C.M. Stunich - Série Hard Rock Roots 6 - Dead Serious

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C.M. Stunich

#6 Dead Serious

Série Hard Rock Roots

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Dead Serious Copyright © 2014 C.M. Stunich

~2~
AVISO
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SINOPSE

"Você já viu um daqueles filmes de faroeste, onde o xerife e o cara


fora da lei lutam entre si em uma rua empoeirada? Revólveres a postos?
Bem contra o mal e tudo. Bem, é como isso aqui. Apenas a mais
fodido.”

Naomi Knox está em seu caminho para se tornar A Deusa do


Rock mais adorada.

Eu estou tão apaixonado por essa garota que eu poderia ser o Rei
a sua Rainha, o Diabo a seu Anjo.

Mas uma alma sábia me disse uma vez que o seu passado é a sua
fundação, e se ele está se desintegrando, então você não tem nada para
construir.

Eu vou lutar com o mundo fodido para vê-la segura, arriscar a


minha vida só para ouvi-la cantar mais uma vez.

E então eu vou me casar com ela, colocar bebês Turner em sua


barriga e viver o felizes para sempre fodido. Ou, pelo menos esse é o
plano. Mas você sabe o que dizem: os melhores esquemas estão entre
ratos e homens...

Turner Campbell é um idiota.

Não, sério. Ele é um desastre de trem do caralho. Mas um


precioso acidente de trem. E eu não posso evitar: Eu amo ele pra
caralho, mesmo que eu o odeio. Mesmo que eu não odeie. Não pergunte.
É complicado.

Mas ele também é uma estrela do rock e agora, eu também sou a


deusa da guitarra, eu acho. Tudo o que eu realmente quero é fazer
música e ver como é difícil se apaixonar por um homem que é um diabo
em coração, mas canta como um anjo.

~4~
Se eu vou colocar meu coração em cheque novamente, então eu
mereço uma chance real. Eu não vou ser um peão nesta porra de jogo
por mais tempo.

Eu não me importo mais o quão perigoso os riscos são. Eu estou


tomando conta do meu próprio destino, como eu deveria ter feito o
tempo todo. Eu não vou ter vendas puxadas sobre meus olhos e eu não
vou me curvar para o destino. Se prepare, vadias, porque Naomi Knox
está vindo para vocês.

~5~
Se você já se perdeu na música,

Se você já se esqueceu de respirar por causa de uma batida,

Se você já sentiu uma melodia em sua alma,

este livro pertence a você.

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— Que porra é essa? — pergunto, ou talvez eu esteja gritando. A
partir do olhar no rosto de Turner, eu acho que essa pode ser uma
descrição mais precisa. — Q... que porra é essa? — eu tento abaixar a
minha voz, mas merda, a coisa ficou real agora.

— Não me faça repetir isso, — sussurra Dax, sua voz falha e


quebrada. — Por favor, não me faça dizer isso de novo. — me sento com
força no lado da cama, me sentindo muito estúpida em minha lingerie
rendada. Eu só concordei em usá-la por que... bem, merda. Eu não sei
por que eu ainda concordei em usar. Foi ideia de Turner.

— O que está acontecendo? — pergunta ele, pegando uma camisa


e puxando-a sobre a cabeça. Eu acho que posso dizer pela expressão no
meu rosto que o sexo está fora do menu no momento. Eu acho que o
andar de baixo ficou seco depois do que eu acabei de ouvir. — Naomi?
— eu engulo em seco me ajustando, movendo o telefone de uma orelha
à outra.

— O que quer dizer com ela está morta, Dax? Ela não pode estar
morta. Ela é... — a narcisista estúpida, uma auto-engrandecida cadela.
A mulher que me segurou praticamente como refém durante os últimos
anos. Nossa vocalista. A minha ex melhor amiga.

— Ela deu um tiro na fodida cabeça. — a voz de Dax fica tão


baixa que eu tenho que me forçar para entender o que ele está dizendo.
— E agora ela se foi. Hayden se foi, Naomi. — sua voz se quebra
novamente no início de um soluço.

Hayden. Está. Morta.

Hayden está morta.

— Hayden está morta, — eu sussuro e as sobrancelhas de Turner


levantam.

— Que porra é essa? — meus sentimentos exatos.

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Eu levanto os meus olhos e encontro o olhar de olhos castanhos
de Turner. Ele está franzindo a testa fortemente, ali de pé em sua cueca
preta e arranhando os músculos inferiores rígidos da barriga enquanto
pensa. Eu aperto os dedos da minha mão livre contra a colcha floral. Eu
não sei o que sentir agora. Uma parte de mim quer pular de alegria,
louvar aos deuses do rock que Hayden está morta, mas uma parte mais
profunda, mais humana de mim quer chorar porra. Hayden estava tão
quebrada e destruída; ela não era mesmo uma pessoa inteira mais. Eu
a odiava sim, mas eu também sentia pena dela.

— Naomi? — uma voz de mulher vem através da linha. — Eu


sinto muito, mas Dax deixou o telefone cair. Acho que ele está em
estado de choque. — levo um segundo para descobrir com quem eu
estou falando. Sydney. Minha pele irrompe em arrepios, e eu tenho que
lutar para me recuperar de uma pequena onda de ciúme. Eu não sou
infeliz com as decisões que tomei, mas vendo esta mulher rodopiar aqui
e tirar as atenções de Dax, simples assim? É estranho. Realmente
estranho. Quer dizer, eu acho que eu gosto dela. Ela volta à conversa de
America depois de tudo.

— Compreensível, — eu digo, e a palavra sai plana. Estou em


choque porra. Eu caio de costas na cama e jogo um braço sobre meu
rosto. Sydney limpa a garganta, e então eu ouço o som de uma porta se
abrindo e fechando sobre a linha.

— Desculpe. Eu tinha que sair de lá. — escuto os sons do tráfego


em camadas atrás de sua voz e me pergunto onde eles estão agora. Uma
delegacia eu presumo? — Olha, há mais nisso do que apenas Hayden.
— Sydney limpa a garganta novamente. — Eu realmente não sei como
dizer isso sem trair a confiança de Dax, mas... havia uma menina.

— Uma menina? — eu sussurro enquanto Turner sobe na cama


ao meu lado e coloca o ouvido ao lado do telefone. Uma de suas mãos
quentes desliza em toda a minha barriga nua, e meu coração salta uma
batida. Merda. Eu não sei como lidar com essa coisa toda de casal. É
estranho para mim estar em um relacionamento tão íntimo com um
homem que uma vez eu idolatrava, então demonizava, e agora... há
tanta coisa acontecendo. Assim, assim, assim, tanto.

— A menina do passado de Dax. Hayden a assassinou antes que


ela, você sabe. Boom1. — Sydney faz uma pausa. — Eu imagino que
você vai ouvir de seu empresário algo em breve. Os caras do Brayden

1 Ela se refere ao tiro na cabeça.

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estavam colocando tudo isso por telefone com ele. Dax achou que você
deveria ouvir isso dele primeiro.

Eu não sei como responder a isso, então eu deixo Turner levar o


telefone quando ele tenta arrancá-lo dos meus dedos.

— Sim, tudo bem, obrigado, — ele diz, soando estranhamente


pensativo. — Eu estou preocupado com essa pequena cadela emo. Não
sei o quão bem sua bunda feminina pode lidar com a tragédia.
Mantenha ele seguro e quente, ok? — Turner desliga o telefone e o joga
para a mesa de cabeceira com um suspiro. Eu posso sentir seus olhos
quando eles deslizam sobre mim, julgando o meu humor. Não pode ser
uma coisa fácil de fazer, considerando que nem eu tenho certeza de
como isso é. — Ding, dong, a cadela está morta, certo? — ele pergunta,
mas ele não parece tão seguro de si mesmo também.

De repente, eu estou me levantando e correndo pelo tapete, a pele


nua deslizando sobre as fibras ásperas quando eu derrapo até parar ao
lado da minha mochila. Meus dedos rasgam o zíper aberto e cavam
através da roupa interior como se estivessem possuídos. No momento
em que minha mão se fecha em volta do meu iPod, existem lágrimas
escorrendo pelo meu rosto.

— Naomi? — Turner pergunta, se movendo por trás de mim. Eu


posso sentir os dedos dele pairando sobre a minha pele, mas ele não
toca. Mesmo seguro de si, senhor de si Turner Dakota Campbell não
pode descobrir isso. Eu arranco meus fones até meu ouvido e aperto o
play em uma de nossas canções, ouvindo a voz de Hayden cortando a
neblina no meu cérebro e eu caio de joelhos.

Eu queria que ela morresse, mas agora que ela se foi? Eu não
tenho mais tanta certeza. Eu não tenho certeza sobre porra nenhuma.
Ou talvez eu seja apenas egoísta, talvez o que eu realmente estou
pirando sobre isso é: com Hayden morta, Amatory Riot pertence plena e
verdadeiramente a mim.

Estou sentada na ponta da cama de America com o resto da


banda. Brayden Ryker fica nas proximidades, obviamente, não tão

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fodão como ele fingiu ser, como America fez ele ser. Se ele é tão foda e
incrível, então porque Hayden está morta? Por quê?

— Eu... não entendo, — sussurra Kash, tocando os dedos na


testa.

— Não é grande surpresa, — eu estalo, me sentindo irritada com


ele, com todos eles. Eu quero ir me afogar em drogas e álcool. É isso aí.
E isso está me assustando. Eu me sinto demente para caralho por
dentro, eu não quero bloquear essa dor para fora; eu quero me livrar
dela.

— Hey, vá se ferrar, Naomi! — rosna Kash, girando para mim. —


Maldição, você provavelmente a levou a isso! — eu cuspo na cara dele e
então as coisas ficam ferozes. Ele avança contra mim e eu o derrubo de
volta em sua bunda, tudo enquanto America grita para nós pararmos
com essa porra. Kash vem balançando, mas antes que eu possa
conseguir um bom golpe em suas bolas, Brayden está lá puxando ele
para trás.

— Lutas internas não é o melhor uso dos nossos recursos atuais,


— diz ele em seu sotaque irlandês mágico, colocando nosso baixista de
volta em seus pés. Kash se afasta com um rosnado, passando a mão
pelo cabelo loiro e começando a andar.

— Assim disse o homem que nos garantiu para não nos


preocupar, — eu digo causticamente. Minha voz poderia queimar de tão
malditamente ácida. Corro minhas mãos pelo meu rosto e coloco um
sorriso apertado que não sinto. Eu odeio admitir isso, mas eu realmente
desejo que Turner estivesse aqui comigo. Sua presença é...
reconfortante. Estremeço com esse pensamento, passando os braços
sobre o peito e agarrando com força sobre meu bíceps. Filho da puta. —
O homem que não estava lá quando Hayden matou essa... essa menina
Tara. Quando ela fodidamente se suicidou. — de repente, minha mente
é apenas malditamente preenchida com a voz de Hayden, todas as
minhas palavras derramadas de seus lábios. Eu não consigo parar de
pensar em cada pequena coisa cruel que eu fiz para ela e vice-versa.
Éramos tão tóxicas juntas. Eu deveria ter apenas me afastado de tudo
isso.

— Eu não sou super-homem, Naomi, — Brayden diz, parecendo


cansado. Deus, uma semana maldita em nosso trem louco e ele está
esgotado. Eu acho que mesmo o melhor do melhor não é bom o
suficiente para a nossa pá de merda. — E Hayden tinham acesso a mais

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recursos do que eu poderia ter imaginado. — belisco a ponta do meu
nariz e tento respirar.

— A questão aqui é que temos o controle de danos para cuidar


antes do show. Isso vai levar um esforço concentrado de grupo. — eu
olho para America enquanto ela está perdida em sua mente do caralho.
Eu não sou a única.

— Show? — Blair pergunta, como se ela ainda nem se quer


compreendesse bem o que essa palavra significa mais. Show. Show.
Que porra de show? Não vai ter um show - não depois disso.

— Claro. Nós não vamos desistir agora, não depois de tudo o que
passamos. — America escova a mão sobre seu cabelo loiro, tocando o
coque para se certificar de que ainda está perfeitamente no lugar. Ela
está super elegante hoje, mais do que de costume até. Seu terno parece
mais nítido, a maquiagem simplificada, suas joias apenas assim.
Francamente, ela só chama atenção para o vinco na sua testa e o leve
tremor das suas mãos. Ela está agindo calma, mas ela é tudo menos
isso.

— Nós? — repito minha voz seca como o Mojave2. — Nós? Como


diabos há um ‘nós’ neste ponto, America? Você tem nos fodido. Você
está me ouvindo? NOS FODEU. — me levanto, mas eu não faço um
movimento em direção a ela. Duvido que Brayden Ryker esteja tão fora
do seu jogo que me deixasse pousar no rosto da minha empresária. —
Isso tudo é a porra da sua culpa, sua vadia egoísta. Você trouxe essa
porcaria à nossa maldita porta e acendeu o fogo. Então VOCÊ lida com
isso. Você faz o show. Eu estou farta. Esta turnê acabou. — eu começo
ir em direção à porta, empurrando Wren para fora do meu caminho
para que eu possa ir.

— Traga o seu rabo de volta aqui, sua pequena piranha mimada,


— America rosna para minhas costas. Eu deveria sair. Eu deveria
apenas caminhar para esta porta, fazer a mala e ir embora. Mas o que
acontece com Turner? E sobre Dax? E quanto à música? Eu poderia
começar de novo. Talvez. Eu poderia usar a fama que temos construído
com essa merda e ganhar vantagem. Mas então eu teria que sair deste
quarto sabendo que ela tem a última palavra maldita. Eu coloquei a
mão cuidadosamente na maçaneta da porta.

— Mimada? — pergunto tranquilamente, porque, realmente, essa


é a primeira vez que alguém já teve a audácia de me chamar assim. Eu
deixei meus dedos deslizam para fora do metal e viro. — Você com

2 Mojave é o nome de um deserto situado na parte centro-sul do estado da Califórnia.

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certeza tem uma maneira interessante com as palavras, America,
porque essa é o último insulto de merda que atribuo a mim mesma.
Nada nesta vida veio fácil para mim. Nada. Portanto, não se atreva, não
malditamente ouse. — a cara zangada da America se transforma de mal
a cruel quando ela se ergue de pé, perfeitamente equilibrada nesses
sapatos pretos de camurça dela.

— Sim. Mimada. Eu disse isso, Naomi. Tenho te paparicado toda


essa turnê. Eu fiz você famosa. Tudo isso, — ela aponta para a sala em
torno de nós, indicando o quê? Eu não sei. Os assassinatos? O
mistério? A porra do perigo constante que estamos vasculhando? — Fiz
você famosa. Quando nós terminarmos, você nunca terá que trabalhar
novamente, você sabia disso? Você se importa? Eu te fiz mais dinheiro
do que um maldito sultão. Então isso é o que você vai fazer. Você vai
trazer esse traseiro de volta aqui e se sentar nesta cama. Você vai ouvir
o que eu tenho a dizer, e então você vai se recompor. — eu abro minha
boca para protestar, mãos enrolando em punhos em meus lados, mas
ela continua indo, a voz crescendo como uma louca. — Você vai
assumir o cargo de vocalista desta banda, Naomi. Este é o lugar onde
você sempre deveria ter estado de qualquer forma, então se levante, cale
a boca e lide com essa porra.

— Se você pensa que eu estou cantando naquele show na sexta-


feira, que eu sequer vou estar lá, então você tem outra coisa vindo.
Quanto é demais, America? Você está tão cega pelo passado que você
não pode sequer ver o presente mais? Nós acabamos. Isto está acabado.
Está tudo acabado porra.

— NÃO! — ela berra, se virando e batendo com os punhos na


parede. — Isso não esta ACABADO! Isso não está nem perto de
fodidamente ACABADO! — eu presto atenção no silêncio, chocada,
quando ela soca a parede com seus punhos perfeitos e as unhas
delicadamente bem cuidadas, sua pele suave de bebê, até que ela está
machucada e sangrando. — Você vai tocar no show, e você vai
fodidamente sorrir enquanto estiver fazendo isso. — America dá um
passo para trás, levantando as mãos como se ela não pudesse nem
mesmo acreditar no que ela acabou de fazer.

— Talvez todos nós devêssemos tomar um minuto e sair por


algum tempo? — Wren sugere, recuando em direção à porta. Pela
primeira vez, eu realmente concordo com ele. Além disso, eu não sei
quando Dax está voltando, se ele está mesmo voltando hoje à noite, e eu
realmente, realmente acho que ele deve ser uma parte da conversa.

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— Ninguém vai em qualquer fodido lugar! — America grita,
girando ao redor e gesticulando para Brayden. Ele acena para ela e
enfia a mão no casaco, puxando uma semiautomática e apontando para
nós, em mim especificamente. Eu sinto drenar a cor do meu rosto. Ah,
cara. Você tem que estar fodidamente brincando comigo.

Soluçando, America passa a mão pela testa e em todo seu cabelo,


alisando as poucas mechas que escaparam de volta no lugar. Ela não
quer perceber ou não se importa se há uma mancha de sangue em seu
rosto. Assisto a partir do canto dos olhos enquanto ela pisca
lentamente. Meu foco principal neste momento está sobre a arma
maldita que está apontada para a minha barriga. Para seu crédito,
Brayden parece quase arrependido sobre isso.

— Agora. Isso foi desnecessário. — America levanta as mãos,


respira, e, em seguida, endireita seu casaco azul-marinho. — Me
desculpe. Brayden, a arma. — ela acena para ele novamente, e em um
piscar de olhos, a arma desaparece no interior das dobras escuras de
seu casaco de lã. — Somos todas pessoas civilizadas aqui, certo? Nós
entendemos um ao outro, não é? — ninguém fala. Eu não acho que
alguém queira. Nem mesmo eu. Veja, aqui está à coisa: eu acho que
America me quer morta? Não. Porém, eu acho que Brayden iria atirar
em mim se ela quiser? Sim, eu acho. E pode não me matar, mas doeria.
Eu cerro os dentes e me forço a tomar respirações lentas. Meu instinto
de luta ou fuga está em chamas agora, e está me matando que não
estou rasgando o cabelo da cadela fora. — Temos um dilema aqui, um
grande problema. Veja, dane-se o que fazemos, dane-se se não o
fizermos. Nós tocamos no show e algo poderia acontecer, mas se não o
fizermos, alguma coisa vai. Essa é a natureza da nossa situação,
pessoal. — America estala os dentes, arrancando as últimas palavras.
— Isso não acaba até que termine, vocês me entendem? Você não se
livra como isto. Se você tentar, eu vou ter você morto. Veja? Como fácil
é isso? Vocês não têm que tomar uma decisão porque eu simplesmente
fiz uma para vocês.

— E se eu for para a polícia depois que sair deste sala? O que


então? — pergunto a voz tremendo de fúria. Acabei de sair de debaixo
do polegar de Hayden. O último, último, último lugar onde eu quero
estar agora é sob America.

Eu não gosto do jeito que ela sorri para mim.

— Faça isso, — ela sussurra para mim, chegando tão perto que
posso realmente ver os poros em torno de seu nariz. Acredite ou não,
sob todas essas camadas de base, a cadela tem. Isso não quer dizer que

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ela não seja bonita - ela é - mas isso prova que ela tem defeitos,
fissuras, pontos fracos. Estou começando a me perguntar se já é hora
de eu ir atrás deles. — Faça isso e veja se eles acreditam. E então veja o
que acontece quando eles não estão olhando.

~ 14 ~
— Você pode acreditar nessa merda? — pergunto a Ronnie,
respirando o cheiro do cigarro na sala dos fumantes insignificantes. Há
dois malditos seguranças do lado de fora com a gente, e mais dois no
corredor do hotel. Eu sei que eles estão aqui para me proteger ou o que
quer que seja, mas eu meio que tenho a sensação de que eles estão me
mantendo trancado também. Eu não gosto disso.

— Você quer dizer que estou surpreso com isso? — ele pergunta,
deixando a fumaça sair pelas suas narinas. — Não, eu não estou
surpreso de jeito nenhum para ser honesto com você. O que aconteceu
com aquela garota, causou uma ferida que não cicatriza. Ela estava
apodrecida. Eu podia sentir o cheiro dela do outro lado do cômodo. —
eu tento não sorrir e fazer uma piada desagradável. Isso não seria certo.
Foda-se, eu odiava aquela vadia, mas eu ainda sinto pena dela.

— Você acha que ela levou todos os seus segredos para o túmulo?
— eu pergunto, quicando uma bola contra os tijolos na minha frente.
Ela ricocheteia de volta para minhas mãos quando me inclino para trás
em um banco e amorteço minha cabeça nas dobras de moletom com o
capuz de Naomi. Eu o peguei por acaso no meu caminho para fora do
quarto apenas para descobrir que o caralho não cabe. Quão
impressionante é essa merda? Até mesmo nossas roupas estão ficando
misturadas agora. Eu gosto disso. Gosto de saber que o meu cheiro está
todo preso nela. Deixe todos os machos adversários lidarem com isso.

— Não. Acho que Dax sabe, — Ronnie diz apagando seu cigarro
em um cinzeiro próximo e olhando para o céu. O sol está intenso acima
de nós, uma ameaça que não pode se sentir entre as sombras do pátio.
Tudo à nossa volta, as paredes do hotel levantadas, recheadas com
janelas pequenas e sacadas que não estão sendo usadas. Milo e
America se certificaram quando reservaram esse lugar. Este pátio
pertence a nós por enquanto. Fale sobre exclusividade. — Agora só
temos de conseguir que ele fale.

~ 15 ~
— Acha que ele vai? — pergunto. Ronnie é bom em ler as pessoas.
Merda, ele é o fodido rei dessa porcaria. Se há fofoca a ser encontrada,
ele é o único que vai conseguir.

— Sim, eu acho. — meu amigo olha por cima do ombro e, em


seguida, se levanta vindo para sentar perto de mim como um viado do
caralho.

— Consiga seu próprio banco maldição, — rosno para ele,


colocando minhas botas em sua perna dando um empurrão. Atiro a
bola contra os tijolos novamente. Ronnie não se incomoda em se mover,
só fica lá em silêncio por um segundo. — O quê? — eu o pego fazendo
uma pausa novamente, olhando por cima do meu ombro para os
guardas. Eles se parecem com malditas estátuas. Mesmo seus rostos
são congelados. Eu tenho dificuldade em os pegar piscando.

— Turner, eu quero fazer isso. Pela primeira vez em um longo


tempo, eu realmente dou à mínima se eu viver ou morrer. — Ronnie
lambe os lábios e remexe as pulseiras de borracha em seu pulso. — Eu
sei que não conheci Lola tem muito tempo, mas eu posso ver isso
acontecendo em algum lugar. Eu posso ver uma vida com ela, com os
meus filhos. Precisamos trabalhar duro e cavar fundo. Tem que haver
alguma maneira de fazermos Stephen Hammergren desistir. Quer seja
matando ele ou... — Ronnie arrasta, olhando para os guardas
novamente. Obviamente, tudo o que ele estava dizendo, ele não quer
que eles ouçam. Eu suspiro e me sento inclinando para perto. — Ou,
dando o que ele quer.

Eu sinto meus lábios puxando em uma carranca enquanto sento


de volta olhando meu amigo por baixo por um segundo antes de lançar
a bola novamente. Ela salta para fora dos tijolos e desaparece em
alguns arbustos próximos. Eu me dobro sobre os meus joelhos e cavo
um cigarro.

— E o que é, Ronnie? — pergunto, mantendo a voz baixa. As


cabeças de músculos ao lado das portas estão parecendo um pouco
nervosos, então eu lanço um sorriso irônico e um dedo. Pode não ajudar
a opinião deles a meu respeito, mas não dou à mínima.

— Se for America que ele quer ver sofrer, então por que não
entregá-la? Se ele quer que nós paremos de fazer música, então nós
paramos. — Ronnie levanta as mãos apaziguadoras como se eu fosse
zombar e me preparar para rasgar sua cabeça maldita fora. — Não para
sempre. Apenas por agora. Até que ele prossiga seu caminho, se
esqueça de nós. Nós fizemos dinheiro de sobra para viver por um bom

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tempo. Se fizemos uma pausa, talvez toda essa coisa fosse explodir de
novo?

— Você está falando em tirar seu rabo, Ronnie? O homem


esperou sete fodidos anos para ir atrás de America novamente. O que
faz você pensar que uma pausa vai fazer alguma coisa? — eu inalo
fundo, deixando o doce aroma de fumo foder meus pulmões. — O que
precisamos fazer é massacrar esta cadela, apenas matar o maldito e o
navio navega em diante. — eu exalo no rosto de Ronnie, mas ele não se
incomoda, só continua me encarando com aquele olhar pensativo em
seus olhos. Pelo menos ele não está sombrio, o triste Ronnie mais. A
pequena Lola realmente colocou a energia de volta nele. Eu não conheço
a garota bem, mas pretendo conhecê-la. Qualquer cadela que cava
fundo no coração do meu irmão tem de ser investigada. Ronnie não
sobreviveria sendo ferrado mais. Lola Saints é sua explosão neste
momento.

Eu considero me aproximar e tocar sua mão. É meio gay, mas eu


faço isso de qualquer maneira. É um tipo Ronnie de coisa a se fazer.

— Olha cara, você não tem ideia de como absorto eu estou com
você porra. Eu daria a minha bola esquerda para te ver feliz, em uma
bandeja com seus malditos ratos correndo em volta do tapete. Mas não
podemos desejar a nossa maneira de sair dessa porcaria. Vai com tudo,
cara. — me inclino para trás e balanço minhas botas no chão, olhos
examinando as janelas de Naomi. Eu tenho a coceira, baby. Sempre que
estamos separados, minha mente entra em marcha acelerada
imaginando todas as formas que ela pode ser tirada de mim. Eu nunca
sobreviveria. Soa idiota pra caralho, mas eu amo essa mulher. Ela faz
meu pau duro, e meu coração bater. É tudo o que há para fazer.

Ronnie suspira e balança a cabeça, correndo as mãos sobre a


tatuagem de serpente no pescoço e enfiando os dedos atrás dele.

— Vai com tudo, — afirma relutantemente, mas eu posso dizer


que a sua cabeça ainda está girando. Ei, se eu achasse que abrir mão
da empresaria de Naomi ganharíamos para nós todos um cartão livre
fora da cadeia, eu estaria em toda essa merda. O negócio é, eu sei que
essa merda não é assim tão fácil. Nada nunca é. Exceto, talvez, pré-
Naomi Turner Campbell. Tento não sorrir para mim mesmo. Sim, eu era
fácil. Eu admito isso.

Me levanto, jogo meu cigarro por cima do ombro e parto em


direção à porta. Já estive por aqui por uma hora maldita agora. Eu

~ 17 ~
estou cansado de esperar. Turner Campbell não espera. Não
pacientemente de qualquer maneira.

Eu empurro através das portas de vidro, ignorando os guardas e


suas expressões estoicas. Assim como todos os outros em minha vida,
eles vão me seguir. Exceto talvez Naomi. Eu tenho esse sentimento
excêntrico às vezes que estou tão perto de conseguir meu traseiro
chutado para o meio-fio. E eu gosto. Eu realmente gosto porra.

— Turner, graças a Deus, — diz Milo, se agarrando a mim quando


eu passo pelo lobby e sigo para o elevador. — Ronnie está lá fora? Eu
preciso falar sobre algo. O resto da banda já está esperando lá em cima.

— Se isso é sobre aquela vadia, — aponto para minha cabeça e


puxo o gatilho. — Soprando sua cabeça maldita... Estamos sabendo,
Milo. Vai escrever uma postagem no blog ou algo assim, garantir a
todos que o show tem que continuar? — meu empresário faz uma pausa
enquanto eu subo dentro do elevador, a testa molhada de suor, pele
firme, olhos caídos. O coitado está sobrecarregado e cansado com toda
a merda. Eu sinto pena por ele, realmente. Mas o que posso fazer sobre
isso? Eu não pedi por tudo isso. Sexo, drogas e rock'n roll. Isso é para o
que eu apareci. Mas eu vou me adaptando; todos nós vamos.

— E o Sr. McGuire? — ele pergunta quando a porta do elevador se


fecha. Eu ignoro e inclino contra a parede, fingindo que não noto o
guarda de segurança de pé na minha frente.

Trinta andares acima, eu saio e o sujeito me segue diretamente


pelo corredor até a porta de America. Eu nem mesmo tenho que bater,
parando apenas quando Naomi sai e corre direto para o meu peito. Ela
não se parece tão bem, mesmo considerando as circunstâncias.

— O que diabos aconteceu? — eu pergunto a ela, o cabelo na


parte de trás da minha nuca em pé. Ninguém toca a minha mulher e
vive para contar a história. Naomi me silencia com um beijo, arrastando
os lábios ao longo da borda da minha mandíbula para sussurrar no
meu ouvido.

— Não diga uma palavra. Basta dar macha à ré, e vamos embora.
— ela não tem que me pedir duas vezes. Eu deslizo meu braço em volta
da sua cintura, deixando o zumbido do meu corpo substituir a descarga
de adrenalina. Os pontos em minha mandíbula, onde sua boca tocou
queimam como um inferno enquanto eu estou me perguntando o que
diabos está acontecendo. Eu tento parar em nosso quarto, mas Naomi
me faz continuar em seguida de volta ao elevador. Enquanto nós
viramos e eu vejo as portas deslizando fechadas, eu vislumbro os outros
~ 18 ~
membros de sua banda. Eles não se parecem tão bem. Poderia ser a
coisa de Hayden, mas eu acho que há algo mais, também. Eu espero em
silêncio, o braço em volta da cintura da minha mulher, enquanto nos
dirigimos de volta para a droga do lobby, a escolta em nosso pé. Naomi
envolve seus dedos com os meus e vamos direto para o pátio dos
fumantes e até o banco onde Ronnie continua sentado em calma
pensativa.

— Ela ameaçou atirar em mim, — Naomi rosna, acendendo um


cigarro e se jogando para baixo ao lado de meu amigo. Eu sento ao seu
lado e me inclino me aproximando. — Bem, talvez não ela
especificamente, mas Brayden. — Naomi gesticula com seu cigarro
aceso, rosto contorcido em fúria e os olhos brilhando.

— Quem? America? — Ronnie pergunta, conseguindo


esclarecimento claro como água sempre depois. Naomi assente.

— Por quê? — eu vejo quando ela dá de ombros com raiva e dá


uma tragada soltando uma enorme fumaça. Seus olhos laranja-marrom
faíscam com raiva enquanto a mão livre aperta firmemente contra seu
jeans.

— Porque eu ameacei sair. Porque eu tive a ousadia maldita em


pensar que talvez a morte da nossa vocalista pudesse nos excluir do
show em LA. — Naomi expira e deixa as suas pálpebras flutuarem
fechadas. Sua pele está zumbindo; eu posso sentir isso daqui. Pura
raiva está irradiando para fora desta mulher, e isso está me excitando.
Completamente fodido considerando a morte de Hayden e tudo isso,
mas o que você quer que eu faça? — Brayden não apenas trabalha para
ela; ela é a fodida dona dele. — Naomi empurra algum cabelo loiro para
trás de seu ombro. — Você sabe, ela não só ameaçou atirar em nós, ela
duramente disse que ela iria nos caçar e matar se tentássemos deixar a
banda ou a turnê.

— Você está brincando porra? — eu rosno, me inclinando ainda


mais perto. Não sei se esses caras nos têm grampeado ou essa merda
de sempre, mas posso muito bem manter a minha voz baixa. Ronnie e
eu trocamos um olhar.

— Eu pensei que ela estava do nosso lado, — Ronnie sussurra,


um novo cigarro apertado entre os dedos. Inferno, eu não sou de foder
uma festa. Obtenho meu próprio fumo e acendo.

— Aparentemente há três lados para cada história do caralho, —


Naomi suspira e inclina para trás, deslizando o braço pelas costas do
banco. Os dedos dela mal escovam o meu pescoço, e eu me vejo
~ 19 ~
cerrando os dentes malditos para manter a sanidade. Eu nunca pensei
que uma relação monogâmica poderia ser estupidamente torturante. Eu
apenas imaginei que, eventualmente, eu me cansaria de fazer isto com a
mesma pessoa e seguiria em frente, então eu nunca tentei. Grande
fodido erro. É como se cada vez que nos tocássemos o termômetro
subisse um ou dois graus, chegando mais perto e mais perto de uma
maldita explosão escaldante. O que acontece ao chegar lá? Eu não sei,
mas por agora isso me faz querer agarrar meu pau e espremer.
Mantenho meus olhos na camiseta branca decotada dela, fecho meu
rosto. — Eu não sei o ponto de America em tudo isso. Eu pensei que
soubesse, mas agora eu só não tenho certeza. Eu não sei o que é real e
o que não é. — ela faz uma pausa e respira fundo. — Se eu fosse você,
eu iria sair enquanto ainda posso. Vá. Retire Indecency da turnê, do
show. America nunca disse nada em atirar em você.

— Sim, uh, que se foda, — eu digo, sacudindo meu fumo no chão


e inclinando perto do ouvido de Naomi. — Eu não vou a lugar algum,
por isso tire isso da sua cabeça. — eu mordo sua orelha e ela treme,
mesmo quando ela me dá uma cotovelada no peito. Eu sento para trás
com um meio sorriso. É difícil sorrir sabendo que Hayden Lee acabou
de colocar uma bala em seu cérebro. — Nós estamos indo descobrir
isso, destruir o mundo com nossas carreiras, e se aposentar em cinco
anos. Nós todos vamos viver em uma grande idiota comunidade, ao
longo dos melhores honorários de HOA de uma associação de
proprietários dirigidos por mim. Sem bege, sem cercas de piquete, e sem
Golden Retriever do caralho. Ronnie e suas sessenta e oito crianças
podem vir e brincar com nossas duas. É assim que essa merda está
indo para acabar.

— Eu tenho que cantar. — Naomi sussurra a voz estranhamente


oca. Você pensaria que ela estaria feliz por isso, certo?

— Você tem cantado, — eu digo a ela, pensando no feed de


notícias em que eu a vi gritando no traseiro de Hayden, pondo sua bota
de volta. — Tipo, pra caralho. — ela balança a cabeça e fica em pé,
girando em um semicírculo para nos enfrentar, cigarro ainda em suas
mãos.

— Sim, mas eu não preciso. Não realmente. Isso é... Eu tenho que
assumir o lugar de Hayden, Turner. E eu não sou assim. Não como
você. Eu toco a guitarra do caralho. Eu não faço sexo em cima do palco,
um maldito show.

— Mas você pode, e você sabe, — ressalto, perguntando de onde


diabos isso tudo está vindo. A fodida confiante Naomi Knox está tendo

~ 20 ~
um colapso? Eu acho que é compreensível, mas um pouco estranho. —
Você arrasou em cima daquele palco. Isso é tudo. Marque essa cadela e
faça ela sua. — Naomi me encara, os olhos cortando tão profundo que
eu sinto que ela consegue ver meus malditos pensamentos. — É com
isso que você está preocupada? Tomar posse da banda?

— Jesus, Turner, — ela bufa, balançando a cabeça e deixando o


queixo cair no peito. — Você não tem ideia do que estou passando neste
momento. Hayden está morta. Você compreendeu isso? Morta. E sim,
ela se matou. Sim, a mão dela puxou aquele gatilho. Mas porquê? Por
que ela fez isso? Ela tem um filho, Turner. Uma criança. O que Stephen
fez para empurrá-la tão perto do limite que ela preferia morrer do que
lidar com as consequências de viver? Esta merda é grave. — Naomi
levanta a mão até a cabeça. — E eu tenho todos os tipos de sorte do
inferno. Eu não gostava de Hayden, mas tínhamos uma fodida história,
Droga. Mereço algum tempo para processar essa merda toda. Eu não
quero entrar no palco e ficar sob os holofotes. Não assim. Isto não é
como eu queria ganhar.

Ela atira o cigarro no chão e decola para as portas de vidro. Eu


tento ir atrás dela, mas Ronnie agarra meu braço, me dando um olhar
que quase me convence de que ele é toda uma década mais velho do
que ele realmente é.

— Vá com cuidado, meu amigo, — ele diz o que só me deixa de


cara feia. Eu puxo meu braço de seu aperto e decolo atrás de Naomi,
passando a mão pelo meu cabelo. Eu não estou acostumado a correr
atrás de ninguém - e eu realmente não gosto disso - mas eu iria a
qualquer lugar por ela. Gostaria de correr uma maratona cross-country
do caralho por Naomi Knox. Paro uma vez que estou dentro do lobby,
arrastando minha equipe de segurança junto ao meu calcanhar. Naomi
está longe de ser vista, e eu não tenho nenhuma porra de pista de onde
ela foi, mas eu vejo Dax. Corro a língua pelos meus lábios e tento
recolher algum tato. Não é algo em que eu já fui bom, por isso leva
algum trabalho.

Quando ele me vê de pé ali como uma ferramenta maldita, ele


geme e revira os olhos. Seu pequeno bonito rosto emo está coberto de
lágrimas, vermelho e inchado como se ele estivesse chorando toda a
noite maldita. Provavelmente tenha, muito. Se Hayden atirou em si
mesma ontem, então Dax teve tempo de sobra para estufar essa merda.
Engancho meus polegares nos passadores da minha calça e caminho,
sugando uma respiração profunda e me movendo pelo chão de mármore
em direção a ele.

~ 21 ~
Eu sou interceptado pelo pedaço de merda do caralho da irmã de
Treyjan.

— O que você quer, Sydney? — eu rosno para ela enquanto ela


cruza os braços sobre seus peitos falsos pra caralho e me encara. Só
levo, tipo, uma fração de segundo para saber que ela e Dax fizeram
sexo. Eu sou como um pesadelo ou alguma merda assim, como um
deus do sexo. Posso sentir o cheiro dessa porra. — Você tem alguma
linguiça, então você está toda em pé de guerra agora? — aceno minhas
mãos ao redor e vejo quando Dax afunda contra um dos pilares
decorativo, fechando os olhos como se o peso do mundo fosse
simplesmente muito malditamente grande para ele segurar. Sydney
estreita os olhos azuis em mim e se aproxima o suficiente para que
pudéssemos nos beijar. Isto é, se eu não estivesse fodidamente enojado
com esse pensamento. Ou desesperadamente apaixonado por Naomi
Knox. Eu tento não sorrir. Parece errado, você sabe? Como, Dax é um
irmão agora e eu não fodo meus amigos.

— Ele não precisa de sua merda agora, Turner, — ela sussurra


baixinho. Reviro meus olhos e a empurro para fora do caminho. As
pálpebras de Dax se abrem e ele me encara enquanto eu me aproximo,
parando apenas longe dele o suficiente para que possamos sussurrar
sem ninguém ouvir, mas não perto de ser algo gay. Eu realmente não
faço nada perto de gay.

— Eu realmente sinto muito, cara. — eu digo antes que ele possa


cuspir qualquer coisa que vai me irritar. Ele está na defensiva agora, e
eu não o culpo. Eu entendo. É assim que eu lido com a minha merda
também. Eu estendo a mão e dou tapinhas no seu ombro. Dax não se
move, deixando seus olhos cinza caírem para meus dedos quando uma
expressão imparcial o faz parecer um pouco assustador. Pena que não
seja Halloween porque eu poderia usar esse rosto como uma máscara.

— Não me toque, Turner, — ele diz e eu levanto minhas mãos em


sinal de rendição. Eu não estou aqui para começar uma briga. Sério. —
Você não dava a mínima para Hayden. — Dax faz uma pausa e posso
ver seus dedos enrolando em seus lados. — Ninguém dava. — dou um
passo para trás e vejo como Dax deixa as emoções se atropelar através
dele, eletrizando seus dedos com energia indesejada. Eles se contorce,
meio segundo longe de explodir em violência. Confie em mim, eu joguei
o jogo da raiva muitas vezes na porra do meu dia.

— Ei, você está certo, — eu digo, correndo para preencher o


espaço aquecido entre nós, — Eu não me importava com Hayden, mas
você é meu amigo agora, Dax. Eu não abandono os meus amigos. Então

~ 22 ~
eu sinto muito. Sinto muito que você perdeu, e lamento que você tenha
que passar por isso. — Dax não parece convencido, mas espero que eu
possa difundir um pouco dessa raiva antes que ele a leve para fora em
alguém. Não seria bom ter o meu traseiro chutado pelo Pequeno Garoto
Baterista.

— Você é tão cheio de merda, Turner, — diz ele, mas sua voz soa
mais cansada agora do que qualquer outra coisa. — Vai incomodar
Naomi. Eu ouvi rumores que ela realmente gosta de sua companhia. —
eu rio e dou tapinhas no ombro dele antes dele me dar outro olhar de
advertência. Oops. Seja como for, ele pode lidar, e eu estou lhe dando
um passe de um momento para agir como um idiota comigo sem
consequência. Espero que ele use-o com sabedoria.

— Sim, bem, não importa agora, certo? — eu levanto minhas


sobrancelhas e corro minha língua em meu lábio inferior enquanto o
meu olhar desliza para Sydney. — Espero que vocês dois tenham tido
um bom tempo antes que toda a merda caísse. E hey, por experiência
própria, posso dizer que uma boceta realmente tem o poder de curar a
maioria dos males.

— Você é fodidamente nojento, — Dax diz, mas eu posso ver que o


seu ódio por mim está distraindo-o do buraco negro que ele está tão
desesperado para cair. Eu poderia ter vencido Naomi, mas eu sei que
ela ainda se preocupa com Dax. Além disso, nós lutamos nossa merda
para fora com os punhos. Nós estamos bem agora.

— Sim, é verdade. Talvez eu seja? Então o quê? Eu digo o que o


resto do mundo só pensa dentro de suas cabeças. No fundo, somos
todos pequenos pervertidos sujos apenas tentando fazer a vida
funcionar nesta bola de sujeira girando. Poderia muito bem se divertir.
— faço uma pausa. Sorrindo. — Como você apreciou Sydney Charell.

— Eu estava bêbado. Nós fodemos no quarto dos fundos de um


clube de strip depois que meu pai me renegou e me informou que eu
não era realmente seu filho. Ah, e então eu tive que ver o corpo da
minha querida ex-namorada de escola morta segundos antes da minha
amiga atirar em si mesma na cabeça. — Dax sorri firmemente, e em
seguida, aponta em sua têmpora enquanto murmura a palavra boom
sob sua respiração. Caramba. Eu faço o meu melhor para manter a
careta do meu rosto e agito meu piercing na língua contra os dentes. —
Amortece a memória um pouco, você sabe? — Dax olha para cima e
olha fixamente acima do meu ombro, provavelmente para onde Sydney
está em pé, esperando para eu recuar. Algo piscou nos olhos de Dax, e
ele olha para longe.

~ 23 ~
— Se havia algo acontecendo entre nós, já acabou. Eu estou farto
com tudo isso. Só quero arrumar minhas merdas e ir embora.

— Eu não sei se isso é uma opção, cara, — digo, pensando em


America e sua ameaça de atirar nos membros do Amatory Riot. — Há
uma espécie de situação se formando com sua empresária e seu
pequeno lacaio desalmado de cabelos de gengibre.

Dax não parece surpreso, nem sequer pisca para mim. Eu tento
pensar em algo mais o que dizer, mas as palavras não chegam. Huh.
Imagine isso. Turner Campbell, sem palavras. O que não acontece
muitas vezes.

— Tanto Faz, — Dax diz, se afastando do pilar dando as costas e


movendo em direção aos elevadores com um par de homens de Brayden
se arrastando atrás de si.

— Espere ai! — Sydney chama, chegando a ponto de correr


quando eu agarro o braço dela. Ela olha pra mim e estreita os olhos
azuis. Alguma coisa em meus olhos deve lhe dar uma pausa porque ela
suspira e suaviza a expressão, puxando seu braço dos meus dedos. —
O que é, Turner?

— Não deixe Dax sozinho, — eu peço a ela acenando o queixo


para as costas dele enquanto ele espera o elevador. Sydney levanta as
sobrancelhas e balança a cabeça, mas eu piso na frente dela antes que
ela possa se mover. Estou falando sério sobre essa merda. — Ele não
está em um bom lugar agora.

— Obviamente, — ela diz, mas sua voz não tem qualquer dica de
sarcasmo. Ela soa quase tão cansada quanto Dax. Acho que ficar
envenenada por nosso fodido Kool-Aid3 tem seus efeitos sobre todos. Eu
não sei o quanto dessa bebida Sydney tomou, mas posso ver no
conjunto de sua mandíbula que ela está em como foder Flynn.

— Você gosta dele? — eu pergunto e Sydney suspira, olhando


para o chão e balançando a cabeça. Seu cabelo loiro flutua em torno de
seu rosto e esconde sua expressão de mim.

3
É uma marca de suco em pó, controlada pela Kraft Foods.

~ 24 ~
— Sim, mas... Eu não sei, Turner. Esta não é a minha vida. Eu
tenho uma sessão de fotos chegando. Eu...

— Você tem a porra de tesão por Dax McCann? — eu falo e ela ri,
aquela risada despreocupada que sempre me surpreendeu. Para uma
garota que cresceu em um parque de trailers com um pai viciado em
crack e apenas dois pequenos irmãos de merda como eu e Trey para
companhia, Sydney tem uma confiança e uma calma que eu ainda não
entendo. Você não costuma ter strippers que compartilham do mesmo
sorriso confiante como ricas herdeiras estragadas.

— Sim, bem. Porra. Isto não está indo para acabar bem, não é?

Eu dou de ombros.

— A vida muitas vezes não acaba bem.

Depois da saída de Sydney e Dax, eu gasto uma boa meia hora


procurando ao redor do lobby e dos salões de festa à procura de Naomi.
Estou prestes a desistir e subir as escadas e esperar quando eu me
deparo com Brayden Ryker.

O último que cara eu quero ver nesse momento. O filho da puta


acha que ele pode ameaçar a minha mulher com uma arma e se safar?
Se seu bíceps não tivesse a mesma circunferência da minha cintura, eu
gritaria com o imbecil agora. Como as coisas estão, eu vou ter que ser
um pouco mais diplomático sobre isso.

— Ei idiota — eu rosno, ficando no rosto do cara. — Que porra


você está fazendo?

Brayden parece despreocupado, sorrindo para mim com aquele


fodido meio sorriso esquisito que me dá malditos arrepios. Ruivo filho
da puta. Como um duende de tamanho grande ou alguma merda assim.
Ele está usando uma camiseta branca e por cima uma blusa xadrez
com alguma calça jeans rasgada, como um bom e velho garoto.
Totalmente inocente. Um dos mocinhos.

— Você está procurando por Naomi, por acaso? — ele pergunta


em seu pequeno sotaque estranho que faz todas as garotas

~ 25 ~
desmaiarem. Eu enrugo minha boca e tomo um passo atrás, olhando-o
de cima a baixo com outra carranca.

Porra.

— O que diabos você está fazendo? Apontando uma arma para a


minha alma gêmea porra?

Brayden suspira e balança a cabeça, dando um passo para o lado


e apontando um corredor em carpete rosa que eu pensei que já tivesse
desfeito. Merda, eu o conheço embora. Este lugar é como um labirinto.

— Naomi está na sala de prática no final do corredor. Se você me


der licença, meu trabalho está sendo dez vezes mais difícil. — Brayden
circula, passando por mim e me viro para seguir suas costas largas com
os meus olhos. Meus dentes machucam de apertar com tanta força, os
músculos da minha mandíbula se contraindo com raiva. Meu guarda-
costas pessoal mantém distância, olhando para as paredes ao redor de
mim como se eu não estivesse mesmo lá. A coisa é, eu acho que eu
estava certo mais cedo, quando eu disse que me sentia como um
prisioneiro. Eu tenho uma suspeita de que se eu fosse tentar pegar a
minha mochila, e caminhar para fora das portas e pular num táxi, eles
estariam bem ali, seguindo ou me segurando.

— Idiota. — eu giro em meus calcanhares e sigo o corredor,


parando quando uma voz familiar pega meus ouvidos e me faz tropeçar,
parando no lugar com meu coração batendo ferozmente dentro do peito.
Naomi. Ela está em algum lugar nas proximidades e ela está cantando e
puta que pariu, mas se isso não é o mais belo som que eu já ouvi na
minha vida.

Eu me forço a me manter em movimento. Quando eu chego


virando na esquina, encontro um conjunto de portas duplas ladeada
por seguranças. Tem que ser aqui. Não há nenhuma outra parte que ela
poderia estar. Eu aceno para meus próprios caras e me esgueiro para a
porta, agarrando a maçaneta e abrindo apenas o suficiente para que eu
possa espreitar e ver a mulher dos meus sonhos com a cabeça para trás
e sua guitarra nas mãos. Tudo ao seu redor, equipamentos sem uso
estão adormecidos em silencioso, sem vida nas mãos de seus deuses
para trazê-los à vida.

Alguém - provavelmente America – mexeu nesse lugar para fazer


uma sala de ensaio, como ela fez na casa segura. Nós poderíamos tocar
um conjunto aqui, se quiséssemos. Eu aperto a porta e espero que
Naomi não me ouça entrar, ainda não. Assim que eu estou dentro, tapo

~ 26 ~
a fechadura e escorrego para o chão, de costas para a parede, apenas
observando, ouvindo, esperando.

Naomi está de costas para mim, seus músculos rígidos, mas seus
dedos relaxados. Seu cabelo loiro cai solto sobre os ombros enquanto
ela revira a cabeça em torno de seu pescoço e, em seguida, vai para
frente para agarrar o microfone com a mão direita. Um suspiro suave
irrompe através os alto-falantes ecoando ao redor da sala vazia antes
dela começar a cantar.

— Sonhos… é apenas outra palavra para a decepção. — ela


suspira outra vez e meu peito contrai dolorosamente, como se eu não
pudesse respirar, como se nunca sequer quisesse tomar fôlego se a voz
dela não estivesse acendendo todos os impulsos elétricos certos em meu
cérebro. — Outra chance para uma estrela se perder em um céu sem fim.
A esperança perdida no vento, voando como uma mentira distante.

Naomi bate os dedos dela para baixo nas cordas de sua guitarra.
Ela come o silêncio na sala, cortando o espaço vazio com nitidez que
machuca meus dentes. Eu quase quero tapar os ouvidos, mas apenas
para que eles não fiquem tão acostumados com esse som que eu não
posso ouvir só uma vez.

— Quando eu perder a luz da fé, eu espero que você esteja lá ao


meu lado. Eu não posso negar que eu preciso de você, baby. — mais
algumas notas vazam no ar, colocando sua voz em dedos ásperos antes
dela fazer uma pausa e mover ambas as mãos de volta para o
microfone. — Eu não posso negar que eu preciso de você. Eu não vou
mentir que eu quero você. Os sonhos são decepções, mas eu não posso
deixar de ter esperança que a minha vai voar. A minha vai voar. A minha
vai voar, oh oh.

Naomi dá um passo para trás e sacode os ombros, gira sua alça


em torno da guitarra e pega, batendo a paleta através das cordas no
tempo com o refrão. Sua voz é como vidro vazio, sujeito a quebrar a
qualquer momento, mas forte o suficiente para carregar uma série de
emoções dentro dela. É clara e bonita, refletindo de volta ao mundo em
distorções perfeitas. Eu quero comer essa merda e deixá-la tomar conta
do meu corpo. Da cabeça aos pés, quero absorver Naomi Knox e deixá-
la envenenar meu sangue. Minha garganta coça para me juntar a ela,
cantar essa música que eu nunca ouvi antes, mas eu não faço isso. Não
posso perturbar o gênio.

~ 27 ~
Eu ignoro meu membro endurecido, correndo minha língua em
meus lábios, deixando meus olhos irem para sua bunda apertada, sua
cintura fina, a curva forte de sua coluna.

— Eu não posso negar que eu preciso de você. Eu não vou mentir


que eu quero você. Os sonhos são decepções, mas eu não posso deixar de
ter esperança que a minha vai voar. A minha vai voar. A minha vai voar,
oh oh. — Naomi suga um enorme fôlego e toma o microfone de seu
suporte, pisando alguns passos para trás e levantando o queixo para o
céu. — Por que eu acredito que as coisas poderiam contecer do meu jeito?
Quando eu vi o mundo sem o vidro colorido rosa que você deu? — ela
rosna para o microfone e eu quase perco minha merda e gozo bem nos
meus fodidos jeans. Isso seria uma visão agradável para ela ver quando
ela finalmente se virar. Turner fodido Campbell com molho de porra
cremosa por toda calça. Não vai acontecer. Eu uso a minha energia em
excesso para me levantar, hipnotizado. — Por que a falsa esperança e as
mentiras eternas? Nós dois sabemos que eu não poderia fazer isso se eu
tentasse, mas eu não posso negar que eu preciso de você. Eu não vou
mentir que eu quero você. Tome os meus sonhos em suas mãos e deixe
eles voarem, oh baby, por favor, tente. A única coisa que eu sempre quis
fazer é chorar, mas com você ao meu lado, podemos passar por isso. O
mundo pode lutar, mas tudo bem. — ela deixa sua voz cair uma oitava,
permitindo ela sussurrar como veludo sobre meus tímpanos. — Mas
tudo bem. — o microfone desliza de volta em seu suporte e suas mãos
tecem ao longo do braço da guitarra como se ela estivesse tentando
trazê-la ao orgasmo. — Isso é bom, porque eu não me importo. —
Naomi ri e então pula quando eu bato palmas.

O olhar em seu rosto quando ela gira ao redor deveria, por todos
os direitos, fodidamente me ver no assoalho com minha garganta
cortada. Ela não está feliz.

— Que porra é essa, Turner? — ela rosna, suas bochechas coram


com um blush rosado. Santa mãe da porcaria fodida. Não é sempre que
uma garota como essa deixa suas emoções se mostrarem tão
claramente para o mundo ver. Olhos castanho-alaranjados faíscam de
raiva quando seus dedos enrolam em torno da guitarra com raiva, seu
corpo tremendo e suas tatuagens se destacando nitidamente contra sua
pele suada. — Você acha que é legal me espionar? — Naomi pisca os
olhos e olha para o chão por um momento antes de ela focar de volta no
meu rosto. Eu deixei ela envergonhada. Não sei como. Talvez tenha sido
a música? É definitivamente uma nova. Um pouco agridoce, mas eu
gosto. Eu me pergunto se essa é sobre mim, também?

~ 28 ~
— A porta estava destrancada, coisa doce. — eu digo e ela revira
os olhos, deslizando a Wolfgang preta e branca para fora de seus
ombros e colocando no chão. Eu me inclino casualmente contra a
parede e deixo um sorriso malicioso rastejar naturalmente de um canto
a outro em meus lábios. Eu sou Turner Campbell, é o que eu faço. —
Bravo, a propósito. Essa merda foi extremamente louca.

— A única coisa que vai ser extremamente louca é o seu traseiro


depois que eu enfiar minha guitarra nele. Não faça isso de novo.

— Fazer o quê? — eu pergunto enquanto ela fica brava do outro


lado da sala em uma fúria de cabelo loiro e lábios franzidos. Naomi pega
uma garrafa de água da mesa branca e estala a tampa, deixando cair no
chão perto dos pés dela enquanto ela inclina a garrafa para ela e bebe
metade da água de uma só vez. Eu assisto com fome seus movimentos
da garganta, tentadora e provocante, fixando o meu corpo em chamas.
Só de olhar para Naomi me deixa tão excitado que minha pele começar
a protestar pelo toque da roupa, pela porra do ar, pois isso é uma
sensação ótima. Eu preciso de seus dedos no meu peito, sua língua
enroscada com a minha, sua boceta em torno de do meu pau. —
Admirar você? Me tornar um fãboy por sua música? Contemplar
saudosamente a sua bunda nesse fodido jeans apertado?

— Invadir a minha privacidade, — Naomi diz, se virando para


olhar para mim. O olhar irritado em seu rosto me dá um louco déjà vu,
me lembrando daquele dia em que ela jogou minha jaqueta no meu
peito. Como as coisas mudaram desde então. Se alguém tivesse me dito
que eu estaria comprometendo o meu pau a essa mulher para o resto
da minha vida, eu teria rido na sua cara. Hoje, isso parece como um
maldito privilégio. — Eu pensei que eu estava sozinha.

Eu estalo os dedos e me afasto da parede.

— Sim, veja, e por isso foi tão perfeito. Aquele é o tipo de


desempenho que você tem que dar no palco, como se não interessasse
se todo mundo está olhando porque você não está fingindo ser
ninguém. Como quando estamos juntos no palco, Naomi. Apenas eu e
você lá em cima, baby.

— Tanto Faz, — ela resmunga, suspirando e soltando seu ato de


cadela dura. A queda dos ombros dela me diz um muito a mais do que
suas palavras. As palavras mentem, especialmente desde que estamos
no controle do que dizemos. A linguagem corporal é um inferno de
muito mais difícil de falsificar, correndo fora dos instintos básicos do
que qualquer outro.

~ 29 ~
Neste momento, o corpo de Naomi está me dizendo que ela não é
somente muito gostosa, mas também que ela está chateada pra caralho.
Eu gostaria de ter palavras para animá-la. Se eu não fosse um idiota,
eu aposto que poderia vir com algo. — Turner?

Quando ela diz meu nome, eu me encontro atraído para frente,


meus dedos se contorcendo, a minha língua desliza sobre meus lábios.
Essa única palavra poderia muito bem me fazer gozar.

— Sim?

Faço uma pausa a alguns centímetros cuidadosos de distância.


Eu prefiro varrer o meu braço sobre esta mesa e empurrar as garrafas
de água para o chão, agarrar Naomi e batê-la sobre a parte superior
dela, mas você sabe, você não brinca com os ursos pardos, a menos que
você esteja preparado para lidar com as garras. Naomi parece que está
engolindo um completo inferno de um monte de grr4, se você entende o
que quero dizer.

— Segredos. — a palavra temida cai dos seus lábios e bate no


chão como um esguicho de sangue manchando meus sapatos. Eu
enrugo meu nariz e tento não ir para um completo estado de pânico. Oh
Deus, não. Eu não posso ter mais um. Minha boca fica seca e minha
garganta aperta com medo. — Você está certo. Você está tão certo. —
Naomi se afasta e coloca as mãos nas suas costas, se curvando e a
respiração dela escapa em um suspiro que atinge profundamente para
baixo e corta o terror diretamente na fonte. Isso é um suspiro de alívio,
de deixar ir. Um bom suspiro. Não tão bom quanto aqueles que ela vai
estar respirando quando meu pau estiver batendo dentro dela e os
dedos dos pés enrolados nos lençóis com prazer, mas, eh, você sabe.
Perto o suficiente. O riso de Naomi me confunde pra caralho, mas eu
espero. Como eu disse, tenho paciência. Eu apenas escolho não usar
frequentemente. — Segredos sugam, e eles matam, e eu estou tão
fodidamente farta com eles que eu poderia cuspir. — ela se levanta de
repente e se vira para mim, dando um passo mais perto, envolvendo os
braços em volta do meu pescoço. Quando seus dedos deslizam por trás
do meu couro cabeludo, eu rosno e inclino mais perto, de modo que
nossas testas estão se tocando. Calor pisca entre nós, como um
relâmpago, fritando a porra do meu cérebro, de modo que é quase
impossível conseguir um pensamento lógico através do meu cérebro.

— Hayden, está morta — ela sussurra, mordendo meu lábio com


força e o apertando entre os dentes brancos. Eu gemo em sua boca e

4 Ele quer dizer o rosnado que um urso faz.

~ 30 ~
agarro seus quadris duramente, puxando o corpo dela contra o meu.
Minha ereção mói contra meu jeans, se esforçando para chegar a esse
calor que está esmagando o pequeno fodido na sua cueca apertada.

— Sim, sim, ela está.

— Ela se matou. — Naomi suspira novamente e relaxa em meus


braços. Não é malditamente possível dizer o quanto estou feliz de ver
isso. Ela confia em mim. Ela fodidamente confia em mim. Depois de
tudo que fiz, depois do que eu malditamente fiz com ela a primeira vez
que nos conhecemos, o impossível aconteceu. — Chega de segredos.

— Provavelmente. — faço uma pausa e desço até entre nós para


desempacotar os meus jeans. Naomi não me impede. — Ou ameaças. —
eu rosno quando ela puxa meu piercing do lábio e me deixa
fodidamente louco. Ei, eu sou apenas metade humano. A outra metade
é animal, baby.

— Sem mais segredos que você queira me dizer? — ela pergunta,


e eu posso ver onde isso está indo. Ainda bem que eu não costumo
guardar segredos. Odeio esses filhos da puta. Praga sobre a
humanidade. Maior do que isso só a epidemia fodida do vírus ebola.

Eu dou alguns passos para frente e Naomi vai comigo, pisando


para trás e ofegando quando eu a levanto e ajusto sua bunda na borda
da mesa. As poucas garrafas de água tombam e caem no chão, mas nós
ignoramos. Uma vez que eu começar aqui, todo um inferno de muitas
mais coisas estão indo para se juntar a eles.

— Nada. Eu juro por Deus, Naomi Knox, eu não estou mantendo


segredos de você. — sua língua mergulha em minha boca, cortando
minhas palavras antes de eu ter uma chance de divagar, para
tranquilizá-la mais e mais vezes que eu nunca, nunca iria manter um
segredo. É como minha religião ou alguma merda assim - sem malditos
segredos do caralho. Quão difícil é isso? Como mais fácil seria a vida se
todos nós disséssemos a verdade? Toda essa bagunça com America e
Travis e Tyler-Stephen fodido-imbecil. Isso poderia ter sido evitado se
todos tivessem sido honestos desde o início. E talvez alguém tivesse
colocado uma bala na cabeça do psicopata. Talvez isso. — E quanto a
você, baby? — eu pergunto, recuando com esforço, ao mesmo tempo
que meu pau salta livre e implora pelo calor de Naomi. Por que, por que,
por que porra ela tem de que estar vestindo calça jeans hoje? — Tem
alguma coisa que você quer me contar? — eu volto alguns centímetros e
vejo como Naomi desabotoa seu jeans com propósito, fitando meu rosto
enquanto ela faz isso. Uma vez com seu zíper para baixo, ela levanta a

~ 31 ~
perna e põe seu salto alto no meu peito, me empurrando para trás
alguns passos. Nenhuma roadie 5 já fez isso comigo antes. Nem
nenhuma fã do caralho. Talvez fosse isso que eu estava procurando
todo esse tempo? Uma estrela do rock maldita.

— Puta que pariu, Naomi Knox, — eu respiro, minha voz rouca e


escura. Meus dedos encontram meu pau quando Naomi desliza para
fora da mesa e engancha seus dedos ao redor do cós de sua calça jeans.
— Eu quero possuir você.

O sorriso dela queima meu maldito rosto.

— Boa sorte com isso. — ela desliza seu jeans para baixo de seus
quadris, arrastando a calcinha junto com eles, e então se vira,
colocando as mãos na borda da mesa. Quando ela olha por cima do
ombro para mim, cabelo loiro fluindo abaixo das suas costas, corpo ágil
e perfeito e integralmente exposto, eu quase gozo em minhas malditas
calças novamente. Ainda bem que eu tive prática. Turner adolescente já
teria estado desamparado numa situação como esta. Na situação atual,
eu estou muito próximo de paralisado como ela está.

Acaricio meu pau algumas vezes, os dedos provocando as


tatuagens no meu eixo. Machucou pra caralho para tê-las, mas valeu a
pena. Oh sim, valeu a pena.

— Então, — eu digo querendo avançar e tomar posse dela,


mergulhar meu pau em sua boceta pingando. Mas eu tenho que ter
uma resposta em primeiro lugar, ter a certeza. Oh, e eu preciso de uma
porra de um preservativo. Após termos os nossos dois filhos, eu vou
fazer uma vasectomia, para que eu possa foder ela pra porra sem
camisinha dia sim e dia não. — Não há segredos? — eu encontro um
preservativo no bolso de trás e puxo para fora, rasgando o pacote com
os dentes e deslizando sobre meu eixo com um gemido.

— Não há mais segredos, — ela sussurra, arqueando as costas


como uma gatinha. — Agora cale a boca e me foda pra caralho. — meu
sorriso se transforma, rasgando através do meu rosto enquanto eu
avanço e corro minhas mãos pela bunda de Naomi, tomando conta de
seus quadris. Normalmente eu não gosto que me seja dito o que fazer,
mas, neste caso, a única resposta que eu tenho para ela é sim senhora.

— Baby, você não tem que me pedir duas vezes. — eu alcanço


entre nós e encontro o núcleo derretido de Naomi, latejando como a
batida grave de uma de suas canções, e deslizo até que minhas bolas

5 Roadie são os assistentes de palco e turnê.

~ 32 ~
estejam profundas. Chaves no reino, coisa doce. Eu quase lamento essa
merda em voz alta, mas isso é responsável para ter o meu traseiro
chutado, então eu seguro com um grunhido.

— Turner, — Naomi geme como uma verdadeira deusa do Rock, a


voz como cascalho e couro, veneno e rendas. Pequenas gotas de suor
brotam na parte inferior das suas costas expostas, deslizando para
baixo de sua pele e puxando meus olhos como se eu tivesse sido
hipnotizado; eu não posso desviar o olhar. — Foda-me como se você
realmente quisesse dizer isso. — eu rosno e empurro meus quadris na
bunda de Naomi, apreciando a macia carne imprensada pelo meu
comprimento. É tão fodidamente refrescante ter sexo com uma mulher
que eu realmente quero foder mais de duas vezes. Eu não estou aqui
sentado, entediado, me perguntando como eu vou ficar longe dela, sem
fazer uma cena. Inferno, tudo que eu quero fazer é gastar o meu dia
com essa garota, fazer alguma música, foder, fumar e beber. Mas eu
não tenho sido domesticado, oh inferno não. A imprensa pretende
mergulhar a Internet com linhas como O maior Bad Boy do Rock levado
aos seus joelhos? Bem, que se fodam. Eu não estou em meus joelhos, e
eu ainda posso foder como um maldito deus do Rock, então colocar
aquela merda em sua caixa de suco e sugar isso.

— Oh sim, Knox. Peça e você vai fodidamente receber.

Naomi sustenta as mãos dela contra a mesa e empurra sua


bunda de volta contra mim, erguendo a cabeça e deixando seu cabelo
loiro brilhar sobre seus ombros.

— Não, eu quero dizer realmente me foda. Me foda com tanta


força que nem lembre as letras do meu próprio nome. Me foda tão forte
que eu não dê a mínima por estar presa aqui sob o polegar de America,
encurralada entre uma rocha e um lugar duro. Me faça acreditar nisso.
— ela faz uma pausa, suspira, e posso sentir seu corpo relaxar ao redor
do meu. — Turner filho da puta Campbell, me mostre o que você tem.

Minha mão sai e envolve em torno de cabelo de Naomi,


agarrando-a em um aperto forte. Eu meio que tenho a impressão de que
esse tipo de humor é uma raridade para Naomi Knox, então eu vou
pular com os dois pés e ordenhar esta merda.

Eu bato Naomi na mesa com tanta força que a maldita coisa


sacode e bate contra a parede, lascando parte da pintura bege do gesso
e envio as garrafas de água restante para o chão. Mas nenhum de nós
dois dá a mínima para isso.

~ 33 ~
— Deus sim, — Naomi remói entre os dentes e eu gozo. Ali
mesmo. Eu juro, as palavras dela sabem como foder meus ouvidos tão
duro que eles parecem que vão ter seu próprio orgasmo. — Mais forte,
mais rápido, Turner.

— O prazer é meu, querida. — eu paro só por um momento para


levantar minha camisa e lançar sobre minha cabeça, deixando bater no
tapete próximo aos nossos pés enquanto eu curvo e deslizo minha mão
para cima em suas costelas, sob sua pequena estúpida camiseta
esfarrapada, meus dedos encontram seus seios e mamilos tensos. Meu
tronco pressiona contra a bunda e costas de Naomi, deslizando nossa
pele suada junta. Não sei o que ela quer de mim, não exatamente, mas
eu posso tomar alguns palpites. Eu quero que Naomi se sinta especial,
para saber que ela é especial. Sim, isso pode me fazer soar como uma
bicha, mas quando se trata de amor, eu não dou a mínima. Eu quero
que ela saiba que ela é diferente de todas aquelas outras meninas, que
mesmo que eu tenha esquecido a nossa história por um pequeno
tempo, eu me lembro agora e sinto muito. — Eu não costumo fazer sem
camisinha, Naomi, — eu rosno, deixando minha voz roncar no meu
peito. Quero que ela não apenas ouça minhas palavras, mas sinta em
seus ossos. Sorte minha, eu sou um cantor, é o que eu piro fazendo. —
Mas com você, não existem quaisquer barreiras. Eu só quero estar com
você em corpo e alma, contanto que você vai me aturar.

Ela não responde, mas choraminga e eu sei que estou realmente


falando muito. Então, eu me concentro em massagear seus seios, em
mover minha mão até seu rosto, traçando ao longo da sua mandíbula,
colocando meus dedos em sua boca. Ela chupa por um instante
enquanto eu movo dentro dela e então morde com força suficiente para
machucar. Minha respiração sibila por entre meus dentes.

— Deus, você é uma vadia, — eu gemo e Naomi ri, na verdade


malditas gargalhadas enquanto eu estou fodendo ela. Não importa que
sua camisa seja empurrada para cima ou seu jeans puxado para baixo,
emaranhada ao redor de seus tornozelos. Não importa que ela esteja
curvada sobre a porra de uma mesa sendo pregada pela estrela de rock
mais quente do mundo - sinceramente - ela ainda está no comando e eu
gosto disso. Eu quero lutar com essa mulher todos os dias da minha
vida, vê-la me chamar com as minhas besteiras, vê-la olhando para
mim com o canto dos olhos com um sorriso quando ela pensa que eu
não estou olhando. Todas aquelas outras meninas, as únicas que se
atiravam aos meus pés, imploraram por uma única noite no meu
ônibus, chuparam meu pau nos bastidores de nossos shows, elas eram
chatas. Essa, essa é a que eu estava fodidamente esperando.

~ 34 ~
— E você é um bastardo. Agora porra, dê isso para mim, Turner.
— eu puxo minha mão do seu rosto, sugando meus dedos levemente
machucado e os deixando agradável e ensopados. Minha mão direita
mantém segurando o pequeno traseiro de Naomi enquanto à minha
esquerda mergulha para baixo e eu insiro um dedo em sua bunda. Eu
sou gentil o suficiente sobre isso, mas eu empurro com força,
deslizando dentro dela e sentindo a pulsação do meu próprio pau na
boceta dela. Cara, se você não tentou isso ainda, talvez você queira se
inscrever agora.

Naomi deixa escapar um pequeno grito e suspiros de prazer,


caindo para os cotovelos sobre a mesa para me dar um ângulo melhor.
Eu uso a minha mão direita como uma âncora, segurando-a no lugar
enquanto eu molho meu pau e lambuzo sua bunda ao mesmo tempo.
Não é uma posição muito graciosa, mas nós não somos bailarinas do
caralho; nós estamos apenas fodendo arduamente.

— Você gosta disso, Knox? Agora eu possuo sua buceta e seu


rabo.

— Cale a boca, Turner, — ela engasga, se empurrando para mim,


seus gemidos guturais subindo em entrecortados choramingos. Bingo.
Reviro os olhos para o teto e deixo escapar uma pequena prece ao Deus
do Tesão. Ele certamente está sorrindo para minha bunda hoje.

Em algum lugar no fundo da minha mente, registro o som de uma


porta abrindo, mas eu estou muito ocupado recebendo ordenhadas no
meu pau fodido para fazer muito sobre isso. Naomi está gozando,
deixando sua testa bater na mesa enquanto ela grita e se aperta no meu
pau, os músculos em suas costas se apertando, sua carne suave
ondulando enquanto eu surro ela. Se alguém acabar entrando, foda-se.
Eles podem assistir tudo e eu não dou a mínima.

— Bem aí, Knox. Esse é o lugar. — eu deslizo meus dedos da


bunda de Naomi e me deixo ir quando seu corpo relaxa em meus
braços, caindo para frente, de modo que eu tenho que segurá-la com a
minha mão direita.

Quando eu gozo, há um sorriso firmemente plantado em meus


lábios.

~ 35 ~
— Ele me faz tão fodidamente... — eu cerro os dentes e tento
chegar a uma palavra que descreva Turner Campbell. Nada apropriado
vem à mente. Os únicos adjetivos que eu posso pensar que são
aplicáveis a esse imbecil não são permitidos a uma imagem. Eu paro e,
em seguida, dou de ombros e suspiro. Meu corpo ainda está
cantarolando, cantando uma música em voz baixa sobre lugares felizes
e pontos impertinentes que não devem ser tocadas, mas que parecem
tão bons.

Blair se inclina para trás na cadeira perto da janela e dobra os


pés para cima. Ela tem este vestido vintage com laço ao redor do decote,
totalmente não prático, definitivamente não é algo que eu sempre quis
para dormir. Mas fica bem nela. Passo minhas noites em calças de
moletom e camisetas de bandas.

Eu paro o meu ritmo frenético perto da janela e volto a olhá-la.


Turner não é a razão que eu vim aqui em cima. Quero dizer, não
realmente. Com toda a honestidade, depois do que aconteceu entre nós,
eu queria dar o fora porra. Eu estou me apaixonando, e é assustador.
Todos os dias, a terra ronca embaixo dos meus pés e eu tropeço,
deslizando ainda mais e mais para o abismo. Eu não posso parar isso.
Quando eu olho para o rosto dessa ameaça teimosa, minha respiração
pega no meu peito e meu corpo se aquece de dentro para fora. Eu
poderia ter de começar a usar forros de calcinha, porque eu estou
sempre pronta e disposta no andar de baixo. Aquele piercing no lábio, as
tatuagens dele, aquele perfeito abdômen, aquele fodido piercing na
língua.

— Você não quer ouvir isso, — eu digo, segurando minhas mãos e


dando um passo para trás. Depois que eu praticamente corri longe de
Turner, o deixando com suas calças ainda para baixo em torno dos
tornozelos, decidi que eu deveria fazer as rondas e falar com membros
da minha banda, ver como eles estavam se sentindo após a ameaça de
America contra nossas vidas.

~ 36 ~
Blair sorri para mim, o rosto estranhamente desprovido de
maquiagem. Estou acostumada a vê-la com os lábios vermelhos e
sombra cuidadosamente aplicada, cílios falsos em cores do arco-íris. Eu
acho que essa turnê está mostrando o lado de pessoas que eu nunca
pensei que veria. Suponho que se eu estou presa aqui, eu poderia muito
bem fazer amizade com as pessoas que sei que posso confiar. Ou... pelo
menos quem eu acho que posso confiar. Pelo que eu sei, Blair é filha
ilegítima de Stephen Hammergren. Isso não me surpreende. Não me
surpreenderia em tudo.

— Eu não me importo, — ela diz alcançando e segurando seu


cabelo louro e preto em um rabo de cavalo. Blair toma um laço de
cabelo fora de seu pulso e o amarra. — Quero dizer, não vou mentir. No
começo eu estava puta por Dax. Eu senti como se você estivesse
cometendo um erro enorme escolhendo Turner acima dele, mas... — ela
dá de ombros de novo, e eu tento não ficar de boca aberta.

— O quê? Você estava brava comigo? — eu aponto o dedo para o


meu peito e, em seguida, sinto um rubor leve atravessar minhas
bochechas. Você acabou de deixar Turner dedilhar seu traseiro, Naomi.
Que porra é essa? Deus, e a pior parte foi que eu amei isso.

— Sim, — Blair diz com um encolher de ombros. — Eu estava,


mas suponho que eu não posso estar mais. Quer dizer, o jeito que ele
olha para Sydney, isso realmente me faz desejar que eu fosse ingênua o
bastante para acreditar em amor à primeira vista. — eu franzo os lábios
e cruzo os braços sobre o peito.

— Eu tentarei não me sentir ofendida com essa afirmação, — eu


digo sarcasticamente e Blair ri, olhando para mim com seus olhos azuis
brilhando. Apesar do fato de que Hayden acabou de morrer, que a
nossa empresária acabou de ameaçar atirar em nós, ela parece bem.
Bem humorada. Eu me pergunto por que razão?

— Não fique assim. Eu não quero dizer isso como um insulto.


Posso ver que você realmente ama Turner, e Dax precisa de alguém que
o quer por ele, não como um prêmio de consolação.

— Eu... não tenho nenhuma ideia do que dizer. — eu puxo a


cadeira da mesa perto da janela e atiro ao redor, afundando no assento
com um suspiro. Eu quero negar que amor é o que eu estou sentindo
por Turner, mas... Eu disse nada mais de segredos. Isso não significa o
mesmo para mim mesma. Eu o amo. Eu sempre amei, mesmo depois
que eu acordei naquele quarto de hotel e ele desapareceu. Apesar das
chances contra nós, nós encontramos um ao outro e as perspectivas na

~ 37 ~
minha vida pessoal estão melhorando. É só que, você sabe, o negócio e
o departamento de dano físico são onde eu estou carente. Ei, eu tenho
um novo namorado, mas eu poderia ter a minha cabeça estourada por
um atirador após o meu próximo show. Interessante como a vida lhe dá
algo surpreendente para agarrar ao mesmo tempo em que tenta jogar
você fora de um penhasco. Vá se foder.

— Só me ignore. Dax e eu temos sido amigos desde sempre. Eu


sou um pouco superprotetora quando se trata dele. — Blair descruza as
pernas e se inclina para o lado da cadeira, cavando em sua mala de
viagem e chegando com um saco plástico cheio de pirulitos. — Quer
um? — eu levanto minha sobrancelha para ela e ela lança uma
piscadela.

— Você não parece tão chateada sobre Hayden? — assim que as


palavras deixam minha boca, eu posso dizer que elas não são
verdadeiras. Todo o rosto de Blair está desligado, a luz atrás de seus
olhos se desvanece a escuridão, de modo que quando eu olho dentro de
seus olhos azuis, eles parecem pretos.

— Ela se matou. Obviamente, ela tinha um monte de problemas.


Quero dizer, — Blair faz uma pausa e agarra o olhar dela até os meus,
— Eu a odiava. Eu realmente, realmente odiava ela. Você sabe tão bem
quanto eu. Você estava lá no ônibus com ela. Porra, Naomi, você até
mesmo limpou todas as sujeiras dela. — eu olho para longe enquanto
uma surpreendente dor corta através do meu coração. Hayden pode ter
sido uma cadela sádica do inferno, mas ela era minha cadela sádica do
inferno.

Eu suspiro.

Blair toma um pirulito do saco de plástico e joga o resto de volta


em sua mala de viagem.

— Eu a odiava, mas eu não acho que ela era toda má, sabe? Eu
só... Eu não tenho ideia do que realmente está acontecendo aqui,
Naomi. Ouvi o que você tinha a dizer, o que a America disse, e eu vi a
fotografia de Hayden, mas é só isso. Pedaços de vida das outras
pessoas. Eu não sei por que tudo isso está acontecendo, e eu não me
importo. Eu só quero que isso tudo pare.

— Eu também, — eu sussurro, e eu não sei o que mais


acrescentar a isso. Eu poderia dizer a Blair sobre os meus segredos,
deixá-la saber. Mas eu tenho que lembrar que os meus pequenos
demônios particulares também são crimes de alta traição. Eu olho para
longe, para as cortinas cobrindo a janela e a luz do sol obscura se
~ 38 ~
esforçando para atravessá-la. — America, — eu começo, mas não há
realmente nada a dizer. Ela iria realmente atitar em nós? Ambas
sabemos que ela faria.

— Não importa, — Blair diz, chupando seu doce e fitando o teto,


distraída. Um sorriso atravessa seus lábios. — Pelo menos o homem
com a arma é gostoso.

— Você é impossível — eu digo, mas estou mais do que feliz em


mudar de assunto. Meu cérebro está preso na nossa situação atual,
todas as pequenas complexidades e os horrores que a compõem, e eu
não consigo descobrir uma solução. Se eu continuar martelando minha
cabeça contra isso, eu vou acabar com uma enxaqueca e não muito
mais.

— Não, você que é. Chegando aqui reclamando sobre Turner


Campbell. Que diabos foi que ele fez agora? — eu olho para Blair e
engulo. Sem mais segredos. Mas, em seguida, há também tal coisa
como a TMI 6 . Eu não tive muitas amigas na minha vida que eu era
próxima. Quando se trata de sexo, eu não tenho nenhuma ideia de
quanto eu estou suposta a confiar. Eu olho para o teto e descubro que o
olhar de Blair não estava no nada. Há uma foto lá. De um pênis. Meu
olhar cai de volta para seu rosto com um olhar interrogativo e uma
sobrancelha levantada. Ela olha para mim e depois de volta para o teto
antes de cair na risada. — É uma espécie de, você sabe, já faz algum
tempo.

— Ok. — eu me levanto e deslizo meus óculos no meu rosto. —


Você sabe, eu não quero saber. — eu passo por Blair e sopro para ela
um beijo, lançando uma última olhada na ereção massiva gravada em
seu teto. Talvez eu não queira quaisquer amigas?

— Vou sentar ao seu lado no voo para L.A.? — ela chama quando
eu abro a porta e piso para fora. Há um sorriso deslizando em meu
rosto, apesar da situação.

— E debater sobre pau com você? Sem chance disso. — mas sei
que eu vou. Quer Turner goste ou não. Eu vou fazer um amigo do
caralho.

6 Abreviação para Too much information, muita informação.

~ 39 ~
Vou para o quarto de Dax, não porque eu particularmente quero
vê-lo, mas porque eu sinto que tenho que fazer. Eu tenho que olhar em
seus olhos e dizer que sinto muito. O som de sua voz no telefone me
disse tudo o que eu precisava saber; ele está devastado. Fora todos, Dax
era o único que acreditava que Hayden era resgatável. Ela tem um filho.
Em algum lugar lá fora, Stephen Hammergren possui a criança de
Hayden. Onde ela está e por que, eu não sei, mas eu vou descobrir. Só
porque Hayden está morta não significa que a garotinha não importa.
Eu bato na porta de Dax, ignorando os guarda-costas atrás e em cada
lado meu. Meus dois e mais dois para Dax. Eles são todos homens de
Brayden, tenho certeza. Eu duvido que algo que façamos na presença
deles seja privado. Pelo menos eles não nos seguem em nossos quartos.

A porta abre uma fenda e rosto de Sydney aparece.

— Ei Naomi, — ela diz com um meio sorriso cansado. Eu tento


sorrir de volta para ela, mas ao contrário de Blair, eu não posso deixar
isso tudo ir, nem mesmo por um segundo, e fingir que eu estou bem.
Eu não estou bem. Nenhum de nós está. — Se você está aqui para ver
Dax, então você vai ter que voltar mais tarde. Eu o droguei com
algumas pílulas para dormir e o coloquei na cama. — ela dá de ombros
e o roupão que ela está usando desliza fora seu ombro nu. Huh. Então,
eles já estão dormindo juntos, não estão? Eu tento não sentir ciúmes.
Eu não estou, não realmente. Estou feliz com a minha escolha. Dax
nunca foi realmente uma opção para mim. Talvez eu seja apenas
narcisista e desfrute a atenção? Eu não sei essa porra.

— Você poderia dizer a ele que eu estive aqui quando ele se


levantar? Talvez ele me mande uma mensagem?

— Tudo bem, — diz ela com outro sorriso e uma piscada. A porta
se fecha outra vez e fico de pé esquerdo sem jeito no corredor sozinha.

— Naomi. — fecho os olhos e reúno o meu autocontrole fechando


em torno de mim como um cobertor. Eu vou precisar de tudo que tenho
para virar e olhar a America no rosto.

— O quê? — eu atiro, abrindo meus olhos e fitando a porta


fechada de Dax, os números em letras douradas, refletindo de volta
uma imagem distorcida do meu rosto. 325. — Posso ajudar com alguma
coisa ou você gostaria de ter um de seus lacaios segurando uma arma
para a minha cabeça para se divertir?

America zomba, cruzando o braço bom sobre o peito. Eu percebo


distraidamente que ela tem a tipoia novamente. Acho que jogar uma
enorme birra não foi o melhor movimento, não é? Espero que ela quebre
~ 40 ~
a maldita coisa. Ao menos ela se recompôs, tomou banho, colocou um
pouco de maquiagem e uma nova meia-calça para ir com sua saia do
terno cinza. Normalidade. Graças a Deus. Eu poderia realmente usar
uma dose disso.

— Eu gostaria de falar com você em particular.

Dou uma olhada para os seguranças que me cercam vestidos com


camisetas e jeans, e não ternos e como seria de esperar da alta classe,
segurança de alto custo. Me pergunto o quanto isso está me custando?

— Eles vão fazer o quê?

— Puta que pariu, Naomi. Venha comigo no andar de cima.


Podemos jantar no restaurante.

Eu giro ao redor para encará-la totalmente, franzindo os lábios e


apreciando o fato de que eu estou usando óculos, então ela não pode
ver a expressão queimando no meu olhar. Ódio. Pense que eu poderia
estar chegando lá com America. Estou doente e cansada de toda essa
porcaria. Eu só quero voltar para a turnê, dormir em uma cama
desconfortável, tocar em shows, fumar um baseado casual. É isso aí. É
claro que minha vida tem sido irreparavelmente alterada, mas isso não
tem que ser uma coisa ruim. Turner Campbell me pertence agora. Como
eu sempre quis. Como eu teria matado por isso quando eu era
adolescente. E sim, eu já passei por umas merdas, mas talvez eu
pudesse esquecer isso tudo e seguir em frente? Talvez agora eu vá
finalmente ser capaz de valorizar os momentos fáceis na vida, os
espaços tranquilos que compõem a maior parte da nossa existência?

— O pensamento de ficar sentada em uma mesa na sua frente me


faz mal ao estômago. Você confia nesses caras, não é? — eu aponto
para os guardas, querendo saber mais uma vez de onde America
conhece Brayden e por que ele é tão leal a ela. — O que quer que você
tenha a dizer, cuspa. Me diga bem aqui. Ou, como eu disse, você pode
colocar uma arma na minha têmpora e me forçar a comer frango
refogado com alho e vinho branco enquanto você tagarela à distância.

Os lábios da minha empresária afinam, mas não me interessa.


Estou cansada de jogar os jogos dela. Então, ela terá Brayden me
rastreando e matando se eu fugir? Bem. Eu vou ficar. Vou fazer o show,
mas eu não tenho que ser agradável sobre isso. Ela não vai para cima
de mim durante alguns comentários cáusticos.

— Saímos para L.A. amanhã, Naomi. Esta pode ser sua última
chance de visitar Katie.

~ 41 ~
— Katie? — eu pergunto, pensando de volta em minha irmã
adotiva. Em Eric. Eric. Eu gostaria que ele ainda estivesse vivo, então
eu poderia matá-lo, pegar um novo par de tesouras e mandá-lo ao
inferno para visitar seus pais. Ah bem. Suponho que, se realmente
existe um céu ou inferno ou o que seja, ele está chafurdando na miséria
em algum lugar. Idiota. — Por que todo mundo está tão obcecado por eu
falar com Katie? O que diabos ela tem a ver com alguma coisa? Ela está
indo para a prisão. Ou, mais provavelmente uma custódia de saúde
mental, onde ela vai passar o resto de seus dias envolvida em uma
jaqueta branca. — lágrimas ardem no canto dos meus olhos, mas eu
empurro para trás. Eu tentei uma vez salvar a minha irmã adotiva, e
olha como as coisas acabaram. Não há nada que eu possa fazer por ela
agora. O irmão dela, mesmo que ele fosse um estuprador fodido, foi
assassinado na frente de uma porra de tonelada de pessoas. Ela matou
um policial. Poderia ter sido um policial corrupto, mas quem vai saber?
Quem é que vai acreditar em mim se eu mesma tentar explodir a tampa
sobre esse golpe?

Claro, há a criança de Hayden para se pensar. De Eric,


supostamente. Eu não sei o que aconteceu entre eles, mas Katie pode.
Eu cerro os dentes e olho para o chão, fechando os olhos novamente
para apoderar minhas emoções.

— Só porque você acha que este é um caso sem complicações não


significa que ele seja, — America rosna entre seus dentes perfeitos e
brancos. Me pergunto o que a sua história representa, toda a sua
história eu quero dizer. Ela nos disse sobre Stephen, sobre Travis, sobre
Harvard, mas o que aconteceu antes disso? Sobre a família dela? Sua
infância? Não tenho certeza de que eu realmente me importo, mas
talvez isso fosse me ajudar a preencher alguns desses espaços faltando,
aquelas rachaduras que se mostraram hoje, quando ela nos assustou
pra caralho.

— O que é que isso quer dizer? — pergunto a ela, mas ela já está
se virando e indo pelo corredor, o sapato dela bombeando contra o
carpete cor de vinho. Eu olho para ela, observando enquanto ela espera
o elevador com seus próprios guardas e desaparece por trás das portas
de prata se fechando.

~ 42 ~
Eu preciso falar da minha merda com alguém. Eu já experimentei
Blair e, enquanto ela era agradável para conversar, era difícil cavar
muito mais profundo do que a superfície. Quer dizer, isso não é
totalmente culpa dela já que eu não lhe disse a verdade do meu
passado, mas essa coisa toda com Hayden está me comendo. Se eu não
deixar tudo sair, eu vou implodir. Então só há uma pessoa aqui que eu
posso conversar. Uma pessoa.

Atualmente, ele está encostado em uma coluna no lobby com um


sorriso orgulhoso no rosto, olhos fechados, braços musculosos cruzados
sobre o peito. Cabelo preto azulado pendendo em torto na testa,
revelando algumas tatuagens de estrela cuidadosamente colocadas ao
longo do seu couro cabeludo. Quando ele abre os olhos castanhos para
olhar Milo, eu faço uma carranca.

Turner Campbell.

Eu quase engasgo com as palavras dos meus próprios


pensamentos. Turner Campbell. Eu... quero ir falar com ele. Minhas
mãos enrolam em meus lados e eu tenho que engolir várias vezes para
ter coragem de ir até lá. Namorado. Ele praticamente me obrigou a lhe
conceder esse título, e agora todos sabem. Ele não estava exatamente
tímido sobre mencionar isso durante as nossas entrevistas. Seu
pequeno tête-à-tête no palco não ajuda muito agora não é?

Cerro os dentes enquanto eu penso sobre ele sorrindo e ajustando


para a câmera. O único parte que se salva da experiência inteira é que
ele, manteve a nossa história para si mesmo. Eu sei que iremos ter de
falar com a imprensa sobre isso em breve, antes que eles saibam o fato
de que temos tatuados os nomes um do outro em nossos corpos.
Segredos. Eles fodidamente sugam. Por mais que eu gostasse de manter
todo o fiasco para mim mesma, eu sei que eu não posso. Nunca mais.
Eu estou no movimento anti-segredo com Turner Campbell. De fato,
estou surpresa que chegamos até aqui sem que ninguém encontrasse
uma foto das costas de Turner e avistado a tatuagem. Eu acho que nós
apenas não éramos populares o suficiente antes para que qualquer um
desse a mínima para isso. Posso apostar agora, entretanto, de que
alguém viu. É apenas questão de tempo antes que eles percebam que
não é uma tatuagem nova. Gostaria de saber se eu vou ter que falar
sobre o aborto também.

Dou um suspiro e sacudo isso para longe.

~ 43 ~
Melhor terminar com isso logo. Já posso imaginar o olhar
orgulhoso no rosto quando ele percebe que eu vim aqui especificamente
para encontrá-lo.

— Eu não sei, Milo. Eu não dou a mínima para qualquer um.


Você descobre isso. É para isso que eu pago sua bunda pastosa. — Milo
suspira e balança sua cabeça, colocando seus dedos até a têmpora
direita e massageando a pele em círculos lentos. Ele tem um iPad
agarrado ao seu peito e uma carranca que se arrasta por suas
bochechas e lhe dá a falsa aparência de papadas. O que Turner fez
agora?

— Bem. Eu vou ser o único que toma a decisão final depois. —


Milo faz uma pausa e olha para cima, tomando uma respiração
profunda como se ele estivesse se preparando para um confronto. —
Agora, o que eu realmente preciso falar com você é sobre Pinterest. —
eu posso sentir minhas sobrancelhas subindo quando fecho os últimos
metros entre nós e faço uma pausa próximo ao cotovelo esquerdo de
Turner. Ele só leva um segundo para perceber que eu estou de pé ali.

— Oi, Knox, — ele rosna sob sua respiração, serpenteando um


braço ao redor da minha cintura e me puxando para perto. Eu coloco
minhas mãos para fora e enrugo meu nariz apesar de que debaixo de
toda essa merda, eu gosto da sensação da mão dele espalmada contra a
minha espinha. — Onde você esteve, baby? — a respiração de Turner
provoca minha orelha e faz o cabelo na parte de trás minha nuca ficar
em pé. Eu endireito meus braços e forço algum espaço entre nós
enquanto Milo pigarreia e tenta arrastar os olhos de Turner longe do
meu. Infelizmente, ele se recusa a olhar para longe, cortando o meu
olhar com este orgulho masculino auto satisfeito que me incomoda pra
caralho.

— Não pense que só porque eu deixei você ter alguma ação na


porta dos fundos que de repente você é rei. Eu ainda poderia chutar o
seu traseiro se eu quisesse. — Turner me libera com uma risada, se
curvando pela cintura e batendo no joelho.

— Você vê? — ele diz quando ele está de volta e finge secar uma
lágrima de seus olhos. — É por isso que eu amo essa mulher.

— E isso é maravilhoso, — Milo diz, sempre o homem de negócios


responsável. Ele ajusta a gravata rosa salmão e limpa a garganta,
olhando com desconfiança para mim. Eu espero pacientemente,
contente pela distração. Espero que até o momento que Milo sair,

~ 44 ~
Turner não vai lembrar de que eu fui a única que entrou olhando para
ele. — Mas eu preciso falar com você sobre os seus pins no Pinterest.

— Você tem uma fodida conta no Pinterest? — eu pergunto,


dando a Turner um olhar que diz que não está comprando o que ele
está vendendo. — Eu pensei que Pinterest era para donas de casa que
procuram decorações de Halloween caseiras e velhinhas com
delimitação do âmbito de novos projetos de tricô.

— Ah, Knox, você é fodidamente preciosa, não é? — ele me dá um


beijo de zombaria no topo da minha cabeça e bate as mãos, tocando
seus dedos aos lábios. Fico contente por ver que a morte de Hayden teve
tal efeito ao longo da sua personalidade superior. Eu não estou levando
ele para o funeral. — Mas você não é exatamente um guru de mídia
social, não é? — Turner cerra os dentes em uma careta. — Você não
tem sequer uma conta no Twitter.

— Sr. Campbell, você está evitando o assunto. Sua conta no


Pinterest. É inapropriado. Eu recebi um e-mail esta manhã. Se você não
tirar isto, você vai ser banido. Já temos bastante má imprensa. Eu
apreciaria isto se você pudesse canalizar seu amor para... a intimidade
de uma forma diferente.

— Intimidade? — eu já posso sentir meus lábios franzindo.


Balanço a cabeça e quase quebro o pulso de Turner quando ele puxa
meus óculos escuros longe dos meus olhos. Eu os agarro e enfio para
cima de volta no meu nariz. Eu olho feio para ele, e ele sorri para mim
enquanto Milo fica impotente ao nosso lado e espera pacientemente.
Pobre rapaz.

— Eu postei posições sexuais que eu quero tentar.

— Com comentários altamente inapropriados, — Milo acrescenta,


suspirando dramaticamente. — Juntamente com as... outras coisas.

— Melhor não haver quaisquer fotos de mim lá, — eu sussurro,


enrolando meus dedos em torno de seu bíceps. Eu quase desejo que
não fosse um bom bíceps porra. Seria bem mais fácil odiá-lo dessa
forma. Diabo. Ele ainda é o diabo, mesmo que eu o ame. Eu preciso
manter isso em mente.

— Não. Não na minha conta no Pinterest, apenas no Instagram.

Com isso, ele vai para longe e arranca para as portas traseiras.

Se eu não estivesse com tanto medo do que ver, eu pegaria meu


telefone e daria uma olhada. A coisa é, eu não quero ver nenhum artigo

~ 45 ~
sobre Hayden, ler todas as manchetes, e - Deus me livre - avistar
nenhuma foto. Eu não sei o quanto desta situação tem sido divulgada
ou se tudo vazou, mas até mesmo America não pode esconder isso da
imprensa.

— Onde você está indo? — pergunto a ele quando ele passa pelo
pátio e vai em direção da entrada dos fundos dos fumantes, o que é
supostamente exclusivo para o nosso grupo da turnê. Turner caminha
com confiança, cabeça erguida, um leve sorriso nos lábios. Alguém está
em um terrivelmente bom humor. — Você tem um compromisso ou algo
assim?

— É um experimento, — diz ele enquanto desacelera um pouco


para eu acompanhar. Eu o examino com o canto do meu olho, tomo as
pulseiras de borracha em seu braço esquerdo, as tatuagens de
patinhas, a camiseta preta justa com o logotipo da Indecency nele. —
Você não tem a impressão que esses caras estão nos mantendo ao
mesmo tempo que eles estão mantendo o bandido para fora?

— Depois da minha conversa com America, eu estou praticamente


segura de que esse é o caso. Então, o que você vai fazer a respeito? —
Turner continua se movendo, e eu não consigo parar de pensar em
nossa caminhada na casa segura, quando nossas mãos estavam
unidas. Era bom, muito bom. Turner Campbell não é o tipo de cara que
você se mantém de mãos dadas. Merda. Eu estava menos surpresa
quando ele fodeu o dedo na minha bunda.

— Eu quero ir para Denny7. É isso aí. Não é um grande negócio,


certo? — paramos apenas fora das portas de vidro que vai nos conduzir
para o pequeno lobby nesta extremidade do edifício. Existem dois
guardas posicionados em ambos os lados. Eles nos dão olhares
entediados enquanto estamos de pé lá sussurrando.

— Mesmo se não estivéssemos em uma mega fodida situação


como esta, seria. Você é um grande negócio agora, Turner. Você não
pode simplesmente ir para Denny. — faço uma pausa, tomo um grande
fôlego e me forço a continuar. — Hayden morreu hoje, Turner. — sua
boca aperta e ele vira para olhar para mim com aquilo que eu percebo
ser um olhar quase sério no rosto. Seus olhos castanhos perfuraram os
meus, olhando profundamente, perfurando uma linha reta para o meu
coração.

— Eu sei. — ele se aproxima e põe as mãos sobre meus ombros.


O movimento é tão... diferente de tudo que eu já vi ele fazer e eu dou

7 Restaurante.

~ 46 ~
um passo para trás e ele deixa cair as mãos para trás ao seu lado,
puxando o seu sorriso de volta no lugar. — É por isso que eu estou
tentando fazer alguma coisa, mesmo que seja apenas uma pequena
coisa. Eu quero ver quão enjaulados realmente estamos. Eu sou um
homem livre, certo? Mesmo se eu for morto por fãs, eu tenho todo o
direito de caminhar para fora do hotel. Porra, eu tenho todo o direito de
caminhar para os braços de Stephen Hammergren se eu quiser, certo?

Eu dou de ombros e balanço a cabeça. Turner está indo fazer o


que ele quer fazer, independentemente do que eu tenho a dizer sobre
isso. Eu não admito para mim mesma que essa é uma das razões pelas
quais eu realmente gosto dele.

Ele respira, caminha para cima até os degraus e as portas. Eu


olho sobre meu ombro para os homens atrás de nós. Há uma mulher,
também, ajustando seu cinto de couro e sorrindo para mim. Aposto que
ela pode chutar minha bunda mais duro do que o resto deles. Ótimo.

Eu olho para trás em Turner e observo enquanto ele atravessa as


portas de vidro sem um único protesto. Cristo fodido. Eu me movo atrás
dele tentando o meu melhor para fingir que eu não estou esperando
alguém agarrar meus braços a qualquer momento. Nós vamos para o
outro conjunto de portas e notamos que dois caras aqui estão andando
nervosamente.

— Desculpe-me, senhor. Existe algo que podemos ajudá-lo? —


Turner balança a cabeça, espera por mim para acompanhar, e envolve o
braço em volta da minha cintura.

— Nós vamos sair para comer. Denny, você sabe. Algo elegante. —
ele bufa e encolhe os ombros, me puxando para frente e... para fora das
portas. Nossos seguranças seguem junto atrás de nós em uma onda,
um deles já em seu celular, sem dúvida, relatando para Brayden ou
America, ou seja lá quem for. Mas eles nos deixam ir. Continuamos a
caminhar em frente ao estacionamento e ninguém nos para. Que porra é
essa?

— Acho que a teoria saiu pela culatra, — Turner diz, quase como
se ele estivesse decepcionado com o fato. Fazemos uma pausa cerca de
vinte metros longe da entrada e trocamos um olhar. — Quero dizer, nós
não estamos sozinhos, mas nós estamos fora. Pergunto quanto tempo
isso vai durar? — dou uma olhada por cima do ombro para o prédio e
imagino America tendo um infarto sobre isso. Honestamente, eu não sei
como esta é uma boa ideia de qualquer maneira. Nós poderíamos levar
um tiro aqui fora. Sequestrados. Sabe-se lá o quê mais, porra. Mas ao

~ 47 ~
menos estamos livres. Ou pelo menos eu posso fingir que estamos livres
e isso parece fodidamente incrível. Por um segundo, eu fico lá e fantasio
o que seria se Turner e eu fôssemos ninguém. Se nós tivéssemos nos
conhecido em um bar ou no show de outra pessoa. Eu podia nos ver
sendo feliz juntos assim, eu realmente podia. Mas assim? Eu
simplesmente não sei.

— Quem liga? — eu digo, sentindo como se correntes estivessem


sendo levantadas a partir da minha pele e se jogando no chão em uma
enferrujada pilha de prata. — Vamos desfrutar enquanto dura.

Eu estendo a mão e agarro a mão de Turner, puxando-o para


uma corrida em frente ao estacionamento quase vazio. Os passos dos
nossos guarda-costas batem atrás de nós, mas eu não dou atenção. Eu
quero apenas dar o fora daqui. Quanto mais distante nós corremos,
mais rápido vamos, mais que o sentimento se intensifica até que eu
estou pensando seriamente em tentar cavar esses caras em algum lugar
e fazer uma nova vida, uma que não envolva subterfúgios e passados
que escoam como feridas sépticas. Eu não poderia desistir da música -
eu nunca poderia desistir da música - mas eu ficaria feliz tocando em
bares de porão para um punhado de estudantes universitários bêbados.
Turner, por outro lado... Eu acho que isso poderia matá-lo.

Nós tropeçamos através de um conjunto de cercas vivas no limite


da quadre e pausamos na calçada. Eu acho que nós dois estamos um
pouco em estado de choque com a visão do mundo real em toda a sua
bela glória feia. Há um ponto de ônibus a cerca de uma quadra, repleto
de pessoas, a fumaça do cigarro ondula longe das janelas de plástico
rachadas e os inumeráveis cartazes colados nele. Do outro lado da rua,
uma mulher se senta caindo contra a lateral de um edifício, um cartaz
de papelão agarrado em sua mão. A maneira que o mundo funciona. Isso
é tudo o que diz.

Eu tomo uma respiração profunda, tentando acalmar a minha


respiração ofegante. Ao meu lado, Turner faz o mesmo, e meu coração
salta uma batida. Posso sentir o suor escorrendo pela minha pele, ainda
posso sentir seu corpo pressionando contra o meu. Eu não costumo
fazer sem camisinha, Naomi. Eu amei e odiei ouvir isso. Eu sou uma
maldita garota porra. Pensar sobre Turner fodendo suas tropas de
roadies me faz ver preto. Ao mesmo tempo, eu sinto como se tivesse
conseguido alguma espécie de vitória. Ele é meu. Eu o ganhei. O quão
estúpido é isso?

— E agora? — pergunto a ele enquanto ele puxa seu telefone do


bolso. Atrás de nós, os guardas de segurança esperam, suas vozes um

~ 48 ~
ruído suave em minhas costas. Provavelmente tentando descobrir como
nos conseguir de volta para o hotel sem nos deixar saber que é isso que
eles estão fazendo. Mantenha as ovelhas encurraladas, mas não as deixe
ver o muro, certo?

— Agora temos um GPS maldito em Denny e conseguiremos


algumas estúpidas panquecas péssimas. — minha boca torce em um
sorriso, apesar de eu lutar, digo a mim mesma que é errado sorrir
quando Hayden jaz morta em um necrotério em Tulsa. Mas eu não me
importo. Eu vou fazer isto de qualquer maneira.

Eu parto ao outro lado da rua sem esperar por Turner. Ele vai
alcançar. Eu sei que ele vai.

— Você tem a sua carteira com você? — pergunto. Eu parei de


carregar a minha desde que o tornado levou nossos ônibus e
efetivamente nos confinou à porra do hotel. Eu não tenho precisado de
dinheiro para pagar por merda nenhuma desde então.

— Eu planejo com antecedência, Knox. Lembre-se disso. Eu não


sou tão idiota quanto eu pareço. — eu ignoro o seu uso do meu
sobrenome e mantenho a minha mão quando fazemos uma pausa em
frente da mulher sem-teto.

— Me dê o seu dinheiro. — Turner me dá um olhar estranho, mas


ele obedece, pescando a carteira e removendo um maço de notas. Ele
deixa cair na palma da minha mão, e eu, por sua vez, deixo cair no colo
da mulher. Ela leva um momento a se mexer, mas assim que ela faz, ela
vê o dinheiro e olha para cima.

Eu já estou caminhando afastada.

— O que foi aquilo? — Turner me pergunta, mantendo o ritmo à


medida que seguimos as instruções no seu telefone. Eu mantenho o
meu olhar em frente, as sombras no meu rosto bloqueando a mordida
dura do sol. Eu acho que é só uma questão de tempo antes que alguém
nos perceba. Nós não somos exatamente as pessoas mais fáceis de
ignorar. Eu, parada aqui com a minha meia camiseta escancarada,
sutiã roxo espreitando para fora. Minha tatuagem real ugly parece ultra
brilhante no exterior, uma acentuada queda de cores na minha pele.
Turner, bem, foda-se. Ele é apenas Turner. Maxilar forte, lábios
sensuais, olhos escuros. Eu só espero que possamos conseguir algumas
panquecas antes do caralho da imprensa descer rapidamente e nos
comer vivos.

~ 49 ~
— Eu gostei do cartaz dela. — eu não explico nada mais. Não
acho que eu preciso. Dou uma olhada de soslaio para Turner e vejo a
sua testa franzida em pensamentos. Ele age como se ele fosse tão
malditamente estúpido, apenas um pedaço gostoso de merda nascido
em trailer e que teve sorte, mas isso não é o caso. Nem perto disso. Ele
sabe que há verdade nessa declaração. A maneira que o mundo
funciona. Estamos todos presos aqui, girando neste fodido eixo sem
nada a dizer sobre o quão rápido nós vamos, o quão rápido o tempo voa.
Tudo o que podemos fazer é montar a onda e ter esperança de não se
afogar. Já cheguei muitas vezes perto disso na minha vida -
especialmente recentemente. Francamente, eu estou fodidamente
cansada disso.

Silêncio desce entre nós, os sons rastejantes da cidade se


contorcendo em torno de nossos corpos, tomando posse de nosso
espírito e, desde que é, obviamente o momento mais inoportuno como a
merda de sempre, me dando o impulso de escrever uma nova canção.
Meus dedos coçam para o meu caderno, para as linhas duras
esculpidas no papel branco. Eu quero tomar uma caneta e sangrar a
tinta preta sobre ele, deixar minhas entranhas caírem diretamente na
página.

— Você tá com a coceira, não é? — Turner pergunta, buscando


seus próprios óculos de sol para fora do bolso e colocando em seu rosto.
Como se isso fosse parar os paparazzi de reconhecê-lo. Ele segue com
um maço de cigarros, abrindo o topo e oferecendo para mim. Eu pego
um e coloco entre meus lábios, deixando Turner acender com um
isqueiro da Indecency.

— Não, na verdade, eu não estou, mas se você tiver, eu sugiro que


você comece a verificar porque se você me der piolhos ou alguma merda
assim, estamos terminados antes mesmo de nós começarmos. — Turner
joga sua cabeça para trás e ri, a voz ecoando pela rua como um
telefonema dos céus. Ou, mais provável que seja do inferno. Sim,
provavelmente isso. Sua risada por si só é suficiente para ver de longe o
fato de que ele pode cantar. Eu fumo meu cigarro e olho para longe,
fingindo que eu não dou a mínima que ele tenha a voz de um maldito
anjo.

— Eu quis dizer a coceira para escrever, para compor, você sabe.


— Turner faz uma pausa e dá uma tragada em seu cigarro, olhando por
cima do ombro por um momento antes de continuar. Acompanho seu
olhar e percebo que ele está encarando o nada. Ninguém. Nossos
guardas sumiram. Bem, provavelmente não desapareceram, mas ao

~ 50 ~
menos eles têm bom senso suficiente para não caminhar atrás de nós
como uma formação militar do caralho. Dá a Turner e a mim a
aparência de privacidade e apesar de eu saber que não poderia estar
mais longe da verdade, é bom. Me deixo fingir por um momento que nós
estamos apenas aqui fora para uma caminhada, fumando um par de
cigarros, e desfrutando a companhia um do outro.

Eu sinto insultos se construírem na minha garganta, um


comentário sarcástico sobre quão chocada eu realmente estou ao saber
que ele escreveu sua própria música, mas eu seguro isso. Eu disse a
mim mesma que eu tentaria, pelo menos, fazer isso realmente
funcionar. Eu não posso responder a tudo o que ele diz com um rolar de
olhos e um insulto. A maioria das coisas, talvez, mas não tudo.

— Qual é o seu método? — eu pergunto quando nós viramos a


esquina e saímos das sombras dos edifícios próximos, a direita em um
eixo brilhante de luz solar que queima em toda a minha pele e me faz
sentir como um vampiro, como se eu devesse estar de volta no ônibus
enrolada na beliche escura com meus fones de ouvido atolados no meu
crânio e algumas das músicas da Indecency explodindo no volume
máximo. Eu sinto como se eu nem sequer tivesse visto o sol desde que
começamos essa porra dessa turnê estúpida. Gastando todas as noites
festejando, bebendo, fumando, cantando, fodendo. Não houve tempo
para a luz do sol. Eu não tenho certeza se isso era uma coisa boa ou
não.

— Meu método? — Turner diz, como se ninguém nunca tivesse


feito essa pergunta antes. Foda-se, talvez eles não tenham? A imprensa
não se importa com a música, não realmente. Eles querem saber o que
estamos bebendo, fumando, quem estamos fodendo, onde estamos
festejando e mais importante - quem foi sequestrado, baleado por um
rifle fodido, ou deixado para morrer em nosso quarto de hotel
recentemente. — Eu acho que... eu... realmente não sei como responder
a essa pergunta. — ele franze as sobrancelhas para cima olhando
fixamente na calçada na frente de nossos pés. Não digo mais nada
porque eu acho que, pela primeira vez na sua vida, Turner Campbell
está realmente pensando sobre o que ele quer dizer antes que ele
efetivamente diga. Pequenos milagres, baby. — Eu sei qual é seu
embora, — ele acrescenta com um sorriso sensual, focando seus óculos
escuros no meu rosto. Eu gostaria de poder ver seus olhos, mas eu
acho que é apenas justo considerando que ele não pode ver os meus
também.

~ 51 ~
— Ah é? — eu pergunto cruzando um braço sobre minha barriga
e segurando o cigarro com a outra. Ninguém está estacionando no
nosso lado em um SUV preto, levando um tiro na cabeça, ou atirando
calcinha suja na cabeça de Turner. Estou me sentindo cada vez melhor
a cada segundo. — E o que é?

— Seu caderno, — diz ele, me surpreendendo. Sei que tenho


escrito nele ao redor dele antes, eu só não pensei que ele estava
prestando atenção. — Você fode pra caralho essas páginas e os deixa
rastejando de volta para mais. Você desenha rostos estranhos e bebês
chorando e anjos com asas quebradas. — Turner olha para frente,
vendo o sinal do Denny 8 amarelo e vermelho e sorri, colocando o
telefone no bolso de trás. — E às vezes, quando você está dormindo,
você cantarola sob sua respiração. De vez em quando, você sussurra
palavras que não fazem qualquer sentido, mas elas são bonitas.

— E você é cheio de merda. — eu lhe digo embora eu goste do que


ele está dizendo. Isso faz de mim tão ingênua como todas aquelas
outras cadelas? Eu termino o meu cigarro e pressiono do lado de uma
lata de lixo antes de lançá-lo para dentro. Indo em linha reta faz um
monte de sentido, especialmente neste tipo de situação onde a merda
pode bater no ventilador, a qualquer momento, mas isso não significa
que eu tenho que gostar, que eu não gostaria de poder voltar para o
hotel e pedir a Wren algo mais forte do que o tabaco.

Eu suspiro.

— Eu estou falando sério, Knox, — Turner me diz enquanto nos


movemos em frente ao estacionamento e fazemos uma pausa na
entrada do restaurante. — Você tem um estilo que é todo seu. Não são
muitos de quem se pode dizer isso. — e então ele sopra a porra da
minha mente em pedaços por abrir a maldita porta para mim. Eu fico
olhando para ela, depois para ele, depois para a porta de novo.

— Eu não sou uma cadela afeminada em uma saia que passa as


noites bordando travesseiros, Turner. — eu empurro passando por ele e
vou para dentro, odiando a forma como a minha própria voz grelha
contra os meus nervos. Por que eu não posso simplesmente ser

~ 52 ~
agradável com ele? Sorrir? Agradecê-lo por ser um cavalheiro? Porque
ninguém nunca me tratou com respeito antes, então por que eu deveria
esperar por ele agora? De Turner Campbell de todas as pessoas?

— Você não gosta de portas sendo mantidas abertas para você,


tudo bem. Eu vou andar até o fim e deixar ela fechar em sua cara
então. — ele diz tudo isso através dos dentes cerrados antes de tirar
seus óculos escuros e empurrar no bolso da frente. Eu deixo o meu,
embora a iluminação aqui dentro seja fraca e eu não consiga ver merda
alguma. A última coisa que preciso agora é de Turner ver o quão quão
frustrada eu estou com meu próprio comportamento. Poooorra. Isso não
é pra mim, então o que diabos eu estou fazendo? Aprendendo a estar
em um relacionamento pela primeira vez fodida de sempre. Isso é o que
é. — Ei, baby. Dois, por favor.

Turner mantém os dois dedos para cima e movimenta para a


garçonete em um gesto vagamente vulgar que molha o andar de baixo e
ao mesmo tempo me irrita. A mulher fica lá uns 30 segundos, apenas
olhando para nós com a boca aberta. Ela é bonita, jovem.
Provavelmente alguém que Turner levaria de volta para sua cama e a
foderia antes de chutá-la e seguir em frente com a turnê. Mas ele não
está fazendo mais isso. Por minha causa. Minha.

— Hum, são, hum. Oh Meu Deus. — Turner se banha em seu


olhar fixo e ela gagueja um momento antes dela virar sua atenção para
mim e ficar com lágrimas em seus olhos. — Naomi Knox, — ela engole,
com os joelhos tremendo quando ela traz de volta o que eu só posso
supor que é um grito. Oh Deus, não. Cabeças na sala de jantar
balançam na nossa direção, mas eu tiro proveito da arquitetura
estranha do restaurante e agarro o braço de Turner, puxando-o de volta
para trás e indo em direção da caixa registradora. Esta pequena alcova
nos protege de curiosos, pelo menos para o momento. Mas não da
garçonete.

Ela segue atrás de nós, passando a mão sobre seu cabelo louro
crespo e puxando seu rabo de cavalo. Seus olhos azuis brilham
loucamente e ela tem seu telefone em sua mão.

— Por favor, posso, por favor, tirar uma foto com vocês? — ela
pergunta, e antes de eu ter a chance de responder, Turner está
envolvendo o braço em torno da minha cintura e me puxando para
perto. Seus dedos parecem quentes, como se eles estivessem
queimando trilhas, arruinando a carne em seu rastro.

~ 53 ~
— Com certeza, linda, — Turner diz e a recepcionista se mexe
entre nós e levanta seu telefone para um selfie. Eu me pergunto o que
America vai pensar quando ela ver isso? Ela vai definitivamente
explodir, mas ela pode ir se foder. Com todas as merdas que ela trouxe
para nós, o mínimo que ela poderia fazer é controlar os danos. Ao
mesmo tempo, eu percebo o quão estranho essa imagem vai parecer
quando a notícia da morte de Hayden bater na tempestade de merda da
mídia. Minha vocalista morre e eu saio para um café da
manhã/almoço? Isso é fodido. — Agora, — Turner continua, me
soltando e ajudando o passo da recepcionista de volta, colocando as
mãos suavemente sobre os ombros dela. Ela está tão chocada agora, eu
duvido que ela consiga se lembrar do seu próprio nome. Turner dirige
ao redor dela e força a ela alguns passos para trás, ao mesmo tempo,
fazendo isso com este sorriso idiota presunçoso no rosto. — Sobre essa
mesa? Nos consiga uma cabine em um canto para trás, talvez? Você
sabe, algo com um pouco de privacidade. — ela assente e balança a
cabeça como se estivesse acordando de um transe. Sem dúvida, a
primeira coisa que ela vai fazer depois que ela nos acomodar é começar
a explodir os telefones do caralho de seus amigos. Em questão de
minutos, a mídia poderia descer sobre nós como abutres.

Francamente, eu me encontro não dando a mínima.

Eu tiro meus óculos escuros bem a tempo de ver Turner bater na


bunda da anfitriã quando ela cambaleia distante. Maldito.

— Jesus Cristo, — diz ele, no momento que ela está fora do


alcance dos ouvidos. Ele se volta para mim com um ‘você pode acreditar
nesta cadela’? Eu retorno com um olhar de olhos de aço. Sobre o ombro
de Turner e para fora da janela, eu pego um vislumbre de um dos
nossos guarda-costas varrendo o estacionamento em sua camiseta
vermelha e jeans, fumando um cigarro todo casual. Um dos babacas
vem para dentro um momento depois, acena para mim e agarra um
cardápio, tomando um assento na cabine mais próxima sem esperar a
recepcionista. — Pensei que aquela vadia iria te beijar e ficar toda
lésbica na sua cola. Ela estava feliz em me ver, mas ela quase chorou ao
ver você.

— Então você deu um tapa na bunda dela porque ela foi uma
putinha desagradável, hein? É isso?

A cara de Turner é um espaço em branco por um momento, seus


lábios cheios e separados ligeiramente, enfatizando os piercings nos
lábios dele em ambos os lados, piscando um instante sobre seu piercing
na língua. Fodido Cristo. Se ele não estivesse tão atraente para mim,

~ 54 ~
isso iria tornar as coisas um inferno de muito mais fácil. E eu não teria
que mudar minha calcinha dez vezes por dia.

— Você está com ciúmes? — ele consegue botar pra fora antes da
recepcionista reaparecer, cardápios apertados em suas mãos trêmulas.
Eu bufo passando por Turner sem responder e olhando a atentamente
com os cardápios, fazendo o meu melhor para cobrir o meu rosto com a
mão esquerda.

— Eu tenho a vocês o melhor lugar da casa, realmente. Ele está


muito para trás. Tecnicamente é na seção de Sandy, mas ela está
realmente agitada, então eu vou tomar conta de vocês hoje, ok? — eu
resmungo evasivamente e enquanto eu não acredito que ninguém tenha
notado nossa presença, não há qualquer garota adolescente lutando
pelo zíper de Turner ou fãs convulsionando na alegria com a visão de
minhas tetas. Isso é bom. Nós somos bons.

Eu fujo para dentro da cabine com um suspiro, o couro viscoso


pegando no meu jeans e o topo da mesa úmida desconfortável debaixo
dos meus cotovelos. Instantaneamente, eu relaxo. Isso, isso é o que eu
estou acostumada. A vida real, merda real, restaurantes de péssima
qualidade, batalhando para conseguir o dinheiro do aluguel, se
perguntando como diabos eu vou encher meu tanque de gás. Eu me
acostumei a essa merda. O que eu não estou acostumada é ter alguém
ao redor tentando limpar a porra da minha bunda, gerenciando as
minhas finanças, me dizendo para onde ir e o que fazer. Eu me tornei
complacente. Desde que eu fui sequestrada, eu não tenho assumido o
comando da minha vida da maneira que eu deveria. Estive correndo
com tudo isso, mas não correndo. Eu preciso ficar à frente da
embalagem, não me deixar me perder dentro dele.

— Posso te dar algo para beber? — a recepcionista, cujo nome no


crachá diz Deb, nos pergunta, me quebrando dos meus pensamentos.
Eu dou a ela um olhar entediado e então dou de ombros.

— Eu não sei, suco de laranja, eu acho? — ou uma garrafa de


vodka. E não, eu não quero um copo. Eu vou beber direto da garrafa,
obrigada. Muito ruim que aqui não sirva bebidas alcoólicas fortes.
Empurro um pouco de cabelo do meu rosto e tento não franzir a testa.
A luz do sol flui através da janela à nossa esquerda e me dá vontade de
apertar os olhos. Talvez eu realmente tenha sido muito noturna durante
essa turnê? Acho que eu deveria receber um maldito caixão ou algo
assim para dormir. Isso provavelmente me faria ainda mais popular.

~ 55 ~
— Apenas me dê a porra de um refrigerante, — Turner diz,
colocando seu telefone para baixo sobre a mesa e girando-o em um
círculo. — Algo refrescante, eu não me importo.

— Sim, senhor. — Deb guincha quando eu lhe dou uma olhada.


Seus olhos param sobre os meus antes dela se afastar, e tomar uma
respiração pesada. Uh oh. Eu não sei o que ela está se preparando para
dizer, mas há algo dentro de seu peito que ela está desesperada para
tirar. — Eu só quero dizer que eu realmente amo sua música. — ela faz
uma pausa, olha de volta para Turner. — Dos dois. Mas... Naomi...
quando você canta, eu fico arrepiada. E eu sei que você escreve a
música, também. Eu acho que você é uma cantora muito melhor do que
Hayden Lee. — Deb morde o lábio, e eu espero que ela não note como
meu rosto empalidece em sua declaração. — É isso aí. Tudo o que eu
queria dizer. — ela se afasta, faz uma pausa, se vira de volta. —
Desculpe. — mais uma pausa. — Eu vou pegar suas bebidas.

Enquanto Deb vai, a vejo puxar seu celular para fora do bolso do
avental.

— Bem, bem, olha quem tem fãs meninas agora? — ele diz, mas
eu não estou ouvindo. Eu não consigo parar de pensar sobre a maneira
como a voz de Dax rompeu pelo telefone quando ele me deu a notícia.
Hayden está morta. E ela matou alguém. Quem, eu não sei. Adivinha,
Dax possui seus próprios segredos. Espero que quando ele estalar para
fora de seu torpor, ele vá me dizer. — Estou quase com inveja. —
Turner estica as pernas por baixo da mesa e bate nos meus pés com as
botas, cruzando-os na altura dos tornozelos enquanto ele sorri para
mim através da mesa. — Quase, é claro, porque ainda estamos
chutando a bunda de Amatory Riot nas paradas. — ele pisca para mim,
mas eu não consigo achar as palavras para responder.

Meus dedos encontra o saleiro e o arrasto para mim, só assim eu


tenho algo para agarrar.

— Eu sou uma vadia insensível? — pergunto a Turner,


derramando alguns grânulos brancos sobre a mesa. Turner alcança
imediatamente um e pega uma pitada, sacudindo-o sobre meu ombro
esquerdo.

— Para banir o diabo, — explica ele, se sentando com um meio


sorriso em seus lábios sedutores. — Superstição antiga, você sabe. Sal
derramado equivale a sérios problemas.

— Nós já estamos em sérios problemas, — eu digo quando ele se


inclina para dentro da cabine com um meio sorriso no rosto. As
~ 56 ~
tatuagens coloridas em seus braços atraem meus olhos, concentrando a
minha atenção enquanto eu tento me concentrar sobre a enormidade da
minha vida no momento. É uma sensação muito grande para caber
dentro do meu coração, como se pudesse estourar a qualquer instante e
me ver como nada além de uma mancha de sangue na parte de trás
desta cabine.

— Escute, Knox. Você não matou Hayden. Ela se matou. É uma


triste espécie de justiça poética. Não podemos sentar aqui e chorar por
alguém que optou por ter uma saída precoce. Isto, — ele gesticula entre
nós com os pequenos dedos bonitos cobertos de tinta, — esta merda
aqui é real, e é só entre você e eu. — quando Turner se abaixa e pega a
minha mão, eu quase vomito. Juro por Deus, meus estômago borbulha
e náuseas varrem sobre mim. Fodidamente obrigada por eu estar
sentada agora. — Eu sei que você se importava com ela em sua própria
maneira estranha, um tipo de forma masoquista. — eu aperto suas
mãos e espero que minhas unhas estejam cavando em sua carne. —
Mas Hayden era como uma doença maldita. Temos a cura, baby. Ela já
fez. Se foi. Boa fodida libertação.

— A primeira noite da turnê que você e eu tivemos qualquer tipo


de contato real foi à noite em que eu o encontrei fodendo ela sobre o
balcão no meu ônibus. Blair e eu limpamos o seu vômito do tapete.

— Erros acontecem, — ele diz, mas pelo menos ele tem a decência
de olhar contrariado sobre a coisa toda. — Por que você tem que trazer
essa merda a tona de novo? — Turner me dá um olhar, estreitando os
olhos. Ele tem apenas um traço de delineador hoje, o suficiente para
fazer seus olhos escurecerem, mas não tanto que ele se pareça com
Dax. O pensamento é quase o suficiente para me fazer sorrir. — Nós
poderíamos falar sobre Trey? Você fodeu com o meu melhor amigo,
lembra?

— Sim, mas você não teve que ver isso. — eu tiro meus dedos das
garras de Turner e encosto na cadeira com um sorriso crescendo no
meu rosto. Se eu não o conhecesse melhor, eu poderia pensar que
realmente deixei ele puto. — Não teve que ver ele me levantar e foder
minha bunda em seu ônibus de turnê. — meu sorriso fica um pouco
mais amplo. Hayden. O nome dela pulsa na parte de trás do meu
cérebro, desesperado para rasgar a expressão embora.

— Ah Merda, — Turner diz, sorrindo afiado o suficiente para


cortar. — Isso é uma merda. Assim que Trey der o fora de sua dose de
morfina, eu vou colocar ele de volta lá. Filho da puta está sempre
pegando minhas meninas.

~ 57 ~
— Suas meninas? — eu passo minha língua através dos meus
lábios e relaxo os meus ombros, imitando a pose relaxada de Turner.
Eu não sei se é tudo um ato ou o quê. Certamente, ele não esqueceu
nossos guarda-costas ou o fato de que a qualquer momento,
poderíamos ficar emboscados com um bando de câmeras. Talvez ele
apenas não se incomode? — Então, eu sou apenas uma de suas
meninas?

Eu ergo meu calcanhar para cima e encosto entre os seus joelhos,


trazendo o dedo do pé para descansar em sua virilha. Turner olha para
baixo no sapato e então de volta para mim. Seu sorriso se intensifica.

— Posso... anotar o pedido de vocês? — Deb pergunta, mordendo


o lábio inferior com tanta força que parece que vai sangrar. Atrás dela,
um bando de garçonetes espera, telefones para cima, rostos em êxtases.

Porcaria. Eu endireito a minha perna, empurrando contra o pau


de Turner com o meu sapato. A pele em volta dos seus olhos aperta,
mas ele não deixa que isso afete a sua capacidade de ser um idiota.

— Eu vou ter uma pequena pilha com bacon. A princesa aqui terá
o mesmo.

— O inferno que eu vou. — eu aumento a pressão do meu pé e


sorrio com força para a garçonete. — Me dê um hambúrguer e uma
porra de um shake de chocolate. — eu aceno com meu queixo para o
vocalista principal do Indecency que parece tão bom, escondido em uma
cabine em uma lanchonete no meio da merda de lugar nenhum como
ele faz no palco. — Ele está pagando. — Deb acena com entusiasmo,
tanto que realmente acho que a cabeça vai cair para fora de seus
ombros e rolar.

— Sempre feliz em trazer a minha senhora especial para uma


refeição agradável. — Turner se abaixa e com cuidado, oh com tanto
cuidado, removendo meu sapato. — Espere até você provar essa merda.
Então você vai ver por que toda a turnê espera enquanto eu faço a porra
de corrida para o Denny. — ele corre seus polegares para baixo do arco
do meu pé, me dando uma massagem surpresa. E justamente quando
eu estava prestes a ajustar meu pé e usar o salto do meu sapato para
esfaqueá-lo nas bolas é que ele parece... atencioso.

— Você é um homem interessante, Turner Campbell, — eu digo e


ele avança seu sorriso um pouquinho.

— Vou considerar isso como um elogio. Quero dizer, vindo de


você, provavelmente é tão bom quanto isso parece, certo?

~ 58 ~
— Como? — Deb volta. Quase certeza que os olhares que Turner e
eu jogamos para ela são os mesmos. Vá para o inferno. — Mas... isso é
realmente você? — Deb gira seu telefone em volta, para que eu possa
dar uma olhada nisso. Bem ali, em toda a Internet está uma manchete
que me confunde pra caralho. Até que Deb rola para baixo.

Assassinato, suicídios, e fitas de sexo são abundantes em


Indecency/Amatory Riot.

Há um vídeo lá, pronto para passar, mas eu não preciso que Deb
coloque para rodar.

Sou capaz de reconhecer o meu próprio rabo sem bater o play,


obrigada.

~ 59 ~
Ah, foda-se eu e minha avó morta.

Passo a mão pelo meu cabelo e tento não olhar para Naomi. Logo
que eu dizer a ela que eu ouvi a porta abrir enquanto nós estávamos
fodendo e não fiz nada sobre isso, ela vai destruir a porra do meu
traseiro. E eu tenho que dizer a ela. Porque eu não guardo segredos.
Sem. Fodidos. Segredos.

— Jesse, você precisa se acalmar porra, — Ronnie diz, estendendo


as mãos, as palmas das mãos voltadas para a frente. Jesse parece como
se ele tivesse a porra de uma gripe, enrolado sobre o vaso sanitário
assim, xingando em alemão ou em algum outro idioma aleatório
Europeu que seu pai perfurou em sua cabeça como um sargento. Já
mencionei que Naomi e eu não éramos os únicos que temos o nosso
vídeo de sexo vazado? Em uma agradável resolução clara de 1080p, nós
conseguimos ver Jesse fodendo Rook Geary o fodido babaca. As poucas
mordidas de panqueca que eu consegui engolir ainda estão paradas no
fundo da minha garganta. Se não fosse Jesse monopolizando o trono de
porcelana, eu estaria lá lançando o meu almoço.

— De todos os caras para foder, tinha que ser Rook? Quero dizer,
havia caras mais quentes em turnê com a gente. Eu mesmo incluído. —
faço uma pausa e penso por um segundo. Talvez eu não devesse apertar
os botões de Jesse, mas eu vou fazer de qualquer jeito, mesmo porque
eu posso. — Ei, por que diabos você nunca fodeu comigo? Eu sou uma
privilegiada fatia de bolo de carne de todo-Americano.

— Turner, — Ronnie estala, me dando o seu melhor olhar de ‘cale


a porra da boca’. — Não vai ajudar, cara. — eu franzo os lábios e meto
minhas mãos nos bolsos traseiros. Eu sei que eu deveria ficar quieto.
Quer dizer, na medida em que as coisas vão, esta não é a pior coisa que
aconteceu para nós. Ronnie tem as mãos cheias de negociação com Lola
e toda a situação com Poppet. A melhor coisa que posso fazer agora é
manter a minha boca fechada.

~ 60 ~
— Como estava o seu hamburger? — pergunto ao acaso, me
recostando contra a parede e esperando por Naomi descruzar os braços
de seu peito. Ela lidou com o vídeo com a porra de um monte de graça -
não foi até que voltamos para o hotel que ela ficou carrancuda e se
fechou para mim. Este ambiente é fodidamente tóxico.

— Quer dizer as três mordidas que eu consegui dar antes de ver


as fotos do cérebro de Brayden Ryker ir pra merda? Ele estava
fodidamente delicioso. Sabor ainda melhor com as vans enroladas e os
paparazzi rolando para dentro como uma praga. Minha parte favorita foi
quando aquele cara pulou do telhado e me abordou. Eu quase
engasguei atá a morte.

— Mas ao menos eu quebrei seu rosto, certo? — eu aperto a


minha mão direita e tento melhorar um pouco da dor nas juntas. — Eu
realmente peguei aquele almofadinha na porra do nariz. Ele merecia
essa merda, também.

— Vídeo legal, — Trey resmunga a partir da minha esquerda.


Estamos todos de pé em seu quarto, porque, bem, ele não pode vir
exatamente a nós. Não importa embora. Estou feliz pelo filho da puta
estar vivo. Pena que ele não será capaz de tocar no show de sexta-feira
com a gente. Por mais que eu ame Naomi na guitarra, eu ainda sinto
falta de Trey. Ele realmente é o meu maldito melhor amigo. — Vocês
dois pareciam quentes, — ele sussurra, tentando o seu melhor para
gerir um sorriso de autoconfiança. Eu não me importo que seja uma
imitação pobre de mim. Eu sigo em frente, parando ao lado de sua
cama e despenteando seu cabelo de uma forma para apenas irritá-lo.

— Não se preocupe, irmãozinho. Um dia, você também pode ser


capaz de encontrar uma mulher metade tão boa quanto Naomi. Tome
nota das minhas técnicas e tente não foder o momento quando você
trouxer com você aquela garota de volta para casa. — eu rio quando eu
penso sobre a história da primeira vez de Trey. Infelizmente, eu também
tive que dar o testemunho de merda nojento. Meu amigo é um idiota
real, mas eu o amo de qualquer maneira.

— Vá se foder, Turner, — ele sussurra, cabelo castanho ocultando


sua testa, pequenas gotas de suor se destacando em sua pele pálida.
Obrigado a porra dos Deuses do Rock que ele não morreu. Eu não sei o
que diabos eu teria feito. — Diga a Jesse que o dele foi bom, também. —
Trey range e deixa escapar um estouro de riso e em seguida geme.

— Vá se ferrar, Trey, — Jesse diz, enquanto fica de pé e tropeça


para fora do banheiro desmoronando em uma cadeira. Ei, eu estou

~ 61 ~
meio que irritado pra caralho que alguém invadiu a minha privacidade e
por mostrar os bens de Naomi para o mundo, mas pelo menos todo
mundo sabe que é minha agora. Ter um vídeo de sexo vazado é uma
porcaria, mas não é um grande negócio, certo? — Os meus irmãos
nunca vão falar comigo novamente. E Rook? Por que é que tem que ser
um vídeo de mim e ele? Eu nem mesmo gosto do idiota. Agora eu vou
ser imortalizado como amante dele.

Eu sorrio, mas um olhar de Naomi corta minha expressão.

— Eu entendo que você está chateado, — Ronnie diz, se sentando


ao lado do nosso amigo e pondo a mão suavemente no seu joelho. Antes
ele do que comigo essa besteira reconfortante. Eu sou mais propenso a
rachar uma piada inapropriada. — Mas eu acho que o maior problema
aqui é a forma como alguém tem a porra do vídeo de Naomi e Turner. O
hotel fica bloqueado.

— E a porta estava trancada, — eu forneço, respirando fundo e


sacudindo as minhas mãos. — E eu, uh, posso ou não ter ouvido
alguém entrar.

— Você o quê? — Naomi pergunta, se voltando para olhar para


mim, o verniz sienna em seus olhos disparando como uma bomba
atômica. Eu dou de ombros como se eu não desse à mínima, apesar de
eu me sentir culpado pra caralho. Em vez disso, eu foco meu olhar nos
olhos castanhos de Ronnie. Ele está me encarando como se eu fosse um
idiota e inferno, talvez eu seja?

— Eu só assumi que era um de vocês babacas dando uma


espiada. Como diabos eu deveria saber que era alguém de fora para nos
ferrar?

— Então, — Ronnie começa, tomando um grande fôlego que


expande seu peito e aperta seus músculos contra as margens da
camiseta rosa neon que ele está vestindo. Ele está definitivamente
ganhando algum peso, mas de um jeito bom. Vai Lola Saints. Talvez o
meu amigo vá conseguir chegar a seu quadragésimo aniversário sem
coaxar de uma overdose de metanfetamina? Acho que a roupa pode
estar ajudando também. Eu nunca vi Ronnie vestir uma camisa que
diga Calm Ya Tits9 antes. — Eu diria que, com base nessa informação,
estávamos lidando com um empregado do hotel, alguém que acabou de
entrar e fez o vídeo. — Ronnie faz uma pausa e eu sinto um mas em
algum lugar. — Se for esse o caso, como vazou tão rápido? E no mesmo
tempo que o vídeo de Jesse? Ao mesmo tempo em que a porra das fotos

9 Acalme suas tetas.

~ 62 ~
da cena do crime de Hayden... — Ronnie pausa e olha por cima em
Naomi. Ela suspira e tira um cigarro, olhando para Treyjan e seu
equipamento médico antes de rosnar alguma coisa sob sua respiração e
o colocando entre os seus seios para mais tarde.

— Não se segure na minha causa. Por favor, continue. — Ronnie


acena com a cabeça todo metódico e olha de volta para Jesse, em
seguida, sobre a parede das janelas à sua frente. Lola não está aqui o
que é incomum. Ronnie e ela se juntaram no quadril há dias. Espero
que esteja tudo bem com a irmã dela.

— Então não é um empregado do hotel, e não é um ato aleatório.


Alguém que está autorizado a estar aqui e fez isso. Não era apenas
Hayden que estava trabalhando para Stephen. — Ronnie balança sua
cabeça e olha para o teto por um momento, calculando alguma coisa em
sua cabeça. Ele só fica um momento em contemplação silenciosa antes
que a porta abra e venha Sydney e Dax. Nenhum deles se parece com
alguém que tenha conseguido dormir muito, mas pelo menos eu ainda
posso sentir aquela vontade superprotetora que irradia da irmã de meu
amigo. Ela ainda está interessada em Dax, ainda preocupada com Trey,
ainda muito investida nesta porcaria de levantar e sair. Eu odeio
admitir isso, mas eu estou meio que contente que ela está aqui. Sydney
tem uma maneira calma, recolhida de olhar para o mundo. Uma vez,
Trey e eu explodimos a lata de lixo de um vizinho com fogos de artifício
e chegamos perto de deixar o trailer em chamas. É claro que, tão logo as
chamas começaram a lamber os lados do edifício, nós corremos e
batemos diretamente em Sydney. Ela ficou lá por um momento, quieta,
nos disse para desaparecermos e agarrou o extintor de incêndio do seu
próprio trailer para apagar o fogo. Não parece muito agora, mas nós
estávamos apenas com oito anos na época e Sydney foi a nossa heroína.
Ela nos impediu de nos meter em confusão por surgir com uma história
para o pai dela, e possivelmente impediu que algo ainda pior
acontecesse. Talvez ela possa nos ajudar a decifrar essa merda?

— Eu quero falar com todos vocês, — diz Dax, cruzando os braços


sobre o peito. Ele está vestindo as mesmas roupas que eu vi ele nesta
manhã, e seus olhos estão envoltos em vermelho como se ele estivesse
mal conseguido a energia para mantê-los abertos. Percebo que ele não
olha na minha direção. Tanto faz. Talvez tenha sido duro para ele me
ver fodendo o amor da sua vida? Esperançosamente ele vai superar isso
e ir atrás de Sydney. Isso faria da minha vida um inferno de muito mais
fácil. Eu estava mesmo indo para pedir a ele para me ajudar a escolher
um anel, não porque eu estou tentando ser um babaca, mas porque ele
se preocupa com Naomi, e ele tem conhecido ela mais tempo que eu. Eu

~ 63 ~
pensei que era uma decisão inteligente no momento, mas talvez eu
devesse ser grato que nós acabamos brigando e eu não consegui a
chance de perguntar?

— Quem? — Naomi pergunta, mas Dax não responde, apenas se


joga na cadeira oposta de Jesse e Ronnie. Seus olhos estão focados no
chão, mas seus dedos enrolam contra o tecido azul feio, unhas pintadas
de preto escavando na profundidade.

— Vocês todos já leram a história. Vocês sabem que Hayden


assassinou uma menina, Tara Bae, naquele hospital, mas vocês não
sabe o porquê. Ninguém sabe. — Dax engole em seco e fecha os olhos
com força. — Eu quero ter todos os segredos para fora, aqui e agora.
Então não há bucha de canhão deixado para eles usarem, e talvez,
apenas talvez, se fizermos isso, vamos ser capazes de arrumar uma
solução para essa porcaria.

Dax suspira, olha de relance ao redor da sala e dá um grande


suspiro.

— Mas primeiro, me deixe dizer sobre America...

Minha mente esta tão fodidamente explodido que parece como se


meus pensamentos estivessem vindo por todo o meu rosto. Jesus.

— Dax... realmente é uma cadela emo, não é?

— Cale a boca, Turner, — Naomi diz, se jogando em cima da cama


em nosso quarto de hotel com um suspiro. Me deito ao seu lado e
envolvo um braço sob sua cintura, colocando o outro por cima.
Sentindo o seu corpo expandir com cada respiração, saboreando o calor
de seu corpo na minha própria pele, é como foder o céu.

— Então, ele era fodido quando ele era criança. Não era realmente
culpa dele. Essa garota Tara fez a escolha de tomar essas pílulas,
também. — eu deixei a história de Dax passar por minha cabeça e rezei
para seja qual for os Deuses que quiserem ouvir que ninguém naquele
quarto nos traia.

Naomi contou seu segredo, também.

~ 64 ~
Apesar do meu conselho do contrário, ela disse a eles tudo o que
ela fez para seus pais adotivos. Agora todo mundo conhece a história
real. Bem, todo mundo além de Kash, Wren, Blair, e Josh, mas nenhum
de nós poderia garantir que eles eram de confiança. O resto de nós
naquele quarto, eu imagino que estamos nisso tão profundo que
podemos chegar. Com exceção de Jesse. Ele é apenas um bichinha se
auto odiando. Mas eu o amo de qualquer maneira. Eu sei que ele não
iria nos dedurar.

— Se eu pensei que isso era culpa de America antes, eu tenho


certeza de que é agora. Aquela vadia. Ela deu uma volta com a
companhia desse cara Stephen? Não admira que o imbecil esteja atrás
de nós por vingança. Por que diabos que ela faria isso, porra? Como ela
foi capaz de fazer isso?

— Sem pistas, Knox, — eu sussurro contra o cabelo loiro de


Naomi, levantando alguns fios em meus dedos e observando enquanto
eles deslizam para longe em direção ao algodão branco da fronha.
Pergunto-me vagamente se Ronnie estava certo, se nós simplesmente
tivéssemos tomado America pelos braços e a jogado para fora das portas
do hotel, Stephen teria indo atrás dela? Nah. Eu acho que ele já teria
feito se quisesse. E se a gente... cuidar dela? Se eu atirasse naquela
vadia na cabeça iria resolver tudo? De alguma forma eu acredito que a
ideia de que Stephen realmente iria nos foder duro se nós matássemos
sua perseguição de vítima/ex.

Eu suspiro contra a cabeça de Naomi, minha respiração trazendo


arrepios até em sua pele perfeita.

— Eu tenho alguma merda boa na minha bolsa, baby. Nós


poderíamos esquecer tudo sobre essa merda e acordar naquele avião a
meio caminho de L.A. antes que percebemos que o céu não é formado
por nuvens de algodão doce.

— Turner, — diz ela, e eu gosto da força de sua voz. No início eu


pensei que ela estava vindo aqui porque estava chateada. Agora, fico
com a ideia de que talvez ela esteja apenas reunindo sua determinação
em torno de si mesma, se preparando para fazer aquilo que precisa ser
feito. Eu quero beijar a sua boca duramente, lhe dizer que ela é uma
deusa, e em seguida, foder ela pra caralho. Eu meio que começo a ter a
ideia de que não é isso que nós estamos fazendo neste momento.

Naomi se vira e olha para cima no meu rosto, os lábios definidos


em uma linha determinada.

~ 65 ~
— Eu acho que nós precisamos ir ver Katie. — eu levanto as
sobrancelhas em surpresa, mas eu assinto. Eu estive falando com
Naomi para ir fazer a sua irmã adotiva uma visita desde o dia após o
tornado. Poderia nos dizer nada. Poderia nos dizer tudo. Eu acho que
Naomi poderia usar o encerramento independentemente de todo o resto.
— Esta pode ser minha última chance por um tempo. — ela se senta
com um suspiro e põe as mãos sobre o rosto. — Eu quero estar com a
cabeça limpa se eu vou fazer isso, mas depois, — ela parte as mãos e
olha para mim, — Eu poderia aceitar aquela oferta. Sair da minha
própria cabeça por algum tempo soa como um muito, muito bom tempo
fodido.

Brayden Ryker prepara uma van para Naomi como ele fez para
Dax, usando o piso do lobby no restaurante do hotel como o nosso
ponto de partida. Uma dúzia de caminhões de entrega e vans estão lá
fora, descarregando produtos, sacos de farinha, carne. Eu duvido que
eles vão estar usando a maior parte dessa merda desde que nós
comandamos todo o deu fodido hotel, mas a cobertura tem que estar lá.
Acho que nossas vendas de discos vão pagar por bifes não consumidos
e dez ou mais sacos de batatas não utilizadas.

— Após o incidente de hoje à tarde, — Brayden começa,


enfatizando a palavra incidente, — A imprensa está absolutamente
frenética para agarrar vocês. Estou na opinião de que esta viagem é
muito mais prejuízo do que benefícios, mas America discorda de mim.
Ela não acredita que conversar com Katie Rhineback através do telefone
seria muito eficaz.

— E você está, tipo, inclinado a concordar com ela porque você é


a cadela dela, certo? — eu pergunto, desejando que eu pudesse mostrar
a Brayden exatamente o que eu penso dele por segurar uma arma para
a minha mulher. Ninguém ameaça a mim ou os meus. Eu juro por Deus
porra, em algum momento eu vou rasgar este homem em um novo. Em
vez disso, eu me contento em enfiar as minhas mãos nos bolsos e ficar
de cara feia para ele. Ele suspira, como se ele estivesse além de exausto,
e balança a cabeça como se ele não pudesse estar incomodado para
responder a isso.

~ 66 ~
— Por favor, se você valoriza a sua segurança, tente escutar o que
meus empregados têm a dizer. Acredite ou não, eles têm apenas seus
melhores interesses em mente. Em toda a realidade, eles estão
arriscando as vidas deles por vocês.

— Por um contracheque, — eu digo, conforme Naomi aperta sua


mandíbula e brilha punhais para o grande homem de traseiro ruivo com
a arma. Em cerca de um décimo de segundo, a arma está pressionada
contra minha testa e Brayden está na porra da minha cara, rosnando
para mim em seu estúpido pequeno sotaque esquisito.

— Me ouça, rapaz, e ouça com atenção, eu estou aqui como um


favor e nada mais. Seja o que for que você está pagando é apenas uma
fração do que isso poderia me custar. Você entende isso? Estou aqui
porque America e eu temos um acordo. Mas eu não sou a cadela de
ninguém. — Brayden engatava novamente a trava de segurança e puxa
a arma de volta, colocando-a em seu casaco. Como um mágico, isso
torna a desaparecer magicamente e eu estou em pé me sentindo
vulnerável pra caralho e irritado como merda. Agora eu realmente quero
rasgar a garganta deste imbecil. Eu não vou ser desrespeitado por esse
homem, nem mesmo se ele está segurando uma pistola carregada em
meu rosto. Eu nunca vou tomar esse tipo de comportamento de
qualquer um nunca mais.

— Turner, — Naomi diz, me tirando da névoa vermelha de raiva


que desce sobre os meus ombros. Eu olho em seus olhos, ainda
molhados, ainda brilhando com algo especial para mim. Se eu estivesse
para morrer, eles teriam ficado secos de novo? Dar a ela de volta aquele
olhar que era tão estéril como um deserto? Ainda que eu não dê a
mínima sobre minha própria segurança, com certeza eu dou duas
mínimas sobre a dela.

— Seu pau de canela fodido, — eu rosno baixinho enquanto eu


me movo para fora da porta e na parte de trás da van. As portas se
fecham e ninguém diz uma palavra. É meio difícil bater papo com um
grupo de guarda-costas agrupados em torno de você, especialmente
quando você sabe que eles trabalham para o cara que acabou de
ameaçar atirar em você.

— O que isso quer dizer? — Naomi pergunta finalmente, cruzando


e descruzando as pernas em seguida. As sombras na parte de trás da
van deslizam sobre o rosto dela, enfatizando a fatia afiada de suas
maçãs do rosto, o inchaço do decote acima de sua camiseta, a tatuagem
de coração sangrando que eu acho que pode realmente ter algo a ver
comigo.

~ 67 ~
Eu levanto uma sobrancelha.

— O quê?

— Pau de canela.

É preciso um momento, mas eu finalmente começo a sentir um


puxão de um sorriso nos cantos dos meus lábios. Eu me levanto e
tropeço através dos poucos metros entre nós, me estatelando próximo a
Naomi em seu lado da van. Os assentos de metal são desconfortáveis e
cheira como alface podre aqui, mas isso não importa. Nada mais
deveria, porque eu tenho essa bela mulher ao meu lado. Foda-se o
mundo.

— Brayden tem cabelo ruivo, o que significa que lá em baixo, você


sabe, em torno de seu pau. — eu dou de ombros. — Ele tem o cabelo
vermelho. Portanto, pau de canela 10 . Entendeu? — Naomi revira os
olhos para mim, mas pelo menos ela me dá um pequeno sorriso.

— Você acabou de falar essa merda? — ela pergunta e eu dou de


ombros novamente. Para ser honesto, eu não tenho nenhuma ideia de
onde eu pego a maioria das minhas gírias. Talvez apenas aparece?
Tanto faz. Eu deveria estar pondo tendências, não seguindo elas. Eu me
inclino perto de Naomi, perto o suficiente para que os nossos ombros se
toquem e um arrepio dilacera o corpo dela. Eu, eu não tremo, mas eu
recebo um grande fodido pau duro, que parece como se ele está prestes
a cortar o brim maldito no meu jeans e alterar as calças em bermudas.

— O que você vai perguntar a Katie? — eu acho que trazer à tona


sua irmã adotiva deve acalmar um pouco o meu tesão desenfreado à
distância. Isso não acontece. Ponho as mãos no meu colo e olho fixo
para a mulher com o cinto de couro sentada na fileira central de
assentos. Tenho o impulso de virá-la, mas eu não quero começar uma
merda, então eu apenas fico lá com o meu olhar sobre o dela esperando
que ela vá desviar o olhar. Eu não me importaria de alguns momentos
particulares na volta para cá, se você sabe o que quero dizer.

— Eu só quero o lado dela da história, é tudo, — Naomi diz, com


os olhos encarando a parede de metal oposta de nós. — Como eu disse,
duvido que ela tenha algo de útil para nos dizer, mas eu estava sempre
lá por ela quando era criança. Eu... — ela faz uma pausa e olha para
cima, encontrando a guarda-costas com bíceps mais grossos do que o
meu e revira os olhos. — Eu fiz o que fiz porque estava tentando

10Do original, Cinnamon stick. Que só faz realmente sentido quando Turner explica.
Rs... CInnamon é canela em inglês.

~ 68 ~
protegê-la. — Naomi suspira novamente. — No mínimo, eu posso lhe
fazer uma visita. É o mínimo que posso fazer. Especialmente se ela... se
ela desembuchar pra mim. — Naomi abaixa a voz, o sussurro rouco
dela faz absolutamente zero para apaziguar o Sr. Feliz. Ele está pronto
para jogar, baby.

Em vez de agir como o filho bastardo de uma cadela que eu sei


que sou, eu enrolo meus dedos sobre a mão de Naomi e tento dar a ela
algum apoio. Eu não imagino que ela teve muito disso em sua vida. Eu
também. Eu acho que nós vamos estar aprendendo a fazer isso juntos,
certo?

— Isso poderia te dar um recomeço, — eu digo, tentando tecer


essa tragédia em algo bom. Eu me sinto como se eu estivesse fazendo
um monte disso ultimamente, mas eu não posso evitar. Eu não posso
deixar Naomi chafurdar na miséria. Eu forço um outro sorriso e então
arrasto sua mão sobre a minha virilha. Quando ela sente a ereção
massiva que tenho por ela, ela morde o lábio e fecha os olhos, sugando
uma respiração entre os dentes que me diz que ela se sente apenas
mais ou menos como eu. Gostaria de poder ver isso. Gostaria de poder
ver a sua umidade brilhando em suas coxas. Porra, eu posso
praticamente degustar essa merda. — Se Katie, você sabe, confessa o
que ela fez. — eu lanço outro olhar sobre a mulher amazônica com a
grande arma fodida ao seu lado. Ela sorri um estranho sorriso para
mim que faz os meus dentes doerem. Onde diabos é que Brayden Ryker
encontrou essas pessoas? — Se ela confessa a ele, então você está livre,
Naomi. Hayden se foi. Nós vamos lidar com esta merda de Stephen.
Será você e eu contra o mundo. Você vai ter que aturar Trey, Jesse, e
Ronnie, mas não é tão ruim se você olhar para eles de lado. Além disso,
— eu me inclino para baixo e pressiono minha boca para o pescoço de
Naomi, saboreando a memória de transar com ela naquele estúpido
banheiro sujo durante o caminho de volta. Ou pelo menos isso pareceu
como caminho de volta. Eu não sei quanto tempo realmente foi. Duas
semanas? Três? O tempo é quase irrelevante neste ponto. — Eu
conheço Los Angeles como a palma da minha mão. Quando
aterrissarmos, — me curvo e sussurro em seu ouvido para que os
guardas não nos ouçam, — Vamos fugir e bater em alguns dos
melhores clubes, fazer merdas, ter um bom tempo sendo apenas
pessoas em vez de estrelas do rock.

— Parece fodidamente divino, — Naomi sussurra, inclinando a


cabeça no meu ombro. — E talvez, apenas talvez, poderíamos foder sem
alguém filmando.

~ 69 ~
Eu realmente não tenho ideia do que eu esperava quando eu
chegasse até a prisão. Acho que eu tinha algum tipo de filme do mundo
fodido na minha cabeça, onde eu apenas valsava para dentro da cadeia
e Katie estava esperando por mim. Eu venho a descobrir que não é
assim tão fácil. Hei, pelo menos conseguimos chegar aqui durante o
horário de visitas.

A mulher atrás do balcão me olha de cima a baixo como se eu


fosse uma fodida retardada e depois sacode a cabeça resmungando
alguma coisa sobre o 1% sob sua respiração. Eu não sei onde esta
cadela tem ido, mas mesmo que eu pudesse ter recentemente
conseguido algum dinheiro com minha música, eu sou dificilmente uma
dessas privilegiadas pequenas cadelas brancas. Ela me insulta em
espanhol e depois sorri quando eu aperto meus lábios, obviamente
incapaz de entender o que ela acabou de dizer.

— Só um momento, ok? — diz ela, dando a Turner um olhar que


confirma que ele, pelo menos, está isento de sua pequena atitude
esnobe. — E se você precisar de qualquer coisa, baby, você apenas me
deixa saber. — ele sorri para ela e dá uma piscada, servindo ainda mais
para me irritar.

— Está tudo bem, — Turner me diz, se inclinando para sussurrar


no meu ouvido. — Eu consigo. Tudo se resume a respeito, certo? —
suas mãos encontram meu bíceps, os dedos escovando levemente sobre
a minha carne e fazendo com que meus mamilos endureçam
dolorosamente. Todos na sala de espera já estão nos encarando, isso é
última coisa que eu preciso. Uma exibição pública que mostra
exatamente como me sinto sobre o idiota respirando hálito quente
contra a minha orelha.

— Eu tinha apenas uma merda de uma vida como qualquer uma


dessas cadelas, — eu digo, sentindo aquela dureza apertar em volta do
meu peito. Eu tenho escudos no lugar, por boas razões, também. A

~ 70 ~
maior parte da minha vida tem sido uma merda realmente grande. Eu
ganhei a minha faixa violenta nas ruas. Eu não vou deixar ninguém
nesta sala me rebaixar, porque eu estive no fundo do poço, vadias, e eu
trabalhei para me reerguer. Lide com isso. Eu consegui me recompor,
porém, focando na picada quente dos dentes de Turner quando ele os
raspa ao longo da minha mandíbula e provoca arrepios na espinha.

— Amém a isso, certo? — ele para de beijar minha garganta cerca


de dois segundos antes de eu socá-lo nas bolas para fazer com que ele
recue. — Então, não fique triste sobre fazer o que você precisa fazer
para conseguir a merda feita. — Turner escava em torno do bolso de
trás da calça jeans ridiculamente apertadas. Eu honestamente não sei
nem como ele consegue por uma carteira ali em primeiro lugar.

— Depois que você deu todo o meu dinheiro para aquela garota
sem-teto, eu recarreguei o verdinho no hotel. — eu observo com o canto
do meu olho quando ele desliza um maço de notas do bolso de couro e
enfia na palma da mão dele. Elevo uma sobrancelha e balanço minha
cabeça. Lubrificar os guardas com dinheiro? Agora pelo menos eu sei
que não sou a única que já viu muitos filmes. Apesar de nossos
passados sórdidos, nem Turner nem eu temos passado qualquer tempo
na cadeia. Quão ridículo é isso? Eu assassinei duas pessoas com um
par de tesouras e aqui estou eu, de pé sobre o outro lado, enquanto
Katie apodrece atrás das grades. Eu me sinto mal do estômago e
desesperada para fumar um cigarro.

Duvido que fosse tolerado neste buraco do inferno.

— Você está com sorte, menina, — a mulher atrás da divisória de


vidro diz para mim, suspirando dramaticamente e balançando a cabeça
em desgosto. — Mentir sobre o fato de estar na lista não desqualifica
que você visite um preso. — eu pisco algumas vezes e inclino para
perto, colocando minhas palmas sobre o balcão. Noto alguns dos
guardas se deslocando desconfortavelmente. Bem, porra, merda, e
caramba, eles realmente levam essa porcaria a sério. Ou talvez eu só
pareça fodona, o que está deixando eles nervosos?

— Eu estou na lista?

A mulher suspira de novo, a respiração embaçando a partição


entre nós antes dela virar sua atenção de volta para o computador dela.

— Para visitar um detento, tem de ser aprovada no mínimo 72


horas antes da visitação. O preso que você planeja visitar também deve
aprovar você. Uma vez que isso acontece, nós executamos uma
verificação de antecedentes criminais. Aparentemente, o seu está limpo.
~ 71 ~
— ela move seu mouse ao redor, focando o brilho branco da tela e não
se incomoda em me olhar no rosto enquanto ela faz o que for que ela
precisa fazer. — Eu vou precisar ver alguma identificação, por favor.
Também, se você está atualmente em posse de qualquer produto de
tabaco, narcóticos, armas, ou álcool, por favor, remova-os com o
responsável imediatamente. Todos os visitantes estão sujeitos à busca
através de um dispositivo de detecção de metal, cães detectores de
drogas à procura delas. Observe, — ela se levanta, parecendo que está
completamente e totalmente para executar o seu trabalho, — Qualquer
contrabando está sujeito à confiscação. — outro suspiro enorme. — Se
você se opuser a qualquer um desses pontos, você está convidada a sair
por aquela porta agora.

— Não, — eu digo, expelindo a palavra um pouco mais duramente


do que eu pretendia. Procuro não ranger os dentes, porque os guardas
estão todos me encarando de novo. Onde estão as fangirls e fanboys
quando você realmente precisa deles? Eu poderia ter usado de um
pouco dos gritinhos dos fãs hoje. — Isso é bom. — eu puxo minha
carteira de motorista de Oklahoma para fora e a deixo cair sobre o
balcão. A mulher desliza os dedos para fora e se apodera dela,
estudando a imagem, então a mim, em seguida, a imagem novamente,
por cerca de dez minutos. Estou prestes a começar a xingá-la quando
ela sorri maliciosamente.

— Você é a garota do vídeo de sexo, hein? — Jesus Cristo. Olho


para Turner e ele sorri brilhantemente. O imbecil pode e vai flertar de
qualquer jeito, não é? — Oh, ho, menina. Você com certeza fez uma
ação, não é?

— Você tem, tipo, a porra de um chefe ou alguém que eu possa


falar? — a mulher ri e joga minha identidade de volta para mim.

— Tudo bem, tome um assento e iremos chamá-la quando chegar


a hora. — ela olha para trás sobre a Turner e lhe dá um olhar de cima a
baixo. Eu juro, ela treme um pouco quando ela encontra os olhos dele.
Uau. Isso está indo ficando velho rápido.

— Suponho que não preciso subornar alguém? — ele diz, soando


quase decepcionado com isso. Eu dou uma olhada em Turner, e
tomamos nossos lugares em um banco de merda no canto, próximo a
uma mulher que parece como se ela estivesse a três viagens curtas de
uma overdose. Eu me pergunto como os supostos cães farejadores de
drogas vão reagir a ela? Eu mantenho meu olhar fixo no chão de
cimento na minha frente porque todo mundo ainda esta fodidamente
encarando. Eu imagino todos assistindo aquele vídeo, vendo Turner

~ 72 ~
colocando o dedo na minha bunda, seu pau na minha buceta inchada.
As minhas mãos apertam a madeira do banco um pouco mais forte,
quem poderia saber porra?

— Obrigada, — eu digo antes que eu perca a coragem de dizer


isso. Olho para o idiota sentado ao meu lado. Isso não pode ser fácil,
mas pelo menos é um bom teste. Se Turner pode lidar com toda essa
porcaria sem correr e encontrar uma pequena roadie pra foder, então
talvez nós realmente possamos tentar toda essa coisa de casal. — Por
ter vindo comigo, quero dizer. Isso é um saco, eu sei. E eu não posso
deixar de sentir como se eu fosse um tanto responsável. Quero dizer, a
culpa é da minha empresária que estamos nessa bagunça.

— Você pode dar algum crédito para Travis, — diz ele, a inflexão
em sua voz mudando apenas o suficiente para que eu saiba que ele
ainda está chateado com o que America nos disse, sobre os segredos,
sobre o assassinato. Acreditando durante anos que o seu amigo estava
simplesmente morto em um atropelamento acidental e depois descobrir
que ele realmente foi torturado até a morte com um veículo é uma
grande diferença.

Nós dois caímos no silêncio por um tempo. Eu, porque eu estou


realmente desconfortável pra caralho com a forma como a mulher do
outro lado de mim está olhando para o telefone dela e depois para o
meu rosto a cada cinco segundos. Ele... eu não sei, mas quando eu olho
e vejo a realidade, emoção verdadeira no rosto daquele filho de uma
cadela, eu quase o beijo. Quase. Eu chupo uma respiração e olho de
volta para o chão.

Só Deus sabe quanto tempo depois alguém nos chama e eu


removo o piercing do meu umbigo no último minuto, entregando a
Turner e me afastando antes que ele possa dizer qualquer outra coisa.

Meu coração está batendo tão forte dentro do meu peito, me sinto
como Dax deve estar em algum lugar lá fodendo sua bateria. Maldição,
Katie. Se ela estivesse esperado para iniciar essa vingança contra Eric,
talvez a gente pudesse ter feito algo a respeito. Esconder ela longe,
conseguir um bilhete só de ida para fora do país, eu não sei, mas a
última coisa que eu queria era ver essa pobre menina conseguir uma
outra marca negra no registro de sua vida. Seu sofrimento faz com que
o meu pareça inconsequente, e se havia alguma coisa que eu pudesse
fazer para salvá-la de novo, eu faria isso, mesmo se isso significasse
colocar outro par de tesouras na garganta de alguém.

~ 73 ~
Eu passo através da busca sem nenhum problema -
aparentemente o cara no detector de metais é um enorme fã da Amatory
Riot - e toda a sala de espera também. Um dos policiais me atribui uma
mesa, e então eu sou deixada para sentar lá sozinha e esperar. Eu
observo que os outros presos vêm em primeiro lugar, andando
livremente e tomando sua única prisão em um abraço aprovado antes
de se sentar na cadeira em frente a sua visita. Alguns minutos depois,
Katie vem algemada, seus olhos azuis assombrados, mas bonitos, com a
boca ligeiramente aberta, e um maldito sorriso pairando em torno de
seus lábios.

— Naomi, — ela diz com uma voz suave enquanto o guarda


conecta seus punhos em um anel metálico em cima da mesa. Nós não
estamos autorizadas a um único abraço patético quando qualquer outra
pessoa poderia, aparentemente. Então eu permaneço sentada e apenas
olho e espero que a porra do guarda se mova pra longe de nós, para que
possamos conversar. — O que traz você aqui? — Katie pergunta,
parecendo pequena e triste, se afogando em seu macacão laranja. Sua
cabeça calva reluz quando a luz bate, refletindo os poucos cabelos loiros
que sobressaem de sua carne pálida.

— Eu... — me sento lá como uma idiota, olhando para a minha


irmã adotiva como se pudesse curá-la de dentro para fora com um
simples olhar. Ela me salvou de Eric. Se não fosse por ela, todo um
inferno de muito pior poderia ter acontecido comigo. E agora ela está
cumprindo a pena? Pelos meus crimes? Eu me sinto doente de novo,
como se eu pudesse ter que fazer uma corrida para a porra do vaso
sanitário fodido e desagradável no final do corredor. Eu tenho um mau
pressentimento que se eu for, eu não poderia voltar. — Eu só queria ver
você. — eu sinto as lágrimas ameaçarem, mas eu serei amaldiçoada se
eu deixá-las cair. Katie não merece esse egoísmo da minha parte. Eu me
pergunto distraidamente qual o fim do jogo que America tem me
deixando vir aqui. Ela não teria sugerido isso se ela não esperasse
conseguir alguma coisa disso. — E talvez... você queria me ver? — eu
pergunto, pensando sobre o que a mulher na frente do balcão disse.
Katie me aprovou como um visitante, o que é um bom sinal, certo? Eu
tento não pensar sobre o resto, a verificação de antecedentes e tudo
isso. A única pessoa que conheço que poderia ter arranjado isso é a
minha empresária psicopata e demente. Deus, como eu desprezo me
sentir como um peão em um jogo de xadrez.

Katie não disse nada, não imediatamente. Em vez disso, ela cruza
as mãos sobre a mesa e olha para mim com os olhos tão ocos que eles
quase não parecem mais humanos. Minha mente invoca imagens dela

~ 74 ~
levantando aquele pedaço de madeira, esmagando-o sobre o crânio de
Eric. O olhar em seu rosto quando ela caiu de joelhos era... perturbador
para dizer o mínimo. Era como se ela estivesse tendo algum tipo de
epifania religiosa. Eu cruzo as pernas e descanso minhas mãos sobre os
joelhos.

— Naomi, as autoridades estão bem cientes das minhas


transgressões contra a humanidade. — Katie diz tudo isso com o
fantasma de um sorriso em seus lábios finos. Tento imaginar que tipo
de pessoa que ela poderia ter se transformado se tivesse pais amorosos.
Eu não consigo nem evocar uma imagem na minha cabeça. É muito
longe para buscar, muito distante da pessoa sentada diante de mim. Eu
me sinto mal por ter pensado que ela fosse um inimigo em tudo isso.

— Katie... — ela me interrompe, e eu deixo que ela fale, porque eu


sinto como se fosse o mínimo que posso fazer.

— As autoridades estão cientes dos crimes cometidos por mim


contra os meus pais. Eles sabem que eu tomei a vingança em minhas
próprias mãos. — eu engulo em seco e enrolo minhas unhas nas
palmas das minhas mãos, tirando sangue. Eu odeio o quanto eu quero
que isso aconteça. Isso faz de mim o tipo de pessoa que eu sempre
detestei? Quão egoísta, quão fodida, quão egocêntrica eu tenho que ser
para querer isso? Você é apenas humana, Naomi. Você quer um novo
começo, como todo mundo. Se Katie vai embora, aquele segredinho que
você vem carregando por aí não vai mais importar. Você nunca será
cobrada por assassinato. Você pode fugir com Turner, ter filhos um dia,
deixar a dor do aborto desaparecer com o tempo. É isso. Isso, bem aqui.
Assim que você tirar Stephen do caminho, você vai ter uma vida própria
pela primeira vez.

Mas então, eu sou Naomi Isabelle Knox. Eu não ferro meus


amigos e especialmente eu não ferro uma das únicas pessoas na minha
vida que se importavam comigo.

Eu tenho que dizer a verdade. Eu tenho que fazer essa porra.

— Não, Katie. Ambas sabemos isso não é o que aconteceu. —


seus olhos azuis piscam por um momento com o medo antes dela se
inclinar por cima da mesa, olhando não para mim, mas através de mim.
Eu quero abraçá-la em meu peito e dizer a ela que tudo vai ficar bem,
que eu posso apagar o passado e construir um futuro melhor, mas nós
duas sabemos que isso é besteira.

— Eu os matei. Eu matei esse policial corrupto. Eu matei Eric. —


Katie se inclina para trás e suspira profundamente, como se aquelas
~ 75 ~
três declarações duras trouxeram a ela uma pequena quantidade de
prazer. Eu cerro os dentes e inclino para frente, sentindo a frustração
borbulhar em mim.

— Katie, você pode conseguir a pena de morte.

— Não se eu sou louca, — ela diz, concentrando suas pupilas em


mim. Pela primeira vez desde que ela entrou aqui, realmente parece que
ela está olhando para mim. Eu suspiro e afundo para trás, esfregando
minhas têmporas com os dedos. Eu fecho meus olhos para conseguir
conter a mim mesma e tentar descobrir o que dizer. — Apenas me diga
obrigada e vá embora, Naomi Knox, — diz ela, como se ela pudesse ler
minha mente. — Mas primeiro, eu posso te dizer uma história sobre
Eric e Hayden. É por isso que você está aqui, não é? — minha cabeça
estala, meus olhos abrem tão largos quando eu olho para ela e me
pergunto o quanto ela sabe. — Você sabe sobre Cassie, sobre eu levá-
la? — eu só olho para a minha irmã e espero por ela continuar. Ela
suspira e ajusta seus pulsos, as algemas tinindo ameaçadoramente
juntas. Eu noto alguns dos guardas lançarem sua atenção em nós. —
Hayden e Eric estavam sempre um no outro. Você deve ter visto isso? —
eu enrugo a testa e penso duramente sobre o passado. Sabendo que
Hayden estar morta faz parecer muito mais difícil de cavar as
memórias. Como ela pode estar morta? Ela tem sido uma figura
constante na minha vida fodida desde sempre. Lágrimas ameaçam
novamente, e eu as atiro para longe, com raiva. Eu não vou chorar por
uma mulher que fez do seu objetivo de vida tornar a minha vida
miserável.

— Eu não sei, — eu respondo secamente, porque eu realmente


não sei. Eric foi o meu primeiro namorado, mas ele realmente não foi a
qualquer lugar. Talvez ele realmente estivesse em Hayden? Foda-se.

— Depois que você nos deixou, — Katie diz, o que faz uma ferida
oca florescer em meu peito. Após Turner e eu fodermos, depois que ele
me deixou grávida, depois que eu tive o aborto. Sete anos atrás. Sete
longos anos. — Hayden e Eric tinham um relacionamento. — Katie
narra a história como se ela fosse uma pessoa de fora olhando para
dentro, como se ela não tivesse sido... estuprada por seu próprio irmão.
Eu continuo esperando que ela cuspa sangue quando ela fala a única
sílaba. Eric. E por falar em gestações... Katie não mencionou a dela
ainda. Eu devo trazer isso? Deus. Gostaria muito ao invés daqui, estar
no palco com a minha Wolfgang em meus braços e meus óculos escuros
no meu rosto. Quero bater o palco e rasgar a porra do rosto do público.
Eu quero vê-los rastejar para mim, implorar por outro gosto de sangue,

~ 76 ~
e eu quero dar isso a eles. Os fazer gritar. Bater neles. Eu quero tirá-los
da sua humanidade, e em seguida, dar isso tudo de volta novamente.
Isso é o que eu quero fazer. Tudo o que eu quero fazer porra. — Não me
pergunte detalhes sobre a relações dos demônios, — ela sussurra, os
olhos ficando um pouco mais brilhantes, um pouco mais longe. Ela
realmente parece louca quando ela fala assim. — Mas eles tiveram um
negócio. Eu não acho que Hayden soubesse o que ela estava se
metendo, mas Eric sabia. — minhas mãos começam a tremer de modo
que eu estou de repente desesperada por um golpe de metanfetamina,
eu posso praticamente senti-lo empurrando em minhas veias. Chame
isso um sinal de fraqueza, um lapso de força, o que quiser. Meus pés
começam a saltar no chão. Famintos por um tapa, uma fuga, eu não
sei.

— Me deixa dar um palpite. — eu me inclino para frente e mordo


meu lábio inferior. — Eles fizeram alguns filmes adultos juntos?
Possivelmente envolvendo alguma merda muito excêntrica? Tipo, eu não
sei, morte? — Katie senta em silêncio, esperando eu terminar o meu
pseudodiscurso. Eu não posso acreditar nisso. Eu não posso sequer
acreditar nisso.

— Eric foi sempre doente, Naomi. Havia uma parte dele, uma boa
parte, que desejou que ele não fosse, mas ele era como meus pais. Ele
sabia disso tão bem como em seus últimos momentos. Ele arrastou
Hayden para seu inferno e prendeu ela lá. Ela o deixou, deu sua criança
para adoção, e começou Amatory Riot com você.

— Ok, então... onde está a criança agora? — eu acho que eu já


tenho a resposta para a minha pergunta, mas eu tenho que perguntar.
Eu apenas tenho que ouvir ela dizer isso.

— Bem, — diz Katie, olhando para os meus sapatos de salto alto e


sorrindo. Seu olhar percorre até a tatuagem Real Ugly na minha
barriga, o coração quebrado em meu peito. — Se eu te contar isso, você
tem que prometer guardar segredo. — eu já estou balançando minha
cabeça.

— Eu não guardo segredos, não mais.

— Não sobre Cassie ou Hayden ou Eric, mas sobre si mesma.


Naomi, não importa o que Eric fez comigo. Eu o assassinei à vista de
todos e eu estou pronta para ir. Mas você, você tem possibilidades. —
eu odeio ouvir Katie falar como se ela tivesse noventa e cinco e estivesse
morrendo de alguma doença incurável. Ela está em seus vinte anos pelo
amor de Deus!

~ 77 ~
— Me diga onde Cassie está, e então eu vou descobrir com quem
eu deveria falar. Um advogado ou algo assim. Inferno, talvez America
possa me representar.

— Naomi! — Katie grita, sua voz como agulhas, cortando em


meus ouvidos e me sangrando em cima da mesa. — Cala a boca e me
escute. — Katie se inclina para frente, se acalmando apenas o suficiente
para que os guardas façam uma pausa em seu caminho em direção a
nossa mesa. Eu toco meus dedos inconscientemente na minha
tatuagem Real Ugly. Nunca foram ditas palavras mais verdadeiras. De
que outra forma eu posso descrever a situação em que estamos aqui? É
fodidamento nojento. Eu odeio que eu mesma esteja sentada aqui tendo
essa conversa. — Eu vou te dizer o que aconteceu com Cassie e então
você vai sair. Você vai sair por aquela porta e ir em frente com sua vida.
— eu olho para ela, mas ela apenas me encara, à espera de uma
confirmação, eu acho. Não posso lhe dar uma. Eu não posso fazer isso.
— Você acha que está sendo forte para mim, mas você está realmente
fraca, Naomi. — eu abro a boca, mas ela não para e me deixa falar. —
Eu não vou ter esse bebê, Naomi, mas eu não posso viver comigo
mesma se eu matar um inocente também. Você vê onde estou indo? —
eu não tenho ideia, mas meu coração está soando tão alto que não
consigo ouvir qualquer outra coisa. Matar um inocente. Nem sequer
começo a debater comigo mesma toda essa coisa sobre o aborto - eu
não me importo com o que qualquer um pensa. Eu fiz o que era certo
para mim. O que era fodidamente certo para mim. Não significa que não
dói, que ouvir a minha irmã falar assim não me corta por dentro. Eu
engasgo com meu próprio coração e só posso rezar para que não tenha
sangue escorrendo pelos meus lábios. Eu só amei três coisas na minha
vida, e nenhuma delas funcionou para mim.

Katie parou de falar, então eu me forço a dizer que não em


sussurro mais silencioso do mundo, com uma voz carregada com
arrependimento, mas, simultaneamente, sob o peso de esperança. Oh
Deus. As coisas não estão funcionando bem para mim, estão?

— Eu não vou carregar o bebê do estupro do meu irmão, Naomi.

— Ok. — o que mais é que eu vou dizer sobre isso?

— Mas eu ouço os anjos chamando.

As batidas do meu coração me pegam - não achava que era


possível - e eu realmente considero sinalizar para um dos guardas.
Katie possui essa coisa perigosa em sua voz novamente.

~ 78 ~
— Os anjos? — minha mente pisca para Turner, para o seu rosto
adormecido naquela noite no ônibus, para o seu cabelo preto azulado
cintilando no palco. Eu acho que eu poderia estar à beira de um ataque
de pânico, mas eu sou uma pessoa forte e eu luto pra caralho com
essas emoções, atingi-los de volta com furiosos punhos e pontapés bem
colocados. Eu não vou dar isso a este mundo. Eu me recuso a deixar
isso me derrubar.

— Sim, os anjos, — sussurra Katie, olhando para as luzes


fluorescentes penduradas acima de nós. Seu rosto possui aquela beleza
arrebatadora gravada nele novamente. Eu sinto que eu vou desmaiar.
Eu começo a subir a partir da mesa, os dedos enrolando em torno das
bordas como se eu estivesse me segurando em um bote salva-vidas
afundando.

— Quem tem Cassie, Katie? Quem a adotou?

— Stephen, — ela diz e eu quase caio com os meus joelhos no


chão. — Stephen Hammergren.

E, de repente há esse pedaço de metal nas mãos de Katie,


reluzente e brilhante, refletindo de volta o clarão do alto e,
temporariamente me cegando para a realidade do que está acontecendo.
Antes que eu possa detê-la, ela está se lançando para mim, balançando
a faca e me cortando diretamente em minha barriga, sobre a tatuagem
Real Ugly. Eu tropeço pra trás com surpresa e, embora o corte não seja
tão profundo, o sangue escorrendo pela minha barriga e no meu jeans
me leva a entrar em colapso, caio com a minha bunda no chão.

Eu olho para Katie enquanto os guardas vêm correndo, vejo como


ela coloca a lâmina em sua garganta e sorri para mim.

— Eu amo você, Naomi. Aproveite o resto de sua vida.

De pé em cima de mim, a cabeça calva pinta na luz dourada, um


anjo quebrado cai dos céus em um spray de vermelho.

— Katie! — meu grito ecoa voltas e voltas dentro do meu próprio


crânio como o caco de corrediças metálicas pela garganta da minha
irmã. Vermelho derrama descendo pela frente do macacão laranja de
Katie, me pulveriza na porra do rosto, e ainda assim não é nada como
nos filmes. É pior. Muito, muito pior. — Katie! — eu guincho de novo
porque eu estou efetivamente paralisada. Essa voz que eu sou tão
orgulhosa, a que supostamente triunfa a de Hayden, que toca a alma
das pessoas, é a única arma que me resta. — Katie!

~ 79 ~
Minha irmã despenca para frente, os pulsos dela travando sobre
as algemas até que ela está girando como uma bailarina e batendo no
lado da mesa, balançando lá, como uma isca de pesca mórbida. A
tentação que os piores predadores do mundo não podiam resistir, não
até que eles tivessem danificados em sua forma irreparável. Os olhos
dela estão tão distante agora, pálidos e vazios, mas os lábios dela ainda
sorriem enquanto borbulha e se debate, vermelho me salpicando
enquanto eu tremo. Na minha mente, eu me chamo de covarde por não
ter me levantado e ajudado Katie. Na realidade, eu sei que não há nada
que eu possa fazer por ela. Então, eu estava lá deitada em uma poça de
sangue calorosa e aceito o dom mais precioso do mundo. Vida. Mas
uma vida banhada em morte e dor realmente vale a pena qualquer coisa
afinal?

Lágrimas salgadas e quentes rasgam no meu rosto enquanto os


guardas desprendem Katie e a deitam no chão. Ela está se contraindo e
tremendo, mas ainda sorrindo. O mundo em volta de mim fica em
silêncio, bloqueando os sons dos guardas pedindo um paramédico, dos
arquejos desesperados que minha irmã faz enquanto ela se engasga
com seu próprio sangue. E é assim que acontece. Katie não sangra; ela
se afoga. Ao fazer isso, ela sela meu destino.

Eu nunca, jamais vou esquecer aquele sorriso do caralho.

~ 80 ~
Eu sei que tem alguma coisa errada no momento em que vejo os
guardas da prisão fluindo por mim como fãs indo para o meu ônibus de
turnê. Eu me levanto, mas eu não consigo fazer meus pés darem um
passo. Naomi está morta. Esse é o primeiro pensamento que me bate, e
isso tira o ar dos meus pulmões. Katie a matou. Eu não sei por que essa
é a minha primeira resposta à situação - talvez isso não tenha nada a
ver com qualquer um deles? - mas eu apenas sei que não é a porra do
caso. Quando eu fui tão sortudo?

— Puta que pariu, — eu rosno, assustando uma velha senhora


cochilando no canto. Corro os dedos pelo meu cabelo e ando em círculo.
Naomi não está morta. Eu não consigo parar de pensar nisso cada vez
que algo acontece. Eu acho que eu ainda estou traumatizado após o
incidente no ônibus da turnê, vendo aqueles corpos loiros revestidos da
cabeça aos pés em sangue. Ugh. — Me desculpe, boneca, — eu digo,
colocando toda a força do meu jeito arrogante enquanto eu me
aproximo do balcão da frente. Eu levanto meu queixo indicando a porta
que Naomi passou. — O que está acontecendo lá dentro?

A mulher atrás do balcão nem sequer se preocupou em olhar para


mim. Eu acho que qualquer que seja o drama se desdobrando lá é mais
importante do que um cara sexy com tatuagens, uma estrela rock. Eu
olho feio e me afasto, meus olhos travando sobre um par de
paramédicos à medida que passam por mim correndo e desaparecem ao
virar da esquina. Não, não, não. Deus, eu quero muito ir lá. Eu olho os
guardas da prisão na porta. Eles ainda estão em pé nos mesmos
lugares que estavam antes, mas posso dizer que eles estão quase tão
interessados na situação como eu estou. Eu olho sobre meu ombro para
os dois guarda-costas que vieram para dentro com Naomi e eu. Eles
estão pendurados para fora em bancos separados. Um deles está lendo
um jornal e outro está jogando Candy Crush em seu telefone. Candy
Crush. A porra do Candy Crush.

~ 81 ~
— O que diabos você está fazendo? — eu rosno para ele, tirando o
telefone de seus dedos e soltando para o chão. Eu o esmago com a
minha bota e espero que o homem olhe para mim. Eu não sei como
Brayden escolhe os seus empregados, mas um dos requisitos deve ser o
de parecer tão simples e chato possível. Eu não iria reconhecer esse
cara a partir de uma centena de outros que vi na rua. Ainda assim, não
recebo nenhuma reação. Estes idiotas do caralho são como robôs ou
alguma merda assim. — Naomi está lá dentro! — eu ponto para a porta,
no detector de metal. O homem continua olhando para mim com seus
olhos castanhos lisos, arranhando a barba por fazer.

— O que você quer que eu faça? O cara alertou você, não foi? Eu
não posso ir para lá mais do que você pode.

— PORRA! — eu grito, pegando o telefone do homem e lançando


tão duro quanto eu posso contra a parede oposta. Ótimo. Agora eu
consegui a atenção dos guardas da prisão.

— Senhor! — um deles se move em minha direção, e eu estou


cerca de três segundos de distância de tentar conseguir uma cotovelada
na garganta, para que eu possa correr por ele quando eu vejo Naomi
tropeçando em minha direção.

Coberta de sangue.

Coberta. Da Cabeça. Até. O. Dedo Do Pé. Em. Sangue.

— Naomi! — eu estou tropeçando para frente, tropeçando em


meus próprios pés enquanto eu luto para fechar a distância entre nós.
O rosto da minha Deusa do Rock está quebrado e desolado e há uma
bandagem correndo pela sua cintura. Que porra é essa? Que porra
fodida é essa pelo amor de Deus? Um dos guardas me para em frente ao
alcance do detector de metal e eu sou forçado a esperar alguns
dolorosos segundos para Naomi chegar até mim.

Meus braços vão ao redor de seus ombros, puxando-a para mim,


pressionando seu corpo coberto de sangue contra o meu. Eu coloco
minha cabeça no topo da de Naomi e espremo tão apertado quanto eu
sou fodidamente capaz.

— Você está bem? — eu sussurro contra os pegajosos tufos de


cabelo louro pressionado no minha bochecha. — Você está ferida? — ela
demora um segundo para responder, mas quando faz, sua voz é áspera,
como vidro quebrado e cascalho.

~ 82 ~
— Não realmente, — ela coaxa e, em seguida, faz uma pausa,
respirando de um jeito que eu consigo sentir reverberando contra o meu
próprio peito. Quando Naomi fala de novo, ela soa bem mais controlada
sobre suas emoções. — Não fisicamente de qualquer maneira. — um
dos paramédicos diz algo para ela, mas ela o acena para longe, os olhos
brilhando de raiva e confusão.

— Não me toque caralho. Eu estou bem. — o homem ergue as


mãos enluvadas e dá um passo para trás.

— O que aconteceu? — pergunto, mas Naomi já está rangendo os


dentes e sacudindo a cabeça.

— Dois suicídios em poucos dias. Esta deve ter sido uma semana
de diversão porra. Mal posso esperar para o show na sexta-feira. Mal
posso esperar.

Não há muito que aconteceu na prisão que Naomi pode expor,


considerando que foi tudo filmado. Ela deu seu depoimento, limpou o
melhor que pode com uma toalha e soprou violentamente para fora das
portas, como um temporal, a fúria irradiando de seu corpo em ondas de
calor que ameaçam me derrubar de joelhos. Ou trazer meu pau para
atenção.

Ah, porra, Turner, vamos lá, cara.

Eu mantenho o meu libido em xeque - é tão inapropriado neste


momento que até mesmo eu estou ciente disso - e me sento em frente a
Naomi, tentando o meu melhor para não bombardeá-la com perguntas.
Ela não está guardando segredos; ela está apenas esperando o
momento certo para falar. Ou talvez ela não possa falar agora. Eu não
iria culpá-la.

Dois suicídios em dois dias, hein? É como aquela fodida canção


de Natal, exceto ao invés de ganharmos duas rolas e uma perdiz em
uma pereira 11 , estamos recebendo duplo suicídio e um vibrador

11 É uma música de Natal. A tradução parece errada, mas é essa mesma.


http://letras.mus.br/alvin-e-the-chipmunks/the-twelve-days-of-
christmas/traducao.html

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lubrificado até o rabo. Me concentro nesse pensamento, confundindo as
coisas pela minha mente, apenas para que eu não tenha que olhar para
toda a crosta de sangue no corpo de Naomi. Porra. Mas se isso não está
me matando. Eu não posso suportar a visão. Ela traz de volta as
imagens do ônibus, daqueles dias terríveis quando eu pensei que ela
estava realmente morta. Katie foi a única que me levou a ela, e agora ela
está morta, também. Como Hayden. Como Shannon e Chelsea. Como
Trey quase foi.

O cansaço cai sobre meus ombros, empurrando minha cabeça


para baixo entre as minhas pernas enquanto luto para respirar. Não é
justo. Só não é justo porra. Eu lutei parar me reerguer, lutei com minha
fodida mãe, saí do estacionamento de trailers, trabalhei pra caralho, só
para ver isso terminar assim? Inferno não. Não. De jeito nenhum.

Me sento e olho para Naomi. Seu olhar está em sua argola de


umbigo, parecendo pura e imaculada em sua mão ensanguentada. Eu
não sei por que ela está colocando o crânio pequeno prateado assim,
fitando a sua superfície minúscula como se ele tivesse todas as
respostas. Me assusta um pouco embora. Não vou mentir sobre isso. Eu
penso que ela pode estar em choque, mas pelo menos nós temos um
médico da equipe no hotel. Sim, então eu posso ter fodido a esposa dele
uma ou duas vezes, mas eu tenho certeza que ele não vai levar o nosso
rancor sobre Naomi.

— Esta merda é real, não é? — eu pergunto a ela, mesmo que eu


sei que é uma pergunta malditamente idiota para fazer. Quantas vezes
eu posso tomar na cabeça para que possa realmente afundar? Este
jogo, esse rancor, seja ele qual for, é muito sério. Stephen Hammergren
nos quer todos para baixo? Isso vai acontecer, a menos que paremos
isso. Sim, então Hayden e Katie cometeram suicídio - de duas maneiras
completamente diferentes, lembre-se, uma delas sendo egoísta e outra
altruísta - mas isso não faz com que pareça menos como um
assassinato para mim. Quando Naomi não me responde, nem sequer
olhar para cima, eu inclino a minha cabeça contra a parede de metal da
van e fecho os olhos.

Travis. Eu envio outra oração para meu camarada morto. Me diga


o que eu estou deixando passar aqui cara. Que pedaços do quebra-
cabeça eu tenho esquecido? Eu sei que eu sou um arrogante, um cabeça
dura estúpido de merda, mas eu quero ser bom. Então vamos lá. Por
Favor. Me ajude a passar por isso.

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— É real, — murmura Naomi, sua voz tão arenosa quanto uma
lixa em meus tímpanos, mas de um bom jeito. — É realmente muito
feio.

Quando chegamos de volta para o hotel, o estacionamento está


repleto das guelras com jornalistas.

Surpresa, surpresa. Se eu tivesse que fazer uma aposta, eu diria


que quem fez esse vídeo meu e de Naomi chamou a cavalaria.

Naomi fica olhando para fora das janelas coloridas no fundo com
uma expressão inexistente em seu rosto que promete violência futura
para quem cruzar seu caminho. Algumas pessoas podem pensar que o
brilho em seus olhos é um sinal de lágrimas, de fraqueza, de rendição,
mas eu sei que não é, porque Naomi e eu somos cortados do mesmo
tecido.

A partir do banco da frente, eu posso ouvir o pessoal de Brayden


murmurando em seus telefones, descobrindo a melhor maneira de nos
levar para dentro. A última coisa que qualquer um de nós quer agora é
um foto de Naomi embebida em sangue seco em cada site de merda
existente.

Eu vou admitir, eu pensei a princípio que a fama e a notoriedade


fariam tudo valer a pena no final, mas se isso vem a qualquer custo
para Naomi, que se foda. A fita de sexo era uma coisa totalmente
diferente, baby. Quero dizer, quem realmente se importa se o mundo
quer imortalizar um deus e deusa do sexo? Mas isso... Eu posso ver a
construção do rosnado em torno dos lábios de Naomi. Ela parece estar
perto de ir destroçar e caçar Stephen Hammergren e todos os seus
companheiros em um par de calças de camuflagem largas e um sutiã
preto, AK-47 descansando ameaçadoramente ao seu lado. Enquanto
esse pensamento é reconhecidamente o tipo de quente, eu não posso
desejar a sua dor ser imortalizada para todo o mundo ver. Não é legal.

— Nós vamos mover os dois para um hotel próximo, — a mulher


Amazona diz, olhando fixamente para o rosto ensanguentado de Naomi
e não se preocupando em sequer olhar para mim. Observo minha

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mulher com cuidado quando suas mãos se prendem em baixo do banco
com um aperto de morte.

— Eu não quero ir para um hotel diferente. Eu preciso falar com


meus amigos, com America. — ela morde o nome de sua empresária
com uma carranca. — Vocês são os especialistas, me coloquem para
dentro. Quem diabos são todas essas pessoas? Apenas equipes de
câmeras e repórteres. Foda-se eles. Deem um jeito nisso. — uau. Agora
se não é alguém que soa como uma estrela do rock de verdade? Eu não
posso lutar contra um pequeno sorriso, me inclinando para frente e
colocando meus cotovelos sobre os joelhos. — Não diga uma palavra,
Turner. Nem uma única palavra. — eu normalmente não sou bom em
receber ordens, mas eu faço isso. Por ela. Apenas para ela. Deus, você é
como uma putinha, Turner.

— Brayden já acertou as coisas, — a mulher continua,


obviamente não entendendo a gravidade da situação. Naomi gira para
encará-la, os olhos faiscando perigosamente.

— Brayden não me possui. Ninguém possui. Ele quer ameaçar


atirar em mim? Ótimo. Eu não vou para um hotel diferente. Eu quero ir
para essa porra de hotel.

— O resto do seu pessoal vai se juntar a nós no avião amanhã


pela manhã, senhorita Knox. Sinto muito, mas esta é realmente a única
opção.

— Eu não acho que você está ouvindo o que eu tenho a dizer, —


Naomi rosna, sua voz enviando todos os tipos de hormônios subindo
rapidamente através de meu corpo. Santa mãe de merda. O animal em
mim a quer muito. Se esses guardas não estivessem na van conosco, eu
iria agarrá-la pela parte de trás do pescoço e enfiar minha língua em
sua garganta. Meu pau concorda profundamente, verifico se as minhas
calças continuam com o zíper apertado. O pequeno fodedor já está em
seu caminho para planejar uma fuga. — Estacione a van. Estou
cansada de correr. Eu estou no comando da minha própria vida. Se
você não pode vir com um plano, eu vou fazer um para você. Destrave
as portas. Eu vou entrar.

A garota Amazona suspira e balança a cabeça quando a van sai e


vira a esquina, estacionando em um espaço em frente a um restaurante
próximo. Estamos escondidos da multidão por uma sebe espessa de
verde para o nosso bem, mas eu não tenho dúvida de que se ficássemos
aqui tempo suficiente, os abutres nos descobririam. Eu acho que ainda
estamos fingindo que Naomi e eu somos almas livres que tomamos

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nossas próprias decisões. Ninguém com tasers, nos dando gravatas e
nos arrastando para onde precisamos ir. Realmente muito interessante,
hein?

— Só um minuto. — a garota Amazona abre a porta e sai com um


dos guardas. A porta se fecha atrás deles e eles desaparecem em torno
da cerca viva. Os outros dois guardas se sentam na frente, claramente
nos ignorando.

— Eu não posso acreditar que Katie está morta. — Naomi


sussurra, balançando a cabeça como se ela estivesse acabado de
perceber o que realmente aconteceu. A maior parte do sangue em sua
pele está seco e descamando, mas suas roupas ainda estão molhadas,
manchas vermelhas em todo o banco e na parede da van. Foi oferecida
uma muda de roupa na prisão, mas ela recusou. Não me pergunte por
quê. Eu não estou nem perto de compreender essa garota, e isso é uma
das coisas que eu amo sobre ela. Sem cadelas chatas. Eu deveria
escrever uma canção sobre essa merda. — Eric. Katie. Hayden. — a voz
dela cai um pouco quando ela se inclina para perto de mim, fechando a
distância que nos separa. Eu mantenho meus cotovelos sobre os joelhos
e vejo como seus lábios ficam tão perto que eu podia mordê-los se eu
quisesse. E oh, baby, acredite em mim, eu quero tanto, eu estou
vazando pré-sêmen na minha calça do caralho que todo mundo tira
sarro de mim por vestir. Desculpe que pareço tão bom neles. — O trio
perfeito, você não acha? As três pessoas que compartilharam o meu
pior momento na história. Todos mortos. Coincidência?

— Eu não sou nenhum Ronnie, — eu digo por que é verdade -


aquele filho da puta observa todos os pequenos detalhes. — Mas eu
quero dizer, nós temos dois suicídios e um assassinato de uma de
nossas vítimas. Stephen pode ter tentado foder as coisas, então coisas
como essa iriam acontecer, mas ele não colocou a arma na cabeça de
Hayden.

Naomi lambe os lábios, uma das únicas partes do seu corpo que
não está coberta de sangue. Seus olhos castanho alaranjado cortam
bem no meu cérebro, me fazendo sentir como se eu estivesse perdendo
uma parte crucial desse quebra-cabeça. Não posso deixar minha
mulher, então eu aperto minhas sobrancelhas e penso muito, muito
duro sobre isso.

— Alguém nos filmou e postou a fita de sexo. Alguém que também


conseguiu uma retenção da fita de Jesse. Alguém na turnê.
Provavelmente a mesma pessoa que mantém a imprensa informada. Se
essas coisas não foram feitas por Hayden, então quem?

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Me concentro no chão por um minuto enquanto eu embaralho em
torno dos fatos que eu sei dentro da minha cabeça. Eu olho para cima e
encontro os olhos de Naomi. O ar na van é tão quente que poderia
derreter a calcinha de uma freira. Eu sinto como se estivesse
conseguindo. Mas também não querendo que isso aconteça.

— A mesma pessoa que tem me ameaçado me manter na turnê,


mas não me impediu de sair do hotel para ir para Denny, apenas para
me manter complacente. — Naomi abaixa a voz até um ponto que é
quase doloroso para eu escutar. Isto, também me faz querer foder ela
pra caramba. Não pergunte o porque. Eu não sei. Eu sou um cara, eu
acho. É o que nós fazemos. Quando ela fala de novo, eu juro que posso
sentir as palavras deslizando através de minha cara, me chamando
para alcançar e levá-la pelos braços, arrastá-la os poucos centímetros
mais perto. Naomi não protesta. — A mesma pessoa que está se
alimentando de informações do ouvido de Brayden, que está me dizendo
que talvez não devêssemos ir para outro hotel se nós não quisermos. —
eu lambo meus próprios lábios, imitando o movimento de Naomi, o meu
olhar preso na sua boca. Eu não consigo desviar a porra do olhar. —
Essa mesma pessoa que me convenceu a ir para a prisão, que deu
permissão para uma verificação de antecedentes, que nos trouxe a esse
passeio, que é fodidamente cheio de merda.

— America, — eu digo porque eu tenho instintos e Sydney tem


instintos e nós dois pensamos que a história dela sobre Travis era
mentira. Eu acredito que ela realmente o amava? Claro, eu acredito. Eu
acredito que ele a amava? Parece que ele talvez tenha em algum
momento. Mas algo não está somando. Algo não está certo. Isso não é
apenas Stephen Hammergren contra America Harding, não é?

— America, — Naomi diz e os meu autocontrole quebra. Nossas


bocas colidem enquanto meus dedos envolvem em torno de sua cintura,
encharcando de sangue roupa e tudo, e a arrasto para o chão,
imobilizando-a para o metal com o meu corpo. Naomi se encolhe um
pouco quando eu coloco pressão em sua barriga. Eu ainda não sei o
quão ruim que o corte está, mas ela não vai me deixar parar e olhar.
Quando eu tento sentar e descascar a bandagem, ela envolve seus
braços em volta do meu pescoço e as pernas ao redor de mim.

— Se eu soubesse que essa merda de detetive Sherlock Holmes


iria fazer você me tratar como uma fangirl, eu já teria começado há
muito tempo atrás porra. — eu poupo uma olhada momentânea para os
guardas no banco da frente, mas são demasiado profissionais para

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assistir o que estamos fazendo ou eles simplesmente não sabem a
maldita sorte que eles tem de ver um espetáculo tão doce como este.

Eu não sei qual a verdadeira motivação de Noemi é agora, mas,


francamente, eu não dou a mínima. Se ela quer foder para esquecer,
então quem sou eu para impedi-la? Eu deixo cair minha boca de volta
para a dela, deixando-a me inspirar, sugar a porra do meu espírito em
sua garganta. Minha mente me pisca imagens dela em seus óculos,
batendo no chão com a Wolfgang envolvida em torno de seu corpo como
uma segunda pele. A forma como os dedos dela movem através das
cordas da guitarra me incentiva ainda mais só para desfazer minhas
calças, para que ela possa envolvê-los em torno de meu pau. Eu gemo
enquanto eu me liberto, sentindo as garras de Naomi apertadas e
inflexíveis quando ela me bombeia furiosamente, tirando um pouco
dessa raiva e frustração no meu pau. E oh, porra, isso é tão bom.

Eu deslizo minha mão, passando para baixo do seu sangue


encharcado na barriga, além do curativo sobre a tatuagem dela, e em
seus jeans. Naomi está mais do que pronta para mim, quente e úmida e
disposta. Suas pernas abertas, com os joelhos abrindo quando
impulsiono três dedos dentro e a sinto arqueando de volta debaixo de
mim.

— Idiotas do caralho, — ouço alguém murmurar na frente, mas


eu estou longe demais para dar a mínima para o que eles têm a dizer.
Eu sou uma estrela do rock, baby, e eu vou fazer o que eu bem
entender.

— Eu vou gozar se você continuar espremendo assim, — eu rosno


para ela enquanto ela morde o piercing do meu lábio e o puxa com força
suficiente para machucar. A dor se mistura com o prazer, me dando
arrepios, enquanto sua mão desliza para cima no meu pau e seu corpo
estremece debaixo de mim com entusiasmo. Eu deslizo meus dedos
molhados fora da sua buceta e encontro seu clitóris. Caralho, ela está
tão excitada quanto eu estou. Eu deslizo meus dedos em todo seu ponto
doce e suspiros derramam de sua garganta enquanto ela brinca com o
meu pau como uma guitarra maldita, tirando as notas da minha
garganta do mesmo jeito que ela faz com seu instrumento. Enquanto
minha mão direita trabalha o corpo dela, minha esquerda está
emaranhada em seu cabelo ensanguentado, empurrando sua cabeça
para trás enquanto ela arrasta seus dentes para baixo na minha língua
e pega no meu piercing, enchendo minha boca com o menor indício de
cobre, uma vez que sangra. — Porra, — eu resmungo, meus músculos
se apertaram firmemente quando o meu corpo tenta trazer o solo de

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guitarra de Naomi para um final abrupto. Músico que ela é, ela sabe
quando parar, quando deixar a batida tomar sua própria função de
volta. Não é possível dar a multidão o show inteiro de uma só vez, hein?

Nosso dueto amplifica quando a porra da boca de Naomi me


liberta e desfaz o botão de cima em sua calça jeans, descompactando e
arrancando minha mão de seu clitóris. Ela coloca os dedos molhados
em seu quadril e desliza as calças ensanguentadas para baixo tanto
quanto elas podem antes de grudar em sua pele como leggings. Não
importa embora. Elas estão para baixo de seus joelhos e isso é o
suficiente para eu fazer o que eu preciso fazer. Eu puxo de volta nossos
beijos e sento, apreciando a pesada subida e queda de seu peito
enquanto ela olha para mim com uma expressão que reafirma o que eu
sei desde o primeiro momento em que ela jogou o meu casaco no meu
peito e disse para eu ir me foder: esta menina não é o meu animal de
estimação. Ela não é minha gatinha ou a minha fangirl ou uma das
minhas roadies - essa garota me dá o privilégio de transar com ela e é
melhor eu ser malditamente bem grato. Eu te disse: somos cortados do
mesmo maldito pano. Pode ser preto e coberto em mãos de esqueleto,
mas é o nosso pano. Somos nós. Essa merda aqui, sangrenta e
selvagem e desesperada, isso somos nós.

Eu puxo um preservativo para fora do meu bolso de trás, dando


ao logotipo de cabeça do bode um beijo antes de eu rasgar o plástico e
descartar o invólucro. Eu deslizo o silicone escorregadio para baixo no
meu pau enquanto Naomi assiste e aguarda, com os olhos no meu
rosto, a boca ligeiramente aberta e esperando. Ei, eu sou um cavalheiro
sobre isso; eu não faço ela esperar muito tempo.

Pego Naomi sob os joelhos e empurro as pernas para trás, abrindo


sua boceta molhada pingando até mim. Meu pau desliza facilmente,
sem resistência, cumprimentado pelo latejar pulsante de uma batida de
coração sujo. Ele está batendo tão rápido e tão frenético que eu
realmente ofego e enrolo para frente, tomando um fôlego enorme antes
que eu possa recuperar minha posição.

— Qual é o problema, cadela? — ela me pergunta com um leve


sorriso. — Você já está acabando?

— Porra, Knox, — eu rosno de volta para ela, sentindo aquele


surto de raiva que arde tão bem quando eu estou ao seu redor. Ela ama
me odiar, também, eu sei que ela faz. Isso funciona para nós, e eu não
estou prestes a contestar isso. — Se você não estivesse tão desesperada
para me ordenhar, isso não estaria acontecendo. Se acalme, baby, e me
deixe cuidar de você.

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Eu alcanço meus dedos sob minha camisa e a retiro, para que ela
possa admirar a tatuagem de teia de aranha abaixo do meu ventre, os
morcegos. Ambos os quais rastejam para baixo e mais baixo,
envolvendo meu pau em cor. Me diz quantos caras que você conhece
tem coragem para colocar tinta no seu pau? Se eu não estivesse usando
essa porra de preservativo, eu teria uma visão muito melhor de minhas
tatuagens que entram em Naomi, empurrando seu caminho em suas
dobras e raspando quente e delicioso contra o teto da sua buceta com
fome.

— Obrigada, mas eu posso cuidar de mim mesma, — diz ela,


deslizando sua mão para baixo e encontrando seu clitóris. Eu me movo
ao mesmo ritmo que ela, transando com ela até as bolas, apreciando o
fato de que a van treme e estremece abaixo de nós. Não foi realmente
construído para este tipo de atividade, foi? Eu gemo e deixo minha
cabeça cair para trás, deslizando minha língua em meus lábios,
saboreando o metal dos meus próprios piercings. Com a veemência
ardente da buceta de Naomi reprimindo o meu pau, eu não tenho as
células do cérebro suficiente para lembrar dos guarda-costas de
Brayden ou a imprensa do lado de fora da van. Esqueci a porra toda
sobre eles.

Mas eles não se esqueceram de nós.

A luz solar quebra sobre o corpo de Naomi, cortando sua forma


sangrenta ao meio, cortando através da bolha de prazer que fizemos
para nós mesmos. Faço uma pausa e retorno, olhando por cima do meu
ombro para encontrar câmeras na porra do meu rosto. Pessoas com
microfones. Eles estão todos gritando para mim enquanto eu aperto e
tento me orientar para o que está acontecendo. Estou seminu,
enterrado em Naomi, e ela está ali com um olhar de pura surpresa
rabiscado em suas feições.

— Senhor Campbell, gostaria de comentar sobre a morte da


vocalista do Amatory Riot, Hayden Lee?

— Puta merda! — Naomi grita, se sentando, empurrando para


mim. Ela foge para trás, puxando sua calça jeans e colocando acima de
sua barriga, enquanto eu ainda estou sentado lá com minha boca
aberta e meu pau esticado para cima como a porra de uma bandeira, o
preservativo brilhando com os sucos de Naomi. — Turner! — ela rasteja
de joelhos na minha direção, empurrando meu membro não muito
suavemente de volta na minha calça. Eu gemo, metade de dor, metade
de prazer, e arrebato seus pulsos à distância, terminando o trabalho

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sozinho. Naomi, ainda esta dois passos à frente de mim, arranca os
óculos do bolso e coloca no rosto.

Mas. Quê. Porra.

Você me conhece, cara, eu gosto muito da atenção do público. Eu


gosto de ser famoso. Mas você sabe o que eu gosto mais? Respeito. Exijo
respeito porra.

— Você pode nos contar de onde todo esse sangue é? Aconteceu


alguma coisa? Naomi Knox, você pode nos dar uma declaração? — um
cara está escalando na parte de trás da van, empurrando seu microfone
no rosto de Naomi. Ela foge para longe dele, indo para a porta lateral,
quando ele alcança e agarra seu tornozelo. Grande erro, filho da puta.

— Tire suas mãos da minha mulher, estúpido filho da puta. — eu


o agarro pela camisa e atiro seu traseiro gordo para a multidão. Eles o
absorvem como um enxame de gafanhotos, empurrando para a frente,
me agarrando. Eu não gosto de ser fodidamente tocado sem a minha
permissão, e eu realmente odeio ser agarrado. Eu ergo a minha bota
para cima e chuto o homem na cara tão duro quanto eu posso. Seu
pescoço agarra para trás e sangue escorre de seu queixo, mas eu não
dou a mínima. — Me deixe em paz, inferno. Quando eu quiser dar uma
entrevista, você vai saber sobre isso porra.

Eu fujo para trás e acompanho Naomi fora da porta lateral. Há


repórteres lá também, mas nós estamos estacionados perto o suficiente
para a cobertura que só há espaço para acumular cerca de quatro
pessoas. Chances melhores, eu teria que dizer. Eu encontro meus
próprios óculos escuros e coloco, deixando Naomi agarrar a minha mão
e me levar pela multidão. Flashes borram minha visão, me cegando até
mesmo através dos óculos e as mãos chegam a me tocar, deslizando
pelo meu fodido e ainda muito rígido pau, em meu peito nu, meu rosto.
Eu acotovelo as pessoas, mergulhando a grande multidão com Naomi
ao meu lado. Ela olha para longe da multidão, focando sua atenção na
minha direção. Sua mão esquerda tenta desesperadamente proteger o
rosto quando nós tropeçamos e lutamos para sobreviver a uma
debandada de gostos de que eu nunca vi. Milo estava certo. Cara, nós
fomos presos dentro de uma casa por tanto tempo que realmente não
temos a porra de um indício do quão intenso essa merda tem chegado.

Queria chegar do estacionamento dos trailers fodidos para um


Ídolo. Isso é o que eu queria, mas Jesus, Maria e José, há uma mordida
de perigo no ar, apesar de Naomi e eu sermos o foco de toda essa
atenção, nós poderíamos ser pisoteados até a morte por isso também.

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Eu percebo as coisas ficando ainda piores quando atravessarmos o
primeiro mar de pessoas. Aquela era a imprensa. E essas. Essas são as
fangirls.

— Turner! — meu nome ecoa à minha volta como uma maldição,


como se eu finalmente fosse pagar a penitência para todas aquelas
garotas que eu fodi e descartei. Não é justo. Não quando eu finalmente
encontrei a única mulher no mundo que pode me igualar nota por nota,
show por show, sangue por sangue.

Eu deixo Naomi de lado por um breve segundo apenas para


colocar o meu braço torno de sua cintura, e quase a perco na briga. A
multidão está pulando e levantando e empurrando, batendo contra nós
como um furação. Escala cinco, porra.

Naomi tropeça, seu braço no aperto da morte de algum filho da


puta com a cabeça raspada e uma camiseta da Amatory Riot. Empurro
as pessoas à minha volta, suas conversas, mas nada para o ruído. Mais
tarde, eu poderia despertar com pesadelos do caralho sobre ser
empurrado para o chão por um grupo de pré-adolescentes e estuprado
enquanto eles tiram selfies de si mesmos. A ondulação estremece meus
músculos quando inúmeras mãos acariciam minha bunda, raspam todo
o meu abdome, até mesmo tendo a porra da audácia de tocar meus
mamilos. Onde está a porra da humanidade delas? Eu sei que estou
sempre atrás de sangue quando estou no palco, ver o quão longe eu
posso levar a multidão antes de enlouquece-los, mas isso é a vida real,
aqui e na vida real, eu exijo respeito. Eu não sou uma estrela do rock
agora, não sou o Deus deles, eu sou uma mercadoria e eles estão todos
lutando por um pedaço.

Onde diabos estão os caras de Brayden em tudo isso? Ótimos


seguranças eles estão provando ser.

— Naomi! — eu não posso sequer ouvir minha própria voz na


multidão. Eu continuo empurrando para frente e para ela, em direção
ao hotel. Se eu conseguir, apenas conseguir chegar até lá novamente,
eu juro por Cristo, eu não vou desistir. Enquanto eu estou lutando
minhas próprias batalhas, ela está pisoteando a dela. Essa raiva e dor
que ela estava tentando por a distancia na parte de trás da van, está
agora construída em uma massa crescente que está ameaçando
desabar à nossa volta. Eu lembro do fanboy que ela esfaqueou no início
da turnê. É claro que, na época, eu não sabia quem era ela, mas faz
sentido. Ela não toma a merda de ninguém, eu entendo isso. Eu só
espero que ela não tenha uma lâmina com ela agora.

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A palma de Naomi vem acima e esmaga no nariz do cara careca,
pulverizando mais sangue através de seu cabelo já sujo. Ele solta o
braço dela no mesmo momento em que ela ajoelha outro cara nas bolas.
Maldição. Sinto minha ereção ficando pior enquanto eu deslizo atrás
dela e envolvo meu braço em volta da sua cintura. Vendo Naomi lutar
como uma gata selvagem, bem, vamos apenas dizer que isso faz meu
gato selvagem ronronar.

— Venha. — nós nos aconchegamos perto, mantendo a cabeça


para baixo e empurrando para frente, como em uma tempestade de
neve. É só quando estamos à uma pequena distância do hotel que
Brayden Ryker aparece com seus empregados atrás e forçando um
caminho através da multidão.

— A + sobre o detalhe de segurança do caralho, cara. — eu quase


entro em colapso de alívio quando tropeçamos dentro das portas do
hotel. Eu espero encontrar Milo lá, torcendo as mãos e mordendo o
lábio, mas ao invés disso é apenas America. Bem, America e quatro
guarda-costas.

Seus lábios estão virados para baixo em uma carranca, o brilho


duro de seu batom como sangue contra sua pele. Ela tem os braços
cruzados sobre o peito, e um ar superior sobre sua pessoa que só me
enoja.

— Bem, — America diz antes que Naomi ou eu possamos abrir a


boca para desafiá-la. Com cuidado, lentamente, Naomi retira seus
óculos de sol e levanta o queixo para encontrar o olhar de America. —
Talvez da próxima vez quando eu lhe disser o que fazer, você vai ouvir.

Com isso, ela gira em seu calcanhar e desaparece dentro do


elevador.

~ 94 ~
— Essa vaca FODIDA, — eu grito, jogando um copo de água
contra a parede, despedaçado em uma exibição satisfatória de cacos
brilhantes, pulverizando o sofá com o líquido e fazendo com que Dax
corra alguns centímetros mais cuidadosos à distância. — Vadia
traiçoeira, — eu rosno, esperando a adrenalina parar de bombear
através do meu corpo, fazendo com que minhas mãos tremam tanto que
eu não posso sequer segurar a minha guitarra. Porque isso é tudo que
eu quero fazer. Ou isso, ou foder Turner Campbell. Um gemido de
frustração quase escorrega para fora da borda da minha língua, mas eu
mordo isto de volta - literalmente. O gosto de sangue na boca faz minha
cabeça girar.

Katie está morta.

Mas você, Naomi Knox, você está livre.

Bem, pelo menos de um dos horrores que assola a minha vida. Eu


matei meus pais adotivos - abusadores de crianças, estupradores, lixo
humano em resumo - e agora eu vou andar para longe disso com as
mãos limpas. No sentido legal de qualquer maneira. Mas toda a razão
pela qual eu fiz isso, de arriscar a minha liberdade e meu futuro, era
para salvar Katie. E agora ela está morta. Morta. Morta.

Os olhos cinzentos de Dax me observam com simpatia,


acompanhando meus movimentos enquanto eu ando para trás e para
frente no quarto do hotel. Estou surpresa que America até mesmo me
deixa falar com alguém. Ela deixou bem claro no lobby com essa
afirmação. Talvez da próxima vez quando eu lhe disser o que fazer, você
vai ouvir. Espero que tenha um grampo neste quarto, para que ela
possa ouvir exatamente o que é que eu penso dela.

— Essa puta repugnante de merda. Aposto que ela escorregou


para fora da vagina peluda de Satanás e se amamentou nas tetas da
traição e miséria.

~ 95 ~
— Legal, — Turner diz, se inclinando contra a cômoda em minha
volta. Eu lhe dou um olhar, mas sua expressão está em branco, então
eu tenho um tempo difícil em direcionar minha raiva para ele.

— Nos conte tudo — Ronnie diz, e eu reviro os olhos, segurando


minhas mãos com a palma para cima. Há sangue seco preso sob
minhas unhas, mesmo que a primeira coisa que fiz quando voltei aqui
foi entrar em um banho. Joguei minhas roupas na pia e depois botei
fogo. As chamas não engoliram e foi uma espécie de anticlímax, mas
ajudou com a raiva.

— Eu já falei, — eu estalo, tocando meus dedos no curativo que


está escondido debaixo da minha camiseta da Indecency. Eu não sei por
que Katie escolheu me cortar - para me impedir de pará-la? - para
provar a todos que assistirem a fita de segurança que ela era uma
assassina perigosa? - mas também não é muito profundo. Fisicamente,
ele só arde um pouco. É a dor emocional que ela enfiou em mim com
aquela lâmina que realmente dói. Meu passado está agitando acima
como poeira, girando em torno de meus pés enquanto eu continuo a
andar.

— Eu sei, — Ronnie diz suavemente, a voz calma e de forma


recomposta. Eu tenho que lembrar que ele teve seus filhos deixados no
nosso hotel cobertos de sangue, empilhados bem em cima dos
cadáveres de suas mães. Ele tem todos os motivos para estar
destroçado agora, e ele não está. Isso me faz apreciar o fato de que ele
está do nosso lado. — Mas talvez se a gente passar por isso novamente
mais lentamente, colocar para fora todos os detalhes, nós podemos
fazer mais sentido com isso.

Eu me movo para a mesa perto da janela e pego a caixa de


cigarros que está lá, puxo um e o acendendo. Estou recebendo este forte
desejo de ir ver com Wren se ele tem alguma merda que eu possa
fumar, cheirar, ou usar. Eu estou tentando resistir, realmente eu estou,
mas isso está chegando ao ponto do ridículo. Eu não tenho certeza
quantos mais pontos da trama eu posso lidar porra. O autor da minha
vida poderia por favor, apenas pegar um revólver, uma bala, e brincar
umas seis rodada de diversão jogando roleta russa?

— Você quer que a gente faça o quê? Uma apresentação no power


point ou alguma merda assim, Ronnie? Sério. O que mais há para
descobrir? America é uma vadia mentirosa, não uma vítima. Ela está
nessa merda, provavelmente é responsável por uma boa metade da
porcaria que está acontecendo. — Turner se afasta do armário e se
move sobre a sua mochila, se abaixando para mexer dentro dela. Eu o

~ 96 ~
vejo se mover, os músculos nas costas ondulando sob sua pele. Estou
realmente muito excitada com o fato de que ele não está usando uma
camisa ainda. Eu não deveria estar, mas eu estou. Sua irmã está morta,
sua puta do caralho. Coloque o tesão longe disso e lide com suas
emoções como uma mulher real.

— Mas por quê? — Ronnie pergunta, coçando o queixo e


balançando a cabeça. Ele segura um cigarro em sua mão direita,
descansando seu cotovelo no joelho. A fumaça ondula para fora e se
enrola em torno do rosto de Lola Saints quando ela coloca
tranquilamente sua cabeça no colo de Ronnie. — O que America tem a
ganhar com a destruição de sua própria banda?

Ninguém responde e nós seis sentamos em silêncio: Dax, Sydney,


Ronnie, Lola, Turner, e eu. Nós não chamamos mais ninguém para o
quarto ainda, mas nós vamos dizer tudo para eles. Não há mais
segredos. Especialmente se America está envolvida.

— Que as pulgas de mil camelos infestem as axilas dela, — Lola


diz com reverência, sentando e passando as mãos pelo seu rosto bonito
de duende. Ela tem esses grandes olhos redondos que a fazem parecer
um inferno de muito mais jovem do que o afundamento em seus
ombros indica que ela deve ser. Eu sei que todos nós estamos passando
por uma merda, e eu não quero dizer para despejar as minhas merdas
em todos os outros, mas eu estou tendo um momento difícil de manter
tudo contido.

— Amém a isso, — Sydney diz, uma recém-chegada neste


pequeno jogo, mas um rosto bem-vindo, no entanto. Ela tem uma
inteligência afiada nela que eu gosto. Além disso, eu poderia ter
algumas amigas. Eu continuo dizendo que eu vou conseguir algumas,
mas isso nunca acontece. Blair, Sydney, Lola. Três amigas para mim.
Agora me dê a porra de um crachá Garota Escoteira por essa merda.

Eu olho para os meus dedos, tremendo tanto que a cinza pula dos
meu cigarro. Eu não estou me movendo a partir deste ponto até que eu
faça isso parar.

— America soltou as pessoas em Turner e em mim depois que eu


me recusei a ir para outro hotel. Isso foi ela. Ela praticamente disse
isso. Ela enviou a mídia e os fãs atrás de nós para me ensinar uma
lição. Eu também acho que ela enviou as fitas de sexo. — eu dou uma
tragada no meu cigarro e deixo o tabaco beijar meus pulmões com a
fumaça doce. — Talvez ela e Stephen realmente se odeiem, mas não é

~ 97 ~
tão simples como ela faz parecer ser. — eu balanço minha cabeça,
mechas molhadas de loiro batendo nas minhas bochechas.

Quando Turner reaparece ao meu lado, ele tem uma bola oito com
cocaína em sua mão esquerda e um punhado de preservativos na sua
direita. Ele deixa cair os dois na mesa. Meus olhos passam entre os
pacotes quadrados no folgado plástico de pó branco na direita e
esquerda. Eu odeio dizer isso, mas ambos são igualmente tentadores.

— O que é isso? — pergunto a ele, lutando para engolir. — Eu


pensei que nós estávamos tentando ficar limpos.

— Estamos, — diz ele quanto Dax limpa a garganta atrás de nós.


Eu olho para trás e encontro seus olhos cinzentos desesperados por
mim. Sim, eu acho que está em Sydney agora, mas nesse olhar tenho a
sensação de que ele realmente quer falar comigo. Eu não sei
exatamente o que acontece embora. — Mas você está chateada, e eu
estou apenas te dando escolhas. Lide com a dor como quiser. — é...
uma espécie de sentimento doce, mas suas palavras também me fazem
franzir meus lábios.

— Você está dizendo que eu tenho que escolher entre sexo e


drogas esta noite, é isso? — Turner dá de ombros e parece tão
estupidamente inocente sobre a coisa toda que quase me faz sorrir.
Deus, ele é tão fodidamente idiota às vezes. — Eu não posso, tipo,
tomar um banho quente e depois ir esmagar minha Wolfgang? Ler um
livro? Assistir a alguns reality shows de merda? Há um milhão de
maneiras que eu poderia lidar com isso, Turner.

— É verdade, mas você também é uma estrela do rock. — ele bate


a palma da mão sobre a mesa, aranhas e morcegos e lobos e impressões
da pata tatuadas em clareza brilhando em sua pele. — E isso é o que
fazemos. Drogas, sexo e rock 'n' Roll. Se você quiser foder, vou foder, ou
ir para o inferno, eu vou até mesmo ficar fora do seu caminho, mas eu
apenas pensei que você deveria saber que eu sou um apoio como um
sutiã duplo.

Eu quase sorrio de novo, e por um segundo bizarro, eu sinto uma


leve cócegas de lágrimas. Eu soco essas cadelas de volta tomando uma
tragada enorme no meu cigarro. Atrás de mim, Sydney bufa rudemente.

— Uau. Turner, você ouve a si mesmo quando você fala?

— Cale a boca, Sydney! Vá limpar o penico de Trey, ou alguma


merda assim. Se levante e agite suas tetas, é nisso o que você é boa.

~ 98 ~
— Deixe ela em paz, Turner, — Dax rosna, e eu giro ao redor,
dando um passo para a frente antes dessa luta poder progredir muito
mais longe. Eu dou a cada um deles o olhar que diz hoje não. Dax
imediatamente parece envergonhado, virando a cabeça bruscamente
para olhar para o tapete. — Sinto muito sobre, Katie, Naomi. Eu sei o
quanto dói ver alguém que você ama ir embora. Se você quiser
conversar, eu estou aqui para você. — e então ele se levanta, ajustando
as pulseiras em seus pulsos, antes de tentar sorrir para mim. Nós já
passamos pela mesma merda exata nos últimos dias. Há uma conexão
lá. Espero que possamos canalizar isso em uma amizade ainda melhor
do que tínhamos antes.

Eu assisto tranquilamente quando ele sai do quarto. O olhar em


seu rosto quando eu retransmitia o que Katie havia dito sobre Hayden...
era tão triste pra caralho. Tão triste. Cassie, a filha de Hayden e Eric, foi
legalmente adotada por Stephen Hammergren. Mas por quê? Isso é uma
coincidência bizarra ou parte da história? Eu não tenho maldita ideia
nenhuma.

— Eu provavelmente deveria... me certificar que ele está bem, —


Sydney diz, mas ela não soa muito segura de sua posição na vida de
Dax. Quero dizer, eles acabaram de se conhecer. Por causa da enorme
tensão sexual entre eles, eu continuo a pensar neles como um casal,
mas não, não é verdade. Hmm. Sydney se levanta, ajusta o pequeno
casaco de peles que ela tem sobre os ombros, deixando um sutiã rosa e
sua barriga aberta para visualização pública. — Não diga nada disso
para Trey esta noite. Espere até chegarmos em L.A.

— Você não é a fodida protetora dele. Eu conheço o traseiro dele


mais do que você. Já vi ele foder com algumas centenas de fangirls. É
meu direito como irmão dele decidir o que vou dizer a ele.

— Turner, vá chupar uma bunda gorda. — Sydney se vira,


passando rapidamente um pouco de seu cabelo platinado repicado
sobre um ombro e sai do quarto com um toque.

— Aqueles dois me fazem sentir falta da minha irmã, — Lola diz


de repente e, em seguida, ela solta um suspiro pesado que se instala no
quarto como poluição atmosférica. — Poppet pode estar em choque,
mas ela não me expôs ou qualquer coisa importante para me machucar.
Se eu pudesse falar com ela por um segundo, eu poderia contar a ela
toda a merda que aconteceu. Ela não iria ajudar Stephen mais. — ela
faz uma pausa, as olheiras sob seus olhos se destacando no relevo
gritante contra sua pele pálida. Lola não tem sido exatamente a mesma
desde o incidente no hospital. Essa coisa com sua irmã deve realmente

~ 99 ~
estar ficando sobre ela. Não que eu a culpo - considerando o que
aconteceu com a minha, a dor dela parece perfeitamente razoável. Katie.
E Hayden. Duas das pessoas que estiveram na minha vida há mais
tempo estão mortas.

Porque elas se suicidaram.

Me forço a tomar outra tragada no meu cigarro.

— Você sabe, eu recebi um telefonema do meu empresário esta


manhã. — Turner, Ronnie, e eu, todos olhamos para Lola, esperando a
piada para esta merda. — Tecnicamente, eu ainda estou sob contrato
com a Spin Fast Music Group. Ice and Glass estão tocando no show de
LA e adivinha quem tem que tocar a bateria para aqueles desgraçados?

Estou sentada na mesa no meu quarto, girando meu celular em


círculos preguiçosos. Até onde eu sei não há nada me impedindo de
gritar, de contar a alguém sobre essa merda. Eu posso não ter família lá
fora que dá a mínima pra mim, mas eu poderia ligar para qualquer
número de sites de notícias, emissoras de TV, revistas. Eles me
ouviriam, imprimiriam o que eu tinha a dizer, mesmo que não
acreditassem nisso. Eu poderia chamar os tiras. Stephen Hammergren
não pode simplesmente possuir todos os policiais lá fora. Apenas não
há nenhuma maneira. Eu poderia ligar em uma denúncia anônima para
a delegacia de polícia aleatória em qualquer lugar nos Estados Unidos.
Mas quem acredita em mim? O que eu estou realmente tentando relatar
de qualquer maneira? Ajude, minha empresária enviou os paparazzi
atrás de mim! Eu acho que ela está escondendo alguma coisa
relacionada com todo esse enredo sobre Stephen. Oh? Você não sabe
qual Stephen eu estou falando? Apenas o sujeito que costumava ser CEO
da maior gravadora de propriedade privada do mundo. Até que... o quê?
Até que a minha empresária, a empresária de - vamos ser honestos -
uma bela banda de rock de meia tigela. Ou pelo menos é isso que nós
éramos. Agora, somos a porra de uma sensação, e não é por causa da
minha música ou minhas habilidades loucas na guitarra, é apenas
porque nós estamos presos em algum tipo de jogo doentio.

Eu suspiro e inclino para trás, deixando a fumaça do cigarro


trilhar por entre meus lábios. A poucos metros de distância, Turner
~ 100 ~
Campbell dorme em sua barriga na cama, ainda não usando uma
camisa, ainda quente pra caralho. Eu deixo cair o queixo para baixo e
olho para ele, ouvindo o barulho suave das vozes do lado de fora do
hotel. Há uma verdadeira multidão lá fora. De vez em quando, um canto
irrompe e eu escuro o que eles estão dizendo. Indecency! Indecency!
Indecency!

Eu os ignoro, me inclinando para frente e colocando meus


cotovelos sobre os joelhos. Ao meu lado, o saco de pancada está
imperturbado. Confie em mim, não há nada que eu gostaria de fazer
mais do que usar alguma coisa, mas eu tenho um mau pressentimento
de que tudo está prestes a chegar a um ponto crítico. Eu quero estar
sóbria para essa merda.

— Turner. — eu digo o nome dele, mas ele não se mexe. Suas


costas sobem e descem com o pulso suave da sua respiração e seu
braço mole pendura sobre a borda do colchão. Eu fecho meus olhos e
ouço as minhas memórias, deixando-as tocar na minha cabeça como
um filme. Há Turner com ambos os lados de sua cabeça raspada,
tatuagens de estrela brilhantes em seu crânio. Seu cabelo preto está
espetado no centro, não é bem um moicano, mas definitivamente não é
uma imitação de um galo fodido. Deus. Aquele show, a noite que nos
conhecemos, foi tão louco. Eu podia sentir sua voz dentro de meus
ossos, podia ouvir seu coração batendo com cada respiração que ele
tomou contra o microfone. Eu estava chocada. Não vou mentir sobre
isso. Turner foi... brilho e glamour e um estilo de vida que era tão
diferente do que eu tinha vivido que soou como o céu. Eu teria feito
qualquer coisa por ele, absolutamente qualquer coisa. Apenas como mil
outras meninas. Uma carranca enruga meus lábios, mas eu não abro os
olhos. Me deixo reviver o momento em que ele me resgatou no
estacionamento, as tatuagens, o boquete no elevador do hotel. Turner
estalando minha cereja maldita.

— Ech. — eu enrugo meu nariz e balanço minha cabeça, abrindo


meus olhos de volta até encontrar o homem olhando para mim. Sua
bochecha está pressionada em um travesseiro e ele não se parece assim
tão... inacessível. Ele se parece com... como um homem. Tal como o
meu amante. Tal como o meu - eu quase engasgo com a palavra -
namorado.

— O que é ech? — ele murmura, fugindo da luz do banheiro. É a


única no momento. O resto do quarto está banhado em sombras. Me
sento e descruzo as pernas, me forçando a levantar. Eu poderia lançar
um olhar demorado na bola oito em cima da mesa, mas eu não a toco.

~ 101 ~
Turner disse que iríamos festeja em LA, que poderíamos fugir, soprar
nossa equipe de segurança por um tempo. De alguma forma, com essa
coisa toda desenrolando por causa de America, eu não vejo como isso
vai acontecer.

— Você, — eu digo a ele, me movendo até o banheiro e apagando


a luz. O brilho do meu cigarro é o único ponto brilhante no quarto
agora. — Eu não posso acreditar que eu deixei você estourar minha
cereja12 . — Turner bufa e se senta, bocejando e esticando os braços
acima da cabeça. Whoa. Puta merda. Eu acho que ele realmente é
humano. Faço uma pausa a alguns centímetros da cama e apenas olho
para ele. Mesmo que temos vindo passando a maior parte do nosso
tempo juntos, eu ainda não estou acostumada a esses momentos. Ele
se mantém recomposto, não me deixa ver outra coisa senão o Turner
Campbell que ele quer que eu veja. Eu não estou dizendo que ele está
sendo desonesto nem nada, só que ele não está completamente se
deixando ir ainda. Acho que não posso culpá-lo desde que eu também
não.

— Sim, bem, — ele diz, voz rouca de sono. Ele se levanta e remove
os pequenos fones pretos de suas orelhas, colocando-os na mesa de
cabeceira. — O que posso dizer? Eu sou irresistível. — eu não respondo,
preferindo terminar o meu cigarro e colocando-o no cinzeiro. — Naomi,
— ele chama, sua voz lírica, absolutamente perfeita. Eu mantenho meu
olhar fixo na janela, no meu reflexo, uma versão diluída de mim
franzindo a testa de volta para mim. — Venha e se deite comigo. Você
não tem que dormir. Poderíamos passar a noite toda de outras
maneiras.

Eu sei que ele está tentando me ajudar, mas acho que meus pés
estão enraizados no local. Eu lambo meus lábios e olho para a coca
novamente. Não. Não. Eu sou mais forte do que isso. Se eu vou fazer
uso de drogas, é porque estou festejando ou algo assim, não porque eu
sou muito fraca para ficar em meus próprios pés. Foda-se.

— Eu só quero... pensar, — eu digo, mas é isso que eu venho


fazendo desde que Lola e Ronnie saíram. Pensar. Remoendo coisas em
minha cabeça. Eu não toquei minha guitarra ou fodi Turner ou usei
alguma coisa. Eu apenas fumei cigarros e sentei nessa cadeira. É isso
aí. America não veio para me ver. Eu pensei que ela poderia, mas tenho
a certeza fodida que eu não a veria, ainda não. Se eu estou sozinha em
um quarto com ela, eu poderia colocar uma faca em sua garganta e

12 Ela se refere à virgindade dela.

~ 102 ~
exigir a verdade. Se ela não desse para mim ou se eu não gostar? Deus,
eu não sei o que eu faria. Eu não quero saber.

Eu ouço cobertores farfalhar e endureço, mas Turner não se


levanta. Quando eu me viro para olhar, os lençóis estão puxados de
lado e ele está batendo no espaço vazio à sua esquerda.

— Nós vamos descobrir essa merda. — ele sorri para mim, e meu
coração salta várias batidas. Eu tiro meus olhos dele e me concentro no
crânio no centro do peito dele. Tatuagens são muito mais fáceis para
olhar do que as expressões afetuosas. Afetuosa. Não. Não. Eu já
imaginava alguma coisa. Este é um cara que acabou de estar na capa
da revista Rollin' Strong, faz cada mulher entre as idades de doze e
cento e vinte desmaiar. Afeição não é uma emoção que ele tem em sua
lista. Heh. Naomi, você está pensando como a menina de 16 anos de
idade de novo. Turner pode ser tudo isso e muito mais, mas você
também. Sua música tem tocado milhares. Ele pode tocar mais milhares.
Os seus solos de guitarra são incomparáveis. Isso não é arrogância
falando, apenas um simples fato de merda. Eu olho para trás e pego o
olhar de Turner. Ele não soltou nenhum Turnerismo estúpido, sorriu
para mim e me piscou seu pau. O que diabos está acontecendo aqui?

— Você tem certeza disso? — eu pergunto, avançando


timidamente. Eu penso sobre aquela noite na casa segura, depois que
Trey havia sido baleado, quando Turner colocou a cabeça na minha
barriga e adormeceu. O pensamento me dá arrepios.

Faço uma pausa ao lado da cama, meus joelhos pressionando


contra o colchão.

— Eu não vou cair até que Indecency governe o mundo, até que
você se case comigo, até que façamos alguns bebezinhos roqueiros do
caralho. Quando eu digo isso, confie em mim, eu quero dizer isso. Sem
segredos. Sem mentira. — ele levanta a mão e me chama para frente
com os dedos embrulhados em tinta. Quando ele lambe o lábio inferior,
eu avisto seu piercing na língua e tenho que apertar minhas coxas
juntas para manter as cataratas do Niágara de descer.

Eu chupo em um grande fôlego, tomo coragem, e estendo a porra


da minha mão. Eu deixei Turner levá-la e me puxar na cama. Debaixo
das cobertas, ele está - vejam só - fodidamente nu. Eu não deveria ter
esperado menos do Rei do Rock. Mas ele não tenta bater em mim, não
agarra minha mão e a coloca em seu pau - algo que ele fez antes. Ele
embala o meu rosto em seu peito firme e segura a minha cabeça com os
dedos gentis.

~ 103 ~
Oh Meu Deus.

Meu coração começa com uma batida, que me deixa desesperada


para o palco. Este show em Los Angeles, a noite vai se transformar em
outro pesadelo do inferno, mas, pelo menos por aqueles poucos
momentos que eu estiver no palco, vai ser o céu. Eu estou praticamente
babando. Ou talvez seja por Turner. Nah. Nah. É definitivamente
apenas a minha Wolfgang que estou cobiçando.

— Se você me pedir para casar com você no palco, eu vou dizer


não, — eu sussurro, mas Turner apenas ri.

— Qualquer coisa que você diga, Knox.

— O nome é Naomi, — eu sussurro, mas meu coração não está


nisso. Knox é bom. Knox é mais do que bom. Eu deixei meus olhos
flutuarem fechados, deixei meu corpo relaxar no de Turner, e encontro
força suficiente para mais um pedido. — Isso aqui, — eu respiro no final
de um bocejo, — melhor que não acabe no Instagram...

~ 104 ~
Fodido. Avião. Privado.

Isso é o que eu estou falando. Eu não posso tirar o sorriso do meu


rosto quando Brayden Ryker coloca nosso SUV alugado no asfalto. Eu
sei que eu deveria estar preocupado com o que está por vir ou chateado
com a irmã de Naomi - e estou, realmente - mas qual é? Eu posso
desfrutar o momento, certo?

— Nós somos como a realeza agora ou alguma merda, — eu digo e


ouço Josh fazendo todos os tipos de ruídos rudes do caralho atrás de
mim. Eu giro para a pequena cadela loira e ele recua. Eu estive em um
humor tão bom ultimamente por causa de Naomi que eu não tenho lhe
dado os chutes no traseiro que ele tanto merece por direito. Eu aponto
para ele com o braço coberto do cotovelo ao pulso nessas estúpidas
pulseiras Sra. Eu tenho um par de pulseiras Sra. Turner Campbell de
várias cores, uma Sra. Ronnie McGuire, uma Sra. Treyjan Charell, e uma
Sra. Jesse Decker - embora eu suponho que deve ser o Sr., certo? Eu
não uso uma pulseira Sra. Joshua Drake. Essa pequena cadela pode ir
se foder. — Você arruína esta viagem de avião para mim, e eu juro por
Cristo, eu vou enfiar meu microfone até fundo na sua bunda, você
estará cantando quando você defecar.

Josh olha pra mim, mas não diz uma palavra. Bom para ele. Eu
espero pelo SUV parar e depois abro a porta. Vou até Naomi no outro
SUV do caralho por causa de que, você sabe, é onde America quer que
ela esteja. Ela nem sequer discutiu, embora eu estivesse pronto para
apoiá-la. Escolha suas batalhas, Turner. O sussurro dela ainda perdura
no meu ouvido, fazendo meu pau, o viciado furioso na buceta de Naomi
Knox, descer. Poooorra. E a noite passada? Essa coisa toda de abraçar
que nós fizemos? Droga. Eu me sinto como um urso fodido, eu só quero
enrolar em volta da minha companheira e proteger ela pra caralho.
Talvez eu deva me proteger, considerando como as coisas estão
acontecendo.

~ 105 ~
— Isso foi tão louco no hotel, — Jesse diz pela quinquagésima vez
desde que saímos. Sim, foi uma loucura. Os frenesis da mídia só
pioraram durante a noite. Ouvindo sobre a coisa toda de Katie enviou
esses abutres em um frenesi gritante, mas seja qual for, foda-se. É hora
de dar o fora desse inferno de Kansas, Toto. Ou Oklahoma, eu acho.
Tanto Faz. Meio Oeste suga um homem. Eu tive tornados suficientes
para durar uma vida porra. Tornados e suicídios. — Você viu todas
aquelas bandeiras do arco-íris no meio da multidão? — eu rolo meus
olhos e ando para ficar ao lado de Naomi. A empresária dela está em
seu celular, agindo como se nada estivesse errado, como se tudo fosse
negócios como de costume. Eu não sei o que ela pensa que sabemos ou
se ela ainda dá a mínima.

— Você é um verdadeiro ícone para o orgulho gay, entendemos


isso. Agora cale a boca. — America me dá um olhar mordaz e dá alguns
passos em direção ao avião.

— Maravilhoso, muito obrigado. — quando ela desliga o telefone,


ela se vira para Amatory Riot com uma expressão levemente sombria no
rosto. Eu não a compro por um segundo, mas seja qual for. — Nós
rebatizamos oficialmente o show como Hayden Lee Show Memorial. —
eu olho fixamente para Naomi e vejo suas narinas dilatadas com raiva.
— Dessa forma, podemos tocar para todos os fãs que estiveram lá
conosco através dessas tragédias terríveis e honrar a nossa ilustre
liderança. Amanhã à noite, vamos memorializar Hayden no mais
incrível desempenho de música ao vivo que o mundo já viu. — as
palavras deslizam para fora da língua de America com uma perfeição
praticada que me deixa desesperado para ouvir a áspera e sexy voz
roqueira de Naomi atacando meus ouvidos e meu pau com seu frenesi
cru.

— Nós não deveríamos sequer estar tocando neste show, America,


— Naomi diz, nivelando o seu olhar de olhos castanhos ao azul de
America. — Hayden, no entanto, eu poderia ter sentido pena dela, era
parte desta banda. Ela construiu esse grupo desde o início comigo. Isto
não é como as coisas deveriam ser.

— Você não acha que eu estou ciente disso! — America grita, mas
depois ela de imediato se recolhe e varre a mão sobre seu cabelo loiro,
tocando o coque para se certificar de que ainda está no lugar. — Mas é
como as coisas são, por isso, vamos lidar com isso.

— Minha irmã morreu ontem. — Naomi declara os fatos


simplesmente, mesmo que nós dois sabemos que isso não importa.
Estamos indo para aquele avião, indo para Los Angeles, tocando nesse

~ 106 ~
show como se nada tivesse mudado desde o primeiro show do
Indecency no caminho de volta, desde a noite de abertura desta turnê
em Seattle. Mas tudo está diferente, e todos nós sabemos disso.

America não diz nada, ela se vira e se move em direção aos


degraus que levam para dentro da cabine do avião. Nós todos estamos
em silêncio por um momento antes de o som de pneus romperem o ar
da manhã. Eu me viro e enrugo meu nariz com a visão de mais quatro
SUVs rolando em nosso caminho.

— Que porra é essa? — eu pergunto, voltando a olhar para Milo,


depois para Brayden Ryker quando ele movimenta Sydney e Lola para
fora da van preta que tivemos que utilizar para transportar Trey. Eu fiz
uma piada com seu traseiro, porque ele teve de ser carregado no térreo
em uma maca e levantado na parte de trás da van. Agora eles estão o
estabelecendo em uma cadeira de rodas, um saco de soro ao seu lado,
uma carranca no seu rosto enquanto ele me olha. Nós dois sabemos
que eu vou fazer algumas piadas de aleijado realmente ofensivas em
algum ponto hoje. Eu, eu levei um tiro na perna e eu ainda estou
chutando traseiros e levando nomes. Dói como uma cadela? Claro que
sim, mas contanto que eu mude minhas ataduras e tome algumas
pílulas de dor, não é nada demais. Minha mãe fez questão que eu
soubesse como tomar a minha dor com um sorriso. Deus abençoe a
pequena alma negra dela.

— Isso seria o show de abertura, — Brayden diz, fazendo uma


pausa, este pequeno meio sorriso nos lábios enrolando minha boca para
baixo no canto. — Ou devo dizer abrindo shows. Burning the Bleeding,
Terre Haute, e Ice and Glass. Ou a maioria de seus membros de
qualquer maneira. Eu entendo que eles tiveram que fazer algumas
substituições?

Milo passa entre mim e Brayden quando vê meus olhos


arregalados. Meu empresário está vestido em um terno azul que parece
horrível contra sua pele pálida, fazendo ele parecer cansado e
sobrecarregado. O que ele está. Desculpe. Me dou conta que Indecency
o coloca através de um pouco mais de seu já especificado contrato.

Milo levanta as palmas das mãos para me acalmar. Se ele já


estivesse começando por esse caminho, eu sei que eu não ia gostar do
que eu estou prestes a ouvir.

— Oh, o inferno não, — eu digo, recuando um passo e


balançando a cabeça. — Eu não estou compartilhando um avião com
esses filhos da puta.

~ 107 ~
— Você me disse que eu poderia tomar a decisão final sobre a
oportunidade de convidarmos as outras bandas junto com a gente. Sr.
Campbell, por favor, não faça uma cena. Todo esse espetáculo foi
planejado às escondidas, longe dos ouvidos da imprensa, e com a maior
discrição. Encontrar um novo conjunto de bandas para abertura seria
impossível. Era isso ou não ter nenhuma, e, francamente, eu sinto que
nós precisamos fazer isso direito.

— Não é aquele cara que Jesse fodeu ainda no hospital? — ouço


meu amigo grunhir atrás de mim, mas eu não me viro para olhar para
ele. Milo suspira e toca a mão em seu cabelo loiro.

— Sim, Turner, Rook Geary ainda está no hospital embora eu


esteja feliz de informar que a condição dele é estável. — Milo toma um
grande fôlego e encontra meus olhos, pela primeira vez em sua vida.
Normalmente, ele tenta olhar em qualquer lugar, menos diretamente
para o meu rosto. — Mas nós vamos fazer as mesmas substituições que
fizemos em Little Rock.

— Porque Little Rock foi um grande sucesso? — eu pergunto,


apontando para Trey. Deus. A dor daquela noite, o sangue, os gritos,
pensar nisso só me dá uma dor de cabeça enorme. — Milo, vamos lá.
Eu não vou sentar em um avião com Cohen Rose. — eu arrisco uma
olhada em Lola e vejo que sua boca está tão apertada que eu mal posso
ver seus fodidos lábios.

— Sim, Turner, você vai, — Milo diz, mas ele não soa contente
com isso também. Estou prestes a rasgar o imbecil quando eu olho para
cima e encontro Brayden Ryker coçando a parte de trás de sua cabeça
com o cano de uma pistola. Certeza que é a mesma que ele colocou
contra a porra do meu rosto. Eu espero que seus dedos deslizem e ele
acidentalmente sopre a sua cabeça maldita.

— Chupe um pau gordo fodido. — eu amaldiçoo, me virando e


pisando do outro lado da calçada para me juntar a Naomi. Eu percebo
que eu estou respirando com dificuldade, e meus nódulos doem de
apertar as mãos em punhos apertados. Porcaria. Porcaria. E porcaria.
— Eu, uh, acho que Milo foi persuadido a nos manter no caminho, se
você me entende.

— Eu posso ver isso. — a voz de Naomi é cortada. Após um


momento de olhar por cima do meu ombro, provavelmente no fodido
idiota ruivo sem alma, ela zomba e se vira para o avião. Eu acho que
todos nós estamos em um ponto onde isso está se tornando quase
malditamente impossível nos chocar.

~ 108 ~
— Por que diabos ele está acenando ao redor com uma arma?! —
isso vem de Josh. Ok, então eu acho que nós não estamos todos
exaustos. Esse pequeno rapaz ainda parece surpreso.

— Está tudo bem, — Milo diz, nos guiando para frente e para
cima dos degraus do avião. Meu avião privado que agora tenho de
compartilhar com esses maços de esperma do Ice and Glass. Ok, ok, o
avião é de aluguel, mas porra, eu ainda sinto que estou sendo enganado
neste cenário de alguma forma. — Eu tenho tudo sob controle.

— O inferno que você tem. — eu digo quando eu entro no interior


e encontro um assento perto da frente. — Como se não tivesse sido
intimidado por America e obrigado por Brayden assim como todo
mundo.

Milo me dá um olhar suplicante a partir de cima do ombro de


Naomi.

— Eu estou tentando cuidar dessa banda da melhor maneira que


posso, — ele sussurra, e eu não gosto de como sua voz soa fraca. Eu
ainda estou tentando descobrir fodidamente quando isso aconteceu,
quando ele afundou todo o caminho para essa porcaria, até os seus
fodidos olhos. Depois de toda a cena no hospital com Stephen
Hammergren, Milo age como se ele fosse deixar os segredos e permitir a
Brayden lidar com as coisas. Agora parece que ele está sendo
intimidado por ele. Porra. Porra. E porra. Eu me sinto mal por Milo
Terrabotti, eu realmente, realmente me sinto mal.

— Eu vou sentar ao lado de Blair. — Naomi me informa,


estatelando no assento diretamente atrás do meu. Eu tenho certeza que
há uma carranca para sempre gravada na minha cara agora, mas que
seja. Este dia inteiro já está armado para ser um emaranhado fodido.
Eu não posso esperar até voltarmos para casa. Eu não me importo se
tenho de atirar em alguém na porra do rosto, Naomi e eu estamos
saindo desse hotel. Nós estamos indo para a festa, lembrar como se
sente ao ser humano, e então nós vamos tocar nesse show. Providenciar
que ninguém mais morra nas próximas 48 horas, eu vou nos tirar
desta. De verdade porra.

Milo se move para trás e se senta perto de America -


provavelmente para que ela possa lhe dar um tapa um pouco mais -
enquanto o restante da banda se acomoda.

— Ah, cara, — eu lato quando dois dos homens de Brayden


colocam a cadeira de rodas de Trey no corredor ao meu lado. — Eu
tenho que sentar ao lado do inválido?
~ 109 ~
— Vá se foder, idiota, — Trey chocalha, se encolhendo-quando
um dos caras levanta e o ajusta no banco. Uma enfermeira segue em
sua cola, se preocupando com o tubo no braço de Trey. Para ser
honesto, eu não poderia estar mais feliz por tê-lo aqui comigo. Eu
pensei que ele ia morrer. Essa merda só reconfirmou o que eu já tinha
aprendido da maneira mais dura. A vida. É uma merda. A primeira
chance em que a cadela vampira tiver de espetar os dentes em sua
garganta e te drenar até secar, ela vai.

Eu decido puxar Ronnie e tocar no ombro de Trey, só por um


segundo embora. Jesse é a única pessoa nesta banda que vai conseguir
bandeiras do arco-íris acenando para ele.

— Estou feliz que você está aqui, cara. Sério, obrigado por não
morrer.

— Eu te odeio, — Trey me diz e isso é o mais perto que nós dois


chegamos a dizer eu te amo, mano.

— Você deve. Considerando que eu estou substituindo você como


guitarrista de Indecency. Esse é o trabalho de Naomi agora. — Trey
geme e esmaga sua enfermeira para longe, tentando o seu melhor para
se ajustar nos assentos. Eu não tenho nenhuma ideia que tipo de olhar
que ela lhe dá, mas quando ele se vira para mim, ele está sorrindo.
Posso dizer que ele ainda está com dor, mas se ele pode trocar insultos
comigo, nós estamos bem.

— Nós vamos ter que jogar uma partida de Guitar Hero ou algo
assim. O vencedor leva tudo?

— Parece bom para mim, — Naomi diz por trás de mim. Por uma
fração de segundo, é quase como se tudo isso fosse normal, que as
coisas não estão mais enroscadas do que um jogo de Twister erótico. Me
sento e olho sobre a parte de trás da minha cadeira em Naomi quando
ela me vira com um sorriso apertado.

— Eu também te amo, baby, — eu digo e quase explodo para fora


do meu assento quando Josh zomba em algum lugar atrás. Sorte para
ele, eu me distraio com a visão de Cohen Rose. O vocalista da Ice and
Glass. Mega babaca do caralho. Eu lambo meus lábios e tento fingir que
eu nem percebo seu traseiro. — Josh, se você fizer mais um ruído, eu
juro por Deus, você está fodido.

Olho disfarçadamente sobre Trey e através do corredor em Ronnie


e Lola. Ela está olhando para fora da janela, a cabeça virada para longe

~ 110 ~
do interior do avião. Ronnie, embora... merda. Se um cara olhar para
mim daquele jeito, eu cago nas calças.

— Oi Lola, baby. Estava sentindo falta de você, — Cohen diz, mas


ela ainda não olha para ele. Eu aperto minhas mãos em torno das
extremidades do meu cinto de segurança e encaixo, desejando que fosse
a cabeça de Rose Cohen e uma parede de tijolos muito dura. Não que
eu realmente preciso me preocupar com ele. Ronnie vai cuidar dessa
merda. Eu só tenho que estar lá para dar um ajuda ao meu mano.

O homem faz uma pausa, de pé, sua silhueta contra a luz vinda
de fora. Ele ainda tem uma tonelada de fodidos hematomas no rosto de
quando Ronnie bateu nele, mas eles estão começando a desaparecer.
Muito ruim. Pode ter que dar aquelas belezas pretas e roxas uma
reciclagem. Seus olhos castanhos escorregam de Lola e encontram os
meus por um momento antes de olhar rapidamente para longe.

— Espero que exista um bar no nosso próximo hotel, — Sydney


balbucia de repente, tentando aliviar o clima. Bom para ela, mas isso
não vai acontecer. Os nós de tensão que torcem no ar ao nosso redor
estão malditamente perto o suficiente para estrangular. A atmosfera
neste avião não é algo que eu desejo ao meu pior inimigo. Há tantas
dinâmicas em jogo que é nauseante. Eu observo Cohen por um
momento e, em seguida, decido que não vale a pena. Estou farto de
olhar para as tatuagens feias em seu braço e inclino a cabeça para trás,
fechando os olhos e orando para que Travis me mostre o caminho. Que
me diga o que eu estou perdendo na história de America.

Pela primeira vez, eu acho que o filho da puta estava realmente


me escutando.

Pior viagem de avião da minha vida. Avião privado, mesmos


assentos apertados, assistentes de voo mal intencionados e companhia
pobre. Deus. Quando chegar o meu próximo cheque, eu estou
comprando um jato particular do caralho. Um com uma cama para que
eu e Naomi possamos passar o tempo fodendo, não dormindo com o
meu pescoço em uma posição estranha e abrir meus olhos para ouvir a

~ 111 ~
conversa forçada que parece que foi roteirizada a partir de um volume
da Mad Libs13.

— Aquilo foi tão malditamento estranho, — Naomi diz quando ela


atira sua bolsa em cima da cama no nosso quarto e coloca as mãos no
rosto. — Eu sei que nós já passamos por uma enorme quantidade de
merda ultimamente: tornados, sequestros, mulheres mortas com bebês,
tiroteios fodidos. — ela faz uma pausa para suspirar e rir amargamente.
— Mas eu sinto que está tudo chegando a um ponto. Uma bolha de
sangue prestes a estourar, não é?

— Eu não tenho ideia, — eu digo a ela honestamente. — Acredito


que sim.

— Será que vamos morrer nesse show de amanhã à noite? —


engraçado. Esse mesmo pensamento tinha realmente passado pela
minha cabeça. Eu passo por Naomi e tomo suas mãos nas minhas. Pela
primeira vez, ela não luta comigo. É uma sensação agradável, estar
nesta posição, só eu e ela. Sozinhos.

— Eu não vou deixar nada acontecer com você.

— Não faça promessas que não possa cumprir, Turner. — Naomi


puxa as mãos dela e corre os dedos pelo cabelo. Eu sei como ela está se
sentindo, porque eu me sinto da mesma maneira. Preso. O que eu não
daria para ter o meu ônibus de turnê de volta, para voltar aos
preguiçosos dias de cheirar cocaína e tocar shows esgotados em locais
fodidos. Parece o céu em um mar do inferno. — Eu não sei por que isso
está acontecendo conosco, mas está acontecendo. Você ouviu o que Lola
tinha a dizer. — Naomi para e olha para o teto, ouvindo sem dúvida as
palavras de Lola soando em seus ouvidos como o pior tipo de presságio.

— E então, depois que a todos foram servidas a sua fatia de


merda, nós somos supostos a terminar isso com uma cereja no topo, o ato
final que vai selar o nosso negócio como a próxima melhor coisa no rock
'n' roll.

— Huh, — eu bufo, não convencido. — E como diabos você deveria


fazer isso?

Lola me olha diretamente no rosto quando ela diz isso.

— Nós supostamente deveríamos matar você. — Lola muda sua


atenção para Naomi. — Vocês dois.

13 É um jogo de palavras.

~ 112 ~
Eu balanço minha cabeça para limpar a memória. Não é possível
pensar sobre isso. Não posso pensar em como amanhã à noite seria a
oportunidade perfeita para fazer isso acontecer. Quão épico para nós,
morrermos juntos no palco, certo?

— Eu pensei que Brayden Ryker estivesse aqui para ajudar. Eu


pensei que America realmente desse a mínima para nós, que ela queria
proteger Indecency por causa de Travis. Que porra é essa que nós
deveríamos fazer quando existe não uma, mas duas pessoas
trabalhando contra nós? Pessoas que têm recursos e influência, que
não podemos sequer imaginar. Como sabemos que cada movimento que
fazemos, cada palavra que falamos, não tem sido cuidadosamente
planejado e calculado? — Naomi gira para me encarar, rosto rígido e
lábios definidos em uma linha determinada.

— Nós poderíamos fugir, — digo a ela, e quero dizer quando eu


digo isso. Mesmo que eu perca a minha carreira, meu dinheiro, tudo,
gostaria de fazer isso. — Diga aos outro que nós queremos apenas ir
porra. Poderíamos apanhar tudo o que pudermos retirar do Caixa
eletrônico e depois desaparecemos. — dou um passo em direção a
Naomi, escovando meus dedos em seu braço nu. Ela está usando mais
uma daquelas camisas cortadas no meio, mas eu não me importo. Isso
significa que eu consigo passar o dia todo olhando para a clivagem e
carne macia sobre seu abdômen esculpido.

Por um momento, é completamente silencioso. Eu não acho que


nenhum de nós até mesmo respira. Eu não sei sobre ela, mas para
mim, é porque eu estou apavorado. Aterrorizado que ela vai dizer sim,
com medo de que ela não vá. Eu realmente não quero ir, nenhum de
nós quer. Há muita coisa em jogo aqui, e eu não estou falando apenas
sobre a música. Se nós fugimos, teríamos de levar meus amigos comigo.
Como diabos é que vamos sair por aí com todo um bando de estrelas do
rock facilmente identificáveis? Além disso, Trey ainda esta fodido. Seria
quase impossível mover ele em silêncio, especialmente com o povo de
Brayden por toda parte. Não, não, eu não quero fugir, mas eu fugiria.
Por ela. Naomi fodida Knox.

Coisa boa que as grandes mentes pensam da mesma forma.

— Eu não vou correr — Naomi declara com firmeza. — Nós


estamos em dívida que precisa ser paga com Katie. Hayden. Com a
família de Ronnie. Treyjan. E nós merecemos a porra de uma
explicação, uma razão para isso. Eu quero a história, toda a história.

~ 113 ~
Eu observo enquanto ela se move de volta para a cama e
desempacota a mochila. Quando Naomi se vira, ela está segurando um
pequeno revólver em suas mãos.

Eu sinto minhas sobrancelhas levantarem de surpresa. Huh.


Minha garota tem uma arma e ela parece malditamente boa com ela.
Não vou mentir e dizer que meu pau não enrijece enquanto eu a vejo
envolver os dedos em torno da arma.

— Onde você conseguiu isso? — eu pergunto. Eu sinto como se


Naomi pudesse ter mencionado ter uma arma antes. Ou poderia usar
em alguém que merecia. Ela olha para a arma na mão, pesando-a por
um momento antes de colocar de volta na mochila.

— É de Lola. Ela roubou após os homens de Brayden


embrulharem isto em uma camiseta e enfiarem dentro do bumbo de
Ronnie. Eu não acho que eles mesmos dão a mínima se soubessem que
ela tinha. Isso realmente não importa, não é? Uma arma? Mesmo se
todos nós tivéssemos armas. Se você puxar a erva daninha fora e deixar
a raiz, você ainda está fodido. — Naomi fecha os olhos e respira fundo.
Ela está se preparando para o pior. E ela não acredita que a arma vai
fazer muito para ajudá-la. Isso me assusta um pouco.

— Vai ficar tudo bem, — eu digo, dando um passo para trás


enquanto Naomi vira e olha para mim. Esse impulso de proteção
envolve meu peito e me aperta. Eu posso sentir a adrenalina nos meus
músculos, me preparando para qualquer que seja a merda que pode ser
jogada em nosso caminho. — Eu vou cuidar de você, Naomi. Eu
prometo.

Ela ri e balança a cabeça, sentando na beira da cama com um


pequeno meio sorriso.

— Não faça promessas que não pode cumprir, Turner Dakota


Campbell.

— Este não é um último viva, — eu digo a Naomi enquanto eu me


arrumo no espelho e sorrio para o meu próprio reflexo. Ah, sim, um
pouco de lápis de olho vai um longo caminho em um cara. Foda-se

~ 114 ~
homem, eu tenho olhos de Bambi agora. Veja como muitas mulheres
podem resistir a isso. Eu olho por cima do meu ombro e avisto Naomi
de costas nuas enquanto ela desabrocha seu sutiã.

Ah Merda.

Eu alcanço para baixo e ajusto meu pau. Eu tenho que começar a


noite com a porra de um pau duro. Sempre um bom sinal. Meu pau é
como meu amuleto da sorte ou alguma merda assim. Tudo o que tenho
que fazer é esfregar a lâmpada mágica e ver se eu obtive o meu desejo
atendido.

— Talvez não, mas eu tenho o direito de agir como um emo cadela


- como você tão amorosamente diz - de vez em quando. — eu sorrio. Se
Naomi tenta brincar comigo, isso significa que ela está se sentindo, pelo
menos, um pouco melhor, certo? Bem. Não importa. Depois que eu a
levar para fora, mostrar o pequeno doce pesadelo que é Los Angeles, ela
vai relaxar. Nós só precisamos dar um passo para longe dessa merda
por um momento, é isso. Nenhum de nós vai morrer amanhã. Eu não
vou deixar isso acontecer. Como você impediu Trey de levar um tiro? Eu
balanço minha cabeça e arrasto meus olhos longe da curva suave das
costas de Naomi. É como uma lua crescente ou algo assim, longo e
magro e cheio de curvas. Sob a sua pele, eu posso ver a ligeira
ondulação de músculo que promete que esta não é uma figura da vara
cadela anoréxica. Naomi Knox tem corpo, baby.

Eu viro minha atenção de volta para o espelho e coloco o lápis de


olho em cima do balcão. Eu arrepio meu cabelo preto com os meus
dedos, me certificando que eu lhe dei alguma atenção, mas não muita.
Essa é a diferença entre parecer como uma estrela do rock maldito e
parecer como... bem, como Jesse. Você sabe, bandeiras do arco-íris e
tudo isso. Não que ele não é fabuloso, só estou dizendo.

Eu tapo minha língua contra um dos meus anéis de lábio prata,


coloco os plugues pretos de volta e endireito a minha camiseta vermelha
da Indecency. Eu sei, espécie de corajoso em vestir a camiseta da minha
própria banda quando eu estou tentando me misturar, mas dane-se. A
cabeça branca do bode olha de volta para mim dos dois X em sua face,
língua para fora. Eu me sinto bem, mais como eu. Naomi e eu, nós não
deveríamos ter que nos preocupar com assassinos e suicídios e fodidos
ruivos como Brayden Ryker. Nós finalmente saímos das covas de
latrinas que compõem nossas infâncias e somos jovens, bem sucedidos.
Nós merecemos isso.

~ 115 ~
Eu volto para o quarto, um pouco desapontado que Naomi está
com um novo sutiã - um vermelho que me faz realmente querer
considerar mudar esta noite fora em uma noite aqui - e está em
processo de puxar em uma camiseta roxa com um V profundo na
frente. As bordas são todas esfarrapadas, como se talvez ela levasse um
par de tesouradas na bainha e nas mangas. Esta menina realmente tem
uma queda por objetos cortantes.

Eu sorrio quando seu olhar balança de volta para mim e tranca


dentro no espaço acima dos meus jeans. Estou plenamente consciente
de que eu tenho, tipo, um aumento de duas polegadas sobre estes
bebês, apenas espaço suficiente para bloquear as coisas boas, se você
sabe o que quero dizer. Vestindo calças femininas como esta também
serve para deixar essa lacuna entre o fundo da minha camiseta e meus
jeans. Eu sei o que eu tenho lá em baixo e eu não tenho medo de
mostrar.

Eu sigo meus dedos ao longo das tatuagens de teia de aranha


espreitando acima da minha cintura. Os olhos de Naomi seguem o
movimento por um momento antes de sacudir abruptamente para o
meu rosto. Ela sorri, mas não é muito justo, muito apertado, muito
tenso em torno das bordas.

— Isso é realmente uma boa ideia? — ela pergunta, retirando um


saco de plástico de sua mochila. Ela abre e tira algumas pulseiras de
couro, amarrando em seus braços, enquanto eu observo com cuidado,
tomando seus movimentos, a maneira como seus dedos pressionam os
grampos em conjunto com uma força contida. Isso pode soar estranho,
mas eu gosto de vê-la se vestir, colocar seus acessórios, a maquiagem.
Eu nunca tive isso antes, não com alguém. Minha mãe certo como a
merda não cuidava de si mesma, não dava a mínima se ela estivesse
usando as mesmas calças de moletom por duas semanas ou um mês,
se cheirava a vômito e desespero. Eu nunca tive uma namorada
também. Eu fodia garotas e depois eu as deixava, é isso. Minhas
manhãs com as mulheres consistem em sorrir docemente e empurrá-la
para fora em Milo com um passe de bastidores, para que elas não
ficassem furiosas. Isso, isso é muito melhor.

— Eu não sei, — eu respondo com sinceridade. — Pode ser. Talvez


não. Será que vamos fazer isso de qualquer maneira?

Naomi ajusta os três cintos negros que ela envolveu frouxamente


ao redor da cintura dela. Eles não estão sequer presos através dos laços
em suas calças, apenas envoltos lá como mais acessórios. Todos eles
preto, couro, cravejado. Deus, eu amo seu estilo.

~ 116 ~
Ela aperta os olhos por um momento e então se move ao longo de
um par de sapatos de salto alto pretos.

— Você sabe o quê, — Naomi diz enquanto os coloca. Eu tento


não babar quando ela levanta a perna esquerda para cima e se abaixa
para ajustar seu sapato. Ela olha para mim por trás de uma cortina
linda de cabelo loiro. — Foda-se. Vamos fazer essa porcaria. Se essa
realmente é a nossa última noite sobre a terra, eu vou sair com um
estrondo.

— Eu vou sair, — Naomi diz a America, em pé no bar no térreo do


hotel, com seus olhos cintilando. Molhados. Eles ainda estão molhados,
um deserto no meio de uma monção. Voltando à vida, florescendo, se
transformando, curando. Eu sorrio e mordo meu lábio inferior,
enganchando meus polegares no cós da minha calça. Eu estava
planejando cavar nossa equipe de segurança antes de sairmos do hotel,
mas isso funciona ainda melhor, eu acho. Desgraçados. Eles vão ter
sorte se eles nos virem de novo antes do amanhecer. Nossos telefones
estão ficando em uma lata de lixo na primeira oportunidade. Se
Brayden realmente está nos seguindo, ele pode seguir os sinais para um
dos piores bairros de Los Angeles e cavar essa porcaria para fora do
lixo. Desfrute das agulhas utilizadas e vômito, imbecil.

America dá mais um gole no seu uísque e olha sobre seu ombro


como se ela pudesse ligar menos. Ela trocou o terno feio que ela estava
usando mais cedo, mas eu ainda vejo uma cadela com poder nessa
blusa preta e calça cinza. Sua boca está pintada com um batom claro o
suficiente para combinar com sua pele. Gostaria de saber quando ela
transou a última vez. Não pode ser muitas vezes com essa porra de
expressão azeda que ela tem esticada em seu rosto.

— Hmm. — isso é tudo o que ela diz, antes de se virar e terminar


a sua bebida, batendo o copo sobre a madeira polida superior do bar. —
Se eu não cheirasse uma preparação de esquema, Naomi, eu não tenho
um problema com isso. Como as coisas estão, você tem sido inferior a
cooperação.

— E você tem sido uma idiota real e uma mentirosa maldita. O


que você queria que eu recolhesse da visita com Katie? Que ela e Eric
~ 117 ~
tiveram um filho juntos, que Stephen legalmente adotou o bebê. Por que
você armou que eu a visitasse, America? Você sabia que Katie estava
planejando se matar?

— Como diabos eu teria sabido disso?! — America grita, jogando o


copo na parte de trás do bar. Garrafas de vidro se estilhaçam e álcool
derrama no chão em uma cachoeira âmbar reluzente. A bartender olha
para a cena como se ela não conseguisse acreditar no que está vendo,
antes de ceder e cair de joelhos para começar a limpar a bagunça.
Alguém foi pago para manter o nosso grupo feliz a qualquer custo.

A empresária de Naomi - suposta amante de Travis - gira ao redor


em seu banquinho e cruza as pernas na altura do joelho. Suas calças
estão tão bem vincadas que elas dão a ilusão de que suas pernas estão
cravadas bem no meio. America cruza as mãos sobre os joelhos e olha
fixamente com uma expressão banal em desacordo com sua postura
rígida. Travis, vamos lá. Me dê alguma coisa aqui. Essa mulher é uma
vadia, e ela merece um bom chute na bunda por ameaçar Naomi, mas se
você a amava eu vou ter certeza de vê-la saindo dessa bagunça bem. Eu
realmente vou, irmão. Só para você. Mas você tem que me ajudar aqui.

— Do que exatamente você suspeita de mim?

Naomi suspira e esfrega a ponta do seu nariz em frustração. Sua


maquiagem nos olhos me chama a atenção, a prata brilha no preto
esfumaçado. É como olhar para uma fodida galáxia. Eu gostaria de
encaixar minha nave espacial lá e me perder para sempre.

— Estou farta desta merda fodida. America, — Naomi olha para


sua empresária, — Você basicamente admitiu soltar a imprensa em
mim e Turner. — eu olho entre as duas e depois para Brayden que
agora está aparentemente colado ao lado de America. Que porra é a
história dele? Agindo todo jovial, contando piadas, e depois acenando
com a arma ao redor como se ele fosse a porra de Clint Eastwood14 ou
alguma merda assim.

— Você não consegue perceber a gravidade da situação, Naomi.


Você me escuta ou você morre. E não comece um estardalhaço sobre a
nossa pequena discussão no outro dia. Brayden sabe que se você fugir,
é atirar para mutilar, não assassinar.

Naomi franze os lábios e America ondula sua mão com desdém.

— Foi uma brincadeira, Naomi.

14Clinton "Clint" Eastwood, Jr. é um ator, cineasta e produtor dos Estados Unidos
famoso pelos seus papéis típicos em filmes de ação como um cara durão e anti-herói.

~ 118 ~
— Sem brincadeira aqui, America. — Naomi dá um passo adiante
e meus olhos pressionam levemente para Brayden, mas ele não parece
que vai intervir. Quando ele me vê olhando para ele, ele sorri com os
lábios pálidos e a pele nos cantos de seus olhos verdes enrugam. Que
enganação. — Você está fazendo o seu melhor para me dar a ilusão de
liberdade e, ao mesmo tempo me mantendo prisioneira aqui. Por quê? O
que você quer de mim?

— Eu quero que você cante, Naomi. Eu quero que você toque. Eu


quero que você seja um sucesso. — America se ergue de pé como se a
discussão tivesse acabado. Está longe de acabar. Eu posso dizer pelo
conjunto da boca de Naomi que nossos planos têm tomado um ligeiro
desvio. Isso não é apenas sobre a obtenção para fora do hotel mais. Isso
aqui é um interrogatório.

— Não se afaste de mim! — Naomi grita, sua mandíbula


apertando firme, as costas eretas com a frustração. — Por quê? Isso é
tudo que eu quero saber. Me diga isso e amanhã vou levantar naquele
palco e eu vou cantar a porra desse show. — Naomi aponta o dedo para
America. — Mas se eu morrer, se Stephen ou Tyler ou qualquer merda
que seja o nome desse imbecil, se ele conseguir me matar, eu vou
assombrar a porra da sua alma para o resto da eternidade. Você não
será capaz de renascer sem ver meu rosto. Você não vai mesmo
começar a sofrer no inferno sem ouvir minha risada. Isso é uma
promessa. Você me entende?

America revira os olhos e cruza os braços sobre o peito. Naomi


imita a pose, sustentando os seios e enfatizando a cor brilhante da
tatuagem do coração quebrado em seu peito. Em algum lugar sob os
jeans, ela tem o meu nome marcado com tinta. Esse pensamento me
mantém centrado, mantém minha boca gorda burra fechada quando eu
prefiro fazer comentários sarcásticos. Se eu vou estar com essa garota
para sempre, eu tenho que descobrir como me afastar desse papel de
liderança uns bons cinquenta por cento do tempo. Eu sei que ela vai
esperar nada menos e nem eu. Iguais. Nós somos fodidamente iguais.
Dou um passo para frente também, em pé ao lado de Naomi e
esperando para caralho que a minha presença a ajude de alguma
forma.

— Eu não sei o planejamento de Stephen para amanhã, Naomi.


Se eu soubesse, eu não estaria sentada aqui afogando meu bom senso
com licor barato. — America olha de relance em Brayden, mas ele não
se move, não diz absolutamente nada. A camisa dele está me irritando
pra caralho. Só de olhar para ele me incomoda. Quando os olhos

~ 119 ~
irlandeses estão sorrindo, eles geralmente tem algo. Eu olho feio para a
mensagem na camisa e olho de volta em America. — Aqui está o que eu
posso te dizer. Stephen assassinou Travis. Eu amei Travis. Eu estou do
seu lado. Isso é tudo o que importa.

— Você tem uma maneira fodida de demonstrar sua lealdade, sua


puta. — as palavras escapam da minha boca antes que eu possa
mordê-las de volta. — Se você estivesse realmente ao nosso lado, do
lado de Travis, então você sabe que ele não iria querer isso para
nenhum de nós.

— Travis está morto. Eu aceito isso. Eu também aceito o fato de


que eu estou em uma guerra e na guerra há sacrifícios que tem de ser
feitos. — America faz uma pausa. — Hayden, por exemplo. Ela fez o que
tinha que ser feito, assim como Katie. — Os olhos de America piscam
com alguma emoção que está muito além de mim. Essa garota está
fodidamente louca. — Quando algo com que você se preocupa é
ameaçado, você toma as inconsistências erradas em sua vida e você
elimina isso.

Meus dedos curvam em punhos, e a minha temperatura corporal


aumenta quando uma raiva justificada ecoa no tremor dos ombros de
Naomi. Será que America acabou de admitir a criação desses suicídios?
Como diabos?

— Eu encontrei você por acaso, Naomi. Achei Amatory Riot por


acidente, mas não funcionou como todas as coisas deveriam. Se
Stephen não tivesse adotado aquela menina, eu não teria rastreado
Hayden e não teria descoberto este... esta oportunidade que era tão
crucial para conseguir de volta o que eu havia perdido. Estou honrando
Travis aqui. Eu estou fazendo o melhor que posso para proteger ambas
as bandas, Indecency e Amatory Riot. O legado Travis e o meu legado.
Sinto muito que o passado está ficando envolvido no futuro, mas isso
não importa. Isso não deveria importar. Eu tenho Stephen pelas bolas,
eu tenho um homem ao meu lado que sabe o preço do fracasso, e nós
temos a música.

America pisa para frente, se movendo tão perto de Naomi que elas
poderiam foder a língua entre si, se quisessem. Eu gostaria de colocar
minhas mãos em torno de sua garganta, mas eu não vou. Eu vou ficar
aqui ouvindo essa merda, e então eu vou arrastar Naomi para longe e
vamos esquecer tudo isso. Só por uma noite. Só até amanhã. Amanhã.
Porra.

~ 120 ~
— Stephen vai aparecer naquele show de amanhã porque ele
gosta de teatro e ele quer me ver falhar. Ele quer me punir por me
apaixonar por um homem que não me amava. — a respiração de
America vem mais rápida e mais pesada, como se estivesse lutando
para puxar o ar em seus pulmões. — Travis e eu... Bem antes de
morrer, ele me deixou. Ele não me queria. — os dentes de America
cerram apertados e as veias em sua testa em posição de sentido
gritante. — Mas ele queria o nosso filho.

— Filho? — ah Merda. Puta que pariu. Eu acho que meu cérebro


vai ter uma manhã dolorida pela frente. Curve para a porra do destino,
baby.

— Nosso filho, Tyler Rutledge Gaborone. Bonito, direito, para


Stephen usar o seu nome como um pseudônimo para alimentar seus
comparsas? Ele o tem e eu vou levá-lo de volta. Amanhã. Eu pensei que
se eu tirasse a companhia dele para longe, isso seria o suficiente, mas
não é. Ele nunca vai ter o suficiente. Não até que todas as pontas soltas
sejam tomadas com cuidado, os tocos sangrentos do passado
quebrados e jogado fora, não até eu ter sucesso onde ele jamais poderia.

América se inclina e respira contra o cabelo de Naomi, mexendo-a


contra seu rosto. Seus lábios escovam o lóbulo da orelha de Naomi.

— Eu não estou apenas satisfeita com ganhar mais, não depois


do que ele me fez passar. Eu vou tomar o poder dele, o dinheiro dele, eu
vou mostrar a ele que o Spin Fast Music Group não possui o mundo, e
eu vou matá-lo. Ele, e toda a família fodida dele. Do jeito que ele fez com
a minha. Veja, tudo dá certo no final. Eu vazo sua fita de sexo, você fica
mais popular, eu fico mais perto do meu objetivo. Me livro de Hayden e
Katie para você, não há ninguém para te torturar. Você é a minha
boneca Barbie perfeita, a pequena estrela do rock, Naomi. Vou colocar
você onde eu quiser colocar você, e você vai fazer o que eu digo. Você
coopera e todos nós ganhamos. Nós todos fodidamente vencemos.

E então tudo vem caindo no lugar. As coisas começam a clicar, a


fazer sentido, mesmo em seu absurdo. Tudo o que posso fazer é ficar ali
e pensar sobre o meu amigo e seus bonés de beisebol estúpidos e a
maneira como ele cuidou de todos em torno dele da melhor maneira que
sabia. Mesmo na morte, ele está ouvindo minhas orações.

Bingo, Travis.

~ 121 ~
— Ei, — Turner diz, inclinando seu ombro em mim à medida que
caminhamos pela calçada com dois dos homens de Brayden nas nossas
costas e mais dois se misturando com a melancolia suja na nossa
frente. Até a guarda feminina esta lá em algum lugar, de braços dados
com um homem vários centímetros mais baixo que eu, fingindo ser um
casal ou alguma merda. A nossa proteção para a noite. Os nossos
guardiões da prisão. — Pelo menos o seu plano funcionou, certo? Ela
nos deixou ir.

— Ela sabe que nós vamos voltar. — minha voz é áspera, ralando,
quase tão rude como o concreto imundo debaixo dos meus saltos altos.
Eu mantenho as minhas palavras baixas, apenas alto o suficiente para
Turner ouvir. Não é que eu realmente dê a mínima se mais alguém nos
ouve, mas é que eu estou bem ciente do fato de que, se eu falar mais
alto, essas palavras vão se transformar em um grito de raiva desafiante.
Você é minha boneca Barbie perfeita, pequena estrela do rock, Naomi. Eu
mordo meu lábio inferior com tanta força que sangra.

Minha empresária essencialmente apenas admitiu acabar com


Hayden e Katie. Eu não sei como ela fez isso, mas se alguém é capaz de
fazer esse tipo de manipulação, seria ela. Eu vejo o sangue delas em
suas próprias mãos, e eu não vou esquecer. Nem mesmo por um
segundo.

Me sinto tentada a me afastar de Turner, tirar um pouco da


minha frustração sobre ele, mas eu não vou. Eu me forço para tentar
uma técnica diferente que nunca esteve disponível para mim antes. Eu
vou pedir ajuda para passar por isso. Eu vou deixá-lo tomar um pouco
dessa tensão, e vamos compartilhá-la juntos. Esperançosamente. Ou
esse é o plano de qualquer maneira. No fundo da minha mente, penso
que talvez esta seja realmente a minha última noite na Terra. Eu não
sei porque. Eu acho que eu tenho uma porra de um mau
pressentimento sobre o que vai acontecer naquele show. Minhas pernas

~ 122 ~
começam a coçar e eu tenho que lutar contra a vontade de sair
correndo e nunca olhar para trás.

Esta não é a minha luta. Eu não sei por que estou fazendo isso.
Eu não entendo por que tantas pessoas têm de estar envolvidas em
uma disputa que só diz respeito a dois. America e Stephen. E eu pensei
que Turner e eu éramos os principais personagens desta história. Isso é
fodidamente hilário.

— Isso é verdade, — diz ele, mas ele não me empurra mais.


Quando olho para seu rosto, as luzes de néon brilhante dos sinais do
clube vizinho o iluminam como uma árvore de Natal. Se eu apertar os
olhos para ele, a luz ilumina a sua cabeça como um halo. Um anjo. —
Mas só porque sabemos a verdade. America e Stephen acham que esse
show é sobre eles, mas não é. Este é o nosso show, Naomi. O seu e o
meu.

— Eu não entendo você quando você fala como um ser humano


normal. — as palavras escorregam da minha boca antes que eu tenha a
chance de detê-las. Mas em vez de ficar louco ou jogar um comentário
arrogante de volta para mim, Turner apenas joga a cabeça para trás e ri
até que eu não posso parar meus lábios de erguer para cima em um
pequeno sorriso. Um sorriso relutante.

— O que você quer que eu diga, Knox? Que eu gosto do seu


estilo? Que eu acho que você é fodidamente linda? — Turner para de
andar, agarrando meu cotovelo para me manter em pé ao seu lado. A
jaqueta de couro que eu agarrei na saída se dobra sob seu toque, seus
dedos acariciando o tecido carinhosamente. Eu olho para longe de seu
rosto, para os edifícios em torno de nós, o tráfego se arrastando. Eu não
tenho nenhuma ideia de onde estamos agora. Turner apenas recusou a
oferta de um SUV de Brayden e começou a andar. Eu presumo que ele
sabe onde está indo. É melhor que ele saiba. Ele é o único que me
prometeu um bom momento esta noite do caralho.

— Eu não sei como processar o que acabamos de saber.

Turner se inclina para perto, sua respiração roçando contra meu


ouvido, provocando arrepios na espinha. Inconscientemente, eu alcanço
dentro do bolso do casaco e dedilho os preservativos e a bola oito que eu
confisquei da mesa antes de sairmos.

— Tudo bem, Knox. Esta é a vida real. Às vezes nós não temos
todas as respostas. É o que fazemos com aquilo que sabemos que conta.
— avisto as pessoas de Brayden penduradas na esquina da rua adiante,
fumando cigarros. Eles não estão nem olhando para nós, mas eu sei
~ 123 ~
que eles estão observando, talvez até mesmo esperando por nós para
tentar algo. Eu não sei qual é o plano de Turner para que possamos
escapar, mas eu simplesmente não consigo ver isso acontecendo. Não
importa de qualquer maneira, eu acho. Eu vou fazer o que eu quero
fazer hoje à noite, independentemente desses idiotas.

— Pare de falar assim, — digo a ele, puxando meu braço de seu


aperto. — Você faz muito sentido assim. Isso me irrita. — ele ri de novo
e balança a cabeça, indo para uma caixa de cigarros no bolso do suéter.
A porra do estúpido decidiu usar um moletom da Amatory Riot sobre
sua camiseta do Indecency. Muito sutil. Tenho certeza de que ninguém
vai reconhecer. Eu dou mais uma olhada em volta, só para ter certeza
de que não vamos ser cercados de novo, mas eu acho que America
decidiu que tivemos o suficiente para uma semana. Ninguém sequer
olha para o nosso caminho. Nas sombras mal humoradas da noite,
estamos quase invisíveis aqui. Há uma dúzia de meninas com
tatuagens emparelhadas com uma dúzia de meninos com piercing nos
lábios, todos eles rindo e pendurado um no outro sobre as calçadas do
lado de fora dos clubes. À distância, em algum lugar, eu posso ouvir o
som ritmado de uma das canções de Indecency pulsando como um
coração pulsando, rasgado diretamente a partir do peito, agradável e
fresco e sangrento.

Turner acende um cigarro e entrega para mim. Eu aceito com um


aceno de agradecimento enquanto ele acende um para si próprio.

— Você ficou surpreso? — pergunto a ele, dando uma tragada e


vendo como ele varre a rua, olhando para a paisagem desconhecida.
Bem, para mim é desconhecido. Turner diz que ele é a porra de um
especialista sobre a vida noturna por aqui. Vamos ver sobre isso. — Por
tudo o que descobrimos. Isso surpreendeu você?

— Nah. Esta história é fodida demais. Quase me faz perder o


parque de trailer. — ele sorri, e eu devolvo o sorriso, hipnotizada pela
forma como as ondas de fumaça ondulam de seus lábios. Conhecendo-
o, ele provavelmente planeja dessa maneira. Eu não sei como, mas se
há alguém neste planeta que pode descobrir como manipular a fumaça
para se fazer mais atraente, é Turner. Eu tento disputar com dele,
soprando um anel de fumaça na cara dele. Está escuro, então eu não
tenho certeza, mas estou bastante positiva que vi suas pupilas
dilatarem em resposta. Uma rápida olhada para baixo me diz que não é
a única parte de seu corpo que se engrossou com a visão.

Eu sorrio maliciosamente e dou um passo para trás.

~ 124 ~
— É o nosso show, não é? Ainda que eles estejam tentando usar
isso como um tabuleiro de xadrez enorme. Eu não sou o peão fodido de
ninguém. Esse é o espírito, — Turner rosna, estendendo o braço para
mim. Após um momento de hesitação, eu aceito. Pela primeira vez em
muito tempo, eu me sinto como se eu finalmente entendesse as regras
do jogo. Quando for a minha vez de rolar por aí, eu vou ter a certeza de
que todo mundo esteja ciente disso.

Turner nos leva a um lugar chamado de Slick. É um pequeno bar


surrado com um pequeno palco na frente, atualmente ocupado por uma
dúzia de casais bêbados, sacudindo os peitos e derramando bebidas
azuis brilhantes na frente de seus vestidos. A clientela aqui consiste
principalmente em crianças. Eu assisto com desgosto mal velado
quando uma loira em um top rosa grita com o bartender para tomar seu
cartão de crédito.

— Turner, isso não é exatamente o que eu tinha em mente


quando você disse que estava me levando para fora. — eu não estou
tentando soar como uma cadela. Eu só estou um pouco... desapontada.

— Ah, Knox. Venha. Você está me matando devagar. — ele acena


seu queixo em algumas mesas na parte de trás, ignorando o bar
completamente. Se nós vamos ficar por aqui por um período prolongado
de tempo, eu quero a porra de um drinque. Ou dez.

Turner nos guia em torno da multidão de pessoas que dançam no


centro da sala, balançando sua merda de alguma música hip hop
irritante que eu nunca tinha ouvido antes. Meus gostos correm em uma
direção um pouco diferente. Por exemplo, rock e roll, rock e roll, e rock
e roll. Eu estou bem com a falta de variedade.

Turner faz uma pausa na parte de trás, ao lado de uma cortina


preta. Depois de deslizar ao homem parado um maço de dinheiro, nós
passamos através e em uma sala diferente. Todo o tempo, meu olhar
está girando ao redor, apenas esperando por alguém nos notar, para
começar tirar fotos enquanto chia como um porco. Alguns olhares se
viram em nosso caminho, mas ninguém se levanta. Lá fora, eu poderia
acreditar que estávamos escondidos nas sombras, obscurecido pelas
luzes do tráfego e o encontro geral de pessoas do lado errado das trilhas
~ 125 ~
do caralho. Aqui? Claro, é esfumaçado e a iluminação é um pouco fraca,
mas não há nenhuma dúvida de que é Turner pela sua arrogância
enquanto ele nos leva até um local no canto.

Há uma cabine escondida na parte de trás, altos, assentos de


couro e uma pequena mesa redonda equipada com um sinal de
Reservado e uma bandeja de prata decorada com álcool. Eu vejo
quando Turner foge para dentro da cabine com um suspiro e encosta a
cabeça para trás.

— Open bar, hein? — eu digo, ainda um pouco confusa com seu


local de escolha. Você sabe o que, Naomi. Cale a boca. Basta ser feliz por
você estar fora daquele hotel maldito e longe de America e seu
emaranhado de merda. Uma criança. Um garoto. Outro fodido. Parece que
todos nós temos alguma bagagem intensa pendurada para fora de
nossas bundas. Faço uma pausa ao lado da mesa e olho ao redor para
os nossos guarda-costas. Por um momento, eu me pergunto se eles vão
apenas esperar do lado de fora da cortina preta por nós. É claro, esse
pensamento positivo é esmagado um instante mais tarde, quando a
guarda feminina e seu amante falso entram na sala. Há um segundo
bar aqui e eles tomam um assento lá. Acho que eles não têm open bar.

Eu me viro para Turner e deixo as palavras de America piscarem


na minha mente mais uma vez antes de afastá-las. Mas no final eu
acabo pensando na expressão do rosto de Katie sorrindo enquanto ela
se engasgou com seu próprio sangue. O que, exatamente, America fez
para convencer duas pessoas a tomarem suas próprias vidas, eu não
sei, mas isso é assustador. Aterrorizante, na verdade. Mas se eu me
deixar ficar sobrecarregada, eu vou ser inútil. Neste ponto, eu nem
sequer me importo realmente qual é a história por trás de toda esta
besteira, eu vou cuidar disso. Eu me recuso a pensar sobre o meu plano
para o futuro, deixando formular na parte de trás do meu cérebro
quando eu deslizo minha jaqueta e tomo um banco em frente a Turner.

Ele tem esse sorriso no rosto que tanto perturba e me enfurece.


Que babaca presunçoso. Ele me assiste o observar por um momento
antes de levantar sua mão e sinalizar para um garçom. A mulher nem
sequer lhe dá uma segunda olhada, só aparece como mágica ao nosso
lado. Ela não está bajulando Turner, penso eu, inclinando para trás e
olhando para ela como se estivesse louca.

— Vodka e Red Bull, por favor, — ele diz, esperando a mulher


fazer as nossas bebidas. Eu levo o meu copo nos dedos hesitantes e o
deslizo do outro lado da mesa, dando a Turner uma sobrancelha
levantada e um olhar. Ele levanta sua bebida e eu observo faminta

~ 126 ~
enquanto sua garganta se move quando ele engole. Meu olhar se move
para baixo, encontrando a menor olhadinha nas tatuagens que tentam
sair do topo de sua camisa. Mas só porque ele é bonito não significa que
eu não estou desconfiada.

Eu lanço um olhar ao redor da sala, plenamente consciente de


que eu estou em modo de alerta elevado. Talvez eu tenha estado assim
por um tempo e só não percebi isso? É exaustivo. Eu lanço minha
própria bebida para trás e enrugo meu nariz com o sabor. Só porque eu
posso manter meu fodido licor não significa que eu tenho que gostar
disso.

— Essas cadelas vão nos manter acordados a noite toda com


energia de sobra, — Turner diz, pegando uma garrafa de vodca da
bandeja e misturando sua própria bebida neste momento. — Mesmo
que eles nos deem fodidos ataques cardíacos. Pelo menos vou morrer
feliz sabendo que eu vou sair com você ao meu lado.

— Que fofo, — eu digo, pegando o meu copo de volta. Turner troca


por conta própria e me entrega o líquido âmbar com outro sorriso. Eu
pego o copo de meus dedos, esperando que ele deixe cair uma piada.
Ele está sorrindo grande demais para não ter uma. Depois que saímos
do hotel, ele passou por um processo tranquilo de sua autoria. Eu acho
que tudo isso é feito para distraí-lo tão bem quanto é destinado para
mim. Posso dizer que ele ainda está tendo dificuldade em aceitar que
Travis foi qualquer coisa para America, e muito menos o pai de seu
filho.

Turner termina entornando sua bebida e, em seguida, acende


outro cigarro. Eu dou uma olhada ao redor e noto que quase todo
mundo aqui está fumando - e nem todos eles estão fumando cigarros.
Eu sei com certeza que a Califórnia tem leis ruins sobre fumar em
ambientes fechados, mesmo em bares.

— Esta não é um bar qualquer, não é? — eu pergunto, inclinado


para frente um pouco e deixando a minha voz se perder na onda de
música estridente do alto-falante. Um segundo depois, recebo um
cigarro. Com o canto do meu olho, eu vejo um cara colocando linhas de
coca para fora no bar. Ok. Definitivamente não é um bar normal, então.

— Pense nisso como uma porta, — Turner me diz enquanto eu


aguardo o álcool e a bebida energética tomar posse em minhas veias.
Eu quero ficar bem louca essa noite, deixar tudo que eu soube hoje
dissolver em meu subconsciente. Eu posso fazer isso. Eu posso passar
por isso. Assim como eu faço isso todo dia 15 de março. Assim como eu

~ 127 ~
estou aprendendo a perdoar Turner. Eu vou lidar com isso. É o que eu
vou fazer. — Você ainda tem nossos celulares em sua jaqueta? —
concordo com a cabeça e sopro alguns anéis de fumaça em seu rosto.
Turner enruga os lábios e ele foge para o outro lado da cabine para se
sentar com sua coxa pressionada na minha. — Continua fazendo
merdas assim e não vamos fazer nada do que eu arrumei.

Eu sabia.

— Para onde estamos indo? — eu sussurro, deixando fumaça


beijar sua orelha enquanto eu respiro contra o cabelo de ébano que ele
trabalhou tão duro no estilo para mim. A minha mão encontra a coxa
de Turner, e eu não consigo evitar cavar meus dedos em seus jeans.

— Para ter a melhor noite fodida da sua vida, Knox.

— Ok, Campbell, — eu digo, colocando para fora o cigarro no


cinzeiro que eu não tinha notado que estava apoiado na nossa bandeja
de prata. — Eu vou confiar em você. — eu seguro um dedo e tomo um
gole da minha bebida com meu outro lado. — Mas só por esta noite. —
ele sorri enormemente e desliza sua língua pelos lábios. Deus maldito.
— Agora me diga por que nós não estamos sendo cercados por fãs
psicóticos?

— Este lugar, eu conheci ele um tempo atrás, quando Indecency


realmente começou a subir nas paradas. Quero dizer, nós não éramos
nada como somos agora, mas teríamos sido reconhecidos. Esta mesma
noite, eu conheci uma garota em um clube.

— Surpresa, surpresa, — digo a ele, sentindo uma pequena onda


de ciúme. Quão estúpido é isso? — Me deixe adivinhar o resto dessa
história. Você fodeu ela? — Turner encolhe os ombros e se inclina,
levantando algumas mechas do meu cabelo com os dedos.

— Se isso faz você se sentir melhor, ela não conseguia segurar


uma vela para você. — eu o deixo beijar minha garganta e deixo os
meus olhos vibrarem fechados. A dor da morte de Hayden e de Katie
começa a desaparecer em um zumbido irritante, enterrada em álcool,
tabaco e furiosa luxúria. Eu não tenho que pensar sobre a merda da
vida real quando eu estou me afogando neste lugar. — De qualquer
forma, depois, ela me disse sobre esse lugar. Ela disse que ela estava
tentando entrar por anos. Eu pensei, que se foda, eu sou uma merda
quente agora. Vou verificar este lugar, eu vou entrar. — Turner ri
grosseiramente e envia todo o meu corpo em sobrecarga. Antes de eu
ter a chance de pular em cima dele, porém, ele está cavando a bola oito

~ 128 ~
da minha jaqueta e jogando-a sobre a mesa. — Eles disseram para eu
sumir.

Eu me inclino para trás e vejo seu rosto, ambas as sobrancelhas


levantadas neste momento.

— Eu não posso imaginar você levando bem uma rejeição, Turner


Dakota Campbell. — eu me pergunto brevemente o que aconteceria com
a minha carreira se a imprensa tivesse uma foto minha e Turner
golpeados cheirando pó em um decadente bar. Eu decido que o próximo
single da Amatory Riot provavelmente iria acabar no topo das paradas.
Deus, este mundo é tão fodido. Além disso, ninguém aqui realmente
parece se importar se legal é um adjetivo aplicável à sua atividade atual.
Foda-se.

— Oh, eu não fiz. Eu comecei a brigar com o segurança e fui


jogado para fora na porra da rua. No dia seguinte, voltei e adivinhe? —
Turner puxa a carteira e pega um cartão de crédito e uma nota de vinte
dólares. Eu vejo quando ele estabelece quatro linhas sobre a mesa à
nossa frente. A primeira noite que nós fodemos, naquele desagradável
banheiro fodido, fizemos exatamente isso, quase literalmente. Isso me
dá arrepios. Especialmente quando eu me lembro que essa era, na
verdade, a nossa segunda vez do caralho. A primeira vez foi quando
Turner tirou minha virgindade e me engravidou. Por favor, me diga que
isso não é outro sinal que amanhã isso vai terminar horrivelmente?

— O quê? — eu sussurro, olhando para cima e me encontrando


paralisada no olhar de Turner. Seus olhos são castanhos, mas há um
calor neles que eu nunca tinha notado antes. — Você entrou?

— Claro, — diz ele, usando o cartão de crédito para endireitar as


linhas brancas. Quando Turner me entrega a nota de vinte, eu a enrolo
em um tubo e me inclino. Eu uso minha mão esquerda para fechar uma
narina e cheirar assim como faço com a outra. Um suspiro escapa da
minha garganta quando eu solto a minha cabeça para trás e sinto a
euforia me atingir como um trem de carga. Santo senhor nas alturas,
isso é tão bom. Pela próxima meia hora ou assim, eu vou me sentir
como a porra de um super-herói. Ainda bem que temos suficiente para
durar o resto da noite. — Eu entrei, — Turner continua, — E eu
descobri o que havia de tão especial sobre este lugar.

— Você quer dizer sobre as drogas ilegais? — eu digo enquanto


balanço minha a cabeça e pisco os olhos algumas vezes para me
equilibrar. Eu termino a minha bebida e cheiro outra linha para
amplificar minha elevação.

~ 129 ~
Turner ondula a mão com desdém.

— Eh, há uma dúzia de clubes onde você pode usar qualquer


coisa, cheirar, ou foder. Não, Naomi, este lugar é diferente. Tem
anonimato. — eu olho de soslaio para ele e a mão sobre a nota de vinte.
Eu odeio dizer isso, porque, qual é, todos nós sabemos que usar drogas
é estúpido como a merda, mas eu acho que é pior do que se embebedar
ou fumar um maço de cigarros. Só porque algumas dessas porcarias
são ilegais realmente não tornam isso pior. É o caminho que eu escolhi
para usá-lo que define a sua finalidade. Enfim, eu não posso deixar de
pensar que Turner parece quente quando ele se abaixa e pressiona as
nota ao final de uma das linhas. Ele cheira as duas linhas em uma
rápida sucessão e fungadas, franzindo o nariz para mim por um
momento, antes de guardar nossas guloseimas para mais tarde no
bolso do casaco.

— O fato de que ninguém nos incomodou, isso é tudo planejado?


— Turner assente com a cabeça e, em seguida, levanta a cabeça para
olhar por cima do ombro, sem dúvida, verificando nossos guarda-costas
ilustres.

— Esta é a antecâmara para outro clube, uma onde nós podemos


sair sem ser molestados por fangirls. As pessoas aqui pagam pelo
direito de sair sem ser notados. A festa de verdade está do outro lado
dessas paredes.

— Bem, se você não é um negócio grande, — eu digo, mas eu


estou sorrindo quando eu digo isso. Neste ponto, eu já estou a caminho
para ter um grande fodido tempo. America? Stephen? Rifles de
precisão? Eh. Eu posso levá-los. Eu tento não rir e inclino minha
cabeça no ombro de Turner. Trinta segundos e eu posso sentir a coca
queimando em minhas veias.

— Não, nós somos. — ele coloca o braço em volta da minha


cintura e respira contra o meu couro cabeludo. — Assim que você ir ao
banheiro e soltar nossos celulares no vaso.

— Eu vou fazer melhor do que isso, — digo a ele, sentindo minhas


pálpebras ficando pesadas, não com fadiga, apenas com alívio. Eu
recebo um breve vislumbre naquele momento de como seria bom sentir
apenas isso, sem merda nenhuma anexada. — Eu vou jogar eles no lixo
com os absorventes internos sujos apenas por diversão.

Turner ri enquanto eu fujo para longe dele, agarrando o meu


casaco e lhe dando um sorriso. Ele acena para mim enquanto eu me
movo pelo chão de cimento cinza em direção ao sinal dos banheiros. A
~ 130 ~
guarda feminina segue atrás de mim, mas eu não lhe dou alguma
atenção.

O banheiro é realmente muito melhor do que você esperaria -


certamente um inferno de um passo daqueles em que Turner e eu
fodemos - com um lustre de cristal e várias cabines espaçosas, todas as
quais estão limpas. Eu paro em um deles e realmente faço xixi, só para
despistar a guarda-costas Amazona de Brayden. Quando eu termino, eu
extraio ambos os telefones e deposito na lata de lixo presa na parede.

— Qual o seu nome? — eu pergunto a ela quando eu saio e faço


uma pausa na frente da pia. A mulher está ao lado, me olhando com
olhos críticos. Na maioria das vezes esses idiotas fingem que não dão a
mínima, mas eu acho que ela cheira o nosso plano de fuga. Eu ainda
não sei como Turner planeja dar a eles o deslize, mas eu não me
importo. As drogas em meu sistema agora estão jurando que somos
completamente e totalmente invencíveis e ao mesmo tempo eu sei que é
uma besteira enorme fugir com ele. Não há nenhum ponto em tomar
um trilho de coca e, em seguida, lutar contra ela.

Eu já ensaboei, lavei as mãos, e sequei antes que a mulher fale.

— Raelia. — é isso aí. Uma palavra, sem frescura. Lanço a toalha


de papel no orifício no final da bancada. Faço uma pausa ao lado Raelia
no meu caminho, examino seu cabelo escuro, os olhos estranhamente
pálidos, o conjunto firme de sua boca. Ela não se parece com uma
pessoa má. Eu não entendo todas as vibrações dela, nenhum arrepio na
espinha, nada disso. Claro, eu não sou nenhuma expert quando se
trata de estudar a humanidade, mas é apenas um sentimento.

— Qual é a história de Brayden? — eu pergunto, me sentindo


corajosa, amparada por mais do que apenas a minha personalidade
rude. Raelia permanece impassível, presa ao chão. Mesmo no banheiro,
há um alto-falante disparando música hip hop. Parece dez vezes mais
alto aqui. Deus, eu não posso suportar esse tipo de música. Faz ferir
meus dentes. Eu vou dizer a Turner que estou pronta para dar o fora
daqui. Eu quero ir para um lugar que tem música que faz os meus
ouvidos sangrarem. — Ele é um cara mau, esse Brayden? — ainda sem
resposta. Bem. Tanto faz. Eu tentei.

— Ele não é, atualmente, — ela diz quando chego para a


maçaneta da porta e pauso. Quando eu olho para cima do meu ombro e
vejo o rosto dela ainda congelado na mesma expressão, posso dizer que
é tudo que eu vou conseguir. Francamente, eu provavelmente estou
com tanta sorte. Hmm.

~ 131 ~
Eu vou para fora da porta com a minha jaqueta caída sobre meu
braço e deslizo de volta para a cabine ao lado de Turner. Ele pediu um
outro conjunto de bebidas e está esperando com o cotovelo na mesa,
agarrando outro cigarro entre os dedos. Na frente dele, há um pequeno
guardanapo, quadrado, e uma caneta.

Para aqueles que olham para o nosso caminho, estes pedaços


quebrados FICAM.

Estas palavras estão rabiscadas na caligrafia de Turner.

Eu tenho uma coisa para caligrafia do caralho. Eu sinto que você


pode dizer muito sobre uma pessoa, olhando para o seu estilo. A de
Turner é grande e bagunçada e ocupa a maior parte do espaço vazio.
Não é torta ou sofisticada, sem floreios, exceto por alguns sublinhados
abaixo da palavra FICAM. Nesse, eu li a confiança total e absoluta.

Isso me anima.

Eu acho que a confiança é um daqueles traços subestimados em


uma pessoa. As pessoas estão sempre atraídas para ela, mas eles
nunca percebem o porquê. Eu percebo. Eu não quero um homem que é
um idiota voltando e pedindo desculpas por tudo o que ele faz. Se você
estiver indo para ser uma ameaça como Turner Campbell, você tem que,
pelo menos, possuir essa merda.

— Eu estou tão excitada agora, — eu digo a ele, tomando a minha


bebida e saboreando devagar. O álcool queima na parte de trás da
minha língua e é bom. Turner olha para mim e sorri, um sorriso
verdadeiro, desta vez, não apenas um sorriso.

— Meu processo. Você perguntou antes como era. É só que... você


sabe, o que for. Eu escrevo no meu braço ou na parte traseira de uma
das camisetas de Ronnie ou uma parede. Tudo o que existe nas
proximidades, por isso não vou esquecer o que eu ouvi na minha
cabeça. A maioria das minhas músicas começam como uma porcaria
completa e absoluta.

— As minhas também, — eu sussurro, arrastando o guardanapo


na minha direção. Tomo a caneta e escrevo outra linha abaixo dele.

Não é possível me derrubar, não importa o que você diz.

Turner toma de volta, extraindo lentamente a caneta da minha


mão. Nossos dedos se enrolam juntos e energia quente ricocheteia pelo
meu corpo, fazendo meus ossos doerem. Encontro o meu olhar preso à
boca dele enquanto seus olhos procuram os meus e, em seguida, caem

~ 132 ~
para o guardanapo novamente. Ele acrescenta alguns sinais de
pontuação e, em seguida, desenha uma equipe com cinco linhas e
quatro espaços, rabiscando algumas notas musicais nele.

Para aqueles que procuram o nosso caminho, estes pedaços


quebrados FICAM. Não é possível me derrubar. não. importa. o quê. você.
diz.

Turner fecha os olhos por um momento e cantarola algo baixinho.

— Eu me sinto inspirado quando eu estou com você, Naomi


Isabelle Knox.

Eu bufo e pego o guardanapo da mesa, amassando e


empurrando-o no bolso do casaco. Quando Turner abre os olhos, eu
deslizo para o seu colo e tento não me repreender por atuar em meus
impulsos. Se eu não me dou permissão para amá-lo, aceitá-lo e as
coisas irritantes que ele faz, então eu vou passar o resto da minha vida
lutando comigo mesma.

— Se você está cantando para mim, eu sei que você está na


merda, — eu digo a ele, mesmo que isso é apenas parcialmente
verdadeiro. Eu vi esse homem bêbedo, fodido e ele ainda age como
Turner fodido Campbell. Se alguma coisa está embaralhando seu
julgamento e soltando suas paredes, é provavelmente eu.

Eu mexo meu corpo para frente e aproveito a dura protuberância


em suas calças. Minha mente evoca aquele momento no palco, logo
após Katie me libertar do trailer de Eric, quando nós transamos sem
camisinha, enquanto as luzes se apagaram e a multidão e equipe se
embaralhava ao redor cegamente. Eu quero fazer isso de novo. Daquele
jeito. Eu acho que é hora de pílulas anticoncepcionais ou algo assim.
Eu quero foder sem camisinha tanto que está fazendo meus dentes
doerem, tanto que eu nem me lembro do o que aconteceu ontem na
prisão.

— Eu canto para você porque é um dos poucos presentes que


tenho que vale a pena dar.

Que porra é essa, Turner?

Eu tenho que beijar seu rosto por essa merda, pego os lados de
seu rosto com as mãos, pressiono as nossas bocas doloridas e quentes
juntas e sinto seu piercing de língua em movimento contra a minha
carne. Revestido de saliva, nossos lábios provocam um ao outro com
abandono descuidado, respiração e suspiro e se movendo juntos, como

~ 133 ~
se estivéssemos fodendo. Meus quadris encontram um ritmo e suas
mãos incentivam apertando a minha bunda suavemente e me
balançando contra ele. Ninguém nos incomoda, ninguém tirando
quaisquer fotos. Nós fomos deixados sozinhos. Completamente e
totalmente sozinhos.

É só quando as mãos de Turner deslizam para cima sob a minha


camisa e passa em minha pele nua com prazer quase doloroso que eu
coloco um fim nisso, me recostando, ofegante e arrastando os dedos
pelo meu próprio cabelo para ajudar a aterrar a mim mesma.

— Deus, — eu gemo, balançando a cabeça e me forçando a


lembrar que eu tenho que respirar oxigênio real e não apenas Turner
Campbell em meus pulmões. Turner ajusta suas mãos, de modo que
elas estão apoiadas folgadamente em cada lado da minha cintura, por
cima da camisa desta vez. Eu posso controlar isso.

— Você pode ser a única loira natural que eu já conheci, — ele


diz, e eu tenho que realmente me forçar a olhá-lo nos olhos. Ele está
sério sobre isso. Estranho, considerando sua enorme lista de
conquistas. Eu franzo meus lábios. — Você tem o mais lindo cabelo do
caralho, Knox. — eu alcanço para baixo e empurro as mãos dele,
deslizando de seu colo para o assento ao seu lado. O processo de
desencarceramento quase me mata.

— Ok, sem mais bebidas para você esta noite, — eu digo por que
é assim que eu me sinto confortável, tirando suas emoções como fosse
nada mais do que besteira pela substância induzida. Ele aperta os olhos
para mim e se inclina para perto. Eu finjo que não percebo e arrebato o
cigarro descartado da mesa antes que ele queime um buraco do caralho
no topo da madeira laqueada.

— Eu não estou tão doido que eu não posso dizer o que eu estou
dizendo mais, Naomi. Nem perto disso. Eu apenas gosto de você pra
caralho. Não há realmente muito mais sobre isso. Pare de tentar fingir
que eu não me importo, que eu só estou brincando com você. Eu não
estou. Quando eu confessei o meu amor por você, eu quis dizer essa
merda. Eu não tenho que mentir para as meninas para levá-las para a
cama comigo. Eu apenas não digo para ninguém. Pergunte a Ronnie ou
Trey ou Jesse.

Eu fecho meus olhos, aperto o cigarro entre os meus lábios, e


depois os abro de volta. Turner ainda está olhando para mim,
esperando, eu acho, que eu diga alguma coisa sobre isso.

~ 134 ~
— Eu sei, — eu digo a ele, na esperança de que isso não se
transforme em qualquer coisa piegas ou romântica. Vai acontecer,
eventualmente, eu estou ciente disso. Mas não agora. Se nós vamos lá e
abrir a minha caixa de Pandora das emoções, tudo vai se derramar e eu
vou sangrar até a morte.

Nós ficamos em silêncio por um tempo, ouvindo como a música


atual termina e, em seguida, uma trilha da Amatory Riot. A voz de
Hayden assombra o ar em torno de mim como um fantasma.

— Hora de ir? — Turner pergunta, mas eu já estou no processo de


me levantar.

— Hora de ir.

~ 135 ~
— Ei Raelia, nós vamos foder no banheiro. Você quer ter certeza
de que tudo corra bem para nós e, em seguida, se foder? — me dirijo a
guarda feminina já que ela é a única cujo nome eu sei - graças a Naomi
de qualquer maneira.

A mulher troca um olhar com o outro guarda e, em seguida,


suspira. Ter relações sexuais na parte traseira da van foi realmente
uma boa jogada. Essas pessoas estão plenamente conscientes do que
Naomi e eu somos capazes de fazer e - surpreendente quanto eu sei -
eles não estão interessados em ver isso.

Naomi coloca seu casaco e lidera o caminho para o banheiro dos


homens, deixando a Raelia espaço para o único box. Ninguém lá. Sem
janelas. Sem problema, certo?

— Obrigado, querida, — eu digo com um sorriso apertado quando


ela estreita os olhos em mim e se move para ficar do lado de fora da
porta do banheiro. Eu a chuto fechada com minha bota e depois aperto
a tranca no lugar. Se o som do giro de bloqueio incomoda a guarda-
costas de Brayden, ela não deixa transparecer.

— Existe realmente algum celebre clube secreto escondido aqui


em algum lugar ou isso é, na verdade, uma tentativa desesperada da
sua parte para me foder em outro banheiro? — eu me viro e sorrio para
Naomi, dando um passo para a frente e colocando minhas mãos em
cada lado da cabeça dela enquanto ela se inclina contra a parede de
azulejo preto. Sua expressão enquanto olha de volta para mim não tem
preço. Olhos cobertos com o desejo, lábios entreabertos, a melhor pele
corada. Porra.

Eu me inclino para baixo e corro minha língua ao longo do lado


de sua mandíbula, só pra ter um gosto dela.

— Onde está o clube, Turner? — Naomi pergunta, tentando o seu


melhor para manter o animal na baía. Eu posso ouvi-lo uivando atrás

~ 136 ~
de suas palavras, pronto para saltar para fora e colocar suas garras
através de mim. Ela me quer tanto agora. Estou amando isso.

Eu dou um passo para trás e viro, grato por ela parece estar se
divertindo até agora. Eu sou novo para toda essa coisa de namoro. Isso,
e minha mente está lutando para não pensar em Travis. Uma criança.
Se ele tivesse um filho, ele teria nos dito sobre ele, especialmente se as
circunstâncias fossem fodidas. Além disso, em um minuto America diz
que eles estavam envolvidos e no próximo, que ele terminou com ela.
Um mais um ainda é dois, e essa merda é uma soma de três. Ainda
assim, algumas respostas são melhores do que nenhuma. Nós sabemos
alguma coisa agora, e conhecimento é metade da batalha. Certo G.I.
fodido Joe? Se você não entende a referência, vá se foder. Então, Google
nessa merda. G.I. Joe é o assassino. Eu costumava brincar com um
boneco de ação G.I. Joe15 que estava faltando uma perna. Foi um dos
poucos brinquedos que minha mãe não penhorou, esmagou, ou apenas
colocou no fogo por puro prazer de me ver chorar. Ele foi quebrado,
então eu tive que mantê-lo. É por tal maravilha que eu me transformei
em um babaca?

Eu empurro a besteira Travis de volta e avanço para a bancada.


Cerca de seis centímetros a partir da base do vaso sanitário, há um
pequeno anel de prata. Um bom puxão nele e ele revela um conjunto de
escadas que descem para uma calorosa e pulsante escuridão. Eu posso
ouvir a música lá embaixo que é crua, inspiradora, que me faz lembrar
do nosso primeiro show, quando Travis ainda estava vivo e as coisas
eram muito mais simples. Tão, tão, tão mais simples.

Mas solitário.

Você não percebe que você está sofrendo daquela emoção até que
você não está.

— Uau. Olhe para isso. É como O Senhor dos Anéis ou algo assim.
— eu dou uma olhada em Naomi, mas ela já está sorrindo para mim.

— De alguma forma, eu não me lembro de Frodo tendo quaisquer


cenas no banheiro dos homens. Perdi a parte em que ele viajou através
de uma passagem mágica na base de uma privada de porcelana? —
Naomi sorri para mim, e meu peito aperta. Por um segundo, ela é

15G.I. Joe é uma franquia de action figures americana produzida pela empresa de
brinquedos Hasbro. No Brasil, sob o nome de Falcon e depois Comandos em Ação foi
fabricada pela Estrela.
G.I. Joe, conforme dizia na abertura do desenho, "é o nome-código da equipe de
ataque mais ousada do mundo. Seu propósito: defender a liberdade humana contra a
Organização Cobra, um impiedoso grupo terrorista determinado a dominar o mundo".

~ 137 ~
apenas uma menina e eu sou um menino, e estamos juntos. Nenhuma
história secreta de traição e sofrimento que precisam ser resolvidas.
Apenas nós. E isso é foda.

— Isso é porque você só viu o filme. Eu li o livro.

Naomi passa por mim, o couro preto de sua jaqueta enrugando


enquanto ela navega pelas escadas íngremes como uma profissional,
saltos e tudo. Eu nunca vi uma mulher que pudesse suportar seus
saltos assim. Naomi nunca sequer reclamou sobre seus pés doendo. Eu
não sei se ela é a porra de uma super herói ou apenas um fodona. Eu
sigo atrás, com cuidado para agarrar a corda pendurada a partir da
porta e a fecho. Aposto que o povo de Brayden vai encontrar a saída,
eventualmente, mas isso poderia levar algum tempo. Tempo suficiente
para Naomi e eu escapulirmos.

Eu siga atrás dela, muito perto talvez, mas eu gosto do cheiro do


seu cabelo, uma pitada doce de sabão e estrela do rock vadia que ela
exala.

— Pare de respirar no meu pescoço, Turner, — Naomi sussurra,


mas nós dois estamos cientes de quão fácil - e divertido - isso seria, ter
sexo neste túnel. Mesmo sabendo que poderíamos ser pegos por Raelia
ou um dos outros enviados por Brayden. Mas isso não amortece a
fantasia para mim. Eu laço meus dedos juntos atrás do meu pescoço e
sigo as pequenas luzes brancas no chão, apenas uma faixa delas, o
suficiente para andar enquanto nós fazemos uma curva à direita e
então continuamos a diante, no sentido de um pulsante brilho azul à
frente. Não há dúvida de que poderíamos estar festejando com estrelas
pop, herdeiras, atrizes. Este lugar é sempre cheio de rostos famosos. De
alguma forma, porém, isso não parece tão atraente como parecia no ano
passado. Inferno, até mesmo no mês passado.

— Eu pensei que isso poderia ser o nosso fim de jogo, — eu digo a


ela, mas agora que eu penso sobre isso, não parece certo. — Mas talvez
isso seja apenas uma boa maneira de deixar os musculosos pra trás e
encontrar um lugar melhor. Vamos para um show.

Naomi para de andar, e eu acabo batendo em suas costas. Não é


cômico, nem um pouco. Eu envolvo meus braços em torno dela e deixo
o fogo no meu sangue assumir, queimando todo o pensamento lógico e
da razão em cinzas. Minha cabeça está nadando com álcool, o meu
cérebro com o pó e meu coração com amor. É a droga mais intensa que
eu já tive.

~ 138 ~
— Um show? — ela pergunta, a voz embargada e revelando todos
os tipos de emoção para mim.

— Sim. Estamos na porra do gueto aqui o que significa apenas


uma coisa.

— Bons locais de Shows, — Naomi diz, e eu posso ouvir o sorriso


em sua voz. — Nenhum anfiteatro ou salas de concerto, apenas buracos
de merda sujos com pequenos palcos e sistemas de som fuleiros. —
minhas mãos deslizam para cima e encontram seus seios sob o casaco,
massageando a carne macia, enquanto ela se inclina para trás em mim.

— Cerveja barata. Bandas de metalcore rançoso. Bate cabeça. —


Naomi geme e morde o lábio, se inclinando plenamente em mim,
deslizando as mãos sobre as minhas enquanto mergulham por baixo do
tecido de sua camisa e provocando ela através do sutiã. A escuridão se
fecha sobre nós e me faz sentir mais corajoso, ousado, mais do que de
costume.

— Camisetas de dez dólares e iluminação ruim, uma pista e meio


vazia, e verdade. Honestidade. A vida real. Eu quero tanto isso, Turner.
Vamos ir porra.

— Eu quero dizer a você uma coisa primeiro, Knox. Não se


desespere. — ela congela em meus braços e depois se afasta, virando
para olhar para mim. Não é fácil ver seu rosto aqui em baixo. É tudo
sombra e os planos afiados. — Não é uma coisa ruim, ou pelo menos eu
não acho que não é. — eu respiro fundo. — Lembra quando eu te pedi
para casar comigo?

— Não, Turner. — a voz de Naomi é firme, sólida. Ela não vai


vacilar nessa. Não sem mais alguma insistência da minha parte.

— Eu estava indo comprar um anel. Eu até pedi a Dax ajuda.

— Você fez o quê?

— Eu ia propor a você no palco amanhã, na frente de todo mundo


porra, como eu disse que eu faria.

— Eu ainda teria dito não. — sua voz não vacila, não muda a
partir do seu curso original. Dou um passo mais perto e ela me permite.

— Eu não tive a chance de comprar um anel, não com, você sabe,


tudo o que aconteceu. E, além disso, agora que eu estou aqui, eu sinto
que talvez eu não quero perguntar na frente do mundo. Talvez a única
pessoa que precisa estar perto para ver me estalar a pergunta é você?

~ 139 ~
— Seria estranho se eu não fosse, — ela diz, estalando uma piada
para quebrar a tensão. A coisa é, eu não quero a tensão quebrada. Eu
quero isso se esticando e emaranhando, embrulhando em torno de nós
até que estamos ligados com tanta força que nenhum de nós consegue
respirar. Nós dois temos dinheiro agora, muito. Eu poderia comprar
para Naomi qualquer anel que eu fodidamente quisesse, mas isso não
significa menos dessa... dessa porra de sentimento por trás disso.

— O que eu poderia fazer para convencer você a dizer sim? — eu


pergunto, colocando minhas mãos em seus ombros e deslizando os
dedos para baixo nos braços de sua jaqueta de couro. Naomi fica em
silêncio por um minuto ou assim antes dela responder. Quando ela faz,
eu fico com arrepios na espinha.

— Vamos passar por amanhã à noite, ok?

— Ok, e depois?

Ela suspira, deixando escapar um longo sopro de ar, como se ela


pudesse muito bem se arrepender do que ela está prestes a dizer.

— E, em seguida, se sobrevivermos a noite, eu vou seriamente


considerar isso.

Eu sinto meus lábios torcerem em um sorriso. Porra, sim.

— Isso é um sim de você?

Naomi coloca a boca diretamente contra a minha orelha antes que


ela responda, colocando meu pau em sua mão esquerda e apertando
forte.

— É a coisa mais próxima que você sempre vai conseguir.

A festa no final do corredor está fora de controle.

Há tantas pessoas aqui, é quase impossível andar através da


multidão para o bar. Toda a nossa volta há rostos reconhecíveis.
Pessoas que devem estar cagando de medo das suas merdas indo
acabar na primeira página de cada site de cada-fodido-lugar, as pessoas
que não teriam necessariamente que receber um impulso em sua

~ 140 ~
popularidade de ser pego usando drogas nos banheiros de merda ou
foder um cara contra a parede à nossa direita.

— Aquele é Cameron Koons no canto ali? — Naomi pergunta


enquanto eu peço um par de Jäger. Enquanto espero as bebidas, eu
sigo a direção de seu olhar e tento descobrir se a garota loira no suéter
rosa está tendo realmente sexo com o homem que está preso a ela na
parede, ou se eles estão apenas sérios no meio de uma boa sessão de
encoxada seca.

— Quem diabos é essa? — eu pergunto, tomando os copos do


bartender e deslizando um copo e outro de Red Bull na direção dela.
Sim, mais bebidas energéticas e álcool. É uma mistura de diversão real,
irá manter a sua bunda para cima durante toda a noite. Algo sobre a
combinação de cafeína e as bebidas faz você sentir como se pudesse
ficar até mais tarde e festejar mais duro do que você poderia antes.
Estes tipos de bebidas têm sido objetos de muitas discussões legais, até
mesmo foi banido em alguns estados. Se eles estão nesse nível, você
sabe que tem que ser bom.

Eu abaixo a dose de Jäger no copo e tomo.

— Você não sabe quem Cameron Koons é? — ela pergunta, como


se eu realmente devesse juntar minhas coisas. Naomi suspira e agarra
seu copo. Aqui fora nas pulsantes luzes azuis de cima, seu o rosto é
ampliado dez vezes. Eu não sei o que é, mas é como se eu pudesse ver
cada característica em relevo gritante e é absolutamente bonito. Seu
nariz ligeiramente torto, aqueles lábios maduros, a forma como seus
olhos capturam e refletem a luz de volta para mim, como um gatinho
maldito.

— Não. — Naomi deixa cair o seu copo com o líquido âmbar no


balcão. Não derramando uma única gota qualquer. Essa é a minha
classe de mulher. Eu me sacudo e encolho os ombros. Este é apenas um
pit stop do caralho. Eu já posso sentir a minha pele coçando para
alguma música metal, do jeito que irrita através de seus poros e enche
você como nada mais. Eu ainda posso sentir a emoção de quando eu
estava na plateia e assisti Naomi tocar, acariciando meu pau ao som de
sua fúria na Wolfgang. Não há nada como ouvir música de verdade,
deixando-a tocar sua alma através de seus ouvidos. A música aqui está
tudo bem, passeando através de algumas faixas de rock, mas a maior
parte é todas as batidas eletro e tecno para que as pessoas agitarem
sua merda.

~ 141 ~
— Cameron Koons, — Naomi começa, se inclinando para mim
com um sorriso no rosto, — É a menina cujo single pop Belittle é uma
das posições mais elevadas na Billboard Hot 100 e depois One Woman
por este grupinho de rock de Los Angeles chamado Indecency.

Eu franzo os lábios apertados e olho para trás sobre a cadela no


suéter rosa. Huh. Um pouco de competição amigável nunca fez mal a
ninguém. Tiro outro cigarro quando as faixas mudam e uma voz alegre
rompe as camadas no meu cérebro, me infectando com um desejo
realmente forte de correr pra longe. Longe, muito longe.

Você pode me menosprezar, baby, mas você não fica por baixo.
Ooh, ooh, ooh. Pare de ser uma vadia e chegue até o meu lugar. Eu tenho
da sucata e eu sei como deixá-la bonita e arrumada.

Eu enrugo no meu nariz e tento não engasgar com meu cigarro


quando Naomi aponta para o teto para indicar a música.

— Cameron Koons.

— Sério? Realmente? Você está me zoando porra? — o bartender


me dá um sorriso amistoso, como se ele concordasse, mas nunca se
atreveria a expressar em voz alta. Eu passo para ele algumas vinte
dólares e peço mais bebidas ao mesmo tempo. Pelo menos alguém está
do meu lado. Não é realmente uma festa a menos que haja cerveja
envolvida, não é? Deus, nós vamos ficar fodidos. Eu me pergunto
brevemente o que foi que me fodeu tanto que eu não me lembrava de
Naomi por sete malditos anos após nosso encontro, nem mesmo com a
tatuagem nas costas. Eu sou patético, eu sei, eu entendo.

— Eu acho que você vai ter que se esforçar mais, — Naomi


sussurra, levando o copo de cerveja e girando ao redor para enfrentar a
enorme multidão. As paredes aqui são cobertas em papel de parede
perolado, uma mistura estranha com os pisos de concreto e dutos
expostos no teto. Isso se torna uma experiência bastante psicodélica
com as luzes e a fumaça e o cheiro de privilégio e abandono. Huh.

— Quando fizermos isso amanhã à noite, eu vou mostrar a essa


cadela como se faz. — pauso e olho sobre Naomi, em seus fios soltos de
cabelo loiro varrendo atrás da orelha enquanto ela observa a multidão.
Eu quero dizer algo encorajador sobre seu canto, sobre como estou
emocionado ao vê-la crescer como a líder da Amatory Riot, mas eu não
quero esfregar sal em suas feridas. Ela ainda está chateada com
Hayden, obviamente. Faz apenas dois malditos dias. Com a morte de
sua vocalista, no entanto, é quase uma garantia de que a senhorita
Cameron fodida Koons será batida vários espaços para trás da Amatory
~ 142 ~
Riot, o único a subir em seguida quinta-feira, quando os gráficos são
atualizados novamente.

— Eu já deveria saber quando você me arrastou para Slick de que


você não iria estragar uma festa. — Naomi inclina a cabeça para trás e
toma a cerveja, a garganta movendo sedutoramente quanto ela engole.
Eu termino o meu cigarro e o lanço no cinzeiro perto do meu cotovelo.

— Nunca duvide da capacidade de Turner fodido Campbell para


oferecer um bom tempo. — eu termino a minha cerveja e deslizo o copo
através do balcão, alcançando o cotovelo de Naomi. — Vamos, Knox,
vamos foder com alguma merda. Sinto o cheiro de um mosh 16
chamando meu nome.

16 Mosh são aquelas rodinhas que as pessoas fazem em show de rock.

~ 143 ~
No momento em que tropeço na rua e encontro um local que está
agitando com uma batida assassina baixa e o rosnado de demônios
morrendo arrancando gritos de cordas da guitarra, estou me sentindo
muito bem pra caralho. Eu não dou a mínima para America ou seu
suposto filho ou qualquer coisa que tenha a ver com essa confusão. Eu
tenho uma arma, e eu vou levar ela para o palco. É isso aí. Pode não
salvar a minha vida, mas pode vir a calhar. O segundo - e eu quero
dizer o segundo - que eu ver Stephen Hammergren, eu vou matá-lo.
Poderia ser no meio de um show com vários milhares de espectadores.
Eu nem me importo mais. Então, esse é o meu plano até agora. Não
importava que eu, pessoalmente, não tenho chegado a realmente ver
este homem. Eu pesquisei sua bunda embora. Isso, e eu vou ter uma
sensação por aquele pedaço de merda. E essa é a coca falando ali
mesmo. É muito provável que vá usar essa droga antes de eu entrar no
palco. Este tipo de estúpida confiança poderia vir a calhar.

Turner pega uma nota de dez dólares para cada um de nós e se


aproxima da porta. O homem na entrada o reconhece imediatamente.
Quase me faz querer voltar para aquele clube de celebridade estranho.
Quase. Mais algumas notas adicionadas à pilha, e o homem está mais
do que disposto a nos deixar entrar, nos entregando um par de
moletons da banda principal.

— Aproveite o show, cara, — o cara diz, entregando um par de


camisas cinza e algumas pulseiras que vão contar a bartender que
temos mais de vinte e um anos. Eu balancei meu moletom com capuz
para fora e dou uma olhada no logotipo. Há um arranha-céu branco
mostrado em uma silhueta torta contra o fundo. — Tipped by Tyrants
está tocando hoje à noite. Eles são muito bons. — ele faz uma pausa,
lambendo os lábios nervosamente. O cara é bonito, loiro, perfurado,
mas ele não sustenta uma chama como Turner Campbell. — Não tão
bom quanto vocês, é claro, vocês sabem. — eu sorrio para a gagueira
desajeitada na voz do porteiro e deslizo o suéter por cima da minha

~ 144 ~
cabeça. Turner segue atrás, se certificando do capuz ser puxado para
cima em torno de seus cabelos de ébano.

— Claro. — ele sorri e empurra passando por ele, se virando


abruptamente quando o segurança puxa seu telefone do bolso. Eu fico
lá com a minha jaqueta de couro estendida sobre meu braço e levanto o
rosto para o céu. É impossível ver as estrelas a partir daqui, mas pelo
menos eu sei que elas estão lá fora, em algum lugar, sorrindo para nós.
Ou franzindo a testa. Não importa de qualquer maneira. Foda-se.

— Vou te fazer um acordo, amigo. Se você puder manter sua boca


fechada sobre o que você viu aqui, vou conseguir para você o que
quiser. Os ingressos para o show de amanhã, um passe para os
bastidores, dinheiro vivo. — ele estende a mão e gesticula um aceno
com seu queixo. — Me dê o telefone.

— Eu, uh, você não precisa se fazer isso, — o segurança


sussurra, mas ele entrega o telefone de qualquer maneira. Se eu
aprendi alguma coisa com as turnês com Turner Campbell, é que
noventa e nove por cento do mundo não dizem não a ele. Exceto eu.
Talvez seja por isso que ele gosta de mim?

— Pronto. O número do meu empresário está salvo aí. Ligue, se


quiser ter certeza que eu não estou sacaneando você. — com isso,
Turner gira se afastando e vai para as portas. Mais moscas com mel. Eu
acho que é o seu lema, ou pelo menos com o que ele começa. Eu, eu só
vou direto para o modo de cadela.

— Ou que tal, se você foder isso para mim esta noite, eu arranco
sua cabeça. — eu deslizo o polegar em toda a minha garganta. Espero
que ele possa ver que eu estou falando sério. Eu preciso desse intervalo.
Eu não vou deixar ninguém foder com tudo para mim. Eu aponto meu
dedo para ele enquanto eu começo a me virar. — E não se atreva a ligar
para esse número até depois que nós sairmos. Se o empresário de
Turner aparecer aqui esta noite para buscá-lo, é seu traseiro na reta. —
Turner detém a grande porta preta aberta para mim, deixando escapar
um rugido de raiva que explode nos alto-falantes perto do palco,
transformando meus ossos em geleia, tirando o fôlego dos meus
pulmões em uma corrida frenética.

Deus, eu amo essa vida - as partes de música de qualquer


maneira.

— Puta merda, — eu digo enquanto observo uma menina com


cabelo rosa e loiro tomar o centro no palco. Neste gênero dominado por
pênis, por isso estou sempre surpresa e emocionada quando vejo uma
~ 145 ~
mulher no palco. Normalmente, as únicas menina que temos são como
Hayden, tão sensuais que elas são praticamente caricaturas de uma
mulher humana real. Cru, bonito, feminino. Meus cílios vibram,
pálpebras de repente pesadas, enquanto o baterista bate uma batida
que faz minha cabeça latejar dolorosamente.

— Não me faça te dizer DUAS VEZES. — a batida do ritmo vem na


minha cabeça como um martelo e a pequena multidão perto do palco
começa a girar, movimentando os braços quando a garota vira seu dedo
em um círculo e agacha para baixo próximo à frente do palco. Ela tem
um par de short branco, salpicado de tinta vermelha, e um colete de
couro preto. Quente. Se eu estivesse pinto, eu ficaria com alguém como
ela. Malditas tendências heterossexuais. Ainda esperando esta cura,
pessoal. — MOVAM SEUS TRASEIROS, FILHOS DA PUTA!

A emoção sobe em minha espinha quando eu lanço o meu casaco


para uma cadeira vazia na parte de trás. Se alguém roubá-lo, bom para
eles. Divirta-se com os preservativos e a droga gratuita. Eu nem sequer
dou a mínima.

Eu vou para o bar.

— Me dê algo que vá foder a minha cabeça, — eu grito, me


inclinando para frente, de modo que o homem possa me ouvir. Se ele
me reconhece dentro do capuz, ele não diz nada. Eu assisto ele tornar
uma bebida verde brilhante e espero Turner lançar algum dinheiro no
bar. Assim que ele faz, ele está se movendo por trás de mim e
envolvendo os braços em volta da minha cintura.

— Mmm. — eu fecho meus olhos e balanço meu traseiro


drenando o oxigênio e substituindo-o com violência e caos. Eu quero
cantar tanto agora, eu posso sentir notas borbulhando na minha
garganta. Apesar das recentes tragédias, eu estou de repente animada
para o nosso show. No mínimo, se eu morrer lá em cima, eu vou morrer
fazendo a coisa que eu mais amo neste mundo. Se é cantando ou
tocando guitarra, eu não tenho certeza, mas eu serei amaldiçoada se eu
não morrer com ambos. Hayden talvez tenha me prendido com esta
responsabilidade mais cedo do que eu estava pronta para isso, mas é
tarde demais agora. Você não pode voltar atrás. Você não pode mudar o
passado. Se você gastar seu tempo tentando, você só vai perder o
futuro. — É bom voltar para o básico.

— É uma sensação muito foda. — Turner se inclina contra mim


por um momento, sua ereção firme e insistente contra a minha cintura.
É tentador, mas agora, eu tenho outras necessidades. Eu dreno o

~ 146 ~
último gole da minha bebida e largo o copo no balcão. Turner me deixa
ir, e eu posso sentir seus olhos na parte de trás da minha cabeça
enquanto eu avanço, tecendo o meu caminho entre as pessoas na parte
de trás da multidão. Eles estão levantando os braços para cima,
saudando a deusa do palco esta noite, adorando-a, prometendo
sacrifício. Não é um show muito lotado, mas as pessoas que estão aqui
são fodidamente dedicadas.

Faço uma pausa apenas na borda do mosh, uma circunferência


invisível, de caos total e absoluto. Dentro desse vórtice, as pessoas
deixam a música movê-los, confiam nas guitarras e no baixo e na
bateria para orientá-los para o precipício absoluto de insanidade.

Eu decido me juntar a eles.

Eu respiro fundo e mergulho, apenas conseguindo evitar levar um


murro na cara. Não intencionalmente, ainda não. Talvez mais tarde,
quando os com mais de vinte e um anos estiverem todos bêbados e os
adolescentes estiverem se sentindo irritados. É quando começa a
verdadeira diversão. Apenas uma nota, os com mais de vinte e um anos
sempre ganham.

Eu me deixo entrar na briga, me solto completamente livre das


minhas besteiras e minhas forcas e viro o foda-se na frente do palco. Eu
não tenho ideia do que a cantora está dizendo, mas eu não me importo.
Seus gritos atingem em algum lugar, no fundo, dentro de mim, até que
eu nem tenho certeza de quem eu sou. A única coisa em meu sangue é
a música, prometendo a dor, entregando-o em tiros pesados e um solo
de guitarra que me faz morder tão duro, eu entalho minha língua e isso
faz ela sangrar. Em algum lugar no meio da multidão, Turner está me
observando. Ou inferno, talvez ele esteja até mesmo no mosh comigo?
Eu não posso ver nada, apenas um lugar coberto de pôsteres da banda,
algumas luzes fluorescentes de merda, rostos sem nome. Meu coração
está sendo rasgado diretamente do meu peito, e eu estou oferecendo
livremente.

Se lembre dessa fodida banda na próxima vez que você precisar de


uma abertura. Ice and Glass não vai ser realmente uma opção no futuro.

A música desacelera e eu tropeço, colidindo com as outras almas


perdidas em torno de mim. Ninguém começa uma briga o que é a porra
de um milagre. O suor está escorrendo pelo meu rosto, obscurecendo a
minha visão, furando meu capuz para meus braços. Que parece parece
mil quilos agora. Eu não quero nada mais do que tirá-lo e lançá-lo para
o chão, deixar todo mundo ver o meu rosto e sei que estou fodida aqui.

~ 147 ~
— Ok, gente, — diz a mulher no palco, andando para lá e para cá,
a respiração ofegante e áspera. Seu cabelo loiro e rosa está preso em
sua testa, bochechas, boca. Ela é uma bela bagunça. Eu respeito pra
caralho isso. — Qual é o próximo? — ela gesticula para a multidão e
eles ficam loucos, gritando e berrando os nomes das músicas,
empurrando entre si até que todos nós estamos esmagados juntos. Eu
acerto a pessoa na minha frente quando nossos corpos se chocam.
Algumas das pessoas na frente estendem a mão e escovam as mãos
através das botas pretas de combate da vocalista.

Aproveito o espaço tranquilo entre as músicas para procurar


Turner e o encontro há três fanboys longe de mim, observando,
sorrindo, suado e perfeito. Seu delineador está manchado e brilhante,
seus lábios cheios, maduros e molhados, apenas esperando por mim
para comê-los de seu rosto. Eu estendo a mão e ele pega a minha. De
alguma forma, mesmo com o esmagamento da multidão, conseguimos
manobrar de modo que estamos pressionados peito a peito na pequena
multidão.

— Eu me sinto viva.

— Você parece boa o suficiente para comer.

Eu sorrio.

— Então me coma, cadela. — Turner e eu inclinamos, bocas


colidindo quando a banda finalmente decide sobre uma canção. O
baterista soca sua bateria, enviando vibrações através do piso e dos
saltos dos meus sapatos, me fazendo fraca nos joelhos. Ou talvez isso
seja o beijo de Turner.

Eu nunca iria admitir isso se fosse.

Turner e eu beijamos duro e profundo, deixando a multidão nos


empurrar, batendo os dentes juntos, forçando nossas línguas na boca
um do outro. Suas mãos lutam para subir sob a meu moletom, dedos
espalmando aberto contra o curativo na minha barriga. A pequena
mordida de dor pela pressão de suas mãos não é nada comparada à
onda de prazer quando sua pele nua toca a minha. Eu aperto minhas

~ 148 ~
coxas juntas, pressionando tão apertado quanto eu posso, rezando para
que eu não tenha um orgasmo enquanto eu estou aqui. Rezando do
jeito que eu estou.

— Vamos aplaudir os babacas da frente e centro! — a vocalista


grita, e eu sinto um vazio repentino em torno de mim quando os corpos
aquecidos se afastam, nos deixando abertos e expostos. Eu puxo meus
lábios longe de Turner, mas apenas uma fração de uma polegada. —
Aqui está o amor, — ela grita, levantando sua garrafa de água com uma
mão enquanto ela segura o microfone aos lábios suados com a outra. —
Aqui é para o sexo. — elogios rompem duas vezes mais alto para este. —
E aqui está o fodido felizes para sempre!

Eu ouço o grito das guitarras antes de eu virar o rosto para


observar a banda se mexer como um grupo possuído. O baixista afunda
para trás, balançando a cabeça para trás e para frente, enquanto dois
guitarristas têm suas guitarras na cintura, tocando furiosamente
encima do palco. A vocalista se agacha novamente, deixando escapar
um grito animalesco que põe a multidão de volta em um frenesi. Turner
e eu somos empurrados violentamente para trás juntos, forçados a nos
separarar e aceitar a pressa da multidão. Nós pulamos para cima e para
baixo com a onda de pessoas, capturados em um mar de sonhos
desfeitos e segredos sussurrados. Quando a cadela pula fora do palco, a
multidão a pega e a deixa surfar acima de nós, uma sombra de beleza
em camadas sobre os animais urrando que nos tornamos.

Musica. É transformadora como nada mais. Ela sabe como


agarrar a sua alma e agitá-la. Ela pode colocar você para dormir. Ela
pode te acordar. Ela pode fechar os seus olhos. Ela pode fodidamente
abri-los.

Neste momento, os meus olhos estão arregalados e encarando a


vida diretamente no rosto.

Após o show, Turner e eu nos encontramos no banheiro sujo. Não


- surpresa, surpresa - para foder, mas para entrar em sintonia com a
Branca de Neve e os sete anões. Turner coloca mais algumas linhas de
coca para cada um de nós, antes de tropeçar de volta para o bar para
uma última bebida. Ou, isso é suposto ser um último drinque. Uma vez
~ 149 ~
que eu tenho o líquido verde no meu copo, eu não estou realmente certa
do que acontece.

Um minuto eu estou sentada no bar conversando com a vocalista


do Tipped by Tyrants e no próximo eu estou tropeçando em outro clube.

Puta merda. Eu realmente estou um lixo. Eu não fiquei tão fodida


assim em um longo, longo tempo.

— Onde estamos? — eu pergunto, virando e agarrando o moletom


de Turner. O capuz cai para trás, mas nós dois estamos um pouco
bêbados. Bem, realmente bêbados. Super bêbados. Seus olhos
castanhos encontram os meus e ele envolve seus braços em volta na
minha cintura, mas eu posso dizer que ele não está realmente certo de
onde estamos também.

— Vá com o fluxo, Knox. Apenas nadando com o fluxo. — minha


jaqueta de couro está enrolada ao redor de seus ombros como um
lenço. Eu pego uma das extremidades das mangas e deixo que ele me
leve para trás, na confusão de pessoas dançando como se estivessem
possuídos. Não, não há nenhuma banda ao vivo, mas neste momento
eu estou flutuando nas nuvens, e eu não dou a mínima.

Meu corpo começa a se mover e antes de eu perceber, fora do meu


capuz também. Então o meu suéter. Está no chão com a jaqueta, mas
nenhum de nós se importa. Ninguém nos incomoda. É tarde,
provavelmente tão tarde que é cedo, e todo mundo está fodido à merda.
Não importa que somos estrelas do rock. Neste momento, somos apenas
pessoas.

— Você é linda, Naomi Knox, — alguém diz por trás de mim. É a


vocalista, com seu cabelo rosa e loiro. Bom, tudo bem, eu acho que
alguém nos notou. Ah bem. Eu nem me importo mais. Eu sou uma
deusa. Eu sou uma deusa da guitarra. Vou foder a minha Wolfgang com
meus dedos até sangrar sua bela música sobre mim.

— Quando eu não estou resolvendo mistérios de assassinato, —


eu calunio, nem mesmo certa do que eu estou falando. America? Toda
merda sobre Stephen? Hah. Parece tão insignificante no momento.

— Sim, Rock, irmã, — ela rosna enquanto eu começo a me mover,


girar e amarrar meus braços pelo meu corpo, encontrando o estômago
de Turner debaixo de sua camisa, pego na cintura da calça jeans. Eu
poderia até ter dançando sensualmente em algum momento lá, mas não
se atreva a fodidamente contar a ninguém.

~ 150 ~
Eu me curvo para baixo, pressionando minha bunda contra a
ereção furiosa nas calças de Turner, deslizando meu caminho de volta
para cima com um sorriso no meu rosto. Ele acha que pode me
possuir? Não. Não, eu o possuo.

— Ele é meu, — eu digo para a menina do Tipped by Tyrants


enquanto ela fica atrás e começa a moer em mim. Antes de eu perceber,
estamos dançando juntos. Eu e ela e Turner e seu baixista. Eu
realmente não preciso me preocupar com ela embora. É evidente que
ela está muito mais interessada em mim do que no meu namorado
estrela do rock. Seu corpo se contorce, torcendo e desfocando na minha
visão quando minhas pernas ficam apertadas, lutando contra a onda de
líquido morno que o corpo aquecido de Turner inspira em mim. Eu
quero fodidamente me curvar aqui mesmo para ele, deixá-lo me foder
na frente de todas essas pessoas. Minha libido está borbulhando e
quente, separando meus lábios, me fazendo ofegar. Eu não posso
controlar minha respiração ou os gemidos que raspam da minha
garganta. Há pessoas em todos os lugares, mas apenas com um que eu
estou preocupada. Eu posso senti-lo moendo contra mim, implorando
para o meu corpo, prometendo que ele vai ser um menino travesso para
mim.

Meu Deus.

Quando a menina Tyrants agarra meu rosto e escova os lábios


contra minha mandíbula, eu sinto um braço duro ir ao redor da minha
cintura e tropeço para trás.

— Minha, — Turner rosna, me arrastando por entre a multidão.


Eu quase tropeço, mas consigo pegar meus pés. Que estão me matando
pelo caminho. Eles estão bem ruins nesses fodidos saltos que estão
começando a não machucar. Pés dormentes. É quase engraçado para
mim nesse momento.

— O que você está fazendo? — pergunto a Turner, enquanto a


multidão embaça e ondula em torno de mim. Estou tendo problemas
para ver em linha reta, mas eu me sinto tão bem. Tão bem pra caralho.
Digo a mim mesma que eu estou no controle, que mesmo que eu me
sinta embriagada, ninguém percebe. Tenho certeza que todo mundo faz.
— Não fique todo irritado. Nós só estávamos dançando.

Turner me puxa através de uma porta na parte de trás. O


segurança levanta a sobrancelha para nós, mas não nos impede,
encolhendo os ombros e sorrindo como se ele achasse que algo é
engraçado. Eu deixei Turner me puxar para a suada caverna escura na

~ 151 ~
parte de trás do clube. Há pessoas em todos os lugares, mas todos eles
estão dançando lentamente juntos contra as paredes. Ou dormindo no
chão. Por que eles estão dormindo?

— Você é minha, Naomi Knox. Eu esperei toda a minha vida de


merda para ser respeitado, mas não apenas por qualquer um. Por você.
Alguém que me fez trabalhar por isso. — ele bate as minhas costas na
parede e pressiona apertado. Eu abro minhas coxas e levanto a minha
perna esquerda, envolvendo-a em torno dele e puxando-o para perto
enquanto suas mãos encontram o meu rosto e seus dedos me cortam e
selam e destroem a porra da minha alma. — Eu não vou deixar
ninguém tocar em você. Não agora. Nem sempre.

— Nem mesmo uma garota gostosa de uma banda de rock. Sem


sexo a três? — estou enrolando as minhas palavras neste momento. Nós
entendemos um ao outro. Isso é tudo o que importa, certo?
Honestamente, eu não estou mesmo interessada em ter um trio, mas eu
gosto dele bravo desse jeito. Áspero.

— Sem sexo a três porra, — ele rosna, mordendo minha garganta


com tanta força que eu suspiro e meus olhos lacrimejarem. Oh wow.
Um orgasmo já está esperando por mim, construindo em minha
espinha e enrolando meus dedos em torno do bíceps de Turner. Eu
nunca me senti assim com um homem antes. Nunca. Nem isso... todo o
veneno que consome, que me dá vontade de morrer. Eu quero cair
consumida por Turner, espumando pela boca, com os últimos suspiros
morrendo de prazer em meus lábios. Mórbido, certo? Eu fico assim
quando eu estou doidona. — Só o meu pau em sua boceta. — ele faz
uma pausa, levanta a cabeça. Pego em seu cabelo e tento voltar sua
atenção de volta para mim, mas ele está olhando ao redor do lugar com
as sobrancelhas levemente franzidas. Seu último comentário me deixou
desesperada, no cio aqui e agora, enrolada contra esta parede e não me
importo com quem assiste. Quando Turner se recusa a olhar para mim,
eu sigo seu olhar para os outros casais no quarto.

Quem estão dançando lentamente contra as paredes. Quem estão


fodendo.

Sim, e se você não tinha adivinhado, eles não estão dormindo


tanto. Sim. Aquelas pessoas no chão - estão fodendo.

E eles são todos homens.

— Oh meu Deus. — nós tropeçamos em um clube gay. Ou uma


sauna gay. Ou algo assim. Eu não sei. Eu não tenho nenhuma ideia de
onde eu estou. Eu pisco meus olhos e foco em um par de caras com
~ 152 ~
suas calças em torno de seus tornozelos. Eles são ambos bonitos,
tatuados, atraentes. Um deles tem as mãos pressionadas contra o papel
de parede de veludo falso enquanto o outro aperta seus quadris e
empurra seu pau em bunda do primeiro homem. Puta merda. — Uau.
— no início, eu sinto que estamos violando algo por estar aqui. Então
eu decido que eu não me importo. — Isso é meio quente. — eu não
consigo parar de olhar para os músculos em volta do cara, com a forma
que suas tatuagens, como a forma que ele força os seus quadris para
frente.

A pressão suada na sala fecha dentro de mim, me fazendo


desesperada para rasgar minhas roupas do meu corpo e ficar nua. Eu
posso sentir meu corpo já em movimento, deslizando contra Turner,
moendo nossas virilhas juntas.

— Olhe para mim, — mando, e sua atenção se encaixa de volta


para mim. Ele parece um pouco confuso, mas tudo bem. Ele é um
grande idiota mudo e, por vezes, isso não importa. E eu estou aqui. E
nós podemos trabalhar esta merda. — Você estava dizendo? Pau na
minha buceta? — Turner respira, sua respiração presa em seus dentes
como se ele estivesse prestes a engasgar com desejo.

— Ou... — ele olha para os outros casais, chupando os paus uns


do outro, acariciando os eixos com dedos seguros. Há um único casal
de lésbicas no canto de trás, mas eu não as noto de imediato. Ambas
têm cabelo curto e parecem meio que meninos para mim. A loira na
frente está fodendo a amiga com um strap-on17. Eu posso ver as tiras
em torno de sua bunda, vejo o escorregar de um pau roxo entrando e
saindo do uma buceta escorregadia. Eu olho para longe e pisco
rapidamente para limpar a minha cabeça. Sem sorte. Minha visão nada
nas bordas. — Na buceta, na boca, ou... — Turner recua e me agarra
pelos ombros, me girando e empurrando meu rosto contra a parede.

Eu não luto contra ele. Eu não quero.

Eu fecho meus olhos enquanto ele puxa minha calça e calcinha


para baixo dos meus quadris. Esqueci os preservativos na jaqueta de
couro, mas eu tenho certeza que ele tem algum. Ele sempre tem.

— Ou em sua bunda, — Turner sibila no meu ouvido. Eu mordo


meu lábio enquanto eu espero por ele, apertando minhas coxas tão
apertadas que o prazer ricocheteia através de meus ossos. Ele dá um
passo em mim, seu pau deslizando entre minhas nádegas, mas não
dentro, ainda não. A lubrificação do preservativo deixa seu deslize vir

17 São aquele vidradores que se coloca na cintura como um cinto.

~ 153 ~
facilmente ao longo de todas as minhas partes sensíveis, provocando
minhas dobras quando meu gemido se junta aos outros na sala. Turner
leva o seu tempo doce, passando os dedos em torno de meus quadris e
apertando tão duro que eu tenho certeza que vão ter contusões lá
quando eu acordar deste sonho e me encontrar de volta ao pesadelo que
é a minha vida.

— Faça isso, — eu gemo, empurrando minha bunda contra sua


virilha, desesperada por ele. Eu já me sinto como se eu estivesse prestes
a gozar. Eu não quero desperdiçar mais um segundo.

Meus olhos se abrem quando Turner insere seu pau na minha


bunda, lento e suave, mas com uma força que diz que ele não está
parando a menos que haja uma emergência maldita. Eu sinto sangue
correr para meu rosto enquanto eu gemo e arquejo, tentando me
segurar. Eu não posso. Antes mesmo que ele consiga mais do que uma
polegada dentro, eu estou gozando e raspando as unhas no papel de
parede. O orgasmo palpita no tempo com a sobrecarga de música
eletrônica explodindo. Minha visão embaça e eu quase desmaio.

— Naomi? — Turner empurra um pouco mais e eu viro geleia,


lutando para me manter em pé. Ele me empurra para frente com seu
corpo, e o calor dele pressionado contra mim empurra todos os meus
botões. — Você está bem, Knox? — ele pergunta depois de um
momento, e eu juro, eu poderia beijá-lo. — Você quer que eu pare?

— Pare e eu vou matar você. — graças a Deus. Turner desliza


naqueles últimos centímetros, e eu sinto lágrimas de prazer espremer
para fora sob minhas pálpebras. A sensação é tão lenta, como brasas
queimando abaixo, me aquecendo até níveis insuportáveis. Eu quero
que ele pegue o ritmo, mas ele mantém um ritmo lendo, me trabalhando
para mais um orgasmo. Um que amplifica até um grito pleno explodido
quando ele atinge o ponto e passa rapidamente os dedos pelo meu
clitóris. Eu me pergunto no fundo da minha cabeça, se alguém está
olhando para nós, se nós somos os esquisitos nesta sala. Foda-se eles.
Foda-se todos eles. Eu não me importo.

— Eu não aguento mais. Tire. Triture a porra da minha buceta,


Turner. — ele me ignora, se inclinando e esfregando meu clitóris em
círculos enquanto ele faz amor com a minha bunda. Bem no meio de
um clube gay. Isso vai estar nos livros da memória.

— Eu amo você, Naomi Knox, — ele diz e, embora este seja


provavelmente o momento nada romântico do mundo, é bom ouvir isso.
Eu gosto do som da voz de Turner. Eu gosto. Eu sempre gostei. Há uma

~ 154 ~
razão para que eu costumasse me enrolar no ônibus com meus fones de
ouvido e sua música me embalando para dormir.

Eu engulo em seco, mas eu não posso me fazer dizer isso.


Quando eu abro a minha boca, tudo o que vem para fora são mais
gemidos.

Eu relaxo minha bunda contra Turner, deixando-o me encher,


deslizando o seu pau dentro e para fora. Dentro e fora. Dentro e fora.

Quando eu gozo de novo, ele me segura com uma mão na minha


barriga e uma no meu quadril antes de puxar e remover o preservativo.
Ele o joga em uma lixeira próxima - provavelmente cheio até a borda
com outros - e começa a colocar outro. Eu realmente quero sua pele
embora. Realmente, realmente quero.

— Não. Apenas me foda.

— Naomi, — Turner adverte, e eu posso ver os músculos de seu


rosto estremecendo. Nós dois sabemos como é bom sem camisinha, de
alma para alma, que nem no palco de volta em Austin, Texas.

Eu me viro e agarro seu rosto, beijando sua boca com tanta força
que ela realmente rosna para mim, me agarrando pela bunda e me
batendo na parede com força suficiente para que eu fique sem fôlego.

O pau de Turner empurra duro dentro de mim, uma fatia quente


de prazer que penetra direto ao núcleo. Eu já estou gemendo e gritando
e lutando com outro orgasmo enquanto ele me soca com mais e mais o
quanto ele pode, entrando profundamente, me rasgando. Eu não vou
ser capaz de ir muito longe assim. Jamais. Eu estou presa em Turner
agora, em um emaranhado apertado.

— É tão bom, — eu censuro, sentindo meu corpo ceder a suas


exigências. — Eu amo você, Turner, — eu digo, e eu realmente quero
dizer isso. Mesmo se eu poder negar isso mais tarde.

— Porra, — ele rosna, gozando dentro de mim, os músculos dos


seus braços apertando, todo o seu corpo indo rígido quando ele se
contrai contra mim, derrama sua semente profundo e cai contra a
parede. Ficamos ali, ofegantes, esmagados juntos. Unidos. Torcidos
juntos.

E não é bonito. Na verdade, é realmente feio 18 . Ele me deixa


doida, me irrita, e embora tenhamos azar e maus dias em abundância,

18 No original real ugly (nome do primeiro livro).

~ 155 ~
eu não acho que ele nasceu errado19. Nem eu. Porque eu acho que nós
estávamos sempre querendo encontrar o outro. E assim, eu estou
fodidamente completamente séria20.

— Ugh, — eu gemo, rolando em minhas costas e deslizando meu


braço sobre meus olhos. Os eixos fracos da luz solar vazam para o
quarto ameaçando quebrar meu crânio em pedaços. — Meeeeeeeerda.

Eu tremo quando meu braço arranha por cima do meu nariz com
um estremecimento agudo de dor.

Quando eu forço meus olhos se abrirem e dou uma olhada, eu


encontro uma bagunça pegajosa no meu braço.

— O que... o que diabos é isso?

Há uma nova tatuagem em meu braço. Uma grande. Está


esticada para baixo em todo o meu antebraço. Eu não consigo entender
o que diz, mas é melhor não ser Turner Dakota Campbell. Me sento, de
repente, alarmada com a quantidade de fiapos presos na mancha de
cicatrização da minha tatuagem. Eu tenho que me levantar e lavar essa
merda, conseguir Aquaphor21 ou loção ou algo para colocar nele. Já viu
uma tatuagem que não foi devidamente cuidada? Oh, você vai saber se
você tem.

Eu olho para baixo, na minha tatuagem de coração quebrado,


meus seios nus. Totalmente nua. Eu estou nua.

Eu olho em volta e descubro que o quarto de hotel que eu estou


sentada não é certamente o que America tem reservado para nós. Há
um conjunto de portas francesas brancas do meu outro lado da sala,
abrindo em uma sala de estar com uma ofurô. Definitivamente não
temos um desses. Estamos em outro lugar, mas onde? Olho para o
espaço vazio ao meu lado. Há uma grande parte do lado direito da cama
que está imperturbável, lençóis ainda dobrados, travesseiros macios.

Meu coração trava na minha garganta.

19 No original born wrong (nome do quinto livro).


20 No original dead serious (nome do sexto livro).
21 Pomada.

~ 156 ~
Eu tenho dezesseis anos novamente, acordando com a minha
cabeça girando, uma nova tatuagem marcada no meu corpo, num
quarto de hotel estranho. Sem Turner Campbell. Sem Turner filho de
uma puta Dakota Campbell.

Meus estômago espasma com uma dor fantasmagórica, e eu


aperto a mão na minha boca quanto me lembro da noite passada,
quando deixei que ele me fodesse sem camisinha.

— Merda, merda, merda, e cadela, e porra e porra e porra.

Eu me mexo, saindo da cama e tropeço para o banheiro com meu


estômago balançando por causa do álcool e as bebidas energéticas e
pelo descobrimento doentio que eu realmente estou apaixonada. Então,
onde está ele? Eu realmente não acho que ele ia me deixar mais uma
vez, nem mesmo com a cabeça fodida no inferno, mas o meu passado
está nublando minha visão, tornando-se difícil pensar direito. Enquanto
eu corro em todo o tapete do quarto de hotel, minha mão sobre a boca,
eu avisto o relógio.

São seis e meia.

Da noite.

Temos um show que abrirá em meia hora. E sim, sim, Burning the
Bleeding provavelmente não vai abrir o show até por volta de sete e
meia, mas porra. Há cerca de cem mil pessoas aparecendo para nos ver
tocar. Cem. Mil. Não é o maior show do mundo de sempre, mas intenso
pra caralho. Adicione a imprensa. Além disso, Stephen Hammergren e
America e o elefante enorme na sala nomeado Segredos e Besteiras.

Eu acerto a porta do banheiro e a encontro bloqueada.

Eu gemo e tropeço para a direita, pegando o balde de gelo em


cima da cômoda antes do meu estômago cerrar apertado e eu vomito
metade nele, metade no chão. Atraente, Naomi. Agradável. Um segundo
depois, a porta do banheiro se abre atrás de mim e eu ouço Turner
rindo baixinho.

— Desculpe. Não percebi que tinha trancado.

— Fique longe de mim, — eu digo, de pé ali totalmente nua com o


balde de gelo apertando forte em meus dedos. Uau. Isso vai ser uma
merda. Ótimo.

— Está tudo bem, — Turner diz e eu o ouço voltar para dentro do


banheiro. — Eu vomitei, também. — ele reaparece ao meu lado com seu

~ 157 ~
pau em plena gloriosa vista, meio-ereto e em seu caminho para cima. As
tatuagens chamam a minha atenção, apesar de eu ter muito, muito,
muito mais coisas que eu deveria estar pensando. Ele me entrega uma
toalha e se vira, passos suaves contra o carpete.

— Você sabe que horas são? — pergunto a ele, me curvando e


absorvendo minha bagunça o melhor que posso. Desculpe camareira.
Espero que Turner colocou seu cartão de crédito no arquivo. Se ele fez
isso, deveríamos ter já sido agredidos pelos homens de Brayden. Tenho
certeza de que eles podem acompanhar essa merda. Então ele pagou em
dinheiro? Como nós chegamos aqui?

— Sim. Tarde pra caralho e hora de rolar.

Eu chuto a toalha suja para o canto e levo o balde de gelo para o


banheiro para despejá-lo. Eu libero minha vergonha no vaso sanitário e
puxo o saco de plástico, torcendo e empurrando na lata de lixo. Lá
embaixo, eu estou ferida. No andar de cima, eu tenho uma pulsação,
uma dor de cabeça rolando. E uma nova tatuagem. Eu levanto e franzo
a testa, me movendo para a pia para ligar a água.

— Você sabe que eu fiz uma tatuagem da noite passada? — Qual


artista se preze teria feito isso enquanto eu estava na merda? Espero que
isso não esteja uma merda. Eu cerro os dentes e seguro meu braço sob
a água, usando um pouco de sabão líquido para lavá-lo com
redemoinhos delicados do meus dedos. Todo o braço está inchado e
dolorido. Um lugar incrível para tatuar antes de um grande show. Eu
tenho que tocar a guitarra esta noite. E eu não posso simplesmente
tocar. Eu tenho que colocar esse povo em forma. E lembrar de trazer a
minha arma. E espero que eu não morra.

Eu gemo e fecho os olhos por um momento.

— Não até que eu acordei, eu não sabia, — Turner diz, e a


suavidade na sua voz chama as minhas pálpebras para cima. Olho para
ele e encontro a jaqueta de couro na sua mão. Gostaria de saber
quando conseguimos isso de volta? Ele puxa o guardanapo para fora e
sorri um verdadeiro sorriso de um ser humano. Não um sorriso
malicioso. Apenas um sorriso. — Reconhece isso?

Eu olho para a minha tatuagem, na tinta preta gravada em minha


carne. Notas musicais. As notas musicais de Turner, as do guardanapo.
O impulso de cantarolar o som arranha na parte de trás da minha
garganta, mas eu engulo para longe. Eu não tenho certeza do que dizer.
Aparentemente, quando Turner e eu ficamos juntos, nós fazemos
merdas estranhas.
~ 158 ~
— Onde está a sua? — eu sussurro, fechando a torneira e
sacudindo meu braço para tirar o excesso das gotas de água. Eu não
posso ficar como estou, ciente do fato de que nós estamos ambos nus
no momento. Não há tempo para isso. Mesmo que eu gostaria que
houvesse. Mesmo que eu o fodi sem camisinha novamente. Eu poderia
ter de chamar Spencer primeiro. Fazer com que ela me traga algumas
pílulas do dia seguinte até aqui. Eu não sei quem mais chamar para vir
nos pegar. Eu realmente não quero falar com America ou Brayden
agora. Nem eu quero discutir minha incompetência e falta de previsão
com alguém.

— Aqui mesmo. — ele se vira e me deixa ver suas costas, a


tatuagem Naomi Isabelle Knox e a tinta fresca por baixo dela, escrito
meu nome como fosse a letra de sua canção. Meu coração aperta, e eu
tenho um tempo difícil em engolir. Com base no cabelo molhado de
Turner, eu acho que ele já teve a chance de tomar banho. Bom. Porque
eu meio que preciso de um momento a sós para me recompor. Agora
que eu estou melhor e as drogas e álcool limpos do meu sistema, eu
estou nervosa. Ainda mais do que eu estava ontem.

Hoje é o dia.

Algo vai acontecer, eu sei que vai. Ontem à noite, algo


definitivamente aconteceu. — Turner, — eu começo, mas ele já está se
movendo em direção a mim, puxando meu corpo nu contra o dele. Eu
cubro minha boca com a mão e olho fixamente para ele. — Eu vou ligar
para Spencer e pedir para ela vir nos pegar.

— Ótimo, — ele diz, olhando para mim com aqueles olhos


castanhos, esse frustrante belo conjunto de lábios, essas tatuagens de
estrela em sua linha do cabelo. Eu puxo em um de seus piercings nos
lábios e ele me libera com um simples beijo na testa. — Porque é hora
de nós fodermos a cara dessa cidade.

— Não apenas isso, — eu o corrijo, travando olhares, deixando ele


ver a determinação no meu rosto. Fizemos progressos na noite passada,
um bom progresso. Quero dizer, além das drogas e do excesso de álcool.
Eu estou falando sobre as coisas mais importantes, a porcaria
emocional. Por favor, não deixe que isso tudo seja em vão. — É hora de
sair da coleira e deixar America, Stephen, quem diabos mais, saber que
nós somos a porra das estrelas do nosso próprio show.

~ 159 ~
A roadie de Naomi, Spencer Harmon, aparece no nosso quarto de
hotel - com um grupo de guarda-costas de Brayden em reboque. Eles
não dizem nada para nós, nem mesmo Raelia, a garota Amazona com a
carranca permanente. Eu não me incomodo com eles, é só esperar por
Naomi tomar suas pílulas estúpidas com os braços cruzados e olhando
pela janela.

As meninas estão no banheiro por uns bons dez minutos antes de


sair, Spencer com o lábio inferior enfiado entre os dentes e Naomi com
uma arrogância que diz que ela está além de pronta para acabar com
essa merda. Eu me pergunto se ela tem essa arma, aquela que Lola lhe
deu. Por que outra razão faria Spencer trazer essa mochila? Nós
estamos indo direto para fazer o cabelo, maquiagem e figurino. Nós não
precisamos de uma mudança de roupas. E eu não sou um idiota.
Falando sério. Eu percebo as coisas.

Se Naomi está escondendo a arma no entanto, eu não vejo isso e


ao que parece nem o povo de Brayden. Talvez ela ainda esteja na
mochila?

Eu agarro o braço dela quando nós saímos do hotel, inclinando


para sussurrar em seu ouvido.

— Por favor, não faça nada precipitado, Knox. Se você tem um


plano, você tem que me dizer o que é. — Naomi suspira e puxa o braço
para longe, se movendo para o SUV preto sem me responder. Eu não sei
se ela está chateada comigo ou o quê. Ela acordou com um humor
muito azedo. No princípio pensei que poderia ter sido a tatuagem -
embora eu acho que são demais - mas não é. É mais profundo do que
isso. É o show, e a conexão que ambos construímos na noite passada.
Tudo em um espiral, grande, grande confusão.

— Eu só estou tentando me proteger, Turner, — ela sussurra


enquanto sento ao lado dela. Os assentos de couro rangem quando
entramos juntos e aguardamos o carro arrancar. Spencer fica na parte

~ 160 ~
de trás com dois dos guarda-costas enquanto os outros dois se sentam
na frente. Ninguém mais fala. É estranho como o inferno. Eu me
pergunto o que aconteceu quando deram falta de nós? Será que alguém
alertou a mídia? Ou será que America a manteve contida na esperança
de que ela nos encontrasse? Eu acho que nós vamos descobrir quando
chegarmos lá. — Mas se eu ver Stephen Hammergren, eu vou atirar
nele. — ela encolhe os ombros e arrepios rastejam pela minha espinha.
Não duvido de suas palavras, mas elas me assustam pra caralho. Eu
não posso impedi-la embora. Ela não vai me deixar de qualquer jeito, e
se eu fosse fazer algo drástico - como dizer a America - eu perderia a
sua confiança para sempre.

Eu cerro dentes e me forço a ficar parado, esperando. Essa noite


vai terminar bem. Não, não, hoje à noite vai ser épico. Eu tenho certeza
disso. Eu vou proteger Naomi. Eu farei qualquer coisa por ela. Se
Stephen Hammergren realmente estiver lá, talvez eu possa chegar a ele
primeiro? Eu não tenho uma arma, mas posso apostar que Brayden
Ryker tem. Ele estaria disposto a atirar em Stephen, eu sei que ele faria.
Eu tenho um sentimento estranho de que ele não quer estar lidando
com esta situação mais do que nós.

— Fique segura, Knox, — eu sussurro para ela, sentindo uma leve


pontada na minha ferida de bala, como um lembrete de quão ruins as
coisas podem chegar. — Fique segura.

— Eu vou, — ela respira de volta.

Eu não acho que ela tem a intenção de que suas palavras sejam
uma mentira.

— Estou muito decepcionado com você, Sr. Campbell, — Milo diz


enquanto eu me sento caindo em uma cadeira, deixando alguma
senhora com o longo dedo correndo suas unhas pelo meu cabelo.
Espero que esse estilo de merda não seja uma mudança permanente
para a nossa rotina. Eu sou um homem crescido. Eu posso me vestir,
colocar na minha própria maquiagem, escovar meu próprio cabelo
maldito.

~ 161 ~
Eu ignoro a bronca de Milo e olho para Naomi. Ela está franzindo
a testa para seu reflexo no espelho, mas esse é o único sinal de sua
infelicidade. America nem sequer falou com ela desde que voltamos, e
Ronnie me disse que ninguém mencionou nossa falta até que eles
realmente se empilharam nos SUVs e se dirigiram para o local.

Ela sabia que iríamos aparecer. Ela estava contando com isso.

Eu olho para trás em Naomi novamente, mordendo os lábios, os


olhos deslizando entre ela e a porta para o camarim. Está entreaberta,
levando para um corredor escuro enorme que dá nos bastidores. Todo
mundo está vestido e pronto para ir, esperando em antecipação tensa
para entrar no grande palco, a sua chance de conquistar a multidão,
para foder suas mentes e deixando eles loucos com a espera. Sua
chance de olhar o perigo diretamente no rosto e admirar o que vai ser
hoje à noite?

Eu engulo em seco e balanço a cabeça, acenando com a mão com


desdém pela minha cabeleireira.

— Chega com isso. Meu cabelo parece perfeito porra, como de


costume. Eu não preciso de mais gel. — eu levanto e me livro da capa
preta que está em volta do meu pescoço.

— Turner, — Milo adverte, parecendo pelo menos um pouquinho


mais como seu estado normal. — Lembra da discussão que tivemos
antes? Músicos como você têm reputações para manter.

— Sim, — eu estalo, me virando para olhar para ele, pequeno e


pálido em seu terno preto e gravata azul marinho, — Eu lembro. Eu saí,
fiquei bêbado, usei droga e fodi minha mulher na parte de trás de um
clube gay. O público espera certas coisas de mim, eu sei.

Eu estalo os dedos e sorrio, deixando Milo cuspindo atrás de mim.


Nós tivemos sorte na noite passada. Eu peguei emprestado o telefone de
Ronnie quando chegamos aqui e tentei vasculhar a internet, à procura
de evidências da inesquecível fodida brincadeira da noite anterior. Nem
uma única coisa. Nem mesmo nada sobre nossas novas tatuagens.
Aleluia.

— Ei, Knox. — eu ando até sua cadeira e me ajoelho, colocando a


mão em seu joelho, tentando atraí-la mais perto, em vez de deixá-la
flutuar mais longe. Quando ela deixa cair o seu olhar de olhos
castanhos em mim, ela parece bem. A carranca desvanece um pouco. —
Pronta para mais um dos nossos famosos duetos?

~ 162 ~
Eu sorrio e ela sorri de volta para mim. Não é um sorriso cheio,
mas nós dois estamos nervosos, então está tudo bem.

— Eu não estou segurando nada de volta hoje, Turner. Nada. Eu


espero que você esteja fodidamente pronto para isso. — a cabelereira de
Naomi remove a capa preta e pisca para mim um corpo longo, magro
que é tão ridiculamente bem descoberto, eu me sinto quase tendo uma
crise de ciúme.

Naomi está com estes... bem, merda, eu não iria sequer chamá-
los de shorts. Eles são praticamente uma calcinha. Em couro.
Emparelhado com suas coxas altas, ligas e top do sutiã preto fazendo
parecer que Knox está prestes a caminhar na passarela da Victoria's
Secret. Seus pulsos estão cobertos de finas pulseiras de prata e grossas
correntes de couro, combinando com o piercing na barriga de crânio
prata, e um cinto grosso carimbado com uma cabeça de carneiro prata.
Eu não sei se é intencional ou não, mas isso me lembra o logotipo da
nossa banda. Cabra, carneiro, mesma coisa, certo?

A cicatriz fina que atravessa sua tatuagem Real Ugly só contribui


para a imagem desta mulher foda. Meu pau está tão duro que poderia
cortar diamante.

Me levanto, no mesmo momento que ela, nosso olhos se


encontram, corpos tão pertos que eu posso sentir o calor que irradia de
sua pele. Minha mão sobe por conta própria, escovando contra o cabelo
loiro e solto de Naomi. Foi escovado e seco com ar quente, então ele fica
ao redor do rosto como o ouro, como o sol, como sonhos molhados
realizados.

— Eu quero te beijar pra caralho agora, — eu sussurro, mas a


maquiadora de Naomi está parada a poucos metros de distância,
olhando com punhais. Ela é um grande cara, também. Sim, isso é o que
eu disse. Ela. O cara drag queen e seus amigos estão de volta, mesmas
pessoas que fizeram o nosso cabelo e maquiagem no show de LMTV. Os
braços dele/dela são três vezes o tamanho do meu e ele está usando
meia-calça. Definitivamente não quero ter o meu traseiro chutado por
esse cara.

— Você toca no batom, querido, e eu juro por Deus, eu vou te


bater.

Eu ignoro o comentário e foco nos olhos de Naomi, cercado de


base, retocado com sombra vermelha que brilha ouro quando ela move
a cabeça para cima e para baixo, examinando a minha roupa. Não tão
quente quanto o dela, mas isso vai servir. Eu estou usando uma
~ 163 ~
camiseta da Amatory Riot desta vez, branca com o nome de sua banda
rabiscada em toda a frente em vermelho. Traseiro apertado no jeans
preto, botas pretas, todas as minhas imbecis pulseiras Sra. decoram
meu braço até o cotovelo.

Eu acho que Naomi aprova, porque depois que ela termina, ela
encontra os meus olhos e se inclina para frente, pressionando um beijo
na minha bochecha antes de caminhar em torno de mim, traseiro
pendurado para fora do short. Eu juro, eu posso sentir pré-sêmen
vazando do meu pau. Maldição. Vai ser muito difícil me concentrar se
eu tiver que olhar para aquilo a noite toda. Stephen poderia colocar
uma arma na minha cabeça e puxar o gatilho, e eu não iria nem
perceber. Eu morreria com uma ereção massiva na minha calça e um
grande sorriso no meu rosto.

Quando eu me viro, eu avisto meu rosto no espelho. O beijo


deixou a sua marca na minha bochecha. Perfeito, simplesmente
perfeito. Quando a maquiadora pisa até meu lado, eu bato sua mão
para longe e saio da sala. De todos os acessórios que estou usando no
palco esta noite, este é o meu favorito.

~ 164 ~
Tanta coisa para encontrar um lugar para esconder a minha
arma. Basicamente, eu estou vestindo nada agora. Eu penso sobre
argumentar com o estilista, colocando um par de jeans, mas não vai
acontecer. Eu não sei o que eu estava pensando. Se eu colocar essa
porra na cintura de uma calça jeans, o povo de Brayden vai notar.

Eu acabo levando minha mochila para Lola Saints. Ela está


suada e tremendo depois de seu show, metade com prazer e metade em
dor. Ela ama a música tanto quanto eu, eu posso ver isso, mas eu
também sei o quanto dói tocar com pessoas que você não se conecta.
Eu fiz isso com Hayden durante anos.

— Eu não tenho qualquer lugar para colocar isso, — eu digo a ela,


olhando diretamente em seu rosto e pensando sobre a cocaína
induzindo de ontem à noite, o meu juramento solene para o universo
que eu iria atirar em Stephen Hammergren na cara se eu o visse.
Enquanto eu estava no palco. Com cem mil almas na plateia. Como se
eu fosse tão boa em atirar? Sério. Peguei alguma coca de Wren quando
eu cheguei aqui e enfiei na mochila também, mas eu decidi que eu não
vou levá-la.

Lola escova o cabelo escuro do rosto suado e abre o zíper da


mochila, olhando para dentro com sua maquiagem escorrendo pelo
rosto.

— Você vai querer isso, boneca? — ela me diz, engolindo em seco


e olhando para cima. Nossos olhos se encontram e arrepios correm pela
minha espinha. — Eu também. — ela se inclina e toca a boca no meu
ouvido, mãos suadas agarrando em meus ombros. — Minha irmã está
aqui. Eu a vi na frente da multidão. Se ela está aqui, isso significa que
Stephen está também. Eu sei disso. Se ela estivesse aqui sozinha,
Poppet estaria lutando com os seguranças para fazer o seu caminho até
mim.

~ 165 ~
Lola se inclina para trás e balança a cabeça, deixando cair o
queixo ao peito.

Um momento depois, Ronnie aparece ao seu lado, seguido por


Turner.

— Qual é o problema? — ele pergunta, deslizando um braço


protetor em volta da cintura de Lola. Eles realmente fazem um belo
casal. Espero que as coisas funcionem para eles.

Lola balança a cabeça e, em seguida olha para trás, para mim,


para Turner, e sobre Ronnie. Seu olhar repousa sobre ele e ela suspira.

— KK e Cohen estão praticamente salivando quando olham para


mim. Eu estou farta. Eu te disse que essa merda não ia rolar embora
até que eu estivesse trancada atrás das grades ou enterrada a sete
palmos. — seu sotaque soa hoje à noite super acentuado, como se ela
só pronunciasse metade as palavras. Observo quando seus dedos
enrolam a correia da mochila. — Vou observar o palco, certo. Me
sinalize se você ver qualquer coisa. Eu vou saber o que você está
falando.

— Cinco minutos, Naomi, — America diz, sinalizando para mim e


sorrindo com seu batom vermelho. A cor parece fora de lugar em seu
rosto neutro. Eu não gosto do simbolismo disso. — Tente não me
decepcionar, ok?

Enquanto ela se afasta, Lola faz uma carranca e Ronnie balança a


cabeça como se ele não estivesse entendido.

— Sinalizar você para quê? — ele pergunta quando Turner me


olha com alguma estranha mistura de alívio e confusão. Lola range os
dentes pra ambos e dá um passo a distância.

— A arma. O revólver maldito que eu dei para Naomi. Eu vou ficar


com ele. Jesus.

Ronnie não parece tão satisfeito ao descobrir que a arma está


aqui. Ele ficou frustrado quando Lola originalmente a deu para mim.
Em sua opinião, ela vai nos fazer mais mal do que bem. Eu não tenho
certeza que estou de acordo com isso.

— Obrigada, querida, — eu digo, estendendo a mão para apertar


a mão de Lola. Eu jogo outro olhar em direção a Turner, tentando não
sorrir para a mancha de batom na bochecha esquerda dele. Ele estende
a mão para pegar o meu braço enquanto eu me afasto e me puxa para
ele, envolvendo os braços em volta do meu corpo, apertando a minha

~ 166 ~
bunda com as mãos. Nosso beijo naquele momento provavelmente se
qualifica mais como garganta fodida do que qualquer outra coisa.

Quando eu me afasto, estou sem fôlego.

Eu forço meus lábios a sorrir quando olho entre os três.

— Um minuto! — America esta gritando do seu lugar ao lado da


cortina preta.

Eu agito minhas mãos para fora, respirando fundo e começo a me


mover. Se eu não for agora, eu vou fugir e nunca mais voltar.

— Hora do show, — eu murmuro.

As luzes estão turvas quando entro no palco, me movendo sobre a


minha deixa - um X branco que supostamente me diz que o lugar onde
eu vou ficar. Foda-se. Eu resisto ao desejo de me abaixar e rasgar a fita
do chão do palco. Ninguém me diz o que fazer, especialmente aqui. Este
é o nosso show. Nosso. Estou indo para possuir esta merda.

Eu respiro fundo e depois abaixo para pegar a minha Wolfgang. A


alça cai sobre meus ombros, o peso forte da minha beleza preta e
branca me acalma, me tranquilizando de que estou fazendo a coisa
certa por estar aqui.

— Boa sorte, — Dax sussurra quando ele passa por mim. Eu


espero até Wren, Kash, e Blair tomarem seus lugares antes de eu
estender a mão e fazer uma pausa com os dedos pairando sobre o
microfone. Me foi oferecido um fone de ouvido sem fio, mas eu não sou
uma estrela pop do caralho. Foda-se isso. Eu respiro fundo, fecho os
olhos e me concentro. Eu tenho o desejo forte de correr de volta e pegar
meus óculos escuros, mas eu não faço. Olhos bem abertos, baby.

Eu aperto o botão de ligar o microfone.

— Boa noite, Los Angeles, — eu sussurro, minha voz nada em


tudo como Turner, nem sequer como Hayden. É mais baixa, mais
áspera, mais contida. Eu engulo em seco, aproveitando o breve
momento de escuridão daqui. Uma vez que as luzes se acenderem

~ 167 ~
rapidamente, eu vou estar demolida e espalhada neste palco, aberta
para todo mundo ver.

A multidão murmura e uma saudação ondula por eles como uma


onda no oceano. Esse público é enorme, muito maior do que o que
temos tratado antes. Hayden se foi. America é insana. Tudo é louco e
diferente e fodido.

Não importa.

Eu tenho que tomar este palco e possuí-lo. Eu tenho. Isto é sobre


a música.

Eu deixo meus olhos varrerem o brilho trêmulo de isqueiros e


celulares, tentando o meu melhor para encontrar as extremidades da
massa latejante da humanidade. No momento, a partir deste ponto de
vista, parece interminável.

Eu tomo outro fôlego e ele ecoa através do lugar. Sobre minha


cabeça, o telhado inclinado brilha com estrelas falsas. Sua beleza
empalidece em comparação com a coisa real, mas me faz olhar para
cima, tentando encontrar força nas dispersas cores aleatórias.

— Isto era para ser o Show Memorial Hayden Lee, supostamente


para homenagear uma mulher com um carisma impressionante, dizer
ao mundo que lamentamos que ela se foi. — o público paira sobre cada
palavra minha, esperando. Minha garganta fica seca, mas o meu
coração permanece forte. Naquela fração de segundos, eu faço a minha
mente. — Ela se matou. Por isso, eu sinto muito, mas Hayden podia ser
repulsiva às vezes. Miserável. — eu lambo meus lábios e me pergunto se
eu estou tomando a decisão certa. — Mas ela não merecia isso desse
jeito. — eu espero sem fôlego pela antecipação do som cortante, para a
minha voz se afogar em murmúrios confusos. Mas ninguém corta a
alimentação do microfone, e eu continuo falando. — Ela não merecia
ser manipulada e arrastada pela lama por duas das pessoas mais
egoístas que eu já tive o desprazer de tropeçar.

As luzes acima de mim se acendem repentinamente, e eu estou


cintilando para a multidão, totalmente exposta, meu peito subindo e
descendo enquanto eu me esforço para recuperar o fôlego.

— Em minha opinião, ela foi assassinada. Como minha irmã,


Katie Rhineback. Tenho certeza que todos vocês ouviram as notícias,
mas ela não era uma pessoa má. Katie era uma pessoa errônea. Ela fez
o que tinha para se proteger. — eu toco a mão em meu peito. — Para
me proteger. Então. Esta canção, este show, não é apenas dedicado a

~ 168 ~
Hayden Lee, mas a Katie Rhineback. E para os seus assassinos,
America Harding e Stephen Hammergren.

Outra respiração, porém mil quilos mais leve, outro segredo


cortado da minha lista.

Eu sorrio.

Minha mão cai para o meu instrumento.

Eu começo a tocar.

Eu me inclino para trás em minha guitarra, dedilhando as cordas


com a minha escolha tão rápido quanto as minhas mãos me permitem
ir. Minha nova tatuagem palpita, mas eu tento tirar a força dessa dor,
deixar o fio disso me amarrar em Turner Campbell. Esse idiota. O
pensamento dele me faz sorrir, ajuda a arrastar a Naomi interna para
fora e deixar que ela assuma o controle do meu corpo, que ela já possui,
este pequeno look horrível que deixa muita, muita, muita, muita pele
exposta. Tanto Faz. Eu tenho o corpo. Eu tenho a música. Tenho a voz.

Wren me apoia, não detém barreiras, atirando seu instrumento


para o fodido espaço sideral, rasgando o canto traseiro do palco e tendo
certeza que eu estou ciente de sua presença. Kash se senta nos fundos
e impulsiona esse ritmo em nossos ouvidos que dói tanto que eu quero
chorar. Quanto a Blair, a calmaria assombrosa de seu teclado chora no
pano de fundo, como uma outra voz, um eco à minha.

Eu escuto a bateria de Dax, deixando suas batidas estrondosas


me dirigindo aos meus dedos dos pés, me deixando dizer quando saltar,
quando girar ao redor, quando me mover para frente do palco e
agachar, sangrando o sangue da minha guitarra em toda a multidão.

Me levanto, usando os músculos das minhas pernas para me


levantar com fluidez, graciosamente. Eu não posso deixar ninguém me
ver falhar agora.

Eu danço, pauso ao lado do microfone e abro os meus lábios para


que o primeiro grito, um rosnado que quebra da minha garganta e rasga
o público em pedaços. Eles não estão mais atordoados com o meu

~ 169 ~
discurso. Agora eles estão apenas perdidos na música. Seria muito
difícil não sucumbir à tentação sedutora do toque da minha guitarra.

— ARRANQUE as cabeças deles, — eu rosno, balançando meus


cabelos loiros para trás e para frente, tomando mais alguns passos para
trás. Eu trituro minha guitarra na minha virilha, fodendo-a duas vezes
tão duro quanto Turner me fodeu na noite passada - e isso não é pouca
coisa.

Boom, boom, boom.

O bumbo de Dax sinaliza meu primeiro solo de guitarra, que


prevalece até mesmo sobre as letras nesta canção. Minha cabeça está
balançando para cima e para baixo e meu corpo segue enquanto os
dedos de minha mão esquerda fodem a guitarra.

Rawr.

Eu começo a saltar e solto a minha cabeça baixa, por cima da


guitarra, balançando minha merda como um cara com cabelo em uma
das bandas dos anos oitenta. As assinaturas de tempo nesta parte da
canção estão mudando constantemente, tentando foder com a minha
cabeça, me deslizar, me derrubar.

Eu me recuso a cair.

Meu solo termina e a batida desaparece atrás de mim. Aperto o


microfone com as duas mãos suadas e respiro com força contra ele.

— Se você não quer ver, então olhe para longe. — eu canto as


palavras tão claramente quanto eu posso, pronunciando cada sílaba até
que eu tenha certeza que está gravado no cérebro coletivo da multidão.

Faço uma pausa; minha banda pega o espaço vazio por um


momento e, em seguida, deixa a música morrer novamente.

— Isto, — eu assobio quando a música recomeça de novo. — É


uma chamada à LUTA fodida!

Eu salto para trás e começo a foder minha Wolfgang de novo,


desejando que eu pudesse circular mais livremente ao redor do palco,
quase ausente da presença de Hayden. Mas eu quero cantar, eu quero.
Eu amo pra caralho tocar guitarra. Essa besta amarrada à mim se
recusa a ser controlada, arrastando minhas mãos para baixo para as
profundezas do inferno, para que eu possa tocar para o diabo. Eu amo
cada segundo disso.

~ 170 ~
— Olha para longe se você não pode respirar, se você não pode
responder a esta chamada à luta. Desvie o olhar se a verdade dói tanto
que você não pode ver. Se você não se levantar para o forte, você só vai
ser um dos mais fracos. — eu deixo a minha voz laçar através do
microfone, cada palavra como um punhado de apreender dedos, se
lançando para a plateia para arrancar rostos fodidos.

Eu giro ao redor e aperto a minha guitarra, sentindo minha


língua deslizar sobre meus lábios enquanto eu fecho meus olhos e
derreto no som.

— Meu amor carrega uma advertência. É um chamado à luta que


eu estou apenas começando. Reagrupar as tropas e trazer o sangue. —
eu levanto minha mão da minha guitarra por um momento, deslizando
o polegar em minha garganta. — Arranque as cabeças deles. Deixe o
derramamento de sangue e os corações partidos matarem. Não importa
de onde eu venho, é aonde eu vou. Então arranque suas cabeças.
Arranque suas cabeças. — eu deixo minha voz baixa. — Arranque suas
cabeças.

— ARRANQUE SUAS CABEÇAS DO CARALHO! — a voz da minha


banda se une em um único som. Pode ser uma mensagem mórbida,
mas eu sinto que é preciso para a nossa situação atual.

— Olhe para longe se você não pode respirar, se você não pode
responder a esta chamada à luta. Desvie o olhar se a verdade dói tanto
que você não pode ver. Se você não se levantar para o forte, você só vai
ser um dos mais fracos. — eu giro em um círculo e em seguida, levanto
as mãos para cima e longe do meu instrumento, deixando Dax e Kash
explodir o palco juntos, apenas o baixo e bateria. Juntos, eles compõem
este som primitivo que força o meu corpo a se mover.

Eu puxo a minha guitarra e levanto por trás da minha cabeça,


apoiando-a em toda a volta dos meus ombros enquanto eu moo meus
quadris em círculos e caio no chão. Eu posso sentir os músculos de
minhas coxas gritando para mim, mas eu não me importo. Eu não dou
a mínima sobre qualquer coisa.

Eu arrasto minha Wolfgang pelo meu lado e deslizo entre as


minhas pernas, movendo os quadris através dela antes de me levantar
de volta e correr minha língua ao longo do cabo dela. Um giro rápido
nas alças e ela está de volta na minha frente onde deveria estar, me
orientando, me ensinando, me deixando gritar a minha frustração
através dos meus dedos e minha garganta.

~ 171 ~
— ARRANQUE. SUAS. CABEÇAS. — eu paro, ofegando em uma
respiração enorme e arrebatando o microfone com as duas mãos,
lambendo com a palavra final para a música. — Cabeças. — a palavra
sai em um gemido, e então eu faço uma reverência, deixando minha
cabeça pendurar a baixo, enquanto a multidão explode como um show
de fogos, explosões de cor e som brilhante.

O suor pinga da minha testa no chão do palco, mas eu sei que


não acabei ainda. Eu estou apenas começando essa porra.

~ 172 ~
Eu estou pirando pra caralho aqui atrás.

Assistindo Naomi naquela roupa, com aquela guitarra, com essa...


confiança. Eu quero foder ela. Sua confiança. E ela.

Eu não consigo parar de chegar para baixo para ajustar a mim


mesmo, muita maldita certeza de que eu vou explodir na minha calça
hoje. É praticamente inevitável.

— Turner. — Ronnie está tentando me manter ligado à terra, me


manter focado no fato de que esta noite é apenas o clima perfeito para
uma tempestade de merda. Mas tudo que eu quero fazer agora é entrar
no palco e cantar com ela. Com a minha uma mulher. Eu rosno baixo
em minha garganta quando os dedos dele agarram meu bíceps.

— Me solte, — eu repreendo, me afastando e andando até a borda


da cortina. Naomi está curvada, suor escorrendo sedutoramente para
baixo de seu corpo. Quando ela se levanta, as luzes se apagam, e
roadies correm, passando por mim com garrafas de água em suas
mãos.

Quando as luzes mudarem de novo, eu pretendo estar de pé ao


lado dela.

— Naomi apenas denunciou duas pessoas que realmente não


gostam de ser apenas fodidas, Turner. Se lembre de Little Rock. — suas
palavras me fazem pausar, puxar a minha atenção para longe da minha
Deusa por uma fração de segundo, apenas o suficiente para avistar
Cohen Rose sorrindo incisivamente para nós dois. Eu não sei o que essa
expressão significa, mas eu não gosto. Eu poupo uma olhada em Lola,
sentada no chão ao romper na cortina, esperando com a mochila no
colo.

— Eu lembro.

~ 173 ~
— Trey teve sorte, Turner. Você e Naomi, vocês poderiam não ter
tanta sorte, você me entende?

Eu me viro para encará-lo. Não é com Ronnie que eu estou com


raiva. É só que... eu estou frustrado. Este é o nosso show, o nosso
momento, nossa conexão. Eu quero cantar com ela tanto que o meu
peito está doendo como se eu não pudesse respirar.

— Você quer que eu me esconda aqui? É isso que você está


pedindo?

Ronnie lambe os lábios e balança a cabeça, sua aparentemente


infinita paciência ao lidar comigo. Seus dedos puxam o tecido em sua
camiseta preta Indecency.

— Não. Eu só quero que você esteja em alerta. Eu sei como é fácil


se perder na aura da pessoa que você ama. — Ronnie engole e fecha os
olhos, dor aperta em de seu crânio como um torno. — Eu sei disso, e eu
também sei como é difícil perder alguém. Basta ficar atento e ter
cuidado. Isso é tudo que estou dizendo.

Concordo com a cabeça para ele, ouvindo os gritos de guerra


borbulhantes da plateia.

É hora. Eu tenho que ir. É isso.

Eu passo ao lado de Lola, olhando para ela e encontrando seus


olhos por um único momento. A energia que passa entre nós é
estranha, mas eu a escovo para longe. Vai ficar tudo bem. Eu vou
proteger Naomi. E os meus amigos. Vai ficar tudo bem.

Eu respiro fundo.

Milo está lá em uma fração de segundo, colocando a mão no meu


peito.

— Nós temos um segundo microfone para você. Todo mundo quer


ver vocês dois juntos; é para isso que eles vieram. Mas Turner, lembre-
se, este é um show memorial. Tente agir de forma adequada? — ele
tenta sorrir, mas seu rosto está cansado. Ele ouviu o que Naomi disse
para a multidão. Talvez ele saiba do que ela estava falando, talvez não,
mas aqui ninguém tem ilusões de que as coisas são aveludadas e
aguçadas.

Eu aceito o microfone entregue a mim por Spencer Harmon,


segurando-o firmemente em minha mão direita.

~ 174 ~
Eu olho para cima, avistando Naomi nas sombras. Ela está
esperando por mim. Eu sei que ela está.

Bem, eu não sou de fazer uma mulher esperar.

Eu avanço, meus pés soando ridiculamente alto contra a madeira


sob minhas botas.

— Ei você aí, linda, — eu sussurro enquanto eu faço uma pausa


ao seu lado, cheirando seu suor e seu entusiasmo. E seu medo. Não há
um monte dele, mas fere o ar ao nosso redor. Eu provo um pouco na
parte de trás da minha própria garganta, também.

— Ei você aí, babaca, — ela sussurra quando as luzes começam a


iluminar, nos revelando lentamente, como o sol revela o mundo com
cada nascer do sol.

Naomi e eu trocamos olhares.

Sua mão cai para sua guitarra.

Eu sorrio.

— Ei LOS ANGELES! — eu guincho, me apressando para frente,


parando na beira do palco. Eu deixo meus olhos trilharem sobre a seção
VIP na frente. Existe uma isolação na área, cercado por cercas de aço.
Dentro dela, há uma parcela muito menor de multidão para se
concentrar, caras que posso realmente ver. Por incrível que pareça, eu
vejo o segurança desse show de metal da noite passada. Heh. Acho que
esse puto realmente fez uma chamada de favor para Milo. O resto das
pessoas de lá, elas pagaram muito por seu bilhete VIP fodido ou estão
relacionadas com a banda de alguma maneira.

Eu não vejo nada fora do comum.

Atrás de mim, Naomi inicia sua guitarra e Amatory Riot segue.

— Você está fodidamente incrível, realmente. — eu respiro duro,


espreitando para o outro lado do palco. Eu me sinto eu quando eu
quando estou aqui em cima. Como o Turner Campbell que eu deveria
ser. Eu poderia governar o fodido mundo. — Vendo bastante merdas
hoje à noite, certo? — o choramingo da multidão e gemidos vêm em
resposta as minhas palavras. — Mas vocês não viram nada como isto.

Eu movo para trás de Naomi enquanto ela toca, acariciando a


guitarra como eu desejo que ela atice meu pau. Pego seu quadril com a
minha mão direita e mantenho a preensão do microfone com a outra.

~ 175 ~
Nossos corpos trituram juntos, enquanto eu aliso meus dedos ao longo
de sua carne e tateio a bunda dela. Sua resposta é levantar a perna
direita para cima e para trás me dando um pontapé de mentira nas
bolas.

A plateia se derrete em um mancha escura, apenas uma agitação.


Eles estão esperando por ordens e eu vou dar isso a eles.

— Eu quero um completo. E absoluto. Um maldito caos fodido.

O bumbo de Dax me impulsiona por trás, construindo a tensão,


puxando a alturas que até Deus invejaria.

— Agora se MOVAM.

Eu giro ao redor, balançando o microfone comigo e pegando-o na


minha mão esquerda.

— Esqueça, — eu respiro, masturbando o microfone, desejando


que fosse Naomi. Eu sugo uma respiração enorme e me viro, atacando
através do palco para ficar ao lado da única mulher que eu já amei.
Esta canção que estamos tocando agora é a primeira que nós cantamos
juntos. Nós temos um ciclo completo aqui. — Me esqueça para sempre.
Eu já destruí você muitas fodidas vezes.

Eu levanto a minha mão direita, encostando em Naomi enquanto


ela mói em sua guitarra, pondo a multidão em chamas, enviando esses
filhos da puta para ser queimados no mar como vikings Malditos. Val-
fodido-halla22, baby. Seu navio chegou.

— Sangrando, quebrado, enterrado. — eu rosno enquanto Naomi


passeia até seu próprio microfone e combina sua voz com a minha.
Trocamos um olhar e, em seguida, é como se apenas uma voz saísse
desses alto-falantes, a dela preenchendo a minha onde é muito dura, a
minha tonificação muito áspera. Harmonia. Eu amo isso pra caralho.

— Rasgado e tremendo, me leve em seus braços, mas sei que vai


ser a última vez. — eu rastejo para a frente, deixando a batida da
música me carregar até a beira do palco novamente. Meu microfone cai
no chão, gritando sua raiva aos deuses do rock lá encima. Naomi
acompanha enquanto eu verifico a multidão novamente, apenas no
caso, só porque Ronnie me pediu e não porque eu realmente acredito
que alguma coisa vai acontecer.

22Valhalla é um majestoso e enorme salão situado em Asgard, dominado pelo deus


Odin na mitologia viking, é o lugar para onde os guerreiros vão após a morte, mas só
os que morrem honrosamente em guerra.

~ 176 ~
— A última. A última. A última vez PORRA! — a voz de Naomi
perfura através do meu crânio como uma flecha, me sangrando através
da ferida, deixando que a vermelhidão quente embebede meu corpo
enquanto eu levanto minha camisa por cima da minha cabeça e deslizo
os dedos para baixo para o cós da minha calça. Eu desfaço o botão e
puxo o zíper para baixo, mas isso é tão longe quanto eu vou. O meu pau
tem Naomi Knox escrito todo sobre ele - literalmente.

Enquanto Naomi lança para a parte instrumental da música,


caindo para trás e se alinhando com Wren, matando a multidão com
duas lâminas em vez de uma, eu agacho e arrebato uma garrafa de
água descartada do chão. Isso tudo faz parte do show - é apenas o que
eu faço.

Mas, então, eu vejo algo que me chama a atenção.

Olha, todo mundo aqui está vestindo calça preta, correntes e


jeans rasgados. Todos tatuados, com piercing, fodidos, quebrados e
sangrando.

É ridiculamente fácil identificar America em seu terno branco. Ela


é como uma espinha em um rosto bonito.

Que porra é essa?

Ela está se movendo rapidamente, deslizando entre os rostos


arrebatadores, absorvidos na glória de seus deuses. Ela tem os braços
rígidos ao lado do corpo, os elevando somente quando ela se depara
com a parte de trás de um homem com uma jaqueta de lã preta. Um
homem com um rosto terrivelmente familiar.

Ah Merda.

— Me rasgando, me rasgando por dentro; minhas paredes estão


caindo em chamas. — a voz de Naomi é assustadoramente etérea, como
o riso de um fantasma que achou esse mundo lindo demais para deixar
para trás.

Não. Não. Não.

Por que eu disse fantasma? Por que eu ainda penso em


fantasma?

Eu começo a me levantar, me virar, para ir com ela quando eu


ouço um tiro.

E outro.

~ 177 ~
E outro.

Tudo vindo do lado direito do palco.

— Naomi! — eu esqueço sobre o show e a multidão e America. Ela


pode matar Stephen que eu não dou a mínima. Eu fecho a distância
entre nós e envolvo meu braço em volta de sua cintura, puxando-a para
mim e batendo os dedos longe de sua guitarra.

Ela faz uma pausa, me olhando com uma tensão em torno de


seus olhos, esperando outro tiro ressoar.

O resto da banda vacila e no silêncio súbito, uma voz rompe


através do sistema de alto-falante.

— Se você atirar nele, — uma mulher começa, sua voz carregada


de sotaque australiano. Só que não é Lola. Ela não pode possivelmente
ser Lola. — Então eu vou atirar em seu filho. Eu juro por Deus que vou
fazer isso.

Saltos estalam pelo chão, cor de laranja brilhante. No começo eu


realmente acho que é Lola, movendo-se através do palco com um
garotinho agarrado em sua mão. Mas não é. É uma mulher com cabelos
loiros e olhos azuis penetrantes, um pequeno rosto redondo e os lábios
franzidos. Essa tem que ser a irmã de Lola, Poppet. Tem que ser.

Ela faz uma pausa no centro do palco, olhando por cima do


ombro para nós, pressionando o cano da sua arma no lado de cabeça
do menino. Meu coração não vai parar de bater, sangue é enviado em
uma corrida para os meus ouvidos que faz soar como se eu estivesse me
afogando, e talvez eu esteja.

É o filho de Travis.

A porra do garoto ali mesmo, o único com o cabelo castanho e o


rosto suave os longos braços, os dedos finos. Tudo sobre ele é como
uma imagem no espelho do meu amigo morto quando ele tinha essa
idade. Tudo, até as sardas na parte de trás do seu pescoço.

Jesus Cristo.

A multidão fica completamente e totalmente silenciosa.

— Eu sinto muito, Stephen, mas eu te amo muito. Eu não vou


deixar ela te levar de mim. — Poppet levanta o queixo desafiadoramente
enquanto eu desenrolo meus dedos da cintura de Naomi e me pergunto

~ 178 ~
o quão rápido eu posso chegar lá em cima. Se eu puder me deslocar
sobre ela, talvez eu possa tirar a arma para longe do garoto? De Tyler.

Poppet está usando o fone de ouvido sem fio, dando a ela a voz do
poder de mil soldados gritando. Ele grita no alto-falantes e ecoa em
torno de nós, rasgando meu coração em pedaços.

A voz de America é muito mais suave lá de baixo, mas é audível.

— Toque meu filho e eu vou fazer você desejar que estivesse


morta.

— Pare! — Poppet grita, e eu só posso imaginar o que está


acontecendo lá em baixo. Onde diabos está Brayden Ryker? — Eu juro
por Deus que vou fazer isso. — ela empurra a arma mais forte contra o
crânio de Tyler. Seus soluços são calmos, suaves, como se ele já tivesse
sido quebrado. Não. Não. Eu não vou deixar isso acontecer porra. —
Stephen não é o inimigo aqui, — Poppet diz, olhando para cima, se
dirigindo a multidão reunida. — Ele é uma vítima. — ela arrasta Tyler
dando mais alguns passos.

À minha direita, vejo Cohen Rose e aquela vadia de cabelo verde


do Ice and Glass na borda das cortinas. Com mais armas. Porra.

Se eu vou fazer isso, eu tenho que me mexer agora.

— Diga a eles o que é isso tudo. Como você fodeu com um menino
roqueiro que não queria você, como ele ameaçou lutar pela custódia de
seu filho. Diga a eles o que você fez aquele cara com o seu carro,
America. Diga a todos. Nós todos já sabemos que você é uma maldita
assassina. Acabou para você, sua puta.

Meu coração para seriamente aqui, congela e me quebra por um


momento, me paralisando.

O Quê? O Quê? Que porra é essa?

— E agora, depois de levantar esta criança como sua, você vem


para Stephen e conta a verdade sangrenta e espera que ele entregue
Tyler e acabou? Vá se foder.

Um tiro explode lá de baixo e Poppet grita. Se America apenas


disparou em Stephen, o que acontece agora? Eu começo a me mover
para frente, para ir até Tyler, mas já é tarde. Naomi já está alguns
segundos à minha frente.

~ 179 ~
Seu corpo bate em Poppet e as duas caem no chão, deixando
Tyler ileso e gritando no centro do palco. Eu me mantenho em
movimento, consciente de que Cohen e aquela cadela de cabelo verde
estão vindo para cá. Neste ponto, porém, tudo que eu dou a mínima é
para Naomi. Felizmente, os outros membros da Amatory Riot podem
mostrar alguma espinha dorsal e irem até o palco.

Naomi e Poppet lutam por um momento antes da arma disparar e


Naomi empurra para trás como se ela tivesse sido atingida. Meu
coração quase para morto ali mesmo, eu juro. Eu quase desisto da vida
de merda. Mas Naomi não para de se mover, ainda brigando pela
pistola, enquanto a multidão irrompe em uma fúria animalesca. Se nós
não temos isso sob controle agora, as pessoas vão morrer lá fora. Acha
que uma manada em disparada só acontece nas planícies africanas?
Completamente errado. Esta merda acontece, e é triste e é horrível e só
serve para refletir a parte mais vil da alma humana. Eu não vou deixar
isso acontecer.

Eu finalmente chego até Naomi e Poppet, deslizando de joelhos e


puxando para trás o punho, batendo tão duro quanto eu posso no rosto
de Poppet. Ela deixa cair o seu domínio sobre a arma imediatamente,
deixando Naomi com ela segurada entre os dedos. Eu soco novamente.
E mais uma vez. E mais uma vez. Até que camadas de sangue estejam
nos meus dedos e Poppet para de se debater.

Quando eu olho para o meu joelho, eu vejo que eu estou


ajoelhado em uma piscina de vermelho.

Meus olhos deslizam e encontram o rosto de Naomi, mas não há


nenhuma expressão lá, nada para julgar quanta dor que ela sente, o
quão ruim ela está machucada.

— Baby, — eu choramingo, tentando puxá-la para mim. Mais


tiros explodem atrás de nós, iluminando o palco como fogos de artifício
mórbidos.

— Eu estou bem, — Naomi rosna, me afastando, segurando a


mão para o lado dela. Há sangue escorrendo entre os dedos e
manchando sua pele pálida com vermelho rubi. Ela balança a cabeça
com o queixo, indicando que eu deveria ir. O que ela não percebe é que
não há nada mais importante neste mundo para mim do que ela. — Eu
não vou a lugar nenhum, Turner. É só pegar a criança.

Eu olho por cima do meu ombro e vejo Tyler gritando, mãos nos
ouvidos. Há um corpo perto de seus pés. Meu cérebro nem sequer
registrar quem é. Eu não vou. Eu não posso.
~ 180 ~
Eu olho trás para Naomi. Ela parece bem, ela está até mesmo
sorrindo para mim. Eu vou me levantar, apanhar a criança e voltar
aqui. Apenas uma fração de segundo, é isso.

Um, único, segundo.

~ 181 ~
Meus olhos brilham com lágrimas não derramadas e assim que
Turner se afasta, eu deixo a bolha de sangue cair dos meus lábios.
Estou respirando molhado no momento. Eu estou me afogando - assim
como Katie. É justiça poética em certo sentido, não é? Eu vou morrer
aqui. Eu não posso pensar assim, não posso nem me deixar pra lá. Não
tenho a menor ideia do que está acontecendo ao meu redor, mas não
importa. Há caos. No caos, eu posso encontrar a harmonia.

Eu olho para baixo, para America em seu terno branco, o corpo


de Stephen a seus pés. Ela está olhando para o palco freneticamente,
seus olhos em Tyler à minha esquerda. Você matou Hayden e Katie,
talvez não indiretamente, mas você fez. Você matou Travis? Eu penso
sobre o que Poppet dizia e na luz clara que só vem com a perda de
muito sangue, eu coloco algumas das peças do quebra-cabeça. Faz
sentido que America foi quem matou o amigo de Turner. Que ela, não
Stephen que atropelou com seu carro. Não estou dizendo que Stephen é
um santo - ele obviamente tem culpa em tudo isso - mas ele não está
sozinho.

Ele não é o único que precisa de justiça.

Eu vou morrer.

Porcaria.

— Naomi! — Turner está gritando meu nome. Viro a cabeça bem a


tempo de ver Brayden Ryker com uma arma apontada para a minha
cabeça.

Tenho segundos. Literalmente segundos. Eu tenho que decidir


agora.

Eu levanto a minha arma, miro e disparo em America.

À minha direita, Brayden puxa o gatilho, e depois disso, todo o


resto é um mistério.

~ 182 ~
No meio de realizações e percepções e corações partidos, ninguém
se lembra de pronunciar as palavras finais da minha música.

— Se você me quebrar, baby, esteja preparado para pegar os


pedaços.

~ 183 ~

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