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UNIDADE III

Fundamentos da
Sociologia da Educação

Prof. Dr. Tadeu Santos


A análise sociológica contemporânea da educação

Com a consideração das unidades anteriores, a análise sociológica da educação pode ser
dividida em dois grandes posicionamentos, a princípio, completamente distintos:

1. autores e contribuições teóricas que enxergam na educação e na escola a possibilidade de


problematização e até correção das distorções e das injustiças sociais provenientes do
modo de produção e organização social capitalista, de classes;
2. autores que entendem a educação como mais um dispositivo reforçador dessa lógica,
principalmente ideologicamente, legitimador e reprodutor das mesmas desigualdades e
injustiças sociais.
A análise sociológica contemporânea da educação

 Dada a polaridade descrita anteriormente – entre os que enxergam um potencial


transformador na educação e os que a entendem como mera reprodutora da ordem desigual
dominante – parece que há uma escolha determinante de fundamentação teórica para
pesquisas específicas na área educacional, tanto da maneira como recolher e interpretar os
dados, como dos resultados analíticos.
 Todavia, os recortes teóricos não devem ser norteadores de nossas pesquisas. Mesmo
partindo de uma boa compreensão dos autores e suas respectivas teorias. Temos que nos
basear em seus escritos, mas não antes de considerarmos os dados e suas especificidades,
caso contrário, teríamos as respostas antes mesmo da análise, seja da educação como
reprodução, seja como transformação.
A análise sociológica contemporânea da educação

 Com essa problematização em mente podemos passar para as considerações específicas


desta unidade, conhecer e compreender como foram absorvidas e transformadas em
programas de pesquisa e, posteriormente, em análises sociológicas da educação, a
fundamentação teórica nesses autores e também como foi possível conciliá-los.
 Para isso faremos uma breve revisão de como se desenvolveu o campo da Sociologia da
Educação já no final do século XX, mais precisamente após a década de 1970 na Inglaterra.
 Com todos esses esforços teóricos incorporando o sistema educacional como campo de
análise, surge, a partir dos anos 1970, o que passou a ser denominada “Nova Sociologia da
Educação”.
A análise sociológica contemporânea da educação

Com relação às antigas práticas, a NSE apresentava três pontos inovadores:

1. Sua relação com as desigualdades educacionais uma vez que era sua prioridade o fim
das desigualdades.
2. Preocupada com questões sociais na educação e que tinha o currículo como peça
fundamental. Foram realizadas reflexões acerca do currículo real e oculto.
3. Interessou-se pelos processos que ocorrem nas escolas e nas salas de aula, pelos
conteúdos e pelos saberes incorporados nos programas e nos cursos, pelas interações que
os atores estabelecem no cotidiano escolar.
A análise sociológica contemporânea da educação

 Para Jean-Claude Forquin (1993), esse percurso consolida as ideias centrais da “nova
Sociologia da Educação”, em suas próprias palavras: “o que caracteriza propriamente a
abordagem da ‘nova sociologia’ é este novo olhar crítico e desconstrutor que ela põe sobre
os saberes e sobre os conteúdos simbólicos veiculados pelo currículo”.
 No Brasil, as discussões sobre currículo vêm assumindo maior importância nos últimos anos,
principalmente em função das variadas alterações que as propostas curriculares oficiais
buscam trazer às escolas. Associada a essa centralidade, vemos surgir uma multiplicidade
cada vez maior para o campo do currículo (LOPES; MACEDO, 2002, p. 9).
A análise sociológica contemporânea da educação

 As primeiras preocupações com o currículo, no Brasil, datam dos anos 1920. Desde então
até a década de 1980, o campo foi marcado pela transferência instrumental de teorizações
americanas. Apenas na década de 1980, com a redemocratização do Brasil e o
enfraquecimento da Guerra Fria, a hegemonia do referencial funcionalista norte-americano
foi abalada. Nesse momento, ganharam força no pensamento curricular brasileiro as
vertentes marxistas (LOPES; MACEDO, 2002, p. 13).
 Nesse momento ganha força a produção de língua, incluindo autores da NSE e tradução dos
textos de Michael Apple e Henry Giroux. Pesquisadores brasileiros começam a buscar
referências no pensamento crítico.
A análise sociológica contemporânea da educação

 No início da década de 1990, o campo do currículo começa a ser influenciado pelo enfoque
sociológico, em contraposição ao pensamento psicológico até então dominante. Os trabalhos
dos pesquisadores e a escola começam a ser pensados a partir das relações de poder.
 Observa-se uma nova tendência de reflexão sobre a educação que procura compreender as
relações no espaço escolar, o papel do currículo na formação do indivíduo. Essa nova
tendência não se restringe a refletir sobre o sentido social da aprendizagem escolar.
Interatividade

 Assinale abaixo a alternativa correta.

a) A NSE tinha uma preocupação com as desigualdades educacionais uma vez que era sua
prioridade o fim das desigualdades.
b) No início da década de 1990, o campo do currículo começa a ser influenciado
pelo enfoque sociológico.
c) Após a década de 1980 ganharam força no pensamento curricular brasileiro
as vertentes marxistas.
d) Preocupada com questões sociais na educação, a NSE tinha
o currículo como peça fundamental.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Resposta

 Assinale abaixo a alternativa correta.

a) A NSE tinha uma preocupação com as desigualdades educacionais uma vez que era sua
prioridade o fim das desigualdades.
b) No início da década de 1990, o campo do currículo começa a ser influenciado
pelo enfoque sociológico.
c) Após a década de 1980 ganharam força no pensamento curricular brasileiro
as vertentes marxistas.
d) Preocupada com questões sociais na educação, a NSE tinha
o currículo como peça fundamental.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Foucault: educação, poder e disciplina

 Michel Foucault (1926-1984), filósofo francês consagrado pelas análises em psiquiatria,


como em História da Loucura (1961) e A História da Sexualidade (1976), e também pelas
contribuições que cruzam as áreas de direito e sociologia, como o conhecido Vigiar
e Punir (1975).

Três fases se sucederam em sua obra:


1. A da arqueologia do conhecimento marcada pelo discurso ao longo do tempo, de acordo
com as circunstâncias históricas, em busca de um saber que não foi sistematizado.
Foucault: educação, poder e disciplina

2. A genealogia corresponde a um conjunto de investigações das correlações de forças que


permitem a emergência de um discurso, com ênfase na passagem do que é interditado
para que se torne legítimo e tolerado.
3. A fase ética que centra o foco nas práticas por meio das quais os seres humanos exercem
a dominação e a subjetivação.
 Em seus estudos de investigação histórica, o filósofo tratou diretamente das escolas e das
ideias pedagógicas na Idade Moderna. Foi Foucault quem pela primeira vez mostrou que,
antes de reproduzir, a escola moderna produziu, e continua produzindo, um determinado tipo
de sociedade, segundo o professor Alfredo Veiga-Neto.
Foucault: educação, poder e disciplina

 Para Foucault, a concepção do homem como objeto foi necessária na emergência e na


manutenção da Idade Moderna porque dá às instituições a possibilidade de modificar o corpo
e a mente. Entre essas instituições, inclui-se a educação.
 Foucault considera o conceito de disciplina definidor da modernidade. Segundo ele, a
disciplina é um instrumento de dominação e controle destinado a suprimir ou domesticar os
comportamentos divergentes.
 Dessa forma, ao mesmo tempo que o iluminismo consolidou um grande número de
instituições de assistência e proteção aos cidadãos: família, hospitais, prisões e escolas;
também inseriu nelas mecanismos que as mantêm na iminência da punição.
Foucault: educação, poder e disciplina

 Para Foucault, a escola é uma das instituições de sequestro, como o hospital, o quartel e a
prisão. Para o professor Alfredo Veiga-Neto são instituições que retiram compulsoriamente
os indivíduos do espaço familiar ou social mais amplo e os internam, durante um período
longo, para moldar as suas condutas, disciplinar seus comportamentos, formatar aquilo
que pensam.
 Com o advento da Idade Moderna, tais instituições deixam de ser lugares de suplício, como
castigos corporais, para se tornarem locais de criação de corpos dóceis. A docilização do
corpo tem uma vantagem social e política sobre o suplício porque este enfraquece ou destrói
os recursos virais. A docilização torna os corpos produtivos.
Foucault: educação, poder e disciplina

 “A invenção-síntese desse processo, segundo Foucault, é o panóptico, idealizado pelo


filosofo inglês Jeremy Bentham. O panóptico é uma construção de vários compartimentos em
forma circular, com uma torre de vigilância no centro. Embora não tenha sido concretizado
imediatamente, o panóptico inspirou o projeto arquitetônico de inúmeras escolas, fábricas,
prisões, asilos.
 Uma das muitas vantagens apresentadas pelo aparelho para o funcionamento da disciplina é
que as pessoas distribuídas no circulo não tem como ver se há alguém na torre. Por isso,
internalizam a disciplina.”

 Fonte: Revista Nova Escola. São Paulo: Editora Abril, 2009, p. 116/117.
Foucault: educação, poder e disciplina

 Ampliada a situação para o âmbito social, a disciplina se exerce por meio das redes invisíveis
e acaba ganhando aparência de naturalidade.
 É com a assustadora semelhança e a comparação entre escola e presídio, desenvolvida em
Vigiar e Punir, que Foucault nos deixa claro o funcionamento dessas disciplinas no ambiente
escolar. A educação e a escola se tornam aparelhos de adestramento e vigilância. Essa é a
extensão e a drasticidade de sua análise sociológica da educação.
Foucault: educação, poder e disciplina

 Todos aqueles elementos próprios da disciplina são encontrados na escola analisada por
Foucault e também na maioria delas em nosso contexto nacional contemporâneo. A
vigilância hierárquica torna os subordinados visíveis para os superiores – o edifício, a
arquitetura da escola é um espaço para vigiar, construída para possibilitar essa visão dos
superiores, prevenindo-se a insubordinação e a independência comportamental. As
micropenalidades do tempo, da atividade, da maneira de ser, do discurso, do corpo e da
sexualidade – punições por chegar atrasado, ausências e interrupções de tarefas; punições
por desatenção, negligência e falta de zelo; punição por grosseria e desobediência; punição
por tagarelice, insolência; punição por atitudes incorretas.
Interatividade

Publicada em 1975 esta é uma das obras mais famosas de Michel Foucault, que trata da
questão da disciplina e do poder do mundo moderno. O nome desta obra é:

a) O Panóptico.
b) Microfísica do Poder.
c) Vigiar e Punir.
d) O Príncipe.
e) A República.
Resposta

Publicada em 1975 esta é uma das obras mais famosas de Michel Foucault, que trata da
questão da disciplina e do poder do mundo moderno. O nome desta obra é:

a) O Panóptico.
b) Microfísica do Poder.
c) Vigiar e Punir.
d) O Príncipe.
e) A República.
Habermas: educação e ação comunicativa

 “Embora não tenhamos explicitamente uma obra que fale sobre educação na perspectiva de
Jürgen Habermas (1929...) abordada por ele mesmo, outro sim, seus artigos, ensaios, e
muitas obras (livros) oportunizam refletir a dimensão pedagógica a partir da teoria crítica e do
agir comunicativo onde a racionalização é um processo pelo qual acontece a ampliação do
conhecimento, não só na esfera instrumental, mas também, na dimensão comunicacional
intersubjetiva, como um suporte para dimensionar a educação como socialização. O
processo de ensino só poderá ser considerado emancipatório se acontecer na instância do
agir comunicativo. Mas, o que é o Agir Comunicativo?” (TESSER, 2013, p. 45).
Habermas: educação e ação comunicativa

 A Teoria do Agir Comunicativo considera o homem ontologicamente como um ser de


linguagem. Por meio da linguagem, homens e mulheres se integram na sociedade e se
situam no mundo uns com os outros. Os seres humanos são, portanto, seres sociais de
linguagem, capazes de denotar/conotar, explicar/confundir, autorizar/desautorizar,
consentir/proibir (MEDEIROS; NORONHA, 2018).
 A linguagem desempenha um papel crucial em todos os aspectos da vida, do pensamento e
da interação humana. A linguagem é o princípio da socialização e da intersubjetividade
comunicativa que confere significado às interações sociais.
Habermas: educação e ação comunicativa

 O agir comunicativo leva em consideração o mundo da vida (linguagem, cultura, trabalho,


interação, educação) que nos envolve e é nele onde se forma o horizonte para situações de
fala e constitui, ao mesmo tempo, a fonte das interpretações, reproduzindo-se por meio das
ações comunicativas (TESSER, 2013, p. 46).
 A perspectiva filosófica habermasiana insere o saber na esfera do esclarecimento no
contexto da razão comunicativa e da teoria social crítica, no âmbito da práxis. O interesse
válido e verdadeiro do conhecimento educacional deverá ser o da emancipação, como
constituição da natureza humana no processo de formação autorreflexiva e autolibertadora
(TESSER, 2013, p. 45).
Habermas: educação e ação comunicativa

 É no mundo da vida que acontece o processo subjetivo de aprendizagem. A educação como


processo de formação de ampliação da socialização e aprofundamento das relações sociais,
bem como expansão da reflexão e da criação de uma cultura potencialmente emancipatória
e libertadora está implícita na obra de Habermas.
 O agir comunicativo de Habermas apresenta um caráter reflexivo para a educação na
medida em que sinaliza para a superação da ação instrumental coisificante do ser humano.
O processo educacional consiste na renovação permanente do saber e das experiências no
processo de formação da personalidade (TESSER, 2013, p. 48).
Habermas: educação e ação comunicativa

 Para Bastos e Oliveira (2006, p. 131), Habermas restabelece a ligação entre saber teórico e
a ação humana a fim de poder verificar como se dá o nexo entre saber científico (fruto da
racionalidade técnica) e a práxis social (imanente ao mundo da vida).
 Segundo Mühl, subjaz a esse conceito de práxis comunicativa uma prática pedagógica
participativa, a qual deixa de ser um mero agir instrumental do professor e se torna um
processo cooperativo, em que todos os concernidos se tornam participantes no processo de
construção do conhecimento (BASTOS; OLIVEIRA, 2006 apud FÁVERO, 2003, p. 30-31).
Aproximação entre Habermas e Paulo Freire

 “Ao partir da intersubjetividade e da linguagem, Habermas coloca os indivíduos como atores


tanto na educação, como na sociedade. Paulo Freire, ao construir uma prática educativa em
que o diálogo com o outro é essencial, dissemina uma prática de participação social de
formação do sujeito para uma cidadania democrática. A educação para Freire é uma
educação para a liberdade e para a responsabilidade política e social. Sem dúvida, neste
ponto há uma comunhão entre os pensadores” (BASTOS; OLIVEIRA, 2006, p. 133).
Aproximação entre Habermas e Paulo Freire

 Em Habermas, no âmbito da teoria do agir comunicativo, tem origem a ética do discurso, a


qual é universalista e fundada no princípio da reciprocidade geral, busca estabelecer um
espaço de comunicação para fins de compreensão intersubjetiva, por isso, é uma ética da
responsabilidade coletiva. Na Pedagogia da Autonomia, Freire defende que ética e educação
precisam andar juntas e sua ética se insere na tradição universalista, na medida em que a
prática educativa depende de princípios inalienáveis como justiça, democracia e
solidariedade (BASTOS; OLIVEIRA, 2006, p. 133).
Interatividade

 Assinale abaixo a alternativa correta em relação a Habermas.

a) Em seus estudos de investigação histórica, Habermas tratou diretamente das escolas e das
ideias pedagógicas da Idade Moderna.
b) Habermas considera o conceito de disciplina definidor da modernidade.
c) Para Habermas, o agir comunicativo leva em consideração o lebenswelt (linguagem,
cultura, trabalho, interação e educação).
d) A educação para Habermas deve ser entendida como uma técnica social.
e) Americanismo é um tema recorrente na obra de Habermas.
Resposta

 Assinale abaixo a alternativa correta em relação a Habermas.

a) Em seus estudos de investigação histórica, Habermas tratou diretamente das escolas e das
ideias pedagógicas da Idade Moderna.
b) Habermas considera o conceito de disciplina definidor da modernidade.
c) Para Habermas, o agir comunicativo leva em consideração o lebenswelt (linguagem,
cultura, trabalho, interação e educação).
d) A educação para Habermas deve ser entendida como uma técnica social.
e) Americanismo é um tema recorrente na obra de Habermas.
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação

 Os estudos culturais formam uma área interdisciplinar de pesquisa e também de intervenção


política, surgida na Inglaterra nos anos 1960 a partir da criação do Centro de Estudos
Culturais Contemporâneos na Universidade de Birmingham.
 Esse programa de pesquisa e orientação política se desdobrou nos Estados Unidos junto à
vertente de pensamento pós-colonial.
 É justamente com a intenção de questionar e superar o “olhar colonizador” nas relações
sociais que os estudos culturais e o pensamento pós-colonial desenvolvem suas ideias.
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação

 Todo o eurocentrismo, no que diz respeito à cultura, foi questionado por tal vertente de
estudos. As reivindicações de universalidade europeia nas manifestações culturais inclusive
na produção intelectual passam ser o grande problema a ser encarado e desfeito.
 Na área educacional, os estudos culturais pós-coloniais estimularam um amplo debate sobre
o respeito, a diversidade e a diferença.
 A proposta dos estudos culturais e pós-coloniais encontra, portanto, na área da educação
grandes temas, e por se desenvolver em ampla escala justamente nessa relação entre tais
vertentes e a educação que concentraremos essa revisão.
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação

 No caso brasileiro, a condição de ex-colônia europeia, as questões colocadas pela


abordagem dos estudos culturais colocam uma série de desafios às práticas educacionais.
 Podemos considerar as seguintes problematizações formuladas por Tomaz Tadeu Silva
(2002 apud PILETTI; PRAXEDES, 2010, p. 116) em sua introdução às teorias do currículo.
“[...] Em que medida a educação escolar e os currículos não estão comprometidos com a
herança colonial, possibilitando, assim, a manutenção do preconceito e da discriminação étnica
e racial contra os negros e indígenas e contra os resultados de uma cultura híbrida que não se
afina com as expectativas eurocêntricas?
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação

[...] Em que medida a noção de raça, forjada nos séculos XVIII e XIX pelo pensamento
europeu, continua influindo na formação das identidades de alunos e educadores?
[...] Como os materiais didáticos, as narrativas literárias e os textos científicos e filosóficos
continuam celebrando a soberania do sujeito imperial europeu?
[...] Como as subjetividades de alunos e educadores de diferentes grupos étnicos e raciais são
influenciadas pelos padrões culturais europeus?”
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação

 No limite, enfrentamos uma questão só, como sintetiza Giroux (1999): “Como podemos
construir um discurso que elimine os efeitos do olhar colonizador enquanto ainda estamos
sob sua influência?”
A educação no contexto global e multicultural

 Desde a seção anterior, com a consideração dos estudos culturais e o pensamento pós-
colonial, já apontávamos para uma mudança de diagnóstico na realidade educacional, já
que, encontra-se inserida numa organização mundial que sofre profundas transformações na
segunda metade do século XX.

Como pensar a educação neste contexto? Como levar em consideração as diferenças


culturais, políticas, religiosas, étnicas, raciais e comportamentais, num contexto de mais
encontro e convivência pelas regras da sociedade capitalista?
A questão de gênero e a educação

 A questão de gênero não era considerada um tema importante na área educacional até
meados dos anos de 1970. Até então os estudiosos da área identificavam que as formas de
socialização das mulheres no ambiente escolar as colocavam sistematicamente em posição
de desvantagem sobre os homens.
 Seguindo a análise sociológica educacional centrada na classe – a análise de gênero
concentrou-se inicialmente na questão de acesso.
 E logo ficou evidente que o nível de educação das mulheres, em muitos países, sobretudo
naqueles como o Brasil situados na periferia do capitalismo, era mais baixo quando
comparado aos homens
A questão de gênero e a educação

A questão de gênero, apesar de estar intimamente ligada às discussões feministas e ao estudo


das mulheres, deve ter como principal questão orientadora: como a formação da masculinidade
está ligada à posição privilegiada de poder que os homens detêm na sociedade?

 Outra questão constante no debate feminista e de gênero é a não criminalização do aborto,


como uma maneira de garantir certos direitos da mulher sobre seu corpo e independência
sobre sua vida.
A questão racial e a educação escolar brasileira

 Sabemos que historicamente os privilégios e as estruturas de poder pendem para uma


minoria branca e masculina; e no contexto brasileiro não é diferente. Nosso passado
escravista ainda ecoa em manifestações de preconceitos e os negros, infelizmente,
continuam sofrendo com tal condição.
 O conceito de “raça social”, conforme teorizou o professor Antônio Sérgio Guimarães (1999),
não se trata de um dado biológico, mas de “construtos sociais, formas de identidade
baseadas numa ideia biológica errônea, mas eficaz socialmente, para construir, manter e
reproduzir diferenças e privilégios”.
A questão racial e a educação escolar brasileira

 Criado pela diferença de raça, agravado pelas ideias etnocêntricas, o racismo contra os
negros ainda persiste nas relações sociais brasileiras contemporâneas. O racismo ganha
força quando associado a outras diferenciações sociais.

 As questões de gênero e raça não podem deixar de ser tratadas de maneira crítica em
análises de Sociologia da Educação.
Interatividade

Em relação ao eurocentrismo é correto afirmar:


a) Implicou a subjugação das tradições dos povos originários e daqueles que foram trazidos
como escravos.
b) Estabeleceu um ideal de ser humano – do sexo masculino, branco, cristão, heterossexual,
possuidor de renda, culto.
c) Trouxe o homem (europeu) para o centro do universo e o colocou em um lugar de poderio
sobre a natureza.
d) Estabelecimento de uma matriz de pensamento binária.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Resposta

Em relação ao eurocentrismo é correto afirmar:


a) Implicou a subjugação das tradições dos povos originários e daqueles que foram trazidos
como escravos.
b) Estabeleceu um ideal de ser humano – do sexo masculino, branco, cristão, heterossexual,
possuidor de renda, culto.
c) Trouxe o homem (europeu) para o centro do universo e o colocou em um lugar de poderio
sobre a natureza.
d) Estabelecimento de uma matriz de pensamento binária.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Referências

 BASTOS, Carolina Vieira R. de A.; OLIVEIRA, Simone Vinhas de. Ação Comunicativa e Ação
Dialógica: Contribuições para uma Educação Libertadora. Aprender – Cad. de Filosofia e
Psic. da Educação Vitória da Conquista. Ano IV, n. 7, p. 119-134, 2006.
 FERREIRA, Rosilda Arruda. Sociologia da Educação: Uma Análise de suas Origens e
Desenvolvimento a Partir de um Enfoque da Sociologia do Conhecimento. Revista Lusófona
de Educação, 7, 2006.
 GUIMARÃES, Antonio Sérgio A. Racismo e antirracismo no Brasil. São Paulo:
Editora 34, 1999.
 LOPES, Alice Casemiro; MACEDO, Elizabeth (Org.). Currículo: Debates Contemporâneos.
São Paulo: Cortez, 2002.
Referências

 MEDEIROS, Alexsandro Melo; NORONHA, Nelson Matos. Freire e Habermas:


considerações sobre o agir dialógico/comunicativo em uma sociedade que se pretende
democrática. Anais do II Congresso Internacional Paulo Freire: o legado global. Vol. 1, 2018.
 PILETTI, N.; PRAXEDES, W. Sociologia da educação. São Paulo: Ática, 2010.
 TESSER, João Gelson. Educação e agir comunicativo em Habermas. R. NESEF Fil. Ens.,
Curitiba, v. 2, n. 2, p. 44-54, fev./mar./abr./maio 2013.
ATÉ A PRÓXIMA!

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