou vá ria vezes, sentiu os olhos arderem... Doı́am...
Fechou-os...
Sentia-se cansada de tantos exames, cansada de estar naquele lugar... Desejava ir embora o mais rá pido possı́vel,
voltar a sua vida...
Nã o queria ter se submetido à quela cirurgia, pois sabia que aquele fracasso feria muito os que a amavam... Quanto a
ela, estava acostumada com aquela escuridã o... Mesmo que tivesse acalentado por em segredo o enorme desejo de poder ver
novamente as estrelas... As lores...
Sentiu algo muito forte em sua direçã o, como um farol alto de um carro...
Estaria sonhando?
Deus!
O nariz forte e a ilado, arrebitado e orgulhoso... A boca grande, de sensuais lá bios carnudos...
Engoliu em seco.
Abriu a boca para falar, mas só depois de um grande esforço, conseguiu verbalizar.
-- Diana...
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 524/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Notas do autor:
Voltei... Terã o um capı́tulo enorme que vai valer por dois... kkkkkkk
Tive um probleminha...
Havia uma cama que era ocupada pela paciente, outra que servia para a acompanhante e um confortá vel sofá . Havia
també m uma mesinha para pequenas refeiçõ es.
Diana entrou e seu olhar foi atraı́do imediatamente para a jovem que dormia no leito.
Levou a mã o ao peito, pois temeu que o coraçã o saı́sse a qualquer momento.
Lentamente seguiu até ela e desejou poder abraçá -la bem forte e dizer que tudo icaria bem e que nã o a deixaria
sozinha jamais.
Estendeu a mã o para acariciar sua face, mas nã o o fez, temendo despertá -la. Temendo ver toda a rejeiçã o e
desprezo que semeara em seu peito.
Seria capaz de doar os pró prios olhos para que Aimê pudesse voltar a enxergar.
Nã o conseguiu evitar se sentir culpada por ter dado esperanças a ela... Nã o bastava ter sido a causadora de tamanha
desgraça?
A Villa Real piscou vá ria vezes, sentiu os olhos arderem... Doı́am...
Fechou-os...
Sentia-se cansada de tantos exames, cansada de estar naquele lugar... Desejava ir embora o mais rá pido possı́vel,
voltar a sua vida...
Nã o queria ter se submetido à quela cirurgia, pois sabia que aquele fracasso feria muito os que a amavam... Quanto a
ela, estava acostumada com aquela escuridã o... Mesmo que tivesse acalentado por em segredo o enorme desejo de poder ver
novamente as estrelas... As lores...
Sentiu algo muito forte em sua direçã o, como um farol alto de um carro...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 525/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estaria sonhando?
Deus!
O nariz reto e a ilado, arrebitado e orgulhoso... A boca grande, de sensuais lá bios carnudos...
Engoliu em seco.
Abriu a boca para falar, mas só depois de um grande esforço, conseguiu verbalizar.
-- Diana...
Imaginou se seria algo bom con irmar sua presença ou ingir que nã o estava ali para nã o a atormentar naquele
momento difı́cil.
Encarou-a por um bom tempo e teve a impressã o que ela itava em seus olhos.
Mirou o pescoço esguio... A sobrancelha bem feita e arqueada... O maxilar forte... A pele bronzeada...
Fechou os olhos mais uma vez, apertando-os, mas logo voltou a abrir...
A ilha de Alexander continuava parada, tentava ao má ximo nã o fazer barulho e buscava controlar a respiraçã o,
assim nã o denunciaria sua presença e causaria mais danos a esposa.
A Calligari a itou e mais uma vez teve a impressã o que ela olhava diretamente para si.
Era aquela boca deliciosa que a dominava sem muito esforço... Era por eles que esqueciam até o pró prio nome...
Vê -la era uma emoçã o sem igual... Chegou até mesmo esquecer sua raiva.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 526/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o queria que icasse exaltada com a minha presença... – Engoliu em seco. – A Vanessa nã o vai demorar para vim
icar contigo. – Cruzou os braços sobre os seios. – Deseja que eu saia?
Entã o era aquela a mulher que a salvara e destruı́ra seu coraçã o...
-- Como pode ser ainda mais bela do que um dia imaginei... Como poderei lidar com isso?
A confusã o estava estampada na expressã o de Diana... Mas logo um enorme sorriso embelezava mais ainda sua
face.
A Villa Real parecia maravilhada, enquanto desenhava os lá bios com os dedos... Observando-os com atençã o... Um
fruto pecaminoso com certeza...
-- Pensei que você só exibisse sorrisos sarcá sticos, major... Nã o sei se estou pronta para ver algo tã o lindo...
-- Mas como? – Dizia em um io de voz. – Está me vendo, Aimê ? – Tomou-lhe o rosto nas mã os, aproximando as
faces, itando intensamente o mar azul, inspecionava. – Deus, você está conseguindo me ver... Consegue me ver... Consegue me
ver... – Repetia emocionada.
A ilha de Otá vio se permitiu aquele momento, sentindo-a, ouvindo as palpitaçõ es dos coraçõ es pulsando acelerado.
Sentiu as lá grimas correndo livres e nã o fez nenhum esforço para contê -las.
Nunca em sua vida sentira uma emoçã o tã o grande... Uma felicidade invadia seu peito.
Sim, aquilo era o amor que Vanessa falava tanto... Aquele sentimento que a deixava tã o frá gil era o mesmo que
Camõ es proclamava em suas poesias.
A Calligari sentiu as carı́cias na pele, fechou os olhos por alguns segundos e quando os abriu, a neta de Ricardo a
encarava.
Fitou os lá bios rosados... e mais uma vez usou o polegar para tocá -los, nã o apenas usando o tato para sentir a
maciez, mas també m agora os enxergava e isso complementava ainda mais seu encantamento.
Engoliu em seco...
Diana viu os dentes alvos abertos em um sorriso e nã o conseguiu conter o ı́mpeto que pulsava em seu peito.
Aimê manteve os olhos abertos no inı́cio, mas logo os fechou, abraçando a pintora pelo pescoço, enquanto se
permitia senti-la mais uma vez.
Por que só naquele momento tinha a impressã o que o planeta voltava a sua ó rbita.
As bocas se encontravam com delicadeza, um pouco receosas, mas aos poucos inteiras novamente... O mundo
parecia voltar ao normal naquele momento.
A Villa Real foi ousada, seguindo em busca da lı́ngua da Calligari... Logo elas se encontravam...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 527/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A neta de Ricardo apertou-a mais forte, perdida naqueles lá bios que amava tanto...
Apertou-a...
Choramingou implorando por mais... Precisava de tudo que ela podia lhe dar...
Abraçou-a mais forte... Prendendo-a, como se temesse que ela se afastasse de novo.
Escutaram batidas na porta e em fraçõ es de segundo se separam ao ouvir a voz de Clá udia.
-- Voltei, ilha...
Nos ú ltimos dias vinha prestando mais atençã o nas reaçõ es da neta e nã o era raro dormir ao seu lado e ouvi-la
sussurrar o nome da major... Teria a garota també m sido enfeitiçada por aquela ı́ndia de olhos tã o negros?
-- Apesar do tempo, vovó , a senhora continua tã o linda quanto eu guardava na minha memó ria.
Clá udia se desmanchou em lá grimas antes de conseguir chegar nos braços estendidos da neta.
Ouvia os sussurros de agradecimento da mulher que um dia odiara tanto e percebia como o amor dela era sincero,
realmente amava a ilha do coronel e a protegia de todos.
Viu os olhos azuis se voltarem novamente para si e precisou se segurar para nã o ir até ela mais uma vez... Ainda se
sentia em chamas depois da carı́cia trocada.
-- Vou avisar ao Romanofe, quero que ele te examine! – Colocou as mã os nos bolsos, enquanto deixava o quarto.
Aimê fechou os olhos, concentrando-se no reconfortante abraço daquela mulher que a cuidou com tanto amor a
vida toda.
Meu Deus!
Por quê ?
Sentia aquela força indomá vel novamente gritar mais alto agora...
-- Filha, isso é um verdadeiro milagre! – Clá udia a mirava. – Meu Deus, nã o consigo acreditar que seus olhinhos
voltaram a ser como antes.
A porta se abriu e a Villa Real sentiu o coraçã o bater mais forte, poré m apenas o doutor Jú lio entrou.
-- O seu psicoló gico desbloqueou! – Disse com um enorme sorriso. – Quem foi responsá vel por tamanha proeza?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 528/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê pegou o pequeno retâ ngulo, enquanto observava com atençã o o rosto.
Viu a pequena cicatriz na fronte... Demorou-se nos olhos e percebeu como brilhava em lá grimas.
-- Faz tanto tempo... – Tocava o vidro com os dedos. – Passaram tantos anos... E como se tudo fosse novo... Como se
me mudasse para uma casa diferente... mó veis diferentes... – Fitou os dois. – Obrigada, doutor, obrigada por me devolver a
visã o.
-- Eu ico feliz pelos agradecimentos, mas acho que se tem algué m que mereça eles, essa pessoa, com certeza, é a
Alessandra Calligari. Há mais o menos uma hora, ela entrou em total desespero em meu consultó rio... – O mé dico encarou
Aimê . – E inegá vel o apresso que tem por ti, vejo isso desde a primeira vez que entramos em contato.
-- Bem, voltarei para o meu consultó rio e ico muito feliz por sua recuperaçã o.
-- Amanhã mesmo!
Aimê suspirou.
-- Vai ver! – Pegou o celular. – Mandarei mensagens para Bianca e o Alex, ele vai icar louco, querendo te ver... –
Começava a digitar. – Você vai icar encantada quando vê -lo, é um rapaz lindo, parece aqueles atores de Hollywood.
A Villa Real ouvia a avó falar, mas nem mesmo conseguia prestar atençã o, pois sua cabeça estava presa naquela
porta, desejando inconscientemente que a major retornasse, desejava vê -la novamente, gostaria de icar apenas olhando-a,
admirando-a.
-- Meu Deus, está com a aparê ncia pé ssima! – Comentou sentando ao lado dela. – Poderia ter ido para casa ou
dormido no quarto com a Aimê .
-- Estava com tanto sono que nem percebi como era desconfortá vel.
-- Poderia ter ido pra casa, você disse que Clá udia tinha retornado.
-- Fiquei temerosa de que precisassem de alguma coisa e como você nã o estava, decidi icar.
Vanessa sorriu.
-- Você a viu?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 529/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sim, mas a minha beleza nã o a impressionou tanto quanto a sua! – Relanceou os olhos, imitando-a.
-- Entã o ela já está pronta para retornar? – Levantou-se, enquanto mexia o pescoço de um lado para o outro.
-- O mé dico já liberou, ela está apenas se arrumando para irmos.
-- Nã o fugirei para lugar algum! – Retrucou aborrecida. – Vou para a casa, icarei lá durante o dia todo... Se precisar,
saberá onde me encontrar!
A morena mordiscou o lá bio inferior demoradamente, enquanto olhava na direçã o do corredor.
-- Você disse que eu estava com a aparê ncia pé ssima! – Arrumou os cabelos com as mã os.
-- Bem, está um pouco amassada, mas nã o parece algo tã o ruim... Você é linda de qualquer jeito... – Parou de falar
abruptamente.
A pintora tinha a impressã o que cada dia que passava a Villa Real icava ainda mais bonita, mesmo usando jeans e
camiseta.
Observou como os olhos azuis iam direto nos seus... Fazendo-a prisioneira...
-- Estou pronta! – Disse com um sorriso. – Onde está minha vó ? – Olhava ao redor.
A jovem a mirou.
-- Estou bem!
-- Obrigada, Diana, sou muito grata pelo que fez por mim!
A herdeira de Alexander pareceu surpresa com as palavras, mas nã o descruzou os braços.
Aimê nã o pareceu se importar a nã o receber o cumprimento, tocando-a entre as sobrancelhas.
A Calligari umedeceu os lá bios com a lı́ngua e nã o passou despercebido olhar da outra sobre si.
-- Nã o tem razõ es para agradecer... Fiz o que deveria ser feito.
-- Você sempre faz o que deve ser feito? – Indagou curiosa, especulando suas reaçõ es. – Sabe que eu nunca pensei
que a poderosa major icava sem jeito como os meros mortais...
-- Nã o tem ideia de como estou feliz por você está bem, mimadinha... – Falou baixinho. – Você recuperar a visã o foi
uma das coisas que mais desejei nos ú ltimos dias...
Antes que pudesse falar alguma coisa, viu a pintora se afastar em direçã o oposta.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 530/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sempre a imaginou assim... Mas vê -la ultrapassara todas as suas projeçõ es.
-- Vamos! – Vanessa falou. – Diana falou para te levar ao quartel, deseja que veja seu avô .
-- Nã o me diga o que devo fazer! – Disse irritado. – Já nã o aguento mais icar nesse buraco escondido.
-- E o que quer que eu faça? Nã o basta já ter plantado as pistas falsas sobre seu paradeiro!
-- Eu quero que se livre da Diana, só quando ela sair do meu caminho poderei viver em paz sem ser caçado!
-- Nã o posso fazer nada contra ela, faça você ! – O outro disse irritado. – Se é tã o esperto, ache um jeito para atrair a
Calligari.
-- Eu farei sim... E vai ser para um lugar onde ela conhece muito bem, a inal, se ela é uma ı́ndia, o melhor é que seja
enterrada na loresta. – Desligou o aparelho, jogando-o longe.
Parecia melhor.
Percebia como ele estava abatido, debilitado e como parecia bem mais velho.
Ricardo se levantou com lá grimas nos olhos, recebendo o caloroso abraço da neta.
-- Só Deus sabe como pedi para poder viver para ver esse dia! – Beijou-lhe a face.
-- Pois o que mais desejo é que o senhor possa sair daqui, estamos fazendo tudo para isso.
-- Nã o, meu bem, preciso pagar por tudo o que iz... a minha omissã o fez muito mal a Diana.
-- Eu nã o iz porque eu sempre tive muito orgulho... – Suspirou. – Nunca quis admitir que meu ilho fora um
monstro.
-- Sou culpado de todas as acusaçõ es, menos de saber que Otá vio tinha matado o Alexander... Eu juro que nã o
sabia...
-- Como assim? Meu pai matou o pai da Diana? – Levantou-se. – Mas... você disse que tinha sido suicı́dio!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 531/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari nã o demorou muito em casa, pois tivera um pequeno problema com seu cavalo e correu até a fazenda.
O veteriná rio examinava o animal que pareceu eufó rico em ver a dona.
Precisara arrumar alguns problemas que ocorreram e só naquele momento parara.
-- Sabe, Diana, eu acredito que o Cé rbero está muito bem, poré m fez manha porque queria sua atençã o. – Alisou a
crina brilhosa. – Ontem quando o vi estava tã o caı́do... Mas agora que está aqui parece pronto para a dona!
O homem de meia idade cuidava dos animais da fazenda desde a é poca que Alexander era vivo.
Baixo, rechonchudo e de escassos cabelos, doutor Joã o era sempre bastante atencioso e prestativo.
-- Leve-o para passear, vai ver como ele vai se mostrar muito bem rapidinho.
A morena esboçou um sorriso e nem mesmo colocou a sela, montando o animal e saindo em velocidade.
Vanessa dirigia, enquanto vez e outra olhava para a Villa Real de soslaio.
Esperaram o retorno da Calligari durante o dia anterior, mas isso nã o aconteceu.
Aimê icara muito irritada quando icara sabendo da participaçã o do pai na morte de Alexander e insistiu para falar
com a pintora.
-- Nã o deve icar irritada com seus avó s, tudo o que izeram foi pensando no seu bem.
-- Sabe, Vanessa, eu tenho a impressã o que passei toda a minha vida vivendo uma mentira e eu juro que nã o
aguento mais isso, sabe... – Virou-se para a empresá ria. – Primeiro, passei mais de vinte anos imaginando que meu pai era um
heró i que fazia coisas maravilhosas... Agora descubro que alé m de todas as atrocidades, ainda foi capaz de matar Alexander
Calligari.
-- Eu preciso que ela me deixe ir com a minha vó ... Acho que já demos tanto trabalho e nã o deve ser fá cil ter a ilha
do homem que mais odeia sob o mesmo teto... – Fechou os olhos para conter as lá grimas. – Nã o há futuro para nó s...
Sorte que estava de ó culos escuros para nã o demonstrar tanta fraqueza.
-- Aimê ! – Vanessa estacionou no acostamento, segurando a mã o da Villa Real. – Lute pela mulher que você ama,
nã o permita que tudo o que aconteceu tire esse sentimento de você .
A amiga de Diana sabia dos planos da artista e nã o conseguira dissuadi-la do seu intuito, agora caberia a bela jovem
fazer alguma coisa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 532/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Mas, como lutarei? Deus, é impossı́vel que algo aconteça entre a gente... Eu sei que ela me deseja, sei que ela me
quer... Eu sinto, mas isso nã o é su iciente pra mim... Nã o quero apenas ir para a cama dela e depois ser tratada com frieza ou
grosserias...
-- Ela ama você ... bote isso na sua cabeça, ela te ama!
A Villa Real parecia confusa com o que ouvia, mas ainda nã o conseguia deixar de ser incré dula.
-- Nã o acredito...
-- Ah, sim, entã o você acha que a poderosa Calligari passaria à noite do lado de fora da porta do seu quarto,
dormindo naquela cadeira desconfortá vel porque quer transar apenas contigo? – Meneou a cabeça negativamente. – Meu
anjo, a Diana tem a mulher que desejar... Mas ela quer você !
-- Sim, Aimê , do mesmo jeito que esteve lá quando você caiu da escada... Ainda lembro do desespero que ela
expressou.
A Villa Real permanecia calada, enquanto pensava no que a empresá ria lhe disse.
Seria verdade?
Nã o desejava se iludir mais, pois já izera isso antes e os resultados foram terrı́veis.
Uma vez já confessara seu amor e nã o fora uma experiê ncia muito boa, entã o agora nã o teria coragem para fazer de
novo.
O carro entrou por uma via estreita e logo adentraram a enorme propriedade dos Calligaris.
-- Eu lembro do cheiro desse lugar... mas nunca pensei que fosse tã o bonito. – Olhava tudo ao redor enamorada das
grandes á rvores e o verde que imperava.
Vanessa já seguia até os degraus que dava acesso à mansã o quando ouviram o som de um cavalo se aproximando.
Os cabelos dela estavam soltos... Usava uma regata branca justa, jeans surrado nos joelhos e colado as pernas
longas e torneadas, estava descalça.
-- O que houve? Por que estã o aqui? Onde estã o os seguranças, Vanessa? – Indagou observando o ú nico carro
parado ali.
-- Precisava falar contigo e a pedi que me trouxesse! Eu dispensei os serviços deles por hoje.
-- O mé dico nã o falou para você descansar ou algo do tipo? – Arqueou a sobrancelha preocupada. – E como
dispensou meus seguranças? – Passou a mã o pelos cabelos. – Depois nos acertamos! – Apontou para Vanessa.
-- O doutor Jú lio passou apenas colı́rio e ó culos! – tentava desconversar ao ver o aborrecimento da ilha de
Alexander.
-- Estou passeando com a Cé rbero, ele anda muito solitá rio e precisa se exercitar.
-- Eu vou entrar, estou morta de sede! – A empresá ria seguiu até as escadas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 533/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê viu-a se afastar e permaneceu lá , enquanto sentia o olhar da major sobre si.
Olhava-a e percebia como era imponente, como era arrogante e orgulhosa sobre o enorme animal.
A Villa Real olhou o cavalo e teve a impressã o que ele nã o gostara muito da sua presença, mas acabou aceitando o
convite.
-- Nã o, apenas montei num pô nei quando eu ainda era criança. – Segurou na cintura da major, temendo cair. – Ele é
muito grande!
-- O Cé rbero é á rabe, era selvagem, eu que o domei! – Dizia cheia de orgulho.
A Calligari virou a cabeça para ela, estavam tã o pró ximas que podia sentir o há lito refrescante.
-- Adoro mitologia e nã o vejo o personagem Cé rbero com olhos tã o ruins, a inal, ele era um protetor, guardiã o...
A morena sorriu, enquanto fazia o animal aumentar o passe e logo já estavam parando em um rio.
O có rrego era cercado de á rvores e tinha algumas pedras que tornava mais aconchegante.
-- Nã o vai demorar a escurecer! – A pintora olhava para o horizonte. – Acho melhor que durmam aqui hoje, nã o
quero que corram perigos.
-- Mas nã o trouxe roupa, nã o pensei que seria tã o longe.
A morena sorriu.
-- Vamos embora!
Tocou no franco do animal e nã o demorou para que seguissem até a casa.
Permaneceram caladas durante o percurso e quando chegaram de frente a mansã o, Diana desceu e depois ajudou a
fazer o mesmo.
A morena itou os lá bios rosados e desejou senti-los naquele momento... Ainda nã o esquecera o que acontecera no
hospital...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 534/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Cerrou os dentes.
Naquele momento a neta do general recordou do que a levou até ali e de como parecia cada vez mais difı́cil terem
alguma coisa.
-- Mas eu quero... Desejo que falemos sobre isso e sobre muitas outras coisas! – Disse irme, enquanto erguia o
queixo. – A inal, temos muito para conversar, ou esqueceu me prometeu a liberdade se eu me submetesse a cirurgia?
Diana deu as costas para ela, enquanto acariciava o enorme animal que parecia interessado na conversa.
O sol já estava a sumir do horizonte e a penumbra já era combatida pela energia arti icial.
Passara todos aqueles dias que a esposa icara no hospital planejando tudo o que faria para poder libertá -la e
mesmo assim, mantê -la segura... Nã o seria uma passo fá cil, ainda mais agora...
O peã o apareceu.
A Villa Real acabou aceitando, pois nã o desejava começar a brigar, estava cansada de discussõ es.
Retirou os ó culos e ao entrar na casa, lembrou-se do dia que chegara ali, recordou-se de como estava irritada com a
ı́ndia selvagem, depois de tudo o que tinham vivido na loresta e no hotel.
Outra lembrança ainda mais forte veio a sua mente ao seguir pelo corredor dos quartos.
“Aceite meu presente, mimadinha... Depois de hoje não devemos nos ver mais... Aceite-o... – Voltou as
carícias, mesmo tendo a mão dela sobre a sua.”
Entã o sua mente també m foi invadida por cenas de um certo dia que nunca poderá apagar do cé rebro.
Agora percebia como fora tola ao imaginar que aquele momento seria o ú nico entre elas. Chegara a pensar que
saciaria sua fome e a esqueceria... Mas desde que provara da ilha de Otá vio pela primeira vez, perdera totalmente o controle
de todas as suas açõ es.
-- Ficará nesse quarto! – Apontou a porta. – Preciso de um banho, nos falamos depois.
Aimê a viu seguir e adentrar outro aposento, nem mesmo pô de falar nada.
Diana entrou e nã o pareceu surpresa ao se deparar com Vanessa sentada confortavelmente na poltrona.
-- Pensei que aproveitaria mais seu momento ao lado da sua esposa! – Cruzou as pernas.
-- Eu ainda nã o engoli você ter trazido Aimê aqui e sem os seguranças para protegê -las!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 535/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Ah, sim, como se a neta do general tivesse uma personalidade sempre dó cil e angelical. – Cruzou as pernas. – Ela
icou furiosa quando soube a verdade sobre a morte do seu pai.
-- Ricardo!
-- Aimê icou possessa, discutiu com Clá udia e disse que precisava te ver.
-- Mesmo assim! – Passou a mã o pelos cabelos. – Você s correram riscos! Ela corre perigo!
-- Nã o se preocupe tanto! Mesmo com a dispensa da menina, o chefe ainda esteve presente, mesmo que a Villa Real
pensasse que está vamos sozinhas.
-- Você deveria fazer como eu, apenas ingir que a ilha de Otá vio decide alguma coisa, seria uma boa forma de
você s viverem em paz.
-- Quando li seu e-mail tive vontade de apertar seu pescoço, acho que Aimê sentira o mesmo ao saber.
-- Se ela quer a liberdade, eu darei com essa condiçã o, assim teremos menos chances de ela ser pega por aquele
miserá vel!
-- Ah, sim, já começa a esbravejar... Quero saber quando vai dizer a Aimê sobre sua decisã o.
-- Hoje mesmo... Agora saia, vá pro seu quarto, estou cansada e quero dormir um pouco.
Vanessa suspirou impaciente, mas nã o falou mais nada, deixando os aposentos.
Nem mesmo se deu o trabalho de vestir uma roupa, usando apenas o roupã o, saiu do quarto.
Precisavam conversar, mesmo que nã o desejasse icar ao lado dela, pois temia perder o controle.
A Villa Real estava sentada na poltrona e tinha um livro nas mã os.
-- Pensamos que dormiria a noite toda! – Aimê falou, deixando a leitura de lado, itando-a. – A Vanessa já deve estar
dormindo, jantamos e ela falou que estava cansada.
A Calligari permaneceu parada de pé , apenas itando a bonita igura que a encarava.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 536/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Inspecionava atenciosamente a linda mulher parada ali... Mesmo que soubesse que aquilo nã o seria uma boa ideia.
O nariz empinado...
A morena fez um gesto de assentimento com a cabeça, enquanto seguia até onde ela estava sentada.
A menina pareceu surpresa, mas nada disse, permanecendo apenas quieta, tentando controlar a pressã o na barriga.
-- Vamos conversar como pessoas civilizadas? – A Calligari exibiu um sorriso de canto de boca.
Diana mirou as penas longas se cruzarem sobre seu corpo e nã o conseguiu disfarçar um olhar mais atrevido para o
decote.
-- Eu estudei nas melhores escolas que o dinheiro pode pagar... – Disse cheia de deboche.
-- Ah, sim, mas acredito que elas só conseguiram passar umas pinceladas de verniz.
A morena riu um pouco mais alto, enquanto começava a massagear distraidamente os pé s da garota.
-- Eu já disse que ainda nã o cansei de te olhar e que o seu sorriso é embriagante...
-- Aimê , vamos falar sobre o que é preciso! – Voltou a encará -la. – Já sei o que icou sabendo do que se passou com
meu pai, poré m isso é algo que me nego a falar contigo.
A camisola se ajustava ao corpo da garota, chegando bem acima do joelho, deixando a vista as pernas longas.
As alças inas delineavam os ombros magros e o decote acentuado deixava a mostra a borda dos seios redondos.
-- Nã o, você nunca fala, apenas esbraveja e solta tudo de uma vez em mim!
Ao perceber que ela se dirigia para a porta, Diana foi rá pida, detendo-a pelo braço.
-- Ok, vamos conversar. – Cruzou os braços sobre os seios. – Sou toda ouvidos.
Umedeceu os lá bios demoradamente, depois apontou com a mã o para o sofá .
-- Vamos sentar?
Os olhos negros da major se estreitaram, mas ela pareceu aliviar mais a raiva.
-- Eu vou te deixar livre, sei que deseja isso, mas ainda temos que lembrar de que o Crocodilo nã o foi preso, entã o
pensei em algo que nã o dará facilidade para que ele se aproxime de ti e você de quebra se livra de mim.
-- Continue!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 537/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Pois é , entã o eu já arrumei tudo, vou anunciar seu noivado com o ilho do prefeito, seu namoradinho, como é uma
igura pú blica...
Diana explicava tudo e parecia tã o empolgada que nem mesmo percebeu a expressã o de pesar no rosto da neta do
general.
-- E entã o?
A Villa Real baixou a cabeça durante longos segundos, depois sacudiu a cabeça, itando-a em total incredulidade.
-- Ah, como assim? Nã o é se livrar de mim que você quer? Você mesma me disse que o tal do Alex era maravilhoso!
– Falou irritada. – Agora que apoio, você vem com isso?
-- Quero que seu noivado seja anunciado e que vá rias iguras pú blicas compareçam... Tem que sair em todos os
jornais... Eu tenho um plano para te manter salva.
-- Quer que eu me case com o Alex? – Perguntou perplexa. – E realmente isso que você quer, Diana Calligari?
-- Ok, faça como quiser, contanto que nã o tenha que conviver mais contigo!
Antes que a outra pudesse falar algo, Aimê deixou o escritó rio.
No dia seguinte, Aimê seguiu com Vanessa nas primeiras horas da manhã . A menina nã o falara nada durante todo o
trajeto e a empresá ria decidiu icar quieta, pois sabia que ela deveria estar muito chateada, ainda mais com esse plano da
Diana.
Sabia como a ilha de Otá vio amava a Calligari, mesmo que fosse um sentimento difı́cil, ainda mais quando a ı́ndia
agia cada vez mais com teimosia.
Diana estava fazendo uma escolha difı́cil, mas ela já se convencera que nã o havia futuro e por isso buscava se
afastar da mulher que amava, só esperava que quando se arrependesse nã o fosse muito tarde.
A Calligari organizou uma exposiçã o para o evento icar ainda mais chamativo.
Uma luxuosa mansã o que pertencia a tia fora usada para acolher todos os convidados.
Alex icara em verdadeiro alvoroço ao receber o e-mail da pintora, apenas seu pai nã o icara muito feliz, ainda mais
depois do escâ ndalo que os Villas Real tinham se metido, poré m ao receber um telefonema da ilha de Alexander, suas
opiniõ es foram mudadas imediatamente.
Muitos polı́ticos tinham sido convidados, todos pareciam interessados na presença da ilustre artista.
O grande salã o estava cheio de nomes ilustres, todos encantados pelos quadros, pela boa bebida e petiscos inos... A
orquestra contratada trazia baladas antigas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 538/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A pintora conversava com um senador, quando Vanessa apareceu, pedindo licença e levando consigo a artista.
-- O que houve? – A morena questionou, enquanto pegava uma taça de champanhe de um garçom que passava.
-- Você tem certeza de que vai levar isso à frente? – Perguntou irritada. – Tem certeza do passo que está dando? –
Tentava falar baixo para nã o chamar atençã o. – Vai realmente entregar a mulher que ama para outro?
-- Já te disse que esse é um plano para tornar Aimê uma igura pú blica e assim quem sabe possamos coibir o
Crocodilo.
-- Se você casasse com ela, també m ela se tornaria uma igura pú blica e bem conhecida, ainda mais do que se
casasse com esse rapaz.
Antes que Diana pudesse responder, ouviu o som de uma melodia delicada e os olhares se voltaram para a grande
escadaria.
Foram cinco longos dias tentando nã o a encontrar, tentando se manter distante, assegurando-se que aquilo era o
melhor a ser feito...
Bebeu mais um pouco e logo e encarava, sentindo os olhos azuis em sua direçã o desdenhosamente.
O vestido de alças inas tinha um bonito decote. Por baixo era polié ster e por cima era coberto por renda. Na frente
ele era bem menor, chegando ao meio das suas coxas, enquanto atrá s, ele chegava perto das suas canelas.
Seu rosto trazia uma maquiagem discreta, realçando apenas os olhos azuis e os lá bios rosados.
Passara aqueles dias todos remoendo toda a raiva que sentira da ú ltima vez que estivera com a Calligari.
Odiou-a tanto que desejara sumir daquele lugar e nunca mais voltar, mas acabou aceitando um plano torpe, pois
icara claro que aquela era a ú nica forma de sair do caminho daquela mulher.
Nã o voltaram a conversar, na verdade, nem mesmo voltaram a se ver, poré m naquele momento seus olhares se
encontravam.
Queria sustentar sua raiva e nã o permitiria que a bela ı́ndia voltasse a tocar em seu coraçã o.
Aimê foi pega de surpresa e mesmo quando sentia o toque delicado do rapaz, voltava a encarar Diana.
Usava um vestido longo na cor vinho. Uma abertura frontal, expunha parte de sua coxa forte. O decote sensual era
encruzilhado na frente, deixando irme os seios.
Os cabelos negros estavam presos em um coque frouxo, alguns ios tinham se soltados, emoldurando o rosto bonito
e forte.
Mas nem toda essa beleza poderia mascarar a raiva presente em sua bela face.
-- Aı́ está o lindo par que você acabou de formar! – Vanessa a instigou. – Vã o ter ilhos perfeitos... Já pensou onde vai
ser a lua de mel? Como madrinha, deverá proporcionar uma viagem dos sonhos! – Ironizava.
O maxilar forte enrijeceu e antes que pudesse falar algo desagradá vel, um importante desembargador se
aproximou.
A major fora esperta, usando todo o prestı́gio que tinha para colocar todos os holofotes sobre a ilha de Otá vio.
Sabia que só assim conseguiria criar uma barreira de proteçã o.
Ricardo e Clá udia participava do grande evento, mas a vó da garota percebia que a neta nã o parecia nada feliz.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 539/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Acompanhava o olhar sofrido naquele momento, enquanto vez e outra focava na Calligari.
Nã o havia mais dú vidas sobre o que se passava entre as duas mulheres.
Bianca aproveitou quando o primo se afastou para conversar com alguns amigos para voltar a se aproximar de
Aimê .
Desde que icara sabendo de tudo, nã o conseguira falar com a amiga, na verdade, a Villa Real se negara a manter o
diá logo sobre o assunto, apenas permanecendo calada.
-- Nã o tinha ponche! – Entregou-lhe o delicado cristal. – Mas eu provei o champanhe e realmente é uma delı́cia.
A garota fez um geste de assentimento com a cabeça, enquanto continuava a itar o desenho.
Bebeu um pouco.
-- Como algué m consegue criar algo com tamanha sensibilidade quando nã o é sensı́vel? – Usou os dedos para traçar
as linhas perfeitas da pintura. – Isso é muito irô nico para mim! – Bebeu mais um pouco, voltando-se para a amiga.
A loira a itava por interminá veis segundos, observando com atençã o todas as suas peculiaridades.
-- Para ferir a poderosa major, mas ela nã o parece ter alma, nã o parece ter nenhum tipo de sentimento! – Aliviou a
pressã o no delicado cristal, temendo quebrá -lo. – Pelo menos com esse noivado, nã o terei que icar no mesmo lugar que ela.
-- O Alex está bastante entusiasmado! – Mirou o primo que parecia interessado numa conversa com alguns
empresá rios. – Ainda mais quando a Diana prometeu apoiá -lo nã o na candidatura de vereador, mas de um possı́vel deputado
federal.
-- Eu nã o me casarei com ele, apenas estou participando dessa palhaçada para poder me livrar dela.
A Alvarenga assentiu.
-- Você sabe que a minha vontade é de fazer essa selvagem se arrastar aos meus pé s, implorando por mim... – Voltou
a itar a amiga. – Essa arrogante major nã o merece meus sentimentos, na verdade, eu arrancarei esse amor de dentro do meu
peito, nem que isso me faça sangrar até a morte...
-- Ela nã o parece muito feliz... O olhar dela nã o te abandona, ainda mais quando você foi beijado por meu primo!
Depois daquela noite, Aimê estaria mais segura e era isso que importava naquele momento.
A imagem de Alex tomando os lá bios da ilha de Otá vio foi a cena mais difı́cil que viu. Nã o sabia como conseguira se
segurar...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 540/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Diga-me, major, hoje mesmo poderei ir embora com o Alex? A inal, ele vai ser meu marido, nã o vejo motivos de
nã o seguir ao seu lado.
Depois de todos aqueles dias, a garota lhe dirigia a palavra e o fazia de forma desa iadora.
-- Ainda nã o estã o casados... – Dizia tentando manter a calma. – Vamos fazer as coisas de forma correta. Apenas
quando estiverem casados poderã o viver juntos. – Levantou a tela do notebook, parecendo interessada nele.
-- Por quê ? – A jovem se aproximou mais. – Nã o tenho mais nada para guardar... Entã o nã o precisa de toda essa
burocracia.
-- E por que tem que ser do seu jeito? – Indagou com as mã os nos quadris. – Quem é você para decidir o que deve
ser feito e como deve ser feito? Só falta querer se meter na minha noite de nú pcias com o Alex.
O maxilar movia-se, a veia pulsava em seu pesco, o rosto avermelhou... Fuzilou-a com o olhar.
Só em pensar que outro iria tocá -la fê -la sentir aquela onda de fú ria que fazia parte da sua personalidade.
-- Eu? – Fez cara de desentendida. – Nã o acredito que você vá se importar com a forma que farei sexo com o meu
marido, a inal, você quem insistiu para eu aceitar esse matrimô nio.
Apoiou ambas as mã os no tampo da mesa, parecia colocar toda sua força naquele gesto.
-- Por que eu iria? Você que deve voltar pra lá , a inal, você é a palhaça principal nesse circo que criou.
A Villa Real foi até ela, apoiando-se també m na madeira, tendo apenas ela para separá -las.
Mirava-a e percebia como batalhar com aquela mulher parecia cada vez mais difı́cil, mais dolorido e desgastante...
-- Pois saiba, major, que estou com muita vontade de brigar contigo... Mas você é muito covarde para isso... A
poderosa dama selvagem é uma covarde!
Antes que Diana pudesse falar algo, Aimê deixou o escritó rio.
Diana permanecia sempre na presença de algumas pessoas, conversando, ainda mais dos polı́ticos. Estava tentando
chamar a atençã o para a ilha de Otá vio, assim, ela se tornaria uma personalidade conhecida.
Discutia com eles os possı́veis perigos que ela corria e muitos pareceram prontos para irem ao socorro da jovem se
assim fosse necessá rio.
O futuro sogro de Aimê dizia em plenos pulmõ es que ningué m tocaria na noiva do ilho.
Alguns jornalistas perguntaram sobre tudo o que o coronel tinha feito com a Calligari, mas ela deixou claro que
aquele nã o era um momento para falar sobre o assunto.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 541/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A major tentava nã o perder de vista a Villa Real, mas em determinado momento a garota sumiu do salã o e com ela
o pretendente.
Vanessa percebeu a agonia estampada no rosto da morena e icou calada, mesmo sabendo que Alex tinha ido até o
escritó rio fazer um telefonema e Aimê tinha subido para o quarto.
Ricardo e Clá udia icariam ali, Aimê també m, o noivo e a famı́lia eram convidados especiais.
Inicialmente, Diana nã o pensara em icar, poré m acabou nã o indo embora com Vanessa.
Ao entrar no quarto, seguiu até a varanda que dava para o suntuoso jardim.
Estreitou os olhos ao ver a sombra conhecida de um homem seguir por entre as lores.
Alex?
Encheu o corpo e bebeu lentamente, curiosa ao ver o rapaz passeando por ali.
Lembrou-se de Aimê .
Ainda estava furiosa com a ilha de Otá vio, ainda mais por ela ter aparecido muito tempo depois na festa e quando
questionara por sua ausê ncia, a menina fora sucinta: Nã o acho que isso seja algo que te interesse!
Como uma garotinha estú pida poderia fazer aquele reboliço em sua vida?
Será que nã o percebia que tudo que estava fazendo era para o seu bem? A ú nica coisa que desejava era que ela
estivesse segura...
Nã o conseguia imaginar Aimê nos braços de outro... Aquilo era muito para seu controle.
O ú ltimo quarto era o aposento que fora aprontado para a neta do general.
Mordiscou o lá bio inferior, mirando o lugar e para sua surpresa, a Villa Real estava vindo do lado oposto que dava
acesso ao jardim e seguiu para os aposentos.
A garota parecia tã o distraı́da que nã o viu a major parada a alguns metros de distâ ncia.
Aimê tinha seguido até o banheiro e voltava com uma toalha quando viu a porta sendo aberta de supetã o.
Surpreendeu-se ao ver a mulher parada ali com um olhar mortal. Pensara que ela tinha ido embora, pois Vanessa
falara que a morena nã o dormiria na mansã o.
Voltou a itá -la, vendo a garrafa pela metade que ela trazia em uma mã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 542/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os cabelos de cor de é bano agora estavam soltos, dando aquela aparê ncia perigosa.
Aimê nã o respondeu logo, ao contrá rio disso, seguiu pacientemente até a poltrona, sentando-se.
A neta do general nã o desejava mais discutir, mas a arrogâ ncia da dona da casa a levava por um tortuoso caminho.
-- Eu estava no jardim! – Disse. – Quando cheguei vi que havia lindas lores e só agora tive tempo de ir vê -las
melhor! – Colocou a toalha de lado. – Satisfeita?
-- Você nã o deveria me provocar! – Levou o gargalho aos lá bios, bebendo grande quantidade. – Estou fazendo tudo
por ti e deveria ser mais grata... – Deu mais um passo, aproximando-se. – O que o seu noivinho estava fazendo lá ?
-- Nã o quero que ique sozinha com ele até que estejam casados! – Rosnou. – Assim que sair da minha casa icará
com seus avó s e nã o com esse mancebo.
Observava com atençã o as emoçõ es da esposa, percebendo que a camada de gelo parecia estar derretendo.
-- Como disse antes nã o tenho mais nada a perder... – Parecia ponderar. – Como é mesmo a sua iloso ia... Ah, sim,
por que fechar a porteira quando os bois já tinham fugido... Acho que é assim... Deve ter esse sentido...
A major tentava manter a passividade, tentava ao má ximo controlar a fú ria que a incendiava por dentro.
-- Eu já disse que nã o precisa fazer... mas sou grata, Diana! – Levantou-se e foi até a bolsa que estava sobre o
aparador.
Mirava as costas ereta, os cabelos longos que chegavam um pouco abaixo dos ombros...
Aimê tirou algo de dentro da bolsa, seguiu até a ilha de Alexander, entregando-lhe um cheque.
-- Minha vó conseguiu vender o apartamento e me deu o dinheiro. Acredito que foi mais cara a cirurgia, poré m logo
conseguirei ter o resto.
Diana encarava os olhos azuis, enquanto tinha a sensaçã o que o papel lhe queimava os dedos.
-- Eu nã o quero seu maldito dinheiro, já disse que o que iz foi para reparar um erro que eu tinha cometido!
-- Bem, se já fez o que desejava aqui, que eu nem sei o que era, já pode sair, estou cansada. – Dispensou-a. – Nã o
gosto de conversar contigo, é como se icá ssemos em um cı́rculo, onde tudo se repete...
-- Onde esteve quando sumiu da festa? E por que me respondeu daquele jeito?
Estava com tanta raiva de Diana que só desejava feri-la com a mesma intensidade que fora machucada, ainda mais
agora que percebia que a afetava.
-- Estava com meu noivo... Na verdade, se você fosse embora, eu iria para o jardim novamente continuar o que
tı́nhamos começado.
Já abria a boca para dizer que era apenas uma brincadeira quando ouviu o barulho da garrafa quebrando e logo a
morena voava sobre si como uma fera.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 543/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Deixe-me, sua selvagem! – Empurrou-a e daquela vez conseguiu se livrar do toque grosseiro.
-- Lave-se! – Ordenou, livrando-se das pró prias roupas molhadas. – Pois nã o desejo sentir o cheiro daquele
miserá vel em seu corpo!
A morena nada disse, apenas seguiu até o armá rio pegando o roupã o preto, vestindo-se e deixando banheiro.
-- Deve esperar o amanhecer! – O rapaz dizia, abrindo a bola e deparando-se com notas bem arrumadas. – Diana
está aqui, nã o devemos nos arriscar.
-- Mas eu pensei que tinha dito que ela nã o icaria! – Esbravejou, observando que havia dois quartos com luzes
acesas na enorme casa.
Tivera sorte em encontrar o jovem em começo de carreira, esses eram fá ceis de serem seduzidos por dinheiro.
Ao voltar para o quarto, lá continuava a major encostada a porta com os braços cruzados sobre os seios.
Encararam-se.
-- Saia do meu quarto! – Exigiu. – Nã o desejo que se aproxime mais de mim!
-- Quero que conversemos! – A morena pedia de forma mais contida. – Quero que me ouça...
A major seguiu até o sofá com passos largos, segurando-a pelos ombros, fazendo-a levantar.
-- Você é uma selvagem... Nem sei como pude me interessar por ti... Que bom que agora me livrarei de uma vez por
todas da sua odiosa presença... – Cuspia as frases. – Se um pudesse voltar no tempo jamais teria sido pega por aqueles
bandidos, assim, nã o teria tido o desprazer de te conhecer!
-- Você nã o passa de uma garota mimada e idiota! – Acusou-a. – Acha que tudo isso está sendo fá cil? Como ousa me
provocar assim?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 544/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana icou tã o furiosa que arrastou a jovem até o sofá , sentou-se e depois a deitou de bruços sobre seus joelhos.
A Villa Real esbravejava, tentando se soltar, mas a major era mais forte.
-- Eu vou fazer algo que há tempos, deveria ter feito... – Segurava-a. – Tem essa carinha de anjo, mas tem um gê nio
terrı́vel! – Levantou-lhe a camisola. – Vamos ver se depois de umas palmadas você aprende...
Diana mirou a minú scula lingerie branca que a esposa usava... Parecia enfeitiçada diante da beleza dela.
Observou as ná degas bem-feitas como se tivessem sido esculpidas por um artista cuidadoso e perfeccionista.
-- Mesmo que mereça umas boas palmadas... –Mordiscou a lateral. – Nã o consigo, enlouqueço por você ...
Diana puxou um pouco a calcinha, baixando-a... Passou a lı́ngua pela linha de separaçã o... Lambendo...
Afastou um pouco... Passando a lı́ngua por toda a junçã o... Usava a pontinha para seguir pelos caminhos
desconhecidos...
Aimê gemeu.
-- Deus, como você pode ser tã o deliciosa... – Afastou um pouco as pernas. – Eu quero muito você ... – Tocou o sexo e
o sentiu molhado. – Você també m me quer...
A ilha de Otá vio tentava se manter quieta, mas ao sentir o toque tã o ı́ntimo em seu sexo, enquanto sentia a boca da
pintora beijando seus glú teos, lambendo-os...
Buscou forças para resistir e teve a impressã o que seu cé rebro nã o funcionava mais... Entã o buscou num recanto
das lembranças todas as vezes que se entregara e acabara sofrendo...
Engoliu em seco e imaginou se ela deixaria o quarto, mas seus olhos foram atraı́dos para as mã os longas que
soltava lentamente as amarras do roupã o.
As pernas longas...
Os seios redondos...
O abdome liso...
Aimê teve a impressã o que cairia, pois suas pernas estavam bambas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 545/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana baixou as alças da camisola e o tecido delicado deslizou por seu corpo. Nã o a tocou de imediato...
Estremeceu...
-- Agora é a minha vez de implorar por clemê ncia... – Baixou a lingerie lentamente. – Terá misericó rdia de mim,
mimadinha? – Levantou a cabeça, itando-a. – Apiedara-se dessa pagã selvagem?
Aimê teve a impressã o que havia um bolo em sua garganta e isso a impedia de falar.
Sentiu o polegar lhe acariciar o sexo e imaginou se demoraria a enlouquecer, pois seu maior desejo era aprofundar
ainda mais a carı́cia.
-- Eu nã o mereço clemê ncia? – Usou a lı́ngua para passear pela parte externa da intimidade da esposa. – Nã o
mereço, minha esposa? – Fitou-a, sem cessar as carı́cias. – O que devo fazer para merecer o seu perdã o?
A ilha de Otá vio apoiou as mã os em seus ombros, ao senti-la lhe afastar um pouco as pernas.
Diana a itava, enquanto lambia o sexo molhado, enquanto esfregava seu nariz, lambuzando-se nela.
-- Perdoe-me... – Pedia. – Dê -me uma chance e prometo me ajoelhar aos seus pé s todos os dias...
-- Todos os dias? – Questionou em um sussurro. – Todos os dias irá se ajoelhar pra mim? – Segurou-lhe as mã os,
levantando-a.
Fitou-a.
-- Todos os dias é uma proposta muito tentadora... – Acariciou os cabelos negros. – Como seria isso? – Tocou os
seios da amada, usando as palmas das mã os para atiçá -los.
-- Se me aceitar, farei todo os esforços do mundo para que nã o se arrependa... – Colou os lá bios em seu pescoço,
beijando-o... Aspirando o cheiro dela... Aquele delicioso aroma...
-- Nã o deve esquecer que sou ilha do homem que destruiu sua vida... – Dizia temerosa.
Diana afastou alguns centı́metros para olhá -la e logo as bocas se encontraram.
Apenas sentiam-se...
Rapidamente cessou...
-- Sim, você é a ilha do miserá vel que destruiu a minha vida... Ah, meu bem, como ele destruiu... Há dez anos, eu
perdi tudo, até o sentido de viver... – Beijou-lhe os olhos, depois encarou-os. – Poré m a ironia foi você ter me devolvido tudo...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 546/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana a levou até o leito, deitando-a sobre os travesseiros macios, poré m nã o fez o mesmo. Permaneceu de pé ,
parada, apenas itando-a.
Seus olhos passavam como uma verdadeira carı́cia pelo corpo tentador.
-- Se você falar para eu ir embora, prometo que o farei... Mas se me quiser, se me aceitar mais uma vez, serei sua até
o ú ltimo dia da minha vida...
Aimê se apoiou no cotovelo, itando-a embevecida, enquanto sentia os olhos arderem em lá grimas.
Respirou fundo.
-- Entã o venha, major, mostre-me em açã o o tanto que me quer... Convença-me a aceitá -la novamente...
Os lá bios se encontram em agonia, perdidas em seu intenso desejo... Devoravam-se, perdidas na paixã o que as
dominava.
Apertavam-se.
A Calligari encaixou-se...
-- Nã o sabe como a quero... – Beijava-lhe o queixo. – Nã o tem ideia de quantas vezes me toquei pensando que era
você a fazê -lo... Nã o sabe como foi difı́cil me controlar quando a vi descendo aquelas escadas hoje...
A jovem sentiu a lı́ngua sendo presa... Adorava a forma como ela chupava, a forma como se entregava.
Rebolou os quadris sob ela, sentindo a fricçã o enlouquecê -la, temia que seu corpo nã o aguentasse tamanha agonia...
Esfregaram-se mais...
-- Mostre-me como se tocou pensando em mim... – Aimê pediu em seu ouvido. – Nã o sabia que podia fazer essas
coisas... Nem lhe dei permissã o para isso...
Aimê tinha a cabeça apoiada nos travesseiros e itava embevecida o sexo aberto da mulher que amava.
-- Havia dias que eu enlouquecia de tanto desejo... – Tomou-lhe a mã o levando ao seu ı́ntimo. – Entã o, fechava os
olhos e te imaginava... Acha que sou uma safada por causa disso? – Mordiscou o lá bio inferior. – Eu deveria ter pedido
permissã o... Ain...
-- E como eu deveria dizer? – Empertigou mais o quadril para a frente. – Deveria entrar em seu quarto e falar: Posso
gozar pensando em ti?
-- Entã o gozava enquanto chamava meu nome? – Questionou, enquanto, colocava mais pressã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 547/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sim, eu chamava por ti, ainda mais quando me invadia... Quando fundia forte... Eu chamava por ti...
-- Ou assim? – Usou um segundo dedo, trazendo-a para mais perto de si. – Ou você imaginou assim? – Puxou-a
mais...
Diana se ajoelhou na boca da ilha de Otá vio, enquanto observava os lá bios de perderem em sua carne, enquanto a
invadia com mais ı́mpeto...
A Villa Real aliviou... Lambendo o mel que descia... Desejava contê -lo, entã o usava a lı́ngua mais rapidamente.
-- Aimê ... --Rebolou contra ela... Chamou seu nome... – Aimê ...
A major se entregou as carı́cias, mas queria prolongar mais o momento, por isso a deteve...
Puxou-a para si, fazendo-a ajoelhar mais uma vez, posicionando-se por trá s.
Aimê apoiou-se na cabeceira da cama, enquanto a morena fazia com que uma das pernas da esposa se dobrasse,
icando toda aberta para si.
Esfregou o sexo em suas ná degas, enquanto levava as mã os até seus seios, apertando-os.
-- Como poderia usar minhas mã os para lhe dar palmadas... Assim é mais gostoso...
Diana mordiscou a pontinha da orelha dela, enquanto usava seus dedos para incitá -la, massageando o sexo
externamente.
Seguia o balançar dos quadris que pareciam mais rá pido, ouvia a respiraçã o acelerada da neta do general.
-- Adoro sentir seus dedos... – A menina dizia enquanto se mexia para frente e para trá s. – E como se nada mais
existisse, alé m do prazer... Ain... – Gemeu ao receber a estocada mais impetuosa.
-- Ain...
A Villa Real fez um gesto a irmativo com a cabeça, enquanto levava os dedos que a invadiam aos pró prios lá bios...
A Calligari colocou mais força... Invadindo-a mais e mais... Perdida nos sons que saiam dos lá bios da amada...
-- Ain... Diana...
A ilha de Otá vio mexia mais rá pido para aumentar as investidas, enquanto isso, a major sentia as fricçõ es
aumentar em seu sexo pulsante...
A morena virou a mulher para si, deitando sobre ela, segurando o rosto querido entre as mã os, encarando os olhos
cheio de lá grimas.
-- Deus, eu nã o sei se isso vai fazer sentido... Mas eu amo você ... Amo você ... Amo você ...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 548/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 549/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Seu coraçã o pulsava de forma tã o acelerada que temia um ataque cardı́aco. Os seios se elevavam como uma onda no
mar...
As luzes estavam acesas... Iluminara cada emoçã o, cada expressã o que se passara durante o amor que izeram.
Os cabelos negros estavam molhados de suor, alguns ios colados a sua tez.
Ela itava a Villa Real e sua expressã o demonstrava a mesma surpresa que a menina mostrava.
Ouvia a pró pria voz declarando o sentimento que icara preso durante tanto tempo gritando por liberdade. Era
como tirasse um enorme peso dos ombros.
Amava-a!
Amava-a!
Amava-a!
Essa era a ú nica verdade, a ú nica realidade para sua difı́cil histó ria.
Pensou em deixar o quarto e seguir para seu santuá rio, fugir mais uma vez de tudo...
“Sim, você é a ilha do miserável que destruiu a minha vida... Ah, meu bem, como ele destruiu... Há dez anos,
eu perdi tudo, até o sentido de viver... – Beijou-lhe os olhos, depois encarou-os. – Porém a ironia foi você ter me
devolvido tudo...”
Encarou-a e teve a impressã o que ela podia ver sua alma... Conseguiu se ver ali...
Cerrou os dentes.
Sentia as mã os da amada em suas costas, sentia os dedos longos e bem feitos parados lá .
-- Repete... – A ilha de Otá vio pediu em um sussurro. – Fala de novo. – Acariciou a face bonita.
-- As vezes você parece aquelas heroı́nas que demonstram sempre superioridade, tentando esquecer que tem um
coraçã o... Em outros lembram uma menininha assustada... – Arqueou-se um pouco, praticamente colando as bocas. – Fala pra
mim... Fala que que gosta de mim... Eu desejo ouvir de novo, eu preciso disso...
Os olhos negros se estreitaram, mas nã o de forma ameaçadora. Parecia analisar o que se passava.
-- Estou apaixonada por ti... Estou te amando e tenho a impressã o que esse sentimento vai acabar transbordando
dentro do meu peito...
Mais uma vez os olhos azuis lagrimaram. Antes que pudesse falar algo, seus lá bios foram tomados por um beijo
intenso, exigente, dominador.
Aimê se permitiu ser conduzida, vibrando ao encontro das lı́nguas, entregando-se a ela, doando-se
apaixonadamente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 550/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Queria icar ali para sempre... Nã o queria que aquele momento terminasse, pois sabia que quando o sol nascia as
coisas sempre seriam mais difı́ceis.
Ouviram o toque insistente e a ilha de Otá vio se levantou, seguindo até a maçaneta, segurando-a, temendo que
algué m entrasse nos aposentos.
Encarou a major, percebendo que ela nã o parecia preocupada com uma possı́vel invasã o, apenas demonstrava
aborrecimento por terem sido interrompidas.
-- Aimê !
A Calligari se levantou irritada, mas a neta de Ricardo fez um gesto para que ela parasse.
Pigarreou.
-- Queria que fosse ao jardim comigo... Lembra daquelas orquı́deas que você sempre falava, tem algumas lindas...
-- Isso nã o sã o horas para fazer algo assim! – Dizia calmamente.
O rapaz permaneceu em silencia durante alguns segundos, tanto que pensaram que ele tinha saı́do, mas a voz
voltou a ser ouvida.
-- Eu estou preocupado... Esse nosso noivado... Nã o sei... Eu queria muito falar contigo... Há algumas coisas... Preciso
te falar...
A ilha de Otá vio seguiu até a cama pegando o robe, mas a Calligari a deteve.
-- Você nã o vai! – Diana falou por entre os dentes. – Dispense esse idiota antes que eu saia e faça isso!
-- Você quem inventou esse noivado... – Sussurrava. – Envolveu o Alex nas suas loucuras, entã o o mı́nimo que posso
fazer é ir lá falar com ele e confortá -lo para que nã o surte, como eu quase já iz.
-- Dispense-o! – Ordenou por entre os dentes. – Amanhã você fala com ele e nã o uma hora dessas.
-- Alex, eu nã o estou me sentindo muito bem, foi um dia cansativo... Prometo que amanhã falarei contigo, poré m
hoje nã o tem essa possibilidade...
Desde que aceitara fazer parte desse noivado, deixara claro com ele que nada haveria, que aquela era apenas uma
forma de se livrar da Calligari.
Nã o desejara dar esperanças a ele, pois sabia que jamais poderiam ter algo.
Imaginou se ela continuaria a insistir, mas para seu alı́vio ouviu-o concordar.
-- Está bem...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 551/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê sentiu-se mal, ainda mais por toda aquela situaçã o, ainda mais por que sabia que aquele matrimô nio nã o
ocorreria, mesmo se nã o estivesse apaixonada pela major, nã o poderia aceitar uma relaçã o com algué m que via apenas como
um irmã o.
-- Por que esse mancebo idiota veio aqui? – Diana já esbravejava.
Nã o acreditava que iriam discutir novamente, ainda mais depois de terem se amado e a ogra ter confessado seus
sentimentos.
Fitava-a com atençã o e icava a se perguntar como poderia resistir aos apelos do corpo.
A ı́ndia selvagem era muito linda, tã o linda que lhe tirava o fô lego.
Vê -la ali parada, com os braços cruzados sobre os seios, tendo a expressã o pouco amistosa era uma introduçã o para
a vontade surgir, fosse de brigar ou de amá -la.
-- Se você nã o tivesse inventado isso... – Meneava a cabeça em total desâ nimo. – Se você nã o tivesse armado esse
circo...
-- Ah, sim, agora a culpa é minha! – Passou a mã o pelos cabelos. – O que você estava
Quando a festa terminara decidiu seguir até aquela parte para tentar icar um pouco em paz, buscando um
equilı́brio para sua mente, poré m um encontro com um dos seguranças a irritou, ainda mais porque o rapaz se mostrou
bastante interessado em si.
Nã o falaria para a pintora, pois temia uma explosã o ainda maior.
-- Nã o se faça de tola! Vi aquele imbecil no jardim e quando estava no corredor te vi entrando aqui!
-- Sim, eu estive no jardim, mas nã o vi Alex lá , nem mesmo o encontrei depois da festa.
-- Disse-me que...
-- Sim, eu disse! – Interrompeu impacientemente. – Mas falei porque nã o aguentava mais te ouvir, queria que me
deixasse em paz... Queria que saı́sse daqui, queria te ferir, te magoar, da mesma forma que tinha feito comigo durante aquela
maldita festa. – Começou a massagear as tê mporas.
-- Entã o estava a me provocar? – Arqueou a sobrancelha. – E isso que você faz, me tira do sé rio, me enlouquece a
ponto de desejar te bater como ocorreu ainda pouco.
A Villa Real arqueou o queixo desa iadoramente, mas ao lembrar do que se passou, sentiu o corpo reclamar mais
uma vez.
-- Ah, sim! – Seguiu até ela com um sorriso travesso. – Vi como bateu no meu bumbum. – Apoiou as mã os nos
ombros da morena. – Ainda sinto as pancadas que me deu! – Piscou provocante. – Nã o quero continuar esse noivado, eu nã o
posso iludir o Alex, eu nunca senti nada por ele. – Falou seriamente. – Quero ser sincera com ele...
A Calligari percebia como ela parecia triste com a situaçã o, entendia e seu peito enchia de contentamento ao saber
que ela desejava terminar aquele compromisso.
-- Eu sei que a coloquei nessa relaçã o, meu amor... Mas o iz pensando no seu bem... – Tocou-lhe os cabelo, itando os
olhos azuis.
-- Eu sei...
-- Nã o! – Interrompeu. – Me chama de amor... Ainda está ecoando no meu cé rebro suas palavras... fala que me ama
de novo...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 552/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu estou apaixonada por ti... – Começou a beijar seu pescoço. – Eu me perco nessa sua insolê ncia... Enlouqueço
por ti...
Aimê sentia as carı́cias, inclinando-se mais para que desse acesso a toda extensã o...
Fechou os olhos em prazer, enquanto sentia as mã os da pintora começarem a soltar as amarras do seu robe.
-- Eu amo você ... – Sussurrava em seu ouvido. – Amo tanto... Tanto, meu amor... – Encarou-a. – Fico louca quando
penso que algo de ruim pode se passar contigo... Sou capaz de dar a minha vida para te manter segura...
-- Nã o quero que se arrisque, eu desejo icar contigo... Desejo muito que possamos nos amar todos os dias... Quero
acordar ao seu ledo... Desejo ver esse rosto preguiçoso despertar... Quero icar te olhando... Te admirando...
Desejava tudo o que Aimê falara, poré m sabia que as coisas nã o seriam tã o fá ceis assim, ainda mais por que teria
que enfrentar o perigoso bandido, sabia que nã o haveria paz, enquanto nã o tirasse Crocodilo do seu caminho.
-- Preciso que tenha paciê ncia e faça tudo o que eu pedir... Nã o deve correr riscos... Preciso que se mantenha de
acordo com as minhas palavras.
-- Como assim? O que deseja que eu faça? Quer que eu continue com esse noivado? E isso, Diana? – Indagou
irritada.
Sabia que ela estava irritada, mas antes que a menina pudesse chegar a porta, deteve-a pelo braço delicadamente.
A Calligari seguiu até a poltrona, sentando-se, fazendo a jovem se acomodar de lado em seu colo.
-- Acha que quero que continue noiva desse rapaz? – Segurou-lhe o queixo, fazendo-a encará -lo. – Você tem ideia de
como iquei quando vi o beijo que trocou com ele ou quando me provocou falando que estavam juntos? – Fitou-lhe os olhos
revoltos. – Eu só desejo que tudo isso acabe... Eu já te expliquei o meu plano, já disse a razã o para estar fazendo isso... Eu só
preciso que con ie em mim... Con ie em mim... – Pediu novamente.
Nã o entendia porque tinha que aceitar isso, ainda mais agora que a morena deixará claro que a amava.
-- Tá parecendo uma menina emburrada... – Sorriu. – Dê -me um tempo para resolver tudo... – Voltou a abrir o
roupã o. – Amor, tenha um pouco de paciê ncia. – Mirava os seios redondos embevecida. – Prometo que tudo isso vai acabar... –
Fitou-a. – Agora desfaça esse bico e seja boazinha... – Começou a acariciar a pele branca.
-- Acha que vai me convencer assim, major? – Questionou-a com a sobrancelha arqueada. – Acha que me sinto bem
sabendo que você anda se arriscando? Por que nã o permite que a polı́cia cuide disso?
A major nã o falaria que nã o con iava em ningué m, pois tinha certeza de que algué m passava informaçã o para
Crocodilo.
-- Prometo me cuidar, se você izer o mesmo... – Apertou o mamilo com o polegar e o indicador.
Observava os olhos azuis escurecerem e parecia fascinada com a transformaçã o que se passava em sua face.
-- Quer que continue noiva do Alex? – Deteve-lhe o movimento. – Sabe que ele vai levar isso a sé rio. – Continuava
aborrecida.
Diana tomou-lhe as mã os, levando aos lá bios, beijando-as demoradamente.
-- Mimadinha linda, você nã o terá nada com aquele idiota, é apenas minha e se ele te beijar novamente, nã o me
responsabilizarei por minhas açõ es. – Replicava calmamente. – Preciso que me dê um voto de con iança, sei que já iz muita
coisa para te machucar, acredite, cada dor que infringi em ti, doeu em dobro em mim... Poré m agora, eu necessito que con ie
em mim...
-- Eu tenho medo... Nã o por mim, mas por você ... – Tocou-lhe a face com as costas da mã o. – Sei como já sofreu e me
assusta imaginar que poderá passar novamente por isso.
Diana fechou os olhos por fraçõ es de segundos e teve a impressã o de que tudo que vivera passava por sua mente.
Lembrou-se do pai...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 553/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A morena a estreitou mais forte, sentindo como a presença dela era su iciente para trazer conforto para suas
feridas.
Diana apenas a sentia, sentindo que pela primeira vez em tantos anos, havia algo alé m do seu desejo de vingança,
sentindo que pela primeira vez em tanto tempo podia fechar os olhos e icar ali sentindo que ainda tinha um novo dia para
viver.
Nã o sabia o que aconteceria na manhã seguinte, mas aproveitaria o momento que a teria com ela, as horas que
icariam juntas.
Fitou-a e antes que Aimê pudesse falar algo, beijou-lhe os lá bios com fervor.
A Villa Real conhecia a impetuosa mulher e nã o pareceu assustada com o arrobo apaixonado.
Aceitou o beijo e gemeu quando a outra lhe sugou a lı́ngua com mais sofreguidã o.
Apertou-se mais a ela, sentindo a uniã o dos colos, mesmo separados pelo tecido era um suplı́cio.
O contato entre os mamilos fê -la resmungar de desejo contra a boca que a mantinha cativa.
Nunca em sua vida se sentira daquele jeito, nunca imaginara que existia aquela paixã o enlouquecedora que turvava
seu cé rebro, deixando-a perdida em suas ideias, em seus pensamentos.
As vezes parava e icava a imaginar como se sentia ousada diante da major, como seu corpo dominava suas açõ es e
a fazia fazer coisas inimaginá veis.
O olhar era atrevido, estimulante, poderoso como se fosse a dona de tudo aquilo.
Sem falar nada, começou a massagear o colo bonito, fazendo-a sentar de pernas abertas para si.
Logo a boca seguia os caminhos das mã os, enquanto Aimê inclinava o tronco para trá s, dando maior acesso.
Diana mamava como um animal faminto, esquecendo a delicadeza, parecendo um ser em desespero, dominado por
um desejo maciço e primitivo.
Aimê cerrava os dentes, tentando controlar a paixã o que apenas crescia dentro de si.
Estava tã o envolvida que nem percebeu o robe deixando os ombros delicados.
A morena passeava os nó s dos dedos, lambuzando-os, esfregando-os... Mexia com curiosidade...
-- O que você quer? – Questionava, enquanto continuava o passeio. – O que quer, Aimê ?
-- Você nã o sabe, major, pensei que sua inteligê ncia chegasse muito alé m. – Provocou-a. – Nã o consegue imaginar... –
Interrompeu a frase ao sentir mais pressã o. – Nã o conhece as reaçõ es... Nã o escuta como te chamam?
A artista entendeu a outra mã o para tocar seu seio, apertando o mamilo gentilmente.
-- Você é uma menina muito atrevida... – Retirou a mã o, tocando em seus lá bios com o mel. – Eu adoro o seu cheiro.
– Levou a mã o à boca, passando a lı́ngua para lamber todo o excesso. – Seu cheiro é uma tentaçã o muito grande para resistir...
Aimê olhava a cena, via a lı́ngua passeando por toda a pele e nã o conseguia pensar em outra coisa a nã o ser em
senti-la fazendo o mesmo com seu sexo...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 554/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sim... – Voltou a lhe tocar o sexo. – Eu adoro o sabor... Adoro quando entro dentro de ti... Quando me prende...
Quando ouço o atrito...
-- Diana... – Sussurrou o nome dela. – Você me deixa louca... – Mordiscou o lá bio inferior. – Eu tenho a impressã o que
nã o vou aguentar... – Inclinou o quadril para frente para que o os dedos roçassem com mais vigor. – Eu quero... Eu quero
muito...
-- Eu adoro ver seu rosto cheio de prazer, adoro quando geme pra mim...
As bocas se encontraram novamente, enquanto a morena seguia com o delicioso vai e vem, nã o parecia ter pressa,
fazendo-o de forma lenta, paciente.
Mirava a expressã o trans igurada de desejo e sentia o pró prio corpo reclamar por carı́cias.
A major se levantou, mas nã o foi até a esposa logo, antes livrou-se do roupã o.
Nã o negava que sempre se achara uma mulher de grande beleza, via isso nos olhares que encaravam, via essa
admiraçã o nos rostos de muitas pessoas, poré m isso nã o parecia fazer diferença, mas quando era aquela garota que a
apreciava, tudo parecia diferente.
As bocas se encontraram novamente, perdidas, abraçando-se, unindo-se, desejando que aquele momento durasse
para sempre.
A morena estendeu, enquanto observava a amada parada ali, mas nã o por muito tempo.
A Villa Real beijou os delicados pé s, seguindo pela canela, panturrilha... Fazendo-o de forma calma... Chegando as
coxas, demorou-se mais, adorando sentir a rigidez, a maciez...
Observou-a passar por seu sexo com sorriso atrevido, parando seu abdome liso.
Subiu até os seios, lambendo os biquinhos, incitando-os... Viu quando os olhos negros se estreitaram, antã o ousou
mais, chupando mais forte.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 555/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Beijou toda parte externa, mordiscando de leve. Fungou... Beijando de forma mais demorada, passeando a boca por
toda extremidade...
-- Eu quero tudo... – Disse com voz rouca. – Dê -me tudo, meu amor, tudo...
Aimê sorriu, enquanto afastava os grandes lá bios, beijando-os, provando do delicioso mel que já escorria.
Usava-a de forma delicada, mas a pintora parecia querer muito mais, entã o colocou mais pressã o... Esfregando o
rosto, a boca mexia com mais vigor.
Diana rebolava para ela e quando nã o aguentou mais, puxou para cima de si, colando-se, moldando-se, abrindo-se,
desejando que o prazer supremo chegasse para ambas. O que nã o demorou a acontecer.
Nã o tivera uma boa noite de sono, na verdade nem mesmo conseguira dormir pensando na neta.
Viu a tristeza em sua face, percebeu como parecia perdida, enquanto seu olhar nã o abandonava em nenhum
momento a herdeira de Alexander.
Dobrava o grande corredor quando se deparou com a morena deixando o quarto da neta.
Encostou-se à madeira, relembrando como tivera uma deliciosa noite, sem falar que fora acordada com beijos,
amando-se mais uma vez, antes de tomarem banho e praticamente fazer a major deixar os aposentos.
Na verdade, sua vontade era nã o se separar dela mais, poré m sabia ainda nã o era o momento, mesmo que nã o
entendesse as palavras da Calligari quando explicava, decidiu con iar, nã o desejava entrar em confrontos, mesmo que Diana
conseguisse resolver isso de forma apaixonada e deliciosa.
Ouviu batidas na porta e imaginou se a major tinha voltado, mas ao abrir, deparou-se com a avó .
Sentiu o rosto corar, enquanto Clá udia nem esperava um convite, adentrando o espaço.
Aimê viu o vestido da Calligari ainda ao chã o, fora as suas pró prias roupas, as peças ı́ntimas e os vidros da garrafa
que fora quebrada.
A ilha de Otá vio seguiu imediatamente, recolhendo as roupas, levando-as até o banheiro, depois retornou.
-- Eu acabei... – Gaguejou. – Quebrei... Quebrei a garrafa... Caiu da minha mã o... – Deu um sorriso. – Aconteceu
alguma coisa?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 556/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você já foi mais organizada! – Apontou. – Parece que um furacã o passou por aqui. – Olhou-a com reprovaçã o.
Aimê apressou-se em arrumar tudo, assim nã o tinha que encarar a avó .
-- O que icaremos até seu casamento, a inal, temos o dinheiro para alugar um lugar, seu avô precisa se manter aqui.
Alex nos convidou para irmos para a casa dele, mas eu pre iro que nã o façamos isso.
Antes que continuasse a falar a porta se abriu e lá estava Diana novamente.
A Calligari ainda vestia o roupã o, pareceu surpresa em nã o encontrar a amada sozinha.
Aimê a advertiu com o olhar, enquanto percebia como a avó se mostrava interessada nas duas.
-- Olá , senhora! – Cumprimentou a esposa de Ricardo. – Na verdade tinha algo para dizer, mas está fugindo da
minha mente agora. – Piscou. – Mas o que fazem tã o cedo conversando?
-- Vovó veio me falar que devemos sair em busca de um apartamento... Nã o se preocupe que iremos com seus
seguranças.
-- Podem icar no apartamento de antes, está disponı́vel e eu pre iro que Aimê ique por perto.
-- Eu pre iro que tenhamos um lugar nosso, major. Meu futuro genro ofereceu sua casa, mas pre iro que enquanto o
casamento nã o acontecer, iquemos por nossa conta.
-- Ficarã o aqui entã o, enquanto Crocodilo nã o for preso, nã o me importa com o que pensa ser melhor, eu sei o que é
melhor nesse momento! – Disse aborrecida.
Aimê mordeu a lı́ngua para nã o responder, pretendendo fazer isso em outro momento ao perceber o interesse da
vó no assunto.
-- Agora vou tomar um banho, terei umas coisas para resolver hoje. – Diana seguiu até a porta.
-- Pensei que já tivesse tomando... – Clá udia a al inetou. – Na verdade, penso que as duas tomaram banho, mesmo
sendo tã o cedo.
Quando a encontrasse, com certeza se desentenderiam, ainda mais por ela ter deixado no ar aquela insinuaçã o.
Se havia alguma dú vida sobre o que aconteceu naquele quarto, agora nã o havia mais.
-- Vou acordar o seu avô para comer algo. – Depositou um beijo em sua face. – Te amo muito e só desejo o seu bem.
-- Você disse que estava tudo certo para noite passada! – Crocodilo esbravejava no telefone. – Entreguei o dinheiro
ao rapaz e esperei a encomenda que nã o chegou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 557/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Maldita Calligari!
-- O meu tempo está se esgotando, preciso entregá -la, quanto à ilha de Alexander, essa logo terá seu im. – Tocou a
pistola que tinha sempre à mã o. – Seu ilho nã o causará problema? Ontem quando falei com aquele segurança, vi o noivinho
passeando pelo jardim. Pensei que tinha convencido ele a participar.
-- Nã o, ainda mais quando icar sabendo que a noiva dele está transando com Diana Calligari!
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 558/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Uma casa enorme e de desenho antigo fora transformada em um espaço aconchegante. No inı́cio do corredor havia
duas recepcionistas bem vestidas em suas mesas. Nas paredes havia quadros e até algumas esculturas.
Os passos de Diana ecoavam, enquanto seguia até a porta lateral, onde encontraria a empresá ria.
Com seu jeans escuro colado, camisa social e jaqueta de couro, era uma visã o bonita para se observada, ainda mais
quando exibia aquele olhar in lexı́vel.
As jovens que trabalhavam ali já conheciam a pintora e sabiam que ela nã o era muito cordata a ponto de
cumprimentá -las, por isso estranharam o bom dia que receberam.
Vanessa estava sentada diante da escrivaninha, lia alguns documentos quando viu a porta abrir e uma sorridente
Calligari se aproximar, sentando diante da mesa.
-- Nossa, que felicidade é essa? – A amiga estranhou. – Você está bem? – Questionou enquanto deixava os papé is de
lado.
Nã o tinha muito como disfarçar o contentamento que sentia, tinha a impressã o que seus olhos també m tinham
retornado à luz.
-- Eu tive uma noite maravilhosa... – Suspirou. – A minha vontade era ter permanecido na cama durante o dia
inteiro.
Vanessa retirou os ó culos, deixando-os de lado imediatamente, parecendo bastante interessada no que era dito.
-- Bem, eu nã o sei o que signi ica esse que, mas que eu amei a mimadinha até ela perder as forças, ah, isso eu iz.
-- Eu nã o acredito que depois daquele noivado você teve a coragem de ir atrá s dela e pior, nã o acredito que ela te
aceitou tã o facilmente... Eu teria te mandado para o inferno e pensei que depois de ontem era isso que ela faria para sempre,
vi bem a raiva que queimava aqueles lindos olhos azuis.
Recordava-se de como a ilha de Otá vio era tinhosa e de como quase perdera a cabeça por conta de suas
provocaçõ es.
-- Realmente nã o foi tã o fá cil, Aimê tem aquela carinha de anjo, mas é muito teimosa e quando bate o pé , nã o é fá cil
fazê -la mudar... Mas quando consigo...
-- Nossa, Diana, você tem uma cara de safada que dá até medo... Fico a pensar o que andou fazendo com essa
menina.
-- Você pode reclamar de tudo sobre mim, poré m jamais poderá falar sobre a minha forma maravilhosa de levar as
mulheres ao cé u...
Pela primeira vez em anos, via que um ser do sexo feminino tinha um valor maior para a major, que nã o fosse um
corpo bonito para ser usado ao seu bel prazer.
-- Ah, sim, lembro daquela modelo que você saia sempre e quando a coitada quase surtou por sua culpa, ela deixou
bem claro sua performance na cama. – Meneou a cabeça em decepçã o. – Mas eu pre iro nã o falar sobre esse tipo de coisa. –
Levantou-se. – Mas, conte-me algo, já está pronta para assumir para todos o seu amor?
-- Você sabe que nã o me importo com a opiniã o dos outros, quando chegar o momento, desejarei que Aimê seja
totalmente minha.
-- Eu nã o posso fazer isso agora, ela corre perigo, ainda mais se estiver comigo. – Arrumou os cabelos. – Eu tenho
certeza de que algué m está passando informaçõ es para o Crocodilo e estou icando muito assustada, nã o por mim, mas por
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 559/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
ela.
-- Peça ajuda a polı́cia! – Ordenou preocupada. – Eu temo por ti, temo que queira enfrentar esse bandido sozinha e
acabe muito mal.
Diana itou o reló gio que repousava em seu pulso, parecia mais interessada nele do que no discurso in lamado da
amiga.
-- Contanto que Aimê esteja bem, nã o me preocupo muito com o resto.
-- Mas eu me preocupo e tenho certeza de que ela també m se preocupa! – Sentou na cadeira pesadamente. – Essa
sua teimosia é muito irritante e eu juro que nã o sei nem o que fazer.
A pintora nã o falou nada de imediato. Entendia a empresá ria, pois sabia o carinho que ela sempre lhe dedicara, mas
ela teria que entender que nã o se importaria de se arriscar para salvar a vida da mulher que amava.
-- Eu prometo que me cuidarei, ainda mais agora que desejo viver muito anos ao lado da mimadinha e ter ilhinhos
pra você cuidar! – Piscou.
Rezaria para que isso realmente pudesse acontecer, pois se tinha algué m que merecia essa felicidade, seu nome era
Diana Calligari.
-- Ah, esqueci de te dizer, hoje cedo recebi uma ligaçã o de Roma. – Fitou-a. – Marcela está embarcando nesse exato
momento, deseja o quadro que você prometeu.
-- Você acha que a neta do general vai gostar que pinte um quadro de uma mulher nua? Ainda mais se essa mulher
quer muito mais do que seus pincé is? Deve dissuadir a outra dessa ideia, diga que está ocupada, explique a situaçã o, mas nã o
provoque a oncinha.
Sabia muito bem que teria problemas sé rios com Aimê se pintasse italiana, poré m já tinha dado sua palavra e nã o
desejava mesmo voltar atrá s.
-- Verei o que farei! – Levantou-se. – Estou indo para o apartamento, estou com muita vontade de pintar algo.
Sabia que ela iria até o im com essa histó ria de quadro nu, sabia como ela era depois que se comprometia com algo
e por isso temia quando a jovem Villa Real soubesse.
Esperava que a idelidade estivesse entre as qualidades que a morena parecia deixar a lorar.
-- Diana, nã o esqueça que temos algumas exposiçõ es esse mê s, nã o terá tempo para a Marcela! – Fez uma ú ltima
tentativa.
Talvez devesse ela falar com a tal que desejava ser pintada, explicaria o fato, poré m nã o acreditava muito que ela se
importasse em atrapalhar a vida da ilha do poderoso Alexander.
O que se pensar de uma mulher que tinha dormido com outra as vé speras do pró prio casamento?
Aimê estava encantada com o jardim da enorme mansã o. Alé m de lindas lores, també m havia á rvores frondosas,
deixando o lugar com um clima encantado.
Passeava pelo lugar e ao olhar em direçã o a entrada nã o viu o carro da pintora.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 560/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ansiou por vê -la, mas nã o sabia onde poderia estar naquele momento.
Nã o cansava de olhar para aquelas espé cies e sentir seu aroma.
Fitou a enorme casa de trê s andares, imaginando se em alguma parte daquela enorme mansã o estaria a arrogante e
sedutora pintora.
Quando recordava de que ela praticamente assumira para Clá udia que tomaram banho juntas, tinha vontade de
esbravejar alto, mas o que ela esperava da major que age como se fosse a dona da situaçã o o tempo todo.
Deus, como aquela mulher era linda, como sabia ser convincente, tendo ousadia su iciente para derrubar a mais
forte convicçã o.
Ainda nã o acreditava que passaram uma noite tã o maravilhosa, ainda icava a pensar se apenas fora um devaneio
tudo o que se passou, todas as palavras que ouvira, as carı́cias ı́ntimas que trocaram.
Só em pensar nisso sentia aquela incô moda e deliciosa pressã o no baixo ventre.
Ser acordada por uma Diana cheia de desejo era algo incompará vel para se experimentar, ainda mais quando a
artista era boa em lhe despertar do sono que a acometia.
Gostaria de tê -la encontrado e conversado fora do quarto, queria realmente saber que tudo aquilo que viveram era
algo real.
Nã o negava que estava irritada por ter que continuar com o noivado, nã o desejava mesmo viver aquela mentira,
mesmo sabendo que contar para o avô que estava apaixonada por uma mulher nã o seria uma situaçã o fá cil, ainda mais
sabendo que essa mulher era a ilha do general Alexander.
Mas se estivesse ao lado da major, nã o se importaria de enfrentar tudo o que estava por vim.
Gostaria de ter visto Alex, de ter falado com ele, sentia a consciê ncia pesada por nã o ter esclarecido toda a situaçã o
com o rapaz.
Sentiu um incomodante olhar sobre si e viu o homem da noite passada olhando em sua direçã o.
Observou-o.
O rapaz jovem, alto e de cabelos loiros parecia bastante interessado em sua pessoa e isso nã o a estava agradando,
pois seu olhar chegava a ser desrespeitoso.
Pensou em Falar com a Calligari sobre isso, mas temia que a artista nã o fosse muito paciente ao lidar com coisas
desse tipo e acabasse partindo para cima do guarda-costas.
-- Boa tarde! – A loira cumprimentou com um enorme sorriso. – Acho que estava muito cansada ontem, só agora
consegui despertar. – Suspirou. – Perdi o café e o almoço.
-- Claro que comi, o batalhã o de empregadas foram bastante atenciosas e nã o me deixaram passar fome... Cada
iguaria! – Lambeu o lá bio superior. – Sem falar de ontem, onde essas pessoas aprendem a fazer essas comidas, meu Deus! –
Exclamou comicamente.
Ambas sorriram.
-- E você ? – Bianca questionou descon iada. – Ontem você nã o tinha esse brilho nos olhos, na verdade estava
furiosa. – Observava-a com atençã o. – O que aconteceu? Por que corou?
A Villa Real mordiscou a lateral do lá bio inferior demoradamente, até que pareceu tomar coragem para falar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 561/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Hã n? – Arqueou a sobrancelha. – E o que houve? Nã o me diga que voou nela e arranhou aquele belo rosto
arrogante? Melhor, rasgou o elegante vestido que ela usava, depois icou parada se enamorando das belas formas.
-- Brigamos muito, esbravejei, ela me tira do sé rio! A Diana é fria, mas ao mesmo tempo parece que tem um vulcã o
queimando dentro dela... Nunca algué m conseguiu me deixar assim...
-- Bem, isso dá pra perceber, ontem vi sua fú ria, sempre ica daquele jeito em relaçã o à major. Mas nã o foi isso que
te fez colorir as bochechas. O que mais aconteceu?
-- Realmente nã o foi isso... – Desviou o olhar, itando as rosas que desabrochava em frente. – Eu nã o consigo resistir
ao toque dela, aos beijos... E quando brigamos, Deus, é como se meu corpo icasse ainda mais desejoso e enlouquecido por ela.
– Terminou em um io de voz.
Aimê voltou a sentar de frente, enquanto levantava a cabeça e observava a beleza da á rvore.
Respirou fundo.
-- Eu a amo, Bianca, amo-a tanto que chego a perder toda a capacidade de raciocinar. – Suspirou alto. – Mas eu nã o
sei, a major é uma mulher linda, forte... Com o gê nio de todos os demô nios da terra..
-- E ela?
-- Me ama també m, confessou que me amava e até agora eu nã o consigo pensar em outra coisa a nã o ser nisso.
-- Caramba, amiga, estou super feliz por ti, agora já pode terminar esse noivado com o Alex e icar com a mulher
que ama.
-- Infelizmente nã o, ainda nã o posso, Diana me pediu para esperar, isso que está me deixando irritada. Eu nã o quero
iludir o Alex, ele nã o merece passar por toda essa situaçã o.
-- Eu o procurei para que pudé ssemos conversar, mas me disseram que ele tinha saı́do muito cedo.
-- Bem, meu tio ainda está por aqui. Agora mesmo está conversando com seu avô . Meu primo deve ter ido resolver
algum problema. – Pegou o celular do bolso, discando o nú mero dele.
A ilha de Otá vio percebia que o segurança que a incomodava estava ainda mais pró ximo e nã o parava de encará -
las.
Bianca se levantou indo até a amiga, també m tinha percebido o insistente olhar.
-- Por que ele ica te itando? – Indagou baixinho, enquanto mantinha o aparelho na orelha.
-- Eu nã o sei, nem mesmo lembrava desse segurança, só ontem o vi aqui no jardim e ele parecia bastante
desagradá vel.
-- Ele está sendo desrespeitoso, isso sim, olha como ele te olha. Acho que deveria falar com a Diana sobre isso.
-- Falarei assim que tiver oportunidade. – Fitou a casa. – Acho melhor entrarmos.
Já era quase meia noite quando o automó vel de Diana adentrou os portõ es da enorme mansã o.
Passara todo o dia no apartamento, estava em seu estú dio criando, sentindo-se tã o relaxada que nem viu a hora
passar.
Ligou algumas vezes para a mansã o, mas Aimê nã o atendera, estava com os avó s no momento, entã o preferiu nã o
incomodar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 562/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Pensara em mandar buscá -la, poré m decidiu esperar por uma reaçã o da garota, mas nã o houve nenhum
telefonema.
Agora se arrependia de sempre agir com in lexibilidade, pois se fosse mais maleá vel, teriam passado um dia
delicioso juntas.
As vezes se assustava com a intensidade das emoçõ es que a ilha de Otá vio a inspirava, temia, pois tinha a
impressã o que perdia todo o controle que sempre tivera.
Bastava um olhar e seu corpo reagia a ela...Ainda estava conseguindo manter a calma, poré m desejava ir muito
alé m, desejava possuı́-la mais impetuosamente.
Assim que as coisas se resolvessem e pudesse tirar o bandido miserá vel do seu caminho, levaria a mimadinha para
uma viagem... Uma deliciosa viagem...
Desceu do automó vel e ao olhar para cima, viu que a luz do quarto da esposa estava apagada.
Adentrou o espaço.
Sentiu-se aliviada por ela ter passado o dia fora, mas agora que retornara, icava a pensar se ela voltaria a procurar
sua neta.
Nã o havia mais dú vidas do que se passava entre as duas mulheres. Era possı́vel ver nos olhos de Aimê um
sentimento forte, poré m e a outra, qual sua intençã o com tudo aquilo?
Fitou o marido que dormia descansado e imaginou o que ele pensaria ao descobrir que a amada menina dos seus
olhos gostava de mulher e para piorar tudo isso, essa mulher era a herdeira de Alexander.
Aquilo causaria uma verdadeira catá strofe, ainda mais se Diana estivesse apenas querendo continuar com sua
vingança só rdida, poré m se fosse essa a intençã o, nã o deixaria que ela continuasse. Lutaria até seu ú ltimo suspiro para
proteger Aimê .
A Calligari se livrou das roupas e já seguia para o banheiro quando ouviu batidas na porta.
Pegou o roupã o, vestindo-se e enquanto seguia para abrir, imaginou se poderia ser a doce mimadinha em uma
visita noturna, mas ao abrir se deparou com a esposa do general.
A matriarca passara algum tempo no corredor, temendo se seria uma boa ideia ir até a major, imaginando como ela
reagiria com sua visita, ainda mais naquele horá rio.
A morena a encarou por alguns segundos e deu passagem para que ela entrasse.
-- Nã o acredito que essa seja hora para uma visita de cortesia, mas já que está aqui, diga-me o que deseja?
A mã e de Otá vio já conhecia o sarcasmo da Calligari, por isso nã o era novidade ser tratada assim.
Observava tudo ao redor, vendo as roupas que ela tinha acabado de tirar sobre a cama.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 563/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu sei muito bem o que está acontecendo entre a minha neta e você ! – Disse de supetã o. – E saiba que nã o irei
permitir que a magoe!
Fitava-a insistentemente.
-- Nã o me diga que deseja alguma coisa em troca disso? O que? Vai se aproveitar da relaçã o para obter alguns
privilé gios? – Debochava. – Um apartamento novo? A retirada das denú ncias contra o seu adorá vel e miserá vel marido?
-- Talvez, você nã o acredite, mas o amor que eu tenho pela Aimê é muito maior do que sua fortuna... Eu nã o desejo
nada que venha de você , nã o desejo nem mesmo que nos acolha em sua casa. – Apontou-lhe o dedo em riste. -- Por mim, eu
nã o estaria mais aqui, poré m eu sei que a minha neta corre perigo e eu sou muito grata por estar protegendo-a, mas de forma
alguma irei permitir que a faça sofrer, que use o sentimento que ela tem por ti para se vingar de tudo o que Otá vio lhe fez.
Fitava aquela mulher ali parada e sentia raiva pelo que pensara de si, mas també m a admirava por ter essa
preocupaçã o tã o grande com a Villa Real.
Parecia ponderar, enquanto Clá udia a encarava com a expressã o preocupada, temerosa.
-- Eu odeio os Villas Real! – Dizia por entre os dentes. -- Odeio-os por tudo o que me izeram passar, odeio o seu
ilho por ter tirado a vida do meu pai... – Umedeceu o lá bio superior. – Serei sincera com a senhora... Eu adoraria estar
brincando com a Aimê , adoraria nã o sentir o que sinto por ela, adoraria nã o a amar, a inal, ela é a ilha do monstro que me
destruiu... – Respirou fundo. – Poré m, eu a amo, amo-a tanto que nã o consigo me manter distante, mesmo tendo tentado
tantas vezes... Eu nã o sei se serei uma boa escolha... – Deu um riso amargo. – Há muita coisa em nossos caminhos, mas quero
que saiba que sou capaz de tudo para protegê -la, para mantê -la segura... Para fazê -la feliz...
A esposa do general sabia que a morena estava sendo sincera e se sentiu aliviada por saber que realmente havia
amor no coraçã o daquela dura mulher.
-- O amor nã o é perfeito, Diana, o amor é um sentimento difı́cil de lidar, mas quando ele existe nã o se tem para onde
fugir, é muito poderoso...
A Calligari nada disse, enquanto ouvia os passos se afastarem, ouvindo o som da porta se fechar.
Viu quando Diana chegou e imaginou se atirasse no carro se sairia bem, mesmo sabendo que ela nã o era tã o burra
para nã o usar um automó vel brindado.
Era uma pena que tivesse que tirá -la da histó ria.
Atrai-la-ia pela Aimê depois levaria as duas para a loresta. Faria com que todos pensassem que a Calligari surtou
de uma vez por todas e decidiu acabar com a vida da ilha do homem que destruı́ra sua vida.
Sorriu.
A bela major pensava ser muito esperta com aquela exposiçã o toda da jovem, poré m nã o contava com um detalhe:
O dinheiro corrompia as pessoas e isso fora providencial.
Quem diria que a herdeira de Otá vio seduziria a ı́ndia selvagem e seria sua perdiçã o.
A Calligari banhou, depois sentou na varanda e icou bebendo algumas taças de vinho.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 564/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
As palavras que ouvira de Clá udia ainda martelavam em seu cé rebro.
Temera se aproximar, ainda mais depois da conversa que teve com a “ vovozinha”, poré m a vontade de estar com a
ilha de Otá vio estava cada vez mais incontrolá vel.
Aimê estava deitada de lado, nã o estava coberta, usando apenas uma camiseta colada e uma minú scula calcinha.
Como falara a Clá udia, gostaria de nã o ter se apaixonado pela ilha de Otá vio, pois ainda temia feri-la com seu ó dio,
poré m aquela sempre fora uma batalha que nã o venceria.
Sua intençã o ao ir até ali era apenas deitar ao seu lado e dormirem abraçadas, mas seu plano parecia inviá vel, pois
seu desejo já começava a queimar novamente.
Livrou-se lentamente do roupã o, parecendo ser uma tarefa difı́cil desfazer a simples amarra, caminhou até o leito.
A garota resmungou.
Diana começou a beijar seu pescoço, deliciando-se com o aroma da pele sedosa.
Mordiscava de leve, abraçou-a pela cintura, fazendo-a colar o bumbum em seu sexo.
-- Acorda, meu bem... Quero te amar... – Sussurrava em seu ouvido. – Passei o dia pensando em ti...
Aimê se mexeu, mais uma vez reclamando da intromissã o em seu descanso... Resmungava algo difı́cil de decifrar.
A morena continuava a acariciar suas costas, depois a virou delicadamente para si.
Usou o polegar para incitar os mamilos, até vê -los se mostrar como o botã o de uma rosa.
Ouvia gemer.
Prendeu-os nos dentes, usando a lı́ngua para afrontá -los ainda mais.
-- Diana...
-- O que faz aqui? – Questionou, enquanto sentia as carı́cias aumentarem. – O que está fazendo? – Perguntou
baixinho.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 565/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Quando a Villa Real abria a boca para falar novamente, um beijo dominador tomou conta dos seus lá bios.
Abraçou-a, estreitando o carinho, sentindo o desejo impetuoso sacudir suas cé lulas.
Sentiu a lı́ngua invadindo todos os recantos, ela parecia querer ir mais longe, encontrando a sua.
-- Você adora isso... Eu sei... Gosta do meu toque... Desde que a tomei pela primeira vez se tornou cativa, do mesmo
jeito que eu iquei.
Virou-a de frente para si, pondo-se sobre ela, enquanto segurava seus pulsos, mantendo-a presa.
Aimê sentia os carinhos se tornarem mais ardentes... Estava desperta, presa naquele mundo de sensaçõ es
deliciosas.
Tentou se livrar dos braços que a mantinha cativa, poré m a major nã o aliviava. Aceitou-a entre suas pernas,
sentindo o corpo nu esfregando sobre o seu.
A Villa Real adorou a pressã o que ela fazia contra sua intimidade.
-- Por que nã o me procurou o dia todo e simplesmente vem uma hora dessas atrá s de mim...
A ı́ndia nã o pareceu se importar com as palavras, seguindo para se livrar da calcinha que ela usava, depois voltou a
colar-se a ela.
-- Eu passei o dia pensando em possuir você de novo. – Dizia contra os lá bios dela. – Passei o dia desejando gozar
bem gostoso dentro de ti...
Sentiu os dedos explorando sua carne, parecendo querer comprovar como estava molhada e isso nã o foi algo difı́cil
de descobrir, pois o mel já escorria por suas pernas.
-- Entã o me leve a esse mundo de prazer també m... – A Villa real pediu. – Quero me perder novamente nessas
sensaçõ es...
Diana mexia o quadril impetuosamente, parecendo querer fundir-se totalmente, desmanchar-se dentro dela.
E o quarto se preenchia com o som dos corpos se amando, dos gemidos altos e dos sussurros delirantes.
-- Venha comigo... – Sussurrou contra a boca dela. – Sinta comigo o poder que você tem sobre mim... – Dizia sem
fô lego.
Aimê assentiu.
A ilha de Otá vio conseguiu se livrar dos braços, abraçando as costas e cravando as unhas na pele da amada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 566/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Choramingou ao sentir que nã o suportaria por muito tempo, pediu mais, desejava muito mais naquele momento e
logo os corpos perderam a força.
Ouviu o rugido animal da Calligari ou era o seu... Ficou confusa, sentindo quando o corpo suado desabava sobre o
seu.
Sentia que nã o tinha forças para falar... Mas mesmo assim exibiu um sorriso de felicidade ao ouvi-la dizer:
-- Eu te amo... Mimadinha...
Na manhã seguinte, Diana despertou a amada com um delicioso café na cama, mas antes a amou novamente, poré m
com calma, pacientemente.
Tinha tomado banho e estavam sentadas no leito de casal, vestiam apenas um roupã o.
-- Sabe o que eu estava pensando. – A major dizia, enquanto levava uma uva à boca. – Quero retomar a pintura do
seu quadro.
Aimê a encarou e acabou rindo ao ver a expressã o de sé ria que ela fazia ao dizer aquilo.
-- Sabe que eu acho que isso nã o passa de uma desculpa para me seduzir.
-- Eu? A famosa pintora Alessandra Calligari jamais se aproveitaria da arte para fazer amor gostoso contigo. –
Piscou ousada. – Nã o preciso de subterfú gios para isso. – Estendeu a mã o para tocar o seio da esposa, mas foi detida.
-- Nã o, contigo eu penso em muitas coisas, meu amor. – Colou os lá bios aos delas. – Mas depois te falo sobre esses
pensamentos. – Depositou um beijo demorado, depois se levantou. – Preciso dar uns telefonemas. Esses dias terei uma
exposiçã o e quero que vá comigo.
Aimê tomou cuidado para nã o derrubar a bandeja, seguindo até ela, abraçou-a pelo pescoço.
-- Entã o se prepare, pois a quero ao meu lado! – Beijou-lhe a pontinha do nariz. – Resolverei esse problema e logo
retorno para ti... Hoje você nã o me escapa!
Suspirou feliz, seguindo até a cama e deitando-se com os pé s para fora.
Amava muito a morena e desejava mais do que tudo que aquela relaçã o pudesse icar mais só lida a cada dia.
Levantou-se.
Antes que pudesse falar algo, teve os lá bios tomados pela italiana que demonstrava bastante entusiasmo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 567/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari viu o olhar da bela mulher se dirigir a escadaria e ao se virar viu Aimê lá parada ao lado de Clá udia e de
Bianca.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 568/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Fechava o sutiã frontalmente e ao recordar de como a boca da major passeara deliciosamente por seus seios,
sentiu-os latejar... Doı́am... Reclamavam por uma continuidade de atençã o... Imploravam pela boca que explorara
despudoradamente, pele lı́ngua que adorava provocar seus mamilos, até senti-los excitados ao limite da sanidade.
Notou como o rosto estava corado, os lá bios inchados... A pele ainda estava arrepiada...Pelo re lexo, seu olhar fora
direcionado ao leito... Teve lashes a povoar sua mente... O emaranhado de pernas, os sussurros enrouquecidos, os gemidos de
uma deliciosa dor...
Seguiu até a cama, pegando um lençol... Sentia a delicadeza do tecido em seus dedos, a forma macia que ele
deslizara... Que cobrira os corpos suados do exercı́cio prazeroso.
Levou-o ao nariz, inalando nã o só o cheiro do momento que tiveram, mas també m o aroma daquela mulher que
dominava seus sentidos.
Aquela essê ncia poderosa combinava com sua dona, com sua princesa selvagem...
Suspirou alto.
Nã o via a hora de poder assumir aquele vı́nculo, mesmo sabendo que seria um choque para seus avó s, levando nã o
só em conta se tratar de uma relaçã o que enfrentava muitos preconceitos, ainda tinha o fato de ter se apaixonado pela ilha de
Alexander.
Deus, tinha perdido o senso igual ao pró prio pai? Estaria em seu sangue enlouquecer pela major?
Amava-a... Amava-a tanto que se assustava com a grandeza daquele sentimento que parecia crescer segundo a
segundo...
Queria-a para si, acordar ao seu lado todos os dias, beijar sua boca até nã o conseguir respirar.
Sorriu...
Nossa... Aquela boca beijava muito bem... Parecia a introduçã o de tudo o que viria a seguir...
Estava com vontade de ir ao jardim, queria sentir o aroma das lores...Mas ainda tinha a promessa da Calligari de
passar o dia consigo...
As duas mulheres nã o a viram de imediato, pois sua atençã o estava voltada para os quadros que enfeitavam as
paredes.
Aproximou-se na surdina, seus passos eram amortecidos pelo carpete felpudo. Abraçou-as, demonstrando seu
contentamento.
-- Nossa, parece que viu passarinho verde! – A loira a provocou. – Ou será que esse passarinho tem pelos
bronzeados.
A jovem Villa Real lhe dirigiu um olhar de advertê ncia, enquanto via a expressã o da matriarca.
-- Nã o seja boba, Bianca, apenas acordei feliz como é de costume, ainda mais porque a janela do meu quarto dá
direto para o esplendoroso jardim...
O olhar da esposa de Ricardo passava de uma para a outra de forma descon iada.
-- Que bom que é apenas isso! – Clá udia parecia advertir as duas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 569/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Conversavam animadamente, falavam sobre trivialidades, até que o trio estancou no topo da escada ao presenciar a
cena que se desenrolava.
A ilha de Otá vio teve a impressã o que os pé s tinham colados no assoalho e nada poderia tirá -los de lá .
Engoliu em seco.
No seu cé rebro passava todos os momentos que viveram desde a noite da festa e as declaraçõ es, de repente,
soavam falsas, vazias, sem nenhum signi icado.
Sentiu a mã o reconfortante da vó cair sobre seu braço e naquele momento sabia que nã o tinha como disfarçar a
decepçã o que sentia.
Sustentou-os.
Diana estava no escritó rio terminando de falar com a Vanessa. Nem mesmo tivera tempo para se vestir, ainda usava
o roupã o preto pó s-banho.
Colocou o telefone no gancho, depois se apoiou na cadeira de couro, girando de um lado para o outro.
Sua atençã o foi direcionada para um pequeno objeto coberto de veludo vermelho.
Pegou a caixinha que estava sobre a mesa, abriu-a, olhando a pedra solitá ria que repousava sobre o aro dourado.
Aquele anel fora dado a sua mã e quando Diana nascera... Aquela pequena e delicada preciosidade signi icara a
uniã o dos dois...
Seu pai sofrera tanto quando a esposa decidira retornar à tribo, quando abrira mã o do que tinham para viver ao
lado do seu povo, mesmo assim, ele sempre acalentou a esperança de que um dia ela retornaria e poderiam ser felizes
juntos... Poderiam ter uma famı́lia...
Lá jazia a imagem da mulher de cabelos negros e pele bronzeada tendo um bebê nos braços e mais atrá s o general
Alexander exibia um sorriso grande, apaixonado...
Aquela era a ú nica foto que tinha da relâ mpago uniã o...
As vezes pensava que a mã e fora embora pelo preconceito que enfrentara ao se envolver com um homem tã o
importante...
Levantou-se!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 570/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o queria pensar que seu destino seria semelhante... Aquele fora o motivo de nunca ter se apegado a ningué m, das
suas relaçõ es envolverem apenas sexo... Era sempre prazer... Até que seu caminho cruzou com a ilha do seu maior inimigo...
Aimê ...
Por que com ela era tudo tã o diferente? Amedrontava-se ao perceber o poder que aquele olhar tinha sobre si...
Pensava onde levaria a mimadinha para passear... Queria ter aquele dia com ela, pois depois tinha planos para
mantê -la a salva e talvez fosse necessá rio mantê -la distante.
Ouviu a campainha e ao ver a demora dos empregados aparecerem, foi abrir a porta.
Antes que pudesse falar algo, teve os lá bios tomados pela italiana que demonstrava bastante entusiasmo.
A major afastou-a delicadamente, entã o observou o olhar da bela se dirigir a escadaria e ao se virar viu Aimê lá
parada ao lado de Clá udia e Bianca.
Os olhos azuis a encaravam de forma nã o apenas acusadora, mas també m demonstrava grande decepçã o.
Nunca em sua vida uma mirada lhe atingira tã o forte como aquela expressã o de dor que a neta do general
demonstrava.
-- Alessandra, meu corpo já se arrepia por imaginar seus toques... Ainda recordo de como o faz tã o bem!
A morena voltou a itar a italiana e quando virou sua cabeça em direçã o a escada, viu que a garota nã o estava mais
lá .
-- Eu já volto!
Diana abriu a porta do quarto e encontrou Aimê parada no meio dos aposentos.
-- Saia! – A Villa Real falou por entre os dentes. – Nã o deveria ter vindo aqui!
A major encarou-a e sentiu a fú ria que ela deixava transparecer em sua expressã o.
Aproximou-se e quando tentou lhe tocar o braço, a jovem se livrou com um violento safanã o.
A Calligari passou a mã o pelas madeixas negras, enquanto ouvia o som da respiraçã o pesada da amada.
Sabia que aquele terreno era delicado e precisava ir com muita calma.
A neta de Ricardo jogou a cabeça para o lado, arrumando os cabelos por trá s da orelha.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 571/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você nã o tem que me explicar nada! – Ergueu o queixo orgulhosamente. – Sabe que agora me recordo daquela
vez que inventou de me pintar, me seduziu e depois me humilhou... – Apontou-lhe o dedo. -- Naquele dia você falou sobre sua
modelo... Ah, que lindo, você pode icar com ela!
Diana a itava e pela primeira vez em muito tempo nã o sabia como agir, como se justi icar, na verdade, nã o se sentia
bem com a raiva da esposa, ainda mais por que nã o tivera culpa da Marcela lhe beijar, nã o esperara por isso, fora
surpreendida pela italiana.
-- Nã o! – A moça estendeu os braços para afastá -la, interrompendo-a. – Nã o chegue perto de mim! – Advertiu-a. –
Nã o desejo ouvir nada que venha de ti! – Meneou a cabeça em decepçã o. -- Nã o acredito que caı́ mais uma vez na sua
conversa. – Limpou uma lá grima que a traia. – Acho que você se diverte me fazendo de tola... Diverte-se me ferindo, tenho
certeza! – Cerrou um pouco os olhos. -- Ainda estar a se vingar de mim, major?
A pintora via o desespero da amada e se sentia impotente por nã o ter as palavras certas para explicar o ocorrido.
-- Eu nã o te iz de boba! – Disse impaciente. – Nã o tenho culpa se a Marcela entrou e me beijou, eu nem mesmo
esperava por isso... – Estendeu o braço para lhe tocar a face, mas acabou desistindo ao ver o olhar irado. – Nã o estou me
vingando de ti... – Falou baixinho. – Eu juro que nã o estou...
-- Você quer dizer que essa mulher veio aqui e sem mais nem menos te beijou? – Arqueou a sobrancelha. – Diga-me
que nã o transou com ela! Ouvi as palavras, vi como ela parecia interessada em repetir o interlú dio... Vá lá com a sua musa e
me deixe em paz! – Usou um tom mais alto. – Vá lá com a sua amante e me esqueça!
O olhar da neta do general continuava implacá vel. Os olhos azuis pareciam soltar chamas.
-- Sim, eu fui para cama com ela, mas foi na é poca que passamos por aquele problema, quando você tinha me
acusado de destruir sua loricultura! – Passou a mã o pelos cabelos. – Nã o acredito que isso tenha alguma coisa a ver com a
nossa situaçã o atual... A gente nem mesmo está vamos juntas! – Buscava se justi icar.
-- Olha, Diana, o que você acha ou deixa de achar nã o me interessa... A inal, você icou com aquela tal recepcionista
no mesmo quarto que eu estava... Nã o tenho motivos para estranhar seus atos.
-- Está misturando as coisas! – Disse impaciente. – Está falando de situaçõ es diferentes. Se for assim vai jogar na
minha cara todos os meus casos! – falou irritada.
-- Eu estou misturando? – Deu um sorriso amargo. – Você usou o casamento indı́gena para vá rias vezes me
subjugar, ainda mais quando temia que outra pessoa se aproximasse de mim de forma tã o ı́ntima... Repetia essa ladainha o
tempo todo e agora fala que eu estou misturando as coisas... Se eu sair beijando outras pessoas nã o terei problema entã o? –
Arqueou a sobrancelha em provocaçã o. – Bem, eu posso fazer isso, posso nã o ser a poderosa princesa selvagem, mas consigo
ser sedutora quando quero.
A morena voltou a se aproximar, segurando-a forte pelos ombros, mas a Villa Real voltou a se desvencilhar,
arranhando a face bonita de pintora.
-- Saia daqui! – Expulsou-a de novo. – Deixe-me em paz! Nã o me importo com quem irá para a cama, apenas saiba
que em mim nã o tocará mais!
-- Deus, eu juro que nã o tive a intençã o de que isso acontecesse, ainda mais agora que estamos tã o bem... – Respirou
fundo. – Por favor, nã o deixe que isso atrapalhe o que começamos ...
-- Eu acho que a gente já foi longe de mais... Agora saia e me deixe sozinha! – Dizia mais calma.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 572/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- O que está querendo dizer com isso? – Indagou por entre os dentes. – Eu nã o acredito que vai agir com uma
garotinha estú pida por algo que eu nã o tive culpa!
Quando se sentiu pronta para continuar aquela discussã o, virou-se para a Calligari.
-- Eu sou uma garota estú pida... Eu sou isso que você disse!
Cruzou os braços sobre os seios e permaneceu ali parada, observando-a, itando-a intensamente, sustentando o
olhar que demonstrava serenidade mesclada à raiva.
-- Aimê , eu vou deixar que você pense. – Usava um tom mais controlado. -- Deixarei que raciocine e perceba que eu
nã o iz nada de errado e que eu te amo muito... e nã o tenho nenhuma vontade de icar com outra mulher, pois eu só desejo
você , só quero você ... – Torceu o canto da boca. – Quando você se acalmar, conversaremos novamente.
O olhar da Villa Real permanecia impassı́vel, demonstrando toda sua indiferença com as palavras que foram ditas
cheias de emoçã o.
A bela princesa ainda icou no lugar durante algum tempo, até que se afastou.
Sentia o sangue correr mais rá pido em suas veias, vontade de esbravejar, gritar em plenos pulmõ es contra aquele
ser que destruı́ra todas as suas defesas...
Descarada!
Como ela vinha com aquele ar de dona da situaçã o tentar se explicar, como se o que aconteceu nã o falasse por si só .
Fitou a cama, vendo o leito que tinha se amado durante a noite toda.
Cerrou os dentes.
Quando viu a ruiva se atrever a beijar a Calligari sentiu vontade de voar sobre as duas.
Desavergonhadas!
Pegou a delicada coberta de seda, rasgando-a em vá rios pedaços, como se assim pudesse se livrar dos momentos
que viveram... Como se pudesse vingar o seu ultraje.
Fitou a jovem.
Nã o queria falar sobre o assunto, mas precisava desabafar ou acabaria tendo uma sı́ncope.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 573/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Entrou no quarto e bateu a porta tã o forte que temi que a partisse em duas.
-- Ainda ela vem querer se explicar? – Disse em lá grimas. -- Você sabia que a consagrada pintora Alessandra
Calligari vai pintar aquela mulher nua? Acredita que ela teve o disparate de me chamar de estú pida? – Passou a mã o pelos
cabelos. – Eu estou com muita raiva... Com tanta raiva que precisei me controlar para nã o bater na cara arrogante daquela
selvagem! – Soluçou. -- Que ique com a amante, mas que me deixe em paz!
Desejou fazer algo para que a amiga nã o icasse assim. Ela estava tã o bem com a relaçã o e de repente acontece isso.
-- Nã o ique assim, eu nã o acho que a Diana tenha algo com aquela ruiva...vimos como a outra se jogou nos braços
da sua pintora.
Aimê demonstrava uma expressã o de total incredulidade, enquanto colocava as mã os na cintura, afastando-se.
-- Ningué m sai beijando as pessoas sem ter recebido liberdade para isso! – Esbravejou. – Sem falar que a major me
confessou que transou com essa tal.
-- Nã o! – Usou um tom mais alto. -- Mas já tı́nhamos algo, foi depois que ela retornou da cidade, quando iquei
sabendo de tudo.
-- Mas, mesmo assim, recorde-se de que naquela é poca teve toda aquela histó ria que o seu avô inventou, estavam
separadas... – A jovem parou ao ver a cara de irritaçã o da amiga. – Eu só acho que você deveria deixar que ela explicasse. –
Levantou as mã os em sinal de rendimento ao ver a exasperaçã o de raiva da outra. – Ok, nã o falo mais nada!
Ela sabia que Bianca tinha razã o em alguns pontos, poré m nã o conseguia entender o fato da Calligari ter icado com
outra depois de terem tido momentos tã o ı́ntimos. Era como se nada tivesse valor...
Mesmo que ela tivesse sido pega de surpresa, por que nã o a empurrou?
Ela correspondera a carı́cia, pouco tempo depois de terem icado juntas... Pouco tempo depois de terem se amado
intensamente...
Ficara preocupada quando esteve na mansã o e icara sabendo por Bianca o que tinha se passado mais cedo.
Tentara manter um diá logo com Aimê , poré m fora impossı́vel, ainda mais porque a garota se mostrava irredutı́vel
em suas convicçõ es.
Ela estava acostumada a agir da forma que queria e nã o tinha espaço em suas relaçõ es para nenhum tipo de
possessividade. Apenas entregava-se e cobrava o mesmo, poré m apenas na cama, fora dela, nã o dava direitos aos seus
passageiros casos.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 574/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estranhara ela nã o ter ido a sua procura para esbravejar, mas ao ligar para o apartamento descobriu que a major
passara o dia na companhia da italiana.
Uma piscina grande, algumas mesas e cadeiras ao redor. Plantas ornamentavam o lugar, suspensas nas paredes ou
em vasos pelo chã o.
Trê s mulheres se divertiam dentro da á gua, enquanto a morena permanecia quieta, tendo em suas mã os um
caderno de desenho e lá pis.
Parecia concentrada...
Ao levantar a cabeça, a major viu a empresá ria se aproximar com um olhar de reprovaçã o, voltou a focar em seus
rabiscos.
Encarando-a.
-- Interessante como você se comporta depois de ter uma briga com Aimê . Espero que ela nã o chegue a tomar
conhecimento disso. – Apontou para as mulheres.
A morena a mirou por alguns segundos, depois voltou a prestar atençã o ao desenho que fazia.
Marcela acenou para a empresá ria que a ignorou totalmente, enquanto puxava uma cadeira e sentava ao lado da
amiga.
Desde que recebera a ligaçã o da italiana previu que causaria problemas, só nã o imaginou que seriam em nı́veis tã o
difı́ceis.
-- Diana, o que signi ica isso? – Apontou para as convidadas. – Decidiu fazer uma orgia bá sica, quando deveria estar
tentando convencer a sua esposa de que nã o há nada entre você e a ruiva?
-- O que você quer que eu diga? Eu expliquei a ela, disse que fui pega de surpresa, mas a ilha de Otá vio nã o passa
de uma pirralha mimada e estú pida!
-- Ah, sim, claro! Imagino que se a histó ria se invertesse você nã o se importaria de ter visto a mulher que ama aos
beijos com outra. – Ironizou. – Logo você que nã o tem paciê ncia para nada. Logo você que nã o tem ciú mes! – Ironizou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 575/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Desviou o olhar da empresá ria, itando a alegria das belas italianas que bebiam e se divertiam dentro da á gua.
Quando deixará a mansã o, levara Marcela consigo. Percebia que nã o podia simplesmente deixa-la na mã o, ainda
mais depois de ter se comprometido a pintá -la. Para sua surpresa, a bela ruiva tinha viajado para o paı́s com trê s amigas e
acabara convidando-as para icar ali.
Estava irritada, ainda mais por ter passado o dia todo ligando, pedindo para que a chamada fosse passada para a
Villa Real, mas em nenhuma das ocasiõ es fora atendida por ela.
-- Vanessa, eu nã o sei o que fazer! Acredite, eu jamais quis que isso acontecesse, nossa, estava tudo tã o bem. –
Cerrou os dentes. – Mas é muito difı́cil conversar com Aimê , ela nã o me escuta, pior, exibe aquela expressã o que me tira do
sé rio.
-- E você acha que icar aqui com todas essas mulheres vai te ajudar em algo?
-- Eu sou Diana Calligari, nã o me submeto a dramas de pirralhas! – Falou irritada, levantando-se. – Ela quer que eu
me ajoelhe? Que me humilhe diante dela como era o desejo do maldito Otá vio? – Jogou o copo contra a parede. – Que merda!
O corpo bonito da ilha de Alexander estava coberto por um biquı́ni minú sculo.
A morena estreitou os olhos ameaçadoramente, enquanto colocava as mã os nos quadris, jogando longe o robe.
-- Nã o acredito que está a favor dela, depois de ter te explicado o que se passou, você ainda vem com essa expressã o
de acusaçã o!
-- Você s formam um casal muito lindo... O mais lindo de todos... – Depositou um beijo em sua face. – Você a ama, isso
é muito ó bvio, poré m prefere bater o pé e nã o tentar dialogar... – Encarou-a. – Você mesma disse que é a poderosa Calligari, a
dama da alta sociedade, a princesa selvagem... Nã o falarei mais nada, apenas esperarei que encontre o caminho a seguir... O
seu coraçã o é mais inteligente do que a sua cabeça nesses casos.
Vanessa sabia que nada poderia fazer, apenas torceria para que a ilha de Alexander deixasse a arrogâ ncia e o
orgulho de lado e percebesse como a atitude de Aimê era entendı́vel.
Parecia ponderar.
Diana mirou o lı́quido â mbar e só depois de alguns segundos ingeriu todo o conteú do de uma vez.
Recebera a visita da avó em determinado momento e izera tudo para disfarçar sua dor, sua raiva que ainda
queimava por dentro.
A empregada servia simpaticamente a todos, mas apenas o tio de Bianca demonstrava entusiasmo com a refeiçã o.
Ricardo estava cabisbaixo, parecia pensativo, Clá udia observava as reaçõ es da neta e percebia que ela nã o estava
bem.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 576/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Onde está o Alex? Faz quase dois dias que nã o o vejo.
-- E verdade, tio, eu tentei ligar para ele e o celular está sempre dando desligado.
-- O meu ilho precisou resolver um problema... – Apressou-se em dizer. – Onde ele foi nã o pega sinal de telefone
mó vel, mas me comuniquei com ele por fax.
-- Pois depois me passe esse nú mero porque desejo falar com ele. – A ilha de Otá vio falou distraidamente,
enquanto parecia brincar com a comida no prato. – Há algumas coisas para serem resolvidas.
Passos irmes foram ouvidos e nã o demorou muito para Diana Calligari aparecer na sala de jantar.
Passara todo o dia tentando nã o pensar, mas era impossı́vel, ainda mais ao saber que Diana tinha saı́do com a tal
italiana.
Percebeu que os cabelos da pintora estavam ú midos e nã o conseguiu nã o imaginar que ela poderia ter banhado nos
braços da ruiva.
-- Boa noite, major! – O prefeito se levantou, indo até ela. – Sente-se conosco, nos dê a honra da sua importante
presença.
Diana nã o respondeu ao convite, apenas deu meia volta, deixando o lugar.
-- E uma mulher realmente incomum, acho que o melhor é que o casamento ocorra logo e você s possam sair daqui.
Se ele soubesse o que se passava em seu ı́ntimo... Se soubesse que sofria pela ilha do general Alexander... Que sofria
como uma condenada ao imaginar que a morena esteve nos braços da maldita italiana.
Observou o prato de comida intacto, mexia o talher de prata de um lado para o outro.
-- Nã o estou me sentindo muito bem! – Beijou os avó s, depois se despediu da amiga. – Nos encontramos amanhã .
A Villa Real seguiu em direçã o as escadas, subindo lentamente, depois passou pela porta do quarto da esposa.
Queria deitar na cama e poder dormir... Queria se livrar daqueles pensamentos que a perseguiam implacavelmente.
Ao entrar icou surpresa ao ver quem estava sentada confortavelmente em uma poltrona.
Engoliu em seco!
Diana tinha as pernas cruzadas de forma elegante. Parecia tranquila e com aquela pose de arrogâ ncia costumeira.
Aimê cruzou os braços sobre os seios, sentia os batimentos do coraçã o aumentar naquele momento.
Odiava-a!
-- O que faz aqui? – questionou aborrecida. – Nã o quero falar contigo e tampouco desejo a sua presença. – Seguiu
até a porta, abrindo-a. – Saia!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 577/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Seu olhar passeou pelos trajes simples da esposa. Mirava as pernas nuas que o short nã o cobria... A blusa em alça,
de tecido ino, notava a ausê ncia do sutiã ...
Moveu-se incomodada.
A ilha de Otá vio fechou a porta em um estrondo, enquanto caminhava com passos largos e retumbantes, parando
diante da morena, itando-a cheia de indignaçã o.
-- Eu já disse que nã o quero conversar sobre a sua amante... Nã o quero ouvir nada sobre isso, já disse o que penso e
nã o repetirei! Saia daqui agora!
A Calligari se levantou.
-- E quem disse que vou perder meu tempo falando sobre isso? – Questionou por entre os dentes. -- Acredite no
que que quiser, estou pouco me importando!
-- Entã o diga o que deseja, major, pois estou cansada e desejo dormir!
Via alguns seguranças em seus postos e só naquele momento recordou do loiro que lhe chamara a atençã o na noite
anterior.
-- Você sabe atirar? Já teve um revó lver em suas mã os?
-- Preciso que aprenda a usar, porque se chegar um momento e você precisar se defender, nã o quero que seja pega
desprevenida. – Arrumou-lhe uma mecha de cabelo atrá s da orelha. – Estou fazendo tudo para te proteger, mas eu temo que
algué m muito pró ximo esteja armando com o Crocodilo e se minhas suspeitas forem verdadeiras, você está correndo perigo
ainda maior.
Aimê empalideceu ao ouvir aquelas palavras, pois sabia que a major já passara por coisas terrı́veis e temia que ela
voltasse a ser vı́tima daqueles bandidos.
Engoliu em seco ao ver o arranhã o que izera mais cedo no rosto bonito.
-- Mas você ainda mais! – Retrucou em desespero. -- Se isso realmente for verdade, você també m corre risco. –
Falava cheia de preocupaçã o. – Diana, vamos falar com algué m, precisamos de ajuda... Se o que diz é verdade, você també m
será pega. Esse homem te odeia!
-- Nã o, nã o quero que fale com ningué m e preciso que mantenha essa porta fechada. – Alertou-a em voz baixa. –
Falei com algumas pessoas, mas mesmo assim, nã o sei em quem con iar. – Dizia exasperada. – Estou pensando em te levar
para longe... – Passou as mã os pelos cabelos. – Levá -la para a loresta e te deixar na tribo até que eu consiga prender esse
bandido!
-- Até quando vamos ser ameaçadas? As vezes ico a pensar que o melhor seria que me entregasse de uma vez! Nã o
vou passar a minha vida fugindo desse bandido!
-- Até quando? Até quando isso vai acontecer? Você está se arriscando por mim! – Encarou-a.
-- Até que eu consiga me livrar dele de uma vez por todas, só assim você terá paz. – Seguiu até a porta. – Amanhã
cedo te pego e seguimos, faça apenas o que eu disser.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 578/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê ainda abriu a boca para falar algo, mas a morena já deixava o lugar.
Sabia que a esposa també m corria perigo e isso a deixava ainda mais preocupada.
Só em pensar que algo de ruim poderia acontecer com a pintora, deixava-a enlouquecida.
Mesmo estando com tanta raiva, ainda temia que lhe ferissem, assustava-se com a ideia de perdê -la...
Nã o...
Sentiu a lá grima solitá ria lhe molhar a face e nã o demorou muito para que outras viessem.
Permaneceu ali, chorando, nã o porque se preocupasse com o que se passaria consigo, mas ao imaginar o que
poderia se passar com a ilha de Alexander.
Na verdade, tivera uma noite de insô nia e em determinado momento cansara de tentar dormir.
Ficou observando pelo vidro da enorme porta o dia que parecia sombrio. Nuvens escuras ocultavam o sol da
manhã , mesmo assim o canto dos pá ssaros podiam ser ouvidos.
Parecia apreensiva e ansiosa, vez e outra olhando para ver se a morena aparecia na escada.
Esperava que a roupa que escolheu fosse adequada. – Pensou em um longo suspiro.
Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, mas alguns ios insistiam em se soltar emoldurando sua face.
A Villa Real desviou os olhos para nã o icar ainda mais encantada por sua beleza.
Diana usava calça de moletom preta, com listas brancas nas laterais. A peça se ajustava em seu quadril e canelas,
deixando-a mais sexy. Usava també m uma regata preta, colada em seu corpo, delineando os ombros bem feitos, os seios
redondos, o abdome liso. Nos pé s trazia um tê nis, os cabelos estavam presos iguais os de Aimê , usava viseira e ó culos pretos
em estilo aviador.
Ela parou bem perto da ilha de Otá vio, passeando seu olhar atrevido por toda a forma exposta, depois parou em
seus olhos.
Agora nã o havia mais jeito, nem mesmo poderia desistir ou devolver o dinheiro, seu ilho corria risco e se Aimê nã o
fosse entregue, Alex sofrerias as consequê ncias.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 579/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Quando aceitou o empré stimo nã o imaginou de quem se tratava, fê -lo por estar devendo a alguns agiotas, precisava
arcar com as dı́vidas ou teria seu nome envolvido em um escâ ndalo. Sua futura campanha nã o sobreviveria a isso.
O que o consolava é que o tal Crocodilo deixara claro que só usaria a Villa Real para atrair a ilha de Alexander,
sendo assim, a futura nora estaria livre e salva em breve.
Diana merecia morrer estripada, ainda mais depois de ter se engraçado com a mulher que o ilho amava, esse era
seu consolo, fazê -la pagar por sua arrogâ ncia e orgulho.
Nã o conversavam.
A Calligari mantinha-se concentrada na estrada, mas vez e outra olhava a acompanhante de soslaio.
Sentia-se vazia sem ouvi-la, vazia sem as interminá veis conversas, sem o delicioso som do riso da bela mimadinha.
Acelerou um pouco mais vendo as paisagens desertas se sobreporem aos escassos casebres de beira de estrada.
Havia plantaçõ es de cana, á rvores frutı́feras, cercas de arame para que os animais nã o escapassem dos cercados.
Abaixou mais o volume da mú sica, assim poderia escutar melhor a delicada respiraçã o da esposa que dormia.
Adorava passar entre aquele caminho de palmeiras imperiais, algo se agitava dentro de si.
Lembrava-se do pai...
Livrou-se do cinto, mas nã o saiu do carro imediatamente. Apenas se virou para a amada.
Os olhos grandes e brilhantes estavam fechados, os lá bios entreabertos a ponto de poder ver o branco dos dentes.
Passara à noite a pensar como deveria agir para protegê -la e chegou a conclusã o que o melhor seria levá -la até a
tribo de Tupã . Imploraria a ele proteçã o para a Villa Real, pelo menos, até que pudesse se livrar do infeliz bandido.
Seria esse o melhor a fazer e depois pensaria em como fazê -la lhe perdoar mais uma vez.
Viu os olhos azuis se abrirem, pareceram calmos no inı́cio, mas logo demonstraram temor.
A Calligari suspirou, deixando o veı́culo e depois de alguns segundo a Villa Real fez o mesmo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 580/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Está bonito... – Tocou a crina sedosa. – Acho que temos que arrumar uma namorada para você ... Alguns potrinhos
negros e selvagens...
Aimê nã o desejava estar tã o pró xima a ela, poré m sabia que deveria fazer o que estava sendo proposto.
Observou o animal enorme e como Diana parecia ainda mais poderosa sobre ele.
Mordiscou a lateral do lá bio inferior enquanto via o olhar impaciente da pintora.
Ela cheirava tã o bem que acabou encostando a cabeça em suas costas, temendo cair.
O animal galopava, fazendo o vento golpear o rosto das belas que o montavam.
A Calligari segurava a ré deas com uma mã o, enquanto a outra depositava sobre a da esposa.
Sorriu quando ela tentou se livrar do toque, mas nã o permitiu, mantendo-a cativa.
O cé u estava escuro, parecia que nã o demoraria para uma chuva cair naquela regiã o.
A major seguia por um lado oposto da ú ltima vez que a ilha de Otá vio estivera por ali.
A garota observava tudo com atençã o e percebia que naquela á rea havia mais á rvores, ouvia o som dos animais, o
verde que imperava na vegetaçã o.
Surpreendeu-se ao ouvir o guinchar de primatas... O pipilar dos pá ssaros parecia uma mú sica sem im.
Estendeu os braços para auxiliar a jovem e percebia como ela se mostrava relutante, poré m sabia que nã o
conseguiria descer sozinha.
Afastou-se.
Diana pegou a mochila, seguindo por entre as á rvores e nã o demorou muito para chegar a uma á rea mais
descampada.
Havia uma pequena cabana de palha erguida ali. Havia també m algumas latas, um alvo grande e uma espé cie de
boneco todo cheio de buracos.
Ouviu o som de á gua correndo, itou o garanhã o e percebeu que ele també m a itava.
Analisava-a e pensava como seria difı́cil icar perto dela, como se sentia traı́da por seu desejo de amá -la e perdida
por essa atraçã o perigosa.
Nã o poderia suportar uma relaçã o cuja idelidade nã o estivesse presente, nã o conseguiria viver ao imaginar que a
mulher que amava se dividia entre outras, fazendo o mesmo que fazia consigo...
-- Veja, essa arma é leve, tem silenciador, poré m nã o é tã o fá cil atirar quando se treme. – Aproximou-se com bela
pistola. – Preste atençã o no que estou dizendo e deixe de distraçã o. – Repreendeu-a ao senti-la tã o dispersa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 581/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A garota observava...
Encolheu-se.
A major a encarou.
-- Acredite, meu amor, só estou fazendo isso para que esteja preparada, poré m nunca fora essa a minha intençã o. –
Colocou o revó lver no coldre da coxa, depois se aproximou da esposa, segurando-a delicadamente pelos ombros. – Eu
prometo que farei tudo para te proteger... – Acariciou o nariz a ilhado com o polegar. – Quero apenas que con ie em mim...
-- Nã o quero que nada aconteça contigo... Por favor, eu nã o quero que faça uma loucura e acabe se ferindo... Nã o
enfrente esse homem sozinha...
Inicialmente a Villa Real permaneceu com os braços caı́dos ao lado do corpo, mas logo apertou-a forte, escondendo
o rosto em seu pescoço.
Nenhuma palavra fora dita, apenas as respiraçõ es e o palpitar dos seus coraçõ es eram ouvidos.
A neta do general sentia as carı́cias nos cabelos e pedia em silenciosamente que nada de mal acontecesse com
aquela mulher que amava tanto.
-- Sei que está brava pela cena que presenciou, acho que eu reagiria bem pior, teria feito um escâ ndalo, poré m você
nã o, é cordata, alé m de muito linda... – Delineou o lá bio superior com o indicador. – Mesmo que agora nã o acredite em mim,
voltarei a dizer, nã o tenho nenhum tipo de interesse na Marcela ou em qualquer outra... Amo muito você e mesmo que agora
esteja furiosa, ainda continuarei te amando.
-- Nã o fale assim... – Fitou-a. – E como se suas palavras tocassem no â mago do meu ser... – Afastou-se. – Eu estou
triste contigo, muito triste, entã o pre iro que me dê um tempo para pensar, porque realmente me assusta imaginar que você
tem outras mulheres... Nã o suportaria...
-- Eu nã o tenho ningué m, alé m de ti... Mas nã o continuarei explicando isso. – Voltou a pegar a arma. – Explicarei
como destravar, como segurar e outras coisas que serã o necessá rias.
Ouvia com atençã o todas as liçõ es e torcia para que nã o precisasse realmente fazer aquilo.
Quando fora o momento de colocar em prá tica, Diana se posicionou por trá s dela, abraçando-a, ajudando-a a mirar.
-- Nã o deve tremer... – Dizia em seu ouvido. – Precisa ser irme ou algué m vem e a toma de ti.
A Villa Real voltou a cabeça para itá -la e se deparou com o olhar forte.
-- O que eu faço para nã o tremer, major? – Indagou bem perto da boca dela. – Há alguma fó rmula para isso?
-- Acredito que a ú nica fó rmula é a sua vontade de se manter viva... – Fê -la apontar para o boneco. – Se chegar o
momento e precisar se defender, deverá fazê -lo...
Aimê ainda hesitou, mas recebeu a ordem novamente e em tom mais alto.
Entrou e icou surpresa ao ver como o local era acolhedor, mesmo tendo apenas um cô modo.
Havia uma mesa rú stica feita do tronco grosso de uma á rvore, um banco no mesmo material e um fogo que imitava
uma lareira.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 582/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Já estava pensando em sair para procurar a Calligari quando a pequena porta abriu e a ilha de Alexander entrou.
Observou a morena se livrar das roupas rapidamente icando apenas com uma lingerie vermelha de renda.
O corpo bonito parecia um verdadeiro centro de pecado de tã o sensual que se mostrava.
As pernas longas e torneada era enfeitada por uma calcinha em estilo caleçon... Enquanto um sutiã de bojo cobria
parcialmente os seios redondos.
Aimê tentava nã o prestar atençã o nisso, desviando o olhar curiosamente pelo lugar.
A ilha de Alexander nã o pareceu se importar com aquilo, enquanto pegava uma bolsa que estava sobre a mesa.
Aquele lugar era muito usado por ela antes, por isso sempre deixava algumas coisas ali, caso precisasse.
-- Dispa-se, vai acabar pegando um resfriado! – Sentou-se sobre a mesa rú stica. – Nã o se preocupe que nã o irei
atacá -la. – Pegou uma maçã da mochila e começou a comer. – Mesmo que seja tã o deliciosa aos meus olhos... – Deu uma
grande mordida na fruta. – Se eu conservasse os costumes primitivos da minha tribo, com certeza você seria uma refeiçã o
ú nica... Mas como sou um pouco civilizada, pre iro te comer de outras formas...
Fechou os olhos e por alguns segundos relembrava o motivo de nã o permitir que ela se aproximasse de si.
A Villa Real sentia o corpo tremer e mesmo que odiasse admitir, sabia que a morena tinha razã o, pois estava icando
com mais frio.
Diante do olhar debochado, livrou-se da camiseta, depois fez o mesmo com o short, sapatos e meias.
-- Ele vai ter que ser forte, pois você nã o vai se arriscar numa chuva dessas!
-- E você vai me impedir? – Chegou mais perto. – Pensei que nã o se importasse comigo...
Os olhos azuis estavam tã o escurecidos quanto o cé u chuvoso naquele momento.
-- As vezes quando estamos na cama eu esqueço que você nã o passa de uma mimada recé m saı́da da adolescê ncia!
Diana a tomou pelos ombros grosseiramente, arrastando-a até a mesa, fazendo-a sentar.
Aimê tentou se livrar dela, mas a Calligari a deteve os movimentos, pondo-se em meio à s suas pernas, segurando-
lhe as mã os para se defender de um novo ataque.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 583/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você gosta de bater a arranhar, nã o é mimadinha? – Apertou-a mais forte. – Se fosse o contrá rio, diria que sou
violenta e abusiva... Mas como você tem essa carinha de menina frá gil se aproveita...
A Villa Real via o rosto tã o perto do seu... Era possı́vel ver as marcas dos dedos... Aquele cheiro provocante, aquela
boca atrevida e cruel...
Encarou-a.
-- Peça desculpas! – Sorriu de forma debochada. – Olhe nos meus olhos e diga: Perdã o, meu amor, eu nã o quis bater
nessa sua face linda e maravilhosa.
Quando viu os dentes alvos se abrir em um riso de incredulidade, aproveitou para colar a boca a dela.
Aimê ainda cerrou os lá bios, mas a morena era bastante insistente, usando a lı́ngua para buscar o acesso.
A Villa Real sentiu-a chupar... E nã o resistiu ao beijo... Entregando-se a ele, permitindo que a boca explorasse suas
frá geis defesas.
Diana levou os braços dela ao seu pescoço, fazendo-a abraça-la, em seguida começou a acariciar suas costas, depois
desceu para a lateral, tocando os seios.
Abriu o fecho frontal e logo teve os dois montes em suas mã os.
A Villa Real tocou os cabelos sedosos... Sentia a respiraçã o contra a pele e sentia arrepios por todo o corpo.
A morena a encarou.
-- Prometa que quando tudo isso passar e você estiver salva... Vai me dá uma oportunidade de conversar, deixará
que eu te mostre o quanto te amo e que só quero você ... – Usava o polegar para incitar o biquinho que já se mostrava
intumescido.
Estremeceu quando a boca desceu até seus seios... Enquanto o olhar negro nã o a abandonava.
Seu corpo nã o resistia ao toque dela... Era refé m daquela agonia que a possuı́a perdidamente...
Engoliu em seco...
-- Por favor, Diana, nã o faça isso... Nã o use a minha fraqueza nesse momento... Nã o sabe como estou magoada com
essa situaçã o...
A Calligari suspirou...
Queria-a tanto que sentia dores... Mas percebia que nã o deveria ir adiante, mesmo que quisesse mais que tudo.
O maxilar enrijeceu.
-- Eu sei que vou surtar em alguns momentos... Sinto que a minha paciê ncia é praticamente inexistente... Mas nesse
momento respeitarei sua vontade...
Aimê assentiu.
Permaneceu lá sentada, enquanto via a pintora se dirigir até a pequena janela no casebre, icando lá olhando a
chuva caindo...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 584/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A major estava presa em suas preocupaçõ es... Em seus medos... Em seu frustrante desejo de amar aquela mulher
até que suas forças lhe abandonassem...
Estava pronta para esbravejar diante de todos e no dia seguinte seguiria até a comunidade, imploraria a Piatã que a
deixasse ir até o chefe, estava certa que aquela era a ú nica forma de salvar a mulher que amava.
No inal da tarde, a Villa Real estava no quarto quando o prefeito entrou esbaforido.
-- Mas o que houve? – A menina estava sentada na poltrona, tinha seus olhos voltados para o livro. – O que
aconteceu? – Questionou indo até ele. – Diga-me!
-- Meu ilho está muito mal, eu preciso que venha comigo! – Segurou-lhe as mã os. – Só você poderá salvá -lo.
-- Mas salvá -lo de quê ? Explique! – Pedia a lita. – O que se passa com o Alex?
-- Nã o posso explicar agora, apenas me acompanhe... Apenas faça o que estou pedindo...
Aimê ainda pensou em se negar, poré m ao ver o desespero na expressã o do homem, deixou-se conduzir.
Nã o conhecia aquela á rea e estranhou nã o haver seguranças por ali.
O jardim estava iluminado por luzes, mas naquela parte estava pardo.
-- Onde estamos indo? – Indagava, enquanto passava pelas á rvores, parando em determinado momento. – Onde
estamos indo? Cadê o Alex? – Perguntou descon iada. – O que se passa aqui?
Antes que pudesse falar mais alguma coisa, algué m a segurou por trá s, colocando sobre sua boca um pano.
A ilha de Otá vio ainda lutou, arranhou o agressor, tendo seu olhar de espanto voltado para o pai de Alex, mas
acabou desmaiando.
-- Quando ele vai devolver meu ilho? – O prefeito questionou calmamente. – Está aı́ a isca para pescar a Diana, iz
minha parte, quero que ele cumpra a dele.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 585/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o é hora para falarmos sobre isso, preciso tirar essa garota daqui, causei uma distraçã o, mas nã o vai durar
muito.
Nã o demoraria para o ilho ser devolvido e voltaria em paz para a cidade.
Levantou-se!
-- Seu ilho acabou de ser baleado na frente do portã o, chamamos o resgate, acertamos alguns, mas os outros
fugiram.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 586/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
As luzes dos faró is iluminavam o caminho, enquanto aos poucos a iluminaçã o pú blica acendia.
Mesmo com os vidros fechados, ainda conseguiu ouvir o som estridente do apito do guarda de trâ nsito.
Via as pessoas em verdadeira euforia, buzinavam, sem entender que aquilo de nada adiantaria...
O semá foro estava no vermelho e mesmo que nã o estivesse, os veı́culos nã o se moveriam, devido a um acidente que
ocorrera no cruzamento.
A Calligari segurava a direçã o com uma força demasiada, enquanto mantinha o olhar preso à sua frente.
“Por favor, Diana, não faça isso... Não use a minha fraqueza nesse momento... Não sabe como estou magoada
com essa situação...”
Poderia ter feito amor com ela, poderia ter continuado, assim, seria mais fá cil resolver o problema, poré m ao ouvir
as palavras foi como um banho de á gua fria em seu desejo.
Nã o que isso nã o fosse a ú nica coisa que passasse por sua cabeça, queria-a como jamais quisera algué m...
Nã o estava disposta a perdê -la... Mesmo que em muitos momentos icasse sem saber como agir, ainda era com ela
que desejava dormir e acordar todos os dias, mesmo sendo as garras da mimadinha tã o a iadas.
Olhou pelo espelho e viu o pequeno arranhã o em sua face... També m notou o vermelho do tapa que levara.
A pequena Aimê teria que aprender a lidar com essa fú ria de outro jeito mais delicioso... Assim, seria mais gostoso e
teriam um progresso maior.
Precisava se concentrar no perigo que a Villa Real estava correndo e nã o icar pensando no desejo que sentia
queimar seu corpo.
Estava disposta a levar a garota para a loresta, lá seria difı́cil que o Crocodilo se aproximasse, ainda mais contra a
tribo de Tupã .
Precisava apenas convencê -lo a aceitá -la lá , precisava que a mantivesse segura, enquanto caçava pessoalmente o
bandido desgraçado.
Infelizmente seria algo quase impossı́vel... A inal, ainda era uma traidora, ainda nã o era bem-vinda e nunca seria
pelo povo da sua mã e...
Temia que chegasse o momento que nã o pudesse proteger a mulher que amava...
Observou o celular caı́do sobre o banco do passageiro. Ao pegá -lo, viu que estava sem cargas.
Viu alguns policiais tentando conter um motorista que parecia ter surtado.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 587/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Maldito Crocodilo!
Sabia que tudo que ele estava armando era para atraı́-la, sabia que a ilha de Otá vio seria usada como isca, tinha
certeza de que o desgraçado descobrira a relaçã o que havia entre ambas.
O noivado que armara nã o adiantara, ainda mais porque algué m muito pró ximo passara todas as informaçõ es para
o tra icante.
Talvez ter se apaixonado pela Villa Real tenha sido a pior coisa a acontecer, pois fora por causa disso que ela se
tornou um alvo tã o interessante...
Vá rias mensagens chegaram avisando das ligaçõ es que nã o foram atendidas.
-- O que se passa?
Antes que o homem pudesse falar mais alguma coisa, a Calligari desceu do carro, seguindo a pé por entre os
veı́culos parados.
As pessoas pareciam surpresas ao ver a bela mulher em roupa esportiva avançar em meios ao trâ nsito parado.
Suas lá grimas caiam em abundâ ncia, enquanto inú meras vezes já avançara contra o traidor que se encontrava entre
eles.
Ricardo esbravejava e só nã o partira para cima do pai de Alex porque fora segurado pelos seguranças.
-- Desgraçado! – O general esbravejava. – Você entregou a minha neta por um punhado de dinheiro! Como foi
capaz? – Gritava.
-- Meu ilho está morrendo... – Choramingava o homem. – Eu preciso... – Soluçava. – Preciso ir até ele...
Sabia que teria que esperar a major chegar para que visse quais procedimentos deveriam seguir.
Infelizmente só notaram a ausê ncia de Aimê depois de um bom tempo, o que fora ó timo para o bandido que tivera
grande vantagem.
-- Eu quero ver meu ilho... – Prefeito implorava. – Deixe que vá até ele pelo amor de Deus...
-- Precisamos chamar a polı́cia! – Clá udia dizia. – Eles podem nos ajudar... Minha neta corre perigo nas mã os desse
homem...
-- Precisamos esperar a senhora Calligari, ela decidirá o que será feito. – O chefe da segurança disse mais uma vez.
O guarda-costas estava temeroso, pois reconhecia sua falha grande, quando irmara um compromisso de proteger a
garota...
Nã o imaginou que um dos seus homens estaria envolvidos no plano só rdido.
Fitou o prefeito.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 588/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Dinheiro?
Infelizmente por sua ganâ ncia, a vida do ilho dele estava por um io.
Nã o fora difı́cil descobrir que Alonso ajudara o bandido junto com um dos guarda-costas.
Fora avisada assim que tudo se passou e nã o demorou a chegar ali. Ningué m conseguira falar com a pintora e só
ainda pouco isso fora possı́vel.
Agora estava a imaginar como seria a reaçã o de Diana quando chegasse, precisava segurá -la para que nã o
cometesse uma loucura.
Olhava a cena e icava a pensar que ele já recebia um castigo terrı́vel, mas nã o achava que aquilo fosse comover a
amiga.
-- Ele vai matá -la! – Clá udia dizia em desespero. – Vai leva-la para longe e nunca mais a veremos.
Vanessa sabia que era a Diana quem poderia sair daquela histó ria sem a vida e isso a deixava muito angustiada.
Isso estava totalmente fora de cogitaçã o, jamais a convenceria a deixar a Villa Real entregue à pró pria sorte.
Olhou para o prefeito e desejou matá -lo pessoalmente e deixar que sangrasse até a vida se esvair totalmente.
Miserá vel!
A porta se abriu e uma Calligari fora de si avançou para cima do chefe da segurança.
-- Como você foi incompetente a ponto de deixar que levassem da minha casa? – gritava. – Que merda de segurança
é você ?
Ricardo se aproximou, parecendo querer se meter, mas diante da olhada ameaçadora da ilha de Alexander, ele se
deteve.
-- Eu nã o tive culpa, major! – O segurança tentava se justi icar. – Nã o imaginei que estava aqui dentro a pessoa que
estava a passar as informaçõ es para o desgraçado.
Diana apertava forte, mas ao ouvir as palavras pareceu ter outro interesse.
O segurança apontou para o prefeito e em fraçõ es de segundo a morena voava sobre ele.
Vanessa se aproximou, enquanto via a major levantar o homem que parecia ainda mais amedrontado da poltrona.
O prefeito era um homem baixo e parecia ser do tipo covarde para esboçar algum tipo de reaçã o.
-- Onde ele a levou? – Enforcava-o. – Diga antes que eu o mate com minhas mã os!
A empresá ria via o pai de Alex chorando e se enojava de como ele nã o passava de um desgraçado.
Chegou mais perto, temendo que a morena cumprisse realmente o que dizia.
Sabia que a pintora tinha aquela feminilidade toda, poré m també m sabia que ela servirá durante muitos anos ao
exé rcito, sabia que ela nã o abandonara as aulas de artes maciais, entã o matar aquele decadente seria algo muito simples.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 589/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O prefeito tinha o sangue concentrado em seu rosto devido ao aperto que recebia.
-- Ele atirou no meu ilho... Ele me traiu... – Disse com di iculdade. – Tudo sua culpa...
-- Diga para onde o miserá vel a levou? – Sacudiu-o, soltando-o, enquanto pegava a arma da cintura do segurança. –
Diga, pois a minha paciê ncia nem mesmo existe...
A Calligari a ignorou.
-- Diga de uma vez... – Engatilhou. – Acredite que nã o me importo de mata-lo... Mas nã o pense que vai ser tã o fá cil
assim... Porque atirarei em cada parte do seu corpo e deixarei que sofra até morrer... Como um porco a sangrar até o ú ltimo io
de sangue...
-- Eu nã o sei... – Disse de forma amarga. – Mas ele nã o vai fazer nenhum mal a ela, pois o desejo dele é atrair você ...
Você sim vai morrer... Vai morrer por ter se metido onde nã o deveria...
A Calligari ainda segurou forte a arma e todos imaginaram que ela atiraria, mas depois de alguns segundos, ela
devolveu o revó lver ao segurança, enquanto saia arrastando pela gola da camisa o pai de Alex, abrindo a porta, empurrou-o
pelos degraus.
-- Prenda esse miserá vel em algum lugar para que nã o cause mais prejuı́zo! – Ordenou ao segurança. – Assim que
eu resgatar Aimê , eu acabarei com ele pessoalmente.
-- Eu sinto muito, major, juro que nã o imaginamos que terı́amos que lidar com uma traiçã o aqui dentro e entre nó s...
-- Mas precisamos pensar em um plano para salvar a garota... Sabe que pode contar com todo nosso empenho.
-- Você s nã o terã o nem como chegar perto do maldito! – Fez um gesto com a mã o. – Você e seus homens estã o
dispensados, apenas cuidem desse idiota porque eu ainda nã o terminei com ele.
-- Vamos ligar para a polı́cia, falarei com o general, todos poderã o se unir e salvar minha neta! – Ricardo dizia.
-- Eu irei contigo! – O general se pronti icou. – Por favor, nã o abandone a Aimê , eu nem sei mais o que posso te
oferecer passa salvá -la, mas se quiser minha vida, poderá tirá -la, mas nã o permita que ela ique nas mã os daqueles homens.
A Calligari itou a expressã o chorosa de Clá udia e lembrou-se de ter visto aquela cena, com a diferença de que agora
ela jamais cogitaria a possibilidade de nã o ir atrá s da ilha de Otá vio.
Antes se pusera a enfrentar aquela missã o suicida por uma promessa falsa de limpar seu nome diante de todos...
Mas e agora?
Ouviram sons de trovõ es, mais uma vez a chuva caia forte.
-- Vanessa, ligue para o piloto, quero o jato pronto o mais rá pido possı́vel.
A empresá ria a viu subir as escadas de dois em dois degraus e sentiu aquele medo dentro de si.
Encontrou a Calligari pegando algumas coisas no armá rio e preparando uma mochila.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 590/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Diana, você nã o pode ir ao encontro desse homem, é suicı́dio! – Advertiu-a. – Vamos chamar a polı́cia, o exé rcito, a
marinha, o que tiver que ser, mas nã o vá !
Seguiu até o closet, abrindo um compartimento por trá s, tirando de lá armas e punhais.
-- Já fez o que eu mandei? – Questionou depois de algum tempo. – Ligou para o piloto? Seguirei daqui mesmo,
poré m terei que fazer o caminho pela loresta... Tenho certeza que se tentar invadir aquele acampamento, ele é capaz de
matá -la.
-- Escutou o que eu disse? – Vanessa indagou irritada. – Você nã o deve ir, peça ajuda a polı́cia, ao exé rcito, a quem
precisar, mas nã o vá !
-- Ele vai matá -la... – Pegou o celular no bolso da calça e entregou a empresá ria.
-- Ele sabe de tudo... Eu acabei baixando a guarda... O interesse de ter pego a Aimê é me atingir. – Seguiu até a
poltrona, sentando-se. – Quando forjei o noivado era para desviar a atençã o, mas nã o imaginei que o desgraçado do prefeito e
Alex estavam unidos ao miserá vel do Crocodilo... – Encarou a amiga. – Ele só levou a Villa Real para me atingir... Eu sou
culpada... Talvez se nã o tivé ssemos nos envolvido... Ele nã o tivesse tido essa oportunidade...
A empresá ria foi até ela, agachando, tomou-lhe as mã os nas suas.
-- E nã o se importa com a gente? Nã o pensará na Dinda... Em mim? Diana, você está indo para uma emboscada...
Você está indo para sua morte... Quanto a ela, sabı́amos que antes de você s se acertarem, ele já a queria... – Retrucava
impaciente.
-- Mas eu poderia ter protegido se nã o estivesse a pensar em sexo, se tivesse focado no que realmente era
importante...
-- Estou disposta a fazer qualquer coisa para salvar Aimê ... Mas farei tudo para me manter viva... Preciso icar viva
para viver ao lado da mimadinha ciumenta.
Diana secou-a.
-- Nã o ique assim... Já estive lá uma vez e a trouxe viva... Conseguirei de novo...
-- Nã o, preciso tomar cuidado, pois eu nã o con io naquele miserá vel... Farei como ele quer. Irei ao encontro do
desgraçado, farei como ele deseja, mas nã o se preocupe, tentarei me manter vivo...
A ilha de Alexander esboçou um sorriso, enquanto aceitava o abraço daquela mulher que sempre agira tã o bem
consigo...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 591/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Levantou-se de supetã o.
O homem sorriu.
O pequeno quarto só contava com o leito e uma cadeira de madeira rú stica.
Cheirava ruim e as paredes que um dia fora branca, agora trazia manchas, deixando-as encardidas,
-- Lembra de mim, Aimê ? – O raptor questionou, enquanto enrolava um cigarro, passando a lı́ngua pelo papel. – Ah,
eu esqueci que você nã o tinha me visto, só ouvido minha voz... Sou bonito?
Nã o recordava bem do que tinha se passado e nem como chegara à quele lugar... Apenas recordava de ter saı́do com
o prefeito... Ouvira tiros e depois tudo apagou...
Sim, sabia quem era ele e nã o fugia muito de como imaginara o bandido que um dia fora cumplice do seu pai.
Alto, forte, cabelos negros, olhos miú dos e separados, lá bios grossos, sobrancelha juntas e nariz torto.
-- Ah, sim, isso aqui? – Tocou a pele lesionada. – Foi a Calligari que me deixou esse presentinho há alguns anos. –
Acendeu e começou a fumar. – Mas, sente-se, ique à vontade, acho que temos algumas coisas para conversar... – Sorriu. –
Espero que esse quarto seja do seu agrado...
-- O que quer comigo? Nã o basta tudo o que fez? Por que nã o nos deixa em paz?
Crocodilo pegou um punhal que estava na cintura e icou olhando seu re lexo na lâ mina.
-- Se a Diana nã o tivesse se metido, tudo estaria bem agora... poré m mais uma vez fui lesado pela ı́ndia selvagem,
entã o percebi que nã o viverei em paz, enquanto ela continuar respirando... E simples...
-- Deixe-a em paz! – Falou por entre os dentes. – Leve-me para onde quiser, mas nã o faça nada com ela.
Crocodilo segurou o cigarro entre os dedos, enquanto esboçava um sorriso cheio de deboche.
-- Estou a imaginar como o cruel Otá vio reagiria em saber que a ú nica ilha, sua joia preciosa se apaixonara pela
mesma mulher que ele... Se ele tivesse vivo você disputaria a major com o coronel? – voltou a tragar. – Seria uma luta
interessante, poré m acho que do jeito que ele era obcecado pela morena, você iria para o caixã o rapidinho.
-- Já me tem, leve-me para onde quiser, mas deixe que a Diana ique em paz, acho que você s já izeram-na sofrer o
su iciente para mil vidas.
-- A Calligari passou por muitas coisas... Seu pai era um doente, queria a ı́ndia de todo jeito... Mas nã o a teve... Ele
espancou-a até deixá -la para morrer... Seu querido avô fez vistas grossas, pois ele estava lá no dia que a ilha de Alexander fora
quase estuprada sobre o corpo sem vida do noivo...
-- Ele poderia ter salvado a sua amada... Mas apenas passou a mã o na cabeça do ú nico ilho, enquanto inventava mil
e uma histó rias... Tudo fora ele quem inventou... A questã o de ela ser traidora, a questã o de ter se associado com os
tra icantes... O general tinha uma criatividade muito boa...
-- Eu nã o quero ouvir mais nada... – Gritou, enquanto tapava as orelhas. – Nada que falar me interessa...
-- A garotinha do papai nã o quer ouvir mais nada? Por que? Nã o deseja saber como a sua famı́lia desgraçou a vida
da Diana? – Empurrou-a sobre a cama. – O mais interessante em tudo isso é que a Calligari vai morrer por culpa de uma Villa
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 592/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê se levantou e avançou contra o homem que a esbofeteou tã o forte, deixando-a desmaiada no chã o imundo.
O bandido nã o pareceu se importar, voltando para a cadeira e continuando a fumar seu cigarro.
-- Ela nã o fará , ela sabe que com um toque delicado sou capaz de quebrar o pescoço da namoradinha dela. – Disse
itando a garota. – Já mandei as instruçõ es que devem ser seguidas... Quando estiver naquela loresta, tudo estará ao nosso
favor... Ela vai estar sozinha.
-- Nã o, isso está fora de cogitaçã o... Nã o é só no mundo dos brancos que a major é vista como traidora... – Levantou-
se. – Assim que nos livrarmos da Calligari vamos ganhar muito dinheiro com a ilha do coronel. – Deu tapinhas amigá veis no
ombro do comparsa. –Você foi ó timo ao descobrir os planos da major, ainda melhor em se aproximar do prefeito e do seu
ilho...
-- Mas eles quiseram desistir em certo momento, tanto que chegou a ir ao quarto da garota para contar o plano.
-- Um covarde... Que bom que o pai foi persuadido, ainda mais depois que sequestramos o corninho.
Os homens gargalharam.
-- Você acha que ele sobrevive? – Crocodilo indagou. – Nã o gosto de deixar testemunhas vivas...
Mesmo diante de uma chuva torrencial, a Calligari esbravejou com o piloto, exigindo que a levasse até lá .
O homem explicou que nã o teriam como seguir, apenas no dia anterior.
Vanessa nã o voltará para a casa, estava apreensiva, mesmo sabendo que nã o teria como convencer a artista do
contrá rio.
A ilha de Alexander estava sentada na cadeira, mantinha os olhos fechados, massageando as tê mporas.
Ouviu o som do trovã o e desejou gritar mais alto que a fú ria da natureza.
Pegou o celular e viu a mensagem que lhe fora mandada novamente pelo miserá vel Crocodilo.
Fitou a foto de Aimê e ao ver a lateral da boca dela cortada, ansiou pelo momento que faria o bandido desgraçado
pagar muito caro, nem que fosse aquilo a ú ltima coisa que tivesse que fazer na vida.
Ouviu batidas na porta, mas permaneceu em silê ncio e nã o demorou muito para o general entrar.
Livros, papé is, telefones, cadeiras e vidros quebrados e jogados para todos os lados. Parecia que um verdadeiro
furacã o passara por ali.
Viu o sangue em uma das mã os e percebeu pela primeira vez como a mulher mais orgulhosa que conhecera em sua
vida, sofria naquele momento.
Errara tanto que sabia nã o ter dignidade alguma para dirigir a palavra a ilha de Alexander.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 593/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu sei que nã o merecemos sua compaixã o... – Começou. – Engraçado como mais uma vez, a vida da ilha do
homem que destruiu sua vida... A vida da neta do homem que poderia ter feito alguma coisa para nã o te deixar passar por
aquelas coisas horrendas está nas suas mã os... Poré m agora eu percebo como o preço vai ser alto para você ...
Todos naquela casa sabiam como ela estava furiosa por nã o ter conseguido seguir naquele mesmo dia para o
destino.
-- Se você decidir ir, estará condenada... O Crocodilo deseja a sua morte mais do que qualquer outra coisa, deseja
terminar aquilo que o Otá vio nã o teve tempo de fazê -lo... – Engoliu em seco. – Gostaria de mais uma vez agir como um canalha
que sempre fui e apelar para sua consciê ncia, implorando mais uma vez que vá lá e salve a Aimê ... – Limpou uma lá grima,
enquanto tentava conter a emoçã o. – Meu Deus, eu nã o posso fazer isso de novo, nã o posso pedir que sacri ique sua vida...
Hoje mesmo irei embora daqui com a Clá udia... Irei até aquele homem, embrenhar-me-ei naquela selva... Poré m dessa vez nã o
pedirei que o faça... Minha famı́lia já causou muita dor a você ...
Mirava os olhos tã o azuis, tã o idê nticos aos da mulher que tanto amava e sentia como nada faria sentido se
estivesse sem ela...
Ricardo caminhava cabisbaixo até a porta, mas a voz rouca da major o deteve.
-- Mesmo que nã o peça, será isso que farei! Irei até o Crocodilo e trarei de volta a sua neta...
-- A que preço?
Ricardo ainda abriu a boca para falar algo, mas pareceu se arrepender, deixando o escritó rio.
A Calligari continuou no mesmo lugar, olhava o sangue que jorrava do corte. Nada a impediria de seguir até aquela
loresta novamente...
Seguiu até o quarto onde Aimê ocupava em busca de alguns itens para a amada.
Fitou a cama e sorriu ao lembrar da ú ltima vez que se amaram, lembrou-se do sorriso fá cil, dos olhos se estreitando
entre risos e o delicioso som da voz paciente, mesmo quando irritada.
Romance!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 594/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê ouvia o barulho do helicó ptero, enquanto seu olhar se dirigia ao verde que aparecia a sua frente.
Grande parte do caminho fora feita de carro e agora seguiam para o seu destino.
Esse pensamento passara inú meras vezes por sua cabeça naquele dia...
Ele estava de frente para si, enquanto o loiro estava ao seu lado, outro que nã o conhecia ocupava o banco com o
tra icante.
-- Se o izesse, Diana mesmo assim iria a sua busca, entã o as duas morreriam... Vale a pena o sacrifı́cio? – Indagou
com a sobrancelha arqueada.
A Villa Real icou calada por alguns segundos, mas logo encarou o bandido.
-- Deixe-a... Eu seguirei contigo, leve-me para onde quiser, me submeta ao castigo que desejar, mas deixe a major
fora disso... Nem estamos mais juntas... Ela me traiu, terminamos tudo... – Dizia em desespero.
-- Como acabaram?
-- Ela me traiu, tem uma amante italiana, entã o acredito que esse seu plano nã o vai funcionar... Ela nã o vem, eu sei,
ainda mais depois da ú ltima briga que tivemos... Neguei-me a voltar para ela.
O bandido olhou para o loiro em busca de uma con irmaçã o, poré m o rapaz nada disse.
-- Mesmo assim ela vem, quando ela te odiava, ela foi te salvar, imagina agora... – Deu um riso malicioso. – Mandei
alguns encorajamentos para que ela apareça.
Rezava para estivesse certa, mas sabia que aquelas palavras nã o faziam o menor sentido, a pintora iria ao encontro
do bandido miserá vel e nada poderia ser feito para evitar isso.
Apoiando-se em um pedaço de pau caminhou lentamente, enquanto via as pessoas se aglomerarem em meio as
portas de suas pequenas casas.
Esperou ansioso durante longos minutos e quando a portinhola abriu, viu a ı́ndia selvagem.
Nã o fazia muito tempo que estivera ali, nã o fazia tempo que o ó dio a movia, deixando-a totalmente cega, mas agora
era diferente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 595/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Cerrou os dentes...
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 596/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Apoiando-se em um pedaço de pau, caminhou lentamente, enquanto via as pessoas se aglomerarem em meio as
portas de suas pequenas casas e no grande pá tio.
As crianças icavam afoitas, os idosos sempre se assustavam, os jovens demonstravam fascı́nio, como se desejassem
voar també m como as aves.
Esperou ansioso durante longos minutos e quando a portinhola abriu, viu a ı́ndia selvagem.
O vento avoaçava os cabelos negros. A expressã o dela era sé ria. Nã o deixava de exibir aquela postura de
superioridade.
Pensara se antes de morrer, ainda veria sua garota de olhar arrogante e orgulhoso.
Nã o fazia muito tempo que estivera ali, nã o fazia tempo que o ó dio a movia, deixando-a totalmente cega, mas agora
era diferente.
Suspirou!
Cerrou os dentes...
Por alguns segundos fechou os olhos e se recordou de caminhar ao lado da esposa e subir naquele mesmo aviã o.
Aimê ...
Precisava usar toda a inteligê ncia para salvá -la. Agora era movida por dois poderosos combustı́veis: O ó dio e o
amor...
Estava quente...
Agora icaria apenas de calça jeans surrada, camiseta e botas de cano longo.
Viu um rosto conhecido a lhe observar e continuou até chegar ao bom homem.
-- Desculpe por nã o ter avisado que viria! – Disse em seu ouvido. – Mas obrigada pela recepçã o.
A ilha de Otá vio ter sido pega novamente pelo perigoso bandido era algo terrı́vel.
-- Como isso aconteceu? – Questionou preocupado. – Esse demô nio nã o fora preso depois do que fez ainda? O que
acontece com as leis dos brancos? – Indagou aborrecido.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 597/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu fui burra o su iciente para baixar a aguarda... – Suspirou. – Mas nã o tenho tempo para conversas, apenas
passei para falar contigo, agora mesmo seguirei pela mata, preciso ir ao encontro deles.
Piatã observava como a major demonstrava agitaçã o e ao ouvir ela dizer que iria ao encontro desses homens
sozinha, temeu por sua vida.
-- Você sabe que nã o tem permissã o para isso! – Avisou. – Tupã deixou claro que se aparecesse novamente aqui
seria castigada. – Deu-lhe as costas. – Vá para casa e espere que outros salvem a garota.
A major levou as mã os aos quadris, enquanto olhava as pessoas ao redor, depois itou o cé u claro.
-- Nã o me importo com o que ele diz! – disse por entre os dentes. – Atravessarei essa loresta e irei até a Villa Real e
se ele tentar me deter, terei que ir contra ele... Vamos ter uma guerra, entã o!
-- Você é teimosa de mais, princesa, nunca escuta ningué m, sempre age por impulso. – Repreendeu-a.
O velho suspirou.
Olhava a mulher para a sua frente e em alguns detalhes nã o a reconhecia, ainda mais quando se tratava dos motivos
para se arriscar tanto. Nã o havia dú vidas de que aquela empreitada seria muito arriscada, mas Diana agora era movida pelo
amor.
Alexander agira daquele jeito quando fora até a aldeia ao saber que a mulher que amava estava grá vida.
O bravo general enfrentou a todos para levar consigo a mã e da sua ú nica ilha.
-- Irei contigo! – O homem disse por im. – Precisará que a acompanhe, pelo menos para que possamos chegar à
tribo. – Seguia em passos lentos. – Venha comigo, precisamos de algumas coisas, nã o teremos ajudantes dessa vez. –
Comentou aborrecido.
Observou como as pessoas continuavam a observá -la, era sempre assim, depois de todos aqueles anos, ainda era
vista com ressalva por aqueles habitantes.
-- Eu só quero dormir... – Sussurrou em seu ouvido. – Pare de se debater ou vai acordar o Piatã.
-- Recordo-me muito bem que não era comigo que deveria dormir e sim na rede. – Retrucou baixo,
enquanto lutava para se livrar dos braços que a prendia pela cintura.
Por alguns segundos a Villa Real fez o que ela tinha dito, permanecendo quieta, ponderava que se não era
melhor se manter estática e ingir que aquela mulher não estava ali, porém a presença dela ultrapassava o ísico, era
como se usurpasse sua própria alma.
Ainda estava triste com as palavras que ouvira, ainda se sentia ferida, mas mesmo assim algo maior parecia
empurrá-la direto em direção a ela... Tinha a impressão que estava à beira de um precipício.
-- Chega, Diana!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 598/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu ico excitada quando me chama... – Mordiscou a pontinha da orelha dela. – Como sabia que eu estava
olhando para os seus seios na mesa? Eles se excitaram... O que imaginou, melhor, recordou de quando os toquei com
a minha boca?
Aimê sempre a desa iara e a enfrentara, mesmo quando contava com uma de iciê ncia. Nã o havia dú vida ser uma
jovem admirá vel em todos os sentidos...
-- Nã o acho que seja uma boa ideia ir sozinha e enfrentar esses homens. – Piatã dizia, enquanto recolhia algumas
coisas que necessitariam. – Deveria ter pedido ajuda aos homens brancos, eles tê m leis e sã o treinados para isso.
-- Antes que eles chegassem perto, a ilha de Otá vio seria morta...
O ı́ndio encheu duas canecas com á gua do pote de barro, ofertando uma a major e bebendo a outra.
-- Entã o você morrerá ? E isso que veio fazer? Sacri icará sua vida para que Aimê viva? Por que fará isso?
-- Eu a amo... – Disse baixinho. – Amo-a tanto que meu peito chega a doer... Nã o me importo de fazer qualquer
sacrifı́cio por ela.
-- Eu sabia que seria questã o de tempo para que admitisse esse sentimento... Mesmo quando esbravejava contra a
Villa Real, todos sabı́amos o que já sentia... – Apertou-lhe os dedos. – Mas eu tenho certeza de que a menina Aimê nã o deseja
que se machuque ou aconteça algo pior...
O ı́ndio sabia que seria uma tarefacxv impossı́vel tentar convencer a princesa do contrá rio, entã o só lhe restaria
pedir proteçã o aos bons espı́ritos.
Estava escuro, mas notou a fogueira acesa, ouviu a voz de mulheres e recordou dos momentos que vivera quando
tivera que icar naquele lugar.
Sabia que daquela vez seria diferente, sabia que daquela vez o risco era maior.
Recordava-se de quando Diana chegara ali para salvá -la, lembrou-se da voz forte e ameaçadora...
Tentou mais uma vez se livrar das amarras, mas as tentativas eram inú teis.
Tinham-na colocado sentada em uma cadeira, enquanto prenderam-na, evitando assim uma tentativa de fuga, coisa
que seria quase impossı́vel, levando em conta o nú mero de bandidos que estavam ali.
A tenda estava cercada, pareciam temerosos que a morena selvagem invadisse novamente e levasse a ilha de
Otá vio.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 599/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o acreditava que passou despercebido de conversar com a Diana sobre ele, talvez se assim o fosse, poderiam ter
evitado ser ludibriada daquele jeito e sob o teto seguro da major.
Viu-o se aproximar com uma caneca em mã os, colocando em seus lá bios. Encarava os olhos verdes, enquanto sentia
o lı́quido molhar sua garganta.
-- Por que traiu a pessoa que te deu trabalho? O que te levou a se associar a um bandido como o Crocodilo, se sabe
que cedo ou tarde será preso ou morto?
O jovem nã o respondeu de imediato, parecendo pronto para sair por aquela porta improvisada, mas acabou se
voltando para ela.
Aproximou-se.
-- Diana Calligari matou meu pai, entã o rezo há anos para que a oportunidade de vingança ocorra e agora está
muito perto.
-- De que falas?
-- Meu pai servia ao exé rcito... Lutara ao lado do seu pai e tivera que se submeter a ilha do general Alexander... Acha
que um homem pode se submeter a uma mimada arrogante quando tem dignidade?
-- Meu pai ajudou o seu pai, entã o você deveria ser mais grata e mais amigá vel a minha causa... – Aproximou-se,
enquanto estendia o braço para tocar a face da ilha de Otá vio. – Eu quero você pra mim, mas antes matarei a Calligari... –
Exibiu um sorriso cruel. Quero o sangue dela nas minhas mã os...
-- Por que o prefeito aceitou entrar nesse plano? O Alex é meu noivo...
-- Noivo? Ah, sim, no dia do noivado você até comemorou nos braços da ı́ndia selvagem... – Passou a lı́ngua pelo
lá bio superior. – Eu gozei muitas vezes vendo as cenas, mas seu sogro e noivinho nã o acharam o mesmo...
-- Instalei uma câ mera no seu quarto... Acredite, a tal da Diana sabe fazer as coisas... – Voltou a acariciar a face da
garota. – Nã o há dú vidas que nas veia dela corre sangue desses selvagens que vivem por aqui.
Aimê teve â nsia de vô mito ao imaginar que a sua intimidade fora invadida daquele jeito.
-- Depois conversamos mais, princesa... Nã o se preocupe, andei vendo o vı́deo inú meras vezes e sei como você gosta
de ser tocada...
Precisava fazer algo para impedir que a major chegasse até ali, sabia que seria o im da morena... Poré m nã o tinha
ideia de como evitar algo assim...
Mesmo diante do ciú mes que sentia, icaria muito feliz se ela icasse com a ruiva e nã o se preocupasse consigo...
Deus!
Diana nã o titubearia, ela iria até eles, agiria impulsivamente e arriscaria a vida de forma irresponsá vel.
Fechou os olhos, buscando nã o entrar em pâ nico, buscando uma saı́da...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 600/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os animais podiam ser vistos à margem da fonte, enquanto bebiam á gua. Seus olhares eram sempre atentos, pois
sabiam que nã o era difı́cil serem atacados por predadores.
Uma pequena capivara olhava os visitantes, parecendo tã o interessada que por pouco nã o fora comida por um
jacaré .
Era possı́vel ver os macacos a se balançar nos galhos, seu guinchar era um som que parecia afetar os outro bichos.
O rio nã o estava cheio, as chuvas torrenciais nã o tinham inundado ainda.
Piatã observava a major remar rá pido, nã o demonstrando cansaço, apenas determinaçã o.
-- O pajé vai tentar te dissuadir dessa ideia... – O velho disse depois de um tempo. – Sabe disso...
O ı́ndio remava com menos vigor, parecia cansado para sua idade.
Observava a mulher de cabelos negros e se recordava de como sempre agira segundo a pró pria vontade, recordava
de como precisara muitas vezes omitir alguns fatos para que a ilha de Alexander nã o fosse castigada, mesmo assim, a
princesa da tribo sofrera bastante.
-- Entã o a menina Aimê se rendeu ao seu charme... Mas nã o acredito que se tornou uma esposa submissa e
obediente. – Provocou-a. – Tenho a impressã o de que quem manda nessa relaçã o nã o é a poderosa Diana.
A pintora nã o respondeu de imediato, apenas desviou o olhar, parecendo perdida em lembranças.
-- Ela voltou a enxergar... Aquele mar azul pode se ver e també m me ver... – Esboçou um sorriso de canto. – Sim, você
está certo quando diz que ela nã o se submete, ela luta, me enfrenta de igual... – Mordiscou o lá bio inferior. – Eu me sinto
culpada por ela ter sido sequestrada... Deveria ter sido mais cuidadosa... Eu sabia que ele se aproximaria, sabia que algué m
estava à espreita, mas acabei me distraindo... – Cerrou os dentes. – Se nã o tivesse me apaixonado, poderia ter continuado fria
e isso me faria pensar melhor.
-- Você nã o poderia fazer nada... Nada se pode fazer contra o destino...
-- Nã o acredito nessas coisas, creio nas minhas açõ es e no que deve ser feito, essas crendices que pregam nã o
passam de ignorâ ncia... – Falou aborrecida. – Se assim o fosse, poderı́amos evitar os acontecimentos.
Piatã nã o parecia ofendido com as palavras, conhecia-a su iciente para saber como pensava, para saber como
rejeitava a cultura da mã e, mesmo que, na maioria das vezes, deixasse a forma primitiva e selvagem dominar suas açõ es.
-- Ubiratã falou que você voltaria a viver se seguisse na empreitada e fora isso que aconteceu... Você passara mais de
dez anos da sua vida vivendo em funçã o de uma vingança... Fora movida pelo rancor, pelo ó dio... Seu espı́rito hoje parece livre,
e mesmo que negue, sabe que o pajé esteve certo o tempo todo.
Mataria o Crocodilo com suas mã os, daquela vez nã o deixaria que o desgraçado sobrevivesse.
Diana abria caminho, enquanto prestava atençã o nos sons, sabendo que havia ameaças por todos os lados.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 601/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
As folhas secas forravam o chã o, podendo camu lar algum animal perigoso.
Mesmo com uma idade avançada, Piatã demonstrava total força e seus passos eram seguros.
-- Precisa parar e comer algo, princesa, precisa de energia. – Piatã advertiu-a. – Até agora só está bebendo á gua.
-- Nã o posso me dar o luxo de parar, preciso chegar rá pido ao meu destino. – Respondeu, enquanto continuava a
seguir.
-- Mesmo que ele nã o me dê eu irei até Aimê , disso, você pode ter certeza!
Seguiram durante o longo dia e só a noite pararam, pois precisavam descansar para continuar o dia seguinte.
Tinham conseguido dobrar a caminhada em pouco tempo e nã o demorariam para chegarem na aldeia.
Diana montou a fogueira e logo se deitou sobre a mochila, o ı́ndio apenas a itava.
Entregou-lhe um pã o com carne seca e o cantil, depois se acomodou ao seu lado.
-- Por que nã o pede ajuda a Tupã ? – Piatã indagou. – Você é a princesa daquela tribo e se nã o tivesse cometido
tantos erros, seria você a chefe e nã o ele.
A Calligari itou o cé u estrelado. O abobado azul marinho tinha incontá veis pontos brilhantes, lembrando os
vagalumes a brincar entre si.
A major tinha a arma em mã os, pois sabia que um animal poderia atacar em fraçõ es de segundos.
O ı́ndio icou em silê ncio durante alguns segundos, mas logo voltou a falar.
-- Eu nã o sei como vai fazer para atravessar a selva... Temo que se nã o mostrar humildade, dessa vez terá problemas
sé rios.
Nã o pareceu se preocupar com aquilo naquele momento, poré m sabia que se fosse preciso, enfrentaria a todos,
travaria uma guerra contra aquelas pessoas, mas chegaria até a Villa Real.
Passara toda a noite naquela cadeira e tivera medo de que em algum momento fosse violado por algum daqueles
homens.
Já era madrugada quando o cansaço lhe venceu e acabou por cochilar.
O homem parecia mais assustador do que nunca e tinha nas mã os uma xı́cara de café .
Sentiu o aroma.
-- Bom dia, princesa, como dormiu? – Parou de frente para ela. – Que tal um cafezinho? – Bebericou. – Soube que
rejeitou a comida que mandei... Imagino que esteja estranhando as acomodaçõ es... Mas nã o se preocupe, para onde você vai,
tudo é puro luxo.
A jovem nada disse, enquanto via ele se abaixar, começando a livrá -la das cordas que a prendiam à madeira.
-- Nã o faça nenhum movimento brusco, nã o quero dani icar a mercadoria.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 602/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aquela á rea estava totalmente desmatada e percebeu que havia uma trilha por onde passava alguns veı́culos.
As aparê ncias deles eram terrı́veis. Tinham armas de grande porte nas mã os e pareciam gostar de intimidar os
outros.
Percebia que també m alguns dos que estavam reunidos ali, parecia ocupados serrando um tronco grande, enquanto
outros cavavam um buraco.
-- Todos aqui já te conhecem, entã o nã o te apresentarei... A maioria serviu com bravura ao seu pai. – Sorriu. –
Observe tudo ao redor, acha que a sua amada vai sair daqui com vida?
Aimê engoliu em seco e mais uma vez desejou que Diana nã o ousasse ir até ali.
Observou algumas mulheres deixando uma das barracas. Percebeu que uma e outra exibiam hematomas na face.
-- Está vendo isso? – Apontou para o lugar. – Aqui será incado um tronco e vai ser aqui que amarrarei sua major...
Otá vio fez a mesma coisa... Ele era criativo... – Olhou para o cé u. – Ele deve estar se revirando no tú mulo ao saber que a
ilhinha linda dele se encantou pela ı́ndia també m.
Fitou aquelas pessoas e mais uma vez imaginou se o melhor nã o era se rebelar a ponto de ser morta, mas sabia que
mesmo assim, a Calligaria iria ao seu resgate e de todo jeito seria cruelmente ferida.
-- Se você izer o que eu pedir, com certeza vai fazer com que as chicotadas que darei na selvagem diminua... –
Retornou até onde a jovem estava. – Está disposta a colaborar comigo?
Crocodilo viu as lá grimas brilhar nos olhos azuis e percebeu que conseguiria o que tanto desejava. Sabia que
nenhuma pancada doeria tanto quando o desprezo e desdé m da Villa Real...
Faria a Diana sofrer muito antes de matá -la, esse era o seu plano.
Depois de uma caminhada sem tré guas, Diana e Piatã chegaram a aldeia ante do sol se por.
Alguns ı́ndios os escoltaram até o pajé que estava na tenda e para surpresa da Calligari Tupã se encontrava ali.
-- A ilha pró diga retorna? A segunda visita em menos de quatro luas... – Meneou a cabeça em desdé m. – Como volta
aqui? Ainda mais depois de ter desrespeitado o casamento de Ubirajara.
A pintora pareceu confusa, entã o se lembrou da visita da ı́ndia quando estava a convalescer do tiro que tinha
levado.
-- Princesa, acho melhor que retorne ao seu mundo... Nã o deveria ter vindo aqui.
-- Nã o vim arrumar problemas, na verdade, nem mesmo tinha a intençã o de passar por aqui, mas sabia que seria
desrespeitoso atravessar o territó rio sem que me desse permissã o.
O homem moço se aproximou, tentando intimidá -la, mas a Calligari nã o baixou a cabeça, itando-o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 603/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- E desde quando você tem respeito por alguma coisa ou por algué m? – Tupã voltou a provocá -la.
-- Diana, você nã o deve ir até onde está Aimê . – Ubiratã a itou. – Eu temo por sua vida. – Tomou-lhe as mã os nas
suas. – Nã o terá chances sozinha contra esses homens... Fico muito feliz por sua bravura e coragem, ico feliz ao ver o amor
brilhar em seus olhos que sempre só demonstraram frieza... Mas eu imploro que nã o vá até lá .
-- Eu irei sim, está fora de cogitaçã o retornar. – Levantou a cabeça. – Agradeço a sua preocupaçã o, mas agora
mesmo seguirei caminho.
-- Pelo menos descanse, a noite já estará a cair e nã o é uma boa seguir viagem na escuridã o.
-- Nã o, pajé , apenas quero me dê permissã o para atravessar o territó rio...
Ubiratã a itou.
-- Princesa, nã o vá ... Esse homem quer apenas sua destruiçã o...
-- Eu nã o tenho medo! – Retrucou valentemente. – Apenas te pedirei algo... Você saberá quando eu falhar, entã o eu
imploro por tudo, convença Tupã a ir em busca da Aimê , faça isso por mim...
Ubiratã itou a jovem que viu crescer e teve aquela sensaçã o de medo que nã o costumava sentir em relaçã o a outras
pessoas.
Sabia que apenas uma pessoa poderia salvar a Calligari do destino que a esperava, mas já temia ser impossı́vel
convencer o chefe guerreiro a fazer aquilo.
Contrariando as leis da tribo, o bom ı́ndio a abraçou forte, desejando que tudo pudesse acabar bem.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 604/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Notas do autor:
Olá , lindas :)
desde quinta estou nessa coisa chata de mudança... Tive muito trabalho...
Peço que me desculpem pela demora, mas infelizmente essa coisa de
mudança nã o é nada fá cil...
Beijos.
Ansiavam para que a morena saı́sse e revelasse o que a levara até ali mais uma vez. Estavam curiosos, imaginando
se haveria um confronto, já que o chefe da tribo da princesa sempre demonstrara claramente desgostar totalmente da mulher
de pele bronzeada.
-- Nã o quero que se dirija à Diana! – Exigiu irritado. – Nã o quero nem mesmo que olhe para ela... A protegida de
todos já me desonrara mais do que o su iciente, entã o, nã o me custaria nada desa iá -la para uma luta até a morte.
A bela ı́ndia nã o parecia surpresa com as palavras aborrecidas do marido, poré m nã o costumava se manter calada
diante delas.
A tribo que pertenciam supervalorizava o poder feminino e mesmo que em hierarquia, ela estivesse abaixo do
chefe, tinha o direito de questionar.
Mirou a oca, desejando que a major saı́sse, mas nã o havia sinal da bela pintora.
-- Piatã me contou sobre o sequestro de Aimê – falava de forma tranquila -- acredito que esse é um momento para
ajudar a princesa, nã o esqueça de que compartilham o mesmo sangue.
-- A Sirena está certa! – O velho se intrometeu. – A mã e dela era irmã do seu pai, Diana é a princesa da tribo, o elo
entre os dois mundos... – Pigarreou. – Acredito que está mais do que na hora de esquecer esse rancor.
O rapaz pareceu nã o gostar do que ouvia, demonstrando toda sua fú ria nas palavras que praticamente cuspiu.
-- Nã o, ela é uma traidora! — Aponto o dedo em riste. -- Por culpa dela muita gente morreu, por culpa dela, quase
nosso povo fora destruı́do... Até quando aceitarã o a ilha de um branco em nossas terras?
-- Você quis obriga-la a casar com o homem que a destruiu! – Piatã retrucou calmamente. – Queria uma uniã o com
um assassino... O que esperava disso?
-- Eu só queria a paz e ela deveria ter obedecido... Quem sabe se assim o fosse, nã o estaria passando por isso...
Sirena viu quando a morena deixava a presença do pajé e mesmo diante do olhar irado do chefe, seguiu até ela.
A noite ainda nã o tinha chegado, mas nã o demoraria para que ocorresse.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 605/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o imaginei que a veria mais! – A esposa de Tupã falou ao se afastar. – Piatã me contou o que se passa... Desejo
ajudar...
-- Sim, infelizmente a situaçã o nã o é uma das melhores. – Arrumou as armas na cintura, depois colocou o punhal na
bota. – Preciso ir! – Voltou a itá -la. – Agradeço a sua preocupaçã o, mas nã o desejo que se ira...
-- Você vai se ferir... – Disse tristemente. – Sabe que esse homem deseja matá -la...
-- Mesmo assim está disposta a se sacri icar desse jeito? – Questionou com um sorriso triste. – Nã o obterá sucesso
se for sozinha.
A ı́ndia sorriu.
-- Você nunca teve... Mas eu consigo ver nos seus olhos o temor em perder a quem tanto ama...
Antes que a Calligari falasse alguma coisa, Tupã se aproximou irritado, pondo-se entre a esposa e a ilha de
Alexander.
-- Nã o conseguiria me deter, por isso nã o proı́be... Eu iria contra suas ordens e continuaria o meu caminho.
-- Você é tã o petulante quanto foi a sua mã e! – Cuspiu as palavras. – Se meu pai estivesse vivo, com certeza, teria o
mesmo im que ela!
Sirena percebeu a expressã o da amiga e pô s-se entre os dois, temendo uma luta fı́sica, isso sim seria algo difı́cil de
resolver.
-- Tupã , ajude-a a resgatar Aimê ! – Pediu. – Ela precisa de ti. – A esposa apelou.
-- Eu nã o pedi e jamais pediria a sua ajuda! – Virou-se para Sirena, abraçando-a. – Cuide-se, querida, espero poder
vê -la novamente.
-- Nã o, sabe que ningué m faria isso... – Suspirou. – Preciso ir, desejo chegar rá pido ao meu destino.
O bom homem segurou sua mã o, entregando-lhe um cordã o com presas de cobras na ponta.
-- Aceite!
Diana assentiu com um sorriso, enquanto seguia seu caminho sem olhar para trá s.
Sabia que nã o demoraria para Diana chegar ali. Sentia isso em seu coraçã o, sentia que a morena se aproximava e
aquilo icava cada vez mais assustador.
Ouvira os planos de Crocodilo e mesmo que nã o desejasse fazer o que fora proposto, nã o imaginaria algo melhor
para que a morena nã o sofresse tanto. Enquanto ingiria, buscaria uma alternativa para salvá -la, buscaria uma forma de livrá -
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 606/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ouviu passos e imaginou se seria o loiro de expressã o desrespeitadora, mas se tratava de uma das mulheres que viu
mais cedo com os bandidos.
Ela també m estava armada... Na verdade, todos ali estavam com artilharia pesada.
Sentiu o caneco de alumı́nio frio posar em seus lá bios e bebeu a á gua que lhe era oferecida.
-- Eu te conheço... – A Villa Real disse quando a outra se afastou um pouco. – Estava aqui da outra vez que me
trouxeram? Como é o seu nome?
Sabia dos planos de Crocodilo para aquela bonita jovem e isso a fazia pensar na pró pria situaçã o.
Respirou fundo.
-- Alanna...
A moça, apesar de ter feiçõ es lindas, trazia uma expressã o grande de tristeza.
-- Sim... – Con irmou em voz baixa. – Estava aqui quando sob o orgulho desses homens, uma ú nica mulher entrou
aqui e te levou embora. – Disse, parecendo admirada. – Deu bobeira em ser pega novamente... Temo que agora seu im seja
pior...
Aimê apenas deu de ombros, pois a ú ltima coisa que desejava era pensar em qual ruim seria seu destino.
Alanna seguiu até a porta, mas nã o saiu, apenas icou a observar a escuridã o da noite, em seguida retornou até a
prisioneira.
-- Deixei minha ilha e meu marido por um homem que me prometeu uma vida melhor e muito amor... – Falou com
amargura. – Imaginei que seria feliz, coisa que nunca tinha sido, mas fui trazida para cá e usada por cada um desses
bandidos...
-- E sua ilha?
-- Espero que esteja bem... Espero que pelo menos ela esteja feliz... – Limpou uma lá grima que lhe molhava a face.
-- Como? – Indagou horrorizada. – Aqui só tem animais e ı́ndios. Que chance eu teria de sobreviver?
-- Está louca! – Desdenhou. – Ningué m sai vivo daqui, esses homens sã o crué is de mais... – Meneou a cabeça
negativamente. – Espero que a sua amiga nã o venha ao seu resgate, pois ela irá morrer.
Antes que Aimê pudesse dizer alguma coisa, a mulher deixou a barraca e nã o demorou para Crocodilo entrar.
O bandido a itava com cuidado, depois puxou uma cadeira, sentando de fronte para ela.
-- Nosso trato está seguro? – Tocou-lhe a face. – Está disposta a fazer o que ordenar?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 607/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Se cumprir, serei generoso e nã o arrancarei cada membro da sua amada... – Suspirou. – O que é uma pena...
Acredite, eu acho a Diana uma mulher sem igual... Nã o há homem ou mulher que nã o se rende aquela arrogâ ncia toda... –
Levou a mã o ao queixo, parecia ponderar. – Eu gostaria de tê -la ao meu lado... A trataria como uma rainha...
-- Nã o acha que já a feriu o su iciente? – Indagou, encarando-o. – Leve-me para onde quiser, mas deixe-a em paz...
Venda-me, estupre-me... Eu nã o me importo, mas deixe que a major siga em paz.
-- Você nã o entende! Eu fui feito de bobo pela Calligari, preciso recuperar o respeito dos meus homens ou nã o terei
mais o prestı́gio que sempre tive... – Suspirou alto. – Um dia você vai entender... Mas vamos ao nosso acordo. Fará o que eu
mandar? Veja, se você aceitar vai ser melhor, pois suas mã os sã o mais delicadas...
A ilha de Otá vio sabia que nã o seria fá cil, mas talvez aquela fosse a ú nica forma de salvar a morena, a ú nica forma
de ganhar tempo.
Mas como teria sangue frio para seguir com aquele plano terrı́vel?
-- Farei como diz... – Con irmou rapidamente. – Farei como me pedir... Contanto que nã o a mate...
Crocodilo encarava a Villa Real, imaginando como seria grati icante quebrar de uma vez por todas o orgulho da
pintora.
-- Eu sei que ela está perto... Sinto o cheiro da arrogâ ncia da ilha de Alexander... – Cruzou as pernas. – A Diana deve
te amar muito... coisa difı́cil, pois imaginei que ela nem coraçã o tinha... Seu pai matou o general e ela ainda te quer... O que tem
de tã o especial que seduziu a selvagem?
-- Já disse que nã o temos mais nada... Ela me traiu e nã o acredito que venha! – Tentava mostrar convicçã o. – Está
perdendo o seu tempo aqui...
-- Está vendo? Deveria ser grata a mim, estou te salvando, pois se continuar com aquela selvagem vai ser traı́da a
cada esquina... Seu pai dizia que ela gostava de brincar com o sentimento dos outros... Gostava de seduzir... Tinha sempre
muitas conquistas...
-- A Diana poderia ter sido uma rainha e sua mamã e... Mas nã o cedeu ao charme do coronel... E olha que as
prostitutas saiam no tapa para servir a ele... – Deu um sorriso. – Nã o deveria ter se envolvido com ela, assim você nã o teria
uma salvadora e eu nem precisarei matá -la.
Crocodilo se levantou.
-- Nã o seja boba, quando a Calligari aparecer aqui vai selar o destino e se você nã o cumprir o trato, ela vai sofrer
ainda mais.
Diana nã o dava tré gua, mas em algumas ocasiõ es tivera que trepar em á rvores devido ao encontro de algumas
onças.
Sentou-se.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 608/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sabia que nã o seria fá cil, mas acreditava que conseguiria, acreditava que poderia sair com vida e ter Aimê consigo.
Conhecia muito bem o Crocodilo, tinha certeza que ele tinha a intençã o de matá -la, mas nã o era costume seu fazer
isso rá pido. Gostava de se exibir e humilhar a vı́tima, entã o teria uma chance.
Cerrou os dentes.
Já passara por tantas coisas que nem se assustava com isso.
Respirou fundo!
Levantou-se.
Caminhou em meio as pedras e ao ver a pequena cascata caindo ali, sentiu aquela saudade que a acompanhara por
todo o caminho.
Linda, ereta, cabeça inclinada para trá s e um sorriso a brilhar nos lá bios deliciosos.
Meneou a cabeça para se livrar dos pensamentos, pois sabia que precisava de total frieza naquele momento,
precisava agir guiada pela cabeça e nã o pelas emoçõ es, só assim teriam chances de saı́rem com vida.
Mergulhou!
Permitiu-se por alguns minutos que o lı́quido cristalino lhe massageasse a pele.
Submergiu.
Se saı́sse com vida de tudo aquilo, mataria um por uma daqueles miserá veis e o Crocodilo, esse teria um im
doloroso de mais.
-- O que deseja?
Sabia que precisava convencê -lo a tomar partido naquela guerra que Diana travava solitariamente.
Apesar de ele ser lı́der, todos respeitavam o pajé , entã o mesmo sabendo qual seria o tó pico da conversa, acomodou-
se.
-- O que contarei vai fazer uma grande diferença em sua vida... Farei isso para que perceba como está errado em sua
forma de agir.
-- Sei que deseja me convencer a ajudar a Diana e aviso que nada que me disser vai mudar a minha opiniã o. –
Levantou-se irritado. – Sei do seu amor por ela, sei bem da sua adoraçã o por aquela traidora... Entã o pre iro que poupe meu
tempo.
-- Como ainda ousa me perguntar o motivo? Primeiro se virou para o lado dos brancos, depois trouxe esse bandido
aqui e se negou a selar a paz casando-se com ele... Nã o esqueça quantas vidas perdemos com isso.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 609/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Quem ela traiu? – Arqueou a sobrancelha. – Um povo que nunca se importou com ela? Um povo que a jogou na
loresta para que morresse ou um povo que a rejeitou por ser ilha de branco?
-- Porque seu pai obrigou Alexander a fazer isso... Seu pai queria humilhar a ú nica ilha da mulher que um dia seria
a rainha de nossas tribos.
Havia muitos homens e daquela vez nã o teria como entrar ali sem ser vista, a inal, eles já a esperavam.
Pegou o binó culo e mirou na direçã o da barraca, entã o para sua surpresa, Aimê apareceu.
Viu o segurança loiro que tanto a perturbou e sentiu vontade de apertar o pescoço do rapaz até que nã o sobrasse
mais oxigê nio em seus pulmõ es.
A Villa Real estava ainda mais linda e icou feliz ao ver que nã o estava machucada ou ferida. Sentiu um alı́vio no
peito em saber que ela estava viva, pois mesmo que soubesse que Crocodilo a manteria a salva, por sua mente ainda passava
coisas terrı́veis.
Nã o poderia arriscar que a Villa Real pudesse sair ferida, entã o o plano seria se entregar... Aquilo era a ú nica coisa a
fazer...
Desceu da á rvore e começou a cavar um buraco para esconder as armas que trouxera.
Crocodilo a deixou andar sozinha por ali, mesmo assim, sabia que era apenas parte do plano que tinha.
Observava tudo ao redor, o verde, a mata e teve a impressã o que sabia o lugar por onde deixara o acampamento
quando fora salva a primeira vez.
Recordava-se da corrida cega, de ser puxada...Da voz forte e insensı́vel da mulher que aprendera a amar...
Seguiu até o tronco que fora en iado no chã o. Correntes foram colocadas no topo para prender e ferir...
Tudo fora feito com total cuidado para que nã o houvesse chance de uma possı́vel fuga.
Olhou para o cé u e continuou com suas oraçõ es para que a Calligari nã o aparecesse ali, que ela pudesse viver a vida
com outra pessoa e a esquecesse... poré m, antes que sua reza terminasse, ouviu passos e burburinho. Ao levantar a cabeça,
seu coraçã o quase deixou de bater.
Diana...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 610/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os cabelos negros estavam soltos. Usava camiseta preta colada ao corpo, destacando o colo bonito, jeans preto,
surrado, ajustando as longas e troneadas pernas e botas de cano longo.
Desejou ir até ela... Mas ao itar o bandido, percebeu que se izesse algum movimento, colocaria em risco a vida da
herdeira de Alexander.
Seria realmente tã o selvagem e irracional para nã o parecer se assustar com o perigo que corria?
-- Pare, major! – Crocodilo ordenou ao se aproximar da ilha de Otá vio. – Está sozinha? Sabe que nã o titubearei em
atirar na sua namoradinha... – Ameaçou.
A pintora estancou, encarou Aimê , como se desejasse penetrar naquele azul intenso, depois exibiu um sorriso
sarcá stico para o homem que parecia ter o controle de tudo nas mã os, poré m mesmo assim a temia.
-- Mesmo se eu nã o estivesse, o que nã o é o caso, quanto tempo eu teria antes dos seus homens transformarem meu
lindo corpo em uma tá bua de pirulito? – Dirigiu o olhar aos capangas que exibiam artilharia pesada. – Realmente, é uma
recepçã o um pouco exagerada... – Desdenhou. – Estou desarmada... – Levantou as mã os em rendiçã o.
A Villa Real estava assustada, mesmo assim nã o conseguia nã o se encantar ainda mais pela coragem da amada.
-- Prendam-na! – O bandido ordenou irritado. – Qualquer movimento que ela izer, podem atirar...
-- Nã o vai mandar que me revistem? – A ı́ndia provocou. – Posso estar cheia de armas aqui e matar a todos!
O bandido icou rubro diante da incitaçã o, indo até onde estava a princesa, esbofeteando-a forte.
A expressã o da major nã o exibia nenhuma emoçã o a nã o ser a arrogâ ncia.
-- Prendam essa vagabunda no tronco, esperei muito por esse momento e vou aproveitar bem.
Aimê observava tudo e chorava por dentro, sabendo que nada poderia ser feito, seria o im para a mulher amava se
reagisse ao ocorrido.
Ouviu o som dos macacos... pulavam nos galhos, tendo seus olhos pequenos voltado para todos... Curiosos...
Deus, como a ilha de Alexander podia ser tã o forte e nã o demonstrar medo algum diante daquelas pessoas
perigosas que só desejavam matá -la?
-- Espero que seja convincente a sua atuaçã o ou meto uma bala agora mesmo na cabeça da sua amada... –
Murmurou.
A Villa Real nada disse, enquanto mantinha os olhos voltados para a pintora.
Diana nã o esboçava nenhuma reaçã o, apenas se mantinha quieta, mas o olhar continuava demonstrando
prepotê ncia e orgulho.
-- Que idiota você foi, major, arriscando a vida para salvar uma mulher que nem a menos te ama. – Crocodilo disse
ao parar a sua frente. – Achava mesmo que essa princesinha aqui iria aceitar ter algo com uma selvagem como você .
-- Nã o acredita? – O bandido desa iou-a. – Aproxime-se, doce Aimê ! – Estendeu a mã o e nã o demorou muito para
que a jovem segurasse a dele.
-- Eu sei que você nã o vai acreditar, mas fatos sã o fatos... – Beijou a mã o da garota. – Quer fazer as honras, princesa?
– Fitou a neta de Ricardo.
A Villa Real mirou os olhos negros e teve uma vontade incontrolá vel de ir até ela, abraça-la bem forte e nã o sair dali
por nada nesse mundo. Poré m sabia que teria que agir daquele jeito, se desejasse que ela tivesse uma chance de sair com
vida.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 611/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sabemos que a nossa arrogante Calligari nã o costuma se curvar a nada e a ningué m... Entã o estamos aqui para
fazê -la se ajoelhar diante de nó s...
Aimê itou os olhos do homem e percebeu a ameaça presente neles, entã o aceitou o que lhe era oferecido.
-- Mostre para a major o seu amor, meu anjo. – Exibiu um sorriso sarcá stico. – Acho que ela merece...
Diana itou os olhos azuis quando ela icou bem perto de si.
Mirou os lá bios rosados, a expressã o que parecia mostrar total neutralidade.
Respirou fundo!
Faria tudo para conseguir sair com vida daquela empreitada, pois desejava e muito viver ao lado da bela
mimadinha.
-- Nã o deveria ter vindo aqui, major! – A neta de Ricardo falava por entre os dentes. – Eu já te disse que nã o temos
mais nada e que nunca mais quero ver a sua cara.
A morena a observava com atençã o. Parecia surpresa com a raiva expressa nas palavras.
Crocodilo se aproximou.
-- Nã o esqueça de que ela te traiu... – O bandido sussurrou em seu ouvido. – Nã o esqueça...
A Villa Real sabia o que signi icava aquela frase, sabia que deveria ser convincente em suas açõ es.
Mirou os olhos estreitos e sem saber de onde conseguiria coragem para aquilo, esbofeteou tã o forte o rosto da
esposa que lhe cortou o canto da boca.
-- Vagabunda!
-- Acha que nã o sei que dormiu com meu pai? – Gritava. -- Acha que nã o sei que se entregou a ele, enquanto icava
noiva de outro... – Esbravejava. – Acho que nã o tem nenhuma diferença para a situaçã o que estamos a viver... Transou comigo
durante uma noite e no outro dia já estava com a sua amante.
A morena passou a lı́ngua pelos lá bios e ao sentir o sabor do sangue, seu maxilar enrijeceu.
-- Faça o que quiser com ela... Nã o desejo nada com essa vadia, nã o aguento nem olhar para a cara dela.
A jovem parou, cruzando os braços sobre os seios, tentando demonstrar pouco caso, quando viraram a pintora de
costas.
Notou que alé m de usar o sutiã preto, a morena també m tinha uma ó rtese de modelo encruzilhado para a coluna.
Fitou o tra icante e viu quando ele tirou a arma da cintura, apontando para a nuca da mulher que amava.
-- E entã o, Aimê , você quem deve dizer o que deve ser feito.
Meneou a cabeça de forma negativa, enquanto fazia um apelo mudo de clemê ncia que foi totalmente ignorado.
A neta de Ricardo sabia que ele atiraria se nã o izesse algo, entã o precisou de toda a coragem para o pró ximo
passo.
Seguiu até o loiro, tomando da sua mã o o instrumento que causaria dor à ı́ndia.
Parou diante da pele bronzeada e desejou beijá -la, desejou tocar aquelas cicatrizes... Fazê -la esquecer de tudo o que
passou...
Mordiscou o lá bio inferior tã o forte que sentiu o sabor de sangue.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 612/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Voltou a itar o Crocodilo e nã o teve dú vidas que precisaria seguir em frente.
Diana ouviu as palavras ditas friamente... Inclinou o pescoço para o lado, vendo os olhos azuis a mirarem.
Nã o demorou para sentir o primeiro golpe e precisou trincar os dentes para nã o gemer.
Ouvia a respiraçã o acelerada de Aimê , sentia a força que ela colocava sobre as pancadas...
Fechou os olhos...
Recordou-se de quando fora feito o mesmo consigo... Relembrava a dor... Era concreta... Feria-a...
Um a um os golpes foram dados até que a ilha de Otá vio pareceu perder as forças, deixando o chicote cair no chã o.
Seguiu até a barraca em prantos, cobrindo a boca com a mã o para conter a dor.
-- E, major, eu acho que a ilha do coronel vai te dar uma boa liçã o... – Aproximou-se mais.
Os olhos negros estavam apertados, a expressã o era de uma fú ria incontida.
-- Diga-me, ilha de Alexander, a mã o da sua amada é bem mais leve do que a do seu apaixonado coronel? –
Provocou-a. – As coisas estã o se repetindo na sua vida...
-- Se você realmente quiser me matar, faça isso logo, porque se eu conseguir uma ú nica oportunidade, te estriparei
rapidinho. – Falou por entre os dentes.
-- Nã o, querida, te darei uma liçã o antes de tirar a sua vida... Nã o posso desperdiçar a oportunidade de te castigar
atravé s da mulher que amas... – Soltou-a. – Isso deve ser muito triste... Virou-se para os presentes que observavam tudo. –
Tragam á gua com sal e banhe as feridas da major, ela vai se sentir muito bem assim.
Tupã se mostrava irredutı́vel em suas negativas e mesmo diante do que tinha sido revelado, negava totalmente
ajuda a irmã .
Piatã se aproximou.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 613/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Permaneceram em silê ncio durante longos minutos... A ave do Pajé se aproximou, permitindo o toque do ı́ndio...
Nã o demorou para que alçasse voo novamente.
-- O que faremos? – Piatã questionou. – Sabemos que a Diana está se submetendo ao bandido desgraçado... Ele vai
matá -la...
O chefe apenas usava os dedos para fazer desenhos pró ximos ao fogo, parecia concentrado, perdido em seus
pensamentos.
-- Está viva... Alma de guerreira... Forte... – Mirou o companheiro de longas datas. – Mas sofre... sofre muito... Mas é
muito alé m do fı́sico...
-- Nã o foi novidade para ele o que eu disse... Urucan falara... Envenenou-o contra mã e...
-- Irô nico isso... A princesa do sol deixou a ilha, abandonou-a para icar ao lado do ilho e ao inal de tudo, Diana
ainda foi a quem mais perdeu em tudo isso... Sabemos que ela é inocente, sabemos bem que ela izera tudo para nos proteger
e agora se negam a ajudá -la.
O pajé se levantou e ao olhar para o cé u novamente, percebeu como nuvens escuras encobria o grande abobado.
-- Precisamos ter fé ... Ter fé que tudo vai se resolver...
O ı́ndio nada falou, mas sabia que as coisas nã o se ajeitariam tã o fá cil assim.
Viu o chefe se afastar e permaneceu lá , parado, olhando as chamas que queimavam na fogueira.
Sabia ser injusto que a ilha de Alexander estivesse passando por tudo aquilo sozinha e nã o tivesse algué m para
ajudá -la.
Gostaria de ir até ela, gostaria de salvá -la... mas como enfrentaria aqueles bandidos sem auxı́lio?
Sabia que seria difı́cil, quase impossı́vel, poré m iria até a princesa.
Aimê ouvia o riso dos homens e vez e outra seguia até a porta da barraca e observava Diana no mesmo lugar.
Respirou fundo, desejando ir até ela, mas nã o podia arriscar a fú ria do Crocodilo.
Ouviu passos e já se afastava quando viu Alanna que falara consigo mais cedo aparecer com comida.
-- Trouxe algo para a senhorita! – Colocou a bandeja sobre a mesa improvisada. – Deve comer, precisa de forças
para seguir em frente.
A Villa Real mordiscou o lá bio inferior, enquanto seguia até a entrada, observando se tinha algué m por perto, mas
todos pareciam felizes, dançando e bebendo.
-- Ajude-me, por favor, se o izer, prometo tirá -la daqui e ajuda-la a reencontrar seu ilho...
-- Eu nã o posso, se ele descobrir me mata... – Falou temerosa. – Deve se comportar... Já o vi matar outras e nã o acho
que seria diferente contigo.
-- Nã o... – Falou baixo. – Ajude-me a libertar a Diana, só ela poderá nos salvar.
-- Pensei que a odiasse... Bateu nela, as costas icaram puro sangue... Pareceu bastante convincente.
Aimê passou a mã o pelos cabelos longos, enquanto os olhos azuis se enchiam de lá grimas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 614/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu precisei fazer isso para que nã o a matem... Mas nã o sei até quanto aguentarei... – Limpou os olhos. – Amo-a,
preciso ajuda-la a sair daqui... Eu imploro que me ajude... Ele vai matá -la... – Soluçou. – Ajude-me, eu imploro...
-- Calma, precisa se acalmar ou vai ser pior. – Acariciou os cabelos longos. – Nã o garantirei nada, mas verei o que
posso fazer.
Como o pajé permitiu que Diana se arriscasse tanto? Como permitiu que ela fosse até ali sozinha?
Fitou o cé u e viu a nuvem escura que encobria toda aquela á rea.
Sabia que eles temiam bastante aquelas tempestades, pois eram bastantes violentas. Sem falar nos animais que
poderiam se aproximar com mais facilidade.
Ouvia as ordens de Crocodilo para que todos procurassem abrigo. Sabia que ele nã o se preocuparia consigo, sabia
que nã o teria ainda como deixar aquele acampamento.
Ouvia o silê ncio. Seus olhos estavam acostumados com o breu e por isso nã o foi difı́cil saber que estava sozinha
naquele lugar.
Cerrou os dentes.
Ardiam...
Sacudiu a cabeça...
Estaria com tanta raiva de si a ponto de compactuar com aquele bandido contra si?
Nã o, aquela nã o era a mimadinha que conhecia, aquela jovem era totalmente diferente de tudo que acreditara.
Naquele momento já estava totalmente ensopada e seu corpo já começava a enregelar.
Precisava de um plano, necessitava de se aproveitar do fato do bandido querer prolongar sua vingança para tentar
reverter a situaçã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 615/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Chuva icava cada vez mais forte e já se sentia uma forte ventania.
Ouvia os sons dos bandidos, pareciam assustados, na verdade, ela també m estava, a inal, era como se o mundo
estivesse sendo devorado pela fú ria da natureza.
Sabia que a Calligari continuava lá , sabia disso e mesmo que fosse arriscado, já se preparava para deixar a barraca
quando a conhecida mulher retornou.
-- Para onde está indo? E arriscado icar fora nessa chuva! – Segurou-lhe o braço. – Crocodilo pediu para nã o
deixarmos os alojamentos... Estou de guarda. – Advertiu-a.
-- Nã o vã o pegar... E impossı́vel que saiam nessa chuva, lá fora está tudo muito escuro, nem mesmo estarã o
vigiando-a...
Alanna ainda nã o parecia segura, mas acabou fazendo um gesto de assentimento.
-- Nã o demore e tome cuidado... Ficarei aqui... Pediram para que te izesse companhia... – Tocou a arma que tinha na
cintura. – Se eles a pegarem nã o pode me comprometer...
-- Nã o irei... – Meneou a cabeça agitadamente. – Prometo! – Livrou-se do toque, seguindo até a entrada da barraca.
-- Mas como a encontrará nessa escuridã o... Impossı́vel ver algo lá fora...
– Já vivi durante muito tempo presa em uma escuridã o... Acredite, sei lidar com isso. – Disse, seguindo para fora.
A Calligari fechou os olhos, enquanto sentia as pancadas fortes em seu corpo. Tentava manter o controle.
Sabia que nã o a tirariam dali... Queriam castigá -la, humilhá -la de todas as formas possı́veis.
Sorriu!
O Crocodilo era um idiota, estava dando a chance para matá -lo e se surgisse essa oportunidade nã o titubearia.
Ouviu passos lentos, quase imperceptı́veis, sentiu o toque em seu ombro e logo sentiu o cheiro dela mesclado ao
barro.
A ilha de Otá vio mexia nã o só com seu corpo, mas com sua pró pria alma.
-- Nã o deveria ter vindo aqui, nã o deveria ter se arriscado assim! – Repreendeu. – Por que veio? Sabe que ele deseja
matá -la...
A morena estreitou os olhos e mesmo diante da escuridã o, conseguiu ver a mulher que amava a encarando.
-- Volte pra dentro, aqui é perigoso, Villa Real. – Ordenou friamente. – Saia daqui!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 616/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Por favor, fuja, Diana, eu sei que consegue... Nã o me importo de icar aqui... Nã o me importo de ir com esses
homens... – Tocou os lá bios com seus dedos, sentindo o lı́quido molhá -los. – Sabe que vã o te matar... – Tateou todo o rosto
querido.
-- Disse aos seus avó s que a levaria de volta e é isso que irei fazer! – Falou irme. – Agora volta para a barraca. –
Ordenou irritada. – Vai acabar pegando uma pneumonia levando toda essa chuva.
Afastou-se, mas nã o foi embora, ao contrá rio... Posicionou-se nas costas da morena.
Sentiu-a retesar os mú sculos, enquanto usava os dedos para delinear os cortes.
Permaneceu ali, quieta, apenas desejando tomar para si todas as cicatrizes que já estavam ali e as que izera
naquele dia.
-- Nã o conseguiria viver se algo te acontecesse... – Sussurrou em seu ouvido. – Vá embora, preciso que salve sua
vida...
Diana sentiu os beijos em suas feridas e só naquele momento seu coraçã o voltou a pulsar descompassadamente.
Aimê deu a volta novamente, tomando o rosto querido em suas mã os.
A Villa Real ouviu o som do trovã o, pensou em se afastar, mas antes sua boca se uniu faminta ao da amada.
Abraçou-lhe o pescoço.
Um raio caiu perto delas, mesmo assim, a carı́cia nã o foi interrompida.
Encarou-a...
-- Nã o quero que ique aqui... – Choramingou. – Deus, ele vai feri-la ainda mais e vai me usar para isso... – Soluçou. –
Eu nã o consigo... – Encarou-a. – Perdoe-me... Eu juro que nã o desejei te ferir...
-- Faça o que ele pedir... Isso vai me dar tempo para agir...
-- Pode sim...—Trincou os dentes para nã o bater. – Eu prometo que tirarei a gente daqui... Agora volte para lá e
continue a fazer tudo que é dito...
Mais um trovã o se fez ouvir e o raio clareou bem perto, deixando que se vissem.
-- Mimadinha, precisa ter calma... Precisa entender que para que eu saia daqui viva, terá que ser forte, terá que agir
como ele mandar... – Aproximou a boca da dela. – Você terá muito tempo para icar ao meu lado...
A jovem pareceu relutante em sair, mas sabia que a pintora estava certa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 617/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu te amo...
-- Eu també m te amo...
Aimê ainda olhou para a esposa por uma ú ltima vez, antes de deixar o local.
Diana olhou para o cé u... Puxou forte as correntes, mas foi inú til...
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 618/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os pá ssaros cantavam felizes. Pareciam prontos para o novo dia que se iniciava.
A terra estava molhada e um grupo de caça e pesca já tinha deixado o aconchego das ocas.
Tupã estava sentado sobre um tronco. Como chefe da tribo, despertava sempre muito cedo, buscando se manter em
contato com os espı́ritos da loresta.
Nã o estava se sentindo confortá vel, ainda mais pelo fato de se sentir cobrado por Piatã e por todos.
Fitou o verde e nã o demorou para os tambores começarem a soar anunciando o novo dia.
Viu as crianças seguirem com as mã es em direçã o aos trabalhos diá rios.
Suspirou alto.
Sua volta para casa fora adiada pela chuva da noite passada, mas nã o passaria mais uma lua na tribo do pajé .
Ainda estava irritado com a insistê ncia do velho em fazê -lo seguir no resgate da Calligari.
Nã o moveria uma palha para salvá -la do destino que ela mesma escolhera ao assumir sua identidade de branca.
Quando descobrira que eram irmã os, na é poca já adolescente, icara encantado com a ideia, mas ao ouvir Uracan
narrar as barbaridades de Alexander e do exé rcito que devastara grande parte da sua tribo, sem falar que levara consigo a sua
mã e, deixando o bebê Tupã sozinho e sendo criado pelo tio, pois seu pai fora morto pelos homens do general o enfureceu.
Passara a vida ouvindo aquilo do tio-pai, passara cada lua sendo bombardeado pelo desejo de poder destruir e
submeter Diana ao seu poder, mas a morena era mais selvagem do que todos os ı́ndios juntos e jamais baixara a cabeça diante
de quem quer que fosse.
Lembrou-se do tempo que passara na cidade e fora naquela é poca que seus laços se estreitaram com a irmã .
Tinham quase a mesma idade, eram crianças e se encantara com a garotinha de pele bronzeada e cabelos negros como é bano.
Uma lá grima saiu dos seus olhos ao lembrar da mã e... Ela fora morta por culpa da sua relaçã o com os brancos... Se a
Calligari nã o tivesse nascido, tudo poderia ter sido diferente...
Urucan a matou de forma tã o cruel acusando-a de traidora... Provando diante de todos que seu povo correria perigo
se aquela relaçã o entre culturas tã o diferentes fosse alimentada.
Se tivesse na tribo teria evitado... Todos votaram a favor da morte... Menos o pajé que cortara laços com a tribo
depois disso.
Estaria fazendo a mesma coisa com a pintora apenas por um ciú me doentio... Tudo isso era fruto do fato de sempre
ter se sentido uma segunda opçã o?
Odiava pensar que Sirena na adolescê ncia se apaixonara pela morena selvagem, odiava imaginar que fora traı́do...
Seu corpo estava quente, passara toda a noite sob a chuva forte e em certo momento teve a impressã o que nã o
aguentaria o frio.
O tronco se mostrou bastante irme, mesmo diante da tempestade nã o cedera diante do seu peso que tivera
momentos que nã o suportara mais.
Sua boca estava seca, estava com fome e temia que suas forças nã o durassem muito.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 619/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Precisava comer algo també m, poré m nã o acreditava que isso lhe fosse dado.
Fitou a barraca onde Aimê deveria estar naquele momento e desejou vê -la, desejou abraça-la novamente e sentir os
doces lá bios sobre os seus como na noite anterior.
Ouvi-la confessar novamente o seu amor lhe deu mais forças para seguir em frente e mais vontade de sair dali com
vida.
Fitou o cé u, sentindo-o queimar sua pele. Agora o sol já estava brilhando e mesmo assim sentia os ossos
enregelados.
Pelo menos a roupa já estava seca e sua blusa fora colocada novamente, mesmo que isso tenha sido feito para
machucar suas costas feridas, sentia-se grata.
-- Como se sente em estar amarrada como uma selvagem... Coisa que você é e sempre será ...
-- E você é o que mesmo? Ah, sim, um capanguinha estú pido que logo vai morrer.
A pintora nã o pareceu se assustar com aquilo, apenas arqueou a sobrancelha esquerda em provocaçã o.
-- Você nã o fará isso... Tem medo que o Crocodilo arranque sua pele... E nã o acredito que ele te colocaria em um
tronco, como está fazendo comigo, isso é apenas para os convidados Vips.
-- Passa-se por dama da alta sociedade, mas nã o passa de uma selvagem... Um ser primitivo que recebera camadas
de verniz do poderoso Alexander, mas que nã o funcionara muito.
-- Bem, isso é o charme... Ser selvagem enlouquece os homens e principalmente as mulheres... – Debochou. – E você
é o que mesmo?
O homem icou tã o irritado que bateu forte na cara da morena, que só nã o foi ao chã o porque estava com as mã os
presas no alto.
-- Você bate em mulheres amarradas... – Meneou a cabeça. – E tã o covarde quanto o seu pai.
-- Ah, entã o você lembra dele... – Tirou a faca da cintura e encostou a lâ mina fria em seu pescoço. – Ele odiava você ...
Dizia que nã o tinha nenhum mé rito...
-- Quando você morrer eu vou transar com a sua querida Aimê sobre seu sangue... Delı́cia... Vamos ver se sua alma
vai voltar do inferno para me assombrar. – Gargalhou de forma cruel.
Diana o viu se afastar e desejou matá -lo com suas mã os. Nã o permitiria que ningué m tocasse na esposa...
Puxou os braços, mas apenas conseguiu se ferir com as correntes que a mantinham atadas ao tronco.
Nã o dormira nada, sua cabeça doı́a das lá grimas que derramara durante toda a noite ao imaginar a pintora na
chuva, no frio...
Quisera ir até ela novamente, mas Alanna nã o permitiu, dizendo que a ajudaria, mas que nã o deveriam se arriscar
mais daquele jeito, pois quem sofreria um castigo maior era a major.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 620/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Precisava pensar em um plano para tirar a pintora dali, pois sabia que cedo ou tarde ela nã o suportaria todos
aqueles maus-tratos.
Ouviu passos e nã o demorou em ver o odioso bandido adentrar o pequeno espaço.
Ele olhava tudo com atençã o, parecia procurar por algo, talvez temesse que a ilha de Otá vio tentasse uma fuga.
-- Bom dia, princesa! – Aproximou-se. – Está pronta para continuar a demonstrar o seu amor a sua amada? –
Ironizou.
-- Eu nã o sei por que ainda perde tempo com essa situaçã o... Nã o entende que a Diana nã o precisa passar por isso...
Já me tem, estou disposta a ir para onde quiser, fazer tudo o que ordenar e jamais me rebelarei, mas deixe que a major vá
embora.
-- Ela nã o irá embora... Mas se nã o deseja continuar com o que começamos, poderei fazer eu mesmo ou o
segurança... Ele deixou uma bela marca no rosto da sua enamorada.
-- Falou que nã o a machucariam... Me prometeu... Estou fazendo o que me pede, chicoteei-a para sanar seu desejo
doentio...
O tra icante voltou a se aproximar, alisando o rosto da jovem, passando pelos cabelos lisos.
-- Bem, o rapaz é impetuoso, aconteceu... Mas se você continuar fazendo o que mando, apenas será você a feri-la...
A Villa Real virou a face para se livrar das mã os que cheiravam a morte.
-- Você quer matá -la aos poucos... Ontem a deixou nessa chuva... Nem mesmo a alimentou...
-- Poupe-me disso... acha que isso é capaz de matar a major? – Chutou a cadeira. – Essa desgraçada tem pacto com o
demô nio... Já a vi desmaiar de tanto ser espancada e continuou viva... Por isso tudo tem que ser feito com muito cuidado ou
ela volta do inferno...
Aimê icou horrorizada com o que ouvia, partindo para cima dele. Ele conseguiu dominá -la com facilidade,
empurrando-a.
-- Se for idiota e ousar me atacar novamente, espanco você e depois mato a major e te faço comer os pedaços dela
cru.
Encarou-o.
-- Eu nã o o farei, você o fará ! – Apontou-lhe o dedo em riste. -- E se nã o o izer, en iarei um monte de balas naquela
cabecinha bonita até meu sapato tocar os miolos dela...
A Villa Real soluçou, enquanto levava a mã o a boca para tentar conter o desespero.
Sua cabeça doı́a, seu coraçã o acelerava, temendo que a qualquer momento o pior acontecesse.
-- Diga de uma vez se fará ou eu terei que cumprir a minha ameaça? – Indagou impaciente.
-- Otimo! – Estendeu a mã o. – Venha comigo... Tenho planos maravilhosos para hoje.
A jovem seguiu ao lado do Crocodilo, caminharam pelo acampamento até chegarem ao cı́rculo que fora montado.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 621/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ela ainda usava as botas, a calça estava suja e a camiseta fora colocada novamente em seu corpo.
Viu o guarda-costas loiro exibir um sorriso cheio de ironia. Desejou fazê -lo sofrer até o ú ltimo segundo de vida.
Desejou que a justiça divina pudesse ser feita e que todos pagassem caro por tudo o que estavam fazendo.
Se havia um Deus misericordioso em algum lugar, com certeza deveria estar a olhar pela major que já sofrera tanto
naquela vida.
Havia vá rios homens ao redor, pareciam se divertir com a situaçã o da Calligari.
-- Já estive em melhores... mas... – Passeou o olhar pelo corpo da esposa de forma desavergonhada.
A Villa Real estava sendo bem tratada em alguns sentidos. Tinha roupas limpas, á gua para tomar banho e alimentos
para que sua aparê ncia agradasse os compradores.
Aimê sentia aquele poderoso olhar a ita-la daquele jeito tã o aterrador, tã o perigosamente ousado.
Nã o cansava de se perguntar como ela conseguia ser forte e ousada daquele jeito.
-- Você nã o se dobra mesmo, nã o é ? – O homem questionou. – Você é uma ı́ndia, Diana?
Crocodilo segurou o queixo da morena, obrigando-a a ita-lo, e a Villa Real nã o conseguiu esconder o olhar furioso
diante do ato.
-- Otá vio tinha um sonho quando era vivo... Você fugiu antes de ele conseguir... Mas a ilha dele irá fazer essa
homenagem ao amado e heró i papai... – Fitou a jovem. – Nã o é isso, Aimê ?
A garota sabia que por trá s daquela expressã o tranquila havia uma ameaça e mesmo que nã o desejasse, precisava
fazer aquele jogo.
-- Sim!
-- Fico feliz por isso... Seu pai no cé u onde deve se encontrar, vai regozijar ... – Fez sinal para que os homens
trouxessem o ferro. – Sabe, o coronel costumava dizer que nos livros de histó ria que lia, os ı́ndios eram marcados a ferro
quente e levavam ali a marca dos conquistadores...
-- Realmente você nã o tem uma ideia original, por isso vivia a sombra do Otá vio... Honestamente, quando vim ao
seu encontro, imaginei que tinha pensando em coisas mais surpreendentes.
-- Segurem-na! – Ordenou aos homens. – Quero que a marca seja feita no abdome sarado... As costas icarã o para as
chicotadas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 622/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os bandidos izeram o que foi dito, enquanto o outro levantava a blusa, o loiro entregava o ferro para Aimê .
Meneou a cabeça negativamente, implorando ao chefe que aquilo nã o fosse feito.
Ela viu quando sob o olhar do Crocodilo, uma arma foi engatilhada na nuca da amada.
Mirou o ferro quente, ele tinha o formato da letra V... estava vermelho do fogo... Brilhava em brasas...
Encarou a esposa e viu a força que nã o a abandonava... Como podia ser tã o destemida?
Fitou os lá bios entreabertos, desejou se jogar em seus braços e poder acordar daquele pesadelo.
A ilha de Alexander sabia o que a esposa estava passando. Via o pâ nico expresso em seu olhar... Mas apenas o amor
que conseguia vislumbrar nos olhos azuis deram paz para seu espı́rito.
Meneou a cabeça imperceptivelmente, mostrando para a jovem que ela deveria fazer o que estava sendo pedido.
Todos observavam ansiosos pela concretizaçã o do ato. Nã o demorou para gritos de incentivos serem ditos, o tom
ameaçador usado, deixava claro como desejavam a morte da pintora.
Nã o era pesado e havia como pegar sem se queimar. O v brilhava em uma mistura de laranja avermelhado.
Fitou o abdome liso... O lugar onde beijara tantas vezes... Mirou o có s da calça surrada e suja... A camiseta que tinha
sido levantada.
Crocodilo se aproximou.
-- Aimê , deve colar e apertar... Assim a marca vai icar perfeita... Cuidado para nã o icar torta... A inal, a dama em
questã o é uma pintora famosa, ela nã o vai gostar de imperfeiçã o no seu corpo...
A Calligari mirou seus lá bios... Depois mordicou o pró prio lá bio inferior.
-- Faça, ilha de Otá vio, faça de uma vez! – O tra icante ordenou.
Alanna estava no cı́rculo e via como a jovem bela que era mantida em cá rcere hesitava... Rezou para que ela izesse,
pois se nã o concretizasse aquilo, seria o im da bela ı́ndia.
Aimê apertou forte o objeto, sentindo os dedos icarem dormentes, enquanto suava... direcionou ao local...
Hesitou, mas ao ver a arma apontada para a cabeça da amada, fez o que fora ordenado.
A Villa Real largou o objeto de tortura no chã o, icando horrorizada ao ver a marca que deixara na pele da amada.
Crocodilo fez sinal para que Alanna a seguisse. Depois icou a se deliciar com a expressã o de dor que a major
demonstrava.
Sorriu.
-- Essa é apenas a introduçã o do que farei a ti... Na verdade, nã o eu, mas a sua amada Aimê , essa sim vai ser a
responsá vel por sua morte... – Encarou os bandidos. – Joguem á gua com bastante sal na marca da ı́ndia... Ah, deem algo de
comer para ela... Isso está icando muito interessante e divertido, entã o quero que ela continue viva por mais uns dias...
A Calligari viu o homem se afastar em direçã o a barraca onde Aimê estava e se sentiu impotente por nã o poder
fazer nada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 623/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sua dor era tã o grande que pensou se desmaiaria naquele momento. Nã o sentia as pernas, apenas deixando-se se
manter de pé pelos pulsos amarrados.
O loiro se aproximou.
-- Joguem devagar, quero que ela sinta cada gota lentamente... – Sorriu de forma cruel.
Diana apenas o itava, enquanto seu corpo era sacudido por espasmos de dor.
No seu cé rebro, naquele momento só passava o desejo de vingança, a â nsia de por proporcionar à queles
desgraçados a mesma agonia que estava a sentir.
O pajé encontrou Sirena no lado de fora da oca, a bela ı́ndia demonstrava estar bastante nervosa.
-- Tupã está pronto para partir, deixou claro que nã o moverá um dedo para ajudar a Diana... – dizia a lita – se ele
continuar a se negar, temo que a princesa nã o sobreviva dessa vez.
Uma vez por culpa da sua neutralidade, uma inocente morrera, mas daquela vez nã o permitiria, mesmo que tivesse
que enfrentar a todos sozinho.
Sabia que deveria ir até ele e apelar mais uma vez para que izesse algo, mas nã o acreditava que conseguiria.
-- Eu nã o posso convencer o grande Tupã , mas Sirena pode, Sirena pode fazer com que guerreiro arrogante vá ao
resgate da princesa... Sirena tem dentro de si algo tã o poderoso quanto todo o exé rcito do mundo...
-- Nã o, icará ainda mais furioso... Sabe que ele tem verdadeiro ó dio por eu ter tido uma relaçã o com a major
quando era adolescente... – Parecia constrangida. – Isso é o que faz nã o ir ao resgate da princesa... Sinto-me tã o culpada por
isso...
Desde que conhecera a histó ria da Calligari, sabia que eram primos, e que a bela morena nunca tivera a
oportunidade de conhecer a mã e, pois quando fora para a tribo, ela tinha sido julgada e morta.
-- Como?
-- Uracan usou o poder que tinha para tomar o ilho da princesa do Sol, fez isso cruelmente e quando a irmã se
envolveu com Alexander e Diana foi concebida, ele usou todo o ó dio para colocar o primogê nito contra a mã e e a irmã .
-- Mas...
-- Sirena, fale com o Tupã , mostre a ele que você o ama e que o escolhera nã o por que a Calligari nã o te assumiria,
mas pelo fato de você sentir seu espı́rito desejoso de se unir apenas a ele... Ele te ama... Veja, nem mesmo aceitou ter outras
esposas, isso demonstra a adoraçã o que tem... Peça a ele... Precisamos dele nesse momento...
A ı́ndia pareceu ponderar, receosa da reaçã o do homem que vivia ao seu lado...
O ı́ndio era um chefe e companheiro maravilhoso, mesmo que exibisse aquela arrogâ ncia e insensibilidade, era
diferente quando estavam só s... Era carinhoso, atencioso, coisa que poucos por ali eram, poré m quando si tratava da pintora,
ele se transformava totalmente.
Respirou fundo!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 624/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê estava dentro da barraca, fora proibida de deixar o espaço. Havia dois homens vigiando a entrada.
A ilha de Otá vio chutou a cadeira, enquanto buscava controlar o desespero que tomava conta de si.
Jogou contra o chã o batido os pratos que fora servido o almoço, derrubando tudo o que tinha ao redor.
Desejava ver a mulher que amava, desejava saber como ela estava depois de tudo o que se passara.
Andava de um lado para o outro no pequeno espaço, pensando o que poderia fazer, a quem poderia pedir ajuda...
Sua raiva crescia por todos... Pelos avó s que permitiram que a morena fosse até eles, pelo pajé e por Piatã que nã o
prenderam a ı́ndia na tribo.
Se pudesse mataria a todos... sua vontade era de fazê -los sentir o mesmo que a Diana estava sendo submetida.
Se tivesse uma arma, descarregaria todas as balas nele, ainda mais diante daquele sorriso debochado.
-- O que achou? – Crocodilo seguiu até a cadeira, observava a bagunça, ajeitando tudo em seu lugar, depois sentou. –
Agora a obra do seu pai está completa. – Cruzou as pernas. – Ele morria de vontade de marcar a pele bronzeada com o V,
assim todos saberiam que a selvagem pertencia a ele.
-- Vai dizer que nã o gostou? – Provocou-a. – Lembre-se de que a Calligari enlouqueceu seu paizinho e que se nã o
fosse por ela... Eu nã o o teria matado...
Mais uma vez a Villa Real foi contra ele aos gritos, mas fora contida por dois homens que entraram, segurando-a.
-- Sim, ele tinha se tornado inconveniente, enlouquecido... Essa ı́ndia é feiticeira... O coronel icou totalmente
obcecado e isso resultaria em algo pé ssimo para os negó cios.
Mirava aquele monstro diante de si e se assustava com o que ele ainda poderia fazer para in ligir dor à pintora.
-- Coloque-me no lugar da Diana... Use o chicote e dilacere a minha carne... Marque-me a ferro... Mas a deixe em paz,
deixe que ela vá embora...
-- Sabe, Aimê , você me surpreende, eu sempre achei que você fosse uma covarde, uma medrosa que nã o teria
coragem para nada... Mas... Mas você está enfeitiçada igual o seu pai... – Meneou a cabeça. – Essa ı́ndia selvagem tem que
morrer... Pratica magia...
-- Nã o! – A Villa Real falou mais alto. – Eu nã o estou enfeitiçada... Estou apaixonada... – Bateu no peito. – A Calligari
está aqui dentro... Sou capaz de dar a minha vida por ela...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 625/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o seja burra! – Levantou-se. – A Diana vai te trocar logo, ela nã o é uma mulher iel... Quando estava noiva tinha
casos com outra, se relacionava com vá rias e nã o respeita nenhuma...
-- Mesmo assim, eu a amo e se nã o puder icar ao lado dela, desejarei com todo o meu coraçã o que ela possa ser
feliz...
-- Idiota igual ao seu pai... – Tomou-lhe o braço bruscamente. – Você vai continuar fazendo que eu ordenar, se nã o
quiser que arranque os membros da sua amadinha... – Empurrou-a, afastando-se.
A neta do general viu-o se afastar e se nã o fosse o fato de Alanna ter aparecido, detendo-a pelo braço, a jovem teria
se arriscado a desa iar ainda mais o bandido.
-- Tem como piorar? – Indagou com sarcasmo. – Você viu o que eu iz? – Desvencilhou-se do toque. – Eu a marquei a
ferro quente... – Passou a mã o pelos cabelos. – Realmente sou pior do que o meu pai, sou pior do que todos esses... – Limpou
os olhos chorosos. – Sou uma inú til que nã o consegue nem mesmo salvar a mulher que se arriscou para fazer isso por mim!
Viu toda a cena e sabia como fora difı́cil para a bela garota desempenhar aquele papel, sabia como ela tivera que
lutar para levar a frente um plano tã o cruel.
-- Aimê , você está fazendo alé m do seu pró prio limite... Nã o acredito que outra em seu lugar teria toda essa
coragem... – Estendeu o braço, tocando-lhe a lá grima com o polegar. – A major sabe do seu sacrifı́cio, ela sabe como isso está
sendo difı́cil...
-- Nã o... eu a estou machucando, estou ferindo-a cruelmente do mesmo jeito que o meu pai fez, entã o... – Soluçou. –
Eu sou um monstro igual a ele ou pior... Como pude fazer aquilo... A minha famı́lia é uma maldiçã o na vida da Diana...
Nascemos para fazer mal a ela...
-- Você está tentando salvá -la... Está tentando nã o permitir que a matem... Entã o pare de se martirizar...
-- Eu preciso ir até ela... Eu preciso saber se ela está bem... Preciso que ela me perdoe... Preciso abraçá -la, senti-la
em meus braços... Oh, Deus, eu preciso icar ao lado dela...
Alanna condoeu-se da jovem, tomando-a em seu abraço, sentindo as lá grimas e os espasmos lhe sacudir o corpo em
total desespero. Acariciava os cabelos, consolando-a como se faz com uma criança, poré m o pranto parecia cada vez maior.
Os bandidos se divertiam atirando nos animais, assustando-os, enquanto outros tinham saı́do em busca de
madeiras.
Dentro de dois dias deixaria aquela selva de uma vez por todas.
Logo entregaria a valiosa Aimê ao seu destino e ainda receberia um bô nus a mais por isso. Iria para bem longe e
trocaria de nome, de vida...
Fitou a Calligari.
Nã o demoraria para dar im a desgraçada arrogante. Apenas esperaria mais um pouco para descarregar uma
pistola em sua bela cabeça.
Sorriu!
Seu plano fora genial, a inal, haveria martı́rio maior do que ser torturada pela pessoa que se amava?
Olhou para o cé u ao ouvir o som de um pá ssaro que voava ao redor do acampamento. Tirou o revó lver da cintura,
mirando a ave, mas logo ela se afastou.
-- Você é muito forte, major, outro no seu lugar já teria desmaiado. – Levantando-lhe a blusas e tocando a marca. –
Vai icar lindo quando secar...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 626/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A morena cerrou os dentes quando o sentiu pressionar forte, temeu perder a consciê ncia.
-- Otá vio icaria feliz com o trabalho que a ilha dele fez... – Retirou a mã o, encarando-a novamente. – V de Villa Real
ou de uma ı́ndia vadia que faz pose de dama da alta sociedade. – Sentou-se em uma pedra. – Engraçado como o mundo é
irô nico... – Tirou a arma do coldre, enquanto começava a limpá -la. – Esse lugar lindo é o seu berço e a sua sepultura... vai
morrer sendo vista como traidora... – Sorriu em desdé m. – Nem os ı́ndios e nem os brancos honrarã o sua memó ria...
Sentia-se cansada, desejosa de que apenas aquilo chegasse ao im, mas dentro de si havia uma fú ria que lhe dava
forças para continuar seguindo em frente.
-- Há ... – Suspirou sentindo a lı́ngua presa. – Eu nã o preciso do reconhecimento de ningué m... – As palavras soavam
baixa, mas irme. – Sei quem eu sou... Sei de onde vim... Coisa que você nã o sabe...
-- Ainda levanta esse nariz em pura arrogâ ncia... Eu acho que já é hora de implorar por clemê ncia... Implore... E eu te
mato de uma vez...
Diana exibiu um sorriso que era uma mistura de dor com deboche.
-- Entã o as torturam continuarã o... Farei sua amada Aimê arrancar seus olhos... Cada um dos seus dentes...
-- Precisará arrancar todos os meus membros... porque se ainda restar um sopro de vida dentro de mim... – exibiu
os dentes alvos. – Te matarei...
-- Você já está morta, Diana... Mandarei que os homens cavem uma cova rasa e te e te enterrem, assim servirá de
comida para os urubus...
A major o viu se afastar e nã o deixou de rir, mesmo que aquilo a izesse sentir mais dor.
O rio em meio à s á rvores era bastante usado para o banho e para fornecer á gua para os povos que moravam
naquela regiã o.
Viu-o permanecer quieto e esperou pacientemente que ele notasse sua presença na margem.
-- O que deseja, mulher? – Parou bem pró ximo a ela. – Junte-se a mim em meu banho...
Naquela tribo era comum a prá tica da poligamia, mas Tupã nã o aderiu, pois amava de mais a esposa para sentir
desejo por outras.
-- Nã o irei salvar a Diana... E nã o acredito que esteja a me pedir isso! – Afastou-se aborrecido. – Foram amantes,
deitou-se com ela, enquanto eu já era louco por ti... Era minha prometida e se encantou por ela...
-- O que queria? Que te visse se deitar com todas as mulheres das tribos e icasse esperando que viesse a mim? –
Questionou em fú ria. – Eu te queria e você agia como se nossa uniã o te desagradasse, agia como se eu fosse apenas um
prê mio como outro qualquer...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 627/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Uracan era um miserá vel! – Interrompeu-o. – Ele fez de tudo para te transformar no monstro que era, agiu como
queria, matando e destruindo tudo para ferir Diana... Ele a jogara na loresta para ser morta... Ele matou meus pais... – Dizia
em lá grimas. – Realmente é esse monstro que você deseja seguir? – Indagou furiosa.
– Teremos um ilho... – A ı́ndia falou baixinho. -- Depois de tanto tempo consegui o que tanto você queria...
Há tempos sonhava com esse momento e sofreram bastante ao imaginar que jamais teriam um ilho legı́timo, já que
o marido tinha alguns de relaçõ es anteriores.
-- Nã o quero que meu ilho cresça sabendo que o pai dele é um ser cruel... Nã o quero que meu ilho cresça e ique
sabendo que a tia morreu porque o grande guerreiro a odiava... Eu nã o quero estar ao lado de um homem que me lembra o
impiedoso Uracan... Entã o pense como realmente vai querer que isso entre nó s funcione...
Antes que Tupã pudesse falar alguma coisa, Sirena deixou o local.
-- Nã o fale nada... – O homem jovem levantou a mã o. – Formarei uma comitiva com os melhores guerreiros e irei ao
resgate da sua princesa... – Apontou-lhe o dedo em riste. – Haverá apenas uma condiçã o que exigirei.
-- O que quiser...
-- Nã o quero que a Diana saiba da nossa ligaçã o... Nã o quero que saiba que somos irmã os...
O pajé assentiu.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 628/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O cé u estava tomado por estrelas que brilhavam anos-luz de distâ ncia. Quem mirasse um imenso abobado seria
capas de vislumbrar imagens que só a grande capacidade humana tornaria possı́vel. A Via Lá ctea tinha uma imensidã o
desses corpos celestes, algumas com trilhõ es de anos, outras apenas sendo vestı́gios do que foram um dia.
Todos já tinham bebido muito, dançado e debochado da situaçã o da prisioneira, agora tinham se recolhido. Nã o
achavam que a Calligari fosse mais uma ameaça, mesmo recebendo ordens de Crocodilo para nã o baixar a guarda, nã o havia
bons funcioná rios naquele mundo tã o grande. Usaram as prostitutas e seguiram para esvaziar todo o arsenal de á lcool.
O tra icante chefe tinha se recolhido cedo, bebera todo o vinho e isso fora su iciente para que os que seguiam sob
seu comando izessem o que queriam... Ignorando uma possı́vel ameaça da parte da morena.
Alanna fora designada para guardar a Villa Real e os cã es bem treinados nã o permitiriam que algué m deixasse o
lugar sem antes dilacerar as carnes dos invasores.
A fogueira ainda queimava no centro acampamento. As labaredas alaranjadas projetavam sombras no chã o e
aqueciam a frieza da noite. Talvez nã o demorasse a o fogo consumir toda a madeira, mesmo assim, enquanto estivesse viva,
iluminava o lugar e dava um pouco de calor.
Tremeu com o vento, mesmo assim tinha a impressã o que seu corpo estava pegando fogo.
Ouvia a pró pria respiraçã o pesada... Como se para o oxigê nio chegar a seu pulmã o fosse uma açã o bastante difı́cil
de executar.
Seus braços estavam dormentes, nã o os sentia devido ter icado se apoiando neles na maioria do tempo.
Moveu as pernas lentamente, praguejando baixinho ao perceber que a blusa tinha colado na marca que fora feita eu
seu abdome e com o movimento, ela descolou.
O famoso V que Otá vio tanto desejara tinha sido colocado em sua pele... Fora marcada a ferro como ele tanto
ansiara para fazer...
Lembrou-se dos olhos azuis de Aimê , recordou-se de como conseguira visualizar a pró pria dor neles...
Suspirou...
Amava-a... Amava-a como nunca cogitara a possibilidade de se sentir tã o entregue em uma relaçã o... Desejava
despertar ao seu lado e ver aquele sorriso todas as manhã s...
Moveu o quadril...
Seu corpo doı́a demasiadamente... Nã o bastara ter sido marcada, logo em seguida fora espancada pelo segurança
loiro...
Sabia que tinha quebrado algumas costelas... Respirar era algo que estava sendo muito difı́cil de fazer.
Ouviu o som novamente que a despertou e icou a observar com atençã o o lugar deserto.
Os cachorros latiam, poré m pareciam assustados com algo e isso os deixavam quietos.
Observou a trilha que dava para a mata fechada e pensou se uma onça surgiria a qualquer momento e a comeria.
Seria um im tã o idiota quanto o do grande Hé rcules... Uma morte sem gló ria para algué m que já demonstrara tanta bravura
nas inú meras batalhas travadas.
Nã o poderia morrer sem tirar a Villa Real daquele lugar... Precisava salvá -la... Precisava...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 629/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sentiu a boca seca e mesmo que soubesse que morreria de hipotermia, desejou que chovesse novamente, assim
poderia matar aquela secura na garganta...
Parecia que havia uma bola que incomodava quando tentava engolir
Ouviu novamente o silê ncio e aquilo fora ainda mais perturbador... Os animais pareceram quietos de mais para a
natureza selvagem que exibiam...
Conseguia visualizar as lamparinas iluminando o interior das barracas... Com certeza nã o acharia que ele pudesse
fugir...
O pajé falara para ela pedir ajuda ao primo, mas aquilo seria algo impossı́vel de acontecer... Ele nã o a ajudaria nem
que por esse ato fosse coroado por todos os espı́ritos de bravura...
O guerreiro nã o perdoava o fato da morena ter se envolvido com Sirena e ela nã o perdoava o fato do abominá vel
Uracan ter executado sua mã e e lhe tirado a chance de conhecê -la.
Suspirou ao ouvir passos e imaginou se seria novamente torturada e espancada, mas ao ver a loira que lhe dera
á gua mais cedo, sentiu-se aliviada.
Sabia o que tinha se passado e precisara icar calada para que a jovem Villa Real nã o izesse uma loucura ao saber
do ocorrido.
-- Como está se sentindo? – Alanna questionou, enquanto mirava com atençã o a bonita pintora. – Trouxe um
unguento para colocar nos machucados. – Tirou um pequeno frasco que trazia no bolso.
A ilha de Alexander abriu a boca para falar, mas nã o teve ê xito na primeira tentativa, mas logo voltou a tentar.
Sabia como aquela mulher estava sendo forte... Viu-a desmaiar e encontrá -la desperta fora uma verdadeira
surpresa.
-- Como consegue ser tã o forte? Outra no seu lugar já teria sucumbido... – Estendeu a mã o, levantando a camiseta e
itando a marca. – Deus, como a machucaram tanto... – Disse em lá grimas. – Aimê está em verdadeiro desespero... – Fitou a
major. – Ela pensa que você nã o irá perdoá -la.
Diana umedeceu os lá bios, enquanto sentia os dedos delicados passarem o remé dio... Sentiu arder de inı́cio... Mas
aquilo era pouco para tudo o que estava a sentir...
-- Diga a mimadinha que a amo...—Falou baixinho. -- Que estou orgulhosa da coragem dela... E que vou tirá -la
daqui... Vim salvá -la...
A Calligari se surpreendeu ao ouvir a voz doce da esposa, nã o demorando para ver a bela lorista parar diante de si.
Sentiu aquele contentamento que parecia tomar conta de todo seu ser...
Encarou-a e desejou mergulhar naquele mar azul e permanecer presa naquele encantamento durante muito
tempo... Era aquele olhar que gostaria de levar para sempre na sua lembrança.
-- Irei vigiar, terã o alguns minutos, mas nã o deve demorar. – Alanna avisou se afastando, mas voltou-se para ela. –
Se os cachorros latirem, volte rapidamente para a barraca. – advertiu-a.
A Villa Real assentiu, mas nã o deixou de itar os olhos negros da amada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 630/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ficaram sozinhas...
Aimê pegou o unguento, agachou-se diante da amada, começando a cuidar dos machucados.
Sentiu o corpo dela tremer... Estava quente... Sabia que estava fraca...
Diana sentia o toque delicado... O toque macio que lhe trazia lembranças de outros momentos...
Suspirou, levantando-se ao terminar o trabalho. Pegou a pequena garrafa que trazia consigo, aproximando-se,
colocou em sua boca.
-- Beba...
A morena fez o que fora dito, enquanto olhava a ilha de Otá vio, parecendo querer mergulhar naquele rosto bonito...
Naquele olhar doce... Mais uma vez ansiou por abraça-la e passar horas só sentindo o contato do corpo no seu...
Aimê fez um gesto a irmativo com a cabeça, mas nã o se afastou... Estendeu a mã o, tocando a face bonita e cheia de
hematomas... Acariciando-a delicadamente.
A ı́ndia se sentiu confortá vel, adorando o carinho... Lembrou-se de como seus corpos se completavam
perfeitamente... De como adorava quando os lá bios rosados passeavam timidamente por sua pele...
Desejava amá -la até que perdesse as forças... Até sentir o suor escorrer...
Tentou sufocar aqueles pensamentos perturbadores, ainda mais por saber que nã o teria como acontecer...
-- Lembro-me de quando me tirou desse lugar... De como se arriscara por mim, mesmo sabendo de quem eu era
ilha... Agora ico a pensar se realmente a Diana que sempre passa o ar de puro sarcasmo nã o é apenas uma das suas tantas
camadas... – Tocou o lá bio inferior com o polegar. – Fico a pensar como minha famı́lia fora tã o cruel contigo... E agora me
encaixo no mesmo cı́rculo.
Conseguia visualizar os olhos azuis brilharem em lá grimas e se sentiu culpada por isso.
Nã o negava que quando recebera as chicotadas icara confusa a ponto de imaginar que realmente a herdeira dos
Villas Real agiria com tanta crueldade por causa de ciú mes. Sentiu raiva dela, odiou-a por longas horas... Até que ela lhe
devolvera a paz ao ir ao seu encontro e confessar mais uma vez o seu amor.
-- Amor, nã o pense assim... Ao contrá rio do que perturba sua mente, está me ajudando muito...
-- Como? – Questionou irritada. – Veja o que já iz em ti! Veja como continuo sendo uma cega inú til que nã o
consegue nem salvar a mulher que ama...
A Calligari viu o choro lhe molhar a face. Sabia que para a esposa a situaçã o era ainda mais difı́cil, pois sabia que
aqueles atos feriam nã o o corpo, mas a alma da jovem, coisa que era mais difı́cil para ser curado.
Como desejou estreitá -la em seus braços naquele momento... Como se sentia vazia sem tê -la junto a si...
-- A gente vai sair daqui... – Tentava demonstrar convicçã o. -- E quando tudo isso passar, quero me dê aquela chance
que pedi na cabana... –Deu uma longa pausa.-- Quero que permita que te explique tudo o que sinto e como desejo poder estar
ao seu lado todos os dias da minha vida... – Esboçou um sorriso. – Sabe o que mais quero?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 631/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Quero que tenhamos ilhos... Vou amar ter uma famı́lia grande... Cuidar dos bebê s... Levar para passear... Cinema...
Parquinhos... Vou ensiná -los a pintar...
A ilha de Otá vio icou a imaginar a cena e rezou silenciosamente para que um milagre ocorresse e que pudesse
estar ao lado da mulher que tanto ama.
-- Um bebê de pele bronzeada e olhos negros como os seus... Quero que ele tenha esse sorriso... Mas vai icar no
cantinho da disciplina se herdar sua arrogâ ncia e seu orgulho...
Mesmo sentindo dor, o rosto da ı́ndia foi iluminado com um sorriso grande.
Sabia que ela estava com febre, sentiu-a quente sob seu tato.
-- Eu te amo... – Sussurrou em seu ouvido. -- Nã o imagino meus dias sem o seu sarcasmo, sem suas provocaçõ es e
sem seus beijos... Entã o, eu imploro major, nã o desista de mim... Nã o desista de nó s... Mantenha-se viva para mim...
Diana apertou os olhos fortemente, pois sentiu uma incontrolá vel vontade de chorar...
Mais uma vez Alanna se aproximou. Os passos da loira fez com que as duas se afastassem.
-- Vá com ela, Mimadinha... Precisa tomar cuidado... – Tossiu. – Vá ...
-- Nã o, eu nã o quero, desejo icar ao seu lado, icar contigo... Por favor... – Soluçou. – Por favor... Ficarei aqui... Quero
icar contigo...
A Calligari cerrou os dentes, tendo a impressã o que naquele momento a ú nica dor que sentia era a da alma, essa era
pior do que todas...
-- Amor... Eu prometo que vamos sair daqui... Prometo... Agora vá ...
A loira colocou as mã os sobre os ombros da jovem, conduzindo-a. A ilha de Otá vio, ainda se livrou do braço sobre
seus ombros, retornando à pintora.
Voltou a abraça-la.
-- Você vai sair daqui comigo... Logo vamos icar juntas para sempre...
Diana fez um gesto a irmativo com a cabeça, sentindo o beijo delicado sobre seus lá bios.
Se nã o tivesse sido tã o idiota, poderia ter conseguido impedir que aquilo ocorresse, mas fora se distrair e deixar
que os bandidos agissem dentro de sua pró pria casa.
Viu-a se aproximar.
-- Eu preciso de ajuda... Nã o conseguirei sozinha... – Falou baixinho. – Preciso que salvem Aimê ...
O pá ssaro nã o voou como o esperado, mas continuou a seguir, observando tudo ao redor.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 632/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- A Diana nã o está bem... Ela está com febre, senti-a, nã o posso deixá -la sozinha... Preciso tirá -la de lá ... Ela foi
espancada... Por que nã o me disse?
-- Você nã o tem como fazer isso! – A loira a repreendeu. – Nã o temos como fazer nada e por isso teremos que ter
paciê ncia... Ela é forte...
-- Paciê ncia?! – Praticamente gritou. – Eu vou icar aqui esperando pacientemente que Crocodilo mate a mulher que
amo? – Colocou as mã os nos quadris. – Você acha que posso fazer isso? Acha mesmo que poderia icar aqui sem fazer nada,
enquanto a minha esposa está lá fora à mercê do ó dio de todos esses psicopatas?
-- Mas o que poderemos fazer? Diga-me você como vamos tirar a Diana daqui, você , nem conhece essa selva...
Iriamos ser pegas ou comidas por animais ou até por tribos canibais...
A Villa Real já se preparava para esbravejar quando ouviram passos e ambas se voltaram para a entrada.
Mesmo o lugar estando com pouca luminosidade era possı́vel ver a expressã o doentia que ele demonstrava.
Aimê o encarou e sentiu uma raiva intensa ao lembrar de que ele tinha batido na Calligari.
-- Nã o tem que ser responsá vel por nada... Vá ver se algum homem quer seus serviços e suma das minhas vistas
antes que coloque uma bala na sua cabeça...
A Villa Real mesmo assustada, fez um gesto com a cabeça para que a outra deixasse a barraca.
Alanna hesitou, sabia que aquele homem poderia fazer coisas terrı́veis com a jovem e temia por isso.
O olhar atrevido capanga nã o abandonava a neta de Ricardo. Olhava-a de forma vulgar, desrespeitosa.
-- Agora somos só nó s, lindinha... – Aproximou-se mais. – Estava pensando em tomar você pra mim na frente da
selvagem, mas Crocodilo é um idiota e nã o aceita o que quero... Sendo assim, vamos ter nosso momento aqui... – Estendeu a
mã o, tocando-lhe a face. – Te mostrarei como é ser tocada por um homem...
-- Está dizendo isso por ter batido na sua amada? – Sorriu de forma cruel. – O que a major vai sentir quando souber
que eu iquei com a namoradinha dela? – Tirou a arma da cintura, colocando sobre o banco. – Isso sim vai ser uma tortura e
tanto, ainda mais devido à arrogâ ncia que ela sempre demonstra... Uma selvagem com ares de grande dama! Espero que ela
sobreviva a hoje, assim saberá o que iz...
-- Ela pode ser selvagem, mas acredite, querido, ela é um milhã o de vezes melhor do que todos você s...
O rapaz pareceu nã o gostar de ouvir tais palavras, segurando os cabelos da garota e forçando-a a se aproximar do
rosto dele.
-- Eu vi o vı́deo e posso garantir que sou capaz de ser melhor do que a sua ı́ndia suja...
-- Nem se você tomasse banho com todo alvejante do mundo chegaria aos pé s da minha ı́ndia suja... Nem se
nascesse in initas vezes teria um por cento do charme da minha esposa... – Meneou a cabeça negativamente. – Você é tã o
paté tico que nem mesmo assusta...
Os olhos verdes se estreitaram em fú ria e quando ele tentou beijá -la, a garota o arranhou a face.
Ele nã o titubeou, esbofeteando-a de forma tã o violenta que a fez cambalear para trá s.
Antes que ela se recuperasse, ele partiu para cima, derrubando no chã o, prendendo-a sob seu corpo.
A Villa Real se debatia, tentando se livrar do ataque, mas o loiro era forte su iciente para conseguir dominá -la.
Entrava em desespero quando ouviu um forte barulho e o corpo do bandido cair sobre o seu.
Ao levantar a cabeça, deparou-se com um homem alto, de cabelos lisos e grisalhos, tinha a aparê ncia idosa, mas
demonstrava bastante energia.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 633/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ele empurrou o corpo do loiro, entendendo a mã o para ajudar a jovem a se levantar.
Um sorriso se desenhou no rosto da ilha de Otá vio que aceitou o auxı́lio imediatamente, levantando-se.
-- Espero que ele tenha ouvido mesmo, porque vamos precisar de muita ajuda para sair daqui...
Já tinha ido até a major e percebeu como ela estava debilitada, sabia que seria uma missã o quase impossı́vel tirá -la
dali.
-- A Diana nã o está bem! – Aimê falava, enquanto seguiam até a Calligari. – Precisa de ajuda, precisa que cuidem dos
ferimentos...
-- Ela é forte e vai precisar ser mais forte ainda... – Dizia com pesar.
Piatã tirou o cordã o que deu a ı́ndia, usando-o para livrá -la das correntes.
A Villa Real e Alanna apoiavam o corpo da major, pois sabiam que ela nã o teria forças para se manter de pé .
Piatã a itou.
-- Seu pai, o grande Alexander, usara esse cordã o e saiu vivo de todas as guerras que travara... Acho que ele també m
nã o sabia a utilidade... Mas me disse que deu sorte, entã o, mesmo nã o sabendo que sorte era algo bom ou ruim, imaginei que
a ilha dele també m precisaria...
Ouviram as correntes abrindo e se nã o fosse as duas mulheres a segurando, a major teria ido ao chã o.
-- Nã o sei se conseguirei, talvez seja melhor que sigam sem mim... – Cerrou os dentes ao sentir dor. – Segurou nos
ombros de Piatã . – Leve Aimê para longe... – Disse baixinho. – Deixe-me aqui...
O ı́ndio a sustentou, mas ela era alta e forte, nã o teria como arrastá -la naquela escuridã o.
-- Nã o, eu nã o irei sem ti... – A Villa Real retrucou. – Só saio daqui contigo.
-- Amor, amor... Eu nã o vou conseguir... Estou muito fraca... Se ir com você s, será pior, pois todos serã o pegos e
castigados...
A ilha de Alexander sabia o que deveria fazer e em nenhum momento recuou... Era corajosa e valente...
-- Leve-a... – Ordenou ao ı́ndio. – Nã o esqueça de que sou sua princesa e deve obedecer todas as minhas ordens.
Os olhos tã o azuis se arregalaram ao ver o que tinha sido decidido sem levar em conta sua vontade.
Piatã lhe tocou o pescoço e nã o demorou para que ilha de Otá vio sentisse a inconsciê ncia do que se passava . O
olhar azul demonstrava surpresa e pesar, enquanto lá grimas molhavam sua face.
-- Leve-a... Leve-a e salve-a... – Disse baixinho. – Mantenha-a em segurança... Essa é a minha ordem e meu desejo...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 634/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sou muito feliz por ter servido a ti, minha princesa... – Beijou-lhe a fronte.
A loira percebeu que algo nã o estava bem com a Villa Real, parecia em transe e apenas se mantinha de pé sem
esboçar nenhuma reaçã o.
A Calligari viu todos sumirem por entre as á rvores e sentiu um alı́vio em seu peito, pois sabia que a mulher que
amava estaria salva e fora para isso que fora até ali... Sua missã o estaria cumprida.
Os cã es continuavam a latir e nã o demorou para os bandidos saı́rem das barracas.
Diana ouviu o falcã o, levantou a cabeça e nã o demorou para fechar os olhos... Agora poderia descansar...
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 635/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Estava garoando e alguns funcioná rios já faziam sinal para que a aeronave pousasse.
Vanessa estava com o guarda-chuva e esperava ansiosamente para que o pequeno pá ssaro aterrissasse.
A igura alta e usando sobretudo parecia pensativa, mirando um ponto invisı́vel a sua frente.
Respirou fundo!
Tentara dissuadir a matriarca da importante famı́lia a nã o retornar da Alemanha, poré m Antô nia deixara claro que
nã o aceitaria nenhuma negativa, ainda mais agora que a sobrinha corria tanto perigo.
Desde que tivera o difı́cil papel de comunicar todo o ocorrido, tivera que lidar com os esbravejamentos de Dinda e
seu temor por nã o ter notı́cias da amada sobrinha, algo natural...
Sentia-se culpada por nã o ter sido mais ené rgica e obrigado Diana pedir ajuda as autoridades competentes... Teria
conseguido algo?
Conhecia-a a tempo su iciente para saber que ela nã o costumava escutar ningué m, nem mesmo se importava com a
opiniã o dos outros, apenas agia de acordo com o que acreditava e desejava...
Nã o tinham conseguido passagem direto para capital, por essa razã o, Dinda tinha desembarcado em outra cidade e
lá pegara o jatinho.
Alex seguia em estado crı́tico e o prefeito fora detido como cumplice de Crocodilo... O coronel que se
responsabilizara da busca pelo bandido també m fora apontado como participante da quadrilha, junto a mais alguns membros
do exé rcito.
Um monte de bandido!
Diana deixara claro que nã o desejava que ningué m se metesse no ocorrido, ainda mais por temer pela vida da
jovem, entã o todos estavam de mã o atadas e sem nenhuma notı́cia.
Clá udia rezava o tempo todo e o interessante de tudo, é que a Calligari agora era vista como uma verdadeira
heroı́na por todos...
Esfregou os olhos.
Há dias nã o conseguia dormir, há dias nã o conseguia descansar...
Tinha um carinho muito grande pela pintora, tanto que, em muitos casos, aprendera a desempenhar o papel de mã e
e protetora.
Deus, como a major que costumava sair com tantas mulheres e nã o levava nenhuma a sé rio, fora se apaixonar
daquela forma arrebatadora por uma Villa Real?
A pequena aeronave aterrissou e depois de longos minutos a porta abriu e Antô nia pareceu na porta.
A senhora caminhava ereta e seus olhos denotavam um choro recorrente. Estava rosada e os lá bios inos se
comprimiam em uma linha de irritaçã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 636/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Como permitiu que a Alessandra seguisse atrá s desses bandidos sozinha? – Apontou-lhe o dedo em riste. -- Disse
para cuidar dela, falei para me manter informada e se visse que ela estava se arriscando em demasia me ligasse...
O piloto e outro ajudante levaram a mala da senhora, mas ambas nã o pareceram interessadas em deixar o lugar.
O cé u já escurecia... Estava cinza, nã o havia estrelas e nem lua...
-- Nã o é fá cil lidar com a sua sobrinha, ainda mais quando ela cisma com algo... – Passou a mã o pelas madeixas,
arrumando-as por trá s da orelha. – Ela decidiu ir ao encontro da Aimê ... Crocodilo exigiu que fosse até ele... E ela aceitou...
Todos sabiam como aquela mulher amava a ú nica sobrinha, todos sabiam que ela quem fora responsá vel pela
educaçã o e representou a presença materna que a pintora nunca teve da verdadeira geradora.
-- Tenho a impressã o que os Villas Real vieram ao mundo para desgraçar a vida da Diana... Primeiro aquele maldito
Otá vio... Aquele demô nio que mesmo morto ainda é uma sombra na nossa existê ncia... Agora a ilha dele...
A chuva engrossou e um dos empregados se aproximou com outro guarda-chuva, protegendo Antô nia.
-- Eu nã o acho que Aimê faz isso... Na verdade, desde que se conheceram, a Diana parece que voltou para a vida...
Ela passou todos esses anos agindo por vingança, desejando apenas destruir aos que lhe feriram... Agora nã o... Ela se arrisca
pela mulher que ama... Se arrisca por algo que a deixou maior do que sua arrogâ ncia e seu orgulho... Eu sei que é difı́cil... Mas
o amor sempre vale a pena...
Vanessa nã o conseguiu aguentar a emoçã o, abraçando-a e compartilhando daquela dor e frustraçã o.
Piatã seguia a passos largos, mesmo diante da escuridã o, conseguia se mover com agilidade. Tomava a mã o da Villa
Real irme, enquanto Alanna se guiava pelo som, vez e outra tropeçando.
Tivera que agir de forma que condenava, ainda mais quando usara em Aimê algo que há tempos fora proibido por
sua tribo, poré m sabia que nã o haveria chances para a ilha de Alexander se a amada icasse ao seu lado... També m nã o
haveria chances se trouxessem consigo a major...
Conhecia aquele lugar com a palma de sua mã o e nã o seria problema caminhar no turno ausente de luz, entretanto
sabia que suas acompanhantes teriam di iculdade em seguir seu ritmo.
Acelerou mais o passo e nã o demorou para chegar no lugar que sempre servira de abrigo para os ı́ndios.
A caverna serviria para que se mantivessem seguros durante alguns dias, pois sabia que aqueles homens nã o
desistiriam fá cil.
Con iava que Tupã seria convencido e acabaria indo salvar a irmã ...
O pio da coruja...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 637/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sentiu quando a Villa Real tentou se livrar da sua mã o... Sabia que ela tinha despertado... Pelo menos durara tempo
su iciente.
Os olhos azuis estavam abertos em verdadeiro pavor, mas antes que pudesse falar algo, fora arrastada para o lugar.
-- Onde está a Diana? – A Villa Real se desvencilhou do toque. – Como foi capaz de deixá -la lá ?
Mesmo no escuro, nã o era difı́cil notar a voz alterada da jovem que sempre demonstrava calma.
Agachou-se e começou a acender a fogueira que tinha deixado montada quando passara por ali mais cedo.
Alanna via a expressã o da ilha de Otá vio e temia que ela pudesse fazer algo e sair à s cegas atrá s da major.
Até agora nã o entendera o que tinha acontecido com a garota. Parecia ter sido enfeitiçada pelo homem velho que as
resgataram.
Viu quando a luz do fogo começou a aparecer, sentou-se, esticando as mã os para esquentar nele.
Os olhos azuis se voltaram para o ı́ndio e nã o havia suavidade naquela face bonita.
-- Como pode deixa-la lá ? – Questionou por entre os dentes. – Irã o matá -la! – Disse em desespero. – Pensei que
gostasse da Diana, pensei que tivesse algum tipo de sentimento por ela... – Passou a mã o pelos cabelos. – Exijo que me leve de
volta... – Apontou-lhe o dedo em riste. – E o proı́bo de usar suas magias comigo... Leve-me! – Gritou.
Piatã permaneceu algum tempo itando a fogueira, parecia estar a ver algo nas chamas alaranjadas e só depois de
longos segundos, encarou-a.
Sentia a dor...
Mas sempre precisara seguir as ordens dos que estavam numa hierarquia maior... Fazia parte da natureza da sua
tribo...
-- Nã o posso ir contra as ordens da major, nã o quando ela reclama o lugar de princesa das tribos... Nã o quando ela
usa a autoridade que tem... – Replicou calmamente.
-- Ao inferno com isso – Falou com os dentes cerrados -- nã o me interessa nada que diga, exijo que me leve lá –
Olhou sobre os ombros para a entrada da caverna. – Leve-me de volta ou pelo menos me diga como chegar... Irei até ela,
icarei ao seu lado... – Fitou-o. – Leve-me...
-- Aimê ... – Chamou-a de forma hesitante – Se icarmos lá , com certeza, nã o seremos uma ajuda para a major... Veja,
você mesma foi apenas usada para praticar torturas na sua esposa... Imagine o que passaria pela cabeça daquele monstro...
Os olhos azuis a miraram rapidamente, mas nada respondeu. Virou-se de frente para a parede, esmurrando-a tã o
forte que sentiu os dedos ferirem, mas nã o pareceu se importar com tal detalhe.
-- E agora vã o matá -la... – Soluçou. – E isso que farã o... – encostou as costas a ela. – E isso que farã o e tudo por minha
culpa... Por sua culpa...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 638/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Talvez tenha sido cruel o que fez, a inal, abandonara sua menina a pró pria sorte, poré m se tivesse insistido em
arrastá -la, todos teriam sido pegos e nã o conseguiria viver sabendo que a Calligari o culparia por algo de ruim ter acontecido
com a Villa Real...
Quando decidira ir até a herdeira de Alexander, fê -lo por saber que a ajuda que Tupã daria nã o chegaria tã o
rapidamente, mesmo que nã o aceitasse a negativa do ı́ndio como sendo algo de initivo e irrevogá vel.
Conhecia o guerreiro desde que era uma criança, da mesma forma que conhecia Diana e sabia como ambos, apesar
de arrogantes e orgulhosos, tinham um senso de justiça inquestioná vel e era nisso que estava a acreditar.
Fechou os olhos, rezando em silê ncio para que a Calligari fosse tã o forte quanto o general Alexander...
Ela já passara por coisas piores e mesmo assim fora forte para resistir e torceria para que se repetisse.
Nada poderia ser feito agora... Mas de uma coisa tinha certeza: Deveria icar de olho na esposa da princesa, pois
sabia que ela tentaria ir ao encontro da mulher que amava...
Estava escuro.
A fogueira tinha apagado e só depois de um bom tempo ele descobrira da fuga da ilha de Otá vio.
Equipes de buscas saı́ram, mas retornaram, pois se depararam com uma furiosa onça que caçava bem pró ximo dali.
Agora, estava reunidos diante do tronco que servirá de cativeiro para a major.
-- Como isso aconteceu? – Gritava. – Eu disse que icassem alertas! – Pegou o revó lver e começou a disparar contra a
á rvore morta.
Uma verdadeira legiã o de bandido se reunira no pá tio. Portavam armas potentes, faroletes para clarear a escuridã o.
Mostravam apreensã o.
O segurança se aproximou.
-- Deixe que eu lidere as buscas, trarei as duas antes que o sol nasça. – Pronti icou-se.
-- Você é tã o inú til quanto seu pai... Se nã o tivesse deixado o desejo subir a cabeça, agora tudo estaria do mesmo
jeito. – Empurrou-o. – Eu disse para nã o se aproximar da refé m...
Nã o demoraria para que eles deixassem a á rea, pois já estavam carregados com a mercadoria.
O iel seguidor de Otá vio seguiu até o veı́culo, abriu a porta, tirando o homem com toda violê ncia.
-- Ningué m deixará esse lugar, enquanto eu nã o tiver as duas em minhas mã os.
-- Nã o acredito que a major consiga ir longe, ela está muito debilitada e está escuro... – Tentava demonstrar
liderança. – Irei agora mesmo!
-- Você nã o conhece a Diana! – Bateu o punho fechado contra a mã o aberta. – Alé m de ela ser ı́ndia, ainda tem o
treinamento militar... Alexander sempre ousou muito na preparaçã o da ú nica ilha...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 639/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Depositara sua fé nos animais, poré m eles retornaram da caçada cambaleantes e demonstrando estar feridos.
-- Você s irã o revirar essa maldita loresta em busca delas... E se nã o chegarem aqui com as minhas fugitivas, matarei
um a um com minhas pró prias mã os...
Tupã observava tudo do alto de uma á rvore, enquanto tentava manter a irmã equilibrada.
Nã o tinha chegado ao acampamento, pois antes encontrou Diana se arrastando na entrada da mata. Os cã es a
perseguiam e se seus guerreiros nã o tivessem lhe acertados com dardos, a herdeira de Alexander nã o teria sobrevivido e nem
seus pedaços...
Ainda nã o sabia o que tinha acontecido com ela, apenas tinha certeza de que fora judiada em demasia.
Dispersou o bando que estava consigo, pois seria mais fá cil de passar despercebido.
Quando ouviu as vozes dos bandidos, trepou na á rvore e mesmo sem forças, a pintora conseguira auxiliar na dupla
escalada difı́cil.
Nã o tinha como nã o sentir admiraçã o pela guerreira que tinha o mesmo sangue que o seu... Mesmo que jamais
admitisse isso!
As tochas iluminavam o chã o, via as armas e sabia que aquela nã o seria uma batalha tã o fá cil.
Ajudou-a a se posicionar melhor no galho grosso, enquanto icava de frente para ela.
Tirou o cantil que trazia, colocando na boca da mulher e só naquele momento os olhos azuis se abriram, presos à
escuridã o.
Bebeu o lı́quido tã o rá pido que vazou pela lateral da sua boca.
Imaginou se ainda estava amarrada ao tronco. Seus braços pareciam paralisados, suas pernas estavam dormentes...
Teve a impressã o que chicoteavam seu corpo novamente... Sentiu o ferro queimar sua carne... Os socos em seu abdome...
Viu os olhos azuis de Aimê ... Depois nã o era ela... Otá vio...
Cerrou os dentes.
Fez um movimento brusco e se nã o fosse pelo guerreiro, teria despencado do alto.
-- Acorde! – Ordenou, sacudindo-lhe os ombros. – Se nã o despertar, nã o terá chances de se salvar.
-- Aimê ... – Chamou pela esposa. – Aimê ... Eu preciso salvar... Eu preciso...
-- Você nã o é mais refé m do bandido, está comigo, mas nã o poderei carregá -la, entã o se realmente é uma guerreira
e tem no seu sangue o do meu povo, está na hora de reagir...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 640/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Sim, princesa, sou eu! – Voltou a itar o chã o, percebendo que homens montavam guarda naquela parte. – Como
conseguiu deixar o acampamento? Onde está a sua namoradinha?
A Calligari tinha a impressã o que sua boca estava cheia de areia, até para falar, precisava fazer um esforço enorme.
O ı́ndio colocou o cantil na boca dela novamente e a sentiu muito quente, estava muito mal.
Precisava levá -la dali o mais rá pido possı́vel ou nã o teria chance de sobreviver.
-- Nã o... – Engoliu em seco. – Piatã ... – Pigarreou. – Ele levou Aimê ...
Tupã praguejou.
-- Como aquele velho vai fugir desses bandidos com essa garotinha que nem sabe andar na selva...
Tremia...
-- Você nã o está em condiçã o de ir a lugar nenhum... E está fedendo a bicho morto... Queria ver se assim alguma
mulher iria te querer agora... – Juntou as mã os, levando à boca, fazendo o som de um pá ssaro.
Ouviu a imitaçã o da ave e sabia que o chefe estava se comunicando com os outros.
-- Calma, devem ter topado com algum animal selvagem... – Apurou os ouvidos, tentando ouvir a resposta que nã o
tardou a ser dada. – Tem muitos homens na loresta, precisaremos passar por eles...
-- Nã o, princesa, você precisa se recuperar e só assim poderá ir até a sua amada.
A morena tentou se mover, poré m lhe faltou forças e logo fechou os olhos e voltou a dormir.
Precisava tirar a Calligari dali o mais rá pido possı́vel. Nã o muito longe havia uma tribo que o receberia com
honraria, mas tinha certeza de que a irmã seria vista com maus olhos. Eles a consideravam també m uma traidora, mesmo
assim, essa seria a ú nica opçã o para aquele momento.
Esperaria anoitecer e se livraria daqueles imbecis que faziam guarda ali embaixo, assim pediria auxı́lio a outros
ı́ndios para levá -la.
Aimê nã o parava um segundo dentro da caverna. Vá rias vezes já pensara em sair dali e retornar para o
acampamento, ainda tentara duas vezes, poré m Piatã frustrou suas tentativas.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 641/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Fechou os olhos e recordou dos primeiros dias ali... Do cheiro... Do som do lı́quido e de como icara feliz em contar
com aquele prazer...
Prendeu a respiraçã o ao se recordar da presença da Calligari... De sua forma cruel de agir... Do ó dio que sentira por
estar ao lado da ilha do homem que destruı́ra sua vida...
Recordava-se de estar sob a ela quando sentiu aquele olhar poderoso sobre seu corpo...
Sabia o que ela deveria estar a passar naquele momento. Ficava a imaginar o que poderia ter ocorrido com a
princesa...
Deu alguns passos e nã o demorou ao ouvir a voz irritada e triste da jovem.
-- Leve-me lá , eu desejo retornar... Essa é a minha escolha... – Mirou-o sobre os ombros. – Eu imploro... Deve aceitar
a escolha que iz...
Piatã mirou os olhos brilhantes e sabia que por trá s daquela aparê ncia frá gil, havia muita força, coragem e
teimosia...
-- Menina, a Diana deseja que ique comigo, deseja que ique bem... Vou levá -la em segurança para sua famı́lia.
-- Você nã o entende... Nã o entende... – Dizia com lá grimas nos olhos. – Por que me trouxe? Por que foi tã o cruel
comigo?
O velho viu as lá grimas banharem sua face e mais uma vez se condoeu dela.
-- Fiz o que a princesa me ordenou... Nã o entende como ela estava a sofrer ao ver como você poderia ser ferida...
-- Entã o ela é ainda mais cruel do que você ... – Limpou os olhos com as costas da mã o. – A Calligari acha que pode
decidir sobre tudo, acha que pode fazer o que deseja... – Mordiscou o lá bio inferior. – Como eu ico nessa histó ria? O que sinto
nã o é levado em conta? O que dó i aqui dentro... – Apontou o peito. – O amor que sinto nã o conta? Ela é egoı́sta... egoı́sta...
O velho ı́ndio lhe acariciou os cabelos, enquanto a embalava como se faz com uma criança.
Dos lá bios da jovem, o nome da princesa era uma ladainha incansá vel e repetitiva...
Mais cedo atirara contra um dos capangas que se negara a seguir por um pâ ntano. Agora, ele e nenhum outro se
negaria a cumprir uma ordem sua.
Tinha certeza de que a major estava por perto... tinha certeza de que nenhum ser humano poderia sobreviver a
tudo que se passou e sair tã o inteiro a ponto de atravessar aquela regiã o até o rio.
A cercaria.
Sabia que ela nã o se arriscaria a ir até os ı́ndios, era odiada por todos e vista como traidora, entã o só havia um
caminho para ser seguido e ele esperaria pacientemente por sua presa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 642/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Quando estivesse diante dela, nã o pouparia esforços e na mesma hora descarregaria todas as balas do seu revó lver
na sua cabeça. Nã o haveria escapató ria... Nã o deixariam aquele inferno sem terminar sua missã o... Um dos dois sairiam sem
vida e garantiria que fosse ela...
Tivera como aliada uma onça que andava faminta por aquela regiã o e espantara os capangas. Sendo assim, pudera
seguir com a irmã , improvisando uma maca de cipó . Seus guerreiros seguiram incansá veis e em passos rá pidos, parando no
momento apenas que adentraram o espaço da tribo.
O lugar nã o era tã o grande como a do pajé , mas tinha uma localizaçã o privilegiada quanto ao rio e a caça.
Cercada por á rvores, um cı́rculo perfeito era formado pelas pequenas habitaçõ es com uma estrutura de madeira
taquaras e cobertura de palha.
O chã o batido e vermelho tinha no centro uma grande fogueira que sempre era acesa à noite.
Ali, os habitantes eram bastantes pacı́ icos e composto quase praticamente de idosos... Nã o se via crianças ou
jovens, apenas pessoas maduras que trabalhavam com curas...
Os visitantes esperaram a permissã o para adentrar o espaço, saudando respeitosamente os an itriõ es.
Nã o demorou muito para que grande parte das pessoas que viviam ali, seguissem para descobrir de quem se
tratava.
Um senhor alto, gordo, vestindo uma tú nica de couro e fumando um cachimbo se aproximou.
O dia já amanhecia e ao longe se ouvia alguns ı́ndios saudando o Deus Sol.
Nã o demorou a Tupã ser reconhecido e recepcionado com grande entusiasmo, a inal, o jovem era bastante
respeitado por todos e també m sempre requisitado pela força guerreira para conter alguma contenda.
-- Preciso da sua ajuda... Peço pela princesa... Peço em nome da rainha do Sol...
Alguns idosos se aproximaram e torceram a boca em desagrado... Chegaram até mesmo a cuspir em verdadeiro
asco.
Tupã se agachou até a irmã , acreditava que aquelas pessoas eram as ú nicas que poderiam fazer alfo pela ilha de
Alexander, mas se eles se negassem, teria que se arriscar e ir até a pró pria tribo, mesmo que soubesse que ele poderia nã o
resistir.
Ouviu-a gemer...
Os lá bios que antes se mostravam sempre rosados, agora traziam a palidez da morte...
Naquela manhã quando precisara descer a major, fora preciso a ajuda de vá rios ı́ndios, pois a morena já tinha usado
toda a força quando ainda conseguira se acomodar no galho. Fora no momento do transporte que viu a marca que fora feita
em seu abdome e nas suas costas...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 643/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Tupã fez um gesto para que os ı́ndios a transportassem e seguiu junto com as ı́ndias que cuidariam da Diana.
O chefe guerreiro nã o parecia preocupado com os comentá rios que surgiriam depois de ter ido ao auxı́lio da irmã ...
Talvez como o pajé falara, essa era uma dı́vida que tinha com a pró pria mã e.
No lugar havia apenas um pote grande de barro onde se colocava a á gua. Havia també m alguns vasos com ervas
variadas e desconhecidas. Algumas secas, outras verdes...
Os ı́ndios deixaram a oca, enquanto Tupã , a anciã e outra senhora permaneciam ali.
A mulher mais velha cortou as roupas sujas e o chefe icou ainda mais impressionado com as feridas no corpo da
morena.
A marca que fora feita a ferro estava bastante in lamada, do mesmo jeito que as feridas nas costas.
-- Tragam á gua, precisamos lavá -la imediatamente.... – Apalpava o corpo da pintora. – Acho que ela quebrara
algumas costelas... Que espé cie de pessoas a torturaram? E o que ela fez para merecer isso?
Os lá bios da major estavam entreabertos... Frases desconexas saiam de sua boca...
-- Sim, nã o há dú vidas quanto a isso, se tivesse que sucumbir, teria sucumbido há mais tempo... Se aguentou até
agora é porque tem muita força...
O guerreiro teve di iculdade para deter a irmã e foi preciso que outros guerreiros se aproximassem.
A curandeira começou a falar algumas palavras em uma lı́ngua estranha e logo a ilha de Alexander se acalmou e
voltou a dormir.
-- Cuide dela... Terei que me ausentar, mas logo retornarei. – O chefe se levantou. – Preciso ver como está a situaçã o
na regiã o.
Piatã saiu durante alguns minutos do esconderijo e descobriu que nã o poderiam seguir ainda, pois os bandidos
acamparam na clareira ao lado.
Aqueles dias nã o estavam sendo fá ceis, ainda mais quando de tratava da Villa Real. A menina se negava a se
alimentar e inú meras vezes tentara ir ao encontro da major, mesmo sem saber por onde seguir.
A comida se resumia a apenas um pedaço de pã o seco, sorte que conseguira caçar um animal pequeno que serviria
para aqueles dias.
Talvez precisasse icar ali por mais tempo do que o que imaginara, pois os bandidos nã o pareciam interessados ou
apressados para deixar a á rea, na verdade, estavam cercando as possı́veis saı́das.
Já começava a perder a esperança que Tupã tenha deixado o orgulho e a arrogâ ncia de lado e fora salvar a irmã .
Agora já nã o acreditava que fora o melhor a fazer, deixá -la sozinha, entregue à pró pria sorte.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 644/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Aimê nã o está , quando despertei, ela tinha deixado o local. – A loira disse apressadamente. – Procurei-a por todos
os cantos aqui...
Nã o deveria ter saı́do, mas pensava que ela estava a dormir quando deixar o escoderijo.
Os dias que se passaram, ela demonstrava sua tristeza e indignaçã o por ter sido tirada do lado da major.
Tinha a impressã o que dava voltas em cı́rculos, pois os lugares pelos quais passavam pareciam sempre os mesmos.
Estavam sempre a olhar para o chã o, temendo que houvesse uma cobra camu lada naquelas folhas que forravam o
lugar e fora devido a isso que um galho lhe ferira a face.
Respirou fundo!
Sabia que tinha sido uma idiota por ter deixado o esconderijo, mas o izera na esperança de conseguir chegar até
onde estava a sua esposa.
Olhou para o cé u, pouco podendo vê -lo devido à mata fechada.
O que faria?
Estava em total desespero, imaginando o que tinha acontecido com a mulher que amava. Aqueles dias foram um
verdadeiro inferno de ansiedade. Esperara a cada amanhecer e anoitecer pela chegada da ilha de Alexander e aos poucos
percebia que precisava retornar, que necessitava de ir até aquele acampamento e se submeter a qualquer coisa que o
Crocodilo izesse, contanto que estivesse ao lado da esposa...
Esperaria que a encontrassem, sabia que estavam por perto, Piatã falara que os viu por ali.
Levantou-se...
Fechou os olhos esperando o inevitá vel ataque, mas apenas ouviu o baque alto perto de si.
O animal grande tinha sido acertado entre os olhos... Vá rias lechas foram disparadas para detê -la...
Aimê ao abrir os olhos, teve a impressã o que estava tendo uma visã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 645/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Piatã estava um pouco atrá s e outros homens fortes... Mas nã o era aquilo que a deixara paralisada...
Engoliu em seco...
Diana...
A Calligari estava parada bem pró xima dela, mas nã o era simplesmente a Calligari, era a ı́ndia selvagem.
Os cabelos estavam soltos, as madeixas de é bano ornamentavam a face, havia uma pintura vermelha isolando os
olhos, indo até as orelhas que traziam brincos artesanais e longos de penas que se misturavam com os ios negros. Uma
espé cie de trançado era usado na cabeça, no meio de sua fronte... Uma espé cie de coroa...
Observou as roupas...
Um pequeno tope de couro buscava cobrir os seios redondos, tendo a sustentaçã o, um cordã o que amarrava em seu
pescoço. Os braços traziam pinturas e uma espé cie de pulseira amarrada em seus mú sculos delineados.
Alta, ereta... Arrogante e orgulhosa... Como poderia se mostrar ainda mais poderosa?
O abdome de inido estava à mostra e a marca a ferro estava ainda mais viva com o V.
O traje de baixo se resumia a uma espé cie de minú scula saia de palha... Pouco cobria...
As pernas longas estavam de fora... A ú nica coisa que restava da civilizaçã o eram as botas de camurça marrom...
Quando encontrara o velho ı́ndio na selva, icara em desespero quando soubera que a Villa Real tinha sumido e
saı́ra em total agonia a sua procura e se tivesse demorado alguns segundos, com certeza teria sido tarde de mais.
Encarou-a intensamente.
Nã o sabia se ia até ela e a abraçava ou se esbravejava por ter sido tã o irresponsá vel.
Os olhos azuis estavam tã o abertos, a boca també m, parecia estar diante de uma ilusã o da sua cabeça.
Os olhos negros inspecionavam-na... Estendeu a mã o, tocando-lhe a face... Com o polegar delineou a arranhã o que
trazia em sua bochecha...
Temeu que seu coraçã o explodisse de tanta felicidade... Ouvia-o pulsar alto... Ouviu o dela... Sim... Estavam na
mesma sintonia... Uma verdadeira sinfonia...
Ouvia o som do choro e entendia o que se passava, pois fora aquela mesma agonia que lhe acometera durante os
longos dias que passara debilitada, poré m lutara muito para se recuperar, lutara muito para poder reencontrar a mulher que
tanto amava e por uma estupidez, quase isso fora impossı́vel.
Os dias que passara na tribo a izera se recuperar, mesmo que nã o estivesse cem por cento, levantara-se e fora atrá s
de Piatã e da esposa. Fora contra as ordens de Tupã , pois sabia que nã o suportaria icar à espera de que o Crocodilo os
encontrasse.
-- Eu pensei... Eu tive tanto medo... Medo de nã o te ver mais... – Disse baixinho. – Meu Deus, amor, eu sofri tanto... –
Encarou-a. – Temi tanto nã o te ver mais...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 646/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana se afastou apenas para itá -la, tomando-lhe o rosto nas mã os.
Desejou beijá -la, amá -la ali mesmo, poré m nã o podia agir guiada por aquele desejo primitivo, ainda mais por que
sabia o perigo que todos corriam.
Viu os olhos tã o azuis brilharem em lá grimas... Mirou-o com tanta intensidade, como se desejasse invadi-los...
-- Eu estou bem... Mas nã o gostei que tenha fugido dos cuidados do Piatã !
-- Mas, amor...
-- Você agora fará o que eu mandar! – Interrompeu-a. – Pá ssaro pardo! – Chamou um dos guerreiros.
-- Estará sob a sua guarda a minha esposa, Piatã e Alanna, leve-os para a aldeia e tome cuidado para que minha
bela mulher nã o escape e faça mais uma das suas coisas de adolescente.
A ı́ndia se afastou.
-- Conversaremos depois e nã o faça nenhuma loucura! – Apontou-lhe o dedo em riste. – Se ousar se colocar em
perigo novamente, a trancarei dentro de uma caverna e só saı́ra quando todo esse problema acabar...
-- Vá com ela e nã o permita que faça nada que atente contra a vida... Tupã está do outro lado, me encontrarei com
ele e logo vamos começar o confronto contra o Crocodilo. Nã o podemos permitir que ele ameace a tranquilidade das nossas
aldeias e do nosso povo.
Piatã fez um gesto a irmativo com a cabeça, enquanto seu olhar estava direcionado a Villa Real, sabia que a jovem
parecia decepcionada.
Diana encarou a esposa por fraçõ es de segundos, depois seguiu por dentro da mata.
O ı́ndio guerreiro fez um gesto para que a ilha de Otá vio seguisse para o lado oposto.
-- Eu nã o obedeço a sua princesa e també m nã o obedeço a arrogante major... – Engoliu em seco. – Custava ela
falar comigo direito? Quem ela pensa ser? Eu passei todos esses dias preocupadas, desesperada e recebo frieza... –
Questionava parada. – O que se passa?
-- Ela está preocupada... Agora precisará mostrar que realmente tem o sangue dessas pessoas e expulsar esses
invasores... Precisará agir assim... Nã o pode se distrair... Mas eu vi o olhar dela para ti... O amor que sente é imenso, apenas
tenha paciê ncia...
Nã o acreditava que depois de ter sofrido durante aqueles longos dias, aquela era a forma que a morena a tratava.
-- Pensei que nã o voltaria ou se demoraria mais... Sua maior fraqueza sã o as mulheres. – Provocou-a.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 647/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O guerreiro sorriu.
-- Que bom... Depois terá muito tempo para aproveitar sua amada... Agora precisamos desarmar esses bandidos. –
Observou-a com atençã o. – Tem certeza que conseguirá ?
-- Você nã o está bem ainda, Calligari, sabe disso... Precisa de cuidados e fora teimosa em sair da aldeia assim...
-- Preciso das minhas armas... Temos que ir até o acampamento e pegá -las... Nosso arco e lecha nã o darã o conta
daquele miserá vel e seu bando!
-- Nã o, você nã o vai até lá ! – Tomou-lhe o braço. – Diga-me onde enterrou e eu mesmo irei!
-- Entã o iremos juntos, pois se encontrar o desgraçado, acabo logo com a vida dele.
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 648/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Os macacos observavam tudo das suas confortá veis á rvores, sentindo e vendo a presença dos invasores.
Começava a ventar e gotas de chuvas já começavam a cair. Nã o era grossa, mas para se transformar em uma
tempestade, seria em questã o de segundos.
Alguns faroletes estavam acesos, já que a fogueira tinha sido apagada em todas as vezes que houvera tentativa de
acendê -la.
Seu plano era esperar o momento que uma ferida ı́ndia tentasse seguir e assim ele a surpreenderia...
Talvez o garboso bandido nã o fosse tã o esperto como tentava se mostrar...
Crocodilo se referia ao desaparecimento de trê s dos seus homens que saı́ram para fazer busca na tarde anterior e
até agora nã o retornaram.
Os olhares das prostitutas se mostravam apreensivos. Nunca estiveram tã o assustadas em toda aquela perigosa
empreitada como acompanhantes daqueles homens... Muitas invejavam a fuga de Alanna...
-- Senhor, realmente nã o achamos que devemos continuar com isso! – Dizia em receio. – Há dias estamos dando
voltas e até agora nã o conseguimos nada... por que nã o deixamos essa mulher e retornamos para a cidade, poderá pegá -la
quando ela estiver de volta...
O chefe permaneceu de cabeça baixa por longos segundos, até que se levantou, retirou o revó lver, apontando para o
corajoso que lhe dera a sugestã o.
-- Ningué m vai a lugar nenhum! – Esbravejou. – Nã o sairei daqui sem antes levar a Villa Real e matar a Calligari...
Alguns dos presentes já começavam a se dividir e se assustavam com a selvageria do lugar.
Achavam que o seu lı́der perdera nã o apenas o juı́zo, mas també m o senso de liderança e isso os faziam descrer na
missã o que tinham pela frente.
O segurança loira nã o estava presente, tinha seguido até o primeiro acampamento, pois precisara buscar
mantimentos e muniçõ es.
A irmã tinha seguido até o acampamento, tinham conseguido pegar as armas, mas insistira em mexer no motor dos
veı́culos, assim, nã o teriam como deixar o lugar.
Algumas aves també m tinham sido capturadas, mas todas já tinham sido libertadas. As muniçõ es encontradas
foram descartadas, fragilizando assim aquela organizaçã o.
Naquele momento, a pintora usava o rá dio comunicador para entrar em contato com o exé rcito.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 649/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Imediatamente fez um sinal para a irmã , mas ela nã o apareceu entender, estava bastante concentrada.
Repetiu o gesto e dessa vez mais alto e sentiu um alı́vio no peito quando a morena se escondeu.
Mesmo que nã o admitisse, sentia-se orgulhoso de mais da Calligari. Ela tinha uma força e uma coragem
impressionante.
Nã o negava que chegara a imaginar que ela nã o aguentaria... Irritou-se ao imaginar que assim que ela encontrasse a
tal Villa Real, iria embora e deixaria para trá s todo o povo com aquele problema.
Há tempos, as tribos, os animais e a natureza vinham sofrendo com a açã o daqueles tra icantes, entã o quando ela
deixara claro que os expulsaria de uma vez por todas, icara imensamente feliz, desejando lutar ao lado dela naquela
empreitada.
Voltou a se posicionar, de forma que pudesse agir, se a pintora necessitasse da sua ajuda.
O maldito segurança!
Fechou fortemente o punho, desejando esmurrá -lo com toda força do mundo, ainda mais quando recordava do que
Piatã falou... Se o velho ı́ndio nã o tivesse chegado, o bandido desgraçado teria abusado da esposa.
Cerrou os dentes!
Nã o poderia agir por instinto, teria que ter calma, pois logo todos pagariam e muito caro pelas açõ es executadas.
Pelo que andara ouvindo, percebia que nã o demoraria para Crocodilo ser traı́do por seus “colaboradores”. Eles se
negavam a seguir em meio à quela mata fechada. Algo compreensı́vel, pois os perigos daquele lugar eram aterradores.
Se tivesse demorado fraçõ es de segundos, ela teria sido trucidada por aquele animal.
Diana nã o gostava de matar, só o fazia quando realmente era necessá rio... Por esse motivo se livrara da onça...
Levou a mã o ao revó lver que estava na cintura, precisava estar preparada...
Como fora tã o cabeça-de-vento e sair da caverna sozinha, sem conhecer nada naquele lugar?
Será que nã o recordava de como fora difı́cil na primeira vez que tiveram que seguir por ali...
Quando viu os olhos azuis voltados em sua direçã o, teve a impressã o que o coraçã o voltava a pulsar...
Passara todos aqueles dias sonhando com ela... Desejando tê -la ao seu lado... Poré m ao saber do ocorrido, icara tã o
furiosa que nem conseguira demonstrar o que sentia... Precisara usar de toda a frieza, pois só assim, poderia fazê -la obedecer
e a pró pria pintora nã o podia se dar ao luxo de se distrair do seu objetivo.
Prendeu a respiraçã o.
-- Nã o iremos icar embrenhados nessa selva atrá s dessas mulheres... – Um dos homens dizia irritado. – Quero
receber o meu dinheiro e ir embora antes que um bicho selvagem desses me ataque ou o pró prio Crocodilo volte a surtar e
saia atirando em todo mundo.
-- Ele está obcecado pela major... Deveria tê -la matado quando teve a chance... Eu poderia ter dado cabo da vida dela
em um segundo...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 650/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu desejei matá -la... Ainda sonho com esse momento! – O segurança falou. – Só sairei daqui com a cabeça dela! –
Esmurrou o capô do caminhã o. – També m terei como prê mio a Villa Real... Essa será minha de todas as formas...
-- Você está mais louco do que o outro... Como disse, nã o icarei por muito tempo e os outros també m nã o...
Queremos nossa grana e depois vamos embora desse inferno...
Os passos voltaram a se afastar, mas as vozes continuavam cada vez mais alteradas.
Nas primeiras horas do dia, Piatã , Aimê , Alanna e os ı́ndios que foram responsá veis pela escolta dos convidados
adentravam a aldeia de Tupã .
Demoraram mais do que o necessá rio, pois a loira acabara torcendo o tornozelo.
Sirena veio ao encontro de todos, saudando-os com abraços, demorando-se na Villa Real.
-- Fico tã o feliz em vê -los bem... – Falava, enquanto segurava as mã os da jovem. – A Diana icou tã o desesperada que
nem mesmo esperou curar totalmente, seguindo a sua procura.
Aimê reconheceu a voz da mulher e recordou de como ela fora gentil quando estivera ali.
Aquela aldeia parecia mais organizada, tudo parecia em total harmonia com a loresta.
Havia lores...
Recordou-se de que quando estivera ali, sentira aquele cheiro da lora ainda mais concentrado...
Fitou as á rvores de frutas que estavam localizados em meio à s rú sticas construçõ es...
Corou ao ver a escassez de roupas das pessoas do sexo feminino... Exibiam os seios sem nenhuma hesitaçã o.
A esposa de Tupã já era diferente, usava uma espé cie de tú nica de pele de animal.
Sirena nã o lhe soltou a mã o, levando-a até pró ximo as pessoas que pareciam reconhecê -la.
-- Acredito que todos lembram da Aimê , o amor da princesa... Ela icará conosco durante alguns dias e todos devem
ser respeitosos...
-- Piatã , as acomodaçõ es para você s estã o prontas... Vou leva-la comigo. – Disse simpaticamente.
Aimê observou o lugar e de repente lembranças da noite do casamento lhe assolaram a mente.
Viu uma esteira no chã o... Uma rede... Um pote de barro. Era tudo muito simples, mas bastante acolhedor.
Respirou fundo!
Teve a impressã o que tudo voltará naquele dia... Casara com a major...
Recordava-se de ter passado a noite a imaginar que Diana se aproximaria e tentaria alguma coisa... Temeu e
també m ansiou por isso...
Ainda lembrava da primeira vez que sentira os lá bios dela sobre os seus... Perecia que mil carrossé is giravam em
sua cabeça...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 651/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A boca macia... O há lito fresco... O cheiro dela que penetrara e se mesclara a sua pró pria respiraçã o...
-- Está pensando nela? Lembrando do casamento? Eu sempre soube que você s icariam juntas...
-- A Diana esteve em desespero... Ela só chamava por ti, enquanto lutava contra uma terrı́vel infecçã o...
-- E eu desejei estar ao lado dela... – Disse por entre os dentes. – Nã o desejei que me levassem... Sofri dia apó s dia...
Imaginei mil coisas... E quando a encontro... tive a impressã o que meu mundo voltava a fazer sentido... Mas o que recebi?
Frieza e arrogâ ncia...
-- O que se passou?
Aimê desviou o olhar por alguns segundos, mas logo voltou a itá -la.
-- Eu sei que nã o deveria ter fugido da caverna... Mas, meu Deus, eu estava desesperada sem saber dela, estava
enlouquecendo e acabei indo...
-- Eu te entendo, mas també m precisa entender a princesa... Ela deve ter icado enlouquecida... – Passou o polegar
pela lá grima dela. – Tenha calma, logo que tudo isso passar, você s poderã o conversar, entã o demonstrará sua indignaçã o... –
Apontou para uma cesta de cipó . – Ali tem roupas da Diana, você poderá usá -las. Pedirei que tragam á gua para que banhe e
descanse...
Nunca em sua vida tinha visto uma mulher tã o linda e poderosa como a major Calligari...
Suspirou alto.
Mesmo que estivesse muito irritada pela forma que fora tratada e estivesse disposta a nã o a perdoar tã o cedo, nã o
podia negar que a imagem da morena vestida de nativa era muito arrebatadora...
Nã o havia dú vidas de por que vivia em total seduçã o com a jovenzinhas...
Que tudo aquilo chegasse ao im... Que a ilha de Alexander nã o fosse ainda mais ferida...
Respirou fundo!
Sabia que seria uma missã o impossı́vel dissuadir a esposa disso, sabia como por baixo daquele nariz empinado
havia uma determinaçã o cega...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 652/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Que tudo aquilo terminasse o mais rá pido e pudessem voltar para casa.
Os trê s homens que seguiram até o acampamento retornaram e relataram o sumiço das armas e dos animais.
-- Nã o sabemos, apenas o acampamento parecia normal... – O segurança se justi icava. – Só depois que notamos que
faltava tudo... As muniçõ es... Nã o havia nada...
Os presentes pareceram ainda mais relutantes com esse novo fato... A inal, havia poucos mantimentos e o poder de
fogo se resumia ao que tinha ali... Os rá dios comunicadores... Nada funcionavam, estavam presos naquele lugar...
Observava as grandes á rvores que cercavam a clareira. Sabia que a major estava por perto, sabia que ela era
responsá vel por tudo aquilo.
Os presentes cochichavam...
-- Quem me trouxer a Calligari ganhará o triplo do que prometi! – Bradou. – Tragam-me a Diana!
Ningué m se mexeu...
Quem ousaria se embrenhar naquela mata atrá s de uma ı́ndia com fama de canibal?
O segurança loiro observava tudo com crescente interesse. Talvez, fosse preciso que outro assumisse aquele papel
de senhor .
-- Sua ideia surtiu o efeito desejado pelo que vejo! – O ı́ndio comentou ao mirá -la.
Diana encarou o irmã o, depois acariciou a preguiça que faziam companhia a eles.
-- Estã o presos aqui, com pouca muniçã o e quase sem comida... – Tocou as patinhas do bicho.
-- Nã o terã o chances... – Pegou o objeto para observar. – Pelo que percebo, nã o vai demorar para o bandido
desgraçado ser abandonado a pró pria sorte... Isso sim é um castigo terrı́vel... Ser traı́do pelos seus...
-- Consegui entrar em contato com o exé rcito... Em trê s dias pousarã o na clareira...
Tupã a encarou.
Conhecia-a bem para saber o que estava a se passar por sua cabeça.
-- Nã o deve ser a isca, princesa, já disse que teremos que pensar em outra forma para atrair esses bandidos. –
Apontou-lhe o dedo em riste. – Nã o me arrisquei para te salvar para vê -la cair como uma idiota nas mã os desses loucos.
Tinha um desejo primitivo que queimava em seu peito... Uma vontade de infringir a eles, a mesma dor que sofrera...
-- Vamos ver como isso sucederá ... Nã o se prever o futuro... Nem mesmo o pajé o faz..
Tupã a observava com calma, imaginando o que poderia estar se passando na mente da irmã .
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 653/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O som das aves, o guinchar dos macacos e aquele pá ssaro grande que parecia sempre estar à espreita.
Crocodilo parecia desnorteado. Afastava-se do grupo e nem mesmo parecia se preocupar com os perigos do lugar
que o cercava.
O verde imperava...
Mesmo depois de ter oferecido uma quantia muito grande pelos serviços dos capangas, eles nã o pareciam
interessados, pois temiam morrer na loresta. Nã o sabiam como se locomover naquele lugar, sem falar nos animais que
estavam sempre à espreita.
Crocodilo parou diante de uma á rvore enorme de seringueira. Aquela á rea era cheia dessa vegetaçã o.
Agachou, enquanto usava o canivete para cortar a casca e ao ver uma cobra pequena, pisou com a bota sobre sua
cabeça, esmagando-a.
Assim que cumprisse sua missã o, nunca mais retornaria... Estava cansado daquele cheiro de mato, daqueles bichos
que perturbavam durante dia e noite...
Sabia que rota seguir para deixar aquele lugar... E assim que acabasse com a ilha de Alexander, seguiria e nã o
levaria nenhum dos desgraçados covardes que estavam consigo.
O guinchar dos macacos lhe chamou a atençã o e ao levantar a cabeça, viu Diana armada com o arco e lecha, pronta
para se defender.
Encarou-a.
-- Se izer um movimento ou esboçar alguma reaçã o, cravo uma lecha no seu olho esquerdo... – Falou baixo.
O homem permaneceu na posiçã o que se encontrava, pois sabia que a Calligari era muito boa de mira.
-- Eu sabia que nã o estava morta... – Esboçou um sorriso. – Entã o decidiu assumir sua origem selvagem? – Fitou-a
da cabeça aos pé s. – Tem alguma forma de icar feia?
-- Eu nã o acho que valha a pena te matar... Pelo que percebi, seus pró prios homens estã o cogitando essa
possibilidade...
-- Sã o uns imbecis, acham que podem deixar esse inferno sem mim... – Segurava o punho da arma. – Mas, fale-me...
Teria mesmo coragem de me matar, major? Logo eu que a salvei das mã os de Otá vio quando tentou violentá -la...
-- Você tentou, o mesmo, dois dias depois, entã o o que fez foi motivado por seu pró prio interesse...
-- E foi isso que ganhei... – Passou a lı́ngua pelos lá bios. – Você tem certeza de que quer mesmo que as coisas
terminem assim? Diana, está se iludindo com a ilha do coronel... Logo ela vai enjoar dessa coisa de mulher com mulher e vai
atrá s de um homem... Por que se arriscar tanto por ela? Use-a, durma com ela, eu deixo que sacie sua tara, mas depois deixe
que ela vá comigo, vai estar se vingando do homem que destruiu a tua vida... O sangue do seu pai vai estar sempre entre
você s...
Continuava parada no mesmo lugar, ouvindo e sua expressã o demonstrava total in lexibilidade.
-- Nã o é digno de falar o nome da Aimê ! – Disse por entre os dentes. – E tampouco se referir ao meu pai.
-- E você acha que é digna de se casar com ela? – Debochou. – Diana, você é uma selvagem... Sempre vai ser... A
garotinha nã o vai aguentar os seus arroubos por muito tempo, ela nã o é como nó s...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 654/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Bem, no fundo você sabe que faz parte do meu meio... Pode até ser ilha de Alexander, mas ainda esbanja esse ar
de ser primitivo...
Se fosse rá pido o su iciente, nã o demoraria a vê -la sangrar até a morte...
-- Acha mesmo que a garotinha te ama? – Tentava distraı́-la. – Nã o deve nem ter modos...
-- Você nã o tem ideia de como esse meu ar selvagem enlouquece as mulheres... Mas, idiota, eu nã o estou no mesmo
pacote que você ... Eu nã o sou uma covarde, porque se assim o fosse, já teria te matado pelas costas...
-- Eu nã o te matei... Poderia ter feito e nã o iz... Mesmo que nã o acredite, tenho respeito por sua pessoa... terı́amos
feito um bom trabalho juntos. – Mirou a marca feita à ferro. – Gostei do V... Combinou contigo...
-- Nã o, você fez pior... Fez uma garota inocente se submeter à s suas ameaças, fez uma jovem executar suas torturas e
teria feito mais, se nã o tivé ssemos conseguido escapar...
-- A Villa Real fez o que desejou fazer, ela mesma me disse que te odiava, porque você a tinha traı́do com outra,
entã o nã o a veja com olhos tã o inocentes...
-- Nã o me interesso por sua tese de psicologia de porta de cadeia, estou aqui para te dar uma chance de sair vivo
desse lugar... Renda-se e pague sua dı́vida com a justiça.
Arrancaria sua cabeça e mostraria aos seus covardes homens que ele nã o precisava de ningué m para fazer seu
trabalho...
Sabia que nã o deixaria aquele lugar sem antes destruir aquela orgulhosa mulher.
O pipilar de alguns pá ssaros acabou por ser a distraçã o que o bandido desejava. Crocodilo foi rá pido ao jogar a
arma contra a ilha do general, mas a ı́ndia previu o que ele faria e fora ainda mais á gil em se livrar dela que passara raspando
em seu ombro direito, atirando a lecha em fraçõ es de segundos e acertando o olho esquerdo do tra icante como prometido.
O bandido rosnou tã o alto, praguejando, enquanto sentia a insuportá vel dor.
-- Desgraçada, mil vezes maldita... Filha de uma chocadeira... – Gritava. – Te matarei e te fatiarei... Dando cada uma
das suas partes para que meus cã es comam... Meu olho... Meu olho...
-- Nã o iquem me olhando, seus imbecis, vã o atrá s dessa maldita, ela nã o deve ter ido longe.
O segurança loiro fez um gesto de cabeça para que as ordens fossem cumpridas, permanecendo ao lado do
cumplice de Otá vio.
O loiro se aproximou.
-- O que houve?
-- A miserá vel... a desgraçada da major está aqui... Ela está aqui... Me atacou... Quer matar a todos... Preciso de um
mé dico ou perderei meu olho.
-- Nã o há mé dicos... – Observava o sangue jorrar. – Melhor tirar isso! – Aproximou-se.
-- Está louco, quer que eu sangre até morrer? – Cerrou os dentes. -- Vá atrá s dela! Tragam-na para mim, eu ordeno!
O segurança loiro tirou a arma da cintura, mas nã o fez o que tinha sido mandado, virou-se para o chefe.
-- Nã o obedecemos mais a você ! – Apontou-lhe o revó lver. – Por sua culpa estamos nessa situaçã o... Se tivesse
matado a Diana como era a minha vontade, ela, agora, nã o seria uma ameaça a todos!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 655/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nã o vã o conseguir sair daqui sem mim! Eu sei como deixar esse inferno, você é apenas um moleque que nã o
consegue seguir uma trilha.
Os olhos claros observavam a lecha cravada no globo ocular. Havia sangue, mas sabia que, apesar de ser uma dor
terrı́vel, nã o era su iciente para matá -lo.
-- Já disse que pagarei muito a todos, tenho muito dinheiro... – Dizia em desespero. – Sairemos daqui e todos terã o
uma vida de luxo... Você será meu homem de con iança
O segurança sorriu, enquanto olhava ao redor, certi icando-se que estavam sozinhos.
Crocodilo acenou a irmativamente com a cabeça, enquanto o loiro lhe deu um beijo na face.
Um barulho de um tiro foi ouvido e nã o demorou para o cumplice de Otá vio cair ao chã o.
-- Você , ica... – O tra icante nã o conseguiu terminar sua frase, de inhando até a morte.
Em seguida se afastou imediatamente do lugar, temendo ser pego desprevenido pela ı́ndia.
-- Você nã o pode ir até ele! –Ordenou. – Esse é o destino que um desgraçado como ele procurou.
Ambos viam toda a cena do alto de uma á rvore e icaram surpresos com a maldade do loiro.
Depois de levar o tiro, Crocodilo fora espancado pelos capangas que retornaram, chutando-o, descontando nele as
suas frustraçõ es.
O rosto do homem icou des igurado e os risos dos bandidos eram crué is de mais.
-- Miserá veis! – A morena disse por entre os dentes. – Covardes! Estou praticamente desistindo da ideia de entrega-
los com vida.
O ı́ndio a observava e parecia admirado pela compaixã o que via em seu olhar.
Colocou a mã o sobre o ombro dela, observando o sangue que saia do machucado.
-- Sabe que se eles tiverem a oportunidade farã o pior contigo! – O irmã o a alertou, itando-a. – Sua pele está ferida,
poderia ter sido mais sé rio, nã o sei por que foi até ele.
-- Eu precisava fazer uma tentativa... – Passou a mã o pelas madeixas longas. – Preferia vê -lo pagar tudo o que fez em
uma prisã o...
-- Foi super icial, apenas pele rasgada e sangue! – Dizia, enquanto tinha o olhar ixo no homem que fora morto.
-- Acho melhor irmos até a aldeia, esses bandidos nã o tê m para onde ir... Vamos até lá , descansamos, cuidamos da
ferida, você també m descansa, pois ainda nã o está totalmente curada, depois voltamos. Deixaremos alguns dos nossos de
olho...
Por ela, tudo seria terminado o mais rá pido possı́vel, mas teriam que esperar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 656/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O cé u estava estrelado e uma majestosa lua reinava magnı́ ica a iluminar o lugar.
-- Tomarei um banho, estou com cheiro de bicho morto! – A princesa seguiu na direçã o da margem do rio.
O ı́ndio nã o pareceu preocupado com isso, indo direto até a sua oca, desejoso e saudoso da esposa grá vida.
Pouco conseguira descansar, pois sempre estava a pensar no risco que a amada corria.
Quando conseguia pegar no sono, despertava, vendo-a em seus sonhos... As cenas das torturas sempre eram
recorrentes...
Continuava vestindo trajes nativos, mas nã o eram os mesmos do dia que se encontraram.
Meneou a cabeça...
Permaneceu onde estava, mesmo desejando se jogar nos braços da mulher que tanto amava, ainda nã o tinha
certeza de que nã o estaria a sonhar...
A Calligari caminhava lentamente e logo parou diante da rede onde a esposa a olhava com aqueles olhos tã o azuis e
penetrantes.
Reconheceu a camiseta que ela usava... Nã o havia sutiã e era possı́vel ver os mamilos empinados... Frio?
Linda!
Deus, como estava feliz ao vê -la bem depois de tudo o que viveram...
-- Nã o deveria estar dormindo? – Indagou com um sorriso de canto. – Crianças nã o devem icar acordada de
madrugada.
Apoiou as mã os sob a cabeça, sentindo o corpo se adequar ao piso batido, mas que trazia conforto depois de passar
horas sobre á rvores ou caminhando por dentro daquela loresta.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 657/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você é ainda pior... Age como adolescente irresponsá vel... – Disse, mirando a amada.
Fechou os olhos, mas a voz irme da ilha de Otá vio invadiu o ambiente.
-- Sou uma adolescente porque em meu desespero fui atrá s de ti sem medir as consequê ncias do meu ato, major? –
Mordiscou o lá bio inferior. – Se esse for o motivo da denominaçã o, realmente, é isso que sou, uma adolescente, como dizes,
princesa...
-- Sim, nã o passa de uma garotinha... – Provocou-a, sem abrir os olhos. – Uma garotinha mimada que nã o sabe o que
signi ica disciplina...
Sabia que estava provocando-a, mas nã o conseguia nã o o fazer, pois ainda estava muito chateada com o que
aconteceu.
Quando pensava que aquela onça poderia ter matado a jovem, sentia o coraçã o esfriar...
-- Quando voltarmos, conversaremos sobre você ser uma pirralha mimada! – Virou de lado. – Agora necessito de
um sono e de descanso, entã o aconselho que faça o mesmo.
A ilha de Otá vio sentiu o sangue ferver em suas veias ainda mais.
Nã o acreditava na frieza que a esposa demonstrava, nã o acreditava que estava sendo punida por ter se
desesperado, pois temeu que algo de ruim tivesse ocorrido com a amada.
Cerrou os dentes.
Viu-a virar de costas e agir como se estivesse realmente lidando com uma infante.
-- Nã o terei nada para falar contigo, princesa, se deseja conversar, faça-o agora, pois nã o icarei aqui como uma
idiota, sendo tratada desse jeito apenas porque agi por preocupaçã o a ti. – Dizia sem fô lego. – Acha que pode me condenar
por causa disso? O quê ? Vai fazer um julgamento e usar o seu poder para que me condenem por ter agido por amor?
Diana se levantou e em fraçõ es de segundo estava de pé , segurando a esposa pelos ombros, pressionando-a contra
a choupana.
-- Sofri como uma desgraçada por ti... – Apontou-lhe o dedo em riste. – Ordenou que Piatã me levasse – Dizia em
verdadeiro pavor. -- nã o tem ideia de como eu iquei ao imaginar que estavam a te torturar, como iquei ao pensar que
poderia ser morta... -- Meneou a cabeça. – Entã o agora nã o me venha com essa histó ria de que sou criança ou adolescente... –
Empinou o nariz. – Posso ser tudo isso, mas també m sou uma mulher... Uma mulher que icara em total desespero, temendo
pela vida de uma arrogante e orgulhosa major. – Respirou fundo, voltando para a rede. – Boa noite!
Mirou a mã o de dedos longos, acariciando-a, depois encarou a ilha de Otá vio.
-- Quando tudo isso terminar, conversaremos... – Voltou a dizer, enquanto entrelaçava os dedos aos dela. – Agora
nã o, mimadinha...
Os olhares se sustentavam...
Penetrantes...
-- Sou Aimê Villa Real! – Disse com o olhar desa iador. – Esse é o meu nome! – Corrigiu-a orgulhosa.
Diana passou a pontinha da lı́ngua pelo lá bio superior, depois itou-a.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 658/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Vem! – Chamou-a.
-- Nã o irei te dar prazer! Nã o depois de ter me tratado desse jeito!
Nunca se cansaria daquela garota birrenta, nunca se cansaria de vê -la exibir aquele bicã o de emburrada...
Nã o havia dú vidas que a queria para sempre em sua vida, a queria ao seu lado, dormir exausta depois de amá -la
com â nsia e acordá -la com beijos...
-- Senta no meu colo! – Bateu com as mã os nas coxas nuas. – Nã o vou te atacar... Ou é tã o adolescente que nã o
consegue icar comigo sem desejar ser possuı́da? – Provocou-a. – Eu até entendo, a inal, quem resiste ao meu charme?
Como previsto pela pintora, a esposa caiu na provocaçã o, caminhando até a rede, sentou com as pernas para fora
sobre o quadril da amada.
Diana colocou uma das mã os sob a cabeça, enquanto a outra deixou livre.
-- Está se comportando? – A morena indagou. – Logo iremos embora, precisa ter paciê ncia... – Depositou a mã o
sobre a coxa da jovem.
-- Todos sã o muito bons comigo... A Sirena, o Piatã ... Os outros... Mas ico preocupada contigo... Nã o quero que se
arrisque assim...
Um silê ncio pesado se fez entre elas, enquanto se encaravam, enquanto ouviam a respiraçã o uma da outra...
Enquanto ouvia o pulsar dos coraçõ es...
-- E meu povo, Aimê ... Estou em dı́vida com eles... Entã o os livrarei desses bandidos que profanam essa terra
sagrada...
A Villa Real a itou... Depois seu olhar se dirigiu até a marca em seu abdome. Engoliu em seco.
-- Perdoe-me por isso... Perdoe-me por tê -la ferido... – Disse em um io de voz.
Otá vio desejara e tentara como a inco marcá -la como a um animal e fora a ilha quem fora obrigada a fazê -lo.
-- Você nã o teve escolha... – Subiu a mã o até sua barriga, por baixo da camiseta. – Fez porque temia que me
matassem... – Sentiu a curva dos seios redondos. – Talvez se tivesse se negado a jogar esse jogo, eu poderia nã o estar viva
agora... – Usou o polegar para acariciar o mamilo intumescido.
-- Como pode ser ainda mais linda vestida como uma ı́ndia...
Diana mordiscou a lateral do lá bio inferior, enquanto colocava mais pressã o no mamilo esquerdo. Raspando-o com
a unha, apertando-o.
-- Eu sou uma ı́ndia... – Tirou a outra mã o de debaixo da cabeça, levando-a até o có s da calcinha que a esposa usava.
– Sou selvagem... – Encarava-a. – Venho de uma tribo de canibais que se alimentavam dos brancos...
Aimê sentiu a costumeira pressã o em seu baixo ventre, sentiu o latejar no sexo...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 659/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Alimentavam-se? – Arqueou a sobrancelha. – Sirena me falou que nã o praticam mais esses atos primitivos e
selvagens...
-- Só eu... – Fitou-a. -- Só eu ainda sinto esse apelo bá rbaro... – Adentrou a peça ı́ntima, deliciando-se com o tato. –
Nesse momento mesmo a minha meta é te comer por completo... Fundir a sua carne com todo o ı́mpeto...
A Villa Real icava perdida quando Diana baixava o tom de voz, pois icava mais rouco, mais sexy...
Diana nã o respondeu, enquanto sentava de pernas abertas, fazendo com que a garota a imitasse.
Tomou-lhe a face nas mã os, colando os lá bios aos dela.
Antes que a neta de Ricardo pudesse falar algo, a boca da esposa a tomou impulsivamente.
A Calligari segurou-lhe o cabelo para que assim a mantivesse cativa. Buscou a lı́ngua da garota, capturando-a,
sugando-a com intensidade...
Ouvia-se gemidos e nã o sabia de qual das duas eram aqueles barulhos excitantes...
Aimê sentia a impulsividade do carinho... Os dentes que mordiam... Que feriam deliciosamente...
Levou as mã os aos ios que prendiam a parte de cima da roupa da princesa, puxando-a com toda força, rasgando-a,
ansiosa para tocar os seios bronzeados.
Diana també m a livrou da camiseta, abraçando-a, unindo os colos... Roçando-os... Os biquinhos se encontravam... As
fricçõ es aumentavam...
Estavam quentes...
A Calligari desceu as mã os até a cintura da mulher, puxando-a para mais perto... Colocando uma das pernas sobre a
dela... Assim o contato seria mais intenso... Mesmo ainda tendo o tecido entre elas...
Diana icou surpresa ao sentir as mã os que també m a abraçavam, agora, empurrá -la, tentando manter distâ ncia do
toque.
-- Disse que nã o iria lhe dar nenhum tipo de prazer... Nã o enquanto me tratar como uma adolescente boba... Nã o
quando nã o começar a me tratar como sua mulher, como sua dona... – Falou sem fô lego.
-- Disse que conversarı́amos depois sobre isso... – Lembrou-a por entre os dentes. – Esqueça disso agora... – Cobriu-
lhe a mã o, segurando-a irme, levando aos lá bios, virando-a para cima, depositando um beijo em sua palma, enquanto nã o
deixava de encará -la. – Agora, apenas, permita que mate a saudade de te ter pra mim...
Aimê sabia que precisava ser irme com a princesa, pois se sempre cedesse à paixã o, seria sempre tratada como
uma criança.
Já abria a boca para protestar e deixar claro que nã o se entregaria, quando viu a lı́ngua da major lamber seu
indicador...
Fazia-o sem parar de mirá -la... Fazia-o como se estivesse a degustar uma iguaria rara e sagrada...
Prendeu-o entre os dentes... Depois chupou-os... Fê -lo como se estivesse a tratar de uma fruta que quanto mais se
suga, mais gostosa ica...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 660/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sem esperar pela con irmaçã o da esposa... Levou os dedos que que chupavam aos seios, depois seguiu com eles até
o pró prio sexo...
A Villa Real sentiu o tecido da roupa da princesa e logo o contato com a pele molhada e escorregadia...
Atrevida, a major usava o indicador da esposa dentro de si... Conduzindo-o... Fazendo-o mexer em seu interior...
Diana colou os lá bios em seu pescoço... Beijando-o... Mordicando sua orelha... Sussurrando:
-- Você ainda nã o viu nada... – Mexeu o quadril de encontro ao toque. – Nã o para... – Ordenou.
A ilha de Otá vio ouvia a respiraçã o acelerada da amada... Sentia os dentes cravar em sua pele... Sentia-a ir contra
sua mã o com mais impetuosidade...
Decidiu juntar mais um dedo a invasã o que agora estava por sua conta.
A major rugiu como uma fera ao senti-la mais forte, mais fundo...
Aimê segurou as madeixas longas para mantê -la cativa, os rostos pró ximos.
Miraram-se demoradamente.
-- Ainda sou uma adolescente? – Retirou os dedos, penetrando-a novamente em seguida. -- Ainda sou uma pirralha?
Uma birrenta? Uma mimada?
Diana cravou as unhas nos ombros da esposa, enquanto sentia o desejo prestes a explodir em um prazer total e
destruidor...
-- Fala... Quero que seja arrogante agora... – Aimê a instigava, sabendo que logo ela se perderia totalmente. – E por
mim que enlouquece, princesa, é por uma adolescente...
O grito alto foi sufocado pelos lá bios da Villa Real que a beijou com sofreguidã o.
Deteve-lhe os movimentos que nã o cessaram em seu sexo... Segurou-lhe a mã o, apertando-a, enquanto ainda estava
mergulhada na escuridã o do prazer.
As lı́nguas se procuravam em perfeita sincronia, onde pareciam ensaiadas para aquele ato....
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 661/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Encararam-se...
Antes que a Villa Real pudesse falar algo, a morena se levantou e logo a tomava pelo braço.
Ficaram de frente.
Mediam-se...
A Villa Real a apertou mais forte, colocou uma das pernas entre as da amada.
A major desceu as mã os até o quadril da jovem, baixando a calcinha. Até o meio das coxas. Em seguida, estendeu as
carı́cias pelo pescoço, mordiscando-o...
Ouviu o gemido da ilha de Otá vio quando os beijos foram distribuı́dos pelo colo, dando maior atençã o à quela
parte.
-- Adoro seus seios... Sou louca por eles... Enlouqueço quando os tenho na minha boca... – Dizia nos intervalos das
chupadas. – Sã o meus? – Questionou, sugando-os com mais vigor.
Aimê passava as mã os pelas madeixas negras, alisando-as...Sentindo o prazer crescer em seu ı́ntimo.
-- Sim, meu amor, eles sã o seus... Seus... Seus para que se deleite e me façam enlouquecer quando os tocam... –
empinou para ela, mostrando-os, entregando-os.
Diana continuou tocando-os, enquanto seus dedos passeavam por toda a pele do abdome, enquanto seus dedos
apertavam os montes redondos...
Usou a perna direita para terminar de livrá -la da calcinha, livrando-se també m da pró pria.
Seguiram até a esteira, onde a major deitou a amada, posicionando-se sobre ela, apoiando-se nos braços.
Aimê dobrou os joelhos, abrindo-se para que a herdeira de Alexander se acomodasse entre eles.
-- Sim... Você é uma mimadinha... Uma birrenta... Uma adolescente... Uma pirralha...
A Villa Real se irritou ao ouvir as palavras, tentando se levantar, mas Diana lhe segurou os pulsos sobre a cabeça.
-- Solte-me! – A garota exigiu. – Nã o permitirei que me trate assim e ainda queira fazer amor comigo...
Aimê mais uma vez tentou se livrar das mã os que a prendiam, poré m foi uma tentativa em vã o.
-- Deixe-me...
A Calligari continuou a sorrir, enquanto esfregava-se com mais ı́mpeto... Deslizava... Deslizava... Alternava entre
movimentos e nã o demorou para incitá -la com a coxa...
A Villa Real cerrou os dentes para nã o se permitir exprimir a satisfaçã o que seu corpo sentia com a forma que a
major se mexia...
Os tambores já começavam a ser ouvidos a saudar o novo dia... E embalavam a dança primitiva...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 662/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Ceda, eu sei que você quer... Sei que me quer tanto quanto te quero... Está me enlouquecendo com essa
resistê ncia... – Dizia em loucura. – Aceite o meu presente. – Inclinou a cabeça, tomando os seios possessivamente.
Aimê via a lı́ngua brincar com o mamilo que já estava dolorido, ansiando pela concretizaçã o da paixã o.
-- Nã o farei amor contigo...—Dizia com a respiraçã o acelerada. -- Nã o, enquanto continuar a me tratar como se fosse
uma adolescente irresponsá vel...
Mesmo que negasse, já sentia o corpo embalar o mesmo ritmo da outra... Já percebia os apelos maiores...
-- Entã o nã o vamos fazer amor... – Soltou-lhe as mã os e rapidamente se posicionou com a cabeça entre as pernas da
esposa.
Aimê aproveitou que estava livre para se levantar, mas apenas conseguiu sentar, tendo que se apoiar nos braços,
pois logo sentia a boca da morena devorando o centro do seu prazer.
A major sorriu, mas nã o parou de tocá -la, mesmo quando a sentiu pressionar as coxas em sua cabeça.
Gemeu...
Fitou-a...
A major a itou, mas nã o parou e logo usou um dedo para se juntar aos movimentos.
A jovem ouvia o barulho dos lá bios contra sua carne... Via os olhos em sua direçã o...
-- Você é tudo o que eu disse, mas isso nã o me faz te amar menos... Ou te faz ser inferior... Apenas precisa tomar
cuidado com suas açõ es – Dizia, enquanto sentia os espasmos dela. – Eu te amo muito, Aimê , sou perdidamente louca por ti...
Eu jamais me perdoaria se algo de ruim te acontecesse...
O orgasmo poderoso dominou a jovem Villa Real que se perdeu naquela deliciosa sensaçã o de abandono.
Ouvia as vozes lá fora e ao se virar, deparou-se com a esposa dormindo ao seu lado.
Mirou a face bonita e icou a pensar como mais uma vez se mostrava totalmente entregue à quela mulher.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 663/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Tocou lentamente...
Seu corpo ainda trazia os resquı́cios dos deliciosos toques... Mais uma vez se entregaram naquela madrugada fria...
A Calligari parecia incansá vel quando se tratava de fazer amor... Quando se tratava de lhe satisfazer totalmente...
Nã o demorou para os olhos negros se abrirem, junto com um enorme sorriso.
-- Bom dia...
Os olhos da morena estavam nos seios expostos da ilha de Otá vio que nã o pareceu se importar com o fato.
-- Você é safada!
-- Contigo... – Esticou o braço, tocando o mamilo tugido. – Fico mais safada quando se trata de ti... – Brincou com o
mamilo.
-- Quero que seja safada apenas comigo... – Mordiscou o lá bio inferior. – Nã o aceitarei que outras se aproxime.
-- Nã o quero que me chame assim ou de adolescente... E como se eu nã o fosse uma mulher...
-- De onde tira essas bobagens, hein? – Colocou o cabelo dela por trá s da orelha. – O fato de chama-la assim, nã o lhe
tira seus mé ritos de ser uma mulher maravilhosa e minha esposa.
-- Nã o gostei de como falou comigo lá na loresta... Eu iquei desesperada, passei todos aqueles dias em desespero...
Pensando que algo de ruim tivesse acontecido...
-- Aimê ... – Usou o polegar para tocar o lı́quido salgado. – Você nã o tem ideia de como entrei em desespero quando
vi aquela onça partir em sua direçã o... Eu teria enlouquecido... A selva é um lugar muito perigoso, ainda mais para algué m
inexperiente... – Beijou-lhe os olhos. – Preciso que obedeça... Sei que nã o é muito da sua natureza e prometo que quando
estivermos na civilizaçã o, poderá ser totalmente livre... mas aqui nã o...
A Villa Real respirou fundo, enquanto tocava os trê s pequenos só is tatuados no seio da amada.
Mesmo que a ilha de coronel nã o tivesse familiaridade com o dialeto, conseguiu entender o que diziam.
-- Você matou o Crocodilo? Como foi capaz de ter a vida desse homem em suas mã os? Deseja se igualar em maldade
com meu pai ou a esse bandido?
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 664/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ouvia as vozes lá fora e ao se virar, deparou-se com a esposa dormindo ao seu lado.
Mirou a face bonita e icou a pensar como mais uma vez se mostrava totalmente entregue à quela mulher.
Tocou lentamente...
Seu corpo ainda trazia os resquı́cios dos deliciosos toques... Mais uma vez se entregaram naquela madrugada fria...
A Calligari parecia incansá vel quando se tratava de fazer amor... Quando se tratava de lhe satisfazer totalmente...
Nã o demorou para os olhos negros se abrirem, junto com um enorme sorriso.
-- Bom dia...
Os olhos da morena estavam nos seios expostos da ilha de Otá vio que nã o pareceu se importar com o fato.
-- Você é safada!
-- Contigo... – Esticou o braço, tocando o mamilo tugido. – Fico mais safada quando se trata de ti... – Brincou com o
mamilo.
-- Quero que seja safada apenas comigo... – Mordiscou o lá bio inferior. – Nã o aceitarei que outras se aproxime.
-- Nã o quero que me chame assim ou de adolescente... E como se eu nã o fosse uma mulher...
-- De onde tira essas bobagens, hein? – Colocou o cabelo dela por trá s da orelha. – O fato de chama-la assim, nã o lhe
tira seus mé ritos de ser uma mulher maravilhosa e minha esposa.
-- Nã o gostei de como falou comigo lá na loresta... Eu iquei desesperada, passei todos aqueles dias em desespero...
Pensando que algo de ruim tivesse acontecido...
-- Aimê ... – Usou o polegar para tocar o lı́quido salgado. – Você nã o tem ideia de como entrei em desespero quando
vi aquela onça partir em sua direçã o... Eu teria enlouquecido... A selva é um lugar muito perigoso, ainda mais para algué m
inexperiente... – Beijou-lhe os olhos. – Preciso que obedeça... Sei que nã o é muito da sua natureza e prometo que quando
estivermos na civilizaçã o, poderá ser totalmente livre... mas aqui nã o...
A Villa Real respirou fundo, enquanto tocava os trê s pequenos só is tatuados no seio da amada.
Mesmo que a ilha de coronel nã o tivesse familiaridade com o dialeto, conseguiu entender o que diziam.
-- Você matou o Crocodilo? Como foi capaz de ter a vida desse homem em suas mã os? Deseja se igualar em maldade
com meu pai ou a esse bandido?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 665/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari icou parada durante algum tempo, enquanto sentia o olhar acusador sobre si.
Aimê continuava com seu olhar inquisidor, mas a morena nã o parecia apressada em lhe dar uma explicaçã o.
-- Nã o ouse a fazer comparaçõ es desse tipo! – Avisou-lhe com o dedo apontado em riste.
-- Tenho coisas mais importantes para fazer do que ouvir suas acusaçõ es infundadas.
A major já seguia para a porta quando a jovem a deteve pelo braço.
-- Vista-se! – Ordenou.
Diana a viu deixar a oca, permanecendo no mesmo lugar, sabendo que nã o deveria ter falado daquele jeito com a
esposa.
Respirou fundo!
Piatã estava sentado sobre o banco e conversava com a princesa e com Tupã .
O cé u azul...
-- Nã o devem se arriscar tanto. – O velho ı́ndio dizia. – Esses homens sã o terrı́veis, veja o que izeram com o tal
Crocodilo.
Diana se sentou.
-- Precisamos leva-los até o acampamento e lá o exé rcito levará esses miserá veis embora.
Uma bela ı́ndia se aproximou com algumas ervas para cuidar do ombro da princesa.
-- Sairemos daqui a pouco! – Sorriu para a jovem. -- mas quero que deixe a aldeia e siga até a tribo do pajé . – A
morena deu uma pausa ao sentir o machucado arder. – Preciso que me esperem lá ... – Fitou a oca e viu a esposa deixar a
choupana. – Precisa nã o baixar a guarda com a Villa Real, já percebemos que ela é irresponsá vel e inconsequente.
--Nã o deve ser tã o radical... Sabe como ela icou em total desespero imaginando que você tinha sido morta... Eu vi o
sofrimento dela... Sabe que ela nã o hesitaria em dar a vida para salvar a sua.
O marido de Sirena caminhou até a herdeira de Otá vio, enquanto Diana permanecia no mesmo lugar.
-- Ela passou por um momento terrı́vel, ilha, imagine ter que ser usada para torturar a mulher que tanto amo...
Talvez, você esteja muito irritada com algo, poré m nã o deve esquecer de que Aimê esteve disposta a tudo para salvar sua vida.
Diana continuou calada, enquanto observava a jovem que lhe cuidava do ferimento parecer mais dedicada do que o
necessá rio.
Suspirou alto.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 666/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Seria tã o fá cil se nã o amasse tanto a ilha de Otá vio...
Tentou nã o itar a esposa... Tentou nã o notar como a tal mulher que se aproximara parecia mais interessada em lhe
alisar do que cuidar realmente dos seus machucados.
-- Fico feliz que esteja bem e mais feliz em vê -la com luz nesses olhos tã o bonitos. – Tupã dizia a Villa Real,
enquanto lhe tomava as mã os. – Nos encontramos sempre em momentos difı́ceis... Mas, seu espı́rito sempre tem um
entusiasmo que está acima de tudo isso...
Começaram a conversar... Falar sobre trivialidades até que o assunto se voltou para o cruel assassinato de
Crocodilo.
Durante longos segundos, o irmã o da major narrou tudo o que se passara naqueles dias que estiveram fora...
Contando os detalhes do ocorrido...
-- Você é muito simpá tica... Precisa apenas ter mais tolerâ ncia e paciê ncia també m para lidar com a princesa. –
Depositou um beijo em sua testa. – Ficarei um pouco com a minha amada, logo partiremos, quero aproveitar o tempo...
Deveria fazer o mesmo...
Agora a garota já sabia o que realmente se passara entre Crocodilo e a esposa e a consciê ncia da neta do general
pesava mais do que seu peso elevado ao cubo.
Desejou ir até a Diana, mas sabia que nã o era uma boa ideia naquele momento.
Tudo o que se passou nã o foi su iciente para mostrar como aquela mulher cheia de arrogâ ncia e orgulho també m
era dotada de um cará ter ı́mpar?
Quanta dor ela se submetera para salvá -la... Poderia ter nem aparecido naquele lugar, poré m o fez e quase morreu,
mesmo assim nã o desistira, nunca desistira de si...
Fechou os olhos fortemente para deter as lá grimas que desejavam sair, mas ao abri-los, deparou-se com o olhar
poderoso em sua direçã o.
Pelo que ouvira de Tupã , nã o demoraria para que eles seguissem novamente, entã o o melhor era se desculpar por
suas criancices antes que fosse tarde.
Piatã a saudou com carinho, arrumando uma desculpa e se afastando, entretanto a “enfermeira” improvisada nã o
pareceu interessada em fazer o mesmo e fazia o trabalho tã o dedicadamente que parecia ter nascido apenas para ica a alisar
o corpo bonito da pintora.
-- Podemos conversar... – Aimê pediu, tentando esconder o incô modo pela presença da tal nativa.
Via nos olhos tã o azuis o arrependimento, mesmo assim, isso nã o era su iciente para amenizar sua raiva diante das
acusaçõ es.
A comparaçã o com o maldito Otá vio fora um pouco forte de mais para si.
-- Fale...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 667/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Fitou o ferimento no ombro e imaginou que se a pintora nã o tivesse agido rá pido poderia ter sido mortalmente
ferida.
Viu as ı́ndias seguirem para os seus afazeres do dia e muitas levavam seus pequenos ilhos enganchados em seus
quadris, enquanto outros seguiam pegados em suas mã os. Alguns guerreiros já voltavam com suas lanças, traziam peixes e
preparavam o fogo para preparar as refeiçõ es.
Observou Tupã ao lado da esposa a alguns metros dali, via o sorriso bobo do chefe e como parecia apaixonado pela
bela mulher...
Nã o havia dú vidas que a Calligari e o guerreiro dividiam o mesmo sangue, pois ambos eram muito parecidos em
alguns aspectos, principalmente no tocante a se mostrarem tã o arredios e brutos, mas na verdade, tinham aquela
sensibilidade de estar sempre a se preocupar pelo outro, mesmo que izessem de tudo para mesclar essas qualidades com o
sarcasmo e a arrogâ ncia.
-- Peça para que ela saia... – Pediu de forma hesitante. -- Assim poderemos conversar, Diana.
Os olhos negros mais uma vez a miraram demoradamente, depois izera o que fora dito.
Assim que icaram sozinhas, Aimê agachou diante da esposa, tomando para si a funçã o de cuidá -la.
As mã os delicadas molhavam a ferida com as ervas que estavam na cuia. Fazia tudo com grande delicadeza.
A pintora a observava desempenhar a funçã o, observava a forma gentil que ela agia e nã o demorou para que seus
olhares voltassem a se encontrar.
-- Eu acho que sou realmente uma mimada... – Disse em um io de voz. – Uma adolescente que age
inconsequentemente e sempre segue pelo caminho errado... – Engoliu em seco. – Você nã o merecia as minhas acusaçõ es, na
verdade, você nã o merece nada do que viveu... – Desviou o olhar por um momento, mas depois a mirou de novo. – Talvez,
minha famı́lia e eu nã o sejamos realmente uma boa referê ncia a ti... – Os dedos longos tocaram o V que se desenhava
cruelmente em seu abdome. – Você é melhor do que todos nó s... E eu continuo sendo uma boba que nã o espera que me diga o
que se passou e já saio tirando as minhas conclusõ es precipitadas...
Desejou secá -las com seus lá bios... Mas acabou icando quieta...
-- Achou mesmo que eu sou uma assassina fria e cruel? – Indagou por entre os dentes. – Saiba que eu teria sim
matado seu pai com as minhas mã os... Teria feito... Nã o hoje, mas naquela é poca, nã o teria medido as consequê ncias dos meus
atos... E confessarei també m que tive vontade de trucidar o Crocodilo por tudo o que ele te fez passar... Por saber que ele
ousou a te bater... – Tocou-lhe a face rosada. – Desejei feri-lo e muito... mas sabia que se eu desejasse um novo rumo para a
minha vida, precisaria agir com justiça e eu tentei fazê -lo... – Levantou-se incomodada e sua forma brusca fez ir ao chã o a cuia
que a esposa segurava.
Aimê permaneceu acocorada, sabia e via a raiva nos olhos negros e isso era algo que a feria em demasia.
-- Diana...
-- Nã o acho que devamos conversar sobre suas impressõ es ao meu respeito nesse momento... – Interrompeu-a
friamente. – Você icará mais uma vez sob a proteçã o de Piatã , con io nele e sei que cuidará de ti... Entã o comporte-se e nã o
faça nenhuma loucura... Pois se algo se passar contigo, será o velho ı́ndio que será castigado.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 668/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Farei o que ele disser... Mas e você ? – Indagou preocupada. – Ainda seguirá atrá s desses homens? Aquele
segurança se mostra ainda mais terrı́vel do que o pró prio Crocodilo... Nã o deve se aproximar dele...
-- Bem, farei tudo para nã o sujar as minhas mã os de sangue diante do desgraçado, nã o quero ser igualado a Otá vio,
prometo que lutarei com um galho de oliveira e uma bandeira da paz, assim nã o correrei o risco de ser uma assassina cruel e
covarde!
Antes que Aimê pudesse falar mais alguma coisa, a princesa se afastou pisando duro, com os ombros e a cabeça
erguidas, mostrando seu total orgulho e arrogâ ncia.
A Villa Real começou a massagear as tê mporas, enquanto sentia mais uma vez como agira como uma idiota...
Lembrou-se de quando fora até a delegacia para prestar uma acusaçã o contra a morena, como fora estú pida e como
ainda era...
Cerrou os dentes.
O que poderia fazer agora para se redimir das terrı́veis palavras que cuspira tã o cruelmente?
Faria o que a esposa ordenou, seguiria com Piatã para onde fosse preciso e rezaria para que tivesse uma nova
chance com a mulher que amava... Uma nova chance para tentar nã o ser tã o idiota novamente.
Aimê preferira nã o insistir em se acertar com a esposa, pois sabia que tudo o que viesse a falar naquele momento
seria totalmente ignorado. A ú nica coisa que izeram, fora uma troca signi icativa de olhar.
Sirena já sabia o que tinha acontecido. A pró pria princesa fora até ela em determinado momento e dissera o quanto
estava irritada e decepcionada com a mulher que amava.
No outro dia, seguiria com Piatã , Alanna e uma escota até a tribo do pajé e permaneceriam lá à espera da pintora.
Talvez tivesse sido melhor ter seguido naquele mesmo dia embora dali.
Permaneceu parada e teve a impressã o que seu cé rebro gostava de estar sempre a reproduzir os momentos que lhe
deram tanto prazer e os que a feriram...
Passara aquele dia, tentando segurá -las, mas agora nã o era mais possı́vel, agora nã o havia mais por que fazê -lo...
Soluçou!
-- E um chá , ele vai te ajudar a dormir, vai poder descansar para a viagem.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 669/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A jovem assentiu, enquanto bebia lentamente o lı́quido, assim que terminou entregou o recipiente.
-- Obrigada!
Sirena a observava com atençã o, nã o se afastando imediatamente. Parecia ponderar, até que começou a falar.
-- Eu conheço a Diana há muitos anos... – Começou tranquilamente. – Sempre tivera aquele ar forte, orgulhoso... –
Esboçou um sorriso. – Lembro de que nunca a vi chorar quando era uma menina... Nem mesmo quando a tribo da mã e a
jogou na selva... Nem nesse dia, ela demonstrou fraqueza... Mas ela chorou por ti... Verteu lá grimas ao imaginar que nã o te
veria mais... Chamava por você em seus devaneios... – Deixou a caneca de lado, tomando-lhe as mã os. – Ela te ama muito, eu
vejo isso naqueles olhos negros e també m vejo o mesmo nos seus...
-- Eu sou uma idiota, uma boba... Talvez eu nã o mereça esse amor...
-- Aimê ... Aimê ... nã o diga essas coisas... Você s se amam intensamente e nã o há quem possa contra esse sentimento.
-- Mesmo que a ame... continuo agindo como uma idiota, foi assim, a acusei injustamente e nem mesmo esperei
para que se explicasse... – Desvencilhou-se do toque. – Eu nã o sei o que me acontece... – Passou a mã o pelos cabelos. – E como
se nã o conseguisse controlar minhas reaçõ es... Como se tudo icasse mais aguçado quando se trata da Diana... – Passou a mã o
pelos cabelos. -- Eu sou culpada por tudo, sabe... Eu fui infantil e tive uma crise de ciú mes quando está vamos na capital... Eu vi
o maldito segurança, suspeitei dele e nã o falei nada, pois o mais importante é fazer birra... – Soluçou. – E isso eu sei fazer
muito bem... Agora, mais uma vez, por minha culpa, a Calligari se arrisca... Entã o, diga-me, esse meu amor é algo bom?
Um dia fora tã o insegura e imatura como a ilha de Otá vio e se sentia angustiada ao imaginar que devido a isso, um
sentimento tã o forte poderia ser interrompido.
Respirou fundo.
-- Querida, o amor nã o é uma histó ria sem dor... Os anciã os quando contam para nó s a histó ria dos nossos deuses,
sempre representam a divindade amorosa como uma criança inconsequente... Instintiva... – Deu um sorriso. – Uma criança
com duas faces... Uma voltada para o passado e outra para o futuro... Mas nunca para o presente... Olha sempre para frente e
jamais para os lados... Uma brinca durante o dia... A outra gosta da noite... Uma se mostra mais branda... A outra mais ativa...
Eu nã o sei se você me entende, mas apenas precisa entender que esse sentimento poderoso que sente nã o é tã o fá cil de lidar...
Nã o há garantias... Ainda mais quando se trata de seres como nó s... Mesmo que hoje nã o comamos mais pessoas, mesmo que a
sua civilizaçã o demonstre a racionalidade... Somos apenas domesticados... Igual um cachorrinho... Aos poucos nossas açõ es
vã o sendo moldadas... Mas quando nos apaixonamos ou icamos com raiva, retornamos para a nossa forma primitiva... –
Tocou-lhe a face. – Tenha paciê ncia... Tudo se resolverá ...
-- Ela te ama... E mesmo que iquem assim, logo esse sentimento vai gritar mais alto e você s poderã o icar juntas...
Sirena viu o sofrimento e as lá grimas correrem soltas e fez a ú nica coisa que poderia ser feita naquele momento.
Abraçou-a forte.
-- Eles pegaram um dos nossos e retalharam em minha homenagem! – A Calligari esmurrou forte a á rvore. – Esse
maldito desgraçado nã o sabe com quem está a mexer.
-- Retire os homens! – A pintora ordenou. – Nã o deixarei que ningué m mais se machuque por minha causa! – Virou-
se para os guerreiros. – Devem voltar para a aldeia ou buscar um lugar que seja seguro.
-- Princesa! – Tupã a chamou impaciente. – Nã o será assim que as coisas irã o se resolver, precisamos sim nos
manter unidos para conseguimos vencer esses bandidos.
-- Você nã o entende! – Ela esbravejou. – Veja o tamanho de crueldade que esse miserá vel é capaz... Poderá agir pior...
E covarde!
-- Por isso mesmo teremos que icar juntos, trabalhar juntos para poder vencer. – Aproximou-se dela, colocando a
mã o sobre seu ombro. – Con iamos em ti, con iamos no treinamento que teve... Entã o pense friamente e nos conduza à vitó ria.
A morena tinha os punhos fechados diante ao lado do corpo. O rosto exibia total in lexibilidade. O maxilar rı́gido, os
olhos estreitados.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 670/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Precisava pensar em uma forma de atrair a todos para o acampamento principal, teria que agir com segurança para
que tudo pudesse dar certo e saı́rem dali com vidas.
Pelo que fora relatado pelo ı́ndio que seguia os passos dos tra icantes. O tal loiro parecia muito esperto e estava
criando um verdadeiro campo de guerra e algumas armadilhas.
Diferente de Crocodilo, o segurança forte contava com o apoio dos membros da gangue. Acreditavam que o rapaz
jovem conseguiria conduzi-los para fora daquele lugar.
-- A Diana é mole... – Dizia em voz baixa. – Ela nã o é a guerreira cruel que deseja demonstrar a todos. – Pegou o
punhal. – Ela é do tipo que se sacri ica pelo outro... – Riu em desprezo. – E apenas uma mulher idiota com ares de grandeza. Se
a matarmos, poderemos sair daqui e viver livres...
-- Ela está com esses miserá veis sujos, está com os selvagens, mas eles nã o se igualam a nó s... Temos armas ainda e
eu tenho um plano... – Cochichou. – Finquem troncos na frente do acampamento, circundando nossos domı́nios. – Deu um
sorriso cruel. – Vamos ver o que a major vai fazer diante disso.
-- Acho que uma sucuri ilhote está por perto! – Disse ao encarar o irmã o. – Espero que nã o tenhamos problemas
com ela.
Tupã demonstrava um olhar de preocupaçã o, mas nã o parecia ser esse o motivo.
-- O que houve?
-- Venha comigo!
A morena o seguiu.
Passaram todo o dia, buscando disfarçar os caminhos que levavam até as aldeias que tinham por aquela parte, pois
temiam que conseguissem chegar até lá e causasse um problema terrı́vel.
-- Que espé cie de demô nio é esse? – Passou as mã os pela cabeça. – Ele vai matar cada uma daquelas mulheres... Ele
vai sacri icá -las... – Voltou a usar o binó culo.
Havia cinco troncos como os que a major icara e em cada um deles, as prostitutas tinham sido amarradas.
-- O que vamos fazer agora? – Questionou ao guerreiro. – Nã o duvido que ele fará o que promete.
-- Nã o podemos perder a cabeça... Ele está fazendo isso porque encontrou fraqueza em ti, ele sabe que se preocupa
com essas pessoas...
-- O que faremos? Amanhã essas pessoas precisam estar no acampamento... Será a chance que teremos.
Diana ponderava.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 671/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- E se causarmos uma distraçã o... Eles nã o tê m muita muniçã o... També m nã o acredito que aquele idiota seja muito
inteligente... Podemos trazer o exé rcito até aqui...
-- Nem por uma causa nobre? – Torceu a boca em desdé m. – Precisamos de algo, Tupã , precisamos de algo.
As tribos tinham um respeito grande por todos os seres que habitavam a loresta e só os matava por necessidade
mesmo, jamais por diversã o.
-- Conheço pessoas que podem fazer sons interessantes... Imitaçõ es bem perfeitas... Tanto que temeria atrair os
bichos aqui.
Diana pareceu surpresa com o que ouvia, mas o sorriso do guerreiro lhe transmitiu segurança.
Já era de manhã e os homens se reuniam para tomar um pouco de café que ainda tinham.
-- Nã o devem baixar a aguarda. A Diana nã o vai desistir, vai vim aqui e tentar salvar essas putas.
-- O que está acontecendo? – Um dos homens questionou preocupado. – E como se estivé ssemos sendo cercados
por esses animais. Vamos sair daqui...
-- Fiquem nos seus postos! – Ordenou. – Ningué m fará nada que nã o seja por minha ordem.
-- Nã o sejam idiotas, iquem nos lugares de você s... – Esbravejava. – O exé rcito está aqui... Temos que nos defender
ou iremos presos.
Os barulhos se tornaram maiores e nã o demorou para que o grupo começasse a correr, temendo que fossem pegos
desprevenidos.
Ele estava com a arma em punho, apontando-a cegamente para todos os lados.
As prisioneiras imploravam para que as soltassem, mas o bandido nã o parecia muito interessado.
Começou a chamar pelos homens, mas nã o recebia resposta e os rugidos també m haviam cessados.
De repente uma lecha cravou em seu punho e ele acabou por soltar o revó lver.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 672/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nos reencontramos!
-- Tente pegá -la e eu terei a desculpa perfeita para acabar de uma vez por todas contigo.
-- Vem! – Chamou-o. – Bate em mim! Só que agora eu nã o estou amarrada a um tronco.
De novo, ele partiu para cima, Diana fechou a mã o com tanto gosto, acertando-o em cheio no queixo.
O impacto foi tã o grande que mesmo o homem sendo forte, cambaleou.
-- Vem de novo!
A princesa conseguia se desfazer das investidas sem di iculdades. Como todos sabiam, ela fora bem treinada.
-- Você deveria lutar como uma mulher... – Voltou a chutá -lo. – Agora ique aı́ e espere que o exé rcito venha te
buscar... – Seguiu até as mulheres e com o punhal, começou a soltá -las.
Diana era descuidada e mais uma vez deu as costas para o inimigo.
O segurança conseguiu pegar a arma e já estava pronto para alvejá -la, quando vá rios tiros foram deferidos em seu
corpo.
A morena se virou e viu alguns soldados ali e logo, o corpo do loiro parecia uma tá bua de pirulito no chã o.
O coronel se aproximou.
Ela o conhecia.
-- Eu acho que todos nó s devı́amos isso a você ... – Fez sinal para que os homens desamarrassem as mulheres. –
Voltará conosco?
O homem assentiu.
-- Se esses homens nã o tivessem chegado, você teria sido covardemente morta.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 673/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Eu acabei me descuidando... – Suspirou. – As vezes ico a pensar se as pessoas podem ser ainda mais idiotas... –
Observava tudo ao redor. – Acho que estamos livres.
-- Mandarei que meus guerreiros limpem a regiã o... Seguirei contigo até a tribo do pajé .
Nunca tivera a chance de conhecer a mã e e icava a pensar se ela parecia com o guerreiro ou consigo...
Quando soubera daquele vı́nculo, icara irritada... Pois se sentira trocada pela mã e... Mas no decorrer daqueles dias,
aprendera a admirar o jovem chefe.
-- Naquele dia que estive na tribo... Que falei com o pajé , ele me falou... Disse para eu cumprir meu destino... Que o
meu irmã o me salvaria... Fiquei sem entender... Imaginei que estava a falar por enigmas como costumava fazer...
Tupã deu as costas e parecia que iria embora, mas voltou, tomando a major em seus braços, abraçando-a.
Nã o falaram nada... Palavras nã o eram necessá rias naquele momento...
A aldeia do pajé fora o lugar escolhido para comemorar a vitó ria da Calligari e de Tupã sobre os tra icantes.
Os tambores soavam em um ritmo frené tico e nã o só as mulheres, mas també m os homens dançavam em alegria
entusiasmante.
Muitos se sentiram honrados com o convite, ainda mais depois de que Diana fora aclamada como a salvadora da
loresta.
Aimê estava um pouco afastada. Encostava-se a enorme á rvores e via tudo com atençã o, mas vez e outra, seus olhos
azuis eram capturados por outros mais penetrantes.
A major estava um pouco distante e conversava de forma entusiasmada com o pajé , Tupã e outros chefes, a ilha de
Alexander inalmente tivera suas açõ es reconhecidas por seus atos heroicos.
A morena itou a esposa demoradamente, enquanto levava a cuia aos lá bios.
Desde que chegara, nã o trocaram uma ú nica palavra, apenas se olhavam... Olhavam-se...
Observou-a durante todo o tempo e se condoeu por ela está tã o sozinha...
Antes, Piatã passara horas conversando com ela, depois o pajé ... Agora icava apenas a observar tudo sem se
aproximar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 674/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Se se negar é uma falta de respeito com os nossos costumes... – Repreendeu-a com um sorriso. – Prove,
comemore a vida da Diana e do Tupã que voltaram vivos dessa complicada luta.
-- Calma, precisa ingerir devagar... – A ı́ndia parou do seu lado. – Por que nã o foi falar com sua mulher?
-- Ela nã o falou comigo... Nã o tive coragem de me aproximar. – Observou uma das ocas ser arrumado por uma anciã .
– Por que estã o levando lores para lá ?
Havia cinco belas jovens ao lado da fogueira. Elas pareciam entusiasmadas e cochichavam entre si, enquanto olhava
de forma desavergonhada para a major.
Seus trajes eram compostos apenas de uma tanga e os belos seios estavam expostos.
-- Nã o sabia que os povos indı́genas aceitavam essa coisa de mulher se relacionar com mulher sendo uma coisa tã o
natural. – Disse torcendo a boca. – Virgindade... – Relanceou os olhos em té dio.
-- A Diana é uma heroı́na, Aimê , e é uma princesa, isso signi ica que tem poder aqui.
A ilha de Otá vio cerrou os dentes e logo tomou de uma vez o conteú do da cuia.
Sirena pareceu estupefata, ainda mais por que aquela bebida tinha um gosto forte.
-- Claro que nã o! – A ı́ndia fez um gesto para que uma mulher se aproximasse e servisse mais caxiri. – Vai deixar a
sua mulher se deitar com outra? – Questionou baixo, quando voltaram a icar sozinha. – Aguentará algo assim?
As pernas longas e bronzeadas estavam de fora. Havia pinturas e penas adornando seus calcanhares. Viu o pequeno
pedaço de tecido que se amarrava em seu quadril... O abdome liso... Os seios cobertos por uma espé cie de sutiã de couro
marrom...
A pintura na face...
Viu-a sorrir alegremente e desejou que aquele gesto fosse dirigido a si.
-- E o que você quer que eu faça? – Passou a mã o pelos cabelos. – Nã o posso chegar na Diana e dizer que nã o
deixarei que se deite com essas mulheres... – Respirou fundo. – Ela nem me quer mais, poxa... Eu sou uma idiota. – Pegou a
cuia e voltou a beber. – Eu nã o acredito que estraguei tudo...
-- Ofereça isso quando chegar o momento de agradar a princesa... Ela vai te escolher.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 675/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- O pai da Diana entregou isso para a mã e dela quando foi embora...
-- Você vai precisar... Ou vai deixar sua amada ser engolida por uma daquelas mulheres...
O olhar da garota caiu novamente sobre a esposa e depois sobre as ı́ndias que devoravam a princesa com os olhos.
A esposa de Tupã pensou se seria uma boa, a inal, a jovem nã o tinha há bito de beber, poré m aquilo poderia lhe dar
coragem.
Entregou-lhe a cuia.
-- Hoje é uma noite muito importante! – Dizia. – Graças a princesa Diana conseguimos sair vitoriosos de uma
batalha que já durava muito tempo...
-- Diana nã o icará , mas sempre que precisar, poderá recorrer ao seu povo... – Fitou a irmã . – Em nome de todos,
peço perdã o... Devemos isso a você ... A sua mã e...
Aqueles dias a izeram perceber quem era realmente a ilha de Alexander e de uma rainha ı́ndia.
Percebera que Sirena icara todo o tempo ao lado da ilha de Otá vio e até beberam do caxiri.
Sabia que era tradiçã o que uma daquelas belas mulheres lhe oferecessem algo em honraria e selasse a uniã o com
uma noite de amor.
Ela usava calça jeans surrada, blusas de mangas longas caı́da nos ombros. Os cabelos estavam soltos.
Linda...
-- A princesa Diana aceitará de bom grado as ofertas e nó s julgaremos a melhor para que aja o prazer... – O
guerreiro piscou ousado.
-- Nã o acho que esse ritual seja interessante, ainda mais por que Diana já está casada... Aimê nã o merece essa
humilhaçã o...
-- Ela precisa reclamar o prê mio, espero que Sirena tenha a convencido a fazê -lo.
As ilhas do chefe das tribos vizinhas se aglomeravam em oferecer as honrarias à princesa. Cada uma tinha um
benefı́cio maior e uma beleza mais atraente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 676/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê continuava encostada à á rvore e nem sabia o quanto da bebida indı́gena já tinha provado, mas sabia que
aquele lı́quido tinha aguçado seus sentidos e seus sentimentos, pois naquele momento, o ciú me turvava totalmente sua visã o
e imaginar que a esposa dormiria com uma daquelas mulheres, chegava a se comparar a uma dor fı́sica.
Os olhos azuis nã o abandonavam a pintora e percebia como ela parecia feliz por ter sido reconhecida e perdoada
por todos...
Desejou estar ao lado dela... Desejou abraçá -la e participar daquele momento, mas a ú nica coisa que fez foi levar a
cuia aos lá bios novamente.
-- Mas isso embebeda? – Questionou surpresa. – Pensei que fosse uma espé cie de chá ... Sei lá ...
-- Acho que a Diana vai se sentir decepcionada... Ela nã o para de olhar para as tais oferendas... Deve ter gostados
dos peitos delas... – Relanceou os olhos em irritaçã o. – Eu quero voltar para a minha casa, sabe, para a minha vida... Nã o, eu
nã o posso continuar vendo isso... Vou enlouquecer...
Diana já icara ciente do que ganharia ao escolher cada uma das belas mulheres.
-- Mais algué m tem uma oferta para a princesa! – Sirena disse ao entrar no cı́rculo. – Ela deseja participar disso...
-- Ela tem o meu total apoio, já disse, e isso basta, a inal, sou a esposa do chefe!
A Calligari observava tudo com atençã o, ainda mais a expressã o da esposa que tinha o rosto esfogueado.
Desde que retornara, nã o trocaram uma ú nica palavra e vê -la ali para reclamar sua posse era algo excitante e
atrevido de mais para os padrõ es da ilha de Otá vio.
Viu-a respirar fundo e seguir até Tupã para oferecer seu prê mio e se nã o fosse o guerreiro, ela teria se
desequilibrado ao tropeçar em uma pedra.
Fitou o corpo bonito e mais uma vez sentiu aquele desejo primitivo por ela...
-- Aimê tem um broche em formato de sol... – Tupã mostrava a joia. – Fora presente do general Alexander Calligari
para a rainha do Sol...
Encarou a esposa e viu o brilho nos olhos azuis, viu como estavam temerosos... O rosto mais corado do que de
costume...
-- Nã o esqueça, princesa, que o que rejeitar nã o poderá voltar a ser seu... – Tupã avisou. – Diga qual vai ser a sua
escolha? Tome-a para si.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 677/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A morena beijou cada uma bem perto dos lá bios, mas quando chegou diante da esposa fora diferente.
Sirena se aproximou.
A Villa Real mordiscou o lá bio inferior, enquanto era conduzida pela ı́ndia.
A Calligari tinha nas mã os o broche, olhava-o e icava e sentia uma emoçã o enorme ao senti-lo... Era como se
houvesse uma parte dos pais...
Aimê tinha os olhos arregalados, enquanto ouvia os detalhes de como deveria se comportar diante da princesa.
Sentia o corpo sendo lavado por duas anciã s, enquanto Sirena a itava.
-- Aimê , precisa ter a mente mais aberta... Acredite que isso vai lhe dar um prazer tremendo... – Sorriu. – Vá rias
vezes fui o prê mio do meu marido e sempre lutarei para ser...
-- Eu nã o sei... A Diana está com raiva de mim... Tem mais daquela bebida? Quero mais...
-- Mas e a Diana...
-- Esqueça a Diana por umas horas e se entregue a princesa... O icialmente você é da princesa indı́gena, da princesa
que está sendo reconhecida por todos...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 678/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Hoje, você se tornou maior e melhor do que eles. – O velho sussurrou em seu ouvido. – Agora, consigo sentir a
vida pulsando em você ... A pequena guerreira de olhos negros é uma mulher de coragem e cará ter enorme...
-- Obrigada... Obrigada por sempre ter estado presente na minha vida... Mesmo quando eu agia errado...
-- Sempre foi e sempre será a minha princesa... – Fez um gesto para oca. – Aimê é muito valente, mas ainda é
jovem... Tenha paciê ncia...
Sentia o corpo leve... A bebida lhe relaxara... Mas nã o o su iciente para adormecer seus sentidos...
Sentia-se bem, como se sua missã o naquelas terras tivesse chegado ao im e agora pudesse seguir... Deixar para trá s
tudo o que passou...
Parou na entrada...
A ilha do homem que mais odiara em toda sua vida estava de costas para si...
A cabana tinha aberturas no teto e era por lá que a luz do luar adentrava e iluminava a escuridã o...
Uma blusa que lhe cobria os seios e era presa nas costas... um minú sculo short...
As pernas longas e torneadas... As ná degas bem-feitas e mal cobertas... Cintura... Costas...
Encararam-se sem pressa... Como se naquele momento nada mais importasse a nã o ser aquele olhar...
Diana deu mais alguns passos e assim que o fez, uma porta improvisada fora colocada na oca por dois guerreiros.
-- Sente-se, princesa... Deixe-me banhá -la... – Aimê apontou para o tronco que servia de banco.
-- A Sirena te convenceu a participar disso? – Questionou baixo. – Está se sentindo bem? Está muito corada. – Usou
o polegar para acariciar sua face. – Está quente...
-- Acho... Acho que foi o cariri que me deixou assim... Um pouco tonta...
-- Nã o deveria ter bebido... Para quem nã o tem familiaridade é uma bebida forte.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 679/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari mordiscou o lá bio inferior demoradamente e os olhos de Aimê pareciam fascinados pelo ato.
-- Amanhã voltamos para casa... Acho que precisamos dormir... O caminho é longo...
-- Deve estar muito cansada... Foram dias difı́ceis... – Levantou a mã o para lhe tocar o ombro, mas hesitou, fechando-
a ao lado do corpo. – Deixe-me ajudá -la a banhar e depois poderá descansar...
-- Sentirá falta das escassas roupas de princesa? – Posicionou-se por trá s dela para soltar os trajes.
-- Fico a imaginar Alessandra Calligari em uma exposiçã o... Algué m prestaria atençã o em outra coisa a nã o ser na
sua beleza...
A major sentiu a respiraçã o da Villa Real em seu pescoço e os dedos delicados passearem por sua pele...
Diana sabia que a jovem estava a se culpar pelas cicatrizes que já começavam a se formar em suas costas.
-- Sabe, Aimê ... – Começou baixinho – Se nã o fosse a sua coragem em seguir as ordens do Crocodilo, provavelmente
eu nã o estaria aqui agora...
A major se sentiu livre da parta de cima e logo a sentia se agachar para fazer o mesmo com o resto.
Talvez fazer amor nã o fosse uma boa ideia, poré m era aquilo que seu corpo já implorava naquele momento.
Ainda tinham muito que conversar, muitos pontos a esclarecer... Mas ela era seu espó rio... Seu prê mio por aquela
noite... Por toda a vida...
Encararam-se novamente.
Ela era cuidadosa, pois sabia que havia algumas feridas que necessitavam de cuidado...
Lavou os quadris...
-- Porque eu nã o sei se sobreviveria ao saber que estava nos braços de outra... – Levantou a cabeça, itando-a. –
Acho que sou terrivelmente ciumenta...
A jovem voltou a lavá -la... Descendo para as pernas, panturrilhas... pé s...
Diana segurou os cabelos, para que a garota pudesse lhe cuidar do pescoço.
Posicionou as mã os nas laterais, enquanto falava bem perto do seu ouvido.
-- Nã o... – Virou-se para ela. – Desde que senti seus lá bios nos meus... Desde que mirei esses olhos tã o intensos...
iquei presa em ti... Sua...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 680/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Quando retornarmos... Quero que pense na possibilidade de ser realmente minha mulher... Quero ter o seu nome
unido ao meu... Quero uma famı́lia contigo... Se me aceitar, claro... Se for essa a sua vontade...
-- Nã o preciso pensar... O que mais quero nesse mundo é ser sua esposa diante de todos...
-- Nã o deseja pensar um pouco? Ainda é muito jovem... Pode querer viver outras emoçõ es... – Arrumou-lhe o cabelo.
-- Quero ser sua mulher... Essa é a emoçã o que desejarei viver todos os dias... E o fato de ser sua esposa nã o me
proibirá de fazer outras coisas...
Diana lhe beijava o pescoço e a ouvia balbuciar seu nome... Mas logo a amada icou em total silê ncio.
Sorriu.
Beijou-lhe os lá bios, depois se deitou ao lado dela... abraçando-a... Ajustou-a sobre seu peito... Acariciava as costas...
os cabelos...
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 681/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Notas do autor:
Os sons matutinos já podiam ser ouvidos, mas a aldeia ainda nã o estava totalmente banhada pelo sol.
Ainda se via no grande pá tio o resto da fogueira... As cinzas de uma noite de comemoraçã o... De renascimento... De
paz com um passado turbulento e con litante.
O pajé fazia suas oraçõ es e puri icava aquela terra com seus câ nticos...
Mirava o cé u e agradecia pela grande vitó ria que caı́ra sobre todos...
Ajoelhou-se, baixou a cabeça... Beijou aquele chã o tã o protegido e amado por todos...
Diana despertou lentamente... Temerosa... Tinha a impressã o que ainda estava sobre os galhos das á rvores...
Tinha acabado...
Cerrou os dentes...
Sua mã o descansava possessivamente na cintura da amada e sua cabeça repousava em seu pescoço esguio.
Aimê ...
Teria passado por tudo quantas vezes fosse necessá rio... Teria ido até o im do mundo para salvá -la...
Amava-a in initamente...
Estavam deitadas de lado... Começou a acariciar os quadris macios... Desceu até a coxa...
Fechou os olhos...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 682/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o conseguira dormir direito... Pois icara todo o tempo aproveitando por estar com a mimadinha e por ela está
bem.
Passara por tantas coisas naqueles dez anos que agora só desejava construir uma vida ao lado da esposa...
Precisava torna-la sua esposa diante das leis dos brancos... E mesmo que soubesse nã o ser tã o fá cil a convivê ncia,
lutaria dia a dia para que esse amor que sentiam só aumentasse.
Como fora se apaixonar pela ilha do homem que destruı́ra sua vida?
Precisava se levantar...
Poderia ter seguido com o exé rcito, mas achava melhor ir ao encontro da Villa Real... Mesmo ainda nã o tendo
digerido direito a acusaçã o que recebera...
Sentou-se!
Espreguiçou-se!
Levantou-se.
Sua vida de ı́ndia icaria em suas lembranças... Já izera as pazes com seu passado, agora teria que viver o seu
presente... Sua mã e e seu pai estariam orgulhosos de si naquele momento?
Pegou a camiseta preta, a calça em estilo militar que se moldava as suas pernas malhadas...
Calçou as botas.
Passou a mã o pelos cabelos longos, viu o broche...Tomou-o em suas mã os... Fora presente de Alexander...
-- Diana...
Guardou a joia no bolso, terminou de arrumar o calçado e logo seus olhos se voltaram para a Villa Real.
Umedeceu os lá bios demoradamente... Sentia-os secos... Entreabriu-os, deixando a mostra os dentes alvos...
-- Bom dia! – A major a cumprimentou com um sorriso, enquanto terminava de se arrumar. – Sei que o sono está
maravilhoso, mas temos que seguir nosso caminho.
Aimê fez um gesto de assentimento com a cabeça e sentiu o latejar nas tê mporas.
Massageou-as.
Observava tudo com atençã o, enquanto a pintora arrumava a mochila e tirava uma roupa para a garota usar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 683/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Na verdade, ela nã o recordava de nada que se passara na noite anterior... Sua memó ria estava turvada. Recordava-
se de ter visto a morena entrar na oca... Mas nã o conseguia saber o que se passara depois daquilo.
Levantou-se e se nã o fosse a esposa que se aproximara rapidamente, ela teria caı́do.
Encararam-se novamente.
Os olhos azuis eram tã o intensos... Pareciam desejosos de mergulhar no grande mar negro...
Sentiu as mã os dela em sua pele... Os dedos longos e calejados dos dias de batalhas intensas...
-- Amor, nã o deveria ter bebido tanto caxiri. – Repreendeu-a. – Sente-se mal? – Indagou preocupada.
Aimê nã o pareceu interessada em se afastar. Ainda mais por sentir aquelas mã os em sua cintura...
-- A sua voz ica ainda mais sensual quando me chama de amor... – Disse eu um sorriso nervoso. – Eu nã o imaginei
que essa bebida fosse tã o forte... Nem mesmo sei o que se passou ontem... – Mordiscou o lá bio inferior. – Eu devo ser o pior
prê mio que algué m poderia escolher... Bê bada...
Viu-a abrir a boca, mas as palavras nã o saı́ram de imediato... Entã o a lorista fez novamente e vociferou seus
pensamentos.
-- Desculpa...
Sabia que se ela nã o tivesse dormido, teria a amado loucamente... Seu corpo reagira rapidamente à visã o da ilha de
Otá vio...
-- Eu ainda quero meu prê mio... E assim que tiver a chance, irei cobrar... Quanto ao caxiri ou cariri... – Riu. – Pre iro
que beba em pequenas quantidades...
A morena meneou a cabeça e depositou um beijo rá pido em seus lá bios.
Quando ela já se afastava, a Villa Real a deteve pelo braço, trazendo-a para bem pró ximo de si.
-- Desculpe-me... por tudo... – Cerrou os dentes. -- Eu te amo...Amo muito... Se me aceitar novamente, tentarei ser
menos infantil... Menos estú pida... Menos boba...
A morena segurou-a pela nuca, colando os lá bios aos dela com uma paciê ncia in inita.
Prendeu-a...
Chupou...
Dançou junto a ela e gemeu ao senti-la lhe sugar com mais vigor...
A lorista se aproximou ainda mais... Desejando senti-la ainda mais forte. Os seios se batiam... As pernas se
enroscavam... A jovem encostou o quadril ao dela...
Movia-se sutilmente...Mas logo a Calligari se afastou alguns centı́metros, mesmo diante dos protestos.
-- Nã o... Só de te ver entrar... – Suspirou. – E como se houvesse uma né voa em meu cé rebro...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 684/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana lhe segurou a mã o, levando-a aos lá bios, beijando cada um dos dedos delicadamente.
-- Nã o podemos conversar agora... Mas quero que saiba que te amo e que desejo icar ao seu lado...
Abraçou a esposa!
-- Agora precisamos nos apressar... Nossas famı́lias devem estar em alvoroço por tudo... A caminhada é um pouco
longa...
Diana viu Tupã em seu local, o lugar onde ele costumava fazer seus agradecimentos aos deuses.
Seu irmã o!
Respirou fundo!
Sua mã e voltara por ele e mesmo assim nã o tivera a oportunidade de lhe dizer a verdade...
-- Entã o a major já está pronta para retornar para seu mundo! – Ele virou-se para ela com um sorriso. – Talvez, eu
sinta muito a sua falta...
-- Nesses dias que passamos juntos, percebi que esse povo nã o teria um lı́der melhor, mais valente, mais corajoso...
Só se fosse eu, poré m como tenho minha vida longe daqui... Passo para suas mã os essa responsabilidade.
-- Espero que seja muito feliz, princesa, espero que a vida retribua tudo o que te roubou...
O que teria acontecido se ela nã o tivesse chegado? Como teria escapado?
-- Ela já me retribuiu... – Fitou-o. – Espero que seu ilho com a Sirena coroe ainda mais o amor de você s...—Suspirou
com lá grimas. – Obrigada, Tupã , obrigada por ter ido ao meu resgate... Eu nã o teria conseguido sem a sua ajuda...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 685/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana, Aimê , Alanna e Piatã já estavam prontos para seguirem sua viagem.
Naquela manhã nenhum ı́ndio deixara a aldeia, nem para caçar e nem para pescar, pois a despedida a sua princesa
era uma ocasiã o importante para todos.
Os visitantes recebiam os cumprimentos... Recebiam presentes como cordõ es, pulseiras, brincos e até mesmo o
famoso caxiri...
-- Nã o permita que a princesa se sinta a dona da situaçã o... Ela gosta dos seus desa ios... – Beijou-lhe a face. – Vou
sentir saudades de beber contigo.
A garota pareceu surpresa diante das palavras e ao olhar para a amada, recebeu um gesto de cabeça em
con irmaçã o.
Irmã os?
Mas como?
Antes que pudesse fazer seus questionamentos, foi a vez do pajé se chegar na herdeira de Otá vio.
-- Você foi muito corajosa, Aimê , e fora valente em todos os momentos... Tenho certeza de que a princesa nã o
encontraria uma outra mulher a sua altura... – Abraçou-a. – Terá ilhos com ela... – Sussurrou em seu ouvido. – Terã o uma
famı́lia linda e o passado icará para trá s...
Alguns guerreiros seguiriam com eles. Uma escolta os acompanharia até o barco.
Aimê via tudo com mais atençã o, mais encanto... Observava o imenso verde, ouvia os passos ao pisar no carpete de
folhas secas...
A Calligari fez um gesto para que Piatã seguisse com Alana, enquanto se posicionava por trá s da amada.
A ilha de Alexander se recordou do dia em que deixara a lorista tocar no animal e como fora tocante ver a emoçã o
em seus olhos que ainda nã o enxergavam.
-- Eu nã o sei... – Disse em seu ouvido. – Temos uma in inidade de fauna... Seria difı́cil dizer com precisã o.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 686/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sentia os pelos...
-- E ela, Diana... – Disse com lá grimas nos olhos. – Eu sei que é ...
Ficaram mais algum tempo ali, até que a morena precisou lembrá -la de que deveriam seguir.
A Calligari lhe tomou as mã os e retomaram a caminhada. Acelerando os passos para alcançar os outros.
Seguiam incansavelmente, parando apenas para tomar á gua e comer algumas frutas.
-- Eu gosto desse lugar... – Aimê dizia. – Acho selvagem... Primitivo... Como você ...
-- Queria reclamar meu prê mio... Mas podemos encontrar uma onça faminta e nã o seria eu a devorar você ...
Aimê sorriu.
-- Prometo que assim que estivermos longe daqui... Te darei seu prê mio de uma forma deliciosa... – Piscou ousada.
-- Vã o com Piatã , preciso entrar em contato com o piloto. – A morena ordenou.
Todos assentiram.
A major seguiu até a pequena cabana, sentou-se na cadeira, inclinou a cabeça para trá s, enquanto tentava descansar
um pouco.
O corpo doı́a muito... Aqueles dias foram de grande esforço e nem mesmo tivera tempo de descansar realmente.
Pegou o rá dio e nã o demorou para entrar em contato com o piloto.
-- Estou muito feliz por tudo ter saı́do bem... – Alanna dizia. – Cheguei a pensar que nã o conseguirı́amos...
Aimê e a mulher já tinham banhado e agora estavam sentadas nos bancos, diante da mesa rú stica.
-- Disse que te ajudaria a encontrar seu ilho... Assim que voltarmos para a cidade é isso que faremos... Eu sou muito
grata a ti...
Ficaram em silê ncio por alguns segundos até que questionou relutante.
A Villa Real via o medo naquele olhar sofrido e rezou para que ela pudesse ser perdoada...
-- Nunca devemos desistir do que o nosso coraçã o deseja com tanto fervor... Precisa lutar... Lute com seu amor...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 687/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- A menina está certa... As coisas podem ser difı́ceis... Mas sempre valerá a pena se é o desejo do seu coraçã o...
-- Diana nã o voltou... Nã o sabia que demoraria tanto para executar essa tarefa.
-- Acho melhor você ir lá , ilha! – O ı́ndio pediu. – Ela precisa tomar banho para comer, ainda nã o está totalmente
recuperada.
Viu as crianças brincando, as pessoas sentadas nas portas das humildes residê ncia...
Viu a esposa com a cabeça apoiada nos braços... Ouvia a respiraçã o pesada... Estava dormindo...
Aproximou-se.
Depositou as mã os nos ombros da major... Inclinando-se, beijou-lhe o pescoço... Sussurrando em seu ouvido:
Beijou-lhe o rosto.
-- Estou cansada... Acho que dormirei uma semana completa... – Ajeitou-se para acomodá -la melhor.
-- Quero dormir uma semana... Mas quero acordar todos os dias ao seu lado...
-- Ah, Diana, eu te amo tanto que nã o imagino nada mais perfeito do que icar assim contigo...
-- Amor, o que acha que seus avó s irã o dizer disso? A inal, alé m de ser uma relaçã o que ainda é vista com bastante
preconceito, ainda tem o agravante de eu ser Diana Calligari.
Sabia que nã o seria fá cil... Já imaginava o avô esbravejar... Mas nã o podia abrir mã o da mulher que amava... Mesmo
que amasse muito aquelas pessoas que sempre a protegeram a e amaram durante toda a vida, nã o podia abrir mã o dos
sentimentos.
-- Eu nã o sei... Apenas desejo icar contigo... Eu quero você ... Só você ...
A major assentiu...
Suspirou...
-- Acho melhor irmos embora! – Beijou-lhe a pontinha do nariz. – Preciso dormir um pouco.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 688/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Diana entrou em contato com eles... Foram ao socorro dela e trouxeram vá rios dos participantes dessa má ia. –
Ricardo dizia. – Crocodilo está morto.
-- Mas por que nã o retornaram com eles? – Dinda indagava. – A Diana nã o está ferida e nem a Aimê ?
-- Nã o... Disse-me que estã o bem... Deus, elas estã o bem!
-- Provavelmente Diana deve ter entrado em contato com o piloto... – A empresá ria falava entusiasmada. – Nã o
demorarã o para que retornem...
-- Devemos muito a sua sobrinha, Antô nia! – Clá udia começava. – Devemos a vida da nossa neta a ela... E nã o
saberemos jamais como saudar uma dı́vida tã o grande.
Tinham uma preocupaçã o nova, ainda mais depois que o prefeito gritara alto sobre Diana ter um caso com Aimê .
O general icara possesso, mas a esposa o acalmara e pedira para nã o acreditar em tudo o que o bandido falava, pois
seu ú nico desejo era destruir a todos.
Quando as duas retornassem, teriam que esclarecer aquele assunto, mas naquele momento, apenas a felicidade
reinava ao saber que ambas estavam bem e já retornavam para a casa.
Alanna e Aimê se despediram de Piatã e caminharam até a aeronave, enquanto Diana abraçava o bom amigo.
-- Obrigada por sempre ter estado ao meu lado... Obrigada por aguentar a minha arrogâ ncia e o meu orgulho... –
Afastou-se um pouco. – Obrigada por ter ido até lá ... Nã o sabia o que teria se passado se nã o tivesse chegado e salvado a
Aimê ...
-- Amo você , menina... E como se fosse a minha ilha... Como se corresse em suas veias o meu sangue... – Dizia em
lá grimas. – Agora desejo que possa ser feliz... Desejo que esteja ao lado da mulher que ama...
-- vá , princesa...
Viu a pintora de aproximar com a mochila nas costas, notou quando ela limpou os olhos...
Chorara...
Ela amava aquelas pessoas... Aquele senhor de fı́sico frá gil e sorriso grande e gentil a amava també m.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 689/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Depois do que passaram, agora entendia por que Piatã a tirara de lá ... Se nã o tivesse feito, com certeza nã o teriam
chance de terem sobrevivido.
Diana entrou, mas antes de se acomodar foi falar com o piloto, depois seguiu até onde a esposa estava.
Encarou-a.
Aimê sorriu.
-- Sim... – Acariciou a face, trazendo para mais perto de si. – Poré m agora é diferente... – falou bem perto da boca
dela. – Antes eu queria beijar seus lá bios... Mas odiava querer isso... – Passou a lı́ngua contornando-os. – Agora nã o...
-- Você era uma ogra... – Disse com um sorriso. – Eu imaginava você com uma aparê ncia terrı́vel... Quando abri meus
olhos naquele dia e te vi... Deus... Eu me apaixonei ainda mais...
-- E?
-- Sim... Eu gosto de te olhar... Gosto de ver as reaçõ es que passam por sua face... Esse relancear de olhos quando ica
impaciente... Quando morde a lateral... – Beijou o canto da boca.
-- Eu sempre gostei de te olhar... Seu sorriso... Seus olhos... Mimadinha...Adoro seus olhos...
Aimê sentiu a mã o atrevida subir por sua coxa e por alguns segundos desejou que estivessem sozinhas naquele
lugar.
-- Sim?
-- Preciso que me ajude com a Alanna... Eu prometi ajudá -la... Tem famı́lia... Tem ilho, mas faz tanto tempo que foi
embora e teme ser rejeitada.
-- Nã o se preocupe... Auxiliarei em tudo que for necessá rio... Ela se arriscou muito e poderia ter sido cruelmente
castigada quando foi contra os planos do Crocodilo.
-- Você sempre poderá ... Disso nã o tenha dú vidas... – Segurou-lhe a mã o, levando-a aos lá bios, beijando-a. – E você ?
– Mirou-a. – Quais sã o seus planos para o futuro? O que deseja?
-- Quero você na minha vida... Quero que esteja ao meu lado... E quero estudar muito... Conhecer mais sobre as
lores...
-- Entã o o negó cio da loricultura continua? – Falou com um sorriso. – Nã o serei sua cliente... Acho bastante caro
suas lores...
Aimê gargalhou.
-- Será uma pena para ti... A inal, onde encontrará uma lorista tã o encantadora? – Provocou-a.
A major fez aquela cara de safada que já era bem conhecida.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 690/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A viagem continuou tranquila e elas passaram todo o tempo conversando e fazendo planos para o futuro que
vislumbrava com tanto entusiasmo e esperança.
Vanessa estava parada na sala da enorme mansã o. Dormira lá , pois imaginava que a qualquer momento teria o
retorno das jovens e nã o desejava estar longe quando isso acontecesse.
Uma das empregadas apareceu com uma bandeja de chá , servindo a todos.
-- O que esse homem do exé rcito falou? – Antô nia questionou impaciente. – Por que minha sobrinha nã o retornou
com eles? Tem certeza de que ela está bem? Por que nã o chegaram ainda?
O Villa Real falara com o general e tudo lhe fora passado sobre a operaçã o na loresta.
-- Disse-me que a major nã o quisera seguir com eles, pois ainda tinha outras coisas para resolver... Aimê nã o estava
com ela, pelo que me disse, estava com uma tribo.
A irmã de Alexander se levantou com uma agilidade enorme para sua idade.
Ouvia-se o tic tac do reló gio que marcava quase quinze horas.
-- Ligue para o piloto, Vanessa, hoje mesmo seguirei até aquele lugar e verei por mim mesma o que se passou com a
Alessandra.
Nos ú ltimos dias a amizade entre elas crescera bastante e a iel amiga de Diana se tornara um grande apoio para a
mã e de Otá vio.
-- Eu nã o acho que seja uma boa ideia... – Vanessa começou relutante. – Temos que esperar...
-- Esperar? – A mulher esbravejou. – Nã o con io na Diana no meio daqueles selvagens e se tudo já fora resolvido,
deveria estar aqui...
Antes que algo pudesse ser dito, as grandes portas da sala foram abertas e lá estavam as duas aventureiras.
Clá udia e Ricardo correram imediatamente até a neta, enquanto Diana exibia um enorme sorriso de felicidade.
Mirou a tia e viu as lá grimas presentes naqueles olhos tã o adorá veis.
Antô nia a itou de forma como se desejasse repreendê -la, mas apenas a acolheu forte em seus braços cansados.
A pintora piscou para a empresá ria, enquanto fazia um gesto para que se aproximasse e participasse da acolhida e
fora isso que ela fez.
Havia muitas lá grimas, mas nã o era de dor e sim de felicidade... A felicidade de saber que tudo tinha acabado bem,
que elas conseguiram sair viva daquela empreitada tã o difı́cil.
Aimê via o choro dos avó s e se sentia grata por ter retornado...
Em muitos momentos duvidara disso, ainda mais quando tivera que presenciar as barbaridades que a mulher que
tanto amava passara.
Fitou-a entre os que a queriam tanto e mais uma vez fez uma prece em agradecimento por tudo ter acabado bem.
-- Tivemos tanto medo... – O general dizia. – Medo que nã o retornasse. – Abraçava a neta forte.
A morena se livrou do abraço, mas continuou ao lado da tia e da empresá ria, enquanto Aimê permanecia
protegidamente entre os avó s.
-- Devemos muito a você ! – Clá udia falou para a pintora. – Nem se vivê ssemos mil anos poderı́amos pagar tudo o
que fez por nossa neta...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 691/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Estou disposto a fazer o que for de sua vontade... Sei que errei e mereço ser punido, agora percebo que nada disse
interessa, nã o agora que sei que Aimê está segura...
Recordou-se do pró prio pai... Das suas palavras de conforto... Do abraço aconchegante que nã o podia mais sentir...
Tudo mudara em sua vida depois que se apaixonara pela ilha de Otá vio...
Recordava-se do pajé ter lhe falado que ela nã o vivia naquela é poca que fora ao primeiro resgate da jovem, mas que
agora tudo mudara...
Sim...
Agora só havia um desejo dentro do seu peito... Construir uma vida ao lado daquela garota que parecia tã o infantil
em algumas açõ es, mas imensamente madura e corajosa em outras...
-- Estou cansada de toda essa raiva... Acho que preciso seguir em frente... O passado já foi muito doloroso para
todos...
Mordiscou o lá bio inferior demoradamente, desejando ir até a esposa, desejando abraça-la bem forte e nã o se
afastar nunca mais...
-- Bem, eu acho que nossas heroı́nas precisam descansar... – Vanessa se antecipou. – Um banho... Uma cama... Coisas
civilizadas...
-- Realmente estamos cansadas... – A pintora passou a mã o nos cabelos. – Viemos direto e só paramos para resolver
um problema... Estou com saudade da minha cama...
-- Graças a Deus que nã o me icou com aqueles ı́ndios! – Antô nia lhe beijou a face. – Já estava me imaginando no
meio daquela loresta para icar ao seu lado.
-- Ah, Dinda, você iria amar... Pergunte a Aimê , ela até provou do Caxiri e icou encantada com a bebida...
-- Nã o, pre iro morar por aqui... – Antô nia lhe tomou a mã o. – Vamos, prepararei um banho para ti e poderá me
contar mais sobre sua aventura...
Diana assentiu.
Antô nia seguia lentamente, mas nã o foi direto, parou diante da neta de Ricardo.
Abraçou-a forte.
-- Depois teremos uma conversa... – Sussurrou em seu ouvido. – Mas te adianto que estou muito feliz por vê -la bem,
meu anjo... – encarou-a. – Nã o nego que iquei um pouco irritada de inicio, até culpei-a por minha sobrinha correr perigo,
poré m eu entendo agora a razã o dela ter ido... – Beijou-lhe a face.
Desejou descansar com Diana, mas agora que estavam de volta a realidade, nã o podia, ainda se dar a o luxo de
acompanhá -la...
-- Acho que você també m necessita de um descanso... – Clá udia a abraçou novamente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 692/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Antô nia trocou olhares com a empresá ria que desatou a falar.
-- O prefeito segue preso... Fizemos como você dissera... Será julgado como cumplice do bandido... Alex ainda segue
no hospital... Mas já se encontra fora de perigo...
-- Sim... Pelo que fora apurado, ele sabia de tudo, mas acabou se arrependendo e até tentara alertar Aimê ...
-- Amanhã irei mais a fundo nesse caso... Por enquanto desejo apenas descansar... – Inclinou o pescoço para trá s,
fechou os olhos.
-- E você pretende casar com a Villa Real? – Antô nia questionou. – Um vı́deo das suas aventuras nada ortodoxas fora
mencionado ao general e mesmo que a irmamos que nã o passava de invençõ es descabidas... Sabemos o que realmente se
passa.
-- Tia, eu nã o sei se desejo discutir algo tã o ı́ntimo com a senhora. – Respirou fundo. – Quanto ao conteú do desse
vı́deo... Eu já sou grandinha e Aimê també m para assumirmos nossas responsabilidades.
-- Ah, entã o agora temos assuntos que nã o poderã o ser discutidos? – Indagou irritada. – Pois saiba que desejo saber
quais sã o seus planos, ainda mais depois de tudo o que passaram.
-- Eu a amo... E a quero para mim... Quero tê -la ao meu lado por todos os dias da minha vida...
-- Já falou com Ricardo e Clá udia? Já pensou sobre a menina ainda ser muito jovem para assumir um compromisso
tã o sé rio?
-- Penso nisso sempre e esse é o ú nico motivo para nã o ter decidido o que farei ainda...
-- Eu acho essa coisa de idade uma besteira! – A empresá ria se manifestou. – Conheço gente que tem quarenta anos
e age como criança e parece que nunca vai amadurecer... – Levantou-se. – Aimê te ama, Diana, disso nã o tenho dú vidas, a inal,
quem aguentaria tudo o que se passou, se nã o houvesse amor? Fale com ela, converse, mostre sua relutâ ncia e deixe que ela
decida...
A Calligari assentiu.
Nã o demorou para falarem sobre outros assuntos, em seguida deixaram que a morena descansasse.
-- Ah, ilha, iquei com tanto medo de te perder... – Acariciou os cabelos molhados da jovem. – Rezava todos os dias
para que tudo acabasse bem... Posso imaginar as coisas horrı́veis que passou com aqueles bandidos...
A garota a itou.
-- Eles nã o a machucaram? – Alisou sua face. – Nã o izeram uma maldade dessas?
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 693/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A ilha de Otá vio narrou uma a uma as torturas que tivera que submeter a mulher que amava.
-- Eles queriam feri-la, queriam machucá -las atravé s de mim... – Engoliu em seco. – Eu a feri tanto...
-- Ei, pequena, você nã o teve culpa... A Diana sabe disso... Tenho certeza... – Beijou-lhe a testa. – Precisa se esquecer
desses dias terrı́veis... Tudo já passou.
A mã e de Otá vio itou demoradamente o rosto corado e imaginou o que ela diria.
Naqueles dias, o prefeito izera questã o de gritar para todos o vı́deo com conteú do sexual entre a major e a jovem.
-- Eu sei que é algo estranho... Sei que nã o parece uma coisa certa... – Dizia incomodada. – Mas eu estou apaixonada
por uma mulher... – Passou a mã o pelos cabelos. – Estou apaixonada pela Diana Calligari...
-- Filha, será que nã o está confundindo as coisas? – Tocou-lhe o queixo. – O ú nico rapaz que namorou foi o Alex...
Talvez essa á urea da Diana tenha te fascinado... Eu sei que ela é uma mulher muito bonita... Mas... Você nem parece com essas
mulheres que gostam de se relacionar com o mesmo sexo... E tã o feminina... Mesmo a major nã o parece...
-- Essas coisas nã o tê m nada a ver com aparê ncia... Nã o tem mesmo a ver com sexo... – mordiscou o lá bio inferior
demoradamente. – Tem a ver com algo mais profundo... Com almas... Como se nã o existisse essa coisa problemá tica de
gê nero... Você nã o entenderia... – Meneou a cabeça, seguindo até a varanda aborrecida.
Respirou fundo...
-- Aimê , eu nã o estou te condenando... – Falou baixinho. – Eu apenas quero que tenha certeza do que está fazendo...
-- Vovó , que certeza temos na vida? Nã o existe isso... Seria muito bom que nossas decisõ es fossem sempre as
corretas, seria perfeito que tudo saı́sse como o planejado, mas isso aqui nã o é uma histó ria cujo autor pode excluir uma
palavra que saiu errada ou uma frase mal colocada... – Virou-se para Clá udia. – Nã o existe garantia nenhuma e o que digo é
que se nã o der certo, ica sempre o aprendizado e se guarda os momentos bons dentro do peito...
Diana passou pela porta do quarto da esposa e desejou entrar e falar com ela, poré m tinha algumas coisas para
resolver.
Vestia camisola e robe de seda preta, tinha os cabelos soltos e os pé s descalços.
Nã o acendeu as luzes, deixando que apenas a luminá ria sobre a mesa icasse ligada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 694/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sorriu!
Ouviu batidas na porta e imaginou se seria a tia, mas icou surpresa ao ver a esposa ali.
Mesmo na penumbra, conseguia ver o visgo de preocupaçã o entre as sobrancelhas, mesmo ainda exibindo cara de
sono.
Ela usava roupã o atoalhado e os cabelos que pareciam ú midos, apresentavam algumas ondulaçõ es.
-- Fui até o seu quarto... – Dizia parada na porta. – Pensei que tinha saı́do, mas encontrei Dinda e ela me falou que
tinha dormido e ao acordar veio para cá .
-- Aconteceu algo?
Surpreendendo à esposa, a garota nã o sentou na cadeira, ela deu a volta à mesa, parando de pé diante dela.
O olhar da ilha de Otá vio passou pela tela do computador e viu o e-mail de Marcella.
-- Depois de transar com ela? – Arqueou a sobrancelha em interrogaçã o. -- Como uma mulher vai pra cama com
outra quando está para se casar?
-- Nã o acho isso engraçado, Diana, na verdade acho uma grande safadeza...
A Calligari abriu lentamente a roupa e prendeu a respiraçã o ao vê -la sem nenhuma peça por baixo.
Mirou-lhe os olhos.
-- Costuma andar pela casa só de roupã o... – Mordiscou o lá bio inferior, enquanto passava a mã o pela barriga lisa. –
E perigoso...
-- Nem me toquei desse detalhe... – Disse aborrecida, detendo-lhe os movimentos. – Estamos falando sobre essa
mulher e sua falta de vergonha na cara... – Apontou para a tela do computador.
-- Cliente especial? – Questionou irritada. – Eu nã o acredito que a ver como uma cliente... Transou com ela... –
Fechou o roupã o.
A ilha de Otá vio já se afastava, quando Diana a puxou, fazendo-a sentar em seu colo.
-- Adoro o seu cheiro... – Disse contra o pescoço esguio. – A sua pele é deliciosa... Macia...
A jovem ouvia a voz rouca tã o perto do seu ouvido e aquilo a deixou arrepiada.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 695/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Estamos falando sobre a sua falta de vergonha na cara e nã o sobre mim...
A pintora gargalhou, enquanto levava as mã os por baixo de roupã o, tocando-lhe os seios.
-- Ciumenta!
-- Sim, eu tenho ciú mes, a inal, você é a minha mulher... Minha... Só minha...
Desejo...
Mirou a porta...
-- Eu só quero você ... – Usava uma das mã os para amassar os seios e outra afagava o abdome. – Só você ... – Passou a
lı́ngua pelos lá bios rosados. – Fico excitada diante de tanta possessividade... Eu sou sua... – Apertava os mamilos.
Sentiu os pelos em um desenho sensual e reto, enquanto outra parte se mostrava macia...
-- Diana... Eu quero que me diga que nã o vai pintá -la... Você mesma disse que nã o costuma fazer isso... – Mordeu a
lı́ngua para nã o gemer.
Enquanto o indicador explorava o interior, a major usava o polegar para incitar o clitó ris que já se apresentava
irme.
-- Diana... – Dizia sem fô lego. – Por favor... – Afastou mais as pernas.
Sabia que aquele nã o era o momento e també m por que a porta estava aberta, mas a vontade de tomar a ilha de
Otá vio para si era algo incontrolá vel.
Afagou as coxas...
Aimê se mexia contra a mã o dela o que provocava uma dança das suas ná degas contra o sexo da esposa...
Beijava os ombros...
-- Mexe mais para mim... Esfrega bem gostoso... – Pedia. – Adoro quando faz assim... – Sussurrava em seu ouvido.
A Villa Real assentiu, enquanto lhe segurava a mã o, aumentando mais as fricçõ es...
Quando a jovem pensava que nã o resistiria mais, levantou-se, icando de frente para a esposa.
-- Vem, Diana...
A Calligari esboçou um sorriso safado, enquanto se levantava e em fraçõ es de segundos se livrava do robe e da
camisola.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 696/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Chupavam-se... Mordiam-se...
Sentou-a no mó vel, dobrando sua perna, deixando o acesso mais fá cil.
-- Entregue-se... – Dizia contra a boca dela. – Entregue-se para mim sempre... – Uniu os sexos. – Porque eu só quero
você ... – Esfregava-se contra ela. – Só você ...
Os olhares nã o se desviavam, enquanto em uma dança primitiva, aos poucos sentia os corpos tremerem em um
arrebato de puro prazer.
Ainda estavam trê mulas, entregues as sensaçõ es maravilhosas quando nã o perceberam a porta se abrir.
Encarou a tia.
-- Tem sorte de que eu entrei aqui... – Dinda dizia. – Arrumem-se, estamos esperando para o jantar.
-- Como vou encará -la? – Indagou perplexa. – Como vou agir diante da sua tia depois disso?
A pintora nã o parecia se importar com aquilo, a inal, aquela nã o era a primeira vez que fora pega em situaçõ es
constrangedoras.
-- Eu te amo... – Dizia contra a boca dela. – Te amo e desejo tê -la para mim...
A ilha de Otá vio lhe acariciou a face, adorando a maciez do rosto sob seus dedos.
-- Eu falei com a minha avó ... Ela disse para esperar... Disse que devo estar confundindo...
-- Se você voltar a falar isso, eu mesma terminarei nossa relaçã o... – Empurrou-a.
-- Eu nã o estou falando para casar comigo, major, nã o quero que se comprometa, a inal, sei que sua vida de solteira
é bastante... Excitante, poré m nã o permitirei que você ou qualquer outra pessoa questione a minha vontade por causa da
minha idade... – Apontou-lhe o dedo em riste. – Eu sou uma mulher... E sei muito bem o que quero!
Antes que Diana pudesse falar algo, a jovem deixou o escritó rio.
Naquela mesma noite, depois do jantar, Diana pediu a presença de Ricardo e Clá udia no escritó rio.
Aimê nã o estivera presente na mesa, nem mesmo abrira a porta para a esposa quando ela fora lá .
Sabia que precisava esclarecer tudo o que se passou de uma vez por todas, a inal, a relaçã o com a neta deles já tinha
sido exposto por um vı́deo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 697/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A morena sentou-se.
-- Eu nã o vou icar enrolando aqui... – A Calligari foi logo dizendo. – Sei que foram assolados por palavras do
prefeito... Talvez até pareça uma coisa errada... Mas eu estou apaixonada por Aimê .
Clá udia se levantou, colocou a mã o no ombro do esposo, tentando acalmá -lo.
-- Bem se for isso, vamos ver até quando vai o entusiasmo de menina dela...
-- Eu nã o estou pedindo permissã o, a inal, ela já é maior de idade, estou apenas desejando começar isso de forma a
nã o ter uma nova guerra.
-- Aimê já tem idade para decidir... – Girou lentamente na cadeira. – Tem certeza, general, que deseja continuar
desgraçando a minha vida? Agora suas açõ es re letirã o na sua neta. Nã o acha que ela já sofreu muito?
Clá udia nã o saiu, observou a porta por onde o marido seguiu, depois voltou a sentar.
-- Você ama realmente a minha neta? Tem certeza de que vai conseguir esquecer tudo o que passou com meu ilho?
A Calligari pegou um lá pis, girando-o em seus dedos pacientemente, até voltar a encarar a mulher.
-- Otá vio sempre vai ser um desgraçado... Um miserá vel que destruiu minha vida e matou o meu pai... Mas Aimê é
apenas Aimê e mesmo que duvide, eu a amo mais do que tudo... Quero-a ao meu lado... – Passou a mã o pelos cabelos. – Sei que
ela é jovem e també m me assusto ao pensar que ela pode apenas estar iludida comigo... Mas mesmo assim quero tentar...
Tudo o que eu viver valerá a pena.
A esposa do general esboçou um sorriso emocionado, mesmo que pairasse sobre sua cabeça muitas dú vidas,
sentia-se feliz porque o que mais desejava em todo o mundo era que a neta pudesse ser vista sem o estigma de ser ilha de um
homem que já fez tanto mal.
-- Eu nã o sei como funciona esse tipo de relaçã o, Diana... Mas eu estou disposta a aprender um pouco cada dia mais,
pois só quero que Aimê seja feliz... Precisa ter paciê ncia com Ricardo... Ele també m está preocupado com tudo isso... Mas se
perceber a felicidade dela, tenho certeza que nã o irá contra você s...
A morena fez um gesto de assentimento com a cabeça, enquanto encarava a avó da mulher que amava.
-- Prometo que nã o forçarei nada... Esperarei o tempo dela... Quero que ela expanda seus horizontes... que estude...
que faça o que gosta...
Mirava o copo que tinha nas mã os e pela primeira vez em anos se sentia entusiasmada com o amanhã .
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 698/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Estava cansada e queria dormir, entã o boa noite! – Apontou para a porta.
-- Sim...
-- Quero meu prê mio... – Fitou o decote da camisola. – Já demorou muito... – Tocou-lhe o pescoço. – Preciso receber...
-- Se estivesse na tribo e eu recamasse sobre o prê mio que nã o recebi, você seria jogada no rio para que as piranhas
comessem seu corpinho lindo...
A ilha de Otá vio sabia que discutir com a esposa era algo de que requeria muita paciê ncia.
Suspirou exasperada!
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 699/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- E você acha que sou uma garotinha que nã o sabe o que quer da vida?
Os olhos azuis brilhavam travessos e quando a boca da esposa veio em sua direçã o, Aimê se levantou e quando a
morena foi até ela, a jovem a repeliu.
A major assentiu.
A herdeira de Otá vio seguiu até a escrivaninha, ligou o aparelho de som sob o olhar curioso da amada.
Quando os quadris da esposa começaram a seguir o ritmo da mú sica, a princesa pareceu hipnotizada.
Quando ela virou de costas, Diana nã o aguentou, seguindo até ela.
Quando icaram de frente, Aimê se livrou da camisola, icando apenas com uma minú scula calcinha vermelha...
Nã o estranhou ao vê -la nua, isso a deixou ainda mais excitada.
Voltou a lhe dar as costas e a Calligari depositou as mã os em seu quadril, trazendo-a mais para roçá -la.
A Villa Real mexia o bumbum e sentia a amada escorregadia... Molhada em suas costas... terrivelmente ú mida...
Deliciosamente encharcada...
Aimê nã o teve tempo de falar, pois foi pressionada contra a parede... Apoiou-se a ela como se passasse por uma
revista...
A princesa movia contra as ná degas bem-feitas... Esfregava, enquanto lhe segurava pelos cabelos, expondo o
pescoço esguio... Mordendo-o, chupando-o...
Incitava-a...
-- Mexe mais rá pido pra mim... – Dizia sem fô lego. – Esfrega com mais força... Mais...
A ilha de Otá vio fez o que ela disse, pois a sentia desesperada... Da mesma forma que també m estava...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 700/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Sentiu a batida em sua carne... Excitou-se ainda mais ao sentir a mã o estalar em seu bumbum...
Depois foi a vez da boca mordiscar sua carne... Lamber o pró prio mel... Deslizar por sua intimidade...
-- Ain...
Diana se levantou...
-- Dou... Eu só quero dar para ti... Dá bem gostoso... E quero que só der pra mim... Só pra mim...
Descontrolaram-se...
Na manhã seguinte Aimê estava parada diante do espelho e observava as marcas da paixã o que foram feitas em sua
pele...
A noite fora longa, pois tivera inú meras vezes seu prê mio requisitado... E requisitara també m...
Suspirou...
Diana viajaria naquele dia... Teria que cumprir alguns compromissos do seu trabalho... Desejou aceitar o convite de
ir com ela, poré m tinha suas pró prias coisas a fazer...
“Amo-a!”
“Amo a Calligari!”
O gê nio da major era terrı́vel sim... Mas isso a deixava ainda mais apaixonante...
Um mê s depois...
Aimê estava muito animada. Com o dinheiro da venda do apartamento conseguiram alugar um lugar que tanto
serviria para morar, como no té rreo poderiam colocar a loricultura.
Aproveitara os dias longe da amada para se dedicar ao pró prio negó cio...
-- Nem acredito que vamos inaugurar amanhã . – A sobrinha do prefeito parou para limpar o suor.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 701/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o demorou para Clá udia aparecer com uma bandeja de lanches para elas.
-- Insisto que deverı́amos ter contratado algumas pessoas para ajudar. – A mulher falou enquanto colocava o lanche
sobre a mesa toda cheia de material de pintura.
Seguiu até a bicicleta de bambu que fora ornamentada para ser colocada na parte de fora da loricultura.
-- Besteira, estamos conseguindo e temos que poupar dinheiro... – Aimê dizia enquanto tomava um pouco de
refresco.
Observava tudo com atençã o e via como as meninas estavam se dedicando a tarefa á rdua.
-- Nã o sabia que a Diana tinha voltado de viagem... – Clá udia comentou, enquanto observava a morena atravé s dos
vidros.
A jovem Villa Real se levantou com um sorriso nos lá bios e tã o surpresa quanto a avó .
Há semanas a morena tinha viajado para cumprir alguns compromissos fora do paı́s.
Fora convidada para acompanhá -la, mas nã o o fez, pois precisava organizar as coisas na loricultura que logo seria
aberta.
Calça jeans preta colada à s pernas bonitas, camisa de botõ es azul marinho e jaqueta de couro preta.
Bianca e Clá udia trocaram olhares de divertimento. Elas sabiam como a lorista passara aqueles dias em estado de
ansiedade pelo retorno da mulher que amava.
Mordiscou o lá bio inferior ao recordar da roupa que estava a usar naquele momento...
A jovem usava um macacã o surrado, os cabelos estavam presos em coque frouxo, o que deixava alguns ios
escaparem e o rosto tinha alguns resquı́cios de tinta.
-- Boa noite! – Cumprimentou a todas. – Vejo que o trabalho está grande... – Dizia sem desviar o olhar da amada.
-- Sim, muito! – Clá udia se antecipou. – Fico feliz em vê -la de volta... – Fitou Bianca. – Me ajuda com o jantar? –
Piscou para a loira. – Preciso de uma mã o a mais...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 702/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Poderia ter contratado algué m para ajudar... – Caminhou pelo lugar continuando a inspeçã o. – Nã o acho que deva
se cansar tanto.
A Villa Real se encostou na mesa de madeira com os braços cruzados sobre o peito.
-- Estou adorando fazer tudo isso... Quero que ique do jeito que desejo... Quero entrar aqui e sentir meus gostos...
Minha personalidade...
Ficaram assim por longos segundos até que a major a encarou, tomando-lhe o rosto querido entre as mã os.
Aimê já abria a boca para falar algo quando seus lá bios foram capturados por um beijo delicioso e paciente.
As bocas pareciam ansiar pelo contato, ansiosas depois de tantos dias separados.
-- Está parecendo uma palhacinha com o rosto cheio de tinta... – Beijou-lhe a pontinha do nariz.
-- Nã o me importo... – Encostou a testa na dela. – Sentiu minha falta? Fala que sentiu, mesmo que seja só um
pouquinho porque eu quase morri sem você ...
As noites sempre eram as mais difı́ceis com a ausê ncia da major, pois nem sempre podiam falar, já que a pintora
estava sempre em algum evento...
-- Sim, parecia que faltava uma parte de mim... – Acariciou os cabelos da esposa. – Chegou quando? Por que nã o me
ligou avisando?
-- Porque eu decidi de ú ltima hora... Nã o aguentava mais icar longe... Estava previsto o voo para amanhã , mas
consegui uma mudança.
-- Eu adorei que tenha voltado... Eu nã o sei se me acostumarei com essas suas viagens...
-- Amor, era o que eu mais queria, poré m havia coisas para resolver...
-- Jamais deixaria você sozinha... E muito linda e vai ser paquerada por todos...
-- Só tenho olhos para você ... – Tirou-lhe a franja da face. – Janta comigo?
-- Vovó está fazendo... Seria melhor se jantarmos aqui... Estou muito suja para sair...
Ricardo nã o se opusera a relaçã o, poré m deixara claro que acreditava que nã o duraria.
-- E depois vai comigo para a minha casa? Estou com saudades, quero fazer amor a noite toda... – Disse mordendo o
lá bio inferior.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 703/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Seu corpo reagia à mençã o, ainda mais ao recordar da ú ltima vez que se amaram...
-- Eu també m quero fazer contigo... Meu corpo reage as suas palavras violentamente... Sinto uma pressã o no meu
abdome... – Fechou os olhos demoradamente. – Mas eu nã o posso ir... Nã o hoje... Amanhã tudo isso tem que estar pronto...
-- Desculpa, amor... – A Villa Real pediu ao vê -la com expressã o frustrada.
-- Vai sujar sua blusa... – Disse sorrindo. – Te emprestarei uma camiseta. – Foi até ela, abraçando-a. – Eu te amo,
sabia...
-- Claro eu que sabia e claro que eu sei... A inal, quem resistiria a uma Diana Calligari...
-- Sim... – Aimê colou os lá bios aos dela. – Uma princesa selvagem canibal...
Alex tinha deixado o hospital e responderia pelo crime que cometeu em liberdade.
No dia seguinte...
Organizava algumas coisas e já estava quase na hora do almoço quando a porta se abriu.
Nã o precisou olhar para saber que se tratava da Calligari. Só ela entrava sem ser anunciada.
A pintora nã o falou nada de imediato, pegou o pequeno globo que tinha sobre a mesa, girando-o e observando os
paı́ses.
-- Estou ansiosa... Adoro lores e sei que a Villa Real é muito competente nisso.
-- Sim...
A empresá ria conhecia muito bem a amiga e percebia que algo parecia irritá -la.
-- Estou perdidamente apaixonada por ela e essa coisa de esperar para podermos viver juntas está me deixando
fora de mim... Quero-a comigo o tempo todo... Quero dormir ao lado dela... Acordar com ela... – Relanceou os olhos. – Acho que
estou incando muito sentimental... Que droga!
Fora muito assediada por mulheres na viagem e se desvencilhara de todas... Seus pensamentos estavam totalmente
presos na herdeira de Otá vio.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 704/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Foi você que disse que desejava que ela tivesse tempo... – Deu de ombros. – E isso que dar julgar a mimadinha
pela idade. – Voltou a digitar. – Ah, você ica fofa quando apaixonada.
Estava agachada, enquanto começava a plantar suas rosas. No interior da loja també m fora criado um jardim de
inverno. A tia da Calligari tinha doado lindas lores que eram cultivadas na mansã o e na fazenda.
Mexiam na terra em silê ncio, até que a voz da sobrinha do prefeito foi ouvida.
-- Você nã o tem culpa do que eles izeram... Sabe que te adoro... E jamais a abandonaria.
-- Você é maravilhosa...
– Alanna está muito entusiasmada, sua vó a ensina com muita paciê ncia.
Levantou-se de supetã o.
-- Está tarde, eu preciso comprar algo! Tome conta de tudo, nã o demorarei.
-- Vai sair assim? Ainda tem muita coisa para arrumar... Está toda suja!
-- Nã o, vou vestir algo... – Desvencilhou-se do toque. – Preciso fazer uma coisa, prometo que nã o demorarei. –
Beijou-lhe a face.
O sol ainda nã o tinha se escondido e as pessoas já se aglomeravam no interior e no estacionamento da loricultura.
O interior era todo decorado em madeira rú stica, até mesmo o piso. As vitrines exibiam as mais belas espé cimes,
alé m de ursos bombons e vinhos.
Aimê , Clá udia, Bianca e Alanna vestiam roupas pretas e aventais brancos com o logotipo da loja.
No lado de fora, havia uma banda local que tocava baladas româ nticas.
A Villa Real falava sobre cada uma das lores, explicava sua origem e signi icado.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 705/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Diana estava linda, usava vestido longo preto sem alça, os cabelos soltos.
A ilha de Otá vio sabia como a amada era uma pessoa admirada e como todas desejavam se aproximar, ela mesma
desejou correr para os seus braços.
-- Obrigada, Dinda!
A senhora Calligari sempre demonstrara grande carinho pela garota e agora quando a relaçã o entre ela e a pintora
tinha sido assumida, a relaçã o icara ainda mais estreita.
-- Vou falar com os outros... Fique de olho na sua mulher! – Piscou travessa.
Diana observava a esposa conversando com Vanessa e o marido e ainda nã o tinha conseguido falar com ela.
Aproximou-se da amada, vendo-a falar sobre as lores para um casal que se animara e comprara uma arrumada
cesta.
Ficou ali parada, esperando impacientemente o momento que icaria sozinha com a amada.
Felizmente os jovens se afastaram, Bianca se aproximou para atende-los para a felicidade da major.
-- Você está linda! – Aimê disse com um sorriso grande. – Uma honra por sua presença...
A morena se aproximou mais, como se fosse beijá -la, mas apenas parou, sentindo o há lito doce.
A jovem mordiscou a lateral do lá bio inferior, enquanto mirava os olhos tã o negros e brilhantes.
Engoliu em seco.
Um cliente se aproximou.
-- Preciso das lores mais lindas porque quero pedir minha namorada em casamento. – O rapaz dizia apressada.
-- Me espera...
Antes que a mulher pudesse dizer algo, seguiu junto com o rapaz.
A inauguraçã o foi um verdadeiro sucesso e já era tarde quando as ú ltimas pessoas deixavam o lugar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 706/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A Calligari estava sentada na poltrona, enquanto a Villa Real arrumava algumas coisas no caixa.
A major bebericava o champanhe quando a ilha de Otá vio se aproximou com um buquê lindo de lı́rios.
A pintora pareceu surpresa, ainda mais quando viu a amada se ajoelhar diante de si, tomando sua mã o direita.
-- Eu sei que sou uma pirralha... – Sorriu nervosa. – Sei que sou a mimadinha...
-- Mas eu quero que seja a minha mulher... – Tirou a caixinha de veludo do bolso. – Case-se comigo, princesa... –
Pediu relutante. – Enfrente comigo todos os dias que ainda estã o por vir...
Sentia as lá grimas dela lhe molharem a pele... E izera o mesmo... A inal... Sentia a mesma emoçã o... O mesmo desejo
de estar para sempre ao lado dela...
Voltar ao ı́ndice
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 707/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Notas do autor:
Ultimo capı́tulo...
Diana passara duas semanas em Londres e só retornara naquele dia para participar do grande evento.
Os jornalistas e fotó grafos nã o deixavam passar um ú nico momento sem registrar.
Alessandra Calligari estava no auge do seu trabalho e seus quadros valiam uma verdadeira fortuna.
As pessoas a olhavam, a inal, uma bela mulher, usando vestido de festa e salto alto nã o era comum, ainda mais em
passos tã o acelerados.
Ela sabia que estava atrasada... Sabia que tinha ultrapassado o limite da tolerâ ncia...
Parou no enorme estacionamento e tentou recordar em qual lugar tinha deixado o carro.
Respirou fundo e sua mente pareceu clarear, entã o seguiu ao local correto.
Nã o tivera como faltar a aula naquela noite, pois tinha um seminá rio para fechar a nota do semestre e nã o haveria
recuperaçã o.
Ainda pedira ao professor para antecipar sua apresentaçã o, mas ningué m desejara mudar e por essa razã o icara
para o inal.
Suspirou alto.
Deu partida e quando chegou ao semá foro fechado, pegou o celular para ligar para a esposa.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 708/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Olhou para o sinal vermelho e teve a impressã o que estava demorando mais do que o costumeiro.
Fazia dias que nã o via a esposa e só se falavam por chamada de vı́deo e ansiedade de vê -la estava maior.
Sabia que ela tinha icado irritada por nã o ter ido viajar...
Sabia disso e agora parecia que ao invé s de conseguir consertar as coisas, fazia tudo errado novamente.
A partida foi liberada e Aimê saiu tentando respeitar os limites de velocidade. Pelo menos naquele horá rio, o
trâ nsito estava está vel.
Ligou o aparelho de som e uma mú sica româ ntica começou a tocar.
“Com um suspiro
E me entrego ao passado
Ao seu sorriso
Sorriu...
Em seu cé rebro sempre recordava do momento que se uniram diante da lei...
Sentia-se a mulher mais feliz do mundo e mesmo que vez e outra, tenham algumas discussõ es, a relaçã o só se
fortalecia.
Nã o negava que a maioria dos problemas vinha dos seus ciú mes e do seu tempo corrido, mas a Calligari contornava
tudo e sempre se resolviam.
Amava-a...
Sempre soubera que estava perdidamente louca pela major e quanto mais o tempo passava, mais essa ideia
aumentava.
Parou diante dos portõ es, enquanto buscava a autorizaçã o que Vanessa lhe deu para entrar.
Viu um carro buzinar atrá s de si e logo se desesperou a perceber que nã o encontrara o convite.
O que faria?
-- Eu perdi a autorizaçã o... – Dizia a lita. – Sou Aimê Calligari, esposa da Alessandra.
Talvez aquelas palavras nã o signi icassem nada, a inal, qualquer uma louca poderia chegar ali e dizer que era a
esposa da famosa pintora.
-- Por favor, moço, estou atrasada... Entã o eu peço que tente, pelo menos, checar se o que eu estou dizendo é
verdade.
O segurança viu o carro que estava logo atrá s buzinar, entã o precisava agir rá pido.
-- Espere um pouco!
Ela assentiu, enquanto o via fazer uma checagem e nã o demorou para retornar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 709/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A ilha de Otá vio subiu as escadas e ao adentrar o espaço icou a procurar pela esposa entre tantas cabeças.
Alguns olhares se voltaram para a bela lorista, mas ela nã o parecia perceber o quã o bela era.
-- Como é bom vê -la! – A empresá ria disse. – A sua esposa está ansiosa por sua presença e muito preocupada...
Aconteceu algo?
Vanessa fez um gesto com a cabeça e nã o demorou para sentir o coraçã o enternecer ao ver a imagem.
A famosa pintora Alessandra Calligari conversava com algumas pessoas e tinha nos braços um lindo bebê de
cabelos pretos lisos de franjas, pele branquinha e olhos azuis.
A garotinha brincava com o cordã o que a mã e usava no pescoço, chamando a atençã o da mã e que lhe beijava a face.
Sua ilha!
A menina fora gerada por Aimê , pois a major tivera um problema de saú de, o que impedira que passasse pela
inseminaçã o, mesmo assim, tudo saı́ra bem e a famı́lia aos poucos estava a crescer.
A pequena Eloá a viu e começou a se contorcer no colo da mã e e foi naquele momento que os olhos tã o negros e
intensos cruzaram com os seus.
Linda...
Sabia que ela se perguntava o que tinha se passado para que demorasse tanto para aparecer.
Nã o havia mulher mais bela no mundo e mais apaixonante do que aquela que tanto amava.
Agradecia todos os dias por ter conseguido conquistá -la, por tê -la convencido a aceitar o casamento, mesmo que
sempre batesse naquela tecla de ainda ser muito jovem...
-- Ma ma ma...
-- Estava preocupada... – Diana falou. – E morrendo de saudade de ti... Por que demorou tanto?
-- Eu també m estou, meu amor... – Mordiscou o lá bio inferior. – Desculpa ter demorado, mas o professor me segurou
até o im... – Respirou fundo. – Nã o tive como chegar antes...
-- Pedi para Vanessa te ligar, mas só dava desligado... Imagino que esteja descarregado...
-- Falou para mamã e que está vamos morrendo de saudades dela. – Aimê dizia, segurando a mã o rechonchuda da
pequena. – Fala pra ela nã o passar tanto tempo longe... Fala... Fala para ela me desculpar por ter chegado atrasada...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 710/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Nesse momento eu queria ir para nossa casa... – A pintora falou. – Estou um pouco cansada... Mas Vanessa teria
um treco se saı́sse assim...
-- Nã o pode ir, mas prometo que quando chegar o momento, vou te encher de carinhos...
Antes que Diana pudesse falar algo, Clá udia e Antô nia se aproximaram.
-- E Diana já te mostrou a obra mais famoso da noite? – A esposa de Ricardo questionou ao ver o clima um pouco
abalado entre as duas.
A lorista pareceu confusa, entã o a Calligari lhe tomou a mã o e seguiram juntas diante de um quadro em uma
vitrine.
Havia marcas de pequenas mã os em inú meras cores, tornando tudo muito vivo e alegre.
Aimê sorriu.
-- Bem, você me pede para icar com a nossa ilha, enquanto estou pintando, entã o eu a deixo na cadeirinha e lhe
dou as tintas... Assim nasceu essa linda obra.
-- Pois, saiba que darei o preço que for para ter ele... quero-o em minha sala.
A Villa Real pareceu se sentir melhor ao perceber que a né voa que tomava conta do rosto bonito da amada parecia
ter se dissipado.
-- Acho melhor levarmos a Eloá , está tarde e isso nã o é hora de estar acordada. – Antô nia falou.
-- També m acho, sem falar que ainda demorarã o aqui. – Clá udia apoiou a Calligari.
Aimê e Diana assentiram, mas a pequena nã o pareceu interessada em deixar as mamã es.
-- Mamã e promete que amanhã passa o dia todo brincando contigo, princesa. – A major consolou a ilha.
A garotinha sorriu e como prê mio recebeu beijos das mã es.
A exposiçã o seguia animada e Aimê nã o saı́ra do lado da esposa um só momento.
A major sorria para todos, enquanto lertava com a ilha de Otá vio, provocando-a com toques inocentes.
O manobrista trouxe o carro e antes que a pintora pegasse a chave, a lorista o fez.
A major assentiu, enquanto entrava no lado dos passageiros e esperava a esposa ocupar o outro lugar.
-- Imagino que esteja cansada, amor... A inal, você saiu da Inglaterra e veio direto para cá . – Mirou-a de soslaio. –
Desculpa por nã o ter chegado mais cedo... Desculpa por ter deixado a Eloá contigo.
Nã o falou nada de imediato, apenas mirou o per il delicado... O nariz arrebitado... O maxilar...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 711/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você é linda... – Deposito a mã o em sua coxa sobre o vestido. – Estou com saudade do seu corpo nu colado ao
meu...
-- Morro de saudades quando ica tanto tempo fora. – Mordiscou o lá bio inferior. – Adoro icar ao seu lado... Adoro
quando nos amamos... – Cerrou os dentes ao sentir os dedos tocando em sua meia. – Diana... – Chamou baixinho.
O sinal icou verde e a ilha de Otá vio deu a partida, mesmo sentindo as investidas da esposa mais fervorosa.
-- Conte-me como foi sua apresentaçã o... A inal, preciso saber o que anda tomando tanto o seu tempo...
Aimê sabia que deveria detê -la, mas adorava aqueles avanços primitivos da amada...
-- Que bom, Mimadinha, sei como é inteligente e esforçada... – Sorriu. – E como vai a loricultura?
-- Safada... Você nã o tem vergonha... Ain... – Gemeu ao senti-la mais forte.
Aimê a encarou, enquanto ouvia um carro buzinar atrá s de si. Nã o tinha alternativa a nã o ser continuar conduzindo
o veı́culo, mesmo desejando parar e sentir ainda mais as carı́cias.
-- Eu adoro quando ica assim molhada... – Provocou-a. – Adoro esse cheiro de sexo molhado...
A lorista mordiscou o lá bio inferior, enquanto afastava um pouco as pernas para sentir melhor.
-- Quer que eu pare? – Questionou, enquanto forçava mais. – Pode dizer se assim o desejar...
-- Nã o... eu nã o quero que pare... Quero que continue. – Disse em voz baixa.
Usava os nó s dos dedos para incitá -la sobre o tecido de renda, enquanto buscava adentrar.
Mesmo na penumbra do carro, era possı́vel ver a face corada da ilha de Otá vio.
Sentiu parar bem no inı́cio... Sentiu o polegar tocando seu clitó ris.
Os olhos azuis se estreitaram enquanto via a pintora levar o indicador cheio de mel à boca.
-- Já disse que seu sabor é ú nico e perfeito? – Usou a lı́ngua para lamber o excesso...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 712/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Dirija... – Ordenou-a, enquanto se acomodava no banco. – Amanhã quero que saia comigo e com a Eloá , quero ir
até a fazenda... Nã o quero atrasos...
A jovem voltou a dar partida no carro, mas pareceu incomodada pelo contato ter cessado.
Aimê tentou se concentrar nas mú sicas que ouvia, tentando esquecer a frustraçã o do prazer interrompido...
O caminho fora feito em silê ncio e nã o demorou para estacionar dentro da mansã o.
A major se livrou do cinto e a esposa fez o mesmo, mas antes que a lorista abrisse a porta para deixar o veı́culo,
fora puxada para o colo da morena.
Mirou-a surpresa, mas antes que pudesse falar algo, seus lá bios foram tomados em um beijo esmagador.
Sentia as mã os tentando empurrá -la, mas conseguiu vencer a resistê ncia e logo sentiu os braços circundá -la pelo
pescoço.
Fez banco do veı́culo se deslocar mais para trá s, assim icaria ainda mais espaçoso.
Aimê gemeu ao sentir lı́ngua exigente indo ao encontro da sua... Chupou-a, desejando dominá -la e adorou o gemido
que escapou dos lá bios da major.
Seu corpo estava em chamas e mesmo que pudessem ir para o quarto, desejava que começassem ali, que se
amassem ali, a inal, já tivera os toques ousados em si e ansiava por mais...
Sentiu os seios livres e as mã os recaı́rem sobre eles, amassando-os, apertando-os com a perı́cia que a levava à
loucura. O polegar e o indicador incitavam os bicos.
A morena a deixou nua até a cintura, abandonou sua boca, seguindo até seu queixo, mordiscando-o, depois até seu
pescoço, lambendo-o e dando mordidas ali també m.
-- Ain, Diana, adoro quando faz isso... – Inclinou a cabeça para trá s, oferecendo os seios. – Mama, chupa eles... –
Pedia. – Estou com saudades...
A Calligari levantou os olhos para ela, enquanto usava a ponta da lı́ngua para contornar o mamilo.
-- Eu adoro seus seios... – Lambeu mais rá pido. – Adoro o seu sabor... O seu cheiro...
Aimê sentiu as mã os da esposa afagando suas coxas, levantando seu vestido, até sentir os dedos adentrarem a sua
calcinha.
Moveu-se para frente, indo contra ela, esfregando-se... Roçando contra ela...
Nã o costumavam icar tanto tempo separadas, sem falar que a relaçã o entre elas tinha uma quı́mica muito grande.
Amavam-se inú meras vezes e só na é poca da gravidez precisou dar uma pausa, pois precisara de maior cuidado, pois sofrera
riscos.
-- Eu nã o quero que me deixe tanto tempo sozinha... – Dizia entre gemidos. – Ain, eu nã o aguento... nã o aguento
icar sem você ... – Mete dentro de mim...
A respiraçã o acelerada da ilha de Otá vio deixava a morena ainda mais excitada.
Penetrou o indicador...
Encararam-se.
Diana mordeu de leve sua orelha, começou a sussurrar palavras em seu ouvido.
-- Dá bem gostoso para mim... Eu adoro quando dá bem gostoso... – Penetrou-a duplamente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 713/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Nã o demorou para que o prazer total fazer a Villa Real abafar o grito no pescoço da amada.
-- Vamos pra dentro... Quero te amar a noite toda, minha dama selvagem...
A morena a itou.
-- Eu quero essa boca devorando todo o meu corpo... – Beijou-lhe rapidamente os lá bios.
A Calligari arrumou a roupa da esposa e nã o demorou para que seguissem abraçadas para a mansã o.
Estava abraçada à esposa, tendo os cabelos dela em seu rosto, quase entrando em sua boca.
Sorriu!
Beijou-lhe a nuca.
Sentia-se muito feliz... Tã o feliz que nem mesmo se recordava de tudo que já passara em sua vida... Dos momentos
difı́ceis, das perdas... Era como se fosse preciso passar por tudo aquilo para agora ter ao seu lado Aimê .
Sua esposa...
Sabia que ela nã o acordaria agora, estava cansada e pouco dormiram.
A menina estava vestindo moletom, enquanto brincava com os brinquedos, mordendo a cabeça da boneca.
-- Que bom que conseguimos distraı́-la... – Antô nia dizia. – Diana e Aimê devem ter chegado tarde. Que bom que
icou para cuidar dela comigo.
-- Eu adoro icar com ela... – Fitou a menina. – Eu acho que ela tem a personalidade da major mesclado ao olhar
doce da minha neta. – Estendeu os braços. – Vem aqui, princesinha...
A garotinha veio de quatro, mas parou e começou a rir ao olhar alé m das mulheres.
-- Ma ma ma ma ma...
-- Está dando trabalho para suas avó s? – Beijou-lhe o pescoço. – Que garotinha cheirosa... E que sorriso sapeca é
esse hein? E esses dentinhos...
A cada beijo dado, a pequena se derramava em risos, segurando com suas diminutas mã os o rosto querido da
pintora.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 714/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Bom dia! – Cumprimentou as duas com um sorriso. – Desculpem a demora e obrigada por terem icado com essa
Mimadinha em miniatura. – Sentou-se com elas. – Aimê disse que iria a loricultura, pois desejo ir até a fazenda, mas nã o tive
coragem de acordá -la.
-- E que horas chegaram? – Dinda questionou com olhar provocador. – Eu acho que vi seu carro estacionar e
demoraram muito para sair... Tiveram algum problema?
Eloá perdera o interesse nos brinquedos e agora só queria brincar com as madeixas negras do cabelo da mã e.
-- Está vamos conversando, Dinda, a inal passamos logos dias sem nos ver... Sabe como sã o essas coisas...
-- Entã o nã o viagem e ique tanto tempo fora, a inal, sua famı́lia sente sua falta. – Antô nia completou.
-- E eu sinto a deles, por mim, sempre que viajasse levaria todos, mas Aimê tem as responsabilidades dela e nã o
posso obrigá -la a seguir comigo. – Respondeu aborrecida.
Quando a garotinha ouviu o nome da outra mã e, pareceu desesperada, chamando por ela.
-- Nã o deveria ter repreendido a major, a inal, sabemos como ela é dedicada à minha neta e a ilha, apenas temos
que lembrar de que ela tem o trabalho dela... Poré m acho que é Aimê que ainda em uma correria só ... – Suspirou. – Sei que já
discutiram por isso...
-- Eu sei... Diana nã o é de reclamar, mas já a vi aborrecida, sei que Aimê tem as aspiraçõ es dela, mas nã o acho
interessante que iquem tanto tempo separadas... Minha sobrinha já teve comportamentos difı́ceis com mulheres e nã o desejo
que isso ocorra de novo.
-- Mesmo assim, isso foi algo que icou no passado... Nunca vi minha neta reclamar da Diana... Só a questã o da
teimosia mesmo.
Abriu os olhos.
Suspirou alto.
Há dias nã o dormia tanto... Estivera tã o ocupada com os estudos, com a ilha e com a loricultura que dormir era a
parte menos explorada.
Sorriu.
Tivera uma noite maravilhosa ao lado da mulher que amava... Ainda sentia o efeito do prazer sentido...
Vestiu o roupã o.
Espreguiçou-se novamente.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 715/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Ouviu batidas na porta e nã o demorou para uma sorridente Clá udia aparecer com uma bandeja de café da manhã .
-- Bom dia, querida! – Aproximou-se, abraçando-a e lhe beijando a face. – Fiquei te esperando para irmos até a
loricultura... Estava demorando tanto que decidi vim te acordar.
-- Ah, vovó , desculpa, acabei dormindo demais... Vou tomar um banho e vamos.
-- Nã o tem pressa, falei com Alanna e tudo está bem... Coma alguma coisa.
Aimê mordiscou o lá bio inferior, enquanto se aproximava da comida, pegou um copo de suco de laranja e tomou
lentamente, enquanto sentava na cama.
-- A Diana quer ir para a fazenda e acho que demorei muito na cama... – Bebia lentamente. – Sei que tem muito
trabalho esses dias, mas nã o quis me negar a ir com ela, terı́amos uma discussã o...
-- Ela comentou isso, acordou faz um bom tempo... Está com a Eloá no estú dio. – Sentou-se ao lado dela. – Você sabe
que em parte ela tem razã o... Sei que tem muita coisa para dar conta, mas nã o deve deixar sua amada para escanteio... –
Tomou-lhe a mã o. – Eu vi nesses anos o amor e a dedicaçã o da Calligari... Vejo-a ser sempre paciente... Entã o acredito que será
necessá rio que se esforce um pouco nesse sentido...
-- Sim, vó , eu amo a Diana ainda mais do que quando a conheci... Nesses anos que estamos juntas, o sentimento por
ela, apenas cresceu... – Suspirou. – Tentarei nã o ser tã o displicente...
-- Eu sei... Eu vejo isso em ti... Vejo como se amam e como sã o felizes... Diana te ama muito e nem podemos falar da
devoçã o que ela tem pela Eloá .
A jovem sorriu.
-- Sim... – Comeu uma torrada. – Vou tomar um banho e logo te encontro para sairmos. – Levantou-se. – Desejo
voltar logo para seguir até a fazenda e aproveitar o inal de semana.
Usava short e camiseta, um avental que nã o era su iciente para nã o a sujá -la de tinta.
A pequena Eloá vestia seu moletom e um minú sculo avental. A garotinha estava em sua cadeirinha e diante de si
també m havia uma tela e ela usava as muitas tintas que estavam sobre a cadeirinha para rabiscar, imitando os gestos da sua
mã e.
A criança de cabelos negros soltava gritinhos de entusiasmos e a major se derretia, indo até ela e lhe enchendo de
cheiros.
-- Você está se sujando todinha, princesinha... Se sua mã e te ver assim... – Limpou-lhe o nariz. – E para pintar aqui...
– Apontou para a tela.
Aimê observava tudo da porta e sentia o coraçã o se encher de amor ao ver a cena.
A ilha de Otá vio olhava de uma para a outra e ingia estar brava.
-- Entã o é isso que fazem nas horas vagas? Se pintam? – Colocou as mã os na cintura. – E eu pensando que
continuavam a criar obras de arte.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 716/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Essa tinta nã o tem problema... – Justi icou-se. – Nã o sã o tó xicas e saem com á gua.
A Villa Real estreitou os olhos azuis, mordiscou o lá bio inferior, enquanto olhava para as duas.
-- Está bem, minhas artistas... – Beijou a face da ilha. – Irei até a loricultura com a vovó . Nã o demorarei, prometo! –
Levantou a mã o direita em juramento. – Pedirei que a Liah dê banho na Eloá e você també m se prepare para irmos à fazenda...
A Calligari assentiu.
-- Nã o, amor, estou ansiosa para viajar. – Beijou-lhe o queixo. – Estou com vontade de montar no Cé rbero.
A lorista sorriu.
-- Entã o, prometo nã o demorar... Tudo já está arrumado... Coloquei as roupas em uma mala... Basta que leve para o
carro.
Bianca precisar viajar até outra cidade, pois estavam abrindo uma loricultura lá , entã o apenas a gerente, Alanna, e
dois funcioná rios estavam trabalhando e a demanda estava grande.
Aimê estava no escritó rio e tinha a avó e a gerente sentadas a sua frente.
-- Sim, Aimê , a inal, você nunca para e precisa dar um pouco de atençã o a sua esposa e a pequena Eloá . – Alanna
disse. – Já fez de mais... Perdi a conta de quantos buquê s montou hoje... Até entregas fez.
A Villa Real sabia que andava muito ocupada ultimamente e tinha certeza de que estava negligenciando a major,
mesmo que ela ainda nã o tivesse verbalizado as queixas, sabia que andou meio chateada por isso antes de viajar.
Diana dirigia, enquanto Aimê seguia no banco de carona e Eloá na cadeirinha no banco de trá s.
Falaram sobre os pró ximos trabalhos da Calligari e como fora premiada na ú ltima viagem.
Apesar do diá logo, a ilha de Otá vio sabia que a esposa estava um pouco chateada por ter demorado tanto.
Quando foi explicar a demora, fora cortada em sua explanaçã o e agora preferia nã o falar mais sobre o assunto.
-- Selem o Cé rbero, vou apenas trocar de roupa e nã o demoro a retornar.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 717/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
O peã o assentiu, enquanto a jovem famı́lia Calligari seguia até o interior da mansã o.
Aimê a seguiu e quando entraram, decidiu que seria uma boa ideia se desculpar.
A pintora seguiu até o banheiro e nã o respondeu nada. Depois de um tempo retornou, vestia calça jeans azul claro
que colava à s suas pernas, botas de cano longo, camiseta branca.
-- Depois conversamos sobre isso, pois se eu falar agora, vamos brigar e eu nã o desejo isso... Nã o depois desses dias
todo longe de ti e da nossa ilha. – Falou irmemente. – Apenas deixarei claro que ultimamente você está sempre muito
ocupada e já estou perdendo a minha paciê ncia com isso.
A Villa Real abria a boca para falar algo, mas a esposa deixou os aposentos rapidamente.
Suspirou desanimada!
Sentou na cama.
Sabia que a Diana estava certa quanto à quilo, a inal, nos ú ltimos meses estava sempre trabalhando e estudando.
Estavam expandindo os negó cios, sem falar na universidade que estava bem puxado, ainda tinha a ilha...
Sabia que a pintora se mostrava sempre paciente e empenhada, mas sua tolerâ ncia já tinha acabado.
-- Licença! – Colocou a mala sobre a cama. – Dona Alessandra me pediu para trazer.
A moça sorriu.
-- Na cozinha tem tudo o que precisar e se desejar algo diferente posso conseguir.
-- Nã o, acho que é mais do que necessá rio o que tem. Farei algo simples, poré m bem gostoso.
Cé rbero conhecia sua dona e sabia que ela nã o estava bem, sabia que ela precisava daquela adrenalina para aliviar a
tensã o.
As grandes á rvores serviam para esconder o pequeno paraı́so dos olhares curiosos.
Nadou e nadou por algum tempo até que sentiu a mente mais leve.
Talvez devesse ser mais paciente, a inal, a esposa estava começando a vida agora... Tinha ambiçõ es...
Mas ultimamente estava sentindo tanta a falta dela... Desejou tê -la ao seu lado quando ganhou o prê mio...
Acostumou-se mal...
Precisava ter paciê ncia, era isso que sua relaçã o necessitava.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 718/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê banhou e arrumou a ilha, depois terminou de preparar a comida e usou a mesa da varanda do quarto como
lugar escolhido para o jantar.
Colocou Eloá nos braços e icou observando o pá tio em busca da esposa.
Eloá se mexeu em seus braços, sabia como a pequena era apaixonada pela pintora.
O peã o veio buscar Cé rbero e logo Diana entrou na casa grande.
Quantos anos teriam que passar para nã o se sentir apaixonada diante daqueles olhos negros e intensos.
-- Que cheiro gostoso! – A major se aproximou beijando a ilha nos braços da lorista. – E essa pequena hien? Por
que está tã o linda? Amanhã a levarei para passear comigo... Vamos cavalgar muito.
-- Nã o! – A ilha de Otá vio a repreendeu ao ver tentar cravar os pequenos dentes no pescoço da mulher.
-- Ela estava querendo te morder... Quando a banhei ainda pouco cravou os dentes na minha mã o. – Mostrou-lhe.
-- E o mordedor dela? – Indagou sorrindo. – Entã o quer dizer que essa pequenina está virando uma selvagenzinha
é ? – Beijou-lhe os cabelos. – Vou tomar banho... Nã o demorarei.
A garotinha parecia mais interessada em mexer em seu reló gio do que naquele diá logo.
Nã o costumava beber, mas naquela noite sentia que precisava de um pouco.
Os cabelos estavam presos em um coque e vestia a camisola de seda preta e o robe amarrado na cintura.
Sentiu o cheiro do hidratante que ela usava e teve a impressã o que isso inebriava seus sentidos.
-- Nã o estava com fome, mas esse cheiro acabou por me convencer do contrá rio. – Sentou-se ao lado da ilha. – E
você , pequena? Está querendo provar esse macarrã o delicioso.
Eloá começou a usar o pequeno garfo, mas logo o deixou de lado e usou as mã os para pegar o alimento.
Aimê a olhou com desgosto porque sabia que ela se sujaria toda.
-- Deixe-a, eu a limpo depois... – Diana disse ao itá -la. – Gosto quando ela se senta com a gente.
Comeram em silê ncio, só tendo a ilha a se divertir com os alimentos e ainda fazendo birra para tomar do vinho dos
adultos.
Tinha o olhar perdido, ainda mais por que sabia que a esposa ainda estava irritada consigo.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 719/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
A morena se levantou.
-- Precisa de ajuda?
Aimê deu de ombros, enquanto bebericava o vinho lentamente. Já se sentia mais relaxada.
A insistê ncia da ligaçã o continuou por logos segundos até que parou.
Linda!
Ainda estava chateada com ela, mas ao vê -la ali, sentiu vontade de abraçá -la forte e nã o a deixar nunca mais, nã o
permitir que ela se afastasse da sua vida.
Fitou a ilha de Otá vio e viu os olhos azuis tã o intenso lhe mirando.
Viu-a tomar o conteú do do copo de uma vez e estranhou. Desde o jantar, ela nã o parecia economizar na bebida,
coisa que nã o fazia.
Diana meneou a cabeça negativamente, enquanto puxava a cadeira e sentava perto dela.
-- Continua com ciú mes dela? – Tocou o robe de seda branco. – Depois de todos esses anos?
-- Eu morro de ciú mes de ti... E ainda mais dessa mulher que queria ser pintada nua...
-- Eu nã o a pintei... E jamais houve outra mulher depois de você , mimadinha... – Tocou-lhe o cordã o de ouro que
tinha a medalha com a foto de Eloá com a pintora. – Eu só quero você ... Só penso em você ...
A Calligari teve que morder a lı́ngua para nã o gargalhar diante das palavras.
Arrumou-lhe os cabelos, pondo-o por trá s da orelha, assim poderia ver a face bonita.
Amava-a...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 720/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
-- Você nã o é um fracasso como esposa... – Pousou os lá bios em seu pescoço, aspirando o delicioso aroma. – Você é a
minha mulher... Devo ter paciê ncia porque está começando a voar agora...
-- Ei, eu jamais cogitei essa possibilidade... Eu sou louca por ti e nã o nego que me irritei, mas isso já passou, isso foi
antes e nã o agora... – Sorriu. – Eu te amo e mesmo que briguemos, isso nã o signi ica que deixarei de te amar...
Na manhã seguinte, Diana acordou cedo e levou a ilha para passear a cavalo.
Quando retornou, fora informada que a esposa estava tomando banho de piscina.
Trocou-se, colocando um biquı́ni e colocou um maiô em Eloá , passando protetor em todo seu corpo.
Quando despertou, Diana já tinha saı́do com a ilha... Fora mais uma noite deliciosa... E quando fora dormir já ouvia
o galo a cantar.
Sorriu ao ver os amores da sua vida se aproximar e nã o conseguiu desviar os olhos da major.
Linda!
Ela trazia a garota nos braços e no outro uma boia em forma de sapinho e alguns brinquedos.
Fofa...
-- Segura ela, Mimadinha! – Entregou a ilha e depois entrou. – Vem aqui, princesinha, deixa mamã e te colocar na
boia.
A Villa Real a viu montar direitinho no pequeno objeto de plá sticos e logo começou a se debater e molhar as mã es.
-- Ma ma ma ma ...
-- Vamos ter outro bebê ? – Sussurrou em seu ouvido. – Quero uma famı́lia maior... Eloá nã o vai quere crescer
sozinha...
-- Eu quero ter um monte de ilhos contigo... – Dizia emocionada. – Eu adoro a forma como trata a nossa pequena...
O seu cuidado... A sua atençã o... O seu carinho... – Acho que agora é a sua vez... – Tocou-lhe o ventre. – Quero que ela tenha
esses olhos e esse sorriso... Que tenha esse coraçã o que de inı́cio parece de gelo, mas que na verdade é tã o grande e
aconchegante...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 721/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Aimê sorria.
A Calligari e a Villa Real sentaram na mesa, enquanto o ı́ndio continuava de pé com a criança a brincar com seus
cabelos.
-- Há duas luas estive na tribo... Tupã estava bobo com o ilho e Sirena já espera outro.
Diana sabia que aquela nã o seria uma coisa que pudessem fazer.
Eloá nos braços da morena, enquanto o pequeno Alexander dormia nos braços do avô Ricardo.
O nome da major fora falado e logo ela seguia até o palco para receber o prê mio tendo a ilha mais nova agarrada a
si e a esposa ao seu lado.
Todos aplaudiram.
Mesmo nã o sendo do seu costume falar, naquele dia sentira essa vontade.
-- Bem... Acho que todos aqui já estã o acostumados a serem ignorados por mim... – Começou.
-- Poré m, hoje será diferente... Talvez eu deva isso a você s... – Sentiu a mã o da esposa sobre a sua. – Quando comecei
a ser conhecida por meus trabalhos, adotei meu primeiro nome... Assinei os quadros como Alessandra... Alguns fatos
ocorreram no meu passado e acredito que nã o será necessá rio mencionar aqui, a inal, no velho google tem toda a minha
histó ria... Mas nã o tem a continuaçã o dela... – Sorriu para a esposa. – Sim, agora ouvirã o por meus lá bios e pararã o de
especular... Sim, eu sou casada com Aimê Villa Real realmente... Amo-a... Sou completamente louca por ela e independente de
qualquer coisa que aconteceu... Entã o... Anotem nas folhas dos jornais de amanhã e nas revistas de fofocas... Nã o criem
teorias... O amor é a ú nica explicaçã o para isso... Obrigada pelos prê mios e boa noite... – Completou com um sorriso.
As pessoas aplaudiram de forma entusiasmada sua artista arrogante, orgulhosa, talentosa e polê mica...
Naquela noite, depois de terem colocado as crianças para dormirem, Diana e Aimê seguiram até a enorme varanda.
Uma estrela cadente cortou o grande abobado e a Villa Real fechou os olhos fazendo um pedido.
-- O que pediu?
-- Curiosa, princesa?
A jovem mordiscou o lá bio inferior demoradamente... Fitou o cé u e sussurrou em seu ouvido.
O sorriso da pintora iluminou a noite... Os olhos negros brilhavam tanto quanto as constelaçõ es...
Fim...
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 722/723
14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera
Notas inais:
Voltar ao ı́ndice
Disclaimer: All publicly recognizable characters and settings are the property
of their respective owners. The original characters and plot are the property of
the author. No money is being made from this work. No copyright
infringement is intended.
http://projetolettera.com.br/viewstory.php?action=printable&textsize=0&sid=1425&chapter=all 723/723