Agrotóxicos e Meio Ambiente

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Agrotóxicos e meio ambiente

1. Primeiro artigo – revisão de 35 artigos sobre o impacto de agrotóxicos


 Quanto aos impactos ambientais, estes vão desde a modificação da composição
do solo, passando pela contaminação da água e do ar, podendo intervir nos
organismos vivos terrestres e aquáticos, adulterando sua morfologia e função
dentro do ecossistema.
 Vale ressaltar que a mudança no processo produtivo contribuiu para o
desequilíbrio ambiental, provocando impactos e degradação da biosfera. No
meio ambiente os agrotóxicos causam a contaminação do solo, poluição dos
rios, além de persistirem nas cadeias tróficas
 BASSO, C. .; SIQUEIRA, A. C. F. .; RICHARDS, N. S. P. dos S. . Impacts on human health and

environment related to the use of pesticides: An integrative review. Research, Society

and Development, [S. l.], v. 10, n. 8, p. e43110817529, 2021.

2. Legislações relacionadas
 Os relatórios de comercialização de agrotóxicos divulgados pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA (2020) revelam que entre 2010 e 2018
houve um aumento de 43% na quantidade de agrotóxicos comercializados no
Brasil. Foram 384.501,28 toneladas vendidas em 2010 e 549.280,44 em 2018.
Por outro lado, naquele mesmo período de 2010 a 2018, a soma das áreas
cultivadas para as culturas temporárias e permanentes aferidas pelo IBGE (2020)
indica incremento de apenas 20% (65.374.591 hectares cultivados em 2010 e
78.502.422 hectares em 2018). Desta maneira, a quantidade de agrotóxicos
comercializados no Brasil aumentou mais do que o dobro do que cresceu a área
cultivada no país, entre 2010 e 2018.
 Em julho de 2020, na lista das monografias autorizadas, constavam 455
ingredientes ativos de agrotóxicos para uso agrícola e/ou domissanitário no
Brasil, sendo 404 químicos (88,8%) e 51 biológicos (11,2%) (ANVISA, 2020).
Dentre esses 404 ingredientes ativos químicos, pelo menos 121 (30,0%) não
tinham uso permitido na União Europeia.
 20 ingredientes ativos dos agrotóxicos de produtos comerciais mais vendidos no
país em 2018, dentre os 88 produtos da lista divulgada pelo IBAMA (2020),
nove deles constam como uso não autorizado na União Europeia: acefato (o 5º
mais vendido), ametrina (17º), atrazina (4º), carbendazim (15º), clorotalonil
(12º), clorpirifós (13º), metomil (18º), tebutiurom (19º) e tiofanato-metílico
(20º), que totalizaram 97.816,3 toneladas de ingredientes ativos comercializadas
em 2018
 A proibição desses produtos na UE está associada aos efeitos adversos a
humanos e a outros organismos resultantes da exposição aos ingredientes
químicos de agrotóxicos,
 dentre os fabricantes dos agrotóxicos com ingredientes ativos químicos, 63,2%
têm sede na China, 9,8% na Índia e apenas 2,7% têm sede no Brasil;

 Plantas transgênicas se tornaram mais resistentes aos aditivos químicos, o que


exigiu aumento no uso de herbicidas e inseticidas.
 Bombardi (2017), 52% dos agrotóxicos utilizados no Brasil são aplicados em
plantações de soja; 10%, milho; 10%, cana-de-açúcar; e 7%, algodão. Assim,
79% dos agrotóxicos utilizados no país são aplicados naquelas quatro culturas
agrícolas. Sendo que 80% desses produtos não são destinados à alimentação
humana, mas, sim, à alimentação animal ou à produção de commodites
 Sobre pulverização = Anteriormente, Pignati et al. (2007) relataram que em
março de 2006, dois dias depois que as nuvens ou ‘chuvas’ de agrotóxicos
oriundos de pulverizações por aeronaves alcançaram a cidade de Lucas do Rio
Verde (MT), ocorreu a queima ou secamento de plantas da maioria das 65
chácaras de hortaliças e legumes (localizadas em vários bairros da cidade). Os
autores verificaram ainda o processo de secagem da maioria das folhas das
plantas do Horto de Plantas Medicinais (localizado no centro da cidade), no qual
eram mantidas diferentes espécies de plantas medicinais em 180 canteiros
 HESS, Sonia Corina et al. Agrotóxicos: críticas à regulação que permite o
envenenamento do país. Desenvolvimento e meio ambiente, 2021.
3. Os impactos ambientais
 Solo = a contaminação por agrotóxicos causa interferência nos processos
biológicos responsáveis pela oferta de nutrientes. São importantes as
alterações que acometem a degradação de matéria orgânica, causadas
pela morte ou a inativação de invertebrados e microrganismos que
crescem no solo, como é o caso da intervenção no desenvolvimento de
bactérias fixadoras de nitrogênio, que são responsáveis por disponibilizar
esse mineral para as plantas, levando a dificuldades na ciclagem de
nutrientes
 Ambiente aquático = está sujeito à contaminação pelos agrotóxicos por
meio do ar, da chuva e da lixiviação do solo. Nos peixes o efeito dos
agroquímicos causam diminuição significativa da natação e, apesar dos
herbicidas serem comumente utilizados nas lavouras para controle de
plantas invasoras, a presença desses defensivos agrícolas no meio
aquático está se tornando cada vez mais comum, causando redução na
eficiência fotossintética, diminuição do crescimento e morte em algas
marinhas.
 Atmosfera = a poluição por defensivos agrícolas acorre através do
processo de volatização, no qual consiste na translocação de uma
substância presente no solo ou da região superficial das plantas para o ar.
Uma vez na atmosfera, o agroquímico poderá percorrer grandes
distâncias e ser novamente depositado em superfícies por meio do vento
(deposição seca) e/ou por meio da chuva, do orvalho, da neve e da
neblina.
 Insetos = No Brasil, a utilização de defensivos agrícolas nas mais
variadas plantações costuma ser feita de forma livre, contudo, vale
enfatizar que em muitas plantações há a presença de polinizadores, das
quais grande parte é composta especialmente por abelhas. O efeito dos
agroquímicos sobre as abelhas vão desde a dissimetria no formato das
asas, causando alterações nas atividades de voo, até a intoxicação das
larvas, reduzindo a taxa de sobrevivência desses insetos.
 Silva, Mariana Mendes da. A agroecologia enquanto estratégia de
enfrentamento aos impactos ambientais relacionados ao uso de agrotóxicos no
Brasil /Mariana Mendes da Silva. - Vitória de Santo Antão, 2021.
 Além da utilização de forma isolada, é comum a mistura de agrotóxicos,
seja de maneira comercial, seja manipulada pelo próprio agricultor. Esta
última, porém, é a mais preocupante por, geralmente, não ser feita em
concentrações adequadas. Desse modo, aplicações sequenciais da
combinação de agrotóxicos podem apresentar efeito sinergístico,
alterando negativamente a comunidade microbiana do solo, a exemplo de
bactérias
4. Alternativas viáveis
 De tal forma, a “Química Verde” vem como uma nova forma de ser
desenvolver os produtos, além de propor muitas alternativas mais
seguras e sustentáveis. Sendo uma das suas principais metas, reduzir a
poluição, minimizando ou eliminando os impactos do uso de matérias-
primas, reagentes, solventes e qualquer produto químico no meio
ambiente. Em princípio, o melhor conhecimento sobre os sítios de ação
dos agrotóxicos (local onde efetivamente age a molécula) resultou no
desenvolvimento de produtos mais específicos, seletivos e eficazes. Isso
faz com que não se afete organismos não alvo, e que não causam danos
às culturas.
 Uma alternativa seria a utilização de bioinsumos, produtos elaborados à
base de bactérias, fungos, vírus e nematoides (vermes microscópios
geralmente abundantes no solo). Esses compostos atuam exclusivamente
sobre o organismo alvo, aquele que se quer combater, sem impactar
diretamente o meio ambiente e a saúde humana. – Falta investimento
público, mas é mais barato para indústria, pois não precisa importar
insumos. Para o produtor = investimento inicial alto, mas lucro a
longo prazo
 Benefícios a longo prazo incluem a redução da dependência dos
químicos, o aumento da qualidade dos produtos agrícolas e a melhoria da
saúde do solo, evitando o desequilíbrio nutricional e diminuindo a
necessidade de aplicações em massa.
 CUNHA, Gabriel Lima Reis. Agrotóxicos: aplicabilidade, impactos e alternativas
para redução na utilização. 2023.
 Produção biológica = Entre as práticas, estão a proibição do uso de
pesticidas químicos e fertilizantes sintéticos, a rotação de culturas e
limites rigorosos no uso de antibióticos para animais.
5. “Injustiça socioambiental”
 Essa condição de injustiça socioambiental estaria diretamente
relacionada ao sistema de poder político-econômico, onde os grupos
mais poderosos transfeririam certos riscos socioambientais aos grupos
mais frágeis. Esta condição reforçaria a relação entre risco
socioambiental e desigualdade socioeconômica
 Logo, se reconhece a duplicidade de efeitos da utilização de agrotóxicos
que resultou na relação inversa entre eficiência econômica e injustiça
socioambiental. Por isso, o que se deveria buscar seriam sistemas de
controle social, econômico, jurídico e ambiental mais participativos e
justos, visando regular a utilização de agrotóxicos de forma a controlar
os efeitos negativos dessa relação inversa entre eficiência econômica e
justiça socioambiental
 VEIGA, Marcelo Motta. Pesticides: economic efficiency and social and
environmental injustice. Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, n. 1, p. 145, 2007.

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