5 - A Dama Selvagem Por Gehpadilha - Lettera

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A dama selvagem por gehpadilha

Summary:
Uma dama da alta sociedade? Uma artista? Uma princesa indı́gena?
Uma traidora? Diana Calligari fora vı́tima de uma terrı́vel emboscada, vivera
sob o estigma de traiçã o, mas agora tinha a chance de provar sua inocê ncia,
poré m será que o seu ó dio a deixaria seguir por esse caminho? Salvaria a ilha
do seu maior inimigo ou ambas seriam condenadas a um mundo de escuridã o
e paixã o avassaladora?

Categoria: Romances Characters: Original


Challenges:
Series: Nenhum
Capı́tulos: 39 Completa: Sim Palavras: 243329 Leituras: 146614 Publicada:
19/01/2018 Atualizada: 17/07/2018

Notas:

Contraindicaçã o: Pessoas sensı́veis de mais nã o devem ler!

1. Capitulo 1 por gehpadilha

2. Capitulo 2 por gehpadilha

3. Capitulo 3 por gehpadilha

4. Capitulo 4 por gehpadilha

5. Capitulo 5 por gehpadilha

6. Capitulo 6 por gehpadilha

7. Capitulo 7 por gehpadilha

8. Capitulo 8 por gehpadilha

9. Capitulo 9 por gehpadilha

10. Capitulo 10 por gehpadilha

11. Capitulo 11 por gehpadilha

12. Capitulo 12 por gehpadilha

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13. Capitulo 13 por gehpadilha

14. Capitulo 14 por gehpadilha

15. Capitulo 15 por gehpadilha

16. Capitulo 16 por gehpadilha

17. Capitulo 17 por gehpadilha

18. Capitulo 18 por gehpadilha

19. Capitulo 19 por gehpadilha

20. Capitulo 20 por gehpadilha

21. Capitulo 21 por gehpadilha

22. Capitulo 22 por gehpadilha

23. Capitulo 23 por gehpadilha

24. Capitulo 24 por gehpadilha

25. Capitulo 25 por gehpadilha

26. Capitulo 26 por gehpadilha

27. Capitulo 27 por gehpadilha

28. Capitulo 28 por gehpadilha

29. Capitulo 29 por gehpadilha

30. Capitulo 30 por gehpadilha

31. Capitulo 31 por gehpadilha

32. Capitulo 32 por gehpadilha

33. Capitulo 33 por gehpadilha

34. Capitulo 34 por gehpadilha

35. Capitulo 35 por gehpadilha

36. Capitulo 36 por gehpadilha

37. Capitulo 37 por gehpadilha

38. Capitulo 38 por gehpadilha

39. Capitulo 39 por gehpadilha

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Capitulo 1 por gehpadilha

O dia estava quente e o sol brilhava com os primeiros raios da manhã .

Otá vio deixou à cabana.

-- Amarrem-na! – A voz cruel ordenou.

Diana tinha o olhar turvo de tanto apanhar, mas mesmo assim conseguia perceber o que se passava.

Há dias estava naquele lugar, há dias vinha sendo espancada por nã o se curvar à quele homem cruel.

Ela e seu noivo foram atraı́dos sob a desculpa de um treinamento especial para uma operaçã o de resgate.

Mentira!

Cerrou os dentes para nã o gritar alto.

Seus ossos pareciam terem sido retirados do lugar. A boca estava seca, necessitava de um pouco de á gua.

Os homens a arrastaram.

Todos se divertiam diante do que acontecia, parecendo nã o se importar com a dor alheia. Estavam felizes, a inal,
muitos daqueles odiavam a ilha de Alexander. Muitos a viam como uma jovem arrogante que ocupara o posto de major por
ter o sangue de um homem tã o poderoso, eles se negavam a ver como a bela morena era disciplinada e esforçada e como
tivera que lutar muito para chegar onde estava.

Ela mordeu o lá bio inferior para nã o gemer.

Por um momento teve a impressã o que suas pernas tinham sido cortadas.

Nã o tinha mais forças!

Lutara bravamente, enfrentara vá rios soldados, mas sucumbira diante da maioria.

Observou tudo ao redor, buscando uma saı́da... Mas ali era bastante isolado para que algué m aparecesse.

Estavam em um campo de treinamento.

Havia uma cabana de caça, soldados armados, barricadas, piso batido e ao centro havia dois troncos incados. Um
ocupado por ela, outro por seu amado.

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Sentia o sabor do sangue em sua boca mesclado ao suor.

Estava tã o quente...

Levantou a cabeça, itava o cé u...

As madeixas negras estavam coladas a seu rosto pelo suor e pelo sangue dos machucados.

Fora totalmente abandonada...

Sentiu um chute no abdome.

Orgulhosa levantou a cabeça.

Sempre fora uma jovem arrogante, forte e que jamais se curvava a nada e nem a ningué m.

Entã o seus olhos encontraram aquele ser desprezı́vel.

Jamais imaginara que aquele doente chegaria à quele ponto...

O queixo da jovem fora levantado violentamente.

O coronel Otá vio Villa Real observou-a atenciosamente.

Mesmo diante de todos os machucados, a beleza da major Calligari continuava a reinar.

Desde que a viu pela primeira vez icara totalmente louco por ela, mesmo sendo tã o nova, tinha uma força e charme
que poucas exibiam.

Fitou os olhos intensamente negros... Eles eram misteriosos, grandes e repuxados.

Uma ı́ndia? Seria realmente ela isso como alguns diziam...

Tentou beijá -la, poré m ela se desvencilhou, cuspindo na face dele.

Otá vio levou a mã o ao rosto.

Excitava-se com aquele gê nio tã o forte, excitava-se quando ela agia como uma dama da alta sociedade.

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Cordata e selvagem!

Um animal que parecia ter sido moldado.

Com a mã o fechada socou com toda força a bela garota.

Gargalhou alto, enquanto seus homens aplaudiam.

Nã o quisera feri-la, queria-a em sua cama, mas ao descobrir que ela estava noiva do tenente Eduardo nã o
conseguira aguentar e acabou perdendo todo o controle.

-- Veja o homem fraco que você escolheu para icar ao seu lado! – Desdenhava. – Se tivesse me aceitado nada disso
teria acontecido. – Tocou-lhe o lá bio inferior que estava cortado. – Uma verdadeira pena... Formarı́amos um belo casal juntos...
– Com a faca arrancou os botõ es da camisa, deixando à mostra o sutiã rendado e branco. – Princesa Diana... E assim que
aquelas pessoas te chamam... Princesa Diana...

Exibiu um sorriso demonı́aco, enquanto feria-a, observando o sangue jorrar da pequena ferida.

Passou o indicador sobre o lı́quido vermelho, depois levou até a boca, lambendo, enquanto nã o deixava de olhá -la.

Diana tentou falar, mas a voz parecia presa, tentou mais uma vez e agora pareceu conseguir.

-- Eu... Eu odeio você ... Odeio... Odeio...Um dia pagará por tudo...

Ela sentia que a qualquer momento perderia a consciê ncia. Viu o homem que amava ser cruelmente espancado,
sabia que nã o teriam muita chance de sobreviver, a inal, estavam longe e ningué m iria contra a vontade do maldito Otá vio.

Tentou se soltar das cordas, ainda acertou um chute nas partes baixas do coronel e mais uma vez recebeu um soco
no rosto.

-- Vagabunda indı́gena! – Levantou-se com a arma em punho. – Vejam todos você s, essa é a dama, essa é a bela
senhorita que frequenta a alta sociedade... – Atirou para cima. – Nã o passa de uma ı́ndia selvagem... Uma maldita ı́ndia que
tomou o lugar de você s... – Cuspiu. – Permitirã o que ela seja superior a você s? Permitirã o que ela dê ordens a você s?

Os soldados começaram a murmurar ao mesmo tempo, xingando a garota.

A morena segurou o gemido de dor. Nã o demonstraria fraqueza diante daquele ser insensı́vel.

Ouviu a voz do namorado chamando seu nome.

Ele izera como tantas vezes que buscara livrá -la de sua ira.

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Um dos soldados o soltou e o saiu arrastando até onde eles estavam. Fê -lo ajoelhar diante de Otá vio.

Ele estava tã o machucado que sua fala mal dava para ser entendida, apenas esboçou uma expressã o que lembrava
um sorriso.

Aquele rapaz fora seu protetor, ajudando-a em seus piores momentos.

Tudo estava pronto para que seu casamento acontecesse dali a dois meses, poré m agora tudo estava acabado.

-- Solte-o... – Disse cuspindo sangue. – Juro que o matarei, que vingarei o que está fazendo hoje.

Otá vio lhe segurou os cabelos, obrigando-a a mirá -lo.

-- Você será minha... – Apontou a arma para o tenente. – E depois que me satisfazer contigo sobre o corpo do seu
namoradinho, te venderei como escrava... Uma pena realmente!

Diana ouviu o som do estalido, sentiu a cabeça rodar ao notar o que acontecia.

Antes de desmaiar a ú ltima imagem que viu foram os olhos abertos e sem vida do noivo.

Dez anos depois...

O salã o estava cheio de pessoas elegantes. Um verdadeiro des ile de trajes feitos pelos melhores estilistas.

Homens e mulheres pareciam embevecidos diante dos quadros que estavam sendo expostos.

Alguns garçons serviam o melhor champanhe e aperitivos aos convidados.

A nata da alta sociedade parecia maravilhada com a exposiçã o.

No primeiro andar, apoiada ao espaldar de madeira uma bela morena observava tudo. Sua face bonita demonstrava
total falta de interesse.

Linda, rica e talentosa, poré m nada daquilo satisfazia aquela mulher que ocupava um espaço naquele mundo.
Alguns a olhavam com curiosidade, outros a condenavam, mas poucos tinham coragem de apontar o dedo para a herdeira de
um homem tã o importante, mas a maioria o fazia por suas costas.

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-- Eu daria todos os anos da minha vida para saber o que se passa por trá s desses lindos olhos. – Entregou-lhe uma
taça.

Diana itou-a por alguns segundos e depois retornou a posiçã o de antes.

-- Seus quadros izeram bastante sucesso, mas já sabı́amos disso.

Vanessa era sua empresá ria.

Conhecera-a há muito tempo. Era uma mulher de seus quarenta anos, roliça, elegante, casada e que preferia ter
cachorros a ilhos.

-- Que bom! – Disse sem interesse, bebericando um pouco.

Nã o parecia sentir o sabor da bebida cara.

-- A imprensa deseja você , eles querem que dê uma entrevista.

A pintora itou as bolhas do lı́quido como se fosse uma bola de cristal. Parecia querer ver algo.

-- Eu nã o tenho nenhum interesse de falar com esses abutres! – Encarou-a com aquele olhar de desprezo.

-- Diana, você deixou de ser a ilha de Alexander Calligari para se tornar uma talentosa artista conhecida
mundialmente. – Dizia pacientemente. – Você tem muitos fã s.

A morena continuou calada, perdida em seus pensamentos.

Ela se afastou, descendo elegantemente as escadas. Aproximava-se de um dos seus quadros quando algué m que ela
conhecia bem se aproximou.

-- Preciso que venha comigo, senhorita!

Diana estreitou os olhos de forma ameaçadora... Mas nã o se negou a seguir com o homem.

O general Ricardo andava de um lado para o outro em seu escritó rio.

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Estava em sua mansã o na cidade, tentando resolver o que se passava. Passara tanto tempo fora e agora ali estava
sendo perseguido pelo passado.

A esposa se descabelava em total desespero.

-- Nã o posso perdê -la como perdi meu ilho! – Dizia chorosa, enquanto se desesperava em lá grimas. – O que farã o a
ela? Ela nã o merece passar por isso depois de tudo que enfrentou em todos esses anos. Por que izeram isso? Todo o dinheiro
que demos nã o foi su iciente para sanar essa maldita dı́vida?

O marido pensava naquele desabafo.

Passara todos aqueles anos tentando manter a neta protegida e para isso tiveram que empenhar quase todos os
bens, restando-lhe apenas pouca coisa para tentarem recomeçar.

-- Nã o vamos perdê -la! – Bateu com a mã o fechada sobre a mesa. – Nem que eu tenha que fazer um pacto com o
demô nio!

Ouviu-se o som da porta e depois de algum tempo apareceu dois soldados acompanhando uma bela mulher.

O homem a itou por longos segundos, encarando os olhos frios e brilhantes, conseguia ver o ó dio presente neles.

Sim, ela ainda os odiavam, mesmo depois de tanto tempo.

Conhecera-a quando ainda era uma menina, quando seus ralos cabelos negros se sobressaiam a sua pele
bronzeada.

Observou-a erguer a cabeça em tom de desa io e arrogâ ncia, mirou os lá bios rosados se torcerem em total desdé m.

Aquele fora um dos motivos de ter deixado o paı́s, pois sabia que a herdeira dos Calligaris nã o descansaria
enquanto nã o obtivesse a sua sonhada vingança.

Fez um gesto para que ela sentasse, mas foi ignorado.

Notou os trajes de noite que ela usava.

Um vestido vermelho sangue delineava o corpo alto, magro, mas com curvas tentadoras.

O tempo a deixara ainda mais bonita.

Fora aquela beleza a culpada de todas aquelas desgraças!

Em fraçõ es de segundos viu a esposa se ajoelhar diante da visitante, segurando-lhe as pernas, molhando o sapato
caro com sua dor.

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Diana nã o se moveu, tampouco demonstrou algum tipo de piedade.

Insensı́vel!

-- Salve-a! Eu imploro!

Por um momento, pô de-se notar a confusã o naquela ı́ris, depois apenas a indiferença voltou a prevalecer.

Ricardo foi até a sua companheira, segurando-a carinhosamente. Enquanto a tirava, mirou o desprezo no olhar da
morena.

Ela caminhou até a janela, observou a noite escura e sem estrelas.

Fora tirada de uma exposiçã o pelos soldados daquele homem, precisara abandonar seu trabalho para estar ali, para
encontrar aquelas pessoas que mais odiava em todo aquele universo.

Fitou o Rolex que descansava em seu pulso.

Quase vinte e duas horas!

Sua exposiçã o fora um sucesso, seus quadros tiveram uma grande aceitaçã o como já era de costume.

Tornara-se uma grande artista plá stica, mesclando a arte contemporâ nea com um surrealismo abstrato e sensual.

Diana Calligari fora agraciada pela crı́tica com seu talento, mas sua arrogâ ncia era muito mais explorada e mais
noticiada pela mı́dia, tanto quanto o escâ ndalo que se abateu sobre sua famı́lia.

A morena de olhos penetrantes era ilha de um conhecido coronel. Tivera uma vida itinerante, morando em grande
parte do mundo, vivendo em loresta, em acampamentos em meio ao nada. Sua formaçã o lhe rendera muitas honrarias,
poré m ao inal de tudo fora acusada de traiçã o e expulsa das forças especiais.

Seu pai nã o suportara a vergonha cometendo suicı́dio.

Alexander Calligari tivera uma ú nica descendente e muitos pensavam que fora criada em um laborató rio, uma
fertilizaçã o em meio a tantos insucessos, mas a histó ria era outra. O homem pertencente à alta sociedade, um verdadeiro
cavalheiro se envolvera com uma jovem ı́ndia selvagem.

Levou a mã o aos cabelos, sentindo a maciez das madeixas.

Voltou a itar os an itriõ es!

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O que eles queriam?

Irritou-se com o som dos soluços, irritou-se ao ver o olhar de sú plica que lhe foi dirigido.

Caminhou até a poltrona, sentando-se de forma elegante, cruzando as pernas longas.

Observou o pomposo escritó rio, o enorme quadro que decorava a parede central.

Sua obra!

Aquele fora a primeira que criara...

Sua atençã o fora tirada por uma fotogra ia de uma bela jovem.

Conhecia-a!

A ilha de Otá vio!

Vira-a algumas vezes, decerto hoje já nã o era mais uma menina.

Torceu o nariz em desagrado.

-- Diga de uma vez por que mandou me trazerem até aqui e agradeça por estar vestida como uma dama, pois se
fosse o contrá rio, eu já teria acabado com a sua maldita raça!

A voz rouca, baixa era demasiadamente sensual, combinando com a dona.

Ricardo ajudou a esposa a sentar, em seguida foi até onde estava a jovem.

-- Preciso que me ajude!

Os olhos negros se estreitaram de forma ameaçadora.

Indignada, levantou-se.

-- Como ousa me trazer aqui para me pedir ajuda? Só pode ter enlouquecido! Nunca eu o auxiliaria em qualquer
coisa que fosse!

Mais uma vez a voz chorosa de Clá udia que dessa vez nã o foi totalmente ignorada pela ilha de Alexander se fez
ouvir.

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Por alguns segundos ela itou o rosto sofrido da mulher, mas nã o demorou muito para recuperar a postura
costumeira.

-- Por que acha que eu faria isso? – Questionou com um leve arquear de sobrancelha.

O general cobriu o rosto com ambas as mã os, em seguida puxou uma cadeira, sentando diante dela.

-- Eu a salvei um dia... – Falou de forma dolorosa. – Eu a resgatei, protegi você ...

O discurso emocionado foi interrompido por uma sonora e debochada gargalhada.

-- Protegeu-me? – Disse entre o amargo riso. – protegeu-me! – Meneou a cabeça de forma sarcá stica. – Você nã o me
protegeu do doente do seu ilho! – Disse por entre os dentes. – Permitiu que ele izesse o que desejava e nã o moveu um ú nico
dedo. Permitiu que todos me acusassem de traiçã o, viu meu pai tirar a pró pria vida e nada fez e ainda deseja que o ajude?

Ricardo baixou a cabeça por alguns segundos, em seguida voltou a itá -la.

Era percebı́vel a dor que ele sentia naquele momento, o desespero era tã o grande que ele recorreu à ú nica pessoa
que ele sabia que nã o o ajudaria, mesmo assim, tentaria persuadi-la a fazê -lo.

-- Jamais imaginei que ele seria capaz de chegar tã o longe... – Disse baixinho. – Eu te resgatei... Se nã o fosse por mim
você teria tido um im terrı́vel... Mas eu nã o podia manchar a imagem do meu ilho...

Diana se levantou, caminhando até a janela mais uma vez.

Precisava de ar fresco, pois tinha a impressã o que estava sufocando.

Deu as costas para eles, pois nã o desejava que vissem sua fraqueza, nã o desejava que percebessem como aquelas
lembranças eram terrı́veis.

Otá vio quando caiu em si do que tinha feito, tentara de todas as formas se livrar de qualquer prova que pudesse lhe
incriminar, encontrando uma ó tima saı́da ao entregar a jovem para uma facçã o colombiana que costumava ser muito cruel
com as mulheres, usando-as, escravizando-as e vendendo-as para o oriente mé dio.

Mordiscou o lá bio inferior.

-- A minha neta passará o mesmo que você passou se nã o me ajudar...

A voz do homem interrompeu seus pensamentos.

-- Eu darei o que desejar para que a traga de volta com vida...

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Diana ouviu a voz de Clá udia, voltou-se para encará -los.

Do que eles estavam falando?

Vendo a confusã o em sua face, Ricardo pô s-se a explicar.

-- A Aimê foi sequestrada pela facçã o colombiana... A mesma que estiveram contigo...

A Calligari estreitou os olhos de forma ameaçadora.

-- Por que eles levariam sua querida neta? – Indagou descon iada.

-- Por dı́vidas que Otá vio contraiu com eles, ainda mais por terem perdido bastante dinheiro há dez anos.

A pintora sabia do que ele falava... Sua fuga rendera um dé icit enorme para os bandidos... Poré m nã o imaginara que
eles agiriam assim, a inal, eles nã o foram presos e nem punidos pelos crimes que cometeram, deveriam estar gratos por isso.

-- Que pena para sua netinha... Mas quem sabe ela nã o gosta de ser puta em um bordel na Turquia. – Disse
cruelmente, seguindo até a porta.

Nã o se importava com aquelas pessoas, ainda mais com essa garota que era ilha do homem que mais odiara em
sua vida.

Dane-se!

-- Farei o que você quiser se a salvá -la. – Ricardo disse em desespero.

A jovem segurou a maçaneta, mas nã o abriu.

Sentia o aço frio em seus dedos, a mesma frieza que estava presente em seu coraçã o.

As ú ltimas palavras a detivera.

-- Estã o blefando, decerto, pois sabem muito bem qual é o meu maior desejo. – Disse sem se voltar.

O silê ncio reinou por alguns segundos até que a voz do general fora ouvida novamente.

-- Nã o, estou dizendo o que realmente farei se me ajudar.

Ela se voltou lentamente.

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Os olhos negros pareceram maiores.

Ricardo engoliu em seco, antes de falar.

-- Eu farei o que for da sua vontade, contanto que salve a minha amada neta.

A bela mulher sentia a emoçã o correr mais forte por suas veias. Sentia se aproximar o momento que sempre
esperara durante todos aqueles anos.

Fora vı́tima de algo terrı́vel e mesmo com todo o prestı́gio que conseguira durante sua vida, sua dor e desprezo por
tudo o que aconteceu nã o havia sido vingado, todos os fatos foram abafados e ao inal de tudo o maldito Otá vio ainda saı́ra
como heró i.

Diana caminhou até a poltrona, voltando a se acomodar.

Sua postura era ereta, ré gia, cheia de si e dona da situaçã o.

Fez um gesto com a mã o, convidando-os para se sentar diante dela.

Ricardo puxou uma cadeira para a esposa e se acomodou depois da mesma.

O olhar dos trê s deixava claro que só estavam no mesmo lugar devido a um interesse comum.

-- Conte-me o que se passa... – A Calligari ordenou.

O general itou a mulher que fora sua companheira durante muitos anos e que passara ao seu lado os piores
momentos que algué m poderia viver.

Devia a ela aquilo, precisava salvar a neta já que nã o conseguira fazer o mesmo pelo ilho.

-- Minha neta foi sequestrada... – Ricardo disse em um io de voz. – As mesmas pessoas... – Engoliu em seco. – Ela
está passando tudo o que você passou...

Mais uma vez o choro compulsivo de Claudia interrompeu o discurso.

Ricardo segurou a mã o dela, itando-a.

-- Tudo vai dar certo, meu amor...

Diana desviou o olhar, itando um ponto vago em seu horizonte.

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Lembrava-se bem do que vivera, ainda tinha as cicatrizes em seu corpo dos dias que passara naquele maldito
cativeiro.

-- A Aimê é apenas uma menina... Ajude-a... – Clá udia chorou novamente.

A morena se levantou demonstrando total impaciê ncia.

Nã o suportava dramas!

Caminhou até a escrivaninha, dando as costas para eles, apoiou as mã os sobre o tampo.

Fitou a imagem da jovem de olhos penetrantes.

Os cabelos eram demasiadamente negros... Os olhos grandes, exibindo um azul intenso, incandescente.

O sorriso era vivo, espontâ neo... Doce... A ú nica coisa que a diferenciava dos de Otá vio que costumava exibir
crueldade em todos os seus gestos.

Ela tinha os traços dele...

Teve uma sensaçã o de ná useas.

Seus dedos longos passaram sobre a foto...

Algo a irritou.

Virou-se para os dois que a observavam.

-- Você é um general, mande seus homens regatá -la, use seu poder para salvá -la... – Falou de forma rı́spida.

Diana observou a palidez que se apossou da face dele.

Durante aqueles anos ele envelhecera bastante. O bigode que sempre usara, agora exibia um tom prateado igual aos
cabelos. Estava mais magro e sua postura um pouco curvada.

Gostaria de nunca ter conhecido aquelas pessoas.

-- Eu nã o posso... – O general falou em desespero. – Nã o posso correr o risco que a matem... – Limpou a lá grima que
descia insistentemente. – Eles vã o matá -la... Eles querem se vingar por causa do Otá vio...Meus homens nã o poderã o passar
pela tribo... Você sabe disso...

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Tribo?

Ela també m nã o era bem quista por eles há muito tempo!

Mais uma vez a bela pintora caminhou até o mó vel, sentando-se.

Mais uma vez o silê ncio se fazia eco, até que o olhar inexpressivo se voltou para eles.

-- Por que eu? – Questionou por entre os dentes.

-- Porque você foi a ú nica que viveu aquele inferno e conseguiu sobreviver... Você conhece aquela loresta, conhece
suas armadilhas... Você é a ú nica que pode trazê -la de volta com vida.

Sim, aquilo era verdade, pois Diana conhecia bem aquele lugar cheio de perigos. Passara quase trê s meses fugindo
da facçã o, dormindo em buracos, em á rvores, comendo insetos para sobreviver, poré m aquilo tudo nã o valia a pena, era uma
missã o suicida.

-- Eu farei o que você quiser, mas traga-a de volta...

Diana tirou toda a roupa, entrando na confortá vel banheira.

Inclinou a cabeça para trá s, fechou os olhos, sentia o aroma delicioso da espuma invadir seus sentidos.

O banheiro era todo decorado na cor branca. Grande e espaçoso, fazia parte dos aposentos principais que ela
ocupava.

Aquela enorme mansã o fora deixado por seu pai. Localizava-se em uma fazenda, onde ela izera questã o de
continuar com a paixã o que fazia parte do sangue dos Calligaris, criaçã o de animais, principalmente de cavalos.

Todos estranhavam o fato de uma grande dama da sociedade viver isolada em um lugar como aquele, mas ela nã o
se importava com isso. Suas obras sempre viam de inspiraçõ es daquele pedaço de paraı́so.

Ouviu passos macios e nem mesmo abriu os olhos. Apenas sentiu a mã o amorosa pousar em seu ombro.

-- Menina, isso nã o é hora de tomar banho, qualquer dia desses vai pegar uma pneumonia.

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A morena sorriu e encarou o rosto roliço de sua amada babá e tia.

Aquela mulher lhe criara desde que era um bebê e sempre lhe dedicara todo o carinho e amor.

Tocou-lhe a face, itando os cabelos grisalhos, o olhar simpá tico que lhe era caracterı́stico.

-- Precisava relaxar...

-- Você costuma relaxar sobre o Cé rbero... Outra coisa que ainda vai te render uma infecçã o. – Levantou-se, pegando
o roupã o e estendendo para ela. – Venha, já está na hora de ir para cama e se nã o conseguir dormir pode ir pintar seus
quadros, eu te faço companhia.

Diana deu um suspiro de resignaçã o. Nã o era fá cil ir contra as ordens daquela senhora.

Levantou-se, permitindo que ela lhe ajudasse a se vestir.

-- E como foi a exposiçã o? – Questionava enquanto seguiam para o quarto.

A jovem seguiu até a cama e viu que havia uma bandeja com leite e biscoito.

Seguiu até a mulher, abraçando-a.

-- Você é tã o maravilhosa comigo, Dinda. – Apertou-a mais forte. – Eu nã o sei o que seria de mim sem você na minha
vida.

A senhora sorriu, segurando-lhe o rosto querido.

-- Sabe que te amo como se tivesse saı́do do meu ventre...

-- Eu te amo como se assim o fosse.

Dinda, como era chamada carinhosamente, era Antô nia Calligari, tia de Alexander.

Seguiram até a cama, sentando-se.

Diana levou o copo à boca.

Dinda a observava de forma atenciosa, pois depois de tudo que sua menina passou ela sabia como sua vida se
tornara difı́cil. Sabia que ela nã o era feliz, ainda mais porque nã o conseguira esquecer tudo o que aconteceu.

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-- Eu vou ter que me ausentar por uns dias... Preciso fazer algo.

-- O quê ? – Indagou preocupada. – Passou um mê s inteiro na Alemanha, se jogando naquelas boates, envolvendo-se
com pessoas... – Torceu a boca. – Nã o quero nem falar sobre isso. Você é uma Calligari, tem sangue nobre, precisa agir como
uma dama. – Levou a mã o à testa. – O que iz de errado na sua educaçã o.

A jovem sorriu.

Sabia como a senhora condenava seus atos.

-- Nã o irei a esses lugares dessa vez... – Mordiscou distraidamente um biscoito.

-- E entã o?

-- Vou para a Amazô nia...

Dinda praticamente pulou da cama.

O rosto expressando total palidez naquele momento.

-- Está louca? Perdeu o resto do juı́zo que lhe restou? – Colocou as mã os na cintura roliça. – Que diabos vai fazer
naquele lugar? Foram aquelas pessoas quem a desviou do seu caminho...

A morena tomou mais um pouco do leite, depois encarou a babá com toda calma do mundo.

-- Irei salvar Aimê Villa Real e acertar umas contas antigas.

A mulher icou boquiaberta com o que estava ouvindo.

-- Que brincadeira é essa, Diana? Você jamais se envolveria em algo tã o arriscado para salvar algué m daquela
famı́lia.

A pintora tocava a borda do copo, parecendo pensativa, depois voltou a itar mulher.

-- Ricardo disse que vai me dá o que eu quiser se eu trouxer a neta dele viva...

-- Meu Deus, ilha, esqueça isso... – Sentou-se, tomando as mã os delas nas suas. – Você já sofreu tanto, quase
morreu, pior, parece que agora realmente você pretende concretizar seu desejo de morrer.

Diana esboçou um sorriso triste.

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-- Eu preciso fazer isso, preciso que toda verdade venha à tona, necessito de que todos saibam do que se passou.

-- Mas o que isso vai mudar?

A jovem deu um suspiro alto.

-- Vai mudar a imagem que as pessoas tê m de um homem que jamais foi heró i, de um homem que foi aclamado por
todos, quando por baixo dos panos cometia os crimes mais bá rbaros que se podia imaginar... Eu limparei o sobrenome
Calligari... Eu devo isso ao meu pai...Devo isso a você ... – Falou emocionada.

-- Ele está morto, ilha... – Com o polegar secou uma lá grima que descia do rosto bonito. – Nada pode mudar o
passado...

-- Mesmo assim ainda me faz muito mal... – Mordiscou o lá bio inferior. – Preciso disso para continuar minha vida...

-- Por que esse homem nã o manda o exercito resgatar essa menina, ele tem esse poder... Por que envolveu você
nessas coisas? Isso é muito arriscado... Você nem mesmo se envolve mais com isso... Nã o é mais uma militar... – Disse
aborrecida.

-- Ele sabe que nã o será algo fá cil e sabe també m que eu sou a ú nica chance para essa garota sair de lá com vida. A
tribo nã o permitirá a passagem deles... Isso alertará a todos.

-- E quem disse que vã o te deixar passar? Você foi proibida de pisar naquelas terras!

Ela mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

-- Diana, por favor, nã o vá ! – Pediu chorosa.

A morena depositou um beijo em sua face.

-- Eu juro que voltarei bem e quando retornar vamos viajar para Itá lia como você tanto queria, vamos rever a
famı́lia.

-- Diana... – Insistiu. – Você nem mesmo conhece essa menina...

-- E a mim ela nã o interessa! – Falou de forma rı́spida. – Vou precisar usar todo meu controle para nã o matá -la, eu
mesma, a inal, ela é a ilha daquele monstro!

Dinda fez um gesto negativo com a cabeça, temendo por essas palavras.

Onde Ricardo Villa Real estava com a cabeça ao envolver a Calligari nessa histó ria. Será que ele nã o tinha ideia de
todo ó dio que a jovem artista carregava dentro de si?

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Abraçou sua amada garota, sabendo que a ú nica coisa que podia ser feito naquele momento era rezar para que tudo
saı́sse bem naquela empreitada.

Trê s dias depois...

O pequeno aviã o sobrevoava baixo.

A Calligari observava pela janela o verde imperar naquelas paisagens.

Naquele vasto territó rio havia um nú mero grande de tribos isoladas, muitos evitavam manter contato com a
civilizaçã o moderna, até mesmo sendo arisco à sua presença. Infelizmente grandes madeireiras e exploradores costumavam
invadir esses lugares e isso causavam inú meras doenças.

Nã o era fá cil penetrar em seus espaços, o mais prová vel é que se saia com uma lecha alojada em seu corpo.

Fitou a pequena aldeia.

Lembranças invadiram sua mente.

Respirou fundo!

O ar era mais fresco, refrescante... Transmitia paz, mesmo sendo tã o selvagem.

O piloto recebeu a permissã o para pouso e logo o fez.

Diana ouvia o som dos motores aos poucos serem desligados.

Pegou a mochila, parou no primeiro degrau observando toda a regiã o.

Pouca coisa mudara naqueles anos por ali.

Um pequeno paraı́so no meio do nada. O verde era preservado, os poucos animais que ali viviam eram usado para
sobrevivê ncia daquelas pessoas. Nã o costumavam buscar mais do que necessitava, apenas viviam com o que era necessá rio.

Viu algumas crianças correndo curiosas até a aeronave e em meio a elas viu um rosto conhecido.

Desceu o restante dos degraus, colocou os ó culos de aviador prateado para lhe proteger os olhos do sol escaldante.

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Havia uma verdadeira ileira de casinhas de madeira. Humildes choupanas.

As pessoas corriam para as pequenas portas e janelas para observarem a igura imponente que acabara de chegar.

Diana usava calça em estilo militar colada as pernas torneadas, botas confortá veis que chegavam até os joelhos,
camiseta verde justa a suas curvas, suspensó rio, boné sobre os cabelos soltos.

Era uma mulher muito bonita e nã o costumava passar despercebida.

A Calligari parou quando observou o homem se aproximar dela.

Ela o conhecia há muito tempo, desde que seu pai a carregava por aquelas terras.

Piatã era o seu nome.

Ele já estava bem idoso, mas ainda exibia vivacidade em seu andar. Era considerado um lı́der naquele pequeno
lugar.

-- Dia, major! – Estendeu a mã o para ela. – O que a traz por aqui?

A morena esboçou um sorriso.

As pessoas naquela regiã o que a conheciam a chamavam assim.

-- Como vai, meu amigo? – Indagou retirando os ó culos. – Agradeço por ter permitido a minha chegada.

O velho ı́ndio percebeu um quê de sarcasmos naquelas palavras, poré m ignorou-as.

-- Vida boa sempre quando procuramos viver em uniã o com a natureza! Major sabe disso muito bem.

Ele fazia parte de uma tribo que vivia na loresta, mas precisou escolher icar naquele lugar para proteger a
identidade dos que nã o gostavam da sociedade, daqueles preferiam viver dentro da imensa mata.

Piatã era uma espé cie de guardiã o.

As pessoas ali usavam roupas normais, mas ainda conservavam suas tradiçõ es.

-- O que a traz aqui depois de tantos anos? – Indagou descon iado.

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-- Preciso que me leve à tribo!

Piatã nada disse, apenas apontou para a pequena choupana e seguiu em passos lentos.

Diana mirou o reló gio.

Meio dia!

Precisava se apressar, pois a travessia pela mata fechada era demorada, poré m nã o podia recusar o convite do
velho, seria considerado uma verdadeira ofensa.

Resignada, seguiu-o.

Enquanto caminhava, as pessoas a observavam com curiosidade. As crianças pareciam embevecidos diante da
jovem, caminhando ao lado dela.

Percebeu també m que alguns mais idosos a olhavam com raiva, poré m aquilo nã o importava mais.

Chegaram até o pequeno barraco.

A porta era dividida em dois rolos. Ambas estavam abertas.

O lugar era simples. O piso de terra batida, a eletricidade era privilé gio de poucos naquele lugar. Apenas quem
contava com um motor poderia viver com esse luxo, os demais ainda utilizavam o candeeiro a gá s.

Piatã fez um gesto para que ela sentasse.

A casa de apenas um cô modo tinha uma mesa rú stica, uma rede, um pote para á gua e um fogã o de barro, o piso era
batido.

Diana se acomodou no banco de madeira.

O velho ı́ndio lhe serviu um copo com á gua, depois sentou de frente para ela.

-- Hoje de manhã o Pajé mandou sua ave avisar da sua chegada.

A morena tomou o conteú do lentamente.

Outra pessoa ao ouvir aquilo se assustaria, mas ela sabia dos poderes daquele velho homem.

Fitou o lı́quido cristalino que repousava no fundo caneca.

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-- O que ele disse mais?

-- Que a major deve retornar para selva de pedras, que a major nã o deve seguir em busca de vingança... Sua tribo
nã o gostará de saber que veio aqui.

Diana tirou o boné .

Pacientemente regulava o fecho.

-- Mesmo que ele nã o queira, eu atravessarei a tribo e se ele quiser me deter vai ter que mandar os guerreiros me
matarem.

Piatã estendeu as mã os segurando as da jovem nas suas.

-- Ainda tem a alma escurecida... Nã o deveria ter voltado aqui... Os anos nã o izeram muito por você .

A jovem respirou de forma exasperada.

-- Leve-me até lá ou eu mesma irei sozinha!

-- Menina Diana sabe que nã o pode entrar na selva sem permissã o... Sabe que será uma afronta a nossa tribo e sabe
muito bem o que acontece com aqueles que desrespeitam nossas leis.

-- Nã o esqueça també m de que para esse povo eu sou uma princesa! – Disse com arrogâ ncia.

-- Sua tribo a condenou há muito tempo...

A morena parecia pronta para retrucar agressivamente, mas acabou adotando um tom mais cordato.

-- Eu sei e pelo respeito que tenho por sua cultura vim aqui pedir que me leve à tribo, deixe que eu fale com o pajé ,
dê -me a chance de convencê -lo a permitir a minha passagem por sua terra.

O bom homem esboçou um sorriso.

Conhecia bem aquele ser forte que estava diante de si e tinha certeza que ela nã o desistira sem lutar até o ú ltimo
segundo.

Ela era uma guerreira... Uma princesa...

Piatã levantou.

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-- Comeremos algo e depois seguiremos viagem... Poré m se o pajé nã o permitir a sua passagem, deve retornar
comigo, nã o deve afrontá -lo, major.

Diana nada disse, apenas permaneceu sentada, observando a agilidade do velho ı́ndio.

Aquela empreitada nã o tinha como objetivo salvar Aimê , na verdade, a pintora nem se importava com a garota,
apenas tinha em mente o que tanto almejara durante todos aqueles anos. Finalmente todos saberiam quem era o coronel
Otá vio Villa Real, inalmente toda a culpa que fora jogada sobre si seria retirada.

Levantou-se, seguindo até a porta.

Observava com atençã o as crianças brincando, correndo e aprendendo a usar o arco e lecha.

Por um momento lembrou-se de uma garotinha de cabelos de cabelos negros que corria livre por aquele lugar, uma
menina que nã o sabia o que o futuro lhe reservava.

Piatã colocou a mã o em seu ombro.

Agora ele já estava encurvado, mas antes era um pouco mais alto do que a Calligari.

-- Tem boas lembranças daqui?

-- Algumas... – Respondeu sem se voltar.

-- Mesmo que tente, mesmo que os renegue, quem a conhece encontra a princesa de uma tribo.

-- Sim, eu sinto dentro de mim a selvageria do povo que é meu. – Disse em desdé m. – Todos os anos e todo dinheiro
gasto com a melhor educaçã o nã o me livraram desse estigma.

-- O seu povo deixou há tempos esse caminho, os Tahalunara é uma tribo de guerreiros corajosos...

-- Assassinos!

-- E você , major, é uma assassina també m?

A morena nã o respondeu e o velho ı́ndio voltou a arrumar as coisas.

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Capitulo 2 por gehpadilha

O sol estava mais ameno quando seguiram mata a dentro.

Diana, Piatã e outro rapaz robusto pegaram uma canoa e seguiram pela margem.

A morena observava tudo com atençã o, pois sabia que por trá s de toda aquela beleza existiam inú meros perigos.

Fitou algumas piranhas nadar bem pró ximo.

Estavam famintas, sedentas por carne. Pulavam, pareciam desejar mostrar que mesmo sendo tã o diminutas
mandavam naquele lugar.

Nã o era é poca de chuvas, entã o a á gua nã o estava tã o funda.

Viu as vitó rias ré gias enfeitaram a paisagem.

Respirou impaciente.

Nã o demoraria a deixar o transporte e logo seguiriam a pé pela mata fechada.

A tribo icava bem isolada e nã o havia permissã o para que as pessoas fossem até lá .

Diana se recordava de que quando seu pai precisou seguir por aquele territó rio precisará do consentimento de
Ubiratã .

Ela o conhecia há muito tempo.

-- Major, calada... O que pensa?

O som forte da voz de Piatã lhe tirou de suas divagaçõ es.

A jovem o itou.

-- Estava me lembrando do meu pai...

-- Alexander era um homem bom, um guerreiro... Nos defendeu muito dos invasores, dos ladrõ es... Filha dele
també m ser grande guerreira... Tem nosso sangue... Mas tem muita arrogâ ncia...

-- Meu pai adorava isso aqui e teria vivido aqui sem problemas... – O tom era magoado.

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-- Diferente da major...

Ela esboçou um sorriso enigmá tico, depois voltou a prestar atençã o à á gua.

Alguns jacaré s estavam à margem esperando sua presa.

Os pá ssaros estavam calados, pressentiam o perigo.

De repente a grande ave, falcã o, posou sobre a pequena embarcaçã o.

Aquele animal eram os olhos e o mensageiro do pajé .

Ela nã o demorou muito, apenas observou a morena por alguns segundos, erguendo voo novamente.

O ı́ndio encarou Diana.

-- Bem, espero que ele nã o nos receba com lechas. – Gracejou.

Nã o demoraram muito para seguirem por terra.

Diana usava coldres nas coxas e circundando o peito. Sabia que precisava de armas para se defender se assim fosse
preciso, mesmo diante do olhar reprovador de Piatã .

Aquela tribo reprovava todo tipo de manifestaçã o de violê ncia e condenavam ainda mais o uso de armas de fogo, só
a praticavam contra os considerados traidores.

A caminhada era longa, ainda mais porque havia armadilhas, alé m de predadores.

As seringueiras enfeitavam a paisagem.

Naquela parte ainda nã o havia desmatamento, continuava preservado, talvez pelo fato de ser um lugar mais
selvagem, onde poucos se habilitavam a ir.

As lores secas e també m verdes forravam o caminho o que tornava fá cil para um animal se camu lar.

Precisavam ser á geis e ter bom preparo fı́sico, pois havia muitos obstá culos.

Piatã caminhava à frente, abria caminho com seu cajado, nã o havia trilha para ser seguida. Diana seguia no meio,
tendo o outro bem atrá s de si. Tomava cuidado para nã o ter a pele rasgada.

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Ouviram o chocalho da cascavel e nã o demorou muito para o ré ptil atentar contra eles. A morena foi rá pida,
tomando o bicho na mã o, jogando longe.

O rapaz que seguiam com eles pareceu enamorado pela mulher de cabelos negros e admirado por sua coragem.

-- Vejo que a cidade grande nã o a domesticou... – Piatã comentou.

A jovem apenas deu de ombros, continuando a caminhada.

Apressaram-se porque como a loresta era de mata fechada, escurecia rá pido.

Nã o havia uma trilha, apenas caminhos por entre as á rvores.

Acamparam ao anoitecer.

Fizeram uma pequena fogueira. Dormiriam sob as estrelas.

-- Se nã o tem intençõ es de salvar a garota porque nã o icou em sua confortá vel casa?

Diana estava deitada de lado e pensara que o ı́ndio estava a dormir. O mais jovem montava guarda.

Virou-se para Piatã .

-- Há coisas que precisam ser feitas para que outras possam ser conseguidas.

-- A major vive de passado...

-- Talvez se eu nã o tivesse deixado a tribo nada disso tevesse acontecido... – Disse pensativa.

O velho estendeu a mã o e tocou-lhe a face bonita.

-- Nada acontece sem estar escrito no grande livro da vida...

Diana ainda pensou em protestar, mas aquelas pessoas tinham uma fé cega em algumas coisas e acreditavam em
coisas que nã o fazia sentido para ela.

Sempre fora cé tica, acreditava mais nas açõ es do que em crendices.

Fechou os olhos tentando dormir.

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Dois dias de caminhada e por im chegaram à tribo.

A lua já estava alta.

Fogueiras estavam acesas.

As ocas eram distribuı́das em cı́rculos.

Os ı́ndios dançavam ao redor do fogo, pareciam festejar algo.

As crianças ajudavam as mulheres idosas a arrumarem a grande mesa. Havia frutas, verduras, algumas caças.

Diana recordou-se da é poca que vivera naquele lugar e de como a hora da refeiçã o para eles era sempre era algo a
ser comemorado.

Mirou algumas ı́ndias a lhe observar com curiosidades, eram jovens e bonitas.

Os corpos cheios de pinturas...

Nã o viviam nus como alguns costumavam pensar, usavam pedaços de panos que cobriam os sexos, apenas os seios
estavam à mostra.

De repente a dança parou e ela sabia muito bem por qual motivo.

Todos izeram uma respeitosa reverê ncia diante da presença do pajé . Ela nã o, apenas o observava.

Ubiratã era sá bio e fazia tudo para proteger seu povo, fazia tudo para viver em harmonia com as outras tribos, pois
já houve um tempo de muitas mortes, de muita dor.

Ele nã o era um ditador, era um homem amado e respeitado por sua sabedoria.

Os olhos intensamente negros se voltaram para ela.

Mesmo sabendo que nã o deveria fazê -lo, ela sustentou o olhar.

Ele fez um sinal para que Diana se aproximasse e foi isso que ela fez.

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Arrogante, andava com a postura de uma verdadeira rainha.

Caminharam até uma oca em total silê ncio.

A jovem reconheceu algumas pessoas, mas sabia que nã o tinha autorizaçã o para se aproximar de ningué m naquele
momento.

Ergueu a cabeça e continuou.

Parecia que nã o passara tantos anos.

O chefe continuava do mesmo jeito. Alto, gordo, cabelos brancos, olhar duro... Ainda usava suas tú nicas, suas
pinturas... Seu cocar pomposo e colorido.

Entraram e sentaram no chã o.

Ela cruzou as pernas, imitando a posiçã o de Buda que o pajé fazia.

-- Nã o deveria ter vindo!

-- Sabe por que eu vim, entã o nã o tenho que explicar nada.

Ele lhe dirigiu um olhar reprovador.

-- Continua tã o arrogante como antes.

A morena mordiscou a lateral do lá bio inferior demoradamente.

-- Desculpe-me, mas preciso muito fazer isso.

O pajé estendeu as mã os para ela, tomando as delicadas junto as suas.

Apenas o luar e a fogueira iluminava o lugar.

-- Menina Diana, quando você voltou aqui eu a proibi de passar porque temia por sua vida, mas agora sei que nada
a impedirá , pois é esse o seu caminho. – Esboçou um sorriso. – Como cresceu tanto e se tornou esse ser tã o intratá vel?

Os olhos negros pareceram confusos e envergonhados.

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-- Se deseja seguir, nã o a impedirei, apenas a aviso de que esse ato mudará sua vida para sempre.

-- Nã o tenho medo de morrer!

O velho ı́ndio meneou a cabeça negativamente.

-- Você tem medo de viver... E agora é isso que vai acontecer... Vai viver...

Diana suspirou.

-- Eu nã o sei o que quer dizer, mas pelo menos vou icar feliz porque se eu resgatar a neta de Ricardo ele vai admitir
diante de todas as barbaridades que o ilho dele fez.

-- Passaram-se tantos anos... – Tocou-lhe a face, desenhando o formato do rosto. – Engraçado como herdara toda a
irracionalidade do seu povo.

Ela encarou os olhos intensamente negros.

-- Nem que passe uma eternidade... Jamais perdoarei... Jamais esquecerei o que aquele homem fez e como os Villa
Real icaram calados diante de todo o ocorrido. Meu pai nã o aguentou a vergonha e se matou.

-- A culpa ainda te persegue...Fechou-se dentro de si... Tornou-se aquilo que estava previsto...

-- Sou Diana Calligari... Filha de Alexander Calligari... – Disse orgulhosamente.

Ele lhe acariciou os ios pretos.

-- Você nã o é só ilha de Alexander... – Falou pacientemente.

-- Tornei-me unicamente ilha dele quando fui expulsa da sua cultura! – Retrucou rispidamente.

O pajé se levantou.

-- Descanse hoje e amanhã você seguira seu caminho... Deixarei que dois guerreiros a acompanhe até o seu destino.

Ela pareceu surpresa.

-- Sou muito grata por isso...

-- Poré m preciso que siga as minhas orientaçõ es quanto a algumas coisas.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Diana arqueou a sobrancelha esquerda em descon iança.

-- Nã o deve retornar por aqui. Sei que será mais difı́cil para ti, ainda mais porque demorará muito para retornar
para casa, poré m você está acostumada a essas coisas. Passava muito tempo nessa selva embrenhada... Provavelmente
encontrará sua tribo, é um risco grande, mas lhe dou um conselho: Nã o enfrente Tupã !

Ela fez um gesto de assentimento. Mesmo se aquilo nã o fosse lhe dito, jamais retornaria por ali, pois estaria
colocando em risco a todos que ali viviam.

Quanto à s tribos que toparia naquela empreitada, sabia que nã o seria fá cil passar por elas.

A volta nã o seria fá cil, ainda mais por ter ao seu lado essa garota que carregava o sangue podre de Otá vio.

-- Junte-se a nó s, estamos comemorando o amor e a sua chegada.

Diana assentiu enquanto seguia em companhia dele.

Aimê ouvia os passos, ouvia as vozes do lado de fora e sabia que logo a levariam embora daquele lugar e nunca
mais voltaria para casa.

As mulheres gritavam de prazer, permitiam-se ser usadas da forma que aqueles homens desejavam.

Enojou-se!

Tentou se livrar das cordas, mas eram inú teis todos os seus esforços.

Será que já era noite?

Temia que em algum momento eles acabassem violentando-a, mesmo quando ouvira comentá rios sobre seu valor
ser maior se continuasse intocada.

Fechou os olhos fazendo uma prece silenciosa.

Desejando que acontecesse algo que pudesse mudar o rumo daquela terrı́vel histó ria.

Ouviu o som de uma pá ssaro e sentiu um arrepio em sua espinha.

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Temia que depois de tudo ainda fossem capazes de ir atrá s dos avó s, temia que eles os matassem como izeram com
seu pai.

Aquelas pessoas nã o tinham coraçã o e tampouco moral, apenas visava o poder, o dinheiro que viria de seus atos de
crueldade.

Como um ser humano podia ser tã o ruim?

A boca estava seca...

Precisava de á gua, precisava descansar sem ter medo de um daqueles homens a atacassem.

Diana se mantinha encostada a uma á rvore, observando distraidamente a alegria de todos que ali habitavam.

Vivera algum tempo naquela aldeia quando ainda era uma criança. Seu pai a deixara nas mã os do pajé , enquanto
precisou se ausentar por um longo tempo. Na verdade, a morena sabia que Alexander izera aquilo para que a ilha fosse
treinada e o mais importante, aprendesse a ter disciplina, vivesse aquela cultura, abrira mã o dela para que nã o houvesse uma
guerra.

Lerdo engano!

Fitou uma ı́ndia que fora uma grande amiga sua... Yara se deitara em seus braços quando ainda contavam com treze
anos... Seu corpo conhecera o prazer e se viciara nele...

Nã o podia dirigir a palavra a nenhum deles, devia permanecer isolada e achava que assim era melhor.

Baixou a cabeça ao ver que uma jovem se exibia para ela.

-- A cidade nã o lhe deu bons modos?

A voz de Ubiratã a tirou de suas divagaçõ es.

Virou-se, mas nã o o viu.

Embrenhou-se pela escuridã o, sabendo que ele estava por ali.

Pisava com cuidado... Olhava todos os lados.

-- Estou aqui...

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Entã o ela o viu descansando sobre uma á rvore. O luar prateado iluminava-o.

Ela colocou as mã os na cintura, itando-o.

-- Estava lendo meus pensamentos! – Acusou-o. – Nã o gosto que use seus poderes comigo! – Dizia irritada.

-- Nã o consigo ver muito... Você consegue bloquear as minhas visõ es com sua escuridã o. – Falou pacientemente. –
Interessante como todos esses anos nã o a ajudaram a superar tudo o que passou... Yara se casou, tem famı́lia, tem ilhos...

O pajé mesmo na escuridã o viu que as faces bonitas icaram coradas.

Sorriu!

-- Fico feliz por ela!

-- Esqueça o passado...

Diana pareceu mais indignada.

-- Acha que o que passei foi pouco? Eu vi o homem que amava ser morto, fui espancada inú meras vezes e entregue
para aqueles malditos...

-- Você o amava como um irmã o, nã o como uma mulher deve amar o homem com quem casaria.

-- De que está falando?

-- Só a verdade e isso é a maior fonte do seu ó dio... Culpa-se por ter aceitado o matrimô nio... Pensa que se nã o o
tivesse feito ele ainda estaria vivo e nada daquilo aconteceria... Infelizmente, princesa, quando entrou no exé rcito o seu
destino fora selado.

-- Nã o acredito em destinos, nã o acredito nessas coisas... Nó s fazemos a nossa vida como desejamos... – Esbravejou.

-- Eu nã o discordo disso... – Dizia calmamente. – Temos sempre vá rios caminhos a seguir...

-- Entã o nã o me venha com essas besteiras...

Ficaram em silê ncio e por alguns segundos só os sons dos animais noturnos poderia ser ouvido.

-- Você nã o deseja salvar a menina Aimê ... Tupã vai desejar que salde a sua dı́vida...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

O riso debochado da jovem nã o pareceu incomodar o chefe.

-- Nã o sabia que essa era uma novidade... Qualquer um que conhece a minha histó ria sabe que a ú ltima coisa que
desejo é salvar a maldita ilha de Otá vio... Quanto a Tupã , nã o estou preocupada com o que ele possa fazer.

-- Você pode simplesmente voltar para a cidade, retomar para suas pinturas e deixar tudo isso para trá s... E um
caminho a seguir...

-- Já disse que nã o tenho medo de morrer...

-- Nã o, Diana, você ainda nã o sabe o que é o medo... Você nã o melhorou durante todos esses anos... Ainda é a
menina que seduzia todas as ı́ndias, ainda é a menina que fugia por essa loresta sem respeitar os limites que eram lhe
dados... Ainda é a menina de nariz arrebitado que só pensava em si... O tempo só aumentou essas suas qualidades...

Ela ainda abriu a boca para retrucar, mas o pajé como em um passe de má gica desapareceu.

Ela suspirou irritada.

Nada daquilo a importava...

Iria até o acampamento e tentaria salvar a garota, mas se nã o conseguisse, ela mesma a mataria, assim a livraria de
um destino terrı́vel e també m vingaria parte do seu ó dio.

Antes que o sol nascesse, Diana seguiu seu caminho, acompanhada de dois ı́ndios que a guiariam durante o trajeto
até o acampamento.

-- Esconda-se na caverna... Há alguns dias pedi que alguns guerreiros deixassem mantimentos lá , ique lá por um
tempo e depois siga seu caminho. – Olhou para o cé u que ainda estava escuro. – Chovera em menos de trê s dias, isso será bom
para apagar seus passos.

Ela assentiu e mais uma vez agradeceu.

Pelo mapa que tinha, ao inal de duas noites encontraria os bandidos. Esperava que eles continuassem no mesmo
lugar.

Ela tinha sorte por conhecer melhor aquela regiã o, tinha essa vantagem, enquanto a facçã o apenas se centrava em
uma parte descampada da grande mata.

Os animais se agitavam diante da presença humana.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Os macacos pulavam os galhos, pareciam curiosos com os invasores.

Pegaram uma canoa para descer rio a baixo.

Observava a loresta quando viu alguns ı́ndios de outra tribo. Se nã o estivesse acompanhada, decerto, naquele
momento teriam lhe lançado inú meras lechas.

Eles a conheciam e nã o demoraria a que todos soubessem da sua presença na loresta.

Remava junto com os dois que nã o pareciam muito sociá veis.

Desejava nã o estar mais naquela rú stica embarcaçã o quando a noite chegasse. Sabia que naquele habitat os
predadores eram mais traiçoeiros.

Ouvia-se os cantos dos pá ssaros e de repente o ataque de um jacaré a um pequeno mamı́fero que bebia á gua sem se
dar conta do perigo que corria.

Era estranho estar ali, estranho porque era como se nunca tivesse partido. Estranho porque sempre se sentiu uma
predadora, tã o ameaçadora como os felinos que caçavam implacavelmente suas vı́timas.

Pararam apenas para se aliviar, quanto à comida, tinha levado alguns sanduı́ches e frutas, nada muito articulado.

Felizmente deixaram o rio e agora seguiam por terra.

O caminho era perigoso... Tinha que seguir em meio à vegetaçã o que praticamente impedia que os raios de sol
penetrasse o ambiente.

Sem falar nos predadores.

Cobras, onças...

Diana estava sempre alerta.

Usava um arco para nã o denunciar a sua presença atirando.

Ao inal da tarde os companheiros se despediram dela.

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Na noite do dia seguinte chegaria ao destino.

Desejava terminar aquilo o mais rá pido possı́vel e retornar para casa. Nã o tinha lembranças boas do tempo que
viveu ali e talvez o chefe tivesse razã o em alguns quesitos, poré m jamais tivera a intençã o de destruir a vida de algué m. Por
isso aceitara aquela missã o, pois só assim saldaria a dı́vida que tinha com o homem que um dia a protegera de tudo e de
todos, do homem que perdera a vida para salvá -la, outro que perdera a vida por nã o suportar a vergonha.

Saı́ra cedo na manhã seguinte, apressava o passo.

Ouviu o rugido conhecido e rapidamente subiu sobre a á rvore.

Uma onça!

Pegou a arma que estava no coldre da coxa. Nã o desejava matá -la, mas se fosse preciso, faria.

Era um animal de beleza esplê ndida, grande.

Topara com vá rias espé cies daquela e sabia o quã o á geis, fortes, rá pidas o su iciente que nã o dava muita chance a
sua presa para se defender.

Depois de algum tempo ela perdeu o interesse em sua pessoa e saiu perseguindo outra futura refeiçã o.

Respirou aliviada!

Andou mais rapidamente e nem mesmo parou para comer ou tomar á gua.

Depois de um longo e á rduo caminho, chegara ao lugar do acampamento.

Havia madeiras sobre caminhõ es. Grande parte da á rea estava desmatada.

O lugar estava sendo arrumado para um helicó ptero pousar.

Entã o nã o chegara tarde!

Sentiu-se aliviada.

Trepou em uma á rvore para poder observar melhor a movimentaçã o no lugar.

Pegou o binó culo, investigando tudo que pudesse ser usado no seu resgate.

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Havia homens armados com metralhadoras diante de uma fogueira... Uma tenda grande e outras menores estavam
distribuı́das ao redor do terreno.

Estava tentando ver todas as defesas que o bando tinha.

Nã o seria fá cil adentrar aquele lugar... Precisava pensar em algo que nã o chamasse muito a atençã o, pois estava em
total desvantagem, poré m tinha a vantagem de saber como eles agiam e em alguns casos, eram bastante idiotas, pois sempre
acreditavam que tinha vencido e isso nã o os deixavam preparados para o perigo que podiam enfrentar.

Nã o demoraria a anoitecer...

Esse seria o melhor horá rio...

Dois homens vieram em sua direçã o, parando bem abaixo de onde ela estava.

Prendeu a respiraçã o!

Reconheceu-os... Um deles se chamava Crocodilo, tinha uma cicatriz na face esquerda, ela izera nele quando tivera
o desprazer de quase ser violentada pelo cretino.

Miserá vel!

Por um momento desejou tanto matá -los que seus dedos chegaram a acariciar o metal frio da arma, quando gritos
lhe chamaram a atençã o.

Os dois saı́ram em disparadas para ver o que se passava.

Voltou a observar e em fraçõ es de segundos ouviu um disparo contra a cabeça de uma jovem.

Diana nã o conseguiu ver direito... Tentava inutilmente observar quem era a mulher que fora cruelmente alvejada.

Observou quando dois homens pegaram o corpo sem vida e jogaram em uma vala.

Seria aquela Aimê Villa Real?

Nã o, eles nã o seriam tã o imbecis em matá -la, a inal, que valor teria ela sem vida para eles?

Mirou a tenda maior novamente...

Entã o de repente a viu...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Nã o havia dú vidas que aquela era a herdeira do coronel Otá vio...

Os cabelos longos estavam presos em uma trança grossa que caia na lateral do ombro. Alguns ios se soltaram do
penteado e emolduravam o rosto bonito. Ela nã o estava machucada... Apenas percebeu um arranhã o na pele branca da face.
Decerto eles nã o desejavam dani icar a mercadoria. Ela valeria muito no mercado negro. Uma escrava branca muito bonita e
ainda por cima tinha o sangue dos Villa Real.

Seria uma puta muito requisitada...

Algo a irritou e por um momento desejou nã o estar naquele lugar.

Levou a mã o aos cabelos em um gesto de impaciê ncia.

Poderia ir embora e simplesmente esquecer essa histó ria. Poderia retornar para sua casa, para sua vida...

Voltou a examiná -la com mais atençã o.

Era alta... Lembrava uma modelo... Magra...

Usava calça preta, tú nica branca caı́da nos ombros, deixando-os à mostra.

Os braços estavam amarrados por cordas.

Seguiram com ela, deixando-a presa em um tronco.

Eles nã o a deixavam fora das suas vistas.

Inteligentes!

Ouviu o som ser ligado... Estavam comemorando... Já davam por vitoriosas suas açõ es.

Isso era algo bom, pois assim nã o esperariam uma possı́vel invasã o.

Mulheres seminuas saı́ram da tenda e começaram a dançar ao redor dos bandidos.

Bonitas e tentadoras...

Aquilo sim era uma ó tima distraçã o.

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Diana esperaria. Eles nã o imaginariam que algué m fosse até lá , ainda mais à noite, a inal, poucas pessoas se
arriscariam em um lugar como aquele.

Acomodou-se melhor sobre a á rvore, usando a luz arti icial dos re letores para examinar melhor o local.

Precisaria seguir em direçã o à Leste, mesmo sabendo que aquela parte era perigosa, teria que se arriscar por ali.
Daria a volta e retornaria a vila de Piatã , pegaria o aviã o e retornaria a civilizaçã o.

A caverna serviria de abrigo por alguns dias, depois partiriam...

Se o chefe estivesse certo quanto à chuva que cairia, seria uma vantagem a mais, pois nã o se procurava ningué m
debaixo de tempestades, ainda mais naquele lugar.

O problema seria a garota, teria ela condiçõ es de enfrentar essa fuga?

Nã o se importaria de deixá -la pelo caminho se assim fosse preciso para salvar a pró pria vida. Jamais se sacri icaria
por algué m com sangue tã o ruim.

Voltou a itá -la.

Ela mantinha os olhos fechados. Parecia frá gil de mais.

Nã o era mais uma menina, tinha se transformado em uma mulher muito bonita.

De repente os olhos se abriram, voltando-se para sua direçã o... Pareceram perdidos... Sem luz...

Um dos homens se aproximou da Villa Real, trazia consigo uma prostituta, rapidamente se despiram e transaram
diante da garota.

Diana observava as reaçõ es de Aimê e mais uma vez teve a impressã o que ela parecia impassı́vel a tudo que ocorria
ao seu redor.

Teria herdado o sangue frio do pai?

Apertou o binó culo com tanta força que só parou ao sentir o maté ria se partir sob seus dedos.

Praguejou baixinho.

As horas passavam na mesma proporçã o que as bebidas acabavam.

Estavam alegres... Trô pegos, comemoravam o grande sucesso que obtiveram. Pela manhã um helicó ptero chegaria e
levaria a preciosa encomenda e eles receberiam alé m de muito dinheiro, drogas e armas.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A morena esperou que eles levassem a jovem para dentro da tenda...

Aquele seria o momento.

Eles arrumavam as coisas, estavam distraı́dos...

Saiu escalando á rvore por á rvore até conseguir chegar na parte de trá s do acampamento.

Observou bem!

Sentiu aliviada ao ver que só havia um guarda parado lá .

Rapidamente conseguiu imobilizá -lo, rendendo-o em seguida, deixando-o desacordado. Escondeu-o por trá s de
uma moita, assim nã o denunciaria o que tinha acontecido.

Adentrou rapidamente o espaço...

Estava muito escuro e nã o podia usar a lanterna, pois acabaria chamando a atençã o dos outros.

Quando os olhos se acostumaram com a penumbra, visualizou-a em um canto, sentada em uma cadeira.

Seguiu até ela, cobrindo-lhe a boca com a mã o.

-- Se izer algum barulho que possa chamar a atençã o deles eu quebro seu lindo pescoço... – Sussurrou em seu
ouvido. – Entendeu?

Aimê sentiu um arrepio percorrer todo o corpo ao ouvir a voz baixa e autoritá ria.

Seria ela uma das prostitutas que ali estavam?

Se assim o fosse, o que ela queria consigo?

Fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Eu nã o farei... Por favor, nã o me machuque...

Diana achou a voz da jovem por de mais melodiosa.

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-- Você vem comigo... – A ruiva a soltou das cordas, mas nã o lhe deixou as mã os livres. – Nã o faça barulho. –
Advertiu-a novamente.

-- Quem é você ? – Questionou novamente.

A pintora observou-a mais uma vez e teve a impressã o que ela nã o a estava vendo, decerto devido à penumbra.

-- Cale a boca! – Ordenou. – Venha comigo!

Seguiram por trá s, correndo o má ximo que podiam.

Diana a puxou e a jovem tropeçou, mas a Calligari nã o a deixou cair.

Praguejou baixinho.

Precisava aproveitar que estavam distraı́dos para saı́rem daquela á rea.

Puxou-a novamente e mais uma vez se irritou por ela sair tropeçando.

-- Presta atençã o onde pisa, sua idiota! – Repreendeu-a.

-- Nã o consigo...

Diana praticamente a arrastava em uma carreira desenfreada, desejando ganhar distâ ncia daquele lugar o mais
rá pido possı́vel.

O sol nã o demoraria em nascer... E nã o demoraria para que eles viessem atrá s delas.

O pior é que a Villa Real estava retardando o passo.

Pressionou-a contra um tronco de á rvore, fazendo-o de forma demasiadamente violenta.

Colocou o punhal contra a pele do rosto dela.

-- Deseja voltar para eles? Deseja ser levada para um bordel para servir de puta para um monte de homens sujos?
Nã o me diga que depois de passar tanto tempo com eles a ideia já pareceu atraente?

Aimê sentia o aço frio e teve a impressã o que morreria naquele momento.

Diana itava os olhos azulados.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Eu... – A garota gaguejava. – Está escuro... – Disse simplesmente.

-- Isso nã o é problema meu... Eu só quero me manter viva e longe deles... Se você nã o colaborar, te deixarei aqui
para que eles te peguem.

A Villa Real engoliu em seco, enquanto fazia um gesto rá pido de assentimento.

Continuaram sem parar por algum tempo... Inú meras vezes a refé m foi ao chã o, mesmo depois do sol ter nascido,
ela continuava a se desequilibrar.

Diana praticamente a arrastava sem se preocupar com tais fatos até que o galho de uma á rvore feriu a face de Aimê .

Observou o sangue jorrar da pele sensı́vel, mas nã o pareceu se importar, nem mesmo quando os belos olhos
começaram a lacrimejar.

Com as mã os na cintura observava tudo com atençã o.

A Calligari conhecia aquele lugar, estavam pró ximas da caverna.

-- Fique aqui! – Avisou.

Seguiu até as á rvores que cobriam tudo, tateou até encontrar o que buscava.

Sorriu aliviada.

Era um bom esconderijo, estava bem camu lado.

Quando se voltou para ir buscar a jovem, percebeu que ela seguia de forma confusa para um lugar oposto, como se
estivesse a fugir.

Rapidamente foi até ela, segurando pela corda, saiu arrastando-a até a caverna, empurrou-a tã o forte que a moça foi
ao chã o.

-- Está louca!? – Esbravejava. – O que estava fazendo? – Tirou a mochila, depois o cantil, levando-o aos lá bios. – Se
tentar fugir novamente de mim, atiro em suas pernas!

-- Quem é a senhora? O que quer de mim? – Questionou tentando se levantar. – Quem a mandou aqui?

Diana a observava e percebia que algo estava errado, ela nã o a itava, parecia nã o vê -la.

Aproximou-se rapidamente, tomando-a pelos ombros, obrigando-a a encará -la.

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-- Consegue me ver? Olhe pra mim! – Ordenou.

Apesar da penumbra da caverna, conseguia observar os traços bonitos.

-- Consegue? – Estreitou os olhos irritada.

Aimê tentou se desvencilhar do toque, mas suas mã os estavam presas por cordas, di icultando a açã o.

-- Nã o, eu nã o consigo... Ainda nã o percebeu que sou cega?

A pintora pareceu chocada com o que ouvia.

Observou-a mais atenciosamente e realmente percebeu que ela nã o enxergava.

Cega!

Ningué m lhe falara sobre aquilo.

-- Cega? – Soltou-a, praguejando. – Como vou tirar uma cega daqui? – Passou as mã os pelos cabelos negros. – Como
te arrastarei para fora desse inferno?

Maldito Ricardo!

O miserá vel nã o contara sobre aquele fato...

Mas o que tinha passado?

Como icara cega?

Aimê pareceu triste em ouvir tais grosserias, mas tentou nã o demonstrar isso.

-- Quem é você e o que faz aqui? – Questionou se afastando até encostar as costas na parede da caverna. – Onde
estamos?

A pintora nada respondeu, apenas caminhava de um lado para o outro no pequeno espaço, parecia um animal
acuado, uma fera presa em uma jaula.

-- Quem é você ?

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Diana lhe olhou durante alguns segundos até voltar a se aproximar.

-- Tome! – Colocou o cantil rudemente nas mã os da ilha de Otá vio. – Beba!

Aimê recebeu o que lhe era oferecido.

Estava morta de sede, sua garganta já estava doendo.

-- Ficaremos aqui por hoje... E um lugar seguro...

A jovem nada disse, apenas icou quieta, temendo afrontar aquela mulher que parecia tã o rı́spida e intratá vel.

Diana sentou no chã o.

Abriu a mochila, tirando alguns itens, principalmente algo para comer, estava faminta.

Comia um pedaço de sanduı́che enquanto olhava para a mulher que permanecia de pé com cara de temor.

Se soubesse que aquela garota era cega jamais teria aceitado essa missã o... Nã o por temer nã o sair com vida, mas
porque algo nessa de iciê ncia a incomodava demais.

Observava tudo com atençã o e viu que havia outra bolsa com vá rias coisas dentro.

O pajé mandara deixar!

-- Quem é você e por que me tirou do acampamento? Eles a matarã o se a pegar.

Ela tinha uma voz melodiosa, baixa, paciente... Irritante.

-- Isso nã o é problema seu... – Levantou-se, seguiu até ela, empurrando-a para que sentasse, em seguida colocou o
sanduı́che nas mã os dela. – Coma!

Aimê ainda pensou em retrucar, ainda mais pelo tratamento que estava recebendo, mas estava tã o faminta que
devorou o pã o em poucos segundos.

-- Poderia me soltar? – Estendeu os braços. – Meus pulsos estã o doendo.

-- Ficarã o a doer por mais tempo porque nã o tenho intençã o nenhuma de soltá -los.

Diana seguiu pela caverna sem se importar em deixar a garota sozinha.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Depois de dobrar uma curva encontrou o que tanto procurava.

Ali havia uma pequena gruta onde poderia banhar e ter á gua enquanto estivessem acampando naquela á rea.

Esperava nã o demorar tanto, mas sabia que os sequestradores nã o desistiriam assim tã o fá cil do prê mio tã o
requintado. Decerto icariam montando guarda naquela á rea e rezaria para que eles nã o conseguissem encontrar aquela
caverna, coisa pouco prová vel, pois ela nã o se mostrava. As trepadeiras camu lavam totalmente sua entrada.

Naquela parte as luzes entravam por algumas aberturas no teto, deixando a mostra o sol alto entre as á rvores.

Seria melhor que icassem naquela parte, tinha luz... Bem que para a Villa Real aquilo nã o faria diferença.

Agora podia pensar calmamente e sem a interrupçã o daquela voz doce e curiosa.

O que se passara com a herdeira de Otá vio?

Viu-a algumas vezes quando ela ainda era uma menina de pouco mais de dez anos e nã o havia nenhuma de iciê ncia
visual. Teria sofrido um acidente?

Por que Ricardo nã o mencionara esse detalhe?

Ouviu passos e se assustou, mas ao se voltar era ela que seguia se apoiando pelas paredes.

Suspirou de forma impaciente.

-- Eu disse que icasse lá ... Alé m de cega també m é surda?

Aimê icara assustada a ouvir barulhos de tiro e tinha seguido em busca de algo ou algué m.

Ela tentou mais uma vez disfarçar a má goa pelas palavras duras que foram ditas.

-- Ouvi um tiro... Passos...

Diana foi até ela.

-- Como? Eu nã o ouvi nada.

-- Acho que minha audiçã o é um pouco mais apurada...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A pintora a itou e agora podia ver melhor, pois ali o sol iluminava as paredes frias.

Os olhos da Villa Real eram lindos, mesmo parecendo tã o perdidos. O nariz era pequeno e ino, combinando com o
rosto a ilhado de maçã s rosadas. A boca era mediana, os lá bios pareciam de veludos...

Observou o corte em sua bochecha... O galho a ferira.

Tocou o machucado com o polegar, a jovem se encolheu, parecia assustada, temerosa com a aproximaçã o.

Diana afastou a mã o.

-- Mesmo que estejam lá fora nã o entrarã o aqui... Por enquanto estaremos seguras. – Disse por im. – Precisa cuidar
desse ferimento. Estamos muito longe da civilizaçã o para arriscar uma infecçã o.

-- Tem á gua aqui? – A garota questionou parecendo nã o se importar com a ú ltima observaçã o feita pela Calligari. –
Eu ouço e sinto o cheiro.

A ruiva a itava de forma curiosa e descon iada.

As roupas que ela usava estavam encardidas, verdadeiros trapos, mas mesmo assim continuava muito bonita.

-- Sim, há uma pequena cascata...Ela desá gua e forma uma piscina natural cercada por rochas.

Aimê esboçou um sorriso tã o cheio de vida que seria difı́cil para o ser mais insensı́vel do mundo nã o ser tocado por
aquele gesto.

-- Preciso de um banho... Por favor, nã o sabe há quantos dias meu corpo nã o sente a carı́cia desse lı́quido divino...

Mais uma vez Diana observou cuidadosamente as formas delicadas, irritando-se com isso logo em seguida.

Passou a mã os pelos cabelos negros.

-- Entã o, dispa-se e eu ajudarei a entrar, també m preciso banhar...

A moça estendeu os pulsos.

-- Nã o conseguirei se estiver amarrada... Prometo que nã o tentarei fugir...

Por que as palavras delas pareciam ser sempre tã o cheias de sinceridade?

Diana nada disse, poré m a livrou das cordas, dando-lhe as costas para que ela tirasse as roupas.

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Observou o pequeno lago que se formava...

Quando criança banhara muito naquele pequeno paraı́so...

A á gua era cristalina, tã o transparente que se via o fundo de pedras...

Voltou-se para a ilha do homem que mais odiara na vida.

Estava usando calcinha e sutiã .

Era visto que os homens estavam cuidando de sua aparê ncia, pois as peças eram novas.

Decerto, decidiram compensar a cegueira com algo mais atrativo. – Pensava exasperada.

Mirou-a com mais atençã o.

Havia alguns hematomas nas costelas... Fora espancada pelos bandidos?

Estendeu a mã o para ela, esquecendo que ela nã o via. Aborrecida, tomou-lhe o braço de forma brusca,
praticamente arrastando-a até a borda do lago.

Aimê deu gritinhos de felicidade ao sentir o lı́quido em seus pé s.

-- Espere...

Diana se afastou se livrando rapidamente das roupas, depois seguiu até a mochila, pegando dois sabonetes de
dentro.

Voltou para junto da jovem, seguindo com ela até a parte onde a á gua dava na cintura de ambas.

-- Deus, como é perfeito sentir a á gua em meu corpo...

Aimê mergulhou por alguns segundos e depois submergiu com um sorriso na face.

A morena pareceu ainda mais incomodada com a forma alegre que a outra expressava, nem parecia que estavam
sendo perseguidas.

Colocou um dos sabonetes nas mã os dela.

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-- Use isso, pois fede a macaco molhado.

O rosto da jovem corou.

-- Naquele lugar nã o tinha á gua e eu també m icava receosa de me despir e um daqueles homens tentarem algo ou
até mesmo icarem me observando. – Justi icou-se.

A pintora apenas deu de ombros, dando-lhe as costas.

Tratou de tomar o banho, depois seguiu até a margem para pegar as roupas para lavar.

Precisaria pensar em como atravessaria aquele lugar com aquela garota cega?

Mais uma vez a viu levantar e naquele momento nã o teve como nã o notar a beleza do corpo que apesar de estar
muito magro, ainda exibia grande sensualidade.

Como artista plá stica tinha uma sensibilidade muito aguçada quando se tratava de belezas e por um segundo
pensou que adoraria pintar aquela jovem totalmente nua... Seria uma obra comparada a pró pria Vê nus de Botticelli.

-- Por que me olhas?

A voz doce a tirou de seus pensamentos.

-- Como sabe que estou te olhando se nã o consegue enxergar? – Questionou enquanto se aproximava.

Diana era um pouco mais alto que a ilha de Otá vio, uns cinco centı́metros talvez.

-- Seu olhar é muito penetrante, é como se me tocasse com sua força.

A ruiva continuou a mirá -la, agora mais de perto, tã o pró ximo que sentia a respiraçã o dela junto a si.

Mais uma vez tocou o machucado na bochecha com o polegar.

-- Temos que cuidar disso... Tenho uma caixa de primeiros socorros na minha mochila.

Os olhos azuis seguiam o som das palavras... Pareciam tã o vivos, mesmo sem luzes.

-- Nã o acredito que esteja tã o ruim... – Desvencilhou-se do toque. – Preciso esperar minhas roupas secarem... –
Cruzou os braços sobre os seios. – Estou começando a icar com frio.

Diana seguiu até a mochila tirando uma toalha.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Tome! – Colocou em suas mã os de forma grosseira. – Nã o quero que pegue uma pneumonia, pois se isso
acontecer, te deixo aqui para virar comida de canibais.

A Calligari viu o rosto bonito empalidecer.

-- Canibais? – Indagou meio assustada. – Nã o existem canibais... – Negou com os olhos brilhantes.

-- Bem, princesinha, essa caverna onde estamos era o lugar preferido deles para se alimentar de suas vı́timas... –
Falou bem perto dela, observando com atençã o a reaçã o daquele olhar. – Você com essa pele branquinha... – Mirou a borda
dos seios encobertos. -- Seria um bom petisco!

-- Petisco?

A morena nã o conseguiu nã o esboçar um sorriso cruel diante da indignaçã o que ela demonstrava, as maçã s do
rosto icaram coradas rapidamente.

-- Está muito magra para ser um prato principal. – Disse, em seguida se afastou para terminar o que havia
começado.

Aimê permaneceu onde estava, segurando irme a toalha ao redor do corpo e pensando em como aquela mulher era
um ser desagradá vel. Poucas pessoas com quem conviveu eram tã o debochadas e grosseiras.

Quem era ela? Por que tinha ido até ali para salvá -la?

Era uma missã o quase suicida enfrentar um bando tã o bem estruturado e com bastante poder de fogo, sem falar de
que estavam em uma loresta e decerto contavam com muitas armadilhas mortais.

Seria ela mais ameaçadora do que os sequestradores?

Conseguia ouvir passos...Sentia o olhar dela em sua direçã o... Era tã o forte e poderoso como nenhum outro.

A jovem Villa Real parecia mais assustada na presença daquela misteriosa mulher.

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Capitulo 3 por gehpadilha

Diana observava os homens que faziam guarda bem pró ximos da caverna.

Subira em uma á rvore e analisava as chances de saı́rem dali sem serem notadas.

Tudo era tã o verde, poderoso, natural...

Observou o cé u azul sobre sua cabeça.

Fitou o camaleã o camu lado ao seu lado. Mirou os olhos do animal lhe itando. Ela piscou para ele, voltando a
observar os bandidos.

Alguns macacos pulavam de galho em galho, gritavam... Viu o tucano pomposo...

Um dos desgraçados atirou contra o primata.

A Calligari icou tã o fora de si que precisou ter muito controle para nã o partir contra um dos captores.

Como desejava matá -los, como desejava vê -los sangrar até que a vida deixasse seus corpos miserá veis.

Respirou fundo tentando manter a calma.

Tentou se concentrar, apurando os ouvidos, notando o silê ncio tomar conta.

Apoiou-se melhor sobre o galho.

Pelo que via, eles acampariam por ali naquela noite. Seguiram as pegadas...

As coisas nã o seriam nada fá ceis. Aquelas pessoas nã o desistiriam de forma tã o simples, decerto imaginavam que
Aimê fugira em companhia de algué m, mas será que sabiam que uma ú nica pessoa desa iara o grupo?

Mirou o outro lado, sabendo que por ali també m havia outra ameaça.

Tupã !

-- Ela nã o pode ter ido longe. E uma cega, uma maldita cega! Para onde ela iria? – Crocodilo esbravejava. – Tragam
os cã es!

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O cruel homem estava com a perna apoiada sobre uma á rvore caı́da. Estava de costas para os outros e parecia
observar tudo com bastante atençã o.

Ele se agachou, parecia investigar o terreno.

O chã o estava forrado de folhas secas e com os dedos ele parecia desenhar algo.

-- Mas, chefe, está noite, devemos procurar algo para nos protegermos dos animais que habitam essa parte. Sem
falar nos ı́ndios! – Um dos mais jovens parecia apavorado

Indios!

Eles temiam alguns deles, temiam, pois havia muitas histó rias sobre canibais, sobre a crueldade que costumavam
fazer com os invasores.

O outro pareceu ponderar por algum tempo, depois se virou para ele com a arma em punho.

-- Está bem! Façam guarda nessa parte, eu retornarei para o acampamento e amanhã assim que o sol nascer
traremos os animais para encontrar a garota. – Levantou-se. – Tenho certeza de que ainda estã o por aqui... – Com a mã o nos
quadris, ele olhou para cima.

-- E se ela for comida por uma onça?

-- Nã o seja idiota! – Olhou mais uma vez tudo com atençã o. – Tenho certeza que algué m a ajuda com a inco, nã o está
sozinha. Mas o que lhe digo é que nem ela e nem seu salvador deixarã o esse inferno com vida. – Observou uma cobra rastejar
perto. – Pisou sobre a cabeça do ré ptil. – Eu nã o desistirei da minha doce Aimê ... Tenho planos para ela.

Diana mordiscou o lá bio inferior.

Teria que pensar em algo, pois sabia os cã es poderiam ser uma ameaça grande.

Viu os homens se afastarem.

Aimê era realmente um prê mio esplê ndido, mesmo sendo cega ela continuava sendo uma distraçã o perigosa.

Recordou dos olhos tã o penetrantes, intensos...

Sacudiu a cabeça como se desejasse espantar os pensamentos con litantes.

Esperaria anoitecer para assim voltar à caverna.

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A Villa Real tentou se soltar das cordas, mas sua tentativa foi em vã o.

Poderia deixar aquele lugar, mas para onde seguiria?

Estaria se arriscando ainda mais, sem falar nos animais e també m nos ı́ndios que a sua ‘salvadora’ falara.

Será que havia mesmo canibais por ali?

Ouviu um tiro e se assustou.

Levantou-se, encostando-se à parede fria.

Teria acontecido algo?

E se aquela mulher a deixasse ali sozinha, o que faria?

“ Meu Deus, nã o me abandone...” – Fez uma prece silenciosa, enquanto sentia as lá grimas molharem seu rosto.

A Calligari seguiu com total cautela em meio à escuridã o da noite.

Ouviu o pio da coruja e a avistou perto da entrada da caverna.

Seria impossı́vel algué m encontrar aquele esconderijo... Mas nã o seria difı́cil para os cã es farejarem...

Observou o cé u.

Nã o havia uma ú nica estrela... Será que a previsã o de chuva do pajé se concretizaria?

Com um suspiro de frustraçã o adentrou o espaço e nã o demorou a seus olhos se acostumarem com a penumbra.

Pegou a pequena lanterna que trazia no bolso.

Encontrou a ilha de Otá vio sentada no chã o batido. Deixara-a amarrada, pois ainda nã o sabia até onde ia o grau de
imbecilidade dela em fugir dali.

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Aproximou-se em passos lentos e viu o olhar dela se voltar a sua direçã o.

Os olhos estavam vermelhos denunciando que chorara.

-- Pensei que nã o voltaria mais...

A morena seguiu até a mochila, ignorando totalmente o temor da jovem. Pegou os lençó is forrando o chã o duro,
havia uma esteira de palha, assim amenizaria o desconforto. Improvisou uma cama.

Pegou uma calcinha limpa e uma camiseta, seguindo até o lago.

Entrou na á gua, lavando-se demoradamente.

Precisava pensar...e o fez enquanto o lı́quido frio molhava sua pele...

Deveria ter um plano para o dia seguinte.

Olhava ao redor... Mirou o cé u que se mostrava no topo.

Deu um sorriso!

Quando passara um tempo na tribo aprendera muitas coisas e dentre elas havia umas té cnicas que com certeza lhe
ajudariam muito para sair viva daquele lugar. Esperava que ainda fosse boa nesse quesito, a inal, ela despistara os cã es
treinados do exé rcito, entã o poderia fazer o mesmo com os que estavam por aparecer.

Rapidamente saiu da á gua, secou-se, em seguida vestia-se pacientemente.

Caminhou a passos largos até onde estava a prisioneira.

Aimê permanecia sentada e com a cabeça erguida.

Observou-a por alguns segundos, analisando a postura elegante mesmo naquele lugar selvagem.

Tudo nela a irritava!

Agachou-se e de forma tosca começou a livrá -la das roupas.

Aimê a empurrou, tentando se desvencilhar dos braços que a seguravam.

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-- O que está fazendo? – A Villa Real tentava afastá -la. – Por favor, nã o...

Diana a deitou sobre a cama improvisada, ajoelhando-se em meio à s suas longas pernas, e de forma á gil rasgou a
blusa e o sutiã .

Por um momento parou para ver os olhos azuis e era como se ali estivesse a condenaçã o de todos os seus pecados.

Fitou os seios redondos...

A Villa Real lutava bravamente, mas nã o era pá reo para a ilha de Alexander. A jovem gritava e buscava se defender
do ataque, enquanto a morena fazia o mesmo com a calça e depois com a calcinha. Quando a deixou totalmente nua, afastou-
se.

Observou-a em posiçã o de defesa, ajoelhada, chorando e soluçando.

-- Chega de lá grimas! – Ordenou de forma insensı́vel.

-- Por favor... Por favor, nã o me toque... – Cobria os seios e o sexo de forma inú til. – Nã o me machuque!

A Calligari estreitou os olhos.

-- Achas que vou me aproveitar da sua pureza? – Indagou sarcasticamente. – Poupe-me!

-- E entã o?

Diana sentou-se sobre os calcanhares, montando a fogueira.

Tinha prá tica e nã o demorou muito para as labaredas iluminarem o lugar.

Jogou os trapos dentro do fogo.

-- Precisava que icasse sem roupas, apenas isso, faz parte do meu plano para nos livrar dos seus amigos.

A Villa Real parecia assustada, confusa, desnorteada com a brutalidade daquela mulher.

-- Por que... Por que nã o pediu? Poderia ter falado...

Diana a itou demoradamente como se ela estivesse falando algo inacreditá vel.

-- Nã o sou de pedir!

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Aimê ouviu os passos se afastando, entã o começou a tatear o chã o em busca de algo para se cobrir.

Ouvia o som e sentiu o calor do fogo.

Ainda sentia as batidas rá pidas do coraçã o.

De repente ouvi-a se aproximar e um lençol fora jogado sobre si.

-- Cubra-se!

A jovem se encolheu, enquanto a sentia deitar ao seu lado.

-- Já disse para se acalmar que nã o tenho nenhum tipo de pretensã o em relaçã o ao seu corpinho. – Relanceou os
olhos, irritada.

A Villa Real virou-se de lado para a direçã o de onde vinha a voz.

-- Por que agiu tã o violentamente? – Questionou depois de alguns segundos. – Nã o tem modos? Se pedisse, eu teria
me despido para ti...

Diana nã o respondeu de imediato.

Demorou-se observando os traços bonitos.

O fogo projetava sombras, deixando-a mais iluminada.

-- Precisava das suas roupas...

-- Para quê ? Poderia ter pedido...

Diana apoiou-se no cotovelo.

-- Os seus perseguidores irã o mandar farejadores... Você é muito valiosa para eles...

A Callgari buscava naqueles olhos o terror, a falta de fé , o desespero, mas nã o fora apenas aquilo que encontrou.

-- Entã o, estou perdida? – Questionou de forma que parecia mais uma a irmaçã o.

Mais uma vez a pintora permaneceu calada.

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Fitou os lá bios entreabertos, estavam trê mulos.

Desviou o olhar.

Nã o desejava sentir empatia por ela.

-- Já disse e repito... Se tiver um momento que nã o consiga me acompanhar, nã o pensarei duas vezes em te deixar
pelo caminho e ir embora sozinha.

-- Nã o tenho dú vidas sobre isso... – Replicou calmamente.

Nada mais fora dito.

Aimê deitou de costas e mais uma vez fez suas preces.

Temia pela pró pria vida, mais do que nunca tinha total certeza que nã o retornaria para casa.

Nem mesmo sabia quais eram as intençõ es daquela mulher, decerto a venderia també m ou quem sabe faria ainda
pior.

Mais uma vez as lá grimas teimaram em sair, teimaram em mostrar total desespero por tudo que vinha vivendo nos
ú ltimos dias.

Levou as mã os amarrada à boca, mordendo-a para nã o soluçar alto.

Diana virou para o outro lado.

Nã o poderia se dar o luxo de dormir, precisaria montar guarda, mas estava tã o cansada que sabia que a tarefa nã o
seria fá cil.

Sorriu ao recordar-se que fora naquele lugar que tivera pela primeira vez uma das ı́ndias nos braços.

Sempre fugia para aquela parte e trazia uma delas consigo... Amava-as durante uma noite e no outro dia
retornavam como se nada tivesse acontecido. Era uma busca insana pela satisfaçã o dos desejos, uma vontade louca de atingir
um patamar inalcançá vel.

Tudo fora bom até que o pajé descobrira tudo e a mandara de volta a Alexander.

Seu pai nada falara sobre os episó dios...

Respirou fundo!

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Nã o fora uma boa ilha... Nã o fora uma boa noiva...

Nem sabia onde estava com a cabeça quando aceitara aquele noivado. Fazendo-o apenas para nã o manchar o
respeitado nome Calligari, pois suas saı́das e casos estavam se tornando bastantes conhecidos.

Eduardo se pronti icara em ajudá -la, poré m jamais imaginara que tudo seguiria por um caminho sem volta.

Dez anos se passaram e ainda assim continuava a viver sobre a tortura dos seus atos e dos atos de Otá vio.

Sentiu saudade do Cé rbero, aquele seria uma noite boa para cavalgar.

Sentou-se, percebendo que a jovem companheira estava com os olhos fechados.

Seus dedos ainda queimavam com a maciez da pele dela.

Seda...

Fechou as mã os fortemente.

Estaria dormindo?

Levantou-se, agoniada.

Daria uma olhada lá fora, precisaria despistar os animais que chegariam ao amanhecer.

Se conseguisse lhe dar pistas falsas, poderia seguir no dia seguinte.

Conseguiu ver as fogueiras pró ximas dali.

Ouviu o som do falcã o.

Sorriu.

O pajé continuava a observá -la.

A noite seguiu lentamente.

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Diana montara guarda, enquanto Aimê nã o conseguia descansar temendo que algo acontecesse consigo, temendo
que de uma hora para outra aquela mulher a atacasse ou os sequestradores a levassem novamente.

Percebeu quando ela se afastou e só nesse momento conseguiu relaxar e dormir um pouco.

Por que a presença dela era tã o incô moda?

Por que era tã o grosseira?

Qual seria a aparê ncia dela?

A voz apesar de denotar sempre sarcasmo e irritaçã o tinha um tom rouco, baixo, agradá vel até .

Ela era magra, sentiu-a rapidamente, mas parecia ser bastante forte.

Loira? Morena? Negra? Ruiva?

Recordou-se do cheiro dela... Mesmo estando naquele lugar selvagem, ela tinha um aroma delicioso... talvez
primitivo...

Deus, quem era aquela mulher?

O sol já nascia quando Diana voltou para o lugar onde tinha improvisado a cama.

Estava irritada! Passara a noite toda acordada e isso a deixava mais irascı́vel do que de costume.

-- Levante-se! – Ordenava enquanto recolhia as coisas e seguia para o outro lado da caverna.

A herdeira de Ricardo pareceu confusa, sentando-se.

O que se passava?

-- Que droga, você é surda? – Diana esbravejava. – Já disse para levantar! – Tomou-a pelo braço forçando-a a icar de
pé .

-- Está me machucando! – Aimê tentou se afastar, mas foi em vã o.

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-- E acha que isso me importa? – Apertou-a mais forte nos braços. – Se quiser manter a sua miserá vel vida faça o
que estou mandando. – Soltou-a tã o forte que a moça se desequilibrou.

A Calligari nã o pareceu se importar com aquilo.

Seguiu desmontando tudo, enquanto a Villa Real tentava cobrir a nudez com um dos lençó is, mas seu esforço era
inú til, ainda mais quando tinha os pulsos amarrados.

Diana precisava ser rá pida, pois se seu plano desse errado, nã o poderia deixar nenhum vestı́gio de sua presença ali.

Acabara de arrumar tudo.

Praguejou baixinho.

Onde diabos estava a garota cega?

Será que ela nã o entendia a gravidade dos acontecimentos.

Seguiu em passos largos, encontrando-a tentando de algum jeito cobrir o corpo nu.

Parou a alguns passos... Observando-a.

Fitou os seios redondos como uma laranja...

Meneou a cabeça negativamente, enquanto se aproximava dela.

Tentou segurar seu braço, mas Aimê se afastou.

-- Nã o me toque! – Falou baixinho. – Estou cansada de suas grosserias e brutalidades.

A morena colocou as mã os na cintura, encarando-a.

-- Ah, entã o nã o me diga que prefere voltar para seus amiguinhos... Ah, já sei, decerto, você deve ter gostado de ser
violentada por eles... Tornou-se puta deles e por isso deseja retornar...

Antes que ela terminasse de falar, a Villa Real caiu de joelhos e começou a vomitar.

Aimê tossia e colocava para fora o pouco que comera no dia anterior.

A Calligari via a cena sem saber que atitude tomar.

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Passou a mã o pelos cabelos negros, respirando fundo.

Lentamente foi até ela, segurando-a pelos ombros.

-- Precisamos ir para o lago, nã o podemos estar aqui se os cã es aparecerem. – Dessa vez foi mais agradá vel, até
gentil. – Venha comigo. – Ajudou-a a levantar.

Diana enrolou o cobertor em seu corpo para cobrir sua nudez, depois a livrou das cordas que prendiam seus
pulsos.

-- Preciso que me ajude...

Os olhos azuis traziam surpresa diante do pedido... Fez um gesto a irmativo, levantando-se, caminharam juntas, de
mã os dadas seguiram.

Nã o estava totalmente claro, pois o dia estava nublado, mesmo assim era possı́vel enxergar... Eram os primeiros
raios do dia iluminando a caverna pelas frestas.

-- Preciso que entre na á gua e ique lá , esconda-se atrá s das rochas.

A morena observou os olhos grandes atentos a suas palavras.

-- E você ? – Questionou assustada.

Diana itou a abertura no teto da caverna.

Teria que escalar.

-- Ficarei observando tudo... Em hipó tese alguma saia...

Tirou-lhe o cobertor, depois se livrou das pró prias roupas, levando-a até o esconderijo.

-- E se eles entrarem aqui? – Indagou ainda mais apreensiva.

A morena a observou umedecer os lá bios e por alguns segundos icou hipnotizada diante da pontinha da lı́ngua
rosada.

Cerrou os dentes irritada.

-- Bem, se você tem alguma religiã o, comece a rezar.

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Aimê engoliu em seco, enquanto percebia que aquela misteriosa mulher se distanciava.

A Calligari vestiu-se, depois pegou os coldres colocando-os nas coxas e no peito. També m se armou com o arco.

Se o seu plano de despistar nã o desse certo, usaria todo o poder de fogo que possuı́a.

Antes de escalar as pedras, itou mais uma vez em direçã o onde estava a neta de Ricardo.

Ela teria ideia do perigo que estava correndo?

Dando de ombros, seguiu para o seu posto.

A alguns metros dali podia ouvir a voz daqueles homens e o latido dos cachorros.

Diana pegou o binó culo, observando tudo com atençã o.

Sentiu uma gota cair em sua mã o.

Observou o cé u, nã o demoraria a chover.

Fitou os quatro homens mais à frente.

Havia dois cã es com eles, pastores alemã es.

Prendeu a respiraçã o.

E se atirasse neles? Seria muito arriscado e se denunciaria, sem falar que havia muitos outros.

Esperava que seu plano desse certo.

Os homens observavam as redondezas.

O voo alto e barulhento do falcã o pareceu distrair os cachorros.

-- Vamos, façam esses vira-latas trabalharem! – Gritava. — Precisamos encontrar essa maldita garota!

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O latido dos cã es pareciam meio perdidos.

Mais uma vez ruı́dos os distraı́ram.

-- O que está acontecendo com esses imprestá veis? – Crocodilo esbravejou. -- Essa maldita ave está atrapalhando! –
Mirou com a arma em direçã o ao pá ssaro.

Um dos homens veio correndo na direçã o deles.

Ele parecia assustado e totalmente sem fô lego.

-- Uma onça está vindo em nossa direçã o, está caçando. – Disse assustado. – Parece um demô nio faminto.

Crocodilo engatilhou o revó lver.

-- Que ela venha se encontrar com minha arma!

De repente uma nuvem encobriu o cé u e alguns pingos começaram a cair. Uma simples neblina tomou proporçõ es
desastrosas.

-- Que merda é essa?

Um raio caiu perto deles, sobre uma enorme á rvore.

Os homens pareceram assustados.

-- Voltemos para o acampamento, esperaremos esse dilú vio passar. – Ordenava Crocodilo.

Diana se sentiu aliviada.

Fitou o cé u e percebeu que aquela tempestade demoraria bastante o que seria bom para poder descansar e assim
que recuperasse as forças seguiriam viagem.

Sentiu as gotas grossas molhando seu rosto.

Observou os sequestradores se afastarem.

Eles eram espertos, pois sabiam que ningué m sairia sob aquela chuva e eles sabiam que elas estavam por perto.

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Observou com o binó culo que nem todos tinham partido. Novamente um mantinha guarda.

Mordiscou o lá bio inferior.

Aquela pequena vitó ria nã o deveria subir a cabeça, pois tinha certeza que eles nã o desistiriam. Eles sabiam que
tinham mais vantagens e por isso arriscariam tudo em busca da refé m valiosa.

Precisava estudar o mapa e mesmo que fosse mais perigoso, seguiria pela parte mais selvagem, menos habitada.
Esperava nã o cruzar com nenhuma daquelas tribos que a baniram, isso seria seu im.

Um poderoso trovã o se fez ouvir.

Aimê gritou assustada.

A Calligari a itou demoradamente. Parecia hipnotizada.

Massageou as tê mporas de forma impaciente.

Ela continuava no mesmo lugar, escondendo-se por trá s das rochas.

Diana suspirou irritada.

Começou a descer e em poucos segundos estava à beira do lago.

Tirou as armas, depois se livrou das roupas.

Caminhou até onde ela estava, a á gua estava fria e o corpo da jovem tremia.

Encostou-se a suas costas, abraçando-a.

Aimê teve um sobressalto.

-- Calma, sou eu! – Disse em seu ouvido. – Seu corpo está frio como o cano do meu revó lver.

Diana colou-se mais, pois a ú ltima coisa que desejava era que a garota icasse doente.

A morena tocou-lhe os ombros, massageando-os, sentindo a pele dela totalmente arrepiada.

Ela tinha as costas bem feitas.

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Alguns sinais repousavam sobre a pele branca.

Naquela parte havia frestas onde a luz penetrava, deixando menos escuro.

-- Estou com frio... – A Villa Real batia os dentes.

A pintora nã o pareceu se importar com aquilo naquele momento, pois outra sensaçã o poderosa a estava
dominando.

Cerrou os dentes.

-- O que houve? – A jovem questionou.

A neta de Ricardo sentiu os mamilos doloridos. Cruzou os braços sobre eles.

Diana colocou uma madeixa por trá s da orelha dela e sussurrou ao seu ouvido.

-- Por agora estamos salvas...

A Villa Real virou o rosto, sentindo o há lito fresco tã o pró ximo.

A pintora observou os lá bios rosados demoradamente... Fitou os olhos tã o azuis e recordou-se de outros crué is tã o
idê nticos.

-- Vamos sair daqui... – A Calligari disse de forma aborrecida.

Aimê sentiu os pelos da nuca se arrepiarem ao sentir o há lito tã o pró ximo do pescoço.

Os toques dos corpos nus pareceram uma forma de blasfê mia.

Assentiu rapidamente, tentando se livrar das sensaçõ es estranhas que a invadiam.

Ambas caminharam para fora, seguindo em direçã o ao outro corredor. Diana caminhava rapidamente, enquanto
Aimê se esforçava para conseguir acompanhá -la.

A morena armou mais uma vez a cama improvisada, ajudou-a a deitar, cobrindo-a com um cobertor, em seguida se
concentrou em acender a fogueira.

-- Onde... Onde eles estã o?

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-- Com certeza se protegendo da tempestade. – Respondeu sem se voltar. – Mas nem todos seguiram, temos um que
vigia incessantemente.

Aimê cobriu-se até o queixo.

-- Entã o estamos salvas por enquanto?

As primeiras labaredas começaram a esquentar o local.

Diana permaneceu sentada por alguns segundos observando o fogo, depois deitou ao lado da garota.

-- Por pouco tempo sim, mas depois eles voltarã o ainda mais determinados a sua procura.

A Villa Real pareceu ponderar por alguns segundo e depois voltou a falar.

-- Você os conhece? Sabe o quã o perigosos sã o?

A Calligari nada disse, apenas se virou de forma que pudesse observar melhor a prisioneira. Mesmo tendo ela
aquela de iciê ncia, seria bem requisitada nos bordeis do oriente. Era bonita, tinha uma essê ncia inocente... Pura... Algué m que
a olhasse icaria a pensar em como deveria ser gostoso possuı́-la, como deveria ser perfeito ver aquela face trans igurado pelo
prazer.

Sacudiu a cabeça para se livrar desses pensamentos.

-- Eles tocaram em ti? – Questionou-a. – Foi molestada?

Aimê meneou a cabeça negativamente.

-- Falaram que seria preferı́vel assim... Poré m alguns insinuavam durante todo o tempo que se eu nã o icasse quieta
iriam fazer pior do que costumavam fazer com as mulheres que estavam nas tendas. – Umedeceu o lá bio superior. – Usavam-
nas em minha presença, diziam que era para eu aprender como deveria satisfazer meus clientes...

Diana conhecia bem aquele discurso, mas nem sempre eles seguiam as ordens do chefe. Crocodilo tentara estuprá -
la e se nã o tivesse o ferido, em seguida fugido, logo ela seria usada por todos aqueles bá rbaros.

-- Quem é você ? Por que veio até aqui? Meu avô mandou você me salvar?

A morena esboçou um sorriso sarcá stico.

-- Ningué m manda em mim!

-- Mas entã o? – Apoiou-se de lado.

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Com o movimento, o lençol cedeu um pouco, deixando a pele branca de fora, a tentadora borda dos seios.

Diana mordeu a lateral do lá bio inferior.

Virou de costas, observando o teto, depois voltou para a posiçã o de antes.

-- Sou Diana Calligari! A major Diana Calligari!

A perplexidade estava presente na face da herdeira de Ricardo.

Há tempos quando convivera com os Villa Real nã o cruzara muito com a garotinha que agora já era uma mulher.
Decerto, ela nem se recordava de si.

-- Diana...

A morena sentiu um arrepio na nuca ao ouvir seu nome pronunciado por aqueles lá bios bonitos. Era doce,
melodiosa...Excitante...

-- Diana Calligari... – Ponderava, enquanto repetia o nome. – Eu tenho a impressã o já ouvi esse nome... Mas nã o me
recordo... Alexander Calligari tem alguma ligaçã o contigo?

-- Sim... Ele era meu pai...

Aimê pareceu confusa.

-- Entã o você fazia parte do batalhã o... – Abriu um enorme sorriso. – Decerto esteve sob as ordens do meu pai...

-- Nã o me fale desse miserá vel! – Cortou-a de forma agressiva.

Aimê pareceu chocada com a explosã o.

-- Por que se dirige assim a ele?

-- Se você nã o parar de falar, eu te jogarei lá fora... Entã o você nã o será uma puta em um bordel, mas comida para
uma onça faminta que está caçando.

A jovem ainda abriu a boca para dizer algo, poré m mais uma vez achou melhor nã o a afrontar.

Fechou os olhos, pensando no que acabara de icar sabendo.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Deus!

E se essa mulher estivesse ali por interesses pró prios, se estivesse ali para levá -la para um destino ainda pior do
que o outro?

Sacudiu a cabeça tentando se livrar daqueles pensamentos assustadores.

Diana preferiu se afastar.

Mesmo diante da chuva, a morena deixou a caverna.

Estava faminta e nã o aguentava comer mais sanduı́che.

Sabia onde conseguiria algo delicioso.

Seguiu na direçã o contrá ria.

Ela nã o parecia se incomodar com o banho que estava tomando, parecia até gostar.

Estava totalmente nua, usando um coldre com um punhal na canela e o arco e lecha nas costas.

Sentia falta daquilo, sentia falta daquela liberdade, de nã o precisar ser uma dama daquela sociedade que fora tã o
cruel consigo.

Corria livre... Parou ao ver algo bem apetitoso.

O pequeno animal estava sob um tronco tombado e nã o teve chance de defesa.

A Calligari foi rá pida e precisa.

Pegou o animal e ali mesmo o livrou da sua pele, retirando as entranhas e deixando-o pronto para ser comido.

A chuva engrossou.

Uma á rvore foi atingida perto de si, tombando violentamente.

-- Quem é você ?

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O sotaque colombiano a assustou, mas ela permaneceu quieta, sabia que o outro estava parado bem atrá s de si.

Virou-se lentamente, tentando nã o fazer nenhum movimento brusco, temendo que ele reagisse.

O olhar do homem pareceu enfeitiçado diante da bela mulher despida.

-- Ouviu a minha pergunta?

Diana fez um gesto de assentimento com a cabeça.

Conhecia-o, ele fora o cara que transou com a prostituta diante de Aimê .

-- Quem é você ? – Questionou apontando a arma. – Quem é você ? – Repetia descon iado.

-- Eu? – Falou alto para se fazer ouvir sobre a tempestade. – Sou uma ı́ndia. – Disse observando tudo ao redor,
temendo que tivessem outros por ali.

Ele esboçou um sorriso cruel e os dentes podres puderam ser vistos.

-- Nunca trepei com uma ı́ndia! – Encostou o cano contra a pele do pescoço dela. – Ainda mais uma tã o bonita. –
Acariciou o pescoço esguio com o revó lver. – Sempre tem a primeira vez.

Diana sabia que a arma estava engatilhada... Seu cé rebro parecia calcular todas as chances de sair vitoriosa daquele
ataque.

Mais uma vez olhou ao redor buscando outros, mas parecia que ele estava sozinho.

Um estrondoso trovã o foi a distraçã o que ela precisava.

-- Disso nã o há dú vidas!

Rapidamente a Calligari o desarmou e travaram uma luta corporal.

O homem era muito forte e maior e a pintora precisou ser bastante á gil.

Ele a encostou forte contra uma á rvore, enforcando-a.

-- Maldita, vai morrer para aprender a ser civilizada!

Ele era forte e alto, conseguindo levantá -la sem muito esforço.

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-- Depois que morrer, usarei seu corpo bonitinho... – Apertou-a mais forte.

A Filha de Alexander tinha di iculdades para respirar... Segurou-lhe os pulsos para tentar aliviar o aperto, mas sua
tentativa foi inú til.

A Chuva caia mais grossa, o barulho era ensurdecedor.

Em uma tentativa desesperada, a morena levantou a coxa, acertando-o nas partes ı́ntimas, em seguida se afastou
tentando respirar.

Sentiu-se tonta pela falta do oxigê nio.

O homem nã o demorou muito para partir novamente para cima dela.

Diana foi rá pida ao pegar o punhal que estava preso na canela e jogar contra ele.

A arma descansou contra a garganta do oponente que arregalou os olhos antes de cair em um baque surdo.

Aproximou-se dele.

Observando-o com atençã o, enquanto tentava respirar.

O corte fora super icial, mas fora sobre um dos pontos de pressã o e por isso o deixaria um tempo desacordado.

Pegou a arma, a caça e saiu correndo por entre as á rvores.

Aimê despertou com o barulho de um trovã o.

A fogueira ainda queimava

Ela sentou, enquanto se cobria até o queixo.

Ainda estava nua e esperava conseguir roupas porque nã o se sentia bem estando despida.

Ouviu o som dos morcegos e pareceu ainda mais temerosa.

Ouviu passos.

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-- Diana... – Chamou-a.

A Calligari parou diante dela. Ainda respirava com di iculdades.

Deixou a caça de lado e logo sentou.

Tremia...

-- Onde você estava?

Pegou um pouco a coberta.

-- Tomou banho de chuva?

A Calligari batia os dentes.

-- Sim!

Aimê tocou nela por acidente.

-- Deus, você está fria como uma pedra de gelo. – Disse horrorizada. – Precisa se aquecer.

Diana a encarou por alguns segundos, parecia ponderar. Depois fê -la deitar e logo em seguida cobriu-a com seu
corpo.

Aimê teve a impressã o que uma descarga elé trica a percorria.

-- O que está fazendo? – A jovem questionou assustada.

-- Preciso... Preciso me aquecer... Preciso de calor humano...

A Villa Real sentiu-a moldar perfeitamente sob sua pele. Sentiu o contato entre os seios, entre as coxas e teve uma
sensaçã o estranha, embriagante.

Permaneceram quietas, enquanto o calor passava de um corpo para o outro.

A Calligari começou a sentir outro tipo de necessidade.

Encarou-a por alguns segundos.

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Viu os olhos azuis parecerem assustados...

Sentiu-se molhada... Terrivelmente molhada...

Escondeu o rosto no pescoço esguio...

Fechou os olhos e logo adormeceu nos braços da ilha do homem que destruı́ra sua vida.

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Capitulo 4 por gehpadilha

A chuva seguia implacá vel.

A Calligari pegara um forte resfriado e precisou icar repousando, enquanto uma Aimê preocupada tentava ajudá -la,
mesmo tendo como obstá culo sua limitaçã o.

Ao inal do segundo dia, a morena parecia bem melhor.

Diana sentou-se e icou observando a herdeira de Ricardo diante da fogueira.

Achou engraçado os trapos que ela usava.

Pelo que via, ela rasgara um dos lençó is, cobrindo os seios como se fosse um top, em seguida criou uma pequena
saia amarrada no quadril. Decerto ela assistira ao ilme a lagoa azul...

Esboçou um sorriso.

Ridı́cula, poré m muito sexy com aquelas pernas longas e corpo esbelto.

Diana desviou o olhar.

Sua mente estava um pouco conturbada e nã o recordava muito do que se passou, mas se sentia bem melhor.

Infelizmente sua caça fora perdida e tivera que se contentar com pã o e carne seca.

Ainda chovia, conseguia ouvir o som forte lá fora.

Viu quando Aimê encostou-se à parede rochosa, viu-a fechar os olhos como se desejasse dormir ali mesmo.

Desejou chamá -la para perto de si, mas acabou icando quieta.

Nã o desejava ter nenhum tipo de contato com ela, nada de intimidades. Apenas faria o que deveria ser feito.

No dia seguinte seguiria caminho, mesmo sendo mais perigoso, viajariam à noite, pois tinha certeza que aqueles
homens nã o as seguiriam.

Ainda ponderava sobre aquilo, pensava se seria aquela uma boa ideia visto que sua companheira tinha uma
de iciê ncia, visto que aquele territó rio tinha pessoas que nã o gostariam da sua presença.

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Talvez sair à noite fosse mais uma vantagem para nã o encontrar com ı́ndios.

Poré m nã o deveria esquecer de que havia uma tribo em especial que seguia na escuridã o e que tinha olhos que nã o
se importavam com a penumbra.

A morena estava acostumada a dormir em á rvores, em seguir seus instintos em meio aquele breu, poré m nã o
costumava fazer isso em companhia de outras pessoas.

Estava tã o cansada que adormeceu novamente.

Despertou cedo e ao virar nã o encontrou Aimê ao seu lado como era de costume e nem onde ela icara na noite
passada.

Calçou as botas, vestiu uma calcinha e uma camiseta, pegou a arma e seguiu em passos lentos pela caverna.

O barulho da á gua era abafado e isso era bom, pois se nã o o fosse, seria fá cil descobrir aquele lugar.

Fechou os olhos por alguns segundos.

Ainda estava tonta, por isso icou um pouco encostada à parede de pedras, antes de ir a procurar a jovem.

Nã o demorou muito para ver as roupas e també m vê -la.

Estava sob a pequena cascata.

O sol já iluminava o local e era possı́vel ver a imagem bonita, ereta.

A cabeça pendia para trá s. Os cabelos longos chegavam quase no meio da cintura.

Os biquinhos dos seios estavam eriçados como botõ es de lores prontos para serem tomados pelas abelhas.

Aproximou-se mais, tomando cuidado para nã o se denunciar.

Observou o abdome liso e ao descer mais sentiu um arrepio em toda espinha.

Nã o!

O que faltava era sentir desejo pela ilha do maldito coronel.

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De repente seu cé rebro relembrou da noite que chegara da caça, recordou-se de ter deitado sobre ela, de ter
adorado moldar seu sexo ao dela...

Mordiscou o lá bio inferior demoradamente...

Estava em chamas...

O som alto de um pá ssaro a tirou dos seus pensamentos, do mesmo jeito que alertou a Villa real.

-- Quem está aı́? – A garota questionou.

A morena suspirou irritada, mas acabou respondendo.

-- Sou eu!

Aimê seguiu para a parte mais funda, enquanto cruzava os braços sobre os seios.

Nã o se sentia à vontade com aquela mulher, havia algo que a incomodava demasiadamente. Ainda se sentia
profanada ao lembrar-se do corpo forte colado ao seu.

-- Por que estava me observando? – Indagou incomodada. – Por que chegou na surdina?

Diana corou, mas logo a pose costumeira retornou.

-- Olha, mimadinha, eu nã o estava te observando como dizes, apenas acordei e vi que nã o estava deitada, entã o vim
ver onde tinha ido. – Passou a mã o pelas madeixas. – Fiquei preocupada!

-- Quanto tempo estava aı́? – Aimê perguntou sem se importar com a explicaçã o.

A Calligari colocou as mã os na cintura.

-- Desde quando te devo satisfaçã o? Desde quando pode se dirigir a mim com toda essa prepotê ncia?

-- Apenas desejo um pouco de privacidade!

A gargalhada carregada de deboche era bem sonora.

-- Você també m disse isso para seus raptores? Ah, sim, com certeza! – Ironizou.

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-- Nã o, porque sabia que eles nã o tinham educaçã o, poré m jamais imaginei que isso també m se passasse com a ilha
de um homem tã o respeitado como Alexander Calligari. – Retrucou calmamente.

Diana estreitou os olhos de forma ameaçadora.

Aimê nã o conseguia enxergar, mas conseguia sentir a força daquela mirada.

-- Saia dessa á gua e se vista e faça-o rá pido, pois nã o me importa em te deixar aqui. – Disse por entre os dentes,
afastando-se em seguida.

-- Para os canibais ou para as onças me comerem? – A jovem provocou-a mais uma vez.

Temeu que ela fosse até ali, mas para seu alı́vio ouviu os passos se afastando.

Soltou a respiraçã o lentamente.

Nã o costumava desa iar ningué m, mas estava cansada de ser tratada mal.

Aqueles dois dias foram um inferno.

Tentara cuidar da major, poré m ela icou ainda mais arisca enquanto doente, fora cruel quando a ú nica coisa que
izera foi cuidar da sua enfermidade

A morena só lhe dirigira a palavra naquele interim de grosseira e arrogâ ncia, o que era terrı́vel em todos os
sentidos.

Nã o tinha modos, parecia um animal selvagem que estava sempre a ponto de trucidar sua presa.

Deixou a á gua e seguiu contando os passos até onde deixara as roupas improvisadas..

Vestiu-se lentamente, depois seguiu de volta onde estava a sua ‘salvadora’.

-- Ao cair da noite seguiremos! – Diana disse assim que a viu.

Aimê sentou-se.

Sentiu o cheiro de café e desejou um gole.

-- Nã o acha que será perigoso seguir por essa selva em total escuridã o?

Diana bebericou o lı́quido quente.

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-- Pelo menos nã o seremos perseguidos por seus amigos.

Colocou uma xı́cara nas mã os da jovem.

-- Obrigada! – Agradeceu com um sorriso, enquanto provava a bebida. – Mas e as outras ameaças? Cobras, onças...
Os ı́ndios que você tanto fala.

A morena pareceu re letir antes de responder.

-- E a ú nica chance que teremos... – Fitou os olhos grandes. – Pelo mapa que tenho, acredito que há outros lugares
para nos esconder. A mata é muito fechada, teremos como nos camu lar.

-- Mas Diana, como você enxergará o que tem pelo caminho. Você conhece essa loresta a ponto de saber onde
estará pisando?

-- Nã o por onde estamos indo, mas a lua aparecerá no cé u e iluminara o caminho.

-- Mesmo assim deseja embrenhar-se durante a noite? – Questionou assustada.

-- E qual é o seu plano? – Indagou irritada. – O que uma cega entende de fugas? Se nã o fosse você eu já estaria bem
longe daqui. – Levantou-se. – Nã o aceitarei nenhuma sugestã o que venha de ti e se desejar seguir o que digo, ó timo, se nã o
quiser, nã o mudará nada nas minhas decisõ es.

Aimê nada mais disse, permanecendo quieta durante o resto do dia.

Diana decidiu sair um pouco para explorar a á rea, tentando se familiarizar com a regiã o, buscando esconderijos se
assim fosse necessá rio.

Quando retornava precisou se esconder, pois um grupo de busca cobria aquela parte.

Eles estavam ainda mais numerosos e deixaram claro que os cachorros seriam usados na manhã seguinte.

Nã o havia outra chance para elas a nã o ser seguir sem o auxı́lio do sol.

Demorou um pouco para retornar para a caverna e ao fazê -lo encontrou a Villa Real parada na entrada, sorte que
estava pela parte de dentro.

-- Que diabos estava fazendo aqui? – Segurou-a pelo braço. – E se os cã es tivessem voltado, decerto te encontrariam
rapidamente.

-- Por que demorou tanto? – Os olhos sem luz pareciam itar a militar. – Temi que algo tivesse acontecido... Estava
pensando em sair para te procurar.

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-- Ah, por favor, Aimê ... – Soltou-a. – Sairemos assim que a escuridã o tomar conta.

-- Diana, tem certeza que nã o há uma alternativa sem que seja essa?

A morena nada respondeu.

Tudo estava pronto. Nã o levaria muita coisa.

Colocou um punhal escondido na bota.

Seguiu até o lago para encher os cantis.

Tirou uma jaqueta de couro, vestindo-a.

Observou a Villa Real, com aquelas roupas inas, morreria de frio.

Entregou-se um caso de lã e uma calça.

-- Use-as! – Ordenou.

A garota segurou a mã o da Calligari.

-- Estou com medo!

Diana sentiu a maciez do toque e mais uma vez se sentiu perturbada pela proximidade.

Deus, como algué m poderia ter uma aparê ncia tã o bela?

Desvencilhou-se do toque.

-- Seguiremos na escuridã o apenas hoje, assim que sairmos dessa á rea, viajaremos durante o dia.

Aimê fez um gesto de assentimento.

Era percebı́vel que nã o tinha como questionar as ordens daquela mulher.

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Meia hora depois deixavam a caverna.

Diana amarrou uma corda na sua cintura a da prisioneira. Assim ela seguiria seus passos.

Caminhavam lentamente, ainda mais quando tiveram que desviar pelos inimigos.

A Calligari fora bem treinada, nã o apenas no exé rcito, mas na é poca que vivera naquele lugar. Aprendera a decifrar
sons, aprendera a decifrar o silê ncio que era ainda mais perigoso.

Pisava com cuidado... Em algumas partes o solo ainda estava molhado.

Seguia abrindo caminho.

Sentia os galhos ir contra si, sentia as pernas se enrolar...

Deveria ir reto sempre, em algum canto dali havia uma tribo. Ela sabia disso, mas nã o acreditava que eles se
aproximassem. Esperava estar certa, esperava nã o ter que ser surpreendida por eles.

Vez e outra ouvia Aimê tropeçar.

Se continuasse com aquele ritmo tomaria uma boa vantagem dos captores e assim poderiam seguir durante o dia.

Nã o estava tã o escuro, como previu, a lua iluminava a grande loresta.

Rezava para que nã o houvesse armadilhas pelo chã o, tateava ao má ximo para nã o ser pega de surpresa.

-- Diana...

A voz doce e baixa lhe chamou.

-- O que é ? – Perguntou sem parar. – Nã o desejo conversar e tampouco ouvir suas lamentaçõ es.

-- Estou cansada!

Ouviram o pio da coruja.

Deveriam estar andando há quase trê s horas.

-- Nã o podemos descansar agora!

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-- E quando o faremos?

-- Apenas quando o sol estiver nascendo.

Aimê nã o falou mais nada, continuando a caminhada.

Usava as mã os para tentar se livrar dos galhos, sentia-se perdida ainda mais naquele momento.

Sentia que a major tinha familiaridade com a escuridã o.

Em nenhum momento demonstrava insegurança. Seus passos eram seguros, irmes, diferentes dos seus que
cambaleava por entre aquela vegetaçã o.

-- Levante as pernas ou vai acabar indo ao chã o! – A morena a repreendeu impaciente quando teve que ajuda-la a
levantar. – Está nos atrasando!

Nã o demorou muito para a neta de Ricardo cair novamente.

Chegaram a uma á rea mais acidentada e a garota nã o dava dez passos sem se desequilibrar.

Diana parou abruptamente, tendo Aimê se chocando contra suas costas.

Ainda pensou em discutir, mas havia algo mais importante naquele momento.

Levantou a cabeça em busca de algo, sabia que estavam sendo observadas.

Levou à mã o a arma que descansava no coldre.

-- O que é isso? – A voz baixa de Aimê questionou. – Há pessoas aqui?

-- Fique quieta! – Repreendeu-a por entre os dentes. – Nã o faça movimentos bruscos.

Já se preparava para atirar quando ouviu passos em sua direçã o.

Empurrou a jovem no chã o, cobrindo o corpo dela com o seu.

Aimê icou sem fô lego com o baque.

O que estava acontecendo?

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Imaginou que os sequestradores tivessem as encontrado.

Nã o demorou muito para uma chuva de lecha cair sobre elas.

Permaneceram deitadas.

A morena sentia a respiraçã o de Aimê tã o pró xima a sua, os corpos moldados.

Ela tinha um aroma delicioso, tinha cheiro de primavera, de lores.

-- Apenas mantenha a calma. – Disse contra a boca dela. – Fique quietinha e nã o faça movimentos bruscos... –
Avisou mais uma vez.

De repente, braços a tiraram de cima da jovem.

Sabia de quem se tratava e por esse motivo nada disso.

Levantaram Aimê de forma mais delicada.

Ouvia as ordens na lı́ngua nativa.

Acenderam as tochas.

-- Estamos em paz, queremos apenas atravessar a regiã o. – A morena se comunicava. – Tive a permissã o do pajé .

Nã o pareceram se importar com as palavras dela, empurrando-a para que continuasse caminhando.

Ela desvencilhou-se dos braços, seguindo na frente, demonstrando total irritabilidade.

Ouviu a queda da jovem, virou, praguejando, tomando a garota pela mã o.

-- Para onde estamos indo? – Questionou. – O que eles estavam falando?

-- Cale a boca e alé m de cega, inja-se de muda! – Disse de forma cruel.

Aimê puxou a mã o com um safanã o.

Diana a itou.

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-- Nã o faça birra. – Segurou-a novamente. – Essas pessoas nã o brincam. – Sussurrou em seu ouvido.

-- Pre iro toda a crueldade deles de que a sua.

Nada mais fora dito.

Seguiram por um paralelo de á rvores, depois desceram pelo rio e ao amanhecer chegaram à aldeia.

A Calligari itou os ı́ndios.

Estavam armados e pareciam nada agradá veis.

Foram obrigadas a se ajoelhar.

Diana viu o chefe se aproximar e esboçou um sorriso ao ver a bela mulher que o acompanhava.

Nada mudara naqueles anos.

A aldeia era grande. Havia inú meras pessoas morando ali. As ocas eram cobertas com palhas de coco e suas paredes
feitas de bambus.

Observou as vestes, melhor, a escassez delas. Os corpos eram cobertos por pinturas e bronzeados pela mã e
natureza.

-- Entã o era verdade da sua presença por aqui! – A voz forte do chefe se fez ouvir. – Quando recebi mensagem de
Ubiratã iquei a imaginar se demoraria para que colocasse seus pé s em meu solo.

Aimê achou interessante o fato de algué m ali falar Portuguê s.

-- Estou em uma missã o e tive permissã o para seguir. – Diana replicava calmamente.

A jovem Villa Real percebeu que sua insuportá vel acompanhante nã o parecia se importar em serem prisioneiras,
pois continuava a usar o tom arrogante.

-- Nã o tem minha permissã o e nã o é bem vinda aqui! – A voz forte retrucou irritada. – Minha tribo nã o aceita sua
presença e nem a presença... – Encarou Aimê e começou a falar em lı́ngua nativa. – Nem a presença da ilha do homem que
matara tantos de nó s a sua procura.

Diana levantou o queixo em desa io.

-- Nã o quis vim aqui, seus guerreiros que me trouxer...

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Antes que terminasse a palavra um dos ı́ndios lhe bateu na face.

A Calligari ainda tentou reagir, mas vá rios homens a seguraram.

Aimê imaginou o que tinha acontecido e icou assustada.

-- Continua desrespeitosa! – Repreendeu-a. – Como pode ser tã o topetuda, princesa?

Eles a conheciam! – A neta de Ricardo pareceu ainda mais surpresa.

Diana nã o pareceu se incomodar com aquilo.

-- A princesa nã o aprende liçã o. – Fez um gesto. – Amarrem-na! – Ordenou. – Coloque-a no sol, assim ela perde um
pouco da frieza.

Aimê icou ainda mais temerosa, mas ao sentir braços gentis lhe tocando relaxou.

-- Calma, minha criança, nã o iremos machucá -la. – A voz era doce e compreensiva. – Venha comigo.

-- Mas e a Diana? – Questionou preocupada. – O que farã o com ela? Desejo icar ao lado dela!

Os olhos negros de Sirena pareceram surpresos.

-- Nã o deveria se importar com ela, ainda mais pela forma que ela te trata.

-- O que farã o com ela? – Repetiu a pergunta de forma impaciente.

-- Nã o se preocupe. – Tomou-lhe a mã o nas suas. – Sou Sirena, esposa do chefe e ilha do pajé .

Os olhos azuis denotavam descon iança, mas por im acabou se apresentando.

-- Sou Aimê e fui salva por Diana, entã o gostaria que nada de ruim fosse feito a ela. Deixe-nos ir, prometemos nã o
profanar suas terras.

Sirena entendia a maior parte das palavras que a jovem dizia e admirou o fato dela parecer tã o preocupada com
uma mulher que se mostrava sempre tã o cruel como a Diana.

Um dos ı́ndios que vinham seguindo as duas mulheres relatara como a Calligari agia com grosseria o tempo todo
com a ilha de Otá vio.

-- Tem um nome lindo! Venha comigo, cuidarei de ti.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A Villa Real ainda tentou argumentar, mas a mulher a levou consigo.

A Calligari fora amarrada em um tronco.

O sol começava a esquentar e aquilo já a estava incomodando.

Pelo menos um dos ı́ndios sempre lhe levava á gua.

Procurava Aimê , mas desde que ela saiu com Sirena nã o voltou a aparecer.

Nã o acreditava que izessem algo contra ela, a inal, aquelas pessoas nã o eram tã o ruins a ponto de ferir algué m tã o
indefeso.

Tentou se livrar das amarras, poré m sua tentativa era inú til.

Nã o acreditava que estava novamente naquele lugar...

Lembrou-se da mã e...

Viu as crianças brincando, enquanto os jovens treinavam com o arco e lecha...

-- Dessa vez nã o será tã o fá cil assim, princesa!

Ela itou o homem que esboçava um sorriso sarcá stico.

-- O que você quer, Tupã ? Provar seu poder para essas pessoas? E covarde por me manter presa!

O chefe deveria ter uns trinta anos. Era jovem, robusto, bonito e bastante alto. Ficara no lugar do antigo lı́der.
Conhecia-o bem, foram treinados juntos.

-- Nã o sou como você , Diana! – Ajeitou o cocar suntuoso na cabeça. -- Nã o passei a minha vida buscando vingança,
ao contrá rio, encontrei o amor e a paz ao lado da mulher que amo.

-- Nã o é isso o que parece! – Ela o desa iou com o olhar. – A inal, está me mantendo presa aqui para ser apreciada
por todos.

-- Nã o, major, apenas a deixei aqui para que pudé ssemos conversar. – Chegou mais perto, apoiando a mã o na
madeira.

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-- Conversar sobre o quê ? – Indagou exasperada. – Eu só quero voltar para a minha casa.

Tupã fez um gesto de assentimento, depois sentou sobre uma pedra. Observou a bota de Diana e com um gesto
rá pido retirou um punhal que ali estava.

Observava a arma delicada.

-- Você tem uma dı́vida com meu povo, uma dı́vida que precisa pagar se assim desejar retornar para sua casa.

-- Eu nã o devo nada a você s! – Negou irritada. – Odeio o seu maldito povo...

-- Você desgraçou seu povo, você desonrou a mim, desonrou sua mã e quando nã o aceitou o casamento para unir
nossa tribo, por sua culpa muita gente morreu!

-- Que eu saiba quem os matou foram você s... Otá vio os matou com a crueldade dele...

Tupã se levantou.

-- Vejo que nã o é fá cil conversar contigo, mas te adiantarei que se deseja deixar a nossa aldeia terá que casar com a
ilha do seu inimigo, assim, cumpriremos o acordo que um dia fora feito.

A Calligari riu alto.

-- Você deve ter enlouquecido, só pode! – Cerrou os dentes. – Neguei-me antes e continuarei a me negar...

-- Seu tom de voz é desrespeitoso! – Repreendeu-a. – Essa é a ú nica forma de sair daqui, se nã o aceitar passará o
resto da sua vida presa a esse tronco, de inhará dia apó s dia e assim veremos como você vai viver. – Fitou os olhos negros. –
Sua dı́vida é muito grande!

-- Nã o acredito nessas baboseiras!

-- Se nã o acredita por que reluta tanto em aceitar?

-- Porque nem por brincadeira quero meu nome associado a uma Villa Real. – Cuspiu cada palavra com total
desprezo. – Jamais me sujaria assim...

-- Entã o espero que o tronco seja confortá vel porque será nele que passará o resto da sua vida.

Diana o observou se afastar, enquanto tentava de toda forma se soltar das amarras.

Praguejou alto no dialeto que dominava tã o bem.

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Alguns olhares se voltaram para ela, poré m a arrogante princesa nã o parecia se importar com aquilo.

Nã o acreditava que aquilo estava acontecendo consigo.

Suspirou.

-- Maldiçã o!

Aimê estava sendo bem tratada.

Descansara um pouco e quando despertara já passava das trê s da tarde.

Uma ı́ndia viera auxiliá -la, ajudando-a a banhar, entregou-lhe uma roupa, depois trançou lindamente os cabelos
longos.

Ela comeu algumas frutas.

Perguntou por Diana, mas ningué m lhe respondia, na verdade nã o entendia o que a herdeira de Ricardo dizia.

Estava preocupada, temia que algo acontecesse com a Calligari.

Começou a tatear o lugar, tentando arrumar um jeito de sair e poder ir até a morena, entã o sentiu a presença de
algué m.

-- Quem está aı́?

Fez-se um enorme silê ncio e logo em seguida o tom forte e com bastante sotaque foi ouvido.

-- Perdoe-me se a assustei! – Disse pausadamente.

A Villa Real reconheceu a voz.

-- Nã o tive intençã o. Sou Tupã ! – Tomou-lhe a mã o de forma carinhosa. – Espero que esteja sendo bem tratada.

Aimê esboçou um sorriso tı́mido, fazendo um gesto a irmativo.

Estranhou o fato de algué m que vivia tã o isolado demonstrar ser tã o cordato.

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-- Gostaria de ver a Diana. – Pediu. – Como ela está ?

O chefe a observou detalhadamente, icando totalmente encantado com a forma gentil e beleza pura que ela exibia
tã o naturalmente, como se nã o tivesse noçã o do quanto era linda.

Tencionava fazer a princesa se redimir das suas ofensas, mesmo que sacri icasse outra alma.

-- Eu a levarei lá .

Educadamente ele lhe tomou o braço, caminhando ao lado dela.

Diana mais uma vez tentou se livrar das cordas.

O sol já estava se pondo quando ela viu sair da oca principal Tupã acompanhado de Aimê .

Ele adorava impressionar as pessoas com seu re inamento. Nã o vivera naquele lugar quando adolescente e só
retornou depois de muito tempo para assumir o seu lugar na tribo, por isso falava tã o bem e usava aquele charme barato de
cavalheiro.

Relanceou os olhos, irritada. Mas logo sua atençã o estava centrada em outra pessoa.

Aimê estava ainda mais estonteante.

Reconheceu a roupa.

Calça colada na cor preta, blusa de mangas longas, branca, colete combinando com os trajes de baixo... Poré m o que
mais chamava a atençã o era seu rosto corado, a grande trança que caia ao lado do corpo e o intenso olhos azuis.

-- Pronto, querida, deixarei você aqui para que conversem. Assim que terminar é só chamar e eu mesmo virei
busca-la. – Sorriu. – Diana está bem a sua frente.

A Calligari observou o chefe se afastar e aproveitou para itar os olhos azuis. Estavam mais vivos e brilhantes.

Fitou os lá bios entreabertos.

O pescoço esguio.

Sentiu um arrepio percorrer a espinha.

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-- Você está bem?

A morena ouviu o som melodioso, paciente, doce.

Irritava-se com a forma dela ser. Irritava-se por ela agir daquele jeito. Irritava-se por seu corpo começar a reagir a
ela.

-- Isso nã o é problema seu! – Respondeu rispidamente. – E nã o tem motivos para vir aqui. Nã o necessito de irmã de
caridade.

Aimê virou a cabeça para o outro lado e demorou alguns segundos para voltar a falar.

-- Por que age assim? Por que é sempre tã o grosseira? Te iz alguma coisa, Diana?

A Calligari suspirou de forma impaciente.

-- Nã o me chame assim, nã o suporto ouvir meu nome sendo pronunciado por seus lá bios.

Aimê nã o entendia os motivos de ser tratada tã o mal.

Era impossı́vel ter algum tipo de diá logo como aquela mulher.

Mordiscou o lá bio inferior e voltou a itar guiada pelo tom de voz.

-- Ok, desculpe-me, nã o a importunarei novamente, só desejava saber se estava bem e vejo que está muito bem, isso
me deixa feliz.

A morena observou Tupã se aproximar, levando-a consigo.

Acompanhou-a com o olhar e mais uma vez se sentiu incomodada.

-- Ela nã o é Otá vio, Diana!

A voz de Sirena soou irme, ela usava o dialeto indı́gena.

-- Ela estava preocupada contigo, nã o creio que ela mereça isso.

-- Nã o sabia que você poderia se aproximar de mim e me dirigir a palavra. – Falou exibindo um sorriso sarcá stico. –
O chefe nã o vai me esfolar por isso?

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A ı́ndia fez um gesto negativo com a cabeça.

-- Arrogâ ncia, orgulho, frieza, deboche sã o suas marcas registradas.

-- E você está mais linda do que nunca. – Piscou.

Sirena exibiu um sorriso.

-- Nã o caio mais nessa histó ria.

-- Que pena! Tivemos momentos maravilhosos.

-- Momento esses que agora você vai viver ao lado da sua esposa.

O maxilar da Calligari enrijeceu.

-- Eu nã o vou me casar.

-- Por quê ? Será apenas um casamento indı́gena... Nã o sabia que você dava importâ ncia à s tradiçõ es da sua cultura.

-- Sua cultura nã o é a minha!

-- Entã o faça o que Tupã diz e depois siga o seu destino.

Diana itou Aimê .

Ela estava sentada em uma pedra e brincava com uma pequena indiazinha.

-- Por que Tupã deseja isso? Eu apenas quero ir embora. Tenho um longo caminho.

-- Sim, eu sei! Alguns guerreiros viram seus amigos nas proximidades, eles nã o desistirã o dela. – Tocou-lhe a face. –
Essa é a ú nica forma de saldar o que deve a todos, a sua uniã o com a ilha do homem que mais odeia será seu castigo. Quando
o maldito Otá vio esteve aqui a sua procura matou muita gente e você sabe que poderia ter evitado...

-- Castigo? Eu já recebi mais do que o necessá rio. – Voltou a tentar se livrar das cordas. – Preciso sair daqui! –
Mirou-a demoradamente. – Ajude-me, tire-me daqui e prometo que nunca mais colocarei meus pé s em sua terra...

-- Você sabe como agir para conseguir isso.

Mais uma vez a ilha de Alexander demonstrou impaciê ncia.

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-- Por que ele quer que eu me case? – Indagou curiosa.

-- Essa é uma forma de sua falta de respeito ser perdoada...

Diana arqueou a sobrancelha esquerda.

-- Eu nã o preciso de perdã o... – Deu um sorriso de escá rnio. – Como se eu me importasse com o que pensam de
mim...

-- Entã o aceite...

Diana observou Aimê demoradamente.

-- Nã o irei transar com ela... Tenho asco...

Sirena estreitou os olhos negros de forma descon iada.

-- Ela é linda... Sei que vai adorar tê -la... Basta que aceite e tudo icará como você deseja.

A morena pareceu ponderar por alguns segundos.

Parecia pensar todas as alternativas para fugir dali, poré m sabia que nã o havia muitas chances. Aqueles eram
guerreiros treinados até a ú ltima gota do sangue, nã o conseguiria enfrentar a todos.

Poderia simplesmente levar aquilo como uma brincadeira... Nã o a tocaria... Apenas ingiria diante de todos e
pronto, tudo estaria resolvido.

Sim, aceitaria o casamento, era apenas algo simbó lico.

-- Eu aceito! – Disse por im.

Sirena bateu palmas, dando pulinho de alegria.

-- Agora mesmo começarei os preparativos.

-- Traga a Aimê aqui. – Ordenou.

-- Certo, princesa! – Piscou. – Vou buscar sua noiva agora mesmo.

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A Calligari percebia que a ilha de Otá vio pareceu nã o desejar ir até onde ela estava, mas a sua bela ı́ndia era boa em
persuadir.

Observou caminhar juntas.

Eram tã o diferentes.

A ı́ndia era forte, determinada... Enquanto a outra demonstrava total fragilidade, uma pé tala de rosa... Uma
porcelana ina e delicada.

Sirena as deixou sozinhas, afastando-se.

-- O que você quer? – Indagou parecendo aborrecida.

A morena sorriu diante da forma irritada que a jovem se dirigiu.

-- Nada de mais, mimadinha, apenas desejo lhe informar que casaremos.

Os olhos azuis se abriram em total espanto. O rosado das maçã s do rosto se tornou pá lidos. Imaginou se ela
desmaiaria.

A boca entreaberta deixava à mostra os dentes extremamente brancos.

-- Que... que que você disse? – Gaguejou.

-- O que você ouviu. Nã o se preocupe, nã o valerá nada fora daqui. E apenas um ritual que dirá que teremos uma
uniã o de almas. – Relanceou os olhos em té dio.

Aimê mordiscou o lá bio inferior.

-- Por quê ? Somos mulheres...

-- Olha, garotinha estú pida, essa é a ú nica forma de sairmos daqui, entã o chega de perguntas e faça o que deve ser
feito, apenas siga o jogo.

A Villa Real odiava aquela forma arrogante de agir de Diana, odiava quando ela agia como se pudesse decidir tudo e
da forma que desejasse fazê -lo.

-- Nossa, jamais imaginei casar-me com uma mulher e muito menos pensei que como essa mulher pediria minha
mã o de forma tã o româ ntica. – Ironizou.

Os olhos negros da morena pareceram surpresos diante do sarcasmo.

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-- Nã o me casarei contigo, nem que fosse a ú ltima pessoa do mundo todo.

Diana icou tã o irritada que mais uma vez tentou se livrar das cordas.

Alguns olhares se voltaram para ela, entã o a morena baixou o tom de voz.

-- Sua idiota, essa é a ú nica forma de sair daqui e voltar para a civilizaçã o.

-- Por que temos que nos casar? – Aimê questionou curiosa. – Eu sou grata por você ter me salvado, mas nã o
poderia me envolver contigo, nã o tenho interesse.

A ilha de Alexander nã o pareceu gostar de ser rejeitada, mas tentou nã o demonstrar isso.

Respirou fundo e depois voltou a falar.

-- Porque eu sou a ilha de uma princesa indı́gena e preciso honrar meu sangue!

A surpresa estava presente na expressã o da jovem.

-- Como?

-- Essa tribo que você nã o consegue ver sã o de canibais!

-- Nã o acredito! – Negou de forma assustada. – Eles tê m mais educaçã o do que você !

-- Aimê , nã o costumo mentir! Se você quiser sair daqui intacta, com seu lindo corpinho todo arrumadinho, aceite e
participe dessa palhaçada, pois se assim o for, amanhã mesmo estaremos longe daqui, caso contrá rio, prepare-se para ser
assada na fogueira.

O cé rebro da Villa Real ainda estava preso no fato da sua salvadora ser uma indı́gena, ainda tentava diluir aquela
informaçã o.

-- Deus, você é uma canibal?

-- Sim, sou! Agora vamos casar e pronto, garotinha.

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Naquele dia tudo começou a ser preparado para a celebraçã o que só aconteceria dentro de trê s dias.

Os costumes da tribo requeria que o casal passasse por alguns rituais e só ao inal dos mesmos, poderiam se unir
para toda a vida.

Nos momentos que as duas icaram juntas, nenhuma palavra era dita, ainda mais porque a morena estava cada vez
mais irritada, pois pensara que tudo seria feito logo.

Em um desses momentos, ambas estavam em uma oca, quando Diana pensou em fugir, mas Tupã nã o baixara a
guarda, ao contrá rio, havia sempre vá rios ı́ndios vigiando-as de perto.

Diana suspirou vencida.

Ela passava o tempo observando Aimê que a cada dia exibia um olhar mais assustado.

Mas o perı́odo passou rá pido e o grande momento da vida de ambas chegara.

A lua estava cheia e anunciava as nú pcias.

Aimê fora ajudada por Sirena.

O corpo da ilha de Otá vio estava sendo enfeitado com pinturas.

Ela estava de pé , enquanto algumas indı́genas coloriam a pele.

-- Você é uma noiva muito linda, Diana vai enlouquecer quando te ver.

Aimê nada disse. Apenas continuava a pensar em tudo o que ouviu da ruiva arrogante.

Ela é uma ı́ndia?

Seria isso verdade?

Canibal?

Nã o voltou a tocar no assunto, pois as grosserias daquela mulher se superavam sempre que ela abria a boca.

-- Sirena, posso fazer uma pergunta? – Perguntou de forma temerosa.

-- Claro, meu bem! – Ajeitava algumas lores ao redor da cabeça da jovem. – O que deseja saber?

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Aimê mordiscou o lá bio inferior.

-- A Diana é ı́ndia?

Sirene nã o respondeu de imediato, pois colocava um colar para enfeitar o pescoço esguio.

-- Sim! – Disse sem interromper o serviço. – Ela herdou os traços fı́sicos do pai, mas tem o gê nio, o sangue da mã e e
os olhos penetrantes herdara dela...

-- Mas como? – Indagou ainda mais perplexa.

-- Nã o sabemos! A ú nica coisa que posso te dizer é que Diana é uma princesa indı́gena, neta de um dos maiores
chefes da mais importante tribo.

-- Canibais! – Falou pausadamente.

Sirene riu alto ao ouvir a palavra.

-- Meu anjo, Diana conta essa histó ria de canibal desde que tinha treze anos e vivia seduzindo as ı́ndias com esse
papo... Mas a forma de comer dela é diferente, minha criança.

Aimê sentiu a face queimar diante da insinuaçã o.

A herdeira dos Villa Real podia ter aquela aparê ncia de menina, mas ela sabia muita coisa da vida.

Esperava que aquilo terminasse o mais rá pido possı́vel.

A ú nica coisa que desejava era poder voltar para casa e esquecer tudo que aconteceu, principalmente as grosserias
que vivera em todos aqueles dias, desejava retirar da memó ria qualquer mençã o à quela mulher que adorava lhe tratar mal e
zombar da sua cara.

A lua estava alta.

Os tambores batiam em um ritmo alegre.

Ao redor da grade fogueira as pessoas dançavam em um ritual para o espı́ritos da loresta.

Um cı́rculo fora desenhado com pé talas de rosas vermelhas.

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Tochas estavam acesas...

Diana esperava pelo momento de concretizar de uma vez aquela encenaçã o.

Tivera que deixar suas roupas, usando quase nada, tendo todo o corpo pintado.

Uma coroa fora colocada em sua cabeça, simbolizando a sua tribo, seus ancestrais.

Tupã se aproximou.

Vestia-se como o xamã que presidiria aquela cerimô nia. Um enorme cocar em sua cabeça o destacava dentre todos.

Ouviu o som do falcã o sobre as enormes á rvores...

A Calligari mordiscou o lá bio inferior.

Nada daquilo fazia sentido para a bela morena.

Quando fora levada para aquele lugar por seu pai, achara estranho, mas aos poucos toda sua histó ria fora contada.
Ela se adaptara rá pido a nova realidade, apenas nã o aceitava a maioria dos costumes.

Sempre fora uma garota cheias de vontades e nã o era acostumada a aceitar as imposiçõ es de regras, devido a isso
fora expulsa e condenada a nunca mais retornar, poré m as circunstâ ncias a levaram novamente ali.

Já estava a ponto de ir buscar a ilha de Otá vio e acabar com toda aquela histó ria quando viu um pequeno grupo se
aproximar.

Sirena trazia Aimê pela mã o.

O luar a iluminava.

Prateava os cabelos intensamente negros. Os olhos grandes pareciam iluminados.

Ela estava ainda mais bela... Totalmente nua... Tendo o corpo coberto por pinturas que representavam as divas
virgens...

Sentiu um arrepio na espinha e logo decidiu observar o rosto bonito e sereno...

Os cabelos nã o estavam trançados, mas soltos, livres, emoldurando a face delicada.

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Havia lores em sua cabeça.

Estava linda!

Trazia colares, pulseiras e tornozeleiras nos calcanhares.

Os bonitos pé s estavam à mostra.

Respirou fundo!

-- Entrego-a a ti, Diana, guerreira, princesa e elo entre todas as tribos. – Sirena disse em dialeto local.

Aimê engoliu em seco quando sua mã o foi tomada pela ilha de Alexander.

A Villa Real nada disse, enquanto sentia sobre si o olhar daquela que se tornaria sua mulher de acordo com as leis
daquelas pessoas.

Tupã se aproximou, trazendo uma caneca de barro, entregou à Diana.

-- Veja, meu povo, testemunhem nossa princesa honrando nossa cultura, pagando a dı́vida que tinha com todos nó s.
– Falou em seu dialeto. – Teremos a paz que tanto lutamos para conseguir.

Gritos de euforias foram dados.

-- Os espı́ritos de nossos ancestrais estã o presentes nessa uniã o, os deuses izeram com que os vossos caminhos se
cruzassem e agora seguirã o de mã os dadas por todas as vidas.

Diana sentiu a noiva inquieta e teve vontade de rir de toda aquela palhaçada, mas se assim o izesse, com certeza,
arrancariam sua pele fora.

-- Bebam! – O chefe ordenou.

A Calligari levou aos lá bios a caneca e depois ajudou a neta de Ricardo a fazer o mesmo.

Esboçou um sorriso ao ver a careta que ela fez.

A cerimô nia seguiu por mais meia hora, até que chegou ao im.

-- Beije-a, princesa Diana, mostre ao seu povo que sua uniã o é verdadeira e receba todas as bê nçã os.

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A Calligari nã o recordava daquele detalhe. Na verdade, acreditava que ele fora acrescentado agora, pois já
presenciara inú meros enlaces indı́genas e em nenhum deles precisava de um beijo para selar a uniã o.

Olhou para Tupã de forma desa iadora, mas acabou fazendo o que fora dito.

Aimê nã o entendia o que estava sendo falado e isso a deixava cada vez mais apreensiva.

A pintora icou de frente para ela e se aproximou dos lá bios rosados.

Viu os olhos azuis se abrirem em total espanto ao sentir a respiraçã o tã o pró ximas...

Fechou os olhos, tocou-os brevemente, mesmo assim conseguiu sentir a maciez e a doçura.

Afastou-se rapidamente.

Sirena esboçou um sorriso.

Zabumbas começaram a tocar e os ı́ndios começaram a dançar, enquanto comidas eram servidas e bebidas.

Sentou Aimê em um banco e seguiu até Tupã que bebia alegremente.

-- Tã o cedo e já deixou sua mulher sozinha? – O chefe disse em tom de deboche. – Cuidado para ela nã o ser roubada
por outro. E muito bonita e qualquer um adoraria uma criatura tã o meiga ao lado.

-- Poupe-me dessas besteiras! – Disse irritada. – Amanhã ao amanhecer iremos embora.

-- Sim, esse foi o trato e como presente de casamento, alguns guerreiros as acompanharã o até o limite do territó rio,
assim me certi ico que nã o apareça mais por aqui.

-- Ok!

Já dava as costas para seguir quando palavras a detiveram.

-- Outro presente que receberá é a nossa oca! – Apontou. – Dormirá lá com sua mulher.

Diana nada disse, seguindo rapidamente até o lugar onde icará naqueles dois dias.

Desejava se livrar daquelas pinturas e vestir suas roupas.

Sentia-se exposta, ridı́cula.

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Nem mesmo se importou em deixar sozinha a jovem Villa Real.

Era tarde quando Sirena levou Aimê até o lugar que dormiria.

Diana nã o aparecera mais na comemoraçã o.

-- Descanse, querida! – Sirena depositou um beijo em sua testa.

-- Obrigada por tudo e boa noite.

A ı́ndia esboçou um sorriso, em seguida se despediu.

A Villa Real tateou e conseguiu encontrar o leito simples, poré m confortá vel.

Sentou-se.

Começou as massagear as tê mporas.

Sua cabeça doı́a muito.

Aqueles dias estavam sendo muito estressantes e ainda mais esse negó cio de casamento.

Esperava que um dia quando realmente unisse sua vida a de outra pessoa, que ela pelo menos nã o fosse
abandonada durante toda a festa.

Levou o indicador aos lá bios.

Surpreendeu-se ao sentir a boca quente de Diana, pois imaginara que o toque seria tã o frio quanto era demonstrava
frieza em suas açõ es.

Os lá bios nã o eram gelados...

Eram macios...

Deus, parecia que ainda os tinha sobre os seus.

Tirou os enfeites que estavam sobre a cabeça, depois se deitou.

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Fechou os olhos, mas nã o conseguia dormir, estava ansiosa...

Já era tarde quando ela percebeu que parecia sua noite de nú pcias sozinha naquele leito simples.

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Capitulo 5 por gehpadilha

O dia já começava a nascer quando Diana entrou na oca.

Passara à noite fora.

Dormira sob uma á rvore, tendo o frio da noite e o som dos animais noturnos como companhia.

Jamais daria o prazer a Tupã de entrar naquele jogo que ele costumava jogar.

Ele era seu primo e fora por ordens de seu pai, que na é poca era o chefe daquela tribo, que Diana fora banida.

Nã o gostava daquelas pessoas e tampouco dos seus costumes.

Otá vio estivera ali, fora a sua procura com um batalhã o do seu maldito exé rcito e ele exigira um casamento em
troca de paz...

O miserá vel enganara a todos...

O desgraçado tinha matado seu noivo...

Ela fugira dele e dos malditos sequestradores e devido a isso houve muita morte em toda tribo e ela fora acusada,
fora culpada por nã o ter cedido ao desejo doentio daquele homem.

Sacudiu a cabeça tentando se livrar daqueles pensamentos caó ticos.

Acordara quando ainda havia estrelas no grande abobado, arrumara as coisas que necessitaria para seguir viagem.

Tomou banho no rio, vestiu-se e agora estava ali parada diante do leito improvisado vendo a sua jovem esposa
dormir como um anjo.

Parecia sempre tã o calma, tã o plena em seu jeito de agir que a irritava em demasia.

Ela era ilha do homem que destruı́ra sua vida... – Esse era o seu mantra.

Tocou-lhe a face.

Foi como se recebesse um choque elé trico.

Afastou a mã o e passou alguns segundos itando os longos dedos, parecia nã o os reconhecer.

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Sua mente nã o estava bem...

Mordiscou o lá bio inferior, observando alguns ı́ndios lá fora.

Meneou a cabeça como se desejasse espantar os pensamentos ruins.

-- Aimê ... – Chamou baixinho. – Aimê ... – Disse mais irmemente.

Estava a ponto de ser mais brusca quando os olhos intensamente azuis se abriram em um misto de confusã o e
temor.

-- Levante-se e se vista, temos que ir embora! – Ordenou, mantendo distâ ncia.

A esteira tinha sido improvisada no chã o e havia algumas palhas de coqueiro para que icasse mais confortá vel.

A neta de Ricardo sentou.

Ainda utilizava as pinturas da noite anterior... Seu corpo praticamente despido...

Na tradiçã o indı́gena os corpos das amantes eram limpos na hora da consumaçã o do casamento.

Se a noiva aparecesse igual ao dia do enlace, signi icava que nã o havia amor entre as partes.

Voltou a prestar atençã o na jovem.

Aimê bocejou demoradamente.

Nã o pareceu muito animada com ideia de deixar aquele lugar. Só em pensar em seguir por aquela loresta ao lado
daquela ı́ndia canibal irritadiça e arrogante lhe dava grande desâ nimo.

-- Temos mesmo que ir?

-- Ah, nã o diga que gostou da vida selvagem e deseja morar aqui! – Debochou. – Vai andar nua como todo mundo? –
Provocou-a arqueando a sobrancelha.

Aimê mordiscou o lá bio inferior.

-- Na verdade só queria descansar um pouco mais...—Levantou a cabeça. – Tem certeza de que precisamos ir
embora hoje? – voltou a perguntar.

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-- Sim, mimadinha, temos que ir, entã o se levante e comece a se aprontar. – Entregou-lhe umas mudas de roupa. –
Volto depois para te buscar e se nã o estiver pronta, te deixo aqui para ser transformada em uma selvagem... – Afastou-se,
deixando-a sozinha.

-- Como você ... – Falou baixinho.

Deu um suspiro resignado, sabendo que nã o teria alternativa.

Teria que aguentar aquela mulher por mais alguns dias...

Sua esposa!

Estava sonolenta, pois nã o dormira direito... Ficara acordada até tarde imaginando se Diana voltaria para a oca e
dormiria ao seu lado, pior, icou a imaginar se ela chegaria a desejar a conceber aquela estranha uniã o.

Levantou-se, ouviu passos e logo a paciente voz da esposa do chefe.

-- Posso ajudar você ? – A ı́ndia perguntou. – Pensei que a princesa faria isso. – Disse, parecia aborrecida.

-- Nã o desejo que ela me ajude... realmente nã o seria algo bom...

A bela mulher colocou as mã os nos ombros da garota.

-- Aimê , você e a Diana estã o unidas há tempos...

-- Desculpe, Sirena, mas nã o acredito nessas coisas... tenho certeza de que se a Calligari pudesse, me largaria nessa
loresta...

Sirena esboçou um sorriso misterioso, enquanto a ajudava a se vestir.

Comeram algo e nã o demorou muito para seguirem.

Tupã permitiu que dois ı́ndios fossem com elas.

Dessa vez seguiriam pelo rio até o outro lado. Se nã o tivessem problemas, talvez chegasse à aldeia de Piatã em trê s
dias.

Pegaram a canoa e começaram o dia.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê foi ajudada por um dos robustos rapazes que as acompanhava. Ele delicadamente auxiliou-a nessa tarefa.

A Calligari apenas ignorou a jovem, enquanto começava a traçar em sua mente os pró ximos passos.

Diana remava junto com os outros, enquanto em sua lı́ngua nativa questionava aos acompanhantes sobre a
presença de tra icantes.

Um deles falara sobre terem sido vistos no lugar onde elas foram encontradas e que eles continuavam rondando a
regiã o.

Miserá veis!

Nã o desistiriam tã o facilmente!

Voltou a encarar a neta de Ricardo.

Ela parecia distraı́da e em certo momento a viu tentar colocar a mã o na á gua, rapidamente a deteve.

-- Deseja icar sem os seus lindos dedos? – Questionou de forma brusca. – Nã o estamos nas lagoas passeando,
estamos em uma selva.

Ela virou a cabeça para itá -la. Os olhos azuis estavam ainda mais brilhantes.

Aimê ainda abriu a boca para falar algo, mas acabou icando calada.

A travessia continuou por um bom tempo.

Diana mantinha um diá logo com os companheiros, enquanto sua jovem esposa nada dissera.

Estranhara o fato da garota nã o ter falado nada em todo o caminho.

Fitou-a e teve a impressã o que ela estava muito distraı́da.

Entregou-lhe o cantil para que bebesse á gua.

Ela agradeceu e nada mais disse.

O rio estava cheio, decerto pelas chuvas dos ú ltimos dias.

Enquanto seguiam, podiam ver na margem alguns ı́ndios pescando ou alguns animais em busca de seu alimento.

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O sol começava esquentar.

Diana passou a mã o pelo rosto, sentia o suor entre os seios e em suas costas.

Aimê sentia o cheiro de á gua, o cheiro de peixe e icava imaginando como seria aquelas paisagens.

Com certeza havia uma imensidã o de á rvores, matos... Será que poderia ver as grandes vitó rias ré gias?

Suspirou alto!

Gostaria de ver as lores... Deveria ter inú meros espé cimes.

Ao cair da tarde chegaram ao outro lado.

Os ı́ndios foram embora.

Caminharam por mais algum tempo e em determinado momento um galho quase arranhou a bochecha de Aimê .

Diana parou, praguejando alto, enquanto tomava a mã o da jovem e praticamente a arrastava até chegarem a uma
clareira, deram a volta e seguiram para a frente de uma caverna menor.

-- Dormiremos aqui e amanhã cedo seguiremos. – Observou o local.

Algumas á rvores estavam tombadas e ela seguiu para observar melhor, pois temia que elas tivessem sido
derrubadas propositadamente.

Agachou-se, examinava com cuidado quando um bando de pá ssaro passou barulhentamente.

Fitou o cé u.

Nã o demoraria a anoitecer.

-- Onde estamos?

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A Calligari nã o respondeu, apenas continuou observando a regiã o com atençã o.

Havia mato para todo lado.

Observou o chã o forrado de folhas e galhos.

Parecia buscar alguma ameaça, mas ao notar que estavam seguras, segurou Aimê pelo braço, levando-a para o
interior do esconderijo.

Alguns morcegos saı́ram, parecendo assustados com as visitantes.

A Villa Real deu um gritinho, levando a mã o ao peito.

-- Onde estamos? – Repetiu a pergunta sem fô lego.

Diana tirou a mochila das costas, colocando no chã o.

Deu alguns passos e percebeu que o lugar era pequeno, tendo apenas alguns metros.

Levantou a cabeça, també m nã o era muito alto, com certeza era o esconderijo de algum animal.

-- Em uma caverna! – Por im, respondeu, enquanto começava a arrumar as coisas, ajeitando o leito improvisado e
já começando a acender a fogueira, pois o lugar estava mergulhando na penumbra.

Aimê usava as mã os para explorar a á rea, tocava as pedras, tentando se familiarizar com o local.

-- Ela é como a outra? – Indagou com um sorriso, enquanto continuava a exploraçã o.

-- Nã o, essa é menor e també m nã o há cascata e nem lago! – Disse sem se voltar.

-- Que pena! – Falou desanimada.

A Calligari a itou por alguns segundos.

Ela estava com os cabelos novamente trançados a lhe cair na lateral do peito.

-- Na verdade só temos essa parte que estamos. – Levantou-se. – Terei que improvisar uma porta, assim nenhuma
onça faminta vai nos comer. – Pegou o punhal na bota.

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-- Por que sempre diz essas coisas? – Aimê indagou com as mã os na cintura. – Parece que gosta de me amedrontar!
Vem com a histó ria de canibal que nã o passa de mentiras e mais mentiras...

A morena nã o gostou do que ouviu, deixando tudo de lado, tomando a herdeira de Otá vio pelos ombros,
pressionando-a contra a parede fria.

-- Está me chamando de mentirosa? – Apertou-a mais forte.

Aimê tentou se livrar, mas Diana era bem mais forte.

-- Apenas disse o que acho!

Os olhos negros se estreitaram de modo ameaçador.

-- Acha que está me confundindo com os Villa Real que só sabem mentir, trair, matar e depois mostrarem para a
sociedade a face de pessoas boas.

-- Do que está falando? Nã o ouse falar assim da minha famı́lia...

Aimê conseguiu se livrar das mã os que a prendia e sem ter essa intençã o, acabou arranhando a face da major com
as unhas.

Diana ao perceber o que tinha se passado, ainda levantou a mã o para esbofeteá -la, mas acabou apenas
empurrando, depois saiu de perto da jovem.

A garota sentiu as costas batendo na rocha.

Mesmo nã o enxergando, sabia o que tinha feito.

Jamais desejara fazer algo assim, mas perdera a cabeça diante das palavras que ouviu.

Aquela mulher tinha algo que parecia afrontar todos os seus sentidos, seu autocontrole, sua paciê ncia.

Cobriu a face com as mã os.

-- Deus, me ajude!

Diana nã o voltou aquele dia para a caverna.

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Passara boa parte do tempo observando a regiã o e algo a assustou.

Havia pegadas que nã o eram de ı́ndios.

Precisavam deixar aquela á rea o mais rá pido possı́vel.

O sol já estava nascendo quando voltou para o lugar onde deixara a refé m.

Aimê estava sentada.

-- Vamos embora!

A jovem nada disse, apenas levantou, esperando que a Calligari terminasse de arrumar as coisas.

Mais uma vez passara uma noite em claro, assustada, faminta...

Sorte que encontrara um pedaço de pã o na bolsa e fora o que comeu com alguns goles de á gua.

Desejava um banho... Desejava muito está em sua casa...

Diana colocou a mochila nas costas, depois tomou a mã o da jovem, seguindo logo em seguida.

Nada fora dito durante a caminhada, mas a Villa Real percebia que a raiva da sua salvadora estava ainda maior, pois
ela fazia questã o de acelerar os passos, mesmo sabendo que a neta de Ricardo nã o podia seguir aquele ritmo.

Em determinado momento, ela tropeçou e foi ao chã o.

-- Que merda, Aimê ! Nã o aguento mais sua lerdeza, nã o aguento mais ter que sair te arrastando. Se nã o fosse você ,
eu já estaria bem longe, já estaria em minha casa. – Esbravejava cruelmente, enquanto a encarava. – Maldito Ricardo que nã o
me disse que a neta era uma cega inú til.

A Villa Real nada disse, apenas continuou no chã o.

-- Levante-se! – Tentou pegá -la, mas foi repelida. – Que merda, levante logo, nã o temos tempo!

-- Deixe-me aqui! – A moça disse em tom baixo sem se voltar. – Nã o desejo atrasá -la mais, senhora!

Diana colocou as mã os nos quadris.

Respirou fundo, enquanto itava o cé u.

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-- Levante-se e vamos embora daqui, sua mimada estú pida!

Os olhos azuis se voltaram para a major.

A morena sentia o poder e a determinaçã o presentes neles.

-- Acha que nã o tenho coragem de te abandonar nesse lugar? – Desa iou-a.—Acha mesmo que vou implorar para
você vir comigo?

A Calligari exibiu um sorriso sá dico, enquanto observava a regiã o.

Estavam em meio à mata fechada.

-- Deixe-me aqui, princesa, nã o a incomodarei mais, nã o desejo continuar sendo um estorvo na sua vida. – Tentou
segurar as lá grimas. – Agradeço por ter me salvado, mas agora pode seguir seu caminho.

Diana observou o espaço e icou a imaginar quais chances aquela garota teria ali, mas mesmo assim, a estú pida
insistia em seu desa io idiota.

Estavam cercadas das centená rias á rvores, cercadas por animais... Havia insetos...

Ouviu o som do falcã o e ignorou totalmente.

Com certeza ela merecia receber uma boa liçã o.

-- Ok, Aimê Villa Real, espero que faça uma boa viagem e retorne para sua famı́lia sã e salva. – Colocou o cantil em
suas mã os.

Os olhares de ambas se cruzaram durante in initos segundos.

-- Nos encontramos na cidade! – Diana se afastou.

A jovem apenas assentiu, enquanto ouvia passos.

Dobrou os joelhos, encostando o queixo neles, sentindo as costas se apoiar no enorme tronco.

O soluço que estava preso em sua garganta inalmente saiu, trazendo consigo um pranto incontido.

Nunca sua de iciê ncia icara tã o evidente como naqueles ú ltimos dias.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Há alguns anos, quando sofrera o acidente que a deixara cega tudo mudara drasticamente.

Primeiro porque ela ainda nã o tinha conseguido lidar com o que se passava quando recebera a notı́cia que o pai
fora cruelmente assassinado, segundo porque precisara se adaptar uma nova realidade.

Escola especial, professores particulares para que assim conseguisse se adaptar.

O mé dico dissera que com o tempo conseguiria recuperar a visã o atravé s de uma cirurgia, mas as duas que tentara
fora um total fracasso e por isso decidiu que nã o deveria viver em funçã o disso, ainda mais porque o tratamento era muito
caro e seus vó s já tinham gastado mais do que tinham.

Fora isso que a fez seguir de forma a poder ajudar à queles que tanto se dedicaram a si.

Mesmo contra a vontade do avô , decidira montar uma loricultura, aproveitava as lindas lores que cultivava para
ganhar dinheiro e nã o depender de ningué m. Com o tempo, sua vó fora ajudá -la e agora já tinham um negó cio só lido.

Nunca se sentira inú til, pelo menos nã o até ser sequestrada e salva por aquela mulher que fazia questã o de mostrar
como sua cegueira era um obstá culo.

Retirou a bota do pé esquerdo, pois estava machucando.

Sentiu-se aliviada.

Deu um longo suspiro!

O que faria agora?

Como sairia daquele lugar?

A loresta estava barulhenta. Era possı́vel ouvir o som dos macacos e dos pá ssaros, poré m de repente tudo icou em
total silê ncio.

Diana caminhava a passos largos.

-- Que morra! – Falava em total exasperaçã o. – Burra mimada, vai acabar morrendo dentro dessa mata.

Seguiu ainda por mais dez minutos até ouvir o grito ino da Villa Real.

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Nem pensou um segundo, saiu em disparada pensando no que poderia ter acontecido com a jovem.

Ficou imaginando o que de ruim tinha ocorrido com a garota.

Sentia o coraçã o aos pulos e imaginou se uma onça teria a atacado se chegaria há tempo para salvá -la.

Encontrou Aimê tentando se levantar, cambaleante.

Tocou-a, mas foi repelida.

-- Nã o!

-- Sou eu! – Voltou a tentar, mas foi empurrada novamente.

-- Deixe-me!

Diana observou a cobra que rastejava ali perto.

Sentiu um alı́vio em sua alma quando viu se tratar de uma caninana.

Segurou-a, jogando-a longe.

Voltou a tocar na jovem.

-- Deixe-me ver. – Pediu delicadamente. – Sente-se.

Daquela vez a Villa Real cedeu.

Diana a ajudou a se acomodar e logo em seguida se ajoelhou, examinando o tornozelo.

Mirou a picada.

Havia sangue e começava a inchar.

Mesmo nã o sendo venenosa, decerto aquilo icaria ruim e ela nã o poderia forçar.

Fitou os olhos azuis e sentiu um aperto no peito, coisa que nã o costumava acontecer, ainda mais diante da ilha de
Otá vio.

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A morena pô s-se a massagear a pele sedosa.

-- Está doendo?

Aimê assentiu.

-- Ela era venenosa? – Questionou receosa.

Inconscientemente a Calligari continuava a acariciar a pele da jovem.

A garota teve a impressã o que havia algo andando por dentro do seu estô mago.

-- Nã o, felizmente nã o, pois se assim o fosse terı́amos problemas. – Fitou-a. – Vamos ter que icar aqui hoje, nã o vai
poder forçar.

Aimê puxou a perna delicadamente, fazendo cessar as carı́cias.

-- Mas, você disse que nã o era venenosa... Está queimando...

Diana se levantou com um suspiro.

Parecia um pouco constrangida.

Talvez pela primeira vez desde aquela empreitada, sentisse culpada por algo.

Passou a mã o pelos cabelos.

Fitou a pequena caverna.

O melhor a fazer era retornar e esperar que tudo estivesse bem. Se seguissem, correria o risco da Villa Real acabar
nã o conseguindo concluir a caminhada.

-- Ficaremos hoje e amanhã se você acordar bem, partiremos ao amanhecer.

Segurou-lhe a mã o, ajudando-a a levantar, depois pegou a bota, entregando-a.

Caminharam juntas até o abrigo.

-- Está dormente... – A garota falou.

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Diana a deixou encostada a rocha, enquanto mais uma vez montava um lugar para que ela se deitasse.

Auxiliou-a a se acomodar, usando a mochila como travesseiro.

-- Provavelmente você terá febre, mas passará logo. – Ajoelhou-se diante dela, tocando a braguilha da calça.

-- O que está fazendo? – A Villa Real lhe deteve o movimento.

A calligari observou os dedos longos tocarem os seus e mais uma vez teve a impressã o que levava um choque
elé trico.

-- Calma! – Fitou os olhos intensamente azuis. – Preciso te livrar desse jeans apertado, assim o ferimento vai poder
melhorar logo. – Esboçou um sorriso cı́nico. – Nã o se preocupe que nã o vou consumar nosso casamento agora, ainda mais
você tendo sido picada por uma cobra.

A morena teve vontade de gargalhar alto ao ver as maçã s icarem vermelhas, corada e com aquela expressã o de
menina assustada.

Observou os lá bios entreabertos...

Desviou o olhar...

Desabotoou e se aproveitando da cara de medo que ela exibia, livrou-a das vestes, deixando-a apenas de calcinha e
camiseta.

Pegou o cantil e começou a lavar o machucado.

Aimê estava apoiada nos cotovelos, tendo o olhar voltado para a pintora.

-- Pronto, agora descanse que você vai icar bem logo. – Levantou-se.

-- Obrigada.

Diana meneou a cabeça negativamente.

-- Preciso que ique aqui, enquanto pego lenha para fazer uma fogueira. – Passou as mã os nos cabelos negros. –
Talvez eu cace algo, a carne assada que a Sirena deu só deve dar para hoje.

-- Nã o quero que demore, nã o quero icar sozinha aqui.

-- Ok, tentarei nã o demorar e estarei por perto é só gritar se precisar.

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Aimê assentiu, enquanto ouvia passos se afastar.

Droga!

Se nã o tivesse sido teimosa nada daquilo tinha acontecido e naquele momento estariam seguindo viagem, assim
retornariam para casa mais rá pido.

Gemeu quando foi mexer a perna.

Esperava que no outro dia já estivesse recuperada, pois o que mais desejava era esquecer tudo aquilo que passou e
també m Diana Calligari.

Suspirou, mordiscando o lá bio inferior.

Aquela mulher era diferente de todas que conhecera. Alé m disso, agia com prepotê ncia e arrogâ ncia o tempo todo,
fazendo questã o de feri-la com os mais crué is comentá rios, com atitudes grosseiras e intimidantes, poré m em outras ocasiõ es
parecia diferente, como se tivesse alguma importâ ncia...

Ficava a pensar como o avô pô de mandar algué m com uma personalidade tã o ruim para ir ao seu resgate?

Diana nã o foi muito longe, distanciando apenas alguns metros do esconderijo.

Fitou o cé u azul.

Nã o havia sinais de tempestades, mas era normal naquela regiã o sempre chover.

Tudo é tã o verde, o ar é tã o puro.

Respirou fundo!

Mirou as á rvores gigantes, as espé cies e as variedades de lora.

O canto dos pá ssaros eram mú sica constante.

Observou um tucano.

Sorriu, recordando de quando era uma menina e corria por aquela terra perigosa.

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Começou a buscar por lenha, sempre havia algumas que você poderia pegar sem precisar de ferramentas mais
pesadas.

Mirou alguns macacos se pendurando e brincando um com os outros.

Ficou parada olhando, adoraria estar com suas tintas e seus pinceis, com certeza teria uma obra lindı́ssima para
exibir.

Sentia saudades de icar horas tentando captar a beleza das coisas, sempre estava a criar algo.

A pintura fora a forma que encontrara para seguir em frente, fora a forma que encontrara para se livrar dos
pensamentos perturbadores...

De repente seus pensamentos se voltaram para a neta de Ricardo.

Algo que ela nã o desejava admitir estava lhe perturbando demais, algo que ela jamais aceitaria, mesmo sentindo os
sinais cada vez mais fortes.

Sentou em uma rocha.

Aimê tinha algo que nã o conseguia explicar.

Aqueles olhos tã o azuis mesmo sem vida eram tã o penetrantes, inocentes, doces, pacientes... Tudo o que a morena
detestava em algué m, poré m havia muito mais...

Umedeceu os lá bios e teve a impressã o que ainda sentia os dela...

Como seria beijá -la?

Como seria transar com ela?

Exibiria aquele jeitinho na hora do sexo també m?

Passou a mã o pelos cabelos, jogando-os para trá s.

Precisava sair daquele lugar o mais rá pido possı́vel, pois esse isolamento a estava deixando muito receptiva aos
encantos da ilha do homem que mais odiava em todo o mundo.

Decidiu continuar a fazer o que era preciso, já se demorara bastante.

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Diana encontrou algumas frutas e trouxe para a caverna.

Aimê estava a dormir.

A morena se aproximou, observando o ferimento.

Apesar de estar um pouco inchado, a aparê ncia nã o estava tã o ruim.

Sorriu ao perceber que ela tinha colocado a calça por cima do corpo, tentando esconder a beleza ingê nua.

Tocou-lhe a face e viu que estava um pouco febril.

Já esperava por aquilo.

Pegou uma coberta ina na mochila, cobrindo-a.

Prepararia a fogueira e faria um chá para a jovem.

Colhera algumas ervas que tinham um bom efeito para combater esses sintomas.

Precisava també m fazer algo para fechar a entrada da caverna ou mesmo camu lá -la, pois ainda nã o acreditava
estarem salvas dos bandidos, sem falar em animais que poderiam seguir até ali.

Já era noite quando Aimê despertou.

Antes acordara apenas para comer algo e depois voltou a dormir. Sentia-se cansada, sem forças e a Calligari falou
para ela descansar, assim icaria melhor.

Apoiando-se nos braços, sentou-se.

Sentiu cheiro de café .

-- Como se sente?

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A voz rouca e forte a assustou.

-- Estou melhor!

-- Otimo! – Diana sentou junto a ela, entregando-lhe uma xı́cara, pã o e carne seca. – Coma! Sua febre passou, espero
que nã o retorne mais, assim viajaremos amanhã .

Aimê fez um gesto de assentimento com a cabeça.

-- Parece que dormi durante um sé culo. – Tomou um pouco da bebida. – Meu calcanhar nã o está doendo e a
dormê ncia passou.

-- Isso é ó timo! – Levou um pedaço de pã o à boca enquanto mirava as chamas da fogueira.

-- Já é noite?

-- Sim, faz algum tempo que o sol foi coberto pela escuridã o.

A Villa Real se ajeitou melhor na desconfortá vel cama improvisada.

-- Aqui deve ser um lugar muito bonito... – Dizia pensativa. – Lembro-me de que adorava ver documentá rios sobre
as lorestas, icava encantada com o verde... Ouço os pá ssaros... Devem ser lindos.

A morena a encarou.

Os cabelos intensamente negros estavam em desalinhos, a trança já estava quase totalmente desfeita.

Observava a expressã o cheia de tranquilidade, mesmo estando naquelas condiçõ es.

Desejou toca-lhe a pele branca... Mesmo com aqueles dias de sol, ainda lembrava uma porcelana ina.

-- Sim, é muito bonito, mas é uma beleza perigosa e traiçoeira.

-- Por que diz isso? – Os olhos azuis se guiaram pelo som, virando para a face da Calligari. – Eu ainda nã o acredito
que seja ı́ndia.

Diana circulava a borda da xı́cara com o indicador.

Parecia pensativa, talvez relembrando o passado.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Nada fora dito durante algum tempo, até que a voz rouca se fez ouvir.

-- Minha mã e era a rainha de uma tribo de guerreiros... Ela casara muito jovem e seu marido morreu em batalha
contra os brancos...

-- Rainha... – Disse admirada. – Pode me contar mais? – Pediu com os olhos brilhando.

Diana bebeu um pouco do lı́quido escuro, depois continuou.

-- Meu pai é ilho de uma famı́lia muito rica, descendê ncia alemã , mas nasceu no Brasil... Meu avô o colocou para
estudar em uma escola militar e em uma das suas exploraçõ es ele encontrou a tribo da minha mã e, na verdade ele se perdeu
e acabou sendo refé ns deles. – Esboçou um sorriso ao se lembrar de como o pai adora contar aquela histó ria. -- Mesmo, eles
vivendo isolados, aprenderam a ter um pouco de civilizaçã o, deixando para trá s o canibalismo...

-- Entã o essa coisa de canibal é verdade?

A morena teve vontade de gargalhar diante do olhar amedrontado que a moça exibia.

-- Sim, nã o é histó ria. Eles eram canibais, mas com o tempo deixaram suas raı́zes e seguiram por um caminho
diferente... Meu pai se apaixonou por minha mã e, amou-a durante algumas luas e ela engravidou... A tribo nã o aceitaria, entã o
ela fugiu com ele para a cidade...—A Calligari suspirou alto. -- Ela nã o se adaptou, entã o quando eu nasci, ela retornou para
cá ...

Diana ainda sofria por ter crescido sem o amor materno.

-- Nossa...

-- Minha mã e morreu quando eu tinha dez anos... Meu pai nã o tinha permissã o para entrar na tribo, entã o eu nunca
a vi... Quando eu tinha doze anos o pajé pediu que meu pai me trouxesse, iquei sob a guarda dele...

-- Como seu pai permitiu?

-- Ela nã o tinha escolha, Aimê , esses ı́ndios podem ser bastante crué is quando querem, entã o foi preciso fazer um
pacto.

A Villa Real fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Entã o icou com a tribo da sua mã e...

-- Nã o, iquei com outra tribo, pois a da minha mã e nã o aceitaria a minha presença se antes eu nã o fosse treinada e
mostrasse ser digna do sangue que tinha...

-- Caramba, que histó ria! – Colocou a xı́cara de lado. – E como foi se adaptar a esse lugar?

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Diana mirou os lá bios rosados...

Observou-a umedecê -los... Eram tentadores... Pareciam uma iguaria rara...

Sem pensar em seus atos, aproximou a boca de forma grosseira, pegando a jovem de surpresa.

Aimê espalmou as mã os nos seios da major, tentando empurrá -la, mas a morena foi á gil, segurando-lhe os braços,
enquanto buscava acesso à boca da ilha de Otá vio.

A Villa Real cerrou os dentes, tentando lhe barrar a entrada, mas ao sentir a lı́ngua contornar seus lá bios de forma
mais delicada, sentiu um arrepio na nuca e por alguns segundos permitiu que aquela mulher izesse o que desejava.

Uma carı́cia que beirava o precipı́cio...

A boca irme era dominadora, instigante, cruel e ao mesmo tempo apaixonante.

Sentiu a lı́ngua explorando...

Jamais fora beijada daquele jeito... Jamais fora atacada daquela forma...

De repente, Aimê despertou daquele encantamento, empurrando-a, conseguiu se livrar do contato.

-- Está louca!

Diana esboçou um sorriso sarcá stico.

-- Somos casadas, querida, cedo ou tarde esses laços devem ser estreitados! – Debochou.

-- Nã o sou nada... – Apoiou-se nas paredes para se levantar. – Se tocar em mim novamente... – Sacudia o indicador
no ar em tom ameaçador.

-- Vai fazer o quê ? – A morena questionou calmamente enquanto tomava um pouco mais de café .

-- Eu vou... Eu vou... Eu vou embora daqui e você vai ter que explicar ao meu avô por que voltou sem mim.

Diana gargalhou.

-- Eu nã o costumo dar satisfaçõ es da minha vida para ningué m, mimadinha, entã o suas açõ es seriam inú teis. –
Fitou-a. – Agora volte a sentar para nã o forçar essa perna. – Ordenou.

-- Se você ousar me tocar novamente... – Continuava a gesticular bravamente.

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-- Nã o me ameace! – Disse por entre os dentes. – Sente-se ou te jogo lá fora para dormir com os animais.

-- Pre iro dormir com eles de que contigo... Pre iro ser comida por uma onça...

Diana se levantou, segurando-a pelos ombros, pressionando-a contra a pedra fria.

-- Termine a sua preferê ncia... – Pediu de forma gentilmente perigosa.

A respiraçã o de Aimê era pesada, a morena via o vermelho tingir a face bonita.

-- Prefere ser comida por uma onça de que por mim... – Debochou. – Nã o se preocupe que nã o tenho essas
intençõ es, entã o se deite e durma, amanhã sairemos cedo e nada me fará icar aqui mais um dia. – Soltou-a, afastando-se.

A Calligari deixou a caverna, pois sabia que nã o seria nada seguro icar naquele lugar.

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Capitulo 6 por gehpadilha

Aimê tivera uma noite pé ssima.

Ficara temerosa com a presença de Diana e mesmo a morena nã o tendo dormido com ela, ainda sentia o coraçã o
pulsar acelerado diante do ataque que sofrera.

Ouvia os sons do amanhecer, os pá ssaros pareciam felizes com seu cená rio verde.

Sentou-se.

Sabia que logo sua salvadora adentraria aquele espaço aos gritos como era de costume. Decerto a seguraria pelo
braço a arrastaria de forma grosseira como fez tantas vezes.

Tateou em busca da calça.

Fez um apresse em agradecimento por sentir que seu pé estava bom.

Assim seguiriam o mais rá pido possı́vel, faria de tudo para nã o lhe atrasar, prestaria atençã o ao solo, pois quanto
mais andassem, mais rá pido uma se livraria da presença da outra.

Ouviu passos irmes, conhecia-os bem e sabia de quem se tratava.

Aquele incô modo no estô mago fazia parte...

-- Bom dia, mimadinha! – A voz rouca se fez audı́vel. – Como está ?

Aimê terminava de vestir a calça, só depois de fazê -lo respondeu.

-- Estou bem! – Voltou a tatear. – Onde estã o minhas botas? – Questionou sem se virar.

Diana pegou-as deixando bem pró ximo da jovem.

-- Nã o deve tirá -las, viu o que se passou ontem.

A garota assentiu e logo estava pronta. Já se levanta quando algo fora colocado em suas mã os.

Teve um pequeno sobressalto com o toque da pele em contato com a sua.

-- Encontrei bananas! – A morena se afastou. – Coma, será bom para te dar energia.

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Aimê nada disse, enquanto degustava a fruta com muita apetite.

Percebia que a Calligari estava arrumando tudo para deixarem o lugar.

-- Nossa, como eu gostaria de tomar um banho! – A Villa Real falou ao se levantar. – Estou me sentindo podre.

Diana colocou a mochila nas costas e arrumou as armas.

-- Espero que encontremos um lugar para fazer isso!

-- Para onde iremos?

-- Estamos dando a volta para nã o atrair os bandidos para as tribos. – Entregou-lhe o cantil. – Teria sido mais fá cil
se voltá ssemos por onde eu vim, mas seria perigoso para essas pessoas que nã o tem nada a ver com o nosso problema.

Aimê assentiu.

-- Acha que demorará muito para chegarmos?

A morena tinha examinado o mapa naquela manhã e estava pensando em seguir por um atalho, assim chegariam
cedo ao destino, mas havia um problema: Nessa á rea a mata era totalmente virgem e nã o seria fá cil adentrar com a jovem
Villa Real, mesmo assim se arriscaria, sem falar que perto do rio sempre havia tra icantes de madeiras, outro problema a se
enfrentar.

-- Espero que nã o! – Suspirou. – Está pronta?

Fitou a garota.

A luz do sol a deixava ainda mais bonita.

-- Eu preciso de um pouco de privacidade... – Disse meio constrangida.

Diana retirou algo da bolsa, entranhando-lhe, depois seguiram até uma parte isolada.

-- Pronto, ique à vontade, prometo que nã o olharei...

Antes que Aimê pudesse falar algo, a jovem saiu gargalhando.

Seguiram por um longo tempo em silê ncio.

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Diana observava tudo com atençã o.

Sabia dos perigos que aquele lugar bonito apresentava.

Os animais alegravam com suas vozes e isso era bom, pois mostrava que nã o havia perigo iminente.

A morena observou os igapó s e icou feliz, pois sabia que encontraria á gua e logo pô de encher os cantis.

“Esse tipo de á rvores atingem até vinte metros de altura, com a maioria entre quatro e cinco metros. As espé cies
vegetais aqui encontradas sã o adaptadas a terrenos alagadiços. Suas plantas, de menor porte, sã o hidró ilas (adaptadas a
regiõ es alagadas), possuindo como espé cies comuns a vitó ria-ré gia, as orquı́deas, as bromé lias e outras.”

De soslaio itou a ilha de Otá vio.

Ela seguia calada e nã o parecia interessada em conversar.

Na noite passada fora alé m da sua racionalidade ao praticamente atacar a garota de olhos azuis.

Viu a expressã o de horror que ela demonstrou, mesmo que em certo momento ela tenha cedido à carı́cia.

Ainda sentia o sabor...

Os lá bios delas eram doces, macios... Uma maçã suculenta pronta para ser devorada.

Ainda icava a pensar porque tomara a atitude de ir contra a jovem. Talvez tenha se irritado por ela ter lhe feito
falar sobre seu passado, por ter contado para ela sobre sua histó ria.

Parou abruptamente e a neta de Ricardo foi de encontro a suas costas.

-- O que houve? – Questionou preocupada.

Diana agachou, havia uma preguiça caı́da, parecia ferida.

Tocou-a com cuidado e percebeu que na verdade ela apenas estava a descansar.

A morena esboçou um sorriso, acariciando a barriga.

-- Você vai acabar sendo comida por uma onça, garota... Esse nã o é um bom lugar para fazer isso...

-- Com quem você tá falando?

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A Calligari itou a acompanhante por sobre os ombros.

-- Agache, vou te mostrar algo.

Aimê fez o que fora dito. Diana tomou-lhe a mã o e colocou sobre o animal.

Inicialmente a jovem pareceu assustada.

-- O que é ?

Diana encarou os olhos azuis e pareceu encantada com o sorriso doce que ela esboçava.

-- E uma preguiça, um bebê ainda.

A Villa Real pareceu mais segura e começou a usar ambas as mã os para tocar o bicho.

-- Nossa, parece uma pelú cia... Qual a cor?

-- Ela tem os pelos claros, meio que amarelado do sol... Acho que ela gostou de você .

-- Posso colocá -la nos meus braços?

Diana observava-a e tinha a impressã o que naquele momento ela tinha voltado a ser uma garotinha.

-- Ok, levante-se e a colocarei neles, mas deve tomar cuidado.

Aimê fez um gesto a irmativo com a cabeça, enquanto se posicionava.

A Calligari colocou delicadamente a preguiça no colo da Villa Real.

-- Deus, ela é tã o fofa!

Diana observou algumas araras as observarem curiosas.

-- Você devia se divertir muito aqui... Eu adoro animais, se pudesse teria um montã o.

A morena levou o cantil aos lá bios, bebendo pacientemente.

-- Nã o acredite em tudo que vê nos ilmes, mimadinha... – Observou tudo ao redor com atençã o. – Isso aqui nã o é
um parque de diversã o, tudo é muito perigoso e acredite, sobreviver em um lugar como esse é uma missã o quase impossı́vel.

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Diana pegou a preguiça, colocando-a com cuidado sobre um galho de á rvore.

-- Fique aı́, amiguinha, ou será devorada por uma onça!

-- Sim, eu imagino que deve ter muito perigo...

A Calligari suspirou.

-- Vamos embora, já perdemos muito tempo!

Voltaram a seguir pela grande mata.

Aimê tentava levantar as pernas o má ximo para nã o acabar sendo derrubada pela vegetaçã o rasteira.

Seguia segurando uma corda que a ligava à Calligari.

Nã o conversaram mais, apensas seguiam sem parar.

Depois de longas horas, Aimê já demonstrava cansaço e começava a tropeçar.

Estava cansada!

Os macacos pareciam agitados com os visitantes.

Pulavam e gritavam de forma ensurdecedora.

Havia á rvores caı́das e outras já se apossavam delas para germinar.

Sempre que havia um obstá culo no caminho, Diana avisava para ela nã o se bater.

Estava abafado...

A morena quase teve o rosto machucado ao se distrair olhando a acompanhante que seguia atrá s de si.

Nã o pararam ainda desde que saı́ram, ou seja, já devia estar naquela caminha por um bom tempo.

Aimê soltou um suspiro alto e foi nesse momento que chamou a atençã o da outra.

Diana parou, seguiu até ela, segurou-a pelos ombros empurrando-a até uma á rvore, mantendo-a pressionada.

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-- Nã o podemos parar agora! – Dizia com a boca bem pró xima da dela. – Precisamos seguir ainda mais rá pidos se
desejarmos chegar logo ao nosso destino. – Mirou os lá bios rosados e mais uma vez desejou toma-los para si.

-- Eu sei... – Falava sem fô lego. – Mas eu preciso muito descansar... Sabe que eu adoraria comer um pedaço de carne
agora... -- Passou a lı́ngua inocentemente sobre o lá bio superior.

A morena segurou a blusa que ela usava, rasgando-a um pouco.

-- Calma, mimadinha, apenas desejo que possa se refrescar melhor. – Pegou o cantil, molhando-a um pouco.

Aimê usava blusas de mangas longas e malha ina na cor branca.

-- Por que nã o avisa o que vai fazer? – Empurrou-lhe as mã os. – Você age com brutalidade, é grosseira... Nã o é uma
pessoa civilizada. – Acusou-a, tentando empurrá -la, mas a Calligari nã o saia do caminho.

-- Nã o esqueça que sou ı́ndia e també m nã o esqueça que somos casadas. – Acariciou o rosto com as costas das
mã os. – E uma pena que tenha o sangue daquele miserá vel nas suas veias.

A Villa Real se livrou das mã os com um safanã o.

-- Nã o ouse falar assim do meu pai! – Esbravejou. – Ele era mil vezes melhor do que você .

Diana gargalhou de forma debochada.

-- Meu bem, seu pai ainda era pior do que a escó ria que te sequestrou...

Aimê partiu para cima da major, guiando-se pelo som.

A morena teve di iculdade para contê -la, tendo que jogá -la ao chã o para se livrar da agressã o.

-- Nã o me provoque, Aimê ! – Afastou-se. -- Nã o pense que por ser cega eu nã o teria coragem de espancá -la até ter
câ imbras em minhas mã os.

A jovem permaneceu onde estava, ao apoiar-se nas mã os para se levantar sentiu espinhos furando-as.

Cerrou os dentes para nã o demonstrar fraqueza diante daquela mulher.

Diana percebeu o que tinha acontecido, mas nada disse.

Aimê limpou a face, depois se levantou.

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-- Eu nunca em toda minha vida imaginei que encontraria um ser humano tã o desprezı́vel e desgraçado como você ,
na verdade eu nunca pensei que chegaria a odiar algué m como estou começando te odiar.

A Calligari pareceu atingida pelas duras palavras, mas tentou ignorar.

-- Eu ico feliz por isso! – Colocou a corda nas mã os dela e viu o sangue dos machucados. – Vamos embora, assim,
nos livramos logo uma da outra.

Aimê nada disse e já continuavam seguindo pelos caminhos acidentados e perigosos.

Em determinado momento o falcã o apareceu no cé u, espreitando-as, observando-as em silê ncio.

Ricardo estava em seu escritó rio, quando observou a esposa se aproximar.

Ela parecia ter envelhecido bastante naqueles ú ltimos dias.

Fez um gesto para que ela sentasse.

-- Alguma notı́cia? – Clá udia questionou.

-- Infelizmente nã o, mas sei que a Diana vai trazer a nossa neta.

-- Por que tem tanta certeza disso? – Os olhos estavam chorosos. – E se ela matá -la? E se ela nã o conseguir
enfrentar aqueles homens sozinha?

O general deu a volta, seguindo até onde a esposa estava, sentou sobre os calcanhares, enquanto lhe tomava as
mã os delicadamente.

-- Ela nã o machucará a nossa neta e se tem algué m que pode entrar naquele lugar e sair com vida, esse algué m é a
Calligari.

-- Deveria ter dito para ela da de iciê ncia da nossa neta, deveria ter avisado para que ela fosse preparada.

Ricardo temeu que aquilo izesse com que a ilha de Alexander se negasse a ir a seu resgate.

-- Precisamos ter fé , precisamos con iar...

-- Cumprirá o trato que fez com ela? – Questionou preocupada. – Se ela trouxer a Aimê deve sim fazer o que
prometeu, mesmo que isso seja algo terrı́vel para a nossa querida neta. – As lá grimas começaram a lhe banhar o rosto.

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-- Precisarei cumprir o que prometi a Diana, mesmo que isso seja tã o doloroso... Eu acho que devo muito mais do
que isso a ela... mas ela també m tem uma dı́vida – Passou a mã o pelos cabelos grisalhos. – Eu percebi a obsessã o que o Otá vio
tinha por ela e iz vista grossa quando deveria ter agido...

-- Jamais imaginamos que ele chegaria tã o longe, você nã o poderia prever... Ningué m poderia...

Clá udia abraçou o marido.

Todos passaram por momentos terrı́veis, mas nenhum se comparava as barbaridades sofridas pela pintora.

As duas fugitivas só pararam para comer.

Nã o voltaram a conversar ou brigar.

Diana observava a escuridã o começar a tomar conta e ainda nã o achara um bom lugar para acampar.

Sabia que ali perto encontrariam uma clareira, mas nã o seria ali um bom lugar para passar à noite. O problema é
que estariam expostas de mais.

Enquanto caminhavam, buscara as pegadas que tinha visto pró ximo à caverna, mas felizmente nã o notara nenhuma
naquela á rea, poré m sabia que eles estavam por ali, conhecia bem o ponto que costumavam ocupar.

A ú ltima coisa que desejava era topar com aqueles tra icantes de madeiras.

Eles també m eram crué is e costumavam nã o ter nenhum tipo de escrú pulos, nã o seguiam leis e faziam sempre o
que desejavam fazer.

Andaram por mais alguns tempo e Diana observou surpresa que ali perto havia uma pequena cabana de madeira
escondida em meio à vegetaçã o que já se apossava dela.

Fez Aimê deter o passo.

-- Fique quieta e abaixe-se. – Ordenou em seu ouvido. – Volto logo.

A Villa Real a segurou pelo braço.

-- O que se passa? – Indagou assustada. – Nã o me deixe sozinha... – Pediu temerosa.

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Diana tinha a impressã o que os dedos dela pegavam fogo, pois era assim que se sentia quando era tocada por ela.

Desvencilhou-se.

-- Faça apenas o que eu estou dizendo. – Afastou-se sem deixar que ela continuasse a protestar.

Com a arma em punho seguiu cautelosamente.

Fitou as enormes samambaias, sabendo que seria um bom lugar para algué m se esconder.

Fitou o chã o forrado... Com a bota, mexeu em uma cobra verde. Segurou-a e logo a jogou para longe.

Observava ao redor para ver se encontrava pegadas, mas nã o havia nada.

Seguiu por entra a mata e logo adentrava o pequeno barraco.

Alguns macacos saı́ram de dentro e deram um susto enorme na major que por pouco nã o atirou neles.

De quem era aquele lugar?

Guardou o revó lver no coldre e parecia ponderar.

Fitava com atençã o o lugar.

Nã o era grande, decerto deveria ter uns dois metros de cumprimento e de largura.

Observou a cobertura de palha dani icada e viu que a natureza já tomava posse de tudo. As paredes já se
camu lavam com as trepadeiras.

Deveria estar abandonada há muito tempo.

Acampariam ali naquela noite, mesmo tendo tanto mato. Faria uma fogueira, assim espantaria os mosquitos.

Seguia até onde estava a Villa Real.

Observou-a, percebeu que estava assustada.

Aproximou-se, tomando-a pela mã o.

-- Encontrei um lugar para gente descansar por hoje.

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Ajudou-a a passar por meio das á rvores e logo estavam na cabana.

-- Que lugar é esse?

-- Uma pequena palhoça que servirá de abrigo para gente.

-- Mas de quem ? Nã o é estranho esse tipo de construçã o no meio da loresta. – Já começava a tatear.

-- Acho melhor nã o fazer isso ou vai ferir ainda mais as suas mã os. -- Diana se livrou da mochila e começou a
arrumar as coisas.

Precisou se livrar da vegetaçã o que forrava o chã o.

Puxava os galhos, tentando deixar um pouco menos inabitá vel.

-- Eu nã o sei de quem é , só sei que icaremos aqui por hoje.

Aimê continuava temerosa, enquanto ouvia a Calligari se movimentar rapidamente arrumando o lugar.

Meia hora depois tudo estava pronto.

Diana fez uma fogueira pequena, pois nã o deseja chamar a atençã o.

Arrumou o lugar onde a Villa Real dormiria e logo a ajudou a sentar.

-- Espere um pouco, vou buscar algo.

-- Vai me deixar sozinha de novo?

-- Nã o irei longe e nã o demorarei.

Aimê respirou fundo, sabia que era impossı́vel dissuadir aquela mulher quando ela desejava fazer algo.

Sentou, encostou-se à madeira, fechou os olhos.

Cochilou durante um tempo e só despertou ao ouvir os passos.

Diana observou-a dormir, tinha conseguido caçar algo gostoso para comer. Nã o aguentava mais frutas e pã o,
precisava de proteı́na.

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Agachou-se diante da fogueira, terminou de limpar a iguaria, pegou um pouco de sal na mochila, temperando,
depois improvisou um espeto.

Viu os olhos azuis se abrirem.

Pela abertura que tinha no teto era possı́vel ver a majestosa lua e era ela quem iluminava o pequeno ambiente.

-- Diana...

Ouviu a voz doce chamá -la e teve a impressã o de estar sendo tocada intimamente.

Decidiu nã o itá -la, continuando a se ocupar na tarefa.

Improvisou um espeto.

-- Diana, o que está fazendo? – Dobrou os joelhos. – Estou com fome.

-- Daqui a pouco vamos comer. – Observou as labaredas tocarem no animal.

-- Eu també m queria muito um banho... – Mexeu os braços. – Tem mosquitos aqui... Acho que essa é parte ruim da
selva...

A Calligari a encarou por alguns segundos e voltou as ver os cortes nas mã os.

Pegou o cantil e se aproximou, sentando sobre os calcanhares, observou-a demoradamente, pegou-lhe as mã os,
colocando-as sobre suas coxas.

-- O quê ? – Aimê questionou meio assustada.

-- Vire-as para cima, limparei os machucados, está um pouco feio.

Os olhos azuis pareciam confusos, mesmo assim ela fez o que fora dito.

A bela ı́ndia começou o trabalho, primeiro lavando e depois usando anticé ptico para desinfetar.

Aimê gemeu baixinho, mas foi su iciente para chamar a atençã o da major.

Diana observou os dentes alvos se mostrando pelos lá bios entreabertos, parecia encantada, mas acabou voltando à
atençã o para o que estava fazendo e logo terminou. Já se afastava quando a neta de Ricardo a deteve.

-- O que é ? – Indagou com a sobrancelha arqueada.

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-- Deixe-me tocar seu rosto... – Pediu relutante. – Quero saber como você é ...

Diana nã o pareceu muito interessada, mas acabou cedendo, retornando para a posiçã o.

Levou as mã os da garota e posou em sua face.

A Villa Real tateava, fazia-o com delicadeza, com cuidado... Era como o roçar de uma borboleta.

-- Tem o maxilar forte, rı́gido... in lexı́vel...

Aimê estava ajoelhada, estavam pró ximas...

Diana olhava-a, aproveitava para vê -la...

-- Tem a tez mediana... As sobrancelhas bem feitas... – Pareceu ter mais atençã o em um ponto especı́ ico. – Costuma
franzi-las? Tem um vinco entre elas... – Sorriu. – Você relanceia os olhos...

A Calligari meneou a cabeça e revirou os olhos.

Aimê gargalhou alto.

-- Chega disso! – Deteve-lhe o pulso.

-- Nã o, Diana, deixa eu terminar... E ruim quando nã o sei como é a pessoa com quem estou falando... Nã o sabe como
é difı́cil nã o saber como sã o as pessoas...

A major pareceu convencida, ainda mais pela forma que fora pedido, entã o permitiu que ela izesse.

-- Seus olhos sã o indı́genas... Eles se estreitam... – Constatou encantada. – Qual a cor deles?

-- Pretos...

-- Devem ser lindos... – Tocou o nariz. – A ilhado e arrebitado... Eu sempre soube que era assim...

-- Como sabia? – Questionou curiosa.

-- Porque você é arrogante, orgulhosa... Sarcá stica... – Dizia naturalmente, enquanto tocava os cabelos da salvadora.
– Tenho certeza de que parece um é bano... Estou certa?

-- Sim, está ... Eles sã o negros!

-- E sua pele é bronzeada?

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-- Nã o, creio que de traços indı́gena só tenho os olhos, pois a minha pele é branca como a do meu pai... Bem, agora
estou bronzeada devido aos dias de sol, mas nã o é naturalmente.

-- Os traços indı́genas nã o sã o fı́sicos... – Continuou tateando o rosto até chegar aos lá bios. – Você tem uma boca
muito bonita, mas nã o parecem sorrir muito...

Diana sentia o polegar passar por seus lá bios... Depois o indicador... Fitou os olhos azuis tã o brilhantes...

Abriu a boca e capturou o dedo dela.

Aimê deu um gritinho de susto, mas ao senti-la sugar delicadamente, algo pareceu se manifestar em seu ı́ntimo.

Diana parecia nã o ter pressa, chupava-o... Passou a ponta da lı́ngua... Sugou novamente...

Ficou encantada ao perceber que o azul claro daqueles belos olhos escureceram...

Mordiscou e depois o libertou.

A Villa Real desviou o olhar, pois sentia a face pegar fogo.

-- Bem, acho que já chega disso... – Diana se afastou, seguindo até a carne, virando-a. – Acomode-se, já está tarde,
vamos comer e descansar.

Aimê parecia desconsertada, mesmo assim voltou a ocupar o lugar de antes.

Ela parecia perdida em seus pensamentos...

Ficaram em silê ncio durante longo tempo, até a voz da Calligari invadir o ambiente.

-- Coma! – Entregou o espeto a ela. – Cuidado que está quente.

-- Você fez carne? – Inalou o cheiro. – Carne! – Exibiu um sorriso, enquanto assoprava para esfriar, depois
mordiscou devagar. – Deus, que delı́cia!

Diana começou a comer e via como Aimê parecia satisfeita.

-- E frango? – Questionou depois de ter comido vá rios pedaços.

-- Frango? – Pareceu incré dula com a ideia. – Nã o, claro que nã o!

-- Mas e entã o o que acabei de comer que tinha um sabor tã o gostoso?

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-- Encontrei umas rã s, entã o...

--Rã s? – Questionou com os olhos arregalados. – Eu comi rã ?

-- Sim! -- Diana se levantou e começou a arrumar as coisas. – Nã o me diga que é alé rgica?

Aimê parecia um pouco assustada com a informaçã o, mas acabou nã o fazendo nenhum protesto.

-- Pelo menos temos isso, devemos estar grata. – Meneou a cabeça. -- Tem muito mosquitos aqui. – Tateou até o
cantil, levando a á gua à boca e lavando-a.

A morena voltou a sentar.

-- Daqui a pouco eles deixarã o de perturbar. – Encostou as costas na madeira podre, mantinha os olhos fechados.

Estava muito cansada.

Nos ú ltimos dias nã o conseguira dormir oito horas completa.

Estava sempre alerta, vigiando, temendo que os tra icantes a encontrassem e chegassem num momento que
estivessem indefesas.

-- Falta muito para chegarmos?

A voz de Aimê a despertou.

-- Acredito que em um dia possamos chegar... Mas... – Nã o terminou a frase.

Havia um jeito de acelerar aquela viagem e chegar à tribo do pajé em menos tempo, poré m seria arriscado tentar...

Nã o contara para a acompanhante, mas tinha certeza de que os tra icantes estavam perto do rio.

Tinha um plano...Pensaria com calma nessa alternativa.

Terminou de comer, em seguida se levantou.

-- Aonde você vai? – A Villa Real indagou.

-- Preciso montar guarda, nã o posso con iar.

-- Você precisa descansar!

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-- Como descansarei? Nã o me diga que vai icar vigiando? – Indagou de forma sarcá stica.

-- Você nã o consegue manter um diá logo sem agir como uma ogra? Até agora estava tudo bem, mas parece que você
nã o se permite ser gentil por mais de uma hora.

-- Nã o tenho que manter diá logos contigo e tampouco ser gentil!

-- Por que nã o? – Levantou-se. – Estamos juntas nessa fuga, somos nó s duas e nã o custa nada nos tratarmos com
um mı́nimo de polidez. Eu sempre te trato bem, mas estou começando a achar que você nã o merece isso.

Diana virou-se para deixar a cabana, mas parou, passando as mã os pelos cabelos, virou-se para a Villa Real,
segurando-a pelos braços e colou os lá bios nos dela mais uma vez.

Aimê espalmou as mã os para se livrar do contato, mas foi abraçada, surpreendendo-se.

Cerrou os dentes para conter o avanço, poré m mais uma vez foi surpreendida pela lı́ngua da pintora contornando a
parte externa de sua boca.

Sem conseguir resistir a tamanha insistê ncia, permitiu a invasã o, permitiu que ela se apossasse e nã o podia negar
que se sentia desejosa por mais.

Permanecia está tica, enquanto aquela linda ı́ndia selvagem parecia se deliciar, aprofundando mais e mais...

Aimê esboçou um som parecido com um gemido ao ter a lı́ngua capturada e sugada de forma intensa... do mesmo
jeito que ela izera com seu dedo há algum tempo...

Naquele momento teve a impressã o que todos os pelos do seu corpo se arrepiavam.

Repentinamente, a Calligari afastou-se, empurrando-a.

-- Espero que isso te mantenha calada, você fala demais e isso é muito irritante...

Sim, aquilo a deixou paralisada durante um bom tempo.

Seus lá bios ainda queimavam pelo toque dela, o ar ainda nã o chegava aos seus pulmõ es e parecia que milhares de
mariposas invadiam seu estô mago.

Sentou, apoiando a cabeça nos joelhos.

Os olhos intensamente azuis pareciam ainda mais brilhantes... Mais perdidos... Mais intensos...

O que estava acontecendo consigo?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Esperou durante horas pelo retorno da morena, mas nã o ocorreu e ela acabou dormindo naquela desconfortá vel
posiçã o.

Diana montara guarda durante toda a noite e ao raiar das primeiras luzes da manhã seguiu em busca da Villa Real.

Encontrou-a já de pé e parecia pronta para mais um dia de incansá vel caminhada.

Por que ela icava cada vez mais linda?

Quando a itava tinha a impressã o de estar diante de um dia de primavera, colorido, cheiroso... Vivo...

-- Vamos embora logo! – Ordenou aborrecida enquanto arrumava as coisas. – Temos alguns visitantes por essas
á reas e teremos problemas.

-- Os tra icantes? – Indagou assustada.

-- Sim, reconheci alguns deles...

Aimê pareceu ainda mais assustada.

-- O que faremos?

Diana colocou a corda nas mã os dela.

-- Agora vamos andando.

A Villa Real ainda abriu a boca para protestar, mas a Calligari nã o lhe deu muita chance.

Enquanto caminhava ela pensava em como a morena parecia nã o dar importâ ncia ao que aconteceu na noite
passada. Nenhuma mençã o ao beijo, nenhum deboche sobre ela ter cedido aos encantos daqueles lá bios aveludados.

Decerto fazia essas coisas para afrontá -la, com certeza se divertia ao perturbá -la.

Naquele dia tentaria manter distâ ncia daquela mulher, apenas responderia de forma mı́nima possı́vel, quem sabe
assim nã o teriam problemas como já era de costume.

O sol em pouco tempo se poria quando Diana viu os tra icantes.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Nã o tinha como passar por aquela á rea sem ser notada e sabia que seria um risco grande.

A poucos metros dali havia um rio e se conseguisse pegar o barco seria bem mais rá pido chegar à aldeia.

Fez Aimê se encostar a uma á rvore.

-- O que houve?

A morena nada disse, enquanto amarrava as mã os da jovem.

-- O que está fazendo? – A garota questionou confusa.

Diana escondeu as armas e saiu puxando a garota.

Nã o caminhou mais de vinte metros para ser cercada por trê s homens.

Por alguns segundos temeu ser recebida por tiros...

Eles nã o podiam ter aparê ncias piores.

Barbas grandes, maltrapilhos e exibindo aqueles dentes tortos e sujos.

-- Olha o que temos aqui! – Um deles falou se aproximando com arma em punho. – E a refé m do chefe, encontramos
a garotinha do crocodilo.

A Calligari conhecia aquele tipo de gente, que nem de gente deveria ser chamado, pois eram os piores tipos de seres
humanos. Roubavam, matavam, estupravam, levava os animais das lorestas para o mercado negro.

-- Que delı́cia! – O outro se adiantou com olhar lascivo. – Temos duas para levar ao bordel... – Observava Diana com
atençã o. – Foi você que a tirou do acampamento?

Outro se intrometeu.

-- Está doido, claro que nã o foi ela, como uma mulher adentraria no acampamento e levaria o tesouro do chefe... –
Apontou-lhe a arma. – Onde estã o seus cumplices? – Observava ao redor.

-- Nã o... Nã o, claro que eu nã o teria essa capacidade... Na verdade eu estava com outro grupo, digamos que sou um
acompanhante de luxo e percebi que essa aqui vale muito e estou querendo ganhar um extra.

-- Entã o você é uma prostituta? – um deles questionou parecendo muito interessado.

A morena itou a Villa Real de soslaio, podia ver o pâ nico naqueles olhos bonitos, també m percebia a total confusã o
que se passava naquele semblante bonito.

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-- Estou querendo fazer uma barganha com você s! – Empurrou Aimê no meio dos homens, parecia ignorar o perigo.
– Nã o fui bem tratada pelos meus amigos, entã o quem sabe nã o nos entendemos...

A herdeira de Ricardo caiu no pequeno cı́rculo.

-- Preciso de um barco e estou disposta a lhe dar essa putinha para que seu trabalho aqui seja mais prazeroso, sem
falar que podem levá -la e vendê -la por um bom dinheiro, nem precisa entregá -la ao seu chefe... Vã o ter bastante dinheiro e
nã o precisarã o dividir...

Os homens pareceram interessados, os olhos brilhavam.

-- Como ousa? – A garota levantou e à s cegas e atacou a morena.

Diana desviou do golpe, empurrando-a mais uma vez ao chã o.

-- Já sabem que ela é cega... – Gargalhou. – Mas para o que desejam fazer nã o é preciso que ela enxergue.

Um dos homens que parecia ser o chefe dos trê s, retirou uma arma da cintura.

Ele observava a herdeira de Ricardo com atençã o, mas pareceu interessado pela outra.

-- E por que você també m nã o entra no pacote? – Colocou o cano frio contra a pele do rosto dela. – Gosto de
mulheres como você , elas sã o as melhores para trepar gostoso. – Exibiu um sorriso. – Nunca vi uma prostituta tã o bonita...

A Calligari já esperava por aquilo.

Os outros dois começaram a gritar de entusiasmo.

A morena esboçou um sorriso matreiro.

-- Eu nã o tenho problema em participar da festinha... – exibiu um sorriso sensual, seguindo até onde estava Aimê . –
Mas olhem que coisinha mais linda... E você s nã o sabem do melhor... – Rasgou a blusa dela, deixando o sutiã à mostra. – E
virgem...Eu sei que seu chefe nã o permitiu que desfrutasse dessa belezinha, agora você s tê m essa chance... Use-a, depois
podem icar comigo!

-- Desgraçada! – A Villa Real cuspiu na cara da Calligari. – Espero que morra comida por um leã o.

Diana sorriu enquanto limpava a face.

-- Aqueçam-se com ela... – Levantou-se. – Imaginem como deve ser apertadinha...

Aimê soluçava.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Sim, vamos pegar primeiro a garotinha e depois faremos o mesmo com você .

Diana sentou em um tronco pacientemente.

Tinha sorte eu aqueles que estavam ali eram idiotas ao extremo.

Olhava tudo com atençã o, planejava o que deveria fazer, examinava todos os perigos.

-- Façam sim, icarei aqui observando... Isso me excita.

Os dois homens começaram a abrir as calças.

-- Você ica de olho nela. – O chefe ordenou. – Reviste-a, enquanto brincamos com a outra.

A Calligaria observou quando os brutamontes levantaram a ilha de Otá vio e por um momento sua mente a levou há
alguns anos quando fora atacada sem chances de defesa.

Ouvia os protestos que a jovem esboçava, como ela lutava, mesmo sem enxergar tentava se defender das investidas.

Sabia que teria que ser rá pida e certeira no seu pró ximo passo.

Um dos bandidos a levantou bruscamente.

Sentia asco ao ter as mã os lhe apalpando, percebia que ele nã o estava em busca de armas, mas em també m
satisfazer sua libido.

Observava o espaço aberto, as madeiras empilhadas, alguns pá ssaros em gaiolas...

Quantos mais estariam por ali?

Conseguia ouvir o som do rio... Sentia o cheiro da á gua...

Aquele era o momento de agir...

Aproveitou que os outros estavam distraı́dos tentando segurar Aimê , quando rapidamente deferiu um golpe na
garganta do rapaz, deixando-o desacordado.

Os movimentos chamou a atençã o dos outros que se voltaram contra ela, poré m Diana fora muito bem treinada e
tinha ó tima pontaria.

Sacou o revó lver rapidamente, atingindo os dois homens.

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Aimê cobriu os ouvidos com as mã os, ajoelhando-se.

A morena seguia até ela quando outro homem apareceu e ela precisou ser rá pida para que a Villa Real nã o fosse
atingida.

Conseguiu abater o bandido, mas foi alvejada no abdome.

-- O que houve? – Aimê indagou assustada. – O que se passa? – Questionava chorosa.

A Calligari lhe segurou a mã o.

-- Temos que sair daqui o mais rá pido possı́vel. – Disse tentando nã o aparentar a dor que estava sentindo.

A Villa Real a empurrou, tentando se livrar do toque.

-- Solte-me, sua miserá vel!

-- Fique quieta e venha comigo...

-- Nã o, nã o irei contigo mais... Queria me entregar...

Aimê nem terminou a frase e já estava sendo arrastada.

Nã o demoraram muito para chegarem à canoa.

Diana a ajudou a subir, depois fez o mesmo, remando e buscando se afastar daquela á rea.

Temia que os outros aparecessem.

Sabiam que era muito comum a presença deles naquela regiã o.

Entregou o remo a Aimê .

-- Apenas mexa os braços e tente seguir reto! – Ordenou enquanto arrancava um pedaço da blusa.

-- O que está fazendo? – Questionou, ignorando a ordem. – Você é uma miserá vel... Como pô de, Diana, como pô de
me entregar...

A morena enrolou, apertando forte para tentar estancar o sangue, amarrando-o... mas o vermelho já ensopava o
tecido.

Tomou novamente o remo, sem falar nada.

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Aimê ainda sentia o coraçã o bater acelerado.

Ainda tremia diante do ataque que sofreu.

-- Como pô de me entregar para aqueles homens? – Indagou por entre os dentes. – Como pode ser tã o suja, tã o
mercená ria... Eu a odeio... – Dizia em lá grimas.

Diana nada respondeu, pois tentava se concentrar para nã o gemer alto.

Com o barco seria bem mais fá cil e á noite chegariam à aldeia.

Nã o era seu plano ir pelas terras do pajé , poré m nã o seria fá cil seguir com Aimê e dá a volta, seria uma missã o
suicida, a jovem nã o aguentaria.

O rio era o atalho perfeito, o que seria difı́cil se seguissem por terra.

-- Eu juro que se tentar me entregar mais uma vez para esses bandidos, eu mesma te matarei.

A morena nada disse, apenas seguia pelas á guas calmas.

Mirou o cé u e percebeu que ainda teriam tempo antes que anoitecesse, mas rezava para que chegassem logo.

Fitou a face enraivecida da neta de Ricardo.

A garota estava corada...

Observou o pranto incontido...

Cerrou os dentes, apertando forte o machucado e parando de remar um pouco.

Abriu a bolsa, pegando outra blusa para pressionar na ferida.

Ouviu a manifestaçã o de peixes fora do barco... Piranhas... Elas sentiam o cheiro do sangue...

Observava a margem em busca de outros bandidos, estava com a arma bem pró xima de si, qualquer movimento
atiraria.

Seguia em busca de icar mais ao meio do rio, assim nã o seria uma presa tã o fá cil.

-- Reme! – Ordenou. – Eu preciso que reme comigo...

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A Villa Real seguiu o som, encarando-a.

A voz estava muito baixa e mais rouca do que de costume...

-- Nã o farei mais nada que me mande e quando retornarmos para casa, contarei tudo o que fez para o meu avô . –
Falava em tom desa iante. – Te odeio cada vez mais, Diana, nunca pensei que poderia sentir esse sentimento por algué m, mas
você o merece em toda sua magni icê ncia.

A pintora estreitou os olhos negros de forma ameaçadora, enquanto levava a mã o ao ferimento, pressionando-o.

Mordeu o lá bio com tanta força...

A dor estava cada vez mais insuportá vel.

-- Se você nã o quiser icar perdida nessa maldita loresta sozinha, eu acho melhor que faça o que estou mandando. –
Dizia por entre os dentes.

-- Ah, depois de me entregar para aqueles homens, agora ameaça me deixar nesse lugar?

Mesmo sentindo fortes dores, a morena deixou o remo de lado e foi até a jovem, tomando-a pelos ombros
grosseiramente.

-- Nã o, sua idiota mimada, eu fui atingida por uma bala e nã o tenho muito tempo até perder a consciê ncia e se isso
acontecer você estará perdida em meio a essa maldita loresta.

-- Como? – Os olhos azuis se abriram. – Você foi baleada? – o pâ nico agora substituı́a à ira. – Onde? – Tentou tatear o
corpo dela.

-- Aimê , apenas me ajude a remar, pois eu nã o sei até quando aguentarei.

A Villa Real tateou, tomando os remos e rapidamente começou a fazer o que fora dito.

-- Precisamos de um mé dico... Onde eles balearam você ? Deixe-me tentar ajudar... – Dizia em total desespero.

-- Nã o, Aimê , nã o tem mé dico por aqui, precisamos chegar à aldeia, lá você estará segura. – Voltou a ocupar seu
lugar. – Precisamos... Precisamos ser rá pidas...

-- Meu Deus, você nã o pode fazer esforço, onde te acertaram. Temos que parar, precisa icar de repouso para nã o
sangrar até morrer.

-- Chega de falar bobagem, nã o podemos parar, nã o há o que fazer nesse lugar, precisamos sair daqui, pois aqueles
homens podem ter outros cú mplices e virem atrá s da gente.

A Villa Real ainda pensou em protestar, mas a Calligari estava certa. Só havia uma chance para as duas mulheres:
conseguirem chegar até a tribo.

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O percurso fora feito em total silê ncio.

Passara quase uma hora e o sol já havia sumido.

-- Aimê ...

A jovem ouviu seu nome ser dito de forma hesitante.

-- Sim... – Respondeu preocupada.

Vá rias vezes a neta de Ricardo parara de remar apenas para ter certeza de que a Calligari nã o tinha desmaiado.

-- Se eu nã o conseguir... Nã o pare de remar em hipó tese alguma... Você ... Você vai chegar na aldeia e eles vã o cuidar
de ti... Vã o te levar para os seus avó s...

A Villa Real percebia pelo tom baixo que a morena estava muito fraca.

Seu coraçã o se apertou em desespero temendo pela vida dela.

-- Nã o, Diana, você que vai me levar para eles... Você vai icar bem, é muito arrogante para ser parada por uma bala.

A Calligari fez um gesto de assentimento com a cabeça.

-- Fale sobre sua vida, mimadinha...

Aimê acabou esboçando um sorriso. Achava engraçado a forma como ela lhe chamava.

-- Bem, nã o há muito para se dizer sobre mim. – Mordiscou o lá bio inferior. – Eu tenho uma loricultura...

-- Hun... legal...E vende bem?

-- Sim... Apesar de hoje em dias as pessoas terem perdido o há bito de mandar lores, ainda temos alguma
raridades...

Diana esboçou um sorriso singelo.

-- Eu gosto de rosas...

-- Eu gosto dos lı́rios...

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Diana nã o tinha mais forças para remar. Seu ombro estava dormente e sua visã o estava embaraçada. A ú nica coisa
que desejava naquele momento era dormir muito.

Ouviu o som do falcã o e soube que aquele era o momento de descansar.

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Capitulo 7 por gehpadilha

A noite caia majestosa, os animais havia cessado suas vozes... O frio enregelava os corpos quentes.

O abobado celeste exibia um manto estelar que se re letia nas á guas do rio.

-- Diana... – Pronunciou baixo, relutante, temerosa. – Diana...

Aimê chamava pela morena e nã o recebia nenhuma resposta.

Deixando o remo de lado foi até ela.

Tateando, tocou-lhe a face.

Estava fria.

-- Diana... por favor, nã o faz isso comigo...

Sacudiu-a e mais uma vez o silê ncio imperava.

Abraçou o corpo inerte, sentiu a respiraçã o fraca... Sentia o cheiro dela em seus braços...

Uma lá grima de medo molhou sua face.

-- O que eu farei agora, princesa... Como uma cega inú til vai poder te ajudar? – Acariciou as madeixas negras. – Por
favor, meu Deus, me ajude, nã o permita que ela morra...

Gritou de frustraçã o e rapidamente buscou os remos, voltando a remar.

Sim, era a ú nica coisa que poderia fazer... Seguiria reto... Sim, seguiria reto... Precisava fazer isso... Precisava salvá -
la...

Enquanto sentia a pequena embarcaçã o se movimentar, suas lá grimas jorravam copiosamente.

Os peixes soltavam, pareciam interessados nas tripulantes...

Ouviu o pio da coruja... Os grilos... De repente todos falavam ao mesmo tempo...

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Aimê mordiscou o lá bio inferior demoradamente...

Seu corpo foi sacudido por soluços...

Temia que fosse tarde de mais para a Calligari, temia nã o conseguir chegar ao destino.

Se nã o tivesse se negado a ajudá -la, talvez estivessem nessa bendita aldeia naquele momento.

Soluçou alto mais uma vez...

Fechou os olhos em preces... E continuou incansavelmente.

Nã o era um exercı́cio fá cil, ainda mais para ela que nã o tinha prá tica... A correnteza, pelomenos, parecia estar ao seu
favor...

Seus braços já reclamavam, sentia-os dormentes... Formigavam... Formigavam...

Estava frio... Muito frio...

O vento despenteava seus cabelos.

Nã o conseguiu conter o choro mais uma vez...

-- Diana... Diana... – Chamou-a novamente, deixando os remos de lado e seguindo até ela.

A major estava em uma desconfortá vel posiçã o, sentada, tendo as costas comprimidas contra a madeira e a cabeça
pendida para trá s.

Esta pá lida... A morte parecia por perto...

Aimê a abraçou, estreitou-a contra seu peito, era como se desejasse saber se a vida ainda pulsava ali, era como se
desejasse fazer algo que sempre desejou... Tomá -la para si e senti-la, senti-la mesmo quando viviam a digladiar...

Chamou-a inú meras vezes, murmurava seu nome como se fosse um mantra e já estava em pranto incontido mais
uma vez quando ouviu vozes e percebeu quando a canoa fora puxada.

Ubiratã e Piatã seguiam com tochas, enquanto observavam a pequena embarcaçã o ser puxada.

Os rostos curiosos dos moradores estavam atentos...

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Aimê assustou-se, pensava que eram bandidos. Quando um dos ı́ndios se aproximou, ela o empurrou e lutava para
defender a Calligari quando vá rias mã os a detiveram.

Eles falavam, ela nã o conseguia entender nada.

-- Levem-na para a oca! – O pajé ordenava em seu dialeto, estava com o semblante preocupado.

A Villa Real tentava deduzir o que diziam, mas achou impossı́vel.

Mã os a tocaram novamente, tentando tirá -la da embarcaçã o, mas ela enfrentou-os.

-- Solte-me, deixem-na... – Esbravejava.

Piatã observava tudo e quando percebeu que aquela jovem de aparê ncia tã o frá gil lutaria para proteger a Calligari,
ele se aproximou, tocando-lhe o ombro.

-- Calma, criança, nã o vamos machucá -la, estã o seguras agora. – Falou em um Portuguê s enrolado.

Os olhos azuis pareceram mais amenos, poré m ainda nã o parecia totalmente convencida.

-- Onde estou? Quem sã o você s?

-- Chegaram ao seu destino. – Tomou-lhe as mã os. – Venha comigo... Cuidaremos da princesa e de você .

A Villa Real mordiscou o lá bio inferior, enquanto sentia um alı́vio em sua alma.

Ela se deixou conduzir.

-- A Diana levou um tiro... Ela está muito mal. – Dizia em desespero. – Precisamos de um mé dico. Preciso icar com
ela. Precisam salvá -la, por favor... – Dizia apressadamente.

Piatã lhe segurou a mã o.

-- Vamos cuidar dela, faremos tudo que for possı́vel. – Fez um gesto para uma das ı́ndias. – Leve-a, dê -lhe de comer,
á gua para um banho, trate-a bem, ela precisa descasar... Faça um chá . – Terminou em dialeto local. – Vá com ela. – Colocou a
mã o da ilha de Otá vio unida com a da senhora. – Ela cuidará de você .

-- Nã o, eu preciso icar com a Diana... – Repetia. – Nã o posso deixá -la sozinha... Quero icar com ela, por favor...

Piatã a observava curioso, parecia surpreso com a emoçã o tã o pura que via naquele olhar tã o doce.

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Havia fogueiras por toda aldeia, mas as pessoas pareciam caladas, assustadas...

Alguns olhavam com curiosidade para Aimê , outros para oca onde fora levada a princesa.

-- Nã o, meu bem, você precisa descansar... Cuidaremos da major... – Fez um gesto para que a ı́ndia a levasse.

Ainda ouviu os protestos da garota, mas ignorou, caminhando até o lugar onde tinha levado a morena.

O lugar era maior e era ali que levavam as pessoas que icavam doentes.

O espaço era grande e circular, feita de taquara e troncos de á rvores e a cobertura de palhas. Havia duas portas.

Havia improvisado uma espé cie de ‘cama’, já que se fosse para deitar na rede, poderia ser pior para o estado da
enferma.

Tochas iluminavam o pequeno local.

Ubiratã observava a Calligari.

-- Ela perdeu muito luı́do vital! – Piatã colocou um pano sobre a cabeça dela. – Ela precisa de cuidado dos
brancos...-- Observava-a e temia que ela nã o aguentasse por muito tempo.

-- Ela nã o resistiria a uma viagem de barco até a vila. – Cortou a blusa, observando onde o projé til penetrou. –
Precisamos estabilizá -la, depois veremos o que fazer. – Tocou-lhe a face. – Traga os materiais, vou precisar retirar essa bala.

Piatã assentiu, sabia que nã o poderia questionar ordens superiores.

O chefe observou a jovem Calligari.

Tocou-lhe os cabelos negros.

-- A princesa mostrou muita coragem e isso me deixou orgulhoso. Apenas precisa ser menos cruel com quem nã o
tem culpa do que lhe aconteceu... – Segurou-lhe a mã o. – Precisará ser corajosa agora e buscar forças para resistir.

Piatã voltou rapidamente com tudo o que precisariam.

Muitas pessoas se aglomeraram ali, todos pareciam curiosos e assustados com o que aconteceu com a princesa.

-- Queime a ponta da faca! – O pajé ordenou. – Venham aqui! – Chamou alguns ı́ndios. – Segurem-na, pois mesmo
debilitada ela vai se debater quando tiver removendo a bala.

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Piatã lhe entregou o objeto e logo pegou a tocha para iluminar o machucado.

Havia muito sangue...

O pajé começou o trabalho, primeiro limpando, colocando folhas de uma espé cie de planta sobre a ferida, depois
retirava e repetia o ato inú meras vezes...

Ubiratã itou a face de Diana, os lá bios entreabertos deixavam os dentes alvos à mostra.

Havia algumas gotı́culas de suor em sua face.

O chefe fechou os olhos, parecia orar enquanto dizia palavras estranhas.

As coisas nã o eram tã o fá ceis, pois o projé til penetrara fundo na pele.

Pegou a faca e começou o trabalho.

A morena se contorceu, precisando que mais pessoas a segurassem.

De seus lá bios debilitados ela chamava por Aimê , em outro momento chamava por Alexander... Em sua
inconsciê ncia ainda guerreava com Otá vio.

Ubiratã olhou para Piatã , nã o pareciam surpresos, mas preocupados.

A ferida estava banhada em sangue, a jovem perdera muito.

-- Segurem-na! – Ordenou mais uma vez, pois a major nã o facilitava as coisas. – Piatã , assim que eu conseguir tirar,
pressione o ferimento com as folhas de pimenta de macaco.

O velho ı́ndio fez um gesto a irmativo enquanto itava a face pá lida da sua menina.

Quando Alexander trouxera a garota para aquelas terras selvagens, fora ele o responsá vel por cuidar da garota, ele
quem a treinara, quem a consolara durante longos dias de saudades.

Sabia bem por tudo que ela tinha passado e sempre achara que as tribos foram injustas em expulsá -la, poré m nã o
pô de protegê -la.

Quase uma hora depois a bala fora retirada.

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-- Tudo deve ser limpo para que nã o cause uma infecçã o. – Avisou. – Todo cuidado é pouco. – Fitava o objeto que
retirara de dentro dela. – Por isso nã o gosto dos brancos e de suas invençõ es! – Apertou forte o artefato. – Tragam mais folhas,
esse lı́quido vai ajudar a conter a hemorragia... – Pegou a agulha e deu alguns pontos.

-- Acha que ela vai resistir? – Piatã indagou preocupado. – Se essa bala atingiu outras partes?

-- Nã o sei, teremos que esperar... Ela tem alma de guerreira... Diana é uma grande guerreira, mas é mortal como
todos nó s... – Observou a face corada pela febre implacá vel. – Nã o sabemos os planos que o grande espı́rito tem para ela, mas
o que tiver que ser, só nos restará aceitar. Acho que ela tivera sorte, pois se o objeto tivesse ido mais fundo, agora ela já estaria
morta.

Durante toda a noite o pajé permaneceu velando o sono da Calligari.

A aldeia estava quieta, pois todos temiam que o pior acontecesse a princesa, mesmo depois de tudo que se passara,
eles ainda tinham um enorme carinho por aquela jovem que sempre fora tã o rebelde.

Ela delirara durante todo o tempo.

Em sua mente inconsciente, revivia os momentos difı́ceis que passou. Em sua mente inconsciente ela ainda estava
sob o domı́nio de Otá vio.

Aquele homem fora um verdadeiro demô nio na vida da Calligari.

A febre alta nã o deu tré gua e nem mesmo as compressas com á gua quente estava funcionando.

De meia e meia hora ele colocava um pouco de chá de erva em seus lá bios. Limpava a ferida, deixando-a a coberta
para que insetos nã o pousassem.

O dia amanhecia quando ouviu sons fora da oca.

Aproximou-se e viu Aimê tentando se livrar de um ı́ndio que tentava detê -la pelo braço.

A cena era interessante, pois a Villa Real nã o parecia temer nada e em determinado momento, o robusto ı́ndio a
segurou pela cintura, praticamente tirando-a do chã o.

-- Eu quero vê -la... Por Deus, preciso que algué m entenda o que falo, por favor... – Pedia entre lá grimas. – Eu preciso
ver a Diana...

Ubiratã observava de forma curiosa a herdeira de Ricardo.

Como podia ser ilha de Otá vio Villa Real?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Soltem-na! – Ordenou. – Nã o devem tratar a mulher da princesa com grosseria. – Repreendeu-os, caminhando até
a jovem. – O que há , minha criança? – Tomou-lhe as mã os.

Aimê pareceu surpresa ao ouvir seu idioma, poré m sabia que nã o era o mesmo homem da noite passada.

-- Eu quero saber como está a Diana, mas essas pessoas nã o entendem o que falo. Preciso icar com ela... Ela está
viva? Por favor, temos que leva-la a um hospital... – Falava rapidamente.

O chefe esboçou um sorriso.

A ilha de Otá vio tinha uma beleza doce, ingê nua, encantadora.

Fitando os olhos que nã o tinha luzes, era possı́vel sentir a á urea nobre que a envolvia.

Como podiam ser tã o diferentes e estarem tã o unidas?

-- Venha comigo, te levarei até onde está a princesa. – Segurou-lhe a mã o.—Infelizmente ela nã o poderá deixar a
aldeia, mas está lutando, se apega ao io de vida que lhe resta com unhas e dentes.

Aimê assentiu enquanto caminhava lentamente ao lado daquele homem.

Nã o conseguira dormir durante toda noite, pois seus pensamentos estavam na morena. Ningué m lhe dizia nada e o
medo que algo de ruim tivesse acontecido lhe acometia.

Ubiratã ajudou-a a sentar em um tronco que icava ao lado da “cama”.

-- Pronto! – Pegou a mã o da jovem e pousou sobre a da Calligari. – Ela nã o está bem ainda, poré m é forte e está
lutando para se recuperar.

Aimê reconheceu o tato macio dela e apertou-a, sentindo a vida ainda presente ali.

Seu coraçã o pareceu bater mais acelerado naquele momento, pois chegara a pensar que nunca mais estaria com a
Diana.

-- Está quente! – Falou preocupada.

-- A febre está muito alta, mas estamos fazendo o impossı́vel para baixá -la. Tiramos a bala, poré m há uma infecçã o...

-- Nã o seria melhor que ela fosse levada a um hospital? – Indagou preocupada. – Devem ter mais recursos...

-- Ela morreria antes de chegar. Daqui até a vila levaria um bom tempo e nã o teria como ser levada por mata
fechada e dormir ao relento pioraria o estado.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- E entã o? – Sua cabeça virou na direçã o do pajé .

-- A bala foi retirada, mas ela perdeu muito sangue, por isso precisará de forças para se recuperar.

Ubiratã pegou o chá , levando à boca dela, molhando-os.

Diana estava demasiadamente pá lida e seus lá bios feridos devido à alta temperatura do corpo

-- Preciso fazer algumas coisas, preparar mais chá s e buscar mais folhas, deseja icar aqui com sua mulher?

Aimê sentiu o rosto corar diante das palavras, pois se sentia constrangida quando se referiam a ela daquela forma,
era como se algo estremecesse dentro de si.

Engoliu em seco enquanto fazia um gesto a irmativo com a cabeça.

Quando notou que estavam sozinhas soltou a respiraçã o lentamente.

Ouviu o gemido da morena.

-- Ah, major, você vai icar boa, eu sei que uma balinha nã o é pá reo para ti... – Tateou a face. – Precisa superar essa
infecçã o. – Desceu os dedos até os lá bios entreabertos. Tateava o rosto como izera no outro dia. – Esqueci de dizer que você é
muito bonita...

Nã o negava que dentro do seu peito havia um misto de raiva e outro sentimento que preferia nem cogitar a
possibilidade de sua existê ncia... Poré m quando icara sabendo que ela fora alvejada icara totalmente desesperada e nã o
apenas por temer icar perdida dentro daquela mata, mas por algo mais...

Desenhava o formato da boca, a maciez que nã o combinava com a total crueldade que sempre era proferida na
maioria das palavras ditas por ela.

Alguns segundos depois, levou aos pró prios lá bios os dedos que a tinham tocado.

Baixou a cabeça e daquela vez depositou um beijo demorado na face dela, em seguida desceu até a boca que perdera o
rosado e nã o parecia ter vida, mesmo assim ainda era suave ao toque.

-- Apesar de tudo, sou muito grata por ter me salvado... Por ter se arriscado... – Esboçou um sorriso. – Quem se
aventuraria em meio a uma loresta como essa com uma cega? – Mordiscou o lá bio inferior. – Perdoe-me se a coloquei nessa
situaçã o... Perdoe-me, Diana... Jamais desejei que algo de ruim te acontecesse... – Uma lá grima insistiu em rolar por seus
lindos olhos.

Havia silê ncio, mal se ouvia a voz daquelas pessoas, apenas as aves cantavam, mas a melodia parecia triste...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A Villa Real passara o dia ao lado da “esposa” . Piatã a ensinou a cuidar do machucado, trazia sempre á gua para que
izessem compressas para que a febre cedesse e as folhas para colocar sobre a ferida.

Aimê sempre fazia com cuidado e sempre cantava ou contava algo enquanto executava o delicado serviço.

Nã o deixara a oca mais, ocuparia a rede, poré m sempre icava assustada diante da ideia da Calligari precisar de
algo e ela nã o ouvir, por esse motivo, resolveu deitar ao lado da morena na cama improvisada.

Diana parecia cada vez mais agoniada, sempre murmurava palavras incompreensı́veis e em alguns momentos se
debatia, entã o a Villa Real a abraçava e a major se acalmava.

O tempo passava e Diana ainda nã o reagia.

Em uma ocasiã o ela abrira os olhos, mas foi algo muito rá pido. Outras vezes apertava a mã o de Aimê , como se assim
quisesse mostrar que ainda estava lutando, em outros momentos se debatia... ainda tinha muita febre. Delirava a maioria das
vezes...

A Villa Real nã o conseguia entender direito o que ela dizia, mas sempre a pintora icava agitada, deitava ao lado
dela e a abraçava, sussurrando doces palavras ao seu ouvido.

No sexto dia depois do atentado, a bela Calligari conseguiu superar a infecçã o.

A neta de Ricardo estava ao lado dela, segurando-lhe a mã o como era de costume.

-- Há muitas crianças aqui e estã o sempre correndo e brincando... Gostaria de entender o que falam... Nã o me
aproximo, pois tenho medo que iquem doentes, sei que elas nã o tem nossas defesas... Eu ico imaginando se você era uma
indiazinha assim també m... – Sorriu. – Eu nã o consigo pensar em ti como uma criança... E como se sempre fosse uma mulher
forte... Ando comendo umas coisas estranhas... mas nã o é ruim, a inal, ainda meu estô mago revira quando lembro da rã que
me fez comer...

Aimê sempre narrava os fatos da sua estadia para a morena, mesmo que ela continuasse desacordada.

-- Piatã é muito agradá vel, sempre gentil e gosta de me falar sobre o costume do seu povo...

A Calligari ouvia aquele som que sempre a confortava, como se izesse parte dos seus sonhos, mas nunca conseguia
saber de quem se tratava.

Um anjo?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Esforçou-se mais uma vez para despertar e daquela vez obteve sucesso.

Sua visã o estava embaraçada.

Sentia dores... Sua mente estava confuso... Por um momento imaginou que estava em sua casa.

Fechou os olhos novamente e ao abri-los conseguia enxergar melhor e foi quando viu aquele cé u azul a itá -la.

Aimê ...

Abriu a boca para falar, mas sua voz nã o saia.

Ela conversava consigo, falava coisas como se ela estivesse acordada. Entã o nã o fora um sonho, havia algué m ali.

Sentiu a mã o dela sobre a sua.

Entã o tinham conseguido chegar à aldeia.

Observou o teto coberto de palhas, pelas aberturas viu que ainda era dia.

Percebeu que estava deitada em uma espé cie da cama, enquanto a Villa Real estava sentada sobre um tronco que
servia como banco.

Observava aquele lugar espaçoso e se recordava de quantas vezes dormira ali.

Viu a rede armada.

Como chegara ali? Apenas recordava de ter adormecido na canoa...

-- ... o que mais gosta de falar é sobre o fato de você ser uma princesa... – Exibiu um sorriso. – Fala que agora
també m sou uma, pois de acordo com as leis das tribos estamos casadas, unidas para sempre.

Diana mirou os olhos azuis...

Ela estava tã o linda... Se existia anjos, nã o havia dú vidas de que eles tinham aquela aparê ncia.

-- Antes você precisa fazer amor comigo para essa lei valer... – Sussurrou roucamente.

A Villa Real pareceu assustada ao ouvi-la.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A voz era baixa e chegou até pensar que se tratara de sua imaginaçã o.

-- Diana...

A Calligari sentia como se aquela garota invadisse seu ı́ntimo sempre que pronunciava seu nome.

Era como uma carı́cia... Viciante...

Pigarreou, pois sentia a garganta muito seca.

-- Acho que sim... – Esforçou-se para falar um pouco mais alto. – Acho que ainda sou a Diana...

Os olhos azuis pareceram ainda mais brilhantes, enquanto os dentes alvos se abriam em um sorriso.

-- Deus, você acordou! – Esboçava felicidade, enquanto se inclinava, abraçando-a.

A ilha de Alexander adorou senti-la tã o receptiva, ainda mais depois de ter ingido que a entregaria para aqueles
homens.

Respirou fundo sentindo o cheiro dela, os cabelos pareciam perfumados com rosas.

Nunca um abraço signi icara tanto para si.

O pajé e Piatã se aproximaram ao ouvir a voz entusiasmada da Villa Real.

-- Seja bem vinda ao mundo dos vivos, major. – O chefe pareceu feliz. – Sabı́amos que nã o sucumbiria tã o facilmente.

Aimê se afastou delicadamente, as bochechas estavam tingidas de vermelho. Sentia-se constrangida, tı́mida...

-- Nossa princesa nã o seria abatida tã o facilmente. – Piatã depositou um beijo em sua face. – Poré m você dançou
com a morte e acho que ela se apaixonou por seus olhos negros.

Todos sorriram da brincadeira.

Diana sentia um desconforto no corpo, estava muito fraca, mas també m sentia a vida pulsando forte dentro de si.

-- Acho que terã o que me suportar por um bom tempo... – Disse lentamente. – Tenho a impressã o que perdi todas as
minhas forças.

-- Disso nã o há dú vidas... – O pajé lhe deu um pouco de chá . – Perdeu muito sangue... Precisará recuperar as
energias. – Colocou a mã o sobre o ombro de Piatã . – Venha comigo buscar mais ervas e preparar algo para a major comer...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê , cuide da sua mulher na nossa ausê ncia. Mandarei que traga uma canja.

Os dois ı́ndios saı́ram entusiasmados, conversavam animadamente depois da boa surpresa que tiveram.

A Calligari observou-os se afastarem e logo voltou sua atençã o para a jovem de olhos da cor do cé u.

Estava limpa, seus trajes, mesmo um pouco surrado, nã o apresentavam a sujeira de antes.

Reconheceu as roupas.

Usava camiseta branca que valorizava os ombros magros, calça jeans preta que se moldavam perfeitamente a seu
corpo bonito.

Fitou o rosto...

Usava a costumeira trança...

Os lá bios estavam mais rosados do que antes...E sua face parecia pegar fogo.

-- Fico feliz que os canibais nã o tenham te comido... – Disse em tom de provocaçã o.

Aimê nã o estava mais sentada, agora permanecia de pé ao lado da cama improvisada.

-- Fico feliz que esteja bem! – Tentou ignorar o sarcasmo. – Pensei que nã o conseguiria. E aqui nã o há canibais,
princesa!

A Calligari sorriu.

-- Realmente essa tribo nã o tem esse costume...

-- Só você o tem, entã o... – Tateou, voltando a sentar no tronco.

Tinha uma sensaçã o de felicidade enorme em seu peito... Mesmo sabendo que tudo aquilo era um jogo de
provocaçã o que aquela mulher adorava jogar.

Fez uma prece silenciosa, estava grata por ela ter acordado... Temeu nunca mais ouvir aquele sarcasmo.

Nã o que alguma vez em sua vida chegara a desejar a morte de algué m ou algo ruim, poré m desde que conhecera a
morena, sentira tanta raiva como jamais sentiu em seus vinte e dois anos de vida.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aquela ı́ndia selvagem parecia gostar de provocá -la, de machucá -la, parecia adorar feri-la, mesmo assim, havia algo
maior, ela sentia e isso era assustador.

Diana parecia tentar descobrir o que ela estava pensando naquele momento.

-- Sua volta triunfal para casa vai ter que esperar um pouco, nã o tenho condiçõ es ainda para seguir até a vila.

-- Sim, eu sei, e nã o estou preocupada com isso, esperarei o tempo que for preciso, desejo apenas que melhore, que
se recupere...

A morena estendeu a mã o, tocando a dela.

Aimê pareceu um pouco assustada, mas nã o se afastou.

Macia...

-- Quando eu estava desacordada você conversava mais, agora parece um cordeirinho temeroso... Acha que devido
à s minhas origens você corre o risco de icar sem uma perna?

Aimê gargalhou, meneando negativamente a cabeça.

-- Nã o sou um cordeiro... E como sabia que conversava se estava desacordada? Nã o me diga que andou ingindo? –
Arqueou a sobrancelha esquerda.

As vezes era difı́cil para a pintora acreditar que a neta de Otá vio era cega, pois a intensidade daquele olhar parecia
dizer o contrá rio.

Tentou se ajeitar no leito, mas acabou esboçando um gemido de dor.

-- Nã o deve fazer esforço. – Aimê repreendeu-a. – Deve icar quieta.

-- Sabe o que eu preciso? – Fitava os dedos longos da jovem, fazendo uma espé cie de massagem em sua pele. –
Preciso da minha casa, da minha cama confortá vel, do meu cavalo... Da minha pintura...

-- Pintura? – Questionou surpresa. – Você pinta?

Aimê parecia chocada com aquela informaçã o.

-- Sim... E pinto muito bem...

-- Nossa... Sempre pensei que para ter esses dons artı́sticos seria preciso sensibilidade.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Diana riu alto do comentá rio e acabou se arrependendo ao sentir a dor.

-- Eu adoraria pintar você nua, seria um quadro magnı́ ico...

Aimê corou mais uma vez.

-- Eu jamais me prestaria a algo assim.

A Calligari nada respondeu, pois o sono a venceu novamente.

Aimê percebeu o que tinha ocorrido, entã o voltou a sentar ao lado dela.

Ainda tinha a mã o na sua, ainda sentia a força dela tã o presente...

A sensaçã o de felicidade só aumentava... Desejou abraça-la novamente... mas acabou icando apenas de mã os dadas
com a esposa.

A ilha de Otá vio permaneceu ao lado dela por todo o resto do dia e a noite. Apenas no dia seguinte, Diana
despertou novamente.

A Calligari a encarou.

Era estranho vê -la ali, parecia nã o se cansar de icar naquele lugar, segurando-lhe a mã o.

-- Por quê ? Nã o gosta de artes? Nã o haveria maldade alguma, apenas uma bela obra para ser apreciada.

A Villa Real sorriu ao ouvir a voz baixa.

Ansiara para que ela despertasse novamente.

O pajé chegou trazendo uma espé cie de sopa, já se ajeitava para ajuda-la, mas a jovem disse que conseguiria
sozinha, apenas pedindo que a ajudasse a sentar.

Ubiratã fez o que ela pediu, deixando a oca em seguida.

Aimê inicialmente icou confusa com as palavras, mas se recordou do que estavam a falar.

-- Nã o seria uma modelo boa e també m nã o con iaria em ser retratada por você .

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-- Deveria con iar, a inal estamos casadas!

-- Por favor, Diana, você mesma disse que aquele ritual nã o valeria nada.

A morena pareceu nã o gostar de ouvir aquilo, era como se fosse horrı́vel para a garota se imaginar em um
relacionamento consigo, logo ela tã o disputada por homens e mulheres, logo ela que todos desejavam conquistar.

-- Unhun... – ela esboçou um pequeno resmungo. – Se você diz...

Aimê sentiu a voz um pouco aborrecida, talvez fora um pouco arrogante ao se negar.

-- Conte-me sobre suas pinturas... – Pediu.

-- Apenas pinto...

A Calligari tocou a mã o dela.

Por que se sentia tã o angustiada quando se tratava da ilha de Otá vio?

Por que ela era ilha dele?

Acariciou os dedos longos e inos e se recordou de quando teve um deles em seus lá bios, em sua boca...

Sentiu um arrepio na pele.

Afastou a mã o, terminando de comer e logo voltou a dormir.

Na manhã seguinte Aimê despertou cedo.

Pediria a uma das ı́ndias para levá -la ao rio para banhar novamente. Na noite anterior fora e adorara a á gua.

-- Bom dia, mimadinha!

A Villa Real nã o escondeu o sorriso ao ser chamada daquele jeito.

-- Bom dia, princesa canibal! – Provocou-a. – Como se sente hoje?

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Diana a observou seguir até o banco, sentando-se.

Percebeu que ela nã o dormira ao seu lado na noite anterior, quando despertou descobriu que ela estava na rede.

-- Senti sua falta roncando no meu ouvido ontem...

Aimê corou.

-- Eu nã o ronco, deve ter delirado... Só pode..

Piatã interrompeu-as ao aparecer trazendo um recipiente de barro cheio de á gua.

-- Precisa de um banho, princesa, a menina Aimê a ajudará como sempre!

Diana encarou os olhos azuis.

-- Nã o se preocupe, ela sempre fez isso, quando estava desacordada era ela que cuidava dessa parte. – Colocou a
cuia e um pano nas mã os de Aimê e depois se afastou.

Permaneceram em silê ncio por interminá veis segundos.

O rosto da neta de Ricardo estava totalmente corado, enquanto tinha a cabeça inclinada para baixo.

Sim, ela cuidara da princesa, mas era diferente quando Diana estava desacordada.

A Calligari se ajeitou, sentando-se, apoiando as costas na oca, deixou que o lençol que a cobria caı́sse até a cintura.

Cerrou os dentes ao fazer o movimento...

Estava nua!

-- Pronto, Aimê , estou a sua disposiçã o.

A jovem mordiscou o lá bio inferior demoradamente... Hesitou... Seu olhar parecia perdido.

Era possı́vel ouvir o canto dos passarinhos, o barulho das pessoas se movimentando lá fora.

A Calligari a encarou, depois lhe tomou a mã o.

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-- Sente-se aqui! – Fê -la se acomodar na beirada da cama improvisada. – Imagino que só passa esse pano molhado
para retirar o suor e me refrescar... Nã o vai ser muito ú til, poré m aceito de bom grado sua boa vontade.

Aimê respirou fundo!

Estava trê mula quando molhou o pano e mais trê mula quando tocou naquela mulher.

Diana observava tudo com atençã o e tinha quase certeza de que a Villa Real evitava de todo jeito encostar na sua
pele.

Ela passou pelo pescoço, pelos braços e já seguia para o abdome quando a morena segurou-lhe o pulso, levando-o
até os seios.

-- Tenho suor entre eles...

Aimê mantinha a cabeça baixa, tendo o movimento está tico.

A Calligari retirou o pano, fazendo que as mã os da jovem pousassem sobre o colo bem feito.

A neta de Ricardo sentia a maciez e logo percebeu que os mamilos se enrijeceram diante do toque.

Umedeceu o lá bio inferior.

Usando o polegar, pareceu brincar com eles.

Diana mordeu o lá bio inferior diante da inocente carı́cia.

Sentiu a pele embrasada... Arqueou as costas, empinando-os mais. Estava fraca, mas mesmo assim o desejo por
aquela garota era mais forte do que qualquer coisa.

Encarava a Calligari

Aimê parecia encantada e també m perdida...

Continuava fascinada pelos mamilos...

Sentiu um incô modo no abdome que já se tornou conhecido para si.

-- Sã o rosados... – A Calligari sussurrou roucamente. – Por que nã o os descreve para mim? Faça como naquele dia...
Conheça-os...

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Aimê permanecia com a cabeça baixa, poré m diante daquele som baixo e excitante, os olhos azuis pareciam mais
estreitos ao mirá -la cegamente.

Inicialmente abriu a boca para falar, mas as palavras pareciam presas, mudas... Pigarreando, tentou novamente.

-- Sã o redondos como laranjas... poré m maiores... Estã o arrepiados... – Esboçou um sorriso nervoso. – Os biquinhos
nã o sã o grandes... mas sã o sensı́veis ao meu toque...

Diana segurou-lhe as mã os, conduzindo-as de forma a prolongar as carı́cias... Seu corpo, mesmo debilitado, estava
em verdadeiro fogo.

-- Precisam ser chupados para aumentarem de tamanho...

Aimê sentiu a face queimar... Levantando-se de forma tã o atrapalhada que quase caiu.

O canto esquerdo dos lá bios de Diana se desenhou em um sorriso frustrado.

Notava o quã o chocada a jovem estava, poré m sabia que havia mais coisas... Muito mais.

-- Nã o vai continuar?

A Vila Real parecia ter perdido a voz.

Sentia a boca seca, o coraçã o batia aceleradamente, tinha a impressã o que a qualquer momento cairia, pois suas
pernas nã o paravam de tremer.

Havia algo naquela mulher que a perturbava...

-- Eu... eu acho melhor que o faça sozinha... – Falou quando teve controle de suas faculdades.

-- O Piatã falou que você era responsá vel por essa parte.

-- Isso era quando você nã o podia. – Levantou o dedo em riste. – Agora já está boa.

-- Acabei de sair de um perı́odo em total iné rcia e ainda nã o tenho forças para nada.

Aimê parecia ponderar sobre isso, poré m continuava quieta, tendo os braços cruzados na altura dos seios.

Diana via o pé descalço dela batendo rapidamente no chã o batido.

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Sorriu, enquanto voltava a deitar.

Nã o estava bem, estava muito sonolenta e a ú nica coisa que desejava era poder descansar.

Fechou os olhos e nã o demorou a dormir novamente, tendo o corpo cheio de desejo pela ilha de Otá vio Villa Real.

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Capitulo 8 por gehpadilha

O dia fora de muita chuva.

Durante todo o dia a aldeia fora assolada por uma forte tempestade.

Nã o havia pessoas ao redor de fogueiras, apenas em suas ocas, protegendo-se da fú ria da natureza.

Era possı́vel ouvir o som das á rvores sendo balançadas pelo vento, era possı́vel ouvir seu gemido.

A noite já tomava conta e o aguaceiro nã o parecia desejar dar tré gua.

A oca estava na penumbra.

O pajé observava a o ferimento de Diana com atençã o.

A major voltou a ter febre naquele dia logo depois de ter sido banhada por Aimê .

A Villa Real se mantinha de pé , ainda trazia no rosto o corado.

Ficara grata por sua salvadora ter passado o dia dormindo, despertando apenas para comer, poré m nesse momento
Aimê nã o estava presente. Tinha saı́do com Piatã , o ı́ndio a levou para presenciar um ritual pró prio daquele povo. Sendo
assim, só o pajé icara com a Calligari.

Agora estava lá , de pé , tendo os braços cruzados sobre os seios.

Quando retornou icara sabendo que a morena tinha tido uma recaı́da.

Estava preocupada e se sentindo culpada por nã o ter icado ali para cuidar dela.

Um forte trovã o foi ouvido e a jovem teve um sobressalto.

Ubiratã a itou por sobre os ombros e percebeu que algo nã o estava bem com a ilha de Otá vio.

Voltou sua atençã o para a princesa.

Ela estava irascı́vel!

O mau humor pareceu ter voltado.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Ela estava de olhos fechados, mas os abriu ao ouvir o trovã o.

Os olhos negros se acostumaram com a penumbra e nã o demorou muito para ver a neta de Ricardo parada a alguns
metros.

Nã o voltou a vê -la desde cedo.

Sentira falta dela, ainda mais nas vezes que despertou e a procurou ao seu lado como era de costume.

-- Ainda está quente! A febre retornou!

A voz do pajé a tirou dos seus pensamentos.

-- Está doendo muito?

Diana desviou os olhos de sua esposa e encarou o homem que a itava de forma impaciente.

Fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Sim, incomoda muito... – Apressou-se em dizer.

O pajé estreitou os olhos de forma descon iada.

-- Espero que nã o tenha andado fazendo esforços desnecessá rios... Deve icar em repouso. – Repreendeu-a.

Aimê ouvia tudo e o rosto icava mais rosado.

-- Eu nã o aguento mais icar deitada, isso sim está me deixando doente...

O pajé levantou, aprumando as costas. Seu olhar demonstrava total desagrado.

-- Fique em repouso até que esteja bem... Quanto a você , Aimê , tente fazer a sua mulher ser menos teimosa.

O velho deixou a oca pisando duro, enquanto a Villa Real permanecia no mesmo lugar. Seu olhar denotava susto,
medo, receio, mas també m havia desa io.

Permaneceram em silê ncio durante alguns segundos.

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Diana estava pensativa, seu olhar recaı́a sobre suas mã os. Nã o estava totalmente deitada, mantinha-se sentada,
tendo o corpo coberto.

Levou a mã o ao lugar onde recebera o disparo, mais uma cicatriz para as inú meras que possuı́a... nã o só em seu
corpo, mas em sua alma.

Suas costas tinham muitas... a inal, fora chicoteada por Otá vio, enquanto icava presa em um tronco incado.

Um trovã o a tirou dos seus devaneios, o relâ mpago iluminou o rosto da Villa Real e por um momento Diana teve a
impressã o que nã o era os olhos da jovem, mas sim os do pai dela.

Respirou fundo!

Passou a mã o pelos cabelos.

Estavam longos...

Voltou a encarar a neta de Ricardo.

Ela jazia parada, mantinha os braços cruzados sobre o colo. Mesmo na penumbra conseguia ver a carranca que
estava entre as sobrancelhas inas.

-- Vai passar a noite toda aı́ como uma está tua? – Questionou-a impaciente.

Aimê nada disse durante algum tempo.

Estendeu a mã o em busca da rede, mas nã o encontrou.

Parecia confusa, pois sabia exatamente onde estava antes.

Continuou tateando, mas percebia que algo estava errado.

-- Hoje terá que dormir comigo! – Diana disse quando percebeu que a jovem já parecia desesperada.

-- Por quê ?

-- Porque somos casadas e como nã o posso icar na rede, você deve deitar aqui.

Aimê suspirou alto, deixava claro seu descontentamento.

Lentamente foi até a o lugar onde se acomodaria, tentando manter total distâ ncia.

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-- Sua tribo nã o se importa por uma mulher casar com outra? – A Villa Real indagou aborrecida. – Esse tipo de coisa
é normal para você s?

Diana nã o disse nada inicialmente.

Aquela pergunta a fez se lembrar de algo que sempre a perseguia.

Lentamente, mexeu-se, icando de lado, observando as sombras que faziam no rosto bonito.

-- Eu nã o sei... – Respondeu simplesmente, fechando os olhos. – Se tem tanta curiosidade, pergunte você mesma a
eles.

Aimê mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

Aquela mulher nã o cansava de ser grosseira?

Desejava falar sobre o que aconteceu de manhã , pois alguma coisa sucedera consigo naquele momento, poré m
temia que a Calligari agisse com seu costumeiro sarcasmo.

Levou as mã os à s tê mporas e começou uma massagem.

-- Diana... – Chamou de forma relutante depois de alguns segundos.

Nã o obteve respostas, imaginou que a outra estivesse a dormir, poré m depois de algum tempo ouviu uma pequena
movimentaçã o.

A Calligari abriu os olhos, encarando a jovem esposa.

Estendeu a mã o para lhe tocar a face, mas desistiu, fechando-a, recolhendo-a.

-- Durma, Aimê ! – Ordenou rispidamente. – Nã o estou muito sociá vel para conversar.

-- Desde que nos conhecemos nunca percebi você sociá vel comigo... Tenho certeza de que nã o gosta de mim... – Deu
um sorriso nervoso. – Bem, eu nã o sei o que te iz e quando penso no seu desagrado com a minha pessoa, ico imaginando que
nã o gosta de mim porque sou cega... Eu até entendo, a inal, se fosse algué m sem de iciê ncia, você nã o teria tido tantos
problemas para salvar...

A major parecia pensativa e surpresa com o que ouvia.

Suspirou!

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Quando toda a verdade fosse desvendada Aimê entenderia sua raiva, descobriria o motivo de odiá -la, perceberia
como o homem que via como santo nã o passava de um desgraçado miserá vel.

Sim, seria esse o dia mais feliz de sua vida, seria esse o momento que esperara durante anos quando fora acusada
das piores coisas, enquanto um maldito assassino recebia homenagens de todos, honrarias que nã o acabavam mais...

Quando todos soubessem quem fora Otá vio Villa Real, sua missã o teria chegado ao im e buscaria um pouco de paz
para sua vida.

Fechou os olhos e nada mais fora dito.

Algum tempo depois dormia, enquanto a neta de Ricardo permanecia quieta, sentindo em seu peito aquelas
descompassadas batidas.

Rezava para que tudo aquilo terminasse o mais rá pido possı́vel, rezava para que pudesse retornar para casa.
Deixaria para trá s todas aquelas estranhas lembranças, deixaria para trá s todos aqueles con litantes sentimentos que aos
poucos a deixava cada vez mais confusa.

Depois da forte tempestade, o sol surgia esplendido de manhã cedo.

O pajé fazia suas oraçõ es matinais em sua oca quando dois ı́ndios se aproximaram respeitosamente.

Ele os reconheceu, pertenciam a tribo da mã e de Diana.

Levantando-se, fez um gesto para que eles adentrassem a oca e foi quando viu quem os acompanhava.

Yana!

A bela jovem de cabelos intensamente negros e olhos castanhos nã o era uma ı́ndia qualquer. Aquela bela mulher,
quando adolescente, deixara a tribo com a Calligari. Na é poca tinham quinze anos quando foram contra as leis da tribo,
aquele fora a primeira vez que a ilha de Alexander sofrera castigos terrı́veis.

Começaram a falar em dialeto local.

Os trê s precisavam de alento, pois se perderam devido à chuva e por esse motivo pediam abrigos por uns dias.

Ubiratã sabia que nã o era uma boa ideia, mas nã o podia negar hospitalidade, isso seria uma ofensa a Tupã .

Assentiu, mas deteve Yana.

-- Nã o esqueça de que é casada e Diana agora també m é .

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A jovem esboçou um sorriso misterioso, enquanto se afastava.

Diana despertou cedo e icou observando Aimê deitada ao seu lado.

Estendeu a mã o, tocou-lhe a face e logo a jovem abriu os olhos, parecia assustada.

A garota sentou-se, levando a mã o ao peito, parecia sem fô lego.

-- Eu estava sonhando com meu pai...

-- Entã o foi um pesadelo... Um monstro...

A Villa Real se levantou em supetã o e acabou se desequilibrando, mas conseguiu levantar.

-- Por favor, Diana, como ousa falar isso do meu pai, o que ele te fez? – Questionou horrorizada.

A Calligari conseguia ver a má goa naquele olhar.

-- Você nã o tem ideia de quem é Otá vio Villa Real!

-- Ele é meu pai, Diana... – Disse com os olhos em lá grimas. – O homem que me protegeu de tudo e de todos...

Naquele momento a major desejou dizer tudo que aquele “heró i” izera contra si, poré m ainda nã o era o momento.

-- Eu nã o gosto que fale meu nome, tenho algo que me incomoda no seu timbre quando pronuncia.

Aimê pareceu confusa com o rumo da conversa.

-- Como devo chamá -la entã o? – Indagou com as mã os nos quadris.

A Calligari desviou o olhar.

Por que se sentia tã o angustiada quando se tratava da ilha dele?

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Por que ela era ilha dele?

-- Precisamos ir embora...

-- Nã o pode ainda, o pajé disse que seria perigoso...Deve ter paciê ncia...

Antes que pudessem falar mais alguma coisa, uma bela ı́ndia se aproximou.

Aimê permanecia em silê ncio até que uma voz feminina foi ouvida.

Diana icou surpresa ao ver Yana.

A bela ı́ndia fazia parte da tribo da sua mã e e fora por conta dela que a Calligari fora banida pela primeira vez da
tribo.

Recebeu o abraço da jovem e nem ao menos protestou quando teve a boca tomada em um beijo.

Ficou sem reaçã o durante longos segundos.

Aimê quase nã o entendia o que era dito, pois a maioria das palavras era falada no dialeto local, poré m era
percebı́vel o carinho que elas trocavam.

Estava se sentindo um pouco deslocada ali, entã o se afastou e nã o pareceu ser notada sua ausê ncia.

Nos dias que se seguiram o chefe parecia muito incomodado com a proximidade de Yana, até mesmo chegara a
repreender a presença dela ao lado da Calligari, pois a visitante praticamente assumiu toda a responsabilidade de cuidar da
morena e nã o a deixava sozinha por um ú nico segundo.

Os comentá rios já surgiam e ele sabia que isso nã o era algo bom.

Diana desonrava sua tribo e pior, desonrava o casamento com Aimê .

Nã o demoraria muito para Tupã aparecer naquele lugar e armaria uma verdadeira guerra.

Era noite de lua cheia...

Mais alguns dias se passaram...

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Aimê estava sentada em um banco enquanto ouvia o som dos tambores, sabia que os ı́ndios estavam a dançar ao
redor da fogueira, Piatã descrevera para ela como eles faziam.

O bom ı́ndio estava ao seu lado, ele se tornara uma boa companhia.

Ouvia os risos das crianças e imaginavam se continuavam a observá -la com aquela expressã o curiosa.

Ubiratã se aproximou e fez um gesto para que Piatã os deixasse.

O homem se afastou.

-- A menina Aimê parece perdida em seus pensamentos!

A voz do pajé a tirou de sua distraçã o.

Naqueles dias que estavam ali, ele nã o costumava se aproximar, trocaram poucas palavras.

-- Estava apenas ouvindo... Gosto de sentir a alegria das pessoas.

O chefe observava os olhos que brilhavam muito, mesmo nã o tendo luz.

Ela estava sentada sobre uma pedra e o chefe se acomodou ao seu lado.

Tomou-lhe as mã os nas suas.

-- Desde que a vi percebi algumas coisas em você ...

O rosto da Villa Real denotou surpresa.

-- Você nã o foi sequestrada por aqueles homens, você estava buscando resposta para o que se passou com seu pai.

-- Como sabe disso? – Indagou perplexa.

-- Eu apenas sei... – Tocou-lhe a face. – Escute o que te direi: Esse passado que você está buscando nã o lhe fará bem.
Viva a sua vida e deixe as coisas como estã o.

-- Como posso deixar as coisas como estã o? – Indagou irritada. -- Meu pai era um homem digno, honrado que vivia
por seu paı́s, vivia por mim... Eu estava com ele quando sofreu o atentado, eu iquei cega naquele dia. – Disse emocionada.

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Ela nã o conseguia se esquecer desse momento, vivia perturbada com tudo o que ouviu dos sequestradores.

O pajé levantou-se.

-- Vá até a Diana, ique ao lado dela! – Ordenou demonstrando impaciê ncia.

-- Eu nã o quero icar perto da Diana!

A ilha de Otá vio estava chateada, mesmo que nã o ousasse admitir isso. Desde que a ı́ndia chegara, nã o voltou a se
aproximar da esposa e tinha quase certeza de que a Calligari tinha algum tipo de relacionamento amoroso com a tal de Yana.

Sentia-se grata a Piatã , pois ele a aceitou em sua oca quando fora expulsa pela amiguinha da major.

-- Nã o esqueça que pelas nossas leis você s estã o unidas.

-- Nã o tenho vı́nculos nenhum com ela!

-- Desrespeita nossos costumes! – O chefe pareceu aborrecido. – As duas desrespeitam!

Aimê pareceu ponderar durante alguns segundos.

-- Jamais tive essa intençã o, apenas nã o posso ter nenhum tipo de amizade com algué m que me trata mal, que é
sempre arrogante e cruel...

O pajé nada disse, apenas se afastou, seguindo até a oca onde a morena ocupava.

Ao entrar encontrou Diana deitada e a ı́ndia lhe beijando os lá bios de forma ousada.

-- Yana!

A voz irme assustou a ı́ndia.

-- Entã o foi para isso que você veio? Para trazer uma guerra novamente para o meu povo? – Acusou-a.

A Calligari apoiou-se nos cotovelos.

Sentia-se bem melhor, seu corpo parecia recuperar a força dia apó s dia.

-- Nã o houve nada! – Ela disse de forma calma. – Nã o está vamos fazendo nada de errado.

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O pajé lhe enviou um olhar mortal.

-- Saia daqui Yana e amanhã mesmo desejo que deixe a minha tribo, volte para seu povo, para o seu homem!

A ı́ndia olhava para a Calligari, poré m acabou deixando o lugar.

Diana nã o pareceu se importar muito com a explosã o, sentando-se.

-- As vezes eu penso quantas vidas teriam sido poupadas se eu nã o tivesse te recebido em minha tribo. – Disse
quando icaram sozinhas.

-- Nã o pedi para que me aceitasse e jamais desejei fazer parte dos costumes que você s seguem. – Retrucou irritada.
– Gostaria de nunca ter vindo aqui...

O chefe estreitou os olhos de forma ameaçadora.

-- Duas vezes você causou a morte do meu povo e eu nã o permitirei que se repita.

-- Em menos de dois dias deixarei a aldeia e prometo nunca mais retornar.

O pajé chegou mais perto e lhe apontou o dedo em riste.

-- Sim, princesa, você deixará a aldeia, poré m antes vai se redimir diante da sua mulher! Ela está humilhada diante
de todos... Você a tirou de sua oca para dar lugar a outra!

O que ele queria que ela izesse?

Aimê nã o retornou e se ela fez assim é porque nã o desejava icar perto.

Aquilo a deixara muito chateada, mesmo nã o admitindo.

A Calligari tentou levantar, mas o fez de forma tã o brusca que sentiu tonta, voltou a sentar.

-- Tupã quase me obrigou a casar com Otá vio e para pagar uma dı́vida que nunca tive, izeram-me desposar a ilha
do homem que mais odeio em todo o universo para retratar a minha negativa!

Ubiratã sempre fora contra aquilo, mas nã o pô de fazer nada na é poca.

-- Palavras precisam ser cumpridas! Entã o você cumprirá ! – Retrucou calmamente.

-- Está louco? Nã o basta ter me prestado a esse circo ridı́culo?

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-- Você nã o tem mesmo respeito por seu sangue! – Bateu com o cajado no chã o. -- Você acha que tratar mal e
desrespeitar a Aimê diante de todos é algo bom? Você é uma princesa, deveria honrar a sua tribo, deve respeito a eles!

-- Respeito? A minha mã e foi morta pela tribo que a proclamou uma espé cie de rainha, eu fui jogada por eles no
meio da selva para morrer...

-- E eu a protegi, cuidei de ti e o que você me deu de volta? – Suspirou. – Se deseja sair dessa tribo e voltar para o
seu mundo una-se a sua mulher.

-- E se eu nã o o izer? –Levantou a cabeça em forma de desa io. – Enoja-me só em pensar em tocá -la, tenho ná useas
quando me lembro de quem ela tem o sangue dele. – Mordiscou o lá bio inferior demoradamente. – Nã o terei nada com ela!

-- Entã o vai ter que matar todo mundo para deixar esse lugar.

Diana observou o chefe se afastar e icou a pensar o que faria agora.

Praguejou alto em seu legı́vel portuguê s.

Jamais aceitara os costumes daqueles povos primitivos, jamais viveria em um lugar onde se tem regras tã o
in lexı́veis.

Quando fora levada para a tribo da sua mã e, fora rejeitada e banida para viver em meio ao mato.

Na é poca era apenas uma criança, mas aos poucos fora descobrindo como aquelas pessoas podiam ser crué is.

Sua mã e passara anos da sua vida sendo julgada por ter se envolvido com Alexander e morrera por esse motivo.

Irritada, levantou-se.

Maldita mimadinha!

Naquele momento desejava matá -la!

Ela nã o tinha nada que ter reclamado, era uma maldita miserá vel igual ao pai.

Sentiu-se tonta, mas era normal devido passar muito tempo deitada.

Vestiu-se!

Caminhou a passos lentos parando para observar as danças que estavam ocorrendo naquele momento.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Seu olhar foi atraı́do por lindos e penetrantes olhos azuis.

Aimê estava sentada a uns quinze metros, tinha o olhar voltado em sua direçã o.

Nã o tivera mais contato com ela e vendo-a agora era como se algo estivesse preso dentro do seu peito, uma raiva
ameaçava explodir.

Era igual ao maldito Otá vio, fazia-se de vı́tima para que tivessem pena dela.

Lentamente caminhou até onde ela estava, parado de pé diante da jovem, observando-a de forma arrogante.

Tomou-a pelos ombros, levantando-a.

A Villa Real pareceu assustada.

Sabia que era ela, sentia-a com uma intensidade destruidora.

-- Diana... – O nome saiu como um sussurro.

A princesa esboçou um perigoso sorriso desdenhoso.

-- Você tem certeza de que é uma maldita cega?

A neta de Ricardo tentou se desvencilhar das mã os que a prendia, mas foi em vã o sua tentativa.

-- Ah, nã o, você agora vem comigo, mimadina!

Aimê nã o teve tempo de protestar, pois foi arrastada, diante dos olhares curiosos de todos.

Nã o foram longe.

Diana seguiu caminhando por entre as á rvores, pressionando-a contra uma.

-- Está louca!? – A Calligari falou ao sentir as costas pressionadas violentamente contra a madeira.

Há dias nã o se falavam e de repente aquela mulher vinha com toda aquela fú ria.

Louca!

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-- Foi reclamar para o pajé da forma que te trato? – Apertou-a mais forte. – Pensa que é quem para desejar um
tratamento melhor? Acha que só porque izemos parte daquela palhaçada, você realmente tem algum signi icado para mim? –
Gargalhou de forma sarcá stica. – Você acha que realmente é a minha esposa? – Debochou.

Aimê tentou empurrá -la, mas a morena era uma mulher bastante forte e sua posiçã o era mais favorá vel.

-- Eu nã o falei nada e també m nã o me importa a forma que o faz, pois logo que sairmos desse lugar, nunca mais irei
cruzar contigo... Quanto a ser sua esposa... Nã o gosto de mulheres e se gostasse, jamais gostaria de uma como você .

Diana estreitou os olhos de um jeito tã o ameaçador que qualquer um se afastaria assustado.

-- Pela maldita lei da tribo você é minha mulher! – Mirou o desa io nos olhos azuis. – Ló gico que se fosse para eu ter
escolhido, você jamais seria algué m com quem eu me casaria. – Observou que agora havia indignaçã o. – Nã o me interesso por
menininhas mimadas, por criancinhas idiotas e iludidas.

Mais uma vez Aimê tentou se livrar do contato, outro fracasso.

-- Esse casamento nã o tem nenhuma importâ ncia para mim... Jamais teria algo com um ser desprezı́vel como você . –
Tentou empurrá -la novamente, mas foi contida. – Solte-me, sua detestá vel! – Falou um pouco mais alto.

Diana estava ainda mais furiosa pela forma que a jovem falava consigo.

Ningué m falava com ela daquele jeito!

Aproximou os lá bios do ouvido da Villa Real.

-- Pois mesmo que para ti nosso casamento nã o tenha importâ ncia, para essas pessoas estamos unidas para
sempre... – Baixou mais o tom de voz. – Entã o, mimadinha, prepare-se, pois antes que o sol nasça, nosso enlace será
consumado... Antes que o sol nasça eu a tomarei como se o faz com uma prostituta!

A Calligari mirou a face iluminada pelo luar e viu a palidez tomar conta daquele rosto bonito.

Conseguiu segurar a mã o que tentou desferir um golpe contra si.

-- Eu pre iro morrer antes...

A pintora estava tã o brava que parecia que um gê nio do mal tomara conta do seu corpo.

Os olhos negros exibiam um humor cruel.

Rasgou-lhe a blusa, deixando o sutiã à mostra.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A Villa Real tentou empurrá -la, mas teve os lá bios tomados violentamente.

Aimê cerrou os dentes.

Diana a pressionou contra a á rvore, colando os corpos.

Sentiu quando as unhas cravaram em seu ombro, entã o afastou a boca.

A Calligari pousou as mã os sobre os seios pequenos, buscando-os atravé s do tecido e quando seus dedos
encostaram-se a eles sentiu uma corrente elé trica passando por sua espinha.

Aproveitou que a jovem abria a boca para protestar e dessa vez conseguiu acesso em seus lá bios.

A boca dela era inigualá vel... macia, mesmo quando mordia...

Afastou os lá bios...

Observou os olhos azuis cheios de raiva...

Diana colou-se mais a ela...

Estava excitada, louca para satisfazer o corpo que a queria... A combinaçã o de raiva com paixã o a estava deixando
totalmente descontrolada, coisa que há tempos nã o acontecia, na verdade jamais aconteceu daquele jeito.

Colocou a coxa em meio à s dela, roçando em seu sexo de forma grosseira... Ousada... Deliciosamente dominadora.

A jovem Villa Real parecia presa em um encanamento...

Gemeu quando os seios foram instigados.

A pintora rudemente soltou os botõ es da calça, tocando o tecido macio da calcinha.

Aimê pareceu ter um lapso de consciê ncia, tentando afastar a princesa, mas Diana nã o costumava parar naqueles
momentos.

-- Solte-me!

-- Nã o, mimadinha! – Sussurrou em seu ouvido. – Você reclamou ao pajé pelo tratamento que te dava... – dizia sem
fô lego – agora nã o terá mais do que reclamar... – Segurou-lhe os braços que começava se debater.

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Aimê se sentia fraca...

Mordiscou o lá bio inferior quando recebeu os beijos no pescoço.

Havia algo de errado... Algo estava terrivelmente errado...

-- Eu vou gritar...

Diana pareceu nã o se importar, enquanto contornava o biquinho dos seios rosados com a lı́ngua.

Desde que a viu nua, sentiu uma desejo incontrolá vel de prová -la, de sentir o sabor e agora seu corpo queimava de
paixã o.

-- Grita... Acho que isso vai me fazer parar? – Mirou os olhos azuis. – Deixe-me beijar seus lá bios...

-- Nã o...

A noite estava escura, mas as fogueiras faziam sombras, deixando a face da Villa Real iluminada.

-- Nã o entende que quanto mais se debate, mas eu quero... – Agora a boca toda tomou o colo.

Aimê fechou os olhos...

Nunca em sua vida seu corpo fora assolado por um desejo tã o intenso, um prazer tã o destruidor a ponto de rendê -
la à quela odiosa mulher.

Ouvia a respiraçã o acelerada e nã o sabia de quem era...

Havia um misto de dor e prazer que aquela boca proporcionava.

A Calligari invadiu a calcinha e cerrou os dentes ao sentir como sua jovem esposa estava ú mida e quente.

Ela estava excitada! – Surpreendeu-se.

Aimê aproveitou a distraçã o da pintora para empurrá -la forte, levando-a ao chã o.

Diana gemeu como impacto que afetou o ombro.

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-- Eu jamais teria algo com algué m como você , jamais permitirei que me toque e se tentar novamente, eu a matarei.
– Tentava cobrir o busto. – Que espé cie de ser humano é você ? Um monstro, é isso que você é ...

A morena nã o respondeu, pois massageava o ferimento que latejava.

A Villa Real arrumou a calça e icou algum tempo parada, tentando se guiar pelo som.

Logo, entre tropeços, se afastava.

Sentia o sangue correr mais rá pido por suas veias, sentia uma vontade enorme de partir para cima daquela mulher
e arranhá -la até feri-la o su iciente para vingar sua raiva.

A Calligari observou-a partir e nada fez.

Permaneceu onde estava, parecendo buscar acalmar o pró prio ı́ntimo.

Ficara tã o irritada com a discussã o que teve com o pajé que precisou descontar nela, mas jamais imaginou que seu
corpo reagiria daquele jeito, nã o pensou que acabaria se descontrolando.

O que tinha Aimê Villa Real que a fascinava tanto?

Nã o era segredo que a odiava como a todos daquela maldita famı́lia, poré m nã o era só isso...

Massageou o ombro, levantando-se.

Gemeu ao sentir o ferimento reclamar.

Precisava se cuidar se desejava deixar aquele lugar.

Seu foco era ir embora o mais rá pido possı́vel, entregar a maldita mimadinha e fazer Ricardo confessar diante de
todos as atrocidades feitas pelo maldito Otá vio. Só assim recuperaria a honra que lhe fora manchada, só assim recuperaria
um pouco de tudo que lhe fora tomado.

Passou a mã o pelos cabelos em desalinhos.

Mordiscou o lá bio inferior e icou irritada ao sentir o sabor dela...

Praguejou alto.

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Ouviu passos e ao levantar a cabeça se deparou com o pajé .

-- Acha que se comportando assim você vai conquistar a mulher que ama? – Questionou calmamente.

A morena sorriu de forma sarcá stica.

-- Realmente os anos estã o tirando a sua sabedoria! – Disse com as mã os nos quadris. – Eu odeio todos os Villa Real!
– Cuspiu. – Eu odeio Aimê !

-- Nã o, princesa, e logo perceberá isso e vai sofrer muito por sua forma arrogante de agir...

-- Nã o se preocupe, isso nã o vai acontecer! – Já se afastava, quando a voz do chefe a deteve.

-- Amanhã mesmo você pode seguir seu caminho... A uniã o de você s já foi consumada!

Os olhos negros denotavam confusã o, mas ela preferiu nã o falar mais nada.

Seguiu em direçã o à oca e percebeu que os ı́ndios já tinham parado os batuques e já seguiam para o descanso da
noite.

Procurou Aimê e nã o viu sinal dela, decerto tinha se recolhido també m.

Encontrou Piatã .

-- Algum problema? – Indagou vendo a expressã o pesarosa do velho.

-- Nã o, estava com a menina e precisei dar um chá para fazê -la se acalmar!

A Calligari nada disse.

-- Ela é uma jovem muito boa, tem uma á urea de paz...

Diana suspirou impaciente.

-- Vou deitar, pois amanhã mesmo iremos embora para a vila. – Tocou-lhe no ombro. – Descanse!

A Calligari seguiu seu caminho e icou surpresa ao ver quem dormia encolhida em sua cama improvisada.

Pensou em ir embora, mas acabou icando ali, observando-a, sentindo a presença daquela garota que a perturbava
tanto.

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Lá grimas a traı́ram...

Seus olhos choraram... Copiosamente seu rosto foi lavado...

Cobriu a boca para conter o soluço...

Por que havia uma nova dor dentro de si?

Tirou o colete, em seguida se deitou ao lado dela.

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Capitulo 9 por gehpadilha

No dia seguinte Aimê fora despertada por uma ı́ndia que a ajudou a se arrumar e logo Piatã veio buscá -la para
seguirem viagem.

Ela icou surpresa, mas nada disse e tampouco questionou sobre a Calligari.

Ainda sentia a raiva pelo que aconteceu na noite passada, ainda se sentia assustada pelo ataque que sofrara.

Selvagem!

Sim, agora percebia que nã o havia traços de civilidade naquele perverso e grosseiro.

Diana esperava de forma impaciente.

Nã o tivera uma noite boa. Na verdade pouco conseguiu dormir, pois seu cé rebro fora assolado por lembranças e por
julgamentos.

Apoiou o pé sobre a pedra. Puxava o zı́per da bota quando ouviu passos. Entã o, levantando a cabeça viu quando a
Villa Real saiu da oca acompanhada do velho ı́ndio e viu quando o pajé se aproximou, sussurrando algo para a jovem e em
seguida colocando um objeto em suas mã os.

Observou o sorriso alvo se abrir e os olhos azuis se estreitarem em alegria.

Suspirou irritada.

Por que aquela garota conseguia lhe tirar do sé rio?

-- Nã o temos todo o tempo do mundo! – Esbravejou.

Aimê ouviu a voz aborrecida e conhecida.

Ainda sentia as batidas do coraçã o acelerarem.

Abraçou o chefe e segurando a mã o de Piatã seguiu até a morena.

O pajé se aproximou e deu um abraço na Calligari.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Cuide da Aimê ! – Sussurrou em seu ouvido. – Deixe que ela cuide de você també m!

Diana relanceou os olhos em sinal de irritaçã o, mas nada disse.

Ela deu as ordens e nã o demorou muito para deixarem a aldeia.

Dois ı́ndios seguiam na frente, Diana no meio e Piatã caminhava guiando Aimê por meio a grande vegetaçã o.

O percurso estava sendo feito em silê ncio, apenas os sons da natureza podiam ser ouvidos.

Vez e outra a morena olhava sobre os ombros e percebia o quã o compenetrada parecia estar a herdeira de Ricardo.

O velho ı́ndio a conduzia com cuidado, paciente, buscava todas as formas para que a jovem nã o tropeçasse ou
acabasse caindo, coisa que a Calligari nã o se importava muito em fazer.

Na verdade, Diana agia como desejava sem se importar se isso era ou nã o prejudicial aos outros.

Com o passar do tempo e depois de tudo o que viveu se tornou um ser humano bastante egoı́sta, insensı́vel aos
problemas alheios, sempre centrada em um dia ter sua vingança.

Quando o noivo fora morto ela nem esteve presente no funeral, pois estava presa por aqueles homens. Depois que
conseguira fugir perseguira alguns deles, mas ainda nã o estava terminado. Havia outros para acertar contas consigo.

Essa era uma das razõ es da morena está sempre viajando, sempre buscando cada um dos membros daquela
quadrilha de bandidos.

Fitou novamente a ilha do maldito Otá vio e pensava se a con issã o de Ricardo sobre os crimes bá rbaros que o ilho
cometeu seria su iciente para amenizar sua fú ria.

Depois de um bom tempo de caminhada os ı́ndios que seguiam na frente pararam abruptamente.

Diana fez um sinal para Piatã e seguiu até onde os dois estavam.

Aimê parecia confusa.

-- A major pediu para que icá ssemos aqui! – Levou para trá s de uma á rvore, agachando junto com ela. – Temos que
esperar.

-- Mas o que se passa? – A jovem questionou nervosa. – Onde está a Diana?

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-- Seguiu com os outros, acho que viram alguma coisa.

A Villa Real estava assustada, ainda mais porque temia que algo de ruim voltasse a acontecer com a Calligari.

Mordiscou o lá bio inferior apreensiva.

Tentava apurar os ouvidos, mas o silê ncio era total, até mesmo os animais estavam quietos.

-- Acho melhor você ir até ela, eu ico aqui, nã o tenho problemas de icar sozinha.

Piatã esboçou um sorriso.

Mesmo depois de tudo o que se passou a ilha de um homem tã o cruel demonstrava um amor intenso e puro por
algué m tã o irascı́vel como Diana.

-- Nã o, menina, icarei aqui para te proteger, essa foi a ordem que recebi.

Aimê ainda pensou em retrucar, mas sabia que era raro algué m ir contra o que a princesa ı́ndia dizia.

Suspirou de forma impaciente.

Poucos minutos se passavam, mas era como se já tivesse sido horas.

Ouviram um barulho de tiros e logo tudo voltou a icar agitado.

Aimê sentia o coraçã o bater tã o acelerado que temia sofrer um infarto, entã o ouviram passos.

-- Podem sair!

A garota sentiu um alı́vio imenso quando ouviu aquela voz rouca e forte, mesmo que fosse tã o sonoramente
arrogante.

Piatã a ajudou e seguiram até a ı́ndia.

-- Tive que matar a onça, nã o terı́amos como passar sem ser atacada, ela partiu para cima do Buriti!

-- Deus! – A Villa Real exclamou. – Mas ele está bem? – Indagou preocupada.

-- Está ! – Diana respondeu sem dá muita atençã o. – Vamos embora! – Bebeu um pouco de á gua. – Nã o desejo me
demorar mais.

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Continuaram a caminhada, parando apenas para um lanche rá pido e ao anoitecer já avistaram uma clareira para
passar a noite.

Comeram em silê ncio.

Dormiriam sob o cé u estrelado e tinham sorte de nã o chover, pois nã o teria como se proteger.

-- Eu e Ubirajara montaremos guarda! – Piatã disse se levantando. – Major descansa e cuida do ferimento que
voltou a sangrar.

A morena nada disse.

Tomava seu café , enquanto itava a fogueira.

Tinha as costas apoiada em uma á rvore e as pernas esticadas.

Aimê estava ao seu lado e parecia concentrada em seus pensamentos, o outro ı́ndio já dormia, enquanto os que
fariam a guarda já tomavam seus postos.

Diana pegou a mochila para pegar o kit de primeiros socorros e sua mã o acidentalmente roçou na da Villa Real.

Os olhos azuis se voltaram para si.

Brilhantes, penetrantes e assustados.

A Calligari a ignorou, depois se livrou do colete e da camiseta, icando apenas com o sutiã .

Fitou o abdome e viu o sangue.

Realmente o curativo estava encharcado.

-- Preciso que me ajude!

Aimê pareceu distraı́da.

-- Está falando comigo?

Diana praguejou baixo.

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-- O que quer que eu faça? – Questionou relutante.

-- Nã o conseguirei fazer o curativo sozinha e tampouco cuidar, pode fazer isso para mim?

A jovem fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Apenas guie minha mã o até a ferida e me passe o material.

-- Ok!

A Calligari a tomou pela mã o, fazendo-a se posicionar em meio as suas pernas.

A Villa Real ajoelhou-se.

Diana entregou-lhe o antissé ptico e o algodã o, depois lhe tomou a mã o macia e delicada levando até o ferimento.

A neta de Ricardo sentiu um arrepio percorrer a espinha com o toque irme dela, mas tentou ignorar, enquanto
começava os cuidados.

Nã o tinha como ignorar o corpo irme...

Mordeu o lá bio inferior, enquanto tentava se concentrar.

Diana sentia a delicadeza dos dedos longos e sua mente imaginava como seria maravilhoso usá -los de outra forma.

Olhou para cima tentando nã o se enfeitiçar.

O cé u estava claro, cheio de estrelas...

Voltou a encarar a jovem.

Mirou os lá bios rosados entreabertos, o azul brilhante e perdido, o nariz ino, mas que denotava teimosia.

Lembrou-se de como era gostoso sentir aquela boca colada a sua... Imaginou-a explorando sua pele...

Inconscientemente soltou um gemido.

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-- Desculpe-me, nã o quis machucá -la!

A voz doce lhe tirou de seus devaneios.

Corou!

-- Continue! – Ordenou.

A Villa Real assentiu, retornando ao serviço e tentando se concentrar, pois havia algo naquela mulher que lhe
embaraçava os sentidos, havia algo no cheiro dela, na voz que a perturbava demasiadamente.

Nã o podia negar que estava bastante magoada pelo tratamento que recebera na noite passada, mesmo assim era
como se nã o conseguisse sentir raiva, pelo menos nã o era algo que durava.

Por que se sentia assim?

Seus dedos tateavam e pareciam em brasas diante do contato.

Mordiscou o lá bio inferior mais uma vez.

-- Creio que já está limpo!

Diana pegou o esparadrapo e os gases, entregando-lhe.

Nã o demorou muito para tudo está pronto, mas quando Aimê fez mençã o de se afastar, ela a deteve pelo pulso,
mantendo-a junto a si.

-- Precisa de mais alguma coisa? – A jovem questionou descon iada.

-- Sim! – Trouxe-a tã o pró xima de si que era possı́vel sentir o há lito refrescante.

-- Diga-me e eu farei! – Falou prestativa.

-- Fará o que eu pedir...? – Indagou em voz baixa

-- Sim...

A Calligari delicadamente colou a boca a dela, segurando-a para nã o permitir que ela se afastasse.

Inicialmente a ilha de Otá vio cerrou os lá bios evitando o contato, poré m dessa vez a morena usou um mé todo
diferente. Nã o foi grosseira, mas provocante, sensual...

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Usando a ponta da lı́ngua ela contornou a pele rosada, em seguida chupou o lá bio inferior, depois o superior até que
a jovem acabou cedendo, permitindo a passagem.

As bocas se uniram delicadamente, explorando-se, encontrando-se...

A primeira vez que Aimê participava da carı́cia

Ouvia-se o barulho, o estalado, o sugado, o chupar...

Diana soltou-lhe o pulso e sem deixar de beijá -la, levou as mã os até os seios redondos, buscando sob a blusa o
contato com a pele.

Ela nã o usava sutiã e isso deixou a morena ainda mais excitada.

Os mamilos responderam ao contato rapidamente, eriçados pareciam implorar por serem acariciados.

Aimê gemeu contra a boca da Calligari e logo pareceu recordar a consciê ncia, afastando-se, baixando a blusa e
empurrando as mã os atrevidas.

-- Chega! Nã o basta o que me fez ontem?

Diana passou as mã os pelos cabelos, pareciam constrangida, mas també m ainda mais desejosa.

Pensou em ir até a jovem e trazê -la de volta para si, mas sabia que a Villa Real lutaria e nã o demoraria a todos
estarem vendo a discussã o.

Observou Aimê se levantar.

-- Ontem eu perdi a cabeça... Estava brava...

-- Acha que isso justi ica seus atos? – Perguntou calmamente, com as mã os na cintura. – Está sempre agindo como
uma selvagem... E grosseira... Cruel...

A Calligari estreitou os olhos.

-- Tem certeza de que nã o gostou do que se passou ontem? – Exibiu um sorriso cı́nico. – Eu tenho certeza de que
você gosta, nã o sei por que nega tanto! Eu até entendo que deveria ter sido mais delicada, mas mesmo com toda a brutalidade
eu senti sua resposta.

A Villa Real parecia indignada.

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-- Eu já te avisei para nã o voltar a me tocar. – Dizia gesticulando o indicador. – Nã o sabe agir de forma diferente?
Primeiro me trata mal, é uma carrasca e depois acha que tem direito de me beijar e...e... Fazer essas coisas! Você realmente é
um ı́ndia selvagem, uma canibal como costuma propagar a todos...

Diana se levantou, segurando-a pelos ombros.

-- Nã o deve esquecer que é minha mulher, que estamos unidas e acredite, meu bem, eu como princesa, posso tomá -
la à força a hora que eu quiser e nã o terei que dar satisfaçã o para ningué m, mas prometo que quando chegar o momento serei
boazinha...

A jovem afastou-se com um safanã o.

-- Estou pouco me importando para essa sua tribo e tampouco para o fato de você ser princesa para esse povo... Em
mim nã o tocará ! – Falou mais alto.

-- Ah, sim, vou tocar sim e vou fazer mais do que tocar e você ainda vai implorar para eu te comer bem gostoso e
quem sabe eu nã o pense em seu caso!

Aimê icou tã o indignada que de forma cega, partiu para cima da pintora.

A morena foi rá pida em se livrar da investida, mantendo uma distâ ncia segura para nã o acabar se ferindo.

Depois conseguiu detê -la, abraçando-a por trá s.

-- Nã o vejo a hora de chegar à civilizaçã o e me livrar dessa animosidade, dessa sua selvageria! – A Villa Real falava
sem fô lego. – Pode nã o ser ı́ndia na cor, nos traços, mas na forma de agir é ainda pior do que os seres primitivos!

A jovem se debatia nos braços da major, tentando se livrar das amarras.

Piatã ouviu os brados e se aproximou, interpondo-se entre as duas mulheres, pois percebia que os â nimos estavam
bastantes exaltados.

-- O que se passa? – Indagou em voz baixa. – Vã o despertar os espı́ritos da loresta. – Repreendeu-as.

Aimê pareceu constrangida e logo voltou a ocupar o lugar de antes.

Diana ainda a encarava com olhar ameaçador.

-- Fique aqui, eu icarei de guarda! – A morena disse, afastando-se.

Piatã nada disse, pois conhecia bem aquela mulher, sabia como ela era irredutı́vel em suas palavras, como era
in lexı́vel em suas atitudes.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Observou a neta de Ricardo se encolher, enquanto ela se deitava.

Pegou uma coberta, entregando-lhe.

-- Descanse, menina, pois amanhã o dia será longo, mas logo chegará a sua casa.

Aimê esboçou um sorriso terno, enquanto fechava os olhos e buscava acalmar o turbilhã o de emoçõ es que se
apossara de si.

Por que Diana Calligari cruzara o seu caminho?

Jamais em sua vida se sentira tã o afetada, jamais fora tã o instigada ao seu limite do controle como desde que
começara a conviver com aquela mulher.

Todos que conheciam a Villa Real sabiam o quã o agradá vel, educada, doce e paciente ela se mostrava, sempre fora
elogiada por seu jeito meigo de agir e nunca precisara se esforçar para isso, ao contrá rio, aquela personalidade era sua desde
quando era uma criança.

Assim que chegassem à cidade, agradeceria por ter sido resgatada e nunca mais voltaria a encontrar aquele ser
terrı́vel.

Enquanto esse momento nã o chegava, tentaria manter total distâ ncia, nem mesmo lhe dirigiria a palavra e
tampouco icaria sozinha com ela, pois nã o con iava...

Mordiscou o lá bio inferior tã o forte que só aliviou ao sentir o sabor do sangue.

O que estava acontecendo consigo?

Os seios ao contato com a blusa estavam doloridos, pareciam agonizantes, desejantes daquele toque grosseiro.

Os mamilos ainda estavam eriçados e por uma fraçã o de segundos ela se permitiu recordar de quando os lá bios
crué is se apossaram deles, de quando a lı́ngua arisca lhe dominava.

Seria aquela mulher que todos diziam ser princesa algum tipo de feiticeira?

Diana se embrenhava pela mata escura observando atenciosamente os sinais da natureza.

Se antes estava cansada, desejando apenas dormir um pouco, depois do que se passara com a Villa Real, ela estava
elé trica, precisando de algo para gastar as energias.

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Estava dividida entre o desejo e a fú ria!

Se Piatã nã o tivesse aparecido ela teria mostrado para a ilha do maldito Otá vio todo o seu lado selvagem, teria
mostrado o que era ter em suas veias o sangue daquele povo, talvez primitivo para os padrõ es da sociedade, mas també m
eram os protetores daquela natureza, vı́timas de pessoas inescrupulosas, vı́timas de suas tradiçõ es.

Parou diante de uma á rvore e com o punho fechado, esmurrou-a tã o forte que sentiu como se os ossos quebrassem,
mesmo assim sua expressã o nã o demonstrava dor, continuava impassı́vel, fria...

Maldita mimadinha!

Ela era igual ao desgraçado do Otá vio, tinha os mesmos preconceitos e quando a viu falar aquelas coisas tivera a
impressã o de estar diante do miserá vel.

Se Piatã nã o tivesse chegado teria adorado torcer aquele pescoço delgado até ver a vida deixar aqueles olhos azuis
tã o intensos.

Socou mais uma vez a á rvore!

-- Desgraçada! – Murmurou.

Seu corpo ainda implorava pela concretizaçã o do desejo, seu maldito corpo estava em fogos por ela, desejando
tomá -la de forma irascı́vel, impensá vel, até sentir a consumaçã o daquela febre que lhe ardia em toda a pele.

Tinha vontade de gritar alto, de xingar em todas as lı́nguas que conhecia, mas isso nã o lhe aliviaria o desespero...

Aimê era uma ameaça a sua sanidade...

Antes que o sol nascesse era possı́vel ouvir a voz rouca ditando as ordens do dia.

Aimê já estava acordada e se sentia grata por isso, pois percebia que qualquer coisa seria motivo para desencadear
a fú ria.

Levantou-se, recolhendo as coisas.

-- Coma! – Diana colocou um pã o de forma brusca nas mã os da Villa Real.

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A herdeira de Ricardo nada disse, apenas comendo o que lhe fora ofertado sem esboçar nenhuma reaçã o.

Piatã se aproximou com uma xı́cara de café , entregando delicadamente a moça.

-- Beba um pouco!

A morena dirigiu um olhar irado ao ı́ndio.

-- Hoje, Aimê seguirá comigo, nã o permitirei que vá contigo, pois por causa disso, ainda nem percorremos a metade
do caminho.

Os olhos azuis pareceram magoados, mas nada disse, na verdade todos icaram calados.

Nã o tardou para deixarem o lugar.

Diana colocou a corda nas mã os da jovem e saiu com passos largos sem se importar com as di iculdades que a sua
acompanhante de percurso enfrentaria.

Depois de quase uma hora de tropeços, Aimê foi ao chã o.

A morena nem se aproximou para ajudá -la.

Cruzou os braços na altura do colo, enquanto observava tudo com semblante impaciente.

Piatã foi até a jovem, ajudando-a.

-- Machucou-se, menina? – Questionou preocupado.

A Villa Real tirou os cabelos dos olhos, em seguida esfregou as mã os na calça.

-- Estou bem, nã o se preocupe! – Disse de forma constrangida.

-- Otimo! – A Calligari colocou a corda novamente em suas mã os. – Vamos embora! Chega de perder tempo!

Os passos da morena continuavam implacá veis.

Ela andava em velocidade que só algué m preparado conseguiria fazê -lo.

A vegetaçã o era rasteira, havia declives, sem falar de vá rios galhos que pendiam e poderia ferir qualquer pessoa
que nã o pudesse ver.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A herdeira de Ricardo tentava ao má ximo nã o se desequilibrar. Levantava ao má ximo as pernas, mas a velocidade
que a outra usava nã o a deixava acompanhar.

Estava sem fô lego, o ar nã o chegava aos seus pulmõ es.

Suava, estava abafado, nã o conseguia nem parar para beber um pouco de á gua.

Sabia que a Calligari fazia tudo para maltratá -la, sabia que isso lhe dava prazer.

Diana a itava sobre o ombro.

Viu-a cair novamente e dessa vez foi até ela, ajudando-a.

Mirou os olhos azuis...

Observou as delicadas mã os que estavam rosadas e sujas, havia um pequeno corte.

Retirou o cantil da cintura, depois lavou a pele delicada.

Mantiveram-se agachadas por alguns segundo sem falarem nada, até que Diana retornou a caminhada.

Vez e outra observava a garota.

Ela nã o era tã o frá gil como se mostrava isicamente.

Nã o reclamara em nenhum momento e mesmo enfrentando tantos obstá culos nã o desistira.

-- Princesa, precisamos parar para comer alguma coisa, estamos andando há horas.

A morena parou abruptamente e Aimê chocou-se em suas costas.

Diana nada disse, apenas dirigiu sua fú ria a Piatã .

-- Desde quando você se cansa? – Indagou com as mã os nos quadris. – Pararemos apenas quando chegarmos à
canoa, entã o nos apressemos.

O velho ı́ndio nada disse, sabia que seria inú til discutir com a ilha de Alexander.

Continuaram com o mesmo ritmo.

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O sol logo se poria, mas Diana nã o parecia se importar com tal fato.

Ela apenas desejava chegar o mais rá pido possı́vel e se livrar da acompanhante.

De repente fez-se um silê ncio, a Calligaria fez sinal para que todos parassem e se escondessem em meio à s á rvores.

Aimê estava encostada a uma á rvore e Diana com o corpo colado ao dela.

-- O que se passa? – A Villa Real sussurrou.

Diana nada respondeu, pois parecia buscar em todas as direçõ es, tentando ver qual o risco corriam.

Estava com a arma em punho.

Um grito gutural e sofrido foi ouvido.

-- Deus, o que houve?

Naquele momento a Calligari itou os olhos azuis que pareciam tã o assustados, a expressã o de temor era intensa.

-- Com certeza algué m foi devorado... – Disse bem pró ximo os lá bios rosados.

-- Pelo quê ?

-- Nã o posso dizer com certeza, mas pelo silê ncio da mata e pelo demorado da resposta da presa, acredito que
temos uma anaconda por perto.

-- Meu Deus! – Cobriu a boca com a mã o. – Como no ilme?

A morena mesmo nã o desejando, acabou esboçando um sorriso da inocê ncia da garota.

-- Talvez do mesmo tamanho, poré m depois que come, ela nã o volta a caçar, está cheia e precisa de tempo para
digerir a refeiçã o... Se a refeiçã o foi grande...

-- Meu Deus, Diana, nã o podemos fazer nada para ajudar?

A pintora sentiu um arrepio na nuca ao ouvi-la dizer seu nome. Era sempre uma sensaçã o ú nica, como se estivesse
recebendo uma carı́cia ı́ntima, como se estivesse sendo tocada no â mago do seu ser.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Passou a mã o pelas madeixas negras, afastando-se.

Piatã se aproximou.

-- Com certeza tivemos uma cobra lanchando. Aquela pele que vimos deveria ser dela. – O velho ı́ndio dizia.

-- Temos que nos apressar para chegar à canoa! – A Calligari colocou a arma no coldre da coxa. – Chegaremos à vila
já a noite e no dia seguinte poderemos pegar o monomotor.

Todos aceitaram o que fora dito, nã o apenas por ser uma ordem, mas també m por temerem icar mais dias em meio
aquela selva tã o selvagem.

A Villa Real fazia o possı́vel para acompanhar os passos.

Estava assustada ao imaginar que havia animais tã o perigosos que nã o temiam o ser humano.

Desejava retornar a civilizaçã o, desejava retornar para sua casa.

Seguiram por mais algum tempo.

Tomavam á gua e comiam bananas para tentar repor as energias.

Quando o sol já deixava o horizonte, chegaram à pequena embarcaçã o.

Piatã ajudou Aimê subir, despediram-se dos ı́ndios e os trê s seguiram para a vila.

Diana remava, parecia concentrada na tarefa, quando ouviu a voz doce da ilha de Ricardo.

-- Sinto cheiro de peixe!

O ı́ndio sorriu.

-- Aqui tem muitos, menina, há uma riqueza deles.

-- Gostaria de vê -los!

-- Talvez você se assustasse, ainda mais com as piranhas, sã o bastante temidas.

-- E verdade que eles comem pessoas em fraçõ es de segundos?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Piatã riu alto, enquanto itava a ilha de Alexander.

-- Sim, os cardumes sã o ferozes, nã o é , Diana?

A Calligari lhe dirigiu um olhar de advertê ncia, sentiu dor no ferimento, mas continuou, pois sabia que Piatã nã o
daria conta sozinho.

-- Nã o sei! – Respondeu irritada.

-- Ah, major, você poderia contar a sua experiê ncia. Sabia, Aimê , que a princesa teve que enfrentar esses animais.

-- Foi? – Os olhos azuis pareciam mais brilhantes. – O que se passou?

-- Chega, Piatã , reme para que possamos chegar logo!

O ı́ndio piscou travesso.

-- Diana é uma princesa valorosa, ainda mais quando fazia a uniã o das tribos contraindo laços matrimoniais.

-- Como assim?

Piatã soltou uma gargalhada.

-- Ela teve algumas noivas...

Aimê pareceu interessada na conversa.

-- Houve outras antes de mim? – Indagou incomodada.

-- Sim...

-- Chega disso! – A morena ordenou irritada. – Preste atençã o que a noite já está caindo. – Parou de remar ao sentir
um incô modo no ferimento novamente.

-- Descanse! – O ı́ndio falou ao notar a expressã o de dor. – Já fez esforços de mais...

-- Falta muito para chegarmos? – A Villa Real questionou.

-- Nã o, menina, logo estaremos lá .

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-- Fico feliz por isso!

Continuaram a viagem e apenas era possı́vel ouvir a voz do velho ı́ndio contando histó rias e o riso doce da herdeira
de Ricardo.

Diana seguia calada, parecia pensativa, compenetrada, mas vez e outra itava sobre os ombros e observava a jovem
que resgatara.

Logo sua missã o estaria terminada, logo seu desejo seria concretizado e depois tentaria seguir a sua vida, tentaria
buscar viver com todos aqueles infortú nios.

Como seria quando todos soubessem a verdade?

Finalmente limparia o nome dos Calligaris, inalmente honraria a memó ria do seu pai.

A noite já estava alta quando chegaram à pequena vila.

Quando deixaram à canoa partiram por terra, seguindo em silê ncio.

Daquela vez a Villa Real foi conduzida por Piatã .

As pessoas pareceram felizes ao ver o ı́ndio de volta, saudando-os com entusiasmos.

As luzes dos candeeiros iluminavam as pequenas choupanas.

As crianças ainda brincavam e era possı́vel ouvir seus gritos.

Ao entrarem a pequena casa, Diana colocou a mochila no chã o.

-- Preciso do rá dio, tenho que falar com o meu piloto.

-- Leve, Aimê até a cabana para banhar e depois venha para irmos lá .

Diana assentiu, enquanto pegava algumas roupas na outra bolsa que tinha deixado ali quando seguiu naquela
empreitada.

Pegou duas mudas e algumas peças ı́ntimas.

Tomou a mã o da Villa Real, caminhando até um pequeno retâ ngulo feito em palhas de cocos.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

O espaço era pequeno, mas cabiam as duas.

-- Dispa-se! – A morena ordenou enquanto se livrava das pró prias roupas.

-- Que lugar é esse? – A jovem parecia receosa.

-- Um lugar que serve para tomar banho, a menos que deseje banhar no rio com os jacaré s e as piranhas. – Ligou o
motor e a á gua começou a jorrar do chuveiro improvisado.

-- Tem á gua encanada? – Indagou surpresa. – Gelada! – Exclamou se afastando.

-- O que esperava, mimadinha, uma banheira de hidromassagem? – Ensaboava-se. – Tire logo a roupa, a á gua nã o
vai durar muito.

Apenas uma lamparina iluminava o pequeno espaço.

-- Preferiria banhar sem a sua presença!

A Calligari se irritou.

Rapidamente foi até ela e com gestos bruscos a livrou das vestes.

-- Você nã o cansa de ser grosseira? – A garota cobriu inutilmente as partes ı́ntimas.

Diana nada disse, mas a tomou pelo pulso, trazendo-a sob a á gua, prendendo-a em seus braços para que a jovem
nã o se debatesse e saı́sse correndo.

Os olhos azuis se voltaram para ela, brilhantes e intensos, os dentes alvos e cerrados demonstravam sua total
insatisfaçã o.

O lı́quido unia os corpos.

-- Está suja, mimadinha, precisa banhar bem! – Pegou o sabonete e começou esfregar freneticamente no corpo da
ilha de Otá vio. – Esses dias na selva a deixou mais suja do que aqueles tra icantes fedidos.

Aimê estava encostada a parede de palha, parecia chocada com a atitude de Diana.

Sentia as mã os á speras esfregando seu pescoço, seus braços... Demorando-se mais em seus seios, lavando-os,
apertando-os...

A Villa Real sentiu um arrepio na pele.

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Fechou os olhos.

A morena desceu mais, limpando agora o abdome liso e logo os dedos tocaram os pelos inos que cobriam a
feminilidade.

Inicialmente parecia um toque inocente sem outros ins, mas de repente nã o era mais o sabonete que estava ali,
agora apenas os dedos executavam a funçã o.

Aimê nã o protestou, era como se estivesse paralisada, como se estivesse perdida em meio à quelas sensaçõ es.

Diana colou os lá bios aos dela.

Tomou-os rudemente e naquele momento a jovem Villa Real nã o tivera uma atitude passiva, ao contrá rio, ela
participou ativamente da carı́cia.

Introduziu a lı́ngua na boca da morena, abraçou-a pelo pescoço, apoiando-se a ela.

A Calligari desligou a á gua, enquanto se deliciava com o corpo da ilha do seu inimigo.

Beijavam-se com paixã o desesperada.

Furiosas, as lı́nguas eram sugadas, mordiam-se, chupavam-se.

Diana introduziu a coxa em meios à s pernas torneadas. Usou os nó dulos dos dedos para acariciar o sexo que se
mostrava escorregadio e excitado.

Aimê gemeu contra o pescoço dela.

Deus, o que era aquilo?

Sentia-se inebriada, embevecida, fraca, desejando apenas que aquela febre chegasse ao im, mesmo temendo que
im seria aquele.

As sensaçõ es para ela eram novas, mas o desejo começara desde que a morena a tocara pela primeira vez.

A Calligari estava louca de vontade toma-la para si, sua paixã o nã o conhecia limites, nã o conhecia o decoro, apenas
aquela selvageria que era tı́pica do seu ser.

Massageou o clitó ris, sentindo-o inchado, sentindo-o convidativo.

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Ouvia os sons que saiam da garganta de Aimê e desejava mais do que aquilo, desejava ouvi-la chamar seu nome,
queria aquela voz doce e rouca chamando por si...

Levou os lá bios até os seios redondos, degustando, lambendo os mamilos rosados, mamando, tomando-os para si.

-- Major, o rá dio já está pronto, mas a bateria nã o vai durar muito!

A voz de Piatã do lado de fora a trouxeram de volta para a realidade.

A Villa Real foi a primeira a reagir, empurrando a morena

A Calligari praguejou alto ao sentir o ferimento latejar.

Tocou o ferimento, trincou os dentes para nã o gritar de dor.

-- Estou indo!

Pegou a toalha e começou a se secar e rapidamente se vestiu, voltou a ligar a á gua.

Colocou o sabonete na mã o da Villa Real.

-- Agora você está suja novamente.

Só quando Aimê percebeu que estava sozinha que soltou a respiraçã o lentamente.

O que tinha acontecido ali?

Se o velho ı́ndio nã o tivesse aparecido onde teriam chegado?

Ainda sentia as sensaçõ es em sua pele, ainda sentia o poder da boca dela em seus seios, ainda sentia os dedos
ousados lhe perturbando a feminilidade...

Ficou sob a á gua.

O lı́quido frio pareceu lhe acalmar os sentidos, adormeceu a agonizante paixã o que parecia correr por seu sangue...

Nã o poderia se render à quele desejo, pois algo lhe dizia que a tã o aclamada princesa indı́gena nã o era uma pessoa
boa para se ter sentimentos.

No dia seguinte iriam embora, no dia seguinte retornaria para o seu mundo, para a civilizaçã o e tudo o que vivera
naquele lugar icaria para trá s.

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Terminou o banho e com um pouco de di iculdade conseguiu encontrar as roupas, vestindo-se.

Agora estava temerosa, pois nã o sabia como retornar para a casa, mas ao abrir a porta, Piatã estava a sua espera.

Seguiram em silê ncio.

Voltar ao ı́ndice

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Capitulo 10 por gehpadilha

Diana conseguiu falar com o piloto e na manhã seguinte ele estaria pousando por ali.

Desligou o rá dio e permaneceu sentada na cadeira por um bom tempo.

Uma cabana de madeira pequena que contava apenas com o objeto para que pudessem ter comunicaçã o com o
mundo lá fora. Ela mesma montara e sentia feliz por ainda funcionar.

Passou a mã o pelos cabelos molhados, deu um longo suspiro.

Fitou a luz de gá s, com um sopro apagou-a e permaneceu no escuro.

Tinha conseguido entrar naquela selva e sair com vida, tinha conseguido salvar a ilha do homem que destruı́ra sua
paz e logo tudo aquilo icaria no passado.

Respirou fundo!

Mordiscou o lá bio inferior e teve novamente a impressã o que o sabor de Aimê permanecia ali.

Sacudiu a cabeça incomodada.

-- Bobagens! – Resmungou.

Nada daquilo tinha algum tipo de signi icado para si. Sempre fora apenas sexo como era costume ocorrer com todos
que se envolvia. Bastava transar e tudo era colocado em segundo plano e no outro dia nem mesmo lembrava o nome de sua
acompanhante.

Desde que perdera o pai e Eduardo tudo icara sem sentido.

Nã o havia relaçõ es ixas, envolvia-se, na maioria das vezes, com mulheres casadas, pois sabia que essas nã o
reclamariam por atençã o ou por algo a mais. Vivia buscando satisfazer o fogo que sempre queimava dentro de si, mas parecia
nã o haver im, pois sempre se sentia incompleta ao inal e por isso buscava ainda mais e decerto era aquilo que acontecia
naquele momento.

Desejava a neta de Ricardo nã o por ela ter algo de especial, mas por ser uma mulher acessı́vel e pronta para ser
tomada.

Se Piatã nã o tivesse chegado teria ido até o inal e tinha colocado im à quela vontade de possuı́-la, aquela loucura
de tê -la totalmente a sua mercê . Depois do prazer, com certeza, ela voltaria a ser a desprezı́vel ilha de Otá vio e nenhum
vı́nculo restaria entre elas.

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Levantou-se e seguiu até a cabana do ı́ndio.

Caminhava devagar, a cabeça erguida, ombros aprumados.

Seus passos eram lentos, nã o se ouvia o som de sua bota tocar o chã o.

A pequena vila ainda estava acordada. Via alguns ı́ndios sentados em frente as suas casas, ouvia o som de suas falas,
o riso de algumas crianças que persistiam em icar ali.

Diminuiu os passos.

Seu abdome ainda doı́a onde recebera o tiro, assim que retornasse teria que procurar um mé dico.

Sentiu alguns pingos e ao itar o cé u percebeu que nã o demoraria a cair uma tempestade.

Droga!

Esperava que nã o durasse muito, pois se fosse muito forte nã o poderiam seguir para a cidade.

Parou diante da entrada da choupana.

As gotas que antes eram inas, agora já engrossavam, mesmo assim Diana nã o parecia se importar com aquilo.

Observou o interior do lugar e teve a impressã o que era a primeira vez que o via.

Os candeeiros davam uma iluminaçã o parda ao local, mesmo assim era possı́vel ver Aimê sentada no banco diante
da mesa rú stica.

O ı́ndio tinha colocado trê s cuias e servia com sopa.

Acomodou-se ao lado da jovem.

-- Está tudo resolvido, amanhã cedo retornamos para a cidade!

A Villa Real teve um sobressalto ao ouvi-la.

Diana percebeu, mas nada disse.

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-- Fico feliz, major, agora acredito que nã o volte mais por aqui. – Piatã comentou, enquanto se sentava. – E a menina
Aimê ? – Levou um pouco da comida à boca. – Um dia pretende passear por essas bandas?

-- Nã o sei! – Esboçou um sorriso simpá tico. – Mas sou muito grata a você e a todos e gostaria sim de reencontrá -los.
– Segurou a cuia, colocando nos lá bios e tomando devagar.

A jovem sabia que eles nã o usavam talheres e já se acostumara em se alimentar sem o auxı́lio deles.

Diana arqueou a sobrancelha em sarcasmo.

-- Acho melhor você nã o se iludir, meu bom amigo, a mimadinha nunca mais aparecerá por aqui... Nã o acredito que
ela abriria mã o de todo luxo que tem para vir ver qualquer um de você s.

Aimê icou em silê ncio durante alguns segundos, poré m acabou colocando a cuia de lado e respondeu sem levantar
a cabeça.

-- Você nã o me conhece para falar em meu nome!

A morena observou o per il delicado, a pele de porcelana... Mirou a camiseta branca que a garota usava e notou a
ausê ncia do sutiã .

Naquele momento sua boca encheu de á gua, desejando prová -los mais uma vez.

Sabia bem como eles eram, sabia como eles cabiam em suas mã os e como eram macios... Gostaria de colocar a
cabeça entre eles e senti-los.

A Calligari percebeu os mamilos se mostrarem atravé s do tecido e nã o pô de esconder o sorriso quando a neta de
Ricardo cruzou os braços sobre o busto.

-- Conheço-a melhor do que imagina, a inal, somos casadas! – Provocou-a.

Aimê sentia o rosto em brasas... Sentia aquele olhar perturbador sobre seu corpo de forma despudorada.

-- Casamento esse que nã o tem a mı́nima importâ ncia para mim. – Afastou a cuia. – E digo mais, jamais em minha
vida eu me envolveria com algué m como você ... Um ser humano insensı́vel e que nã o se importa com os outros.

Piatã prendeu a respiraçã o, enquanto encarava a bela morena.

Ningué m costumava falar daquele jeito com a ilha de Alexander, ningué m em sã consciê ncia se dirigia a major
daquela forma. Aquela mulher de cabelos negros era muito orgulhosa e arrogante para aceitar esse tipo de tratamento.

Fitou Aimê e icou surpreso com a explosã o da garota, claro que era algo esperado, mesmo a menina aparentando
ter aquela á urea tã o doce, tã o meiga, a Calligari sabia como tirar algué m do sé rio e usava isso perfeitamente bem.

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A explosã o nã o veio, mas era possı́vel vê nos olhos negros a chama queimar e aquilo era algo perigoso.

A Villa Real se levantou.

-- Piatã , estou um pouco cansada e gostaria muito de me recolher se nã o for incô modo. – Pediu de forma delicada.

-- Claro que nã o é , menina! – Foi até ela, tomando-lhe a mã o. – Você dormirá na esteira e Diana icará com a rede.

Tomou-a pela mã o e fê -la se acomodar no pequeno espaço, deu-lhe um cobertor de saco.

-- Cubra-se, pois temos muitos intrusos que costumam picar peles branquinhas como a sua.

Aimê assentiu.

Nã o havia dú vidas que aqueles animais minú sculos e barulhentos era a pior parte de estarem tã o longe da cidade.

-- Durma bem!

-- Obrigada!

Quando o ı́ndio retornou a mesa, a morena nã o estava mais.

Seguiu para fora e a viu debaixo de um pé de caju.

A chuva aumentou, mas a princesa nã o pareceu se importar com esse detalhe.

O velho pegou uma capa, vestindo e levando outra nos braços, seguiu até ela.

Diana tinha o delicioso fruto nas mã os, levando-o até a boca, chupando-o.

-- Deveria dormir també m! – Colocou a proteçã o sobre a ı́ndia. – Nã o deveria icar na chuva, pode icar doente. –
Tocou-lhe o ombro. – Vamos deitar e descansar a mente.

A calligari o itou.

-- Nã o conseguiria fazê -lo agora, ainda mais quando minha vontade é torcer o belo pescoço da ilha de Otá vio. –
Esmurrou a á rvore e voltou-se para o amigo. – Eu vou adorar ver a cara de orgulho dessa maldita mimadinha quando toda a
verdade sobre seu pai for divulgada em todas as mı́dias. Quero ver como ela vai conseguir viver com as pessoas apontando e
cochichando quando ela chegar a qualquer lugar.

Piatã fez um gesto de assentimento e falou com sua forma paciente.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- E uma vingança muito cruel, princesa, ainda mais quando falamos de algué m que nã o merece passar por isso.

Diana esboçou um sorriso debochado.

-- Eu nã o merecia e passei por tudo isso e ainda passo!

Piatã lhe tocou o ombro.

-- Você gosta dela e isso é o que mais te irrita!

Ela se desvencilhou do toque.

A palidez tomou conta do rosto bonito.

Os olhos icaram maiores, como se algo impossı́vel estivesse sendo dito.

-- Você está louco! – Acusou-o. – Jamais teria algum tipo de sentimento por essa garota, uma maldita cega que nã o
passa de uma inú til.

Piatã viu o brilho dos olhos azuis a poucos metros de distâ ncia.

Condoeu-se por aquela menina que nã o cometera nenhum pecado, mas carregava os do pai em seus ombros
delicados.

Sabia que ela tinha ouvido e se condoı́a por isso. A jovem nã o merecia sentir o desprezo naquela voz arrogante.

Viu quando a herdeira de Ricardo retornou para o interior da choupana.

A morena nã o notara a presença da garota.

-- A menina Aimê nã o merece algué m tã o cruel como você e por isso espero de todo meu coraçã o que esse
sentimento que você rejeita tanto te faça mudar ou simplesmente, deixe-a com a famı́lia nã o retorne nunca mais.

O ı́ndio se afastou antes que a Calligari tivesse tempo de esbravejar de novo.

A ilha de Alexander permaneceu calada, quieta...

Ficou durante horas na chuva... Parecia um fantasma ali parado, a cabeça baixa... Remoı́a as dores de outrora, a inal,
era aquela sede de vingança que a manteve viva... E agora ela tinha um alvo concreto para destruir...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Depois de longas horas, Diana retornou para choupana.

Retirou a capa, observou Aimê dormindo encolhida em um canto.

Estava escuro, mas sentia o cheiro dela...

Piatã ocupava uma rede do lado oposto.

A morena rapidamente retirou toda a roupa molhada e nã o se dirigiu para o lugar onde deveria dormir, ao
contrá rio, deitou-se na esteira estreita, colando o corpo nu ao da bela jovem.

Aimê nã o estava dormindo e ao sentir o contato já se voltava para empurrá -la, mas a Calligari a abraçava forte.

-- Eu só quero dormir... – Sussurrou em seu ouvido. – Pare de se debater ou vai acordar o Piatã .

-- Recordo-me muito bem que nã o era comigo que deveria dormir e sim na rede. – Retrucou baixo, enquanto lutava
para se livrar dos braços que a prendia pela cintura.

-- Mas eu quero dormir contigo... Entã o ique quieta! – Falou irme.

Por alguns segundos a Villa Real fez o que ela tinha dito, permanecendo quieta, ponderava que se nã o era melhor se
manter está tica e ingir que aquela mulher nã o estava ali, poré m a presença dela ultrapassava o fı́sico, era como se usurpasse
sua pró pria alma.

Por que Diana Calligari a afetava tanto?

Ainda estava triste com as palavras que ouvira, ainda se sentia ferida, mas mesmo assim algo maior parecia
empurrá -la direto em direçã o a ela... Tinha a impressã o que estava à beira de um precipı́cio.

-- Eu gosto do seu cheiro...

A voz rouca e baixa a tirou de suas divagaçõ es, poré m nada respondeu.

-- Tira a roupa... Está frio, quero me aquecer em ti...

Aimê sentiu as mã os seguindo por baixo de sua camiseta e as deteve.

-- Chega, Diana!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A Calligari mordiscou o lá bio inferior, enquanto a puxava mais para si.

-- Eu ico excitada quando me chama... – Mordiscou a pontinha da orelha dela. – Como sabia que eu estava olhando
para os seus seios na mesa? Eles se excitaram... O que imaginou, melhor, recordou de quando os toquei com a minha boca?

Aimê cerrou os dentes para nã o gemer.

Começava novamente aquelas sensaçõ es em sua carne.

-- Mimadina... Diga-me, tem coisa mais maravilhosa de que um orgasmo bem gostoso... – Agora os lá bios passeavam
pelo pescoço dela. – Você gosta que te chupem... Que passem a lı́ngua...

-- Chega! – A jovem se virou para ela. – Nã o desejo ouvir suas coisas... Na verdade, nã o me interessa o que sente, o
que pensa...

Estava escuro, mas Diana sabia como aqueles olhos azuis a itavam naquele momento.

Aprendera a conhecê -los bem.

-- Você é muito corajosa por me enfrentar, a inal, quem te garante que eu nã o posso te deixar em algum lugar ou até
mesmo te venda... A inal, os bordeis do oriente pagariam bem por ti. — Provocou-a.

Ouvia a respiraçã o acelerada da ilha de Otá vio.

-- Leve-me entã o se é essa sua vontade, pois eu preferiria ter meu corpo usado por um monte de bandidos do que
tê -lo tocado por uma selvagem como você !

Diana estreitou os olhos de forma ameaçadora.

-- Vamos ver, garota estú pida! – Levantou-se irritada com a rejeiçã o.

Aimê ainda sentia o coraçã o pulsar acelerado, pois chegara a imaginar que daquela vez a Calligari usaria ainda mais
de violê ncia, sentiu-se aliviada ao perceber que ela se afastava.

Na manhã seguinte, era muito cedo quando Diana já esperava o jatinho pousar.

O monomotor teve problemas e foi substituı́do de ú ltima hora.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A Calligari se sentia dolorida, pois alé m de ter dormido na rede, ainda icara mexendo sem conseguir adormecer
por um longo tempo.

O sol conseguira brilhar naquela manhã e isso era algo maravilhoso.

Pegou a mochila e levou para a aeronave e depois foi buscar Aimê , a menina se despedia do ı́ndio.

-- Cuide-se e um dia venha me visitar. – O bom homem dizia, enquanto lhe dava um abraço. – Menina precisará ter
mais paciê ncia do que já tem. – Beijou--lhe a testa. – Os espı́ritos da loresta icarã o de olho.

A Villa Real esboçou um sorriso e logo se afastou.

Aprendera a gostar daquelas pessoas e especialmente daquele ser humano que demonstrava tanto carinho e
cuidado com sua pessoa.

A Calligari abraçou o amigo e recebeu um beijo na face.

Piatã itou as lentes escuras que ela usava e desejou ver os lindos olhos para saber o que se passava em seu ı́ntimo.

Sabia que ela estava agitada, sentia a irritaçã o, mas també m sentia outras sensaçõ es.

-- Vamos! – Diana tomou-lhe a mã o.

Aimê sentiu um frenesi ao ter os dedos envolvidos por aquela mã o forte.

Caminharam juntas e a herdeira de Ricardo tinha a impressã o que a distâ ncia era muito grande, pois parecia nunca
chegar e em alguns momentos ela desejara se livrar daquele contato, ainda mais quando recordava das palavras duras que
ouvira daqueles lá bios de serpente.

Seguiam de forma lenta, lado a lado.

Chegaram à aeronave e mais uma vez Diana a ajudou a subir, acomodando-a na poltrona.

Fitou os olhos azuis e percebeu algo diferente neles. Seria desprezo?

Praguejou, assustando a menina, enquanto a ivelava o cinto.

Inesperadamente sentou de fronte para ela, coisa que nã o acontecia, pois gostava de seguir ao lado do piloto.

Observou-a com atençã o.

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A Villa Real sabia que a morena estava ali. Havia algo com aquela mulher, algo com aquele olhar forte e penetrante
que a perseguia.

Ouviu o som dos motores.

Logo estaria livre de tudo aquilo, mas ainda nã o encontrara as respostas que fora buscar. Ainda havia muita coisa
para ser esclarecida, havia muitas perguntas que desejava esclarecer.

Seu pai fora assassinado de forma cruel e os bandidos nunca foram presos.

Tentaria nã o se arriscar novamente, nã o desejava cair em uma nova armadilha.

Sentiu a aeronave sair do chã o.

Foram dias difı́ceis que viveu e tinha muita sorte por ter sobrevivido e mesmo que nã o desejasse admitir, tinha
muito que agradecer a Calligari, pois mesmo com todas as grosserias, ela a resgatara e a levava com segurança para os avó s.

Mas qual seria o preço que custaria aquilo?

Diana se mexeu na poltrona, estava ansiosa.

Observou pela janela como estavam distante da terra, tudo era tã o minú sculo e logo sumiam.

Observava o verde...

Engraçado... Quando chegara ali para resgatar aquela menina nã o havia tantas bagagens em seu ı́ntimo.

Fitou sua acompanhante, coisa que tentou evitar fazer, mas agora sucumbiu ao anseio novamente.

Os olhos azuis estavam fechados e os lá bios rosados entreabertos, deixando à mostra os dentes alvos.

Mirou o pescoço esguio e sentiu o cheiro delicado lhe perseguir, a boca ainda tinha o sabor dos dela...

Naquele dia ela usava o sutiã .

Precisava de roupas melhores!

Mordiscou o lá bio inferior.

O que estava acontecendo consigo?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Nunca em sua vida se sentira tã o perturbada por algué m, jamais tivera aquela sensaçã o de medo, de temor... De
paixã o avassaladora...

Cruzou as pernas inquieta.

Fechou os olhos.

Precisava dormir, precisava descansar, há quanto tempo nã o tinha um sono tranquilo?

Na verdade nos ú ltimos dez anos isso nã o aconteceu.

Quase trê s horas depois a aeronave pousava na pista particular.

Aimê sentiu-a tocando o chã o e isso a despertou.

Abriu os olhos e tentou ver o que se passava atravé s de sua audiçã o.

Nã o demorou muito para sentir um movimento na poltrona que icava diante da sua.

Ela estava ali, conseguia sentir aquele magnetismo.

-- Chegamos?

A voz doce questionou.

Diana observou pela janela e viu que já estavam em seu destino.

Desa ivelou o cinto, levantando-se, espreguiçou-se.

Descansara um pouco, nã o tanto quanto precisava, mas pelo menos nã o se sentia tã o destruı́da como antes.

-- Sim! – Antes que ela soltasse a jovem, a garota se antecipou evitando o contato.

Afastou-se e esperou.

O piloto veio até ela pegando a mochila.

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-- O carro está aı́ fora e o motorista també m.

-- Dispense o motorista, eu mesma dirijo! – Ordenou. – Vamos! – Tomou a mã o da Villa Real.

Aimê nada disse enquanto se deixava conduzir.

A morena desceu as escadas lentamente, tomando cuidado para que sua acompanhante nã o despencasse dos
degraus.

A Villa Real estranhou aquele cuidado.

O sol estava alto e o cheiro de maresia invadia as narinas.

-- Onde estamos? – Aimê indagou quando entrou no carro.

Diana nã o respondeu logo, apenas quando ligou o automó vel é que falou:

-- Nã o sente o cheiro? – Fitou-a de soslaio.

Aimê pareceu um pouco confusa.

-- Sinto o aroma do mar...

A morena esboçou um sorriso ao itar os olhos azuis.

-- Isso! – Acelerou mais. – Estamos no litoral.

Ela pareceu ainda mais surpresa.

-- Mas como? Pensei que ı́amos direto para a casa dos meus avó s ou até mesmo que você ligaria para ele vir me
buscar.

Mais uma vez a Calligari nada disse, apenas apreciando a paisagem.

Seguiam pela orla, o calçadã o estava cheio de turistas, alguns correndo, outros apenas caminhando. Alguns de mã os
dadas, outros lado a lado.

Pareciam despreocupados, livres das agonias da existê ncia humana.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Pegou uma rua lateral e logo estacionou diante de um hotel de fronte para o mar.

Aquele belo lugar fazia parte da sua herança.

Um pré dio de cinco andares, luxuoso e bem frequentado pelos turistas.

Deu a volta, estacionando.

Desceu do carro e abriu a porta para ela.

-- Venha comigo! – Estendeu a mã o.

A Villa Real nã o pareceu muito interessada em seguir as instruçõ es.

-- Por que estamos aqui? Pensei...

-- Aimê ! – Segurou-lhe a mã o. – Deixe de questionar e venha comigo ou entro e te deixo aqui.

Aimê ainda hesitou, mas acabou fazendo o que ela disse.

Seguiram de mã os dadas até a recepçã o.

Algumas pessoas se voltaram para itá -las, nã o apenas por ser belas, mas talvez por parecerem tã o ı́ntimas e
mesmo que alguns torcessem o nariz, nã o poderiam negar que formavam um bonito casal.

Diana era alta, magra, exibia aquele ar cheio de arrogâ ncia e seus cabelos negros lhe davam uma beleza selvagem.

Sua face era sempre cheia de sarcasmo e arrogâ ncia...

Já a Villa Real, mesmo tendo uma boa estatura, exibia aquela fragilidade que a deixava ainda mais agradá vel, mais
humana.

-- Um quarto! – A voz rouca falou para a recepcionista.

Uma loira por volta de uns trinta anos pareceu bastante interessada nos olhos negros que a encaravam.

Sorriu de forma provocante.

-- Casal?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Sim, querida, um quarto de casal. – Piscou. – Preciso també m de roupas e lingeries.

-- Certo, Diana, já sabe chegar sozinha? – Entregou-lhe a chave.

-- Com certeza, meu bem!

Seguiu com a Villa Real até o elevador.

-- Ainda nã o entendo o motivo de estarmos aqui. – Comentava aborrecida. – Desejo falar com meus avó s e seguir
para junto deles o mais rá pido possı́vel. – Ficou em silê ncio por alguns segundos, mas depois voltou a falar. -- Tenho a
impressã o de que é bem conhecida aqui... – A ú ltima frase foi dita em tom de irritaçã o.

A Calligari nada disse e logo chegaram ao andar.

Seguiram até o quarto.

O espaço era grande.

Havia enormes poltronas, uma varanda que deva de frente para o mar.

A decoraçã o era toda em cinza e branco.

-- Nã o acredito que estamos na civilizaçã o! – Seguiu até a varanda. – Preciso de uma hidro. – Voltou para o quarto se
livrando das roupas.

Aimê tateou, sentando na poltrona.

-- Vem comigo?

-- Nã o, quero ir para a minha casa! – Cruzou os braços sobre os seios. – Quero falar com meus avó s!

-- Nã o seja boba, mimadinha, precisamos de um banho, de roupas limpas, depois retornamos. – Parou diante dela,
itando-a. – Imagino que esteja com medo que a cena de ontem se repita... – Exibiu um sorriso debochado. – Por que nã o
terminamos o que está vamos fazendo lá ? Nã o estamos mais no mato, eu já voltei a ser uma dama! – Provocou-a.

-- Nã o seja ridı́cula! – Levantou-se com o rosto corado. – Jamais me envolveria contigo! – Levantou o queixo de
forma desa iadora. – Se voltar a tocar em mim, eu te denunciarei e honestamente nã o acredito que só porque estamos na
cidade você deixou de ser um animal selvagem!

Diana a segurou irmemente pelos ombros.

-- Somos casadas, meu bem, nã o esqueça disso, entã o essa selvagem tem alguns direitos...

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Aimê se afastou com um safanã o, desequilibrando-se, mas conseguiu se recuperar rá pido, nã o indo ao chã o.

-- Esse casamento é uma palhaçada! – Apontou o indicador em riste. – Nã o pense que aquelas palavras estranhas
que foram pronunciadas ou aquelas esquisitices que izeram tem algum valor para mim...

-- Está desrespeitando a minha cultura! – Disse pausadamente.

-- Nã o, estou desrespeitando um casamento forçado que foi inventado por sua tribo para castigar você que
desonrou o seu povo, porque você foi a primeira a desrespeitar sua tribo!

Os olhos negros se estreitaram de forma ameaçadora, mas a entrada da recepcionista interrompeu sua fú ria.

-- Aqui está , Diana... – As sacolas icaram suspensas no ar.

A Calligari nã o pareceu se importar em estar totalmente despida diante da loira.

Fitou-a!

Aquela mulher era uma amante bem requisitada e sempre muito prestativa.

Sabia bem o que deveria fazer.

-- Venha pra banheira comigo, Veridiana! – O semblante moreno exibiu charme. – Desejo sentir prazer até meu
corpo perder todas as forças, a inal, foram dias terrı́veis... A companhia nada agradá vel...

Os olhos azuis da Villa Real se abriram em espanto.

-- Estou em horá rio de serviço, Diana... – A loira falou com voz lâ nguida.

-- Está liberada das suas funçõ es nas pró ximas horas!

Aimê ouviu os passos de ambas e depois o barulho da porta fechando.

Ainda estava pasma com o desenrolar da situaçã o, ainda sentia a pele tremer de raiva, de indignaçã o pela total falta
de respeito que Diana demonstrava.

Cambaleando conseguiu chegar à varanda.

Apertou forte o parapeito, tentou se distrair com o barulho do mar, tentou pensar que logo retornaria para casa,
voltaria para o seu mundo e nunca mais cruzaria o caminho daquela mulher...

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Cerrou os dentes.

Odiava-a!

Odiava-a como nunca pensou que odiaria algué m em toda sua vida...

Estreitou os olhos em uma tentativa vã de coibir o pranto.

Fechou-os e quando os abriu, deu vazã o à s lá grimas.

Como aquela mulher podia agir daquele jeito?

Fora aquilo mesmo que ouviu?

A calligari sentia os beijos em seu pescoço e era como se apenas seu corpo estivesse ali, como se sua pele estivesse
totalmente insensı́vel à s carı́cias e isso nã o tinha nada a ver com a perı́cia da amante, pois há muito tempo conhecia a bela
loira e era uma das poucas mulheres que a deixava totalmente fora de si.

Segurou os cabelos, puxando-o forte para trá s, deixando à mostra o pescoço esguio, beijando-a com paixã o.

Abriu a blusa com tanta urgê ncia que alguns botõ es se soltaram do terninho.

Encontrou os lá bios rosados e logo se entregavam aos prazeres do corpo, mas em seu cé rebro havia lindos olhos
azuis... Um olhar macio, uma voz doce que mesmo irritada lhe dava arrepios.

A Villa Real seguia pelo corredor, buscando sair daquele lugar.

Tateava e se sentia cada vez mais perdida, poré m preferia icar ali fora a chegar a ouvir os gemidos de paixã o que as
amantes com certeza dariam.

Limpou os olhos com as costas da mã o.

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-- Você está bem, senhorita? – Um rapaz, funcioná rio do hotel, se aproximou. – Precisa de ajuda?

Inicialmente ela se assustou, mas depois sentiu que aquela seria sua salvaçã o.

-- Sim, por favor, ajude-me a fazer uma ligaçã o. – Pediu esperançosa.

O homem a observava com curiosidade. Sabia que ela era a acompanhante da dona, viu-as chegarem há algum
tempo.

-- Sim, claro. – Segurou-lhe a mã o. – Venha comigo até a recepçã o.

Caminharam juntos até o té rreo.

O rapaz deu a volta no balcã o.

-- Diga-me o nú mero! – Pediu de forma solı́cita.

Aimê nã o titubeou ao falar cada um dos dı́gitos.

Esperou pacientemente enquanto chamava e suas esperanças diminuı́am.

-- Ligue de novo, por favor! – Pediu.

O jovem fez o que foi dito, poré m mais uma vez ningué m atendeu a chamada.

Aimê pareceu chateada.

-- Por que nã o senta e espera um pouco, logo tentaremos novamente.

A Villa Real assentiu, enquanto permanecia apoiada no balcã o.

Assim que conseguisse falar com o avô pediria para que viesse buscá -la, se possı́vel o mais rá pido possı́vel e se ele
nã o pudesse tomaria um tá xi para ir para longe da Calligari.

Diana saiu do banheiro e nã o encontrou Aimê . Procurou-a por todos os lugares e nã o viu sinais da moça.

Vestiu o roupã o e saiu à procura da jovem.

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Onde ela poderia ter ido?

Desceu as escadas de dois em dois degraus e ao chegar à recepçã o, sentiu o coraçã o se aliviar.

Ela estava lá e estava com o telefone no ouvido.

Foi até ela, retirando o aparelho da sua mã o, tomando-a pelo braço.

O rapaz que a ajudara icou curioso com a cena.

-- O que está fazendo aqui? – Diana sussurrou em seu ouvido.

A Villa Real teve um sobressalto, mas logo se afastou da pintora.

-- Nã o me toque!

Havia algumas pessoas por ali e pareceram interessadas na discussã o.

A Calligari nã o pareceu se importar com aquilo, mesmo sabendo que era uma mulher conhecida e nã o demoraria
à quele fato ir parar na mı́dia.

-- Vamos para o quarto! – Ordenou por entre os dentes. – Nã o te dei permissã o para sair!

-- Nã o vou a lugar nenhum contigo, ainda mais para aquele quarto sujo... Imundo... Tenho nojo... – Dizia sem fô lego.
– E ique sabendo que nã o preciso da sua permissã o para nada! Você nã o é minha dona e nã o tem direitos sobre mim!

A ilha de Alexander percebeu os olhos azuis faiscarem.

Diana a tomou pelo braço gentilmente, enquanto sorria para o pú blico que parecia cada vez maior.

-- Chega de bobagem! – Falou baixo. – Venha comigo antes que eu te arraste por seus lindos e sedosos cabelos. –
Disse em seu ouvido.

-- Vá lá com a sua amante e me deixe paz! – Afastando-se quase tropeçou no mó vel.

A morena respirou fundo e rapidamente a pegou mais uma vez pelo braço, praticamente arrastando-a pelo hall.
Dessa vez nem os olhares interessados lhe dissuadiu do intuito.

A major nã o estava acostumada a ser ignorada em suas ordens.

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A Villa Real esbravejou durante o percurso, esbravejava ao sentir o elevador subir, mas só ao chegar à frente do
quarto é que a garota levou a mã o da perseguidora à boca, mordendo-a forte.

Diana abriu a porta e a empurrou para dentro, esfregando onde a garota havia atacado, vendo a marca dos dentes
a iados.

-- Agora virou uma cadela també m!

-- E você uma puta desavergonhada!

A morena ainda levantou a mã o para espancá -la, mas acabou reconsiderando.

Arrumou o cabelo por trá s da orelha, respirou fundo mais uma vez.

Desconhecia a jovem que estava ali.

Parecia que a ilha de Otá vio estava dominada por forças do mal.

-- Nã o me desa ie, mimadinha! – Tentava manter a calma. – Já lhe disse que nã o me importo com o fato de você ser
cega, se voltar a me ferir eu nã o medirei as consequê ncias e te espanco até que caia desmaiada.

-- Nã o tenho medo das suas ameaças e mesmo que pense que sou uma cega inú til, sei me defender muito bem! –
Levantou a cabeça em desa io.

A Calligari pareceu desconsertada com as palavras.

Ela ouvira a conversa com Piatã !?

Diana respirou fundo, sentando na enorme poltrona.

Fitou a Villa Real e via a expressã o carregada estampada em seu rosto doce.

Os olhos azuis estavam tã o escurecidos que pareciam negros naquele momento.

Passou a mã os palas madeixas escuras, suspirando.

-- Aimê , tome um banho e vista uma roupa limpa! – Falou dessa vez mais calma.

-- Nã o irei tomar banho coisa nenhuma! – Apontou o dedo em riste. – Ainda mais naquele banheiro sujo... Onde
você ... – Mordiscou o lá bio inferior. – Leve-me para a minha casa!

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-- Eu a levarei quando estiver vestida, alimentada e com aparê ncia de gente. – Disse pacientemente. – Agora faça o
que mandei!

-- Eu já disse que nã o irei usar o banheiro que você icou com aquela mulher!

Diana se levantou e foi até ela.

A boca bonita se abria em um sorriso atrevido e provocante.

-- Nã o me diga que está com ciú mes? – Aproximou-se mais. – Confesso que preferia ter transado contigo... –
Estendeu a mã o, tocando-lhe a trança grossa. – Era seu corpo que eu desejei colado ao meu, minha esposa!

A herdeira de Ricardo corou de indignaçã o, afastando-se do toque, mas tropeçou e só nã o caiu porque a morena foi
rá pida, segurando-a, prendendo-a em seu abraço.

-- Solte-me! – Gritou, tentando arranhar a Calligari.

-- Se eu nã o tivesse te segurado, você teria quebrado esse rosto bonitinho na quina do centro.

-- Eu preferiria morrer a ser tocada por você ! – Esbravejou.

Diana mirou os lá bios tã o pró ximos aos seus, mas nã o os tomou para si, apenas soltou-a.

-- Vamos para outro quarto para que tome um banho, está fedendo a onça!

-- Nã o irei contigo!

-- Ok, mandarei um empregado do hotel te acompanhar e te ajudar em tudo.

Aimê ouviu os passos se afastar e só depois voltou a respirar normalmente.

Por que aquela mulher era um ser tã o insensı́vel e odiosa?

Jamais em sua vida fora tã o provocada... Nã o se recordava de ter perdido a cabeça e agido de forma tã o violenta
com nenhum ser humano... Mas Diana nã o era qualquer ser, ela era diferente...

Estendendo a mã o encontrou o sofá , sentou-se...

Precisava se afastar o mais rá pido possı́vel, só assim retomaria a paz em sua alma.

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Capitulo 11 por gehpadilha

Notas do autor:

Recebi alguns alertas de comentá rios, mas quando vim ao site nã o encotrei,
se comentou a histó ria e nã o respondi, saı́ba nã o o iz por nã o querer...

Aimê sentia a á gua correr por seu corpo.

Seus olhos ainda ardiam do pranto incontido. O barulho do lı́quido sufocava seus soluços.

Jamais agira de forma tã o violenta com algué m. Na verdade, nunca em seus vinte e dois anos se mostrara daquele
jeito tã o descontrolado.

Como foi capaz de morder a Calligari?

Desconhecia-se, parecia que um gê nio do mal tinha assumido seu lugar nos ú ltimos dias...

Fechou as mã os, apertando-as forte.

Por que o fato de Diana ter icado com outra mulher a incomodava tanto? Por que isso a feria como se uma espada
transpassasse seu peito?

Encostou as costas na parede fria, fechou os olhos.

A á gua corria por seu rosto, seus cabelos colados à nuca, o corado da face se sobressaia.

Gostaria que nada daquilo tivesse acontecido!

Queria apenas retornar para sua casa, para a loricultura, sentir o perfume delicado das lores, mexer com a terra...

Sua vida era tranquila. Aprendera a conviver com as limitaçõ es e sempre conseguira superar muitas delas...

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O que aconteceria quando retornasse para sua realidade?

Desejava esquecer... Livrar-se das memó rias que vivera, dos toques atrevidos, dos lá bios grosseiros que seduziam
cruelmente...

Seria isso?

Aquela inquietaçã o angustiante que parecia destruir tudo e doı́a tanto era a paixã o que os poetas costumavam
proclamar em suas poesias?

Era isso o que sentia?

O que se passava consigo?

Por que parecia que dentro do seu peito havia uma guerra sendo travada?

Mordiscou o lá bio inferior e novamente nã o conteve as lá grimas.

-- Deus... me ajude...

O nome foi dito em sussurros baixos e doloridos...

Abraçou os ombros e logo começou a esfregar a pele freneticamente, desejando se livrar de algo que naquele
momento perturbava sua paz.

O restaurante do hotel estava quase vazio.

Diana se aproximou.

Seu andar seguro, ombros eretos, cabeça sempre erguida. Mesmo diante de tudo o que passou nã o perdera o
orgulho.

Foi cumprimentada por algumas pessoas com um gesto de cabeça, mas ela nem mesmo respondeu.

Usava Jeans desbotado colada à s pernas torneadas, camiseta branca e jaqueta de couro na cor marrom e botas
combinando.

Seus cabelos como de costume estavam soltos, ainda ú midos do banho recente.

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Sentou e logo a garçonete se aproximou.

-- Traga o de sempre e o prato da casa para a minha convidada!

A moça assentiu se afastando, deixando uma garrafa de vinho branco.

Olhou para o reló gio que descansava em seu pulso.

Aimê estava em outro quarto e pelo que icara sabendo pela camareira que a ajudava, a jovem parecia estar mais
calma.

Fitou a mã o, observou a marca.

Quem diria que aquele rostinho angelical escondia uma fera.

Bebericou lentamente e adorou sentir o á lcool penetrar em seu sangue. Como necessitara daquilo nos ú ltimos dias.

Agora que retornara tinha algumas coisas a resolver.

Tamborilava os dedos sobre o tampo da mesa.

Observou o restaurante elegante que tinha uma vista para praia.

Ouvia o som das ondas e de certa forma aquilo a acalmou.

Respirou lentamente ao sentir uma isgada no abdome.

Seguiria para uma clı́nica, precisava examinar o ferimento que continuava a incomodar.

Pegou o celular no bolso.

Havia inú meras ligaçõ es, mensagens e mais mensagens.

Leu algumas de sua empresá ria.

Haveria uma exposiçã o e sua participaçã o fora con irmada.

Suspirou!

Nã o estava com cabeça para pensar nisso naquele momento, pois outras coisas perturbavam sua paz.

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Buscou o nú mero de Ricardo Villa Real e logo ouviu a voz do homem.

-- Sua neta está comigo, agora falta a sua parte no trato! – Falou sem rodeios.

Ouviu um silê ncio e depois algumas interjeiçõ es de alegria.

-- Deus, deixe-me falar com ela, preciso ouvi-la. – O homem pedia emocionado. – Eu sabia que você conseguiria.

Diana nã o con iava naquela famı́lia e nã o baixaria a guarda novamente. Foi por con iar em Otá vio que sua vida fora
destruı́da.

-- Antes eu desejo o meu pagamento, antes eu desejo que toda a verdade seja dita para que todas saibam de uma
vez por todas o que se passou. – Apertou forte o aparelho.

-- Sim, eu farei tudo o que deseja! – Apressou-se em dizer. -- Poré m traga Aimê para mim, desejo falar com ela antes
de contar tudo, nã o quero que ela sofra mais um trauma.

A morena deu um sorriso sarcá stico.

-- Eu nã o me importo com o que essa imprestá vel da sua neta vai sentir... – falava com os dentes cerrados. – deveria
ter me contado que ela era cega, deveria ter me dito o risco que eu corria, nã o sabe como quase a deixei morrer em meio
à quela maldita loresta...

De repente icou muda ao ver quem se aproximava acompanhada por uma camareira.

Sentiu um frenesi tomar conta do seu corpo.

Seus lá bios icaram secos. Umedeceu-os com a lı́ngua.

Nã o gostou do olhar que algumas pessoas dirigiram a neta de Ricardo, mas entendia perfeitamente o que se
passava com eles.

Aimê estava deslumbrante.

Os cabelos estavam soltos e enfeitavam o rosto bonito, os olhos mais vivos, os lá bios mais rosados e cheios.

A pele branca parecia a mais rica porcelana.

Observava-a de cima a baixo.

A roupa que pedira para comprar icara simplesmente perfeita.

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O short era curto, preto em seda e deixava as belas pernas de fora, mas nã o de forma vulgar, elegante. A blusa era
dourada, de mangas longas, com cordõ es que trançavam lindamente a igura.

Fitou as sandá lias sem salto...

Ela era alta, alguns centı́metros abaixo de si.

Estava divina!

Ouviu o general chamar seu nome, poré m nã o desejava mais falar com ele naquele momento, nem mesmo se
despediu, deligando o celular e colocando-o na bolsa.

A camareira parou com a jovem diante da mesa.

Com um gesto, a pintora dispensou a moça, levantando-se puxou a cadeira para que a convidada sentasse, poré m
nã o a acomodou rapidamente, ao contrá rio, permaneceu parada por trá s dela.

Aspirou o delicioso aroma que se depreendia dela.

-- Você é linda...—Sussurrou de encontro a sua orelha.

Aimê sentiu os pelos da nuca se arrepiarem e aquilo a chateou.

-- Desejo falar com meu avô ! – Disse simplesmente. – Quando vai me levar para ele ou simplesmente diga onde
estamos, tenho certeza de que virá me buscar.

Diana depositou as mã os em seus ombros, trazendo-a para mais perto de si.

Iniciou uma espé cie de massagem.

-- E eu desejo comer... – Ajudou-a a sentar, acomodando-se em seguida ao seu lado.

Por que aquela simples frase parecia ter uma conotaçã o diferente dita por aquela voz rouca

A neta de Ricardo teve a impressã o que suas pernas tremiam. Estavam tã o pró ximas que chegava a sufocar.

A Calligari sorriu ao ver o belo rosto se tingir de vermelho.

-- Você está muito linda, mimadinha... – Repetiu.

A jovem estava surpresa com os elogios, até constrangidas ao ouvi-los.

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Sentia o olhar insistente sobre si, aquele magnetismo esmagador que nã o deixava respirar direito.

Um rapaz bem vestido se aproximou trazendo a comida e o aroma delicioso pareceu dissipar a animosidade da
Villa Real.

A morena a serviu e depois fez o mesmo consigo.

Comeram em silê ncio por alguns minutos.

-- Agora sim estamos tendo uma refeiçã o civilizada...

Aimê mastigava lentamente até levantar a cabeça para ela.

-- Você nã o tem nada de civilizada... Mesmo que se vista, que se comporte como uma, há algo em ti muito primitivo
e selvagem... Está no seu sangue. – Ela falava com calma.

Diana estreitou os olhos, mas nã o pareceu irritada.

-- Se quis me ofender, sinto muito, mas nã o conseguiu. – Estendeu a mã o tocando o queixo delicado. – Gosto de ser
selvagem... Mas há alguns lugares que sou menos e em outros sou bem mais... – Aproximou os lá bios dos dela. – Depende do
que você quiser...

A Villa Real colocou os talheres perfeitamente ao lado do prato, limpando os lá bios delicadamente com o
guardanapo, depois retirou a mã o dela do seu rosto.

Senti-la tã o perto a tirava do sé rio, entã o precisava manter total distâ ncia.

-- Nã o quis ofendê -la mesmo, foi apenas uma observaçã o... Agora sim eu acredito quando diz que é ı́ndia de uma
tribo de canibais.

Diana estendeu a mã o novamente, tocando a dela e mantendo cativa entre as suas.

Estavam frias.

Suavam...

Delicadamente levou o membro, depositando-a em sua coxa sob a mesa, prendendo-a lá .

-- Desejo pintar você , darei o que quiser para que tire a roupa e deixe que eu use minha arte.

A Caligari a queria em seu quadro, desejava passar aquela delicadeza e transformá -la em sua mais valorosa obra.

Desde que a viu pela primeira vez sentiu esse apelo artı́stico e agora essa era uma ideia que nã o deixava a sua
cabeça.

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Aimê estava muito magoada e seu olhar nã o escondia a perplexidade.

-- Só nos seus sonhos você o fará . – Tentou se livrar da carı́cia, mas a morena nã o parecia interessada em soltá -la.

Diana fê -la acaricia-la, mas Aimê conseguiu se livrar do aperto.

-- Nã o se contentou com a sua amante? – A Villa Real questionou-a em voz baixa e sem disfarçar a irritaçã o. – Pinte-
a, tenho certeza de que ela se sentirá honrada com o seu interesse cultural.

A morena itava os belos lá bios e desejou mais uma vez senti-los.

-- Nã o me contentarei, mesmo que eu durma com um milhã o de mulheres, pois meu desejo é por ti... – Disse
observando a face bonita. – Eu quero transar contigo...

A jovem engoliu em seco!

-- Ficará querendo, porque você jamais vai me tocar!

-- Pela minha tribo, depois que nosso casamento foi consumado eu tenho direito a tudo e você será apenas a minha
linda esposa submissa. – Provocou-a.

-- Só na sua fé rtil imaginaçã o e eu acho que você tá com algum problema de cabeça, pois esse casamento nã o foi
consumado.

A discussã o acontecia em voz baixa.

Diana tomou-lhe a mã o novamente, levou-a à boca, virando-a, depositando um beijo demorado em seu centro.

Aimê estreitou os olhos.

-- Essa farsa que você chama de casamento nã o foi consumado! – Dessa vez conseguiu se livrar do toque. – E jamais
será !

-- Mimadinha, ontem izemos muito, nã o vai demorar em que você se torne minha mulher... Tenho certeza de que
vai adorar... Prometo fazer direitinho...

A Calligari usava sempre aquele tom baixo e meio enrouquecido.

-- Você é uma louca! – Acusou-a incomodada. – Quando me entregar aos meus avó s, nunca mais nossos caminhos
cruzarã o.

-- Pouse pra mim, prometo fazer a melhor obra de todo o mundo! – Insistia. – Se fazê -lo, prometo que a deixarei em
paz!

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A Villa real se levantou, mas a major a detinha pelo pulso.

-- O miserá vel do seu pai nã o te ensinou ser educada nã o? – Indagou impaciente. – Fala de mim, mas suas açõ es sã o
mais selvagens do que as minhas! – Arrumou o cabelo por trá s da orelha.

-- Nã o ouse falar do meu pai! – Desvencilhou-se do toque. – E se ajo assim é porque estou cansada de ti, cansada
das suas provocaçõ es, das suas grosserias...

Diana a encarava furiosa.

Por que aquela garota a desa iava daquele jeito?

-- Coitada de você , Aimê , quando toda a ilusã o que tem sobre quem era seu pai cair por terra totalmente. – Falou em
tom debochado. – Vou querer estar ao seu lado nesse momento.

-- Meu pai era um homem digno! – Disse cheia de orgulho e tentando manter a calma. – Algué m superior a você !

-- Seu pai era um desgraçado... – Deu um sorriso sarcá stico. – Mas um pouco e eu teria sido sua madrasta... – Fitou o
decote por sobre a blusa que a menina usava. – Seria incesto? – Estendeu a mã o, tocando-lhe o quadril. – Sim, seria, pois sei
que você també m me deseja!

A Villa Real pareceu desconsertada com o que ouvia.

-- Você nã o tem vergonha na cara!

-- Somos casadas, mimadinha, e mesmo que nã o queira temos laços que nos unem. – Olhou ao redor e viu algumas
pessoas observando-as de forma curiosa. – Sente-se! – Pediu de forma mais calma. – Ou eu a farei sentar...

Aimê ainda pensou em protestar, mas percebia que aquilo era o melhor a fazer.

Naqueles dias aprendeu que era um gasto de energia inú til discutir com a major.

A jovem se acomodou.

O silê ncio reinou, apenas a respiraçã o de ambas podia ser ouvida.

Alguns minutos depois Veridiana se aproximou da mesa onde as duas estavam.

A Villa Real reconheceu o perfume enjoativo.

Nã o acreditava que dividiria a mesa com aquela mulher.

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Mexeu-se impaciente na confortá vel cadeira.

Desejou levantar e ir para longe.

-- Temos companhia, Aimê ! – Diana disse com um debochado sorriso. – Sente-se, querida! – Dirigiu-se à amante.

A neta de Ricardo sentiu o estô mago embrulhar, mas nada disse.

Veridiana tocou a mã o da menina.

-- E um prazer conhecê -la, a Diana me contou que a resgatou daquela selva terrı́vel e també m me falou como você
foi corajosa em remar à s cegas para salvá -la...

A neta de Ricardo pareceu surpresa com o que ouvia.

A Calligari levou o copo de vinho aos lá bios, bebericava lentamente enquanto acompanhava a reaçã o de sua
acompanhante.

-- Sim, realmente é um lugar cheio de perigos... Eu iz o que tinha que fazer! – Disse retirando a mã o e esboçando
um sorriso amigá vel.

-- Imagino que sim, ainda mais tendo essa de iciê ncia... Deve ter sido um inferno...

Aimê apenas fez um gesto a irmativo com a cabeça.

Pegou os talheres e voltou a comer, mesmo tendo perdido a fome, mas o fez para se manter ocupada e nã o ter que
participar daquela conversa.

Nã o demorou muito para que Veridiana perdesse o interesse na jovem e voltasse sua atençã o para a pintora.

A herdeira de Otá vio rezava para que saı́ssem dali o mais rá pido possı́vel, pois tinha a impressã o que a tal
acompanhante fazia tudo para diminuı́-la em seus comentá rios.

-- Deve procurar um mé dico, amor, hoje quando estivemos juntas me preocupei ao ver o ferimento, ainda mais
porque você sempre ultrapassa os limites.

A Calligari percebeu a palidez tomar conta da bela Aimê .

De repente ao olhar para aquele mar tã o azul algo a deixou desconfortá vel diante das palavras da amante.

-- Nã o me recordo de ter passado dos limites em nada, entã o nã o se preocupe com a minha saú de.

Veridiana conversava, nã o pareceu se importar em ter sido repreendida, mas o olhar de Diana e seus pensamentos
estavam centrados na jovem que estava sentada a sua frente.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Desejou segurar seu queixo e fazê -la encará -la.

Por que ela parecia tã o ú nica em meio a tantas?

Olhava-a e tinha a impressã o de que nã o só seu corpo, mas també m seu espı́rito icava em ê xtase?

Irritou-se com aqueles pensamentos.

Veridiana deu um beijo nos lá bios da pintora, despedindo-se em seguida, pois precisava retomar suas tarefas.

Quando icaram sozinhas, a morena estendeu a mã o, tomando mais uma vez a da jovem nas suas.

-- O que achou dela?

-- Nã o tenho que achar nada! – Tentou se livrar do contato, mas foi inú til.

-- Deveria dar a sua opiniã o, a inal, ela ocupa o lugar que é seu...

Aimê levantou a cabeça.

-- Ficou feliz que tenha encontrado algué m que ature as suas grosserias, algué m que nã o se importe de lidar com
uma selvagem que age como se fosse a dona do mundo... Valorize-a, pois eu tenho certeza de que essa é a ú nica que vai ter.

Diana retirou a mã o.

Nã o era difı́cil perceber a raiva que passava por sua face bonita.

Furiosa, levantou-se.

-- Apresse-se, pois nã o a esperarei por todo o dia!

A Villa Real ouviu os sons dos passos se afastarem e só naquele momento soltou a respiraçã o lentamente.

Nã o terminou a refeiçã o, pois perdera totalmente o apetite, só desejava ir para casa.

Massageou as tê mporas, pois já sentia a cabeça latejar.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Seguiram logo em seguida de carro.

A Villa Real se mantinha calada, enquanto Diana nã o parecia levar em conta os limites de velocidade.

Estava irritada!

Vá rias vezes itava a companheira de soslaio e sua fú ria parecia aumentar mais e mais.

Estava decidida a nã o entregar a neta de Ricardo até que ele cumprisse a palavra.

O rá dio cantava alto.

Uma cançã o falava sobre amor.

A morena desligou, nã o parecendo se interessar pelo tema.

Aimê nada falava, apenas estava mergulhado em seus pensamentos, distraı́da em suas divagaçõ es.

Quando chegasse a sua casa, a primeira coisa que faria era pedir para que o avô lhe explicasse todas as acusaçõ es
que ouvira contra seu pai. Quando estava em cativeiro com aqueles homens, muitas vezes se usava o nome de Otá vio e nunca
parecia ser coisa boa. Nã o que tivesse alguma dú vida quanto à ı́ndole do homem que a protegera e a amara tanto, poré m
havia coisas sobre a morte dele que nã o a deixava viver em paz. Por isso se arriscara buscando a verdade.

O carro estacionou diante da mansã o de dois andares.

Diana saiu do veı́culo e sorriu ao ver a tia descer as escadas indo até ela, abraçando-a.

-- Deus seja louvado! – A senhora falou, segurando-lhe a face. – Tive tanto medo que nã o retornasse.

-- Eu disse que voltaria!

Dinda se afastou colocando as mã os na cintura.

-- Nunca mais ousara se aventurar novamente!

A morena seguiu até o carro, abrindo a porta para a garota.

Antô nia naquele momento itava o alvo da atençã o da sobrinha.

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-- Venha comigo! – Diana tomou-lhe a mã o.

-- Onde estamos? – Aimê questionou assustada.

A Calligari praticamente a puxou do veı́culo.

-- Você nã o consegue entender frases? – Indagou irritada. – Só deve seguir as minhas ordens e estaremos bem.

-- Nã o sou um dos seus soldados! – Desvencilhou do toque. – E se você pedisse seria muito mais fá cil.

Antô nia observava tudo perplexa.

-- Essa é a ilhinha do dignı́ssimo Otá vio! – Falou de forma sarcá stica, apresentando-a a Antô nia. – Ela vai passar
uns dias aqui! Foi por ela que me embrenhei naquela selva de loucos.

A perplexidade estava estampada no rosto de Dinda, seus olhos traziam pâ nico, mas ela simpatizou, mesmo assim,
com a jovem.

Era muito bonita, parecia tã o angelical e doce.

Estendeu a mã o.

-- Sou Antô nia, tia de Diana!

Os olhos azuis pareceram surpresos e confusos.

-- Ela nã o enxerga! – A pintora falou impacientemente. – Peça para os empregados acomodá -la em algum lugar.
Tenho coisas mais importantes para fazer!

A Calligari subiu as escadas rapidamente nã o parecendo se importar em deixar a Villa Real em companhia de
algué m que nem conhecia.

Antô nia tomou-lhe as mã os carinhosamente.

-- Deus, como você é linda! – Tocou-lhe a face. – Parece um anjo com esses olhos tã o grandes e da cor do cé u.

Aimê pareceu constrangida com o carinho que recebia.

-- Venha comigo!

A Villa Real assentiu, pois nã o sabia o que fazer. Nã o imaginou que estava sendo levada para outro lugar que nã o
fosse a sua casa.

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Antô nia tomava cuidado para que a menina nã o tropeçasse, enquanto subia os degraus segurando a mã o da jovem.

-- Nã o se importe com o jeito da minha sobrinha, ela tem essa forma arrogante e grosseira, poré m ela é uma ó tima
pessoa.

Aimê nada disse.

Caminhava e em sua mente pensava por qual razã o ainda nã o tinha sido levada para os avó s.

O que Calligari queria?

Que lugar era aquele?

Tinha a impressã o que o oxigê nio era mais puro, mais ventilado.

Ricardo andava de um lado para o outro, enquanto Clá udia o itava com apreensã o.

-- Tem certeza de que ela está com a nossa neta?

-- Sim! – Disse com um enorme sorriso. – Ela conseguiu, eu sabia que ela conseguiria. – Abraçou a esposa. – Aimê
nã o está mais nas mã os daqueles bandidos.

Clá udia chorava, parecia cada vez mais emocionada.

-- Quando... Quando ela vai trazê -la? Quero abraçá -la, quero vê -la!

-- Sim, sim... Decerto ela vai ligar de novo e vamos poder combinar tudo.

-- Precisará cumprir o que prometeu.

O general apenas assentiu enquanto pensava quais passos deveria dar.

Tinha uma carta na manga e a jogaria quando chegasse o momento adequado.

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Diana trocou de roupa e rapidamente seguiu até o está bulo. Usava traje de montaria na cor preta.

Aproximou-se da baia.

O enorme garanhã o negro se manifestou ao ver a dona.

A morena se aproximou.

Deu-lhe uma cenoura e icou acariciando a crina bem cuidada.

-- Estava com saudades, velho amigo!

Nem mesmo selou o animal, montando-o em pelos e saindo a galope.

Os cabelos eram acariciados pelo vento.

Alguns trabalhadores a observavam embevecidos.

Antô nia levou Aimê para um quarto e pela janela viu quando a sobrinha saiu com o cavalo.

Irritou-se, pois desejava lhe falar e como sempre nã o havia oportunidade para isso.

-- Que lugar é esse?

A voz doce da Villa Real a tirou de sua distraçã o.

-- Aqui é a nossa casa, uma linda fazenda! – Aproximou-se, tomando-lhe as mã os. – Está segura aqui, criança!

-- Mas por que ela me trouxe para cá ? Quero icar com meus avó s. – Desvencilhou-se do toque. – Onde está Diana,
desejo lhe falar.

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A boa senhora voltou a itar a janela e nã o viu mais sombras da Calligari.

-- Ela saiu...

-- Vai demorar? – Questionou apreensiva. – Ligue para o meu avô , preciso falar com ele.

Antô nia nã o sabia, poré m sabia que algo nã o estava certo para a ilha de Alexander sair tã o rapidamente e ainda
mais no Cé rbero.

Voltou a itar os lindos olhos azuis da ilha do odioso Otá vio.

Seria possı́vel?

-- Meu bem, descanse! – Disse um pouco preocupada. – Vou pedir para que lhe traga algo para comer. Quando
minha sobrinha voltar, ela faz a ligaçã o.

Antes que a Villa Real falasse algo, a mulher saiu apressadamente.

Aimê suspirou impaciente, enquanto tateava até encontrar a cama, sentando-se.

Precisava ir embora, nã o desejava icar no mesmo lugar que a prepotente Calligari.

Passou a mã o pelos cabelos.

O que estava acontecendo em sua vida?

Por que se sentia tã o perdida quando seus pensamentos seguiam por Diana?

Levou o indicador ao lá bio inferior.

Depois de tudo, de todas as grosserias, ainda sentia aquele sentimento dentro de si...

Cé rbero corria em uma velocidade louca...

Diana se deixava guiar, deixava-se conduzir por seu velho amigo...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

O garanhã o negro parou ao chegar ao rio.

Arvores cobriam toda aquela á rea escondendo o paraı́so dos olhos curiosos

A morena desceu, indo até a margem, acocorando-se, lavou o rosto.

A á gua era tã o lı́mpida que se via o fundo.

Os pá ssaros cantavam.

Logo escureceria.

O sol já se despedia no horizonte.

Observou tudo ao redor.

Levantando-se, livrou-se de toda roupa, entrando na á gua.

Sentiu o lı́quido frio acariciar seu corpo... Os mamilos se eriçaram.

Inclinou a cabeça para trá s, fechando os olhos, tentando relaxar.

Enquanto Ricardo nã o cumprisse o acordo nã o entregaria Aimê ... Nã o seria tola em acreditar na palavra daquele
homem ou em qualquer um daquela famı́lia.

Cerrou os dentes ao se lembrar dos olhos azuis tã o penetrantes...

Por que aquela maldita garota tinha o dom de tirá -la do sé rio? Por que a desa iava e nã o se entregava de uma vez
por todas?

Sorriu...

Mesmo que a garotinha negasse sabia que ela desejava, sabia que ela nã o era imune ao apelo que sentia.

Coitada!

Quantas lá grimas faria derramar a ilha do homem que mais odiava em todo o mundo?

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Antô nia estava sentada na sala de estar quando ouviu os passos da sobrinha.

Rapidamente foi até ela.

-- Estava banhando no rio uma hora dessas? – Questionou em tom reprovador enquanto observava os cabelos
molhados da jovem. – Precisamos conversar! – Apontou para o escritó rio.

A morena ainda pensou em se negar, mas acabou seguindo na frente e sentando na cadeira diante da escrivaninha.

-- O que se passa, Dinda?

-- Por que trouxe Aimê Villa Real para cá ? Por que nã o a levou para os avó s?

Diana apoiou as pernas sobre a mesa, enquanto cruzava as mã os sob a cabeça.

Ela observava a reprovaçã o nos olhos da tia e nã o parecia se importar muito com isso.

-- Só a entregarei quando Ricardo cumprir o prometido! – Disse calmamente.

O rosto da mulher demonstrava total horror.

-- Filha, a menina parece muito assustada e ainda por cima é cega... Deus, como ela icou cega?

Diana mordiscou o lá bio inferior demoradamente. Parecia que ponderava sobre a indagaçã o.

-- Nã o sei e també m nã o me interessa!

Antô nia suspirou impaciente.

-- Nã o quero que use essa menina para vingança! – Apontou-lhe o dedo em riste. – Nã o costumo exigir coisas de
você , poré m dessa vez o farei: Nã o a machuque, Diana, ela nã o é Otá vio!

A Calligari sorriu.

-- Nã o, se preocupe, Dinda, nã o farei nada que a minha linda esposa nã o suporte!

A mulher levou a mã o ao peite como se tivesse passando mal.

O rosto icou mais branco do que um papel.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Rapidamente Diana foi até ela, ajudando-a a sentar no sofá , ajoelhando-se diante dela.

-- Está bem? Chamarei um mé dico...

Já se levantava quando Antô nia a deteve.

-- Eu estou bem... – Levou a mã o à fronte. – Sente aqui e me diga que brincadeira é essa.

A morena fez o que lhe foi pedido, observando bem a tia, buscando algum sinal de que ela realmente estava bem.

Aquela mulher era a ú nica famı́lia que lhe restara e sempre cuidava para que estivesse sempre bem.

-- Tupã me obrigou a casar com Aimê ou nã o me deixaria sair da tribo.

-- Deus meu! Nã o acredito que você aceitou isso. – Meneou a cabeça. – Nã o gosto dessas pessoas e dos costumes
que tem, isso nã o tem nada de civilizado, por isso sempre fui contra que você vivesse naquele lugar.

-- Por favor, Dinda, sabe que essa cultura é muito atrasada e para mim esse casamento nã o tem nenhuma
importâ ncia.

Antô nia encarava os olhos negros, parecia querer investigar o que se passava neles.

-- Consumou o casamento? – Questionou baixinho, temerosa. – Filha, por Deus, diga-me que nã o forçou nada com a
neta de Ricardo.

Diana pareceu constrangida com a pergunta.

Levantou-se, dando as costas para a tia.

Antô nia nunca a reprovava ou discutia sobre suas decisõ es, mas naquele momento parecia realmente perturbada
com a hipó tese de uma relaçã o dessas.

-- Dinda, nã o desejo falar sobre essas coisas contigo!

-- Diana Alessandra de Calligari, nã o permitirei que seu ó dio se estenda a pessoas que nã o tem nada a ver com o
que aconteceu.

A morena nada disse, deixando o escritó rio rapidamente, seguindo para o andar superior.

Seguia pelo corredor quando encontrou a Villa Real parada de fronte a porta do quarto de hó spedes.

Estaria tentando fugir como no hotel?

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Segurou-a pelo braço rudemente, em seguida entrou em seus pró prios aposentos.

-- Solte-me! – Aimê conseguiu se livrar do aperto em seu pulso. – Realmente é uma selvagem! – Disse, enquanto
massageava o braço.

O quarto estava com as persianas fechadas.

A major seguiu até o interruptor, ligando a iluminaçã o.

-- Como sabia que era eu se nã o consegue enxergar? – Indagou descon iada.

-- Nã o acredito que existam pessoas tã o rudes como você , major!

A pintora sentou confortavelmente na poltrona, cruzando as longas pernas.

O quarto era grande e mesmo que ela tivesse um estú dio para suas criaçõ es, ali també m havia um cavalete, tintas,
pinceis...

Ló gico que tudo estava bem arrumado, o que nã o acontecia quando a morena estava por perto.

Aimê estava parada bem pró ximo a enorme cama de casal que ocupava o centro dos aposentos.

-- Ah, sim, com certeza, os seus captores eram verdadeiros gentleman. – Ironizou.

-- Mesmo que duvide, tinham mais modos do que você !

Diana estreitou os olhos de forma ameaçadora, enquanto seguia até a jovem, segurou-lhe os ombros, poré m de
forma mais delicada, mesmo que em sua face nã o houvesse nenhum tipo de delicadeza.

Fitava os olhos intensamente azuis e era como se mergulhasse em um mar de misté rios.

Observou os lá bios rosados e se recordou de que a primeira vez que os viu imaginou que eram aveludados, depois
de beijá -los tivera certeza que eles iam alé m dos veludos e das sedas.

-- Ah, sim, quando você estivesse sendo puta em um bordel eles continuariam sendo educados... Abra as pernas,
senhorita, chupe-me, senhorita, deixa eu foder forte em você , senhorita....

A Villa Real nã o era acostumada a usar violê ncia, poré m mais uma vez diante das grosserias que ouviu, soltou-se à s
cegas e logo voltou com a mã o e essa estalou na face da ilha de Alexander.

A pró pria neta de Ricardo pareceu perplexa com o que acaba de fazer.

Ficou com a mã o parada diante dos olhos como se pudesse ver algo, como se nã o reconhecesse aquele membro
como sendo seu. Seus dedos doı́am pela força que utilizara...

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A face estava tã o pá lida... Os lá bios entreabertos...

-- Me perdo...

Antes que terminasse a frase, sentiu o corpo ser levantado e aterrissou em um baque surdo sobre o leito.

Teve a impressã o que sua respiraçã o tinha sido paralisada, mas já começava o oxigê nio voltar aos seus pulmõ es.

Já se apoiava nos cotovelos quando sentiu aquela mulher montar sobre si, segurando-lhe os braços sobre a cabeça.

-- Como ousa bater em mim, sua maldita mimadinha?

A Calligari parecia fora de si, seu rosto trazia um ó dio mortal.

-- Eu nã o sei por que o iz... Perdoe-me, Diana... Eu juro que nã o quis fazer isso... Jamais que feri-la, perdoe-me,
Diana...

Os olhos negros se estreitaram.

-- Nã o fale meu nome! – Gritou. – Eu deveria ter deixado que te levassem para um bordel, deveria ter permitido que
homens usassem você ... Tem sangue podre igual o seu pai...

Aimê começou a se debater, mas a morena praticamente se deitou sobre ela, ajustando-se entre as coxas da garota.

-- Nã o fale do meu pai... Você nã o é digna de falar dele...

Diana gargalhou de forma debochada.

-- O miserá vel do seu pai só nã o me estuprou sobre o corpo do meu noivo morto porque algué m o deteve que o
detiveram... O seu querido pai me vendeu para aqueles homens que estavam com você ... Seu querido pai matou o homem que
seria o meu marido...

Os olhos azuis icaram ainda maiores.

A face de Aimê demonstrava descrença e muita raiva.

-- Chega, Diana! -- A voz irme de Antô nia interrompeu a discussã o.

A pintora bufava, enquanto observava a jovem, mas acabou se levantando, afastando-se dela.

Os gritos da Calligari foram ouvidos no corredor e isso assustou a tia de Alexander.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A boa senhora se aproximou de Aimê ajudando-a a sentar.

-- E mentira... – A jovem sussurrava baixinho. – Você mente... Você é cruel... é o ser mais cruel que já conheci... – Os
olhos azuis expressavam total inocê ncia. – Nã o desejo te odiar, Diana, mas é isso que sinto... – Os olhos já se entregavam ao
pranto. – Pela primeira vez em minha vida, eu odeio algué m e isso é uma muito ruim...

A Calligari itou a tia e depois a jovem novamente.

-- E mentira, Dinda? E mentira tudo o que Otá vio Villa Real fez?

A tia de Alexander pareceu entre a cruz e a espada.

Com um olhar chegou a implorar para que a sobrinha parasse.

-- Já chega por hoje disso, ilha, deixa essa menina em paz. – Pediu pacientemente.

Os olhos negros pareceram ainda mais irados.

-- Entã o vai negar a verdade? Você sabe o que aconteceu muito bem...

-- Mentira! – Aimê se levantou. – Jamais acreditarei em ti!

Antô nia segurou o braço da garota delicadamente.

-- Venha comigo, vou levá -la para o seu quarto...

-- Nã o vai levá -la a lugar nenhum! – Falou por entre os dentes. – De acordo com as leis do meu povo, ela é a minha
mulher, pois entã o ela dormirá comigo!

Os olhos da senhora quase soltaram de ó rbitas, enquanto o pâ nico se estampava no rosto da ilha da neta do
general.

-- Você nunca se importou com as leis do seu povo... – Dinda a repreendeu. – Sempre agiu como branco!

-- Pois sabe que agora eu comecei a ter vontade de ser ı́ndia e abraçar meu sangue selvagem! – Debochou.

-- Diana... – A mulher falou em tom de advertê ncia.

A Calligari seguiu até o armá rio, pegando um roupã o.

-- Irei tomar um banho e quando retornar, espero que ela esteja aqui... Ou a levo para um lugar onde a senhora nã o
poderá interceder.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Para que isso? O que vai ganhar?

-- Eu nã o desejo ganhar nada... Apenas essa mimadinha irá pagar caro pelo que fez hoje e espero que o avô dela
cumpra a maldita palavra ou nã o sobrará muito da ilhinha do Otá vio para eles.

A morena seguiu para o banheiro.

Antô nia conhecia a sobrinha desde que era um bebê e sabia que seria inú til dialogar com ela naquele momento,
sabia que seria mais motivos para que ela se estressasse e batesse o pé em teimosia.

Respirou fundo, enquanto ajudava a garota a senta na poltrona. Agachou-se diante dela, tomando-lhe as mã os.

-- Fique aqui, quando a raiva da Diana passar você retornará para o seu quarto.

-- Nã o, quero voltar para a minha casa...

-- Você retornará assim que o general vir te buscar... Eu ligarei para ele, pedirei que venha o mais rá pido possı́vel.

A jovem segurou forte as mã os de Antô nia.

-- Diga-me se é verdade o que ela disse sobre meu pai... – Pediu. – Por que a Diana falou aquelas coisas terrı́veis?

Antô nia viu os olhos tã o profundos itando-a. Estavam vermelhos por causa das lá grimas.

Deus, ela parecia um anjo.

-- Filha, converse com seus avó s, só eles poderã o esclarecer toda a histó ria.

-- Meu pai nã o é um monstro... – Sussurrou.

-- Olhe, meu bem, nã o ique pensando nisso. – Acariciou os cabelos macios. – Preciso providenciar o jantar. Está
tarde! Fique aqui e nã o responda as provocaçõ es da minha sobrinha, vai ver que ela deixará de implicar com você .

-- Por que ela é assim?

Dinda itou a porta que ela seguira.

Mordiscou o lá bio inferior.

-- A dor muda as pessoas... – Depositou um beijo na fronte da menina. – Retorno logo para buscá -la. Se nã o
responder as provocaçõ es, logo ela icara quieta, conheço-a bem. Ela está agindo assim porque você a desa ia e isso é uma
coisa rara de acontecer.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Diana estava mergulhada na banheira enquanto sentia a raiva queimar por dentro.

Tocou a mã o na face e ainda sentia arder diante da bofetada que levara.

O que mais irritava era o fato do seu corpo ainda querer toma-la para si, ainda desejava possuı́-la até perder a
noçã o do tempo, até esquecer o pró prio nome.

Mas a Villa Real abria a boca para rejeitá -la sempre...

Estava sendo castigada? Mas qual seria o motivo da puniçã o, a inal, ela quem tivera que viver um verdadeiro
inferno, ela quem passara por coisas terrı́veis.

Fechou os olhos e recordou daquele fatı́dico dia.

O olhar doentio de Otá vio...

Violento...

Lembrou-se de quando tentara matá -lo... Perseguira-o durante horas e só parou quando viu o veı́culo capotar... Nã o
pensara que ele sobreviveria, pois se tivesse pensando nessa hipó tese teria descarregado todas as balas da pistola na cabeça
do miserá vel.

Passara horas lá observando o carro tombado, mas nã o ousou se aproximar, apenas icou lá pensando que aquilo
era pouco por tudo que sofrera.

Se tivesse o matado teria conseguido icar em paz?

Ainda se recordava da dor e decepçã o que viu nos olhos do pai, ainda recordava de como foi terrı́vel encontrá -lo
morto.

Ricardo estava em seu escritó rio.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Conseguira fazer a esposa descansar, ela estava bastante ansiosa.

Sentou na cadeira, depois pegou o quadro com a foto da neta.

-- Aimê ! – Tocou a imagem, observando os traços delicados. – Espero que um dia possa nos perdoar...

Quando a Calligari retornou ao quarto encontrou a Villa Real sentada na poltrona.

Aproximou-se, mas nã o a tocou.

Observava-a.

-- Fico feliz que tenha icado, minha esposa! – Ironizou o vocativo.

-- Nã o sou sua esposa! – Retrucou calmamente. – Nã o tenho preconceitos, poré m nã o me relaciono com mulheres e
ainda mais com algué m como você .

Diana sentou diante do cavalete, pegou um lá pis e começou a desenhar.

Fazia-o sem pressa e seu olhar parecia concentrado nas linhas que criavam.

-- De acordo com a minha tribo somos casadas... – Continuou o que fazia, falando de forma distraidamente. – Os
Tahalunara nã o aceitam que se neguem a fazer algo, na verdade, eu como uma princesa posso fazer o que quiser...

-- Nã o estamos na sua tribo, vivemos em uma civilizaçã o...

Diana voltou a itá -la.

-- Tira a roupa e se deite aı́ nessa poltrona, quero desenhar você , quero ter um quadro seu no meu quarto...

Os olhos azuis se voltaram para ela, eram tã o intensos, brilhantes...

Diana parecia interessada, curiosa.

Seguiu até a garota, agachou-se para itá -la melhor.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Como icou cega? Recordo de ter te encontrado uma vez, era uma criança ainda, poré m você enxergava.

Aimê ainda pensou em nã o responder, mas nã o desejava mais discutir, estava cansada, exausta das explosõ es que
sempre ocorria entre ambas.

Enquanto estavam na selva ainda conseguira tentar ignorar as grosserias, mas de repente parecia que havia muitas
coisas que a feria.

-- Eu sofri um acidente...

-- Nã o tem chances e voltar a recuperar a visã o? – Mirava com atençã o.

-- Por que te interessa isso?

A Calligari se levantou e voltou para o trabalho.

-- Nã o me interesso, estava apenas querendo ter uma conversa com a minha esposa.

-- Nã o precisa se preocupar com isso, a cega inú til nã o vai atrapalhar sua vida mais.

Diana respirou fundo!

Ouviram batidas na porta.

-- Dona Antô nia pediu para avisar que o jantar está pronto.

-- Comeremos aqui no quarto! – Diana falou. – Avise a titia que estamos cansadas e nã o desceremos hoje.

A Villa Real sentia o olhar sobre si enquanto ela falava, sentia a provocaçã o, o desa io, mas nã o daria o gosto à quela
mulher de uma nova discussã o.

-- Entã o devo trazer a comida para o quarto?

-- Isso e nã o demore, pois a minha mulher está faminta.

A empregada saiu rapidamente, enquanto Diana exibia um misterioso sorriso.

-- Gostaria de tomar um banho, preciso de roupas. – Levantou-se.

A Calligari foi até ela, segurando-a pelo braço.

-- Pode dormir sem roupa... Eu nã o me importo.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Seguiram até o banheiro.

-- Deseja relaxar na hidro ou o chuveiro?

-- Pre iro chuveiro!

-- Sim, eu també m pre iro que use a hidro na minha companhia, ela é grande su iciente para nó s duas... Você por
baixo, ló gico.

Aimê nada disse, enquanto se desvencilhava do toque e começava a se livrar das roupas.

Diana ligou a á gua, mas continuou lá , observando-a.

A jovem neta de Ricardo sabia que ela estava ali lhe observando, mesmo assim começou a se despir até icar
totalmente nua.

Sentia aquele calafrio percorrer suas costas, sentia o desejo dela em sua carne...

A á gua serviu como um amenizador para os demô nios alheios.

A Calligari nã o pareceu interessada em se afastar, ao contrá rio, encostou-se ao boxe, cruzando os braços sobre os
seios, deliciando-se com a visã o que se desenrolava a sua frente.

Sentiu aquelas conhecidas pontadas abaixo do abdome.

Umedeceu o lá bio inferior...

Sua mente nã o parecia estar raciocinando mais naquele momento.

Estava tã o excitada que teve a impressã o que se nã o satis izesse aquela loucura o quanto antes acabaria por morrer.

Livrou-se do roupã o e seguiu para o banho.

Aimê sentiu o corpo da pintora colar as suas costas.

-- Por que veio? Por que nã o saiu quando me trouxe?

A Calligari nã o respondeu, apenas ligou o registro soltando as duchas que caiam nã o só em cima, mas també m nas
laterais.

Diana a empurrou contra a cerâ mica, agora unindo os corpos frontalmente.

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Colocou a coxa em meio à s pernas dela...

Estava quente... Pulsante...

-- Deveria ter medo de mim... – Sussurrou em seu ouvido. – Mas você se despe, mesmo sabendo que estou
presente... – Mordiscou o lá bio inferior, a face estava trans igurada pela paixã o. – Acha que posso aguentar por muito tempo?

Os quadris da major seguiam um ritmo lento, esfrega-se nela... Roçava o sexo ao dela...

-- Se tivesse modos teria saı́do, mas você nã o os tê m... – Espalmou as mã os contra os ombros, tentando em vã o
afastá -la.

A morena levou a mã o até o pescoço esguio, depois desceu até os seios...

-- Você nã o tem medo de mim! – Encarou-a.

-- Eu tenho... – Os olhos azuis se voltaram para ela. – Mas você també m tem medo de mim...

A ilha de Alexander pareceu surpresa com o que ouvia.

Observou a delicadeza do rosto... Com o polegar desenhou o lá bio inferior dela.

-- Sim, Aimê , eu tenho medo de nã o me controlar e apertar bem forte seu pescoço...

-- Torça, entã o, se isso te izer sentir melhor, Diana...

Os olhos negros se estreitaram cheios de desejos.

-- Quando fala meu nome parece que está gemendo...—Acariciou os ombros estreitos, descendo até a borda dos
seios. – Quando goza deve usar essa mesma tonalidade. – Passou a lı́ngua pelos biquinhos que já se mostravam excitados.

A Villa Real sentiu a face corar.

Mesmo que nã o desejasse sentir... Sentia...

Mesmo que odiasse a forma como ela agia, ainda sentia o corpo em brasas.

A Calligari levantou a cabeça e colou os lá bios aos dela...

Contornou o inferior com a lı́ngua, depois fez o mesmo com o superior.

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Os olhos negros permaneciam abertos, observando as reaçõ es do rosto bonito, fascinada com o azul intenso.

As bocas se uniram em urgê ncia, em total desespero, total angustia.

Aimê apoiou as mã os nos ombros da morena, sentindo-o em seu tato. Seu cheiro era delicioso, sua forma, sua pele...

O beijo foi se aprofundando...

Molhado...

A neta do major parecia inexperiente quando Diana lhe cedeu a lı́ngua, mesmo assim, capturou-a, chupando a
pontinha, depois devorando-a toda... Adorando estar no controle dela, adorando a intensidade e o eco das respiraçõ es
aceleradas... Prendia entre os dentes, depois voltava a degusta-la...

Diana apertou-lhe as ná degas, trazendo-a mais para si... Depois usou uma das mã os para acaricia-la nas coxas e nã o
demorou muito para tocar o sexo.

Esperou, enquanto permanecia está tica, mas logo os dedos ganhavam vida...

Estava escorregadia...

Tocava-a com calma...

Regozijou-se ao senti-la tã o excitada... Ficou ainda mais desejosa de tomá -la para si.

Usou o indicador para se familiarizar... Para sentir o quã o ela també m a queria...

Passava de cima para baixo...

Ouviu-a gemer contra seus lá bios...

Ela era tã o suave...

O ronronar era manhoso... Dolorido... Excitante...

A boca dela contra a sua era um suplı́cio delicioso...

Suas carı́cias começaram a se posicionar sobre o clitó ris... Fazia movimentos circulares... Ora lentos, ora com mais
pressã o... Pressionava-os e depois aliviava...

Aimê afastou um pouco mais as pernas...

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Sabia que nã o tinha mais controle de suas açõ es...

Seu corpo estava em puro fogo...

Inconscientemente mexia o quadril no mesmo ritmo ditado por ela... E em algum momento essa dança tinha passos
mais avançados... Frené ticos...

Sentiu quando Diana buscava ir mais fundo... Entã o pareceu despertar, detendo-lhe a mã o.

Como podia estar tã o entregue à quela mulher depois de tudo o que passou?

Tivera que suportar a Calligari com a amante naquele mesmo dia e simplesmente se entregava a ela como se nada
tivesse acontecido?

O que se passava consigo quando aquela princesa ı́ndia a tocava?

Ainda sentia a eletricidade passando por todo seu corpo... Seus sexo implorava pelas carı́cias...

Diana parece confusa e tentou retornar ao que fazia, mas a neta do general nã o permitiu.

-- Por favor nã o faça isso... Saia... Deixe-me sozinha...—Disse arfando.

A voz doce e melodiosa pareceu funcionar como uma espé cie de calmante naquele momento.

A Calligari passou a mã o nos cabelos lisos, depois vestiu o roupã o, em seguida deixou o banheiro.

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Capitulo 12 por gehpadilha

Aimê ainda estava com as pernas bambas por tudo o que tinha acontecido.

Ainda sentia o toque da major queimar em sua pele...

Seu coraçã o pulsava tã o descompassado que chegou a pensar que sofreria um enfarto.

Nã o foi difı́cil para encontrar o roupã o, pois Diana o colocara em um lugar estraté gico.

Vestiu-o, mas nã o deixou o recinto. Continuou lá , parada, encostada à porta, temendo encontrar a Calligari naquele
quarto e começar uma nova discussã o ou algo ainda pior e mais difı́cil para controlar do que a sua fú ria.

Ainda se sentia aliviada por ela ter acatado seu pedido, mas temia que mudasse de ideia.

Amarrou o cordã o do roupã o, demorando-se como se um simples nó estivesse fora dos seus conhecimentos.

Suas mã os tremiam. Fechou-as por alguns segundos, tentando recuperar o equilı́brio.

Mordiscou o lá bio inferior.

O que era aquilo que estava acontecendo?

A Diana era um ser terrı́vel em todos os sentidos. Arrogante, grosseiro, orgulhoso, sarcá stico, irritante, até mesmo
cruel em suas açõ es e palavras, mas havia algo mais que isso e essa era a parte que nã o conseguia entender, era essa parte
que nã o conseguia lidar.

Ouviu batidas na porta e isso a tirou dos seus devaneios.

Assustou-se ao imaginar que era ela, mas ao ouvir a voz da senhora Antô nia, sentiu-se aliviada.

-- Querida, você está bem? – A mulher indagou. – Precisa de ajuda?

Aimê respirou fundo.

Tentou falar, mas as palavras nã o vieram de imediato, poré m ao tentar novamente conseguiu.

-- Sim, já ...já estou saindo! – Falou baixo.

Antô nia permanecia no quarto e viu pela janela quando a sobrinha saia no carro.

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O que tinha se passado?

Nunca tinha visto a Diana tã o fora de si, nunca tinha presenciado um comportamento tã o descontrolado da ilha de
Alexander.

O que Aimê tinha? Pois nã o acreditava que só o fato da garota ser ilha de Otá vio fosse motivo su iciente para deixá -
la tã o fora de si;

Conhecia-a desde que era um bebê , passou com ela todos aqueles momentos difı́ceis, viu-a se fechar em um cı́rculo
de desejo de vingança e frieza, mas em todos aqueles anos nã o presenciara aquele tipo de comportamento tã o instintivo.

Viu a porta se abrir e garota sair de lá .

Foi até a neta de Ricardo, segurando delicadamente sua mã o, depois seguiu com ela até a varanda do quarto,
fazendo-a sentar em uma cadeira.

Notou que ela tremia, mas nada comentou sobre isso.

Sentiu o vento soprar em seu rosto.

Aquela parte era extensa, havia uma rede onde Diana, à s vezes, icava deitada observando as estrelas.

Era um lugar agradá vel.

-- Trouxe seu jantar!

-- Na verdade nã o estou com fome... – Aimê disse receosa. – Mas agradeço muito por sua gentileza.

Antô nia a itou e percebia que havia algo errado.

Puxou uma cadeira, sentando-se. Estendeu as mã os tomando as da garota sobre a mesa.

Observou os olhos tã o azuis parecerem assustados.

-- A Diana fez algo contigo?

O rosto bonito tingiu-se de vermelho.

Antô nia tinha um pressentimento terrı́vel e depois do silê ncio de Aimê tinha quase certeza de estar certa.

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Nada fora dito durante longos segundos.

As duas mulheres apenas pareciam ponderar sobre tudo o que se passou, uma seguindo teorias e a outra sufocada
pela realidade.

-- Pode me responder algo? – A Villa Real questionou depois de um tempo.

Dinda fez um gesto de assentimento.

-- Sim, pergunte.

-- A Diana me odeia porque eu sou cega?

A senhora sentiu uma pontada no peito ao ouvir a indagaçã o, ainda mais porque sabia que o fato da Calligari
demonstrar nã o gostar da menina a feria.

Que injustiça a vida estava fazendo agora?

O destino parecia gostar de brincar com as pessoas de um jeito muito cruel.

Ainda abriu a boca para contar a verdade, mas sabia que seria terrı́vel para Aimê saber de como seu pai fora ruim.
Viu como ela icara abalada pelas palavras da Calligari, sabia que ela sofreria muito ao tomar conhecimento daqueles fatos.

-- Por que pensa isso, minha criança?

Na mente da ilha de Otá vio as palavras que ouvira na choupana de Piatã ainda martelavam fortes.

-- Porque desde que ela descobriu a minha de iciê ncia me trata mal, é sempre grosseira, sarcá stica...

Será que quando soubesse a verdade ela entenderia a raiva da Diana?

-- Meu bem, o seu avô vai mandar algué m para te buscar e logo nã o precisará se preocupar com os arroubos de
raiva da minha sobrinha. Quando estiver com eles, estará segura e de forma alguma deverá voltar a se aproximar da sua
salvadora. Esqueça o que viveu e mesmo diante das histó rias que ainda saberá , nã o volte a se aproximar...

O rosto de Aimê demonstrava confusã o.

-- Ela fala que estamos unidas pelo casamento que fora feito na aldeia. Acha que isso tem algum tipo de valor?
Realmente estou unida a ela?

Antô nia torceu a boca irritada.

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-- Nã o, querida, nó s somos pessoas civilizadas e nã o selvagens como aqueles ı́ndios que inventam coisas loucas.
Nã o há nada que te ligue a Diana, pode continuar levando sua vida, esqueça toda essa histó ria de gente selvagem...

-- A sua sobrinha é selvagem... Perdoe-me em dizer isso! – Pareceu constrangida com as pró prias palavras. – Nã o
quis falar assim, mas é que... Desculpe-me...

Antô nia teve que segurar o riso diante da expressã o afetada da jovem.

-- Como disse nã o deve se preocupar, pois logo o seu avô mandará algué m te buscar e estará salva.

-- Ligou pra ele? – Indagou esperançosa. – Obrigada, dona Antô nia!

-- Sim, iz, amanhã nã o estará mais aqui.

Só esperava que Diana nã o surtasse... – Dinda pensava na reaçã o da sobrinha.

Um sorriso se desenhou nos lá bios de Aimê .

-- Agora vou buscar o seu jantar, acredite, querida, os problemas icam menores quando nossas barrigas estã o
cheias.

A Villa real assentiu.

A tia de Diana era uma mulher muito boa, sentia-se bem com ela.

Assim que fosse embora daquele lugar tentaria esquecer tudo o que passou, assim poderia voltar para sua vida
normal e seguiria o conselho que recebera, em hipó tese alguma se aproximaria da princesa selvagem novamente.

O sol do amanhecer invadia o quarto.

Diana passara parte da noite fora e quando retornou encontrou Aimê dormindo confortavelmente no leito de casal.

Passara as ú ltimas horas em um barzinho, bebendo, poré m teve a impressã o que nem todo o á lcool do mundo a
ajudaria a relaxar, por isso retornara para a casa.

Desde que chegara icou sentada diante da cadeira, observando-a.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Ela usava um robe branco de seda, decerto, sua tia estivera ali para cuidar da garota.

Os cabelos negros estavam soltos, espalhavam-se pelo travesseiro.

Os lá bios de veludos estavam entreabertos.

O corpo bonito estava descoberto pelo lençol. As pernas longas e torneadas apareciam maravilhosas.

A Calligari passou horas itando-a... desejando-a.

Ainda nã o entendia por que atendera ao pedido dela quando sabia que a garota a queria també m.

Aimê a queria, sabia disso...

Havia momentos que a itava e tinha a impressã o que via Otá vio Villa Real e isso a deixava fora de si.

Na realidade, essa fora a forma que Diana achara para nã o permitir que seu coraçã o fosse afetado pela doçura
dela... Projetava o coronel para se manter imune à paixã o que queimava.

Nã o estava funcionando!

Seu corpo a queria, estava morrendo de desejo por ela, mas temia pela concretizaçã o daquele ato.

O que aconteceria depois?

Os olhos negros pareciam se deliciar com a igura adormecida.

Aimê era diferente de tudo que nunca tivera em sua vida, parecia tã o ingê nua, frá gil...

Aproximou-se dela...

Sentou-se na beira da cama... estendeu a mã o, mas nã o a tocou...

Acabou seguindo para o banco diante da tela branca.

Sentou-se, pegando um lá pis e começou a desenhar.

Parecia concentrada... Pensativa... Enquanto rascunhava os traços delicados, enquanto tentava transportar para o
papel aquela á urea de menina mesclada à mulher.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Ricardo estacionou o carro diante da casa enorme.

Nã o contara a esposa que iria até Diana, pois sabia que nã o seria uma conversa fá cil que teria com a ilha de
Alexander, poré m esperava poder levar a neta embora. Protegê -la de ó dio da Calligari.

Estava disposto a tudo...

Recebeu a ligaçã o de Antô nia e icara surpreso, pois jamais imaginou receber ajuda daquela mulher.

Entre as duas famı́lias existiam um ó dio que nem todos os sé culos e as novas geraçõ es poderiam estar livres.

Respirou fundo e em seguida desceu do veı́culo.

Há quanto tempo nã o ia à quele lugar?

Quantas vezes fora ali para conversar com Alexander... Ele fora um bom amigo!

Fitou ao redor.

Tudo era muito verde e bonito.

Observou alguns trabalhadores, viu o olhar deles... Todos sabiam o que tinha se passado.

Viu um rosto conhecido parar no topo dos degraus.

A casa fora reformada, mas ainda trazia traços de outrora.

Era um lugar aconchegante e elegante.

Seguiu lentamente até chegar de fronte a enorme porta em arco.

-- Nã o imaginei que tivesse coragem de vir aqui!

Antô nia nã o parecia nada simpá tica com a presença do homem. Quando entrara em contato com ele, pedira que
outra pessoa viesse buscar a ilha de Otá vio.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Ricardo retirou os ó culos.

-- Olá , Antô nia! – Cumprimentou com um gesto de cabeça. – Decidi que o melhor seria que eu viesse falar com a sua
sobrinha, pois sabia que se outro viesse em meu nome, provavelmente nã o teria nenhum sucesso.

-- Nã o é bem vindo aqui e você sabe disso... – falou irmemente. – Um Villa Real desgraçou minha famı́lia...

Ricardo usava um terno simples e parecia bastante preocupado.

-- Só desejo ter a minha neta de volta... Assim que isso ocorrer, tudo voltará ao normal... Manteremos a distâ ncia
segura.

A mulher baixou um pouco o tom de voz, pois alguns funcioná rios já observavam curiosos.

-- Você estava louco quando pediu ajuda a ela, sabe o que ela passou, sabe muito bem como foi vı́tima do doente do
seu ilho! – Apontou-lhe o dedo em riste. – Eu deveria mandar te tirarem daqui a tiros! Você é um miserá vel!

Ouviram passos e logo Diana apareceu.

Ela exibia aquele ar cheio de arrogâ ncia.

Viu o carro estacionado em frente da mansã o. Entã o nã o se importara em seguir até eles usando um roupã o
atoalhado preto.

Os cabelos ainda estavam molhados e os pé s descalços.

Nã o fazia muito tempo que saiu do banho.

Os olhos estreitos pareciam ainda mais ameaçadores.

-- Que faz aqui? Como ousa colocar seus pé s em minhas terras? Como ousa vir aqui depois de tudo que fez?

Ricardo observou-a por alguns segundos.

Era uma mulher que exalava poder e frieza.

-- Vim buscar a minha neta!

Os dentes alvos da Calligari se abriram em um sorriso que nã o alcançava seus olhos.

-- Apenas quando cumprir a sua parte do acordo eu a deixarei partir! – Voltou para o interior da casa.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

O Villa Real mesmo diante do olhar de advertê ncia de Antô nia seguiu até a major.

Nã o houve muitas mudanças naquele lugar. Parecia que tinha voltado no tempo e estava sentado naquele enorme
sofá acompanhado do seu grande amigo Alexander.

Observou o bar sortido das melhores bebidas.

Viu Diana parada no meio do recinto.

Ela era muito orgulhosa, sempre com aquela cabeça erguida, ombros aprumados, ereta, imbatı́vel.

Nunca se curvara a nada e nem a ningué m!

Recordava-se de que quando Alexander a levava em suas jornadas, mesmo antes dela servir ao exé rcito, sempre
exibia aquela arrogâ ncia...

A Calligari o encarava.

-- Você nã o passa de um desgraçado... – Voltou-se para ele. – Me fez ir até aquela maldita loresta buscar uma garota
cega! Nem mesmo me disse o que eu enfrentaria. – Chegou bem pró ximo dele. – Nã o sabe quantas vezes pensei em deixá -la lá
para que morresse...

Ricardo engoliu em seco.

-- Sabia que se dissesse isso, você poderia se negar a ir até lá . – Sentou-se no sofá , cobrindo o rosto com as mã os. –
Eu precisava que a salvasse... Nã o sabia a quem recorrer... Por Deus, Diana – Fitou-a. – A Aimê nunca fez nada contra você , mas
mesmo assim está pagando um alto preço. Eu nã o tinha como salvá -la, nã o tinha como protegê -la... Nã o me resta mais nada,
perdi tudo, até mesmo o respeito.

A Calligari respirou fundo!

-- Acha que me importo com algum de você s? – Ela parecia perplexa. – Acha que me importo com a cegueira da sua
netinha ou com seu olhar de cachorro que caiu da carrocinha? – Esboçou um sorriso amargo. – Por causa de todos que tem
seu maldito sangue, eu perdi tudo que tinha... – Apontou-lhe o dedo – Cumpra a sua parte do acordo e assim sua querida
netinha voltará para a proteçã o da famı́lia.

Odiava aquele homem, odiava a todos!

-- Deixe-me levá -la... – Pediu se levantando. – Cumprirei com a minha palavra, mas antes desejo contar a Aimê toda
a histó ria para que nã o sofra tanto quando souber a verdade de forma tã o cruel... – Chegou mais perto. – Imagine como ela vai
se sentir quando os holofotes seguirem para cima dela, você sabe como esses jornalistas podem ser terrı́veis...

Sim, ela sabia, passara por isso e ainda passava.

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-- Chega! – Ordenou. – Eu nã o me importo com a dor de ningué m, pois ningué m se importou com a minha... E
espero com toda a minha alma que a querida ilha de Otá vio sofra um pouco, que sinta na pele o que eu senti... que chore dia
apó s dia quando em todos os lugares as pessoas a apontarem e cochicharem, quando na verdade você foi apenas a vı́tima de
uma trama... Eu era inocente e passei por tudo isso...

Antô nia se aproximou da sobrinha, pois via como ela se mostrava fora de si.

Jamais imaginou que o Villa Real iria até ali, agora se sentia culpada pelo o que poderia acontecer.

Seu olhar passou para o general.

Os olhos claros de Ricardo exibiram um brilho diferente.

-- A minha neta també m era inocente quando por sua sede de vingança ela icou cega...

A Calligari deu alguns passos para trá s, parecia que algo a tinha atingido fortemente.

Os olhos negros traziam total espanto, a pele bronzeada fora tingida com a palidez dos seres que só vagavam pelas
noites.

Antô nia estendeu a mã o e tocou-lhe o ombro, estava tã o perplexa quanto à sobrinha.

-- Está louco! – Diana desvencilhou-se do toque. – Eu jamais tive contato com essa garota, nã o nego que fui a sua
procura muitas vezes, confesso que usei todo o meu poder para destruir seu reinado, mas com a sua querida netinha nada foi
feito!

Ricardo voltou a sentar, mantinha os olhos baixos, parecia envolvido em suas lembranças.

-- No dia que você perseguiu o Otá vio com seu carro, Aimê estava com ele... Quando o veı́culo capotou inú meras
vezes, a minha neta estava lá dentro... Quando você omitiu ajuda e simplesmente foi embora, a minha neta icou a beira da
morte... – Uma lá grima solitá ria descia lentamente. – Naquele dia o meu ilho saiu intacto do acidente, mas uma garota que
nã o tinha nada a ver com todo esse ó dio perdeu a visã o...

Diana exibia total espanto... e por longos segundos sua mente retornara à quela cena...

Quando retornara da selva e descobriu que seu pai estava sendo velado, pois cometera suicı́dio, nã o descansara um
ú nico segundo. Buscava o homem que destruı́ra sua paz incansavelmente, pois seu ú nico desejo era acabar com sua vida e
vingar tudo o que passara, poré m era difı́cil se aproximar, pois o grande heró i estava sempre cercado por seus capangas... Até
um dia de sorte que por um acaso o viu no estacionamento de um conhecido shopping.

Com a arma engatilhada no banco do carona, ela o perseguiu e naquele dia estava disposta a matá -lo, poré m em
uma curva, o veı́culo que o coronel conduzia sobrou...

Lembrava-se de ter icado lá parada, observado o automó vel com os pneus para cima...

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Horas se passaram até que algué m que passava pela estrada chamasse o resgate.

Naquele dia, a Calligari pensara que seu suplı́cio tinha chegado ao im... Mas o miserá vel sobrevivera, sendo
assassinado uma semana depois.

-- Vovô ...

A voz doce de Aimê a tirou dos seus pensamentos.

Todos os olhares se voltaram para a garota.

Os olhos negros a itaram demoradamente... Pareceram perdidos... A litos...

A Villa Real despertou ouvindo vozes altas e em meio a elas conseguiu identi icar a do avô e a da Diana.

A jovem usava apenas um robe de seda branca, os cabelos estavam soltos e os pé s descalços como o da sua
salvadora.

Ricardo se antecipou, subindo as escadas correndo e indo ao encontro da neta amada.

Abraçou-a, estreitando-a em seu peito, enquanto dava vazã o à s lá grimas.

-- Eu tive tanto medo de nã o te ver novamente... – O general dizia. – Ah, minha pequena Aimê , eu daria a minha vida
por você sem titubear.

-- Estou bem, vovô ... tudo já passou... – Dizia emocionada.

Antô nia observou a sobrinha e percebeu que havia algo naquele semblante bonito alé m da raiva que carregava.

Aproximou-se, depositando a mã o em seu ombro.

Diana a itou por alguns segundos, depois baixou a cabeça, em seguida voltou a observar a cena que se desenrolava
no alto da escadaria.

Em um gesto conhecido, arrumou os cabelos negros.

-- Veio me buscar? – Aimê perguntou sem disfarçar a ansiedade na voz. – Podemos ir embora agora? Quero muito
ver a minha vó ...

Ricardo itou a Calligari por in initos segundos. Ela nã o baixou a cabeça, sustentou o olhar... Ao inal fez um gesto
a irmativo, enquanto deixava a sala.

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-- Sim, vamos embora agora mesmo.

Antô nia foi até eles.

-- Deixe-me ajudá -la a se vestir, Aimê e logo pode sair com seu avô .

A Villa Real assentiu, seguindo com a tia de Diana.

Aimê sentou na cama, enquanto Dinda pegava uma roupa na mochila.

Desejou perguntar pela Calligari, pois tinha certeza de que ela estava na sala, ouviu sua voz e sentiu seu poderoso
olhar sobre si.

Ainda estava confusa, mas sabia que falavam do seu pai, falavam do acidente...

Vez e outra a boa senhora observava a neta de Ricardo e percebia como ela parecia incomodada.

Será que ele ouvira toda a conversa?

Ainda se sentia chocada com a revelaçã o do Villa Real.

Teria mesmo sido Diana a culpada pela cegueira daquela jovem tã o bonita?

Pegou a roupa, em seguida se aproximou da garota, sentando ao seu lado, segurou-lhe as mã os.

Os olhos intensamente azuis pareciam perdidos, ixos em um ponto insigni icante.

-- Fico feliz que esteja retornando para as pessoas que amam... Sei que esses dias nã o devem ter sido fá ceis, ainda
mais por conhecer bem o gê nio da minha sobrinha... – Esboçou um sorriso triste. – Infelizmente ela está presa a um passado
que nã o consegue mudar... Nã o deixe o mesmo acontecer contigo... – Depositou um beijo em sua testa. – Agora vamos nos
vestir... – Entregou-lhe as vestes. – Sei que deve estar ansiosa para voltar para a sua famı́lia.

Aimê esboçou um sorriso.

-- Obrigada, senhora, sou muito grata pela forma que me tratou. – Levantou-se. – Gostaria de icar sozinha... Consigo
me trocar...

-- Claro, estarei aqui fora, assim que terminar me chame para levá -la.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A jovem assentiu e esperou ouvir os passos se afastando para começar tirar o robe.

Sua mente ainda fervilhava com as coisas que Diana falara do seu pai no dia anterior. Desejava icar sozinha com os
avó s para perguntar sobre isso que lhe fora dito.

Percebeu que quando chegara à escadaria, eles falavam de algo relacionada a si, mas nã o conseguira saber o que
era.

Inicialmente a conversa ocorrera em altos brados, mas logo o tom mais ameno fora adotado.

Abriu o robe lentamente.

Quando fora ao encontro de um daqueles tra icantes, fê -lo por desejar saber quem tirara a vida do seu pai... Mas
agora tinha tudo que fora dito pela Calligari...

Deus, seria verdade?

Ouviu a porta se abrir e já abria a boca para dizer a Antô nia que ainda nã o terminara, quando percebeu quem
estava ali.

Era ela...

Deus, era ela!

O cheiro da princesa selvagem era como uma droga... Inebriante...

A Calligari trancou a porta na chave, em seguida segurou Aimê pelo braço, pressionando-a contra a parede.

A Villa Real tentou soltar os pulsos, mas a major os prendeu sobre sua cabeça.

-- Deixe-me! – Pediu.

Diana itou os olhos tã o azuis... O nariz bem feito... As maçã s rosadas... Os lá bios de veludo...

Pô de-se ver naquele cé u...

Aproximou a boca da dela, sentindo a respiraçã o acelerada...

Estreitou os olhos ao ver o belo decote que o robe entreaberto deixava a mostra.

Tentava se concentrar, mirando sua face.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Meu avô está lá embaixo... – Aimê tentava empurrá -la. – Preciso me arrumar para ir embora... Se ousar me tocar
gritarei...

A major nã o parecia se importar com as ameaças.

-- Diga-me quando icou cega! – Ordenou baixinho. – Diga-me exatamente o dia, o ano e o mê s.

A Villa Real nã o entendia a razã o pela qual a Calligari insistia em saber sobre isso.

-- Diga-me! – Apertou-a mais forte. – Se deseja se livrar de mim, comece a fazer o que estou te ordenando.

Colou o corpo ao dela.

A neta de Ricardo sentiu uma adrenalina se apossar de si.

-- Responda-me! – Disse de encontro ao seu ouvido. – Nã o me desa ie, apenas faça o que digo e sairei daqui...

Aimê debateu-se, conseguindo se livrar dos braços que a prendiam, afastando-se.

-- Eu nã o obedeço a você , nã o sou seus soldados e tampouco um daqueles ı́ndios que a veem como uma princesa. –
Fechou o robe. – Saia e me deixe em paz... Irei embora daqui e nunca mais terei o desprazer de encontrá -la.

A ilha de Alexander odiava quando ela a desa iava, odiava porque era como se nã o estivesse no controle como era
de costume.

Aproximou-se com seus passos lentos, mas daquela vez nã o a tocou, apenas a encarava, observava-a com atençã o.

Fora responsá vel por aqueles lindos olhos terem perdido a luz?

Mordiscou o lá bio inferior.

Nã o, nã o poderia se sentir culpada por aquilo.

Passou as mã os pelos cabelos.

Seguiu até a varanda, tentava respirar...

Fitava a grande imensidã o, o verde que ocupava grandes á reas.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Nã o havia ningué m no pá tio, todos estavam a trabalhar.

Ainda usava o roupã o, nem me se deu ao trabalho de trocar de roupa.

Aimê tateou até a porta, mas ao mexer no trinco percebeu que estava fechada e a chave nã o se encontrava lá .

Estava presa!

Poderia gritar por ajuda, mas era melhor nã o fazer. Temia um confronto daquela mulher com seu avô , percebia que
nã o havia nenhum vı́nculo de amizade entre eles, mas se era assim por que fora ela quem a salvara?

Tentava controlar a respiraçã o.

Onde estava sua salvadora?

Tinha certeza de que a Calligari continuava ali, mas em que lugar daquele enorme quarto.

Apurou os ouvidos...

Naquela parte o cheiro dela sufocava e entontecia.

Deus, onde tinha deixado as roupas que Antô nia lhe entregou?

Ouviu os passos dela se aproximarem.

Enrijeceu-se!

Nã o tinha medo da princesa indı́gena, poré m se assustava com o turbilhã o de emoçõ es que se apossava de si diante
do toque dela.

-- Eu direi o que quer saber, contanto que me deixe em paz... – Apressou-se em dizer.

Diana chegou bem perto, estendendo a mã o lhe tocou a face.

Aimê se encolheu.

-- Deixarei que vá embora com o seu avô , mas antes quero te dar algo, a inal, pela minha tribo, somos casadas.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A Villa Real sentiu a pele se arrepiar diante do tom enrouquecido.

Aprendera a conhecer aquele jeito baixo e contido.

-- Eu nã o quero nada... Dispenso seus mimos, esse casamento nã o tem nenhum valor... Entã o nã o perca seu tempo...

A Calligari depositou as mã os sobre seus ombros.

Aimê sentia os dedos longos massageando-a sobre o tecido de seda... Fazia-o sem pressa, sem grosseria, delicada...

Os olhos azuis estavam tã o maiores naquele momento, o rosto trazia o corado conhecido.

-- Meu avô me espera... – Disse em um io de voz. – Saia e me deixe...

Os lá bios bonitos da morena se desenharam em um sorriso, mas nã o o cheio de sarcasmo costumeiro, um diferente,
sublime.

Lentamente, desnudou os ombros...

Engraçado que apenas naquele momento ela viu alguns sinais que enfeitavam a pele branca...

Achou-os sedutores...

Voltou a itá -la e percebia o pâ nico...Mas també m havia muito mais do que isso...

Abraçou-a!

Aimê permaneceu está tica, enquanto seus braços caiam ao lado do corpo.

Era possı́vel ouvir seu coraçã o bater acelerado...

Nã o sentia as pernas... Na verdade a ú nica coisa que sentia naquele momento era uma poderosa sensaçã o que a
fazia vibrar por dentro...

Havia aquela dor... Aquele incô modo... Havia ela...

O ar parecia demasiado, sufocando-a...

Diana fez com que a roupa deixasse seu corpo... A neta de Ricardo nã o pareceu perceber o que se passava.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Naquele momento apenas uma calcinha era a ú nica proteçã o que tinha para nã o mostrar sua total nudez.

A Calligari colou os lá bios em seu pescoço...

-- Ficou cega no acidente onde estava com seu pai... No dia vinte e trê s de Janeiro... Estavam na estrada litorâ nea... –
Encarou-a. – Diga-me...

Os seios da garota arfavam... O movimento chamou a atençã o da major.

Ela fez um gesto a irmativo com a cabeça!

-- Sofri vá rias cirurgias... A falta de socorro agravou ainda mais meu caso, pois iquei durante horas desacordada...
Mas por que se importa com isso?

Diana fechou os olhos por alguns segundos e ao abrirem podia se ver as lá grimas dançando em sua pupila.

Recordou-se de quando encontrara Aimê e ela era ainda uma garotinha... Lembrava-se de vê -la brincar e correr com
a ilha de outros soldados.

Engraçado que na é poca nã o prestara muita atençã o, poré m icara encantada com o azul dos olhos dela... Mesmo
que a famı́lia Villa Real ostentasse aquela marca, os dela tinham algo diferente.

Por que saber que a ilha de Otá vio perdera a visã o por sua causa era algo tã o terrı́vel?

A inal, ela era descendente direta do homem mais cruel que teve o desprazer de conhecer...

Fora por culpa deles que perdera tudo...

Seu pai se suicidara, pois nã o conseguira lidar com a vergonha...

A major tã o respeitada passara vá rios dias presas, enjaulada por pecados que nã o cometeu... Entã o, por que o que
se passara com Aimê era tã o terrı́vel para si?

Deu alguns passos para trá s, mantinha distâ ncia.

A Villa Real continuava parada, ainda demonstrava total surpresa...

Diana seguiu até a porta, pegou a chave no mó vel para abrir, mas sua mã o repousou sobre a maçaneta e nada ela
fez.

Respirou fundo!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Apertou o ferro frio tã o forte que sentiu os dedos reclamarem.

Por sobre o ombro itou a ilha de Otá vio...

Observava-a por segundos interminá veis...

Uma solitá ria lá grima desceu dos olhos negros.

De repente aquele olhar frio e orgulhoso voltou a reinar.

Em passos largos foi até a cama onde estavam as roupas que Antô nia tinha trazido para Aimê , pegando-as, em
seguida se aproximou da menina, tomando-lhe a mã o, praticamente arrastando-a até o lugar onde desenhava.

Sentou a Villa Real sobre a mesinha, derrubando as tintas, os pinceis... colocando as vestes em seu colo.

Aimê parecia chocada...

-- Depois que o seu maldito avô a levar daqui nã o cruze nunca mais o meu caminho! – Dizia sem fô lego como se
tivesse corrido uma maratona. – Vá para o mais longe que puder de mim e independente do que venha a saber... Esqueça!

Mantinha a cabeça baixa, enquanto suas mã os repousavam nas laterais da escrivaninha, tendo a jovem presa no
cı́rculo dos seus braços.

A ilha de Otá vio sentia a agonia que parecia abalar aquela mulher, era como se aquela Diana estivesse guerreando
contra algo mais poderoso.

-- O que se passa? – Indagou.

Aimê ouvia a respiraçã o pesada, senti-a diferente.

O que estava acontecendo?

-- Diana... – Chamou-a baixinho.

A Calligari levantou a cabeça diante do som daquela doce voz.

Encarou-a, mas nada disse...

Sentiu-a tã o perto de si, tã o pró xima...

Mirou os lá bios rosados... Macios...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Nã o resistiu...

Segurou-lhe forte na nuca, trazendo-a para si, beijando-a.

A neta de Ricardo nã o colocou resistê ncia, ao contrá rio, daquela vez ela tomou o rosto da sua salvadora nas mã os,
intensi icando o contato.

Desejava senti-la, a inal, logo iria embora, entã o aproveitaria aquele momento para investigar por que era tã o
perfeita as sensaçõ es que a dominavam quando era beijada por ela.

A Calligari colocou mais pressã o... Urgê ncia...

Diana nã o era uma mulher de delicadezas, mas era cheia de paixã o e era assim seu beijo.

Forte, atrevido quando provocava a lı́ngua de Aimê , exigente quando a capturava, mantendo-a presa, sugando-a,
movendo-se com maestria, seduzindo...

A Villa Real gemeu enquanto a abraçava pelo pescoço.

Adorava o cheiro dela... Mesmo que nã o pudesse admitir jamais, adorava o toque dela, a forma como seu corpo
parecia ser conduzido.

Beijou-a mais... como se desejasse devorá -la... Adorou quando prendeu-lhe a lı́ngua, adorou poder chupá -la até
ouvir a major esboçar um som dolorido... manhoso... Sensual...

Continuava a exploraçã o... Sentiu as mã os dela sobre seus seios...

Deus, como podia existir tamanha sensaçã o?

Os mamilos respondiam...

Estavam tã o eriçados que doı́am...

Diana abandonou os lá bios sob protestos, mas agora sua atençã o estava centrada no colo perfeito aos seus olhos...

Lambeu-os... Enquanto usava o polegar e o indicador para deixá -los mais excitados... Com a ponta da lı́ngua
incitava-os...

Apertava-os fortemente, amassando-os, massageando-os...

Ouviu-a gemer baixinho...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Chupou mais... Mordiscando-o, deliciando-se como se tivessem todo o tempo do mundo.

Aimê mantinha a cabeça dela contra seu colo...

Ouvia o barulho que ela fazia ao mamar... Excitava-se ainda mais...

Nã o sabia como parar daquela vez... Na verdade, vasculhava a mente, mas era como se houvesse apenas aquele
momento, era como se seu cé rebro só captasse o agora...

Inclinou a cabeça para trá s... E nã o demorou a Calligari começar a beijar seu pescoço... Mas seus dedos seguiam por
outro caminho.

Diana lhe tocou o sexo sobre a calcinha e precisou respirar fundo para manter o controle quando notou como o
tecido estava encharcado.

Fitou-a, vendo que ela matinha os olhos fechados.

Beijou-lhe os lá bios novamente e dessa vez deixou que ela controlasse o ato...

Seus dedos adentraram o espaço da peça ı́ntima... O tecido estava apertado e retardava seus movimentos.

Impaciente, segurou na lateral com ambas as mã os, rasgando-a.

Agora sim poderia tocá -la....

Inicialmente usou os nó dulos dos dedos para fazê -lo... Escorregava... Continuou, aumentando a pressã o, mas nã o fez
mençã o de penetrá -la... As carı́cias seguiam externamente...

Com o indicador explorava... Mexia-o... Pressionava...

Em determinado momento, Aimê deteve-lhe os movimentos.

Diana a itou e os olhos azuis se abriram para si...

Os lá bios dela estavam um pouco inchados... A face trazia respingos de suor, o cabelos estavam molhados...

-- Nã o... – Sussurrou, enquanto continuava detendo-a.

-- Aceite meu presente, mimadinha... Depois de hoje nã o devemos nos ver mais... Aceite-o... – Voltou as carı́cias,
mesmo tendo a mã o dela sobre a sua.

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Agora usou os dois dedos... depois os levou aos lá bios dela...

-- Chupe-os... Faça do mesmo jeito que iz naquele dia com os seus...

Aimê nada disse, mas nã o esboçou reaçã o contrá ria novamente...

Passou primeiro a lı́ngua e depois sugou-os...

Os olhos negros se estreitaram... Retirou-os...

Aimê afastou mais as pernas... Apoiando as mã os na madeira, pois temia cair...

Percebia os dedos voltaram a exploraçã o... Estava tã o molhada que tinha a impressã o que se derramaria a qualquer
momento...

Cerrou os dentes quando o polegar fazia movimentos circulares sobre seu clitó ris... Depois percebeu que ela
começara a usar dois...

Mexeu o quadril...

Ouvia-a a respiraçã o acelerada e nã o sabia se era sua ou da princesa...

Teve um momento de pausa e imaginou se a Diana já tinha terminado...

Entã o era daquele jeito?

Bem, nã o parecia ser tã o arrebatador com chegou a imaginar... Nã o faria falta em sua vida...

Mas parecia que algo estava errado, pois seu corpo ainda clamava... Ainda estava em chamas...

Sim, era algo delicioso, mas imaginou que viria muito mais...

Entã o sentiu a respiraçã o contra suas coxas...

-- Diana...

A Calligari a mirou por alguns segundos... Mas logo sua atençã o era para o delicioso sexo rosada que se abria para
si...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Cheirou-o... Inalou o delicioso aroma...

Estava louca para tomá -la para si e saciar sua vontade... Mas nã o deveria fazê -lo... Daria a ela aquele momento... Mas
nada teria para si, pois temia o que viria a seguir...

Beijou-lhe o sexo... Deixando os lá bios lá , parados... Mas depois sua sede pareceu aumentar...

Prendeu-os em sua boca... Abocanhando-os...

Ouviu os protestos de Aimê e teve que lhe segurar as pernas para que ela nã o as fechassem...

-- Diana...

Ouviu-a chamar seu nome e teve a sensaçã o que morreria de prazer naquele dia...

Sua boca voltou ao trabalho...

Chupou...

Esfregou o nariz sobre o vulcã o em chamas...

Sugou o mel que escorria... Lambeu... Lambeu...

Sentia o corpo dela tremer... A respiraçã o acelerada...

Chupou mais forte, de forma mais intensa...

Sentiu as unhas cravarem em seus ombros, mas aquilo nã o a incomodou...

Sua lı́ngua começou a lamber novamente...

Aimê abriu-se mais...

Sentiu-se açoitada... Percebeu que a princesa beijava seu sexo como izera com sua boca...

-- Diana... por favor... – Sussurrou.

A Calligari sabia que nã o demoraria a ela explodir em um orgasmo delicioso e por essa razã o diminuı́a a
intensidade das carı́cias... Mas ao ouvi-la sussurrar seu nome por ininterruptas vezes... Aumentou a pressã o.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A neta de Ricardo mordeu os lá bios tã o forte que sentiu o sabor do sangue... Mas o fez para nã o gritar... Teve a
impressã o que morreria a qualquer momento...

Diana prendeu o clitó ris em seus lá bios... Chupou-o, mordeu-o... Aumentou a pressã o...

Usou a lı́ngua, os dedos...

Esfregou a cara, lambuzando-se nela... e logo ouvia-a explodir naquele prazer animal e primitivo...

-- Entregue-se... Sinta...

Percebeu quando ela cravou os dentes em seus ombros...

Massageou o sexo mais rá pido... Mexeu-o e quando a viu tombada, parou...

Abraçou-a, sentindo os espasmos dela...

Sentiu algo molhando sobre a pele do pescoço e ao itá -la viu os olhos azuis derramados em lá grimas...

Beijou-os... Depois lhe capturou os lá bios novamente...

Beijou-a até perceber que os tremores cessaram...

Depois de algum tempo, encarou-a...

-- Eis o meu presente para ti, mimadinha...

Aimê sentia-se fraca...

Sua respiraçã o aos poucos voltava ao normal.

Sentia a face arder, envergonhada pelo que acabara de fazer...

Diana ajudou-a a descer da escrivaninha, segurando-a por alguns segundos até perceber que ela nã o cairia.

Depois pegou as roupas que jaziam no chã o, colocando em suas mã os.

-- Vá com seu avô e se prepara para o que ainda estar por vir... mesmo assim, diante de tudo, nã o se aproxime mais
de mim... Nã o a quero em minha vida e nã o me responsabilizarei por meus atos se você voltar a cruzar o meu caminho...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Diana... – Sussurrou.

A Calliagari viu o rosto bonito saciado...

Nunca em sua vida tinha visto uma mulher tã o linda.

-- Nã o diga nada! – Cortou-a. – Sua honra continua intacta...

Aimê ouviu os passos se afastando... Ouviu o clique da chave e depois a porta sendo fechada...

Sentiu as pernas fraquejarem, caindo de joelhos...

“ Sua honra continua intacta...” – Essas palavras martelavam em sua mente.

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Capitulo 13 por gehpadilha

Diana seguia pelo corredor e quase bateu de frente com Antô nia.

A senhora olhou para o rosto dela, estava tã o corada que parecia ter pegado sol durante o dia todo, mas a Calligari
nã o esperou que a tia a questionasse, pois seguiu rapidamente para um dos quartos de hospedes.

A tia de Alexander itou os aposentos que Aimê ocupava, parecia pensativa, ponderava sobre o que podia ter se
passado.

Ficara esperando pela neta de Ricardo, mas como demorara muito, fora a sua procura, deparando-se com a
sobrinha que parecia estar sendo perseguida por todos os demô nios.

Respirando fundo, decidindo ir ver o que se passava com a major.

Ao entrar no quarto ouviu o som do chuveiro.

Seguiu até o banheiro e pelo box conseguiu ver a jovem sob a ducha.

Diana apoiava os braços no vidro, sua cabeça estava inclinada.

-- O que se passa? – Indagou de fora. – O que você tem?

A pintora nada disse, apenas icou ali, permitindo que a á gua fria lavasse seu corpo... Buscando acalmá -lo.

Sentia-se em chamas, como se por dentro estivesse em erupçã o.

Ainda nã o entendia como conseguira se controlar, pois o que mais desejava era que seu corpo se consumisse na
Villa Real.

Ela era virgem!

Fechou as mã os fortemente.

Precisava se afastar... Nã o con iava em seus instintos...

Levantou a cabeça, inclinando o pescoço em movimentos circulares.

Ainda martelava em sua mente o fato de Aimê está em companhia de Otá vio naquele dia, ainda estava presa nisso,
esse fato destruı́ra sua força.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Filha, diga-me o que se passa?

A voz de Antô nia a tirou dos seus pensamentos.

Desligou a á gua, pegou o roupã o, vestindo-o calmamente, depois deixou o recinto.

-- Dinda, leve Aimê para Ricardo! – Ordenou, enquanto passava pela tia.

-- Diana, você nã o está bem! – Seguiu até ela, tocando-lhe a face, fazendo-a encará -la. – Você discutiu com a menina?

Fitou os olhos intensamente negros e percebeu como ainda pareciam feridos, mas també m havia remorso.

-- Leve-a, Dinda, antes que eu mude de ideia... – Falou por entre os dentes. – Afaste essa garota de mim!

Antô nia tomou-lhe as mã os, beijando-as.

-- Filha, eu sei que o que Ricardo disse deve ter sido difı́cil, poré m se realmente é verdade, você nã o sabia que Aimê
estava no carro.

O maxilar forte enrijeceu, enquanto ela permanecia calada.

Mesmo que nunca tivesse admitido se sentira pé ssima quando recordava que negara ajuda a algué m que precisava,
entã o mesmo com todo o ó dio que sentia, sentira-se aliviada quando Otá vio nã o morreu no acidente. Sim, ela desejava a
morte dele, mas nã o daquela forma covarde, desejava um confronto direto. Poré m agora ao saber que houvera uma vı́tima,
sentia-se desnorteada com aquele fato.

-- Eu nã o sei... – Suspirou. – També m nã o desejo falar sobre isso, quero apenas icar sozinha.

Antô nia abraçou-a como era seu costume.

Conhecia bem a sobrinha e sabia que ela raramente desabafava, foram poucas as vezes que aqueles lá bios bonitos
falavam o que a perturbava ou mesmo expressaram como algo doı́a, como se sentia arrasada...

Sentia o coraçã o dela pulsar acelerado, sentia como ela parecia tocada.

Segurou-lhe a face, depois depositou um beijo em sua testa.

-- Estarei sempre com você , minha Diana!

A Calligari nada disse, enquanto observava a tia deixar os aposentos.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Caminhou até a cama, deitando-se de costas.

Observava o teto...

Os olhos negros pareciam tã o perdidos naquele momento, enquanto em sua mente cenas se repetiam.

Aimê continuava ajoelhada no chã o.

Seu corpo ainda tremia... Era como se um vulcã o tivesse entrado em erupçã o dentro de si.

Levou a mã o aos lá bios, cobrindo a boca, tentando conter o soluço que escapava.

O que fora aquilo que se passou?

Por que nã o a deteve?

Depois de tudo, aquela mulher ainda falara em honra...

Que honra?

Sua alma tinha sido profanada...

O que faria agora?

Mordiscou o lá bio inferior demoradamente...

Iria embora, deixaria tudo o que passou para trá s, esqueceria os dias, as horas, todos os momentos que passara ao
lado da terrı́vel major. Sim, era o que deveria fazer, deveria seguir e como a Calligari mesma disse, nunca mais cruzaria o
caminho dela.

Meneou a cabeça...

Deus, como tirar aquelas lembranças de sua mente?

Nunca em sua vida imaginara que haveria uma sensaçã o realmente tã o forte...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Outra lá grima insistiu em descer... Depois vá rias outras...

Conseguiria sufocar aquele sentimento?

Antô nia bateu na porta do quarto onde estava a ilha de Otá vio.

Nã o houve respostas.

Tentou mais uma vez e outra... Poré m nada fora dito como se o lugar estivesse vazio.

Já se preparava para se afastar quando ouviu um soluço, gemidos...

Sem pensar abriu a porta e icou pasma ao ver Aimê de joelhos se derramando em lá grimas.

Pegou o roupã o que estava ao chã o, cobriu o corpo nu, levantando-a em seguida.

Fitando-a com atençã o.

A face estava demasiadamente corada... Os olhos azuis abertos, ixos, chorosos...

-- O que se passa, ilha? – Indagou preocupada.

Só naquele momento, a jovem se deu conta de que havia algué m ali com ela, só naquele momento percebeu que
estava de pé e segurada pelos braços da senhora Antô nia.

Abraçou-a, apoiando o rosto em seu ombro.

-- Eu...nã o sei... – Sussurrava baixinho – Quero ir embora daqui... Eu preciso ir... – As frase eram interrompidas por
sú bitas tomadas de ar.

Dinda lhe acariciou os cabelos.

-- Shiiiii – embalava-a como se fosse uma criança. – Tudo vai icar bem, tenha calma... Nã o se desespere, querida...

A Villa Real se agarrava à quela senhora como se fosse sua salvaçã o.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Antô nia permaneceu ali, ouvindo os suplı́cios da garota e se sentindo triste, pois sabia que fora sua sobrinha a
causadora daquela dor que agora feria aquele ser tã o doce e indefeso.

Mas será que a Diana podia ser responsabilizada? Ela també m nã o fora uma vı́tima de tudo o que aconteceu?

Gostaria que elas nunca tivessem se encontrado, desejava que Ricardo nunca tivesse pedido a ajuda da herdeira de
Alexander, mas agora que acontecera nada se podia fazer.

-- Aimê ... – Chamou-a. – Quando sair daqui com seu avô , tudo voltará ao normal... Você terá sua vida de volta, estará
com as pessoas que ama... Aos poucos essa dor que está sentindo vai passar, aos poucos sua memó ria esquecerá o que fora
vivido...

Alguns segundos se passaram até que a garota levantasse a cabeça.

-- E se nã o passar? E se eu nunca conseguir esquecer?

Antô nia suspirou alto.

-- Vai passar...

A jovem fez uma gesto a irmativo com a cabeça, mesmo que duvidasse que tudo pudesse icar como era antes...
Mesmo assim seria menos doloroso acreditar nisso do que pensar que jamais tiraria Diana Calligari dos seus pensamentos e
do seu coraçã o.

Diana estava sob uma á rvore.

Acariciava a crina de Cé rbero quando viu o carro passar na estrada.

Aquela fora a melhor coisa a ser feita, ainda mais porque nã o sabia se conseguiria segurar a vontade que sentia de
tomar aquela menina para si de forma completa e isso era algo que deveria evitar de todo jeito, pois nã o sabia se uma ú nica
vez seria su iciente para saciar seu desejo.

Puxou as ré deas e logo o cavalo seguiu em disparada para o lado oposto.

Naquele mesmo dia, Diana cumprira a promessa que izera a Antô nia e ambas seguiram para a Alemanha.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê foi acolhida por lá grimas emocionadas de Clá udia.

A mulher icara surpresa ao ver o marido entrar com a neta.

Naquela manhã o procurara na cama e nã o o encontrou, chegando a se preocupar, pois ele nã o costumava sair sem
avisar para onde estava indo.

-- Filha... ilha... Minha pequena... – Tomou-lhe a face nas mã os. – Eu tive tanto medo de te perder, tanto medo que
nunca mais voltasse para a casa.

Aimê a apertou forte.

-- Vovó , pensei que nunca mais ouviria sua doce voz.

Ricardo uniu-se a elas, comemorando a volta da sua amada neta.

Alguns dias depois, em um jantar entre eles, Aimê tocou no assunto que há tempos a incomodava.

A matriarca servia uma deliciosa sopa para o marido e para neta, depois se sentou.

-- Você vai amar, ilha, sei que essa é a sua favorita.

Os Villa Real ocupavam um apartamento modesto no centro de uma pequena cidade.

Ricardo perdera tudo que acumulara em toda sua vida com as farras de Otá vio, o tratamento da neta e as grandes
quantias que tivera que entregar aos bandidos para proteger a memó ria do ilho.

O general nã o pareceu se importar em cumprir a promessa que izera para a Calligari.

Trocara todos os nú meros de telefone, sumindo sem deixar pista.

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Nã o poderia fazer o que Diana queria, era impossı́vel, havia muita coisa em risco.

-- Essa semana vamos ter um grande evento na cidade, o prefeito vai dar uma festa para angariar verbas para o lar
dos idosos... – Aimê dizia entusiasmada. – Nossa loricultura fora a escolhida para decorar a mansã o... Estamos numa correria
só .

-- Teremos muito trabalho! – Clá udia levava a colher à boca. – Temo que apenas nó s trê s nã o consigamos dar conta.

-- Nã o, vovó , a Bianca e eu estamos tomando a frente de tudo, estamos dispostas a fazer hora extra. – Sorriu. – Gosto
de me ocupar, ico feliz por ter coisas para fazer.

Ricardo nada falava sobre isso, pois para ele era uma humilhaçã o que a esposa e neta trabalhassem.

Ele recebia um dinheiro do exé rcito e agora conseguira ser nomeado secretá rio de segurança daquela pequena
cidade, mas as dı́vidas ainda eram enormes. Sem falar que desejava muito poder juntar o valor para que a neta izesse uma
nova cirurgia.

Depois que terminaram de jantar, seguiram para a pequena varanda, coisa que era normal.

Clá udia seguiu até a cozinha ara fazer café , enquanto Ricardo e Aimê icaram conversando.

-- Fico feliz que esteja feliz, ilha!

A garota sorriu, mas de repente voltou a icar sé ria.

Tinham um assunto a tratar, mas sempre que tocava no tema, Ricardo desconversava.

No dia que voltavam da fazenda da Calligari chegou as fazer questionamentos, mas o general se negou a falar sobre
o assunto.

-- Vovô ... – Chamou-o relutante.

Ricardo folheava uma revista, quando a voz doce chamou sua atençã o.

-- Sim, querida! – Encarou-a. – O que deseja?

A garota respirou fundo, parecia procurar uma forma para iniciar a conversa.

-- Eu preciso que me fale sobre as acusaçõ es que ouvi no cativeiro, sem falar nas palavras que... – Mordiscou o lá bio
inferior. – Sobre o que a Calligari me disse.

Aimê sentiu um arrepio na espinha só em falar aquele sobrenome.

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Desde que retornara, dedicava-se ao trabalho dia a dia, ocupando-se, pois nã o desejava pensar naquela mulher,
poré m sempre que deitava para dormir, era como se o cheiro dela ainda estivesse ali presente, era como se aquela voz rouca
ainda esbravejasse ou...

Sentiu o rosto corar.

-- Eu nã o quero falar sobre isso! – O homem cortou.

-- Nã o, Ricardo!

A voz de Clá udia pô de ser ouvida.

-- Conte para ela, fale tudo de uma vez por todas! – Ordenou.

Aimê pareceu surpresa.

O general levantou-se, enviando um olhar de advertê ncia para a esposa.

Levantou-se, andou um pouco pela sala e depois se voltou para a neta.

-- Ok!

A jovem assentiu, enquanto esperava ansiosamente pelo esclarecimento daqueles fatos.

O militar respirou fundo e depois de algum tempo começou a falar.

-- O seu pai fora apaixonado por Diana Calligari! Toda a desgraça da nossa famı́lia começou porque causa dessa
maldita paixã o.

Aimê pareceu chocada com as palavras.

Seu pai era apaixonado por...

Por que aquele pensamento era tã o doloroso?

-- Ele matou o noivo dela?

Clá udia abria a boca para falar, mas Ricardo fez um gesto para que ela parasse.

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-- Nã o, a Diana e o noivo eram traidores, estavam roubando armas e cedendo para tra icantes.

Clá udia pareceu chocada, pois ela sabia que aquilo nã o era verdade.

Ricardo nã o encarou a esposa, sabia que ela nã o concordaria com aquilo.

-- Seu pai amava tanto a Diana que estava disposto a perdoar essa falha da Calligari, contanto que ela aceitasse seu
pedido de casamento.

-- Ricardo! – A esposa chamou seu nome em advertê ncia.

O general a ignorou.

-- A Diana ingiu ter aceitado, mentiu, enganou e quando seu pai descobriu foi obrigado a tomar atitudes trá gicas.
Ela fora amante de Otá vio, enquanto noivava com outro.

Aimê se levantou.

Ela o fez tã o rapidamente que quase caiu.

Clá udia foi até ela, segurando-a.

-- Nã o pode ser! – Passou a mã o pelos cabelos. – Como a Diana pô de fazer algo assim? Ela age com muito ó dio por
nossa famı́lia, fala como se tivesse sido vı́tima!

-- Duvida do seu pai? Duvida do homem maravilhoso que sempre te amou e te protegeu de tudo e de todos? –
Ricardo questionou aborrecido.

-- Nã o, mas é que...

-- Você queria a verdade, essa é a verdade!

-- Mas os sequestradores, eles falavam...

-- Acreditou nesses bandidos? Prefere acreditar nesses bandidos?

Aimê estava confusa, mas acabou fazendo um gesto negativo com a cabeça.

Sentia-se mal por ter duvidado na integridade do pai, por ter chegado a pensar que Diana falara a verdade.

Como pô de pensar algo assim?

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Desculpou-se, enquanto seguia para seu quarto.

Clá udia nã o foi atrá s dela. Permaneceu lá , seu olhar denotava pesar, denotava decepçã o.

Ricardo caminhou até o pequeno bar, preparou um conhaque, bebendo de uma vez.

Depois caminhou até o sofá , sentando-se de cabeça baixa.

-- Por que mentiu?

-- Eu nã o posso... Nã o entende como a verdade seria destrutiva.?

-- Você mentiu para a nossa neta, você nã o cumpriu a promessa que izera para a Diana! – Acusou-o. – Ela foi
naquela selva, se arriscou e trouxe Aimê para nó s... – Passou a mã o pelos cabelos. – Nã o sei o que pensar.

Ricardo a encarou.

-- Se eu cumprir a promessa que iz a Calligari, esses homens virã o aqui e levarã o Aimê novamente e dessa vez a
matarã o.

-- Sim, Ricardo, eles virã o porque nó s permitimos que apesar de tudo que Otá vio fez, nó s encobrimos, nã o
denunciamos o crime dele, sendo assim seus cumprisses ainda estã o livres...

Ele ainda abriu a boca para falar algo, mas acabou permanecendo calado, enquanto ouvia os passos da esposa se
afastarem.

Infelizmente, ele nã o acreditava que pudesse fazer algo para mudar tudo aquilo.

Passara muitos anos, nã o poderia simplesmente contar tudo o que se passou, a inal, aquilo acontecera há tanto
tempo, nada mudaria se a verdade viesse à tona, apenas a vida da sua neta correria perigo.

Naquela noite Aimê nã o conseguira dormir.

Nã o parava de pensar que seu pai fora apaixonado por Diana... Sua mente criava situaçõ es e só em imaginar que
havia tido uma relaçã o ı́ntima entre eles... Que a Calligari fora amante de Otá vio...

Aquilo nã o podia estar acontecendo?

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Suas lá grimas molhavam o travesseiro.

Como um ser humano poderia ser tã o terrı́vel como a major?

Agora sim estava cada vez mais segura de nã o desejar encontra-la mais, agora sim tinha certeza de que o melhor
era manter total distâ ncia.

Mesmo tendo tido uma pé ssima noite, na manhã seguinte, logo cedo a jovem Villa Real seguia para loricultura
acompanhada de Clá udia.

A mulher observava a neta de soslaio, enquanto dirigia tinha a impressã o que ela nã o estava bem.

Na verdade, desse que a jovem retornara daquela aventura terrı́vel sentia que algo estava errado. Inú meras vezes
tentara conversar sobre aquilo, mas Aimê sempre dizia que tudo estava em ordem.

Será que essas mentiras contadas por Ricardo nã o seria uma faca de dois gumes?

-- Tem nuvens no cé u? – A garota perguntou.

Clá udia exibiu um sorriso enquanto itava a rua.

Acabavam de chegar à praça onde estava a loricultura.

Ali era o centro daquela pequena cidade.

Havia sorveterias, lojas de roupa, lojas de sapatos, restaurantes, uma pequena pousada e aos inais de semana, uma
grande feira que chegava durar o dia todo.

Clá udia estacionou o veı́culo.

-- Na verdade tem algumas nuvens carregadas, creio que teremos uma pequena chuva, mas nã o durará .

-- Menos mal! – Ela disse soltando o cinto.

-- Por quê ?

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-- Esquece de que tem a festa e pelo que iquei sabendo será no grande jardim que os convidados dançarã o, imagine
que terrı́vel se eles molharem suas roupas.

Clá udia sorriu enquanto abria a porta e descia do carro.

-- Você vai com a Bianca, nã o estou muito animada para esse tipo de evento.

Aimê també m desceu do veı́culo.

-- Nã o gosto de ir, acho chato.

Clá udia lhe tomou a mã o, caminhando ao lado dela.

-- Você é muito jovem, precisa se divertir, conhecer gente nova.

O cheiro de lores era maravilhoso.

A loja já estava aberta.

Pelas vitrines de vidros se via os mais belos arranjos.

Bianca atendia um cliente quando as duas entraram.

A garota foi até as duas mulheres, abraçando-as.

-- Demoramos um pouco porque passamos para comprar o café da manhã . – Aimê disse em um sorriso. –
Trouxemos um monte de coisas gostosas!

Bianca era sobrinha do prefeito e a ú nica amiga que Aimê tinha.

Conhecia-a desde que fora morar ali, há mais de seis anos e se tornara uma boa amiga.

Elas tinham a mesma idade e quando a Villa Real tivera a ideia de montar a loricultura a moça entrara como só cia e
a amizade de ambas icara ainda mais estreita.

-- Vou preparar um café e já volto. – Clá udia beijou as duas e foi para o fundo da loja.

-- Preferimos suco! – Bianca falou piscando.

Todo dia era a mesma coisa, a matriarca fazia café para os clientes e refresco para as meninas.

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-- Você s nã o tem bom gosto! – Resmungava enquanto se afastava.

Quando estavam sozinhas, Aimê seguiu para a lateral onde cultivavam algumas lores e jovem loira e miú da a
acompanhou.

A Villa Real se apoiou sobre os calcanhares, enquanto tocava as rosas.

-- Ontem falei com meu avô ...

Bianca conhecia toda a histó ria, até mesmo sabia dos detalhes de sua aventura na selva.

-- E entã o? – Indagou receosa.

Aimê tocou a pé tala macia, depois se levantou.

-- Aquela mulher fora amante do meu pai e ainda por cima uma grande traidora!

-- Nossa! – Levou a mã o à boca. – Entã o tudo o que ela falou é mentira?

Aimê fez um gesto de assentimento.

-- Pre iro nã o falar mais nisso, nã o desejo nem mesmo recordar de Diana.

Bianca lhe tomou as mã os.

Ela conhecia bem a amiga e sabia como ela era perturbada com as histó rias que ouvira sobre Otá vio. Agora
percebia como essa verdade lhe fez mal.

-- Sabe que estou aqui para qualquer coisa! – Abraçou-a. – Hoje na festa você vai se esquecer de tudo isso! –
Colocava entusiasmo na voz. – Meu primo perguntou por você , acho que ele está apaixonado.

-- Ah, nã o, sabe que nã o desejo ir a essa festa! – Desvencilhou-se do toque. – E també m nã o quero que me fale do
seu primo, nã o acredito que algué m deseje ter uma relaçã o comigo.

-- Ei, Aimê , desde quando você tá com essa auto estima tã o baixa hein? – repreendeu-a. – Já perdi as contas de
quantos rapazes se interessaram por ti... Meu Deus, você é linda... Esses olhos tã o azuis, esses cabelos pretos... E essa pele
branquinha... Ah se eu fosse tã o linda, passaria o rodo na cidade.

Ambas acabaram caindo na risada com aquela brincadeira.

-- Você é terrı́vel, Bianca Alvarenga!

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Ouviram a voz de Clá udia chamando.

-- Vamos, teremos pouco tempo ara comer hoje, muito trabalho... Mas à noite poderemos no encher de salgadinhos!

Aimê assentiu, enquanto ouvia os passos dela se afastando.

Nã o a seguiu de imediato.

Permaneceu lá , parada, tendo aquela impressã o de que algo estava errado.

Quando pensava que cedera ao desejo e permitira que Diana a tocasse, sentia-se nauseada, pois em sua mente
chegava a imaginar o pai sendo seduzido do mesmo jeito.

Aquele mê s nã o fora fá cil, fora terrı́vel, pois em muitos momentos estava sempre a esperar ouvir aquela voz
imperiosa... Mas agora que sabia de tudo, tiraria a major de uma vez por todas dos seus pensamentos...

Fechou os olhos respirando lentamente.

Nã o conseguia pensar que a Calligari també m estivesse em seu coraçã o... Essa ideia a perturbava terrivelmente,
essa possibilidade era terrı́vel, pois jamais poderia lidar com um sentimento assim.

Diana chegara da Alemanha na manhã anterior.

Nã o tinha retornado para a fazenda, pois a tia permanecera na Europa por mais alguns dias, entã o preferira icar na
grande metró pole e esperar a chegada dela.

Tinha acabado de sair do banho.

Sentou diante da escrivaninha e ligou o computador portá til.

Naqueles ú ltimos trinta dias nada izera, perdendo todo o contato com as pessoas. Nem mesmo usara o celular,
apenas se entregou a noites de festas, farras e mulheres para aliviar sua mente.

Ouviu a porta abrir e nã o demorou muito para que a empresá ria entrasse por ela.

-- Entã o você se dignou a aparecer! – A mulher disse em tom acusador, enquanto parava no meio da sala. – Sabe
como iquei preocupada durante esses dias? – Indagou com as mã os nos quadris. – Primeiro se embrenha dentro do mato e

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quando retorna some sem deixar nenhuma explicaçã o.

A major se levantou.

-- Eu precisava de umas fé rias!

-- Eu nunca disse que nã o precisava ou critiquei por algo assim, poré m nã o acho que desaparecer sem dizer se está
tudo bem é o cú mulo até para você .

A Calligari jogou os cabelos para trá s.

-- Estou de volta e pronto para retornar ao meu trabalho!

Vanessa foi até ela, abraçando-a.

-- Nossa, Diana, eu deveria te bater, mas estou tã o feliz que você está bem que já estou esquecendo minha raiva.

A morena sorriu, afastando-se um pouco para itá -la.

-- Diga que está com a minha agenda cheia, desejo participar de exposiçõ es.

-- Ah, imagina que depois de ter que cancelar todos os seus compromissos e ainda ouvir os donos de galerias te
acusarem de arrogante e irresponsá vel, ainda nos sobra alguns trabalhos.

Ambas sorriram.

-- Você é muito dramá tica! – Afastou-se.

-- Mas já que está querendo trabalhar desejo muito que me acompanhe a uma festa!

Diana voltou para o computador, nã o parecia interessada.

-- Estou cansada de festas!

-- Mas essa é uma bene icente, onde um quadro seu estará sendo leiloado para ajudar um lar de idosos. E a essa
festa nã o é como as orgias que você frequenta. – Al inetou-a.

-- De onde essas pessoas tiraram dinheiro para comprar um quadro meu? – Indagou por sobre o ombro. – Orgias
sã o ó timas!

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-- Eu iz a doaçã o! – Vanessa sentou no sofá . – E prometi que você estaria lá , assim, mais pessoas compareceriam e
ajudariam os velhinhos.

Diana arqueou a sobrancelha esquerda.

-- Desde quando sou irmã de caridade?

-- Desde que eu decidi. – Pegou o celular discando um nú mero. – Prepare o aviã o... – Falava ao telefone.

-- Ah, nã o! – A Calligari se levantou. – Se deseja que vá contigo, vamos de carro, nã o aguento mais icar dentro desse
urubu aé reo!

Vanessa lhe dirigiu um olhar irritado, enquanto pedia que a interlocutor esperasse.

-- E uma cidade do interior, há quase quinhentos quilô metros daqui, nã o vou passar o dia dirigindo e tampouco
arriscar a minha vida contigo voando em alta velocidade. – Avisou-a. – Será um voo rá pido, pousaremos uma cidade vizinha e
partimos de carro, trinta minutos chegaremos lá .

Diana ainda pensou em retrucar, mas realmente seria uma viagem bastante longa e cansativa.

Por im, fez um gesto de assentimento.

Vanessa terminou de falar e logo desligou o aparelho.

-- Arrume uma bolsa, pois partiremos logo!

A morena caminhou até a mulher, sentando ao seu lado.

-- Desde quando aceito suas ordens?

-- Desde quando me deixou sem notı́cias suas, entã o se quiser se redimir terá que fazer o que peço.

Diana encostou as costas na poltrona, inclinando a cabeça para trá s.

-- Nã o tenho roupas apropriadas aqui! Nã o andei me vestindo como uma dama ultimamente.

-- Nã o se preocupe! Comprei um vestido maravilhoso para sua exposiçã o que você nã o apareceu, apesar de você
está um pouco mais magra do que o normal, creio que icará perfeito.

-- Você sempre tem tudo pronto!

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-- Vai querer uma acompanhante? – Fitou-a. – deseja que levemos uma amante bonita daquelas com pouco cé rebro,
mas com muito peito?

Diana esboçou um sorriso.

-- Você é terrı́vel... Mas dessa vez nã o quero que leve ningué m, acho que estou cansada de mulheres!

-- Você nã o parece bem... – Ajeitou-se de lado, enquanto a encarava, examinando-a com o olhar. – O que houve?

A Calligari respirou fundo.

Aceitar a proposta de Ricardo só lhe deixou pior e ainda por cima o maldito general nem mesmo cumprira com o
combinado, sumindo novamente do seu radar.

Levantou-se.

-- Estou bem, irei arrumar uma pequena valise.

Vanessa a viu se afastar e ainda desejou abrir a boca para falar algo, mas prometera a Antô nia que esperaria para
que Diana lhe contasse tudo, coisa que nã o acreditava que aconteceria.

Ficara todo aquele tempo em contato com a Dinda e icara sabendo de todas as aventuras vividas e icara surpresa
quando a senhora contara suas suspeitas sobre a relaçã o da Calligari com Aimê Villa Real.

Teria fundamentos essa histó ria ou a tia de Alexander estava fantasiando?

Levantou-se, seguindo até o computador.

Observou alguns e-mails e icou surpresa que a pintora estivesse se comunicando com um renomado
oftalmologista.

A bonita mansã o do prefeito estava linda.

O trabalho fora á rduo, mas a decoraçã o superava todas que já aconteceram anteriormente.

Quando receberam a proposta, Aimê icara um pouco assustada, pois a pequena loricultura nã o estava acostumada
a realizar eventos tã o grandes, mas mesmo com os longos dias trabalhados, tudo ao inal saı́ra bem.

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Naquele momento estava sentada em uma mesa em companhia da amiga.

O jardim estava lotado de pessoas. Alguns deputados estavam presentes, grandes empresá rios també m prestigiava
o evento.

Uma banda fora contratada para tocar e icou por conta dela animar toda a recepçã o.

-- O Thiago nã o vai vir! – Bianca disse enquanto levava um docinho à boca. – Disse que tinha muita coisa da
faculdade para estudar!

Aimê icou calada, pois tinha a impressã o que o namorado da amiga nunca parecia interessado em estar presente
nessas festas e muito menos ao lado dela.

-- Bem, só porque ele nã o está aqui nã o signi ica que você nã o deva se divertir. – Pegou a taça levando aos lá bios. –
Nã o tem suco? Nã o gosto de bebida com á lcool.

Bianca sorriu.

-- Precisamos parecer damas e elas bebem champanhe!

A jovem morava com o prefeito desde que perdera os pais em um acidente. O tio se responsabilizara pela educaçã o
da garota e por seu bem estar.

-- Ah, sim... – Assentiu em té dio. – Tem muita gente? Que horas vai começar os leilõ es?

Bianca observou ao redor e olhava com atençã o para as outras mesas onde havia pessoas elegantemente vestidas.

-- Sim, muitas pessoas que nunca nem vi! – Ela observou um belo rapaz encará -las. – Tem um homem que para de
olhar para ti! – Disse em seu ouvido. – Mas quem nã o te olharia? Você está muito linda!

-- Bobagem!

-- Aimê , se você pudesse se ver saberia como é uma jovem bonita e qualquer pessoa se apaixonaria facilmente por
ti.

Realmente a herdeira de Otá vio estava ainda mais bela naquela noite.

Usava um vestido branco de tubinho, sem mangas, valorizando ainda mais o colo.

Nos pé s trazia uma sandá lia de salto mé dia que deixava os pé s delicados à mostra.

Os cabelos estavam soltos, tendo apenas duas tranças inas nas laterais que iam até o topo, deixando-a mais
encantadora.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

O rosto recebera um pouco de maquiagem, destacando principalmente os olhos grandes e os lá bios rosados.

-- Você ainda nã o me disse que horas vai ser o leilã o?

-- Por que o interesse? Nã o acredito que eu ou você possamos dar um lance acima de cinquenta centavos.

Ambas gargalharam da brincadeira.

-- Bem, isso nã o é verdade, mas mesmo assim nossa poupança nã o chegaria perto dos valores dessas coisas.

-- Pelo que iquei sabendo pela minha tia, havia um quadro de uma renomada artista que custaria todos os nossos
ó rgã os em vida.

-- Nossa!

-- Parece que fora doado!

-- Que gesto bonito, a inal, nã o é todo mundo que faz uma doaçã o tã o generosa.

-- Ah, sim, e pelo que iquei sabendo ela també m estaria aqui para entregar pessoalmente a obra, mas ouvi també m
que a tal mulher era muito arrogante e orgulhosa.

-- E quem é essa artista? – Indagou curiosa.

-- Ah, com certeza deve ser uma dessas velhas ricas que nasceram com muito talento.

-- Por que acha que é uma velha?

-- Bem, nã o sou muito desse mundo, mas nã o me recordo de ter visto uma artista desse alto nı́vel jovem.

Aimê levou a taça aos lá bios novamente.

Ela conhecia uma... ou també m seria mentira?

Ouviram o anú ncio de que em poucos minutos começaria o leilã o.

-- Quero acompanhar! – Aimê se levantou. – Vamos comigo? Quero me descreva as coisas.

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-- Ah sim, com certeza, quero ver quem vai pagar tã o caro pelos objetos e també m desejo conhecer a tal pintora que
tem o rei na barriga.

Os garçons serviam aos convidados no grande salã o.

As pessoas se aglomeravam em torno de Diana.

Todos pareciam interessados na artista que tentava ao má ximo ser paciente.

Vanessa se aproximou, pedindo licença e tirando a morena de lá .

-- Desculpe-me, demorei porque tive que conversar com o prefeito. – Tomou-lhe o braço. – Vamos para o lugar
reservado a nó s.

Caminhavam enquanto os olhares nã o as abandonavam.

-- Você está linda nesse vestido preto! – Vanessa dizia. – Sua elegâ ncia nunca passa despercebida.

-- Nã o me venha com essa conversa, sabe muito bem que estou entediada nesse lugar. Nã o sabia que era uma
cidade tã o pequena que nem mesmo tinha um hotel.

-- Isso já foi resolvido, vamos nos hospedar aqui hoje e amanhã cedo retornamos à capital.

-- Assim espero... – Caminhava enquanto seu olhar nã o parecia muito interessado em nada.

-- Eu disse para trazer uma acompanhante e você se negou, entã o nã o sei por que está reclamando.

Chegaram ao lugar onde um palco tinha sido montado.

Nã o só o prefeito seguiu até elas para cumprimentá -las, como outras iguras pú blicas izeram o mesmo.

Diana nã o parecia realmente interessada em bajulaçõ es e nã o parecia se importar em parecer simpá tica.

O prefeito convidou as duas mulheres a segui-los e quando estendeu a mã o para a Calligari, ela ignorou, seguindo
sozinha.

O homem pareceu constrangido, mas nada disse.

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Vanessa se adiantou e seguiu até a pintora.

Sobre o palco havia uma enorme mesa e era lá onde os convidados importantes icariam.

-- Nã o poderia ser um pouco mais amistosa? – Vanessa sussurrou em seu ouvido.

O garçom serviu-as.

A morena bebeu o champanhe lentamente.

-- Nã o gosto de bajulaçã o! Por que tem tantas lores aqui? – Questionou incomodada.

Vanessa pegou o belo buquê que fora dado a artista.

-- Sã o rosas, suas preferidas!

A Calligari deu de ombros.

-- Você é uma igura pú blica, uma artista renomada internacionalmente, todos gostariam de ter um quadro seu em
suas paredes.

-- Mesmo sendo ignorantes e nã o tendo sensibilidade para reconhecer o real signi icado deles? – Questionou cheia
de sarcasmo.

-- E desde quando a arte precisa sem entendida?

Diana nã o respondeu, mas depois de alguns segundo observou o cé u estrelado.

-- Está quente aqui!

-- Bem, você sempre está com esses cabelos soltos, se tivesse feito o penteado nã o estaria com calor.

A Calligari nada disse, pois sabia que seria uma discussã o sem im.

Observava as luzes iluminarem o gramado, onde havia um nú mero considerá vel de pessoas.

Aquilo nã o passava de campanha eleitoral antecipada!

Algumas pessoas se aproximaram da mesa para cumprimentá -la e dizer que adorava seu trabalho.

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Vanessa tratava todos com gentileza, enquanto a Calligari dizia poucas palavras.

Diana tirou o celular da bolsa, havia algumas ligaçõ es de sua tia, estava digitando uma mensagem quando ouviu a
voz de uma jovem.

-- Boa noite! – Bianca cumprimentou Vanessa. – Vi o quadro que senhora pintou e iquei de queixo caı́do, é muito
lindo e ao descrevê -lo para a minha amiga, ela desejou conhecê -la e parabenizá -la.

Vanessa observava as duas jovens e ao itar Diana percebeu que ela nã o estava pouco interessada em acabar com a
confusã o.

-- Realmente a senhora é muito talentosa... – Aimê dizia. – A Bianca me descreveu a obra e iquei a imaginar se
estava seguindo a ideias renascentistas...

O aparelho de celular caiu das mã os da pintora, entã o levantando a cabeça ela viu aqueles olhos intensamente azuis
em sua direçã o.

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Capitulo 14 por gehpadilha

Os fogos de artifı́cios coloriam o cé u.

Aimê estava parada diante da obra de arte, enquanto ouvia a descriçã o da tela tã o cobiçada.

Ouvia as pessoas exclamarem diante do quadro da talentosa artista.

Alvarenga olhava com atençã o os detalhes.

Era muito boa em narrar e izera com esplendida destreza, capturando as particularidades, deixando a herdeira de
Ricardo fascinada.

A ideia de ir falar com a pintora fora da garota e foi preciso insistir com a loira para leva-la até ali.

-- Boa noite! – Bianca cumprimentou Vanessa. – Vi o quadro que senhora pintou e iquei de queixo caı́do, é muito
lindo e ao descrevê -lo para a minha amiga, ela desejou conhecê -la e parabenizá -la.

A empresá ria observava as duas jovens e ao itar Diana percebeu que ela estava pouco interessada em acabar com
a confusã o.

Viu que a herdeira de Alexander respondia alguns e-mails, totalmente desinteressada com o que se passava ali.

Suspirou resignada, enquanto sua atençã o se voltava para as garotas.

A que falara primeiro era uma loira, magra, de estatura mediana, cabelos dourados, olhos verdes e sorriso fá cil.

Mas ao mirar a outra, icou encantada.

A pele dela era branca e delicada como uma porcelana, os cabelos negros e os olhos de um azul raro. Era alta e tinha
um porte bastante elegante.

Observou que as pessoas que estavam na ila atrá s delas demonstravam total impaciê ncia, desejando se aproximar
també m.

Ignorou-os, enquanto dava a sua atençã o a bela moça.

-- Entã o gostou do quadro, meu bem? – Indagou simpaticamente.

Teve a impressã o que o olhar da garota parecia perdido, nã o focava...

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-- Realmente a senhora é muito talentosa... – Aimê dizia. – A Bianca me descreveu a obra e iquei a imaginar se
estava seguindo a ideias renascentistas...

O aparelho de celular caiu das mã os da Diana, entã o levantando a cabeça, ela viu aqueles olhos intensamente azuis
em sua direçã o.

Mimadinha...

Seria uma peça que seu cé rebro estava pregando novamente?

No ú ltimo mê s passara muitas vezes por essas ilusõ es...

Via em vá rios lugares, ouvia sua doce voz... E quando dormia seus sonhos eram invadidos pela ilha de Otá vio.

Sentiu a garganta seca!

-- A minha amiga falou que vai trabalhar muito para poder comprar um quadro tã o lindo como esse. – Bianca se
intrometeu.

Vanessa sorriu, voltando a itar a Calligari e percebeu a palidez tomar conta de sua face, enquanto itava a menina.
Tinha os lá bios entreabertos e os olhos ixos na jovem que elogiara a obra.

O que se passava?

A empresá ria pigarreou.

-- Ficamos muito felizes por ter gostado! – estendeu a mã o para cumprimentar as meninas.

Bianca apertou e depois segurou a mã o da Villa Real para fazer o mesmo.

Só naquele momento Vanessa percebeu que a menina era cega.

Tomou os dedos delicadamente.

-- Nã o sou eu a talentosa artista – Fitou Diana – Mas apresento a você a mulher que tem mã os má gicas.

Vanessa uniu-as em um aperto.

Aimê sentiu algo estranho diante do toque... Como se conhecesse, como se já tivesse sentido.

Respirou fundo sentindo aquele aroma que outras vezes a entontecia.

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Teve a impressã o que os lá bios estavam secos, entã o os umedeceu com a lı́ngua.

Por que seu coraçã o batia tã o acelerado?

Por que tinha a impressã o que quem estava ali era...

Meneou a cabeça em desagrado.

Aquele pensamento a deixou pouco a vontade.

Nã o, com certeza muitas pessoas usavam aquele perfume.

A Calligari sentia a maciez... Mirava os dedos longos e logo voltou a encará -la.

-- Eu nã o consigo enxergar, mas pelo que Bianca me falou, percebo que é uma mulher cheia de sensibilidade... Nã o
seria qualquer um capaz de criar algo tã o lindo!

Diana nada disse enquanto nã o parava de olhá -la... Continuou prendendo-a, sentindo aquelas emoçõ es perigosas
que sempre acontecia quando estava ao lado dela.

Usou a outra mã o para prendê -la, como se temesse que de repente despertasse e descobrisse que a garota nunca
esteve ali.

Observou os lá bios bonitos se abrirem naquele sorriso que ela sempre dirigia a todos, doce...

A pintora abria a boca para falar algo quando foi interrompida.

-- Entã o você s estã o aqui!

Um rapaz alto e loiro se aproximou, quebrando o encanto.

Aimê desvencilhou-se do toque da major.

-- Procurei-as por toda festa, Aimê , eu quero a minha dança! – Tomou as duas pelos braços, afastando-se com
ambas.

Vanessa nã o tirava os olhos da Calligari e percebeu como o maxilar da ilha de Alexander se enrijeceu ao ver a
garota sendo levada pelo jovem de corpo atlé tico.

Já se preparava para questionar, quando Diana pegou o aparelho celular que caı́ra, levantando-se em seguida.

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O senador fora cumprimentá -la e acabou por icar com a mã o pendendo no ar, pois a pintora nem mesmo se deu ao
trabalho de falar algo, afastando-se.

A empresá ria observou toda a cena e apenas permaneceu no mesmo lugar, enquanto pegava uma taça e bebericava
lentamente o lı́quido.

Sensibilidade?

Diana nunca demonstrou nenhuma, mas era dotada de talento.

Quando a conheceu, a artista estava passando por uma fase difı́cil, tinha perdido o pai e enfrentava um destino
cruel.

Mesmo nã o tendo tantos anos de diferença, viu-a como a ilha que nunca teve e desde esse dia uniram-se. Foi por
um acaso que descobriu o grande talento que ela tinha e desde esse dia estavam juntas pro issionalmente, mesmo que poucas
vezes concordassem em suas opiniõ es.

A Calligari fora bem aceito com seus trabalhos, mas sempre era prepotente e arrogante, coisa que era perdoada
quando se via as belas obras que criava.

Sabia o que ela tinha vivido e por esse motivo nunca discutia com ela, na verdade, ningué m nunca discutia com
Diana, talvez fosse por isso que agisse daquele jeito.

Bebeu mais um pouco.

-- Você é um mal educado, Alex, está vamos conversando com a pintora! – Bianca se livrou da mã o do primo.

Aimê fez o mesmo.

O rapaz as levou para a pista de dança onde vá rias pessoas já se desdobravam, cada uma mostrando passos
diferentes.

-- E desde quando você aprecia essas coisas, Bianca? – Interceptou o garçom, pegando trê s taças e entregando as
garotas. – Isso é coisa para velhos, aqui é onde devemos icar. – Bebia, enquanto se mexia.

Bianca Relanceou os olhos de forma tediosa.

-- Mesmo assim nã o deveria ter nos arrastado de lá !

A Villa Real permanecia calada.

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Algo a incomodava bastante, algo em relaçã o à mulher que cumprimentara.

Em determinado momento levou a mã o ao rosto, sentindo aquele cheiro que nã o era desconhecido para si.

Deus, aquele toque...

Respirou fundo.

-- Vou pegar os salgadinhos e já volto.

Alex se afastou.

A loira levou a taça aos lá bios bebendo um pouco do conteú do.

-- Nã o quero icar aqui! – Bianca se abanava com as mã os, enquanto usava um tom alto para ser ouvida – Tem muita
gente e muito barulho.

Ao itar a Villa Real percebeu como ela parecia distraı́da.

-- Você está bem?

Só naquele momento Aimê pareceu voltar à realidade.

Estendeu a mã o, entregando-lhe o copo.

Nã o costumava beber.

-- Se eu fosse você beberia um pouco, porque só assim para aguentar meu primo. – A loira aconselhou-a.

Aimê nem mesmo se preocupou em responder sobre esse fato, pois nem cogitava ter algum tipo de relaçã o com o
ilho de prefeito.

-- Bianca, você nã o me disse como era o nome da autora do quadro!

A jovem Alvarenga encarou a amiga.

-- Ainda está impressionada com ela, imagina se tivesse visto... Caramba! Nunca tinha conhecido uma mulher tã o
bonita... Aqueles olhos... Aquela pele bronzeada... Ela parecia tã o superior... Nossa, se eu fosse bela daquele jeito teria o mundo
aos meus pé s!

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Aimê tinha aquela sensaçã o de aceleraçã o no peito.

-- Como é o nome dela? – Indagou impaciente. – Tinha a assinatura no quadro... Você lembra?

Bianca pareceu surpresa com a insistê ncia da amiga.

Ponderou por alguns segundos!

-- Ah, sim, eu acho que é Alessandra... – Dizia pensativa. – Mas nã o lembro o sobrenome.

A neta de Ricardo parecia confusa...

-- Alessandra... – Aimê sussurrava o nome.

O rapaz tentou puxar a loira para dança, mas ela praticamente o empurrou.

-- O que você tem? Por que parece tã o preocupada? – Colocou as taças na bandeja do garçom que passava.

-- Eu nã o sei... Mas é que... Tive a impressã o que a conhecia... – Passou a mã o pelos cabelos.

-- Como a conhecia?

-- Eu nã o sei... – Suspirou. – Estou cansada, você pode me levar em casa?

-- Nã o vai esperar o Alex? Ele quer dançar contigo! – Torceu a boca em desagrado.

-- Por favor, Bianca, quero ir embora, estou tã o cansada que estou imaginando coisas.

A sobrinha do prefeito a observava com atençã o e percebia que algo estava errado.

-- Está bem! – Segurou-lhe a mã o. – Vamos sair daqui.

A Alvarenga seguiu abrindo espaço e ao perceber que nã o teria como ir pela frente, pois estava lotado, decidiu dar a
volta.

Pensou em questionar o que se passava, mas seria impossı́vel manter um diá logo com todo aquele barulho.

Havia muita gente, pois aquele era o evento mais esperado durante o ano.

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Havia churrascos e bebida grá tis, sem falar na banda que animava a festa durante toda a noite.

O show piroté cnico continuava.

Alguns rapazes a interceptaram, convidando-as para dançar, mas Bianca olhava-os feio e logo se afastavam.

Chegaram à parte de trá s da mansã o.

Estavam praticamente correndo sobre as gramas bem aparadas.

Ali havia poucas pessoas, estava menos iluminado e o barulho era menor.

Caminhavam rá pido e quando chegaram sob a enorme á rvore, pararam, tentando respirar.

-- Caramba, estou morta! – Bianca disse tirando os sapatos. – Nã o tem como andar assim nã o!

Aimê estava vermelha do esforço fı́sico.

-- Por que nã o fomos pela frente? – Questionava enquanto seu peito arfava. – Nã o precisá vamos ter corrido, ainda
mais com esses saltos...

Ficaram alguns segundos esperando que a respiraçã o voltasse ao normal.

-- Impossı́vel passar... – Bianca levou a mã o à testa, fazendo uma expressã o de dor – Esqueci a chave do carro! Que
burra eu sou!

Aimê meneou a cabeça...

-- Eu nã o acredito que depois de termos andado tanto você me diz uma coisa dessas!

A loira a segurou pelo braço, fazendo-a se apoiar à á rvore.

-- Fica aqui e me espera, eu vou voando e volto rapidinho.

Aimê suspirou, ainda abriu a boca para protestar, mas realmente aquela era a ú nica soluçã o e se fosse com a Bianca,
acabaria atrasando-a mais.

Ouvia a banda tocando ao longe...

Sentiu os pé s doloridos, entã o decidiu sentar e se livrar dos sapatos. Os saltos inos nã o foram uma boa escolha.

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Esticou as pernas, enquanto mexia os dedos.

Estava cansada!

Nunca trabalhara tanto como naquele dia e ainda tivera que comparecer à quele evento.

A ú nica coisa que desejava naquele momento era sua cama...

Diana se aproximava a passos lentos.

Seguiu-as até ali e agora que a Villa Real estava sozinha tinha a oportunidade para vê -la melhor.

Estava linda!

Quando ouviu aquela voz gentil teve a impressã o que sua alma retornava ao corpo depois dos longos dias longe.

Por que se sentia tã o abalada diante da ilha de Otá vio?

Nã o havia um ú nico dia que nã o se recordasse dela...

Por que teve que encontrá -la novamente?

Estava segura de nunca mais vê -la, estava segura de manter distâ ncia daquela menina-mulher.

Passou a mã o arrumando os cabelos...

Sabia que nã o deveria ter ido até ela, mas nã o conseguiu segurar a vontade de vê -la novamente e ter certeza de que
nã o fora uma ilusã o.

Ao dar mais um passo pisou em um galho, partindo-o, alertando a herdeira de Ricardo.

-- Quem está aı́? – Aimê questionou, enquanto levantava rapidamente.

Diana mordiscou o lá bio inferior, depois seguiu até ela, icando a poucos metros de distâ ncia.

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Fitou os olhos azuis.

-- Vou gritar e chamar os seguranças se nã o falar quem é ?

A major chegou mais perto.

Aimê sentiu aquele cheiro, o há lito refrescante e teve a impressã o que aquilo era fantasia da sua cabeça.

-- Ainda tem medo de mim, mimadinha...

A Villa Real sentia o coraçã o bater acelerado e temeu que caı́sse ali desfalecida.

Levou a mã o ao peito.

Aquela voz rouca e baixa...

Aquela forma de olhar que parecia invadi-la...

Nã o, aquilo nã o podia ser real...

De repente era como se todos aqueles dias nã o tivessem passados, era como se voltasse para aquele quarto onde se
falaram pela ú ltima vez.

-- Que... que faz aqui? – Gaguejou enquanto indagava. – O que está fazendo aqui? – Conseguiu maior irmeza.

Diana teve a impressã o que há sé culos nã o a via e notou o desagrado de Aimê por sua presença.

-- Bem, você elogiava a minha sensibilidade quando seu “amigo” praticamente te arrastou, entã o vim agradecer por
suas palavras.

Os olhos azuis se abriram mais.

-- Entã o... entã o é você a artista? – Pareceu pouco surpresa com a constataçã o. – Eu nã o estava icando louca...

Sentiu-a quando suas mã os se uniram, poré m nada disse, pensando que estaria a imaginar coisas.

Diana itou os lá bios bonitos e se recordou de como era bom quando eles se misturavam com os seus.

Estendeu a mã o colocando alguns ios que estavam na face da jovem atrá s da orelha.

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Aimê a repeliu com um safanã o.

-- Nã o me toque!

A Calligari apoiou os braços na á rvore, deixando a neta de Ricardo em meio a eles.

Observava-a com atençã o, parecia surpresa com tamanha animosidade.

-- Nã o quero que se aproxime de mim! Como ousou vim até aqui? Recordo-me quando deixou bem claro que
desejava que eu me mantivesse longe, mas agora é você que me persegue.

A major observou como os seios dela levantavam diante da respiraçã o acelerada.

Viu a veia pulsar em seu pescoço.

-- Nunca pensei que a encontraria aqui... – Chegou bem perto dos lá bios rosados. – Foi uma surpresa enorme vê -la.

Aimê se encostava tanto a á rvore que temia derrubá -la.

Tentava controlar a eletricidade que passava por sua espinha.

-- A minha amiga já está voltando, entã o acho melhor que vá embora, nã o desejo ter que dar explicaçõ es.

Diana observou por sobre os ombros e nã o viu sombra da garota que a acompanhava.

-- Quem é aquele rapaz que praticamente te arrastou? – Questionou voltando a itá -la.

A Villa Real desejou sair dali, mas sabia que nã o tinha para onde ir, rezava para que Bianca voltasse rá pido.

-- Meu namorado! – Disse de forma desa iadora. – E ele nã o vai gosta de saber que algué m está me incomodando!

Diana estreitou os olhos de forma ameaçadora.

A ideia de outro tocar nela era muito para seu autocontrole.

-- Ele sabe que você é casada?

Nã o, Aimê nã o contara para ningué m sobre aquela parte da aventura na selva.

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Na verdade, seguia agindo como se aquilo nunca tivesse acontecido.

-- Esse casamento nã o vale nada, quando está vamos lá você me disse! – Apontou-lhe o dedo em riste. – Entã o nã o
venha com essa histó ria novamente.

Diana nã o pareceu se importar com as negativas, pois parecia interessada em examinar o elegante traje que a
jovem usava.

Observou que ele chegava ao meio das coxas.

Os seios pareciam encaixados, mas fá cil de serem desnudos já que nã o havia alças.

Umedeceu o lá bio superior com a lı́ngua.

Ainda lembrava-se deles e como eram deliciosos em sua boca.

-- E ele sabe que você por pouco nã o perdeu sua honra? – Indagou enquanto arqueava a sobrancelha esquerda.

A Villa Real sentiu o rosto em brasas a mençã o do fato que acontecera antes de deixar a fazenda.

Teve a impressã o que algo lhe chutava o baixo ventre.

Ainda a sentia em seu ı́ntimo...

Passara dias sendo assombrada por aquelas sensaçõ es, passara noites se revirando na cama, acordando cheia de
desejo pelo toque dela, enlouquecida pela forma de amar daquela mulher.

Fechou os olhos por alguns segundos e em sua mente veio à s palavras do avô !

Diana Calligari desgraçara a vida da sua famı́lia e por culpa dela seu pai estava morto.

-- Enojo-me ao me lembrar de como ousou encostar em mim! Como subjugou-me, sabendo que nã o poderia me
defender.

Os olhos negros pareciam irritados com as palavras que ouvia.

-- Poderia ter gritado! – Provocou-a. – Apenas te ofereci um presente... – Falou bem perto do seu ouvido. – Queria te
dar algo para que nunca me esquecesse... A pergunta agora é : Você me esqueceu, mimadinha?

A major viu como os olhos azuis brilhavam, observou como eles traziam raiva naquele momento, mas nã o era só
aquilo...

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Aimê espalmou as mã os contra os seios dela, tentando manter distâ ncia.

-- Você nã o passa de uma grosseira por ousar a falar desse fato tã o ı́ntimo! – Acusou-a cheia de indignaçã o.

Sentiu o coraçã o da ı́ndia bater contra seu tato, sentiu a maciez do colo e foi como se levasse um choque elé trico,
afastando rapidamente as mã os.

-- Venha comigo, eu desejo falar contigo! – Pediu baixinho. – Precisamos esclarecer algumas coisas.

-- Eu nã o tenho nada para falar com você , nã o desejo nem mesmo está no mesmo lugar que ocupa.

Diana tomou-lhe as mã os.

-- Eu preciso que conversemos!

A Villa Real se livrou do toque.

-- Nã o tenho nada para falar contigo, apenas continue afastada de mim, da mesma forma que nã o desejo me
aproximar...

A Calligari ainda pensou em insistir, mas ao ouvir passos, percebeu que a amiga de Aimê se aproximava e acabou
indo embora.

A neta de Ricardo sentia que ela se afastava e estranhou que nã o tivesse ocorrido aquela prepotê ncia por parte
dela.

Sentiu-se aliviada, percebendo que a respiraçã o voltava ao normal.

-- Cheguei! – Bianca anunciou. – Disse que nã o demoraria muito. – Observou Aimê . – Você está bem? Parece
assustada... – Tocou-lhe a face. – Está febril?

A Villa Real sabia que estava tremendo.

-- Eu estou bem, apenas desejo ir para casa o mais rá pido possı́vel.

A loira assentiu, enquanto lhe tomava a mã o e as duas seguiam em direçã o à rua onde deixaram o carro.

Diana icou ali parada, vendo-as se afastarem.

Havia algo estranho naquela histó ria, pois apesar de tudo nunca viu a ilha de Otá vio reagir com tanta raiva e
desprezo.

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Já estaria sabendo sobre o acidente?

Maldito Ricardo!

O desgraçado nã o cumprira com a palavra, mas parecia que tinha agido rá pido em falar sobre o que se passara no
dia que a jovem icara cega.

Caminhou até a á rvore, apoiando-se a ela.

Massageou as tê mporas...

Mais uma vez o show piroté cnico coloriu os cé us.

Pegou o celular na bolsa.

Nã o desejava icar mais um ú nico minuto naquela festa.

Mandou mensagem para a empresá ria e logo deixou o vasto jardim.

Aimê quando chegou ao pré dio onde morava mal se despediu de Bianca, subindo as escadas, tendo a impressã o que
se demorasse mais um pouco teria um ataque.

Abriu a porta e seguiu para o quarto tentando nã o fazer barulho.

Somente ao girar a chave se sentiu segura.

Encostou-se a madeira, permanecendo lá por longos minutos.

Teria sido real aquele encontro?

A ı́ndia selvagem estivera mesmo no jardim consigo?

Tocou a pró pria mã o, levando-a ao nariz, cheirando-a.

Aquele era o aroma dela...

Como nã o percebeu antes?

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Sentiu-a naquele palco, sentiu aquela eletricidade que se apossava do seu corpo, aquela fraqueza nas pernas...
Aquela inquietaçã o no estô mago...

Mordiscou o lá bio inferior...

Como podia ter desejado beijá -la quando a sentiu tã o perto de si?

Como ainda desejava beijá -la depois de saber de tudo que ela causara?

Meneou a cabeça como se assim pudesse espantar os pensamentos.

Diana Calligari era o pior ser humano que existia em todo o universo. Ela usara dois homens e por esse motivo seu
pai fora obrigado a ser um assassino, por culpa da paixã o que sentia por ela izera coisas ruins...

Nã o permitiria que o mesmo acontecesse consigo, nã o permitiria que a major usasse-a també m, nã o permitiria.

Seguiu até a cama, deitando-se.

E se ela tivesse casado com Otá vio?

Aquele pensamento a deixou ainda mais irritada.

Odiava-a, ah sim, odiava muito Diana...

Fechou os olhos, enquanto repetia o mantra...

Vanessa leu a mensagem e precisou beber mais um pouco para nã o surtar.

O leilã o começara e todos pareciam interessando em se aproximar de Diana. O nome dela já fora chamado vá rias
vezes.

A empresá ria se levantou, seguindo até o prefeito.

Chamou-o, explicando que a Calligari tivera um mal estar e precisara se ausentar.

O homem pareceu surpreso, mas nada poderia ser feito.

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Vanessa decidiu icar até o im da festa, pois sabia que era o mı́nimo que poderia fazer para se desculpar pelas
grosserias da pintora.

Diana alugou um quarto na pequena pousada.

Apesar de ter decidido manter distâ ncia da ilha de Otá vio, agora se sentia em obrigaçã o de esclarecer os fatos.

Ricardo tinha muito que explicar...

Miserá vel!

O rapaz da recepçã o olhou-a com descon iança, mas ao perceber que era uma mulher importante, arrumou o
aposento mais apropriado.

Ela aproveitou e questionou se o jovem conhecia a famı́lia Villa Real e quã o surpresa ela icara ao saber que a
loricultura de Aimê era naquela mesma praça.

Agradeceu a informaçã o, seguindo até o lugar onde dormiria.

Ao entrar, a Calligari observava tudo com atençã o.

Havia uma cama de casal, uma pequena poltrona, uma mesinha com uma cadeira e uma porta que dava para o
banheiro.

Seguiu até a janela!

A praça era grande e havia algumas pessoas sentadas nos bancos, outras comiam nas barraquinhas...

Suspirou ao itar a loricultura.

Havia luzes em neon iluminando o nome...

No dia seguinte iria lá ... Tinha coisas para tratar com cada um dos Villa Real... E sabia muito bem pelo qual
começaria.

Seguiu até a pequena valise, sorte ter trazido algumas roupas.

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Livrou-se do vestido e do sapato, depois foi até o banheiro.

Seguiu até o chuveiro.

Era tudo muito simples, mas bem arrumado.

Sorriu ao ver que tinha á gua quente.

Vanessa iria adorar esse detalhe, poré m a ilha de Alexander preferia o lı́quido gelado.

Sentiu-o lhe molhar as costas, mantinha os olhos fechados e era como se estivesse olhando para aquele mar azul...

Por que se sentira magoada ao ver o desprezo que Aimê demonstrara?

Desde quando se importava com o que a ilha daquele miserá vel sentia?

Pegou a toalha secando-se, depois a deixou de lado, caminhando totalmente despida pelo quarto.

Seguiu novamente até a janela.

Entã o era ali que Ricardo se escondia!

Realmente o homem era uma raposa velha.

No dia seguinte...

Clá udia acabava de se arrumar e já seguia para a porta quando viu Aimê parada, esperando-a na sala.

-- O que faz de pé ? Pensei que estivesse dormindo! – Foi até ela, beijando-lhe a face. – Eu disse que hoje nã o
precisava ir à loja, você e Bianca trabalharam muito ontem.

-- Nã o, vovó , hoje é sá bado, é um dos dias mais corridos que temos, entã o decidi ir com a senhora.

A mulher observava a neta.

Ela nã o herdara o mau cará ter de Otá vio e nem mesmo a fraqueza dos Villa Real, ela sim era melhor do que todos.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Abraçou-a forte.

-- Está bem, pode vir comigo, assim me conta como foi a festa ontem.

A ú ltima coisa que Aimê desejava falar era sobre aquele assunto, mas preferiu icar calada e nã o expressar seu
descontentamento.

Pensara muito e acabou achando que o melhor era nã o falar sobre a presença da Diana na cidade, a inal, com
certeza hoje ela já nã o estaria mais ali.

Tivera uma verdadeira noite de insô nia.

Passara horas rolando pela cama, horas pensando que deveria ter falado muito mais.

Deveria ter sido mais segura, mostrado que nã o tinha medo e que a enfrentaria quantas vezes fossem necessá rias...

Deveria ter deixado claro que sabia do que ela izera com seu pai...

Era cedo quando se cansara de tentar dormir, entã o decidiu tomar um banho e seguir para o trabalho, pois só assim
para distrair sua mente.

-- Eu nã o acredito que você fez isso!

Diana estava se vestindo, enquanto Vanessa andava de um lado para o outro no pequeno quarto.

-- Todo mundo te esperando na hora do leilã o. Um empresá rio pagou caro pela obra, estava pensando que você
entregaria, mas você decidiu sumir simplesmente!

A Calligari sentou na cama e começou a calçar as botas de couro.

-- Nã o sei por que reclama tanto, a inal, pelo que está gritando desde que chegou, o leilã o foi um sucesso e o
dinheiro vai dar pra ajudar os velhinhos.

Vanessa colocou as mã os na cintura, enquanto a encarava.

-- Você nã o consegue conversar sem destilar esse sarcasmo? – Respirou fundo. – Ok, nã o vou mais brigar por isso,
poré m agora vamos embora daqui. – Pegou o celular discando um nú mero. – Você foi convidada para expor em Roma! – Fitou-
a. – Nã o sei como o povo ainda te convida para alguma coisa.

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A major se levantou.

Usava calça jeans colada à s pernas malhada, camiseta preta e botas de canos mé dios.

-- Você pode ir, mas vá de tá xi, precisarei do carro! – Foi até o espelho.

A empresá ria demonstrava total surpresa.

-- Que histó ria é essa agora? Você vai icar aqui? – Observava-a arrumar os cabelos longos. – Você nem queria estar
aqui, criticou a cidade por ser pequena, falou dessa pousada, eu praticamente te arrastei e agora me fala sobre icar aqui. –
Segurou-a pelos ombros, fazendo encará -la.

Diana era bem mais alta do que ela.

-- Você está doente? – Tocou-lhe a testa. – O que se passou?

A Calligari se desvencilhou do toque.

-- Nã o, apenas nã o vou contigo!

-- E o que está te prendendo aqui? Nã o me diga que se interessou por uma dessas mocinhas interioranas?

A ilha de Alexander torceu a boca em desagrado.

-- Nã o é nada disso, apenas tenho negó cios inacabados aqui.

-- Que negó cios? Você nem mesmo conhecia esse lugar.

Diana a ignorou, pegando a jaqueta marrom.

-- Só falta me dizer que os Villa Real estã o aqui! – Vanessa ponderou por alguns segundos. – Aquela menina de
ontem... – Dirigiu a ela um olhar acusador. – Ela é Aimê Villa Real! – Ela falou como se tivesse matado a charada. – Por isso
você icou daquele jeito! Deus, aquela menina que cega que adorou seu quadro é a jovem que você foi salvar naquela selva! –
Bateu na pró pria cabeça. – Como nã o me toquei! Você icou com cara de boba!

Diana pegou o celular e as chaves do carro.

-- Eu nã o iquei de jeito nenhum, apenas tenho assuntos inacabados com essa gente.

-- Meu Deus, você gosta dessa garota, eu vi ontem como você icou!

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A major a encarou, os olhos negros se estreitaram furiosamente.

-- Nã o se engane, pois nã o há sentimento nenhum por essa menina, apenas preciso resolver algumas questõ es.

Vanessa observou a pintora sair.

Exibiu um sorriso nervoso.

-- Agora sim ferrou tudo!

-- Os lı́rios estã o lorescendo lindos! – Clá udia comentava, enquanto via a neta cheirar cada um deles.

Aimê estava no pequeno jardim que icava nos fundos da loja.

Desde que abriram a loricultura, transformaram aquela á rea em um pequeno paraı́so loral.

Tudo era bem organizado.

-- Ah sim, vovó , eles crescem felizes. – Sorriu. – Aqui é como se fosse um lar... – Tocou a pé tala delicada.

Ouviram o sino e seguiram para a parte da frente.

Um homem elegante se aproximou.

Ele observava cada detalhe com atençã o.

-- Preciso do seu mais belo arranjo de lores. – Dizia entusiasmado. – Vou pedir a minha namorada em casamento e
por isso desejo o melhor. – Olhava tudo ao redor com interesse.

Aimê sorriu.

Achava lindo quando os apaixonados iam até ali.

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-- Do que ela gosta? – Indagou. – Rosas, lı́rios, tulipas...

-- Ela gosta de rosas... Sim, rosas, eu quero o buquê de rosas mais lindo da sua loricultura. – Tirava o dinheiro. –
Preciso que entreguem no trabalho dela... Deus, ela vai icar tã o emocionada...

Clá udia itou a neta.

Naquele dia o entregador nã o trabalharia, pois icara doente.

-- O problema é que nã o tem ningué m para entregar! – Clá udia se antecipou.

-- Ah, vovó , você pode ir lá , faz a entrega e volta.

-- Você nã o pode icar sozinha aqui, ilha!

-- Claro que posso, iquei vá rias vezes!

O cliente olhava de uma para a outra.

-- E entã o? Poderã o fazer a entrega? – Indagou preocupado.

-- sim, claro! – Aimê se adiantou. – Sua namorada recebera o mais belo arranjo.

O homem pagou, anotou o endereço e escreveu no cartã o, depois agradeceu deixando a loja.

A ilha de Otá vio já seguia para preparar as lores.

-- Tem certeza de que vai icar bem aqui sozinha? – Questionou enquanto a via fazer o arranjo.

Desde que a neta sumiu, a esposa de Ricardo nã o a deixava só . Temia que algo acontecesse a ela novamente.

-- A namorada dele vai icar muito feliz, a inal, que mulher nã o gosta de lores. – Dava os ú ltimos toques. – Vá , faça a
entrega e prometo que a esperarei aqui. – Inspirou o delicioso aroma.

Clá udia observava a delicadeza que a neta arrumava as rosas.

Viu-a colar um bombom no cartã o.

Sorriu!

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Ela sempre fazia aquilo.

-- Um dia você vai ter um namorado bem româ ntico e vai te dar lores todos os dias, eu mesma contarei que você
adora lı́rios. – Beijou-lhe os cabelos. – Você é maravilhosa, ilha!

A jovem nada disse e quando estava pronto entregou a avó .

-- Nã o demorarei! – Beijou-lhe a face. – Se precisar chame a moça da sorveteria.

Aimê sorriu, enquanto ouvia os passos se afastarem.

Clá udia era uma pessoa sempre atenciosa, sempre preocupada com ela, sempre cuidara muito bem de si, ainda
mais por causa de sua de iciê ncia, no inı́cio precisara de muita ajuda.

Voltou para o jardim!

Se algué m abrisse a porta o sino tocaria e a alertaria.

Pegou o regador e começou a molhar as plantinhas.

Inspirou e aquele cheiro delicado encheu seus pulmõ es.

Seguiu até a roseira.

As rosas vermelhas mais belas estavam ali...

De repente sua mente a levou de volta naquele dia que entrara em desespero ao descobrir que a princesa indı́gena
fora ferida...

Lembrou-se das palavras dela...

Diana parou em frente à s portas de vidros.

Havia uma ré plica de uma bicicleta na calçada cheia de lores. Alguns vasos com plantas decorava a calçada.

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Observou o interior e percebeu que nã o havia ningué m.

Empurrou a porta de vidro.

Entrou e ouviu o som do sino.

Levantou a cabeça e percebeu que nã o teria como entrar ali sem ser notado.

Era a primeira vez que estava em um lugar como aquele.

Havia balõ es de coraçã o, ursinho com coraçõ es. Jarros de vá rios formatos, as mais variadas espé cies de loras
en ileiradas sobre prateleiras.

Observava tudo com atençã o, quando passos lhe chamaram a atençã o.

-- O que deseja? – Aimê perguntou cheia de simpatia.

A Calligari a encarou.

Nã o foi difı́cil descobrir onde encontrá -la, a inal, naquela pequena cidade só havia uma loricultura.

Ela estava linda!

Usava um vestido lorido com alcinhas, o cabelo longo estava trançado, mas a parte da frente estava mais curta e
formava um tipo de franja lateral, emoldurando seu rosto.

Aproximou-se dela.

-- Desejo um buquê dos seus mais belos lı́rios!

A Villa Real deu alguns passos para trá s, esbarrando no balcã o.

Nã o acreditava que ela tivera coragem de procurá -la novamente

-- O que faz aqui? – Indagou em tom acusador. – Nã o é bem vinda!

Diana mirou os olhos azuis.

-- Bem, eu precisava de um lugar para comprar lores, entã o vim aqui, nã o havia outros lugares para conseguir isso.

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Aimê parecia pouco convencida com essa histó ria.

Cruzou os braços sobre os seios.

-- Aqui você nã o comprará nada, entã o peço que saia, antes que peça para algué m tirá -la à força.

Diana pegou um jarro que trazia aquelas espé cies de á rvores japonesas, achou bonita.

Dinda gostaria de uma daquelas!

-- Tem uma placa bem atrá s de você que fala que descriminaçã o de qualquer natureza é crime, entã o se nã o me
atender posso processar sua loricultura. – Dizia enquanto via outras espé cies.

A Villa Real batia a ponta do pé repetidamente no chã o, estava impaciente.

Tentava manter a respiraçã o equilibrada.

Diana a itou novamente.

Seu rosto trazia aquela expressã o de sarcasmo costumeira e um sorriso se desenhava no canto dos seus lá bios.

-- Ok, farei o arranjo! Diga logo o que vai querer, pois nã o tenho o dia todo para icar aqui contigo!

A Calligari a observava se movimentar com precisã o e ir direto até onde estava o que pedira.

Via a agilidade que ela tinha com as mã os, mesmo percebendo que tremia, e nã o demorou muito para um bonito
buquê está pronto.

-- Coloque um desses ursinhos que você tem, vai icar ainda mais atrativo! – Provocava-a.

A herdeira de Ricardo respirou fundo para nã o esbravejar novamente, pois seria uma perda de tempo.

Fez o que fora dito e estendeu para ela.

Diana se aproximou, tocando-lhe as mã os e se demorando mais do que o necessá rio.

Aimê se afastou.

-- També m desejo bonsai, a Dinda vai adorar colocar na fazenda.

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A neta de Ricardo pareceu mais acessı́vel ao ouvir a mençã o à Antô nia.

Desejou perguntar se ela estava bem, mas icou calada.

Pegou um dos mais belos jarros, entregando-lhe també m.

-- Quanto lhe devo?

-- Cem! Nã o precisa pagar o bonsai, é um presente meu para a sua tia.

Diana sorriu.

-- Ela vai icar feliz em saber que se lembra dela com carinho... Presentes sã o sempre bons... – Disse em tom mais
carregado. – Eu acho que mereço um presente també m...

Aimê sabia do que ela estava a falar...

Engoliu em seco, enquanto sentia a pele do rosto queimar.

-- Apenas ela dos Calligari merecem o meu apreço! – Disse irritada. – Agora pague e saia daqui.

Diana nã o pareceu se importar com as palavras que ouviu.

-- Caramba, esse negó cio de lores dá dinheiro! – Pegou a carteira na bolsa. – Faz noventa?

A Villa Real mordiscou o lá bio inferior.

-- Cem!

Diana pegou a nota e colocou na mã o da garota.

-- Pronto, aı́ está , mimadinha sovina!

A neta de Ricardo desejou poder tirá -la dali à força.

-- Agora pode ir embora e nã o volte mais, nunca mais ouse entrar aqui!

Diana sorriu, deixando o lugar.

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Aimê apoiou-se ao balcã o.

Esperava que aquela mulher saı́sse de uma vez por toda daquela cidade, mesmo assim nã o conseguiu nã o pensar
para quem ela daria aquelas lores.

Com certeza já encontrara alguma amante para aquecer sua cama!

Lembrou-se de Veridiana e nã o icara feliz em recordar daquele dia.

Nã o demorou muito para o sino tocar novamente.

Imaginou que fosse ela.

-- Senhorita Villa Real?

Ouviu a voz de uma criança chamando-a.

-- Sim, sou eu! – Disse esboçando um sorriso.

O garoto deveria ter uns nove anos, vestia uma roupa surrada e trazia nas mã os um lindo buquê de lı́rios e um urso
de pelú cia.

-- Isso é para você ! – Colocou tudo nas mã os dela. – A major Calligali – Disse com di iculdade o sobrenome. – Ela lhe
espera na hora do almoço na pousada que ica aqui na frente.

Aimê parecia indignada com a ousadia daquela mulher.

Se nã o gostasse tanto de lores teria jogado tudo no lixo.

-- Pois diga a ela que nã o irei a lugar nenhum, faça melhor, peça para que ela esqueça que eu existo. – Estendeu as
mã os com os presentes. – Diga que nã o desejo nada que venha dela. Tome!

-- Nã o, moça, se izer isso, a mulher lá vai mandar me prender porque tentei roubar a carteira dela.

Os olhos azuis se abriram em espanto.

-- Como assim? Você tentou roubá -la?

O menino fez um gesto de assentimento com a cabeça.

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-- Por favor, vá lá com ela, eu prometo que nunca mais tentarei roubar ningué m, mas eu nã o quero ir para a prisã o,
minha mã e vai me matar.

Aimê ainda pensou em se negar, mas sabia que Diana era bem capaz de cumprir a ameaça.

-- Está bem, diga que na hora do almoço estarei lá . – Disse em meio a suspiros. – Mas nã o almoçarei com ela,
simplesmente darei alguns minutos para que ela me explique o que quer de uma vez por todas.

O garoto lhe beijou a mã o em agradecimento, enquanto fazia um gesto de positivo com o polegar para Diana que
observava tudo do lado de fora da vitrine.

Ricardo estava em seu apartamento.

Ouviu o telefone tocar e atendeu pensando que ouviria a voz da esposa.

-- Entã o quer dizer que você pediu para a Calligari salvar sua netinha.

O general icou pá lido ao perceber de quem se tratava.

Como ele descobrira seu nú mero?

-- Como foi capaz de levar minha neta, seu desgraçado? – Apertou forte o aparelho. – Como izera isso quando eu
nã o o denunciei por tudo que fez.

A gargalhada cruel foi ouvida.

-- Você nã o fez nada por mim, fez pela honra perdida do seu ilhinho e quanto a sua netinha, ela que me procurou
para saber sobre o que acontecera com o papaizinho querido.

-- Afaste-se da Aimê ou eu mesmo matarei você !

-- Matar-me? – Ironizou. – Você nã o passa de um pobre coitado, nã o tem moral, nem prestı́gio e nem dinheiro... Mas
tem algo que eu quero e como quero... Fique sabendo que logo pegarei a doce Aimê para mim... Tenho planos...

-- Você nã o encostará a mã o nela!

-- E como vai protegê -la? Acha que depois de nã o ter cumprido a palavra que deu a Diana, ela vai te ajudar
novamente?

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-- Deixe-nos em paz, já lhe dei tudo o que eu tinha!

-- Nã o, você ainda tem algo que eu desejo!

Ricardo abriu a boca para retrucar, mas o outro já tinha desligado.

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Capitulo 15 por gehpadilha

O movimento na loricultura fora grande como era de costume aos inais de semana.

Pessoas entravam e em muitos casos se encantavam com as espé cies e raramente saiam sem levar um mimo.

A jovem ilha de Otá vio agia sempre com bastante simpatia, contando sobre o signi icado de cada planta ali
presente. Fazia-o de forma tã o apaixonada que muitos passavam horas maravilhados com as palavras.

Um cliente em especial pareceu desejar todo o tempo da Villa Real para si.

Alex fora lá e pareceu triste por nã o ter recebido a tã o esperada dança, mesmo assim nã o se dava por vencido e
convidava a garota para um lanche à noite. Tentando se livrar da insistê ncia do rapaz, ela aceitou, recebendo o abraço que
fora lhe dado.

Feliz com a promessa de um encontro, o ilho do prefeito foi embora.

Já era quase treze horas.

Aimê e Clá udia se viravam para dar conta de todos, fora as ligaçõ es fazendo encomendas.

Logo chegaria a hora de fechar e voltarem para casa.

Aos sá bados nã o icavam o dia todo aberto, só meio expediente.

-- Acho que logo teremos que contratar outra pessoa para nos ajudar, ilha! – A esposa de Ricardo dizia, enquanto
carregava os vasos para dentro. – Nã o daremos conta sozinhas.

O sorriso de Clá udia era maior do que a expressã o de cansaço, a inal, o pequeno empreendimento estava indo
muito bem.

Aimê nada disse, pois outra coisa a preocupava naquele momento.

Nã o costumava mentir, mas nã o desejava falar que iria ao encontro de Diana para a avó , sabia que a major já izera
muito mal para a sua famı́lia e nã o desejava preocupá -los.

Sua mente parecia perturbada, imaginando o que a ı́ndia canibal queria de si agora.

De uma coisa estava certa, nã o permitiria nenhum tipo de contato, ainda mais em memó ria do seu pai que fora
cruelmente enganado por aquele ser carregado de seduçã o.

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Assim que estivesse na presença da Calligari diria de uma vez por todas que já sabia de toda histó ria só rdida que se
envolvera. Deixaria claro que nã o desejava nunca mais ter qualquer tipo de aproximaçã o e exigiria que ela mantivesse
distâ ncia da sua famı́lia e de si.

Secou as mã os no tecido do vestido ao perceber como estavam a suar.

Ah, sim, pelo que o avô falara, era ela algué m que se devia temer, mas se fosse assim, por que ele pedira logo sua
ajuda para o resgate?

Raro era à s vezes que nã o se recordava de tudo o que vivera naquela loresta com a Calligari.

Uma luz pareceu acender em sua mente.

Claro, porque a pintora tinha contato com aqueles bandidos, porque só ela sabia onde eles estavam. – Constatou
cheia de decepçã o.

Suspirou alto, chamando a atençã o da avó .

Clá udia terminou de arrumar tudo.

-- Bem, agora podemos ir!

Aimê mordiscou o lá bio inferior.

Estava apreensiva por ter que inventar algo.

Agachou-se, ingindo que sentia o aroma de uma rosa, tocou-lhe a pé tala... Sentia a delicadeza e a maciez em seus
dedos...

-- Vovó ... – Pigarreou. -- eu combinei de almoçar com a Bianca, a senhora se importaria de ir para casa sozinha?

Clá udia pegava a bolsa que deixara dentro da gaveta.

Abriu-a e tirou as chaves.

-- Claro que nã o! Diga-me onde combinaram e a deixo lá .

A jovem se levantou.

-- Nã o, nã o precisa, ela falou que eu esperasse aqui na frente. Vem me buscar logo. --- Disse rapidamente.

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A senhora Villa Real parecia preocupada sempre que tinha que deixar a neta sozinha, mas como ela estaria com a
Alvarenga, sentia-se mais tranquila.

-- Ok, mas nã o chegue tarde e se for demorar peça para Bianca avisar.

Aimê assentiu, enquanto recebia o abraço de Clá udia e se sentia a pior pessoa de todo o universo por estar
mentindo.

Diana estava a alguns passos da loricultura.

Passara toda a manhã passeando por aquele lugar, vendo a feira e adorando os curiosos itens que encontrou.

Viu quando o tal namorado da Villa Real deixou a loricultura com um sorriso radiante no rosto.

Tirou o celular da bolsa.

Vanessa ligara inú meras vezes, mas como era de costume em nenhuma delas atendeu.

Desejou jogar o aparelho no chã o e deixa-los em pedaços.

Entã o aquele era o tipo de homem que atraia a mimadinha!

Só em pensar nisso icava furiosa...

Tentou manter a calma e se concentrar em outras coisas.

Nã o icara naquele lugar pensando em uma relaçã o com Aimê , pois tinha certeza que isso seria impossı́vel, mas sua
decisã o de encontra-la se devia ao fato de poder reparar algo terrı́vel que fez.

Respirou fundo.

Decidiu comer algo na pracinha, assim icaria de olho na Villa Real, pois ela poderia mudar de ideia e nã o aceitar o
encontro.

Enquanto bebia um suco, começou a fazer alguns rascunhos.

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Comprara um caderno de desenhos e ela estava sendo bem ú til naquele momento.

Estava distraı́da desenhando quando percebeu que Clá udia se afastava depois de se despedir da neta que
permanecia ao lado de fora da loja de lores.

Observava o nú mero de pessoas que passavam por ali, sempre barulhentas, cumprimentavam a garota com
delicadeza e algumas até paravam para uma conversa mais longa.

Viu a mulher de Ricardo entrar no veı́culo e logo se afastar. Desejou ir até ela, també m havia coisas para resolver
com a mã e de Otá vio, poré m naquele momento outra pessoa era o foco das suas atençõ es.

Mesmo que nã o quisesse admitir passara toda a manhã ansiosa para aquele momento. Estava disposta a esclarecer
tudo o que se passou no dia do acidente, colocando a sua total disposiçã o os melhores especialistas para que ela pudesse
recuperara a visã o.

Guardou o caderno e os lá pis na bolsa, seguindo em direçã o à garota.

Parou diante dela, observando-a, mirando os olhos azuis.

-- Já podemos ir entã o?

Aimê nã o pareceu se assustar com a voz dela.

Sentira quando ela a observava, sentira aquele perfume delicioso que se depreendia do seu corpo.

-- Pensei que nos encontrarı́amos em frente à pousada e nã o aqui. – Disse um pouco impaciente. – Na verdade, acho
melhor que falemos agora, tenho coisas para resolver.

Diana a mirava e parecia procurar pela doce Aimê que conhecera na selva, mas aquela ali só trazia agressividade.

Colocou as mã os nos bolsos dianteiros da calça, tentava manter o controle.

Ricardo deveria ter contado a histó ria de forma terrı́vel, decerto aumentara os fatos.

Aimê ouvia a respiraçã o dela e as batidas do pró prio coraçã o.

Precisava se manter longe daquela mulher.

-- Bem, eu estava passando e te vi, nã o custava nada vir aqui. – Tomou-lhe a mã o. – Gostou das lores? – Questionou
com um sorriso.

A Villa Real pensou em protestar, mas sabia que havia pessoas por perto e nã o desejava chamar a atençã o.

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Seguiu ao lado de Diana, mas a pintora lhe segurou a mã o, ela tentou se livrar do contato, mas a Calligari segurava
irme.

Caminharam em silê ncio até o veı́culo.

Abriu a porta para a jovem.

-- Onde estamos indo? Por que nã o conversamos aqui mesmo?

A ilha de Otá vio estava parada enquanto a Calligari segurava a porta aberta de forma tranquila.

-- Aqui nã o é um bom lugar para conversarmos, entã o entre e relaxe.

-- Pre iro falar aqui!

Diana sussurrou em seu ouvido:

-- Você deseja falar aqui mesmo?

Aimê apenas entrou, sentando e nã o demorou muito para que Diana izesse o mesmo.

O melhor era que a conversa acontecesse em um lugar onde nã o houvesse plateia, a inal, nunca tinham encontros
amigá veis.

Diana se inclinou para a ivelar o cinto da acompanhante e adorou o cheiro dela. Demorando-se mais do que o
necessá rio.

Viu a cara de aborrecida da jovem e se afastou.

A Villa Real cruzou os braços na altura dos seios.

Seu coraçã o batia acelerado...

Sentia o carro se movimentar e nada disse durante longos minutos, até que pareceu perder a paciê ncia.

-- Como ousou usar uma criança para me convencer a conversar contigo? – Questionou-a. – Quero que ique claro
que só aceitei o seu convite porque temi que cumprisse suas ameaças com a pobre criatura.

Diana gargalhou.

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Aimê ouviu o som rouco e teve aquele conhecido arrepio na nuca.

Nã o parecia que tinha passado um mê s sem estar perto dela...

-- Aquela pobre criatura inventou aquela histó ria para te convencer, pois ele nem mesmo roubara minha carteira,
na verdade, eu estava andando pela feira e o encontrei ajudando sua mã e em um banco de verduras, perguntei se ele queria
fazer uma aposta comigo e logo aceitou.

A Villa Real virou o rosto em direçã o a ela.

-- Que aposta? – Questionou indignada.

Diana seguiu por uma estrada transversal deserta e só depois respondeu.

-- Eu disse que duvidava que ele te convencesse a aceitar um encontro comigo!

A major tinha aquele sorriso de canto, enquanto a itava rapidamente.

-- Nã o acredito que fui ludibriada!

A Calligari sabia como sua acompanhante estava irritada e por isso decidiu nã o provocá -la mais.

Continuou conduzindo o carro até sair da cidade, seguindo para um campo onde tinha á rvores e era coberto de
gramas verdejantes.

Estacionou o veı́culo.

-- Onde me trouxe?

-- Estamos na reserva, preferi conversar aqui, é tranquilo e nã o há nada para nos interromper. – Soltou o cinto de
segurança. – Está com fome, comprei algumas coisas na padaria.

-- Nã o desejo nada, apenas quero que fale de uma vez por todas por que queria tanto falar comigo.

Diana assentiu, enquanto se sentava de lado, observando o per il irritado.

Observou os seios redondos sob o tecido do vestido, a silhueta ina e as pernas que ela tentava inutilmente manter
cobertas.

Voltou a encará -la.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- O que seu avô andou falando para ti?

Aimê engoliu em seco.

Entã o ela desejava saber o que houve.

Respirou fundo!

-- Ele me disse apenas a verdade! – Virou-se para ela. – Se era apenas isso que gostaria de falar, acho que já disse...
Podemos ir embora agora?

A Calligari itou os olhos azuis.

Eles brilhavam como fogo e nã o estavam tã o claros como de costume.

Observou-a virar o rosto para o lado inverso, sentia a tensã o em seu corpo.

-- Que verdade? A inal, os Villa Real nã o sabem o que signi ica essa palavra. – Tomou-lhe delicadamente o queixo,
desejando olhá -la. – Aimê – Chamou-a baixinho – As coisas nã o ocorreram assim, naquele dia...

-- Acusa meu avô de mentiroso? – Desvencilhou-se do toque. – Nã o admitirei que fale dele! – Avisou-a.

A major mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

Fechou os olhos por alguns segundos.

Ouvia o canto dos pá ssaros e tentava manter a calma, mas nem respirar profundamente estava funcionando.

-- Você nã o tem que admitir nada, apenas me fale logo o que Ricardo disse! – Exigiu irritada, voltando a ita-la. –
Mas saiba que admito meu erro e estou disposta a consertá -lo.

Os olhos azuis icaram maiores naquele momento e aquela constataçã o a deixou com mais raiva daquela mulher.

-- Admite entã o? – Indagou sem esconder a má goa. – Você é uma descarada mesmo! Como pode consertar as
barbaridades que fez? Meu pai já está morto! – Limpou uma lá grima solitá ria que descia por sua face. – Eu perdi minha mã e,
só tinha ele e você o levou de mim...

Naquele momento a major percebia que algo estava errado.

-- O que Ricardo falou para ti? – Perguntou baixo. – Fale de uma vez!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê respirou fundo.

-- Quer saber o que ele disse? – Esboçou um sorriso angustiado – Entã o, escute bem – Falou por entre os dentes --
ele me contou sobre sua falta de vergonha, sobre o fato de você ter seduzido meu pai, enquanto era noiva de outro, falou
sobre você se envolver com pessoas ruins e como meu pai teve que te livrar de tudo até que no inal você precisou ser
punida... Ele deixou claro como o ilho era apaixonado por ti e como você usou isso para... – Dizia sem fô lego. – Traiu seu
noivo, seu pai, seu paı́s... Meu pai amava você ... Ele fez tudo pensando que você també m o amava...

Diana fechou as mã os com tanta força que teve a impressã o que esmagaria os pró prios ossos.

-- Cala a boca! – Diana ordenou baixo. – Cala a sua maldita boca antes que eu nã o responda por mim!

Seu rosto estava enrijecido.

Mais uma vez aquela histó ria estava sendo contada!

Era como se tudo voltasse, como se o tempo nã o tivesse passado e ainda ouvisse essas acusaçõ es nos programas de
televisã o ou seu rosto estampado nas manchetes de jornais levando à lama o nome dos Calligaris.

Dia apó s dia vivera aquela lagelo, dia apó s dia fora açoitada por todos, mesmo quando era inocente.

-- Pediu pra eu falar e agora nã o aguenta ouvir a verdade! – Tentou sair do carro.

Diana a segurou pelo pulso, trazendo o rosto dela bem perto do seu.

-- Quero ir embora agora mesmo!

A pintora estreitou os olhos de forma ameaçadora.

-- Você nã o sabe o que é verdade – Era como se as palavras queimasse em sua garganta -- a sua maldita famı́lia vai
passar a vida toda mentindo, deturpando e enganando, mesmo sabendo das consequê ncias desse ato. – Apertou-a mais forte.
– Nã o sabe quanto eu odiei e ainda odeio todos os Villas Reis.

Aimê puxou a mã o, mas nã o conseguiu se livrar do aperto, poré m ao tentar de novo, livrou-se dela.

Procurou a maçaneta e quando conseguiu abrir a porta, deixou o veı́culo.

Desejava ir embora, sair de perto daquela mulher de uma vez...

Por que ela teve que aparecer na sua vida?

Agora que sabia de tudo o que aconteceu, tinha a impressã o que seu mundo estava sendo destruı́do...

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Aquela histó ria vivia a se repetir em sua mente... Chegava a imaginar cada cena, chegava a pensar em como o pai
fora apaixonado pela major e como parecia que essa maldiçã o també m acontecia consigo...

Limpou os olhos chorosos.

Sentiu o vento frio emaranhar seus cabelos.

Como iria embora daquele lugar?

Diana bateu forte na direçã o do veı́culo.

Sentia o sangue correr mais rá pido em suas veias, sentia aquela raiva que já a levara a lugares terrı́veis, aquele
desejo de ferir da mesma forma que fora ferida retornava como uma avalanche.

Saiu do carro e foi em direçã o a Aı́mê , segurando os ombros para fazê -la virar para si.

-- Solte-me, nã o icarei aqui ouvindo suas acusaçõ es! – A ilha de Otá vio tentou se livrar.

A Calligari a empurrou contra o veı́culo fortemente, mantendo-a cativa.

-- Solte-me, sua selvagem! – Esbravejava a Villa Real. – Solte-me... – Gritava.

A ilha de Alexander nã o parecia se importar com a explosã o da menina, segurando-a.

-- Chame-me do que quiser, mas só a soltarei quando ouvir o que tenho para dizer!

-- Nã o quero ouvir nada que venha da sua boca... – Tentou se livrar novamente, mas Diana usou o corpo para
subjugá -la.

Precisou colocar a perna direito entre as dela, para lhe retardar os movimentos.

-- Deixa eu te contar uma historinha, mimadinha...

-- Nã o desejo ouvir nada que venha de você !

A Calligari usou as costas da mã o para lhe acariciar a face.

-- O seu querido paizinho era um doente, um louco que icara obcecado por mim! – Encarava-a. – Um bandido que
se juntara com os maiores tra icantes da Colô mbia!

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Viu as lá grimas dançarem em seus olhos.

Observou os lá bios entreabertos.

-- Mentira! – Aimê gritou, tentando se livrar da carı́cia no rosto. – Mentirosa!

Um sorriso cruel se desenhou nos lá bios da morena.

-- O heró i Otá vio – Aumentou o tom de voz -- nã o aceitou minhas negativas, ele me queria... Perseguia-me, o seu
heró i era um tra icante de mulheres e de drogas...

-- Mentira! Mentira! – Repetia baixinho. – Você é uma mentirosa... Como ousa sujar a memó ria do meu pai?

Diana a apertou mais forte, ignorava totalmente o desespero que Aimê demonstrava com suas lá grimas.

-- Você ouviu que fui expulsa da tribo, mas nã o sabe que da ú ltima vez foi porque seu pai esteve lá e matou um
monte de ı́ndios só porque eu me neguei a casar com ele... Por isso me obrigaram a casar contigo, essa fora a forma que me
redimir pela vida daquelas pessoas...

Os olhos azuis choravam copiosamente.

Diana nã o desejara que chegassem aquele ponto, mas ao ouvir as mentiras de Ricardo nã o aguentara.

Abraçou-a, mesmo quando a Villa Real lutava para se livrar dos braços que a prendiam.

-- Deixe-me! Você é uma mulher sem moral... Uma desavergonhada... Uma mentirosa... Eu te odeio tanto...

-- Entã o me odiará mais agora...

Diana a encarou, tomando-lhe os lá bios grosseiramente, punindo-a com sua boca, tomando-a com urgê ncia, mesmo
quando sentia as unhas cravarem em seus ombros, continuou com a carı́cia.

Ouvia o ruı́do de protestos, mesmo assim continuava tocando-a.

Abraçou-a pela cintura, unindo-se mais a ela.

A garota cerrou os dentes para impedi-la, mas para seu desespero seus lá bios começaram a se mover furiosamente,
desejando tê -la, adorando senti-la, mesmo com toda raiva que estava a se apossar de si naquele momento.

Beijou-a com raiva...Mas beijou-a mesmo assim...

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A Calligari a girou, icando encostada ao automó vel, enquanto prendia Aimê nos seus braços.

Segurou-a pelo bumbum, puxando-a mais, como se assim pudessem se fundir.

Desejava senti-la mais e mais... Queria que aquelas roupas nã o existisse naquele momento.

Desde aquele dia na fazenda, a major vivia com as lembranças de um desejo nã o saciado, louca para sentir aquele
turbilhã o de emoçõ es, louca para matar sua fome.

Ouviu o gemido de Aimê contra seus lá bios e adorou quando ela lhe tomou a lı́ngua...

Sugou-a como se quisesse devorá -la.

Sentiu-se tã o excitada quando a garota começou a chupar que temeu nã o se controlar por muito tempo.

Tocou o colo sobre o vestido e enlouqueceu ao perceber que nã o havia sutiã , apenas o tecido separando-a daquela
pele sedosa.

Usou os polegares para tocá -los e ao percebê -los desejosos de mais, baixou as alças inas do traje, enlouquecendo
quando o primeiro contato.

Apertou-os, amassando-os...

Mais uma vez ouviu o gemido dela...

Desejou se despir e sentir os corpos nus esfregando-se ...

Incitou os biquinhos...

A boca abandonou os lá bios e se aventurava pelo pescoço esguio...

– Entregue-se pra mim... – Começou a tocar as coxas por baixo do vestido até chegar à calcinha. – Eu vou acabar
enlouquecendo...

Soltou-a por alguns segundos, enquanto abria a calça que usava e a baixava um pouco nos quadris.

-- Veja como estou? – Tomou-lhe a mã o, levando até o interior da calcinha. – Sinta como te desejo...

A Villa Real percebeu-a molhada e sentiu as pernas bambas diante dessa comprovaçã o.

Diana via os olhos azuis olhando seu rosto...

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A face bonita estava corada...

A herdeira de Ricardo, inicialmente, manteve os dedos está ticos, poré m uma força maior parecia dominá -la naquele
momento.

Deixou que a ı́ndia a beijasse novamente... Enquanto se atrevia mais no carinho.

Nã o sabia o que fazer, mas se recordava muito bem de como ela izera em si...

Usou o indicador, massageando lentamente...

Sentia um frenesi passar por sua espinha...

Jamais imaginou que tocar uma mulher fosse algo tã o extasiante... E ela nã o era qualquer uma...

Deus, era ela...

Tentou fazer tudo com delicadeza, controlando a ansiedade... Mas era tã o delicioso senti-la daquele jeito que ousou
mais...

Diana afastou mais as pernas, incentivando-a a aprofundar o toque... Esfregou-se aos dedos...

Uniu sua mã o a dela, fê -la aumentar o ritmo... Desejava senti-la dentro de si... Desejou que aqueles lá bios bonitos
provasse seu sabor...

Beijou-a mais...

Aimê tinha a impressã o que o corpo estava em brasas, mas de repente as palavras do avô voltaram a soar na sua
mente, entã o se soltou, cambaleante se afastou.

-- Nã o! – Dizia tentando recuperar o fô lego. – Nã o ouse me tocar novamente!

Deus, nã o me deixe ceder a essa vontade! – rezava sem silê ncio.

Diana tinha a respiraçã o acelerada...

Seu corpo estava trê mulo... Seu sexo doı́a pela vontade de concretizar o desejo intenso que sentia.

Manteve-se encostada ao veı́culo, enquanto levantava a calça e a fechava.

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Ainda pensou em ir até ela e tomá -la de novo, mas tentou manter a cabeça sobre controle.

Nã o sabia ainda o que era aquilo que acontecia quando se aproximava da neta de Ricardo...

Sentiu gotas lhe molhando e só naquele momento percebeu como o tempo tinha mudado... Antes o sol brilhava,
mas agora nuvens carregadas cobriam todo o abobado.

Fitou Aimê e percebeu que ela nã o parecia se importar com a chuva que já se mostrava mais forte.

Aproximou-se dela, tentou lhe segurar a mã o, mas foi repelida com violê ncia.

-- Acha que vai fazer como fez com meu pai? – Acusou-a, enquanto limpava a boca. – Acha que sou ele para você
seduzir e manipulá -lo? – Deu mais alguns passos para trá s. – Enoja-me seu toque... Embrulha meu estô mago suas carı́cias...

A Calligari cobriu o rosto com as mã os, depois um riso cheio de sarcasmo pô de ser ouvido.

-- O seu papaizinho jamais teve o gosto de me ter, mesmo diante de tudo o que fez, jamais pô de me tocar... Ele deve
tá queimando no inferno ao saber que a ilhinha dele me deseja e que eu a desejo mais ainda...

Aimê seguiu em direçã o da morena, mas Diana a segurou pela cintura, detendo-a.

A tempestade já havia ensopado suas roupas.

-- Eu te odeio... Te odeio! – Gritava, tentando arranhá -la. – Fora a culpada pela morte do meu pai, culpada pela
desgraça que se abateu a minha famı́lia.

A major abriu a porta do carro, colocando-a lá dentro, travando para que ela nã o saı́sse, depois entrou e se
acomodou no banco do motorista.

-- Deixe-me!

Diana ligou o carro e deu partida.

-- Nã o me dê ideias, porque você nã o imagina como estou com vontade de te deixar nesse lugar deserto, quem sabe
um raio nã o coloca juı́zo nessa sua cabeça...

Aimê sabia que ela era bem capaz de fazer isso.

-- Poré m dessa vez você tem sorte, porque eu vou te deixar na sua casa e vou querer ouvir da boca do seu avô as
mentiras que ele andou contando pra você .

-- Nã o vou a lugar nenhum contigo! – Tentou abrir a porta, mas Diana a deteve. – Deixe-me sair!

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A Calligari dirigia com uma ú nica mã o e teve que parar o carro no acostamento.

Usou o outro braço, trazendo-a para seu colo. Sentando-a de lado.

Deteve-lhe os movimentos, sabendo que ela desejava feri-la isicamente em seu total descontrole.

-- Solte-me! – Pediu. – Deixe-me em paz, Diana!

-- Sim... – Sussurrou em seu ouvido – Te deixarei em paz...Mas antes eu quero que o seu avozinho diga na minha
cara as mentiras que contou pra ti.

-- Deus, por que você simplesmente nã o nos deixa em paz? – Disse entre lá grimas. – Você mesma admitiu o que
tinha feito e agora o acusa de mentiroso...

A major encostou o rosto nos cabelos dela, inalando o aroma loral e delicado.

Abraçou-a pela cintura.

-- Eu preciso que acredite em mim, eu preciso que perceba que você está sendo enganada, estã o mentindo
novamente...

Aimê soluçou baixinho.

-- Por que fez isso com meu pai... – Dizia entra lá grimas. – Por que está fazendo isso comigo...

Diana cerrou os dentes, enquanto fazia a garota sentar no banco do passageiro.

Era inú til tudo o que falasse...

Infelizmente ela nã o acreditaria...

Por que o fato de Aimê nã o acreditar em si era tã o doloroso?

Massageou as tê mporas... A cabeça doı́a muito...

Voltou a ligar o carro e saiu em disparada, sem se importar com a chuva que caia.

Estava com muita raiva, muito irritada por mais uma vez está sendo condenada por uma coisa que nã o fez.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Até quando teria que enfrentar aquelas injustiças?

Nã o foi difı́cil chegar ao pré dio, mesmo que a sua acompanhante permanecesse em silê ncio durante todo o
percurso, pedira a informaçã o e logo estacionava em frente ao residencial.

Desceu do carro e quando abriu a porta para Aimê e foi lhe segurar a mã o, a jovem a repeliu.

A Calligari respirou fundo para nã o perder a paciê ncia.

-- Você tem a chave ou eu devo me anunciar?

A garota permaneceu calada.

Diana seguiu até o interfone e falou com o porteiro.

O homem pareceu descon iado, mas ao ver que a major estava com Aimê , abriu o portã o rapidamente, pois a chuva
ainda caia.

A ilha de Alexander tomou novamente a mã o da menina, seguindo pela escadaria e sentindo a ansiedade tomar
conta de si.

Logo enfrentaria o maldito Ricardo e daquela vez nã o estaria disposta a aceitar suas mentiras.

Pararam diante do apartamento.

-- Deixe a minha famı́lia em paz, Diana, por favor, vá embora! – Aimê pediu mais uma vez.

A Calligari a encarou.

Estava toda molhada, o cabelo colado à cabeça, os olhos avermelhados...

Sabia que as coisas nã o tinham como ser diferentes... Sabia disso muito bem e nã o poderia dar um passo para trá s
naquele momento.

Ignorando-a, apertou a campanhia.

Ricardo estava sentado na poltrona.

Pensava na ligaçã o que recebeu e de alguma forma acabou se tranquilizando, pensando que aquelas ameaças eram
vazias e que aqueles homens só estavam irritados por Diana ter salvado sua neta.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Sabia como eles odiavam a ilha de Alexander.

Quando Clá udia chegou e contou sobre a visita de Alex, percebeu que havia uma saı́da.

Se Aimê casasse com o ilho do prefeito, ela estaria segura!

Ouviu a campanhia e foi atender.

Ao abrir a porta se deparou com o olhar acusador da Calligari.

Diana empurrou a garota nos braços do avô , enquanto adentrava o espaço e permanecia no centro da sala.

-- O que signi ica isso? Quem pensa que é para vir até aqui? – Ricardo questionou furioso.

A morena observava tudo com desdé m.

-- Entã o é aqui que você se esconde! – Arqueou a sobrancelha em sarcasmo. – Realmente gastou tudo o que tinha
para que o nome do seu ilhinho nã o fosse parar na lama.

-- Saia daqui! – O general ordenou.

Clá udia estava na cozinha e ouviu as vozes alteradas.

Ficou pasma ao ver a neta toda molhada e Diana em sua casa.

-- Leve, Aimê , para o quarto! – O general ordenou a esposa.

Diana sentou confortavelmente na poltrona, cruzando as pernas.

-- Ela nã o vai a lugar nenhum! – Disse por entre os dentes. – Ela ica!

Clá udia encarou a Calligari, percebendo que o desprezo que trazia era bem maior do que o que ela demonstrara no
dia que lhe pediram ajuda.

Nã o concordava com as mentiras do marido, mas també m nã o tinha coragem para dizer a verdade.

Foi até a cozinha, pegou uma toalha e voltou rapidamente, cobriu a neta, abraçando-a.

-- O que se passou, ilha? – Perguntou a jovem.

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Aimê permaneceu calada, até sua voz sair com di iculdade.

-- Eu estou bem...

A pintora relanceou os olhos em té dio.

-- Que tocante! – Diana disse cheia de sarcasmo, enquanto levantava. – Agora, eu quero que você repita na minha
frente o que disseram para essa garota estupida.—Fitou o homem. – Sua netinha é uma idiota das maiores...

Ricardo caminhou até a porta, abrindo-a.

-- Saia daqui antes que eu chame a polı́cia, respeite a minha famı́lia!

-- E vai me manter presa como fez quando me acusaram de traiçã o? – Exibiu um sorriso irô nico. – Vai me deixar
quantos dias presa naquelas celas imundas?

Aimê ouvia tudo quieta, mantinha a cabeça levantada.

-- Entã o você contou a histó ria do homem apaixonado... – A major chegou até onde estava a jovem que mexia com
sua cabeça e seu coraçã o. – O seu ilho era uma doente, um psicopata, um perigo a todos, mas você s – Apontou para Clá udia e
para Ricardo – Preferiram colocar panos quentes em tudo... Recorde-me de quanto fui até os dois e falei sobre os assé dios... –
Um sorriso sarcá stico brincou no seu rosto – Disseram para que eu nã o contasse ao meu pai, disseram que o Otavinho só
estava brincando... – Gargalhou... – Você estava lá , Ricardo, você chegou lá quando aquele doente tinha acabado de atirar no
meu noivo e foi você que o impediu de me estuprar sobre o corpo desfalecido do Eduardo... Mas o ilhinho de você s estava
apenas apaixonado por mim... Que fofo! – Bateu palmas. – Otá vio é um heró i!

Os olhos de Aimê icaram ainda maiores...

Chocados...

Desvencilhou-se de Clá udia.

-- Isso é verdade, vovô ?

O general pareceu desconsertado diante da indagaçã o da neta, mas nã o respondeu.

-- Eu nã o icarei aqui ouvindo suas barbaridades... Saia da minha casa! – O general exigia.

-- Eu sairei quando você responder a sua neta!

Clá udia olhou para o marido e imaginou se ele teria coragem de admitir todos os crimes que o ilho cometeu.

Ricardo levantou a cabeça de forma orgulhosa, mesmo que seu corpo já estivesse encurvado pelos anos.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Claro que é mentira dela, Aimê ... Diana é uma desgraçada que seduziu seu pai... E já que ela fala tanto em
verdades, saiba que é por culpa dela que você está cega!

A Calligari sabia que ele nã o diria a verdade e tinha certeza que ele era tã o covarde que jogaria aquela histó ria.

Aquela era uma famı́lia de covardes, disso nã o tinha dú vida.

Sua atençã o se voltou para a garota.

-- Do que o senhor está falando, vovô ? – Indagou perplexa.

-- Essa mulher que acusa seu pai com tanta paixã o estava presente no dia que você sofreu o acidente... – Tomou a
neta pelo braço, aproximando-a da morena. – Essa mulher que age como se fosse uma vı́tima estava lá naquele dia e icou
horas olhando o carro virado e em nenhum momento chamou ajuda... Se ela tivesse ligado para o resgate, você nã o teria
sofrido tanto nessa vida.

O rosto da Calligari era uma má scara fria e in lexı́vel.

O maxilar enrijecido, os olhos negros estreitados...

Ela nã o demonstrava nenhum sentimento, mesmo ao itar os olhos tã o azuis que a miravam cheios de dores e
acusaçõ es.

-- Você ainda vai pagar caro por isso, Ricardo... Na verdade, nã o só você ... Todos você s vã o pagar caro, mesmo você
Aimê ... Mesmo você ...

De cabeça erguida, a pintora deixou o apartamento.

A jovem Villa Real ouvia os passos se afastando e o barulho da porta sendo fechada.

Como um ser humano poderia ser tã o mau como aquela mulher?

Sabia o que seu coraçã o sentia, mesmo que quisesse negar, sabia que estava apaixonada por ela, poré m jamais se
renderia a esse sentimento, faria tudo para poder arrancar aquele amor de dentro do seu peito, pois se existia algué m que
nã o o merecia, esse algué m com certeza era Diana Calligari.

De repente seus pensamentos foram interrompidos ao sentir Ricardo se apoiar em seu corpo, apertando-lhe forte o
braço e nã o demorou muito para que ele fosse ao chã o.

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Capitulo 16 por gehpadilha

A sala de espera do hospital estava cheia.

Crianças choravam, idosos esperavam para serem atendidos, mesmo assim se distraiam, enquanto conversavam.

Na recepçã o, os mé dicos e enfermeiros pareciam ignorar os presentes em sua correria diá ria.

O telefone sempre estava a tocar e duas jovens tentavam dar conta de tudo.

Dois guardas que pareciam mais preocupados em conversar entre si guardavam a entrada do centro de saú de.

Vez e outra se ouviam os sons dos carros e motocicletas ao passarem na rua.

A sirene da ambulâ ncia ainda podia ser ouvida na pequena cidade indo ao resgate de Ricardo Villa Real.

Aimê , Clá udia e Bianca estavam sentadas e aguardavam por notı́cias.

As mulheres estavam a litas, pois ainda nã o receberam nenhum prognó stico.

A ilha de Otá vio se mantinha calada, apenas pensando no que se passara há algumas horas.

Ainda sentia a agonia do seu avô em seus braços... Seu desespero sem poder falar o que se passava até cair
desfalecido...

Diana causara tudo aquilo...

Respirou fundo ao pensar que nã o fazia tanto tempo que quase se entregara a ela...

Seu corpo ainda tinha o cheiro daquela mulher que parecia trazer apenas destruiçã o por onde passava.

Limpou os lá bios com as costas da mã o, inutilmente tentava se livrar do toque que recebera...

Fechou os olhos tentando recobrar a calma.

Maldita seja a Calligari!

A voz da sobrinha do prefeito a tirou de seus devaneios.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Vou buscar um chá para a agente! – Bianca se levantou indo até a cafeteria.

Clá udia observava a neta e desejava adivinhar o que se passava por sua mente depois de tudo o que aconteceu.

Nã o achava que contar tantas mentiras seria uma boa ideia, percebia que Aimê nã o estava bem, conseguia decifrar
a dor naquele semblante bonito.

Percebia como a presença de Diana a perturbava.

Desde que a neta retornara nunca falaram sobre os dias que passara na selva, a menina sempre desconversava,
poré m a matriarca sabia que havia se passado uma mudança na jovem.

Segurou-lhe as mã os.

-- Tudo vai se resolver, meu amor!

A garota nada disse por longo tempo, até que levantou a cabeça.

Os olhos azuis estavam mais escuros...

Nunca viu a neta com tanta raiva de algué m.

Nã o fazia parte da personalidade da sua doce menina...

O remorso tocou-a fundo naquele momento.

-- A Diana fora responsá vel pela morte do meu pai e agora també m deseja fazer o mesmo com o meu avô ...

A senhora Villa Real encarou os olhos tã o lindos e viu como estavam angustiados.

-- Nã o pense assim, Ricardo é forte, vai icar bem... – Deu uma longa pausa – A Diana nã o pode ser responsabilizada
por tudo de ruim que aconteceu a nó s... – Falou baixinho. – Há dias seu avô estava se queixando de mal estar, mas é teimoso e
nã o quis consultar um especialista.

A garota mordiscou o lá bio inferior demoradamente, ponderava...

-- E o meu pai? Ela nã o é a responsá vel pela morte dele? Por que essa mulher nã o foi punida? – Passou a mã o pelos
cabelos que ainda estavam ú midos. – Por que você s pediram logo a ela para me salvar daqueles bandidos?

Aimê pensava que se aquele encontro nã o tivesse ocorrido, nada daquilo estaria acontecendo consigo.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Clá udia suspirou.

As palavras queimavam em sua garganta, a vontade de contar a verdade se tornava maior, pois mesmo que nã o
gostasse da arrogâ ncia da Diana, sabia bem que ela fora uma vı́tima daquela histó ria.

Sofrera muito quando Otá vio fora assassinado, mas també m sua dor ainda foi maior ao saber de todas as coisas
runs que ele tinha feito...

Lembrava-se bem de quando a ilha de Alexander veio se queixar das investidas do ilho.

Tentara falar com ele, ainda mais porque a bela morena ainda era uma menina quando o assé dio começou, poré m
Otá vio nã o ouvia ningué m, se portava da forma que desejava, pouco se importando para os outros.

Quantas vezes perdera o sono ao pensar onde tinha errado na educaçã o do ú nico ilho...

A voz da neta interrompeu seus pensamentos.

-- Vovó , a Diana é muito bonita nã o é ? – Indagou curiosa.

Clá udia assentiu.

-- Sim, ilha, ela sempre fora uma jovem muito linda e depois que se tornou mulher isso icou ainda mais evidente.

Aimê nã o admitia, mas sofria quando a imaginava nos braços de Otá vio.

-- Por isso meu pai a amou tanto... – Exibiu um sorriso triste. – Ela usou isso para fazer o que queria...Ela usa a
seduçã o para manipular as pessoas...

Nã o, com o passar dos anos, Clá udia percebeu que ele nã o tinha amor pela Calligari, aquilo era apenas uma
obsessã o doentia que destruı́ra muitas vidas.

Acariciou os cabelos da neta.

-- Nã o quero que guarde tanto rancor em seu peito... Você nã o é assim, é a melhor da nossa famı́lia e deve continuar
sendo...

Aimê engoliu em seco.

-- Sabe, vó , quando estava na tribo eu odiei a Diana... Nã o entendia as grosserias dela, a arrogâ ncia e a crueldade –
Cerrou os dentes-- Mas nã o era nada comparado ao ó dio que eu sinto agora ao saber de tudo o que ela fez...

Uma lá grima saiu do olho esquerdo de Clá udia.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Nã o podia contar a verdade, pois nã o sabia como seria a reaçã o da menina, poré m ao ouvir aquelas palavras duras,
percebia quanto mal ela e Ricardo estavam fazendo.

-- Como um ser humano pode se negar a ajudar a outro diante de um acidente como aquele? Ela nã o tem coraçã o, é
um monstro...

-- Aimê ... Filha, esqueça essa histó ria, já faz tanto tempo...

O rosto da ilha de Otá vio trazia espanto, mas antes que pudesse falar algo, um mé dico se aproximou.

Clá udia se levantou.

O homem tinha boa aparê ncia, cerca de cinquenta anos.

-- E entã o, doutor, como está meu marido?

Aimê a imitou.

-- Bem, foi um principio de enfarto, mas tudo já normalizou. Agora ele precisa descansar e aconselho que você s
també m façam o mesmo, ele foi sedado e passará a noite em observaçã o.

-- Podemos vê -lo? – Aimê indagou esperançosa.

-- Nã o hoje, mas amanhã sim. – Estendeu a mã o para Clá udia. – boa noite, senhora! – Depois fez o mesmo com a
mais jovem. – Tudo vai icar bem. – Afastou-se.

A senhora Villa Real parece aliviada, pois sabia que se o marido morresse a neta culparia a herdeira dos Calligaris.

Vanessa observava Diana sentada na mesa do pequeno quarto.

Há horas que ela chegara e permanecera ali, calada, bebendo uma garrafa de cachaça.

Onde ela conseguira aquela bebida?

Nunca a viu daquele jeito.

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Nunca a viu beber algo tã o forte!

Vá rias vezes tentou lhe falar, mas a pintora parecia em outro mundo, perdida em seus pensamentos.

Puxou uma cadeira, sentando ao seu lado.

Observou a garrafa que estava quase vazia. Viu o caderno de desenhos sobre a mesa.

Tentou pegá -lo, mas a morena a deteve.

Ela ainda continuava com as roupas molhadas que chegara.

-- Di, por que nã o toma um banho e descansa, amanhã voltamos para a capital.

Os olhos negros se voltaram para a empresá ria.

Eles estavam menores, mais ameaçadores do que de costume.

Esboçou um sorriso.

-- Você deveria ter ido embora... Nã o deveria ter icado... – Falava com a voz arrastada. – Eu quero apenas icar
sozinha... – Jogou o copo contra a parede e começou a beber no gargalho. – Quero outra garrafa! – Levantou-se cambaleando.
– Cadê as chaves do carro...

Vanessa se antecipou para que a artista nã o fosse ao chã o.

-- Deus, você nã o aguenta nem andar, imagina dirigir... precisa descansar... Um banho para curar esse porre!

-- Nã o! – Protestou, livrando-se da mulher. – Eu preciso de mais...—Apontou-lhe o indicador. – Você nã o entende o
que estou sentindo – Falava por entre os dentes-- nã o entende... Ningué m entende o que estou passando... – Deu alguns
passos para trá s. – Ela acreditou em tudo o que o maldito Ricardo falou... – Sorriu – Claro que ela acreditou, a inal, o mundo
todo acreditou nessas mentiras por que seria diferente com a mimadinha...

Vanessa se aproximou novamente, segurando-a irme, pois temia que ela caı́sse sobre os cacos de vidro.

-- Venha comigo, você precisa descansar...

Conseguiu levá -la até a cama e fê -la sentar.

Fitou-lhe o rosto bronzeado.

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Arrumou os cabelos negros em desalinho.

-- Querida, eu e a Dinda sabemos que você é inocente, sabemos como aquele homem fora cruel... Até mesmo o
Ricardo sabe disso...

Diana a encarou.

-- Por que tudo isso aconteceu comigo? O que eu iz para merecer?

A empresá ria sentiu o coraçã o a lito ao ver as lá grimas que banhava a face da princesa.

-- Eu acho que fui amaldiçoada por ser ilha de uma ı́ndia... Só pode ser isso... Deve ser porque sou canibal...

Vanessa a abraçou.

-- Você nã o é isso, apenas passara por coisas difı́ceis e fora vı́tima de pessoas muito má s.

A Calligari afastou o rosto para encarar a mulher novamente.

-- Eu estava disposta a ajudar... estava disposta a fazer tudo para que Aimê voltasse a enxergar porque me senti
culpada... – Suas palavras foram interrompidas por um soluço. – Mas agora nã o, agora eu vou destruı́-la també m, vou odiá -la
també m e ela vai se arrepender por ter cruzado meu caminho... E um monstro que ela pensa que sou, entã o nã o vou
decepcionar as projeçõ es que ela tem...

Vanessa voltou a abraçá -la.

Sabia que o que estava doendo naquele momento era o fato da Villa Real nã o ter acreditado nela...

Diana tinha se apaixonado pela ilha do homem que mais odiava e a empresá ria entendia que ela nã o lidaria nada
bem com isso.

Consolou-a e em pouco tempo conseguiu fazê -la deitar no leito.

A bebida até que fez efeito.

Tirou-lhe as botas, depois a calça e a camiseta.

A Calligari deitou de bruços e Vanessa mais uma vez se deparou com as cicatrizes em suas costas.

Diana fora açoitada cruelmente por Otá vio durante horas e no inal de tudo, ele fora o heró i de todos.

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Aquela famı́lia realmente nã o merecia o perdã o da pintora.

Caminhou até a mesa e viu o caderno, folheou e observou a imagem da jovem que estava na festa bene icente do
prefeito.

Os detalhes estavam tã o vivos...

Era como se Diana tivesse desejado prender a alma da garota naquele desenho...

Respirou fundo!

Precisava arrumar acompanhantes novas para a Calligari!

Aimê e Clá udia passaram toda a noite no hospital.

Bianca icara com elas até a madrugada e depois foi para casa.

Alex també m apareceu e nã o perdeu tempo em se colocar a total disposiçã o dos Villas Real.

Já era quase sete horas quando receberam a visita de dois policiais.

Estavam tomando café na cafeteria quando os homens apareceram.

Aimê nã o conseguira descansar, negando-se a deixar o hospital, mesmo sabendo que nã o poderia ver o avô .

Clá udia observou a expressã o cansada da neta e se condoeu mais uma vez.

Ambas estavam presas em seus pensamentos quando a voz do agente da lei as interrompeu.

-- Bom dia! – Cumprimentou-as. – Sei que estã o passando por um momento difı́cil, mas precisamos avisar que a
loricultura foi alvo de vâ ndalos durante a madrugada e muitos danos ocorreram.

Aimê se levantou, sua expressã o denotava total surpresa.

-- Como assim?

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-- As vidraças foram destruı́das e muitos vasos foram jogados ao chã o... Infelizmente o prejuı́zo nã o foi pequeno. –
Disse cheio de pesar.

Clá udia se postou ao lado da neta, colocou a mã o no seu ombro, tentando acalmá -la.

-- Estamos aqui para que algué m nos acompanhe até a delegacia e preste queixa... Nã o temos pistas, estamos
investigando, mas seria bom se você s pudessem lembrar se algué m teria algum interesse em fazer algo assim contra você s!

Clá udia se adiantou.

-- Nã o, com certeza nã o... Vivemos em paz, decerto algum arruaceiro...

Aimê interrompeu a avó .

-- Claro que sim, há algué m que teria um grande prazer em nos atingir, ontem mesmo nos ameaçou em nossa casa.

-- Filha! – A mulher a chamou em tom de advertê ncia.

Os policiais pareceram interessados nas palavras.

-- Pois diga, entã o, senhorita. – Tirou o pequeno caderno. – Quem teria a intençã o de prejudicá -las?

A ilha de Otá vio pareceu pensar por algum tempo, mas ao dizer o nome sua voz foi audı́vel e clara.

-- Diana Calligari!

-- Aimê ! – Clá udia voltou a repreendê -la. – Nã o deve acusá -la.

A garota nã o parecia se importar.

-- Ela está hospedada no hotel Floresta, ontem esteve no nosso apartamento e deixou bem claro a vontade de nos
prejudicar!

A esposa do general nem sabia o que dizer.

Um dos policiais anotava tudo.

-- Quem nos acompanhará ? Terá que deixar claro suas acusaçõ es. – Encarou-as. – Pedirei uma intimaçã o agora
mesmo para que essa pessoa compareça també m.

-- Eu! – Aimê se pronti icou. – Irei com você s!

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Naquele momento Bianca se aproximou esbaforida.

-- Você s nã o sabem o que aconteceu! – Dizia sem fô lego.

-- Já sabemos, vamos à delegacia! – A ilha de Otá vio a cortou.

Clá udia observou-os se afastar e icou a pensar que essas acusaçõ es contra Diana eram infundadas.

Conhecia a herdeira de Alexander e sabia que ela nã o era covarde, era muito arrogante para fazer aquele tipo de
coisa.

Tudo estava se complicando cada vez mais.

Aimê prestava depoimento, dizendo os motivos de achar que Diana era culpada pelo atentado.

O delgado pareceu surpreso com a acusaçã o, mas precisou cumprir seu trabalho.

Ele sabia como a pintora que comparecera a festa do prefeito era uma mulher importante e nã o desejava arrumar
problemas para si.

Tentou dissuadir a neta de Ricardo de formalizar a denú ncia, mas suas tentativas foram inú teis.

Sem outra opçã o, uma intimaçã o fora enviada para o hotel, poré m em particular ele pediu para que os policiais
checassem de imediato os á libis da artista, assim logo a dispensaria.

Nã o demorou muito para que a Calligari chegasse à delegacia.

Vanessa a acompanhava.

Ambas já se arrumavam para deixar o lugar quando foram interpelados por policiais.

A major nã o parecia nada feliz com aquilo, ainda mais porque nã o falaram sobre o que de errado tinha feito.

Por fraçõ es de segundos lembrou-se de quando fora levada ao quartel por acusaçõ es mentirosas.

Respirou fundo!

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Sentaram na recepçã o esperando para serem atendidas.

A empresá ria observou a pintora de soslaio.

A aparê ncia dela nã o estava tã o ruim depois de ter acordado com ressaca.

Sorriu ao se lembrar de como ela se queixara de enjoo e dores de cabeça, mas també m, o lı́quido ingerido fora tã o
forte que os aposentos ainda tinham o cheiro forte.

Observou a forma elegante que se portava.

Uma dama da alta sociedade!

Mirou os trajes.

Usava calça social preta, blusa azul de botõ es com alguns abertos e o terninho elegante.

Observou o rosto bonito demonstrar arrogâ ncia.

Diana se levantou e foi até a mesa de recepcionista.

-- Nã o tenho o dia todo, querida, entã o o que quer que seja que estejam me acusando, peça para que agilizem!

Vanessa foi até a amiga.

A moça ruiva encarava a artista meio que amedrontada e pareceu icar grata quando vieram chamar a Calligari.

A empresá ria já seguia com ela quando o policial a impediu.

-- Será que devo chamar um advogado? – Vanessa questionou a ilha de Alexander.

-- Se precisas eu mesma me defenderei, a inal, nã o estudei cinco anos para precisar que outros façam isso por mim.
– Falou cheia de prepotê ncia.

Vanessa nada disse, apenas decidiu esperar.

Nã o imaginava o que Diana tinha feito, a menos que naquela cidade pequena ser cheia de orgulho e arrogâ ncia
fosse crime.

Suspirou enquanto sentava e esperava.

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O delgado esperava pacientemente a chegada da pintora.

Aimê decidiu icar na sala e Bianca estava ao seu lado. Nã o tinha medo dela e deixaria isso bem claro.

Nã o demorou muito para a Villa Real sentir o cheiro marcante e o olhar forte sobre si.

Por que a sentia daquele jeito?

Mexeu-se na cadeira desconfortavelmente.

O homem se levantou para cumprimentar a Calligari.

Ele se mostrou encantado pela bela mulher.

O olhar de Diana caiu sobre Aimê cheio de desdé m.

Reconheceu a jovem que estava com ela no dia da festa.

-- Perdoe-me o incomodo, mas tenho algumas perguntas para lhe fazer! – Estendeu a mã o. – Sou o delegado
Rodrigo Garcia!

A morena ignorou o gesto.

O homem era jovem e demonstrava total apresso pela semi-ı́ndia.

Havia trê s cadeiras diante da mesa do delegado.

Bianca ocupava a da ponta, Aimê a do meio e Diana se acomodou na outra.

A ilha de Alexander exibia total descaso com o que poderia está acontecendo ali, mas nã o podia negar que estava
curiosa.

-- As senhoritas Villa Real e Alvarenga pediram para icar presente no momento do seu depoimento, mas se sentir
constrangida, mandarei que saiam. – Falou prestativo. – Nessa cidade tentamos resolver tudo na calma. – Tentava se justi icar.

Diana encarou as duas garotas e deu de ombros.

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-- Nã o me importo com a presença delas! – Cruzou as pernas longas. – Gostaria que me falasse logo o motivo de ter
exigido minha presença aqui, pois se isso demorar, me atrasarei para tomar o aviã o, tenho exposiçã o em Roma.

-- Claro, imagino que uma mulher como a senhora deve ser muito ocupada.

Aimê sabia que aquele homem estava lertando com Diana e aquilo a incomodou bastante.

-- Por que o senhor nã o fala logo o motivo dela estar aqui, já estou sem paciê ncia para isso!

Um sorriso debochado brincou nos lá bios da Calligari.

Rodrigo pigarreou.

-- Bem, senhorita, estamos aqui porque foi lhe feita uma acusaçã o!

A pintora continuava com a expressã o imbatı́vel.

-- Continue!

-- Bem, gostaria de saber onde esteve ontem?

A herdeira de Alexander encarou Aimê e depois Bianca. A loira parecia assustada.

-- Depende do horá rio... – Usou um tom baixo e mais carregado. – Porque se foi no inı́cio da tarde, eu estava com a
senhorita Villa Real... Estou errada, querida?

A neta de Ricardo sentiu as faces pegarem fogo.

Sentia o olhar provocador sobre si.

Pigarreou.

-- Nã o estamos falando desse horá rio, mas na madrugada! – Recuperou-se, demonstrando altivez.

Rodrigo sorriu maravilhado.

-- Sim, é nesse horá rio mesmo que tudo aconteceu, na madrugada! – Fitou os olhos negros. -- Vi seu quadro na festa
do prefeito, realmente é encantador, é muito talentosa!

Aimê pareceu chateada, pois o homem nã o parecia interessado em resolver os problemas e sim em se desmanchar
em elogios para a morena.

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-- O senhor nã o acha que precisa de um babador? – A neta de Ricardo indagou cheia de irritaçã o. – A minha loja fora
destruı́da, essa mulher ameaçou a minha famı́lia e ainda preciso ser obrigada ao ouvir seus galanteios? – Levantou-se. – Nã o
icarei aqui me prestando a isso!

O delegado icou vermelho diante das acusaçõ es.

Bianca pareceu desconhecer a amiga, levantando-se sussurrou algo no ouvido da jovem e ela voltou a se acomodar.

Diana encarava Aimê , via a raiva destorcer seu rosto bonito.

Nã o entendeu bem o que aconteceu, mas sabia que estava sendo acusada do ato.

Nã o demorou muito para ouvirem batidas na porta.

Um policial adentrou.

-- Viemos do hotel. Tivemos acesso à s imagens e a senhorita Calligari chegou antes do anoitecer e nã o deixou o
local. – Colocou o pen drive sobre a mesa.

O delegado dispensou o agente.

-- Bem, acho que com isso as acusaçõ es contra Diana nã o tem nenhum peso. – Voltou seu olhar para a pintora. –
Perdoe-me o incomodo! Ao saber que se tratava da senhora, fui á gil na investigaçã o, realmente nã o acreditei que pudesse
fazer algo assim!

Aimê permanecia calada. Ainda parecia confusa.

A Calligari encarou a ilha de Otá vio por longos segundos!

-- Mas o que houve? – Indagou. – Pelo menos gostaria de saber qual a acusaçã o que izeram contra mim.

-- A loricultura fora depredada. – O delegado explicava. – Infelizmente houve muitos danos e ainda nã o sabemos
quem causou isso.

Mais uma vez a Calligari encarou Aimê .

Os olhos negros se estreitaram cheio de fú rias.

-- Realmente quem sai aos seus nã o degenera! – Levantou-se. – Espero que consiga resolver seu problema. – Já se
dirigia para a porta quando se voltou. – Quando eu for fazer algo contra a sua famı́lia, farei questã o que saiba que fui eu. Qual
prazer eu teria se você nã o soubesse que eu quem causei a catá strofe? Mas, acredite, eu nã o costumo destruir
loriculturazinhas... Meus danos sã o maiores!

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A Villa Real sentiu o olhar de ó dio, mas icou quieta, sentindo-a deixar a sala.

Sim, sabia que ela agiria assim.

Diana era muito orgulhosa e arrogante para fazer as coisas escondido.

Mas se nã o foi ela, quem causara tudo aquilo?

Ainda sentia o coraçã o pulsar mais rá pido pela presença da pintora...

Entã o naquele mesmo dia ela iria embora para longe...

A voz da sobrinha do prefeito a tirou dos seus devaneios.

-- E o que será feito agora? – Bianca indagou. – Tivemos um prejuı́zo enorme e precisamos descobrir quem fez isso.

-- Continuaremos com as investigaçõ es. – Levantou-se. – Iremos checar pessoas que moram por perto e ver se
viram algo... Apenas tomem cuidado com os suspeitos que trazem a minha delegacia! – Advertiu-as.

-- E o senhor realmente se empenhe e nã o ique lertando com os acusados!

Bianca icou ainda mais branca ao ouvir as palavras de Aimê e antes que o delegado mandasse trancá -la , tomou-lhe
a mã o e saı́ram rapidamente do recinto.

Seguiam pelo corredor.

Nã o era um lugar grande.

Uma pequena casa eu fora transformada em delegacia.

-- A pintora só faltou te comer com os olhos...— Bianca sussurrava no ouvido da amiga, enquanto deixava a sala. –
Nã o acredito que ela é Diana Calligari. – Suspirou alto. – Ela nã o parava de olhar para ti, caramba, ela tem uns olhos tã o
penetrantes. Aimê , como pô de falar aquilo para o delegado?

A jovem nos ú ltimos dias estava se desconhecendo, ainda mais quando se tratava da major.

-- Mas é a verdade, ele passou todo o tempo jogando charme barato para ela. – Dizia irritada.

Estava com ciú mes!

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-- Bem, ela é uma mulher muito bonita, acho que qualquer homem faria o mesmo!

A Villa Real estancou e seu rosto parecia aborrecido.

-- Nã o me importo com a beleza dessa... dessa... – respirou fundo. -- Estou preocupada com a loja! Quem pode ter
feito algo assim?

Já estavam na saı́da, quando pararam na calçada.

-- Por que você acusou a Diana? Por que achou que ela faria isso? Tem mais alguma coisa nessa histó ria?

-- Mais eu já disse, ontem ela ameaçou a minha famı́lia... – Disse pausadamente.

Bianca icou de boca aberta ao ver a Calligari se aproximar delas.

Diana caminhava lentamente. A cabeça erguida, o olhar duro, demonstrando sua fú ria.

A ilha do prefeito nem mesmo teve tempo de avisar a Villa Real.

-- Quero falar contigo! – A voz irme exigia. – Temos que conversar.

A Alvarenga pareceu assustada.

-- Nã o tenho nada para dizer! – Aimê respondeu levantando o queixo. – Na verdade, exijo que nã o se aproxime de
mim!

Diana estreitou os olhos.

-- Saia, deixe-me a só s com a sua amiguinha! – Ordenou a Bianca.

A ilha de Otá vio assentiu, enquanto a loira se afastava.

A rua nã o estava vazia, algumas pessoas passavam por ali.

Diana segurou o braço de Aimê , levando-a até a lateral do pré dio, soltando-a assim rapidamente.

O estreito beco tinha a atmosfera pesada.

-- Como pô de me acusar de ter destruı́do sua loricultura? – Passou a mã o pelos cabelos. – Nã o acredito que prestou
uma queixa contra mim!

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A jovem nã o sabia o que dizer.

Seu cé rebro estava confuso, havia tanta coisa. Tinha a impressã o que nã o pensava claramente.

-- Depois do que fez, eu nã o duvidaria da sua maldade! – Falou tentando manter a calma..

A morena observou os lá bios rosados, a pele branca e sedosa.

Lembrou-se da tarde anterior.

-- Você nã o sabe o que está dizendo! E uma idiota que acredita em tudo o que Ricardo fala.

-- Nã o ouse falar do meu avô ! – Disse por entre os dentes. – Por sua causa ele quase enfartou ontem.

A pintora colocou as mã os nos bolsos, depois olhou para o cé u.

Estava nublado, o sol mal aparecia.

Ficou de frente para a Aimê , sentia a respiraçã o dela em seu rosto.

-- Pena que ele nã o foi pro inferno igual ao seu pai!

Diana foi rá pida ao segurar a mã o que tentou agredi-la. Mantendo-a presa, apertando-a forte, pressionou-a contra a
parede.

Sabia que ela faria aquilo.

Mirou os olhos azuis!

-- Nã o ouse nunca mais levantar essa mã o para mim porque eu sou capaz de quebrá -la. – Soltou-a.

Aimê começou a massagear onde ela tinha apertado.

-- Eu nã o tenho medo de você ! – Aprumou os ombros. – Na verdade, tenho pena e nojo de você . – Falou mais alto. –
Agora que sei tudo o que fez, penso como pude chegar a ter algum tipo de simpatia por sua pessoa.

Diana respirou fundo, enquanto observava algumas pessoas olhando-as curiosas, mas rapidamente se afastaram ao
notar a expressã o ameaçadora da pintora.

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Tentava manter o tom de voz baixo o que a outra nã o parecia se importar.

-- Nã o acredito nas suas palavras, a inal, você nã o demonstrou asco quando eu te beijei, quando te toquei ou
quando te iz gozar bem gostoso. – Provocou-a.

O rosto de Aimê icou corado.

A respiraçã o estava acelerada, os seios sob a blusa levantavam em um ritmo rá pido.

Colocou a madeixa rebelde por trá s da orelha.

-- Você nã o passa de uma safada, uma desavergonhada! – Acusou-a. – Nã o tem respeito pelos outros!

-- E você é o quê ? – Provocou-a. – Uma puritana que fez votos? – Arqueou a sobrancelha em desdé m.

Aimê tentou se afastar, mas Diana a deteve.

-- Solte-me, deixe-me em paz, já disse, esqueça-se da minha famı́lia e de mim!

Diana exibiu um sorriso debochado.

-- A respeitada famı́lia Villa Real me deve muito e agora você també m. – Mirou os lá bios bonitos. – Nã o sabe como é
ser minha inimiga! – Avisou-a. – Mas você agora é o icialmente minha inimiga!

Desejou beijá -la, senti-la novamente, mas estava com tanta raiva que buscava sufocar o desejo.

-- Nã o te devo nada! – Puxou o braço. – Você nã o acha que já me tirou muito, senhorita Caligari? Primeiro meu pai,
depois me deixou cega e agora quer destruir meus avó s. Sua maldade nã o tem limite? Nã o tenho medo... Realmente nã o me
assusta...

O maxilar da morena enrijeceu.

-- Eu nã o sei por que fui naquela loresta buscar você ... Desde aquele dia minha vida se transformou em um
verdadeiro inferno... Gostaria mesmo de nunca ter cruzado contigo...

Por que aquelas palavras pareceram afetar a garota.

Engoliu em seco.

-- E acha que ter te conhecido me trouxe algo de bom? – A ilha de Otá vio dizia cheia de frustraçã o. – Agora sou eu
que digo, afaste-se de mim e nunca mais ouse se aproximar!

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Diana estreitou os olhos perigosamente.

Segurou-lhe o braço novamente, mantendo-a presa.

-- Você nã o manda em mim! – Sussurrou em seu ouvido. – Nã o pense que vou aceitar tudo o que izeram comigo e
icar quieta, um dia vamos nos encontrar novamente e aı́ sim você vai ter motivos para fazer todas as queixas do mundo
contra minha pessoa. – Soltou-a grosseiramente.

Aimê ouviu os passos se afastarem e só naquele momento sua respiraçã o voltou ao normal.

Fechou os olhos por alguns segundos e quando os abriu estavam cheios de lá grimas.

Tinha a impressã o que ia acabar enlouquecendo...

Umedeceu os lá bios...

Até quando suportaria tudo aquilo?

Bianca se aproximou.

-- Aimê , você está bem?

A Villa Real suspirou alto.

-- Nã o, eu nã o estou! – Cerrou os dentes – Eu preciso me abrir com algué m, pois tenho a impressã o que morrerei se
nã o falar o que se passa comigo!

A loira a abraçou.

-- Vamos à lanchonete, lá poderemos conversar.

Aimê assentiu, deixando-se conduzir pela outra.

Clá udia estava dentro do quarto onde o marido repousava.

Ricardo ainda dormia.

A mulher estava desesperada porque ainda nã o recebeu notı́cias da neta e temia que essa acusaçã o contra Diana
causasse uma nova catá strofe.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Passara horas pensando e estava mais do que segura que o melhor era contar a verdade a Aimê .

Bianca pediu duas taças de sorvete, enquanto observava a amiga de longe.

Discara o nú mero de Clá udia e naquele momento ela estava falando com a avó .

Pagou as sobremesas e seguiu até a mesa.

Esperou que a jovem terminasse de falar e assim que Aimê desligou, questionou:

-- E entã o, como ele está ?

-- Ainda está sedado, mas o mé dico falou que logo ele acordará . – Completou com um sorriso.

A Alvarenga lhe entregou a taça de sorvete.

-- Sei que nã o é uma boa hora para esse tipo de lanche, mas recordei-me de que quando precisá vamos conversar
sobre algo, nos enchı́amos dessas belezinhas.

A Villa Real fez um gesto a irmativo com a cabeça.

Conhecia a loira a um bom tempo e ela sempre se mostrou uma amiga muito valorosa.

Levou um pouco da iguaria à boca, saboreava lentamente, enquanto ponderava.

Bianca a observava curiosamente.

-- Perdã o por ter te deixado sozinha com a pintora, mas ela me olhou de um jeito que pensei que iria me arrastar
dali pelos cabelos. – Falou sem jeito. – Eu sei que sou uma covarde... – Disse em desâ nimo.

-- Nã o precisa pedir desculpas, a Diana era bem capaz de fazer pior do que te tirar à força!

A loira tomou uma colherada de sorvete, deliciando-se com o sabor.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Eu ainda nã o acredito que a pintora que você se encantou pela obra é a mesma mulher que te salvou dos
bandidos. Por que nã o me disse antes?

A neta de Ricardo parecia pensativa.

-- No dia da festa, quando você voltou para buscar as chaves, ela apareceu no jardim... Ontem esteve na loricultura...
– Mordiscava a colher.

Bianca observava a amiga com atençã o.

-- Se você visse como ela te olha...

Aimê sentiu o rosto corar.

-- Você també m parece estranha quando se refere a ela...

A Villa Real baixou a cabeça por alguns segundos, depois a levantou, mordiscou o lá bio inferior.

-- Houve coisas entre ela e eu... – Falou em um io de voz.

Bianca deixou o sorvete de lado, parecia mais interessada na conversa.

-- Que coisas? – Puxou a cadeira para mais perto da amiga. – Conte-me.

Aimê tomou mais um pouco do gelado.

Nã o falou de imediato.

Sua mente voltou para aquele dia que ouvira a voz da morena pela primeira vez... Quando sentira sobre si as
grosserias dia apó s dia... Quando sentiu o sabor daqueles lá bios exigentes...

O cheiro dela nã o a abandonou mais...

Recordou-se de quando ela ingiu entregá -la para os tra icantes. Lembrou-se do desespero de saber que ela tinha
sido alvejada...

Sentiu aquele tremor nas pernas...

Suas memó rias estavam tã o vivas...

-- Acho que estou apaixonada por ela! – Disse por im.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Os olhos da sobrinha do prefeito pareceram prestes a soltar da cara.

Tomou um pouco mais de sorvete.

-- Você está ... Apaixonada por uma mulher... Deus, por aquela mulher... – Suspirou. -- E ela sente o mesmo?

Aimê meneou a cabeça negativamente.

-- Nã o, ela nem mesmo sabe o que é ter sentimento por algué m... Você nã o tem ideias das coisas horrı́veis que ela
fez a minha famı́lia! – Disse sem esconder o rancor. – Eu nã o sei como posso sentir isso por ela depois de tudo que iquei
sabendo...

Bianca colocou a mã o sobre a da jovem.

-- O que ela fez de tã o terrı́vel?

A Villa Real respirou fundo e em seguida começou a contar tudo o que se passou, tudo o que o avô contara, seu
acidente... Nã o escondeu nenhum detalhe, era como se necessitasse de que algué m a ouvisse, como se precisasse tirar aquele
peso das suas costas.

Vanessa preferiu dirigir, pois percebia que Diana nã o estava segura para fazer aquilo.

Vez e outra a itava de soslaio.

A morena mantinha os olhos fechados, negava-se a falar sobre o que tinha ocorrido e a empresá ria desistiu do
intuito, pelo menos a convencera a deixar a pequena cidade.

Ligou o rá dio para tentar se distrair.

Desejava poder falar algo para a pintora, mas sabia que a ilha de Alexander nã o gostava desse tipo de conversa, era
muito orgulhosa para admitir o que sentia, fazendo-o apenas quando bebia.

Diana virou a cabeça para a janela.

Observava a estrada deserta e tentava conter aquele reboliço que acontecia em seu interior.

Era como se um vulcã o estivesse a ponto de entrar em erupçã o.

Ainda nã o acreditava que Aimê a acusara de destruir a loricultura.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Cobriu o rosto com as mã os, tentando controlar a respiraçã o.

Os Villas Real ainda pagariam muito caro e nã o teria piedade de nenhum deles. Faria sofrer, faria rastejar pelo seu
perdã o...

O seu ó dio pela mimadinha era ainda maior do que por todos...

Ainda nã o sabia o que iria fazer, mas era uma mulher paciente e sabia que a vingança era um prato que deveria ser
comido frio.

Aimê ainda nã o tinha ideia nem mesmo conhecia a ponta daquele iceberg.

Quem poderia ter mandado destruir a loricultura?

Ricardo deveria ter inimigos, a inal, Otá vio izera aos montes.

De repente algo começou a perturbar sua mente.

Será que a garota corria perigo?

Pegou o celular que estava sobre o painel do carro e praguejou alto quando viu que estava sem sinal.

-- O que houve? – Vanessa indagou preocupada.

-- Preciso fazer uma ligaçã o!

-- Espere chegarmos! O que se passa? – Indagou curiosa.

-- Eu tenho a impressã o que sei quem destruiu a loricultura!

Vanessa a encarou por alguns segundos.

-- Caramba, estou te desconhecendo, depois de tudo você ainda deseja ajudar Aimê .

-- Está louca!? – Falou furiosa. – Desejo apenas investigar se crocodilo está por trá s disso, se assim o for, eu poderei
pegá -lo de uma vez por todas.

-- Diana, deixa esse homem no lugar dele, você o perseguiu por meio mundo e nunca conseguiu pegá -lo. – Diminuiu
a velocidade.

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-- Eu poderia tê -lo matado quando fui ao resgate daquela idiota, mas eu nã o o quero morto, desejo que seja julgado
e confesse tudo o que Otá vio fez.

-- Meu Deus, esqueça essa passado! – A empresá ria pediu. – Nã o entende que corre risco com isso.

-- Tenho dinheiro o su iciente para me proteger, nã o se preocupe... – Suspirou. – Você nã o entende que eu nunca
estarei em paz enquanto a verdade nã o for revelada.

-- Ainda mais agora que está apaixonada pela ilha de Otá vio!

A empresá ria se arrependeu de ter falado assim que terminou a frase.

Parou no acostamento.

Encarou Diana e viu como os olhos negros estavam estreitos.

Viu-a descer do carro.

Ouviu o soco forte que ela deu no capô .

Deixou o veı́culo indo até ela.

-- Nunca mais ouse falar isso! – Esmurrou mais uma vez. – Eu odeio aquela maldita garota e você ainda vai ver como
eu a farei sofrer... – Passou a mã o pelos cabelos soltos. – Eu deveria tê -la deixado naquela loresta, deixado que as onças ou as
anacondas a comecem.

A empresá ria cruzou os braços sobre os seios.

-- Na verdade, eu deveria tê -la levado para o bordel, eu mesma deveria tê -la feito de puta... – Apoiou as mã os na
lataria.

Vanessa esperou o tempo su iciente para saber que ela já recuperara a calma.

A Calligari seguiu até o banco do motorista.

-- Agora eu dirijo!

Vanessa fez uma prece antes de se acomodar.

Esperava que chegassem vivas!

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Ricardo se recuperou bem.

Passou alguns dias no hospital e depois retornou para o apartamento.

Aimê mimava o avô o tempo todo.

Nada fora dito sobre o atentado a loricultura. Nã o quiseram preocupá -lo.

Clá udia tinha algumas joias e vendeu para ajudar nos reparos. Bianca e a ilha de Otá vio també m doaram as
economias.

Decidiram arrumar tudo aos poucos, pois o que nã o podiam era manter a loja fechada.

Aimê dava sopa na boca do general.

-- Filha, eu nã o estou invá lido! – Protestava o homem entre risos. – Assim vai me acostumar mal.

Ricardo estava sentado na confortá vel poltrona na pequena varanda.

-- Tenho que cuidar do senhor, preciso que ique bem!

-- Ah sim, eu preciso icar bem porque desejo levar você ao altar. Alex vai ser um ó timo marido.

Aimê esboçou um sorriso tı́mido.

Desde que a avô voltou do hospital sempre falava nesse assunto, ainda mais depois que o rapaz foi visitá -los
algumas vezes.

-- Bem, preciso me arrumar, tenho que ir para o trabalho.

O general assentiu.

Clá udia arrumava algumas coisas na sala quando ouviu o telefone tocando.

-- Alô !

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O silê ncio se fez do outro lado da linha e logo aquela voz com sotaque carregado se fez ouvir.

-- Olá , senhora Villa Real, imagino que já tenham recebido o meu recado, eu disse para o general que eu desejo
Aimê ... Nã o perderei tudo que investi assim...

A mulher icou pá lida e quando tentou falar, a ligaçã o tinha sido encerrada.

Entã o foram eles!

Rapidamente foi até onde estava o marido.

Ricardo lia um jornal.

-- Por que nã o disse que esses homens estavam ameaçando levar Aimê novamente? – Questionou tirando o folheto
das mã os dele.

-- O que se passa? – O homem indagou.

-- Aquele bandido que levou nossa neta acabou de me ligar, disse que virá busca-la...

O general deu de ombros.

-- Bobagem, estã o falando isso porque querem mais dinheiro... Assim que Aimê se casar com Alex, teremos dinheiro
para que eles parem de nos perseguir!

O rosto de Clá udia se mostrava furioso.

-- Passamos a vida toda fazendo isso, passamos todos esses anos pagando a esse miserá vel e o que ele fez? Levou a
nossa neta! – Esbravejava. – Poré m se você tivesse feito o que era certo e nã o mentido sobre as atrocidades que nosso ilho
fez, esse maldito bandido já teria sido punido!

Ricardo se levantou.

-- Tudo está sobre controle, meu amor! – Tentou abraça-la.

A mulher repeliu o contato.

-- Nã o, nada está no seu controle! Quando você estava dopado, a loricultura fora invadida... e Foram eles...

O general demonstrava total surpresa.

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-- Tudo vai se resolver, eu já disse! Vamos proteger Aimê !

-- Nã o! – Falou mais alto. – Nem você nem eu podemos protege-la, mas há algué m que fará isso, algué m que nã o
mereceu tudo o que nosso ilho e nó s izemos, mas estou disposta dizer toda a verdade, contanto que ela salve a Aimê .

-- Aquela mulher nos odeia, jamais ajudará ou moverá uma palha para nos ajudar! – Disse em tom de
aborrecimento.

-- Eu me ajoelharei aos pé s dela, farei o que ela quiser, pois tenho certeza de que só Diana Calligari poderá fazer
algo contra esse bandido.

Antes que Ricardo continuasse a protestar a mulher deixou a sala feito um furacã o.

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Capitulo 17 por gehpadilha

O grande salã o estava cheio de convidados ilustres.

Mesmo tendo outros artistas no recinto, todos os olhares se voltavam para Diana.

Seus quadros mais valorosos estavam sendo expostos. Muitos desejavam ter algo da bela mulher para expor em
suas casas.

A morena nã o parecia se importar com os assé dios das pessoas e sempre se negava a falar com a imprensa.

Aceitou a taça de champanhe que Vanessa lhe ofereceu.

-- Você está linda! – Disse em um sorriso.

Realmente a pintora estava belı́ssima.

Usava um vestido preto longo sem alças. Ele tinha uma abertura lateral que deixava exposta a bela perna.

També m usava luvas de seda que chegavam aos cotovelos.

Os cabelos estavam soltos, emoldurando o rosto bonito. Usava pouca maquiagem, apenas o su iciente para realçar
os lá bios e os olhos.

-- Ah, nã o diga! – Relanceou os olhos em té dio. – Estou cansada, desejo voltar para o hotel.

Desde que chegaram a Roma nada interessava a morena.

Ainda sentia-se humilhada por ter sido acusada por Aimê , ainda sentia a raiva queimar em seu peito e se nã o
tivesse saı́do daquela pequena cidade, poderia ter feito uma loucura.

Vanessa observava tudo com atençã o.

Buscava algo para distrair a sua amiga.

Sabia que ela nã o estava bem.

-- Ah, nã o, veja! – Apontou para a entusiasmada mulher que observava os quadros. – Dinda está adorando tudo e
nã o é justo que você estrague isso. – Bebericou. – Há dias que você ica dando telefonemas para esses detetives que contratou,
deixe os Villas Real no seu passado.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Diana respirou fundo, enquanto bebia o lı́quido borbulhante, mas pareceu nã o apreciar.

-- Está sentindo falta da cachaça? – A empresá ria a provocou. – Posso conseguir uma para ti.

A Calligari nada respondeu.

Tentava inutilmente esquecer tudo o que se passou, mas cada vez icava mais difı́cil, ainda mais porque seus sonhos
sempre eram invadidos por olhos azuis acusadores.

Suspirou.

Vanessa nã o a dissuadiu de investigar sobre Crocodilo, nã o desistiria, apenas tentava relaxar e pensar em tudo
friamente.

Nada lhe tirava da cabeça que o bandido desgraçado fora responsá vel pelo que aconteceu a loricultura, mas como
para aquela maldita famı́lia só havia um culpado para tudo, Aimê acusou-a com todas as letras.

Bebeu todo o conteú do de uma vez.

A garotinha estú pida nã o tinha ideia do que tinha causado, nã o tinha ideia de como suas atitudes a deixou sendo o
principal alvo do seu ó dio.

Odiava-a!

-- Acho que você tem uma admiradora! – A empresá ria sussurrou em seu ouvido. – Você gosta de ruivas?

Diana pareceu confusa de inı́cio, entã o observou na direçã o que a outra indicava e viu uma belı́ssima mulher
encarando-a.

Realmente era maravilhosamente bela.

Os cabelos cor de fogo, a pele rosada...

A empresá ria vivia procurando casos novos para a pintora, achava que assim ela esqueceria de uma vez por todas a
ilha de Otá vio, poré m seus esforços ultimamente tinham sido um verdadeiro fracasso, pois a morena se mostrava bastante
irritada e isso espantava as belas moças.

-- Quem é ela? – Perguntou parecendo interessada.

Vanessa sorriu, pois percebia que tinha conseguido prender sua atençã o.

-- Filha do dono do ateliê .

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A Calligari se serviu de outra taça.

-- Ela parece bastante interessada em você , acho que deveria aproveitar, a inal, por que dispensaria uma mulher tã o
bonita?

Diana olhou a admiradora novamente e foi agraciada com um sorriso. Fez um gesto com a taça em retribuiçã o.

Antô nia caminhava em sua direçã o.

-- Filha, os quadros sã o lindos, mas nenhum chega aos pé s dos seus, você é muito talentosa. – Beijou-lhe a face.

A tia de Alexander se encontrara com as duas mulheres. Na verdade, Vanessa contara tudo o que se passou na
pequena cidade e pediu ajuda a Dinda para impedir que a major izesse alguma loucura.

-- Ah, tia, você deseja comprar algum? – Questionou enquanto nã o tirava os olhos da ruiva.

-- Ah, nã o, mas já pedi para que pinte um para mim, quero colocar na sala de jantar da casa da cidade.

Diana fez um gesto a irmativo com a cabeça, enquanto via a bela mulher se afastar por uma das portas laterais.

-- Está certo! Eu volto logo, preciso resolver algo. – Entregou a taça a amiga.

Vanessa piscou para Antô nia que pareceu nã o entender nada.

O enorme ateliê se localizava um pouco afastado da badalada capital.

O local era usado para os maiores artistas exporem suas obras. Sua construçã o datava de quase duzentos anos.
Reformado há pouco tempo, ainda trazia em sua decoraçã o as marcas do passado. Algumas colunas jô nicas davam um
charme maior ao lugar.

Ele era todo cercado por suntuosos jardins.

Diana descia os degraus, quando viu o seu alvo parado diante da bela fonte.

Mordiscou o lá bio inferior, enquanto exibia um sorriso.

Aquela mulher a distraiu por alguns segundos dos seus pensamentos, entã o por que nã o alongar um pouco esses
momentos.

Lentamente, caminhou até onde a ruiva estava.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A fonte era iluminada com luzes coloridas.

Naquela noite o cé u trazia muitas estrelas.

-- Enjoou da exposiçã o... – Falou quando já estava bem perto da moça.

A ruiva pareceu se assustar, mas ao ver de quem se tratava exibiu grande satisfaçã o.

-- Impossı́vel enjoar da arte... – Virou-se para a pintora. – Ainda mais com obras tã o incrı́veis e intrigantes.

A major esboçou um sorriso.

-- Deixe-me apresentar... – Estendeu a mã o.

-- Nã o acredito que seja necessá ria apresentaçã o de sua parte... – Exibiu um sorriso alvo. – Sei que é a grande artista
Alessandra Calligari! – Segurou-lhe a mã o delicadamente. – Eu sou Marcella Rossi.

Alessandra!

Esse fora o nome que adotou quando decidiu pintar, ainda mais devido a tudo o que se passara.

-- E um prazer conhecê -la... – Observou tudo ao redor. – Achei estranho que tenha vindo para cá , está tudo tã o
deserto aqui fora.

Marcella parecia encantada diante da artista.

-- Na verdade a minha intençã o era deixar a exposiçã o, poré m me demorei aqui... Faltou-me coragem.

Diana percebia que a bela mulher parecia preocupada ou até mesmo incomodada com alguma coisa.

-- Se quiser posso acompanhá -la a algum lugar... Podemos tomar algo, conversar...

A mulher estreitou os olhos descon iada.

-- Mas o que vai pedir em troca por dispor da sua preciosa atençã o? Nã o acredito que algué m como você saia com
qualquer pessoa sem algo em mente.

Diana sorriu.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Nada, apenas uma boa companhia salvará meu dia.

Marcella a observou minuciosamente.

Conhecia bem, já ouvira falar muito daquela mulher e sabia dos casos que ela colecionava.

Quem poderia condenar algué m por cair nos encantos dela... Os olhos negros pareciam de feiticeiras...

-- Será um prazer ter a sua companhia.

A Calligari sorriu novamente, tomando-lhe delicadamente o braço.

Nã o se preocupou em avisar a Vanessa, pois a empresá ria a conhecia bem e sabia que ela nã o costumava dar
satisfaçã o.

Nã o sabia o motivo, mas se sentiu interessada na bela ruiva, ainda mais porque viu em seu rosto algo que trazia no
seu: dor.

Aimê cuidava das rosas na loricultura.

Aos poucos tudo estava voltando à normalidade.

Pegou o regador para cuidar das mudas que já cresciam forte.

Ouviu o sino, mas Bianca estava cuidando da parte frontal, entã o nã o se preocupou em ir até lá .

Quando foi tocar na roseira, espetou o dedo em um espinho.

Gemeu, enquanto levava a boca para deter o sangue.

De repente lembrou-se de algo...

Sacudiu a cabeça para se livrar dos caó ticos pensamentos.

Quando tudo aquilo que sentia chegaria ao im?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Mesmo diante de todas as coisas terrı́veis que descobriu seu coraçã o ainda clamava por ela...

Respirou fundo!

Sentia-se mal por tê -la acusado de destruir a loja, mas algué m pensaria diferente?

Deus, como pô de se apaixonar pela mesma mulher que seu pai amou?

Quantas vezes despertava durante a noite chorando ao imaginar os dois juntos...

Mordiscou o lá bio inferior...

O que se passava consigo, como tinha se apaixonado pela major, ainda mais quando sempre fora tratada com
grosserias...

Esperava com todo o coraçã o nunca mais encontrá -la em sua vida.

Bianca atendia um cliente quando Clá udia entrou.

-- Onde está Aimê ? – Questionou afoita.

A loira terminou de atender o homem e o observou se afastar.

-- Está no jardim, cuidando das lores. – Seguiu para trá s do balcã o. – Aconteceu alguma coisa tia? – Fitou-a.

A senhora Villa Real era sempre tã o elegante, tranquila, mas agora parecia assustada, preocupada.

A esposa do general olhou na direçã o do lugar, certi icando-se que Aimê nã o ouviria nada.

Seguiu até onde a loira estava.

-- Bianca, eu preciso que você me ajude!

A garota percebeu que tinha algo errado.

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-- Sim, diga o que precisa!

Clá udia arrumou os cabelos.

Saı́ra de casa tã o apressada que nem mesmo se importara com a aparê ncia.

-- O seu tio tem o contato da Diana Calligari?

Bianca pareceu surpresa com a pergunta.

-- Como assim? Por que precisa desse contato?

-- Eu preciso falar com ela, preciso que ela me ajude a proteger Aimê ! -- O pranto já tomava força.

A Alvarenga nã o estava entendendo o que se passava, ainda mais depois das coisas que icara sabendo sobre a
pintora, jamais imaginaria que Clá udia buscaria auxı́lio logo daquela mulher.

-- Mas por que precisa que ela ajude? Como pedirá ajuda a mulher que izera tanto mal a você s?

A senhora Villa Real percebeu que a jovem já sabia de tudo, mas nã o podia explicar nada naquele momento.

-- Eu nã o posso esclarecer nada agora, apenas te digo que Aimê corre sé rios riscos e só Diana pode ajudar.

Bianca assentiu rapidamente, enquanto ligava para o gabinete do tio.

Enquanto falava com a secretá ria, observava com avó da melhor amiga andava de um lado para o outro, depois
parava e olhava lá fora pela vitrine.

O que estaria acontecendo?

Inventou uma histó ria para o prefeito e conseguiu o que queria, nem mesmo se despediu dele, encerrando a
chamada.

-- Tia! – Chamou baixinho.

A mulher foi rapidamente até ela.

-- Conseguiu? – Indagou esperançosa.

-- Sim, mas nã o é o telefone da Diana, é da empresá ria dela, Vanessa!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Nã o importa – Pegou o papel – Eu falarei com ela e pedirei que me coloque em contato com ela. – Pegou o
aparelho de telefone. – Fique de olho na Aimê .

A loira assentiu, enquanto dava a volta no balcã o e seguia para a porta onde estava a amiga.

Clá udia discou o nú mero e precisou parar porque seus dedos tremiam, depois terminou.

Estava disposta a fazer qualquer coisa para convencer a ilha de Alexander a ajudar, contaria toda a verdade,
mesmo que soubesse como sua neta sofreria, poré m o importante é que ela estivesse em segurança.

Nã o acreditava que Ricardo escondera essas ameaças de todos, nã o acreditava que mesmo depois disso, ele ainda
foi capaz de reproduzir todas as mentiras para Aimê .

Estava entrando em desespero, quando ouviu a voz de uma mulher.

-- Alô !

-- Boa tarde! – Clá udia cumprimentou relutante. – Eu tenho urgê ncia em falar com Diana Calligari.

-- Perdã o, senhora, mas está ligando para o escritó rio da empresá ria dela e nesse momento nenhuma das duas se
encontram.

A senhora Villa Real suspirou.

-- Nã o tem como me dá outro nú mero de contato? E muito urgente o que tenho para falar.

A mulher do outro lado da linha icou em silê ncio durante alguns segundos, tanto que Clá udia imaginou que a
ligaçã o tivesse sido encerrada.

-- Quem está falando? – A secretaria questionou depois de um tempo.

-- Sou Clá udia Villa Real e tenho muita urgê ncia para falar com Diana.

Mais uma vez a moça icou em silê ncio.

-- Bem, senhora, eu nã o posso fornecer nú meros pessoais, mas assim que a dona Vanessa entrar em contato eu
falarei sobre sua ligaçã o.

-- Por favor, nã o esqueça, diga que entre em contato comigo nesse nú mero.

-- Está bem, tenha um bom dia!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Clá udia permaneceu parada, olhava para o celular e rezava para que seu recado fosse dado a tempo.

Bianca se aproximou.

-- E entã o? Conseguiu algo?

-- Nã o, a moça se negou a me passar o nú mero, mas disse que avisaria que eu liguei... Vamos esperar para ver se
Diana retorna.

-- Mas o que tá acontecendo? Eu posso ajudar em algo? Podemos falar com meu tio, se Aimê corre perigo, ele pode
falar com o delegado...

Clá udia acariciou os cabelos da jovem.

-- Filha, eu imagino que minha neta de te contou as atrocidades que Ricardo falou que Diana fez... – Mordiscou o
lá bio inferior. – E tudo mentira... Passamos a vida toda contando mentiras e agora por nossa causa, o nosso maior tesouro está
sendo ameaçado.

-- Mas...

-- Eu preciso que me faça um favor enorme. – Pediu.

-- Sim, o que precisar.

-- Convide Aimê para dormir na sua casa, acho que ela estará segura lá por hoje.

A loira assentiu rapidamente.

-- Nã o tem nenhum problema nisso.

Clá udia lhe segurou a mã o.

-- Por favor, nã o conte nada do que te falei, ainda nã o é o momento, mas quando for, pre iro que seja eu a contar
tudo.

-- Claro, tia, nã o se preocupe! Tudo que foi dito aqui icará aqui.

A senhora Villa Real observou a loira ir para o jardim.

Esperaria ansiosa pelo contato de Diana e torceria para que ela nã o se negasse a ajudar.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Diana despertou e viu os cabelos avermelhados espalhados sobre seus seios.

O sol já penetrava pelas persianas.

Tivera uma noite maravilhosa, pelo menos por um tempo esqueceu tudo que perturbava sua mente.

Passara boa parte da noite dançando com Marcella, beberam e depois foram para o hotel e tiveram uma deliciosa
transa.

Viu os olhos verdes se abrirem e a encararem.

-- Buon giorno, senhorita! – Cumprimentou-a com um sorriso.

Marcella retribuiu o gesto.

-- Nã o acredito que dormi contigo na vé spera do meu casamento!

Diana lhe beijou os lá bios.

-- Pelo menos agora está relaxada e nã o tensa como ontem.

Marcella sorriu e se levantou totalmente nua.

A ruiva caminhou até a janela, abrindo as cortinas.

-- Quero que vá a cerimô nia! – Virou-se para ela. – E a minha convidada!

Diana foi até ela.

-- Ah, querida, nã o sei se gostarei de vê -la fazes votos tã o eternos.

-- Nã o acredito, pois por tudo o que me contou ontem, com certeza seus pensamentos estã o em outra pessoa.

A Calligari se arrependia de ter falado demais quando esteve embriagada.

-- Nã o pense que há algum tipo de sentimento, apenas cobrarei uma dı́vida e acredite, meu bem, depois que essa
dı́vida for paga, pouco vai sobrar.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Bem – Abraçou-lhe o pescoço. – Entã o devo aproveitar enquanto ainda está inteira.

Diana aceitou o beijo.

-- Vai me pintar? – Interrompeu o contato. – Quero presentear meu marido no seu aniversá rio.

A Calligari lhe circundou a cintura.

-- Nã o costumo fazer tais coisas, mas abrirei uma exceçã o para você .

-- Entã o assim que voltar da minha viagem de lua de mel irei ao seu encontro.

A morena lhe tocou os seios, acariciando as laterais.

-- Estarei esperando ansiosa por suas visitas.

Voltaram a se beijar e seguiram até o leito.

Vanessa despertou cedo.

O telefone nã o parou de tocar, primeiro o marido e icara longos minutos com ele, Artur era dentista e sempre
muito apaixonada por sua esposa.

Depois de vá rios minutos se despediu e fez a ligaçã o para a secretá ria.

-- Bom dia, dona Vanessa!

A empresá ria se levantou e seguiu até a janela.

O sol já raiava poderoso.

-- Bom dia, Ester, conte-me as novidades! – Pediu entusiasmada.

-- Temos vá rios convites, fora a exposiçã o no museu nacional.

-- Oba! – Bateu palmas. – Assim a Diana se ocupa!

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-- Ah, també m, desde ontem uma senhora está ligando para cá e parece desesperada.

Vanessa nã o pareceu se interessar de inı́cio e já mudava de pauta.

-- Mas e se ela ligar de novo? – Ester insistia. – A senhora Villa Real parece de...

-- Quem? – Interrompeu a jovem. – Villa Real?

-- Sim, Clá udia Villa Real.

A empresá ria sentou na poltrona.

-- O que essa mulher disse?

-- Ela falou que tem urgê ncia em falar com a Alessandra, insistiu que eu passasse o nú mero, parecia muito a lita.

Vanessa mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

O que aconteceu?

Deveria contar a Diana?

Uma semana se passara depois de tudo e só agora notava que a pintora parecia mais recuperada.

-- Ela deixou um nú mero.

Vanessa hesitou, mas acabou anotando o nú mero.

Despediu-se da secretá ria e icou a observar os algarismos.

O que essa famı́lia queria agora?

Teria acontecido alguma coisa com Aimê ?

Ouviu passos e viu Diana aparecer na varanda.

Os cabelos estavam molhados e ela usava roupã o preto.

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Sentou na cadeira de frente para a amiga.

-- Onde está a Dinda? Vou levar as duas para almoçar comigo! – Pegou o copo de suco que estava sobre o centro.

Vanessa a encarou, observou o sorriso sarcá stico brincar no canto dos lá bios.

-- Você sabe que aquela mulher que passou a noite contigo é a noiva de um grande empresá rio musical, nã o é ?

A morena pegou uma torrada e começou a comer lentamente.

-- Ah, sim, eu sei! Ela casa hoje, infelizmente nã o poderei comparecer ao casamento, mas saiba que quando ela
retornar da lua de mel, irei pintá -la nua.

Vanessa arqueou a sobrancelha.

-- Desde quando pinta mulheres nuas?

-- Essa é especial, é um presente. – Levantou-se e seguiu para ver a rua.

O hotel icava no centro da cidade.

A empresá ria observou o papel.

Decidiu que o melhor era falar, a Calligari decidiria o que fazer.

-- Diana... – Chamou-a relutante.

-- Fale! – Pediu sem se voltar.

Vanessa pigarreou.

-- Ainda pouco eu falei com a Ester...

-- Você fala com ela todos os dias. – Disse enquanto prestava atençã o nos pedestres.

-- Sim, eu sei, mas hoje ela me falou algo... – Respirou fundo. – Ela disse que a senhora Clá udia Villa Real ligou vá rias
vezes e disse que precisa falar urgente contigo. --- Falou como se tivesse narrando uma partida de futebol.

A ilha de Alexander se voltou lentamente.

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Os olhos estavam menores, ameaçadores.

-- O quê ?

-- Ester falou que ela ligou vá rias vezes, disse que tem algo urgente para falar contigo. Pelo que soube, ela está
muito a lita.

A morena sentiu uma inquietaçã o dentro de si.

Temeu que algo tivesse acontecido com Aimê .

-- Deixou algum nú mero?

-- Sim! – Vanessa se levantou, entregando a ela. – Aqui está .

Diana rapidamente seguiu até o quarto e pegou o telefone, discou o contato em fraçõ es de segundos.

Vanessa observava a testa franzida da pintora, sabia que ela estava preocupada.

Aimê atendia um cliente e Clá udia terminava um buquê quando o celular começou a tocar.

O nú mero nã o era nacional.

Sentiu o coraçã o bater acelerado.

Seria a ilha de Alexander?

Já estava perdendo as esperanças de conseguir falar com ela.

Pediu para Bianca terminar o arranjo e foi para o jardim.

-- Alô !

-- O que aconteceu com Aimê ?

Clá udia reconheceu a voz e se sentiu aliviada.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Há dois dias inventara uma desculpa para que a neta icasse na casa de Bianca, pois temia que os bandidos
invadissem o apartamento. Até mesmo falara como a polı́cia para icarem de olho na loricultura, mesmo sem ter dito o real
motivo.

Tentara conversar com Ricardo, mas o general estava irredutı́vel, alegando que tudo estava sobre controle.

-- Diana... Eu preciso que proteja a minha neta, estou disposta a contar toda a verdade, disposta a revelar tudo o que
Otá vio fez, sabe que tenho provas... poré m eu imploro que salve Aimê .

-- Diga o que houve de uma vez! – Ordenou.

Clá udia observou pela porta, temendo que a neta ouvisse a conversa.

-- Os homens que a levaram ligaram para a minha casa... – Dizia baixinho – Foram eles que destruı́ram a
loricultura... – A voz estava trê mula – Diana, o chefe do bando disse que quer Aimê e nã o irá sossegar enquanto nã o pegá -la.

Vanessa observava a expressã o da pintora.

Observou o maxilar enrijecer.

-- E por que eu acreditaria em você ? – A morena indagou no telefone. – Por que acreditaria, depois que icou calada,
enquanto seu marido destilava mentiras? – Apertava forte o aparelho. – E por que eu me importaria com o que farã o com a
sua amada netinha? A inal, ela me acusou, prestou queixa contra mim!

A empresá ria sabia que Diana estava pronta para cobrar a dı́vida.

Ela nã o perdoaria!

Clá udia ouvia as palavras e sabia que daquela vez nã o seria fá cil.

-- Eu imploro, sou capaz de tudo, de qualquer coisa, contarei a verdade para ela, mas me ajude. – As lá grimas de
desespero já lhe banhava o rosto.

-- E o desgraçado do general? Ele está disposto a ajoelhar e pedir me ajuda?

-- Nã o, mas eu estou... Beijarei seus pé s, qualquer coisa... Darei a minha vida se você desejar...

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-- Vovó !

Clá udia ouviu a voz de Aimê , chamando-a.

Diana sentiu um arrepio ao ouvir o som doce e melodioso.

Por que depois de tudo ainda se sentia tocada por ela?

Por algumas horas se esqueceu da ilha de Otá vio nos braços da bela italiana, mas agora tudo parecia voltar com o
triplo de força.

Apertou forte o parelho.

-- Hoje mesmo mandarei um carro e tirarei você s em segurança daı́, mas eu quero o general junto... Se nã o for
assim, nã o farei nada para ajudar a sua netinha... Até o im da tarde eu quero uma resposta. – Encerrou a ligaçã o.

Vanessa observava a expressã o da major e sabia que o melhor a fazer era se manter calada.

Nã o sabia até que ponto Diana era uma ameaça maior para a jovem Villa Real do que os pró prios aliados de Otá vio.

A senhora Villa Real seguiu imediatamente para casa, sabia que nã o seria fá cil convencer o marido.

Subiu correndo as escadas.

Estranhou a porta está aberto, mas ao adentrar o espaço sentiu palpitaçõ es no peito, tudo estava destruı́do.

Procurou o general em meio a toda bagunça e o encontrou caı́do.

Correu até ele, temendo o pior.

O rosto estava machucado.

Chamou-o e já se levantava para pedir ajuda quando Ricardo abriu os olhos.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Precisamos tirar Aimê da cidade... – Ele falou baixo e com muito esforço.

Clá udia pegou o celular que estava na bolsa e imediatamente ligou para Bianca.

-- Feche a loja e leve a minha nata para sua casa... – Falava rapidamente. – Explico depois.

A moça assentiu, pois percebia que a senhora Villa Real estava muito nervosa.

-- O que houve? – Clá udia conseguiu levantar o marido.

-- Eles estiveram aqui, querem Aimê , disseram que já tinham fechado o negó cio e por minha culpa estavam sendo
perseguidos.

-- Eu falei com a Diana, ela disse que ajudará e mandará um carro para nos buscar em segurança...

-- Nã o, eu nã o quero, vamos falar com o Alex...

-- Chega, Ricardo! – A mulher se afastou. – Chega do nosso egoı́smo, nossa neta corre sé rio perigo e só a Calligari
tem poder para protegê -la.

-- Mas, como poderemos falar a verdade... – O militar parecia em desespero. – Meu Deus, ela nunca vai nos perdoar!

-- Eu pre iro nã o ser perdoada a ver a minha neta sendo levada por esses homens!

Ricardo itou a mulher durante in initos segundos e por im fez um gesto de assentimento.

Clá udia nã o perdeu tempo e rapidamente ligou para a Calligari.

Precisou discar trê s vezes para que ela atendesse.

-- Já está tudo certo, mas eu queria que mandasse nos buscar o mais rá pido possı́vel.

Diana estava em seu quarto, tinha acabado de tomar banho quando ouviu a ligaçã o.

-- Estejam prontos em vinte minutos! – Desligou.

Mandou a mensagem para o chefe da segurança que deixara cuidando de Aimê .

Retirou o roupã o e voltou para a hidro.

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Dessa vez Ricardo nã o a enrolaria, dessa vez ele revelaria toda a verdade.

Inclinou a cabeça para trá s, olhava ixamente para o teto desenhado.

Depois de mais de dez anos toda a histó ria suja seria exposta...

Respirou fundo!

Limparia a mancha que caiu sobre o sobrenome Calligari, devia isso ao pai que passara tanto desgosto e acabara
tirando a pró pria vida.

Segurou forte na borda da banheira.

-- Malditos sã o todos os Villas Real e a dı́vida que tem comigo nã o será paga tã o facilmente!

Lembrou-se de ter ouvido a voz de Aimê ...

Sua raiva maior era por ela...

Odiava-a!

Nã o via a hora de vê -la e poder ver suas crenças cair ao chã o.

A musculatura do maxilar se retesou.

Aimê questionou inú meras vezes o que se passava, mas nem Ricardo e Clá udia respondiam as dú vidas da menina.

Há horas estavam na estrada e nada lhe fora dito.

De soslaio, Clá udia observava a neta e percebia o quã o preocupada a jovem estava, desejou lhe contar toda a
verdade, mas fora outra condiçã o da Diana: Tudo seria revelado na sua presença.

Sabia que a neta a odiaria, odiaria a todos, poré m nada daquilo importava se ela estivesse salva, se aqueles
bandidos nã o ousassem nunca mais se aproximar dela.

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Observou o marido sentado no banco de frente.

Seu rosto estava cheio de hematomas, talvez tivesse fraturado as costelas, mas nã o passaram no hospital, pois
aquilo nã o era mais importante do que deixar Aimê em segurança.

Olhou para trá s e viu os trê s carros que os acompanhavam.

Achou estranho a rapidez que Diana resolvera tudo, mas també m icou muito feliz, pois quanto mais demorasse,
mais arriscado seria.

Observou os grandes pré dios.

Finalmente tinha chegado à grande metró pole.

Segurou a mã o da neta.

Viu os olhos azuis lhe encararem.

-- Onde estamos? O que está acontecendo?

Clá udia a abraçou.

-- Você vai icar sabendo daqui a pouco. – Sussurrou em seu ouvido. – Nunca esqueça de que te amamos muito e
que se erramos, foi porque desejamos protegê -la de tudo e de todos.

Aimê já abria a boca para questionar, quando a porta foi aberta.

-- Chegamos, senhora, já estã o a espera de você s!

Já era noite e as luzes já enfeitavam a cidade.

-- Quem está a nossa espera? – A garota indagou cada vez mais curiosa. – Onde estamos?

Ricardo pediu licença, estendeu a mã o e tomou delicadamente a da neta.

-- Vamos, ilha, precisamos nos apressar.

Aimê pareceu ainda mais descon iada, mas acabou indo com o general.

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Diana tomara o aviã o e naquele momento já se encontrava na capital.

Nã o fazia ainda uma hora que tinha colocado os pé s em solo nacional.

Estava sentada no sofá , tinha o notebook sobre o colo. Parecia concentrada.

Vanessa e Antô nia ocupavam outros lugares na enorme sala.

Dinda desistira de conversar com a sobrinha. Na verdade, fora totalmente ignorada quando tentara um diá logo.
Sabia qual eram seus planos e achava muita crueldade de sua parte.

Vanessa nada disse, sabia que nã o teria como ter uma conversa ou contestar uma decisã o da pintora, ela sempre se
mostrava irredutı́vel.

Ouviram a campanhia e a empregada se apressou em abrir.

Diana nem mesmo levantou a cabeça quando ouviu os passos. Parecia envolvida em seu mundo, até ouvir os
questionamentos ditos por aqueles lá bios doces.

Levantou a cabeça e encarou os trê s.

Ao itar os hematomas no rosto de Ricardo percebia que Crocodilo nã o estava para brincadeira, poré m nã o sentiu
nenhuma piedade do general.

Analisou Clá udia e percebeu como se mostrava apreensiva, seus olhos estavam vermelhos, decerto chorara
bastante... Nã o se condoı́a pela dor dela, nã o mesmo.

Entã o seus olhos centraram-se nela...

Mirou-a com desdé m.

A herdeira de Otá vio usava calça de moletom branca, camiseta na mesma cor e um casaco.

Os cabelos estavam presos na costumeira trança.

Parecia uma adolescente naquele momento.

-- Onde estamos, vovó ? – A garota indagou novamente. – Diga-me de uma vez o que se passa.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A pintora esboçou o arrogante sorriso.

-- Nos reencontramos, Aimê !

Antô nia itou o pâ nico no rosto da jovem, viu como ela pareceu assustada ao ouvir a voz da Diana.

-- O que se passa? – Desvencilhou-se das mã os do avô . – O que essa mulher faz aqui?

A Calligari cruzou as pernas elegantemente, mesmo usando apenas um roupã o.

-- Expliquem a ela! Digam a verdade!

O general olhou para todos que estavam ali presentes.

-- Pre iro ter uma conversa em particular com a minha neta!

Com um gesto de mã o ela dispensou os seguranças.

-- A sua conversa será agora e diante de todos... Ou retornarã o para a casa e esperarã o o amiguinho de você s!

Clá udia fez um gesto de assentimento para o marido, segurando-lhe a mã o.

-- Digam de uma vez o que está acontecendo e por que estamos na presença dessa mulher! – A jovem insistia.

Diana cerrou os olhos diante da arrogâ ncia de garota, mas nada fez, esperaria o momento para fazê -la engolir seu
orgulho.

-- Te trouxemos aqui para protegê -la! – Clá udia iniciou.

-- Proteger-me? – Deus alguns passos para trá s. – Como me protegeriam trazendo-me para perto dessa mulher que
já fez tanto mal a toda nossa famı́lia?

A Calligari se levantou, seguindo até o ostentoso bar.

Pegou uma garrafa de champanhe, serviu uma taça, depois sentou na banqueta, observando tudo com atençã o.

Ricardo itou a ilha de Alexander e ela fez um brinde em sua direçã o.

O general engoliu em seco.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Nã o, ilha, tudo é uma farsa que já dura mais de dez anos!

Clá udia apoiou a mã o nos ombros da neta, mas Aimê se desvencilhou.

-- O que signi ica isso? Que farsa? Eu exijo que falem de uma vez o que está acontecendo. – Passou a mã o pelos
cabelos. – Faz poucos dias que me revelaram o que essa mulher fez... Agora simplesmente me arrastam em uma viagem
durante horas e me trazem para ela? Expliquem de uma vez o que se passa! – Exigiu.

A major bebericava lentamente.

Parecia degustar da bebida, enquanto observava tudo como se fosse o ilme mais esperado do ano.

Notou como os olhos azuis estavam escurecidos, via como ela já perdia o controle.

-- Mentimos para você ! – Clá udia dizia entre lá grimas. – Mentimos para todos, izemos isso pensando que era o
melhor...

Antô nia itou Aimê e se apiedou da menina.

-- Do que estã o falando? – Passou a mã o pelos cabelos. – Por Deus, em que mentiram... Do que falam...

A pele branca já estava corada.

Todos icaram em silê ncio por longos segundos, apenas o tamborilar dos dedos da ilha de Alexander sobre a
madeira podia ser ouvido.

-- Mentiram para todos? Como?

Ricardo itou Diana e no seu olhar implorava para que ela nã o levasse aquilo à frente.

A morena encheu o copo mais uma vez e fez um gesto para que ele prosseguisse.

-- Eu nã o posso! – O general dizia em desespero. – Eu nã o posso!

Clá udia també m pareceu implorar a Diana por misericó rdia.

-- Contem de uma vez! – A Calligari ordenou insensı́vel. – Nã o ordenarei de novo. – Bebeu o lı́quido todo.

-- E quem é você para ordenar algo aos meus avó s? – Aimê vociferou. – Pensa que é quem? Tenho certeza de que
tudo aqui nã o passa de uma armaçã o sua... Uma forma sá dica de destruir a minha famı́lia!

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Diana a itou e era percebı́vel a sua raiva controlada sob um sorriso sarcá stico.

A Calligari aliviou a pressã o sobre a taça de cristal. Temeu quedrá -la.

Fitou o reló gio em seu pulso.

Observava os ponteiros com um interesse imprová vel.

-- Você s tê m dez minutos para acabarem com essa choradeira... Minha paciê ncia já está no limite! – Falou por entre
os dentes. – estou cansada e nã o passarei à noite aqui ouvindo os dramas de você s!

O general assentiu, sabia que nã o teria mais nada para fazer.

Conhecia a ilha de Alexander e ela nã o recuaria, sabia que ela esperara por aquilo durante muito tempo.

Olhava-a e percebia como tinha se tornado cruel, enrijecida depois de tudo o que viveu.

Fitou a neta mais uma vez.

Morreria se algo acontecesse a ela, daria sua vida para protege-la.

-- Todo o que eu falei nã o passa de mentiras... – sentou-se. – Otá vio fez tudo errado a vida toda...

-- Como assim? – Aimê questionou baixinho. – Por que fala isso do meu pai?

-- A Diana fora vı́tima da obsessã o dele... tudo o que ela falara é a mais pura e cruel verdade...

Clá udia itou a neta e viu como seu semblante estava carregado de dor e decepçã o.

Fez um gesto para o marido continuasse, nã o teria como parar naquele momento.

Ricardo começou a narrar todas as atrocidades do ilho.

Fê -lo do inı́cio.

Deixava claro o que se passou nã o só com a Diana, mas també m com o envolvimento do coronel com tra icantes, de
sua má conduta e de como maquiava todos os erros do ilho.

Vanessa itava a pintora e via o rosto in lexı́vel nã o demonstrar nenhum sentimento.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Sua atençã o voltou para Aimê Villa Real.

Se havia dor maior, naquele momento desconhecia.

Os olhos azuis choravam... Meneava a cabeça diante de cada uma das bá rbaras revelaçõ es.

A pele branca estava rosada...

Antô nia olhou para a sobrinha e fez um gesto implorando para que ela acabasse com aquilo, mas a Calligari
ignorava.

Diana ouvia tudo e era como se vivesse cada um daqueles momentos novamente...

Desejou que seu pai estivesse ali... Nã o descansaria enquanto todos nã o soubessem a verdade sobre Otá vio Villa
Real.

-- Nã o... – Aimê cobria as orelhas. – é mentira... E mentira...

A major a itou e sentiu uma pontada no peito, mas bebeu mais para sufocar a piedade, pois ela nã o merecia,
nenhum deles merecia sua pena.

Clá udia se aproximou, mas a neta ao ouvir sua voz a empurrou.

-- Filha, apenas desejamos te proteger e se estamos revelando tudo isso é porque sua vida está em perigo. – Clá udia
falava em lá grimas. – Espero que um dia possa nos perdoar por isso.

Antô nia se aproximou.

-- Querida... – Abraçou a menina. – Venha comigo.

Aimê reconheceu a voz de Antô nia e se deixou conduzir.

Sua mente ainda nã o processara tudo o que ouviu e naquele momento só desejava icar sozinha...

-- Nã o, ainda nã o! – Diana impediu-a, deixando o lugar onde estivera durante toda a narrativa.

Todos os olhares se voltaram para a major.

Ela caminhava com a cabeça erguida, seu rosto nã o demonstrava nenhum sentimento, apenas frieza total.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Como seus queridos avó s falaram, Crocodilo quer você – Sorriu – Você nã o imagina como o belo rosto do seu avô
está des igurado depois da visitinha do amiguinho do seu pai.

Aimê ouviu-a.

Ainda martelava em sua mente todas as crueldades que seu pai izera...

Ainda chorava por ela, ainda chorava quando imaginava como Diana sofrera com tudo o que seu pai fez.

Nã o sabia o que falar, nã o sabia o que dizer... Fora uma das que a condenara, fora uma das que nã o acreditara
quando ela falara a verdade...

Mordiscou o lá bio inferior, sentiu o sabor salgado das lá grimas.

A Calligari contara tudo e mesmo assim duvidara...

O que faria?

Abria a boca para pedir desculpas, mas foi interpelada.

-- Sabe que se nã o for por minha ajuda, você e seus queridos avó s serã o trucidados pelo habilidoso Crocodilo...

Sim, a jovem sabia e mesmo que estivesse muito triste por saber que mentiram durante tantos anos, temia que
mais alguma coisa fosse feito contra eles, ainda mais depois que soube o que se passara com Ricardo.

-- Se estamos aqui é porque ofereceu sua ajuda e mesmo que saibamos que nã o merecemos, sou muito grata por
isso... – Disse em um io de voz.

Diana a observava.

Fitou-lhe os olhos, observou as bochechas coradas, os lá bios trê mulos...

-- Sim, nã o merecem e eu ofereci ajuda para que viessem até aqui... – Parou diante da garota. – Mas se deseja que eu
os ajude, protegendo suas miserá veis vidas... Ajoelhe-se e implore por isso... Implore por minha ajuda, ilha do coronel Otá vio
Villa Real.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Capitulo 18 por gehpadilha

Diana mirou-a.

Fitou-lhe os olhos, observou as bochechas coradas, os lá bios trê mulos...

-- Sim, nã o merecem e eu ofereci ajuda para que viessem até aqui... – Parou diante da garota. – Mas se deseja que eu
a ajude, protegendo sua miserá vel vida... Ajoelhe-se e implore por isso... Implore por minha ajuda, ilha do coronel Otá vio Villa
Real.

Todos os presentes na sala pareceram nã o acreditar no grau de humilhaçã o que a herdeira de Alexander desejava
in ligir à jovem, ainda mais quando a menina fora a segunda mais prejudicada em toda aquela histó ria, a inal, vivera uma vida
de mentiras e ainda estava tentando conter o pranto desesperado quando a major tentava subjugá -la.

-- Ela nã o é culpada por nada! – Ricardo se levantou e seguiu até elas. – Se deseja que algué m se ajoelhe e implore
por sua boa vontade, eu o farei.

Diana o itou com desprezo, enquanto o via, com muita di iculdade dobrar-se diante dela.

Ajeitou o cabelo por trá s da orelha, enquanto um sorriso desdenhoso brincava no canto dos lá bios.

-- Por favor – A voz de Clá udia suplicava – Ela nã o tem culpa de nada! – Ajoelhou-se també m. – Fomos nó s e Otá vio
que izemos mal a você , ela é inocente de tudo o que se passou, era apenas uma menina na é poca...

A Caligari cerrou os olhos, enquanto sua atençã o se voltava para Aimê .

Via a dor em seu mar azul, percebia como ela estava destruı́da depois de saber tudo o que seu precioso papaizinho
tinha feito.

Nã o teria piedade dela!

Caminhou até a varanda e icou lá por alguns segundos.

Havia uma batalha dentro de si...

Apertou forte a base, observou o cé u... De repente em sua mente voltou aquele dia...

Conseguia ver os olhos sem vida de Eduardo, ainda sentia as chicotadas em suas costas...

Retornou para a sala.

Antô nia apoiava a garota, temia que a menina desfalecesse depois de tudo.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Encarou a sobrinha e mais uma vez pedia clemê ncia com seu olhar.

A morena a ignorou totalmente. Mirando a doce herdeira de Otá vio.

-- Eu desejo que você implore e nã o eles, a inal, os dois mentirosos ainda terã o muito que enfrentar, ainda mais o
general terá que se por a disposiçã o da justiça.

Aimê imaginou que agora perderia os avó s e aquilo a deixou em total desespero.

Amava-os e mesmo que estivesse magoada por ter vivido uma farsa, nã o poderia suportar que algo acontecesse a
eles.

Desvencilhou-se dos braços de Antô nia.

Tentou inutilmente secar as lá grimas com as costas da mã o.

Levantou o queixo.

-- Ajoelhei como você deseja, major...

Os olhos negros nã o abandonaram a face da garota.

Sentiu o vento frio da noite em seu pescoço. Um arrepio percorreu sua espinha...

Vanessa observava tudo e nã o podia negar como aquela jovem diante da pintora mostrava uma coragem sem igual.

-- Ajoelha! – Diana ordenou por entre os dentes. – Implore...

Mesmo diante dos protestos dos avó s, Aimê fê -lo.

Delicadamente dobrou-se diante dela, mantando a cabeça baixa.

Antô nia levou a mã o à boca. Condoı́a-se por aquela menina que nada izera, mas que era o alvo principal da
herdeira de Alexander.

Ricardo e Clá udia choravam por saberem que a culpa de tudo aquilo era apenas deles.

Os trê s jaziam ajoelhados diante da pintora.

-- Os respeitados Villas Real implorando pela vida! – Sorriu de forma sarcá stica. – Que lindo! Acho que irei pintar
um quadro de você s...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê levantou a cabeça.

Os olhos azuis brilhavam em lá grimas e em determinaçã o...

Os lá bios rosados estavam trê mulos...

A bela ı́ndia sentiu o poder daqueles olhos que nã o tinha luz...

-- Nã o estou implorando por minha vida, Diana Calligari, nã o temo sua ira, pois mesmo que entenda seus motivos,
nã o tenho medo... – O queixo bem feito empinou-se. -- Ajoelho-me para que salve os meus avó s... Humilho-me diante de você
por eles e nã o por mim...

Diana cerrou os olhos cheia de ó dio.

Fechou as mã os ao lado do corpo. Furiosa!

Mesmo diante de tudo, a maldita mimadinha ainda tinha topete para desa iá -la.

Vanessa prendeu a respiraçã o, sabia que a artista nã o aceitaria de bom grado aquelas palavras.

Antô nia já se antecipava, quando Diana a deteve com o olhar.

Segurou-a pelos ombros, levantando-a.

Apertou-a fortemente, tendo a impressã o que seus dedos queimavam diante do contato com a pele macia.

-- Sua idiota! – Empurrou-a.

Antô nia foi rá pida em sustentar a ilha de Otá vio, antes que ela fosse ao chã o.

-- Leve-a daqui, antes que eu perca o resto de paciê ncia que ainda me sobra. – Ordenou.

Vanessa e Antô nia izeram rapidamente o que fora dito, mesmo diante das negativas de Aimê , levaram-na dali, pois
ambas temiam o que aconteceria depois.

Diana observou-as se afastar.

Sentia algo lhe arder por dentro...

Jamais fora desa iada daquele jeito, jamais algué m agira tã o abertamente contra si.

Caminhou até o bar, pegou uma garrafa de champanhe e uma taça de cristal, retornou e sentou na poltrona.

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Observou os dois que continuavam ajoelhados diante de si.

Encheu o copo e bebia lentamente, enquanto os encarava.

Desgraçados!

Se nã o fosse por todas as mentiras que contaram durante tantos anos, nada daquilo estaria acontecendo... Nem
mesmo teria se embrenhado na selva para salva aquela menina estú pida que parecia tentar dominar seus pensamentos.

-- Agora é a nossa vez de conversar!

Vanessa e Antô nia seguiram até o quarto do andar superior.

Temiam que Diana mudasse de ideia e continuasse humilhando Aimê .

Sabiam que nada poderiam fazer para detê -la, a inal, ela nunca ouvia ningué m, jamais se importava com a opiniã o
alheia.

Percebia como o corpo frá gil da garota estava trê mulo, como suas mã os estavam frias.

Entraram no enorme aposento.

Dinda dormia ali e preferiu deixar a garota perto de si.

As paredes eram brancas e havia algumas molduras no teto.

Havia uma enorme cama ocupando o centro, um aparador com espelho, uma escrivaninha e duas cadeiras.

Sentou Aimê em uma delas.

-- Vou pedir que tragam um chá para você ! – Já se preparava para afastar, quando a Villa Real nã o lhe soltou a mã o.

Vanessa e Antô nia a observavam com atençã o.

-- Perdoe-me, senhora, por todas as coisas ruins que meu pai causou a sua famı́lia.

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A tia de Alexander observou a face tã o bonita cheia de dor e mais uma vez lagrimou por ela.

-- Você nã o é responsá vel pelos pecados do seu pai, querida! – A empresá ria agachou, tomando-lhe as mã os. – E
apenas mais uma vı́tima.

Aimê reconheceu a voz da mulher que lhe falava.

No dia da exposiçã o do prefeito, ela estava acompanhando a Diana.

Ficou em silê ncio por alguns segundos, tendo a atençã o das presentes.

-- Eu preciso icar com meus avó s... – Dizia em um io de voz. – Preciso protegê -los da Diana...

A tia de Alexander fez um sinal negativo, sabia que seria uma loucura levá -la de volta.

-- Fique aqui... Será o melhor por enquanto... – A empresá ria se antecipou.

Vanessa temia que a Calligari agisse com violê ncia fı́sica, mesmo sabendo que nã o era algo tı́pico dela.

Mais uma vez Aimê permaneceu quieta e quando voltou a falar, sua voz estava embargada pelo pranto.

-- Sabe... – Iniciou relutante. – Desde que ouvi aquelas coisas, meu cé rebro nã o consegue associar todas essas
maldades ao homem que foi meu pai... – Mordiscou o lá bio inferior e mais uma vez as lá grimas começaram a lhe banhar a
face. – Eu perdi a minha mã e quando tinha cinco anos e o papai sempre fora um homem presente em minha vida... Levava-me
para passear... Ajudava-me nas liçõ es, ia as reuniõ es da escola... – Esboçou um sorriso triste. – No dia das mã es, ele ia a
comemoraçã o e todos icavam surpresos com aquilo... – Cobriu o rosto e depois deixou as mã os descansar sobre o colo. – Ele
brincava comigo de chá da tarde... – Sua narrativa foi assolada por soluços.

Antô nia e Vanessa ouviam tudo cheia de surpresas.

-- Eu tinha pesadelos durante a noite e ele sempre estava lá ... Contava histó rias... – Levantou a cabeça. – Eu nã o
consigo associar meu pai a esse monstro que fez tanto mal a todos você s...

Dinda chorou... Pela neta de Ricardo e pela sobrinha.

Sempre ouvira de Diana os planos de vingança, mas nunca em toda a vida, imaginou como isso feriria
verdadeiramente um inocente.

-- Querida – A empresá ria começou – O que ele fez nã o fará que ele deixe de ser seu pai e deve conservar sim todas
essas lindas lembranças... Nã o deixe que esses erros do passado a persigam, a destrua...

Aimê recordou-se da major...

Teria sido ela um ser diferente daquele antes de tudo acontecer?

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Como seu pai poderá ser tã o cruel?

-- Como izeram com a Diana?

Antô nia fez um gesto de assentimento com a cabeça.

Agora que tudo estava sendo inalmente esclarecido, esperava com todo coraçã o que a amada sobrinha pudesse
reconstruir a vida e deixar essa obsessã o no passado. Foram mais de dez anos, vendo-a dia apó s dia sonhar com sua vingança,
imaginando como todos reagiriam quando descobrissem toda a verdade.

Respirou fundo!

Esse dia tinha chegado e jamais imaginou que seria um momento tã o amargo como estava se mostrando.

-- Precisa de um banho, ilha, deve descansar, fez uma viagem longa.

Aimê se levantou.

-- Nã o, eu devo icar com meus avó s, preciso protegê -los... – Continuava insistindo. – Leve-me lá ...

A empresá ria trocou olhares com a Dinda.

-- Nã o, querida, deve icar aqui! – Vanessa se antecipou. – Descanse, irei até a sala e estarei presente para ver o que
a Diana fará .

A ilha de Otá vio ainda protestou, mas Antô nia praticamente a arrastou até o banheiro.

A empresá ria observou-as se afastar.

Seria uma catá strofe maior se a jovem estivesse presente, pois era dela que a Calligari tinha mais raiva e amor.

Deus, que combinaçã o terrı́vel!

Tomando coragem, seguiu até a sala.

Caminhava devagar e icou surpresa ao ver as luzes apagadas.

Imaginou que nã o estavam mais ali, poré m ao olhar com atençã o decifrou a igura sombria sentada na poltrona
com uma taça nas mã os.

Seguia até o interruptor, quando ouviu a voz forte.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Deixe como estar!

A empresá ria preferiu nã o contrariar a ordem.

Seguiu até ela, sentando na poltrona oposta.

Olhou para o chã o temendo ver alguns corpos estendidos e um carpete cheio de sangue.

-- Vá para sua casa, já está tarde! – Diana disse enquanto continuava a beber.

-- Artur passará para me buscar mais tarde.

A Calligari apenas deu de ombros, enquanto mantinha os olhos ixos na taça. Mesmo na penumbra, parecia
interessada nas bolhas do champanhe.

A empresá ria tamborilava os dedos sobre as pró prias coxas, impaciente.

-- Eu nã o os matei... – A major parecia ler seus pensamentos. – Nem mesmo encostei as mã os em nenhum deles... –
Bebeu um pouco. – Na verdade, eu até estava muito calma, apenas Aimê me tirou do sé rio. – Suspirou. – Por que ela me
desa ia?

A empresá ria sabia que deveria tomar cuidado com as palavras que falaria.

-- Ela ajoelhou como você pediu. – Disse depois de um tempo. – Obedeceu a sua ordem.

Diana a itou e mesmo na escuridã o, Vanessa sentiu a raiva pairar na superfı́cie.

-- Ela implorou por eles, desa iou-me novamente quando disse que nã o me temia! – Levantou-se. – O que aquela
garotinha idiota e cega pode fazer para se proteger da minha ira? – Apertou forte a taça, quebrando-a. – Será que ela nã o sabe
quem é Diana Calligari?

Nã o pareceu se importar em ter a pele cortada, na verdade pareceu nã o perceber.

-- Aimê é corajosa!

A pintora trincou os dentes...

-- Vou fazê -la se dobrar diante de mim...

A empresá ria pareceu ponderar durante alguns segundos.

-- Como você mesma disse, é uma menina cega que nã o tem como te vencer... Qual o seu prazer em tudo isso?

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A pintora passou a mã o nos cabelos.

Os pé s no chã o mal fazia barulho.

-- Eu estive disposta a reparar o mal que iz a ela... Naquele dia que estivemos lá ... Poré m Aimê tem algo que me tira
do sé rio... Sua sinceridade, suas palavras ditas de forma doce me tiram do sé rio... Eu nã o sei, apenas a odeio... Acusou-me
diante da amiguinha, diante das autoridades...

Vanessa pigarreou.

Nã o acreditava que ela simplesmente odiasse a ilha de Otá vio, sabia que tinha muito mais por baixo daquela
camada.

-- O que pretende fazer agora?

-- Proteger a garotinha estupida e usá -la como isca para atrair o Crocodilo... Se ele a deseja tanto, quero que venha
buscar...

-- E Ricardo e Clá udia? O que acontecerá com eles?

-- O maldito general vai ter prestar esclarecimento sobre tudo o que se passou... Eu quero que todos os jornais
tragam a verdade sobre Otá vio, quero que a tv explore toda a podridã o que o miserá vel do coronel se envolveu... Quero que a
maldita famı́lia sinta a mesma humilhaçã o que eu provei...

Vanessa ouvia e seus pensamentos só se direcionavam a menina Villa Real.

-- Onde Aimê icará ?

-- Comigo, por enquanto aqui na capital... Quero que a leve ao especialista.

A empresá ria se levantou.

Meneou a cabeça.

-- Você vai acabar me deixando louca! Eu juro que nã o te entendo! Ora diz que vai destruir a menina, que vai fazê -la
se dobrar diante de si e agora fala para que a leve no especialista para que recupere a visã o... Preciso ir ao salã o pintar meus
cabelos, estou cheia de ios brancos!

Diana caminhou até o interruptor, ligando uma das luzes.

Caminhou até o bar e pegou uma garrafa, abrindo-a, derramou sobre os ferimentos.

Havia alguns vidros presos em sua pele.

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Vanessa correu até ela quando viu.

-- Deus, o que houve?

Correu até o banheiro té rreo e nã o demorou a voltar com material para tratar o machucado.

A Calligari sentou, enquanto a empresá ria cuidava das feridas.

-- Quero que a leve ao especialista... Continuo disposta a curar a cegueira que causei.

A empresá ria a encarou.

Diana chorara? O rosto estava vermelho.

Tentava decifrar qual realmente era a intençã o da ilha de Alexander, mas como sempre era impossı́vel descobrir
algo olhando aquele mar negro.

-- Eu continuo dizendo que Aimê nã o merece sua raiva, ela é inocente de tudo, mas você continua batendo na tecla
errada.

A pintora nada disse, apenas observava Vanessa fazer tudo com muito cuidado.

-- Onde ela está ? – Indagou quando a outra terminava o curativo.

-- No quarto da Dinda, creio que seja o melhor lugar para ela icar.

Ouviram o som do celular.

Vanessa pegou o aparelho na bolsa.

-- O Arthur já chegou. – Abraçou a amiga. – Vou indo, descanse, amanhã estarei aqui. – Beijou-lhe a testa. – Por favor,
tente pensar com calma em tudo o que está acontecendo.

Diana nã o saiu do lugar onde estava.

Observava a gaze sobre os cortes.

Fechou os olhos.

Seus pensamentos estavam em Alexander naquele momento. Nã o demoraria a que todos soubessem a verdade.

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Lutara tanto... Agora limparia toda a lama que caı́ra sobre o sobrenome dos Calligaris...

Uma lá grima solitá ria molhou sua face...

Por que o sabor nã o era doce como imaginara que fosse?

Mordiscou o lá bio inferior.

Respirou fundo...

Ainda sentia o cheiro dela em suas mã os... Ainda via os olhos tã o azuis lhe itando, mesmo sem enxergar, parecia
desnudar sua alma...

-- Aimê ... – Falou baixinho. – Quem vai te defender da minha fú ria agora?

Cerrou os dentes.

O maxilar forte enrijeceu.

-- Vamos ver quais armas usará ...

Caminhou até a mesinha e viu um envelope amarelo.

Abriu e começou a ler o relató rio que fora feito sobre a garota naquela ú ltima semana.

Amassou o papel ao ver o nome do tal Alex.

Estava sempre com ele...

Observou a escada que dava ao piso superior.

Desejou ir até ela...

Meneou a cabeça.

Seguiu até o estú dio. Com certeza nã o seria uma noite fá cil para dormir, entã o icaria estudando um pouco sobre
arte e quem sabe poderia desenhar algo... Nã o, o machucado impediria de fazê -lo.

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Antô nia acordou cedo.

Precisara fazer Aimê tomar um calmante para que conseguisse dormir.

A menina estava muito agitada e chorara durante todo o tempo. Pedia para ver os avó s, mas a boa senhora sabia
que nã o seria uma boa ideia, pelo menos nã o naquele momento.

Acabou de se arrumar, tentando nã o fazer barulho para nã o despertar a garota.

Fitou-a e mais uma vez se condoeu por ela, pela terrı́vel situaçã o que estava a passar.

Seguiu para fora do quarto.

Encontrou a empregada no corredor.

-- Bom dia, Ana! – Cumprimentou a jovem que limpava tudo. – Onde está a minha sobrinha?

-- A dona Diana saiu cedinho, mas nã o faz dez minutos que voltou. Está tomando café da manhã na varanda.

Antô nia assentiu e foi na direçã o indicada.

Caminhava lentamente.

Já nã o era uma jovem como antes, sentia dores nas pernas.

Desceu as escadas e ao chegar ao terraço que tinha uma bela visã o da cidade, encontrou a Calligari sentada.

A pintora estava concentrada, lia um jornal.

Antô nia estranhou, pois ela nunca fazia aquilo, na verdade, desde que teve a vida assombrada por jornalistas,
deixara de lado esse há bito.

Fitou as roupas e percebeu que ela estava vestida de maneira bem formal.

Terninho preto e camisa branca.

Foi até ela, beijando-lhe o topo da cabeça. Depois se sentou.

A pequena mesa redonda de tampo de vidro estava cheia de coisas deliciosas.

Suco, café , chá s, bolos, pã es, queijo branco, torrada...

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-- Bom dia, Dinda? – Entregou-lhe o folhetim matinal.

A mulher se sentou, enquanto via a manchete principal.

A sobrinha costumava ser bastante rá pida em seus objetivos.

A foto de todos os Villas Real estampava a primeira pá gina.

Antô nia nã o pareceu interessada em ler, deixando de lado.

-- Isso é apenas o inı́cio... Ainda tem muito para acontecer... – Tomou um pouco de suco. – O exé rcito reabrira o caso,
o general terá que explicar muita coisa.

A tia de Alexander permaneceu calada, pois se dissesse que nã o era a favor de revirar o passado, haveria uma
discussã o com a sobrinha.

-- Decidi permanecer aqui por mais uns dias! – A senhora tomou um pouco de chá . – Creio que Aimê precisará de
algué m que ique ao lado dela nesse momento.

Diana tomou um pouco de suco.

-- Nã o, você vai para Alemanha, nã o quero que corra risco, ainda mais agora que a guerra contra os bandidos foi
declarada. – Dizia calmamente.

-- Claro que nã o irei! – Protestou. – Ficarei ao seu lado e se você correr risco, correrei també m. – Falou em
determinaçã o.

-- Bobagem! – Colocou o copo sobre a mesa. – Nã o deixarei que nada aconteça com as pessoas que amo por causa
dessa famı́lia sem moral. – Pegou uma torrada. – Ficará fora até que tudo se resolva, nã o poderei me arriscar a tê -la por perto.

Antô nia encarou-a.

-- Filha! – Segurou a mã o da pintora. – Nã o quero que nada aconteça contigo, por favor, eu nã o suportaria.

Diana sorriu, enquanto levava a mã o amorosa aos lá bios, beijando-a.

-- Preciso que ique segura, prometo que me cuidarei.

Só naquele momento Dinda viu o curativo.

-- O que houve?

Antes que pudesse responder, Ana apareceu toda esbaforida.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- O que se passa? – A calligari se levantou questionando.

-- A moça acordou e parece descontrolada!

Antô nia mal se levantava para ir até lá , quando Diana seguiu como um lash em direçã o ao quarto.

A Villa Real Batia na porta.

Ana a deixou trancada, pois temeu que a menina deixasse o quarto.

Aimê quando acordou recordou-se de tudo o que tinha se passado. Procurou pelos avó s, chamando-os, mas
ningué m respondia, estava sozinha e presa sem mesmo saber onde.

Sua mente se mostrou confusa, como se tudo o que se passou nã o fosse mais do que um pesadelo, mas aos poucos,
os acontecimentos da noite anterior foram clareando em seu cé rebro.

Temia que algo tivesse acontecido a Ricardo e Clá udia. Essa possibilidade deixou-a em total pâ nico.

Ouviu a chave girar na fechadura e algué m entrar.

Nã o precisava vê -la, para saber de quem se tratava.

Deu alguns passos para trá s.

A Calligari a encarou.

Os cabelos da garota estavam em desalinhos, alguns ios colados na face pelas lá grimas. Usava um roupã o branco.

A pele estava mais corada do que de costume.

-- O que houve? Por que essa gritaria? – Indagou calmamente.

A respiraçã o de Aimê estava acelerada. Isso chamou a atençã o da major, ainda mais porque dava para perceber os
movimentos dos seios.

Encarou-a.

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-- Meus avó s, quero vê -los, desejo icar com eles.

Diana se aproximou mais.

-- Você icará comigo, eu a protegerei, esse foi o trato que izemos.

Aimê sentia a respiraçã o dela perto, sabia como estavam pró ximas, deu mais alguns passos para trá s, sentindo
esbarrar na cama.

-- Nã o quero me proteja, como disse ontem, nã o merecemos nada que venha de você . Quero apenas icar com meus
avó s, enfrentarei ao lado deles tudo o que está por vim.

A Calligari esboçou um sorriso.

-- Você é uma tola, nã o sabe o que pode acontecer se continuar a protestar... Eu posso me cansar e deixar que te
levem de uma vez.

-- Nã o me importo, quero apenas icar ao lado dos meus avó s... – Repetia cheia de determinaçã o.

A pintora cerrou os olhos.

-- Mesmo depois de terem mentido você ainda se preocupa com eles? – Indagou curiosa. – E uma idiota ainda maior
do que imaginei.

A Villa Real permaneceu calada, tinha a cabeça baixa, parecia pensar em tudo o que icara sabendo.

-- Se eu pedir perdã o por tudo o que meu pai te fez nã o vai mudar nada nã o é ? – Umedeceu os lá bios. – A mesma
coisa acontece com meus avó s, odiá -los nã o vai mudar o que se passou... Estou magoada, triste, muito triste, poré m nã o
desejo que nada de ruim aconteça a eles... Sã o os ú nicos que tenho...Passaram toda a vida a me proteger...

Diana estendeu a mã o para lhe secar as lá grimas que desciam, mas se arrependeu, recolhendo-a.

-- Nã o desejo suas desculpas ou sua pena...Use-as com você , talvez precise mais do que eu!

Aimê apenas fez um gesto de assentimento.

Diana caminhou até uma poltrona, sentando-se confortavelmente.

-- Ficará comigo até que tudo se resolva... – Observou o machucado na mã o. – Preciso que vá ao mé dico...

A jovem nã o escondia a surpresa.

-- Por quê ? Eu nã o estou doente! Eu já disse o que quero.

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A Calligari se mostrou impaciente.

Ningué m questionava ou protestava diante de suas ordens daquele jeito.

-- A partir de agora você vai querer o que eu quiser e se continuar a se negar vai ser pior.

A ilha de Otá vio levantou a cabeça em desa io.

-- Por quê ? Em breve todos vã o saber a verdade, seu desejo de vingança será concretizado, nã o tem por que se
meter com esses tra icantes... O que ganha salvando a minha vida novamente?

Lembrou-se da primeira vez que a viu pelo binó culo... recordou-se da fotogra ia sobre a escrivaninha de Ricardo...

Nã o respondeu de imediato, poré m depois o fez.

-- Chega dos seus questionamentos idiotas... – Levantou-se. – Irá ao especialista com a Vanessa. Vou pedir que te
arrumem uma roupa – Olhou-a de cima a baixo – Nã o pode sair desse jeito.

A Calligari já abria a porta para sair.

-- Eu nã o irei a lugar nenhum, só desejo retornar para o lado dos meus avó s! – Disse em desa io.

A major bateu o punho fechado contra a madeira e em fraçõ es de segundos estava segurando Aimê pelos ombros.

Trincou os dentes ao sentir o machucado latejar pela pressã o.

-- Nã o me tente, vai ser melhor para você !

A ilha de Otá vio nã o pareceu se importar, apenas permaneceu quieta nos braços dela, tendo a cabeça levantada.

A morena mirou os lá bios rosados, desejando senti-los mais uma vez.

Que maldiçã o era aquela?

-- Eu te imploro pelos meus avó s... – Pediu. – Nã o permita que esses homens façam mal a eles... Eu nã o me importo
com a minha vida... Se esse Crocodilo me deseja tanto, irei de bom grado... Mas que nada aconteça a eles...

Diana a colou mais a si, abraçando-a pela cintura.

Quando a sentia era como se sua mente nã o conseguisse processar nada, como se o mundo lá fora nã o existisse...

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Fitou um pouco dos ombros desnudos e imaginou a pela branca exposta... Os seios redondos...

Umedeceu os lá bios.

-- Quer que ajoelhe novamente e implore por eles? Me quer novamente de joelhos?

Diana adorava o cheiro dela, a voz doce...

Deus, precisava saciar aquela vontade de tê -la antes que enlouquecesse!

Colou os lá bios no pescoço esguio, sussurrando em seu ouvido.

-- Eu quero que você ajoelhe... Só ao imaginar essa cena... – Falou roucamente, cheia de desejo.

Aimê sentiu as mã os em sua face e nã o teve tempo de protestar ao sentir os lá bios sobre os seus.

Abraçou-a pelo pescoço. Fê -lo porque havia uma força maior que a unia, uma vontade ú nica que a jogava nos braços
dela, mesmo que estivessem em lados opostos da histó ria.

Ter a boca macia sobre a sua era um suplı́cio delicioso...

Fechou os olhos para senti-la melhor...

Ouvia a respiraçã o acelerada... Sentia o sabor daquela boca que naquele momento nã o estava sendo grosseira, mas
delicada.

Permitiu que Diana dominasse o ato.

Sentiu a lı́ngua buscando a sua, uniu-as, montando-a, prendendo-a... Batalhando...

Gemeu alto quando a Calligari começou sugá -la.

Temeu cair, pois suas pernas estavam bambas, trê mulas. Praticamente pendurou-se a ela, adorando senti-la mais
uma vez.

Como resistiria a paixã o que sentia por ela?

Com certeza a major só tinha desejo por si... Nã o havia dú vidas, pois nada mais poderia sentir pela ilha do homem
que mais odiava em todo o mundo.

Mergulhou dentro dela... Adorando ouvir o som que produziam...

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Ouviram batidas na porta.

Diana nã o a soltou, apenas cessou o beijo.

-- Está tudo bem aı́, ilha?

A herdeira de Alexander cerrou os dentes.

Sabia que se nã o respondesse, Dinda entraria.

Mirou mais uma vez a boca sedutora, desejando continuar o que estava fazendo...

-- Está tudo bem! – Disse com voz rouca. – Estou saindo já .

Observou como Aimê estava corada e como seus olhos estavam escuros.

A Villa Real se desvencilhou dos seus braços.

A morena sentiu-se vazia sem ela, mas jamais admitiria isso.

Mordiscou o lá bio inferior.

Respirou fundo!

Nunca em sua vida se sentira tã o fora do seu controle, fosse à sua intensa paixã o ou no seu ó dio... Tudo com ela se
mostrava diferente.

Arrumou a roupa.

-- Eu ajudarei os seus avó s, deixarei em local seguro, contratarei quantos seguranças forem necessá rios para que
nada de ruim aconteça a eles e ainda contratarei advogados para que ele nã o seja preso por ter mentido para todos.

Os olhos azuis brilharam.

-- Faria isso mesmo? – Aimê indagou esperançosa, mas també m temerosa. – O que deseja em troca?

Sentiu aquela conhecida manifestaçã o em seu estô mago...

Suspirou.

-- Pouse para mim, deixe-me pintá -la...

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Por que aquela ı́ndia selvagem tinha essa verdadeira obsessã o por seu corpo?

-- Nua? – Questionou assustada.

A Calligari a itou mais uma vez e desejou despi-la naquele momento.

-- Sim, totalmente nua... – Fitou-a novamente. – Será uma obra esplendida!

Aimê segurou as amarras do roupã o, fazia-o com demasiada força.

-- Mas por que deseja tanto isso?

Diana suspirou impaciente.

-- Apenas eu quero, nã o tenho motivos para te explicar nada!

-- Você nunca vai conseguir conversar durante muito tempo sem se transformar no cavalo da princesa?

A Calligari nã o entendeu de inı́cio, mas ao se dar conta do que ela quis dizer, esboçou um sorriso.

Por que havia uma contradiçã o dentro de si quando se tratava de Aimê ?

Era estranho, pois tinha a impressã o que tudo era muito extremo... Irritava-se, mas a queria, sentia-se louca por ela.

Passou a mã o pelos cabelos.

-- Diga-me de uma vez se aceita o que te proponho!

Aimê parecia ponderar.

Umedeceu os lá bios...

Lembrou-se do avô , dos machucados e de tudo o que sofreu...

-- Farei como quiser, mas com a condiçã o que nã o me tocará enquanto me pinta e que esse quadro nunca será
vendido ou exposto.

Diana lhe segurou o pulso, trazendo o rosto bem perto do seu.

-- Você nã o está em condiçã o de impor condiçõ es, poré m nã o venderei a obra e nem exporei, será meu, apenas
meu... Quanto a tocar em ti... Só se você pedir muito para isso.

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Mais uma vez a neta de Ricardo sentiu as bochechas queimarem.

-- Eu jamais pediria... – Desvencilhou-se do toque. – Deixarei que me pinte, contanto que ajude meus avó s. –
Estendeu a mã o.

A Calligari observou-a por interminá veis segundo e lembrou-se do dia que sentiu os dedos longos em seu sexo...
Mesmo de forma atrapalhada, a garotinha a deixou louca.

Apertou-a.

-- Negó cio fechado, mimadinha!

O tato dela era tã o macio que incomodava.

Soltou-a.

-- Agora vá tomar um banho, nã o vai demorar a Vanessa chegar.

Aimê ainda pensou em protestar, a inal, nã o estava doente, mas se ela insistia era melhor nã o contrariar, seria uma
discussã o sem im.

-- Está bem!

Diana ainda se demorou ali, parada, itando-a...

Nã o entendia o que se passava em seu ı́ntimo...

Tudo icava diferente quando estava diante da jovem Villa Real.

Na noite anterior icar furiosa, pois imaginara que ela pedira por si, mas ela nã o o fez, ao contrá rio, demonstrou
total segurança e valentia ao dizer que nã o a temia...

Como falara para Vanessa, desejava dobrá -la as suas vontades, poré m icava a pensar se aquilo realmente seria algo
tã o fá cil, ainda mais quando a garota a enfrentava com uma coragem que faltava a todos da sua famı́lia.

Abriu a porta, deixando os aposentos.

Caminhou a passos largos, entrando no pró prio quarto.

Parou em frente ao espelho.

Retirou o terninho, estava com muito calor, mesmo a temperatura estando em dezoito graus.

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Espalmou as mã os sobre a madeira do aparador.

Mirou o re lexo.

Os olhos negros brilhavam... Os lá bios estavam inchados...

Como tudo aquilo acabaria?

Sabia que ela també m a queria, sentia isso no beijo dela, na forma como a abraçava... Mas sabia que ela nã o cederia
tã o facilmente...

Se Aimê tivesse se entregado, com certeza nã o estaria se sentindo tã o enlouquecida, desejosa dela...

Lembrou-se de Vanessa dizendo que ela estava apaixonada pela Villa Real...

Nã o, nã o estava...

Era apenas desejo, se nã o tivesse sido negado ela nã o estaria tã o desejosa...

Vanessa nã o demorou a chegar.

Antô nia tinha ajudado Aimê a se arrumar e naquele momento já seguia com a empresá ria.

Um vestido lorido e uma bela trança deixara a menina uma graça.

Diana saiu logo em seguida, deixando claro que nã o retornaria naquele dia.

Dinda icou preocupada, mas a sobrinha nã o escutou os protestos por muito tempo.

Alguns seguranças icariam responsá veis de guardar o apartamento e acompanhar a ilha de Otá vio em todos os
passos que desse.

Ao estacionar na luxuosa clı́nica, Vanessa viu os dois carros que a acompanhava.

Realmente, a Calligari nã o permitiria que Crocodilo se aproximasse tã o facilmente, infelizmente sabia que a major
nã o tomava o mesmo cuidado com a pró pria vida.

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Ajudou Aimê deixar o veı́culo.

A menina permaneceu em silê ncio em grande parte da viagem.

-- Vamos? – Tomou-lhe o braço pacientemente.

O pré dio era enorme, os vidros todo espelhados.

Seguiram até a recepçã o.

Os passos eram abafados pelo carpete felpudo.

Uma senhora elegante cumprimentou-as com um sorriso.

-- Temos uma consulta marcada com o doutor Jú lio Romanofe!

-- Imagino que vieram em nome de Alessandra Calligari? – Indagou, enquanto observava a icha.

Vanessa assentiu.

A recepcionista discou para o consultó rio.

-- Ele a espera. – Disse com um sorriso. – Dé cimo andar.

A empresá ria seguiu até o elevador com a garota.

-- Ainda nã o entendi por que estamos aqui. – Aimê falou em determinado momento. – Por que sempre chamam a
Diana de Alessandra?

Vanessa sorriu.

-- Esse é o seu segundo nome e é assim que assina os quadros.

-- Por quê ?

Antes que a empresá ria lhe dissesse, chegaram ao andar.

Diana nã o contara a jovem sobre o especialista.

-- Vamos ver um mé dico que poderá fazê -la voltar a enxergar, querida. – Disse entusiasmada.

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A Villa Real pareceu surpresa com o que ouvia.

O mé dico era um homem alto, deveria ter um cinquenta anos, os cabelos estavam todo grisalho.

Jú lio era um dos maiores especialista, sua fama ganhava o mundo, alé m de um grande pesquisador e professor da
universidade.

O homem sorriu gentilmente, itando Aimê .

-- Sejam bem vinda, queridas!

O mé dico deu passagem para que elas entrassem.

Desde que falara com Diana icara bastante interessado no caso da jovem, tendo certeza de que poderia devolver a
visã o a ela.

Diana seguiu até o apartamento onde o casal Villa Real tinha sido levado.

Encontrou os seguranças que guardavam a porta.

Crocodilo era um bandido de grande periculosidade e agora com a primeira parte de toda a histó ria noticiada, ele
nã o descansaria, enquanto nã o se vingasse de todos que o traı́ram.

Se o general tivesse tomado essa atitude na é poca, teria sido aclamado e nã o teria perdido tudo para salvar a neta.

Meneou a cabeça.

Ao entrar, encontrou o mé dico examinando Ricardo.

Clá udia ainda nã o parara de chorar e ao ver a pintora foi até ela.

-- Como está a minha neta? – Indagou em lá grimas.

A Calligari nada respondeu, enquanto seguia até a pequena varanda.

Observou tudo ao redor.

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Buscava entre os rostos algué m suspeito, mas nada encontrou.

Conhecia-o bem, ele nã o se renderia sem causar um estrago sem igual.

O mé dico se despediu, deixando o apartamento.

A Calligari seguiu até a poltrona, sentando-se.

-- Pergunto-me por que os homens do Crocodilo te bateram com tanta delicadeza!? – Questionou com a
sobrancelha arqueada.

O general a encarou.

Um dos olhos estava totalmente fechado devido aos socos. Quebrara algumas costelas, alguns dentes nã o faziam
mais parte de sua boca.

-- Ele nã o me mataria... Estava querendo me convencer a entregar Aimê ... – Levantou-se com di iculdade. – Agora
ico a pensar se você realmente fora a melhor escolha para protegê -la.

Diana exibiu um sorriso cheio de ironia.

-- A quem recorreria entã o? Ao Batman? A liga da justiça? Os vingadores?

Ricardo a encarou cheio de raiva.

-- Ao namorado dela, Alex com certeza nã o se negaria a fazê -lo.

A morena passou a mã o pelo rosto.

Ainda nã o engolira essa histó ria.

-- Chega, Ricardo! Nã o há ningué m capaz de salvar Aimê que nã o seja a Diana e devemos estar gratos por ela
estender a proteçã o a nó s.

A pintora se levantou.

-- Acredite que estou começando icar tentada em deixar que o namorado da sua netinha assuma isso... – Retirou
uma pasta da bolsa. – Espero que esteja pronto para enfrentar seus crimes.

O general abriu o envelope e viu a carta.

-- Espero que conte toda a verdade dessa vez!

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Ricardo lia cada linha.

Fez um gesto de assentimento.

-- Farei o que quiser, contanto que esse bandido miserá vel nã o chegue perto da Aimê .

A Calligari passou mais um tempo por lá , pois havia muitos pontos que só o homem poderia esclarecer sobre
Crocodilo.

Aimê nã o conseguia dormir, em seus pensamentos ainda nã o conseguia compreender tudo o que fora contado
sobre o pai.

Ainda martelava em sua cabeça as dores que in ligira a Diana.

Deitou de costas.

De repente algo começava a lhe assustar.

Teria herdado o sentimento por ela e també m a crueldade?

Apertou os olhos fortemente.

Lembrava-se bem do dia que estiveram na delegacia e da raiva que sentira ao ver como o delegado lertava
abertamente com a pintora.

Deus, como o pai pô de cometer tantos crimes... Matar tanta gente em nome de uma obsessã o?

Quando imaginava a Calligari sendo açoitada, vendida para aqueles bandidos, uma incontrolá vel raiva pulsava
dentro do seu peito.

Uma revolta contra o homem que amara tanto!

Sentiu a boca seca.

Levantou-se.

Lentamente deu a volta e seguiu até o cô modo que icava a jarra de á gua.

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Nã o estava lá !

Suspirou alto!

Caminhou até a porta.

Ao girar a maçaneta, percebeu que nã o estava trancada.

Mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

Nã o conhecia nada naquele lugar, entã o o melhor era voltar para a cama e tentar dormir.

Já passava da meia noite quando Diana retornou.

Tivera um dia cheio.

Reunira-se com vá rias pessoas e mais uma vez relembrara tudo o que viveu naqueles dias de tortura.

Tirou o terno e jogou sobre a poltrona.

Seguiu até o bar.

Preparou um drinque, sentou na banqueta.

As luzes estavam apagadas, com certeza todos já deviam estar dormindo.

Bebeu devagar, sentindo o lı́quido queimar a garganta.

Pegou mais uma vez o jornal, amassando, jogando-o longe.

Nã o entendia o que se passava em sua mente...

Passara todo o dia ansiosa, mas nã o para icar diante da grande cú pula militar... Desejou voltar para a casa e poder
ver a jovem Villa Real.

Agora ainda tinha o tal do namorado!

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Levou o copo aos lá bios bebendo o conteú do de uma vez.

Encheu o copo mais uma vez, mas nã o bebeu, pois ouviu um ruı́do na parte superior.

Seguiu rapidamente até lá , tentando nã o fazer barulho e icou surpresa ao ver a ilha de Otá vio tateando as paredes.

Estaria tentando fugir?

Irritada, segurou-a pelo braço, praticamente arrastando-a até seu quarto.

Entrou e fechou a porta.

-- Posso saber onde estava indo? – Indagou irritada.

Aimê conseguiu se desvencilhar do toque grosseiro.

-- Você me assustou! – Disse, enquanto esfregava o pulso. – Quase arrancou meu braço!

Diana acendeu as luzes.

Fitou-a e observou a marca dos dedos na pele delicada.

Suspirou, enquanto começava se livrar da pró pria blusa.

Desabotoou os punhos, depois a parte frontal. Fazia-o lentamente, sem deixar de encarar a jovem.

-- Estava tentando fugir? – Fitou a camisola de seda branca. – Deveria ter pelo menos trocado de roupa.

Livrou-se da camisa, icando apenas de sutiã preto.

-- Eu estava procurando á gua... Estava morta de sede.

Diana estreitou os olhos, analisando-a.

Os cabelos estavam soltos emoldurando o rosto bonito.

Olhou o decote e percebeu que nã o fora uma boa ideia.

Nã o pensou que a veria naquela noite. Nã o se preparara para aquilo.

Começou a abrir a calça.

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-- O que está fazendo? – Aimê questionou depois de alguns segundos.

Diana se livrou da calça e só depois respondeu.

-- Tirando a roupa, preciso de um banho...

Aimê nada disse.

De repente o cheiro da pintora parecia sufocante.

-- Acho melhor que me ajude a voltar ao meu quarto. Está tarde e estou cansada.

A Calligari sentou na poltrona, enquanto a encarava.

-- E o que o mé dico falou?

A Villa Real cruzou os braços sobre os seios.

-- Por que está fazendo isso? Depois de tudo que minha famı́lia fez, nã o acho que deva mover uma palha para me
ajudar.

A pintora a observava com atençã o e mais uma vez teve a impressã o que nunca conhecera algué m tã o pura e
inocente como a ilha de Otá vio.

-- Eu pago minhas dı́vidas... Quando aconteceu o acidente jamais imaginei que você estivesse naquele carro...

Aimê segurou a respiraçã o durante alguns segundo.

-- Teria me salvado entã o?

A Calligari observou o curativo e começou a tirá -lo.

-- Você era apenas uma criança... – Levantou-se. – Farei o que deve ser feito, pois nã o gosto de icar em dı́vida com
ningué m.

Aimê parecia ponderar...

Algo martelava sua mente...

Abriu a boca para perguntar, mas lhe faltou coragem... Poré m ao tentar de novo, conseguiu fazer o questionamento,

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-- Teria matado meu pai?

O maxilar forte se enrijeceu.

-- Esse é o meu maior arrependimento... Nã o o ter matado com as minhas mã os!

Uma lá grima rolou dos olhos azuis.

Nã o sabia o que falar, mas se sentia imensamente triste.

Baixou a cabeça e depois a levantou.

-- Perdoe-me, Diana, por todas as coisas ruins que a minha famı́lia causou a você ...

A Calligari a itou, engolindo em seco.

-- Perdoe-me por ter te acusado de destruir a loricultura... Perdoe-me, Diana...

Aimê estendeu as mã os e lentamente seguiu até a major...

Sentiu-a irme...

Abraçou-a.

Diana, inicialmente, permaneceu com os braços caı́dos ao lado do corpo...

De repente tudo que fora vivido começou a passar em seu cé rebro como um ilme...

As dores...

As decepçõ es...

A morte do seu pai...

Aimê ouviu o soluço abafado que escapou dos lá bios da major... Sentiu as mã os se agarrando a si...

Sentiu as lá grimas lhe molharem a pele...

A cabeça dela escondida em seu pescoço...

Abraçou-a mais forte... Muito forte...

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Capitulo 19 por gehpadilha

-- Teria matado meu pai?

O maxilar forte se enrijeceu.

-- Esse é o meu maior arrependimento... Nã o o ter matado com as minhas mã os!

Uma lá grima rolou dos olhos azuis.

Nã o sabia o que falar, mas se sentia imensamente triste.

Baixou a cabeça e depois a levantou.

-- Perdoe-me, Diana, por todas as coisas ruins que a minha famı́lia causou a você ...

A Calligari a itou, engolindo em seco.

-- Perdoe-me por ter te acusado de destruir a loricultura... Perdoe-me, Diana...

Aimê estendeu as mã os e lentamente seguiu até a major...

Sentiu-a irme...

Abraçou-a.

Diana, inicialmente, permaneceu com os braços caı́dos ao lado do corpo...

De repente tudo que fora vivido começou a passar em seu cé rebro como um ilme...

As dores...

As decepçõ es...

A morte do seu pai...

Doı́a quando pensava que o desgosto izera um home tã o forte tirar a pró pria vida...

Nunca se perdoaria por aquilo...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê ouviu o soluço abafado que escapou dos lá bios da major... Sentiu as mã os se agarrando a si...

Sentiu as lá grimas lhe molharem a pele...

A cabeça dela escondida em seu pescoço...

Abraçou-a mais forte... Muito forte...

Quanta ela tinha sofrido durante todos aqueles anos...

Chorou com ela, sentindo-se culpada... Desejando tomar para si todas aquelas terrı́veis lembranças que deveriam
atormentá -las, querendo apagar os dias de agonias que vivera.

Como Otá vio fora cruel!

Como seus avó s foram crué is por permitir que aquela mulher fosse acusada de pecados que nã o cometeu...

Apertou-a mais, sentindo os espasmos que vinham delas.

Agora percebia como seria impossı́vel receber algo que nã o o ó dio e o desprezo da parte da major. Daquela forma
difı́cil descobrira que també m estava na lista dos que a feriaram, també m estava na lista dos que a julgaram com crueldade.
Sabia que suas desculpas nã o fariam tanta diferença, pois elas nã o mudariam o que já foi feito, apenas tentava acreditar que
um dia Diana se libertaria daquelas chagas e voltaria a sorrir e a viver, pois quando ouvira tudo o que fora dito, percebia que
aqueles dez anos representaram um verdadeiro inferno para a herdeira dos Calligaris... Ela lutara dia apó s dia por seu
momento de vingança e agora que chegara... Quem poderia condená -la por in ligir castigos aos que a machucaram?

-- Perdoe-me... – Murmurou. – Perdoe-me...

Diana se apegava a ela como se fosse sua salvaçã o, prendia-se a ela como se nã o houvesse alternativa a nã o ser
aquela, mesmo que algo dentro de si gritasse que ela també m era sua inimiga... Ela era a ilha dele... Tinha o mesmo mas azul
no olhar...

Fechou os olhos, tentando controlar aquelas dor que parecia sangrar naquele momento.

Ouviu o sussurrar da Villa Real, ouvi-a dizer palavras de consolo e por fraçõ es de segundos imaginou que ela
estivera ao seu lado em todos aquelas horas de angustias, em cada perda que tivera que enfrentar...

Inalou o perfume doce e teve a impressã o que seu eterno inverno estava sendo profanado por coloridos dias de
primavera.

Concentrou-se naquela voz baixa e sua má goa pareceu tã o menor...

Por que aquele abraço tinha que ser dela? Por que aquela paz tinha que vim dela?

Sentiu o toque macio em seus ombros, as carı́cias em seus cabelos...

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Desejou nunca sair dali, desejou tê -la para sempre agarrada a si.

Apertou-a mais forte...

Quantas vezes precisaria repetir para si que Aimê era a ilha do homem que destruı́ra sua vida? Quanto precisava
se afastar para que aquela febre que lhe queimava chegasse ao im?

Afastou um pouco a cabeça, itando-a.

Os olhos azuis a mirá -lo, mesmo sem vê -las.

Brilhavam ou sua mente pregava uma peça?

Observou-a melhor e mesmo quarto estando na penumbra, podia decifrar os traços bonitos e delicados.

Segurou-lhe o rosto com ambas as mã os, parecia querer grava aquela imagem em seu cé rebro.

Aimê mantinha-se quieta.

Sentiu a respiraçã o dela perto de si.

Sabia que estava sendo analisada, aquele poderoso olhar podia ser sentido com a mesma intensidade de um toque...

Suspirou.

Aromas se mesclavam ali... Alcool e aquele perfume que lhe embriagava os sentidos.

O há lito de uı́sque nã o era desagradá vel nela, ao contrá rio, era delicioso e excitante.

Deus, o melhor seria retornar ao seu quarto, pois temia fazer algo que nã o devesse fazê -lo.

Passou a lı́ngua pelos lá bios, sentindo-os seco.

Diana acompanhava cada gesto com genuı́no interesse. Em determinado momento percebeu que a garota parecia
trê mula.

A Villa Real mantinha as mã os na cintura da major.

Adorou senti-la... Acariciá -la...

Queria-a tanto...

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Sabia que se cedesse nã o haveria volta, mas... Queria-a e estava temerosa por isso... Seu corpo parecia tentar
controlar sua mente, atraindo-a para uma armadilha mortal.

Encostou o rosto no pescoço da morena, inspirou...

Sempre desejara fazer aquilo...

-- Eu gosto do seu cheiro...

Diana pareceu surpresa, mas mesmo assim deu maior acesso a ela. Segurou as madeixas, prendendo-as para dar
passagem até a nuca.

Notou que estava arrepiada.

De repente sentiu beijos em sua pele e adorou a sensaçã o...

Deus, os carinhos incendiavam-na.

-- Gosto da sua pele...

A Calligari estreitou os olhos ao ouvi-la.

-- Aimê ... – Sussurrou.

A herdeira do general cerrou os dentes ao escutar seu nome...

-- Adoro a sua voz... Mesmo quando esbraveja, ela é baixa e rouca... Gosto quando fala meu nome... – engoliu em
seco. – E como se fosse a carı́cia mais ı́ntima de todo o universo.

A Filha de Alexander fechou os olhos, apenas se concentrando naquela garotinha que a deixava cada vez mais à
beira do precipı́cio.

Os dedos inspecionavam, era delicada...

Prendeu a respiraçã o quando sentiu as mã os acariciando suas costas... Havia cicatrizes e nunca se sentia a vontade,
mas com ela era diferente... Como se izesse parte de si.

-- Seu nome é muito doce... Nã o sei se gosto de pronunciá -lo...

A Villa Real levantou a cabeça para ela.

Diana a encarou.

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Os dentes alvos da garota se abriram em um sorriso grande, tı́mido... Convidativo...

A major mais uma vez teve a impressã o que algo a socava forte no ventre.

Pela janela aberta do quarto pô de ver a noite estrelada.

Lembrou-se de quando estavam na caverna e viu aquele mesmo sorriso quando contara para a jovem sobre a
cascata... Outra imagem fora quando mostrou a preguiça... Poré m em nenhum desses momentos o sorriso fora dirigido a si...
Mas agora...

Com o polegar contornou lentamente a boca bonita. Viu quando ela icou rubra.

-- O plano sempre foi esse... Que eu fosse doce...

Aimê ao umedecer mais uma vez os lá bios, tocou a lı́ngua sobre o polegar da ı́ndia.

Sentiu o desejo bater mais forte naquele momento.

Passou a lı́ngua mais uma vez sobre ele...

Era possı́vel ouvir o som de sua respiraçã o acelerada. Suas mã os suavam.

-- Quem planejou isso foi muito feliz, pois conseguiu... – Agora usou o indicador para continuar o caminho sobre o
contorno externo da boca. – Mas há muito mais do que isso...

A herdeira dos Villas Real se apoiou em Diana, capturando o polegar, chupando-o como um dia fora feito consigo.

Diana sentia o sexo reclamar, desejava senti-la...

Observava como a boca sensual se movia e imaginou-a em outro lugar...

Fechou os olhos tentando conter a paixã o...

Aimê pareceu fraquejar e só nã o caiu porque a major sustentou seu corpo.

-- Eu... – Deu um sorriso nervoso. – Minhas pernas estã o trê mulas.

A Calligari també m riu.

Observou o quarto enorme.

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Fitou a convidativa cama e imaginou-as embaladas naqueles lençó is de seda branco, perdidas em uma devastadora
agonia, em uma mistura in inita de pernas e de prazer...

Assustou-se.

Viu o sofá enorme e pensou se aquele nã o seria um lugar menos ameaçador, o espaço perfeito para refrear suas
tentaçõ es?

Na verdade o melhor seria levá -la de volta ao seu quarto, poré m queria prolongar aquele contato, ainda mais
porque sabia que nã o haveria tantos momentos de civilidade entre elas.

Determinada, segurou a jovem pela mã o e seguiu até a poltrona.

O mó vel elegante era todo coberto de veludo preto. Espaçoso, muitas vezes usado pela Calligari para descansar
quando o leito nã o se mostrava interessante. Com mecanismos retrá teis, tornava-se um espaço aconchegante e confortá vel.

Sentou-se e quando Aimê já ocupava um lugar ao seu lado, segurou-a pela cintura, fazendo-a sentar sobre seu colo.

-- Assim é melhor para conversar. – Apressou-se em justi icar seu ato.

A Villa Real pareceu surpresa.

-- Se você diz... A inal, é uma princesa... Deve saber de muitas coisas...

Diana arrumou o cabelo dela por trá s da orelha.

Sua esposa!

Lembrou-se do dia que Tupã obrigou a casar... Lembrou-se de como ela estava linda com os adornos indı́genas.

-- Sim... – Observou a abertura do robe de seda. – Ainda está com sede?

Aimê pareceu nã o entender do que ela falava, entã o se recordou de que quando se encontraram no corredor estava
buscando á gua.

-- Eu acabei esquecendo... Mas acredito que passou...

A Calligari itou os lá bios rosados mais uma vez...

Quantas vezes os tomaram para si como se fosse a ú nica dona deles?

Cerrou os dentes.

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Por que tudo aquilo se passava consigo?

Antes nã o se importaria em arrastá -la até a cama e agir como a selvagem que sempre fora...

O que tinha mudado em tã o pouco tempo?

Nã o continuava sendo ela ilha de Otá vio Villa Real? Nã o continuava sendo ela a garota que a desa iou mesmo
quando se ajoelhava pedindo clemê ncia?

Meneou a cabeça tentando cessar as in initas indagaçõ es que a confundia ainda mais.

Mas agora ela tinha certeza de que se Aimê nã o tivesse surgido em sua vida, ela estaria pouco se importando para
os atos de Crocodilo. Jamais moveria uma palha para ajudar aquela famı́lia...

Mas havia aquela garota... E tudo parecia se confundir em sua mente. Nã o pensava quando estava perto, apenas
sentia e como sentia...

Quando deixara a cidade deixara alguns seguranças protegendo a ilha do homem que mais odiara em todo o
mundo...

Recostou a cabeça para trá s.

O que faria com tudo aquilo que sentia?

Havia uma confusã o tã o grande em sua mente, agonia em seu peito que nã o estava sabendo lidar.

Fitou os olhos azuis...

Deus, o que aconteceria quando a sentisse por completo?

Segurou-lhe a nuca, trazendo-a para mais perto de si.

-- Eu quero você ... Quero muito... – Encostou a testa na dela. – Mas eu nã o acredito que possa esquecer o que
passou...

A Villa Real sabia disso...

Sabia que Diana nã o gostava de querê -la e isso doı́a...

Amava-a... Amava-a muito, mas sabia que seu amor nã o seria correspondido, pois era a ilha de Otá vio... Filha do
homem que destruı́ra sua vida.

Por que seus caminhos tiveram que se cruzar? Mas mesmo assim era estranho se imaginar sem ter conhecido a
Calligari, era como se sua histó ria estivesse incompleta.

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Respirou fundo, segurou-lhe o rosto com ambas as mã os.

Sabia que durante todos aqueles anos seus passos foram dados em total escuridã o... Mas nenhum deles se
compararia à quele que estava prestes a dar.

-- Entã o odeie-me amanhã , mas hoje apenas me ame...

Antes que Diana pudesse falar algo para demonstrar sua total surpresa, sentiu os lá bios tocando os seus.

Permaneceu quieta, enquanto Aimê parecia deliciar-se com a maciez do contato.

Entreabriu-os dando a passagem que ela buscava... Fechou os olhos para senti-la melhor...

A lı́ngua foi até a dela, insistente... Instigante...Inocentemente devastadora...

Por um momento teve a impressã o que ingerira todas as bebidas da adega... Embriagou-se com a forma que estava
sendo tocada.

Aos poucos a carı́cia icava mais voraz, sensual...

Gemeu quando a lı́ngua foi capturada... Beijou-a mais, desejando devorar os lá bios rosados...

Sem interromper o contato, fê -la sentar como se montasse um cavalo.

Abraçou-a forte, desejando-a mais e mais...

Arrepiou-se quando a boca mais uma vez seguiu por seu pescoço... Os beijos se multiplicavam naquele ponto...

Empertigou-se mais, assim o acesso era ainda maior.

Sentiu as delicadas mordidas...

Sentiu o sexo pulsar... Sabia que sua lingerie estava ensopada...

Precisou de todo o controle do mundo para nã o a jogar na cama e satisfazer sua pró pria libido de imediato.

Acariciou as costas macias tentando nã o enlouquecer.

Cerrou os dentes ao ver a boca descendo por seu colo... Beijando a parte superior...

Diana fechou os olhos, empinando mais o busto, desejando muito mais...

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Mexeu-se sob ela agoniada.

Os dedos da Villa Real inspecionava o sutiã rendado... Parecia meio desajeitada em seu ato, mas mesmo assim
mexia com todos os nervos da major.

Levantou a cabeça ao encontrar o fecho frontal...

Diana a encarou com a respiraçã o suspensa...

Temeu que ela tivesse desistido, mas ao observar o rosto rubro percebeu que havia determinaçã o nele.

Sentiu quando os seios se libertavam da prisã o...

Mordeu o lá bio inferior quando sentiu as mã os macias cobrir os montes redondos...

Aimê lembrou-se de quando estavam na aldeia e fora banhá -la...

“-- São redondos como laranjas... porém maiores... Estão arrepiados... – Esboçou um sorriso nervoso. – Os
biquinhos não são grandes... mas são sensíveis ao meu toque...

Diana segurou-lhe as mãos, conduzindo-as de forma a prolongar as carícias... Seu corpo, mesmo debilitado,
estava em verdadeiro fogo.

-- Precisam ser chupados para aumentarem de tamanho...”

Naquele dia quisera experimentá -los e isso a assustou demasiadamente.

Usou os polegares para incitar os mamilos... E nã o demorou a começar a beijá -los, deliciando-se...

Sentiu os biquinhos ousados, passou a ponta da lı́ngua por eles... Lambendo-os...

A Calligari fechou as mã os tã o fortes que seus dedos doeram.

Deus, teria suplı́cio mais delicioso do que aquele?

Começou a livrá -la do robe e enlouqueceu quando viu a camisola praticamente transparente.

O quarto nã o estava totalmente escuro e a major preferia assim, pois gostava de acompanhar todas as reaçõ es da
jovem amante.

Gemeu de forma dolorida quando a sentiu mamar de forma mais voraz... Chupava um, enquanto afagava o outro...
Ora usava a lı́ngua, ora usava os dentes...

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A garota cessou os movimentos, levantando a cabeça para ela.

-- Perdoe-me, juro que nã o desejei machucá -la.

Diana lhe segurou a mã o, levando até a pró pria calcinha, fazendo-a sentir sobre o tecido.

-- Você , nã o me machucou... – Fê -la acariciar sobre as rendas. – Mas está fazendo algo com um poder muito maior...

Aimê acariciava e percebia como estava molhada...

Entã o ela sentia també m...

Continuou a tocá -la por cima e logo adentrou o espaço apertado, mas Diana a deteve.

-- Nã o faça isso agora ou nã o me controlarei...

Aimê pareceu confusa, temeu estar fazendo algo errado, mas nã o houve muito tempo para pensar naquilo, pois
percebeu que a camisola deslizava por seu corpo, parando em sua cintura.

A Calligari a abraçou, desejado senti-la naquele momento.

Aimê mordiscou o lá bio inferior ao sentir uma carga elé trica percorrer seu corpo.

-- Diana... – Murmurou. – Nunca senti nada assim... E muito maior do que...

A morena a itou e logo voltou a beijá -la, seguindo até a orelha dela, mordiscando.

-- Eu agora só desejo que seja minha... Só desejo que hoje seja minha mulher...

-- Eu quero ser sua... E desejo fazê -la minha...—Mordiscou o lá bio inferior -- Eu nã o sei apenas como fazer... Como
posso te dar o mesmo prazer que me deu? – Completou em um io de voz.

Diana voltou a encará -la.

A ilha de Alexander nã o pareceu surpresa com o que ela dizia, a inal, sabia que ela era virgem...

Falou contra os lá bios rosados:

-- Nã o há regras e nem manual de instruçõ es nisso... – Acariciou o mamilo com o polegar. – Faça o que sentir
vontade... Poré m se teme nã o me satisfazer, saiba que até a sua forma de respirar me enche de prazer...

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Aimê já abria a boca para protestar quando sentiu a boca faminta sobre os seios.

Fechou os olhos em total deleite.

Levou as mã os à cabeça dela, acariciando as madeixas e pedindo muito mais.

Os ios sedosos deslizavam por seus dedos, entã o os prendeu mais forte para que ela nã o se afastasse...

Estremeceu quando sentiu a lı́ngua brincar com o mamilo.

Tinha a impressã o que seu corpo só se resumia à quele desejo intenso que aumentava cada vez mais dentro de si...

Seu sexo parecia reclamar, implorar por ela...

Seu quadril começou a se esfregar sobre Diana... Parecia necessitado daquele contato...

Movia-se, mexia-se de encontro a ela... Mas ainda havia muita roupa separando-as.

Usou as mã os para tocar o abdome liso, seguiu até a calcinha, mas hesitou.

Diana esboçou um sorriso.

-- Faça o que desejar...

Aimê assentiu, enquanto mais uma vez seguia com os dedos para o interior do tecido ino...

Sentiu tremer mais uma vez, poré m ao sentir o contato com o sexo molhado foi como se uma grande dose de
adrenalina tivesse sido colocada na sua corrente sanguı́nea.

Diana gemeu baixinho...

Fechou os olhos...

A Calligari a deteve novamente.

Ajudou-a ocupar o outro lado do sofá , enquanto se levantava.

Aimê pareceu desolada, imaginando que mais uma vez tinha feito algo errado, já recolocava as alças da camisola e
icava de pé , quando foi abraçada pela major.

Diana estava totalmente nua.

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Segurou-lhe os cabelos, fazendo-a itá -la.

Tomou a boca perdida em paixã o.

Ela nã o parecia mais presa em seus pensamentos e medos naquele momento, era como se houvesse apenas aquele
desejo de toma-la para si.

Livrou-a da camisola em poucos segundos, voltando aos lá bios, tirando-lhe o fô lego.

As mã os pareciam desejosas de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.

Deslizou a boca pelo pescoço esguio, mordendo, arrancando gemidos dela, baixou até o colo, parando diante dos
mamilos tú midos.

Aimê se segurou nela...

Acariciou a nuca e os ombros da morena.

Diana seguiu com ela e logo Aimê sentiu as pernas se encostarem à cama.

Lentamente a Calligari a deitou sobre o leito.

Fitou a ú nica peça que restava no corpo sensual da Villa Real.

A peça branca era a ú nica coisa que ainda mantinha a inocê ncia intacta.

Hesitou por alguns segundos, entã o Aimê dobrou uma das pernas e estendeu os braços, chamando-a.

-- Vem, Diana, quero você ... Quero ser sua

O maxilar da Calligari se contraiu.

Nua, no centro do quarto, parecia uma deusa vingativa que estava pronta para cobrar suas dı́vidas.

Foi até ela, ajoelhando-se no colchã o.

Beijou as pernas longas, seguindo até a coxa... Parecia paciente em suas carı́cias... Apaixonada...

Aimê prendeu a respiraçã o... Estremeceu quando os lá bios chegaram a sua virilha.

Diana acariciou-a sobre o tecido, mas logo se livrou dele.

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Deitou sobre ela e foi acolhida em meios à s pernas torneadas.

Nã o havia mais volta agora...

Aimê adorou o contato e nã o demorou muito para mexer sob a amada.

-- Sabe que agora estaremos consumando a nossa uniã o verdadeiramente? – Falou colando os lá bios aos dela. – De
acordo com as crendices das minhas tribos, nos tornaremos uma... Tem certeza de que deseja se unir a uma pagã ? –
Provocou-a, acariciando as laterais dos seios...

-- Nã o... mas nã o quero que pare...

Diana esboçou um sorriso.

-- Que bom, porque agora vou fazer o que sempre desejei desde que a conheci...

Beijou os lá bios, mas nã o se demorou neles...

Suas mã os e sua boca pareciam desejosas de explorar todos os lugares...

Aimê estremeceu ao sentir as carı́cias em seu umbigo e quando a mã o começava afagar suas coxas. Nã o demorou
muito para deslizar a mã o por entre elas e começar a tocar a intimidade pulsante.

Assustou-se quando a Calligari acomodou a cabeça em meio à s suas pernas.

A Villa Real apoiou-se nos cotovelos...

Diana e encarou por alguns segundos e logo a boca se apossou da parte mais sensı́vel do corpo da herdeira de
Ricardo...

Usou os dedos para abri-la mais... Inspirou o delicioso aroma, esfregou o rosto nela, lambuzando-se...

Ouviu-a gemer e ao ita-la, viu-a apoiar a cabeça no travesseiro.

Segurou-lhe os quadris, trazendo-a mais para si...

-- Sinta, Aimê , apenas sinta...

Deslizou a lı́ngua... lambendo-a... Beijou o sexo estremecido, abocanhou como se desejasse devorá -lo...

A Villa Real estava muito excitada e no primeiro contato sentiu espasmos se apossar do seu corpo.

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Chamou pela Calligari... Gemia com o nome dela nos lá bios.

Diana sabia que ela gozaria rá pido, a inal, a pró pria major já nã o controlava o seu prazer, mas antes que isso
acontecesse, desejava fazê -la totalmente sua.

Aimê mordeu o lá bio inferior para nã o gritar quando a ı́ndia começou a chupá -la mais forte.

Segurou forte o tecido macio da cama quando teve o clitó ris preso nos lá bios da amante.

Um borbotã o de gemidos começava escapar de sua boca...

De repente sentiu algo incô modo e dolorido mesclado ao regozijo...

Moveu os quadris, sentindo-a dentro de si...

Uma lá grima solitá ria rolou.

Diana a sentiu enrijecer, imaginando que a machucou...

Permaneceu parada com o indicador dentro dela... Usou os lá bios para voltar a acariciar o sexo, passando a lı́ngua,
excitando-a novamente, entã o a sentiu se movimentar mais uma vez sob si. Iniciou os movimentos de vai e vem, enquanto
chupava o clitó ris... Usou mais um dedo, possuindo-a com mais paixã o...

Ela estava apertada, mas lubri icava rapidamente...

Ofegante, Aimê nã o sentia mais a ardê ncia, apenas se deliciava com a carı́cia e desejava mais, moveu-se contra ela,
esfregou o sexo contra o rosto da amada, adorou o deslizar dentro de si...

Começou a murmurar, sabia que o prazer total estava pró ximo, seus lá bios diziam palavras sem sentidos...

Mexia-se mais...

Diana deitou sobre ela novamente, posicionando de forma a unir as intimidades molhadas...

-- Mexa-se comigo, Aimê ... Una-se a mim...

Beijou-a, enquanto cavalgava-a como uma boa amazona, dançavam o mesmo ritmo, seguiam a mesma mú sica...

Os gemidos se confundiam, as respiraçõ es ofegantes se mesclavam com o ar...

A Calligari tomou as mã os nas suas, erguendo-a até travesseiro...

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Movia-se mais rá pido... O atrito dos sexos se igualava aos sons do prazer...

Ouviu seu nome ser chamado inú meras vezes, gritou por ela e nã o demorou muito para uma explosã o de gozo
tomar totalmente suas razõ es.

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Capitulo 20 por gehpadilha

A antiga fá brica de cimento parecia um cená rio de ilme de terror.

As grandes torres, chaminé s, os rombos nas paredes de tijolo maciço nã o só passavam despercebidos, como era
evitada por muitos viajantes que passavam por ali, a inal, havia rumores de que demô nios tinham se apossado do lugar, mas
era no subsolo daquele espaço de quase duzentos metros que havia um grande perigo e podia-se até dizer que se faltava
espı́rito, mas carne jamais.

O vento da madrugada uivava, levantando a poeira e deixando o ponto quase invisı́vel.

Crocodilo estava sentado diante de uma mesa de mogno, tendo um computador diante de si.

Havia inú meros sacos en ileirados e caixas cheias de armas e drogas.

O ambiente estava na penumbra, o cheiro de poeira enchia os pulmõ es.

-- Até quando icaremos aqui?

Um homem barbudo, alto e gordo se aproximou.

Conhecido como Felipam, era o mesmo que a Calligari travara luta corporal na loresta.

-- Estou pensando! – Crocodilo deu o play no vı́deo.

O bandido observava com atençã o a cena e exibia um sorriso sá dico.

Otá vio Villa Real fora o pior ser que já conheceu e suas maldades nã o tinham limites, ainda mais quando icara
obcecado por Diana, mas quem o culparia? A inal, a ı́ndia era um belo prê mio e muitos gostariam de tê -lo para encabeçar
uma coleçã o ú nica.

Voltou a prestar atençã o ao ilme caseiro.

Lembrava-se de quando o ilho de Ricardo quis ter a garota para si, seu foco nos negó cios fora turvado e nada
importava tanto como ter a major em seu leito nupcial.

Observou a tela mais uma vez, pausando na bonita mansã o...

Recordava-se daquela noite quando acompanhara o coronel à fortaleza de Alexander.

Quase chorou diante da encenaçã o que ele fez dizendo tudo de ruim que a major estava sendo acusada.
Mostrou a face cortada, as marcas de dentes cravados em sua pele e sua vontade de ajudar a morena a se livrar das acusaçõ es
que seguiriam... Só que naquela noite, o militarzinho nã o contava com um detalhe...

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-- Nã o quero mais icar nesse lugar! – Outro bandido se aproximou. – Quanto tempo mais vamos viver
escondidos?

Aquele era sargento Batista, companheiro iel do ilho de Ricardo. Fora apontado pela Calligari como um dos
envolvidos e por esse motivo, o rapaz tivera que fugir da base antes de ser preso.

Ele tinha ó dio mortal da pintora, pois acreditava que ela recebia privilé gios por ser ilha de um homem tã o
poderoso.

-- Aquela miserá vel da Diana nos encurralou! – Bateu o punho contra a mã o aberta. – Agora toma para si a
proteçã o dos desgraçados Villas Real, sem falar que perdemos a cega que já tı́nhamos recebido o pagamento.

Crocodilo se levantou de supetã o, pegando um punhal e colocando na garganta de Batista.

Pressionou-o contra as caixas que estavam empilhadas.

Fitou o rosto sem barba, a expressã o de covardia que desaparecia quando se tratava de seres mais fracos.

-- Nã o questione ou venha com toda essa arrogâ ncia para falar comigo... – Pressionou mais. – Nã o tenho culpa
se a ilha de Alexander era bem melhor do que você em todos os sentidos! – Apertou mais a lâ mina contra a pele.

Mirou a gota de sangue que jorrava da ferida. Passou o dedo e levou à boca, provando-o.

Batista se afastou, tentando respirar, estava assustado, seus olhos esbugalhados.

-- Quem a deixou escapar foi Felipam, esse idiota nã o conseguiu nem mesmo segurar aquela selvagem! – O
sargento disse em justi icativa. – Se tivesse a matado, agora estarı́amos bem e nã o sendo perseguidos como animais.

Felipam nada disse, mas seu olhar de ó dio nã o passou despercebido.

Crocodilo foi até o saco onde havia muita droga.

Pegou uma pequena bolsa, furando e tirando um pouco de pó , levando ao

nariz.

-- A Diana vai sair da nossa cola, pois eu tenho uma informaçã o que ela vai adorar saber... Depois disso, ela nã o
vai mais se preocupar em proteger a famı́lia do Otavinho... – Inalou o cheiro.

-- Ainda nã o entendo o motivo dela está ajudando-os! -- Batista vociferou. – Ela sempre odiou a todos.

Crocodilo pegou mais um pouco.

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-- Bem, Ricardo está fazendo papel de bonzinho, implorou por ajuda pela segunda vez... Traiu a Diana na
primeira... E agora ele busca o apoio dela novamente e ela nã o nega... – Crocodilo ponderava. – Farei a Calligari baixar a
guarda e dessa vez, eu vou acabar com ela e pegar a Aimê , entregá -la para o cartel e assim vamos icar livres de tudo.

-- E o exé rcito? – Felipam questionou. – Estã o atrá s de nó s!

Crocodilo deu de ombros, voltando para a cadeira e observando o vı́deo que se passava.

O audı́vel de tiro na tela o fez exibir um sorriso sá dico.

Diana se mantinha acordada. Estava desperta depois do maravilhoso momento que viveu.

Seu corpo ainda tremia do arrebatador prazer que sentiu. Tinha a impressã o que seus pensamentos foram
cessados por longos segundos. Ainda tentava compreender por que fora tã o intenso com ela.

Aimê se mexeu, estava deitada sobre seu peito, uma das mã os da garota descansava sobre seu seio.

Beijou-lhe o topo da cabeça e se demorou lá , sentindo o cheiro dela, aquela sensaçã o extasiante de senti-la.

Ouviu o ressonar baixo e nã o disfarçou um sorriso.

Por que quando a amou teve a impressã o que estava totalmente completa? Era como se o passado nã o existisse,
como se suas chagas estivessem curadas... Como se tivesse encaixado a parte preciosa de um quebra-cabeça difı́cil.

Respirou fundo!

Ainda conseguia ver o sorriso doce e convidativo... Os braços abertos prontos para aceitá -la depois de tudo que
izera...

Abraçou-a mais forte, ouvindo-a murmurar palavras desconexas.

Acariciou as costas macias.

Deus, uma virgem a conduziu!?

Ouviu a pró pria respiraçã o acelerada e o desejo acendendo novamente.

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Aquilo era uma loucura!

Afastou-a delicadamente, em seguida deixou o leito, parando para olhá -la por in initos segundos, depois
seguindo até o banheiro.

Os passos eram lentos, até inseguros como nunca foram em sua vida...

Ligou o chuveiro, mas nã o entrou rapidamente, ao contrá rio, permaneceu observando e ouvindo o som...
Prendeu os cabelos em um coque, depois adentrou o espaço, permitindo que a á gua gelada massageasse suas costas. O
lı́quido quando tocou em seu pescoço, provocou ardê ncia.

Passou os dedos e sentiu a pele ferida.

Sorriu novamente ao recordar de como a garota icara descontrolada e cravara os dentes em sua pele.

Pegou o sabonete, passando delicadamente, pois ainda estava bastante sensı́vel ao prazer que provou ainda
pouco... Os seios ainda se mostravam doloridos e o sexo latejante por mais.

Nã o imaginou que transar com a ilha de Otá vio seria uma experiê ncia tã o destruidora... Na verdade,
descon iara disso e por essa razã o temeu tanto que acontecesse... Relutara tanto, mas no im, nã o havia outra saı́da para si,
alé m de se queimar naquele fogo de pura paixã o.

Seria só paixã o mesmo?

Prendeu a respiraçã o por alguns segundos tentando proibir que seus pensamentos divagassem mais...

Desligou o registro, abriu o box, seguindo até o armá rio, pegou um roupã o, vestindo.

Parou diante do espelho, olhando-se.

Viu as marcas no pescoço.

Fitou os olhos negros, notando um brilho diferente presente neles...

O que Aimê estava fazendo consigo?

Desde que a conheceu as coisas pareciam apresentar uma conotaçã o diferente em sua vida. Seu mundo que
antes era tã o preto e branco parecia agora apresentar alguns traços de cores mais vivas... Uma primavera em meio ao seu
intenso inverno...

Baixou a cabeça, recordando-se de algo que por longas horas pareceu esquecer.

Ela é ilha de Otá vio!

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Filha do miserá vel que tirou tudo o que tinha, que destruiu seus sonhos e a condenou a anos de verdadeira
inexistê ncia.

Respirou fundo, enquanto apoiava as mã os sobre a pia de má rmore.

Fechou os olhos e as cenas vieram à sua mente.

“Então, odeie-me amanhã, mas hoje apenas me ame...”

Aquela voz doce ainda martelava em seu cé rebro...

Ame-me hoje...

Ame-me...

Ame-me...

Meneou a cabeça para tentar se livrar o eco.

Por que tinha a impressã o que algo tomava seu coraçã o na mã o e apertava-o forte, como se assim pudesse fazê -
lo pulsar novamente?

Voltou a mirar-se...

O que aconteceria agora?

Tentando se livrar das indagaçõ es, retornou ao quarto, parando ao centro dos aposentos, observou a bela
mulher deitada em seu leito e teve a impressã o que adoraria encontrá -la todos os dias naquele lugar, esperando-a... Nã o se
importaria de icar olhando-a por toda a noite, nã o se cansaria disso... Nã o se cansaria de possuı́-la por toda a eternidade...

Os pensamentos a irritaram...

Foi apenas sexo!

Sexo!

Sexo!

Qual a novidade em algo que fazia desde que era uma menina que mal entrara na adolescê ncia?

Voltou a ita-la... Mas achou melhor nã o fazê -lo.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Caminhou até a varanda e viu as estrelas cobrindo o cé u noturno.

Respirou fundo, enchendo os pulmõ es de oxigê nio.

Lembrou-se do pai...

Ele adorava icar acampar e naquelas ocasiõ es sempre contavam fatos, histó rias mitoló gicas... Conhecia as
histó rias das estrelas, dos heró is, das suas façanhas...

A saudade nunca chegaria ao im?

Viu uma estrela Cadente cortar o cé u... Fechou os olhos, lembrando que Alexander sempre a mandava fazer um
pedido...

Esboçou um sorriso triste, limpando a lá grima solitá ria que traduzia sua dor.

Gostaria que o pai nã o tivesse sucumbido à dor, que nã o tivesse tirado a pró pria vida por imaginar que a ú nica
ilha tinha desonrado seus ensinamentos.

-- Diana...

Ouviu a voz baixa e doce que parecia puxá -la de sua dor, do seu eterno luto...

Pensou estar imaginando coisa, até que seu nome fora repetido daquela forma que mexia com seus nervos.

Retornou ao quarto e mesmo na penumbra, itou-a.

Aimê estava sentada, tinha o corpo coberto pelo lençol de seda.

Diana acendeu a luminá ria que icava ao lado da cama, desejando vê -la melhor.

Os cabelos estavam meio bagunçados, os lá bios inchados, as bochechas rubras... Parecia assustada.

Mirou a coberta e lembrou-se de como ela era maravilhosamente deliciosa por baixo dela...

Cruzou as mã os sobre o busto, tentando controlar o desejo que já começava a queimar novamente.

-- Por que me olha e nã o responde? – A jovem indagou.

Quando a Villa Real despertou, temera ter sido abandonada. Imaginou que a morena tinha percebido o que
tinha feito e decidido deixar o quarto.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Isso a entristeceu, pois ainda nã o se sentia pronta para encarar a realidade ainda.

Aliviou-se ao senti-la perto...

Um sorriso surgiu no canto dos lá bios da major, enquanto seguia até o leito, sentando de frente para ela.

-- Gosto de te olhar... – Estendeu a mã o, baixando o lençol, desnudando os seios. – Tem algo que seduz...

Os mamilos rosados se intumesceram rapidamente. Estavam doloridos, implorando pelas carı́cias de outrora.

-- Por quê ?

A Calligari itava o colo sensual, depois a encarou...Com a costa da mã o, acariciou a face...

-- Deus, como pode ser tã o linda? – Aproximou os lá bios dos dela. – Você tem ideia de como é uma mulher bela,
mimadinha? – Usou o polegar para acariciar o seio direito, fazendo movimentos lentos e circulares. – Você está me deixando
louca...

Aimê prendeu a respiraçã o.

Seria possı́vel já desejar se entregar a ela novamente?

Arrumou os cabelos em um gesto nervoso.

-- Tenho certeza de que você ainda é muito mais...

A major aproximou os lá bios, falando bem pró ximo.

-- Nã o acho que demore a me ver... – Contornou o superior com a lı́ngua. – Acho que vai icar com medo até ...

Viu os olhos azuis se estreitarem em desejo quando nã o permitiu que ela se apossasse de sua boca.

Começou a lhe acariciar as coxas... Sentindo os ralos pelos sob seus dedos...Fazia-o sem pressa, observando as
reaçõ es que causavam na jovem amante.

-- Com a sua carranca? – Provocou-a, arqueando a sobrancelha. – Ou com seu charme de mulher
conquistadora... – Estendeu a mã o tocando-lhe o pescoço, depois sentiu o tecido felpudo.

Inspirou o cheiro pó s-banho.

-- Conquistadora?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê assentiu, enquanto achava as amarras do roupã o, soltando-as.

Mordeu o lá bio inferior quando os dedos começaram explorar seu sexo molhado.

Corou por já parecer pronta para ela mais uma vez...

-- Sim... E isso que você é ... Uma conquistadora... – Suspirou. – Nã o acredito que seja fá cil algué m resistir ao ser
jeito de ı́ndia selvagem. – Pousou as mã os sobre os seios da morena.

Diana itava os dedos longos afagando-a... Continuando sua exploraçã o por um caminho que ainda era novo
para si...

Percebeu-a tensa!

Voltou a encará -la.

-- Eu sou uma canibal... – Esboçou um sorriso grande. – Deveria ter medo de mim... – Colou os lá bios aos dela. –
Poderia comê -la em meu jantar...-- Adentrou o espaço estreito com o indicador...

Percebeu o rosto exibir uma expressã o dolorosa.

-- Relaxe... – Sussurrou roucamente. – Daqui a pouco nã o sentirá mais esse incomodo. – Usou o polegar para
massagear o clitó ris. -- Quer que eu pare?

A jovem negou com a cabeça. Continuava as carı́cias, parecia interessada na maciez da pele da pintora.

Aimê afastou um pouco mais as pernas...

A Calligari aproveitou isso para mergulhar mais longe...Fazendo o caminho e ida e volta incansá veis vezes.

A neta de Ricardo estreitou os olhos... Passou a lı́ngua pelo lá bio superior... Mexendo o quadril no ritmo dela.

Abriu a boca para falar, mas precisou de uma força maior para executar a açã o.

-- Você nã o come pessoa... – Aproximou a cabeça do pescoço da major. – A Sirena falou isso para mim... – Colou
os lá bios naquele ponto. – Pelo menos nã o nesse sentido... Ain...

Diana moveu mais rá pido, adorando o som que provocava. Depois retirou, levando à boca, chupando a essê ncia
dela.

-- E como você acha que eu como? – Chupava pacientemente o mel.

Aimê se sentiu vazia naquele momento, entã o, ousada, tomou-lhe a mã o, levando-a novamente ao seu local
secreto.

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A Calligari extasiou-se com o ato.

-- Me deixaria comer você ? – Invadiu-a novamente.

A neta de Ricardo sentiu uma frieza no estô mago ao pensar em como ela costumava fazê -lo... Como estava
fazendo naquele momento.

Tomou a boca dela para si... Entregando-se a carı́cia pagã ...

Diana fechou os olhos... Adorando os beijos que recebia.

Amava os carinhos e nã o demorou muito para perceber que os lá bios descessem até seus seios.

Ajoelhou-se na cama e fez com que a herdeira de Ricardo izesse o mesmo.

Livrou-se do roupã o totalmente, enquanto tomava a boca de Aimê na sua mais uma vez.

A garota abraçou-a com força, como se temesse que ela fosse para longe de si.

A major gemeu quando a lı́ngua invadiu sua boca de forma exigente.

Nã o havia beijo mais perfeito do que a da inocente menina... Era como se ela dominasse seus sentidos. Fê -lo
com carinho, deliciando-se com o gosto, adorando a forma como as mã os inquietas deslizavam por seu corpo.

-- Sinto meu sabor em seus lá bios, princesa... – Aimê dizia sem fô lego.

A Calligari gemeu quando sentiu o toque em seu sexo...

Afastou as pernas para aproveitar melhor o gesto.

Colou a boca em sua orelha.

-- Eu gosto do seu toque... – Sussurrou em seu ouvido. – Quero muito mais do que isso...

A Villa Real usava o indicador e o dedo maior nos carinhos.

Fazia movimentos circulares, enquanto beijava seu colo.

Diana apenas aproveitava o momento e mais uma vez em seu cé rebro só havia as duas. Nada passava em sua
mente, nada mais do que a paixã o que queimava em seu ı́ntimo.

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Nã o havia dú vidas da inocê ncia da menina, mas mesmo assim ela se guiava por um instinto primitivo, nada era
calculado, mas via em seus afagos a vontade de conhecer, de aprender...

Os lá bios rosados se apossavam de forma deliciosa dos biquinhos excitados, lambia-os e depois usava toda a
boca para subjugá -lo.

Chupando-os como um bebê faminto.

Levou a mã o até a dela, cobrindo-a, guiando-a de forma ainda mais prazerosa.

Aimê levantou a cabeça para ela.

-- Ensine-me a te dar prazer... – Pediu. – Desejo que sinta ainda mais do que senti quando me amou... Desejo
amá -la sem reservas...

Diana a puxou para mais perto de si pela nuca, beijando novamente seus lá bios. Dominando o ato, pois o que
mais queria era prolongar aquele momento, desejava que aquela noite nã o acabasse, desejava que tudo desaparecesse e só
restasse as duas...

Aimê a abraçava forte, deixando-se guiar pela boca daquela mulher que tantas grosserias já tinha dito...

Sentiu uma vontade louca de confessar seu amor naquele momento, mas sabia que nã o seria uma boa ideia,
sabia que ela nã o aceitaria seu sentimento.

Delicadamente empurrou-a, fazendo-a deitar entre os travesseiros.

A Calligari pareceu surpresa e icou esperando pelos pró ximos passos e nã o demorou a Villa Real deitar sobre
seu corpo. Adorou sentir a coxa dela roçar em seu sexo. Esfregava-se em si, mexia-se sobre si.

Recebeu um beijo rá pido nos lá bios, observando curiosamente quando a garota fazia o mesmo com os seios,
poré m de forma lenta, depois com seu abdome e logo chegou ao centro do seu prazer.

Apoiou-se no cotovelo para observar, nã o acreditava que ela seguiria em frente, mesmo que fosse aquilo a coisa
que a pintora mais desejasse em todo o universo.

Aimê beijou a parte externa de suas coxas demoradamente...

Passava a lı́ngua delicadamente pela linha de abertura... Depois forçou mais e Diana se abriu para ela...

A major cerrou os dentes quando a carı́cia icou mais ı́ntima... Inclinou a cabeça para trá s em puro deleite.

A ilha de Otá vio fazia tudo com enorme calma e sempre que a sentia respirar mais rá pido, demorava-se mais
em determinado carinho.

De repente a lambia, esfregando-se ao delicioso mel, de repente replicava a carı́cia que izera na boca da
morena, essa mais forte e determinada.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Aimê ...

O nome foi pronunciado em puro gemido.

A jovem sorriu, continuando a chupá -la, mamando o clitó ris como izera com os seios...

Procurou a mã o da amante, virando a cabeça para ela.

-- Mostre-me como entrar em você ... – Pediu.

A Calligari pareceu ponderar por alguns segundos, mas seu desejo falava bem mais alto agora, entã o, segurou-
lhe a mã o, levando até o centro do seu sexo pulsante.

Fê -la adentrar lentamente e quando a sentiu em seu interior, retirou os pró prios dedos, deixando que ela
seguisse com sua exploraçã o.

Sentiu-a parada, como se investigasse e isso a deixou ainda mais perdida.

A carne implorava por mais...

Moveu o quadril e logo os olhos azuis se voltaram para si...Enquanto a boca voltava a depositar beijos em seu
ı́ntimo.

-- Eu gosto do seu sabor... Seu cheiro de mulher... – Bebia o mel delicadamente. – Meu corpo reage a isso... –
Começava a retirar os dedos e logo adentrava novamente, indo e vindo... – Gosta assim, princesa?

Diana levou a mã o à boca, incando os dentes nela.

Mesmo assim, ainda sussurrava alto seu prazer, temendo que logo perdesse a total consciê ncia.

Chamou por ela... Chamou novamente... Gemia o nome da amante...

Gemeu alto quando percebeu que nã o era mais os dedos que a fundia, mas a lı́ngua da amada que assumia a
tarefa deliciosa.

Mexeu mais rá pido o quadril... Seguia ao encontro dela... Dava-se a ela por completo...

Agarrou-se aos lençó is, trazendo a mulher para cima de si.

-- Goze comigo, Aimê , sinta o prazer que nos une... Sinta meu sexo implorando pelo seu...

A menina assentiu, enquanto colava os lá bios aos dela, abrindo-se, encaixando-se, rebolando.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Era possı́vel ouvir a respiraçã o de ambas, alta, cansada, rá pida...

Diana girou, deitando-se sobre ela, abrindo-a para si, unindo-os, molhados e viçosos de prazer.

Mexia com força... Desejando se fundir nela para sempre...

Aimê cravou as unhas nos ombros da major.

-- Diana... Diana... Diana... – Chamava por ela entre gemidos. – Por favor...

Nã o demorou em que as duas explodissem mais uma vez em um orgasmo poderoso... Mais forte e intendo do que o
anterior.

A Calligari desabou sobre o corpo da amante, nã o tinha forças para sair dali, na verdade, nã o queria se afastar por
nada.

Fechou os olhos, perdendo-se nela...

Antô nia andava de um lado para o outro.

Voltara para o quarto tarde naquela noite e nã o encontrou Aimê na cama que ocupava consigo.

Pensou em avisar à sobrinha, mas acabou desistindo, pois sabia que seria um motivo a mais para a pintora perder a
calma com a garota.

Decidiu ligar para Vanessa. Demorou algum tempo, até que a empresá ria atendesse.

-- Perdoe-me o horá rio, ilha, mas estou desesperada.

Vanessa itou o reló gio da cabeceira.

Duas horas da madrugada.

-- O que houve, Dinda? – Questionou com voz rouca de sono. – Aconteceu algo com a Diana?

-- Nã o, ela está bem, mas é que a ilha de Otá vio sumiu!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A empresá ria sentou-se, alarmada.

-- Como assim?

-- Eu estive fora boa parte da noite, fui jantar com um casal de amigos e quando retornei, iquei lendo na biblioteca,
entã o quando subi, imaginei que a menina dormia como deveria ser, mas nã o, ela nã o está aqui!

-- Procurou por todos os lugares? Avise a Diana, ela precisa saber, pois algo de ruim pode ter acontecido.

Antô nia levou a mã o ao peito.

-- Deus, você está certa!

Abriu a porta, seguindo com o telefone na orelha.

Parou diante da porta da sobrinha e já ia abrir quando ouviu gemidos e sussurros.

Ficou rubra.

-- Entã o, Dinda, está no quarto da Di? Acorde-a e relate o ocorrido.

Antô nia apurou mais os ouvidos.

-- Acho que ela está acompanhada! – Sussurrou baixinho se afastando.

-- Como assim? Ela nã o costuma levar mulheres ao apartamento a menos que...

-- Nã o, eu nã o posso acreditar! – Cobriu a boca com a mã o. – Como?

Antô nia seguiu novamente até os aposentos.

A empresá ria sabia muito bem da paixã o que a major sentia pela ilha de Otá vio, mas nã o imaginava que depois do
que tinha se passado, Aimê cederia ao charme da morena.

Suspirou.

-- Aimê nã o teria como sair daı́, seria impossı́vel, ainda mais porque tem seguranças guardando o apartamento.

-- Sim, você está certa... – Sentou na cama. – Perdoe-me por ter te acordado, ilha, volte a dormir.

-- A senhora també m precisa descansar, Dinda, se está acontecendo o que imaginamos, nada poderá ser feito
contra, apenas esperaremos o que se passará quando o sol nascer.

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-- Sim, você está certa... – Disse entre suspiros. – Boa noite, querida, descanse. – Despediu-se.

Colocou o aparelho no lugar, permanecendo quieta, ponderando sobre o que acabou de descobrir.

E agora?

Diana despertou com a claridade do sol invadindo o quarto.

Estendeu o braço para abraçar Aimê , mas ela nã o estava mais ali.

Chamou por ela, mas nã o recebeu resposta.

Apoiou-se no cotovelo, itando tudo ao redor, mas nã o havia sinal da garota.

Levantou-se, seguindo até o banheiro, mas nã o havia nada que denunciasse a presença da amante.

Passou a mã o pelos cabelos em desalinhos.

Seguiu até os lençó is, tomando um dos tecidos delicados em suas mã os, levou ao nariz, cheirando, deliciando-se
com o aroma dela que ainda estava ali.

Fitou o leito e viu a pequena mancha de sangue...

Suspirou alto.

Ouviu batidas na porta.

Imaginou que pudesse ser ela.

Sorriu.

-- Diana, você está aı́?

A pintora reconheceu a voz da empresá ria, decepcionando-se.

Observou a porta.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Entre! – Ordenou.

Vanessa observou a mulher totalmente nua.

Nã o era a primeira vez que a via daquele jeito e a major nunca se importava de se expor.

Viu-a seguir até o banheiro e retornar usando um roupã o preto.

Aproveitou que estava sozinha para analisar o quarto.

A cama estava uma verdadeira bagunça, algumas roupas jogadas pelo assoalho.

Viu o cobertor sujo de sangue.

Diana retornou.

-- O que quer aqui? – Questionou cruzando os braços sobre os seios. – Nã o me lembro de pedir sua presença.

A empresá ria estendeu o lençol para ela.

-- Está pintando na cama? – Indagou com a sobrancelha arqueada. – Nã o acredito que seu casamento foi
consumado!

A Calligari tomou a coberta das mã os dela.

-- Isso nã o é da sua conta! – Retrucou irritada. – Diga de uma vez o que veio fazer aqui e saia! Nã o estou com
paciê ncia para suas brincadeiras!

Vanessa caminhou, sentando na poltrona, itou com ar de riso o sutiã jogado lá .

-- Para quem teve uma noite maravilhosa, você nã o demonstra muito bom humor. – Deu um sorriso ao ver a cara de
irritaçã o. – Vim buscar Aimê , temos que fazer alguns exames.

Os olhos negros se estreitaram.

-- Onde ela está ?

A empresá ria icou a imaginar o que tinha se passado para a artista está tã o intratá vel depois de ter conseguido o
que tanto queria.

-- No quarto, lindamente arrumada! – foi até a pintora.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A empresá ria observava o pescoço com atençã o.

-- Você tem uma exposiçã o à noite, acho que vai precisar de um cachecol...

Diana deu de ombros.

-- Tomarei um banho e eu mesma levarei Aimê ao mé dico!

Vanessa apenas assentiu com um sorriso misterioso.

A Villa Real estava na sala.

Tomara o desjejum na companhia de Antô nia, permanecendo quieta durante todo o tempo.

Sabia que a tia de Diana percebeu que nã o dormira no quarto e isso a deixava envergonhada.

Será que ela imaginava que tinha icado com sua sobrinha?

Quando despertara cedo, deixou o quarto, pois sabia que nã o tinha mais nada para falarem... Na verdade, temeu o
desprezo da Calligari, pois isso seria terrı́vel de suportar depois de tudo que viveram.

Mordiscou o lá bio inferior ao se lembrar de tudo o que tinha se passado.

Meneou a cabeça tentando se livrar daqueles pensamentos, pois só em pensar nisso trazia as lembranças da noite
anterior.

O cheiro dela, a forma como se movia... As sensaçõ es que sentia quando era tocada...

De onde tirara a coragem para agir daquele jeito?

Remexeu-se no sofá , sentindo um arrepio na espinha.

-- Você está bem, querida? – Antô nia a percebia inquieta.

A jovem fez apenas um gesto a irmativo com a cabeça.

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Dinda viu quando a garota retornou para o quarto e imaginou se Diana a tinha ajudado a chegar lá , mas decidiu
ingir que dormia para nã o constrangê -la.

-- Está com saudade dos seus avó s? – Questionou tomando um pouco de café . – Imagino como deve ser difı́cil para
você icar longe deles.

Aimê permaneceu em silê ncio por alguns segundos até que falou:

-- Sim, ico preocupada ao saber se estã o bem, se estã o em segurança... Gostaria de vê -los, de falar com eles...

-- Por que ainda ica com essas dú vidas se eu já disse que tomaria as providê ncias para que o casal Villa Real
estivessem seguros? – Indagou aborrecida.

A voz forte e irme da Diana pô de ser ouvida.

A pintora descia as escadas.

Usava terninho preto e calça jeans preta justa, camisa branca e sapatos fechados de salto alto. Os cabelos estavam
soltos, bem penteados.

Vanessa seguia atrá s, percebendo como Aimê pareceu surpresa ao ouvir a voz da major.

Os olhos de Diana focaram-se na ilha de Otá vio.

Aimê usava um vestido azul na mesma cor dos seus olhos, tendo cumprimento até um pouco acima do joelho. Justo
e com um decote discreto. També m usava um terninho creme sobre os ombros nus e um cinto em sua cintura. As madeixas
longas també m estavam soltas.

Deu de ombros, sem conseguir esconder a irritaçã o.

A pintora foi até Antô nia depositando um beijo em seu rosto.

-- Levarei Aimê ao mé dico e quando retornar a deixarei no aeroporto.

Dinda ainda abriu a boca para protestar, mas sabia que seria uma discussã o inú til.

Apenas assentiu.

-- Pensei que a Vanessa me levaria! – Aimê questionou.

Diana nã o respondeu, indo apenas até ela e levantando-a delicadamente por suas mã os.

A ilha de Otá vio teve a impressã o que uma corrente elé trica passava por seu corpo.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Vanessa precisará resolver umas coisas para mim! – Disse de forma seca. – Agora vamos indo ou nos
atrasaremos!

Aimê nada disse, apenas se deixando conduzir por aquela mulher que mexia tanto com seu emocional.

Percebia que estava aborrecida, notava isso pelo silê ncio e a forma que lhe olhava. Tentou nã o prestar atençã o
nesse detalhe, concentrando-se nos exames que faria naquele dia.

Se tudo desse certo, nã o demoraria a ser submetida à cirurgia e poderia voltar a enxergar.

Essa ideia enchia seu peito de esperança.

Seguiram até o elevador.

Vez e outra Diana a observava com atençã o. Estava irritada, furiosa por ter sido abandonada na cama depois da
noite de amor que tiveram.

Passou a mã o pelos cabelos, ajeitando-as por trá s da orelha.

A Villa Real permanecia quieta, seu rosto trazia o vermelho já caracterı́stico. Sentia o olhar acusador sobre si.

A Calligari a encarava e de repente apertou o botã o para manter o elevador parado.

Fitou a jovem por alguns segundos, depois foi até ela, segurando-a pela nuca, colando os lá bios nos seus.

A herdeira de Ricardo foi pega de surpresa, mas correspondeu ao beijo com paixã o igual.

A morena a pressionou contra a parede do elevador.

Aimê permitiu que ela se apossasse de sua lı́ngua e gemeu quando ela colocou mais pressã o.

Gemeu quando sentiu as mã os passeando por seu corpo. Acariciando seus seios despudoradamente.

-- Por que me deixou sozinha no quarto? – Diana perguntou depois de um longo tempo. – Quem pensa que é para
agir assim?

A Villa Real sabia que ela estava chateada. Sentiu isso no carinho grosseiro que recebeu.

Respirou fundo, tomando coragem para falar.

-- Nã o sei se seria uma boa ideia acordar ao seu lado... Ainda mais quando sei que... –Umedeceu o lá bio superior. –
Apenas nã o acho que seja uma boa ideia... – Disse por im.

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A ilha de Alexander nã o pareceu gostar da explicaçã o. Fitou os olhos azuis, a pele branca...

Respirou fundo.

-- Boa ideia? – Arqueou a sobrancelha em desdé m. – E o que seria uma boa ideia para ti, mimadinha? Eu arrancar
sua roupa nesse momento e fazer sexo diante das câ meras de segurança parece uma boa ideia?

A jovem engoliu em seco.

Por que aquela frase grosseira a deixava em brasas?

Virou a cabeça para o lado, tentando fugir daquele encanto.

Diana encarou novamente Aimê , mas percebia que o melhor seria manter a calma.

Bateu com o punho fechado contra o painel do elevador e logo a má quina voltou a se movimentar.

Ao chegarem ao subsolo, as portas se abriram.

Diana segurou a mã o da esposa e caminhou ao lado dela até ao estacionamento.

Viu quando os seguranças a viram, cumprimentando-a com um gesto de cabeça.

Ignorou-os.

Sua paciê ncia naquele dia estava escassa.

Abriu a porta, ajudando a garota a se acomodar no banco da frente e logo fez o mesmo, dando partida
imediatamente.

Nã o entendia a razã o de ter icado tã o triste por despertar sozinha. Teve a impressã o que aquele vazio tinha
voltado e se instalado dentro de si. Era como se tudo o que viveram nã o passasse de um devaneio de sua cabeça.

Ainda pensou em falar algo, mas percebeu que o melhor seria icar em silê ncio ou teriam uma discussã o feia.

Observou o retrovisor e viu os carros dos seguranças logo atrá s de si.

Ligou o rá dio, permitindo que a mú sica pudesse acalmá -la, entã o de repente ouviu a deliciosa acompanhante
cantarolar baixinho a melodia.

Fitou-a de soslaio.

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Parou no sinal vermelho e pô s-se a observar tudo ao redor.

O luxo de carros estava pouco. O dia estava claro, o sol nã o parecia ter empecilhos para brilhar naquela manhã .

Voltou a seguir pela avenida e nã o demorou a estacionar diante do enorme pré dio.

A Calligari desceu, deu a volta, ajudando a jovem a fazer o mesmo, tomou-lhe a mã o, seguindo ao lado dela.

Aimê sentia as mã os suarem, estava tã o nervosa que tropeçou e só nã o caiu porque Diana foi rá pida, segurando-a
por trá s.

-- Cuidado ou vai acabar se machucando. – Repreendeu-a, enquanto a mantinha em seus braços.

-- Obrigada! – Agradeceu descolando o corpo do dela.

A Villa Real nada disse e logo chegavam ao andar onde seria submetida aos exames.

Uma enfermeira veio buscá -la, enquanto a major icou sentada na recepçã o, folheando uma revista.

Ouviu o celular tocando, abriu a bolsa, retirando o aparelho.

Observou o nú mero...

-- Alô !

Houve um silê ncio e depois reconheceu o sotaque.

-- Como vai, Diana Calligari?

A major se levantou.

-- Sabia que nã o demoraria em tentar contato. – Apertou forte o aparelho. – Seu tempo de reinado está chegando ao
im.

A gargalhada sá dica chegou aos seus ouvidos.

-- Apesar de ter me feito de bobo muitas vezes, ainda mais quando entrou no meu acampamento, levando embora a
minha refé m... Nã o guardo má goas e estou disposto até a te perdoar.

O maxilar da morena enrijeceu.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Nã o perdõ es de desgraçados como você ! – Falou por entre os dentes.

-- Nem mesmo se eu te mostrar os ú ltimos momentos do seu papai em vida... Ou a conversa interessante que ele
teve com o Otá vio antes de morrer... – Deu uma pausa. – Eu nã o vou pedir muito... Apenas quero cada um dos Villas Real...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Capitulo 21 por gehpadilha

Notas do autor:

Peço desculpas por nã o ter postado na quinta, mas fui acometida por uma
terrı́vel enxaqueca e precisei icar um pouco de molho...

Beijos e tenham um ó timo domingo :)

Diana ouviu o celular tocando, abriu a bolsa, retirando o aparelho.

Observou o nú mero... Nã o reconheceu, mas se mostrou curiosa naquele momento.

-- Alô !

Houve um silê ncio e depois o sotaque conhecido e odioso pô de ser ouvido:

-- Como vai, Diana Calligari?

A major se levantou.

Desgraçado!

-- Sabia que nã o demoraria em tentar contato. – Apertou forte o aparelho. – Seu tempo de reinado está chegando ao
im.

A gargalhada sá dica chegou aos seus ouvidos.

-- Apesar de ter me feito de bobo muitas vezes, ainda mais quando entrou no meu acampamento, levando embora a
minha refé m... Nã o guardo má goas e estou disposto até a te perdoar.

O maxilar da morena enrijeceu.

-- Nã o preciso de perdõ es de desgraçados como você ! – Falou por entre os dentes. – Acredite que ainda nã o
resolvemos nossas contas... – Usava o tom baixo, controlado e frio. – Ainda teremos o nosso momento!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- E pretende que a polı́cia faça isso? Acha mesmo que eles me segurarã o por muito tempo?

Nã o, ela nã o desejava que as autoridades colocassem as mã os neles, queria esse privilé gio para si, por essa razã o
seguia com as pró prias investigaçõ es.

-- Eu te matarei lentamente, até que pague tudo o que fez.

-- Por que nã o o fez entã o quando esteve na loresta? Com certeza estive em sua mira por um bom tempo. –
provocou-a. – Otá vio costumava dizer que você tinha muitas camadas de dama, mas que no fundo sempre agia com os seus
descendentes selvagens...Entã o o que se passou dessa vez?

Diana respirou fundo, virando-se para a direçã o por onde Aimê seguiu acompanhada da enfermeira.

Lembrou-se da foto que viu pela primeira vez no escritó rio de Ricardo...

Meneou a cabeça em irritaçã o.

Sim, naquele dia poderia ter matado o maldito bandido, poderia ter acabado de uma vez com o desgraçado que
izera parte de toda aquela só rdida histó ria, poré m algo a deteve, algo mais poderoso do que seu ó dio começou dentro de si
naquele momento.

-- Mas eu nã o liguei para isso, querida. – Dizia em total sarcasmo.

-- Nada que me fale interessa, apenas saiba que logo nossos caminhos se cruzarã o...

Antes que a major desligasse, ele falou rapidamente.

-- Nem mesmo se eu te mostrar os ú ltimos momentos do seu papai em vida... Ou a conversa interessante que ele
teve com o Otá vio antes de morrer... – Deu uma pausa, investigando se ela ainda estava em linha. – Eu nã o vou pedir muito...
Apenas quero cada um dos Villas Real...

Diana seguiu até a janela enorme de vidro, observava tudo ao redor.

Teve a impressã o que levava um soco forte no abdome.

Tentou respirar lentamente, temendo que o ar nã o chegasse aos seus pulmõ es.

Alexandre se suicidara por nã o aguentar a vergonha a que seu sobrenome fora submetido e isso ainda perseguia a
major dia a dia.

-- Do que está falando? Nã o há nenhum registro da morte do meu pai... – Disse por entre os dentes.

-- Aı́ que você se engana, querida, eu mesmo gravei os ú ltimos suspiros do grande Alexander... Homem corajoso,
você tem a quem puxar... Mesmo que seja menos civilizada, creio que é herança da sua mã e ı́ndia! – Terminou a frase com

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escá rnio.

Os olhos negros se estreitaram em ó dio.

-- Como conseguiu meu telefone? Nã o acredito nas suas palavras!

-- Deveria acreditar e recordar de que mais uma vez quem chegou primeiro na cena de suicı́dio foi Ricardo... Você
tem certeza de que acredita nele? Você está aı́ agora, numa clı́nica, querendo devolver a visã o a bela Aimê , os Villas real te
izeram sentir culpada mesmo... Nã o sabia que você tinha outras culpas, alé m da que carregava pelo suicı́dio do seu pai. –
Debochou.

Mais uma vez a Calligari observava ao redor com atençã o.

Ele a estava vigiando, sabia dos seus passos.

Uma sensaçã o de medo voltou a lhe assombrar, mas nã o por si, mas pela ilha de Otá vio.

Instintivamente lembrou-se da pistola que sempre levava consigo.

Passou as mã os pelos cabelos em ato contı́nuo.

Algo dentro de si estava bastante agitado.

Poderia també m ter se tratado de uma mentira?

-- Eu só quero acertar as contas com essa famı́lia maldita... E ter a Aimê de brinde, acho que mereço!

A major bateu com o punho fechado contra a parede de concreto.

Ouvir o nome da bela de olhos azuis e tirou dos seus pensamentos con lituosos.

-- Se tocar nela, estripo você com uma faca de pã o! – Falou com os dentes cerrados. – Está avisado!

Crocodilo estranhou as palavras, mas achou melhor desligar rapidamente, deixando que a pintora pensasse.

Retirou o chip, quebrando e jogando fora.

O primeiro passo tinha sido dado!

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Diana olhava para o aparelho celular com o cenho franzido.

Passou a mã o pela tez e icou a imaginar se aquilo que fora dito tinha alguma verdade.

Crocodilo era um homem cruel e perigoso, mas sempre achara Otá vio ainda pior nesses quesitos.

Voltou a observar a rua, como ele sabia que estavam ali? E o que ele poderia mostrar sobre a morte de Alexander?

Mordiscou o lá bio inferior.

Teria Ricardo també m mentido nesse sentido?

Seria capaz de matá -lo dessa vez!

Voltou à recepçã o e teve uma incontrolá vel vontade de ir direto falar com o general e esclarecer tudo de uma vez
por todas.

Sim, era isso que faria, entã o observou o corredor por onde Aimê seguiu acompanhada da enfermeira.

Caminhou com passos irmes até a mulher de cerca de trinta anos e aparê ncia simpá tica que parecia compenetrada
diante do computador.

-- Quanto tempo vai demorar esses exames? – Indagou aborrecida.

A loira observou a pintora por alguns segundos, reconhecendo-a.

-- Provavelmente uns trinta minutos! – Disse simpaticamente. – Está com algum problema? Posso ajudar?

A Calligari nem mesmo respondeu e já pegava o celular discando um nú mero freneticamente

Afonso fora o homem designado a investigar todos os novos fatos e esclarecer tudo o que realmente aconteceu.

Mostrava-se um homem digno e bastante interessado no caso, ainda mais por ter conhecido Alexander desde que
eram apenas adolescentes.

Contou-lhe sobre a ligaçã o que recebeu e as insinuaçõ es por parte do bandido.

-- Ele pode estar jogando, querendo que retire sua proteçã o. – O homem dizia. – Nã o acredito que haja verdade nas
palavras dele. Mandarei mais alguns homens para proteger você .

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Diana deu de ombros.

-- E como pode ter certeza disso? – Questionou impaciente. – A inal, Ricardo mentiu diante de todos inú meras
vezes, por que seria diferente agora?

-- Deve manter a calma, estamos seguindo com os interrogató rios e nã o só ele como a esposa se mostram
prestativos em contar tudo o que se passou.

A morena praguejou baixo.

-- Você s precisam pegar esse bandido, só assim poderemos descobrir se o que ele fala é verdade ou mentira!

-- Nó s iremos pegá -lo, apenas peço que se mantenha afastada, nã o se engane e també m nã o dê nenhum passo sem
meu conhecimento.

A Calligari nada disse, enquanto encerrava a chamada.

Voltou a sentar na cadeira, mas agora nã o conseguiu se distrair vendo as revistas.

Como poderia deixar tudo nas mã os daqueles imbecis, a inal, foram eles que passaram toda aquela histó ria
acreditando no heroı́smo de Otá vio.

Passou as mã os pelos cabelos, pensando se haveria alguma verdade em tudo aquilo.

Sentia um misto de fú ria e a preensã o em seu peito.

Esboçou um sorriso amargo.

O miserá vel queria realmente Aimê , disso nã o havia dú vidas e pelo que percebeu ele estava disposto a ousar ainda
mais para tê -la.

Desgraçado!

Ele nã o se aproximaria dela, jamais encostaria um dedo sujo na jovem Villa Real, nem que para isso tivesse que
entregar a pró pria vida.

Recostou a cabeça para trá s, fechando os olhos.

Ainda acabaria louca e tudo por culpa da menina de olhos da cor do cé u e sua maldita famı́lia.

Começou a massagear as tê mporas, tentando aliviar a tensã o que passava por todo seu corpo.

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Estava com vontade de voltar para a selva, embrenhar-se naquela mata e permanecer lá , apenas observando o
tempo passar, talvez assim conseguisse fugir daquela agitaçã o.

Observou o reló gio, o tempo parecia congelado.

O lugar estava vazio naquela á rea, tudo em perfeito silê ncio.

Abriu a bolsa e praguejou mais uma vez ao perceber que seu caderno de desenho nã o estava ali.

Precisava pensar em como deveria agir diante dessa nova ameaça, nã o pouparia esforços para proteger a ilha do
bandido que desgraçara seu destino.

Ouviu passos e para seu alı́vio, Aimê retornava em companhia da sorridente enfermeira.

Por que a presença da jovem mexia daquele jeito com seus sentidos?

Transara com muitas mulheres em sua vida, mas nenhuma tocara de forma tã o ı́ntima em si.

Desejou abraça-la forte, sentindo-a em seus braços, deliciando-se com seu cheiro, com seu sabor inigualá vel.

Irritou-se com aqueles pensamentos. Levantou-se, indo até elas.

-- Amanhã mesmo o doutor verá os exames e creio que em menos de um mê s poderá fazer a cirurgia.

-- Por que todo esse tempo ainda? – Diana questionou impaciente. – Nã o como isso ser feito antes?

Aimê teve que morder a lı́ngua para nã o rir, pois sabia que esperar nã o deveria ser algo que constasse como
qualidade no dicioná rio da major.

-- Como a senhora sabe, o doutor está sempre viajando e o tempo é pouco. – A enfermeira justi icava constrangida.

-- Pergunte a ele onde estará e eu farei questã o de levar a Aimê até ele, assim nã o teremos um processo tã o
demorado. – Segurou a mã o da garota. – Tenha um bom dia, senhora.

A Villa Real sorriu em simpatia, enquanto seguia de mã os dadas com aquela mulher de temperamento tã o forte.

Caminhavam em silê ncio e em passos lentos.

Aimê sentia a tensã o da morena e pensava se ela ainda estava remoendo o fato de ter despertado sozinha na cama.

Ao entrarem no elevador, permaneceram caladas e mais uma vez a ilha de Otá vio se sentiu inclinada em falar com
a major.

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As mã os que nã o abandonavam as suas, eram irmes...

Corou ao recordar de como aqueles dedos sabiam ser delicados...

Suspirou, lembrando-se dos lá bios sobre os seus, do abraço forte... Daquele cheiro que a enlouquecia...

Tentou se livrar do contato.

-- Fique quieta! – Diana ordenou.

Aimê ainda pensou em retrucar, mas decidiu permanecer quieta, desejando que o mais rá pido possı́vel pudesse
chegar ao apartamento e trancar-se em seu quarto para fugir daquela mulher.

Chegando à saı́da, Diana mais uma vez observou com atençã o os arredores, viu os seguranças à espreita e
rapidamente seguiu até o carro.

A Villa Real se manteve em silê ncio por alguns segundos até que pareceu perder a calma quando a Calligari
esbravejou com um dos guarda-costas por percebê -lo distraı́do.

-- Você nã o precisa agir com tanta impaciê ncia com os outros, ainda mais se o alvo da sua irritaçã o sou eu.

Diana nã o respondeu de imediato, esperando o farol icar vermelho para fazer isso.

Levou a mã o até a coxa da garota.

Fitou-a.

Por que sempre parecia ser uma tarefa quase impossı́vel mirá -la?

Observou o per il bonito e delicado, os lá bios rosados...

Suspirou impaciente.

-- Se quiser, mando lores e um pedido de desculpas! – Ironizou. – Que pena nã o podermos ir à sua loricultura para
que você mesma prepare um lindo buquê . – Desdenhou.

-- Iria à falê ncia se tivesse que mandar lores para todos que trata mal. – Respondeu baixinho.

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Diana estreitou os olhos, mas nã o conseguiu esconder o sorriso.

Aimê falava de uma forma tã o natural e calma que deixava o sarcasmo imperceptı́vel.

A Calligari seguia pela movimentada avenida.

Sua mente ainda estava presa à s palavras de Crocodilo.

Teria ele realmente esse vı́deo?

Se assim o fosse, o que descobriria se pudesse por as mã os nele?

Será que seu pai també m tinha sido vı́tima de Otá vio?

Apertou forte o volante, tentando controlar a ansiedade e as descon ianças que foram plantadas em seu ı́ntimo.

Seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Aimê :

-- Diana...—Começou hesitante – Quero muito ver meus avó s... Preciso saber se estã o bens, preciso conversar com
eles, necessito disso...

A morena nã o respondeu prontamente, pois sabia que seria arriscado levar a jovem ao seu desejado de destino,
a inal, Crocodilo estava à espreita.

Observava o tempo todo pelos retrovisores, prestando atençã o em todos os carros que movimentavam a avenida.

Mesmo diante da grande escolta, nã o sentia segurança, sabia que algué m estava repassando informaçõ es para o
bandido e isso a deixava com os dois pé s atrá s.

Nã o poderia baixar a guarda como izera um dia...

Fez a ú ltima curva, antes de chegar na á rea tranquila e arborizada onde icava seu apartamento.

Seguiu para o pré dio, entrando no estacionamento subterrâ neo.

Viu quando os carros que faziam a escolta estacionaram ao lado do seu e os homens armados desceram
examinando o lugar.

Havia poucos veı́culos no estacionamento e tudo parecia bastante tranquilo

Os seguranças izeram um gesto positivo para a major, depois se colocaram em lugares estraté gicos.

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Diana nã o parece interessada em deixar o automó vel naquele momento.

Livrou-se do cinto, depois se virou para a acompanhante. Desejou beijá -la, mas acabou desviando o olhar,
contendo a vontade.

Respirou fundo, voltando a itá -la.

-- Pró xima vez que transar comigo, vai acordar ao meu lado. – Disse por entre os dentes. – Você foi cruel ao me
deixar despertar sozinha.

Aimê umedeceu os lá bios.

Sentiu um arrepio na nuca e uma pressã o no abdome.

Engoliu em seco, enquanto se mexia no assento.

Sabia que em algum momento daquele dia voltaria a ser confrontada por isso e vá rias vezes ensaiara o que falaria
quando a hora chegasse, mas agora parecia que algo empatava que as palavras saı́ssem.

Assustou-se quando a Calligari se inclinou para livrá -la do cinto e quase sufocou com o cheiro dela tã o pró ximo.

Só conseguiu falar quando ela se afastou.

-- Nã o vamos mais fazer isso... – Disse rapidamente. – Nã o podemos e nem devemos...

Diana depositou a mã o nas coxas nuas delas, enquanto se aproximava ainda mais.

-- Aimê , agora você realmente é a minha esposa, é a minha mulher... Entã o nã o vejo sentido em fechar a porteira
depois que os bois invadiram.

A Villa Real pareceu chocada com os termos que a pintora utilizou.

Livrou-se do toque.

-- Eu nã o tenho uma porteira, major, e nã o teremos mais nada, assim será melhor para nó s duas.

O rosto da Calligari demonstrava nã o apenas irritaçã o naquele momento, mas també m decepçã o e tristeza.

-- Entã o por que se entregou? Por que permitiu que te tocasse se depois me negaria novamente. – Indagou
baixinho. – Está fazendo joguinhos comigo? Ontem praticamente implorou para que eu a tomasse e agora me vem com isso? –
Esbravejou.

A Villa Real parecia uma está tua, apenas sua respiraçã o denunciava que havia vida naquele corpo.

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-- Nã o faço joguinhos... Apenas é uma decisã o eu tomei e gostaria que respeitasse.

-- Nã o gostou? Eu a feri? --Diana cerrou os dentes, enquanto desviava o olhar.

Aimê manteve a cabeça baixa.

Nã o desejava falar sobre aquele assunto, pois sentia um nó na garganta e uma vontade enorme de chorar ao
pensar em tudo que sentia.

Ambas pareciam mergulhadas em seus pensamentos, perdidas em seus desejos, em seus medos.

Sabiam que havia muita coisa entre elas e pareciam nã o saber nem mesmo o que sentiam.

-- Diana... – Falou baixinho.

Mas a Calligari pareceu nã o ouvir, deixando o carro, abriu a porta para ela.

Tomou-a delicadamente pelo braço, mas nã o a soltou, pressionando-a contra o veı́culo.

-- Eu nem vou pedir ou fazer esforço para que vá para a minha cama... – Mirou-lhe os olhos azuis. – Você fará sua
escolha novamente. – Observou os lá bios entreabertos. – Nã o te levarei para ver seus avó s, nã o é seguro...

Aimê espalmou as mã os contra os seios dela, tentando manter distâ ncia, mas acabou sentindo a maciez do colo.

-- Tenho medo que aconteça algo com eles!

Diana a encarava.

Mordiscou o lá bio inferior.

-- Nada vai acontecer a eles, estou tomando as providê ncias para isso.

De repente um pensamento começou a preocupar a garota naquele momento.

-- E você també m está cuidando da sua pró pria segurança? – Indagou preocupada. – Sabe que esses homens
també m estã o a sua procura.

-- A minha segurança cuido eu. – Fez sinal para que os homens se aproximassem. – Levem-na para o apartamento.

-- Mas... – Abriu a boca para protestar.

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Diana se aproximou, sussurrando em seu ouvido.

-- Eu tenho umas coisas para resolver, mas à noite estarei em casa... Hoje começarei a te pintar, a inal, temos um
trato...Desse nã o abrirei mã o!

Antes que Aimê pudesse falar algo, a pintora voltou para o interior do veı́culo.

-- Venha comigo, senhorita. – O segurança tomou a mã o da jovem, afastando-a.

A Villa Real ouviu o som do veı́culo se afastar e continuou apreensiva, enquanto seguia ao lado do homem.

Vanessa estava na sala do apartamento.

Acabara de receber uma ligaçã o da Calligari.

Encontrar-se-ã o direto na exposiçã o, pois havia outras coisas para a morena resolver. També m pediu para que
acompanhasse Antô nia até o aeroporto e permanecesse com ela até o embarque.

Antes que pudesse processar as informaçõ es a campanhia tocou.

Foi até a porta e abriu, deparando-se com Aimê .

-- Entre, querida! – Ajudou-a, dispensando o homem forte que a trouxe. – Por que a Diana nã o subiu? – Indagou,
enquanto fechava a porta. – Aconteceu algo?

A Villa Real nã o respondeu, apenas permaneceu quieta.

Vanessa a itava com atençã o, sabia que havia algo a mais entre elas, tinha certeza de que a jovem estava
apaixonada pela Calligari.

Ajudou-a a sentar.

-- Aconteceu algo? – Tomou-lhe as mã os nas suas. – Diana fez algo contigo? Brigaram? – Questionava preocupada.

-- Nã o, apenas ela disse que tinha coisas para resolver.

Vanessa nã o gostava de se intrometer na vida alheia, mas era difı́cil nã o fazer quando se tratava de algué m que
amava como uma verdadeira ilha, a inal, a pintora sempre fora muito especial para si.

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Passou algum tempo a itando.

Pensava como poderia abordar o delicado assunto.

Depois de longos segundos, pareceu tomar coragem.

-- Aimê ... – Começou relutante. – Eu sei que serei intrometida agora, mas preciso que me responda algo.

Os olhos azuis se voltaram para a empresá ria.

-- O que quer saber? – Perguntou em um io de voz, enquanto mexia nas mã os inquietamente.

-- A Diana te obrigou a icar com ela ontem?

A pele branca da garota parecia sofrer uma verdadeira hemorragia naquele momento.

Baixou a cabeça e só depois de uma longa pausa, voltou a levantá -la.

-- Nã o... Ela nã o me forçou a nada – Respirou fundo -- na verdade, ela nem mesmo queria.

Vanessa pareceu chocada com o que ouvia.

De que aquela menina estava falando?

-- Como assim?

Aimê se levantou.

-- Nã o desejo falar sobre isso!

A empresá ria a deteve pelo braço de forma delicada.

-- Apenas me diga por que se entregou a ela.

A Villa Real permaneceu em silê ncio por fraçõ es de segundos.

Sua mente criava teorias e desculpas naquele momento, como se assim pudesse se explicar o que se passava em seu
ı́ntimo.

Respirou fundo novamente.

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-- Me entreguei porque a amo... – Levantou a cabeça demonstrando orgulho. – Sei que a Diana sente desejo por
mim, ela demonstra isso há muito tempo, entã o apenas decidi que mesmo que nunca icá ssemos juntas, gostaria de saber
como seria ser amada por ela.

Vanessa parecia pasma.

A boca estava aberta em demonstraçã o do total espanto que se apossou de si.

Nã o que duvidasse de que algué m pudesse se apaixonar pela Diana. Isso acontecia com frequê ncia, poré m o que
nã o conseguia entender era como aquela jovem tã o doce e delicada se interessa por algué m que só agia com grosseria o
tempo todo.

Fechou a boca.

-- Gostaria de ir para o quarto, estou com dor de cabeça. – Aimê pediu. – Por favor, nã o comente nada disso com ela.

A empresá ria assentiu, auxiliando-a e curiosa para fazer outros questionamentos, mas sabendo que o melhor seria
deixá -la quieta.

Ricardo sentou-se à mesa para almoçar.

Passara toda a manhã sendo submetidos a interrogató rios.

Clá udia sentou ao lado dele, tomando-lhe a mã o.

-- Tudo vai terminar bem, a Diana está cumprindo tudo o que prometeu.

O general assentiu, mas nã o parecia muito seguro.

Sabia que cometera sé rios crimes e isso seria prejudicial.

-- Os advogados estã o me orientando a dizer que nã o contei a verdade porque temia pela segurança da minha neta.

A aconchegante sala de jantar tinha uma mesa redonda para quatro pessoas.

O lugar nã o era tã o simples, pois havia bastante luxo e seguranças para protegê -los.

Havia uma porta de vidro que dava direto para a varanda.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Toda mobı́lia na cor branca e preta.

O general tomou um pouco de á gua, enquanto itava a esposa.

-- Sim, eu quis proteger você s, tanto que perdi tudo o que tı́nhamos fazendo isso... Mas eu també m era bastante
orgulhoso para sujar o nosso nome... – Confessou.

A mulher serviu a comida em silê ncio e só falou quando já estava acomodada.

-- Eu sei... Passei muitos anos ingindo que Otá vio nã o tinha feito nada de errado, justi icava os atos dele, agia como
se a Diana tivesse sido culpada de tudo o que ocorreu... Mas sempre soubemos quã o cruel ele se mostrou.

Ouviram passos e ao levantar a cabeça se depararam com a Calligari.

A morena nem mesmo os cumprimentou, enquanto seguia até Ricardo, segurando-o pelo colarinho da camisa,
levantando-o da cadeira.

O general se mostrava fraco, pois nem mesmo ousou a reagir.

-- Conte de uma vez o que se passou naquele dia que encontrou meu pai morto!

Clá udia se levantou, tentando inutilmente afastar a major.

Ricardo parecia confuso.

-- Fale de uma vez antes que eu faça uma loucura! – Vociferou, apertando-o mais forte.

-- Tudo eu já disse, cheguei lá e Alexander estava caı́do tendo a arma em uma das mã os, na mesma hora liguei para
o resgate e para a polı́cia...

A Calligari encarava os olhos tã o parecidos com o de Aimê .

Afastou-se.

Tentava manter a calma.

Passou a mã o pelos cabelos.

-- O que a polı́cia falou? – Indagou por entre os dentes. – O que concluı́ram sobre a cena do ocorrido?

-- Que era ó bvio que tinha sido um suicı́dio.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Diana apoiou as mã os sobre o tampo da mesa.

-- Espero que nã o esteja mentindo mais uma vez porque se assim o for, eu juro pela memó ria do meu pai que nã o
terei piedade de você s! De nenhum de você s!

Da mesma forma tempestuosa que entrou, a Calligari saiu pisando duro.

Clá udia encarou o marido.

-- O que ela está insinuando?

Ricardo meneou a cabeça.

-- Eu nã o tenho ideia, já disse tudo o que sabia... – Ponderou por alguns segundos. – Naquele dia quando cheguei lá
chamei imediatamente a ajuda e foi comprovado o ó bito, nã o vi nada mais do que isso e tampouco iquei no lugar... Nã o sei o
que se passa na cabeça dessa mulher!

Sentaram-se à mesa, mas a comida icou intacta no prato, pois agora icaram preocupados ao imaginar se a fú ria da
ilha de Alexander també m estava sendo dirigida a sua amada neta.

A exposiçã o acontecia no hall de um famoso e luxuoso hotel.

Belı́ssimas obras estavam sendo apreciadas.

Uma orquestra dava ao lugar um clima elegante e ao mesmo tempo aconchegante.

As pessoas exibiam seus belos trajes, demonstrando a primorosa educaçã o, enquanto discutiam sobre artes e
apreciavam as mais belas peças.

Havia belos quadros e esculturas sendo exposta.

Os elegantes garçons serviam a todos champanhe e aperitivos.

Vanessa tinha acabado de chegar ao local e buscava por entre as iguras uma bastante conhecida para si.

Falara com a Calligari por telefone e a pintora combinara de se encontrarem ali.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Recebeu o cumprimento de algumas pessoas, alguns convites que sempre aconteciam, ainda mais de empresá rios
internacionais, pois todos icavam fascinados com as obras de Alessandra.

Já se desesperava quando visualizou a pessoa que procurava a alguns metros de si.

Diana parecia concentrada ao observar uma pintura.

A empresá ria nã o se aproximou de imediato, apenas mirava o ser solitá rio e tã o compenetrado em seus
pensamentos.

Sorriu ao ver o belo traje que vestia.

Ela usava um vestido preto, longo, sem mangras. O decote sem alça destacava o colo bem feito. Uma echarpe
circundava seu pescoço.

Aproximou-se, pegou uma taça pelo caminho, entregando-lhe.

-- Gostou do quadro? Alessandra é uma pintora muito talentosa!

Diana a itou, pegado o delicado cristal e bebericando lentamente.

-- Pelo menos a bebida é boa! – A morena disse torcendo a boca. – Nã o há dú vidas sobre o talento dela...

Vanessa ignorou a arrogâ ncia enquanto itava o bonito quadro.

-- Vejo que cobriu seu lindo pescocinho! – Encarou-a. – Fiquei a pensar que em todos esses anos foi a primeira vez
que vi marcas em sua linda pele.

Os olhos negros se estreitaram.

-- Aimê tem um rostinho de menininha inocente, mas pelo que percebo ela andou fazendo um verdadeiro
desmantelo em seu ı́ntimo.

A pintora ainda abriu a boca para falar, mas acabou desistindo, ingerindo todo o conteú do do copo.

-- Nã o vai esbravejar como de costume?

O maxilar enrijeceu.

-- Quer que eu te mande para o inferno?

A empresá ria sorriu.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Nã o, apenas gostaria de saber o que se passa contigo depois de inalmente ter conseguido seduzir a ilha de
Otá vio.

Diana fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Você nã o entenderia... També m nã o desejo falar sobre isso.

-- Diana, eu acho que chegou o momento de você perceber que está apaixonada por Aimê . O que custa admitir isso
e tentar um relacionamento com ela.

A Calligari nã o respondeu de imediato, pegando mais uma taça de champanhe do garçom que passava por ali.

Bebia sem pressa.

-- Nã o quero falar sobre isso...

-- Por quê ?

Diana engoliu em seco.

-- Quer mesmo saber? – Disse por entre os dentes. – A inocente Aimê me dispensou, depois de termos transado
maravilhosamente... Ela faz joguinhos como todas as mulheres, aquela carinha de anjo nã o passa de uma bela má scara que
vive a ostentar!

Vanessa viu, mesmo que a morena tentasse esconder, como aquele fato parecia feri-la.

Mordiscou a lateral dos lá bios pensando no que a Villa Real falara mais cedo.

Sentiu um desejo enorme de conta-lhe, mas recordou que prometera que nada diria sobre o que conversaram.

-- Se você gosta dela por que nã o fala?

Diana observou as pessoas ao redor.

Ouvia o que falavam, sentia a respiraçã o, o cheiro e isso pareceu sufocá -la.

-- Estou cansada, desejo apenas ir para casa.

Vanessa a observou deixar o salã o e mais uma vez ignorar a todos que a cumprimentavam.

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Aimê estava no banheiro.

Passara todo o dia sozinha e icara feliz quando a tia de Diana trouxera para si alguns livros em braile.

Adorava ler e quando perdera a visã o fora isso que mais lhe fez falta. Ficara feliz quando começara aprender a usar
as mã os para decifrar aquele mundo de escuridã o.

Antô nia se despedira, pois seguiria para Alemanha onde icaria por tempo indeterminado.

Percebera que a boa senhora nã o desejava partir e só o estava fazendo por insistê ncia da sobrinha que temia por
sua segurança.

Ao abraça-la a senhora Calligari sussurrara cheia de emoçã o:

-- Cuide da Diana para mim, meu bem...

Ligou a ducha.

Sentia o lı́quido quente molhar seu corpo, permitindo-se relaxar.

Quem poderia se atrever a cuidar daquela arrogante mulher?

Ainda estava assustada só em pensar que ela corria perigo e nem parecia se importar com esse fato.

Se tivesse poder de fazer qualquer coisa, usá -lo-ia para fazê -la ser menos orgulhosa e prepotente... Prenderia a
major em uma caixinha para que nada de ruim lhe acontecesse.

Passou o sabonete em seu corpo e ao passar por determinados lugares sentiu um arrepio na espinha.

Irritada, apressou-se com o banho e logo já vestia o roupã o e seguia para o quarto.

Passara a tarde se familiarizando com o lugar, pois nã o desejava icar perdida como acontecera de manhã cedo
quando deixara o quarto da Calligari, sorte que a empregada a ajudara a voltar aos seus aposentos.

Os pé s descalços afundavam no carpete.

Segui até a cama, sentando-se com os pé s para fora.

Diana...

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Por que seu cé rebro nã o pensava em outra coisa a nã o ser naquela mulher?

Deitou de costas, cobrindo o rosto com as mã os.

Passou a lı́ngua pelos lá bios e recordou de como era maravilhoso beijar aqueles lá bios grosseiros...

A forma como as lı́nguas se encontravam... Parecia que tinham sido moldadas para se encaixar...

Suspirou.

Como poderia tirar os momentos que viveram da sua cabeça? Como nã o se lembrar de tudo...

Respirou fundo e o cheiro dela invadiu seus sentidos.

Quanto tempo ainda teria que icar naquele lugar? E quanto tempo mais resistiria ao amor que parecia cada vez
mais forte e poderoso?

“Aimê, agora você realmente é a minha esposa, é a minha mulher... Então não vejo sentido em fechar a
porteira depois que os bois invadiram.”

As palavras martelavam em sua mente...

Sim, adoraria que fossem realmente casadas... Adoraria que pudessem se amar sem nenhuma má goa...

Sorriu tristemente.

Como podia ser tã o iludida?

A Diana a queria sim, mã o jamais poderia sentir amor por si, jamais poderiam ter algo mais do que sexo e isso era
tã o vazio...

Ouviu batidas na porta, sentou-se.

-- Boa noite, senhorita!

Aimê reconheceu a voz da emprega, sentindo-se aliviada.

Estranhou que ela ainda estivesse acordada, pois decerto já era bastante tarde.

-- Boa noite! Algum problema? – Indagou apreensiva.

-- Preciso que venha comigo! – Aproximou-se, tomando-lhe a mã o.

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-- Mas para onde? – Questionou surpresa.

-- Nã o tenho permissã o para falar mais nada que nã o seja isso, logo icará sabendo.

-- Mas nã o estou vestida... – Protestava.

A empregada nã o pareceu se importar com aquele detalhe.

A Villa Real suspirou, enquanto se deixava conduzir.

Desceram as escadas e depois de caminharem por alguns minutos, chegaram de fronte a uma porta aberta.

Entraram.

O quarto enorme tinha sido transformado em um estú dio.

Havia cavaletes, vá rios quadros inacabados, tintas e pinceis.

Tinha uma boa iluminaçã o para que a pintora pudesse capturar os detalhes de suas obras.

As cortinas avoaçavam com o vento que entrava pela janela aberta.

Havia um enorme sofá de veludo preto, uma mesa com quatro cadeiras onde a pintora fazia as refeiçõ es.

-- Pode ir agora!

Aimê teve um sobressalto ao ouvir a voz da Calligari.

Nã o imaginou que a major já tinha chegado e se sentiu aliviada por saber que tudo estava bem com ela.

A empregada pediu licença, deixando o lugar.

Diana usava camiseta preta e short de malha curto, delineando as pernas torneadas e longas, usava um avental de
tecido azul marinho.

Tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo e naquele momento usava ó culos de graus quadrados.

A pintora arrumava os cavaletes e o banco que sentaria, pegou lá pis, deixando tudo a mã o.

Estava concentrada em sua tarefa de organizaçã o que nem mesmo se importou em cumprimentar a ilha de
Ricardo.

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Ouviu o som do pé agitado batendo de forma quase inaudı́vel no chã o. Ao itá -la percebeu que usava apenas um
roupã o.

Parecia uma menininha emburrada em meio ao quarto com as mã os cruzadas sobre os seios.

Aproximou, segurando-a pelos ombros, mas a Villa Real se desvencilhou.

-- O que deseja? Por que me chamou aqui? – A garota indagou assustada.

Diana a encarou.

-- Disse que hoje começaria a pintá -la e é isso que irei fazer.

Os olhos azuis se abriram em verdadeiro horror.

-- Nã o, nã o... – Deu alguns passos para trá s. – Nã o posso... Nã o hoje, nã o estou preparada.

A Calligari colocou as mã os nos quadris.

-- Preparada para quê ? – Perguntou tentando controlar a impaciê ncia. – Você só precisa icar quieta, deitada
confortavelmente, enquanto a desenho.

Aimê engoliu em seco.

Só em imaginar tal cena sua pele arrepiava.

-- Nua?

Diana a itou dos pé s descalços até os cabelos molhados.

-- Sim, esse foi nosso trato. – Cruzou os braços sobre o colo. – Dispa-se de uma vez, pois preciso começar logo.

-- Por que tem que ser nua? Qual o motivo de desejar um quadro meu sem roupa? – Questionava com o rosto em
brasas. – Nã o acho que seja uma boa modelo para isso...

Diana nã o respondeu de imediato, seguindo até ela, desamarrando o roupã o, mas a Villa Real deteve seus
movimentos, segurando-lhe a mã os.

O toque macio acendeu dentro de si novamente aquela erupçã o incontrolá vel.

-- Por que deseja isso?

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A Calligari a encarou demoradamente.

Nã o podia negar que estava irritada com os acontecimentos daquele dia. Ainda mais ao que se tratava de ter
acordado sozinha e o fato de Aimê ter deixado claro que nã o teriam mais nada depois da noite anterior.

Estaria ela jogando?

Desejava manipulá -la?

-- Para me masturbar olhando para ele já que você se nega a transar comigo! – Disse cheia de irritaçã o. – Agora tire
esse roupã o, antes que eu o faça!

Aimê ainda tinha a boca aberta diante da frase que fora dita, quando a morena a livrou da proteçã o.

Diana observou a expressã o de horror que a jovem exibia. Tentou nã o passear com seus olhos pelo corpo perfeito,
pois sabia que nã o resistiria ao desejo de tê -la para si novamente.

Segurou-a pelos ombros, fazendo sentar no sofá .

-- Deite-se! – Ajudou-a a se acomodar delicadamente. – Mantenha-se de lado... Assim...

A Villa Real nada dizia, ainda parecia perplexa.

Diana itou-lhe o rosto bonito e seguiu até o lugar onde icaria.

Sentou diante do cavalete, enquanto a encarava, tendo seu olhar passeando por todo o corpo exposto da sua esposa
pelas leis indı́genas.

Mesmo que nã o assumisse, sentia o pró prio sexo reclamar, sabia que seria uma tarefa difı́cil manter a concentraçã o,
ainda mais agora que provara daquela mulher.

Retirou os ó culos para limpar as lentes, fazendo a tarefa lentamente.

Depois de alguns segundos, recolocou-os.

Observou Aimê permanecer na mesma posiçã o, tendo a face expressando verdadeiro horror.

-- Relaxe, prometo nã o atacá -la! – Falava enquanto começava rabiscar. – Já disse que te acho linda e que sempre
desejei te pintar. – Falava distraidamente. – Sou uma pro issional, nã o precisa se preocupar.

Aimê nada dizia, pois sentia a pele em chamas.

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Em seus pensamentos imaginar a poderosa Calligari tocando-se, enquanto olhava para seu quadro era algo
cruelmente excitante.

Seria ela realmente capaz de fazer algo assim?

-- Dobre a perna esquerda... – Ordenou. – Tente relaxar os ombros para poder captar melhor seus seios...

A Villa Real fazia o que ela mandava, poré m tinha a impressã o que seu corpo pesava como chumbo.

-- Nã o, nã o é assim... – Diana se levantou de forma impaciente indo até ela.

A major arrumou os cabelos da jovem, depois lhe endireitou os ombros e ao tentar arrumar os braços, acabou
esbarrando no seio direito. O mamilo reagiu imediatamente.

A morena umedeceu os lá bios, sentindo-os secos.

O biquinho rosado parecia implorar pelo toque.

Diana tentou ignorar, seguindo até as pernas longas, dobrando-a da forma que desejava... Fitou o sexo desejoso...

O triâ ngulo se exibia tı́mido...

Agoniada voltou ao seu lugar.

Concentrava-se em seus rabiscos, buscando captar com perfeiçã o todos os detalhes.

Tentava captar a essê ncia daquele rosto, sabendo que nã o precisa ita-la para isso, pois aquela imagem já estava
gravada em sua cabeça.

Trinta minutos depois, Aimê já se mostrava agitada e nã o parava de se mexer.

-- Fique quieta! – A Calligari ordenava pela ené sima vez. – Você nã o está colaborando.

A neta de Ricardo se mostrava indignada.

-- Estou incando com câ imbras de tanto icar nessa posiçã o! – Aimê já se mostrava irritada. – Nã o sabia que algo
tã o simples era tã o chato!

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A morena e itou.

-- Se você colaborasse e parasse de se mexer como uma gata arisca, eu teria mais facilidade em fazer isso.

Os olhos azuis faiscavam.

-- Eu nã o desejo ser pintada, realmente nã o desejo!

-- Você nã o tem que desejar nada, izemos um trato e agora precisa cumprir! – Exigiu.

-- Para quê ? Para usar meu corpo para sua safadeza? – Sentou-se. – Você é uma desavergonhada. – Cobriu os seios
com as mã os. – Quero voltar para o meu quarto, nã o desejo continuar com isso!

A Calligari respirou fundo, enquanto a encarava.

-- Volte para a posiçã o, Aimê ! – Ordenou por entre os dentes. – Nã o acabe com a paciê ncia que nã o tenho.

-- Mas eu já disse que nã o quero! – Levantou-se. – Quero meu roupã o, desejo voltar para o meu quarto!

Diana itou o pouco que fez até agora na tela branca, depois a encarou.

-- Tiraremos alguns minutos para que descanse, mas depois continuaremos! – Levantou-se, pegou o roupã o,
ajudando-a a vestir. – Mas nã o pense que desistirei, você deu sua palavra e exigirei que a cumpra.

A ilha de Otá vio tentava manter a calma, nã o sabia como discutir com aquela mulher. O bom é que nã o estava mais
nua.

Suspirou, sentindo que tremia.

-- Sente-se! – Diana ordenou.

Mesmo desejando deixar aquele lugar imediatamente, a jovem fez o que lhe fora dito.

Ouvia os passos da ilha de Alexander pelo quarto e icava a imaginar o que ela estaria fazendo.

Diana seguiu até o frigobar pegando uma garrafa de vinho. Depois retornou para os sofá , encheu as taças,
colocando um na mã o da jovem, enquanto já provava a outra.

-- O que é isso? – Levou até o nariz para sentir o aroma. – Nã o bebo, nã o gosto de á lcool!

A morena arqueou a sobrancelha em curiosidade.

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-- Faça dessa vez, assim vai se sentir mais a vontade... Nã o precisa se embebedar, basta saborear o lı́quido... Nã o vai
se arrepender.

A Villa Real relutou, mas acabou fazendo o que dissera.

A bebida nã o era tã o ruim, era doce e suave, entã o bebeu um pouco mais.

-- E entã o?

-- Nã o é tã o ruim...

Diana a observava com atençã o e parecia mais interessada.

Encheu-lhe o copo novamente, depois fez o mesmo com o seu.

Aimê cruzou as pernas e o movimento desnudou parte da coxa.

A major pareceu hipnotizada.

-- Você costuma pintar mulheres nuas sempre? – depois de trê s taças de vinho a jovem indagou. – Esse é o seu
talento?

A Calligari voltou a encará -la, retirou os ó culos, colocando-o na mesinha de centro.

-- Nã o, eu nã o costumo fazer isso... Você é a minha primeira! – Respondeu sem deixar de olhá -la.

-- Entã o imagino que continue sendo a primeira e ú nica já que nã o tem esse há bito. – Tentava nã o demonstrar
interesse.

A Calligari mirou a boca bonita.

Adorava quando ela mordiscava os lá bios ou quando umedecia e a pontinha da lı́ngua aparecia.

-- Na verdade, daqui a alguns dias chegará uma jovem italiana a quem prometi pintar.

A neta do general pareceu nã o gosta da novidade.

Mexeu-se como se nã o conseguisse uma posiçã o que agradasse.

-- Ah! – Exclamou sem esconder a irritaçã o. -- Entã o se é assim, por que continua insistindo comigo! Pre iro nã o
servir de modelo para ti, espere sua amiguinha, assim, poderá ser mais feliz em seu trabalho. – Tomou o resto do conteú do
que estava no copo em apenas um gole.

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Diana exibiu um sorriso ainda maior, enquanto sentava mais perto dela.

Aimê sentiu as pernas se tocarem, encolhendo-se um pouco para evitar o contato.

-- Sã o diferentes... A Marcela nã o se importara em mesclar trabalho com prazer, já você ... – Provocou-a.

Aimê sentiu as pernas se tocarem novamente e aquilo a incomodou.

-- Que bom para ti, entã o, será bem divertido sua pintura... – Estendeu a taça para que enchesse mais de vinho.

Diana pegou a garrafa, fazendo o que ela pedia.

-- Ah, sim, será bastante divertido!

A neta de Ricardo cerrou os dentes.

– Apenas saiba que comigo nã o terá nada!

A major a itou por longos segundos.

-- Por que você tinha que ser tã o linda e tã o marrentinha? – Depositou a mã o sobre sua coxa. – Por que nã o é
boazinha comigo como é com todos?

-- Nã o sou como as mulheres que costuma se relacionar... Nã o desejo me jogar nos seus braços como todas... – falou
irritada.

-- Eu acho que você deseja sim, mas nã o quer para me castigar... Só que nã o entendo, a inal, ontem me amou sem
reservas...

A garota gargalhou alto.

O vinho a tinha deixado relaxada.

-- Você é muito convencida! Acha mesmo que tem todo esse poder? Ontem foi ontem... Hoje tudo é diferente...

Diana sentou de lado, assim, poderia vê -la melhor.

-- Sim, sou, a inal, você se entregou para mim... Fui a primeira a provar do seu delicioso mel... – Subiu mais a mã o. –
E que mel gostoso que você tem...

A jovem sentiu a garganta seca.

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-- Espero que tenha provado o su iciente, pois nã o terá mais. – Bebeu mais vinho. – Espere a sua amiguinha,
decerto, essa aı́ te dará o que tanto deseja.

A morena sabia que ela estava com ciú mes.

Inclinou-se para ela, colando os lá bios no pescoço da jovem, sentindo o cheiro delicioso.

-- E se eu falar que só quero você , que só desejo você ... – Subiu mais a mã o, sentindo-a. – Quero icar contigo...

-- Como você me quer? – Questionou em um sussurro, voltando a cabeça para ela. – Apenas como sua amante?
Deseja transar comigo até que enjoe? E isso?

A Calligari fê -la afastar as pernas, usando os nó s dos dedos para sentir a umidade da carne que já se mostrava
ansiosa.

-- Eu te quero, isso nã o basta? – Acariciava-a delicadamente. – Você me quer també m...

Aimê levou a taça aos lá bios novamente, bebericando.

-- Você nã o entenderia...

Diana se aproximou dos lá bios, pegou o copo que ela segurava, depositando-o sobre a mesinha.

-- Explique... – Falou baixinho. – Prometo que tentarei entender. – Tocava a parte interna das coxas, demorando-se,
pacientemente.

Aimê fechou os olhos se deliciando com o toque ousado, abrindo-se mais para poder senti-la.

Seu cé rebro nã o parecia manter o raciocı́nio ló gico naquele momento.

-- Nã o posso lidar com o seu ó dio e eu sei que nã o vai demorar muito para que esbraveje...Ain... – Gemeu ao senti-la
mais atrevida. – Nã o, nã o deve fazer isso. – Deteve-lhe a mã o, mantendo-a imó vel. – Nã o tenho forças mais...

Diana ajeitou-lhe os cabelos por trá s da orelha.

-- Eu nã o sei o que se passa... mimadinha... Mas a ideia de nã o te ter me enlouquece, desespero-me sem você ... –
Sussurrou em seu ouvido. – Eu fui amaldiçoada... Mas é a maldiçã o mais gostosa que existe... – Beijou lentamente os lá bios
rosados, livrando-a do roupã o. – Nã o nos castigue assim...

Aimê sentia aquele fogo queimar seu corpo, aquela sensaçã o de que a nã o havia mais nada só o desejo de perder-
se naquele imenso prazer.

Sentiu a mã o de Diana voltar a se movimentar, levando a sua junto.

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A lı́ngua da morena invadiu-lhe a boca, descendo por seu pescoço, pousando sobre os seios irmes e redondos.

Lambeu o mamilo.

-- Sinta como me deseja... – Usava o polegar para fazer movimentos circulares. – Eu sei que me quer, tanto quanto te
quero. – Colocou mais pressã o.

Aimê gemeu alto, enquanto elevava um pouco o quadril para senti-la mais intimamente, poré m a pintora
permaneceu parada, itando o rosto corado.

-- Diga o que quer e eu prometo que farei... – Intimou-a.

Os olhos azuis pareciam mais escuros, estreitaram-se em agonia.

-- Entre dentro de mim... – Pediu em um sussurro cheio de desejo. – Gosto de sentir seus dedos me invadindo...

-- Assim... – Penetrou-a com o indicador.

A Villa Real fechou os olhos, enquanto fazia um gesto a irmativo com a cabeça.

Diana começou a lhe beijar o colo, viu-a empertigar-se para permitir todo o acesso.

-- Seu cheiro é maravilhoso... – Continuava em sua lenta invasã o. – Nã o sabe quanto pensei em ti durante todo o
dia... Como me lembrei de como se move contra meu corpo...

Aimê estava com os olhos fechados, enquanto mexia o quadril em uma dança sensual.

-- Em que pensou...? Fale...

Diana a trouxe para seu colo, fazendo-a montar-lhe de frente.

A herdeira de Ricardo protestou quando os toques cessaram, mas a nova posiçã o acabou agradando-a ainda mais.

A Calligari a encarou, observou os olhos tã o azuis, tã o intensos, a costumeira face corada, o desejo que fazia morada
naquele momento.

Colou os lá bios aos dela, sentiu o aroma delicioso do vinho.

Aimê circundou seu pescoço, aprofundando ainda mais a carı́cia.

Procurou a lı́ngua da pintora, chupando-a, prendendo-a para que nunca mais a abandonasse, sugando-a para que o
momento se prolongasse por todo o sempre.

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Diana a abraçava forte e sentia as mã os da jovem desejando livrá -la das roupas.

-- Você nã o me disse se gostou do que izemos ontem... – Sussurrou em seu ouvido.

Os olhos azuis se estreitaram em puro deleite..

Mordiscou o lá bio inferior, enquanto tomava a mã o da pintora, levando aos lá bios, beijando um a um os dedos que
acariciavam com tanta maestria. Passou a lı́ngua no que antes estava dentro de si, depois o deixou em sua boca, chupando.

A Calligari sentiu o sexo implorar pelo mesmo tratamento, mas estava disposta a fazer tudo de forma diferente,
desejava que Aimê sentisse a mesma necessidade que sentia, assim a dissuadiria de se negar ao prazer da paixã o que a unia.

-- Eu a machuquei ontem? – Indagou em puro deleite.

A Villa Real levou a talentosa mã o ao seu ponto mais sensı́vel, fazendo-a acariciar sua parte externa.

-- Nã o... Hunnn... Nã o machucou... – fê -la massagear seu clitó ris. – Nunca tinha sentido nada parecido...Ain... Assim...

Diana começou a lamber o mamilo excitado, enquanto penetrava-a novamente.

-- Entã o por que é cruel e me nega o direito de tê -la?

-- Ain... – Gemeu quando a Calligari colocava mais pressã o. – Você nã o entenderia... – Dizia entre gemidos.

A morena intensi icava a carı́cia no colo e logo juntou um segundo dedo a penetraçã o.

Ouviu os protestos.

-- Relaxe, vai icar mais gostoso... Você é pequena...

Usou a outra mã o para massagear a carne sensı́vel, enquanto fundia duplamente... Já iniciava os movimentos de vai
e vem, sentindo-a estreita, apertando-lhe mais e mais.

-- Diana... – Chamou-a em sussurros. – Como consegue dominar meus sentidos... Vai me escravizar com essa
paixã o...

A major percebeu que agora era momento de pressioná -la mais, pois a jovem Villa Real mexia os quadris contra
seus dedos com mais intensidade.

-- Diga por que desejou me negar esse prazer. – Exigiu, penetrando-a mais impetuosamente. – Fale... Diga o que se
passa...

A respiraçã o acelerada de Aimê e seus gemidos de prazer aumentaram mais, sabia que nã o demoraria a perder
todos os sentidos.

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Moveu-se mais rá pido e mais rá pido, até senti-la totalmente perdida.

-- Diga!

O prazer total nã o demorou a destruı́-la, entã o entre lá grimas confessou seu segredo:

-- Porque eu te amo... Porque eu te amo, mesmo sendo eu a ilha do homem que destruiu sua vida.

Diana nada disse, enquanto a abraçava, sentindo os espasmos que lhe sacudiam o corpo.

Ouviu os soluços de desespero.

Sussurrou em seu ouvido palavras de conforto, acariciando os cabelos macios.

Vanessa estava certa, entã o...

Abraçou mais forte a jovem.

Depois de um tempo, sentiu-a relaxar em seus braços, percebendo que havia dormido.

Amor?

Nã o, seria impossı́vel que houvesse esse tipo de sentimento entre elas, ainda mais depois de tudo que viveram,
depois de todas as má goas que havia em seus passados.

Seu cé rebro nã o conseguia captar aquela informaçã o, nã o conseguia processá -la, parecia algo alé m da sua
compreensã o.

Amor?

Deitou-a no sofá , usando o roupã o para cobri-la.

Afastou-se!

Acomodou-se no banco, itou a tela, viu os traços que já se saiam...

Amor?

O que era esse sentimento que todos falavam?

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Nã o acreditava nele... Ouvira as mesmas palavras da boca de Otá vio... Ele justi icara todos os seus pecados em nome
desse tal amor!

Voltou a encarar a mulher que dormia em seu sofá ...

Estava perdida em seus pensamentos quando ouviu o bip do celular.

Seguiu até o criado-mudo.

Nã o era seu costume deixar o á udio no aparelho, mas acabara esquecendo.

Havia uma mensagem em sua tela.

“ Veja como os Villa Real nã o merecem a sua misericó rdia.”

Nã o havia assinatura, mas ela sabia de quem se tratava.

Abriu o vı́deo.

Pegou o fone para poder ouvir melhor.

Emocionou-se ao ver o pai e odiou a imagem prepotente do coronel.

Ouvia a discussã o entre os dois.

Alexander deixava claro que sabia de todas as armaçõ es que Otá vio izera, discutia, exigindo que Otá vio nunca mais
se aproximasse da sua ú nica ilha.

O que veio a seguir pareceu ainda pior do que tudo o que passara.

Quando o Calligari deu as costas, foi atingido por uma coronhada, caindo desfalecido.

Uma arma fora apontada para a lateral da sua cabeça e disparada cruelmente.

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Capitulo 22 por gehpadilha


Anos antes...

Alexander andava de um lado para o outro na mansã o da famı́lia.

A sala grande e decorada elegantemente parecia solitá ria à quela hora da noite.

Mexia-se de um lado para o outro de forma impaciente.

Ainda usava a farda do exé rcito e as insı́gnias que enfeitava o peito.

Estava com o telefone na mã o, ligara para Antô nia para avisar que naquele dia dormiria na fazenda.

Dispensou os trabalhadores, a inal, nã o tinha cabeça para lidar com as tarefas naquele momento.

Algumas reformas estavam sendo feitas e por isso tiveram que ocupar o apartamento da cidade.

Ouviu o relinchar de Cé rbero profanando o silê ncio da noite.

O animal vivia a reclamar da ausê ncia da dona. Estava sempre agitado e nã o permitia que ningué m se aproximasse.

Suspirou cheio de tristeza.

Seguiu até a mesinha do centro, pegou o porta-retratos, passou os dedos pela imagem da morena de olhos puxados.

Exibiu um sorriso.

Sua ı́ndia selvagem que sempre agia como uma dama quando participava das reuniõ es da alta sociedade que fazia
parte.

Sua ú nica ilha!

Passara toda a vida se dedicando ao seu ú nico amor.

Ainda se recordava de quando icara sabendo que a princesa do Sol estava grá vida.

Fizera tudo para trazê -la consigo, mesmo nã o tendo durado muito, fora os melhores momentos que vivera e
recebera o maior presente de todos.

Passou a mã o pelos cabelos grisalhos.

Sentia-se irritado por nã o ter notado o risco que a jovem corria. Agora precisava correr contra o tempo para salvar
sua vida.

Meneou a cabeça em total desgosto.

Diana chegara a comentar sobre o assé dio do herdeiro dos Villas Real, apenas nã o imaginara que as coisas se
complicariam daquele jeito. Inicialmente achara normal, ainda mais por ela ser uma mulher tã o bonita, nã o era difı́cil algué m
cair de amores.

Limpou uma lá grima que insistia em cair.

Sua ilha nã o cometera nenhum crime... Aquelas mentiras que a mı́dia divulgava logo seria esclarecida.

Pegou o jornal matutino e mais uma vez viu a foto da major.

Sempre fora motivo de orgulho para si e em nenhum momento acreditara em todas aquelas mentiras que foram
contadas.

Lia com atençã o cada frase escrita, cada acusaçã o cruel...

Limpou os olhos com as costas da mã o.

Traidora!

Aquela era sempre o predicativo usado para se referir a major.

Amassou o jornal, jogando-o ao chã o.

Provaria sua inocê ncia!

Ouviu passos e ao virar-se, deparou-se com Otá vio Villa Real.

O homem alto, bonito e de sorriso fá cil veio ao seu encontro.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Alexander! – Abraçou o general em lá grimas. – Amanhã mesmo seguirei para a loresta, prometo trazer a nossa
Diana.

O Calligari livrou-se da demonstraçã o de carinho com um safanã o.

O coronel exibiu total surpresa.

-- Você é um miserá vel! – Alexander esbravejou. – Como ousa vim até aqui?

Os olhos azuis de Otá vio mostravam espanto.

-- O que se passa? – Levou a mã o ao peito em total drama. – Estou desesperado em busca da sua ilha, estou
disposto a tudo para limpar sua reputaçã o... Arriscar-me-ei naquela mata cheia de selvagens para trazer a mulher que amo
para casa.

Alexander estreitou os olhos em fú ria.

-- Nunca vai se aproximar da Diana, jamais poderá ter algo com ela! Quando vai perceber que a minha ilha te
despreza? – Questionou indignado. – Nem que fosse o ú ltimo ser do mundo poderia conquistá -la!

Otá vio estranhou as palavras, a inal, nunca o general se mostrara tã o irritado consigo, ao contrá rio disso, sempre
fora tratado como um ilho, ainda mais agora que corria atrá s para trazer a major de volta.

Mirou tudo com atençã o.

O que se passara em menos de vinte e quatro horas?

-- Acha que nã o sei do que andou fazendo? Acha que nã o sei que está envolvido nessa histó ria?

O ilho de Ricardo pareceu perplexo com o que ouvia.

A pele branca exibiu a coloraçã o avermelhada.

-- Alexander, eu acho que você está confundindo as coisas – Deu alguns passos para trá s. – Todo mundo é
testemunha do amor que tenho por Diana, todos sabem como já me arrisquei para livrá -la das mã os daqueles bandidos que
ela se uniu... – Dizia com pesar. – Meu Deus...

O poderoso Calligari estreitou os olhos em total descrença.

Ficara sabendo do envolvimento de Otá vio com coisas terrı́veis.

-- Minha ilha nã o se uniu com ningué m! – Vociferou, segurando-o pelo colarinho bem assado. – Ao contrá rio de
você , ela é dotada de honra e cará ter... – Empurrou-o. – Saia da minha casa e agradeça por eu nã o colocar uma bala na sua
cabeça... Quero que esteja vivo quando toda essa histó ria vir à tona.

Otá vio mostrava um semblante de total inocê ncia.

Sentou-se na poltrona, baixando a cabeça.

Começou a soluçar, chorava como um menino.

Alexander o encarava, tinha o cenho franzido e a testa enrugada.

Esperou pacientemente que ele se recuperasse.

Nã o sabia direito qual a participaçã o do ilho de Ricardo naqueles crimes, poré m icara sabendo que ele se
envolvera com pessoas perigosas e isso desmentia a maioria das coisas que ele falara sobre a Diana.

Passou a mã o pelos cabelos.

Se suas suspeitas fossem con irmadas, nã o mediria esforços para colocar aquele desgraçado na cadeia.

Na manhã seguinte iria se embrenhar naquela loresta, enfrentaria qualquer um para trazer de volta sua amada
herdeira.

Otá vio chorava ainda mais alto como uma criança mimada que queria apenas chamar a atençã o.

-- Eu juro pela vida da minha ilha... – Soluçava. – Eu amo a Diana, amo-a mais do que a mim mesma... – Levantou a
cabeça. – Sou apaixonado... Amo-a tanto que seria capaz de enfrentar todo o mundo para tê -la comigo... Estou disposto a
assumir toda a culpa para tê -la comigo...

O general se aproximou dele.

-- Nunca – disse por entre os dentes -- Nunca a Diana Alessandra de Calligari será sua, jamais... Entã o saia da minha
casa, antes que te arraste daqui!

Alexander deu as costas e nã o pô de ver os olhos azuis se estreitarem em puro ó dio.

Otá vio tirou o revó lver do coldre e rasteiramente se aproximou, usando toda sua força para bater na nuca do
general.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Alexander caiu desfalecido.

-- Entã o quer dizer que nã o terei a sua ilhinha? – Chutou as costelas do homem caı́do. – Como vai protegê -la? –
Chutou mais forte. – Sua selvagem recebera o mesmo tratamento por ter me rejeitado!

Engatilhou o revó lver, apontando para a cabeça do militar.

-- Vamos ver se você ainda vai defender sua garotinha!

O coronel se manteve inabalá vel, enquanto via o corpo se contorcer.

Observava o sangue jorrar, molhando o bonito carpete.

Seguiu até a mesinha de centro, pegou o quadro com a foto da major.

Sentou-se, enquanto observava fascinado a bela morena.

Ainda nã o tivera o prazer de tê -la em seus braços, mas assim que colocasse as mã os nela, tomaria para si e depois a
mandaria para o bordel.

Respirou fundo!

Tudo poderia ter sido diferente...

Crocodilo se aproximou.

O bandido pareceu chocado com a cena.

-- Você o matou?

O coronel encarou o homem.

-- Uma pedra a menos no meu sapato! – Beijou o vidro. – Arrume tudo para que pareça o suicı́dio!

-- Mas eles vã o acreditar? – Observava o corpo desfalecido.

-- Com certeza, o coitado estava passando por muitos desgostos... A Diana com certeza fora a culpada por isso! –
Observou o jornal que estava ao lado do homem. – Termine logo isso, precisamos ir atrá s daquela ı́ndia selvagem... – Exibiu
um sorriso. – Pobre homem, nã o aguentou a desgraça que caiu sobre seu ilustre nome...

O coronel se afastou.

Crocodilo observou o corpo novamente.

No bolso tinha a pequena ilmadora.

Um dia aquelas imagens poderiam lhe servir para algo.

Dias atuais...

A Calligari continuava a ver o vı́deo...

Seus olhos ardiam pelas lá grimas que jorravam sem empecilhos.

Ouvia a voz do pai em sua defesa, sua garra em defendê -la diante do monstro do Villa Real.

Cobriu o rosto com as mã os.

Ele sabia a verdade...

Cobriu a boca para conter o soluço.

Nã o tirara a vida por se envergonhar de tudo o que se passou...

Estivera disposto a tudo para salvá -la daquela armaçã o.

Olhou a imagem de Alexander e a forma covarde que Otá vio atirou.

Como podia existir pessoa tã o perversas no mundo?

Nunca em sua vida chegara a pensar que o coronel Villa Real tinha ido tã o longe em sua crueldade.

Fitou a tela que começara a pintar.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Viu os rabiscos começarem a se transformar no semblante da jovem Aimê .

Fitou o sofá , vendo a garota dormindo tranquilamente em seu aconchegante local de descanso.

“Porque eu te amo... Porque eu te amo, mesmo sendo eu a ilha do homem que destruiu sua vida. ”

Nã o havia esse negó cio de amor, essa també m fora as justi icativas que a maldito Otá vio usara para se desculpar
por seus atos bá rbaros.

Fechou as mã os com tanta força que só percebeu o que fazia quando os dedos começaram a se mostrar doloridos.

Aquela famı́lia nã o merecia nada de bom, nem mesmo merecia a piedade que pediram tanto.

Como pô de se deixar levar pela paixã o que sentia?

Meneou a cabeça em total descrença.

Tudo o que izera fora por seu desejo louco...

Queria-a e isso a fez se desviar dos seus verdadeiros propó sitos!

Respirou fundo!

Levantou-se!

Caminhou até onde estava a ilha do assassino do seu pai.

Mirou o rosto bonito, a pele de porcelana. Observou o corpo mal coberto e aquele fogo voltou a queimar dentro de
si. Aquele desejo incontrolá vel de tê -la lhe turvava os sentidos, lhe tirava o raciocı́nio.

Pegou os ó culos, limpando as lentes, voltou a usá -los. Depois sentou na pequena mesa, tã o perto da Aimê que sentia
seu delicioso cheiro.

Tendo as costas ereta, o celular em uma das mã os e os olhos na neta de Ricardo, permaneceu naquela posiçã o
durante longas horas.

Ouvia a respiraçã o dela...

Voltou a ver o vı́deo...

Seu pai nunca desistira de si...

Teria ido até a loresta, enfrentaria todos os perigos para trazê -la de volta, estava disposto a provar a todos sua
inocê ncia...

Observou a hora que marcava em seu reló gio...

Trê s da madrugada.

A Calligari parecia perdida em seus pensamentos, perdida em seus con litos internos, presa em suas dores...

Baixou a cabeça e mais uma vez chorou em silê ncio...

Por que a sua dor era ainda maior agora?

Mordiscou o lá bio inferior para conter o soluço...

Estava tã o perdida em sua agonia que nã o viu quando Aimê acordou.

A ilha de Otá vio ouviu o choro baixo, estranhando.

Sentou-se.

Estava frio.

Vestiu o roupã o.

Seu corpo ainda trazia resquı́cios dos toques...

-- Diana... – Chamou em um sussurro.

A major demorou para ita-la e só a ouvir seu nome pela segunda vez o fez.

Encarou-a durante longos segundos, observava com atençã o os olhos tã o azuis, tã o intensos e brilhantes.

Por que ela tinha que ter o sangue do maldito assassino em suas veias?

Por que tivera que sentir aquelas coisas logo por ela?

-- Você está bem? – A jovem indagou. – O que se passa?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A morena ouviu a voz rouca ainda de sono, levantou-se, dando alguns passos para trá s.

Desejava icar longe dela, precisava se livrar daquele sentimento agonizante o mais rá pido possı́vel.

O maxilar forte se enrijeceu e uma má scara de frieza se apossou do seu rosto bonito.

-- Te levarei ao seu quarto! – Colocou o celular sobre a mesa.

A Villa Real percebia a mudança no tom da pintora.

-- O que se passa? – Questionou novamente. – O que você tem?

A Calligari colocou as mã os nos quadris, estreitou os olhos negros.

-- Desde quando te devo explicaçõ es? – Falava em tom baixo e frio.

Aimê sentia a agressividade, lembrando-se de quando se conheceram na loresta.

Empertigou-se.

-- Bem, levando em conta que você nã o estava agindo assim há algumas horas, creio que o mı́nimo que mereço é
uma explicaçã o para essa mudança de humor.

Diana se aproximou a passos longos, icando bem perto da garota, mas pareceu se arrepender.

Passou a mã o pelos cabelos presos.

Cerrou os dentes.

Os olhos negros faiscavam.

-- Eu nã o devo explicaçõ es para a ilha de um assassino!

Aimê teve a impressã o que recebia um golpe tã o forte que por pouco nã o caiu de joelhos. Suas pernas nã o pareciam
sustentar seu peso.

Engoliu em seco.

A ilha de Alexander mirou os olhos cheios de lá grimas, viu a dor em sua bela face.

Voltou seu olhar para outro ponto, parecendo nã o ter forças para encará -la.

-- Te levarei de volta para seu quarto! – Segurou-lhe o braço.

A Villa Real se desvencilhou de forma brusca.

-- Pre iro tropeçar na escada, cair e quebrar o meu pescoço a ter que ser conduzida por ti! – Vociferou. – Nunca
mais em sua vida voltará a encostar as mã os em mim! – Limpou as lá grimas que insistiam em sair. – Nã o desejo estar na sua
presença nunca mais!

-- Nã o ouse me desa iar! – A Calligari disse por entre os dentes. – Nã o tenho paciê ncia para seus dramas.

Aimê fez um gesto se assentimento com a cabeça.

-- Sim, major, meu pai é um assassino como dizes... – Levantou a cabeça orgulhosamente. – Feriu pessoas, destruiu a
sua vida... Mas e eu? O que te iz? Qual foi o pecado que cometi?

Diana mirou os olhos azuis brilhando em lá grimas e em desa io.

Odiava-se por senti-la tã o forte dentro de si, odiava as sensaçõ es que se apossava do seu corpo sempre que pensava
nela.

-- Já disse que nã o devo explicaçõ es dos meus atos a você ! – Esbravejou. – Nã o esqueça que precisou se ajoelhar
diante de mim para que a ajudasse.

-- Eu nã o ajoelhei por mim, jamais pediria por mim...Fiz por meus avó s, pois já sã o de idades... – Empinou ainda
mais o nariz. – Eu jamais desejei nada que viesse de você , jamais quis sua ajuda!

Diana exibiu uma expressã o mesclada entre a fú ria e a angustia.

-- E eu realmente nã o desejo suas explicaçõ es ou suas justi icativas... Você nã o é melhor do que Otá vio Villa Real em
muitos aspectos!

A Filha de Alexander a segurou forte pelos ombros, prendendo-a forte, desejando feri-la.

-- Nã o me compare à quele demô nio!

-- Diga-me onde é melhor do que ele, ainda mais quando se trata de ferir algué m que nada tem a ver com a histó ria.
– Gritou. – Torna-se pior do que ele em todos os sentidos!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Diana esboçou um sorriso cheio de sarcasmo, apertando-a mais forte.

-- Você está fazendo muito drama só porque transamos... – Debochou. – Deveria estar grata por eu ter perdido meu
tempo te iniciando nesse processo... Vai poder usar o que te ensinei...

Aimê conseguiu se livrar das mã os que a prendiam e já estava pronta para esbofeteá -la, mas a morena foi rá pida em
retardar seu movimento, detendo-a.

-- Eu odeio você ! – A neta de Ricardo gritou entre lá grimas.

Diana mordiscou o lá bio inferior.

-- Nã o faz nem vinte e quatro horas que dizia ao contrá rio... Onde está o amor que gritou entre gemidos de prazer?

A Calligari viu os olhos azuis se derramarem em lá grimas e mais uma vez desviou o olhar.

Soltou-a, enquanto seguia até o interfone.

Discou um nú mero e depois de longos segundos ouviu a voz sonolenta da empregada.

-- Venha buscar a senhorita Villa Real! – Ordenou, desligando em seguida.

Caminhou até o banco diante da tela, sentando-se.

Baixou a cabeça...

Tapou os ouvidos para nã o ouvir os soluços de Aimê .

Fechou os olhos, tentando se livrar da imagem dela, tentando apagar da sua mente a dor que viu nos olhos azuis.

Sentiu as pró prias lá grimas quentes queimar...

Por que doı́a tanto?

Por quê ?

“Porque eu te amo... Porque eu te amo, mesmo sendo eu a ilha do homem que destruiu sua vida. ”

Jamais perdoaria aquela famı́lia, jamais viveria em paz... Tudo fora tirado de si e agora isso tinha um gosto ainda
mais amargo...

Ao levantar a cabeça a razã o de sua angustia nã o estava mais lá .

Seguiu até o sofá , sentando-se pesadamente.

O cheiro dela impregnava o ar e profanava seu espaço de paz.

Inclinou a cabeça para trá s.

Ansiava por matar Ricardo, por fazê -lo pagar por tudo o que ajudou a fazer, mas a morte era um castigo pequeno,
uma pena leve que ele nã o merecia.

Otá vio nã o estava mais ali para receber sua puniçã o, entã o só restaria que os que colaboraram com todo esse
macabro plano pagassem...

Agora precisaria ter forças para continuar em frente, mesmo que isso signi icasse sufocar algo que trazia luz a sua
vida.

Deitou-se, fechando os olhos, tentava conter o pranto que nã o demorou muito a correr livre.

A empregada ajudou Aimê até a porta do quarto.

A mulher parecia preocupada, ainda mais porque a menina se mostrava chorosa. O rosto bonito estava bastante
rosado.

-- Quer que eu ligue para algué m, querida? – Questionou assim que entraram. – Você está bem?

A Villa Real apenas fez um gesto de assentimento.

-- Estou bem! – Falou depois de um tempo. – Pode voltar para seu quarto.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A empregada ainda abriu a boca para questionar, mas sabia que nã o deveria se meter nos problemas da patroa.

-- Qualquer coisa, basta que aperte o botã o ao lado da cama e venho.

A ilha de Otá vio permaneceu parada, ouvindo os passos se afastarem, percebendo que estava sozinha.

Seu cé rebro martelava cada uma das frases que ouviu.

Diana Calligari!

Qual a razã o dos caminhos de ambas terem se cruzado, como pô de se apaixonar por aquela cruel mulher?

Sentia os batimentos do coraçã o acelerado, sentia a pressã o em seu peito...

Sempre soubera que aquela relaçã o nunca aconteceria, sempre soubera que havia muita pedra em meio à quele
caminho espinhoso. Sempre soubera que nunca representara nada para a major, entã o por que permitiu que ela entrasse em
sua vida?

Mordiscou o lá bio inferior, sentiu o gosto salgado das lá grimas.

As pernas tremiam!

Por poucos minutos naquela fatı́dica noite chegara a acreditar que haveria esperança... Por fraçõ es de um iludido
tempo imaginara que a ı́ndia selvagem sentia algo por si...

Burra!

Como se deixara iludir daquele jeito?

Diana sempre deixara claro suas intençõ es, sempre fora arrogante e egoı́sta em suas açõ es... Na verdade, ela nã o
fazia questã o de mostrar sentimentos... Fora apenas sexo!

Eu te quero, isso não basta? – Acariciava-a delicadamente. – Você me quer também...

O maxilar delicado se enrijeceu.

Cerrou os dentes, enquanto tentava conter as lá grimas.

Quanto tempo demoraria até que se livrasse daquele sentimento?

Nã o desejava icar ali, desejava ir para longe daquela mulher o mais rá pido possı́vel. Livrar-se da sua presença...
Fugir daquele suplı́cio que lhe tirava o fô lego.

Caminhou com passos lentos até o banheiro, livrou-se do roupã o. Ligou a ducha e permaneceu ali, sentindo o
lı́quido lavar sua dor... Ouvia seus soluços fazerem eco...

O dia surgiu nublado no horizonte.

O cé u estava cinzento, o asfalto molhado.

Era quase nove horas quando Diana deixou o apartamento, mas o sol ainda estava preso por trá s das nuvens
pesadas.

Ouvia algumas notı́cias pelo rá dio do carro, mas sua mente nã o parecia processar as informaçõ es.

Nã o dormira nada, entã o se cansara de tentar...

A cabeça doı́a!

Acelerou e por pouco nã o se chocou contra um motoqueiro que parou bruscamente.

Praguejou alto e quase passou no sinal vermelho.

Retirou os ó culos escuros e ao se olhar no espelho viu as olheiras e o vermelho das lá grimas derramadas.

Respirou fundo!

Bateu com o punho fechado no volante.

O cheiro de Aimê estava ali como uma droga perigosa e poderosa!

Passara pela porta do quarto dela mais cedo, desejara vê -la...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Precisava se livrar de tudo aquilo, necessitava de se livrar daquele sentimento forte que começava despertar em
seu peito.

Maldito sã o todos que tinham o salgue Villa Real.

Ouviu as buzinas atrá s de si e percebeu que há tempos o semá foro tinha icado verde.

Acelerou!

Ouviu o celular tocar, viu no painel do carro o nú mero e soube de quem se tratava.

Hesitou por alguns segundos.

Atendeu.

-- E entã o, Diana, teve uma boa noite de sono?

Crocodilo!

-- Quando eu por as minhas mã os em ti você vai ver como terei uma boa noite de sono. – Falou por entre os dentes.
– Nã o descansarei enquanto nã o te izer pagar por tudo o que fez.

A gargalhada odiosa invadiu o espaço.

-- Eu acho que está querendo se vingar da pessoa errada... Tudo o que iz foi por ordem de Otá vio... Sabe que ele me
deixava fazer meu trabalho sem incô modo, mas eu precisava pagar... Entã o, me envolvi em tudo...

Diana sabia muito bem de tudo aquilo, pois ela viu todas as provas da associaçã o dos dois homens.

-- Te dei algo, a prova de que seu querido papai nã o se matou, mas seu adorado coronel fez tudo para tirá -lo do
caminho... – Deu uma pausa. – Ele tinha verdadeira obsessã o por ti.

A Calligari estreitou os olhos em demonstraçã o de ó dio.

-- Querida, se você me entregar os Villas Real estarei disposto a te dar uma lista com os nomes de todos do exé rcito
que izeram parte desse jogo doentio... Poderá puni-los... Ainda há muitos que nã o pagaram por tudo o que izeram...

A major apertou forte a direçã o.

-- Você quer Aimê ? – Exibiu um sorriso frio. – Venha buscá -la, seja homem e dê as caras! – Observou a arma que
sempre levava consigo.

-- Sim, eu irei...—Disse sem esconde a raiva. -- Fique sabendo que se Otá vio estivesse vivo já teria me entregado a
garotinha cega! Ele sempre dizia que seria ela o meu pagamento.

-- Entã o nã o deveria ter matado coronel, assim nã o teria problemas para ter sua recompensa.

-- Você vai se arrepender, Diana, vai se arrepender de nã o ter aceitado a minha proposta!

A Calligari ouviu o som de encerramento de chamada.

Nã o faria nenhum acordo com o maldito Crocodilo, nã o mesmo!

Parou na guarita do quartel e se identi icou, recebendo imediatamente a permissã o para entrar.

Naquele mesmo dia, Ricardo fora levado ao quartel, icaria preso e logo seria julgado por tudo que izera.

Diana nem mesmo se sensibilizou ao ouvir os juramentos do homem que dizia nã o saber que fora Otá vio quem
tirara a vida do general Calligari.

Quando o Villa Real passou por ela, itou os olhos negros frios.

-- Por favor, Diana, eu imploro que nã o permita que nada aconteça com a minha neta... – Dizia entre lá grimas. –
Clá udia, meu Deus, nã o a abandone, proteja-as!

A morena nada disse, apenas exibia aquela expressã o de arrogâ ncia e superioridade.

Nã o demorou muito para deixar o local.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Clá udia andava de um lado para o outro na sala do apartamento.

Há mais de duas horas o marido fora levado dali por o iciais.

Ligou para o advogado para avisar, mas fora informada que nã o trabalhava mais no caso.

Discou inú meras vezes para a major, mas o telefone só fazia chamar.

Já estava pronta para sair em busca do marido quando a porta abriu e Diana adentrou o espaço.

Calça jeans preto colada as pernas, camisa social na mesma cor.

Os cabelos estavam soltos como de costume, a sobrancelha esquerda estava arqueada em expressã o de puro
sarcasmo.

-- O que houve com Ricardo, Diana? – A mulher questionou em desespero.

A Calligari nã o respondeu, seguindo até o confortá vel sofá , sentando-se com as pernas cruzadas.

-- Eu ico a imaginar qual o castigo devo reservar para a senhora!

Clá udia parecia surpresa.

-- O que se passa? Meu marido foi levado e quando falei com o advogado, ele disse que você tinha dispensado os
serviços dele.

-- Ah, sim! – Retirou o celular da bolsa, colocando no vı́deo, entregando a ela. – Bem, eu acho que isso nã o vai ser
surpresa, mas como nã o tenho muita paciê ncia para falar, veja que nã o podem me fazer de idiota por mais tempo!

A vó de Aimê observava as cenas em total desespero.

Diana parecia interessada em cada reaçã o da mulher e icava a imaginar se todos naquela famı́lia tinham nascido
com o dom de atuar ou izeram um curso por correspondê ncia.

Viu as lá grimas banharem os olhos da mulher e quando ela desabou no sofá , ouvia impaciente os soluços de
desespero.

Relanceou os olhos em té dio.

-- Meu Deus, como ele pô de fazer algo assim?

A Calligari estreitou os olhos de forma ameaçadora.

-- Chega de ingimento, tenho certeza de que sabiam disso. – Levantou-se. – Estou cansada das mentiras que
contam, cansada do jeito que se comportam! – Retirou o aparelho das mã os da mulher grosseiramente. – Amanhã mesmo
exijo que deixe o apartamento!

-- E a Aimê ? – Levantou-se em desespero. – Disse que a protegeria, deu sua palavra!

Antes que Diana pudesse responder o telefone começou a tocar.

Vanessa!

Ainda pensou em ignorar, mas acabou atendendo.

-- Estou um pouco ocupada agora, te ligo...

A empresá ria a interrompeu.

-- Aimê caiu da escada, estou seguindo a ambulâ ncia... – Dizia apreensiva. – Estava desacordada e temo que seja
grave...

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Capitulo 23 por gehpadilha


Vanessa esperava na recepçã o do hospital.
Ainda nã o recebera nenhuma notı́cia sobre o estado de saú de de Aimê .
Uma das empregadas da Calligari entrara em contato imediato consigo quando o acidente ocorrera.
Ainda estava ansiosa em busca de informaçõ es quando se surpreendeu ao ver Diana se aproximar tendo ao seu lado a
esposa de Ricardo.
Observou a expressã o da pintora.
Os olhos pareciam irritados, temerosos, traziam grandes olheiras.
-- Onde está ela? – Questionou assim que se aproximou.
Clá udia ainda estava chorosa, o rosto trazia resquı́cios de lá grimas, os cabelos em desordem.
-- Como está minha neta? Preciso vê -la! – Pedia em lá grimas.
Diana encarava a empresá ria, tinha as mã os nos bolsos da frente da calça.
Parecia buscar uma resposta imediata.
As sobrancelhas arqueadas demonstravam sua total impaciê ncia.
-- Ainda nã o sei, ela foi levada imediatamente e até agora ningué m disse nada sobre seu estado. – Justi icou-se antes
de uma explosã o.
A morena observava tudo ao redor.
Viu as pessoas sentadas, pacientes, esperavam em meio a conversas.
Na recepçã o duas jovens pareciam concentradas diante da tela dos seus computadores.
Algumas enfermeiras se aproximaram de ambas, conversavam e pareciam con idenciar coisas.
Voltou a itar a empresá ria.
-- O que se passou? – Indagou em voz baixa e controlada. – Quem foi a irresponsá vel que deixou isso acontecer?
Espero que que quem que tenha sido, já tenha deixado a minha casa quando eu retornar! – Ameaçou.
A senhora Villa Real continuava em seu incontido pranto.
Vanessa ajudou-a a se sentar, sabia como aquele momento estava sendo difı́cil. Falou algumas palavras de consolo,
seguiu até o bebedouro, encheu um copo com á gua, entregando a senhora.
Diana via a cena com o cenho franzido.
-- Tenha calma, daqui a pouco o mé dico trará notı́cias. – disse a empresá ria ao retornar para o lado da amiga.
-- Diga-me o que se passou de uma vez por todas! – exigiu.
Vanessa itou Clá udia e logo adotou um tom ainda mais baixo.
-- Ana me contou que Aimê insistiu em deixar o apartamento... Implorara em lá grimas para que ligassem para os avó s
para buscá -la. – Falava, enquanto observava a expressã o da major. – Ela tentou falar contigo para ver o que poderia fazer, mas
você nã o atendeu, entã o ela me ligou e falava comigo quando descobriu a garota caı́da. – Terminou com pesar.
A Calligari levou as duas mã os à cabeça.
A respiraçã o estava pesada, como se o oxigê nio nã o conseguisse chegar aos seus pulmõ es.
-- O que o mé dico disse? – Indagou por entre os dentes.
Vanessa olhou mais uma vez para Clá udia e depois se voltou para a morena.
-- Disse que ela levou uma pancada forte na cabeça, mas nada poderia ser dito, enquanto nã o izesse os exames
necessá rios.
A empresá ria viu os olhos negros expressarem dor, conseguia enxergar a angustia presente no rosto forte.
Diana deu as costas, seguindo até uma enorme parede de vidro, apoiava os braços nela, enquanto via o jardim bem
cuidado.
Havia lores plantadas, uma suntuosa á rvore, alguns bancos na cor branca... Parecia tã o acolhedor.
Engoliu em seco.
Sentia as lá grimas queimando os olhos, parecia revoltarem-se por nã o terem permissã o para correrem livres.
Fechou o punho, enquanto sentia um nó na garganta.
“Sim, major, meu pai é um assassino como dizes... – Levantou a cabeça orgulhosamente. – Feriu pessoas,
destruiu a sua vida... Mas e eu? O que te iz? Qual foi o pecado que cometi?”
Nenhum, Aimê , nenhum! – Sua consciê ncia sentenciava.
Por que as coisas tinham que ser daquele jeito em sua vida?
Cerrou os dentes tentando manter o controle.
Por que tudo aquilo tivera que acontecer consigo? Por que tivera que conhecer a ilha de Otá vio?... Tudo parecia tã o
tranquilo quando existia apenas seu ó dio, quando havia apenas suas má goas...
Nã o conseguia sair dessas trevas que se acostumara a viver, nã o conseguia dar os passos seguintes...
Sentiu a mã o depositar em seu ombro.
Limpou os olhos com as costas das mã os sem se voltar.
-- Você está bem? – Vanessa indagou preocupada. – Saiba que sempre poderá contar comigo.
A Calligari permanecia está tica, ponderava sobre suas açõ es, sobre seus atos durante a noite passada. Ainda era
assombrada pelos olhos azuis tã o cheios de dor, tã o doces e apaixonados...
Diana tentou falar, mas parecia que as palavras nã o conseguiam se formar.
Tentava respirar, buscar o autocontrole que sempre conservara...
Abriu a boca e daquela vez os fonemas soaram.
-- Foi minha culpa... Tudo isso é minha culpa... – Virou-se para ela. – Do jeito que fui a causadora da cegueira, agora
també m coloquei em risco sua vida...
A empresá ria a itava surpresa.
Nã o havia dú vidas do grande sentimento que nutria pela ilha do homem que mais odiara em todo o mundo.
-- Eu preciso que ela ique longe de mim... – Enrijeceu o maxilar. – Preciso que ela ique o mais longe de mim possı́vel,
pois sei que a machucarei ainda mais. – Passou a mã o pelos cabelos. – Estou condenada... – Murmurou.
Vanessa parecia confusa com as palavras.
-- O que houve entre você s? Por que ela estava tã o desesperada em deixar o apartamento?
A Calligari retirou o celular da bolsa, colocando no vı́deo, entregando para a amiga.
Vanessa observava tudo com atençã o, enquanto a morena se mantinha presa em seus pensamentos.
Impaciente seguiu até o balcã o da recepçã o.
-- Preciso que me dê notı́cias da paciente Aimê Villa Real.
Uma das recepcionistas itaram a visitante.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Percebiam a impaciê ncia em seu olhar. Rapidamente pegaram a prancheta.


-- Ela ainda está sendo examinada!
-- E quanto tempo isso vai durar? Preciso que algué m me fale algo! – disse irritada. – Exijo que o mé dico venha falar
comigo, exijo que me fale o que se passa!
A moça pareceu assustada com a explosã o, assentindo rapidamente.
-- Prometo que assim que for possı́vel, ele estará aqui!
Diana suspirou impaciente, enquanto voltava-se paras as pessoas que a olhavam curiosamente.
Viu Clá udia em lá grimas, percebia que estava sendo sincera, nã o havia dú vidas do amor que sentiam pela jovem.
Observou Vanessa se aproximar.
-- Entã o seu pai nã o cometeu suicı́dio como você imaginou?
A pintora meneou a cabeça negativamente.
-- Otá vio o matou covardemente... Meu pai sabia de tudo... Ele iria me resgatar...
A empresá ria agora entendia o que se passara.
Entregou o aparelho.
-- Você descontou nela toda sua raiva... – Falou com pesar – Mesmo sabendo que ela nã o tem nada a ver com o que
aconteceu.
Diana nã o respondeu, seguindo até uma cadeira isolada das demais, onde nã o havia ningué m, sentando-se.
Sentia-se frustrada por nada conseguir fazer naquele momento. Sentia-se inú til da mesma forma que se sentira
quando viu o noivo ser cruelmente espancado e em seguida morto por Otá vio Villa Real.
Fechou os olhos e por alguns minutos buscou em sua mente uma forma de rezar...
Há tanto tempo perdera a fé que agora nem mesmo sabia como se conectar com o divino.

O grande depó sito estava vazio.


Crocodilo andava de um lado para o outro.
Chutou a cadeira, derrubando-a.
As coisas nã o pareciam sair do jeito que pensara.
Nã o entendia ainda por que Diana continuava protegendo os Villas Real. Nã o compreendia por que ela nã o lhe
entregava de uma vez a ilha de Otá vio.
Onde estava a sede de vingança que ela sempre alimentara durante todos aqueles anos? O que tinha mudado?
Passou a mã o pelos cabelos ralos.
Precisava tomar uma atitude, pois se nã o entregasse o que prometera, nã o demoraria a ser morto por aquelas
pessoas.
Aimê era seu passaporte para a liberdade, ainda mais depois de ter gastado todo o dinheiro antecipado.
Nã o havia drogas e nem armas que pudesse saldar seu dé bito, entã o teria que entregar a garota.
Praguejou alto ao recordar de que baixara a guarda!
Mas jamais imaginou que Diana fosse até lá , nunca pensara que ela se envolveria num resgate pela ilha do homem
que destruı́ra sua vida.
Por quê ?
O que havia naquela histó ria que ainda nã o descobrira?
Levantou a cadeira, sentando-se.
Nã o aguentava mais icar naquele buraco, precisava retomar sua vida que Ricardo ferrara ao depor contra si.
Miserá vel!
Nã o demoraria a acabar com ele...

Estava disposta a tudo para conseguir o que tanto queria e nã o descansaria até que estivesse com a ilhinha do Villa
Real nas mã os... Quanto à Diana, nã o havia outro meio de se livrar dela a nã o ser pela morte.

Depois de longas horas de espera o mé dico apareceu.

Diana foi a primeira a se aproximar do homem alto e jovem.

-- Sou o doutor Raul Cortes! – Estendeu a mã o para a Calligari. – Atendi a jovem que caiu da escada.

A morena nã o pareceu interessada no cumprimento.


-- Diga-me como está a Aimê de uma vez! – Exigiu impaciente.
-- Sim, doutor, por favor, como está a minha neta? – Clá udia indagou chorosa.
O mé dico pareceu constrangido com os modos da pintora.
-- Bem, felizmente a jovem nã o sofreu danos graves. – Exibiu um sorriso. – Inicialmente icamos preocupados por ela
está desacordada, mas ela já despertou. Fizemos alguns exames e constatamos que tudo está bem.
A major sentiu um alı́vio no peito.
-- Mas e a pancada na cabeça? – A pintora questionou.
-- Ah, sim, teve um corte que foi preciso pontuar, mas danos maiores nã o foram constatados.
-- Pre iro que repita todo os exames! – Diana exigiu. – Quero estar totalmente segura do bem-estar dela.
Raul assentiu com um gesto de cabeça.
-- Vai precisar usar muletas durante alguns dias por causa do gesso, tivemos que imobilizar a perna.
-- Posso vê -la? – A senhora Villa Real perguntou mais aliviada.
-- Pode sim, poré m ela está dormindo devido ao sedativo que tomou por causa das dores que sentia.
Clá udia tomou a mã o do mé dico nas suas.
-- Agradeço por ter cuidado dela, obrigada!
-- A enfermeira irá acompanhá -la até o quarto. – Disse com um simpá tico sorriso.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Clá udia assentiu, enquanto seguia ao lado da mulher.


O mé dico pediu licença, afastando-se.
Vanessa soltou a respiraçã o lentamente.
-- Graças a Deus nã o foi nada sé rio!
-- Sim... Felizmente tudo está bem! – Pegou as chaves do carro.
-- Para onde vai? – Indagou surpresa.
-- Tenho coisas para resolver. – Encarou a amiga. – Certi ique-se de que os exames sejam repetidos e cuide para que
Aimê ique bem!
A empresá ria estranhava a atitude da artista.
Segurou-lhe o braço, antes que ela se afastasse.
-- Nã o vai vê -la? Nã o acredito que seja tã o insensı́vel assim!
As lá grimas brilhavam nos olhos negros.
-- Ela nã o deseja a minha presença, tenho certeza disso... – Apertou a chave. – Cuide dela, sei que pode fazer isso
melhor do que eu.
Tentou se afastar, mas Vanessa a manteve presa.
-- Vá lá , ela está dormindo... Sei que deseja vê -la, sei que quer saber se tudo está bem realmente... Nã o seja tã o
orgulhosa!
Diana pareceu irritada, enquanto ponderava durante alguns segundos.
Acabou seguindo na direçã o do quarto com passos decididos.

Clá udia estava sentada ao lado da cama.


Segurava a mã o da neta.
Ouviu o som da porta abrir e icou temerosa ao ver a Calligari.
Diana se aproximou lentamente. Seus pé s pareciam pesar uma tonelada naquele momento.
Sentiu o coraçã o bater mais rá pido ao ver a ilha de Otá vio.
Naquele momento percebeu como era frá gil sua doce Aimê ... Naquele momento percebeu como ela fora forte em
enfrentá -la na noite anterior.
Chegou mais perto, presa naquele encanto...
Quanto de força ainda tinha para negar a si mesma o que sentia?
Morreria se a tivesse perdido...
Ainda sentia a angustia do momento que ouvira a voz de Vanessa dizendo que ela tinha sofrido um acidente.
Seu peito ainda estava sendo cruelmente apertado...
Temeu tanto que algo de muito ruim se passasse, jamais se perdoaria se isso tivesse acontecido... Na verdade, nã o se
perdoava por saber que fora a responsá vel por aquilo.
Ignorando a presença da senhora Villa Real, estendeu a mã o tocando o rosto pá lido. Tocou o curativo na parte
esquerda da fronte.
Com o polegar acariciava a pele que se mostrava tã o pá lida...Senti-a em seus dedos, como se precisasse ter certeza
que a vida ainda estava ali presente.
Viu as pá lpebras tremerem e lentamente os olhos azuis se abriram parcialmente.
O azul vivo estava opaco... Mas aos poucos voltava a exibir o brilho de uma manhã de primavera.
Acariciou os cabelos macios.
Como desejou que nã o houvesse nada entre elas... Como desejou esquecer seu sofrido passado naquele momento...
Nã o demorou para a menina adormecer novamente.
A pintora mirou lá bios embranquecidos.
Aspirou por eles...
Fechou os olhos, recordando de como o toque deles eram srenos, impetuosos...
Voltou a encará -la!
Amava-a!
Deus, como poderia amá -la e odiá -la ao mesmo tempo?
“Sim, major, meu pai é um assassino como dizes... – Levantou a cabeça orgulhosamente. – Feriu pessoas,
destruiu a sua vida... Mas e eu? O que te iz? Qual foi o pecado que cometi?”
Nada!
Nada!
Nada!
Desejou abraçá -la forte, deitá -la em seu colo e icar fazendo carinho em seus cabelos.
Nã o havia nada melhor do que tê -la ao seu lado...
Será que um dia toda aquela raiva desapareceria? Será que um dia poderia deixar aquele passado para trá s...
Sentia a tristeza invadir sua alma.
Tocou-lhe a mã o, sentindo a maciez dos dedos longos...
Sorriu ao senti-la reagir, apertando-lhe de leve.
Uma solitá ria lá grima saiu do seu olho esquerdo da Calligari, mostrando como ela era apenas uma mortal.
“ Estou aqui, meu amor!’ – Dizia em pensamento.
“ Perdoe-me!”
Ao virar-se viu o olhar curioso da senhora Villa Real para si.
-- Fique ao seu lado e quando o mé dico permitir a saı́da, vá com ela para o meu apartamento.
A esposa de Ricardo parecia ainda mais confusa ao ver as lá grimas brilhando nos olhos da pintora.
Fez apenas um gesto a irmativo com a cabeça.
Diana seguiu até a porta, mas antes de sair voltou a olhar para Aimê .
Ela era sua maior fraqueza!
Se ainda sobrará algo de humano dentro de si, só aquela garota de olhar doce conseguia tocar.
Afastou-se sentindo um peso enorme em seus ombros, sabendo que suas açõ es causaram mais uma vez o mal para a
jovem Villa Real.
Caminhou rapidamente até o estacionamento, pois nã o desejava falar mais com a empresá ria.
Entrou no veı́culo e logo a chuva começou a cair.
Precisava se manter distante, necessitava de ocupar a mente com seu plano de pegar todos os bandidos que izeram
parte daquele plano.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Precisava deter o Crocodilo, pois essa era a ú nica forma de Aimê viver em paz sem correr riscos.
Precisa protegê -lo dele e rezava para que surgisse algué m naquele enorme universo que a defendesse de si...
Ligou o carro e saiu rapidamente do hospital.

Já era noite quando Aimê despertou.


Os olhos azuis se abriram, ainda pareciam sonolentos.
Tentou levantar, mas Clá udia a deteve.
-- Calma, ilha, estou aqui contigo. – Segurou-lhe a mã o. – Precisa descansar!
A jovem parecia confusa.
Nã o lembrava de muita coisa. Era como se seu cé rebro tivesse passado por uma limpeza.
Recordava-se da agonia, da vontade de ir embora daquele lugar... Depois nã o havia mais nada em sua mente.
Abriu a boca para falar, mas teve di iculdade em formar as frases.
-- Vovó ... – Sussurrou – Me leva para casa... – engoliu em seco. – Quero ir para a loricultura.
Clá udia lhe tocou a face, estava febril.
-- Nó s iremos, assim que estiver segura, poderemos ir.
Mais uma vez Aimê tentou se levantar.
A enfermeira se aproximou e vendo como a jovem se mostrava alterada, aplicou um calmante no soro.
-- Nã o, quero ir agora... – As lá grimas começaram a banhar seu rosto. – Leve-me embora... Por favor... – Suplicava em
um io de voz.
Clá udia observou-a fechar os olhos novamente e nã o demorou muito para ela voltar a cair no sono.
Por que a neta estava tã o desesperada?
Suspirou.
Diana Calligari!
Com certeza ela tinha descontado sua fú ria na menina, decerto nã o se controlara quando icara sabendo das
atrocidades que Otá vio tinha feito.
Aimê nã o merecia ser penalizada pelos erros do pai, pois desde que o coronel morreu, a jovem vivia na mira dos
bandidos e agora també m era o alvo para o ó dio da major.
Lembrou-se de Ricardo.
Tinha certeza de que o marido nã o sabia daquele cruel e covarde assassinato, mas como poderia convencer Diana
disso?
Como pô de ser tã o omissa nas maldades do ú nico herdeiro?
Sempre fechara os olhos para a falta de cará ter do garoto que já crescia com ar de rei.
Sabia como a nora sofrera nas mã os do ilho... Engraçado que o amor e o carinho de Otá vio só era voltado para a ú nica
descendente.
Pelo menos disso nã o havia do que reclamar...
Inacreditavelmente fora um pai presente que dedicava suas horas livres a ú nica herdeira.
Limpou as lá grimas que lhe molhavam a face.
Quanto Aimê ainda teria que pagar naquela histó ria difı́cil?
Ouviu a porta abrir.
Viu a mulher se aproximar.
Vanessa fora bastante prestativa e só deixara o hospital por alguns minutos para resolver alguns problemas.
-- Ela acordou? – Questionou apreensiva.
-- Sim, ainda pouco.
Clá udia simpatizou com a empresá ria, pois nã o agia com a arrogâ ncia da Calligari.
-- Ela falou algo? – Aproximou-se da cama, observando o per il doce. – Ela teve muita sorte, pois a pancada na cabeça
nã o foi tã o sé ria como imaginamos. – Mirou o curativo. – Esses pontos tê m que ser bem cuidados.
A esposa de Ricardo assentiu.
A empresá ria percebia como aquela mulher parecia destruı́da, até mesmo a entendia e se penalizava por sua
situaçã o, a inal, o marido fora preso, a neta sofrera um acidente e Diana praticamente condenara a todos ao ó dio do Crocodilo.
-- Por que nã o saı́ para comer algo ou tomar um chá ? – Indagou. – Todas as despesas sã o cobertas, nã o precisa se
preocupar.
Clá udia esboçou um sorriso cheio de pesar.
-- Nã o quero e nã o devo aceitar mais nada que venha da Diana. – Fitou Aimê . – Pedirei para Bianca entregar o
apartamento para a corretora, venderei e com o dinheiro que receber a levarei para longe, preciso protegê -la, preciso contratar
um advogado para ajudar meu marido. – Arrumou os cabelos em um gesto nervoso. – Eu nã o condeno a major por nada, sabe –
A voz embargou – Ela está certa e todas as suas açõ es sã o justi icá veis, poré m nã o posso manter minhas mã os cruzadas diante
de tudo isso.
A empresá ria olhava aquela mulher e nã o via nenhum detalhe de maldade e crueldade. Apenas enxergava algué m que
sofrera muito e que agora temia que o pior ocorresse aos que amava.
Respirou fundo.
-- Vá à cafeteria e coma algo, icarei com Aimê enquanto isso, quando voltar poderemos conversar sobre o general.
Tenho um amigo advogado, posso falar com ele para assumir o caso e quem sabe ele nã o nos dá um desconto. – Exibiu um
sorriso simpá tico.
Os olhos esverdeados brilharam.
-- Faria isso? Conseguirei o dinheiro, como disse, irei colocar o apartamento a venda!
-- Sim, farei, agora faça o que disse, precisa se alimentar, nã o pode icar doente logo agora que sua neta precisa tanto.
Clá udia depositou um beijo na face de Aimê , em seguida apertou a mã o da empresá ria.
-- Volto logo, prometo!
Vanessa esboçou um sorriso, enquanto via se afastar.
Puxou a poltrona, sentando-se.
Mandou mensagem para o irmã o.
Sabia que ele era bastante competente e poderia ajudar no caso de Ricardo.
Naquele momento nã o queria pensar em como Diana reagiria mal, apenas fazia algo pela jovem Villa Real. Ajudava-a
porque sabia que ela já passara por coisas terrı́veis e nã o merecia enfrentar tudo isso sozinha.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Rezava para que um dia a pintora aprendesse a esquecer o passado e seguisse sem má goas, quem sabe assim, ela nã o
aprenderia a lidar com aquele sentimento poderoso que habitava dentro de si... Quem sabe assim ela pudesse entender que o
amor poderia sim acontecer entre elas.
Observou Aimê .
Sentia-se angustiada ao pensar como ela se desespera a ponto de sair do quarto em busca da saı́da do apartamento.
Diana deve ter pegado bastante pesado em suas palavras.

A Calligari passara boa parte da noite acompanhando o interrogató rio de Ricardo.


O general negava saber que Otá vio assassinara Alexander, mesmo assim Diana nã o se mostrava convencida.
Já era quase madrugada quando receberam a ligaçã o de que um dos cumplices de Crocodilo tinha sido localizado a
alguns quilô metros dali.
Mesmo recebendo uma negativa, a morena seguiu no seu veı́culo nessa corrida em busca de prender todos que
izeram parte daquele poderoso cartel.
Ligara para Vanessa e icara sabendo que Aimê ainda dormia.
Nã o estava sendo fá cil lutar contra aquela vontade de icar ao lado dela, por isso decidiu manter distâ ncia, pois sabia
que depois de ontem, sua presença seria malé ica.
Cerrou os dentes.
Nã o desejava mais pensar nela, apenas focaria no á rduo serviço de levar todos à justiça, assim poderia ao menos
vingar a morte do seu pai.

Uma semana depois...


Aimê já voltava para o apartamento, mesmo diante dos protestos, Diana deixara claro que ela deveria retornar para
sua segurança.
Pelo menos deixara Clá udia seguir com ela.
Vanessa percebia como a garota se mostrava arredia.
A empresá ria ainda nã o tivera oportunidade de conversar com a jovem sobre tudo o que se passara. Na verdade, a
Villa Real se mostrava quieta e pouco falava.
Ao chegarem, a empregada avisara que o quarto de baixo já estava pronto para que a menina se acomodasse, ao lado
icaria o da avó .
Aimê se mostrava apreensiva, parecia temer encontrar a Calligari.
-- Diana nã o está na cidade! – Vanessa sussurrou em seu ouvido. – Pode icar tranquila.
A empresá ria viu os olhos azuis expressarem desgosto e alı́vio.
A herdeira de Otá vio agora precisava de mais cuidados, pois usava muletas para se locomover.
Seguiu para o quarto.
O lugar era espaçoso, todo decorado em branco.
A cama enorme, armá rio, penteadeira e um nicho redondo que també m servia para sentar ou deitar.
-- Quero que a minha vó ique comigo! – Pediu ao se sentar.
-- Ela icará , querida, apenas terá seu pró prio quarto. – Vanessa se antecipou.
-- Deixe que ela ique aqui comigo, nã o terei como me locomover com esse gesso.
Clá udia encarou a empresá ria em um pedido silencioso.
Vanessa nã o via nada de errado com aquilo, poré m nã o sabia se a major aceitaria isso.
Suspirou vencida.
-- Está bem!

Os dias se passavam tranquilos.


Aimê nã o deixava o quarto, pois temia um encontro com a dona da casa.
Nã o parava de insistir com Clá udia para irei embora, dizia que poderiam se proteger sem ajuda da Calligari.
A senhora Villa Real temia pela segurança dela, assustava-se com a possibilidade de que os bandidos se
aproximassem.
Estava se arrumando para ir visitar Ricardo e precisara dissuadir a neta de acompanhá -la.
Desde que a jovem icara sabendo que o avô estava preso, sua revolta contra a major pareceu triplicar.
Clá udia nã o falara sobre o vı́deo, nã o acreditava que era o momento adequado para falar sobre aquilo.
-- Assim que conseguir vender o apartamento tudo vai se resolver. – Clá udia terminava de se arrumar. – Bianca está
cuidando de tudo e assim que tivermos o dinheiro, será possı́vel irmos para longe daqui.
Aimê tinha acabado de acordar, pois passara a noite com dores.
-- Queria poder ir contigo! – Disse tristemente. – Poder estar ao lado do meu avô .
A mulher caminhou até a cama, sentando-se, tomou a mã o da neta nas suas.
-- Eu sei que gostaria, mas precisa descansar e nã o seria bom deixar o apartamento. – Beijou-lhe a face. – Vanessa vai
me levar, está sendo muito boa conosco.
Aimê nada disse, pois nã o sabia até onde tudo que estava sendo feito por sua famı́lia vinha da empresá ria.
-- Prometo voltar logo, qualquer coisa peça ajuda, nã o faça nada sozinha, nã o esqueça de que logo tirará essa bota
incô moda. – Levantou-se.
-- Está bem!
Ouviu os passos se afastarem e a porta fechar.
Aquela seria a primeira vez que icava sozinha depois do acidente.
Mexeu os dedos do pé , desejando poder melhorar o mais rá pido possı́vel e sair daquele lugar.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Passara todos aqueles dias evitando pensar em tudo o que tinha se passado, poré m agora parecia impossı́vel nã o
fazer.
Sentia-se aliviada por nã o ter encontrado mais com Diana, sentia-se aliviada por ela nã o estar no apartamento, mas
em seu peito estava aquela angustia por saber que ela estava fora da cidade praticamente revirando cada lugar em busca do
perigoso Crocodilo.
Assustava-se com a possibilidade de que algo lhe acontecesse e mesmo com toda raiva que ainda sentia pelas
palavras crué is do ú ltimo encontro, rezava todos os dias para que nada de ruim lhe acontecesse.
Respirou fundo.
Precisava ir embora, desejava icar anos luzes distante da major.

Diana tinha retornado para o apartamento de madrugada.


Os dias foram produtivos e sabia que nã o demorariam para por as mã os no maldito bandido.
Conseguiram prender dois comparsas dele e durante um tiroteio quase fora alvejada.
Fora proibida de voltar a se envolver tã o diretamente, mas isso nã o a faria parar, tinha alguns detetives in iltrados e
assim que tivesse uma pista, seguiria ao encalço dele.
Acordara ainda pouco e fora tomar banho.
Nã o descansara muito, apenas o su iciente para repor as energias.
Agora já estava sentada na varanda, usava o roupã o preto e degustava um reforçado café da manhã .
Ouviu batidas na porta e nã o demorou para uma das empregadas aparecer.
-- Algum problema, Helena? – A major indagou, enquanto lia o jornal.
-- A senhora Vanessa disse que quando retornasse gostaria de falar com a senhorita.
A Calligari levou uma uva à boca.
-- Onde ela foi? – Questionou pensativa.
-- Saiu com a senhora Villa Real, disse que iriam ver o general.
A morena mordiscou o lá bio inferior, depois fez um gesto de assentimento com a cabeça.
A empregada pediu licença, deixando o quarto.
Ouvir o sobrenome Villa Real a fez sentir aquele costumeiro arrepio na espinha.
Pegou um morango, mordiscando-o lentamente.
Passara todos aqueles dias longe, tentando controlar a vontade de vê -la, o desejo de estar ao seu lado, de ouvir a voz
doce e rouca.
Será que chegaria um tempo em que aquele sentimento que insistia em habitar em seu peito acabaria?
Fechou os olhos, tentando manter o controle, buscando ocupar a mente com outras coisas para nã o pensar...
Imagens de Aimê chorando invadia seus pensamentos, ferindo-a ainda mais...
Sentia-se culpada por tudo o que aconteceu... Sabia que se algo grave tivesse se passado, jamais se perdoaria, jamais
viveria em paz.

“Porque eu te amo... Porque eu te amo, mesmo sendo eu a ilha do homem que destruiu sua vida. ”
Agoniada, levantou-se!
Passou a mã o pelos cabelos.
Todos aqueles dias ligara para Vanessa, nunca deixava de fazê -lo, pois buscava saber se a jovem estava bem...
Cerrou os dentes!
Sabia que nã o deveria fazê -lo, mas a vontade incontrolá vel nã o parecia deixa-la pensar.
Seguiu rapidamente para o andar inferior.
Os pé s descalços desciam as escadas e logo estava na frente da porta.
Pensou em entrar rapidamente, mas acabou hesitando, bateu.
Ouviu a voz doce permitir a entrada.
Segurou na fria maçaneta e depois de longos segundos adentrou o espaço.
-- Poderia me ajudar, Ana...
A Villa Real estava de pé .
Diana viu que a muleta estava longe, entã o se apressou em pegar, entregando-lhe.
Quando as mã os se roçaram os olhos azuis se abriram em verdadeiro pavor.
Diana se apressou em segurá -la, temendo que caı́sse.
-- Cuidado!
Aimê permaneceu está tica, sentindo as mã os dela em seu corpo.
A Calligari percebeu o incô modo no rosto da garota, entã o se afastou.
A morena observou o curativo na testa.
Sentiu um desejo tã o forte de abraçá -la que precisou se afastar um pouco para nã o ceder.
A Villa Real segurava fortemente a muleta, pois temeu cair.
O cheiro da pintora pareceu invadir seus sentidos, profanando a frá gil paz que tentou conservar durante aqueles dias.
-- Que faz aqui? – A neta de Ricardo questionou em voz baixa.
Diana observou a camisola de seda branca que ela usava.
Viu a ferida na fronte.
-- Queria saber como você está . – Examinou-a dos pé s à cabeça. – Precisa se alimentar bem, está mais magra!
Aimê nã o entendeu a preocupaçã o repentina, a inal, durante todos os dias que icara no hospital nã o recebera uma
ú nica visita dela.
-- Estou bem! – Disse secamente.
A major percebia a animosidade, o desprezo estava claro no tom de voz e isso doı́a mais do que as chicotadas que
levou de Otá vio.
Passou a mã o pelos cabelos.
-- Aimê ... – Começou hesitante – Sinto muito pelo que aconteceu, nã o tive a intençã o que saı́sse tã o machucada.
Os olhos azuis se estreitaram.
-- De qual dos machucados você está falando? – Indagou em desa io.
A morena itou-a demoradamente, mordiscou o lá bio inferior e só depois respondeu.
-- Por todos! – Estendeu a mã o para tocar a face bonita, mas acabou desistindo, deixando a mã o pender no ar. – Sei
que a feri... – Cerrou os dentes, recolhendo o braço. – Eu nã o teria me perdoado se algo de ruim tivesse acontecido contigo.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê lutava para nã o permitir que aquelas palavras mexessem com seus sentimentos.
Passara todos aqueles dias se convencendo que nada entre elas poderia voltar a acontecer, passara todo aquele
tempo percebendo que mesmo que amasse aquela mulher com toda sua alma, nã o se submeteria ao seu ó dio, ao seu caprichoso
corpo que desejava apenas sexo.
-- Eu caı́ porque fui descuidada, nã o foi sua culpa isso, major. – Explicou, tentando demonstrar total indiferença.
Diana sentia a frieza das palavras da Villa Real.
-- Eu sei que sua agonia para sair daqui tem a ver com nossa discussã o, com tudo o que falei para ti...
-- Por favor, eu pre iro que nã o falemos nisso mais! – Aimê a interrompeu. – Acredite, eu entendo sua raiva, entendo
seu ó dio, mas como já falei antes, nã o te iz nada e nã o me submeterei a seus excessos.
A Calligari tinha a impressã o que estava falando com uma pedra de gelo.
-- Minha vó está vendendo nosso apartamento e assim que o izer, pagaremos por tudo o que fez por mim e
deixaremos sua casa.
A pintora se aproximou mais.
-- Nã o irá embora, enquanto Crocodilo nã o for preso! – Disse impaciente. – Ele está obcecado por você e nã o
sossegará , enquanto nã o te ter.
-- Bem, isso nã o é algo que deva te preocupar, nã o há nada que diga que você tem que me proteger! – Aprumou os
ombros. – Nã o tenho medo, poderei lidar com o que acontecer... Falarei com a polı́cia, pedirei proteçã o, nã o sei, apenas nã o
desejo icar aqui!
-- Deseja que esse bandido te leve de novo? – Indagou irritada. – Lembre-se de quando esteve presa naquele cativeiro,
de para onde ele teria te levado, se eu nã o tivesse aparecido.
-- Eu sempre serei grata por ter me salvado, mas nã o desejo que faça novamente ou que arrisque sua vida para isso.
Aimê ouvia a respiraçã o acelerada da mulher e tentava controlar seu desejo de se aproximar.
Seu peito ainda trazia o alı́vio por saber que ela estava bem, mesmo que també m trouxesse muita má goa e tristeza.
Diana deu um suspiro cansada.
-- Nã o sairá daqui! – sentenciou. – Nã o permitirei que aquele miserá vel coloque as mã os sujas em ti!
-- Nã o terá como me impedir de ir embora, se nã o o iz ainda, foi por causa da minha vó que se nega, poré m assim que
o apartamento for vendido, deixarei seus domı́nios! -- retrucou implacavelmente.
A Calligari já tinha perdido toda a paciê ncia que demonstrara no inı́cio do diá logo, a expressã o de exasperaçã o
poderia ser sentida pela Villa Real.
A morena lhe segurou o braço.
-- Nã o seja estú pida! – Repreendeu-a. – Nã o se coloque em perigo por causa do seu orgulho idiota!
A neta de Ricardo sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao sentir o toque dela.
-- Solte-me! – Exigiu calmamente.
Os olhos negros pareceram ainda mais sombrios.
-- Se for necessá rio, te prenderei aqui!
Aimê colocou a delicada mã o sobre a da morena, afastando-a.
-- Se assim o izer, nã o verei muita diferença entre você e o temido Crocodilo. – Admitia com pesar.
O maxilar da ilha de Alexander enrijeceu diante da frase dita. Fitou-a por indeterminados segundos, buscando
naquele mar azul algo que comprovasse que aquelas palavras nã o eram sinceras, mas infelizmente nã o havia nada ali, a nã o ser
uma surpreendente frieza.
Ainda abriu a boca para protestar, mas acabou deixando o quarto imediatamente, batendo a porta.
A herdeira de Ricardo permaneceu no mesmo lugar, sentindo a adrenalina daquele momento, sentindo a escassez da
força que precisara usar durante toda aquela estranha conversa.
-- Deus, me ajude! – Fechou os olhos, enquanto sentava na cama.
Se nã o fosse a muleta teria caı́do, enquanto a Calligari estava ali, pois suas pernas se mostraram trê mulas durante
todo tempo.
Precisava ir embora daquele lugar.
Sabia que mesmo que odiasse a Diana por sua crueldade, seu coraçã o ainda nutria um incontrolá vel sentimento, um
amor que nã o parecia diminuir, mesmo diante das decepçõ es, um amor que nã o teria chance para se realizar.

Já era quase trê s da tarde quando Vanessa retornou com Clá udia.
Seguiu rapidamente em busca da Calligari, ainda mais quando icara sabendo por Helena que Diana fora ao quarto da
Aimê .
Encontrou a morena no estú dio.
Viu algumas telas jogadas ao chã o, tintas, pinceis.
Estava um verdadeiro caos.
Observou a major sentada na poltrona, tendo nas mã os uma garrafa de vinho.
Levantou o banco, sentando-se de frente para ela.
-- Se você vai começar com o seu discurso de que o amor vence tudo e que preciso esquecer o passado, pode ir
embora. – A Calligari avisou enquanto bebia um pouco no gargalho.
Vanessa a encarou.
-- Falei com a Dinda, ela está preocupada contigo! Precisa ligar para ela. – Falou, tentando ignorar a animosidade da
outra.
-- Diga a ela que estou bem, apenas isso!
A empresá ria suspirou impaciente.
-- Eu soube que você quase levou um tiro e espero que nã o seja teimosa e permaneça distante desses bandidos como
fora ordenado pelo general Rodrigues.
Vanessa aproveitara que levara Clá udia para ver Ricardo, buscou informaçõ es sobre as açõ es da pintora naqueles
dias.
-- Eu nã o recebo ordens de ningué m!
A empresá ria se levantou.
-- Você acha que agir com toda essa grosseria vai ajudar em alguma coisa? Acha que se encher de á lcool vai mudar o
que sente? Ou será que deseja tomar um tiro como uma covarde que foge dos problemas?
Diana estreitou os olhos ameaçadoramente.

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-- Deixe-me em paz! – disse por entre os dentes. – Nã o quero ouvir mais nada!
Vanessa fez um gesto negativo com a cabeça, depois se acomodou ao lado da artista.
-- O que você foi fazer no quarto da Aimê ? Conversaram?
-- Nã o sei se posso chamar de conversa o monte de desaforo que ouvi. – Levantou-se. – Ela nã o sairá daqui até que o
Crocodilo nã o represente mais um risco! – Sentenciou. – Já que você anda tanto de amizade com ela, faça com que ela entenda
isso, pois se continuar se rebelando, a deixarei presa e isolada de todos!
-- Eu nã o duvido que faça isso, a inal, nã o parece preocupada em regar com chuvas de inverno as má goas que Aimê
sente por ti!
A morena jogou a garrafa contra a parede.
-- Eu estou tentando protegê -la, estou fazendo isso porque sei como seria cruel para ela passar por tudo o que
passei...
-- Seu discurso é muito in lamado e lindo, mas ainda nã o falou toda a verdade.
Os olhos pareceram ainda mais negros naquele momento.
-- Nã o me provoque! – Apontou o dedo em riste. – Ainda mais agora que pediu ao seu irmã o para advogar a favor de
Ricardo.
-- Sim, eu iz porque acho que todos merecem uma segunda chance... E para ser sincera, eu nã o acredito que ele
soubesse que Otá vio assassinou o Alexander. – Retrucou calmamente.
-- Eu moverei cé us e terras para que ele apodreça naquela prisã o! – Vociferou cheia de raiva.
-- Certo, entendo, mas me diga, quando falará para Aimê que a ama e que nã o sabe lidar com esse sentimento?
Vanessa viu os punhos se fechar ao lado do corpo e nã o demorou muito para vê -la deixar o quarto.
Exibiu um sorriso.
Um dia ela teria que ceder.

Os dias se passaram em um clima pesado.


Diana nã o voltou a se aproximar, mesmo passando mais tempo em casa.
Passava todo o dia no ateliê , dedicava-se a pintura, tentando se manter ocupada.

Um mê s depois do acidente, a jovem Villa Real se livrou do gesso e para alegria de Vanessa e de Clá udia, Jú lio
Romanofe ligara dizendo que tudo já estava pronto para a cirurgia que poderia devolver a visã o a Aimê .

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Capitulo 24 por gehpadilha


O quarto enorme se tornara o habitat de uma onça encurralada.

A luz do dia penetrava pelas janelas abertas, o vento balançava as cortinas.

Havia alguns lençó is jogados no chã o com alguns travesseiros.

Diana andava de um lado para o outro. Seguia horizontalmente e seus pé s descalços pisavam tã o duro quanto
chumbo.

Exibia uma expressã o furiosa e os olhos negros estavam ainda mais estreitos.

Parou por um segundo, jogou a cabeça para trá s.

Usava um roupã o preto atoalhado, os cabelos ainda estavam ú midos do banho recente.

Encarou Ana que parecia assustada.

-- Quem ela pensa que é ? – Rosnou. – Como ousou a se negar a me receber? – Deu um riso nervoso. – Eu tentei... Ah,
sim, eu tentei!

Sua paciê ncia estava no limite, ainda mais depois que agira gentilmente, pedindo a empregada para solicitar que a
neta de Ricardo recebesse sua presença e um sonoro nã o fora dito.

A Calligari fora praticamente excluı́da da rotina da jovem, sentindo o desprezo da garota a cada segundo.

Vanessa e Clá udia sempre estavam presentes, cuidando de Aimê e zelando por seu bem-estar. A empresá ria, até
mesmo, levara a garota para visitar Ricardo. Aproximando-se e recebendo grande carinho em troca, algo que nã o se estendia
a formidá vel pintora.

Nos primeiros dias manteve total distâ ncia, anda mais depois do encontro que tiveram, entretanto, agora, tudo
saı́ra do seu controle.

Ana observou a patroa acelerar ainda mais os passos.

Pelo que a conhecia, sabia que ela já tinha atingido o á pice da paciê ncia.

Viu-a deixar os aposentos e seguiu atrá s dela, temendo o pior.

Diana caminhava rá pido, seguindo em direçã o ao quarto da esposa.

Nunca em sua vida fora tã o afrontada por uma garotinha e nã o admitiria que isso se passasse nesse momento.

As narinas abriam-se com a forma acelerada de respirar.

Ao chegar diante do quarto, nem mesmo se deu ao trabalho de bater na enorme porta, simplesmente adentrou o
espaço como se fosse aquilo a coisa mais natural do mundo.

Clá udia teve um sobressalto!

Ajudava a neta a vestir a bermuda, pois a ilha de Otá vio se encontrava apenas de calcinha e sutiã nas cores rosas.

Deixou o short cair.

O incô modo gesso já tinha sido retirado, mesmo assim ainda era preciso ajuda para algumas tarefas.

O olhar de Clá udia caı́ra sobre a pintora.

-- Deixe-nos a só s! – A Calligari ordenou, enquanto usava o tom baixo e ameaçador.

Aimê nã o precisava enxergar aquela mulher ou ouvir sua voz para saber que ela estava ali.

Sentiu um arrepio na nuca.

A presença da major podia ser sentida de forma tã o aterradora que chegava a lhe tirar o ar.

Mesmo estando em trajes ı́ntimos, tentou nã o se intimidar com a visita desagradá vel da ı́ndia.

Há um bom tempo nã o aparecia, apenas hoje mandara que Ana pedisse para que ela a recebesse, o que fora
imediatamente negado, poré m nã o atendido.

Nã o queria mesmo nenhum tipo de contato com a morena, pois percebia que nã o havia como existir uma relaçã o
entre ambas, aprendia a duras penas que seus sentimentos foram apenas usados para satisfazer o bel prazer da herdeira de
Alexander.

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Empinou o queixo em desa io.

-- Pode nos deixar, vovó , acredito que a major tem algo muito importante para falar, ainda mais porque eu tinha
deixado claro que nã o tinha nenhum interesse da sua presença, mesmo assim ela está aqui. – Al inetou-a.

Diana sentia a provocaçã o.

Clá udia pareceu apreensiva.

-- Tem certeza?

A pintora relanceou os olhos em té dio.

-- Sim, tenho certeza! – Aimê disse esboçando um sorriso para encorajar a Clá udia. – Nã o acredito que isso vai
demorar muito.

A esposa de Ricardo ainda hesitou, mas acabou deixando os aposentos, sob o olhar irado da artista.

A Villa Real cruzou os braços sobre os seios.

Esperava impacientemente que a desagradá vel conversa começasse.

Nã o se sentia confortá vel em estar apenas de roupa ı́ntima na presença da pintora. Era como se nã o fosse apenas
seu corpo a estar exposto, mas també m sua alma.

Ergueu a cabeça em desa io.

-- Já pode falar o que deseja!

A Calligari a observou desde os delicados pé s no chinelo, subindo pelas longas, torneadas pernas, demorando-se no
quadril, no abdome liso... Mirou os seios que se adequava ao sutiã rendado, viu a borda...

Sentiu um conhecido incô modo no ventre.

Levou a mã o aos cabelos, arrumando-os por trá s da orelha, depois a encarou.

Percebia o desa io brilha naquele olhar orgulhoso.

Azuis da cor do mar!

-- Como ousou a se negar de me ver? – Indagou irritada. – Eu fui gentil, passei dias sem te incomodar, iquei no meu
canto e quando preciso que falasse comigo, você se nega! Quem você pensa ser?

Aimê respirou fundo e soltou lentamente o ar.

Sabia que a ‘dona arrogante’ nã o sabia lidar com rejeiçã o, poré m ela se iludira que o contrá rio ocorresse, a inal,
conseguira manter distâ ncia por um perı́odo satisfató rio, mesmo nã o tendo sido o su iciente.

-- A sua gentileza nã o dura muito, a inal, quase colocou a porta abaixo e nã o respeitou o meu desejo. – Retrucou
calmamente. – Nã o sei o motivo da sua surpresa, já deixei claro como nã o desejo que se aproxime.

Diana colocou as mã os nos quadris.

-- Entã o, na minha pró pria casa eu nã o tenho o direito de falar contigo? – Arqueou a sobrancelha.

-- Nã o estou aqui por minha vontade, sabe que se fosse por mim eu já teria deixado “a sua casa”, poré m você mesma
me manté m prisioneira nos seus domı́nios!

Diana se aproximou mais.

O maxilar estava enrijecido, os olhos negros estreitados.

-- Estou te protegendo! – Disse por entre os dentes. – Estou fazendo isso para que nã o caia nas mã os daquele louco!

-- Eu já disse que sou grata por isso, mas nã o é sua funçã o fazê -lo!

A pintora fechou as mã os ao lado do corpo.

Tentava manter a calma, mas era uma tarefa quase impossı́vel, ainda mais quando se tratava daquela garota.

-- Está agindo como uma criança birrenta e mimada! – Acusou-a. – Saiba que você irá fazer a cirurgia, nem que para
isso eu tenha que te arrastar pelos cabelos até a clı́nica.

Desde que o mé dico avisara que tudo estava pronta para a operaçã o no dia anterior, a ilha de Otá vio deixara bem
claro que nã o se submeteria a nenhum processo cirú rgico.

A jovem nã o aceitava nada que viesse da herdeira de Alexander.

-- Realmente você está cada vez mais gentil! – Ironizou, enquanto se mexia inquieta. – Se veio aqui apenas para me
ameaçar, já o fez, pode sair!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Diana respirava fundo, parecia tentar manter o escasso controle.

Mirou a pequena cicatriz na fronte da garota.

Ainda se sentia culpada por tudo o que se passou, ainda se martirizava com as cenas daquela fatı́dica noite.

Umedeceu o lá bio superior com a lı́ngua.

Aproximou-se mais, segurando-a delicadamente pelos ombros.

A Villa Real se encolheu ao senti-la, pois o toque daquela mulher parecia brasa em sua pele.

Engoliu em seco.

-- Aimê , eu apenas desejo me redimir de algo ruim que te iz... – Levou o dedo ao machucado na face da ilha de
Otá vio. – Desejo que volte a enxergar, que possa ver as lores que você tanto gosta... – dizia em tom baixo e rouco – Já
imaginou como você é linda... – Usou o polegar para tocar as sobrancelhas. – Nunca vi algué m tã o bela... Vai poder ver esse
rosto de anjo... Esses lá bios...

A garota sentia o há lito tã o perto do seu e tinha a impressã o que estava sendo hipnotizada por aquela voz.

Fechou os olhos, em seguida lhe segurou as mã os, afastando-as.

A Calligari via mais uma vez o desprezo que ela expressava.

Deu alguns passos para trá s.

Cerrou os dentes.

Por que aquela garota conseguia ir tã o fundo em seus sentimentos?

Mesmo que jamais admitisse, passara todos aqueles dias desejando vê -la, pensando nela, querendo icar ao lado
dela.

A noite nã o conseguia dormir, nã o conseguia se concentrar em nada, até mesmo suas pinturas tinham se tornados
chatas e aborrecidas. Durante o dia buscava se distrair, tentando buscar pistas sobre o Crocodilo, mas era como se ele tivesse
sumido da face da terra. Quando o sol se despedia do horizonte se trancava em seu estú dio, embriagando-se com o passado.

Experimentara retomar sua vida noturno, indo até a boates, clubes... Até mesmo conhecera belas mulheres, mas
nenhuma que chamasse sua atençã o.

-- Eu nã o farei, pois nã o aceitarei nada que venha de ti.

Diana meneou a cabeça irritada.

-- Ou fará por bem ou por mal, mas pode ter certeza de que fará a cirurgia!

-- Entã o será por mal! – Disse em desa io. – Me arrastará como já disse, porque por minha vontade nã o irei a lugar
nenhum.

Diana mirou os lá bios rosados apertados em linhas inas.

Mais uma vez passou seu olhar pelo corpo bonito.

Lembranças da primeira vez que se amaram vieram a sua mente.

Tinha a impressã o que o sabor dela podia ser sentido, o cheiro da excitaçã o, do prazer que a uniram, da boca
sussurrando, pedindo, chamando por si.

Aimê sentiu o rosto pegar fogo.

Notava o olhar insistente da Calligari sobre si, sentia como se estivesse sendo acariciada em seu â mago.

Despudorada!

-- Gostaria de icar sozinha! – Pediu tentando manter a voz irme.

A pintora ainda abriu a boca para protestar, mas sabia que nã o havia como fazer outra coisa naquele momento.

-- Eu irei, mas saiba que ainda nã o terminamos!

A Villa Real ouviu os passos saindo do quarto e só naquele momento voltou a respirar de forma livre.

Ainda nã o conseguia estar ao lado daquela mulher sem sentir as angustias da ú ltima noite que fora tocada. As
palavras grosseiras nã o a abandonavam em momento algum, continuava terrivelmente machucada pela insensibilidade da
major.

Amava-a, mas sabia que deveria sufocar aquele sentimento de qualquer jeito ou sofreria mais ainda por isso.

Alimentava as má goas, pois elas se tornaram a barreira de proteçã o para nã o expor seus sentimentos.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Vanessa convidou a pintora para almoçar naquele dia.

Percebia que a morena nã o estava bem, ainda mais depois de praticamente ser excluı́da da vida da Villa Real.

Tomava um copo de á gua quando pela porta de vidro viu a Calligari se aproximar.

Os olhares dos presentes se voltaram para a mulher alta e de pele bronzeada que adentrava o ambiente.

Alta, magra e com aquele porte arrogante era sempre apreciado por todos.

A ilha de Alexander usava calça jeans colada na cor preta, camisa social na mesma cor e blazer aberto. Os cabelos
estavam soltos, nã o havia maquiagem, apenas um discreto batom.

Linda!

A empresá ria sorriu em cumprimento, pois chegara a pensar que ela nã o apareceria como era costume.

A pintora sentou.

-- Fico feliz que nã o tenha me deixado esperando!

Um garçom bem vestido se aproximou, entregando o menu.

-- Traga vinho branco! – Diana pediu sem delongas.

Vanessa olhava o cardá pio, mas fechou, entregando ao homem.

-- Pode trazer o prato da casa! – Disse simpaticamente.

O homem assentiu se afastando.

Costumavam ir à quele lugar e já era bem conhecida por todos.

-- Falei com o doutor Jú lio Romanofe. – Vanessa comentou. – Disse que está tudo pronto para a cirurgia.

Diana nã o falou nada de imediato. Esperou que a bebida chegasse e só depois de bebericar um pouco, falou:

-- Estive com ela hoje! – Distraiu-se ao olhar uma criança sentada no colo da mã e, mexendo com os cabelos da
mulher. – Eu juro que tive que me segurar para nã o a deitar no meu colo e encher-lhe a bunda de pancadas.

A empresá ria teve que morder a lı́ngua para nã o cair na gargalhada ao imaginar a cena.

-- Ela aceitou te ver entã o? – Questionou com a sobrancelha arqueada.

Sabia que Aimê vinha se negando a encontrar a Calligari e també m sabia como isso a estava deixando furiosa.

-- Nã o! – Bebeu um pouco mais. – Mas nã o permitirei que ela ouse falar comigo assim! – Falou cheia de irritaçã o. –
Nã o deixarei que uma menina estú pida aja assim! – Encarou a empresá ria.

Vanessa a observou com atençã o.

Sabia que por trá s daquela expressã o in lexı́vel havia muita dor.

-- Diana, você precisa entendê -la, a inal, como reagiria se fosse você a receber tantas grosserias?

Os olhos negros se estreitaram em fú ria.

-- Acha que me importo com isso? – Tentou usar o tom mais baixo. – Eu nã o estou pedindo para que ela transe
comigo... Tenho vá rias mulheres que dariam tudo para estarem em meus braços! – Bebeu mais um pouco. – Estou
protegendo-a, quero que recupere a visã o e o que ela diz? Nã o!

Vanessa percebeu que o tom um pouco alterada da major chamou a atençã o de algumas pessoas.

Sabia que havia inú meras conquistas, poré m a morena só desejava uma e isso sim deveria ser algo frustrante.

-- Ela nã o quer nada que venha de você ! – Disse simplesmente. – Ela já deixou claro isso. – Explicou. – Quanto ao
sexo, sabe que nã o faltará quem deseje entrar nos seus joguinhos, mesmo que saibamos que você só quer uma... – Cutucou-a,
mesmo temendo uma onda de gritos.

A morena bebeu mais um pouco.

Estava tentando nã o cair nas provocaçõ es.

-- Eu nã o quero saber o que ela quer ou deixa de querer! – Levantou-se furiosa.

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A empresá ria apontou calmamente a cadeira para que ela voltasse a ocupar e mesmo que nã o tenha feito
imediatamente, a pintora acabou fazendo.

-- Aimê é a ú nica mulher que te deixa em descontrole total! – Tomou mais um pouco de á gua. – Eu ico pasma com
isso!

Diana parecia pronta para continuar a esbravejar, mas nã o o fez, pois sabia que aquelas palavras eram verdadeiras.

Nunca em sua vida se sentira daquele jeito por causa de ningué m. Nunca se preocupara com detalhes que estavam
ligados ao pó s-sexo, tudo se resumia ao momento de prazer, ao desa io da conquista e logo perdia o interesse, poré m com a
ilha de Otá vio tudo se complicava cada dia mais...

Queria-a e como a queria!

-- Tentarei falar com ela, prometo que farei todo o possı́vel para convencê -la a se submeter ao processo cirú rgico. –
A empresá ria anunciou, pois sabia que já tinha ido longe em suas afrontas.

A pintora continuou calada.

Nã o demorou muito para o garçom retornar trazendo o delicioso almoço.

Polvo grelhado, com canjiquinha, abó bora, tucupi e aviú tinha um aroma divino e a aparê ncia ainda melhor.

Vanessa começou a degustar a iguaria, mas ao perceber que a amiga nã o fazia o mesmo, parou.

-- Diana, coma um pouco... Ultimamente você demonstra como está mal, nem durante o tempo que ainda nã o izera
os Villa Real confessar a verdade você esteve tã o ruim.

A pintora pegou os talheres.

-- Quando o Crocodilo for preso e Aimê puder voltar para a tã o sonhada vida dela, eu poderei ter um descanso. –
Disse em um suspiro.

Vanessa estendeu o braço, tomando a mã o da amiga nas suas.

Sentia como a rejeiçã o da neta de Ricardo a estava ferindo, notava isso, ainda mais ao vê -la tã o presente em casa,
mas sempre excluı́da da rotina da Villa Real.

-- Se ela nã o quer a sua ajuda, por que deseja tanto ajudá -la? – A empresá ria indagou, mesmo que já soubesse a
resposta.

Diana apenas meneou a cabeça negativamente, enquanto começava a comer.

Naquele dia, Aimê e Clá udia receberam uma inesperada visita.

Bianca e Alex chegaram ao luxuoso apartamento.

As Villas Real se mostraram surpresas, mas feliz com a presença dos dois.

Receberam-nos no quarto, pois nã o sabia se Diana gostaria de ter intrusos em sua casa.

-- Estou com tantas saudades! – Bianca abraçou a amiga. – Você nem mesmo falou comigo mais! – Repreendeu-a.

O enorme aposento tinha uma ala onde se fazia as refeiçõ es.

Uma mesa duas poltronas e uma janela panorâ mica.

Todos se acomodaram ali.

-- Aconteceu tantas coisas que acabou me tirando o tempo! – Aimê se justi icava.

Clá udia tinha feito café e serviu-os, depois se acomodou ao lado da neta.

-- Nó s vimos as notı́cias! – Alex falou. – Os rostos de você s estamparam as manchetes dos mais importantes jornais
do paı́s. – Tomou um pouco do lı́quido. – Nã o acreditamos em nada que fora dito. Sensacionalistas! – Exclamou irritado.

Aimê se mexeu inquieta no assento.

-- Infelizmente é a mais cruel verdade! – A garota admitiu. – Tudo o que leram realmente aconteceu.

Bianca permanecia calada, mas o primo demonstrou total incredulidade.

-- Mas se é assim, por que Diana Calligari as recebem em seu teto? – O rapaz se mostrava curioso. – Isso é algo
incomum!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A loira via como as mulheres pareciam constrangidas e decidiu se intrometer:

-- Isso nã o é da nossa conta, Alex! – Bianca o cortou. – Meu tio está na cidade e aproveitamos para vê -las e icamos
muito felizes que estejam bem. – Tentava mudar de assunto.

O rapaz se aproximou da neta de Ricardo, sentando ao lado dela, tomou-lhe as mã os nas suas.

A Villa Real nã o estranhou o ato e até tentou maior receptividade.

-- Aimê , nã o me importo com nada que aconteceu, ainda gosto muito de ti e desejo que aceite ser minha esposa.

O ilho do prefeito tivera um namoro relâ mpago com a jovem quando ela ainda tinha dezesseis anos, poré m nã o
tinha maturidade para algo sé rio e a garota percebeu que nã o sentia nada mais do que um carinho fraterno pelo moço
simpá tico.

Bianca e Clá udia olhavam a cena com atençã o.

A Alvarenga sabia do sentimento da amiga e nã o acreditava que ela cedesse aos encantos do seu primo.

A esposa de Ricardo sabia que a jovem nã o gostava do rapaz e ultimamente andava tendo suspeitas preocupantes
sobre os sentimentos dela.

-- Nã o precisa me responder agora, pense, nã o te pressionarei, esperarei pacientemente a resposta. – Depositou um
delicado beijo em seus lá bios. – Pró ximo ano me candidatarei nas eleiçõ es, vou ser um homem sé rio. – Gracejou com um
enorme sorriso.

A garota nada disse, pois sabia que nã o tinha como aceitar aquele pedido, ainda mais porque estava apaixonada por
outra pessoa e nã o achava justo enganá -lo ou iludi-lo.

A Alvarenga pigarreou.

-- Por que você nã o mostra a dona Clá udia as propostas que foram feitar para o apartamento, enquanto converso
com a minha amiga?

A senhora Villa Real praticamente arrastou Alex daquela á rea, pois percebia que as garotas queriam icar sozinhas.

Assim que viu o primo deixar o quarto emburrado, a loira sentou ao lado da amiga.

-- Agora me conte o que se passa? – Pediu. – Sei que você nã o está bem, iquei pavorosa quando soube do seu
acidente. – Observou a pequena cicatriz na fronte. – A tal pintora te machucou?

Aimê mordiscou o lá bio inferior.

Nã o sabia por onde começar, mas sabia que precisava falar com algué m sobre tudo o que se passou, pois temia icar
louca.

Respirou fundo, tentando tomar coragem.

-- Ela nã o me machucou, pelo menos nã o isicamente... – Cerrou os dentes. – Mas eu sinto que meu coraçã o foi
arrancado do meu peito!

Bianca viu as lá grimas brilharem nos olhos azuis.

Abraçou-a forte, consolando-a.

Ouviu os soluços entrecortados.

Acariciou os cabelos lisos, fazendo carinho em sua nuca.

-- Calma, meu anjo, eu estou aqui.

-- Como posso amar uma mulher que me odeia? – Afastou-se um pouco. – A Diana sempre deixa claro seu ó dio...
Quero ir embora daqui... – A frase foi interrompida por um espasmo. – Quero icar longe dela, pois é uma tortura horrı́vel está
no mesmo lugar... Temo acabar cedendo...

A loira limpou as lá grimas que corriam livres.

Percebia como estava sofrendo com os acontecimentos e teve uma ideia para ajudá -la.

-- Pode voltar comigo, pode icar na minha casa! – Arrumou-lhe o cabelo. – Nã o acredito que esse perigoso bandido
possa ousar ir até lá .

Os olhos azuis pareceram menos chorosos naquele momento, imaginando como seria maravilhoso se afastar da
Calligari para sempre.

-- Eu nã o sei, nã o quero que corra risco!

-- Posso falar com meu tio, ele pode ajudar! – Dizia entusiasmada. – Assim você pode se livrar dessa tal.

Um sorriso brilhou no rosto sofrido.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Faria isso por mim?

-- Claro que sim, sua boba! – Beijou-lhe a bochecha. – Sabe que te amo como se fosse minha irmã .

Aimê parecia mais calma.

-- Agora me conte como arrumou essa cicatriz e quebrou a perna.

A Villa Real suspirou alto.

-- Cai da escada!

-- Mas como foi isso? Você é sempre tã o cuidadosa.

A Villa Real relembrou como icara em total desalento naquele dia.

-- Eu estava desesperada para deixar esse lugar e acabei me desequilibrando. Sou uma tonta!

-- Por que estava assim?

O rosto bonito icou corado.

Respirou fundo... Hesitou por longos segundos, até desatar a falar.

-- Porque eu me entreguei para a major e logo em seguida ela me tratou com desprezo, deixando claro seu ó dio por
mim.

-- Que ilha da puta! – A loira praguejou alto, levantando-se. – Tirarei você daqui ou nã o me chamo Bianca
Alvarenga.

Conversaram durante mais algum tempo até que a jovem se despediu, prometendo retornar logo para buscá -la.

A noite quando a Calligari retornou icara sabendo que houve visitas no apartamento.

Depois de almoçar com a empresá ria, seguiu até o quartel onde o general estava preso.

Nã o falara com ele, apenas com o responsá vel pelas investigaçõ es e nã o recebeu nenhuma boa notı́cia.

Pensou em ir a algum lugar para tentar se distrair, mas acabou seguindo o caminho de casa.

Caminhou até o escritó rio, sentando-se.

Mirou a foto do pai sobre a escrivaninha.

Segurou o quadro, acariciando o vidro, como se assim pudesse sentir o homem que a protegera sempre...

Deus, como era terrı́vel saber que ele fora cruelmente assassinado!

Nã o demorou muito para ouvir as batidas na porta.

-- Entre! – Ordenou, colocando a moldura no lugar.

A senhora Villa Real parecia hesitante ao adentrar o espaço.

Diana apontou a cadeira para que a mulher se acomodasse diante de si.

Chamara-a ali para que pudessem conversar.

A major observava a mã e de Otá vio com atençã o. Nã o sabia o que pensar dela ainda, mesmo que soubesse que
como Ricardo, ela també m negligenciara a gravidade da situaçã o.

Clá udia itou a pintora que estava confortavelmente sentada na cadeira de couro alta. Parecia inda mais imponente
naquele momento.

Observou a decoraçã o do lugar e viu alguns quadros muito bonitos.

-- Soube que receberam visitas! – Diana falou de forma desinteressada.

-- Sim! – Assentiu com a cabeça. – Falei com a Ana porque nã o tinha como falar contigo e ela permitiu.

A Calligari pegou um lá pis e começou a girar nos dedos.

Parecia bastante atraı́da pelo objeto.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Deveria ter falado comigo, sou eu quem decido as coisas aqui! – Anunciou calmamente. – Mas já que eu nã o
estava, tentarei nã o levar em conta isso. – Exibiu um sorriso sarcá stico. – O que eles queriam? – Questionou depois de alguns
segundos.

Clá udia gostava de olhar para os olhos das pessoas enquanto falava, mas raramente fazia isso com a Diana, pois
aquele olhar negro exibia deboche, ó dio e ironia o tempo todo.

Suspirou.

-- Bianca e Alex vieram trazer algumas propostas sobre o nosso apartamento.

-- Entã o, estã o vendendo... – Fitou a ponta do lá pis. – Conseguiu um bom valor?

-- Nã o o que está vamos pedindo, mas estou disposta a aceitar a proposta, assim terei dinheiro para arcar com os
custos do advogado e levar minha neta para um lugar seguro.

A Calligari partiu o lá pis em dois.

-- Nã o seja mais idiota do que a sua neta! – Bateu com o punho fechado sobre a madeira. – Nã o haverá lugar seguro
para você s, enquanto Crocodilo nã o for preso ou morto!

Clá udia parecia assustada.

-- Mas o que farei? Aimê se nega a icar aqui! – Levantou-se nervosa. – Hoje Alex a pediu em casamento, ele é o ilho
do prefeito, disse que vai protegê -la, pode ser uma boa, assim podemos icar també m longe do seu ó dio!

O maxilar da morena enrijeceu, enquanto os dentes alvos cerravam.

Os olhos negros se tornaram ainda mais ameaçadores naquele momento.

-- Ela nã o deixará a minha proteçã o até que o cú mplice do seu ilho seja tirado dessa histó ria! – Disse irme. –
Espero que dissuada Aimê de cometer essa besteira! – Alertou-a.

-- Estou pronta para defender a minha neta de tudo e vou apoiá -la nas decisõ es que tomar. – Falou corajosamente.

A Calligari se levantou, apoiou as mã os no tampo da escrivaninha.

-- Nã o discutirei isso com a senhora, apenas aviso que nã o deixe sua amada menininha fazer uma loucura. –
Advertiu-a em voz baixa. – Agora irei falar com ela novamente e tentar convencê -la a fazer a cirurgia!

Clá udia nada disse, pois antes disso, a herdeira de Alexander passou por ela pisando duro.

Como poderia enfrentar aquela mulher?

Em partes sabia que ela estava certa, pois se algué m poderia protegê -la do maldito bandido era a ilha de
Alexander, por outro lado icava a imaginar quem poderia livrá -las da fú ria da salvadora?

Tudo se complicava ainda mais e já começava a perder as esperanças.

Aimê terminava de escovar os dentes quando ouviu a porta do quarto abrir, pensou que fosse a vó .

Terminou o que fazia, arrumou a camisola e já seguia para a cama quando sentiu a presença da dona da casa.

Diana estava sentada em uma poltrona confortavelmente, tendo as pernas longas cruzadas, exibindo posiçã o ereta.

Agia como uma verdadeira rainha desdenhosa.

Mirou a jovem e sentiu uma pontada no ventre de desejo.

Os cabelos da Villa Real estavam presos em um coque.

O rosto de porcelana estava rosado.

A seda perolada se moldava as formas bonitas.

-- O que você quer, major? – Indagou aborrecida.

A Calligari exibiu um sorriso.

-- Acho incrı́vel que consiga saber que sou eu, mesmo que nã o possa me ver... Sente o meu cheiro? – Provocou-a.

Aimê respirou lentamente.

--Diga o que quer, estou com dor de cabeça e gostaria muito de dormir.

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A morena foi até ela imediatamente, tocando-lhe a face cheia de preocupaçã o.

-- Acho melhor irmos ao hospital, a inal, teve uma pancada forte e pode ter sequelas.

A Villa Real se desvencilhou do toque.

-- Eu estou bem, apenas um pouco cansada! – Explicou de forma impaciente.

Diana estava tã o perto que sentia o delicioso cheiro se depreendendo do corpo dela. Fitou o decote e viu os seios
levantando e abaixando num ritmo rá pido da respiraçã o.

Estendeu a mã o colocando sobre o seio esquerdo.

Os olhos azuis se abriram em total espanto.

-- Seu coraçã o parece que quer sair do seu corpo...

Sentiu o mamilo intumescer e com o polegar acariciou-o sobre o tecido.

Aimê a deteve furiosa.

Os olhos negros se estreitaram de paixã o.

-- Chega, nã o desejo que me toque! – Deu alguns passos para trá s. – Por favor saia!

A morena inspirou fundo.

Quando icava cheia de desejo nã o conseguia pensar em nada e era assim que estava se sentindo naquele momento.
Enlouquecida, desejosa de senti-la novamente.

Passou as mã os pelos cabelos tentando manter a calma.

-- Amanhã irá com Vanessa ver o doutor Jú lio! – Anunciou calmamente.

-- Eu já disse que nã o irei, já falei que nã o quero nada que venha de ti! – Protestou com a respiraçã o alterada.

-- E eu já disse que você vai e nã o aceitarei suas negativas! – Falava, tentando manter a calma.

-- Você nã o pode me obrigar a nada! Saiba que logo deixarei isso aqui e irei embora com a minha vó . – Retrucou
irritada.

-- Com seu futuro maridinho? – Arqueou a sobrancelha esquerda em provocaçã o. – Ele sabe que você já é casada
comigo?

Aimê engoliu em seco, afastando-se um pouco mais.

-- Eu nã o tenho nada contigo! – Esbravejou. – E espero que um dia eu possa esquecer que te conheci, quem sabe
assim nã o serei feliz!

O maxilar da major enrijeceu perigosamente, enquanto se aproximava mais.

-- Feliz com seu namoradinho idiota?

-- Sim, porque sem dú vidas ele será bem melhor do que você ...

Antes que terminasse a frase, sentiu os lá bios sendo esmagados pela boca cruel da Calligari.

Cerrou os dentes para deter a invasã o, espalmou as mã os contra o peito da odiosa mulher, mas foi surpreendida por
um abraço.

Tentou empurrá -la, mas tinha a impressã o que uma né voa estava se apossando de sua mente, enfraquecendo seu
raciocı́nio.

Sentiu a lı́ngua da morena delinear sua boca, buscando passagem, o há lito quente era um afrodisı́aco irrecusá vel,
ainda mais quando lembrava de como aquele ser tã o grosseiro conseguia tornar um simples beijo uma verdadeira descarga
de eletricidade.

Quando pensou que nã o suportaria mais, a herdeira de Alexander se afastou inesperadamente.

-- Amanhã você irá com a Vanessa e se eu tiver que voltar aqui... Vai se arrepender!

Aimê respirava rapidamente, enquanto ouvia a pancada forte na porta.

Cobriu o rosto.

Selvagem!

Selvagem!

Selvagem!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Nã o havia dú vidas da natureza bá rbara da respeitada pintora.

Levou a mã o ao peito e teve a impressã o que o coraçã o sairia dali.

Tentou manter a calma e controlar os batimentos.

Ouviu a porta abrir e por um segundo imaginou se a major teria voltado para terminar o que havia começado.

-- Diana te fez algo? Ela passou como um furacã o por mim! – Clá udia indagou preocupada.

Fitou o rosto corado da neta e imaginou o que poderia ter se passado, nã o chegando nem perto do ocorrido.

-- Nã o... – pigarreou – nã o fez nada, apenas está possessa porque me nego a fazer a cirurgia.

A mulher observava os olhos azuis e percebia que estavam escurecidos.

-- E o que pensa em fazer? Diana deixou claro que vai te obrigar a se submeter ao processo.

Aimê suspirou longamente.

-- A Calligari nã o pode me obrigar a nada! – Disse irritada. – Ela nã o pense que vai me tratar assim, porque nã o vai!
– Cruzou os braços sobre os seios.

Clá udia nã o conhecia essa natureza rebelde da ilha de Otá vio, poré m conseguia ver em seu olhar a determinaçã o e
isso a assustava, ainda mais por que a ilha de Alexander era muito orgulhosa para baixar a cabeça diante das vontades
alheias.

Meneou a cabeça fazendo uma oraçã o silenciosa para que tudo pudesse dar certo.

Diana subiu as escadas como se estivesse sendo perseguidas por mil demô nios.

O rosto estava esfogueado, a pele parecia ter sido exposta a um incê ndio.

Entrou no quarto, em seguida fechou a porta com uma batida ensurdecedora.

Parou no meio do ambiente. Jogou o cabelo para trá s.

Apenas a luz da luminá ria iluminava o lugar... A penumbra era acolhedora e pela janela aberta se podia ver a lua
grande e majestosa no cé u cheio de estrelas.

Suspirou!

Aimê Villa Real ainda iria enlouquecê -la de uma vez por todas.

Fechou os olhos e lembrou de vê -la seminua da manhã cedo...

Desejou amá -la ali mesmo... Desejou pressioná -la contra a parede, rasgar as pequenas peças que a cobriam e colar-
se a ela... Inundar-se com seu mel... Possuı́-la...

Tirou o blazer lentamente...

Mesmo que ela negasse, sabia que també m a queria... Sentiu os seios reagirem ao seu toque...

Começou a desabotoar um a um os botõ es da camisa...

As mã os tremiam...

Tirou o sapato de salto e em seguida foi a vez da calça se juntar a pilhas de roupas no chã o.

Usava uma sensual lingerie vermelha. A calcinha em renda e o sutiã com bojo para acolher os seios redondos de
forma perfeita.

Seguiu até a poltrona, sentando-se pesadamente.

Inclinou a cabeça para trá s.

Precisava de um banho de gelo...

Nã o sabia como conseguira parar... Seu sexo latejava para se unir ao dela... Recordou-se da boca inocente
percorrendo aquele caminho...

Recordou-se da ú ltima vez que a tocou...

Ainda conseguia ouvir a voz enrouquecida pedindo:

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“Entre dentro de mim... – Pediu em um sussurro cheio de desejo. – Gosto de sentir seus dedos me
invadindo...”

Mordiscou o lá bio inferior demoradamente, tentando conter a chama que lhe queimava.

O rosto moreno trazia o tesã o...

Respirou fundo...

Mordiscou a mã o demoradamente, depois passou a lı́ngua pelo polegar, recordando do sabor da Villa Real.

Abriu o sutiã frontalmente.

Os mamilos estavam doloridos, excitados ao extremo...

Acariciou...

Lembrou-se da primeira vez que teve as mã os delicadas da ilha de Otá vio neles...

Apertou-os entre o polegar e o indicador... Raspou a unha contra a pele.

Gemeu...

Aumentou mais a pressã o, sentindo aquela agonia aumentar em seu sexo... Tocou-o sobre a calcinha...

O tecido estava ensopado.

Usava as pontas dos dedos, passeava lentamente... Apertou... Enquanto apalpava os seios...

Dobrou o joelho, abrindo-se mais...

Sua mente foi invadida por imagens da noite de amor... A lı́ngua da jovem brincando com seu clitó ris e entrando
dentro de si... Conhecendo seu interior... Explorando... Chupando...

Queria-a naquele momento...

Gemeu baixinho...

Sem conseguir aguentar por mais tempo, adentrou o espaço... Estava tã o escorregadia, molhada... Cruelmente
molhada.

Usava o indicador para massagear seu ponto mais sensı́vel...

Os dedos começaram a passear delicadamente, mas logo ela alternava entre movimentos mais fortes e depois mais
leves...

A fricçã o tornou-se mais intensa...

Penetrou-se impetuosamente...

Seus lá bios chamavam pela Villa Real a cada estancada...

Desejava-se unir-se a ela por toda a vida...

Nã o demorou muito ao prazer total chegar, molhando seus olhos, fazendo-a cair em um pranto incontido, enquanto
um vazio enorme tomava conta de si.

Na manhã seguinte Vanessa chegou cedo ao apartamento.

Dirigiu-se para o quarto de Aimê , encontrando-a de roupã o.

Tinha acabado de tomar banho.

-- Bom dia! – Cumprimentou animadamente.

Clá udia sorriu.

-- Deu viagem perdida, Vanessa, nã o irei a lugar nenhum contigo! – A garota falou em tom de desa io.

A empresá ria nã o pareceu surpresa com a negativa, já estava pronta para usar todos os argumentos para convencê -
la quando a porta se abriu.

Diana Calligari!

O rosto trazia uma expressã o debochada, um sorriso sarcá stico brincava no canto dos lá bios bem feitos.

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-- Otimo, mimadinha, vamos nó s duas entã o!

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Capitulo 25 por gehpadilha


Na manhã seguinte Vanessa chegou cedo ao apartamento.

Dirigiu-se para o quarto de Aimê , encontrando-a de roupã o.

Tinha acabado de tomar banho.

-- Bom dia! – Cumprimentou animadamente.

Clá udia sorriu.

-- Deu viagem perdida, nã o irei a lugar nenhum contigo! – A garota falou em tom de desa io.

A empresá ria nã o pareceu surpresa com a negativa, já estava pronta para usar todos os argumentos para convencê -
la quando a porta se abriu.

Diana Calligari!

O rosto trazia uma expressã o debochada, um sorriso sarcá stico brincava no canto dos lá bios bem feitos.

-- Otimo, mimadinha, vamos nó s duas entã o!

A senhora Villa Real observou a expressã o decidida da pintora, enquanto via Aimê bater o pé , negando-se
totalmente a se submeter a ela.

Decidiu se intrometer:

-- Filha, por favor, pense bem, se deseja tanto ir embora, defender-se sozinha, enquanto for cega continuará sendo
uma presa fá cil para Crocodilo.

Aimê cruzou os braços sobre os seios.

Tivera uma noite terrı́vel depois da ú ltima visita da major e quando dormira um pouco, tivera a sensaçã o que seu
corpo tinha sido tomado pela herdeira de Alexander.

Deus, claro que ela desejava voltar a enxergar e desde que soubera dessa possibilidade icara eufó rica, entretanto, o
problema era depender da mulher que a ferira tanto para isso.

Ainda doı́a em seu ı́ntimo recordar de como fora burra em se declarar e em seguida ser alvo de deboche, humilhada
de forma a feri-la cruelmente.

Diana fez um gesto para que Clá udia e Vanessa deixassem o quarto.

O olha in lexı́vel nã o dava chances para protestos.

A empresá ria colocou a mã o sobre o ombro da mulher de Ricardo, auxiliando-a a deixar os aposentos.

Quando icaram sozinhas, a Calligari se sentou na poltrona, cruzando elegantemente as longas pernas.

Sabia que a garota parada no meio daquele quarto era teimosa, percebia que nã o seria fá cil convencê -la a fazer
algo, se esbravejasse seria pior, a menos realmente que estivesse disposta a arrancá -la dali pelas lindas e delicadas madeixas.

Observou-a com bastante atençã o, perdendo-se naquela beleza teimosa.

-- Está agindo como criança! – Falou calmamente. – Nã o estou te dando nenhuma esmola, estou apenas tentando
me redimir de algo terrı́vel que iz... Deveria me dá essa chance para eu nã o queimar totalmente no fogo do inferno por mais
um pecado. – Debochou.

Aimê ouvia a explicaçã o sarcá stica, parecia ponderar tudo com atençã o.

-- Aceite o que estou te oferecendo... Nã o quero obrigá -la a fazer nada, ainda mais quando se trata de uma cirurgia
que te devolverá a visã o... Quero que o faça, que possa, como sua vó disse, se defender de tudo o que possa acontecer... Quero
que faça a melhor escolha.

A Villa Real seguiu até a cama, sentando na beirada.

Mantinha a cabeça baixa, parecia pensativa.

Diana seguiu até ela, acomodando-se ao seu lado.

-- Prometo que nã o me aproximarei, nem mostrarei minha desagradá vel cara quando voltar a enxergar. – Gracejou
com um sorriso.

Aimê levantou a cabeça na direçã o dela, os olhos azuis brilhavam em lá grimas.

Por que era tã o difı́cil tê -la perto?

-- Quero ir embora, Diana, quero me afastar de ti... Nã o posso icar pró xima de você ...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A morena assentiu tristemente.

Era dolorido ouvir aquilo, ainda mais por saber que fora a ú nica responsá vel por plantar aquele desprezo dentro
dela.

Levantou-se.

-- Vá com a Vanessa! Faça o que deve ser feito e depois disso prometo que pensarei carinhosamente na sua vontade
de ir embora.

Seguiu até a porta, mas antes de sair, olhou mais uma vez para a ilha de Otá vio.

Quanto mal tinha causado a ela?

Será que um dia toda aquela dor passaria?

Sem mais palavras, deixou os aposentos.

Nã o demorou muito para Vanessa retornar.

Observou a Villa Real sentada na cama, via a tristeza em seus olhos azuis, era parecida com a que a Calligari tentara
disfarçar ao deixar o quarto.

Nã o entendia como pessoas que se amavam poderiam viver se repelindo daquele jeito.

Estava claro o que ambas sentiam, mas infelizmente Otá vio até morto continuava a destruir a vida da major.

Aproximou-se de Aimê , tomando-lhe as mã os delicadamente.

-- E entã o, querida? Qual a sua decisã o?

A garota umedeceu o lá bio superior, depois levantou a cabeça para a mulher.

-- Vanessa... – iniciou hesitante – a Diana já se apaixonou por algué m em sua vida?

A empresá ria pareceu surpresa com o questionamento.

Ponderou durante um tempo antes de indagar:

-- Por quê ?

-- Eu acho que deve ser interessante ver a arrogante major se desmanchar em amor por algué m... Se dobrar a
vontade alheia...

Vanessa exibiu um grande sorriso.

-- Nã o é isso que você faz com ela? – Mordeu a lı́ngua para nã o se desmanchar em gargalhada.

Os olhos azuis se estreitaram em confusã o.

-- Eu? – Perguntou surpresa.

A empresá ria arrumou os cabelos da neta de Ricardo.

-- Um dia quando voltar a enxergar e tiver a oportunidade, olhe nos olhos da Diana quando ela estiver contigo...

Aimê nã o pareceu entender o que Vanessa tentava dizer.

-- Bem, vou chamar sua vó para te ajudar a se arrumar, quero sair logo.

A Villa Real nada disse, enquanto ouvia os passos se afastarem.

Estava presa em seus pensamentos e em seus temores, ainda mais quando se tratava da intratá vel an itriã . Em
alguns momentos icava confusa diante da pintora, pois percebia que em algumas situaçõ es ela tentava segurar o terrı́vel
gê nio, mas na maioria das vezes agia com maior grosseria possı́vel.

Nã o tirava da Calligari o direito de sentir tanta raiva da sua famı́lia e isso era algo terrivelmente frustrante, pois
sabia que fazia parte daquele cı́rculo e doı́a muito entender que a mulher que amava nã o podia sentir o mesmo por si.

As vezes tinha vontade de abraça-la bem forte e mantê -la ali para que nada as separasse, em outras, queria fugir
para longe e nunca mais ouvir mençã o a ela.

Umedeceu os lá bios sentindo-os secos.

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Ouviu os passos da avó .

Clá udia se aproximou, abraçando-a.

-- Estou tã o feliz que tenha aceitado, desejo tanto que possa voltar a enxergar. – Beijou-lhe o topo da cabeça. –
Ricardo vai icar tã o feliz quando você for o visitar e poder vê -lo. – Afastou-se um pouco, segurando-lhe as mã os.

-- Acho que estamos esquecendo dele, raramente saı́mos para vê -lo... – Dizia tristemente. – Queria que ele saı́sse
daquela prisã o o mais rá pido possı́vel.

-- O advogado está trabalhando para isso e logo ele retornará para o nosso lado e vamos poder ser muito felizes.

Aimê suspirou demoradamente.

-- Espero que sim... E o que mais desejo.

Clá udia seguiu para arrumar as roupas, enquanto a jovem permanecia perdida em seus pensamentos.

Vanessa seguiu até o escritó rio, sabia que Diana tinha ido para lá .

Parou em frente a porta, bateu e como nã o recebeu resposta, adentrou.

Observou a morena compenetrada diante da tela do computador portá til.

Quem nã o a conhecesse bem, imaginaria uma cena normal, equilibrada até , poré m a empresá ria sabia como aquela
má scara era enganosa.

-- Aimê está se arrumando e daqui a pouco a levarei até a clı́nica.

A Calligari digitava e só quando terminou, lançou seu olhar a outra.

-- Otimo, você icará responsá vel por ela a partir de agora. – Baixou a tela. – Participarei da exposiçã o na França,
acabei de aceitar o convite, hoje mesmo viajarei.

A empresá ria se aproximou, sentando-se.

Fitou-a demoradamente.

Rara eram as vezes que a pintora participava desses eventos sozinhas, nã o demonstrava muita paciê ncia para isso.

-- Pensei que nã o fosse, tinha deixado claro a sua antipatia pelos organizadores... – Falava pensativa. – Nã o me diga
que está precisando de dinheiro! – Debochou.

Os olhos negros se estreitaram.

-- També m aproveitarei para checar uma pista que os detetives me passaram sobre o paradeiro do Crocodilo.

Vanessa se alterou diante das palavras que ouvia.

-- Eu nã o acredito que depois de tudo, ainda está atrá s desse homem! – Repreendeu-a. – Quase foi alvejada da
ú ltima vez e o coronel deixou claro para manter distâ ncia da operaçã o.

-- E desde quando eu recebo ordens de algué m? – Indagou irritada. – Nã o vou esperar que aqueles idiotas consigam
solucionar esse caso, nã o acredito que terã o sucesso, ainda mais se o maldito bandido seguir pela loresta, como é de
costume.

-- Ah, sim, e você tem todas as chances de prendê -lo! – Levantou-se exasperada. – As vezes tenho a impressã o que
deseja se matar, na verdade sempre tive essa impressã o, poré m agora parece mais caprichosa em conseguir esse intuito.

A pintora suspirou.

-- Eu só desejo fazer esse homem pagar! – Disse por entre os dentes.

-- Claro, eu tinha esquecido que você é a cobradora! O Rubem Fonseca vai acabar pedindo os direitos autorais dessa
histó ria!

Diana recostou-se na cadeira, girando lentamente, enquanto massageava as tê mporas.

-- Sabe que eu entendo a Aimê , eu realmente entendo a raiva que ela sente de você , eu no lugar já teria feito uma
mandinga para te ver ajoelhada aos meus pé s.

A Calligari meneou negativamente a cabeça.

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-- Acho que você nã o está muito bem, deveria tomar um chá ! – Ironizou.

A empresá ria se aproximou, apoiando as mã os na mesa e inclinando o corpo para a frente.

-- A mulher que você ama vai fazer a cirurgia que poderá devolver a visã o e ao invé s de você está presente para
mostrar esse rosto lindo, você vai caçar esse Crocodilo! – Deu um riso nervoso. – Eu concordo com a Villa Real, no tocante a
personalidade, parece que mil demô nios habitam sua alma... Mas, meu bem, você é muito linda, maravilhosa, uma deusa,
arrogante como elas, mas ainda perfeita... Entã o se mantiver a boca fechada e nã o estreitar esses olhos ou revirá -los, tenho
certeza que vai ser amor à primeira vista!

Diana acabou rindo das palavras da amiga, na verdade gargalhou tanto que os olhos encheram de lá grimas.

-- Isso nã o é uma piada! – Vanessa advertiu-a.

-- Só pode ser piada, pois eu tenho certeza de que a ú ltima pessoa nesse mundo que Aimê deseja ver, sou eu! – Seu
rosto voltou a icar sé rio. – Por isso deixarei tudo em suas mã os! – Levantou-se. – També m aproveitarei esses dias para ir ao
encontro da minha tia.

A empresá ria a itava demoradamente.

-- Você sempre me pareceu uma mulher tã o forte, mas diante do amor, recua como um coelhinho assustado.

A Calligari cerrou os dentes, o maxilar enrijeceu.

-- Ok, você deseja ouvir, entã o abra bem seus ouvidos! – respirou fundo. – Eu a amo sim, amo-a muito, amo-a como
jamais imaginei que amaria, na verdade, nunca tinha sentido isso e se pudesse arrancar isso de dentro do meu peito, já teria
feito.

-- Por quê ?

-- Porque eu nã o consigo separar a Aimê que eu amo da ilha de um assassino que destruiu a minha vida... – Bateu
com o punho fechado sobre a mesa. – Acha que nã o gostaria de deixar tudo no passado? Acha que nã o já tentei? – Os olhos
negros faiscavam. – Eu nã o consigo! – Baixou a cabeça. – Acha que é uma tarefa fá cil tê -la sob meu teto? Nã o sabe como me
desesperei quando ela sofreu aquele acidente, como me senti culpada... – Fitou-a. – Eu estou condenada a penar, enquanto a
ter por perto... Preciso pegar o Crocodilo, assim ela nã o correrá mais risco e poderá viver em paz... Longe de mim!

Vanessa limpou uma lá grima que lhe banhou a face.

Sempre soube da dor da major, mas vê -la colocar tudo em palavras a levou ao extremo.

Desejou ir até ela e abraça-la, mas conhecia bem a morena e tinha certeza de que ela nã o aceitaria nenhuma
demonstraçã o de pesar.

-- Está disposta a deixá -la ir embora?

A pintora assentiu.

-- Sim, contanto que ela esteja em segurança.

A empresá ria deu a volta na mesa, indo até onde ela estava.

Depositou um beijo em sua face.

-- Você acabou de ganhar pontos comigo... – Afastou-se alguns centı́metros. – Cuide-se e prometo cuidar do seu
amor. – Segurou-lhe o queixo. – Seja cordata na exposiçã o, aquelas pessoas gostam bastante das suas obras e devem estar
eufó ricas porque pela primeira vez você aceitou o convite.

-- Sentirei saudades de você chamando a minha atençã o o tempo todo.

Vanessa sorriu.

-- Mantenha-me informada de tudo!

A empresá ria a abraçou.

-- Eu sei que você vai conseguir ser muito feliz ao lado da Villa Real e ainda vai ter vá rios bebê s, todos bronzeados e
com essa carranca grande para eu levar pra passear.

Diana a viu se afastar sem olhar para trá s e icou grata por aquilo.

Limpou algumas lá grimas que insistiam em sair.

Voltou a sentar, levantando a tela do notebook.

Sabia que aquilo era o melhor a ser feito, mesmo que soubesse que aquele passo signi icaria a sua total condenaçã o.

Fechou os olhos por alguns segundos e a imagem da Aimê veio em sua mente.

Os olhos azuis tã o lindos e intensos...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Lembrou do desprezo que demonstrara inú meras vezes nos ú ltimos dias.

Precisava mantê -la distante de si, pois temia nã o controlar o desejo de tê -la em seus braços, de senti-la, unir-se a
ela...

Ouviu o som do correio eletrô nico...

O e-mail fora enviado com sucesso.

Naquele dia Aimê deu entrada no hospital.

Doutor Jú lio Romanofe se mostrou bastante entusiasmado e ao recebê -las em seu consultó rio, explicou todo o
processo que a jovem se submeteria.

Esclarecia que nã o seria uma operaçã o simples, devido aos longos anos que a Villa Real perdeu com especialistas
que nã o entendiam bem do assunto.

Depois do acidente que sofrera, a ilha de Otá vio tinha passado por algumas cirurgias, mas os poucos recursos que
tinham para investir nã o foram su icientes para irem mais longe.

Há anos, Jú lia vinha fazendo pesquisas naquela á rea e conseguira resultados ó timos, mas no paı́s era a primeira vez
que tentava a proeza.

-- Quero que entendam que o procedimento é bastante delicado, mas temos muitas chances de obter sucesso.

Aimê estava sentada entre Clá udia e Vanessa.

-- Onde está a Alessandra? – Indagou, enquanto prescrevia algumas coisas. – Ela estava tã o entusiasmada que
imaginei que seria a primeira a estar aqui hoje

A Villa Real respirou fundo chamando a atençã o da empresá ria.

-- A Diana precisou viajar – Disse, mirando a jovem de soslaio-- nesse momento deve estar indo para o aeroporto,
poré m me pediu para lhe informar sobre tudo.

-- Otimo! – O doutor levantou. – Hoje você ica interna! Já reservei um apartamento para que ique assim que sair da
sala de cirurgia. As duas poderã o acompanhá -la.

-- Obrigada, doutor! – Clá udia se antecipou.

-- Vai ser um prazer devolver a visã o a uma jovem tã o linda!

A porta se abriu e uma enfermeira se aproximou.

-- Leve-as e cuide da Aimê , pois amanhã mesmo desejo fazer a cirurgia.

A mulher jovem toda vestida de branco sorriu em simpatia.

-- Venha comigo, vamos fazer alguns exames!

Pediram licença, deixando o cunsultó rio.

A Villa Real parecia pensativa, enquanto passava por uma bateria de exames.

Na verdade, estava a imaginar a onde tinha ido a Calligari. Assustava-se ao imaginar que ela poderia estar correndo
risco indo atrá s do Crocodilo.

Clá udia foi até o banheiro, enquanto só a empresá ria e a enfermeira acompanhavam a garota.

Aimê estava deitada na cama.

Em determinado momento chamou Vanessa.

-- Sim, querida! – Respondeu preocupada. – Algum problema?

A enfermeira seguia medindo os batimentos cardı́acos da paciente.

-- Onde a Diana está ? – Perguntou receosa.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Vanessa suspirou.

Estava na ponta da lı́ngua despejar toda preocupaçã o que estava sentindo com a pintora, mas sabia que nã o
poderia perturbar a calma da garota, ainda mais agora.

-- Ela foi para uma exposiçã o na França.

-- Tem certeza de que ela nã o está se arriscando em uma caça à quele bandido? – Indagou descon iada. – Nã o
deveria permitir que ela izesse isso!

A empresá ria suspirou.

-- Meu anjo, eu conheço a Diana há tanto tempo e nunca consegui dissuadi-la de uma ideia quando coloca naquela
cabeça.

-- Naquele dia que estivemos no quartel você disse que o coronel tinha proibido que ela se metesse nesses
assuntos. – Dizia pensativa. – Por quê ?

-- Porque quase ela levou um tiro no confronto!

Os olhos azuis se abriram em total pâ nico.

-- Deus!

Vanessa se arrependeu de ter falado.

-- Mas nã o deve se preocupar, ela foi para França, vai participar de uma exposiçã o. – Tentava amenizar a
preocupaçã o que via na testa franzida.

-- Quanto tempo ela vai icar fora?

-- Ainda nã o sei, pois comentou que ainda vai visitar a Dinda.

-- Você vai falar com ela? Pode me dizer se ela está bem?

A empresá ria via como havia amor entre aquelas duas mulheres e doı́a ver como perdia tempo se digladiando.

-- Sim, querida, agora relaxe para que tudo saia bem.

Aimê fez um gesto de assentimento com a cabeça, mas isso nã o era su iciente para convencer seu coraçã o de que
tudo icaria bem.

Estava assustada, temendo que algo de ruim se passasse com a pintora.

Lembrou-se do dia que estavam na loresta, recordou-se de quando icara sabendo que ela tinha sido alvejada pelos
bandidos.

Deus, como temeu perdê -la naquele momento!

Mexeu-se na cama.

-- Fique imó vel! – A enfermeira pediu. – Nã o deve se mexer, enquanto fazemos os exames.

-- Certo, desculpe-me!

Diana embarcara há mais de uma hora.

Sabia que a viagem seria longa.

Pegou um livro e aparelho com mú sicas.

Precisava se distrair durante o percurso de quase vinte horas.

Sabia que dormir nã o seria uma opçã o, pois nã o conseguia fazê -lo durante voos.

A elegante aeromoça apareceu oferecendo um delicioso vinho, mas a Calligari dispensou, decidindo-se pela á gua.

Desejava se manter só bria, pois quando bebia acabava se entregando aos sentimentos e isso doı́a mais.

Depois de ler a mesma pá gina trê s vezes e nã o conseguir entender, fechou a brochura.

Olhou pela janelinha... Depois observou os passageiros que estavam ao seu lado.

Um senhor de aparê ncia simpá tica lia uma revista, na outra poltrona uma adolescente dormia tranquilamente.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Voltou a olhar pela pequena abertura.

Desejava ter icado ao lado da Villa Real naquele momento. Adoraria ver aqueles lindos olhos voltarem a enxergar,
mas sabia que sua presença nã o seria algo bené ico para a menina.

Deus, como fora se apaixonar pela ilha do desgraçado que lhe tirou tudo?

Odiava ainda mais Otá vio, pois mesmo depois de morto, ele ainda lhe tirara a chance de ser feliz com a mulher que
amava.

Aimê tinha todas as razõ es do mundo para odiá -la, a inal, fora humilhada cruelmente depois de ter se entregado e
confessado seu amor.

Engoliu em seco.

O melhor seria que ela casasse com o tal de Alex, assim, ela poderia ser feliz e ter algué m para amá -la sem medo e
má goas.

Apertou forte os dentes.

Só em pensar que ela seria tocada por outro a enlouquecia, só em pensar que ele acordaria ao seu lado e veria
aqueles lindos olhos se abrirem de manhã junto com um sorriso...

Fechou as mã os ao lado do corpo.

Suspirou!

O melhor a fazer era se concentrar na sua busca por Crocodilo, só assim Aimê poderia viver em paz.

Ouviu o choro de uma criança e sorriu ao ver o bebê no colo da mã e na ileira do lado.

Quando a Villa Real tivesse um ilho teria aqueles olhos grandes e azuis e aquela aparê ncia de anjo.

Sorriu com a imagem que povoou sua mente.

Seria doce, gentil e tagarela...

Ela a levaria para passear, brincaria e faria palhaçada para arrancar risos da criança... E depois da cirurgia ela
poderia ver o rosto dela.

Voltou a fechar os olhos, desejando dormir durante muito tempo.

Dois longos dias depois, Aimê se submetia a uma cirurgia que durara longas horas.

Doutor Jú lio contara com o auxı́lio de dois mé dicos alemã es que estudaram o caso junto consigo.

Clá udia e Vanessa andava de um lado para o outro no enorme corredor.

Estavam ansiosas para saber notı́cias, mas ningué m dizia nada.

Já era noite quando o mé dico deixou a sala acompanhado dos colegas.

A empresá ria se adiantou até ele, enquanto a senhora Villa Real mal conseguia se manter de pé com as pernas
trê mulas.

-- E entã o, doutor? – Questionou a empresá ria. – Como foi?

Jú lio deu um enorme sorriso.

-- De nossa parte podemos dizer que foi um sucesso, agora precisamos esperar para ver se o resultado foi o
esperado.

-- Mas tem risco de que nã o dê certo? – Clá udia indagou assustada.

-- Eu disse que terı́amos noventa por cento de chances de que tudo saı́sse bem, entã o esperamos que quando os
curativos forem tirados, Aimê consiga enxergar. – Bateu amigavelmente nas costas das mulheres. – Calma, vamos ter fé ! Daqui
a algumas horas ela será levada para o quarto e você s poderã o icar com ela.

O homem pediu licença, seguindo junto com os outros.

Vanessa abraçou a avó da jovem.

-- Precisamos ter calma, tudo vai icar bem... O doutor é um dos melhores do mundo! – Tentava encorajar a Villa
Real.

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-- Tenho medo que as coisas deem errado... Aimê já tinha se submetido a uma intervençã o, mas nã o deu certo e
depois nã o tivemos mais condiçõ es de custear

O som de um telefone interrompeu-as.

Vanessa reconheceu o nú mero.

Calligari.

Pediu licença, enquanto se afastava.

-- E entã o? – A pintora questionou ansiosa.

A empresá ria respirou fundo.

-- Nã o deveria estar dormindo?

Diana tinha saı́do cedo, foi até uma boate conhecida em Paris para tentar se distrair e naquele momento tinha
acabado de chegar no hotel.

-- Diga-me de uma vez! – Exigiu irritada.

Vanessa suspirou.

-- Acabou agora, mas ainda nã o sabemos o resultado. Jú lio falou que temos que esperar.

A Calligari sentou na cama.

-- Sim, eu sei, mas como ela está ?

-- Ainda nã o a vimos, nã o foi levada para o quarto.

-- Assim que estiver com ela me avise.

-- Diana, eu estou quase sem bateria porque de um e um minuto você me ligou... Acho que nunca em dez anos
tı́nhamos falado tanto como hoje.

-- Compre um celular novo se precisar!

A empresá ria ouviu o som da chamada sendo encerrada.

Nã o era nada fá cil lidar com a major, ainda mais quando se tratava da Villa Real.

Alguns dias depois, Jú lio estava no quarto, pronto para tirar os curativos.

Clá udia estava apreensiva, Vanessa observava tudo com calma.

Aimê nã o demonstrava ansiedade, exibia grande serenidade, sentada na cama.

Uma enfermeira auxiliava o mé dico.

Jú lio observava com atençã o as bandagens que foram colocadas.

-- Mantenha os olhos fechados! – O cirurgiã o se livrava aos poucos das proteçõ es. – Tenha calma...

O quarto estava com a luz baixa.

Delicadamente o homem se livrava de todos.

Afastou-se um pouco.

-- Abra devagar, querida... – Pediu.

Clá udia e Vanessa se aproximaram.

A Villa Real fez o que fora ordenado.

Os olhos azuis se abriam lentamente, enquanto todos a encaravam.

-- E entã o?

Aimê piscou durante alguns segundos.

Seu rosto trazia uma expressã o de pesar...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Mordiscou o lá bio inferior por interminá veis segundos, até que balbuciou.

-- Eu nã o vejo nada... Nada...

Diana nã o conseguira se manter distante depois da notı́cia aterradora que recebeu de Vanessa.

Pegou o primeiro voo retornando ao paı́s.

Sua mente estava a mil quando estacionou o carro diante do hospital.

Já era noite e o cé u estava sem estrelas.

A pintora subiu as longas escadarias com passos rá pidos, nã o parecendo se incomodar com o alegante sapato de
saltos inos que adornavam seus lindos pé s.

Saı́ra do aeroporto direto para lá .

Ao adentrar o espaço silencioso e frio, os olhares das recepcionistas se voltaram para si.

Diana usava calça social ajustada à s pernas longas e torneadas, na cor azul marinho, camisa social branca e
terninho combinando com os trajes baixos.

Os cabelos estavam soltos e naquela noite estava a usar os ó culos de graus.

-- O doutor Romanofe a espera! – A mulher se antecipou, temendo ser alvo do terrı́vel gê nio da pintora. – Pode me
acompanhar.

A Calligari assentiu e logo entrava no consultó rio do mé dico.

Jú lio se levantou ao vê -la, entendendo-lhe a mã o.

A morena aceitou o cumprimento.

-- O que houve? – Questionou imediatamente. – Disse-me que existia grandes chances dela recuperar a visã o.

Jú lio apontou a cadeira para que ela sentasse.

Era possı́vel ver a impaciê ncia e preocupaçã o nos olhos negros.

Depois de um tempo, ela acabou se acomodando e o homem fez o mesmo.

O mé dico tinha alguns exames nas mã os.

-- Eu estou aqui há horas olhando esses papé is, vendo que tudo está bem com a Aimê , mas ela nã o enxerga. –
Entregou-lhe. – Creio que algo interno está bloqueando! O problema foi corrigido, mas nã o consegue ver. – Suspirou. – Pedi ao
neuro para dar uma olhada nela.

Diana observava com atençã o os exames.

-- Mas você nã o tinha falado sobre algo assim! – Devolveu a ele. – Quando nos encontramos a primeira vez deixei
claro que nã o desejava dar falsas ilusõ es para ela, eu disse, pois imagino como isso deve ser doloroso. – Queixou-se.

-- E eu te disse que terı́amos chances, examinei-a e tive certeza disso, mas há outras coisas envolvidas. – Explicava
com calma.

-- E o que pretende fazer quanto a isso?

Romanofe a encarou.

Nã o precisava ter uma bola de cristal para perceber o interesse que Diana tinha na moça.

-- Infelizmente apenas só podemos esperar!

Diana se levantou.

-- Eu nã o sei o que pensar, realmente nã o sei!

A major deixou a sala.

Tinha a impressã o que mais uma vez algo escapava das suas mã os.

Desde que icara sabendo do ocorrido se arrependeu de nã o ter icado ali, mesmo diante do desprezo de Aimê ,
deveria ter icado ao seu lado.

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Andava distraı́da, quando se deparou com Vanessa, que lhe deu um caloroso abraço.

-- Veio do aeroporto direto para cá ? – Questionou, afastando um pouco para vê -la melhor. – Nã o parece nada bem.

Diana parecia aborrecida.

-- Por que demorou tanto para me dizer o que tinha acontecido?

A empresá ria sabia que isso seria motivo de irritaçã o, mas nã o tivera coragem de dizer, esperando que um milagre
ocorresse e a jovem voltasse a enxergar.

-- Desculpe-me, mas eu preferi esperar, ainda mais por que o Romanofe disse que seria questã o de tempo ela se
recuperar... Apenas queria te dar uma notı́cia boa.

A Calligari parecia cansada.

-- Onde ela está ?

-- No quarto, está dormindo, pois precisou ser medicada para fazer alguns exames.

Diana observou o longo corredor.

Colocou as mã os nos bolsos da calça.

-- Clá udia está com ela?

-- Nã o, infelizmente a famı́lia Villa Real nã o parece muito agraciada pela sorte.

-- O que se passou? – Questionou preocupada.

-- Ricardo passou muito mal e está hospitalizado.

A morena passou a mã o pelos cabelos.

-- O que ele tem?

-- Pneumonia! Está muito debilitado. Vitor entrou com um pedido de habeas corpos!

A pintora apenas fez um gesto de assentimento com a cabeça, enquanto observava as postas dos quartos.

-- Onde ela está ? – Voltou a perguntar sem esconder a ansiedade.

A empresá ria apontou para a terceira porta à esquerda.

-- Ficará com ela? – Indagou esperançosa. -- Preciso ir a minha casa trocar de roupa... També m tenho umas coisas
para resolver.

A morena mordiscou o lá bio inferior, parecia hesitar diante da possibilidade oferecida.

-- Nã o acho que a minha presença faça bem, ainda mais depois disso.

-- Nã o pense assim... Sabe que Aimê me surpreendeu, pois em nenhum momento ela demonstrou desespero,
mesmo eu sabendo que isso a deixou muito triste, ela age como se tudo estivesse bem. Apenas icou agitada quando soube do
avô , mas ela está bem, melhor do que nó s.

A Calligari assentiu.

-- Ficarei com ela, mas nã o demore!

Vanessa fez um gesto a irmativo com a cabeça, enquanto via a artista seguir em passos relutantes até o quarto.

O cô modo estava com a luz acesa.

Havia uma cama que era ocupada pela paciente, uma que servia para a acompanhante e um confortá vel sofá .

Havia també m uma mesinha pequena para as refeiçõ es.

Diana entrou e seu olhar foi atraı́do imediatamente para a jovem que dormia no leito.

Levou a mã o ao peito, pois temeu que o coraçã o saı́sse a qualquer momento.

Lentamente seguiu até ela e desejou poder abraçá -la bem forte e dizer que tudo icaria bem e que nã o a deixaria
sozinha jamais.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Estendeu a mã o para acariciar sua face, mas nã o o fez, temendo despertá -la.

Seria capaz de doar os pró prios olhos para que Aimê pudesse voltar a enxergar.

Mirou os lá bios rosados, o nariz bem feito.

Nã o conseguiu evitar se sentir culpada por ter dado esperanças a ela.

Inclinou-se, depositando um beijo delicado em sua face.

Afastou-se e viu os olhos azuis se abrirem lentamente.

A Villa Real piscou vá ria vezes, sentiu os olhos arderem... Doı́am...

Fechou-os...

Sentia-se cansada de tantos exames, cansada de estar naquele lugar... Desejava ir embora o mais rá pido possı́vel,
voltar a sua vida...

Nã o queria ter se submetido à quela cirurgia, pois sabia que aquele fracasso feria muito os que a amavam... Quanto a
ela, estava acostumada com aquela escuridã o... Mesmo que tivesse acalentado por em segredo o enorme desejo de poder ver
novamente as estrelas... As lores...

Suspirou e mais uma vez abriu os olhos.

Sentiu algo muito forte em sua direçã o, como um farol alto de um carro...

Fechou-os e os abriu devagar...

Tudo estava tã o embaçado...

Estaria sonhando?

Conseguiu focalizar melhor... e de repente a imagem borrada pareceu mais nı́tida.

Viu os cabelos intensamente negros, emoldurando um rosto forte...

Mirou os olhos negros...

Deus!

O nariz forte e a ilado, arrebitado e orgulhoso... A boca grande, de sensuais lá bios carnudos...

Um anjo vingador com olhar arrogante...

Seria aquilo uma miragem...

Engoliu em seco.

Abriu a boca para falar, mas só depois de um grande esforço, conseguiu verbalizar.

-- Diana...

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Capitulo 26 por gehpadilha

Notas do autor:

Voltei... Terã o um capı́tulo enorme que vai valer por dois... kkkkkkk

Tive um probleminha...

Beijos e tenham um ó timo domingo...

O cô modo estava com a luz acesa.

Havia uma cama que era ocupada pela paciente, outra que servia para a acompanhante e um confortá vel sofá . Havia
també m uma mesinha para pequenas refeiçõ es.

As luzes estavam acesas, clareando todo o ambiente.

Diana entrou e seu olhar foi atraı́do imediatamente para a jovem que dormia no leito.

Levou a mã o ao peito, pois temeu que o coraçã o saı́sse a qualquer momento.

Lentamente seguiu até ela e desejou poder abraçá -la bem forte e dizer que tudo icaria bem e que nã o a deixaria
sozinha jamais.

Estendeu a mã o para acariciar sua face, mas nã o o fez, temendo despertá -la. Temendo ver toda a rejeiçã o e
desprezo que semeara em seu peito.

Passou as mã os pelo rosto.

Seria capaz de doar os pró prios olhos para que Aimê pudesse voltar a enxergar.

Mirou os lá bios rosados, o nariz bem feito.

Nã o conseguiu evitar se sentir culpada por ter dado esperanças a ela... Nã o bastava ter sido a causadora de tamanha
desgraça?

Inclinou-se, depositando um beijo delicado em sua face.

Afastou-se e viu os olhos azuis se abrirem lentamente.

A Villa Real piscou vá ria vezes, sentiu os olhos arderem... Doı́am...

Fechou-os...

Sentia-se cansada de tantos exames, cansada de estar naquele lugar... Desejava ir embora o mais rá pido possı́vel,
voltar a sua vida...

Nã o queria ter se submetido à quela cirurgia, pois sabia que aquele fracasso feria muito os que a amavam... Quanto a
ela, estava acostumada com aquela escuridã o... Mesmo que tivesse acalentado por em segredo o enorme desejo de poder ver
novamente as estrelas... As lores...

Suspirou e mais uma vez abriu os olhos.

Sentiu algo muito forte em sua direçã o, como um farol alto de um carro...

Cerrou-os e os abriu devagar...

Tudo estava tã o embaçado...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Estaria sonhando?

Conseguiu focalizar melhor... e de repente a imagem borrada pareceu mais nı́tida.

Viu os cabelos de é bano, emoldurando um rosto forte...

Mirou os olhos negros...

Deus!

O nariz reto e a ilado, arrebitado e orgulhoso... A boca grande, de sensuais lá bios carnudos...

Um anjo vingador com olhar arrogante...

Seria aquilo uma miragem...

Engoliu em seco.

Abriu a boca para falar, mas só depois de um grande esforço, conseguiu verbalizar.

-- Diana...

A Calligari mirou-a com atençã o.

O som quase inaudı́vel nã o passou despercebido.

Observou o mar azul se estreitarem...

Imaginou se seria algo bom con irmar sua presença ou ingir que nã o estava ali para nã o a atormentar naquele
momento difı́cil.

Encarou-a por um bom tempo e teve a impressã o que ela itava em seus olhos.

Estaria imaginando coisas.

A Villa Real notava o olhar surpreso.

Deus, como ela era linda!

Suas mã os nã o conseguiram chegar perto da beleza daquela mulher...

Mirou o pescoço esguio... A sobrancelha bem feita e arqueada... O maxilar forte... A pele bronzeada...

Fechou os olhos mais uma vez, apertando-os, mas logo voltou a abrir...

Nã o, aquilo nã o era um sonho...

Ela estava ali e conseguia vê -la...

Apoiando-se nas mã os, conseguiu encostar as costas no espaldar da cama...Sentou-se.

Mirava a expressã o confusa da major, via a testa franzida.

A ilha de Alexander continuava parada, tentava ao má ximo nã o fazer barulho e buscava controlar a respiraçã o,
assim nã o denunciaria sua presença e causaria mais danos a esposa.

Enquanto isso, Aimê continuava sua inspeçã o.

Tinha a impressã o que logo seu coraçã o sairia pela boca...

-- Diana... – Falou novamente. – Nã o vai me responder? – Questionou baixinho.

A Calligari a itou e mais uma vez teve a impressã o que ela olhava diretamente para si.

Mordiscou a lateral do lá bio inferior...

-- Sim, mimadinha, sou eu... – Disse por im, vencida.

-- E por que icou calada quando te chamei?

Observou a pontinha da lı́ngua aparecer enquanto ela hidratava a bela boca.

Sentiu um arrepio na nuca.

Era aquela boca deliciosa que a dominava sem muito esforço... Era por eles que esqueciam até o pró prio nome...

Tentou espantar esses pensamentos, meneando a cabeça...

Vê -la era uma emoçã o sem igual... Chegou até mesmo esquecer sua raiva.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Nã o queria que icasse exaltada com a minha presença... – Engoliu em seco. – A Vanessa nã o vai demorar para vim
icar contigo. – Cruzou os braços sobre os seios. – Deseja que eu saia?

Aimê mirou os olhos negros e sentiu os pró prios lagrimar.

Deus, ainda nã o acreditava que a estava vendo!

Entã o era aquela a mulher que a salvara e destruı́ra seu coraçã o...

Estendeu a mã o, tocando-lhe a face.

A morena parecia surpresa ao sentir os dedos longos lhe acariciar o rosto.

Viu as lá grimas...

-- Como pode ser ainda mais bela do que um dia imaginei... Como poderei lidar com isso?

A confusã o estava estampada na expressã o de Diana... Mas logo um enorme sorriso embelezava mais ainda sua
face.

A Villa Real parecia maravilhada, enquanto desenhava os lá bios com os dedos... Observando-os com atençã o... Um
fruto pecaminoso com certeza...

-- Pensei que você só exibisse sorrisos sarcá sticos, major... Nã o sei se estou pronta para ver algo tã o lindo...

Os olhos negros se abriram em total espanto.

-- Mas como? – Dizia em um io de voz. – Está me vendo, Aimê ? – Tomou-lhe o rosto nas mã os, aproximando as
faces, itando intensamente o mar azul, inspecionava. – Deus, você está conseguindo me ver... Consegue me ver... Consegue me
ver... – Repetia emocionada.

A ilha de Otá vio fez um gesto a irmativo com a cabeça.

Lentamente a Calligari a envolveu em um abraço...

A ilha de Otá vio se permitiu aquele momento, sentindo-a, ouvindo as palpitaçõ es dos coraçõ es pulsando acelerado.

-- Eu consigo vê -la... Eu consigo te ver... – Sussurrava em seu ouvido.

Diana apertou-a mais forte...

Sentiu as lá grimas correndo livres e nã o fez nenhum esforço para contê -las.

Nunca em sua vida sentira uma emoçã o tã o grande... Uma felicidade invadia seu peito.

Sim, aquilo era o amor que Vanessa falava tanto... Aquele sentimento que a deixava tã o frá gil era o mesmo que
Camõ es proclamava em suas poesias.

Aimê se afastou um pouco, encarando-a.

-- Está chorando... – Tocou o lı́quido com os lá bios. – Por quê ?

A Calligari sentiu as carı́cias na pele, fechou os olhos por alguns segundos e quando os abriu, a neta de Ricardo a
encarava.

O azul celeste brilhava tanto...

Fitou os lá bios rosados... e mais uma vez usou o polegar para tocá -los, nã o apenas usando o tato para sentir a
maciez, mas també m agora os enxergava e isso complementava ainda mais seu encantamento.

Engoliu em seco...

Sentira medo de vê -la, com a mesma intensidade que desejara...

-- Eu nã o consigo parar de te olhar...

Diana viu os dentes alvos abertos em um sorriso e nã o conseguiu conter o ı́mpeto que pulsava em seu peito.

Inclinou a cabeça, colando os lá bios aos dela...

Aimê manteve os olhos abertos no inı́cio, mas logo os fechou, abraçando a pintora pelo pescoço, enquanto se
permitia senti-la mais uma vez.

Por que só naquele momento tinha a impressã o que o planeta voltava a sua ó rbita.

As bocas se encontravam com delicadeza, um pouco receosas, mas aos poucos inteiras novamente... O mundo
parecia voltar ao normal naquele momento.

A Villa Real foi ousada, seguindo em busca da lı́ngua da Calligari... Logo elas se encontravam...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Diana gemeu quando a garota a prendeu entre os dentes... Chupando-a...

A neta de Ricardo apertou-a mais forte, perdida naqueles lá bios que amava tanto...

Aimê teve a impressã o que a vida voltava a pulsar dentro de si...

Apertou-a...

Choramingou implorando por mais... Precisava de tudo que ela podia lhe dar...

Abraçou-a mais forte... Prendendo-a, como se temesse que ela se afastasse de novo.

Sentiu os seios doerem...

A pele parecia em brasa...

Gemeu quando a major sugou forte seus lá bios...

Apertou-a, querendo nã o a soltar nunca mais...

Escutaram batidas na porta e em fraçõ es de segundo se separam ao ouvir a voz de Clá udia.

-- Voltei, ilha...

A esposa do general olhava de uma para a outra e parecia assustada.

Nos ú ltimos dias vinha prestando mais atençã o nas reaçõ es da neta e nã o era raro dormir ao seu lado e ouvi-la
sussurrar o nome da major... Teria a garota també m sido enfeitiçada por aquela ı́ndia de olhos tã o negros?

Antes de abrir a boca para dizer algo, foi surpreendida.

-- Apesar do tempo, vovó , a senhora continua tã o linda quanto eu guardava na minha memó ria.

Clá udia se desmanchou em lá grimas antes de conseguir chegar nos braços estendidos da neta.

Diana observava tudo com atençã o.

Ouvia os sussurros de agradecimento da mulher que um dia odiara tanto e percebia como o amor dela era sincero,
realmente amava a ilha do coronel e a protegia de todos.

Viu os olhos azuis se voltarem novamente para si e precisou se segurar para nã o ir até ela mais uma vez... Ainda se
sentia em chamas depois da carı́cia trocada.

-- Vou avisar ao Romanofe, quero que ele te examine! – Colocou as mã os nos bolsos, enquanto deixava o quarto.

Aimê fechou os olhos, concentrando-se no reconfortante abraço daquela mulher que a cuidou com tanto amor a
vida toda.

Voltou a itar a porta por onde a Calligari tinha saı́do...

Ainda conseguia sentir o olhar dela...

Meu Deus!

Viu as lá grimas... Ela chorara por si...

Por quê ?

Sentia aquela força indomá vel novamente gritar mais alto agora...

-- Filha, isso é um verdadeiro milagre! – Clá udia a mirava. – Meu Deus, nã o consigo acreditar que seus olhinhos
voltaram a ser como antes.

Aimê viu o rosto avermelhado da vó , percebia como estava emocionada.

A porta se abriu e a Villa Real sentiu o coraçã o bater mais forte, poré m apenas o doutor Jú lio entrou.

Tentou esconder a cara de decepçã o.

-- Entã o era realmente como eu pensei! – Aproximou-se.

A esposa do general se afastou, enquanto via o mé dico examinar a neta.

Usava uma pequena lanterna para isso.

-- O seu psicoló gico desbloqueou! – Disse com um enorme sorriso. – Quem foi responsá vel por tamanha proeza?

A Villa Real corou.

Jú lio lhe entregou um espelho.

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-- Olhe-se, acredito que nã o lembrava de como era bonita.

Aimê pegou o pequeno retâ ngulo, enquanto observava com atençã o o rosto.

Estava avermelhado, mas aos poucos voltou a cor normal.

Viu a pequena cicatriz na fronte... Demorou-se nos olhos e percebeu como brilhava em lá grimas.

-- Faz tanto tempo... – Tocava o vidro com os dedos. – Passaram tantos anos... E como se tudo fosse novo... Como se
me mudasse para uma casa diferente... mó veis diferentes... – Fitou os dois. – Obrigada, doutor, obrigada por me devolver a
visã o.

-- Sim! – Clá udia se intrometeu. – Somos muito gratas ao senhor!

Romanofe assentiu com a cabeça.

-- Eu ico feliz pelos agradecimentos, mas acho que se tem algué m que mereça eles, essa pessoa, com certeza, é a
Alessandra Calligari. Há mais o menos uma hora, ela entrou em total desespero em meu consultó rio... – O mé dico encarou
Aimê . – E inegá vel o apresso que tem por ti, vejo isso desde a primeira vez que entramos em contato.

Clá udia observava a reaçã o da neta diante das palavras ditas.

-- Bem, voltarei para o meu consultó rio e ico muito feliz por sua recuperaçã o.

-- Quando poderei deixar o hospital? – A garota questionou ansiosa.

-- Amanhã mesmo!

O mé dico pediu licença, deixando o quarto.

-- O seu avô vai icar muito feliz quando souber...

-- E como ele está ?

-- Melhor e provavelmente vai deixar a quartel e icará com a gente.

Aimê suspirou.

-- Quero vê -lo, muito, muito mesmo...

-- Vai ver! – Pegou o celular. – Mandarei mensagens para Bianca e o Alex, ele vai icar louco, querendo te ver... –
Começava a digitar. – Você vai icar encantada quando vê -lo, é um rapaz lindo, parece aqueles atores de Hollywood.

A Villa Real ouvia a avó falar, mas nem mesmo conseguia prestar atençã o, pois sua cabeça estava presa naquela
porta, desejando inconscientemente que a major retornasse, desejava vê -la novamente, gostaria de icar apenas olhando-a,
admirando-a.

Infelizmente as horas passaram e a Calligari nã o voltou.

Vanessa chegou ao hospital e encontrou a amiga na recepçã o.

Dormia em uma cadeira.

-- Meu Deus, está com a aparê ncia pé ssima! – Comentou sentando ao lado dela. – Poderia ter ido para casa ou
dormido no quarto com a Aimê .

Diana pareceu assustada, enquanto cobria o rosto com as mã os.

Observava tudo ao redor, parecendo confusa, mas logo reconhecia o espaço.

Bocejou, enquanto se esticava.

-- Estava com tanto sono que nem percebi como era desconfortá vel.

A empresá ria a encarava.

-- Poderia ter ido pra casa, você disse que Clá udia tinha retornado.

-- Fiquei temerosa de que precisassem de alguma coisa e como você nã o estava, decidi icar.

Vanessa sorriu.

-- Aimê pareceu ansiosa...

-- Você a viu?

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A empresá ria lhe entregou uma garrafa com á gua.

-- Sim, mas a minha beleza nã o a impressionou tanto quanto a sua! – Relanceou os olhos, imitando-a.

A Calligari deu de ombros.

-- Entã o ela já está pronta para retornar? – Levantou-se, enquanto mexia o pescoço de um lado para o outro.

-- O mé dico já liberou, ela está apenas se arrumando para irmos.

Diana mirou o reló gio de pulso.

-- Leve-a para ver o Ricardo, consegui com o coronel uma permissã o.

-- E você ? Vai fugir para onde agora?

-- Nã o fugirei para lugar algum! – Retrucou aborrecida. – Vou para a casa, icarei lá durante o dia todo... Se precisar,
saberá onde me encontrar!

Vanessa se levantou, segurando-a pelo braço.

-- Vá até o quarto dela... Clá udia foi a cafeteria...

A morena mordiscou o lá bio inferior demoradamente, enquanto olhava na direçã o do corredor.

-- Você disse que eu estava com a aparê ncia pé ssima! – Arrumou os cabelos com as mã os.

-- Bem, está um pouco amassada, mas nã o parece algo tã o ruim... Você é linda de qualquer jeito... – Parou de falar
abruptamente.

Quando a Calligari se voltou, Aimê seguia até elas.

A major cruzou os braços sobre os seios ao vê -la se aproximar.

A pintora tinha a impressã o que cada dia que passava a Villa Real icava ainda mais bonita, mesmo usando jeans e
camiseta.

Observou como os olhos azuis iam direto nos seus... Fazendo-a prisioneira...

-- Estou pronta! – Disse com um sorriso. – Onde está minha vó ? – Olhava ao redor.

-- Eu vou chamá -la! – Vanessa disse, enquanto se afastava apressadamente.

A ilha do coronel assentiu, enquanto Diana nã o parava de olhá -la.

-- Como se sente? – A pintora indagou.

A jovem a mirou.

-- Eu me sinto muito bem... E você ?

-- Estou bem!

A major a viu estender a mã o para si como uma forma de cumprimento.

-- Obrigada, Diana, sou muito grata pelo que fez por mim!

A herdeira de Alexander pareceu surpresa com as palavras, mas nã o descruzou os braços.

Aimê nã o pareceu se importar a nã o receber o cumprimento, tocando-a entre as sobrancelhas.

-- Sempre imaginei assim...

A Calligari umedeceu os lá bios com a lı́ngua e nã o passou despercebido olhar da outra sobre si.

-- Nã o tem razõ es para agradecer... Fiz o que deveria ser feito.

-- Você sempre faz o que deve ser feito? – Indagou curiosa, especulando suas reaçõ es. – Sabe que eu nunca pensei
que a poderosa major icava sem jeito como os meros mortais...

Antes que pudesse responder algo, viu as mulheres se aproximarem.

Tomou-lhe delicadamente a mã o, segurando-a entre as suas.

-- Nã o tem ideia de como estou feliz por você está bem, mimadinha... – Falou baixinho. – Você recuperar a visã o foi
uma das coisas que mais desejei nos ú ltimos dias...

Antes que pudesse falar alguma coisa, viu a pintora se afastar em direçã o oposta.

Alta, orgulhosa, com passos fortes...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Sempre a imaginou assim... Mas vê -la ultrapassara todas as suas projeçõ es.

-- Vamos! – Vanessa falou. – Diana falou para te levar ao quartel, deseja que veja seu avô .

Aimê pareceu surpresa, poré m muito feliz com isso.

Crocodilo pegou o celular.

Depois de alguns segundos um homem atendeu.

-- Nã o deve ligar para mim!

O bandido foi repreendido.

-- Nã o me diga o que devo fazer! – Disse irritado. – Já nã o aguento mais icar nesse buraco escondido.

-- E o que quer que eu faça? Nã o basta já ter plantado as pistas falsas sobre seu paradeiro!

-- Eu quero que se livre da Diana, só quando ela sair do meu caminho poderei viver em paz sem ser caçado!

-- Nã o posso fazer nada contra ela, faça você ! – O outro disse irritado. – Se é tã o esperto, ache um jeito para atrair a
Calligari.

-- Eu farei sim... E vai ser para um lugar onde ela conhece muito bem, a inal, se ela é uma ı́ndia, o melhor é que seja
enterrada na loresta. – Desligou o aparelho, jogando-o longe.

Só havia um jeito agora...

O general estava na enfermaria.

Parecia melhor.

Quando Aimê entrou, encontrou-o sentada em uma cadeira.

Percebia como ele estava abatido, debilitado e como parecia bem mais velho.

Ricardo se levantou com lá grimas nos olhos, recebendo o caloroso abraço da neta.

-- Só Deus sabe como pedi para poder viver para ver esse dia! – Beijou-lhe a face.

A Villa Real o itava intensamente.

Ajudou-o a se acomodar e fez o mesmo.

-- Pois o que mais desejo é que o senhor possa sair daqui, estamos fazendo tudo para isso.

O general fez um gesto negativo com a cabeça.

-- Nã o, meu bem, preciso pagar por tudo o que iz... a minha omissã o fez muito mal a Diana.

-- O senhor fez por temer aqueles bandidos! – retrucou.

O homem deu um sorriso triste, enquanto segurava as mã os nas suas.

-- Eu nã o iz porque eu sempre tive muito orgulho... – Suspirou. – Nunca quis admitir que meu ilho fora um
monstro.

Aimê engoliu em seco.

-- Sou culpado de todas as acusaçõ es, menos de saber que Otá vio tinha matado o Alexander... Eu juro que nã o
sabia...

Os olhos azuis se abriram em total espanto.

-- Como assim? Meu pai matou o pai da Diana? – Levantou-se. – Mas... você disse que tinha sido suicı́dio!

Ricardo percebeu naquele momento que a neta nã o sabia do ocorrido.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Esse foi o motivo da major ter surtado e me denunciado...

Antes que pudesse terminar a frase, Aimê já deixava a enfermaria.

A Calligari nã o demorou muito em casa, pois tivera um pequeno problema com seu cavalo e correu até a fazenda.

Dormiu lá e no dia seguinte seguiu até o está bulo.

O veteriná rio examinava o animal que pareceu eufó rico em ver a dona.

Diana estava apoiada na baia, enquanto observava tudo com atençã o.

Ainda nem conseguira almoçar e já era quase trê s da tarde.

Precisara arrumar alguns problemas que ocorreram e só naquele momento parara.

Sua cabeça doı́a pela falta de descanso.

-- Sabe, Diana, eu acredito que o Cé rbero está muito bem, poré m fez manha porque queria sua atençã o. – Alisou a
crina brilhosa. – Ontem quando o vi estava tã o caı́do... Mas agora que está aqui parece pronto para a dona!

O homem de meia idade cuidava dos animais da fazenda desde a é poca que Alexander era vivo.

Baixo, rechonchudo e de escassos cabelos, doutor Joã o era sempre bastante atencioso e prestativo.

-- Leve-o para passear, vai ver como ele vai se mostrar muito bem rapidinho.

A morena esboçou um sorriso e nem mesmo colocou a sela, montando o animal e saindo em velocidade.

Vanessa dirigia, enquanto vez e outra olhava para a Villa Real de soslaio.

Seguiam até a fazenda.

Esperaram o retorno da Calligari durante o dia anterior, mas isso nã o aconteceu.

Aimê icara muito irritada quando icara sabendo da participaçã o do pai na morte de Alexander e insistiu para falar
com a pintora.

Percebia o olhar da jovem sobre a estrada deserta.

-- Nã o deve icar irritada com seus avó s, tudo o que izeram foi pensando no seu bem.

A Villa Real nã o respondeu de imediato.

Tinham deixado Clá udia no apartamento.

-- Sabe, Vanessa, eu tenho a impressã o que passei toda a minha vida vivendo uma mentira e eu juro que nã o
aguento mais isso, sabe... – Virou-se para a empresá ria. – Primeiro, passei mais de vinte anos imaginando que meu pai era um
heró i que fazia coisas maravilhosas... Agora descubro que alé m de todas as atrocidades, ainda foi capaz de matar Alexander
Calligari.

A empresá ria assentiu, pois sabia que a jovem estava certa.

-- Mas o que deseja falar com a Diana? – Indagou curiosa.

Aimê nã o respondeu de imediato, estava pensativa e um pouco relutante.

Agora que estavam ali começava a se acovardar.

-- Eu preciso que ela me deixe ir com a minha vó ... Acho que já demos tanto trabalho e nã o deve ser fá cil ter a ilha
do homem que mais odeia sob o mesmo teto... – Fechou os olhos para conter as lá grimas. – Nã o há futuro para nó s...

Sorte que estava de ó culos escuros para nã o demonstrar tanta fraqueza.

-- Aimê ! – Vanessa estacionou no acostamento, segurando a mã o da Villa Real. – Lute pela mulher que você ama,
nã o permita que tudo o que aconteceu tire esse sentimento de você .

A amiga de Diana sabia dos planos da artista e nã o conseguira dissuadi-la do seu intuito, agora caberia a bela jovem
fazer alguma coisa.

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-- Mas, como lutarei? Deus, é impossı́vel que algo aconteça entre a gente... Eu sei que ela me deseja, sei que ela me
quer... Eu sinto, mas isso nã o é su iciente pra mim... Nã o quero apenas ir para a cama dela e depois ser tratada com frieza ou
grosserias...

A empresá ria suspirou impaciente.

-- Ela ama você ... bote isso na sua cabeça, ela te ama!

A Villa Real parecia confusa com o que ouvia, mas ainda nã o conseguia deixar de ser incré dula.

-- Nã o acredito...

-- Ah, sim, entã o você acha que a poderosa Calligari passaria à noite do lado de fora da porta do seu quarto,
dormindo naquela cadeira desconfortá vel porque quer transar apenas contigo? – Meneou a cabeça negativamente. – Meu
anjo, a Diana tem a mulher que desejar... Mas ela quer você !

O rosto bonito demonstrou surpresa.

-- Ela estava lá ?

-- Sim, Aimê , do mesmo jeito que esteve lá quando você caiu da escada... Ainda lembro do desespero que ela
expressou.

Vanessa voltou a ligar o carro, seguindo novamente pelo asfalto.

A Villa Real permanecia calada, enquanto pensava no que a empresá ria lhe disse.

Seria verdade?

Teria uma chance?

Poderiam realmente ser felizes?

Nã o desejava se iludir mais, pois já izera isso antes e os resultados foram terrı́veis.

Uma vez já confessara seu amor e nã o fora uma experiê ncia muito boa, entã o agora nã o teria coragem para fazer de
novo.

O carro entrou por uma via estreita e logo adentraram a enorme propriedade dos Calligaris.

As grandes palmeiras criavam uma trilha até a á rea central.

Pararam diante da casa grande.

Vanessa desceu e Aimê fez o mesmo.

-- Eu lembro do cheiro desse lugar... mas nunca pensei que fosse tã o bonito. – Olhava tudo ao redor enamorada das
grandes á rvores e o verde que imperava.

Vanessa já seguia até os degraus que dava acesso à mansã o quando ouviram o som de um cavalo se aproximando.

A Villa Real observou a pintora sobre o enorme garanhã o negro.

Os cabelos dela estavam soltos... Usava uma regata branca justa, jeans surrado nos joelhos e colado as pernas
longas e torneadas, estava descalça.

Fez Cé rbero apear pró ximo a elas.

-- O que houve? Por que estã o aqui? Onde estã o os seguranças, Vanessa? – Indagou observando o ú nico carro
parado ali.

A empresá ria olhou para a ilha de Otá vio.

Aimê nã o parecia amedrontada.

-- Precisava falar contigo e a pedi que me trouxesse! Eu dispensei os serviços deles por hoje.

A Calligari estreitou os olhos negros.

-- O mé dico nã o falou para você descansar ou algo do tipo? – Arqueou a sobrancelha preocupada. – E como
dispensou meus seguranças? – Passou a mã o pelos cabelos. – Depois nos acertamos! – Apontou para Vanessa.

-- O doutor Jú lio passou apenas colı́rio e ó culos! – tentava desconversar ao ver o aborrecimento da ilha de
Alexander.

A pintora fez um gesto de assentimento.

-- Estou passeando com a Cé rbero, ele anda muito solitá rio e precisa se exercitar.

-- Eu vou entrar, estou morta de sede! – A empresá ria seguiu até as escadas.

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Aimê viu-a se afastar e permaneceu lá , enquanto sentia o olhar da major sobre si.

Olhava-a e percebia como era imponente, como era arrogante e orgulhosa sobre o enorme animal.

-- Quer cavalgar comigo? – Diana convidou estendendo a mã o.

A Villa Real olhou o cavalo e teve a impressã o que ele nã o gostara muito da sua presença, mas acabou aceitando o
convite.

A Caligari a ajudou a montar atrá s de si.

-- Já tinha montado? – A morena questionava enquanto fazia o animal trotar.

-- Nã o, apenas montei num pô nei quando eu ainda era criança. – Segurou na cintura da major, temendo cair. – Ele é
muito grande!

-- O Cé rbero é á rabe, era selvagem, eu que o domei! – Dizia cheia de orgulho.

Diana seguia em meio à s á rvores.

-- Por que o chamou assim? E um nome meio pesado, nã o?

A Calligari virou a cabeça para ela, estavam tã o pró ximas que podia sentir o há lito refrescante.

-- Adoro mitologia e nã o vejo o personagem Cé rbero com olhos tã o ruins, a inal, ele era um protetor, guardiã o...

-- Ah, sim, por esse lado você está certa...

A morena sorriu, enquanto fazia o animal aumentar o passe e logo já estavam parando em um rio.

Diana esperou que o cavalo bebesse um pouco de á gua.

-- E muito lindo aqui! – Aimê comentou maravilhada.

O có rrego era cercado de á rvores e tinha algumas pedras que tornava mais aconchegante.

A á gua era cristalina, deixando à mostra o fundo do rio.

-- Nã o vai demorar a escurecer! – A pintora olhava para o horizonte. – Acho melhor que durmam aqui hoje, nã o
quero que corram perigos.

-- Mas nã o trouxe roupa, nã o pensei que seria tã o longe.

-- Deve ter algo para você usar!

-- Está irritada por causa dos seguranças? – Indagou.

Diana virou a cabeça para ela novamente.

-- Nã o vou falar sobre isso agora, mas depois conversaremos.

-- A Vanessa nã o tem culpa, major, eu que agi impulsivamente. – Adiantou-se.

A Calligari mirou os lá bios rosados e desejou ver os olhos azuis.

-- Você é muito impetuosa... Por isso perco a paciê ncia...

Aimê passou a lı́ngua pelo lá bio superior.

A pintora desejou beijá -la, mas Cé rbero pareceu reclamar.

A morena sorriu.

-- Vamos embora!

Tocou no franco do animal e nã o demorou para que seguissem até a casa.

Permaneceram caladas durante o percurso e quando chegaram de frente a mansã o, Diana desceu e depois ajudou a
fazer o mesmo.

O corpo da Villa Real roçou perigosamente com o da pintora.

Ficaram algum tempo paradas, itando-se.

Aimê respirou fundo sentindo o cheiro dela...

-- Você é uma mulher muito linda, Diana...

A morena itou os lá bios rosados e desejou senti-los naquele momento... Ainda nã o esquecera o que acontecera no
hospital...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Cerrou os dentes.

-- O que veio fazer aqui? – Indagou com voz rouca.

Naquele momento a neta do general recordou do que a levou até ali e de como parecia cada vez mais difı́cil terem
alguma coisa.

Relutou por alguns segundos, mas diante do olhar insistente, falou:

-- Eu sei do vı́deo, sei do que meu pai fez com o seu...

A Villa Real percebeu a mudança.

A major se afastou um pouco.

-- Nã o quero falar sobre isso! – Falou rispidamente.

-- Mas eu quero... Desejo que falemos sobre isso e sobre muitas outras coisas! – Disse irme, enquanto erguia o
queixo. – A inal, temos muito para conversar, ou esqueceu me prometeu a liberdade se eu me submetesse a cirurgia?

Diana deu as costas para ela, enquanto acariciava o enorme animal que parecia interessado na conversa.

O sol já estava a sumir do horizonte e a penumbra já era combatida pela energia arti icial.

Passara todos aqueles dias que a esposa icara no hospital planejando tudo o que faria para poder libertá -la e
mesmo assim, mantê -la segura... Nã o seria uma passo fá cil, ainda mais agora...

-- Cumprirei o que disse!

O peã o apareceu.

-- Leve o Cé rbero, acho que ele já está melhor.

O homem assentiu, enquanto se afastava.

A Calligari se virou para Aimê .

-- Vamos! – Apontou as escadarias. – Te levarei até seu quarto.

A Villa Real acabou aceitando, pois nã o desejava começar a brigar, estava cansada de discussõ es.

Retirou os ó culos e ao entrar na casa, lembrou-se do dia que chegara ali, recordou-se de como estava irritada com a
ı́ndia selvagem, depois de tudo o que tinham vivido na loresta e no hotel.

Viu-a subir as escadas e sentiu um frio na barriga.

Outra lembrança ainda mais forte veio a sua mente ao seguir pelo corredor dos quartos.

“Aceite meu presente, mimadinha... Depois de hoje não devemos nos ver mais... Aceite-o... – Voltou as
carícias, mesmo tendo a mão dela sobre a sua.”

Diana estancou ao perceber que os passos que a seguia tinham cessados.

Virou-se e viu a Villa Real parada.

Os olhos intensamente azuis estavam maiores e pele corada.

Entã o sua mente també m foi invadida por cenas de um certo dia que nunca poderá apagar do cé rebro.

Agora percebia como fora tola ao imaginar que aquele momento seria o ú nico entre elas. Chegara a pensar que
saciaria sua fome e a esqueceria... Mas desde que provara da ilha de Otá vio pela primeira vez, perdera totalmente o controle
de todas as suas açõ es.

Meneou a cabeça para tentar se livrar daqueles pensamentos.

-- Ficará nesse quarto! – Apontou a porta. – Preciso de um banho, nos falamos depois.

Aimê a viu seguir e adentrar outro aposento, nem mesmo pô de falar nada.

Diana entrou e nã o pareceu surpresa ao se deparar com Vanessa sentada confortavelmente na poltrona.

-- Pensei que aproveitaria mais seu momento ao lado da sua esposa! – Cruzou as pernas.

A Calligari foi até ela, estreitando os olhos ameaçadoramente.

-- Eu ainda nã o engoli você ter trazido Aimê aqui e sem os seguranças para protegê -las!

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-- Ah, sim, como se a neta do general tivesse uma personalidade sempre dó cil e angelical. – Cruzou as pernas. – Ela
icou furiosa quando soube a verdade sobre a morte do seu pai.

-- Mas quem disse a ela?

-- Ricardo!

A major praguejou alto.

-- Aimê icou possessa, discutiu com Clá udia e disse que precisava te ver.

-- Mesmo assim! – Passou a mã o pelos cabelos. – Você s correram riscos! Ela corre perigo!

-- Nã o se preocupe tanto! Mesmo com a dispensa da menina, o chefe ainda esteve presente, mesmo que a Villa Real
pensasse que está vamos sozinhas.

Diana ouviu o bip do celular e logo viu a mensagem do guarda-costas.

-- Você deveria fazer como eu, apenas ingir que a ilha de Otá vio decide alguma coisa, seria uma boa forma de
você s viverem em paz.

Diana a ignorou, enquanto se livrava da camiseta e da calça, icando apenas de lingerie.

-- Fez o que eu pedi? – Questionou, enquanto caminha até o banheiro.

A empresá ria se levantou, seguindo até ela.

-- Nã o e nã o farei, pois achei um absurdo!

A pintora ligou a á gua e icou sob a ducha durante longos minutos.

-- Quando li seu e-mail tive vontade de apertar seu pescoço, acho que Aimê sentira o mesmo ao saber.

Diana passava sabonete pelo corpo pacientemente.

-- Se ela quer a liberdade, eu darei com essa condiçã o, assim teremos menos chances de ela ser pega por aquele
miserá vel!

-- E por que você mesma nã o a protege?

A morena se secou, depois vestiu o roupã o atoalhado preto.

Com passos irmes retornou para o quarto, seguindo até a cama.

-- Faça apenas o que estou dizendo! – Retrucou aborrecida.

-- Ah, sim, já começa a esbravejar... Quero saber quando vai dizer a Aimê sobre sua decisã o.

-- Hoje mesmo... Agora saia, vá pro seu quarto, estou cansada e quero dormir um pouco.

Vanessa suspirou impaciente, mas nã o falou mais nada, deixando os aposentos.

Passava das nove da noite quando Diana despertou.

Nem mesmo se deu o trabalho de vestir uma roupa, usando apenas o roupã o, saiu do quarto.

A Casa estava em um perfeito silê ncio.

Seguiu até os aposentos de Vanessa, bateu, mas nã o recebeu resposta.

Observou a porta fechada do quarto da neta de Ricardo.

Precisavam conversar, mesmo que nã o desejasse icar ao lado dela, pois temia perder o controle.

Decidida, foi até ele, batendo.

Nã o demorou a ouvir a voz da jovem, entã o entrou.

A Villa Real estava sentada na poltrona e tinha um livro nas mã os.

Vestia uma camisola de seda preta e os cabelos estavam presos na nuca.

-- Pensamos que dormiria a noite toda! – Aimê falou, deixando a leitura de lado, itando-a. – A Vanessa já deve estar
dormindo, jantamos e ela falou que estava cansada.

A Calligari permaneceu parada de pé , apenas itando a bonita igura que a encarava.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A ilha de Otá vio fazia o mesmo.

Inspecionava atenciosamente a linda mulher parada ali... Mesmo que soubesse que aquilo nã o seria uma boa ideia.

Mirou os olhos negros...

Havia um magnetismo tã o forte neles...

O nariz empinado...

Mordiscou o lá bio inferior.

-- Acho que já podemos conversar, Diana!

A morena fez um gesto de assentimento com a cabeça, enquanto seguia até onde ela estava sentada.

Acomodou-se, colocando sobre seu colo as pernas da Villa Real.

A menina pareceu surpresa, mas nada disse, permanecendo apenas quieta, tentando controlar a pressã o na barriga.

-- Vamos conversar como pessoas civilizadas? – A Calligari exibiu um sorriso de canto de boca.

-- Hun... Entã o você sabe ser civilizada? – gracejou.

Diana mirou as penas longas se cruzarem sobre seu corpo e nã o conseguiu disfarçar um olhar mais atrevido para o
decote.

-- Eu estudei nas melhores escolas que o dinheiro pode pagar... – Disse cheia de deboche.

-- Ah, sim, mas acredito que elas só conseguiram passar umas pinceladas de verniz.

A morena riu um pouco mais alto, enquanto começava a massagear distraidamente os pé s da garota.

-- Eu já disse que ainda nã o cansei de te olhar e que o seu sorriso é embriagante...

A major pareceu incomodada com o elogio, até mesmo desviou o olhar.

-- Aimê , vamos falar sobre o que é preciso! – Voltou a encará -la. – Já sei o que icou sabendo do que se passou com
meu pai, poré m isso é algo que me nego a falar contigo.

A ilha de Otá vio se levantou.

O olhar da morena caiu sobre o corpo bonito.

A camisola se ajustava ao corpo da garota, chegando bem acima do joelho, deixando a vista as pernas longas.

As alças inas delineavam os ombros magros e o decote acentuado deixava a mostra a borda dos seios redondos.

-- Nã o, você nunca fala, apenas esbraveja e solta tudo de uma vez em mim!

Ao perceber que ela se dirigia para a porta, Diana foi rá pida, detendo-a pelo braço.

-- Pensei que fossemos conversar...

Aimê a encarou, livrando-se delicadamente do toque.

-- Ok, vamos conversar. – Cruzou os braços sobre os seios. – Sou toda ouvidos.

A Calligari passou a mã o pelos cabelos.

Umedeceu os lá bios demoradamente, depois apontou com a mã o para o sofá .

-- Vamos sentar?

-- Pre iro icar de pé !

Os olhos negros da major se estreitaram, mas ela pareceu aliviar mais a raiva.

-- Eu vou te deixar livre, sei que deseja isso, mas ainda temos que lembrar de que o Crocodilo nã o foi preso, entã o
pensei em algo que nã o dará facilidade para que ele se aproxime de ti e você de quebra se livra de mim.

A Villa Real batia a ponta do pé direito no chã o lentamente.

-- Continue!

A ilha de Alexander observava como a bela esposa estava impaciente.

Jogou a cabeça para trá s.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Pois é , entã o eu já arrumei tudo, vou anunciar seu noivado com o ilho do prefeito, seu namoradinho, como é uma
igura pú blica...

Diana explicava tudo e parecia tã o empolgada que nem mesmo percebeu a expressã o de pesar no rosto da neta do
general.

-- E entã o?

A Villa Real baixou a cabeça durante longos segundos, depois sacudiu a cabeça, itando-a em total incredulidade.

-- E entã o, você é a maior idiota que eu já tive o desprazer de conhecer!

A ı́ndia colocou as mã os nos quadris.

-- Ah, como assim? Nã o é se livrar de mim que você quer? Você mesma me disse que o tal do Alex era maravilhoso!
– Falou irritada. – Agora que apoio, você vem com isso?

Aimê meneou a cabeça negativamente.

Diana tentou tocá -la, mas a menina nã o permitiu.

-- Quero que seu noivado seja anunciado e que vá rias iguras pú blicas compareçam... Tem que sair em todos os
jornais... Eu tenho um plano para te manter salva.

-- Quer que eu me case com o Alex? – Perguntou perplexa. – E realmente isso que você quer, Diana Calligari?

A major passou a mã o pelos cabelos mais uma vez.

-- Eu tenho um plano e já que gosta do rapaz... bem...

-- Ok, faça como quiser, contanto que nã o tenha que conviver mais contigo!

Antes que a outra pudesse falar algo, Aimê deixou o escritó rio.

No dia seguinte, Aimê seguiu com Vanessa nas primeiras horas da manhã . A menina nã o falara nada durante todo o
trajeto e a empresá ria decidiu icar quieta, pois sabia que ela deveria estar muito chateada, ainda mais com esse plano da
Diana.

Sabia como a ilha de Otá vio amava a Calligari, mesmo que fosse um sentimento difı́cil, ainda mais quando a ı́ndia
agia cada vez mais com teimosia.

Ligou o rá dio para ouvir mú sica.

Fitou de soslaio a acompanhante e desejou falar algo.

Diana estava fazendo uma escolha difı́cil, mas ela já se convencera que nã o havia futuro e por isso buscava se
afastar da mulher que amava, só esperava que quando se arrependesse nã o fosse muito tarde.

Uma semana depois...

A Calligari organizou uma exposiçã o para o evento icar ainda mais chamativo.

Uma luxuosa mansã o que pertencia a tia fora usada para acolher todos os convidados.

Alex icara em verdadeiro alvoroço ao receber o e-mail da pintora, apenas seu pai nã o icara muito feliz, ainda mais
depois do escâ ndalo que os Villas Real tinham se metido, poré m ao receber um telefonema da ilha de Alexander, suas
opiniõ es foram mudadas imediatamente.

Muitos polı́ticos tinham sido convidados, todos pareciam interessados na presença da ilustre artista.

A casa estava repleta de jornalista.

Diana queria que aquele noivado saı́sse em todos os folhetins do paı́s.

Ricardo conseguira o habeas corpos e participava do evento.

O grande salã o estava cheio de nomes ilustres, todos encantados pelos quadros, pela boa bebida e petiscos inos... A
orquestra contratada trazia baladas antigas.

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A pintora conversava com um senador, quando Vanessa apareceu, pedindo licença e levando consigo a artista.

-- O que houve? – A morena questionou, enquanto pegava uma taça de champanhe de um garçom que passava.

-- Você tem certeza de que vai levar isso à frente? – Perguntou irritada. – Tem certeza do passo que está dando? –
Tentava falar baixo para nã o chamar atençã o. – Vai realmente entregar a mulher que ama para outro?

A morena bebeu um pouco, sentindo o sabor do lı́quido borbulhante.

-- Já te disse que esse é um plano para tornar Aimê uma igura pú blica e assim quem sabe possamos coibir o
Crocodilo.

-- Se você casasse com ela, també m ela se tornaria uma igura pú blica e bem conhecida, ainda mais do que se
casasse com esse rapaz.

Antes que Diana pudesse responder, ouviu o som de uma melodia delicada e os olhares se voltaram para a grande
escadaria.

Aimê estava ainda mais linda naquele momento.

Foram cinco longos dias tentando nã o a encontrar, tentando se manter distante, assegurando-se que aquilo era o
melhor a ser feito...

Qual futuro teriam diante de tanto ó dio?

Bebeu mais um pouco e logo e encarava, sentindo os olhos azuis em sua direçã o desdenhosamente.

O vestido de alças inas tinha um bonito decote. Por baixo era polié ster e por cima era coberto por renda. Na frente
ele era bem menor, chegando ao meio das suas coxas, enquanto atrá s, ele chegava perto das suas canelas.

Usava um delicado salto dourado, adornando as torneadas pernas longas.

A Villa Real usava os cabelos soltos.

Seu rosto trazia uma maquiagem discreta, realçando apenas os olhos azuis e os lá bios rosados.

Ela descia as escadas com a cabeça erguida.

Passara aqueles dias todos remoendo toda a raiva que sentira da ú ltima vez que estivera com a Calligari.

Odiou-a tanto que desejara sumir daquele lugar e nunca mais voltar, mas acabou aceitando um plano torpe, pois
icara claro que aquela era a ú nica forma de sair do caminho daquela mulher.

Nã o voltaram a conversar, na verdade, nem mesmo voltaram a se ver, poré m naquele momento seus olhares se
encontravam.

Os olhos azuis desviaram dos negros.

Queria sustentar sua raiva e nã o permitiria que a bela ı́ndia voltasse a tocar em seu coraçã o.

Alex foi até ela, beijando seus lá bios.

Aimê foi pega de surpresa e mesmo quando sentia o toque delicado do rapaz, voltava a encarar Diana.

A pintora nã o podia estar mais linda naquela noite!

Usava um vestido longo na cor vinho. Uma abertura frontal, expunha parte de sua coxa forte. O decote sensual era
encruzilhado na frente, deixando irme os seios.

Os cabelos negros estavam presos em um coque frouxo, alguns ios tinham se soltados, emoldurando o rosto bonito
e forte.

Mas nem toda essa beleza poderia mascarar a raiva presente em sua bela face.

Diana viu os lashes sobre o casal.

-- Aı́ está o lindo par que você acabou de formar! – Vanessa a instigou. – Vã o ter ilhos perfeitos... Já pensou onde vai
ser a lua de mel? Como madrinha, deverá proporcionar uma viagem dos sonhos! – Ironizava.

O maxilar forte enrijeceu e antes que pudesse falar algo desagradá vel, um importante desembargador se
aproximou.

A major fora esperta, usando todo o prestı́gio que tinha para colocar todos os holofotes sobre a ilha de Otá vio.
Sabia que só assim conseguiria criar uma barreira de proteçã o.

Ricardo e Clá udia participava do grande evento, mas a vó da garota percebia que a neta nã o parecia nada feliz.

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Acompanhava o olhar sofrido naquele momento, enquanto vez e outra focava na Calligari.

Nã o havia mais dú vidas sobre o que se passava entre as duas mulheres.

Bianca aproveitou quando o primo se afastou para conversar com alguns amigos para voltar a se aproximar de
Aimê .

Desde que icara sabendo de tudo, nã o conseguira falar com a amiga, na verdade, a Villa Real se negara a manter o
diá logo sobre o assunto, apenas permanecendo calada.

Viu-a parada diante de um quadro, parecendo concentrada na belı́ssima obra.

Pegou duas taças e seguiu até a jovem.

-- Nã o tinha ponche! – Entregou-lhe o delicado cristal. – Mas eu provei o champanhe e realmente é uma delı́cia.

A garota fez um geste de assentimento com a cabeça, enquanto continuava a itar o desenho.

Bebeu um pouco.

-- Como algué m consegue criar algo com tamanha sensibilidade quando nã o é sensı́vel? – Usou os dedos para traçar
as linhas perfeitas da pintura. – Isso é muito irô nico para mim! – Bebeu mais um pouco, voltando-se para a amiga.

A loira a itava por interminá veis segundos, observando com atençã o todas as suas peculiaridades.

-- Por que aceitou isso? – Indagou baixinho.

Aimê respirou fundo.

-- Para ferir a poderosa major, mas ela nã o parece ter alma, nã o parece ter nenhum tipo de sentimento! – Aliviou a
pressã o no delicado cristal, temendo quebrá -lo. – Pelo menos com esse noivado, nã o terei que icar no mesmo lugar que ela.

-- O Alex está bastante entusiasmado! – Mirou o primo que parecia interessado numa conversa com alguns
empresá rios. – Ainda mais quando a Diana prometeu apoiá -lo nã o na candidatura de vereador, mas de um possı́vel deputado
federal.

A Villa Real meneou a cabeça.

-- Eu nã o me casarei com ele, apenas estou participando dessa palhaçada para poder me livrar dela.

A Alvarenga assentiu.

-- Ela sabe que você a ama?

Aimê virou a cabeça, deparando-se com o olhar da ilha de Alexander.

Bebeu mais um pouco.

-- Você sabe que a minha vontade é de fazer essa selvagem se arrastar aos meus pé s, implorando por mim... – Voltou
a itar a amiga. – Essa arrogante major nã o merece meus sentimentos, na verdade, eu arrancarei esse amor de dentro do meu
peito, nem que isso me faça sangrar até a morte...

-- Ela nã o parece muito feliz... O olhar dela nã o te abandona, ainda mais quando você foi beijado por meu primo!

-- Eu quero que ela exploda! – Bebeu o lı́quido de uma vez.

A Calligari seguiu até o escritó rio.

Deu a volta na mesa, sentando.

Começou a massagear as tê mporas, inclinou a cabeça, fechando os olhos.

Depois daquela noite, Aimê estaria mais segura e era isso que importava naquele momento.

Lembrou do beijo que trocaram no hospital.

A imagem de Alex tomando os lá bios da ilha de Otá vio foi a cena mais difı́cil que viu. Nã o sabia como conseguira se
segurar...

Observou a porta se abrir e o motivo de todo seu tormento entrar.

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A Villa Real fechou a porta atrá s de si.

Os olhos negros miraram os azuis em um duelo silencioso.

Olhavam-se, mediam-se, presas em suas pró prias angustias.

-- Diga-me, major, hoje mesmo poderei ir embora com o Alex? A inal, ele vai ser meu marido, nã o vejo motivos de
nã o seguir ao seu lado.

A ilha de Alexander cerrou fortemente os dentes.

Depois de todos aqueles dias, a garota lhe dirigia a palavra e o fazia de forma desa iadora.

-- Ainda nã o estã o casados... – Dizia tentando manter a calma. – Vamos fazer as coisas de forma correta. Apenas
quando estiverem casados poderã o viver juntos. – Levantou a tela do notebook, parecendo interessada nele.

-- Por quê ? – A jovem se aproximou mais. – Nã o tenho mais nada para guardar... Entã o nã o precisa de toda essa
burocracia.

Diana se levantou irritada.

-- Vamos fazer as coisas do meu jeito! – Falou irme.

-- E por que tem que ser do seu jeito? – Indagou com as mã os nos quadris. – Quem é você para decidir o que deve
ser feito e como deve ser feito? Só falta querer se meter na minha noite de nú pcias com o Alex.

O maxilar movia-se, a veia pulsava em seu pesco, o rosto avermelhou... Fuzilou-a com o olhar.

Só em pensar que outro iria tocá -la fê -la sentir aquela onda de fú ria que fazia parte da sua personalidade.

-- Está me provocando, mimadinha? – Questionou com a sobrancelha arqueada.

-- Eu? – Fez cara de desentendida. – Nã o acredito que você vá se importar com a forma que farei sexo com o meu
marido, a inal, você quem insistiu para eu aceitar esse matrimô nio.

Uma expressã o indecifrá vel povoava o rosto bonito da pintora.

Apoiou ambas as mã os no tampo da mesa, parecia colocar toda sua força naquele gesto.

-- Saia daqui! – Disse por entre os dentes.

-- Por que eu iria? Você que deve voltar pra lá , a inal, você é a palhaça principal nesse circo que criou.

A Calligari engoliu em seco.

-- Eu nã o quero brigar contigo... Nã o desejo mesmo!

A Villa Real foi até ela, apoiando-se també m na madeira, tendo apenas ela para separá -las.

Encarou-a durante longos segundos.

Mirava-a e percebia como batalhar com aquela mulher parecia cada vez mais difı́cil, mais dolorido e desgastante...

-- Pois saiba, major, que estou com muita vontade de brigar contigo... Mas você é muito covarde para isso... A
poderosa dama selvagem é uma covarde!

Antes que Diana pudesse falar algo, Aimê deixou o escritó rio.

A herdeira de Alexander esmurrou forte a mesa com o punho fechado.

A festa seguia animada.

Diana permanecia sempre na presença de algumas pessoas, conversando, ainda mais dos polı́ticos. Estava tentando
chamar a atençã o para a ilha de Otá vio, assim, ela se tornaria uma personalidade conhecida.

Discutia com eles os possı́veis perigos que ela corria e muitos pareceram prontos para irem ao socorro da jovem se
assim fosse necessá rio.

O futuro sogro de Aimê dizia em plenos pulmõ es que ningué m tocaria na noiva do ilho.

Alguns jornalistas perguntaram sobre tudo o que o coronel tinha feito com a Calligari, mas ela deixou claro que
aquele nã o era um momento para falar sobre o assunto.

As bebidas continuavam sendo servidas em abundâ ncia.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A major tentava nã o perder de vista a Villa Real, mas em determinado momento a garota sumiu do salã o e com ela
o pretendente.

Vanessa percebeu a agonia estampada no rosto da morena e icou calada, mesmo sabendo que Alex tinha ido até o
escritó rio fazer um telefonema e Aimê tinha subido para o quarto.

Queria ver até onde iria o autocontrole da artista.

Já era madrugada quando o ú ltimo comensal deixou a mansã o.

Ricardo e Clá udia icariam ali, Aimê també m, o noivo e a famı́lia eram convidados especiais.

Inicialmente, Diana nã o pensara em icar, poré m acabou nã o indo embora com Vanessa.

Seguiu para os aposentos com uma garrafa de vinho e uma taça.

Ao entrar no quarto, seguiu até a varanda que dava para o suntuoso jardim.

Uma ina chuva caı́a ali, deixando o cé u escurecido.

As luzes arti iciais iluminavam as á rvores frondosas...

Estreitou os olhos ao ver a sombra conhecida de um homem seguir por entre as lores.

Alex?

Encheu o corpo e bebeu lentamente, curiosa ao ver o rapaz passeando por ali.

Lembrou-se de Aimê .

Ainda estava furiosa com a ilha de Otá vio, ainda mais por ela ter aparecido muito tempo depois na festa e quando
questionara por sua ausê ncia, a menina fora sucinta: Nã o acho que isso seja algo que te interesse!

Diana bebeu todo o conteú do de uma vez e encheu o copo novamente.

O á lcool nã o parecia fazer o efeito desejado.

Como uma garotinha estú pida poderia fazer aquele reboliço em sua vida?

Aimê estava muito atrevida...

Será que nã o percebia que tudo que estava fazendo era para o seu bem? A ú nica coisa que desejava era que ela
estivesse segura...

Bebeu mais um pouco.

Nã o conseguia imaginar Aimê nos braços de outro... Aquilo era muito para seu controle.

Impetuosa, deixou o quarto com a garrafa.

Parou no enorme corredor.

O ú ltimo quarto era o aposento que fora aprontado para a neta do general.

Mordiscou o lá bio inferior, mirando o lugar e para sua surpresa, a Villa Real estava vindo do lado oposto que dava
acesso ao jardim e seguiu para os aposentos.

A garota parecia tã o distraı́da que nã o viu a major parada a alguns metros de distâ ncia.

Diana nem pensou, seguindo imediatamente até ela, fora de si.

Aimê tinha seguido até o banheiro e voltava com uma toalha quando viu a porta sendo aberta de supetã o.

Surpreendeu-se ao ver a mulher parada ali com um olhar mortal. Pensara que ela tinha ido embora, pois Vanessa
falara que a morena nã o dormiria na mansã o.

Respirou fundo, enquanto secava o rosto.

Estava chovendo e acabara se molhando.

Voltou a itá -la, vendo a garrafa pela metade que ela trazia em uma mã o.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Os cabelos de cor de é bano agora estavam soltos, dando aquela aparê ncia perigosa.

-- Onde você estava? – Diana indagou baixo.

A Villa Real sentia o olhar implacá vel sobre si.

Aimê nã o respondeu logo, ao contrá rio disso, seguiu pacientemente até a poltrona, sentando-se.

-- Diga de uma vez onde você estava! – Vociferou.

A neta do general nã o desejava mais discutir, mas a arrogâ ncia da dona da casa a levava por um tortuoso caminho.

-- Eu estava no jardim! – Disse. – Quando cheguei vi que havia lindas lores e só agora tive tempo de ir vê -las
melhor! – Colocou a toalha de lado. – Satisfeita?

A ı́ndia a observava minuciosamente, parecia buscar a verdade daquelas palavras.

-- Você nã o deveria me provocar! – Levou o gargalho aos lá bios, bebendo grande quantidade. – Estou fazendo tudo
por ti e deveria ser mais grata... – Deu mais um passo, aproximando-se. – O que o seu noivinho estava fazendo lá ?

A jovem respirou fundo e o movimento fez os seios chamarem a atençã o da artista.

-- Alex desejava me falar, mal tivemos tempo durante a festa.

-- Nã o quero que ique sozinha com ele até que estejam casados! – Rosnou. – Assim que sair da minha casa icará
com seus avó s e nã o com esse mancebo.

Aimê cruzou as pernas elegantemente.

Observava com atençã o as emoçõ es da esposa, percebendo que a camada de gelo parecia estar derretendo.

-- Como disse antes nã o tenho mais nada a perder... – Parecia ponderar. – Como é mesmo a sua iloso ia... Ah, sim,
por que fechar a porteira quando os bois já tinham fugido... Acho que é assim... Deve ter esse sentido...

A major tentava manter a passividade, tentava ao má ximo controlar a fú ria que a incendiava por dentro.

-- Estou tentando fazer o melhor por ti...

-- Eu já disse que nã o precisa fazer... mas sou grata, Diana! – Levantou-se e foi até a bolsa que estava sobre o
aparador.

A Calligari nã o desviava o olhar, seguindo-a.

Mirava as costas ereta, os cabelos longos que chegavam um pouco abaixo dos ombros...

Bebeu um pouco mais.

Aimê tirou algo de dentro da bolsa, seguiu até a ilha de Alexander, entregando-lhe um cheque.

-- Minha vó conseguiu vender o apartamento e me deu o dinheiro. Acredito que foi mais cara a cirurgia, poré m logo
conseguirei ter o resto.

Diana encarava os olhos azuis, enquanto tinha a sensaçã o que o papel lhe queimava os dedos.

Amassou-o, jogando fora.

-- Eu nã o quero seu maldito dinheiro, já disse que o que iz foi para reparar um erro que eu tinha cometido!

Aimê suspirou, enquanto seguia até a poltrona.

-- Bem, se já fez o que desejava aqui, que eu nem sei o que era, já pode sair, estou cansada. – Dispensou-a. – Nã o
gosto de conversar contigo, é como se icá ssemos em um cı́rculo, onde tudo se repete...

Os olhos negros se estreitaram em uma ameaça silenciosa.

-- Onde esteve quando sumiu da festa? E por que me respondeu daquele jeito?

Um debochado sorriso se formou no rosto da Villa Real.

Estava com tanta raiva de Diana que só desejava feri-la com a mesma intensidade que fora machucada, ainda mais
agora que percebia que a afetava.

-- Estava com meu noivo... Na verdade, se você fosse embora, eu iria para o jardim novamente continuar o que
tı́nhamos começado.

A ilha de Otá vio viu a veia pulsar na lateral do pescoço esguio.

Já abria a boca para dizer que era apenas uma brincadeira quando ouviu o barulho da garrafa quebrando e logo a
morena voava sobre si como uma fera.

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Segurou-lhe irme pelo pulso, praticamente arrastando até o banheiro.

Abriu o box, fazendo-a icar sob a ducha, enquanto a abria.

Aimê se debatia, empurrava-a, mas nã o evitou que a á gua a molhasse.

Sentiu o vestido ser rasgado, enquanto o sabonete a esfregava sobre o tecido.

-- Deixe-me, sua selvagem! – Empurrou-a e daquela vez conseguiu se livrar do toque grosseiro.

-- Lave-se! – Ordenou, livrando-se das pró prias roupas molhadas. – Pois nã o desejo sentir o cheiro daquele
miserá vel em seu corpo!

-- Ele é meu noivo por sua vontade! – A garota esbravejou.

A morena nada disse, apenas seguiu até o armá rio pegando o roupã o preto, vestindo-se e deixando banheiro.

Crocodilo nã o estava muito longe dali.

Com seu binó culo observava a mansã o.

Escondeu-se por trá s de uma á rvore ao ver o homem jovem se aproximar.

-- E entã o? – Disse, entregando-lhe a maleta. – Quando poderei ter a Aimê ?

-- Deve esperar o amanhecer! – O rapaz dizia, abrindo a bola e deparando-se com notas bem arrumadas. – Diana
está aqui, nã o devemos nos arriscar.

-- Mas eu pensei que tinha dito que ela nã o icaria! – Esbravejou, observando que havia dois quartos com luzes
acesas na enorme casa.

-- Ela mudou de ideia.

Crocodilo praguejou alto.

-- Mas nã o precisa se preocupar, hoje mesmo terá a ilha do coronel!

O bandido observou o comparsa se afastar.

Tivera sorte em encontrar o jovem em começo de carreira, esses eram fá ceis de serem seduzidos por dinheiro.

Aimê terminou o banho, depois vestiu uma calcinha e a camisola.

Estava muito irritada.

Ao voltar para o quarto, lá continuava a major encostada a porta com os braços cruzados sobre os seios.

Encararam-se.

-- Saia do meu quarto! – Exigiu. – Nã o desejo que se aproxime mais de mim!

Diana continuava parada, apenas itando a esposa.

Observou-a sentar no sofá .

-- Quero que conversemos! – A morena pedia de forma mais contida. – Quero que me ouça...

-- E eu quero que vá para o inferno você e sua maldita conversa!

A major seguiu até o sofá com passos largos, segurando-a pelos ombros, fazendo-a levantar.

-- Você é uma selvagem... Nem sei como pude me interessar por ti... Que bom que agora me livrarei de uma vez por
todas da sua odiosa presença... – Cuspia as frases. – Se um pudesse voltar no tempo jamais teria sido pega por aqueles
bandidos, assim, nã o teria tido o desprazer de te conhecer!

Os olhos negros pareceram ainda menores naquele momento.

-- Você nã o passa de uma garota mimada e idiota! – Acusou-a. – Acha que tudo isso está sendo fá cil? Como ousa me
provocar assim?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê tentou se desvencilhar e suas unhas acabaram arranhando o rosto da ı́ndia.

Diana icou tã o furiosa que arrastou a jovem até o sofá , sentou-se e depois a deitou de bruços sobre seus joelhos.

A Villa Real esbravejava, tentando se soltar, mas a major era mais forte.

-- Está louca! – A menina tentava se livrar. – Sua selvagem... Solte-me... Deixe-me...

Ouvia a respiraçã o acelerada da major.

-- Eu vou fazer algo que há tempos, deveria ter feito... – Segurava-a. – Tem essa carinha de anjo, mas tem um gê nio
terrı́vel! – Levantou-lhe a camisola. – Vamos ver se depois de umas palmadas você aprende...

Aimê fechou os olhos esperando pelo desfecho daquela cena.

Diana mirou a minú scula lingerie branca que a esposa usava... Parecia enfeitiçada diante da beleza dela.

Tocou a renda com os dedos...

Observou as ná degas bem-feitas como se tivessem sido esculpidas por um artista cuidadoso e perfeccionista.

Umedeceu os lá bios...

Depois começou a acariciar delicadamente...

Inclinou-se até encostar os lá bios na pele branca... Depositou beijos...

A Villa Real estreitou os olhos ao perceber o que a outra fazia.

Sentiu o sexo latejar.

-- Mesmo que mereça umas boas palmadas... –Mordiscou a lateral. – Nã o consigo, enlouqueço por você ...

Diana puxou um pouco a calcinha, baixando-a... Passou a lı́ngua pela linha de separaçã o... Lambendo...

Mirou alguns sinais que enfeitavam a pele clara...

Afastou um pouco... Passando a lı́ngua por toda a junçã o... Usava a pontinha para seguir pelos caminhos
desconhecidos...

Aimê gemeu.

-- Deus, como você pode ser tã o deliciosa... – Afastou um pouco as pernas. – Eu quero muito você ... – Tocou o sexo e
o sentiu molhado. – Você també m me quer...

A ilha de Otá vio tentava se manter quieta, mas ao sentir o toque tã o ı́ntimo em seu sexo, enquanto sentia a boca da
pintora beijando seus glú teos, lambendo-os...

Cerrou os dentes para nã o gemer...

Queria mais, muito mais...

Buscou forças para resistir e teve a impressã o que seu cé rebro nã o funcionava mais... Entã o buscou num recanto
das lembranças todas as vezes que se entregara e acabara sofrendo...

Aimê conseguiu levantar.

O olhar nã o parecia assustado naquele momento.

Viu a Calligari se levantar també m.

Engoliu em seco e imaginou se ela deixaria o quarto, mas seus olhos foram atraı́dos para as mã os longas que
soltava lentamente as amarras do roupã o.

Nã o demorou muito para que o tecido fosse ao chã o.

Os olhos azuis passeavam pelo corpo forte, sensual... Bronzeado...

Como poderia ser tã o linda?

As pernas longas...

Os seios redondos...

O abdome liso...

O delicioso triâ ngulo liso... Mas nã o por completo...

Aimê teve a impressã o que cairia, pois suas pernas estavam bambas.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Observou a major se aproximar...

Os olhares se encontravam, inspecionavam...

Diana baixou as alças da camisola e o tecido delicado deslizou por seu corpo. Nã o a tocou de imediato...

Viu os dentes alvos pelos lá bios entreabertos...

-- Deixe-me ajoelhar aos seus pé s... – Dizia, enquanto abaixava-se.

A neta de Ricardo a observava agachar e apenas a olhava cheia de confusã o...

Sentiu as mã os em sua delicada peça ı́ntima.

Estremeceu...

A morena beijou a delicada calcinha, sentindo-a molhada.

-- Agora é a minha vez de implorar por clemê ncia... – Baixou a lingerie lentamente. – Terá misericó rdia de mim,
mimadinha? – Levantou a cabeça, itando-a. – Apiedara-se dessa pagã selvagem?

Aimê teve a impressã o que havia um bolo em sua garganta e isso a impedia de falar.

Sentiu o polegar lhe acariciar o sexo e imaginou se demoraria a enlouquecer, pois seu maior desejo era aprofundar
ainda mais a carı́cia.

Diana nã o parecia ter pressa...

-- Eu nã o mereço clemê ncia? – Usou a lı́ngua para passear pela parte externa da intimidade da esposa. – Nã o
mereço, minha esposa? – Fitou-a, sem cessar as carı́cias. – O que devo fazer para merecer o seu perdã o?

A ilha de Otá vio apoiou as mã os em seus ombros, ao senti-la lhe afastar um pouco as pernas.

Sentiu a lı́ngua mais insistente, assaltando-a com mais ı́mpeto...

Viu-a abrir mais seu sexo...

Fechou os olhos ao sentir o toque ousado.

Diana a itava, enquanto lambia o sexo molhado, enquanto esfregava seu nariz, lambuzando-se nela.

Sentiu-a tremer sob seu toque, sentiu-a se perder em sua carı́cia.

-- Perdoe-me... – Pedia. – Dê -me uma chance e prometo me ajoelhar aos seus pé s todos os dias...

Os olhos azuis a itaram e um sorriso apareceu em seus lá bios.

Abriu a boca e as palavras dessa vez saı́ram.

-- Todos os dias? – Questionou em um sussurro. – Todos os dias irá se ajoelhar pra mim? – Segurou-lhe as mã os,
levantando-a.

Fitou-a.

-- Todos os dias é uma proposta muito tentadora... – Acariciou os cabelos negros. – Como seria isso? – Tocou os
seios da amada, usando as palmas das mã os para atiçá -los.

A major mordiscou o lá bio inferior.

-- Se me aceitar, farei todo os esforços do mundo para que nã o se arrependa... – Colou os lá bios em seu pescoço,
beijando-o... Aspirando o cheiro dela... Aquele delicioso aroma...

Aimê abraçou-a pela cintura.

-- Nã o deve esquecer que sou ilha do homem que destruiu sua vida... – Dizia temerosa.

Diana afastou alguns centı́metros para olhá -la e logo as bocas se encontraram.

Fora um toque delicado...

Apenas sentiam-se...

Rapidamente cessou...

-- Sim, você é a ilha do miserá vel que destruiu a minha vida... Ah, meu bem, como ele destruiu... Há dez anos, eu
perdi tudo, até o sentido de viver... – Beijou-lhe os olhos, depois encarou-os. – Poré m a ironia foi você ter me devolvido tudo...

Abraçou-a, colando-se a ela.

-- Nã o há sentido em nada... Se nã o for contigo...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A Villa Real sentia o coraçã o pulsando no mesmo ritmo do seu.

Diana a levou até o leito, deitando-a sobre os travesseiros macios, poré m nã o fez o mesmo. Permaneceu de pé ,
parada, apenas itando-a.

Seus olhos passavam como uma verdadeira carı́cia pelo corpo tentador.

-- Se você falar para eu ir embora, prometo que o farei... Mas se me quiser, se me aceitar mais uma vez, serei sua até
o ú ltimo dia da minha vida...

Aimê se apoiou no cotovelo, itando-a embevecida, enquanto sentia os olhos arderem em lá grimas.

Estava ouvindo realmente aquilo?

Estaria realmente acordada ou aquilo nã o passava de uma ilusã o.

Respirou fundo.

-- Entã o venha, major, mostre-me em açã o o tanto que me quer... Convença-me a aceitá -la novamente...

Um sorriso sensual brincou na pele bronzeada.

Aproximou-se do leito, Aimê ajoelhou-se, esperando por ela.

Diana a abraçou, mirando-a...

Os lá bios se encontram em agonia, perdidas em seu intenso desejo... Devoravam-se, perdidas na paixã o que as
dominava.

Apertavam-se.

Os seios se uniam, massageavam-se mutuamente...

Diana a fez deitar, enquanto cobria o corpo dela com o seu.

A Villa Real lhe segurava os cabelos, mantendo-a junto a si.

Abriu-se para ela, acolhendo-a...

A Calligari encaixou-se...

-- Nã o sabe como a quero... – Beijava-lhe o queixo. – Nã o tem ideia de quantas vezes me toquei pensando que era
você a fazê -lo... Nã o sabe como foi difı́cil me controlar quando a vi descendo aquelas escadas hoje...

A jovem sentiu a lı́ngua sendo presa... Adorava a forma como ela chupava, a forma como se entregava.

Rebolou os quadris sob ela, sentindo a fricçã o enlouquecê -la, temia que seu corpo nã o aguentasse tamanha agonia...

Estavam molhadas... peguentas...

Esfregaram-se mais...

Diana mexia em uma perfeita sincronia...

-- Mostre-me como se tocou pensando em mim... – Aimê pediu em seu ouvido. – Nã o sabia que podia fazer essas
coisas... Nem lhe dei permissã o para isso...

A Calligari mordiscou o lá bio inferior, enquanto montava a cintura da esposa.

Aimê tinha a cabeça apoiada nos travesseiros e itava embevecida o sexo aberto da mulher que amava.

-- Havia dias que eu enlouquecia de tanto desejo... – Tomou-lhe a mã o levando ao seu ı́ntimo. – Entã o, fechava os
olhos e te imaginava... Acha que sou uma safada por causa disso? – Mordiscou o lá bio inferior. – Eu deveria ter pedido
permissã o... Ain...

A Villa Real usou o polegar para tocar o clı́toris, massageando de leve.

-- Ah, sim, deveria pedir... – Passou a lı́ngua pelo superior.

Diana itava o mar azul, via o desejo escurecendo-o.

-- E como eu deveria dizer? – Empertigou mais o quadril para a frente. – Deveria entrar em seu quarto e falar: Posso
gozar pensando em ti?

-- Entã o gozava enquanto chamava meu nome? – Questionou, enquanto, colocava mais pressã o.

O sexo estava bastante molhado, a deliciosa baba já descia...

Diana inclinou a cabeça para trá s.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Sim, eu chamava por ti, ainda mais quando me invadia... Quando fundia forte... Eu chamava por ti...

-- Assim... – Penetrou-a com o indicador.

A Calligari fez um gesto a irmativo...

-- Ain... Ah... – Gemia em total prazer.

-- Ou assim? – Usou um segundo dedo, trazendo-a para mais perto de si. – Ou você imaginou assim? – Puxou-a
mais...

Diana se ajoelhou na boca da ilha de Otá vio, enquanto observava os lá bios de perderem em sua carne, enquanto a
invadia com mais ı́mpeto...

A Villa Real aliviou... Lambendo o mel que descia... Desejava contê -lo, entã o usava a lı́ngua mais rapidamente.

-- Aimê ... --Rebolou contra ela... Chamou seu nome... – Aimê ...

A major se entregou as carı́cias, mas queria prolongar mais o momento, por isso a deteve...

Viu a confusã o nos olhos azuis...

Puxou-a para si, fazendo-a ajoelhar mais uma vez, posicionando-se por trá s.

Aimê apoiou-se na cabeceira da cama, enquanto a morena fazia com que uma das pernas da esposa se dobrasse,
icando toda aberta para si.

Esfregou o sexo em suas ná degas, enquanto levava as mã os até seus seios, apertando-os.

-- Como poderia usar minhas mã os para lhe dar palmadas... Assim é mais gostoso...

A Villa Real conduziu-a até seu sexo... Pousando-a sobre ele...

-- Convença-me a ser sua... – Exigiu. – Ainda tenho receios...

Diana mordiscou a pontinha da orelha dela, enquanto usava seus dedos para incitá -la, massageando o sexo
externamente.

Seguia o balançar dos quadris que pareciam mais rá pido, ouvia a respiraçã o acelerada da neta do general.

Aimê tomou-lhe a mã o, fazendo-a entrar dentro de si...

-- Adoro sentir seus dedos... – A menina dizia enquanto se mexia para frente e para trá s. – E como se nada mais
existisse, alé m do prazer... Ain... – Gemeu ao receber a estocada mais impetuosa.

A calligari abriu mais o pró prio sexo, esfregando-se ao traseiro rı́gido.

-- Ain...

-- Gosta assim? – A pintora aumentava a pressã o.

A Villa Real fez um gesto a irmativo com a cabeça, enquanto levava os dedos que a invadiam aos pró prios lá bios...

Lambeu-os, depois chupou-os, levando-os novamente ao centro do seu prazer.

-- Entra mais gostoso agora...

Diana esboçou um sorriso, enquanto a invadia de novo...

-- Assim está gostoso... – Indagou em seu ouvido.

A Calligari colocou mais força... Invadindo-a mais e mais... Perdida nos sons que saiam dos lá bios da amada...

-- Ain... Diana...

A ilha de Otá vio mexia mais rá pido para aumentar as investidas, enquanto isso, a major sentia as fricçõ es
aumentar em seu sexo pulsante...

Nã o demorou para que ambas gritassem eu puro prazer.

A morena virou a mulher para si, deitando sobre ela, segurando o rosto querido entre as mã os, encarando os olhos
cheio de lá grimas.

-- Deus, eu nã o sei se isso vai fazer sentido... Mas eu amo você ... Amo você ... Amo você ...

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Capitulo 27 por gehpadilha


Aimê ouvia a respiraçã o acelerada, o som dos corpos se amando, mas nã o era isso que a deixou perplexa, deixando-
a com os olhos aberto e arregalados.

Teve a impressã o que tremia, mesmo sentindo-se em verdadeira brasa.

Seu coraçã o pulsava de forma tã o acelerada que temia um ataque cardı́aco. Os seios se elevavam como uma onda no
mar...

Ainda sentia os espasmos poderosos do gozo que a dominara totalmente.

Voltou a encará -la...

As luzes estavam acesas... Iluminara cada emoçã o, cada expressã o que se passara durante o amor que izeram.

Diana se apoiava nos braços.

Os cabelos negros estavam molhados de suor, alguns ios colados a sua tez.

Ela itava a Villa Real e sua expressã o demonstrava a mesma surpresa que a menina mostrava.

Ouvia a pró pria voz declarando o sentimento que icara preso durante tanto tempo gritando por liberdade. Era
como tirasse um enorme peso dos ombros.

Amava-a!

Amava-a!

Amava-a!

Essa era a ú nica verdade, a ú nica realidade para sua difı́cil histó ria.

Pensou em deixar o quarto e seguir para seu santuá rio, fugir mais uma vez de tudo...

“Sim, você é a ilha do miserável que destruiu a minha vida... Ah, meu bem, como ele destruiu... Há dez anos,
eu perdi tudo, até o sentido de viver... – Beijou-lhe os olhos, depois encarou-os. – Porém a ironia foi você ter me
devolvido tudo...”

Quanto ainda poderia feri-la? Conseguiria nã o o fazer?

Mirou o rosto corado.

Os lá bios carnudos estavam entreabertos e inchados dos beijos...

Encarou-a e teve a impressã o que ela podia ver sua alma... Conseguiu se ver ali...

Deus, como era fá cil se perder naquele olhar!

Ainda sentia o corpo em chamas depois do prazer que lhe assolara.

Cerrou os dentes.

Sentia as mã os da amada em suas costas, sentia os dedos longos e bem feitos parados lá .

-- Repete... – A ilha de Otá vio pediu em um sussurro. – Fala de novo. – Acariciou a face bonita.

A Calligari umedeceu os lá bios.

Aimê esboçou um sorriso doce, enquanto nã o deixava de itá -la.

-- As vezes você parece aquelas heroı́nas que demonstram sempre superioridade, tentando esquecer que tem um
coraçã o... Em outros lembram uma menininha assustada... – Arqueou-se um pouco, praticamente colando as bocas. – Fala pra
mim... Fala que que gosta de mim... Eu desejo ouvir de novo, eu preciso disso...

Os olhos negros se estreitaram, mas nã o de forma ameaçadora. Parecia analisar o que se passava.

As palavras pareciam presas...

Mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

-- Estou apaixonada por ti... Estou te amando e tenho a impressã o que esse sentimento vai acabar transbordando
dentro do meu peito...

Mais uma vez os olhos azuis lagrimaram. Antes que pudesse falar algo, seus lá bios foram tomados por um beijo
intenso, exigente, dominador.

Aimê se permitiu ser conduzida, vibrando ao encontro das lı́nguas, entregando-se a ela, doando-se
apaixonadamente.

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O sabor dela era ú nica, poderoso...

Abraçou-a mais forte, trazendo-a para uma perfeita uniã o...

Queria icar ali para sempre... Nã o queria que aquele momento terminasse, pois sabia que quando o sol nascia as
coisas sempre seriam mais difı́ceis.

Batidas na porta interrompeu o interlú dio.

A Villa Real pareceu assustada. Desvencilhou-se do toque, cobrindo-se com o lençol.

Ouviram o toque insistente e a ilha de Otá vio se levantou, seguindo até a maçaneta, segurando-a, temendo que
algué m entrasse nos aposentos.

Encarou a major, percebendo que ela nã o parecia preocupada com uma possı́vel invasã o, apenas demonstrava
aborrecimento por terem sido interrompidas.

Mirou o corpo nu e sentiu aquela pressã o costumeira.

-- Aimê !

A voz de Alex soou baixa do lado de fora, tirando-a da sua distraçã o.

A Calligari se levantou irritada, mas a neta de Ricardo fez um gesto para que ela parasse.

Pigarreou.

-- Alex, eu estava quase dormindo, o que você quer?

-- Queria que fosse ao jardim comigo... Lembra daquelas orquı́deas que você sempre falava, tem algumas lindas...

A major parecia fora de si.

Pegou o roupã o que estava no chã o, vestindo-o.

Aimê a repreendeu com o olhar novamente.

-- Isso nã o sã o horas para fazer algo assim! – Dizia calmamente.

O rapaz permaneceu em silencia durante alguns segundos, tanto que pensaram que ele tinha saı́do, mas a voz
voltou a ser ouvida.

-- Eu estou preocupado... Esse nosso noivado... Nã o sei... Eu queria muito falar contigo... Há algumas coisas... Preciso
te falar...

A ilha de Otá vio seguiu até a cama pegando o robe, mas a Calligari a deteve.

-- Você nã o vai! – Diana falou por entre os dentes. – Dispense esse idiota antes que eu saia e faça isso!

A jovem pareceu irritada.

-- Você quem inventou esse noivado... – Sussurrava. – Envolveu o Alex nas suas loucuras, entã o o mı́nimo que posso
fazer é ir lá falar com ele e confortá -lo para que nã o surte, como eu quase já iz.

-- Dispense-o! – Ordenou por entre os dentes. – Amanhã você fala com ele e nã o uma hora dessas.

A Villa Real sustentou o olha da pintora e por im suspirou, parecendo vencida.

Livrou-se delicadamente do toque, aproximando-se da porta. Deu as costas para a artista.

Sentia a tensã o nos ombros.

-- Alex, eu nã o estou me sentindo muito bem, foi um dia cansativo... Prometo que amanhã falarei contigo, poré m
hoje nã o tem essa possibilidade...

Ouviu a respiraçã o do rapaz acelerada.

Percebia-o agoniado e condoeu-se por ele.

Desde que aceitara fazer parte desse noivado, deixara claro com ele que nada haveria, que aquela era apenas uma
forma de se livrar da Calligari.

Nã o desejara dar esperanças a ele, pois sabia que jamais poderiam ter algo.

Imaginou se ela continuaria a insistir, mas para seu alı́vio ouviu-o concordar.

-- Ok! Mas amanhã preciso que fale comigo, por favor.

-- Está bem...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê sentiu-se mal, ainda mais por toda aquela situaçã o, ainda mais por que sabia que aquele matrimô nio nã o
ocorreria, mesmo se nã o estivesse apaixonada pela major, nã o poderia aceitar uma relaçã o com algué m que via apenas como
um irmã o.

-- Por que esse mancebo idiota veio aqui? – Diana já esbravejava.

Aimê cerrou os dentes.

Nã o acreditava que iriam discutir novamente, ainda mais depois de terem se amado e a ogra ter confessado seus
sentimentos.

Lentamente virou-se para ela.

Fitava-a com atençã o e icava a se perguntar como poderia resistir aos apelos do corpo.

A ı́ndia selvagem era muito linda, tã o linda que lhe tirava o fô lego.

Vê -la ali parada, com os braços cruzados sobre os seios, tendo a expressã o pouco amistosa era uma introduçã o para
a vontade surgir, fosse de brigar ou de amá -la.

-- Se você nã o tivesse inventado isso... – Meneava a cabeça em total desâ nimo. – Se você nã o tivesse armado esse
circo...

-- Ah, sim, agora a culpa é minha! – Passou a mã o pelos cabelos. – O que você estava

fazendo com aquele engomadinho no jardim antes de chegar aqui?

Aimê se mostrava confusa com a indagaçã o.

Nã o compreendia do que ela estava falando.

Quando a festa terminara decidiu seguir até aquela parte para tentar icar um pouco em paz, buscando um
equilı́brio para sua mente, poré m um encontro com um dos seguranças a irritou, ainda mais porque o rapaz se mostrou
bastante interessado em si.

Nã o falaria para a pintora, pois temia uma explosã o ainda maior.

-- De que está falando?

-- Nã o se faça de tola! Vi aquele imbecil no jardim e quando estava no corredor te vi entrando aqui!

-- Sim, eu estive no jardim, mas nã o vi Alex lá , nem mesmo o encontrei depois da festa.

A pintora estreitou os olhos.

-- Disse-me que...

-- Sim, eu disse! – Interrompeu impacientemente. – Mas falei porque nã o aguentava mais te ouvir, queria que me
deixasse em paz... Queria que saı́sse daqui, queria te ferir, te magoar, da mesma forma que tinha feito comigo durante aquela
maldita festa. – Começou a massagear as tê mporas.

A major a olhava e viu a face corada de raiva.

-- Entã o estava a me provocar? – Arqueou a sobrancelha. – E isso que você faz, me tira do sé rio, me enlouquece a
ponto de desejar te bater como ocorreu ainda pouco.

A Villa Real arqueou o queixo desa iadoramente, mas ao lembrar do que se passou, sentiu o corpo reclamar mais
uma vez.

-- Ah, sim! – Seguiu até ela com um sorriso travesso. – Vi como bateu no meu bumbum. – Apoiou as mã os nos
ombros da morena. – Ainda sinto as pancadas que me deu! – Piscou provocante. – Nã o quero continuar esse noivado, eu nã o
posso iludir o Alex, eu nunca senti nada por ele. – Falou seriamente. – Quero ser sincera com ele...

A Calligari percebia como ela parecia triste com a situaçã o, entendia e seu peito enchia de contentamento ao saber
que ela desejava terminar aquele compromisso.

Diana a abraçou pela cintura, trazendo mais para perto de si.

-- Eu sei que a coloquei nessa relaçã o, meu amor... Mas o iz pensando no seu bem... – Tocou-lhe os cabelo, itando os
olhos azuis.

-- Fala de novo... – Pediu mais perto.

-- Eu sei...

-- Nã o! – Interrompeu. – Me chama de amor... Ainda está ecoando no meu cé rebro suas palavras... fala que me ama
de novo...

A Calligari esboçou um sorriso.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Eu estou apaixonada por ti... – Começou a beijar seu pescoço. – Eu me perco nessa sua insolê ncia... Enlouqueço
por ti...

Aimê sentia as carı́cias, inclinando-se mais para que desse acesso a toda extensã o...

Fechou os olhos em prazer, enquanto sentia as mã os da pintora começarem a soltar as amarras do seu robe.

-- Eu amo você ... – Sussurrava em seu ouvido. – Amo tanto... Tanto, meu amor... – Encarou-a. – Fico louca quando
penso que algo de ruim pode se passar contigo... Sou capaz de dar a minha vida para te manter segura...

-- Nã o quero que se arrisque, eu desejo icar contigo... Desejo muito que possamos nos amar todos os dias... Quero
acordar ao seu ledo... Desejo ver esse rosto preguiçoso despertar... Quero icar te olhando... Te admirando...

Diana engoliu em seco.

Desejava tudo o que Aimê falara, poré m sabia que as coisas nã o seriam tã o fá ceis assim, ainda mais por que teria
que enfrentar o perigoso bandido, sabia que nã o haveria paz, enquanto nã o tirasse Crocodilo do seu caminho.

-- Preciso que tenha paciê ncia e faça tudo o que eu pedir... Nã o deve correr riscos... Preciso que se mantenha de
acordo com as minhas palavras.

-- Como assim? O que deseja que eu faça? Quer que eu continue com esse noivado? E isso, Diana? – Indagou
irritada.

A pintora a observou se afastar, enquanto fechava o roupã o.

Sabia que ela estava irritada, mas antes que a menina pudesse chegar a porta, deteve-a pelo braço delicadamente.

Aimê ainda protestou, mas foi conduzida pela mã o.

A Calligari seguiu até a poltrona, sentando-se, fazendo a jovem se acomodar de lado em seu colo.

-- Acha que quero que continue noiva desse rapaz? – Segurou-lhe o queixo, fazendo-a encará -lo. – Você tem ideia de
como iquei quando vi o beijo que trocou com ele ou quando me provocou falando que estavam juntos? – Fitou-lhe os olhos
revoltos. – Eu só desejo que tudo isso acabe... Eu já te expliquei o meu plano, já disse a razã o para estar fazendo isso... Eu só
preciso que con ie em mim... Con ie em mim... – Pediu novamente.

A Villa Real suspirou.

Nã o entendia porque tinha que aceitar isso, ainda mais agora que a morena deixará claro que a amava.

Cruzou os braços sobre os seios.

-- Tá parecendo uma menina emburrada... – Sorriu. – Dê -me um tempo para resolver tudo... – Voltou a abrir o
roupã o. – Amor, tenha um pouco de paciê ncia. – Mirava os seios redondos embevecida. – Prometo que tudo isso vai acabar... –
Fitou-a. – Agora desfaça esse bico e seja boazinha... – Começou a acariciar a pele branca.

Usou o polegar para acariciar.

-- Acha que vai me convencer assim, major? – Questionou-a com a sobrancelha arqueada. – Acha que me sinto bem
sabendo que você anda se arriscando? Por que nã o permite que a polı́cia cuide disso?

A major nã o falaria que nã o con iava em ningué m, pois tinha certeza de que algué m passava informaçã o para
Crocodilo.

-- Prometo me cuidar, se você izer o mesmo... – Apertou o mamilo com o polegar e o indicador.

Observava os olhos azuis escurecerem e parecia fascinada com a transformaçã o que se passava em sua face.

-- Quer que continue noiva do Alex? – Deteve-lhe o movimento. – Sabe que ele vai levar isso a sé rio. – Continuava
aborrecida.

Diana tomou-lhe as mã os, levando aos lá bios, beijando-as demoradamente.

-- Mimadinha linda, você nã o terá nada com aquele idiota, é apenas minha e se ele te beijar novamente, nã o me
responsabilizarei por minhas açõ es. – Replicava calmamente. – Preciso que me dê um voto de con iança, sei que já iz muita
coisa para te machucar, acredite, cada dor que infringi em ti, doeu em dobro em mim... Poré m agora, eu necessito que con ie
em mim...

Aimê suspirou lentamente.

-- Eu tenho medo... Nã o por mim, mas por você ... – Tocou-lhe a face com as costas da mã o. – Sei como já sofreu e me
assusta imaginar que poderá passar novamente por isso.

Diana fechou os olhos por fraçõ es de segundos e teve a impressã o de que tudo que vivera passava por sua mente.

As dolorosas imagens eram quadros que foram pintados com sangue...

Lembrou-se do pai...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê abraçou pelo pescoço, escondendo sua face ali.

A morena a estreitou mais forte, sentindo como a presença dela era su iciente para trazer conforto para suas
feridas.

Ficaram assim por muito tempo.

Diana apenas a sentia, sentindo que pela primeira vez em tantos anos, havia algo alé m do seu desejo de vingança,
sentindo que pela primeira vez em tanto tempo podia fechar os olhos e icar ali sentindo que ainda tinha um novo dia para
viver.

Nã o sabia o que aconteceria na manhã seguinte, mas aproveitaria o momento que a teria com ela, as horas que
icariam juntas.

Começou a massagear a nuca da esposa, logo afastou um pouco seu rosto.

Fitou-a e antes que Aimê pudesse falar algo, beijou-lhe os lá bios com fervor.

Segurou-a pelas madeixas longas e macias, mantendo-a cativa de seu carinho.

A Villa Real conhecia a impetuosa mulher e nã o pareceu assustada com o arrobo apaixonado.

Aceitou o beijo e gemeu quando a outra lhe sugou a lı́ngua com mais sofreguidã o.

Sentia os seios doloridos e desejou que as carı́cias chegassem até eles.

Apertou-se mais a ela, sentindo a uniã o dos colos, mesmo separados pelo tecido era um suplı́cio.

Aimê abriu o roupã o, fazendo o mesmo com o da pintora.

O contato entre os mamilos fê -la resmungar de desejo contra a boca que a mantinha cativa.

Seu sexo já doı́a.

Nunca em sua vida se sentira daquele jeito, nunca imaginara que existia aquela paixã o enlouquecedora que turvava
seu cé rebro, deixando-a perdida em suas ideias, em seus pensamentos.

As vezes parava e icava a imaginar como se sentia ousada diante da major, como seu corpo dominava suas açõ es e
a fazia fazer coisas inimaginá veis.

Louca de tesã o, pegou as mã os da morena, pousando sobre seus seios.

Diana interrompeu o beijo, itando-a.

O olhar era atrevido, estimulante, poderoso como se fosse a dona de tudo aquilo.

Sem falar nada, começou a massagear o colo bonito, fazendo-a sentar de pernas abertas para si.

Logo a boca seguia os caminhos das mã os, enquanto Aimê inclinava o tronco para trá s, dando maior acesso.

Diana mamava como um animal faminto, esquecendo a delicadeza, parecendo um ser em desespero, dominado por
um desejo maciço e primitivo.

Aimê cerrava os dentes, tentando controlar a paixã o que apenas crescia dentro de si.

Estava tã o envolvida que nem percebeu o robe deixando os ombros delicados.

Voltou a encarar a Calligari quando sentiu as carı́cias no sexo aberto.

A morena passeava os nó s dos dedos, lambuzando-os, esfregando-os... Mexia com curiosidade...

Os olhos negros pareciam mergulhar no mar azul.

-- O que você quer? – Questionava, enquanto continuava o passeio. – O que quer, Aimê ?

A Villa Real, mesmo sentindo o rosto corar, continuava itando-a.

-- Você nã o sabe, major, pensei que sua inteligê ncia chegasse muito alé m. – Provocou-a. – Nã o consegue imaginar... –
Interrompeu a frase ao sentir mais pressã o. – Nã o conhece as reaçõ es... Nã o escuta como te chamam?

A artista entendeu a outra mã o para tocar seu seio, apertando o mamilo gentilmente.

-- Você é uma menina muito atrevida... – Retirou a mã o, tocando em seus lá bios com o mel. – Eu adoro o seu cheiro.
– Levou a mã o à boca, passando a lı́ngua para lamber todo o excesso. – Seu cheiro é uma tentaçã o muito grande para resistir...

Aimê olhava a cena, via a lı́ngua passeando por toda a pele e nã o conseguia pensar em outra coisa a nã o ser em
senti-la fazendo o mesmo com seu sexo...

-- També m gosta do meu sabor entã o?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Sim... – Voltou a lhe tocar o sexo. – Eu adoro o sabor... Adoro quando entro dentro de ti... Quando me prende...
Quando ouço o atrito...

Os olhos azuis se estreitavam em prazer, os lá bios entreabertos, a respiraçã o acelerada.

-- Diana... – Sussurrou o nome dela. – Você me deixa louca... – Mordiscou o lá bio inferior. – Eu tenho a impressã o que
nã o vou aguentar... – Inclinou o quadril para frente para que o os dedos roçassem com mais vigor. – Eu quero... Eu quero
muito...

A Calligari usou o indicador para invadi-la lentamente.

-- Eu adoro ver seu rosto cheio de prazer, adoro quando geme pra mim...

As bocas se encontraram novamente, enquanto a morena seguia com o delicioso vai e vem, nã o parecia ter pressa,
fazendo-o de forma lenta, paciente.

Aimê mexia o quadril contra seu toque, aumentava os movimentos.

Fê -lo mais rá pido e ouviu o som...

A pintora usou mais um...

-- Han.. – Gemeu... – Ain...

A morena apenas continuava, sentindo-a apertada, deliciosamente aceitando as investidas.

-- Sente... Assim é uma delı́cia... Assim... – Metia mais forte...

Mirava a expressã o trans igurada de desejo e sentia o pró prio corpo reclamar por carı́cias.

De repente, a ilha de Otá vio deteve os movimentos, levantando-se.

Diana a mirava, confusa.

A neta do general era verdadeiramente muito bela.

A Villa Real estendeu os braços, chamando-a.

A major se levantou, mas nã o foi até a esposa logo, antes livrou-se do roupã o.

Nã o deixava de olhar a garota que a mirava com tamanha fascinaçã o.

Nã o negava que sempre se achara uma mulher de grande beleza, via isso nos olhares que encaravam, via essa
admiraçã o nos rostos de muitas pessoas, poré m isso nã o parecia fazer diferença, mas quando era aquela garota que a
apreciava, tudo parecia diferente.

Foi até ela.

Diana era pouco mais alta.

As bocas se encontraram novamente, perdidas, abraçando-se, unindo-se, desejando que aquele momento durasse
para sempre.

Caminharam até a cama.

A bela lorista fez a major deitar confortavelmente entre os travesseiros.

A morena estendeu, enquanto observava a amada parada ali, mas nã o por muito tempo.

A Villa Real beijou os delicados pé s, seguindo pela canela, panturrilha... Fazendo-o de forma calma... Chegando as
coxas, demorou-se mais, adorando sentir a rigidez, a maciez...

Acomodou-se entre elas, assim podia acariciar a parte interna.

Fê -la dobrar os joelhos.

A Calligari se apoiou nos cotovelos, observando toda a cena.

Observou-a passar por seu sexo com sorriso atrevido, parando seu abdome liso.

Aimê beijava a pele morena, enquanto nã o parava de itá -la.

Subiu até os seios, lambendo os biquinhos, incitando-os... Viu quando os olhos negros se estreitaram, antã o ousou
mais, chupando mais forte.

Ouviu o gemido dolorido, viu os lá bios implorando por mais...

Começou a descer e dessa vez parou diante do centro do prazer.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Beijou toda parte externa, mordiscando de leve. Fungou... Beijando de forma mais demorada, passeando a boca por
toda extremidade...

-- Quer mais, major? – Lambeu a fenda que separava.

-- Eu quero tudo... – Disse com voz rouca. – Dê -me tudo, meu amor, tudo...

Aimê sorriu, enquanto afastava os grandes lá bios, beijando-os, provando do delicioso mel que já escorria.

Passou a lı́ngua e ouviu o rugido abafado da mulher que amava.

Chupou-a mais forte, penetrando-a com a lı́ngua.

Usava-a de forma delicada, mas a pintora parecia querer muito mais, entã o colocou mais pressã o... Esfregando o
rosto, a boca mexia com mais vigor.

Diana rebolava para ela e quando nã o aguentou mais, puxou para cima de si, colando-se, moldando-se, abrindo-se,
desejando que o prazer supremo chegasse para ambas. O que nã o demorou a acontecer.

Clá udia despertou cedo na manhã seguinte, enquanto Ricardo dormia.

Vestiu-se, deixando o quarto enorme.

Nã o tivera uma boa noite de sono, na verdade nem mesmo conseguira dormir pensando na neta.

Viu a tristeza em sua face, percebeu como parecia perdida, enquanto seu olhar nã o abandonava em nenhum
momento a herdeira de Alexander.

Deus, suas suspeitas pareciam mais perto da verdade agora.

Dobrava o grande corredor quando se deparou com a morena deixando o quarto da neta.

Escondeu-se para nã o ser vista.

Diana usava apenas um roupã o e os cabelos estavam ú midos, denunciando um banho.

Levou a mã o ao peito, tentando raciocinar o que se passava ali.

Aimê fechou a porta com um enorme sorriso no rosto.

Encostou-se à madeira, relembrando como tivera uma deliciosa noite, sem falar que fora acordada com beijos,
amando-se mais uma vez, antes de tomarem banho e praticamente fazer a major deixar os aposentos.

Na verdade, sua vontade era nã o se separar dela mais, poré m sabia ainda nã o era o momento, mesmo que nã o
entendesse as palavras da Calligari quando explicava, decidiu con iar, nã o desejava entrar em confrontos, mesmo que Diana
conseguisse resolver isso de forma apaixonada e deliciosa.

Mordeu o lá bio inferior.

Ainda sentia o sabor dela...

Deus, como amava aquela mulher!

Ouviu batidas na porta e imaginou se a major tinha voltado, mas ao abrir, deparou-se com a avó .

Sentiu o rosto corar, enquanto Clá udia nem esperava um convite, adentrando o espaço.

A esposa do general olhava tudo com curiosidade.

Aimê viu o vestido da Calligari ainda ao chã o, fora as suas pró prias roupas, as peças ı́ntimas e os vidros da garrafa
que fora quebrada.

-- O que houve? – Indagou preocupada a senhora.

A ilha de Otá vio seguiu imediatamente, recolhendo as roupas, levando-as até o banheiro, depois retornou.

-- Eu acabei... – Gaguejou. – Quebrei... Quebrei a garrafa... Caiu da minha mã o... – Deu um sorriso. – Aconteceu
alguma coisa?

Clá udia itou o leito em total bagunça.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Você já foi mais organizada! – Apontou. – Parece que um furacã o passou por aqui. – Olhou-a com reprovaçã o.

Aimê apressou-se em arrumar tudo, assim nã o tinha que encarar a avó .

-- Filha, temos que ver o apartamento... – Dizia enquanto acompanhava tudo.

A Villa Real correu para pegar o papel amassado no chã o.

-- Que apartamento? – Indagou confusa.

-- O que icaremos até seu casamento, a inal, temos o dinheiro para alugar um lugar, seu avô precisa se manter aqui.
Alex nos convidou para irmos para a casa dele, mas eu pre iro que nã o façamos isso.

-- Sim, claro que nã o! – Negou-se com vigor.

-- Entã o temos que ver um lugar...

Antes que continuasse a falar a porta se abriu e lá estava Diana novamente.

A Calligari ainda vestia o roupã o, pareceu surpresa em nã o encontrar a amada sozinha.

-- Bom dia! – Cumprimentou sé ria. – Preciso falar contigo.

Aimê a advertiu com o olhar, enquanto percebia como a avó se mostrava interessada nas duas.

-- O que deseja? – Questionava tentando se mostrar desentendida. – Aconteceu algo?

-- Olá , senhora! – Cumprimentou a esposa de Ricardo. – Na verdade tinha algo para dizer, mas está fugindo da
minha mente agora. – Piscou. – Mas o que fazem tã o cedo conversando?

-- Vovó veio me falar que devemos sair em busca de um apartamento... Nã o se preocupe que iremos com seus
seguranças.

Os olhos negros se estreitaram.

-- Podem icar no apartamento de antes, está disponı́vel e eu pre iro que Aimê ique por perto.

Clá udia a itava com interesse.

-- Eu pre iro que tenhamos um lugar nosso, major. Meu futuro genro ofereceu sua casa, mas pre iro que enquanto o
casamento nã o acontecer, iquemos por nossa conta.

A Villa Real observou o maxilar da morena enrijecer.

-- Ficarã o aqui entã o, enquanto Crocodilo nã o for preso, nã o me importa com o que pensa ser melhor, eu sei o que é
melhor nesse momento! – Disse aborrecida.

Aimê mordeu a lı́ngua para nã o responder, pretendendo fazer isso em outro momento ao perceber o interesse da
vó no assunto.

-- Agora vou tomar um banho, terei umas coisas para resolver hoje. – Diana seguiu até a porta.

-- Pensei que já tivesse tomando... – Clá udia a al inetou. – Na verdade, penso que as duas tomaram banho, mesmo
sendo tã o cedo.

A ilha de Alexander virou para elas.

-- Coincidê ncia, nã o é ? – Disse com olhar de sarcasmo.

Aimê viu-a deixar o quarto e teve a impressã o que desmaiaria.

Quando a encontrasse, com certeza se desentenderiam, ainda mais por ela ter deixado no ar aquela insinuaçã o.

Se havia alguma dú vida sobre o que aconteceu naquele quarto, agora nã o havia mais.

Esperou as broncas, o olhar de raiva, mas nã o veio.

-- Vou acordar o seu avô para comer algo. – Depositou um beijo em sua face. – Te amo muito e só desejo o seu bem.

A jovem só soltou a respiraçã o quando a viu se afastar.

-- Você disse que estava tudo certo para noite passada! – Crocodilo esbravejava no telefone. – Entreguei o dinheiro
ao rapaz e esperei a encomenda que nã o chegou.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Eu tive um problema... A Diana apareceu na hora.

O bandido bateu forte contra o volante do carro.

-- Maldita Calligari!

-- Logo entregarei Aimê , eu te dei minha palavra e o farei.

-- O meu tempo está se esgotando, preciso entregá -la, quanto à ilha de Alexander, essa logo terá seu im. – Tocou a
pistola que tinha sempre à mã o. – Seu ilho nã o causará problema? Ontem quando falei com aquele segurança, vi o noivinho
passeando pelo jardim. Pensei que tinha convencido ele a participar.

-- Preferi nã o falar para o Alex sobre isso.

-- Tem certeza de que ele nã o vai causar problema? – Insistia.

-- Nã o, ainda mais quando icar sabendo que a noiva dele está transando com Diana Calligari!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Capitulo 28 por gehpadilha


O escritó rio de Vanessa, na verdade, se tratava de um ateliê elegante.

Uma casa enorme e de desenho antigo fora transformada em um espaço aconchegante. No inı́cio do corredor havia
duas recepcionistas bem vestidas em suas mesas. Nas paredes havia quadros e até algumas esculturas.

O piso de madeira reluzia de tã o brilhante.

Os passos de Diana ecoavam, enquanto seguia até a porta lateral, onde encontraria a empresá ria.

Com seu jeans escuro colado, camisa social e jaqueta de couro, era uma visã o bonita para se observada, ainda mais
quando exibia aquele olhar in lexı́vel.

As jovens que trabalhavam ali já conheciam a pintora e sabiam que ela nã o era muito cordata a ponto de
cumprimentá -las, por isso estranharam o bom dia que receberam.

Vanessa estava sentada diante da escrivaninha, lia alguns documentos quando viu a porta abrir e uma sorridente
Calligari se aproximar, sentando diante da mesa.

-- Nossa, que felicidade é essa? – A amiga estranhou. – Você está bem? – Questionou enquanto deixava os papé is de
lado.

A pintora mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

Nã o tinha muito como disfarçar o contentamento que sentia, tinha a impressã o que seus olhos també m tinham
retornado à luz.

-- Eu tive uma noite maravilhosa... – Suspirou. – A minha vontade era ter permanecido na cama durante o dia
inteiro.

Vanessa retirou os ó culos, deixando-os de lado imediatamente, parecendo bastante interessada no que era dito.

Inclinou-se para frente.

-- Nã o me diga que? – Questionou com os olhos bem abertos.

-- Bem, eu nã o sei o que signi ica esse que, mas que eu amei a mimadinha até ela perder as forças, ah, isso eu iz.

A empresá ria exibiu um sorriso grande.

-- Eu nã o acredito que depois daquele noivado você teve a coragem de ir atrá s dela e pior, nã o acredito que ela te
aceitou tã o facilmente... Eu teria te mandado para o inferno e pensei que depois de ontem era isso que ela faria para sempre,
vi bem a raiva que queimava aqueles lindos olhos azuis.

A morena cruzou as pernas, inclinando-se confortavelmente na cadeira girató ria.

Recordava-se de como a ilha de Otá vio era tinhosa e de como quase perdera a cabeça por conta de suas
provocaçõ es.

-- Realmente nã o foi tã o fá cil, Aimê tem aquela carinha de anjo, mas é muito teimosa e quando bate o pé , nã o é fá cil
fazê -la mudar... Mas quando consigo...

A empresá ria meneou a cabeça negativamente.

-- Nossa, Diana, você tem uma cara de safada que dá até medo... Fico a pensar o que andou fazendo com essa
menina.

A morena relanceou os olhos.

-- Você pode reclamar de tudo sobre mim, poré m jamais poderá falar sobre a minha forma maravilhosa de levar as
mulheres ao cé u...

Vanessa itava a herdeira de Alexander com atençã o.

Pela primeira vez em anos, via que um ser do sexo feminino tinha um valor maior para a major, que nã o fosse um
corpo bonito para ser usado ao seu bel prazer.

-- Ah, sim, lembro daquela modelo que você saia sempre e quando a coitada quase surtou por sua culpa, ela deixou
bem claro sua performance na cama. – Meneou a cabeça em decepçã o. – Mas eu pre iro nã o falar sobre esse tipo de coisa. –
Levantou-se. – Mas, conte-me algo, já está pronta para assumir para todos o seu amor?

-- Você sabe que nã o me importo com a opiniã o dos outros, quando chegar o momento, desejarei que Aimê seja
totalmente minha.

-- Pensei que esse fosse o momento... – Falou confusa.

-- Eu nã o posso fazer isso agora, ela corre perigo, ainda mais se estiver comigo. – Arrumou os cabelos. – Eu tenho
certeza de que algué m está passando informaçõ es para o Crocodilo e estou icando muito assustada, nã o por mim, mas por

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ela.

A empresá ria colocou as mã os na cintura, trazia uma expressã o irritada.

-- Peça ajuda a polı́cia! – Ordenou preocupada. – Eu temo por ti, temo que queira enfrentar esse bandido sozinha e
acabe muito mal.

Diana itou o reló gio que repousava em seu pulso, parecia mais interessada nele do que no discurso in lamado da
amiga.

Depois de alguns segundos, mirou-a.

-- Contanto que Aimê esteja bem, nã o me preocupo muito com o resto.

-- Mas eu me preocupo e tenho certeza de que ela també m se preocupa! – Sentou na cadeira pesadamente. – Essa
sua teimosia é muito irritante e eu juro que nã o sei nem o que fazer.

A pintora nã o falou nada de imediato. Entendia a empresá ria, pois sabia o carinho que ela sempre lhe dedicara, mas
ela teria que entender que nã o se importaria de se arriscar para salvar a vida da mulher que amava.

-- Eu prometo que me cuidarei, ainda mais agora que desejo viver muito anos ao lado da mimadinha e ter ilhinhos
pra você cuidar! – Piscou.

Vanessa acabou rindo da imagem que se formou em seu cé rebro.

Rezaria para que isso realmente pudesse acontecer, pois se tinha algué m que merecia essa felicidade, seu nome era
Diana Calligari.

-- Ah, esqueci de te dizer, hoje cedo recebi uma ligaçã o de Roma. – Fitou-a. – Marcela está embarcando nesse exato
momento, deseja o quadro que você prometeu.

A morena pegou o celular e viu algumas chamadas perdidas.

-- Eu nem lembrava mais disso.

-- Você acha que a neta do general vai gostar que pinte um quadro de uma mulher nua? Ainda mais se essa mulher
quer muito mais do que seus pincé is? Deve dissuadir a outra dessa ideia, diga que está ocupada, explique a situaçã o, mas nã o
provoque a oncinha.

A artista cerrou os dentes.

Sabia muito bem que teria problemas sé rios com Aimê se pintasse italiana, poré m já tinha dado sua palavra e nã o
desejava mesmo voltar atrá s.

-- Verei o que farei! – Levantou-se. – Estou indo para o apartamento, estou com muita vontade de pintar algo.

Vanessa suspirou de forma impaciente.

Sabia que ela iria até o im com essa histó ria de quadro nu, sabia como ela era depois que se comprometia com algo
e por isso temia quando a jovem Villa Real soubesse.

Esperava que a idelidade estivesse entre as qualidades que a morena parecia deixar a lorar.

-- Diana, nã o esqueça que temos algumas exposiçõ es esse mê s, nã o terá tempo para a Marcela! – Fez uma ú ltima
tentativa.

A Calligari apenas fez um gesto a irmativo com a cabeça, deixando a sala.

A empresá ria recostou-se a confortá vel cadeira de couro.

Talvez devesse ela falar com a tal que desejava ser pintada, explicaria o fato, poré m nã o acreditava muito que ela se
importasse em atrapalhar a vida da ilha do poderoso Alexander.

O que se pensar de uma mulher que tinha dormido com outra as vé speras do pró prio casamento?

Aimê estava encantada com o jardim da enorme mansã o. Alé m de lindas lores, també m havia á rvores frondosas,
deixando o lugar com um clima encantado.

Tudo era muito verde.

O gramado bem aparado, as mais variadas espé cies.

Passeava pelo lugar e ao olhar em direçã o a entrada nã o viu o carro da pintora.

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Ansiou por vê -la, mas nã o sabia onde poderia estar naquele momento.

Suspirou, enquanto agachava para tocar a pé tala de uma lor.

Sentiu o cheiro que se depreendia dela.

Nã o cansava de olhar para aquelas espé cies e sentir seu aroma.

Caminhou até um banco que icava sob a sombra de um lamboyant, sentando-se.

Fitou a enorme casa de trê s andares, imaginando se em alguma parte daquela enorme mansã o estaria a arrogante e
sedutora pintora.

Quando recordava de que ela praticamente assumira para Clá udia que tomaram banho juntas, tinha vontade de
esbravejar alto, mas o que ela esperava da major que age como se fosse a dona da situaçã o o tempo todo.

Deus, como aquela mulher era linda, como sabia ser convincente, tendo ousadia su iciente para derrubar a mais
forte convicçã o.

Cerrou os dentes, lembrando das cenas que viveram.

Ainda nã o acreditava que passaram uma noite tã o maravilhosa, ainda icava a pensar se apenas fora um devaneio
tudo o que se passou, todas as palavras que ouvira, as carı́cias ı́ntimas que trocaram.

Só em pensar nisso sentia aquela incô moda e deliciosa pressã o no baixo ventre.

Ser acordada por uma Diana cheia de desejo era algo incompará vel para se experimentar, ainda mais quando a
artista era boa em lhe despertar do sono que a acometia.

Gostaria de tê -la encontrado e conversado fora do quarto, queria realmente saber que tudo aquilo que viveram era
algo real.

Nã o negava que estava irritada por ter que continuar com o noivado, nã o desejava mesmo viver aquela mentira,
mesmo sabendo que contar para o avô que estava apaixonada por uma mulher nã o seria uma situaçã o fá cil, ainda mais
sabendo que essa mulher era a ilha do general Alexander.

Mas se estivesse ao lado da major, nã o se importaria de enfrentar tudo o que estava por vim.

Voltou a itar a mansã o.

Gostaria de ter visto Alex, de ter falado com ele, sentia a consciê ncia pesada por nã o ter esclarecido toda a situaçã o
com o rapaz.

Sentiu um incomodante olhar sobre si e viu o homem da noite passada olhando em sua direçã o.

Observou-o.

O rapaz jovem, alto e de cabelos loiros parecia bastante interessado em sua pessoa e isso nã o a estava agradando,
pois seu olhar chegava a ser desrespeitoso.

Pensou em Falar com a Calligari sobre isso, mas temia que a artista nã o fosse muito paciente ao lidar com coisas
desse tipo e acabasse partindo para cima do guarda-costas.

Ouviu passos e sorriu ao ver a amiga aparecer.

Bianca sentou-se ao seu lado.

-- Boa tarde! – A loira cumprimentou com um enorme sorriso. – Acho que estava muito cansada ontem, só agora
consegui despertar. – Suspirou. – Perdi o café e o almoço.

Aimê sentou de lado, podendo assim itar a garota.

-- Entã o nã o comeu nada?

-- Claro que comi, o batalhã o de empregadas foram bastante atenciosas e nã o me deixaram passar fome... Cada
iguaria! – Lambeu o lá bio superior. – Sem falar de ontem, onde essas pessoas aprendem a fazer essas comidas, meu Deus! –
Exclamou comicamente.

Ambas sorriram.

-- E você ? – Bianca questionou descon iada. – Ontem você nã o tinha esse brilho nos olhos, na verdade estava
furiosa. – Observava-a com atençã o. – O que aconteceu? Por que corou?

A Villa Real mordiscou a lateral do lá bio inferior demoradamente, até que pareceu tomar coragem para falar.

-- A Diana apareceu no meu quarto depois da festa...

Bianca se mostrou bastante interessada.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Hã n? – Arqueou a sobrancelha. – E o que houve? Nã o me diga que voou nela e arranhou aquele belo rosto
arrogante? Melhor, rasgou o elegante vestido que ela usava, depois icou parada se enamorando das belas formas.

A ilha de Otá vio gargalhou das conjecturas da amiga.

-- Brigamos muito, esbravejei, ela me tira do sé rio! A Diana é fria, mas ao mesmo tempo parece que tem um vulcã o
queimando dentro dela... Nunca algué m conseguiu me deixar assim...

-- Bem, isso dá pra perceber, ontem vi sua fú ria, sempre ica daquele jeito em relaçã o à major. Mas nã o foi isso que
te fez colorir as bochechas. O que mais aconteceu?

A jovem meneou a cabeça antes de falar.

-- Realmente nã o foi isso... – Desviou o olhar, itando as rosas que desabrochava em frente. – Eu nã o consigo resistir
ao toque dela, aos beijos... E quando brigamos, Deus, é como se meu corpo icasse ainda mais desejoso e enlouquecido por ela.
– Terminou em um io de voz.

A sobrinha do prefeito tinha os olhos arregalados naquele momento.

-- Nossa... Você realmente está apaixonada!

Aimê voltou a sentar de frente, enquanto levantava a cabeça e observava a beleza da á rvore.

Respirou fundo.

-- Eu a amo, Bianca, amo-a tanto que chego a perder toda a capacidade de raciocinar. – Suspirou alto. – Mas eu nã o
sei, a major é uma mulher linda, forte... Com o gê nio de todos os demô nios da terra..

-- E ela?

Um sorriso desenhou o rosto bonito da Villa Real.

-- Me ama també m, confessou que me amava e até agora eu nã o consigo pensar em outra coisa a nã o ser nisso.

-- Caramba, amiga, estou super feliz por ti, agora já pode terminar esse noivado com o Alex e icar com a mulher
que ama.

Aimê se levantou, colocou as mã os nos bolsos do short.

-- Infelizmente nã o, ainda nã o posso, Diana me pediu para esperar, isso que está me deixando irritada. Eu nã o quero
iludir o Alex, ele nã o merece passar por toda essa situaçã o.

A loira nã o falou nada, parecia preocupada, mas se manteve quieta.

-- Eu o procurei para que pudé ssemos conversar, mas me disseram que ele tinha saı́do muito cedo.

-- Bem, meu tio ainda está por aqui. Agora mesmo está conversando com seu avô . Meu primo deve ter ido resolver
algum problema. – Pegou o celular do bolso, discando o nú mero dele.

A ilha de Otá vio percebia que o segurança que a incomodava estava ainda mais pró ximo e nã o parava de encará -
las.

Bianca se levantou indo até a amiga, també m tinha percebido o insistente olhar.

-- Por que ele ica te itando? – Indagou baixinho, enquanto mantinha o aparelho na orelha.

-- Eu nã o sei, nem mesmo lembrava desse segurança, só ontem o vi aqui no jardim e ele parecia bastante
desagradá vel.

-- Ele está sendo desrespeitoso, isso sim, olha como ele te olha. Acho que deveria falar com a Diana sobre isso.

-- Falarei assim que tiver oportunidade. – Fitou a casa. – Acho melhor entrarmos.

A loira assentiu, enquanto seguiam para a mansã o.

Já era quase meia noite quando o automó vel de Diana adentrou os portõ es da enorme mansã o.

Passara todo o dia no apartamento, estava em seu estú dio criando, sentindo-se tã o relaxada que nem viu a hora
passar.

Ligou algumas vezes para a mansã o, mas Aimê nã o atendera, estava com os avó s no momento, entã o preferiu nã o
incomodar.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Pensara em mandar buscá -la, poré m decidiu esperar por uma reaçã o da garota, mas nã o houve nenhum
telefonema.

Agora se arrependia de sempre agir com in lexibilidade, pois se fosse mais maleá vel, teriam passado um dia
delicioso juntas.

As vezes se assustava com a intensidade das emoçõ es que a ilha de Otá vio a inspirava, temia, pois tinha a
impressã o que perdia todo o controle que sempre tivera.

Bastava um olhar e seu corpo reagia a ela...Ainda estava conseguindo manter a calma, poré m desejava ir muito
alé m, desejava possuı́-la mais impetuosamente.

Assim que as coisas se resolvessem e pudesse tirar o bandido miserá vel do seu caminho, levaria a mimadinha para
uma viagem... Uma deliciosa viagem...

Só em pensar nisso sentiu o sexo latejar.

Ao parar na frente da casa, observou um dos seguranças.

Ele já chamara sua atençã o antes.

Muito jovem e com olhar meio que atrevido.

No dia seguinte o dispensaria, falaria com o chefe da guarda.

Desceu do automó vel e ao olhar para cima, viu que a luz do quarto da esposa estava apagada.

Com certeza já estaria dormindo.

Suspirou em decepçã o, seguindo pesadamente os degraus até a enorme porta.

Adentrou o espaço.

Clá udia viu pela janela quando o carro da major estacionou.

Sentiu-se aliviada por ela ter passado o dia fora, mas agora que retornara, icava a pensar se ela voltaria a procurar
sua neta.

Nã o havia mais dú vidas do que se passava entre as duas mulheres. Era possı́vel ver nos olhos de Aimê um
sentimento forte, poré m e a outra, qual sua intençã o com tudo aquilo?

Fitou o marido que dormia descansado e imaginou o que ele pensaria ao descobrir que a amada menina dos seus
olhos gostava de mulher e para piorar tudo isso, essa mulher era a herdeira de Alexander.

Aquilo causaria uma verdadeira catá strofe, ainda mais se Diana estivesse apenas querendo continuar com sua
vingança só rdida, poré m se fosse essa a intençã o, nã o deixaria que ela continuasse. Lutaria até seu ú ltimo suspiro para
proteger Aimê .

Respirando fundo, deixando os aposentos.

A Calligari se livrou das roupas e já seguia para o banheiro quando ouviu batidas na porta.

Quem poderia ser uma hora daquelas?

Pegou o roupã o, vestindo-se e enquanto seguia para abrir, imaginou se poderia ser a doce mimadinha em uma
visita noturna, mas ao abrir se deparou com a esposa do general.

-- Preciso lhe falar! – Clá udia disse hesitante.

A matriarca passara algum tempo no corredor, temendo se seria uma boa ideia ir até a major, imaginando como ela
reagiria com sua visita, ainda mais naquele horá rio.

Antes, seguiu até os aposentos da neta, vendo-a dormir tã o inocentemente.

A morena a encarou por alguns segundos e deu passagem para que ela entrasse.

-- Nã o acredito que essa seja hora para uma visita de cortesia, mas já que está aqui, diga-me o que deseja?

A mã e de Otá vio já conhecia o sarcasmo da Calligari, por isso nã o era novidade ser tratada assim.

Observava tudo ao redor, vendo as roupas que ela tinha acabado de tirar sobre a cama.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Encarou a expressã o arrogante.

-- Eu sei muito bem o que está acontecendo entre a minha neta e você ! – Disse de supetã o. – E saiba que nã o irei
permitir que a magoe!

A morena arqueou a sobrancelha, enquanto levava as mã os à cintura.

Fitava-a insistentemente.

-- Nã o me diga que deseja alguma coisa em troca disso? O que? Vai se aproveitar da relaçã o para obter alguns
privilé gios? – Debochava. – Um apartamento novo? A retirada das denú ncias contra o seu adorá vel e miserá vel marido?

Clá udia levantou a cabeça, enfrentando a morena.

-- Talvez, você nã o acredite, mas o amor que eu tenho pela Aimê é muito maior do que sua fortuna... Eu nã o desejo
nada que venha de você , nã o desejo nem mesmo que nos acolha em sua casa. – Apontou-lhe o dedo em riste. -- Por mim, eu
nã o estaria mais aqui, poré m eu sei que a minha neta corre perigo e eu sou muito grata por estar protegendo-a, mas de forma
alguma irei permitir que a faça sofrer, que use o sentimento que ela tem por ti para se vingar de tudo o que Otá vio lhe fez.

A pintora cerrou os dentes tã o forte que contraiu o maxilar.

Fitava aquela mulher ali parada e sentia raiva pelo que pensara de si, mas també m a admirava por ter essa
preocupaçã o tã o grande com a Villa Real.

Seguiu até a poltrona, sentando-se.

Parecia ponderar, enquanto Clá udia a encarava com a expressã o preocupada, temerosa.

A voz da artista saiu baixa, os olhos negros estavam estreitados.

-- Eu odeio os Villas Real! – Dizia por entre os dentes. -- Odeio-os por tudo o que me izeram passar, odeio o seu
ilho por ter tirado a vida do meu pai... – Umedeceu o lá bio superior. – Serei sincera com a senhora... Eu adoraria estar
brincando com a Aimê , adoraria nã o sentir o que sinto por ela, adoraria nã o a amar, a inal, ela é a ilha do monstro que me
destruiu... – Respirou fundo. – Poré m, eu a amo, amo-a tanto que nã o consigo me manter distante, mesmo tendo tentado
tantas vezes... Eu nã o sei se serei uma boa escolha... – Deu um riso amargo. – Há muita coisa em nossos caminhos, mas quero
que saiba que sou capaz de tudo para protegê -la, para mantê -la segura... Para fazê -la feliz...

A esposa do general sabia que a morena estava sendo sincera e se sentiu aliviada por saber que realmente havia
amor no coraçã o daquela dura mulher.

-- O amor nã o é perfeito, Diana, o amor é um sentimento difı́cil de lidar, mas quando ele existe nã o se tem para onde
fugir, é muito poderoso...

A Calligari nada disse, enquanto ouvia os passos se afastarem, ouvindo o som da porta se fechar.

Depois de alguns segundos, seguiu até o banheiro.

Crocodilo continuava estacionado diante da mansã o.

Viu quando Diana chegou e imaginou se atirasse no carro se sairia bem, mesmo sabendo que ela nã o era tã o burra
para nã o usar um automó vel brindado.

Era uma pena que tivesse que tirá -la da histó ria.

Nã o havia personagem igual...

Tinha planos para ela.

Atrai-la-ia pela Aimê depois levaria as duas para a loresta. Faria com que todos pensassem que a Calligari surtou
de uma vez por todas e decidiu acabar com a vida da ilha do homem que destruı́ra sua vida.

Sorriu.

A bela major pensava ser muito esperta com aquela exposiçã o toda da jovem, poré m nã o contava com um detalhe:
O dinheiro corrompia as pessoas e isso fora providencial.

Quem diria que a herdeira de Otá vio seduziria a ı́ndia selvagem e seria sua perdiçã o.

A Calligari banhou, depois sentou na varanda e icou bebendo algumas taças de vinho.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

As palavras que ouvira de Clá udia ainda martelavam em seu cé rebro.

Levantando-se irritada, seguiu até os aposentos da esposa.

Estava escuro, tendo apenas um abajur na cabeceira aceso.

A janela estava aberta e isso iluminava a silhueta da jovem deitada.

Temera se aproximar, ainda mais depois da conversa que teve com a “ vovozinha”, poré m a vontade de estar com a
ilha de Otá vio estava cada vez mais incontrolá vel.

Permaneceu parada no meio do quarto, apenas itando-a.

Aimê estava deitada de lado, nã o estava coberta, usando apenas uma camiseta colada e uma minú scula calcinha.

Mordiscou o lá bio inferior.

Passou a mã o pelos cabelos longos...

Ouvia a respiraçã o pesada da garota...

Sentia o delicioso cheiro dela.

Como falara a Clá udia, gostaria de nã o ter se apaixonado pela ilha de Otá vio, pois ainda temia feri-la com seu ó dio,
poré m aquela sempre fora uma batalha que nã o venceria.

Cruzou os braços sobre os seios.

Passeou os olhos pelas pernas longas... A minú scula lingerie...

Sua intençã o ao ir até ali era apenas deitar ao seu lado e dormirem abraçadas, mas seu plano parecia inviá vel, pois
seu desejo já começava a queimar novamente.

Livrou-se lentamente do roupã o, parecendo ser uma tarefa difı́cil desfazer a simples amarra, caminhou até o leito.

Deitou-se, colando o corpo ao dela, abraçando-a pela cintura.

A garota resmungou.

Diana começou a beijar seu pescoço, deliciando-se com o aroma da pele sedosa.

Levantou-lhe a blusa, estendendo as carı́cias pelas costas.

Mordiscava de leve, abraçou-a pela cintura, fazendo-a colar o bumbum em seu sexo.

-- Acorda, meu bem... Quero te amar... – Sussurrava em seu ouvido. – Passei o dia pensando em ti...

Aimê se mexeu, mais uma vez reclamando da intromissã o em seu descanso... Resmungava algo difı́cil de decifrar.

A morena continuava a acariciar suas costas, depois a virou delicadamente para si.

A Calligari observou os seios expostos, começando a beijá -los, lambendo o biquinho.

Acariciava a calcinha de seda, apertando-a.

Usou o polegar para incitar os mamilos, até vê -los se mostrar como o botã o de uma rosa.

Ouvia gemer.

Prendeu-os nos dentes, usando a lı́ngua para afrontá -los ainda mais.

Mamava ruidosamente, enquanto colocava a mã o dentro da peça ı́ntima.

O dedo maior tocava o a pele que já se mostrava molhada.

Fazia movimentos circulares.

-- Diana...

A jovem ainda estava sonolenta, mesmo assim abriu os olhos.

Estava confusa, imaginando se aquilo era um sonho ou realmente estava a se passar.

A Calligari colocou mais pressã o no clitó ris.

-- O que faz aqui? – Questionou, enquanto sentia as carı́cias aumentarem. – O que está fazendo? – Perguntou
baixinho.

-- Quero você ... – Penetrou-a devagar, observando a expressã o do rosto bonito.

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Quando a Villa Real abria a boca para falar novamente, um beijo dominador tomou conta dos seus lá bios.

Sentiu o sabor de vinho mesclado a algo refrescante.

Moveu-se contra os dedos dela, adorando o toque ousado.

As invasõ es eram deliciosamente lentas...

Abraçou-a, estreitando o carinho, sentindo o desejo impetuoso sacudir suas cé lulas.

Sentiu a lı́ngua invadindo todos os recantos, ela parecia querer ir mais longe, encontrando a sua.

Prendeu-a, chupando forte, ouvindo o barulho que as bocas faziam juntas.

Gemeu quando sentiu a dupla penetraçã o...

-- Você adora isso... Eu sei... Gosta do meu toque... Desde que a tomei pela primeira vez se tornou cativa, do mesmo
jeito que eu iquei.

Virou-a de frente para si, pondo-se sobre ela, enquanto segurava seus pulsos, mantendo-a presa.

Esfregava-se a ela, o sexo molhado desejando um contato maior.

Abriu-lhe as pernas, buscando maior intimidade... Maior acesso.

Deslizava pelo corpo dela... Rebolando sobre o quadril da esposa.

Aimê sentia os carinhos se tornarem mais ardentes... Estava desperta, presa naquele mundo de sensaçõ es
deliciosas.

A boca da pintora parecia cada vez mais exigente.

Tentou se livrar dos braços que a mantinha cativa, poré m a major nã o aliviava. Aceitou-a entre suas pernas,
sentindo o corpo nu esfregando sobre o seu.

-- Diana... – Gemia o nome dela.

A Calligari parou, itando-a.

-- Fale... – Depositou beijos nos seios. – O que você quer?

A Villa Real adorou a pressã o que ela fazia contra sua intimidade.

-- Por que nã o me procurou o dia todo e simplesmente vem uma hora dessas atrá s de mim...

A ı́ndia nã o pareceu se importar com as palavras, seguindo para se livrar da calcinha que ela usava, depois voltou a
colar-se a ela.

-- Eu passei o dia pensando em possuir você de novo. – Dizia contra os lá bios dela. – Passei o dia desejando gozar
bem gostoso dentro de ti...

Aimê sentiu o desejo aumentar mais.

Sentiu os dedos explorando sua carne, parecendo querer comprovar como estava molhada e isso nã o foi algo difı́cil
de descobrir, pois o mel já escorria por suas pernas.

Abriu-se ainda mais, enquanto sentia o encaixe das coxas.

A pintora moldou-se a cintura perfeita... Unindo-se.

-- Entã o me leve a esse mundo de prazer també m... – A Villa real pediu. – Quero me perder novamente nessas
sensaçõ es...

Diana mexia o quadril impetuosamente, parecendo querer fundir-se totalmente, desmanchar-se dentro dela.

Aumentava a pressã o...

E o quarto se preenchia com o som dos corpos se amando, dos gemidos altos e dos sussurros delirantes.

A major voltou a lhe segurar os pulsos.

-- Venha comigo... – Sussurrou contra a boca dela. – Sinta comigo o poder que você tem sobre mim... – Dizia sem
fô lego.

Aimê assentiu.

Aos poucos a paixã o aumentava e os movimentos també m.

A ilha de Otá vio conseguiu se livrar dos braços, abraçando as costas e cravando as unhas na pele da amada.

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Choramingou ao sentir que nã o suportaria por muito tempo, pediu mais, desejava muito mais naquele momento e
logo os corpos perderam a força.

Ouviu o rugido animal da Calligari ou era o seu... Ficou confusa, sentindo quando o corpo suado desabava sobre o
seu.

Sentia-se tremer... Sentiu a pele suada.

Sentia que nã o tinha forças para falar... Mas mesmo assim exibiu um sorriso de felicidade ao ouvi-la dizer:

-- Eu te amo... Mimadinha...

Na manhã seguinte, Diana despertou a amada com um delicioso café na cama, mas antes a amou novamente, poré m
com calma, pacientemente.

Tinha tomado banho e estavam sentadas no leito de casal, vestiam apenas um roupã o.

-- Sabe o que eu estava pensando. – A major dizia, enquanto levava uma uva à boca. – Quero retomar a pintura do
seu quadro.

Aimê a encarou e acabou rindo ao ver a expressã o de sé ria que ela fazia ao dizer aquilo.

Tomou um copo de suco antes de responder.

-- Sabe que eu acho que isso nã o passa de uma desculpa para me seduzir.

A major levou a mã o ao peito de forma dramá tica.

-- Eu? A famosa pintora Alessandra Calligari jamais se aproveitaria da arte para fazer amor gostoso contigo. –
Piscou ousada. – Nã o preciso de subterfú gios para isso. – Estendeu a mã o para tocar o seio da esposa, mas foi detida.

-- Nã o! – Repreendeu-a. – Você só pensa nisso!

-- Nã o, contigo eu penso em muitas coisas, meu amor. – Colou os lá bios aos delas. – Mas depois te falo sobre esses
pensamentos. – Depositou um beijo demorado, depois se levantou. – Preciso dar uns telefonemas. Esses dias terei uma
exposiçã o e quero que vá comigo.

Aimê tomou cuidado para nã o derrubar a bandeja, seguindo até ela, abraçou-a pelo pescoço.

-- Eu me sentirei honrada em estar ao seu lado, adoro suas obras...

A Calligari lhe circundou a cintura.

-- Entã o se prepare, pois a quero ao meu lado! – Beijou-lhe a pontinha do nariz. – Resolverei esse problema e logo
retorno para ti... Hoje você nã o me escapa!

A Villa Real fez um gesto de assentimento, enquanto a observava sair.

Suspirou feliz, seguindo até a cama e deitando-se com os pé s para fora.

Sorriu ao sentir o cheiro que o quarto exalava...

Sentia-se deliciosamente cansada.

Amava muito a morena e desejava mais do que tudo que aquela relaçã o pudesse icar mais só lida a cada dia.

Levantou-se.

Iria se vestir e falar com os avó s, tinha esquecido deles totalmente.

Diana estava no escritó rio terminando de falar com a Vanessa.

Levantou-se e seguiu até o hall.

Ouviu a campainha e foi abrir a porta.

Antes que pudesse falar algo, teve os lá bios tomados pela italiana que demonstrava bastante entusiasmo.

-- Estou pronta, amore mio, já pode me pintar totalmente nua.

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A Calligari viu o olhar da bela mulher se dirigir a escadaria e ao se virar viu Aimê lá parada ao lado de Clá udia e de
Bianca.

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Capitulo 29 por gehpadilha


Aimê se vestia, estava distraı́da, seu corpo ainda trazia vestı́gios da noite de amor.

Fechava o sutiã frontalmente e ao recordar de como a boca da major passeara deliciosamente por seus seios,
sentiu-os latejar... Doı́am... Reclamavam por uma continuidade de atençã o... Imploravam pela boca que explorara
despudoradamente, pele lı́ngua que adorava provocar seus mamilos, até senti-los excitados ao limite da sanidade.

Mordeu o lá bio inferior.

Fitou o grande espelho da penteadeira.

Notou como o rosto estava corado, os lá bios inchados... A pele ainda estava arrepiada...Pelo re lexo, seu olhar fora
direcionado ao leito... Teve lashes a povoar sua mente... O emaranhado de pernas, os sussurros enrouquecidos, os gemidos de
uma deliciosa dor...

Sentiu aquele incô modo no baixo ventre...

Seguiu até a cama, pegando um lençol... Sentia a delicadeza do tecido em seus dedos, a forma macia que ele
deslizara... Que cobrira os corpos suados do exercı́cio prazeroso.

Levou-o ao nariz, inalando nã o só o cheiro do momento que tiveram, mas també m o aroma daquela mulher que
dominava seus sentidos.

Aquela essê ncia poderosa combinava com sua dona, com sua princesa selvagem...

Suspirou alto.

Nã o via a hora de poder assumir aquele vı́nculo, mesmo sabendo que seria um choque para seus avó s, levando nã o
só em conta se tratar de uma relaçã o que enfrentava muitos preconceitos, ainda tinha o fato de ter se apaixonado pela ilha de
Alexander.

Deus, tinha perdido o senso igual ao pró prio pai? Estaria em seu sangue enlouquecer pela major?

Era aquilo que Otá vio sentira?

Meneou a cabeça tentando espantar os pensamentos con litantes.

Nã o havia semelhanças, nã o mesmo...

Amava-a... Amava-a tanto que se assustava com a grandeza daquele sentimento que parecia crescer segundo a
segundo...

Queria-a para si, acordar ao seu lado todos os dias, beijar sua boca até nã o conseguir respirar.

Sorriu...

Nossa... Aquela boca beijava muito bem... Parecia a introduçã o de tudo o que viria a seguir...

Pegou a camiseta, vestindo-a e depois fez o mesmo com o short.

Estava com vontade de ir ao jardim, queria sentir o aroma das lores...Mas ainda tinha a promessa da Calligari de
passar o dia consigo...

Deixava o quarto quando viu no enorme corredor a avó e a sobrinha do prefeito.

As duas mulheres nã o a viram de imediato, pois sua atençã o estava voltada para os quadros que enfeitavam as
paredes.

Havia muitos deles, fora os belı́ssimos e artesanais vasos de cerâ mica.

Aproximou-se na surdina, seus passos eram amortecidos pelo carpete felpudo. Abraçou-as, demonstrando seu
contentamento.

As duas tiveram sobressaltos e isso provocou risos na ilha de Otá vio.

-- Nossa, parece que viu passarinho verde! – A loira a provocou. – Ou será que esse passarinho tem pelos
bronzeados.

A jovem Villa Real lhe dirigiu um olhar de advertê ncia, enquanto via a expressã o da matriarca.

Sentia as bochechas queimarem diante da insinuaçã o da amiga.

-- Nã o seja boba, Bianca, apenas acordei feliz como é de costume, ainda mais porque a janela do meu quarto dá
direto para o esplendoroso jardim...

O olhar da esposa de Ricardo passava de uma para a outra de forma descon iada.

-- Que bom que é apenas isso! – Clá udia parecia advertir as duas.

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As garotas enlaçaram o braço da mais velha, seguindo em direçã o a escadaria.

Conversavam animadamente, falavam sobre trivialidades, até que o trio estancou no topo da escada ao presenciar a
cena que se desenrolava.

A ilha de Otá vio teve a impressã o que os pé s tinham colados no assoalho e nada poderia tirá -los de lá .

O azul claro escurecia perigosamente.

Engoliu em seco.

No seu cé rebro passava todos os momentos que viveram desde a noite da festa e as declaraçõ es, de repente,
soavam falsas, vazias, sem nenhum signi icado.

Sentiu a mã o reconfortante da vó cair sobre seu braço e naquele momento sabia que nã o tinha como disfarçar a
decepçã o que sentia.

Os olhos negros se voltaram para ela.

Sustentou-os.

Diana estava no escritó rio terminando de falar com a Vanessa. Nem mesmo tivera tempo para se vestir, ainda usava
o roupã o preto pó s-banho.

Colocou o telefone no gancho, depois se apoiou na cadeira de couro, girando de um lado para o outro.

Sua atençã o foi direcionada para um pequeno objeto coberto de veludo vermelho.

Pegou a caixinha que estava sobre a mesa, abriu-a, olhando a pedra solitá ria que repousava sobre o aro dourado.

A joia era bastante delicada...

Aquele fora o ú ltimo presente que recebera do pai...

Aquele anel fora dado a sua mã e quando Diana nascera... Aquela pequena e delicada preciosidade signi icara a
uniã o dos dois...

Colocou-a na palma da mã o, itando-a...

Ela reluzia diante dos seus olhos...

O material era frio...

Mordiscou o lá bio inferior, enquanto se perdia em seus pensamentos.

Seu pai sofrera tanto quando a esposa decidira retornar à tribo, quando abrira mã o do que tinham para viver ao
lado do seu povo, mesmo assim, ele sempre acalentou a esperança de que um dia ela retornaria e poderiam ser felizes
juntos... Poderiam ter uma famı́lia...

Doce amarga ilusã o!

Abriu a gaveta, pegando o quadro de moldura de bronze.

Lá jazia a imagem da mulher de cabelos negros e pele bronzeada tendo um bebê nos braços e mais atrá s o general
Alexander exibia um sorriso grande, apaixonado...

Aquela era a ú nica foto que tinha da relâ mpago uniã o...

As vezes pensava que a mã e fora embora pelo preconceito que enfrentara ao se envolver com um homem tã o
importante...

Tateou os dedos sobre o vidro...

Os traços femininos lembravam os seus... Idê nticos aos seus...

Limpou uma lá grima saudosa...

Guardou a fotogra ia.

Levantou-se!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Nã o queria pensar que seu destino seria semelhante... Aquele fora o motivo de nunca ter se apegado a ningué m, das
suas relaçõ es envolverem apenas sexo... Era sempre prazer... Até que seu caminho cruzou com a ilha do seu maior inimigo...

Apoiou as mã os no tampo de madeira, pressionando-as até os dedos doerem...

Aimê ...

Por que com ela era tudo tã o diferente? Amedrontava-se ao perceber o poder que aquele olhar tinha sobre si...

Meneou a cabeça tentando espantar os pensamentos temerosos.

Deu a volta na mesa, deixando o espaço, seguia até o hall.

Pensava onde levaria a mimadinha para passear... Queria ter aquele dia com ela, pois depois tinha planos para
mantê -la a salva e talvez fosse necessá rio mantê -la distante.

Ouviu a campainha e ao ver a demora dos empregados aparecerem, foi abrir a porta.

Antes que pudesse falar algo, teve os lá bios tomados pela italiana que demonstrava bastante entusiasmo.

-- Estou pronta, amore mio, já pode me pintar totalmente nua.

Marcela dizia colada em sua boca.

A carı́cia da mulher se aprofundava...

A major afastou-a delicadamente, entã o observou o olhar da bela se dirigir a escadaria e ao se virar viu Aimê lá
parada ao lado de Clá udia e Bianca.

Sentiu um estremecimento na nuca...

Os olhos azuis a encaravam de forma nã o apenas acusadora, mas també m demonstrava grande decepçã o.

Nunca em sua vida uma mirada lhe atingira tã o forte como aquela expressã o de dor que a neta do general
demonstrava.

A ruiva ainda tinha os braços em volta do seu pescoço.

-- Alessandra, meu corpo já se arrepia por imaginar seus toques... Ainda recordo de como o faz tã o bem!

A morena voltou a itar a italiana e quando virou sua cabeça em direçã o a escada, viu que a garota nã o estava mais
lá .

Delicadamente se livrou do abraço.

-- Eu já volto!

Marcela pareceu surpresa ao ver a morena subir rapidamente as escadas.

Clá udia e Bianca icaram lá , está ticas.

Diana abriu a porta do quarto e encontrou Aimê parada no meio dos aposentos.

A garota estava pró xima à cama.

Os olhos azuis demonstravam a raiva que estava sentindo.

O pé batia repetidamente no chã o.

-- Saia! – A Villa Real falou por entre os dentes. – Nã o deveria ter vindo aqui!

A major encarou-a e sentiu a fú ria que ela deixava transparecer em sua expressã o.

Aproximou-se e quando tentou lhe tocar o braço, a jovem se livrou com um violento safanã o.

-- Nã o ouse me tocar, sua perdida!

A Calligari passou a mã o pelas madeixas negras, enquanto ouvia o som da respiraçã o pesada da amada.

Sabia que aquele terreno era delicado e precisava ir com muita calma.

-- Aimê ... – Chamou relutante. – Deixe-me explicar o que se passou.

A neta de Ricardo jogou a cabeça para o lado, arrumando os cabelos por trá s da orelha.

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-- Você nã o tem que me explicar nada! – Ergueu o queixo orgulhosamente. – Sabe que agora me recordo daquela
vez que inventou de me pintar, me seduziu e depois me humilhou... – Apontou-lhe o dedo. -- Naquele dia você falou sobre sua
modelo... Ah, que lindo, você pode icar com ela!

Diana a itava e pela primeira vez em muito tempo nã o sabia como agir, como se justi icar, na verdade, nã o se sentia
bem com a raiva da esposa, ainda mais por que nã o tivera culpa da Marcela lhe beijar, nã o esperara por isso, fora
surpreendida pela italiana.

Umedeceu os lá bios, sentindo-os secos.

-- Deixe-me te explicar... – Insistiu se aproximando. – Eu fui pega de surpresa...

-- Nã o! – A moça estendeu os braços para afastá -la, interrompendo-a. – Nã o chegue perto de mim! – Advertiu-a. –
Nã o desejo ouvir nada que venha de ti! – Meneou a cabeça em decepçã o. -- Nã o acredito que caı́ mais uma vez na sua
conversa. – Limpou uma lá grima que a traia. – Acho que você se diverte me fazendo de tola... Diverte-se me ferindo, tenho
certeza! – Cerrou um pouco os olhos. -- Ainda estar a se vingar de mim, major?

A pintora via o desespero da amada e se sentia impotente por nã o ter as palavras certas para explicar o ocorrido.

Colocou as mã os no bolso do roupã o.

-- Eu nã o te iz de boba! – Disse impaciente. – Nã o tenho culpa se a Marcela entrou e me beijou, eu nem mesmo
esperava por isso... – Estendeu o braço para lhe tocar a face, mas acabou desistindo ao ver o olhar irado. – Nã o estou me
vingando de ti... – Falou baixinho. – Eu juro que nã o estou...

Aimê esboçou um sorriso de total deboche.

O som beirava ao desespero.

-- Você quer dizer que essa mulher veio aqui e sem mais nem menos te beijou? – Arqueou a sobrancelha. – Diga-me
que nã o transou com ela! Ouvi as palavras, vi como ela parecia interessada em repetir o interlú dio... Vá lá com a sua musa e
me deixe em paz! – Usou um tom mais alto. – Vá lá com a sua amante e me esqueça!

Os olhos negros se estreitaram.

Tentava manter a calma, pois se esbravejasse, a situaçã o icaria mais difı́cil.

Massageou as tê mporas.

O olhar da neta do general continuava implacá vel. Os olhos azuis pareciam soltar chamas.

Cobriu o rosto com as mã os e depois a itou vencida.

-- Sim, eu fui para cama com ela, mas foi na é poca que passamos por aquele problema, quando você tinha me
acusado de destruir sua loricultura! – Passou a mã o pelos cabelos. – Nã o acredito que isso tenha alguma coisa a ver com a
nossa situaçã o atual... A gente nem mesmo está vamos juntas! – Buscava se justi icar.

A face da Villa Real pareceu mais transtornada diante do que ouvia.

Apontou-lhe o dedo em riste.

-- Olha, Diana, o que você acha ou deixa de achar nã o me interessa... A inal, você icou com aquela tal recepcionista
no mesmo quarto que eu estava... Nã o tenho motivos para estranhar seus atos.

-- Está misturando as coisas! – Disse impaciente. – Está falando de situaçõ es diferentes. Se for assim vai jogar na
minha cara todos os meus casos! – falou irritada.

-- Eu estou misturando? – Deu um sorriso amargo. – Você usou o casamento indı́gena para vá rias vezes me
subjugar, ainda mais quando temia que outra pessoa se aproximasse de mim de forma tã o ı́ntima... Repetia essa ladainha o
tempo todo e agora fala que eu estou misturando as coisas... Se eu sair beijando outras pessoas nã o terei problema entã o? –
Arqueou a sobrancelha em provocaçã o. – Bem, eu posso fazer isso, posso nã o ser a poderosa princesa selvagem, mas consigo
ser sedutora quando quero.

A morena voltou a se aproximar, segurando-a forte pelos ombros, mas a Villa Real voltou a se desvencilhar,
arranhando a face bonita de pintora.

-- Saia daqui! – Expulsou-a de novo. – Deixe-me em paz! Nã o me importo com quem irá para a cama, apenas saiba
que em mim nã o tocará mais!

Diana tocou a ferida.

-- Deus, eu juro que nã o tive a intençã o de que isso acontecesse, ainda mais agora que estamos tã o bem... – Respirou
fundo. – Por favor, nã o deixe que isso atrapalhe o que começamos ...

A ilha de Otá vio viu o io de sangue macular a face da artista.

-- Eu acho que a gente já foi longe de mais... Agora saia e me deixe sozinha! – Dizia mais calma.

O maxilar da major enrijeceu e seus olhos pareceram ainda mais escuros.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- O que está querendo dizer com isso? – Indagou por entre os dentes. – Eu nã o acredito que vai agir com uma
garotinha estú pida por algo que eu nã o tive culpa!

A Villa Real engoliu em seco.

Seguiu até a janela.

Observava as lores e tentava manter a tranquilidade.

Apertou forte o concreto. Sentiu os dedos doı́dos.

Quando se sentiu pronta para continuar aquela discussã o, virou-se para a Calligari.

-- Eu sou uma garota estú pida... Eu sou isso que você disse!

A major voltou a respirar fundo.

Cruzou os braços sobre os seios e permaneceu ali parada, observando-a, itando-a intensamente, sustentando o
olhar que demonstrava serenidade mesclada à raiva.

-- Aimê , eu vou deixar que você pense. – Usava um tom mais controlado. -- Deixarei que raciocine e perceba que eu
nã o iz nada de errado e que eu te amo muito... e nã o tenho nenhuma vontade de icar com outra mulher, pois eu só desejo
você , só quero você ... – Torceu o canto da boca. – Quando você se acalmar, conversaremos novamente.

O olhar da Villa Real permanecia impassı́vel, demonstrando toda sua indiferença com as palavras que foram ditas
cheias de emoçã o.

A bela princesa ainda icou no lugar durante algum tempo, até que se afastou.

A ilha de Otá vio icou parada no meio do quarto.

Sentia o sangue correr mais rá pido em suas veias, vontade de esbravejar, gritar em plenos pulmõ es contra aquele
ser que destruı́ra todas as suas defesas...

Descarada!

Como ela vinha com aquele ar de dona da situaçã o tentar se explicar, como se o que aconteceu nã o falasse por si só .

Fitou a cama, vendo o leito que tinha se amado durante a noite toda.

Cerrou os dentes.

Engoliu em seco novamente, sentindo o amargar da decepçã o no paladar.

Parecia tentar controlar a respiraçã o.

Quando viu a ruiva se atrever a beijar a Calligari sentiu vontade de voar sobre as duas.

Desavergonhadas!

Seguiu até o leito, puxou os lençó is, jogando-os no chã o violentamente.

Pegou a delicada coberta de seda, rasgando-a em vá rios pedaços, como se assim pudesse se livrar dos momentos
que viveram... Como se pudesse vingar o seu ultraje.

As lá grimas lhe banhavam todo o rosto.

Levou a mã o a boca, mordendo-a, tentando conter o soluço.

Ouviu batidas na porta e rezou para que nã o fosse a major.

Secou os olhos e esperou.

Bianca entrou lentamente, observava toda a bagunça do quarto.

Fitou a jovem.

-- O que houve? – Questionou assustada. – Você está bem?

Aimê encarou a amiga, mas permaneceu em silê ncio.

-- A Diana passou por mim cuspindo fogo... Brigaram?

A Villa Real mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

Nã o queria falar sobre o assunto, mas precisava desabafar ou acabaria tendo uma sı́ncope.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Ela foi embora?

A loira meneou a cabeça a irmativamente, parecia apreensiva.

-- Entrou no quarto e bateu a porta tã o forte que temi que a partisse em duas.

A ilha de Otá vio trincou os dentes, fechando as mã os ao redor do corpo.

-- Ainda ela vem querer se explicar? – Disse em lá grimas. -- Você sabia que a consagrada pintora Alessandra
Calligari vai pintar aquela mulher nua? Acredita que ela teve o disparate de me chamar de estú pida? – Passou a mã o pelos
cabelos. – Eu estou com muita raiva... Com tanta raiva que precisei me controlar para nã o bater na cara arrogante daquela
selvagem! – Soluçou. -- Que ique com a amante, mas que me deixe em paz!

Bianca viu os olhos azuis chorosos, a face vermelha de có lera.

Desejou fazer algo para que a amiga nã o icasse assim. Ela estava tã o bem com a relaçã o e de repente acontece isso.

Aproximou-se, sacando-lhe as lá grimas com as costas das mã os.

-- Nã o ique assim, eu nã o acho que a Diana tenha algo com aquela ruiva...vimos como a outra se jogou nos braços
da sua pintora.

Aimê demonstrava uma expressã o de total incredulidade, enquanto colocava as mã os na cintura, afastando-se.

-- Ningué m sai beijando as pessoas sem ter recebido liberdade para isso! – Esbravejou. – Sem falar que a major me
confessou que transou com essa tal.

A loira parecia estupefata com a declaraçã o.

-- Agora? – Arregalou os olhos. – Enquanto você s estavam juntas?

-- Nã o! – Usou um tom mais alto. -- Mas já tı́nhamos algo, foi depois que ela retornou da cidade, quando iquei
sabendo de tudo.

A sobrinha do prefeito pareceu mais serena.

-- Mas, mesmo assim, recorde-se de que naquela é poca teve toda aquela histó ria que o seu avô inventou, estavam
separadas... – A jovem parou ao ver a cara de irritaçã o da amiga. – Eu só acho que você deveria deixar que ela explicasse. –
Levantou as mã os em sinal de rendimento ao ver a exasperaçã o de raiva da outra. – Ok, nã o falo mais nada!

A Villa Real seguiu até a janela.

Observou o vasto jardim, respirando fundo o aroma refrescante das lores.

Ela sabia que Bianca tinha razã o em alguns pontos, poré m nã o conseguia entender o fato da Calligari ter icado com
outra depois de terem tido momentos tã o ı́ntimos. Era como se nada tivesse valor...

Como podia ainda cogitar pintar aquela mulher...

Fechou os olhos e lembrou do beijo que presenciou.

Mesmo que ela tivesse sido pega de surpresa, por que nã o a empurrou?

Ela correspondera a carı́cia, pouco tempo depois de terem icado juntas... Pouco tempo depois de terem se amado
intensamente...

Nã o demorou para o carro esportivo deixar a mansã o em alta velocidade.

Nã o, nã o permitira que a ilha de Alexander a ferisse novamente.

Vanessa seguiu até a cobertura da Calligari já ao anoitecer.

Ficara preocupada quando esteve na mansã o e icara sabendo por Bianca o que tinha se passado mais cedo.

Tentara manter um diá logo com Aimê , poré m fora impossı́vel, ainda mais porque a garota se mostrava irredutı́vel
em suas convicçõ es.

A major teria problemas em domar os ciú mes da esposa.

Imaginou como a artista reagira diante disso.

Ela estava acostumada a agir da forma que queria e nã o tinha espaço em suas relaçõ es para nenhum tipo de
possessividade. Apenas entregava-se e cobrava o mesmo, poré m apenas na cama, fora dela, nã o dava direitos aos seus
passageiros casos.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Quem diria que ela se apaixonaria pela ilha de Otá vio!

Estranhara ela nã o ter ido a sua procura para esbravejar, mas ao ligar para o apartamento descobriu que a major
passara o dia na companhia da italiana.

Logo agora que tudo estava bem, surgia esse problema.

Pegou a chave na bolsa e abriu a porta.

A empregada nã o pareceu surpresa com a presença da empresá ria.

-- A dona Diana está na piscina.

Vanessa apenas assentiu, enquanto seguia para lá .

A Calligari estava deitada na espreguiçadeira de vime, entre mais trê s en ileiradas.

As luzes iluminavam a á rea bem decorada.

Uma piscina grande, algumas mesas e cadeiras ao redor. Plantas ornamentavam o lugar, suspensas nas paredes ou
em vasos pelo chã o.

Havia bebidas e comidas sendo servidas.

Trê s mulheres se divertiam dentro da á gua, enquanto a morena permanecia quieta, tendo em suas mã os um
caderno de desenho e lá pis.

Parecia concentrada...

Uma mú sica agitada tocava.

Ao levantar a cabeça, a major viu a empresá ria se aproximar com um olhar de reprovaçã o, voltou a focar em seus
rabiscos.

Vanessa olhava tudo e parecia nã o gostar do cená rio.

Meneou a cabeça, depois parou diante da artista.

Encarando-a.

-- Interessante como você se comporta depois de ter uma briga com Aimê . Espero que ela nã o chegue a tomar
conhecimento disso. – Apontou para as mulheres.

A morena a mirou por alguns segundos, depois voltou a prestar atençã o ao desenho que fazia.

Marcela acenou para a empresá ria que a ignorou totalmente, enquanto puxava uma cadeira e sentava ao lado da
amiga.

Observou o arranhã o em sua face.

Desde que recebera a ligaçã o da italiana previu que causaria problemas, só nã o imaginou que seriam em nı́veis tã o
difı́ceis.

-- Diana, o que signi ica isso? – Apontou para as convidadas. – Decidiu fazer uma orgia bá sica, quando deveria estar
tentando convencer a sua esposa de que nã o há nada entre você e a ruiva?

A Calligari respirou fundo, enquanto deixava o caderno de lado.

-- O que você quer que eu diga? Eu expliquei a ela, disse que fui pega de surpresa, mas a ilha de Otá vio nã o passa
de uma pirralha mimada e estú pida!

A empresá ria voltou sua atençã o para as beldades.

Pareciam bastante interessadas em se divertir.

Dançavam na borda, pulavam...

Em determinado momento izeram coro ao tirar a parte de cima do traje de banho.

Vanessa voltou a encarar a pintora.

-- Ah, sim, claro! Imagino que se a histó ria se invertesse você nã o se importaria de ter visto a mulher que ama aos
beijos com outra. – Ironizou. – Logo você que nã o tem paciê ncia para nada. Logo você que nã o tem ciú mes! – Ironizou.

Diana começou a massagear as tê mporas.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Desviou o olhar da empresá ria, itando a alegria das belas italianas que bebiam e se divertiam dentro da á gua.

Quando deixará a mansã o, levara Marcela consigo. Percebia que nã o podia simplesmente deixa-la na mã o, ainda
mais depois de ter se comprometido a pintá -la. Para sua surpresa, a bela ruiva tinha viajado para o paı́s com trê s amigas e
acabara convidando-as para icar ali.

Sabia que aquela fora uma pé ssima ideia!

Estava irritada, ainda mais por ter passado o dia todo ligando, pedindo para que a chamada fosse passada para a
Villa Real, mas em nenhuma das ocasiõ es fora atendida por ela.

-- Vanessa, eu nã o sei o que fazer! Acredite, eu jamais quis que isso acontecesse, nossa, estava tudo tã o bem. –
Cerrou os dentes. – Mas é muito difı́cil conversar com Aimê , ela nã o me escuta, pior, exibe aquela expressã o que me tira do
sé rio.

-- E você acha que icar aqui com todas essas mulheres vai te ajudar em algo?

A morena estendeu o braço, pegando o copo.

Bebeu lentamente, enquanto parecia ponderar.

-- Eu sou Diana Calligari, nã o me submeto a dramas de pirralhas! – Falou irritada, levantando-se. – Ela quer que eu
me ajoelhe? Que me humilhe diante dela como era o desejo do maldito Otá vio? – Jogou o copo contra a parede. – Que merda!

O corpo bonito da ilha de Alexander estava coberto por um biquı́ni minú sculo.

Nã o havia como passar despercebida.

Vanessa percebeu o olhar faminto de Marcela.

Levantou-se, pegou o roupã o, cobrindo a artista diante do olhar irado.

-- Que traje! Acho melhor nã o icar se mostrando assim!

A morena estreitou os olhos ameaçadoramente, enquanto colocava as mã os nos quadris, jogando longe o robe.

-- Nã o acredito que está a favor dela, depois de ter te explicado o que se passou, você ainda vem com essa expressã o
de acusaçã o!

-- Você s formam um casal muito lindo... O mais lindo de todos... – Depositou um beijo em sua face. – Você a ama, isso
é muito ó bvio, poré m prefere bater o pé e nã o tentar dialogar... – Encarou-a. – Você mesma disse que é a poderosa Calligari, a
dama da alta sociedade, a princesa selvagem... Nã o falarei mais nada, apenas esperarei que encontre o caminho a seguir... O
seu coraçã o é mais inteligente do que a sua cabeça nesses casos.

Vanessa sabia que nada poderia fazer, apenas torceria para que a ilha de Alexander deixasse a arrogâ ncia e o
orgulho de lado e percebesse como a atitude de Aimê era entendı́vel.

A major permaneceu quieta, observando a empresá ria se afastar.

Passou a mã o pelos cabelos ú midos.

Respirou fundo, itando o cé u nublado.

Parecia ponderar.

Macela se aproximou, abraçando-a por trá s.

A morena virou-se para ela.

-- Bebe um pouco, amore, parece muito tensa! – Entregou-lhe a taça.

Diana mirou o lı́quido â mbar e só depois de alguns segundos ingeriu todo o conteú do de uma vez.

Aimê jantava com os avó s, Bianca e o prefeito.

Passara todo o dia no quarto.

Recebera a visita da avó em determinado momento e izera tudo para disfarçar sua dor, sua raiva que ainda
queimava por dentro.

A empregada servia simpaticamente a todos, mas apenas o tio de Bianca demonstrava entusiasmo com a refeiçã o.

Ricardo estava cabisbaixo, parecia pensativo, Clá udia observava as reaçõ es da neta e percebia que ela nã o estava
bem.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

O prefeito tagarelava sem parar o tempo todo.

Em determinado momento da refeiçã o, a jovem Villa Real questionou:

-- Onde está o Alex? Faz quase dois dias que nã o o vejo.

A loira tomou um pouco de suco.

-- E verdade, tio, eu tentei ligar para ele e o celular está sempre dando desligado.

Só naquele momento o general encarou a todos, principalmente o sogro da neta.

-- O meu ilho precisou resolver um problema... – Apressou-se em dizer. – Onde ele foi nã o pega sinal de telefone
mó vel, mas me comuniquei com ele por fax.

-- Pois depois me passe esse nú mero porque desejo falar com ele. – A ilha de Otá vio falou distraidamente,
enquanto parecia brincar com a comida no prato. – Há algumas coisas para serem resolvidas.

Passos irmes foram ouvidos e nã o demorou muito para Diana Calligari aparecer na sala de jantar.

Os olhos negros encararam os azuis com grande intensidade, parecia surpresa.

Aimê se sentiu hipnotizada, incapaz de desviar o olhar.

Passara todo o dia tentando nã o pensar, mas era impossı́vel, ainda mais ao saber que Diana tinha saı́do com a tal
italiana.

Lembrou-se das inú meras ligaçõ es que se negara a atender...

Percebeu que os cabelos da pintora estavam ú midos e nã o conseguiu nã o imaginar que ela poderia ter banhado nos
braços da ruiva.

O ciú mes, a raiva e a indignaçã o queimavam dentro do seu peito.

-- Boa noite, major! – O prefeito se levantou, indo até ela. – Sente-se conosco, nos dê a honra da sua importante
presença.

Diana nã o respondeu ao convite, apenas deu meia volta, deixando o lugar.

-- E uma mulher realmente incomum, acho que o melhor é que o casamento ocorra logo e você s possam sair daqui.

A Villa Real itou o pai de Alex.

Se ele soubesse o que se passava em seu ı́ntimo... Se soubesse que sofria pela ilha do general Alexander... Que sofria
como uma condenada ao imaginar que a morena esteve nos braços da maldita italiana.

Observou o prato de comida intacto, mexia o talher de prata de um lado para o outro.

Ao levantar a cabeça viu sobre si o olhar preocupado de Clá udia.

Aimê suspirou, deixando os talheres de lado, levantando-se.

-- Nã o estou me sentindo muito bem! – Beijou os avó s, depois se despediu da amiga. – Nos encontramos amanhã .

A Villa Real seguiu em direçã o as escadas, subindo lentamente, depois passou pela porta do quarto da esposa.

Nã o parou diante dela, indo direto para seus aposentos.

Queria deitar na cama e poder dormir... Queria se livrar daqueles pensamentos que a perseguiam implacavelmente.

Ao entrar icou surpresa ao ver quem estava sentada confortavelmente em uma poltrona.

Engoliu em seco!

Diana tinha as pernas cruzadas de forma elegante. Parecia tranquila e com aquela pose de arrogâ ncia costumeira.

Aimê cruzou os braços sobre os seios, sentia os batimentos do coraçã o aumentar naquele momento.

Odiava-a!

Odiava sentir-se tã o frá gil, tã o perdida diante dela.

-- O que faz aqui? – questionou aborrecida. – Nã o quero falar contigo e tampouco desejo a sua presença. – Seguiu
até a porta, abrindo-a. – Saia!

A morena relanceou os olhos, nã o parecendo interessada em se mover.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Seu olhar passeou pelos trajes simples da esposa. Mirava as pernas nuas que o short nã o cobria... A blusa em alça,
de tecido ino, notava a ausê ncia do sutiã ...

Moveu-se incomodada.

-- Sente-se! – Apontou o sofá . – Preciso que conversemos.

A ilha de Otá vio fechou a porta em um estrondo, enquanto caminhava com passos largos e retumbantes, parando
diante da morena, itando-a cheia de indignaçã o.

-- Eu já disse que nã o quero conversar sobre a sua amante... Nã o quero ouvir nada sobre isso, já disse o que penso e
nã o repetirei! Saia daqui agora!

A Calligari se levantou.

Sua expressã o demonstrava frieza ao encará -la.

-- E quem disse que vou perder meu tempo falando sobre isso? – Questionou por entre os dentes. -- Acredite no
que que quiser, estou pouco me importando!

Os olhos azuis pareciam surpresos e magoados.

Encarou-a meio deslocada.

-- Entã o diga o que deseja, major, pois estou cansada e desejo dormir!

Diana nã o respondeu de imediato.

Seguiu até a janela, observava tudo com atençã o.

Via alguns seguranças em seus postos e só naquele momento recordou do loiro que lhe chamara a atençã o na noite
anterior.

Voltou-se para a esposa.

-- Você sabe atirar? Já teve um revó lver em suas mã os?

A Villa Real pareceu estupefata com a pergunta.

Meneou a cabeça negativamente.

-- Amanhã te ensinarei a manusear um!

-- Mas para quê ? – Indagou apreensiva. – Eu nã o gosto de armas!

A Calligari se aproximou, mas ao ver o olhar de repulsa, deteve-se.

-- Preciso que aprenda a usar, porque se chegar um momento e você precisar se defender, nã o quero que seja pega
desprevenida. – Arrumou-lhe uma mecha de cabelo atrá s da orelha. – Estou fazendo tudo para te proteger, mas eu temo que
algué m muito pró ximo esteja armando com o Crocodilo e se minhas suspeitas forem verdadeiras, você está correndo perigo
ainda maior.

Aimê empalideceu ao ouvir aquelas palavras, pois sabia que a major já passara por coisas terrı́veis e temia que ela
voltasse a ser vı́tima daqueles bandidos.

Engoliu em seco ao ver o arranhã o que izera mais cedo no rosto bonito.

-- Mas você ainda mais! – Retrucou em desespero. -- Se isso realmente for verdade, você també m corre risco. –
Falava cheia de preocupaçã o. – Diana, vamos falar com algué m, precisamos de ajuda... Se o que diz é verdade, você també m
será pega. Esse homem te odeia!

A Calligari fez um gesto para que ela lhe ouvisse.

-- Nã o, nã o quero que fale com ningué m e preciso que mantenha essa porta fechada. – Alertou-a em voz baixa. –
Falei com algumas pessoas, mas mesmo assim, nã o sei em quem con iar. – Dizia exasperada. – Estou pensando em te levar
para longe... – Passou as mã os pelos cabelos. – Levá -la para a loresta e te deixar na tribo até que eu consiga prender esse
bandido!

A Villa Real se movia pelo quarto inquieta.

-- Até quando vamos ser ameaçadas? As vezes ico a pensar que o melhor seria que me entregasse de uma vez! Nã o
vou passar a minha vida fugindo desse bandido!

-- Jamais fará isso! – Cortou-a in lexı́vel. – Fará apenas o que eu mandar!

-- Até quando? Até quando isso vai acontecer? Você está se arriscando por mim! – Encarou-a.

-- Até que eu consiga me livrar dele de uma vez por todas, só assim você terá paz. – Seguiu até a porta. – Amanhã
cedo te pego e seguimos, faça apenas o que eu disser.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê ainda abriu a boca para falar algo, mas a morena já deixava o lugar.

Sabia que a esposa també m corria perigo e isso a deixava ainda mais preocupada.

Quem poderia estar trabalhando para o tal bandido?

Seguiu até a cama, deitando-se pesadamente.

Só em pensar que algo de ruim poderia acontecer com a pintora, deixava-a enlouquecida.

Mesmo estando com tanta raiva, ainda temia que lhe ferissem, assustava-se com a ideia de perdê -la...

Nã o...

Deveria fazer algo para protegê -la...

Deus, como temia por ela...

Pegou o travesseiro, abraçando-o.

Sentiu a lá grima solitá ria lhe molhar a face e nã o demorou muito para que outras viessem.

Permaneceu ali, chorando, nã o porque se preocupasse com o que se passaria consigo, mas ao imaginar o que
poderia se passar com a ilha de Alexander.

No dia seguinte, Aimê desceu cedo.

Na verdade, tivera uma noite de insô nia e em determinado momento cansara de tentar dormir.

Ficou observando pelo vidro da enorme porta o dia que parecia sombrio. Nuvens escuras ocultavam o sol da
manhã , mesmo assim o canto dos pá ssaros podiam ser ouvidos.

Parecia apreensiva e ansiosa, vez e outra olhando para ver se a morena aparecia na escada.

Esperava que a roupa que escolheu fosse adequada. – Pensou em um longo suspiro.

Usava short jeans curto, camiseta regata branca e sapatos esportivos.

Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, mas alguns ios insistiam em se soltar emoldurando sua face.

Nã o demorou muito para a Calligari aparecer.

A Villa Real desviou os olhos para nã o icar ainda mais encantada por sua beleza.

Diana usava calça de moletom preta, com listas brancas nas laterais. A peça se ajustava em seu quadril e canelas,
deixando-a mais sexy. Usava també m uma regata preta, colada em seu corpo, delineando os ombros bem feitos, os seios
redondos, o abdome liso. Nos pé s trazia um tê nis, os cabelos estavam presos iguais os de Aimê , usava viseira e ó culos pretos
em estilo aviador.

Trazia uma mochila nas costas.

Ela parou bem perto da ilha de Otá vio, passeando seu olhar atrevido por toda a forma exposta, depois parou em
seus olhos.

-- Bom dia para você també m! – Exibiu um sorriso debochado. – Vamos?

A garota apenas fez um gesto de assentimento com a cabeça.

A morena seguiu, tendo logo atrá s de si a companheira.

O prefeito observava tudo da fresta da escada.

Agora nã o havia mais jeito, nem mesmo poderia desistir ou devolver o dinheiro, seu ilho corria risco e se Aimê nã o
fosse entregue, Alex sofrerias as consequê ncias.

Pegou o celular no bolso.

Observava a tela com o olhar perdido.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Quando aceitou o empré stimo nã o imaginou de quem se tratava, fê -lo por estar devendo a alguns agiotas, precisava
arcar com as dı́vidas ou teria seu nome envolvido em um escâ ndalo. Sua futura campanha nã o sobreviveria a isso.

O que o consolava é que o tal Crocodilo deixara claro que só usaria a Villa Real para atrair a ilha de Alexander,
sendo assim, a futura nora estaria livre e salva em breve.

Apertou forte o aparelho.

Diana merecia morrer estripada, ainda mais depois de ter se engraçado com a mulher que o ilho amava, esse era
seu consolo, fazê -la pagar por sua arrogâ ncia e orgulho.

Aimê reconhecia o caminho que seguiam.

Nã o conversavam.

Ouvia a melodia que tocava no rá dio e se perdeu naquele embalo.

Encostou a cabeça na janela, fechando os olhos, acabou dormindo.

A Calligari mantinha-se concentrada na estrada, mas vez e outra olhava a acompanhante de soslaio.

Sentia-se vazia sem ouvi-la, vazia sem as interminá veis conversas, sem o delicioso som do riso da bela mimadinha.

Acelerou um pouco mais vendo as paisagens desertas se sobreporem aos escassos casebres de beira de estrada.

Tudo estava muito verde.

Havia plantaçõ es de cana, á rvores frutı́feras, cercas de arame para que os animais nã o escapassem dos cercados.

Viu um bezerro pastando sozinho e se condoeu dele...

Abaixou mais o volume da mú sica, assim poderia escutar melhor a delicada respiraçã o da esposa que dormia.

Adentrou a porteira que dava acesso à fazenda.

Viu alguns trabalhadores seguindo para dura labuta.

Adorava passar entre aquele caminho de palmeiras imperiais, algo se agitava dentro de si.

Lembrava-se do pai...

Estacionou diante da casa da fazenda.

Livrou-se do cinto, mas nã o saiu do carro imediatamente. Apenas se virou para a amada.

O rosto bonito de Aimê estava voltado para si agora.

Os olhos grandes e brilhantes estavam fechados, os lá bios entreabertos a ponto de poder ver o branco dos dentes.

Desejou beijá -la...

Passara à noite a pensar como deveria agir para protegê -la e chegou a conclusã o que o melhor seria levá -la até a
tribo de Tupã . Imploraria a ele proteçã o para a Villa Real, pelo menos, até que pudesse se livrar do infeliz bandido.

Seria esse o melhor a fazer e depois pensaria em como fazê -la lhe perdoar mais uma vez.

Viu os olhos azuis se abrirem, pareceram calmos no inı́cio, mas logo demonstraram temor.

A Calligari suspirou, deixando o veı́culo e depois de alguns segundo a Villa Real fez o mesmo.

O pá tio da fazenda estava vazio.

Naquele horá rio todos deveriam estar trabalhando.

Ao longe ouvia o canto das mulheres seguindo para a colheita.

Um peã o se aproximou trazendo Cé rbero.

-- Para onde vamos?

A Calligari se virou para a jovem, enquanto acariciava a cabeça do animal.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Pegou uma cenoura no bolso da mochila, dando-lhe.

-- Está bonito... – Tocou a crina sedosa. – Acho que temos que arrumar uma namorada para você ... Alguns potrinhos
negros e selvagens...

A ilha de Otá vio observava a cena curiosa.

Os olhos de é bano a itaram.

-- Praticar, te falei contem. – Montou. – Venha! – Estendeu a mã o.

Aimê nã o desejava estar tã o pró xima a ela, poré m sabia que deveria fazer o que estava sendo proposto.

Observou o animal enorme e como Diana parecia ainda mais poderosa sobre ele.

Mordiscou a lateral do lá bio inferior enquanto via o olhar impaciente da pintora.

Suspirou alto vencida.

Aceitou a ajuda, acomodando-se atrá s da morena.

Segurou-se a ela e aquilo desestruturou todo seu autocontrole.

Ela cheirava tã o bem que acabou encostando a cabeça em suas costas, temendo cair.

O animal galopava, fazendo o vento golpear o rosto das belas que o montavam.

A Calligari segurava a ré deas com uma mã o, enquanto a outra depositava sobre a da esposa.

Sorriu quando ela tentou se livrar do toque, mas nã o permitiu, mantendo-a cativa.

O cé u estava escuro, parecia que nã o demoraria para uma chuva cair naquela regiã o.

A major seguia por um lado oposto da ú ltima vez que a ilha de Otá vio estivera por ali.

A garota observava tudo com atençã o e percebia que naquela á rea havia mais á rvores, ouvia o som dos animais, o
verde que imperava na vegetaçã o.

Parecia uma pequena loresta...

Surpreendeu-se ao ouvir o guinchar de primatas... O pipilar dos pá ssaros parecia uma mú sica sem im.

Observava o chã o coberto por folhas secas.

Quase vinte minutos depois, a major apeava, descendo.

Estendeu os braços para auxiliar a jovem e percebia como ela se mostrava relutante, poré m sabia que nã o
conseguiria descer sozinha.

Aimê sentiu o corpo deslizando pelo da morena e sentiu um arrepio na espinha.

Os seios, mesmo com a proteçã o do sutiã , se manifestaram.

Mais uma vez viu o olhar de deboche no rosto da major.

Afastou-se.

Diana pegou a mochila, seguindo por entre as á rvores e nã o demorou muito para chegar a uma á rea mais
descampada.

Havia uma pequena cabana de palha erguida ali. Havia també m algumas latas, um alvo grande e uma espé cie de
boneco todo cheio de buracos.

Aimê observava tudo com atençã o.

Ouviu o som de á gua correndo, itou o garanhã o e percebeu que ele també m a itava.

Viu a major pegar algumas coisas na mochila.

Mirava sem ser vista...

Analisava-a e pensava como seria difı́cil icar perto dela, como se sentia traı́da por seu desejo de amá -la e perdida
por essa atraçã o perigosa.

Nã o poderia suportar uma relaçã o cuja idelidade nã o estivesse presente, nã o conseguiria viver ao imaginar que a
mulher que amava se dividia entre outras, fazendo o mesmo que fazia consigo...

-- Veja, essa arma é leve, tem silenciador, poré m nã o é tã o fá cil atirar quando se treme. – Aproximou-se com bela
pistola. – Preste atençã o no que estou dizendo e deixe de distraçã o. – Repreendeu-a ao senti-la tã o dispersa.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A garota observava...

Encolheu-se.

-- Eu nã o gosto de armas... Já disse isso...

A major a encarou.

-- Acredite, meu amor, só estou fazendo isso para que esteja preparada, poré m nunca fora essa a minha intençã o. –
Colocou o revó lver no coldre da coxa, depois se aproximou da esposa, segurando-a delicadamente pelos ombros. – Eu
prometo que farei tudo para te proteger... – Acariciou o nariz a ilhado com o polegar. – Quero apenas que con ie em mim...

Aimê mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

-- Nã o quero que nada aconteça contigo... Por favor, eu nã o quero que faça uma loucura e acabe se ferindo... Nã o
enfrente esse homem sozinha...

A Calligari a surpreendeu com um abraço.

Inicialmente a Villa Real permaneceu com os braços caı́dos ao lado do corpo, mas logo apertou-a forte, escondendo
o rosto em seu pescoço.

Permaneceram assim por um bom tempo.

Nenhuma palavra fora dita, apenas as respiraçõ es e o palpitar dos seus coraçõ es eram ouvidos.

A neta do general sentia as carı́cias nos cabelos e pedia em silenciosamente que nada de mal acontecesse com
aquela mulher que amava tanto.

Diana se afastou um pouco, mas nã o a soltou, itou os olhos negros.

-- Sei que está brava pela cena que presenciou, acho que eu reagiria bem pior, teria feito um escâ ndalo, poré m você
nã o, é cordata, alé m de muito linda... – Delineou o lá bio superior com o indicador. – Mesmo que agora nã o acredite em mim,
voltarei a dizer, nã o tenho nenhum tipo de interesse na Marcela ou em qualquer outra... Amo muito você e mesmo que agora
esteja furiosa, ainda continuarei te amando.

Aimê olhou para o cé u, percebendo a nuvem encobrir o azul.

-- Nã o fale assim... – Fitou-a. – E como se suas palavras tocassem no â mago do meu ser... – Afastou-se. – Eu estou
triste contigo, muito triste, entã o pre iro que me dê um tempo para pensar, porque realmente me assusta imaginar que você
tem outras mulheres... Nã o suportaria...

-- Eu nã o tenho ningué m, alé m de ti... Mas nã o continuarei explicando isso. – Voltou a pegar a arma. – Explicarei
como destravar, como segurar e outras coisas que serã o necessá rias.

A garota assentiu, percebendo a mudança na expressã o da esposa.

Ouvia com atençã o todas as liçõ es e torcia para que nã o precisasse realmente fazer aquilo.

Quando fora o momento de colocar em prá tica, Diana se posicionou por trá s dela, abraçando-a, ajudando-a a mirar.

-- Nã o deve tremer... – Dizia em seu ouvido. – Precisa ser irme ou algué m vem e a toma de ti.

A Villa Real voltou a cabeça para itá -la e se deparou com o olhar forte.

-- O que eu faço para nã o tremer, major? – Indagou bem perto da boca dela. – Há alguma fó rmula para isso?

Diana tirou os ó culos.

-- Acredito que a ú nica fó rmula é a sua vontade de se manter viva... – Fê -la apontar para o boneco. – Se chegar o
momento e precisar se defender, deverá fazê -lo...

Antes que pudesse apertar o gatilho, uma forte chuva caiu.

-- Vá para a cabana, enquanto cuido do Cé rbero! – Ordenou.

Aimê ainda hesitou, mas recebeu a ordem novamente e em tom mais alto.

Irritada seguiu até a pequena palhoça.

Sua roupa molhou totalmente devido à força da tempestade.

Entrou e icou surpresa ao ver como o local era acolhedor, mesmo tendo apenas um cô modo.

Havia uma mesa rú stica feita do tronco grosso de uma á rvore, um banco no mesmo material e um fogo que imitava
uma lareira.

Pena estar apagado.

Estava frio ali dentro.

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Cruzou os braços sobre os seios, tentando inutilmente se esquentar.

Já estava pensando em sair para procurar a Calligari quando a pequena porta abriu e a ilha de Alexander entrou.

Observou a morena se livrar das roupas rapidamente icando apenas com uma lingerie vermelha de renda.

O corpo bonito parecia um verdadeiro centro de pecado de tã o sensual que se mostrava.

As pernas longas e torneada era enfeitada por uma calcinha em estilo caleçon... Enquanto um sutiã de bojo cobria
parcialmente os seios redondos.

Aimê tentava nã o prestar atençã o nisso, desviando o olhar curiosamente pelo lugar.

A ilha de Alexander nã o pareceu se importar com aquilo, enquanto pegava uma bolsa que estava sobre a mesa.

Havia algumas coisas dentro.

Pegou uma toalha, jogando para a esposa e depois um fó sforo.

Nã o demorou muito para as chamas queimarem na pequena lareira.

Diana estendeu as mã os para aquecer.

Aquele lugar era muito usado por ela antes, por isso sempre deixava algumas coisas ali, caso precisasse.

Virou-se para a Villa Real, lagrando o olhar dela sobre si.

Arqueou a sobrancelha, enquanto sorria.

-- Dispa-se, vai acabar pegando um resfriado! – Sentou-se sobre a mesa rú stica. – Nã o se preocupe que nã o irei
atacá -la. – Pegou uma maçã da mochila e começou a comer. – Mesmo que seja tã o deliciosa aos meus olhos... – Deu uma
grande mordida na fruta. – Se eu conservasse os costumes primitivos da minha tribo, com certeza você seria uma refeiçã o
ú nica... Mas como sou um pouco civilizada, pre iro te comer de outras formas...

A jovem corou diante da insinuaçã o.

Fechou os olhos e por alguns segundos relembrava o motivo de nã o permitir que ela se aproximasse de si.

-- Tire essa roupa molhada! – Ordenou. – Vai acabar icando doente!

A Villa Real sentia o corpo tremer e mesmo que odiasse admitir, sabia que a morena tinha razã o, pois estava icando
com mais frio.

Diante do olhar debochado, livrou-se da camiseta, depois fez o mesmo com o short, sapatos e meias.

Rapidamente cobriu o corpo com a toalha, em seguida soltou os cabelos.

Ouviu o barulho de trovã o e o relinchar do cavalo.

Diana desceu da mesa.

-- Onde vai? – Aimê indagou preocupada. – A chuva está forte.

-- O Cé rbero vai icar muito assustado com tempestades!

A neta do general icou em frente a porta, impedindo a passagem.

-- Ele vai ter que ser forte, pois você nã o vai se arriscar numa chuva dessas!

Os olhos negros se estreitaram ameaçadoramente.

-- E você vai me impedir? – Chegou mais perto. – Pensei que nã o se importasse comigo...

Os olhos azuis estavam tã o escurecidos quanto o cé u chuvoso naquele momento.

-- O fato de você nã o prestar nã o me faz nã o prestar també m.

O maxilar da morena enrijeceu.

-- As vezes quando estamos na cama eu esqueço que você nã o passa de uma mimada recé m saı́da da adolescê ncia!

Sentiu o estalado na face, os dedos bateram em cheio em seu rosto.

Diana a tomou pelos ombros grosseiramente, arrastando-a até a mesa, fazendo-a sentar.

Aimê tentou se livrar dela, mas a Calligari a deteve os movimentos, pondo-se em meio à s suas pernas, segurando-
lhe as mã os para se defender de um novo ataque.

-- Solte-me! – Gritou. – Deixe-me!

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-- Você gosta de bater a arranhar, nã o é mimadinha? – Apertou-a mais forte. – Se fosse o contrá rio, diria que sou
violenta e abusiva... Mas como você tem essa carinha de menina frá gil se aproveita...

A Villa Real via o rosto tã o perto do seu... Era possı́vel ver as marcas dos dedos... Aquele cheiro provocante, aquela
boca atrevida e cruel...

Observava os seios da major pouco coberto pelo sutiã de bojo.

Encarou-a.

-- Deixe-me! – Pediu mais calma.

-- Peça desculpas! – Sorriu de forma debochada. – Olhe nos meus olhos e diga: Perdã o, meu amor, eu nã o quis bater
nessa sua face linda e maravilhosa.

Quando viu os dentes alvos se abrir em um riso de incredulidade, aproveitou para colar a boca a dela.

Aimê ainda cerrou os lá bios, mas a morena era bastante insistente, usando a lı́ngua para buscar o acesso.

Nã o demorou para as lı́nguas se encontrarem em uma batalha de vontades, de desejo...

A Villa Real sentiu-a chupar... E nã o resistiu ao beijo... Entregando-se a ele, permitindo que a boca explorasse suas
frá geis defesas.

Diana levou os braços dela ao seu pescoço, fazendo-a abraça-la, em seguida começou a acariciar suas costas, depois
desceu para a lateral, tocando os seios.

Abriu o fecho frontal e logo teve os dois montes em suas mã os.

Depois escondeu a cabeça entre eles.

A Villa Real tocou os cabelos sedosos... Sentia a respiraçã o contra a pele e sentia arrepios por todo o corpo.

Aimê observava os olhos tã o negros... O rosto forte...

Um dia seria capaz de deixar de amá -la?

A morena a encarou.

-- Prometa que quando tudo isso passar e você estiver salva... Vai me dá uma oportunidade de conversar, deixará
que eu te mostre o quanto te amo e que só quero você ... – Usava o polegar para incitar o biquinho que já se mostrava
intumescido.

A Villa Real nada disse, apenas a itava...

Estremeceu quando a boca desceu até seus seios... Enquanto o olhar negro nã o a abandonava.

Cerrou os dentes fortemente.

Seu corpo nã o resistia ao toque dela... Era refé m daquela agonia que a possuı́a perdidamente...

Sentiu uma lá grima solitá ria descer...

Engoliu em seco...

-- Por favor, Diana, nã o faça isso... Nã o use a minha fraqueza nesse momento... Nã o sabe como estou magoada com
essa situaçã o...

A Calligari suspirou...

Queria-a tanto que sentia dores... Mas percebia que nã o deveria ir adiante, mesmo que quisesse mais que tudo.

O maxilar enrijeceu.

Fez um gesto a irmativo com a cabeça, cessando os carinhos.

Fitou-a, enquanto fechava o sutiã da amada.

Depositou um beijo em sua face.

-- Eu sei que vou surtar em alguns momentos... Sinto que a minha paciê ncia é praticamente inexistente... Mas nesse
momento respeitarei sua vontade...

Aimê assentiu.

Permaneceu lá sentada, enquanto via a pintora se dirigir até a pequena janela no casebre, icando lá olhando a
chuva caindo...

Nã o voltaram a conversar.

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Permaneceram quietas, enquanto esperavam a chuva passar.

A major estava presa em suas preocupaçõ es... Em seus medos... Em seu frustrante desejo de amar aquela mulher
até que suas forças lhe abandonassem...

Esboçou um sorriso triste...

Estaria agora se tornando civilizada depois de tantos anos?

Já era hora do almoço quando Aimê retornou para a casa.

Diana a deixara na mansã o e logo saiu.

Seguiu até o quartel.

Estava pronta para esbravejar diante de todos e no dia seguinte seguiria até a comunidade, imploraria a Piatã que a
deixasse ir até o chefe, estava certa que aquela era a ú nica forma de salvar a mulher que amava.

No inal da tarde, a Villa Real estava no quarto quando o prefeito entrou esbaforido.

-- Preciso que venha comigo! – Implorou as lá grimas. – Ajude-me!

-- Mas o que houve? – A menina estava sentada na poltrona, tinha seus olhos voltados para o livro. – O que
aconteceu? – Questionou indo até ele. – Diga-me!

-- Meu ilho está muito mal, eu preciso que venha comigo! – Segurou-lhe as mã os. – Só você poderá salvá -lo.

Os olhos azuis se abriram em temor.

-- Mas salvá -lo de quê ? Explique! – Pedia a lita. – O que se passa com o Alex?

-- Nã o posso explicar agora, apenas me acompanhe... Apenas faça o que estou pedindo...

Aimê ainda pensou em se negar, poré m ao ver o desespero na expressã o do homem, deixou-se conduzir.

Estranhou por seguirem por trá s da mansã o.

Nã o conhecia aquela á rea e estranhou nã o haver seguranças por ali.

O jardim estava iluminado por luzes, mas naquela parte estava pardo.

Andava rá pido, pois o prefeito praticamente a arrastava pela mã o.

Tiros foram ouvidos.

A Villa Real assustou-se.

-- Onde estamos indo? – Indagava, enquanto passava pelas á rvores, parando em determinado momento. – Onde
estamos indo? Cadê o Alex? – Perguntou descon iada. – O que se passa aqui?

Mais barulhos de tiros.

Tentou se afastar, mas o prefeito a deteve.

-- Diga-me logo o que se passa, nã o darei mais nenhum passo...

Antes que pudesse falar mais alguma coisa, algué m a segurou por trá s, colocando sobre sua boca um pano.

A ilha de Otá vio ainda lutou, arranhou o agressor, tendo seu olhar de espanto voltado para o pai de Alex, mas
acabou desmaiando.

O segurança sorriu, enquanto a virava de frente, olhando o rosto desfalecido.

-- Quando ele vai devolver meu ilho? – O prefeito questionou calmamente. – Está aı́ a isca para pescar a Diana, iz
minha parte, quero que ele cumpra a dele.

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O guarda costas loiro sustentava a Villa Real nos braços.

-- Nã o é hora para falarmos sobre isso, preciso tirar essa garota daqui, causei uma distraçã o, mas nã o vai durar
muito.

O prefeito observou o homem colocar a garota nos braços e se afastar rapidamente.

Ficaria ali e agiria como se nada tivesse ocorrido.

Apurou os ouvidos e percebeu que o tiroteio tinha cessado.

Sentou em um banco, sob uma frondosa á rvore.

Pegou o celular, via as mensagens...

Tentou ligar para o Crocodilo, mas a chamada nã o completava...

Fechou os olhos, inclinando a cabeça para trá s...

Nã o demoraria para o ilho ser devolvido e voltaria em paz para a cidade.

Permaneceu no lugar e depois de algum tempo ouviu passos em sua direçã o.

O chefe da segurança vinha na companhia de outros.

Levantou-se!

-- O que houve? – O prefeito indagou tentando demonstrar alarde. – Algum problema?

-- Seu ilho acabou de ser baleado na frente do portã o, chamamos o resgate, acertamos alguns, mas os outros
fugiram.

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Capitulo 30 por gehpadilha


A avenida principal estava movimentada.

As luzes dos faró is iluminavam o caminho, enquanto aos poucos a iluminaçã o pú blica acendia.

Mesmo com os vidros fechados, ainda conseguiu ouvir o som estridente do apito do guarda de trâ nsito.

Via as pessoas em verdadeira euforia, buzinavam, sem entender que aquilo de nada adiantaria...

O semá foro estava no vermelho e mesmo que nã o estivesse, os veı́culos nã o se moveriam, devido a um acidente que
ocorrera no cruzamento.

A Calligari segurava a direçã o com uma força demasiada, enquanto mantinha o olhar preso à sua frente.

O cé u ainda estava nublado.

Aquilo lhe fez lembrar da Aimê ...

Os olhos azuis icavam com aquela tonalidade quando enfurecida ou excitada...

Umedeceu o lá bio superior com a lı́ngua.

“Por favor, Diana, não faça isso... Não use a minha fraqueza nesse momento... Não sabe como estou magoada
com essa situação...”

Poderia ter feito amor com ela, poderia ter continuado, assim, seria mais fá cil resolver o problema, poré m ao ouvir
as palavras foi como um banho de á gua fria em seu desejo.

O que adiantaria tomá -la naquele momento?

Nã o que isso nã o fosse a ú nica coisa que passasse por sua cabeça, queria-a como jamais quisera algué m...

Tamborilou os dedos sobre a coxa impacientemente.

Amava-a tanto que icava a se perguntar qual o tamanho daquele sentimento...

Cerrou os dentes, enrijecendo o maxilar.

Nã o estava disposta a perdê -la... Mesmo que em muitos momentos icasse sem saber como agir, ainda era com ela
que desejava dormir e acordar todos os dias, mesmo sendo as garras da mimadinha tã o a iadas.

Olhou pelo espelho e viu o pequeno arranhã o em sua face... També m notou o vermelho do tapa que levara.

A pequena Aimê teria que aprender a lidar com essa fú ria de outro jeito mais delicioso... Assim, seria mais gostoso e
teriam um progresso maior.

Fechava os olhos e vá rias dessas formas invadiam sua mente...

Deus, seria ainda mais safada do que imaginara?

Suspiro, enquanto mordia o lá bio inferior demoradamente.

Precisava se concentrar no perigo que a Villa Real estava correndo e nã o icar pensando no desejo que sentia
queimar seu corpo.

Estava disposta a levar a garota para a loresta, lá seria difı́cil que o Crocodilo se aproximasse, ainda mais contra a
tribo de Tupã .

Precisava apenas convencê -lo a aceitá -la lá , precisava que a mantivesse segura, enquanto caçava pessoalmente o
bandido desgraçado.

Mas o chefe estaria disposto a ajudar?

Infelizmente seria algo quase impossı́vel... A inal, ainda era uma traidora, ainda nã o era bem-vinda e nunca seria
pelo povo da sua mã e...

Começou a massagear as tê mporas.

Temia que chegasse o momento que nã o pudesse proteger a mulher que amava...

Observou o celular caı́do sobre o banco do passageiro. Ao pegá -lo, viu que estava sem cargas.

Conectou-o ao carregador veicular.

Viu alguns policiais tentando conter um motorista que parecia ter surtado.

Meneou a cabeça, voltando sua atençã o para os riscos que enfrentaria...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Maldito Crocodilo!

Sabia que tudo que ele estava armando era para atraı́-la, sabia que a ilha de Otá vio seria usada como isca, tinha
certeza de que o desgraçado descobrira a relaçã o que havia entre ambas.

Bateu com o punho fechado contra o volante.

Precisava agir rá pido.

O noivado que armara nã o adiantara, ainda mais porque algué m muito pró ximo passara todas as informaçõ es para
o tra icante.

Talvez ter se apaixonado pela Villa Real tenha sido a pior coisa a acontecer, pois fora por causa disso que ela se
tornou um alvo tã o interessante...

Ouviu o som do celular.

Vá rias mensagens chegaram avisando das ligaçõ es que nã o foram atendidas.

Sentiu uma pressã o no peito e logo retornou.

O homem atendeu imediatamente.

-- O que se passa?

-- A senhorita Aimê nã o foi encontrada na mansã o...

Antes que o homem pudesse falar mais alguma coisa, a Calligari desceu do carro, seguindo a pé por entre os
veı́culos parados.

As pessoas pareciam surpresas ao ver a bela mulher em roupa esportiva avançar em meios ao trâ nsito parado.

Clá udia andava de um lado para o outro na grande sala.

Suas lá grimas caiam em abundâ ncia, enquanto inú meras vezes já avançara contra o traidor que se encontrava entre
eles.

Estava em total desespero.

O prefeito estava sentado na poltrona, jazia encolhido, chorando alto.

Ricardo esbravejava e só nã o partira para cima do pai de Alex porque fora segurado pelos seguranças.

-- Desgraçado! – O general esbravejava. – Você entregou a minha neta por um punhado de dinheiro! Como foi
capaz? – Gritava.

-- Meu ilho está morrendo... – Choramingava o homem. – Eu preciso... – Soluçava. – Preciso ir até ele...

O guarda-costas deteve o pai de Otá vio novamente.

Sabia que teria que esperar a major chegar para que visse quais procedimentos deveriam seguir.

Infelizmente só notaram a ausê ncia de Aimê depois de um bom tempo, o que fora ó timo para o bandido que tivera
grande vantagem.

-- Eu quero ver meu ilho... – Prefeito implorava. – Deixe que vá até ele pelo amor de Deus...

Suas sú plicas eram ignoradas.

-- Precisamos chamar a polı́cia! – Clá udia dizia. – Eles podem nos ajudar... Minha neta corre perigo nas mã os desse
homem...

-- Precisamos esperar a senhora Calligari, ela decidirá o que será feito. – O chefe da segurança disse mais uma vez.

O guarda-costas estava temeroso, pois reconhecia sua falha grande, quando irmara um compromisso de proteger a
garota...

Nã o imaginou que um dos seus homens estaria envolvidos no plano só rdido.

Fitou o prefeito.

Esse parecia já receber um castigo justo.

O que o levará a agir de forma tã o leviana?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Dinheiro?

Essa fora a justi icativa...

Infelizmente por sua ganâ ncia, a vida do ilho dele estava por um io.

Alex fora resgatado em estado crı́tico. Bianca fora com o primo.

Nã o fora difı́cil descobrir que Alonso ajudara o bandido junto com um dos guarda-costas.

Vanessa se levantou, seguindo até onde estava a matriarca.

Fora avisada assim que tudo se passou e nã o demorou a chegar ali. Ningué m conseguira falar com a pintora e só
ainda pouco isso fora possı́vel.

Agora estava a imaginar como seria a reaçã o de Diana quando chegasse, precisava segurá -la para que nã o
cometesse uma loucura.

Olhava a cena e icava a pensar que ele já recebia um castigo terrı́vel, mas nã o achava que aquilo fosse comover a
amiga.

A voz da mulher lhe tirou de suas ponderaçõ es.

-- Ele vai matá -la! – Clá udia dizia em desespero. – Vai leva-la para longe e nunca mais a veremos.

A empresá ria abraçou-a.

-- Nã o, ele nã o fará isso!

Vanessa sabia que era a Diana quem poderia sair daquela histó ria sem a vida e isso a deixava muito angustiada.

Como poderia impedir a pintora de ir atrá s da Aimê ?

Isso estava totalmente fora de cogitaçã o, jamais a convenceria a deixar a Villa Real entregue à pró pria sorte.

Deus, o que aconteceria agora?

Olhou para o prefeito e desejou matá -lo pessoalmente e deixar que sangrasse até a vida se esvair totalmente.

Miserá vel!

Nã o teria perdã o, nã o teria mesmo!

A porta se abriu e uma Calligari fora de si avançou para cima do chefe da segurança.

Segurou-o pelo colarinho.

O homem permaneceu quieto, enquanto todos observavam a cena apreensivos.

-- Como você foi incompetente a ponto de deixar que levassem da minha casa? – gritava. – Que merda de segurança
é você ?

Ricardo se aproximou, parecendo querer se meter, mas diante da olhada ameaçadora da ilha de Alexander, ele se
deteve.

-- Eu nã o tive culpa, major! – O segurança tentava se justi icar. – Nã o imaginei que estava aqui dentro a pessoa que
estava a passar as informaçõ es para o desgraçado.

Diana apertava forte, mas ao ouvir as palavras pareceu ter outro interesse.

Os olhos negros estavam estreitos... Queimavam em pura fú ria.

Ricardo observava a cena, Clá udia e Vanessa pareciam assustadas.

-- Quem? – Indagou por entre os dentes. – Quem foi? – Rosnou impaciente.

O segurança apontou para o prefeito e em fraçõ es de segundo a morena voava sobre ele.

Vanessa se aproximou, enquanto via a major levantar o homem que parecia ainda mais amedrontado da poltrona.

O prefeito era um homem baixo e parecia ser do tipo covarde para esboçar algum tipo de reaçã o.

-- Onde ele a levou? – Enforcava-o. – Diga antes que eu o mate com minhas mã os!

A empresá ria via o pai de Alex chorando e se enojava de como ele nã o passava de um desgraçado.

Chegou mais perto, temendo que a morena cumprisse realmente o que dizia.

Sabia que a pintora tinha aquela feminilidade toda, poré m també m sabia que ela servirá durante muitos anos ao
exé rcito, sabia que ela nã o abandonara as aulas de artes maciais, entã o matar aquele decadente seria algo muito simples.

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-- Diga, desgraçado! – Gritou, enquanto o apertava mais.

O prefeito tinha o sangue concentrado em seu rosto devido ao aperto que recebia.

-- Ele atirou no meu ilho... Ele me traiu... – Disse com di iculdade. – Tudo sua culpa...

A pintora cerrou os olhos de forma ameaçadora.

-- Diga para onde o miserá vel a levou? – Sacudiu-o, soltando-o, enquanto pegava a arma da cintura do segurança. –
Diga, pois a minha paciê ncia nem mesmo existe...

Vanessa viu a arma apontada para a cabeça do homem.

Aproximou-se, tocando-lhe o ombro.

-- Nã o faça isso... – Pediu.

A Calligari a ignorou.

-- Diga de uma vez... – Engatilhou. – Acredite que nã o me importo de mata-lo... Mas nã o pense que vai ser tã o fá cil
assim... Porque atirarei em cada parte do seu corpo e deixarei que sofra até morrer... Como um porco a sangrar até o ú ltimo io
de sangue...

O prefeito começou a tremer, temendo a ameaça.

-- Eu nã o sei... – Disse de forma amarga. – Mas ele nã o vai fazer nenhum mal a ela, pois o desejo dele é atrair você ...
Você sim vai morrer... Vai morrer por ter se metido onde nã o deveria...

A Calligari ainda segurou forte a arma e todos imaginaram que ela atiraria, mas depois de alguns segundos, ela
devolveu o revó lver ao segurança, enquanto saia arrastando pela gola da camisa o pai de Alex, abrindo a porta, empurrou-o
pelos degraus.

Voltou pisando duro.

-- Prenda esse miserá vel em algum lugar para que nã o cause mais prejuı́zo! – Ordenou ao segurança. – Assim que
eu resgatar Aimê , eu acabarei com ele pessoalmente.

O homem assentiu, mas nã o se afastou.

-- Eu sinto muito, major, juro que nã o imaginamos que terı́amos que lidar com uma traiçã o aqui dentro e entre nó s...

A Calligari passou a mã o pelos cabelos.

-- Saia da minha frente! – Ordenou. – Nã o desejo vê -lo...

-- Mas precisamos pensar em um plano para salvar a garota... Sabe que pode contar com todo nosso empenho.

-- Você s nã o terã o nem como chegar perto do maldito! – Fez um gesto com a mã o. – Você e seus homens estã o
dispensados, apenas cuidem desse idiota porque eu ainda nã o terminei com ele.

A contragosto, o homem assentiu, enquanto se afastava.

Diana itou os presentes.

Viu o desespero no rosto Clá udia.

-- Vamos ligar para a polı́cia, falarei com o general, todos poderã o se unir e salvar minha neta! – Ricardo dizia.

A ilha de Alexander meneou a cabeça negativamente.

-- Nã o vai adiantar... Ele quer que eu vá atrá s dela...

-- Eu irei contigo! – O general se pronti icou. – Por favor, nã o abandone a Aimê , eu nem sei mais o que posso te
oferecer passa salvá -la, mas se quiser minha vida, poderá tirá -la, mas nã o permita que ela ique nas mã os daqueles homens.

A Calligari itou a expressã o chorosa de Clá udia e lembrou-se de ter visto aquela cena, com a diferença de que agora
ela jamais cogitaria a possibilidade de nã o ir atrá s da ilha de Otá vio.

Antes se pusera a enfrentar aquela missã o suicida por uma promessa falsa de limpar seu nome diante de todos...
Mas e agora?

Ouviram sons de trovõ es, mais uma vez a chuva caia forte.

-- Vanessa, ligue para o piloto, quero o jato pronto o mais rá pido possı́vel.

A empresá ria a viu subir as escadas de dois em dois degraus e sentiu aquele medo dentro de si.

Pediu licença e logo foi atrá s da amiga.

Encontrou a Calligari pegando algumas coisas no armá rio e preparando uma mochila.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Diana, você nã o pode ir ao encontro desse homem, é suicı́dio! – Advertiu-a. – Vamos chamar a polı́cia, o exé rcito, a
marinha, o que tiver que ser, mas nã o vá !

A morena nã o pareceu ouvir o que era dito.

Seguiu até o closet, abrindo um compartimento por trá s, tirando de lá armas e punhais.

Precisaria de um bom estoque.

Mirou a empresá ria parada no meio do quarto.

-- Já fez o que eu mandei? – Questionou depois de algum tempo. – Ligou para o piloto? Seguirei daqui mesmo,
poré m terei que fazer o caminho pela loresta... Tenho certeza que se tentar invadir aquele acampamento, ele é capaz de
matá -la.

-- Escutou o que eu disse? – Vanessa indagou irritada. – Você nã o deve ir, peça ajuda a polı́cia, ao exé rcito, a quem
precisar, mas nã o vá !

Diana cobriu o rosto com as mã os.

-- Ele vai matá -la... – Pegou o celular no bolso da calça e entregou a empresá ria.

Vanessa lia a mensagem:

“ Venha ao meu encontro ou dê adeus a ilhinha de Otá vio.”

-- Ele sabe de tudo... Eu acabei baixando a guarda... O interesse de ter pego a Aimê é me atingir. – Seguiu até a
poltrona, sentando-se. – Quando forjei o noivado era para desviar a atençã o, mas nã o imaginei que o desgraçado do prefeito e
Alex estavam unidos ao miserá vel do Crocodilo... – Encarou a amiga. – Ele só levou a Villa Real para me atingir... Eu sou
culpada... Talvez se nã o tivé ssemos nos envolvido... Ele nã o tivesse tido essa oportunidade...

A empresá ria foi até ela, agachando, tomou-lhe as mã os nas suas.

-- E nã o se importa com a gente? Nã o pensará na Dinda... Em mim? Diana, você está indo para uma emboscada...
Você está indo para sua morte... Quanto a ela, sabı́amos que antes de você s se acertarem, ele já a queria... – Retrucava
impaciente.

-- Mas eu poderia ter protegido se nã o estivesse a pensar em sexo, se tivesse focado no que realmente era
importante...

Vanessa via a dor naquele olhar, via o medo...

-- Vamos procurar outra alternativa... Mas nã o se arrisque...

-- Estou disposta a fazer qualquer coisa para salvar Aimê ... Mas farei tudo para me manter viva... Preciso icar viva
para viver ao lado da mimadinha ciumenta.

Vanessa sorriu, enquanto uma lá grima banhava sua face.

Diana secou-a.

-- Nã o ique assim... Já estive lá uma vez e a trouxe viva... Conseguirei de novo...

-- Nã o tem como fazer outra coisa?

A pintora meneou a cabeça negativamente.

-- Nã o, preciso tomar cuidado, pois eu nã o con io naquele miserá vel... Farei como ele quer. Irei ao encontro do
desgraçado, farei como ele deseja, mas nã o se preocupe, tentarei me manter vivo...

-- Quero você viva...

A ilha de Alexander esboçou um sorriso, enquanto aceitava o abraço daquela mulher que sempre agira tã o bem
consigo...

Ela a ajudara a seguir em frente...

Ouviu os soluços e tentou se manter forte... Precisava ser fria...

Apertou-a mais forte, sentindo os espasmos sacudir o corpo da empresá ria.

A Villa Real despertou depois de longas horas.

Assustou-se ao ver um homem alto e com expressã o irritada, encarando-a.

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Estava sobre uma cama de madeira dura e estreita.

Levantou-se de supetã o.

O homem sorriu.

O pequeno quarto só contava com o leito e uma cadeira de madeira rú stica.

Cheirava ruim e as paredes que um dia fora branca, agora trazia manchas, deixando-as encardidas,

A luz amarelada iluminava o lugar, ferindo os olhos.

-- Lembra de mim, Aimê ? – O raptor questionou, enquanto enrolava um cigarro, passando a lı́ngua pelo papel. – Ah,
eu esqueci que você nã o tinha me visto, só ouvido minha voz... Sou bonito?

A ilha de Otá vio jazia encostada ao concreto.

Nã o recordava bem do que tinha se passado e nem como chegara à quele lugar... Apenas recordava de ter saı́do com
o prefeito... Ouvira tiros e depois tudo apagou...

Fechou as mã os ao lado do corpo.

O olhar demonstrava verdadeiro pavor.

Sim, sabia quem era ele e nã o fugia muito de como imaginara o bandido que um dia fora cumplice do seu pai.

Alto, forte, cabelos negros, olhos miú dos e separados, lá bios grossos, sobrancelha juntas e nariz torto.

Observou a cicatriz no lado da face.

-- Ah, sim, isso aqui? – Tocou a pele lesionada. – Foi a Calligari que me deixou esse presentinho há alguns anos. –
Acendeu e começou a fumar. – Mas, sente-se, ique à vontade, acho que temos algumas coisas para conversar... – Sorriu. –
Espero que esse quarto seja do seu agrado...

A Villa Real engoliu em seco.

-- O que quer comigo? Nã o basta tudo o que fez? Por que nã o nos deixa em paz?

Crocodilo pegou um punhal que estava na cintura e icou olhando seu re lexo na lâ mina.

-- Se a Diana nã o tivesse se metido, tudo estaria bem agora... poré m mais uma vez fui lesado pela ı́ndia selvagem,
entã o percebi que nã o viverei em paz, enquanto ela continuar respirando... E simples...

Aimê deu alguns passos para frente, parecia determinada.

-- Deixe-a em paz! – Falou por entre os dentes. – Leve-me para onde quiser, mas nã o faça nada com ela.

Crocodilo segurou o cigarro entre os dedos, enquanto esboçava um sorriso cheio de deboche.

-- Estou a imaginar como o cruel Otá vio reagiria em saber que a ú nica ilha, sua joia preciosa se apaixonara pela
mesma mulher que ele... Se ele tivesse vivo você disputaria a major com o coronel? – voltou a tragar. – Seria uma luta
interessante, poré m acho que do jeito que ele era obcecado pela morena, você iria para o caixã o rapidinho.

A Villa Real levantou a cabeça desa iadora.

-- Já me tem, leve-me para onde quiser, mas deixe que a Diana ique em paz, acho que você s já izeram-na sofrer o
su iciente para mil vidas.

O bandido icou em silê ncio.

A expressã o dele era tranquila, parecia ponderar.

Mexeu-se na cadeira, cruzando as pernas.

-- A Calligari passou por muitas coisas... Seu pai era um doente, queria a ı́ndia de todo jeito... Mas nã o a teve... Ele
espancou-a até deixá -la para morrer... Seu querido avô fez vistas grossas, pois ele estava lá no dia que a ilha de Alexander fora
quase estuprada sobre o corpo sem vida do noivo...

Aimê sentia as lá grimas queimar os olhos diante da narrativa fria.

-- Ele poderia ter salvado a sua amada... Mas apenas passou a mã o na cabeça do ú nico ilho, enquanto inventava mil
e uma histó rias... Tudo fora ele quem inventou... A questã o de ela ser traidora, a questã o de ter se associado com os
tra icantes... O general tinha uma criatividade muito boa...

-- Eu nã o quero ouvir mais nada... – Gritou, enquanto tapava as orelhas. – Nada que falar me interessa...

Crocodilo foi até ela, segurando-lhe os braços de forma violenta.

-- A garotinha do papai nã o quer ouvir mais nada? Por que? Nã o deseja saber como a sua famı́lia desgraçou a vida
da Diana? – Empurrou-a sobre a cama. – O mais interessante em tudo isso é que a Calligari vai morrer por culpa de uma Villa

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Real, assim, o cı́rculo se fecha.

Aimê se levantou e avançou contra o homem que a esbofeteou tã o forte, deixando-a desmaiada no chã o imundo.

O bandido nã o pareceu se importar, voltando para a cadeira e continuando a fumar seu cigarro.

Depois de alguns segundos a porta abriu, o segurança loiro entrou.

O rapaz observou a jovem desmaiada, poré m nada disse sobre isso.

-- O helicó ptero está pronto!

-- Que bom... Seguiremos pela rota do trá ico...

-- Mas e se a major izer o mesmo?

-- Ela nã o fará , ela sabe que com um toque delicado sou capaz de quebrar o pescoço da namoradinha dela. – Disse
itando a garota. – Já mandei as instruçõ es que devem ser seguidas... Quando estiver naquela loresta, tudo estará ao nosso
favor... Ela vai estar sozinha.

-- Mas ela nã o é ı́ndia? – Indagou curioso. – E se a tribo a ajudar?

-- Nã o, isso está fora de cogitaçã o... Nã o é só no mundo dos brancos que a major é vista como traidora... – Levantou-
se. – Assim que nos livrarmos da Calligari vamos ganhar muito dinheiro com a ilha do coronel. – Deu tapinhas amigá veis no
ombro do comparsa. –Você foi ó timo ao descobrir os planos da major, ainda melhor em se aproximar do prefeito e do seu
ilho...

-- Mas eles quiseram desistir em certo momento, tanto que chegou a ir ao quarto da garota para contar o plano.

-- Um covarde... Que bom que o pai foi persuadido, ainda mais depois que sequestramos o corninho.

Os homens gargalharam.

-- Você acha que ele sobrevive? – Crocodilo indagou. – Nã o gosto de deixar testemunhas vivas...

-- Acredito que apenas um milagre poderá salvá -lo!

Mesmo diante de uma chuva torrencial, a Calligari esbravejou com o piloto, exigindo que a levasse até lá .

O homem explicou que nã o teriam como seguir, apenas no dia anterior.

Diana seguiu até o escritó rio.

Vanessa nã o voltará para a casa, estava apreensiva, mesmo sabendo que nã o teria como convencer a artista do
contrá rio.

A ilha de Alexander estava sentada na cadeira, mantinha os olhos fechados, massageando as tê mporas.

Sentia-se de mã os atadas, frustrada por nã o poder fazer nada.

Ouviu o som do trovã o e desejou gritar mais alto que a fú ria da natureza.

Pegou o celular e viu a mensagem que lhe fora mandada novamente pelo miserá vel Crocodilo.

Fitou a foto de Aimê e ao ver a lateral da boca dela cortada, ansiou pelo momento que faria o bandido desgraçado
pagar muito caro, nem que fosse aquilo a ú ltima coisa que tivesse que fazer na vida.

Ouviu batidas na porta, mas permaneceu em silê ncio e nã o demorou muito para o general entrar.

Ricardo observava tudo com atençã o.

A sala estava um verdadeiro caos.

Livros, papé is, telefones, cadeiras e vidros quebrados e jogados para todos os lados. Parecia que um verdadeiro
furacã o passara por ali.

Fitou a major, vendo-a de cabeça baixa, itando o aparelho celular.

Viu o sangue em uma das mã os e percebeu pela primeira vez como a mulher mais orgulhosa que conhecera em sua
vida, sofria naquele momento.

Que dor tã o intensa era aquela por Aimê ?

Abriu a boca para falar, mas as palavras nã o saı́ram.

Errara tanto que sabia nã o ter dignidade alguma para dirigir a palavra a ilha de Alexander.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aproximou-se, apoiando as mã os no tampo da mesa.

Seus dedos enrugados tremiam.

-- Diana... – Chamou-a baixinho.

A Calligari nã o respondeu e tampouco o mirou.

Ricardo respirou fundo.

-- Eu sei que nã o merecemos sua compaixã o... – Começou. – Engraçado como mais uma vez, a vida da ilha do
homem que destruiu sua vida... A vida da neta do homem que poderia ter feito alguma coisa para nã o te deixar passar por
aquelas coisas horrendas está nas suas mã os... Poré m agora eu percebo como o preço vai ser alto para você ...

Os olhos negros se voltaram para o homem.

O maxilar enrijecido, os lá bios pressionados em uma linha ina.

Todos naquela casa sabiam como ela estava furiosa por nã o ter conseguido seguir naquele mesmo dia para o
destino.

-- Se você decidir ir, estará condenada... O Crocodilo deseja a sua morte mais do que qualquer outra coisa, deseja
terminar aquilo que o Otá vio nã o teve tempo de fazê -lo... – Engoliu em seco. – Gostaria de mais uma vez agir como um canalha
que sempre fui e apelar para sua consciê ncia, implorando mais uma vez que vá lá e salve a Aimê ... – Limpou uma lá grima,
enquanto tentava conter a emoçã o. – Meu Deus, eu nã o posso fazer isso de novo, nã o posso pedir que sacri ique sua vida...
Hoje mesmo irei embora daqui com a Clá udia... Irei até aquele homem, embrenhar-me-ei naquela selva... Poré m dessa vez nã o
pedirei que o faça... Minha famı́lia já causou muita dor a você ...

A ilha de Alexander ouvia cada frase dita...

Mirava os olhos tã o azuis, tã o idê nticos aos da mulher que tanto amava e sentia como nada faria sentido se
estivesse sem ela...

Mordiscou o lá bio inferior.

Ricardo caminhava cabisbaixo até a porta, mas a voz rouca da major o deteve.

-- Mesmo que nã o peça, será isso que farei! Irei até o Crocodilo e trarei de volta a sua neta...

O general se virou para ela.

A expressã o era de esperança e pesar.

-- A que preço?

-- Ao preço que for preciso...

Ricardo ainda abriu a boca para falar algo, mas pareceu se arrepender, deixando o escritó rio.

A Calligari continuou no mesmo lugar, olhava o sangue que jorrava do corte. Nada a impediria de seguir até aquela
loresta novamente...

Na manhã seguinte, Diana terminava de arrumar a mochila.

Nã o levaria muita coisa, apenas o necessá rio.

Seguiu até o quarto onde Aimê ocupava em busca de alguns itens para a amada.

Ao adentrar o espaço sentiu o cheiro da jovem Villa Real.

Fitou a cama e sorriu ao lembrar da ú ltima vez que se amaram, lembrou-se do sorriso fá cil, dos olhos se estreitando
entre risos e o delicioso som da voz paciente, mesmo quando irritada.

Mirou o roupã o sobre a cadeira.

Seguiu até ele, tomando-o, levando-o ao nariz, inalou o cheiro dela...

Sentou no leito, viu o livro sobre a cama.

Romance!

Sorriu ao ver o marcador de pá gina...

Era a ré plica de uma das suas obras...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Era a mesma que ela nã o viu, a da exposiçã o do prefeito...

Suspirou, enquanto as lá grimas corriam soltas.

Aimê ouvia o barulho do helicó ptero, enquanto seu olhar se dirigia ao verde que aparecia a sua frente.

Grande parte do caminho fora feita de carro e agora seguiam para o seu destino.

Se pulasse dali evitaria que Diana fosse até eles?

Esse pensamento passara inú meras vezes por sua cabeça naquele dia...

Apertou forte as mã os ao lado do corpo.

-- Teria mesmo coragem de fazer isso?

O sotaque carregado de bandido lhe chamou a atençã o.

Ele estava de frente para si, enquanto o loiro estava ao seu lado, outro que nã o conhecia ocupava o banco com o
tra icante.

A ilha de Otá vio nã o respondeu nada.

-- Se o izesse, Diana mesmo assim iria a sua busca, entã o as duas morreriam... Vale a pena o sacrifı́cio? – Indagou
com a sobrancelha arqueada.

A Villa Real icou calada por alguns segundos, mas logo encarou o bandido.

-- Deixe-a... Eu seguirei contigo, leve-me para onde quiser, me submeta ao castigo que desejar, mas deixe a major
fora disso... Nem estamos mais juntas... Ela me traiu, terminamos tudo... – Dizia em desespero.

Crocodilo parecia analisar todas as palavras.

-- Como acabaram?

Aimê pareceu entusiasmada.

Se conseguisse convence-lo, poderia ter a chance de salvar a mulher que amava.

-- Ela me traiu, tem uma amante italiana, entã o acredito que esse seu plano nã o vai funcionar... Ela nã o vem, eu sei,
ainda mais depois da ú ltima briga que tivemos... Neguei-me a voltar para ela.

O bandido olhou para o loiro em busca de uma con irmaçã o, poré m o rapaz nada disse.

Crocodilo meneou a cabeça.

-- Mesmo assim ela vem, quando ela te odiava, ela foi te salvar, imagina agora... – Deu um riso malicioso. – Mandei
alguns encorajamentos para que ela apareça.

-- Eu tenho certeza de que ela nã o vem...

Rezava para estivesse certa, mas sabia que aquelas palavras nã o faziam o menor sentido, a pintora iria ao encontro
do bandido miserá vel e nada poderia ser feito para evitar isso.

Piatã deixou a pequena choupana ao ouvir um som conhecido.

Apoiando-se em um pedaço de pau caminhou lentamente, enquanto via as pessoas se aglomerarem em meio as
portas de suas pequenas casas.

Viu o pequeno pá ssaro de aço posar.

Esperou ansioso durante longos minutos e quando a portinhola abriu, viu a ı́ndia selvagem.

Diana respirou fundo ao ver os olhares curiosos que a itavam.

Nã o fazia muito tempo que estivera ali, nã o fazia tempo que o ó dio a movia, deixando-a totalmente cega, mas agora
era diferente.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Parou no primeiro degrau, enquanto colocava os ó culos pretos em estilo aviador.

Mirou a os rostos conhecidos...

Cerrou os dentes...

Agora era movida por dois poderosos combustı́veis: O ó dio e o amor...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Capitulo 31 por gehpadilha


Piatã deixou a pequena choupana ao ouvir um som conhecido.

Apoiando-se em um pedaço de pau, caminhou lentamente, enquanto via as pessoas se aglomerarem em meio as
portas de suas pequenas casas e no grande pá tio.

As crianças icavam afoitas, os idosos sempre se assustavam, os jovens demonstravam fascı́nio, como se desejassem
voar també m como as aves.

Viu o pequeno pá ssaro de aço posar.

Esperou ansioso durante longos minutos e quando a portinhola abriu, viu a ı́ndia selvagem.

O vento avoaçava os cabelos negros. A expressã o dela era sé ria. Nã o deixava de exibir aquela postura de
superioridade.

Nã o conteve um sorriso ao vê -la.

Pensara se antes de morrer, ainda veria sua garota de olhar arrogante e orgulhoso.

Diana respirou fundo ao ver os olhares que a itavam.

Nã o fazia muito tempo que estivera ali, nã o fazia tempo que o ó dio a movia, deixando-a totalmente cega, mas agora
era diferente.

Parou no primeiro degrau, enquanto colocava os ó culos pretos em estilo aviador.

Suspirou!

Mirou a os rostos conhecidos...

Viu os infantes se aglomerando ao redor do aviã o.

Cerrou os dentes...

Por alguns segundos fechou os olhos e se recordou de caminhar ao lado da esposa e subir naquele mesmo aviã o.

Umedeceu os lá bios.

Pegou a mochila que trouxera.

Aimê ...

Precisava usar toda a inteligê ncia para salvá -la. Agora era movida por dois poderosos combustı́veis: O ó dio e o
amor...

Tirou a jaqueta de couro.

Estava quente...

Agora icaria apenas de calça jeans surrada, camiseta e botas de cano longo.

Desceu os degraus lentamente.

Viu um rosto conhecido a lhe observar e continuou até chegar ao bom homem.

Recebeu o afetuoso abraço que lhe fora oferecido.

-- Desculpe por nã o ter avisado que viria! – Disse em seu ouvido. – Mas obrigada pela recepçã o.

O velho ı́ndio a encarou.

-- O que a traz de volta, princesa?

A major o mirou, enquanto jogava a cabeça para trá s.

-- O Crocodilo trouxe Aimê para loresta de novo e preciso salvá -la...

A expressã o enrugada do homem demonstrou maior preocupaçã o.

A ilha de Otá vio ter sido pega novamente pelo perigoso bandido era algo terrı́vel.

-- Como isso aconteceu? – Questionou preocupado. – Esse demô nio nã o fora preso depois do que fez ainda? O que
acontece com as leis dos brancos? – Indagou aborrecido.

A morena colocou a mochila no chã o, depois voltou a ita-lo.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Eu fui burra o su iciente para baixar a aguarda... – Suspirou. – Mas nã o tenho tempo para conversas, apenas
passei para falar contigo, agora mesmo seguirei pela mata, preciso ir ao encontro deles.

Piatã observava como a major demonstrava agitaçã o e ao ouvir ela dizer que iria ao encontro desses homens
sozinha, temeu por sua vida.

-- Você sabe que nã o tem permissã o para isso! – Avisou. – Tupã deixou claro que se aparecesse novamente aqui
seria castigada. – Deu-lhe as costas. – Vá para casa e espere que outros salvem a garota.

A major levou as mã os aos quadris, enquanto olhava as pessoas ao redor, depois itou o cé u claro.

-- Nã o me importo com o que ele diz! – disse por entre os dentes. – Atravessarei essa loresta e irei até a Villa Real e
se ele tentar me deter, terei que ir contra ele... Vamos ter uma guerra, entã o!

Piatã parou, permanecendo de costas para ela, mas logo a mirou.

-- Você é teimosa de mais, princesa, nunca escuta ningué m, sempre age por impulso. – Repreendeu-a.

-- Vai me ajudar ou també m terei que ir contra você ?

O velho suspirou.

Olhava a mulher para a sua frente e em alguns detalhes nã o a reconhecia, ainda mais quando se tratava dos motivos
para se arriscar tanto. Nã o havia dú vidas de que aquela empreitada seria muito arriscada, mas Diana agora era movida pelo
amor.

Lembrou-se do pai dela.

Alexander agira daquele jeito quando fora até a aldeia ao saber que a mulher que amava estava grá vida.

O bravo general enfrentou a todos para levar consigo a mã e da sua ú nica ilha.

-- Irei contigo! – O homem disse por im. – Precisará que a acompanhe, pelo menos para que possamos chegar à
tribo. – Seguia em passos lentos. – Venha comigo, precisamos de algumas coisas, nã o teremos ajudantes dessa vez. –
Comentou aborrecido.

Diana assentiu, enquanto colocava a mochila nas costas.

Observou como as pessoas continuavam a observá -la, era sempre assim, depois de todos aqueles anos, ainda era
vista com ressalva por aqueles habitantes.

Levantou a cabeça, enquanto caminhava seus pensamentos pareciam perdidos em lembranças...

Ao entrar na pequena choupana recordou da ú ltima noite que passara ali.

Um sorriso brincou nos seus lá bios.

Fitou a mesa rú stica, sentando-se no banco.

Voltou a cabeça para o canto onde a esteira estreita estava recolhida.

-- Eu só quero dormir... – Sussurrou em seu ouvido. – Pare de se debater ou vai acordar o Piatã.

-- Recordo-me muito bem que não era comigo que deveria dormir e sim na rede. – Retrucou baixo,
enquanto lutava para se livrar dos braços que a prendia pela cintura.

-- Mas eu quero dormir contigo... Então ique quieta! – Falou irme.

Por alguns segundos a Villa Real fez o que ela tinha dito, permanecendo quieta, ponderava que se não era
melhor se manter estática e ingir que aquela mulher não estava ali, porém a presença dela ultrapassava o ísico, era
como se usurpasse sua própria alma.

Por que Diana Calligari a afetava tanto?

Ainda estava triste com as palavras que ouvira, ainda se sentia ferida, mas mesmo assim algo maior parecia
empurrá-la direto em direção a ela... Tinha a impressão que estava à beira de um precipício.

-- Eu gosto do seu cheiro...

A voz rouca e baixa a tirou de suas divagações, porém nada respondeu.

-- Tira a roupa... Está frio, quero me aquecer em ti...

Aimê sentiu as mãos seguindo por baixo de sua camiseta e as deteve.

-- Chega, Diana!

A Calligari mordiscou o lábio inferior, enquanto a puxava mais para si.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Eu ico excitada quando me chama... – Mordiscou a pontinha da orelha dela. – Como sabia que eu estava
olhando para os seus seios na mesa? Eles se excitaram... O que imaginou, melhor, recordou de quando os toquei com
a minha boca?

Aimê sempre a desa iara e a enfrentara, mesmo quando contava com uma de iciê ncia. Nã o havia dú vida ser uma
jovem admirá vel em todos os sentidos...

Engoliu em seco ao recordar de como fora má com ela...

Como fora grosseira em toda aquela empreitada.

A voz do ı́ndio a tirou dos seus pensamentos.

-- Nã o acho que seja uma boa ideia ir sozinha e enfrentar esses homens. – Piatã dizia, enquanto recolhia algumas
coisas que necessitariam. – Deveria ter pedido ajuda aos homens brancos, eles tê m leis e sã o treinados para isso.

A Calligaria passou as mã os pelo rosto.

-- Antes que eles chegassem perto, a ilha de Otá vio seria morta...

O ı́ndio encheu duas canecas com á gua do pote de barro, ofertando uma a major e bebendo a outra.

-- Entã o você morrerá ? E isso que veio fazer? Sacri icará sua vida para que Aimê viva? Por que fará isso?

Diana bebeu lentamente o lı́quido, parecia degustar com calma...

Ao terminar, itou o velho amigo.

Aquele homem sempre estivera consigo, mesmo diante da contrariedade de todos.

-- Eu a amo... – Disse baixinho. – Amo-a tanto que meu peito chega a doer... Nã o me importo de fazer qualquer
sacrifı́cio por ela.

Piatã sorriu, enquanto estendia a mã o enrugada e cobria a dela.

-- Eu sabia que seria questã o de tempo para que admitisse esse sentimento... Mesmo quando esbravejava contra a
Villa Real, todos sabı́amos o que já sentia... – Apertou-lhe os dedos. – Mas eu tenho certeza de que a menina Aimê nã o deseja
que se machuque ou aconteça algo pior...

A pintora nada disse, voltando a beber sua á gua.

O ı́ndio sabia que seria uma tarefacxv impossı́vel tentar convencer a princesa do contrá rio, entã o só lhe restaria
pedir proteçã o aos bons espı́ritos.

Aimê foi levada para a tenda que fora armada no acamamento.

Pouco conseguira ver do lugar.

Estava escuro, mas notou a fogueira acesa, ouviu a voz de mulheres e recordou dos momentos que vivera quando
tivera que icar naquele lugar.

Sabia que daquela vez seria diferente, sabia que daquela vez o risco era maior.

Tentou se livrar das cordas, mas nã o conseguiu.

Apenas uma pequena luminá ria de bateria clareava o pequeno espaço.

Sabia que estava no mesmo lugar de antes.

Recordava-se de quando Diana chegara ali para salvá -la, lembrou-se da voz forte e ameaçadora...

Tentou mais uma vez se livrar das amarras, mas as tentativas eram inú teis.

Tinham-na colocado sentada em uma cadeira, enquanto prenderam-na, evitando assim uma tentativa de fuga, coisa
que seria quase impossı́vel, levando em conta o nú mero de bandidos que estavam ali.

A tenda estava cercada, pareciam temerosos que a morena selvagem invadisse novamente e levasse a ilha de
Otá vio.

Ouviu passos e o segurança loiro apareceu.

O olhar dele continuava ser desrespeitoso e atrevido.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Nã o acreditava que passou despercebido de conversar com a Diana sobre ele, talvez se assim o fosse, poderiam ter
evitado ser ludibriada daquele jeito e sob o teto seguro da major.

Se nã o estivesse sido consumida por ciú mes...

Viu-o se aproximar com uma caneca em mã os, colocando em seus lá bios. Encarava os olhos verdes, enquanto sentia
o lı́quido molhar sua garganta.

O rapaz já se afastava quando o som da voz baixa o deteve.

-- Por que traiu a pessoa que te deu trabalho? O que te levou a se associar a um bandido como o Crocodilo, se sabe
que cedo ou tarde será preso ou morto?

O jovem nã o respondeu de imediato, parecendo pronto para sair por aquela porta improvisada, mas acabou se
voltando para ela.

Aproximou-se.

Sob a luz parda, ele tinha uma aparê ncia terrı́vel.

-- Diana Calligari matou meu pai, entã o rezo há anos para que a oportunidade de vingança ocorra e agora está
muito perto.

Os olhos azuis pareciam espantados.

Como a major matara...

-- De que falas?

O segurança traidor exibiu um sorriso.

-- Meu pai servia ao exé rcito... Lutara ao lado do seu pai e tivera que se submeter a ilha do general Alexander... Acha
que um homem pode se submeter a uma mimada arrogante quando tem dignidade?

Aimê icou calada, enquanto esperava ouvir mais.

-- Meu pai ajudou o seu pai, entã o você deveria ser mais grata e mais amigá vel a minha causa... – Aproximou-se,
enquanto estendia o braço para tocar a face da ilha de Otá vio. – Eu quero você pra mim, mas antes matarei a Calligari... –
Exibiu um sorriso cruel. Quero o sangue dela nas minhas mã os...

A Villa Real tentou controlar o pavor que aquelas palavras causaram.

-- Por que o prefeito aceitou entrar nesse plano? O Alex é meu noivo...

O sorriso agora virou uma gargalhada assombrosa.

-- Noivo? Ah, sim, no dia do noivado você até comemorou nos braços da ı́ndia selvagem... – Passou a lı́ngua pelo
lá bio superior. – Eu gozei muitas vezes vendo as cenas, mas seu sogro e noivinho nã o acharam o mesmo...

O rosto da Villa Real empalideceu.

-- O que está querendo dizer?

-- Instalei uma câ mera no seu quarto... Acredite, a tal da Diana sabe fazer as coisas... – Voltou a acariciar a face da
garota. – Nã o há dú vidas que nas veia dela corre sangue desses selvagens que vivem por aqui.

Aimê teve â nsia de vô mito ao imaginar que a sua intimidade fora invadida daquele jeito.

Vozes foram ouvidas lá fora.

-- Depois conversamos mais, princesa... Nã o se preocupe, andei vendo o vı́deo inú meras vezes e sei como você gosta
de ser tocada...

A garota sentiu-se aliviada ao ver o rapaz se afastar.

Precisava fazer algo para impedir que a major chegasse até ali, sabia que seria o im da morena... Poré m nã o tinha
ideia de como evitar algo assim...

Mesmo diante do ciú mes que sentia, icaria muito feliz se ela icasse com a ruiva e nã o se preocupasse consigo...

Deus!

Diana nã o titubearia, ela iria até eles, agiria impulsivamente e arriscaria a vida de forma irresponsá vel.

Fechou os olhos, buscando nã o entrar em pâ nico, buscando uma saı́da...

Um som conhecido chegou aos seus ouvidos...

Seria a ave do pajé ?

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A canoa seguia rio abaixo.

O dia estava bonito e claro.

Os animais podiam ser vistos à margem da fonte, enquanto bebiam á gua. Seus olhares eram sempre atentos, pois
sabiam que nã o era difı́cil serem atacados por predadores.

Uma pequena capivara olhava os visitantes, parecendo tã o interessada que por pouco nã o fora comida por um
jacaré .

Pá ssaros voavam em bandos no cé u azul.

O grasnar das araras seguiam mata a dentro.

Era possı́vel ver os macacos a se balançar nos galhos, seu guinchar era um som que parecia afetar os outro bichos.

O rio nã o estava cheio, as chuvas torrenciais nã o tinham inundado ainda.

Piatã observava a major remar rá pido, nã o demonstrando cansaço, apenas determinaçã o.

Nã o trocaram palavras durante o percurso, Diana parecia concentrada e pensativa.

-- O pajé vai tentar te dissuadir dessa ideia... – O velho disse depois de um tempo. – Sabe disso...

A Calligari limpou o suor da face, mas rapidamente voltou a tarefa á rdua.

O sol estava quente.

Os braços da morena se moviam em harmonia.

-- Ele gastará as palavras e a sabedoria dele em vã o.

O ı́ndio remava com menos vigor, parecia cansado para sua idade.

Observava a mulher de cabelos negros e se recordava de como sempre agira segundo a pró pria vontade, recordava
de como precisara muitas vezes omitir alguns fatos para que a ilha de Alexander nã o fosse castigada, mesmo assim, a
princesa da tribo sofrera bastante.

-- Entã o a menina Aimê se rendeu ao seu charme... Mas nã o acredito que se tornou uma esposa submissa e
obediente. – Provocou-a. – Tenho a impressã o de que quem manda nessa relaçã o nã o é a poderosa Diana.

A pintora nã o respondeu de imediato, apenas desviou o olhar, parecendo perdida em lembranças.

-- Ela voltou a enxergar... Aquele mar azul pode se ver e també m me ver... – Esboçou um sorriso de canto. – Sim, você
está certo quando diz que ela nã o se submete, ela luta, me enfrenta de igual... – Mordiscou o lá bio inferior. – Eu me sinto
culpada por ela ter sido sequestrada... Deveria ter sido mais cuidadosa... Eu sabia que ele se aproximaria, sabia que algué m
estava à espreita, mas acabei me distraindo... – Cerrou os dentes. – Se nã o tivesse me apaixonado, poderia ter continuado fria
e isso me faria pensar melhor.

-- Você nã o poderia fazer nada... Nada se pode fazer contra o destino...

A major deu de ombros.

-- Nã o acredito nessas coisas, creio nas minhas açõ es e no que deve ser feito, essas crendices que pregam nã o
passam de ignorâ ncia... – Falou aborrecida. – Se assim o fosse, poderı́amos evitar os acontecimentos.

Piatã nã o parecia ofendido com as palavras, conhecia-a su iciente para saber como pensava, para saber como
rejeitava a cultura da mã e, mesmo que, na maioria das vezes, deixasse a forma primitiva e selvagem dominar suas açõ es.

-- Ubiratã falou que você voltaria a viver se seguisse na empreitada e fora isso que aconteceu... Você passara mais de
dez anos da sua vida vivendo em funçã o de uma vingança... Fora movida pelo rancor, pelo ó dio... Seu espı́rito hoje parece livre,
e mesmo que negue, sabe que o pajé esteve certo o tempo todo.

Diana nã o respondeu, apenas permanecendo quieta, perdida.

Mataria o Crocodilo com suas mã os, daquela vez nã o deixaria que o desgraçado sobrevivesse.

Apertou forte o remo ao imaginar o que Aimê estaria a passar...

Nã o demoraram muito para seguirem em meio à loresta.

Diana abria caminho, enquanto prestava atençã o nos sons, sabendo que havia ameaças por todos os lados.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

As folhas secas forravam o chã o, podendo camu lar algum animal perigoso.

Olhou sobre os ombros e viu o velho ı́ndio lhe acompanhar.

Mesmo com uma idade avançada, Piatã demonstrava total força e seus passos eram seguros.

-- Precisa parar e comer algo, princesa, precisa de energia. – Piatã advertiu-a. – Até agora só está bebendo á gua.

-- Nã o posso me dar o luxo de parar, preciso chegar rá pido ao meu destino. – Respondeu, enquanto continuava a
seguir.

-- Nã o esqueça de que precisará da permissã o do pajé ...

-- Mesmo que ele nã o me dê eu irei até Aimê , disso, você pode ter certeza!

Seguiram durante o longo dia e só a noite pararam, pois precisavam descansar para continuar o dia seguinte.

Tinham conseguido dobrar a caminhada em pouco tempo e nã o demorariam para chegarem na aldeia.

Diana montou a fogueira e logo se deitou sobre a mochila, o ı́ndio apenas a itava.

Entregou-lhe um pã o com carne seca e o cantil, depois se acomodou ao seu lado.

-- Por que nã o pede ajuda a Tupã ? – Piatã indagou. – Você é a princesa daquela tribo e se nã o tivesse cometido
tantos erros, seria você a chefe e nã o ele.

A Calligari itou o cé u estrelado. O abobado azul marinho tinha incontá veis pontos brilhantes, lembrando os
vagalumes a brincar entre si.

Tinham escolhido uma clareira para passar aquela noite.

A major tinha a arma em mã os, pois sabia que um animal poderia atacar em fraçõ es de segundos.

A escuridã o era intensa.

-- Nó s sabemos que Tupã nã o permitiria jamais isso...

O ı́ndio icou em silê ncio durante alguns segundos, mas logo voltou a falar.

-- Eu nã o sei como vai fazer para atravessar a selva... Temo que se nã o mostrar humildade, dessa vez terá problemas
sé rios.

Diana enrijeceu o maxilar.

Nã o pareceu se preocupar com aquilo naquele momento, poré m sabia que se fosse preciso, enfrentaria a todos,
travaria uma guerra contra aquelas pessoas, mas chegaria até a Villa Real.

Aimê despertou assustada.

Passara toda a noite naquela cadeira e tivera medo de que em algum momento fosse violado por algum daqueles
homens.

Ouvira as vozes das mulheres sendo usadas e enojou-se.

Já era madrugada quando o cansaço lhe venceu e acabou por cochilar.

Viu a tenda abrir e o Crocodilo entrar.

O homem parecia mais assustador do que nunca e tinha nas mã os uma xı́cara de café .

Sentiu o aroma.

-- Bom dia, princesa, como dormiu? – Parou de frente para ela. – Que tal um cafezinho? – Bebericou. – Soube que
rejeitou a comida que mandei... Imagino que esteja estranhando as acomodaçõ es... Mas nã o se preocupe, para onde você vai,
tudo é puro luxo.

A jovem nada disse, enquanto via ele se abaixar, começando a livrá -la das cordas que a prendiam à madeira.

-- Nã o faça nenhum movimento brusco, nã o quero dani icar a mercadoria.

Aimê nada disse, enquanto seguia com o bandido.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Ficou surpresa ao ver tudo ao redor.

Era a primeira vez que via aquele lugar durante o dia.

Aquela á rea estava totalmente desmatada e percebeu que havia uma trilha por onde passava alguns veı́culos.

Tinha dois caminhõ es parados e sobre eles muita madeira.

Mais trê s barracas estavam armadas.

Resquı́cios de uma fogueira estava no centro do espaço.

Observou o olhar dos homens caindo desrespeitosos sobre si.

As aparê ncias deles eram terrı́veis. Tinham armas de grande porte nas mã os e pareciam gostar de intimidar os
outros.

Percebia que també m alguns dos que estavam reunidos ali, parecia ocupados serrando um tronco grande, enquanto
outros cavavam um buraco.

-- Todos aqui já te conhecem, entã o nã o te apresentarei... A maioria serviu com bravura ao seu pai. – Sorriu. –
Observe tudo ao redor, acha que a sua amada vai sair daqui com vida?

Aimê engoliu em seco e mais uma vez desejou que Diana nã o ousasse ir até ali.

Observou algumas mulheres deixando uma das barracas. Percebeu que uma e outra exibiam hematomas na face.

Odiou-os ainda mais por aquilo!

Crocodilo caminhou até o buraco que estava sendo cavado.

-- Está vendo isso? – Apontou para o lugar. – Aqui será incado um tronco e vai ser aqui que amarrarei sua major...
Otá vio fez a mesma coisa... Ele era criativo... – Olhou para o cé u. – Ele deve estar se revirando no tú mulo ao saber que a
ilhinha linda dele se encantou pela ı́ndia també m.

A Villa Real sentiu uma angustia em seu peito.

Fitou aquelas pessoas e mais uma vez imaginou se o melhor nã o era se rebelar a ponto de ser morta, mas sabia que
mesmo assim, a Calligaria iria ao seu resgate e de todo jeito seria cruelmente ferida.

-- Se você izer o que eu pedir, com certeza vai fazer com que as chicotadas que darei na selvagem diminua... –
Retornou até onde a jovem estava. – Está disposta a colaborar comigo?

-- Nã o a mate, por favor, eu imploro...

Crocodilo viu as lá grimas brilhar nos olhos azuis e percebeu que conseguiria o que tanto desejava. Sabia que
nenhuma pancada doeria tanto quando o desprezo e desdé m da Villa Real...

Faria a Diana sofrer muito antes de matá -la, esse era o seu plano.

Depois de uma caminhada sem tré guas, Diana e Piatã chegaram a aldeia ante do sol se por.

Alguns ı́ndios os escoltaram até o pajé que estava na tenda e para surpresa da Calligari Tupã se encontrava ali.

O ı́ndio jovem e forte a encarou com raiva.

O pajé nã o pareceu surpreso com a presença da herdeira de Alexander.

-- A ilha pró diga retorna? A segunda visita em menos de quatro luas... – Meneou a cabeça em desdé m. – Como volta
aqui? Ainda mais depois de ter desrespeitado o casamento de Ubirajara.

A pintora pareceu confusa, entã o se lembrou da visita da ı́ndia quando estava a convalescer do tiro que tinha
levado.

Ubiratã se levantou do seu banco de madeira, icando entre eles.

-- Princesa, acho melhor que retorne ao seu mundo... Nã o deveria ter vindo aqui.

A morena ergueu a cabeça orgulhosamente.

-- Nã o vim arrumar problemas, na verdade, nem mesmo tinha a intençã o de passar por aqui, mas sabia que seria
desrespeitoso atravessar o territó rio sem que me desse permissã o.

O homem moço se aproximou, tentando intimidá -la, mas a Calligari nã o baixou a cabeça, itando-o.

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-- E desde quando você tem respeito por alguma coisa ou por algué m? – Tupã voltou a provocá -la.

Mais uma vez o pajé se intrometeu.

-- Diana, você nã o deve ir até onde está Aimê . – Ubiratã a itou. – Eu temo por sua vida. – Tomou-lhe as mã os nas
suas. – Nã o terá chances sozinha contra esses homens... Fico muito feliz por sua bravura e coragem, ico feliz ao ver o amor
brilhar em seus olhos que sempre só demonstraram frieza... Mas eu imploro que nã o vá até lá .

Tupã deixou a oca pisando duro.

-- Eu irei sim, está fora de cogitaçã o retornar. – Levantou a cabeça. – Agradeço a sua preocupaçã o, mas agora
mesmo seguirei caminho.

-- Pelo menos descanse, a noite já estará a cair e nã o é uma boa seguir viagem na escuridã o.

-- Nã o, pajé , apenas quero me dê permissã o para atravessar o territó rio...

Ubiratã a itou.

-- Princesa, nã o vá ... Esse homem quer apenas sua destruiçã o...

-- Eu nã o tenho medo! – Retrucou valentemente. – Apenas te pedirei algo... Você saberá quando eu falhar, entã o eu
imploro por tudo, convença Tupã a ir em busca da Aimê , faça isso por mim...

Ubiratã itou a jovem que viu crescer e teve aquela sensaçã o de medo que nã o costumava sentir em relaçã o a outras
pessoas.

Sabia que apenas uma pessoa poderia salvar a Calligari do destino que a esperava, mas já temia ser impossı́vel
convencer o chefe guerreiro a fazer aquilo.

Contrariando as leis da tribo, o bom ı́ndio a abraçou forte, desejando que tudo pudesse acabar bem.

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Capitulo 32 por gehpadilha

Notas do autor:

Olá , lindas :)

desde quinta estou nessa coisa chata de mudança... Tive muito trabalho...
Peço que me desculpem pela demora, mas infelizmente essa coisa de
mudança nã o é nada fá cil...

Espero que tudo se normalize, de inı́cio, tenho um capı́tulo...

Beijos.

Os ı́ndios se mantinham fora da oca.

Pareciam curiosos com a presença da Calligari.

Ansiavam para que a morena saı́sse e revelasse o que a levara até ali mais uma vez. Estavam curiosos, imaginando
se haveria um confronto, já que o chefe da tribo da princesa sempre demonstrara claramente desgostar totalmente da mulher
de pele bronzeada.

Tupã seguiu pisando duro até Sirena.

A esposa conversava com Piatã . Ambos encararam o guerreiro forte e arrogante.

-- Nã o quero que se dirija à Diana! – Exigiu irritado. – Nã o quero nem mesmo que olhe para ela... A protegida de
todos já me desonrara mais do que o su iciente, entã o, nã o me custaria nada desa iá -la para uma luta até a morte.

A bela ı́ndia nã o parecia surpresa com as palavras aborrecidas do marido, poré m nã o costumava se manter calada
diante delas.

A tribo que pertenciam supervalorizava o poder feminino e mesmo que em hierarquia, ela estivesse abaixo do
chefe, tinha o direito de questionar.

Mirou a oca, desejando que a major saı́sse, mas nã o havia sinal da bela pintora.

-- Piatã me contou sobre o sequestro de Aimê – falava de forma tranquila -- acredito que esse é um momento para
ajudar a princesa, nã o esqueça de que compartilham o mesmo sangue.

O olhar do chefe demonstrava total ira.

-- A Sirena está certa! – O velho se intrometeu. – A mã e dela era irmã do seu pai, Diana é a princesa da tribo, o elo
entre os dois mundos... – Pigarreou. – Acredito que está mais do que na hora de esquecer esse rancor.

O rapaz pareceu nã o gostar do que ouvia, demonstrando toda sua fú ria nas palavras que praticamente cuspiu.

-- Nã o, ela é uma traidora! — Aponto o dedo em riste. -- Por culpa dela muita gente morreu, por culpa dela, quase
nosso povo fora destruı́do... Até quando aceitarã o a ilha de um branco em nossas terras?

-- Você quis obriga-la a casar com o homem que a destruiu! – Piatã retrucou calmamente. – Queria uma uniã o com
um assassino... O que esperava disso?

-- Eu só queria a paz e ela deveria ter obedecido... Quem sabe se assim o fosse, nã o estaria passando por isso...

Sirena viu quando a morena deixava a presença do pajé e mesmo diante do olhar irado do chefe, seguiu até ela.

A noite ainda nã o tinha chegado, mas nã o demoraria para que ocorresse.

Os olhares de todos recaı́ram sobre a ilha de Alexander.

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Nã o havia danças, conversas, apenas a atençã o dirigida à bela morena.

A major recebeu o abraço da amiga.

-- Nã o imaginei que a veria mais! – A esposa de Tupã falou ao se afastar. – Piatã me contou o que se passa... Desejo
ajudar...

A Calligari observou os olhares voltados para si, ignorando-os totalmente.

-- Sim, infelizmente a situaçã o nã o é uma das melhores. – Arrumou as armas na cintura, depois colocou o punhal na
bota. – Preciso ir! – Voltou a itá -la. – Agradeço a sua preocupaçã o, mas nã o desejo que se ira...

-- Você vai se ferir... – Disse tristemente. – Sabe que esse homem deseja matá -la...

A pintora fez um gesto de assentimento com a cabeça.

Sirena lhe tocou a face.

-- Mesmo assim está disposta a se sacri icar desse jeito? – Questionou com um sorriso triste. – Nã o obterá sucesso
se for sozinha.

Diana passou a mã o pelos cabelos.

-- Eu nã o tenho medo!

A ı́ndia sorriu.

-- Você nunca teve... Mas eu consigo ver nos seus olhos o temor em perder a quem tanto ama...

Antes que a Calligari falasse alguma coisa, Tupã se aproximou irritado, pondo-se entre a esposa e a ilha de
Alexander.

-- Eu deveria proibir sua passagem por nossas tribos!

A pintora levantou a cabeça em pura arrogâ ncia, enquanto arqueava a sobrancelha.

-- Nã o conseguiria me deter, por isso nã o proı́be... Eu iria contra suas ordens e continuaria o meu caminho.

-- Você é tã o petulante quanto foi a sua mã e! – Cuspiu as palavras. – Se meu pai estivesse vivo, com certeza, teria o
mesmo im que ela!

Sirena percebeu a expressã o da amiga e pô s-se entre os dois, temendo uma luta fı́sica, isso sim seria algo difı́cil de
resolver.

-- Tupã , ajude-a a resgatar Aimê ! – Pediu. – Ela precisa de ti. – A esposa apelou.

-- Nã o moverei uma palha por ela!

A morena cerrou os dentes.

-- Eu nã o pedi e jamais pediria a sua ajuda! – Virou-se para Sirena, abraçando-a. – Cuide-se, querida, espero poder
vê -la novamente.

A Calligari se afastou, seguindo até Piatã .

O velho ı́ndio a olhava de forma triste.

-- Entã o, o pajé nã o a convenceu? – Indagou temeroso.

-- Nã o, sabe que ningué m faria isso... – Suspirou. – Preciso ir, desejo chegar rá pido ao meu destino.

O bom homem segurou sua mã o, entregando-lhe um cordã o com presas de cobras na ponta.

-- Aceite!

Diana assentiu com um sorriso, enquanto seguia seu caminho sem olhar para trá s.

Aimê mais uma vez fora amarrada à cadeira.

Fechou os olhos, tentando manter a calma.

Sabia que nã o demoraria para Diana chegar ali. Sentia isso em seu coraçã o, sentia que a morena se aproximava e
aquilo icava cada vez mais assustador.

Ouvira os planos de Crocodilo e mesmo que nã o desejasse fazer o que fora proposto, nã o imaginaria algo melhor
para que a morena nã o sofresse tanto. Enquanto ingiria, buscaria uma alternativa para salvá -la, buscaria uma forma de livrá -

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la daquilo... Apenas nã o sabia ainda como faria isso...

Ouviu passos e imaginou se seria o loiro de expressã o desrespeitadora, mas se tratava de uma das mulheres que viu
mais cedo com os bandidos.

Alta, loira e bonita, tinha o rosto ferido.

Ela també m estava armada... Na verdade, todos ali estavam com artilharia pesada.

A visitante usava calça surrada e camisa de xadrez.

Sentiu o caneco de alumı́nio frio posar em seus lá bios e bebeu a á gua que lhe era oferecida.

Nã o podia negar que estava com muita sede.

Encarou os olhos claros e sentiu certa simpatia por ela.

-- Eu te conheço... – A Villa Real disse quando a outra se afastou um pouco. – Estava aqui da outra vez que me
trouxeram? Como é o seu nome?

A loira pareceu hesitar.

Sabia dos planos de Crocodilo para aquela bonita jovem e isso a fazia pensar na pró pria situaçã o.

Respirou fundo.

-- Alanna...

A moça, apesar de ter feiçõ es lindas, trazia uma expressã o grande de tristeza.

-- Estava aqui antes? Lembra de mim?

-- Sim... – Con irmou em voz baixa. – Estava aqui quando sob o orgulho desses homens, uma ú nica mulher entrou
aqui e te levou embora. – Disse, parecendo admirada. – Deu bobeira em ser pega novamente... Temo que agora seu im seja
pior...

Aimê apenas deu de ombros, pois a ú ltima coisa que desejava era pensar em qual ruim seria seu destino.

-- Por que vive aqui? Como pode seguir essas pessoas?

Um pio de coruja se fez ouvir alto.

Alanna seguiu até a porta, mas nã o saiu, apenas icou a observar a escuridã o da noite, em seguida retornou até a
prisioneira.

-- Deixei minha ilha e meu marido por um homem que me prometeu uma vida melhor e muito amor... – Falou com
amargura. – Imaginei que seria feliz, coisa que nunca tinha sido, mas fui trazida para cá e usada por cada um desses
bandidos...

A Villa Real viu a dor presente nos olhos verdes.

-- E sua ilha?

Alanna exibiu um sorriso triste e saudoso.

-- Espero que esteja bem... Espero que pelo menos ela esteja feliz... – Limpou uma lá grima que lhe molhava a face.

A Villa Real a itava intensamente.

-- Por que nã o tenta fugir?

-- Como? – Indagou horrorizada. – Aqui só tem animais e ı́ndios. Que chance eu teria de sobreviver?

-- Pelo menos tentaria.

-- Está louca! – Desdenhou. – Ningué m sai vivo daqui, esses homens sã o crué is de mais... – Meneou a cabeça
negativamente. – Espero que a sua amiga nã o venha ao seu resgate, pois ela irá morrer.

Antes que Aimê pudesse dizer alguma coisa, a mulher deixou a barraca e nã o demorou para Crocodilo entrar.

O bandido a itava com cuidado, depois puxou uma cadeira, sentando de fronte para ela.

A luz pá lida deixava-o ainda mais assustador.

-- Nosso trato está seguro? – Tocou-lhe a face. – Está disposta a fazer o que ordenar?

A Villa Real virou a cabeça para se livrar da carı́cia.

O capanga de Otá vio apenas sorriu.

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-- Se cumprir, serei generoso e nã o arrancarei cada membro da sua amada... – Suspirou. – O que é uma pena...
Acredite, eu acho a Diana uma mulher sem igual... Nã o há homem ou mulher que nã o se rende aquela arrogâ ncia toda... –
Levou a mã o ao queixo, parecia ponderar. – Eu gostaria de tê -la ao meu lado... A trataria como uma rainha...

Os olhos azuis se estreitaram em fú ria.

Seria capaz de matá -lo se ousasse tocar na esposa.

-- Nã o acha que já a feriu o su iciente? – Indagou, encarando-o. – Leve-me para onde quiser, mas deixe-a em paz...
Venda-me, estupre-me... Eu nã o me importo, mas deixe que a major siga em paz.

A gargalhada do bandido parecia ainda mais cruel.

-- Você nã o entende! Eu fui feito de bobo pela Calligari, preciso recuperar o respeito dos meus homens ou nã o terei
mais o prestı́gio que sempre tive... – Suspirou alto. – Um dia você vai entender... Mas vamos ao nosso acordo. Fará o que eu
mandar? Veja, se você aceitar vai ser melhor, pois suas mã os sã o mais delicadas...

A ilha de Otá vio sabia que nã o seria fá cil, mas talvez aquela fosse a ú nica forma de salvar a morena, a ú nica forma
de ganhar tempo.

Mas como teria sangue frio para seguir com aquele plano terrı́vel?

-- Se nã o aceitar, arrancarei a pele dela na sua frente...

-- Farei como diz... – Con irmou rapidamente. – Farei como me pedir... Contanto que nã o a mate...

Crocodilo encarava a Villa Real, imaginando como seria grati icante quebrar de uma vez por todas o orgulho da
pintora.

-- Eu sei que ela está perto... Sinto o cheiro da arrogâ ncia da ilha de Alexander... – Cruzou as pernas. – A Diana deve
te amar muito... coisa difı́cil, pois imaginei que ela nem coraçã o tinha... Seu pai matou o general e ela ainda te quer... O que tem
de tã o especial que seduziu a selvagem?

A jovem umedeceu os lá bios.

-- Já disse que nã o temos mais nada... Ela me traiu e nã o acredito que venha! – Tentava mostrar convicçã o. – Está
perdendo o seu tempo aqui...

O bandido acariciou a face da garota.

Aimê prendeu a respiraçã o.

-- Está vendo? Deveria ser grata a mim, estou te salvando, pois se continuar com aquela selvagem vai ser traı́da a
cada esquina... Seu pai dizia que ela gostava de brincar com o sentimento dos outros... Gostava de seduzir... Tinha sempre
muitas conquistas...

O maxilar da Villa Real enrijeceu.

-- A Diana poderia ter sido uma rainha e sua mamã e... Mas nã o cedeu ao charme do coronel... E olha que as
prostitutas saiam no tapa para servir a ele... – Deu um sorriso. – Nã o deveria ter se envolvido com ela, assim você nã o teria
uma salvadora e eu nem precisarei matá -la.

-- Nã o faça isso... Eu imploro... – Pediu em lá grimas.

Crocodilo se levantou.

-- Nã o seja boba, quando a Calligari aparecer aqui vai selar o destino e se você nã o cumprir o trato, ela vai sofrer
ainda mais.

Diana nã o dava tré gua, mas em algumas ocasiõ es tivera que trepar em á rvores devido ao encontro de algumas
onças.

Nem mesmo dormira, apenas bebia á gua e comia carne e pã o.

Quando o dia amanheceu já tinha chegado a caverna.

Jogou a mochila sobre o chã o.

Sentou-se.

Estava exausta, mas nã o poderia parar...

Inclinou a cabeça para trá s, fechando os olhos.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A rocha fria arrepiou sua pele.

Sabia que nã o seria fá cil, mas acreditava que conseguiria, acreditava que poderia sair com vida e ter Aimê consigo.

Conhecia muito bem o Crocodilo, tinha certeza que ele tinha a intençã o de matá -la, mas nã o era costume seu fazer
isso rá pido. Gostava de se exibir e humilhar a vı́tima, entã o teria uma chance.

Cerrou os dentes.

Já passara por tantas coisas que nem se assustava com isso.

Respirou fundo!

Precisava ter forças para suportar o que estava por vim.

Levantou-se.

Começou a se livrar das roupas.

Precisava de um banho para despertar e seguir ao destino que a esperava.

Caminhou em meio as pedras e ao ver a pequena cascata caindo ali, sentiu aquela saudade que a acompanhara por
todo o caminho.

Fechou os olhos e a visã o da Villa Real ali invadiu sua mente.

Linda, ereta, cabeça inclinada para trá s e um sorriso a brilhar nos lá bios deliciosos.

Meneou a cabeça para se livrar dos pensamentos, pois sabia que precisava de total frieza naquele momento,
precisava agir guiada pela cabeça e nã o pelas emoçõ es, só assim teriam chances de saı́rem com vida.

Entrou na á gua, sentindo-a gelada, mas nã o a incomodou.

Mergulhou!

Permitiu-se por alguns minutos que o lı́quido cristalino lhe massageasse a pele.

Submergiu.

Se saı́sse com vida de tudo aquilo, mataria um por uma daqueles miserá veis e o Crocodilo, esse teria um im
doloroso de mais.

O pajé estava em sua oca, quando ouviu os passos de Tupã .

-- O que deseja?

O mais velho itou o rapaz alto e forte.

Sabia que precisava convencê -lo a tomar partido naquela guerra que Diana travava solitariamente.

Nã o poderia permitir que a abandonassem.

-- Sente! – Apontou o banco rú stico. – Preciso que me escute.

Apesar de ele ser lı́der, todos respeitavam o pajé , entã o mesmo sabendo qual seria o tó pico da conversa, acomodou-
se.

O mais velho sentou-se també m.

-- O que contarei vai fazer uma grande diferença em sua vida... Farei isso para que perceba como está errado em sua
forma de agir.

-- Sei que deseja me convencer a ajudar a Diana e aviso que nada que me disser vai mudar a minha opiniã o. –
Levantou-se irritado. – Sei do seu amor por ela, sei bem da sua adoraçã o por aquela traidora... Entã o pre iro que poupe meu
tempo.

-- A Diana foi uma traidora por quê ? – O pajé indagou calmamente.

O jovem demonstrava um olhar de incredulidade.

-- Como ainda ousa me perguntar o motivo? Primeiro se virou para o lado dos brancos, depois trouxe esse bandido
aqui e se negou a selar a paz casando-se com ele... Nã o esqueça quantas vidas perdemos com isso.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Quem ela traiu? – Arqueou a sobrancelha. – Um povo que nunca se importou com ela? Um povo que a jogou na
loresta para que morresse ou um povo que a rejeitou por ser ilha de branco?

O olhar do jovem guerreiro denotava raiva.

-- E por que ela veio até aqui?

-- Porque seu pai obrigou Alexander a fazer isso... Seu pai queria humilhar a ú nica ilha da mulher que um dia seria
a rainha de nossas tribos.

-- Ela era fraca!

-- Ela era a sua mã e!

Os olhos do ı́ndio nã o pareceram surpresos ao ouvir as ú ltimas palavras do pajé .

Diana estava sobre uma á rvore e observava tudo ao redor.

Havia muitos homens e daquela vez nã o teria como entrar ali sem ser vista, a inal, eles já a esperavam.

Pegou o binó culo e mirou na direçã o da barraca, entã o para sua surpresa, Aimê apareceu.

Viu o segurança loiro que tanto a perturbou e sentiu vontade de apertar o pescoço do rapaz até que nã o sobrasse
mais oxigê nio em seus pulmõ es.

Mirou o tronco e soube que ele fora feito para si.

Cerrou os dentes, enquanto mirava novamente a mulher que amava.

A Villa Real estava ainda mais linda e icou feliz ao ver que nã o estava machucada ou ferida. Sentiu um alı́vio no
peito em saber que ela estava viva, pois mesmo que soubesse que Crocodilo a manteria a salva, por sua mente ainda passava
coisas terrı́veis.

Aquele era o momento.

Nã o poderia arriscar que a Villa Real pudesse sair ferida, entã o o plano seria se entregar... Aquilo era a ú nica coisa a
fazer...

Desceu da á rvore e começou a cavar um buraco para esconder as armas que trouxera.

Aimê sentia o olhar dos homens sobre si.

Crocodilo a deixou andar sozinha por ali, mesmo assim, sabia que era apenas parte do plano que tinha.

Observava tudo ao redor, o verde, a mata e teve a impressã o que sabia o lugar por onde deixara o acampamento
quando fora salva a primeira vez.

Recordava-se da corrida cega, de ser puxada...Da voz forte e insensı́vel da mulher que aprendera a amar...

Seguiu até o tronco que fora en iado no chã o. Correntes foram colocadas no topo para prender e ferir...

Tudo fora feito com total cuidado para que nã o houvesse chance de uma possı́vel fuga.

Olhou para o cé u e continuou com suas oraçõ es para que a Calligari nã o aparecesse ali, que ela pudesse viver a vida
com outra pessoa e a esquecesse... poré m, antes que sua reza terminasse, ouviu passos e burburinho. Ao levantar a cabeça,
seu coraçã o quase deixou de bater.

Diana...

A morena se aproximava sob as armas que eram apontadas para si.

Altiva, cabeça erguida, nariz empinado em puro orgulho.

Aimê sentiu as pernas tremerem.

Observava-a com atençã o, sentindo aquele poder que emanava dela...

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Os cabelos negros estavam soltos. Usava camiseta preta colada ao corpo, destacando o colo bonito, jeans preto,
surrado, ajustando as longas e troneadas pernas e botas de cano longo.

Deus, como podia ser tã o corajosa?

Desejou ir até ela... Mas ao itar o bandido, percebeu que se izesse algum movimento, colocaria em risco a vida da
herdeira de Alexander.

Voltou a mirá -la e sentiu as mã os suarem...

Seria realmente tã o selvagem e irracional para nã o parecer se assustar com o perigo que corria?

-- Pare, major! – Crocodilo ordenou ao se aproximar da ilha de Otá vio. – Está sozinha? Sabe que nã o titubearei em
atirar na sua namoradinha... – Ameaçou.

A pintora estancou, encarou Aimê , como se desejasse penetrar naquele azul intenso, depois exibiu um sorriso
sarcá stico para o homem que parecia ter o controle de tudo nas mã os, poré m mesmo assim a temia.

-- Mesmo se eu nã o estivesse, o que nã o é o caso, quanto tempo eu teria antes dos seus homens transformarem meu
lindo corpo em uma tá bua de pirulito? – Dirigiu o olhar aos capangas que exibiam artilharia pesada. – Realmente, é uma
recepçã o um pouco exagerada... – Desdenhou. – Estou desarmada... – Levantou as mã os em rendiçã o.

A Villa Real estava assustada, mesmo assim nã o conseguia nã o se encantar ainda mais pela coragem da amada.

Mirou os lá bios desenhado em um belo sorriso.

-- Prendam-na! – O bandido ordenou irritado. – Qualquer movimento que ela izer, podem atirar...

Os homens se aproximaram, segurando-a bruscamente. Usavam violê ncia demasiada.

-- Nã o vai mandar que me revistem? – A ı́ndia provocou. – Posso estar cheia de armas aqui e matar a todos!

O bandido icou rubro diante da incitaçã o, indo até onde estava a princesa, esbofeteando-a forte.

A expressã o da major nã o exibia nenhuma emoçã o a nã o ser a arrogâ ncia.

-- Prendam essa vagabunda no tronco, esperei muito por esse momento e vou aproveitar bem.

Aimê observava tudo e chorava por dentro, sabendo que nada poderia ser feito, seria o im para a mulher amava se
reagisse ao ocorrido.

Desviou o olhar, focando em uma á rvore enorme que sombreava as proximidades.

Ouviu o som dos macacos... pulavam nos galhos, tendo seus olhos pequenos voltado para todos... Curiosos...

Voltou a mirar a morena.

Deus, como a ilha de Alexander podia ser tã o forte e nã o demonstrar medo algum diante daquelas pessoas
perigosas que só desejavam matá -la?

Crocodilo parou atrá s de si, colando a boca no ouvido da jovem.

-- Espero que seja convincente a sua atuaçã o ou meto uma bala agora mesmo na cabeça da sua amada... –
Murmurou.

A Villa Real nada disse, enquanto mantinha os olhos voltados para a pintora.

Os homes amarraram os pulsos sobre a cabeça, esticando seus braços no limite.

Diana nã o esboçava nenhuma reaçã o, apenas se mantinha quieta, mas o olhar continuava demonstrando
prepotê ncia e orgulho.

-- Que idiota você foi, major, arriscando a vida para salvar uma mulher que nem a menos te ama. – Crocodilo disse
ao parar a sua frente. – Achava mesmo que essa princesinha aqui iria aceitar ter algo com uma selvagem como você .

A artista torceu a lateral da boca em desdé m.

-- Nã o acredita? – O bandido desa iou-a. – Aproxime-se, doce Aimê ! – Estendeu a mã o e nã o demorou muito para
que a jovem segurasse a dele.

O olhar da Calligari era implacá vel naquele momento.

Media os presentes e seguiam com uma minuciosa aná lise.

-- Eu sei que você nã o vai acreditar, mas fatos sã o fatos... – Beijou a mã o da garota. – Quer fazer as honras, princesa?
– Fitou a neta de Ricardo.

A Villa Real mirou os olhos negros e teve uma vontade incontrolá vel de ir até ela, abraça-la bem forte e nã o sair dali
por nada nesse mundo. Poré m sabia que teria que agir daquele jeito, se desejasse que ela tivesse uma chance de sair com
vida.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Um dos bandidos se aproximou com um chicote de couro.

-- Sabemos que a nossa arrogante Calligari nã o costuma se curvar a nada e a ningué m... Entã o estamos aqui para
fazê -la se ajoelhar diante de nó s...

Aimê itou os olhos do homem e percebeu a ameaça presente neles, entã o aceitou o que lhe era oferecido.

-- Mostre para a major o seu amor, meu anjo. – Exibiu um sorriso sarcá stico. – Acho que ela merece...

Diana itou os olhos azuis quando ela icou bem perto de si.

Mirou os lá bios rosados, a expressã o que parecia mostrar total neutralidade.

Encarou-a... Viu os dentes alvos pela boca entreaberta.

Respirou fundo!

Faria tudo para conseguir sair com vida daquela empreitada, pois desejava e muito viver ao lado da bela
mimadinha.

-- Nã o deveria ter vindo aqui, major! – A neta de Ricardo falava por entre os dentes. – Eu já te disse que nã o temos
mais nada e que nunca mais quero ver a sua cara.

A morena a observava com atençã o. Parecia surpresa com a raiva expressa nas palavras.

Crocodilo se aproximou.

-- Nã o esqueça de que ela te traiu... – O bandido sussurrou em seu ouvido. – Nã o esqueça...

A Villa Real sabia o que signi icava aquela frase, sabia que deveria ser convincente em suas açõ es.

Mirou os olhos estreitos e sem saber de onde conseguiria coragem para aquilo, esbofeteou tã o forte o rosto da
esposa que lhe cortou o canto da boca.

-- Vagabunda!

Os olhos negros pareceram ainda menores e ameaçadores.

-- Acha que nã o sei que dormiu com meu pai? – Gritava. -- Acha que nã o sei que se entregou a ele, enquanto icava
noiva de outro... – Esbravejava. – Acho que nã o tem nenhuma diferença para a situaçã o que estamos a viver... Transou comigo
durante uma noite e no outro dia já estava com a sua amante.

A morena passou a lı́ngua pelos lá bios e ao sentir o sabor do sangue, seu maxilar enrijeceu.

Aimê se virou para Crocodilo.

-- Faça o que quiser com ela... Nã o desejo nada com essa vadia, nã o aguento nem olhar para a cara dela.

A ilha do coronel e afastava, mas Crocodilo a deteve pelo braço.

-- Espere porque apenas começamos!

A jovem parou, cruzando os braços sobre os seios, tentando demonstrar pouco caso, quando viraram a pintora de
costas.

-- Levantem-na blusa. – O bandido ordenou.

O segurança traidor se aproximou e fez o que fora dito de forma grosseira.

A Villa Real prendeu a respiraçã o ao ver a pele cheia de marcas...

Notou que alé m de usar o sutiã preto, a morena també m tinha uma ó rtese de modelo encruzilhado para a coluna.

Fitou o tra icante e viu quando ele tirou a arma da cintura, apontando para a nuca da mulher que amava.

-- E entã o, Aimê , você quem deve dizer o que deve ser feito.

Ela viu o chicote nas mã os do loiro.

Meneou a cabeça de forma negativa, enquanto fazia um apelo mudo de clemê ncia que foi totalmente ignorado.

A neta de Ricardo sabia que ele atiraria se nã o izesse algo, entã o precisou de toda a coragem para o pró ximo
passo.

Seguiu até o loiro, tomando da sua mã o o instrumento que causaria dor à ı́ndia.

Parou diante da pele bronzeada e desejou beijá -la, desejou tocar aquelas cicatrizes... Fazê -la esquecer de tudo o que
passou...

Mordiscou o lá bio inferior tã o forte que sentiu o sabor de sangue.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Voltou a itar o Crocodilo e nã o teve dú vidas que precisaria seguir em frente.

Engoliu em seco, antes de falar:

-- Eu mesma continuarei o que meu pai fez tã o bem!

Diana ouviu as palavras ditas friamente... Inclinou o pescoço para o lado, vendo os olhos azuis a mirarem.

Nã o demorou para sentir o primeiro golpe e precisou trincar os dentes para nã o gemer.

Ouvia a respiraçã o acelerada de Aimê , sentia a força que ela colocava sobre as pancadas...

Fechou os olhos...

Recordou-se de quando fora feito o mesmo consigo... Relembrava a dor... Era concreta... Feria-a...

Virou a cabeça novamente e viu a expressã o da esposa...

Os olhos se encontraram e Diana nã o desviou o olhar...

Um a um os golpes foram dados até que a ilha de Otá vio pareceu perder as forças, deixando o chicote cair no chã o.

Aimê via a agonia na expressã o da amada...

Engoliu em seco ao ver o sangue cobrir a pele bronzeada...

Nã o conseguiria continuar com isso...

Seguiu até a barraca em prantos, cobrindo a boca com a mã o para conter a dor.

O soluço sufocado em seu peito...

Levou as mã os à cabeça, caminhava de um lado para o outro.

Nã o acreditava que tivera coragem para fazer aquilo.

Agachou-se até o chã o, cobrindo o rosto em lá grimas.

Crocodilo guardou a arma quando seguia de frente para a morena.

-- E, major, eu acho que a ilha do coronel vai te dar uma boa liçã o... – Aproximou-se mais.

Os olhos negros estavam apertados, a expressã o era de uma fú ria incontida.

-- Diga-me, ilha de Alexander, a mã o da sua amada é bem mais leve do que a do seu apaixonado coronel? –
Provocou-a. – As coisas estã o se repetindo na sua vida...

O maxilar da Calligari enrijeceu.

-- Se você realmente quiser me matar, faça isso logo, porque se eu conseguir uma ú nica oportunidade, te estriparei
rapidinho. – Falou por entre os dentes.

Crocodilo segurou as madeixas, aproximando o rosto dela do seu.

-- Nã o, querida, te darei uma liçã o antes de tirar a sua vida... Nã o posso desperdiçar a oportunidade de te castigar
atravé s da mulher que amas... – Soltou-a. – Isso deve ser muito triste... Virou-se para os presentes que observavam tudo. –
Tragam á gua com sal e banhe as feridas da major, ela vai se sentir muito bem assim.

O pajé estava diante da fogueira.

A noite estava alta e era possı́vel ver a lua a reinar no cé u.

Tupã se mostrava irredutı́vel em suas negativas e mesmo diante do que tinha sido revelado, negava totalmente
ajuda a irmã .

Piatã se aproximou.

Todos já estavam recolhidos em suas ocas.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Sentou-se ao lado do amigo.

Permaneceram em silê ncio durante longos minutos... A ave do Pajé se aproximou, permitindo o toque do ı́ndio...
Nã o demorou para que alçasse voo novamente.

A noite estava silenciosa, os animais pareciam quietos de mais.

-- O que faremos? – Piatã questionou. – Sabemos que a Diana está se submetendo ao bandido desgraçado... Ele vai
matá -la...

O chefe apenas usava os dedos para fazer desenhos pró ximos ao fogo, parecia concentrado, perdido em seus
pensamentos.

Olhou para o cé u novamente.

-- Está viva... Alma de guerreira... Forte... – Mirou o companheiro de longas datas. – Mas sofre... sofre muito... Mas é
muito alé m do fı́sico...

-- Tupã irá ? – Piatã questionou apreensivo.

-- Nã o foi novidade para ele o que eu disse... Urucan falara... Envenenou-o contra mã e...

-- Irô nico isso... A princesa do sol deixou a ilha, abandonou-a para icar ao lado do ilho e ao inal de tudo, Diana
ainda foi a quem mais perdeu em tudo isso... Sabemos que ela é inocente, sabemos bem que ela izera tudo para nos proteger
e agora se negam a ajudá -la.

O pajé se levantou e ao olhar para o cé u novamente, percebeu como nuvens escuras encobria o grande abobado.

-- Precisamos ter fé ... Ter fé que tudo vai se resolver...

O ı́ndio nada falou, mas sabia que as coisas nã o se ajeitariam tã o fá cil assim.

Viu o chefe se afastar e permaneceu lá , parado, olhando as chamas que queimavam na fogueira.

Sabia ser injusto que a ilha de Alexander estivesse passando por tudo aquilo sozinha e nã o tivesse algué m para
ajudá -la.

Gostaria de ir até ela, gostaria de salvá -la... mas como enfrentaria aqueles bandidos sem auxı́lio?

Sabia que seria difı́cil, quase impossı́vel, poré m iria até a princesa.

Aimê ouvia o riso dos homens e vez e outra seguia até a porta da barraca e observava Diana no mesmo lugar.

Continuava amarrada no tronco.

Respirou fundo, desejando ir até ela, mas nã o podia arriscar a fú ria do Crocodilo.

Ouviu passos e já se afastava quando viu Alanna que falara consigo mais cedo aparecer com comida.

A luz pá lida iluminava o pequeno espaço.

-- Trouxe algo para a senhorita! – Colocou a bandeja sobre a mesa improvisada. – Deve comer, precisa de forças
para seguir em frente.

A Villa Real mordiscou o lá bio inferior, enquanto seguia até a entrada, observando se tinha algué m por perto, mas
todos pareciam felizes, dançando e bebendo.

Seguiu novamente até a vigia, tomando-lhe as mã os nas suas.

-- Ajude-me, por favor, se o izer, prometo tirá -la daqui e ajuda-la a reencontrar seu ilho...

A loira pareceu esperançosa com as promessas, mas logo demonstrou receio.

-- Eu nã o posso, se ele descobrir me mata... – Falou temerosa. – Deve se comportar... Já o vi matar outras e nã o acho
que seria diferente contigo.

-- Nã o... – Falou baixo. – Ajude-me a libertar a Diana, só ela poderá nos salvar.

Alanna agora parecia confusa com o que ouvia.

-- Pensei que a odiasse... Bateu nela, as costas icaram puro sangue... Pareceu bastante convincente.

Aimê passou a mã o pelos cabelos longos, enquanto os olhos azuis se enchiam de lá grimas.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Eu precisei fazer isso para que nã o a matem... Mas nã o sei até quanto aguentarei... – Limpou os olhos. – Amo-a,
preciso ajuda-la a sair daqui... Eu imploro que me ajude... Ele vai matá -la... – Soluçou. – Ajude-me, eu imploro...

A loira se condoeu da dor que via naquele olhar bonito.

-- Calma, precisa se acalmar ou vai ser pior. – Acariciou os cabelos longos. – Nã o garantirei nada, mas verei o que
posso fazer.

A neta de Ricardo a viu se afastar, permanecendo no mesmo lugar.

Sentiu uma fagulha de esperança voltar a queimar dentro de si.

Fitou a comida e nã o teve estô mago para aquilo.

Ouviu o som do trovã o, assustando-se.

Como o pajé permitiu que Diana se arriscasse tanto? Como permitiu que ela fosse até ali sozinha?

Bateu o punho fechado contra a palma da mã o.

Ouviu o barulho de chuva caindo, o relâ mpago a clarear a barraca.

A Calligari sentiu as primeiras gotas molhar sua pele.

Fitou o cé u e viu a nuvem escura que encobria toda aquela á rea.

Ouviu o barulho dos trovõ es.

Logo a á gua que pareceu branda, tomou uma proporçã o gigantesca.

Viu quando os homens correram para dentro das barracas.

Sabia que eles temiam bastante aquelas tempestades, pois eram bastantes violentas. Sem falar nos animais que
poderiam se aproximar com mais facilidade.

Tentava ver onde estava os capangas.

A escuridã o era imensa.

Ouvia as ordens de Crocodilo para que todos procurassem abrigo. Sabia que ele nã o se preocuparia consigo, sabia
que nã o teria ainda como deixar aquele acampamento.

Tentou puxar as correntes, mas foi inú til.

Sentia-se dolorida... O corpo buscava se sustentar.

Levantou a cabeça, abriu a boca para beber um pouco de á gua...

As feridas das costas reclamavam...

Ouvia o silê ncio. Seus olhos estavam acostumados com o breu e por isso nã o foi difı́cil saber que estava sozinha
naquele lugar.

Sentiu o lı́quido gelado...

Cerrou os dentes.

Ardiam...

Ainda estava a pensar o que se passara com a Villa Real...

Puxou forte as correntes...

Sacudiu a cabeça...

Estaria com tanta raiva de si a ponto de compactuar com aquele bandido contra si?

Nã o, aquela nã o era a mimadinha que conhecia, aquela jovem era totalmente diferente de tudo que acreditara.

Naquele momento já estava totalmente ensopada e seu corpo já começava a enregelar.

Precisava de um plano, necessitava de se aproveitar do fato do bandido querer prolongar sua vingança para tentar
reverter a situaçã o.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A Chuva icava cada vez mais forte e já se sentia uma forte ventania.

Aimê itou a escuridã o no lado de fora...

Ouvia os sons dos bandidos, pareciam assustados, na verdade, ela també m estava, a inal, era como se o mundo
estivesse sendo devorado pela fú ria da natureza.

Sabia que a Calligari continuava lá , sabia disso e mesmo que fosse arriscado, já se preparava para deixar a barraca
quando a conhecida mulher retornou.

-- Para onde está indo? E arriscado icar fora nessa chuva! – Segurou-lhe o braço. – Crocodilo pediu para nã o
deixarmos os alojamentos... Estou de guarda. – Advertiu-a.

A pá lida lamparina que iluminava apagou com o vento.

--Ajude-me a ir até a Diana, quero vê -la, preciso...

A mulher se assustou com o trovã o.

-- E perigoso sair... Se eles nos pegarem, vã o matar a gente...

-- Nã o vã o pegar... E impossı́vel que saiam nessa chuva, lá fora está tudo muito escuro, nem mesmo estarã o
vigiando-a...

Alanna ainda nã o parecia segura, mas acabou fazendo um gesto de assentimento.

-- Nã o demore e tome cuidado... Ficarei aqui... Pediram para que te izesse companhia... – Tocou a arma que tinha na
cintura. – Se eles a pegarem nã o pode me comprometer...

-- Nã o irei... – Meneou a cabeça agitadamente. – Prometo! – Livrou-se do toque, seguindo até a entrada da barraca.

-- Mas como a encontrará nessa escuridã o... Impossı́vel ver algo lá fora...

– Já vivi durante muito tempo presa em uma escuridã o... Acredite, sei lidar com isso. – Disse, seguindo para fora.

A Calligari fechou os olhos, enquanto sentia as pancadas fortes em seu corpo. Tentava manter o controle.

Estava frio, muito frio...

As rajadas de chuva chicoteavam sua pele.

Sabia que nã o a tirariam dali... Queriam castigá -la, humilhá -la de todas as formas possı́veis.

Mexia os pé s que já atolavam em total lamaçal.

Sorriu!

O Crocodilo era um idiota, estava dando a chance para matá -lo e se surgisse essa oportunidade nã o titubearia.

Ouviu passos lentos, quase imperceptı́veis, sentiu o toque em seu ombro e logo sentiu o cheiro dela mesclado ao
barro.

A ilha de Otá vio mexia nã o só com seu corpo, mas com sua pró pria alma.

Ouviu a voz irme.

-- Nã o deveria ter vindo aqui, nã o deveria ter se arriscado assim! – Repreendeu. – Por que veio? Sabe que ele deseja
matá -la...

O barulho da tempestade abafava o som das falas.

A morena estreitou os olhos e mesmo diante da escuridã o, conseguiu ver a mulher que amava a encarando.

O rosto molhado, os cabelos colados à nuca.

Nã o conseguiu nã o sentir raiva ao vê -la ali.

-- Volte pra dentro, aqui é perigoso, Villa Real. – Ordenou friamente. – Saia daqui!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê estendeu a mã o tocando a face da esposa.

Sabia que ela estava magoada pelo que izera...

-- Por favor, fuja, Diana, eu sei que consegue... Nã o me importo de icar aqui... Nã o me importo de ir com esses
homens... – Tocou os lá bios com seus dedos, sentindo o lı́quido molhá -los. – Sabe que vã o te matar... – Tateou todo o rosto
querido.

A major se desvencilhou da carı́cia na face.

-- Disse aos seus avó s que a levaria de volta e é isso que irei fazer! – Falou irme. – Agora volta para a barraca. –
Ordenou irritada. – Vai acabar pegando uma pneumonia levando toda essa chuva.

Aimê começava a sentir frio.

Afastou-se, mas nã o foi embora, ao contrá rio... Posicionou-se nas costas da morena.

Estendeu a mã o, tocando delicadamente as chagas.

Sentiu-a retesar os mú sculos, enquanto usava os dedos para delinear os cortes.

Abraçou-a pela cintura, enquanto a chuva nã o dava tré gua.

Permaneceu ali, quieta, apenas desejando tomar para si todas as cicatrizes que já estavam ali e as que izera
naquele dia.

-- Nã o conseguiria viver se algo te acontecesse... – Sussurrou em seu ouvido. – Vá embora, preciso que salve sua
vida...

Diana sentiu os beijos em suas feridas e só naquele momento seu coraçã o voltou a pulsar descompassadamente.

Sentiu lá grimas queimarem seus olhos.

Aimê deu a volta novamente, tomando o rosto querido em suas mã os.

-- Preciso que se salve...

A Villa Real ouviu o som do trovã o, pensou em se afastar, mas antes sua boca se uniu faminta ao da amada.

Abraçou-lhe o pescoço.

Apertou-a forte quando sentiu as lı́nguas se encontrarem.

A Calligari chupou-a intensamente... Desejando se perder naquele beijo para sempre...

Um raio caiu perto delas, mesmo assim, a carı́cia nã o foi interrompida.

A neta de Ricardo, abraçava-a forte, sentindo os corpos unidos e colados.

Encarou-a...

-- Volte para a barraca. – A morena falou contra a boca bonita. – Volte!

-- Nã o quero que ique aqui... – Choramingou. – Deus, ele vai feri-la ainda mais e vai me usar para isso... – Soluçou. –
Eu nã o consigo... – Encarou-a. – Perdoe-me... Eu juro que nã o desejei te ferir...

Diana sorriu, desejando estreitá -la em seus braços.

-- Faça o que ele pedir... Isso vai me dar tempo para agir...

A Villa Real sentiu-se tremer do frio ou era a amada.

-- Eu... nã o posso... Nã o posso mais...

-- Pode sim...—Trincou os dentes para nã o bater. – Eu prometo que tirarei a gente daqui... Agora volte para lá e
continue a fazer tudo que é dito...

Aimê meneou a cabeça negativamente.

-- Eu quero icar contigo, preciso icar contigo... – Dizia em um pranto descontrolado.

Mais um trovã o se fez ouvir e o raio clareou bem perto, deixando que se vissem.

-- Mimadinha, precisa ter calma... Precisa entender que para que eu saia daqui viva, terá que ser forte, terá que agir
como ele mandar... – Aproximou a boca da dela. – Você terá muito tempo para icar ao meu lado...

A jovem pareceu relutante em sair, mas sabia que a pintora estava certa.

Abraçou-a forte, sussurrando em seu ouvido.

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-- Eu te amo...

-- Eu també m te amo...

Aimê ainda olhou para a esposa por uma ú ltima vez, antes de deixar o local.

Diana olhou para o cé u... Puxou forte as correntes, mas foi inú til...

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Capitulo 33 por gehpadilha


O sol raiou esplendido em sua magnitude. Nem parecia que uma tempestade furiosa devastara a loresta,
assustando seus habitantes que precisaram buscar abrigos seguros.

Os pá ssaros cantavam felizes. Pareciam prontos para o novo dia que se iniciava.

A terra estava molhada e um grupo de caça e pesca já tinha deixado o aconchego das ocas.

Tupã estava sentado sobre um tronco. Como chefe da tribo, despertava sempre muito cedo, buscando se manter em
contato com os espı́ritos da loresta.

Nã o estava se sentindo confortá vel, ainda mais pelo fato de se sentir cobrado por Piatã e por todos.

Fitou o verde e nã o demorou para os tambores começarem a soar anunciando o novo dia.

Viu as crianças seguirem com as mã es em direçã o aos trabalhos diá rios.

Suspirou alto.

Sua volta para casa fora adiada pela chuva da noite passada, mas nã o passaria mais uma lua na tribo do pajé .

Ainda estava irritado com a insistê ncia do velho em fazê -lo seguir no resgate da Calligari.

Nã o moveria uma palha para salvá -la do destino que ela mesma escolhera ao assumir sua identidade de branca.

Fechou o punho ao lado do corpo.

Quando descobrira que eram irmã os, na é poca já adolescente, icara encantado com a ideia, mas ao ouvir Uracan
narrar as barbaridades de Alexander e do exé rcito que devastara grande parte da sua tribo, sem falar que levara consigo a sua
mã e, deixando o bebê Tupã sozinho e sendo criado pelo tio, pois seu pai fora morto pelos homens do general o enfureceu.

Passara a vida ouvindo aquilo do tio-pai, passara cada lua sendo bombardeado pelo desejo de poder destruir e
submeter Diana ao seu poder, mas a morena era mais selvagem do que todos os ı́ndios juntos e jamais baixara a cabeça diante
de quem quer que fosse.

Fechou os olhos durante alguns segundos.

Lembrou-se do tempo que passara na cidade e fora naquela é poca que seus laços se estreitaram com a irmã .
Tinham quase a mesma idade, eram crianças e se encantara com a garotinha de pele bronzeada e cabelos negros como é bano.

Uma lá grima saiu dos seus olhos ao lembrar da mã e... Ela fora morta por culpa da sua relaçã o com os brancos... Se a
Calligari nã o tivesse nascido, tudo poderia ter sido diferente...

Urucan a matou de forma tã o cruel acusando-a de traidora... Provando diante de todos que seu povo correria perigo
se aquela relaçã o entre culturas tã o diferentes fosse alimentada.

Cerrou os dentes tentando conter a angustia.

Se tivesse na tribo teria evitado... Todos votaram a favor da morte... Menos o pajé que cortara laços com a tribo
depois disso.

Viu uma criança correndo... Lembrou-se da irmã ...

Estaria fazendo a mesma coisa com a pintora apenas por um ciú me doentio... Tudo isso era fruto do fato de sempre
ter se sentido uma segunda opçã o?

Fitou a oca que fora destinada a si.

A bela companheira deveria estar a dormir ainda...

Odiava pensar que Sirena na adolescê ncia se apaixonara pela morena selvagem, odiava imaginar que fora traı́do...

Nã o, nã o iria se arriscar por ela...

Diana sentia os braços cansados.

Seu corpo estava quente, passara toda a noite sob a chuva forte e em certo momento teve a impressã o que nã o
aguentaria o frio.

O tronco se mostrou bastante irme, mesmo diante da tempestade nã o cedera diante do seu peso que tivera
momentos que nã o suportara mais.

Sua boca estava seca, estava com fome e temia que suas forças nã o durassem muito.

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Mirou uma das mulheres se aproximar com um copo de á gua.

Fitou-a, enquanto o precioso lı́quido era colocado em seus lá bios.

A loira sorriu em simpatia e logo se afastou.

Precisava comer algo també m, poré m nã o acreditava que isso lhe fosse dado.

Fitou a barraca onde Aimê deveria estar naquele momento e desejou vê -la, desejou abraça-la novamente e sentir os
doces lá bios sobre os seus como na noite anterior.

Ouvi-la confessar novamente o seu amor lhe deu mais forças para seguir em frente e mais vontade de sair dali com
vida.

Fitou o cé u, sentindo-o queimar sua pele. Agora o sol já estava brilhando e mesmo assim sentia os ossos
enregelados.

Viu o segurança se aproximando de si.

Cerrou os dentes para evitar que batessem.

Pelo menos a roupa já estava seca e sua blusa fora colocada novamente, mesmo que isso tenha sido feito para
machucar suas costas feridas, sentia-se grata.

-- Como se sente em estar amarrada como uma selvagem... Coisa que você é e sempre será ...

Mesmo sentindo o mal-estar, Diana exibiu um sorriso.

-- E você é o que mesmo? Ah, sim, um capanguinha estú pido que logo vai morrer.

O homem tirou a arma da cintura, apontando para a face da Calligari.

A pintora nã o pareceu se assustar com aquilo, apenas arqueou a sobrancelha esquerda em provocaçã o.

-- Você nã o fará isso... Tem medo que o Crocodilo arranque sua pele... E nã o acredito que ele te colocaria em um
tronco, como está fazendo comigo, isso é apenas para os convidados Vips.

O guarda-costas icou rubro de raiva, engatilhando a arma.

-- Passa-se por dama da alta sociedade, mas nã o passa de uma selvagem... Um ser primitivo que recebera camadas
de verniz do poderoso Alexander, mas que nã o funcionara muito.

-- Bem, isso é o charme... Ser selvagem enlouquece os homens e principalmente as mulheres... – Debochou. – E você
é o que mesmo?

O homem icou tã o irritado que bateu forte na cara da morena, que só nã o foi ao chã o porque estava com as mã os
presas no alto.

O maxilar da pintora enrijeceu.

-- Você bate em mulheres amarradas... – Meneou a cabeça. – E tã o covarde quanto o seu pai.

-- Ah, entã o você lembra dele... – Tirou a faca da cintura e encostou a lâ mina fria em seu pescoço. – Ele odiava você ...
Dizia que nã o tinha nenhum mé rito...

Mais uma vez a pintora arqueou a sobrancelha em sarcasmo.

-- Quando você morrer eu vou transar com a sua querida Aimê sobre seu sangue... Delı́cia... Vamos ver se sua alma
vai voltar do inferno para me assombrar. – Gargalhou de forma cruel.

Diana o viu se afastar e desejou matá -lo com suas mã os. Nã o permitiria que ningué m tocasse na esposa...

Puxou os braços, mas apenas conseguiu se ferir com as correntes que a mantinham atadas ao tronco.

Aimê estava sentada na cadeira.

Nã o dormira nada, sua cabeça doı́a das lá grimas que derramara durante toda a noite ao imaginar a pintora na
chuva, no frio...

Quisera ir até ela novamente, mas Alanna nã o permitiu, dizendo que a ajudaria, mas que nã o deveriam se arriscar
mais daquele jeito, pois quem sofreria um castigo maior era a major.

Cobriu o rosto com as mã os

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Precisava pensar em um plano para tirar a pintora dali, pois sabia que cedo ou tarde ela nã o suportaria todos
aqueles maus-tratos.

Ouviu passos e nã o demorou em ver o odioso bandido adentrar o pequeno espaço.

Ele olhava tudo com atençã o, parecia procurar por algo, talvez temesse que a ilha de Otá vio tentasse uma fuga.

-- Bom dia, princesa! – Aproximou-se. – Está pronta para continuar a demonstrar o seu amor a sua amada? –
Ironizou.

Aimê se levantou irritada.

-- Eu nã o sei por que ainda perde tempo com essa situaçã o... Nã o entende que a Diana nã o precisa passar por isso...
Já me tem, estou disposta a ir para onde quiser, fazer tudo o que ordenar e jamais me rebelarei, mas deixe que a major vá
embora.

Crocodilo se aproximou, segurando-a pelo braço de forma brusca.

-- Ela nã o irá embora... Mas se nã o deseja continuar com o que começamos, poderei fazer eu mesmo ou o
segurança... Ele deixou uma bela marca no rosto da sua enamorada.

Os olhos azuis se abriram em pavor e em raiva.

Livrou-se do toque do homem com um safanã o.

-- Falou que nã o a machucariam... Me prometeu... Estou fazendo o que me pede, chicoteei-a para sanar seu desejo
doentio...

O tra icante voltou a se aproximar, alisando o rosto da jovem, passando pelos cabelos lisos.

-- Bem, o rapaz é impetuoso, aconteceu... Mas se você continuar fazendo o que mando, apenas será você a feri-la...

A Villa Real virou a face para se livrar das mã os que cheiravam a morte.

-- Você quer matá -la aos poucos... Ontem a deixou nessa chuva... Nem mesmo a alimentou...

-- Poupe-me disso... acha que isso é capaz de matar a major? – Chutou a cadeira. – Essa desgraçada tem pacto com o
demô nio... Já a vi desmaiar de tanto ser espancada e continuou viva... Por isso tudo tem que ser feito com muito cuidado ou
ela volta do inferno...

Aimê icou horrorizada com o que ouvia, partindo para cima dele. Ele conseguiu dominá -la com facilidade,
empurrando-a.

A Villa Real cambaleou, mas conseguiu recuperar o equilı́brio.

-- Se for idiota e ousar me atacar novamente, espanco você e depois mato a major e te faço comer os pedaços dela
cru.

A neta de Ricardo nã o conseguiu controlar o pranto.

Encarou-o.

-- Nã o a machuque mais... – Pediu. – Eu imploro... Vai acabar matando-a...

Crocodilo exibiu um sorriso.

-- Eu nã o o farei, você o fará ! – Apontou-lhe o dedo em riste. -- E se nã o o izer, en iarei um monte de balas naquela
cabecinha bonita até meu sapato tocar os miolos dela...

A Villa Real soluçou, enquanto levava a mã o a boca para tentar conter o desespero.

Como conseguiria continuar com aquilo?

Nã o tinha mais forças para seguir em frente.

Sua cabeça doı́a, seu coraçã o acelerava, temendo que a qualquer momento o pior acontecesse.

-- Diga de uma vez se fará ou eu terei que cumprir a minha ameaça? – Indagou impaciente.

Aimê meneou a cabeça a irmativamente.

-- Sim... Sim... eu farei o que pedir...—Falou rapidamente.

-- Otimo! – Estendeu a mã o. – Venha comigo... Tenho planos maravilhosos para hoje.

A jovem seguiu ao lado do Crocodilo, caminharam pelo acampamento até chegarem ao cı́rculo que fora montado.

Sentiu o coraçã o entristecer ao ver Diana presa naquele tronco.

Viu a face ferida, os lá bios ressecados...

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Fitou os olhos negros e seu coraçã o gritou em silê ncio.

Ela ainda usava as botas, a calça estava suja e a camiseta fora colocada novamente em seu corpo.

Tentou nã o chorar.

Viu o guarda-costas loiro exibir um sorriso cheio de ironia. Desejou fazê -lo sofrer até o ú ltimo segundo de vida.
Desejou que a justiça divina pudesse ser feita e que todos pagassem caro por tudo o que estavam fazendo.

Fitou o cé u claro...

Se havia um Deus misericordioso em algum lugar, com certeza deveria estar a olhar pela major que já sofrera tanto
naquela vida.

Ouviu os gritos de chacotas.

Havia vá rios homens ao redor, pareciam se divertir com a situaçã o da Calligari.

Horrorizou-se ao ver a fogueira acesa e um ferro sendo esquentado.

Pararam diante da morena.

-- E como passou a noite? As acomodaçõ es sã o do seu gosto? – Debochou Crocodilo.

-- Já estive em melhores... mas... – Passeou o olhar pelo corpo da esposa de forma desavergonhada.

A Villa Real estava sendo bem tratada em alguns sentidos. Tinha roupas limpas, á gua para tomar banho e alimentos
para que sua aparê ncia agradasse os compradores.

Aimê sentia aquele poderoso olhar a ita-la daquele jeito tã o aterrador, tã o perigosamente ousado.

Nã o cansava de se perguntar como ela conseguia ser forte e ousada daquele jeito.

Petulante, arrogante e deliciosamente linda...

A voz de Crocodilo lhe tirou dos seus pensamentos.

-- Você nã o se dobra mesmo, nã o é ? – O homem questionou. – Você é uma ı́ndia, Diana?

A morena levantou a cabeça em desa io.

-- Sou metade ı́ndia e tenho muito orgulho disso!

Crocodilo segurou o queixo da morena, obrigando-a a ita-lo, e a Villa Real nã o conseguiu esconder o olhar furioso
diante do ato.

-- Otá vio tinha um sonho quando era vivo... Você fugiu antes de ele conseguir... Mas a ilha dele irá fazer essa
homenagem ao amado e heró i papai... – Fitou a jovem. – Nã o é isso, Aimê ?

A garota sabia que por trá s daquela expressã o tranquila havia uma ameaça e mesmo que nã o desejasse, precisava
fazer aquele jogo.

A neta de Ricardo fez um gesto de assentimento com a cabeça.

-- Sim!

Crocodilo sorriu, enquanto soltava a ı́ndia.

-- Fico feliz por isso... Seu pai no cé u onde deve se encontrar, vai regozijar ... – Fez sinal para que os homens
trouxessem o ferro. – Sabe, o coronel costumava dizer que nos livros de histó ria que lia, os ı́ndios eram marcados a ferro
quente e levavam ali a marca dos conquistadores...

Diana relanceou os olhos em provocaçã o.

-- Realmente você nã o tem uma ideia original, por isso vivia a sombra do Otá vio... Honestamente, quando vim ao
seu encontro, imaginei que tinha pensando em coisas mais surpreendentes.

O tra icante levou a mã o até a pistola em um gesto de ameaça.

-- Segurem-na! – Ordenou aos homens. – Quero que a marca seja feita no abdome sarado... As costas icarã o para as
chicotadas.

A neta de Ricardo icou horrorizada diante do que estava para acontecer.

Nã o... Nã o... Nã o poderia... Nã o poderia...

Olhou para o bandido em apelo mudo, mas foi ignorada.

Observava tudo ao redor... Parecia paralisada.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Os bandidos izeram o que foi dito, enquanto o outro levantava a blusa, o loiro entregava o ferro para Aimê .

Os olhos azuis estavam arregalados em puro pavor.

Meneou a cabeça negativamente, implorando ao chefe que aquilo nã o fosse feito.

Ela viu quando sob o olhar do Crocodilo, uma arma foi engatilhada na nuca da amada.

Um dos capangas ria, enquanto seus dentes podres apareciam.

Mirou o ferro quente, ele tinha o formato da letra V... estava vermelho do fogo... Brilhava em brasas...

Encarou a esposa e viu a força que nã o a abandonava... Como podia ser tã o destemida?

Exibia total frieza diante do que estava prestes a acontecer.

Fitou os lá bios entreabertos, desejou se jogar em seus braços e poder acordar daquele pesadelo.

A ilha de Alexander sabia o que a esposa estava passando. Via o pâ nico expresso em seu olhar... Mas apenas o amor
que conseguia vislumbrar nos olhos azuis deram paz para seu espı́rito.

Meneou a cabeça imperceptivelmente, mostrando para a jovem que ela deveria fazer o que estava sendo pedido.

A bela lorista respirou fundo.

Todos observavam ansiosos pela concretizaçã o do ato. Nã o demorou para gritos de incentivos serem ditos, o tom
ameaçador usado, deixava claro como desejavam a morte da pintora.

Estendeu a mã o, pegando o objeto que lhe era ofertado.

Nã o era pesado e havia como pegar sem se queimar. O v brilhava em uma mistura de laranja avermelhado.

Fitou o abdome liso... O lugar onde beijara tantas vezes... Mirou o có s da calça surrada e suja... A camiseta que tinha
sido levantada.

Crocodilo se aproximou.

-- Aimê , deve colar e apertar... Assim a marca vai icar perfeita... Cuidado para nã o icar torta... A inal, a dama em
questã o é uma pintora famosa, ela nã o vai gostar de imperfeiçã o no seu corpo...

A Villa Real tremia... Voltou a encarar a amada.

Ouvia sua respiraçã o acelerada... Ouvia o pró prio coraçã o...

A Calligari mirou seus lá bios... Depois mordicou o pró prio lá bio inferior.

-- Faça, ilha de Otá vio, faça de uma vez! – O tra icante ordenou.

Alanna estava no cı́rculo e via como a jovem bela que era mantida em cá rcere hesitava... Rezou para que ela izesse,
pois se nã o concretizasse aquilo, seria o im da bela ı́ndia.

Aimê apertou forte o objeto, sentindo os dedos icarem dormentes, enquanto suava... direcionou ao local...

Hesitou, mas ao ver a arma apontada para a cabeça da amada, fez o que fora ordenado.

Teve a impressã o que ouviu o chiar ao encontro da carne...

Os olhos azuis verteram lá grimas, itando a amada...

Diana cerrou os dentes, rugindo com um leã o ferido...

Os olhos negros permaneceram abertos... Perdidos...

A Villa Real largou o objeto de tortura no chã o, icando horrorizada ao ver a marca que deixara na pele da amada.

Descontrolada, saiu correndo do local, seguindo em direçã o à barraca.

Crocodilo fez sinal para que Alanna a seguisse. Depois icou a se deliciar com a expressã o de dor que a major
demonstrava.

Observou a carne em sangue...

Sorriu.

-- Essa é apenas a introduçã o do que farei a ti... Na verdade, nã o eu, mas a sua amada Aimê , essa sim vai ser a
responsá vel por sua morte... – Encarou os bandidos. – Joguem á gua com bastante sal na marca da ı́ndia... Ah, deem algo de
comer para ela... Isso está icando muito interessante e divertido, entã o quero que ela continue viva por mais uns dias...

A Calligari viu o homem se afastar em direçã o a barraca onde Aimê estava e se sentiu impotente por nã o poder
fazer nada.

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Sua dor era tã o grande que pensou se desmaiaria naquele momento. Nã o sentia as pernas, apenas deixando-se se
manter de pé pelos pulsos amarrados.

Olhou para o cé u, enquanto lutava para conter as lá grimas.

Mordeu o lá bio inferior.

Viu quando alguns capangas se aproximaram sorridente.

Traziam um balde cheio de á gua com sal.

O loiro se aproximou.

-- Joguem devagar, quero que ela sinta cada gota lentamente... – Sorriu de forma cruel.

Diana apenas o itava, enquanto seu corpo era sacudido por espasmos de dor.

No seu cé rebro, naquele momento só passava o desejo de vingança, a â nsia de por proporcionar à queles
desgraçados a mesma agonia que estava a sentir.

Nã o, as coisas nã o terminariam naquele lugar, disso tinha certeza.

O pajé encontrou Sirena no lado de fora da oca, a bela ı́ndia demonstrava estar bastante nervosa.

-- O que houve? – O homem indagou.

-- Tupã está pronto para partir, deixou claro que nã o moverá um dedo para ajudar a Diana... – dizia a lita – se ele
continuar a se negar, temo que a princesa nã o sobreviva dessa vez.

O pajé itou na direçã o onde sabia que o lı́der estava.

Uma vez por culpa da sua neutralidade, uma inocente morrera, mas daquela vez nã o permitiria, mesmo que tivesse
que enfrentar a todos sozinho.

Sabia que deveria ir até ele e apelar mais uma vez para que izesse algo, mas nã o acreditava que conseguiria.

Mirou a jovem, tomando-lhe as mã os nas suas.

-- Eu nã o posso convencer o grande Tupã , mas Sirena pode, Sirena pode fazer com que guerreiro arrogante vá ao
resgate da princesa... Sirena tem dentro de si algo tã o poderoso quanto todo o exé rcito do mundo...

A mulher meneou a cabeça negativamente.

-- Nã o, icará ainda mais furioso... Sabe que ele tem verdadeiro ó dio por eu ter tido uma relaçã o com a major
quando era adolescente... – Parecia constrangida. – Isso é o que faz nã o ir ao resgate da princesa... Sinto-me tã o culpada por
isso...

O chefe a olhou intensamente.

Tocou-lhe os cabelos negros e lisos...

-- Diana e Tupã sã o irmã os...

A ı́ndia arregalou os olhos em espanto diante daquela revelaçã o.

Desde que conhecera a histó ria da Calligari, sabia que eram primos, e que a bela morena nunca tivera a
oportunidade de conhecer a mã e, pois quando fora para a tribo, ela tinha sido julgada e morta.

-- Como?

-- Uracan usou o poder que tinha para tomar o ilho da princesa do Sol, fez isso cruelmente e quando a irmã se
envolveu com Alexander e Diana foi concebida, ele usou todo o ó dio para colocar o primogê nito contra a mã e e a irmã .

-- Mas...

-- Sirena, fale com o Tupã , mostre a ele que você o ama e que o escolhera nã o por que a Calligari nã o te assumiria,
mas pelo fato de você sentir seu espı́rito desejoso de se unir apenas a ele... Ele te ama... Veja, nem mesmo aceitou ter outras
esposas, isso demonstra a adoraçã o que tem... Peça a ele... Precisamos dele nesse momento...

A ı́ndia pareceu ponderar, receosa da reaçã o do homem que vivia ao seu lado...

O ı́ndio era um chefe e companheiro maravilhoso, mesmo que exibisse aquela arrogâ ncia e insensibilidade, era
diferente quando estavam só s... Era carinhoso, atencioso, coisa que poucos por ali eram, poré m quando si tratava da pintora,
ele se transformava totalmente.

Respirou fundo!

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Decidida, caminhou na direçã o que o marido tinha seguido.

Aimê estava dentro da barraca, fora proibida de deixar o espaço. Havia dois homens vigiando a entrada.

A ilha de Otá vio chutou a cadeira, enquanto buscava controlar o desespero que tomava conta de si.

Jogou contra o chã o batido os pratos que fora servido o almoço, derrubando tudo o que tinha ao redor.

Desejava ver a mulher que amava, desejava saber como ela estava depois de tudo o que se passara.

Andava de um lado para o outro no pequeno espaço, pensando o que poderia fazer, a quem poderia pedir ajuda...

Sua raiva crescia por todos... Pelos avó s que permitiram que a morena fosse até eles, pelo pajé e por Piatã que nã o
prenderam a ı́ndia na tribo.

Teve vontade de gritar alto, de rugir como um leã o em cá rcere...

Se pudesse mataria a todos... sua vontade era de fazê -los sentir o mesmo que a Diana estava sendo submetida.

Parou, enquanto cobria o rosto com as mã os.

O que deveria fazer?

O que poderia fazer para salvá -la?

Como enfrentaria aquelas pessoas todas?

Ouviu passos e nã o demorou para o odioso bandido aparecer.

Se tivesse uma arma, descarregaria todas as balas nele, ainda mais diante daquele sorriso debochado.

-- O que achou? – Crocodilo seguiu até a cadeira, observava a bagunça, ajeitando tudo em seu lugar, depois sentou. –
Agora a obra do seu pai está completa. – Cruzou as pernas. – Ele morria de vontade de marcar a pele bronzeada com o V,
assim todos saberiam que a selvagem pertencia a ele.

Os olhos azuis encararam o homem. Estavam escuros, cheio de fú rias.

-- Vai dizer que nã o gostou? – Provocou-a. – Lembre-se de que a Calligari enlouqueceu seu paizinho e que se nã o
fosse por ela... Eu nã o o teria matado...

-- Você o matou? Foi você ?

Mais uma vez a Villa Real foi contra ele aos gritos, mas fora contida por dois homens que entraram, segurando-a.

O tra icante nã o pareceu se importar com a explosã o.

-- Sim, ele tinha se tornado inconveniente, enlouquecido... Essa ı́ndia é feiticeira... O coronel icou totalmente
obcecado e isso resultaria em algo pé ssimo para os negó cios.

Aimê cerrou os dentes.

Mirava aquele monstro diante de si e se assustava com o que ele ainda poderia fazer para in ligir dor à pintora.

Umedeceu os lá bios.

Tentou se livrar dos braços que a prendia.

-- Soltem-me, seus desgraçados! – Esbravejava, tentando se desvencilhar.

Crocodilo fez um gesto para que os homens se afastassem.

A neta de Ricardo passou a mã o pelos cabelos.

-- Coloque-me no lugar da Diana... Use o chicote e dilacere a minha carne... Marque-me a ferro... Mas a deixe em paz,
deixe que ela vá embora...

O bandido esboçou um sorriso.

-- Sabe, Aimê , você me surpreende, eu sempre achei que você fosse uma covarde, uma medrosa que nã o teria
coragem para nada... Mas... Mas você está enfeitiçada igual o seu pai... – Meneou a cabeça. – Essa ı́ndia selvagem tem que
morrer... Pratica magia...

-- Nã o! – A Villa Real falou mais alto. – Eu nã o estou enfeitiçada... Estou apaixonada... – Bateu no peito. – A Calligari
está aqui dentro... Sou capaz de dar a minha vida por ela...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Nã o seja burra! – Levantou-se. – A Diana vai te trocar logo, ela nã o é uma mulher iel... Quando estava noiva tinha
casos com outra, se relacionava com vá rias e nã o respeita nenhuma...

-- Mesmo assim, eu a amo e se nã o puder icar ao lado dela, desejarei com todo o meu coraçã o que ela possa ser
feliz...

-- Idiota igual ao seu pai... – Tomou-lhe o braço bruscamente. – Você vai continuar fazendo que eu ordenar, se nã o
quiser que arranque os membros da sua amadinha... – Empurrou-a, afastando-se.

A neta do general viu-o se afastar e se nã o fosse o fato de Alanna ter aparecido, detendo-a pelo braço, a jovem teria
se arriscado a desa iar ainda mais o bandido.

-- Fique quieta ou vai piorar ainda mais a situaçã o da morena.

Os olhos azuis se estreitaram em fú ria, respirou fundo.

-- Tem como piorar? – Indagou com sarcasmo. – Você viu o que eu iz? – Desvencilhou-se do toque. – Eu a marquei a
ferro quente... – Passou a mã o pelos cabelos. – Realmente sou pior do que o meu pai, sou pior do que todos esses... – Limpou
os olhos chorosos. – Sou uma inú til que nã o consegue nem mesmo salvar a mulher que se arriscou para fazer isso por mim!

A loira a itava com atençã o.

Viu toda a cena e sabia como fora difı́cil para a bela garota desempenhar aquele papel, sabia como ela tivera que
lutar para levar a frente um plano tã o cruel.

-- Aimê , você está fazendo alé m do seu pró prio limite... Nã o acredito que outra em seu lugar teria toda essa
coragem... – Estendeu o braço, tocando-lhe a lá grima com o polegar. – A major sabe do seu sacrifı́cio, ela sabe como isso está
sendo difı́cil...

A Villa Real meneou a cabeça em protesto.

-- Nã o... eu a estou machucando, estou ferindo-a cruelmente do mesmo jeito que o meu pai fez, entã o... – Soluçou. –
Eu sou um monstro igual a ele ou pior... Como pude fazer aquilo... A minha famı́lia é uma maldiçã o na vida da Diana...
Nascemos para fazer mal a ela...

A mulher lhe tomou o rosto nas mã os.

-- Você está tentando salvá -la... Está tentando nã o permitir que a matem... Entã o pare de se martirizar...

Aimê mirou os olhos claros.

-- Eu preciso ir até ela... Eu preciso saber se ela está bem... Preciso que ela me perdoe... Preciso abraçá -la, senti-la
em meus braços... Oh, Deus, eu preciso icar ao lado dela...

Alanna condoeu-se da jovem, tomando-a em seu abraço, sentindo as lá grimas e os espasmos lhe sacudir o corpo em
total desespero. Acariciava os cabelos, consolando-a como se faz com uma criança, poré m o pranto parecia cada vez maior.

O sol estava alto naquele momento.

Os bandidos se divertiam atirando nos animais, assustando-os, enquanto outros tinham saı́do em busca de
madeiras.

Crocodilo observava tudo com atençã o.

Dentro de dois dias deixaria aquela selva de uma vez por todas.

Logo entregaria a valiosa Aimê ao seu destino e ainda receberia um bô nus a mais por isso. Iria para bem longe e
trocaria de nome, de vida...

Fitou a Calligari.

Nã o demoraria para dar im a desgraçada arrogante. Apenas esperaria mais um pouco para descarregar uma
pistola em sua bela cabeça.

Sorriu!

Seu plano fora genial, a inal, haveria martı́rio maior do que ser torturada pela pessoa que se amava?

Olhou para o cé u ao ouvir o som de um pá ssaro que voava ao redor do acampamento. Tirou o revó lver da cintura,
mirando a ave, mas logo ela se afastou.

Aproximou-se da ilha de Alexander e viu os olhos negros se voltarem para si.

-- Você é muito forte, major, outro no seu lugar já teria desmaiado. – Levantando-lhe a blusas e tocando a marca. –
Vai icar lindo quando secar...

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A morena cerrou os dentes quando o sentiu pressionar forte, temeu perder a consciê ncia.

-- Otá vio icaria feliz com o trabalho que a ilha dele fez... – Retirou a mã o, encarando-a novamente. – V de Villa Real
ou de uma ı́ndia vadia que faz pose de dama da alta sociedade. – Sentou-se em uma pedra. – Engraçado como o mundo é
irô nico... – Tirou a arma do coldre, enquanto começava a limpá -la. – Esse lugar lindo é o seu berço e a sua sepultura... vai
morrer sendo vista como traidora... – Sorriu em desdé m. – Nem os ı́ndios e nem os brancos honrarã o sua memó ria...

A ilha de Alexander encarava o homem.

Sentia-se cansada, desejosa de que apenas aquilo chegasse ao im, mas dentro de si havia uma fú ria que lhe dava
forças para continuar seguindo em frente.

-- Há ... – Suspirou sentindo a lı́ngua presa. – Eu nã o preciso do reconhecimento de ningué m... – As palavras soavam
baixa, mas irme. – Sei quem eu sou... Sei de onde vim... Coisa que você nã o sabe...

Crocodilo mirou a roupa encardida, as botas enlameadas.

-- Ainda levanta esse nariz em pura arrogâ ncia... Eu acho que já é hora de implorar por clemê ncia... Implore... E eu te
mato de uma vez...

Diana exibiu um sorriso que era uma mistura de dor com deboche.

-- Nunca me curvaria a você ... nã o tem dignidade para isso!

O bandido se levantou irritado.

-- Entã o as torturam continuarã o... Farei sua amada Aimê arrancar seus olhos... Cada um dos seus dentes...

A Calligari sorriu novamente e teve um acesso de tosse.

-- Precisará arrancar todos os meus membros... porque se ainda restar um sopro de vida dentro de mim... – exibiu
os dentes alvos. – Te matarei...

Os olhos do Crocodilo icaram vermelhos de raiva.

-- Você já está morta, Diana... Mandarei que os homens cavem uma cova rasa e te e te enterrem, assim servirá de
comida para os urubus...

A major o viu se afastar e nã o deixou de rir, mesmo que aquilo a izesse sentir mais dor.

O rio em meio à s á rvores era bastante usado para o banho e para fornecer á gua para os povos que moravam
naquela regiã o.

Sirena se aproximava do local de isolamento onde o marido costumava se lavar.

Viu-o permanecer quieto e esperou pacientemente que ele notasse sua presença na margem.

Só agora tivera a oportunidade e a coragem de falar com ele.

Nã o demorou para o guerreiro forte itar a bela ı́ndia.

Nu, deixou seu lugar, seguindo até a amada.

Os mú sculos fortes, a pele bronzeada e o olhar arrogante lembravam outro.

-- O que deseja, mulher? – Parou bem pró ximo a ela. – Junte-se a mim em meu banho...

Os lá bios foram ao encontro da amada que desviou a boca.

Ele demonstrou irritaçã o com a rejeiçã o.

Sirena tocou-lhe o ombro, depois o encarou.

-- Sabe qual é o meu desejo nesse momento...

Naquela tribo era comum a prá tica da poligamia, mas Tupã nã o aderiu, pois amava de mais a esposa para sentir
desejo por outras.

-- Nã o irei salvar a Diana... E nã o acredito que esteja a me pedir isso! – Afastou-se aborrecido. – Foram amantes,
deitou-se com ela, enquanto eu já era louco por ti... Era minha prometida e se encantou por ela...

-- O que queria? Que te visse se deitar com todas as mulheres das tribos e icasse esperando que viesse a mim? –
Questionou em fú ria. – Eu te queria e você agia como se nossa uniã o te desagradasse, agia como se eu fosse apenas um
prê mio como outro qualquer...

O chefe permaneceu de costas... Mas logo a itou.

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-- Nã o podia demonstrar o que sentia, era fraqueza... Uracan...

-- Uracan era um miserá vel! – Interrompeu-o. – Ele fez de tudo para te transformar no monstro que era, agiu como
queria, matando e destruindo tudo para ferir Diana... Ele a jogara na loresta para ser morta... Ele matou meus pais... – Dizia
em lá grimas. – Realmente é esse monstro que você deseja seguir? – Indagou furiosa.

Permaneceram em silê ncio por longos segundos, apenas se itando, medindo-se.

– Teremos um ilho... – A ı́ndia falou baixinho. -- Depois de tanto tempo consegui o que tanto você queria...

Os olhos do ı́ndio brilharam em contentamento.

Há tempos sonhava com esse momento e sofreram bastante ao imaginar que jamais teriam um ilho legı́timo, já que
o marido tinha alguns de relaçõ es anteriores.

Ele se aproximou dela, abraçando-a, mas foi repelido.

-- Nã o quero que meu ilho cresça sabendo que o pai dele é um ser cruel... Nã o quero que meu ilho cresça e ique
sabendo que a tia morreu porque o grande guerreiro a odiava... Eu nã o quero estar ao lado de um homem que me lembra o
impiedoso Uracan... Entã o pense como realmente vai querer que isso entre nó s funcione...

Antes que Tupã pudesse falar alguma coisa, Sirena deixou o local.

O pajé ouvia tudo e ao ver o ı́ndio sozinho, aproximou-se.

Tupã lhe dirigiu um olhar furioso.

-- Nã o fale nada... – O homem jovem levantou a mã o. – Formarei uma comitiva com os melhores guerreiros e irei ao
resgate da sua princesa... – Apontou-lhe o dedo em riste. – Haverá apenas uma condiçã o que exigirei.

-- O que quiser...

-- Nã o quero que a Diana saiba da nossa ligaçã o... Nã o quero que saiba que somos irmã os...

O pajé assentiu.

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Capitulo 34 por gehpadilha


A noite chegara com seu esplendor.

O cé u estava tomado por estrelas que brilhavam anos-luz de distâ ncia. Quem mirasse um imenso abobado seria
capas de vislumbrar imagens que só a grande capacidade humana tornaria possı́vel. A Via Lá ctea tinha uma imensidã o
desses corpos celestes, algumas com trilhõ es de anos, outras apenas sendo vestı́gios do que foram um dia.

O acampamento estava deserto.

Todos já tinham bebido muito, dançado e debochado da situaçã o da prisioneira, agora tinham se recolhido. Nã o
achavam que a Calligari fosse mais uma ameaça, mesmo recebendo ordens de Crocodilo para nã o baixar a guarda, nã o havia
bons funcioná rios naquele mundo tã o grande. Usaram as prostitutas e seguiram para esvaziar todo o arsenal de á lcool.

O tra icante chefe tinha se recolhido cedo, bebera todo o vinho e isso fora su iciente para que os que seguiam sob
seu comando izessem o que queriam... Ignorando uma possı́vel ameaça da parte da morena.

Alanna fora designada para guardar a Villa Real e os cã es bem treinados nã o permitiriam que algué m deixasse o
lugar sem antes dilacerar as carnes dos invasores.

A fogueira ainda queimava no centro acampamento. As labaredas alaranjadas projetavam sombras no chã o e
aqueciam a frieza da noite. Talvez nã o demorasse a o fogo consumir toda a madeira, mesmo assim, enquanto estivesse viva,
iluminava o lugar e dava um pouco de calor.

Diana ouviu um barulho e abriu os olhos com muita di iculdade.

Demorou alguns segundos para se acostumar com a escuridã o.

Tremeu com o vento, mesmo assim tinha a impressã o que seu corpo estava pegando fogo.

Sentia espasmos, arrepios, calafrios...

Sentia os dentes bater...

Ouvia a pró pria respiraçã o pesada... Como se para o oxigê nio chegar a seu pulmã o fosse uma açã o bastante difı́cil
de executar.

Nã o sabia se desmaiara ou se dormira... Apenas apagara durante longas horas.

Tossiu e isso a fez gemer, pois era uma açã o dolorosa.

Tentou mexer os dedos...

Seus braços estavam dormentes, nã o os sentia devido ter icado se apoiando neles na maioria do tempo.

Moveu as pernas lentamente, praguejando baixinho ao perceber que a blusa tinha colado na marca que fora feita eu
seu abdome e com o movimento, ela descolou.

Cerrou os dentes para nã o gritar.

O famoso V que Otá vio tanto desejara tinha sido colocado em sua pele... Fora marcada a ferro como ele tanto
ansiara para fazer...

Lembrou-se dos olhos azuis de Aimê , recordou-se de como conseguira visualizar a pró pria dor neles...

Suspirou...

Amava-a... Amava-a como nunca cogitara a possibilidade de se sentir tã o entregue em uma relaçã o... Desejava
despertar ao seu lado e ver aquele sorriso todas as manhã s...

Umedeceu os lá bios, sentindo-os ressecados...

Moveu o quadril...

Seu corpo doı́a demasiadamente... Nã o bastara ter sido marcada, logo em seguida fora espancada pelo segurança
loiro...

Sabia que tinha quebrado algumas costelas... Respirar era algo que estava sendo muito difı́cil de fazer.

Ouviu o som novamente que a despertou e icou a observar com atençã o o lugar deserto.

Os cachorros latiam, poré m pareciam assustados com algo e isso os deixavam quietos.

Observou a trilha que dava para a mata fechada e pensou se uma onça surgiria a qualquer momento e a comeria.
Seria um im tã o idiota quanto o do grande Hé rcules... Uma morte sem gló ria para algué m que já demonstrara tanta bravura
nas inú meras batalhas travadas.

Nã o poderia morrer sem tirar a Villa Real daquele lugar... Precisava salvá -la... Precisava...

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Sentiu a boca seca e mesmo que soubesse que morreria de hipotermia, desejou que chovesse novamente, assim
poderia matar aquela secura na garganta...

Parecia que havia uma bola que incomodava quando tentava engolir

Ouviu novamente o silê ncio e aquilo fora ainda mais perturbador... Os animais pareceram quietos de mais para a
natureza selvagem que exibiam...

Onde estariam todos?

Conseguia visualizar as lamparinas iluminando o interior das barracas... Com certeza nã o acharia que ele pudesse
fugir...

Deu um sorriso amargo...

Realmente seria uma ideia impossı́vel de se executar sem o auxı́lio de outros...

Recordou-se de Tupã ...

O pajé falara para ela pedir ajuda ao primo, mas aquilo seria algo impossı́vel de acontecer... Ele nã o a ajudaria nem
que por esse ato fosse coroado por todos os espı́ritos de bravura...

Odiavam-se... Disso nã o havia dú vidas...

O guerreiro nã o perdoava o fato da morena ter se envolvido com Sirena e ela nã o perdoava o fato do abominá vel
Uracan ter executado sua mã e e lhe tirado a chance de conhecê -la.

Suspirou ao ouvir passos e imaginou se seria novamente torturada e espancada, mas ao ver a loira que lhe dera
á gua mais cedo, sentiu-se aliviada.

A mulher parou bem pró ximo da morena.

Ela a olhava com curiosidade.

Sabia o que tinha se passado e precisara icar calada para que a jovem Villa Real nã o izesse uma loucura ao saber
do ocorrido.

-- Como está se sentindo? – Alanna questionou, enquanto mirava com atençã o a bonita pintora. – Trouxe um
unguento para colocar nos machucados. – Tirou um pequeno frasco que trazia no bolso.

A ilha de Alexander abriu a boca para falar, mas nã o teve ê xito na primeira tentativa, mas logo voltou a tentar.

-- Eu... Eu já estive melhor... Agradeço...

A outra sorriu de forma simpá tica.

Sabia como aquela mulher estava sendo forte... Viu-a desmaiar e encontrá -la desperta fora uma verdadeira
surpresa.

-- Como consegue ser tã o forte? Outra no seu lugar já teria sucumbido... – Estendeu a mã o, levantando a camiseta e
itando a marca. – Deus, como a machucaram tanto... – Disse em lá grimas. – Aimê está em verdadeiro desespero... – Fitou a
major. – Ela pensa que você nã o irá perdoá -la.

Diana umedeceu os lá bios, enquanto sentia os dedos delicados passarem o remé dio... Sentiu arder de inı́cio... Mas
aquilo era pouco para tudo o que estava a sentir...

Mordeu o lá bio inferior para nã o gemer.

-- Diga a mimadinha que a amo...—Falou baixinho. -- Que estou orgulhosa da coragem dela... E que vou tirá -la
daqui... Vim salvá -la...

O olhar da loira se desviou para a igura que se aproximava por trá s.

Levantou-se, cessando os movimentos.

-- Pre iro ouvir essas coisas dos seus lá bios...

A Calligari se surpreendeu ao ouvir a voz doce da esposa, nã o demorando para ver a bela lorista parar diante de si.

Sentiu aquele contentamento que parecia tomar conta de todo seu ser...

Encarou-a e desejou mergulhar naquele mar azul e permanecer presa naquele encantamento durante muito
tempo... Era aquele olhar que gostaria de levar para sempre na sua lembrança.

O som da voz da loira interrompeu seus pensamentos.

-- Irei vigiar, terã o alguns minutos, mas nã o deve demorar. – Alanna avisou se afastando, mas voltou-se para ela. –
Se os cachorros latirem, volte rapidamente para a barraca. – advertiu-a.

A Villa Real assentiu, mas nã o deixou de itar os olhos negros da amada.

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Ficaram sozinhas...

Aimê pegou o unguento, agachou-se diante da amada, começando a cuidar dos machucados.

Fê -lo com muito cuidado, temendo machucá -la.

Sentiu o corpo dela tremer... Estava quente... Sabia que estava fraca...

Levantou a cabeça, mirando-a.

Diana sentia o toque delicado... O toque macio que lhe trazia lembranças de outros momentos...

A Villa Real se emocionou ao ver a chaga que causara...

Teve a impressã o que uma mã o apertava seu coraçã o...

Ela estava tã o ferida...

Suspirou, levantando-se ao terminar o trabalho. Pegou a pequena garrafa que trazia consigo, aproximando-se,
colocou em sua boca.

-- Beba...

A morena fez o que fora dito, enquanto olhava a ilha de Otá vio, parecendo querer mergulhar naquele rosto bonito...
Naquele olhar doce... Mais uma vez ansiou por abraça-la e passar horas só sentindo o contato do corpo no seu...

A major bebeu todo o conteú do e logo a esposa guardou o cantil.

-- Agora deve voltar, mimadinha... Nã o quero que tenha problemas...

A jovem sentiu-a muito fraca...

Aimê fez um gesto a irmativo com a cabeça, mas nã o se afastou... Estendeu a mã o, tocando a face bonita e cheia de
hematomas... Acariciando-a delicadamente.

A ı́ndia se sentiu confortá vel, adorando o carinho... Lembrou-se de como seus corpos se completavam
perfeitamente... De como adorava quando os lá bios rosados passeavam timidamente por sua pele...

Desejava amá -la até que perdesse as forças... Até sentir o suor escorrer...

Deus, teria novamente essa oportunidade?

Tentou sufocar aqueles pensamentos perturbadores, ainda mais por saber que nã o teria como acontecer...

Desviou o olhar, itando a escuridã o da loresta... Depois os caminhõ es cheios de madeiras...

Eles nã o demorariam a partir, entã o precisaria agir rá pido...

O tom baixo da esposa lhe chamou a atençã o novamente.

-- Lembro-me de quando me tirou desse lugar... De como se arriscara por mim, mesmo sabendo de quem eu era
ilha... Agora ico a pensar se realmente a Diana que sempre passa o ar de puro sarcasmo nã o é apenas uma das suas tantas
camadas... – Tocou o lá bio inferior com o polegar. – Fico a pensar como minha famı́lia fora tã o cruel contigo... E agora me
encaixo no mesmo cı́rculo.

A morena beijou o dedo que a tocava...

Conseguia visualizar os olhos azuis brilharem em lá grimas e se sentiu culpada por isso.

Nã o negava que quando recebera as chicotadas icara confusa a ponto de imaginar que realmente a herdeira dos
Villas Real agiria com tanta crueldade por causa de ciú mes. Sentiu raiva dela, odiou-a por longas horas... Até que ela lhe
devolvera a paz ao ir ao seu encontro e confessar mais uma vez o seu amor.

-- Amor, nã o pense assim... Ao contrá rio do que perturba sua mente, está me ajudando muito...

-- Como? – Questionou irritada. – Veja o que já iz em ti! Veja como continuo sendo uma cega inú til que nã o
consegue nem salvar a mulher que ama...

A Calligari viu o choro lhe molhar a face. Sabia que para a esposa a situaçã o era ainda mais difı́cil, pois sabia que
aqueles atos feriam nã o o corpo, mas a alma da jovem, coisa que era mais difı́cil para ser curado.

Como desejou estreitá -la em seus braços naquele momento... Como se sentia vazia sem tê -la junto a si...

-- A gente vai sair daqui... – Tentava demonstrar convicçã o. -- E quando tudo isso passar, quero me dê aquela chance
que pedi na cabana... –Deu uma longa pausa.-- Quero que permita que te explique tudo o que sinto e como desejo poder estar
ao seu lado todos os dias da minha vida... – Esboçou um sorriso. – Sabe o que mais quero?

Aimê meneou a cabeça negativamente.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Quero que tenhamos ilhos... Vou amar ter uma famı́lia grande... Cuidar dos bebê s... Levar para passear... Cinema...
Parquinhos... Vou ensiná -los a pintar...

A ilha de Otá vio icou a imaginar a cena e rezou silenciosamente para que um milagre ocorresse e que pudesse
estar ao lado da mulher que tanto ama.

-- Um bebê de pele bronzeada e olhos negros como os seus... Quero que ele tenha esse sorriso... Mas vai icar no
cantinho da disciplina se herdar sua arrogâ ncia e seu orgulho...

Mesmo sentindo dor, o rosto da ı́ndia foi iluminado com um sorriso grande.

-- Eu vou adorar isso...

Aimê suspirou alto, enquanto se aproximava da esposa.

Sabia que ela estava com febre, sentiu-a quente sob seu tato.

Abraçou-a delicadamente para nã o a ferir.

-- Eu te amo... – Sussurrou em seu ouvido. -- Nã o imagino meus dias sem o seu sarcasmo, sem suas provocaçõ es e
sem seus beijos... Entã o, eu imploro major, nã o desista de mim... Nã o desista de nó s... Mantenha-se viva para mim...

Diana apertou os olhos fortemente, pois sentiu uma incontrolá vel vontade de chorar...

Como cumpriria aquela promessa?

Mais uma vez Alanna se aproximou. Os passos da loira fez com que as duas se afastassem.

-- Precisamos voltar... Ouvi vozes, nã o devemos arriscar...

O olhar da ilha de Otá vio demonstrava total frustraçã o.

-- Vá com ela, Mimadinha... Precisa tomar cuidado... – Tossiu. – Vá ...

Aimê meneou a cabeça negativamente.

-- Nã o, eu nã o quero, desejo icar ao seu lado, icar contigo... Por favor... – Soluçou. – Por favor... Ficarei aqui... Quero
icar contigo...

A Calligari cerrou os dentes, tendo a impressã o que naquele momento a ú nica dor que sentia era a da alma, essa era
pior do que todas...

-- Amor... Eu prometo que vamos sair daqui... Prometo... Agora vá ...

A loira colocou as mã os sobre os ombros da jovem, conduzindo-a. A ilha de Otá vio, ainda se livrou do braço sobre
seus ombros, retornando à pintora.

Voltou a abraça-la.

-- Você vai sair daqui comigo... Logo vamos icar juntas para sempre...

Diana fez um gesto a irmativo com a cabeça, sentindo o beijo delicado sobre seus lá bios.

Alanna voltou a chamá -la.

A major viu-as se afastar e novamente aquela sensaçã o de impotê ncia a invadiu.

Se nã o tivesse sido tã o idiota, poderia ter conseguido impedir que aquilo ocorresse, mas fora se distrair e deixar
que os bandidos agissem dentro de sua pró pria casa.

Ouviu o som do falcã o e logo a ave pousou perto de si.

Viu-a se aproximar.

Era grande e selvagem, apenas o pajé conseguia controlá -la...

Viu os olhos redondos, mirando-a.

-- Eu preciso de ajuda... Nã o conseguirei sozinha... – Falou baixinho. – Preciso que salvem Aimê ...

O pá ssaro nã o voou como o esperado, mas continuou a seguir, observando tudo ao redor.

Aimê entrou na barraca acompanhada de Alanna.

A neta do general demonstrava total irritaçã o e preocupaçã o.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- A Diana nã o está bem... Ela está com febre, senti-a, nã o posso deixá -la sozinha... Preciso tirá -la de lá ... Ela foi
espancada... Por que nã o me disse?

-- Você nã o tem como fazer isso! – A loira a repreendeu. – Nã o temos como fazer nada e por isso teremos que ter
paciê ncia... Ela é forte...

-- Paciê ncia?! – Praticamente gritou. – Eu vou icar aqui esperando pacientemente que Crocodilo mate a mulher que
amo? – Colocou as mã os nos quadris. – Você acha que posso fazer isso? Acha mesmo que poderia icar aqui sem fazer nada,
enquanto a minha esposa está lá fora à mercê do ó dio de todos esses psicopatas?

-- Mas o que poderemos fazer? Diga-me você como vamos tirar a Diana daqui, você , nem conhece essa selva...
Iriamos ser pegas ou comidas por animais ou até por tribos canibais...

A Villa Real já se preparava para esbravejar quando ouviram passos e ambas se voltaram para a entrada.

O segurança loiro entrou.

Mesmo o lugar estando com pouca luminosidade era possı́vel ver a expressã o doentia que ele demonstrava.

-- Saia daqui, prostituta! – Disse se dirigindo a Alanna. – Agora eu assumo!

Aimê o encarou e sentiu uma raiva intensa ao lembrar de que ele tinha batido na Calligari.

-- Crocodilo me deixou responsá vel pela segurança da prisioneira. – Falou calmamente.

-- Nã o tem que ser responsá vel por nada... Vá ver se algum homem quer seus serviços e suma das minhas vistas
antes que coloque uma bala na sua cabeça...

A Villa Real mesmo assustada, fez um gesto com a cabeça para que a outra deixasse a barraca.

Alanna hesitou, sabia que aquele homem poderia fazer coisas terrı́veis com a jovem e temia por isso.

-- Saia! – O segurança berrou. – Ou faço o mesmo que iz com a ı́ndia vadia.

A loira fez o que ele disse.

O olhar atrevido capanga nã o abandonava a neta de Ricardo. Olhava-a de forma vulgar, desrespeitosa.

-- Agora somos só nó s, lindinha... – Aproximou-se mais. – Estava pensando em tomar você pra mim na frente da
selvagem, mas Crocodilo é um idiota e nã o aceita o que quero... Sendo assim, vamos ter nosso momento aqui... – Estendeu a
mã o, tocando-lhe a face. – Te mostrarei como é ser tocada por um homem...

Aimê se livrou da mã o atrevida com um safanã o.

-- Nã o se aproxime de mim, seu desgraçado covarde!

O loiro começou a abrir o cinto.

-- Está dizendo isso por ter batido na sua amada? – Sorriu de forma cruel. – O que a major vai sentir quando souber
que eu iquei com a namoradinha dela? – Tirou a arma da cintura, colocando sobre o banco. – Isso sim vai ser uma tortura e
tanto, ainda mais devido à arrogâ ncia que ela sempre demonstra... Uma selvagem com ares de grande dama! Espero que ela
sobreviva a hoje, assim saberá o que iz...

-- Ela pode ser selvagem, mas acredite, querido, ela é um milhã o de vezes melhor do que todos você s...

O rapaz pareceu nã o gostar de ouvir tais palavras, segurando os cabelos da garota e forçando-a a se aproximar do
rosto dele.

-- Eu vi o vı́deo e posso garantir que sou capaz de ser melhor do que a sua ı́ndia suja...

A Villa real esboçou um sorrido debochado.

-- Nem se você tomasse banho com todo alvejante do mundo chegaria aos pé s da minha ı́ndia suja... Nem se
nascesse in initas vezes teria um por cento do charme da minha esposa... – Meneou a cabeça negativamente. – Você é tã o
paté tico que nem mesmo assusta...

Os olhos verdes se estreitaram em fú ria e quando ele tentou beijá -la, a garota o arranhou a face.

Ele nã o titubeou, esbofeteando-a de forma tã o violenta que a fez cambalear para trá s.

Antes que ela se recuperasse, ele partiu para cima, derrubando no chã o, prendendo-a sob seu corpo.

A Villa Real se debatia, tentando se livrar do ataque, mas o loiro era forte su iciente para conseguir dominá -la.

Sentiu â nsia de vô mito quando ele rasgou sua blusa...

Entrava em desespero quando ouviu um forte barulho e o corpo do bandido cair sobre o seu.

Ao levantar a cabeça, deparou-se com um homem alto, de cabelos lisos e grisalhos, tinha a aparê ncia idosa, mas
demonstrava bastante energia.

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Ele empurrou o corpo do loiro, entendendo a mã o para ajudar a jovem a se levantar.

-- Venha, menina, precisamos sair daqui!

Um sorriso se desenhou no rosto da ilha de Otá vio que aceitou o auxı́lio imediatamente, levantando-se.

-- Piatã ... – Abraçou-o. – Deus ouviu minhas preces...

-- Espero que ele tenha ouvido mesmo, porque vamos precisar de muita ajuda para sair daqui...

Seguiram lentamente para fora.

O ı́ndio olhava tudo ao redor temeroso.

Já tinha ido até a major e percebeu como ela estava debilitada, sabia que seria uma missã o quase impossı́vel tirá -la
dali.

A fogueira ainda queimava.

Nã o havia sinal dos bandidos.

-- A Diana nã o está bem! – Aimê falava, enquanto seguiam até a Calligari. – Precisa de ajuda, precisa que cuidem dos
ferimentos...

-- Ela é forte e vai precisar ser mais forte ainda... – Dizia com pesar.

A loira estava lá com a major.

Piatã tirou o cordã o que deu a ı́ndia, usando-o para livrá -la das correntes.

A Villa Real e Alanna apoiavam o corpo da major, pois sabiam que ela nã o teria forças para se manter de pé .

-- O que tem nessas pressas de cobra? – Diana provocou.

Piatã a itou.

-- Seu pai, o grande Alexander, usara esse cordã o e saiu vivo de todas as guerras que travara... Acho que ele també m
nã o sabia a utilidade... Mas me disse que deu sorte, entã o, mesmo nã o sabendo que sorte era algo bom ou ruim, imaginei que
a ilha dele també m precisaria...

Ouviram as correntes abrindo e se nã o fosse as duas mulheres a segurando, a major teria ido ao chã o.

As pernas nã o a sustentaram.

Gemeu ao sentir as dores...

-- Nã o sei se conseguirei, talvez seja melhor que sigam sem mim... – Cerrou os dentes ao sentir dor. – Segurou nos
ombros de Piatã . – Leve Aimê para longe... – Disse baixinho. – Deixe-me aqui...

O ı́ndio a sustentou, mas ela era alta e forte, nã o teria como arrastá -la naquela escuridã o.

-- Nã o, eu nã o irei sem ti... – A Villa Real retrucou. – Só saio daqui contigo.

Aimê itou-a com lá grimas nos olhos.

-- Amor, amor... Eu nã o vou conseguir... Estou muito fraca... Se ir com você s, será pior, pois todos serã o pegos e
castigados...

Os cachorros começaram a latir.

A ilha de Alexander sabia o que deveria fazer e em nenhum momento recuou... Era corajosa e valente...

-- Leve-a... – Ordenou ao ı́ndio. – Nã o esqueça de que sou sua princesa e deve obedecer todas as minhas ordens.

Aimê viu o assentimento no olhar do ı́ndio e segurou-se à mulher que amava.

Os olhos tã o azuis se arregalaram ao ver o que tinha sido decidido sem levar em conta sua vontade.

Piatã lhe tocou o pescoço e nã o demorou para que ilha de Otá vio sentisse a inconsciê ncia do que se passava . O
olhar azul demonstrava surpresa e pesar, enquanto lá grimas molhavam sua face.

Nã o conseguiu falar nada...

Alanna ajudou Diana a sentar, apoiando suas costas ao tronco.

-- Leve-a... Leve-a e salve-a... – Disse baixinho. – Mantenha-a em segurança... Essa é a minha ordem e meu desejo...

O velho meneou a cabeça a irmativamente, voltou a colocar o cordã o no pescoço da ı́ndia.

A pintora viu a dor no olhar enrugado...

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-- Sou muito feliz por ter servido a ti, minha princesa... – Beijou-lhe a fronte.

A loira percebeu que algo nã o estava bem com a Villa Real, parecia em transe e apenas se mantinha de pé sem
esboçar nenhuma reaçã o.

Os cachorros voltaram a latir...

Diana meneou a irmativamente a cabeça, fazendo um gesto para que seguissem.

A Calligari viu todos sumirem por entre as á rvores e sentiu um alı́vio em seu peito, pois sabia que a mulher que
amava estaria salva e fora para isso que fora até ali... Sua missã o estaria cumprida.

Umedeceu os lá bios...

Sentiu o corpo tremer...

Os cã es continuavam a latir e nã o demorou para os bandidos saı́rem das barracas.

Diana ouviu o falcã o, levantou a cabeça e nã o demorou para fechar os olhos... Agora poderia descansar...

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Capitulo 35 por gehpadilha


A pista de pouso particular dos Calligaris era iluminada por luzes.

Estava garoando e alguns funcioná rios já faziam sinal para que a aeronave pousasse.

Vanessa estava com o guarda-chuva e esperava ansiosamente para que o pequeno pá ssaro aterrissasse.

A igura alta e usando sobretudo parecia pensativa, mirando um ponto invisı́vel a sua frente.

Respirou fundo!

Tentara dissuadir a matriarca da importante famı́lia a nã o retornar da Alemanha, poré m Antô nia deixara claro que
nã o aceitaria nenhuma negativa, ainda mais agora que a sobrinha corria tanto perigo.

Desde que tivera o difı́cil papel de comunicar todo o ocorrido, tivera que lidar com os esbravejamentos de Dinda e
seu temor por nã o ter notı́cias da amada sobrinha, algo natural...

A empresá ria apertou forte o cabo da sombrinha.

Sentia-se culpada por nã o ter sido mais ené rgica e obrigado Diana pedir ajuda as autoridades competentes... Teria
conseguido algo?

Meneou a cabeça negativamente.

Mas algué m poderia ir contra a pintora?

Conhecia-a a tempo su iciente para saber que ela nã o costumava escutar ningué m, nem mesmo se importava com a
opiniã o dos outros, apenas agia de acordo com o que acreditava e desejava...

Ouviu o som do aviã o se aproximar.

Nã o tinham conseguido passagem direto para capital, por essa razã o, Dinda tinha desembarcado em outra cidade e
lá pegara o jatinho.

Ouviu o bip do celular, pegou o aparelho no bolso do casaco.

Havia mensagens da Bianca.

A jovem loira estava em total desespero por tudo o que aconteceu...

Alex seguia em estado crı́tico e o prefeito fora detido como cumplice de Crocodilo... O coronel que se
responsabilizara da busca pelo bandido també m fora apontado como participante da quadrilha, junto a mais alguns membros
do exé rcito.

Torceu a boca em irritaçã o.

Um monte de bandido!

Ricardo estava em alvoroço.

Diana deixara claro que nã o desejava que ningué m se metesse no ocorrido, ainda mais por temer pela vida da
jovem, entã o todos estavam de mã o atadas e sem nenhuma notı́cia.

O clima na mansã o estava horrı́vel...

Clá udia rezava o tempo todo e o interessante de tudo, é que a Calligari agora era vista como uma verdadeira
heroı́na por todos...

Esfregou os olhos.

Há dias nã o conseguia dormir, há dias nã o conseguia descansar...

Tinha um carinho muito grande pela pintora, tanto que, em muitos casos, aprendera a desempenhar o papel de mã e
e protetora.

Deus, como a major que costumava sair com tantas mulheres e nã o levava nenhuma a sé rio, fora se apaixonar
daquela forma arrebatadora por uma Villa Real?

Aimê tinha batido forte no coraçã o da morena...

A pequena aeronave aterrissou e depois de longos minutos a porta abriu e Antô nia pareceu na porta.

Um jovem elegante estendeu a mã o para auxiliar a matriarca a descer.

A empresá ria foi ao encontro dela na pista.

A senhora caminhava ereta e seus olhos denotavam um choro recorrente. Estava rosada e os lá bios inos se
comprimiam em uma linha de irritaçã o.

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Ficou parada, esperando pacientemente pelo encontro.

Deu um pequeno sorriso de boas-vindas que nã o fora retribuı́do.

Nã o recebeu o afetuoso e costumeiro abraço, apenas uma carranca enorme.

-- Como permitiu que a Alessandra seguisse atrá s desses bandidos sozinha? – Apontou-lhe o dedo em riste. -- Disse
para cuidar dela, falei para me manter informada e se visse que ela estava se arriscando em demasia me ligasse...

O piloto e outro ajudante levaram a mala da senhora, mas ambas nã o pareceram interessadas em deixar o lugar.

O cé u já escurecia... Estava cinza, nã o havia estrelas e nem lua...

Vanessa sentiu um arrepio do vento frio... Seus cabelos foram desarrumados...

Cruzou os braços sobre o casaco.

-- Nã o é fá cil lidar com a sua sobrinha, ainda mais quando ela cisma com algo... – Passou a mã o pelas madeixas,
arrumando-as por trá s da orelha. – Ela decidiu ir ao encontro da Aimê ... Crocodilo exigiu que fosse até ele... E ela aceitou...

Os olhos de Antô nia estavam cheios de lá grimas.

Todos sabiam como aquela mulher amava a ú nica sobrinha, todos sabiam que ela quem fora responsá vel pela
educaçã o e representou a presença materna que a pintora nunca teve da verdadeira geradora.

-- Tenho a impressã o que os Villas Real vieram ao mundo para desgraçar a vida da Diana... Primeiro aquele maldito
Otá vio... Aquele demô nio que mesmo morto ainda é uma sombra na nossa existê ncia... Agora a ilha dele...

A chuva engrossou e um dos empregados se aproximou com outro guarda-chuva, protegendo Antô nia.

Vanessa entendia aquela dor... Mas pensava diferente dela.

Cerrou os dentes, suspirou e por im acabou falando.

-- Eu nã o acho que Aimê faz isso... Na verdade, desde que se conheceram, a Diana parece que voltou para a vida...
Ela passou todos esses anos agindo por vingança, desejando apenas destruir aos que lhe feriram... Agora nã o... Ela se arrisca
pela mulher que ama... Se arrisca por algo que a deixou maior do que sua arrogâ ncia e seu orgulho... Eu sei que é difı́cil... Mas
o amor sempre vale a pena...

Dinda limpou a lá grima que corria na face.

Encarou a empresá ria.

-- A que preço? – Soluçou. – Nã o quero perdê -la...

Vanessa nã o conseguiu aguentar a emoçã o, abraçando-a e compartilhando daquela dor e frustraçã o.

Piatã seguia a passos largos, mesmo diante da escuridã o, conseguia se mover com agilidade. Tomava a mã o da Villa
Real irme, enquanto Alanna se guiava pelo som, vez e outra tropeçando.

Tivera que agir de forma que condenava, ainda mais quando usara em Aimê algo que há tempos fora proibido por
sua tribo, poré m sabia que nã o haveria chances para a ilha de Alexander se a amada icasse ao seu lado... També m nã o
haveria chances se trouxessem consigo a major...

Sabia o caminho que deveria seguir...

Conhecia aquele lugar com a palma de sua mã o e nã o seria problema caminhar no turno ausente de luz, entretanto
sabia que suas acompanhantes teriam di iculdade em seguir seu ritmo.

Acelerou mais o passo e nã o demorou para chegar no lugar que sempre servira de abrigo para os ı́ndios.

Parou em frente a parede de trepadeira.

A caverna serviria para que se mantivessem seguros durante alguns dias, pois sabia que aqueles homens nã o
desistiriam fá cil.

Con iava que Tupã seria convencido e acabaria indo salvar a irmã ...

Ouvia o som dos animais noturnos.

O pio da coruja...

Seus olhos se acostumavam... Fitou o cé u... Tã o azul...

Segurou mais irme Aimê ... Sentiu-a recuar.

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Voltou a caminhar, pedindo que a loira se apressasse.

Os passos de todos pareciam profanar a calmaria da noite.

Sentiu quando a Villa Real tentou se livrar da sua mã o... Sabia que ela tinha despertado... Pelo menos durara tempo
su iciente.

Os olhos azuis estavam abertos em verdadeiro pavor, mas antes que pudesse falar algo, fora arrastada para o lugar.

-- Onde está a Diana? – A Villa Real se desvencilhou do toque. – Como foi capaz de deixá -la lá ?

Mesmo no escuro, nã o era difı́cil notar a voz alterada da jovem que sempre demonstrava calma.

Piatã nã o respondeu de imediato.

Agachou-se e começou a acender a fogueira que tinha deixado montada quando passara por ali mais cedo.

Estava frio, a ponto de enrijecer os ossos.

-- Acomode-se, menina! – Apontou o lugar para a garota. – Mantenha a calma!

Alanna via a expressã o da ilha de Otá vio e temia que ela pudesse fazer algo e sair à s cegas atrá s da major.

Cruzou os braços sobre os seios.

Desejou algo para se cobrir.

Até agora nã o entendera o que tinha acontecido com a garota. Parecia ter sido enfeitiçada pelo homem velho que as
resgataram.

Deveria con iar nele?

Viu quando a luz do fogo começou a aparecer, sentou-se, esticando as mã os para esquentar nele.

As primeiras labaredas queimavam, projetando sombras nas paredes.

O crepitar se misturava a respiraçã o acelerada da ilha de Otá vio.

Os olhos azuis se voltaram para o ı́ndio e nã o havia suavidade naquela face bonita.

-- Como pode deixa-la lá ? – Questionou por entre os dentes. – Irã o matá -la! – Disse em desespero. – Pensei que
gostasse da Diana, pensei que tivesse algum tipo de sentimento por ela... – Passou a mã o pelos cabelos. – Exijo que me leve de
volta... – Apontou-lhe o dedo em riste. – E o proı́bo de usar suas magias comigo... Leve-me! – Gritou.

O som se fez eco e pareceu assombrar o lugar.

Piatã permaneceu algum tempo itando a fogueira, parecia estar a ver algo nas chamas alaranjadas e só depois de
longos segundos, encarou-a.

Encarou a ilha do covarde coronel.

Entendia o desespero dela...

Sentia a dor...

Mas sempre precisara seguir as ordens dos que estavam numa hierarquia maior... Fazia parte da natureza da sua
tribo...

-- Nã o posso ir contra as ordens da major, nã o quando ela reclama o lugar de princesa das tribos... Nã o quando ela
usa a autoridade que tem... – Replicou calmamente.

A Villa Real colocou as mã os na cintura.

-- Ao inferno com isso – Falou com os dentes cerrados -- nã o me interessa nada que diga, exijo que me leve lá –
Olhou sobre os ombros para a entrada da caverna. – Leve-me de volta ou pelo menos me diga como chegar... Irei até ela,
icarei ao seu lado... – Fitou-o. – Leve-me...

Alanna via o desespero na voz da garota.

Condoeu-se por ela...

-- Aimê ... – Chamou-a de forma hesitante – Se icarmos lá , com certeza, nã o seremos uma ajuda para a major... Veja,
você mesma foi apenas usada para praticar torturas na sua esposa... Imagine o que passaria pela cabeça daquele monstro...

Os olhos azuis a miraram rapidamente, mas nada respondeu. Virou-se de frente para a parede, esmurrando-a tã o
forte que sentiu os dedos ferirem, mas nã o pareceu se importar com tal detalhe.

-- E agora vã o matá -la... – Soluçou. – E isso que farã o... – encostou as costas a ela. – E isso que farã o e tudo por minha
culpa... Por sua culpa...

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O ı́ndio a viu escorregar, sentando-se no chã o frio e tentou manter a calma.

Talvez tenha sido cruel o que fez, a inal, abandonara sua menina a pró pria sorte, poré m se tivesse insistido em
arrastá -la, todos teriam sido pegos e nã o conseguiria viver sabendo que a Calligari o culparia por algo de ruim ter acontecido
com a Villa Real...

Quando decidira ir até a herdeira de Alexander, fê -lo por saber que a ajuda que Tupã daria nã o chegaria tã o
rapidamente, mesmo que nã o aceitasse a negativa do ı́ndio como sendo algo de initivo e irrevogá vel.

Conhecia o guerreiro desde que era uma criança, da mesma forma que conhecia Diana e sabia como ambos, apesar
de arrogantes e orgulhosos, tinham um senso de justiça inquestioná vel e era nisso que estava a acreditar.

Fechou os olhos, rezando em silê ncio para que a Calligari fosse tã o forte quanto o general Alexander...

Ela já passara por coisas piores e mesmo assim fora forte para resistir e torceria para que se repetisse.

Mirou novamente a Villa Real...

Aimê apoiara a cabeça nos joelhos e chorava copiosamente...

Nada poderia ser feito agora... Mas de uma coisa tinha certeza: Deveria icar de olho na esposa da princesa, pois
sabia que ela tentaria ir ao encontro da mulher que amava...

Crocodilo esbravejava alto.

Estava escuro.

A fogueira tinha apagado e só depois de um bom tempo ele descobrira da fuga da ilha de Otá vio.

Procuraram a Calligari, mas nã o a encontraram no tronco.

Equipes de buscas saı́ram, mas retornaram, pois se depararam com uma furiosa onça que caçava bem pró ximo dali.

Agora, estava reunidos diante do tronco que servirá de cativeiro para a major.

-- Como isso aconteceu? – Gritava. – Eu disse que icassem alertas! – Pegou o revó lver e começou a disparar contra a
á rvore morta.

Uma verdadeira legiã o de bandido se reunira no pá tio. Portavam armas potentes, faroletes para clarear a escuridã o.

Mostravam apreensã o.

O segurança se aproximou.

O traidor só despertara depois de ter levado um banho de á gua fria.

-- Deixe que eu lidere as buscas, trarei as duas antes que o sol nasça. – Pronti icou-se.

O tra icante o segurou pela gola da camisa, apertando-o sem dó .

-- Você é tã o inú til quanto seu pai... Se nã o tivesse deixado o desejo subir a cabeça, agora tudo estaria do mesmo
jeito. – Empurrou-o. – Eu disse para nã o se aproximar da refé m...

Ouviu o som do caminhã o sendo ligado.

Nã o demoraria para que eles deixassem a á rea, pois já estavam carregados com a mercadoria.

O iel seguidor de Otá vio seguiu até o veı́culo, abriu a porta, tirando o homem com toda violê ncia.

-- Ningué m deixará esse lugar, enquanto eu nã o tiver as duas em minhas mã os.

Crocodilo seguiu até o grupo e começou a gritar ordens.

O segurança voltou a se intrometer.

-- Nã o acredito que a major consiga ir longe, ela está muito debilitada e está escuro... – Tentava demonstrar
liderança. – Irei agora mesmo!

-- Você nã o conhece a Diana! – Bateu o punho fechado contra a mã o aberta. – Alé m de ela ser ı́ndia, ainda tem o
treinamento militar... Alexander sempre ousou muito na preparaçã o da ú nica ilha...

Um homem veio correndo ao encontro deles.

-- Os cã es nã o reagem, nã o estã o mortos, mas parecem dopados!

Crocodilo gritou alto em raiva.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Depositara sua fé nos animais, poré m eles retornaram da caçada cambaleantes e demonstrando estar feridos.

-- Você s irã o revirar essa maldita loresta em busca delas... E se nã o chegarem aqui com as minhas fugitivas, matarei
um a um com minhas pró prias mã os...

Tupã observava tudo do alto de uma á rvore, enquanto tentava manter a irmã equilibrada.

Nã o tinha chegado ao acampamento, pois antes encontrou Diana se arrastando na entrada da mata. Os cã es a
perseguiam e se seus guerreiros nã o tivessem lhe acertados com dardos, a herdeira de Alexander nã o teria sobrevivido e nem
seus pedaços...

Ainda nã o sabia o que tinha acontecido com ela, apenas tinha certeza de que fora judiada em demasia.

Dispersou o bando que estava consigo, pois seria mais fá cil de passar despercebido.

Quando ouviu as vozes dos bandidos, trepou na á rvore e mesmo sem forças, a pintora conseguira auxiliar na dupla
escalada difı́cil.

Nã o tinha como nã o sentir admiraçã o pela guerreira que tinha o mesmo sangue que o seu... Mesmo que jamais
admitisse isso!

Os gritos dos homens podiam ser ouvidos.

Buscavam incansavelmente pela fugitiva.

As tochas iluminavam o chã o, via as armas e sabia que aquela nã o seria uma batalha tã o fá cil.

Diana resmungou algo incompreensı́vel.

Ajudou-a a se posicionar melhor no galho grosso, enquanto icava de frente para ela.

Tirou o cantil que trazia, colocando na boca da mulher e só naquele momento os olhos azuis se abriram, presos à
escuridã o.

Bebeu o lı́quido tã o rá pido que vazou pela lateral da sua boca.

-- Para, precisa de calma ou vai engasgar... – Repreendeu-a irritado.

A Calligari pareceu desnorteada, confusa...

Seu corpo doı́a muito.

Imaginou se ainda estava amarrada ao tronco. Seus braços pareciam paralisados, suas pernas estavam dormentes...
Teve a impressã o que chicoteavam seu corpo novamente... Sentiu o ferro queimar sua carne... Os socos em seu abdome...

Viu os olhos azuis de Aimê ... Depois nã o era ela... Otá vio...

Cerrou os dentes.

Fez um movimento brusco e se nã o fosse pelo guerreiro, teria despencado do alto.

-- Acorde! – Ordenou, sacudindo-lhe os ombros. – Se nã o despertar, nã o terá chances de se salvar.

Mais uma vez os olhos negros se mostraram perdidos...

O som dos animais noturnos era bastante intenso naquela parte.

Diana segurou o braço do irmã o fortemente.

-- Aimê ... – Chamou pela esposa. – Aimê ... Eu preciso salvar... Eu preciso...

O ı́ndio tirou um pedaço de carne, colocando na boca dela.

-- Coma devagar, está sem energia... Delira...

Mais uma vez a morena o itou...

Os primeiros raios de luz começavam a iluminar o breu que se instalara.

-- Você nã o é mais refé m do bandido, está comigo, mas nã o poderei carregá -la, entã o se realmente é uma guerreira
e tem no seu sangue o do meu povo, está na hora de reagir...

Ela pareceu adormecer novamente...

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As pá lpebras tremeram e depois de alguns segundos se abriram.

-- Tupã ... – A major falou baixo. – Tupã ...

-- Sim, princesa, sou eu! – Voltou a itar o chã o, percebendo que homens montavam guarda naquela parte. – Como
conseguiu deixar o acampamento? Onde está a sua namoradinha?

A Calligari tinha a impressã o que sua boca estava cheia de areia, até para falar, precisava fazer um esforço enorme.

Nã o havia uma ú nica parte de si que nã o estava moı́da.

O ı́ndio colocou o cantil na boca dela novamente e a sentiu muito quente, estava muito mal.

Precisava levá -la dali o mais rá pido possı́vel ou nã o teria chance de sobreviver.

-- Precisamos chegar a tribo... – Tocou-lhe a fronte.

-- Nã o... – Engoliu em seco. – Piatã ... – Pigarreou. – Ele levou Aimê ...

Tupã praguejou.

-- Como aquele velho vai fugir desses bandidos com essa garotinha que nem sabe andar na selva...

A morena teve di iculdade para falar novamente.

A respiraçã o dela estava acelerada.

Tremia...

Os dentes começaram a bater um no outro.

-- Precisamos ir atrá s deles... Preciso...

O ı́ndio torceu o nariz.

-- Você nã o está em condiçã o de ir a lugar nenhum... E está fedendo a bicho morto... Queria ver se assim alguma
mulher iria te querer agora... – Juntou as mã os, levando à boca, fazendo o som de um pá ssaro.

Diana moveu a cabeça lentamente.

Precisava ter forças.

Ouviu a imitaçã o da ave e sabia que o chefe estava se comunicando com os outros.

Um tiro foi ouvido e a morena icou preocupada.

-- Calma, devem ter topado com algum animal selvagem... – Apurou os ouvidos, tentando ouvir a resposta que nã o
tardou a ser dada. – Tem muitos homens na loresta, precisaremos passar por eles...

-- Eu preciso ir até a Aimê ... – Insistia debilmente.

-- Nã o, princesa, você precisa se recuperar e só assim poderá ir até a sua amada.

A morena tentou se mover, poré m lhe faltou forças e logo fechou os olhos e voltou a dormir.

Tupã voltou a imitar o som do pá ssaro.

Precisava tirar a Calligari dali o mais rá pido possı́vel. Nã o muito longe havia uma tribo que o receberia com
honraria, mas tinha certeza de que a irmã seria vista com maus olhos. Eles a consideravam també m uma traidora, mesmo
assim, essa seria a ú nica opçã o para aquele momento.

Esperaria anoitecer e se livraria daqueles imbecis que faziam guarda ali embaixo, assim pediria auxı́lio a outros
ı́ndios para levá -la.

Aimê nã o parava um segundo dentro da caverna. Vá rias vezes já pensara em sair dali e retornar para o
acampamento, ainda tentara duas vezes, poré m Piatã frustrou suas tentativas.

Mesmo com muito frio, seguiu até a pequena cascata.

Sua cabeça estava pesada.

A luz do sol já invadia aquela á rea...

Sentou-se à margem do lago... Tocou a á gua fria...

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Fechou os olhos e recordou dos primeiros dias ali... Do cheiro... Do som do lı́quido e de como icara feliz em contar
com aquele prazer...

Prendeu a respiraçã o ao se recordar da presença da Calligari... De sua forma cruel de agir... Do ó dio que sentira por
estar ao lado da ilha do homem que destruı́ra sua vida...

Cerrou os dentes ao mirar a cascata...

Recordava-se de estar sob a ela quando sentiu aquele olhar poderoso sobre seu corpo...

Sentiu um arrepio na espinha...

O ı́ndio a observava de longe.

Sabia o que ela deveria estar a passar naquele momento. Ficava a imaginar o que poderia ter ocorrido com a
princesa...

Deu alguns passos e nã o demorou ao ouvir a voz irritada e triste da jovem.

-- Leve-me lá , eu desejo retornar... Essa é a minha escolha... – Mirou-o sobre os ombros. – Eu imploro... Deve aceitar
a escolha que iz...

Piatã mirou os olhos brilhantes e sabia que por trá s daquela aparê ncia frá gil, havia muita força, coragem e
teimosia...

Aproximou-se mais, sentando-se ao lado dela.

Olhava o rio e tinha uma expressã o tranquila.

-- Menina, a Diana deseja que ique comigo, deseja que ique bem... Vou levá -la em segurança para sua famı́lia.

A garota sentou com as pernas cruzadas diante dele.

-- Você nã o entende... Nã o entende... – Dizia com lá grimas nos olhos. – Por que me trouxe? Por que foi tã o cruel
comigo?

O velho viu as lá grimas banharem sua face e mais uma vez se condoeu dela.

Tomou-lhe as mã os nas suas...

-- Fiz o que a princesa me ordenou... Nã o entende como ela estava a sofrer ao ver como você poderia ser ferida...

A Villa Real desvencilhou-se do toque.

-- Entã o ela é ainda mais cruel do que você ... – Limpou os olhos com as costas da mã o. – A Calligari acha que pode
decidir sobre tudo, acha que pode fazer o que deseja... – Mordiscou o lá bio inferior. – Como eu ico nessa histó ria? O que sinto
nã o é levado em conta? O que dó i aqui dentro... – Apontou o peito. – O amor que sinto nã o conta? Ela é egoı́sta... egoı́sta...

Piatã a abraçou, mesmo sendo de inı́cio empurrado.

Sentiu-a depositar a cabeça em seu ombro, enquanto chorava copiosamente.

O corpo frá gil da ilha de Otá vio tremeu....

O velho ı́ndio lhe acariciou os cabelos, enquanto a embalava como se faz com uma criança.

Dos lá bios da jovem, o nome da princesa era uma ladainha incansá vel e repetitiva...

A noite já voltava a cair.

Crocodilo tinha voltado para o acampamento no inal da tarde.

Mais cedo atirara contra um dos capangas que se negara a seguir por um pâ ntano. Agora, ele e nenhum outro se
negaria a cumprir uma ordem sua.

Seguiu até a barraca.

Tinha certeza de que a major estava por perto... tinha certeza de que nenhum ser humano poderia sobreviver a
tudo que se passou e sair tã o inteiro a ponto de atravessar aquela regiã o até o rio.

A cercaria.

Sabia que ela nã o se arriscaria a ir até os ı́ndios, era odiada por todos e vista como traidora, entã o só havia um
caminho para ser seguido e ele esperaria pacientemente por sua presa.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Quando estivesse diante dela, nã o pouparia esforços e na mesma hora descarregaria todas as balas do seu revó lver
na sua cabeça. Nã o haveria escapató ria... Nã o deixariam aquele inferno sem terminar sua missã o... Um dos dois sairiam sem
vida e garantiria que fosse ela...

Tupã conseguiu chegar a aldeia na madrugada.

Tivera como aliada uma onça que andava faminta por aquela regiã o e espantara os capangas. Sendo assim, pudera
seguir com a irmã , improvisando uma maca de cipó . Seus guerreiros seguiram incansá veis e em passos rá pidos, parando no
momento apenas que adentraram o espaço da tribo.

O lugar nã o era tã o grande como a do pajé , mas tinha uma localizaçã o privilegiada quanto ao rio e a caça.

Cercada por á rvores, um cı́rculo perfeito era formado pelas pequenas habitaçõ es com uma estrutura de madeira
taquaras e cobertura de palha.

O chã o batido e vermelho tinha no centro uma grande fogueira que sempre era acesa à noite.

Ali, os habitantes eram bastantes pacı́ icos e composto quase praticamente de idosos... Nã o se via crianças ou
jovens, apenas pessoas maduras que trabalhavam com curas...

Os visitantes esperaram a permissã o para adentrar o espaço, saudando respeitosamente os an itriõ es.

A presença dos nã o convidados causaram surpresas.

Nã o demorou muito para que grande parte das pessoas que viviam ali, seguissem para descobrir de quem se
tratava.

Um senhor alto, gordo, vestindo uma tú nica de couro e fumando um cachimbo se aproximou.

O dia já amanhecia e ao longe se ouvia alguns ı́ndios saudando o Deus Sol.

Nã o demorou a Tupã ser reconhecido e recepcionado com grande entusiasmo, a inal, o jovem era bastante
respeitado por todos e també m sempre requisitado pela força guerreira para conter alguma contenda.

-- O que o traz aqui?

O homem mais novo apontou para a maca improvisada.

-- Preciso da sua ajuda... Peço pela princesa... Peço em nome da rainha do Sol...

Uma anciã se aproximou, colocando a mã o no ombro do idoso.

Cochichos eram ouvidos.

Todos pareciam perplexos com a moribunda.

Alguns idosos se aproximaram e torceram a boca em desagrado... Chegaram até mesmo a cuspir em verdadeiro
asco.

Olhares foram trocados durantes longos segundos.

Tupã se agachou até a irmã , acreditava que aquelas pessoas eram as ú nicas que poderiam fazer alfo pela ilha de
Alexander, mas se eles se negassem, teria que se arriscar e ir até a pró pria tribo, mesmo que soubesse que ele poderia nã o
resistir.

Ouviu-a gemer...

O rosto bronzeado estava molhado.

Os dentes batiam do frio causado pela intensa febre...

Os lá bios que antes se mostravam sempre rosados, agora traziam a palidez da morte...

Segurou-lhe mã o, apertando-a.

Naquela manhã quando precisara descer a major, fora preciso a ajuda de vá rios ı́ndios, pois a morena já tinha usado
toda a força quando ainda conseguira se acomodar no galho. Fora no momento do transporte que viu a marca que fora feita
em seu abdome e nas suas costas...

Como ela sobrevivera à quilo?

Ouviu a movimentaçã o a suas costas, virando-se para ita-los.

-- Cuidaremos dela, Tupã ... – A anciã falou.

O homem se sentiu aliviado, levantando-se.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Levem-na para a cabana do curandeiro! – O chefe mais velho ordenou.

Tupã fez um gesto para que os ı́ndios a transportassem e seguiu junto com as ı́ndias que cuidariam da Diana.

O chefe guerreiro nã o parecia preocupado com os comentá rios que surgiriam depois de ter ido ao auxı́lio da irmã ...
Talvez como o pajé falara, essa era uma dı́vida que tinha com a pró pria mã e.

Adentraram o pequeno espaço.

No lugar havia apenas um pote grande de barro onde se colocava a á gua. Havia també m alguns vasos com ervas
variadas e desconhecidas. Algumas secas, outras verdes...

O cheiro era forte...

Viu quando improvisaram uma espé cie da cama.

Os ı́ndios deixaram a oca, enquanto Tupã , a anciã e outra senhora permaneciam ali.

A mulher mais velha cortou as roupas sujas e o chefe icou ainda mais impressionado com as feridas no corpo da
morena.

A marca que fora feita a ferro estava bastante in lamada, do mesmo jeito que as feridas nas costas.

-- Tragam á gua, precisamos lavá -la imediatamente.... – Apalpava o corpo da pintora. – Acho que ela quebrara
algumas costelas... Que espé cie de pessoas a torturaram? E o que ela fez para merecer isso?

Tupã se acocorou ao lado da velha.

-- Acha que ela sobreviverá ?

A anciã tocou a fronte da morena.

Os lá bios da major estavam entreabertos... Frases desconexas saiam de sua boca...

-- Sim, nã o há dú vidas quanto a isso, se tivesse que sucumbir, teria sucumbido há mais tempo... Se aguentou até
agora é porque tem muita força...

Diana começou a se debater e gritar.

-- Segure-a! Está delirando, ainda pensa que está em tortura...

O guerreiro teve di iculdade para deter a irmã e foi preciso que outros guerreiros se aproximassem.

A curandeira começou a falar algumas palavras em uma lı́ngua estranha e logo a ilha de Alexander se acalmou e
voltou a dormir.

-- Cuide dela... Terei que me ausentar, mas logo retornarei. – O chefe se levantou. – Preciso ver como está a situaçã o
na regiã o.

A senhora assentiu, enquanto se ocupava da jovem, mas virou-se para ele.

-- Quando retornar, traga as roupas da rainha para ela...

O rapaz pareceu surpreso com o pedido, mas acabou assentindo.

Cinco dias depois...

Piatã saiu durante alguns minutos do esconderijo e descobriu que nã o poderiam seguir ainda, pois os bandidos
acamparam na clareira ao lado.

Aqueles dias nã o estavam sendo fá ceis, ainda mais quando de tratava da Villa Real. A menina se negava a se
alimentar e inú meras vezes tentara ir ao encontro da major, mesmo sem saber por onde seguir.

Parou diante da entrada da caverna.

A comida se resumia a apenas um pedaço de pã o seco, sorte que conseguira caçar um animal pequeno que serviria
para aqueles dias.

Talvez precisasse icar ali por mais tempo do que o que imaginara, pois os bandidos nã o pareciam interessados ou
apressados para deixar a á rea, na verdade, estavam cercando as possı́veis saı́das.

Já começava a perder a esperança que Tupã tenha deixado o orgulho e a arrogâ ncia de lado e fora salvar a irmã .

Sentiu um aperto no peito ao lembrar da Calligari.

Agora já nã o acreditava que fora o melhor a fazer, deixá -la sozinha, entregue à pró pria sorte.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Entrou e encontrou Alanna a lita parada no interior da caverna.

-- Aimê nã o está , quando despertei, ela tinha deixado o local. – A loira disse apressadamente. – Procurei-a por todos
os cantos aqui...

O ı́ndio icou em total desespero.

Nã o deveria ter saı́do, mas pensava que ela estava a dormir quando deixar o escoderijo.

-- Fique aqui! – Tocou-lhe o braço. -- Irei atrá s dela.

A mulher fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Por favor, nã o demore!

PIatã assentiu, quando novamente deixava o local.

Deveria ter imaginado que a Villa real tentaria fazer isso.

Os dias que se passaram, ela demonstrava sua tristeza e indignaçã o por ter sido tirada do lado da major.

Sim, falhara com a princesa e precisava urgentemente resolver esse problema.

Aimê seguia por entre aquelas enormes á rvores.

Tinha a impressã o que dava voltas em cı́rculos, pois os lugares pelos quais passavam pareciam sempre os mesmos.

Nã o imaginou que seria tã o difı́cil se locomover naquele lugar.

Estavam sempre a olhar para o chã o, temendo que houvesse uma cobra camu lada naquelas folhas que forravam o
lugar e fora devido a isso que um galho lhe ferira a face.

Levou a mã o ao rosto.

Os macacos brincavam em uma á rvore ali perto... Ouvia seus gritos...

Respirou fundo!

Sabia que tinha sido uma idiota por ter deixado o esconderijo, mas o izera na esperança de conseguir chegar até
onde estava a sua esposa.

Olhou para o cé u, pouco podendo vê -lo devido à mata fechada.

O que faria?

Estava em total desespero, imaginando o que tinha acontecido com a mulher que amava. Aqueles dias foram um
verdadeiro inferno de ansiedade. Esperara a cada amanhecer e anoitecer pela chegada da ilha de Alexander e aos poucos
percebia que precisava retornar, que necessitava de ir até aquele acampamento e se submeter a qualquer coisa que o
Crocodilo izesse, contanto que estivesse ao lado da esposa...

Ouviu o som dos pá ssaros, viu-os...

Notou o tronco caı́do, decidindo sentar sobre ele.

Deveria haver algué m por ali...

Esperaria que a encontrassem, sabia que estavam por perto, Piatã falara que os viu por ali.

Fitava tudo com atençã o...

De repente tudo pareceu icar em um silê ncio assombroso...

Ouviu um rugido alto e ao se virar, viu a onça vindo em sua direçã o.

Levantou-se...

Sentiu as pernas tremerem...

Fechou os olhos esperando o inevitá vel ataque, mas apenas ouviu o baque alto perto de si.

O animal grande tinha sido acertado entre os olhos... Vá rias lechas foram disparadas para detê -la...

Aimê ao abrir os olhos, teve a impressã o que estava tendo uma visã o.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Piatã estava um pouco atrá s e outros homens fortes... Mas nã o era aquilo que a deixara paralisada...

Engoliu em seco...

Diana...

A Calligari estava parada bem pró xima dela, mas nã o era simplesmente a Calligari, era a ı́ndia selvagem.

Viu-a agachar, tirando o animal do caminho e logo estava de pé novamente...

Os cabelos estavam soltos, as madeixas de é bano ornamentavam a face, havia uma pintura vermelha isolando os
olhos, indo até as orelhas que traziam brincos artesanais e longos de penas que se misturavam com os ios negros. Uma
espé cie de trançado era usado na cabeça, no meio de sua fronte... Uma espé cie de coroa...

Sua pele estava ainda mais bronzeada...

Observou as roupas...

Um pequeno tope de couro buscava cobrir os seios redondos, tendo a sustentaçã o, um cordã o que amarrava em seu
pescoço. Os braços traziam pinturas e uma espé cie de pulseira amarrada em seus mú sculos delineados.

Alta, ereta... Arrogante e orgulhosa... Como poderia se mostrar ainda mais poderosa?

Estaria tendo um devaneio?

Prendeu a respiraçã o ao descer o olhar.

O abdome de inido estava à mostra e a marca a ferro estava ainda mais viva com o V.

O traje de baixo se resumia a uma espé cie de minú scula saia de palha... Pouco cobria...

As pernas longas estavam de fora... A ú nica coisa que restava da civilizaçã o eram as botas de camurça marrom...

Diana guardou o arco que usava nas costas.

Fitou a esposa e sentiu o alı́vio em seu peito.

Quando encontrara o velho ı́ndio na selva, icara em desespero quando soubera que a Villa Real tinha sumido e
saı́ra em total agonia a sua procura e se tivesse demorado alguns segundos, com certeza teria sido tarde de mais.

Encarou-a intensamente.

Nã o sabia se ia até ela e a abraçava ou se esbravejava por ter sido tã o irresponsá vel.

Os olhos azuis estavam tã o abertos, a boca també m, parecia estar diante de uma ilusã o da sua cabeça.

Viu Piatã parar ao lado da pintora.

-- Você chegou bem a tempo, princesa!

A morena itou o homem rapidamente e logo voltou a encarar a Villa Real.

A passos lentos, seguiu até ela, parando diante do olhar surpreso.

Os olhos negros inspecionavam-na... Estendeu a mã o, tocando-lhe a face... Com o polegar delineou a arranhã o que
trazia em sua bochecha...

-- Nã o deveria ter fugido, mimadinha... – Repreendeu-a com a voz rouca.

O mar azul se encheu de lá grimas.

Os lá bios se abriram em um sorriso de reconhecimento...

Abraçou-a forte, apertando-a junto a si.

Temeu que seu coraçã o explodisse de tanta felicidade... Ouvia-o pulsar alto... Ouviu o dela... Sim... Estavam na
mesma sintonia... Uma verdadeira sinfonia...

A Calligari cerrou os dentes para nã o gemer ao sentir as costelas reclamarem.

Ouvia o som do choro e entendia o que se passava, pois fora aquela mesma agonia que lhe acometera durante os
longos dias que passara debilitada, poré m lutara muito para se recuperar, lutara muito para poder reencontrar a mulher que
tanto amava e por uma estupidez, quase isso fora impossı́vel.

Os dias que passara na tribo a izera se recuperar, mesmo que nã o estivesse cem por cento, levantara-se e fora atrá s
de Piatã e da esposa. Fora contra as ordens de Tupã , pois sabia que nã o suportaria icar à espera de que o Crocodilo os
encontrasse.

-- Eu pensei... Eu tive tanto medo... Medo de nã o te ver mais... – Disse baixinho. – Meu Deus, amor, eu sofri tanto... –
Encarou-a. – Temi tanto nã o te ver mais...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Diana se afastou apenas para itá -la, tomando-lhe o rosto nas mã os.

Desejou beijá -la, amá -la ali mesmo, poré m nã o podia agir guiada por aquele desejo primitivo, ainda mais por que
sabia o perigo que todos corriam.

Viu os olhos tã o azuis brilharem em lá grimas... Mirou-o com tanta intensidade, como se desejasse invadi-los...

-- Eu estou bem... Mas nã o gostei que tenha fugido dos cuidados do Piatã !

-- Mas, amor...

-- Você agora fará o que eu mandar! – Interrompeu-a. – Pá ssaro pardo! – Chamou um dos guerreiros.

Nã o demorou para o homem alto e muito forte se aproximar.

Aimê parecia surpresa.

-- Princesa! – Ele falou respeitosamente.

-- Estará sob a sua guarda a minha esposa, Piatã e Alanna, leve-os para a aldeia e tome cuidado para que minha
bela mulher nã o escape e faça mais uma das suas coisas de adolescente.

Os olhos azuis se estreitaram em confusã o.

-- Diana... – A ilha de Otá vio falou magoada.

A ı́ndia se afastou.

-- Conversaremos depois e nã o faça nenhuma loucura! – Apontou-lhe o dedo em riste. – Se ousar se colocar em
perigo novamente, a trancarei dentro de uma caverna e só saı́ra quando todo esse problema acabar...

A Calligari seguiu até o velho amigo.

-- Vá com ela e nã o permita que faça nada que atente contra a vida... Tupã está do outro lado, me encontrarei com
ele e logo vamos começar o confronto contra o Crocodilo. Nã o podemos permitir que ele ameace a tranquilidade das nossas
aldeias e do nosso povo.

Aimê parecia perplexa... Observava a beleza da esposa e sua arrogâ ncia...

Piatã fez um gesto a irmativo com a cabeça, enquanto seu olhar estava direcionado a Villa Real, sabia que a jovem
parecia decepcionada.

Diana encarou a esposa por fraçõ es de segundos, depois seguiu por dentro da mata.

O ı́ndio guerreiro fez um gesto para que a ilha de Otá vio seguisse para o lado oposto.

Piatã foi ao encontro dela.

-- Vamos, menina, será melhor fazer o que a princesa disse...

A Villa Real passou a mã o pelos cabelos, arrumando-o.

-- Eu nã o obedeço a sua princesa e també m nã o obedeço a arrogante major... – Engoliu em seco. – Custava ela
falar comigo direito? Quem ela pensa ser? Eu passei todos esses dias preocupadas, desesperada e recebo frieza... –
Questionava parada. – O que se passa?

-- Ela está preocupada... Agora precisará mostrar que realmente tem o sangue dessas pessoas e expulsar esses
invasores... Precisará agir assim... Nã o pode se distrair... Mas eu vi o olhar dela para ti... O amor que sente é imenso, apenas
tenha paciê ncia...

Aimê umedeceu os lá bios demoradamente e depois soltou um suspiro profundo.

Meneou a cabeça negativamente.

Nã o acreditava que depois de ter sofrido durante aqueles longos dias, aquela era a forma que a morena a tratava.

-- Insensı́vel! – Falou baixinho, enquanto seguia escoltada pelos ı́ndios.

Tupã estava sobre uma enorme á rvore.

Ouviu o sinal da Diana e logo foi ao encontro dela.

-- Pensei que nã o voltaria ou se demoraria mais... Sua maior fraqueza sã o as mulheres. – Provocou-a.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Os olhos negros se estreitaram.

-- Tenho uma missã o e a cumprirei...

O guerreiro sorriu.

-- Que bom... Depois terá muito tempo para aproveitar sua amada... Agora precisamos desarmar esses bandidos. –
Observou-a com atençã o. – Tem certeza que conseguirá ?

Diana fez um gesto a irmativo.

-- Você nã o está bem ainda, Calligari, sabe disso... Precisa de cuidados e fora teimosa em sair da aldeia assim...

A morena deu de ombros.

-- Preciso das minhas armas... Temos que ir até o acampamento e pegá -las... Nosso arco e lecha nã o darã o conta
daquele miserá vel e seu bando!

-- Nã o, você nã o vai até lá ! – Tomou-lhe o braço. – Diga-me onde enterrou e eu mesmo irei!

A morena se desvencilhou do toque.

-- Entã o iremos juntos, pois se encontrar o desgraçado, acabo logo com a vida dele.

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Capitulo 36 por gehpadilha


A noite já começava a cair e o coro das criaturas noturnas já podiam ser ouvidos. Os insetos faziam uma verdadeira
sinfonia, fora as aves e as rã s.

Os macacos observavam tudo das suas confortá veis á rvores, sentindo e vendo a presença dos invasores.

Começava a ventar e gotas de chuvas já começavam a cair. Nã o era grossa, mas para se transformar em uma
tempestade, seria em questã o de segundos.

O som fantasmagó rico de Eolo se tornava uma sinfonia de causar arrepio...

O solo já estava molhado... Encharcado...

Os rastros nã o poderiam ser seguidos com tanta facilidade.

Crocodilo estava parado em meio à s á rvores.

Os cachorros se aglomeravam ao redor de si.

Alguns faroletes estavam acesos, já que a fogueira tinha sido apagada em todas as vezes que houvera tentativa de
acendê -la.

Tinha montado acampamento por toda a extensã o do rio.

Seu plano era esperar o momento que uma ferida ı́ndia tentasse seguir e assim ele a surpreenderia...

Talvez o garboso bandido nã o fosse tã o esperto como tentava se mostrar...

-- Precisamos tomar cuidado, alguns dos nossos se perderam na loresta.

Crocodilo se referia ao desaparecimento de trê s dos seus homens que saı́ram para fazer busca na tarde anterior e
até agora nã o retornaram.

As barracas já estavam armadas.

Os olhares das prostitutas se mostravam apreensivos. Nunca estiveram tã o assustadas em toda aquela perigosa
empreitada como acompanhantes daqueles homens... Muitas invejavam a fuga de Alanna...

Um homem alto, todo barbudo e de aparê ncia desleixada se aproximou.

-- Senhor, realmente nã o achamos que devemos continuar com isso! – Dizia em receio. – Há dias estamos dando
voltas e até agora nã o conseguimos nada... por que nã o deixamos essa mulher e retornamos para a cidade, poderá pegá -la
quando ela estiver de volta...

O chefe permaneceu de cabeça baixa por longos segundos, até que se levantou, retirou o revó lver, apontando para o
corajoso que lhe dera a sugestã o.

-- Ningué m vai a lugar nenhum! – Esbravejou. – Nã o sairei daqui sem antes levar a Villa Real e matar a Calligari...

Alguns dos presentes já começavam a se dividir e se assustavam com a selvageria do lugar.

Achavam que o seu lı́der perdera nã o apenas o juı́zo, mas també m o senso de liderança e isso os faziam descrer na
missã o que tinham pela frente.

-- Senhor, nã o sabemos o que fazer, já ...

Crocodilo atirou para cima vá rias vezes.

Todos os presentes icaram calados.

Temiam a fú ria do bandido.

O segurança loira nã o estava presente, tinha seguido até o primeiro acampamento, pois precisara buscar
mantimentos e muniçõ es.

Tupã observava os movimentos de cima da á rvore.

A irmã tinha seguido até o acampamento, tinham conseguido pegar as armas, mas insistira em mexer no motor dos
veı́culos, assim, nã o teriam como deixar o lugar.

Algumas aves també m tinham sido capturadas, mas todas já tinham sido libertadas. As muniçõ es encontradas
foram descartadas, fragilizando assim aquela organizaçã o.

Naquele momento, a pintora usava o rá dio comunicador para entrar em contato com o exé rcito.

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O ı́ndio ouviu um barulho e notou a presença de trê s homens.

Imediatamente fez um sinal para a irmã , mas ela nã o apareceu entender, estava bastante concentrada.

Repetiu o gesto e dessa vez mais alto e sentiu um alı́vio no peito quando a morena se escondeu.

Mesmo que nã o admitisse, sentia-se orgulhoso de mais da Calligari. Ela tinha uma força e uma coragem
impressionante.

Nã o negava que chegara a imaginar que ela nã o aguentaria... Irritou-se ao imaginar que assim que ela encontrasse a
tal Villa Real, iria embora e deixaria para trá s todo o povo com aquele problema.

Há tempos, as tribos, os animais e a natureza vinham sofrendo com a açã o daqueles tra icantes, entã o quando ela
deixara claro que os expulsaria de uma vez por todas, icara imensamente feliz, desejando lutar ao lado dela naquela
empreitada.

Voltou a se posicionar, de forma que pudesse agir, se a pintora necessitasse da sua ajuda.

Diana estava debaixo do caminhã o.

Ouvia o som dos passos e a vozes, reconhecendo uma em particular.

O maldito segurança!

Fechou fortemente o punho, desejando esmurrá -lo com toda força do mundo, ainda mais quando recordava do que
Piatã falou... Se o velho ı́ndio nã o tivesse chegado, o bandido desgraçado teria abusado da esposa.

Cerrou os dentes!

Nã o poderia agir por instinto, teria que ter calma, pois logo todos pagariam e muito caro pelas açõ es executadas.

Pelo que andara ouvindo, percebia que nã o demoraria para Crocodilo ser traı́do por seus “colaboradores”. Eles se
negavam a seguir em meio à quela mata fechada. Algo compreensı́vel, pois os perigos daquele lugar eram aterradores.

Prendeu a respiraçã o ao recordar de Aimê ...

Se tivesse demorado fraçõ es de segundos, ela teria sido trucidada por aquele animal.

Diana nã o gostava de matar, só o fazia quando realmente era necessá rio... Por esse motivo se livrara da onça...

Levou a mã o ao revó lver que estava na cintura, precisava estar preparada...

Voltou a recordar da esposa...

A Villa Real era muito mimada mesmo e rebelde...

Meneou a cabeça negativamente.

Como fora tã o cabeça-de-vento e sair da caverna sozinha, sem conhecer nada naquele lugar?

Será que nã o recordava de como fora difı́cil na primeira vez que tiveram que seguir por ali...

Umedeceu os lá bios, sentindo-os secos...

Quando viu os olhos azuis voltados em sua direçã o, teve a impressã o que o coraçã o voltava a pulsar...

Passara todos aqueles dias sonhando com ela... Desejando tê -la ao seu lado... Poré m ao saber do ocorrido, icara tã o
furiosa que nem conseguira demonstrar o que sentia... Precisara usar de toda a frieza, pois só assim, poderia fazê -la obedecer
e a pró pria pintora nã o podia se dar ao luxo de se distrair do seu objetivo.

Ouviu os passos icarem mais pró ximos.

Prendeu a respiraçã o.

Prestou atençã o nos diá logos.

-- Nã o iremos icar embrenhados nessa selva atrá s dessas mulheres... – Um dos homens dizia irritado. – Quero
receber o meu dinheiro e ir embora antes que um bicho selvagem desses me ataque ou o pró prio Crocodilo volte a surtar e
saia atirando em todo mundo.

O loiro se apoiou no veı́culo.

-- Ele está obcecado pela major... Deveria tê -la matado quando teve a chance... Eu poderia ter dado cabo da vida dela
em um segundo...

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-- Eu desejei matá -la... Ainda sonho com esse momento! – O segurança falou. – Só sairei daqui com a cabeça dela! –
Esmurrou o capô do caminhã o. – També m terei como prê mio a Villa Real... Essa será minha de todas as formas...

-- Você está mais louco do que o outro... Como disse, nã o icarei por muito tempo e os outros també m nã o...
Queremos nossa grana e depois vamos embora desse inferno...

Os passos voltaram a se afastar, mas as vozes continuavam cada vez mais alteradas.

Nas primeiras horas do dia, Piatã , Aimê , Alanna e os ı́ndios que foram responsá veis pela escolta dos convidados
adentravam a aldeia de Tupã .

Demoraram mais do que o necessá rio, pois a loira acabara torcendo o tornozelo.

Sirena veio ao encontro de todos, saudando-os com abraços, demorando-se na Villa Real.

-- Fico tã o feliz em vê -los bem... – Falava, enquanto segurava as mã os da jovem. – A Diana icou tã o desesperada que
nem mesmo esperou curar totalmente, seguindo a sua procura.

Aimê reconheceu a voz da mulher e recordou de como ela fora gentil quando estivera ali.

-- Obrigada, també m me sinto feliz por estar aqui... – Disse simpaticamente.

A ilha de Otá vio observava tudo com atençã o.

Aquela aldeia parecia mais organizada, tudo parecia em total harmonia com a loresta.

As ocas eram grandes...

Havia lores...

Maravilhou-se com o jardim...

Recordou-se de que quando estivera ali, sentira aquele cheiro da lora ainda mais concentrado...

Fitou as á rvores de frutas que estavam localizados em meio à s rú sticas construçõ es...

Viu o olhar de todos voltados para si...

Havia crianças... Mulheres... Idosos... Guerreiros jovens...

Corou ao ver a escassez de roupas das pessoas do sexo feminino... Exibiam os seios sem nenhuma hesitaçã o.

A esposa de Tupã já era diferente, usava uma espé cie de tú nica de pele de animal.

Viu o sorriso da bela jovem para si.

Sirena nã o lhe soltou a mã o, levando-a até pró ximo as pessoas que pareciam reconhecê -la.

-- Acredito que todos lembram da Aimê , o amor da princesa... Ela icará conosco durante alguns dias e todos devem
ser respeitosos...

Todos demonstraram simpatia, exibindo sorrisos tı́midos.

-- Piatã , as acomodaçõ es para você s estã o prontas... Vou leva-la comigo. – Disse simpaticamente.

A esposa de Tupã seguiu com a Villa Real até a oca maior.

-- Você icará aqui como da outra vez...

Aimê observou o lugar e de repente lembranças da noite do casamento lhe assolaram a mente.

Viu uma esteira no chã o... Uma rede... Um pote de barro. Era tudo muito simples, mas bastante acolhedor.

Respirou fundo!

Teve a impressã o que tudo voltará naquele dia... Casara com a major...

Recordava-se de ter passado a noite a imaginar que Diana se aproximaria e tentaria alguma coisa... Temeu e
també m ansiou por isso...

Deus, como podia já querê -la naquela é poca?

Ainda lembrava da primeira vez que sentira os lá bios dela sobre os seus... Perecia que mil carrossé is giravam em
sua cabeça...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A boca macia... O há lito fresco... O cheiro dela que penetrara e se mesclara a sua pró pria respiraçã o...

Corou ao perceber o olhar especulador da ı́ndia.

-- Está pensando nela? Lembrando do casamento? Eu sempre soube que você s icariam juntas...

A garota suspirou irritada.

-- Pre iro nã o falar sobre ela...

Sirena estendeu a mã o, tocando-lhe a face, fazendo-a encará -la.

-- O que houve? – Questionou surpresa.

A neta do general mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

-- A Diana esteve em desespero... Ela só chamava por ti, enquanto lutava contra uma terrı́vel infecçã o...

-- E eu desejei estar ao lado dela... – Disse por entre os dentes. – Nã o desejei que me levassem... Sofri dia apó s dia...
Imaginei mil coisas... E quando a encontro... tive a impressã o que meu mundo voltava a fazer sentido... Mas o que recebi?
Frieza e arrogâ ncia...

Sirena viu uma solitá ria lá grima rolar.

-- O que se passou?

Aimê desviou o olhar por alguns segundos, mas logo voltou a itá -la.

-- Eu sei que nã o deveria ter fugido da caverna... Mas, meu Deus, eu estava desesperada sem saber dela, estava
enlouquecendo e acabei indo...

A ı́ndia esboçou um sorriso de compreensã o.

-- Eu te entendo, mas també m precisa entender a princesa... Ela deve ter icado enlouquecida... – Passou o polegar
pela lá grima dela. – Tenha calma, logo que tudo isso passar, você s poderã o conversar, entã o demonstrará sua indignaçã o... –
Apontou para uma cesta de cipó . – Ali tem roupas da Diana, você poderá usá -las. Pedirei que tragam á gua para que banhe e
descanse...

A garota assentiu, enquanto via a mulher de Tupã se afastar.

Fitou a rede e seguiu até ela, deitando-se.

Seu corpo doı́a...

Sua cabeça doı́a pela falta de descanso e pela preocupaçã o...

A pintora estava lá fora se arriscando irresponsavelmente...

India... Artista... Dama... Major... Besta arrogante... Ogra... Selvagem...Canibal... Maravilhosa...

Fechou os olhos e de repente um sorriso se desenhou em seus lá bios...

Nunca em sua vida tinha visto uma mulher tã o linda e poderosa como a major Calligari...

Suspirou alto.

Mesmo que estivesse muito irritada pela forma que fora tratada e estivesse disposta a nã o a perdoar tã o cedo, nã o
podia negar que a imagem da morena vestida de nativa era muito arrebatadora...

Nã o havia dú vidas de por que vivia em total seduçã o com a jovenzinhas...

Cobriu o rosto com as mã os.

Moveu os lá bios em uma oraçã o silenciosa...

Que tudo aquilo chegasse ao im... Que a ilha de Alexander nã o fosse ainda mais ferida...

Nã o entendia por que simplesmente nã o iam embora...

Temia que izessem ainda mais mal a ela.

Respirou fundo!

Sabia que seria uma missã o impossı́vel dissuadir a esposa disso, sabia como por baixo daquele nariz empinado
havia uma determinaçã o cega...

Deus, precisava vê -la... Saber que estava bem...

Meneou a cabeça negativamente...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Que tudo aquilo terminasse o mais rá pido e pudessem voltar para casa.

-- Como as muniçõ es sumiram e os carros nã o funcionam? – Gritava o chefe irritado.

Os trê s homens que seguiram até o acampamento retornaram e relataram o sumiço das armas e dos animais.

-- Nã o sabemos, apenas o acampamento parecia normal... – O segurança se justi icava. – Só depois que notamos que
faltava tudo... As muniçõ es... Nã o havia nada...

Os presentes pareceram ainda mais relutantes com esse novo fato... A inal, havia poucos mantimentos e o poder de
fogo se resumia ao que tinha ali... Os rá dios comunicadores... Nada funcionavam, estavam presos naquele lugar...

Crocodilo olhava tudo ao redor.

Observava as grandes á rvores que cercavam a clareira. Sabia que a major estava por perto, sabia que ela era
responsá vel por tudo aquilo.

Os presentes cochichavam...

O burburinho era grande... Estavam assustados...

-- Quem me trouxer a Calligari ganhará o triplo do que prometi! – Bradou. – Tragam-me a Diana!

Ningué m se mexeu...

Quem ousaria se embrenhar naquela mata atrá s de uma ı́ndia com fama de canibal?

O segurança loiro observava tudo com crescente interesse. Talvez, fosse preciso que outro assumisse aquele papel
de senhor .

A morena e o irmã o estavam sobre uma enorme á rvore.

A major observava tudo pelo binó culo.

Um sorriso enorme se desenhou nos lá bios dela.

-- Sua ideia surtiu o efeito desejado pelo que vejo! – O ı́ndio comentou ao mirá -la.

Diana encarou o irmã o, depois acariciou a preguiça que faziam companhia a eles.

-- Estã o presos aqui, com pouca muniçã o e quase sem comida... – Tocou as patinhas do bicho.

-- Nã o terã o chances... – Pegou o objeto para observar. – Pelo que percebo, nã o vai demorar para o bandido
desgraçado ser abandonado a pró pria sorte... Isso sim é um castigo terrı́vel... Ser traı́do pelos seus...

A morena parecia ponderar, enquanto brincava com o animal.

-- Consegui entrar em contato com o exé rcito... Em trê s dias pousarã o na clareira...

Tupã a encarou.

Conhecia-a bem para saber o que estava a se passar por sua cabeça.

-- Nã o deve ser a isca, princesa, já disse que teremos que pensar em outra forma para atrair esses bandidos. –
Apontou-lhe o dedo em riste. – Nã o me arrisquei para te salvar para vê -la cair como uma idiota nas mã os desses loucos.

O maxilar da morena enrijeceu.

Os olhos intensamente negros estavam mais estreitos... Ameaçadores...

Tinha um desejo primitivo que queimava em seu peito... Uma vontade de infringir a eles, a mesma dor que sofrera...

-- Vamos ver como isso sucederá ... Nã o se prever o futuro... Nem mesmo o pajé o faz..

Tupã a observava com calma, imaginando o que poderia estar se passando na mente da irmã .

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A tardinha parecia tranquila.

O som das aves, o guinchar dos macacos e aquele pá ssaro grande que parecia sempre estar à espreita.

Crocodilo parecia desnorteado. Afastava-se do grupo e nem mesmo parecia se preocupar com os perigos do lugar
que o cercava.

Pisava duro, examinando tudo ao seu redor.

O verde imperava...

Distanciava-se no lugar onde os homens estavam...

No acampamento o clima estava pior.

Mesmo depois de ter oferecido uma quantia muito grande pelos serviços dos capangas, eles nã o pareciam
interessados, pois temiam morrer na loresta. Nã o sabiam como se locomover naquele lugar, sem falar nos animais que
estavam sempre à espreita.

Crocodilo parou diante de uma á rvore enorme de seringueira. Aquela á rea era cheia dessa vegetaçã o.

Agachou, enquanto usava o canivete para cortar a casca e ao ver uma cobra pequena, pisou com a bota sobre sua
cabeça, esmagando-a.

Assim que cumprisse sua missã o, nunca mais retornaria... Estava cansado daquele cheiro de mato, daqueles bichos
que perturbavam durante dia e noite...

Sabia que rota seguir para deixar aquele lugar... E assim que acabasse com a ilha de Alexander, seguiria e nã o
levaria nenhum dos desgraçados covardes que estavam consigo.

O guinchar dos macacos lhe chamou a atençã o e ao levantar a cabeça, viu Diana armada com o arco e lecha, pronta
para se defender.

Encarou-a.

Os olhos intensamente negros traziam o costumeiro sarcasmo e orgulho.

Tentou pegar o punhal.

-- Se izer um movimento ou esboçar alguma reaçã o, cravo uma lecha no seu olho esquerdo... – Falou baixo.

O homem permaneceu na posiçã o que se encontrava, pois sabia que a Calligari era muito boa de mira.

-- Eu sabia que nã o estava morta... – Esboçou um sorriso. – Entã o decidiu assumir sua origem selvagem? – Fitou-a
da cabeça aos pé s. – Tem alguma forma de icar feia?

A morena arqueou a sobrancelha esquerda em deboche.

-- Eu nã o acho que valha a pena te matar... Pelo que percebi, seus pró prios homens estã o cogitando essa
possibilidade...

-- Sã o uns imbecis, acham que podem deixar esse inferno sem mim... – Segurava o punho da arma. – Mas, fale-me...
Teria mesmo coragem de me matar, major? Logo eu que a salvei das mã os de Otá vio quando tentou violentá -la...

-- Você tentou, o mesmo, dois dias depois, entã o o que fez foi motivado por seu pró prio interesse...

Crocodilo esboçou um sorriso, levando a mã o à cicatriz que tinha na face.

-- E foi isso que ganhei... – Passou a lı́ngua pelos lá bios. – Você tem certeza de que quer mesmo que as coisas
terminem assim? Diana, está se iludindo com a ilha do coronel... Logo ela vai enjoar dessa coisa de mulher com mulher e vai
atrá s de um homem... Por que se arriscar tanto por ela? Use-a, durma com ela, eu deixo que sacie sua tara, mas depois deixe
que ela vá comigo, vai estar se vingando do homem que destruiu a tua vida... O sangue do seu pai vai estar sempre entre
você s...

A Calligari colocou mais pressã o no arco.

Continuava parada no mesmo lugar, ouvindo e sua expressã o demonstrava total in lexibilidade.

-- Nã o é digno de falar o nome da Aimê ! – Disse por entre os dentes. – E tampouco se referir ao meu pai.

O bandido riu alto.

-- E você acha que é digna de se casar com ela? – Debochou. – Diana, você é uma selvagem... Sempre vai ser... A
garotinha nã o vai aguentar os seus arroubos por muito tempo, ela nã o é como nó s...

-- Está a me comparar a ti? – Questionou calmamente.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Bem, no fundo você sabe que faz parte do meu meio... Pode até ser ilha de Alexander, mas ainda esbanja esse ar
de ser primitivo...

Um sorriso se desenhou nos lá bios da morena... Ele era perigoso...

Crocodilo mirava o pescoço esbelto e longo da major...

Se fosse rá pido o su iciente, nã o demoraria a vê -la sangrar até a morte...

-- Acha mesmo que a garotinha te ama? – Tentava distraı́-la. – Nã o deve nem ter modos...

-- Você nã o tem ideia de como esse meu ar selvagem enlouquece as mulheres... Mas, idiota, eu nã o estou no mesmo
pacote que você ... Eu nã o sou uma covarde, porque se assim o fosse, já teria te matado pelas costas...

-- Eu nã o te matei... Poderia ter feito e nã o iz... Mesmo que nã o acredite, tenho respeito por sua pessoa... terı́amos
feito um bom trabalho juntos. – Mirou a marca feita à ferro. – Gostei do V... Combinou contigo...

Diana meneou a cabeça em desdé m.

-- Nã o, você fez pior... Fez uma garota inocente se submeter à s suas ameaças, fez uma jovem executar suas torturas e
teria feito mais, se nã o tivé ssemos conseguido escapar...

-- A Villa Real fez o que desejou fazer, ela mesma me disse que te odiava, porque você a tinha traı́do com outra,
entã o nã o a veja com olhos tã o inocentes...

-- Nã o me interesso por sua tese de psicologia de porta de cadeia, estou aqui para te dar uma chance de sair vivo
desse lugar... Renda-se e pague sua dı́vida com a justiça.

-- Está me oferecendo um trato? – Exibiu um sorriso debochado.

Estava certo que a mataria...

Arrancaria sua cabeça e mostraria aos seus covardes homens que ele nã o precisava de ningué m para fazer seu
trabalho...

Sabia que nã o deixaria aquele lugar sem antes destruir aquela orgulhosa mulher.

Apertou mais forte o cabo do punhal.

O pipilar de alguns pá ssaros acabou por ser a distraçã o que o bandido desejava. Crocodilo foi rá pido ao jogar a
arma contra a ilha do general, mas a ı́ndia previu o que ele faria e fora ainda mais á gil em se livrar dela que passara raspando
em seu ombro direito, atirando a lecha em fraçõ es de segundos e acertando o olho esquerdo do tra icante como prometido.

O bandido rosnou tã o alto, praguejando, enquanto sentia a insuportá vel dor.

-- Desgraçada, mil vezes maldita... Filha de uma chocadeira... – Gritava. – Te matarei e te fatiarei... Dando cada uma
das suas partes para que meus cã es comam... Meu olho... Meu olho...

Procurou a major e nã o a encontrou.

Os homens se aproximaram e pareceram chocados com a cena.

-- Nã o iquem me olhando, seus imbecis, vã o atrá s dessa maldita, ela nã o deve ter ido longe.

O segurança loiro fez um gesto de cabeça para que as ordens fossem cumpridas, permanecendo ao lado do
cumplice de Otá vio.

O loiro se aproximou.

-- O que houve?

O bandido chorava em pleno pulmã o naquele momento.

-- A miserá vel... a desgraçada da major está aqui... Ela está aqui... Me atacou... Quer matar a todos... Preciso de um
mé dico ou perderei meu olho.

-- Nã o há mé dicos... – Observava o sangue jorrar. – Melhor tirar isso! – Aproximou-se.

Crocodilo se levantou, cambaleando, afastou-se.

-- Está louco, quer que eu sangre até morrer? – Cerrou os dentes. -- Vá atrá s dela! Tragam-na para mim, eu ordeno!

O segurança loiro tirou a arma da cintura, mas nã o fez o que tinha sido mandado, virou-se para o chefe.

-- Nã o obedecemos mais a você ! – Apontou-lhe o revó lver. – Por sua culpa estamos nessa situaçã o... Se tivesse
matado a Diana como era a minha vontade, ela, agora, nã o seria uma ameaça a todos!

Crocodilo pareceu surpreso.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Nã o vã o conseguir sair daqui sem mim! Eu sei como deixar esse inferno, você é apenas um moleque que nã o
consegue seguir uma trilha.

-- Terei mais chances do que você – O loiro se aproximou dele.

Os olhos claros observavam a lecha cravada no globo ocular. Havia sangue, mas sabia que, apesar de ser uma dor
terrı́vel, nã o era su iciente para matá -lo.

-- Já disse que pagarei muito a todos, tenho muito dinheiro... – Dizia em desespero. – Sairemos daqui e todos terã o
uma vida de luxo... Você será meu homem de con iança

O segurança sorriu, enquanto olhava ao redor, certi icando-se que estavam sozinhos.

-- Sim, vamos... – Apoiou um braço sobre o ombro do chefe. – Vamos...

Crocodilo acenou a irmativamente com a cabeça, enquanto o loiro lhe deu um beijo na face.

Um barulho de um tiro foi ouvido e nã o demorou para o cumplice de Otá vio cair ao chã o.

Uma bala tinha sido atirada contra seu peito.

-- Você , ica... – O tra icante nã o conseguiu terminar sua frase, de inhando até a morte.

O segurança se abaixou, arrancando a lecha.

Ainda estava com a arma em punho, apontando para as á rvores.

Em seguida se afastou imediatamente do lugar, temendo ser pego desprevenido pela ı́ndia.

Tupã deteve Diana pelo braço.

-- Você nã o pode ir até ele! –Ordenou. – Esse é o destino que um desgraçado como ele procurou.

Ambos viam toda a cena do alto de uma á rvore e icaram surpresos com a maldade do loiro.

Depois de levar o tiro, Crocodilo fora espancado pelos capangas que retornaram, chutando-o, descontando nele as
suas frustraçõ es.

O rosto do homem icou des igurado e os risos dos bandidos eram crué is de mais.

-- Miserá veis! – A morena disse por entre os dentes. – Covardes! Estou praticamente desistindo da ideia de entrega-
los com vida.

O ı́ndio a observava e parecia admirado pela compaixã o que via em seu olhar.

Colocou a mã o sobre o ombro dela, observando o sangue que saia do machucado.

-- Sabe que se eles tiverem a oportunidade farã o pior contigo! – O irmã o a alertou, itando-a. – Sua pele está ferida,
poderia ter sido mais sé rio, nã o sei por que foi até ele.

Diana itava o corpo estendido.

-- Eu precisava fazer uma tentativa... – Passou a mã o pelas madeixas longas. – Preferia vê -lo pagar tudo o que fez em
uma prisã o...

-- Vamos cuidar desse machucado...

-- Foi super icial, apenas pele rasgada e sangue! – Dizia, enquanto tinha o olhar ixo no homem que fora morto.

-- Acho melhor irmos até a aldeia, esses bandidos nã o tê m para onde ir... Vamos até lá , descansamos, cuidamos da
ferida, você també m descansa, pois ainda nã o está totalmente curada, depois voltamos. Deixaremos alguns dos nossos de
olho...

A major respirou fundo!

Por ela, tudo seria terminado o mais rá pido possı́vel, mas teriam que esperar.

Fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Viajaremos agora e logo estaremos lá !

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Ainda o sol nã o nascera, a madrugada fria assolava a aldeia.

Ainda havia resquı́cios da fogueira.

O cé u estava estrelado e uma majestosa lua reinava magnı́ ica a iluminar o lugar.

Diana e Tupã tinham acabado de chegar.

Nã o descansaram um só segundo, apenas desejando estarem em casa.

-- Tomarei um banho, estou com cheiro de bicho morto! – A princesa seguiu na direçã o da margem do rio.

O ı́ndio nã o pareceu preocupado com isso, indo direto até a sua oca, desejoso e saudoso da esposa grá vida.

Aimê estava deitada na rede.

Pouco conseguira descansar, pois sempre estava a pensar no risco que a amada corria.

Quando conseguia pegar no sono, despertava, vendo-a em seus sonhos... As cenas das torturas sempre eram
recorrentes...

Ouviu passos, sentando-se imediatamente.

Os olhos azuis muito abertos demonstravam pavor...

A lua estava cheia e iluminava a noite estrelada.

Pensou se deveria gritar e pedir ajuda...

Nã o demorou para a morena alta aparecer na entrada a oca.

Alta, ereta, cabeça erguida...

Continuava vestindo trajes nativos, mas nã o eram os mesmos do dia que se encontraram.

Estaria acordada ou se tratava apenas de um devaneio?

Respirou fundo, sentindo o cheiro de sabonete... O aroma dela...

Meneou a cabeça...

Permaneceu onde estava, mesmo desejando se jogar nos braços da mulher que tanto amava, ainda nã o tinha
certeza de que nã o estaria a sonhar...

A Calligari caminhava lentamente e logo parou diante da rede onde a esposa a olhava com aqueles olhos tã o azuis e
penetrantes.

Encarou-a durante longos segundos.

Reconheceu a camiseta que ela usava... Nã o havia sutiã e era possı́vel ver os mamilos empinados... Frio?

Mirou o pescoço esbelto, vendo a veia pulsar na lateral...

Encantou-se pelas sombras que o luar fazia na face bonita...

Linda!

Umedeceu os lá bios que pareciam ressecados...

Sentiu aquela agonia no estô mago...

Deus, como estava feliz ao vê -la bem depois de tudo o que viveram...

Os cabelos compridos estavam presos em um coque, os lá bios rosados entreabertos...

-- Nã o deveria estar dormindo? – Indagou com um sorriso de canto. – Crianças nã o devem icar acordada de
madrugada.

Aimê cerrou os dentes, a cabeça levantada, mirando-a.

Entã o era a ı́ndia selvagem e vinha carregada de provocaçã o.

-- Nã o sou criança, major, há tempos deixei essa fase...

A morena viu a esteira arrumada, entã o seguiu até ela, deitando-se.

Apoiou as mã os sob a cabeça, sentindo o corpo se adequar ao piso batido, mas que trazia conforto depois de passar
horas sobre á rvores ou caminhando por dentro daquela loresta.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Você é ainda pior... Age como adolescente irresponsá vel... – Disse, mirando a amada.

Sua mente estava perturbada.

Só deixara a selva quando enterrara o corpo do Crocodilo.

Ainda se sentia chocada pela crueldade dos que o seguiam...

Fechou os olhos, mas a voz irme da ilha de Otá vio invadiu o ambiente.

-- Sou uma adolescente porque em meu desespero fui atrá s de ti sem medir as consequê ncias do meu ato, major? –
Mordiscou o lá bio inferior. – Se esse for o motivo da denominaçã o, realmente, é isso que sou, uma adolescente, como dizes,
princesa...

Diana exibiu um sorriso, umedeceu os lá bios.

-- Sim, nã o passa de uma garotinha... – Provocou-a, sem abrir os olhos. – Uma garotinha mimada que nã o sabe o que
signi ica disciplina...

Ouviu a respiraçã o pesada da esposa.

Sabia que estava provocando-a, mas nã o conseguia nã o o fazer, pois ainda estava muito chateada com o que
aconteceu.

Quando pensava que aquela onça poderia ter matado a jovem, sentia o coraçã o esfriar...

-- Quando voltarmos, conversaremos sobre você ser uma pirralha mimada! – Virou de lado. – Agora necessito de
um sono e de descanso, entã o aconselho que faça o mesmo.

A ilha de Otá vio sentiu o sangue ferver em suas veias ainda mais.

Nã o acreditava na frieza que a esposa demonstrava, nã o acreditava que estava sendo punida por ter se
desesperado, pois temeu que algo de ruim tivesse ocorrido com a amada.

Cerrou os dentes.

Viu-a virar de costas e agir como se estivesse realmente lidando com uma infante.

Levantou-se, aproximando-se da esteira, parando lá .

O coque tinha se desfeito e agora os cabelos caiam livres em seu rosto.

-- Nã o terei nada para falar contigo, princesa, se deseja conversar, faça-o agora, pois nã o icarei aqui como uma
idiota, sendo tratada desse jeito apenas porque agi por preocupaçã o a ti. – Dizia sem fô lego. – Acha que pode me condenar
por causa disso? O quê ? Vai fazer um julgamento e usar o seu poder para que me condenem por ter agido por amor?

Diana se levantou e em fraçõ es de segundo estava de pé , segurando a esposa pelos ombros, pressionando-a contra
a choupana.

Aimê nã o parecia assustada, desvencilhando-se do toque.

-- Sofri como uma desgraçada por ti... – Apontou-lhe o dedo em riste. – Ordenou que Piatã me levasse – Dizia em
verdadeiro pavor. -- nã o tem ideia de como eu iquei ao imaginar que estavam a te torturar, como iquei ao pensar que
poderia ser morta... -- Meneou a cabeça. – Entã o agora nã o me venha com essa histó ria de que sou criança ou adolescente... –
Empinou o nariz. – Posso ser tudo isso, mas també m sou uma mulher... Uma mulher que icara em total desespero, temendo
pela vida de uma arrogante e orgulhosa major. – Respirou fundo, voltando para a rede. – Boa noite!

Antes que conseguisse chegar ao destino, a Calligari a deteve pelo braço.

Mirou a mã o de dedos longos, acariciando-a, depois encarou a ilha de Otá vio.

-- Quando tudo isso terminar, conversaremos... – Voltou a dizer, enquanto entrelaçava os dedos aos dela. – Agora
nã o, mimadinha...

Os olhares se sustentavam...

Penetrantes...

A major voltou a passear os olhos pelo corpo da amada...

Estava cansada, mas també m estava faminta por ela...

Fitou o colo se levantar com a respiraçã o e pareceu hipnotizada pelo movimento...

Desceu o olhar, deparando-se com uma minú scula calcinha...

-- Sou Aimê Villa Real! – Disse com o olhar desa iador. – Esse é o meu nome! – Corrigiu-a orgulhosa.

Diana passou a pontinha da lı́ngua pelo lá bio superior, depois itou-a.

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-- Em breve vai ser Aimê Villa Real de Calligari...

Soltou-lhe a mã o, seguindo até a rede, deitando-se.

-- Vem! – Chamou-a.

A ilha de Otá vio olhava a princesa.

Seu corpo reagia imediatamente, mas nã o se entregaria tã o facilmente.

Cruzou os braços sobre os seios.

-- Nã o irei te dar prazer! Nã o depois de ter me tratado desse jeito!

A ilha de Alexander sorria por dentro, enquanto exibia uma carranca.

Nunca se cansaria daquela garota birrenta, nunca se cansaria de vê -la exibir aquele bicã o de emburrada...

Nã o havia dú vidas que a queria para sempre em sua vida, a queria ao seu lado, dormir exausta depois de amá -la
com â nsia e acordá -la com beijos...

-- Senta no meu colo! – Bateu com as mã os nas coxas nuas. – Nã o vou te atacar... Ou é tã o adolescente que nã o
consegue icar comigo sem desejar ser possuı́da? – Provocou-a. – Eu até entendo, a inal, quem resiste ao meu charme?

Como previsto pela pintora, a esposa caiu na provocaçã o, caminhando até a rede, sentou com as pernas para fora
sobre o quadril da amada.

Diana colocou uma das mã os sob a cabeça, enquanto a outra deixou livre.

A luz do luar iluminava a oca.

-- Está se comportando? – A morena indagou. – Logo iremos embora, precisa ter paciê ncia... – Depositou a mã o
sobre a coxa da jovem.

-- Todos sã o muito bons comigo... A Sirena, o Piatã ... Os outros... Mas ico preocupada contigo... Nã o quero que se
arrisque assim...

A major continuava a deslizar os dedos pela delicada pele.

Tocava o tecido com cuidado...

-- Nã o posso ir agora...

-- Mas já estou contigo...

Um silê ncio pesado se fez entre elas, enquanto se encaravam, enquanto ouviam a respiraçã o uma da outra...
Enquanto ouvia o pulsar dos coraçõ es...

-- E meu povo, Aimê ... Estou em dı́vida com eles... Entã o os livrarei desses bandidos que profanam essa terra
sagrada...

A Villa Real a itou... Depois seu olhar se dirigiu até a marca em seu abdome. Engoliu em seco.

-- Perdoe-me por isso... Perdoe-me por tê -la ferido... – Disse em um io de voz.

A Calligari viu o V e icou a pensar como a vida se mostrava irô nica...

Otá vio desejara e tentara como a inco marcá -la como a um animal e fora a ilha quem fora obrigada a fazê -lo.

-- Você nã o teve escolha... – Subiu a mã o até sua barriga, por baixo da camiseta. – Fez porque temia que me
matassem... – Sentiu a curva dos seios redondos. – Talvez se tivesse se negado a jogar esse jogo, eu poderia nã o estar viva
agora... – Usou o polegar para acariciar o mamilo intumescido.

A garota a encarou e parecia maravilhada.

-- Como pode ser ainda mais linda vestida como uma ı́ndia...

Diana mordiscou a lateral do lá bio inferior, enquanto colocava mais pressã o no mamilo esquerdo. Raspando-o com
a unha, apertando-o.

Estavam quentes... Sedosos...

Viu os olhos azuis se estreitarem.

-- Eu sou uma ı́ndia... – Tirou a outra mã o de debaixo da cabeça, levando-a até o có s da calcinha que a esposa usava.
– Sou selvagem... – Encarava-a. – Venho de uma tribo de canibais que se alimentavam dos brancos...

Aimê sentiu a costumeira pressã o em seu baixo ventre, sentiu o latejar no sexo...

Acompanhava o movimento com o olhar.

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-- Alimentavam-se? – Arqueou a sobrancelha. – Sirena me falou que nã o praticam mais esses atos primitivos e
selvagens...

A morena continuava a tocar a calcinha...

-- Só eu... – Fitou-a. -- Só eu ainda sinto esse apelo bá rbaro... – Adentrou a peça ı́ntima, deliciando-se com o tato. –
Nesse momento mesmo a minha meta é te comer por completo... Fundir a sua carne com todo o ı́mpeto...

A Villa Real icava perdida quando Diana baixava o tom de voz, pois icava mais rouco, mais sexy...

Sentiu-se estremecer, enquanto observava os lá bios desenhados em um meio sorriso.

-- Nã o sou alimento – Disse em um io de voz.

Diana nã o respondeu, enquanto sentava de pernas abertas, fazendo com que a garota a imitasse.

Tomou-lhe a face nas mã os, colando os lá bios aos dela.

-- Sinto um desejo insano... Incontrolá vel...

Antes que a neta de Ricardo pudesse falar algo, a boca da esposa a tomou impulsivamente.

A Calligari segurou-lhe o cabelo para que assim a mantivesse cativa. Buscou a lı́ngua da garota, capturando-a,
sugando-a com intensidade...

Beijava-a com cuidado... Parecia degustar com calma...

Ouvia-se gemidos e nã o sabia de qual das duas eram aqueles barulhos excitantes...

Aimê sentia a impulsividade do carinho... Os dentes que mordiam... Que feriam deliciosamente...

Levou as mã os aos ios que prendiam a parte de cima da roupa da princesa, puxando-a com toda força, rasgando-a,
ansiosa para tocar os seios bronzeados.

Apalpou-os, apertando-os, arrancando sons de prazer da garganta da morena.

Diana també m a livrou da camiseta, abraçando-a, unindo os colos... Roçando-os... Os biquinhos se encontravam... As
fricçõ es aumentavam...

Estavam quentes...

Apertavam-se forte, enquanto as bocas continuavam a travar a deliciosa batalha de lı́nguas...

A Calligari desceu as mã os até a cintura da mulher, puxando-a para mais perto... Colocando uma das pernas sobre a
dela... Assim o contato seria mais intenso... Mesmo ainda tendo o tecido entre elas...

Forçou-a mais... Pressionou mais os quadris...

-- Nã o... Nã o...

Diana icou surpresa ao sentir as mã os que també m a abraçavam, agora, empurrá -la, tentando manter distâ ncia do
toque.

Fitou a neta de Ricardo cheia de confusã o e irritaçã o.

-- Disse que nã o iria lhe dar nenhum tipo de prazer... Nã o enquanto me tratar como uma adolescente boba... Nã o
quando nã o começar a me tratar como sua mulher, como sua dona... – Falou sem fô lego.

Os olhos negros pareiam ainda mais escuros.

-- Disse que conversarı́amos depois sobre isso... – Lembrou-a por entre os dentes. – Esqueça disso agora... – Cobriu-
lhe a mã o, segurando-a irme, levando aos lá bios, virando-a para cima, depositando um beijo em sua palma, enquanto nã o
deixava de encará -la. – Agora, apenas, permita que mate a saudade de te ter pra mim...

Aimê sabia que precisava ser irme com a princesa, pois se sempre cedesse à paixã o, seria sempre tratada como
uma criança.

Já abria a boca para protestar e deixar claro que nã o se entregaria, quando viu a lı́ngua da major lamber seu
indicador...

Fazia-o sem parar de mirá -la... Fazia-o como se estivesse a degustar uma iguaria rara e sagrada...

A pontinha rosada brincava...

Prendeu-o entre os dentes... Depois chupou-os... Fê -lo como se estivesse a tratar de uma fruta que quanto mais se
suga, mais gostosa ica...

Os olhos azuis se fecharam quase por completo...

Via o olhar de Diana...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A pintora trazia aquela expressã o de pura safadeza, arrogâ ncia e poder...

Sem esperar pela con irmaçã o da esposa... Levou os dedos que que chupavam aos seios, depois seguiu com eles até
o pró prio sexo...

A Villa Real sentiu o tecido da roupa da princesa e logo o contato com a pele molhada e escorregadia...

Sentiu o corpo ser tomado por espasmos violentos...

-- Sente... Adoro com mais pressã o...

A ilha de Otá vio sentia o clı́toris... Senti-a se esfregar...

Ouviu o barulho ao penetrar o recanto de puro prazer...

Diana a conduzia com maestria ao seu bel prazer...

A jovem viu o sorriso se desenhar na face da morena.

Atrevida, a major usava o indicador da esposa dentro de si... Conduzindo-o... Fazendo-o mexer em seu interior...

-- Quero mais um... – Pedia atrevida, enquanto a encarava.

-- Como pode ser tã o desavergonhada... – Aimê questionou retoricamente.

Diana colou os lá bios em seu pescoço... Beijando-o... Mordicando sua orelha... Sussurrando:

-- Você ainda nã o viu nada... – Mexeu o quadril de encontro ao toque. – Nã o para... – Ordenou.

A ilha de Otá vio ouvia a respiraçã o acelerada da amada... Sentia os dentes cravar em sua pele... Sentia-a ir contra
sua mã o com mais impetuosidade...

Decidiu juntar mais um dedo a invasã o que agora estava por sua conta.

A major rugiu como uma fera ao senti-la mais forte, mais fundo...

Encarou os olhos azuis em puro deleite...

Aimê segurou as madeixas longas para mantê -la cativa, os rostos pró ximos.

-- Mete assim... Ain... Desse jeito... Forte...

A jovem fez o que fora pedido...

Entrava com fú ria... Ouvia os gemidos... As fricçõ es...

Miraram-se demoradamente.

A ı́ndia trazia a face trans igurado...

Os seios seguiam o ritmo frené tico...

Aimê se sentia poderosa e dona da situaçã o.

-- Ainda sou uma adolescente? – Retirou os dedos, penetrando-a novamente em seguida. -- Ainda sou uma pirralha?
Uma birrenta? Uma mimada?

Diana cravou as unhas nos ombros da esposa, enquanto sentia o desejo prestes a explodir em um prazer total e
destruidor...

-- Fala... Quero que seja arrogante agora... – Aimê a instigava, sabendo que logo ela se perderia totalmente. – E por
mim que enlouquece, princesa, é por uma adolescente...

O grito alto foi sufocado pelos lá bios da Villa Real que a beijou com sofreguidã o.

A Calligari tremia nos braços da garota.

Deteve-lhe os movimentos que nã o cessaram em seu sexo... Segurou-lhe a mã o, apertando-a, enquanto ainda estava
mergulhada na escuridã o do prazer.

As bocas dançavam lentamente...

Um soluço foi sufocado.

As lı́nguas se procuravam em perfeita sincronia, onde pareciam ensaiadas para aquele ato....

Aimê ouvia a respiraçã o dela...

Seu corpo també m fora afetado por tã o intenso desejo...

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Encararam-se...

O luar banhava de forma prateada as faces das duas...

Os olhos negros brilhavam em lá grimas e em paixã o...

Antes que a Villa Real pudesse falar algo, a morena se levantou e logo a tomava pelo braço.

Ficaram de frente.

Mediam-se...

A Calligari era alguns centı́metros mais alta...

Aimê mais uma vez teve as palavras sufocadas por um beijo...

Circundou-lhe o pescoço, mantendo-a perto de si.

Diana a abraçou pela cintura, passeando as mã os por suas costas...

A Villa Real a apertou mais forte, colocou uma das pernas entre as da amada.

A major desceu as mã os até o quadril da jovem, baixando a calcinha. Até o meio das coxas. Em seguida, estendeu as
carı́cias pelo pescoço, mordiscando-o...

Ouviu o gemido da ilha de Otá vio quando os beijos foram distribuı́dos pelo colo, dando maior atençã o à quela
parte.

Passou a lı́ngua pelos mamilos rosados...

-- Adoro seus seios... Sou louca por eles... Enlouqueço quando os tenho na minha boca... – Dizia nos intervalos das
chupadas. – Sã o meus? – Questionou, sugando-os com mais vigor.

Aimê passava as mã os pelas madeixas negras, alisando-as...Sentindo o prazer crescer em seu ı́ntimo.

-- Sim, meu amor, eles sã o seus... Seus... Seus para que se deleite e me façam enlouquecer quando os tocam... –
empinou para ela, mostrando-os, entregando-os.

Diana continuou tocando-os, enquanto seus dedos passeavam por toda a pele do abdome, enquanto seus dedos
apertavam os montes redondos...

Usou a perna direita para terminar de livrá -la da calcinha, livrando-se també m da pró pria.

Voltou a tomar os lá bios nos seus...

Seguiram até a esteira, onde a major deitou a amada, posicionando-se sobre ela, apoiando-se nos braços.

Aimê dobrou os joelhos, abrindo-se para que a herdeira de Alexander se acomodasse entre eles.

Viu o sorriso carregado de sarcasmo brincar na face da pintora.

-- Sim... Você é uma mimadinha... Uma birrenta... Uma adolescente... Uma pirralha...

A Villa Real se irritou ao ouvir as palavras, tentando se levantar, mas Diana lhe segurou os pulsos sobre a cabeça.

-- Solte-me! – A garota exigiu. – Nã o permitirei que me trate assim e ainda queira fazer amor comigo...

A pintora se ajeitou, colocando os sexos em contato. Moveu o quadril de encontro a ela.

Ambas estavam molhadas...

Aimê mais uma vez tentou se livrar das mã os que a prendiam, poré m foi uma tentativa em vã o.

-- Deixe-me...

A Calligari continuou a sorrir, enquanto esfregava-se com mais ı́mpeto... Deslizava... Deslizava... Alternava entre
movimentos e nã o demorou para incitá -la com a coxa...

A Villa Real cerrou os dentes para nã o se permitir exprimir a satisfaçã o que seu corpo sentia com a forma que a
major se mexia...

Os olhos negros nã o abandonavam seu olhar...

Parecia um ritual mı́stico de satisfaçã o sexual...

Os tambores já começavam a ser ouvidos a saudar o novo dia... E embalavam a dança primitiva...

Diana mordiscou o lá bio inferior em puro tesã o.

Os olhos azuis se estreitaram...

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A garota sabia que acabaria por se entregar...

-- Ceda, eu sei que você quer... Sei que me quer tanto quanto te quero... Está me enlouquecendo com essa
resistê ncia... – Dizia em loucura. – Aceite o meu presente. – Inclinou a cabeça, tomando os seios possessivamente.

Aimê via a lı́ngua brincar com o mamilo que já estava dolorido, ansiando pela concretizaçã o da paixã o.

-- Nã o farei amor contigo...—Dizia com a respiraçã o acelerada. -- Nã o, enquanto continuar a me tratar como se fosse
uma adolescente irresponsá vel...

Mesmo que negasse, já sentia o corpo embalar o mesmo ritmo da outra... Já percebia os apelos maiores...

Seu sexo latejava...

Diana sabia como fazia... Sabia como tocava...

-- Entã o nã o vamos fazer amor... – Soltou-lhe as mã os e rapidamente se posicionou com a cabeça entre as pernas da
esposa.

Aimê aproveitou que estava livre para se levantar, mas apenas conseguiu sentar, tendo que se apoiar nos braços,
pois logo sentia a boca da morena devorando o centro do seu prazer.

A jovem gritou em surpresa e em deleite.

-- Diana... – Mordeu o lá bio inferior. – Selvagem... Selvagem...

A major sorriu, mas nã o parou de tocá -la, mesmo quando a sentiu pressionar as coxas em sua cabeça.

Ousou mais e logo percebeu que ela relaxava a musculatura...

A herdeira de Ricardo se apoiava nos braços...

Abriu-se mais e sentiu a lı́ngua penetrar seu pequeno espaço...

Gemeu...

Fitou-a...

Tinha a impressã o que iria explodir a qualquer momento.

Inclinou a cabeça para trá s novamente, enquanto soltava um urro sofrido.

-- Diana... -- Chamou-a. – Diana... Diana...

A major a itou, mas nã o parou e logo usou um dedo para se juntar aos movimentos.

As investidas aumentavam, enquanto a boca se aprofundava mais, esfregando-se no lı́quido visguento.

A jovem ouvia o barulho dos lá bios contra sua carne... Via os olhos em sua direçã o...

Nã o demorou a sucumbir...

Os braços perderam as forças e a garota despencou...

Ainda sentia a força da paixã o...

Diana deitou sobre ela.

Esperou que os olhos azuis se abrissem...

-- Você é tudo o que eu disse, mas isso nã o me faz te amar menos... Ou te faz ser inferior... Apenas precisa tomar
cuidado com suas açõ es – Dizia, enquanto sentia os espasmos dela. – Eu te amo muito, Aimê , sou perdidamente louca por ti...
Eu jamais me perdoaria se algo de ruim te acontecesse...

O orgasmo poderoso dominou a jovem Villa Real que se perdeu naquela deliciosa sensaçã o de abandono.

Ela sorriu, enquanto mergulhava em um sono de satisfaçã o.

O sol já tinha raiado totalmente quando Aimê despertou.

Ouvia as vozes lá fora e ao se virar, deparou-se com a esposa dormindo ao seu lado.

Pegou a pele, cobrindo-as.

Mirou a face bonita e icou a pensar como mais uma vez se mostrava totalmente entregue à quela mulher.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Mirou o ombro machucado.

O que tinha acontecido?

Tocou lentamente...

Precisava ser cuidado.

Ficou ali, apenas a observando, ouvindo a respiraçã o pesada.

Era assim que queria todos os dias da sua vida...

Seu corpo ainda trazia os resquı́cios dos deliciosos toques... Mais uma vez se entregaram naquela madrugada fria...

A Calligari parecia incansá vel quando se tratava de fazer amor... Quando se tratava de lhe satisfazer totalmente...

Nã o demorou para os olhos negros se abrirem, junto com um enorme sorriso.

-- Bom dia, princesa! – Cumprimentou-a.

-- Bom dia...

A major sentiu os lá bios colarem nos seus rapidamente.

-- Deve levantar e comer algo... e cuidar desse ferimento...

Os olhos da morena estavam nos seios expostos da ilha de Otá vio que nã o pareceu se importar com o fato.

-- Você é safada!

-- Contigo... – Esticou o braço, tocando o mamilo tugido. – Fico mais safada quando se trata de ti... – Brincou com o
mamilo.

-- Quero que seja safada apenas comigo... – Mordiscou o lá bio inferior. – Nã o aceitarei que outras se aproxime.

-- Eu só quero você , mimadinha!

A garota relanceou os olhos em irritaçã o.

-- Nã o quero que me chame assim ou de adolescente... E como se eu nã o fosse uma mulher...

A pintora trouxe a esposa para cima de si.

-- De onde tira essas bobagens, hein? – Colocou o cabelo dela por trá s da orelha. – O fato de chama-la assim, nã o lhe
tira seus mé ritos de ser uma mulher maravilhosa e minha esposa.

-- Nã o gostei de como falou comigo lá na loresta... Eu iquei desesperada, passei todos aqueles dias em desespero...
Pensando que algo de ruim tivesse acontecido...

Diana viu as lá grimas brilharem nos olhos azuis.

-- Aimê ... – Usou o polegar para tocar o lı́quido salgado. – Você nã o tem ideia de como entrei em desespero quando
vi aquela onça partir em sua direçã o... Eu teria enlouquecido... A selva é um lugar muito perigoso, ainda mais para algué m
inexperiente... – Beijou-lhe os olhos. – Preciso que obedeça... Sei que nã o é muito da sua natureza e prometo que quando
estivermos na civilizaçã o, poderá ser totalmente livre... mas aqui nã o...

A Villa Real respirou fundo, enquanto tocava os trê s pequenos só is tatuados no seio da amada.

Alguns ı́ndios conversavam alto na parte de fora.

Mesmo que a ilha de coronel nã o tivesse familiaridade com o dialeto, conseguiu entender o que diziam.

Levantou-se, cobrindo-se com a pele.

Diana nã o pareceu entender o que se passava.

-- Você matou o Crocodilo? Como foi capaz de ter a vida desse homem em suas mã os? Deseja se igualar em maldade
com meu pai ou a esse bandido?

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Capitulo 37 por gehpadilha


O sol já tinha raiado totalmente quando Aimê despertou.

Ouvia as vozes lá fora e ao se virar, deparou-se com a esposa dormindo ao seu lado.

Pegou a pele, cobrindo-as.

Mirou a face bonita e icou a pensar como mais uma vez se mostrava totalmente entregue à quela mulher.

Mirou o ombro machucado.

O que tinha acontecido?

Tocou lentamente...

Precisava ser cuidado.

Ficou ali, apenas a observando, ouvindo a respiraçã o pesada.

Era assim que queria todos os dias da sua vida...

Seu corpo ainda trazia os resquı́cios dos deliciosos toques... Mais uma vez se entregaram naquela madrugada fria...

A Calligari parecia incansá vel quando se tratava de fazer amor... Quando se tratava de lhe satisfazer totalmente...

Nã o demorou para os olhos negros se abrirem, junto com um enorme sorriso.

-- Bom dia, princesa! – Cumprimentou-a.

-- Bom dia...

A major sentiu os lá bios colarem nos seus rapidamente.

-- Deve levantar e comer algo... e cuidar desse ferimento...

Os olhos da morena estavam nos seios expostos da ilha de Otá vio que nã o pareceu se importar com o fato.

-- Você é safada!

-- Contigo... – Esticou o braço, tocando o mamilo tugido. – Fico mais safada quando se trata de ti... – Brincou com o
mamilo.

-- Quero que seja safada apenas comigo... – Mordiscou o lá bio inferior. – Nã o aceitarei que outras se aproxime.

-- Eu só quero você , mimadinha!

A garota relanceou os olhos em irritaçã o.

-- Nã o quero que me chame assim ou de adolescente... E como se eu nã o fosse uma mulher...

A pintora trouxe a esposa para cima de si.

-- De onde tira essas bobagens, hein? – Colocou o cabelo dela por trá s da orelha. – O fato de chama-la assim, nã o lhe
tira seus mé ritos de ser uma mulher maravilhosa e minha esposa.

-- Nã o gostei de como falou comigo lá na loresta... Eu iquei desesperada, passei todos aqueles dias em desespero...
Pensando que algo de ruim tivesse acontecido...

Diana viu as lá grimas brilharem nos olhos azuis.

-- Aimê ... – Usou o polegar para tocar o lı́quido salgado. – Você nã o tem ideia de como entrei em desespero quando
vi aquela onça partir em sua direçã o... Eu teria enlouquecido... A selva é um lugar muito perigoso, ainda mais para algué m
inexperiente... – Beijou-lhe os olhos. – Preciso que obedeça... Sei que nã o é muito da sua natureza e prometo que quando
estivermos na civilizaçã o, poderá ser totalmente livre... mas aqui nã o...

A Villa Real respirou fundo, enquanto tocava os trê s pequenos só is tatuados no seio da amada.

Alguns ı́ndios conversavam alto na parte de fora.

Mesmo que a ilha de coronel nã o tivesse familiaridade com o dialeto, conseguiu entender o que diziam.

Levantou-se, cobrindo-se com a pele.

Diana nã o pareceu entender o que se passava.

-- Você matou o Crocodilo? Como foi capaz de ter a vida desse homem em suas mã os? Deseja se igualar em maldade
com meu pai ou a esse bandido?

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A Calligari icou parada durante algum tempo, enquanto sentia o olhar acusador sobre si.

Levantou-se, enquanto começava a vestir a roupa sem nada a dizer.

Aimê continuava com seu olhar inquisidor, mas a morena nã o parecia apressada em lhe dar uma explicaçã o.

Terminou de se vestir e em seguida, encarou-a.

-- Nã o ouse a fazer comparaçõ es desse tipo! – Avisou-lhe com o dedo apontado em riste.

A Villa Real pareceu constrangida por ter agido daquela forma.

-- Conte-me o que se passou... – Pediu de forma mais tranquila.

A morena pegou o arco, colocando em seu ombro o reservató rio de lechas.

-- Tenho coisas mais importantes para fazer do que ouvir suas acusaçõ es infundadas.

A major já seguia para a porta quando a jovem a deteve pelo braço.

-- Diana, me explique o que se passou. – Pediu com calma. – O que houve?

Os olhos negros se estreitaram de forma ameaçadora.

-- Vista-se! – Ordenou.

Diana a viu deixar a oca, permanecendo no mesmo lugar, sabendo que nã o deveria ter falado daquele jeito com a
esposa.

Passou a mã o pelos cabelos, enquanto segurava a pele.

Respirou fundo!

Piatã estava sentado sobre o banco e conversava com a princesa e com Tupã .

O dia estava bonito.

O cé u azul...

-- Nã o devem se arriscar tanto. – O velho ı́ndio dizia. – Esses homens sã o terrı́veis, veja o que izeram com o tal
Crocodilo.

Diana se sentou.

Sentia pontadas na cabeça... O estresse estava sendo grande.

Pegou um graveto e começou a desenhar no chã o de terra.

-- Precisamos leva-los até o acampamento e lá o exé rcito levará esses miserá veis embora.

Uma bela ı́ndia se aproximou com algumas ervas para cuidar do ombro da princesa.

Tupã itou Piatã em reprovaçã o.

-- Sairemos daqui a pouco! – Sorriu para a jovem. -- mas quero que deixe a aldeia e siga até a tribo do pajé . – A
morena deu uma pausa ao sentir o machucado arder. – Preciso que me esperem lá ... – Fitou a oca e viu a esposa deixar a
choupana. – Precisa nã o baixar a guarda com a Villa Real, já percebemos que ela é irresponsá vel e inconsequente.

O idoso meneou a cabeça.

--Nã o deve ser tã o radical... Sabe como ela icou em total desespero imaginando que você tinha sido morta... Eu vi o
sofrimento dela... Sabe que ela nã o hesitaria em dar a vida para salvar a sua.

O marido de Sirena caminhou até a herdeira de Otá vio, enquanto Diana permanecia no mesmo lugar.

-- Ela passou por um momento terrı́vel, ilha, imagine ter que ser usada para torturar a mulher que tanto amo...
Talvez, você esteja muito irritada com algo, poré m nã o deve esquecer de que Aimê esteve disposta a tudo para salvar sua vida.

Diana continuou calada, enquanto observava a jovem que lhe cuidava do ferimento parecer mais dedicada do que o
necessá rio.

Suspirou alto.

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Seria tã o fá cil se nã o amasse tanto a ilha de Otá vio...

Aimê viu o guerreiro se aproximar.

Tentou nã o itar a esposa... Tentou nã o notar como a tal mulher que se aproximara parecia mais interessada em lhe
alisar do que cuidar realmente dos seus machucados.

Cerrou os dentes para controlar a raiva...

-- Fico feliz que esteja bem e mais feliz em vê -la com luz nesses olhos tã o bonitos. – Tupã dizia a Villa Real,
enquanto lhe tomava as mã os. – Nos encontramos sempre em momentos difı́ceis... Mas, seu espı́rito sempre tem um
entusiasmo que está acima de tudo isso...

A jovem sorriu em simpatia, distraindo-se por algum tempo do seu desagrado.

-- Obrigada... E um prazer poder vê -lo també m...

Começaram a conversar... Falar sobre trivialidades até que o assunto se voltou para o cruel assassinato de
Crocodilo.

Durante longos segundos, o irmã o da major narrou tudo o que se passara naqueles dias que estiveram fora...
Contando os detalhes do ocorrido...

-- Você é muito simpá tica... Precisa apenas ter mais tolerâ ncia e paciê ncia també m para lidar com a princesa. –
Depositou um beijo em sua testa. – Ficarei um pouco com a minha amada, logo partiremos, quero aproveitar o tempo...
Deveria fazer o mesmo...

A Villa Real assentiu, enquanto via o homem se afastar.

Agora a garota já sabia o que realmente se passara entre Crocodilo e a esposa e a consciê ncia da neta do general
pesava mais do que seu peso elevado ao cubo.

Desejou ir até a Diana, mas sabia que nã o era uma boa ideia naquele momento.

Como pô de acusá -la de forma tã o cruel?

Como pô de compará -la ao pai?

Tudo o que se passou nã o foi su iciente para mostrar como aquela mulher cheia de arrogâ ncia e orgulho també m
era dotada de um cará ter ı́mpar?

Quanta dor ela se submetera para salvá -la... Poderia ter nem aparecido naquele lugar, poré m o fez e quase morreu,
mesmo assim nã o desistira, nunca desistira de si...

Fechou os olhos fortemente para deter as lá grimas que desejavam sair, mas ao abri-los, deparou-se com o olhar
poderoso em sua direçã o.

A ı́ndia estava magoada e havia todas as razõ es do mundo para aquilo.

Pelo que ouvira de Tupã , nã o demoraria para que eles seguissem novamente, entã o o melhor era se desculpar por
suas criancices antes que fosse tarde.

Caminhou lentamente até onde eles estavam.

Piatã a saudou com carinho, arrumando uma desculpa e se afastando, entretanto a “enfermeira” improvisada nã o
pareceu interessada em fazer o mesmo e fazia o trabalho tã o dedicadamente que parecia ter nascido apenas para ica a alisar
o corpo bonito da pintora.

-- Podemos conversar... – Aimê pediu, tentando esconder o incô modo pela presença da tal nativa.

A pintora a itou demoradamente.

Via nos olhos tã o azuis o arrependimento, mesmo assim, isso nã o era su iciente para amenizar sua raiva diante das
acusaçõ es.

A comparaçã o com o maldito Otá vio fora um pouco forte de mais para si.

Voltou a usar o graveto para desenhar...

-- Fale...

Aimê umedeceu os lá bios e nada falou.

Cruzou os braços sobre os seios.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Fitou o ferimento no ombro e imaginou que se a pintora nã o tivesse agido rá pido poderia ter sido mortalmente
ferida.

Colocou as mã os na cintura.

Olhou o cé u que parecia tã o azul naquela manhã .

Viu as ı́ndias seguirem para os seus afazeres do dia e muitas levavam seus pequenos ilhos enganchados em seus
quadris, enquanto outros seguiam pegados em suas mã os. Alguns guerreiros já voltavam com suas lanças, traziam peixes e
preparavam o fogo para preparar as refeiçõ es.

Observou Tupã ao lado da esposa a alguns metros dali, via o sorriso bobo do chefe e como parecia apaixonado pela
bela mulher...

Nã o havia dú vidas que a Calligari e o guerreiro dividiam o mesmo sangue, pois ambos eram muito parecidos em
alguns aspectos, principalmente no tocante a se mostrarem tã o arredios e brutos, mas na verdade, tinham aquela
sensibilidade de estar sempre a se preocupar pelo outro, mesmo que izessem de tudo para mesclar essas qualidades com o
sarcasmo e a arrogâ ncia.

Voltou a olhar para a esposa.

Viu o desenho e icou maravilhada ao ver a imagem do Cé rbero...

-- Peça para que ela saia... – Pediu de forma hesitante. -- Assim poderemos conversar, Diana.

Os olhos negros mais uma vez a miraram demoradamente, depois izera o que fora dito.

A ı́ndia nã o pareceu gostar, mas acatou as ordens da princesa.

Assim que icaram sozinhas, Aimê agachou diante da esposa, tomando para si a funçã o de cuidá -la.

As mã os delicadas molhavam a ferida com as ervas que estavam na cuia. Fazia tudo com grande delicadeza.

Permaneceram em silê ncio por longos segundos.

A pintora a observava desempenhar a funçã o, observava a forma gentil que ela agia e nã o demorou para que seus
olhares voltassem a se encontrar.

As lá grimas brilhavam no intenso azul celeste.

Os lá bios entreabertos deixavam entrever os dentes alvos.

A face bonita estava corada.

Poderia ser mais linda?

-- Eu acho que sou realmente uma mimada... – Disse em um io de voz. – Uma adolescente que age
inconsequentemente e sempre segue pelo caminho errado... – Engoliu em seco. – Você nã o merecia as minhas acusaçõ es, na
verdade, você nã o merece nada do que viveu... – Desviou o olhar por um momento, mas depois a mirou de novo. – Talvez,
minha famı́lia e eu nã o sejamos realmente uma boa referê ncia a ti... – Os dedos longos tocaram o V que se desenhava
cruelmente em seu abdome. – Você é melhor do que todos nó s... E eu continuo sendo uma boba que nã o espera que me diga o
que se passou e já saio tirando as minhas conclusõ es precipitadas...

A major viu as lá grimas descerem.

Desejou secá -las com seus lá bios... Mas acabou icando quieta...

Fitou o desejo e depois a ela.

-- Achou mesmo que eu sou uma assassina fria e cruel? – Indagou por entre os dentes. – Saiba que eu teria sim
matado seu pai com as minhas mã os... Teria feito... Nã o hoje, mas naquela é poca, nã o teria medido as consequê ncias dos meus
atos... E confessarei també m que tive vontade de trucidar o Crocodilo por tudo o que ele te fez passar... Por saber que ele
ousou a te bater... – Tocou-lhe a face rosada. – Desejei feri-lo e muito... mas sabia que se eu desejasse um novo rumo para a
minha vida, precisaria agir com justiça e eu tentei fazê -lo... – Levantou-se incomodada e sua forma brusca fez ir ao chã o a cuia
que a esposa segurava.

Aimê permaneceu acocorada, sabia e via a raiva nos olhos negros e isso era algo que a feria em demasia.

Respirando fundo, levantando-se.

Voltou a itá -la.

-- Diana...

-- Nã o acho que devamos conversar sobre suas impressõ es ao meu respeito nesse momento... – Interrompeu-a
friamente. – Você icará mais uma vez sob a proteçã o de Piatã , con io nele e sei que cuidará de ti... Entã o comporte-se e nã o
faça nenhuma loucura... Pois se algo se passar contigo, será o velho ı́ndio que será castigado.

A ilha de Otá vio fez um gesto se assentimento.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Farei o que ele disser... Mas e você ? – Indagou preocupada. – Ainda seguirá atrá s desses homens? Aquele
segurança se mostra ainda mais terrı́vel do que o pró prio Crocodilo... Nã o deve se aproximar dele...

O maxilar da ı́ndia enrijeceu.

-- Bem, farei tudo para nã o sujar as minhas mã os de sangue diante do desgraçado, nã o quero ser igualado a Otá vio,
prometo que lutarei com um galho de oliveira e uma bandeira da paz, assim nã o correrei o risco de ser uma assassina cruel e
covarde!

Antes que Aimê pudesse falar mais alguma coisa, a princesa se afastou pisando duro, com os ombros e a cabeça
erguidas, mostrando seu total orgulho e arrogâ ncia.

A Villa Real começou a massagear as tê mporas, enquanto sentia mais uma vez como agira como uma idiota...

Lembrou-se de quando fora até a delegacia para prestar uma acusaçã o contra a morena, como fora estú pida e como
ainda era...

Cerrou os dentes.

O que poderia fazer agora para se redimir das terrı́veis palavras que cuspira tã o cruelmente?

Faria o que a esposa ordenou, seguiria com Piatã para onde fosse preciso e rezaria para que tivesse uma nova
chance com a mulher que amava... Uma nova chance para tentar nã o ser tã o idiota novamente.

Naquela manhã , Tupã e Diana deixaram a aldeia.

Aimê preferira nã o insistir em se acertar com a esposa, pois sabia que tudo o que viesse a falar naquele momento
seria totalmente ignorado. A ú nica coisa que izeram, fora uma troca signi icativa de olhar.

Sirena já sabia o que tinha acontecido. A pró pria princesa fora até ela em determinado momento e dissera o quanto
estava irritada e decepcionada com a mulher que amava.

Já era noite.

A ilha de Otá vio estava na oca.

No outro dia, seguiria com Piatã , Alanna e uma escota até a tribo do pajé e permaneceriam lá à espera da pintora.

Tinha decidido nã o jantar, seu estô mago estava embrulhado.

Adentrou a construçã o e viu a rede.

Sentiu o cheiro da esposa...

Talvez tivesse sido melhor ter seguido naquele mesmo dia embora dali.

Permaneceu parada e teve a impressã o que seu cé rebro gostava de estar sempre a reproduzir os momentos que lhe
deram tanto prazer e os que a feriram...

Umedeceu os lá bios.

Viu o desprezo no olhar dela... Viu...

Cerrou os dentes, enquanto as lá grimas tomavam força em seu pranto.

Passara aquele dia, tentando segurá -las, mas agora nã o era mais possı́vel, agora nã o havia mais por que fazê -lo...

Soluçou!

Ouviu passos, assustando-se ao se deparar com Sirena.

Limpou os olhos rapidamente.

-- Aconteceu algo? – Indagou preocupada.

A ı́ndia sorriu com simpatia, entregando-lhe uma caneca.

-- Está tudo bem!

Aimê itou a oferenda e em seguida aceitou o que estava sendo ofertado.

-- E um chá , ele vai te ajudar a dormir, vai poder descansar para a viagem.

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A jovem assentiu, enquanto bebia lentamente o lı́quido, assim que terminou entregou o recipiente.

-- Obrigada!

Sirena a observava com atençã o, nã o se afastando imediatamente. Parecia ponderar, até que começou a falar.

-- Eu conheço a Diana há muitos anos... – Começou tranquilamente. – Sempre tivera aquele ar forte, orgulhoso... –
Esboçou um sorriso. – Lembro de que nunca a vi chorar quando era uma menina... Nem mesmo quando a tribo da mã e a
jogou na selva... Nem nesse dia, ela demonstrou fraqueza... Mas ela chorou por ti... Verteu lá grimas ao imaginar que nã o te
veria mais... Chamava por você em seus devaneios... – Deixou a caneca de lado, tomando-lhe as mã os. – Ela te ama muito, eu
vejo isso naqueles olhos negros e també m vejo o mesmo nos seus...

A Villa Real mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

-- Eu sou uma idiota, uma boba... Talvez eu nã o mereça esse amor...

-- Aimê ... Aimê ... nã o diga essas coisas... Você s se amam intensamente e nã o há quem possa contra esse sentimento.

-- Mesmo que a ame... continuo agindo como uma idiota, foi assim, a acusei injustamente e nem mesmo esperei
para que se explicasse... – Desvencilhou-se do toque. – Eu nã o sei o que me acontece... – Passou a mã o pelos cabelos. – E como
se nã o conseguisse controlar minhas reaçõ es... Como se tudo icasse mais aguçado quando se trata da Diana... – Passou a mã o
pelos cabelos. -- Eu sou culpada por tudo, sabe... Eu fui infantil e tive uma crise de ciú mes quando está vamos na capital... Eu vi
o maldito segurança, suspeitei dele e nã o falei nada, pois o mais importante é fazer birra... – Soluçou. – E isso eu sei fazer
muito bem... Agora, mais uma vez, por minha culpa, a Calligari se arrisca... Entã o, diga-me, esse meu amor é algo bom?

Sirena via o desespero que a jovem demonstrava.

Um dia fora tã o insegura e imatura como a ilha de Otá vio e se sentia angustiada ao imaginar que devido a isso, um
sentimento tã o forte poderia ser interrompido.

Respirou fundo.

-- Querida, o amor nã o é uma histó ria sem dor... Os anciã os quando contam para nó s a histó ria dos nossos deuses,
sempre representam a divindade amorosa como uma criança inconsequente... Instintiva... – Deu um sorriso. – Uma criança
com duas faces... Uma voltada para o passado e outra para o futuro... Mas nunca para o presente... Olha sempre para frente e
jamais para os lados... Uma brinca durante o dia... A outra gosta da noite... Uma se mostra mais branda... A outra mais ativa...
Eu nã o sei se você me entende, mas apenas precisa entender que esse sentimento poderoso que sente nã o é tã o fá cil de lidar...
Nã o há garantias... Ainda mais quando se trata de seres como nó s... Mesmo que hoje nã o comamos mais pessoas, mesmo que a
sua civilizaçã o demonstre a racionalidade... Somos apenas domesticados... Igual um cachorrinho... Aos poucos nossas açõ es
vã o sendo moldadas... Mas quando nos apaixonamos ou icamos com raiva, retornamos para a nossa forma primitiva... –
Tocou-lhe a face. – Tenha paciê ncia... Tudo se resolverá ...

-- E se ela nã o me quiser mais...

-- Ela te ama... E mesmo que iquem assim, logo esse sentimento vai gritar mais alto e você s poderã o icar juntas...

Sirena viu o sofrimento e as lá grimas correrem soltas e fez a ú nica coisa que poderia ser feita naquele momento.

Abraçou-a forte.

O dia já tinha amanhecido.

Diana e Tupã se encontraram com os outros ı́ndios.

-- Eles pegaram um dos nossos e retalharam em minha homenagem! – A Calligari esmurrou forte a á rvore. – Esse
maldito desgraçado nã o sabe com quem está a mexer.

O chefe itava a irmã e sabia o que ela sentia.

-- Retire os homens! – A pintora ordenou. – Nã o deixarei que ningué m mais se machuque por minha causa! – Virou-
se para os guerreiros. – Devem voltar para a aldeia ou buscar um lugar que seja seguro.

-- Princesa! – Tupã a chamou impaciente. – Nã o será assim que as coisas irã o se resolver, precisamos sim nos
manter unidos para conseguimos vencer esses bandidos.

Ouviam os sons dos pá ssaros e dos macacos.

-- Você nã o entende! – Ela esbravejou. – Veja o tamanho de crueldade que esse miserá vel é capaz... Poderá agir pior...
E covarde!

-- Por isso mesmo teremos que icar juntos, trabalhar juntos para poder vencer. – Aproximou-se dela, colocando a
mã o sobre seu ombro. – Con iamos em ti, con iamos no treinamento que teve... Entã o pense friamente e nos conduza à vitó ria.

A morena tinha os punhos fechados diante ao lado do corpo. O rosto exibia total in lexibilidade. O maxilar rı́gido, os
olhos estreitados.

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-- Nã o terei a mesma piedade com esse desgraçado!

A morena começou a traçar um plano.

Precisava pensar em uma forma de atrair a todos para o acampamento principal, teria que agir com segurança para
que tudo pudesse dar certo e saı́rem dali com vidas.

Pelo que fora relatado pelo ı́ndio que seguia os passos dos tra icantes. O tal loiro parecia muito esperto e estava
criando um verdadeiro campo de guerra e algumas armadilhas.

O loiro reunira os homens.

Diferente de Crocodilo, o segurança forte contava com o apoio dos membros da gangue. Acreditavam que o rapaz
jovem conseguiria conduzi-los para fora daquele lugar.

-- A Diana é mole... – Dizia em voz baixa. – Ela nã o é a guerreira cruel que deseja demonstrar a todos. – Pegou o
punhal. – Ela é do tipo que se sacri ica pelo outro... – Riu em desprezo. – E apenas uma mulher idiota com ares de grandeza. Se
a matarmos, poderemos sair daqui e viver livres...

-- Mas como faremos isso? Nem sabemos onde está !

-- Ela está com esses miserá veis sujos, está com os selvagens, mas eles nã o se igualam a nó s... Temos armas ainda e
eu tenho um plano... – Cochichou. – Finquem troncos na frente do acampamento, circundando nossos domı́nios. – Deu um
sorriso cruel. – Vamos ver o que a major vai fazer diante disso.

O sol já parecia querer se esconder.

Diana se agachou, examinando a pele que estava no chã o.

-- Acho que uma sucuri ilhote está por perto! – Disse ao encarar o irmã o. – Espero que nã o tenhamos problemas
com ela.

Tupã demonstrava um olhar de preocupaçã o, mas nã o parecia ser esse o motivo.

-- O que houve?

-- Venha comigo!

A morena o seguiu.

Passaram todo o dia, buscando disfarçar os caminhos que levavam até as aldeias que tinham por aquela parte, pois
temiam que conseguissem chegar até lá e causasse um problema terrı́vel.

Aumentaram os passos e logo chegaram a á rvore.

Treparam bem alto.

Tupã lhe passou o binó culo.

Diana praguejou, depois encarou o chefe.

-- Que espé cie de demô nio é esse? – Passou as mã os pela cabeça. – Ele vai matar cada uma daquelas mulheres... Ele
vai sacri icá -las... – Voltou a usar o binó culo.

Havia cinco troncos como os que a major icara e em cada um deles, as prostitutas tinham sido amarradas.

Foram usadas folhas de palmeiras para escrever um aviso:

“ Aproxime-se e mato todas.”

-- O que vamos fazer agora? – Questionou ao guerreiro. – Nã o duvido que ele fará o que promete.

-- Nã o podemos perder a cabeça... Ele está fazendo isso porque encontrou fraqueza em ti, ele sabe que se preocupa
com essas pessoas...

-- O que faremos? Amanhã essas pessoas precisam estar no acampamento... Será a chance que teremos.

Diana ponderava.

-- Nã o ouse aparecer para eles... Nã o titubearã o, te encherã o de furos!

A morena mordiscava a lateral do lá bio inferior.

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-- E se causarmos uma distraçã o... Eles nã o tê m muita muniçã o... També m nã o acredito que aquele idiota seja muito
inteligente... Podemos trazer o exé rcito até aqui...

-- Mas que tipo de distraçã o? Nã o consigo pensar em nada...

-- Nã o sei... Uma onça... A sucuri... Seria uma distraçã o perfeita.

-- Nã o se deve brincar com os animais, Calligari! – Advertiu-a.

-- Nem por uma causa nobre? – Torceu a boca em desdé m. – Precisamos de algo, Tupã , precisamos de algo.

O guerreiro pensava e cogitava a ideia da irmã .

As tribos tinham um respeito grande por todos os seres que habitavam a loresta e só os matava por necessidade
mesmo, jamais por diversã o.

O ı́ndio pegou o binó culo e icou a ver toda a movimentaçã o no acampamento.

-- Conheço pessoas que podem fazer sons interessantes... Imitaçõ es bem perfeitas... Tanto que temeria atrair os
bichos aqui.

Diana pareceu surpresa com o que ouvia, mas o sorriso do guerreiro lhe transmitiu segurança.

O segurança olhava tudo com atençã o.

Já era de manhã e os homens se reuniam para tomar um pouco de café que ainda tinham.

As mulheres pediam piedades e eram totalmente ignoradas

-- Nã o devem baixar a aguarda. A Diana nã o vai desistir, vai vim aqui e tentar salvar essas putas.

Um rugido alto foi ouvido.

Os homens se amedrontaram, armando-se.

Olhavam para todos os lados.

Outro rugido maior e vinham de outra extremidade.

-- O que está acontecendo? – Um dos homens questionou preocupado. – E como se estivé ssemos sendo cercados
por esses animais. Vamos sair daqui...

O loiro jogou a caneca, enquanto pegava a arma.

-- Fiquem nos seus postos! – Ordenou. – Ningué m fará nada que nã o seja por minha ordem.

Os barulhos continuavam e ainda mais perto.

-- Vamos ser trucidados por esses bichos! Estã o nos cercando!

Ouviram som do helicó ptero. Vá rios deles...

O pâ nico começou a se instalar no acampamento.

-- Nã o sejam idiotas, iquem nos lugares de você s... – Esbravejava. – O exé rcito está aqui... Temos que nos defender
ou iremos presos.

-- Melhor preso do que comido por esses animais...

Os barulhos se tornaram maiores e nã o demorou para que o grupo começasse a correr, temendo que fossem pegos
desprevenidos.

Nã o demorou para que restassem apenas as mulheres e o segurança.

Ele estava com a arma em punho, apontando-a cegamente para todos os lados.

As prisioneiras imploravam para que as soltassem, mas o bandido nã o parecia muito interessado.

-- Fiquem quietas, vagabundas! – Ordenou. – Ou atirarei em cada uma de você s...

Começou a chamar pelos homens, mas nã o recebia resposta e os rugidos també m haviam cessados.

De repente uma lecha cravou em seu punho e ele acabou por soltar o revó lver.

Diana caminhou até ele.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Tinha um sorriso estampado nos lá bios.

-- Nos reencontramos!

O loiro olhou para a arma que estava um pouco distante.

-- Tente pegá -la e eu terei a desculpa perfeita para acabar de uma vez por todas contigo.

-- Desgraçada! – Mirou a lecha. – Eu vou matá -la...

O loiro, mesmo diante da ameaça, partiu para cima da Calligari.

Diana conseguiu se livrar do soco... Tomou distâ ncia.

A major jogou o arco. Nã o parecia se importar em enfrentar o bandido.

-- Vem! – Chamou-o. – Bate em mim! Só que agora eu nã o estou amarrada a um tronco.

De novo, ele partiu para cima, Diana fechou a mã o com tanto gosto, acertando-o em cheio no queixo.

O impacto foi tã o grande que mesmo o homem sendo forte, cambaleou.

-- Miserá vel! Vadia nativa...

A major sorriu em deboche.

-- Vem de novo!

A princesa conseguia se desfazer das investidas sem di iculdades. Como todos sabiam, ela fora bem treinada.

Acertou um chute na virilha do loiro, fazendo-o se dobrar de dor.

-- Isso é pra você nunca mais chegar perto da minha esposa!

-- India selvagem... – Gemeu.

-- Você deveria lutar como uma mulher... – Voltou a chutá -lo. – Agora ique aı́ e espere que o exé rcito venha te
buscar... – Seguiu até as mulheres e com o punhal, começou a soltá -las.

Diana era descuidada e mais uma vez deu as costas para o inimigo.

O segurança conseguiu pegar a arma e já estava pronto para alvejá -la, quando vá rios tiros foram deferidos em seu
corpo.

A morena se virou e viu alguns soldados ali e logo, o corpo do loiro parecia uma tá bua de pirulito no chã o.

O coronel se aproximou.

-- Deveria tomar mais cuidado, major!

Ela o conhecia.

Estiveram juntos durante longos anos.

Um homem bonito, forte e ı́ntegro como poucos.

A pintora respirou fundo...

-- Bem, acho que lhe devo a minha vida!

-- Quase nã o a reconheci... – Encarou-a. – Todos os homens serã o transportados...

-- Agradeço por ter vindo ao meu socorro.

-- Eu acho que todos nó s devı́amos isso a você ... – Fez sinal para que os homens desamarrassem as mulheres. –
Voltará conosco?

-- Ainda nã o, mas assim que retornar, seguirei até o quartel.

O homem assentiu.

-- Será sempre bem-vinda, major!

Apertaram as mã os e logo todos deixavam o local.

A morena seguiu até o corpo do segurança, observando-o.

Mais uma que nã o icaria para contar a histó ria...

-- Se esses homens nã o tivessem chegado, você teria sido covardemente morta.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A voz de Tupã lhe chamou atençã o.

O guerreiro se aproximou, olhando o morto.

-- Eu acabei me descuidando... – Suspirou. – As vezes ico a pensar se as pessoas podem ser ainda mais idiotas... –
Observava tudo ao redor. – Acho que estamos livres.

-- Mandarei que meus guerreiros limpem a regiã o... Seguirei contigo até a tribo do pajé .

Diana encarou o guerreiro durante um longo tempo.

Nunca tivera a chance de conhecer a mã e e icava a pensar se ela parecia com o guerreiro ou consigo...

-- Foi uma honra lutar ao lado do meu irmã o...

Os olhos negros do jovem se abriram em espanto.

-- Como icou sabendo?

Quando soubera daquele vı́nculo, icara irritada... Pois se sentira trocada pela mã e... Mas no decorrer daqueles dias,
aprendera a admirar o jovem chefe.

-- Naquele dia que estive na tribo... Que falei com o pajé , ele me falou... Disse para eu cumprir meu destino... Que o
meu irmã o me salvaria... Fiquei sem entender... Imaginei que estava a falar por enigmas como costumava fazer...

Tupã deu as costas e parecia que iria embora, mas voltou, tomando a major em seus braços, abraçando-a.

Nã o falaram nada... Palavras nã o eram necessá rias naquele momento...

A aldeia do pajé fora o lugar escolhido para comemorar a vitó ria da Calligari e de Tupã sobre os tra icantes.

Eles tinham chegado no inal da tarde.

Foram aclamados com festas...

Os tambores soavam em um ritmo frené tico e nã o só as mulheres, mas també m os homens dançavam em alegria
entusiasmante.

Algumas tribos estavam presentes...

Muitos se sentiram honrados com o convite, ainda mais depois de que Diana fora aclamada como a salvadora da
loresta.

Aimê estava um pouco afastada. Encostava-se a enorme á rvores e via tudo com atençã o, mas vez e outra, seus olhos
azuis eram capturados por outros mais penetrantes.

A major estava um pouco distante e conversava de forma entusiasmada com o pajé , Tupã e outros chefes, a ilha de
Alexander inalmente tivera suas açõ es reconhecidas por seus atos heroicos.

Na manhã seguinte seguiriam até a vila e retornariam para a cidade.

O caxiri era servido em abundâ ncia e a felicidade era geral.

A morena itou a esposa demoradamente, enquanto levava a cuia aos lá bios.

Desde que chegara, nã o trocaram uma ú nica palavra, apenas se olhavam... Olhavam-se...

Sirena se aproximou de Aimê .

Observou-a durante todo o tempo e se condoeu por ela está tã o sozinha...

Antes, Piatã passara horas conversando com ela, depois o pajé ... Agora icava apenas a observar tudo sem se
aproximar.

-- Prove! – Entregou-lhe a bebida. – Você vai se sentir mais livre.

A ilha de Otá vio observava com atençã o o lı́quido.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Nã o costumo beber...

-- Se se negar é uma falta de respeito com os nossos costumes... – Repreendeu-a com um sorriso. – Prove,
comemore a vida da Diana e do Tupã que voltaram vivos dessa complicada luta.

A Villa Real assentiu, enquanto levava a cuia aos lá bios.

Fez careta, fechando os olhos.

-- Calma, precisa ingerir devagar... – A ı́ndia parou do seu lado. – Por que nã o foi falar com sua mulher?

A jovem umedeceu os lá bios demoradamente, depois voltou a beber o lı́quido.

Daquela vez nã o houve cara feia.

-- Ela nã o falou comigo... Nã o tive coragem de me aproximar. – Observou uma das ocas ser arrumado por uma anciã .
– Por que estã o levando lores para lá ?

Sirena itou Diana e depois a neta de Ricardo.

-- A princesa recebera o prê mio que lhe cabe...

-- Prê mio? – Virou-se para ela. – Como assim?

-- Está vendo aquelas mulheres? – Fez um discreto gesto com a cabeça.

Havia cinco belas jovens ao lado da fogueira. Elas pareciam entusiasmadas e cochichavam entre si, enquanto olhava
de forma desavergonhada para a major.

Seus trajes eram compostos apenas de uma tanga e os belos seios estavam expostos.

-- Sim... – Disse em um io de voz.

-- Elas oferecerã o a Diana suas riquezas... Virgindade e tesouros...

Os olhos azuis se abriram, nã o só em espanto, como em ciú mes.

-- Nã o sabia que os povos indı́genas aceitavam essa coisa de mulher se relacionar com mulher sendo uma coisa tã o
natural. – Disse torcendo a boca. – Virgindade... – Relanceou os olhos em té dio.

-- A Diana é uma heroı́na, Aimê , e é uma princesa, isso signi ica que tem poder aqui.

A ilha de Otá vio cerrou os dentes e logo tomou de uma vez o conteú do da cuia.

Sirena pareceu estupefata, ainda mais por que aquela bebida tinha um gosto forte.

Aimê cruzou os braços sobre os seios.

-- Estou cansada... Acho que vou me recolher.

-- Claro que nã o! – A ı́ndia fez um gesto para que uma mulher se aproximasse e servisse mais caxiri. – Vai deixar a
sua mulher se deitar com outra? – Questionou baixo, quando voltaram a icar sozinha. – Aguentará algo assim?

A lorista dirigiu um olhar para a esposa.

Sentiu um frio no abdome ao vê -la.

Estava ainda mais linda...

As pernas longas e bronzeadas estavam de fora. Havia pinturas e penas adornando seus calcanhares. Viu o pequeno
pedaço de tecido que se amarrava em seu quadril... O abdome liso... Os seios cobertos por uma espé cie de sutiã de couro
marrom...

Os cabelos tã o negros...

A pintura na face...

Viu-a sorrir alegremente e desejou que aquele gesto fosse dirigido a si.

Tinha a impressã o que seu coraçã o estava a sangrar.

Os olhos negros a encararam por alguns segundos, mas logo desviaram.

-- E o que você quer que eu faça? – Passou a mã o pelos cabelos. – Nã o posso chegar na Diana e dizer que nã o
deixarei que se deite com essas mulheres... – Respirou fundo. – Ela nem me quer mais, poxa... Eu sou uma idiota. – Pegou a
cuia e voltou a beber. – Eu nã o acredito que estraguei tudo...

Sirena tirou algo da tú nica, colocando nas mã os da jovem.

-- Ofereça isso quando chegar o momento de agradar a princesa... Ela vai te escolher.

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Aimê abriu a mã o e um broche em formato de sol.

-- O pai da Diana entregou isso para a mã e dela quando foi embora...

A Villa Real observava com atençã o, era uma joia linda.

-- Eu nã o posso... – Fitou a ı́ndia. – Como farei isso? Pertence a ela.

-- Você vai precisar... Ou vai deixar sua amada ser engolida por uma daquelas mulheres...

O olhar da garota caiu novamente sobre a esposa e depois sobre as ı́ndias que devoravam a princesa com os olhos.

-- Posso tomar mais um pouco? – Pediu.

A esposa de Tupã pensou se seria uma boa, a inal, a jovem nã o tinha há bito de beber, poré m aquilo poderia lhe dar
coragem.

Entregou-lhe a cuia.

De repente os tambores pararam e a voz de tupã se fez ouvir.

-- Hoje é uma noite muito importante! – Dizia. – Graças a princesa Diana conseguimos sair vitoriosos de uma
batalha que já durava muito tempo...

Os gritos de entusiasmo de todos eram ouvidos.

A fogueira grande queimava alta... As labaredas estalavam.

-- Diana nã o icará , mas sempre que precisar, poderá recorrer ao seu povo... – Fitou a irmã . – Em nome de todos,
peço perdã o... Devemos isso a você ... A sua mã e...

A Calligari tinha a emoçã o em sua face.

Aqueles dias a izeram perceber quem era realmente a ilha de Alexander e de uma rainha ı́ndia.

Depois de tudo o que passara, sentia-se livre...

Fitou Aimê e viu os olhos azuis em sua direçã o.

Percebera que Sirena icara todo o tempo ao lado da ilha de Otá vio e até beberam do caxiri.

Ouviu seu nome ser falado novamente.

Sabia que era tradiçã o que uma daquelas belas mulheres lhe oferecessem algo em honraria e selasse a uniã o com
uma noite de amor.

Observou as belas ı́ndias.

Nã o, nã o sentia vontade nenhuma delas...

Voltou a encarar Aimê .

Ela usava calça jeans surrada, blusas de mangas longas caı́da nos ombros. Os cabelos estavam soltos.

Linda...

Como podia amá -la tanto?

-- A princesa Diana aceitará de bom grado as ofertas e nó s julgaremos a melhor para que aja o prazer... – O
guerreiro piscou ousado.

Piatã estava um pouco mais atrá s e se aproximou do pajé .

-- Nã o acho que esse ritual seja interessante, ainda mais por que Diana já está casada... Aimê nã o merece essa
humilhaçã o...

O chefe olhou para a neta de Ricardo.

Nã o podia ir contra as tradiçõ es, mas podia ajustar os fatos.

-- Ela precisa reclamar o prê mio, espero que Sirena tenha a convencido a fazê -lo.

As ilhas do chefe das tribos vizinhas se aglomeravam em oferecer as honrarias à princesa. Cada uma tinha um
benefı́cio maior e uma beleza mais atraente.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê continuava encostada à á rvore e nem sabia o quanto da bebida indı́gena já tinha provado, mas sabia que
aquele lı́quido tinha aguçado seus sentidos e seus sentimentos, pois naquele momento, o ciú me turvava totalmente sua visã o
e imaginar que a esposa dormiria com uma daquelas mulheres, chegava a se comparar a uma dor fı́sica.

Os olhos azuis nã o abandonavam a pintora e percebia como ela parecia feliz por ter sido reconhecida e perdoada
por todos...

Desejou estar ao lado dela... Desejou abraçá -la e participar daquele momento, mas a ú nica coisa que fez foi levar a
cuia aos lá bios novamente.

-- Nã o! – Sirena a deteve. – Vai acabar caindo se continuar a tomar o caxiri.

-- Mas isso embebeda? – Questionou surpresa. – Pensei que fosse uma espé cie de chá ... Sei lá ...

A ı́ndia respirou fundo.

-- Precisa conseguir andar para reclamar por seu prê mio.

Aimê batia a ponta do pé no chã o em um gesto de impaciê ncia.

-- Acho que a Diana vai se sentir decepcionada... Ela nã o para de olhar para as tais oferendas... Deve ter gostados
dos peitos delas... – Relanceou os olhos em irritaçã o. – Eu quero voltar para a minha casa, sabe, para a minha vida... Nã o, eu
nã o posso continuar vendo isso... Vou enlouquecer...

-- Você fará isso... – Tomou-lhe as mã os. – Venha comigo!

A esposa de Tupã a levou até mais perto, praticamente arrastando a garota.

Diana já icara ciente do que ganharia ao escolher cada uma das belas mulheres.

-- Mais algué m tem uma oferta para a princesa! – Sirena disse ao entrar no cı́rculo. – Ela deseja participar disso...

Todos os olhares se voltaram para a Villa Real.

Tupã repreendeu a amada com o olhar, mas ela o ignorou.

-- Aimê també m tem uma oferta... Ela tem meu apoio...

As ı́ndias questionaram o fato da jovem nã o ser nativa para participar.

-- Ela tem o meu total apoio, já disse, e isso basta, a inal, sou a esposa do chefe!

O burburinho continuava, poré m de forma mais discreta.

A Calligari observava tudo com atençã o, ainda mais a expressã o da esposa que tinha o rosto esfogueado.

Desde que retornara, nã o trocaram uma ú nica palavra e vê -la ali para reclamar sua posse era algo excitante e
atrevido de mais para os padrõ es da ilha de Otá vio.

Viu-a respirar fundo e seguir até Tupã para oferecer seu prê mio e se nã o fosse o guerreiro, ela teria se
desequilibrado ao tropeçar em uma pedra.

Observou o sorriso grande e nervoso.

Teria tomado caxiri em demasia?

O que poderia oferecer?

Fitou o corpo bonito e mais uma vez sentiu aquele desejo primitivo por ela...

-- Aimê tem um broche em formato de sol... – Tupã mostrava a joia. – Fora presente do general Alexander Calligari
para a rainha do Sol...

A pintora pareceu surpresa com o que ouvia.

Um presente do seu pai para a sua mã e?

Nunca icara sabendo disso...

Mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

Encarou a esposa e viu o brilho nos olhos azuis, viu como estavam temerosos... O rosto mais corado do que de
costume...

-- Nã o esqueça, princesa, que o que rejeitar nã o poderá voltar a ser seu... – Tupã avisou. – Diga qual vai ser a sua
escolha? Tome-a para si.

As mulheres foram colocadas em uma ila frontal, esperavam a decisã o da major.

Diana se aproximou com passos lentos, parando de frente para elas.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A morena beijou cada uma bem perto dos lá bios, mas quando chegou diante da esposa fora diferente.

Fitou-a por in initos segundos.

Viu-a umedecer os lá bios...

Observou a respiraçã o acelerada...

Observou a joia que ela trazia na mã o...

Tocou o prê mio e aquele fora o seu gesto de escolha.

Os gritos de entusiasmo foram dados, enquanto as duas amantes continuavam a se itarem.

Nã o trocaram uma ú nica palavra...

Diana arqueou a sobrancelha em gesto de interrogaçã o...

Aimê engoliu em seco.

Sirena se aproximou.

-- Levarei seu prê mio e o deixarei pronto para você , princesa!

A Villa Real mordiscou o lá bio inferior, enquanto era conduzida pela ı́ndia.

Os tambores voltaram a soar e a festa foi retomada.

A Calligari tinha nas mã os o broche, olhava-o e icava e sentia uma emoçã o enorme ao senti-lo... Era como se
houvesse uma parte dos pais...

Tupã se aproximou, depositando a mã o em seu ombro.

Os irmã os trocaram olhares de cumplicidade.

Aimê tinha os olhos arregalados, enquanto ouvia os detalhes de como deveria se comportar diante da princesa.

Temia que nã o conseguisse icar muito tempo acordada...

Sentia os olhos pesados... a Cabeça cheia...

Sentia o corpo sendo lavado por duas anciã s, enquanto Sirena a itava.

-- Isso signi ica o quê ? – A jovem questionava.

-- Você é um prê mio...

-- Mesmo assim... – Dizia baixinho. – Signi ica o quê ?

-- Porque você é um prê mio e precisa ser tomado...

A garota mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

-- Aimê , precisa ter a mente mais aberta... Acredite que isso vai lhe dar um prazer tremendo... – Sorriu. – Vá rias
vezes fui o prê mio do meu marido e sempre lutarei para ser...

-- Eu nã o sei... A Diana está com raiva de mim... Tem mais daquela bebida? Quero mais...

Sirena meneou a cabeça negativamente.

-- Nã o acredito que seja uma boa ideia... Bebeu muito...

-- Mas e a Diana...

-- Esqueça a Diana por umas horas e se entregue a princesa... O icialmente você é da princesa indı́gena, da princesa
que está sendo reconhecida por todos...

A ilha de Otá vio assentiu, mesmo que ainda estivesse temerosa.

A major se despediu de todos.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Precisava descansar, pois na manhã seguinte, deixariam a aldeia.

Recebeu o abraço do pajé .

-- Hoje, você se tornou maior e melhor do que eles. – O velho sussurrou em seu ouvido. – Agora, consigo sentir a
vida pulsando em você ... A pequena guerreira de olhos negros é uma mulher de coragem e cará ter enorme...

A morena assentiu, enquanto o itava.

-- Obrigada... Obrigada por sempre ter estado presente na minha vida... Mesmo quando eu agia errado...

O velho depositou um beijo em sua face.

-- Sempre foi e sempre será a minha princesa... – Fez um gesto para oca. – Aimê é muito valente, mas ainda é
jovem... Tenha paciê ncia...

A Calligari respirou fundo, enquanto seguia lentamente até a cabana.

Sentia o corpo leve... A bebida lhe relaxara... Mas nã o o su iciente para adormecer seus sentidos...

Sentia-se bem, como se sua missã o naquelas terras tivesse chegado ao im e agora pudesse seguir... Deixar para trá s
tudo o que passou...

Parou na entrada...

Fitou o cé u estrelado... a lua cheia...

A ilha do homem que mais odiara em toda sua vida estava de costas para si...

A cabana tinha aberturas no teto e era por lá que a luz do luar adentrava e iluminava a escuridã o...

A Villa Real tinha o corpo coberto por algumas pinturas...

Uma roupa especial fora feita para ela...

Uma blusa que lhe cobria os seios e era presa nas costas... um minú sculo short...

Diana apenas olhava-a...

As pernas longas e torneadas... As ná degas bem-feitas e mal cobertas... Cintura... Costas...

Respirou fundo e sentiu o cheiro das lores....

Umedeceu os lá bios...

Respirou fundo novamente... Dessa vez buscando equilı́brio.

Naquele momento a jovem se voltou para a morena...

Encararam-se sem pressa... Como se naquele momento nada mais importasse a nã o ser aquele olhar...

Os tambores soavam... Lentos... Baixos...

Ainda havia o tacho com á gua limpa...

Diana deu mais alguns passos e assim que o fez, uma porta improvisada fora colocada na oca por dois guerreiros.

-- Sente-se, princesa... Deixe-me banhá -la... – Aimê apontou para o tronco que servia de banco.

A major a encarou e viu os olhos azuis brilharem...

A Calligari mirou-a, seguindo e parando bem perto dela.

-- A Sirena te convenceu a participar disso? – Questionou baixo. – Está se sentindo bem? Está muito corada. – Usou
o polegar para acariciar sua face. – Está quente...

Os lá bios bonitos se abriram em um sorriso nervoso.

-- Acho... Acho que foi o cariri que me deixou assim... Um pouco tonta...

Diana arqueou a sobrancelha em interrogaçã o e depois desatou a rir.

-- Se chama caxiri... – Meneou a cabeça. – Caxiri...

-- Ah, sim, isso mesmo...

A morena tentava se segurar para nã o gargalhar alto.

-- Nã o deveria ter bebido... Para quem nã o tem familiaridade é uma bebida forte.

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A Calligari mordiscou o lá bio inferior demoradamente e os olhos de Aimê pareciam fascinados pelo ato.

-- Amanhã voltamos para casa... Acho que precisamos dormir... O caminho é longo...

-- Deve estar muito cansada... Foram dias difı́ceis... – Levantou a mã o para lhe tocar o ombro, mas hesitou, fechando-
a ao lado do corpo. – Deixe-me ajudá -la a banhar e depois poderá descansar...

Diana fez um gesto de a irmaçã o com a cabeça.

A neta de Ricardo começou a livrar a esposa dos adereços.

Fazia-o com calma, primeiro nos braços, costas...

-- Sentirá falta das escassas roupas de princesa? – Posicionou-se por trá s dela para soltar os trajes.

-- Nã o acho que sinta... Mas... Elas dã o menos trabalho...

-- Fico a imaginar Alessandra Calligari em uma exposiçã o... Algué m prestaria atençã o em outra coisa a nã o ser na
sua beleza...

A major sentiu a respiraçã o da Villa Real em seu pescoço e os dedos delicados passearem por sua pele...

Ficaram em silê ncio...

Diana sabia que a jovem estava a se culpar pelas cicatrizes que já começavam a se formar em suas costas.

-- Sabe, Aimê ... – Começou baixinho – Se nã o fosse a sua coragem em seguir as ordens do Crocodilo, provavelmente
eu nã o estaria aqui agora...

A major se sentiu livre da parta de cima e logo a sentia se agachar para fazer o mesmo com o resto.

A ilha de Alexander cerrou os dentes.

Talvez fazer amor nã o fosse uma boa ideia, poré m era aquilo que seu corpo já implorava naquele momento.

Ainda tinham muito que conversar, muitos pontos a esclarecer... Mas ela era seu espó rio... Seu prê mio por aquela
noite... Por toda a vida...

A Villa Real seguiu até sua frente.

Encararam-se novamente.

Aimê pegou a espé cie de esponja e começou a lavar os ombros da amada.

Ela era cuidadosa, pois sabia que havia algumas feridas que necessitavam de cuidado...

A á gua fria passou entre os seios e Diana os sentiu reagir imediatamente.

O cheiro de rosas invadia o pequeno local...

-- Por que se ofereceu? Por quê ? – Questionou se sentindo arrepiada.

A lorista parecia ocupada em cuidar do abdome e fazia com cuidado...

Lavou os quadris...

As coxas... A parte externa e interna... O sexo...

-- Porque eu nã o sei se sobreviveria ao saber que estava nos braços de outra... – Levantou a cabeça, itando-a. –
Acho que sou terrivelmente ciumenta...

A jovem voltou a lavá -la... Descendo para as pernas, panturrilhas... pé s...

Levantou-se, posicionando-se mais uma vez na parte de trá s.

Diana segurou os cabelos, para que a garota pudesse lhe cuidar do pescoço.

-- Nenhuma daquelas mulheres me interessavam... Nenhuma delas... – Dizia baixinho.

Aimê passou os dedos pela pele sedosa do bumbum...

Posicionou as mã os nas laterais, enquanto falava bem perto do seu ouvido.

-- Nã o? – Indagou baixinho. – Eram lindas...

-- Nã o... – Virou-se para ela. – Desde que senti seus lá bios nos meus... Desde que mirei esses olhos tã o intensos...
iquei presa em ti... Sua...

-- Mesmo que eu seja uma mimada... Inconsequente...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A major esboçou um sorriso, enquanto tocava-lhe a face.

-- Quando retornarmos... Quero que pense na possibilidade de ser realmente minha mulher... Quero ter o seu nome
unido ao meu... Quero uma famı́lia contigo... Se me aceitar, claro... Se for essa a sua vontade...

Lá grimas de felicidade banharam a face da jovem.

-- Nã o preciso pensar... O que mais quero nesse mundo é ser sua esposa diante de todos...

-- Nã o deseja pensar um pouco? Ainda é muito jovem... Pode querer viver outras emoçõ es... – Arrumou-lhe o cabelo.

A Villa Real lhe tomou as mã os, pousando em seus seios.

-- Quero ser sua mulher... Essa é a emoçã o que desejarei viver todos os dias... E o fato de ser sua esposa nã o me
proibirá de fazer outras coisas...

Diana começou a lhe despir, deixando o colo livre.

-- Preciso do meu prê mio entã o...

As bocas se encontraram em paciê ncia...

Aimê lhe circundou o pescoço...

A Calligari a sua cintura... Trazendo-a para bem perto de si...

Nã o demorou para que chegassem ao leito improvisado.

A major se pô s sobre ela, apoiando-se nos braços.

-- Eu te amo... Eu te amo tã o forte...

Diana lhe beijava o pescoço e a ouvia balbuciar seu nome... Mas logo a amada icou em total silê ncio.

A pintora se apoiou nos braços, itando-a...

Sorriu.

O caxiri tinha feito seu efeito...

Beijou-lhe os lá bios, depois se deitou ao lado dela... abraçando-a... Ajustou-a sobre seu peito... Acariciava as costas...
os cabelos...

-- Eu te amor, Aimê ...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Capitulo 38 por gehpadilha

Notas do autor:

Penú ltimo capı́tulo...

Os sons matutinos já podiam ser ouvidos, mas a aldeia ainda nã o estava totalmente banhada pelo sol.

Os animais cantavam animados...

Os macacos pareciam desejar acordar a todos...

Os galhos das á rvores balançavam ao dançar dos ventos...

Ainda se via no grande pá tio o resto da fogueira... As cinzas de uma noite de comemoraçã o... De renascimento... De
paz com um passado turbulento e con litante.

O pajé fazia suas oraçõ es e puri icava aquela terra com seus câ nticos...

Mirava o cé u e agradecia pela grande vitó ria que caı́ra sobre todos...

Ajoelhou-se, baixou a cabeça... Beijou aquele chã o tã o protegido e amado por todos...

O falcã o observava tudo... Tinha a postura respeitosa...

Enquanto isso dentro da oca...

Diana despertou lentamente... Temerosa... Tinha a impressã o que ainda estava sobre os galhos das á rvores...

Abriu os olhos e aos poucos foi se acostumando com a penumbra...

Tinha acabado...

Aquela agonia, aquele medo tinha icado no passado...

Cerrou os dentes...

Sua mã o descansava possessivamente na cintura da amada e sua cabeça repousava em seu pescoço esguio.

Aimê ...

Inspirou o cheiro gostoso.

Deus, como estava grato por ela nã o ser se ferido...

Teria passado por tudo quantas vezes fosse necessá rio... Teria ido até o im do mundo para salvá -la...

Amava-a in initamente...

Sorriu ao ver os cantos dos pá ssaros...

Estavam deitadas de lado... Começou a acariciar os quadris macios... Desceu até a coxa...

Sorriu ao ouvi-la resmungar algo incompreensı́vel.

A voz doce e rouca...

Beijou os cabelos sedosos...

Fechou os olhos...

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Nã o conseguira dormir direito... Pois icara todo o tempo aproveitando por estar com a mimadinha e por ela está
bem.

Apertou-a mais forte.

Passara por tantas coisas naqueles dez anos que agora só desejava construir uma vida ao lado da esposa...

Precisava torna-la sua esposa diante das leis dos brancos... E mesmo que soubesse nã o ser tã o fá cil a convivê ncia,
lutaria dia a dia para que esse amor que sentiam só aumentasse.

Tomou-lhe a mã o na sua...

Levou até os lá bios, beijando-a...

O destino era caprichoso mesmo...

Como fora se apaixonar pela ilha do homem que destruı́ra sua vida?

Ouviu o som do falcã o.

Precisava se levantar...

Poderia ter seguido com o exé rcito, mas achava melhor ir ao encontro da Villa Real... Mesmo ainda nã o tendo
digerido direito a acusaçã o que recebera...

Sentou-se!

Espreguiçou-se!

Sairia cedo e ao anoitecer estaria na vila.

Levantou-se.

Seguiu até a mochila e encontrou as roupas.

Precisava dos trajes normais...

Sua vida de ı́ndia icaria em suas lembranças... Já izera as pazes com seu passado, agora teria que viver o seu
presente... Sua mã e e seu pai estariam orgulhosos de si naquele momento?

Pegou a camiseta preta, a calça em estilo militar que se moldava as suas pernas malhadas...

Calçou as botas.

Passou a mã o pelos cabelos longos, viu o broche...Tomou-o em suas mã os... Fora presente de Alexander...

Era tã o delicado e tinha o formato de um sol... A rainha do sol...

Sentiu os olhos lacrimejarem...

Queria muito ter conhecido a mã e...

-- Diana...

A voz baixa e relutante a tiraram de suas divagaçõ es.

Guardou a joia no bolso, terminou de arrumar o calçado e logo seus olhos se voltaram para a Villa Real.

Encararam-se por interminá veis segundos...

Aimê estava apoiada no cotovelo, enquanto tinha a pele sobre o corpo.

Umedeceu os lá bios demoradamente... Sentia-os secos... Entreabriu-os, deixando a mostra os dentes alvos...

Sua esposa estava ainda mais linda...

-- Bom dia! – A major a cumprimentou com um sorriso, enquanto terminava de se arrumar. – Sei que o sono está
maravilhoso, mas temos que seguir nosso caminho.

Agora a luz do dia já penetrava pelas frestas.

Aimê fez um gesto de assentimento com a cabeça e sentiu o latejar nas tê mporas.

Massageou-as.

Observava tudo com atençã o, enquanto a pintora arrumava a mochila e tirava uma roupa para a garota usar.

Permanecia parada, olhando tudo com a expressã o preocupada.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Na verdade, ela nã o recordava de nada que se passara na noite anterior... Sua memó ria estava turvada. Recordava-
se de ter visto a morena entrar na oca... Mas nã o conseguia saber o que se passara depois daquilo.

Teria sido tomada como prê mio?

Sentiu o rosto em chamas...

Levou o polegar à boca, roı́a...

Teria sido tocada pela major e nã o se recordava?

Levantou-se e se nã o fosse a esposa que se aproximara rapidamente, ela teria caı́do.

Encararam-se novamente.

Os olhos azuis eram tã o intensos... Pareciam desejosos de mergulhar no grande mar negro...

Sentiu as mã os dela em sua pele... Os dedos longos e calejados dos dias de batalhas intensas...

-- Amor, nã o deveria ter bebido tanto caxiri. – Repreendeu-a. – Sente-se mal? – Indagou preocupada.

Aimê nã o pareceu interessada em se afastar. Ainda mais por sentir aquelas mã os em sua cintura...

Deu um passo para frente e os corpos se tocaram...

-- A sua voz ica ainda mais sensual quando me chama de amor... – Disse eu um sorriso nervoso. – Eu nã o imaginei
que essa bebida fosse tã o forte... Nem mesmo sei o que se passou ontem... – Mordiscou o lá bio inferior. – Eu devo ser o pior
prê mio que algué m poderia escolher... Bê bada...

Ambas caı́ram em uma gargalhada.

A Calligari parecia de olho em cada movimento dela... em cada gesto...

Viu-a abrir a boca, mas as palavras nã o saı́ram de imediato... Entã o a lorista fez novamente e vociferou seus
pensamentos.

-- Desculpa...

Diana aproximou as bocas...

Sabia que se ela nã o tivesse dormido, teria a amado loucamente... Seu corpo reagira rapidamente à visã o da ilha de
Otá vio...

-- Eu ainda quero meu prê mio... E assim que tiver a chance, irei cobrar... Quanto ao caxiri ou cariri... – Riu. – Pre iro
que beba em pequenas quantidades...

-- Cariri? – Questionou confusa.

A morena meneou a cabeça e depositou um beijo rá pido em seus lá bios.

-- Vamos nos apressar... Temos um caminho longo...

Quando ela já se afastava, a Villa Real a deteve pelo braço, trazendo-a para bem pró ximo de si.

Diana arqueou a sobrancelha em questionamento.

-- Desculpe-me... por tudo... – Cerrou os dentes. -- Eu te amo...Amo muito... Se me aceitar novamente, tentarei ser
menos infantil... Menos estú pida... Menos boba...

A morena segurou-a pela nuca, colando os lá bios aos dela com uma paciê ncia in inita.

Sentia a maciez, contornava-os e foi em busca da sua lı́ngua...

Prendeu-a...

Chupou...

Dançou junto a ela e gemeu ao senti-la lhe sugar com mais vigor...

A lorista se aproximou ainda mais... Desejando senti-la ainda mais forte. Os seios se batiam... As pernas se
enroscavam... A jovem encostou o quadril ao dela...

Movia-se sutilmente...Mas logo a Calligari se afastou alguns centı́metros, mesmo diante dos protestos.

-- Nã o se recorda de nada que se passou ontem?

Aimê meneou negativamente a cabeça.

-- Nã o... Só de te ver entrar... – Suspirou. – E como se houvesse uma né voa em meu cé rebro...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Diana lhe segurou a mã o, levando-a aos lá bios, beijando cada um dos dedos delicadamente.

-- Nã o podemos conversar agora... Mas quero que saiba que te amo e que desejo icar ao seu lado...

Os olhos azuis brilharam em emoçã o...

O rosto icou corado.

Abraçou a esposa!

-- Agora precisamos nos apressar... Nossas famı́lias devem estar em alvoroço por tudo... A caminhada é um pouco
longa...

A Villa Real assentiu a irmativamente.

-- Vista-se, estarei lá fora! – Beijou-lhe a boca rapidamente.

-- Está bem, amor...

Viu a morena afastar a porta improvisada e sair.

Fechou os olhos e fez uma prece de agradecimento.

-- Deus, nã o permita que eu seja tã o tola...

As pessoas já começavam a deixar suas ocas.

Diana viu Tupã em seu local, o lugar onde ele costumava fazer seus agradecimentos aos deuses.

Seu irmã o!

Era estranho, ainda mais depois de tudo o que passaram no passado...

Respirou fundo!

Sua mã e voltara por ele e mesmo assim nã o tivera a oportunidade de lhe dizer a verdade...

Aproximou-se lentamente, mas nã o falou nada.

Fitou o cé u que ainda nã o se mostrava totalmente claro...

Mirou as á rvores frondosas... Sentiu o ar fresco penetrando seus pulmõ es...

-- Entã o a major já está pronta para retornar para seu mundo! – Ele virou-se para ela com um sorriso. – Talvez, eu
sinta muito a sua falta...

Diana o encarou, colocando as mã os nos bolsos frontais da calça.

Mordiscou a lateral do lá bio inferior.

-- Nesses dias que passamos juntos, percebi que esse povo nã o teria um lı́der melhor, mais valente, mais corajoso...
Só se fosse eu, poré m como tenho minha vida longe daqui... Passo para suas mã os essa responsabilidade.

O ı́ndio a abraçou, rindo da ironia.

-- Espero que seja muito feliz, princesa, espero que a vida retribua tudo o que te roubou...

A ilha de Alexander apertou-o forte...

Ouvia o coraçã o dele em sintonia com o seu...

O que teria acontecido se ela nã o tivesse chegado? Como teria escapado?

-- Ela já me retribuiu... – Fitou-o. – Espero que seu ilho com a Sirena coroe ainda mais o amor de você s...—Suspirou
com lá grimas. – Obrigada, Tupã , obrigada por ter ido ao meu resgate... Eu nã o teria conseguido sem a sua ajuda...

O jovem chefe lhe arrumou o cabelo.

-- Perdoe-me por nã o ter ido antes...

A morena voltou a abraça-lo, em seguida se afastou.

O guerreiro assentiu, enquanto a via seguir.

-- Sinto-me lisonjeado por saber que temos o mesmo sangue, major...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A Calligari se virou para ele.

-- Digo o mesmo, meu irmã o...

Diana, Aimê , Alanna e Piatã já estavam prontos para seguirem sua viagem.

Naquela manhã nenhum ı́ndio deixara a aldeia, nem para caçar e nem para pescar, pois a despedida a sua princesa
era uma ocasiã o importante para todos.

Os visitantes recebiam os cumprimentos... Recebiam presentes como cordõ es, pulseiras, brincos e até mesmo o
famoso caxiri...

Sirena abraçou Aimê .

-- Nã o permita que a princesa se sinta a dona da situaçã o... Ela gosta dos seus desa ios... – Beijou-lhe a face. – Vou
sentir saudades de beber contigo.

A major sorriu ao ver o rosto da esposa corado diante da mençã o à bebida.

Tupã també m a abraçou.

-- Seja feliz, jovenzinha, e faça a minha arrogante irmã feliz...

A garota pareceu surpresa diante das palavras e ao olhar para a amada, recebeu um gesto de cabeça em
con irmaçã o.

Irmã os?

Mas como?

Antes que pudesse fazer seus questionamentos, foi a vez do pajé se chegar na herdeira de Otá vio.

-- Você foi muito corajosa, Aimê , e fora valente em todos os momentos... Tenho certeza de que a princesa nã o
encontraria uma outra mulher a sua altura... – Abraçou-a. – Terá ilhos com ela... – Sussurrou em seu ouvido. – Terã o uma
famı́lia linda e o passado icará para trá s...

Quando o chefe se afastou os olhos azuis estavam em lá grimas.

As despedidas continuavam até o momento da partida.

Alguns guerreiros seguiriam com eles. Uma escolta os acompanharia até o barco.

Ubiratã abraçou a princesa.

-- Como é se sentir viva de novo? – Indagou ao seu ouvido.

-- E a melhor sensaçã o de todas... – Disse com um sorriso.

A loresta nã o estava silenciosa.

Era possı́vel ouvir os macacos, os pá ssaros...

Aimê via tudo com mais atençã o, mais encanto... Observava o imenso verde, ouvia os passos ao pisar no carpete de
folhas secas...

Sorriu ao ver uma preguiça e se aproximou dela.

A Calligari fez um gesto para que Piatã seguisse com Alana, enquanto se posicionava por trá s da amada.

-- Ela é tã o linda... – A jovem dizia. – E a mesma?

A ilha de Alexander se recordou do dia em que deixara a lorista tocar no animal e como fora tocante ver a emoçã o
em seus olhos que ainda nã o enxergavam.

Abraçou-a por trá s.

-- Eu nã o sei... – Disse em seu ouvido. – Temos uma in inidade de fauna... Seria difı́cil dizer com precisã o.

A lorista hesitou um pouco, mas acabou tocando no animal...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Sentia os pelos...

Inclinou a cabeça para trá s, itando a esposa.

-- E ela, Diana... – Disse com lá grimas nos olhos. – Eu sei que é ...

Ficaram mais algum tempo ali, até que a morena precisou lembrá -la de que deveriam seguir.

-- Sim... – A jovem assentiu.

A Calligari lhe tomou as mã os e retomaram a caminhada. Acelerando os passos para alcançar os outros.

Seguiam incansavelmente, parando apenas para tomar á gua e comer algumas frutas.

-- Eu gosto desse lugar... – Aimê dizia. – Acho selvagem... Primitivo... Como você ...

Diana a itou de soslaio com um sorriso a brincar na face.

-- Sou isso, amor?

-- Sim... Minha dama selvagem...

A major parou, beijando-a rapidamente.

-- Queria reclamar meu prê mio... Mas podemos encontrar uma onça faminta e nã o seria eu a devorar você ...

Aimê sorriu.

-- Prometo que assim que estivermos longe daqui... Te darei seu prê mio de uma forma deliciosa... – Piscou ousada.

Seguiram por longas horas...

Pegaram o barco e já era noite quando chegaram a vila.

-- Vã o com Piatã , preciso entrar em contato com o piloto. – A morena ordenou.

Todos assentiram.

A major seguiu até a pequena cabana, sentou-se na cadeira, inclinou a cabeça para trá s, enquanto tentava descansar
um pouco.

O corpo doı́a muito... Aqueles dias foram de grande esforço e nem mesmo tivera tempo de descansar realmente.

Sentiu a ferida no abdome e nas costas reclamarem... Suas pernas doı́am...

Precisava da sua cama...

Estava velha para aquelas aventuras...

Pegou o rá dio e nã o demorou para entrar em contato com o piloto.

No dia seguinte, ele estaria cedo ali.

Despediu-se, mas nã o deixou o local.

Baixou a cabeça, apoiando-a na mesinha... Fechou os olhos...

-- Estou muito feliz por tudo ter saı́do bem... – Alanna dizia. – Cheguei a pensar que nã o conseguirı́amos...

Aimê e a mulher já tinham banhado e agora estavam sentadas nos bancos, diante da mesa rú stica.

Piatã tinha servido chá , enquanto preparava uma canja.

A Villa Real colocou a mã o sobre a dela.

-- Disse que te ajudaria a encontrar seu ilho... Assim que voltarmos para a cidade é isso que faremos... Eu sou muito
grata a ti...

Ficaram em silê ncio por alguns segundos até que questionou relutante.

-- Acha que vai me aceitar? – Indagou receosa.

A Villa Real via o medo naquele olhar sofrido e rezou para que ela pudesse ser perdoada...

-- Nunca devemos desistir do que o nosso coraçã o deseja com tanto fervor... Precisa lutar... Lute com seu amor...

O ı́ndio se aproximou com um singelo sorriso.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- A menina está certa... As coisas podem ser difı́ceis... Mas sempre valerá a pena se é o desejo do seu coraçã o...

Alanna sorriu mais esperançosa.

-- A comida já está pronta! – Piatã anunciou.

A Villa Real olhou para a porta.

-- Diana nã o voltou... Nã o sabia que demoraria tanto para executar essa tarefa.

-- Acho melhor você ir lá , ilha! – O ı́ndio pediu. – Ela precisa tomar banho para comer, ainda nã o está totalmente
recuperada.

A jovem assentiu, levantando-se.

Seguia pela rua estreita.

Viu as crianças brincando, as pessoas sentadas nas portas das humildes residê ncia...

As luzes pardas iluminavam o caminho...

Viu a pequena cabana de madeira.

Abriu a porta... Entrando...

Uma luminá ria arti icial era usada...

Viu a esposa com a cabeça apoiada nos braços... Ouvia a respiraçã o pesada... Estava dormindo...

Enterneceu-se ao vê -la... Parecia tã o indefesa... Tã o menina...

Aproximou-se.

Tentava nã o fazer barulho...

Depositou as mã os nos ombros da major... Inclinando-se, beijou-lhe o pescoço... Sussurrando em seu ouvido:

-- Princesa... – Chamou baixinho. – Meu amor...

Lentamente a Calligari levantou a cabeça. Parecia confusa...

Aimê deu a volta, sentando-se em seu colo.

Beijou-lhe o rosto.

-- Preciso de um banho... Comer algo... E depois poderá dormir...

Diana respirou fundo...

-- Estou cansada... Acho que dormirei uma semana completa... – Ajeitou-se para acomodá -la melhor.

Encostou a testa na dela.

-- Quero dormir uma semana... Mas quero acordar todos os dias ao seu lado...

-- Ah, Diana, eu te amo tanto que nã o imagino nada mais perfeito do que icar assim contigo...

A morena sorriu, mas de repente pareceu sé ria de mais.

Segurou a mã o da jovem na sua...

-- Amor, o que acha que seus avó s irã o dizer disso? A inal, alé m de ser uma relaçã o que ainda é vista com bastante
preconceito, ainda tem o agravante de eu ser Diana Calligari.

A Villa Real umedeceu os lá bios demoradamente.

Sabia que nã o seria fá cil... Já imaginava o avô esbravejar... Mas nã o podia abrir mã o da mulher que amava... Mesmo
que amasse muito aquelas pessoas que sempre a protegeram a e amaram durante toda a vida, nã o podia abrir mã o dos
sentimentos.

-- Eu nã o sei... Apenas desejo icar contigo... Eu quero você ... Só você ...

A major assentiu...

Talvez aquele nã o fosse o momento adequando para pensar naquilo...

Suspirou...

-- Acho melhor irmos embora! – Beijou-lhe a pontinha do nariz. – Preciso dormir um pouco.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê se levantou e esperou pela esposa.

Seguiram de mã os dadas... Sob o cé u estrelado...

A sala da mansã o da Calligari estava em verdadeiro alvoroço.

Ricardo abraçou a esposa.

Vanessa tinha os olhos cheios de lá grimas ao lado de Antô nia.

-- O que o coronel falou? – Todos questionavam.

-- Diana entrou em contato com eles... Foram ao socorro dela e trouxeram vá rios dos participantes dessa má ia. –
Ricardo dizia. – Crocodilo está morto.

-- Mas por que nã o retornaram com eles? – Dinda indagava. – A Diana nã o está ferida e nem a Aimê ?

-- Nã o... Disse-me que estã o bem... Deus, elas estã o bem!

-- Provavelmente Diana deve ter entrado em contato com o piloto... – A empresá ria falava entusiasmada. – Nã o
demorarã o para que retornem...

-- Devemos muito a sua sobrinha, Antô nia! – Clá udia começava. – Devemos a vida da nossa neta a ela... E nã o
saberemos jamais como saudar uma dı́vida tã o grande.

Dinda e Vanessa trocaram olhares.

-- O importante é que estã o bem e logo estarã o de volta.

Tinham uma preocupaçã o nova, ainda mais depois que o prefeito gritara alto sobre Diana ter um caso com Aimê .

O general icara possesso, mas a esposa o acalmara e pedira para nã o acreditar em tudo o que o bandido falava, pois
seu ú nico desejo era destruir a todos.

Quando as duas retornassem, teriam que esclarecer aquele assunto, mas naquele momento, apenas a felicidade
reinava ao saber que ambas estavam bem e já retornavam para a casa.

Na manhã seguinte, o jato pousava na pista improvisada.

Alanna e Aimê se despediram de Piatã e caminharam até a aeronave, enquanto Diana abraçava o bom amigo.

-- Obrigada por sempre ter estado ao meu lado... Obrigada por aguentar a minha arrogâ ncia e o meu orgulho... –
Afastou-se um pouco. – Obrigada por ter ido até lá ... Nã o sabia o que teria se passado se nã o tivesse chegado e salvado a
Aimê ...

-- Amo você , menina... E como se fosse a minha ilha... Como se corresse em suas veias o meu sangue... – Dizia em
lá grimas. – Agora desejo que possa ser feliz... Desejo que esteja ao lado da mulher que ama...

-- Eu viverei sim... – Levantou a mã o direita. – Prometo!

Piatã voltou a abraça-la.

-- vá , princesa...

-- Prometo que trarei a pequena Diana para te conhecer um dia...

Aimê observava a cena da pequena janela da aeronave.

Viu a pintora de aproximar com a mochila nas costas, notou quando ela limpou os olhos...

Chorara...

Ela amava aquelas pessoas... Aquele senhor de fı́sico frá gil e sorriso grande e gentil a amava també m.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Depois do que passaram, agora entendia por que Piatã a tirara de lá ... Se nã o tivesse feito, com certeza nã o teriam
chance de terem sobrevivido.

Diana entrou, mas antes de se acomodar foi falar com o piloto, depois seguiu até onde a esposa estava.

Sentou-se ao lado dela.

Tomou-lhe as mã os nas suas...

Encarou-a.

Aimê sorriu.

-- Acho que é a segunda vez que fazemos essa viagem...

-- Sim... – Acariciou a face, trazendo para mais perto de si. – Poré m agora é diferente... – falou bem perto da boca
dela. – Antes eu queria beijar seus lá bios... Mas odiava querer isso... – Passou a lı́ngua contornando-os. – Agora nã o...

-- Você era uma ogra... – Disse com um sorriso. – Eu imaginava você com uma aparê ncia terrı́vel... Quando abri meus
olhos naquele dia e te vi... Deus... Eu me apaixonei ainda mais...

-- E?

-- Sim... Eu gosto de te olhar... Gosto de ver as reaçõ es que passam por sua face... Esse relancear de olhos quando ica
impaciente... Quando morde a lateral... – Beijou o canto da boca.

-- Eu sempre gostei de te olhar... Seu sorriso... Seus olhos... Mimadinha...Adoro seus olhos...

As bocas se encontraram com calma...

O barulho da aeronave que levantava voo nã o parecia preocupar o casal.

Aimê sentiu a mã o atrevida subir por sua coxa e por alguns segundos desejou que estivessem sozinhas naquele
lugar.

Afastou-se sem fô lego.

-- Temos companhia... – Disse baixinho.

Diana exibiu aquele olhar de frustraçã o, mas acabou parando.

Ajustou-se melhor na poltrona.

-- Amor... – A Villa Real a chamou depois de algum tempo.

-- Sim?

-- Preciso que me ajude com a Alanna... Eu prometi ajudá -la... Tem famı́lia... Tem ilho, mas faz tanto tempo que foi
embora e teme ser rejeitada.

-- Nã o se preocupe... Auxiliarei em tudo que for necessá rio... Ela se arriscou muito e poderia ter sido cruelmente
castigada quando foi contra os planos do Crocodilo.

Aimê depositou um beijo em sua face.

-- Obrigada... – Falou, encarando-a. – Eu sabia que poderia contar contigo...

-- Você sempre poderá ... Disso nã o tenha dú vidas... – Segurou-lhe a mã o, levando-a aos lá bios, beijando-a. – E você ?
– Mirou-a. – Quais sã o seus planos para o futuro? O que deseja?

A garota mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

-- Quero você na minha vida... Quero que esteja ao meu lado... E quero estudar muito... Conhecer mais sobre as
lores...

-- Entã o o negó cio da loricultura continua? – Falou com um sorriso. – Nã o serei sua cliente... Acho bastante caro
suas lores...

Aimê gargalhou.

-- Será uma pena para ti... A inal, onde encontrará uma lorista tã o encantadora? – Provocou-a.

A major fez aquela cara de safada que já era bem conhecida.

-- A minha cama é um lugar certo dela estar...

-- Ah, nã o diga! – Relanceou os olhos.

Ambas riram do gesto.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Aprendi contigo, minha dama...

A viagem continuou tranquila e elas passaram todo o tempo conversando e fazendo planos para o futuro que
vislumbrava com tanto entusiasmo e esperança.

Vanessa estava parada na sala da enorme mansã o. Dormira lá , pois imaginava que a qualquer momento teria o
retorno das jovens e nã o desejava estar longe quando isso acontecesse.

Dinda ocupava uma poltrona, Ricardo e Clá udia outra.

A empresá ria tinha as mã os nos quadris.

Uma das empregadas apareceu com uma bandeja de chá , servindo a todos.

-- O que esse homem do exé rcito falou? – Antô nia questionou impaciente. – Por que minha sobrinha nã o retornou
com eles? Tem certeza de que ela está bem? Por que nã o chegaram ainda?

O Villa Real falara com o general e tudo lhe fora passado sobre a operaçã o na loresta.

-- Disse-me que a major nã o quisera seguir com eles, pois ainda tinha outras coisas para resolver... Aimê nã o estava
com ela, pelo que me disse, estava com uma tribo.

A irmã de Alexander se levantou com uma agilidade enorme para sua idade.

Ouvia-se o tic tac do reló gio que marcava quase quinze horas.

-- Ligue para o piloto, Vanessa, hoje mesmo seguirei até aquele lugar e verei por mim mesma o que se passou com a
Alessandra.

Clá udia trocou olhares com a empresá ria.

Nos ú ltimos dias a amizade entre elas crescera bastante e a iel amiga de Diana se tornara um grande apoio para a
mã e de Otá vio.

-- Eu nã o acho que seja uma boa ideia... – Vanessa começou relutante. – Temos que esperar...

-- Esperar? – A mulher esbravejou. – Nã o con io na Diana no meio daqueles selvagens e se tudo já fora resolvido,
deveria estar aqui...

Antes que algo pudesse ser dito, as grandes portas da sala foram abertas e lá estavam as duas aventureiras.

Clá udia e Ricardo correram imediatamente até a neta, enquanto Diana exibia um enorme sorriso de felicidade.

Mirou a tia e viu as lá grimas presentes naqueles olhos tã o adorá veis.

Caminhou lentamente até ela.

-- A sua sobrinha selvagem está de volta...

Antô nia a itou de forma como se desejasse repreendê -la, mas apenas a acolheu forte em seus braços cansados.

A pintora piscou para a empresá ria, enquanto fazia um gesto para que se aproximasse e participasse da acolhida e
fora isso que ela fez.

Havia muitas lá grimas, mas nã o era de dor e sim de felicidade... A felicidade de saber que tudo tinha acabado bem,
que elas conseguiram sair viva daquela empreitada tã o difı́cil.

Aimê via o choro dos avó s e se sentia grata por ter retornado...

Em muitos momentos duvidara disso, ainda mais quando tivera que presenciar as barbaridades que a mulher que
tanto amava passara.

Fitou-a entre os que a queriam tanto e mais uma vez fez uma prece em agradecimento por tudo ter acabado bem.

-- Tivemos tanto medo... – O general dizia. – Medo que nã o retornasse. – Abraçava a neta forte.

-- Se nã o fosse a Diana, eu nã o teria tido chance nenhuma...

A morena se livrou do abraço, mas continuou ao lado da tia e da empresá ria, enquanto Aimê permanecia
protegidamente entre os avó s.

-- Devemos muito a você ! – Clá udia falou para a pintora. – Nem se vivê ssemos mil anos poderı́amos pagar tudo o
que fez por nossa neta...

Ricardo fez um gesto a irmativo, enquanto seguia até a major.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Estou disposto a fazer o que for de sua vontade... Sei que errei e mereço ser punido, agora percebo que nada disse
interessa, nã o agora que sei que Aimê está segura...

Os olhos negros itaram os daquele homem que um dia odiara tanto...

Recordou-se do pró prio pai... Das suas palavras de conforto... Do abraço aconchegante que nã o podia mais sentir...

Fitou Aimê ...

Tudo mudara em sua vida depois que se apaixonara pela ilha de Otá vio...

Recordava-se do pajé ter lhe falado que ela nã o vivia naquela é poca que fora ao primeiro resgate da jovem, mas que
agora tudo mudara...

Sim...

Agora só havia um desejo dentro do seu peito... Construir uma vida ao lado daquela garota que parecia tã o infantil
em algumas açõ es, mas imensamente madura e corajosa em outras...

Estendeu a mã o para Ricardo.

Todos pareceram surpresos com o gesto.

O general apertou-a irme.

-- Obrigada... – O homem disse emocionado.

A major esboçou um sorriso.

-- Estou cansada de toda essa raiva... Acho que preciso seguir em frente... O passado já foi muito doloroso para
todos...

A herdeira de Otá vio limpou uma lá grima...

Mordiscou o lá bio inferior demoradamente, desejando ir até a esposa, desejando abraça-la bem forte e nã o se
afastar nunca mais...

Viu o olhar perscrutador da avó e corou imediatamente.

-- Bem, eu acho que nossas heroı́nas precisam descansar... – Vanessa se antecipou. – Um banho... Uma cama... Coisas
civilizadas...

Todos riram diante das palavras.

-- Realmente estamos cansadas... – A pintora passou a mã o nos cabelos. – Viemos direto e só paramos para resolver
um problema... Estou com saudade da minha cama...

-- Graças a Deus que nã o me icou com aqueles ı́ndios! – Antô nia lhe beijou a face. – Já estava me imaginando no
meio daquela loresta para icar ao seu lado.

-- Ah, Dinda, você iria amar... Pergunte a Aimê , ela até provou do Caxiri e icou encantada com a bebida...

Mais uma vez a jovem icou corada ao recordar desse detalhe.

-- Nã o, pre iro morar por aqui... – Antô nia lhe tomou a mã o. – Vamos, prepararei um banho para ti e poderá me
contar mais sobre sua aventura...

Diana assentiu.

Antô nia seguia lentamente, mas nã o foi direto, parou diante da neta de Ricardo.

Abraçou-a forte.

-- Depois teremos uma conversa... – Sussurrou em seu ouvido. – Mas te adianto que estou muito feliz por vê -la bem,
meu anjo... – encarou-a. – Nã o nego que iquei um pouco irritada de inicio, até culpei-a por minha sobrinha correr perigo,
poré m eu entendo agora a razã o dela ter ido... – Beijou-lhe a face.

Aimê deu um sorriso tı́mido, enquanto via as trê s deixarem a sala.

Desejou descansar com Diana, mas agora que estavam de volta a realidade, nã o podia, ainda se dar a o luxo de
acompanhá -la...

-- Acho que você també m necessita de um descanso... – Clá udia a abraçou novamente.

Vanessa e Dinda esperavam na cama, enquanto Diana estava banhando.

Conversavam trivialidades e depois de um bom tempo, a pintora retornou.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Os cabelos ú midos, usava um roupã o preto.

-- Desculpem a demora, mas eu tinha ultrapassado o nı́vel de sujeira do Cascã o.

Sentou-se na poltrona, cruzando as pernas.

-- Diga-me como estã o as coisas por aqui.

Antô nia trocou olhares com a empresá ria que desatou a falar.

-- O prefeito segue preso... Fizemos como você dissera... Será julgado como cumplice do bandido... Alex ainda segue
no hospital... Mas já se encontra fora de perigo...

-- E a polı́cia já esclareceu a participaçã o dele em tudo isso?

-- Sim... Pelo que fora apurado, ele sabia de tudo, mas acabou se arrependendo e até tentara alertar Aimê ...

A morena jogou a cabeça para trá s.

-- Amanhã irei mais a fundo nesse caso... Por enquanto desejo apenas descansar... – Inclinou o pescoço para trá s,
fechou os olhos.

-- E você pretende casar com a Villa Real? – Antô nia questionou. – Um vı́deo das suas aventuras nada ortodoxas fora
mencionado ao general e mesmo que a irmamos que nã o passava de invençõ es descabidas... Sabemos o que realmente se
passa.

A Calligari a mirou e viu Vanessa tentando segurar o riso.

-- Tia, eu nã o sei se desejo discutir algo tã o ı́ntimo com a senhora. – Respirou fundo. – Quanto ao conteú do desse
vı́deo... Eu já sou grandinha e Aimê també m para assumirmos nossas responsabilidades.

Antô nia se levantou colando as mã os na cintura.

-- Ah, entã o agora temos assuntos que nã o poderã o ser discutidos? – Indagou irritada. – Pois saiba que desejo saber
quais sã o seus planos, ainda mais depois de tudo o que passaram.

Diana respirou fundo, encarando Vanessa.

-- Eu a amo... E a quero para mim... Quero tê -la ao meu lado por todos os dias da minha vida...

-- Já falou com Ricardo e Clá udia? Já pensou sobre a menina ainda ser muito jovem para assumir um compromisso
tã o sé rio?

A major assentiu a irmativamente.

-- Penso nisso sempre e esse é o ú nico motivo para nã o ter decidido o que farei ainda...

-- Eu acho essa coisa de idade uma besteira! – A empresá ria se manifestou. – Conheço gente que tem quarenta anos
e age como criança e parece que nunca vai amadurecer... – Levantou-se. – Aimê te ama, Diana, disso nã o tenho dú vidas, a inal,
quem aguentaria tudo o que se passou, se nã o houvesse amor? Fale com ela, converse, mostre sua relutâ ncia e deixe que ela
decida...

A Calligari assentiu.

Nã o demorou para falarem sobre outros assuntos, em seguida deixaram que a morena descansasse.

-- Nã o estou com fome, vovó , comemos antes de chegarmos aqui.

Aimê se deitou na cama.

Clá udia sentou, trazendo a cabeça da neta para seu colo.

-- Ah, ilha, iquei com tanto medo de te perder... – Acariciou os cabelos molhados da jovem. – Rezava todos os dias
para que tudo acabasse bem... Posso imaginar as coisas horrı́veis que passou com aqueles bandidos...

A garota a itou.

Mordiscou o lá bio inferior.

-- Foram dias terrı́veis... – Respirou fundo.

-- Eles nã o a machucaram? – Alisou sua face. – Nã o izeram uma maldade dessas?

Aimê meneou a cabeça negativamente.

-- Nã o... Mas a Diana sofrera muito...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A ilha de Otá vio narrou uma a uma as torturas que tivera que submeter a mulher que amava.

Ao inal do relato, Clá udia trazia lá grimas nos olhos.

-- Como foram capazes de tanta maldade...

-- Eles queriam feri-la, queriam machucá -las atravé s de mim... – Engoliu em seco. – Eu a feri tanto...

-- Ei, pequena, você nã o teve culpa... A Diana sabe disso... Tenho certeza... – Beijou-lhe a testa. – Precisa se esquecer
desses dias terrı́veis... Tudo já passou.

A jovem assentiu, enquanto se sentava na cama com as pernas cruzadas.

Tomou as mã os de Clá udia nas suas.

-- Vovó ... – Iniciou relutante. – Eu preciso falar algo...

A mã e de Otá vio itou demoradamente o rosto corado e imaginou o que ela diria.

Naqueles dias, o prefeito izera questã o de gritar para todos o vı́deo com conteú do sexual entre a major e a jovem.

Precisara negar aquilo para o marido...

-- Diga... – Pediu ainda receosa.

Aimê cerrou os dentes.

-- Eu sei que é algo estranho... Sei que nã o parece uma coisa certa... – Dizia incomodada. – Mas eu estou apaixonada
por uma mulher... – Passou a mã o pelos cabelos. – Estou apaixonada pela Diana Calligari...

Clá udia respirou fundo.

-- Filha, será que nã o está confundindo as coisas? – Tocou-lhe o queixo. – O ú nico rapaz que namorou foi o Alex...
Talvez essa á urea da Diana tenha te fascinado... Eu sei que ela é uma mulher muito bonita... Mas... Você nem parece com essas
mulheres que gostam de se relacionar com o mesmo sexo... E tã o feminina... Mesmo a major nã o parece...

A Villa Real se levantou e seu rosto mostrava impaciê ncia.

-- Essas coisas nã o tê m nada a ver com aparê ncia... Nã o tem mesmo a ver com sexo... – mordiscou o lá bio inferior
demoradamente. – Tem a ver com algo mais profundo... Com almas... Como se nã o existisse essa coisa problemá tica de
gê nero... Você nã o entenderia... – Meneou a cabeça, seguindo até a varanda aborrecida.

Apoiou as mã os sobre a proteçã o, enquanto itava o vasto jardim.

Respirou fundo...

Sentiu a mã o pousar em seu ombro.

-- Aimê , eu nã o estou te condenando... – Falou baixinho. – Eu apenas quero que tenha certeza do que está fazendo...

-- Vovó , que certeza temos na vida? Nã o existe isso... Seria muito bom que nossas decisõ es fossem sempre as
corretas, seria perfeito que tudo saı́sse como o planejado, mas isso aqui nã o é uma histó ria cujo autor pode excluir uma
palavra que saiu errada ou uma frase mal colocada... – Virou-se para Clá udia. – Nã o existe garantia nenhuma e o que digo é
que se nã o der certo, ica sempre o aprendizado e se guarda os momentos bons dentro do peito...

A senhora Villa Real assentiu, enquanto deixava o quarto da neta.

Diana passou pela porta do quarto da esposa e desejou entrar e falar com ela, poré m tinha algumas coisas para
resolver.

Dormira um pouco e só despertara agora.

Vestia camisola e robe de seda preta, tinha os cabelos soltos e os pé s descalços.

Seguiu até o escritó rio.

Nã o acendeu as luzes, deixando que apenas a luminá ria sobre a mesa icasse ligada.

Deu a volta, ocupando a luxuosa cadeira de couro.

Acordou meio confusa, imaginando se já tinha amanhecido.

Ligou o computador e começou a checar algumas informaçõ es.

Vanessa fora maravilhosa.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Sorriu!

Ela resolvera todas as questõ es.

Checou os e-mails e viu vá rias mensagens de Marcella.

A italiana ainda desejava o quadro...

Ouviu batidas na porta e imaginou se seria a tia, mas icou surpresa ao ver a esposa ali.

Mesmo na penumbra, conseguia ver o visgo de preocupaçã o entre as sobrancelhas, mesmo ainda exibindo cara de
sono.

Ela usava roupã o atoalhado e os cabelos que pareciam ú midos, apresentavam algumas ondulaçõ es.

-- Fui até o seu quarto... – Dizia parada na porta. – Pensei que tinha saı́do, mas encontrei Dinda e ela me falou que
tinha dormido e ao acordar veio para cá .

A Calligari assentiu, enquanto cruzava as mã os sob a nuca.

-- Aconteceu algo?

A jovem respirou fundo, enquanto cruzava os braços sobre os seios.

-- Queria apenas te ver...

Os olhos negros se estreitaram perscrutadores. Parecia analisar a amada.

-- Venha aqui... Está muito longe para conversarmos. – Chamou-a.

A Villa Real hesitou, mas acabou indo até a pintora.

Surpreendendo à esposa, a garota nã o sentou na cadeira, ela deu a volta à mesa, parando de pé diante dela.

O olhar da ilha de Otá vio passou pela tela do computador e viu o e-mail de Marcella.

Diana mirava o per il forte...

Depois os olhos tã o azuis a encararam...

-- Ela deseja que a pinte...

A morena con irmou com um gesto de cabeça.

-- Eu prometi isso como presente de casamento...

-- Depois de transar com ela? – Arqueou a sobrancelha em interrogaçã o. -- Como uma mulher vai pra cama com
outra quando está para se casar?

A major sorriu, enquanto segurava as amarras do roupã o.

-- Nã o acho isso engraçado, Diana, na verdade acho uma grande safadeza...

A Calligari abriu lentamente a roupa e prendeu a respiraçã o ao vê -la sem nenhuma peça por baixo.

Fitou os seios... O abdome... Descendo até o delicioso triâ ngulo.

Mirou-lhe os olhos.

-- Costuma andar pela casa só de roupã o... – Mordiscou o lá bio inferior, enquanto passava a mã o pela barriga lisa. –
E perigoso...

-- Nem me toquei desse detalhe... – Disse aborrecida, detendo-lhe os movimentos. – Estamos falando sobre essa
mulher e sua falta de vergonha na cara... – Apontou para a tela do computador.

-- A Marcella nã o é nada para mim... Apenas uma cliente especial...

-- Cliente especial? – Questionou irritada. – Eu nã o acredito que a ver como uma cliente... Transou com ela... –
Fechou o roupã o.

A ilha de Otá vio já se afastava, quando Diana a puxou, fazendo-a sentar em seu colo.

Precisou um pouco de força para mantê -la no lugar.

Aimê fora sentada de costas, tendo as mã os da esposa em sua cintura.

-- Adoro o seu cheiro... – Disse contra o pescoço esguio. – A sua pele é deliciosa... Macia...

A jovem ouvia a voz rouca tã o perto do seu ouvido e aquilo a deixou arrepiada.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Estamos falando sobre a sua falta de vergonha na cara e nã o sobre mim...

A pintora gargalhou, enquanto levava as mã os por baixo de roupã o, tocando-lhe os seios.

-- Ciumenta!

Aimê inclinou o pescoço para itá -la.

-- Sim, eu tenho ciú mes, a inal, você é a minha mulher... Minha... Só minha...

Mais uma vez os olhos negros se estreitaram...

Desejo...

Mirou a porta...

Logo seria a hora do jantar... Mas...

-- Eu só quero você ... – Usava uma das mã os para amassar os seios e outra afagava o abdome. – Só você ... – Passou a
lı́ngua pelos lá bios rosados. – Fico excitada diante de tanta possessividade... Eu sou sua... – Apertava os mamilos.

-- Entã o nã o vai pintá -la... – Deteve-lhe as mã os.

Diana conseguiu se desvencilhar, tocando-lhe agora o sexo...

Sentiu os pelos em um desenho sensual e reto, enquanto outra parte se mostrava macia...

Ousou mais, sentindo-a ú mida...

-- Entã o posso pintar você ?

Usava o polegar para tocá -la mais internamente... Esfregava... Massageava...

Ouviu a respiraçã o dela alterada.

-- Diana... Eu quero que me diga que nã o vai pintá -la... Você mesma disse que nã o costuma fazer isso... – Mordeu a
lı́ngua para nã o gemer.

Tentou se levantar, mas a Calligari a manteve cativa.

-- Posso te pintar? – Questionou-a novamente.

Aimê sentiu-a buscando sua entrada e logo a sentiu dentro de si...

-- você só precisa me deixar te pintar...

Enquanto o indicador explorava o interior, a major usava o polegar para incitar o clitó ris que já se apresentava
irme.

-- Diana... – Dizia sem fô lego. – Por favor... – Afastou mais as pernas.

A morena lhe mordiscou o pescoço...

Sabia que aquele nã o era o momento e també m por que a porta estava aberta, mas a vontade de tomar a ilha de
Otá vio para si era algo incontrolá vel.

Afagou as coxas...

Aimê se mexia contra a mã o dela o que provocava uma dança das suas ná degas contra o sexo da esposa...

Diana a livrou do roupã o, deixando-o na cintura.

Beijava os ombros...

-- Mexe mais para mim... Esfrega bem gostoso... – Pedia. – Adoro quando faz assim... – Sussurrava em seu ouvido.

A Villa Real assentiu, enquanto lhe segurava a mã o, aumentando mais as fricçõ es...

Quando a jovem pensava que nã o resistiria mais, levantou-se, icando de frente para a esposa.

Livrou-se do roupã o totalmente.

-- Vem, Diana...

A Calligari esboçou um sorriso safado, enquanto se levantava e em fraçõ es de segundos se livrava do robe e da
camisola.

Abraçou-a, colando os corpos.

Pressionou-a contra a mesa...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Beijou-lhe os lá bios...

As lı́nguas se buscavam em loucura...

Chupavam-se... Mordiam-se...

Diana lhe segurou as ná degas, trazendo-a mais para si...

Sentou-a no mó vel, dobrando sua perna, deixando o acesso mais fá cil.

Penetrou-a com dois dedos, fazendo-a gemer alto...

Aimê cravou as unhas em seus ombros...

-- Entregue-se... – Dizia contra a boca dela. – Entregue-se para mim sempre... – Uniu os sexos. – Porque eu só quero
você ... – Esfregava-se contra ela. – Só você ...

Os olhares nã o se desviavam, enquanto em uma dança primitiva, aos poucos sentia os corpos tremerem em um
arrebato de puro prazer.

Ainda estavam trê mulas, entregues as sensaçõ es maravilhosas quando nã o perceberam a porta se abrir.

-- Alessandra Diana de Calligari!

A voz imponente de Antô nia a tiraram do seu momento de puro prazer.

Os olhos de Aimê se abriram em pavor.

Diana fê -la colocar sua cabeça em seu pescoço.

Encarou a tia.

-- Tem sorte de que eu entrei aqui... – Dinda dizia. – Arrumem-se, estamos esperando para o jantar.

A Villa Real só soltou a respiraçã o quando a viu sair.

A major segurou o rosto bonito, encarando-a, beijando-lhe a face.

-- Calma, amor, a minha tia é assim mesmo...

-- Como vou encará -la? – Indagou perplexa. – Como vou agir diante da sua tia depois disso?

A pintora nã o parecia se importar com aquilo, a inal, aquela nã o era a primeira vez que fora pega em situaçõ es
constrangedoras.

-- Eu te amo... – Dizia contra a boca dela. – Te amo e desejo tê -la para mim...

A ilha de Otá vio lhe acariciou a face, adorando a maciez do rosto sob seus dedos.

-- Eu falei com a minha avó ... Ela disse para esperar... Disse que devo estar confundindo...

A morena respirou fundo...

-- Aimê , talvez ela esteja certa...

-- Se você voltar a falar isso, eu mesma terminarei nossa relaçã o... – Empurrou-a.

A Villa Real vestiu o roupã o, deu a volta na mesa.

A ilha de Alexander começou a se vestir lentamente.

-- Eu nã o estou falando para casar comigo, major, nã o quero que se comprometa, a inal, sei que sua vida de solteira
é bastante... Excitante, poré m nã o permitirei que você ou qualquer outra pessoa questione a minha vontade por causa da
minha idade... – Apontou-lhe o dedo em riste. – Eu sou uma mulher... E sei muito bem o que quero!

Antes que Diana pudesse falar algo, a jovem deixou o escritó rio.

Naquela mesma noite, depois do jantar, Diana pediu a presença de Ricardo e Clá udia no escritó rio.

Aimê nã o estivera presente na mesa, nem mesmo abrira a porta para a esposa quando ela fora lá .

A major apontou a cadeira para que o casal Villa Real se acomodasse.

Sabia que precisava esclarecer tudo o que se passou de uma vez por todas, a inal, a relaçã o com a neta deles já tinha
sido exposto por um vı́deo.

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A morena sentou-se.

-- Eu nã o vou icar enrolando aqui... – A Calligari foi logo dizendo. – Sei que foram assolados por palavras do
prefeito... Talvez até pareça uma coisa errada... Mas eu estou apaixonada por Aimê .

Ricardo se levantou, batendo com o punho sobre a mesa.

-- Aproveitou-se da minha neta! Entã o a histó ria do vı́deo é verdadeira?

Clá udia se levantou, colocou a mã o no ombro do esposo, tentando acalmá -lo.

-- Nã o, eu nã o me aproveitei... – Reclinou-se calmamente. – Estamos apaixonadas...

-- Ela é uma menina... Está iludida... – O velho retrucava.

Diana se inclinou para frente, enquanto tamborilava os dedos na mesa impacientemente.

-- Bem se for isso, vamos ver até quando vai o entusiasmo de menina dela...

-- O que quer dizer com isso? – Ricardo retrucou irritado.

-- Eu nã o estou pedindo permissã o, a inal, ela já é maior de idade, estou apenas desejando começar isso de forma a
nã o ter uma nova guerra.

O general olhava para a Diana com os olhos azuis estreitados.

-- E se eu nã o permitir? – O homem questionou em tom ameaçador.

-- Aimê já tem idade para decidir... – Girou lentamente na cadeira. – Tem certeza, general, que deseja continuar
desgraçando a minha vida? Agora suas açõ es re letirã o na sua neta. Nã o acha que ela já sofreu muito?

Ricardo nã o respondeu, deixando o escritó rio imediatamente.

Clá udia nã o saiu, observou a porta por onde o marido seguiu, depois voltou a sentar.

Fitaram-se por in initos segundos.

-- Você ama realmente a minha neta? Tem certeza de que vai conseguir esquecer tudo o que passou com meu ilho?

A Calligari pegou um lá pis, girando-o em seus dedos pacientemente, até voltar a encarar a mulher.

-- Otá vio sempre vai ser um desgraçado... Um miserá vel que destruiu minha vida e matou o meu pai... Mas Aimê é
apenas Aimê e mesmo que duvide, eu a amo mais do que tudo... Quero-a ao meu lado... – Passou a mã o pelos cabelos. – Sei que
ela é jovem e també m me assusto ao pensar que ela pode apenas estar iludida comigo... Mas mesmo assim quero tentar...
Tudo o que eu viver valerá a pena.

A esposa do general esboçou um sorriso emocionado, mesmo que pairasse sobre sua cabeça muitas dú vidas,
sentia-se feliz porque o que mais desejava em todo o mundo era que a neta pudesse ser vista sem o estigma de ser ilha de um
homem que já fez tanto mal.

-- Eu nã o sei como funciona esse tipo de relaçã o, Diana... Mas eu estou disposta a aprender um pouco cada dia mais,
pois só quero que Aimê seja feliz... Precisa ter paciê ncia com Ricardo... Ele també m está preocupado com tudo isso... Mas se
perceber a felicidade dela, tenho certeza que nã o irá contra você s...

A morena fez um gesto de assentimento com a cabeça, enquanto encarava a avó da mulher que amava.

Mordiscou a lateral do lá bio inferior.

-- Prometo que nã o forçarei nada... Esperarei o tempo dela... Quero que ela expanda seus horizontes... que estude...
que faça o que gosta...

-- Obrigada! – Disse ao se levantar.

Diana observou-a sair, mas nã o fez o mesmo.

Seguiu até a adega, preparou uma dose de uı́sque, bebendo lentamente.

Caminhou até a poltrona, sentando-se.

Mirava o copo que tinha nas mã os e pela primeira vez em anos se sentia entusiasmada com o amanhã .

Bebeu mais um pouco.

Sentiu o sabor da bebida... Queimava a sua garganta... Relaxava...

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Aimê tinha acabado de falar com a Bianca.

Conversaram por vá rios minutos e depois se despediram.

Seguiu até o computador portá til e terminou a inscriçã o na universidade.

Desejava voltar a estudar, iria se especializar na á rea que tanto amava.

Deitou-se na cama, olhando para o teto.

Mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

Corava ao recordar da entrada de Antô nia no escritó rio...

Nã o acreditava que Diana nem mesmo se importara com aquilo.

Como podia ser tã o controlada? Ou era uma descarada mesmo!

Ouviu batidas na porta.

Nã o abriu e logo viu a chave girar na fechadura.

Sentou-se e nã o demorou para que Diana aparecesse.

Ela nã o usava mais a camisola e sim um roupã o cinza.

Os cabelos estavam molhados e tinha um copo na mã o.

-- Por que nã o abriu para mim? – Perguntou pacientemente.

A Villa Real cruzou os braços diante dos seios.

-- Estava cansada e queria dormir, entã o boa noite! – Apontou para a porta.

Diana sorriu sarcasticamente, enquanto bebia todo o conteú do do copo.

Encostou o quadril à cô moda.

Encarou os olhos azuis.

-- Entã o está cansada?

Aimê levantou o nariz em orgulho.

-- Sim...

A Calligari se aproximou, sentando-se com as pernas para fora da cama.

Tocou-lhe a coxa exposta, observando a pele se arrepiar.

-- Quero meu prê mio... – Fitou o decote da camisola. – Já demorou muito... – Tocou-lhe o pescoço. – Preciso receber...

A Villa Real lhe deteve os movimentos.

-- Estou cansada e pre iro que saia...

A major exibiu aquele sorriso meio de lado... Arqueou a sobrancelha.

-- Se estivesse na tribo e eu recamasse sobre o prê mio que nã o recebi, você seria jogada no rio para que as piranhas
comessem seu corpinho lindo...

Aimê relanceou os olhos em irritaçã o.

-- Nã o estamos na sua tribo... Estamos na civilizaçã o...

A major usou a unha para tocar o mamilo sobre o tecido.

-- Eu continuo selvagem, mesmo sem usar os trajes do meu povo...

A ilha de Otá vio sabia que discutir com a esposa era algo de que requeria muita paciê ncia.

Suspirou exasperada!

-- Você quer, poderosa Diana? Quer seu prê mio?

A morena umedeceu os lá bios em desejo...

-- Quero... – Con irmou baixo.

Aimê mirou os lá bios rosados.

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-- E você acha que sou uma garotinha que nã o sabe o que quer da vida?

A major itou o decote da esposa.

A Camisola branca era bastante provocante.

-- E... Uma garotinha linda... Minha garotinha...

Os olhos azuis brilhavam travessos e quando a boca da esposa veio em sua direçã o, Aimê se levantou e quando a
morena foi até ela, a jovem a repeliu.

A morena caiu sentada no leito.

-- Fica sentada aı́, princesa... Vou te mostrar o teu prê mio...

A major assentiu.

A herdeira de Otá vio seguiu até a escrivaninha, ligou o aparelho de som sob o olhar curioso da amada.

Os primeiros acordes de uma mú sica conhecida se faziam ouvir...

O ritmo oriental era bastante sensual...

A major itava a camisola minú scula e sexy...

Quando os quadris da esposa começaram a seguir o ritmo da mú sica, a princesa pareceu hipnotizada.

Onde ela tinha aprendido dançar daquele jeito?

A Villa Real segurou os cabelos no alto, enquanto continuava a rebolar.

Quando ela virou de costas, Diana nã o aguentou, seguindo até ela.

Posicionou-se por trá s, enquanto segurava em seu quadril.

-- Dança comigo, princesa? – Roçava o bumbum contra o sexo da major.

-- Danço... – Disse ao seu ouvido. – Danço... Danço...

Diana beijava o pescoço da esposa, enquanto seguia o ritmo lento e sensual.

A respiraçã o estava acelerada...

Quando icaram de frente, Aimê se livrou da camisola, icando apenas com uma minú scula calcinha vermelha...

Apoiou as mã os em seus ombros, livrando-a do roupã o...

Passou a lı́ngua pelo lá bio superior em puro desejo...

Nã o estranhou ao vê -la nua, isso a deixou ainda mais excitada.

Voltou a lhe dar as costas e a Calligari depositou as mã os em seu quadril, trazendo-a mais para roçá -la.

A Villa Real mexia o bumbum e sentia a amada escorregadia... Molhada em suas costas... terrivelmente ú mida...
Deliciosamente encharcada...

Diana tocou-lhe os seios...

Apertou-os... Brincou com os mamilos... Desceu mais até o abdome liso...

-- Estou enlouquecendo... – A major sussurrou em seu ouvido.

Aimê nã o teve tempo de falar, pois foi pressionada contra a parede... Apoiou-se a ela como se passasse por uma
revista...

A princesa movia contra as ná degas bem-feitas... Esfregava, enquanto lhe segurava pelos cabelos, expondo o
pescoço esguio... Mordendo-o, chupando-o...

Abriu mais as pernas...

Abriu o pró prio sexo...

Incitava-a...

-- Mexe mais rá pido pra mim... – Dizia sem fô lego. – Esfrega com mais força... Mais...

A ilha de Otá vio fez o que ela disse, pois a sentia desesperada... Da mesma forma que també m estava...

Sentiu a delicada lingerie ser rasgada...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Sentiu a batida em sua carne... Excitou-se ainda mais ao sentir a mã o estalar em seu bumbum...

Depois foi a vez da boca mordiscar sua carne... Lamber o pró prio mel... Deslizar por sua intimidade...

Sentiu os joelhos tremerem e imaginou se cairia, enquanto a tinha em suas costas...

Afastou as pernas e sentiu a lı́ngua fundir dentro de si...

-- Ain...

Novamente sentiu a palmada em sua carne e adorou... Ficando à beira de um precipı́cio...

Diana se levantou...

Voltou a posiçã o inicial... Relando nela...

-- Dá pra mim bem gostoso...

Ouviu-a sussurrar em seu ouvido...

Sentiu o toque dos dedos em seu sexo...

Gemeu alto pois a invasã o nã o fora nada delicada...

-- Dou... Eu só quero dar para ti... Dá bem gostoso... E quero que só der pra mim... Só pra mim...

-- Sim... – Diana sussurrava... – Sim...

A Villa Real sentiu o ar faltar aos seus pulmõ es...

Ouvia o som... Ouvia as investidas... Ouvia a mú sica ainda a tocar...

Implorou por mais, movendo-se contra ela com mais furor...

Descontrolaram-se...

Gritaram em puro desejo... Gritara em um prazer incontrolá vel... Perderam-se...

Na manhã seguinte Aimê estava parada diante do espelho e observava as marcas da paixã o que foram feitas em sua
pele...

A noite fora longa, pois tivera inú meras vezes seu prê mio requisitado... E requisitara també m...

Sorriu ao ver seu re lexo corado...

Suspirou...

Diana viajaria naquele dia... Teria que cumprir alguns compromissos do seu trabalho... Desejou aceitar o convite de
ir com ela, poré m tinha suas pró prias coisas a fazer...

Mordiscou o lá bio inferior...

“Amo-a!”

“Amo a Calligari!”

O gê nio da major era terrı́vel sim... Mas isso a deixava ainda mais apaixonante...

Um mê s depois...

Aimê estava muito animada. Com o dinheiro da venda do apartamento conseguiram alugar um lugar que tanto
serviria para morar, como no té rreo poderiam colocar a loricultura.

Bianca e a Villa Real pintava o lugar.

Aproveitara os dias longe da amada para se dedicar ao pró prio negó cio...

O espaço era grande e os planos para o lugar eram bastantes ambiciosos.

-- Nem acredito que vamos inaugurar amanhã . – A sobrinha do prefeito parou para limpar o suor.

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-- Sim... – Aimê continuava a pintura. – Por isso precisamos correr.

As duas garotas pintavam as paredes desde cedo.

Já era noite.

Nã o demorou para Clá udia aparecer com uma bandeja de lanches para elas.

-- Insisto que deverı́amos ter contratado algumas pessoas para ajudar. – A mulher falou enquanto colocava o lanche
sobre a mesa toda cheia de material de pintura.

Seguiu até a bicicleta de bambu que fora ornamentada para ser colocada na parte de fora da loricultura.

As meninas se aproximaram, pegaram os sanduı́ches com suco e sentaram no chã o.

Comiam em silê ncio e logo tudo era devorado.

-- Besteira, estamos conseguindo e temos que poupar dinheiro... – Aimê dizia enquanto tomava um pouco de
refresco.

A esposa do general sentou no banco.

Observava tudo com atençã o e via como as meninas estavam se dedicando a tarefa á rdua.

-- Só que você s estã o tendo muito trabalho.

-- Nada, tia, estamos nos divertindo.

-- Sim, e o vovô nos ajudar muito a montar os mó veis.

-- Você s sã o muito teimosas mesmo... – Levantou-se.

Seguiu até a vitrine e notou a aproximaçã o de um veı́culo conhecido.

Um carro estacionou diante do pré dio.

-- Nã o sabia que a Diana tinha voltado de viagem... – Clá udia comentou, enquanto observava a morena atravé s dos
vidros.

A jovem Villa Real se levantou com um sorriso nos lá bios e tã o surpresa quanto a avó .

Há semanas a morena tinha viajado para cumprir alguns compromissos fora do paı́s.

Fora convidada para acompanhá -la, mas nã o o fez, pois precisava organizar as coisas na loricultura que logo seria
aberta.

Fitou-a e sentiu o coraçã o bater mais forte.

Calça jeans preta colada à s pernas bonitas, camisa de botõ es azul marinho e jaqueta de couro preta.

Bianca e Clá udia trocaram olhares de divertimento. Elas sabiam como a lorista passara aqueles dias em estado de
ansiedade pelo retorno da mulher que amava.

Aimê abriu a porta.

A Calligari a itou por alguns segundos.

Os olhares pareciam imã s que se atraiam...

Viu o arquear de sobrancelha da major...

Mordiscou o lá bio inferior ao recordar da roupa que estava a usar naquele momento...

A jovem usava um macacã o surrado, os cabelos estavam presos em coque frouxo, o que deixava alguns ios
escaparem e o rosto tinha alguns resquı́cios de tinta.

A ilha de Alexander sorriu.

-- Boa noite! – Cumprimentou a todas. – Vejo que o trabalho está grande... – Dizia sem desviar o olhar da amada.

-- Sim, muito! – Clá udia se antecipou. – Fico feliz em vê -la de volta... – Fitou Bianca. – Me ajuda com o jantar? –
Piscou para a loira. – Preciso de uma mã o a mais...

A loira fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Sim, tia! – Disse rapidamente.

A garota cumprimentou a Calligari e logo deixaram as duas sozinhas.

A morena encarou a amada, depois observou tudo detalhadamente...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Havia caixas, latas de tintas, pincé is pelo chã o...

-- Poderia ter contratado algué m para ajudar... – Caminhou pelo lugar continuando a inspeçã o. – Nã o acho que deva
se cansar tanto.

A Villa Real se encostou na mesa de madeira com os braços cruzados sobre o peito.

-- Estou adorando fazer tudo isso... Quero que ique do jeito que desejo... Quero entrar aqui e sentir meus gostos...
Minha personalidade...

Diana se virou para ela, aproximando-se, abraçou-a forte.

Ficaram assim por longos segundos até que a major a encarou, tomando-lhe o rosto querido entre as mã os.

-- Eu senti tanta saudade, mimadinha...

Aimê já abria a boca para falar algo quando seus lá bios foram capturados por um beijo delicioso e paciente.

A Villa Real a abraçou forte.

As bocas pareciam ansiar pelo contato, ansiosas depois de tantos dias separados.

Diana a sentou sobre a mesa, icando entre suas pernas.

Arrumou alguns ios soltos dos seus cabelos...

-- Está parecendo uma palhacinha com o rosto cheio de tinta... – Beijou-lhe a pontinha do nariz.

-- Vai sujar sua roupinha elegante de tinta... – Provocou-a com um sorriso.

-- Nã o me importo... – Encostou a testa na dela. – Sentiu minha falta? Fala que sentiu, mesmo que seja só um
pouquinho porque eu quase morri sem você ...

A jovem suspirou longamente.

Mirou aqueles olhos tã o negros...

As noites sempre eram as mais difı́ceis com a ausê ncia da major, pois nem sempre podiam falar, já que a pintora
estava sempre em algum evento...

-- Sim, parecia que faltava uma parte de mim... – Acariciou os cabelos da esposa. – Chegou quando? Por que nã o me
ligou avisando?

-- Porque eu decidi de ú ltima hora... Nã o aguentava mais icar longe... Estava previsto o voo para amanhã , mas
consegui uma mudança.

-- Eu adorei que tenha voltado... Eu nã o sei se me acostumarei com essas suas viagens...

-- Podia ir comigo... – Tomou-lhe a mã o, beijando-a.

-- Amor, era o que eu mais queria, poré m havia coisas para resolver...

A major respirou fundo.

-- Eu sei... – Disse impaciente. -- Tudo está icando lindo...

Tocou-lhe o queixo, fazendo-a itá -la.

-- Vai vim para a inauguraçã o?

-- Jamais deixaria você sozinha... E muito linda e vai ser paquerada por todos...

-- Como você é ? – Arqueou a sobrancelha em indagaçã o.

Diana lhe beijou a face.

-- Só tenho olhos para você ... – Tirou-lhe a franja da face. – Janta comigo?

-- Vovó está fazendo... Seria melhor se jantarmos aqui... Estou muito suja para sair...

-- Eu nã o acho que o general vai gostar da minha presença.

Ricardo nã o se opusera a relaçã o, poré m deixara claro que acreditava que nã o duraria.

-- Ele nã o vai falar nada... – Abraçou-a pela cintura. – Janta?

A Calligari viu os olhos azuis brilharem em persuasã o.

-- E depois vai comigo para a minha casa? Estou com saudades, quero fazer amor a noite toda... – Disse mordendo o
lá bio inferior.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê corou diante das palavras e do olhar sensual.

Seu corpo reagia à mençã o, ainda mais ao recordar da ú ltima vez que se amaram...

-- Eu també m quero fazer contigo... Meu corpo reage as suas palavras violentamente... Sinto uma pressã o no meu
abdome... – Fechou os olhos demoradamente. – Mas eu nã o posso ir... Nã o hoje... Amanhã tudo isso tem que estar pronto...

A morena suspirou exasperada.

-- Desculpa, amor... – A Villa Real pediu ao vê -la com expressã o frustrada.

-- Está bem... – Sorriu.

Aimê a viu se livrar da jaqueta de couro, tirar o reló gio.

-- Eu icarei para ajudar!

-- Vai sujar sua blusa... – Disse sorrindo. – Te emprestarei uma camiseta. – Foi até ela, abraçando-a. – Eu te amo,
sabia...

-- Claro eu que sabia e claro que eu sei... A inal, quem resistiria a uma Diana Calligari...

-- Sim... – Aimê colou os lá bios aos dela. – Uma princesa selvagem canibal...

A noite transcorreu com bastante animaçã o.

Diana ajudava as duas meninas e conversavam bastante.

Alex tinha deixado o hospital e responderia pelo crime que cometeu em liberdade.

Bianca decidira icar na capital e se associar a melhor amiga novamente.

Já era madrugada quando a Calligari deixara a loricultura.

No dia seguinte...

Vanessa estava no escritó rio.

Organizava algumas coisas e já estava quase na hora do almoço quando a porta se abriu.

Nã o precisou olhar para saber que se tratava da Calligari. Só ela entrava sem ser anunciada.

A morena se sentou, cruzando as pernas.

-- Que bom que apareceu.

A pintora nã o falou nada de imediato, pegou o pequeno globo que tinha sobre a mesa, girando-o e observando os
paı́ses.

-- Passei a manhã dormindo, iquei até tarde com Aimê , ajudando-a.

-- Entã o hoje é o grande dia?

-- Sim, ela está muito entusiasmada.

-- Estou ansiosa... Adoro lores e sei que a Villa Real é muito competente nisso.

-- Sim...

A empresá ria conhecia muito bem a amiga e percebia que algo parecia irritá -la.

-- Alguma coisa está te incomodando? – Vanessa questionou, encarando-a.

A Calligari jogou os cabelos para trá s.

-- Estou perdidamente apaixonada por ela e essa coisa de esperar para podermos viver juntas está me deixando
fora de mim... Quero-a comigo o tempo todo... Quero dormir ao lado dela... Acordar com ela... – Relanceou os olhos. – Acho que
estou incando muito sentimental... Que droga!

Vanessa nada disse de imediato.

Fitava a ilha de Alexander e percebia como ela mudara...

Fora muito assediada por mulheres na viagem e se desvencilhara de todas... Seus pensamentos estavam totalmente
presos na herdeira de Otá vio.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Foi você que disse que desejava que ela tivesse tempo... – Deu de ombros. – E isso que dar julgar a mimadinha
pela idade. – Voltou a digitar. – Ah, você ica fofa quando apaixonada.

Diana tamborilava os dedos no braço da cadeira, enquanto seus pensamentos voavam.

Aimê estava nos fundos da loricultura.

Estava agachada, enquanto começava a plantar suas rosas. No interior da loja també m fora criado um jardim de
inverno. A tia da Calligari tinha doado lindas lores que eram cultivadas na mansã o e na fazenda.

Ouviu passos e ao olhar por sobre os ombros, viu Bianca se aproximar.

Sorriu para a amiga, vendo-a se acomodar ao seu lado, ajudando-a.

Mexiam na terra em silê ncio, até que a voz da sobrinha do prefeito foi ouvida.

-- Eu preciso te agradecer por ter me aceitado. – A loira disse.

A Villa Real a itou.

-- Você nã o tem culpa do que eles izeram... Sabe que te adoro... E jamais a abandonaria.

-- Você é maravilhosa...

-- Nã o precisa exagerar també m...

As duas riram alto.

Bianca olhou para o interior da loja.

– Alanna está muito entusiasmada, sua vó a ensina com muita paciê ncia.

Aimê observou a jovem que a ajudara na loresta.

-- Ela já sofreu muito... Espero que consiga refazer a vida...

-- Ela vai sim...

A Villa Real olhou a hora no reló gio.

Levantou-se de supetã o.

-- Está tarde, eu preciso comprar algo! Tome conta de tudo, nã o demorarei.

A loira a deteve pelo braço.

-- Vai sair assim? Ainda tem muita coisa para arrumar... Está toda suja!

-- Nã o, vou vestir algo... – Desvencilhou-se do toque. – Preciso fazer uma coisa, prometo que nã o demorarei. –
Beijou-lhe a face.

Bianca sorriu, enquanto via a amiga se afastar feito um furacã o.

O sol ainda nã o tinha se escondido e as pessoas já se aglomeravam no interior e no estacionamento da loricultura.

O interior era todo decorado em madeira rú stica, até mesmo o piso. As vitrines exibiam as mais belas espé cimes,
alé m de ursos bombons e vinhos.

O lugar era bastante aconchegante.

Aimê , Clá udia, Bianca e Alanna vestiam roupas pretas e aventais brancos com o logotipo da loja.

Champanhes eram servidos e alguns petiscos.

No lado de fora, havia uma banda local que tocava baladas româ nticas.

Todos pareciam felizes e as vendas se misturavam com os sorrisos.

A Villa Real falava sobre cada uma das lores, explicava sua origem e signi icado.

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Observou os olhares se voltarem para a entrada.

Aimê sentiu um arrepio no peito.

Diana estava linda, usava vestido longo preto sem alça, os cabelos soltos.

Ela se aproximava de braços dados com Antô nia.

Vanessa vinha mais atrá s e estava acompanhada do marido.

A ilha de Otá vio sabia como a amada era uma pessoa admirada e como todas desejavam se aproximar, ela mesma
desejou correr para os seus braços.

Antô nia deixou a sobrinha pelo caminho, aproximando-se.

Aimê recebeu o afetuoso abraço.

-- Estou tã o feliz em ver essa maravilha pronta!

A jovem exibiu um enorme sorriso.

-- Obrigada, Dinda!

A senhora Calligari sempre demonstrara grande carinho pela garota e agora quando a relaçã o entre ela e a pintora
tinha sido assumida, a relaçã o icara ainda mais estreita.

-- Vou falar com os outros... Fique de olho na sua mulher! – Piscou travessa.

Diana observava a esposa conversando com Vanessa e o marido e ainda nã o tinha conseguido falar com ela.

Vez e outra os olhares se encontravam.

Respirou exasperada, enquanto se livrava de um jornalista.

Aproximou-se da amada, vendo-a falar sobre as lores para um casal que se animara e comprara uma arrumada
cesta.

Ficou ali parada, esperando impacientemente o momento que icaria sozinha com a amada.

Sentiu o aroma dela...

Naquele dia só se falaram por telefone e só agora se encontravam...

Felizmente os jovens se afastaram, Bianca se aproximou para atende-los para a felicidade da major.

-- Você está linda! – Aimê disse com um sorriso grande. – Uma honra por sua presença...

A morena se aproximou mais, como se fosse beijá -la, mas apenas parou, sentindo o há lito doce.

-- Eu amo você , senhorita Villa Real...

A jovem mordiscou a lateral do lá bio inferior, enquanto mirava os olhos tã o negros e brilhantes.

Passaram longos segundos assim... Fitando-se...

Engoliu em seco.

Queriam que naquele momento nã o estivessem no meio da tanta gente.

Um cliente se aproximou.

-- Preciso das lores mais lindas porque quero pedir minha namorada em casamento. – O rapaz dizia apressada.

Aimê viu a frustraçã o no rosto da amada.

Beijou-lhe a face demoradamente e sussurrou em seu ouvido:

-- Me espera...

Antes que a mulher pudesse dizer algo, seguiu junto com o rapaz.

Diana pegou uma taça de champanhe e icou bebericando lentamente.

A inauguraçã o foi um verdadeiro sucesso e já era tarde quando as ú ltimas pessoas deixavam o lugar.

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Ao inal só restaram Diana e Aimê na loricultura.

A Calligari estava sentada na poltrona, enquanto a Villa Real arrumava algumas coisas no caixa.

A major bebericava o champanhe quando a ilha de Otá vio se aproximou com um buquê lindo de lı́rios.

A pintora pareceu surpresa, ainda mais quando viu a amada se ajoelhar diante de si, tomando sua mã o direita.

-- Eu sei que sou uma pirralha... – Sorriu nervosa. – Sei que sou a mimadinha...

Diana segurou o lindo buquê .

-- Mas eu quero que seja a minha mulher... – Tirou a caixinha de veludo do bolso. – Case-se comigo, princesa... –
Pediu relutante. – Enfrente comigo todos os dias que ainda estã o por vir...

Os olhos negros se encheram de lá grimas...

Fitou-a e seus lá bios pareciam nã o conseguir verbalizar as palavras...

Aimê percebeu, abraçando-a...

Sentia as lá grimas dela lhe molharem a pele... E izera o mesmo... A inal... Sentia a mesma emoçã o... O mesmo desejo
de estar para sempre ao lado dela...

Sussurrou em seu ouvido.

-- Eu te amo... Te amo... Te amo...

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Capitulo 39 por gehpadilha

Notas do autor:

Ultimo capı́tulo...

Dois anos depois...

A galeria estava cheia de pessoas elegantes.

A exposiçã o mais esperada do ano estava acontecendo.

Diana passara duas semanas em Londres e só retornara naquele dia para participar do grande evento.

Garçons elegantes serviam bebidas.

Os jornalistas e fotó grafos nã o deixavam passar um ú nico momento sem registrar.

Alessandra Calligari estava no auge do seu trabalho e seus quadros valiam uma verdadeira fortuna.

Aimê corria pelos corredores da universidade.

As pessoas a olhavam, a inal, uma bela mulher, usando vestido de festa e salto alto nã o era comum, ainda mais em
passos tã o acelerados.

Ela sabia que estava atrasada... Sabia que tinha ultrapassado o limite da tolerâ ncia...

Parou no enorme estacionamento e tentou recordar em qual lugar tinha deixado o carro.

Nã o costumava praguejar, poré m sentira enorme vontade de fazê -lo.

Respirou fundo e sua mente pareceu clarear, entã o seguiu ao local correto.

Pegou as chaves na bolsa, adentrando o veı́culo.

Fitou o painel e notou como estava tarde.

Nã o tivera como faltar a aula naquela noite, pois tinha um seminá rio para fechar a nota do semestre e nã o haveria
recuperaçã o.

Apertou forte o volante...

Ainda pedira ao professor para antecipar sua apresentaçã o, mas ningué m desejara mudar e por essa razã o icara
para o inal.

Colocou a chave na igniçã o.

Suspirou alto.

Pelo menos tinha tirado nota má xima...

Deu partida e quando chegou ao semá foro fechado, pegou o celular para ligar para a esposa.

Daquela vez nã o conteve a lı́ngua.

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Praguejou baixinho ao ver que o aparelho estava sem bateria.

Olhou para o sinal vermelho e teve a impressã o que estava demorando mais do que o costumeiro.

Tamborilava os dedos na direçã o impacientemente.

Fazia dias que nã o via a esposa e só se falavam por chamada de vı́deo e ansiedade de vê -la estava maior.

Sabia que ela tinha icado irritada por nã o ter ido viajar...

Sabia disso e agora parecia que ao invé s de conseguir consertar as coisas, fazia tudo errado novamente.

A partida foi liberada e Aimê saiu tentando respeitar os limites de velocidade. Pelo menos naquele horá rio, o
trâ nsito estava está vel.

Ligou o aparelho de som e uma mú sica româ ntica começou a tocar.

“Com um suspiro

Fico cheio de saudade

E me entrego ao passado

Ao seu sorriso

Comprometido com nosso amor.”

Sorriu...

Aqueles anos foram maravilhosos...

Em seu cé rebro sempre recordava do momento que se uniram diante da lei...

Quando dissera sim... Aquele SIM mudou a sua vida...

Sentia-se a mulher mais feliz do mundo e mesmo que vez e outra, tenham algumas discussõ es, a relaçã o só se
fortalecia.

Nã o negava que a maioria dos problemas vinha dos seus ciú mes e do seu tempo corrido, mas a Calligari contornava
tudo e sempre se resolviam.

Amava-a...

Cada dia mais...

Sempre soubera que estava perdidamente louca pela major e quanto mais o tempo passava, mais essa ideia
aumentava.

Parou diante dos portõ es, enquanto buscava a autorizaçã o que Vanessa lhe deu para entrar.

Viu um carro buzinar atrá s de si e logo se desesperou a perceber que nã o encontrara o convite.

O que faria?

Um segurança forte e alto se aproximou.

Aimê baixou o vidro.

-- Eu perdi a autorizaçã o... – Dizia a lita. – Sou Aimê Calligari, esposa da Alessandra.

O homem a observava curioso.

Talvez aquelas palavras nã o signi icassem nada, a inal, qualquer uma louca poderia chegar ali e dizer que era a
esposa da famosa pintora.

-- Por favor, moço, estou atrasada... Entã o eu peço que tente, pelo menos, checar se o que eu estou dizendo é
verdade.

O segurança viu o carro que estava logo atrá s buzinar, entã o precisava agir rá pido.

-- Espere um pouco!

Ela assentiu, enquanto o via fazer uma checagem e nã o demorou para retornar.

-- Pode entrar, senhora, desculpe-me!

A jovem assentiu, enquanto adentrava o portã o e seguia até o estacionamento.

Acendeu as luzes internas para checar a maquiagem, retocando o batom.

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Por im, deixou o veı́culo e logo o manobrista se aproximou.

Aimê entregou as chaves, parando diante da escadaria.

As luzes iluminavam a parte externa.

Havia pessoas em todas as partes. Umas conversavam, outras apenas bebiam.

Todos des ilavam com trajes elegantes pelo local.

A ilha de Otá vio subiu as escadas e ao adentrar o espaço icou a procurar pela esposa entre tantas cabeças.

Alguns olhares se voltaram para a bela lorista, mas ela nã o parecia perceber o quã o bela era.

Arrumou os cabelos e sorriu ao ver Vanessa se aproximar.

A empresá ria a cumprimentou com um afetuoso abraço.

-- Como é bom vê -la! – A empresá ria disse. – A sua esposa está ansiosa por sua presença e muito preocupada...
Aconteceu algo?

-- Eu me atrasei... – Disse eu um io de voz. -- Onde ela está ?

Vanessa fez um gesto com a cabeça e nã o demorou para sentir o coraçã o enternecer ao ver a imagem.

A famosa pintora Alessandra Calligari conversava com algumas pessoas e tinha nos braços um lindo bebê de
cabelos pretos lisos de franjas, pele branquinha e olhos azuis.

A garotinha brincava com o cordã o que a mã e usava no pescoço, chamando a atençã o da mã e que lhe beijava a face.

Eloá Alessandra Villa Real de Calligari!

Sua ilha!

A menina fora gerada por Aimê , pois a major tivera um problema de saú de, o que impedira que passasse pela
inseminaçã o, mesmo assim, tudo saı́ra bem e a famı́lia aos poucos estava a crescer.

A pequena Eloá a viu e começou a se contorcer no colo da mã e e foi naquele momento que os olhos tã o negros e
intensos cruzaram com os seus.

Sentiu-a ainda mais penetrante... Ainda mais intensa...

Linda...

Viu o arquear de sobrancelha...

Sabia que ela se perguntava o que tinha se passado para que demorasse tanto para aparecer.

Sorriu contidamente e logo viu a major se aproximar.

Nã o havia mulher mais bela no mundo e mais apaixonante do que aquela que tanto amava.

Agradecia todos os dias por ter conseguido conquistá -la, por tê -la convencido a aceitar o casamento, mesmo que
sempre batesse naquela tecla de ainda ser muito jovem...

Quando a pintora chegou perto su iciente, a menina se jogou em seus braços.

A morena a abraçou, depositando um beijo em sua testa.

-- Ma ma ma...

Eloá gargalhava e falava naquela sua linguagem tã o peculiar e desconexas.

-- Estava preocupada... – Diana falou. – E morrendo de saudade de ti... Por que demorou tanto?

Sorriu para a ilha, brincado com seus dedos.

-- Eu també m estou, meu amor... – Mordiscou o lá bio inferior. – Desculpa ter demorado, mas o professor me segurou
até o im... – Respirou fundo. – Nã o tive como chegar antes...

Os olhos negros se estreitaram.

-- Pedi para Vanessa te ligar, mas só dava desligado... Imagino que esteja descarregado...

A neta de Ricardo fez um gesto de assentimento com a cabeça.

Nã o demorou para o bebê pular novamente para o colo da pintora.

-- Falou para mamã e que está vamos morrendo de saudades dela. – Aimê dizia, segurando a mã o rechonchuda da
pequena. – Fala pra ela nã o passar tanto tempo longe... Fala... Fala para ela me desculpar por ter chegado atrasada...

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Os olhos das duas nã o se afastavam.

Os negros pareciam sempre tã o fortes... Os azuis doces...

-- Nesse momento eu queria ir para nossa casa... – A pintora falou. – Estou um pouco cansada... Mas Vanessa teria
um treco se saı́sse assim...

-- Nã o pode ir, mas prometo que quando chegar o momento, vou te encher de carinhos...

Antes que Diana pudesse falar algo, Clá udia e Antô nia se aproximaram.

-- Que bom que chegou, ilha!

Aimê recebeu o abraço das duas.

-- Eu tive um problema, mas també m me sinto feliz por estar aqui.

-- E Diana já te mostrou a obra mais famoso da noite? – A esposa de Ricardo questionou ao ver o clima um pouco
abalado entre as duas.

A lorista pareceu confusa, entã o a Calligari lhe tomou a mã o e seguiram juntas diante de um quadro em uma
vitrine.

Havia marcas de pequenas mã os em inú meras cores, tornando tudo muito vivo e alegre.

Aimê sorriu.

-- Eu nã o acredito... – Disse com lá grimas nos olhos.

-- Bem, você me pede para icar com a nossa ilha, enquanto estou pintando, entã o eu a deixo na cadeirinha e lhe
dou as tintas... Assim nasceu essa linda obra.

A ilha de Otá vio a itou demoradamente.

-- Pois, saiba que darei o preço que for para ter ele... quero-o em minha sala.

-- A gente pode negociar, Mimadinha... – Piscou ousada.

A Villa Real pareceu se sentir melhor ao perceber que a né voa que tomava conta do rosto bonito da amada parecia
ter se dissipado.

Clá udia voltou a interromper a troca de olhares.

-- Acho melhor levarmos a Eloá , está tarde e isso nã o é hora de estar acordada. – Antô nia falou.

-- També m acho, sem falar que ainda demorarã o aqui. – Clá udia apoiou a Calligari.

Aimê e Diana assentiram, mas a pequena nã o pareceu interessada em deixar as mamã es.

-- Mamã e promete que amanhã passa o dia todo brincando contigo, princesa. – A major consolou a ilha.

A garotinha sorriu e como prê mio recebeu beijos das mã es.

A exposiçã o seguia animada e Aimê nã o saı́ra do lado da esposa um só momento.

A major sorria para todos, enquanto lertava com a ilha de Otá vio, provocando-a com toques inocentes.

Já era quase duas da madrugada quando deixaram o local.

A Calligari seguia com a mã o depositada na cintura da esposa.

O manobrista trouxe o carro e antes que a pintora pegasse a chave, a lorista o fez.

-- Você bebeu, entã o eu dirijo, senhora!

A major assentiu, enquanto entrava no lado dos passageiros e esperava a esposa ocupar o outro lugar.

Ligou o som, inclinando a cabeça para trá s.

-- Imagino que esteja cansada, amor... A inal, você saiu da Inglaterra e veio direto para cá . – Mirou-a de soslaio. –
Desculpa por nã o ter chegado mais cedo... Desculpa por ter deixado a Eloá contigo.

Diana se virou para ela.

Nã o falou nada de imediato, apenas mirou o per il delicado... O nariz arrebitado... O maxilar...

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-- Você é linda... – Deposito a mã o em sua coxa sobre o vestido. – Estou com saudade do seu corpo nu colado ao
meu...

Aimê parou no semá foro, itando a esposa.

Uma mú sica tocava baixinho.

-- Morro de saudades quando ica tanto tempo fora. – Mordiscou o lá bio inferior. – Adoro icar ao seu lado... Adoro
quando nos amamos... – Cerrou os dentes ao sentir os dedos tocando em sua meia. – Diana... – Chamou baixinho.

A pintora sentia o tecido ino da cinta liga...

O sinal icou verde e a ilha de Otá vio deu a partida, mesmo sentindo as investidas da esposa mais fervorosa.

Tentava se concentrar, mas se tornava cada vez mais impossı́vel.

-- Conte-me como foi sua apresentaçã o... A inal, preciso saber o que anda tomando tanto o seu tempo...

A jovem suspirou alto...

Sabia que a irritaçã o da major ainda estava presente...

-- Foi bom... Tirei nota má xima...

Os dedos da Calligari chegaram à calcinha.

Aimê sabia que deveria detê -la, mas adorava aqueles avanços primitivos da amada...

Seu corpo reagia e desejava muito mais...

-- Que bom, Mimadinha, sei como é inteligente e esforçada... – Sorriu. – E como vai a loricultura?

A Villa Real sentiu o toque no sexo...

Estava molhada... ú mida e dolorida... Louca para se entregar a ela...

Diminuiu um pouco a velocidade, itando-a rapidamente.

-- Safada... Você nã o tem vergonha... Ain... – Gemeu ao senti-la mais forte.

-- Dirige! – A pintora ordenou. – Presta atençã o...

Aimê a encarou, enquanto ouvia um carro buzinar atrá s de si. Nã o tinha alternativa a nã o ser continuar conduzindo
o veı́culo, mesmo desejando parar e sentir ainda mais as carı́cias.

-- Eu adoro quando ica assim molhada... – Provocou-a. – Adoro esse cheiro de sexo molhado...

A lorista mordiscou o lá bio inferior, enquanto afastava um pouco as pernas para sentir melhor.

A major deslizava de baixo para cima...

-- Quer que eu pare? – Questionou, enquanto forçava mais. – Pode dizer se assim o desejar...

A garota a itou de relance.

Passou a lı́ngua pelo lá bio superior...

-- Nã o... eu nã o quero que pare... Quero que continue. – Disse em voz baixa.

Diana deu um riso de lado e continuou o interlú dio.

Usava os nó s dos dedos para incitá -la sobre o tecido de renda, enquanto buscava adentrar.

Mesmo na penumbra do carro, era possı́vel ver a face corada da ilha de Otá vio.

-- Estou com vontade de uma coisa...

Sentiu a sutil penetraçã o...

Sentiu parar bem no inı́cio... Sentiu o polegar tocando seu clitó ris.

Aimê parou no semá foro e se voltou para a esposa.

Os olhos azuis se estreitaram enquanto via a pintora levar o indicador cheio de mel à boca.

-- Já disse que seu sabor é ú nico e perfeito? – Usou a lı́ngua para lamber o excesso...

A expressã o de Aimê era de pura agonia.

-- E você sabia que está me enlouquecendo?

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A Calligari acariciava suas coxas, subindo até o decote dos seios.

-- Dirija... – Ordenou-a, enquanto se acomodava no banco. – Amanhã quero que saia comigo e com a Eloá , quero ir
até a fazenda... Nã o quero atrasos...

A jovem voltou a dar partida no carro, mas pareceu incomodada pelo contato ter cessado.

-- Só preciso passar na loricultura antes de irmos... A Bianca está viajando...

A morena nada disse sobre isso, apenas fechou os olhos...

Aimê tentou se concentrar nas mú sicas que ouvia, tentando esquecer a frustraçã o do prazer interrompido...

Aquilo fora um castigo...

O caminho fora feito em silê ncio e nã o demorou para estacionar dentro da mansã o.

A major se livrou do cinto e a esposa fez o mesmo, mas antes que a lorista abrisse a porta para deixar o veı́culo,
fora puxada para o colo da morena.

Mirou-a surpresa, mas antes que pudesse falar algo, seus lá bios foram tomados em um beijo esmagador.

A Calligari lhe segurava os cabelos para mantê -la cativa.

Sentia as mã os tentando empurrá -la, mas conseguiu vencer a resistê ncia e logo sentiu os braços circundá -la pelo
pescoço.

Fez banco do veı́culo se deslocar mais para trá s, assim icaria ainda mais espaçoso.

Aimê gemeu ao sentir lı́ngua exigente indo ao encontro da sua... Chupou-a, desejando dominá -la e adorou o gemido
que escapou dos lá bios da major.

Seu corpo estava em chamas e mesmo que pudessem ir para o quarto, desejava que começassem ali, que se
amassem ali, a inal, já tivera os toques ousados em si e ansiava por mais...

Sentiu os seios livres e as mã os recaı́rem sobre eles, amassando-os, apertando-os com a perı́cia que a levava à
loucura. O polegar e o indicador incitavam os bicos.

A morena a deixou nua até a cintura, abandonou sua boca, seguindo até seu queixo, mordiscando-o, depois até seu
pescoço, lambendo-o e dando mordidas ali també m.

-- Ain, Diana, adoro quando faz isso... – Inclinou a cabeça para trá s, oferecendo os seios. – Mama, chupa eles... –
Pedia. – Estou com saudades...

A Calligari levantou os olhos para ela, enquanto usava a ponta da lı́ngua para contornar o mamilo.

Ouviu a respiraçã o acelerada...

-- Eu adoro seus seios... – Lambeu mais rá pido. – Adoro o seu sabor... O seu cheiro...

Aimê sentiu as mã os da esposa afagando suas coxas, levantando seu vestido, até sentir os dedos adentrarem a sua
calcinha.

Moveu-se para frente, indo contra ela, esfregando-se... Roçando contra ela...

Sentia-se dolorida no abdome, sentia-se desesperada para se derramar para ela...

Nã o costumavam icar tanto tempo separadas, sem falar que a relaçã o entre elas tinha uma quı́mica muito grande.
Amavam-se inú meras vezes e só na é poca da gravidez precisou dar uma pausa, pois precisara de maior cuidado, pois sofrera
riscos.

-- Eu nã o quero que me deixe tanto tempo sozinha... – Dizia entre gemidos. – Ain, eu nã o aguento... nã o aguento
icar sem você ... – Mete dentro de mim...

A respiraçã o acelerada da ilha de Otá vio deixava a morena ainda mais excitada.

Penetrou o indicador...

Encararam-se.

-- Quer mais? – Diana questionou com um sorriso safado.

A Villa Real mordiscou o lá bio inferior.

-- Quero... Você sabe que eu quero muito mais...

Diana mordeu de leve sua orelha, começou a sussurrar palavras em seu ouvido.

-- Dá bem gostoso para mim... Eu adoro quando dá bem gostoso... – Penetrou-a duplamente.

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– Mexe... Mexe... Ain, mexe dentro de mim... Princesa... Mexe... Ain...

Nã o demorou para que o prazer total fazer a Villa Real abafar o grito no pescoço da amada.

-- Vamos pra dentro... Quero te amar a noite toda, minha dama selvagem...

A morena a itou.

-- Eu quero essa boca devorando todo o meu corpo... – Beijou-lhe rapidamente os lá bios.

-- E eu só vou parar quando o dia amanhecer...

Diana cerrou os dentes em desejo.

A Calligari arrumou a roupa da esposa e nã o demorou para que seguissem abraçadas para a mansã o.

Como prometido, a noite fora curta para as duas.

O sol já estava alto quando a Calligari despertou.

Estava abraçada à esposa, tendo os cabelos dela em seu rosto, quase entrando em sua boca.

Sorriu!

Adorava despertar com ela em seus braços.

Beijou-lhe a nuca.

Sentia-se muito feliz... Tã o feliz que nem mesmo se recordava de tudo que já passara em sua vida... Dos momentos
difı́ceis, das perdas... Era como se fosse preciso passar por tudo aquilo para agora ter ao seu lado Aimê .

Sua esposa...

-- Eu te amo... Te amo muito... – Sussurrou em seu ouvido.

Sabia que ela nã o acordaria agora, estava cansada e pouco dormiram.

Voltou a beijá -la e logo se levantou.

Precisava de um banho e depois iria ver a ilha.

Antô nia e Clá udia estavam no jardim, embaixo da framboesa.

Um colchonete fora colocado para que Eloá brincasse.

A menina estava vestindo moletom, enquanto brincava com os brinquedos, mordendo a cabeça da boneca.

-- Que bom que conseguimos distraı́-la... – Antô nia dizia. – Diana e Aimê devem ter chegado tarde. Que bom que
icou para cuidar dela comigo.

A senhora Villa Real sorriu.

-- Eu adoro icar com ela... – Fitou a menina. – Eu acho que ela tem a personalidade da major mesclado ao olhar
doce da minha neta. – Estendeu os braços. – Vem aqui, princesinha...

A garotinha veio de quatro, mas parou e começou a rir ao olhar alé m das mulheres.

-- Ma ma ma ma ma...

A Calligari vinha de roupã o em direçã o a elas.

As duas mulheres nã o precisavam se voltar para saber de quem se tratava...

Os pequenos olhos azuis brilhavam em contentamento.

Diana aproximou-se, agachou-se, tomando a ilha nos braços.

-- Está dando trabalho para suas avó s? – Beijou-lhe o pescoço. – Que garotinha cheirosa... E que sorriso sapeca é
esse hein? E esses dentinhos...

A cada beijo dado, a pequena se derramava em risos, segurando com suas diminutas mã os o rosto querido da
pintora.

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-- Bom dia! – Cumprimentou as duas com um sorriso. – Desculpem a demora e obrigada por terem icado com essa
Mimadinha em miniatura. – Sentou-se com elas. – Aimê disse que iria a loricultura, pois desejo ir até a fazenda, mas nã o tive
coragem de acordá -la.

Diana brincava com a garota distraı́da sobre a toalha estendida.

-- E que horas chegaram? – Dinda questionou com olhar provocador. – Eu acho que vi seu carro estacionar e
demoraram muito para sair... Tiveram algum problema?

Eloá perdera o interesse nos brinquedos e agora só queria brincar com as madeixas negras do cabelo da mã e.

A artista deu um biscoito para a ilhe e só depois encarou a tia.

-- Está vamos conversando, Dinda, a inal passamos logos dias sem nos ver... Sabe como sã o essas coisas...

Clá udia gargalhou da forma que a ilha de Alexander se mostrou na defensiva.

-- Entã o nã o viagem e ique tanto tempo fora, a inal, sua famı́lia sente sua falta. – Antô nia completou.

-- E eu sinto a deles, por mim, sempre que viajasse levaria todos, mas Aimê tem as responsabilidades dela e nã o
posso obrigá -la a seguir comigo. – Respondeu aborrecida.

Quando a garotinha ouviu o nome da outra mã e, pareceu desesperada, chamando por ela.

Diana a trouxe para os braços, levantando.

-- Vou para o estú dio, levarei essa pequena comigo.

Clá udia e Dinda assentiram, enquanto as observavam se afastar.

-- Nã o deveria ter repreendido a major, a inal, sabemos como ela é dedicada à minha neta e a ilha, apenas temos
que lembrar de que ela tem o trabalho dela... Poré m acho que é Aimê que ainda em uma correria só ... – Suspirou. – Sei que já
discutiram por isso...

-- Eu sei... Diana nã o é de reclamar, mas já a vi aborrecida, sei que Aimê tem as aspiraçõ es dela, mas nã o acho
interessante que iquem tanto tempo separadas... Minha sobrinha já teve comportamentos difı́ceis com mulheres e nã o desejo
que isso ocorra de novo.

Clá udia assentiu.

-- Mesmo assim, isso foi algo que icou no passado... Nunca vi minha neta reclamar da Diana... Só a questã o da
teimosia mesmo.

A conversa entre as duas se estendeu por um bom tempo.

Já passava das onze quando Aimê despertou.

Virou-se em busca da esposa e só encontrou a cama vazia.

Abriu os olhos.

O quarto estava mergulhado na penumbra.

Pegou o celular e percebeu que já era tarde.

Suspirou alto.

Há dias nã o dormia tanto... Estivera tã o ocupada com os estudos, com a ilha e com a loricultura que dormir era a
parte menos explorada.

Espreguiçou-se, sentindo-se dolorida em alguns pontos especı́ icos.

Sorriu.

Tivera uma noite maravilhosa ao lado da mulher que amava... Ainda sentia o efeito do prazer sentido...

Abraçou o travesseiro e o sorriso nã o abandonou seu rosto.

Levantou-se, caminhou até a varanda, respirou fundo, sentindo o cheiro de grama.

Vestiu o roupã o.

Espreguiçou-se novamente.

Precisava ir á loricultura, havia coisas a resolver antes de seguir para a fazenda...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Ouviu batidas na porta e nã o demorou para uma sorridente Clá udia aparecer com uma bandeja de café da manhã .

Colocou-a sobre a mesinha.

-- Bom dia, querida! – Aproximou-se, abraçando-a e lhe beijando a face. – Fiquei te esperando para irmos até a
loricultura... Estava demorando tanto que decidi vim te acordar.

A jovem cerrou os dentes.

-- Ah, vovó , desculpa, acabei dormindo demais... Vou tomar um banho e vamos.

-- Nã o tem pressa, falei com Alanna e tudo está bem... Coma alguma coisa.

Aimê mordiscou o lá bio inferior, enquanto se aproximava da comida, pegou um copo de suco de laranja e tomou
lentamente, enquanto sentava na cama.

-- A Diana quer ir para a fazenda e acho que demorei muito na cama... – Bebia lentamente. – Sei que tem muito
trabalho esses dias, mas nã o quis me negar a ir com ela, terı́amos uma discussã o...

-- Ela comentou isso, acordou faz um bom tempo... Está com a Eloá no estú dio. – Sentou-se ao lado dela. – Você sabe
que em parte ela tem razã o... Sei que tem muita coisa para dar conta, mas nã o deve deixar sua amada para escanteio... –
Tomou-lhe a mã o. – Eu vi nesses anos o amor e a dedicaçã o da Calligari... Vejo-a ser sempre paciente... Entã o acredito que será
necessá rio que se esforce um pouco nesse sentido...

Um sorriso encantador se desenhou nos lá bios da jovem lorista.

A esposa do general a itava maravilhada.

-- Ama-a muito, nã o é ilha? – Questionou.

-- Sim, vó , eu amo a Diana ainda mais do que quando a conheci... Nesses anos que estamos juntas, o sentimento por
ela, apenas cresceu... – Suspirou. – Tentarei nã o ser tã o displicente...

-- Eu sei... Eu vejo isso em ti... Vejo como se amam e como sã o felizes... Diana te ama muito e nem podemos falar da
devoçã o que ela tem pela Eloá .

A jovem sorriu.

-- Sim... – Comeu uma torrada. – Vou tomar um banho e logo te encontro para sairmos. – Levantou-se. – Desejo
voltar logo para seguir até a fazenda e aproveitar o inal de semana.

Diana estava diante de uma tela.

Usava short e camiseta, um avental que nã o era su iciente para nã o a sujá -la de tinta.

A pequena Eloá vestia seu moletom e um minú sculo avental. A garotinha estava em sua cadeirinha e diante de si
també m havia uma tela e ela usava as muitas tintas que estavam sobre a cadeirinha para rabiscar, imitando os gestos da sua
mã e.

A criança de cabelos negros soltava gritinhos de entusiasmos e a major se derretia, indo até ela e lhe enchendo de
cheiros.

-- Você está se sujando todinha, princesinha... Se sua mã e te ver assim... – Limpou-lhe o nariz. – E para pintar aqui...
– Apontou para a tela.

A menina pulava alegre e tocou o rosto da morena com a tinta.

Aimê observava tudo da porta e sentia o coraçã o se encher de amor ao ver a cena.

Aproximou-se e os olhares das duas se voltaram para ela.

-- Olha quem apareceu, a bela adormecida da mamã e. – Diana sorriu.

Eloá deu gritinhos de felicidade.

A ilha de Otá vio olhava de uma para a outra e ingia estar brava.

-- Entã o é isso que fazem nas horas vagas? Se pintam? – Colocou as mã os na cintura. – E eu pensando que
continuavam a criar obras de arte.

-- Nã o, amor, estamos pintando um quadro, nã o é ilha...

A menina riu alto e os pequenos dentinhos da frente puderam ser vistos.

-- Ma ma ma ma ... – Repetia a ladainha.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê lhe beijou os cabelos, mirando as mã os sujas.

-- Ela está se pintando, amor! – Repreendeu a esposa.

-- Essa tinta nã o tem problema... – Justi icou-se. – Nã o sã o tó xicas e saem com á gua.

A Villa Real estreitou os olhos azuis, mordiscou o lá bio inferior, enquanto olhava para as duas.

-- Está bem, minhas artistas... – Beijou a face da ilha. – Irei até a loricultura com a vovó . Nã o demorarei, prometo! –
Levantou a mã o direita em juramento. – Pedirei que a Liah dê banho na Eloá e você també m se prepare para irmos à fazenda...

A Calligari assentiu.

-- Nã o precisa pedir a babá , eu mesma darei banho nessa mimadinha...

Aimê lhe circundou o pescoço.

-- Nã o prefere icar pintando?

-- Nã o, amor, estou ansiosa para viajar. – Beijou-lhe o queixo. – Estou com vontade de montar no Cé rbero.

A lorista sorriu.

-- Entã o, prometo nã o demorar... Tudo já está arrumado... Coloquei as roupas em uma mala... Basta que leve para o
carro.

Diana lhe beijou a boca rapidamente.

A Villa Real se despediu da ilha e logo deixou o estú dio.

Na loricultura demorou um pouco mais do que o previsto.

Bianca precisar viajar até outra cidade, pois estavam abrindo uma loricultura lá , entã o apenas a gerente, Alanna, e
dois funcioná rios estavam trabalhando e a demanda estava grande.

-- Tem certeza de que darã o conta disso sozinhas?

Aimê estava no escritó rio e tinha a avó e a gerente sentadas a sua frente.

-- Com certeza, ilha!

-- Sim, Aimê , a inal, você nunca para e precisa dar um pouco de atençã o a sua esposa e a pequena Eloá . – Alanna
disse. – Já fez de mais... Perdi a conta de quantos buquê s montou hoje... Até entregas fez.

O entregador estava doente e precisara faltar naquele dia.

A Villa Real sabia que andava muito ocupada ultimamente e tinha certeza de que estava negligenciando a major,
mesmo que ela ainda nã o tivesse verbalizado as queixas, sabia que andou meio chateada por isso antes de viajar.

Fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Qualquer problema podem me ligar!

Já era quase dezesseis horas quando chegaram à fazenda.

Diana dirigia, enquanto Aimê seguia no banco de carona e Eloá na cadeirinha no banco de trá s.

Conversaram durante todo o percurso e a pequena acabou dormindo.

Falaram sobre os pró ximos trabalhos da Calligari e como fora premiada na ú ltima viagem.

Apesar do diá logo, a ilha de Otá vio sabia que a esposa estava um pouco chateada por ter demorado tanto.

Quando foi explicar a demora, fora cortada em sua explanaçã o e agora preferia nã o falar mais sobre o assunto.

Adentram o caminho de palmeiras imperiais e logo estacionavam em frente à casa grande.

A morena desceu, abriu a porta de trá s, pegando a ilha adormecida.

Alguns empregados se aproximaram para cumprimentar a major.

-- Selem o Cé rbero, vou apenas trocar de roupa e nã o demoro a retornar.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

O peã o assentiu, enquanto a jovem famı́lia Calligari seguia até o interior da mansã o.

Subiram as escadas e adentraram o quarto da criança.

Diana a deixou no berço e seguiu para os pró prios aposentos.

Aimê a seguiu e quando entraram, decidiu que seria uma boa ideia se desculpar.

-- Amor, perdã o por eu ter demorado... – Começava.

A pintora seguiu até o banheiro e nã o respondeu nada. Depois de um tempo retornou, vestia calça jeans azul claro
que colava à s suas pernas, botas de cano longo, camiseta branca.

-- Depois conversamos sobre isso, pois se eu falar agora, vamos brigar e eu nã o desejo isso... Nã o depois desses dias
todo longe de ti e da nossa ilha. – Falou irmemente. – Apenas deixarei claro que ultimamente você está sempre muito
ocupada e já estou perdendo a minha paciê ncia com isso.

A Villa Real abria a boca para falar algo, mas a esposa deixou os aposentos rapidamente.

Suspirou desanimada!

Sentou na cama.

Sabia que a Diana estava certa quanto à quilo, a inal, nos ú ltimos meses estava sempre trabalhando e estudando.
Estavam expandindo os negó cios, sem falar na universidade que estava bem puxado, ainda tinha a ilha...

As vezes nem se tocava das açõ es...

Sabia que a pintora se mostrava sempre paciente e empenhada, mas sua tolerâ ncia já tinha acabado.

Ouviu batidas na porta e a empregada entrou com a pequena valise.

-- Licença! – Colocou a mala sobre a cama. – Dona Alessandra me pediu para trazer.

-- Obrigada! – Aimê disse com um sorriso.

-- Deseja algo especial para o jantar?

A jovem mordiscou o lá bio inferior demoradamente.

-- Você está liberada por hoje... Eu farei o jantar.

A moça sorriu.

-- Na cozinha tem tudo o que precisar e se desejar algo diferente posso conseguir.

-- Nã o, acho que é mais do que necessá rio o que tem. Farei algo simples, poré m bem gostoso.

Diana cavalgava rapidamente. Seus cabelos voavam com o vento.

Cé rbero conhecia sua dona e sabia que ela nã o estava bem, sabia que ela precisava daquela adrenalina para aliviar a
tensã o.

Seguiram até o rio.

As grandes á rvores serviam para esconder o pequeno paraı́so dos olhares curiosos.

A Calligari desmontou, depois se livrou das roupas e entrou na á gua fria.

Nadou e nadou por algum tempo até que sentiu a mente mais leve.

Seguiu até a borda, sentando-se.

Limpou o excesso de á gua no rosto.

O sol logo se poria...

Talvez devesse ser mais paciente, a inal, a esposa estava começando a vida agora... Tinha ambiçõ es...

Mas ultimamente estava sentindo tanta a falta dela... Desejou tê -la ao seu lado quando ganhou o prê mio...

Acostumou-se mal...

Precisava ter paciê ncia, era isso que sua relaçã o necessitava.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Já estava escuro na fazenda.

Aimê banhou e arrumou a ilha, depois terminou de preparar a comida e usou a mesa da varanda do quarto como
lugar escolhido para o jantar.

Colocou Eloá nos braços e icou observando o pá tio em busca da esposa.

Já estava tarde e nada dela retornar.

Começava a icar impaciente...

Nã o demorou para a morena aparecer sobre o poderoso garanhã o.

Eloá se mexeu em seus braços, sabia como a pequena era apaixonada pela pintora.

O peã o veio buscar Cé rbero e logo Diana entrou na casa grande.

A Villa Real esperou ansiosa e quando a porta se abriu os olhares se encontraram.

Quantos anos teriam que passar para nã o se sentir apaixonada diante daqueles olhos negros e intensos.

-- Que cheiro gostoso! – A major se aproximou beijando a ilha nos braços da lorista. – E essa pequena hien? Por
que está tã o linda? Amanhã a levarei para passear comigo... Vamos cavalgar muito.

Aimê ria ao ver a garotinha gargalhar.

-- Nã o! – A ilha de Otá vio a repreendeu ao ver tentar cravar os pequenos dentes no pescoço da mulher.

A Calligari a encarou confusa.

-- Ela estava querendo te morder... Quando a banhei ainda pouco cravou os dentes na minha mã o. – Mostrou-lhe.

-- E o mordedor dela? – Indagou sorrindo. – Entã o quer dizer que essa pequenina está virando uma selvagenzinha
é ? – Beijou-lhe os cabelos. – Vou tomar banho... Nã o demorarei.

Aimê suspirou ao vê -la sair.

-- Espero que a sua mã e me perdoe... Você pode me ajudar?

A garotinha parecia mais interessada em mexer em seu reló gio do que naquele diá logo.

Seguiu até a cadeirinha, sentando-a e depois começou a servir a comida.

Abriu o vinho, colocando nas taças, tomou um pouco.

Nã o costumava beber, mas naquela noite sentia que precisava de um pouco.

Alguns minutos se passaram e a morena retornou.

Aimê a viu e sentiu aquele desejo de abraça-la e beijá -la.

Os cabelos estavam presos em um coque e vestia a camisola de seda preta e o robe amarrado na cintura.

Sentiu o cheiro do hidratante que ela usava e teve a impressã o que isso inebriava seus sentidos.

Mirou as pernas longas de fora...

Cruzou os braços sobre os seios tentando se conter, depois decidiu sentar.

-- Nã o estava com fome, mas esse cheiro acabou por me convencer do contrá rio. – Sentou-se ao lado da ilha. – E
você , pequena? Está querendo provar esse macarrã o delicioso.

A pequena mesa redonda de vidro comportava as trê s.

Eloá começou a usar o pequeno garfo, mas logo o deixou de lado e usou as mã os para pegar o alimento.

Aimê a olhou com desgosto porque sabia que ela se sujaria toda.

-- Deixe-a, eu a limpo depois... – Diana disse ao itá -la. – Gosto quando ela se senta com a gente.

Comeram em silê ncio, só tendo a ilha a se divertir com os alimentos e ainda fazendo birra para tomar do vinho dos
adultos.

Diana lhe deu o suco.

A Villa Real nã o parecia estar com fome...

Tinha o olhar perdido, ainda mais por que sabia que a esposa ainda estava irritada consigo.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

A morena se levantou.

Eloá estava cochilando.

-- Vou limpá -la e colocá -la no berço. – Tomou-a nos braços.

-- Precisa de ajuda?

-- Nã o, pode icar aı́...

Aimê deu de ombros, enquanto bebericava o vinho lentamente. Já se sentia mais relaxada.

Apoiou os cotovelos na mesa e neles o queixo.

Ouviu o som do celular da Diana.

Estendeu a mã o, pegando-o.

Fitou a tela e viu o nome de Marcella.

Nã o atendeu, apenas bebeu mais um pouco.

A insistê ncia da ligaçã o continuou por logos segundos até que parou.

Aimê continuou no mesmo lugar... Pouco tinha comido...

A Calligari deixou a ilha dormindo e retornou para os aposentos.

Parou um tempo diante da porta e icou a observar a esposa.

Linda!

Ainda estava chateada com ela, mas ao vê -la ali, sentiu vontade de abraçá -la forte e nã o a deixar nunca mais, nã o
permitir que ela se afastasse da sua vida.

Ouviu o som do pró prio telefone mó vel.

Aproximou-se e viu de quem se tratava.

Fitou a ilha de Otá vio e viu os olhos azuis tã o intenso lhe mirando.

Estavam mais brilhantes do que de costume.

Viu-a tomar o conteú do do copo de uma vez e estranhou. Desde o jantar, ela nã o parecia economizar na bebida,
coisa que nã o fazia.

-- Nã o vai atender a sua fã ?

Diana meneou a cabeça negativamente, enquanto puxava a cadeira e sentava perto dela.

Pegou a taça das suas mã os, depositando-a na mesa.

Viu-a umedecer os lá bios...

Tomou-lhe a mã o, trazendo-a para sentar em suas pernas.

Segurou-lhe o queixo, fazendo-a encará -la.

-- Continua com ciú mes dela? – Tocou o robe de seda branco. – Depois de todos esses anos?

Aimê arrumou os cabelos.

-- Eu morro de ciú mes de ti... E ainda mais dessa mulher que queria ser pintada nua...

-- Eu nã o a pintei... E jamais houve outra mulher depois de você , mimadinha... – Tocou-lhe o cordã o de ouro que
tinha a medalha com a foto de Eloá com a pintora. – Eu só quero você ... Só penso em você ...

-- Mesmo eu sendo um fracasso como esposa? – Disse em lá grimas.

A Calligari teve que morder a lı́ngua para nã o gargalhar diante das palavras.

Arrumou-lhe os cabelos, pondo-o por trá s da orelha, assim poderia ver a face bonita.

Amava-a...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

-- Você nã o é um fracasso como esposa... – Pousou os lá bios em seu pescoço, aspirando o delicioso aroma. – Você é a
minha mulher... Devo ter paciê ncia porque está começando a voar agora...

-- Quero voar ao seu lado... Nã o me deixe... – Pedia em lá grimas.

A morena lhe tomou a face, encarando-a.

-- Ei, eu jamais cogitei essa possibilidade... Eu sou louca por ti e nã o nego que me irritei, mas isso já passou, isso foi
antes e nã o agora... – Sorriu. – Eu te amo e mesmo que briguemos, isso nã o signi ica que deixarei de te amar...

Diana a beijou delicadamente, sentindo o sabor do vinho.

Ajudou-a a levantar, seguindo até a cama.

Amaram-se com delicadeza, aproveitando cada momento e cada toque...

Na manhã seguinte, Diana acordou cedo e levou a ilha para passear a cavalo.

Quando retornou, fora informada que a esposa estava tomando banho de piscina.

Trocou-se, colocando um biquı́ni e colocou um maiô em Eloá , passando protetor em todo seu corpo.

-- Agora vamos lá com a mamã e!

Aimê estava na á gua.

Quando despertou, Diana já tinha saı́do com a ilha... Fora mais uma noite deliciosa... E quando fora dormir já ouvia
o galo a cantar.

Sorriu ao ver os amores da sua vida se aproximar e nã o conseguiu desviar os olhos da major.

Linda!

Ela trazia a garota nos braços e no outro uma boia em forma de sapinho e alguns brinquedos.

Fofa...

-- Segura ela, Mimadinha! – Entregou a ilha e depois entrou. – Vem aqui, princesinha, deixa mamã e te colocar na
boia.

A Villa Real a viu montar direitinho no pequeno objeto de plá sticos e logo começou a se debater e molhar as mã es.

As duas adultas riram da algazarra da pequena.

A Calligari entregou o brinquedo a ela e a menina levou logo à boca.

-- Ma ma ma ma ...

A morena abraçou a esposa pela cintura.

-- Vamos ter outro bebê ? – Sussurrou em seu ouvido. – Quero uma famı́lia maior... Eloá nã o vai quere crescer
sozinha...

Aimê a encarou, itando os olhos negros, tocou-lhe a face.

-- Eu quero ter um monte de ilhos contigo... – Dizia emocionada. – Eu adoro a forma como trata a nossa pequena...
O seu cuidado... A sua atençã o... O seu carinho... – Acho que agora é a sua vez... – Tocou-lhe o ventre. – Quero que ela tenha
esses olhos e esse sorriso... Que tenha esse coraçã o que de inı́cio parece de gelo, mas que na verdade é tã o grande e
aconchegante...

Diana a beijou, segurou-lhe a nuca, trouxe-a para si...

A ilha de Otá vio a abraçou pela cintura...

Uma semana depois foram até a vila de Piatã ...

O velho ı́ndio se emocionou ao ver a pequena ilha da princesa...

-- Uma indiazinha de olhos azuis! – Dizia com ela nos braços.

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Aimê sorria.

-- Mas ela parece mais doce... – Segurou-lhe a mã o.

A Calligari e a Villa Real sentaram na mesa, enquanto o ı́ndio continuava de pé com a criança a brincar com seus
cabelos.

-- E tem notı́cias de todos? – A major indagou.

-- Há duas luas estive na tribo... Tupã estava bobo com o ilho e Sirena já espera outro.

-- Nossa! – Aimê se surpreendeu. – Gostaria muito de revê -los.

Diana sabia que aquela nã o seria uma coisa que pudessem fazer.

Nã o podia colocar seu povo em risco...

Passaram a noite com o amigo e no outro dia retornaram para casa.

Dois anos depois...

Aimê estava de mã os dadas com a esposa...

Eloá nos braços da morena, enquanto o pequeno Alexander dormia nos braços do avô Ricardo.

O nome da major fora falado e logo ela seguia até o palco para receber o prê mio tendo a ilha mais nova agarrada a
si e a esposa ao seu lado.

Todos aplaudiram.

Mesmo nã o sendo do seu costume falar, naquele dia sentira essa vontade.

Vanessa e Antô nia pareceram surpresas...

-- Bem... Acho que todos aqui já estã o acostumados a serem ignorados por mim... – Começou.

Os jornalistas riram muito com a declaraçã o.

-- Poré m, hoje será diferente... Talvez eu deva isso a você s... – Sentiu a mã o da esposa sobre a sua. – Quando comecei
a ser conhecida por meus trabalhos, adotei meu primeiro nome... Assinei os quadros como Alessandra... Alguns fatos
ocorreram no meu passado e acredito que nã o será necessá rio mencionar aqui, a inal, no velho google tem toda a minha
histó ria... Mas nã o tem a continuaçã o dela... – Sorriu para a esposa. – Sim, agora ouvirã o por meus lá bios e pararã o de
especular... Sim, eu sou casada com Aimê Villa Real realmente... Amo-a... Sou completamente louca por ela e independente de
qualquer coisa que aconteceu... Entã o... Anotem nas folhas dos jornais de amanhã e nas revistas de fofocas... Nã o criem
teorias... O amor é a ú nica explicaçã o para isso... Obrigada pelos prê mios e boa noite... – Completou com um sorriso.

As pessoas aplaudiram de forma entusiasmada sua artista arrogante, orgulhosa, talentosa e polê mica...

Naquela noite, depois de terem colocado as crianças para dormirem, Diana e Aimê seguiram até a enorme varanda.

Deitaram na rede e icaram olhando para o cé u...

Uma estrela cadente cortou o grande abobado e a Villa Real fechou os olhos fazendo um pedido.

A Calligari a itou curiosamente.

-- O que pediu?

A lorista se ajeitou, acomodando-se sobre a amada, itando-a com um sorriso travesso.

-- Curiosa, princesa?

-- Sim, Mimadinha... – Tocou-lhe o nariz com o indicador. – Conte-me...

A jovem mordiscou o lá bio inferior demoradamente... Fitou o cé u e sussurrou em seu ouvido.

O sorriso da pintora iluminou a noite... Os olhos negros brilhavam tanto quanto as constelaçõ es...

Os lá bios se encontraram em um beijo terno...

Fim...

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14/08/2018 A dama selvagem por gehpadilha - Lettera

Notas inais:

Queridas, desculpem-me a demora...

Eu sou um pouco lerda quando se trata de escrever... Me distraio e acabo nã o


tomando os cuidados necessá rios na hora de escrever... E como de costume,
perdi os dois capı́tulos que preparava para encerrar a histó ria... Chorei, de
descabelei, quase joguei no note da varanda... bati na parede com meu
punhokkkkkk essa foi a pior parte... mas resumindo, precisei de mais tempo
e somo estava decidida a postar os dois juntos... Passei esse tempo todo...
Peço desculpas...

Por aqui també m já aproveito e me despeço de todas e agradeço pela


paciê ncia que sempre tiveram comigo... Perdoe-me se de alguma forma feri
suas crenças ou ideologias...

Beijos a todas e espero que iquem bem...

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