Historia de Saúde Pública No Periodo Bolchevique
Historia de Saúde Pública No Periodo Bolchevique
Historia de Saúde Pública No Periodo Bolchevique
II-Semestre
Tema:
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ESTUDANTES:
3 Conclusão ........................................................................................................................... 16
1 Introdução
Pesquisas avançam que a Saúde Pública no período da revolução Bolchevique, teve um marco
significativo para o contexto vivido no sector de Saúde actualmente. A Historiadora (Rosenthal,
2018), classifica a reforma do sector da Saúde no âmbito da Revolução Bolchevique como sendo
o segundo maior tema que estimulava a raiva dos trabalhadores tanto em 1905 quanto em 1917
pelo abismal estado do sistema de saúde na Rússia czarista.
A fonte afirma que a pouca estrutura médica existente era quase que exclusivamente avaliável
somente para as classes proprietárias da elite. Refira-se que no período antes do Bolchevique, a
população vivia uma autêntica opressão por conta do regime monarca/capitalista e autoritário
do Czar, sem qualquer direito ou poder de decisão tanto na esfera política como a assistência
médica.
Segundo (Siqueira, et al., 2019, pp. 22-24), o movimento Bolchevique surge no âmbito do
processo revolucionário por meio do qual a Rússia deixou de ser uma monarquia absolutista
governada pelos czares Romanov e se tornou uma república socialista, a União Soviética. Tal
processo, observou uma reforma total da política no pais, e também serviu de espelho para
diversos países da europa bem como do mundo, que são regulados pelo poder social.
1.1 Objectivos
1.2 Metodologia
Segundo (Siqueira, et al., 2019, pp. 22-24), foi o processo revolucionário por meio do qual a
Rússia deixou de ser uma monarquia absolutista governada pelos czares Romanov e se tornou
uma república socialista, a União Soviética. Após movimentos operários revolucionários
ocorridos no contexto da desastrosa participação russa na Primeira Guerra Mundial, o governo
czarista foi deposto e em seu lugar foi construída a União Soviética.
Antes da revolução a maior fonte de renda era agrário, “feudal”, dominado por clero (Igreja
Ortodoxa), nobreza e czares (imperadores). Segundo (Rosenthal, 2018), nesse período era
vivido um movimento capitalista incipiente, sobrepujado por relações feudais pré-capitalistas,
todas elas sob a autocrática mão de ferro da monarquia czarista. Os camponeses e os operários,
não possuíam nenhum direito, nem no trabalho, nem em seus lares e tão pouco na sociedade
civil, e não havia um aparelho institucional construído para prover serviços públicos básicos,
tais como um sistema de saúde, uma seguridade social ou mesmo um auxílio para
desempregados. (Rosenthal, 2018), afirma que o povo vivia uma autêntica opressão, sem
qualquer poder de decisão sobre sua vida e tao pouco sobre o bem da nação.
O segundo o fragmento acima, povo era contra os princípios capitalistas e se revoltava a essas
camadas capitalistas/imperialistas que tinham privilégios sociais enquanto outra camada
passava fome. Somou-se a isso a perda da guerra para o Japão, em 1905. Diante dos grandes
gastos bélicos, a população continuava à míngua. Assim, aconteceu a Revolução de 1905.
Pesquisas revelam que a história do período Bolchevique, é concebida como a prova irrefutável
de um princípio derivado do marxismo, ou seja, de que a libertação das pessoas com deficiências
é impossível sem a libertação de toda a classe trabalhadora e, portanto, que a libertação de toda
a classe trabalhadora é impossível sem a libertação das pessoas com deficiências.
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Segundo (Reis, 2017) são avançados 3 aspectos que motivaram a revolução Russa, a saber:
(Reis, 2017), afirma que a revolução brotou no contexto de uma guerra, a da Rússia contra o
Japão, iniciada em 1904, o que potencializou dramaticamente as tensões e contradições sociais
no interior do Império russo.
Segundo (Reis, 2017), cinco actores sociais irromperam no cenário político com reivindicações
e propostas próprias:
Ainda conforme o autor citado anteriormente, os referidos actores sociais não se limitaram a
protestar e a lutar. Criaram também organizações próprias:
Para alem dos motivos arrolados acima, (BEZERRA, 2011) avança mais um, que retrata da
morte em janeiro de 1905, um grupo de operários participava de uma manifestação pacífica em
frente ao Palácio de Inverno de São Petersburgo, uma das sedes do governo, com o objetivo de
entregar um abaixo assinado ao czar, pedindo melhorias. Na sequência, A guarda do palácio,
assustada com a multidão, abriu fogo matando mais de mil pessoas. O episódio ficou conhecido
como Domingo Sangrento e provocou uma onda de protestos em todo o país.
Conforme (Rosenthal, 2018), a pouca estrutura médica existente era quase que exclusivamente
avaliável somente para as classes proprietárias da elite. O miserável orçamento medico do
estado czarista estava focado todo ele na entrega de serviços pagos de tratamento individuais,
ao invés de um sistema de prevenção social financiado publicamente, o que envolvia garantir
condições dignas sanitárias para o grosso da população, tanto em termos de moradia, trabalhado,
alimentação e água. A fonte afirma que o resultado disso é que a Rússia vivia recorrentes
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epidemias de cólera e tifoide, que matavam centenas de milhares de pessoas. Essas epidemias
acabaram piorando ainda mais durante a Primeira Guerra Mundial.
Dentro das motivações que levaram a revolução, o triste cenário de assistência médica oferta a
classe desfavorecida, por sinal trabalhadora, foi um facto segundo afirma (Sirotkina, 2007).
Os problemas acerca da saúde pública para a população miserável, eram de solução que se
encontrava além da medicina, o que fez com que os médicos se tornassem um dos grupos mais
radicais da intelectualidade. Tornando-se críticos das políticas governamentais sobre saúde
pública, muitos deles se tornaram também críticos do regime. Durante o período, eventos
revolucionários, os médicos culpavam o regime repressivo por destruir a saúde da população”
(Sirotkina, 2007).
Rosenthal, 2018 afirma que dentre os trabalhadores e profissionais que existiam no sistema de
saúde da época, eram geralmente os trabalhadores da saúde e enfermeiras mais desprestigiadas
que tendiam a ser mais radicais politicamente e, consequentemente, mais simpáticos ao
programa bolchevique em prol de um sistema de saúde gratuito, universal e democraticamente
organizado; os médicos, por sua vez, tendiam a ser muito mais conservadores e hostis aos
bolcheviques.
Ainda a fonte afirma que a questão do sistema de saúde tornou-se inevitavelmente política. Por
exemplo, em 1905 um congresso sobre cólera organizado por médicos, resoluções foram
aprovadas em prol de apoio ao chamado revolucionário em prol de sufrágio universal, governo
representativo e liberdades civis básicas.
Segundo (Rosenthal, 2018), a época imperialista na Rússia foi caracterizada pelos seguintes
aspectos tocantes a área de saúde e que ocasionaram a reforma:
✓ Os deficientes, idosos e crianças, não tinham qualquer direito a saúde, sendo, portanto,
deixados a sucumbir;
✓ A saúde mental na época, não era olhada com primazia;
✓ As doenças ocupacionais e as lesões eram características endêmicas do nascente sistema
fabril, que combinava maquinário altamente avançado com praticamente nenhuma
regulação de segurança;
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Conforme (Rosenthal, 2018), o povo Russo exigia ao czar que fosse criado:
Foi um período de intensa disputa, entre o czar e os Bolchevique, desde 1905 ate 1917. Se bem
que as exigências dos bolcheviques eram para o bem da maioria, o povo sabia que a vitória era
certa e valeria a pena o sacrifício.
Segundo (Sigerist, 1937), citado por (Da Costa, Albuquerque, Junior, & Emerenciano,
2020), o sistema de Saúde na Rússia revolucionaria, assim como em vários outros países da
Europa no período Soviético/Bolchevique, eram baseados no Seguro Social, uma primeira e
maior tentativa de organizar a Medicina no país e no mundo.
Historiadora (Rosenthal, 2018), recorreu a obra de (MURPHY, 2007, pp. 50-51), para dizer
que conforme o tempo avançava, formas de controle dos trabalhadores e a propagação de suas
demandas se tornavam cada vez maiores e mais disseminadas. Um olhar para essas demandas
que eram feitas aos gerentes, numa típica metalúrgica de Moscou de três mil trabalhadores em
junho de 1917, pode servir como exemplo:
Com o desaparecimento do “centro” autocrático, que de algum modo, pode ser assemelhado aos
Estados existentes na Europa, eis que aspirava tudo dominar, e ignorava a noção de cidadania,
inibindo ou reprimindo a vigência de qualquer instituição intermediária (Ferro, 2011).
Segundo (Reis, 2017a) apareceu uma situação nova, inédita na história russa, de dispersão e
disseminação horizontal das referências de poder, como se o Povo ascendesse ao poder. Era já
o momento de grande relevo da voz do povo trabalhista.
No final de outubro de 1917, o partido bolchevique havia obtido clara maioria dentre os
operários e camponeses dentro da rede nacional de sovietes, graças ao seu programa de
derrubada do governo provisório. Quase que imediatamente, após ter conduzido a revolução, os
bolcheviques começaram o processo de reformulação de toda a Rússia. É claro que nesses
primeiros e optimistas anos, suas ambições foram muito maiores do que os meios limitados que
o atraso econômico russo lhes fornecia. Ainda assim, esperançosos de que a revolução se
espalharia para os países capitalistas avançados na Europa trazendo consigo a promessa de ajuda
internacional directa e um fim ao cerco econômico organizado pelos mesmos países capitalistas,
os bolcheviques começaram a reorganizar a sociedade numa direcção verdadeiramente
revolucionária.
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Três grandes áreas nas quais a revolução afetou significativamente as mudanças referentes às
deficiências foram: a lei e as políticas; o trabalho e a economia; a saúde e a educação.
Dentro dos primeiros quatro anos da revolução, os bolcheviques deram início a uma enxurrada
de novas leis que codificaram basicamente todas as grandes demandas relacionadas às
deficiências que emanavam dos movimentos de massas das duas últimas décadas. Segundo
(NEWSHOLME; KINGSBURY, 1933, p. 107; RANSOME, 1919, p. 112-117; NAVARRO,
1977, p. 17-18; LENIN, 1917; MCCAGG; SIGELBAUM, 1989, p. 78-79 e 169), citados por
(Rosenthal, 2018), essas demandas incluíam:
✓ A redução da jornada máxima de trabalho para oito horas para a maioria dos trabalhos,
de seis a sete horas para outros e de quatro a seis horas para os mais perigosos.
✓ Cobertura total de seguridade social para todos os trabalhadores, dando conta de todas
as formas de deficiências, independente se a origem dela fosse relacionada ou não ao
trabalho; todas instituições de seguridade deveriam ser administradas directa e
inteiramente pelos próprios assegurados; o seguro para deficiências temporárias deveria
ser integral e válido para todas incapacidades.
✓ Total cobertura de seguridade social para todos e todas, com pensões governamentais
disponíveis para aqueles que estivessem temporariamente ou permanentemente fora da
força de trabalho devido a deficiências, idade avançada, doenças, etc.; as pensões de
seguridade social deveriam ser determinadas apenas a partir do salário base de uma
determinada região, ao invés de se referir aos salários individuais anteriores, ao status
empregatício anterior, ou da própria natureza da condição geradora da deficiência.
✓ O estabelecimento de inspeções de trabalho para todos os locais de trabalho, a serem
eleitos pelos próprios trabalhadores, com o objetivo de proibir a remediar todos aspectos
inseguros e perigosos da produção.
✓ Legalização das ocupações de massas feitas por camponeses, bem como a redistribuição
das antigas propriedades feudais, com a seguinte estipulação a ser escrita no importante
decreto sobre a terra: ‘no caso de uma eventual e temporária invalidez de qualquer
membro de uma comuna no período de dois anos, tal comuna será obrigada a dar
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assistência ao deficiente durante esse período cultivando coletivamente suas terras até
que ele possa voltar ao trabalho.
Com estes acontecimentos que marcaram a História, (Rosenthal, 2018), afirma que o Governo
Russo foi considerado, no ano de 1918, o primeiro governo do mundo (e um dos poucos mesmo
nos dias de hoje) a ratificar uma constituição federal que mencionava explicitamente, bem como
reconhecia, os direitos civis das pessoas com deficiências, consideradas como componente
integral da sociedade.
Os pesquisadores (Da Costa, Albuquerque, Junior, & Emerenciano, 2020), defendem que o
direito a saúde universal é consequência directa do processo revolucionário russo que atinge
hegemonia no ano de 1917. Afirmam ainda que tal direito surge enquanto uma nova qualidade
de suporte à reprodução social da vida, que surge em uma sociedade revolucionada. Nesse
processo, colocam em evidencia, os zemstvos, que segundo constata Sigerist, exerceram papel
determinante na criação de uma ideia de organização da atenção à saúde. Abaixo seguem
algumas áreas que marcaram a reforma no sector de saúde pelo movimento Bolchevique:
Por meio da mesma mulher, foi legalizado o aborto, podendo ser este clinicamente assistido, e
também a união não legalizada foi reconhecida da mesma maneira que o casamento civil, a
mulher deixou de ser obrigada a adotar o nome do marido, salvo no caso em que assim o
desejasse, podendo então haver uma troca de sobrenomes entre os cônjuges, o divórcio era livre.
Por meio da comissaria, a Prostituição foi legalizada, tendo em conta que apos ter se vencido a
batalha contra a violência baseada no género, agora as mulheres eram induzidas a prostituição,
que antes também era ilegal. Segundo (Pinto, 2018, p. 34), Kollontai aponta para uma sociedade
burguesa hipócrita, em que o casamento monogâmico e cristão é inviolável, ao mesmo tempo
em que é totalmente exercida a prostituição, numa brutal degenerescência psíquica dos seres
envolvidos. Para ela, tanto o casamento e a ideia de posse um do outro quanto a prostituição
fazem parte da crise sexual em que se encontra essa sociedade.
A revolução Russa, deu espaço a elaboração dos primeiros planos sólidos. Segundo (Paim,
2015), foi na sequência da revolução Russa, que se elaborou o primeiro plano Quinquenal.
(ex-URSS), cada República Socialista tinha seu Ministério de Saúde e os planos locais
procuravam se adequar ao plano geral nacional e às condições locais.
Planeamento/Planificação tem muito a ver com a acção, ao contrário do que imagina o senso
comum. Planejamento é compromisso com a acção. Planejar é pensar, antecipadamente, a acção.
É uma alternativa à improvisação. É a oportunidade de usar a liberdade relativa de um sujeito,
individual ou coletivo, para não se tornar uma presa fácil dos fatos, dos acontecimentos e das
circunstâncias, independentemente da sua vontade. Planejamento implica acção, daí ser
considerado um cálculo que precede e preside a acção (Matus, 1996b). Portanto, pensar a acção
é uma tarefa permanente que não existe sem a acção, mas não se mistura com ela (Ferreira,
1981, p. 58)
Sector de saúde que antes prestava serviços para gente das primeira e segunda classes, passou a
ser para o publico em geral sistema universal e gratuito. A partir deste momento, a saúde
começou-se a olhar como uma preocupação e compromisso ao mais alto nível político.
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3 Conclusão
Conclui-se com o presente trabalho, que antes da União Soviética, a Rússia conheceu um
movimento discriminadamente capitalista incipiente, sobrepujado por relações feudais pré-
capitalistas, todas elas sob a autocrática mão de ferro da monarquia czarista. Os camponeses e
os operários, não possuíam nenhum direito, nem no trabalho, nem em seus lares e tão pouco na
sociedade civil, e não havia um aparelho institucional construído para prover serviços públicos
básicos, tais como um sistema de saúde, uma seguridade social ou mesmo um auxílio para
desempregados. Facto que condicionou a revolução.
Conclui-se também que diversas políticas delineadas no sector de saúde hoje concretamente em
Saúde Pública, são oriundas deste pais, graças a revelia do povo que lutou pelos seus direitos
que eram brutalmente violados pelos monarcas.
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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sirotkina, I. (2007). The Politics of Etiology: Shell Shock in the Russian Army, 1914-1918. In:
BRINTLINGER, Angela; VINITSKY, Ilya (org.). Madness and the Mad in Russian
Culture. Toronto: University of Toronto Press.