ECN075 Parte 12

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 27

Aula 12 - Introdução à Economia Monetária

ECN075 - Economia para Engenharia

Professor: André S. Nascimento


Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Faculdade de Ciências Econômicas - FACE
Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional - CEDEPLAR

06 de Junho de 2024

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 1 / 27


Referências Básicas

PINHO, Diva B.; VASCONCELLOS, Marco A. S.; TONETO JR, Rudinei. Manual
de Economia. 6ª ed. Editora Saraiva, 2011. Cap. 16.

MANKIW, Gregory N. Introdução à Economia. 5ª ed. Cengage Learning, 2010.


Cap. 29.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 2 / 27


Sumário

1 Introdução

2 Moeda

3 Agregados Monetários

4 Polı́tica Monetária

5 Multiplicador Monetário

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 3 / 27


Introdução

A moeda tem um papel fundamental em nossa sociedade! Diante disso, a teoria


monetária aborda os impactos da moeda na economia, envolvendo um conjunto de
intituições e instrumentos que cumprem papéis essenciais, tais quais:

▶ Transferência de recursos entre unidades superavitárias e deficitárias (credores e


poupadores);

▶ Promoção do desenvolvimento;

▶ Aumento da eficiência produtiva;

▶ Existência de um canal para a condução da polı́tica monetária.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 4 / 27


Introdução

Dependendo da corrente teórica que se está analisando, a moeda pode ter maior ou
menor relevância para a Economia, mas é certo que ela é relevante.

▶ Num extremo, os monetaristas acreditam que a moeda é o principal determinante


da demanda agregada da economia.

▶ No meio termo, os keynesianos consideram que a moeda é importante mas não é o


único fator.

▶ No outro extremo, os clássicos pregam a neutralidade da moeda na economia real.


Isto é, a moeda afetaria apenas os preços. Mesmo assim, a moeda é essencial para
a alocação eficiente de recursos (equilı́brio).

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 5 / 27


Moeda

Mas afinal, o que é moeda?

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 6 / 27


Moeda

Embora pareça simples, o termo moeda é bastante abrangente em economia,


envolvendo um conjunto de ativos que as pessoas usam regularmente para comprar
bens e serviços de outras pessoas.

Assim, para os economistas, moeda refere-se aos tipos de riqueza que são aceitos
pela coletividade para a realização de transações.

Exemplos de moeda: moeda fiduciária; moeda eletrônica; moeda digital.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 7 / 27


Funções da Moeda
Basicamente, a moeda tem três funções na economia:

▶ Meio de troca: algo que os compradores dão aos vendedores quando querem
comprar bens e serviços.

⋆ Exemplo: dinheiro em espécie.

▶ Sem moeda, todas as trocas entre compradores e vendedores deveriam ser diretas,
isto é, mercadorias seriam trocadas por mercadorias.

▶ Se um dono de restaurante desejasse comprar roupas, deveria procurar alguma loja


em que o dono estivesse disposto a trocar roupa por comida. Assim, teria de
ocorrer uma dupla coincidência de desejos para a transação ser realizada.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 8 / 27


Funções da Moeda

Basicamente, a moeda tem três funções na economia:

▶ Unidade de conta: é o padrão de medida que as pessoas usam para anunciar


preços e registrar débitos.

⋆ Exemplo: valor estipulado de salário.

▶ A moeda permite tanto a comparação de diferentes bens e serviços quanto achar a


equivalência entre eles.

▶ Por exemplo, quantos pratos de comida vale uma calça jeans? Usando a moeda
como unidade de conta é possı́vel resolver essa questão.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 9 / 27


Funções da Moeda
Basicamente, a moeda tem três funções na economia:

▶ Reserva de valor: algo que as pessoas podem usar para transferir poder de compra
do presente para o futuro.

⋆ Exemplo: Poupança.

▶ Uma pessoa não precisa gastar uma quantidade de moeda logo que a recebe, assim,
como a moeda representa um direito, ela precisa ter valor estável ao longo do
tempo.

▶ Por isso, é comum que as pessoas tenham maior preferência pela liquidez em
perı́odos inflacionários, realizando mais transações.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 10 / 27


Tipos de Moeda

Basicamente, a moeda tem cinco fases na economia:

▶ 1ª: Escambo: poucas trocas esporádicas e diretas. A produção não é voltada para
o mercado, mas sim para subsistência.

⋆ Exemplo: Sociedade medieval. Os agricultores produziam para o próprio consumo, de


modo que apenas uma pequena parte dessa produção era comercializada nas feiras.

▶ Contudo, a medida que as trocas aumentam há a necessidade de uma padronização


maior, que é obtida com a utilização de moeda.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 11 / 27


Tipos de Moeda

Basicamente, a moeda tem cinco fases na economia:

▶ 2ª Moeda mercadoria: as trocas são indiretas. Primeiro um vendedor troca seu


produto pela moeda mercadoria e depois troca a moeda mercadoria pelo produto
que realmente desejava.

⋆ Exemplo: gado; especiarias; metais.

▶ A vantagem disso é que não há mais a necessidade de dupla coincidência de


desejos. Entretando, o aumento das trocas faz com a moeda mercadoria não seja
tão eficiente.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 12 / 27


Tipos de Moeda

Basicamente, a moeda tem cinco fases na economia:

▶ 3ª Moeda simbólica: troca realizada pelo uso de moeda cunhada, em que a


autoridade do paı́s garante o valor da moeda.

⋆ Exemplo: nota de R$ 100,00.

▶ Aqui surge a moeda de curso forçado, sem valor intrı́nseco, isto é, criada por decreto
governamental. As pessoas são obrigadas a aceitar a moeda como meio de troca.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 13 / 27


Tipos de Moeda

Basicamente, a moeda tem cinco fases na economia:

▶ 4ª Moeda escritural: os bancos recebem depósitos de moedas e os recibos desses


depósitos podem ser usados como meio de troca ou reserva de valor.

⋆ Exemplo: cheque.

▶ Nessa fase os pagamentos e recebimentos são registrados por créditos e débitos


contábeis. Isso significa que os bancos podem criar moeda.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 14 / 27


Tipos de Moeda

Basicamente, a moeda tem cinco fases na economia:

▶ 5ª Moeda sofisticada: conjunto de registros eletrônicos que representam uma


diversidade de ativos.

⋆ Exemplo: moedas digitais, como o Drex.

▶ Nessa fase a quantidade de moeda na economia é separada por nı́veis de liquidez,


formando os agregados monetários.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 15 / 27


Agregados Monetários
No Brasil existem cinco agregados monetários:

▶ M0: moeda em poder do público.

▶ M1: M0 + depósitos à vista nos bancos comerciais.

▶ M2: M1 + depósitos para investimentos + depósitos em poupança + tı́tulos


emitidos por instituições depositárias.

▶ M3: M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas com


tı́tulos federais.

▶ M4: M3 + tı́tulos federais registrados no Selic.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 16 / 27


Agregados Monetários

M0 e M1 são meios de pagamento com liquidez imediata que não rendem juros.

M2, M3 e M4 são chamados de quase-moeda, já que não são aceitos diretamente
como meio de troca, mas podem ser rapidamente transformados em moeda. Esses
ativos rendem juros aos depositantes mas não estão disponı́veis a qualquer
momento.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 17 / 27


Agregados Monetários no Brasil

Curiosidade: considerando apenas a população em idade ativa (PIA) há aproximada-


mente R$ 2.602,00 em moeda corrente para cada pessoa no Brasil.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 18 / 27


Polı́tica Monetária
A polı́tica monetária envolve os processos de oferta de moeda, os instrumentos
utilizados e os mecanismos de transmissão de seus efeitos. Vamos focar na oferta
de moeda.

A oferta de moeda é realizada tanto pelas autoridades monetárias (Banco Central


do Brasil), que podem emitir moeda, quanto pelos bancos comerciais (BB, Itaú,
Bradesco...), que não podem emitir mas podem criar ou destruir moeda.

A oferta de moeda é a quantidade de moeda disponı́vel na economia. A oferta de


moeda é igual a M1, sendo o montante de moeda em poder do público (M0) a
parte emitida pelo Banco Central (moeda manual) e os depósitos à vista a parte
criada pelos bancos comerciais (moeda escritural).

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 19 / 27


Polı́tica Monetária

Como os bancos centrais alteram a oferta de moeda? Basicamente, por meio de


três instrumentos:

▶ Operações de mercado aberto: compra e venda de tı́tulos do Governo. Vai


depender se o banco central quer fazer uma polı́tica monetária expansionista
(aumento da oferta de moeda) ou contracionista (diminuição da oferta de moeda).

⋆ Polı́tica monetária expansionista: a autoridade monetária compra tı́tulos do


Governo, colocando moeda em circulação.

⋆ Polı́tica monetária contracionista: a autoridade monetária vende tı́tulos do


Goveno, retirando moeda de circulação.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 20 / 27


Polı́tica Monetária

Como os bancos centrais alteram a oferta de moeda? Basicamente, por meio de


três instrumentos:

▶ Reservas compulsórias: montante mı́nimo de reservas bancárias que os bancos


comerciais devem manter depositado no Banco Central.

⋆ Polı́tica monetária expansionista: a autoridade monetária diminui o percentual de


reservas compulsórias, fazendo com que os bancos comerciais possam emprestar mais
dinheiro.

⋆ Polı́tica monetária contracionista: a autoridade monetária aumenta o percentual


de reservas compulsórias, fazendo com que os bancos comerciais possam emprestar
menos dinheiro.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 21 / 27


Polı́tica Monetária

Como os bancos centrais alteram a oferta de moeda? Basicamente, por meio de


três instrumentos:

▶ Taxa de redesconto: taxa de juros que a autoridade monetária cobra sobre os


empréstimos concedidos aos bancos.

⋆ Polı́tica monetária expansionista: a autoridade monetária diminui a taxa de


redesconto, tornando mais atrativo para os bancos pegar empréstimos para ofertar aos
seus clientes.

⋆ Polı́tica monetária contracionista: a autoridade monetária aumenta a taxa de


redesconto, tornando menos atrativo para os bancos pegar empréstimos para ofertar
aos seus clientes.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 22 / 27


Multiplicador Monetário
Como os bancos comerciais alteram a oferta de moeda? Quando um banco recebe
um depósito bancário, vimos que ele é obrigado a manter parte desse valor como
reservas compulórias, porém, o restante do dinheiro não fica simplesmente
guardado no banco.

Na verdade as intituições financeiras podem utilizar o valor dos depósitos que não
são guardados como reservas compulsórias para realizar empréstimos.

Por sua vez, quando um cliente efetua um empréstimo bancário e compra algum
bem ou serviço, o vendedor que está recebendo o valor pode decidir depositar parte
desse dinheiro em outro banco. Novamente, esse banco vai manter uma parte em
reservas e emprestar o restante.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 23 / 27


Multiplicador Monetário

Esse processo é conhecido como multiplicador monetário. Um depósito de R$


100,00, por exemplo, pode levar à criação de um montante bastante superior de
moeda escritural, aumentando a oferta de moeda.

O tamanho do multiplicador monetário e, consequentemente, do aumento da oferta


de moeda vai depender do percentual de retenção de moeda pelo público e do
percentual de reservas bancárias que os bancos adotam.

Vejamos um exemplo numérico.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 24 / 27


Multiplicador Monetário
Suponha que uma pessoa faça um depósito à vista no valor de R$ 1.000,00.
Considere também as seguintes informações:

▶ Percentual de reservas compulsórias (r): 20%


▶ Percentual de retenção de moeda pelo público (c): 2,5%
▶ Encaixe técnico dos bancos (e): 7,5%

O multiplicador monetário é definido como:

1
m= (1)
1 − (1 − c)(1 − r − e)

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 25 / 27


Multiplicador Monetário

1
m= 1−(1−0,025)(1−0,2−0,075)

1
m= 1−(0,975)(0,725)

1
m= 1−0,7069

m = 3, 41

Ou seja, o depóstio de R$ 1.000,00 foi aumentado em aproximadamente 3,41


vezes, ou R$ 3.410,00.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 26 / 27


Multiplicador Monetário
Esse exemplo nos faz refletir sobre dois problemas que a autoridade monetária pode
ter na determinação da oferta de moeda:

▶ Primeiro, o banco central não controla diretamente a quantidade de depósitos


bancários que as famı́lias decidem colocar nos bancos.

⋆ No exemplo anterior, se ao invés de 2,5% as pessoas retivessem 31%, o multiplicador


seria de ”apenas”2.

▶ O segundo problema é que a autoridade monetária não controla a quantidade de


empréstimos que os bancos decidem fazer.

⋆ No exemplo anterior, se ao invés de 7,5% o encaixe dos bancos fosse de 46%, o


mutiplicador seria de ”apenas”1,5.

André S. Nascimento (CEDEPLAR/UFMG) ECN075 - Economia para Engenharia Contato: andresounas@cedeplar.ufmg.br 27 / 27

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy