Império Britânico
Império Britânico
Império Britânico
O crescimento do Império Alemão e dos Estados Unidos tinham começado a corroer a liderança
econômica do Reino Unido no final do século XIX. Posteriormente as tensões militares e
econômicas entre o Reino Unido e a Alemanha foram as principais causas da Primeira Guerra
Mundial, durante a qual o Reino Unido dependia fortemente sobre o seu império. O conflito
provocou um enorme esforço financeiro na Grã-Bretanha, e, embora o império tivesse alcançado a
sua maior extensão territorial, imediatamente após a guerra, já não era um poder inigualável em
aspectos industriais ou militares. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido viu as suas
colônias no Sudeste da Ásia serem ocupadas pelo Japão, o que danificou o prestígio britânico e
acelerou o declínio do império, apesar da eventual posterior vitória britânica e dos seus aliados. A
Índia, bem mais valioso e populoso do Reino Unido, alcançou a independência dois anos após fim
da guerra.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, como parte de um movimento maior de descolonização
das potências europeias, à maioria dos territórios do Império Britânico foi concedida a
independência, terminando com a devolução de Hong Kong à República Popular da China em
1997. Quatorze territórios permaneceram sob soberania britânica, os Territórios Ultramarinos
Britânicos. Após a independência, muitas ex-colônias britânicas aderiram à Comunidade das
Nações (Commonwealth), uma associação de 53 estados independentes. Quinze países da
Commonwealth compartilham o mesmo chefe de Estado, o rei Carlos III.
História
Foi apenas no século seguinte, durante o reinado de Jaime VI & I, depois da derrota da Armada
Invencível do Império Espanhol, que foi assinado o Tratado de Londres, permitindo o
estabelecimento da colónia da Virginia em 1607. Durante os três séculos seguintes, os ingleses
expandiram o seu império a praticamente todo o mundo,
incluindo grande parte de África, quase toda a América do
Norte, a Índia e regiões vizinhas e várias ilhas ao redor do
mundo.[8]
O seu único revés neste período, forte aliás, será a independência dos Estados Unidos, em 1776.
Esta perda será compensada com o início da colonização da Austrália em 1783 e mais tarde da
Nova Zelândia a partir de 1840, para onde envia inicialmente deportados.[8]
A sua armada mantém-se superior às demais com a Batalha de Trafalgar em 1805, impondo uma
vez mais uma pesada derrota a um adversário. O domínio de novas colónias é constante nesta
altura — Malaca, desde 1795, Ceilão, Trindade e Tobago, em 1802, Malta, Santa Lúcia e Maurícia,
em 1815, depois da derrota napoleónica e do seu bloqueio continental.[8] Singapura é fundada por
Thomas Raffles em 1819. No Canadá regista-se o avanço para oeste, abrindo novas frentes de
colonização, o mesmo sucedendo na Índia, com a exploração do interior do Decão e de Assam,
Bengala, etc.[8]
O século XIX marca o auge do Império Colonial Britânico, cuja expansão económica e humana é
favorecida pelo desenvolvimento do capitalismo financeiro e industrial, bem como pela pressão
demográfica elevada.[8] Por outro lado, marca uma nova administração e gestão da realidade
colonial, com o confronto de diferentes modelos, como o dos missionários protestantes, o dos
investidores privados e o das grandes companhias.[19] Exemplo disto é o governo directo da Coroa
na Índia. Aí, porém, despoletará a primeira grande revolta contra o domínio colonial britânico: a
revolta dos sipais, em 1858, que ditará o fim da Companhia Britânica das Índias Orientais.[8]
Neste último, entre 1899 e 1902, travará a primeira guerra do império, contra os bóers
(descendentes de colonos holandeses estabelecidos desde o século XVII na África do Sul), que se
tornarão autónomos em 1910 (União Sul-Africana).[8]
Este conflito demonstra o desaparecimento gradual dos últimos obstáculos para a plena soberania
das colónias desde o começo da segunda metade do século XIX. Nesse período, é dada autonomia
às colónias de maioria de população europeia, como o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia e as
regiões da África do Sul (Cabo, Orange, Natal e Transvaal), que ganham um estatuto de domínios
(soberania quase total, mas leais à Coroa britânica), respectivamente, em 1867, 1901, 1907 e 1910.
Aliás, já só dependiam da metrópole, até essa data, para assuntos externos e de defesa.[8]
Mapa mostrando a evolução do Império Britânico.
Primeira Guerra
Os temores de guerra entre Grã-Bretanha e Alemanha foram
realizados em 1914 com a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
A Grã-Bretanha rapidamente invadiu e ocupou a maior parte
das colônias ultramarinas da Alemanha na África. No Pacífico,
a Austrália e a Nova Zelândia ocuparam a Nova Guiné Alemã e
a Samoa Alemã, respectivamente. Os planos para uma divisão
pós-guerra do Império Otomano, que havia se juntado à guerra
do lado da Alemanha, foram secretamente elaborados pela
Grã-Bretanha e pela França sob o Acordo Sykes-Picot de 1916.
Este acordo não foi divulgado ao Xarife de Meca, que os
britânicos tentaram encorajar para lançar uma revolta árabe
contra seus governantes otomanos, dando a impressão de que
a Grã-Bretanha apoiava a criação de um Estado árabe
independente.[23]
Sob os termos finais do Tratado de Versalhes, assinado em 1919, o império atingiu sua maior
extensão com a adição de 4 700 000 quilômetros quadrados e 13 milhões de novos súditos.[27] As
colônias da Alemanha e do Império Otomano foram distribuídas às potências aliadas como
mandatos da Liga das Nações. A Grã-Bretanha ganhou o controle da Palestina, Transjordânia,
Iraque, além de partes de Camarões e Togolândia e Tanganica. Os próprios domínios também
adquiriram mandatos próprios: a União Sul-Africana conquistou o Sudoeste Africano (atual
Namíbia), a Austrália ganhou a Nova Guiné, enquanto que a Nova Zelândia ficou com a Samoa
Ocidental. Nauru se tornou um mandato combinado entre Grã-Bretanha e os seus dois domínios
do Pacífico.[28]
Período entreguerras
A mudança da ordem mundial que a guerra
havia trazido, em particular o crescimento dos
Estados Unidos e do Japão como potências
navais e a ascensão dos movimentos de
independência na Índia e na Irlanda, causaram
uma grande reavaliação da política imperial
britânica. Forçada a escolher entre o
alinhamento com os Estados Unidos ou o
Japão, a Grã-Bretanha optou por não renovar Império Britânico em seu pico territorial em 1922
sua aliança japonesa e em vez disso assinou o
Tratado Naval de Washington de 1922, onde a
Grã-Bretanha aceitou a paridade naval com os Estados Unidos. Esta decisão foi fonte de muito
debate na Grã-Bretanha durante a década de 1930, quando governos militaristas tomaram parte
na Alemanha e no Japão, ajudados em parte pela Grande Depressão, pois temia-se que o império
não pudesse sobreviver a um ataque simultâneo das duas nações.[29] A questão da segurança do
império era uma preocupação séria na Grã-Bretanha, pois era vital para a economia britânica.[30]
Segunda Guerra
A declaração de guerra da Grã-Bretanha contra a Alemanha nazista em setembro de 1939 incluiu
as colônias da Coroa e a Índia, mas não abrangia automaticamente os domínios de Austrália,
Canadá, Nova Zelândia, Terra Nova e África do Sul. Todos logo declararam guerra à Alemanha,
mas a Irlanda optou por permanecer legalmente neutra durante a guerra.[31]
Fim do império
Embora a Grã-Bretanha e seu império tenham saído vitoriosos
da Segunda Guerra Mundial, os efeitos do conflito foram
profundos, tanto no país como no exterior. Grande parte da
Europa, um continente que havia dominado o mundo por
vários séculos, estava em ruínas e abrigando os exércitos dos
Estados Unidos e da União Soviética, para os quais tinha sido
deslocado o equilíbrio do poder global.[46] A Grã-Bretanha
estava praticamente falida, só evitando a insolvência em 1946
HMS Cardiff ancorado em Port após a negociação de um empréstimo de 3,5 bilhões de dólares
Stanley no fim da Guerra das com os Estados Unidos,[47] cuja última parcela foi paga em
Malvinas
2006.[48]
Em setembro de 1982, a primeira-ministra Margaret Thatcher viajou a Pequim para negociar com
o governo chinês sobre o futuro do último, maior e mais populoso território exterior britânico,
Hong Kong.[54] Sob os termos do Tratado de Nanquim de 1842, a própria Ilha de Hong Kong havia
sido cedida ao Reino Unido "em perpetuidade", mas a grande maioria da colônia era constituída
pelos Novos Territórios, que tinham sido adquiridos a título de locação por 99 anos em 1898, o que
expirava em 1997.[55][56] Thatcher, vendo paralelos com as ilhas Malvinas, inicialmente pretendia
manter Hong Kong sob controle e propôs a permanência da administração britânica, mas com a
soberania chinesa, o que foi rejeitado pela China. Através de um acordo alcançado em 1984, sob os
termos da Declaração Conjunta Sino-Britânica sobre Hong Kong, se tornou uma região
administrativa especial da República Popular da China, mantendo a sua forma de vida por pelo
menos 50 anos.[57] A cerimônia de entrega em 1997, presenciada por muitas figuras
importantes,[58] como Carlos, Príncipe de Gales,[59] que estava no atendimento, "o fim do
Império".[52][60]
Legado
O Reino Unido mantém a soberania sobre 14
territórios fora das ilhas britânicas, que foram
renomeados os territórios britânicos ultramarinos
em 2002.[61] Alguns são desabitados, exceto por
pessoal militar ou científico transitório; os outros
são auto-governáveis em vários graus e são
dependentes do Reino Unido pelas relações
externas e de defesa. O governo britânico
manifestou a sua disponibilidade em ajudar
qualquer território ultramarino que pretenda Territórios britânicos ultramarinos
avançar para a independência, em que é uma
opção.[62] A soberania britânica dos vários dos
territórios ultramarinos é contestada por seus vizinhos geográficos: Gibraltar é reivindicada pela
Espanha, as Ilhas Malvinas e as Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul são reivindicadas pela
Argentina, e os britânicos do Território Britânico do Oceano Índico é reivindicado por Maurícia e
Seychelles.[63] O Território Antártico Britânico está sujeito a sobreposição de pedidos pela
Argentina e pelo Chile, enquanto muitos países não reconhecem qualquer reivindicação territorial
da Antártica.[64]
A maioria das ex-colônias britânicas são membros da Commonwealth, uma organização não
política, de associação voluntária de membros iguais. Os quinze membros da Commonwealth
continuam a partilhar os seus chefes de Estados com o Reino Unido, a Reinos da
Commonwealth.[65]
As fronteiras políticas desenhadas pelos britânicos nem sempre refletiram etnias ou religiões
homogêneas, contribuindo para conflitos em áreas anteriormente colonizadas. O Império
Britânico também foi responsável por grandes migrações de povos. Milhões de pessoas deixaram
as Ilhas Britânicas, com as populações de colonos fundadores dos Estados Unidos, Canadá,
Austrália e Nova Zelândia, provenientes principalmente da Grã-Bretanha e da Irlanda. As tensões
permanecem entre as populações de colonos brancos desses países e suas minorias nativas e entre
minorias e maiorias nativas assentados na África do Sul e Zimbábue. A colonização britânica da
Irlanda deixou sua marca na forma de dividir as comunidades católica e protestante na Irlanda do
Norte. Milhões de pessoas se mudaram para as colônias britânicas, com um grande número de
indianos que emigram para outras partes do império. Estas incluem as atuais Malásia, Ilhas
Maurício, Fiji, Guiana, Trindade, Quênia, Uganda, Tanzânia e África do Sul. A emigração chinesa,
principalmente a partir do sul da China, levou à criação da maioria chinesa de Singapura e de
pequenas minorias chinesas no Caribe. A demografia do próprio Reino Unido foi alterada após a
Segunda Guerra Mundial, devido à imigração para a Grã-Bretanha a partir de suas ex-colônias.[71]
Em 1967, foi criado o acrônimo CANZUK (uma proposta de união política entre Canadá, Austrália,
Nova Zelândia e Reino Unido), que traria de volta as "partes mais economicamente avançadas do
ex-Império Britânico", de acordo com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.[72]
Ver também
Colonização da Austrália
Neocolonialismo
Revolução Industrial
Conferência de Berlim
Era Vitoriana
Império
David Livingstone
Império colonial
Henry Morton Stanley
Império global
Charles Darwin
Colonização Britânica da África
James Cook
Partilha da África
Commonwealth
Raj Britânico da Índia
História do Reino Unido
Colonização Britânica da América
Ordem do Império Britânico
Treze Colônias
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17. Marshall, pp. 156–57.
18. Dalziel, pp. 88–91.
19. Cf. PASSETTI, Gabriel. "A (re)construção de um império: os britânicos e sua expansão no
século XIX." Link: http://www.fasm.edu.br/interrelacoes/34/001.html[ligação inativa]
20. O'Brien, p. 1.
21. Brown, p. 667.
22. Lloyd, p. 275.
23. Brown, pp. 494–95.
24. Marshall, pp. 78–79.
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26. Lloyd, p. 278.
27. Ferguson 2004b, p. 315.
28. Fox, pp. 23–29, 35, 60.
29. Louis, p. 303.
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Ligações externas
British Empire (http://www.britishempire.co.uk/)
A 'diplomacia das canhoneiras' - Poder Naval OnLine (https://web.archive.org/web/200707011
02042/http://www.naval.com.br/historia/geopolitica_poder_naval/dipl_canhoneiras.htm)
«Quais foram os três maiores impérios da história?» (http://revistaescola.abril.uol.com.br/histor
ia/fundamentos/quais-foram-tres-maiores-imperios-historia-481405.shtml)
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