Historia de Saúde Pública No Periodo Bolchevique

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

Curso de Licenciatura em Saúde Pública/2023

II-Semestre

Cadeira de História de Saúde Pública

Tema:

SAÚDE PÚBLICA NA REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE

Maputo, Outubro de 2023


História de Saúde Pública
Trabalho de Pesquisa em Grupo

Tema:

SAÚDE PÚBLICA NA REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE

ESTUDANTES:

Chaida Munira Chande


Cremildo Domingos Tusuaio
Dino Cornélio Aibo
Fernando Simbarove Adamo
Hélder Vasco Tomás DOCENTE:
Shirley Claudina Lucas Muege Dra. Joaquina Cavele

Trabalho de Pesquisa a ser


submetido à Docente da Cadeira
de História de Saúde Pública, para
fins avaliativos

Maputo, Outubro de 2023


ÍNDICE
1 Introdução............................................................................................................................. 3

1.1 Objectivos ..................................................................................................................... 4

1.1.1 Objectivo geral ...................................................................................................... 4

1.1.2 Objectivo específicos ............................................................................................. 4

1.2 Metodologia .................................................................................................................. 4

2 Contextualização da revolução período Bolchevique .......................................................... 5

2.1 Sentimento do povo em relação ao movimento Imperialista ........................................ 5

2.2 Razões para a revolução russa e ascensão dos Bolchevique ........................................ 6

2.2.1 As guerras entre Rússia e Japão ............................................................................ 6

2.2.2 A desigualdade social e maus tratos às classes baixas (Trabalhadores) ................ 6

2.2.3 Existência de organizações e partidos formados clandestinamente ...................... 7

2.3 Sistema de Saúde Publica no âmbito da revolução Russa ............................................ 7

2.3.1 Exigências dos Bolcheviques em relação à Saúde ................................................ 9

2.4 Fases da Revolução Russa .......................................................................................... 10

2.5 Efeitos da revolução Russa ......................................................................................... 11

2.5.1 Áreas nas quais a revolução teve grandes marcos ............................................... 12

2.5.1.1 Aspectos específicos para o Sector da Saúde .................................................. 13

2.5.1.2 Reforma Soviética relativa aos Direitos da Mulher ......................................... 14

2.5.1.3 Elaboração do plano de Saúde no âmbito da revolução Russa ........................ 14

2.6 Reflexão ...................................................................................................................... 15

3 Conclusão ........................................................................................................................... 16

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 17


3

1 Introdução

Pesquisas avançam que a Saúde Pública no período da revolução Bolchevique, teve um marco
significativo para o contexto vivido no sector de Saúde actualmente. A Historiadora (Rosenthal,
2018), classifica a reforma do sector da Saúde no âmbito da Revolução Bolchevique como sendo
o segundo maior tema que estimulava a raiva dos trabalhadores tanto em 1905 quanto em 1917
pelo abismal estado do sistema de saúde na Rússia czarista.

A fonte afirma que a pouca estrutura médica existente era quase que exclusivamente avaliável
somente para as classes proprietárias da elite. Refira-se que no período antes do Bolchevique, a
população vivia uma autêntica opressão por conta do regime monarca/capitalista e autoritário
do Czar, sem qualquer direito ou poder de decisão tanto na esfera política como a assistência
médica.

Segundo (Siqueira, et al., 2019, pp. 22-24), o movimento Bolchevique surge no âmbito do
processo revolucionário por meio do qual a Rússia deixou de ser uma monarquia absolutista
governada pelos czares Romanov e se tornou uma república socialista, a União Soviética. Tal
processo, observou uma reforma total da política no pais, e também serviu de espelho para
diversos países da europa bem como do mundo, que são regulados pelo poder social.

Neste âmbito, o presente trabalho de pesquisa em grupo, enquadrado no plano temático da


cadeira de História de Saúde pública, visa trazer uma compreensão acerca dos momentos que
marcaram a Reforma de Saúde Pública na sequência da revolução Bolchevique.
4

1.1 Objectivos

1.1.1 Objectivo geral

✓ Compreender os fenómenos que marcaram a saúde pública no período da Revolução


russa de outubro de 1917 (Período Bolchevique).

1.1.2 Objectivo específicos

✓ Contextualizar os fenómenos vividos no período da Revolução russa de outubro de 1917


(Período Bolchevique), que afetavam a Saúde Pública;
✓ Descrever os principais movimentos que influenciaram para a reforma do sector de
Saúde;
✓ Analisar a evolução do sector de saúde, considerando a o período antes e depois do
Bolchevique.

1.2 Metodologia

Para elaboração do presente trabalho recorreu-se a Técnica de Pesquisa bibliográfica que


Segundo (GIL, 2008), consiste na consulta de obras científicas já elaboradas e internet,
envolvendo estudos do tipo descritivo que consistem na descrição de informações recolhidas
nas diferentes obras onde cada autor está devidamente referenciado no final do trabalho.
5

2 Contextualização da revolução período Bolchevique


A Revolução Russa datada em 1917, conhecida como o movimento Bolchevique (que em Russo
significa Maioria), foi um movimento revolucionário, cujo estabelecimento dos pilares foi
visivelmente iniciado em 1905, onde existiam manifestações no país que culminaram na tomada
do poder pelos sovietes (Da Costa, Albuquerque, Júnior, & Emerenciano, 2020).

Segundo (Siqueira, et al., 2019, pp. 22-24), foi o processo revolucionário por meio do qual a
Rússia deixou de ser uma monarquia absolutista governada pelos czares Romanov e se tornou
uma república socialista, a União Soviética. Após movimentos operários revolucionários
ocorridos no contexto da desastrosa participação russa na Primeira Guerra Mundial, o governo
czarista foi deposto e em seu lugar foi construída a União Soviética.

2.1 Sentimento do povo em relação ao movimento Imperialista

Antes da revolução a maior fonte de renda era agrário, “feudal”, dominado por clero (Igreja
Ortodoxa), nobreza e czares (imperadores). Segundo (Rosenthal, 2018), nesse período era
vivido um movimento capitalista incipiente, sobrepujado por relações feudais pré-capitalistas,
todas elas sob a autocrática mão de ferro da monarquia czarista. Os camponeses e os operários,
não possuíam nenhum direito, nem no trabalho, nem em seus lares e tão pouco na sociedade
civil, e não havia um aparelho institucional construído para prover serviços públicos básicos,
tais como um sistema de saúde, uma seguridade social ou mesmo um auxílio para
desempregados. (Rosenthal, 2018), afirma que o povo vivia uma autêntica opressão, sem
qualquer poder de decisão sobre sua vida e tao pouco sobre o bem da nação.

O segundo o fragmento acima, povo era contra os princípios capitalistas e se revoltava a essas
camadas capitalistas/imperialistas que tinham privilégios sociais enquanto outra camada
passava fome. Somou-se a isso a perda da guerra para o Japão, em 1905. Diante dos grandes
gastos bélicos, a população continuava à míngua. Assim, aconteceu a Revolução de 1905.

Pesquisas revelam que a história do período Bolchevique, é concebida como a prova irrefutável
de um princípio derivado do marxismo, ou seja, de que a libertação das pessoas com deficiências
é impossível sem a libertação de toda a classe trabalhadora e, portanto, que a libertação de toda
a classe trabalhadora é impossível sem a libertação das pessoas com deficiências.
6

2.2 Razões para a revolução russa e ascensão dos Bolchevique

Segundo (Reis, 2017) são avançados 3 aspectos que motivaram a revolução Russa, a saber:

✓ A guerra entre Rússia e Japão (1904-1905);


✓ A desigualdade social e maus tratos para as classes (a dos camponeses, operários,
militares) mais baixas que os monarcas;
✓ Existência de organizações socio políticas e partidos formados clandestinamente.

2.2.1 As guerras entre Rússia e Japão

(Reis, 2017), afirma que a revolução brotou no contexto de uma guerra, a da Rússia contra o
Japão, iniciada em 1904, o que potencializou dramaticamente as tensões e contradições sociais
no interior do Império russo.

2.2.2 A desigualdade social e maus tratos às classes baixas (Trabalhadores)

Segundo (Reis, 2017), cinco actores sociais irromperam no cenário político com reivindicações
e propostas próprias:

✓ Os camponeses e o programa da revolução agrária (distribuição de toda a terra aos


que nela trabalhavam, sem nenhum tipo de indeminização);
✓ Os operários e o programa de direitos sociais e políticos (melhoria das condições de
trabalho no padrão já conquistado pelos trabalhadores europeus e liberdades políticas de
palavra, de manifestação e de organização);
✓ Os soldados e marinheiros com reivindicações de reconhecimento de sua cidadania e
de encerramento da guerra;
✓ As nações não russas com propostas de autonomia e independência (convém recordar
que um pouco mais da metade da população do império era constituída por não russos);
✓ As classes médias que, através de banquetes e comícios, ao estilo do 1848 europeu,
propunham o advento de uma monarquia constitucional ou, os mais radicais, a
proclamação da república.
7

2.2.3 Existência de organizações e partidos formados clandestinamente

Ainda conforme o autor citado anteriormente, os referidos actores sociais não se limitaram a
protestar e a lutar. Criaram também organizações próprias:

✓ Os camponeses, comitês agrários; os operários, sovietes (conselhos) fabris ou urbanos;


✓ Soldados e marinheiros também formaram comitês em navios e unidades militares;
✓ As nações não russas estruturaram assembleias; as camadas médias organizaram uniões
político-sindicais.

Além disso, surgiram à luz do dia partidos políticos formados na clandestinidade.

Para alem dos motivos arrolados acima, (BEZERRA, 2011) avança mais um, que retrata da
morte em janeiro de 1905, um grupo de operários participava de uma manifestação pacífica em
frente ao Palácio de Inverno de São Petersburgo, uma das sedes do governo, com o objetivo de
entregar um abaixo assinado ao czar, pedindo melhorias. Na sequência, A guarda do palácio,
assustada com a multidão, abriu fogo matando mais de mil pessoas. O episódio ficou conhecido
como Domingo Sangrento e provocou uma onda de protestos em todo o país.

O objetivo da sociedade soviética (bolchevique) tende a se diferenciar qualitativamente do


objetivo da sociedade capitalista. Em termos absolutos, à sociedade capitalista corresponde o
objetivo do lucro, o que não ocorre pelo menos no âmbito da concepção sociopolítica, em
relação à sociedade soviética que já em transição ao comunismo, estabelece o plano como a
meta suprema de seu processo de construção de uma nova ordem social, estando aí implicada a
saúde (Da Costa, Albuquerque, Júnior, & Emerenciano, 2020).

2.3 Sistema de Saúde Publica no âmbito da revolução Russa

Conforme (Rosenthal, 2018), a pouca estrutura médica existente era quase que exclusivamente
avaliável somente para as classes proprietárias da elite. O miserável orçamento medico do
estado czarista estava focado todo ele na entrega de serviços pagos de tratamento individuais,
ao invés de um sistema de prevenção social financiado publicamente, o que envolvia garantir
condições dignas sanitárias para o grosso da população, tanto em termos de moradia, trabalhado,
alimentação e água. A fonte afirma que o resultado disso é que a Rússia vivia recorrentes
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epidemias de cólera e tifoide, que matavam centenas de milhares de pessoas. Essas epidemias
acabaram piorando ainda mais durante a Primeira Guerra Mundial.

Dentro das motivações que levaram a revolução, o triste cenário de assistência médica oferta a
classe desfavorecida, por sinal trabalhadora, foi um facto segundo afirma (Sirotkina, 2007).

Os problemas acerca da saúde pública para a população miserável, eram de solução que se
encontrava além da medicina, o que fez com que os médicos se tornassem um dos grupos mais
radicais da intelectualidade. Tornando-se críticos das políticas governamentais sobre saúde
pública, muitos deles se tornaram também críticos do regime. Durante o período, eventos
revolucionários, os médicos culpavam o regime repressivo por destruir a saúde da população”
(Sirotkina, 2007).

Rosenthal, 2018 afirma que dentre os trabalhadores e profissionais que existiam no sistema de
saúde da época, eram geralmente os trabalhadores da saúde e enfermeiras mais desprestigiadas
que tendiam a ser mais radicais politicamente e, consequentemente, mais simpáticos ao
programa bolchevique em prol de um sistema de saúde gratuito, universal e democraticamente
organizado; os médicos, por sua vez, tendiam a ser muito mais conservadores e hostis aos
bolcheviques.

Ainda a fonte afirma que a questão do sistema de saúde tornou-se inevitavelmente política. Por
exemplo, em 1905 um congresso sobre cólera organizado por médicos, resoluções foram
aprovadas em prol de apoio ao chamado revolucionário em prol de sufrágio universal, governo
representativo e liberdades civis básicas.

Segundo (Rosenthal, 2018), a época imperialista na Rússia foi caracterizada pelos seguintes
aspectos tocantes a área de saúde e que ocasionaram a reforma:

✓ Os deficientes, idosos e crianças, não tinham qualquer direito a saúde, sendo, portanto,
deixados a sucumbir;
✓ A saúde mental na época, não era olhada com primazia;
✓ As doenças ocupacionais e as lesões eram características endêmicas do nascente sistema
fabril, que combinava maquinário altamente avançado com praticamente nenhuma
regulação de segurança;
9

✓ Os trabalhadores que perdessem sua capacidade de trabalho devido a lesões corporais


causadas pelas operações produtivas da empresa, não eram compensados, simplesmente
eram descartados;
✓ A saúde materna e infantil principalmente da classe trabalhadora, não tinha nenhum
benefício a assistência humanizada.

2.3.1 Exigências dos Bolcheviques em relação à Saúde

Conforme (Rosenthal, 2018), o povo Russo exigia ao czar que fosse criado:

➢ Um sistema nacional de seguridade social e, em particular, para que se desenvolvesse


um auxílio específico para pessoas deficientes;
➢ Uma demanda para a reforma e extensão de todo o inadequado sistema de saúde; e uma
outra demanda para a liberação da psiquiatria para além das firmes amarras do Estado
policial czarista, bem como a descriminalização de doenças mentais.

Segundo (Navarro, 1977) citado por (Rosenthal, 2018), em resposta a situação, os


bolcheviques explicitamente se dirigiram ao tema numa versão actualizada e revisada de seu
programa partidário. Em contraste com a “ímpia lei” da classe dominante, os bolcheviques
exigiram que qualquer lei deveria incluir um conjunto de princípios radicalmente diferentes e
muito mais extensos:

✓ Primeiro, ela deveria prover assistência a todos os casos de incapacidade, incluindo


idade avançada, acidentes, doenças, morte dos provedores, bem como benefícios para a
maternidade e nascituros;
✓ Em segundo lugar, tal lei deveria cobrir todos os trabalhadores assalariados e suas
famílias;
✓ Em terceiro, os benefícios deveriam ser equivalentes ao total da renda do beneficiado e
de seus familiares e todos os custos deveriam ser arcados pelos empregadores e pelo
Estado;
✓ Por fim, as organizações de seguros deveriam ser colocadas sob um controle
completamente democrático, comandado pelos próprios assegurados.
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Foi um período de intensa disputa, entre o czar e os Bolchevique, desde 1905 ate 1917. Se bem
que as exigências dos bolcheviques eram para o bem da maioria, o povo sabia que a vitória era
certa e valeria a pena o sacrifício.

Segundo (Sigerist, 1937), citado por (Da Costa, Albuquerque, Junior, & Emerenciano,
2020), o sistema de Saúde na Rússia revolucionaria, assim como em vários outros países da
Europa no período Soviético/Bolchevique, eram baseados no Seguro Social, uma primeira e
maior tentativa de organizar a Medicina no país e no mundo.

Historiadora (Rosenthal, 2018), recorreu a obra de (MURPHY, 2007, pp. 50-51), para dizer
que conforme o tempo avançava, formas de controle dos trabalhadores e a propagação de suas
demandas se tornavam cada vez maiores e mais disseminadas. Um olhar para essas demandas
que eram feitas aos gerentes, numa típica metalúrgica de Moscou de três mil trabalhadores em
junho de 1917, pode servir como exemplo:

✓ Criar um espaço permanente para um comitê de trabalhadores e para encontros gerais da


fábrica, palestras e outras actividades culturais;
✓ Trazer ventilação de ar para todos os espaços fechados onde há trabalho produtivo;
✓ Duchas e saunas para ambos os sexos;
✓ Temperatura adequada nas oficinas e nas casas de lavagem durante o inverno;
✓ Em todas as oficinas deve ter uma cafeteria ou um espaço fechado e aquecido;
✓ Fazer toaletes o mais perto possível das oficinas;
✓ Em todas oficinas, deve haver um armário para a roupa dos trabalhadores;
✓ Na oficina de folha de metal e na área de construção, deve haver água quente, pois elas
são mais distantes e inacessíveis devido a natureza contínua do trabalho;
✓ Remédios prescritos por médicos devem ser distribuídos em nossas clínicas locais e, se
as clínicas não tiverem, a fábrica deverá compra-los de outros farmacêuticos.

2.4 Fases da Revolução Russa

A historiadora (BEZERRA, 2011) defende a ocorrência da revolução Russa em duas fases a


saber: a primeira ocorrida em fevereiro, contra o governo do czar Nicolau II, e o segundo, em
outubro.
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Na Revolução de Fevereiro, os revolucionários aboliram a monarquia por meio de um


movimento provisório “o Menchevique” e, na Revolução de Outubro, começaram a implantar
um regime de governo baseado em ideias socialistas.

A Revolução Russa de 1917 marcou um ponto decisivo na história do movimento socialista


mundial e, de fato, na história da humanidade. Foi a primeira vez que um partido revolucionário,
fundado sob os princípios do marxismo, o partido Bolchevique, foi capaz de liderar a maioria
da classe trabalhadora insurgente, derrotar o governo dos capitalistas e latifundiários e instituir
uma forma de governo organizada através da autogestão democrática dos explorados e
oprimidos (Rosenthal, 2018).

Com o desaparecimento do “centro” autocrático, que de algum modo, pode ser assemelhado aos
Estados existentes na Europa, eis que aspirava tudo dominar, e ignorava a noção de cidadania,
inibindo ou reprimindo a vigência de qualquer instituição intermediária (Ferro, 2011).

Segundo (Reis, 2017a) apareceu uma situação nova, inédita na história russa, de dispersão e
disseminação horizontal das referências de poder, como se o Povo ascendesse ao poder. Era já
o momento de grande relevo da voz do povo trabalhista.

2.5 Efeitos da revolução Russa

No final de outubro de 1917, o partido bolchevique havia obtido clara maioria dentre os
operários e camponeses dentro da rede nacional de sovietes, graças ao seu programa de
derrubada do governo provisório. Quase que imediatamente, após ter conduzido a revolução, os
bolcheviques começaram o processo de reformulação de toda a Rússia. É claro que nesses
primeiros e optimistas anos, suas ambições foram muito maiores do que os meios limitados que
o atraso econômico russo lhes fornecia. Ainda assim, esperançosos de que a revolução se
espalharia para os países capitalistas avançados na Europa trazendo consigo a promessa de ajuda
internacional directa e um fim ao cerco econômico organizado pelos mesmos países capitalistas,
os bolcheviques começaram a reorganizar a sociedade numa direcção verdadeiramente
revolucionária.
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2.5.1 Áreas nas quais a revolução teve grandes marcos

Três grandes áreas nas quais a revolução afetou significativamente as mudanças referentes às
deficiências foram: a lei e as políticas; o trabalho e a economia; a saúde e a educação.

Dentro dos primeiros quatro anos da revolução, os bolcheviques deram início a uma enxurrada
de novas leis que codificaram basicamente todas as grandes demandas relacionadas às
deficiências que emanavam dos movimentos de massas das duas últimas décadas. Segundo
(NEWSHOLME; KINGSBURY, 1933, p. 107; RANSOME, 1919, p. 112-117; NAVARRO,
1977, p. 17-18; LENIN, 1917; MCCAGG; SIGELBAUM, 1989, p. 78-79 e 169), citados por
(Rosenthal, 2018), essas demandas incluíam:

✓ A redução da jornada máxima de trabalho para oito horas para a maioria dos trabalhos,
de seis a sete horas para outros e de quatro a seis horas para os mais perigosos.
✓ Cobertura total de seguridade social para todos os trabalhadores, dando conta de todas
as formas de deficiências, independente se a origem dela fosse relacionada ou não ao
trabalho; todas instituições de seguridade deveriam ser administradas directa e
inteiramente pelos próprios assegurados; o seguro para deficiências temporárias deveria
ser integral e válido para todas incapacidades.
✓ Total cobertura de seguridade social para todos e todas, com pensões governamentais
disponíveis para aqueles que estivessem temporariamente ou permanentemente fora da
força de trabalho devido a deficiências, idade avançada, doenças, etc.; as pensões de
seguridade social deveriam ser determinadas apenas a partir do salário base de uma
determinada região, ao invés de se referir aos salários individuais anteriores, ao status
empregatício anterior, ou da própria natureza da condição geradora da deficiência.
✓ O estabelecimento de inspeções de trabalho para todos os locais de trabalho, a serem
eleitos pelos próprios trabalhadores, com o objetivo de proibir a remediar todos aspectos
inseguros e perigosos da produção.
✓ Legalização das ocupações de massas feitas por camponeses, bem como a redistribuição
das antigas propriedades feudais, com a seguinte estipulação a ser escrita no importante
decreto sobre a terra: ‘no caso de uma eventual e temporária invalidez de qualquer
membro de uma comuna no período de dois anos, tal comuna será obrigada a dar
13

assistência ao deficiente durante esse período cultivando coletivamente suas terras até
que ele possa voltar ao trabalho.

Com estes acontecimentos que marcaram a História, (Rosenthal, 2018), afirma que o Governo
Russo foi considerado, no ano de 1918, o primeiro governo do mundo (e um dos poucos mesmo
nos dias de hoje) a ratificar uma constituição federal que mencionava explicitamente, bem como
reconhecia, os direitos civis das pessoas com deficiências, consideradas como componente
integral da sociedade.

2.5.1.1 Aspectos específicos para o Sector da Saúde

Os pesquisadores (Da Costa, Albuquerque, Junior, & Emerenciano, 2020), defendem que o
direito a saúde universal é consequência directa do processo revolucionário russo que atinge
hegemonia no ano de 1917. Afirmam ainda que tal direito surge enquanto uma nova qualidade
de suporte à reprodução social da vida, que surge em uma sociedade revolucionada. Nesse
processo, colocam em evidencia, os zemstvos, que segundo constata Sigerist, exerceram papel
determinante na criação de uma ideia de organização da atenção à saúde. Abaixo seguem
algumas áreas que marcaram a reforma no sector de saúde pelo movimento Bolchevique:

✓ A licença maternidade com pagamento integral e creches gratuitas para todas as


mulheres trabalhadoras pelo menos por dois meses antes e dois meses depois do
nascimento.
✓ Um sistema médico universal e gratuito para todos, incluindo a distribuição gratuita
de remédios, próteses e outros equipamentos de assistência; todos os cuidados médicos
deveriam ser colocados sobre o controle das auto-gestionadas entidades de beneficência
aos doentes, cujo corpo administrativo seria eleito por trabalhadores e pacientes.
✓ Camponeses que tenham idade avançada ou tenham problemas de saúde, estão
permanentemente inválidos e incapazes de cultivar a terra pessoalmente e, portanto,
deverão receber uma pensão por parte do Estado.
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2.5.1.2 Reforma Soviética relativa aos Direitos da Mulher

A constituição soviética estabeleceu que as mulheres tivessem os mesmos direitos que os


homens na vida econômica, pública, cultural e social. Na sequência, (Pinto, 2018, pp. 26-27),
afirma que após a Revolução de Outubro de 1917, Alexandra Kollontai foi a única mulher a
compor o primeiro escalão do governo russo, tornando-se Comissária do Povo do Bem-Estar
Social, cargo que lhe possibilitou a participação efetiva na elaboração das novas leis do Estado
Soviético.

Por meio da mesma mulher, foi legalizado o aborto, podendo ser este clinicamente assistido, e
também a união não legalizada foi reconhecida da mesma maneira que o casamento civil, a
mulher deixou de ser obrigada a adotar o nome do marido, salvo no caso em que assim o
desejasse, podendo então haver uma troca de sobrenomes entre os cônjuges, o divórcio era livre.

Por meio da comissaria, a Prostituição foi legalizada, tendo em conta que apos ter se vencido a
batalha contra a violência baseada no género, agora as mulheres eram induzidas a prostituição,
que antes também era ilegal. Segundo (Pinto, 2018, p. 34), Kollontai aponta para uma sociedade
burguesa hipócrita, em que o casamento monogâmico e cristão é inviolável, ao mesmo tempo
em que é totalmente exercida a prostituição, numa brutal degenerescência psíquica dos seres
envolvidos. Para ela, tanto o casamento e a ideia de posse um do outro quanto a prostituição
fazem parte da crise sexual em que se encontra essa sociedade.

2.5.1.3 Elaboração do plano de Saúde no âmbito da revolução Russa

A revolução Russa, deu espaço a elaboração dos primeiros planos sólidos. Segundo (Paim,
2015), foi na sequência da revolução Russa, que se elaborou o primeiro plano Quinquenal.

O planejamento na perspectiva de acção social encontra-se vinculado ao primeiro esforço na


história da humanidade de implantar uma nova forma de organização da sociedade conhecida
como socialismo, em 1917 na Rússia. Ao se buscar uma outra maneira de alocação de recursos
e de produzir e distribuir bens e serviços com fins igualitários, experimentaram-se mecanismos
substitutivos do mercado pelo Estado, através do planejamento. Assim, foram elaborados os
primeiros planos quinquenais em que o setor saúde era contemplado, particularmente na
previsão da oferta de leitos hospitalares. Posteriormente, com a instalação da União Soviética
15

(ex-URSS), cada República Socialista tinha seu Ministério de Saúde e os planos locais
procuravam se adequar ao plano geral nacional e às condições locais.

Planeamento/Planificação tem muito a ver com a acção, ao contrário do que imagina o senso
comum. Planejamento é compromisso com a acção. Planejar é pensar, antecipadamente, a acção.
É uma alternativa à improvisação. É a oportunidade de usar a liberdade relativa de um sujeito,
individual ou coletivo, para não se tornar uma presa fácil dos fatos, dos acontecimentos e das
circunstâncias, independentemente da sua vontade. Planejamento implica acção, daí ser
considerado um cálculo que precede e preside a acção (Matus, 1996b). Portanto, pensar a acção
é uma tarefa permanente que não existe sem a acção, mas não se mistura com ela (Ferreira,
1981, p. 58)

2.6 Reflexão sobre as transformações ocorridas no sector da Saúde

De acordo com os fragmentos arrolados, relacionados aos processos de mudanças na


organização da saúde, na transição proposta a partir da Revolução de Outubro na Rússia, serve
como coletânea de evidências materiais, ou, em outros termos, como suporte à análise teórica
que objetiva descobrir, no processo de transição da sociedade capitalista à comunista, o
surgimento de uma organização política da saúde qualitativamente diferente, revolucionária em
relação ao que havia até então no processo de evolução social. A revolução Russa deu luz e
esperança a vários países, e é considerado um óptimo exemplo quanto a materialização das
teorias do Demografo Karl Marx, que foi um grande percursor na defesa da distribuição
igualitária dos recursos em relação a população usuária.

Segundo a socióloga (BARBOSA, 2022), como consequência da revolução Bolchevique, é


possível verificar marcos significativos nos diversos sectores, que incluem a nacionalização do
sector do empresariado, serviços sociais entre outros. A mudança total da política no pais, que
serviu não só para o uso no pais, assim como em vários outros pontos do mundo.

Sector de saúde que antes prestava serviços para gente das primeira e segunda classes, passou a
ser para o publico em geral sistema universal e gratuito. A partir deste momento, a saúde
começou-se a olhar como uma preocupação e compromisso ao mais alto nível político.
16

3 Conclusão

Ficou evidente que após movimentos operários revolucionários ocorridos no contexto da


desastrosa participação russa na Primeira Guerra Mundial, o governo czarista foi deposto e em
seu lugar foi construída a União Soviética em 1918. Trata-se de uma guerra que teve o seu início
em 1914.

Conclui-se com o presente trabalho, que antes da União Soviética, a Rússia conheceu um
movimento discriminadamente capitalista incipiente, sobrepujado por relações feudais pré-
capitalistas, todas elas sob a autocrática mão de ferro da monarquia czarista. Os camponeses e
os operários, não possuíam nenhum direito, nem no trabalho, nem em seus lares e tão pouco na
sociedade civil, e não havia um aparelho institucional construído para prover serviços públicos
básicos, tais como um sistema de saúde, uma seguridade social ou mesmo um auxílio para
desempregados. Facto que condicionou a revolução.

A revolução Bolchevique, já vinha sendo programada mesmo antes do início da I Guerra


Mundial, quando durante a opressão, o pais foi imposto a uma guerra territorial contra Japão,
tendo sido derrotada drasticamente, momento seguido pela morte de mais de 1000 cidadãos que
se fizeram ao palácio a fim de por o abaixo matanças, o evento conhecido pelo Domingo
Sangrento. Agastados com as somáticas situações, começaram-se a criar organizações
clandestinas, que no final todas perceberam-se todas lutando pela mesma causa. Unidos, lutaram
contra o regime capitalista, e reformularam a Rússia, tornando-a no Primeiro país socialista do
Mundo.

Conclui-se também que diversas políticas delineadas no sector de saúde hoje concretamente em
Saúde Pública, são oriundas deste pais, graças a revelia do povo que lutou pelos seus direitos
que eram brutalmente violados pelos monarcas.
17

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, M. O. (2022). Revolução Russa. Obtido em 17 de Outubro de 2023, de


https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-russa.htm.
BEZERRA, J. (2011). Revolução Russa (1917). Toda Matéria,. o que foi, resumo, fases,
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https://www.todamateria.com.br/revolucao-russa/.
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