Geografia de Populacao e Povoamento

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A dinâmica da população moçambicana entre 2007 e 2022

Samuel Dionísio Alberto Matavela

CÓDIGO: 708212881

Licenciatura em Ensino de Geografia

Geografia da população e Povoamento

3º Ano

Docente:

Maputo, Junho de 2023


Samuel Dionísio Alberto Matavela

CÓDIGO: 708212881

A dinâmica da população moçambicana entre 2007 e 2022

Trabalho Geografia da população e


Povoamento, a ser entregue ao Instituto de
Educação à Distância da UCM, para
efeitos avaliativos, na cadeira de Geografia
da população e Povoamento

Maputo, Junho de 2023

2
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuaçã Not Subtota
o a do l
máxima tuto
r
Aspectos  Capa 0.5
organizaciona  Índice 0.5
is  Introdução 0.5
Estrutura  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
Introdução  Contextualização 1.0
(indicação clara do
problema)
 Descrição dos 1.0
objectivos
 Metodologias 2.0
adequada ao
objecto do
trabalho
Análise  Articulação e 2.0
discussão domínio do
Conteúdo discurso
académico
(expressão escrita
cuidada,
coerência/ coesão
textual)
 Revisão 2.0
bibliográfica
nacional e
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos 2.0
dados
Conclusão  Contributos 2.0
teóricos práticos
Formatação  Paginação, tipo e 1.0
Aspectos tamanho de letra,
gerais parágrafo,
espaçamento
entre linhas
Referências Normas APA  Rigor e coerência 4.0
bibliográfic 6ª edição em das
as citações e citações/referênci
bibliografia as bibliográficas

Recomendações de melhoria

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4
Índice
Introdução......................................................................................................................3

Objectivos......................................................................................................................3

1.1.1. Geral....................................................................................................................3

1.1.2. Específicos......................................................................................................3

Metodologia...................................................................................................................3

A dinâmica da população moçambicana entre 2007 e 2022..........................................5

Distribuição espacial da população................................................................................7

A estrutura da população...............................................................................................7

Dinâmica da População.................................................................................................9

Natalidade e fecundidade...............................................................................................9

Mortalidade..................................................................................................................10

Variáveis demográficas da cidade de inhambane........................................................14

Consequências do crescimento populacional de Moçambique....................................15

Conclusão.....................................................................................................................18

Referências bibliográficas............................................................................................19

5
Introdução
Com base na análise de dinâmica demográfica das principais cidades moçambicanas,
este artigo identifica e discute as consequências do crescimento demográfico urbano em
Moçambique. Em função da tendência dos principais indicadores demográficos,
nomeadamente, natalidade, mortalidade e migração, segundo os dados censitários
(1997, 2007 e 2017), pretendemos investigar quais são os efeitos da dinâmica
demográfica urbana para as cidades e para o País.
A nossa análise centra-se nas principais cidades de Moçambique. Identificamos como
principais cidades cuja população é superior a 200 000 habitantes. Esta
conceptualização é importante por ser consistente com a realidade das principais
cidades de Moçambique.
O crescimento da população é determinado por três factores: natalidade, mortalidade e
movimentos migratórios. Nesta secção, apresentamos e discutimos a tendência dos
indicadores demográficos associados ao crescimento demográfico urbano,
nomeadamente a fecundidade, a mortalidade e a migração. Os dados foram obtidos dos
censos de 1997 e 2007 e dos resultados preliminares do Censo de 2017. De seguida,
procedemos à análise das consequências do crescimento demográfico urbano na cidade
de Inhambane.

Objectivos

1.1.1. Geral

 Cinhecer a A dinâmica da população moçambicana entre 2007 e 2022

1.1.2. Específicos
 Descrever a dinâmica da população moçambicana entre os anos 2007 a 2022
 Explicar as causas da dinâmica tendo em conta as variáveis observadas
 Descrever as consequências da dinâmica da população no distrito de Inhambane

Metodologia
Para o presente trabalho de campo escolheu-se a pesquisa bibliográfica. A escolha deste
procedimento técnico para esta pesquisa, é justificada pelo facto, da pesquisa
bibliográfica apresentar uma série de vantagens. Primeiramente, há que se considerar
que os documentos constituem fonte rica e estável de dados.

6
Neste sentido, no presente estudo iremos privilegiar o método bibliográfico, que
segundo SEVERINO (2007:122) é “aquele que se realiza a partir de registo disponível,
decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos como livros, artigos,
teses”. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos
analíticos constantes dos textos.

7
A dinâmica da população moçambicana entre 2007 e 2022
Segundo Nazareth (2004), a ciéncia demográfica tem por objecto o estudo científico da
população, medindo e descrevendo a sua dimensão, estrutura e distribuição espacial.
Ocupa-se em saber das mudanças que ocorrem nos elementos que caracterizam o estado
da população bem como a intensidade e direcção dessas mudanças. Ainda de acordo
com o mesmo autor, a demografia preocupa-se em analisar os factores, ou variáveis
demográficas responsáveis pelas variações ocorridas no estado da população, tais como:
natalidade, mortalidade e migração.
No presente capítulo, faz-se uma abordagem em relação à dinâmica da população em
Moçambique. Não sendo objectivo deste trabalho fazer uma análise demográfica
aprofundada do país, são apresentados alguns elementos que caracterizam o estado da
população Moçambicana nos últimos 10 anos.
Os volumes e os ritmos de crescimento da população
A dinâmica do crescimento demográfico é um fenómeno mutável, tanto no tempo como
no espaço. Ela é consequência directa das variáveis micro-demográficas:
natalidade/fecundidade, mortalidade e migrações. Dispondo, ao longo do tempo, de
diversas informações acerca do volume de uma população, a primeira análise que
normalmente é feita consiste no cálculo do ritmo de crescimento que proporciona um
resultado médio anual comparável em
Períodos de diferente amplitude (Nazareth, 2004). São apresentados no quadro e no
gráfico abaixo, o volume da população por sexo, variação e os ritmos de crescimento da
população moçambicana no período 2007-2022.
De acordo com o Quadro 1, podemos concluir o acelerado crescimento da população
Moçambicana. Na década de 2000, a TCAM era de 2,5%. Este crescimento pode ser
explicado pelos elevados níveis de natalidade e pela redução da taxa de mortalidade. No
período 1980-97, o ritmo de crescimento sofreu um abrandamento para cerca de metade
(1,3%). Pelo menos duas razões poderão estar na origem deste fenómeno: a elevada taxa
de mortalidade causada pela guerra civil que teve o seu fim em 1992 e um importante
fluxo migratório para o exterior, em busca de melhores condições de segurança. Com o
fim da guerra, a população refugiada no exterior, sobretudo, nos países vizinhos
(Malawi, Zimbabwe, África do Sul, Suazilândia) regressa ao país contribuindo para um
aceleramento do crescimento da população estimado em 2,8%. Outros factores que

8
estão na origem deste crescimento relacionam-se com o crescimento da taxa de
natalidade e a redução da taxa de mortalidade.

Figura1: Evolução da população total por sexo, variação e taxa de crescimento, 2007-
2022.
Olhando para o crescimento da população a nível de províncias, o gráfico 1 mostra uma
uniformidade da TCAM em todas as províncias do país no período 2007-2022 com
valores significativamente baixos quando comparados com os registados em 1997-2007.
Neste último período regista-se uma grande irregularidade do crescimento da população
pelas províncias observando-se maiores TCAM nas províncias de Niassa, Tete e
Maputo província. Esta situação justifica-se pelo facto de estas províncias serem as que
fazem fronteira com os países vizinhos sendo as mais afectadas pelo fluxo migratório
para o exterior.

9
Figura 2: Taxa de crescimento populacional por província de 2007 a 2017, segundo área
de residência, por província.

Distribuição espacial da população


A distribuição da população, ocupação do espaço ou simplesmente densidade
populacional é entendida como sendo o número de habitantes por quilómetros
quadrados (hab. /km²) ou a forma como a população se encontra distribuída no espaço.
O crescimento da população mundial assim como a sua distribuição foram e continuam
sendo desiguais nos diversos continentes e/ou regiões e em diferentes épocas.
O gráfico 2 mostra que a população Moçambicana está distribuída de forma
relativamente uniforme entre a maioria das províncias, exceptuando Zambézia e
Nampula que são as mais populosas com 38,4% e 38,7% em 2007 e 2017,
respectivamente. A Cidade de Maputo, capital do país, concentra actualmente 5,4%. A
distribuição da população a nível de províncias variou de forma desigual ao longo dos
10 anos (2007 e 2017). Não obstante o registo de crescimento da população em todas as
províncias, destacam-se as províncias de Niassa, Tete e Maputo com crescimentos
assinaláveis superiores a 50%.

A estrutura da população
Em análise demográfica, quando se quer ter uma visão rápida da evolução ou
diversidade das estruturas populacionais, optase por compactar a informação segundo
determinados critérios. O critério mais importante é o da idade, ou seja, concentra-se
num reduzido número de grupos a totalidade da informação, de modo a tornar mais
funcional a análise, daí o nome de grupos Funcionais (Nazareth, 2004). Assim, a
população total, em vez de aparecer dividida em grupos de idades anuais ou
quinquenais, passa a estar dividida em três grandes grupos: 0 -14 anos, 15 – 64 anos e
65 e + anos ou 0 -19 anos, 20 – 59 anos e 60 e + anos.
Após a opção, em grupos funcionais, em função da análise que se quer fazer podemos
proceder a outras divisões, tais como por sexo, activos mais jovens ou menos jovens,
em idade escolar e pré-escolar, em idade do serviço militar, entre outras e, de acordo
com o que se quer, podemos manipular essas informações, transformando-as em
indicadores ou índices-resumo.
Observando os Gráficos 4 e 5 conclui-se que a população do País é predominantemente
jovem, tendo 44,8% e 46,9% (1997 e 2007) idades inferiores a 15 anos. Por sua vez, no

10
mesmo período, a proporção de idosos com idades superiores a 65 anos foi de apenas de
2,9% e 3,1%.
Como se pode observar, o índice de dependência total, indicando a relação entre a
população potencialmente dependente (0 a 14 anos e 65 e mais) e a população em idade
activa (15 a 64 anos), nos dois anos revela maior dependência da população
potencialmente inactiva em relação a potencialmente activa, 90,4% e 99,8% para 1997 e
2007 respectivamente. Contudo, importa referir que estes valores podem não reflectir a
realidade pois, o fenómeno “trabalho infantil” é observável no país. Muitos jovens
(abaixo de 14 anos) encontram-se a trabalhar ora em ajuda a familiares (geralmente nos
trabalhos agrícolas no campo) ou em comércio informal (em vendas ambulatórias nos
centros urbanos). Todos os índices observaram aumento durante o período em análise
com excepção do índice de envelhecimento, percentagem de potencilamente activos e o
índice de tendência que registaram uma redução.

Figura 3: grupos funcionais do pais.


A construção da pirâmide de idade constitui a melhor forma de sintetizar a informação
por idade e sexo. O Gráfico 3 representa a estrutura da população Moçambicana por
idade e sexo do ano 2007. Como se pode observar pelo tipo do gráfico (Acento
Circunflexo), Moçambique apresenta uma configuração típica dos países em
desenvolvimento, o que pressupõe a existência de muitos jovens e poucos idosos,
significando alta taxa de natalidade e reduzida esperança média de vida.

Figura 4: Pirâmide de idade, 2007.

11
Em termos provinciais o comportamento dos três grupos funcionais é uniforme. As
províncias de Niassa, Zambézia e Tete, são as mais jovens pois, a percentagem de
jovem é superior a dos potencialmente activos e idosos. Contrariamente, as restantes
províncias nomeadamente, Cabo Delgado, Nampula, Manica, Sofala, Inhambane, Gaza,
Maputo e Cidade de Maputo observam maior percentagem de população potencialmente
activa. De referir que a Cidade de Maputo foi a que observou maior percentagem
justificando-se por ser a capital nacional que, normalmente, atrai mais imigrantes, quer
internos como externos, na sua maioria jovens mais adultos.

Dinâmica da População
São analisadas as taxas das variáveis micro-demográficas, nomeadamente, a Taxa Bruta
de Natalidade, Taxa Bruta de Mortalidade, Taxa de Mortalidade Infantil e Taxa de
Fecundidade Geral.

Natalidade e fecundidade
A Fecundidade está associada ao modelo de procriação humana, em termos do número
efectivo de filhos em relação às mulheres em idade reprodutiva. Do ponto de vista
demográfico, a análise da fecundidade tenta medir em que grau e como se distribuem os
nascimentos ao longo das gerações femininas em idade fértil. A sua importância está no
facto de que estes vão determinando, conjuntamente com a mortalidade e as migrações,
o crescimento e a estrutura da população.
Importa esclarecer os conceitos de natalidade e fecundidade pois, embora muitas vezes
sejam utilizados como sinónimos, na realidade reflectem aspectos de realidade
demográfica diferentes, ainda que em ambos os casos se reporta aos nascimentos.
Enquanto a natalidade mede a frequência dos nascimentos ocorridos no seio de uma
população no seu todo, a fecundidade identifica a frequência de nascimentos que
ocorrem dentro de um grupo específico da população – a população feminina em idade
de procriar (15 – 49 anos). Por isso, quando se fala de natalidade e fecundidade estamos
perante duas realidades diferentes. A análise da fecundidade tem sido feita recorrendo a
dois indicadores genéricos nomeadamente, a Taxa Bruta de Natalidade e a Taxa Global
de Fecundidade, neste caso, a análise feita será sobre eles que assenta. A Taxa Bruta de
Natalidade indica o número de nascimentos por cada mil habitantes.

Fórmula de cálculo: TBN= ( TotalTotal


de nascimentos
da pop . ) *1000
12
No país, no ano 2006-07 nasceram 42,2 crianças em cada 1000 habitantes contra 44,4
registada no ano 1996-97, significando uma redução em 5%.
Analisando o comportamento deste indicador a nível das 11 províncias do país, o
gráfico 10, mostra haver uma redução do número de nascimentos em todas as
províncias. É de salientar que as reduções não foram significativas. Contudo, as maiores
observaram-se nas províncias do Centro e Norte do país (acima de 10%) em relação às
províncias de Sul com excepção de Inhambane.

Figura 5: taxa bruta de natalidade por província

Mortalidade
A Mortalidade é um fenómeno demográfico que se caracteriza por ser, inevitável, não
renovável e irreversível (Vinuesa et al,1994). É inevitável uma vez que todos os
indivíduos pertencentes a uma geração acabam morrendo; é não renovável porque cada
indivíduo só experimenta o acontecimento uma única vez; e, é irreversível visto que
quem morre nunca mais volta a viver.
Estas são as características que distinguem a mortalidade de quaisquer outros
fenómenos demográficos. Vamos analisar a mortalidade em Moçambique baseando-se
em três indicadores, nomeadamente, Taxa Bruta de Mortalidade, Taxa de Mortalidade
Infantil e Esperança Média de Vida.
A Taxa Bruta de Mortalidade, é simplesmente a razão entre o número de óbitos
ocorridos num ano e a população estimada para meados desse ano. Este indicador,
embora seja de fácil cálculo, tem a desvantagem de ser muito afectado pela estrutura da
população.

Fórmula de cálculo: TBM= ( TotalTotalde obitos


pop )
*1000

13
Moçambique observou no ano 2006-07 uma Taxa Bruta de Mortalidade de 16 por mil
habitantes contra 21,2 registada no ano 1996-97 significando uma redução em 23,8%
durante o período. Não obstante a redução, o país continua apresentar elevadas taxas de
mortalidade, típicas dos países em desenvolvimento, enquadrando-se entre as nações
mais vítimas de doenças infecciosas e parasitárias, praticamente inexistentes no mundo
desenvolvido. A redução observada pode resultar de uma progressiva popularização de
medidas de higiene, da ampliação das condições de atendimento médico, da abertura de
postos de saúde em áreas mais recônditas, das campanhas de vacinação e do aumento da
quantidade e qualidade da assistência médica e do atendimento hospitalar.
No período de 2007- 2022, a redução da Taxa Bruta de Mortalidade seguiu, a nível de
quase todas as províncias o mesmo comportamento que o total nacional com excepção
das províncias de Niassa, Cabo Delgado e Cidade de Maputo que apresentaram um
aumento.

Figura 6: Taxa bruta de mortalidade segundo área de residência, por província

A Taxa de Mortalidade Infantil define-se como a probabilidade de morrer antes de


completar o primeiro ano de vida. Este é um dos indicadores mais adequado para avaliar
o nível de desenvolvimento sócio económico e do estado de saúde duma população.

Fórmula de cálculo: TMI= ( ObitosTotal


de menos de 1 ano de idade
de nascimentos ) *1000
Moçambique é um país cujo nível de desenvolvimento sócioeconómico enquadra no dos
países em desenvolvimento.

14
Apresenta a Taxa de Mortalidade Infantil das mais altas do mundo com 86 por mil
nascimentos em 2009 contra 46 observada no mundo e 80 do continente Africano
(UNFPA, 2009). Contudo, houve uma redução deste indicador em 27,3%
comparativamente ao ano 2007 que registou 118,3 por mil nascimentos (INE_M, 2007).
A melhoria das condições de saúde materno-infantil pode
estar relacionada com a redução que também se observou no período 2007 e 2017 em
cerca de 19%.
No período de 2007 a 2022, a redução da Taxa de Mortalidade Infantil seguiu, a nível
de quase todas as províncias, o mesmo comportamento que o total nacional. com
excepção da Cidade de Maputo que registou um aumento . Este aumento pode estar
relacionado com as más condições de saneamento que caracterizam a Cidade de
Maputo, sobretudo nos
bairros suburbanos. São bairros ocupados de forma desordenada pela população oriunda
de zonas afectadas pela guerra civil sendo propensos às várias doenças com destaque
para a malária e cólera. Por outro lado, embora a Cidade de Maputo apresente boa
qualidade dos serviços das unidades sanitárias em termos de equipamento instalado e
qualidade dos recursos
Humanos em comparação com outras províncias, o número cada vez maior da
população a entrar na urbe «sufoca» a proporção número da população por médico.

Figura 7: Taxa de mortalidade Infantil segundo área de residência, por província


Migrações internas
A informação mais recente sobre as migrações internas é apresentada na tabela dos
valores referentes ao saldo migratório (diferenças entre saídas e entradas), indica que a
província de Maputo apresenta saldos migratórios positivos mais altos que as restantes

15
províncias, particularmente as províncias de Manica, Sofala, Niassa e Nampula, que
também tem balanço migratório positivo. Entretanto, nota-se que as províncias de Gaza
e inhambane perderam a sua população. O porquê desta perda é uma questão que
precisa ser esclarecida.

Tq Aabela- Migração interna por província 2007-2017

Perante este cenário, podem ser colocadas as seguintes questões: quem são as pessoas
que imigram (sexo, idade, habilitações literárias, estado civil, rendimento económico,
etc.). Em que circunstancias saíram? Para onde é que se dirigiram? E que tipos de
rendimentos providenciam para os seus agregados familiares que foram deixados no
lugar de saída?
Considerando as migrações como um factor importante de desenvolvimento, ate que
ponto esta saída de pessoas das províncias de Gaza e inhambane contribui para o
desenvolvimento humano? Será que os agregados familiares dos migrantes destas
províncias estão me melhor condição de vida que os agregados dos não migrantes?
Finalmente, quem são estes migrantes.
Migrações internacionais
Sobre migrações internacionais pouco ou nada se pode dizer uma vez que os dados
disponíveis sobre os moçambicanos no exterior são erráticos e inconscientes.
Recentemente, a embaixada de Moçambique na Bélgica concedeu uma entrevista
interessante, na cidade de Maputo, na qual trouxe alguma informação sobre os
moçambicanos na Diáspora, representando 14,6 por cento da população de
Moçambique, sendo o III recenseamento geral da população. Por pais, ela distribuiu os
moçambicanos da seguinte forma:

16
Tabela: população Moçambicana na diáspora.

Variáveis demográficas da cidade de inhambane

17
Consequências do crescimento populacional de Moçambique
A maioria das publicações sobre urbanização em Moçambique aborda questões relativas
à origem e evolução dos espaços urbanos em Moçambique (Araújo 2012, 2005, 2003;
Jenkins, 2013; Gonçalves, 2016); à questão da evolução dos espaços urbanos em

18
Moçambique (Baia 2011; Costa 2011; Jorge & Melo 2011; e Melo 2013) e ao debate
sobre a natureza dos espaços urbanos em Moçambique e sua diferença em relação aos
espaços rurais (Andersen & Jenkins 2015; Jenkins 2004, 2006; Araújo, 1999).
Todavia, as áreas urbanas em Moçambique correspondem a menos de 1 % da superfície
do País e albergam cerca de 33 % da população. As nossas estimativas mostram que dos
801 590 km2 de área total do País, somente 5000 km2 correspondem a superfície
urbana, ou seja, 0,6 % da superfície total do País.3 Por outro lado, das 23 cidades
moçambicanas, 13 estão situadas em territórios ecologicamente sensíveis, tais como
planícies fluviais e litorais. Portanto, um dos primeiros aspectos a ter em conta é o
impacto do rápido crescimento demográfico no que diz respeito à densidade
demográfica das áreas urbanas estando elas situadas em territórios ecologicamente
sensíveis. Os dados estatísticos indicam que a densidade da população entre as
principais cidades moçambicanas é muito variável. Porém, ela tem vindo aumentar
muito rapidamente, como ilustra o gráfico 4. Entre as cidades com densidades mais
elevadas, destacam- se Maputo e Matola, com mais e 2000 habitantes por km2. As mais
baixas densidades observam-se em Maxixe e Inhambane, com cerca de 500 habitantes
por km2 (INE, 1999, 2009,
2017).

McNamara (1983) argumenta que o principal obstáculo ao desenvolvimento dos países


do Sul Global é a elevada taxa de crescimento demográfico pelos impactos adversos que
resultam da concentração da população sem que sejam criadas as condições necessárias
para uma vida decente. O aumento da densidade demográfica nas cidades
moçambicanas não tem sido acompanhado por um planeamento urbano sistemático

19
(Araújo, 2003; Jenkins, 2006). Em geral, o planeamento urbano é uma prática pouco
comum nas cidades do Sul Global (Cohen, 2004, 2006; Dyson, 2011). Como resultado,
as vantagens associadas aos assentamentos urbanos concentrados são substituídas pelos
desafios que surgem da falta de planificação, da planificação deficiente ou de uma
implementação ineficaz do planeamento urbano. Portanto, na generalidade das cidades
moçambicanas, assiste-se a formas de uso e gestão do solo urbano que tendem a
agudizar as desigualdades socioeconómicas e espaciais, incluindo a degradação do
ambiente urbano (Araújo, 2003).
Assim, o impacto ambiental do crescimento demográfico urbano pode ser um problema
preocupante. No entanto, Schneider et al. (2009) mostram que os impactos resultantes
da expansão de aglomerações e da população urbana, tais como a destruição e
contaminação de ecossistemas, não são os únicos problemas. O modelo de sociedade de
consumo que caracteriza a vida urbana actual implica o uso de recursos naturais, em
particular, os energéticos, em grande escala e a deposição de resíduos resultantes do
consumo crescente. Os autores da obra Limites de Crescimento, Meadows et al. (1992),
também chamaram a atenção para os problemas ambientais associados ao
desenvolvimento da sociedade urbana e de consumo, tendo em conta, especialmente, o
crescimento demográfico e a elevada densificação urbana. Portanto, o rápido
crescimento demográfico urbano em Moçambique e o aumento da densidade
demográfica a ele associado tem e terá o condão de produzir danos ambientais de
enorme magnitude, cujas medidas de contenção ainda estão longe de responder ao
problema, dada a inexistência de medidas de gestão urbanas eficientes. Um exemplo
concreto é a gestão de resíduos sólidos e águas residuais. Nas cidades moçambicanas, os
aterros a céu aberto são a forma comum de tratamento de resíduos sólidos. Quanto às
águas residuais, a maioria são simplesmente descarregadas em terrenos baldios ou
directamente em águas superficiais e no mar sem tratamento prévio (Banco Mundial,
2010). O rápido crescimento urbano e o aumento da densidade demográfica urbana
pressupõem o aumento da quantidade de resíduos sólidos e águas residuais. Na ausência
de medidas eficazes de gestão urbana, as consequências para o ambiente urbano podem
ser catastróficas.

20
Conclusão
Neste trabalho, com base na análise da dinâmica demográfica das províncias
Moçambicanas no geral e particularmente da, pretendíamos discutir as consequências
do crescimento demográfico urbano em Moçambique. É importante notar que persistem
importantes lacunas conceptuais no que diz respeito ao que constituem ou devem
constituir espaços urbanos em Moçambique. Porém, desde a independência do País até
aos dias de hoje a população urbana em Moçambique tem estado a crescer rapidamente.
Este processo, conhecido por transição urbana, implica a passagem de formas de
assentamento disperso e modo de vida campesino para formas de assentamento
concentrado e modos de vida baseados na actividade industrial e nos serviços.
Quer a transição urbana seja acompanhada de prosperidade económica ou simplesmente
de mudanças demográficas, as oportunidades para o desenvolvimento sustentável
urbano dependem, em grande medida, de assegurar o direito à cidade através do
planeamento urbano.
Na África Subsariana estima-se que 75 % do crescimento demográfico urbano é
resultado do crescimento natural e os restantes 25 % da migração (Ezeh et al., 2010).
Estes pressupostos são consistentes com os dados censitários relativos ao crescimento
demográfico urbano em Moçambique. Em outras palavras, nas cidades moçambicanas o
número de nascimentos não apenas supera o número de óbitos, como também é o factor
que mais contribui para o aumento da população urbana. Assim, quer se use a
terminologia de gestão de nascimentos ou de planeamento familiar, no que diz respeito
ao crescimento demográfico urbano, a natalidade é o factor decisivo.

21
Referências bibliográficas
Araújo, M. G. M. (1999). «A cidade de Maputo. Espaços contrastantes: do urbano ao
rural». In: Finisterra: Revista Portuguesa de Geografia, 34(67), pp. 175-190.
Arnaldo, C. (2013). «Fecundidade em Moçambique nos últimos 50 anos: Alguma
Mudança?» In: Arnaldo, C. & Cau. B. (Eds.), Dinâmicas da População e Saúde em
Moçambique. Maputo: CEPSA, pp. 37-60.
Arnaldo, C. & Hansine, R. (2015). «Dividendo demográfico em Moçambique.
Oportunidades e desafios». In Brito, L. de; Castel-Branco, C. N.; Chichava, S.;
Forquilha, S. &.
Rodrigues, C. U. (2019). «Migração, Movimento e urbanização em Angola e
Moçambique». In: IESE (Ed.), Desafios para Moçambique 2018 Maputo: IESE, pp.
449-479.
Raimundo, I. M. & Muanamoha, R. (2013). «A dinâmica migratória em Moçambique».
In: Arnaldo, C. & Cau, B. (Eds.), Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique
. Maputo: CEPSA, p. 173. Disponível em: https://www.researchgate.net/
publication/318702836

22

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