Diário de Leitura
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Diário de Leitura
O autor conta uma história que Ulume ouvia na infância, sobre um soba
(chefe de um grupo populacional, de um pequeno estado) da região a que pertencia
a sua aldeia. Este chefe começou a fazer negócios com brancos e as pessoas
gozavam com ele. De tanto ser gozado o soba emagreceu e às vezes nem dormia
para tentar apanhar as pessoas que lhe chamavam nomes durante a noite. Os que
apanhava atirava-os para um buraco muito fundo. Entretanto, o soba decidiu atacar
umas terras vizinhas, mas morreu e os brancos passaram a escolher uma pessoa
para ser regedor.
Estou a achar a história interessante, porém um pouco confusa.
Ulume obrigou Munakazi a ir para o kimbo novo, onde era mais seguro. Antes
de ir avisou os pais dela e também se despediu do cágado, prometendo que voltava
a visitá-lo.
Nos primeiros meses após a mudança, passaram um pouco de fome, mas
depois acabaram por se estabelecer bem. Os terrenos eram férteis e não faltavam
animais para caçar.
Um dia Ulume voltou ao kimbo velho para visitar o cagádo e deparou-se com
uma mulher morta por uma explosão, ao qual associou a presença de minas ali.
Decidiu ir avisar os habitantes do kimbo antigo de Munakazi, de forma a terem
cuidado caso fossem lá.
Ao chegar ao kimbo antigo de Munakazi, os habitantes disseram ao Ulume
que os soldados tinham passado por ali e levaram o irmão mais novo de Munakazi,
pois servia para carregar munições de acordo com os militantes.
A irmã mais nova de Munakazi foi para a cidade com os soldados. Segundo a
mãe, ela foi a chorar, contra vontade, mas de acordo com o pai dela, a filha mais
nova foi toda contente, pois ir para a cidade era o que mais queria.
Munakazi desapereceu. Ulume e mais homens do kimbo procuraram durante
o dia todo, mas nada encontraram. Ulume decidiu ir ao kimbo dos pais de Munakazi
para ver se ela estava lá, mas sem esperanças ficou quando chegou e descobriu
que nem ali Munakazi se encontrava.
Ulume conversou com os pais dela e suspeitavam que ela tivesse fugido para
a cidade, pois Munakazi muitas vezes falava com a irmã sobre a cidade. Ulume
ficou abalado e cheio de saudades, porém não havia nada que ele podesse fazer.
Passaram-se vários anos e o Vale da Paz crescia cada vez mais. Ulume não
gostava muito, pois pressentia que isto iria atrair soldados.
Um dia, o filho de Mande, chamado Zacaria, que era soldado do exército de
Kanda, retornou ao Kimbo. Foi a novidade para as pessoas, estas faziam-lhe várias
perguntas.
Zacaria foi com o pai ter com o Ulume e Muari e disse-lhes que Kanda já era
casado e tinha filhos. A Mãe ficou chateada por ele não ter vindo dar notícias, mas
Zacaria explicou que era muito perigoso. Zacaria disse um recado de Kanda para o
Ulume: Kanda não ficou nada contente com o casamento de Ulume e Munakazi e
ficou feliz por ela ter tido juízo e ter fugido.
Ulume já há varios dias que via um certo vulto no Vale da Paz, pensava que
era um espírito, mas certo dia, enquanto Ulume estava no monte , esse vulto foi ter
com a Muari, onde esta viu que afinal se tratava de Munakazi, já mais velha e
magrinha com os ossos à mostra.
Munakazi teve a contar a sua história a Muaria, ela sofreu muito. Luzolo
queria bater na Munakazi e gritou com ela para ir embora, mas Muari impediu.
Munakazi contou que só conhecera homens que quiseram aproveitar o corpo
e a juventude dela. Fizeram-lhe dois filhos, um que morreu de doença e fome, e
outro que perdeu num combate. Ficou sozinha e teve que se entregar a um homem
bêbado, que lhe batia muito e acabou por a engravidar. Este homem deixou-a pois
não queria ter despesas e Munakazi ficou mais uma vez sozinha. Anos depois
voltou a perder este filho numa emboscada, andou muito tempo à procura dele até
desistir da busca do filho e de si própria. Ela alimentou-se muito tempo apenas de
raízes e dormia no chão, sem destino, até se aperceber de que o único sítio onde
encontrara alguma tranquilidade e carinho tinha sido no Vale.
Ulume não sabia se a aceitava de volta ao não, Luzolo e outros achavam
uma vergonha, mas Ulume estava indeciso, pois apesar de ter sofrido muito
também sentia muitas saudades.
Para resolver essa indecisão, Ulume decidiu visitar o cágado velho e
enquanto o cágado caminhava para a gruta ulume perguntou-lhe se deveria aceitar
Munakazi devolta. O cágado olhou para ele, o tempo parecia que parou e o silêncio
instalou-se. O cágado baixou e levantou a cabeça 3 vezes, como um sinal de
afirmação. De repente tudo voltou ao normal e o tempo retomou o seu poder.
Assim acaba a história, com o Ulume deitado no chão a contemplar as
estrelas.
Gostei muito deste livro, apesar de ser um pouco confuso. Este romance
numa situação de guerra é uma história muito bonita e recomendo.