Sistemas de Energia Solar T - Rmica e Fotovoltaica
Sistemas de Energia Solar T - Rmica e Fotovoltaica
Sistemas de Energia Solar T - Rmica e Fotovoltaica
Solar Térmica e
Fotovoltaica
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. Henrique Gonçalves Pereira
Profª. Naiane Paiva Stochero
171p.
ISBN 978-85-515-0566-3
ISBN Digital 978-85-515-0561-8
“Graduação - EaD”.
1. Energia Solar 2. Térmica 3. Fotovoltaica
CDD 621.47
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico, seja muito bem-vindo à disciplina Sistemas de Energia Solar
Térmica e Fotovoltaica. Somos os professores Henrique e Naiane, escrevemos este livro
com muito carinho para que você possa agregar conhecimento aos seus estudos neste
curso de graduação da Uniasselvi.
Podemos considerar o Sol, nosso astro Rei, como a fonte primária de energia
no planeta Terra, sendo assim, é essencial para existência e sobrevivência da vida
no planeta, pois muitos dos fenômenos que acontecem na Terra são resultado direto
da interação com o Sol. Desta forma, este livro irá abordar duas diferentes formas de
energia provenientes do Sol, a energia solar térmica e a energia solar fotovoltaica.
Esperamos que você possa aproveitar o conteúdo deste livro, ele foi escrito de
modo que sua jornada nesta disciplina seja prazerosa e rica em conhecimento.
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................57
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 119
REFERÊNCIAS......................................................................................................................171
UNIDADE 1 -
FUNDAMENTOS DE
ENERGIA SOLAR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
CONCEITOS GERAIS
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Daremos início aos nossos aprendizados sobre energia
solar. Neste primeiro tópico da Unidade 1, a intenção é fazer você compreender e
diferenciar as principais formas de aproveitamento de energia solar, assim como
entender os principais benefícios e limitações decorrentes da geração de energia solar.
2 ENERGIA SOLAR
O Sol é considerado a fonte primária de energia da Terra. É essencial para
existência e sobrevivência da vida no planeta, pois muitos dos fenômenos que acontecem
na Terra são resultado direto da interação com o Sol, por exemplo, favorecer o processo
de fotossíntese, manter a temperatura da Terra, permitir que a água esteja em estado
líquido. Além disso, a energia solar é responsável pelos fenômenos meteorológicos e o
clima do planeta Terra.
IMPORTANTE
A energia solar é considerada uma fonte energética inesgotável, pois é
abundante, permanente e renovável a cada dia. Esse tipo de geração tem
grande potencial de crescimento, ainda mais no Brasil, uma vez que nosso
país é ensolarado durante a maior parte do ano.
3
Acadêmico, é importante ressaltar que a energia solar é a denominação dada
a qualquer tipo de captação de energia luminosa proveniente do Sol, que pode ser
aproveitada basicamente por dois tipos de processos: térmico e fotovoltaico.
NOTA
O efeito fotovoltaico é o surgimento de uma tensão elétrica em um material,
quando este é exposto à luz visível:
• É renovável – a energia solar é renovável, uma vez que o Sol vai continuar brilhando
por bilhões de anos (considerada uma fonte inesgotável de energia).
• Não emite poluentes – utilizar energia solar para gerar eletricidade não polui e nem
cria gases do efeito estufa que contribuem para o aquecimento global, ao contrário
das usinas termelétricas.
• É gratuita – depois que as células solares são instaladas, elas fornecem energia
gratuita, ou seja, a energia proveniente do Sol não possui custos, uma vez que é um
recurso da natureza.
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• Acessível em lugares remotos – a energia solar possibilita o fornecimento de
eletricidade para populações isoladas e remotas, que não possuem nenhum acesso
à eletricidade por rede de distribuição.
• Ocupa pouco espaço – a energia solar não demanda a ocupação de grandes áreas,
ao contrário das hidrelétricas, que é necessário a desocupação de regiões naturais.
• Não gera ruído – a energia solar não é barulhenta, ao contrário das turbinas eólicas.
• Baixa manutenção – apesar de ser uma tecnologia cara, os painéis são resistentes
e normalmente não oferecem altos custos de manutenção.
• Custo elevado – as células solares têm alto custo de produção, pois o silício,
material utilizado na produção das placas solares, é difícil de ser escavado do solo
e purificado.
• Dependência do período – o sol não brilha à noite e, assim, não há geração de
energia solar durante esse período. Dessa forma, é necessário um banco de baterias
conectado ao sistema para armazenar a energia utilizada no período noturno (porém,
as baterias têm custo elevado).
• Dependência do clima – situações climáticas de muita chuva e alta densidade
de nuvens há possibilidade da radiação solar não atingir a superfície dos painéis
solares, diminuindo a geração de energia.
Alguns estudos prescrevem que o Sol, assim como a Terra, possui cera de 4,5 bi-
lhões de anos de idade, e a temperatura varia entre 5,5 mil e 15 milhões de graus Celsius.
Além disso, o Sol é considerado 109 mil vezes maior quando comparado a Terra (estima-se
que dentro do sol cabem aproximadamente 1,3 milhões de planetas Terra) e é composto
praticamente de hidrogênio (91,2%) e hélio (8,7%), conforme consta no Quadro 1.
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QUADRO 1 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO SOL
Acadêmico! Você sabia que cada m² na Terra recebe do Sol uma luminosidade
(potência) de 1.400 watts? E isso equivale a 14 lâmpadas de 100 watts, e, por meio
dessa potência recebida da Terra, é determinada a luminosidade do Sol em 4 x 1026 W.
Ressalta-se que toda essa energia é proveniente de fusões nucleares, que ocorrem no
núcleo do Sol, convertendo átomos de hidrogênio em átomos de hélio.
NOTA
A Unidade de energia no Sistema internacional de Unidades (SI) é o Joule (J). Entretanto,
existem outras áreas que utilizam outras unidades. A seguir, veja as unidades mais utilizadas:
• Caloria (cal): utilizada para estudos de fenômenos térmicos. Em relação ao Joule, temos: 1
cal = 4,186 J (aproximadamente).
• 1 Watt= 1 J/segundo
• Quilowatt-hora: (kWh): Unidade de energia muito utilizada em dispositivos e sistemas
elétricos. Em relação ao Joule, temos1 kWh = 3.600 kJ ou 3,6 x 106 J
P=Vxi
E = P x tempo
7
Para você compreender melhor a relação entre potência e energia, considere,
por exemplo, uma lâmpada elétrica, cuja potência elétrica é de 60 W, ligada
por dez horas. A energia consumida pela lâmpada ao longo das dez horas
será dada por:
8
INTERESSANTE
Parker Solar Probe é o nome da sonda que se aproximou mais do Sol, o que
aconteceu em agosto de 2018. Essa é uma missão da Nasa que consiste
numa aproximação gradual ao Sol; essa missão prevê que em 2025 a sonda
chegue a sua coroa:
A proeminência solar tem aspecto brilhante e gasoso que se estende para fora
da superfície do Sol, às vezes, por centenas de milhares de quilômetros acima da coroa
solar. A causa das proeminências solares provavelmente são decorrentes das forças
magnéticas. Já a Corona, é composta por gases ionizados extremamente quentes, mais
conhecidos como plasmas.
INTERESSANTE
Mancha Solar
A partir do século XVI, com a invenção da luneta, Galileu projetou e ampliou a imagem do
Sol, o que permitiu os primeiros registros das manchas escuras que aparecem na superfície
do Sol. Esses registros foram feitos periodicamente em busca de uma compreensão para
tal comportamento, visto que as manchas sumiam e apareciam em regiões diferentes da
superfície do Sol. No passado, acreditava-se que as manchas solares eram montanhas,
nuvens ou satélites do Sol. Ainda hoje, o complexo mecanismo de formação dessas
manchas não é totalmente conhecido, mas sabe-se que está diretamente relacionado aos
campos magnéticos e que acompanha o ciclo de atividade solar.
Essas manchas temporárias, que aparecem na fotosfera do Sol, possuem temperaturas entre
2000-4000 K, enquanto que o material fora da mancha tem temperaturas acima de 5000 K.
A temperatura reduzida dessas regiões é causada pela presença de campos magnéticos
intensos, que inibem o processo convectivo da fotosfera solar, diminuindo o fluxo de energia
proveniente do interior do Sol e, consequentemente, diminuindo a temperatura superficial
dessa região. A aparência escura da mancha é devido ao fato de que o entorno é tão brilhante,
que o contraste local nos faz perceber a mancha como negra. Na foto acima, é possível
observar, também, que as manchas solares possuem regiões mais claras nas bordas, o que
ocorre devido ao enfraquecimento do campo magnético. É importante mencionar que a
temperatura no interior do Sol é da ordem de 15 milhões de Kelvin.
As manchas podem aparecer em grupos de manchas ou de forma individual, e podem
durar entre alguns dias e alguns meses, mas acabam se dissipando à medida que a
atividade solar varia. As manchas solares possuem mecanismos de contração e expansão,
podendo variar seus diâmetros entre 16 km a 160.000 km conforme a intensidade do
campo magnéticos que as criou.
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As manchas solares são extremamente estudadas, pois estão relacionadas
com a maioria das erupções solares e ejeções de massa coronal (EMC) se
originam em regiões magneticamente ativas nas proximidades de grupos de
manchas solares visíveis. Logo, quanto maior o número de manchas, maior
o número de erupções e tempestades solares impulsionadas por EMCs.
Esses fenômenos causam problemas em satélites de telecomunicações,
descargas elétricas em linhas de transmissão e interrupção do fornecimento
de energia. As tempestades solares também aumentam o nível de radiação
que atinge os astronautas, podendo provocar diversas alterações nas
células do corpo.
O monitoramento das manchas solares e da atividade solar como
um todo é feita atualmente com o satélite Soho, que atua na
posição intermediária entre a Terra e o Sol. Assim, esse satélite monitora
a atividade solar, avisando com antecedência a chegada de tempestades
radioativas à Terra. O satélite Soho é uma sonda espacial não-tripulada da
Agência Espacial Europeia e da NASA.
É válido ressaltar que a observação solar deve ser feita de maneira segura, com
a utilização de equipamento específico, caso contrário, a observação poderá
causar danos irreversíveis a visão de quem está observando de maneira
errada. Isto pode ocorrer porque as células responsáveis pela visão podem ser
afetadas gravemente por uma exposição exagerada de radiação solar.
Assim, para realizarmos uma observação segura do disco solar, e até
mesmo das manchas solares, são necessários telescópios que possuam
filtros específicos que bloqueiam a maior parte da radiação solar. Por outro
lado, uma maneira simples e barata de olhar para o Sol de forma segura é
através de vidros de máscaras de soldador. Esses vidros de número 4 (ou
maior) bloqueiam a radiação prejudicial vinda do Sol.
O sistema solar, localizado na galáxia via láctea, é composto por oito planetas
e por um grande número de outros corpos celestes (planetas anões, asteroides e
cometas). Conforme mostra a Figura 4, os planetas que formam o sistema solar (a partir
do Sol) são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Netuno e Urano. O Sol, é
considerado a estrela central do sistema solar, com grande domínio gravitacional sobre
os demais corpos celestes.
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FIGURA 4 – SISTEMA SOLAR
Analisando o sistema solar, você, acadêmico, deve pensar “O Mercúrio deve ser
um dos planetas mais quentes do sistema solar, pois está mais próximo do Sol”. Porém,
Vênus é considerado o planeta mais quente, com temperaturas de aproximadamente
471 °C, a explicação para esse fato é devido a sua composição. Vênus é composto de
dióxido de carbono e nuvens de ácido sulfúrico que aprisionam calor dentro do planeta.
Para você ter uma ideia, algumas espaçonaves que chegaram ao planeta aguentaram
apenas algumas horas antes da sua destruição, devido ao calor e pressão.
É importante destacar que a Terra e os demais corpos celestes não são estáticos,
ou seja, estão em constante movimento, por exemplo, a rotação e translação. Esses mo-
vimentos e a latitude do lugar são responsáveis pela variação da energia solar em um de-
terminado ponto terrestre, por isso entender esses movimentos é muito importante para
compreender, posteriormente, a disponibilidade de recurso energético em nosso planeta.
2.3.1 Rotação
A rotação é considerada o movimento que a Terra realiza em torno do seu pró-
prio eixo, um pouco inclinado em relação ao plano de sua órbita. Esse movimento causa
alteração entre os períodos de insolação do planeta. Conforme mostra figura a seguir, a
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rotação ocorre no sentido anti-horário, ou seja, de oeste para leste. Essa rotação dura
aproximadamente 24 horas, tendo como resultado o dia e a noite. Destaca-se que o mo-
vimento de rotação é realizado com uma velocidade de aproximadamente 1.669 km/h.
2.3.2 Translação
A translação é considerada o movimento que a Terra realiza em torno do Sol, ou
seja, ao mesmo tempo que a Terra gira em torno de seu eixo de rotação, ela também gira
em torno do Sol. A Terra realiza uma volta completa a redor do Sol em aproximadamente
365 dias, isso é, um ano. O movimento de translação é realizado com uma velocidade de
aproximadamente 107.000 km. Ressalta-se que, quando a Terra está mais próxima do
Sol, velocidade do movimento é maior, e, quanto mais afastada, menor é a velocidade.
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FIGURA 6 – INCLINAÇÃO DO EIXO DE ROTAÇÃO DA TERRA
Acadêmico! Você já ouviu falar nos solstícios e equinócios? Então, esses são os fenô-
menos responsáveis por marcar as posições do movimento do Sol e os raios solares da Terra.
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Já o equinócio corresponde aos períodos em que a Terra recebe luz do Sol com
mesma intensidade nos hemisférios. Esse fenômeno ocorre em março e setembro (duas
vezes por ano), marcando o início da primavera e o outono. Ressalta-se que, devido à
igual incidência solar nos hemisférios, os dias e as noites têm a mesma duração.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• A energia luminosa proveniente do Sol pode ser aproveitada basicamente por dois
tipos de processos: térmico e fotovoltaico.
• Devido à distância, a luz do Sol não chega à Terra de forma instantânea, demora
aproximadamente 8 minutos e 20 segundos para chegar ao nosso planeta.
• Os planetas que formam o sistema solar (a partir do Sol) são: Mercúrio, Vênus,
Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Netuno e Urano.
• A Terra e os demais corpos celestes não são estáticos, ou seja, estão em constante
movimento, por exemplo, a rotação e a translação.
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AUTOATIVIDADE
1 A energia solar é uma fonte energética sustentável e inesgotável, pois é abundante,
permanente e renovável a cada dia. Além disso, sabemos que a captação de energia
luminosa proveniente do Sol pode ser aproveitada basicamente por dois tipos de
processos. Assinale a alternativa CORRETA que corresponde ao aproveitamento de
energia solar fotovoltaica:
a) ( ) A energia solar é renovável e esgotável, pois o Sol vai continuar brilhando por
bilhões de anos.
b) ( ) É totalmente gratuita, ou seja, mesmo antes das células solares serem instaladas,
elas fornecem energia de forma gratuita, uma vez que o sol é um recurso da
natureza.
c) ( ) A energia solar possibilita o fornecimento de eletricidade para populações
isoladas e remotas que não possuem nenhum acesso à eletricidade por rede de
distribuição.
d) ( ) As células solares têm alto baixo custo de produção, pois o silício, material utilizado
na produção das placas solares, é fácil de ser escavado do solo e purificado.
3 A estrutura do Sol é composta pelas regiões: núcleo, zona radiativa, zona convectiva,
fotosfera, cromosfera e coroa (também chamada de corona). Assim, assinale a
alternativa CORRETA que corresponde à Fotosfera.
a) ( ) Considerada uma camada instável, pois, nessa região, ocorre erupções solares.
b) ( ) Região onde acontece a geração de energia, por meio das reações termonucleares.
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c) ( ) Região que tem um aspecto da superfície de um líquido em ebulição, carregado
de bolhas, que são intitulados de grânulos fotosféricos.
d) ( ) É a parte de baixa densidade que marca a transição entre a cromosfera e a coroa
solar.
4 A Terra e os demais corpos celestes não são estáticos, ou seja, estão em constante
movimento, por exemplo, a rotação e translação. Dentro desse contexto, explique o
movimento de translação e a principal consequência desse movimento.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
RADIAÇÃO SOLAR
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Daremos prosseguimento aos nossos aprendizados sobre
energia solar. Neste segundo tópico da Unidade 1, a intenção é fazer você compreender
e diferenciar alguns conceitos, como radiação solar, irradiação solar, radiação direta,
radiação difusa, entre outros.
2 CONCEITOS
A radiação solar é considerada o fluxo de energia emitida pelo Sol e transmitida
em todas as direções da atmosfera, por meio de ondas eletromagnéticas. A distribuição
de energia solar é alterada à medida que passa através das nuvens, gases, vapor de
água, poeiras e vegetação. A velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas é
diretamente proporcional a sua frequência e comprimento de onda, conforme Eq.1.
v= f.λ Eq.1
Onde:
v – velocidade de propagação (m/s);
λ – comprimento de onda (m);
f – frequência (Hz).
• Irradiância solar: é o fluxo de energia solar que incide sobre uma superfície, por
unidade de superfície (W/m²).
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• Irradiância extraterrestre: é o fluxo de radiação solar que chega no topo da
atmosfera (ou seja, sem ausência de partículas) e é recebida em uma superfície
perpendicular aos raios solares que esteja localizada a uma distância média
Terra-Sol (ausência de atmosfera). Em outras palavras, a constante solar pode
ser definida como a irradiância solar sobre uma superfície perpendicular aos raios
solares, na ausência da atmosfera. Essa irradiação solar no topo da atmosfera é de
aproximadamente 1367 W/m² ou 118,11 MJ/m².dia.
• Irradiação solar: é a quantidade de energia solar que incide em uma superfície
durante um certo período de tempo (Wh/m²).
Neste momento, acadêmico, você deve pensar: “por que a atmosfera atua como
filtro da radiação solar”? Para explicar esse questionamento, é importante compreen-
dermos que a atmosfera (composta principalmente de 78% de nitrogênio, 21% de oxigê-
nio e outros gases (1%), como hélio e dióxido de carbono), conforme mostra a Figura 7, é
dividida em camadas: exosfera, termosfera, mesosfera, estratosfera e troposfera, sendo
esta última a camada de ar mais próxima da Terra.
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Conforme já estudamos, a distância entre a Terra e o Sol é de aproximadamente
150 milhões de quilômetros, em razão dessa distância, uma pequena parcela da radiação
chega à superfície terrestre, ou seja, após atravessar a atmosfera, a radiação solar chega
na superfície terrestre de três formas distintas:
IMPORTANTE
Radiação global ou total: é a soma da radiação direta mais a difusa recebida
por uma superfície.
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seja, absorção total de um corpo negro) até um (reflexão perfeita, superfícies claras). É
importante destacar que Albedo é uma propriedade relacionada à superfície do solo e
seu número é adimensional que pode ser expresso em porcentagem.
IMPORTANTE
Acadêmico! Lembre-se de que na variação do Albedo, 0 = significa que a energia
solar não é refletida (corpo negro), já Albedo = 0,9 ou próximo de 1 significa que
quase toda a energia recebida é refletida de volta para o espaço.
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Conforme vimos, a radiação solar recebida pelo planeta Terra pode ser refletida
ou absorvida. Em termos de porcentagem, se consideramos 100% a radiação solar
incidente, conforme imagem a seguir, temos que:
• 30% são retirados por reflexão, sendo 6% refletidos pela atmosfera, 20% pelas
nuvens e 4% pela superfície. Ou seja, essa radiação que é refletida é devido ao
efeito albedo da Terra.
• 19% por absorção, sendo 16% relativos à absorção da atmosfera e 3% pelas nuvens.
• 51% por absorção da superfície terrestre, sendo que essa energia absorvida pela
superfície será devolvida para o espaço sob a forma de calor:
• 7% por condução e convecção do ar.
• 23% conduzidos pelo vapor de água nas nuvens e atmosfera.
• 64% por irradiação para o espaço por meio de nuvens e da atmosfera.
• 6% por radiação direta da terra para o espaço.
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A radiação solar ao ser absorvida pela terra converte em energia calorífica,
aquecendo a superfície terrestre. Essa contínua entrada de radiação solar é compensada,
pois a terra emite praticamente a mesma quantidade de energia que recebe. Esse
balanço possibilita afirmar que a Terra se encontra em equilíbrio térmico.
A Terra, ao absorver a radiação solar (de curto comprimento de onda), emite uma
outra radiação sob a forma de calor, que é a radiação infravermelha (grande comprimento
de onda). Sabemos que uma parte dessa radiação é emitida para o espaço, porém outra
parte é bloqueada, pois é absorvida pelos gases do efeito estufa.
IMPORTANTE
Acadêmico! Antes de prosseguirmos, é de suma importância que você relembre o que é o
efeito estufa. Então, vamos lá!
O efeito estufa é um fenômeno natural de extrema importância para a existência de vida
na Terra. É responsável por manter as temperaturas médias globais, evitando que haja
grande amplitude térmica e possibilitando o desenvolvimento dos seres vivos.
Esse fenômeno, no entanto, tem sido agravado pela ação antrópica, que tem elevado as
emissões de gases de efeito estufa à atmosfera, provocando alterações climáticas em todo
o planeta. Essa grande concentração de gases dificulta que o calor seja devolvido ao espaço,
aumentando, consequentemente, as temperaturas do planeta. Como funciona o efeito estufa?
O Sol emite calor à Terra. Parte desse calor é absorvida pela superfície terrestre e pelos
oceanos, outra parte é devolvida ao espaço. Contudo, uma parcela da radiação solar
irradiada pela superfície fica retida na atmosfera em decorrência da presença de gases
de efeito estufa, que impedem que esse calor seja devolvido totalmente ao espaço. Dessa
forma, mantém-se o equilíbrio energético e evitam-se grandes amplitudes térmicas.
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Para exemplificar melhor, imagine um carro estacionado em um dia bastante ensolarado.
Os raios solares atravessam os vidros e aquecem o interior do veículo. O calor tende a
ser devolvido para fora do carro, saindo pelo vidro, contudo encontra dificuldades. Assim,
parte do calor fica retido no interior do carro, mantendo-o aquecido.
Fazendo uma analogia, os gases de efeito-estufa presentes na atmosfera funcionam como
o vidro do carro, permitindo a entrada da radiação solar e dificultando que toda ela seja
devolvida ao espaço. Existem quatro principais gases de efeito estufa. São eles:
• Dióxido de carbono: é o gás de maior abundância na atmosfera. A queima
de combustíveis fósseis é uma das principais atividades responsáveis por emitir esse
gás. Desde a era industrial, a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera aumentou,
aproximadamente, 35%.
• Gás metano: é o segundo gás que mais contribui para o aumento das temperaturas
globais, com poder 21 vezes maior que o dióxido de carbono. Aproximadamente 60%
da emissão de metano provém de ações humanas ligadas a aterros sanitários e lixões.
Além disso, é eliminado por meio da digestão de ruminantes.
• Óxido nitroso: pode ser emitido à atmosfera por meio de bactérias no solo ou no oceano.
Atividades agrícolas, como uso de fertilizantes nitrogenados, também são fontes desse
gás. O óxido nitroso pode colaborar cerca de 298 vezes mais que o dióxido de carbono
para o aumento das temperaturas.
• Gases fluoretados: os gases fluoretados são produzidos pelo homem a fim de atender
às necessidades industriais. São exemplos desses gases: hidrofluorcarbone-
tos, usados em sistemas de aquecimento e refrigeração; hexafluoreto de en-
xofre, usado na indústria eletrônica; perfluorcarbono, emitido na produção
de alumínio; e os clorofluorcarbonos (CFCs), responsáveis pela destruição
da camada de ozônio.
• Vapor d'água: bastante presente na atmosfera, é responsável por mais
da metade do efeito estufa. O vapor d'água capta o calor irradiado pela
superfície terrestre, distribuindo-o para todas as direções e aquecendo
a superfície.
O efeito estufa até um certo ponto é benéfico para o planeta Terra, pois sem
ele a temperatura seria de cerca de -20 °C, porém grandes quantidades de dióxido de
carbono, como no planeta Vênus (conforme citamos no tópico anterior) a temperatura
seria de, aproximadamente, 471 °C. Portanto, quanto maior a intensidade do efeito
estufa, a quantidade de radiação bloqueada aumenta e, por consequência, há um
aumento do aquecimento global.
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3 FATORES QUE INFLUENCIAM NA VARIAÇÃO DE
ENERGIA SOLAR
Conforme estudamos anteriormente, a radiação solar chega à superfície terrestre
de três formas: direta, difusa e refletida. Para você ter uma ideia, estima-se que em um
dia ensolarado, sem nuvens, no mínimo 20% da radiação que atinge a superfície terrestre
é difusa, por outro lado, se tivermos um dia totalmente nublado, a radiação será 100% di-
fusa sem a presença de radiação direta. Bom, isso significa que a radiação que chega na
superfície terrestre irá influenciar na geração de energia solar, logo, em dias mais ensola-
rados, teremos maior produção de energia quando comparado aos dias nublados.
3.1 LATITUDE
A latitude é considerada a distância em graus de qualquer ponto da Terra em
relação ao Equador. Em posse deste conceito, agora vamos entender por que a latitude
influência na variação solar.
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O ponto C está localizado sobre o equador; por outro lado, o ponto A está situado
na região polar e mais inclinado quando comparado ao ponto C. Outro fator interessante
é que a área ocupada pela incidência dos raios no ponto C é mais concentrada quando
comparada ao ponto A. Veja também que os raios que incidem no ponto C estão
refletindo na mesma direção; por outro lado, no ponto A, os raios que incidem, devido
a inclinação da área, refletem em vários lugares. Assim, nas áreas próximas aos polos,
haverá mais inclinação e, consequentemente, mais espalhamento dos raios e menor
concentração de calor. Por esse motivo, áreas próximas dos polos são mais frias.
CURIOSIDADE
Para se ter uma ideia, no local menos ensolarado do Brasil, é possível gerar
40% mais eletricidade solar que o lugar mais ensolarado da Alemanha, que é
um dos líderes no uso da energia fotovoltaica: https://quantageracao.com.br/
energia-solar-4-fatores-que-impactam-na-geracao/.
27
calor. O ângulo de incidência (considerado o ângulo que os raios solares fazem com
o plano tangente à superfície da terra) é menor, porque há maior inclinação dos raios
solares e, por conseguinte, a massa atmosférica que os raios solares atravessam é maior.
28
FIGURA 14 – DECLINAÇÃO SOLAR
Então, como estimar a declinação solar para um determinado dia do ano? Vamos
aos cálculos!
Eq. 2
Onde:
δ= declinação solar (graus)
DJ= Dia Juliano representa o dia do ano independente dos meses, também é denominado
de NDA (número de Dia do Ano), por exemplo, 1 de janeiro o DJ = é igual a 1, e 2 de março
equivale a: 31 (j)+ 28 (f) + 2 (m)= 61 e assim por diante.
AUTOATIVIDADE
Determine a declinação solar para a data de 21 de março de 2018:
29
4 INSTUMENTOS PARA MEDIÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR
Existem vários instrumentos que realizam medições da radiação solar, tanto a
radiação direta, quanto difusa e global. Através dessas medidas, é possível verificar a
viabilidade de instalação de sistemas de energia solar térmica e fotovoltaica em uma
determinada região assegurando maior aproveitamento da energia solar.
Conforme já estudamos, a radiação solar que incide sob uma superfície possui
variabilidade espacial e temporal relacionados aos movimentos do planeta, latitude,
além das condições de tempo e clima, por exemplo, nebulosidade, concentração de
aerossóis e, inclusive, emissão de poluentes. Assim, o equipamento utilizado para
realizar a medição da radiação solar deve ter a sensibilidade para detectar todas as
variabilidades e tempo de resposta inferior à menor variabilidade que deseja medir
(MARTINS et al., 2017).
FIGURA 17 – HELIÓGRAFO
31
FIGURA 18 – ACTINÓGRAFO
DICA
Acadêmico! Para maiores detalhes sobre os instrumentos de medição da
radiação solar, leia o capítulo 6 do Atlas Brasileiro e Energia Solar. Acesse: http://
mtc-m21b.sid.inpe.br/rep/8JMKD3MGP3W34P/3PERDJE.
Eq. 2
Onde:
Qg= irradiância solar global (MJ/m2 dia ou W/m2).
Q0= irradiância solar extraterrestre (MJ/m2 dia ou W/m2).
32
a e b = correspondem à transmitância global da atmosfera, esses coeficientes dependem
da latitude e das condições atmosféricas do local. Quando não houver dados disponíveis,
é possível fazer a seguinte aproximação:
Eq. 5
Eq. 6
φ= latitude (graus).
δ= declinação solar (graus).
Para calcular a irradiância solar extraterrestre, utilizamos a seguinte equação:
Eq. 7
Eq. 8
DICA
Acadêmico! Para colocar em prática a utilização dessas equações, assista ao
vídeo que demostra passo a passo como estimar a irradiação solar global para
o dia 21 de março, cuja latitude (φ) = 18,9° sul, sendo que o equipamento do
heliógrafo registrou 6,3 horas de insolação. Acesse: https://bit.ly/3btvSMm.
• A radiação solar chega à superfície terrestre de três formas distintas: radiação direta,
radiação difusa e radiação refletida.
• A radiação solar recebida pelo planeta Terra pode ser refletida ou absorvida.
34
AUTOATIVIDADE
1 A radiação solar é considerada o fluxo de energia emitida pelo Sol e transmitida em
todas as direções da atmosfera, por meio de ondas eletromagnéticas. Ao atravessar
a atmosfera, a radiação solar chega à superfície de três formas. Disserte sobre cada
uma delas.
2 Além das condições climáticas outros fatores também influenciam na variação da energia
solar, como latitude do local, movimento de rotação da Terra (responsável pelo ciclo dia-
noite) e movimento de translação. Sobre esses fatores, assinale a alternativa CORRETA:
3 Existem vários instrumentos que realizam medições da radiação solar, direta, difusa e
global. Assinale a alternativa CORRETA que se refere ao equipamento Heliógrafo:
a) ( ) Equipamento que mede a radiação direta. Para realizar as medidas, ele precisa
ser apontado para o Sol.
b) ( ) Equipamento que registra a duração do brilho solar, consiste em uma esfera de
vidro cristalino estruturada sob um metal.
c) ( ) Equipamento utilizado para realizar medidas da radiação global, possuem uma
lâmina bimetálica negra, exposta a radiação e outras duas lâminas brancas à
sombra.
d) ( ) Esse equipamento é constituído de sensores que são baseados na expansão
de um par bimetálico. Esses sensores são ligados a uma pena registradora que
registra o valor da radiação solar.
35
5 O movimento de translação é responsável pela sucessão dos anos e, também,
influência nas estações do ano (primavera, verão, outono e inverno), modificando a
intensidade de radiação solar que incide na superfície terrestre. Em função desse
movimento de translação, temos a variação da declinação solar. Disserte sobre
declinação solar e determine a declinação solar para a data de 5 de junho.
36
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
POTENCIAL SOLAR
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, finalizaremos a Unidade 1 do seu livro didático abordando o
potencial solar. Neste último tópico da Unidade 1, a intenção é fazer você compreender
e diferenciar a matriz energética da matriz elétrica, analisar o potencial solar do Brasil e,
também, em nível mundial.
Ao longo dos anos, a energia elétrica se tornou fundamental, tanto que hoje em
dia é difícil imaginar uma atividade humana que não necessite de energia elétrica. Mas
para que a energia chegue às residências e indústrias, por exemplo, é necessário contar
com a matriz elétrica. Assim, ao longo deste tópico responderemos a alguns questio-
namentos, tais como, o que é matriz elétrica? Quais as fontes da matriz elétrica que são
utilizadas para geração de energia elétrica? Qual é a diferença entre matriz energética?
Além disso, veremos que cada região possui um determinado potencial solar,
em razão da latitude do local, movimento de rotação da Terra (responsável pelo ciclo dia-
noite) e movimento de translação, condições do tempo e clima da região que também
estão intrinsicamente relacionadas à disponibilidade e à variabilidade do recurso solar.
37
Por outro lado, as fontes renováveis de energia possuem origem natural (sol,
vento, água) e são encontradas em abundância na natureza, ou seja, estão disponíveis
durante um longo prazo e possuem um ciclo curto de renovação, por isso, são recursos
inesgotáveis. Existem vários tipos de fontes renováveis de energia, tais como energia
solar, energia hidráulica, os ventos, marés, biomassa, geotérmica, entre outros.
39
FIGURA 21 – PARTICIPAÇÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS
CURIOSIDADE
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico –
OCDE, com sede em Paris, França, é uma organização internacional
composta por 35 países membros, que reúne as economias mais avançadas
do mundo, bem como alguns países emergentes como a Coreia do Sul, o
Chile, o México e a Turquia. A Organização foi fundada em 14 de dezembro
de 1961, sucedendo a Organização para a Cooperação Econômica Europeia,
criada em 16 de abril de 1948.
Por meio da OCDE, representantes dos países membros se reúnem para trocar
informações e alinhar políticas com o objetivo de potencializar seu crescimento
econômico e colaborar com o desenvolvimento de todos os demais países
membros. Por meio dessa cooperação, a OCDE tornou-se uma fonte importante
de soluções para políticas públicas em um mundo globalizado.
40
FIGURA 22 – MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA
41
É importante destacar que, uma a demanda de energia elétrica ocorre durante o
horário comercial, em razão da climatização de ambientes e do crescimento exponencial
dos setores de prestação de serviços e do comércio na economia do país. Segundo
Martins et al. (2017, p. 14) “A demanda de eletricidade nesse período do dia coincide com
o período de maior disponibilidade do recurso solar, o que torna esse recurso energético
uma opção natural”.
CURIOSIDADE
TODA EMPRESA DE ENERGIA SOLAR PRECISA TER REGISTRO NO CREA?
Nos últimos anos, a abertura de empresas de energia solar cresceu em todo o Brasil.
Devido a esta alta, o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) de cada estado
brasileiro passou a acompanhar mais de perto as empresas e o mercado de energia solar.
No estado do Paraná, por exemplo, seis em cada dez empresas fiscalizadas pelo Crea-PR
estão irregulares. Entre as principais irregularidades encontradas estão a falta de registro
da empresa no órgão e ausência de profissional habilitado.
Isso acontece porque muitos empreendedores desconhecem a Lei Federal nº 5194/66 e a
Resolução nº 1.121/2019 do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), que
determina que “o registro é obrigatório para a pessoa jurídica que possua atividade básica
ou que execute efetivamente serviços para terceiros envolvendo o exercício de profissões
fiscalizadas pelo sistema CONFEA/CREA”.
Ou seja, empresas que realizam serviços de projetos e instalações de sistemas de energia solar
devem possuir o registro junto ao Crea do estado onde a sua empresa possui sede, já que suas
atividades envolvem um dos profissionais fiscalizados pelo CONFEA/CREA: os engenheiros.
O registro é obrigatório para a pessoa jurídica que possua atividade básica ou que execute
efetivamente serviços para terceiros envolvendo o exercício de profissões fiscalizadas pelo
sistema CONFEA/CREA.
“Todas as empresas que atuam em áreas de engenharia (incluindo a elétrica) devem se
registrar no Crea do seu estado. O mesmo ocorre com empresas que terceirizam os
serviços, pois elas estão ofertando aos seus clientes atividades que exigem conhecimento
técnico. Sendo assim, elas precisam do registro, pois por mais que não realizem
diretamente as atividades técnicas, precisam gerenciar e supervisionar as atividades que
estão terceirizando”, explica o CREA-PR.
A obrigatoriedade é reforçada pelo Crea-SC. “Tanto a empresa que projeta quanto a
empresa que executa as instalações precisam de registro no Crea. Para tais atividades é
necessária a emissão de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), que define para os
efeitos legais os responsáveis técnicos pelo serviço ou pela obra conforme determina a Lei
6.496/77”, enfatiza o conselho do estado de Santa Catarina.
O órgão ainda ressalta que, além do registro da empresa no Crea, o profissional da área
de engenharia responsável pelo serviço prestado também deve possuir registro
no conselho.
“Todas as firmas, sociedades, associações, companhias, cooperativas e
empresas em geral, que forem executar obras ou serviços relacionados à
energia solar deverão ter seu registro nos conselhos regionais, bem como os
profissionais do seu quadro técnico. Esse registro só será concedido se sua
denominação for realmente condizente com sua finalidade e a qualificação
de seus membros”.
42
3.1 POTENCIAL SOLAR MUNDIAL
No tópico anterior, estudamos alguns instrumentos que são utilizados para medir
a intensidade solar na superfície terrestre, como o piranômetro para medir a radiação
solar global (soma da radiação direta mais a difusa recebida por uma superfície). Cabe
destacar que, para maior confiabilidade dos resultados, a medição da radiação deve ser
feita por um período de, pelo menos, um ano para identificar a sazonalidade existente.
43
e a variabilidade do recurso solar. As condições meteorológicas causam alterações
na nebulosidade e nas concentrações dos gases e aerossóis, e, consequentemente,
também influenciam na trajetória da radiação solar até a superfície terrestre.
O clima do Brasil, de acordo com o Atlas Brasileiro de Energia Solar (EPE, 2020), é
diversificado devido a vários fatores, tais como a extensão territorial, relevo e a dinâmica
das massas de ar. O relevo brasileiro. apresenta grande influência nas condições do
tempo e clima da região, uma vez que pontos mais elevados tendem a ser mais frios,
além da formação da nebulosidade. Além disso, é importante destacar que grande parte
do território brasileiro possui climas tropicais e subtropicais e parte do sertão nordestino
apresenta clima semiárido (MARTINS, et al., 2017).
DICA
Acadêmico, para relembrar os diferentes climas do Brasil, clique no link:
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/os-climas-brasil.htm.
De acordo com o mapa da Figura 21, é possível perceber que a radiação solar
média diária no Brasil varia entre 4 e 6 kWh/m²/dia. Para ter uma ideia do potencial solar
do Brasil, se pegarmos uma região menos ensolarada do país, a radiação solar é 40%
maior do que na região mais ensolarada da Alemanha, que é considerada um dos líderes
na geração de energia fotovoltaica.
44
FIGURA 24 – POTENCIAL SOLAR NO BRASIL
Embora o Brasil tenha grande potencial solar, o uso de energia solar ainda é
pouco considerado como uma opção para gerar eletricidade. A Figura 22 mostra, entre
os anos de 2010-2019, que a China obteve um aumento exponencial na capacidade
instalada de geração fotovoltaica no mundo com 205,5 GW em 2019 (representando
aproximadamente 35% da capacidade instalada em nível mundial). A Alemanha foi líder
no início do período, mas perdeu a liderança ao longo dos anos, bem como sua partici-
pação. A participação do Brasil, conforme comentamos, é pouco significativa. No ano de
2019, a capacidade instalada foi em torno de 2,5 GW (representando, aproximadamente,
0,4% da capacidade instalada a nível mundial).
45
FIGURA 25 – EVOLUÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICA NO MUNDO, NOS
PRINCIPAIS PAÍSES E NO BRASIL (GW)
NOTA
Acadêmico, para saber mais sobre cogeração qualificada acesse o link: https://
bit.ly/3Jvdr6E.
46
Dessa forma, a geração de energia elétrica, a partir de fontes renováveis como
a energia solar, torna-se atrativa em função da abundância do recurso energético,
aumento das tarifas de eletricidade, e um modelo de compensação de créditos. Essas
condições favoráveis levaram não apenas os consumidores residenciais, mas, também,
redes varejistas, indústrias e bancos a investirem, além de sistemas de Micro e Mini
Geração Distribuída (MMGD).
CURIOSIDADE
Acadêmico, para ler a Resolução Normativa nº 482/2012 na íntegra, acesse
o link:
http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf.
INTERESSANTE
Acadêmico! Para maiores informações da evolução a geração distribuída e
centralizada, leia a leitura complementar.
47
LEITURA
COMPLEMENTAR
ENERGIA SOLAR
Nos últimos anos, a energia solar no Brasil teve grande impulso, em razão dos
avanços no marco legal da geração distribuída e da queda no preço dos equipamentos
fotovoltaicos. A partir de 2017, a capacidade de geração solar experimentou crescimento
expressivo, alcançando 7.977,7 MW de potência instalada no final de 2020 (Figura 1).
48
No Subsistema Nordeste do Sistema Interligado Nacional (SIN), nos últimos
anos, a fonte solar está paulatinamente ocupando maior espaço na geração de energia
elétrica, representando 3,83% do total gerado em 2020 (Figura 2)
49
TABELA 1 – CAPACIDADE INSTALADA DE GERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICA NO BRASIL, NORDESTE E
ESTADOS DA REGIÃO – DISTRIBUÍDA E CENTRALIZADA – POSIÇÃO: 30/04/2021
50
Nos leilões oficiais, destacaram-se os estados da Bahia, do Piauí e do Ceará.
Juntos, os três foram contemplados com 60% dos projetos de energia solar aprovados
nos leilões promovidos pelo Governo Federal. Ressalta-se que, por motivos diversos,
nem todos os projetos fotovoltaicos contemplados nos leilões foram implantados. Por
exemplo, por meio do Mecanismo de Descontratação de Energia de Reserva, realizado
em 28/08/2017, foram rescindidos os contratos referentes a nove projetos fotovoltaicos
do 08º LER. Em todos os certames, três outros contratos foram revogados e um não
adjudicado. Da potência fotovoltaica aprovada nos sete leilões, 369,66 MW foram
descontratados, o que corresponde a 7,8% do total.
• Geração distribuída
Até recentemente, a energia solar não fazia parte dos resultados dos leilões.
Somente em outubro de 2014, no 6º Leilão de Energia de Reserva (LER), a fonte solar foi
contemplada, embora com preços substancialmente elevados. Nos leilões seguintes (7º
e 8º LER), os preços da fonte solar se mantiveram altos (Figura 3). De fato, em valores
constantes atualizados para maio/2021, os preços mais elevados já negociados nos
leilões foram da fonte solar, tendo ocorrido nesses dois certames. Ressalta-se que,
apesar da existência de alternativas menos custosas, o Governo brasileiro promoveu
esses leilões visando incentivar a inserção da fonte solar no Brasil, contribuindo para a
criação de um mercado interno.
51
FIGURA 3 – POSICIONAMENTO DA FONTE SOLAR NOS LEILÕES DE ENERGIA ELÉTRICA REALIZADOS PELA
CCEE (VALORES DE PREÇOS MÉDIOS DOS LEILÕES POR FONTE, EM R$/MWh ATUALIZADOS PELO IPCA
PARA MAIO/2021)
No entanto, essa realidade mudou radicalmente. Nos últimos quatro leilões nos
quais a fonte solar teve participação, os preços do MWh despencaram. Particularmente
no 29º Leilão de Energia Nova (LEN), obteve o menor preço observado nos leilões já
realizados, em valores atualizados pelo IPCA. Tendo por base os resultados dos certames,
a fonte solar, juntamente com a eólica, são atualmente as alternativas mais competitivas
para gerar energia elétrica no Brasil. Cabe ressaltar, contudo, que os preços dos leilões
podem não refletir a realidade dos custos de geração para essas duas fontes, já que as
empresas, em geral, reduzem preços com o intuito de assegurar algumas vantagens,
prevendo negociar a maior parte da energia a ser gerada em seus projetos no Ambiente
de Contratação Livre (ACL), com valores mais elevados.
52
FIGURA 4 – PREÇO MÉDIO DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA COMERCIALIZADA NOS LEILÕES
FONTE: Adaptada de BEZERRA, F. D. Energia solar. Caderno Setorial ETENE, n. 174, 2021. Disponível em:
https://bit.ly/3QyM5yP. Acesso em: 12 fev. 2022.
53
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
54
AUTOATIVIDADE
1 A matriz energética pode ser dividida em dois tipos de fontes, ou seja, fontes de
energia não renováveis e fontes renováveis. Diferentemente do panorama mundial,
a matriz energética brasileira é 4,4% por fontes renováveis. Dentro desse contexto,
disserte sobre esses dois tipos de fontes.
2 Com o avanço da tecnologia, a energia elétrica se tornou tão importante que atingiu
todas as esferas da atividade humana, como indústria, agricultura, além do nosso
cotidiano, sendo difícil imaginar nossas vidas sem energia. Assim, diferencie matriz
energética de matriz elétrica.
3 O Sol proporciona todo ano para a atmosfera, aproximadamente, e 1,5 x 108 kWh de
energia, e isso equivale a, aproximadamente, 1000 vezes o consumo mundial de
energia e, portanto, há um grande potencial de utilização através de sistemas de
energia solar fotovoltaica ou energia solar térmica. Sobre a energia potencial, assinale
a alternativa CORRETA:
a) ( ) Consumidor pode gerar sua própria energia elétrica por meio de fontes não
renováveis.
b) ( ) A Resolução Normativa nº 482/2012 também traz um sistema de compensação
de energia elétrica.
c) ( ) O consumidor fica com créditos energéticos, e estes podem ser utilizados para
diminuir a fatura de energia elétrica dos próximos meses (válidos por 24 meses).
d) ( ) A Microgeração considera apenas a produção de energia elétrica por meio de
sistemas de energia fotovoltaica.
55
5 O consumidor pode gerar sua própria energia elétrica por meio de fontes renováveis
(como energia solar, eólica, da biomassa ou pequenas centrais hidrelétricas – PCHs)
ou cogeração qualificada e, além disso, fornecer o excedente produzido para a rede
de distribuição. Sobre a geração distribuída, assinale a alternativa CORRETA:
56
REFERÊNCIAS
BEN (Balanço Energético Nacional). Relatório de Síntese 2021. Disponível em: <https://
bit.ly/3Sn6GHW> Acesso em: 23 jan. 2022.
57
58
UNIDADE 2 —
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
59
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
60
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
TIPOS DE CÉLULAS FOTOVOLTAICAS
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Daremos início aos nossos aprendizados sobre tipos
de células fotovoltaicas. Neste primeiro tópico da Unidade 2, a intenção é fazer você
compreender a história e origem da energia solar fotovoltaica, bem como entender o
efeito fotovoltaico.
2 ORIGEM E HISTÓRIA
Nesta seção, iremos detalhar, de forma objetiva, a origem e história da energia
solar fotovoltaica. Desde o século IXX, essa tecnologia já dava os primeiros passos, ainda
que de forma rudimentar de utilização, como fazer fogo, aquecer água e casas. Porém, o
físico francês Alexandre Edmond Becquerel percebeu que a luminosidade solar poderia
ser utilizada para outros fins, assim, em 1839, descobriu o efeito fotovoltaico, quando
observou que, ao iluminar uma solução ácida, havia uma ddp (diferença de potencial)
entre os eletrodos imersos nessa solução.
Em 1877, Richard Adams e o seu aluno, Richard Day, verificaram efeito similar em um
dispositivo de estado sólido produzido com selênio. No entanto, em 1900 as primeiras células
solares, ou também chamadas de células fotovoltaicas, foram desenvolvidas em selênio por
Charles Fritts. Após aproximadamente 110 anos da descoberta do efeito fotovoltaico por Ale-
xandre Edmond Becquerel, foram produzidos, na década de 1954, as primeiras células foto-
voltaicas e apresentadas na reunião anual da National Academy of Sciences, em Washington.
61
de células fotovoltaicas superou a utilização espacial, devido à crise do petróleo de 1973.
É importante destacar que, naquela época, foi necessário investir em pesquisas para a
produção de energia a partir da radiação solar, com o objetivo de reduzir 100 vezes o
custo de produção das células solares para fins terrestres.
CURIOSIDADE
O que é o Protocolo de Kyoto? Assinado na cidade japonesa de Kyoto, o Protocolo é um acordo
internacional com o objetivo de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa, assim
como do aquecimento global.
Ele foi redigido e assinado em 1997 por países integrantes da Organização das Nações Unidas
(ONU), em uma reunião ocorrida no Japão. O protocolo foi feito justamente pelo fato do atual
modelo de desenvolvimento industrial e consumo ser um causador de danos à biodiversidade,
trazendo impactos visíveis à qualidade de vida de todas as espécies da Terra.
Assim, o Protocolo de Kyoto estabeleceu metas e compromissos por parte dos países com foco
na melhoria da qualidade do ar, amenizando os efeitos da emissão de gases poluentes, como
do dióxido de carbono (CO2).
O acordo foi proposto aos 38 países que mais emitem gases causadores do efeito estufa no
mundo, com metas de redução não homogêneas, sugerindo níveis variados de reduções para
cada realidade e particularidades existentes nas nações. Apesar de ter sido aprovado em 1997,
o Protocolo só entrou em vigor em 2005, com a adesão da Rússia.
Qual é a situação do Protocolo de Kyoto hoje?
Passados 15 anos desde que entrou em vigor, o Protocolo de Kyoto teve avanços bem tímidos
e não resolveu a problemática no longo prazo.
Apesar das emissões dos países industrializados terem caído 20% em 2012 – índice cinco vezes
melhor do que a meta estabelecida –, houve um aumento de 38% nas emissões globais.
O Protocolo de Kyoto foi um marco para o uso das energias renováveis e motivou
o Encontro de Paris, que ocorreu em 2015. Nesse encontro, quase todos os
países concordaram em limitar o aquecimento global a 2 ºC acima dos níveis pré-
industriais – índice que ainda não foi atingido.
O planeta Terra continua sofrendo vários abalos em razão do aquecimento
global. O Protocolo de Kyoto foi um avanço, mas ainda há muito a se fazer em
prol da manutenção da vida no mundo.
62
2.1 HISTÓRIA DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO BRASIL
Conforme estudamos na Unidade 1, o Brasil possui altos índices de radiação
solar, em relação aos países europeus, uma vez que o Brasil está localizado próximo a
linha do Equador, e, por consequência, tem alta incidência de radiação solar durante o
dia e pouca variação durante as estações do ano devido ao movimento de translação.
63
3 EFEITO FOTOVOLTAICO
A energia fotovoltaica é considerada a energia produzida por meio da conversão
direta da luz em eletricidade, através do fenômeno chamado efeito fotovoltaico.
Quando a luz ou a radiação eletromagnética do Sol incide sobre uma célula produzida
com materiais semicondutores, o fenômeno de efeito fotovoltaico ocorre. Em outras
palavras, podemos dizer que o efeito fotovoltaico é a criação de uma corrente elétrica
ou tensão elétrica após a exposição da luz solar.
64
FIGURA 2 – ESTRUTURA MOLECULAR DO SEMICONDUTOR DO TIPO “P” E “N”.
Conforme apresenta a Figura 2, o material P possui menos elétrons, haja visto a pre-
sença de lacunas, dessa forma, é considerado um material positivo. Por outro lado, o material
N, apresenta elétrons em excesso, como pode ser observado a presença de elétron (carga
negativa) adicional ao redor de alguns átomos da estrutura e, portanto, o material é negativo.
65
A Figura 3 apresenta os materiais semicondutores em três situações distintas,
material P e N separados, posteriormente unidos, formando a junção e, por fim, a
junção PN exposta à luz para produzir eletricidade. Quando as camadas estão unidas, o
movimento dos elétrons de uma camada para outra origina um campo elétrico e produz
uma barreira potencial. Quando a célula fotovoltaica não está iluminada, os elétrons e
lacunas ficam presos atrás da barreira potencial.
INTERESSANTE
Aplicações da energia solar: cenários e possibilidades de uso:
• Residências
A energia solar já pode ser utilizada em residências, mesmo que o consumo de energia
elétrica não seja tão alto. A tecnologia já é acessível e existem linhas de crédito específicas,
que possibilitam o parcelamento. A instalação é fácil e rápida, e não é necessário fazer
reformas. Com um sistema fotovoltaico em casa, é possível reduzir em até 95% a conta de
luz e ter mais controle do orçamento doméstico.
• Empresas
Pequenos e grandes negócios também podem se beneficiar muito da energia solar. Os
gastos com energia elétrica podem comprometer uma boa parcela do orçamento, que
poderiam ser investidos em outras áreas. Ter um sistema fotovoltaico reduz drasticamente
a conta de luz – a economia chega a até 95%. Além disso, a empresa se torna mais
sustentável, o que é cada vez mais valorizado pelos consumidores.
Negócios que são muito prejudicados quando há queda de energia – como provedores de
internet e data centers por exemplo – podem ter autonomia energética e garantir a operação
sem riscos. A energia solar também pode alimentar sistemas de monitoramento de segurança.
• Indústrias
Outra aplicação da energia solar é nas indústrias, que costumam ter uma demanda
energética alta. Diversos setores já se beneficiam dessa solução: tecnologia, mecânica,
alimentícia e farmacêutica são alguns exemplos. Os sistemas fotovoltaicos colaboram para
a eficiência energética e reduzem os custos de produção. As indústrias que adotam fontes
de energia renováveis também podem obter certificações, que ajudam a adquirir recursos
e aumentam a competitividade no mercado.
• Fazendas
Na agricultura e pecuária também há muitas aplicações da energia solar. Algumas
propriedades não têm acesso à rede da concessionária, ou sofrem com instabilidades no
fornecimento de energia. Tanto o sistema on grid (ligado à rede da concessionária) quanto
66
o off grid (desconectado da rede da concessionária, ou seja, sistema isolado) podem ser
utilizados, dependendo do contexto e das necessidades.
A energia solar pode ser utilizada para garantir a iluminação e funcionamento dos
equipamentos. Na agricultura, pode ser aplicada em bombas de água para irrigação,
motores e cortadores. Na pecuária, em sistemas de ordenha e resfriamento do leite.
Além disso, pode servir para alimentar câmeras de monitoramento, o que possibilita
acompanhar a propriedade e a produção. Também fornece energia para rádios outdoor
para prover internet em toda a fazenda, proporcionando conforto para os funcionários, e
obter dados dos sistemas de segurança, das máquinas e equipamentos.
• Veículos
A energia solar também pode ser aplicada em veículos. Food trucks, por
exemplo, podem ter autonomia energética e operar em qualquer lugar com
um sistema fotovoltaico off grid instalado. Também há a possibilidade de utilizar
energia solar em caminhões para alimentar sistemas de monitoramento
veicular de carga. Assim, a carreta possui autonomia energética total, pois
irá consumir energia das baterias do sistema off grid.
4 TIPOS DE CÉLULAS
Existem diferentes tecnologias para a produção de células fotovoltaicas. As
tecnologias fabricadas em larga escala e comercialmente disponíveis no mercado são
constituídas do silício monocristalino, policristalino e filme fino de silício.
Antes de estudarmos com detalhes cada uma dessas células, vamos entender
como o silício é extraído.
67
FIGURA 4 – SILÍCIO (Si)
É importante destacar que o silício bruto é obtido a partir da sílica (SiO2) e esta,
por sua vez, é extraída do mineral quartzo. O Brasil possui grandes reservas de quartzo,
porém importa a elevados custos as células solares para a produção dos painéis solares,
pois nosso país não realiza a purificação e fabricação das células solares.
INTERESSANTE
TECNOLOGIAS DE TRANSFORMAÇÃO DO SILÍCIO
O silício encontrado na natureza, ou melhor, os materiais dos quais se extraem o silício,
necessitam de uma cadeia de tratamento que pode ser demasiada longa dependendo do
objetivo pretendido. O silício para a indústria microeletrônica, por exemplo, necessita de
uma pureza de 99,999999999%, e, portanto, uma grande cadeia de processamento. No
68
entanto, o silício utilizado na indústria fotovoltaica é o silício de grau solar (SiGS) que possui
uma pureza de 99,9999%. A Figura 5, a seguir ilustra a cadeia de purificação do silício para
a fabricação de módulos fotovoltaicos.
Basicamente, o “silício bruto” pode ser obtido a partir da sílica (SiO2), que é encontrada no quart-
zo (que, por sua vez, é abundante no Brasil). Essa sílica necessita de um tratamento de redução
(processo químico) a temperaturas que ultrapassam 1500 graus célsius. O resultado desse
processamento é o silício metalúrgico que ainda possui pouca aplicação na indústria tecnológi-
ca. Após essa primeira parte do tratamento, é necessária mais uma etapa para a obtenção do
silício de grau solar, que já pode ser utilizado na fabricação de células solares. Essa etapa é a
de maior complexidade e pode ser feita através de três processos amplamente conhecidos na
indústria fotovoltaica: processo Siemens, processo Du Pont e processo Czochralski.
O processo Du Pont é o menos utilizado em função de suas dificuldades de realização. Este
utiliza um composto chamado tetracloreto de silício (SiCl4) reagindo com outro gás a uma
temperatura inferior à 1000 graus célsius. O método Czochralski é o mais utilizado para a
obtenção do silício monocristalino cuja pureza é superior à do silício resultante do processo
Siemens. Por consequência disso, esse método é empregado para a produção de silício
para a indústria microeletrônica, sendo, também, utilizado para células fotovoltaicas de alta
eficiência. Por fim, o processo Siemens consiste, basicamente, no aquecimento do silício
metalúrgico juntamente com um gás chamado triclorosilano. O resultado do processo é
um silício de pureza 99,9999999%, ou seja, de uma pureza até superior à pureza que era
requerida para a célula fotovoltaica.
Desse modo, dentre os três processos, o de Siemens e o Czochralski são
os mais utilizados na indústria fotovoltaica, sendo amplamente usado em
países desenvolvidos como China, Alemanha e Japão, que apresentaram um
alto crescimento de sua capacidade fotovoltaica, alcançando juntos mais da
metade do mercado fotovoltaico, sendo que, a China, além fabricar células
solares de alta eficiência, ainda domina amplamente a cadeia ilustrada na
figura acima, já que produz e purifica o próprio silício.
69
Os processos mais utilizados para chegar nesse grau de pureza é o processo
Czochralski, no qual o silício é fundido com uma certa quantidade de dopante (geralmente
é utilizado o boro – material do tipo P). Lingote de silício monocristalino é obtido ao
final desse processo, conforme mostra a figura a seguir, este cilindro possui estrutura
cristalina única e organização molecular homogênea, conferindo aspecto uniforme e
brilhante. Esse cilindro é cortado em fatias finas (com aproximadamente 300 µm), para
produzir os wafers, e, posteriormente, é realizado limpeza das impurezas das fatiais.
Ao final, é depositado na célula uma película metálica em uma das faces e uma
grade metálica em outra face e uma camada de material antirreflexivo na face que irá
receber a luz solar. A Figura 6 apresenta a célula monocristalina (com aspecto azulado
escuro ou preto, dependendo do tratamento antirreflexivo).
70
É importante ressaltar que as células monocristalinas apresentam maiores
eficiências em produtos comerciais, atingindo cerca de 15 a 18%. Essa tecnologia
apresenta alto custo, em função da grande quantidade de material utilizado e a energia
consumida para a fabricação das células solares.
71
FIGURA 8 – DIFERENÇA NA ESTRUTURA DAS CÉLULAS MONOCRISTALINAS E POLICRISTALINAS
72
4.3 FILMES FINOS
A tecnologia dos filmes finos surgiu após a consolidação dos processos de sílico
monocristalino e silício policristalino. Os filmes finos, diferentemente da tecnologia das
células cristalinas, são fabricados por meio da deposição de finas camadas de materiais
(por exemplo, o silício) sobre um substrato que pode ser rígido ou flexível, como, por
exemplo, um vidro, plástico ou metal.
O processo de deposição pode ser realizado por meio de vários métodos, porém
a técnica de vaporização é mais utilizada, que permite que pequenas quantidades
de material sejam utilizadas para fabricar as células, assim evitando desperdício,
diferentemente da produção das células cristalinas, em que ocorre desperdício no
momento do corte dos wafers. Além disso, as temperaturas utilizadas para a produção
das células cristalinas é em torno de 1500 ºC, já na produção dos filmes finos, a
temperatura varia entre 200 e 500 ºC, tornando baixo o custo dessa tecnologia quando
comparada às células cristalinas.
É importante destacar que nessa tecnologia dos filmes finos não há distinção
entre célula e módulo, pois os módulos de filmes finos são formados por uma grande e
única estrutura, conforme mostra a figura a seguir. A vantagem se serem formado por
uma única célula é o fato se serem menos sensíveis aos efeitos do sombreamento, por
exemplo quando uma folha ou árvore produz uma soba sobre o módulo, essa sombra
atinge uma pequena parcela da célula, resultando em uma pequena perda de energia.
Porém, isso não acontece nas células fotovoltaicas produzidas com silício cristalino,
pois a obstrução da luz causa perda maior de energia mesmo uma única célula sendo
atingida por esse sombreamento.
73
Embora, os módulos de filmes finos apresentam custo baixo, essa tecnologia
possui baixa eficiência, quando comparada as células cristalinas. Sendo necessário maior
área de módulos de filmes finos para gerar a mesma energia do que as células cristalinas.
As células produzidas com filmes finos são geralmente classificadas com base
no material utilizado, de acordo com Villalva e Gazoli (2012, p. 72-73):
Em resumo, temos que as células produzidas com filmes finos são geralmente
classificadas em silício amorfo (aSi), silício monocristalino (µSi), telúrio de cádmio (CdTe),
tecnologia CIGS (cobre-índio-gálio-selênio), células solares sensíveis à cor (DSC) e
outras células solares orgânicas.
74
QUADRO 1 – COMPARAÇÃO DA EFICIÊNCIA DAS DIVERSAS TECNOLOGIAS DE CÉLULAS FOTOVOLTAICAS
Eficiência da Eficiência
Eficiência da célula
Tipo de célula fotovoltaica célula em dos módulos
comercial (%)
laboratório (%) comerciais (%)
Silício monocristalino 24,7 18 14
Silício policristalino 19,8 15 13
Silício cristalino de filme fino 19,2 9,5 7,9
Silício amorfo 13 10,5 7,5
Silício microamorfo 12 10,7 9,1
Célula solar híbrida 20,1 17,3 15,2
CIS, CIGS 18,8 14 10
Telureto de cádmio 16,4 10 9
FONTE: Villalva e Gazoli (2012, p. 74)
75
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Em 1877, Richard Adams e o seu aluno, Richard Day, verificaram efeito similar em um
dispositivo de estado sólido produzido com selênio.
• A produção de células solares no Brasil iniciou nos anos 50, no Instituto Nacional de
Tecnologia (INT) e no Centro Tecnológico de Aeronáutica (CTA).
• A partir dos anos 1990, as células fotovoltaicas de silício cristalino foram produzidas
para serem testadas no primeiro satélite brasileiro.
• Em 2012, foi definida pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a Resolução
Normativa nº 482/2012, sobre micro e mini geração distribuída.
76
AUTOATIVIDADE
1 A energia fotovoltaica é a energia produzida por meio da conversão direta da luz
em eletricidade, através do fenômeno chamado efeito fotovoltaico. Dentro desse
contexto, disserte sobre o efeito fotovoltaico.
77
a) ( ) O silício policristalino apresenta menor rigor de controle, pois é formado por um
aglomerado de cristais.
b) ( ) A célula policristalina não apresenta nenhuma mancha, diferentemente da célula
monocristalina, que possui manchas em razão dos vários cristais de silício na
estrutura atômica.
c) ( ) A célula policristalina apresenta um formato octogonal, em razão da sua extração
de lingotes cilíndricos.
d) ( ) As células de silício policristalino apresentam eficiências entre 18 e 21%, superiores
às células de silício monocristalino.
78
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
COMPONENTES DE UM SISTEMA
FOTOVOLTAICO
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Daremos prosseguimento aos nossos aprendizados sobre
os sistemas fotovoltaicos. Neste segundo tópico da Unidade 2, a intenção é fazer você
compreender os componentes do painel fotovoltaico, assim como os componentes
do sistema fotovoltaico isolado, além de saber interpretar as curvas características de
corrente, tensão e potência para os módulos fotovoltaicos.
Veremos também algumas regras para instalação dos módulos fotovoltaicos, por
exemplo, como calcular o ângulo de inclinação do módulo em relação ao solo, a altura
da haste de fixação do módulo fotovoltaico, assim como calcular o espaçamento entre
módulo em usinas solares. Acadêmico, o estudo dessa unidade é fundamental para
entendermos os conteúdos do próximo tópico, que irá tratar sobre dimensionamento de
sistemas fotovoltaicos.
79
• Células fotovoltaicas: as células solares são constituídas de materiais semicondutores.
A luz solar, ao chegar nas células, ocorre uma reação no material semicondutor, ou
seja, os elétrons do material se deslocam gerando corrente elétrica.
• Backsheet: traduzindo para o português, significa “parte de trás”, é fabricado em
material plástico, geralmente na cor branca. O objetivo é atuar como isolante térmico
e proteger a célula solar.
• Caixa de junção: a caixa de junção é semelhante a um quadro elétrico do painel
solar, fica situada na parte de trás do painel, sendo responsável por conduzir as
conexões das células para o exterior.
INTERESSANTE
CURVAS CARATERÍSTICAS DE CORRENTE, TENSÃO E POTÊNCIA
Curva IV é o gráfico que relaciona a corrente (I) e a tensão de saída (V) do módulo fotovoltaico.
Já a curva PV, é o gráfico que relaciona a potência (P) e a tensão (V) de saída do módulo. Os
principais pontos da curva são:
81
• A Isc (short circuit – corrente de curto-circuito) é a máxima corrente elétrica que o
módulo pode fornecer.
• O Voc (open circuit – tensão de circuito aberto) é a máxima tensão que o módulo pode
fornecer.
• A Imp (maximum power – corrente de máxima potência) é a corrente que o módulo
fornece quando opera no seu ponto de máxima potência.
• A Vmp (tensão de máxima potência) é a tensão que o módulo apresenta nos seus
terminais quando opera no seu ponto de máxima potência.
• A Pmp (potência de máxima potência) o nome é um pouco redundante e quer dizer
exatamente isso. Em outras palavras, essa é a potência de pico do módulo fotovoltaico.
• A MPP (maximum power point) é o ponto de máxima potência do módulo fotovoltaico.
Encontra-se no joelho da curva IV e no pico da curva PV.
• A condição padrão para se obter as curvas características é definida para radiação de
1000 W/m² (radiação recebida em dia claro e ao meio-dia) e uma temperatura operacional
de 25 °C na célula (pois a eficiência da célula diminui com o aumento da temperatura).
As figuras a seguir ilustram como são medidos os parâmetros Isc e Voc. A corrente de
curto-circuito Isc é medida com um amperímetro, curto-circuitando os terminais de saída
do módulo fotovoltaico. Durante o teste ilustrado na Figura 15, o curto-circuito do módulo
é realizado internamente pelo multímetro (operando no modo amperímetro).
A tensão de circuito aberto Voc, por sua vez, é medida com um multímetro operando no
modo voltímetro, mantendo abertos os terminais do módulo fotovoltaico. Embora estejam
conectados ao multímetro durante o teste, não há corrente passando pelos terminais de
saída do módulo, portanto, dizemos que ele se encontra em circuito aberto (desligado).
82
MEDIDA DA CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO DO MÓDULO COM UM MULTÍMETRO
(NO MODO AMPERÍMETRO)
4 COMPONENTES DO SISTEMA
Um sistema fotovoltaico é classificado de três formas: sistemas isolados, híbridos
e conectados à rede. Todos os sistemas apresentam uma configuração básica, ou seja,
deverá ter uma unidade de controle de potência e uma unidade de armazenamento
conforme mostra a figura a seguir.
84
Em alguns sistemas isolados, não é necessário o armazenamento,
como é o caso da irrigação, no qual toda água bombeada é direta-
mente consumida ou estocada em reservatórios.
• Sistemas Híbridos: Os sistemas híbridos são aqueles que quando
são desconectados da rede convencional, apresentam várias
opções de fontes de geração de energia, como eólica, geração
a diesel, fotovoltaico e entre outros. Os sistemas híbridos são
geralmente utilizados em sistemas de médio a grande porte em
função do número maior de usuários. É importante destacar que,
nesse sistema é necessário um controle de todas as fontes, com
intuito de que haja máxima eficiência na entrega ao usuário.
• Sistemas Interligados a rede: Utilizam grandes número de módulos
fotovoltaicos e não empregam o armazenamento de energia, uma
vez que toda a energia e produzida é entregue diretamente a rede.
O arranjo dos módulos fotovoltaicos é conectado em inversores
(que tem a função de transformar a corrente e tensão contínua
produzida pelos módulos em corrente e tensão alternada) e
posteriormente conduzidos diretamente na rede.
85
5 REGRAS PARA INSTALAÇÃO DOS MÓDULOS
FOTOVOLTAICOS
Na unidade anterior, estudamos alguns fatores que influenciam captação de
luz nos módulos fotovoltaicos, como a latitude do local, movimento de rotação da Terra
(responsável pelo ciclo dia-noite) e movimento de translação.
86
21º a 30º α= latitude + 5°
31º a 40º α= latitude + 10°
41º ou mais α= latitude + 15°
FONTE: Villalva e Gazoli (2012, p. 52)
Para calcular a altura da haste de fixação (z), deve-se levar m conta o ângulo de
inclinação (α) e o comprimento do módulo (L), de acordo com a equação a seguir:
z= L. sen α (4)
Sendo que, para calcular a distância (x), considerada a distância entre a borda
do módulo no solo a barra de fixação, é utilizada a equação a seguir:
x= L. cos α (5)
87
FIGURA 22 – ESPAÇAMENTO ENTRE MÓDULO EM USINAS SOLARES
Para calcular esse espaçamento, de acordo com Villalva e Gazoli (2012, p. 63),
utilizam-se duas estratégias. A primeira estratégia tem o intuito de reduzir as perdas
em razão das sombras, potencializando a eficiência do sistema fotovoltaico. Assim, é
possível empregar a seguinte equação para o espaçamento entre fileiras:
d= 3,5. z (6)
d= 2,25. L (7)
88
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• As células solares são responsáveis por grande parte do custo do painel solar,
representando cerca de 60%.
• Quando realizar a instalação do módulo, sempre que possível, deve orientar a face
do módulo/painel para o norte geográfico, com intuito de maximizar a produção
média de energia.
89
AUTOATIVIDADE
1 Determine a altura da haste de fixação de um módulo solar que possui as dimensões
mostradas na figura a seguir. O módulo será fixado por um suporte apoiado no ponto
médio do seu comprimento, situação também mostrada na figura. Esse sistema será
empregado na cidade de São Paulo.
FONTE: VILLALVA, M. G.; GAZOLI, J. R. Energia solar fotovoltaica: conceitos e aplicações. São Paulo: Érica,
v. 2, 2012.
2 A partir da curva característica corrente versus tensão e potência versus tensão dos
módulos fotovoltaicos, podemos obter vários parâmetros importantes para a análise
dos módulos fotovoltaicos. Dentro desse contexto, ilustre as curvas características
de corrente, tensão e potência e explique cada um dos pontos da curva.
I- Sistema Isolado.
II- Sistema Híbrido.
III- Sistema Interligado a rede.
90
( ) São aqueles que quando são desconectados da rede convencional, apresentam
várias opções de fontes de geração de energia, como eólica, geração a diesel,
fotovoltaico, entre outros.
( ) É utilizado uma forma de armazenar a energia, que pode ser realizado por meio de
baterias.
( ) Utilizam grande número de módulos fotovoltaicos e não empregam o
armazenamento de energia.
a) ( ) I – II – III.
b) ( ) III – II – I.
c) ( ) II – III – I.
d) ( ) II – I – III.
I- Vidro especial.
II- Backsheet.
III- Encapsulante – EVA.
a) ( ) I – II – III.
b) ( ) III – II – I.
c) ( ) II – III – I.
d) ( ) II – I – III.
a) ( ) São responsáveis por armazenar energia para ser utilizada quando o sol não
estiver presente.
b) ( ) O objetivo do controlador de carga é garantir o fluxo de energia entre os módulos
fotovoltaicos e as baterias.
91
c) ( ) Quando a bateria está totalmente carregada, o controlador de carga conecta os
módulos, a fim de evitar sobrecarga das baterias.
d) ( ) Quando a bateria atingir o nível máximo, o controlador de carga interrompe o
fornecimento de energia.
92
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS
FOTOVOLTAICOS
1 INTRODUÇÃO
Agora que já sabemos as principais definições e os principais componentes de
um sistema fotovoltaico, está na hora aprendermos os cálculos de dimensionamento
desses sistemas.
2 DIMENSIONAMENTO
Nesta seção, iremos detalhar, de forma objetiva, os procedimentos necessários ao
realizar o dimensionamento de um sistema que utiliza energia solar fotovoltaica, utilizando,
para isso, os componentes inerentes a esse tipo de sistema, detalhada no tópico anterior.
Com isso em mente, devemos levar em conta, caro estudante, o que será
dimensionado.
LEMBRETE
Caro acadêmico! Você lembra qual é a função da placa e do inversor? Pois bem, a placa
solar será quem fará a conversão da energia luminosa em energia elétrica, enquanto o
inversor é o componente do sistema solar fotovoltaico responsável por receber a energia
elétrica gerada na placa fotovoltaica, e converter a corrente contínua vinda dos painéis
em corrente alternada, para que essa energia possa ser utilizada no funcionamento dos
equipamentos domésticos, conforme ilustrado na figura a seguir.
93
MÓDULO FOTOVOLTAICO DE FILME FINO
Vale ressaltar que essa energia medida é uma relação de potência e tempo,
dessa forma, temos que:
(8)
(9)
94
Assim temos que:
(10)
DICA
Caro acadêmico! Um site especializado que apresenta dados confiáveis
para as mais diversas localidades é o site do Centro de Referência para as
Energias Solar e Eólica Sérgio de S. Brito (CRESESB). Acessando o link https://
cresesb.cepel.br/index.php, indo na aba à esquerda e acessando Potencial
Energético – Potencial Solar, você poderá coletar dados Irradiação solar
diária média mensal e anual, em kWh/m2 dia, para efetuar seus cálculos de
dimensionamento. Legal né?!
Assim, para o cálculo da energia gerada, devemos levar em conta o consumo míni-
mo, uma vez que, mesmo que não seja consumido, o valor mínimo de energia será cobrado:
(11)
95
Para o nosso caso em tela, supondo que estejamos falando de uma ligação
residencial trifásica, então não temos necessidade de dimensionar uma geração de 750
kWh, pois, do mesmo modo, será pago o consumo mínimo de 100 kWh, sendo assim, a
quantidade de energia gerada pelos nossos painéis deverá de:
Assim temos:
2.1.1 Inclinação
A inclinação do painel solar irá influenciar na captação de energia luminosa e,
consequentemente, na geração de energia do painel solar fotovoltaico. O desenho a
seguir ilustra a variação da inclinação da luz do sol ao longo do ano.
IMPORTANTE
Você pode se perguntar, afinal, o que é Latitude e Longitude?
O laboratório de cartografia da UFSM traz uma definição bem interessante:
Para referenciar nossa posição na terra, utilizamos a linha do Equador (horizontal no globo
terrestre) e o Meridiano de Greenwich (vertical em relação ao globo terrestre). Assim, em
termos dessas referências, temos que:
A longitude nada mais é que a distância (horizontal) medida do Meridiano de Greenwich ao
longo da extensão da linha do Equador, a qual é medida em graus (º), variando de 0º a 180º,
seja para leste (E - do inglês East) ou para oeste (W – do inglês West).
Já a latitude é o inverso, toma como referência da distância da Linha do Equador medida ao
longo da extensão do Meridiano de Greenwich, também medida em graus, mas, dessa vez,
variando entre 0º e 90º para o Sul (S) ou para o (N).
Podemos ver essas definições na figura a seguir:
Para seguirmos como exemplo, vamos pegar uma localidade real e retirar as
coordenadas geográficas (latitude e longitude) desse local. Vamos tomar como exemplo
a cidade de Indaial/SC, cidade onde fica localizado o NEAD (Núcleo de Educação a
Distância da UNIASSELVI).
DICAS
Mais uma vez, devemos consultar um site sério, que nos dê informações
coerentes e confiáveis. Você pode acessar essas coordenadas acessando o
próprio Google Maps ®, quando um for uma localidade mais específica.
97
Para a cidade de Indaial/SC, temos que ela está a uma latitude 26º53'52" sul e a
uma longitude 49º13'54" oeste.
Ok, e o que fazer com essa informação? Ora, vamos acessar o site do CRESESB
para retirar os dados de Irradiação solar diária média, conforme figura a seguir.
2.1.2 Rendimento
O Rendimento (ƞ), também denominado coeficiente de desempenho, está associa-
do as perdas energéticas. Não vamos entrar muito a fundo nas causas de perda de desem-
penho, pois, ao final deste tópico, foi separado uma Leitura Complementar que abordará
justamente esse assunto. No entanto, de modo geral, são motivos de perda de rendimento:
Todos esses fatores fazem com que o rendimento do sistema fotovoltaica caia
(>1), sendo assim, irá reduzir a energia gerada. Para o nosso cálculo, iremos tomar como
valor de base, por se tratar de um sistema doméstico (menor, consequente menos
perdas globais de energia), um rendimento de 80%, ou ƞ = 0,8.
98
CHAMADA
Atenção acadêmico! Fique esperto, ao final deste tópico, está disponibilizada
uma Leitura Complementar sobre as Perdas por Mismatch em Sistemas
Fotovoltaicos. Assuntos de extrema importância no que tange a sistemas
fotovoltaicos, sejam eles industriais ou domésticos.
Ficou curioso? Então não deixe de conferir!
ƞ = 0,8
De posse desses valores, substituímos na equação 10. Dessa forma, temos que:
ATENÇÃO
Fique ligado! O valor encontrado para potência foi dado em kW correto?
No entanto, quando estamos falando de sistemas fotovoltaicas, é costume
utilizar a unidade kWp (quilo watt pico), ok?!
(12)
99
Essa potência individual irá depender do painel escolhido. Hoje, no mercado,
temos uma gama de opções de tamanhos e potências, conforme figura a seguir, retirada
de um fornecedor na internet.
Supondo que essas sejam nossas opções disponíveis, por uma questão custo
x projeto, decidimos escolher um painel de 465W. Assim, a quantidade necessária de
painéis, nesse projeto residencial, será de:
Ou seja, a quantidade de painéis necessária será de 16, pois não é possível obter
um valor que não seja inteiro.
ATENÇÃO
Embora no exemplo tenhamos chegado em um valor muito próximo de um
número inteiro, muitas vezes, isso não acontece (ex: Np = 12,4 painéis, onde
escolhemos colocar 13 painéis). Assim, é necessário recalcular sua potência
total gerada com base na potência individual de cada painel multiplicado
pelo número de painéis.
100
2.1.5 Cálculo do inversor
Assim como a variedade de painéis fotovoltaicos, temos, também, diversos
inversores (Figura 26) disponíveis no mercado, com as mais variadas potências.
DICA
Para dimensionar o seu sistema fotovoltaico, veja a indicação de potência
que o fabricante do inversor pretendido recomenda!
101
2.2 DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA ISOLADO
(OFF-GRID)
Para o cálculo do dimensionamento de sistemas isolado, primeiramente, deve-
se levar em conta os equipamentos que serão avaliados, e qual o tipo de corrente
que esses equipamentos utilizam. Caso esses equipamentos sejam alimentados com
corrente contínua, deve-se fazer o uso de um inversor.
Outro ponto importantíssimo que se deve levar em conta é que como o sistema
está fora da rede de energia, obrigatoriamente deve ser levado em conta uma autonomia
para esse sistema, pois haverá dia de pouca luminosidade, o que poderá gerar baixa
produção de energia e, consequente, descarregamento do sistema.
102
2.2.1 Dimensionamento de baterias
No momento do dimensionamento das baterias, devemos levar em conta a
autonomia, citado anteriormente, do nosso sistema. O dimensionamento do banco de
baterias de um sistema off-grid deve considerar:
Para o cálculo da energia armazenada nas baterias (EA), é preciso levar em conta
a autonomia (Aut), a energia que será consumida (EC) e a descarga máxima projetada
para a bateria (dmáx), conforme equação a seguir:
(13)
ATENÇÃO
O fator de descarga máxima das baterias é muito importante, pois, dessa
maneira, será possível a utilização da bateria durante todo o seu período de
vida útil. Descargas maiores que as indicadas pelo fabricante irão ocasionar
em uma severa diminuição da vida útil da bateria, encarecendo o sistema.
103
Além da energia armazenada, devemos calcular a configuração e a capacidade
do banco de baterias, além do número de baterias em paralelo.
104
(14)
(15)
Dessa forma, temos que corrente do banco, do nosso exemplo, será dada por:
(16)
Nesse caso, podemos optar por garantir a necessidade estipulado, com uma
autonomia de 3 dias de 20% de descarga, utilizando 18 baterias, ou, por uma questão de
custo, podemos arredondar para baixo e utilizar 17 baterias em paralelo. Ficaremos com
a primeira opção e utilizaremos 18 baterias em paralelo.
105
Assim, a quantidade necessária de potência para este sistema residencial, para
gerar 6,6 kWh/dia, é de 1,96 kWp.
Assim, supondo que, dessa vez, tenhamos um painel de menor potência, como
um painel de 265 W, temos que:
106
FIGURA 28 – CONFIGURAÇÃO DE 8 PAINÉIS FOTOVOLTAICOS, SENDO 2 CONECTADOS EM SÉRIE E 4
CONECTADOS EM PARALELO
Para o cálculo da corrente máxima fornecida pelo módulo, deve-se olhar o valor
da corrente de curto-circuito, informado pelo fabricante. A corrente máximo produzido
pelo sistema fotovoltaico será dado pelo somatório das correntes de cada módulo, ou
seja, o produto do número de painéis em paralelo (NPP) pela corrente de curto-circuito
(IC), conforme equação a seguir.
(17)
Para o exemplo em tela, consideramos uma corrente de 8,41 A. Assim, temos que:
(18)
107
Sendo assim, temos que:
DICA
Para o cálculo do inversor, deverá ser seguida a mesma lógica para o sistema
on-grid.
108
LEITURA
COMPLEMENTAR
Módulos Fotovoltaicos – Perdas por Mismatch em Sistemas Fotovoltaicos
109
1. Sujeira
Em campo, cada módulo tem sua própria eficiência de produção de energia. Esse
desempenho varia e depende de vários fatores. Dentre eles, a sujeira provocada por folhas
e fezes de animais fará com que o mismatch (diferença da produção de energia) entre os
módulos e aumente todos os anos – resultando em perda de energia do sistema.
2. Poeira
110
Figura 3 – Percentual de perda de energia por mismatch de degradação de módulos
Além disso, quando um módulo com defeito é substituído por um módulo novo,
mesmo que de mesma potência STC, a incompatibilidade é inevitável quando conectado
aos demais módulos. Isso, porque o módulo novo não sofreu os efeitos da degradação,
enquanto os módulos mais antigos sim.
5. Danos de transporte
6. Projeto
111
7. Temperatura
O mismatch térmico, nesse caso, não deve ser confundido com as perdas por
temperatura. A diferença de temperatura entre os módulos pode criar um mismatch de
módulos e causar grandes perdas de energia. No exemplo da Figura 4, a temperatura
diminui de y = 0 m para y = 7,8 m (superior direito) em cerca de 13°C, devido transferência
de calor por convecção [3]. Mesmo um ligeiro gradiente de temperatura dentro de cada
módulo é visível, o que é cerca de 3 - 5°C.
112
É um tipo de mismatch tão corriqueiro que muitas vezes os instaladores e
usuários acreditam ser a única fonte de incompatibilidade possível, o que não é verdade.
10. Nuvens
Resumo da Ópera
Isto significa que, mesmo que um sistema não apresente um sombreamento pro-
vocado por obstáculos presentes no telhado ou por outras edificações vizinhas, nenhum
sistema estará imune às outras fontes de mismatch. A Figura 6 apresenta um sistema
susceptível a pelo menos 9 fontes de mismatch. Você conseguiria enumerar quais são?
113
Módulos fotovoltaicos são conectados em série e paralelo a fim de atender às
exigências relativas à tensão CC e corrente de entrada do inversor. No entanto, em
sistemas tradicionais, a potência total CC em tal arranjo é inferior à soma das potências
nominais individuais de cada módulo. As principais razões são incompatibilidade
estática, estresse ambiental e sombreamento.
Conclusão
114
Portanto, as diferentes tecnologias para reduzir as perdas por sombreamento
parcial e eliminar as perdas por mismatch de módulos fotovoltaicos são:
1. Microinversores
2. Otimizadores de potência
3. Diodo de bypass ativo
FONTE: ECORI. Energia Solar. Módulos Fotovoltaicos – Perdas por Mismatch em Sistemas Fotovoltaicos.
2019. Disponível em:https://bit.ly/3zuL9V2. Acesso em: 5 abr. 2022.
115
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Quanto maior for a inclinação do painel, maior será a geração nos meses de inverno,
em detrimento ao verão.
116
AUTOATIVIDADE
1 Um ponto importante durante o cálculo do dimensionamento, é analisar o tipo de
ligação, em que esta pode ser monofásica, bifásica ou trifásica, pois haverá um custo
de disponibilidade mínimo para uma residência, dependendo do tipo de ligação. Nesse
sentido, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) V – V – F – V.
c) ( ) F – F – V – F.
d) ( ) F – F – V – V.
117
Assinale a alternativa CORRETA:
118
REFERÊNCIAS
BRITO, S. S. Energia solar princípios e aplicações. Centro de Referência para
Energia Solar e Eólica, 2003.
119
120
UNIDADE 3 —
SISTEMAS SOLARES
TÉRMICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar
o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
121
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
QR Code abaixo:
122
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
TIPOS DE COLETORES SOLARES TÉRMICOS
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Daremos início aos nossos aprendizados sobre tipos de
coletores solares térmicos. Neste primeiro tópico da Unidade 3, a intenção é fazer você
compreender e diferenciar o sistema solar térmico do sistema solar fotovoltaico, bem
como entender as vantagens da energia solar térmica.
Acadêmico! Você sabia que o chuveiro é um dos aparelhos que mais consome
energia elétrica? É isso mesmo, e como é bom tomar um banho quente ao final do dia!
Mas, para economizar na conta de energia elétrica, e, ao mesmo tempo, preservar o
meio ambiente, podemos optar pela instalação de sistemas solares para aquecimento
de água. Assim, ao longo deste tópico, também veremos os diferentes tipos de coletores
solares e concentradores solares utilizados nos sistemas de aquecimento solar.
123
Na década de 1990, teve-se um aumento no mercado de sistemas solares
térmicos, em razão da qualidade dos equipamentos e a redução do preço, assim
popularizando os sistemas de aquecimento solar.
FIGURA 1 – COM CADA “m²” DE COLETOR SOLAR INSTALADO, TEM-SE AS SEGUINTES VANTAGENS
124
Dentre as desvantagens desse sistema, temos:
CURIOSIDADE
Aquecedor solar ou sistema fotovoltaico para geração de energia elétrica?
Essa é uma questão bastante importante a ser considerada e uma comparação
interessante de se fazer quando o assunto é o uso do calor do sol para
aquecimento e geração de energia. A primeira coisa a fazer é diferenciar um
do outro, ou seja, qual é a diferença entre os dois?
Os dois utilizam o calor do sol e captação dessa energia através de pla-
cas e painéis solares, que ficam posicionados no telhado da
casa. Contudo, o aquecedor apenas utiliza esse calor para
fazer o aquecimento da água que é transferido para um reservatório
e, assim, utilizado posteriormente. Já o sistema fotovoltaico, utiliza esse
mesmo calor do sol e o transforma em energia elétrica, que é ligada à rede
elétrica e, assim, utilizada como energia comum.
O aquecedor solar é bem mais barato do que um sistema de geração fotovoltaica,
portanto, se a necessidade é apenas o aquecimento da água do chuveiro e
torneiras, creio que o aquecedor já resolva bem e a um custo bem mais baixo.
O sistema fotovoltaico é um pouco mais caro de se instalar, contudo, ele gera
energia que pode ser usada em qualquer aparelho elétrico da casa e não apenas
para resolver um problema pontual do chuveiro ou de torneiras, por exemplo.
Creio que aqui a questão a analisar aqui é financeira. Se você tem condições
financeiras de colocar um sistema fotovoltaico, certamente ele é o melhor
e mais bem aplicado a necessidade geral da casa. Caso contrário, o
aquecedor já ajudará bastante na redução na conta de energia elétrica e
conta com todos os benefícios que foi apontado acima.
125
QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DO SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR (SAS)
Atributo Categorias
Solar com aquecimento auxiliar, somente solar ou pré-aqueci-
Arranjo
mento solar
Circulação Natural (termossifão) ou forçada
Regime Acumulação ou passagem
Armazenamento Convencional, acoplado ou integrado
Alimentação Exclusiva ou não exclusiva
Alívio de pressão Respiro ou conjunto de válvulas
FONTE: ABNT (2020, p. 18)
126
O sistema de circulação forçada (Figura 3) utiliza bombeamento hidráulico,
e, geralmente, são utilizados em piscinas, sistemas com grandes volumes de água,
ou, também, quando o local não é propício para a instalação de circulação natural.
Nesse sistema, o bombeamento hidráulico força a passagem da água pelos coletores
e conduzindo até o reservatório térmico. Esse sistema é automático, apresentando
sensores de temperatura que controlam a circulação de água, por exemplo, quando a
temperatura nos coletores for superior a 5°C, quando comparada ao reservatório térmico,
o termostato ativa a bomba, conduzindo a água quente do coletor para o reservatório, e
a mais fria do reservatório aos coletores. Importante destacar que a caixa d’água deve
ficar acima do reservatório térmico, com uma altura de aproximadamente 15 cm. Além
disso, é fundamental que o reservatório fique próximo dos coletores, a fim de minimizar
as perdas de calor pela tubulação.
ESTUDOS FUTUROS
O sistema de aquecimento solar é composto basicamente por dois elementos
principais, coletores solares e reservatório térmico. No Tópico 2, veremos,
com detalhes, todos os componentes do sistema solar.
127
Armazenamento pode ser dividido em convencional, acoplado ou integrado.
Convencional é quando o reservatório é separado do coletor e localizado a uma certa
distância, acoplado é quando o reservatório está junto do coletor ou muito próximo, e
integrado é quando reservatório e coletor são um único arranjo, ou seja, as funções do
coletor e armazenamento são executadas dentro do mesmo dispositivo.
4 TIPOS DE COLETORES
Coletores solares são dispositivos que absorvem radiação solar e transformam
em energia térmica. Há uma grande variedade de coletores solares no mercado, como
coletores vidrados (que possuem uma cobertura transparente de vidro) e os não
vidrados, ou também chamado de abertos.
128
4.1 COLETOR SOLAR PLANO
O coletor plano é, geralmente, destinado a aquecer água em temperaturas
compatíveis para uso em sanitário e outras aplicações. O coletor plano é constituído de
diversos elementos, conforme mostra a figura a seguir.
129
4.2 COLETOR DE TUBO DE VÁCUO
Coletores solares do tipo tubos de vácuo são utilizados em locais com pouca
radiação solar ou em clima muito frio, ou, ainda, quando existe a necessidade de atingir
temperatura superiores a 100 °C. A diferença desses coletores para os demais é o fato de
apresentarem tubos de vidro transparente e, no seu interior, tubos metálicos, formando
um sistema de isolamento térmico à vácuo, minimizando perdas de calor.
DICAS
Acadêmico, para melhor compreensão do aquecimento solar utilizando
coletor de tubo a vácuo assista ao vídeo: https://bit.ly/3OXdo4r.
130
FIGURA 7 – COLETOR SOLAR NÃO VIDRADO OU ABERTO
DICAS
Acadêmico! Para melhor compreensão do aquecimento solar de piscinas
assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=wi40nZd1jBY.
GABARITO UTILIZADO NO CORTE DAS CAIXAS TETRA PAK (A) E ESQUEMA DE MONTAGEM DO
SISTEMA DE AQUECIMENTO COM O ENCAIXE DAS PEÇAS CORTADAS E PINTADAS NO INTERIOR DAS
GARRAFAS PET (B)
As conexões em tê e os joelhos também foram pintados de preto fosco, para uma maior
absorção do calor solar. Primeiramente, montamos a parte de cima e, com uma cola para
PVC, colamos os tubos e suas conexões. Foram montadas as quatro colunas com o tubo
de PVC com diâmetro de 20 mm e os espaçamentos entre eles com canos de 32mm. Para
o encaixe dos tubos, foram utilizadas conexões em tê e reduções. Logo em seguida, foram
encaixadas as garrafas nos tubos de 22 mm, já com as caixas tetra pak encaixadas com o
lado pintado virado para cima para um melhor aproveitamento do calor solar (figura a seguir).
132
Depois das garrafas já encaixadas, foram colados os outros espaçamentos,
conexões e as reduções do lado de baixo dos tubos. Na parte de cima do
lado direito, encaixamos um tubo de 32 mm o qual tem finalidade de levar
a água fria do galão de 20L para o aquecedor e, do lado direito, foi colocado
um tampão de PVC, para que a água não saia. Já na parte de baixo, no lado
esquerdo, foi colocado um tubo de 32 mm para levar a água já aquecida para
uma torneira. No lado direito, foi colocado outro tampão, também para a água
não derramar. A finalidade dos tampões terem sidos encaixados um do lado
direito na parte superior e o outro na parte esquerda do lado inferior é para
a água circular normalmente em todas as colunas.
FONTE: MARTINS, D. A. et al. Coletor solar feito com materiais recicláveis. VI Jornada
Acadêmica. Anais [...], v. 6, n. 1, 2012. Disponível em: https://www.anais.ueg.br/index.
php/jaueg/article/view/6388. Acesso em: 7 jun. 2022.
5 CONCENTRADORES SOLARES
Existem quatro tipos de configuração que se encaixam nos concentrados
solares: torre solar, concentradores parabólicos, concentrador Fresnel, sistema Stirling.
133
CURIOSIDADE
Israel constrói a maior torre de energia solar do mundo em seu deserto.
Atualmente, a torre Ashalim é a mais alta do mundo em um projeto de energia solar térmica
concentrada (Concentrating Solar Power – CSP). A torre é envolvida por 50.600 espelhos controlados
por computadores e distribuídos por uma área de 3 km². Os espelhos acompanham a movimentação
do sol, fazendo com que a luz solar reflita sobre uma caldeira, localizada no alto de uma torre, durante
o maior período possível do dia.
Localizada nas areias do deserto do Negev, no sul de Israel, a torre possui 250 metros de altura,
semelhante a um prédio de 50 andares. A torre da usina solar de Ashalim retrata o empenho dos
israelenses em prol da produção de energia solar. A intensão é que até 2020 10% da energia do país
seja por meio de fontes renováveis. Atualmente, esse percentual é de 2,5%.
A torre funcionará por meio de radiação solar infravermelha capturada pelos espelhos e refletida
através deles. Dessa maneira, também será criado um processo térmico de vapor, que moverá as
grandes turbinas capazes de gerar energia elétrica limpa, renovável e sustentável. A usina de Ashalim
será capaz de produzir 121 megawatts de energia solar, o suficiente para iluminar 125 mil casas. A
partir daí a emissão anual de 110 mil toneladas de dióxido de carbono será reduzida.
Assim como uma usina de gás ou carvão gera energia através do vapor, a torre terá a mesma capacidade,
no entanto, a energia vinda dela será proveniente do sol e será limpa, isso porque não virá
de combustíveis fósseis, muito prejudiciais ao meio ambiente. Atualmente, existem
somente 10 usinas heliotérmicas com capacidade superior a 121 MW no mundo todo.
A maior delas se encontra no deserto do Mojave, nos Estados Unidos. Chamada de
Ivanpah, a usina foi inaugurada em 2014, com capacidade de 392 MW, possuindo três
torres de 190 metros de altura, que recebem luz de 173.500 heliostatos.
134
O concentrador Fresnel é composto de vários espelhos planos distribuídos ao
redor de um tubo, que tem a função de focalizar os raios solares. Os espelhos devem
se inclinar de acordo com o movimento do Sol, veja que cada espelho tem um ângulo
de inclinação diferente e pode ficar mais próximos um do outro, otimizando a área. A
temperatura do fluído pode chegar a, aproximadamente, 300 °C.
135
FIGURA 12 – SISTEMA STIRLING OU DISCO PARABÓLICO
CURIOSIDADE
Um motor Stirling movido à energia solar utiliza a energia térmica para
aquecer o fluido de trabalho, o qual sofre expansão, realizando um
movimento linear do pistão, que gera um movimento rotacional em um
gerador que produz eletricidade.
136
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Com a crise do petróleo nos anos de 1970, começou a surgir, no Brasil, o sistema de
aquecimento solar.
• O Sistema de Aquecimento Solar (SAS) é classificado (de acordo com a norma NBR
15569 da ABNT) em seis atributos: arranjo, circulação, regime, armazenamento,
alimentação e alívio de pressão.
137
AUTOATIVIDADE
1 Conforme estudamos, a energia solar térmica é uma maneira sustentável e eficiente
de garantir água aquecida sem utilizar eletricidade, no qual os coletores solares
transformam a radiação solar em energia térmica para aquecimento de água em
edificações, ou, também, para o aquecimento de piscinas. Dentro desse contexto,
disserte sobre as vantagens da energia solar térmica.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) F – F – V.
d) ( ) V – V – V.
4 Conforme estudamos neste tópico, o SAS pode ser dividido em vários atributos,
sendo eles :arranjo, circulação, regime, armazenamento, alimentação e alívio de
pressão, de acordo com a norma NBR 15569 da ABNT. Dentro desse contexto, no
que diz respeito ao atributo "armazenamento", classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
138
( ) Armazenamento pode ser dividido em convencional, acoplado ou integrado.
( ) Acoplado é quando o sistema de alimentação de água fria fornece somente para o
SAS.
( ) Integrado é quando reservatório e coletor são um único arranjo.
a) ( ) V – F – V.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) F – F – V.
d) ( ) V – V – V.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) F – F – V.
d) ( ) V – F – V.
139
140
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
COMPONENTES DE UM SISTEMA SOLAR
TÉRMICO
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Daremos prosseguimento aos nossos aprendizados sobre
os sistemas solares térmicos. No tópico anterior, já falamos do conceito de energia
térmica solar e sobre os tipos de coletores.
Neste segundo tópico da Unidade 3, iremos nos aprofundar nos demais com-
ponentes de um sistema solar térmico, para que, no último tópico desta unidade, pos-
samos aprender os cálculos envolvidos no dimensionamento desses sistemas solares.
Este estudo será de fundamental importância para que você possa conhecer os
equipamentos envolvidos em um Sistema Solar Térmico, para que futuramente possa
dimensionar corretamente este tipo de sistema.
1) Coletor(es) solar(es).
2) Reservatório termossolar.
3) Sistema de aquecimento solar.
141
O quadro a seguir apresenta os componentes e suas funções dentro do SAS.
Atributo Categorias
Coletor solar Converter energia solar em energia térmica.
Controlar o funcionamento da motobomba hidráulica do
Controlador diferencial de
sistema de aquecimento solar por circulação forçada e
temperatura
eventualmente possui funções de segurança.
Proteger o sistema contra variações de pressão e
Dispositivo de Expansão
expansão volumétrica durante o funcionamento do SAS.
Dreno Possibilitar o escoamento ou drenagem da água do SAS.
Equipamento auxiliar de
Suprir a demanda térmica complementar do SAS.
aquecimento
Minimizar perdas térmicas dos componentes e acessórios
Isolamento térmico
do SAS.
Motobomba Promover a circulação forçada da água pelo SAS.
Reservatório termossolar Acumular energia térmica na forma de água aquecida.
Equalizar pressões positivas e negativas do SAS e permitir
Respiro
a saída de ar e vapor
Medir a temperatura da água em pontos específicos do
Sensor de temperatura
SAS.
Interconectar os componentes e transportar a água
Tubos e conexões
aquecida.
Válvula de segurança de Aliviar automaticamente a pressão do SAS caso a pressão
pressão máxima seja atingida.
Válvula de retenção Não permitir o movimento reverso da água.
Dispositivo de segurança acionado quando a pressão ou
Válvula de segurança de
a temperatura e pressão ou a temperatura ultrapassam
temperatura e pressão
os valores ajustados.
Dispositivo de segurança acionado pela temperatura
Válvula de segurança de
e projetado para abrir automaticamente, quando esta
temperatura
atingir um valor pré-ajustado.
Válvula eliminadora de ar Permitir a saída de ar do SAS.
Aliviar pressões negativas formadas durante o
Válvula quebra-vácuo
funcionamento do SAS, permitindo a entrada de ar.
FONTE: ABNT (2020, p. 8)
142
FIGURA 13 – ESQUEMA DE SISTEMA TERMOSSOLAR FECHADO PARA ATMOSFERA
3 COLETARES SOLARES
Já falamos bastante sobre os coletares solares no tópico passado, então, vamos
fazer uma breve menção a esse importante componente do SAS, antes de seguirmos.
• Eficiência térmica.
• Características da localidade a ser instalada.
• Compatibilidade de uso.
143
FIGURA 14 – GRÁFICO DA CURVA CARACTERÍSTICA DE EFICIÊNCIA EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE
TEMPERATURA DE TRÊS TIPOS DE COLETORES SOLAR
Vale destacar que cada coletor apresenta uma temperatura máxima, que é
quando atinge a temperatura de estagnação, nesse ponto, a eficiência é igual a zero.
ESTUDOS FUTUROS
Fique tranquilo! No tópico seguinte, abordaremos mais esse assunto, ao
tratar do dimensionamento do SAS.
144
3.1 ORIENTAÇÃO GEOGRÁFICA DOS COLETORES SOLARES
A NBR 15569 (2020) recomenda que os coletares solares sejam instalados
sempre para o norte geográfico (NG), podendo ter um desvio máximo de até 30º,
conforme figura a seguir. Essa configuração visa um melhor aproveitamento da energia
solar térmica durante o ano inteiro.
(1)
145
4 SISTEMA DE ARMAZANEMANTO
Segundo a NBR 15569 (2020), os sistemas de armazenamentos devem ser
capazes de operar nas faixas de temperatura e pressão estipuladas em projeto, bem
como resistência a radiação ultravioleta, quando exposto ao meio.
IMPORTANTE
Além do citado anteriormente, a NBR 15569 (2020) atende às normas
técnicas a seguir:
• ABNT NBR 10185.
• ABNT NBR 16641.
• Além da legislação em vigor.
146
O reservatório apresentado na figura anterior possui internamente uma
resistência elétrica monofásica, blindada com acionamento automático através de
um termostato de temperatura, pré-regulada em 45 °C. Isso se faz necessário para os
períodos de baixa radiação solar, baixas temperaturas ambientes e em dias de consumo
de água quente acima do previsto.
IMPORTANTE
A unidade “mca” significa Metros de Coluna D’água, ou seja, é a pressão exercida por uma
coluna de um metro de altura. Essa é uma medida de pressão muito comum em hidráulica,
conforme ilustra a figura a seguir.
FIGURA ESQUEMÁTICA: 1 M.C.A. EQUIVALE A PRESSÃO QUE UMA QUANTIDADE DE ÁGUA FAZ A
UM METRO DE ALTURA.
Para converter o mca para outras unidades de pressão, que podem ser úteis
em alguns cálculos, podemos usar a relação a seguir:
(2)
147
O sistema de armazenamento é fator crucial no projeto de energia solar
térmica, pois a energia fornecida pelo sol irá variar com o passar das horas, dias, meses
e estações do ano. Dessa forma, é essencial que se tenha um excelente sistema de
armazenamento.
Como vimos, outro ponto para se levar em conta é o tipo de água que se
deseja armazenar, se é potável ou não. Essa observação quanto ao tipo de água se faz
necessária, pois, para água potável, a temperatura armazenada deve atingir, no máximo,
60 ºC, pois, em temperaturas maiores, temos a precipitação do calcário, o que pode
acarretar o entupimento do SAS.
A figura a seguir ilustra bem como funciona a entrada e saída d’água no tanque
de armazenamento. É possível observar que a saída de água quente ocorre da parte
superior do coletor para o tranque de armazenamento, ao mesmo tempo que esse
tanque reabastece o coletor com água fria pela parte de baixo (sistema primário). Já no
sistema secundário, temos o abastecimento de água fria no tanque pela parte de baixo,
vindo, por exemplo, de uma caixa d’água, e temos ainda a saída de água quente para
consumo, da parte superior do reservatório térmico.
148
4.1 ISOLAMENTO DOS RESERVATÓRIOS TERMOSSOLAR
Com o objetivo de suprimir perdas energéticas, os reservatórios dos SAS
devem possuir um bom isolamento térmico. O isolamento dos tanques deve ser feito
em materiais com baixa condutividade térmica (< 0,035 W/m°C), como a espuma de
polietileno ou lã de vidro, possuindo uma espessura de cerca 10 cm nos lados e uma
espessura de 15 cm, no topo e na base do tanque (SOLAR TÉRMICO, 2004).
As taxas de perdas de calor devem ser menores que 2 W/°C. Para efeitos de
comparação, se pegarmos um bom tanque, com uma diferença de temperatura de 35
°C, que possua uma taxa de perda de 1,5 W/°C, e compararmos com um tanque com 3
W/°C, teremos uma perda de cerca de 450 KWh horas por ano. Esse valor corresponde a
uma superfície de coletores adicional de cerca de 1m2 (SOLAR TÉRMICO, 2004). A Figura
22 ilustra o isolamento em reservatório termossolar.
149
5 SISTEMA DE AQUECIMENTO AUXILIAR
Em certos projetos, poderá ser necessário a aplicação de um sistema de
aquecimento auxiliar. Esse sistema tem como objetivo suprir a demanda energética
para o consumo previsto (ABNT, 2020).
IMPORTANTE
No caso do sensor de temperatura para os reservatórios termossolares, visando ao circuito
solar: o sensor deverá ser instalado na parte inferior do tanque, no meio do trocador de calor
do circuito solar, uma vez que permite uma eficiente mudança automática da bomba. Isso
significa que, mesmo que sejam retiradas pequenas quantidades de energia, o sistema tem a
possibilidade de recarregar com energia solar. Se não for possível instalar um sensor submerso
na altura necessária, podem ser utilizados sensores de contacto. Esses sensores não apresen-
tam problemas desde que estejam bem fixos ao tanque. No caso de haver mau contacto entre
o sistema e o sensor, podem existir interferências funcionais no controle do sistema.
FONTE: SOLAR TÉRMICO. Energia solar térmica: manual sobre tecnologia, projecto
e instalação. Disponível em: https://bit.ly/3OYXIxH. Acesso em: 30 abr. 2022.
150
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
151
AUTOATIVIDADE
1 Podemos exemplificar o sistema de armazenamento com um reservatório termossolar,
em que esse reservatório possui a função de armazenar a água quente recebida
pelos coletores solares, e, também, quando for o caso, receber essa água quente
do sistema de aquecimento auxiliar, mantendo-a disponível quente por mais tempo,
com baixa perda de calor.
I- Coletores Solares.
II- Reservatório Térmico.
III- Sistema de aquecimento solar auxiliar.
152
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) I – II – III.
b) ( ) III – II – I.
c) ( ) II – III – I.
d) ( ) II – I – III.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – V – F.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) V – F – V.
153
154
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS SOLARES
TÉRMICOS
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, falamos sobre os diversos componentes de sistema de
aquecimento solar (SAS), quando, entre eles, falamos dos coletores solares, responsáveis
pelo aquecimento da água quente. Falamos também sobre o reservatório termossolar,
que é responsável por armazenar e manter a água quente, com o mínimo de perdas, e,
também sobre o sistema de aquecimento auxiliar.
2 ETAPAS DO DIMENSIONAMENTO
No dimensionamento de um sistema de aquecimento solar, temos como
objetivo determinar a área total necessária de coletores solares com base no volume de
armazenamento necessário para atender à demanda energética do local em questão.
1. Consumo de água.
2. Volume de água do sistema de armazenamento.
3. Área coletora.
4. Fator de correção de inclinação e orientação solar.
155
3 CÁLCULO DO DIMENSIONAMENTO
Para os cálculos de dimensionamento, tomaremos como base o dimensionamento
de uma residência unifamiliar. Outro ponto é que, para esses cálculos, não pode haver
sombreamento sobre os coletores solares. A fração solar considerada será de 70%.
(3)
Onde:
Vconsumo → é o volume total de água quente consumido diariamente, sendo expressa em
litro (L).
Qpu→ é a vazão de utilização do aparelho, expressa em litros por minuto (L/min).
Tu→ é tempo médio de utilização diário do aparelho, sendo expresso em minutos (min).
frequência de uso → é número total de utilizações do aparelho por dia.
O símbolo de somatório (Σ) indica que esse levantamento deverá ser feito
por cada aparelho que consome água quente, seguido do somatório de todos esses
aparelhos, para se obter o volume total de consumo.
A NBR 15569 (2020) recomenda que o Varmazenamento seja maior que pelo menos
75% do Vconsumo.
O Quadro 3 apresenta alguns valores de consumo que podem ser utilizados como
base em cálculos de dimensionamento.
Temperatura
Consumo Consumo Ciclo Diário
Aparelhos de Consumo
Mínimo Máximo (min/pessoa)
em ºC
Ducha de banho 3,0 L/min 15,0 L/min 10 39 – 40
Lavatório 3,0 L/min 4,8 L/min 2 39 – 40
Ducha higiênica 3,0 L/min 4,8 L/min 2 39 – 40
Banheira 80 L 440 L Banho 39 – 40
Pia de cozinha 2,4 L/min 7,2 L/min 3 39 – 40
Lava-louças 20 L 20 L Lavagem 39 – 50
Máquina de lavar roupas 90 L 200 L Lavagem 39 – 50
FONTE: ABNT (2020, p. 40)
157
(5)
(6)
(7)
O valor da Produção Média Mensal de Energia Específica (PMME) pode ser obtido
na Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), que se encontra fixada no
coletor solar, ou, então, pode-se consultar a Tabela de Eficiência Energética do INMETRO,
publicada em seu website (NBR 15569, 2020).
158
(8)
ATENÇÃO
Vale destacar que a NBR 15569 (2020) indica que o ângulo ótimo de inclinação
(βótimo) seja igual à latitude + 10°, como vimos anteriormente.
4 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO
Neste exemplo, ilustraremos o cálculo do dimensionamento de um SAS em uma
residência unifamiliar, localizada em Indaial/SC, conforme as especificações a seguir:
• Três pessoas.
• Orientação geográfica dos coletores solares: 25º Leste.
• Inclinação de instalação dos coletores solares: 20º.
• Consumo de água quente: uma ducha, um lavabo e uma torneira de cozinha.
• Os dados de vazão e tempo de uso serão utilizados, conforme Tabela 3.
• PMEE do coletor solar: 78,5 kKWh/(mês.m2).
• IG de Indaial: 4,21 kWh/(m2.dia) (conforme Figura site da CRESESB).
• Temperatura ambiente: 21,8 ºC.
159
Assim, o primeiro passo é calcular o consumo dos três aparelhos listados: a
ducha de banho, o lavabo e a torneira da pia da cozinha.
Volume de Consumo
1. Consumo da ducha.
160
Aplicando o somatório da equação 3, temos que:
Volume de armazenamento
Demanda energética
Área coletora
161
Sabendo que o ângulo de inclinação , usando como base
a latitude encontrada na Figura 20, temos que . Assim, o cálculo do fator de
correção será igual a:
De posse do fator de correção, pode partir para o cálculo da área coletora, onde:
Portanto, a área coletora, que será a soma das áreas dos coletores instalados,
para esse sistema de aquecimento solar, deverá ser de 6,0 m².
162
FIGURA 24 – ILUSTRAÇÃO DE DISPOSITIVO PARA EVITAR REFLUXO DE ÁGUA QUENTE
Conforme figura anterior, a NBR 15569 (2020) recomenda que a altura mínima
do sifão deverá ser 30 cm, além de o material da tubulação de alimentação de água fria
possuir resistência às condições de pressão e temperatura do SAS, sem isolamento
térmico e com um comprimento mínimo, de, pelo menos, 1,5 m, a partir do dispositivo
de refluxo, em sentido oposto ao fluxo de alimentação.
163
LEITURA
COMPLEMENTAR
ENERGIA SOLAR TÉRMICA: PARTICIPAÇÃO NA MATRIZ ENERGÉTICA E
CONTRIBUIÇÕES SOCIOECONÔMICAS AO BRASIL APÊNDICES ‘A’ E ‘B’
Além disso, a IEA utiliza ainda outra ferramenta, o software T-SOL, e a cidade de
Brasília como referência. Com metodologias diferentes, esses programas computacionais
geraram um intervalo de resultados variando de 600 kWh/ano.m2 a 859 kWh/ano.m2.
Com base nesses resultados, adotou-se o número de 750 kWh/ano.m2 como o número
representativo do setor para coletores fechados. No caso de piscinas, foram utilizados
os programas RETSCREEN e Enerpool Pro, chegando-se a um resultado representativo
de 800 kWh/ano.m2.
164
Uma vez calculada a produção de energia térmica, é possível determinar sua
equivalência elétrica, tanto em termos de energia, quanto em termos de potência
elétrica instalada equivalente, seguindo-se as equações a seguir:
165
O número que passa a ser apresentado é o da Produção Anual Padronizada de
Energia (PAPE)
Essa medida permite a comparação comercial dos coletores solares com base
na sua produção de energia padronizada e estabelece de forma imediata o benefício
gerado pela implantação: energia que será usada como água quente. Sugere-se, ainda,
a possibilidade de se oferecer o produto pelo CS - Custo Solar, onde é feito o cálculo
do investimento total do aquecedor solar completo em R$/kWh ou R$/MWh. Isso é feito
utilizando-se o preço total dividido pela PAPE – Produção Anual Padronizada de Energia,
multiplicado pela vida estimada de uso do equipamento, para a qual se sugere 20 anos:
166
dados meteorológicos típicos de uma cidade de interesse. Dessa forma, para situações
que requeiram maior precisão, recomenda-se que a PAPE seja calculada dessa forma,
assim que a ferramenta esteja disponível para uso das empresas.
Assim, fica claro que essa mudança de paradigma pode ser efetuada facilmente
e que, além de facilitar a avaliação dos consumidores, irá permitir que o setor comunique
de forma mais efetiva à sociedade brasileira a produção energética dos sistemas solares
térmicos (ABRAVA, 2014).
FONTE: Energia Solar Térmica. Metodologia para conversão da produção dos sistemas solares térmicos para
equivalente elétricos. In: Energia Solar Térmica: participação na matriz energética e contribuições so-
cioeconômicas ao Brasil. Apêndice A, p. 17-21, 2015. Disponível em: http://www.ecoa.org.br/wp-content/
uploads/2015/11/energia-solar-termica-publicacao.pdf. Acesso em: 7 jun. 2022.
167
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
168
AUTOATIVIDADE
1 Em sistemas solares térmicos, a energia é captada através de painéis solares,
também denominados coletores solares. Esses sistemas são relativamente simples,
se comparados ao sistema de energia solar fotovoltaico, além de serem sistemas
econômicos e conhecidos de aproveitar o Sol, sendo utilizados em casas, hotéis e
empresas. Com base no exposto, analise as sentenças a seguir:
I- Vconsumo
II- Varmazenamento
III- Qpu
a) ( ) I – II – III.
b) ( ) III – II – I.
c) ( ) II – III – I.
d) ( ) II – I – III.
169
3 A energia solar térmica, também chamada de termossolar, utiliza o calor do sol
diretamente com o objetivo de realizar a captação e transferir o calor para um meio
líquido, como a água. Nesse contexto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:
a) ( ) V – V – V.
b) ( ) V – F – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 A energia solar térmica utiliza o calor do sol diretamente com o objetivo de realizar
a captação e transferir o calor para um meio líquido, como a água. Nesse contexto,
calcule o volume de armazenamento de uma residência que possui quatro pessoas,
utilizando os dados de vazão do Quadro 3 e o valores mencionados a seguir:
5 Muitas vezes, o local de abastecimento não possui materiais com requisitos necessá-
rios para aguentar água a temperaturas elevadas, assim, é preciso evitar o retorno de
água quente para o local de abastecimento de água fria. Como isso deve ser feito?
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REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR 15569 Sistema de
aquecimento de água em circuito direto – Requisitos de projeto e instalação, 2020.
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