Bettiol Protecao
Bettiol Protecao
Bettiol Protecao
Wagner Bettiol
Raquel Ghini
Introdução
ambiente e a contam inação da cadeia alim entar com agrotóxicos vem alterando
adequadamente.
Essas pressões têm levado ao desenvolvim ento de sistemas de
conhecim ento de como aplicar o produto, sendo necessária pouca inform ação
sobre a ecologia e a fisiologia de espécies. M uitos estudos de controle biológico
adotam uma abordagem semelhante, onde é enfatizado o encontro entre patógeno-
organismos. Essas com plexas interações são fundam entais para o sucesso do
mas alternativos dão ênfase ao manejo das relações biológicas, como aquelas
nitrogênio ao invés do uso de m étodos quím icos. 0 objetivo é aum entar e sus
invés de reduzir e sim plificar essas interações (National Research Council, 1 989).
m ente, prom ovido diversos problemas de ordem ambiental, com o a contam ina
ção dos alim entos, do solo, da água e dos animais; a intoxicação de agriculto
res; a resistência de patógenos, de pragas e de plantas invasoras a certos
agrotóxicos; o desequilíbrio biológico, alterando a ciclagem de nutrientes e da
ma-se que cerca de 90% dos agrotóxicos aplicados não atingem o alvo, sendo
alguns casos, porque a aplicação foi feita para proteger as plantas contra pragas
ou patógenos que não estão presentes na área, ou seja, são realizadas pulveri
sempre são diagnosticadas {Ghini & Kimati, 200 0). Assim, esses agrotóxicos
continuam a ser aplicados, mesmo tendo sua eficiência com prom etida pela ocor
0 surgim ento de doenças iatrogênica s (as que oco rre m de vid o ao uso de
apresenta baixa eficiência com relação à quantidade de produto que atinge o alvo
dutos que são aplicados em menores quantidades de princípio ativo por área.
A tualm ente, sabe-se que é impossível erradicar patógenos, inse
desse recurso para o processo produtivo. Incorporam -se os e fe ito s positivos das
ocorrem na form a endêm ica. Não ocorrem epidemias que poderiam destruir as
espécies vegetais, haja vista que colocaria em risco a sobrevivência dos patógenos
com a in te rferên cia hum ana, há alteração do equilíbrio da natureza. Uma das
abundante nas p o licu lturas do que nas m onoculturas, além do que vários meca
nism os que dim inuem a ocorrência de doenças operam favoravelm ente na pro
ser cultiva da s em densidades menores, e o espaço entre elas pode ser ocupado
1 989). Efeito sem elhante é obtido com o uso de m ultilinhas, isto é, a m istura de
linhagens a gronom ica m e nte semelhantes, mas que diferem entre si por apresen
no espaço, o aum ento da diversidade no tem po, por meio da rotação de cu ltu
ras, tam bém faz com que os processos biológicos auxiliem a proteção de plan-
84 ----- M éto d o s A lte rn a tiv o s de C o n tro le F itossanitário
plantas. Essa seqüência pode ser usada nos c u ltivo s de inverno, verão e, no
ciclo seguinte as áreas são invertidas para funciona r com o rotação de cultura no
tem po e no espaço. No caso de plantas perenes, esse co nceito pode ser até
mais amplo, cultivando-se diferentes espécies flo re sta is e form ando-se uma
agrofioresta. 0 uso dessa prática, além de trazer vantagens da redução do uso
Nesse caso, precisa-se tam bém utilizar adequadam ente as plantas invasoras,
rentes, como dendê, m ogno, entre outros, e o biológico, pela m ultiplicação e/ou
benefícios agronôm icos e econôm icos, traz benefícios sociais, pois estende a
estação de trab alh o dos em pregados rurais, sendo esse aspecto parte integrante
de sistem as mais su ste n tá ve is, pois muitas dessas tecnologias foram desenvol
ta; emprego em estufas de co rtin as que filtra m determinados com prim entos de
com Cotesia flavipes', co n tro le de num erosas pragas com óleo e extrato de nim
produtos naturais, que podem ser adotadas em sistemas alternativos. Uma análise
adotadas são descritas por Costa & C am panhola (1997). Essas tecnologias con
tes doenças e pragas (Innes, 1995). Porém, os métodos de melhoramento aplicados para a
exemplo, são orientados no sentido de optar por espécies vegetais compatíveis com o
ecológica. Mas, de modo geral, tem-se lançado mão de sementes disponíveis no merca
ventos), cultivo em ambiente protegido, enxertia e poda, entre outros. Nem sempre
plantas. Esses efeitos são amplamente discutidos no livro Soilborne plant pathogens:
com o após transform ação para posterior uso, deve ser considerado como m étodo
gás e liberação de metabólitos, entre eles, antibióticos e hormônios. Assim, quanto mais
adequadas de matéria orgânica pode induzir supressividade por estim ular a atividade
como ácaros, nematóides e artrópodos, como Collembola, que podem ter importante
rios podem atuar como antagonistas de fitopatógenos por com petição por nutrientes,
ação foi 0 aumento da lise de hifas por bactérias e actinomicetos. A atividade predadora
da microfauna, em particular de diversas amebas, também foi aum entada nos solos
com alto teor de matéria orgânica. Os solos conducentes continham amebas simila
solo afetam diretam ente a proteção de plantas está tornando-se evidente com o
uma análise de como foi o controle desde o advento da agricultura até os dias de
hoje, e tentam prever com o será o uso dos m étodos quím icos, físicos, biológi
sobre os demais m étodos durante m uito tem po. Nesse período, provavelm ente,
nalmente. Com o desenvolvim ento dos herbicidas, o co n tro le quím ico rapida
co n tin u e a ser hoje mais im portante do que o cultural e o biológico. Esses auto
tância do co n tro le quím ico, devido principalm ente a m otivos sociais e ambientais.
su b s titu ir o c o n tro le quím ico. Assim , o manejo sustentável das plantas invaso
rápida para a solução dos problemas, porém, os novos produtos serão mais
práticas agrícolas e 2) redesenho dos sistemas agrícolas. A primeira fase vem sendo
cas de aplicação que visem apenas o alvo e conscientização dos consumidores, entre
1989). Devido à com plexidade dessa tarefa, esforços vêm sendo dispendidos por
cho nanico), polinizador da cultura, é essencial para a produção, ele não poderia
gica, isto é, nos focos são aplicados agentes de controle biológico ou fe ito o
no solo entre 3 0 0 e 400kg de N por hectare por ano. Essa leguminosa, além do
soras. Outra praga, a broca do coqueiro, transm issora do anel verm elho, é
controlada exclusivam ente com o uso de ferom ônios. Assim , o sistema tem se
m antido estável.
Os cultivos orgânicos estão se expandindo rapidamente, tanto
M u ita s delas não podem ser reso lvid a s em c u rto espaço de te m p o , em e xpe
tu ra orgân ica tam bé m requer a e s tre ita colaboraçã o entre agrônom os, e c o lo
g is ta s , e s p e c ia lis ta s em so lo s e p ro te ç ã o de p la n ta s e e c o n o m is ta s (van
Bruggen, 2 0 0 1 ).
92 " ' M é to d o s A lte rn a tiv o s de Controle Fitossanitário
ças radiculares são menos severas nos cultivo s orgânicos, enquanto que as doenças
foliares do que das radiculares por meio de m étodos biológicos e culturais, especial
Uma abordagem sistêm ica foi adotada por Gliessman et al. (1996),
rísticas físicas, quím icas e biológicas do solo e o retorno econôm ico ainda de
são fu ndam e n tais para uma m aior com preensão da estrutura e do funcionam en
to dos sistem as de produção em relação ao com portam ento das doenças e das
pragas no cam po e a otim ização dos seus controles. Com o conhecim ento da
lhor a saúde das plantas e não som ente os fatores relacionados às pragas e
Considerações finais
tivo s de cu ltiv o com maior grau de s u s ten ta b ilid ade requer estudos sobre a
dos teores de matéria orgânica do solo e o u tro s fa to re s que perm itam um ade
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